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Anno XII — Ns. I E 2
Rio he Janeiro
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Capital Federal
SOCIEDADE NACIONAL DE .AGRICULTURA
Fundada em 16 de janeiro de 1897
Caixa-postal, 1245 Sede: Ruas da Alfandega n. 102
Endereço Telegraphico, AGRICULTURA e General Camará n. 105
Telephone n. 1416 Rl° DK »NE'R<> •
DIRECTORIA
Presidente — Dr. Wencesláo Alves Leite de Oliveira Bello.
i° Vice-presidente — Vago.
2o Vice-presidente — Dr. Sylvio Ferreira Rangel.
,V Vice-presidente — Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Secretario Geral — Dr. Heitor de Sá.
i° Secretario — Dr. Francisco Tito de Souza Reis.
2" Secretario — Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
3o Secretario — Dr. |osé Ribeiro Monteiro da Silva.
4" Secretario — Albe'rto de Araújo Ferreira Jacobina.
i° Thesoureiro — Dr. João Pedreira no Couro Ferraz Júnior.
2o Thesoureiro — Carlos Raulino.
Directores das Secções
Fazenda de Santa Mónica Dr. Sylvio Rangel.
Applicações do Álcool Dr. Sérgio de Carvalho.
Secção Technica e Bibliotheca Dr. Heitor de Sá.
Museu Dr. Benedicto Raymundo.
Plantas e sementes e Horto da Penha . . Dr. Monteiro da Silva.
Propaganda e estatística Alberto Jacobina e Carlos Raulino.
Secretaria Dr. Souza Reis.
Thesouraria Dr. Pedreira Júnior.
Conselho Superior
Dr. Elias António de Moraes, Dr. Eduardo Augusto Torres Cotrim, Ernesto Du-
risch Dr Carlos de Rezende, Dr. Arthur Getulio das Neves, Joáo da Silva Gandra
(renunciado), Dr. Alfredo Aug-usto da Rocha, Dr. Ernesto Ascoly, Luiz Henrique Lins
de Almeida Dr. Carlos Oscar Lessa, Comm. Domingos Theodoro de Azevedo, Dr.
Leandro da Costa, |oão Dale, Dr. Ernesto Cândido da Fonseca Portella, Luiz Felippe
de Sampaio Vianná, Manoel Galvão, Dr. Antonino Fialho, Dr. J. F. Soares Filho,
Dr Alfredo Bandeira, Dr. Álvaro Mendes de Oliveira Castro, Dr. Henrique Borges
Monteiro, Coronel Cornelio de Souza Lima, Dr. João de Carvalho Borges Júnior,
António de Medeiros (fallecido) e Edgardo Ferreira de Carvalho.
OollaboraçBO
Serão considerados collaboradores não só os sócios como todos que quizerem ser-
vir-se destas columnas para a propaganda da agricultura, o que a redacção muito
agradece. A lista dos collaboradores será publicada annualmente com o resumo dos
trabalhos. ... . .
A redacção não se responsabilisa pelas opiniões emittidas em artigos assignados, e
que serão publicados sob a exclusiva responsabilidade dos autores.
Os originaes não serão restituídos.
As communicações e correspondências devem ser dirigidas á Redacção d' A LA-
VOURA na sede da Sociedade Nacional de Agricultura.
A LAVOURA não acceita assignaturas.
E' distribuída gratuitamente aos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura.
Condições da publicação doe aiimincios
Uma pagina 20$ooo
Meia pagina i2$ooo
p
or 3 VEZES
Uma pagina. .
5o$ooo
Meia pagina. .
3o$ooo"
)s annuncios são pagos adeantadamente.
Tiragem 5.000 exemplares
ALAMEDA DE SERINGUEIRAS NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO
Anno XII — Ns
Rio de Janeiro Janeiro e Fevereiro de 1908
EDITORIAL
à influencia da lua
UBRAR\
NEW YCVK
BOTANICAL
E' sabida a attraoção da lua sobre os corpos existentes na terra,
e isto não é mais do que a ratificação da grande lei de Newton.
E' também conbecido que as marés estão sujeitas a esta influ-
encia e que os phenomenos a ellas referentes reproduzem-se de 13
em 13 annos, por observações feitas nos portos de mar.
Além desta influencia que é um dos factores, si bem que dimi-
nuto, do peso dos corpos sobre a terra, ha outra da luminosidade
da lua.
Como se sabe lia quatro phases da lua, que são meros pheno-
menos de sombra, pela posição relativa dos três astros.
Ha evidentemente noites em que actua a luz reflectida, da lua,
sobre a terra, chegando ao máximo na cheia.
Sendo a luz um factor importante da vida dos vegetaes, por
força esses representantes do segundo reino da natureza modificam
ou activam a sua circulação de seiva com a acção não constante dos
raios lunares.
Fica provado o augmento de excitante enérgico da actividade
vegetativa e isto vem em parte explicar a crença popular da influ-
encia da lua sobre o corte das arvores.
Henri de Parville explicou, porém, que esta acção da lua nos
climas da zona temperada é nulla, o mesmo não se dando em re-
lação a região tropical onde não ha inverno.
Nestas regiões ha calor bastante para alimentar a vida das
plantas, o que concorre para ser mais efficaz a acção da luz.
Desla sorte foi verificado que os grãos semeadas na lua nova
portaram-se melhor do que os que o foram na cheia, devido a que
receberam a cooperação durante a noite, de luz, quando despontavam
de sua germinação.
Assim é justo que não sejam derrubadas as arvores quando
estas estiverem em pujança de seiva, isto é, depois que a acção da
lua tenha sido exercida durante a sua plenitude. A razão existe
10 porque ellas apodrecerão por causa da rápida fermentação da seiva
que se suppõe circular com mais intensidade nessa época.
2166 1
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Isto agradará, por certo, áquelles que teem taes crenças, sem
saber talvez a sua causa, como fica dito.
E' a verdade e deve ser e«cripta, e a bem dessa mesma verdade
é que venho mostrar que nada pôde ter a lua com a previsão do
tempo, sobre os meteoros, isto é, phenomenos que se passam no meio
atmospberico.
Rem que deseja o povo prever o tempo, procurando estabelecer
relações com a lua, para que lhe sirvam de guia as phases deste
salellite.
Esta prophecia foge por emquanto ás nossas observações, dentro
dos limites em que é julgada possível.
A influencia da lua de noite é só devida á sua luz, porque a
attracção também se exerce de dia, occasião em que o pequeno astro
é offuscado pela luz solar, múrmenle quando se acha em conjuneção.
O pbenomeno primordial no seio da atmosphera é a temperatura
e será o sol e não a lua o astro do systema planetário que possa
influir sobre os effeitos oriundos da modificação desse elemento.
Com pequena antecedência e por meio de instrumentos apro-
priados é que se prevê o tempo, sendo ás vezes impossível ser
noticiado o facto.
Com mais acerto se procuram estabelecer as communicações
telegrapbicas dos meteoros entre os paizes limitrophes. Tenta-se,
desde 1902, este desejo na America do Sul e é para louvar que o Estado
de s. Paulo se tenha collocado á frente de tal movimento scien ti fico.
Desta sorte sim, ha possibilidade, mas não como muitos querem,
que sejam determinados os factos de um para outro anuo, havendo
quem se lembre de dar credito ás folhinhas, mormente nos paizes
novos, onde não ha observações meteorológicas seguras para a pre-
visão. Como é possível determinar que chove em tal dia em um dado
ponto, quando pôde haver um vento que tudo desvie, o este é resultado
dadifferença de temperatura entre as camadas da atmosphera?
Sobre o assumpto refere Flammarion, o grande astrónomo, ex-
emplos da falta de previsão do tempo, synthetisando nestas palavras
a .sua opinião: « As certezas astronómicas são absolutas ; saiamos o
quese dará daqui a 100 annos, até 1.000 ; mas ninguém sabe o tempo
que fará amanhã.»
Citam-se casos engraçados do modo por que são feitos os calendários
nesta parte, tudo por supposição sem base alguma .
Nos paizes antigos e bsm orientados é tomada a média de 50 annos
emais de observação dos postos meteorológicos, paia que sirva de guia
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•A.VILHAO DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
NA EXPOSIÇÃO DE I908
LAVOURA
aos seus habitantes em suas necessidades quotidianas, mas não passa
de uma approximação que, fora de duvida, já adianta.
E neste intuito é que foram estabelecidos em S. Paulo os postos,
pelos pontos mais convenientes do Estado ; eeis ahi indicada sua utili-
dade. Taes serviços são de vantagem, principalmente para a agricultura,
mas não immediata ; dependem de longo prazo para ser colhido o
provento.
Assim, pois, como pôde a lua ter influencia, quando nau nos foi
dado colligir regularidade nos meteoros, tendo estes por elemento
gerador a temperatura, que depende do eoI, o qual chega a produzir,
em seus annos de maior numero de manchas, os mais sensíveis effeitos
sobre a terra ?
Queira Deus que ainda se venha a conseguir tal predicção, a liem
dos interesses da humanidade !
HlilTOB Dii SÀ.
A Sociedade Nacional de Agricultura na Exposição de 1903
O certamen que em breve deverá ser inaugurado nesta cidade,
objectivamente representado por uma Exposição Nacional, ao qual
têm de, por certo, concorrer todas as modalidades do trabalho, ha d j
pôr aos nossos olhos e aos dos que nos visitarem o grão de intensidade
attingido pelas forças vivas de que dispõe este abençoado paiz.
Para muitos, si não paru todos, será motivo de culminante admi-
ração o avantajado adeantamento com que, acreditamos, se hão de
apresentar naquella grande feira os vários departamentos do trabalho
e da actividade nacional, representados pela lavoura, pela industria c
pelo commercio.
Todos os que tomaram o honroso c árduo compromisso de para
lá mandarem os seus produetos, esforçam-se, com vivo interesse,
para que estes sejam do melhor quilate possível. E que não erra-
remos nas nossas esperanças, aliás muito bem fundadas, dil-o-á,
dentro em breve, depois de inteirada e apercebida para o fazer a
opinião competente.
A' Sociedade Nacional de Agricultura não podia escapar o alto
alcance de tão útil e arrojada tentativa. E assim, envidando todos os
elementos de que podia dispor de par com outros que lhe foram em
boa hora concedidos, ella terá também o seu logar em pavilhão
próprio, onde procurará de modo exuberante e palpável salientar
as estupendas riquezas da nossa flora e tudo quanto interessar possa
á lavoura e industrias connexasdo nosso paiz.
SOCIEDAUK NACIONAL DK AGRICULTURA
Osea programma está distribuído do seguinte modo ;
1.° Serviço de informação.
2.° Codificação da legislação sobre agricultura.
3.° Mappa de distribuição de culturas.
4.» Collecção de plantas medieinaes.
5.° » » » taniferas e oleoginosas.
6.° » » » textis e matérias corantes.
7." » » » ornamentaes.
8." » » » de arborização.
9.° Exposição dos trabalhos de propaganda da Sociedade; coope-
rativas, syndicatos, ele.
10. Estudos da situação económica do Brazil, do ponto de vista
agricola .
11. Collecção de animaes e insectos úteis e nocivos á agricultura
em geral.
12. Collecção de produetos agrícolas do paiz.
13. » » fruetos e tubérculos do paiz.
li. Jardim do pavilhão .
15. Applicações industriaes do álcool.
0 programma acima referido será distribuído por seis secções
differentes, e da maneira por que vae exarado :
l.a Projecto e construcção do pavilhão— projecto e construcção dos
jardins.— Dr. Souza Reis.
2.a Collecção de plantas medieinaes, taniferas, oleoginosas, textis,
corantes, ornamentaes e de arborização.— Dr. Monteiro da Silva.
3.a Collecção de animaes úteis e nocivos á agricultura, collecção de
produetos agrícolas, fruetos e tubérculos do paiz.— Dr. Benedicto Ray-
rriundo.
4. a Applicações industriaes do álcool e serviço de informações. —
Dr. Sérgio de Caroalho.
5.a a) Estudo económico do Brazil debaixo do ponto de vista agrí-
cola.—Dr. Syloio Rangel.
b) Codificação de legislação sobre agricultura.— Dr. Souza Reis.
G.a Mappa da distribuição das culturas. Esboço geographico do
Brazil, tendo em vista a agricultura. Exposição por meio de diagram-
mas das cooperativas, syndicatos, credito, ensino agricola, associações
de propaganda.— Drs. Paulino Cavalcanti e Sousa Reis.
CONGRESSO DE AGRICULTURA
Além da Exposição levará a effeito a Sociedade um Congresso da
Agricultura, á guisa de um outro por ella effectuadoem 1901, para tratar
de assumptos cuja importância torna-se desnecessário encarecer.
A LAVOURA 5
Para conhecimento dos interessados fez ella distribuir o seguinte
appello acompanhado do respectivo regulamento do futuro Congresso,
assignado pela competente commissão para esse fim escolhida:
Itlm. Sr.— Na derradeira sessão do Congresso Nacional de Agricultura, a 7 do
outubro de 1901, o preclaro congressista, Dr. Manoel Victorino, propoz que se convo-
casse nova assembleia da lavoura, dentro em breve prazo, porque: « Os esforços
da classo não deviam ficar na primeira toutativa, tu 'o dependendo da tenacidade
no advogar seus interesses, aceroscendo que muitas das questões sobre que so
havia deliberado reclamavam novos e mais profundos estudos.»
O voto unanime da assembléa approvou a indicação o mais a incumbência,
confiada a Sociedade Nacional de Agricultura, de convocar e organizar o segundo
Cong-esso, como convocara o organizara o primeiro.
E' o que vimos fazer, por delegação desta Sociedade.
E' intuitivo que, limitar-se o esforço da agricultura áquelle primeiro tontamen,
fora anniquilar-lhe o mérito e dosconhecsr os resultados práticos alcançidosno
já celebro Congresso, onde accumulando os elementos de sua energia intollectual,
até alli inutilizados pela dispersão o inactividade, ella conseguiu apresentar,
melhor do que poderiam fazel-o velhas e repetidas queixas, um sóbrio informe de
seus padecimentos e necessidades e o cabal formulário dos remédios quo lho pare-
ceram mais indicados.
N?,s sociedades modernas os interesses que se não agremiam, organizam e for-
talecem, em prol da sua exusa especifica, preferindo eníregar-ss á tutela discri-
cionária dos poderes públicos, são esmagados na concurrencia dos mais acti-
vos, bem avi-ados de que a acção offlcial é deficiente, illusoria ou atrophia-
dor.i, quando se não exercita de dar com a actividade colligada dos co-interessados.
Os Congressos de classes ou profissionaes cada vez se repetem com mais fre-
quência, constituindo já uaia como funeção orgânica normxl. E' que es iastinctos
de conservação e de melhoria, e também a experiência longamente adquirida, os
suggerem como preciosos e insubstituíveis promotores do congraçamento das ener-
gias indiviluaes nos agrupamentos de esforços, por semelhança ou affiniladede
interesse» ou de fios ; elles approximam, combina n e formulam as idéas e os seu-
timentos, deliberando a orientação da classe unida e os pont)s de convergência da
acção coordenada.
São a iniciativa dos immediatamonte interessados e, portanto, particularmente
instruídos, influindo nos poderes públicos, collaborando com ellos na promoção das
reformas, informanio-os das realidades apuradas pela pratica, em vez de deduzida
dos princípios theoristas ou dos expedientes empíricos.
O primeiro Congresso conseguiu um exitJ que, por ser limitado, nem por isso
foi menos meritório e eflectivo. Das conclusões em que consubstanciou o seu pro-
gramma, algumas conseguiram impressionar bistante o critério deliberativo dos
poderes públicos pira sí cjrpjri ficarem em reformas promissoras, entro os insti-
tutos legaes do paiz ; outras recebem execução, cada dia mais animadora, pelo
esforço espontâneo e associado dos lavradores.
Os syndicatos, as cooperativas, o Ministério da Agricultura, a melhoria da
technica agronómica e da apparelhagem agrícola, a instrucção agraria, etc,
ideas e providencias pelas quaes o Congresso pugnou, tendem, ou já começam a
ser realidades, de presente ou de futuro próximo.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Melhor quo tudo isso, porém, elle despertou a consciência da agricultura,
como classe. Dantes era ella a disseminação egoistica ou o ajuntamento acci-
dontal ephomoro; hoje, sugestionada pela affinidade dos interesses collectivos,
propende acceutuadamento para a associação e para o cooperatismo definitivo.
Aos que se afigurar que o primeiro alcançou pouco, como resultado posi-
tivo, dada a vastidão do programma que redigiu, lembraremos que o terreno já
conquistado ó vasto e por si só basta para glorificar aquelle tentamen.
Competirá ao segundo rever as conclusões do primeiro, confirmal-as, insistindo,
ou remodelal-as, si a experiência apurada ou a superveniencia de novas circum-
stancias o aconselharem ; competir-lhes-á confrontar os resultados obtidos com a
integridade do pensamento do programma adoptado, e dizer sobre o valor pratico
das leis e dos expedientes do governo o da classe, inspirados nessas conclusões, indi-
candc-lhes os defeitos, as reformas o os complementos, como provas experimentaos,
sempro sujeitas á revisão.
Marcando a reunião do Congresso para 18 de julho do anuo corrente, a com-
missão não tem em vista simplesmente concorrer com mais um numero para o
programma das festas commomorativas quo o Brazil então celebrará, mas princi-
palmente aproveitar a feliz opportunidade de poler aquelle funecionar durante a
vigência da Exposição Nacional, onde a lavoura brazileira do modo positivo e pra-
tico poderá ser estudada no seu desenvolvimento e progresso, nas suas necessidades
e aspirações.
Por assim entender, a commissão oxecutiva propõe, como assumpto de delate,
em theso, tudo quanto interessar á agricultura brazileira ; pensa que limitar, po-
deria valer como excluir, o não se quer arriscar a preterições desazaias.
EntreUnto, tomará a seu cargo inculcar algumas questões, que lhe pareçam
proeminentes, na actualidade, ao estudo e delibsração do Congresso, premunindo-se
do mais copioso acervo de informações que puder rounir. Essas theses sor-vos-ão
communioadas, em tempo útil, e para ellaa desde já solicita a collaboracão da
vossa autoridado technica.
Rogae espera a commissão que, na formado regulamento juuto, adlierireis ao
Congresso e que, comparecendo, ajuntareis o valioso concurso da competência que
vos distingue.
Rio de Janeiro.— Silvio Ferreira Rangel, presidente.— L. A, L. de Oliveira
Bello, vice presidente.— João de r ar valho Borges Júnior, secretario geral.— João
Baptista de Castro.— Heitor de Si.— Carlos Oscar Lessa.— Alfredo Rocha.— An-
tonino Fialho. — Alberto Jacobina.
REGULAMENTO
Art. l.»0 Congresso de Agricultura, promovido pela Soei da le Nacionil de
Agricultura, no iotuito de estudar sob o ponto de vista technico a situação, in-
teresses goraes e especiaes da lavoura, assim como os meios mais enicazes para
o seu desenvolvimento e prosperidade, reunir-S9-â por occasião da Exposição de
1908, de lõ a 30 de julho.
Art. 2o. Serão membros do Congresso:
a) Os representantes das sociedades, instituições e associações agrícolas ;
6) Os delegados dos Governos Federaos, Estaduaes e Municipaes ;
A LAVOURA
c) Os membros da Sociedade Nacional do Agricultura ;
d) Todos os interessados na lavoura que so propuzerem, até a véspera da in-
stallaçrio do Congresso, o forem inscriptos pela Commissão Executiva.
Art. 3.° Os membros do Congresso receberão um cartão do entrada intrans-
forivel para as sessões e terão um distinctivo próprio.
Art. 4.» O Congresso comprehenderá sessões plenas o de commissões.
Art. 5.° Somente os membros do Congresso poderão assistir ás sessões que
não forem publicas, apresentar trabalhos e tomar parte nas discussões.
Art. d.» O Congresso discutirá e apresentará conclusões sobre a situação actual
o necessidades da agricultura em geral, da pacuaria e demais industrias ruraes,
recebendo a Commissão Executiva desde já, e até 30 dias antes .da installaçâo do
Congresso, ostraballns quo sobre esses assumptos lhe forem romettidos para
serem encaminhados.
Aut. 7.° Os trabalhos de cada sossãodo Congresso serão coordenados por uma
Commissão Especial designada pela Commissão Directora.
Art. 8.° Os pareceres elaborados sobre os alludidos trabalhos serão examinados
no seio'das Commissões Especiae9, antes de sorem apresentados ás sessões plenas.
Art. 9.» Nenhuma questão será discutida em sessão plena antes de ter sido
estudada pela respectiva Commissão, que emittirá parecer.
Art. 10. Na sessão de abertura a Commissão Executiva entregará seus poderes
á Commissão Directora do Congresso, que preencherá dahi cm diante as suas
funeções.
Art. 11. A Commissão Directora doCong.-essoo as Commisões Especiaes serão
eleitas em sessão preparatória, realizada. 48 horas antes da abertura do Congresso.
Na mesma sessão se.ú apresentado pela Commissão Executiva, para discussão o
upprovação, o projecto do Regimento Interno do Congresso.
Art. 12. As Commissões Especiaes se entenderão com a Commissão Directora,
para lixar a urdem do dia das sessões plenas.
Art. 13. As conclusões submettidas ás sessões plenas serão sempre apresen-
tadas por escripto .
Art. 14. Os oradores quo tomarem a palavra em cada sessão devem entregar
ao Secretario, dentro de 24 horas, o resumo de suas communicações para os rela-
tórios. No caso em que esse resumo não fòr feito, se.-á supprido pelo texto redigido
pelo Secretario.
Art. 15. Os oradores só poderão oceupar a tribuDa por espaço de 15 minutos.
Art. 16. Será publicado pela Commissão Executiva um relatório dos trabalhos
do Congres o.
Art. 17. Todas as publicações concernentes ao Congresso serão distribuídas
gratuitamente aos respectivos membros.
Art. 18. A Commissão Directora do Congresso resolverá em ultima instan?ia
sobre qualquer incidente não previsto neste regulamento.
Esse Congresso, como aquelToutro, trará aos interesses da lavoura os mais
benéficos resultados.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Madeiras e vegetaes úteis do Brasil
(Continuação)
Monographia n. 41 — Amostra n. 44.
FAMÍLIA das lauraceas
Canellst nhumirim branca
?
Synonimia — Anhuiba-mirim (?) — Canella-mirim(?).
Habitação — No littoral dos Estados de S. Pauloe Paraná, entre
Peruhybe e Guaratuba. Vegeta em terras regulares, argilosas ou sili-
cosas, mas nunca em mattas virgens.
Descripção — Arvore de caule geralmente tortuoso, até 5,00 de
altura e 0,20 de diâmetro; casca fina, até 5 n'/m de espessura, aromá-
tica ; folhas bonitas, simples, intuíras, quasi sempre alternas, peciola-
das, mais ou menos G5 '"/„, de comprimento e 21 "'/,„ de largura, e cori-
aceas, verde-escuras e vernicosas na pagina superior, deixando ver a
nervação ; flores pequenas, axillares.
Madeira — Côr amarei lo-esverdeada, tecido compacto, fibras di-
reitas, dispostas em series longitudinaes de i/2 — 1 centímetro de
largura, alternadamente macias e revessas. Talhe duro ; rebelde ao
cepilho e dócil á serra.
ApplicaçAo — A madeira é utilisada em obras internas ; as cascas
poderiam servir para a industria da perfumaria.
Variedades — Ha a « Canella nlmmerim vermelha ». Yid.
Monographia n. 42 — Amostra n. 4.
FAMÍLIA das lauraceas
Cnnella nliuiuirim vermelha
?
Synonimia — Anhuiba-mirim (?) — Canella-mirim (?).
Habitação — No littoral dos Estados de S. Paulo e Paraná, entre
Perubybe e Guaratuba. Prefere as terras húmidas, silicosas ou sili-
co-argilosas; é raríssima nos terrenos de argila pura.
Descripção — Arvore de grande copa, porte bonito e caule recto,
até 8,00 de altura e 0,50 de diâmetro ; casca grossa, amarella, muito
aromática ; folha menor que a da outra variedade descripta ; frueto
preto, apreciado pelos pássaros.
A LAVOURA 0
Madeira — Similhante á da variedade precedente, mas a côr ama-
ro] Ia tem uns lindos tons côr de ouro. Talhe duro; dócil á serra
e rebelde ao cepilho.
Applicações — Madeira para canoas, de longa duração ; o de pri-
meira qualidade para esteios, vigas e quaesquer obra* do chão ou expos-
tas ao ar; resiste a humidade. As cascas conservam forte e agradável
aroma mesmo durante annos após a sua extracção; podem servir para
a industria da perfumaria.
Variedades — lia « Canella-nhumirim branca». Vid.
Monographia n. 43 — Amostra n . 132.
família das lauraceas
Canella nhungurira branca
Syxoximia — ?
Habitação — Ilha do Cardoso, município de Cananéa, littoral do
Estado de S. Paulo. Prefere as torras seccas, de qualidade regular.
Descripção — Grande arvore, de caule geralmente recto, até 20,00
de altura e 0,90 de diâmetro ; casca avermelhada, até 20 m/lfl de espessura,
de sabor adstringente, contendo em seu tecido uma substancia gor-
durosa, epiderme pardo-esverdeada ; ramos pardacentos ; folhas simples,
inteiras, pecioladas, mais ou menos 90 m/m de comprimento e 28 m/ra de
largura, membranosas, acuminadas, verde-escuras na pagina superior e
saliente-nervadas na pagina inferior ; flores pequenas.
Madeira — Al burno de côr branca e cerne de côr bruno-claro-
avermelhada; fibras deseguaes, revessas, aspecto assetinado, lembrando
o cedro ; ondeada e de talhe macio, dócil ao cepilho e á serra.
Applicações— Madeira para mobílias, canoas, vigas, caibras.tgboado
de soalho e obras internas em geral, para o que é uma das melhores.
Variedades — Este vegetal pertence ao mesmo género da « Canella
nhopissuma».
Observações — A madeira da « Canella nhunguvira branca », si
fosse bem conhecida, substituiria a do cairo na maior parte de suas
applicações industriaes.
Monographia n. 44 — Amostra n. 84.
FAMÍLIA DAS LAURACEAS
Canella Paulo Teixeira
LAURUS ODORÍFERA, VOL.
Syxoximia — ?
Habitação — Serra do Mar, desde o Estado de S . Paulo ao de Santa
Catharina e valle do rio Ribeira de Iguape. Vegeta apenas em terras
argilosas, de primeira qualidade.
21CG 2
SOCIEDADR NACIONAL DK AGRICULTURA
Descripção — Arvore de caule recto, até 15,00 de altura e 0,45 de
diâmetro; casca vermelha, até 15m/m de espessura, verrucosa e aro-
mática.
Madeira — Còr amarello-fulva, tecido fibro-vascular compacto,
ondeada, macia, de peso regular e aroma que lembra o da «Canella
sassafraz amarei la», mas não tão intenso. Quando velha, a madeira
torna-se pardo-avermel liada, mas conserva sempre aquelle aroma. Dócil
ao cepilho eá serra.
Applicações — Madeira para marcenaria, vigas, caibros, taboado de
soalho e todas as obras internas. As cascas poderiam servir para a in-
dustria da perfumaria.
Observações — Consta-nos a existência da «Canella Paulo Tei-
xeira » nas proximidades da capital de S. PauL >, o que nos surprehende
porque só conhecemos este vegetal em terras de primeira qualidade.
Monographia n. 45 — Amostras ns. 52 (terras silicosas) e JOt
(terras argilosas).
FAMÍLIA das lauraceas
Canella s:issí»ÍV:>z amarelln
LAURUS SASSAFRAS, L.
Synonimia — Anhvyba — Anhwjba pe-ayba — Louro — sassafraz
— Pau-funcho, dos hespanhoes — Sassafras — Sassafrai amarello.
Todos estes nomes são communs, em differentes logares dopaiz, a
diversas lauraceas de aroma idêntico ; na Guyana franceza, á Licania
guianensis, quando o individuo é velho ; e na Austrália á monimiacea
Alherosperma moschata .
Habitação — Em todos os Estados marítimos, desde o do Amazonas
ao de Santa Catharina ; e provavelmente nas Guyanas, nos paizes vizi-
nhoseaté nos Estados Unidos da America do Norte. Vegeta indistincta-
mente nas terras argilosas ou silicosas.
Descripção — Arvore de caule mais ou menos recto, até 10,00 de
altura e 0,45 de diâmetro ; casca vermelha, até 10 mm de espessura nos
indivíduos que vivem em terras argilosas e mais grossa nos que vivem
em terras silicosas, verrucosa, aromática; ramos aromáticos, mesmo
quando seccos ; tolhas simples, inteiras, membranosas, penninervias,
pecioladas, mais ou menos 150 m/m de comprimento e 53 m/m de
A LAVOURA 11
largura, oblongas, acuminadas, verde-escuras na pagina superior e
verde-claras na pagina inferior, nos indivíduos que vivem em terras
silicosas; o. Pilhas simples inteiras, pergamentaceas, pecioladas, mais
ou menos líOm/m de comprimento e 48 m/m de largura, oblongas,
acuminadas, saliente-nervadas na pagina inferior e nervação averme-
lhada, nos indivíduos que vegetam em terras argilosas; raiz aromá-
tica, de lenho amarello e casca de côr bruna.
Madeira — Côr amarella, tornando se depois amarello-pardacenta ;
tecido flbro-vascu lar compacto, apezar da visibilidade perfeita das fibras
lineares um pouco revessas, intercaladas de pequenos e raros veios lon-
gitudinaes, de côr bruna ; ondeada, assetinada, sabor picante, muito
aromática, talhe macio. Dócil ao cepilho e á serra. Pesos específicos
verificados (e alguns decerto appl içáveis a outros vegetaes que teem o
mesmo nome vulgar) : — 0,866 (Santa Catharina e Rio) — 0,900
(S. Paulo) — 1,021 — !,048— 1,002 — 1,080 (S. Paulo) — 1,082 —
1,102 — 1,135 — 1,185. Resistência ao esmagamento : carga perpen-
dicular, 405 ; carga parallela, 670 ; sem determinação da posição da
carga, 772 e 792 kilogrammas por centímetro quadrado. Peso especifico
do carvão — 0,182 ; da essência a 10° — 1,090.
Applicações — Madeira para cohstrucções civis e navaes, dor-
mentes de primeira classe, marcenaria, vigas, esteios, taboado do
soalho e demais obras internas e externas em geral, durando longos
annos quando em contacto com a terra; contém um óleo essencial
aromático, do qual se obtém a essência de sassafraz, empregada na
medicina e na perfumaria. As raizes e as cascas são sudoríficas e uti li -
sadas nas affecções rheumaticas, syphiliticas e cutâneas, parecendo
efflcazes, em infusão simples ou assoeiando-lhe gemma de ovo, para a
cura de moléstias do estômago e cólicas intestinaes.
Os fruetos teem as mesmas propriedades mediei naes da raiz e das
cascas, talvez em porcentagem mais elevada, e por isso são preferidos
na therapeutica local.
Variedades — Conhecemos a «canella sassafraz preta», que repu-
tamos muito superior a esta, quer para a medicina, quer para as indus-
trias ; é um pouco rara. Ha diversas lauraceas conhecidas pelo mesmo
nome, mas que não estudámos. No Estado do Rio ha um «Sassafraz»
cuja madeira é de tecido frouxo, pouco resistente e muito leve. De um
outro «Sassafraz», ou talvez do que descrevemos, diz-se ter nos poros da
madeira uma massa parda ; é possível, mas nós nunca a encontrámos.
( Ibservações — Em França e na Allemanha, o lenho da raiz e as
cascai deste vegetal e dos similares são objecto de commercio, hoje re-
12 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
duzido, mas ainda assim do certa importância. Dividem-no actual-
mente em quatro typos: — achas grossas, lascas grossas, lascas finas
ecascas; estas são as mais caras: preparadas, vendem-nas em quan-
tidades grandes, ao preço approximado de dois francos por kilogramma.
— Quando se iniciou a construcção das estradas de ferro, os
dormentes de «sassafraz» só eram recebidos como de terceira classs !
Entretanto duram, em média, onzeannos, exactamente o mesmo tempo
queo jatahy, a peroba-rosa eo ipê-tabaco !
(Continua.)
COLLABORACAO
à cultura do coqueiro
O coqueiro pertence, inquestionavelmente, ás plantas, a cuja cultura
não se tem prestado no Brazil a devida attenção ; tanto mais quando o
Brazil, mais do que qualquer outro paiz do mundo, possue vastos
terrenos que podem ser utilisados da melhor forma para essa cultura,
e 6 ologar onde se pôde tirar um lucro cerlo e compensador, tanto para
o plantador como para a nação cm geral, da expartação do coco e de
seus produetos.
Ao ter-se conhecimento de que cm Ceylão (uma pequena ilha do
tamanho do Estado da Parahyba do Norte, aproximadamente), em uma
área de 650.000 hectares, existem 50 milhões de palmeiras, póde-se. facil-
mente avaliar a importância que tem attingido a cultura do coqueiro
em outros paizes.
Não nos devemos, por conseguinte, admirar si a estatística de-
monstra que no annode 1904 nada menos de 8.293.000 cocos verdes,
dos quaes 6.733.000 para a Inglaterra, 535.000 para a Allemanha e
802.000 para a Africa, foram exportados. Na importância de mil e
oitocentos contos de róis (1 .800:000$000), lambem subiram cocos seccos,
além disso, 48S.000 quintaes de óleo de cô:o, 68.000 quintaes de fibras
de coco, 62.000 quintaes de cordas, 14.000 quintaes de cabos, attingindo
a um total de trinta e dous mil e duzentos contos de réis (32.200:000$),
cuja cifra, certamente, não representa um valor de somenos importância.
O que, anles de tudo, deve ser tomado em consideração é que esta
cultura não produz géneros facilmente susceptíveis de superproducção,
mas sim géneros de primeira necessidade. Todos os produetos do
A LAVOURA Í3
coqueiro são, tanto na Europa como nas demais partes do mundo
civilisado, tidos em grande conta ; o óleo de coco, por exemplo, de ha
muito empregado na fabricação de sabão, tem tido um constante
augmento no seu consumo e é também empregado no fabrico de velas,
alem de ser recentemente adoptado na preparação de uma manteiga
aromática de coco, muito apreciada na Europa.
A fibra do coco serve para atadores automáticos usados por
occasião das ceifas dos cereaes, cuja applicação tem-se de anno para
anno, cada vez mais, adoptado tanto na Europa como na America do
Norte. Os bolos de coco (resíduos prensados provenientes da fabricação
do óleo de coco) constituem um alimento muito apreciado para os
aniinaes na cultura intensiva; e a applicação de fibras de coco é de
anno para anno empregada em maior escala na confecção de escovas,
vassouras, saccos, redes, capachos e outros artefactos de industria,
etc... Devido a sua barateza tem tido applicação para substituir as
amêndoas.
De tudo quanto fica acima exposto, se deprehende que o plantio do
coqueiro, da forma por que é feito em Ceylão, pôde também constituir
uma cultura, cujo prospero futuro está, de antemão, marcado em certas
e determinadas localidades do Brazil.
Por esssa razão, não é ocioso procurar-se indagar como deva ser
installada e tratada essa cultura ; e si, portanto, passarmos a discri-
minar quaes são as principaes condições vitaes do coqueiro, chegaremos
a conclusão que a productividade desta palmeira limita-se a certas
localidades situadas á beira-mar, dentro dos trópicos, comquanto que,
fora dessa zona e afastado do mar, o coqueiro também cresça, sem
todavia produzir fructos.
Nos terrenos ondulados das planícies pode-se plantar o coqueiro
até uma distancia de 150 kilomelros longe do mar, além desse limite,
porém, o seu desenvolvimento decresce e a sua productividade resente-se.
A influenciada brisa marítima torna-se quasi que indispensável
ao bom desenvolvimento do coqueiro, porque pela maior evaporação
das folhas estabelece-se uma mais intensa circulação da seiva, e
também porque fortalece mechanicamente o tronco da palmeira.
A cultura do coqueiro não se adapta ás culturas das montanhas ;
e a sua producção em altitude de703 metros— mesmo nas proximidades
do Equador— diminue, e quanto mais a sua altura se afasta daquella
linha, tanto mais baixa deve a sua cultura ser feita.
No que se refere ás suas necessidades calóricas, o coqueiro exige
uma temperatura média de 22° c. de calor regularmente uniforme,
cuja pressão mínima pôde cifrar-se a 10° c, podendo, por outro lado,
supportar como máxima uma temperatura limitada de calor, em
terreno sufficientemente húmido.
\i SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Com relação' ao solo, o coqueiro, salvo nos terrenos pedregosos,
cresce indistinctamente por to h parte, mas, sempre que encontra um
terreno argiloso e profundo, cresce melhor.
Quanto ú humidade, porém, o coqueiro não é tão frágil, e si a al-
tura máxima das chuvas annuaes mantem-se a 1,209 "'/,„, a pro-
porção dessa quantidade é sufficiente ; no caso, porém, em que sejam
irregulares ou menos copiosas, uma irrigação do terreno é então precisa
para produzir o mesmo effeito.
Si se pretender explorar, em um terreno que corresponda ás neces-
sidades precisas, dos quaes ha grande quantidade no Brazil, a cultura
remunerativa do coqueiro, deve-se também attender a outros pontos,
taes como: a escolha de boas sementes, a natureza do clima, o acurado
plantio, o cuidadoso trato ea racional adubação.
O processo da sementeira é, naturalmente, de importância capital,
devendo presidir todo cuidado 3111 dar-se preferencia âs sementes, cuja
variedade seja mais fecunda, e, dentre essas, tomar as sementes das
palmeiras que, pela continuidade de sua produclividade, mais se
tenham distinguido.
Ao ter-se diversas variedades para esse fim, pode-se então proceder
á cultura das differentes variedades do coqueiro, tendo sempre o
cuidado de evitar a confusão em seu plantio, de modo que cada va-
riedade tenha a sua cultura separada.
Os côccs, destinados a servirem de sementes, devem ser apanhados
bem maduros, sem entretanto estarem passados, e, por occasiâo de
sua colheila, não devem ser atirados ao chão, porque da sua queda
da arvore, geralmente, soffrem contusões, que, de antemão, os inuti-
lisam pára a sementeira ou concorrem para que, mais adiante,
venha a ser gerada nina planta doentia.
Devem lambem ser somente empregados cocos de completo desen-
volvimento.
Após a sua maturidade, os cocos devem ser conservados, pelo
menos, durante o espaço de quatro semanas, antes que possam ser
preparados para a sua plantação, a qual pode ser levadaa effeito de três
differentes modos: tanto pela sementeira em viveiro, do qual oppoilu-
namente serão as plantinhas transplantadas para o logar de sua cultura
definitiva, como também, por meio da suspensão sob um tecto que os
proteja, ou finalmente, por meio da collocação, em um logar húmido,
uns ao lado dos outros, sombriamente cobertos, e no qual o terreno
seja fofo e poroso.
As despezas de plantação e custeio para a sua exploração ficam,
em virtude desse augmento de producção, consideravelmente reduzidas,
do momento em que ellas cifram-se á mesma s >mma tanto para 10J
como para 150 cocos.
A LAVOURA 15
Si quizermos indagar qual seja o modo mais apropriado de •
adubação, deve-se repetir o que já acima ficou dito, de que, por
occasião de se abrirem os buracos para o plantio das mudas, cumpre
misturar-sea terra, delles extrahida, com estruma da curral, compo3to
e de adubos chimicos afim de ser a mesma torra aproveitada para
encher os buracos.
Por occasião do plantio nunca se deve esquecer o estrume do
curral ou o composto, porque estes estercos produzem, por meio do
enriquecimento do solo cm bumus, um melhor desenvolvimento do
systema radicular e por essa razão facilita um consumo mais intensivo
de agua e bem assim dos elementos nutritivos.
Nos terrenos ailtícienlemenle ricos, estes dois estercos talvez
sejam, com os elementos contidos no solo, bastantes para fornecerem
ás plantes a alimentação necessária para um anno. Si, porém, o
terreno for muito pobre, então deve-se-lhe addicionar, conjunctamente
com o estrume de curral e de compostos, uma maior somma de
elementos nutritivos, por meio dos adubos chimicos, cuja dosagem deve
ser approximadamen te a seguinte por 500 palmeiras :
200 grammas de acido phosphorico.
» » » polassa.
» » » azoto.
Deve-se, entretanto, ter o cuidado de que todos esses elementos
nutritivos sejam dados, pa-rque a falta de qualquer um delles na
adubação importará em insuecesso. E' de bom aviso dar-se esta
substancia em superphnsphato em saes potássicos de 30 %, ou kainito
eem sulfato de ammoniac > de conformidade com a seguinte dosagem:
Superphosphalo com 20 °/o de acido phos-
phorico solúvel, cerca de 1,030 grammas
Saes potássicos de 30 °/o com 30 °/o de po-
tássio 600 »
Sulphato de ammoniaco com 20 °/o de azoto,
cerca de 500 »
O melhor é misturar previamente esses adubos chimicos e depois
distribuir a quantidade total de 2.160 grammas acima indicada,
medindo-a em uma lata de folha ou em outro qualquer vasilhame que
contenha essa porção, então misturar essa mesma porção á terra
extrahida, para, com ambos, encher 15 dias antes da plantação os
buracos dos quaes foi a lerra retirada, como já tivemos occasião de
mencionar mais adiante.
Os elementos nutritivos empregados na occasião do plantio, todavia
não são sufficienles para lazer com que a planta attinja a um bom
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
e completo desenvolvimento e para que venha a produzir abundante
colheita e fructos de primeira qualidade, o que facilmente se pôde
deprehender das investigações feitas pelo naturalista Dr. Bachhofen, e
pelas quaes ficou provado que 1.000 cocos extrahem do solo :
3,'J kilos de azoto.
1,088 » » acido phosphorieo.
8,482 » » potassa.
9,707 » » sal.
1,043 » » cal.
Cumpre, entretanto, addicionar-se a essas quantidades o que a
planta ainda carece para a formação do tronco e desenvolvimento das
folhas, etc.,para o que devemos, de dois em dois annos, calcular para
cada mil palmeiras :
50 kilos de azoto.
15 » » acido phosphorieo.
106 » » potassa.
19 ») » cal.
136 » » sal.
Na pratica, porém, esta norma deve ser modificada, sempre que a
palmeira deixar de florescer ou de produzir os seus fructos, em cujo
caso cumpre elevar a dose de acido phosphorieo.
A quantidade de potassa, quando as cascas dos cocos ou cinzas dos
mesmos forem restituídas ao solo, pôde ser diminuída.
Os coqueiros precisam tão pouco de cal que, raras vezes, o seu em-
prego torna-se necessário e, só quando se trata de um terreno argiloso,
é que talvez seja útil uma certa porção de cal, para o melhoramento
da constituição mechanica do solo.
O sal é indispensavelmente preciso, c o seu emprego é mais facil-
mente applicavel sob a forma de kainito contendo 12° 4 de potássio
por 40 °/„ de sal.
Nos terrenos ricos, pode-se economisar o emprego dispendioso de
azoto.
Assim si, todos os dois annos, se tiver de dar estrume de cur-
ral, e, bem assim cinzas de cocos, então cumpre addicionar-se a
esses estercos a seguinte dosagem de adubos chimicos por 500 pal-
meiras:
20 kilos de chlorureto de potássio 50 °/0 ;
45 ditos ds kainito 12 °/u ;
70 ditos do superphosphato 20°/0 ;
45 ditos de sulfureto de ammoniaco 20 °/0 ;
A LAVOURA
140 kilos de kainito ;
70 ditos de superphosphato ;
45 ditos de ammoniaco .
Esta mistura deve ser espalhada em redor do tronco, e a uma dis-
tancia de cerca de 20 a 50 centímetros e logo após enterrada no solo,
com todo o cuidado de modo a não offender seriamente o systema
radicular.
No caso em que se não possa obter cada dois annos estrume de
curral ou composto para a estercada, então deve-se augmentar a quan-
tidade dos elementos chimicos até a seguinte dosagem:
90 kilos de ammoniaco ;
100 ditos de superphosphato;
60 ditos de kainito ;
30 ditos de chlorureto de potássio.
Afim de se tirar toda a vantagem possível desses elementos solúveis
de nutrição, é preciso prestar toda a attenção aos seguintes pontos:
manter constantemente o circulo em redor do tronco do coqueiro limpo
de gramas ouhervas damninhas para evitar que ellas possam absorver
os elementos nutritivos que devem aproveitar ao coqueiro, e também
espalhar os adubos em redor do tronco do coqueiro com todo o cuidado,
enterrando-os logo após com o ancinho sem offender as raizes.
{Do Centro das Experiências Agrícolas do Kalisyndikat, Allemanha. Ru
Alfandeija 93, sob. Rio de Janeiro.)
imos a seguir as duas gravuras referentes a este artigo.
SOCIEDADE NACIONAL DK AGRICULTURA
EXPERIÊNCIAS REALISADA3 PELOS SRS. H. M. ALLEIN E G. T. TAYLOR EM SUA
FAZENDA DE LOXTON E PALMBANE EM CEYLÃO
Em u na área de
lira de terreno sem adubação algu na uu tejs
4050 metros quadrados
Eru uma área de uma geira de terra adubada
A LAVOURA 19
A carreira agrícola
O illustrado engenheiro agrónomo, professor Hector Raquet, na
sessão solerane de abertura dos cursos do Instituto de Gembloux, para
o anno lectivo de 1907-1908, proferiu a sabia lição seguinte que ver-
temos devido ao interesse que desperta, pois que se trata da carreira
agrícola .
« Senhores — Uma tradição estabilecida exige que nesta cir-
cumstancia um professor deste Instituto vos falle de algum assumpto
que se relacione com a tarefa qu3 devemos effectuar juntos.
Cabe-me a honra de fallar hoje.
Pensei, a principio, tratar da parte do programma dos estudos, que
ides emprehender ou continuar, mas cedi a uma preoccupação que me
domina todos os annos, neste momento em que nos achamos reunidos.
Tenho vindo aqui, todas as vezes, com uma curiosidade e uma
emoção.
Curiosidade que se liga aos novos estudantes e que me leva a
inquirir si elles serão numerosos e o que poderão ser ; uma emoção que
me leva a formar a irrealisavel aspiração de ver no futuro o que será a
carreira dos moços que nós preparamos ao papel importante, ao papel
essencial consistindo em fazer, com o auxilio da sciencia, a terra pro-
duzir com toda fecundidade.
Portanto, si esta aspiração é irrealisavel, si é impassível pedir
ao futuro osegredo dos destinos indiviluaes, póde-se ser um sonhador,
perscrutar esses destinos quando se tratadas collectividades. Si não se
pôde prever o que fará cada um de vós, póde-se mostrar a todos que a
carreira que abraçaram, que a missão que escolheram e para a qual vos
queremos armar, offerece nobres fins ás intelligencias e ás energias, nas
proporções da actividade que exercerem, ella permittirá servir á huma-
nidade, sendo homens uieis e dando grandeza á vossa vida. E' disto
que vos desejo fallar.
Pretendo mostrar como a carreira do agricultor, do criador, é digna
do trabalho que vos exige. Esta carreira, durante o tempo, tem gosado
de pouco favor, está ainda muito desconhecida.
O prestigio das profissles liberaes exerce um attractivo frequente-
mente enganador. O salutar, o necessário respeito de tudo que repre-
senta o pensamento, de tudo que nãn exige meios e forças sinão da
intelligencia, faz considerar ainda cjm um certo desdém a profissão
de que o rude trabalho de lavrador é auxiliar.
20 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Em todas as classes da nossa sociedade democrática, parece que a
nova nobreza seja concedida pelo trabalho exclusivamente intellectual,
independente de tudo que se faz pelas mãos do homem .
Costuma-se dizer, é até mesmo uma «chapa», de que a satyra
tomou conta que — á agricultura faltavam braços. Com a mesma
exactidão se poderia ter dito que faltavam intelligencias á agricul-
tura.
Um moro, lilho de burguezes ou camponezes, cujos pais no com -
mercioou no trabalho da terra tivessem adquirido abastança, esta lhe
facultando emprehender estudos, elle sonhava subir intellectualmente,
sendo medico, advoga lo, engenheiro. Nisto consistia somente o seu
modo de ver as cousas, a actividade superior .
Estava entendido que, sahindo do gymnasio ou do collegio, era
para a Universidade que se devia entrar. Seguir os cursos de alguma
escola de agricultura, embora ornado com o titulo de superior, era
decahir ou ao menos não se elevar.
E quando alguns se resignavam a estes estudos de agricultura era
talvez, porque pensavam que o diploma de engenheiro agrícola fosse
mais fácil de obter de que outros pergaminhos.
Uma opinião ainda bastante divulgada actualmente é que um
homem bem dotado de intelligencia não se pôde consagrar a dirigir,
a desenvolver uma exploração agrícola, ou melhorar, ou tornar mais
lindos e mais puros os animaes de um rebanho.
Agora, este preconceito começa a perder sua importância, o seu
credito em breve ficará arruinado, pois era um preconceito em absoluta
contradicção com o espirito novo, com a nova da sciencia da vida que
o progresso dos conhecimentos humanos estabeleceu, com a concepção
racional que o homem esclarecido tem principalmente dos seus esforços.
Para rehabilitar a profissão de agricultor ou de criador, não ha
mais necessidade de appsllar para santimentos de egoísmo, nem
mostrar que é mais invejável a existência livre, na aprazível opulência
da natureza, o trabalho que em cada dia lhe dá um novo aspecto, menor
que os esforços regulares e monótonos no gabinete de trabalho, cujo
êxito é também problemático.
E' supérfluo invocar laes cousas ; póde-se, para exaltar a missão que
nos preparamos aqui a desempenhar, somente invocar a nobreza da
tarefa, seu caracter inclinado á formação do espirito scientifico, a
educação do pensamento livre, soberano e claro, mostrar que elle
offerece, exactamente, e num gráo superior, tudo o que attrahiria os
moços para as profissões liberaes.
A LAVOURA 21
Si as producções do artista, do orador, si os labores do medico, si
algumas vezes mesmo o génio de um grande militar excitam a nossa
admiração, é sempre vorque achamos nisto alguma cousa com que
augmentar o nosso orgulho, ou com que acreditar um pouco mais nu
poder dos homens, no eterno combato a que elles se entregam.
0 homem não tem sinão uma nobreza : é aquella que lhe dão as
suas victorias sobre as forças que o cere \m . Elle cresce cada dia mais
quando consegue superar algumas dessas forças, tendo destruído suas
causas ou as submettido ao serviço das suas necessidades.
O altista é grande porque deu á matéria aspecto de belleza ; o
medico é grande porque elle vence os males que desagregam essa
mesma matéria de que depende a nossa vida ; o militar nos parece
grande quando elle detém as forças humanas puramente destruidoras
e cuja acção ameace o que nós consideramos como indispensável ao
nosso trabalho pacifico ; o engenheiro é admirável quando imagina
algum meio novo de oppor uma barreira ás forças inconscientes ou de
utilizar estas diminuindo o nosso esforço. Em resumo, o individuo se
ennobrece, torna-se heroe todas as vezes que a sua acção pessoal excede
em resultado o que deve aproveitar só a elle, cada vez que se augmentam
um pouco os meios de vida de que a humanidade dispõe, cada vez que
se allivia um pouco a tarefa da humanidade.
Este resultado pôde ser sempre mais considerável do que quando
os homens afrontando os rigores de clima, os perigos, vão para os
immensos territórios dos paizes novos, da Austrália, da America do
Sul, do Canadá, da Africa Central, emprehendem com a terra ainda
inculta uma lueta paciente e cheia de perigos, e, armados de sua sci-
encia, impõem a esta terra uma fecundidade, trazem á humanidade
novos recursos devida. Pensae na repercussão que exerce esse simples
phenomeno: pela acção desses homens, um cereal cultivado mais
abundantemente se vende um pouco menos caro, torna-se accessivel
a milheiros e milheiros de homens que se achavam privados delle.
Supponhamos quanto isto concorre para formar vidas mais vi-
gorosas, mais saudáveis e tudo porque a sciencia nos mostrou as soli-
dariedades da carne e do cérebro. Não ha mais claro pensamento!
Os homens fizeram isto, e estes homens eram agricultores e cria-
dores. Haverá missão mais nobre, mais brilhante, mais digna de
admiração do que aquella que elles assim exercem? E nas emprezas
de expansão, de colonisação, que outro fim justificável não têm anão
ser o de fazer a terra produzir toda a riqueza que ella contém, pondo
á disposição dos homens todas as forças e todos os recursos que
2;' SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
pode fornecer sua fecundidade dirigida pelo saber ; neste empre-
hendimento formidável, o agente mais precioso, mais indispensável
— não será sempre o agricultor ?
Mas, não lemos necessidade de evocar estas remotas tentativas,
esta obra de conquista nova e aventureira, para mostrar quanto é
nobre e digno de attrahir as organi sacões de escola missão do agri-
cultor e do criador . Sobre a nossa velha terra da Europa, existem
ainda grandes coisas por fazer; desta terra é preciso conservar, au-
gmentar, regularisar a fertilidade e por terem trabalhado ahi os
homens mereceram a verdadeira gloria.
Quero citar exemplos.
Emquanto os criadores consagravam sua actividade na valori-
sação dos imrnensos territórios dos paizes novos e lançávamos seus
abundantes rebanhos através das immensas planícies de pastagem,
nas duas Américas e na Austrália, onde as diversas raças animaes
submettidas á acção dos agentes naturaes, cuja influencia ellas tinham
de soffrer, encontravam, com a sua liberdade, essas condições de
existência primitiva, empenhavam a luta pela vida, obtinham mais
vigor, mais robustez ; outros criadores, operando num campo mais
restricto, applicando os methodos da sua experiência e das suas
observações praticas, conseguiam augmentar a força transformadora
das machinas animadas e submettidas ao seu império.
Criavam essas admiráveis raças de varias aptidões que tê n feito
sua reputação, sua gloria, sua fortuna.. .
E' na Inglaterra, nesse berço de renovação agrícola, que se vê o
apparecimento desses práticos de génio que illustraram a agricultura
no seu paiz e adquiriram uma celebridade universal pelos progressos que
conseguiram realizar na criação, pela nova orientação que souberam
imprimir ao melhoramento do gado ; emquanto que o agricultor da Eu-
ropa continental não achava justificação de alimentar animaes, anão
ser pela necessidade de produzir carne salgada e declarava o gado « um
mal necessário » — os criadores inglezes proclamavam que a ma-
china animal tem por fim essencial produzir trabalho, leite, carne, e o
mais ; por conseguinte, deve-se tirar o máximo proveito da sua ex-
ploração, obtendo a maior producção co.n despeza minima.
Elles resumiam nessa formula simples todo problema zoote-
chnico e para resolvel-o, a ppl içaram methodos que são a base de toda
criação realmente progressista: a selecção dos reproductores, a alimen-
tação racional, ros cuidados da hygiene. E' preciso lêr a vida desses
grandes criadores: os Bakewell, ^os Collings, os Jonas Webb, para se
A LAVOURA 23
vêr com que incansável perseverança, admirável tenacidade, fé pro-
funda nosuccesso final, elles proseguiram sua tarefa. Esses esculptores
de matéria viva, esses organizadores de formas animaes transfor-
mando conforme os seus desejos seres animados submettidos ás leis
naturaes, creando a belleza útil como o cinzel do artista modifica o
mármore, ennobrecee idealiza os traços, não são génios iguaesdeum
Phidias ou de um Miguel Angelo?
Arrancar seus segredos á natureza, advinhar, presintir o futuro,
impor sua vontade ás forças que agem sob a égide de leis ainda parcial-
mente desconhecidas, haverá fim mais elevado, acção que mais nos
desvaneça ?
Eis o que elles fizeram.
A zootechnia pratica hauriu nos trabalhos de Bakewell, de Gol-
lings, do Jonas Webb, de Malingié, os preceitos que constituem hoje as
leis fundamentaes.
O desenvolvimento exacto de diversas aptidões, o alto poder de
assimilação, a reducção da ossatura entre os animaes de corte, a rapi-
dez do crescimento e a propensão para a engorda levada até aos limites
compatíveis com o equilíbrio das leis physiologicas, tal foi o fim deter-
minado aos seus esforços, a tarefa constantemente executada.
Sabe-se que Bakewell não se limitava a observar seus animaes
durante a sua existência e a comparar o seu augmento no peso e a
alimentação consumida ; elle procurava completar suas apreciações ou
a confrontar o seu julgamento por meio de autopsias minuciosas que
se executavam em cada animal, abatido, entre os da sua criação para
o consumo. Bakewell com um orgulho legitimo amava mostrar esses
resultados fornecidos pelo systema novo que adoptava e se differen.
cava do até então seguido nestes dois pontos :
Reducção da ossatura em vêzdo esqueleto volumoso ; criação em
consanguineidade em vêz da mistura perpetua de raças e de sangues
extrangeiros.
Estes dois princípios foram a base de todas as suas operações
para criação ; pela judiciosa applicação elle conseguiu em vinte e cinco
annos, apurar essa preciosa raça ovina de Disbley que conquistou rapi-
damente uma grande reputação, e quando em 1760 Bakewell apenas
obtinha pela locação dos seus carneiros 20 a 25 francos, por cabeça para
a época da reprrducção, em 1791, trinta annos mais tarde, três carnei-
ros lhe deram, pela locação de um anno, a quantia de 75 . OOOfrancos !
O seu celebre carneiro Two Founder lhe rendeu, só em uma época,
31.500 francos!
SOCIHDADK NACIONAL DE AGRICULTURA
A celebridade e a fortuna foram a dupla recompensa para a sua
beila o útil carreira.
Foi ao lado do criador de Disbley Grange, que praticava a
hospitalidade mais franca, que Carlos o Roherto Collings vieram
aprender os ensinamentos de que tiraram proveito maravilhoso para
melhoramento da raça de Durham a qual elles ligaram seu
nome.
A criação consanguínea praticada ao principio com uma certa
hesitação, depois melhor approveitada e continuada através de uma
ininterrupta successão de gerações, com o auxilio de reproductores
cuja forca hereditária nunca enfraquece, a preoccupação constante
de apurar productos para obtenção da maior vantagem quanto á carne,
deram aos rebanhos dos irmãos Collings uma homogeneidade sem
igual e extraordinária precocidade.
Os successos que os reproductores das herdades de Ketton e de
Barpmton obtiveram nos concursos e a admiração que despertaram
no mundo dos criadores pela belleza e regularidade de suas formas
conceituaram rapidamente a sua celebridade.
«Toda a imprensa, diz um escriptor da época, celebrava a as-
sombrosa maravilha, e todo « gentleman » que quizesse principiar o
melhoramento do seu rebanho ia comprar um touro dos Collings
até que chegou a occasião de se considerar um grande favor obter
um desses reproductores. Quem falava dos Durhams melhorados apai-
xonava-se agora pelos Collings ; os adeptos dessas espécies, que se
considerassem capazes e dispostos a pagar preços elevados, acudiam
em multidão a Ketton e a Barpmton...»
listas operações de mr. Collings concluíram em 1810 pela venda
geral do seu gado que produziu 177.920 francos; o touro «Comet»
vendeu-se por 26.250 francos e um criador que appareceu logo após a
venda desse animal declarou que teria dado por elle até 42 .000 francos !
Os admiradores e amigos de Carlos Collings quizeram perpetuar a
lembrança da sua brilhante carreira e para este fim offereceram-lheuma
rica taça de praia, «en vermeib, com esta inscripção :
« Offerta a mr. Carlos Collings — o grande aperfeiçoador da raça
Durham, pelos criadores cujos nomes seguem como uma prova do seu
ieconhecimento pelos serviços que elle lhes prestou com os seus
criteriosos aperfeiçoamentos e também como um testemunho de estima
pela sua pessoa. — MDCCCX.»
Como bem disse Sanson : isto vale perfeitamente um titulo de
nobreza .
LAVOURA
RobsrfcoCoIIings terminou sua carreira de criador em 1818 ; a venda
do sou galo rendeu 196.325 francos ; opreoo médio de animal saiu a
mais de 3 000 francos !
A raça de Durham melhorada adquiriu fama universal, póde-se
consideral-a uma das glorias da agricultura ingleza e consagra as
victorias dos methodos zootechnicos modernos. Sua rápida extensão
causou entre os criadores de todos os paizes uma salutar emulação para
o melhoramento da conformação das raças bovinas, de que ella represen-
tava o typo ideal, e, neste ponto de vista se pôde dizer que a disseminação
desses representantes exerceu em toda parte uma influencia feliz sobre
a criação bovina.
O methodo que produzira entre as mãos hábeis de Bakewell e dos
irmãos Collings tão brilhantes resultadas conduziu egualmente ao
successo outro illustre criador de carneiros Jonas Webb.
Observador de génio, pratico, esclarecido e experimentado, elle
conseguiu após 18 annos de esforços incessantes fazer do carneiro
Southdown um modelo de perfeição para a producção da carne. Jonas
Webb conheceu todos os triumphos que um criador possa ambicionar;
em todos os concursos em que participaram os seus Southdowns
melhorados, elle obteve as mais altas recompensas.
Em Pariz, nos certamens de 1855 ede 1856 foram concedidos os
primeiros prémios e os seus esplendidos reproductores levantaram
grande enthusiasmo no mundo dos criadores.
O gado ovino de Babraham estava conhecido em todo mundo e
foi único acontecimento nos annaes da criação o da venda geral dos
carneiros de Jonas Webb que se realisou a 10 de julho de 1861.
Mr. Robion de la Tréhonnais dando conta desta memorável jornada,
escreveu :
« O gado de Jonas Webb não existe mais reunido : os famosos
carneiros cuja locação foi disputada durante um quarto de século e,
que exerceram tão grande influencia para o melhoramento das raças
ovinas, em todo mundo, estão agora dispersos o para nunca mais se
juntarem sob avara do eminente criador. Ha, accrescenta o mesmo
escriptor, na existência de cada homem um instante decisivo em que a
responsabilidade da vida activa se torna excessivamente pesada, ou,
como o viajante afadigado, o homem sentindo que a energia necessária
ao cumprimento de sua missão começa a enfraquecei', depõe o seu fardo
e descança.
Foi talvez este sentimento que determinou Jonas Webb a realisar
afinal o fructo do seu génio. »
2160 4
SOCIIÍDADK NACIONAL DK AGRICULTURA
Jamais testemunho tão esplendido <le estima e de respeito foi
offerecido a algum agricultor depois que a agricultura, nutridora do
género humano, se tornou objecto de altenção e do estudo dos homens
sérios .
Os annaes da agricultura ingleza, tão ricos em acontecimentos de
todo género nada offereeem que seja tão notável.
Ao lado desses nomes de que se ensoberbece a agricultura ingleza,
seria injusto não mencionar aquelles que em França trouxeram o
concurso da sua sciencia e «la sua dedicação absoluta ao progresso da
criação.
Embora a sua celel ridade seja menos considerável, sua ohra mais
modesta, elles merecem figurar em bom logar entre os práticos aos
quaes a zootechnia moderna deve pagar um tributo de homenagens
justas.
Si os criadores inglezes proseguiram no melhoramento da raça
pela raça e fizeram da «selecção» o seu methodo de preferencia, a
mistura de sangues, o « crescimento», a ((mestiçagem» conservaram
em França um favor real .
Preoccupados com fazer beneficiar a criação nacional com os
resultados adquiridos pelos práticos de ultra-Mancha e desejosos de
cons?rvar em seu primor essas qualidades tão preciosas de adaptação
ao solo e ás condições do meio em que operavam os iniciadores do
progresso zootech nico, em França, recommendaram a importação dos
reproduetores inglezes para o melhoramento pelo «crescimento», dos
gados indígenas.
Já uma importante empreza zootechnica, á qual Tessier eGilbert
ligaram seus nomes, exercera sua feliz influencia para a criação ovina,
pela introducção na França dos carneiros Merinos, de Hespanha, ea
criação do celebre gado de Rambouillet, no domínio comprado por
Luiz XIV ao Duque de Penthièvre, no fim do XVIII século.
A ovelha de Rambouillet, destinada á producção e melhoramento
da preciosa raça de lã fina que constituía o factor essencial da for-
tuna agrícola da Hespanha, e que este paiz tivera a previdente sa-
bedoria de manter nos limites de suas fronteiras até o dia em que
as intervenções regias e os tratados políticos a obrigaram acederas
rebanhos ao estrangeiro — a ovelheira de Rambouillet disseminou os
seus reproduetores entre os rebanhos de raças communs indooecupar
as differentes zonas do território.
O progresso que resultou foi dos mais consideráveis e a ovelheira
de Rambouillet cujo papel tem sido tão efficaz para o melhoramento
A LAVOURA 27
das lãs indígenas adquiriu rapidam ente uma nomeada universal. De
lodos os paizes vêm emissários em procura dos reproductores, attin-
gindo alguns a preços excedentes dez mil francos!»
(Do Estado de S. raulo. )
££**íjK— «
EXPEDIENTE
Secretaria
Syndicato Agrícola Alegrense-Ao Sr. Presidente da Socie-
dade Nacional de Agricultura foi communicado em ofticio pela directoria do
Syndicato Agrícola Alegrense. reeentemento installado na Villa do Alegre, que
este syndicato tomou a deliberação de inscrever-se como associado desta Sociedade,
sendo na mesma occasião resolvido solicitar desta mesma Sociedade parecer sobre
os seus Estatutos. Tomando na devida consideração tão honroso officio, a Direc-
toria desta Sociedade confiou a analyso dos estatutos ao Sr. Dr. João Baptista de
Castro que se desempenhou desse encargo, emittindo o seguinte parecer que
publicamos na intrega :
« Tenho a honra de informar lhe que, acquiescendo ao seu honroso convite afim
de emittir o meu parecer sobre os estatutos do « Syndicato Agrícola Alegrense »,
achei-os perfeitamente correctos, já no que respeita a lei, já nos institutos
propostos.
Por feliz coincidência, ao ser-me ommettida essa tarefa, pude verificar com
satisfação que a associação em questão é o resultado final de uma propaganda que
desempenhei, ha bastante tempo, na Villa do Alegre, junto de djis amigos que alli
tive — o vigário — Reverendíssimo padre Martins Teixeira e o fin ido juiz de direito
da Comarca Dr. Wanderley, aos qnaes se juntou mais tarde o P.omotor Publico.
Tendo os meus filhos uma vasta fazenda no Alegre, onde estive algumas vezes,
adquiri acolá relações e delias lancei mão para divulgar as nossas doutrinas, como
posso provar com as cartas que nesse sentido possúj.
Os estatutos pareceram-me um tanto rigorosos de mais, em certos pontos ;
mas, a experiência adquirida na pratica é quem ensinará as modificações que por
ventura forjm reclamidas pelos nossos costumes, contanto, po--ém, que fiquem
mantidas em sua essência os sãos princípios básicos dess;s s dataras instituições. »
Correspondência
Evpedída em j moiro :
Cartas, ollicios, telegrammas o circulares .
Irapresscs . •
88 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Expedida en fevereiro :
Tolegraramas, cartas o òfficios 4"2
Impressos 45S5
Recebida em janeiro :
Cartas 189
Circulares 3
Memoranda 10
Oiiicio.; 33
Telegrammas .......: 6
Idem em fevereiro :
Cartas 302
Circulares 1
Memoranda 10
Offleios 39
Telegr immas , 11
GAFANHOTOS— Do Sr. Arthur Baroneim, lavrador residente em União da
Victoria, recebeu a Secretaria a seguinte carta que damos á publicidade:
« Kas minhas lavouras tive três passagens suecessivas de gafinliotos. Na pri-
meira em 20 de outubro, pararam só um dia e desovaram pouco ; a segunda no
dia 1 de novembro, pararam nove dias e desovaram muito; na terceira no dia 22
de novembro, pararam cinco dias e desovaram também muito.
Nos últimos dias de novembro começaram a apparecer saltões que foram
augmentando diariamente.
Tendo a Sociedade Estadoal de Agricultura publicado no jornal uma receita
usada no Transwaal, para envenenar os pastos e as^im extinguir os gafanhotos
eu experimentei, porem modificanJo a receita, supprimindo por não o ter, o
carbonato de soda e augmentando a proporção do arsénico, tendo achado o
liquido nas primeiras experiências muito fraco.
A solução por mim usada fti a seguinte: 100 litros de agua, um kilo
de arsénico e dous kilos de assucar.
A solução eu applicava com uma bomba; primeiro nos pastos onde estavam as
manchas de saltões, porém, tendo observado quo os saltões attingidos pelo
liquido morriam, applicava directamente sobre os mesmos.
O resultado obtido foi acima da minha e-peetativa, pois em poucos dias livrei
completamento a minha lavoura dos pequenos gafanhotos.
As minhas lavouras oceupam uma área de 40 alqiuires, porém a parte mais
infestada de gafanhotos era só de seis alqueires.
A despjsa por mim feita na matança dos saltões foi a seguinte ;
1 1 kilos de arsénico 22$000
22 kilos de assucar 11$009
Cinco dias de serviço de um operário 15,^000
Total 48$000
A LAVOURA
Julguei dever enviar estas noticias, conheconio quanto esta Sociedaie se
interessa pela lavoura e por tudo o que pode ser do vantagem para a mesma.
Esta exporiencia já tom silo feita pjr muitos e a Sociedaie terá noticias
antecedentes do bom resultado que se obtém na extinccão dos gafanhotos cora o
arsénico o por isso ponso que osti minha não terá outro resultado quo confirmar
o que já muitos terão noticiado. »
Secção Technica
INFORMAÇÕES —Em 18 de fjvereiro de 1908.
O Sr. Jarbas Guimarães, em carta datada de Quoluz de Minas, pediu infor-
mações sobre um tratado de criação de gallinhas.
Indicou-se em primeiro lo0rar o livro de C. Voitelier — VAokullure —Paris;
sendo também indicado: 1", Jacquo— Le Pomlaller— Paris— 2o, Lemoina —Lélevage
des animaux de basse cour — Paris — 3o, II. II — Stoddard — The New Egg.
Varm.
O Sr. Adolpho Rollemberg— emcarti ditada do «Engenho Ejcurial», Sorgipa
—pediu informações sobre um automóvel para Uvras e outros trabalhos agrícolas.
Respondeu-se que S.S1. encontrará o que deseja, lendo o n. 11 da Livoura,
de novembro de 1906 eo 10 do outubro de 1907.
Além disso, para informações de caracter comraercial S.S' poderá dii-igir-se
aos Srs. Arens & Comp. , que são agentes da casa Suul, no Brasil.
O Sr. Joaquim Cândido Noves, era carta datada do 11— peliu informações di-
versas, sendo: Ia qual a melhor formicida? 2a qual o preço da machina des-
tinada á extracção da fibra da piteira ?
Quanto ao Io quesito — informou-se não haver estudo serio e seguido quo
habilite a se dizer qual o melhor formicida.
O producto que se venda sob osta denominação, quando applicado com pe-
rícia e repetidamente, dá sempre resultado, qualquer que seja o fabricante.
Quanto ao preço da machina de ext-r ihir a Abra da piteira, vem na A Lavoura
de outubro de 190S, pagina 538.
O Sr. Domingos Zatti — pede informações, sobre onde pode encontrar ramas
de inanahivas das mandiocas — Manipeba e Saracura ?
Não sabemos quem possua essas variedades, todavia o Sr. Domingos Zatti
pôde informar-se na DisliUaria Franco-Brasileira da Várzea, em Jundiahy — São
Paulo, pois ahi fazem grandes culturas de mandioca e ê bom possível que conhe-
çam essas duas variedades.
O Sr. Agrippino Duarte — de Januaria — Minas — pedo informação sobre
qual o processo para desnaturar o álcool e qual o melhor processo para o fabrico
dos vinhos artiflciaes ;
Qual o melhor processo para extrair borracha da maniçoba.
Informou-se quanto ao Io quesito:— para desnaturar o álcool omprega-se, en-
tre outras, a seguinte formula:
Para 100 litros de álcool — 10 litros de methyleno e 1/2 litro de benzina ;
2o — Ler — J. Andibart — L'art de faire le vin de raisin sec — Paris , Ja-
cqueim — Les levrúres — Paris.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
3o — O único meio até agora empregado é o das tigelinhas, usado no Pará,
para a seriDgueira e no Sul para a maniçoba.
O Sr. Arthur da Silva Bernardes— de Viçoz i — Minas — pede informações
sobre se a lei federal que concado prémios aos seriícieultores está em vigor e em
execução.
Informou-se— que a lei está em execução o quanto aos demais esclarecimentos
— acham-seno regulamento, ás paginas 390 de 2 do setembro d'A Lavoura, de 1907.
A. GrevyZebra- No numero do novembro d'A Lavoura demos noticia
da Estação Zootechnica que os Srs. Herm Stoltz & C. fundaram no Jardim Zooló-
gico desta Capital. Os mesmos senhores, na qualidade de representantes do Sr. Cari
Hagenbock, de Hamburgo, acabam do receber um prospecto no qual, vem
expostas todas as vantagens que os criadores poderão tirar com a iutrodueção^da
Grevxj-Zebra. De muito bom grado accedemos ao pedido que nos fez, no sentido de
transcrevermos o prospecto, o que fazemos, reproduzindo a gravura que acompa-
nha o mesmo, para melhor orientação dos nossos leitores :
«A Grevy-Zebra (Equus Greoyi),— dos paizes Somali & Galla é entre as diversas
espécies de zebra a maior, a mais bonita e a mais forte. Ella é quem tem depois
da zebra das montanhas (Eiuuí Zebra) o mais verdadeiro typo de jumento e é de
A LAVOURA
ura tamanho considerável, de modo que no seu completo desenvolvimento ella
alcança a altura do 1 m. 45 cm. ató 1 m. 48 cm., medida esta tomada di cruz.
Pela grandeza e belleza do seu corpo ella 6 especialmente dotada para a criação de
zebroides mulas. As zebroides que até agora se tom ganho pelo cruzamento da
zebra de Burchell, Chapman & Bohm com os cavallos tem se mostrado animaes
muito bons e tenazes para o trabalho. Elias possuem pelo menos a mesma tena-
cidade e capacidade de trabalho que possue o burro criado pelo cruzamento entre
cavallo e jumento e toda a sua apparencia é mais nobre e mais bonita.
Como as Urevy-Zebras em tamanho são somente um pouco menores do que os
jumentos de criação hespanhóes, eu considero estas zebras o mais nobre e o melhor
material de criação para produzirem em seu cruzamento com as diversas raças
decavallos uma zebroide-mula da primeira ordem. As grevy zebras têm por isso
ura valor especial para a agricultura.
Especialmente possuem estes animaes uma tão boa Índole, que uma vez aman-
sados são tão seguros como o mais dócil cavallo.
Por causa do typo evidente de jumento nestes animaes tenho a grande espe-
rança que os seus descendentes produzidos polo cruzamento com os graudes ju-
mentos do criação hespanhóes se provarão fecundos. Para provar a verdade destas
minhas presumpções, farei experiências logo que chegar o meu transporto de grevy-
zebras, e para este fim reservarei para mim para tirar a raça e também para
cruzamento com grandes jumentos de criação hespanhóes duas zebras inteiras o
seis éguas. Comeste intuito já tenho comprado em Stellingen ura terreno de mais
ou menos seis hectares, o qual será especialmente arranjado para isto. Se pelas
minhas experiências ficar provada uma fecundidade do bastardo produzido pelo gre-
vy-zebra e o jumento, é fácil coraprehonder que valo/ extraordinário tem este pro-
ducto de cruzamento para conseguir excellentes animaes de trabalho para a agri-
cultura. Grandes jumentos de criaç lo hespanhóes foram lia alguns mezes vendidos
em America para criação de burros, pelo preço exorbitante de 3.200 dollars cada
um. Como a experiência tem mostrado que os productos de cruzamento sempre
ficam maiores do que foram os pães, eu espero que o bastardo da grevy-zebra com
o jumento, pelo menos alcançará uma altura de 1 m. 60 cm.
Tenho actualmente para vender quatro zebras inteiras e oito éguas; mas,
vendo somente uma inteira junto com duas éguas, peloproço minimo de Mk. 18.000
incl. emballage, fornecidos livre estação ou navio Hamburgo. Desda o dia 20 de
fevereiro estirão provavelmente as grevy-zebras expostas em Stellingen em meu
jardim zoológico, o rogo aos senhores interessados de me enviarem eventl. as suas
valiosas ordens o mais cedo possível ».
Propaganda ii^i-icola, — Está sendo feita a distribuição do folheto
n. VII da serie que esU Sociedade está publicando. Procedeu-se também á reim-
pressão dos seis prinuiros que se tinham esgotado, tendo sido introduzidas nelles
algumas illustrações para melhor elucidação do texto. Damos, para conhecimento
de todos aquelles aosquies possa interessar, os títulos destas publicações que são os
seguintes : I Cultura do algodoeiro, II Cultura do lúpulo, III Cevada, IV Consolida,
V Alfafa, VI Quatro importantes leguminosas forrageiras e VII Plantas produeto-
rasde borracha. Este ultimo ó um folheto de 58 paginas ; na sua primeira parte
encontram-se estudos sobre a maniçobeira, sua cultura e exploração ; sobre a se-
32 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
ringueira, sobro ocaucho ou castilloa elástica, e finalmente, sobre a Landolphia Se-
negalensis. Vêm depois excorptos do parecer elaborado pelo Sr. Dr. Miguel Cal-
moD, como membro da Comrmssíio de Agricultura e Industrias Conn;xas da Camará
dos Deputado-:, a orca do projícto n. 83, de 1936, do Sr. Deputado Passos de Mi-
randa Filho, que estabelece a mouopolização do commorcio da borracha-seringa.
Segue-se uma noticia suecinta sobre a nova planta proJuetora de borracha —o
Guayule, extrahida do boletim d:i Secretaria de Fomento do México. Em ultimo
logar traz dados estatísticos concernentes á cotação da borracha brasileira do varias
procedências e qualidades, nos mais importantes mercados nacionaes e estrangei-
ros. Não comportando as pequenas dimensões do folheto a gravura em que vem
reproduzida a bellissima alameda de seringueiras do Jardim Botânico do Rio do
Janeiro, incltiimol-a abrindo o presente numero, para que melhor se grave o
que então atflrmou o autor de um estudo sobre a questão, publicado naquelle
mesmo numero, sobro as possibilidades aqui da cultura da Hevea Brasiliensis .
De grande bellez.i e exprimindo uma vista do Jardim Botânico desta Capital,
a cargo do orapetento naturalista, Dr. Barbosa Rodrigues, julgamos assim bem
illustrar a nossa revista com este quadro nacional. O mesmo Dr. Barbosa Ro-
drigues já publicou um estudo sobre « As Heveas ou Seriugueiras», editado em
1900, o qual rejommendamos aos interessados.
A.s gravuras das capas — As gravuras deste numero representam
bellos produetos bovinos, que já figuraram no opúsculo sobre o inquérito do gado
Zebú, ultimamente distribuído pur esta Sociedade.
A da frente é do gado Caracú, de propriedalo dos irmãos Castro, era Minas, e
a do fundo 6 de mescla dos gados Caracú e Crioulo, de propriedade do Sr- Visconde
de Ururaby, no Estado do Rio.
A LAVOURA
Secção de plantas 2 sementes
Distribuição feita pela Sociedade Nacional de Agricultura,
durante os mezes de janeiro e fevereiro de 1908
£
SPE^IFICAÇÃO
PESO
Kilogrammas
VOLUMES
1.350
40.000
13.750
16. COO
5.310
4.550
1.9S2
1.228
55.450
32.000
8i0
80.000
5.000
4.500
15.000
30 000
1.400
500
13
6
25
2
Ccbollos
78
IS
124
112
52
17
36
Algodão do Maranhão
32
16
Í5
15
15
3
1
SOS. 910
5S0
■ lOYIMI.NTO DA SEC;
Foram satisfeitos 00 pedidi
» expedidas 6 cartas.
-&»&$> jj(€€€4-
SOCIEDADE NACIONAL DE AGKICUl.TUKA
NOTICIÁRIO
Sindicatos agrícolas — Damos a seguir o regulamento da lei dos
syndieatos agrícolas, que muita utilidade virá prestar aos interessados.
DEi RETON. G.532 -de 20 de junho de i i07
0 Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, usando da auctori-
zação que lhe confere o art. 48, n. 1, da Constituição, decreta :
Artigo único. Fica approvado o regulamento que com este baixa, assignado
pelo ministro de Estado de Industria, Viação e Obras Publicas, para a execução do
decreto legislativo n. 979, de 6 de janeiro do 1903.
Rio de Janeiro, 20 do junho de 1907, 19° da Republica.
Affonso Augusto Moreira Penna..
Miguel Calmon du Pin o Almeida.
Regulamento dos Syndrctos Agrícolas, a que se refere o decreto n. 6.532, dista data
Art. l.°E' permittida a organização de syndicatcs agrícolas, que, para os
effeitos legaes, são as associações formadas entre profissionaes da agricultura o
industrias ruraes de qualquer género, para defesa dos interesses de ordem econó-
mica, social ou moral, communsaos associados.
Art. 2.° Os syndicatos terão uma denominação particular ou quó indique seu
objecto de modo a se differençarem de qualquer outrj ; sua duração poderá ser in-
definida : poiem organizar-se independente de auctorizaçãj do govc.io e são
isentos de quaesquer restricções ou ónus.
Art. 3.° São característicos essenjiaos dos syndicatos agrícolas :
n) o numoro mínimo de sete associados;
b) a qualidade pe:uliar a tolos os associado3 de profissional da agricultura ou
de industria rural de qualquer género ;
c) a existência do um património constituindo capital da associação;
d a fórraa de rnutualidade em todis ai operações e actos dos syndicatos.
Art. 4.° Consideram-se profissionaes para toios os eleitos da lei :
O proprietário, o cultivador, o arrendatário, o parceiro, o criador de gado, o
jornaleiro c quaesquer pessoas empregadas em serviço dos predius ruraes, bem
como a pessoa jurídica enj v existência tenha por fim a exploração de agricultura
ou outra industria rural.
Paragrapho única. Perderá essa qualidade todo aquello que deixar de per-
tencer a qualquer das classes de que trata este artigo,
Art. 5.° O património do syndicato agrícola poderá ser limitado ou illimitado,
mas pertencerá ao fundo da associação, não podendo em caso algum reverter aos
associados.
A LAVOlikA
Paragrapho único. Será ordinariamente constituído:
a) pelas jóias, mensalidades ou annuidades estabelecidas nos estatutos para
que os associados possam gosar das vantagens e serviços da associação ;
h) pelas commissões sobre compras e vendas feitas ou agonciadas por conta
da associação ;
c) pelas taxas que forem estabelecidas para outros serviços ;
d) pelas multas determinadas em estatutos ou regulamentos ;
e) por empréstimos, subvenções, donativos e legados.
Art. 6." Todos os saldos e proventos applicam-se ao augmento do património,
não podendo ser distribuídos lucros aoi associados.
Art. 7.° Poderão estas formar entro si caixas ospeciaes, de soccorros e d i apo-
sentadorias ou quaesçiuer instituições de mutualilalee cooperação, sem prejuízo
do património social, e constituindo ellas associações distinctas com inteira dis-
criminação de responsabilidades.
Art. 8.° O associado que se desligar do syndicato poderá, todavia, continuar a
fazer parte das caixas especiaes a que se refere o artigo anterior, mediante as
condições quo nos estatutos forem fixadas.
Art. 9." O numero de associados poderá ser illimitalo, c nos estatutos devem
ser determinadas as condições do admissão c eliminação, as vantagens e ónus, bem
como a responsabilidade dos mesmos associados.
Art. 10. E' livre a todos os associados retirarem-se em qualquer tempo, per-
dendo, porém, todos os direitos, concessões e vantagens inherontes ao syndicato,
em favor deste, sem direito a reclamação alguma o sem projuizo das responsabili-
dades que tiverem contrahido (Dec. n. 979, art. 6o).
Paragrapho único. Taes respjnsabilidales subsistirão, emquanto não lerem
liquidadas.
Art. 11. A responsabilidade a que se ro.ere o art. 10 só se considera effectiva
para o associado que se retira, em relação ás ob.w-iações coutrahidas pelo syndicato
até ao dia da commnnicação escripta da su:i retirada.
Paragrapho único. O asso 3 ia lo que so retira ó respjnsavel pelai cneommenJas
quo tenha feito directamente ao syndicato ou a terceiro por intermédio delle,
asfim como pela cotização do anno, caso não tenha sido satisfeita.
Art. 12. A organização do cooperativas de prolncçãoou de coes imo, caixas
ruraes do credito agrícola, associações de seguro, de previdência, de assistência,
etc, não involve responsabilidade directa do syndicato nes transacções, sendo a
liquidação de taes organizações regida pela lei coaimum das sociedades civis (Dec.
cit. n. 079, art. 10).
Paragrapho único. Os bens empregados nessas organizações não ficam sujeitos
ao disposto no art. 30. e sua liquidação corre sob a responsabilidade dos respectivos
sócios.
Art. 13. Os syndioatos agrícolas constituemse por deliberação da assembléa
geral dos associados, que será convoc.vla para eao fim pelos fandxiores, depois do
organizados e assignados os estatutos por todes os associados.
Art. 14. No dia desiguado, reunidos os associados em assembléa geral, os fun-
didores apresentarão os estatutos e, lidos estes, será sub eaettida a votos a reso-
lução de estar o syndicato definitivamente constituído. Seudo essa resolução
appr-ovada por dois terços pelo menos, do numero total dos associados, lavrar-se-á
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
á acta da install.ição em duplicata,, p vim ser assignada por todos os associados
presentos.
Art. 15. Approvada essa resolução por dois terços pelo menos, do numero
total dos associados será eleita, o em segui la, impossado. a primeira admi-
nistracção, devondo a acta da installação do syndicato lavrar-se em duplicata
e ser assignada por todo; os associados presentes.
Art. 18. Dois exemplares dos estatutos, da acta da installação e da lista
dos associados, autheniicados pelo presideute e pelo secretario do syndicato
agrícola, serão depositados no cartório do registro de hypothecas do districto
respectivo, aui ficando archivado um de cada exemplar (Dos. cit. n. 979, art. 2).
Art. 17. O exemplar será paio oílicial do registro de hypothecas, enviado
dentro de oito dias coutados da apresentação, á Junta Commercial do Estado
respectivo.
Art. 18. Outro deposito dos estatutos e da lista dos associados será pela mesma
forma renovado sempre que no anno anterior houverem solfrido modificações,
e cm todos os casos o recibo passado pelo offlcial do registro bastará para
provar o mesmo deposito.
Paragraptio único. O registro dos documentos e respectivo recibo ficam
isentos de quaesquer ónus o serão feitos no acto da apresentação dos mesmos.
Art. 19. Os estatutos declararão o seguinte:
§ 1.° Denominação, fins, formas, duração e sede do syndicato agrícola.
§ 2." Modo pelo qual este é administrado, e representado em juizo e,em
geral, nas suas relações para com terceiros.
§ 3.o Responsabilidade dos associados.
§ 4.° Condições de admissão e eliminação dos direitos, vantagens o ónus
dos associados.
§ 5.° Condições de dissolução do syndicato e destino que nesse caso será dado
ao produeto do acervo social, nos termos do Decreto n.-079.
Art. 20. O registro indicará mais :
§ 1.° A data do deposito de documentos.
§ 2." Os nomes dos administradores ou directores do syndicato.
§ 3." A entrega do recibo a que se refere o art. 18.
Art. 21. Desde a dita do mencionado deposito e registro, o syndicato
agrícola adquira personalidade jurídica, como pessoa distincta da dos respe-
ctivos assoei ado3 e pó le exercer tolos os direitos civis relativos aos. seus in-
teresses.
CAPITULO III
DOS ADMINISTRADORES
Art. 22. Os syndicatos agrícolas serão dirigidos por dois ou mais admi-
nistradores, eleitos pela assemblea geral, entre os associados inscriptos e quites,
auxiliados por um conselho administrativo com o numero de associados que
os estatutos determinarem.
Paragrapho único. E' requisito indispensável ao presidente do syndicato
ser cidadão brazileiro no go;o de seus direitos.
Art. 23. E' expressamente vedado aos administradores e bem assim aos
fundadores o ineorpjradores dos syndicatos ou uniões de syndicatos agrícolas
auferirem lucros uii vantagens do qualquer especio ou natureza.
CAPITULO VI
DAS UNIÕCS DE SYNDICATOS
Art. 40. Os syndicatos agrícolas podem fundar uniões de syndicatos ou syn-
dicatos centraes, com o intuito de regularizar o funccionamento dos syndicatos
locaes, coordenando o concentrando seus esforços, augmentando seus meios de
acção, de modo a poder prestar a maior somraa possível de serviços aos as-
sociados.
Paragrapho único. As uniões deverão abranger syndicatos ligados por in-
teresses communs, territoriaes ou profissionaes (Dec. cit., n. 979, art. 11).
Art. 41. As uniões de syndicatos e os syndicatos centraes adquirirão per-
sonalidade jurídica separada, do mesmo modo que os simples syndicatos.
Art. 42. Constituir-si-ão na forma prescripta para os syndicatos o terão
es mesmos característicos que estos, sendo também regidas pelo presente re-
gulamento.
Art. 43. Alôm dos syndicatos organizados e constituídos, de accordo com
este regulamento, poderão ser admittidos como associados das uniões de syn-
dicatos o syndicatos centraes as associações agrícolas ou do industrias ruraes o, do
mesmo modo, os sócios destas instituições.
Art. 44. As uniões de syndicatos o os syndicatos centraes gosarâo de todas
as faculdades que o presente regulamento confere, estão sujeitos ás suas pros-
ei ipções, quanto a fundação, modo do agir e do liquidar.
Art. 45. Estas associações, b3m como os syndicatos agrícolas organizados
do accordo com o presente regulamento, ficani isentos para a sua orgini-
zação e funccionamento, de quasquer ónus.
CAPITULO VII
DISPOSIÇÕES GERAES
Art. 40. Não gozarão dos fivores aqui cmsigo\do3 03 syndicitos locaes,
as uniões o os syndicatos centraes qu3 estiverem om desxecor Io com este re-
gulamonto.
Art. 47. Não 6 permittido a nenbum syndicato especular com títulos de
qualquer espécie, podendo, porém, adquirir bans immoveis, sem outra restri-
cção, a não ser a applicação destes aos serviços e fins previstos nos respe-
ctivos estatutos.
Art. 48. São da exclusiva competência do juizo comme rcial as questões
relativas á existência do syndicato agrícola, aos direitos e obrigações dos as-
sociados para com ello e entre si e á dissolução e á liquidação do mesmo.
Art. 49. Oi livros de escriptutação dos syndicatos açricolas serão rubri-
cados, pira torom fé em juizo, pilo membro do conselho administrativo que
o presidente djsignar, e são isentos de sello.
Art. 50. Revogam-seas disposições em contrario.
Rio de Janeiro, 20 de junho de 1907.— Miguel Calmon du Pine Almeida.
3S SOCIEDADK NACIONAL DE AQUICULTURA
— A exportação do café cm Santa Catliarina vai augmentando pouco a pouco.
A exportação, principalmente para as republicas do Prata, vai tomando pro-
porções quo os mais Estados c tfeeiros não devem desprezar.
No 2' semestre do l'»07 importaram-se no porto do Montevideo 684.000
saccas do café procedentes do Rio de Janeiro, 55.400 do Santos e 477.200 do Santa
Catliarina.
— Os Drs. Nabor Jordão, Coronel Moraes Salles o Lins de Almeida, nomeados
pelo Governo de S. Paulo, partiram para o interior do Estado, com a missão de
proceder á avaliação da futura safra do café. O Sr. Dr. Carlos Botelho, Secretario
da Agricultura, pretende desdobrar om três a commissão incumbida da avaliação
da safra pendent \ afim de que ella possa apresentar o seu relatório o mais brovo
possível.
Cada uma dessas commiísões porcorrorá uma das grandes linhas férreas do
Estado:— Mogyana, Paulista e Sorocabaoa e a inspecção consistirá em apurar
nas diversas fazendas, por meio de questionários, a quanti lado de café colhido
até o dia da inspecção; dividida essa quantidade polo numero de pessoas encarre-
gadas da colheita e pelos dias de serviço, dará, na proporção dos cafeeiros, a
quantidade corta da produção do cada uma das fazendas.
— Em Páod"Alho, Pernambuco, fui effectuada uma reunião de agricultores
e proprietários, convocada pelo Dr. Severino- Montenegro e coronel Abílio Pessoa
afim do ser fundado um syndicafo agrícola.
— No dia 10 do mez de fevereiro findo realisou-so na sede da Escola Agrícola
de Goyana, a quinta reunião annual de sua assembléa geral.
Esta instituição é a primeira que se fundou no Estado de Pernambuco o cuj^s
resultados têm sido os mais animadores.
O Dr. Luiz Corroía de Brito, presidente, perante numerosa assistência usou
da palavra, extendendo-so em conceitos proveitosos sobro ávida lisongeir.i qu3,
para gáudio ge ai, ia tendo o Syndicato Agrícola.
Destinado — disso elle— á realisição de dois grandes idoiaes que eram — a
creação do credito agrícola e o banimento da ignorância entro o proletariado —
notava com máxima satisfação quo o syndicato attingira a meta de seus intentos
com o surprehendente desenvolvimento que se operava nos dois básicos elementos
instituídos para a consecução de seus fins — A caixa rural o a Escola agrícola.
A primoira, acereseentou ainda, fundada para a creação e manutenção do
credito agrícola, já se podia julgar consolidada, pois durante quatro annos reali-
sava, com grando regularidade, todas as suas operações.
A segunda, tendo apenas uns oito mezes de existência não ora monos lison-
jeiro o seu resultado, cujo testemunho deram os exames prestados por uma turma
do alumnos c que naquella occasião iriam receber o justo premio do seus e-:forços.
Numa nova plnso, portanto, entrava a agricultura de Goyana, por isso mesmo
quo levantando o seu credito, dispunha, em melhores condições do operariado que
deixando de ser o homem — machinasem cultura o sem estimulo, se transformava
agora no auxiliar intelligente que, culturanio a terra iria sabendo emoregvr os
melhores msios. E concluindo se i bailo discurso, fez sentir quo, so a quirta reu -
nião da assembléa geral ínvia sido solemnisada com a inaugurarão da Escola Ag •{-
cola, a actual so salemnisava com mais elfusão ainda, porquanto o faria com a dis-
tribuição de promios, provas dos doces fruetos que ia produzindo a mesma Escola.
A LAVOURA 39
— O Estado do S. Paulo importou ora 1907 machinas agrícolas no valo? de
5.30o contos, contra 925 cm 1903.
As machioas para a lavoura importaram om 333 o 451 contos, respectivamente.
Outras machiuas, apparulhos o utensílios diversos variaram nos dois annos, do
5.437 contos a 9.919.
Tiveram também sensível augmento os valoros de alguns géneros alimentícios,
que do 7.758 conlos elevou-se a 10.967 ; o b.ualhau teve t inibem um accrescimo
de 865 contos, a farinha de trigo subiu a 7.661 contos om 1907, contra 6.695 om
1906; vorifiía-se também no augmento do trigo o:n grão, cujo valor foi, respecti-
vamente, de 8.220 o 0.215 contus ; em compensação, o arroz, do qno se faz actu-
almente larga plantação em todo o Estado, soffreu sensível reducção no valor
importado, que, tendo sido, de 2.400 contos em 1906, foi apenas d) 321 contos em
1907 ; quanto a importação do vinho também foi augmentida, achando so repre-
sentada por 9.838 contos em 1907, contra 0.885 cm 1906. A industriado papel o
suas applicacões também revelou accrescimo, passando de 1.646 contos a 2.388.
Em 1900 o Estado do S. Paulo importou algodão em bruto, om tecidos e em
manufacturas diversas no valor de 6.5'JO coutos, elevado em 1007 a 10.800; observa-se
o mesmo facto em relação á lã em bruto, em lio, em toeidos c om manufacturas
diversas, cujo valor, em 1903, foi de 3.000 contos, elevado no anno seguinte a
5.300; a juta em fio importou, no anno findo, em 5.035 contos, ao passo que cm
1900 não passou da 4.702.
Tlie Bly.rn.yer Ii-on Works — Inserimos em o nosso boletim a se-
guinto tralucção de uma noticia publicada num jornal da Cuiapas que nos foi
remottido pela casa cuja firma encima estas li.ihas, dispeann lo-nos do quaesquer
eommentarios, pois o quo ahi se lê e mais que significativo, limitan lo-nos a solicitar
a attenção dos leitores para o annuncio que a importante '/asa americana começa
a publicar em o nisso periódico.
NOSSO ESTADO PROGRIDE
Comprazer temos assignalalo o desenvolvimento que têm tido em nosso Es*
tadoas transacções commorciacs da grande fabrica «The BlymyeL' Iron Works, do
Estado de Ohio. da Republica Norte Americana, representada pelos Sr. Cueto y Com-
panhia, banqueiros de Tuxtla Guticrroz y Tonalã.
Dissemos « com prazer », porque esto doson volvimento não somente interessa
áquolla casa americina, mas também a nossos conterrâneos o a nossa terra. Si
aquella fabrica disso aufere lucros, a quo faz jús por sua io.telligo.icia, operosidade
e honradez, de maior importanoia o mais estiveis são os dos nossos fazendeiros.
As machinas da casa a quo vimos do nos referir, têm contribuiJo pira fomentar
nossas riquezas agrícolas, já pela facilidade do seu manejo, j i pela economia que
deriva do seu emprego ; vieram converter em verdadeiro prazer trabalhos que
anteriormente se faziam com grande difficuldade, animar a todos aquollei que
delias se servem, porque o estudo do sou engenhoso mecanismo, e a observação do
perfeito rythrro com quo funceionam, inspiram confiança ao observador que não
mais so arreceia do so atirar ás grandes emprezas modernas o desse modo onvero'a
pela única trilha quo dove libertar a clle, a nosso Estado o a nossa Republica, da
concurroneia das raças progressistas que lançam mão do tudo quanto é moderno
40 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
o grande. Com estas idéas que circulam cm outro cérebro e com o natural aflecto
por tudo quanto é de nossa terra e pátria, não é da admirar que nosso peito se
encha de alegria e satisfação todas as vezes que vemos entrar em nosso Estado uma
das installações das excellentes machinas modernas da casa Blymyer, pcis bem
«mprehon lê nos quo este facto significa um passo mais na senda do progresso.
Em parto alguma encontra-sj casa mais afiavcl e que sirva com mais interesse
a seus clientes do quo a destes senhores; cora a paciência de um mestre possuído
da maior consideração para cjm seus discípulos, elles instrenm a seus clientes da
maneira mais minuciosa e acertadi que so póle conc3b:r. A fabrica tem a seu ser-
viço engenheiros ospeaialistas em cida ura dos ramos agrícolas para os quaes
constroe machinas, o os senhores agricultores só teriam a lucrar em os consultar,
podendo terá certeza de que seiãoattoa lidos com a dovidi cortezia e intelligencia.
(Do El Heraldo de Chiapas.)
ITopliiiisi, Cíiussei- «Ss Iloplcins — Abrimos os annuncios deste
numero com um novo desta importante casa, para o qual chamamos a attenção
dos leitores.
Marine liada de cavallo —A leguminosa conhecida por este nome,
que é o desmolium leocarpum, dá excellente forragem para o gado e óptimo adubo
vorde, não se deixando crescer muito para não endurecer.
A sua producção em ramas pôde avaliar-se em 19.000 kilos por alqueire e o seu
rendimento em grãos attinge a 225 hectolitros.
Essa planta cresce bem no moio do milho.
O trevo da Florida, sua varieiade, rende as mesmas utilidades. Pôde ser cor-
tado tws vezes por anno e dá em cada corte, antes da floração, corça de 48.000
kilos por alqueire.
No dia 16 de fdvereiro do corrente, foi installada na quinta d j Pirajá, com a
presença do Governador do Estalo do Piauhy, uma escola pratica de agricultura.
— Acaba de ser fundada era S. José dos Pinhaes (Estado de S. Paulo) a Sociedade
de Agricultura e Protecção aos Animaes.
A LAVOURA
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6,252,413
7,029,327
5,405,003
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3.978,530
3,997,009
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Fevereiro
Maio . .
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Julho . .
Agosto .
Setembro.
Outubro .
Novembro
Dezembro
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A LAVOUKA
PARTE COMiYIERCIAL
Movimento do mez de janeiro de 1903
Oítfó
Existência era 15 de janeiro 569.028 sxecas, coatra 574. 4 43 no dia 31 de
dezembro.
Existência ora 31 de janeiro 521.693 sacoas, coatra 569.028 no dia 15.
Entradas em janeiro :
Saceas
Estrada de Ferro Centnl ih Rrazil 54.061
Cabotagem 17.878
Barra Dentro 1-18.532
Total 220.474
Venleram-se 336.000 saceas, coatra 268.000 nj mez anterior.
Na primeira quinzena, em Nova- York, o n. 7, disponível, foi cotado a 0 c.
por libra, até o dia 9 o a 6 1/8 c. de 10 em diante.
Na Bolsa, os preços estiveram sempre em alta, registraadosa : 5.75 c. em 2,
3 c 4 ; 5 80 c. em 7 o 8 ; 5.90 c. desde 9 até o fim da quinzena.
Na segunda, em New- York, o typo n. 7, disponível, foi cotaio a 6 1/8 c. por
libra até o dia 20, a 6 3/16 c. em 21 e a 6 1/1 c. dalii por dianto.
Os preços extremos da Bjlsa foram 5.90 c. om 16 o 6.10 c. em 25. 27 o 31.
vigorando nos outros dias 03 seguintes : 5.95 c. em 17 ; 6 c. em 18, 20, 21 o 29 ;
0.05 c. em 22, 23, 24, 28 o 30.
Os embarques do mez foram de 268.216 saccw, contra 270.393 no mez
anterior.
Os extremos das cota;3es foram :
PRIMEIRA QUINZENA
Por arroba Por 10 kilos
Typo n. 0 5$100 a 5$501 3§172 a 3s71 1
» » 7 4^800 » 5-5200 3$268 » 3$54o
» » 8 4$600 » 5$003 3$ 132 » 3$404
» » 9 4$400 » 4$300 2$&98 » 3$268
SEGUNDA QUINZENA
Por arroba Por 10 kilos
Typo a. 6 5$400 a 5$700 3$676 a 3$881
» » 7 5$100 » 5$400 3^472 » 3$076
» » 8 4$900 » 5$200 3$336 » 3^540
» » 9 4$700 » 5$000 3$200 » 3$404
SOCIEDADE NACIONAL DS AGRICULTURA
Café
Movimento do mez de fevereiro
Existência om 15 do fevereiro 529.319 saccas, contra 521.606 em 31 do
janeiro.
Existência om 29 do janeiro 493.303 saccas, contra 529,319 no dia 15.
Entradas em fevereiro :
Saccas
Estrada de Ferro Central do Brazil 73.106
Cabotagem 24.245
Barra Dentro , 173.837
Total 271.188
Venderam-se 388.000 saccas, contra 333.003 no mez anterior.
Na primeira quinzena de fevereiro, em Nova-York, o typo 7, disponível, foi
cotado a 6 3/8 c. por libra de 3 a 10 e a 6 1/4 c. em 1 e de 11 em diante.
Na Bolsa houve três preços para a opção mais próxima (março) : G. 10 c. em
1, 5, 6 e 7 ; 6.05 c. em 3, 4 e 8 ; 6 c. de 10 em diante.
Na segunda, em Nova York, o typo 7, disponível, foi cotado a G 5/16 c. por
libra em 17 e 18, a 0 1/4 e. de 19 a 20 e a 6 3/16 c. em 29.
Na Bolsa houve três cotações: 5.95 e. em 17 o 18 ; 5.90 c. em 19, 20, 24, 26
e29 ; 5.85 c. em 21,25, 27 e 23.
Os embarques do mez foram :
294.616 saccas, contra 268.216 do mez anterior.
Os extremos das cotações furam :
PRIMEIRA QUINZENA
Por arroba Por 10 kilos
Typo n. 6 5$300 a 5$600 3$608 a 3$813
» » 7 5$000 » 5$300 3$ 104 » 3$608
» » 8 4$800 » 5$103 3$268 » 3$472
» » 9. . . '. . . 4$690 » 4$900 3$132 » 3$336
SEGUNDA QUINZENA
Por arroba Por 10 kilos
Typon. 6 5$400 a 5$500 3$Ô76 a 3$744
• 7 5$ 100 » 5$200 3$472 > 3$540
» 8 4$900 » 5$000 3$336 » 3$404
» » 9 4$700 » 4$800 3$200 » 3$26S
Géneros importados em janeiro e fevereiro
Qualidade Quantidade JaQeir0 p™*» Fevoreiro
Alfafa 19.454 fardos $550 a $560 9150 a $160 o kilo
Arroz 3.121 saccas de 18$000 a 3J$000 60 kilos
Feijão .... 2,341 » a 18^000 a 22$000 o sacco
Farinha de trigo. 36.942 barricas
A LAVOURA 45
Janeiro :
Preços
American i (barrica) 25$000 a 25$500
» (sacca) 24$000 > 2i$503
Por duas siceas
Rio da Prata :
Ia qualidade — 25 000
2> » — 24$000
3a » 22$000 a
Moinho Inglez :
Nacional — 24$5G0
Brazileira 23$700 a 23$750
Buda nacional 27$700 » 27$750
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 24$000 a 23$C00
O. 0 23$000 » 24$000
Fevereiro :
Americana (barrica) 25$000
» (sacca) Não ha
Por duas saccas
Rio da Prata :
Ia qualidade 24$503
2a » 23.J500
3a » 22$000
Monho Inglez :
Nacional 24$500
Brazileira 23$700
Buda nacional 25$700
Moinho Fluminense :
S. Leopoldo 24$000 a 24$5Ó0
O. 0 23$000 » 23$500
Manteig-a,
2.369 caixas.
Janeiro :
Preços
Dcmagny, Isigny 2$500 a 2$58D
Brétel Fròres (latas sortidas) 2$280 » 2$320
Lepelletier 2$500 » 2$540
Modesto Galione 1$850 » 1$950
Esbjusen 2$550 » 2$580
L. Brum . 2$600 » 2$620
Btisclc Júnior 2$500 i 2$540
Mosdst 2.|200 » 2$250
Outras mares 1$850 » 2$003
A nacional vendeu-se: a dj Minas de 3$ a 3.J400 e a do Su! de 2$000 a 2$4C0.
40 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Fevereiro :
Domagny, tsigny (latas sortidas) 2,^550 a 2$530
Brétel Frères (latas sortidas) 2$300 » 2$320
Lepelletier 2$500 » 2$5?0
Modesto Gallono (sortidas) 1$850 » I$950
E^bouscn Não ha
L. Brum ã$560 a ã$600
Buselc Júnior 2$500 » 2$520
Mosdst . . . ■ 2$í00 » S$830
Outras marcas 1$S50 » 2&000
A nacional vendeu-se: a de Miuas de 3$ a 3$460 e a do Sul do 2$203 a 2s50().
Gensros nacionaes
Aii-u:n'tloiito
Na primeira quinzena o mercado deste artigo continuou muito firme, lendo
es preços adquirido alta de 5$ por pipa.
Na segunda, devido ás constmt33 oíTertas, os compradores mostraram-so
receiosos de baixa provável nos preços, o que no são deu, foclian lo com os mesmos
preços da quinzena anterior.
480 litros — base de 20 grãos.
Janeiro :
Preços
Campos 175$000 a 183$000
Angra 185$000 » 190$000
Paraty 190$000 » 105§000
Maceió 180$000 » 18">$900
Aracaju, 1SO$000 » 185$000
Pernambuco 1801000 » 185$000
ISilna 175^000 » 180$000
Parahyba 180*000 » 185$000
Laguna 170$000 » 175$000
Itajahy 170$000 » 175$000
Mangaratiba 185$000 » 19f$000
Paranaguá 170$000 » 175*000
Álcool
Muito firme esteve na primeira quinzena o mercado deste género, tornando
frouxo, o com biixa nos preços, na segunda. Ainda assim as entradas foram
regulares.
Regularam os seguinte; ['roços som o casco :
PRIMEIRA QUINZENA
Preços
40 grãos 2J3$0J0 a 3J5$000
38 » 280$000 > 285$000
36 » 270$000 » 275$000
A LAVOURA
SEGUNDA QUINZENA
40 gráos 290$000 a 300$000
38 » 275$000 » 280$000
36 » 265$000 » 270$000
Algodão
Estevo regularmento firmo esto mercado na sexuada quinzona. O que houve
de nolavel durante o mez fui a firmeza de preços da segunda quinzena, sondo
importantes as vendas realizadas a preços aseen lentes o fechando o mercado
firme.
Assucar
No principio do mez que passamos em revista, o mercado deste produeto
oiteve em constante movimento, em tolas as qualidades, com mui ti firmeza
e sensível melhora nos preços, desorte que esteve em condições favoráveis.
Na segunda quinzena notou-so menjr movimento, cujas cotaçõ:s, no emtanto,
mautiveram-se sustentadas e por fim comsignaes de alta.
PRIMEIRA QUINZENA
Pernambuco :
P recos
Brancj usina $500 a $540
Dito crystal $515 » $520
Dito 3a sorte $520 » $540
Crystal amarcllo $410 » $460
Mascavinho $330 » $370
Somenos $440 » $150
Mascavo tom $315 » $320
Dito regular — » $310
Dito baixo — » §300
Sergipe .
Branco crystal $500 a $510
Crystal amarello $440 » $460
Mascavinho $380 » $460
Mascavo bom — » $320
Dito regular — » $310
Dito baixo — » $300
Bahia :
branco crystal — a $54C
Campos :
Branco crystal $515 a $520
Dito 2o jacto. — _
Mascaviulio . . , — —
Santa Calharina :
Mascavinho $370 a $380
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Pernambuco :
SEGUNDA QUINZENA
Preços
Branco usina $545 a $550
Dito crystal $510 >» .$520
Dito 2a sorte $520 » $540
Cryatal amarello $140 » $160
Masca vinho $400 » $175
Somenos s430 » $440
Mascavo bom . $310 » $320
Dito regular — » $305
Dito baixo $230 » $300
Sergipe :
Branco crystal 8510 a $520
Crystal amarello $140 -» $460
Mascavinho $400 » $160
Mascavo bom $310 » $330
Dito regular — » $305
Dito b.ixo $230 » $300
Campos :
Branco crystal $540 a $550
Mascavinho $153 » $160
Bahia :
Branco crystal $540 a $550
Mascavinho $370 » $380
Ooroa.es
PRIMEIRA QUINZENA
Feijão proto de Porto Alegre novo. . .
» velho
» Sanfca Catharina .... 15$000
» Paraná 16$0OJ
» mulatinho 18$000
» manteiga 24$000
» enxofre 18$000
» de cores, nacional 12$000
» branco extrangeiro 22$503
» amendoim extrangeiro .... 18$030
Farinha de imniioca especial. . . . 8$800
» » » fim 7$S0O
» ■» » peneirala . . . 7$400
» » » do Norte ... —
» » » grossa, Laguna . 6$600
» » » gros, Porto Alegre. 6$400
Arr^z nacional U5$000
> inferior 19$000
Preços
20$000
19$000
16$000
17$030
19$000
2C$000
20$900
15$030
23$000
19$000
9$000
8$200
7$300
6$ 300
6$600
2S$000
20$;00
A LAVOURA
Milho amarei lo do Norte Não ha
» » da terra 7$000 a 7$500
» branco » » 5$200 » 5$500
Amendoim em casca — » 7$500
Canjica 14$000 » 16$000
Favas — > 9$000
Kilogrammas
Alpiste $400 a $440
Batatas nacioaaes ........ $100 » $200
Ditas estrangeira Nominal
Fubá de milho $120 a $200
Matto em folha $400 » $500
Tapioca $300 » $400
Polvilho $180 » $200
Carne de porco $760 » $800
Línguas do Rio Grande (uma) .... 1$000 » 1$500
SEGUNDA QUINZENA
Preços
Feijão preto de Porto Alegre, novo . . — a 18$500
» velho 16$000 » 17$000
» » de Santa Cathariua . . . Não ha
do Paraná Não ha
» mulatinho 18$000 a 19$0n0
» manteiga 22$000 » 23$000
» enxofre — » 17$000
» de cores, nacional 12$000 » 16$000
» branco, estrangeiro — » 22$000
amendoim, estrangeiro. ... — » 19$000
Farinha de mandioca, especial .... 9*000 » 9$400
>» » » tina 8$000 » 8 >400
» » » peneirada . . . 7$000 » 7$800
» » » do Norte ... — —
» » » grossa, Laguna . 6$200 » 6$5oO
» >» gros. Porto Alegre. 6s400 » 6$600
Arroz nacional 25^000 » 28$000
» inferior 18$000 » 22$000
Milho amarello do Norle Não ha
» » da terra 7$500 » 8$000
» branco » » — » 6$000
Amendoim em casca 8$000 » 8$600
Cangica I4$000 » 16$000
Favas 9$000 » 9$500
Kilogrammas
Alpiste $360 a $400
Batatas nacionaes $120 » $180
» estrangeiras Nominal
2166
50 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Fubá. de milho $120 a $200
Matte em folha , . . $400 » $500
Tapioca $340 » $400
Polvilho $180 >> $200
Carne de porco $800 » $900
Línguas do Riu Grande (uma) .... 1$000 » 1$400
Fumo ena rolo
Houve durante o mez regular movimento Deste mercado. 03 preços conser-
varam-se estacionários.
As cotações foram :
Preços
De Minas, especial 1$500
Dito superior 1$300
Dito 2a 1$000
Dito ordinário $800
Goyano, superior 2$400
Dito 2» 1$700
Baixo Nom.
Rio Novo, superior 2$400
Dito 2» 1$700
Dito baixo 1$200
Pomba, superior 1$600
Dito 2a 1$20C
Dito baixo Nom.
Carangola 1$500
Picú, especial 2&800
Dito Ia 2$000
Dito 2a 1$200
Bahia 1$100
Pernambuco Não ha
Fumo em f"< >l H.«
Rio Grande 12$000 a 15$000
40 litros 1$800 a 1$900
Fevereiro
A.g- uardente
O mercado deste género esteve um tanto paralysado na primeira quinzena,
quanto ao movimento de vendas, porquanto, do género recebido foi quasi tudo
para entrega de compras anteriores.
Os preços contiuuaram sem alteração.
A LAVOURA 51
Na segunda quinzena entraram 714 pipas de diversas procedências e o mer-
cado continuou sem uniformidade e a varejo.
Preços de 480 litros,
base dé 20 gráos
Campos 170$000 a 175$000
Angra 185.i;000 » 190$000
Paraty 190$000 » 195$000
Maceió 180$000 » 185$000
Arocajú 180$000 » 185$000
Pernambuco 180$000 » 185$000
Bahia 175$000 » 180$000
Parahyba 180$000 » 185$000
Laguna - 170$000 » 175$000
Itajahy I70$000 » 175*0C0
Mangaratiba 185$000 » L90$000
Paranaguá 170$000 » 1 75.5:000
Álcool
O mercado até o dia 15 conservou-se em boa posição, não tendo os preços
soffrido modificação alguma.
A procura do género foi de pouca importância. Entraram 497 volumes.
Na segunda quinzena o mercado consnrvou-se com as cotações mais ou menos
inalteradas, não obstante as entradas que foram de 635 volumes.
Os preços continuaram os seguintes, por pipa, sem o oasco :
40 gráos 290$000 a 300$000
38 » 280$000 » 285$000
36 » . . • • 265$000 » 270$000
Algodão em rama,
Apezar da baixa persistente em Liverpool, os preços aqui conservaram-se
firmes, embora ainda sejam inferiores aos pedidos pelos centros productores do
Norte.
Na segunda quinzena, manteve-se estável, com negocio pouco activo, tendo os
preços soffrido ligeiras baixas.
PRIMEIRA QUINZENA
Preços
Pernambuco 1?$600 a 12$950
Rio Grande do Norte 12$500 » 12$800
Ceará 12$500 » 12$800
Parahyba 12$500 » 12.4800
Penedo Nominal
Sergipe »
SEGUNDA. QUINZENA
Preços
Pernambuco 12$600 a 12$900
Rio Grande do Norte 12$400 » 12$700
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Ceará 12$-i00 a 12$700
Parahyba 12$400 » 12$700
Penedo Nominal
Assucar
Durante a quinzena até o dia 15, o mercado deste artigo esteve em constante
firmesa, fazendo-se negócios bem regulares em todas as qualidades e a preços
elevados.
Convém notar que a maior parte dos negócios foram realizados no intuito de
especulação, para revendas, visto ter havido sahida para o interior.
Na segunda quinzena, os preços soffreram sensível reduc«,-ão devido ás fortes
entradas e também á alta violenta e rápida, fechando o mercado muito calmo e
com poucos negócios.
PRIMEIRA QUINZENA
Os preços regularam como se segue :
Pernambuco :
Branco usina Não ha
Dito crystal $590 a $600
Dito 3» sorte $560 » $000
Crystal amarello $470 * $500
Mascavinho $480 * $500
Somenos $470 » $490
Mascavo bom $360 » $370
Dito regular — » $350
Dito baixo — » $340
Sergipe :
Branco crystal $590 a $600
Crystal amarello $490 » $500
Mascavinho $430 » §500
Mascavo bom $360 » $370
Dito regular - » $350
Dito baixo — » $340
Bahia :
Branco crystal $600 a $640
Santa Catharina :
Mascavinho . . $400 a $440
Campos :
Branco crystal $600 a $620
Dito 2° jacto $470 » $480
SEGUNDA QUINZENA
Os preços regularam como se segue :
Pernambuco :
Branco usina Não ha
Dito orystal , . . . $570 a $580
A LAVOURA
Dito 3- sorte $540
Crystal amarello $450
Mascavinho $400
Somenos $460
Mascavo bom $340
Dito regular $330
Dito baixo —
Sergipe :
Branco crystal $550
Crystal amarello —
Mascavinho . $370
Mascavo bom $340
Dito regular $330
Dito baixo —
Bahia :
Branco crystal $600
Santa Catharina :
Mascavinho $400
Campos :
Branco crystal - $560
Dito 2o jacto
Cereaes
a $550
» $460
• $470
» $470
» $350
» $340
a $570
» $470
$350
» $340
a $440
a $570
PRIMEIRA QUINZENA
Preços
Feijão preto de Porto Alegre, novo ... — a 1S$500
Dito velho 15$000 » 16$000
Dito idem de Santa Catharina — » 17$000
Dito do Paraná Não h i
Dito mulatiuho 17$000 a 18$000
Dito manteiga 22$000 » 23$000
Dito enxofre — » 17$000
Dito de cores, nacional 12$000 » 14$000
Dito branco, estrangeiro — » 2E$000
Dito amendoim, idem 18$000 —
Farinha de mandioca, especial 9$000 » 9$400
Dita idem flna 8$000 » 8$400
Dita idem peneirada 7*600 » 7$800
Dita idem do Xorte — —
Dita idem grossa, Laguna 6$200 » 6$500
Dita idem idem, Porto Alegre 6$400 » 6$600
Arroz nacional 25$000 » 28$000
Dito inferior 18$000 » 22$000
Milho amarello do Norte . . .... Não ha
Dito idem da terra 7$400 a 7$600
Dito branco idem — » 6$000
Amendoim em casca 8$000 » 8$500
M SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Caogica 14$000 a 16$000
Favas 9$Õ00 » 10$000
Kilogramma
Alpiste $360 a $400
Batatas nacionaes $li0 » $180
Dita estrangeira Nominal
Fubá de milho $120 a $200
Tapioca $320 » $400
Polvilho $180 » 200$
SEGUNDA QUINZENA
Preços
Feijão preto de Porto Alegre, novo ... - a 18$500
Dito velho 15$000 » 16$0o0
Dito idem de Santa Catharina 16$5O0 » 17$000
Dito do Paraná Não ha
Dito mulatinho 17$000 a 18$000
Dito manteiga 21$000 » 22$000
Dito enxofre 18j000 » 19$000
Dito de cores, nacional 12$00u » I6$000
Dito brauco, estrangeiro 20.$' 00 - 2! $000
Dito amendoim, idem 18$000 » 19.; 000
Farinha de mandioca, especial 9$000 » 9$400
Dita idem, fina 8$000 » 8$400
Dita idom, peneirada 7$600 » 7$S00
Dita idem, do Norte — —
Dita idem, grossa, Laguna 6$200 » 6$500
Dita idem idem, Porto Alegre 6$400 » 6$600
Arroz nacional 25$0O0 » 28$00 I
Dito inferior 18$000 » 22$000
Milho amarello do Norte Não lia
Dito idem da terra 7$400 a 7$600
Dito branco, idem 6$000 » 6$500
Amendoim em casca 8$000 » 8$500
Cangica 16$000 » 18$000
Favas 11$000 » 11$500
Kilogramma
Alpiste $360 a $400
Batatas nacionaes $100 » $200
Dita estrangeira Nominal
Fubá do milho $120 a $200
Matte em folha $400 » $500
Tapioca $300 » $360
Polvilho $180 » $220
Fumo em rolo
Durante o mez o movimento do mercado deste artigo ficou estável,
sando-se os negócios com preços regulares.
A LAVOURA 55
As cotações foram :
Preços
De Minas, especial ...... 1$500
Dito superior 1$300
Dito 2a 1$000
Dito ordinário $800
Goyano, superior ... 2$400
Dito 2» . . . 1$700
Baixo Nominal
Rio Novo, superior 2$40d
Dito 2a 1$700
Dito baixo . . • 1$200
Pomba, superior . . 1$<500
Dito 2a 1$200
Dito btixo Nominal
Carangola 1$500
Picú, especial 2$800
Dito Ia 2$000
Dito 3a . . 1$200
Bahia 1$100
Pernambuco ... Não ha
Puriio em foi lia.
Rio Grande 15$000 a 18$000
Sal
Entraram 626.262 kilos por cabotagem, do nacional, que se cotou de 2$ a
8$100 por 40 litros.
Mercado monetário
Janeiro
PRIMEIRA QUINZENA
A existência dp ouro, na Caixa de Conversão, em 15 de janeiro, ora :
Libras esterlinas 5.849.868—10
Francos 10.584.120
Marcos —
Dollara 39.085
Coroas austríacas 1 10
Pesos argentinos .... 1.190
Pesetas hespanbolas 90
Ouro portuguez 5$000
» nacional 100:330$000
56 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
SEGUNDA QUINZENA
Em 31 de janeiro era :
Libras esterlinas 5.826.111—10
Francos 10.578.240
Marcos ... 8S0
Dollars . 120.415
Coroas austríacas 110
Pesos argentinos 1.195
Pesetas hespanholas 90
Ouro portuguaz 5$000
» nacional 103:6I5$000
A importância do notas conversíveis em circulação era :
Primeira quinzena 100.633:870$000
Segunda » 100.522:440$000
O preço de soberanos, (ora da Bolsa, tbi de 16$023 a 16$025.
CAMBIO
Vigoraram, na primeira quinzena, as taxas officiaes de 15 3/16 d. nos bancos
do Brazil o 15 1/8 e 15 3/16 d. sobre Londres, ofíeetuando-se os negócios bancários
a esses extremos contra o outro, papel, de 15 3/16 a 15 7/32 na segunda quinzena.
As transacções elfectuadas foram pequenas.
Os extremos das cotações officiaes foram :
Londres, 90 d/v 15 1/2 a 15 3/16 d.
Paris, 90 d/v $629 » $632
Hamburgo, 90 d/v $776 » s779
Portugal, 3 d/v 325 » 337 %
Itália, 3 d/v $640 » $643
Nova York, a vista 3$310 » 3?330
Vales, ouro — 1$793
O valor official de mil réis foi de 560 a 563 róis, ouro, e da libra de 15$802 a
868.
Ágio de ouro 77-77 a 78, 51" „.
Fevereiro
PRIMEIRA QUINZENA
A existência do ouro, na Caixa de Conversão, em 15 de fevereiro, era :
Libras esterlinas 5.786.392— 10
Francos 10.067.930
Dollars 122.655
Liras 4.590
Coroas auscri.icas • . 110
Pesos argentinos 1.695
Pesetas hespanholas 110
Ouro nacional I04:330s0()0
A importância de notas conversíveis ein circulação era de 99.8
A LAVOURA 57
SEGUNDA QUINZENA
Em 29 de fevereiro era :
Libras esterlinas 5.764.665—10
Francos 10.559.430
Marcos 150
Dollars 124.545
Liras 3.710
Coroas austríacas 110
Pesos argentinos 1.7^5
Pesetas hespanuclas 1 10
Ouro nacional . . 109:200$000
A importância de nntas conversíveis em circulação era de 90.561 :950$000.
O preço dos soberanos, fora da Bolsa, foi de 1(3$025 a I6$076.
CAMBIO
O mercado continuou estável, vigorando as taxas offlciaes de 15 1/18 e 15 3/16
d. sobre Londres, sendo as transacções bancarias •ifTectuadas a esses extremos e
as de outro papel a 15 3/16 e 15 13/64 d.
Foi de pouca importância o movimento realizado.
Os extremos das cotações foram :
Londres, 90 d/v 15 4/8 a 15 3/16 d.
Pariz, 90 d/v $629 » $632
Hamburgo, 90 d/ v $776 » $779
Portugal, 3 d/v 325» 3 56 »/,
Itália, 3 d/v $640 » $643
Nova York, á vista 3$306 » 3$330
Vales, ouro — l$793
O valor ufflcial de mil réis foi de 560 a 563 réis, ouro, e o da libra de 15$80
a 15$868.
Agiodoouro 77,77 a 78,51 %•
-§&&»$ *£■*'
SOCIEDADE nAClONAL DE AGRICULTURA
BIBLIOGRAPHIA
Temos recebido mais as publicações periódicas seguintes :
Boletim do Instituto Agronómico.— A.ooas:xmos com prazer o recebimento do
n. 1, da série Ia, desse boletim, que é mais uma publicação da Secretariada
Agricultura, couimercio e Obras Publicas do Estado de S. Paulo.
Revista Polytechnica. — Órgão do «Grémio Polytecnnico» de S. Paulo.—
N. 18.
Annuario Estatístico da Associação Commercial do Amazonas. — Anno de 1904.
Revista de la Secciân Agronomia de lo Universidal de Montevideo. — tf. II,
correspondente ao mez de novembro de 1907.
Bolelxn dei Ministério de Industria i Obras Publicas, da Republica do Chile.—
Anno VI, n. 2.
Estnción Central Agr .nemica, de Santiago de las Vegas.— Circular n. 26.
Kolonial Handels Adressbuch 1908.— Publicação do comité colonial de Berlim.
As Necessidades Alimentícias das Heveas por Ernst Mager. E' uma reprodu-
cção em folheto do artigo publicado no Jornal dos Agricidtores de 30 de setembro
de 1907 e impressa nas oilicinas do mesmo jornal. Rio de Janeiro, 1907.
A Cultura do Coqueiro por Ernst Mager. — Parahyba, 1907. Editada pela re
dacção A' A Republica.
Ei Salitre ò Nitrato de Sódio de Chile en los Cereales ; El Salitre de Chile en
el cultivo de lu Cana de Azucar ; Carlilla PrdCica sobre el uso y aplicu.cion dei sa-
litre por Rojas Huneeus, do Instituto Agrícola do Chile ; Dosagem de Adubos ; A
Adubação Racional na Citricultura pelo Dr. Vincenzo di Mattel. Todas estas pu-
blicações foram-nos remettidas pelo Centro das Experiências Agricolas do Kiii-
syndicat que tem a sua sede, no Brazil, á rua da Alfandega n. 93.
Estatutos da Cooperativa Tc.vtil Sanseviera. — 1908.
Mensagem enviada á Assembléa dos Representantes do Estado do Rio Grande
do Sul pelo presidente Antjnio Augusto Borges de Medeiros.
Relatórios dos Negócios da Fazeai i, do Interior e Exterior e dos Negócios
das Obras Publicas apresentados ao presidente do Estado do Rio Grande do Sul
pelos seu-s secretários em 1907.
Relatório do capitão Dr. Juvenal Octaviano Miller intendente do Rio Grande,
apresentado ao Conselho Municipal em sessão de 1 de setembro de 1906.
Memoria apresentada pela commissão directora da Sociedade de Criadores Me.
rinos, de Montevideo, na assembléa geral de 29 de novembro do 1903.
Lepidopteros do Brazil pelo Dr. Benedicto Raymundo.— A esta obra já toda
imprensa desta Capital teceu os mais justus encómios, quer quanto ao seu alto
valor scientifico, quer quanto aos desenhos, na realidade primorosos, e magnifica
execução graphica ; por isso curupre-nos tão somente levar ao seu illustre autor,
direcior desta Sociedade, os nossos parabéns, agradecendo-lhe a offerta de tão
valioso trabalho á nossa bibliotlieca.
A LAVOURA
La* Aves Chilenas por Carlos S. Reed. Concepción, 1907. E'uraa brochura de
132 paginas, que nos foi romettiila pela Sociedade Agrícola dei Sur.
Estatística Agrícola e Zootechnica no anno agrícola d de: Ribei-
rãozinbo. Monte Alto e Pinheiros.
Relatório d> anno do 1906 apresentado ao Dr. Miguel Calmon <lu Pin e Al-
meida pelo actual direstor da Estrada de Ferro Central do Brazil Dr Aa no
Reis.
CATÁLOGOS
Encyclopédie Agricole.~Ca.t.\\ogo das obras que constituem esfa encyclopedia,
publicada por uma reunião de engenheiros agrónomos sob o . Wéry,
e que está sendo editada pela livraria dos Srs J. B Baillière et Fils. com
a sua sede em Pariz, a rua Hautefeuille, 19.
Malèriel pour le Balayage et VArrosage — L. Papin, rua Baudrieourt, 68-
Pariz.
Up to date Cranes.— Bedford Engineering Co., Bedford, Inglaterra.
Avery Manufacturing Co.— Peoria, Illinois, Estados Unidos, 1907-08.
Williams Llot/d Machinery Company. 337-339. Dearborn St., Chicago.
The Blymyer Iron Works Co. Cincinati, Ohio, Estados -Unidos.— Catalogo de
machinas modernas para fazendas de canna de assucar, arroz, café e em geral
machinas para a agricultura tropical.
Para a bibliotheca foram feitas as seguintes acquisicões :
Dizionario di Agricoltura por Arturo Bruttini. Ed. Francesco Vallardi, Milão.
—2 volumes.
Le Viti Ameicane e la Viticottura Moderna pelo prof. Ferdinanlo Vallese.
Ed. Frincesco Vallardi, Milão.— 1 volume.
Tra i Carnpi polo Dr. Domenico Pinolini. Kd Francesco Vallardi, Milão.—
1 volume.
La Fienagione polo Dr. Domenico Pinolini. Rd. Francesco Vallardi, Milão. —
1 volume.
Frutticoltura pelo Dr. Alessandro Vivenza. Ed. Francesco Vallardi, Milão. —
1 volume.
Agricoltura por Alfredo Viappiani. Ed. Francesco Vallardi, Milão,— 1 vo-
lume.
V Allevamento dei Bestiame pelo Dr. Giuseppe Santini. Ed. Francesco Val-
lardi, Milão. — 1 volume.
YW Congrès Lnternntionale d'Arjriculture, Borne, Abril— Mai 1903 Ed. Im-
primerie de 1'Unione Cooperativa Hditrice, Roma. 1904.— 4 volumes.
Le Mouvemenl Syndical et Cooperalif dans V Agriculture Francaise por Elie
Coulet. Ed. Masson et Cie., Pariz 1898.— 1 volume.
VEcole Nationale d' Agricullure de Montpellier. Eds. Coulet et Fils, Montpel-
lier, 1900. — 1 volume.
Traitè de Chimie Agricole por P. Dehérain. Eds. Masson et Cie, Pariz, 1902.
— 1 volume,
Naitveau Traitè de Mécanique Agricole por L. Fontaine. Eds. Coulet et Fils,
Montpellier, 1901.— 1 volume.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Guide pratique pour V Analyse des Terres et son Utilisation Agricole por H.
Lagatu e L. Sicard. Eds. Masson et Cie., Pariz, 1901.— 1 volume.
Traite sur le Ver d Soie du Murier et sur le Mirier p ir E. M.iillot e F. Lam-
bert. Eds. Masson et Cie., Pariz, 1906.-1 volume.
Séricirutture por Pierre Vieil.Els. J. B. Bailliere et Fils, Pariz, 19)3.-1 vo-
lume.
La Rectification </■■ 'Álcool por Ernest Sprel. Eds. Masson et. Cie., Pariz.—
1 volume.
VAlcool por Albert Larbalétrier. Eds. J. B. Bailliere et Fils, Panz. — 1 vo-
lume.
Ulndustrie Lailière . Soas produits et Residues por Antonin Rol -t. Eds. J. B.
Bailliere ot Fils, Pariz, 1905. — 1 volume.
V Industrie Agricole por F. Convert. El». J. B. Bailliere es Fils, Pariz, 1901.
— 1 volume.
Les Culiures Colonioles por Henri Jumelle. Eds. J. B. Bailliere et Fils, Pariz.
—2 volumes.
Cullurc-s da Ilidi, de VAlgêrie et de la Tunisie por Ch. Riviòie e H. Lecq.
Eds. .T. B. Bailliere et Fils, Pariz, 1U06. — 1 volume.
Céréales por C. V. Carola. Eds. J. B. Bailliere et Fils, Pariz, 19u5. — 1 vo-
lume.
Arboricidture Fruitière por Léon Bussar et Georges Duval. Ed. J. B. Bailliere
ot Fils, Pariz, 1907. — 1 volume.
Chamamos a attenção dos nossos leitores para a seguinte noticia abreviada
da obra— Loiíerie— que os Srs. .1. B. Bailliere et Fils acabam de editar e da
qual tiveram a gentileza do nos enviar um exemplar :
Laitei-ie, por Charles Martin, ancien directeur do 1'Ecole nationale
d'industrie laitière de Mamirolle, 2e edilion. 1 vol. in-18 de 421 piges, avoc 128
flg., broche : 5 fr.; eartonné, 6 fr. (Encyclopèdie agricole) (Librairie J.B. Bail-
liere et Fils, 19, rue Hautefeuitle, à Paris).
Ce livre s'adresse à tous ceux qui ont des intérêts dans 1'industrie laitière,
soit à titre de producteurs, soit comme exploitants.
L'ordre adopte est le suivant
Uètud du lait viont en tête. Ce liquid est de composition três variablo
et il importe de bien connait.ro les éléraents qui interviennem dans sa produ-
ction, afin de chercher à 1'obtenir avec les qualités voulues.
Les microbes joueut un role si important dans la laitèrie, qu'un chapitro
spécial leur a été consacré.
Les procedes pratiques de controle sont decrits en détail.
M. Martin déerit ensuit le commerce du lait en nature, puis la préparation
du lait sterilisé.
Vindustrie beurriére est ensuito traitée. Elle a subi des perfectionnemonts
notables depuis Fintroduction de 1'écrémeuse centrífugo.
Vindustrie des fromages presente des difficultés plus grandes, car des ler-
mentations complexes intervionnent. Viennent ensuito les installations, le pesage
et le mesurage du lait, la traite, lo conditionnement, après la traite, le trans-
port. La fabrication du gruyére a été particuliérement dévoloppóe.
A LAVOURA 61
Un chapitre a été consacré aux industries diverses, lait condense, lait séché
képhyr, et, un nutre aux sous produits, lait écrémô, lait de beurro et petit
lait.
La eoopération laitiêre, trôs en progrôs dans notre pays, ne pouvait être
passée sous silence. M. Martin l'a signalée en donnant les détails nécessaires sur
le fonctionneraent des beun-eries coopératives et des fruitières.
A peino les prerniers volumes de V Encyelopèdie agricole, publiés par la li-
brairie J. B. Baill;ére et Fils. som la directi ,n de M. Wery étaient-ils pu-
bliés que la Sooiété natiooale d'agriculture , sur le rapport de sou secrétaire
perpetuei M. Louis Passy (de 1'lnstitut), leur aceordait dans sa séance du 28
décembre 1!»04 sa grande mèdaille d'or á Veffigie d'Olivier de Serres. Aujourd'hu
que la publicatiou est arrivée à son quatrième volume et que les promesses du
directeur et des éditeurs ont été, et au dela, realisées, elle vient, dans sa séance
solemnolle du 8 janvier 1908, de lai accorder la plus haute recompense dontelle
dispose, le Gro.nd Prix quadriennal Eeuzè.
Cest dire en quelle haute estime elle tient cotte collection, ceuvre unique
en son genre, véritable monument élevó à la gloire de 1'agriculture au com-
mencement du xx» siécle.
Le catalogue détaillé et illustré de V Encyelopèdie agricole est adressé grátis
et franco à toute personne qui en fait la demande a MM. J. íi.Baillière et Fils,
19, rue Hautefeuille, â Paris.
Rio de Janeiro — Imprensa National — 19U8
ESTATUTOS
CAPITULO Ií
dos sócios
Art. 8.° A socideade admitte as seguintes categorias de sócios :
Sócios effectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados.
§ i ." Serão sócios effectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem
devidamente propostas e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 2o$ooo.
§ 2.° Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou
sede no estrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus
méritos e dos serviços que possam ou queiram prestar á sociedade.
§ 3.0 Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedicação e
relevantes serviços, se tenham tornado beneméritos â lavoura.
§ 4.0 Serão associadas as corporações de caracter offlcial e as associações agrícolas,
filiadas ou confederadas, que contribuírem com a jóia de 30$ e a annuidade de 5o$ooo.
§ 5.0 Os sócios effectivos e os associados poderão se remir nas condições que lorem
preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição fixada para esse fim
ser inferior a dez (10) annuidades.
Art. 9 ° Os associados deverão declarar o seu desejo de comparticipar dos tra-
balhos da sociedade. Os demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer
sócio e apresentação de dois membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade.
Art. 10. Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as
reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente ; terão direito a
todas as publicações da sociedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a
prestar, independentemente de qualquer contribuição especial .
§ i.° Os associados, por seu caracter de conectividade, terão preferencia para os
referidos serviços e receberão das publicações da sociedade o maior numero de exem-
plares de que esta puder dispor.
§ 2.0 O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios ; é limitado,
porém, para os associados e sócios correspondentes, os quaes não poderão receber votos
para os cargos de administração.
§ 3.0 Os sócios perderão somente seus direitos em virtude de expontânea renuncia
ou quando a assem bléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria.
REC3-XJL-A.lvrE3SrTO
CAPITULO VI
dos sócios
Art. 18. A sociedade prestará seus serviços de preferencia aos sócios 1
quando estiverem quites com ella.
Art. 19. A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua
accei tacão.
Art. 20. As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes.
Art. 21. Os sócios e os associados se poderão remir mediante o pagamento das
quantias de 200$ e 500$, respectivamente, feito de uma só vez e independente da jóia,
que deverão pagar em qualquer caso.
Art. 22. Os sócios e associados não poderão votar, nem receber o diploma, sem
terem pago a respectiva jóia.
§ i.° O sócio que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se mediante
a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham igualmente satisfeito aquellas
contribuições.
§ 2° Para esse effeito o sócio deverá requerer á Directoria, provando seus direitos
nos termos do paragrapho anterior.
§ 3.0 Serão considerados beneméritos os sócios que fizerem donativos á sociedade,
a partir da quantia de um conto de réis.
Art. 23. Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados
resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas contribuições lhes tenham
sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendo-lhes ainda assim o recurso
para o conselho superior e para a assembléa geral.
SUMMARIO
9
Pags.
A Influencia da lua i
A Sociedade na Exposição de 1908 3
Madeiras e vegretaes úteis do Brazil 8
A cultura do coqueiro 12
A carreira agrícola 19
Expediente 27
Noticiário 34
Parte commercial 43
Bibliographia 58
Anno XII — Ns. 3í-i
MARÇO B ABRIL DK 1908
DA .
S«IE1ÍÍEJ1«IÈ]
ií topiBulèupa
EXPOSIÇÃO PECUÁRIA DE BELLO HORIZONTE
Capital Federal
„Stjl de Minas" —
^^'^1&í VIRIBUS UNITIS 1^4?^4
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Fundada em 16 de janeiro de 1897
Caixa-postal, 1245 Sede: Raai da Alfandega n. 10S
Endereço Telegraphico, AGRICULTURA e General Camará n. 105
Telephone n. 1416 rio db jan«iko
DIRECTORIA
Presidente — Dr. Weticesláo Alves Leite de Oliveira Bello.
i° Vice-presidente — Vago.
2° Vice-presidente — Dr. Svlvio Feuheira Rangel.
3o Vice-presidente — Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Secretario Geral — Dr. Heitor de Sá.
i° Secretario — Dr. Francisco Tito de Souza Reis.
2° Secretario — Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
3o Secretario — Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva.
4" Secretario — Alberto de Araújo Ferreira Jacobina.
i° Thesoureiro — Dr. João Pedreira do Couto Ferraz Júnior.
2o Thesoureiro — Carlos Raulino.
Directores das Secções
Fazenda de Santa Mónica Dr. Sylvio Rangel.
ApplicaçCes do Álcool Dr. Sérgio de Carvalho.
Secção Technica e Bibliotheca Dr. Heitor de Sá.
Museu Dr. Benedicto Raymundo.
Plantas e sementes e Horto da Penha . . Dr. Monteiro da Silva.
Propagan la e estatística Alberto Jacobina e Carlos Ra
Secretaria Dr. Souza Reis.
Thesouraria Dr. Pedreira Junior.
Oonsellxo Superior
Dr. Flias \ntomode Moraes, Dr. Eduardo Augusto Torres Cotrim, Ernesto Du-
risch, Dr. Carlos de Rezen le, Dr. Arthur Getulio das Neves, João da Silva Gandre
renunciado), Dr. Alfredo Augusto da Rocha, Dr. Ernesto Ascoíy, Luiz Henrique Lins
de Almeida, Dr. Carlos Oscar Lessa, Comm. Domingos Theodoro de Azevedo, Dr.
Leandro da Costa, loão Dale, Dr. Ernesto Cândido da Fonseca Portella, Luiz Felippa
de Sampaio Vianna, Manoel Galvão, Dr. Antonino Fialho, Dr. J. F. Soares Filho,
Dr. Alfredo Bandeira, Dr. Álvaro Mendes de Oliveira Castro, Dr. Henrique Borges
Monteiro, Coronel Cornelio de Souza Lima, Dr. João de Carvalho Borges Junior,
António de Medeiros (fallecido) e E dgardo Ferreira de Carvalho.
Oollaboraçêo
Serão considerados collabora dores não só os sócios como todos que quizerem ser-
vir-se destas columnas para a propaganda da agricultura, o que a redacção muito
agradece. A lista dos collaboradores será publicai-la annualmente com o resumo dos
trabalhos.
A redacção não se responsabilisa pelas opiniões emittidas em artigos assignados, e
que serão publica.los soba exclusiva responsabilidade dos autores.
Os onginaes não serão restitui los.
As communicações e correspondências devem ser dirigidas á Redacção d'A LA-
VOURA na séJe da Sociedade Nacional de Agricultura.
A LAVOURA não acceita assignaturas.
E' distribuída gratuitamente aos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura.
Condições <1a puhlicstção «los annuncioi
Uma pagina 2o$ooo Uma pagina 5o$ooo
Meia pagina i2$ooo Meia pagina 3o$ooo
Os annuncios são pagos adeantadamente.
Tiragem 5.000 exemplares
An no Xll — Ns
Rio ue Janeiro
EDITORIAL
Exposição d3 animaes sm Bello Horizonte
Esta Sociedade fez-se representar no eertamen realizado em 24
de Fevereiro, em Bello Horizonte, pelo seu director i.° Secretario,
Engenheiro Civil Francisco Tito de Souza Reis, que apresentou á
Directoria, o relatório que em seguida publicamos:
« Exmos. Srs. Presidente e mais membros da directoria da Socie-
dade Nacional de Agricultura — Tendo recebido a honrosa incumbência
ile ir á bel la capital mineira representar esta Sociedade na exposição
de pecuária que ahi se inaugurou em 24 do corrente, com a presença
dos Exmos. Srs. Dr. Miguel Calmon du Pin e Almeida, Ministro da
Industria, Viação e Obras Publicas, marechal Hermes da Fonseca,
Ministro da Guerra, e Dr. João Pinheiro da Silva, Presidente do Estado,
cumpre-me apresentar-vos o resultado das minhas observações no
eertamen que, demonstrando uma das riquezas do grandioso Estado,
marcou nova era na historia da industria pastoril mineira.
Si, ao termos conhecimento de que em Bello Horizonte ia reali-
zar-se uma exposição de animaes, foi grande o nosso contentamento,
pelos rates benefícios que provas desta natureza trazem ao desanvob
vimento económico de um povo, maior o foi ainda quando pessoalmente
tivemos occasião de observar os bellos produetos expostos, mormente
das raças cavai lar e suina, produetos que nos deixaram a convicção
de que um pouco mais de esforço, trabalho e parsistencia, darão a
Minas Geraes, em futuro próximo, o logar a que incontestavelmente
lerá direito entre as regiões pastoris, principalmente produetoras dos
bellos espécimens das raças bovina, cavallar e. suina.
A acção decisiva e patriótica do illustre Presidente do Estado,
Dr. João Pinheiro da SUva, que nenhum esforço tem poupado para
desviar o riquíssimo Estado de Minas da apathia que a rotina e os
interesses individuaes de ordem politica collocavam acima dos inte-
resses geraes com evidente prejuízo da situação económica do Estado,
começa a produzir os benéficos effeitos, despertando nas classes pro-
duetoras o estimulo, o amure o aperfeiçoamento do trabalho em todos
"-"os ramos da actividade humana, unidos em uma só força, que aponta
o terra de Tiradentes o caminho do progresso.
3124 1
UBRARY
NEW YORK
CjAKOBIN.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Na exposição de 24 de fevereiro, o numero de expositores foi uma
pequena fracção do numero de criadores do listado; não foi uma expo-
sição de quantidade e sim de relativa qualidade, a que assistimos, e que
representava a selecção dos productos de vários municípios e ainda o
primeiro louro, que, auxiliado por parte dos criadores solícitos em
attender ao appello do Governo Estadoal, colhia este na obra de legi-
timo patriotismo em que se empenha, promovendo o progresso e de-
senvolvimento da agricultura.
As dificuldades de transporte, os effei tos perniciosos da epizootia
aphtosa que ainda assola os campos de criação no Brazil, concorreram
poderosamente para a diminuição do numero de expositores, facto
aliás, que nada prejudicou a qualidade dos productos expostos, — frisante
attestado da nova éra de trabalho que surge para o povo mineiro.
O successo alcançado pelo primeiro ensaio, que na verdade foi
esta exposição, excedeu em geral a toda a espectativa e deixou patente
o interesse e o amor que ao desenvolvimento económico de Minas
dedicam os agricultores já conscientes do primordial papel que repre-
sentam na obra progressista do governo actual, e que a grande somma
de trabalhos empregada na abertura da picada, oude deve trilhar victo-
riosa a agricultura em todos os seus ramos, têm encontrado o apoio
tão necessário ao bom exilo da causa agrícola, base da nossa riqueza
e progresso.
A perfeita e benéfica orientação politica do Governo Estadoal,
secundando a politica federal, tem dispertado nas classes productoras
o estimulo do trabalho, levantando no seio da população rural a
esperança de que melhores dias surgirão para a lavoura, cessando a
oppressão que a tem subjugado.
A diffusão do ensino, a creação das fazendas modelos, a propaganda
dos syndicatos e cooperativas, têm trazido á população rural o incen-
tivo do progresso, desvendando-lhe claro horizonte circumdando um
vasto campo de acção á iniciativa privada, e, oxalá a sã politica, que no
momento actual paira sobre Minas, não venha a ter solução de conti-
nuidade, para que a obra iniciada em tão boa hora pelo patriota il lustre
que dirige os destinos desta parte do Brazil, possa attingir ao benévolo
fim que tem em vista, encaminhando o povo na fecunda actividade que
elevará a Nação ao lugar que lhe compete pelas innumeras riquezas
existentes ainda em estado intrínseco, em seu seio.
Antes de relatarmos as nossas observações sobre as varias secções
da exposição, daremos as instruccões organizadas pela Commissão
Central para o trabalho das coin missões julgadoras.
EXPOSIÇÃO PECUÁRIA DE BELLO HORIZONTE
PASSEIO DOS ANIMAES
APOSIÇÃO PECUÁRIA DE BELLO HORIZONT
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MONTENEGRl
ITUINA ,, — Puro sangue inglez
A t.AVOUKA
1 1 julgamento dos animaes da raça cavallar foi feito, levando-se em
conta: 1°, maior perfeição nas qualidades carac ler ist iças da raça, qual-
quer que esta fosse ; 2o, tamanho, belleza, velocidade e bondade de
andar.
O tamanho foi dado pela altura tomada do casco de uma das patas
dianteiras até á cernelha e a velocidade era tomada pelo percurso de mil
metros na raia do Prado Mineiro.
Para os touros, levou-se em consideração a maior perfeição nas
qualidades características da raça, qualquer que esta fosse, o maior
paso em funcção da idade, suppondo para os fins da classificação, que
o animal não augmente de peso, de cinco annos em diante.
A maior quantidade de leite, expressa em litros, produzida em 24
horas, sendo as vaccas esgotadas 24 horas antes da ordenhação des-
tinada ao julgamento, foi o criterium seguido para a classificação das
vaccas leiteiras.
Para os reproduetores suinos, o julgamento foi feito tomando-se
o producto das dimensões — circumferencia tomada no thorax e com-
primento — eo peso do animal, ambas em funcção da edade, conside-
rando-se para os fins da classificação que o crescimento do animal,
estaciona depois de três annos; os cevados gordos foram julgados pelo
peso vivo.
Os carneiros foram julgados pelo peso antes da tosquia ; pelo peso
da lã depois de tosquiado o animal ; pela quantidade da lã, debaixo do
ponto de vista da forma, do comprimento e da resistência.
Finalmente, para que o concurrente, pudesse receber o premio
que teve o seu animal, exigia a commissão, apresentação de documentos
provando ser o expositor proprietário do animal premiado pelo menos
seis mezes antes da exposição.
Foram os seguintes os prémios concedidos:
Reproduetores cavallares extrangeiros: 3:000$, 2:000$, 1:500$,
1:000$ e 500$000;
Reproduetores cavallares nacionaes: 3:000$, 2:000$, 1:500$, 1:000$
e 500$000 ;
Gado bovino extrangeiro: 3:000$, 2:000$, 1:500$, 1:000$ e
500$000 ;
Gado bovino nacional: 3:000$, 2:000$, 1:500$, 1 : 000$ e 500$000 ;
Gado bovino leiteiro extrangeiro (hollandez e outros) e vaccas lei-
teiras nacionaes: 3:000$, 2:000$, 1:500$, 1:000$ e 500$000.
Parao gado caprino e suino os prémios foram os seguintes: 1:000$,
400$, 300$, 200$ e 100$000.
66 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Aos reproductores suinos extrangeiros e aos productos nacionaes,
os prémios concedidos foram: :!:000$, 1:200$, 700$, 600$ e 300$000.
Trataremos em primeiro logar do gado vaccum, pela capital im-
portância que para nós tem o desenvolvimento deste ramo da pecuária
altenta á productividade da carne, leite e trabalho, mormente a pri-
meira destinada a representar no mundo, dentro de alguns annos um
valor não previsto sobre o actual, pela intensa necessidade já mani-
festada, do consumo da carne em vários mercados extrangeiros.
Assim pois, visando os três grandes problemas que o djsenvol-
vimento da industria pastoril em relação aos bovinos tem a resolver
entre nós, penetramos no recinto da exposição, ávidos em conhecer
como os creadores mineiros encaram a solução destes problemas.
Não nos surprebendeu, a maioria evidente do gado indiano no
certamen do Bel lo Horizonte, e com prazer registramos aqui, que re-
presentantes de outras raças incontestavelmente superiores eram apre-
ciados com particular enthusiasmo, assim como, também alegremente
deixamos consignado que no recinto do Prado Mineiro, onde se realizou a
exposição, tivemos occasião de notar as discussões travadas entre crea-
dores apologistas do zebú eaquellesquenão lhe dão a preferencia, sendo
digno de nota os argumentos poderosos paios últimos apresentados. Al-
gumas vezes mesmo interrogados manifestamos a nossa opinião con-
traria ;'i inlroducção do gado indiano e tivemos occasião de observar
em vários criadores, a impressão que lhes causavam nossos argu-
mentos.
Os touros da raça Simenthal e Schwitz em exposição eram tomados
como padrão para a comparação ao zebú e incontestavelmente, aquelles
que assim procediam tinham ganho de causa nas discussões.
Infelizmente, forçoso é confessar, foi ao gado indiano que coube
a vicloria no certamen que vimos de assistir, muito embora, bellos
productos de outras raças estivessem ali representados .
A propaganda lenaz, feita em favor desse gado, com prejuízos
futuros, para a nossa industria pastoril, está por tal forma enraizada
entre os creadores, que abatidos mesmo dean te de argumentos e factos,
não se deixam convencer da imperiosa necessidade de introduzirem
novos reprodudores de outras raças em suas criações.
A resistência e tamanho, são os argumentos em torno do qual re-
side a convicção acima, e alguns por causas todas espedaes querem
fazer prevalecer as qualidades de leiteiro e gado de talho, á raça indiana,
EXPOSIÇÃO PECUÁRIA DK BELLO HORIZONTE
GUARANY ,, - da raça Maaga-larga
EXPOSIÇÃO PECUÁRIA DE BELLO HORIZONTE
OSMAN .. — Cavallo árabe
A LAVOURA 67
ai legando observações, que embora verdadeiras, são oriundas de factos
accidentaes em condições todas particulares.
Infelizmente, dá-se com os creadores de Minas o que se dá, com
raras excepções, com os creadores brazileiros em outros Estudos. Elles
sentem a imperiosa necessidade de melhorarem as nossas raças in-
digenas, e longo de, methodicamente procurarem tirar partido dos
elementos bons, apresentados por outras raças, na reforma do nosso
gado, procurando pela selecção dos melhores typos, conservarem os
caracteres peculiares a cada aptidão dos reproductores, visam como
condição essencial nos cruzamentos, não as bellezas morphologicas,
mas tão somente as qualidades de sobriedade e rusticidade, quecol-
locam acima de todos os demais caracteres das boas raças, conforme
as aptidões, visando o fim que se deseja obter.
A mansidão, precocidade, productividade, etc, são esquecidas
pelos nossos creadores o só as qualidades acima encerram, para a
grande maioria, as únicas condições a que deve satisfazer o animal
reproductor.
E' pois, nesta mal comprehendida e errónea doutrina que a grande
maioria dos nossos creadores, fazem basear a preferencia para o gado
indiano como reproductor e só desta forma, se justifica a predilecção
pelo zebú entre nós.
Como é sabido, o gado nacional e indígena, necessita de selecção e
de cruzamento para firmar de modo positivoalgumas qualidades e apti-
dões, hoje já, sensivelmente fracas, devido ao pouco zelo até então exis-
tente, consequência inevitável da criação extensiva, ainda não de todo
abolida entre nós, mas já felizmente modificada paio mixto extensivo
— intensivo, hoje notado em grande numero de propriedades agrícolas.
Justo é, pois, a introducção de reproductores extrangeiros, mas
obedecendo a preceitos e detido exame, de accordo com os princípios da
Zootechnica Moderna.
E' já bastante combatida entre nós a introducção em larga escala
dos decendentes do bos indicus, que desde de alguns annos foi ado-
ptado pelos nossos creadores não sendo aqui occasião, para comba-
termos este facto, aliás já bastante discutido no seio desta Sociedade
por homens de reconhecida competência no assumpto.
Não deixarei, porém, de lembrar aos nossos creadores que a intro-
ducção do Zebú é um mal, e um mal tão grave, que, necessitando o gado
indígena apenas de modificações, o que se tem notado éa absorpção
completa pelo gado indiano devido a extraordinária potencia de trans-
missão hereditária, tanto individual como atávica, apanas em pro-
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
veito da rusticidade e sobriedade, que incontestavelmente não deve
ser o nosso objectivo primordial.
Comprehende-se que o reproductor Zebú possa em diminuta es-
cala ser adoptado, em casos especialíssimos, na perpetuação das quali-
dades acima citadas, mas, em caso algum, a introducção do sangue
indiano, deverá ir além da relação 1/2, quer com as raças indígenas,
quer com as melhoradas.
Preferimos, incontestavelmente, a selecção do nosso próprio gado
ou cruzamento com gado europeu, como hollandez, normando, schwitz,
jersey, charolez, simenthal, etc.
Entre estes particularmente destacamos o Simenthal, variedade
que foi representada na exposição de Bello Horizonte, pelo touro
« Camponez » filho de pae Simenthal legitimo com mãe creoula,
tendo lm,45 de altura e 2m,25 de comprimento, que com doisannos
e 11 mezes, pesou 673 kilogrammas, ou sejão cerca de 45 arrobas.
E' de facto para lamentar, que no certamen que venho de assistir,
nenhum outro producto desta variedade fosse apresentado, attentas as
boas qualidades que incontestavelmente trariam ao nosso gado a intro-
ducção do sangue simenthal .
Na verdade, um rápido golpe de vista á raça jurássica da Suissa
deixa-nos a convicção do valor dos representantes da variedade
simenthal e do aperfeiçoamento da sua criação, que tão poderosamente
tem contribuído para a reputação que goza a raça manchada do Jura.
As boas qualidades desta variedade são hoje universaes e a dis-
seminação deste gado, lentamente, vae se fazendo em todas as re-
giões da Europa Central e Oriental, onde a producção da carne,
alliada a uma secreção láctea considerável, constitue a principal es-
peculação zootechnica.
Vigorosos e resistentes ao trabalho, os bois da variedade Simen-
thal são estimados como trabalhadores. A conformação regular que
apresentam, a facilidade de engorda e a qualidade de sua carne,
dão-lhe hoje a preferencia na Suissa, de onde é oriundo e nas demais
regiões que já invadiu.
No estado adulto, os touros pesam 900 a 1.000 kilogrammas e as
vaccas de 700 a 800 kilogrammas, attingindo os primeiros após a en-
gorda 1.000 a 1.200 kilogrammas e as vaccas a 900 e 1.000 kilo-
grammas.
O rendimento do leite, nas varras desta variedade é de 2.000 a
2.200 litros, variando a quantidade de leite necessária, para um
kilogrammo de manteiga entre IS e 28 litros de leite.
EXPOSIÇÃO PECUÁRIA DE BELLO HORIZONTE
•GUARANY
EXPOSIÇÃO PECUÁRIA DE BELLO HORIZONTE
PERUANO „ — da raça Polled Angus
ARGENTINO .. — Touro da raça hollandeza
A LAVOURA
O melhoramento da variedade Simenthal é judiciosamente feito
por meio' de syndicatos de criação, perfeitamente organizados.
No certamen de 24 de fevereiro em Bello Horizonte, nem o louro
indiano «Militar », premiado em primeiro logar e de propriedade do
nosso consócio e amigo Dr. Viriato Mascarenhas, attingiu ao peso
citado do touro já mestiço « Camponez».
O Zebú Nellore a que me refiro, pesado no recinto da exposição,
accusou 620 kilogrammas, emquanto o simenthal « Camponez »,
pesou 673, differença sensível, mormente se levarmos em conta, que
a ossatura do zebú é muito maior que do simenthal.
Entre os reproductores puros sangue que figuraram na exposição,
citarei o touro Schwitz 2 1/2 annos de idade e de propriedade do Go-
verno do Estado.
O gado Garacú, estava também representado por alguns exem-
plares mais ou menos bem conformados, assim como o gado hol-
landez, mormente as vaccas leiteiras.
O adeantado criador da Mantiqueira Dr. Eduardo Sá Fortes, fez
concorrer á exposição algumas cabeças do gado de sua propriedade,
hoje productos seleccionados em suas fazendas e que obtiveram suc-
cesso principalmente pela quantidade de leite authenticada que con-
forme constou-nos, attingiu a 17 litros em 24 horas.
Entre os animaes bovideos que concorreram á exposição cita-
remos os seguintes : « Militar » zebú Nellore, pesando 620 kilo-
grammas, propriedade do Dr. Viriato Mascarenhas ; « Milão» também
Nellore, pesando 548 kilogrammas, propriedade do coronel Bruno,
de Uberaba ; «Corveta», puro Nellore, nacional de três annos ; « Sobe-
rano », 14 mezes, puro Nellore ; « Palmeira », 14 mezes, puro Nel-
lore, nacional; «Peruano», polled-anges, mestiço com o Zebú;
« Curvellano, 7/8 de sangue zebú, dous annos ; « Mogyana », vacca
Nellore importada; «Granada», 11 mezes, producto de zebú com
hollandez, todos pertencentes ao Dr. Viriato Mascarenhas; touro
«Camponez», simenthal, meio sangue filho de «Wandick» puro si-
menthal remettido pelo coronel Symphronio Brochado, além de muitos
outros de origem indiana, infelizmente em grande maioria, hollandeza
e indígena Caracú.
Como gado de talho, obtiveram o primeiro premio os zebús Nellore:
« Militar e o « Milão ».
Na categoria — gado leiteiro de origem estrangeira — obteve o
primeiro premio, o bello touro hollandez «Argentino» de proprie-
dade do Dr. Eduardo de Sá Fortes.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Na raça leiteira, obtiveram ainda, medalha de ouro e menção
honrosa, entre outras, as novilhas Hollanda e Brasileira do L)r.
Eduardo de Sá Fortes, a vacca Norma do mesmo proprietário obteve
meda 11 ia de ouro, deixando de concorrei- ao premio pecuário, por já
o ter obtido o touro Argentino do mesmo proprietário.
Em resumo, pois, a secção bovidea da exposição de Bello Horizonte,
foi representada pelas raças indiana, simenthal, sclnvitz, Caracú e hol-
landeza, destacando-se esta ultima como a preferida para o leite.
Quanto ao gado de talho, a victoria coube á raça indiana, mas
resta-nos a convicção e esperança que dentro em pouco tempo em
outros certamens teremos a registrar não mais a mesma victoria e
sim a dos productos oriundos da selecção e do cruzamento do
nosso Caracú, com os reproductores : Simenthal, Schwitz, Hereford,
Charolez e Garonnez, graças ao benéfico sopro revificador que alenta
a nova orientação económica que surge no Brazil.
De uma cousa, porém, é mister, que não se descuide o governo
e aquelles a quem compete zelar pelo futuro da industria pastoril,
— a creação dos postos zootechnicos, sem elles por muito tempo, mar-
charemos ainda nas trevas, e teremos de assistir impávidos á ab-
sorpção que nos será fatalmente desastrada, das nossas raças indí-
genas, por outras sem qualidades e aptidões que nos bastem, que
longe de reerguerem o nosso gado acabará transformando-o em uma
raça inútil, bravia e perigosa.
A secção de animaes da raça cavallar, foi incontestavelmente,
uma revelação do desenvolvimento deste ramo da industria pastoril
em Minas, para todos os que visitaram a exposição de Bello Horizonte.
Concorreram 40 expositores que apresentaram ao certamen cerca
de 80 exemplares nacionaes, mestiços e reproductores extrangeiros,
destacando-se particularmente os productos nacionaes denominados
Manga Larga e Campolina.
Das nossas observações no recinto da exposição, somos levados
a crer que, em relação aos equídeos, a orientação seguida em Minas
no aperfeiçoamento das raças existentes, é um tanto methodica,
convindo, porém, que desde já os nossos criadores tenham um obje-
ctivo fixo no melhoramento das raças, de modo que, a introducção
de reproductores, possa alcançar um determinado fim, não vindo
perturbar a producção cavallar, pela aneia da introducção de novo
sangue ext range iro.
Bem sabemos que para isto, mister se toma a fundação dos
postos zootechnicos, cumprindo ao governo, não mais retardar a
EXPOSIÇÃO PECUÁRIA DE BELLO HORIZONTE
IHftl
••••rí;
SUMARÉ,. — Touro da raça Caracú
• GAMPONEZ .. - Touro da raça Simmenthal
EXPOSIÇÃO PECUÁRIA DE BELLO HORIZONTE
!RISA ,, — Novilho da raça Garacú
SCHWITZ ,. — Touro da raça Suissa
A LAVOURA 71
creação cie taes estabelecimentos, de modo que possa a industria
pastoril entre nós alcançar-o gráo de desenvolvimento, que facilmente
pode attirigii" atlenta ás condições que tão francamente possuímos.
O desenvolvimento dos equídeos, entre nós, é facto que desde
já deve chamar a attenção do governo e dos creadores, de modo a
conjunclamente com o gado vaccum, melhorarem, poios processos
da zootechnia moderna, as raças indígenas existentes.
Nenhuma producção zootechnica justiiica-se, sem que uma ori-
entação económica, tendo em vista as condições dos mercados su-
jeitas á lei geral da economia — da offerta e da procura, — e as in-
ternas do próprio paiz, presida ao critério do criador, guiando-o na
empreza a que se dedica; e, no momento actual, muito embora o
progresso colossal dos meios modernos de locomoção, o desenvolvi-
mento dos equídeos, está perfeitamente assegurado, mormente pela
producção visando os animaes de sella e os de tiro, verdadeiros ca-
vai los agrícolas que o extrangeiro já acceita de longa data como o
mais remunerador no tratamento das culturas, attendendo ao enorme
progresso da mecânica agrícola.
Recente estatística, que nos dá P. Diffloth em seu ultimo tra-
balho sobre as raças cavai lares, mostra que ao lado do grande des-
envolmento dos automóveis, grande tem sido o augmento da pro-
ducção cavallar dos paizes productores e que os mercados consumidores,
longe de estacionarem, têm progredido mormente no que diz respeito
aos animaes de luxo e aos destinados á remonta dos exércitos.
A população equídea da Inglaterra, que tinha diminuído até 1900,
augmentou nos últimos annos, sendo a differença maior de 1903
sobre 1902 de 32.365 cabeças.
Os cavallos de omnibus, animaes de tiro longo que por muitos
annos, foi na Inglaterra em numero de 10 a 12 mil, eleva-se hoje
a 17 mil.
Km 1876, na Europa, contava-se o coefliciente de 30,5 por mi-
lhão de habitantes, elevando-se este coefflciente a 38,4 em 1908 época
da apparição dos automóveis, e ainda em 1902 41,95.
Nos Estados Unidos, em 1899, quando começaram a apparecer
os automóveis, o numero de cabeças existentes, era de 13.675.307
no valor de 511.047:813 dollars, e em 1905 este numero elevava-se
a 17.052.702 cabeças, no valor de 1.200.310.029 dollars. Diante dos
dados acima conclue-se que apezar do progresso da viação e dos mo-
tores, eléctricos, a vapor ou de explosão, o numero de cavallos tem
augmentado sensivelmente nestes últimos annos e que os creadores
3124 2
72 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
nada teem a temer das evoluções económicas modificadoras da nossa
vida social e commercial.
O futuro dos animaes de sella, quer destinados a animaes de
luxo, quer a remonta dos exércitos e o dos animaes destinados aos
trabalhos agrícolas e ao transporte de grandes pesos, está para nós
perfeitamente garantido pelo gosto e amor ao luxo, que tende sempre
a desenvolver-se ao lado do progresso civilizador, e pela necessidade,
que no Brazil, em futuro não remoto, terá a nossa agricultura, de
taes animaes para o manejo dos seus instrumentos, deixando ao
gado vaccum as funcções primordiaes de talho e leite e só acciden-
talmente a de trabalho, como dá-se tanto na Europa, como na Ame-
rica; ainda pela nossa natureza montanhosa não poderemos dis-
pensar os animaes de longo tiro, senão quando em futuro longínquo,
a mecânica tenha resolvido economicamente o meio de transporte
em taes regiões.
Na exposição de 24 de fevereiro, vimos com prazer vários typos
puros, nacionaes e mestiços, indicadores do cuidado que os criadores
mineiros têm dedicado a raça cavallar, procurando aperfeiçoar os exem-
plares indígenas quer pela selecção intelligente quer pela cruza com
reproductores extrangeiros.
Trataremos primeiramente dos animaes nacionaes, que a selecção
aperfeiçoou dando typos que, nos parece, deverão ser os preferidos para
os animaes de sella.
A' variedade, denominada Manga Larga, oriunda como é sabido de
um reproductor portuguez, trazido para Cachoeira do Campo ainda em
tempos coloniaes, coube a victoria naquellecertamen.
Pelo Dr. Ribeiro Junqueira, do município de Sylvestre Ferraz, foi
apresentado o cavallo Sul de Minas medindo 2m,31 de comprimento
por lm,55 de altura, da variedade Manga Larga e premiado em primeiro
logar na cathegoria dos animaes nacionaes.
Ainda da mesma variedade, notamos os cavallos Petronio, pello
tordilho, com lm,54 de altura e 2nl,20 de comprimento, que obteve
menção honrosa ; The Money, com lra,58 de altura por 2m,28 de com-
primento, de 5 annos, propriedade do Dr. Ribeiro Junqueira e premiado
com o 4o premio, na mesma cathegoria ; Ladario, com cinco annos de
idade, lm,58 de altura por 2m,22 de comprimento, vindo do município de
Leopoldina e propriedade da família Junqueira.
Os animaes expostos desta variedade apresentaram caracteres de
força e agilidade, sendo as alturas sufíicientes para a remonta do
exercito. Um grande inconveniente apresentam para tal fim que éa
EXPOSIÇÃO PEC1 UlIA DE BELLO HORIZONTE
VARRAO CANASTRÃO
EXPOSIÇÃO PECUÁRIA DE BELLO HORIZONTE
VARRAO CANASTRÃO
CABRA — da raça Toggemburg
A LAVOURA 73
marcha, mas, attendendo a largura do passo, quer nos parecer que
algum tempo de picadeiro ensinaria ao animal, mormente ás éguas,
o trote necessário ás marchas militares ecom reproductores Oldemn-
burgo, ou Hunter, ou mesmo convenientemente seleccionados dariam ao
exercito, bons animaes, mormente para a ca vallaria.
A variedade denominada Campolina, oriunda da antiga fazenda do
Gampolina em Entre Rios, hoje chamada fazenda do Tanque e propriedade
do Sr. Joaquim de Rezende, apresentou-se também com bellissimos
productos nacionaes, dos quaes, citaremos: Golias, tendo lm,60 de altura
e 2m,20 de comprimento e 3 annos de idade ; Oder, lm,54 de altura por
2ra,07 de comprimento e também com 3 annos ; Califa, tendo 4 annos de
idade, lm,61 de altura e 2m,04 de comprimento, procedente de Barbacena.
Destes animaes, foram premiados com o 2o premio o cavallo Golias
com medalha de ouro, e menção honrosa o cavallo Califa.
Na exposição do mesmo proprietário, vimos o cavallo Adónis, com
2 1/2 annos de idade, tendo lm,61 de altura e 2,n,28 de comprimento,
reproductor puro sangue Oldemnburgo adquirido pelo Sr. Joaquim
Rezende, na Estação Zoolechnica de Herm Stoltz & C. Este animal
mereceu menção honrosa da commissão julgadora. O cavallo Oldemn-
burgo é o typo adoptado na Allemanha no regimento dos Gouraceiros.
Criado em grande parte do tempo no regimen do pasto, em condições
climatéricas desfavoráveis, adquire uma certa rusticidade tornando-se
sóbrio e de fácil nutrição ; alimenta-se, em geral, de aveia, feno e palha
de aveia. E' muito precoce e com 2 annos de idade, pôde ser perfeita-
mente utilizado em trabalhos agrícolas.
Vimos ainda da mesma variedade Campolina, o cavallo Adegente,
de cinco annos de idade, medindo lm, 50 de altura por 2m, 18 de compri-
mento, vindo de Caethé e propriedade do Dr. Ribeiro Junqueira.
Pensamos, que os productos conhecidos em Minas pela denominação
Manga Larga e Campolina, serão os futuros cavai los do nosso exercito,
mormente se a introducção do sangue extrangeiro merecer dos nossos
criadores o cuidado necessário, de modo que as qualidades de agilidade,
força e marcha, sejam convenientemente introduzidas.
Existe nas Ilhas Britannicas, a variedade Hunter que se subdivide
no Hunter Inglês e no Hunter Irlandês, que julgamos, daria óptimo
resultado no cruzamento com as éguas Manga Larga e Campolina.
O Hunter é o cavallo mais útil da Inglaterra, pre3tando-.se a todos
os serviços
Os inglezes o adoptam na caça pela sua agilidade, e esta é tão
desenvolvida, que lhes tem valido o cognome de saltadores. Os
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
primeiros cavallos desta variedade, foram obtidos em Norfolk, de éguas
de puro sangue, cobertas pelos garanhões de tiro de raça Norfolk. E'
na Irlanda, porém, que se encontram hoje os melhores Hunter.
Na Inglaterra, chama-se hoje, ordinariamente Hunter, ao modelo
regular, tendo bastante sangue, para ter energia, prestando-se perfeita-
mente á cara e tendo grande velocidade natural á galope e além disso,
a aptidão do salto.
O verdadeiro Hunter, enfrenta os obstáculos sem medo, sem
hesitarão, saltando-o com energia e com facilidade.
E' sóbrio e incançavel, podendo passar sem comer, muitas horas.
Os animaes inglezes, desta variedade, tem de altura lm,70emquanto
que os irlandezes, tem lm,55e lm,G0.
O Hunter Irlandês é um dos cavallos mais resistentes da Inglaterra,
transmittindo a sua resistência aos productos e bem assim a sua agili-
dade, sendo apreciado como productor de cavallos, destinados á remonta
dos exércitos. A sua criação, não exige detidos cuidados, com dous annos
de idade já pôde tomar parte nos trabalhos agrícolas.
Voltando a tratar da exposição, vimos dous animaes nacionaes,
também premiados, ocavallo Montenegro, com lm,00 de altura e 2ra,35
de comprimento, producto de meio sangue, anglo-normando com
égua crioula, tendo seis annos de idade e que obteve o Io premio ;
Mihado, meio sangue anglo-normando, producto de mãe crioula,
medindo 1»>,59 de altura por 2n,,39, foi premiado com o 3o premio,
ambos procedentes do município de Oliveira e pertencentes ao Dr . Donato
de Andrade.
São bellos typos de animaes, tons cavallos de sella, não servindo
para a remonta, apenas pelo andar, defeito, porém, oriundo das éguas
que serviram de progenitoras e de fácil correctivo em gerações fu-
turas, bastando para tal fim, o ensino em picadeiro do trote ao pro-
ducto ou ás éguas, antes de serem cobertas.
0 cavallo Predilecto, nacional, meio sangue inglez,com sete annos,
vindo do município de Juiz de Fora, medindo lm,54 de altura, proprie-
dadedoSr. Theodorico Ribeiro de Assis, obteve o 2o premio na cathe-
goria acima.
O cavallo Smart, de lm,55 de altura e 2m,23 de comprimento, com
três annos de idade e filho de reproductor de sangue inglez, de pro-
priedade do Sr. José Ferreira I.ei te, do municipo de Oliveira, obteve o
A° premio, juntamente com o cavallo The Money a que já me referi.
O 5o premio, foi dado ao animal Juriti/, com Lm,49 de altura e
propriedade do coronel Albino Machado.
EXPOSIÇÃO PECUÁRIA DE BELLO HORIZONTE
JAGUNÇO — Bode da raça "pescoço preto,.
DE PREMIADO
A LAVOURA
São ainda dignos de referencia os animaes: Ituina, puro sangue
nacional, com 3 1/2 annos de idade, lra,52 de altura, propriedade do
Sr. Saturnino Rocha; Carlito, puro sangue inglez, do Dr; João Tei-
xeira Soares, com lm,65 de altura; Andaluz, com lm,65 de altura,
vindo do município de Além Parahyba e de propriedade do Dr. J. T.
Soares; Tamoijo, meio sangue inglez, com lm,63 de altura, e de pro-
priedade do Sr. Francisco de Campos Valladares; Oman, puro sangue
árabe, com seis annos, l,n,55 de altura, vindo de Ub?raba e proprie-
dade do Sr. Angelo Costa; Africano, meio sangue árabe, medindo lm,53
de altura e propriedade do Sr. José Ribeiro Junqueira; ícaro, com
3 1/2 annos, medindo lm/tOde altura por f",90 de comprimento, meio
sangue inglez, vindo de Uberaba; Brasil, medindo l'", 40 de altura por
2"', 10 de comprimento, com quatro annos, meio sangue inglez, vindo
de Uberaba; Sulika, com quatro annos, 3/i de sangue inglez; Rio
Branco, meio sangue andaluz, com cinco annos deidade.
Outros animaes nacionaes da rara denominada Sublime, que como é
sabido, são productos, com raras excepções, mal aperfeiçoados do árabe,
concorreram também á exposição, e outros com a simples indicação
de raça nacional, também se apresentaram naquelle certamen. Entre
estes citaremos: Argentina, com três annos de idade; Corrupio com
lm,55 de altura e 2'", 20 de comprimento, com 3 1/2 annos deidade;
Çaruso alazão, lm,45 de altura por 2 m, 00 de comprimento, com 2 1/2
annos de idade, vindo de Juiz de Fora; Rio Negro, procedente de Bar-
bacena, com l1", 58 de altura e 21»» de comprimento.
Ainda como único representante dos ca vai los do Norte da França,
boje francamente acceitos, quer na própria Europa, Estados Unidos, quer
na Argentina e mesmo no Brazil, pelo Exm. Sr. Barão do Paraná,
apresentou-se ocavallo Vulcano de sete annos de idade, vindo de Juiz
de Fora, filho de pae Percheron puro e mãe de l/i de sangue árabe.
Do que vimos de expor, conclue-se que foi na verdade anima-
dora, a primeira exposição geral de cavai los, que na sua capital
realizou o Estado de Minas. Os animaes eram bem conformados,
possuíam, com excepções, os caracteres de forca e ardor, como veri-
ficaram os que assistiram ás provas a que os animaes foram sub-
mettidos na raiado Prado Mineiro.
Cumpre aos creadores proseguirem o aos demais Estados, jun-
tamente com os respectivos governos imitarem a obra verdadeira-
mente patriótica, em que se empenham Minas Geraes, S. Paulo e
Rio Grande do Sul, que, poderosamente, secundando o Governo Fe-
deral, abrem novos horizontes na politica económica do Brazil.
76 SOCIEDADE NACIONAL DK AGRICULTURA
No certamen, como vimos, foram apresentados pfoductos na-
cionaes seleccionados de bella conformação; animaes mestiços, typos
já bastante animadores, e réproductores estrangeiros de differentes
raças .
Notamos a preoccupação do cavallo para corrida e do cavallo
marchador nacional para viagens, e aproveitamos a occasião para
tratarmos, se bem que ligeiramente, dos animaes de tiro, cuja pro-
ducção tem para nós, como para todos os paizes no presente momento
capital importância. Os cavai los de tiro têm a sua producção perfei-
tamente garantida, sendo, ainda par muito tempo, difficil ao automo-
bilismo entravar-lhe os inestimáveis serviços que prestará sempre
nos centros de maior movimento, em pleno domínio do progresso.
A medida que a vida commercial e industrial de um povo au-
gmenta, a sciencia procura resolver, em geral, pela mecânica a
questão dos transportes
As estradas de ferro vencem as distancias longinquas, atraves-
sando as terras de um extremo a outro e as aperfeiçoadas machinas
marítimas atravessam os mares, a portos antípodas ; mas quer uma
quer outra, tem os seus pontos terminaes e não poderemos esperar
que, em breve futuro, o automobilismo e todas as modernas applicações
da mecânica possam com a mesma facilidade económica que as es-
tradas de ferro e a navegação, satisfazer as necessidades do trans-
porte local.
Ainda, á medida que augmenta o progresso de uma nação,
augmenta o seu movimento commercial e como consequência imme-
diata o peso e volume dos fardos a transportar.
Ao cavallo de tiro, portanto, cabe a solução do problema do
transporte local por meio das grandes viaturas.
No Brazil particularmente, paiz novo que começa a desenvol-
ver-se, a criação destes animaes é uma questão que desde já deve ser
tratada com o carinho que tem merecido nos demais paizes. Além
disso a nossa natureza montanhosa não permittirá com facilidade
económica as applicações, quer da electricidade quer da mecânica
nas questões de transporte local. Nos trabalhos agrícolas, até hoje
quasi de um modo geral, têm sido empregado na tracção o gado
vaccum, e mister se torna visarmos desde já o futuro da nossa agri-
cultura, o desenvolvimento da mecânica agrícola, e, portanto, o em-
prego de animaes, senão mais fortes que o boi, pelo menos mais
adequados, apresentando comtudo as mesmas vantagens e também
possuidores do passo lento necessário á rotearia."
A LAVOURA 77
Neste ponto, seja-me permittido ainda frizar, no estado actual do
desenvolvimento agrícola do mundo, são os cavallos de tiro os destina-
dos a preencher as funcções até então entre nós preenchidas pelo boi, re-
servando-se o gado vaccum ás funcções de carne e leite, cuja necessidade
nos mercados mundiaes, tende a augmentar descomedidamente.
Os nossos creadores devem se dedicar ao desenvolvimento da
producção cavallar, e, sem esqueceremos animaes de sella, e os sim-
plesmente de luxo, vizarem primordialmente os destidados á remonta
do exercito e os de tiro, pela situação económica que garante taes
producções .
Quanto aos suínos e ovinos que concorreram á exposição, pouco
temos a dizer, principalmente em relação aos últimos.
Os suinos estavam bem representados por bonitos productos de
raças nacionaes e extrangeiras, entra as quaes notavam-se a Yorkshire
e a Berkshire.
Na categoria de cevados gordos, coube o Io logar ao espécimen
de propriedade do coronel José Custodio Dias de Araújo, o qual pesou
376 kilogrammas.
O 2o logar foi dado ao producto pesando 307 kilogrammas,
propriedade do Sr. Joaquim Cláudio de Salles. Ao animal de pro-
priedade do Sr. José António Coelho coute o 3o logar, embora
pesando 310 kilogrammas, sendo, porém, seguido tal critério, por ter
sido o suino pesado no logar da engorda, emquanto que o segundo
foi pesado no recinto da exposição, após longa viagem, que fatalmente
havia de deixal-o sentido.
Pesando 302 kilogrammas, foi premiado em 3o logar o es-
pécimen do Sr. Cândido de Paula Silvino.
O 5o premio, foi obtido pelo suino pesando 270 kilogrammas,
propriedade do Sr. Custodio de Almeida Porto.
Obteve medalha de ouro, o suino, cujo peso attingiu a 258 kilo-
grammas, de propriedade do Sr. J. dos Santos Vianna, e ainda o de
peso de 240 kilogrammas, do Sr. Raymundo Soares de Azeredo.
Na categoria dos reproductores suinos obtiveram prémios pecuni-
ários os animaes dos proprietários seguintes, na ordem respectiva:
Srs. Ignacio O. de Alvarenga, Joaquim Ribeiro Junqueira, Josias M.
Machado, António de Freitas Lima e Dr. Viriato Mascarenhas.
Obtiveram medalha de ouro os productos dos Srs. Custodio Ferraz
Junqueira, António Carlos de Barros Faria, capitão Roberto F. de To-
ledo, coronel Francisco A. M. Azevedo Camará e Manoel Teixeira de
Camargos.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Alcançaram medalha do prata os productos apresentados pelos
Srs. Dr. Carlos da Silva Fortes, José Belém, Luiz F. dos Santos,
Caetano Mascarenhas e António Dias Barbosa.
O gado ovino, estava representado pelo gado lanígero e caprino,
extrangeiro e nacional .
Foram classificados os saguintes: Caprino* : 1" premio, ca-
brito Brasileiro, de propriedade do Sr. Fernando Pinto de Azevedo;
2o premio, cabrito Petronio, de propriedade do Sr. Raymundo
Nonato; 3o premio, cabra Alegria do Dr. Carlos da Silva Fortes,
que ainda obteve menção honrosa, pelo cabrito extrangeiro Jagunço.
Lanígeros: Io premio: carneiro reproductor, Guarany, mestiço
de merino e crioulo, de propriedade do Sr. António da Cruz Homem,
pesou 48 kilogrammas e deu uma tosquia de 1.100 grammas;
2o premio : carneiro reproductor da raça Southdown, mestiço,
propriedade do Dr. Carlos da Silva Fortes, pesou 63 kilogrammas e
deu uma tosquia de 750 grammas; 3o premio: carneiro Rambouillet,
tosquiado, pertencente ao Dr. João José Vieira — Este animal estava
ainda muito maltratado pela ultima epizootia da febre aphtosa.
Eis Sr. Presidente e mais directores, o resultado da minha visita
á exposição de Bel lo Horizonte, honrado com a representação desta
Sociedade.
O relatório que vos apresento, é cheio de lacunas, mas conto com a
benevolência de todos vós e com a dos nossos consócios, esperando que
algum resultado útil possa advir das vagas indicações que aqui ficam
para engrandecimento e força da nossa grande Pátria — OBrazil,
Não terminarei, porém, sem renovar os agradecimentos, pela gentil
hospitalidade que a Sociedade Nacional de Agricultura, por mim repre-
sentada, recebeu quer por parte do governo mineiro, quer por parte
da commissão e criadores.
AosExmos. Srs. Dr. João Pinheiro da Silva, illustre Presidente do
Estado, e ao nosso consccio e amigo Sr. coronel Francisco Bressane,
particularmente agradeço, confessando-me grato, pelo fidalguia com
que me distinguiram.
Rio de Janeiro, fevereiro de 1908.— Francisco Tito de Sousa Reis,
engenheiro civil pela Escola Polytech nica do Rio de Janeiro e director
lc secretario da Sociedade Nacional do Agricultura. »
A LAVOURA 79
Movimento Agrícola pelo Estado de Minas
E' deveras animador ver-se como, sob a direcção do Di\ João
Pinheiro da Silva, o Estado de Minas se orienta e evolue em busca da
solução dos mais sérios problemas da sua economia.
Parecia, attenta a indole pouco innovadora do povo mineiro, que os
doutrinamentos do esclarecido administrador publico passariam incom-
prehendidos e desajudados da acção dos seus administrados. Felizmente
assim não tem acontecido, notando-se por toda parte a mais decidida
cooperação em todos os emprehendimentos que vão sendo iniciados.
S. Ex., em uma das suas luminosas mensagens, censurou acre-
mente a norma, pasmosamente anti-democratica, de cuidarem os po-
deres públicos da instrucção superior, deixando em lastimoso abandono
a educação popular, concretizada no ensino primário, litterario e pro-
fissional. Affirmou, pois, a mais decidida intenção de orientar o seu
governo por um rumo mais consentâneo com a indole e razão de ser
do regimen por que nos regemos.
Sob o influxo das novas idéas, as escolas primarias reorganisam-se
por todo o vasto território de Minas ; a instrucção profissional-agricola
diffunde-se.
Genuinamente republicano, por sentimento intimo e meditado
estudo, S. Ex. entende imprimir em todas as suas reformas um certo
cunho social istico, em que o governo intervenha, não tão somente como
administrador, mas como cooperador e orientador dos individuos. E' a
bôa escola. Sob o seu governo a frequência nas escolas publicas dupli-
cou ; os comícios formados nas mais longínquas e diversas paragens
nm^eguem congregamento inusitado; cada exposição que se realisa no
Estado é um novo triumpho; as colónias despertam-se, recebendo novos
colonos; os institutos de ensino agrícola popularisam-se, attrahindo
numerosos visitantes, ávidos de instrucção e decididos a esquecerem de
vez a rotina em que vegetaram até aqui.
Abre-se positivamente uma nova era para o Estado de Minas: éa
era do trabalho intelligente, em que o lavrador tem por guia a sciencia
e não mais o acaso cego e caprichoso !
O Dr. João Pinheiro tomou as fazendas-modelo para typo dos insti-
tutos de ensino agrícola que está organisando. Seu fim é pregar pelo
exemplo, pondo sob as vistas e ao alcance dos lavradores instru-
mentos e praticas susceptíveis de serem adoptados por quem quer que
seja que se dedique á honrosa e útil profissão da cultura da terra.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Não são ainda decorridos dois an nos, após a elevarão do Di\ João
Pinheiro ao governo e já estão em pleno funccionamento: a Fazenda-
Modelo da Gamei leira, na cidade de Bel lo Horizonte, a fabrica e estação
sericicola da colónia Rodrigo Silva, em Barbacena e a fazenda da Ca.
Empire Fibre, situada a pequena distancia da estação de Prudente de
Moraes .
O ensino agricola-profissional rege-se pela lei n. 2.027 de 28 de
julho de 1907, cuja parte referente ás fazendas-modelo é a que
de novo publicamos.
FA.ZENDAS-MODELO
Art. 49. São creadas no Estado, nos termos do art. 2" da lei n. 438, de 24
de setembro de 1906, sois fazendas-modelo, aos pratos que olYerecerem, a juizo do
Governo, melhores condições, mas distribuídas de modo que sejam localizadas:
uma no centro, uma uo norte, uma no sul, uma na zona da matta, uma no
triangulo mineiro e uma na zona do oeste.
Paragrapho único. Estas fazendas terão como objectivo principalmente a
agricultura ou a pecuária conforme a zona om que ellas SJ installarem fôr
agrícola ou pastoril.
Art. 50. O numero das fazendas-modelo a qu3 se ref)ro o artigo anterior sò
se entende com as fazendas montadas a expensas exclusivas do Estado, podendo
ser aquelie numero augmentado com tantas quantas sejam auxiliadas polas mu-
nicipalidades, de conformidade com o disposto no § 2° do citado artigo.
Art. 51. Na installa.ão das fazendas-modelo será observado o plano neste
regulamento determinado e que estabeleça os quatro typos pelo Governo appro-
vados.
Art. 52. Estes typos são:
1.» O typo A, que comp^ehenderá uma arei nunca menor de 10 alqueires de
terreno e se destina á demonstraçío do manejo dos instrumentos aratorios, é li-
mitado aos trabalhos de cimp) concernentes á preparação da torra para cul-
tura, sem m ichinas de benefiiiamento de productos ;
2.» 0 typo B, que comprehenderá uma ãrea nunca menor de 25 alqueires
de terreno, apparelhalos de peqmnos maehinisraos movidos por tracção animal,
conforme a planta approvada, tem por fim a demonstração pratica de duas ou
mais culturas em ponto pequeno e o modo mais económico e útil de sua trans-
formação o aproveitamento;
3.° O typo C, que comprehauderá uma área nunca menor de 40 alqueires
d.s terreno, com macliinism) appropriado ao api^oveitamento da generalidade dos
productos annuos da nossa lavoura, movido por força hydraulica, visa demon-
strar o modo maia económico, útil c pratico polo qual se podo transformar,
melhorando a, a generalilade das propriedades agrícolas do Estado;
4." O typo D, que comprehenderá uraiárea nunca raeuor de 80 alqueires
de terreno, cjm unehinismo completo para aproveitamento, não só dos pro-
ductos a que se refere o n. 3 deste artigo, como os florestaes e a producção de
lacticínios, movido por motor hydraulico dos typos mais perfeitos, visa a de-
monstração da cultura racional em graúdo escala.
FAZENDA DA GAMELLEIRA
NOVAS CONSTRUCÇOES DA FAZENDA MODELO
PLANTAÇÃO DE ABACAXI
FAZENDA DA GAMELLEIRA
I ■■
**M**ÍÍ
n
iRROZAES IRRIGÁVEIS
MtLHARAL PLANTADO E CULTIVADO A MACHINA
A LAVOURA 81
Art. 53. As areia destinadas p ira as fazendas-modelo deverão conter pelo menos,
4 alqueires (cerca de 20 hectares) de terras planas ou de suaves ondulações, de
fácil accesso aos instrumentos arat^rios, no caso de adopção do typo A, ou uma
área mais ou menos correspondente a um terço da área totil, no caso de adopção
de qualquor um dos outros typos.
Art. 54. As Camarás Munieipaos, que pretendam obter a creação de uma
fazenda-modelo em seus muuicipios, deverão concorrer :
l.°No caso de escolha do typo A, cora as prestações, em terras, de 10 al-
queires, com uma casa e um paiol e em dinheiro, com 3:000$ de uma só vez ;
2.° No caso de escolha dos typos B, C ou D, com as prestações em terras res-
pectivamente, de 25, 4o e 80 alqueires do 4 hectares, 84 o, em dinheiro, com a
metido da importância dos machiaismos e edifícios necessários para o typo
escolhido.
Em qualquer das hypotheses figuradas as terras deverão satisfazer as exi-
gências do artigo anterior.
Art. 55. As fazendas-modelo serão administradas e custeadas pelo Estado
directamente, pertencendo-lhe a propriedade e o respectivo r/udiraento .
Art. 50. Cada fazenda-modolo será destinada a determinados géneros de cul-
tura, de conformidade com a natureza do seu solo e condições do seu clima, ex-
cluídos quaesquor outros.
Na regiãj agrícola predominará o ensino para o cultivo da terra, sendo o da
creação puramente accossorio ; na região pastoril predominará o ensino da pe-
cuária, sendo então accessorio o da agricultura propriamente.
Art 57. Em cada fazenda- modelo o Governo manterá :
a) Reproiuctores bovinos de raças escolhidas, assim como reproduetores de
outras espécies de animaes, que serão cedidos gratuitamente para a fecundação
das fêmeas trazidas para es?e flm á fazenda ;
b) Um stock das machinas na mesma fazenda empregadas, não só as aratorias,
como as de beneíiciamento, as quaes serão cedidas, pelo preço do custo, a quem
se proponha acompralas, desde que o comprador exhiba talão da entrada do preço
respectivo no Thcsouro do Estado ou na Collectoria local.
Art. 58. Do mesmo moio, as machinas a que se refere o artigo antecedente
poderão ser cedidas aos colonos loc idizados nas colónias annexadas áí fazendas-
modelo, mediante pagamento, como preceituado pira outros compradores, ou
sob a garantia das colheitas do anno, para esto fim, previamente avaliadas ; as
colheitas serão recebidas em espécie, ao serem realizadas, pelo preço corrente dos
respectivos proiuctos na localidade.
Art. 59. As fazendas-modelo enviarão pessoal seu ás fazendas vizinhas,
para o flm de executar qualquer trabalho de amanho ou preparação do solo,
tomando taes trabalhos por empreitada, mediínte remuneração previamente
ajustada, de accordo com as bases que serão opportunamento publicadas, ou a
salário, de conformidade com os preços correntes de serviços similares na loca-
lidade. Esses serviços, porém, só serão prestados; quando os interessados depo-
sitem previamente, em qualquer das estações fiscaes, a importância em que forem
orçadas ou a quota que for fixada.
Art. 60. As fazeodas-mo leio receberão os t,'aballudorei que os fazendeiros
do Estado lhes enviem para ap.eniizagem do manejo daquelles instruiu > a, 03, não
excedendo do :;0diasa sua permanência nas referidas fazendas, dando lhes estas
xn<;ii<;i>\i>i<; nacional d li AQUICULTURA
morada o sustento durante o máximo daquelle prazo. O numero destes trabalha-
dores não poderá exceder do 10 pessoas nas fazendas do typo A ; do 15 pessoas nas
do typo B ; de 20 pessoas nas do typo C e 30 pessoas nas do typo D. Os trabalha-
djres assim enviados ás fazendas-modelo ficarão subordinados á ordem nellas
observada e tomarão parte em todos os trabalhos diários sob a direcção do
mestre de cultura, quo os expuls irá da fazenda, todas as vezes que se tornem ele-
mentos de perturbação da disciplina do estabelecimento.
Paragrapho único. Na hypothesc de ter sido a fazenda-modelo installada com
o concurso da Camará Municipal, serão admittidos de preferencia os trabalhadores
aprendizes que forem apresentados á Directoria pelo presidente da mesma Camará.
Art. 61. Além da demonstração pratica dos trabalhos de campo, a que se
referem os artigos anteriores, as fazendas-modelo também ministrarão a neces-
sária instrucção pratica a moços que queiram habilitar-se para a profissão de
mestres de cultura.
Para esto fim as fazendas-modelo receberão moços de conducta reconhecida-
mente- morigerada, nunca menores de 18 annos de idade, aos quaes serão dadas
residência e alimentação gratuitas e transporte ferro-viario somente no caso de
reconhecida pobreza. Estei moços tomarão parto nos serviços diários da fazenda,
durante o tempo necessário para que possam assistir e executar toJas as operações
relativas -ás culturas om exploração na fazenda, desde o amanho dos terrenos até
ás colheitas e o preparo de seus produetos, sendo instruídos ao mesmo tempo, em
todos os detalhes das culturas e da administração.
Art. 62. Findo o prazo da aprendisagem, que é limitado a 10 mezes, os
aprendizes serão submettidos a um exame, que versará sobre os differentes tra-
balhos de campo com os respectivos instrumentos, e numa exposição suecinta e
verbal, por meio de perguntas o respostas, das regras que se devem observar na
cultura das espécies exploradas na fazenda, como o modo de plantaçio, as épocas
próprias para as dillcrentes espécies, o modo de estrumação, irrigação, capinas,
colheitas, etc; e bem assim, om relação á administração, o modo de escriptu-
ração observadi n.i fazenda e mais detalhes que tenham feito parte de sua
aprendizagem,
Art. 63. Este exame, presidido pelo chefe teehnico, será feito perante a Di-
rectoria da Agricultura, Commercio, Terras e Colonização, sendo examinadores
o chofe de agricultura pratica e o mestre de cultura da fazenda-modelo, onde o
examinando fez a sua aprendizagem.
Art. 64. Os exames a que se refere o artigo antecedente serão prestados
em uma só época no anno, no mez de junho, perante a Directoria e nelles serão
apuradas as habilitações dos aprendizes, não só quanto á sua pratica dos pro-
cessos aratorios e oulturaes ensinados, como quanto ao preparo do pessoal de cada
um em relação aos outros, de moi'o a serem escolhidos em cada turma os cinco
aprendizes mais habilitados e que tenham aproveitado inteiramente o ensino
dado.
A cada um do3 aprendizes assim encolhidos o (ioverno poderá dar gratuita-
mente, a titulo de animação, um dos melhores lotes em qualquer das colónias
do Estado, sempre quo seu comportamento, durante todo o tempo de aprendizagem,
nenhuma nota desfavorável tenha merecido.
Art. 65. O numero de aprendizes será, no máximo, de cinco, nas fazendas-
modelo do typo A; de 10, nas do typo B; de 15, nas do typo C e de 20, nas do typo D.
FAZENDA DA GAMELLEIRA
MILIIARAL E ARROZAL
FAZENDA DA GAMELLEIRA
(4) MACHINISMO DE BENEFICIAR CAFÉ E OUTROS PRODUCTOS AGRÍCOLAS
A LAVOURA
Art. 66. Cada fazenda-modelo será administrada por un agricultor pratico,
sob a denominação— mestre de cultura e sob a superintendência geral do di-
rector.
Só pôde ser admittido para mestre do cultura o individuo que conheça a
agricultura do paiz, os processos de cultura aratoria c que os t3oha praticado
habitualmente e com successo por conta própria ou do terceiros, ou que os tenha
aprendido, obtendo um certificado de mestre de cultura, em alguma das fazendas-
modelo do Estado.
Km caso de concurrencia, temi preferencia os habilitados pelas fazendas modelo
do Estado, que o provem com o respectivo certificado.
Art. 67. Ao mestre de cultura cumpre :
1 .° A administração interna do estabelecimento, pelo quo deverá dirigir e
fazer executar todos os serviços da fazenda sob todos os seus aspectos e detalhes ;
2.» Ouvir os colonos, nos casos de colónia annexa, provor as suas necessidades
e represental-os em todas as reclamações perante a Directoria ;
3." Promover não só as culturas da fazenda-modelo, como as do lotes nas
colónias annexadas, levando trabalhadores o colonos ao cumprimento rigoroso de
seus deveres respectivos, de modo que todos os seus serviços de um e outro
estabelecimento sejam executados convenientemente e nas épocas próprias para
elles ;
4.° Manter em dia, escripturada em iivro próprio, a oonta corrente do
colonos ;
5.° Receber as contribuições dos colonos em debito e arrecadal-as para os
devidos fins, em dinheiro ou in natura, liquiJando-as neste ultimo caso, e reco-
lhendo-as mensalmente aos cofres do Estado, mediante guia do director ;
6." Tomar as providencias immediatas, que sejam da sua competência, e
se tornem necessárias para o perfeito andamento dos serviços a seu cargo, em
quaesquer casos não previstos, recorrendo de prompto ao chefe do agricultura
pratica ou ao director para aquelles que as circumstancias exigirem e escapem á
sua competência ;
7.° Ministrar aos aprendizes admittidos na fazenda o ensino a que se refere o
art. 59 deste regulamento.
Art. 68. Ao mestre de cultura incumbe mais manter uma eseripturação deta-
lhada, em forma de estatística, nos livros que lhes serão fornecidos pela Directoria,
onde conste com toda exactidão :
1.° O custo de cada serviço sob sua direcção, especializando o custo, pur
hectare, da roçada, do destocameato, da lavra e da gradagem dos terrenos ; e de
cada operação de que dependo a producção, como a semeadura, as capinas e a
colheita de cada espécie cultivada na fazenda ;
2.° Ainda pela mesma unidade de superfície, a quantidade e preço da semente
plantada, o numero do pessoas e dias empregados em cada operação, a producção
de cada espécie ou cultura ;
:;.° Por unidade de peso ou do medida (kilogramma ou litro) conforme a
natureza da espécie, o custo da transformação nas machinas da fazenda dos pro-
ductos nellas beneficiados, verificada por igual proporção entre a matéria prima e
o producto respectivo.
Art. 69. O mestre de cultura ministrará mensalmente ao director um boletim
em firma de mappa com todas as especificações do artigo anterior.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Art. 70. A cada uma das fazcndas-modclo, Fnjam ollas fundadas oxclusiva-
mente pelo Estado ou cora o auxilio das municipalidades, poderá ser annexada
uma colónia, conforrm ao Governo parecer conveniente observadas, em todo o
caso, as regras neste regulamento estabeloíidas para á creação do colónias era
geral. »
As sabias disposições do regulamento que vimos de transcrever vão
se concretizando em factos materiaes. Já não são simples aspirações
filhas do bom desejo.
Vale larga divulgação o que diz o Dr. João Pinheiro sobre os
interesses capitães de economia rural d) listado que, em hora feliz, lhe
veio ás mãos para administrar.
Em sua primeira Mensagem ao Congresso do Estado, em data de 15
de junho de 1907, diz S. Ex. sobreo
ENSINO AGRÍCOLA
« Avulta dopoisdo ensino das creanças, como necessidade urgente, a do ensino
primário da agricultura aos adultos, habituando-os ao manejo simples das aperfei-
çoadas machinas agrícolas.
Este ensino, contendo duas partes osssenciaes, uma theorica e outra própria-
mento industrial, foi dividido de modo que urai repartição espoeial o technica se
incumba da primeira, e a divulgação do trabilho mealimico e dos processos úteis,
aconselhados pela theoria, seja feito intuitivamente pelos mestres práticos de cul-
tura espalh idos polo Estado, operando industrialmente, para que os agricultores
possam avaliar das vantagens integraese da superioridade dos processos novos, com-
parados com os da velha rotina.
Esta medida vao dar irameliatos resultados e nella está a bise da nossa rege-
neração oconomica, as-sim para o productor.cora > pira o Estado que da agricultura
tira a sua principal fonte de receiía.
O trabalho agrícola pila vastidão de seus recursos, pala sua extensa applicaçâo,
pelo seu habito generaliaado em todi a massa do povo, peli facilidade da sua apren-
dizagem, constituo a forma simples e poderosa do trabalho nacional, e por elle deve
começara reorganização economici do Estado.
Para attendor a esta necessidade, foi publicado o recente regulamento, que a
legislatura passada autorizou. »
FAZENDA MODELO
« Iniciando o serviço de ensino agrícola o ensaiando-o praticamente, tal como
deve ser generalisalo, e procedendo-se á formação do pis3>al technico necessário,
o Governo, em 26 de novembro do anno passado, adquiriu a f.izenia da Gamelleira,
situada a cerca de seis kilometros desta Capital, e, mais tarde, o sitio denominado
— Madeiro.
A despezajá realisada com a fazenda, importa em 27:785$050,sen lo 21: 164$S80,
relativos a immoveis, semoventes, machinas e utensílios ; 6:>0:í$670, referentes A
administração e pessoal operário, o 3 1 6$5iX) . empregados em adubos chimicos.»
FAZENDA DA GAMELLEIRA
SEMEADORES DE CEREAES
OFFICINA DE CARPINTEIRO
VENDA DEMACHINAS AGRÍCOLAS 10 ADUSOS CH1MICOS
« Por intermédio da Directório Geral de Agricultura, e pelo custo da Europa,
Rio e S. Paulo, foram, no anuo findo, fornecidos aos lavradores do Estado fertili-
santes chimicos e diversos instrumentos agrícolas. Para o mesmo tim continua o
Estado a manter o stock de maehinas agrícolas, no qual os agricultoras encontram
sempre as mais modernas, que vão sendo empregadas. »
INDUSTRIA SERICICOI.A
« Tive oceasião de observar pessoalmente, em algumas famílias de colonos das
proximidades desta Capital, a simplicidade, a naturalidade e o êxito da criação dos
bichos da seda.
São ellas acc.jrdes ora affirmar, para semelhante trabalho, a igualdade de con-
dições, sinão a superioridade do nosso clima em relação ao da Itália.
E\ em iodo caso, o que se pôde chamar — industria de família, própria
principalmente para mulheres e moças, devendo formar para os colonos, um inci-
dente do trabalho, sem duvida alguma muitíssimo remunerador.
As difflculdades que encontra para oxpandir-se estão na incerteza de mercados
para os casulos, naturalmonte produzidos em pequena escala nos primeiros tempos,
e na ausência de machinismos para beneficial-os.
Attendendo a estai necessidades, o Coverno autorizou a installação, em Bar-
bacena, de maehinas para o beneticiamonto do producto. mantendo aUi o director
da colónia Rodrigo Silva vivoiros para distribuição de mudas de amoreira, tendo
distribuído, no aono findo, 106.000 mudas.
A producção de casulos, naquella colónia, foi de 2.040 kilos.
A intervenção do Governo deve ser completada pela garantia, no principio, da
collocação dos casulos produzidos fora da colónia, a um preço minimo fixo.
Terá o offeito de facilitar e systematisar a producção do uma inquestionável
riqueza para o Estado.»
INDUSTRIA TÊXTIL
«A empreza « Empire Fibro Company », com s5de em Nova York, Estados Uni-
dos, repro-ieutando um capital de 350.000 dollars, habilitada a funccionar no Brasil
pelo decreto federal de li de abril deste anno, mediante favores do Estado, propoz,
em contracto com o mesmo, de 12 de abril do corrente anno, a fazer nelle, em vasta
escala, a cultura de fibras, principalmente de pita, devendo plantar, dentro de
quatro annos, no minimo, um milhão de pés deste vegetal e fazer a cultura indus-
trial do arroz, ompregando maehinas aperfeiçoadas para sua cultura e beneficia -
mento.
O Estado concedeu terreno para as respectivas culturas, obrigando-se o conces-
sionário a ter, no estabelecimento, por anno, até 10 aprendizes, indicados pelo
mesmo, para o estudo dos processos indu9triaes aperfeiçoados que empregarem.
A companhia já encetou os respectivos trabalhos. »
CULTURA DE CEREAES
« A cultura dos cereaes apresenta-se naturalmente ; mas, importados em vasta
escala do estrangeiro, onde são cultivados por processos aperfeiçoados, seus preços
eliminaram a competição da nossa producção interna.
soi IKDADK NACIONAL DK AGRICULTURA
Para avaliarmos os recursos que a terra brasileira pôde esperar dos trabalhos
agrícolas do todo género, neste solo, cujo poder productivo não tem confrontos,
basta-nos olhar para os Kstados Unidos do Norte, que nos têm servido de paradigma
para as questões politicas ; não, porém, infelizmente, para problemas do trabalho
material, do qual é resultante sua assombrosa grandeza.
A maior exportação daquella Republica é de cereaes e seus derivados, em cuja
cultura também as Republicas platinas têm encontrado opulência para o povo e
grande recurso para sua avultada receita. Naquellas republicas, com população
pouco superior á do nosso Estado, a exportação só do productos agrícolas ou cereaes
foi em 1905 de $170.235.235 pesos ouro, ou em nossa moeda de 541 :296.976s72'J e,
em 1906, de $157.654.692 equivalentes a 501. 294:624$152.
Em duas outras verbas do commercio internacional daquellas republicas en-
contram-se as razões e a explicação desta extraordinária producção.
Só de instrumentos aratorios importou em 1905— $16. 532. 000 pesos, ouro, equi-
valentes, em nossa moeda, a 52.566:000$400 e, em 1906 — $17.158.000, correspon-
dentes a 54.557:292$600.
A causa da inferioridade brasileira, para a lucta na agricultura com os outros
paizes, está evidentemente nos processos rotineiros que temos seguido.
Grande responsabilidade do tal situação, digamol-o com franqueza, cabo aos go-
vernos do paiz, em seu pormanonte descuido da educação popular, principalmonte
da educação para o trabalho, que, na agricultura, em nossa terra, depois que o
mundo civilisado tanto tem caminhado, é feito ainda pelos mesmos processos dos
tempos coloniaes.»
Quem com tal franqueza e desassombro assim se expressa, embora
em posição offieial de alta evidencia, por certo não mente á sua consciên-
cia, sob o fútil pretexto de conveniência publica. Não ! O Dr. João
Pinheiro da Silva, honrado e esclarecido Presidente do Estado de Minas,
não se filia á escola da cobardia e subterfúgios . S. Ex. sente que tem
uma missão social a cumprir, e elle a desempenha fielmente, sem
ódios e sem temores . As normas que tem adoptado em sua adminis-
tração modelar hão de conquistar adeptos, para bem da communidadc
a que pertencemos.
Como se estejam transformando em actos os doutrinamentos do
Dr. João Pinheiro, mostram-nos inequivocamente as photogravuras que
illustram esta noticia.
Factos e não promessas, Res non Verba, é asynthesede sua pro-
fícua administração.
-SSS^jfrg-Sgg-
FAZENDA Dn ALEGRE
AUTOMÓVEL AGRÍCOLA PUXANDO UM SEMEADOR DE ARRoZ
CEIFADORA DE ARROZ
FAZENDA DO ALEGRE
AUTOMÓVEL AGRÍCOLA PUXANDO DUAS CHARRUAS DE DISCO
VIVEIRO DE PITEIRAS
A LAVOURA
COLLABORAÇÃO
Um instituto de ensino agricola-pratico em Minas Geraes
As Escolas D. Bosco de Cachoeira do Campo
Neste tempo, em que os jornaes e seus collaboradores não se can-
çam em dar a maior publicidade a tudo que se está fazendo em prol das
cidades, já pelos governos, já por emprezas particulares, permittaque
eu venha chamar a attenção dos vossos leitores para um pequeno grupo
de homens, que sem reclame e sem ostentação, empregam intelligencia
e esforço em prol da nossa agricul Lura, dos nossos lavradores e, sobre-
tudo, da instrucção moral, civica e pratica do nosso operário agricola,
tão esquecido dos nossos governantes.
Quero referir -me ás Escolas D. Bosco.
Instituto destinado á instrucção agricola, situado a uma e meia lé-
gua da estação Henrique Hargreaves — Ramal de Ouro Preto — Estrada
de Ferro Central do Brazil — próximo do arraial de Cachoeira do Campo
e dirigido pelos revds. padres salesianos.
O instituto é dividido em duas secções : a dos estudantes e a dos
aprendizes agricultores ; aquella destinada aos alumnos que querem se-
guir o curso de preparatórios e esta aos que se destinam á lavoura.
Referir-me-ei unicamente a esta secção.
Os aprendizes agricultores, cujo curso é actualmente de doisannos,
aprendem rudimentos deportuguez, arithmetica, geographia, physica
e chimica, historia natural e do Brasil, agronomia e praticamente pre-
param-se para os trabalhos agrícolas nos campos que o collegio possue
e nos quaes são empregados todos os utensílios de lavoura, desde a en-
xada até os arados modernos, semeadeiras, capinadeiras, etc. , e praticada
a agricultura pelos methodos mais racionaese económicos.
( '» collegio está situado numa grande collina ligada a outras que a
rodeiam, o que lhe dá um lindo panorama. Consta de um grande edi-
fício de dois pavimentos em quatro alas, unidas pelas extremidades,
formando um quadrilátero com um grande pateo ao centro, construído
quasi na parte mais alta da collina. Neste edifleio acham-se acapella,
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
salas de aulas, gabinetes dos professores, refeitórios, cozinha, padaria,
banheiros e privadas, possuindo todos janel las para o exterior e portas
para extensa varanda que internamente circumda o pateo destinado ao
recreio dos alumnos. Em torno deste grande edifício, sombreado por
grandes arvores, ficam os campos de agricultura, hoje cortados em
todos os sentidos por extensas alamedas de arvores fructiferas, (pece-
gueiros, macieiras, pereiras, laranjeiras, etc . ,) tudo bem alinhado, per-
feitamente drenado e racionalmente cultivado, com desenvolvidas plan-
tações de hortaliças, parreiras, milho, feijão, batatas doce e ingleza,
mandioca, canna, etc.
Os serviços de escoamento das aguas pluviaes, nas partes altas
e inclinadas, e de dreno nas partes baixas e húmidas, é proficiente-
mente bem feito, sendo que esta ultima, ha bem pouco tempo, ainda
constituída por extenso brejal, está transformada em bellos taboleiros
apropriados para qualquer cultura.
A meia encosta da colima estão situados o curral, cocheiras e
pocilga, e, abaixo delles a estrumeira collocada de forma a receber
todos os detrictos delles provenientes que após a necessária fermen-
tação e preparo, são transportados para os campos de cultura.
Na fralda da collina, á beira do córrego que por esse lado a banha,
estão os edifícios do engenho que possue machinismos para preparo
de vinho, aguardente e álcool, farinha de mandioca, fubá, assucar,
manteiga, queijos e preparo de latas para conservas, fructas e ver-
duras.
Este anno, a producção do vinho já se elevou a cerca de 5.000
litros, e de qualidade bastante saborosa. Todas as construcções são
desystema rústico, pratico e económico. Todos os trabalhos agrícolas
e de fabrico são dirigidos pelos revdmos Padres Leigos Salesianos,
nelles tomando parte como auxiliares e operários os alumnos que
assim.se habilitam na pratica de todos os trabalhos de lavoura e in-
dustrias correlatas.
O ensino é essencialmente pratico, e afora duas a três horas de
aula, os alumnos passam todo o dia nos campos de cultura, occupados
nos diversos serviços agrícolas, como o preparo da terra, sementeiras,
adubação, capinas, colheitas, etc.
O collegio possue também alguma criação de gado, gallinhas,
suínos, sendo estes de muito boa qualidade, além de um grande
apiario para exploração do mel e da cera.
Para demonstrar o quanto sa descura no nosso paiz da agricul-
tura, soprando-se embora a todos os ventos que somos essencialmente
A LAVGURA 89
agrícolas, basla dizer que a secção de aprendizes- conta apenas quinze
alumnos dos quaes uns seis lá estão por conta do governo de Minas,
que entretanto tem direito para lá mandar vinte alumnos em troca
da módica subvenção que faz ao collegio. E' tamb3m de notar que
a pensão dos alumnos contribuintes é apenas de 400$, annuaes, que
com as despezas de 1 ivros, calçado e miudezas não vae além de 500$000.
Dirijo estas linhas ao vosso jornal que tem sempre pugnado pelos
interesses do povo, com o único fim de, caso as julgue disso mere-
cedoras, publical-as, tornando assim conhecido do publico em geral,
e especialmente dos lavradores, a existência de um utilíssimo insti-
tuto de ensino agrieola-pratico próximo á nossa capital eque tantos
benefícios pôde prestar aos lavradores que, dispondo de poucos meios,
quizerem entretanto instruir seus filhos nos methodos pratico-mo-
dernos de agricultura económica.
.ToXo Dale
A cultura dos csreaes
O estudo do problema económico do Estado de Minas mostra,
á evidencia, a producção insufficiente de riquezas.
Assim é que, de par com sua grande população e com a ex-
traordinária vastidão de suas terras, se nos depara a pobreza pun-
gente da receita publica.
E — consequência forçada — a deficiência e a má remuneração de
seu f u ncciona 1 i s mo .
Porque, porém, tão doloroso contraste?
E' a pergunta que afflige os patriotas, os que se preoccupam com o
bem publico, os que se sentem solicitados, pelo espectáculo de um s< ifflrí-
mento vasto é immerecido, a proeurar-lhe o remédio, com o intuito de,
reorganizando o presente, melhorar o futuro para a geração que nos
deva succeder, para os nossos filhos.
Quando ao observador se desenham factos materiaes, é meta-
physica ingénua procurar explicações em logomaehias e querer re-
mediar-lhes os males por umas quantas razões abstractas, mais ou
menos sediças, e que, no domínio da positividade, nada adeantam.
De vez em quando, ouve-se, como queixume e como conselho,
o appello ao patriotismo do povo para ganhar dinheiro, como si não
fora esta a preoccupação absorvente de todo o mundo.
Não. Para ganhar dinheiro e para ganhar a vida, é escusado
appellar para o patriotismo; os instinctos inferiores a isso nos im-
pei lem decisivamente.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
A questão, pois, é de saber-se como se ganha dinheiro e en-
sinal-o ao povo, não pelos conselhos, mas por factos e exemplos a
seu alcance.
Tendo em fito a situação geral económica, na qual a agricul-
tura é a parte principal e dominante, a que interessa a grande
maioria dos productores, dividida na producção insufficiente de ce-
reaes, visto os importarmos do estrangeiro, e na producção super-
abundante do café, attenta a baixa do respectivo preço, a actual admi-
nistração, com um programma definido, começou a executal-o, desde
os primeiros dias do seu exercício.
E' sobre a producção dos cereaes, no ponto de vista do inte-
resse publico, que vamos examinar quaes as conclusões que podem
ser tiradas de semelhante acção.
Havia no problema patentes contradicções. A terra do Brasil é
a mais fértil do mundo e, entretanto, os que a trabalham vivem
na pobreza.
O clima brazileiro é o da eterna primavera e a sorte do roceiro
é a da permanente penúria.
Para este clima magnifico e para esta terra ubérrima chegam, de
paizes estrangeiros, cereaes que vêm concorrer em preços com a pro-
ducção indígena.
Porque ?
Estava ahi, inilludivel mente, toda a questão.
A actual administração, vendo neste phenomeno económico a ra-
zão generalizada de todos os nossos males, no que se refere á riqueza
publica, affirmou que a causa da vasta penúria estava nos processos
errados e atrasados do trabalho da terra.
Prometteu a demonstração deste asserto . Tomou em mãos o pro-
blema, directamente,cpara responder comos factos.
Iniciou, com decisão e energia, uma cultura modelo, empregando
os machinismos aperfeiçoados que os outros povos empregam.
Mais" do que.isto, sem theorias, sem dar lições de livros, com um
homem pratico á frente do serviço e com os próprios trabalhadores
communs, quer dizer, executando a demonstração, em condições de
poder-se generalizar rapidamente por todos os ângulos do Estado, den-
tro de umlanno, que é o prazo da roteação das culturas, a administração
se desempenhou dos seus compromissos.
Em terra atormentada e árida, no peor trecho das nossas terras,
que é o dos cerrados, verdejam, neste momento, na fazenda da Ga-
melleira, as plantações do milho, do arroz, da mandioca e da canna,
A LAVOURA 91
procede-se á colheita do feijão, de batatas e já se effectuou a de
cebolas para exportação.
A fazenda-modelo não foi feita para ser descripta, mas para ser
examinada.
Estas linhas são um convite útil aos senhores agricultores, para
examinarem um negocio que é o delles ; verem como as machinas
trabalham, o seu rendimento; o custo minimo deste trabalho ;
como se planta ; como se carpe ; qual o estado das plantações obtidas ;
verem, com a sua pratica, que colheita as plantações estão promettendo,
porque, para elles, é feito o ensinamento.
Ficarão convencidos de que o problema é simples, viável e útil;
o trabalho, remunerador ; o pessoal empregado, diminuto ; o serviço
effectivo conseguido pelas machinas — extraordinariamente grande.
As culturas se podem repetir indefinidamente no mesmo logar
pela adubação ; o transporte das colheitas, diminuído, si não quasi sup-
primido, pela proximidade da cultura da residência do agricultor ; as
cercas, por isso mesmo, feitas de uma só vez e permanentes, elimi-
nam despezas que se não repetem ; a fiscalização, fácil ; a defesa contra
animaes damninhos, prompta ; o serviço feito por machinas, com ordem
e regularidade, é perfeito, e, por isso mesmo, esthetico.
E então fácil lhes será este raciocínio : — si em terras tão ruins,
se obtém culturas destas, como não será nas minhas, que são melhores.
Foi longo o nosso soffrimento, longo e pesado. A maldição do
trabalho escravo nos legou este quinhão de dores que a geração actual
está soffrendo, como todas as que vivem em épocas de transição.
Do mesmo modo que nas longas invernadas, depois de chuvas
continuas com o céo turvo e triste, em uma clara manhã, costuma
levantar-se o sol radioso, enchendo de luz e de alegrias os campos,
os valles eas casas, — a reorganização agora do trabalho é esta manhã
do dia novo para a terra querida, que deve, que pôde, que se ha de
libertar do grande mal que a npprime.
O problema da reorganização do trabalho está praticamente retirado
do terreno opinativo para a situação clara e simples dos factos demons-
trados.
O appello feito por estas linhas é para que visitem o campo de
demonstração e o examinem, aproveitando-se o mais possível do es-
forço feito pelo governo na execução do seu programma.
Do Minas Geraes de V-i de janeiro do corrente anno.
SOCIEDADE NAGIOXAL DE AGRICULTURA
Os italianos em Nova York
Transcrevemos da Tribuna de Roma:
« E' cousa fácil conseguir o auxilio moral das entidades col le-
ctivas; difficil é, porém, obf.er e<sa outra cousa que se vhama o auxilio
material e que sinceramente se deveria chamar dinheiro. Os dous auxí-
lios estão sempre reunidos nas supplicas, nas instancias ; mas quem
tem de providenciar e raspondercom a palavra e com o facto apressa-se
em estabelecer uma parede divisória entre as duas cousas ; concede com
effusão generosa todo o apoio moral, fazendo com a palavra as mais am-
plas resercas acercado concurso pecuniário e reduzindo pelo facto o
algarismo a zero ou cousa próxima desse algarismo tão redondo.
O Régio governo é bem capaz de, na volta do Correio, enviar as suas
Excel lencias até ao extremo das mais remotas províncias ; as veneráveis
Camarás de Trabalho aprofundam o beneficio de proclamara solida-
riedade de todas as paredes; os Ministros de Estado e os tutores do
povo abrem largamente os braços com as mangas apertadas e as mãos
vasias .
Ao contrario, é menos difficil obterá contribuição de indivíduos
filiados a instituições que exigem sacrifício provável do que obter a
prestação das almas. Quando se trata de interesses públicos, talvez
porque a grande luta de tantos annos contra a miséria o reduzio á ex-
clusiva consciência de contribuinte, o cidadão italiano quando pagou
convence-se de que nada mais lhe resta fazer.
Bem conheço eu uma nobilíssima instituição, impsllida pelo mais
puro ideal patriótico,— a Dante Alighieri; diversos dos seus comités
chegam ater um milhão de sócios, que todos pagam as suas seis liras
annuaes e que até se lamentam se o cobrador os esquece. E' caso, porém,
raro que nas assembléas compareçam mais de vinte sócios, se bem que
nel las se trate da propaganda, da confiança nos conselhos directivos e
de concorrer para o bom andamento de toda a sociedade.
São Italianos: pagaram? nada mais é preciso.
Succede isto por parte dos voluntários da italianidade . Que admira
que nas colónias, entre as famílias dos que emigraram para além do
Oceano, os pais, quando mesmo sintam a nostalgia, apezar da recor-
dação das misérias que os induziram a expatriar-se, não tenham a mí-
nima idéa de procurar obter para os filhos o património da língua
nacional, para elles tãi differente do dialecto natal, mais mysteriosa
que o latim, cujas palavras ouviram na igreja, lingua reservada aos
A LAVOURA 93
funccionarios públicos nas suas repartiçõss, aos advogados nos seus
tribunaes ?
Desembarcados em Nova York, encontram em volta de si os
diversos dialectos italianos recheiados de assonancias de palavras in-
glezas; se por acaso algum delles lè os annuncios nos jornaes italianos
ahi encontra as indicações entremeadas com phrases anglo-americanas ;
fora da sua immediata visinhança sentem fiemer e tumultuar em
inglez o movimento em que devem procurar a subsistência. O domínio,
a riqueza, as regalias de cidadão, a fortuna, a superioridade americana
compõem-se no seu ouvido em lingua ingleza ; isto os persuade de
que, para ávida no mundo, desde que se procura o inglez dos ame-
ricanos, o resto é verbosidade supérflua.
Antes de mais nada procuram subtrahir os filhos á obrigação da
escola, afim de lhes explorarem as forças adolescentes ; obrigados a
supportarem a escola, a ultima idéa que lhes vem á cabeça é a de que
fói a da obrigação taxativa, é a de que os filhos possam querer uma ou
outra hora por semana, afim de consagral-a a essa Itália onde nem elles,
nem os filhos poderão obter trabalho ou ganho.
Até agora na Argentina são mais os Argentinos authenticos que
os alumnos italianos, os que pedem o ensino do italiano nas escolas
secundarias do Governo: as famílias italianas, salvo raras excepções,
quanto mais abastadas são e elevadas na ordem social, mais procuram
desculpar-se coma i Ilusão do italiano fallado em família. Em Nova-
Yorka multidão dos Italianos que fazem parte da massa emigrada, nem
sequer sente um estimulo de lamentar-se nesta falta daquella illusão.
Assim é que obtida pelo benemérito Francolini, depois de muitas
edemoradas solicitações, a possibilidade do ensino italiano nas escolas
municipaes de Nova- York desde que seja pedido, não se encontra elle
ainda numa metade do caminho do seu nobre propósito.
Em uma população escolar de cerca de 30.000 italianos, em
nenhuma escola foi solicitado o ensino do italiano por aquelle mínimo
de trinta alumnos que devem fazer o pedido
Mas Francolini é do numero daquelles poucos a quem não basta a
satisfação de ter representado o seu papel : quer a cousa em si mesma.
Gomo Inspector municipal emprehendeu a visita das escolas, per-
guntando ás creanças italianas das duas classes superiores se não dese-
javam aprender a linguado paiz onde seus pais e mais haviam nascido.
Muitos responderam que o fariam com todo o prazer; talvez porque o
banco da escola é de per si um elevador das consciências juvenis ? Talvez
por simples amnr próprio, em face dasuggestiva pergunta. Seja como
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
fôr, responderam : os pedidos estão registrados, e dentro em pouco,
pelo menos em algumas escolas, começará a fazer-se ouvir o italiano,
teremos os primeiros vagidos da « italianidade» .
Giuseppe Francolini ganha assim duas vezes a medalha que Dante
Alighieri lheconferio pela adhesão municipal que havia obtido. Quando
eleito conselheiro do Comité da Dante Alighieri, propuzera a si mesmo
a missão de conservar ou melhor de dar a lingua italiana aos filhos
dos emigrados italianos. Não a pedíamos emigrados para os filhos?
Pois elle iria ter com os próprios filhos.
A sua obra não exime os outros sócios daquil lo que o seu exemplo
suggere de modo evidente.
Assim como elle foi em busca dos filhos, muitos outros deveriam
ir ter com os pais, penetrar no seio das famílias e ahi foliarem prol da
Itália, mâieommum.
No banquete de honra offerecido pela colónia a Francolini, o real
cônsul augurou que algumas raízes da Dante Alighieri penetrem nas
vísceras de todos.
Na Opinione de Philadelphia e nos principaes jornaes italianos de
Nova York foram repetidas as exhortações e as indicações opportunas.
Mas a grande multidão das famílias pobres não tem lugar nos
banquetes, e nas acanhadas habitações se algum jornal é lido em voz
baixa pelos poucos privilegiados do alphabeto e commentado depois em
voz alta nas conversas do bar, os assumptos que attrahem e esgotam
a attenção são os gestos dos facínoras, as conspirações dos anarchistas,
os grandes casos criminaes, as escravas brancas e a chronica negra ;
foi necessário o caso palpável de um tenor de primo cartello e o motivo
sensaccional das injurias que oaceusadoreo magistrado dirigiram aos
Italianos, para provocar um resentimento popular de italianismo.
Cumpre que no programma do comité de Nova York os sócios com-
prehendam o exercício do patronato dos immigrantes na parte que é
indispensável para mover os corações para a ambição de intelligencia
italiana, para a educação dos filhos no verbo italiano.
E' difficil ? — Os membros das Congregações religiosas, não exclusi-
vamente contemplativos, ensinam pelo facto o modo de fazer: acompa-
nhando a sua acção com pequenos actos de caridade, com bons conselhos
sobre as cousas necessárias á vida, captivando a attenção das crianças
pelas imagens e a gratidão das mais pelas caricias paternaes dispensadas
ás crianças, levando aos domicílios escuros a claridade de um alegre
semblante affectuoso e a simplicidade das boas maneiras, conquistam a
fé nas suas promessas do Céo e dedicação á Igreja.
A LAVOURA
Assim, até agora, as escolas italianas de alguns bairros de Nova
Yorksãoquasi todas religiosas. Se os sócios da Dante augmentassem,
como é bem possível, com uma colónia de 500.000 italianos, o Comité
poderá fazer as suas escolas . Entretanto, para ganhar tempo, mediante
uma acção pratica, convirá que assumam o apostolado doensino italiano,
tal como lhes foi offerecido, nas escolas municipaes.
E', porém, penoso, convenhamos : além de affrontar ambientes,
cujo percurso, do ponto de vista da hygiene, é pouco menos perigoso do
que em Roma a excavação do Quirinal á noite, os primeiros apóstolos
terão de affrontar as desconfianças, talvez até as más palavras que a
miséria suggere á inveja.
Gradualmente, graças á virtude e perseverança nas coisas boas, ás
primeiras desconfianças perspicazes contra o inesperado, succederá a
persuação de que se não trata de um intruso, e finalmente o acolhimento
do desideratum .
Compete aos superiores pela fortuna, pela intelligencia e pela
educação, dar os passos de approximação, visto que elles possuem a
possibilidade do beneficio.
O excellente regulamento determina que o Comité de Nova York em
primeiro lugar « promova a escola italiana com o objectivo primordial
de manter intacto entre os emigrados, e especialmente entre os seus
filhos, o sentimento de nacionalidade » .
Pois bem : se os sócios effecti vos consideram cumprido o seu dever
como pagamento annual da contribuição de seis dollars, poderão talvez
perpetuar uma sympathica pequena academia italiana, mas a sua obra
ficará encerrada nos limites do patriotismo mundano em vez de con-
tribuir paia a « italianidade mundial » .
Do Jornal do Conuuurrio.
Os italianos na Republica Argentina
Roma, 21 de setembro de 1906.
As condições económicas na Republica Argentina foram melhorando
notavelmente nos últimos annos, voltando o paiz a um período de desen-
volvimento e de florescimento.
Períodos desses na historia daquelle paiz, onde tão importantes e
de tão antiga data são os interesses italianos, vem sempre depois de
períodos de crise é de depressão ; mas, na sua successão, assignalam
3124 5
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
sempre uma linha ascendente com relaçã i á extensão das culturas,
á quantidade das colheitas, á productividade das industrias ruraes, á
criação do gado e bem assim com relação ao apparecimento das indus-
trias manufactureiras e ao alargamento do commercio.
A superfície das terras semeadas augmentoú de 1888 a 1905 na
proporção de um para Ires, em relação á superfície total do paiz. Só nos
três últimos annos, de 1902 a 1905, a superfície de cultura das prin-
cipaes producçõ3s agrícolas da Argentina augmentoú assim : trigo,
de pouco mais de 3.695.343 hectares a 4. 903. 124; a do feijão, de
1.801.645a 2.287.040; a producção muito remuneradora da herva-
medica de 1.733.164 a 2.033.090 ; somente a superfície de cultura do
linho se acha um pou:o reduzida.
O gado não somente augmentoú de numero como especialmente
de valor, graças aos aperfeiçoamentos technicos introduzidos na criação,
graças aos cruzamentos habilmente procurados, graças á exportação
colligada, por meio da industria frigorifica, com a criação.
Outras industrias affins com a agricultura tiverem incremento e
são desse numero a dos lacticínios, e das refinações de assucar, as fa-
bricas de cerveja ; ainda outros signaes de progressivo desenvolvimento
se manifestam.
O commercio de importação e exportação augtmntou nos últimos
annos; o de importação, que era de 114 milhões em 1900, elevou-sea
183 milhões em 1901 eo da exportação no mesmo período subiu de
154 a 264 milhões.
A Itália lema sua parte nesse augmento, mas mo na proporção
das demais nações. A Allemanha e os listados Unidos só em três annos
duplicaram a sua exportação, ao passo que o augmento para a Itália foi
apenas de 12 a 19 milhões.
Esse desenvolvimento económico, agrícola e commercial reactivou
as correntes migratórias que se haviam retardado um pouco e assim
como augmentoú a immigração lotai, assim augmentoú a immigração
italiana que continua sempre a constituir o núcleo mais forte desse
movimento.
Em 1905a immigração italiana para a Republica Argentina foi
superior, por 26 382 indivíduos á de 1904, por 45.765 superior á de
1903 e por 54.246 superiora de 1902. Ella quasi triplicou, portanto,
em quatro annos, continuando a ser igual o augmento nos primeiros
quatro mezes do anno corrente.
A LAVOURA
Por outro lado diminuíram ás repatriações que, como é sabido, ha
alguns annos, depois da crise sóffrida pala Argentina, Unham
alcançado, em confronto tias partidas, proporções assas elevadas :
Chegados
Repatriado-;
1903
ÍUOI
1003
40.581
50.964
86.346
26.813
21.472
15.101
Esta diminuição que se nota nas repatriações, ao mesmo tempo
que se tornam mais numerosas as correntes periódicas de immigrantes
na estação das colheitas, demonstra que o elemento italiano começa de
novo a encontrar estável collocação na Argentina, especialmente na
colonização daquellas terras, em tão grande parte fecundadas pelo
trabalho italiano.
Como melhoramento das condições económicas e a consequente
reactividade do fluxo migratório, também o governo argentino foi le-
vado a occupar-seda questão da immigração.
E' sabido que a actual Hospedaria dos Immigrantes de Buenos
Aires, onde os recem-chegados encontram nos primeiros dias comida
e alojamento e onde funeciona um Officio governamental de trabalho
e de collocação para a distribuição dos immigrantes no interior do
paiz, se tornou insufifiçiente não somente porque o local não c tão
amplo quanto necessário, como também porque não responde a todas
as exigências da hygiene.
O governo argentino acaba de decretar a construcção de um edifício
capaz de recolher dous ou três mil immigrantes, edifício esse que será
levantado num local próximo da parte do porto a que aproam os gran-
des transatlânticos.
0 Ministério da Agricultura da Republica Argentina lambem está
estudando novos projectos de lei com o fim de favorecera colonização
ea entrega ti lavoura de terras que ainda são de domínio publico.
Quiz adiantar estas pequenas considerações sobre as condições eco-
nómicas modernas da Republica do Praia como uma espécie de prefacio
a alguns livros velhos e novos, sobre os italianos na Republica Ar-
gentina.
«Os agricultores italianos na Argentina» (Bolonha 1902) é o ti-
tulo de um livro de Pompeu Ghinassi em que elle faz uma grande
93 SOCIEDADE NACIONAL DE AQUICULTURA
demonstração do modo como surgiu e se desenvolveu a agricultura na
Republica Argentina, tratando mais particularmente das províncias
de Santa Fé, Córdoba e Buenos Aires.
Segundo Ghinassi, as condições melhores nestas três províncias
argentinas seriam: as de Buenos Aires ; satisfactorias as de Córdoba;
menos risonhas as de Santa Fé, onde, a par de ricos colonos, ha-os, em
não pequeno numero, que se vêem obrigados a contínuos êxodos.
Uma grave praga da colonização argentina que se estende não
somente pelas três províncias indicadas como também pelas outras onde
se pôde dizer que a agricultura e a colonização estão ainda em período
de gestação, é o «latifundismo», o monopólio de terrenos devido ao
grave erro do governo conceder terrenos a preços irrisórios a parti-
culares que delles fazem uma verdadeira especulação industrial, sem
se importar absolutamente nada com o que pôde convir á agricultura e
ao colono.
« Os latifundistas, diz elle, depois de terem morto a colonização
governamental, impõem aos colonos pactos cada vez mais leoninos.
Dividem, por exemplo, uma légua quadrada de terreno em 80 lotes de
20 quadras cada um, attribuindo desde o principio a cada lote um
determinado preço que é sempre muito elevado ; depois, quando os lotes
começam a ser occupados, augmentam ainda os preços dos restantes,
especialmente dos que ficam próximos do ponto em que deve surgir a
aldeia. Assim, dos seus terrenos retiram um preço 50 e 100 vezes
superior ao custo.»
O autor occupa-se depois da evolução do colono na Republica Argen-
tina. Acompanha-o nas suas varias condições, desde o inicio ao apogeu
da sua vida de trabalho, de simples peão de chácara a co-interessado na
estancia (tantero), de «tantero» a proprietário e de proprietário a
rendeiro. Registra os diversos salários, as despezas, os contractos, os
diversos preços de aluguel e de compra de terrenos .
Mostra como as probabilidades de triumpho estão na razão inversa
da visinhança de centros populosos . Estuda as condições climatológicas
dos territórios de Missiones, de Neuquen, de Rio Negro, e as probabili-
dades de êxito que offerece a colonização naquellas regiões.
Por fim Ghinassi trata da Patagonia, estudando-lhe o possível
desenvolvimento, o seu progresso demographico e económico pos-
sível .
Nota que alli houve um principio de verdadeira colonização, a
Colónia de Galles, constituída por um grupo de habitantes do Princi-
pado de Galles; mas, dado o descuro do governo, aquelles colonos
A LAVOURA 99
abandonaram todo o trabalho que haviam feito e dirigiram-se para o
Canadá.
ega que alli reino excessivo frio e que por isso o clima seja
obstáculo a uma boa colonização, eafíirma que, pelo contrario, o clima
é saluberrimo.
A Patagonia éum campo aberto a quem tenha iniciativa e capital.
O Governo Argentino não se importa, porém, com aquella região: a
colonização tem de ser emprehendida pelos particulares, ou, para
melhor dizer, por grandes sociedades colonizadoras.
« Não se deve usar de nenhuma rhetorica, diz elle. Os promotores
não devem proclamar, como tantas vezes tem acontecido, objectivos
patrióticos que despertam nos indígenas legitimas susceptibilidades e
pouca influencia teem sobre o Governo Italiano; tão pouco devem aventar
finalidades humanitárias que não eommovem nem os governos, nem
os capitalistas.
Se quizerem attrahir capitães, o que equivale a dizer se querem ter
êxito, essas sociedades devem antes de mais nada ser um negocio e
possivelmente um tom negocio também para os accionistas.»
Mas, para que a colonização tenha êxito devem ser protegidos não
somente os interesses das sociedades como também os dos colonos :
por isso aconselha o autor que no momento de convidar os agricultores,
estejam já executados os mais importantes trabalhos preparatórios e
que sejam activados todos os elementos indispensáveis para um consor-
cio civil.
Explica as razões que fazem preferir o agricultor italiano aos das
outras nações: a preferencia vem simplesmente de que o nosso cam-
ponezé frugal, sóbrio, perseverante e custa pouco.
O autor não acredita na possibilidade de crear uma * maior Itália»
na Patagonia, pois, reconhece que a colonização alli seria mais difflcil
que em outras províncias da Argentina ; entretanto, é de opinião que se
se perseverar, a colonização dará bom resultado.
Neste seu trabalho, Ghinassi falia com convicção, adduzindo dados
e factos, citam lo relatórios officiaes ; as suas palavras não são lançadas
com leviandade, mas sim com ponderação.
Não tem elle próprio illúsões e por isso não quer que as tenham
tão pouco os outros ; não se deixa seduzir pela fortuna de poucos e
põe-na em confronto com os sacrifícios, com as lulas que os outros
sustentam, nem sempre cornadas de exilo.
O seu trabalho tende a demonstrar quaes são as verdadeiras
condições dos agricultores italianos na Argentina; que se não deve
100 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
partir para lá coma idéa de um fácil enriquecimento, masque o que
se deve é querer trabalhar e saber lutar. Km geral, nessas o mdições, o
emigrante colherá bam resultado da colonização.
A' penna de Cario Cerboni, já conhecido por outros trabalhos
históricos e económicos sobre a Republica Argentina e sobre a colónia
italiana, devem-se outros três opúsculos sobre o mesmo pai/., elegante-
mente editados pela livraria Dante Alighieri, de Buenos Aires.
O «Manual da emigração da Itália para a Argentina» <• o resul-
tado de documentos, memorias, elementos, indagações que Cerbani
foi promovendo ecolligindo durante o seu longo estádio naquelle paiz :
aexposição dos «Italianos domiciliados no estrangeiro», da Exposição
do Milão, occasionoue determinou, por assim dizer, a publicação desse
volume.
Acorrente emigratoria para o Prata merece ser estudada nos seus
múltiplos aspectos; mas, ao mesmo tempo, diz o autor, deve-se ajudar
com indicações, com conselhos e noticias, o emigrante queaffronta o
enigma do destinoem terras dei le desconhecidas.
No outro opúsculo — « Quantos somos na Argentina » — Cerboni
traçou summariamente a historia da emigração italiana desde o seu
inicio até hoje, analysando-lhe as varias phases e as differentes cara-
cterísticas, assignalando a importância, o desenvolvimento ea influen-
cia que ella tem tido no progresso da Republica Argentina, con-
cluindo por um pormenorizado exame do numero dos italianos que
vivem actualmente no Prata e da sua distribuição nas diversas cidades
e províncias.
Finalmente, no terceiro opúsculo intitulado «A cultura e a pro-
dutividade do solo da Argentina», eopilou Cerboni um estudo mono-
graphico sobre as condições ethnicas e económicas das diversas
regiões da Republica.
Examinadas as províncias de que se compõe a Argentina em
relação ás vantagens offereo idas aos emigrantes, seja para residência,
seja para lavoura, examinou os diversos gráos de cult habilidade do
solo nas differentes regiõas, nas zonas cultivadas o na sua producti-
vidade .
Quando será feita pelo Brazil uma serie de elegantes e instru-
ctivas publicações como esta, do ponto de vista da emigração e do com-
mercio italiano? «Quiensabe?»
A LAVOURA
«Last not lo ist, d, vem o volume sobra «Os italianos na Repu-
blica Argentina», editado em Buenos Aires, pelos meiados do corrente
anno.
E' um grosso volume, de grande form jlo, de 1143 paginas, com
cerca de 900 illustrações nítidas, e foi apresentado na Exposição de
Milão da Gamara Italiana deCommercioe Artes de Buenos Aires, como
synthese e Índice da potencialidade intellectual, económica, industrial
e commercial dos italianos na Argentina.
Se se reflectir nos vitaes e múltiplos interesses que ligam a Itália á
Republica Argentina, é fácil comprebender que uma publicação
destas, devida ao trabalho de um escolhido grupo de diligentes e desin-
teressados copiladores, séria, precisa, apoiada por factos e documentos
inexpugnáveis, taes como são os fornececidos pelas melhores estatís-
ticas, ganlieuma importância muito maior do queaquella que lheé
dada pela occasião para a qual foi especialmente colligida.
A obra, que representa uma somma, na verdade, respeitável, de
trabalho paciente e consciencioso, divide-se em duas partes: na pri-
meira são expostas, nas suas linhas geraes, as condições moraes e
civis da conectividade italiana na Argentina, em todas as variadas
manifestações das suas exuherantes energias, por meio de dezesete
conceituosas monographias, illustrando a génese e a vida de toda a
colónia italiana, desde o seu modesto inicio até aos nossos dias.
Para demonstrar o interesse destas monographias, cujo exame par-
ticularizado nos levaria longe de mais, bastará citar-lhes os
títulos:
Traços históricos — Lettras, sciencias e artes — Gommercio de im-
portação e de exportação — A emigração italiana na America — Agri-
cultura argentina e colonização — A obrada Camará do Commercio —
A industria argentina cos italianos — Obras publicas e engenharia —
A imprensa italiana na Argentina - Os médicos italianos = Bancos e
Caixas Económicas — O comité buenairense de «Dante Alighieri» —
As instituições italianas na Argentina As escolas italianas — O livro ita-
liano— As missões salesianas — Theatros e artistas italianos.
Na segunda parte estão reunidas noticias a respeito de uma quanti-
dade dosprincipaes estabelecimentos italianos nos diversos ramos da
industria e do commercio, a respeito de companhias e firmas parti-
culares, sociedades de diversos géneros, círculos, etc.
SOCIEDADE NACiOX.U, DE ACRK.UITURA
No todo este conjunto que, como sempre succede em publicações
collectivas deste género, apresenta por um lado algumas lacunas e por
outro algumas repetições — o leitor italiano retira com vivo compra-
zimento a prova luminosa daquelle grande desenvolvimento do génio e
do trabalho italiano na Republica Argentina, e da essencial issima con-
tribuição que os seus compatriotas ai li emigrados deram em todos os
tempos ao progresso geral e â cultura daquelle paiz : em todos os ramos
da actividade humana, desde o trabalho manual ás mais altas mani-
festações do trabalho intellectual, vemos os italianos assignalarem-se,
seja pelo seu esforço serio e tenaz, seja pelas suas geniaes concepções.
E em face de tamanha exuberância de vida, em face de tão bel la
e fecunda operosidade, não posso deixar de salientar as opportunas
observações que um dos beneméritos collaboradores do volume, o pro-
fessor GusonioFranzoni, apresenta no capitulo dedicado á emigração
italiana na America. Depois deter recordado que desde 1830 a 1905 a
Itália mandou para o Novo Mundo pouco menos de cinco milhões de
emigrantes, Pranzoni prosegue : «Se esta expansão pacifica tivesse
sido um pouco organizada; se os poderes constituídos houvessem sup-
prido a ignorância dos nossos emigrantes, favorecendo o espirito de
cooperação, e se a protecção do emigrante se houvesse manifestado de
modo muito diverso dessa beneficência mais ou menos barulhenta e
sempre desordenada, a Itália possuiria na America uma força incal-
culável e realmente tiraria da sua emigração relevantes beneficiosi .
Palavras de ouro em verdade, que merecem ser seriamente me-
ditadas juntamente com muitos outros apontamentos e suggestões
contidos no mesmo capitulo e com as observações e conselhos es-
parsos em quasi todas as monographias de que o livro se compõe :
observações e conselhos que vindo de pessoas serias e intelligentes e
bem familiarizados com o conhecimento das condições da nossa colónia
na Argentina, são dignos de ser tidos na maior conta, tanto por parte
do Governo Italiano como por parte «las associações, como ainda por
parte das pessoas interessadas no desenvolvimento da sua acção res-
pectiva na florescente Republica Sul-Americana .
Auguro á Camará Italiana de Gommercio e de Artes de S. Paulo uma
publicação igualmente útil e importante sobre a numerosa colónia
italiana do Brazil.
Professor Dr. Vincenzo G
Da Real Universidade de Roma.
( Do Jornal do Commcrcio).
A LAVOURA
EXPEDIENTE
Secretaria
Sessões da Directoria — Na sessão de directoria de 21 de janeiro
de 1908 foi concedido o diploma de sócio remido ao Sr. Carlos Pacheco — idem
idem ao Sr. Alexandre Cidade.
O Sr. Io secretario communica a offertado Dr. Benedicto Kaymundo da Silva
à Bibliotheca, do seu importante trabalho «Lepidopteros do Brjzil».
Offlcio da Sociedade do Agricultura o Protecção aos Animaes, de S. José doa
Pinhaes, cummunicando a sua fundação o eleição de directoria.
Carta do Sr. Alexandre Francisco Pinto — faz uma descripção dos resultados
que tem colhido em sua fazenda de criação e faz sciente das observações sobre a
febre aphtosa e causa-mortis. Indica as receitas que tem lançado mão, como tam-
bém os meios que usa para impedir a mortandade dos porcos. Resolveu a dire-
ctoria aguardar a vinda do communicaate para resolver.
Na sessão de 3 abril recobeu-so entre outros, um telegramma do Sr. Presi-
dente do Estado do Piauhy, dando seiencia da fundação e installação de uma
Escola Agrícola na Quinta Pirajá.
Concederam-se diplomas de sócios remidos aos Srs. Dr. Joaquim Teixeira de
Mesquita, José Militão de SaufAnna e Joaquim D. de Paula Correia.
Offlcio do Muzeu Commercial do Rio de Janeiro, solicitando da Sociedade sua
opinião sobre o commercio de café ; foi confiado ao sócio benemérito Sr. Dr. João
Baptista de Castro, que já tinha no emtanto recebido idêntico pedido do muzeu,
acceitando a Sociedade as conclusões do parecer do Sr. Dr. Castrojá lavrado e offi-
ciou-se ao muzeu, declarando ser o parecei' asynthese das opiniões desta Sociedade.
Convocaram-se os subscriptores da «Cooperativa Central dos Agricultores do
Brazil»para uma reunião do Assombléa geral no mez de maio, em dia que fòr desi-
gnado para a installação da Cooperativa.
Resolveu-so que areceiçãn do Sr. Dr. Wenceslau Bel lo. Presidente da Socie-
dade, o de volta d% Europa, fosse feita com toda solemnidade.
Na sessão de 23 de abril foi conferido ao Sr. Dr. Wenceslau Bello, presidente
da Sociedade Nacional da Agricultura, o diploma de sócio benemérito, pelos ser-
viços que tem prestado á agricultura do paiz.
Foi approvado o balanço de janeiro a dezembro de 1907. Foi louvado o em-
pregado Sr. P. Minervino de Oliveira pela correcção e zelo com que mm tem a
elaresa da eseripturacão da contabilidade desta sociedade.
Concederam-se 6 mezes de licença ao Sr. director Sr. Sérgio do Carvalho a
seu pedido.
3124 6
104 SOCIEDADE NACIONAL UE AGRICULTURA
Concedeu S3 diploma do sócio remido ao Dr. João de Carvalho Borges
Júnior.
Tolegramma do Sr. Dr. Carlos Botelho, secretario da, Agricultura de S. Paulo,
convidando a directoria da Sociedade a reprosentar-sc na Exposição Pecuária do
S. Paulo. A Socied.ide representou-se pelo director Io Socretario Dr. Souza Reis.
Foi approvado um vot > de louvor ao Sr. director Dr. Sylvio Rangel, que du-
rante a ausência do Sr. presidente, tlirigiocom intolligencia o energia os destinos
soei :ies, ficando consignada na acta essa maaifostação de seus collegas do di-
rectoria .
Experiências <le sementes. - Esta sociedade recebeu do Sr.
Dr. Jacintho Mattos, engenheiro agrónomo o director da Estação Agronómica
do Florianópolis, o seguinte communicado :
« Cabi-me dar á Sociedade Nacional de Agricultura uma resumida noticia de
experiências realizadas nesta estação, com trigos distribuídos em setembro, expe-
riências que tenham talvez, além de outro, o préstimo de rápida orientação era
futuras encommondas de sementes.
A Sociedade Nacional mandou para Santa Catharina as seguintes sementes de
trigo : algeriano, shirifepi c.arré, Squore e norlh alerlon ; estas eram as etiquetas,
que acompanhavam os respectivos volumes. Tentei experimentar esses trigos
como plantio do primavera.
Terreno — Breve collina com ^0 metros sobre o mar o delle distante cerca de
200. Silico-argiloso, pobre decai, retondo, porem, alguma humidade. Um anno
antes havia sido, com varias culturas, oocupado. Lavrado dous mezes atraz com
dous ferros cruzados, foi corrigido, destorroado, gradado e convenientementi a Ili-
bado com esterco animal, na rasão de 1 metro cubico para um are,
A 11 de setembro foram semeadas as variedades citadas em sulcos, traçados
por um aradinho Planet, em canteiros de 10m,00 10m,00. Convindo acerescentar
aqui, terem sido as sementes curadas por um banho de sulfato de cobro e pulve-
rizadas com cal.
A' excepção das domais sementes, de um louro sadio, as do shirif eram
de um pardo sujo, mostrando péssimas qualidades de germinação. Os factos
vieram provar logo este asserto.
Keita a semeadura em 1 1 de setembro, cinco dias depois surgiram da terra
as plantinhas em linhas direitas e cerradas, nascendo, porém, muito rarefeito ou
quasi nullo a shirif. A todos sobrepuja em viço o algeriano.
Em resumo, ê este o aspecto, que apresenta hoje o trigo: o algeriano tem
lm,20 de altura, está regularmente colmado, promettendo compensadora colheita.
Não acamou e muito ligeiramente o atacou a ferrugem, em breves manchas,
aqui e alli. O shirif, nas raras toiceiras que deu, esta colmado, mostrando assim
que esta variedade prometto e que á má qualidade da semonto, deve-se tão so-
mente, o sacrifício da experiência.
As variedades restantes apresentam misérrimo aspecto, muito rachiticas,
atacadas pela ferrugem e sem crescimento algum.
Sem mo alongar em apreciações, que não cabem nos limites desta ligeira com-
municação, deprehendi que, dado o mesmo solo, a mesma composição chimica,
as mesmas condiçõjs telluricas e thermicas, o trigo algeriano mostrou aJaptarso
A LAVOURA
admiravelmente ao nosso moio. Para os restantes suppõe-se logo ser muito
elevada a média tliermica da primavera.
Além destas sementes foram experimentadas, conjunetamento cora as adqui-
ridas por esta o-itabeleeimento, outras queessa patriótica sociedade remetteu para
a conveniente distribuição nesto Estado. Assim procedi a regular semeadura de
cânhamo commum, Unho ordinário, juta, aveia, eevadaguadrangular, alfafa, alf/o-
dão, ele.
Solo — As mesmas condições dos precedentes.
O cânhamo esta florescendo, tendo nascido rarefeito, devid ) ás más condições
germinativas da semente e apresentando lm,lO de altura.
O Unho ostenta boa floração, 1"',20 de altura, muito b\sto e sadio. E' planta
recommendavel.
A aveia está apresentando as espinetas, tem 0m,80 de altura, linhas
bem corradas e viço regular. Melhor aspecto teria, se o respectivo plantio
tivesse sido um pouco mais cedo.
A cevada comporta-se optimamente. Está soberbamente colmada, espigas
cheias e abundantes, e relativamente, pouca palha.
Após as colheitas, em noticia mais ampla o detalhada, com dados compara-
tivos e outros elementos, levarei ao conhecimento dessa benemorita Sociedade os
resultados obtidos com as sementes, que ella, obeleceado aos seu? altos desígnios,
propaga pelo paiz todo, prestando o mais assignalado serviço, que uma nação
pôde receber : levantar as suas forças abatidas e incutir-lhe o regimen do trabalho
são, enérgico e intelligente.»
Correspondência recebida durante o primeiro trimestre de 1908 :
Cartas 659
Circulares 9
Memoranda 24
Offlcios 131
Telegrammas 36
Total 859
Correspondoneia expedida pila S3eretaria durante o 1 ' trimestre de 1908,
janeiro a março :
Janeiro : Telegrammas 28
Offlcios 13
Cartas 3.796
Fevereiro: Tele^ramins 54
Offlcios 16
Cartas 402
Março : Telegrammas 47
Offlcios 28
Carias 375
5.119
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Abril— 1908
Cartas 3.454
Offlcios 8
Convites 9
Noticias 28
Telegrammas 41
Registrados 33
Folheto da borracha 675
Gado zebú (folheto) 675
«Lavoura» 2204
7:127
Pareeer elaborado pelo Dr. João Baptista de Castro a uma consulta feita pelo Museu
Commercial a pedido do Ministério da Industria, Viação o Obras Publieas
lllm. e Exm. Sr.— Honrado com o recebimento do offlcio de V. Ex., datado
de 12 do corrente, cumpre-me responder, resumindo, quanto possível, o que ha a
dizer sobre tão importante assumpto ; vasto campo para escrever-se um trabalho
completo, recheiado de dados positivos, que viriam contribuir largamente para a
elucidação perfeita da verdade, isto ê, os prejuízos incalculáveis para a nação
brasileira, descurando por completo da boa nomeada, de uma reputação bem
firmada, não somente para seus cafés como ainda para quaesquer outros productos
da sua exportação, destinados aos mercados mundiaes.
Habituado a externar as minhas convicções sem rabuço, franca e lealmente,
embora desagrade, não deixarei mais uma vez de seguir essa mesma norma
habitual.
Nao é a primeira vez que trato desta mesma matéria, para a qual não
tenho cessado de chamar a attenção dos governos dos Estados e da União,
convencido, como me acho, de residir ahi toda a chave do commercio estran-
geiro, nas nossas permutas internacionaes, pormittindo-lhes uma exploração
fraudulenta, mas immensamerite lucrativa, embora fiquemos relegados ã posição
de uma colónia estúpida, incapaz de saber vender, ella própria, as suas innu-
meras riquezas exportáveis, consentindo fazerem desconhecidos os bons cafés
brasileiros perante os consumidores universaes ; emquanto que, ao mesmo tempo,
toleramos que perdure para esse nosso producto, a peior reputação perante essa
mesma massa de consumidores!...
Eis o facto inconcusso, indiscutível, que o Brasil inteiro presencia, em pleno
século XX, em que pese a nossa posição de paiz maior productor do mundo, desse
artigo de geral consumo.
Pouco importam as classificações das correntes do opinião, em genéricas ou
geographicas com as quaes não perderemos tempos.
Em 1869, o sábio naturalista Agassis, na sua obra — « Voyage au Brésil »
pag. 497, jã assim se expressada, relativamente ao café : « Grâee a leur par-
séverance et aux conditions favorables resultant de la constitution du sol, les
Brésiliens ont obtenu une sorte de monopolo du café. Plus de la moitié de ce
A LAVOURA In:
qu'ou ou cousomme dans le monde est <le proveuanee brésillienne. Et cepen-
daut la café du Brésil a peu de réputatiou, il est même cote a um prix inférieur.
Pourquoi ! Simplement parcequ' une grande part-.e des meilleures sortes produiles
dans les fazendas brésiliennes est vendui sous le nom de Java, de Hoka, de Marti-
nique ou de Bourbon. Or, la Martinique exporto par au sixcents sacs de café,
Ia Guadeloupe, dom le produit est connu dans le commerce sous le nom de
Lile voisiue, en récolte six mille, pas de quoi alimentai" le marcho de Rio de
Janeiro pendant vingt quatre heures ; 1'ilo Bourbon n'en fournit guére plus.
Presque tout le café vendu sous cos denominations, quoiquefois mème sous celle
de Java, provient du Brésil, et le soi-disant moka n'est le plus souvent rieu
dautre chose que les petits grains ronds des caféiers brésiliens, cueillis, á
1'extremité des branches et soignensemont triés. Si les fazendeiros comme les
planteurs hollandais vendaient leurs récoltes sous une marque speciale, les grands
negocianls de Vêlranger apprendaitnt vite â distinguer LES QUALITÉS et l'agri-
culture brésilienne y ga.gnerait. Mais il existe, entre le fazendeiro et
l'exportateur, une classe intermôdiaire do ruerchands, mi-banqueirs, mi-cour-
tiors, connus sous le nom de commissarios, qui, en melant les récoltes diffe-
rentes, rabaisse le type, ôte au producteur toute responsabilitó et enleve au produit
ses vêritables caracteres.
P. L. Simmonds — Tropical Agriculture — 1877 —num bem desenvolvido
capitulo sobre o café, pag. 71, diz, referindo-so ao Brasil « The quality has
been so inuch improved in the last ten years that much of the coffee is sent to
Europe and sold under the names of Java, Ceylon, Martinique, San Domingo and
even Mocha.
At the Paris International Exhibition of 1867, Brazilian coffee receioed from
thejwors a yold medal over ali other coffees.
Mas nenhum partido tirou dahi o café brasileiro. . .
Si recorrermos a L. Couty, professor de Biologia Industrial na Escola
Polytochnica, no seu relatório de 1883 ao director dessa escola, pags. 67 e
68, lé-se : « Nous avons conclu de ces observations que si le café coutait cher à
produiro, il coutait encore plus cher à vendre ; et, certes, á ce nioment nous
ne nous attendions pas à voir la propagando du café du Brésil en Europa
dirigée par ceux qui ont le plus largement profiê d'un état de choses difflcile
à modiâer, si on le veut, mais en tout cas absolument nuisible aux vêritables inte-
rêts du pays et de ses productions.
Nos conclusions restent aujourd'hui los mêmes ; il faudrait changer un
systême de vente qui fait passer le café par sept intermédiaires sans compter
les eourtiers, les transporteurs et les banques ; il faudrait reduire á 25 ou 30
francs par 100 kilogrs. des frais de trausmission qui, non compris le fret,
égalont aujourd'hui 140 ã 160 francs ; la simplicitê plus grande des échanges ser-
virait au producteur du Brésil qui toueherait la valeur réelle de la denrée sans en
faire profiler des intermédiaires peu utiles ; elle servirait aussi au consommateur
d' Europe qui pourrait payer d un pri.v plus raisonnable une denrée moins sur-
cliargée de frais accessoires. Cetto baissu du prix de vente ultime serait súra-
menUe meilleur exciant à une plus grande consommation , etc. . .
Ainda, temos o Sr. Vau Delden Laern, competentissimo delegado do Governo
Hollauduz, incumbido do estudo do café uomuuio iuteiro, o que aqui permaneceu
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
muito tempo, estudando a fuuio o assumpto, sob todos os aspectos, relativamente
aos interesses do seu paiz ; no meu entender, o trabalho mais completo o con-
sciencioso que cmheco, o no qual se verá a condemnacão nossa, economicamente
lalando, consentindo, tolerando que os nossos cafés fossem vendidos cjm outras
denominações, de outras procedências, etc. etc.
Eis o que escreveu o delegado do Governo Hollandez á pags. 310 e 211 .
« II doitètre indifforent au fazendeiro, qui achòte son produit, pourvu qu'il
en fasse un bon prix.
Et bien, Vensaccador est 1'acheteur de café local. II achète et vend le café â
ses propres risques. Persomio n'aurait sérieusement à rediro, s'il faisait tout de
son côté pour être agréablo à 1'exportateur, son client.
Du point de vue du planteur de café, comine individu, jo trouve la plainte
irrationnelle.
La question a cependani un tout aitlre aspect, dos qu'on la considere du point
de vue èconomique. Car voici ce qui arrive : Les achoteurs de café de la preraiero
main á Rio ne portent point le café du Brésil assorti sur le marcho du mondo,
tel qu'il sort de Ia fazenda, ou l'on s'est donnè loules les paines pour amèliorcr la
qualitc par li manipula lion et le triaga, mais mèlangè jusquW en faire une cspèce
mogenne,
Sur les marches d» monde ou ne trouve pas de café propremenl dil de fazenla, il
rCy a que le café liga ou mèlangè.
Le produit est jugo daprès cette qualité.
Le gout de terre ou de terreiro provient, selon moi, de ce que le c ifô escolha
est fréquemment mélangé avec de bonnes espúces.
La escolha est le café lo plus desagréable à la vue que je connaissa ; on ne
saurait la comparer qu'au café de Bali, tel quil est apportô à Sourabaya, ou ã
celui gánéralement connu dans le commerce comme café pourri.
Les prix sont rcglès d'aprés ces lypes mogens, cl e.i-ercenl une influence naturclle
sur les marches brèsiliens.
Ainsi les ensaccadores, qui ont encore à >upport)r les fraisde la liga, ne peu-
vent paycr la valeur réelle des cafés de fazenda êminemment assortis.
Et c'esl ainsi que le fazendeiro subil le conlrecoup de cette opèralion com-
merciale.
Je suis persuade qi'on ne saurait prevenir celle-ci vue PAR L'UXI'ORTA-
tion directe, pour le compte soit du fazendeiro ou du coramissario.
Sachant Io traitement du café au Brésil, ou ne pout nier, qu'une èxporfotion
directo y doit ôtre au profitdu plantour.
Ceponlant, nnc expirtation directe de café de fazenda sur un.i gr.mdo èchelle
ne saurait avoir bien dans les premiares années, d'abord pour les raisons déjã
nommées, ensuite parce que les grands importateurs d'Europe et d'Amerique
TROUVENT DE L-AVANTAGE Á MA1NTENIR L'ÉTAT DE CHOSE3 EXISTANT. ILS FONT
JUSTE LE CONTRAJRE DE CE QUE EJNT LES ENSACCADORES. Ils réassorlissent le Café
d'aprés la qualitc, a/in de vendre les meilleures sortes soi's des marques uvanlageu-
semenl comines,
Tout connuo le vin du Rhin mousseux se vend plus facilement chez nous et
A LAVOUK.Y 103
d ivantage sous la marque de Koederer ou de Carte Blauche. ainsi le produil
superieur de Rio et S.intos esl vendu fréquemment comme café Java ou Ceylan plan-
tation.
Eu Franco ou no vous sert généralement que le café ordinaire du Brésil ;
cependant le gareon de café será bien indigne si l'on ne croira pas boire du vrai
ot pur Moca.
Dans le commerce du café, le clioix du eourtier ne dépend pis, comme dans
la vente dautres objets de commerco, du vendeur, mais de 1'achelettr ou de l'ex-
port teur.
Na pag. 173, lê-se:
« La grande importance d'une récolle soignée el d'une bonne préparalion esl
prouoèe par les différences enormes de prix entre café Java particulier et celui du
gouv:rnement, entre le produil native et celui de plaittation du Ceylan.
Bastante su.trgestivo é o que publica E. Raoul, no seu manual das culturas tro.
picaes, pags. 158 o 159, nestes termos: Emploi commercial des cafés da Brésil. —
D'après les statistiques f jurnios par la douane 1'rançaise, três exacto3 pour cette pro-
venance, les cafés du Brésil entrent dans la consommation française dans la pro-
portion du tiers environ, et, d'apres le dirc autorisé des principaux negociants
et courtiers, le café Santos forme les dcux tiers environ de notro consommation
en cafés brésil iens.
Neamnoins, en dehors des portes de commerce et des villes du nord de la Fran-
ce, le coHSommaleur ne connait guére, de nom, les cafés du Brésil, el surtoul il
ignorait naguère el continue encore le plus souvent a iynorer le nom des cafés
Santos.
Uma nota, neste ponto diz : «L'empereur Don Pedro II, pendant son dernier
voyage en France, examinant les designations de caféi que l'on rencontre aux
étalages des marchands, eut 1'occasion de faire três souvent cette remarque ; le
cônsul de 1'empire au Hivrelui donna lexplication de cette anomaíio.»
E, prosegue o autor: «Les sortes sup;rieures des cafés du Brésil, en pirliculier
du type Santos, ne sonl pas separées des autres cafés par des caracteres e.rterieurs
neltemeiíl tranches ; ils se rapprochenl bcaucoup, au conlraire, dans cerlaines s<:ric~<,
de pruvenances três èluignées du Brésil. En outre étant donnée 1'énorme produe-
tion de la provinee de Saint-Paul, et aussi la sélection pratiquée sous la directiou
du Club de Lavoura par les cultivateurs, en vue de propager telle variété qui se
rapproche, comme forme, du type d'une provenance èlrangère recherchée» aqui em
outra nota diz: «La formule ompirique Marlinique Bourbon-Moha est 1'expression
du mélange tevnaire, le plus généralnment demamlé et vendu, mais le plus rare-
ment comommé. Le Martinique u'r.i<t<- meme plus en realité; les deu*- autres, com-
merrialement parlant, existent à peine.» K continua, *nn comprend que Von puisse
trouver et Von trouve,en effect,dans les provenances de Santrs, des séries entiéres,
equivalentes exlerieurement â un type clranger .
Le Santos est légêrement fade, comme odeur el comme gout ; c'est pour ainsi
dire un café neulre, subissant facilement, sans trop reagir, Varome d'un café plus
caracterisê ; aussi esl il, par excellence, le café de coupaje ; il joue le role de l'é-
quivalent dam- les combinaisons chimiques el sert de base aux substitution el aux
mélanges ; c'est la mère des cafés, et c'est sous ce nom, pittoresque et vrai, qu'il est
110 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
familiérement designe dans les entrepôts. Le café qui lai esl mèlangé, en dose plus
ou moins forte, ou souvent une simple étiquette, change son éíat civil et lui reslitue
ses droits d la consommation .
Des collections paraUéles formées, l'une avec des cafés d'origine non brésilienne,
Vautre avec des séries choisies de Santos, trompent Vceil mieux exerce. Avant la
torréfaction, V arome seul est modifié ; mais ce caractere êchappe le plus souvent d
V appreciation de Vacheteur. »
Si deixarmos a Europa e buscarmos os Estados Unidos, não monos instructivas
se tornarão as nossas investigações.
No segundo numero da magnifica publicação, «La Hacienda», do anno de 1905,
pag. 40, vem estampado o artigo do Sr. H. Willy, professor e director da secção
de chimica do Governo dos Estados Unido?, em Washington, o qual pelas suas in-
vestigações scieutificas acerca dos comestíveis e suas adulterações, muito tem in-
fluído para a adopção do leis protectoras contra os alimentos prejudiciaes.
Copiamos textualmente : «En los Estados Unidos la práctica más detestable en
la adulteración es, sin duda, la do ponerle á los paquetes rótulos que no deberian
llevar.
Tan es asi, que en los Estados Unidos no se oyen otros nombres cuando se trata
dei café que los de Mocha y Java y todo el mundo parece pedirlos . Y, sin embargo,
la verdadera cantidad de café que se importa de esos paises, es insignificante com-
parada con la importado >i total de otras regiones. El cifé pues que se cultiva en
el Brasil ô Medico y que se vende en los Estados Unidos como produclo de Arábia
ô Java es tan atroz adulteración como si el vino de Califórnia se vendiera por fran-
cês. Y lo mais raro dei caso es que los que adulteran el café no se preocupan de
si hacen el mal ô el bien, ô por lo menos, asi parece.
Es costumbre tan universal que lo toman por un negocio cualquiera com la maior
desfachatez. Este procedimiento no liace justicia á los paises produetoros dei precioso
grano y no deja de ser injusto tambien para Arábia y Java mismas, por cuanto
el consumidor vive y muere en la creencia que el café que por tanto liempo toma
vino todo de esos lugares, LO cual es una mentira. Es delrimental d los demas
paises por que la superioridad de esto ó aquél café no se atribuye a sus respectivas
procedências.
De aqui que todas las naciones produetoras de café, asi como los consumidores
mismos, deberian unirse en potencia irresistible á fin de echar por tierra tan des-
vergonzante tráfico. Las leyes en los diferentes Estados de la Union Americana
son tales que no seria difícil extirpar el primero de los males, — la adulteración
dei grano. El amor d la justicia, con apoyo oficial, bastaria, para desterrar el segundo,
el rótulo enganoso de los envaes. Al llegar esa feliz dia cualquier consumidor
en los Estados Unidos podia saber, si quiere, donde crece el café que á la mesa
le sirven y apreciar las virtudes de las differentes clases segiin la procedência.
El consumo do este articulo en los Estados Unidos está en augmento y no cabe duda
que sabrán mantener la supremacia como los primeros consumidores dei café en el
mundo.»
Ainda temos outro depoimento precioso, na collecção dos Manuaes Hoepli,
< I Prodotti Agricoli dei Trópico», pags. 43 e 44, onde se lê :
«1 piccoli semi, pisello cosidetti, si scelgono con grande cura, pioche venyono spe-
duti, in Europa specialmente, come caffà Moha \ il resto si spedisce solto e nomi di
A LAVOURA II t
■S. Domingo, Java, Martinica, ecc. In Itália il Sardos ed il Rio si mischiano col
Porto Rico. II caífé dei Brasile niigliora nellinvecehiare. Nei porti d' Europa
questo prodolto sabisce differenti lavorazioni, fra le quali anche quella di timjerlo di
vari colori a seconda dclle q milita chc si vogliono imitare.
II Brasile produce circa 400 millioni kg. di cafle ene viene venduto a L 1,
40 aí kg.»
Julgamos suliicientes as citações invocadas em abono de nossas convicções,
admirando- nos apenas de tão tardiamente estarmos nos preoccupando com esta
questão, cuja importância não soffre discussão, nem maiores delongas.
Mas, nem por isto deixaremos de entrar no âmago da matéria deste succinto
estudo e vamos recorrer á fonte limpa, a um magistral estudo sobre «a falsa indi-
cação do logar de proveniência em matéria do productos vinícolas», estudo que so
firma nas leis existentes nos vários paizes e nos tratados internacionaes :
Convenção de Paris, 1883 ; de Roma, 1886 ; de Madrid, 1801 ; do Bruxellas
1S97, etc.
Dessa obra extraiamos :
«E' graças, á liberdade do commercio que a concorrência pode estabelecer-se,
e é pela concorrência que se assegura ás transacções o seu caracter normal em lace
dos productores, como em face dos consumidores.»
«A concorrência, escreve Montesquieu, dá um justo preço ás mercadorias e
estabelece as verdadeiras relações entre as mesmas.»
«Mas desde que existo a liberdade de commercio,— e com ella a concorrência,—
não se segue que ella seja absoluta.»
Em matéria commercial, como em qualquer outra, mais talvez que om qual-
quer outra, o limito á liberdade de cada ura, 6 o direito de outrem.
Eis aqui por exemplo um negociante que, a- força de trabalho, de esforços
perseverantes e de sacrifícios esclarecidos, conquistou para os productos que elle
vende sob um nome ou sob sua marca, uma notoriedade incontestável.
Seria de equidade tolerar que um typo qualquer se amparasse desse nome ou
dessa marca para vender o mesmo producto ou productos análogos?
Evidentemente não. E não Síria justo deixar o negociante desarmado deante
de qualquer outro processo de concorrência desleal.
Não se pôde autorizar alguém a usurpar os direitos do próximo, a saquear os
resultados do seu trabalho, sem infligir, a um tempo a equidade mais elementar e
as regras da boa ordem .
Assim bem o comprehendeu o legislador.
Desde que a livre concorrência foi proclamada, elle applicou-se em impedil-o
de tornar-se deshonesto. E numerosos são os textos estabelecidos a favor do nego-
ciante ou do industrial que soffre um prejuízo resultante da concorrência
desleal.
Elle pôde, conforme os casos, invocar as sancções penaes da lei de 1824, sobre
os nomes commerciaes, as da lei de 1844, sobre as patentes, ou as da lei de 1857
sobre marcas de fabricas ; ou simplesmente pedir reparação, em virtude do
art. 1382 do Código Civil, pelo prejuízo quo teve.
Com o auxilio dessas leis protectoras, cada qual salvaguarda o que lhe toca ao
seu merecimento.
Sem ellas, ir-so-hia ás peiores consequências.
3124 7
112 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
O mercado seria promptamente presa dos menos escrupulosos, a emolução daria
rapidamente logar ao desanimo entre os mais bem dotados. E o paiz que tolerasse um
tal estado de cousas estaria, sem duvida, commercialmente morto.
A liberdade de commercio, longe de ficar enfraquecida, só é melhor respei-
tada mediante uma protecção desta natureza.
O homem honesto pôde tentar todos os emprohenJimento4, visto como a lei
prestadhe o seu apoio contra aquelles que, sám escrúpulos, bem como sem dillieul-
dades, procurassem açambarcar os seus esforços em alheio provei to .
Porventura os mares não são mais livres desde quo condemnou-se a pirataria ?
Estas ideias são por tal modo justas que não se limitou só em proteger os
resultados conquistados pelo individuo.
Uma localidade, uma região, um paiz, em consequência das qualidades do seu
solo ou dos processos de fabricação nelle empregados, poude conquistar uma fama
particular para o producto
Assim os pannos de Elboeuf, os vinhos de Bordeaux, os vinhos de Champagne,
são universalmente conhecidos. Os consumidores sabem-no tão bem, que, para
elles, o nome do producto seguido do da Itcalidade é a garantia de sua excellencia
própria.
Neste caso, não haverá um interesso geral em tomar sentido afim de que
taes denominações não vão cahir no domínio publico ?
Não será mister garantir que o producto annunciado do tal região delia pro-
venha realmente, e, para isso, corcal-o de uma protecção legal suficiente?
Estes conceitos são tão sensatos, tão justos, que escusamos encarecel-os, sondo
mais que extranhavel a linguagem de um dos documentos accompanhando o
vosso ofílcio, quando se diz :
« Os chapéos de palha fina fabricados no Equador e uo Peru são vendidos no
Brazil com o nome de chapéos do Chile e na Europa com o de Pauamá, porque os
primeiros recebidos chegaram ao Brazil via Chile e á Europa via Pauamá.
Não haveria para os vendedores vantagem em mudar taes nomes.
Os compradores aqui insistem em ter chapéos do Chile e na Europa em ter os
de Panamá. O importante para o Brazil ê que o café brasileiro seja comprado a
bom preço sendo de ordem secundaria a questão de nomes. »
Em primeiro logar chapéos carissimos, do Equador e do Peru, não podem
se comparar com o café brazileiro.
Em seguida, os brazileiros são tão ciosos das procedências que, até hoje, ainda
conservam as denominações : queijo do reino, pimonta do reino, abelha do
reino, etc, que nos vem de Portugal, ao tempo em que nos jungia sob o dominio
colonial !...
Mas, o quo mais importa é justamente essa questão de melhores preços para
os nossos cafés, o que de forma alguma se poderá nunca alcançar, si deixarmos
permanecer os abusos que as nossas citações revelam.
Com effeito, o Brazil jamais se prooecupou com o produzir para os legítimos
consumidores de café, embora se tenha tornado, graças ás condições naturaes en-
contradas no seu solo e clima o maior produetor do mundo desse artigo de larguís-
simo consumo.
A LAVOURA Uá
A capacidade do paiz cireumscreveu-se em produzir para o commercio inter-
mediário, apenas, todo elleextrangoiro.
Dahi a origem das fraudes, ha tempos immemoriaea instituídas.
Os paizes, nossos concurrentes, esses, inclusive o Haiti, têm os seus cafés co-
nhecidos, havendo paizes que não mais produzem café, e, no emtanto, continua-se
a vender cafés dessas procedências, como acontece com a Martinica, etc.
No mundo inteiro, ninguém pede café, a ser consumido, obedecendo ás classi-
ficações da Bolsa de New York, typos 1 a 9, engondrados para os especuladores e
jogadoros dessa Bolsa, favorecendo-lhes as compras nos mercados brazileiros tão
somente e o jogo.
Todos os cafés de outras procedências são altamente cotados nos mercados
mundiaes eraquanto que, os nossos, não!.. . Accrescendo mais a circumstancia
importautissima, de se haver diffamado o nosso producto perante os consumidores
universaes.
Produzimos três ou mais vezes café do que todos os demais paizes reunidos.
Não salta aos olhos que, como attestam esses autores citados, o Java, Porto
Rico, Moka, Martinica e demais cafés, vão ter, graças as nossas colheitas, e aos
predicados que tal permittem, um considerável augmento para satisfação desse
mesmo consumo universal?
E os preços altos, assim obtidos, a quem aproveitam, além da fraude desho-
nesta, e a continuação da má reputação que esse commercio intermediário nos soube
fazer gosar ? ! . . .
Só e unicamente, este estado do cousas, inqualificável, vae approveitar aos in-
termediários, no nosso intercambio externo e interno.
Nem genérica nem geographicamente, perante os consumidores legítimos de
café o Brazil é conhecido, a não ser como paiz que produz um café intragável.
li chega-se a negar nenhuma importância na conquista de um nome, de uma
reputação ! ! !
Para esses, cujo fito é conservar-nos na mais crassa ignorância e nos vícios,
assim deve ser ; mas não, nunca, para nós outros que aspiramos a conquista da
nossa independência económica, sem o que a politica só, para nada servirá na vida
moderna das nações.
Presumimos que o Sr. professor Willy, director da secção de chimica do Go-
verno dos Estados Unidos é uma autoridade na matéria, o que nos induz a repudiar,
como falsas, as informações citadas pelos Srs. F. Ferreira Ramos, attinentes ao
cale Santos, quando sentenciosamento proclama:
li' certo que se conseguirmos vender os cafés de Santos e Rio com as denomi-
nações Java e Moka, genéricas e não geographicas: — o Brazil não venderá mais
café por esse motivo.
Sim, nas especulações da Bolsa de New York e para aquelles que nos exploram,
uma mudança radical, da nossa parte, que viesse alterar completamente as clas-
sificações que nos foram impostas e cuja base essencial repousa no typo n. 7 e ou-
tros, com certesa traria sérios embaraços aos especuladores bolsistas, nas vendas
licticias dessa e outras Bolsas, que pouco se incommodam com os cafés geographicos
ou genéricos, a não ser para nos deterem as iniciativas tendentes a perturbar-lhes
as fraudes, a alta especulação c o mais desbragado jogo que essas mesmas Bolsas
instituíram sobre o café. . .
lii SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTORA
Então, para nós, quo não somos conhecidos, dejde que ollérecessemos cafés bra-
sileiros dos typos: Moita, Java, Porto Rico, ele, conhecidíssimos o apreciadíssimos,
muito mais caros, praticaríamos um crimo ; mis, quando com os cales bra-
zileiros, se os incorpora ás colheitas dos demais paizes produetoros, fazondo-os
passar então por genuínos .lava, Porto Hico, Moka, etc, sob o manto enérgico da
geographia fraudulenta, não é honestíssimo!?. . .
E' conveniente expor aqui o que se passa com o café, nessas Bolsas, extraindo
de um autor, tratando das « Bolsas de Commercio e Agricultura », pag. 92: « O Sr.
Van Gulpen negociant ; de cafés em Emmerich, cita os seguintes exemplos: No
anno de 1887, em quatro Bolsas do Commercio, venderam-se 52.795.000 saccas
de café, e só foram entregues 9.185.0)0 saccas.
Nos quatro últimos mezes de 1888, em Hamburgo, os negócios a prazo sobre os
cafés elevaram-se ao algarismo colossal de 8.776.000 saccas, e as operações sérias,
seguidas de entrega efléctiva, só attingiram 411 .500 saccas.
Nos quatro primeiros mezes de 1889, a venda a prazo aceusa um total de
2.161.000 saccas e só se entregaram 87.000 saccas.
As operações ficticias foram dez vezes maiores que as mercancias reaes no penúl-
timo dos casos e vinte cinco veies no ultimo.
Eis outra face do problema que demanda sérios estudos da nossa parte, pela
influencia desastrosa desse jogo sobre os preços da mercadoria legitima e do com-
mercio honesto, o qual não perturba a regularidade da lei da offerta e procura em
suas manifestações legitimas e não apparentes, como acontece com essa jogatina
desenfreiada actual.
O Dr. Manoel de Carvalho informa perfeitamente sobre o que se passa, havendo
porém a notar que, como era outras praças, no Havre, Hamburgo, Bremen, Bor-
deaux, Marseille, Trieste, Génova, etc, alguns importadores dispõem de machi-
nismos seus, ondo fazem repassar os c ifés adquiridos no Brazil sobre as classificações
de New York ; e, desfarte dosmancham eomplet imente esses mesmos typos de
New York, com os quaes vão imitar os cafés mais afamados do mundo, apurando
asiim fartos lucros.
Os resíduos, a escoria, dessas oporações é que se apresenta, então, como cafés
genuinamente brazileiros, cotados a vis preços.
Kesta-nos, finalmente, apoiar o parecer do Sr. Léon Capelle, Director Geral
dos Negócios Consulares e Commerciaes da Bélgica, cuja opinião judiciosa acatamos
devidamente.
Em conclusão do que acabamos de expor, resulta ;
Io. Que, embora o maior produetor de café no mundo, o Brazil não seja conhe-
cido pela massa dos consumidores universa s desse artigo ;
2°. Que os cafés brazileiros vão ser incorporados ás pequenas colheitas dos
outros paizes produetores de cafés bera reputados, bem cotados, que são conhecidos
genérica e geographicamento pela massa dos consumidoras universaes, graças aos
vidos que foram instituídos e cuja base repousa nos typos da Bolsa de New York,
que permittem todos os males dos quaes estamos seudo victimas ;
3.° Que, se deve tratar de corrigir, reformar, essa situação humilhante para
o Brazil, sem demora :
a) comas reformas indispensáveis aqui, banindo-se os typos americanos ;
A LAVOURA
l>) com os apparelhos indispensáveis, armazéns geraes, omissão de warrants,
bolsa de cafi'1 (s 'm operações fictícias), leilões públicos para as vendas, como na
Hollanda, direitos de exportação na razão inversa das qualidades, de tal forma que
prohibam a exportação das escolhas ordinárias e mais sujidades ; credito agrícola,
prémios para os mais fino^ cafés, etc ;
c) com serviços de propaganda commercial pratica no estrangeiro, dados esta-
tísticos completos sobro a producção mundial, consumo, stocks, preços correntes do
todos os cafés do mundo, diariamente publicados na nossa imprensa, etc. ete. ;
d) com estudos completos dos cafés brazileiros nos diferentes Estados, suas
analyses scientilicas, qualitativas e quantitativas, degustação, comportamento na
torração, misturas, etc, etc, em confronto com os cafés de outras procedi mcias-
elementos indispensáveis para a propaganda commercial e reivindicação de predi,
cados para os posses cafés, etc. ;
e) com uma organização de associações cooperativas de producção, aperfeiçoa-
mento dos produetos, esua venda final nos mercados internos e externos, tudo systo-
matisado e federado aos centros que se instituírem, á cuja acção se subordinarão os
interesses mútuos;
f) com a organização do Ministério de Agricultura o suas dependências, insti-
tutos, etc. etc, como um guia, um pharol, á testa do todo o movimento scientifico
e pratico da agricultura e industrias agrícolas.
Em poucas palavras, assim como montamos vários institutos para investiga-
ções e preparados que curam c rtas enfermidades, dotados com os elementos que
a sciencia alliada ás experiências faculta nas applieações, assim também devemos
cuidar do café e mais produetos brazileiros, especialisando-nos, estudandoos e co-
nhecendo-os a fundo para podermos luetar vantajosamente na concorrência univer-
sal, mais intensa pela approximação dos mercados mundiaes, graças á rapidez das
communicações, rompendo com o regimen colonial em que temos vegetado, naciona-
lisando os nossos produetos e tornando o Brazil conhecido no mundo.
Reporto-me ainda ao parecer que formulei na Sociedade Nacional de Agricul-
tura, era commissão dessa mesma Sociedade, ao respondermos o offleio da Asso-
ciação Commercial de Santos, commuuicando haver acceilo offlcialmente os typos
da Bolsa de Nova York, naquella praça.
Esse trabalho, mereceu a attenção do Governo Mexicano, que o requisitou, por
via diplomática, do Exm. Sr. Barão do Rio Branco ; vem publicado no boletim
—A Lavoura — orgam dessa rorporação iliustio, e junto encontrará V. Ex. um
exemplar.
E' o que me cumpre informar, lamentando não possuir maior somma de conhe-
cimentos.
Empenhados, particularmente e directamente, na solução deste magno problo-
ma, nos limites de nossos recursos, temos em mão muitas provas documentadas
para coraprovarom os nossos conceitos, colhidas pela nossa firma commercial de
S. Paulo-Bodé & Cia.
Prevaleço-me do momento para reiterara V. Ex. os meus sentimentos de
grata consideração.
"~"Ao Exm. Sr. Dr. Cândido Mendes do Almeida, M. D. Director da Academia de
Commercio do Rio de Janeiro.
SOriKDAIlE NACIONAL OK AGRICULTURA
NOTICIÁRIO
Cooperativas Agrícolas em M iiia,s
Regulamento a que se refere o decreto ti. 2180, desta data
CAPITULO I
DOS AUXÍLIOS do governo
Art. 1." A's Cooperativas Agrícolas que, sob a responsabilidade pessoal, so-
lidaria e illimitada dos associados, se formarem nos municípios que produzam
no mínimo cem mil arrobas de café por nnno. tendo como objectivo principal o
benefleiamento e venda desse produeto, serão concedidos os seguintes favores :
a) Prémios pecuniários até o máximo de vinte e cinco contos de réis por
município áquellas, que montarem e mantiverem machinismos aperfeiçoado* para
o rebeneficiamento do café, em logar determinado pela maioria dos sócios, podendo
ser fora do município si isto convier aos interosses da cooperativa ;
/') Subvenção annual de seis contos de réis a cuia cooperativa, para instituição
e manutenção, no estrangeiro, de agentes commerciaes, prepostos do sou serviço !
c) Prémios pecuniários correspondendo adous e meio porcento do valor do café
por ellas vendido ao consumidor ou ao retalhista no estrangeiro, servindo de base
para a determinação daquelle valor a média da pauta offlcial do café typo 7 ameri-
cano, no Brazil, vigente nos três raezes anteriores ao da venda ;
d) Prémios pecuniários de mil réis por arroba de café torrado, por ellas di-
rectamente ou por outrem, que for vendido no estrangeiro em estabelecimentos
para esse fim montados em cilades indicadas pelos fiscaes do governo no estran-
geiro e onde não exista, já estabelecida, industria idêntica;
e) Isenção de todos os impostos e sellos estadoaes devidos pela constituição de
sociedades dessa natureza.
§ 1 ." Para a concessão do premio de que trata a lettra— a, premio este que
poderá ser pago adeantadamente e que é dado com o fim de se obterem cafés de
qualidade superior ao typo 7, se levarão em consideração a qualidade e a quan-
tidade do café rebenoficiado, devendo ser o referido premio contado na proporção
de 30U réis por arroba para os typos de 0 a 4, e 400 réis por arroba p;ira os typos
de 3 a 1 .
§ 2." Para que se tornem effectivos os favores contidos nas lettras— c e d
a venda deverá ser provada por meio de certifica lo ou attestado do agente do
governo a quem competir fiscalizar no estrangeiro as operações da cooperativa
vendedora .
Art. 2.° O governo poderá também conceder prémios de quinhentos réis por
arroba de café torrado por particulares que, n is mesmas condições exigidas na
lettra— d e sob a mesma fiscalização, o entregarem ao cousumo, desde que seja
de procedência de uma das cooperativas de que trata este regulamento.
A LAVOURA 117
Art. 3." Dos prémios sobre o café torrado o governo poderá adoantar até o
máximo de dez contos do róis ás cooperativas que montarem, para a venda desse
produoto, casas, geridas directamente por ellas ou por outrem, em local reconhe-
cido conveniente pelo fiscal do governo no estrangeiro.
Si.0 Esse adoautamento será feito em duas prestações iguaes, sendo a pri-
meira á vista do parecer do fiscal do governo e a segunda depois de montada a
torrefacção. Si, depois de paga a primeira prestação, não se realizar a instal-
lação ila casa, o governo descontará a quantia já adoantada nos prémios que tiver
de pagar á cooperativa, em virtude do disposto na lettra— c.
Art. 4." O governo manterá nas praças do Rio do Janeiro, Santos e em outras
que, no paiz ou íóra delle, se tornem necessários, agentes, da nomeação do Pre-
sidente do Estado, para occorrer ao serviço das cooperativas, e estabelecerá nas
mesmas praças .armazéns para o deposito dos productos daquellas.
Art. 5.° O governo emprestará ás cooperativos as quantias de que ellas
necessitarem para a realização de seus fins, até o máximo de vinte e cinco por
cento do valor dos bens que ellas possuirem, livres e desembaraçados de qualquer
ónus legal.
§ 1.° O empréstimo poderá ser feito directamente ás cooperativas, ou por
intermédio de qualquer instituto bancário escolhido pelo governo.
§ 3.° Neste ultimo caso, o governo providenciará no respectivo contracto
para que naquolle instituto os juros dos empréstimos a prazo máximo de um anno
não excedam á taxa de 8 % •
§ 3.° O prazo, juros e condições do empréstimo leito pelo banco ás coope-
rativas serão estipulados no contracto celebrado entre o mesmo instituto de
credito e aquellas sociedades, nas condições ajustadas entre o banco e o governo.
§ 4.° E' vedado ás cooperativas empregarem o producto do empréstimo em
no,:.rocijs ou transacções sob nome collectivo, excepto na compra de material para
acondicionamento da mercadoria.
Art. 6." Além das medidas concretizadas nos artigos precedentes, o governo,
ajuizo seu, promoverá e executará quaesquer outras relativas a regularização
do commercio de café no interior e no exterior, e á propaganda commercial, para
dilatar o seu consumo no estrangeiro.
CAPITULO II
DA SECÇÃO DO CAFÉ
Art. 7." A concessão dos favores de que trata o capitulo I só se extenderá ás
cooperativas que se submetterem á fiscalização do governo.
Art. 8.° Essa fiscalização incumbe á secção denominada «secção do café»,
annexa á Directoria da Agricultura, 'ferras e Colonização, e composta de um fiscal
geral, um chefe de secção, um auxiliar, um escripturarío o um servente.
Art. 9." A' secção do café cumpre velar pela rigorosa execução deste regula-
mento e des estatutos das cooperativas e pela fiel applicação dos auxílios do Estado
ao objectivo dessas sociedades, definido no art. Io.
Art. 10. Ao fiscal geral incumbe :
a) Exercer ampla fiscalização sobre a organização e funecionamento de todas
as cooperativas do Estado, e assistir, sempre que for possível, á suainstallação ;
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
b) Examinar para esse fira a escripturação, documentos e contractos destas ;
c) Eraittir laudo sobre o valor dos bens das cooperativas, sempre que for ne-
cessário ;
di Dar informações e esclareseimentos ao governo sobre a constituição dessas
sociedades, para o fim da approvação dos seu estatutos ;
e) Expor ao governo, em relatório mensal, o movimento, estado e situação das
cooperativas, apontando as faltas e irregularidades existentes e suggerindo provi-
dencias.
Art. 11. Ao chefe da secção incumbe :
a) Responder ás consultas feitas por particulares com relação ao boneficia-
mento e cumraercio do café, publicando no Minas Geraes aquellas que por sua na-
tureza devam sor divulgadas ;
li) Superintender o fazer executar todos os demais serviços congéneres, que
não estejam ospecialmente mencionados neste regulamento, mas que llie forem por
autoridade competente commettidos ;
c) Remettcr ao director de agricultura, devidamente informados, os papeis
que necessitarem sar apresentados a este para o conveniente andamento.
Art. 12. Ao auxiliar incumbo :
a) Substituir o chefe da secção em suas faltas ou impedimentos ;
!') Catalogar convenientemente as amostras de cale que forem enviadas á secção
e mantel-as em exposição ;
c) Executar os serviços que lhe forem determinados pelo chefe da secção.
Art. 13. Ao escripturario incumbe :
a) Fazer a escripturação do movimento de entrada e sabida de objectos na
secção ;
i>) Escripturar as despezas da secção com compra de machinas ou outras, assim
como também qualquer receita que porventura haja ;
c) Cumprir o que lhe for determinado pelo chefe da secção.
Art. 14. Além do pessoal indicado no art. 8o, haverá ainda agentes do gover-
no, instituídos nas praças de exportação do café mineiro e nas do estrangeiro, con-
forme a disposição do art. 4o.
Art. 15. A esses agentes incumbe :
a) Promover o embarque e o desembarque do café, bem como do outros pro-
ductos agrícolas ;
b) Ter sob sua guarda esses géneros nos arraazons de deposito do que trata o
art. 1", ou em outros quaesquer estabeleci mentos em que elles se achem, antes de
serem entregues ás cooperativas ;
c) Entregara estas ou a seus legitimes representantes, na proporção e quanti-
dade era que forem pedidos, o café e os demais produetos agrícolas confiados á sua
guarda na forma da lettra b deste artigo ;
d) Fiscalizar os serviços das cooperativas nas ditas praças, ministrando ao go-
verno, em relatórios mensaes, ioformações minuciosas sobre o seu movimento e
vida comraercial e mencionando nelles todas as oceorrencias que se derem e todas
as faltas e irregularidades que verificarem.
Art. 16. Aos agentes do exterior compete mais fiscalizar as vendas referidas
nas lettras c ed do art. 1° e fornecer ás cooperativas o certificado ou attestado
respectivo.
A LAVOURA
CAPITULO III
SPOSICOISS GKR.í
ArL 17. O governo poderá entrar em accordo com as administrações dos
Estados interessados, afim de ser c.-tabelecida a cobrança do imposto de exportação
no acto de sabida do café ou como for mais conveniente.
Art. 18. O Governo polerá incumbir a pessoas idóneas, até o numero máximo
de três, o de escolha de nomeação do presidente do Estado, a propaganda dentro do
território mineiro, das cooperativas agrícolas e de suas vantagens.
Art. 19. As funcções dos propagandistas durarão o tempo que for conveniente
ajuízo do governo, e serão exercidas nas zonas por este designadas.
Art. 20. Além do exigido no art. 7o, para a cincessão dos lavores constantes
do art. 1", é necessário que as cooperativas tenham os seus estatutos approvados
pelo governo.
Art. vi . Para esse fim ollas enviarão ao Governo um exemplar dos referidos
estatutos, coma prova de haverem sido archivadas no Registro Geral das Hypo-
thecas da comarca respectiva, o documento authentico do acto de sua constituição.
Art. 22. Depois de examinados esses documentos c de obtida a informação de
que trata o art. 10, lettra d, o governo approvará ou não os estatutos.
Art. 23. A violação das disposições deste regulamento acarretará para as
cooperativas a rescisão dos contractos celebrados entre estas e o governo e a perda
dos favoros de que trata o capitulo I.
Art. 24. A despeza com os serviços creados pela lei n. 454, de 6 de setembro
do 1907, será feita com o producto da sobretaxa de três francos por sacca do café
exportado, mantida a sua cobrança emquanto perdurar a crise desse gonero e des-
tinada ella exclusivamente ao custeio desses serviços e do credito agrícola.
Art. 2."). Os serviços constantes deste regulamento correrão pela Directoria do
Agricultura, Terras e Colonização da Secretaria das Finanças do Estado.
Art. 20. Os empregados da secção do café, bem como todos os outros referidos
neste regulamento servirão como contractados o serão conservados emquanto bem
servirem e for necessário o seu serviço.
Os seus vencimentos annuaes serão os seguintes
Fiscal geral do serviço do café.
Chefe da secção
Auxiliar
Escripturario
Agente no Brazil
Propagandistas no Estado . .
Serventes .......
000$^00
000$000
500$000
200$000
OOOiOOO
6005000
960â000
Os agentes no extrangeiro terão os vencimentos constantes dos respectivos
contractos, não podendo exceder do 12:000$ anuuaes.
§ l.'J Além desses vencimentos terão o liscal geral a diária de 15$, o chefe da
secção a de 14$ e os propagandistas no Estado a de 8s, quando om viagem exigida
por serviço publico.
SOCIEDADE NACIONAL DF, AGRICULTURA
Art. 27. 0 presente regulamento ontrará em vigor desde a data de sua publi
cação.
Art. 88. Rovogam-se as disposições em contrario.
Secretaria das Finanças do Estado de Minas Geraes, em Bello Horizonte, aos •
de janeiro de 1908.— O secretario de Estado, Manoel Thomaz de Carvalho Brilto
Forragem tle caima, — Canna secca triturada —
Invenção ti© Jardim «fe Oomp.— A canna secca triturada con-
serva a canna de assucar, da-lhe uma forma mais adaptada aos effeitos indus-
triaes já em uso e a diversas outras applicacões novas, especialmente á forragem,
e facilita o seu acondicionamento e transporte.
A canna sazonada, recentemente cortada, é triturada, re luzida a fragmentos
e, em acto continuado, submettida ao calor — em estufa ou ao sol — até com-
pleta evaporação da agua, que contém, para sor offerecida ao consumo nas
mesmas condições dos seccos em geral,
Existe em adiantada construcção, em uma fundição desta capital, o primeiro
exemplar de um apparelho, combinado para triturar e enxugara canna, trans-
formando-a no novo producto da invenção de Jardim & Comp.
Na operação, para obter a verdadeira canna secca triturada, cumpre haver a
maior solicitude para empregar sempre canna madura e fresca e evitar que, por
demora, desassoio ou indueneia estranha qualquer, se dè inversão da saccharose,
independentemente do emprego dos correctivos alcalinos e sulfurosos, que só em
casos excepcionaes devem sor empregados,
A canna é que, no estado natural, uma vez cortada, em poucos dias entra
em inversão do seu assucar e, logo após, em fermentação — , desde que se ache
beneficiada pelo nosso processo, tondo-se-lhe evaporado toda a agua e volatilizado
a chlorophyla, fica preservada da fermentação, ao passo que conserva todas as
suas outras propriedades, podendo ser guardada por tempo indeterminado sem
prejuízo do aproveitamento da sua riqueza em qualquer applicação útil na própria
região em que floresceu ou longe, onde porventura, á industria o ao commorcio
convenha leval-a ao encontro de apparelhos aperfeiçoados, mão de obra e capital
abundantes e baratos.
Transformada em canna secca triturada, a preciosa gramínea apropria-se a
ser embalada com vantagem para o seu fácil manejo, favorável transporte e
commoda armazenagem .
Pela mesma suppressão da parte aquosa, mais de 70 % do seu primitivo peso,
a canna secca triturada, importa uma reducção equivalente nos encargos do seu
frete, carreto e movimento em qualquer uso industrial.
Pela uniformidade de corpo triturado e homogéneo a canna é predisposta a
qualquer operação fabril de maceração, dediffusão e mesmo de expressão.
Nas applicacões em que o bagaço tenha de ser aproveitado pela sua capacidade
calorífica, a canna secca triturada offerece um combustível superior que inflamma
com mais promptidão, permitte estreitar as portas de alimentação das fornalhas
o proporciona queda mais regular de cinzas.
A LAVOURA
Na confecção de vinagres, vinhos, cervejas e, em geral, em todas as indus-
trias em que os rosiduos possam ser destinados á estrumagão, a canna secca tritu-
rada apresenta para adubo um bagaço mais assimilável, por isto mesmo que ó
triturado.
Quando o industrial tenha do procurar na parte lenhosa da canna a principal
utilidade, como na fabricação de papel, do explosivos, etc, a conna secca triturada
impõe-se de preferencia, como um corpo leve quasi pulverizado.
Além de todas essas applicações — novas algumas, já conhecidas outras — ,
a que nos temos referido, sobreleva uma que constituo a grande novidade da canna
secca triturada, o nosso principal objectivo, do mais relevante alcance pratico e
immediato — a alimentação de todos os animaes domésticos, instituindo uma for-
ragem de superior qualidade e preço módico que deaominamos forragem de canna,
destinada a substituir, com vantagem a qualquer outra de proceiencia estran-
geira, som excepção da própria alfafa, ou nacional, para base do regimen estabular,
A forragem de canna contendo todas as propriedades da canna fresca, com
excepção da agua e da chloropliylaa, constitue uui alimento concentrado e rico de
assucar que offerece uma nutricção solida, facilitando ao mesmo tempo uma di-
gestão regularizada, sem as frequentes perturbações a que o abuso das forragens
verdes sujeitamos animaes.
A riqueza saccharina da forragem de canna, superior a 50 % do seu peso, pois
a canna contém até perto de 20 % e na sua transformação em forragem perde
mais de 70 % de agua, dá-lhe um valor inestimável e a colloca fora de linha
como forragem, pois o assucar cahindo no estômago, ô quasi immediatamente
aproveitado para augmento das matérias gordurosas e nutritivas e tem admirave'
poder na engorda e na nutrição dos ossos.
Com a eliminação da agua a forragem de canna corrige se do defeito
das gramíneas forrageiras em geral — o de não ser possível comerem os aDi-
maes tanto delias quauto exige a manutenção da força de seu corpo — ao passo
que o seu abunlante assucar, unctuosidade o maciez provocam salivação prompta,
abundante e emoliente, dádhe passagem suave polo esophago e fácil digestão
estomacal.
Por ser um corpo triturado e macio, a forragem de canna, além de ser isenta
do inconveniente de engasgar o animal, como o farelo de trigo, não maltrata-lhe
abocca callejando-a e ferindoa, como se dá com o capim ea própria canna cortada
à machina a golpes transversaes, de contacto sempre áspero que apresenta, as
vezes, pontas acudas e até gumes afiados.
Em exames comparativos que fizemos proceder no Laboratório de Analyses
Chimicas da Escola Polytechnica o na Casa da Moeda, a superioridade da forragem
de canna sobre a alfafa ficou evidenciada pela sua maior quantidade de substan-
cias alimenticias e digestivas.
Diversos factores determinam o valor de uma forragem, mais incontesta-
velmente o que não illude, o que decide em primeiro logar é o seu consumidor —
o próprio gado. Os bois, oscavallos, os muares, os suinos: todos os animaes do-
mésticos, acceitam com satisfação e de plano a forragem de canna.
Praticamente o valor da forragem de canna se observa nos engenhos de as-
sucar, onde no período da mo.igem, que coincide com a estiagem, os animaes
alimentam-se quasi exclusivamente dos resíduos da fabricação, e não só resistem
SOCIEDADE NACIONAL DE AHKiniLTUUA
galhardamente ao trabalho forçado da campanha da colheita, cjmo engordam á
vista de olhos, afinam o pello e apresentam vivacidade notável. Não ha uo
Brazil cavallos tão fortes e resistentes como os da zona assucareira do norte, e ao
sul se assemelham muito a elles os do municipio assucareiro de campos.
Circumstancia dignado nota: as vaccas de leite dos engenhos de assucar, que
durante mais de metade do anno se alimentam, principalmente dos residuos da
canna emprega la na fabricação, são imraunos da tuberculose, tão commum nos
estábulos em geral.
As novas applicações a que por essa invenção so adapta a canna— as cervejas,
a pólvora sem fumaça, e principalmonte, a forragem— constituem beneficio real e
patriótico, pois nenhuma outra lavoura reúne taes condições de lloroncencia em
todo o território do Brazil, do littoral ao alto sertão, nas cabeceiras do Prata ou na
foz do Amazonas, qual esta, que já constituiu a principal fonte do ronda do paiz e
ainda hoje o continua ser em diversos Estados, resistindo na luta desigual com a
beterraba dptada de mão de obra abundante e baraate e armada de todos os artificio
o favores da industria e capital europeu.
Mas, a transformação da preciosa praminea, em rica forragem, vae levar con-
forto aos ílagellados habitantes da zona agrícola o da região criadora do Norte.
O sertanejo criador terá nella uma alimentação faria a enceleirar no bom tempo,
acautellando-se para periódica épocha das vaccas magras e o senhor da engenho,
quando o preço do sacco de assucar, nas crises amiudadas do meivaio, não lhe re-
munerar o custo da producção, poderá explorar a industria de criar, refazer e en-
gordar gado, ensaccar a sua canna de assucar no porco, no boi, no cavallo e fa-
zel-a caminhar a quatro pés para as feiras e mercados.
Resumindo, como constitutivos do privilegio o seguintes
CARACTERES
Io, triturar a canna para, em fraumentos triturados, applical-a a qualquer
utilidade industrial, jà conhecida ou nova.
2o, seccaracanna triturada, ou machucada ou desfibrada oti moida, para con-
serval-a ou transportai a á distancia.
Z", embalar a canna secca triturada, ou machucada ou desfibrada ou moida,
comprimindo-a em blocos saltos, ou amarrados com cordoalha ou aramo, ou guai'-
nocidos com tola de qualquer natureza.
4o, ensaccar a canoa s icca triturada, ou machucada ou desfibrada ou moida.
5o, applicar a canna secca triturada, ou machncada ou desfibrada ou moida, a
qualquer industria ou uso.
6o, fazer da canna forragem secca para alimentação dos anoimaes.
7o, a denominação de '•canna secca triturada" que damos ao nosso produeto.
8°; denominação especial de "forragem de canna" que damos ao nosso me3mo
produeto quando destinado á alimentação dos animaes.
Exportação de rumo jielo lCstaclo cio liio GS-x-íiiicle tio
]>íoi-te
Kuogrammas
1900 000 450$000
I00Õ 4.256 2;788$000
1904 Í6.992 2R:992$000
1903 300 45OSO0O
1905 3.600 4:9-0.^000
1901 5545 3:780*000
A. manufactura cio rumo n.» Bahia
RELAÇÃO DAS FABRICAS DF. CIGARROS, CHARUTOS E DEPÓSITOS EXISTENTES NOS DIS-
TRICToS ABAIXO INDICADOS, C0MPREJ1ENDID0S NO LANÇAMENTO HO IMPOSTO DE
INDUSTRIA E PROFISSÃO DO EXER' ICIO DE 19116.
DJSTK1CTOS
NOMES
RUAS
Conceição. . .
Mares ....
Fabricas de cigarros
Manoel Pacheco
Mesquita & Comp
Bastos & Maia
Leite & Alves
Martins Fernandes & Comp. .
.José Pereira & Comp. . . .
Rua Manoel Victorino.
Corpo Santo.
Mercado de S. João.
Rua da Calçada.
Largo dos Mares.
Brotas. . . .
Fabricas de charutos
Viuva Machado
Rua das Sete Portas.
Conceição . . .
Depósitos
Francisco V. de Mello.
Paulino Lopes Carneiro
C. Mello & Comp. .
Cezar Augusto & Maia.
M. da Silva Ferreira .
Rua da Alfandega.
Merca io de S. João.
Rua de Santa Barbara.
Travessa do Garapa .
Rua Formoza.
Dannemann & Com. .
F. Ferreira & Comp.
» das Priucezas.
» » »
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTORA
Relação das fabricas de charutos existentes no districto da collectoria da
cidade de S. Félix — Bahia
o
ORDEM
SITUAÇÃO
PROPRIETÁRIOS
1
2
3
4
5
6
7
8
Ia ordem
1» »
ò" »
6a »
1» »
3" »
6» »
S. Fclix
Muritiba
Dannoraann & Comp.
Costa Ferreira & Penna.
Stonder & Comp.
Manoel Pedro Barreto.
Francisco Pereira & Comp.
Dannomann & Comp.
Alberto Waldliein.
Exportação de charutos no Estado da Bahia, no quinquénio 1902-1906
ANNOS
VOLUMUS
CHARUTOS
VALOR OFFICIAL
1902
1903
4.340
5.001
4.932
5.5H2
44.172.C07
51.861.395
52.437.1 ir,
60.714.756
62.116.355
1.198:323$067
1.367:0281120
1904
l.::s0:75::^si
1.036:748$0'.K)
1.672:073$240
5.675
Exportação de fumo no Estado da Bahia, no quinquénio 1902-1906
ANNOS
VOLUMES
PESOS
VALOR OFFICIAL
1902
1903
1904
1905
1906
602.925
311.836
330.950
258.509
316.031
43.447.770.500
21.020.110
23.137.794.500
17.904.052
22.757.460
20.497:126*045
12.889: 7 1 C$582
10.837:004$430
8.564:014$465
10.736:095$207
Directoria das Rendas da Babia, 29 de agosto de 1907, Flaviano Cunha Freire,
escripturario.
^ã^-jjH^€«-
PARTE COMMERCIAL
Março s abril de 1908
Café
Venderam-se 172.000 saccas contra 160.000 do anterior.
Entraram 176.861 saccas contra 293.162 no mez passado.
Embarques — 274 719 .saccas contra 281.637 no mez anterior.
Existência no dia 15 — 435.844 saccas contra 493.368 no dia 29 de fevereiro.
Existência no dia 31 — 392.510 saccas contra 435.844 do dia 15.
As cotações foram :
1* quinzena
Por arroba Por 10 kilos
Typo n. 6 5$400 a 5$500 3$676 a 3$744
» » 7 5*100 » 5$200 3*472 » 3$540
» » 8. ..... . 4$900 » 5$000 3$336 » 3$404
» » 9 4$700 » 4$800 3$200 » 3$268
5a quinzena
Por arroba Por 10 kilos
Typo n. 6 5$200 a 5*500 3*540 a 3$744
» » 7 4$900 » 5*200 3$336 » 3$540
» » 8 4*700 » 5$000 3$200 » 3$404
» » 9 4*500 » 4$800 3$064 » 3*268
As entradas no Rio de Janeiro foram :
Estrada de Ferro Central do Brasil 50.421
Cabotagem 20.172
Barra Dentro 105.268
Vigoraram para o typo 7, do 3$400 a 3*600 por 10 kilos contra 3*550 a 3$650
do mez anterior.
Na Bolsa registraram-se três preços, na primeira quinzena, 5.90 c. em 7 e 9 ;
5.85 c. em 2, 3, 4, 6 o 10 ; 5.80 c. nos outros dias ; na segunda quinzena, 5.80 em
16 e 17 ; 5.75 nos dias 18 o 19 ; 5.85 no dia 20 ; 5.80 no dia 21 ; 5.65 no dia 23 ;
5.70 nos dias 24 e 25 ; 5.75 nos dias 26, 27 e 28 e 5.70 nos dias 30 e 31 .
A-tox-il
Venderam-se 180.000 saccas contra 173.000 no mez anterior.
Entraram 146.773 saccas contra 185 863 no mez anterior.
Os embarques foram do 160.006 saccas contra 483.277 no mez anterior.
SiOIKHADE NACIONAI, HE A(',lilf:i;i/n HA
Existência no dia 15 de abril 403.405 saccas contra 392.510 no dia 31 de
marro.
Existência nu dia 30 de abril 372.277 saccas contra 40:;.4u5 no dia 15 de abril.
COTAÇÕES
1" quinzena.
Por arroba
Tnr 111 leiloa
6. . .
. . . 5$200 a 5S500
3$540 a 3$744
7. . .
. . . 4$900 » 5$2O0
. . . 4$700 •■ 4$900
3$336 » 3$540
3$200 « 3$336
::s034 » 3$200
» »
. . . 4s500 » 4$700
2' quinzena
Tor arroba
Por 10 kilos
. . . 5s400 a 5S«00
3$676 a 3$949
7. . .
8. . .
. . . 5$ 100 * 5s500
. . . 4$300 » 5$200
. . . 4$600 » 5$000
3$472 » 3S744
3$268 » 3$540
3$ 132 » 3$404
Em Nova York, o Lypo 7, disponível, cotou-se na primeira quinzena a 6 c. por
libras e do dia 16 ao dia 28, continuou com a mesma cotarão, sendo cotado a 29 o
a 30 do moz a 6 '/10.
Na Bolsa registraram-se os seguintes preços: 5.70, nos dias 1 a 4 ; 5.65, nos
dias r,a 11; 5.60, nos dias 13 a 15 ; 5.1,0 nes dias 16 a 25 ; 5.70, a 27 ; 5.80, era
28 e 29 e 5.75, no dia 30.
As entradas do Rio retalhadamente foram :
Estrada de Ferro Central do Brazil 47.576
Cabotagem 9.199
Barra Dcntr, 89.938
Total 14*5.773
Géneros importados em março e abril
Qualidade Quantidade Preços
Banha americana . . . 14.150 barris .... s700 a $720 a libra
» .... 150 caixas .... 1$200 a ls220 a de lata
Farinha de triío . . . 47.137 barricas. . . .
MARi O
/-1 quinzena
Americana (barrica) . . .
» (sacca) — Não ha.
A LAVOURA
Rio da Prata:
Primeira qualidade 24$0j0
Segunda » 23Ç000
Terceira » 21 $500
Moinho Ingloz:
Nacional ■ 24$000
Brasileira 23«£00
Buda-Nacional 25$200
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 24$000
O. O ... • 23S000
2» quinzena
Americana (barrica) 25$000
» ísecca) — Não ha.
Rio da Prata:
Primeira qualidade 24$500
Segunda » 23*500
Terceira » • 2ã$Òd 1
Moinho Inglez:
Nacional 83$500
Brasileira . 22$700
Buda-Nacional 24S700
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 24$000
O. O 23S000
ABRIL
fi quinzena
Americana (barrica 25$Ó00
» (sacea) — Não ha.
por 2 saccas
Rio da Prata:
Primeira qualidade 23&500
Segunda » 22$500
Terceira » 21$000
Moinho Inglez:
Nacional 23$500
Brasileira 22$700
Buda-Nacional 24$700
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 23$5G0 a 24$000
O. O 3*4500 » 23$900
3124 9
Ií8 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
MARÇO
Manteiga — 1.945 caixas :
i* quinzena
Demagny, Isigny (latas sortidas) 2$550 a 2$560
Brétel Fròres (latas sortidas) 2.^2r,o » 2$300
Lepelletier 2$520 » 2$540
Modesto Gallone (sortidas) 1 $850 » 1$950
Esbousen — Não ha.
L. Bruni 2$560 » 2$600
Busck Júnior â$500 » 2$540
Mosdst 2$200 » 2$250
Outras marcas 1$850 » 2$000
A nacional vendeu-se de 3$ a 3$600 e a do Sul de 2$200 a 2$500.
2& quinzena
Demagny, Isigny (latas sortidas) 2x540 a 2$560
Brètel Frères (latas sortidas) 2$300 » 2$350
Lepelletier 2$500 » 2$320
Modesto Gallone (sortidas) 1$850 » 1$950
Esbousen — Não ha.
L. Brum 2$580 » 2$600
Busck Júnior 2$500 » 2$520
Mosdst 2$200 > 2$250
Outras marcas 1$850 » 2$000
ABRIL
Ia- quinzena
Demagny, Isigny (latas sortidas) ã$540 » 2$55ú
Brétel Fréres (latas sortidas) ã$300 » 2$350
Lepelletier 2$500 > ã$520
Modesto Gallone (sortidas) 1$850 » l$950
Esbousen — Não ha.
L. Brura 2s5:>0 » 2$5S0
Busck Júnior 2$500 » 2s520
Mosdst 2$2Cn > 2$220
Outras marcas l$800 » 2$000
A nacional veudeu-se: a de Minas de :;s ;J0 a 3$S00 e a do Sul de 2s-'0ú
a 2$50O.
i"- quinzena
Os preços foram os seguintes:
Demagny, Isigny (latas sortida<) 2$520 a 8$530
Brétel Fròres (latas sortidas) 2$300 » 2$320
Lepelletier 2$ 480 » 2$
Modesto Gallone (sortidas) 1$850 s> 1$900
A LAVOURA
L. Brum . . .
Busck. Júnior. .
Marclet. . . .
Outras marcas .
A nacional vendeu-se:
2*500.
2*550 » 2$560
2$400 » 8$450
2$200 » 2$250
I$800 » 2$000
do Minas de 3$400 a 3.S600 o a do Sul do 2$200
Géneros nacionaes
A-S" uardente
As entradas na primeira quinzena furam pequenas, ao mesmo tempo que o mer-
cado consorvou-se com alguma procura e sahidas regulares. Assim sua posição
tornou-se firme, dando-se alta nos preço*.
Na segunda, conservou-se firme augmentando depois as oliertas do género a
chegar, os preços baixaram, sem que os negócios se tornassem animados.
1
a quinzena
pipa de 480 litros, base de 20 gráos:
Campos 175S0OO a 180$000
Angra . . .
190$0ú0 » 195$000
Paraty . . .
195$000 » 2()0$000
Maceió . .
185$000 » 190$000
Aracaju .
185$0OO » 190*000
Pernambuco
185$000 » 190|000
Bahia. . .
180$000 » 1*5*000
Parahyba .
185*000 » 190$000
Laguna . .
170$000 » 175*000
Itajahy . .
170$000 » 175$000
Mangaratiiu
190|0 >0 » 195$00J
Paranaguá .
1 70.5000 > I75$000
" quinzena
Campos
170$000 a 175$000
Angra . .
180$000 > 185$000
Paraty . .
185$000 » 190$000
Maceió . .
I75$000 » 1'":-
Aracaju . .
175$O0O » 1S0$000
Pernambuco
I75$000 » 180s000
Bahia. . .
17OSOÕ0 » 175$000
Parahyba .
175$000 » 180$000
Laguna . .
. 170$000 » 175*000
Itajahy . .
. 170$000 » 175$000
Mangaratiba
. .
180$000 » 185$000
Paranaguá .
170$000 s> 175$000
!DADE MAC10NA]
Álcool
Na primeira quiazoua o mercado mantove-se om boa posição do estabilidade,
tendo os preços obtido ligeira alta. A procura do ganoro foi mais desoa volvi da
com sinidas regulareis. Na segunda houve baixi 1103 preços, mostrando-se o mer-
capo bastante indeciso.
V" quinzena
As cotações foram as seguintes, por pipa, sem casco:
40gráos. . . , 205$000 a 300$000
S8 » 280|000 » 285$000
36 » 270$000 > 275$000
2a quinzena
40 gràos 290$000 a 295$000
38 » ãTõ^OOO > 280$0u0
36 > 265$O0O > 2?0$000
Algodão em rama,
Esteve até o dia 15 muito calmo o mercado deste producto, tendo-se realisado
vendas a preços em grande disparidado com os centro3 produetores. Na segunda
quinzena as noticias de Liverpool foram muito desanimadoras ; aqui os preços
sustentaram-se bem.
í" quinzena
Fardos
Existência no dia 15 de fevereiro 10.365
Entradas :
Pernambuco 7. 103
Parahyba 4.310
Mossoró 2.281
Assú 1.923
Maceió 1-450
Natal 1.036
Ceará 300
Maranhão 199 18.632
28.997
Sahidas dos trapiches 10.037
Existência no dia o 1 18.960
Preços :
Pernambuco I 2$ 3 00 a 12.^00
Rio Grande do Norte 12$000 » 12$ 100
Coará 12$000 » 12J400
Parahyba 12$000 » 12?100
Penedo — (Nominal),
Sergipe — (Nominal) .
2a quinzena
Fardos
Existência no dia 29 de fevereiro . , 12.945
Entradas :
Mossoró 2.1 12
Pernambuco 2.020
Assú 1.200
Natal. 1,148
Parahyba 300
Coará 300
Maceió 300
Maranhão 135 7.51o
20.460
Saliidas dos trapiches 10.095
Existência, no dia 15 ■ ■ 10.365
Pregos :
Pernambuco 12$300 a IE$600
Rio Graude do Norte 12s300 >• l?s<>0i>
Ceará 12.S300 » lã$600
Parahyba 12$300 » Lã$600
Penedo— (Nominal),
sorgipe — (Nominal).
Assucar
Os supprimentos continuaram avultados na primeira quinzena, tendo os preços
soffrido baixa e maior parto do movimento realisado para liquidações. Na segunda
quinzena esteve indeciso esto mercado.
Os preços regularam como so segue :
P quinzena
Pernambuco :
Branco usina $550 a $560
» crystal y555 » $565
» 3a sorte s525 » $530
Crystal amarello $4(30 » >?470
Mascavinho $400 » $460
Somenos s450 » $460
Mascavo bom $340 » $350
» regular $335 > $340
Sergipe :
Branco crystal S530 » $550
Mascavinho $380 » $460
Mascavo bom $349 >» s350
» regular $330 » $335
Branco crystal $550 » $560
Mascavinho $440 » .s450
132 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Bahia :
Branco crystal* $570 » $590
Santa Catharina :
Mascavinho $360 » $380
2a quinzena
Pernambuco :
Branco usina $550 a $500
» crystal s530 » $510
» 3a sorte $520 —
Crystal amarello $440 a $470
Mascavinho $360 » $400
Somenos $420 » $430
Mascavo bom $340 » $350
> regular . s32ô » $330
Sergipe :
Branco crystal $530 » $550
Mascavinho ^360 » $450
Mascavo bom S340 » s350
» regular 8325 » $330
Campos :
Branco crystal s5:íõ » s540
Mascavinho $380 » $420
Bahia :
Branco crystal s550 » $570
Santa Catharina :
Mascavinho $350 » $370
Cerea.es
ía quinzena
Feijão preto de Porto Alegre novo . . . . 18$000 » 1 8$500
» velho 15$000 » 16$000
» » de Santa Catharina .... — » 17*000
» do Paraná — Não ha.
» mulatinho . . . 19$000 a 20$000
* manteiga 22$000 » 24$000
» enxofre 18$000 » 20$000
» de cores, nacional 1 4$000 » 16$000
» branco, estrangeiro 20s000 » 2I$000
» amendoim » — 19$000
Farinha de mandioca especial 0$000 » 9$400
> » » fina 8$000 » 8$500
» » > peneirada .... 7$600 > 7$800
» » » do Norte — —
> » » grossa, Laguna . . 6$500 » 6$800
> » » Porto Alegre . . . 6$800 » 7$000
A LAVOURA
Arroz nacional 25$000 > 28$000
» inferior 18$000 > 22$000
Milho amarello, do norte — Não ha.
> » da terra 7$000 » 7$400
» branco » » . 6$500 » 7$000
Amendoim em casca 8$000 » 8$500
Cangica . . . • 15$000 » 17$000
Favas U$000 s» 11$500
Kílograroma
Alpiste $360 a $400
Batatas nacionaes $160 » $200
» estrangeira — Nominal .
Fubá de milho $130 » $200
Maite em folha . . . $400 » $500
Tapioca $300 » $360
Polvilho • . . . . -S200 » $220
Carne de porco $960 » 1$000
Línguas do Rio Grande (uma) 1$200 » 1$400
2* quinzena
Feijão preto de Porto Alegre novo .... 18$000 a 18?500
» velho — —
» » Santa Catharina — 17$000
> Paraná — Não ha.
» mulatinho 20$000 » 21 $000
» manteiga 26$000 » 28$000
» onxofre 18$000 » 19$000
» de cores, nacional 14$000 » 16$000
» branco extrangeiro 20$000 » 21$000
» amendoim extrangeiro — l'.)$000
Farinha de mandioca, especial 9$000 a 9$500
» r, » fina 8$000 » 8$500
» » peneirada 7$600 » 7$800
> » mandioca do norte. . . .' . — —
» » » grossa, Laguna. . . 6$500 » 6$800
» » > » Porto Alegre. 6$800 » 7$000
Arroz nacional 25$000 » 28$000
» inferior 18$000 > 22$000
Milho amarello, do norte — Não ha.
» » da terra 7$000 » 7$20O
» branco » » 6$500 » 7$000
Amendoim em casca 8$000 » 8$200
Cangica 14$000 » 16$000
Favas 11$000 » 15$500
Kilogramma
Alpiste $360 a $400
Batatas nacionaes $160 » $200
» estrangeira — Nominal.
134 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Fubá de milho $130 » $200
Matte om follia $40u » $500
Tapioca — —
- Polvilho $200 » $220
Carne de porto 1$000 » IslOo
Línguas do Rio Grande (uma) I$lu0 » 1$300
Fumo eui rolo
O mercado esteve estável, realisando-se negócios regulares, com pequenas
alterações nos preços. O movimento da segunda quinzena foi mais ou menos desen-
volvido, sem alteração nas cotações da quinzena anterior.
As cotações foram:
i" quinzena
Do Minis, especial 1$600
» superior Is400
» segunda 1$800
» ordinário 1$000
Goyano superior . 2$400
» segunda 1$700
Baixo — Nominal.
Rio Novo, superior 8$400
segunda li^OO
» baixo 1$200
Pomba, superior I$600
» segunda 1*200
» baixo — Nominal.
Carangola 1$500
Pieú, especial 2$800
» primeira 2$000
» segunda 1$200
Bahia IslOO
Pernambuco — Não ha.
2K quinzena
De Minas, especial ]$G00
» superior ]$400
» segunda 1$200
» ordinário ]$000
Goyano, superior • . . . . 2$400
» segunda . 1$700
» baixo— Nominal.
Rio Novo, superior 2$400
» segunda l$800
» baixo 1$200
Pomba, superior 1$600
» segunda 1^200
> baixo — Nominal.
A LAVOURA 13".
Carangola lijSOO
Picii, especial 2?800
>» .primeira 2$000
» segunda 1$200
Bahia 1$100
Pernambuco — Não ha.
Fumo em folha : Rio Grande, de 15$ a 2o$000.
Sal: entraram 3.283.506 por cabotagem do nacional que so cotou de 1$900
a 2x000.
AHRIL
A.g-ixa.i.*clento
Na primeira quinzena, o mercado de aguardente esteve frouxo e indeciso, sendo
de suppor que se registre baixa nos preços ; as remessas foram regulares.
Na segunda quinzena, continuou apathica tendo se realisado algumas vendas
de pouca importância. Nessa mesma quinzena recebeu-se noticia da frouxidão do
mercado do norte, de onde teem vindo offertas baixas e desencontradas.
Os preços por -18 litros regularam :
Va quinzena
Campos 165$000 a 170$000
Angra 175$000 » 180$000
Paraty 165$000 » 170$000
Maceió 165$000 » 170$000
Aracaju lf..r>$O0O » 170$000
Pernambuco 170$000 » I75$000
Bahia lc.5.§000 » 170$000
Parahyba ÍOÕ^OOO » 170^000
Laguna lr.5$000 » 170$000
Itajahy . 170$000 » 175$000
Mangaratiba 175$000 » 180$000
Paranaguá 165$000 » 170S000
2a quinzena
Campos 100$000 » 165S000
Angra 170$000 » 175s000
Paraty 175$000 » 180$000
Maceió 160$000 * 165$000
Aracaju 160x000 » 165$000
Pernambuco 1<15$000 » 170$000
Bahia 1 õõ$000 » 100$000
Parahyba 160$000 » 105$000
Laguna 160$000 » 1 050000
It-ijahy KiiisOOO » 105$000
Mangaratiba 170$000 » 175^000
Paranaguá 160$000 » 165$000
3124 10
136 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Álcool
Os compradores estiveram durante a primoira quinzena um tanto afastados,
aguardando futuras evoluções do mercado; na segunda quinzena notou-se pouca
procura para novos negócios, e os preços estiveram fracos o fecharam com baixa.
í* quinzena
Por pipa sem casco:
40 gráos 280$000 a 290$000
38 » 270$000 > 280$000
36 » 260$000 > 270$000
2* quinzena
40 grãos 250$000 a 250$000
38 » 235$000 » 240$000
36 » 225$000 » 230$000
Alyoilão em rama
As noticias de Liverpool continuaram a ser desanimadoras ; apezar disso os
preços sofifreram ligeira baixa por serem insignificantes as entradas nos portos de
embarque do norte.
Na segunda quinzena continuaram muito desanimadoras as noticias do estran-
geiro.
/a quinzena
Fardos
Existência no dia 31 de março 18.960
Entradas :
Pernambuco 3.829
Parahyba 1.970
Ceará 1.700
Mossoró 1.350
Natal 200 9.049
28.009
Sahidas dos trapiches . . • 1 1 . 177
Existência no dia 15 de abril 19.832
Preços :
Pernambuco 12S000 a 12$300
Rio Grande do Norte 12$000 » 12$300
Ceará 12$000 » 12$300
Parahyba. . • Il$800 » 12$000
Penedo — Nominal.
Sergipe — Nominal.
A LAVOURA
2» quinzena
Fardos
Existência no dia 15 10.83:2
Entradas :
Maranhão 1.771
Pernambuco 1.636
Parahyba 1.236
Ceará 751
Assú 491
Piauhy 25 5.910
22.742
Sahidas dos trapiches 8.436
Existência no dia 30 14.306
Preços :
Pernambuco 1 1$500 a 12$000
Rio Grande do Norte 11$500 » 12$000
Ceará 1 1$500 » 12$000
Parahyba 11$500 » 11$800
Penedo — Nominal.
Sergipe — Nominal.
Assucar
Na primeira quinzena de abril o mercado esteve frouxo, soffrendo os preços
baixa em tudas as qualidades. Os únicos negócios dignos de nota foram feitos em
crystaes amarellos, e um lote de mascavos.
Durante a segunda quinzena o mercado deste producto esteve bastante movi-
mentado, realisando-se transacções em todas as qualidades, cujos prejos foram
elevados, fechando, porém, calmos.
Os preços do mez continuaram como se segue :
1& quinzena
Pernambuco:
Branco usina — Nominal.
Dito crystal $510 a $580
Dito 3a sorte — » $500
Crystal amarello $440 » $460
Mascavinho $360 » $460
Somenos — Nominal.
Mascavo bom $315 > $320
Dito regular — » $310
Dito baixo — —
Sergipe:
Branco crystal $500 > $520
Mascavinho $360 » $450
Mascavo bom $315 > $320
Dito regular — $310
Dito baixo — $300
18 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Campos:
Branco crystal S500 » $520
Mascavinho $260 » $380
Bahia:
Branco crystal — $530
Santa Catharina:
Mascavinho — —
2"- quinzena
Pernambuco :
Branco usina $530 a $540
Dikx-rystal $520 » $540
Dito 3" sorte $510 » $530
Crystal amarello $450 » $460
Mascavinho $400 » $480
Somenos $-120 » $440
Mascavo bom $335 » $320
Dito regular $330 » $335
Dito baixo $320 » §325
Sergipe:
Branco cry.stal $510 » $540
Mascavinho $410 » $460
Mascavo bom $335 » $340
Dito regular $330 » $335
Dito baixo $320 » $325
Campos :
Branco crystal $520 » $53C
Mascavinho. . . , — —
Bahia:
Branco crystal $540 » $550
Santa Catharina:
Mascavinho $300 » $380
Oereaes
Ia- quinzena
Sacco
Feijr.o preto de Porto Alegre, novo. . . . 18$500 a 19$000
;> velho — —
» de Santa Catharina 17$000
» do Paraná 17$000
» mulatinho 21$000 » 22$000
» manteiga 26$000 » 28$000
>. enxofre 20$000 > 21$000
» de cores, nacional 14$000 » 16$000
» branco oxtrangeiro — 20$500
» amendoim » — 19$000
A LAVOURA
Farinha, do mandioca ospecial I0,j;500 » 1 1$500
» » » fina 10$500 » 11$000
» peneirada 9$000 » 10$0>»
» do Norte — —
» grossa, Lagana 7$800» 8{000
» » Porto Alegre 7$800 » 8$000
Arroz nacional 22$000 » 25$000
» interior 14$OO0 » 18|000
Milho amarello do norte — Não ha.
» » da terra 7$000 » 7$800
» branco » » 6$600 » 6$00)
Amendoim em casca 7$500 » 7$000
Cangica I6$OOo » 18$000
Favas 11$500 » 12$000
Kilograinma
Alpiste $360 a $380
Batatas nacionaes $140 » $160
i> estrangeiras — Nominal.
Fubá de milho $140 » $180
Matte em folha $400 » $500
Tapioca — —
Polvilho ... $300 » $220
Carne de porco $9J0 » LsOOO
Línguas do Rio Grande (uma) 1x100 » 1$300
Sacco
Foijão preto de Porto Alegre, novo. . . . 18$000 a 18$5O0
» velho — —
» » de Santa Catuarina 17$003 » 18$000
do Paraná 17,s000 » I8$O00
» mulatinho IOsOjO » 20$000
» manteiga 2ô$000 » 28$000
» enxofre 19$000 » 20$003
» de cores, nacional 14$000 » l(i$000
» branco, estrangeiro 18$000 » 20$000
» amendoim, » — 18$000
Farinha de mandioca, ospecial 1 0** 00 » 11 $000
» » » tina 9$000 » 9$500
» » » peneirada 9$000 » 9$500
» » » do norte
>. >■ » grossa, Laguna ... r,$500 » 8$000
» » » » Porto Alegre . 6$500 » 8$000
Arroz nacional 23$000 « 27$000
> intui ior 14$000 » 18$000
Milho amarello. do norte — Não lia.
» » da turra 0$õ00 » b$800
>» branco da terra 6*000 » 6$200
liO SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Amendoim em casca 7$000 » 7$2000
Cangica 15$000 » l(i$000
Favas 12$500 » 13$000
Kilogramma
Alpiste $360 » $380
Batatas nacionaes $100 » $180
» estrangeiras — Não ha.
Fubá de milho $130 » $i00
Matte em folha $400 » $500
Tapioca — —
Polvilho $180 » $820
Carne de porco $760 » $860
Línguas do Rio Grande (uma) l.$000 » 1$200
Fumo em rolo
As cotações do mez foram:
De Minas, especial 1$600
» superior 1$400
» segunda 1$200
» ordinário $800
Goyano, superior ã$400
> segunda 1$700
» baixo — Nominal.
Rio Novo, superior 2$400
» segunda 1 $800
» baixo 1$200
Pomba, superior 1$000
» segunda 1$200
» baixo — Nominal.
Carangola 1 $500
Picú, ospeciai 2$800
» primeira 2$800
» segunda • . . . . 1$200
Bahia 1x100
Pernambuco — Não ha.
Para as procedências do Rio Graude, o-< fumos velhos regularam de 15$ a 20$
e para os novos de 1 1$ a 15$ por arroba.
Sal
Entraram 7.404.465 kilos por cabotagem, do nacional que se cotou de 2$ a
2$ 100 por 40 litros.
Mercado monetário
MARÇO
A importância de ouro na Caixa de Conversão a 15 do março era:
Libras esterlinas , . 5.711.041-10
Fiancos , . 10.543.480
A LAVOURA 1
Marcos 4'JO
Dollars 125.505
Liras 2.650
Coroas austríacas 110
Pesos argentinos ........... 2.145
Pesetas hespanholas 110
Ouro nacional 107:100$000
A importância de notas conversíveis em circulação era de 98.G92:740$000.
EM 30 DE MARÇO
Libras esterlinas . \ 5.659.253
Francos 10.529.280
Marcos 20
Dollars 125.925
Liras 3.790
Coroas austríacas 110
Pesos argentinos 2.150
Pesetas hespanholas 110
Ouro nacional , 113:
A importância do notis conversíveis em circulação ora de 9.786: 170$000.
O preço dos soberanos fora da Bolsa foi de 16$025.
CAMBIO
As taxas olliciaes foram as mesmas anteriores de 15 1/8 d. sobre Londres nus
■rangeirus e 15 3/16 d. no do Brazil. As transacções bancarias tizoram-se
a esses extremos e as do outro papel a 15 3/16 e 15 13/64 d., não se registrando
movimento digno de nota.
Na segunda quiuzena as t ixas uínciaes mantiveram-se inalteradas, como ni
quinzena anterior, 15 1/8 d. sobre Londres nos bancos estrangeiros e 15 3/16 d. no
Banco do Brazil. As transacções bancarias flzoram-se a esses extremos e as do outro
papel a 15 3/16 e 15 13/64 d. não se registrando movimento digno de nota.
Os extremos das cotações :
Londres, 90 d/v, 15 1/8 e 15 3/16 d.
Pariz, 90 d/v $629 a $632
Hamburgo, 9) d/v $776 » $779
Portugal, 3 d/v $325 > $336
Itália, 3 d/v $639 » $640
Nova York, á vista 3$295 » 3$330
Vales, ouro — 1$793
O valor offlcial de mil réis foi de 500 a 5í33 réis, ouro, o da libra do 15$803
a 15$868.
Ágio de ouro, 77,77 a 78,51 %.
sm,:i..;dadk NACIONAL DK AHIíICUI.TI KA
AHRIL
A existência de ouro Da Caixa de Conversão a 15 de abril era :
Libras esterlinas 5.592.498-10
Francos 10.516.330
Marcos "0
Dollars 120. 237-50
Liras 4.590
Coroas austríacas 100
Pesos argentinos 2.275
Pesetas hespanhol is 240
Ouro nacional 126:120$0Q0
A 30 de abril:
Libras esterlinas 5.572.736-10
Francos . 10.510.730
Marcos 70
Dollars 126.212.50
Liras 4.610
Coroas austríacas 100
Pesos argentinos 2.280
Pesetas hespanholas 2 lo
( luro nacional 125:260$000
O preço dos soberanos fora da Bolsa foi de 16§ 125.
CAMBIO
As taxas officiaos mantiveram-se inalteradas como na quinzena anterior a
15 1/8 d. sobre Londres nos baucos estrangeiros e 15 3/16 d. no Banco do Brazil.
As transacções bancarias flzoram-se a esses extremos e as do outro papel a
15 3/16 o 15 13/64 d. não se registrando movimento digno de nota.
Os extremos das cotações foram
Londres, 90 d/v 15 l/S e 15 3/16.
Pariz, 90 d/v x629 a $63-1
Hamburgo, 90 d/v s776 » s780
Portugal, 3 d/v 325 » 330 %
Itnlia. 3 d/v $638 » $640
Nova York, á vi st» 3$395 » 3$310
Vales, ouro 1.795
O valor omeial de mil réis fui de 560 a 563, ouro, e o de libra de 15$S03
a 15S80.S.
Ágio do ouro 77,77 a 78,51 °/0-
££&»$««€3
BIBLIOGRAPHIA
Temos recebido mais as seguintes publicações periodidas com as quaes de
bom grado permutaremos :
American Agriculturist, de Mova- York. — Vol. 81, n. 6.
La Avicultura Pructica, órgão da Red Escola Official de Avicultura e da
Sociedade Nacional de Avicultores, de Barcelona.— Anno XII, n. 137.
Journal, do Departamento de Agricultura o de Instrução Teehuica da Irlanda.
—8o anno, n. 2.
Qimrlerly Journal, da Universidade de Liverpool.— Vol. 111, n. 6.
La Ensenanza Normal, do México.— Anno IV, n. 10.
El Heraldo Agrícola, do México. — Tomo VIII, n. 3.
El Progreso Horlicola, periódico para distribuição gratuitx, editado pela Casa
Domingos Basso, de Montevideo.— N. 2.
Boletim do Instituto Agronómico, de S. Paulo. Novo periódico que ora inicia
sua piiblioção e destinado a prestar grandes serviços á agricultura como se de-
preende de seu programma. Diz o seu director, I)r. Max Passon, no artigo —
Ao Leitor — : o Boletim publicara mensalmente o relatório da actividade interna
ilos labo/atoriLis c domais repartições do Instituto, as experiências nos jardins, nas
plantações de café no Taquaral e no Campo de Demonstrações de Nova Odossa,
acompanhadas de instrucções adequadas ; um quadro das observações meteoro-
lógicas de cada mez, o calendário agrícola referente ao mezsubsjquenti, acom-
panhado de conselhos prophylacticos contra os dimniíieidores animies e vegotaes
e meios de combater os ji existentes.
Revista do Museu Municipal de lguape. — Vol. I, n. 1.
Revista Commercial.— Temos recebido os primeiros números desta revista
que começou a ser publicada em Fortaleza.
O Entomologo.— Recebemos o primeiro numero deste boletim mensal de ento-
mologia agraria que se publica na capital paulista.
Annuario de Estatística Demographo Sanitária, pelo Dr. Sampaio Vianna. —
1906.
Boletim da Intende-xcia Municipal. -^Volume correspondente aos meze3 de ou-
tubro a dezembro de 1907.
VArachide por Jean Adam, Editor AUiíiistin Challamel, rue J icob 17, Paris.
E' o primeiro da ferie sobre as Plantas Oleiferas da Africa Occidental Franeeza.
A presente obra que o editor teve a gentileza de nos enviar é um trabalho magni-
ficamente impresso, ornado de boas gravuras e mappas, no qual, na opinião
dos competentes, o assumpto 6 tratado de modo completo, recommendando-se por
isso á leitura des interessados.
La Patola pelo DoU. Tito Franchini, do R. Istituto Superioro Agrário di
Perugia.
3121 11-
144 SOCIEDADE NACIOANL D 15 Ai.uu I.Tl l:.\
La Min • de Sal Gema de Zapaquira por António L. Armenta. — Bjgotá, 190S.
A H C do Agricultor, pelo Dr. Dias Martins, 19(18, S. Paulo. O seu autor
que é lente de liygiene rural da «Escola Agrícola Luiz de Queiroz» e a quem a
literatura agrícola nacional deve outros trabalhos, diz no seu prefacio que
este livrinho foi escripto em linguagem chã o, si accrescentarmos que nessa
mesma linguagem o que é essencial ao agricultor que se inicia, vom tratado
com proficiência, teremos feito o melhor elogio do útil opúsculo de propaganda
popul.tr.
A Leileria do Sul.— Boletim n. 11, do Centro Económico do Rio Granie do
Sul.
Liga Agraria Brasileira projecto por Labieno da Costa Machado de Souza.—
S.Paulo, 1908.
Arboretum Amazonicum, publicação do Museu Goeldi, 4a década.
Relatório, referente ao anno de 1907, da Sociedade Paulista do Agricultura,
Commercio e industria.
Relatório da Sociedade Brazileira para Animação da Agricultura. — 1908
— 1907.
Banquei offert par le Commerce et V Industrie à S. E. le Conseiller Rodrigues
Alves. — Publicação da Société d'liconomie Industrielle et Commerciale.
tolice sur les Feles donnees d Paris en 1907 en Vhonneur de S. E. le Conseiller
Rodrigues Alves.— Publicação do Brésil.
Escola Moderna, por Dário Velloso, Curitiba, 1907.
Diário de Pernambuco, noticia bistorico-bibliographica por Alfredo de Car-
valho.
Republica de Cuba. — Informe de la Administración provisional, por Charles E.
Magoon. Havana, 1908.
Mensagem do Prefeito do Dislricto Federal, de 2 de abril de 1908.
Relatório apresentado ao 2o vice-presidente do Estado do Paraná pelo Se-
cretario das Finanças, Commercio e Industria, em 31 de dezembro de 1907.
Retrospecto Commercial do «Jornal do Commercio», de 1907.
CATÁLOGOS
Averg Company, Pooria, Illinois. 1908.
Ahliengesellschaft fur Feld uni Kleinbahnen Bedarf vormals Oronstein
& Koppel. Berlim. —Catalogo n. 000.
Deere & Company, Moline, Illinois. (Arados, grades, cultivadores). Catalogo
n. 29.
Henry Rodgers Sons & C.« Machinismos modernos para fabricas de lacticínios,
arados e machiuas para agricultura, etc.
Novas aquisições da Bibliotheca :
Indian Com Cullure, Charles S. Plumb, Chicago, 1893.— 1 volume.
The Culture of Vegetables and Flowers, Sutton and Sons. Londres, 1
volume.
A LAVOURA li"'
d la Pomme de Terre ladustrielle aí Fourragêre, Aimé Girard. Paris,
18 (1.— 1 volume.
Estas três ultimas obras foram offeroeidas polo Sr. Joaquim Pacheco.
Police Sanitaire des Animaanpov A. Conte. J. B. Baillière et Fiis. Paris, 1906.
— 1 volume.
Aviculture por Charle3 Voitelier J. B. Baillière et Fils. Paris, 1905.— 1 volume.
Apiculture ppr Robert Hommel. J. B. Baillière et Fils. Paris, 1906.— 1 vo-
lume.
Legislalion Rurale por Etienne Jouzier. J. B. Baillière et Fils. Pai'is, 1904. —
1 volume.
Les Serres Verg:rs por El. Pynaert, 5a edição. Masson et C.6 Paris, 1903. —
1 volum?.
Congrès des Caísses de Crédil Agricole Mutual tenu d Montpellier los 8 e 9 et IO
janvier i904 . Coulet et Fils, Montpellier, 1904. — 1 volume.
Catalogue Illustré et Descrijdif des Vignes Americaines por Louis Bazille e J.
E. Planchon. Camille Coulet, Montpellier, 1885. — -1 volume.
Les Viynobles d'Algerie por V. Pulliat. Massoa et C9. , Paris, 1898.— 1 vo-
lume.
L'Art de Faire le Vin por Fréderic Cazalis, 21 edição. Masson et C. Paris,
1900. — 1 volume.
Le Thé por Antoine Biétrix. J. B. Baillière et Fils. Paris, 1892.— 1 vo-
lume.
Selvicoltura Generale, por Vittorio Perona. Milão. Francesco Vallardi.
La Conservazione dei Foraggi Freschi por D. Pioolini. Milão, Francesco Val-
lardi.
Le Gostruzione Rurali por A. Vantini. Milão, Francesco Vallardi.
Allevamenlo dei Bachi e Collimzione dei Gelso pelo prof. N. Passerini. Milão,
Francesco Vallardi.
Guida perla Classificazione delle Piante por A. Zaccaria. Milão, Francesco
Vallardi.
Tecnologia Foreslale ed Ulilizzazione dei Boschi por P. Rizzi. Milão, Fran-
cesco Vallardi.— 2 volunie3.
Economia Rurale por O. Bordiga. Milão, Francesci Vallardi.— 2 volume3.
Agraria por N. Passerini. Milão, Francesw Vallardi.— 2 volumes.
II Riso ela sua Collimzione pelo Doctor D. Pinolini. Milão, Francesco Val-
lardi .
3124 — Rio da Janeiro — Imprensa Nacional — 1908
ESTATUTOS
CAPITULO ir
DOS SÓCIOS
Art. 8.° A socideade admitte as seguintes categorias de sócios :
Sócios effectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados.
§ i.° Serão sócios effectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem
devidamente propostas e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 20$ooo.
§ 2.° Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou
sede no estrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus
méritos e dos serviços que possam ou queiram prestar á sociedade.
§ 3.0 Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedicação e
relevantes serviços, se tenham tornado beneméritos á lavoura.
§ 4.0 Serão associadas as corporações de caracter official e as associações agrícolas,
filiadas ou confederadas, que contribuírem com a jóia de '30$ e a annuidade de 5o$ooo.
§ 5.° Os sócios effectivos e os associados poderão se remir nas condições que lòrem
preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição fixada para esse fim
ser 'inferior a dez (10) annuidades.
Art. 9.0 Os associados deverão declarar o seu desejo de comparticipar dos tra-
balhos da sociedade. Os demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer
sócio e apresentação de dois membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade.
Art. 10. Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as
reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente ; terão direito a
todas as publicações da sociedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a
prestar, independentemente de qualquer contribuição especial.
§ 1." Os associados, por seu caracter de collectividade, terão preferencia para os
referidos serviços e receberão das publicações da sociedaJe o maior numero de exem-
plares de que esta puder dispor.
§ 2.0 O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios; é limitado,
porém, para os associados e sócios correspondentes, os quaes não poderão receber votos
para os cargos de administração.
§ 3.° Os sócios perderão somente seus direitos em virtude de expontânea renuncia
ou quando a assembléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria.
ZREQ-TTLAIIVEIEnNrTO
CAPITULO VI
dos sócios
Art. 18. A sociedade prestará seus serviços de preferencia aos sojíos e associados
quando estiverem quites com ella.
Art. 19. A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua
acceitação.
Art. 20. As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes.
Art. 21. Os sócios e os associados se poderão remir mediante o pagamento das
quantias de 200$ e 500$, respectivamente, feito de uma só vez e independente da jóia,
que deverão pagar em qualquer caso.
Art. 22. Os sócios e associados não poderão votar, nem receber o diploma, sem
terem pago a respectiva jóia.
§ i.° O sócio que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se mediante
a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham igualmente satisfeito aquellas
contribuições.
§ 2.° Para esse effeito o sócio deverá requerer á Directoria, provando seus direitos
nos termos do paragrapho anterior.
§ 3.0 Serão considerados beneméritos os sócios que fizerem donativos á sociedade,
a partir da quantia de um conto de réis.
Art. 23. Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados
resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas contribuições lhes tenham
sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendo-lhes ainda assim o recurso
para o conselho superior e para a assembléa geral.
SUMMARIO
Exposição de animaes em Bello Horisonte 63
Movimento agrícola pelo Estado de Minas 79
As Escolas D. Bosco de Cachoeira do Campo 87
A cultura dos cereaes 89
Os italianos em Nova York 92
Os italianos na Republica Argentina 95
Expediente io3
Noticiário ■ • n6
Parte Commercial 125
Biblioyraphia 143
FAZENDA DA GAMELLEIRA
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Anno XII — N. 5
de Janeiro
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Capital Federal
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Fundada em 16 de janeiro de 1897
Caixa-postal, 1245 Sede: Ruas da Alfandega 11. 102
Endereço Telegraphico, AGRICULTURA e General Camará n. 105
Telephone n. 1416 M° n« janeiro
DIKHOTORIA
Presidente — Dr. Wencesláo Alves Leite de Oliveira Bello.
i° Vice-presidente — Vagi
2° Vice-presidente — Dr. Sylvio Ferreira Rangel.
|,i, ■■ 1 lente Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Secretario Geral — Dr. Heitor de SA.
1° Secretario — Dr. Francisco Tito de Souza Reis.
2° Secretario — Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
3o Secretario — Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva.
4" Secretario — Albe"rto de Araújo Ferreira Jacobina.
i° Thesoureiro — Dr. João Pedreira do Couto Ferraz Júnior.
2o Thesoureiro — Carlos Raulino.
DlreotDres das Socçôes
Fazenda de Santa Mónica Dr. Sylvio Rancei.
Applicações do Álcool e Museu Dr. Benedicto Raymundo.
Secção Tecli nica e Bibliotheca Dr. Heitor de Sá."
Plantas e sementes e Horto da Penha . . Dr. Monteiro da Silva.
Propaganda e estatística Alberto Jacobina e Carlos Raulino.
Secretaria Dr. Souza Reis.
Thesouraria Dr. Pedreira Júnior.
Oollaboração
Serão considerados collaboradores não só os sócios como todos que quizerem ser-
vir-se destas columnas para a propaganda da agricultura, o que a redacção muito
agradece. A lista dos collaboradores será publicada annualmente com o resumo dos
trabalhos.
A redacção não se responsabilisa pelas opiniões emittidas em artigos assignados, e
que serão publicados sob a exclusiva responsabilidade dos autores.
Os onginaes não serão restituídos.
As communicações e correspondências devem ser dirigidas á Redacção d'A LA-
VOURA na sede da Sociedade Nacional de Agricultura.
A LAVOURA não acceita assignaturas.
E' distribuída gratuitamente aos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura.
< :<iiiiIIi.'<*m'n <Ia publicação «los sinnuncios
1 ! Ml IA pagin \ uma pagina
I I2$000
3 . . 30$ooo 51 i$i b 11 1
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12 ooífooo l ;< 1$
Os annuncios são pagos adeantadamente.
Tiragem 5.000 exemplares
SUMMARIO
PAGS.
Resumo histórico da Sociedade in-
justa homenagem i:o
Homenagem lo Dr. Bello 181
90
Horto Iructicola da Penha
^dul 1 io na Fazenda de S. Mónica
A vida rural 208
Expediente 210
Noticiário 217
Parte Commercial 220
Bibliographia 231
{ESIDEMTE l>\ SOCIEDADE NACIOXA.L Dl V.lilM
I Si II II i III M Ml.1,'1 I l I
■
Í3Í
Anno XII - N. 5
Rio de Janeiro
Maio de 1908
EDITORIAL
Sociedade Nacional de Agricultura
L1BRARY
NEW YORK
BOTA NIC AL
UaRDEN.
RESUMO HISTÓRICO
Seja-nos permirtido abrir um parenthese nesta serie de artigos de
fundo, com que temos mantido a nossa revista desde que tivemos a
honra de dirigir a sua confecção, como director da Secção Technica
desta Sociedade.
Secção de plantas e sementes
Lançados sobre assumptos technicos, que nos dizem respeito no
vasto campo agrícola, pelas pennas dos distinctos e competentes colle-
gas de directoria, perdoem-nos desta vez os nossos benévolos consócios
e leitores a inserção das presentes linhas, a par da incompetência de
fazermos um ligeiro retrospecto da vida da Sociedade Nacional de
Agricultura, tarefa muito mais cabível a outros directores, de longo
S0C3EDADB NACIONAL DE AGRICULTURA
tirocínio e relevantes serviços nesta casa de trabalho incessante, com
ardor desinteressado, pelo bem da grande fonte de riqueza da nossa
pátria.
Um dever, porém, nos impelle a tal e é o do nosso posto, que
nos foi designado, e o do cargo que occupamos na directoria.
Escolher este assumpto e não outro technico, foi também obrigação
que se nos julgou devida pelas razões que passaremos a recordar.
Um anno faz que esta revista tomou a nossa direcção e pouco
mais que fomos eleito secretario geral ; tempo é pois de relatar os factos
da vida da Sociedade na historia da agricultura brasileira. Ainda accresce
a proximidade de uma exposição á qual vae concorrer esta Sociedade,
destacada por seu pavilhão especial.
Secção do álcool
Razões são bastantes as que acabamos de mencionar para dedi-
carmos o presente numero á exposição de nossa vida social e salien-
tarmos os factos que actualmente mostram o grau de desenvolvimento
a que chegou a Sociedade Nacional de Agricultura, depois de onze annos
de lutas e trabalhos patrióticos. São estes modelados pelo ideal da
emancipação económica do paiz, por meio da emulação da classe agrí-
cola e da defesa de seus interesses.
Haja á vista os valentes esforços que está fazendo a Sociedade para
bem representar-se na Exposição Nacional de 1908, afim de mostrar, por
este lado, o que já tiver produzido em favor da classe agrícola e por
outro que não descança, organizando para a mesma occasião o seu Se-
gundo Congresso de Agricultura, que acudirá ás necessidades actuaes da
lavoura.
Longo tempo decorreu desde a emancipação politica do Brasil antes
que alguma associação se fundasse na capital do paiz para tratar dos
interesses agrícolas, apparecendo somente na phase actual, da Republica,
esta Sociedade Nacional. Precedeu-a de longa data, 27 annos, a Socie-
dade Auxiliadora da Agricultura de Pernambuco, o que muito destacou
a lavoura daquelle Estado, por ter sido a precursora do movimento agrí-
cola no Brasil.
Uma houve antes destas e foi a Sociedade Auxiliadora da Industria
Nacional, cuja vida teve inicio antes do meiado do século passado e
que se dedicou um pouco á agricultura. Está hoje transformada em o
Centro Industrial do Brasil.
Teve também outrora a agricultura um campo de acção nos comícios
que se realizavam com exposições e ensaios de instrumentos agrários.
SODTKnADE NACIONAL DF AORIOJLTUPA
Em boa hora fundada por um grupo de patriotas, em 16 de janeiro
de 1897, entre os quaes figuraram os Drs. Ennes de Souza, Campos da
Paz, Germano Vert e Carlos Travassos, a nossa Sociedade veiu abrir
de vez a era de desenvolvimento agrícola do paiz, por sua tenaz propa-
ganda. E' de admirar que só tão tarde isto acontecesse, tratando-se da
grande e magnânima industria que restitue ás centenas as sementes que
são lançadas no seio da terra ; de incomparável superioridade a todos os
ramos da actividade humana. Basta lembrar o trabalho que é perdido
para aproveitamento das forças motrizes nas demais industrias.
Vem de molde salientar aqui a fundação da Sociedade Brasileira
para Animação da Agricultura, em Paris, a 10 de junho de 1895, por
um grupo chefiado pelo Dr. Assis Brasil, que de longe se lembrou
das necessidades da lavoura de sua pátria.
Apesar de todos os conceitos favoráveis, é custoso o desenvolvi-
mento da agricultura e mais ainda a sua reforma, o seu aperfeiçoa-
mento. Não poucos hão sido aquelles que a teem encarado devida-
mente desde a antiguidade, como Cicero, Columella, Sully, Cromweli,
até aos nossos coevos, bem distinctos aliás, considerando a agricultura
como a fonte principal de todas as riquezas; e até mesmo na mente
de revolucionários, como Saint Just, ella é aquinhoada com a phrase
criteriosa de que só um povo agrícola pôde ser forte e virtuoso, quando
elle sustentava suas idéas sobre instituiçSes republicanas.
A America do Norte só por si é um bello exemplo em boa occasião
apontado ao mundo por Washington.
E' preciso levantar o nivel moral para alcançar taes commettimentos
em beneficio da humanidade.
Tal é a honrosa missão da Sociedade Nacional de Agricultura.
Quaes os resultados já obtidos, quaes os trabalhos feitos, quaes as
idéas lançadas , qual a propaganda continua, durante este período de
onze annos de vida laboriosa, eis o que vamos examinar.
Já o illustre Dr. Wencesláo Bello, quando secretario geral, relatando
os trabalhos effectuados durante o a nno de 1899, dizia que longa era a
existência da Sociedade com três annos de vida. Que diremos nós agora
com mais oito de existência penosa e entrecortada de dificuldades de
toda sorte, sem fallar no combate constante em favor das idéas ade-
antadas, que tanto custaram a calar no espirito dos interessados, apezar
de malhadas na bigorna do altruísmo, do desinteresse e do patriotismo
da Sociedade Nacional de Agricultura.
Assim é verdade infelizmente ; muito lenta e custosa é a propaganda
em uma classe que não visa a união, e em que lavra o desanimo pelos
A LAVOURA
revezes que lhe causa a especulação. Mas apezar de tudo o horizonte já se
vae desanuviando deante das iniciativas publicas e particulares, bem
orientadas, assumindo sempre a Sociedade o posto de centro de defesa
dos interesses agrícolas nacionaes.
Por seus órgãos de publicidade, como sejam o periódico mensal
qA Lavoura, com seus respectivos supplementos, a serie de folhetos
de propaganda agrícola, além de innumeras publicações technicas e admi-
1 wWÈLXJEBksémmÊ
use
#3»
nistrativas, tem sabido sempre a Sociedade corresponder á boa vontade de
seus sócios e aos auxílios do governo, mais directos desde o tempo do Pre-
sidente Campos Salles, enumerando os seus feitos em prol de seus desígnios.
Correndo anno por anno e compulsando os períodos em que agiram
as differentes directorias, vamos ver os trabalhos que por sua iniciativa
tiveram saliência e proficuidade.
I89ir — Iniciados os trabalhos da Sociedade Nacional de Agricul-
tura, em 1 6 de janeiro de 1897, ficou a sua administração a cargo da se-
guinte directoria, depois das necessárias combinações para a sua boa gestão:
Presidente — Dr. Ennes de Souza .
i° Vice-Presidente — Dr. Vaz Pinto Coelho.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
1° Vice-Presidente — Dr. Campos da Paz.
Secretario Geral — Dr. Germano Vert.
i° Secretario — Dr. Jacy Monteiro.
•2o Secretario — Dr. Sérgio de Carvalho.
i° Thesoureiro — Dr. Joaquim Tavares Guerra.
i° Thesoureiro — António Gomes Paz.
Teve installação condigna em salão da Escola Polytechnica, sendo
dirigida por um regulamento, que cuidava sobre todos os assumptos
internos e tendo por base o bem da agricultura nacional e occupando-se
de todos os assumptos que pudessem trazer o progresso agjj.ola da Re-
publica dos Estados Unidos do Brasil, entendendo-se por de' tudo que
possa referir-se ás aguas e florestas, aos assumptos agrários, a~e íltura do
solo, á creaçao e ás industrias ruraes .
De prompto desenvolveram-se as suas forças graças aos bc -enieritos
esforços do Dr. Ennes de Souza, que, como director da Casa d 'oeda,
daquella época, agazalhou provisoriamente a Sociedade nesta a de
trabalho omcial e fez imprimir o seu boletim mensal, a começar d julho
deste anno, nas officinas do referido estabelecimento.
Neste boletim bastante collaboraram a directoria e muitos membros
honorários e do Conselho Superior. Também figuram neste período, re-
presentando papel saliente, o presidente e os vice-presidentes honorários
Srs. Dr. Luiz Pereira Barreto, Frederico Albuquerque e Pedro Soares
Caldeira. Houve que lamentar a perda do i.° vice-presidente honorário
em 3 de novembro e por esse tempo mais as do i.a vice-presidente hono-
rário, a do Dr. Collatino Marques de Souza, as dos Drs. António Seve
Navarro, Manoel Leite de Novaes e Mello e do major Manoel de Freitas
Novaes, membros distinctos do Conselho Superior e que grande falta
fizeram aos labores da Sociedade.
Apezar porém,de contrate mpos,os resultados da propaganda fizeram-
se sentir neste anno, pois a 18 de setembro foi aberta a 2a exposição
agrícola e o primeiro concurso regional, promovidos pela Commissão de
Agricultura do Districto Federal, da qual era presidente o Dr. Ennes de
Souza. Foi encerrada a 3o do mesmo mez, funccionando no prado do
Turf-Club e devendo o apoio de sua iniciativa a esta Sociedade. Teve a
melhor concurrencia e os melhores resultados que se podiam desejar
naquelle momento.
Sob a influencia benéfica da Sociedade foram inauguradas duas
associações no mez de julho ; primeira, Sociedade Agrícola e Pastoril da
Bahia ; segunda, Sociedade Agrícola Pernambucana . A Sociedade Agrí-
cola Fluminense foi logo depois, em 8 de agosto, fundada do mesmo
modo, bem como, a i5, a Sociedade Estadoal de Agricultura do Paraná.
Finalmente a 17 de novembro foi instalada a quinta, a Sociedade Agrícola
de Rezende, sendo estas duas ultimas filiadas á Sociedade Nacional.
Ainda teve a directoria da Sociedade por essa occasião noticia da formação
da Sociedade Cearense de Agricultura, sendo estes os effeitos da expansão
de sua propaganda.
Apezar de bons fructos colhidos durante o anno, terminou elle com
desintelligencia entre a directoria, o que é doloroso mencionar, attento o
gráo de desenvolvimento a que tinha chegado a Sociedade, brilhante-
mente chefiada pelo distincto mestre Dr. Ennes de Souza, muito embora
tivesse sido a mesma Directoria confirmada em suas funcçóes por um
voto da assembléa geral extraordinária de 18 de dezembro de 1897.
1898 — Aberta a divergência entre os membros da Directoria,
ficou acephala a direcção da Sociedade, tendo sido instaurado processo
contra os que motivaram esse incidente, com o fim de haver o patri-
mónio, o qual processo foi julgado a 3o de janeiro, dando razão áquelles
que conseguiram reunir assembléa geral em 7 de fevereiro para organi-
zação da 2a Directoria, que ficou assim completada :
Presidente — Dr. Moura Brasil.
i°. Vice-Presidente — Dr. Campos da Paz.
2o. Vice-Presidente — Dr. Joaquim Carlos Travassos.
Secretario Geral — Dr. Germano Vert.
i°. Secretario — Dr. Eurico Jacy Monteiro.
2o. Secretario — Dr. Sérgio de Carvalho.
Os i.°e 2.0 Thesoureiros, devido naturalmente á questão havida,
tendo-se esquivado ao convite de prestação de contas, foram substituídos
pela Directoria com a nomeação interina do Dr. Fábio Leal, para
seu Thesoureiro, emquanto não interviesse solução judiciaria final. Já
tinham sido antes approvados em sessão de i5 de janeiro o Regula-
mento e o Regimento Interno, estipulando uma contribuição para os
sócios em substituição á importância com que contribuição para o
Boletim .
Tratando da reorganização dos serviços, a presente Directoria con-
seguio installar-se em salas da Repartição de Estatística, gentilmente
cedidas pelo Dr. Sebastião de Lacerda, então Ministro da Indnstria,
tendo antes havido sessões no Lycèo de Artes e Officios e na Associação
Commercial.
Pelo mesmo Sr. Ministro foi concedida a impressão do Boletim
"A Lavoura" na Imprensa Nacional, o qual foi regularizado, quanto
possível, pela commissão de redacção, nomeada na sessão de Directoria
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
de i3 de abril, sendo Presidente o Dr. Fábio Leal. Houve, porém,
neste anno dualidade dessa Revista, pois que os outros membros da
Directoria passada, não se conformando com as decisões legaes, fizeram
imprimir o Boletim durante esse mesmo tempo. Muito justo foi o titulo
de sócio honorário conferido ao Sr. Dr. Sebastião Lacerda, pois que só
como correr dos annos é que os serviços são devidamente avaliados.
Assim é que ainda hoje goza a Sociedade do favor de ser o seu Boletim
feito na Imprensa Nacional.
Mais outros títulos de sócios honorários foram conferidos na sessão
de 4 de abril, em numero, que foi elevado depois, de 16, sem contar
o illustre Dr. Pereira Barreto, Presidente honorário. Teve também um
dos primeiros títulos de sócio honorário o Barão de Capanema que
fez conferencias brilhantes na sede da Sociedade. Os cargos de vice-
presidentes honorários não foram preenchidos, sendo para referir que
como sócia benemérita foi contemplada com justiça a Exma. Sra.
D. Veridiana Prado, pelos reaes serviços prestados por occasião das
exposições de Viticultura de S . Paulo e Rio de Janeiro, de uvas culti-
vadas na chácara de Pirituba, promovida a ultima por esta sociedade
e realizada nos dias 3 a 6 de março no edifício da Prefeitura Municipal.
Esta exposição, na qual se salientou o Dr. Campos da Paz, deu em
resultado a demonstração de que a viticultura se pôde nacionalizar no
Brasil, como foi proclamado no paize no estrangeiro. Pelo mesmo Dr.
foram mandadas 6 collecções de photographias das uvas, para serem re-
produzidas em jornaes da Allemanha .
Tratando de regularizar os trabalhos internos, a Directoria, envi
dando esforços para as respectivas entradas, conseguio inscrever 440 so
cios, dos quaes 165 satisfizeram as suas annuidades. Organisou com-
missões particulares e methodizou o serviço para ter posterior desen-
volvimento. Mesmo assim foram distribuidas sementes, foi novamente
começado o museu, foram dados á publicidade diversos trabalhos das
commissões sobre assumptos de momento, não foram descuradas as con-
ferencias hebdomadarias, a principio no Lycêo de Artes e Officios e
depois na Estatística . Deu alarme da peste dos suinos e da invasão do
phylloxera, motivando providencias officiaes . Tal foi o empenho da re-
ferida Directoria para assignalar o inicio da segunda phase da Sociedade
Nacional de Agricultura .
189» — Herdando ainda a lucta do direito a que se julgava a 2.a
Directoria dos bens da Sociedade, que estavam na Casa da Moeda, o
novo anno começou entre os ardores dessa lucta e a manutenção dos
membros que tinham divergido 12 mezes atrás.
A LAVOURA 155
Até que emfim a justiça fez-se em 3 de abril, tendo esta Sociedade
cabal satisfação de todos os seus direitos.
Cahiu esta louvável sentença entre as mãos da 3a directoria, eleita
em assembléa geral de 21 de fevereiro.
Ficou assim organizada :
Presidente— Dr. .Moura Brasil.
t." Vice-Presidentc — Dr. Campos da Paz.
•2.° » » — Dr. Carlos Travassos.
Secretario geral — Dr. Germano Vert.
i.° Secretario — Dr. Jacy Monteiro.
2.° » — Dr. Aristides Caire.
r.° Thesoureiro — -Dr. Fábio Leal.
i.° i> — Barão de Aguas Claras .
A redacção d1.! lavoura ficou a cargo de uma commissao, tendo
por presidente o Dr. Fábio Leal e por secretario o Dr. G. Vert
Tendo renunciado a 7 de março o Dr. Germano Vert, por ausen-
tar-se para S. Paulo, apesar dos reiterados pedidos da directoria, em
attenção aos seus valiosos serviços desde o inicio da Sociedade, foi em-
possado no cargo de secretario geral o Dr Wencesláo Bello, que era
até então membro do Conselho Superior.
Pouco tempo depois, a 29 de maio, foi roubado á vida o illustre
Dr. Campos da Paz, que relevantes serviços prestou, desde o começo
da Sociedade, não só a esta como ao paiz, que se honrou de possuil-o
entre os seus scientistas agrícolas. O seu melhor livro — Manual Pratico
do Viticultor Brasileiro — teve a mais larga distribuição por muitos
Estados, como justa homenagem ao seu mérito.
Continuaram as providencias acertadas por influencia da presente
directoria contra o phylloxera das vinhas, tendo sido o foco primeiro
em S. João d1El-Rey, cujo presidente da Camará, Dr. Joaquim Leite
de Castro, auxiliado pelo Dr. Álvaro A. da Silveira, deu um bello
exemplo de zelo e patriotismo, fazendo queimar na praça publica
todas as plantas contaminadas existentes. Estudos dos entendidos e actos
do Governo vieram contribuir para minorar o mal, vendo a Sociedade
attendidas suas solicitações .
Outra epidemia foi a peste dos suinos, mais tarde classificada de
pneumo-enterite, a qual provocou iguaes cuidados da directoria, pedindo
providencias aos poderes públicos de Minas, S. Paulo, Rio, Espirito
Santo e da Capital .
Foram organizadas instrucçóes que ainda hoje servem de precaução
contra os prejuízos desta peste.
«03 2
SOCIEDADE NACIONAL DG AGRICULTURA
Labutou a directoria no sentido de assegurar meios que defendessem
a lavoura da crise que atravessava, com a adopção do ensino agrícola
pratico e do credito agrícola. Tratou em seguida das tarifas das estradas
de ferro, elemento vital da agricultura, chamando a attenção em primeiro
logar da Estrada de Ferro Central e conseguindo reducção, depois da
segundo investida, o que foi de grande proveito, principalmente para os
cereaes.
Atacou com interesse o melhoramento da cultura do café e do seu
commercio. Deu attenção aos trabalhos internos sobre informações, se-
mentes, publicações, etc, desenvolvendo-os mais do que no anno an-
terior, e elevando o numero de sócios a 562 . Acolheu diversos trabalhos
technicos de reconhecida vantagem e produzidos por distinctos sócios.
Em cumprimento de sua árdua missão, conseguiu a directoria que
em ao de dezembro o Ministro da Industria, Dr. Severino Vieira, en-
tregasse á Sociedade a Fazenda Grande da Penha, em Irajá, que era
-explorada como Horto Vitícola para a organização dos campos de es-
tudo e ensino agrícola pratico .
No mesmo sentido envidou esforços para que fosse entregue a
Fazenda de Santa Mónica, em Valença, alcançando de egual sorte do
Sr. Ministro da Fazenda, Dr. Joaquim Murtinho, a publicação na im-
prensa Nacional de folhetos de propaganda.
Não esquecendo a grande data que ia ser commemorada no anno
de 1900, da descoberta do Brasil, a sociedade entendeu bem de fazer um
Congresso de Agricultura e Industrias Ruraes e respectivo Museu, a
realizar-se em 14 de julho de 1900, estudando os meios de leval-o a
effeito e confeccionando o seu programma.
Com um anno de tão fecundos trabalhos, a Sociedade abria nova
era promissora das mais ridentes recompensas.
ÍOOO — Proseguindo na sua rota de propaganda, a mesma dire-
ctoria resolvepublicar em folhetos, para distribuição gratuita, a confe-
rencia do Dr. Germano Vert, sobre «o gado e a lavoura» (n. O) e a do
commandante José Carlos de Carvalho sobre o «café e algodão» (n. 7).
Esta.série já tinha sido começada com cinco folhetos sobre diversos
assumptos, como n. 5 — i S99 — O preparo do silo, pelo Dr. Wencesláo
Bello ; n. 4 — 1899— Moléstia do cafeeiro, pelo Dr. Aristides Caire ; n. 3 —
1898 — Alimentação do vegetal. Conferencias pelo Dr. Germano Vert ;
n. 2 — 1898 -r- Industria Partoril — Conferencia pelo Dr. Carlos Travassos
e n. 1 — 1898 — Viticultura. Exposição Vitícola de S. Paulo — Re-
latório apresentado ao Governo do Estado de Minas Geraes pelo Dr.
Campos da Paz.
Al LAVOl l: V 107
Alguns destes assumptos e outros foram tratados com brilhantismo
em conferencias feitas na sede da Sociedade.
Foram aventadas e bastante discutidas as questões relativas á intro-
ducção de immigrantes japonezes em nosso paiz, a qual só hoje vae ter
realização, podendo ter sido tratada por occasião da ida do commen-
dador Sanz de Elors ao Japão, para fazer propaganda do café brasi-
leiro . A directoria tentou mesmo introduzir os immigrantes em Santa
.Mónica .
Em sessão de directoria de 20 de fevereiro, foi confirmada a assigna-
tura do termo da cessão dos objetos pertencentes ao Centro Agrícola da
Vargem Alegre, pela Secretaria das Obras Publicas do Estado do Rio, de
accòrdo com autorização legislativa, e obedecendo a certas clausulas de
obrigações por parte da Sociedade. Mui justamente tornou-se a directoria
grata á Assembléa e ao Governo do Estado do Rio, na pessoa do-Exm.
Sr. Dr. Alberto Torres, sendo a este ultimo conferido o titulo de sócio ho-
norário. Por essa accasião, a 10 de fevereiro, era entregue a fazenda de
Santa Mónica pelo Sr. Ministro da Industria, o Dr. Alfredo Maia, sendo
alcançada também por esse tempo, de accòrdo com o director da Estrada
de Ferro Central, a concessão de passe annual para três directores da So-
ciedade e de frete gratuito a Santa Mónica para todos os objectos
agrícolas a ella destinados. Houve, portanto, um bom inicio de exploração
da Fazenda com os apparelhos do Centro da Vargem Alegre, que foram
destinados a esse fim, e com um credito do qual só foi apurada a quantia
de cerca 60 : ooo$ooo, em virtude dos revezes do Banco do Brasil.
Agiu até meiadodo anno a directoria transacta pela dificuldade
de reunir a Assembléa Geral, o que se deu finalmente em julho,
sendo eleita a nova e feitos augmentos de directores pelas necessidades
dos serviços, como se vê, havendo a suppressão do cargo de secretario
geral :
Presidente — Dr. Moura Brasil.
Vice-Presidente — Dr. Cândido Barata Ribeiro.
» » » Fábio Nunes Leal .
í » — Barão de Aguas Claras.
Secretario — Dr. Eurico Jacy Monteiro.
» d Domingos Sérgio de Carvalho.
í 1 Amaro Ferreira das Neves Armond .
Director de Culturas — Dr. Aristides Caire.
» da Propaganda — Dr. Wencesláo de Oliveira Bello.
i°. Thesoureiro — Alberto Jacobina.
2". s António Maximino Pinto e Souza.
loS SOCíKDADH NACIONAL DK AGRICULTURA
A Fazenda de Santa Mónica ficou a cargo do D:. A. Caire e a
da Penha sob a direcção do Dr. Jacy Monteiro.
A redacção dM Lavoura ficou com o Dr.W. Bello, como redactor-
chefe e o Dr. Sérgio de Carvalho, como secretario.
Sendo installado o serviço na Fazenda de Santa Mónica, foi cila
muito visitada, obedecendo ao cuidadoso programma da directoria.
Entre ai visitas importantes salientam-se as do Ministro do Japão e do
Dr. Alberto Torres, presidente do Estado do Rio.
Aquelle mostrou-se tão satisfeito que disse envidar esforços para a
vinda de famílias japonezas para o Brasil, mesmo á custa do governo
do seu paiz, ou de qualquer particular. Este declarou sentir muita satis-
fação por tudo que via, providenciando para que viessem alguns appa-
relhos e instrumentos que se achavam ainda em Vargem Alegre .
A idéa lançada no anno anterior da fundação de um Museu fo;
acolhida com boa vontade, quer no paiz, quer no estrangeiro, sendo
recebidos muitos specimens. A difhculdade, porém, de casa para a sua
installação tem motivado o retardamento da execução desse objectivo,
muito embora a directoria tenha envidado esforços para obter a casa por
via official. O mesmo aconteceu ao Congresso de Agricultura. Entre
outros productos recebidos salientam-se os da Sociedade Estadoal de
Agricultura do Paraná, que obtiveram successo no Palácio do Congresso
do Estado, quando alli expostos, sendo distribuidos por tal occasião
prémios em medalhas e menções honrosas.
A Fazenda de Santa Mónica foi accrescida com os apparelhos do
laboratório chimico e meteorológico enviados pela Secretaria das Obras
Publica6 do Estado do Rio, em 29 de outubro, e pedidos pela directoria
para iniciar trabalhos de analyses e observações.
Pelo fim do anno foi o Dr. Moura Brazil, na qualidade de presidente
da Sociedade, agraciado com o diploma de sócio da Sociedade Rural
Argentina, facto que assignala o desenvolvimento das relações da Socie-
dade no estrangeiro, tendo sido nomeados em retribuição sócios corres-
pondentes os Srs. presidente e secretario daquella Sociedade.
Pela mesma occasião foi acceito pela directoria um donativo de doze
contos em apólices municipaes concedido pelo Conselho Municipal, para
auxiliar os trabalhos da Fazenda Grande da Penha.
Foi autorizada também a impressão dos diplomas de sócios, ado-
ptando-se o original com pequenos accrescimos, do primitivo diploma,
feito na Casa da Moeda.
Terminou o anno com a Exposição de uvas, procedentes da chácara
do Dr. Aristóteles Gomes Calaça, originada pela de 1898, most-ando
um esforço e devotamente em prol do desenvolvimento da viticultura
brazileira.
Foram discutidos durante o anno diversos assumptos importantes,
da occasião, como por exemplo o projecto de locação de serviços sus-
tentado pelo Senador Moraes Barros. Tiveram maior incremento os
trabalhos internos da Sociedade.
lOOl — Com a demora da installação do Congresso e Museu
Agrícola, já mais de uma vez transferida pela difficuldade de obtenção
de casa, foi obrigada a directoria a ceder temporariamente os pro-
duetos que a Sociedade Estadoal de Agricultura do Paraná enviara,
afim de figurarem em uma exposição naquella capital. Foram tomadas
as deliberações de pedir ao Governo, para o Museu, a antiga Ucharia
do Paço, ou mesmo mais algumas salas da Repartição de Esta-
tística .
Foi apresentado em sessão de 20 de fevereiro, pelo Sr. presi-
dente, o Sr. Dr. António Carlos Simoens da Silva, que tinha sido incum-
bido particularmente de representara Sociedade na Argentina, Uruguay
e Chile, por occasião da visita do presidente Campos Salles ao Rio
da Prata, junto ás Sociedades congéneres naquelles paizes. Muito bem
se houve o Dr. Simoens estreitando as relações agrícolas, não só nas
capitães, como pelo interior daquellas Republicas, trazendo grande có-
pia de sementes e publicações. Tão penhorada ficou a directoria, por
este relevante serviço, que lhe conferiu o titulo de sócio honorário, além
de lançar em acta um voto de gratidão pelo nobre devotamente á causa
agrícola brazileira.
Foram modificados os trabalhos culturaes da Fazenda de Santa Mónica,
no sentido de serem mais bem cuidados, sendo commettida a incum-
bência de dirigil-os pessoalmente ao Dr. Aristides Caire, mediante
gratificação, com a condição, porém, de residir na Fazenda. No Horto
da Penha foram autorizados alguns serviços para iniciar lavras e vivei-
ros de frueteiras, concertos de ca^a, cercas, ctc.
Attentos os relevantes serviços que o Dr. Assis Brazil, presidente
da Sociedade Brasileira para Animação da Agricultura, tem prestado
á Sociedade Nacional e á lavoura do paiz em geral, foi resolvida a
concessão do titulo de sócio honorário. Houve por essa occasião jubilo
entre a directoria por ter o seu presidente recebido igual distineção
daquella Sociedade, de Paris.
A ultima sessão da directoria effectuou-se cm 19 de março, depois
da qual elh se demittiu, acompanhando seu presidente que entendeu
assim proceder porque, sendo também presidente do Cen'ro da Lavoura
lw> SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
do Café do Brasil, julgava-se exautòrado pelo Governo, pelarecusa das
preterições daquelle Centro, severamente criticado pelo Jornal do Com-,
mercio, em artigo que parecia ter cunho oíncial.
Esse Centro tinha personalidade á parte c tinha cm sua adminis-
tração alguns dos directores da Sociedade e representantes do commercio
e dos Estados de S. Paulo e Rio de Janeiro.
Foi por isso constituída uma commissão directora, composta do
barão de Capanema, como presidente, e dos Drs. Luiz Carlos Barbosa
de Oliveira, Augusto Bernacchi, Aristóteles Calaça e Sr. Carlos Moreira,
encarregada do expediente até a reunião da assembléa.
Foi então convocada a assembléa geral, que em 25 de abril acclamou
a seguinte directoria :
Presidente — Dr. Antonino Fialho.
i° vice-presidente — Dr. João Baptista de Castro.
2° dito — Dr. Luiz Carlos Barbosa de Oliveira.
3o dito — Dr. Aristóteles Gomes Calaça.
Director da propaganda — Commandante José Carlos de Carvalho.
Director de culturas — Dr. Bernardo Dias Ferreira.
i° secretario — Dr. José Mattoso Sampaio Corrêa.
2o dito — Dr. Augusto Bernacchi.
3o dito — Sr. Carlos Moreira.
i° thesoureiro —Sr. Jens Sand.
2o dito ■ — Sr. João da Silva Gandra.
A redação dM Lavoura ficou sob a direcção do commandante José
Carlos de Carvalho, como chefe e do Dr. Sérgio de Carvalho, como se-
cretario .
Foram nesta sessão salientados os relevantes serviços prestados pela
directoria demissionaria, que deu grande impulso á Sociedade, tendo á
sua testa o Dr. Moura Brasil.
Começou a nova directoria a desenvolver mais ainda os serviços a seu
cargo, na terceira phase da vida social, de modo a curar da Fazenda
de Santa Mónica e do Horto da Penha e pôr em dia o boletim A Lavoura.
Foi largamente discutida a questão da dissolução do Centro da
Lavoura do Café, sendo apresentadas propostas no sentido de ter outra
applicação a verba do Centro, por intermédio da Sociedade, como o
estudo sobre a lavoura do café, campo de experiências, ctc.
Foram empossados no? cargos do C?ntro os membros da directoria
da Sociedade, nesse anno.
A 1 3 de maio, o Dr. Sérgio de Carvalho, em sessão especial, fez
exposição completa, em conferencia publica, da sua viagem a Montevideo
A LAVOURA 1G1
para tomar parte no Congresso Latino Americano, em março, onde foi
como representante da Sociedade, oíFerecendo medalhas, que trouxera,
sementes, amostras de productos, etc, havendo-se com todo o brilho, e
apresentou uma lista de nomes de agrónomos e homens importantes
relacionados com a agricultura para sócios correspondentes, o que foi
confirmado.
Foram discutidas as questões que nesse tempo eram aventadas em
S. Paulo para minorar a crise do café, como queima, etc.
Occupou-se a Directoria da grande idéa dos syndicatos agrícolas,
como meio racional de combater a crise, na sessão de directoria, de 2 1 de
maio. Foi logo nomeada uma commissao de cinco membros para formular
as bases da organização do 5 syndicatos agrícolas.
Em 1 1 de junho com o sentido de valorizar o café, é acceito
para estudo um projecto sobre usinas regionaes, que é submettido
ao parecer da mesma commissao.
Foram mandados imprimir, para distribuição, os trabalhos da pro-
paganda do café do Commandante José Carlos de Carvalho e os sobre o
café e industria pastoril do Dr. Assis Brasil.
Acolheu a Directoria os membros da recente Sociedade de Agri-
cultura Alagoana, que vieram á Capital Federal para tratar dos meios
de debellar a crise do assucar junto ao governo da União, promettendo
a sua cooperação pela causa agrícola no sentido da iniciativa par-
ticular.
Graças aos novos esforços desta Directoria, teve finalmente exe-
cução o primeiro Congresso Nacional de Agricultura, installado no
Lyceo de Artes e Officios e funecionando desde 20 de setembro
até 8 de outubro, com toda animação e concurrencia que merecia
um tal certamen. Tantas e tão boas idéas emanaram do seio de
suas discussões, que desde logo foi reconhecido o valor da reunião,
que tanto engrandeceu a Sociedade pelos factos decorrentes dessa
primeira e patriótica assembléa agrícola. Nelle salientou-se o Dr. Manoel
Victorino por seus grandes trabalhos nas discussões de diversos assumptos.
Constituiu assim o facto de maior importância do armo.
Foi inaugurado também por essa epocha o Museu da Sociedade
no mesmo Lyceu, cuja execução foi o frueto de trabalho pertinaz.
Conseguiu igualmente a Directoria uma subvenção de vinte contos
do Governo, em setembro, que ainda hoje auxilia seus benéficos serviços.
Foram tomadas as precisas medidas para que os serviços da
fazenda de Santa Mónica tivessem andamento, fazendo-se a economia
conveniente por não mais residir nella o director de Culturas.
162 SOCIEDADE NACIONAL DH AGRICULTURA
Teve approvação pela directoria o Conselho Superior em numero
de 45 membros.
Foram attendidos e estudados os assumptos tendentes a melhorar o
serviço interno e a desenvolver o plano oriundo do Congresso Agrícola.
if)03 — Como consequência do Congresso de Agricultura, reali-
zou-se na Bahia, a 10 de janeiro, uma reunião de lavradores, presidida
pelo Dr. Joaquim Ignacio Tosta, e da qual resultou a creação da
Sociedade Bahiana de Agricultura, cujos serviços fizeram-se logo sen-
tir beneticamente.
Em sessão de Assembléa Geral de 4 de fevereiro, foram refor-
mados os estatutos, reduzidos os membros do Conselho Superior a
35 e novamente restabelecido o cargo de secretario geral.
Antes tinham os estatutos o nome de Regulamento. Este, porém,
foi approvado com o seu verdadeiro fim em sessão de directoria de
6 de maio.
Foi eleita em 4 de fevereiro a nova directoria do seguinte modo.
Presidente — Dr. Antonino Fialho.
i° vice-presidente — Dr. João Baptista de Castro.
2o vice-presidente — Dr. Wencesláo A. L. de Oliveira Bello.
3o vice-presidente — Dr. Aristóteles Gomes Calaça.
Secretario geral — Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Director de culturas — Dr. Aristides Caíre.
i° secretario — Dr. Jacy Monteiro.
2o » — Dr. Augusto Bernacchi.
3o » —Alberto Jacobina.
i° thesoureiro — Jens Sand.
2o » — João da Silva Gandra.
A redacção d\4 Lavoura esteve a cargo do Dr . Sérgio de Carvalho.
Como precursor do movimento syndicatario, fundou -se o primeiro
Syndicato Agricola, em S. Thiago do Iguape, na Bahia, a 2 de março.
Emanada do seio da Sociedade e discutida desde antes de 1 1 de
março, teve realização a primeira conferencia assucareira, na Bahia, em
25 de junho, acompanhada de visitas aos principies engenhos de assucar.
Já este segundo comício, em sentido particular, operou resultados mais
directos, em favor da lavoura de canna, e ainda marcando outra confe-
rencia para o Recife. Por essa occasião foram lançadas as bases do Syn-
dicato Assucareiro da Bahia, que tão bons serviços tem prestado aos
interesses locaes.
Deu ensejo a largas discussões o projecto do general Quintino Bo-
cayuva, lançado em 27 de junho, tendo constituído a Sociedade uma com-
A LAVOURA
missão, para sobre elle interpor parecer, a pedido do Dr. Ignacio Tosta,
como membro da Commissão de Agricultura da Camará. Este parecer
foi approvado, sendo apenas modificada uma conclusão, havendo
um folheto em que elle foi vulgarizado, sob o titulo de «Valorização
do Café».
Na tribuna parlamentar evidenciou-se o Dr. Ignacio Tosta, com-
panheiro distincto das idéas adiantadas da Sociedade e de seus Congres-
sos, apresentando a i.) de agosto um parecer, em additamento ao
projecto n. 322, de 10 de dezembro de 1 901, sobre syndicatos agrícolas,
moldado na legislação franceza. Convém assignalar a activa propa-
ganda feita pela imprensa diária pelos Drs. Wescesláo Bello e Baptista de
Castro a favor da organização dos syndicatos agrícolas.
Em setembro teve execução, por ordem do Ministro da Industria,
conselheiro António Augusto da Silva, a parte da lei orçamentaria que
mandava dar a verba de 1 00:00 $ para a distribuição, de plantas e se-
mentes e para facilitar a introducrio de animies de raça no paiz, ficando
o serviço a cargo da Sociedade Nacional de Agricultura, pelo qual ella
muito se interessou como medida pratica.
Uma grande idéa teve concretização neste anno por meio do pro-
jecto do Dr. Chíistino Cruz, apresentado á Camará, sobre a creação do
Ministério da Agricultura. Teve como fonte de origem o Congresso Agrí-
cola realizado pela Sociedade em 190.1.
1003 — • A Sociedade teve o feliz ensejo de ser correspondida no
appello que dirigiu aos Governos Federal e dos Estados para a repre-
sentação do Brasil na Exposição de S. Luiz. Deu isso motivo a visita feita
á Sociedade pelos Srs. J. Buchnann e J. Lewis, o ex-ministro americano
na Argentina e o representante da exposição no Brasil, solicitando a sua
intervenção junto aos poderes públicos.
Outro pedido teve a Sociedade de D. Cypriano de la Pena para
que ella interviesse sobre a representação do Brasil na Exposição
Agricola de Buenos Aires, em maio, não o permittindo a exiguidade do
tempo e outros motivos de crise .
E' para salientar, como resultado das luctas anteriores de propa-
ganda sobre os syndicatos agrícolas, o decreto n. 979. de 6 de janeiro,
um dos primeiros actos do governo do Dr. Rodrigues Alves em prol da
agricultura.
E os resultados fizeram-se sentir neste mesmo anno, pois em Per-
nambuco foram fundados nada menos de seis svndicatos agrícolas.
A 31 de janeiro, 1, 2 e 3 de fevereiro reuniu-se em S. Paulo um
grande comício agricola tendo sido a Sociedade brilhantemente repre-
164 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
sentada pelos Drs. Wencesláo Bello e Baptista de Castro, que apresen-
taram o seu modo de vér sobre os resultados da reunião.
Teve logar a 9 de maio a eleição da directoria, que mudou de
membros somente nos seguintes: 30 secretario, Dr. Eduardo de Caldas
Brito ; i° thesoureiro, João da Silva Gandra ; -i° tlicsoiirciro, Jens Sand.
Directores das secções — Museu e Sementes — Dr. Bello; Bibliotheca —
Dr. Baptista de Castro.
Etfectuou-se a 13 de maio mais um Congresso Agrícola Industrial
e Commercial cm Bello Horizonte, do qual fez minucioso relatório o
Dr. João Baptista de Castro, na qualidade de representante da Sociedade.
Teve começo um projecto de Escola Pratica de Agricultura no
Districto Federal, apresentado pelo conselheiro Leôncio de Carvalho,
com acquiescencia dos Governos Federal e Municipal, mas não vingou
apesar da Sociedade ter prestado o seu auxilio moral, discutindo suas
bases e apresentando projecto detalhado para a organização do ensino
no instituto.
O Dr. Augusto Bernacchi produziu quatro conferencias na sede da
Sociedade, nos mezes de junho a agosto sobre «Meios para debellar mais
facilmente as crises no Brasil».
Em setembro conseguiu, emlim, a Sociedade installar-se na rua da
Alfandega n. 102 e General Camará n. 105, sua sede actual, onde poude
dar desenvolvimento ás suas secções e attender convenientemente aos
serviços de que já estava incumbida. Ahi tiveram a amplitude necessária
o Museu Agrícola, os serviços de escriptorio da Sociedade e bem assim
a Bibliotheca e a secção de plantas e sementes.
Foram igualmente cuidados os serviços da fazenda de Santa Mó-
nica, continuando a servir de campo de experiência e de demonstração e
os da fazenda da Penha, que começou a ser Horto Fructicola, transfor-
mando-se em viveiros de bacellos, plantas e enxertos.
O que se salientou nesse anno foi a Exposição Internacional de
Apparelhos a Álcool, inaugurada em 18 de outubro, no antigo edifício
do Frontão Velocipedico Fluminense, na rua do Lavradio, e preparada
desde 5 de agosto de 1902.
Como consequência do Congresso de Agricultura e da Conferencia
da Bahia, a Sociedade tratou de dar execução a uma de suas conclusões
organizando esse tentamen, inspirada no grande progresso que o álcool
industrial tomou na Allemanha. Auxiliada pelo Poder Legislativo, no
qual se salientou o Dr. Joaquim Ignacio Tosta, advogando os meios a
consignar em verba para realização do certamen e pelo poder executivo,
110 qual foi um dos factores o Dr. Lauro Miillcr, -Ministro da Industria,
secundando-o no estrangeiro o Barão do Rio Branco, Ministro do Ex-
terior, que offereceratn todas as facilidades possíveis, levou ao rim a So-
ciedade essa idéa. Na Europa fez a propaganda o Sr. João da Silva
Gandra, como delegado da Sociedade durante os trabalhos preparatórios.
Realizou-se conjunctamente a Exposição de Flores promovida pela
Associação das Crianças Brasileiras, que muito concorreu para o successo
geral.
Funccionou durante a Exposição o Congresso das Applicações Indus-
triaes do Álcool, que chegou a umas tantas conclusões tendentes a vulga-
rizar as applicações do álcool no campo industrial.
Terminada a Exposição em 25 de novembro, foi constituída a Com-
missão de Propaganda.
A Lavoura dedicou neste anno e no seguinte um numero especial
consagrado á Exposição.
1904 — Após os grandes trabalhos que de 1901 a igo3 absorveram
a Sociedade com a promoção dos congressoi e exposições, entrou ella
neste anno com a fadiga natural por tantos emprehendimentos . Assim,
não muitos serviços foram levados a effeito, convindo citar entre outros
os que se seguem .
Muito effeito causou a creação doSyndicato Central dos Agricultores
do Brazil, sob o patronato da Sociedade, que teve o impulso de sua orga-
nisação devido ao Dr. João Baptista de (astro, funccionando na sede da
Sociedade.
Foi conseguida a verba de 5o:oooSooo destinada omcialmente á pro-
paganda das applicações industriaes de álcool, o que deu grande movi-
mento á secção que foi creada .
A Sociedade teve a feiiz idéa de convidar os Estados para se fazerem
representar na Exposição Permanente de Fructas, que se ia realizar em
Buenos-Aires, confraternisando e mostrando ao estrangeiro os bons pro-
ductos brazileiros.
Foi lembrada a bella idéa da realisação de uma festa das arvores, de
accordo com o Prefeito, tendo occorrido depois uma, em ponto pequeno,
em Paquetá, na qual a Sociedade se representou por uma commissão,
fazendo a illuminação da festa a álcool . Essas idéas eram a imitação das
bonitas festas de arvores inauguradas no Brazil pelos inspectores agronó-
micos de S. Paulo, executadas nas cidades de Araras, Campinas, Itapira,
Jaboticabal e Jahú .
Foram attendidos tanto quanto possível os trabalhos da Penha,
sendo adquiridos instrumentos agrários e sendo augmentada a pomi-
cultura.
SOCIEDADE NAr.iovu, DK V.kicultpha
Também foram adquiridos livros novos para a Bibliotheca e frascos
para as amostras do Museu serem bem expostas.
Retardada a eleição da nova Directoria, por motivos de força maior,
teve ella logar em 6 de setembro, dando o seguinte resultado :
Presidente, Dr. Moura Brasil.
i" vice-presidente, Dr. WencesláoA. L. de Oliveira Bello.
2° » » Dr. João Teixeira Soares.
3o » » Barão de Aguas Claras .
Secretario geral, Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Director de cultura, Dr. Aristides Caire.
i° secretario, Dr. Eurico Jacy Monteiro.
2o » Dr. Eduardo de Caldas Brito.
3o » Dr. António de Pádua Rezende.
i ° thesoureiro, Dr . Leopoldo César Duque Estrada .
2o » Dr. Fábio Leal.
Director da secção do Álcool — Dr. Sérgio de Carvalho.
Teve logo nova orientação a presente Directoria, prestando toda a
attenção á Fazenda de Santa Mónica para os trabalhos de culturas diver-
sas, em experiências e demonstrações praticas e económicas. Chegou até
ao ponto de reduzir as despesas em outras secções da Sociedade para dar
áquella maior desenvolvimento, cabendo a direcção da mesma ao director
de culturas, em commissão.
íôOEJ — Nova feição tomaram os serviços internos por motivo de
reforma dos estatutos, realizando-se uma assembléa geral a 25 de janeiro,
da qual resultou a mudança da Directoria, a modificação dos estatutos e a
nova orientação emprestada aos trabalhos da Sociedade, que desta sorte
entrou na sua phase actual .
Foram alterados os estatutos ; entre outros pontos supprimindo o
cargo de Director de culturas e augmentando um secretario e reduzindo
o Conselho Superior a 25 membros .
Ficou a nova Directoria assim organisada, com o mandato de dois
annos :
Presidente, Dr Wencesláo A. L. de Oliveira Bello.
i° vice-presidente, Dr. João Baptista de Castro .
2o r> t> Dr. Sylvio Ferreira Rangel.
3o » » Coronel Cornelio de Souza Lima .
Secretario geral, Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
i° secretario, Dr. Luiz J. da Costa Leite.
2° s Dr. Heitor de Sá.
3o s Dr. Alfredo Dias.
A LAVOURA
4o d Dr. Carlos Raulino.
i° thesoureiro, Alberto de A. F. Jacobina.
2o d Edgardo Ferreira de Carvalho.
Directores das secções: Horto da Penha e Sementes — Dr. W. Bello,
S. Mónica — Dr. Sylvio Rangel, Museu — C. Cornelio Lima, Bibliotheca,
Dr. Baptista de Castro, Álcool — Dr. Sérgio de Carvalho, Boletim — Com-
missão tendo para presidente o Dr. Bello.
Mais tarde foi revisto o regulamento e approvado em sessão do
Conselho Superior de 27 de outubro de accordo com as novas disposições,
ficando creadas as 10 secções permanentes em vigor.
Em todos os serviços foi dada outra orientação para maior desenvol-
vimento e melhor andamento, de accordo com o estado de cousas e a posi-
ção da Sociedade .
Começou com este anno a distribuição gratuita, a titulo de ensaio,
das formigas cuyabanas, adquiridas na Fazenda das Coroas, em Valença,
de propriedade do Dr. Ernesto Ribeiro de Souza Rezende. Houve
grande distendimento deste formicida vivo, fornecendo-o também a
Fazenda do Mimoso, no Estado do Espirito Santo .
A Fazenda de Santa Mónica, e o Horto da Penha, iniciaram os
seus novos serviços sem esmorecimentos. Naquella foram instituidos os cur-
sos práticos de mecânica agrícola eattendidosde um modo geral os trabalhos
concernentes aos campos de experiências e de demonstrações. No Horto
da Penha começou o verdadeiro aproveitamento dos seus elementos natu-
raes para formação de um Horto Fructicola e viveiros de plantas, devido a
ter sido designada verba, para esse fim tirada da de distribuição de semen-
tes e arbitrada em 20 contos. Assim é que se verifica o seu desenvolvi-
mento pela differença de plantas existentes ao começar o anno em numero
de 3.247, comparada com o numero de 28. 10 1 ao findar o mesmo anno.
Realisou-se no Recife a 2a Conferencia Assucareira, secundada pela
Sociedade, conforme mandavam as conclusões da Ia na Bahia. Foi aberta
em 14 de março e encerrada a 29 do mesmo mez. Os seus resultados e as
visitas proporcionadas d lavoura de canna no interior do Estado muito
agradaram a todos que nella tomaram parte, auxiliada como foi pelo
Governo do Estado . A Sociedade fez-se representar por seus directores
Dr. L. J. da Costa Leite e engenheiro Heitor de Sá.
Em 5 de abril houve uma sessão solemne para entrega das medalhas
e prémios aos concurrentes da Exposição de Álcool, tendo comparecido
o Exmo. Sr. Dr. Lauro Muller, Ministro da Industria, que, com
palavras eloquentes e patrióticas, muito animou a Sociedade na sua
árdua tarefa.
Convidada esta Sociedade para tomar parte nas Exposições que se
realisaram em 23 de abril e i de maio em Pelotas e Florianópolis, pro-
movidas respectivamente pela Sociedade Agrícola e Pastoril do Rio
Grande do Sul e pela Sociedade Catharinense de Agricultura, de bom
grado accedeu ás solicitações das distinctas co-irmãs. Enviou esta Socie-
dade para os alludidos certamens não só varias amostras de produetos
agrícolas constantes de seu Museu e diferentes machinas agrícolas, para
cuja remessa se interessaram as firmas commerciaes desta praça, Henry
Rogers, Sons & C°e Arens & Irmão, senão também os apparelhos a aicool
de força, luz e calor, retirados da respectiva secção, e outros de contribui-
ção das firmas commerciaes desta capital, Borlido Moniz & Comp.,
Manoel Gomes & Comp. e J. M. Camanho. Serviram de artigos de expo-
sição e figuraram como factores únicos das illuminações dos recintos, sendo
todo o serviço provido e dirigido lambem por emissários desta Sociedade.
Além disso, fez-se ainda representar junto a essas festas de trabalho
pelo secretario Dr. Luiz Joaquim da Costa Leite, e, a par das demons-
trações praticas de utilisação do álcool industrial, fez realisar conferencias
sobre o mesmo assumpto pelo órgão de um commissionado especial.
Os Drs. W. Bello e Sérgio de Carvalho receberam diplomas de sócio
honorário, findo o certamen, da Sociedade Agrícola e Pastoril do Rio
Grande do Sul
Por occassião do 3o Congresso Latino- Americano, reunido nesta capi-
tal, em agosto, tomou parte a Sociedade, tendo-se realisado em sua sede as
sessões da commissão de agricultura, sendo conferidos os títulos de sócios
honorários e correspondentes a muitos dos membros representantes da
Argentina, Uruguay e Paraguay, que faziam parte da secção.
Continuaram a ter incremento os syndicátos agrícolas, as sociedades
e o movimento agrícola, como reflexo do movimento operado pela Socie-
dade. Assim é que na Bahia, Alagoas e Santa Catharina appareceram os
elementos justificativos da asserção supra.
Pernambuco, porém, foi mais adiante, pois, obediente ás conclu-
sões da 2a conferencia assucareira, synthetisou a forca dos syndicátos,
creando a união dos syndicátos, com oito regionaes abrangendo 18 mu-
nicípios.
Foram feitas na sede da sociedade conferencias pelos Drs. A. Cân-
dido Rodrigues, J. B. de Castro, Leite e Oiticica, António de Medeiros,
Carvalho Borges Júnior e Francisco Malta.
O boletim A Lavoura teve nova vida com direcção mais assídua,
pondo-se em dia e tratando de assumptos technicos interessantes, sendo
confiado a uma commissão directora. Assim é que foram publicadas
seis monographias e espalhadas em folhetos especiaes sobre as seguintes
matérias : I — Algodoeiro ; II — Lúpulo ; III — Cevada ; IV — Con-
solida ; V — Alfafa ; VI — Quatro importantes leguminosas forra-
geiras. Sob o titulo de Propaganda Agrícola os folhetos estudam as
culturas das plantas.
A sociedade promoveu um inquérito sobre o gado Zebú, iniciado
a 25 de maio, afim de orientar os criadores sobre esta raça, em vista
das repetidas entradas deste gado no nosso território e proveniente das
índias, o qual foi depois, em 1Q07, dado á publicidade e largamente dis-
tribuído.
ii>o<i — Começou o anno sendo rendido aos Drs. Lauro Miiller
e Ignacio Tosta o preito que mereciam por tantos serviços á causa
agrícola, com a sessão solemne para fazer entrega de seus diplomas
de presidentes honorários, em a data anniversaria da fundação da
Sociedade .
São conhecidos os auxílios que o Dr. Lauro Miiller prodigalisou
á Sociedade desde que assumiu a pasta da industria, e, quanto ao
Dr. Tosta, é sabido que desde o congresso agricola elle salientou-se
como patriarcha da agricultura .
Como uma vantagem aos sócios, resolveu a Directoria em abril
estabelecer os fornecimentos de formicida Paschoal, julgada a melhor,
mesmo sob o ponto de vista económico, e experimentada em concurso
especial de S. Paulo, e de machinas agrícolas, arame farpado e álcool,
valendo-se da quasi isenção de impostos do Syndicato Central e reduc-
ção na compra, em favor do lavrador. Isto resalta aos olhos como uma
grande medida pratica e de utilidade directa e que a Sociedade não
trepidou em dar prompta execução, attenta a vantagem que ia ofterecer
aos sócios em seus allazeres do campo. E não enganou-se a Sociedade
pois o destendimento deste serviço tem sido cada vez maior.
Realisou-se em 24 de maio mais uma exposição de álcool, em
Porto Alegre, promovida pelo Centro Económico do Rio Grande do Sul
e secundada pela Sociedade que enviou de novo ao sul apparelhos e
empregados seus. Por essa occasião,pelo órgão de um commissionado
desta sociedade, foram naquella Capital realisadas conferencias sobre
a organisação dos syndicatos agrícolas.
Solíreu reforma o boletim A Lavoura para tornar-se mais attra-
hente e noticioso ainda, com grande cópia de informações, pondo o
leitor ao par do movimento agricola mundial, illustrando o seu texto
com bonitas gravuras e tornando-se mais útil pela secção de annun-
cios, que foram restabelecidos em proveito dos sócios.
SOCIKDADK NACIONAL DE AGRICULTURA
Foi a sua capa, que marcou este adiantamento nos ns. 3 a 5, appare-
cendo mais moderna.
A1 vista dos bons resultados financeiros, pelo saldo havido no armo
anterior, foi resolvida a acquisição de seis apólices federaes para começar
o património da Sociedade, cuja compra realisou-se em (ide maio.
Devendo realisar-sc em junho a 3a conferencia assucareira, em
Campos, a Sociedade envidou esforços para a sua execução, não sendo
possível por motivo das enchentes do rio Parahyba, no Estado do Rio .
Teve de ser transferida para o anno seguinte, o que também não
logrou resultado por não ter a Sociedade encontrado apoio no governo
do referido Estado. Ainda quiz a sociedade reunil-a em sua sede, mas
chegada que foi a época da safra no Norte, não houve accôrdo nos
Hstados interessados, ficando para realisar-se durante a Exposição Na-
cional de 1908, como parte do congresso de agricultura.
Em 3o de junho promoveu a Sociedade uma festa agrícola, por meio
de uma sessão magna, para entregar os diplomas de sócios honorários aos
Exmos. Srs. D. Luiz, bispo de Olinda, e Dr. Christino Cruz. Aquelle pelo
seu amor á agricultura e pela parte que tomou na conferencia do Recife ;
este por serviços agrícolas á Pátria, salientando-se a idéa levada ao Con-
gresso Nacional da organisação de um ministério technico de agricultura.
Foi lançada a idéa da organisação de uma Cooperativa Central,
sendo preparados o respectivo projecto e estatutos. Tem tentado até hoje a
Sociedade levar a elfeito esse desejo de grande alcance para a lavoura em
geral .
Em julho apresentou o Dr. Ignacio Tosta, como relator, o pro-
jecto da creação do Ministério da Agricultura, Industria e Commercio,
tendo sido por isto saudado pela Directoria da Sociedade e pelas insti-
tuições agrícolas do paiz. Esse projecto foi consagrado mais tarde, a
29 de dezembro, pela saneção presidencial á lei votada pelo Congresso,
o que veio demonstrar as bel las intenções do novo Governo da Re-
publica em prol da classe da lavoura. A alegria causada com esse
acto foi enorme, pois era anciosamente esperado, pelos benéficos effeitos
que ha de produzir.
Pelo mez de agosto houve uma reunião dos representantes dos syndi-
catos assucareiros e foi formado um Comité no Rio de Janeiro para atten-
der aos seus interesses, idéa que foi fortemente amparada pela Sociedade,
que se tornou o centro deste serviço, abrindo logo um credito para
o seu inicio. Foi mantido um Boletim quinzenal de informações precisas,
auxiliado pelos Estados interessados e por esta Sociedade, o que foi
levado a elfeito até 1907.
A LAVOURA 171
Houve recepção nesta sede em homanagem ao Dr. Joseph
Philipp Wileman, pela sua posição junto á Convenção Assucareira de
Bruxellas, como representante do Brazil. Foram conferidos, em 4 de
agosto, os diplomas de sócios honorários aos Srs. Drs. Corrêa de Brito
e Paulo do Amorim Salgado, aquelle presidente da União dos Syn-
dicatos do Recife e este gerente da Sociedade Auxiliadora de Per-
nambuco .
Foi notificada a invasão dos gafanhotos no território brazileiro,
tendo causado damnos desde o Rio Grande do Sul até S. Paulo,
Minas, Rio e Capital Federal. Em 3o de outubro a Sociedade acolheu
em sua sede o Dr. Susviela Guarch para fazer uma conferencia sobre
o estudo desta praga e meios de debellal-a, com desenhos explicativos.
A directoria agiu junto ao Sr. Ministro da Industria sobre a extinccão
no Districto Federal, conseguindo verba no começo do anno seguinte e
fazendo sem demora publicar instrucçóes para a destruição dos « saltões » .
Encarregou-se do serviço e deu-lhe cabal execução, conseguindo extinc-
cão completa, do que apresentou circumstanciado relatório ao Sr. Mi-
nistro, com estudo da invasão do insecto e dos meios defensivos . Ahi a
Sociedade pede ao Sr. Ministro que organise o serviço permanente de
defesa agrícola.
A Sociedade deu publicidade ao i° volume dos Annaes do Con-
gresso Nacional de Agricultura de 1901, além dos avulsos de propaganda
sobre vários assmptos.
O numero de sócios attingiu a 1.7 14, sendo í.624 contribuintes, inclui-
dos 140 associados.
O museu ganhou augmento, contando já 1.384 amostras. A dis-
tribuição de plantas e sementes teve largo distendimento, chegando a
ser satisfeitos 3.609 pedidos.
No Horto da Penha foram feitas 54.720 plantações e o mesmo anno
findou enriquecido com 22 1 . 096 plantas e enxertos, sem referir os j 2
viveiros diversos.
Na Fazenda de Santa Mónica continuaram os mesmos trabalhos,
inclusive o de ensino pratico de mecânica agrícola, sendo envidados
esforços para minorar as despezas por meio de renda própria. Foi iniciado
um pequeno campo de experiências de adubos chimicos dirigido pelo
Sr. E. Mager, agrónomo, como representante do «Kalisyndikat de Stass-
furti, das minas de potássio.
A secção do álcool esteve prompta para attender aos pedidos de
illuminação e informações, assim como no anno anterior, tendo effectuado
muitas demonstrações na Capital e pelos Estados, concorrendo também ás
■Í403 4
si>ciki>\1>K, \Ariii\.\i. ]ik .v;iun:i.'i'i:n.\
exposições havidas, com brilhantismo, não descurando da propaganda
oral .
A bibliotheca progrediu bastante, pondo-se em relação com as
publicações de diversos pontos do mundo agrícola por meio de acquisições
e permuta com A Lavoura, podendo já fornecer leitura variada sobre
a especialidade a que se destina.
Ficam assim relatados os profícuos serviços desta directoria, biennal,
que sempre attendeu a tudo que ponde, mantendo o ponto de vista
económico.
Não teve, porém, completa satisfação a directoria por ter visto
findar-se em 27 de dezembro o seu distincto 3o secretario Dr. Alfredo
Dias, que sempre cooperou com a melhor boa vontade para os serviços
em acção. Salientou-se por seus dotes de intelligencia e pelo trabalho
assíduo no seio da directoria, onde era muito estimado. Foram-lhe
pela prestadas as homenagens de que era merecedor.
íoor A Sociedade Auxiliadora da Agricultura de Pernambuco agra-
ciou o presidente da Sociedade Nacional com o diploma de sócio hono-
rário, o que muito desvaneceu a esta e mais estreitou as relações da união
pela classe.
Depois do necessário preparo dos elementos para a convocação da
assembléa geral, inclusive o substancioso relatório do presidente, relativo
ao biennio de 1905/6, afim de ser eleita a nova directoria, teve logar a
mesma assembléa a 27 de abril, verificando-se a acclamação da nova
directoria, que ficou assim constituída :
Presidente, Dr. Wencesláo A. L. de Oliveira Bel lo.
i° vice-presidente Dr. João Baptista de Castro.
2o » » Dr. Sylvio Ferreira Rangel.
3o » y> Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Secretario-geral Dr. Heitor de Sá.
1 ° secretario, Dr . Francisco Tito de Souza Reis.
2o » Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
3o » Dr. J. R. Monteiro da Silva.
4o » Alberto Jacobina.
i° thesoureiro Dr. João Pedreira do Couto Ferraz Júnior.
2o s Carlos Raulino.
Foram a seguir preenchidas as secções com os membros da directoria,
para o bom andamento dos serviços, como consta da capa dM Lavoura.
Foi dada ao Boletim a direcção precisa para servir ao escopo a que se
destina em todas as suas secções, de modo a bem agradar aos sócios pelo
seu interesse agrícola.
A LAVOURA l<3
Em sessão de a3 de maio, foi creada a secção technica, comprehen-
dendo a do Boletim A Lavoura, com o seu regulamento á parte, e bem
assim foi dada nova orientação á do Horto da Penha com a nomeação de
um superintendente para de perto desenvolver as suas culturas, com
sujeição a obrigações approvadas.
A 3 de maio, inaugurou-se em Pelotas, por iniciativa da Sociedade
Agrícola e Pastoril do Rio Grande do Sul, uma exposição agrícola e pastoril,
para a qual, por meio de reiterados convites, foi solicitado o concurso
desta Sociedade, por sua secção de propaganda do álcool industrial, c por
cuja annuencia teve ella mais uma vez ensejo de vulgarisar naquelle Estado,
a propaganda que vem fazendo desde io,o3. Com os apparelhos seguiram
empregados para installal-os.
Em sessão de 3 de junho, a directoria resolveu promover a orga-
nização de um 2o Congresso Nacional de Agricultura, a se realizar por
occasião da exposição nacional projectada para o anno de 190S.
Era isso a continuação dos esforços da Sociedade para a repetição
da certamen de igoi , pois que já a directoria havia proposto ao governo
Rodrigues Alves a realização de um Congresso e uma exposição
de agricultura, e auxiliara depois a iniciativa do Congresso de Ex-
pansão Económica nos trabalhos preparatórios de uma exposição
nacional .
A Sociedade fez-se representar no dia 1 3 de maio, por seus directores
Drs. João Baptista de Castro e Sylvio Rangel, na inauguração da Escola
de Piracicaba para o que havia sido convidada .
A Sociedade teve a infelicidade de descobrir em seu ex-thesoureiro,
Sr. Edgardo de Carvalho, um director que não se revelou cumpridor de
seus deveres, causando prejuízos económicos. A directoria agiu com
energia contra o mesmo senhor e teve a ventura de superar mais este revez
com a boa orientação dada pelo seu presidente interino, Dr. Sylvio Rangel.
Assim foi por ter parado para a Europa e America do Norte, em viagem
instructiva, o presidente Dr. Wenceslao Bello, e ter resignado o seu logar
o Dr. João Baptista de Castro.
Foram homenageados os Drs. Wenceslao Bello e Ignacio Tosta
na secção magna de 8 de junho, inaugurando-se os seus retratos no salão
nobre da Sociedade.
O novo Governo Federal, creando a Directoria do Povoamento do
Solo, decretando os regulamentos para a importação de animaes de raça,
sobre syndicatos agrícolas, sobre dividas provenientes de salários de
trabalhadores agrícolas e sobre prémios á sericicultura, justificou a cam-
panha que mantinha a Sociedade por alcançar taes fins, sendo votada em
MH',IKI>\nH \ACKiX\l, ])K MIUIIUILTIIRA
ii de julho uma moção de congratulações ao Dr. Miguel Calmon, pelos
serviços que em tão pouco tempo já prestara á lavoura.
Foi apresentado e publicado um longo parecer da co mmissão nomeada
pela directoria, tendo como relator o Dr. João Baptista de Castro, sobre
os typos de café, adoptados na praça de Santos e, da Bolsa de Nova-
York, sendo as conclusões approvadas.
O Horto da Penha foi honrado em agosto com a visita dos Srs .
Presidente da Republica e Ministro da Industria. Mais outras visitas
importantes teve o Horto e na sede social muitas foram as pessoas que
distinguiram-na com a sua presença.
Declarada a febre aphtosa em alguns Estados, a Sociedade fez im-
primir circulares com os meios indicados pela sciencia para a cura da
peste .
Em sessão de 9 de setembro, foram approvados os pareceres das
commissões nomeadas, sobre a creação de uma Caixa Auxiliadora dos
Empregados da Sociedade e sobre o projecto de reforma de tarifas adua-
neiras do Dr. J. Luiz Alves, sendo cm ambas relator o Sr. Alberto
Jacobina e publicado o ultimo.
Em sessão de 9 de outubro, foi unanimemente acceito sócio bene
meritoo Dr. João Baptista de Castro pelos seus valiosos serviços á
classe agrícola.
O mesmo Dr. Baptista de Castro representou a Sociedade na Expo-
sição Regional de Leopoldina e no Congresso das Municipalidades da
Matta.
Em sessão de 4 de novembro, resolveu a directoria encetar os
trabalhos para a Exposição de 10,08$ renovando as commissões para esta
c para o Congresso de Agricultura, já resolvido desde 3 de junho.
De longe vinha a Sociedade com a idea da realisação de uma ex-
posição, o que foi depois resolvido pelo Governo.
Em a mesma sessão, foi approvado o parecer da commissão, de que
foi relator o Engenheiro Heitor de Sá, sobre o Regulamento da Dire-
ctoria de Agricultura de Minas, elogiando a concentração de todos os ser-
viços.
Foi feita a publicação do 20 volume dos Annaes do Congresso de
1901, completando-se assim os trabalhos daquelle certamen. Egualmente
foi reimpressa a série da «Propaganda Agricola» até o 6o folheto, illus-
trada agora com gravuras, e apparecendo o n. VII que trata das «Plantas
produetoras da borracha», com illustrações.
O movimento sempre crescente na Sociedade tornou mais patente
sua posição dedicada na vida agricola do Brasil . Assim nas suas secções
foram encaminhados os trabalhos de forma a attender melhor ao estado
actual do progresso agrícola, quer nas secções de plantas e sementes,
secretaria, thesouraria, como nas seguintes :
O Museu ganhou grande numero de amostras, inclusive de madeiras
com as respectivas monographias .
A bibliothcca enriqueceu-se de bons e modernos livros estrangeiros e
distendeu mais a permuta de revistas, recebendo também offertas.
A secção do álcool continuou a propaganda pelas demonstrações
publicas e particulares, estendendo seu campo de acção pelos Estados
do Rio, Minas e Rio Grande do Sul e mantendo prompto serviço de
informações.
Em relação ás fazendas, toda a attenção foi convergida para a da
Penha, com o seu novo superintendente, o Dr. P. Cavalcanti, que, entre
os muitos serviços que methodisou e creou, como installações, plantações,
etc, levantou a planta topographica da fazenda, onde delineou os serviços
em acção e projectou os que convém atacar. Foram por isso resumidos
os trabalhos em Santa Mónica, attentas as difficu Idades económicas para
mantel-a no ponto que merece.
A secção technica attendeu sempre ás variadas consultas sobre todos
os assumptos, prestando as devidas informações que foram divulgadas.
Occupou-se igualmente com cuidado da confecção do Boletim A La-
voura.
A Sociedade nunca deixou de attender ao pedido de sua intervenção
junto aos poderes públicos, alcançando facilidades para a lavoura, como
transportes, etc, e viu crescer continuadamente o numero de seus sócios,
não esquecendo aquelles que a auxiliam enicazmente, conferindo-lhes por
isso títulos honoríficos. Satisfaz-se finalmente com o acolhimento que
tem recebido da classe e do Governo.
Quanto a este, cumpre dizer, que, além de ter confiado á directoria
o encargo de informar sobre os pedidos dos favores concedidos por lei aos
introductores de reproductores de raça, em grande numero foram, em to-
dos os annos, suas consultas a pedidos de informações sobre múltiplos
assumptos, ao que a directoria procurou sempre corresponder com grande
zelo, sentindo-se honrada com essas provas reiteradas de confiança de
todos os governos que se teem succedido depois de sua fundação.
Illustramos estas linhas intercalando algumas photographias das
secções da Sociedade para bem indicar a installação que ella possue actual-
mente nos edifícios da rua da Alfandega n. 102 e General Camará n. io5.
afim de perpetuar o desenvolvimento a que já chegou na éra presente.
176 SOCIEDADE NACIONAL DE AGIíH.U.Tl K \
E como sendo o Dr. Wencesláo Bello, o distincto presidente de hoje,
um dos mais incansáveis batalhadores que tem possuido a Sociedade,
muito se honra A Lavoura em abrir o presente numero com o seu
retrato em homenagem justa e assaz merecida por tantos titulos que
ornam a sua pessoa. Accresce a razão de lhe ter sido conferido o
titulo de sócio benemérito pelos seus relevantes serviços á Sociedade e
á causa agrícola. Com desvanecimento estampamos também a sessão
solemne com que foi recebido no seio da directoria, depois de longa
e proveitosa viagem scientitica á Europa e á America do Norte.
Por tão sobejas razões e por ser mestre e amigo, apresentamos a
S. Ex. as nossas cordiaes felicitações, pedindo vénia para dedicar este
pequeno trabalho do resumo histórico da Sociedade Nacional de Agri-
cultura.
Heitor de Sá,
Justa homenagem
A Sociedade Nacional de Agricultura, querendo patenteiar o seu
apreço e profundo reconhecimento pelas innumeras provas de alta con-
sideração que lhe tem dispensado o honrado Sr. Ministro da Industria,
Viação e Obras Publicas, convocou uma reunião para solemnisar o
acto de inauguração da photographia de S. E\. no salão nobre da
mesma sociedade.
A1 solemnidade compareceram muitos distinctos cavalheiros da nossa
melhor sociedade e alguns dos nossos sócios, desejando manifestar ao
illustre Ministro quanto o acatam e admiram pelos seus peregrinos
predicados de cavalheiro e homem publico.
A1 sessão festiva, realizada a 2 de maio de 1908, assistiram os
seguintes Srs., constantes da acta referente á solemnidade, cujo teor
é o que damos nestas linhas :
b A's 3 horas da tarde do dia 2 de maio de 1 908, achando-se pre-
sentes os Srs. directores : Sylvio Rangel, Souza Reis, Benedicto Ray-
mundo, Carlos Raulino e Sérgio de Carvalho, não comparecendo por
acharam-se ausentes os Srs. directores : Wencesláo Bello, Heitor da Sá,
Monteiro da Silva, Alberto Jacobina e João Pedreira do Couto Ferraz
Júnior e presentes as pessoas constantes do livro de presença dentre
ellas os Srs. Dr. Carlos Oscar Lessa, Carvalho Borges Júnior, Amaral
França d'0 Paiz, Francisco Souto, pelo Correio da Manhã; Dr. Alfredo
Rocha, J. A. Gonçalves Júnior, Christino Cruz, Manoel Costa, pela
Revista Commercial.e Financeira;!. C. de Miranda Horta, Dr. Oliveira
A LAVOURA 177
Bello, Arthur Getulio das Neves, António Olyntho dos Santos Pires,
Dr. Pádua de Rezende, general Thaumathurgo de Azevedo, João da
Silva Gandra, comparece o Sr. Dr. Miguel Calmon du Pin e Almeida,
Ministro da Industria, Viação e Obras Publicas, accedendo ao con-
vite que lhe foi feito pela directoria da sociedade, sendo recebido na
entrada pelos Srs. directores Sylvio Rangel, presidente em exercício;
Souza Reis, Benedicto Raymundo, i° e 2° secretários; Carlos Raulino,
2o thesoureiro , Dr. António Olyntho, general Thaumaturgo de Aze-
vedo e Pádua Rezende, membros da Commissão da Exposição Nacional
de [908.
Depois de minuciosa visita á exposição de objectos já preparados
pela Sociedade, para o certamen nacional de rgo8, tendo S. Ex. o
Sr. Ministro occasião de visitar varias dependências da sociedade, como
bibliotlieca, museu etc, é convidado pelo Dr. Sylvio Rangel para se
dirigir á sala das sessões, onde tomando logar á direita do Sr. presi-
dente, que convida para oceupar a esquerda o Sr. Dr. António Olyntho,
declara aberta a sessão solemne em homenagem ao Sr. Ministro da
Industria.
O Sr. presidente, tomando a palavra, lê o seguinte discurso:
« Sr. Ministro !
Somos muito gratos á honra que vos dignastes conceder-nos, vindo
visitar o nosso centro de trabalho.
Não sois, certamente, um estranho nesta casa. Ha cinco annos, aqui
estivestes pela primeira vez, collaborando comnosco no memorável
Congresso das Applicações Industriaes do Álcool. Éreis, então, muito
moço e já o vosso Estado, onde aliás não escasseiam os talentos de escol,
havia reconhecido no novel engenheiro, o digno herdeiro de altas vir-
tudes de gloriosos antepassados. Não nos foi ditticil reconhecer o
acerto da previsão. Naquelle certamen, em que se debateram com grande
elevação tantos e tão variados assumptos, nos destes frequentes provas,
não só de brilhante talento, mas, sobretudo, de grande disciplina inteí-
lectual, que é o apanágio dos homens de Estado.
Foi, pois, com real sympathia que vos vimos chamado a oceupar o
posto, que honraes, na alta administração da Republica, tanto mais
difficil de preencher no momento, quanto, é certo, o cidadão que o
deixara lhe havia dado brilho excepcional, graças a um bello talento a
serviço de inquebrantável vontade.
Não nos illudimos. O Congressista de iqo3 trazia para o Governo,
robustecido pela experiência e a observação de outros povos, os mesmos
ídeaes, a mesma fé inabalável nos altos destinos da Pátria, a mesma con-
178 SOCIKDADK NACIONAL DE AGRICULTURA
vicção de que é no seio abençoado da terra que está latente, á espera
somente de quem a venha colher, toda a matéria prima com que deve-
remos archilectar o edifício de nossa grandeza futura.
Apoiado na orientação patriótica do eminente Sr. Presidente da
Republica, não tendes perdido tempo. A viação férrea continua célere a
desenvolver-se por todo o paiz, atravessa campinas, penetra pelos ser-
tões, despertando aqui, estimulando alli as forças vivas da producção.
O povoamento do solo, condição essencial ao desenvolvimento
desta, já o iniciastes, e o seu completo successo não se fará esperar,
quando aquelles, a quem cabe a tarefa, se compenetrarem de que o
barateamento da subsistência do proletário, por eífeito de um prudente
e equitativo regimen tributário, é o meio seguro de vincular ao nosso
paiz os immigrantes que procuramos para elle attrahir.
A propaganda do Brasil no estrangeiro, secundando a obra ingente
e imperecivel do grande patriota que dirige a nossa Chancellaria, dentro
em breve, estamos certos, começará a trazer para o nosso commercio
internacional os benefícios que, com perfeita intuição, soubestes prever.
Tendes, é certo, Sr. Ministro, a responsabilidade de uma Secretaria,
em que cada directoria por si só seria bastante para absorver toda a
actividade de um estadista ; ainda assim, emprehendendo resoluto a
solução de grandes problemas, não tendes descurado de outros que, por
mais modestos, não são menos momentosos.
Da agricultura propriamente dita vos estaes também oceupando.
As estações agronómicas, os postos zootechnicos começarão dentro
em breve a se propagar no paiz ; a representação da agricultura na
próxima Exposição Nacional, a reunião de seu Congresso, que nessa
occasião se realisará, não teriam o brilho que estamos habituados a
prever si lhes tivesse faltado, um momento, o vosso decisivo concurso.
Mas, não basta termos fartos meios de transporte, precisamos pro-
duzir o que transportar. Para produzir é preciso sabel-o.
A agricultura não é mais a velha arte de um século atraz, mas uma
industria de natureza extremamente complexa, que se aperfeiçoa
todos os dias. Na concurrencia universal das industrias, a victoria ja-
mais abandona os que melhor e mais barato produzem. Produzir melhor
e barato quer dizer aperfeiçoar o instrumento de trabalho, multipli-
cando-lhe o effeito útil. E1 o que precisamos fazer.
Para que podem servir-nos as barreiras levantadas ao livre com-
mercio internacional, e que, fomentando a rotina, impedindo o pro-
gresso e perfeição do trabalho, sacrifica a grande massa dos consumidores
e acaba por desvalorisar o próprio produeto e arruinar o seu produetor ?
A LAVOURA 1.9
A lavoura não pôde aspirar uma tal protecção. O que ella deseja,
o que cila reclama c um conjuncto de providencias, prudentes, harmó-
nicas e previdentes, que lhe permittam altrahir e baratear a mão de obra
pelo barateamento das condições de subsistência e de relativo conforto
do operário, garantia segura de sua fixação e permanência no solo, que lhe
venham facilitar, pondo ao seu alcance, os meios conducentes ao aperfei-
çoamento e melhor utilisação do trabalho e, finalmente, que lhe venham
prestar etficaz concurso para a conquista da sua emancipação da tutela
atrophiante que lhe impõe a especulação dos mercados.
No estado actual das industrias ruraes, a concurrencia do baixo preço
com a melhor qualidade do respectivo producto está intimamente ligada
á applicação da engenharia, da mecânica e da ehímica agrícolas no
amanho da terra e da zootechnia, da chi mica, da biologia etc, na
pecuária.
Assim como o individuo sem pratica de laboratório, por hábil que
seja, não poderá, sem tentativas frustradas chegar, a realisar uma simples
analyse chimica, assim também o agricultor inexperto, por mais que lhe en-
sinem os livros, nenhuma probabilidade terá de serbem suecedido em uma
primeira experiência . Mas, emquanto o chimico em curto espaço de tempo,
em horas apenas, pôde repetir o trabalho, até conseguir seu intento, o
agricultor estará obrigado a esperar muitas vezes um e mais annos para
renovar a experiência que, não raro, lhe consumirá capitães.
D'ahi o nosso empenho constante em favor do ensino agrícola pratico,
em escolas superiores, em simples aprendizados, em campos de experi-
ência e demonstração eda creação de institutos apparelhados convenien-
temente, onde os interessados se possam prover dos elementos necessários
ao aperfeiçoamento das respectivas industrias.
Mas não é tudo. Todos conhecem as lutas travadas pela especulação
no commercio.
Desse phenomeno, aliás natural, que a todos alíecta, produetofes e
consumidores, a lavoura, entre nós, é a mais sacrificada das victimas.
Desde o café e os cereaes até os produetos das pequenas industrias
ruraes, tudo é sacrificado nos nossos mercados á ganância da especulação.
No regimen de desaggregação em que ainda permanece a lavoura,
não ha meio de impedir o mal, e é preciso desconfiar dos projectos salva-
dores que frequentemente apparecem.
A união dos interessados, ensina-nos a experiência de outros paizes,
é o único meio de subtrahil-as ás garras do abutre. Mas a lavoura é timida
e, com alguma razão, demasiado desconfiada. Não crê na efficacia de
meios em que não vê empenhado o Governo.
ISO SOCIEDADE NACIONAL DK AGRICULTURA
O que temos nós conseguido neste particular, si é muito pela dificul-
dade oiíerecida pelo meio em que operamos, é pouco para o que aspira-
mos.
Na França a situação também era a mesma, mas a acção vigorosa de
Waldeck Rousseau em pouco tempo conseguiu transformal-a, fazendo
surgir por toda a parte as associações ruraes.
Eis ahi uma bella vereda convidando o Governo a trilhal-a.
Sr. Ministro, no caminho da propaganda que percorre, prestando
na medida das suas forças os serviços que julga poderem ser úteis ás
classes ruraes do paiz, a Sociedade Nacional de Agricultura, não raro,
tem a lutar com a má vontade de uns e a inditlerença de muitos e, si
lhe é licito ser indifferente a estes, não o é, por certo, protelar a ma-
nifestação e seu reconhecimento aos que, animando-a, distinguindo-a,
prestam-lhe apoio efficaz na obra patriótica em que está empenhada. Vós
tendes sido um destes últimos e é por isso que ella, desejando dar-vos
um expressivo testemunho do seu reconhecimento, com viva satisfação
inaugura o vosso retrato na pequena galeria em que se acham os daquel-
les que maiores serviços lhe lèm prestado.
Procurámos realisar este acto sem que o pudésseis suspeitar c sem
a menor ostentação. E' que temíamos que este viesse diminuir o per-
fume do sentimento que nos anima.
Dentro de poucos dias voltará a occupar esta cadeira o companheiro
e amigo querido que tanto a tem honrado e cujas aptidões, avigoradas pelo
estudo e observação que acaba de fazer no estrangeiro, maior brilho
lhe virão dar.
Permitti, pois, Sr. Ministro, que aproveite esta opportunidade para
juntar ás manifestações de gratidão desta sociedade os votos pessoaes
do meu profundo reconhecimento, pela benevolência com que sempre
me acolhestes c o efficaz concurso que vos dignastes prestar-me, graças
ao qual, coma coadjuvação de leaes companheiros, puderam os meus
fracos hombros supportar as grandes responsabilidades que pesam so-
bre a presidência da Sociedade Nacional de Agricultura. »
Após essa substanciosa peça oratória, que foi muitas vezes sublinhada
com calorosas salvas de palmas, o Sr. Dr. Carvalho Borges Júnior, em
nome do Conselho Superior da Sociedade Nacional de Agricultura,
manifesta o seu reconhecimento pelo comparecimento do Sr. Ministro, o
qual, tomando da palavra, agradece a manifestação da directoria da
Sociedade Nacional de Agricultura, acostumado, como está desde ha
muito a ver nella as mais bellas manifestações de esforço e dedicação
em prol do progresso e engrandecimento da lavoura. S. Ex. diz sentir-
se jubiloso por achar-se no meio dos seus antigos companheiros de jorna-
da. Agradece c acceita esta manifestação como sendo dirigida não ao
Ministro, mas ao antigo companheiro de lutas.
«Esta sociedade, S. E\. o aftírma textualmente, apezar da má
vontade de alguns, da falta de comprehensão de muitos, vai trilhando o
seu progressivo desenvolvimento e cumprindo o seu programma. Para
completa execução do seu programma, ella não pôde dispensar o auxi-
lio do Governo, o qual, continuador do precedente no desenvolvimento e
auxilio da lavoura, não deixará de vir ao encontro das necessidades de
tão útil sociedade, a qual amparará dentro da lei, sempre com muito
boa vontade.»
Os termos firmes e categóricos do discurso do nobre Ministro foram
calorosamente applaudidos pela numerosa assembléa que concorreu á
bella festa.
Relatando o occorrido, a Lavoura junta-se aos senhores lavradores
para generalisar os applausos merecidíssimos tributados ao joven e bene-
mérito Ministro pelo muito que elle ha feito e p2lo que ainda ha de vir
a fazer.
Homenagem ao Er. Wencesláo Bello
A 9 de maio ultimo, solemnizou a Sociedade Nacional de Agricul-
tura a volta do seu caro presidente, que, após muitos mezes de útil
excursão pela Europa e Estados Unidos, lhe veio retomar a direcção,
com farto cabedal e firme vontade de continuar a penosa faina em que,
ha tanto tempo, se acha empenhado em beneficio da lavoura nacional.
Foi um dia de sincero jubilo para os collegas e auxiliares do illus-
trado Dr. Wencesláo Bello, cujo espirito cordato e tolerante, como soe
ser o dos homens de fina educação, lhe tem creado uma legião de amigos
dedicados, não só entre os seus pares, como também entre os seus
auxiliare-.
A concurrencia foi considerável, tendo assistido á sessão solem ne e
ás diversões que lhe seguiram uma selecta sociedade, em que se distin-
guiam varias senhoras e gentis senhoritas.
Após a sessão foram proferidos brindes cordealissimos, reinando a
maior satisfação pelo acto. Foi uma bella festa.
A1 sessão de posse, que se passou sob a presidência do Dr. Sylvio
Rangel, compareceram todos os membros da directoria, com excepção dos
.SOCIEDADE NACIONAL DE AHIUHII/TURA
Drs. Sérgio de Carvalho e Monteiro da Silva, que se achavam ausentes
da Capital .
Aberta a sessão o Sr. Dr. Sylvio Rangel, presidente em exercício,
toma a palavra e profere o seguinte discurso :
« Sr. Dr. Wencesláo Bello ! A Sociedade Nacional de Agricultura,
com justo motivo, manifesta hoje a viva alegria de que está possuída, por
voltar á cadeira que, com grande brilho para elle e lustre para seu próprio
nome, tem sabido occupar o seu benemérito presidente. Seria difticil,
sinão impossível, pretender enfeixar, resumindo nos limites de uma
singela saudação, toda a historia de vossos abnegados serviços á causa
patriótica que aqui nos congrega, e a que tendes dado o melhor quinhão
de vossa actividade e toda a vossa dedicação.
Ahi estão os registros de nossas deliberações. Quem os quizer folhear,
não terá, por certo, difficuldade para reconhecer que, desde os seus pri-
meiros passos, a Sociedade Nacional de Agricultura teve em vossa bella
intelligencia, em vosso ardor patriótico, em vosso espirito tão tenaz,
quanto reflectido e methodico, um guia seguro e um dos mais valiosos
cooperadores da sua grandeza e prosperidade.
E foi por isso que, percorrendo a escala hierarchica de sua adminis-
tração, chegastes á culminância em que vos achaes, não por uma mera
casualidade, mas por uma imposição indeclinável ás consciências dos que
deseiam ver prosperar a nossa aggremiação.
E como não ser assim, si os que comvosco convivem, não podem
fugir á fascinação do professor consciencioso, do mestre apaixonado, que
sabe tirar da arte com que preparar e illustrar a intelligencia juvenil
de seus discipulos, o ardor e a convicção com que incute no espirito dos
seus concidadãos o amor á cultura da terra, como fonte perenne de felici-
dade para o homem e de riquezas para a Pátria ?
Mas, para que esta apologia, si fallo em um meio em que todos vos
amam e admiram ?
O momento é apenas de regosijo e de esperanças ; de regosijo, porque
vos temos de novo entre nós, a guiar-nos com o vosso conselho de amigo ,
com a vossa palavra de estimulo, com o vosso exemplo de dedicação ; de
esperanças, porque o cabedal de conhecimentos que nos trazeis, colhidos
na observação dos povos adeantados do velho e do novo mundo, é um
novo e poderoso recurso de armas e munições para a campanha em
que estamos empenhados em prol da lavoura e das industrias ruraes
do paiz.
No curto período de onze mezes, tão longos aliás, para a nossa
saudade, não vos preoccuparam outros intuitos que não fossem o appare-
A LAVOURA 183
lhamento de vosso lúcido espirito para a grande campanha em que nos
achamos aqui envolvidos.
Desde a admirável organisação do departamento da agricultura dos
Estados Unidos da America, até ás mais modestas caixas ruraes da França,
da Bélgica, da Allemanha e da Itália, visitastes neste limitado espaço de
tempo, 71") diversas instituições, concernentes ao ensino profissional e aos
vitaes interesses da agricultura, trazendo de cada um as lições de experi-
ência de que nós outros aqui carecemos . Nada mais tendes, pois, a lazer
sinão commandar. Nós vos obedeceremos .
Sr. Dr. Wencesláo Bello, a Sociedade Nacional de Agricultura tinha
para comvosco uma divida, de que a vossa modéstia não lhe havia
permittido desobrigar-se até o presente .
Delia se desempenha, porém, entregando-vos o titulo de seu sócio
benemérito, que ninguém melhor do que vós o tem merecido.
Acceitai-o, pois, como a manifestação do seu profundo reconheci-
mento pelos inolvidáveis serviços que, com a mais desinteressada
dedicação, lhe tendes prestado.
Antes, porém, de deixar esta cadeira que as circumstancias me
forçaram a oceupar, seja-me permittido manifestar, neste momento, a
gratidão de que está cheia a minha alma, para com os generosos compa-
nheiros a quem tive a subida honra de presidir.
A1 sua inexcedivel dedicação aos grandes ideaes, que nos unem, á
sua imperturbável cordealidade, sobretudo, á sua lealdade jamais desmen-
tida, devo, em primeiro logar, a remoção das maiores difficuldades com
que tive de arcar.
Eu faltaria, pois, a um indeclinável dever, si não aproveitasse
esta opportunidade para dar publico testemunho de minha profunda
gratidão e estima a tão dignos amigos, a tão leaes companheiros.
Mas não é só a estes que devo prestar homenagem. A estas também
têm direito esses collaboradores anonymos de que se não fala, porque não
figuram comnosco no elenco da administração, esses modestos funeciona-
rios da Sociedade Nacional de Agricultura, de cuja extrema dedicação á
obra patriótica em que está ella empenhada, tive as mais significativas
demonstrações no periodo difhcil que tivemos de atravessar e que, ainda
neste momento, sem outra recompensa que a nossa gratidão e estima,
supportam tarefa dobrada, alegres, cheios de enthusiasmo, antegosando
da victoria que se lhes afigura infallivel.
Eu quizera que aquelles a quem as contrariedades da sorte ou o
egoísmo da vida, predispõem o humor contra a Sociedade Nacional de
Agricultura, viessem conviver algum tempo entre nós.
ISi SOCtEDADE NACIONAL DE Ar.KieUI.TURA
Seria um meio de demonstrar -lhes de que é capaz a dedicação
collectiva em prol de um ideal grande e nobre, e, então, elles comprehen-
deriam que o segredo do nosso successo está na sinceridade e no patrio-
tismo dos nossos intuitos e que estas festas de cordealidade que celebramos,
em que o luxo e a pompa são suppridos pelo nosso enthusiasmo e pelas
nossas esperanças, não tèm outro fim que lembrar aos agricultores de todo
o paiz que aqui estamos cohesos, um grupo de cidadãos, sempre promptos
a empenharmos esforços e dedicação na defeza dos interesses legítimos,
do desenvolvimento e do progresso das industrias ruraes do nosso extre-
mecido Brasil. »
Em seguida o Dr. Carvalho Borges Júnior, illustre membro do
Conselho Superior da Sociedade, proferiu as seguintes palavras :
<í Acceitando a honrosa incumbência que recebera do Conselho
Superior da Sociedade Nacional de Agricultura, vinha trazer as suas
saudações ao Exm. Sr. Dr. Wencesláo Bello pelo seu feliz regresso,
manifestando deste modo o elevado apreço em que eram tidos os valiosos
serviços por S. Ex. prestados á causa da agricultura nacional. O Conselho
Superior estava plenamente convencido de que os estudos que S. Ex.
acabava de fazer na Europa e na America do Norte seriam devidamente
apreciados e se traduziriam em fecundos resultados para a nossa pátria,
que tanto necessita de homens operosos e dedicados como S. Ex.,para
conseguir que se reerga a nossa principal industria, um dos mais impor-
tantes ramos da actividade nacional, como é incontestavelmente a lavoura,
que infelizmente se acha abandonada, desunida e quasi moribunda,
embora sobre ella repouse a fortuna particular e publica.
Acceite o Sr. Dr. Oliveira Bello as saudações do Conselho Superior
como a expressão sincera do muito que lhe merece S. Ex. que pela sua
operosidade, illustração e alta integridade moral, se tem imposto ao
respeito e estima dos seus pares, do Conselho Superior e dos sócios em
geral, constituindo a sua permanência á frente dos destinos da Sociedade
a mais solida garantia, o mais seguro penhor do seu desenvolvimento,
da sua sempre crescente prosperidade.
Ao concluir, congratula-se com S. Ex. e cavalheiros presentes pelo
feliz regresso de S. Ex . e por continuar a prestar o seu valioso concurso
á obra de regeneração da nossa agricultura, formulando ao mesmo
tempo os mais ardentes e sinceros votos pela prosperidade da Sociedade
e felicidade do seu esforçado e prestimoso presidente . »
Após o Dr. Borges Júnior usou da palavra òSr. Campos da Paz,
que em nome dos funecionarios da Sociedade Nacional de Agricultura,
endereçou estas palavras ao Dr. "Wencesláo Bello :
A LAVOURA 1S5
« Exmas. Sras, Exm. Sr. Dr. Wencesláo Bailo, D. D. Membros da
Directoria da Sociedade Nacional de Agricultura, Illustres Cavalheiros:
Um outro que não eu, fora escolhido, para em festa de tamanha
magnitude, dizerem nome dos Empregados desta casa, quanto havia
mister a quem hoje assume, após uma longa ausência, a presidência
desta benemérita Sociedade .
Motivo ponderoso, porém, empeceu lio illustrado quanto distincto
collega poder desempenhar galhardamente a nobre missão que lhe fora em
boa hora confiada, e, na falta delle, delégaram-me tão alta incumbência,
para cujo desempenho cabal e perfeito, são-me as forças de que por-
ventura possa dispor, por demais minguadas, senão positivamente
nullas.
Que me relevem, pois, os bons companheiros de labor, e todos
os que me fazem a gentileza de ouvir, se no interpretar os sentimentos
de que se acham possuídos os nossos corações, o faça com uma pallidez,
uma fraqueza destoante do acuminado gráo de intensidade em que elles
vibram.
Exm. Sr. Dr. Wencesláo Bello :
Quando um dia tivemos entendimento de que V. Ex.se resolvera
deixar este grande Paiz que se ufana de tel-o como filho, e dos mais
nobres, com o alevantado propósito de, nos grandes centres da velha
Europa, e na grande Republica Norte-Americana, ver, observar e estudar
quanto é capaz a intelligencia humana nos seus arrojados e culminantes
surtos, visando a prosperidade, a riqueza e o bem-estar dos differentes
povos que constituem as múltiplas nações ou paizes em franco apogèo
de desenvolvimento, de civilização e de adiantamento, — exultamos de
alegria e de orgulho, porque sabíamos com segurança que a orientação,
a experiência e o saber já tão evidentemente desenvolvidos em V. Ex.,
requintariam, primariam em quilate ainda de maior valia.
Esse contentamento alimentado por um orgulho perdoável e mais
que justificado, embalou-nos, afagou-nos, docemente o coração e a alma
por algum tempo, e acreditamos que os doces travos da saudade que uma
dilatada ausência impunha, não nos ralassem, não nos consumissem
tanto .
A certeza do nobilíssimo intuito que o levava a deixar a extreme-
cida Pátria, em busca de novos conhecimentos com que deveria enrique-
cer a intelligencia, já bastante cultivada de V. Ex. , não foi bastante para
attenuar, suavizar e minorar siquer os tons magoados, dia a dia, instante
a instante, tirados pelo plectro da saudade nas cordoalhas dos corações
sincera e dedicadamente amigos.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
E ouvimos c sentimos essas vibrações saudosas durante longos
mezes, findo os quaes, ellas cessavam por completo, ou melhor se trans-
formaram em outras que nos não pungem, ao contrario até, cantam, soam,
como em manhans de maio, as notas gárrulas e vibrantes da negra e
aveUudada craúna.
Temol-o, pois, de tornada, na direcção suprema desta bemfazeja
casa a que V. Ex. tem dedicado o melhor das suas forças e da sua
intelligencia, fazendo por seus sábios conselhos, por suas delicadas
attenções, por sua extrema bondade, em cada auxiliar um coração amigo,
extremoso e grato, que, liem compenetrado de suas fuhcçÕes e de seus
deveres, empenham-se, na medida das suas f jrças e dentro da orbita que
lhe foi traçada — por levar á meta que se tem em mira, qual é de feito
o problema do levantamento e do progredimento da Agricultura Brasi-
leira, problema esse que a Sociedade Nacional de Agricultura tem pro-
curado resolver e resolverá por fim.
E quando um dia a historia tomar contado acervo da Agricultura
neste Paiz, certamente encontrará o nome de V. Ex. ligado aos dos
mais extremados campeões, como o mais decidido, valente e pertinaz
e apontando-o aos porvindoiros dirá :
Cubra a justiça de glorias e de bênçãos quem tanto faz pela grandeza
de sua Pátria !
Falia em seguida o Sr. Carlos Pacheco :
<l Exms. Srs. Presidente e Directores da Sociedade Nacional de
Agricultura.
Exmas. senhoras.
Senhores representantes da imprensa.
Meus senhores.
Exm. Sr. Dr. Sylvio Rangel.
A irreílcxão, que num momento de enthusiasmo, fe/.-mc acceitar
a incumbência de meus companheiros de trabalho nesta casa, para
vir render um preito de gratidão, é a causa que determinou for-
ear-vos a ouvir as minhas singelas palavras, desprovidas de cor e
de vida, após orações tão fluentes que acabam de echoar por esta
sala .
Sr. Dr. Sylvio, sob a vossa direcção, quasi 10 mezes tivemos o
prazer de labutar em prol dos interesses da Sociedade Nacional de
Agricultura, procurando mantel-a no nivel em que a collocou Wencesláo
Bel lo. Nesse lapso de tempo foi-nos dado apreciar a vossa dedicação
por este trabalho de Wencesláo Bello, ao lado do carinho dispensado
a cada um dos vossos auxiliares.
Hoje ide-vos afastar da cadeira presidencial, e, embora ella vá ser
occupada pelo dedicado amigo, os nossos corações se confrangem de
saudade pela vossa ausência.
Sr. Dr. Sylvio!
A vossa trajectória pela presidência da Sociedade Nacional de
Agricultura, si vos trouxe ephemeros dissabores, augmentou o circulo
de vossos amigos com uma plêiade de dedicados ; e das minhas palavras
poderíeis ter provas, se pudésseis ver os nossos corações, onde , acharíeis
gravada em caracteres indeléveis a dedicatória :
Ao Dr. Sylvio — Amizade.»
Levanta-se o Dr. Wencesláo Bello, que, visivelmente commovido,
proferiu a seguinte oração :
i Minhas Senhoras — Meus Senhores — Quiz a directoria da Socie-
dade que eu reassumisse o exercício de minhas funcções em meio desta
solemnidade.
Resolveram os amigos, collegas e funccionarios, todos companheiros
esforçados na cruzada do bem, pugnada por esta associação, todos
irmanados no mesmo ideal patriótico, vir aqui cumular-me de louvores
de brindes e de honrarias.
Meu coração, Senhores, transborda de reconhecimento. Não me illu-
de, porém, a minha consciência . Bem o sei ; ella irfo affirma : é a vossa
inesgotável generosidade, amigos, que persiste em attribuir-me o que é
antes obra de vós todos. Na vida, certo fecundíssima, desta Instituição,
sou apenas e só tenho sido modesta unidade a que vós, alinhados á minha
destra, valorizaes com o vosso próprio valor, por vezes muitas, muito
superior ao daquelle que a benevolência, ainda, vos deu por chefe.
Sou apenas um companheiro leal e dedicado que procura ser útil
ao paiznoseio desta corporação, auxiliando-vos a construir na lavoura
nacional o alicerce sobre o qual tem de assentar a grandeza de nossa
Pátria.
Esta corporação a que votei a minha existência, os esforços que em
vossa magnanimidade acclamais de beneméritos, exprimem somente o in-
tuito honesto de saldar uma divida. Uma divida, sim, Senhores. Tenho
por dogma que a Pátria exige por direito todo o esforço de que é capaz
o cidadão.
Entendo que o cidadão ao nascer abre uma conta corrente com a
sociedade em que vai viver.
Em seu passivo se registram os progressos que a sociedade conquis-
tara, a luz que lhe illumina o espirito, o conforto que é chamado a gozar,
as victorias que alcança, os proventos e a felicidade que frue.
4403 6
188 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
E' de elementar honestidade procurar saldar essa divida. Só o pessi-
mista e o egoísmo fingem desconhecer; adies o opprobrio, pois são réos
do supremo dever social .
Não é, Senhores, com o desempenho, ainda o mais escrupuloso, dos
encargos remunerados, que se o pôde conseguir. A sociedade exige mais e
melhor, que só o esforço abnegado pôde dar, pois que no balanço de nossa
existência ha um grande excedente de serviços que não prestamos e de
que usufruímos os proventos.
Reconheço, Senhores, a grande divida que tenho para comj o meio
em que vivo. Ella é a belleza grandiosa e os inexcediveis recursos desta
Pátria de que me orgulho ; é os exemplos de virtude de meus adorados
Paes, os extremos de carinhos da família, os thesouros de affectos dos ami-
gos, a benevolência de meus concidadãos.
Muito grande é a minha divida social e foi o intuito honesto de pro-
curar saldal-a que me attrahiu ao seio da Sociedade Nacional de Agri-
cultura, com a intuição de que seu destino era semear e cultivar com
êxito a riqueza de nossa Pátria .
Vós, Senhores da Sociedade, viestes augmentar essa divida com
vossas demonstrações de aífecto e com os galardões a que jamais aspirara
em meus melhores sonhos de ventura . Sinto -me vergar ao peso de tão
grandes responsabilidades, juro-vos, porém, redobrar de esforços para
bem servir o paiz no seio desta corporação.
Assumo, Senhores, com o mais intenso jubilo o exercício de minhas
funcções nesta Sociedade ao vosso lado, pois posso proclamar e o faço
convicto e desvanecido, que os meus companheiros de trabalho souberam
honrar o nome brasileiro, sustentando o prestigio de nossa amada corpo-
ração com inexcedivel zelo, honestidade e proficiência.
Não é esta, Senhores, a opportunidade para dizer-vos o que fiz e o que
aprendi na minha viagem. Fal-o-hei em meus relatórios, pelo imprensa
e no futuro congresso de agricultura, esperando poder mostrar que não
poupei esforços para corresponder á vossa generosa espectativa e á hon-
rosa confiança do Governo.
Quero antecipar, porém, que voltei mais do que nunca orgulhoso de
ser brasileiro e mais confiante nos grandes destinos reservados á nossa
nacionalidade e isto faz com que me sinta feliz de volver ao seio desta
Sociedade, para cooperar comvosco no progresso desta querida Pátria
emoldurada por um céo cheio de luz e de vida e que é o único debaixo
do qual se pôde querer morrer, a
Tem a palavra o Sr. Alberto Jacobina que pronuncia o seguinte
discurso :
A LAVOURA 189
« Sr. Dr. Sylvio Rangel :
Sobre a vossa cabeça deve tremular incontestavelmente também
uma das faixas do gallardão multicor, cujas fitas se espalham neste
dia ao sopro dos sentimentos da mais nobre justiça sobre a cabeça do
benemérito presidente desta casa.
E é para balbuciar pallidamente as palavras que traduzem o sen-
timento ardente dos presentes, em geral, que me acho de pé.
Causar-vos-ha porventura sorpresa que tenha sido eu justamente o
escalado para a honrosa incumbência que ora desempenho.
As idéas que defendo nesta casa tiveram ensejo, infelizmente para
mim, durante a vossa gestão, de se enunciarem com clareza bastante
para fazer crer que o seu defensor se julgaria impedido de louvar a
direcção que destes aos nossos trabalhos.
Assim não é, entretanto, pois, na Sociedade Nacional de Agricultura,
a paixão do ideal commum impede que a divergência dos princípios
obscureça a razão de seus servidores e lhes offusque a visão nítida do
esforço alheio e do merecimento de cada um, por affastados que se
achem em seus pontos de vista, por antagónicos que sejam os processos
que suggerem para o mesmo fim.
Poderá, senhores, parecer estranho o caminho por que vou enve-
redando. Bem sei que a praxe antiga se oppõe a que se exhiba extra-
muros a verdadeira situação das communidades.
Bem sei que a mentira convencial acostumou-se a dominar a fronte
das imagens que representam as corporações, desde as simples asso-
ciações de classe até ás mais solemnes assembléas politicas.
O espirito de camarilha, as combinações de bastidores substituem hoje
em dia a franca permuta das idéas e a espontânea emissão das impressões.
A Sociedade Nacional de Agricultura, meus senhores, tem a meu
ver, responsabilidade demais para transigir com semelhantes situações
e para adoptar semelhantes processos: responsabilidade perante aquelles
que a compõem ; responsabilidade perante os governos que a teem
honrado com a sua confiança e com o seu auxilio ; e, sobretudo, respon-
sabilidade perante a consciência daquelles que a dirigem.
Eu tenho, portanto, certeza de que só posso honrar a Sociedade
Nacional de Agricultura fazendo referencia ás opiniões divergentes que
ella abriga e que luctam em seu seio pelotriumpho dos programmas
que defendem.
Ninguém duvidará da verdade deste facto e a ninguém é dado crer,
de hoje em diante, que esta casa se governe pela transacção silenciosa
na camaradagem de um grupo.
190 SOCIEDADE NATIONAL DE AGRICULTURA
Neste recinto, meus senhores, a discussão não é um mytho ; e não
raro entre nós as decisões são tomadas depois da victona de uma
opposição fundamentada e pertinazmente dirigida contra as idéas que
se apresentam a principio fortemente apoiadas ; e a decisão da maioria
é a decisão a que todos se submettem sem appello. Eu tenho sido, não
me pesa dizel-o, um dos incorrigíveis membros desta opposição á directriz
indicada por actos diversos da nossa maioria, e justamente por isso é
que tenho também a consciência clara da minha insuspeição quando
venho saudar o presidente que transmitte nesta data ao seu digno
successor o bastão que, de modo tão galhardo, tão honesto, tão hábil,
tão talentoso, e, seja dita a verdade, tão brilhantemente efficaz, empunhou
na direcção da propaganda de nossa agricultura.
Os factos convencem muitas vezes áquelles que divergem da
execução de um programma, da multiplicidade dos caminhos que con-
duzem ao bom êxito.
Eu presto, portanto, homenagem ao successo alcançado pela pre-
sidência que hoje finda no período preparatório da exposição a que
esta Sociedade vae concorrer, e saúdo ao Dr. Sylvio Rangel pela dedi-
cação com que orientou para este fim os trabalhos desta casa.
Horto Fructicola da Penha
Distante pouco mais de um kilometro do arraial da Penha e tendo
uma área de i o hectares e 89 ares, servido pelas vias férreas Rio do Ouro,
Leopoldina Railway, varias estradas de rodagens e possuindo ainda com-
municação marítima, o Horto satisfaz as maiores exigências de accessi-
bilidade, mostrando-se assim com as condições para sede de um instituto
de ensinamento da pratica rural.
Sob o ponto de vista agrícola, as suas condições em nada diminuem o
seu valor. Apresentando pequenas elevações, os seus terrenos, de variadas
composições, são na sua maioria originados dos gneiss e micaschistos que
as transformam em terras argilo-silicosas, silico-argilosas ou puramente
silicosas nas baixadas próximas ao mar, sendo as primeiras carregadas de
forte camada humosa .
Prestam-se todas as suas terras a varias culturas, como se evidencia
das que já se acham culturadas, onde as plantas apresentam grande vigor
e productividade .
O seu ponto mais alto onde se acha a sede do estabelecimento,
Sede da Administração
constitue uma pequena elevação á 10 metros do nível do mar, estando
assim a cavalleiro dos demais.
Entrada da casa da antiga tazenda
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
O orçamento federal votado para o exercício de igo5, designou verba
para auxiliar a creação de um horto fructirola e viveiros de plantas, a cargo
da Sociedade Nacional de Agricultura, mandando comprehender esses ser-
viços na verba destinada á distribuição de plantas e sementes.
r£-: ,
Estrumeira
Autorizada a Sociedade a arbitrar a quantia necessária, foi pedida a
de 20 contos de reis, que effectivamente foram postos á disposição, auxilio
esse que se repetio em 1906.
Como se verifica, data, portanto, de 190D, o funccionamento regular
do Horto Fructicola da Penha.
Antes desses recursos possuia a Sociedade, no Horto, um velho vi-
nhedo de Herbemont, um inicio de pomar e alguns pequenos viveiros.
O vinhedo devido a imperfeição dos processos culturaes não deu
resultado ; o restante não satisfazia as condições para a producção nem
para o ensino da fructicultura.
Essas pequenas plantações estavam na parte baixa da fazenda, pró-
xima a antiga casa de residência, que ameaçava ruina na maior parte dos
seus corrtmodos.
A LAVOURA 193
Iniciados os trabalhos principaes que constaram do saneamento e
preparo do prédio, reforma de uma caixa d^gua e construcçáo de outras,
reconstrucção das cercas e desbravamento do terreno, que, em sua quasi
totalidade, era conservado em estado de pasto ou de matto inçado de
espinheiros.
Destacado e lavrado successivas vezes, foram iniciadas as plantações
definitivas e a formação de viveiros.
Deposito de machinas agrícolas
No anno de 1907, a Sociedade com o intuito de fundar um pomar
que servisse de exemplo e de ensino de fructicultura, bem como um apren-
dizado para manejo de instrumentos agricolas, adaptando assim o
estabelecimento a fins práticos, organizou por proposta do seu presidente
Dr.Wencesláo Bello, as instrucçóes que se resumem nos seguintes artigos:
1 ." Fica creado o logar de superintendente do Horto da Penha.
2.0 Ao Superintendente compete:
a) organisar os serviços e a respectiva escripturaçáo ;
b) proceder a observações e experiências de fructicultura e a ensaios
de culturas industriaes e outras:
104
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
c) Organisar um aviário, pocilga, apiario e mais departamentos, obser-
vando em tudo as melhores condições technicas.
Obedecendo a essas instrucções e dando seguimento natural á criação
do Horto, foram iniciadas varia> bemfeitorias, entre estas uma cocheira e
um estabulo, ambos de accôrdo com os requisitos da hygiene.
Estas dependências são interiormente abertas, guarnecidas por paredes
ateraes, cobertas de zinco, cimentadas e possuindo canalisação de maneira
a encaminhar as usinas dos animaes á fossa da estrumeira simples, que por
sua vez foi construída de modo a satisfazer as exigências das culturas.
Collocada em um nivel inferior aos estábulos, provida de um pavi-
mento impermeável levemente inclinado para frente, afim de que os
líquidos escoem para fora, de onde são retirados para a meda de quinze
em quinze dias.
Apiario
Servindo de linha divisora entre o commodo dos muares e o dos bois,
está um vasto compartimento onde se acham guardados os vehiculos e
machinas agrícolas. No seguimento da cocheira, existe um commodo des-
tinado a enfermaria e no do estabulo um outro destinado á guarda de for-
ragens e residência do tratador .
A LAVOURA
Além dessas construcçues existem ainda o apiario, o gallinheiro e a
pocilga, todos feitos de accordo^com as regras da construcção rural.
Pocilga
Ni confecção destes commodos foram attendidos não só os preceitos
ivgiene e conforto, bem como a economia.
Alamed;
O Horto tem para o serviço e <
4 Muares.
4403
seguintes animaes
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
i Cavallo.
6 Bois.
i Suino (Yorkshire).
Quanto a vehiculos e machinas agrícolas e instrumentos, o Horto
possue :
i Carroça para bois.
2 Carrinhos de mão.
i Carro.
Viveiros de genipapeiros
Arado de dois discos.
Arados de um disco reversível ,
Arado de ponta .
Cultivadores de disco.
Capinadeira.
Destorroador.
Ancinho mechanico.
Aradinho de discos.
Bombas de irrigação.
Machina de etiquetar.
Bomba Vilmorin .
A LAVOURA 197
i Machina para formigas e outros instrumentos taes como : pás, en-
xadas, picaretas, moendas, etc.
Estão feitas as seguintes plantações definitivas.
SECÇÃO DE FRUCTICULTURA
8.000 Videiras.
3.ooo Figueiras.
i.õoo Fructeiras de conde.
1 .200 Laranjeiras diversas .
Viveiros de enxertos de laranjeiras
20 Kakis.
20 Sapotys.
20 Abieiros.
20 Abricós.
100 Mamoeiros.
8 Cajazeiros.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
2 Fructcirasi de pão .
8 Macieiras,
io Pecegueiros.
2 Pereiras.
Enxertos de laranjeiras
io Litchis do Japão.
i Eugenia Speciosa.
i Araçá-Assú.
8 Jaboticabeiras.
5o Cajueiros.
SECÇÃO DE PLANTAS INDUSTRTAES
6oo Agave sisalana.
500 Hennequen .
2800 Fourcroya gigantea .
•200 d lidinea.
6 Stelnigera sebifera.
2 Nox de kola .
1 Camphoreira.
200 Maniçobeiras do Ceará.
3oo í » Piauhy.
6oo Maniçobeiras do Jequié.
io Hevca braziliensis.
Plantação de agave sisalana
Viveiros de fructeiras de conde e maniçobal
SOCIEDADE NACIONAL DE ACRIGULTURA
SECÇÃO DE VIVEIROS
3. Soo
8.OO0
:í . ooo
2.200
Soo
3oo
2.200
i5o
i.85o
i5o
Soo
i .3oo
Laranjeiras .
Fructeiras de conde.
Genipapeiros.
Mangueiras.
Abieiros .
Abacateiros .
Cambucieiros .
Jaboticabeiras .
Cajueiros .
Jambeiros .
Jacarandás.
Oitvs .
Plantação de piteiras
130 Saboneteiros.
3 . 000 Cocos de catharro .
800 Dendezeiros.
1 5 . 000 Bacellos de figueiras .
18.000 í > videiras.
A LAVOURA
5.000 Mudas de canna sem pello.
10.000 t » » Ubá.
10.000 i> » » Macau.
i o . ooo -> » » Piteiras .
5.000 Laranjeiras para enxerto.
Os trabalhos do corrente anno, dos quaes alguns já se acham inici-
ados consistem na construcção de um gallinheiro e colmeal, que obede-
ceram aos preceitos modernos .
Também se installará a secção sericicola e ampliação das cocheiras,
pocilgas e cabraria modelo, afim de que sejam dotadas de reproductores
de raça, iniciando-se assim o curso pratico de zootechnia.
Já se acha installado o curso de machinas agrícolas, de enxertia 'je
poda.
O Dr. O' Dwyer lavrando com o arado de dois discos
O Horto tem fornecido dos seus viveiros grande quai.tidade de se-
mentes e plantas , que montou no seguinte : oitocentos abacateiros, mil
fructeiras de conde, duzentas Eugenia speciosa, tresentos Abieiros, qui-
nhentos cambucazeiros, 40.000 bacellos de Rupestris du Lot, i5.ooo Ba-
cellos de Herbemont, 80.000 bacellos de figueiras, 800 larangeiras enxer-
tadas, 200 mudas de canna sem pello e 120 mudas de canna Ubá
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Tem ainda o cannavial com as seguintes variedades :
2.5oo Cannas sem pello.
800 d Macáo .
3 . 000 » Ubá .
A fazenda acha-se delimitada, tendo sido para isto feito o respectivo
levantamento.
B^HjN*^
COLLABORACÃO
As experiências de adubação na Fazenda de Santa Mónica
No anno passado foram levados a effeito, pela Sociedade Nacional
de Agricultura, diversas experiências afim de se verificar si, por meio
de uma adubação racional, era possível augmentar-se a producçáo.
Campos de experiências da fazenda de Santa Mónica
Os ensaios foram iniciados nas culturas do milho, arroz, feijão,
canna de assucar, algodão, batatas e beterrabas forrageiras. As espe-
A LAVOURA »»
riencias, porém, nas culturas do arroz e do algodão não tiveram o
resultado esperado, devido ao fraco poder germinativo da semente
empregada nessas experiências, que não pegaram em nenhum dos lotes.
A experiência em batatas não poude também ser levada a effeito,
visto como, após já ter sido feita a distribuição dos adubos nos lotes,
não mais havia sementes para a sementeira dessa plantação. A expe-
Experiencia de adubação em feijão
riencia na cultura da canna de assucar ainda não teve tempo sufi-
ciente para dar o resultado definitivo, ficando apenas as experiências
em feijão, beterrabas forrageiras e milho para constituírem o assumpto
de que vai ser objecto este relatório.
A experiência na cultura do feijão foi levada a effeito em 10 lotes
perfeitamente demarcados em um are cada um, nos quaes se distribuiu
a dosagem de adubação, prescripta na tabeliã infra:
4403
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Vj kl los fie chlorureto de potássio
kilos de superphosphato
i/.i kilos de sulphato de ammoniaco
*/a kilos de chlorureto de potássio.
kilos do supcrphoupbato
V» kiios de chlorureto de potássio.
» ► i> sulphato de ammoniaco
kilos de superphosphato
•/9 kilos de sulphato de ammoniaco
30 kilos de cal
*/a kilos do chlorureto de potássio.
kilos de superphosphato
'/a kilos de sulphato de ammoniaco
30 kilos de cal
Vs kilos de chlorureto de potássio.
kilos de superphosphato
30 kilos de cal. . . . *
1 */t kilos de chlorureto de potássio.
nia. „
30 Idlos de cal
4 kilos de superphosphato
Vá kilos do sulphato de ammoniaco.
AUGMENTO DB PRODUCÇÃO
5 400
7 5oo
Quatorze dias após a adubação teve logar a sementeira, sendo o
feijão capinado varias vezes. O resultado desta experiência foi o que
está consignado na tabeliã supra.
Deprehende-se claramente desses algarismos, sem maior commen-
tario, a indispensável necessidade do auxilio de todos os elementos
nutritivos. A safra colhida sem adubação produziu 200 kilos por hectare,
ao passo que a safra colhida por meio de uma completa adubação,
produziu 11. 100 kilos por hectare, o que representa um augmento de
810 kilos por hectare na producção. Em regra geral, porém, deve
este resultado, ser considerado, em relação á média de uma colheita,
como uma producçao baixa, pois que, pelo menos, devia haver-se
colhido de 2.000 a 3.5oo kilos por hectare.
Experiência de adubação em milho
Sem adubo
Quando, porém, se toma em consideração que em um solo tão
esgotado como o da fazenda de Santa Mónica, as primeiras adubações
não podem ofterecer ás plantas todo o beneficio desejado, sendo retidos
em um solo tão depauperado os elementos nutritivos em primitivo
logar para a sua própria saturação, não é para admirar que se tenha
produzido uma safra pouco satisfactoria.
A experiência em beterraba forrageira apresenta um resultado
idêntico.
Foram demarcados quatro lotes de um are cada um, cuja adu-
bação e producçao foram como se segue :
SOCIEDADE NACIONAL DE AGBICl'LTI'KA
s
ADUBAÇÃO
PRODUCÇÃO
AUGMBK CO
por are — */.
88
180
j .,
:
por ar» — Hg.
í
,.j
3 kilos do su er hos hato
a » » chlorureto de potássio •
ai» salitre "do Chile '
3 f chiorureto de [íot^ssir .
93
63
')
kilo de hlorur
77
Também neste ensaio a producçáo máxima é no lote com a
completa adubação, e dk comparação entre os lotes 20 e 40 se pôde
• Experiência de adubação em milho (Com adubo)
facilmente verificar o augmento de uma dosagem crescente.
A LAVOURA *07
Da experiência na cultura do milho, que ainda não chegou ao
período de sua colheita, fica, entretanto, significativa menção na illus-
tração em seguida reproduzida do seu actual estado de desenvolvi-
mento .
Experiência em milho na Fazenda de Santa Mónica
Aduba- \
i adul
...
SI i1 l.s . snper-
phosphako.
200 ks. salitre
do Chile.
de20otas'sioaIPhatO
4»0 ks. super-
phòsphato.
200 kl. sulpha
de potássio.
ano ks. saliti
Producção :
1.300
ks.
3.10O ks.
2.700 ks.
3.000 ks.
De todas essas experiências ficou demonstrado que a& terras da
Fazenda de Santa Mónica estão actualmente bastante depauperadas e
esgotadas, e que, tanto aqui como em outros paize ., a producção pôde
ser facilmente augmentada por meio de uma adubação racional dos
terrenos postos em cultura.
E. Maoer.
snCIKDADE NACIONAL F>K AGRICULTURA
A vida rural
Shorthorn — O mais popular gado de engorda
A CRIAÇÃO QUE PREVALECE SOBRE TODAS EM NUMERO E DISTRIBUIÇÃO
ÁS RAZÕES DA SUA POPULARIDADE — A HISTORIA DE SEU DESEN-
VOLVIMENTO— O TYPO ACTUAL E SUAS VANTAGENS
O professor W. J. Kennedv, do collegio agrícola de Iowa, pu-
blica na revista « Farming », de janeiro próximo passado, um artigo,
ricamente illustrado, sobre este gado de fama mundial, o Shorthorn.
Agora que o Brazil quer esmerar mais em suas ricas criações, acho
conveniente estudar também este typo melhorador em suas formas
actuae% para ver se convém aproveital-o nas zonas em que seja pos-
sível offerecer-lhe, durante todo o anno, fartura de forragem verde
ou secca. Pelo que, vou resumir o artigo do professor Kennedv.
O ponto forte da criação do Shorthorn está na sua adaptabilidade
ás mais diversas condições. A cepa ingleza foi crescida em terrenos
férteis, abundantes de pastos e de fenos ; o clima era temperado, ze-
losa e boa a assistência do homem. A cepa escosseza foi desen-
volvida, principalmente no norte, debaixo de condições climatéricas
mais rigorosa e com menor fartura de alimento. A mistura de sangue
no gado que originou o Shorthorn, tornou plástico este gado no pri-
meiro tempo de sua constituição, de forma que, com a criação, des-
envolveram-se diversos typos; o vigoroso e forte Shorthorn de en-
gorda ; o leiteiro, que encontra-se em poucos estábulos ; o que junto
ás duas aptidões, é que se pôde considerar como o mais acabado.
Mudado para outros paizes, este gado adaptou-se sem soffrer pelas
novas condições. No Canadá tem resistido á alimentação no curral ;
nas grandes planícies tem firmado sua popularidade contra o gado
especializado para carne que ahi se achava ; nos Estados productores de
milho, este gado, com seu producto de leite e de terneiros gordos,
muito ajudou aos fazendeiros nos tempos difficeis ; nas fazendas de
criação, os touros massiços e poderosos teem deixado o traço do pro-
gresso, dando vigor, tamanho e carne á sua descendência. Sua força
os tem feito donos dos rebanhos, afastando os touros fracos ; sua vita-
lidade tem-lhe dado a capacidade de resistir ás tempestades do in-
verno; e sua actividade e vigor teem garantido uma boa producção
de terneiros em toda a parte onde foram introduzidos. São de corpo
comprido e nervado ; defeitam, porém, hoje no comprimento das pernas,
o que de outro lado os tornam mais demorados e seguidos pastadores
no campo. Na fazenda ou no mercado os novilhos com 5o °/e ou mais
de sangue Shorthorn, prevalecem em valor; e a capacidade das vaccas
de pagar seu gasto com o valor do leite, criando ao mesmo tempo
bons novilhos para o mercado, tem firmado o credito deste gado entre
a grande maioria dos criadores americanos.
O typo agora conhecido pelos juizes de exposições e pelos cria-
dores, é o extremo typo pela carne. Touros maduros pesam, usual-
mente, uma tonelada (kg. 907) ou mais; vaccas de kg. 634 a 724
e até kg. 81 5, se forem preparadas para exportação. A solidez é,
todavia, característica deste gado. A cor do pello é ruiva, branca ou
rua. Os touros devem ser de peso exigido, baixotes, grossos, largos,
de formas symetrieas, de extremidades direitas e bem marcadas . Lar-
gura das cadeiras, das ilhargas e do costado são qualidades essenciaes.
Nesta moldura a carne será abundante, devida ao completo des-
envolvimento dos pesados músculos daquellas partes. A cabeça será
curta, larga e gorda ; os olhos calmos, sem indicios de medo. Os
chavelhos serão curtos, porém, grossos e fortes. O pescoço curto e
espesso, as espáduas largas, bem situadas e bem cobertas de carne
na summidade e nos lados. Com tudo isso o animal mostrará ossos
limpos em seus membros, pelle macia, fácil a dobrar-se e coberta de
peilo espesso. Vigor — indicado pelo thorax profundo e largo — deve
caracterizar cada touro bom. Os criadores de Shorthorn fazem muito
caso disto.
As fêmeas possuem a mesma característica geral de forma,
qualidade e constituição. Todavia, as vaccas Shorthorn devem pos-
suir mais largura de bacia do que os touros e feminilidade de cara-
cteres em logar de masculinidade. A feminilidade é indicada por
uma cabeça curta, larga e finamente cortada, concava entre os olhos,
com chifres finamente encurvados, pescoço fino, espáduas mais del-
gadas, emfim, um maior refinamento geral. Todas as vaccas, para
serem boas productoras, devem ser também boas leiteiras ; de outra
maneira ficam sendo o incubo do criador.
San Remo — (d'0 Paz\).
G. Rosai.
SOilfEDADE NACIONAL DE ACHICULTUR A
EXPEDIENTE
Secretaria
Sessão de Directoria. —Na sessão de 21 de maio presidida pelo
Sr. Dr. Wencesláo Bello, de volta da Europa e Estados Unidos, S. Ex. congratula-se
com seus collegas pela boa orientação dada aos destinos da Socielade na sua au-
sência e pelos serviços pelos mesmos prestados.
O Sr. Dr. Heitor de Sá felicita em nome de seus collegas o Dr. Wen-
cesláo Bello, pelo seu lèliz regresso á Pátria, trazendo do velho mundo novos
ensinamentos para serem empregados na actividade desta casa.
Cor respondencia
EXPEDIDA
Cartas 507
Officios 29
Telegrammas 59
Registrados 29
A Lavoura 3.815
Inq. do Zebú 1.156
Monog. da borracha 1.172
RECEBIDA
Cartas 229
Circulares 4
Memorandos 8
Offlcios 34
Requerimentos 216
Telegrammas 8
íhesouraria
I I !
§ s i
J B. I* O. B fcc O
§ f i : l
= : I 1 | li a 'O
„ | g 1 1 f í| ! 1
MM.IEDADK NAUtiNAL I)K A<ii;!i;i I/1'URA
Demonstração
da
conta
de Lucros e Perdas
DEBITO
13S$000
» Biblioth.
1:925$000
2:216$059
40.* i00
15:S77$940
3:169$U0
10:90SJ65b
i:r,74jO0(>
200$000
í:353$600
, i "
» Camará Municipal do tataguaze-j
,. acerei
» Secretaria da Agricultura (Bahia).
» Thesouraria
1TO
45:8774350
» Balanço de 1907
£0:475$030
75$660
136*290
73:73>$690
CRED
de Annnidades
116:639$OÍ0
40:885$950
75:0í3§090
li3:630$040
Demonstração da conta do Fundo de Património
-
12:3344500
No corrente anuo :
7:OJS$000
400.JOOU
Remissões
Donativos:
Recebido do D.-. Wonccsláo Bello
IG5$000
de diversos
y2.-j-.oo
7:692$500
10:04: ■
aeiro, 31 de dezembr
l, C»'tu I
sliofe da 3» secção.
A I, A VOU RA
Secção Tschnica
Director- — Fez uma viagem do recreio ao Rio da Prata o Engenheiro
Heitor de Sâ, director da secção technica, durante um mez até 6 de Maio, tendo
tido occasião de estreitar as relações da Sociedade nas duas Capitães Platinas o
tendo colhido elementos que nos serão de utilidade.
Legumiiiosas forrageiras — Da uma carta dirigida a esta
Sociedade pelo Sr. Agenor de Paiva, rosidente eu Bello Horisonte, extr.ihimos os
seguintes interessantes tópicos:
«Inclino envio-llie o resultado daanalyse que moudei proceder de cinco va-
riedades do leguminosas.
Estou convencido que o nosso hello paiz produz nativas leguminosas, tão ne-
cessárias para o aperfeiçoamento de nossas raçis bovina e cavai lar, que bem po-
deriam substituir a alfafa. Forragem rica em hydrato de carbono como a nossa
canna taquara ou cavallo não conheço nenhuma. Tenho longa experiência sjbre
forragens, e em breve pretendo publicar um folheto a respeito.
Actualmente estou empenhado no exame de uma outra planta forrageira e em
tempo eommunicar-lheei o resultado. Tenho esperanças de obter bons resultados.
Já a experimentei na alimentação dos animaes e tenho notado que elles se nutrem
melhor.
Já é tempo de deixarmos a velha rotina, e si quizermos nos collocar ao lado
dos grandes paizes produetores, precisamos nos intoressar mais pel * raechanica
agrícola moderna.
Diz o Dr. Assis Brazil, no ultimo capitulo do sui magistral «Cultura dos
Campos», que as forragens indígenas esperam ainda o seu Colombo.
Tivesse eu meios que em breve não precisariam mais de nenhum Colombo,
ctc».
Segue- se a analyse feita no Instituto Agronómico do Estado de S. Paulo:
N. I: Feijão fartura, de carda, mineiro.
» 2: » miúdo
» 3: » andú ou guandu
» 4: » bravo
» 5: >> chocalho.
Para 100 partes de substancia secca ao ar.
N"»
1
2
3
4
5
Humidade . . .
4.73 °/0
5.58 »/o
6.04 7o
5.96%
6.23 7.
Matéria azotada .
17.15%
22.97 •/.
20.48 7,,
13.567..
20.00%
» graxa . .
2.290/.P
2.73»/»
4.88%
4.21 7.
2.33 7o
» não azo', ida
40.29 7o
33.96»/,,
35.83%
35.76%
34.8H7.
» fibrosa. .
âO.88%
29.66°/.
27.09%
34.80%
29 .66 •/„
» mineral .
15.24 "(o
18.107.
5.68 " „
5.71%
6.937°
214 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Estatística Geral — Recebamos um questionário da estatística da
Republica e satisfazemos as perguntas relativas ao nosso Boletim, de accôrdo
com a lei.
Damos publicidade ao decreto iaherente ao facto.
DECRETO N. 1.850 — de 2 janeiro de 1908
Obriga tolas a; auto *i lales, riria na miULares, associa; "je-;, empreza?, companhias, esta-
lecimentos indnstriaes, commerciae; o outros e os parlioulares a darem as infor-
mações que lhe; forem pedidas pela Directoria Geral de Estatística.
O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil:
Faço saber que o Congrosso Nacional decretou o eu sancciono a seguinte reso-
lução:
Art. Ia. As autoridades feloraas, civis ou militares, os presidentes, directores
ou gerent;s do fabricas, emprezas, companhias, associações e outros estabeleci-
mentos industriaes, commerciaes, de instrucção e moraes, bem como os parti-
culares, naeionaes ou cxtrangeiros, domiciliados em qualquer parte da Republica,
são obrigados a prestar â Directoria Geral de Estatística as informações que lhes
forem pedidas, nos prazos e secundo os planos e modelos adoptados pela citada Re-
partição.
§ Io. O Governo Federal promovera accôrdo com os Governos dos Estados e
com a Prefeitura do Districto Federal para obter das autoridades estaduaes e mu-
nicipaes a permuta de publicações o a remessa regular de informações á Directoria
Gàral de Estatística.
§ 2». As repartições federaes e as emprezas particulares serão obrigadas a en-
viar á mesma Directoria, independente de solicitação, quatro exemplares, pelo
menos, dos trabalhos estatísticos que publicarem.
Art. 2o. A falta de cumprimento das disposições do artigo precedente será pu-
nida com a multa de 50$000 a 500$003, cobrados executivamente.
Paragrapho único. A cobrança executiva das multa-; impostas compete aos
procuradores seceionaes da Republica, de accôrdo com o art. 125, n. 2, lettra a da
Consolidação das Leis referentes á Justiça Federal, approvada pelo decreto n. 3.084,
de 5 de novembro do 1898.
Art. 3o. A execução dos serviços de que trata esta lei compete a funccionarios
federaes, podendo, todavia, sor confiada aos Governos dos Estados, mediante an-
nuencia sua, conforme dispõe o § 3° do art. 7o da Constituição Federal.
Art. 4o. Revogam-se as disposições em contrario.
Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 1908, 20° da Republica.
AFFONSO AUGUSTO MOREIRA PENNA.
Miyuel Calmon du Pin e Almeida .
Augusto Tavares de Lyra.
Secção do álcool
Director — Tendo sido concedida licença ao Dr. Sérgio do Carvalho,
director desta secção, foi pelo Sr. Dr. Presidente designado o Dr. Benodicto
Raymundo para substituil-o desde o dia 24 de abril.
Movimento da propaganda das Applicações Industriaes do Álcool, de 1903
(outubro-inicio) atá 1908 (maio).
Serviços
de propaganda Consumo
Annos pratica de Álccol
Exposições Litros
I Iluminações
1903 4 8.550
1904 47 5.000
1905 73 5.800
1906 80 9.100
1907 126 9.930
1908 30 2.500
Constam da .4 Lavoura e seus números especiaes o desenvolvimento que
tiveram os serviços práticos acima. Só nos cabe lembrar que o êxito da grande
Exposição inicial provocou a realização de outras, como as que se effectuaram em
Florianópolis em 1905, em Pelotas em 1905 e 1907 e em Porto Alegre em 1906,
alôm de outras de menor importância, em varias cidades dos Estados do Rio e
Minas e, por occasião de solemnidades, na sede social, onde, aliás, conservam-so
os apparelhos em exposição permanente.
O di8tendimento da propaganda escripta, não só para a consecução das medidts
necessárias, por parte, dos governos e particulares, ao bom êxito da propaganda,
como também para o impulsionamento da adopção do systema a álcool, é fácil
de apprehonder compulsando os livros goraes de cartas e respostas da Sociedade o
também os números da A Lavoura, mormente de 1906 em diante, quando este
Boletim iniciou sua nova phase de propaganda noticiosa.
Montada modestamente, constituo outro serviço a o/pcina de reparos e expe-
rioncias desta Secção. Sua acção vae além dos serviços internos para aceitar,
gratuitamente, para reparar, concertar, experimentar quaesquer apparelhos
apresentados, quer por sócios, quer por pessoas que adoptem os apparelhos a
álcool.
>i>circi>u>ií na- :h >\ ai. di: míuiciltuua
Secção de plantas e sementes
Boletim da expedição no mez de maio de 1908
ESPECIFICAÇÃO
PESOS
Kilogrammas
VOLUMES
1.311
999.500
379.51 Kl
83
52.500
8.345
59.050
27.500
78.500
9.450
5.600
5.600
1.105
3.650
1.850
20
7.350
6.500
13.350
195
720
1.200
18
50.500
41.710
1.300
23.950
350
5.500
5S.150
154.500
7.350
500
4
183
\\°i 1
59
43
22
llí
16
4
98
21
17
8
13
2
43
26
22
Pasualuni
Snrihii
2
2
36
51
7
1
2
3.441.275
1.166
1.229
142
4. 007. 275
1.371
MOVIMENTO DA SECÇÃO
Foram recebidos 405 pedidos de plantas e semente-,
satisfeitos 174 » » sementes.
« expedidas 2 cartas.
íí^Oí-^
NOTICIÁRIO
Conferencia no 3-Iu.seu. Commeroial <lo Rio d.e OTíi-
íieiro — No dia 29 de maio, o Si-. Dr. MaDool Pereira Pacheco, representante
do Estado da Parahyba, na Exposição Nacional, assistido por numeroso auditório,
fez uma narrativa da miséria que grassa no seu Estado em consequeucia da soeca.
O illustro conferente sensivelmente commovido narra as scenas de fome e sede que
assistiu nos sertões da Parahyba, quando percorreu aquella zona recentemente em
serviço do governo do seu Estado.
0 Sr. Dr. Pacheco fez um appello sentido a todos os presentes para conse-
guirem por esmola géneros alimentícios para serem enviados á Parahyba, afim de
não se deixar morrer á fome o povo do sertão. S. Ex. faz histórico rápido do que
tem sido as seccas do norte e termina implorando a caridade dos brasileiros c cx-
trangeiros em favor dos famintos do Norte. Presidiu a conferencia o Sr. Dr. Cân-
dido Mendes de Almeida, tendo tomado logar na mesa os Srs. Drs. António Olyntho,
Ignacio Tosta e o Dr. Pacheco. — Achavam-se presentes representantes da Imprensa,
Senadores, Deputados e grande numero de membros da Colónia Parahybana no Rio
de Janeiro.
A Lavoura agradece o convite de S. Ex. eo felicita pelos seus patrióticos de-
sígnios.
— O Dr. Caro e o professor Frank, de Charlottemburg, que se têm oceupado
especialmente do estudo da turfa, acabam de terminar uma série de experi-
ências, que lhes permittem, graças a um apparelho que inventaram, extrahir dos
procluetos das turfeiras, ura gaz, que pôde prestar importantes serviços á indus-
tria e principalmente Is usinas eléctricas. O gaz pôde S9r fabricado no mesmo
logar, durante todo o anno e cora pequena despsza. Os inventores extrahem-no
da turfa, ainda mosrai contendo 10% d' agua. Ao mesmo tempo, graças á nova in-
venção, consegue-so tirar partido do azote contido na turfa sob a forma de seus
ammoniacaesquose tornam prociosj^ fertilizantes. Tèm estes um valor que poderá
compensar largamente as despezas da extracção da turfa e ainda deixar lucro.
As turfeiras assimexploradas poderão ser depois utilizadas vantajosamente pola
cultura.
— Além do pó de ossos e do sangue deseccado, fornecera os matadouros amo-
ricanos*adubos conhecidos pelos nomes de lankage e de azotina A lankage é o resi
duo obtido pela evaporação dos líquidos, provenientes dos restos de carne o de ossos
depois do separadas as matérias gordurosas. Estes proiuctos são classifica los se
gundo a sua quantidade de ammoniaco e de acido phosphorico. A azotina é o re
siduo obtido na extracção das gorduras, quando se opera sob uma forte pr.issão
A azotina do commercio contém 15 0/o de ammoniaco. Os chifres são igualmente
vendidos como adubo, depois do aquecidos durante 5 horas, sob uma pressão
do â'í , 8 % quadrado, afim de poderem ser pulverisados. O pó contém 10% do
ammoniaco.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA.
— Ha muitos annos, procuram diversos sábios enriquecer os solos pobres, nelles
introduzindo bactérias nitriflcantcs. Os resultados ate agora têm sido medíocres.
Segundo uma recente communicação do Sr. Bottomley ao Club Horticolo, de Lon-
dres, parece que os americanos obtiveram excellentes resultados, tomando como
meio de cultura uma mistura de maltose, de phospbato de potassa e de sulfato de
magnesia. Declara o Sr. Bottomley que obteve um notável augmento de colheita,
empregando essa nova nilragina.
A. ag^ricultixi-a em Minas — Foi promulgada a resolução da
Camará de Prados, isentando dos respectivos impostos de industrias e pro-
fissões, por espaço de três a cinco annos, a juizo da Camará, os dois primeiros
fazendeiros que em cada districto, adoptarem em suas propriedades os ser-
viços, de um modo comple to, por meio de machinas agrícolas, depois de pro-
mulgada a lei.
A isenção do impostos será concedida pela Camará, a requerimento do in-
teressado.
Em igualdade de condições e épocas, será isento o designado pela sorte.
A isenção do imposto deixará de subsistir, quando o agricultor interromper o
serviço agrícola feito por meios mecânicos.
Uma Ibatata <ie respeito — As batatas tão depreciadas nas innu-
meras plirases feitas que correm mundo estão agora se rehabilitando, elevadas,
como estão sendo, á categoria de força económica. Citam-se já os Estados e mu-
nicipios em que a batata prospera magnificamente e, de certo, agradecido por
isso o precioso tubérculo capricha, ás vezes, em dar productos de mara-
vilhar.
O Popular de Araraquara noticia agora que está em seu escriptorio, para quem
quizer admirar, uma batata e tanto, pesando 15 kilos!
O enorme tubérculo 1 diz o Popular, queé da família das convolvulaceas, foi
colhido na chácara de propriedade do Sr. Isaltino Correia de Almeida Moraes, na-
quelle município.
De modo que hoje a maior felicidade que se podo desejar a um amigo é man-
dal-o plantar batatas.
— A agricultura na inglaterra está em plena decadência. Em 1870, alimentava
metade da população; em 1890 mal podia supprir as necessidades da decima
parte.
A superfície plantada de cereaes diminuiu em enormes proporções. Dia a dia,
portanto, a Inglaterra se torna mais tributaria das colónias e do estrangeiro.
Se lhe cortassem as communicações marítimas, isto é, se se lhe arrebatasse o im-
pério dos mares, os seus habitantes vèr-se-iam em breve perseguidos pela
fome.
Taes os factos que os trabalhos da grande commissão agraria tornaram pa-
teutss. O numero dos trabalhadores agrícolas passou de 1.695.000, que era
em 1871 a 9.000 em 1901.
O relatório da dita commissão termina com estas palavras: « A situação agrí-
cola do Reino Uaido é absolutamente anormal. Em nenhum outro paiz do mundo
a agricultura se acha em tal decadencia>.
A LAVOURA 219
Interessantes informações acerca do consumo da banana na Fkança.
A banana é desde muito tempo conhecida na França, mas as remessas sérias
datam do 1886 para cá. Mesmo om 1890, o consumo em Paris era quasi nullo ;
1.000 cachos por anno; mas não tardou em augmentar rapidamente. Em 1895,
subiu a 5.000 ou 6.000 cachos ; em 1900 a 18.000 cachos e actualmente 6 de 70.000
a 75.000 cachos por anno.
Para dar idéa, porém, do consumo total, cumpre accrescentar Marselha e acosta
mediterrânea com 200.000.000 cachos, o que dá uma cifra annual máxima de 300.000
cachos. Esta cifra é na realidade ainda muito baixa, comparada com as dos paizes
vizinhos : Allemanha, 700.000 a 800.000 cachos; a Inglaterra 400.000 cachos por
anno.
O arsénico emprega-se geralmente na agricultura como insecticida ; mas
semelhante processo está sujeito a graves perigos. De um lado, os operários que
manipulam os productos arsenicaes correm o risco de envenenar-se ; por outro lado
o veneno que fica adhorente ás fructas, aos legumes etc. põe em risco a saúde
dos consumidores. Citam-se mesmo alguns casos de morte. Em vista, pois, disto,
em uma communicação dirigida á Academia de Medicina de Paris, insiste o Sr.
Cazeneuve sobre a necessidade de prohibir radicalmente o emprego na agricultura
dos compostos arsenicaes. Esta prohibição já existia na França desde 1846, mas, a
fallar a verdade, nenhuma applicação tem tido. A observação do Sr. Cazeneuve é
razoável, mas pouco resultado dará, porque, como observa o Sr. Riche, a agri-
cultura não conhece melhor insecticida que o arsénico. Os inconvenientes e riscos
que poderão resultar do seu emprego serão sempre considerados como quantidades
desprezíveis.
A producção do milho, na França, tende a desenvolver-se, ha cerca de uns
vinte annos. Esta planta é actualmente cultivada em uma superfície de mais
de 500.000 hectares e o valor da sua producção eleva-se a cerca de 90 milhões de
francos. Vem, pois, a propósito assignalar as tentativas que se fazem na America
para applicar o milho ao fabrico do papel. Para conjurar a crise do papel é de ne-
cessidade encontrar um succedaneo á pasta da madeira.
Na Algéria e na Tunísia é a alfafa que fornece a cellulose ; na Birmânia, os
inglezes pretendem explorar o btmbú. Nos Estados Unidos, acha-se muito desen-
volvida a cultura do milho, cuja producção alli é três vezes maior que a do trigo.
Já o miolo da haste do milho tem diversos empregos na marinha dos Estados
Unidos, ella substituiu o miolo do coqueiro no calafeto dos navios, assim como no
fabrico dos explosivos.
Para a industria do papal, a histe do milho ô uma excellente matéria prima ;
mas é necessário proceder á separação da casca exterior e do miolo: este problema
foi resolvido praticamente pelo Sr. Viggo Drewsen.
A casca exterior, tratada com reactivos convenientes, dá uma pasta idêntica á
da madeira, muito boa para o fabrico do papel commum opaco. O miolo dá uma
pasta que pôde ser vantajosamente utilizada no fabrico dos papeis transparentes
(papeis de manteiga) e de certas espécies de pergaminhos.
-££-»Hí&€:€€3
SOCIEDADE NUeiOMAI. DE AGRICULTURA
PARTE COMMERCIAL
Maio de 1908
Cafó
Venderam-so l.Vi.000 saccas contra 174.000 do raez de abril.
Entraram 106.86:! saccas contra 144.424 saccas no moz anterior.
Os embarques foram — 187. 127 saccas contra 171 .610 no mez anterior.
Calculava-se a existência no dia 15 de maio— 372.614 saccas contra 372.277
no dia 30 de abril ; no dia 31 de maio — 349.01 1 saccas contra 372.041 saccas no
dia 15 de maio.
Os extremos das cotações foram :
Typo n. 6.
» > 7.
í» quinzena
Por arroba
Por 10 kilos
5$500 a 5$800
3$744 a 3$949
5$200 » 5$500
3$540 » 3$744
4$900 » 5$200
3$336 » 3$540
4$700 » 5$000
3$203 » 3$404
?» quinzena
Por arroba
Por 10 kllos
5$600 a 5$800
3$813 a 3$940
Typo n. 6. . .
» » 7 5$3(I0 » 5$500 3$608 » 3$741
» » 8 5$000 » 5$200 3$404 » 3$540
» > 9 4$700 » 5$000 3$200 » 3J401
As entradas do Rio de Janeiro, retallrilamente, foram :
ía quinzena
Saccas
Estrada de Ferro Central do Rr.izil 29.769
Cabotagom 5.302
B.irra dentro. . .
Total.
Saccas
Estrada de Ferro Centr i\ do Brazil 31.830
Cabotagem 8.189
Barra dentro 42.845
Total 81.804
A LAVOURA
221
Em Nova York, o typo 7, disponível, cotou-se do 6 '/i6 a 6 3/s por libra, sendo
6 Vi6 nos dias 1,2 e 4, 6 3/ia nos dias 5, G e 7, o l/t no dia 9, 6 5/n no dia 1 1 o
6 3/a nos dias 12, 13, 14 e 15; a 6 l/i e. por libra nos dias 18 e 19 e a 63/8 c. em
todos os outros dias.
Na Bolsa registraram-se os seguintes preços:
No dia 1 — 5.8; em ^ e 4 — 5.85; em 5 — 5.95; em 6 — 0.00, em 7— 3.5; em
8e9— 0.10; em 11 e 12 — 0.15; em 13 — 6.20; em 14 e 15 — 6.15 e 0.05 c. em
10 e 18; 0.20 c. em 19 6. 10; c. de 20 a 27 e 6. 15 c. em 28 e 29.
Géneros importados
ia quinzena
Qualidade Quantidade Preços
Farinha de trigo . . . 22.504 barricas. ... — —
Americana (barrica) — —
» (sacca)— Não ha.
Rio da Prata:
por 2 saccas
Primeira qualidade 24$000
Segunda » 22$500
Terceira » 21|500
Mjinho Inglez:
Nacional ■ 24$000
Brazileira 23$000
Buda-Nacional —
Mjinho Fluminense:
S. Leopoldo 23$500 a 24$000
O. O ... • 22,500 » 23$000
5a quinzena
AmericaDa (barrica) —
» (secca) — Não ha.
Rio da Prata:
por 2 saccas
Primeira qualidade 23$500
Segunda » 22$500
Terceira » 21 $503
Moinho Inglez:
Nacional 24$000
Brazileira 23$200
Buda-Nacional 25$200
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 24$000
O. O
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
fa quinzena
Manteiga — 250 caixas :
Demagny, Isigny (latas sortidas) 2$500 a 2$520
Brétel Frères (latas sortidas) 2$300 » 2.$320
Lepelletier 2$480 > 2$500
Modesto Qallone (sortidas) 1$850 » 1$900
Esbousen Não ha
L. Brum 2$540 » 2$550
Busck Juniur 2$400 » 2$450
Marclet 2$200 » 2$220
Outras marcas 1$800 » 2$000
A nacional vendeu-se: a de Minas de 3$700 a 4$ e a do Sul de 2$400 a 2$600.
2a quinzena
Demagny, Isigny (latas sortidas) 2$480 a 2$500
Brètel Freres (latas sortidas). ' 2$300 » 2$350
Lepelletier 2$480 » 2$500
Modesto Gallone (sortidas) 1$500 » 1$900
Esbousen s . Não ha
L. Brum 2$500 » 2$540
Busck Júnior 2$400 » 2$450
Marclet 2$200 > 2$220
Outras marcas 1$800 » 2$000
A nacional vendeu-se: a de Minas de 3$600 a 3$ SUO e a do Sul de 2$400 a 2$600.
Géneros nacionaes
MAIO
A..& i is i i- < 1 « 5 n t « s
Tornou-se melhor a posição deste mercado devido não as entradas que foram
insignificantes, as quaes constaram de 270 pipas de diversos centros produetores.
As entradas na segunda quinzena tiveram grande augmento e constaram de
598 pipas.
ía quinzena
Campos
Angra
Paraty
Maceió
Aracaju
Pernambuco
Bahia
Parahyba
Preços
60$000 a 165$000
70$000 > 175$000
75$000 » 180$000
17O$0OO
1Ô5$000
65$000 » 170$000
165.Ç000
170$000
A LAVOURA
Laguna 160$000 a 165$000
Itajahy • . . . 160$000 » 165$000
Mangaratiba 170$0J0 » 175$000
Paranaguá 160$000 > I65$000
2a quinzena
Preços
Campos 165$000 a 170$000
Angra 175$000 » 180$000
Paraty 180$000 » 18õ$000
Maceió 170$000 » 175$000
Aracaju 170$000 > 175$000
Pernambuco 170$Q00 » 175$000
Babia 170$000 » 175$000
Parahyba 170$000 » 175$000
Laguna 165$000 » 170$000
Itajahy 165$000 » 170*000
Mangaratiba 175$000 » 180$000
Paranaguá 165$000 » 170,j;000
A.lcool
Na primeira quinzena melhorou de aspecto este mercado que se conservou
firme, ainda que sem alteração sonsivel nos preços. Na seguuda quinzena finda
houve procura e apezar das entradas serem avultadas pois contaram de 863 vo-
lumes de diversas procedências, os preços tiveram uma alta de cerca de 10$ por
pipa.
í" quinzena
As cotações foram as seguintes, por pipa, sem casco:
40 gráos. 250$000 a 230.j;000
38 » 235$000 » 240$000
36 » 225$000 » 230$000 "
5» quinzena
40 gráos 260$000 a 265$000
38 » 24õ$000 > 250$000
36 > 235$000 > 240$000
A-lg-odiio em ia.m;i
Com a forte reação operada no estrangeiro desenvolveu-se regular procura
que, reflectindo nos mercados productores, determinou alta sensivel e brusca. Per-
durou a mesma situação na segunda quinzena.
s<h:iki>m>k NACIONAL de agricultura
1" quinzena
Fardos
Existência no dia 30 de abril 10.365
Entradas :
Mossoró 4.396
Parahyba 1.128
Pernambuco 1.785
Natal 1.600
Ceará 160 9.069
23.375
Sabidas dos trapiches 6.607
Existência no dia 15 de maio 16.768
Preços :
Pernambuco ll$700a 12$600
Rio Grande do Norte 11$500 » 12$000
Ceará 12$000 » 12$500
Parahyba 1 1$700 » 12$300
Penedo (Nominal)
Sergipe (Nominal)
2* quinzena
Fardos
Exi tencia no dia 15 , 16.708
Entradas :
Parahyba 2.980
Pernambuco 2.089
Ceará 997
Natal. 900
Maceió 900
Maranhão 819
Mossoró 815
Piauhy 150 9.650
26.418
Sahidas dos trapiches 7.614
Existência no dia 30 • • Is. 801
Preços :
Pernambuco 12$300 a 13$000
Coará I2$300 » 13.^000
Rio Grande do Norte 12$000 » lã$800
Parahyba Iã$300 » 12$600
Penedo (Nominal)
Sergipe 12$000 » 12£400
Assiicn1
O que ha a informar sobre este producto éque os brancos crystaes toem man-
tido as cotações. Foi a mesma a situação da 2» quinzena havendo, porém, a dizer
que houve maior firmeza nos mascavos o mascavinhos.
riUMEIRA QUINZENA
Os preços regularam como se segue :
Pernambuco :
Branco usina §540 a $550
Dito crystal $520 » $530
Dito 3» sorte $520 » $^30
Crystal amarello $460 » $480
Mascavinho $380 » $470
Somenos $440 » $470
Mascavo bom $340 » $350
Dito regular $330 » $435
Dito baixo — $325
Sergipe :
Branco crystal $510 a $540
Mascavinlio $400 » $480
Mascavo bom $340 » $350
Dito regular $330 » $335
Dito baixo — $320
Campos :
Branco crystal $520 a $530
Dito 2» jacto $420 » $460
Bahia :
Branco crystal , $550 a $570
Crystal amarello — —
Santa Calharina :
Mascavinho $380 a $400
SEGUNDA QUINZENA
Os preços regularam como se saguo :
Pernambuco :
Branco usina $540 a >560
Dito crystal $510 > $520
Dito 3a sorte $520
Crystal amarello $460 » $490
Mascavinho $120 » $480
Somenos $430 » $460
Mascavo bom $355 » $300
Dito regular $345 » $350
Dito baixo $340
!ii SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Sergipe :
Branco crystal $510 a $520
Mascavinho $420 » $480
Mascavo bom $355 » $360
Dito regular $345 » $350
Dito baixo $340
Campos :
Branco crystal • . . . $510 a $540
Crystal amarello $490 » $500
Bahia :
Branco crystal $550 a $560
Dito 2o jacto $500 » $530
Cerea.es
PRIMEIRA QUINZENA
Preços
Feijão preto de Porto Alegre, novo . . . 17$500 a 18$500
Dito velho — —
Dito idem de Santa Catharina 17$000 » 18$000
Dito do Paraná 17$000 » 18$000
Dito mulatinho 17$00() » 18$000
Dito manteiga 18$00(>
Dito enxofre 17$000
Dito de cores, nacional 14$000
Dito branco, estrangeiro 18$500 » 19$000
Dito amendoim, idem — 18$500
Farinha de mandioca, especial 10$000 » 10$500
Dita idem flna 9$500 » 10$000
Dita idem peneirada 8$500 » 9$500
Dita idem do Norte — —
Dita idem grossa, Laguna 7$000 > 7$200
Dita idem idem, Porto Alegre Não ha
Arroz nacional 22$000 a 27$000
Dito inferior 14$000 » 18$000
Milho amarello do Norte Não ha
Dito idem da terra , . . 6$400 a C$500
Dito branco idem 5$600 > 5$800
Amendoim era casca 7$000 » 7$200
Cangica 15$000 a 17$000
Favas 12$000 » 12$500
Kilogramma
Alpiste $360 a $380
Batatas nacionaes $IM » ,$180
A LAVOURA
Dita estrangeira Nominal
Fubá de milho $120 a $1S0
Matte em folha , . . . $4o0 > $500
Tapioca $400 » $500
Polvilho $180 » 220$
Carne Je porco $700 » $800
Línguas do Rio Grande (uma) — 1$000
Cebollas do Rio Grande (cento) Não ha
SEGUNDA QUINZENA
Preços
Feijão proto de Porto Alegro, novo . . . I5J000 a 1C$000
Dito idem da Terra Nova 14$000 » 15$0o0
Dito idem de Santa Catharina 14$000 » 15$000
Dito do Paraná . , 14$000 » lõ$000
Dito mulatinho — » 15$000
Dito manteiga — . » 15^000
Dito enxofre — » 15$000
Dito de cores, nacional 10$000 » 12$000
Dito branco, estrangeiro 18$500 » 1 9^000
Dito amendoim, idem 18.$000 » 18..-500
Farinha de mandioca, especial 9$000 » 9$õ00
Dita idem, fina 8$500 » 8.^800
Dita idem, peneirada 7$600 » 8$000
Dita idem, do Norte — —
Dita idem, grossa, Laguna 6^800 » 7$000
Dita idem idom, Porto Alegre Não lu
Arroz nacional 22$000 a 24$000
Dito inferior 14$00J » 18$0QQ
Milho amarello do Norto Não ha
Dito idem da terra C$200 a 6$500
Dito misturado, idem 5,j600 » 5.j800
Amendoim em casca 5$8u0 » 6$000
Cangica 10^000 » 18$000
Favas lo$000 » 10$500
Kilogramma
Alpiste $360 a $380
Batatas nacionaes $100 » $180
Dita estrangeira Nominal
Fubá de milho $120 a $180
Matte em folha $100 » $500
.Tapioca $400 » $500
Polvilho $180 » $200
Carne de porco $G0C » $700
Línguas do Rio Grande (uma) $900 > 1$100
Cebollas do Rio Grande (cento) 2$300 » 2$500
440 J U
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Furno em i*ôlo
Durante a quinzena bouve a mesma firmeza que notámos na precedente,
continuando inalterados os preços, e, quanto aos negócios, estes também foram
desenvolvidos.
i" quinzena
As cotações foram :
Preços
De Minas, especial 1$600
Dito superior 1$400
Dito 2a 1$200
Dito ordinário $8(0
Goyano, superior 2$400
Dito 2a 1$700
Baixo Num,
Rio Novo, superior 2$400
Dito 2" 1$300
Dito baixo 1$200
Pomba, superior 1$600
Dito 2a 1$200
Dito baixo Nom.
Carangola 1$500
Picú, especial 2$800
Dito 1» 2$000
Dito 2» 1$200
Bahia 1$100
2a quinzena
Durante a quinzena, o mercadojpermaneceu som alteração quanto a firmeza,
registrando-se, como na anterior, negocio ura tanto mais desenvolvido.
As qualidades mineiras especiaes, superiores, segundas ordinárias foram
cotadas em 200 réis mais do que na primeira quinzena.
As cotações foram :
Preços
De Minas, especial 1$800
Dito superior 1$600
Dito 2a 1$400
Dito ordinário 4$000
Goyano, superior 2$400
Dito 2a 1$700
Baixo Nom.t
Rio Novo, superior 2$400
Dito 2» 1$800
Dito baixo 1$200
Pomba, superior 1$600
A LAVOURA
Dito 2* 1$200
Dito baixo Nom.
Carangola 1$500
Pioil, especial 2*800
Dito Ia 2$000
Dito 2* 1$200
Bahia 1$100
Para as procedências do Rio Grande, volhos regularam de 15$ a 20$ e para
novos de 1 1$ a 15$ por arroba.
Entraram 1.811.040 kilos por cabotagem, do nacional, que se cotou do 2$ a
2$100 por 40 litros.
Mercado monetário
A existência de ouro, na Caixa de Conversão, em 15 de maio, era :
Libras esterlinas . 5.530.329—10
Francos 10.501.530
Marcos ■ 40
Dollars 125.527—50
Liras 2.280
Coroas austríacas 4.650
Pesos argentinos 100
» nacional. 130:750$000
SEGUNDA QUINZENA.
Em 31 de maio era:
Libras esterlinas 5.510.460— 10
Francos 10.480.060
Marcos 40
Dollars 125.292-50
Liras 4.790
Pesos argentinos 2.290
Pesetas hespanbolas 50
» nacional 134:570$000
A importância de notas conversíveis em circulação era :
Primeira quinzena 95.813: 630$00O
Segunda » 95.487:250$000
O preço de soberanos, fora da Bolsa, foi de 16$025.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
CAMBIO
As taxas offlciaes continuaram a manter-se inalteradas, a 15 1/8 d. sobre
Londres nos bancos estrangeiros e 15 3/16 d. no Banco do Brasil. As transacções
bancarias fizeram-se a esses extremos e as do outro papel a 15 3/16 e 15 13/64 d.,
não e registrando movimento digno de nota.
Os extremos das cotações offlciaes foram :
PRIMEIRA QUINZENA
Londres, 90 d/v 15 1/16 e 15 3/16 d.
Paris, 90 d/v $629 a $634
Hamburgo, 90 d/v $776 » $780
Portugal, 3 d/v 325 > 330 %
Itália, 3 d/v $638 » $640
Nova York, ,i vista 3$i95 » 3$310
Vales, ouro — 1$793
SEGUNDA QUINZENA
Londres, 93 d/v 15 1/8 e 15 3/16 d.
Paris, 90 d/v $629 a $632
Hamburgo 90 d/v $776 » $779
Portugal 3 d/v 316 » 325 %
Itália 3 d/v $638 » $639
Nova- York, á vista 3$295 » 3r3l0
Vales, ouro — » 1$793
O valor offlcial do mil réis foi do 560 a 563 réis, ouro, e da libra de 15$í-03 a
68.
Ágio de ouro 77-77 a 78, 51% .
£$&&$€€€€-
BIBLIOGRAPHIA
Recebemos mais as seguintes publicações periódicas:
Bulletin de V Instituí Chimique et Bacteriologíque de l'E'tal à Gembloux — 1908,
n.75.
Annales de la Société Academique de Nantes.-' Volume 7" da 8a série, 1906.
El Progreso Hortícola, periódico para distribuição gratuita, editado pela Casa
Domingo Basso, de Montevideo.
Boletim do Serviço de Estatística Commercial, referentes aos doze mezes de ja-
neiro a dezembro de 1907.
O Immigrante, publicação da Secretaria da Agricultura do Estado de S.Paulo.
—An no I, n. 1.
Trabalhos recebidos no mez de maio :
O Cornmercio e a Industria do Leite, da Manteiga e do Queijo na Suissa, por
J. de Oliveira Murinelly. Paris, 1908. Este trabalho, fructo da op3rosidade e com-
petência do segundo secretario da legação brasileira em Paris, foi apresentado como
relatório á Secretaria de Estado das Relações Exteriores, e agora publicado em
brochura para distribuição gratuita. A obra comprehende quatro partes que
tratam respectivamente do leite, da manteiga, do queijo o das queijarias. Na pri-
meira parte mostra o autor o pap9l importantíssimo que tem a industria dos lacti-
cnios na vida económica da Suissa.
Ainda nessa parte vêem estudos sobre os Leites Concentrados, Farinhas Lácteas,
Koumiss e Kefir. A falsificação do leite é tratada com cuidado.
Na segunda parte occupi-se o autor com o fabrico da manteiga, escolha de
machinismos que a observação própria lhe demonstrou serem os mais convenientes.
Termima esta parte com um estudo sobre as Condições da boa manteiga. Defeitos e
Fraudes.
Na quarta parte estuda as Queijarias e o aprendizado dos lacticínios, na Suissa.
A descripção do leite normal com todos os seus caracteres physicos, meios de
reconhecel-o, das differentes raças e sua excellencia produetiva, foi por parte do
autor objecto de cuidadoso exame. F,' uma obra, portanto, cuja leitura muito se
recommenda, acerescendo ainda ser de fácil acquisição.
A industria de lacticínios no Estado do Rio de Janeiro, pelo Dr. Eduardo Cotrim ;
Propaganda do Estado do Rio — A Lavoura do Café; estado octual deste produeto,
pelo Dr. João Alves de Mattos Pitombo ; Sobre a Propaganda e Collovação de
Alguns Productos da Industria Agrícola Brazileira nos mercados Inglezes por Fran-
cisco Alves Vieira; O Canal de Macahc a Campos e as Industrias Agrícolas do Muni-
cipio de Macahé pelo coronel José Julião Carneiro da Silva.
Todas estas conferencias realizadas no Museu Commercial do Rio de Janeiro
foram publicadas em folheto, dos quaes recebemos exemplares.
Procés-verbal de la Sèance da Congrès d' Horticulture ouvert d Paris par la
Société Nationale d' Eorticulture de Franoe.
238 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Relatório da Companhia Usina S. João apresentado á assombléa gorai ordi-
nária de 31 de maio de 1908, pelo seu presidente coronel Ernesto de Campos
Lima.
Erposifão Nacional de 1908. Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Monsenhor
Walfredo Leil, por occasião da exposição previa em 2 de abril de 190S.
Relatório apresentado ao Governa lor do Estalo de Pernambuco polo secre-
tario geral Elpidio de Abreu e Lima Figueiredo, em 31 de janeiro de 1908.
Mensagem apresentada ao Conselho Municipal de Passo Fundo pelo intondente
Pedro Lopes do Oliveira, em 1 de novembro de 19J7.
Relatório de 1907, apresentado pela Directoria d i Associação Commercial do
Maranhão.
La Pesca en La Republica Argentina, parte primeira, pelo Dr. F. Lahille.
Buenos Aires, 1906.
Feria Exposicion de Ganaderia (1902 — 1903). Informes de Ia División de Gana-
deria. Buenos Aires, 1905.
Estas duas ultimas obras foram oflferecidas á Bibliotheca desta Sociedade pelo
Sr. Director Dr. Heitor de Sá.
CATÁLOGOS
Domingo Basso. Catalogo geral n. 58. Arvores fructiferas, florestaes, arbusto3,
plantas ornamentaes, sementes e utensílios de jardineiro.
Catalogo do Leilão dos Animaes do Posto Zootechnico Central de S. Paulo.
Estes animaes foram postos à venda após a Exposição preparatória realizada em
20 de abril de 1908.
Foumitures Hortieoles. Catalogo de 1908. Ch. Hitté, rue des Bourdonnais,
Paris.
Cari HagenbecWs Tierpark. Catalogo de animaes domésticos. Secção I.
Bovinos. São representantes desta casa, no Rio de Janeiro, os Srs. Herm. Stoltz
&Comp., Avenida Central 66—74.
Aequisicões da Bibliotheca :
Microbiologie Agricole por Edmond Kayser. Paris. Eds. J. B. Baillière et Fils.
1 volume.
Agricullure Générale. Les Sernailles et les Récoltes por Paul Diffloth. Eds. J.
B. Baillière et Fils. Paris, 1907. 1 volume.
Zootechnie. Races Bovines por P. Diffloth. "Eds. J. B. Baillière et Fils. 1908.
1 volume.
Pathologie Gènerale des Animaux Domestiques por C. Cadéac. 2» edição. Eds:
J. B. Baillière et Fils, Paris, 1904. 1 volume.
Thérapeutique Vélérinaire Appliquêe por H. J. Gobert. Eds. J. B. Baillière et
Fils, Paris, 1005. 1 volume.
Notiotis d' Agricullure et d'Sorlicu!txre d 1'usage du cours moyen et du court
superieur des êcoles primaires et des écoles primaires supérieures por E. Pamart.
5» edição. Eds. Masson & Comp., Paris. I volume.
A LAVOURA
Les Théories et les Applications Nouvelles de la Greffe polo Dr. Albert Gautié
eds.: Masson et C. Paris, 1 volume.
Culture :le la Pomme de Terre Polagère, Fourragère et Industrielle por L. Mal-
peaux. Eds. Masson et C, Paris, 1 volume.
Les Levures por E. Kayser. Eds.: Masson etC, Paris, 1 volume.
VIndustrie Oléicole por J. Dugast. Eds. Masson et C, Paris, 1 volume.
Prairies et Plantes fourragères. E' o titulo da ultima brochura que acabamos
de receber da livraria J. B. Baillièro et FUs. Damos o prospecto dessa obra para,
orientação dos nossos leitores.
« Prairies ei Plantes fourragères », par C. V. Garola, professeur départemental
d'agriculture à Chartres, 2a edition revue et augmentée, 1 vol. in-18 de
50U p-iges. avec 150 figures, brociu- : 5 ir.; cartonné: 6 fr. (Encyclopedie
agrícola; Librairie J. B. Bailliere et fils, 19, rue Hautefeuille, Paris
Les plantes fourragères jouent en économie rurale un role chaque annôe plus
important. Dans 1'étuJe que leur consacre M, Garola, il a envisagé les plantes
fourragères non seulement au point de vue de la production proprement dite,
mais aussi au point de vue de leur emploi dans la nourriture du bétail. II a donc
donné una place important à la determination de la valeur alimentaire des dif-
ferentes plantes. Le cultivateur y trouvera non seulement les notions nécessaires
pour arriver à produire beaucoup de fourrages, mais encore les renseignements
les plus utiles pour tirer de leur traasformation par le bétail les résultats les plus
avantageux.
Yoici un aperçu des matières traitées :
Prairies naturelles: Graminées ; légumineuses ; composition et valeur alimen-
taire ; exigences et fumures des prairies et des pâturages ; eréation des prairies
naturelles ; préparation du sol ; ensemencement ; exécution du semis ; organisation
entretien et exploitation de- herbages; eotretien des prairies fauchées; plantes
à détruire.
Prairies temporaires : Prairies artiflcielles ; luzerne ; composition et valeur
nutritivo ; climat et sol ; rendement et durée des luzernières ; plantes parasites
et animaux nuisibles ; cultures; trèflo violet ; trôfle blanc ; tròfle liybride ;
sainfoin ; lupuline.
Lourrages annuels : Trèfle incarnai; vesce; pois de champs; moutarde
Manche ; navetto et colza ; côréales ; fourrages ; seigle ; avoin j ; sarrasin ; mais ;
millet. Récolte des fourrages : Fenaison ; époque de la fauchaison ; coupe des four-
rages ; dessiccation ; transport et rentréa ; conservation et préparation des foins ;
comprossion des fourrages ; ensilage des fourrages verts.
Plantes sarclées fourragères: Belterave ; emploi et composition ; climat; sol ;
production de la betterave fourragère ; culture ; action de la variété et de 1'espa-
cement ; rendements par hectare ; expérieuces d'alimentation et de digestibilité
des betteraves ; pommes de terre ; exigences climatériques et géologiques ; sélection
et variótés ; emploi de la pomme de terre dans ralimentatioa des chevaux de
trait ot des betes à cornos ; préparation du sol ; plantation ; espacement ; influenco
SOCIEDADE NACIONAL DE AORlcni/TURA
de la fragmentation des tubercules et de la profonrtcur ; pratique de Ia plantation ;
façoDs d'entretien ; maladies ; suppression des tigos ; récolte et consorvation.
Carotle; composition et valeur alinientairo ; culture ; plaee dans 1'assolement ;
prúparation du sol ; semailles ; enti etien ; récolte ; conservation ; panais ; navet ;
chou-navet ; chou-rave ou col-rave ; choux-fourragers : topinambour, ramilles
et feuilles.
Ce volume a étó courunné d'uoe médaille d'or par la Société NatioDale
d'Agriculture.
II fait partie de V Encyclopedie Agricole k laquelle cette même société vient
d'aoeorder Io Grand Prix Heuzé.
Le catalogue détaillé et illusti-é de V Enct/clopédie Agricole est adréssó grátis et
franco à toute parsonoe qui en fait la demande à MM. J-B. Baillière et Fils, 19 rue
Hautefeuille, à Paris.
4403 — Rio ds Janeiro — Imprensa Nacional — 1908
ESTATUTOS
CAPITULO (I
Art. 8.° A socideade admitte as seguintes categorias de sócios :
Sócios effectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados.
§ i.° Serão sócios effectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem
devidamente propostas e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 2o$ooo.
§ 2.° Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou
si\lr no estrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus
méritos e dos serviços que possam ou queiram prestar á sociedade.
i? 3.0 Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedicação e
relevantes serviços, se tenham tornado beneméritos á lavoura.
§ 4.0 Serão associadas as corporações de caracter official e as associações agrícolas,
filiadas ou confederadas, que contribuirem com a jóia de 30$ e a annuidade de"5o$ooo.
§ 5.0 Os sócios effectivos e os associados pi k lerão se remir nas condições que torem
preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição fixada para esse fim
ser inferior a dez (10) annuidades.
Art. g.° Os associados deverão declarar o seu desejo de comparticipar dos tra-
balhos da sociedade. 1 >s demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer
sócio e apresentação de dois membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade.
Art. 10. Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as
reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente; terão direito a
todas as publicações da sociedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a
prestar, independentemente de qualquer contribuição especial.
á, 1." Os associados, por seu caracter de coílectividade, terão preferencia para os
referidos serviços e receberão das publicações da sociedade o maior numero de exem-
plares de que esta puder dispor.
§ 2.0 < ) direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios ; é limitado,
'01 <-m, para os associados e sócios correspondentes, os quaes não poderão receber votos
para os cargos de administração.
íj 3.0 Os sócios perderão' somente seus direitos em virtude de expontânea renuncia
ou quando a assembléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria.
REGULAMENTO
CAPITldJ) VI
DOS SÓCIOS
Art. 18. A sociedade prestara seus serviços de preferencia aos sócios e associados
quando estiverem quites com ella.
Art. iq. A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua
icceita :ão.
Art. 20. As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes.
Art. 21. Os sócios e os associados se poderão remir mediante o pagamento das
quantias de 200$ e 500$, respectivamente, feito de uma só vez c independente da jóia,
|ue leverão pagar em qualquer caso.
Art. 22. Os sócios e associados não poderão votar, nem receber o diploma, sem
terem pago a respectiva jóia.
§ i.° O sócio que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se mediante
a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham igualmente satisfeito aquellas
contribuições.
s, 2." Para esse etfeito o sócio deverá requerer á Directoria, provando seus direitos
.10 . i.-i mos do paragrapho anterior.
í, 3." Serão considerados beneméritos os sócios que fizerem donativos á sociedade,
a partir da quantia de um conto de réis.
Art. 23. Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados
resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas contribuições lhes tenham
sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendo-lhes ainda assim o recurso
para o conselho superior e para a assembléa geral.
Anno XII — N. 6
Rio de Janeirc
Junho de 190«
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GADO CARACU* PAULISTA
fefe&s-s^g^s-frss^sa.
^^yyyl VI RI BUS UNiTIS j(4»^»4»<»€«
CAPITAL FEDEFAL
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Fundada em 16 de janeiro de 1897
Caua-postal, 1245 Seda: Ruas da Alfandega o. 109
Endereço Telegraphico, AGRICULTURA e Qeneral Camará n. 105
Telephone a. 1416 bio n« j»nriro
DIBBOTOKIA
Presidente — Dr. Wencesláo Alves Leite de Oliveira Bailo.
i° Vice-presidente — Vago.
2o Vice-presidente — Dr. Sylvio Ferreira Rangel. .
3° Vice-presidente — Dr. Domingos Seugio de Carvalho.
Secretario Geral — Dr. Heitor de Sá.
i° Secretario — Dr. Francisco Tito de Souza Reis.
2° Secretario — Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
3o Secretario — Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva.
4" Secretario — Alberto de Araújo Ferreira Jacobina.
i° Thesoureiro — Dr. João Pedreira do Couto Ferraz Júnior.
2° Thesoureiro — Carlos Raulino.
Directores das Secções
Fazenda de Santa Mónica Dr. Sylvio Rangel.
Applicaçôes do Álcool e Museu Dr. Benedicto Raymundo.
Secção Technica e Bibliotheca Dr. Heitor de Sá.
Plantas e sementes e Horto da Penha . . Dr. Monteiro da Silva.
Propaganda e estatística Alberto Jacobina e Carlos Raulino.
Secretaria Dr. Souza Reis.
Thesouraria Dr. Pedreira Júnior.
Oollaboração
Serão considerados collaboradores não só os sócios como todos que quizerem ser-
vir-se destas columnas para a propaganda da agricultura, o que a redacção muito
agradece. A lista dos collaboradores será publicada annualmente com o resumo dos
trabalhos.
A redacção não se responsabilisa pelas opiniões emittidas em artigos assignados, e
que serão publicados sob a exclusiva responsabilidade dos autores.
Os onginaes não serão restituídos.
As communicações e correspondências devem ser dirigidas á Redacção d' A LA-
VOURA na sede da Sociedade Nacional de Agricultura.
A LAVOURA não acceita assinaturas.
E' distribuída gratuitamente aos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura.
Coiidlçfies <ln \<\, hllcação dos unauncloa
vezes meia pagina uma pagina
I I2$0O0 20$000
3
6 5O$O00 Q0$000
17 "
Os annuncios são pagos a leantadamente.
Tiragem 5.000 exemplares
SUMJMARIO
PAGS.
O Feijão preto 235
Barão Geraldo de Rezende 237
Albino Barbosa 239
Dr. Germano Vert 242
As nossas fructas 243
Cereaes Europeus 249
Expediente 251
Noticiário 256
Parte Commercial 264
Bibliographia 272
Anno XII — N. 6 Rio de Janeiro Junho de 1908
EDITORIAL
LIBRARY
NEW YORK
BOTANICAL
GAKUEN.
0 Feijão preto
Entre as leguminosas, quer no sentido de servir de alimento hu-
mano, quer como forragem, occupa em geral o feijão posição saliente
sobre as culturas congéneres, da mesma família.
Encaixado como cereal, na accepção vulgar, é alimento forçado no
nosso meio, tendendo felizmente a dilatar-se as suas plantações racional-
mente exigidas e á vista do seu bom comportamento no solo.
O curto prazo do seu cyclo vegetativo e os grandes benefícios que
presta á terra são bel los incentivos para o alargamento de sua cultura.
No primeiro caso podem-se obter, como é uso, duas colheitas no
mesmo anno, o que é grande economia de tempo para o serviço agricola.
No segundo, enorme é o proveito que se tira com a adubação verde
além da vantagem de que o feijão não é um concurrente, na alimentação,
do azoto terrestre, um dos principaes esteios da vida dos vegetaes .
E a essa razão junta-se a de ser o feijão no geral uma planta baixa,
não sendo, portanto, obstáculo á luz necessária para a cultura principal
feita conjunctamente.
Taes indícios mostram claramente que é esta cultura a mais própria
para ser realisada com a do café ou outra semelhante. E1 um vegetal fer-
tílisante, em contrario aos das outras famílias, merecendo por isso e por
suas qualidades intrínsecas a attenção de todos os lavradores, sendo como
é um dos primeiros legumes que salientam-se nos concertos culinários.
Em vista portanto da enorme vantagem das leguminosas em relação á
especialidade de alimentação, torna-se evidente que é preciso mesmo plantar
uma dessas plantas como correctivo chimico natural, e melhor de que o
feijão nenhuma se apresenta, attento o consumo que lhe dá o povo.
Essa propriedade característica de tirar o azoto da atmosphera por
meio do micróbio da nitriflcação que enche a extremidade da radicula
com esse metalloide assimilável, é mais que bastante, de todo recom-
mendavel, para a necessidade de ser o legume plantado em companhia
de outra planta, afim de favorecel-a . Em Portugal, chegam a plantar o
tremóço só com o rito de enterral-o para melhorar o solo. Ora por tal qua-
lidade e por ser mais apreciado que outra espécie de leguminosas, como a
236 SOCIEDADE NAOIOMAL DE AGRICULTURA
fava, hervilha, grão de bico ou ervanço e lentilha, tem justamente o feijão
o seu logar como segundo na cultura dos mantimentos.
E1, pois, de bom aviso que seja alternada a sua plantação com a do
milho, no mesmo logar, nas ruas dos cafezaes, como preceitua a boa regra
do afolhamento.
Dentre as variedades de feijão quer para alimento, como o mulatinho,
o vermelho e o branco, quer para forragem, como o hollandez, o da Flo-
rida e a soja,deve-se cultivar a que melhor se dè no clima e que também offe-
reça valor alimentício compensador. Estes últimos são muito duros, mas
a soja é considerada como tendo o maior numero de unidades alimen-
tícias. Deixo de fallar no feijão chinez que dá bom rendimento, no andú e
portuguez, cujas culturas são raras.
Attendendo principalmente ao paladar e comparando o feijão preto,
de que ora fallo, com o vermelho que é tão commum em e S. Paulo, Sul
de Minas, como observei, vê-se a superioridade do primeiro por ter mais
unidades alimentícias.
E, no emtanto, não é por assim dizer cultivado o feijão preto
naquellas zonas ; é mesmo por muitos rejeitado de suas mezas.
Não sei porque tal aversão, quando além do que fica dito, elle tem in-
contestavelmente um sabor especial, mais agradável que os outros todos
próprios para os misteres culinários.
Não pôde haver mesmo feijoada verdadeira sem que seja de feijão
preto .
Ha algum receio, por parte de certas pessoas de que esta variedade
faz mal ao organismo, mas não vejo base para isso ; se fosse por condição
alimentícia devia ser mais adoptado o branco, que éo mais rico destas.
Bem sei que é difficil modificar o habito, mas julgo-me com acerto indi-
cando e aconselhando o feijão preto como o melhor de todos ao paladar.
Muito feliz serei se as minhas palavras conseguirem auxiliar o distendi-
mento da cultura do feijão preto.
Heitor de SA
A LAVOURA
Barão Geraldo ds Eszsnds
Findou-ie em Campinas, onde possuía importante propriedade
rural, o adiantado lavrador e prestante cidadão, Barão Geraldo de
Rezende .
Sob a direcção pessoal do pranteado titular, a fazenda de Santa Ge-
nebra tornou-se de tal modo conhecida e interessante, que raro era o perso-
nagem illustre que, indo S. Paulo, não a visitasse, tomando-a como typo
e modelo das boas fazendas cafeeiras.
Pelas amplas e aprazíveis estradas que conduzem á Santa Genebra,
deslisaram innumeras vezes as carruagens do lavrador fidalgo transpor-
tando diplomatas, estadistas e agricultores dos mais diversos paizes que
alli iam para aprender e admirar a arte e proficiência com que o finado ti-
tular dirigia as suas vastas herdades.
O Barão Geraldo de Rezende foi dos primeiros lavradores pau-
listas que, em contraposição á sentença — O Café dá para tudo — inici-
aram outras culturas subsidiarias da do café .
Ao lado do cafeeiro, cultivado com acurado esmero, mantinha o
Barão Geraldo de Rezende, varias outras culturas, destinadas ao abas-
tecimento do mercado campineiro. Gereaes, hortaliças, leite, aves,
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
ovos, e tantos outros géneros de primeira necessidade vinham diária
mente da fazenda de Santa Genebra e se distribuíam pela população
campineira.
Posto que a direcção de Santa Genebra desse trabalho bastante para
occupar mais de um homem de grande actividade, mesmo assim o seu
infatigável proprietário e principal administrador achava sempre o precizo
tempo para se devotar a prebendas de ordem mais geral, como eram
as questões bancarias, as de propaganda agrícola e outras de igual jaez,
que requeriam a sua presença em pontos distantes da sé de da sua pro-
priedade.
Qualquer problema agrícola que se apresentasse tinha a sua coope-
ração como collaborador experimentado que era .
Inspirado sempre no mais puro civismo, jamais recusara a sua parte
de trabalho.
Assim é que, além de fazer parte de um instituto de credito em
Campinas, também foi do Conselho Superior da Sociedade Paulista de
Agricultura, onde a sua voz era sempre ouvida com acatamento geral.
Nem só estas eram as peregrinas virtudes que aureolavam a fronte
do pranteado Barão de Rezende : e-a elle também fino cavalheiro, dotado
de bondade e tolerância, que o levaram irresistivelmente á pratica do bem,
ao amparo dos que sotíriam. É por isso que sobre o tumulo do bon-
doso titular não só orvalharam as lagrimas dos seus, sinão as de muitos
estranhos para cujos soffrimentos as suas mãos bemfazejas tantas vezes
levaram remédio!
A Sociedade Nacional de Agricultura estampando com estas linhas o
seu retrato, entende render preito de honra e reverencia ao Barão
Geraldo de Rezende, como lavrador e como cidadão.
A LAVOURA
Albino Barbosa
i Acaba de fallecer na cidade de Campina?, em pleno vigor de seus 52
annos de idade, mais um eminente agricultor, daquelles que nessa verda-
deira capital agrícola do grande Estado, maior curiosidade e dedicação
patenteava pela solução das questões prementes de nossa economia rural.
Albino José Barbosa de Oliveira era filho do conselheiro do mesmo
nome, que presidiu o Supremo Tribunal de Justiça nos últimos annos da
monarchia e primo do nosso illustre chefe o sr. conselheiro Ruy Barbosa.
Era um dos lavradores mais cultos de S. Paulo e deixa em suas pro-
priedades como legado precioso, paia os filhos que o succederem, os attes-
tados de seu espirito pratico e sobretudo intelligentemente económico.
Fossem outras as condições de valor de nossos productos e conse-
guintemente das terras que os produzem, epoder-se-ia considerar precioso
para a numerosa familia, que deixou, o resultado de 30 annos de tão cau-
teloso e pertinaz esforço.
Infelizmente, porém, isso não se dá e é forçoso registrar, ao que nos
dizem, mais um desastre nas empresas arrojadas que homens intelli-
gentes vinham tentando em Campinas de 40 annos para cá.
A' illustre familia e ao nosso chefe apresentamos os nossos pezames ».
Assim se exprimia, com respeito ao illustre lavrador, cujo retrato
encima estas linhas, um dos jornaes de maior circulação nesta capital,
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
poucos dias após o seu fallecimento, occorrido em fevereiro próximo
passado.
E estas considerações de alta relevância, tenuemente esboçadas na rá-
pida linguagem de um noticiário, poderiam entretanto servir de base a um
estudo vasto das condições em que viveu e do meio em que luctou um tão
brilhante ornamento da classe agrícola do Brasil, se alguém tentasse des-
crever-lhe a existência tão fecunda quanto exemplar e pura.
Sem pudermos pretender tão difficil tarefa, cumpre que aqui dei-
xemos entretanto algumas impressões que essa vida nos suggere e que
alguns ensinamentos pôde conter para os leitores da A Lavoura.
Albino José Barbosa de Oliveira foi para a vida agrícola um prede •
tinado; mas essa predestinação não passou, no seu caso, da verdadeira e
real significação do vocábulo : não se poude caracterizar pelas vantagens
auferidas ou pelo êxito alcançado no cumprimento do bom fado.
Designado, quasi ao nascer, por seu illustre pae, para os árduos tra-
balhos em que a morte acaba de surprehendel-o, não se pode dizer delle
por tanto que estivesse na fazenda fora de seu logar.
Depois de visitar, ainda adolescente, os paises em que lhe podiam
ser dadas sobre as questões agrícolas do tempo as melhores lições, veio o
ex-alumno de Gembloux, como todos os que nessa idade voltam da Eu-
ropa para esse mister, repleto de fé, exuberante de enthusiasmo e, como
todos elles, cheio de illusões.
Entretanto o que nelle se tornou logo visível, passados os primeiros
exageros e os contratempos que cercam as applicações rigorosas da
theoria européa, foi a descoberta sagaz do verdadeiro critério a adoptar
na sua vida de lavrador.
Dois annos depois estava elle gozando da dupla vantagem dos conhe-
cimentos que a escola lhe incutira e da experiência que a pratica lhe
dava ; e assim armado começou a lucta. . . .
Faltava-lhe entretanto, para elemento decisivo, um capital de movi-
mento capaz de collocar ao abrigo dos empréstimos que, pouco depois, a
abolição do braço escravo veio tornar imprescindíveis e fataes para a
nossa lavoura.
A falta de organização de nosso credito fundiário e agrícola ainda
mais agravando, para todos, tão difncil situação veio dar a essa lucta bem
como a todas as que nesse género se travaram, uma feição cada vez mais
gigantesca, mais trágica e mais inútil.
E agora, após 3o annos de duração, a noticia de sua morte á seguida
dos commentarios que acima encontramos... e tudo nos leva a meditar
na causa de um tão máosucessocom tão invejáveis condições de iniciação.
A sua propriedade valiosa mal basta, segundo as noticias que che-
gam, para saldar o seu passivo, elevado pela própria confiança que a
todos inspirava. E1 a reproducção, portanto, do caso « Geraldo de Re-
zende s> . Assim, facilidade no levantamento dos grandes capitães com
que lidava, somente lhe servia de alimento á illusão de prosperidade em
que vivia como vivem todos os que se acham em tal condição. *•
Trabalhou por conseguinte a vida inteira, como poucos imaginam
que se possa trabalhar ; e ao fim, está provado que o fez com dois únicos
resultados: i° alimentar-se, bem como á familia ; 2a pagar juros ao ca-
pital daquelles que nelle confiavam.
Se, portanto, neste* caso tão promissor, foram baldados os esforços
de uma vida inteira para equilibrar a situação financeira da exploração
que se acaba de paralyzar, o que diremos do maior numero dos casos
que quasi constitue regra geral no meio agrícola do Brasil ?
A illusão é inútil ; e a verdade é clara : a industria agrícola, se tem
sobre a manufactura e o commercio, grande vantagem para o bem estar, a
tranquilidade, a independência e a economia domestica de quem a explora
não pode (entretanto e é a justa compensação) com nenhum dos dois com-
petir cm rendimento pecuniário. Assim se nestas duas carreiras pode o em-
presário arrojado fazer facilmente o serviço de juro e amortização do
capital alheio com que inicia a sua empresa, naquella esse duplo serviço
é quasi impossível, dada a extensão do tempo necessária para concluir-se.
A lavoura remunera sem duvida o capital independente, que a ella
se consagra; mas não pode, no decurso de uma existência humana, pro-
duzir este juro e mais outro capital egual ao primeiro. Eis a utopia do la-
vrador brasileiro!
Eis a transgressão que elle commette por desgraça própria ha mais de
20 annos no Brasil contra a mais clara das leis da economia rural, tão
brilhantemente expressa na formula sabia deLecouteux: // rty a pas de
Bonne situation agricole sans une bonne situation economique.
E1 o sangue dos martyres que solidifica o alicerce em que assentam os
ideaes que elles defendem; e o fracasso rendoso da empresa, que pela morte
prematura de seu tenaz director acaba de baquear em Campinas, imprime
nesse defunto o caracter de exemplo para os que vierem caminhar sobre
os passos resolutos com que elle pisou no caminho de sua carreira la-
boriosa .
E' nesse caracter que A Lavoura presta hoje homenagem á sua
memoria.
SOCIEDADE NACIONAL DS AGRICULTURA
Dr, Germano Yert
A Lavoura estampa com orgulho no presente numero a eftigie do seu
antigo redactor chefe, cuja existência preciosa acaba de finar-se em Pira-
cicaba onde occupava o logar de lente de agronomia da escola de agri-
cultura d^ssa cidade .
O imprevisto de sua morte, as circumstancias de que ella se cercou
foram causa da nossa demora, que a nossa insistência não poude vencer,
para obtenção desta honra .
Resta, portanto, á Lavoura, como homenagem sentida ao seu antigo
director, a lembrança do que elie foi nesta casa, e do que com eloquência
attestam os números da revista que o nosso archivo agasalha e que, orga-
A LAVOURA
nisados sob suas vistas, formam uma das partes mais brilhantes da nossa
collecção.
Germano Yert, podemos dizel-o sem suspeição, foi durante a vida
uma synthese da honradez e do trabalho.
Era um temperamento extremado, no qual estas duas qualidades se
manifestavam com a violência de verdadeiras paixões.
Por isso, todos os que lhe assistiam a existência movimentada, sem
perscrutar-lhe as impressões intimas, extasiavam-se ante aquella operosi-
dade incrível e aquella independência extra-humana. A fraqueza do orga-
nismo humano, entretanto, e as condições precárias da vida social, são os
maiores obstáculos para o êxito de taes individualidades na lueta pela vida.
O trabalho excessivo corroeu-lhe o organismo outrora robusto; e as
ditliculdades, talvez, que lhe creava a intolerância dos homens, e contra as
quaes já não podia luetar, abreviaram-lhe a existência utilissima e pro-
missora.
Era um medico illustradissimo; mas o seu temperamento investiga-
dor o afastava das preoceupações materiaes da clinica para approximal-o
das investigações mais novas e menos procuradas da sciencia agronómica;
e nesse theatro em que desenvolveu a sua acção o seu exemplo foi fecundo,
e foi visível o sulco que deixou na sua passagem pela vida agrícola do
nosso paiz e principalmente pela direcção da Sociedade Nacional de Agri-
cultura.
E por isso a redacção da Lavoura lamenta saudosa o desappare-
cimento de^te brilhante espirito.
COLLABORAÇÃO
As nossas imotas
Quando não tiveres que lazer planta uma arvore, porque
emquanto estiveres dormindo ellairá fruetificando.
( Provérbio chinez
Na porta de minha cazinha, os galhos entrando quasi pela janella,
tenho uma colossal caramboleira com phenomenal carga de fruetos ma-
duríssimos. Um pouco além, cambucazeiros, jaboticabeiras, abacateiros e
outras arvores dão-me um tom sylvestre á minha humilde choupana.
5070 2
SOCIEDADE NACIONAL DE AQUICULTURA
As fructeiras, que no anno findo pouco ou mesmo nada produziram,
mostram-se proliferas neste começo de 1908. Neste momento temos aqui
cámbucás, jaboticabas, carambolas, romans, cajus, araçás, não fallando em
laranjas e goiabas. Não me surprehendem carambolase romans que durante
o anno todo existem no pé. Não me consta, porém, quecombucás, jaboti-
cabas, cajus e araçás sejam fructa de abril. Umas extemporâneas, como as
jaboticabas, outras serôdias como cámbucás, cajus e araçás, certamente
existem actualmente estas fructas porque o estado meteorológico é exce-
pcional .
A excessiva chuva no começo de 1907, prejudicou o advento das
fructas cujas arvores floresceram na segunda metade do anno. A carestia de
chuva que tem havido desde novembro próximo passado tem, a meu ver,
concorrido para a fructificação de fins de 1907 e começo de 1908. Assim,
no seu tempo próprio, que é outubro, minha única jaboticabeira adulta que
tenho ao pé da cozinha, não deu nenhum fructo. Neste começo de anno
deu duas pequenas camadas extemporâneas. O cambucazeiro deu pheno-
menal carga no tempo próprio, em fins de janeiro ; e depois disso tem ha-
vido fructa até este momento.
Uns araçazeiros de fructo roxo, que ha annos não fructificam, este
anno deram muito araçá .
Um cajueiro de fructo gigante, na beira da estrada, que dá apenas
cajus para os viajantes, este anno deu tanto que chegou para meus pe-
quenos e para fazer presentes. As figueiras carregaram como ha muito
não vejo.
Tem sido, pois, fructifero este primeiro quartel de 1908.
A meninada mostra-se jubilosa! Minhas fructeiras distantes nunca
ostentam fructos maduros .
Empregados, passageiros, caçadores e vadios não deixam ama-
durecer .
As poucas que existem ao redor da vivenda ostentam fructos tão ma-
duros que chegam quasi ao apodrecimento . E1 que meus filhinhos não
tocam em fructa alguma sem ordem dos pães, e nós só consideramos ma-
dura a fructa oito a doze dias depois de tomar a ultima côr.
Ha dez dias estão vermelhos os cámbucás ; desde ante-hontem poderiam
ser comidos, mas dissemos aos pequenos que esperassem a irmanzinha, e
como o melhor da festa é esperar, elles aguardaram contentes. Do colle-
gio chegou hontem minha filha que vem gozar da semana sacra as férias
promettidas. Foi um delírio, não por comerem uma fructa vulgar, mas
por gozarem o sabor de um pomo tão maduro como mais é impossivel. O
cambucá mal sazonado, isto é, simplesmente amarello, é casca e caroço.
A LAVOURA
Ficando no pé dez dias após o amarellecimento da casca, toma uma côr
vermelho-roxeada e então é fructo delicioso. A casca fica tão fina como um
cartão e o caroço de facto não diminue, mas desprendendo-se completa-
mente da polpa, parece menos volumoso.
Não ha vinho generoso, não ha licor exquisito, não ha doce fino que se
compare comum pomo desta ordem. Todo; comem jaboticaba, mas ha-
verá muita gente que a coma deliciosa? Eu duvido. A jaboticaba só é uma
delicia oito a doze dias depois de tomar a côr preta. Como todos a comem,
ella é apenas casca, semente e pequeníssima fracção de polpa. Dez dias
após a transformação da côr a polpa desprendendo-se da casca e do caroço,
torna-se volumosa, e casca e semente desapparecem quasi. Muitas pessoas
desdenham fallar em frueta, como si isso fosse cousa indigna, própria só
de crianças. Os três entes mais poéticos, mais puros, mais bem inten-
cionados do mundo — mulher, creança e passarinho — são os maiores
amigos de fruetas. Eu admitto que um beberrão, um alcoólico não en-
contre prazer em uma frueta ; mas um homem morigerado só não
gostará de frueta por não ter comido uma bem madura. Geralmente se
diz que as únicas fruetas boas no Brasil são bananas e laranjas. Pro-
palasse isso porque são as duas únicas fruetas ordinariamente consu-
midas em estado maduro. Devido á grande abundância, estas fruetas
amadurecem e apodrecem no pé e todos comem-na em bom estado.
Si as pessoas que desdenham as fruetas comerem uns cambucás, umas
jaboticabas apanhadas no pé no momento do consumo e isso dez dias
após a transformação da còr verde da frueta, não dirão com certeza que
frueta só é própria de creança. Si comerem umas uvas moscatéis ou dedo
de dama, de videiras plantadas em lugar alto, secco, soalheiro e pedre-
goso, dez dias após a transformação da côr, comidas no acto da colheita,
gozando o paladar e o olfato as emanações ethereas do bago esmagado,
com certesa dirão que acima do fiambre, do Champagne e dos manjares
feitos pelo homem está o néctar fabricado pela mãos da natureza.
Meu leitor já comeu um figo bem maduro? Talvez não.
Muitas pessoas tomam por maduro o figo rachado. A fenda que no-
tamos no olho do figo é devida ao viço da arvore ou ao tempo invernoso,
ou mesmo á combinação dos dois factores. Um figo está maduro quando
não tem mais uma gotta de leite. Pega-se então no pedúnculo do fructo, e
com o prazer da abelha libando o néctar dos bosques, o homem sorve
absorto o primor fabricado por mãos divinas. Todo o leite da frueta trans-
forma-se em assucar, e sugando aquelle favo, nos dedos fica-nos apenas
o cabo da frueta. Quem come um ligo maduro poderá dizer que frueta é
cousa indigna de um ente barbado?
snciKOADK NACIONAL DE AGRICULTURA
E1 sabido que a maior attracção das fruais está no desprendimento
dos etheres que o nosso olfato sente ao trincarmos nos dentes a polpa divina.
Não é o aroma exterior da frueta que embriaga o nosso olfacto ao esma-
garmos na bocca o bago appetitoso. Uma uva dedo de dama, ou
uma moscatel, não das produzidas nos baixios do Rio de Janeiro, mas
nascida de videira de sitio enxuto, elevado, castigado pelo sol, cheio
de pedregulhos, não desprende do cacho aroma algum, mas trincada no
dente, deixa sentir um perfume delicioso a que os francezes chamam
bouquel .
A frueta só é boa quando é madura.
Mas não é só isso. A frueta para ser boa necessita ainda ter o pé plan-
tado em terreno apropriado e ser o produeto consumido no dia c no lugar
da colheita. Todas as fruetas polpoxis, sem excepção alguma, mais que o
vidro, precisam de cuidado no transporte. Uma banana contundida, uma
laranja machucada, uma manga pisada, é frueta imprestável. Uma laranja
apanhada com pau e caindo brutalmente no solo e rachando-se não tem o
gosto de uma colhida com a mão. Fruetas carregadas em balaios, umas em
outras se roçando ao trote de cavalgaduras, perdem o gosto aprimorado,
fermentam e apodrecem logo. Assim, todas as fruetas polposas devem ser
consumidas no logar da colheita, ou então conduzidas com o máximo
cuidado.
Quasi todas as fruetas devem ser comidas no dia da colheita. Al-
gumas são tão boas no dia como depois. Outras melhoram com a espera.
Entre as fruetas que melhoram sendo guardadas, lembro-me momentanea-
mente da manga, do abacaxi e da banana. Comida no dia da colheita, a
manga de caro:o, a manga de pé franco tem um sabor terebenthinado que
desapparecc na frueta guardada .
Comido no pé, o abacaxi tem um gosto picante que augrpenta lavando-
se abjeca. Dias depois de colhido desapparece ou diminue este caracte-
rístico do abacaxi. Todos sabem que banana amadurecida no pé ou cortada
muito de ve\, tem a carne dura, e algumas, como a maçã, ficam pedrentas.
Em suas Monograpbias Agrícolas, o Dr. J. Travassos diz que a pedra da
banana maçã indica falta de cal no terreno, opinião esta confirmada pelo
Dr. Barbosa Rodrigues, em palestra commigo. Em minha pratica agraria,
tenho observado que na mesma touca e observando sempre a mesma pra-
tica na colheita, ha cachos com bananas pedrentas e outros em perfeito
estado, o que talvez seja devido a elleitos meteorológicos na emissão ou na
colheita do cacho. Igualmente tenho observado que banana colhida ao
amadurecer só tem a carne dura quando o pé é o primeiro ou dos primeiros
da touca, quando tem muito viço. Bananeira de touca velha, de terra exgot-
A LAVOURA 2i7
tada, de pouco viço, dá banana de polpa tenra, mesmo colhida ao ama-
durecer.
Eu disse que manga comida no dia da colheita tem gosto terebenthi-
nado. Cada escriptor refere o que tem visto, o que tem observado.
Já comi esplendidas mangas de enxerto, colhidas no momento do
consumo. E1 possivel que o gosto terebenthinado que aqui noto seja devido
ao terreno ou á falta de educação da arvore. Com referencia ao abacaxi,
ha uns que comidos no abacaxial tem mui pouco sabor picante, ao passo
que outros não perdem o característico mesmo guardados . Entre paren-
thesis direi que a sensação desagradável que o abacaxi deixa na lingua
augmenta bebendo-se agua ou lavando-se a bocca. O terreno é um grande
factor em tudo isso.
Não conheço o kaki, fructa da moda ; dizem que não pôde ser tragada
no dia da colheita, mesmo colhida madura. Ha frucias, como a laranja,
que são tão boas frescas como guardadas. Algumas, como uvas, cambucás,
jaboticabas, carambolas, pecegos, ameixas etc, perdem o sabor quando
guardados. A jaboticaba, estando maduríssima, absolutamente não pôde
ser guardada, sob pena de fermentar-se e perder-se, mesmo sem viajar,
sem machucar-se. E1 o typo da fructa que, para ser apreciada, deve ser
comida no pé.
A fructa para ser boa depende ainda do terreno em que está a arvore.
Ha fructeiras que indifferentemente fructificam em morro ou varsea, em
lugar secco ou húmido. Ha outras que só produzem em terranos húmidos
e adubados. Fructeira em varsea, em terra humosa e molhada, é mais
frondosa, mais taluda, seus fructos são desenvolvidos e mais bonitos, porém,
aguados, chocos, desenxabidos. Fructos de arvores de lugar alto, secco,
batido pelo sol, são mais doces. A figueira plantada ao pé de um córrego,
com as raizes banhadas pela agua, dá figos grandes, porém, ao amadu-
recerem, commummente racham-se e não são tão doces como os de fi-
gueira de lugar secco. Laranjeira plantada em lugar baixo, enxarcado, dá
fructo acido, ao passo que a plantada nas encostas invariavelmente dá
laranja doce. Em geral, arvores com raizes em lençol d^gua, dão fructos
péssimos. Dizem que a figueira para dar muito quer ter os pés n^gua
e a cabeça no sol .
E' exacto isso, mas é preciso não confundir pés nagua com raizes
atoladas em lençol d'agua. Jambeiro plantado junto a uma banqueta de
rego d'agua, de modo a haver um derrame d'agua humidecendo sempre
as raizes, dá muito jambo.
Mas si plantarmos o jambeiro em terreno pouco profundo, não
temos fructo. Por uma má observação commetti um erro ao abrir meu
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
sitio. Na fazenda de meu avô materno havia diversos jambeiros que pro-
duziam. O que dava fruetos mais abundantes e gostosos, estava atraz do
moinho, em pequena elevação, e tinha as raizes cobertas d'agua espar-
zida pelo rodízio do moinho. Ao abrir meu sitio plantei uns 20 pés de
jambo na beira de um córrego, logar baixo, alagadiço. Quasi todos mor-
reram de impaludismo e três que ainda vivem nada produzem.
Na occasião da florescência, a jaboticabeira quer um banho d'agua,
mas plantada em logar em que as raizes toquem em lençol d'agua, não
fruetitica. Igualmente commetti erro em plantar algumas dezenas de pés
de jaboticaba na beira do mesmo córrego. Os que vingaram, nada pro-
duzem, com 22 annos de idade.
Aprendi á minha custa, por isso só mais tarde pude fazer nova plan-
tação em bom logar. Por causa do erro, até hoje só tenho uma jabotica-
beira que produz. Pude observar que a jaboticabeira só exige agua no pé
na época da florescência.
Nessa epoeba ella soffre uma febre physiologica, tem muita sede, e
si não houver chuva bastante ou banho d'agua nas raizes, não vinga
nenhum frueto. Somos levados a acreditar que toda planta tem mais sede
e necessita de mais agua na época da florescência . O tempo secco antes
da florescência, parece indicio de abundância de tlores; mas chegada essa
época, o exgottamento de humidade nas raizes faz abortar a florescência.
Duas plantas de meu conhecimento, a jaboticabeira e o feijoeiro, fazem
máxima questão d^gua no tempo da florescência.
Fallando em agua na raiz, lembro-me do genipapeiro. Passei minha
infância em um arraial onde havia genipapeiros nas capoeiras. Nunca vi
um pé que não estivesse em pequena depressão do terreno, em logar onde
formasse ephemera e pequenissima lagoa, extincta logo após as chuvas.
Assim, nos mezes de calor, na época da grande forca vital, cada genipa-
peiro oceupa o centro de pequena bacia, em cuja agua banha suas raizes.
Observamos que o sabor da frueta depende do terreno onde viceja a
frueteira. Composição chimica do terreno, maior ou menor quantidade de
agua e de húmus, maior ou menor quantidade de raios solares, etc, são
factores a contar na boa ou má qualidade da frueta.
O clima também muito inllue nisso.
Na zona em que moro não ha abacaxi que preste. No Rio de Janeiro
comem-se explendidos abacaxis vindos de Guaxindiba, mas pessoas que
conhecem Pernambuco, dizem que alli existem os melhores do mundo.
Todos concordam que as melhores mangas do Brasil, são as de Itaparica e
Itamaracá. Nos Estados do Rio, Minas e S. Paulo, acima de 5oo metros,
não ha laranja que preste, ao passo que onde moro todas são boas, á e\-
A LAVOURA
cepção apenas das produzidas nos brejos. A romã é fructa medíocre
entre nós ; entretanto, affirma-nos o Dr. T. Peckolt, em Caracas ella é
digna da meza de um B. Savarin. Em Friburgo nunca pude comer
uma banana maçã, que alli é inodora e cheia de pedra c travo. Nas bai-
xadas do Estado do Rio ella é aromática e appetitosa. Masquem nunca
comeu uma banana maçã da Bahia, de polpa tenríssima e etherizada, não
conhece a melhor obra de mãos divinas, dizem as pessoas que por alli pas-
saram.
Abril de 1908.
A. C. Ferreira Paula.
Cereaes Europeus
Foi fundado na mais robusta esperança de chamar para o facto a at-
tenção dos interessados que resolvi expor, em uma vitrine de uma das
casas commerciaes mais prosperas desta cidade, amostras dos chamados
cereaes europeus, produzidos na Estação Agronómica a meu cargo.
Em meio o desenvolvimento desses vegelaes, fiz á benemérita Socie-
dade Nacional de Agricultura, com sede no Rio, uma exposição das con-
dições dos ensaios de culturas neste estabelecimento. E tão útil julgou
aquella Sociedade o conhecimento dos factos apontados naquella exposição,
que entendeu fazer a publicação respectiva em dous diários da Capital da
Republica e na sua brilhante Revista.
De ha muito comprchendi a necessidade de experimentarmos intro-
duzir em nosso meio cultural a exploração de cereaes, cuja vegetação fosse
possível, dadas as nossas condições thennicas.
Além da vantagem de augmentannos uma fonte de renda, afastaría-
mos da importação a sobrecarga pesadíssima de um producto, que é, talvez,
o primeiro elemento da alimentação.
Asomma enorme de 40 mil contos é todos os annos, desviada da for-
tuna publica para a bolsa extrangeira, e por essa cifra pagamos o cereal, que
brota vigoroso em nossas terras — o trigo, o symbolo da alimentação hu-
mana : o — pão.
Ha em geral uma apathia contristadora pelos negócios da agricultura,
uma inditfcrença irónica por isso, que em verdade são os músculos, o
sangue e a cerebração de todos os entes que se julgam eminentemente
superiores. Tem-se em geral, a agricultura como uma oceupação servil ;
os produetos que brotam da terra generosa, como coisas somenos, cuja oc-
eupação só á creaturas humílimas pertence. E no entanto, é á carência de
mK/.IKL>\DK nacional ok agricultuha
espirito pratico, que não possuímos, absorvidos por um resto de idealismo
pueril, que ainda não penetramos na verdade dessas cousas. Accrescente-
se a falta de comprehensão de como devem ser dirimidas as primeiras ne-
cessidades do paiz ; eis tudo.
Assis Brasil cuja autoridade em agricultura só pôde ser sobrepujada
pela elevação de seu patriotismo, aconselha empregarmos todos os esfor-
ços para a introducção da cultura do trigo em o nosso paiz e são palavras
delle: « Penso e com toda a convicção ecom iodas as veras que não ha obra
vais digna do patriotismo inteligente, ucm mais urgente dever da publica
administração, que a tentativa methodica, tena^e constante ale esgotar os úl-
timos -recursos da sciencia e da experimentação, para dar d nossa terra essa
condição especial da independência, a base da alimentação — o pão. »
Temos um campo vastíssimo para experiências, procurando qual a
variedade de trigo que melhor se adapte ás nossas condições thermicas.
Ha variedades que requerem uma somma de temperatura, que vae de. . .
1.500" até 3.3oo° comprehendcndoa germinação e a fruetificação. Com um
trigo, cujo cyclo vegetativo seja de três mezes, como o trimenia e o algeria-
no e dada a nossa média thermica no inverno, para esse tempo, temos em
funeção uma somma de 1 . Noo°, temperatura invejável para tal producçao.
Recue-se ou avance-se a época da sementeira, para evitar que a floração
seja apanhada pela temporada chuvosa ; dé-se ao solo as condições de mo-
bilidade precisa e de fertilidade ; faça-se a selecção e a cura dos grãos, te-
nha-se o cuidado necessário durante a vegetação — e eis o problema re-
solvido.
Ha espíritos tão avessa e systematicamente contrários a tudo quanto
elles não comprehendem, que se aventuram a dizer sentenciosamente :
o isso não se dá em nosso clima, não forcemos a natureza » . E no en-
tanto, se perguntássemos a taes pessoas, que experiências fizeram, que
livros compulsaram, emfim, quaes os longos e pacientes -estudos e ob-
servações feitas para assim se abalançarem a sentenças, que julgam lu-
minosas... nada diriam; mas vão matando a iniciativa alheia e implan-
tando o desanimo onde se devia destruir o espirito de rotina, de que
inconscientemente, esses senhores são os primeiros arautos.
E1 verdade que, com as experiências realisadas na Estação Agro-
nómica, não obtivemos para o trigo uma proporção para a produecão
como a obtém a Inglaterra — 27,7 ; a Bélgica 25,1 ; a França 1 5,4 ; mas,
a Argentina vae somente até 11, e Portugal 6 e 7 e entre estas duas
quotas ficamos perfeitamente . Concedamos mesmo que o grão descaia
do louro para o castanho ; que não tenha uma estruetura uniforme, apre-
sentando partes rugosas e encarquilhadas. Mas, convenhamos também,
A LAVOURA
que dada a exiguidade de tempo, não ti vemos um solo preparado con-
venientemente, siderado, como se diz em linguagem profissional, e
o que foi obtido, quer quanto a producção, quer quanto ao peso e ta-
manho do grão, é, como resultado, fundamente animador.
Accrescente-se a quasi impropriedade da época da sementeira —
meiados de setembro —- com uma elevada media thermica e tem-se de
sobejo motivos para acreditarmos em fructuosas experiências, que serão
depois melhormente conduzidas.
E ainda que não produzamos nunca o trigo como os centros eu-
ropeus, devemos por isso largar mão do recurso que temos de liber-
tarmos-nos do dominio da importação?
A Allemanha não produz carvão como Cardiff e nem por isso deixa
de alimentar as suas industrias com o seu próprio. Não tem o mesmo
poder de colorido, nem mais betume e matérias extranhas; submette-o
a lavagens, expurga-o das matérias terrosas e escorias outras, ajunta-lhe
breu, comprime aquillo tudo e eis os briqueís arfrontando no commercio
á concurrencia ingleza.
Assim nós, se devido á inconstância de clima, e a causas outras,
não podermos fixar a época de plantio e a variedade, salvando as flo-
radas e produzindo em abundância para a exportação, teremos seguro
porém o juizo, — de que o faremos bastante para as nossas necessidades,
guardando as nossas economias, que ao envez de irem locupletar o ex-
trangeiro, ficarão no paiz, distribuídas em applicações úteis e provei-
tosas .
Jacintho de Mattos
Director da Estacão Agronómica de Florianopolit.
EXPEDIENTE
Secretaria
Correspondência
Expedida em junho :
Cartas e circulares 2.177
Registrados 87
Offlcios 61
Telegrammas . . • 80
5076
2r,2 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
«A Lavoura» 0.351
Annaes do Congresso , . . . 249
Inquérito do Gado 2
Recebida no mesmo mez
Requerimentos 194
Cartas 210
Officios 40
Telegrammas ■ 37
Memoranda 4
Circulares 5
Visita, — Deu-nos o prazer de sua visita o distincto Dr. Emílio Vlieberg,
professor de economia rural da Universidade de Louvain, que veio tomar parte
om nosso paiz, não só uo Congresso Catholico, como no Congresso Agricola, sendo
para este ultimo convidado pelo Dr. W. Bello, quando em viagem pela Europa
ultimamente.
O emérito professor foi também recebido, em sua chegada, pela directoria
desta Sociedade. Fará conferencia publica nesta cidade e om outras sobre as-
sumptos diversos. Muito gratos ficamos pela vinda de tão illustre estrangeiro para
cooperar na solução dos problemas que vão ser discutidos.
Horto da Penha
Api-enciiy.aclo Agricola Elementar-A Sociedade está orga-
nizando no Horto Fructicola da Penha um aprendizado agricola elementar c
pratico.
Para esse fim já possue ne-se estabelecimento um pomar com grande varie-
dade de arvores frutíferas, viveiros, culturas de plantas industriaes o horti-
culas, cocheira, pocilga, estrumeira o apiario bem montado e boa collecção de
instrumentos aratorios.
Iniciando agora o aprendizado, o estabelecimento fica á disposição de quem
quizer receber o ensino pratico, que será gratuito.
O ensino do manejo dos diversos instrumentos aratorios, para o preparo me-
cânico da terra e o tratamento das culturas, será permanente o ministrado em
qualquer época do anno, bem como o proparo e distribuição de adubos, o uso de
insecticidas o pulverizadores e principaes operações de cultura. Os trabalhos os-
peciaes de poda e enxertia serão ensinados nas épocas próprias.
As pessoas que quizerem receber o aprendizado registrarão seus nomes no
livro de visitas, consignando as impressões recebidas e os resultados que houve-
rem obtido.
Será facultado um certificado de habilitação aos que quizerem prestar prova
de aptidão perante uma commissão da directoria e que forem julgados suffici-
entemento adestrados nos trabalhos que houverem cursado.
Actualmente está-se fazendo ;i-;ibalhos de adubação e de enxertia de videiras
e de laranjeiras.
Secção Tecímica
Fumo Brasileiro no Japão
Do Cônsul brasileh-o no Japão recebemos a seguinte carta:
CONSULADO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRAZIL EM YOKOHAMA
Sr. Presidente— Tenho a honra de remetter a V. S. a inclusa carta que me
dirigio o Sr. Fioravanto Chimcns, negociante nesta jraça, a propósito da impor-
tação do fumo brazileiro no Japão, assumpto este que parece digno da attenção
da Sociedade que V. S. preside.
O consumo do fumo neste paiz tomou um grande incremento, depois que o Go-
verno decidio monopolizar a sua venda. O povo Japonez é de natureza propenso
ao uso e mesmo ao abuso deste artigo e facilmente começa a abandonar o conhe-
cido e popular cachimbo « kaseru », cujo pequeno fornilho só permitte a aspiração
de duas ou três fumaças, pelo cigarro ou charuto. Este abandono foi, em
parte, favorecido pela direcção do Monopólio, que, por intermédio dos seus for-
necedores, se tem dedicado a uma feliz propaganda do fumo sob as suas variadas
formas.
Até hoje os produetos das Ilhas Filipinas têm gozado de geral aceitação,
graças ao seu apurado feitio e a sua barateza. Os charutos de Havana, de Ham-
burgo e de outras procedências, e os cigarros Egypcioa s-ão bastantemente apre-
ciados ; porém, de todas estas marcas, as qualidades inferiores e portanto, ba-
ratas, são as mais procuradas.
A esto offleio junto dois catálogos dos preços o dos typos de charutos adoptados
pela Companhia Geral de Tabacos de Filipinas, e que poderão servir de modelos
aos nossos fabricantes que desejarem encetar negócios com o Japão. Todas estas
marcas são, mais ou menos, conhecidas dos consumidores Japouezes, sobresahindo,
entretanto, as que estão traçadas com tinta vermelha .
O fumo que se empregar deve ser de côr clara, e naturalmente fraco. Os cha-
rutos devem ser bem feitos e ter-se-ha muito cuidado na escolha da capa. A feição
exterior, o aspecto geral do artigo para exportação deve ser bonito, porque no
Japão mais do que em outra parte do mundo, a clientela ê sempre attrabida pela
apparencia seduetora do género que se lhe offereco.
A parto interior, a buxa, poderá ser de qualquer fumo, contanto que seja fraco
maduro e bem socco, afim do evitar um ligeiro amargor que se nota nos nossos
charutos ordinários.
As caixas devem ser bem confeccionadas e agradáveis ao mirar.
Quanto aos preços, penso que se pode tomar como base os da Companhia de
Tabaco das Filipinas. (£ 1-00-00 corresponde a 10 pesos filipinos) Creio que se po-
deria fazer um pequeno sacrifleio nas primeiras remessas e vendel-as mais barato
do que as da Companhia Filipinas. Mais tarde, quando se tiver obtido a confiança
do Monopólio o a preferencia do consumidor, então se poderá pouco a pouco esta-
belecer preços correntes largamente compensadores. Nessas batalhas económicas,
como em toda lueta, a vantagem de um dos contendores está no conhecimento que
elle tem das partes fracas e fortes do seu adversário.
SOCIHDADE NACIONAL DK AGRICULTUIiA
Como qualidade o uosso fumo é muito superior ao das Filipinas, que não tem
perfumo nêm sabor e cujo preparo deixa muito a desejar. No emtanto as Filipinas,
tendo fácil transporte, poderão sempre fornecer mais barato do que nós, sobretudo
se os fabricantes dahi quizorem sustentar a concurrencia. Convém pois imitar ou
crear desde já marcas, que mesmo fabricadas com fumo inferior, sejam pelos co-
nhecedores preferidas ás marcas Filipinas, a má qualidade do fumo seu sendo favo-
rável aos nossos charutos. Assim se poderá, em momento dado, affrontar folgada-
mente os baixos preços dos nossos rivaes.
Bem sei que tudo isto parecerá a primeira vista de realização difflcil, mas
V. S. deve conhecer melhor do que eu, a situação da nossa agricultura e a ne-
cessidade que temos de verder os seus productos, que, pela fertilidade de nossas
terras podemos sempre oíferecel-os bons e baratos.
E\ entretanto, necessário um pouco de trabalho e muitas vezes, ura pequeno
esforço é sufflciente para dar prodigioso desenvolvimento a projectos, que jamais
se realizarão se demorarmos eternamente na nossa prejudicial quiotude. Ja lá
vai o tempo em que o consumidor era obrigado a fazer a corte ao productor. Hoje
os papeis estão trocados e o futuro pertence ao mais activo e persistente.
Senhor Cônsul do Brazil. — Yokohama
O monopólio dos tabacos do Ooverno Imperial Japonez enearregou-me de obter
os preços correntes e amostras de charutos extrangeiros, para saber quaes são as
marcas que poderão ser importadas entre as já existentes.
Penso que no Brazil deverá haver fabricantes de charutos que poderão ven-
del-osâ preços favoráveis.
Muito grato vos ficaria, Sr. Cônsul, quizesseis escrever para o Brazil, afim do
que fizessem enviar uma pequena quantidade do amostras de charutos e cigarros,
que me esforçarei o mais possível para introduzilos no paiz.
A importação dos charutos se desenvolve dia á dia, e os mais vendáveis são os
de Manilha, Havana, Bélgica, Hollanda, Allemanha. Estou persuadido que os preços
dos charutos fabricados no Brazil poderão lutar contra a concurrencia dos extran-
geiros e no caso affirmativo, estou certo, poderei fazer grandes encommendas ás
fabricas que me enviarem amostras.
A ci Companhia Geral de Tabacos de Filipinas » teve ha alguns dias uma
ordem no valor de Yens 70.000 equivalente á Frs. ouro, 180.000 (cerca de
120:0O0$000) e semelhantes ordens as recebem a Insular e a Oriente, fabricas de
Manilha.
Eu mesmo ha um moz fiz uma pequena ordem de charutos do Havana no valor
de 6.500 Yens.
Faço notar estes algarismos, afim de que os fabricantes do Brazil vejam que
ainda ha uraa praça onde poderão, como disse acima, fornecer bja mercadoria à
preços vantajosos.
No primeiro anno dever-se-ha fazer me desconto um pouco mais elevado, sobre
os pregos corrente, afim de permittir o (reclame) que é, como sabeis, a alma do
commercio.
Levei cinco annos a fazer a propaganda de meus charutos Egypcianos de minha
fabricação, porem, tenho o prazer de ver que são hoje os miis vendavei3 e daqui
A LAVOURA 255
ha um aano oitou parsuadido que a venda será augmentada e mesmo dobrada, o
augmentará sempre.
Pediado-vos bom explicar o que acabo de expor, quando escreverdes para o
Brazil, rjcebei. Sr. Cônsul, rainhas sauda;ões as miis sinceras.— Fioracante
Chimens.
Na nossa sede social, temos á disposição dos interessados, o catalogo dos
charutos mais acceitos no lapão, assim como podemos prestar as informações, que a
respeito nos Ibrom dirigidas. Esperamos que os fabricantes de charutos não deixem
perder a occasião que so apresenta de conquistar este novo mercado.
Damos á publicidade com pr.izer a seguinte carta recebida pelos Srs. Arens &
Coinp., que publicam anuuncio em nossa revista:
Leopoldina, 26 de maio de 1908
limos. Snrs. Arens & Cia.
Rio de Janeiro.
Como um do3 proprietários do engenho de beneficiar arroz, deuominado «San-
ta Adelaide» installado nesta cidade, com as p^rleiçoadas machinas, importa-
das pela acreditada casa de VV. SS., das «Odicine Moccaniche — Fonderie H. Tor-
chetti & Cia.— Verselli, Giá Lecarni Giusoppe», tenho a honra de communicar-lhes
que hontom realizou-se a in uiguração solomno dos referidos machinismos, perante
enorme assembléa de homens de letras, industriaes, commerciantes e lavradores
estando presentes as altas autoridades judiciarias o administrativas. O resultado
apresentado pelo engenho de beneficiar arroz foi excellente, agradando a todas as
pessoas presentes, o que coostitue mais um eloquente attestado da grande com-
petência do dijtincto mechanico da casa de VV. SS.,Sr. Frederico Engert, cava-
lheiro de tino trato social, encarregado por VV. SS. do montar as machinas im-
portadas da Europa.
Levando esta noticia ao conhecimento de VV. SS., cumpre-me agradecer-lhes
a cooperação efflcaz para o bom êxito do Engenho do «Santa Adelaide».
Cumprimenta-os, com todo apreço.
Do VV. SS.
Amo. Att e Obo.
IUndolpiio Fernandes das Chagas.
-£S£:H}É«€€3-
SOCIKDADE NACIONAL DK AGRICULTURA
NOTICIÁRIO
O Café — Do S. Paulo extrahimos a seguinte noticia da rounião dos lavra-
dores realizada na Capital do vizinho Kstado :
< Na Sociedade Paulista de Agricultura realizou-se domingo a annunciada
reunião de lavradores para tratar dos cafés baixos.
Aberta a sessão usou, da palavra o Sr. Dr. Raphael de Abreu Sampaio Vidal
que fundamentando os fins da reunião, disse que hoje uma reunião da lavoura
era sempre presidida pela certeza e confiança de que seus reclamos encontram
ecos nas altas regiões governamentaes.
A politica económica, iniciada polo Dr. Jorge Tibiriçá, e continuada pelo
Dr. Albuquerque Lins, representa uma segurança de que hoje a lavoura pau-
lista tem por supremo advogado o próprio magistrado que preside aos nossos
destinos. Lançadas as bases e organizado o plano desta politica fecunda, cumpre
a este quatriennio pôr em execução a série de medidas que hão de assegurar o
triumpho completo de nossa campanha em prol do café.
Entre essas medidas, avulta a magna questão dos cafés baixos.
A exportação de taes typos constituo o eterno tuema para dar moralização
aos cafés braziieiros no extrangoiro, 6 uma das armas de guerra sempre ma-
nejada contra nós. A todo o transe precisamos arrancar esse instrumento das
mãos dos nossos inimigos.
Precisamos, uma vez por todas resolver essa questão dos cafés baixos.
Temos lei a respeito, mas que ainda não foi posta cm execução. O íim principal
desta reunião 6 exactamente pedir ao governo que a regulamente o sem demora
a execute ainda esto auno. Precisamos agir promptamento. Muitos estudos,
muitos trabalhos já têm sido apresentados neste sentido. Até agora, porém, não
entramos ainda no terreno pratico.
Estuda as diversas formas apresentadas para a eliminação desses cafés, mos-
trando a impraticabilidade de algumas, sobretudo a cobrança do imposto do in-
terior. Sustenta que esse imposto deve ser cobrado em espécie, em Santos, por
occasião da exportação.
Depois de justificar detidamente a sua opinião, apresenta o projecto abaixo
que consubstancia as idéas que lhe parecem mais praticas e correntes a respeito.
Em seguida, o Sr. Dr. Sampaio Vidal apresenta a seguinte proposta, para
que se peça ao governo :
I. Que regulamente e execute, ainda esta anno, a lei que taxa os cafés baixos.
II. Que a cobrança desse imposto seja feita em Santos, em espécie, por occa-
sião da exportação.
III. Que promova junto das estradas de ferro a reducção do suas tarifas em
proporção do imposto que for cobrado em espécie.
IV. Que o café recebido com o imposto seja effectiva e immediatamente eli-
minado ou destruído, quer por combustão, quer por trituração, transformando-se
em adubo para os cafezaes.
A LAVOURA 257
V. Que uma vez fixado o typo que o governo recebei' como imposto, as
qualidades inferiores a esse sejam rigorosamente taxadas com o máximo da
percentagem legal (20 por cento), de modo a tornar impraticáveis a entrada ao
mercado e a exportação dessas qualidades infei
Além do Dr. Raphael de Abreu Sampaio Vidal, assignaram essa proposta,
dentre os presentes á reunião, os Srs. Dr. Randolpho Margarido da Silva, Eu-
génio do Lacerda Franco, Dr. Arthur Nicolão de Vergueiro, Dr. Carlos Car-
neiro de Barros Azevedo, Bento Queiroz de Barros, Dr. Caetano Duarte Nunes,
Francisco José Leite, Salvador de Toledo Piza, João Ribeiro de Barros, coronel
José Ferreira de Figueiredo, Dr. Joaquim de Salles, António Augusto Mendes
Borges, Alberto Archanjo da Cruz, Dr. Luiz António de Souza Queiroz, Hermes
Alves de Lima, Dr. Fábio Uchôa, José de Sallos Leme, Cornelio Schmidt, Al-
fredo Alberto Fortes, Dr. Augusto Ramos, Paulino Carlos Filho, António J. Ri-
beiro (la Silva e coronel Arthur Diedericshen.
Logo em seguidi, o sr. dr. Arthur Vergueiro prttpoz, como alditivo, podir
ao governo que continue na sua acção interventora, regularizando a offerta nos
mercados, de accordo com as avaliações das safras.
Postas em discussão as duas propostas, o úr. Sérgio Meira, pedindo a palavra,
pondera que se deveria convocar nova reunião para estudar o projecto mais de-
moradamente, discutindo-o mais amplamente, que se devia fixar o typo a elimi-
nar ; que lia sempre o inconveniente dos outros Estados não acompanharem, o
fazendo outras considerações. Toma de novo a palavrão dr. R. Sampaio Vi lai e,
contestando, faz sentir que a questão dos cafés baixos foi já objecto de uma lei
votada pelos representantes do Estado, em sua sabedoria.
Não são os lavradores aqui reunidos quj vão deliberar sobro o caso.
A lavoura, hoje unanime em valorizar o seu producto, apenas vem pedir que
o governo execute uma medida que já 6 lei. Adiai', crear novas discussões, será
uma protelação inútil. Precisamos agir. Lembra que durante muitos annos levá-
mos a discutir planos e programmas, mas para que a defesa da lavoura fosse
uma realidade viva e palpitante foi preciso que dois homens de acção, da tempera
de Jorge Tibiriçá e Albuquerque Lins tomassem a causa a peito e lhe dessem a re-
alidade. O que preeisamos, pois, ó do agir sem demora.
A eliminação dos cafés baixos, que nos desmoralizam, é uma questão vencida.
Quanto á escolha do typo a eliminar deixamos este detalhe ao elevado cri-
tério do governo.
Em relação aos outros Estados, já estamos acostumados a levar avante impul-
sos maiores, mesmo que nos abandonem no caminho.
Termina opinando pelo pedido feito ao governo na for. na do seu projecto.
Posto este a votos foi unanimemente approvado, com additivo do dr. Vergueiro.
Foi encerrada a sessão, ficando a mesa encarregada de levar ao governo o
resultado das deliberações da assemblóa.
Comprindo essas deliberações, pela directoria da Sociedade de Agricultura foi
dirigida ao sr, presidente do Estado a seguinte representação:
< Exmo sr. dr. presidente do Estado de S. Paulo.
Os lavradores de café, que em grande numero se reuniram no dia 30 do cor-
rente, na « Sociedade de Agricultura», desti capital, resolveram dirigir-se a
mh;!K1>\I>K NACIONAL DK AiUílCULTUKA
v. «xc. por intermédio do presidente da m srai r(;união, c pjdir ao governo do
Estado o seguinte:
Considerando a necessidade de eliminação dos cafés baixos que tão profunda-
mente depreciam o nosso proilucto no estrangeiro, servindo de elemento perni-
cioso para a campanha diffamatoria movida contra o «Café Santos» ;
Considerando que a idéa de til eliminação, como me lida valorizadora, além
de ser já objecto de uma lei do Estado, é incontestavelmente umi idéa vencedora
entro os interessados pelo nosso café,
Pedem :
I. Que o governo regulamente e executo ainda este anno a lei que taxa os cafés
baixos.
II. Que a cobrança, desse imposto seja feita em Santos, «em esp cie» por occa-
sião da exportação.
III. Que promova junto das ostradas de ferro a reducção de suas tarifas na
proporção do imposto que for cobrado em ospecic.
IV. Que o café recebido como imposto s<\ja ellectiva e immediatamente olimina-
do ou destruído, quer por combustão, quer por trituração, transformando-se em
adubo para os cafesaes.
V. Que uma vez fixado o typo que o governo deve receber como imposto, as
qualidades inferiores a esse typo sejam rigorosamente taxadas cimo máximo da
porcentagem ( 20 % ) de modo a tornar impraticxvois a entrada no mercado e a
exportação dessas qualidades Ínfimas ;
Pedem mais:
Que o governo do Estado continue na sua acção interventora, lançando mão do
medidas tendeutes a regularizar a offorta do café nos mercados, tendo em vista
a avaliação das colheitas.
São estas as idéas que os lavradores respeitosamente apresentara ;i apreciação
do elevado critério do v. exc.
S. Paulo, Sala da Assembléa, no Eiitlcio da Sociedade de Agricultura, aos
2 de junho de 1903. — 0 presidente, Luiz António de Sousa Queiroz.— O Secretario,
Raphael A. Sampaio Vidal.»
Colónia, Francisco Salles — Na conferencia ultimimente reali-
zada, em Bello Horizonte, entro o Governador do Estado e o Padre Domingos
Albanello, director da colónia Francisco Sal les, em Pouso Alegro, ficou resolvida a
realização de diversos melhoramentos nesta colónia, dentre os quaes se destacam:
Divisão do3 terrenos ultimamente ai. paridos em lotos iguaes aos anteriores ;
O estudo d'agua para o abastecimento de cada um desses lotes;
A medição do perímetro daquelles terrenos e o levantamento da respectiva
planta ;
O estudo e o preparo da estrada para automóvel, ontre esta cidade e a sede
da colónia.
Destes serviços está encarregado o capitão Júlio de Barros, agrimensor pratico
do governo.
Uma vez preparada a estiada, o governo dotará a colónia com um automóvel
de cargas.
A LAVOURA 259
A.ratlo Mineiro— 0 Sr. José Abdo, residente em Queluz, esteve na
capital mineira, onlo foi apresentar ao director da secretaria da agricultura,
br. Carlos Prates, um arado de sua invenção, ao qual denominou de «Queluziano
Mineiro». A exporiencia, realizada no parque, deu muito bom resultado: o arado
« Queluziano » offerece mais resistência do que o « Reversível », especialmente no
corte de raizes. Em 10 horas de trabalho lavra 6.360 metros.
O Sr. Abdo foi muito cumprimentado pelo seu invento.
O Ci»oclito A-g-ricola, rio Paraná — Pelo Presidente do Estado
do Paraná foi sanccioná lo o decreto que autoriza o Poder Executivo a garantir o
juro annual de 6% por 10 annos, sobre o capital de 200:000$, que fòr utilizado por
sociedaies cooperativas de credito agrícola que se organizem no Estado, com as
formalidades legaes, pelo systema Raiffeisen.
Pecuária em Minas — No dia 9 de maio effectuou-se no Cáes
Pharoux o desembarque de onze reproductores do gado bovino, dá, raça Lincoln
Red bairy Shorthorn, vindos da Inglatsrra para criadores do Estado do Rio. Alem
de outras pessoas estiveram presente ao desembarque os Srs. Drs. Weneesláo
Bello, Sylvio Rangel e Souza Reis, directores desta Socielade.
— No dia 16 desembarcaram dous touros também da raça Lincoln Red bairy
Shorthorn .
Tèm ambos um anno de idade, sondo um filho de um touro que ganhou diversos
prémios e custou 12 contos de réis; o outro é filho de um touro que ganhou os pri-
meiros prémios de 1906 o 1907. Nessa remessa vinha também um touro de raça
Hereford. Esses reproductores deslinam-se ao Estado de Minas.
— Itohen Robin Hood é o nome de um outro touro importado pelo Dr. Carlos
Pereira de Sá Fortes, criador mineiro. Este touro tem uma genealogia illustre; é
filho de Royal Governor of Etiennerie, campeão da ilha de Guernesy. Foi criado
por Sir H. b. Tickdowne, um dos maiores especialistas desta raça na Inglaterra.
A importação foi feita por intermédio da casa H opkins, Causer & Hopkins.
— beve ter seguido, no dia 18 para a America do Norte, o Dr. Donato de An-
drade, criador no município de Oliveira, em Minas, que vae estudar nos grandes
estabelecimentos pastoris do Kentucky e do Illinois os mais modernos processos de
criação e acclimatação de raças estrangeiras, pretendendo fundar logo que regresse,
um grande estabelecimento no seu Estado Natal, modelado pelos americanos. Ao
producto de raça cavallar apresentado pelo Dr. Donato de Andrade coube o pri-
meiro premio na Exposição Pecuária de Bello Horizonte.
Novo trig-o — Lemos no Republica, que se publica em Curitiba:
«A boa nova que nos vem da Argentina, do resultado da analyse a que foi
sujeita a farinha de trigo brazileira no Laboratório Chimico de Buenos Aires, de-
monstrando a superioridade desta sobro a similar platina, devo servir de estimulo
aos Estados do sul e principalmente ao Paraná na fomentação de uma cultura que
promette farta compensação aos que, aproveitando a fertilidade e as condições cli-
matológicas do nosso Estado onde outr'ora floresceram os trigaes, tentem concorrer
para um dos maiores factores da nossa completa e futura independência económica.
Diz o telogramma ter siio a dita analyse procedida em farinha procedente do
Rio Grande, um dos grandes celleiros de trigo do Brazil no começo do século pas-
sos 4
SOCIEDADK NACIONAL DK AGRICULTURA
sado, a que mais tarde, desanimado ante a invasão da «ferrugem», anniquilando
as searas, abandonou as plantações para somente dedicar- se á industria pastoril.
O mesmo desalento empolgou pjr essa época os plantadores do planalto ouritibano
a ponto de não se cuidar mais da producção de um cereal de tanta importância
alimentícia, dando-nos o pão que, no dizor do emérito escriptor, é a hóstia consa-
grada no altar da civilisaçâo, por ser o seu uso um attributo dos povos mais adi-
antados.
De facto o trigo só começa a servir de alimento ao homem depois que este aban"
dona os domínios da barbaria : é incontoste que só os povos civilisados comem pão.
E se a simples circumstancia de nutrirem-se do trigo lhes confere tão alto pre-
dicado, mais consideração devem merecer os que produzem o grão precioso e o ma-
nipulam para sustento próprio e para vendel-o a troco de ouro a outros povos
menos previdentes, como nós, infelizmente, que embora possuidores de um solo
fértil e adequado a essa cultura abandonámola, preferindo a suzerania económica
da Argentina o dos Estados Unidos.
A ninguém deve ter surprehendido o triuinpho alcançado pelo trigo brazi-
leiro, na analyse confrontativa com o proiucto argentino ; é que as nossas terras
meridionaes são mais apropriadas a esse íim, graças ao clima temperado e á óptima
situação geographica a coberto das inclemências atmosphericas, que devastam as
planícies transplatinas. Era excellente a farinha daqui enviada para abastecer a
capital colonial e outras praças do paiz ; de Curitiba ia o trigo destinado á régia e
numerosa comitiva, que em 1808, aportou ao Rio de Janeiro com D. João VI, con-
forme o testemunho de documentos do nosso archivo municipal.
Mais ainda: nos tempos coloaiaes (que doloroso contraste !) sahia de Paranaguá
muita farinha de trigo para alimentar a guarnição e soccorrer a população esfo-
meada da praça do Sacramento, no Rio da Prata! O nosso mal foi o desalento
ajudado pela rotina.
Se em vez de se quedarem, vencidos pela «ferrugem», os cultivadores, sacu-
dindo o espirito rotineiro, appellassem à ignorância em que nos conservamos, á
falta de um confronto, da superioridade do trigo brazileiro.
O plantio que ora se inicia neste Estado, equivale a verdadeira rosurreição,
cujos effeitos não tardarão a se fazer sentir na economia nacional e no progresso
paranaense.»
A. cultura, tio arroz e <io trig^o n.o Braxil — Sobre esto
assumpto publica o Tropenfllanser o seguinte:
« De alguns annos a esta parte o governo brazileiro vera se empenhando em
promover e animar nas classes da lavoura a cultura dos diversos géneros de pri-
meira necessidade. Nesse sentido, começou por fomentar a cultura do arroz,
creando prémios para as grandes plantações e estabelecendo outras medidas favo-
ráveis, como reducçãode fretes para o arroz, etc. O resultado dessas medidas foi
tão auspicioso que de 1902 a 1906 a importação do arroz no Brazil cahiu de 101 .000
a 40.000 toneladas.
Animado com o êxito dessa experiência, tem agora o governo as suas vistas
voltadas para a cultura do trigo, e está disposto a auxilial-a na medida de suas
forças. Co:nprehende-se facilmente essa preoceupação, quando se pensa que só no
anno de 1906 o Brazil importou 54.000 toneladas de farinha de trigo c 232.000 tone-
ladas de trigo.
A LAVOURA 2iH
Actualmente a cultura do tri,_;o está sendo promovida com grande actividade
em Sãi) Paulo, nas colónias do governo ; consta-nos, por exemplo, que especial-
mente as experiências feitas em Nova O les>a tem produzido resultados muito sa-
Usíae tórios.»
O a,ssu.ea,i' Ibrazileiro 110 Japão
OFFICIO DO CON3UL BRASILEIRO NO JAPÃO
Consulado dos Estados Unidos do Brasil — Yokouama, 30 de Agosto de 1907 —
3» Secção.— N. 15.
Sr. Ministro — Em aditamento ao meu offlcio n. 8, do 3 de julho próximo pas.
sado, tenho a honra de rometter a V. Ex., om separado, uma pequena caixa
contendo duas amostras de assucires.— A amostra n. 1, representa pjueo mais ou
menos, o typo do .lava 14, quo 6 o assucar geralmente empregado nas refinarias
japonezas. O seu pre;o varia entro 13 e 11 shilliogs, por picul ou 60 kilos. Outras
qualidades procedentes das Philipinas, da Allemanha, da Áustria, etc, ete, são
também usadas aqui, mas, em menor quantidade.
Os rofinadores de Tukio queixamse bastante do typo 14 dj Java, cujo rendi-
mento não é o mesmo de ha alguns annos atraz. Demais o enfardei xmento, que é
feito em grosseiros saceos de palhi entrançaia, deixa muito a desejar. No dizer
dessas mosmos refinadores, em igualdade de circumstancia, cllos preferirão sjmpre
o assucar de uma pulverização mais grossa, e acondicionado em uma embalagem
mais cuidadosa. As outras amostras são de assucar do Perii, para aqui expor-
tado a titulo do experiência, que, infelizraent;, não deu bom resultado. Esses
assacares, além de não serem limpos, deião um rendimento muito inferior aos de
igual typo de Java; o o cheiro desagradável que nelles S3 nota, se conserva mesmo
depois de refina lo. Os nosios fabricantes nãj devora perdor de vista esto exemplo
e para quo ellos se orientem sobre este ponto, é que remetto a V. Ex. as refe-
ridas amostras.
II. A industria de refinação de assuc ir tem tido n »s últimos tempos, um notável
desenvolvimento, graças ao patriotismo o a sabedoria do Governo Japouez, que não
cessado prodigalizar-lhe uma protecção continua e benéfica. Es;e justo apoio, reu-
nido aos pacientes esforços dos industriíes japjnezes, tem d*do resultados verda-
deiramente satisfactorios.
O Japão do hoje, nascido das suas próprias forças, elevado a categoria do
grande o poder.jsa nação, sinto necessidade dj viver sobre si mesmo, de croscor e
de impor-sj ao Occidenie pela extensão e pelo progresso das suas industrias e pela
grandeza do seu commercio, como impoz-sj ao respeito o á admiração universal,
pela táctica e pela bravura dos seus soldados. E para isto, nada lhe falta, nem a
iniciativa, nem energia e nem liabili lade. Graules refinarias estão em via do for-
mação e outras, já em plena actividade o florescência, são coLsideradas como
emprezas de brilhante futuro. Dentre ellas, a mais importante ê a «Dai Nepoo
Sugar Reflnery, O limited», que gira com um capital, do 11 milhões de yens
ou £ 1.100. COO.— Essa companhia, que está eslabelecila om Tokio, á margem de
sOCIHDAnrc NACIONAL 1>E AGRICULTURA
um dos braços do Iuraida, emprega nas suas oficinas os melhores e mais aperfei-
çoados apparolhos, produzindo todas as qualidades do assucar refinado necessárias
ao consumo interior e preferidas pelos paizes importadores. Não se pode precisar
a cifra da produeção dessa refinaria, porque a sua installação não está ainda
completamente terminada. Entretanto, desde o primeiro anno em que as suas ma-
chinas começaram a funccionar, que ella distribuo 20 % de dividendo aos seus
accionistas. Das possessões japonezas, somente a Ilha Formosa produz assucar em
grande escala.
O Governo tem procurado fomentar o cultivo da canna no sul do Japão, mas os
resultados obtidos têm sido, relativamente, pequenos.
III. A importação do assucar no correr do anno de 1903 se elevou a
yens : 23.725.000, oquivalentes a £2,372.503. Em tão elevada cifra as índias Hollan-
dezas figuram com yens: 19.993.000, vindo em seguida a Allemanha, que exportou
yens: 1.904.400. Se comparamos a importarão de 1900 com a de 1905, que attingiu
a yens: 13.706.000 verificaremos um lisongeiro augmento, que em grande parte deve
ser attribuido ás isenções e privilégios de que ._roza a industria de refinação de
assucar a qual, como já disse, o Governo dispensa uma constante e proveitosa
solicitude .
Emquanto a importação de assucar bruto alcança elevados algarismos, as on-
tradas de assucar refinado diminuem dia a dia, e dentro em breve desapparecerão
totalmente das estatísticas offlciaes.
O Japão que durante longos annos foi tributário das refinarias estrangeiras,
tornou-so hoje um grande exportador de assucar refinado, tendo conquistado, depois
do uma bella lucta com os seus concurrentes de Hongkong e outros logares, alguns
dos mais importantes mercados da China, sem contar a Coréa e a Mandchuria, que
offerecem um fácil campo de acção ao seu commercio e a sua industria.
Em 1903, a exportação de assucar refinado foi de yens: 70.UOO, e em 1S06,
ella se elevou a yons : 1.560.000.
IV. A tarifa aduaneira do Japão soffVeu uma modificação quasi radical depois
da ultima guerra. Pela nova tarifa, que consta de 538 artigos divididos em 19 grupos,
a renda annual das Alfandegas do Império é avaliada em mais de 40 milhões de
yens. Os direitos de entrada, por 60 kilos de assucar, são: para os mascavos e
raascavinhos, de yens: 1.65 e yens 2. ^5, e para os brancos, de yens 3.25 e do
yens 3.50. Os assucares classificados abaixo do typo 15 da escala hollandeza gozam
de uma baixa especial, quando são destinados as refinarias do paiz, e que reduz o
imposto aduan liro, a menos da metade do estabelecido na respectiva tarifa.
A elevação gemi dos direitos não attiugo o< productos das nações que gozam
aqui de tarifas preferenciaes. Não obstante, a Allemanha, a Inglaterra e a França,
apezar de estarem na lista dos paizes mais favorecidos, concluíram accordos com o
.lapão, nos quaes as duas primeiras obtiveram para os seus assucares as seguintes
baixas :
Typj de .lava 15 a 20 Jens 0,748 por 60 kilos.
» .. » acima do n. 20 — 0,827.
O elevado i -oposto de consumo instituído durante a guerra, foi prorogado
por tempo indeterminado, visto combinarem as necessidades orçamentarias. Esto
imposto é o seguinte :
Ia categoria (por 60 kilos) Yens : 1 mascavos e mascavinhos.
A LAVOURA
3» categoria (por 60 kilos) Yens 1,60 mascaves e mascavinhos.
3« » » 2,20 brancos.
p » 2,80
V. São estas, Sr. Ministro, as informações que me parecem de natureza a in-
teressarem os nossos fabricantes de assucar. Se mais tarde for iniciado um
serviço regular de navegação entre o Brazil e este paiz, empregarei todos os meus
esforços, que espero serão secundados pelos agricultores de Campos e do Norte,
para crear no Japão um vasto e lucrativo mercado de assucar o outros prodnctos
brasileiros.
As minhas esperanças se apresentam sob os melhores auspicios. Já o Con-
gresso Nacional votou uma subvenção para uma linha de vapores directos, e os
refinadores japonezos mostram-so animados da melhor bôa vontade a nosso
respeito.
Além disto o consumo tende a augmentar de anno a anno, e com elle a expor-
tação de assucar refinado. Convém, todavia, antes de realizar qualquer negocio,
agir com grande prudência, afim ae evitar o caso suecedido aos assucares pe
ruanos. Os lavradores brasileiros deverão enviar a este Consulado, ou directa-
mente ás refinarias, amostras de todos os typos de assucares susceptíveis de serem
exportados, e, em quantidade suficiente, para quô se possa proceder a experiências
de rendimento, de côr, de perfume, etc.
Os assucares brancos deverão ser incluídos nessas remessas, porque, estou
certo, os refinadores daqui farão justiça a sua superioridade. E que lava, a te-
mível concurrente, em vez de ser considerada como um obstáculo á realisação dos
nossos projectos, seja, pelo contrario, francamente admittida como um incentivo,
como um estimulo para o desenvolvimento de um trabalho methodico e persis-
tente, única fonte de onde poderemos auferir uma larga e duradoura prosperi-
dade. Antes de concluir, cumpre-me informar a V. Exa. que o Yen corresponde
a 1.000 réis, ao cambio de 15 dinheiros.
Tenho a honra de reiterar a V. Ex. os protestos da minha respeitosa consi-
deração.— Alcino Santos Silva.
Exm. Sr. Barão do Rio-Branco, Ministro de Estado dai Relações Exteriores.
O Estado Moderno e sx Aji.i-iciiltu.x-a, — Começámos a pu-
blicar o annuncio sobre este interessante livro no numero passado, chamando
para o mesmo a attenção dos leitores.
Abóbora gxg^ante — Foi produzida na fazenda « Mourão», município
de Joazoiro, Bahia, de propriedade do major Enéas Ferreira Muuiz, negociauto
abastado daquella praça e fazendeiro do município, .uma abóbora pesando 20 kilos
ou 20.000 grammas.
O major Enéas, proprietário da referida abóbora, expól-a em o balcão de sua
casa commercial ás vistas do publico, tendo sido muito apreciada e tendo recebido
essa semente do Rio de Janeiro, por intermédio da Sociedade Nacional de Agri-
cultura, da qual é sócio.
Fazemos votos para que o major Eneas continue a tirar proveito de seus
esforços.
SOCIKDADF. NACIONAL DF, AORICULTURA
PARTE COMMERCIAL
Junho de 1908
Café
Venderam-se 110.000 saccas contra 131.000 no mez anterior.
Entraram 143.611 saccas contra 136.003 saccas no mez anterior.
Não houve entrada em transito.
Os embarques foram : 134 043 saccas contra 157.046 no mez anterior.
As entradas do Rio de Janeiro, retalhadamente, foram :
Saccas
Estrada de Ferro Central do Brazil 54.663
Cabotagem 5.862
Barra dentro 84.987
Total 145.511
Em Nova York, o typo 7, disponivel, do Rio cotou-se a 6 3/8 c. por libra até o
dia 5, a 6 5/16 c. em 6 a a G l/4 c. durante o resto da quinzena e mesmo consor-
vou-se duranto o mez.
Na Bolsa heuve as cotações: 6 c. até o dia 4, 5.90 c. de 5 a 8 e de 11 a 13;
5.95c. em 7 e 10 e 5.85 c. em 15 e 17 a 24; 5.90 c. cm 16, 26 e 27; 5.95 c. em 29
e 6 c. em 30.
Os extremos das cotações foram :
í* quinzena
Por arroba Por 10 kilos
Typo n. 6 5$600 3$813
» » 7 5$300 3.;608
» » 8 5$000 3$404
> » 9 4$700 3.4200
2» quinxena
Por arroba Por 10 kllos
Typo n. 6 5$500 a 5$700 3^744 a 3$881
» » 7 3$200 » 5$400 3$560 » 3$676
» » 8 5$000 » 5$100 3$404 > 3$472
» > 9 4$700 » 4$800 3$200 » 3J268
Géneros importados
Qualidade Quantidade Preços
Banha americana ... 400 barris $600 a $670 a libra
Farinha de trii:o . . . 19.090 barricas .... —
i* quinzena
Americana (barrica) Não ha
» (secca) Não ha
Rio da Prata:
por 2 saccas
Primeira qualidade 23$50O
Segunda » 22$500
Terceira » ãl$500
Moinho Inglez:
Nacional • 24$000
Brazileira 23$200
Buda-Nacional 25$200
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 24$000
O. O ... • 23$000
Sa quinzena
Americana (barrica) Não ha
» (secca) Não ha
Rio da Prata:
por 2 saccas
Primeira qualidade 23$500
Segunda » 22$500
Terceira > 21$õ00
Moinho Inglez,:
Nacional 23$500
Brazileira 22$700
Buda-Nacional 24$700
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 23$500 a 24$000
O. O 22$50O » 23$000
/» quinzena
Manteiga — 1 . 105 caixas :
Demagny, Isigny (latos sortidas) 2$460 a 2$480
Brétel Frères (latas sortidas) 2$200 » 2$220
Lepelletier 2$450 > 2$460
Modesto Qallone (sortidas) 1$850 » 1$900
266 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA.
Esbousen Não ha
L. Brtim 2$500 a 2$520
Buske Juniur 2$400 » 2$450
Marclet 2$I80 » 2$200
Outras marcas 1$800 > 2$000
A nacional vendeu-se: a de Minas de 3#i00 a 3$800 e a do Sul do 2$400
a 2$G00.
2a quinzena
Demagny, Isigny (latas sortidas) 2$430 a 2$460
Brètel Fròres (latas sortidas) 2$200 » 2$2ãíJ
Lepellotier 2$440 » 2$450
Modesto Gallone (sortidas) 1$850 » 1$90Ú
Esbousen s . Não ha
L. Brum Não ha
Buske Júnior 2$400 a 2$420
Marclet 2$200 > 2$220
Outras raarcas 1$80J » 2$000
A nacional vendeu-se: a do Minas de 3$200a 3$500 e a do Sul de 2$200 a 2$600.
Géneros nacionaes
A.g ua.irden.te
Os supprimentos recebidos no principio du mez foram pequenos, conservan-
do-sa o mercado firme.
Na ultima quinzena o movimento foi sem importância, conservando-se as
cotações sustentadas.
Preços por pipa de 480 litros, base do 20 grãos:
ía quinzena
Preços
Campos 165$000 a 170$000
Angra 175$O0O > 180$Q00
Paraty 180$000 » 185$000
Maceió 170$000 » 175$000
Aracaju 170$000 » 175$O0O
Pernambuco 170$000 > 175$000
Bahia 170$000 > 175$000
Parahyba 170$000 > 175$000
Laguna 165$000 » 170$000
Itajahy • . . . 165$000 » 170$000
Mangaratiba 175$0J0 » 1X0$000
Paranaguá 165$000 > 170$000
AJcool
As entradas na primoira quinzena declinaram sensivelmente, conservando-se
assim durante o mez.
I* quinzena
As cotações foram as seguintes, por pipa, sem casco:
40 gráos 260$000 a 2Ô5$000
38 > 245$000 > 250$000
36 > 235$000 > 240$000
.AJg-odão em. rania
O mercado deste género esteve na ultima quinzena do mez influenciado pela
especulação, que etfectuou vendas para entregas futuras a preços baixos.
I3- quinzena
Preços :
Pernambuco 12$500 a 13$300
Ceará 12$500 » 13$000
Rio Grande do Norte 12$200 » 13$000
Parahyba 12$300 » 12$S00
Penedo (Nominal)
Sergipe ..... 12$000 » 12$400
2a quinzena
Preços :
Pernambuco 1 1$600 a 12$400
Rio Grande do Norte 11$800 » 12$400
Ceará 11$800 > 12$400
Parahyba 11$600 » 12$000
Penedo (Nominal)
Sergipe (Nominal)
Assiuoar
Na primeira quinzena do mez reduziu o stock e uma cifra que ha alguns
annos não se registra e era de esperar que as cotações melhoi'assem, sendo que,
depois do dia 15, os negócios em mascavos e os lances conservaram se sustentados.
PRIMEIRA QUINZENA.
Os preços regulam como se segue :
Pernambuco :
Branco usina s520 a $540
Dito crystal $500 > $510
Dito 3* sorte $500 » $510
Crystal amarello $420 » $450
5076 5 —
18 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Mascavinho $380 a $420
Somenos $410 » $430
Mascavo bom $350 » $360
Dito regular $340 » $345
Dito baixo $330 » $335
Sergipe :
Branco crystal $500 a $510
Mascavinho $380 » $460
Mascavo bom $350 » $360
Dito regular $340 » $345
Dito baixo $325 » $330
Campos :
Branco crystal $510 a $520
Dito 2° jacto $480 » $490
Crystal amarello $460 > $480
Bahia :
Branco crystal $510 a $520
Dito 2° jacto $480 > $490
Crystal amarello — —
Outras procedências:
Mascavinho $360 a $380
SEGUNDA QUINZENA
Os preços regularam como se segue :
Pernambuco :
Branco usina $500 a $510
Dito crystal $480 > $490
Dito 3a sorte $480 > $490
Crystal amarello $430 » $440
Mascavinho $370 » $420
Somenos $400 > $420
Mascavo bom $345 » $350
Dito regular $330 » $340
Dito baixo $320 > $325
Sergipe :
Branco crystal $470 a $480
Mascavinho $400 » $430
Mascavo bom $345 » $350
Dito regular $330 > $340
Dito baixo $320 » $325
Campos :
Branco crystal • . . . $480 a $500
Dito 2° jacto $460 » $470
Crystal amarello $430 » $440
A LAVOURA
Rranoo crystal $490 a $500
Dito 2» jacto $470 » $480
Crystal amarello $420 » $400
Cereaes
PRIMEIRA. QUINZENA
Saccos
Feijão preto de Porto Alegre, novo . . . 14$000 a 15$000
Dito idetn da Terra ll$000 » 12$000
Dito idem de Santa Catharina 13$000 » 14$000
Dito do Paraná — 13$000
Dito mulatinho — 14$000
Dito manteiga — 14$000
Dito enxofre — 14$000
Dito de cores, nacional 8$000 » 10$000
Dito branco, estrangeiro 18$500 » 19$000
Dito amendoim, idem 18$000 » 18$500
Farinha de mandioca, especial 9$000 » 9$500
Dita idem fina 8$500 > 8$800
Dita idem peneirada 8$000 » 8$460
Dita idem do Norte — —
Dita idem grossa, Laguna 6$80O » 7$000
Dita idem idem, Porto Alegre Não ha
Arroz nacional 22$000 a 24$000
Dito inferior 14$000 » 18$000
Milho amarello do Norto Não ba
Dito idem da terra 7$500 a 7$S0O
Dito misturado idem Não ha
Amendoim em casca 0$500 a 7$000
Cangica 10$000 » 18$000
Favas 9$000 » 0$500
Kilogramma
Alpiste $360 a $380
Batatas nacionaes $140 » $?00
Dita estrangeira Nominal
Fubá de milho $140 a $200
Matte em folha $400 > $500
Tapioca $500 » $520
Polvilho $100 » 200$
Carne de porco $660 » $700
Línguas do Rio Grande (uma) $800 »" 1$000
Cebollas do Rio Grande (cento) 2$200 » 2$400
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
SEGUNDA QUINZENA
Preços
Feijão prato de Porto Alegre, novo . . . Nominal
Dito idem da Terra Nova 10$000 a 10$50o
Dito idem de Santa Catharina 13$000 » 14$000
Dito do Paraná — » 15$000
Dito mulatinho 10$000 » 14$000
Dito manteiga 12$000 » 14$000
Dito enxofre — > 12$000
Dito de cores, nacional . 6$000 » 8$000
Dito branco, estrangeiro 18$500 » 19$000
Dito amendoim, idem 17$000 » 18^00
Farinha de mandioca, especial 9$000 » 9$500
Dita idem, flna 8$500 » 8$800
Dita idem, peneirada 7$800 » 8$200
Dita idem, do Norte — —
Dita idem, grossa, Laguna 6$400 » 7$0OO
Dita idem idem, Porto Alegre Não ha
Arroz nacional 23$000 a 26$000
Dito inferior 16$000 > 20$000
Milho amarello do Norte Não ha
Dito idem da terra 6$800 a 7$200
Dito misturado, idem — > 6$500
Amendoim em casca fi$500 » 7$000
Cangica 1G&000 > 17$000
Favas 7$500 > 8$000
Kilogramma
Alpiste $360 a $380
Batatas nacionaes $180 » $200
Dita estrangeira Nominal
Fubá de milho . $120 a $200
Matte em folha $440 > $540
Tapioca $440 » $540
Polvilho $440 » $540
Carne de porco $640 » $700
Línguas do Rio Grande (uma) $700» 1$000
Cebollas do Rio Grande (cento) 2$300 > 2$400
Fumo em rolo
Manteve-se estável este morcado havendo muita procura.
i» quinzena
As cotações foram :
Preços
De Minas, especial 1$600
Dito superior 1$600
Dito 2» 1$400
A LAVOURA
Dito ordinário 1$000
Goyano, superior 2$400
Dito 2» 1$700
Baixo Nom.
Rio Novo, superior 2$400
Dito 2» 1$300
Dito baixo 1$200
Pomba, superior 1$(500
Dito 2» 1$200
Dito baixo Nom.
Carangola 1$500
Picú, especial 2$800
Dito 1» 2$000
Dito 2» 1$200
Bahia 1$100
Pernambuco Não ha
Entraram 4.551.390 kilos por cabotagem, do nacional, que se cotou de 2$ a
2$100 por 40 litros.
Mercado monetário
A existência do. ouro, na Caixa do Conversão, em 15 de junho, ora :
Libras esterlinas 5.478.844—10
Francos 10.462.040
Marcos 470
Dollars 126.107,50
Liras 140
Pesos argentinos 2.710
Ouro nacional 139:400$000
SEGUNDA QUINZENA
e a 30 de junho era:
Libras esterlinas 5.464.229—10
Francos 10.453.980
Dollars 120.637—50
Liras 2^0
Pesos argentinos 2.710
Pesetas hespanholas 25
Ouro nacional 138:830$000
A importância de notas conversíveis em circulação era a seguinte :
189.618:760$000.
O preço de soberanos, fora da Bolsa, foi de 16$025.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
CAMBIO
As taxas offlciaos continuaram a manter-so inalteradas, a 15 1/8 d. sobre
Londres nos bancos estrangeiros e 15 3/16 d. no Banco do Brasil. As transacções
bancarias fizeram-se a esses extremos e as do outro papel de 15 5/32 a 15 3/16 d.,
não e registrando movimento digno de nota.
Os extremos das cotações offlciaes foram :
Londres, 90 d/v 15 1/8 e 15 3/16 d.
Paris, 90 d/v $629 a $632
Hamburgo, 90 d/ v $776 » $779
Portugal, 3 d/v 316 » 325 %
Itália, 3 d/v $633 » $639
Nova York, á vista. ...... 3$288 » 3$310
Vales, ouro — 1$793
O valor offlcial de mil rt5is foi do 560 a 563 réis, ouro, e o da libra de 15$£03 a
15$868.
Ágio de ouro 77,77 a 78, 51 % .
— £8^»35N€«€
BIBLIOGRAPHIA
Temos a registrar o recebimento de mais as seguintes publicações periódicas:
Eslaciôn Central Agronómica de Cuba. — Boletim n. 10.
La Revista Verde, órgão do Instituto Internacional de Agricultura, de Roma.
— Anno IV, n. 5.
L' Economista Italiano, de Génova. — Anno XII, n. 23.
Réoue Intemalionale du Caoutchoua, de la Gulta-Percha et le Pneumo-Journal.
— N. de 18 de maio de 1908.
Les Marques Inlernalionalcs, de Berna.— Anno XVI, tomo III, n. 180.
The Southern Planter, de liichmond (Virgínia). — Vol. 69, u. 5.
Brazilian Enyeenering and Mining Remexa.— Vol. V, ns. 1 e 2.
Revista da Associação Commercial do Maranhão. — Anno I, n. 1.
Revista Trimensal do Instituto do Ceará.— Tomo XXII, anno XXII, lg e 2° tri-
mestres de 1908.
Secção Meteorológica, da Directoria de Agricultura do Estado de S. Pauli. —
Outomno de 1907. Serie 2a, n. 2.
Pelo Sr. Dr. Heitor de Sá, director desta Sociedade, foram offerecidas á Bibli
otheca as seguintes obras :
Sobre el Cultivo dei Maiz, por Juan Francisco Baldassare.— Buenos Aires, 1907
La Aradura a Vapor, por Hugo Miatello.— Buenos Aires, 1907.
A LAVOURA
Contribución ai Esludio de las Frutas (Matizarias). Variedades recommendables
por Júlio J. Bjlla.— Bueno Aires, 1907.
ElOlito, por José Cilley Vernet. — Buenos Aires, 1904.
La Agricultura en la Provinda de Corrientes, pelo engeulieiro agrónomo Ro-
berto Campioletti . — Buenos Aires, 1906.
Procedimentos Químicos para Combalir las Enfermedades de las Plantas, por
Otto Appel.— Buenos Aires, 1906.
Experiência sobre el Cultivo dei Algodon, por Adolfo C. Tounelier. — Buenos
Aires, 1906.
Experiências sobre el 'Cultivo de las Remol achas Porrajeras y su Conservación,
por Adolfo C, T^nnelier.— Buenos Aires, 1906.
Experiências sobre el Cultivo dei Tárt igo Rojo y dei Tabaco, por Adolfo C.
Tonnelier. — Buenos Aires, 1903.
Digesto de Leyes, Decretas y Resolucimies relativos a Tierras Publicas, Coloni-
zacion, Immigracion, Agricultura y Comercio. 1810—1909. Publicarão feita sobre os
auspícios do Ministério de Agricultura.— Buenos Aires, 1901.
Proyecto de Ley Orgânica presentado ai Ministro de Agricultura, D. Ezequiel
Ramos Mexia, por la Comision Asesora de Ensenanza Agrícola. — Buenos Aires, 1907.
Proyecto de Ley Orgauica para la Eusunauza Agrícola . Ministério de Agricul-
tura.—Buenos Aires, 1901.
Ley n. lti. Cey de Patentes de Invención, Ministério de Agricultura.— Buenos
Aires, 1907.
Ley n. 31)73. Marcas de Fabrica, Comercio y Agricultura. Ministério de
Agricultura.— Buenos Aires, 1900.
Ley de Tierras y Decreto Reglamentario de S de Noviembre de 1906. Ministério
de Agricultura.— Buenos Aires, 1906.
Ley de Inmigracion y Regiamente de Desembargo de Inmigranles. Ministério do
Agricultura.— Buenos Aires, 1907.
Receberam-se ainda as seguintes publicações cuja remessa agradecemos :
Inlerpretacion de los Analisis de la Semilla de Alfalfa, por Juan Ramón Chavez.
Publicação da Revista «Córdoba Agrícola». — Bell-Ville, 1908.
Exploração do Rio Ribeira de Iguape, da Commissão Geograpkica e Geológica
do Estadode S. Paulo.— S. Paulo, 1908.
O Cavallo Nacional, por George Plantade.— S. Paulo, 1908.
As Raças Limousinae Garonneza, pelo Dr. Paul Maugé.— S. Paulo, 1908.
A Raça Normanda, pelo Dr. Paul Maugé.— S; Paulo, 1908.
A. B C. of LimeCultivalion. Publicação do Imperial Department of Agrieul-
ture forthe West Indies, 1908.
Seedling and Olher Canes in lhe Leetoard Islands. Publicação do mesmo Depar-
tamento.
Relatório da Sociedade Brasileira pira Animação da Agricultura, para 1906
—1907.
Avsocixção Commercial do Porto. Relatório da Direcção no anno de 1907.
Conslructions Rurales, por J. Danguy.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Acabamos do receber a 2a edição desta obra quo a casaJ. B. Baillière et Fila,
teve a gentileza de nos remetter. Como temos feito para outras publicações da
mesma casa, inserimos nesta secção a seguinte noticia bibliographica para orien-
tação dos leitores d'«A Lavoura».
Construclions rurales, par J. Danguy, directeur dos études de l'E'cole nationale
d'Agriculture de Grignon. 1 vol. in-16 de 50 pages, avec 300 flg., brocho: 5 ír.;
cartonné; 6 fr. (Encyclopédie agricole). Libraira .1. B. Baillière et fils. 19 rua
Hauteíeuille, a Paris).
Attaché, pendant de nornbreuses annés, á la chaire do Génie rural de l'E'cole
de Grignon M. Da.nguy a pu reunir des notes três completes sur les construo tions
rurales, qui présentont un intérèt tout spécial pour los agriculteurs.
II a divise son livre en deux parties: Ia première relative aux princips
génèraux de la construction, appliqués aus bâtiments ruraux; la seconde ayant pour
object la description de chacune des construclions de la ferme. II a suivi 1'ordre des
travaux, en commençant par les terrassemenls, puis il est passe à la maçonnerie,
aux charpentes en bois ou métalliqnes, puis il a termine cette première série de
travaux, qu'il agroupés sous le nom de gros ceuvre, par les couvertures. Sous la
rubrique Pelil ceuvre, il donne les régies relativos à la confection des enduits, des
carrelages et des pamges ; il indique on quoi consistont les travaux de menuiserie
(parquets, escaliers, portes, fenêtres, etc), de serrurerie, de peintureet de vilrerie.
La deuxôine partie traite dei constructions rurales suivant leur alTectation. M.
Danguy s'occupe de la disposition des bâtimints et indique Ia placa qu'ils doivent
occuper sur le domaine. II étudie ensuite 1'habitation des ouvriers et de 1'exploi-
tant, en donnantles types d installatinos les plus commodes. Pour les bâtiments
reserves aux animaux (écuries, ótables, etc), il montre quelles sont les conditions
qu'ils doivent remplir et donne les dispo3itions qu'il faut préférer ; il a fait de
raêmepour ceux affectês aux rócoltes (granges, hangars, greniers, fenils et silos) .
il donne les conditions d'établissement des rernises du matériel, des plales-formes et
des fosses á fumier, ainsique des citernes d purin. Les citernes et rêservoirs des-
tines ;i recueillir et a conserver les eaux potables, les clotures et les chemins sont
étudiésá part ; il termine son ouvrage par un aperçu sur les devis. A propôs des
terrassements, il a donné les rèidís relatives ã leur cubature et au mouvement des
terres ; ã propôs de devis, il indique comment on peut faire exécuter les trauvaux
de construction .
Ce volume a été couronné par la Société Nationale d'Agrictilture d'une médaille
d'or. 11 fait partie de 1' Encyclopédie agricole, à laquelle cette même société vient
d'accorder le Grand Pri.t Heuzé .
Le catalogue détaillé et illustré de V Encyclopédie agricole est adressé grátis et
franco à tout personne qui en fait Ia demande à MM. J. B. Baillière et fils. 19, rue
Hautefeuille, à Paris.
Rio de Janeiro — Imprensa Nacional — 1908
ESTATUTOS
CAPITULO IÍ
DOS SÓCIOS
Art. 8." A socideade admitte as seguintes categorias de sócios :
Sócios eITectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados.
§ i ." Serão sócios eITectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem
devidamente propostas e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 20$ooo.
§ 2.° Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou
sede no estrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus
méritos e dos serviços que possam ou queiram prestar á sociedade.
§ 3.0 Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedicação e
relevantes serviços, se tenham tornado beneméritos á lavoura.
§ 4.0 Serão associadas as corporações de caracter official e as associações agrícolas,
filiadas ou confederadas, que contribuírem com a jóia de 30$ e a annuidade de 5o$ooo.
§ 5.0 Os sócios eITectivos e os associa los poderão se remir nas condições que orem
preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição fixada para esse lim
ser \nferior a dez (10) annuidades.
Art. 9.° Os associados deverão declarar o seu desejo de comparticipar dos tra-
balhos da sociedade. Os demais sócios deverão ser propostos por indicação \ie qualquer
sócio e apresentação de dois membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade.
Art. 10. Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as
reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente; terão direito a
todas as publicações da sociedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a
prestar, independentemente de qualquer contribuição especial.
§ i.° Os associados, por seu caracter de collectividade, terão preferencia para os
referidos serviços e receberão das publicações da socieJale o maior numero de exem-
plares de que esta puder dispor.
§ 2.0 O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios; é limitado,
porém, para os associados e sócios correspondentes, os quaes não poderão receber votos
para os cargos de administração.
§ 3." Os sócios perderão somente seus direitos em virtude de expontânea renuncia
ou quando a assembléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria.
jR,J=3GTJIJ^^jVi:J=]JNrTO
CAPITULO VI
dos sócios
Art. 18. A sociedade prestará seus serviços de preferencia aos sócios e associados
quando estiverem quites com ella.
Art. iq. A jóia' deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua
accei tacão.
Art. 20. As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes.
Art. 21. Os sócios e os associados se poderão remir mediante o pagamento das
quantias de 200$ e 500$, respectivamente, feito de uma só vez e independente da jóia,
que deverão pagar em qualquer caso.
Art. 22. Os sócios e associados não poderão votar, nem receber o diploma, sem
terem pag-o a respectiva jóia.
§ i.° O sócio que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se mediante
a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham igualmente satisfeito aquellas
contribuições.
5 2.0 Para asse effeito o sócio deverá requerer á Directoria, provando seus direitos
nos termos do paragrapho anterior.
§ 3.0 Serão considerados beneméritos os sócios que fizerem donativos á sociedade,
a partir da quantia de um conto de réis.
Art. 23. Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados
resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas contribuições lhes tenham
sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendodhes ain la assim o recurso
para o conselho superior e para a assembléa geral.
FAZENDA HARITOFF NO ESTADO DO RIO
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PLANTAÇÃO DF CAFÉ F MANIÇOBA
Anno XII— N. 7
Rio de Janeiro
Julho di 1908
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FAZENDA NOVO HORIZONTE -MINAS
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Capital Federal
Arados de discos em acção
^VIRIBUS UNITIS |^»^»^^«€
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Fundada em 16 de janeiro de 1897
Caixa-postal, 1245 Sede: Ruas da Alfandega n. 102
Endereço Telegraphico, AGRICULTURA e General Camará n. 10b
Telephone n. 1416 rio »« janriko
DUIBOTOKIA
Presidente — Dr, Wencesláo Alves Leite de Oliveira Bello.
i° Vice-presidente — Vago.
2o Vice-presidente — Dr. Sylvio Ferreira Rangel.
3o Vice-presidente — Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Secretario Geral — Dr. Heitor de Sá.
i° Secretario — Dr. Francisco Tito de Souza Reis.
2o Secretario — Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
3o Secretario — Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva.
4" Secretario — Alberto de Araújo Ferreira Jacobina.
i° Thesoureiro — Dr. João Pedreira do Couto Ferraz Júnior.
2o Thesoureiro — Carlos Raulino.
Fazenda de Santa Mónica Dr. Sylvio Rancei.
ApplicaçÕes do Álcool e Museu Dr. Benedicto Ravmundo.
Secção Technica e Bibliotheca Dr. Heitor de Sá."
Plantas e sementes e Horto da Penha . . Dr. Monteiro da Silva.
Propaganda e estatística Alberto Jacobina e Carlos Raulino.
Secretaria Dr. Souza Reis.
Thesouraria Dr. Pedreira Júnior.
Oollaboração
Serão considerados collaboradores não só os sócios como todos que quizerem ser-
vi r-se destas columnas para a propaganlà da agricultura, o que a redacção muito
agradece. A lista dos collaboradores será publicada annualmente com o resumo dos
trabalhos.
A redacção não se responsabilisa pelas opiniões emittidas em artigos assignados, e
que serão publicados sob a exclusiva responsabilidade dos autores.
Os onginaes não serão restituídos.
As communicações e correspondências devem ser dirigidas á Redacção d' A LA-
VOURA na sede da Sociedade Nacional de Agricultura.
A LAVOURA não acceita assignaturas.
E' distribuída gratuitamente aos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura.
< :<>!i<ll<-õ< •» <la publicação dos iinnuncioa
vezes meia pagina uma pagina
1 2$000 20$000
30$ooo 5o$ooo
5o$ooo oo$ooo
QO$000 I 70$000
Os annuncios são pagos adeantadamente.
Tiragem 5.000 exemplares
SUAIMARIO
As orchideas 2-5
Exposição preparatória de S. Paulo 277
Instituto Internacional de Agricultura 281
A cultura da banana em Santos 283
Cultivai as amoreiras 285
Expediente 289
Noticiário 291
Parte Commercial 305
Bibliographia 315
Anno XII - N. 7
Rio de Janeiro
Julho de 1008
EDITORIAL
As orchideas
LJBRA«Y
NEW YORK
SOTA N (CAL
UaRDBN.
Ao lado da agricultura, dos trabalhos do camp>, as orchideas re-
presentam o gozo e o prazer.
Depois de árduos esforços, o encanto das orchideas minora o
cansaço physico, enlevando a alma que, extasiada, observa tanta bel-
leza natural, o colorido vivo e extraordinário de flores que parecem
antes presentes divinos do que filhas das florestas.
Nos domingos, o agricultor vae passeiar na selva ; e sobre os
troncos cascudos da cangerana e do jequítibá elle observa as epiphytas
tão radiantes de alegria, desabrochando suas vistosas flores.
Elias procuram um pouso tão elevado com receio da mão rapace
do homem em colher de um golpe os encantos das florestas.
Pois, si os madeiros consentem a moradia sobre sua carne, teem
a compensação do aformoseamento de suas superfícies por plantas
elegantes, aromáticas e de um esplendor divino. Tão mimosas, todos
os vegetaes tratam-nas com carinho e desvelo, ellas que representam
o bello e o extraordinário.
Do mesmo modo que a sociedade distingue as gentis senhoritas, a
floresta acaricia a orchidea que é o seu genuíno reino do amor.
O seu néctar, o seu perfume inebriante alimentam innumeros co-
leopteros e colibris, que de longe são attrahidos pela sua fragrância.
Os agricultores que gostam de festas plantam-nas sobre as arvores,
onde ellas vivem satisfeitas, sem nenhum trato, somente com a frescura
da noite e a pureza do ar.
Todos os annos inflorescem; e seu esplendor serve de alimento ao
espirito do lavrador que se eleva até o Olympo na contemplação de
uma natureza brilhante.
Em vez do jogo que corrompe a alma, é melhor cuidar de plantas
que nos transmutem virtudes, tão necessárias á pureza de nossos sen-
timentos.
Um homem maligno torna-se o mais cordeiro ao lado de flores
tão mimosas, como ligadas aos anjos do céo em suas bemfazejas
intenções.
Gomo é deliciosa a vida do campo, tão cheia de attractivos !
Junto a uma natureza pródiga de encantos está a terra feraz que
faz brotar com viço os grãos que se atiram em seu seio. Tudo pro-
spera, tudo progride.
6480 1
soniKnvnR nacional nu aoiuc.ui,tur.\
O lavrador na rabiça da charrua vae lavrando a terra e cantaro-
lando alegre e satisfeito comaquella fé na farta colheita.
Não ha motivo para esse êxodo d.> interior para as cidades.
\ verdadeira felicidade reside no campo, e possue-na quem faz a
agricultura, que é o dom mais precioso que Deus nos doou, dando-nos a
torra para cultival-a.
Quem possuir um sitio de bom terreno, de allitude elevada, com
agua abundante e potável; próximo n>>s mercados, clima superior e um
boa collecçãode orchideaa, é o homem mais feliz do mundo.
A vida agraria é aquella que proporciona a mór messe de bem-estar
e felicidade.
Esses labyrinthos infectos das cidades só promovem desillusões
e revezes. A concurrencjfa ê tal que o mérito, o trabalho e as boas
acções são palavras vãs, que os imbecis e os incapazes nulliflcam
por um golpe de audácia.
Quem não quizer ter as orchideas perto de casa vae aos domingos
ás florestas admirar a exposição natural de bellas flores, muito superior
a estes certamensuniversaes, em que o ar confinado desbota a pureza
virginal de setinosas pétalas.
Si os estrangeiros amam tanto as epiphytas, que mandam agentes
collectal-asem paizes longínquos, por que motivo, nós que as possuímos,
não podemos admiral-as e tel-as bem perto de nossos olhos para nã,
perdermos o especial gozo de vel-as e cortejal-as todos os momentos
de lazer?
Habitante de n >sso clima não precisa estufas custosas para pro-
tejel-as de invernos rigorosos. Em um cesto, em um vaso, em um fra
gmento de madeira roliça, cora um pouco desphagnum, ella cresce e
vive vigorosa.
<>s nossos jardins públicos não possuem uma collecção de orchideas!
Gozando de fama mundial de paiz das flores, brancas como o mar.
fim e de belleza descommunal, o estrangeiro procura em vão um exem-
plar de parasita e não encontra.
No eratanto na própria Europa elle pôde vêr a flora epiphyta do
Brazil.
A Cattleya Warneri, considerada a rainha das florestas, infloresce
de outubro a novembro.
Percorrer as mattas do Espirito Santo nessa época é o prazer maior
que se pode gozar, para quem ama as flores, porque ha muita gente
que não tem este eleva lo predicado de gostar do bello.
A Lsellia Grandis Tenebrosa, outra deidade natural, que floresce
de novembro a dezembro. Vive nos altos das montanhas, sobre os
palmitos, osipés e cedros. E muitas vezes sobre a rocha, em promis-
cuidade cora outras plantas.
A LA ÓUB í
A Gattleya Schilleriana, a princeza das selvas, é tõo bella em seu
conjuncto que nos assombra.
Procurada como uma jóia florestal, é bem escáí »na vege-
tativa.
0 mez de agosto é o tempo de sua florescência, que marca a data
festiva para os colibris que se deliciam, osculando o seu labello de um
carmin como ardentes lábios.
De. J. R. Moktbiko da Silva.
Exposição Preparatória do Estado de S. Paulo
No dia 1 ne maio ultimo inaugurou-se ern S. Paulo a Exposição
Preparatório para a Exposição Nacional de 1908. Foi urna bella festa
a que concorreram todas a-, classes sociaes da adeantada capital pau-
listana. Aquelle certamen do trabalho foi rnais urna prova viva do
grande adeanlamento do Estado de S. Paulo nos rnais variados r
da actividade humana. O dia foi de triumpho para ;i agricultura,
industrias e bellas artes ; mas dentre tudo quanto nos prendeu a
attenção destacaremos o que se refere a agricultura e industrias
relatas.
O Governo do Estado fez-se representar brilhantemente por varias
repartições dependente- das suas Secretarias.
Teve maior destaque o mostuario apresentado pela Secretaria da
Agricultura, Gommercio e Obras Publica-.
Foi esta a que mais se distinguiu, porque expoz todos os anuaes dos
seus vários serviço, dosquaes se pode inferir o progressivo desenvolvi-
mento dos que são confiados a cada secção.
Bello, o Mappa Geral da Viação Férrea e Fluvial; importantíssimos
os diagrammas relativos a estatística eommercial, isto é, das importa-
ções e exportações «pelo porto de Santos» e o da almmigração p >r
nacionalidades nos anãos de 18-it e 19/7— d o qual se deduzia ■■• predomi-
nancia do elemento italiano; interessante o mappa dos núcleos coloniaes
a ainda sob a administração do Estado. »
O Mappa Geral das Culturas, isto é, a Estatística Agrícola do Estado
relativa ao anno de 1901-5 e o diagramraa em saccos referentes á
exportação do café durante o anno de 1903-7, são trabalhos muito
syntheticos e indispensáveis para conhecer as condições do paiz.
278 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Os quatro Mappas em que foram delimitadas as respectivas zonas
de producçãodo café, arroz, algodão, canna, e o outro mappa grande,
mostrando a cultura especial do arroz e o modo de o conservar em
manipulos, são muito, mas muito instructivos.
São curiosas e satisfizeram um sentimento de legitimo orgulho dos
paulistanos «as plantas desta cidade, mostrando o seu desenvolvimento»
—correspondentes aos seguintes periodos 1810 — 1840—1831—1907.
Suggestivas são as photographias da Commissão Geographica de
Exploração, relativas ao novo sertão explorado, e dignos de toda a
attenção os mappas geographicos do Estado sem relevo».
Tudo o que se relacionava com o importantíssimo serviço de agua
e exgottos alli se podia estudar, estando traçados em mappas especiaes
as redes respectivas, e havendo os relativos modelos em madeira,
cimento, barro, gesso, e as taboas e photographias demonstrativas de
toda a engrenagem technica das obras correspondentes, a qual pode
ufanar-se da installação do hydrometro do italiano Venturi, a única do
género existente no Brasil.
E sobrepujando muitas outras coisas, que nos passaram des-
percebidas ou não recordamos, apraz-nos pòr em destaque o relatório
que, pela mão do seu director, Sr. .1. N. Belfort Mattos, a Secção me-
teorológica publicou sobre o serviço meteorológico e sobre o clima de
S. Paulo, figurando na exposição um mappa climatologico do anuo
normal e quatro mappas meteorológicos correspondentes ás quatro
Trata-se de um trabalho scientifico importantíssimo. Certas obser-
vações contam já trinta annos seguros, e a afflrmação que S. Paulo
goza dum clima mais temperado que outras localidades situadas mais
longe do Equador, como, por exemplo, na Itália, Syracusa e Palermo,
é bem digna da mais alta consideração, pois ê a prova demonstrada
das condições privilegiadas em que se encontra S. Paulo quanto á vida
e ás culturas .
O relatório que citamos é rico de quadros, minucioso em porme-
nores climatológicos dos mêzes mais quentes e mais frios das 16
estações principaes do Estado e das médias normaes de não menos
de 66 estações, que se vêm espalhadas no território estadual. Os es-
tudiosos podem assim fazer comparações scientiflcas e os homens da
vida pratica adquirir a prova de que S. Paulo se acha em esplendidas
condições climatológicas.
Ao lado do mostruário da Secretaria da Agricultura figura gar-
bosamente a do Interior, expondo, entre muitas outras cousas, varias
culturas bactericas, bem como grandes collecções de preparados
anatomo-pathologicos de doenças referentes a vários animaes e insectos
transmissores de moléstia.
Vêm em seguida os opúsculos expostos de vários trabalhos scienti-
ficos executados e que muitíssimo interessam á classe medica. E tudo
isso do Instituto Bacteriológico do Estado.
O Instituto Serumlherapico de Butantah expòz os soros contra o
envenenamento das serpentes, e ainda cobras venenosas vivas e mortas,
bem como dentes e peçonhas dessas serpentes. Viam-se além disso
bellas photographias sobre o processo dos soros.
POSTO ZOOTECHNICO DE S. PAULO
PRODUCTO DE nHREFORD S CAUACÚ
Finalmente, o Instituto Vaccinogenico do Estado apresentou as
photographias do estabelecimento e dos processos para a vaccinação ou
para a obtenção do pus e conservação desses productos scientificos.
A juizo de prolissionaes, este Estado, nesse campo scientiflco, mostra
ter sabido acompanhar os progressos dos tempos.
As exposições em geral têm justamente o escopo de pôr em relevo
os progressos de todos os serviços públicos, e é mesmo da historia das
ultimas exposições que se deprehende como é cada vez mais manifesta
a tendência para facilitar o estudo e generalizar o conhecimento de
quanto nos cerca, de quanto constitue a nossa vida quotidiana intel-
lectual.
Forçoso foi notar uma lacuna, e grande, quanto â instrucção pri-
maria, cuja importância ninguém ous iria discutir, pois que na exposição
não se viu organisada uma estatística, que pudesse mostrar o seu desen-
volvimento, quando é sabido que o Estado de S. Paulo gasta na in-
strucção publica precisamente o dobro do despendido pelo Districto
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Federal, que vem immediatamente depois deste Estado. Esta despesa
representa 20 °/o de todo o orçamento, e disto só se pôde vangloriar
o Estado do Rio Grande do Sul, chegando tambam quasi a essa porcen-
tagem o Pará.
Iríamos demasiadamente longe si tentássemos o que de apurado e
grande apresentou a possante industria paulista. Falemos apenas de
algumas machinas de beneficiar café, pois que grave lacuna seria delle
não nos occuparmos, como régia personagem que é.
Comecemos pela machina Amaral, que foi, de entre as machinas de
café, a que maior interesse despertou aos visitantes.
Da uma só peça, essa machina beneficia por completo o café, rece-
bendo-o em coco e entregando-o nos saccos separados, isto em qualquer
numero de typos, de 4 a 13.
Lavradores que foram á exposição admiraram a simplicidade e a
accessibilidade das peças da machina Amaral, que dá typos perfeitos de
café, funcciona admiravelmente tanto com o café em secco como com o
café melado e se desmonta completamente em poucos minutos.
Outra machina que funccionou com geral satisfacção foi a «Paulo
Telles», que empregou no seu funccionamento café melado. Com esta
machina, ao lado, trabalhou o catador Nicola, excellente peça, bem
como a machina de beneficiar café «Camargo Santos».
Ha ainda a mencionar as machinas do Sr. Dr. Milita, com três
peneiradores automáticos de café cereja, que attrahiram a curiosidade
dos visitantes.
Mas ao mesmo tempo que experimentámos vivo prazer ao admirar
os progressos e observar a variedade das industrias, que se occupam
de manufacturar os productos do solo, de fabricar o que é mais neces-
sário ao paiz e á vida quotidiana, certas grandes industrias fizeram-
nos pensar nos trabalhadores, a favor dos quaes não vimos estudo,
projecto algum para a instituição de mutualidades, de cooperativas de
consumo, para a construcção de casas operarias, para a fundação de
escolas populares de artes e offlcios, para a previdência contra a ve-
lhice ea incapacidade physica e contra os desastres no trabalho, tudo,
em summa, que se estuda e se prepara para a vasta e útil phalange
dos trabalhadores, pois é sabido que. no interesse directo das próprias
industrias, de necessidade moral e material se tornaram certas provi-
dencias e previdências.
Todavia a exposição da Avenida Tiradentes foi um simples ensaio,
ura primeiro arranjo destinado a anteceder e preparar a outra defini-
tiva que ha de figurar agora entre nos.
E' de esperar que o mostruário paulista seja completo e grandioso
como o nome de S. Paulo o requer.
A LAVOURA
Instituto Internacional ds Agricultura
Na reunião havida em Roma para a constituição das commissões
e varias secções do Instituto Internacional de Agricultura, couberam
ao Brazil, México, Argentina e Chile logares distinctos naquella sábia
instituição.
Segundo se disse por occasião da reunião dos delegados em Roma,
a culta Europa, esquecendo-se de que faziam parte da conferencia
agrícola umas longínquas nações de ultra oceano, não lhes deu logar
nas commissões do Instituto Internacional. O nosso delegado — Dr.
Vieira Souto— soube protestar em tempo contra tão estranho esque-
cimento e só então a culta Europa, dando pelo seu involuntário
olvido, incluiu os delegados das nações neo-latinas nas commissões do
alto congresso da agricultura mundial.
Ainda bem !
O que seja esse Instituto e o fim que collima dil-o com exactidão
o ex-Ministro da Agricultura do Reino da Itália — II Onorevole Luiggi
Rava — em seu discurso inaugural:
«O Instituto Internacional de Agricultura, poderá ser o Observa-
tório do movimento universal do pensamento e do trabalho, dedicados
á arte de cultivar a terra. Elle indicará para cada Estado, para cada
região, como previa Virgílio :
«Quid quaeque ferat régio, quid ferre recuset».
E assim poupará aos colonos, aos emigrantes, aos industriaes,
as tentativas que, fatalmente, devem transformar-se em dolorosos
fracassos .
Pesará com a precisão dos mecânicos, indicará como balança au-
tomática, como sobre um diagramma preparado por determinações
scientificas, a quantidade da producçãoedo consumo, o numero dos
trabalhadores e dos desoccupados, a zona de esterilidade e da carestia,
e da uberdade e da abundância, e, depois de ter rapidamente ava-
liado a força deste poderoso organismo, encontrará e enunciará, como
boa nova, a lei do equilíbrio.
Fará penetrar na consciência dos povos o principio de que é
crime social não impedir o contagio das moléstias que atacam a
terra, os animaes e as plantas.
O Instituto exercerá a missão de estudar, investigar e denunciar,
no intuito de as reprimir, as falsificações que, offerecendo nos mer-
cados matérias primas, se esforçam por impedir que a agricultura colha
2S2 SOCIEDADE NACIONAL ^DE AGRICULTURA
a recompensa e o pão conquistados com o trabalho honesto, e, de
tal moio, concorram para a destruição da lei moral e para a per-
turbação da pacifica e ordenada evolução social.
Tornando mais certa e remuneradora a recompensa de todo aquelle
que peça á justiça da terra o premio da applicação e do trabalho ;
unindo os fracos; ensinando a distribuir os riscos sobre mais larga
base de acção, poderá, se não eliminar, pelo menos, tornar mais
suave a antithese entre as forças que geram a riqueza agrícola. E,
de tal modo, conseguirá, talvez, encontrar o principio, a lei, a for-
mula de amor e das mais altas e fecundas harmonias sociaes.
O Instituto não terá e nem deseja ter ás suas ordens a espada da
coerção. EUe dará livremente noticias, conselhos e cifras estatísticas
e, com serenidade scientifica, indicará leis e reformas úteis aos homens
e aos governos de boa vontade. Será, portanto, a sede natural dos
convénios e dos accôrdos entre os Estados, captando a confiança, á
proporção que as idéas conquistarem terreno sobre a opinião publica.
Uma das consequências mais generosas desta acção estatística,
jurídica, económica, será o conhecimento mais rápido e preciso das
varias aptidões dos povos. Do estudo das differenças e das tendên-
cias de integração gerar-se-ha o respeito reciproco e deste será fácil,
então, a passagem a communitas gentium».
Já antes do Ministro Rava, o culto e intelligente monarcha, que
é Vittorio Emanuel III, dissera em uma corta memorável ao Presidente
do Conselho de Ministros da Itália, o honrado Giolitti:
«Caro Presidente — Um cidadão dos Estados Unidos da America, o
Sr. David Lubin, expoz-me, com aquelle calor próprio das sinceras
convicções, uma idéa que me parece acertada e boa, pelo que a re-
commendo á attenção do meu Governo. As classes agrícolas, geral-
mente as mais numerosas e que têm por toda a parte uma grande
influencia sobre a sorte das Nações, não podem, vivendo desunidas,
prover sufflcientemente, nem melhorar e distribuir, segundo as razões
do consumo, ás differentes culturas, nem tutelar os próprios interesses
sobre o mercado, que, para a maioria dos productos da terra, se vae
tornando, cada vez mais, mundial.
De notável utilidade poderia ser um Instituto Internacional, que,
extranho a qualquer fim politico, se propuzesse a estudar as condições
da Agricultura nos vários paizes do mundo, assignalando, periodica-
mente, a quantidade e qualidade das colheitas, de modo que se facili-
tasse, assim, a producção, ficando menos despendioso e mais expedito
o seu commercio, e conseguindo-se uma determinação de preços mais
conveniente .
Este Instituto, procedendo de concerto com as repartições nacionaes
já creadas para tal fim, forneceria também noticias precisas sobre as
A LAVOURA 28 1
condições da mão do obra agrícola nos differentes logares, de modo
que os emigrantes tivessem, sobra íssj, uma guia segura e útil ; pro-
moveria accòrdos para a defeza commum contra as moléstias das
plantas e dos animaes, para o que seria menos efficaz a defeza parcial;
exerceria, finalmente, uma acção oppor tuna sobre o desenvolvimento
da cooperação rural, sobre o seguro e o credito agrários.
De um tal Instituto, órgão de solidariedade entre todos os agri-
cultores e, por isso mesmo, elemento poderoso de paz, os benéficos
effeitos seguramente se multiplicariam. Ser-lhe-hia digna sede a cidade
de Roma, para onde deveriam convergir os representantes dos Estados
adherentes e os das mais importantes associações interessadas no as-
sumpto, de modo que ahi agissem concordes — a autoridade dos Go-
vernos e a livre energia dos cultivadores da terra.
Tenbo fé que a elevação do fim fará superar as difficuldades da
em preza.»
O Instituto Internacional de Agricultura, nascido sob tão boa es-
trella e apadrinhado por mãos de extremo carinho, é desde hoje um
facto de incommensuravel alcance para a agricultura universal.
COLLABORACÃO
A cultura da banana em Santos
De todas as plantas introduzidas pelos portuguezes em nosso paiz
a que mais se adaptou ao clima e terras do município de Santos foi
incontestavelmente a bananeira. E' verdade que em todos os antigos sí-
tios que formaram a nossa prospera lavoura até meiados do século
passado, encontram-ss vestígios de cultura de café, mandioca, canna
e sabe-se que o arroz produziu extraordinariamente, notando-se no
sitio «Coqueirinho» restos de importante cultura de chá ; mas a bana-
neira radicou-se de tal forma ao nosso solo, que as espécies denominadas
«branca» o «prata» se encontram produzindo bem em capoeirões.
Verificada essa prodigiosa adaptação e sendo a banana uma fructa
deliciosa e muito alimentícia, os nossos mercados sempre tiveram re-
0480 2
28i SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
guiar procura para esse produclo e mesmo depois que a nossa lavoura
desappareceu completamente pelo extraordinário desenvolvimento com-
mercial do porto de Santos, que absorveu todos os braços empregados
na lavoura, pagando salários incompatíveis com qualquer espécie de
cultura, algumas famílias viviam e vivem explorando a industria do
fabrico de doce de banana, producto obtido com a banana «branca» e a
«prata» e muito apreciado na Europa.
Ha 20 annos mais ou menos um negociante emprehendedor que
tinha relações commerciaes com as praças de Montevideo e Buenos
Aires, começou a remetter pequenas partidas de bananas para esses
mercados. Joaquim de Andrade, vulgo Joaquim do Branco, viu em
pouco tempo a sua tentativa prosperar e então começou a aconsel bai-
os moradores do Cubatão a empregarem sua actividade nessa cultura.
Dentro de 10 annos a lavoura de banana começou aaugmentar regu-
larmente e o consumo era sempre superior, de forma que o preço de
dúzia de cachos de banana que era em 1885, de 1$500 a 2$, passou a
ser de 30$ a 35$, e a producção, que era insignificante em 1885, foi
em 1895 de cerca de 100 mil cachos.
Convém notar que a exportação para os mercados do Prata desap-
pareceu completamente com o augmento da população da capital de
S. Paulo, notadamente dns operários italianos, que fizeram da banana
a base de sua alimentação, especialmente para o repasto da manhã, no
próprio logar onde trabalham.
Nestes últimos cinco annos, com a paralisação da corrente irami-
gratoria de origem italiana, o consumo ena S. Paulo diminuiu de cerca
de um milhão de cachos, para seiscentos, approximadamente.
As culturas novas, quasi todas de bananeira anã, tinham tomado
um desenvolvimento extraordinário e era, portanto, preciso encaminhar
a producção novamente para Buenos Aires e Montevideo, que se abas-
teciam de bananas em Santa Catharina, Paranaguá e Rio de Janeiro.
Facílimo foi reencetar o commercio de bananas comesses mercados e
os nossos enormes cachos de banana anã foram acolhidos com verda-
deiro enthusiasmo, de forma que a exportação no anno passado attingiu
ao valor official de 470: 930$, mas realmente foram exportados 801.600
cachos no valor de 1.122:240$000.
Si o Governo Federal interviesse junto ás Docas de Santos de forma
a serem diminuídas as despezas de capatazias, transporte dos vagões
do pateo da Ingleza para o cães, atracação dos vapores das casas de Buenos
Aires, que vêm exclusivamente carregar bananas, a exportação seria
ainda maior.
A LAVOURA 285
O preço da frncta que com o declínio da im migração italiana baixou
a 5$ a dúzia de cachos, com o incremento de exportação subiu imme-
diatamente, tendo estes últimos três annos oscillado entre 10$ e 15$0(X>,
preço bastante remunerador.
Dissemos que as culturas novas eram em grande numero e para
demonstrar essa asserção basta constatar que actualmente existem no
município de Santos mais de dois milhões de touceiras de banana
anãe que a producção neste annodeveattingir a mais de dois milhões
de cachos, devendo ser o duplo nestas dois annos .
Parece que uma cultura dessa natureza deve ser olhada com attenção
pelos Governos Federal eEstadoal, porque o seu maior desenvolvimento
está dependente, exclusivamente, da facilidade e baratesa de transporte.
Cubatão, 26 de julho de 1(J08.
António AuoUjTo Bastos.
Cultivai as amoreiras I
O MELHOR CONSELHO PARA FAVORECER A SERICICULTURA NO BRAZIL
Todos aquelles que no nosso paiz têm escripto algumas palavras
sobre a sericicultura, são quasi accordes em afflrmar que, se existe
uma producção capaz de auxiliar os nossos esforços no intuito de
garantir a prosperidade do Brazil, esta é sem duvida alguma a da
seda.
Foram até creadas leis federaes ( decreto n. 6519, de 13 de junho
de 1907), e estadoaes ( lei n. 733, de 26 de outubro de 1902, do Es-
tada de Minas'); para conceder prémios de animação aos sericicultores.
Foram creadas escolas de sericicultura ( Escola de sericicultura de AgUa
Branca, subsidiada pelo conde Asdrúbal do Nascimento, vice-prefeito
de S. Paulo), e colónias quasi exclusivamente dedicadas ao desen.
volvimento da sericicultura (colónia Rodrigo Silva, em Barbacena—
Minas ). Apezar disso as estatísticas aflirmam que não existe producção
sericicola no Brazil.
E não obstante, a criação dos bichos da seda é fácil, não requer
esforço algum, a ponto que delia se podem occupar mulheres e crian-
ças, e é uma das industrias subsidiarias por excellencia, capaz de
286 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
estabelecimento subsidiado pelo governo, que tenha chamado a si o
auxiliar 05 pequenos lavradores, fornecendo-lhes uma renda liquida
sufficiente para tentarem futuras emprezas mais importantes.
Também foram numerosas as tentativas que se fizeram para
vulgarizar a industria do bicho da seda; nenhuma delias conseguiu,
porém, um resultado definitivo, nem como empreza individual, nem
como exemplo para os outros .
A única causado pouco incremento que tem tido entre nós a seri-
cicultura, deve ser attribuida principalmente e quasi exclusivamente á
falta de amoreiras.
Nem se diga que entre nós a amoreira é de difficil cultivo.
A amoreira branca (Morus alba Lin.) cresce e desenvolve-se
no Brazil com maior facilidade do que em qualquer outra parte do
velho continente, onde necessita de grande cuidado; aqui a sua
plantação é facílima e é sufflciente pôr na terra um simples galho !
Qualquer terreno serve no Brazil para a cultura da amoreira
branca.
Todos concordam em constatar que a diffusão da sericicultura deve
ser consequente á diffusão da amoreira e este thema é tão importante,
que na Europa julgou-se necessário crear uma sciencia que se deno-
mina na Itália gelsicolúura, e que, salvo melhor opinião, se poderia
chamar em portuguez moreaciculturçt . Mas os esforços tendentes a
diffundir o cultivo da amoreira têm sido quasi sempre inúteis.
O cultivo da amoreira no Districto Federal é pouco ou nenhum, não
obstante a activa propaganda do Sr. António A. Pereira da Fonseca, que
fornece, gratuitamente, mudas de amoreira a quem as deseja.
No Estado de S. Paulo foram compiladas estatísticas para o anno
agrícola de 1904 - 1905, nas quaes foram também enumeradas as
plantas de amoreiras existentes nos differentes municípios do Estado.
Bem poucas são ellas !
Que se deverá dizer quando num território, como o do muni-
cípio do Amparo, cuja extensão é de 23 .453,25 alqueires, existem apenas
25 pés de amoreira ? E 20 pós no município de Piracicaba, que é de
45.000 alqueires.
E' necessário que os poderes públicos attendam de preferencia á
diffusão da cultura da amoreira, em vez da sericicultura. E os auxílios
devem ser dados antes aquelies que plantam amoreiras, do que aos que
criam bichos de seda.
Excluindo a colónia de Barbacena, já mencionada, não existem,
que se saiba, institutos agrícolas ou agronómicos, ou hortos ou outro
A LAVOURA
encargo de distribuir aos milhares ou aos centos de milhares as
mudas de amoreira, apezar de todos esíes estabelecimentos poderem
estar ou estarem realmente em condições de o fazer.
Somente quando todos os Estados tiverem sido invadidos pela
amoreira, então é que os fazendeiros cuidarão de utilizar a folha da
amoreira, dirigindo-se espontaneamente aos respectivos governos e até
mesmo á industria particular, para adquirirem sementes seleccionadas
de bichos da seda para criar o bombix e vender os casulos .
Existem actualmente no Brazil muitas tecelagens de seda; rece-
bem ellas os fios da Itália ou da França, exportando capitães locaes.
Estes industriaes teriam maiores vantagens fornecendo-se aqui
mesmo, e poderiam assim obter os typos especiaes de fios de que
necessitam para as differentes teceduras.
Esses mesmos particulares, como o conde Asdrúbal do Nascimento,
que fundou no Estado de S. Paulo uma pequena factor y para a
criação, do bicho da seda, com relativa plantação de 5.000 pés de amo-
reira, que está actualmente em pleno desenvolvimento, poderiam offe-
recer-se para comprar os casulos produzidos por centena de pequenos
fazendeiros ou criadores de bichos da seda em todos os municípios do
mesmo Estado e nos dos Estados limitrophes e tomariam até a reso-
lução de distribuírem elles próprios e gratuitamente a semente seleccio-
nada de boas raças de sirgos . E assim procederiam, porque a grande
producção e a relativa colheita de casulos lhes permittiriam a instal-
lação e manutenção de mecanismo de fiação que os habilitaria a for-
necer a matéria prima ás tecelagens locaes.
Tudo isto, porém, só se poderá realizar quando no Brazil a amo*
reira tiver a diffusão que actualmente não tem.
Vejamos como procedeu a China, que é a pátria do sirgo.
Entre aquelles povos de raça amarella, tanto hoje como nos
tempos mais remotos, a attençâo dos governos esteve sempre voltada
para a diffusão do cultivo da amoreira, de preferencia á da criação do
bicho da seda, e isto simplesmente pelo facto que a propaganda de
um envolve a da outra.
Remonta ao tempo de Tchin-in, governador do districto de Kien-ti,
algumas centenas de annos antes da nossa éra, o primeiro edito, que
visava favorecer a industria da seda, como sendo a que deveria enri-
quecer o paiz, pois que as colheitas estavam sujeitas a serem destruídas
pelas enchentes dos rios ; pois bem, elle impunha por lei, que «cada
homem do povo devesse plantar, mesmo por pequeno que fosse o seu
pedaço de terra, quinse amoreiras !! »
28S SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
O procedimento deste sábio governador foi sempre imitado pelos
seus successores .
Ainda mais: o imperador da dynastia dos Wei deu a cada
homem apto para o trabalho vinte geiras de terras, com a única
condição de plantar nellas cincoenta pés de amoreira.
Assim, também, um outro sábio imperador, Hien-Tsong, que é
o mais recente, — e que apezar disso subiu ao throno na dynastia dos
Thong, no anno de 806 ! — ordenou que todos o? habitantes dos campos
plantassem dois pés de amoreira em cada geira de terra que possuíssem
accrescentando que, se entre a população de lavradores se encontrassem
homens que amainhassem terras incultas para plantar nellas grandes
quantidades de amoreiras, não se devia exigir desses súbditos do celeste
império nenhum pagamento de imposto !
Todos sabem que a primeira criadora de bichos da seda é a
imperatriz ; é menos conhecido talvez o facto de ser o próprio Es-
tado, quem com especial cerimonia planta as amoreiras que deverão
servir exclusivamente para a pessoa da imperatriz, a qual attende com
escrupuloso cuidado á criação dos sirgos.
Assim se diffunde o exemplo e até as raparigas mais pobres dedi-
cam-se em casa á criação do bicho da seda, « indo todas as manhãs com
o elegante cesto, por caminhos distantes, colher as folhas da amo-*
rei ra, com as quaes alimentarão os pequenos lagartos».
A ode popular que está muito diffundida na China, tem este titulo:
« Respeitai as amoreiras ! »
Nós, aqui no Brazil, ainda não podemos imitar esse grito sabia-
mente patriótico, que admitte vastas e diffusas plantações de amoreiras:
devemos substituil-o com o que serve de titulo a estas poucas linhas
sem pretençâo: Cultivai as amoreiras !
Concluiremos com as judiciosas palavras do Dr. Climaco Bar-
bosa, com as quaes também elle concluiu um seu resumido trabalho
sobre a sericicultura, apresentado no primeiro Congresso Nacional de
Agricultura, no Rio de Janeiro: «Um alqueire de terreno comporta
uma plantação de 1 .000 pés de amoreira, os quaes ficando distanciados
entre si quatro metros em todas as direcções, ainda permittem a seu
lado quaesquer culturas intercalares, de onde vê-se que o amoreiral não
demanda de um terreno especialmente dedicado a si. Pôde esta plan-
A LAVOURA
tacão fazer-se como ensombramento de caminhos, divisões de áreas
para outras culturas, e até para embellezamenlo de ruas, quando os
nossos edis assim o entenderem —
Por semente, galho ou alporca aérea, ou subterrânea, faz-se esta
cultura, que muito daria se fosse substituir os velhos e improductivos
cafezaes.
A divulgação deste plantio seria de grandes vantagens para este
paiz ; a sua animação por todos os modos é obrigação que compete aos
poderes públicos e que a ella não se devem furtar, pois lhes resulta
dahi uma fonte de renda.
Plantem todos os que têm terreno, porque mesmo sem cuidados,
dentro de três annos, estaremos preparados para a criação deste sirgo,
que por sua vez estatuirá entre nós as diversas industrias que delle
podem emanar».
S. Paulo.
(D'0 Pois.)
IRBIET LINI.
EXPEDIENTE
Secretaria
Correspondência
Expedida:
Cartas 550
Telegrammas 619
Offieios 17
«A Lavoura» 4.950
Registrados 137
Publicações sobre gafanhotos 669
Recebida:
Offieios 60
Cartas 210
Pedidos 140
Telegrammas 94
Circulares 3
Memorandos 11
Prospecto 1
SOCiKIi.WiK NACIONAL DE AGRICULTURA
Foruecumento tle a,i-a,iiie
No corrente mez foram despachados 46 polidos de sócios, solicitando arame
na extensão de 467.89) metros, tendo importado em 16:102$500.
Essa mesma quantidade de arame adquirido no mercado teria custado
19:720$000, o que determinou para os Srs. sócios uma economia do 3:617$500.
Secção de plantas e sementes
DISTRIBUIÇÃO DE PLANTAS E SEMENTES FEITA PELA S KTEDADE NACIONAL DE AGRI-
CULTURA DURANTH O 1° SEMESTRE DE 1908
ESPÉCIE
1 NIDADES
PKSO
VOLCME3
1.974
1.166^,000
1.900", 500
719", 200
50 3", 200
530t,400
16", 000
3.647*,970
166", 120
1. 430" ,400
358", 356
Arroz da Carolina
Milhos
438
Outros ccreaes e leguminosas • . . .
293
16
144
512
Sementes diversas
959
1.974
10.447", 146
5.530
Foram recebidos 1.010 pedidos de plantas e sementes.
Foram satisfeitos 1.095 pedidos de plantas e sementes.
Secção Technica
Relatório <lo r>i". Q. Lix-Ivlett — A imprensa platina oocupa-se
sempre cora elogiosas referencias dos informes enviados ao Governo Argentino
pelo nosso illustrado consócio, Dr. C. Lix-Klett, cônsul geral da visinha Republica
no Rio de Janeiro.
Temos sobre a mesa a Revista de la Union Industrial Uruguaya, cuj \ paginado
honra se illustra com um bem lançado artigo sobre esse nosso amigo e consócio.
Os trabalhos sabidos da luminosa penna do Dr. Lix-Klett merecem meditada
loitura, pois, além da segurança com que os relige, o autor iaspira-se invariavel-
mente em sentimentos bons, visando increme.itar e robustecer a obra altamente
benemérita dx paz e harmonia entre as jovens nações do nosso continente.
Os publicistas dessa bna escjla, sim, é qua são bons patriotas ; são patriotas
beneméritos, não só da nação feliz que se honra do os possuir, siaão de todo um
vasto e ubérrimo continente, que só da paz e concórdia esDera a mais. esplendorosa
e incalculável grandeza.
E' assim que soube ser patriota o iramortal Bartholomeu Mitra ; é assim
também que o sabem ser o general Júlio Argentino Roca, Elihu Root e Rio Branco.
O nosso digno consócio, Dr. Lix-Klett, embora em esphera mais modesta, é um
incansável obreiro dessa obra boa e grande, que é— A Confrctemidade Americana.
NOTICIÁRIO
Banco Ç!entx*al Agrícola — Damos a seguir o regulamento appro-
vado pelo governo, para execução da lei n. 1782, de 28 de novembro de 1907, pela
qual foi o mosmo autorizado a promover a fundação de um Banco Central Agrícola :
TITULO I
DENOMINAÇÃO, PRASO E SEDE
Art. l.° O Banco de que trata a lei n. 1782, de 23 de novembro de 1907, func-
cionará sob denominação de Banjo Central Agrícola do Brasil.
Art. 2.° O praso de sua duração será de 30 annos, contados da data do doe eto
que definitivamente approvar os estatutos.
Art. 3.° A sede social será estabelecida na cidade do Rio de Janeiro.
TITULO 11
CAPITAL
Art. 4.° O capital do Banco será de 30.000*000$ (trinta mil contos), dividido
em 150.000 acções de duzentos mil réis cada uma. Desse capital o governo, se assim
julgar conveniente, subscreverá uma parte.
6480 3
292 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Art. 5.° A importância das acções será realizada ora prestações de 10 porcento
do seu valor nominal, com o iutervallo nunca menor de 30 dias, precedendo sempre
annuncios com antecipação de Iõ dias, publicados nos jornaes da maior circulação,
com excepção da primeira prestação, que será da 20 por cento no acto da subscri-
pção.
Art. 6." As acções são transferíveis desie quo tenham realizado 20 por cento
de seu valor. A transferencia se fará no livro competente e por termo assignado
pelo cedente e cessionário, ou procuradores cora poderes especiaes para o acto.
Art. T.° Os accionistas que não efectuarem o pagamento na época fixada pela
administração ficarão sujeitos ás penas cominadas pela lei das sociedades ano-
nyraas.
■ § 1.° Exceptuam-se os casos em que occorrerem circumstancias extraordinárias
devidamente justificadas peranta a directoria, dentro de 30 dias contados do ultimo
annuncio para realização de qualquer prestação, sujeitando-se neste caso o accio-
nista á multa de 50 por cento sobre o valor da entrada em mora.
§ 2.° As acções cahidas em comisso serão reemittidas.
§ 3.° O producto das multas e ágio das acções reemittidas serão levadas ao
fundo de reserva.
Art. 8o As acções serão indivisiveis com relação ao Banco, que não reconhecerá
mais de um proprietário para cada acção.
OPERAÇÕES
Art. 9." As operações do Banco serão limitadas.
§ 1.° A adquirir as letras hyp othecarias dos bancos estadoaes emittidas depois,
da constituição do Banco Central, pela cotação da praça e em moeda corrente, veri-
ficadas preliminarmente as condições do credito e solvabilidade do banco emissor:
- Io, as letras hypotheearias dos bancos estadoaes deverão gozar da garantia
de juros de 7 por cento por parto dos respectivos Estados ;
2o, para que obtenham os favores deste paragrapho os bancos estadoaes
se sujeitarão á fiscalização permanente do Banco Central, occorrendo ás respe-
ctivas despezas, assim como publicarão mensalmente os seus balancetes no Diário
Official.
§ 2." A descontar os papeis de credito emittidos pelos bancos estadoaes ou pelas
cooperativas de credito agrícola de responsabilidade illimitada com garantia da-
quelles bancos e provenientes das seguintes operações :
a) empréstimos sobre penhor agrícola, por prazo nunca>xcedente a um anno ;
b) desconto de letras de terra à ord^m com o prazo máximo de um anno, ga-
rantidas por duas firmas solvaveis. sendo uma de lavrador ou industrial, além da
responsabilidade solidaria do banco estadoal ;
c) desconto de loarrants, letras e bilhetes de mercadorias, emittidas de accordo
com a legislação em vigor.
§ 3.° A empréstimos por meio de contas correntes ou por letras a prazo infe-
rior a dous annos aos syndicatos e cooperativas de credito agrícola de responsabi-
lidade illimitada.
A LAVOURA
§ 4.° A comprar letras hypotheearias ou outros títulos, por conta de terceiros,
mediante commissão.
§ 5;° A receber depósitos em conta corrente de movimento ou letras a prazo,
operando, neste caso, cjnio banco de depósitos e descontos.
§ 6." A receber em deposito quaesquer valores, percebendo uma commissão ra-
zoável.
• Art. 10. O Banco, sempre que julgar conveniente, poderá realizar directamente
as operações do que trata o artigo antecedente. Será, entretanto, obrigado para
este fim a manter agencias próprias em todos os Estados onde não houver bancos
garantidos, excepção feita do Estado do Rio do Janeiro.
Art. 11. O Banco poderá receber pequenos depósitos em conta corrente, abo-
nando juro superior á taxa fixada ás contas correntes communs.
• § 1.° Os depósitos desta nataroza e sua applicação constituirão objecto de uma
secção especial, com contabilidade dissiucta, inteiramente independente das outras
operações bancarias.
■ § ã.° O Banco eraittirá uma caderneta especial para esse fim, denominada —
popular, — onde serão notadas as entradas e retiradas do capital.
§ 3." Na caderneta serão exaradas as condições de abertura e encerramento da
conta, máximo para cada deposito, prazo para as retiradas e épocas de capitali-
zação de juros.
§4.° As quantias assim recebidas serão applicadas na aompra de títulos da di-
vida publica federal, estadoal e do Districto Federal, letras hypothecarias do pró-
prio banco e no desconto de effeitos commerciaes de primeira ordem, letras aceitas
pelas cooperativas de responsabilidade illimitada, com a garantia solidaria do banco
local, warranls, letras e bilhetes de mercadorias a prazo não excedente de 90 dias.
Art. 12. As importâncias recolhidas pelo Thesouro, dos saldos das caixas eco-
nómicas, até 30.000:000$ (trinta mil contos) vencerão os juros annuaes de 2 por
centro, pagos semestralmente.
LETRAS HYPOTHECARIAS
Art. 13. O Banco emittirá, nos termos da lei n. 1782, de 28 de novembro de
1907, letras hypothecarias do valor nominal de 100$ (cem mil réis) cada uma, ven-
cendo juros de 5 por cento annuaes, pagos semestralmente.
Art. 14. A emissão das letras hypothecarias não poderá exceder á importância
das letras hypothecarias estadoaes em carteira e nem o quintuplo do valor do ca-
pital social effectivamente realizado.
Art. 15. A emissão das letras hypothecarias será feita por séries autorizadas
polo Ministro da Fazonia, de forma a nã) niver emissão sem prévia autorização do
governo.
Art. 16. A's letras hypothecarias eraittidas nos termos dos artigos antece-
dentes concederá o Governo da União uma garantia de juros de 5 por cento.
Art. 17. As letras hypothecarias serão nominativas ou ao portador e terão a
numeração de ordem correspondente a cada série emittida. Serão assignadas pelo
presidente e um director do banco e levarão o sello de sociedade.
294 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Art. 40. Compete ao presidente :
§ 1.° Superintender todos os negócios do Banco.
§ 2.° Fiscalizar a stricta observância deste regulamento e dos estatutos.
§ 3.° Convocar a assembléa geral ordinária ou extraordinária.
§ 4.° Nomear e demittir o pessoal do Banco, marcar-lhes os vencimentos e fi-
anças, quando julgar necessárias.
§ 5.° Apresentar relatório annual ao Ministro da Fazenda e á assembléa geral.
§ 6.° Assignar os balanços e balancetes e toda a correspondência do Banco.
Art. 18, A simples tradição é sudicionte para transferencia das letras ao por-
tador. As nominativas se transferirão por endosso, cujo effoito ó apenas o da cessão
civil.
Art. 19. Opagamento de juros das letras hypothocariasfar-se-ha por semestres
vencidos e começará nos cinco primeiros dias de abril o outubro, de cada anno.
Art. 20. O pagamento das letras hypotliecarias se fará, por meio do sorteio
annual, no mez de Março do cada anno.
Art. 21. Será destinada ao resgate das letras a importância recebida aos ban-
cos estadoaes, pelo resgate das letras sorteadas.
Paragrapho único. O Banco fentral verificará, pelos meios convenientos, até
pelo exame dos próprios livros das bancos estadoaes, a natureza das operações que
deram logar á emissão daí letras, assim como a applicação ao resgate das quotas
destinadas á amortização e aos pagamentos por antecipações feitas em dinheiro,
na forma da lei.
Art. 22. Nos estatutos do Banco ficará estabelecido o modo de proceder-se ao
sorteio, para resgate, das letras hypotliecarias.
Art. 23. Desde o dia annunciado para o pagamento cessam os juros das letras
sorteadas.
Art. 24. Os juros das letras hypotliecarias, tempo o modo de pagamento
devem constar dos próprios titules.
Art. 25. As letras hypothecai-ias têm por garantia:
Io, o fundo social ;
2o, o fundo de reserva ;
3o, as letras hyp Checarias dos bincos estadoaes emittidas de accordo com a le-
gislação em vigor.
Art. 26. As letras hypotliecarias resgatadas serão incineradas, lavrando-se do
acto um termo assignado pela directoria e conselho fiscal do Banco.
Art. 27. As letras e sua transferencia e o capital social estão isentos do sello
proporcional.
Art. 28. As letras hypotliecarias emittidas pelo Banco Central gozarão dos
favores, garantias e privilégios concedidos pela legislação hypotheearia.
TITULO V
ADMINISTRAÇÃO
Art. 29. O Banco Central será administrado por três directores, sendo um
eleito pelos accionistas e dous de nomeação e demissão livre do governo.
Art. 30. O presidente será desij nado pelo governo dentre os dous directores
que nomear.
A LAVOURA 295
Art. 31. O manda toda diroctoria durará quatro annos.
Art. 32. O director eleito pelos accionistas será o secretario da directoria o o
terceiro o vice-presidente.
Art. 33. O vice-presidente substituirá o presidente e o secretario o vice-presi-
dente nas suas faltas e impedimentos temporários,
Art. 31. O director eleito pelos accionist is poderá ser reeleito o, quando o não
seja, servirá até que se apresente o novo eleito.
Paragrapho único. São inelegíveis para o cirgo de director os impedidos legal-
mente de negociar, considerando-so nullos na apuração do escrutínio os votos que
porventura forem dados aos que estiverem nestas circumstancias.
Art. 35. Não podem exercer conjuutamente o cargo de director os parentes
consanguíneos e afflns até ao 2o gráo e os sócios da mesma firma commercial.
Art. 3G. O director eleito, antes de entrar em exercício, é obrigado a garantir
a responsabilidade de sua gestão com o psnh jr de 200 acções do Banco, as quaes fi-
carão inalienáveis até seis mezes depois de cessar o exercício. A caução far-se-ha
por termo no livro de registro.
Art. 37. No caso de impedimento temporário do director eleito, por mais do
90 dias, ou falleci mento, será convidado pela directoria, ouvido o conselho fiscal,
um accionista com as precisas qualidades pira preencher a vaga.
Paragrapho único. Se o impedido fòr o presidente ou o vice-presidente, o Mi-
nistro da Fazenda designará quem o deva substituir.
Art. 38. O presidente tora os honorário? de 2:500$ mensaes e os directores
2:000$ também mensaes.
Art. 39. Compete á directoria :
§ 1." Deliberar sobre as condições goraes dos contractos, admissão dos podidos
de empréstimos, emissão e amortização do letras hypothecarhs.
§ 2." Determinar a taxa dos depósitos e dos empréstimos, bem como o prazo
destas operações.
§ 3.c Assignar as acções e letras hypotb.eca.rias.
§ 4.° Fixar a época das entradas a realizar.
§ 5.° Determinar os dividendos semestraes.
§ G.° Resolver sobre o comício das acções.
§ 7.° Exercer livre o geral administração, para o que será investida dos poderes
precisos, inclusive para praticar os actos mencionados no art. 102, do decreto de
4 de Julho de 1891.
§ 8.° Crear filiaes o agencias.
§ 9.° Confeccionar o regimento interno das secções.
§ 7.° Representar o Banco nas suas relações com terceiros ou era juizo, compe-
tindo-lhe a outorga de poderes a mandatários que designar.
§ 8.° Remettor ao Ministro da Fazenda e publicar até o dia 10 de cada mez os
balancetes do Banco.
TITULO VI
CONSELHO FISCAL
Art. 41. A asserabléa geral elegerá anuualmente três fiscaes e outros tantos
supplentes.
296 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Art. 42. Incumbe ao Conselho Fiscal :
1.° Apresentar com autecelencia S3u parecei- sobre as operações do auno para
ser lido na assombléa geral ;
â.° Denunciar os erros, faltas e fraudes que encontrar no exame dos livros o
contas ;
3.° Examinar os livros, verilicar o estado da caixa no ultimo dia do semestre e
a existência dos títulos pertencentes ao fundo de reserva.
Art. 43. Cala membro do conselho fiscal percebirá 3:600$ annualmente.
TITULO VII
ASSEMBLÉA GERAL
Art. 44. A assembléa tem poler para resolver tolos os negócios do banco e po-
derá deliberar quando acharem-se reunidos accionistas que representarem no mí-
nimo um quarto do capital social.
Art. 45. Constituída a assembléa pela forma prescripta no artigo antecedente,
poderá resolver sobre tudo o que fôr de sua competência, excepto sobre reformas
de estatutos, liquidação, dissolução e augmento de capital, para o que é necessário
acharem-se reunidos accionistas que representam 2/3 do capital.
Paragrapho único. Quaesquer alterações dos estatutos não terão vigor sem a
approvação expressa do Governo.
Art. 46. No caso de não haver numero legal para constituir-se a assembléa
geral observar-se-ha o disposto na lei n. 434, de 4 de Julho de 1891.
Art. 47. Todo3 os accionistas, ainda sem direito de voto, poderão assistir aos
trabalhos da assembléa e discutir o objecto sujeito á deliberação.
Art. 48. Todos os annos, no mez de Agosto e no dia prjviamente marcado, so
reunirá a assembléa geral ordinária para lhe ser apresentado o relatório annual
acompanhado do balanço, conta de lucros e perdas e parecer do conselho fiscal.
Art. 49. Nas assembléas tanto ordinárias como extraordinárias, o numero de
10 acções dá direito a um voto e assim progressivamente.
Art. 50. Serão admitidos a votos nas assembléas geraes ;
1.° O tutor pelo tutelado e o curador pelo curatelado ;
2.° O marido pela mulher e os pais pelos filhos menores ;
3.° O sócio da firma social pela mesma ;
4.° O representante da administração de sociedade anonyma ou corporação ;
5.° O inventariante pelo acervo pro indiviso ;
6.° Os syndicos pelas massas fallidas.
Art. 51. Nas reuniões ordinárias é permittido tratarse de todos os assumptos
que possam interessar o Banco ; nas extraordinárias só se tratará do objecto para
que fôr convocada.
Art. 52. Os donos das acções ao portador e transferidas por endosso sãj obri-
gados a deposital-as na caixa do Banco pelo menos sjís dias antes da assembléa,
sob pena de não tomarem parte nas discussões e deliberações.
TITULO VIII
FUNDO DE RESERVA E DIVIDENDO
Art. 53. Dos lucros líquidos semestraes, provenientes de operações completa-
mente ultimadas, se deduzirá a quota do 10 % para ser constituído o fundo de re-
serva destinado a fazer face ás perdas do capital social e à garantia de que trata o
art. 24.
A LAVOURA 297
Art. 54. O fundo de reserva será constituído era apólices do divida publica fe-
deral ou letras hypothecarias do pronrio Banco. Os juros dos títulos do fundo de re-
serva pertencerão ao mesmo fundo.
Art. 53. Deduzida a quota do fuado de reserva, o liquido será distribuído em
dividendo aos accionistas até o limita de 10 por cento ao anno.
Art. 51. Havendo excesjo de luoros, além do divi londo fixaío no artigo ante-
rior, metade constituirá um dividendo supplementar a juizo da directoria e outra
metade será escripturada sob o titulo de fuulo especial, destinado a uniformizai"
os dividendos.
Art. 57. Os dividendos não reclamados até cinco annos da data do annuncio
para seu pagamento, prescreverão em favor do Banco, salvo se fôr provada a au-
sência em parte incerta do accionista respectivo.
Art. 58. Os dividendos do Banco são isentos de impostos.
TITULO IX
DISPOSIÇÕES GERA.ES E TRANSITÓRIAS
Art. 59. Para os effeitos do art. 14 da lei n. 782, de 28 de Novembro de 1907,
a directoria, tomando por base o valor de cento e cincoenta mil contos como total
máximo das operações a realizar nos differentes Estados, fixará a somma das ope-
rações a fazer em cada Estado na proporção da população de cada um. A tabeliã
assim organizada será sujeita á approvação do Governo.
Art. 60. Os bens que o banco obtiver em solução de dividas deverão ser ven
didos no mais curto prazo, a juizo da directoria.
Art. 61 . O Banco poderá crear succursaes e agencias dentro ou fora do paiz, se
julgar conveniente aos seus interesses.
Art. 62. O banco solicitará dos Governos estadoaes, como condição para operar
nas respectivas cir.mmscripções territoriaes, que não só facilitem por legislação
adequada a cobrança de seus créditos, a execução das garantias offerecidas pelos
mutuários, como isentem do imposto o Banco, suas operações e a cobrança dos seus
créditos.
Art. 63. O anno bancário coincidirá com o civil.
Art. 64. Verificada a impontualidede do Banco no serviço de juros de letras, o
Governo occorrerá ao respectivo pagamento, promovendo a liquidação amigável
ou judicial do iastituto e assumindo a responsabilidade das letras hypothecariasem
circulação. No caso de liquidação judicial os liquidantes serão nomeados pelo Go-
verno .
Art. 65. Nos casos omissos observar-se-ha o disposto na lei de 4 de Julho do 1891
e legislação hypothecaria.
Art. 66. Revogam-se as disposições em contrario.— Rio de Janeiro, 9 de Julho
de 1908.
Centenário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
— Com a presença do Sr. Presidente da Republica, Ministros de Estado e altas
autoridades civis e militares, foi, a 13 de junho ultimo, condignamente comme-
m orado o centenário do Jardim Botânico.
Como homenagem a D. João VI, fundador do Jardim, foi alli solemnemente
inaugurado o seu busto,
298 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
O monumento dá frente para a «palmeira mater», origem de todas as pal-
meiras reaes existentes no Brasil.
Sobre uma pequena base de terra em quadrilátero, cuidadosamente ajardinada,
ergue-se um vistoso pedestal de granito com dous metros e oitenta centímetros de
altura ; em cima está collocado um granie busto de D. João VI, em bronze, tra-
balho do esculptor Sr. Rodolplio Bernardelli.
Em torno desse pedestal estão representadas, por exemplares naturaes e já
bastante desenvolvidas, as plantas introduzidas no Brasil por D. João VI, entre
ellas as arvores: da noz-moscada, da camphora, do cravo, da pimenta do reino, do
chá, da flor do imperador, da canella e da magnólia.
Na face principal do monumento destaca-se um escudo de mármore negro com
os dizeres:
«A D. João VI— o fundador tlrsle jardim »
Nos festejos tomaram parte: o Collegio Militar, Instituto Profissional Mascu-
lino, Internato do Gymnasio Nacional o outros estabelecimentos de ensino.
Em vários pontos do jardim tocaram bandas de musica militares.
A execução do programma começou ás 2 horas da tarde com a chegada «lo
Sr. Presidente da Republica, que foi convidado pelo Sr. Dr. Barbosa Rodrigues para
retirar as bandeiras nacionaes que velavam o busto de D. João VI.
Em seguida fez-se a distribuição da Memoria, escripta pelo Sr. Director do
Jardim Botânico.
Esse trabalho forma um bonito álbum o está dividido em quatro partes: Brasil-
Reino, Primeiro Império, Segun !o Império e Governo da Republica.
Stock <le ca, Tê — Ficou demonstrado que o stock de café na praça do Rio
de Janeiro, em a data de 30 de junho próximo passado, era de 280.794 saceas, por
motivo da apuração da existência do café em 6 de julho. Este numero ficou sendo
adoptado não só pelo Centro do Commercio de Café do Rio de Janeiro, como pela
Repartição do Estatística Commercial, Jornal do Commercio e outros.
Cowmercio de café.— A Associação Commercial de Santos dirigiu
ás diuoreutes praças estrangeiras o seguinte questionário sobre o café:
« Qual a média de consumo por cabeça ?
Qual o augmento annual ?
O café é vendido ao consumo crú ou torrado ?
Ha misturas de substancias estranhas no café ?
São nocivas á saúde ?
Ha leis que punem as falsificações ?
Estas leis são executadas com rigor?
Qual o frete médio por kilometro de estrada do ferro, por sacco de GO kilos e
por via fluvial ou canal ?
Qual o preço médio por kilo ou por meio kilo de café torrado no varejo para as
classes operarias ?
Este café é de boa qualidade?
O Exercito bebe café ?
E' de boa qualidade ?
O commercio de café pôde ser considerado lucrativo para os importadores du-
rante os cinco últimos annus ?
A LAVOUKA 299
Quaos as causas principaes dadifferença de preço entro os cafés brazileiros e os
de outras procedências ?
A tendência do <'onsumo inclina-se mais para os cafés brazileiros ou para os de
outros paizes produetores.
Que medidas, a seu ver, seriam mais appropriadas para o alargamento do
consumo l»
Nas respostas ate" agora recebidas declaram as praças dos Estados Unidos que o
consumo é alli de cinct) kilos e 3/4 por cabeça ; o augmento annual é de 3 •/<, ; o café
é vendido torrado ; não ha misturas ; o preço ó muito baixo e a lei as prohibe ; as
misturas são punidas com multas, sendo as leis sobre isso cumpridas com rigor ; o
frete, por estrada do ferro, para os principaes centros de consumo, situados a cerca
de 1 .45 kilometros do Nova York, regula ser um real por sacca de 60 kilos e por
kilometro, ou 16 1/2 réis tonelada-kilometro. O frete por via fluvial ou canal de-
ponde da distancia ; o preço médio de café torrado era pacotes, para as classes
operarias é de 500 réis por 1/2 kilo, ao cammo de 15 ; esse café ó mais ou menos o
typo 6 da bolsa de Nova York ; o Exercito bebe café ; a qualidade c dos typos três e
quatro de Nova York ; o commercio do café não tem sido lucrativo para os impor-
tadores durante os últimos cinco annos ; a dilTerença do preço ó doviia a ter o café
procedente de outros paizes que não o Brazil um sabor mais agradável e menos acre ;
a tendência do consumo inclina-se mais para os cafés do Brazil, devido a her oproço
mais módico e haver muito maior abundância ; para o alargamento do consumo
devia haver reducção dos preços e boas qualidades, isto é, Bourbon de boa qualidade
e cafés molles e deces. Os cafés de Minas ( com excepção do sul ) o os do Rio têm
pouca procura, devido ao seu gosto demasiado acre.
As da Allemanha responderam que o consumo é mais ou menos, de três kilos
por cabeça ; o café é vendido tanto cru como torrado, sendo quasi todo torrado e
vendido nas cidades ; ha diversas misturas e subát meias estranhas ao café ; não são
nocivas ; ha leis que as punem e são cumprid is com rigor ; o frete médio é, ap-
proximidaniente, de dois marcos por sacca e por kilometro ; o preço médio por
libra ( 450 gratnrnis) no varejo, para as classes opsrarrv?, vai de 0.90 até um
marco o ó de boa qualidade ; o Exercito bebo café que é também de boa qualidade ;
a differonça de preço entre os cafés brazileiros e o de outras procedências é devido
a ser melhor a qualidade destes ; a tendência do consumo depende inteiramente dos
preços e das qualidades ; para au.^mentar o consumo é preciso apresentar bons
cafés.
As praças da França responderam que a média do consumo é de dous kilos e
1/2 por cabeça ; o augmento annual do consumo é 3 "/„ ; o café é vendido tanto cru
como torrado ; ha mistura de chicorea e glucose, que não são nocivas ; ha leis pro-
hibitivas do falsificação, applicadas, com rigor; o freto da Estrada Havre-Paris,
que tem 220 kilometros, é de 15 francos por 1.000 kilos ou quatro cêntimos poi-
seis kilos-kilometros, e na via fluvial Havre-Paris, é de 12 francos por 1.000 kilos
ou 35 cêntimos por 60 kilos-kilometros ; o preço médio, na venda a varejo para as
classes operarias, é do três francos e 1/2 por kilo ; com direitos aduaneiros de um
franco a 30 cêntimos o kilo não é possível ser de boa qualidade esse café ; o Exercito
bebe café, sendo a maior parte do Rio, para estimular, o algumas vezes de Santos ;
o commercio de café tem dado lucro aos importadores, excepto no ultimo anno; a
differença de preços entre os cafés brazileiros e os de outros paizes é devida ã dif-
6 íso i
sni;iEli\l>K NAr.loNAl, DE A'".R I CULTURA
ferença do qualidade o quantidade; a tendência do consumo ó a favor dos cafés
brazileiros ; o alargamento do consumo depende, em primeiro logar, de proços
baixos e depois da introducção do café na Rússia e do.augmento do consumo na In-
glaterra.
As da Ilollanda responderam que a móJia do consumo é de seto kilos c 200
^rammas por cabeça, sendo quatro kilos e 680 grammas do Brazil o dous kilos e
523 grammas de outras procedências ; o café é vendido cru e torrado ; não ha mis-
turas ; é impossível dar a média do freto por sacca de 60 kilos por kilometro. Esto
systerna é adoptado no Brazil, mas não na Hollanda. O frete depende do destino e
principalmente da quantidade despachada. O frete de Rotterdam a um logar dis-
tante 142 kilometros é, ao cambio de 15, por estrada de ferro 240 réis por sacca,
por canal 173 réis por sicca ; a um outro logar, distante 230 kilometros, o frete é,
por estrada de ferro 24') réis p ir sacca o por canal 240 róis pr>r sacca.
Estes dados demonstram a impossibililade que ha em dar uma média d 3 frete,
porque, quanto mais longa for a disíancia e maior a quantidade, tanto mmor é a
tarifa. O preço médio no varejo, para as classes operarias, é de 533 róis mais ou
menos, por meio kilo ; nos grandes centros operários tomam café de qualidado
correspondente, mais ou menos ao typo sete americano. No interior, porém, os
trabalhadores tomam café melhor ; o Exercito usi café do Brazil e de outras proce-
dências ; devido a concurrencia, não se pode aíBrmar quo os njgotdantes tenham,
ultimamente, auferido resultados lucrativos ; a principal cama da differença de
preços entre os cafés brazileiros e o de outras procodenciís é devida a differença
em qualidade. Estes últimos regulam ser no geral, do fava maior, torração melhor
e de gosto mais agradável, devido em parte a sjr de arvore differente e om parte
a receber um preparo mais cuidadoso. Alguns fazendeiros do S. Paulo, en-
tretanto, já produzem e preparam cafés excel lentes. Se ollc3 exportassem seus
cafés com os nomes das fazendas impressos na sacca ria, como fazem os lavradores
de Java, fariam com certeza uma propaganda módica e lucrativa ; como ficou
dito acima, ha preferencia pelos cafés de outras procedências, devido â qualidade
ser melhor ; o meio mais effleaz para conduzir ao augmento de consumo é produzir
cafés de bom gosto, a preços módicos e que estejam também ao alcance das chsses
operarias.
As da Bélgica responderam que o consumo pjr habitante, tem seguido a se-
guinte progressão: 1895, Ires o meio kilos ; 1900, quatro kilos; 1005, seis e meio
kilos ; 1006, sete e meio kilos ; vende-se crú e torrado ; a raiz do chicorea torrada
(importante producto de cultura om Flandres) é quasi a única mistura de café, de
que augmenta a côr e o gosto o que o povo reputa hygienica pelas suas quali-
dades especiaes ; a lei não pó Je cohibir a mistura que o consumidor faz por si e a seu
gosto; ha uma lei contra as falsificações e applicam-n'a contra os que procuram
na tinta e na coloração esconder os estragos muito pronunciados ; o frete pela
tarifa de mercadoria é,nas linhas ferreis, do francos 0,00666 (?) por saccx-kilometro,
sendo um pouco menor no transporte fluvial ; o preço pago pelos fornecedores do
povo ô de francos 0,50 a 0,85, mas o? rjtalhistas duplicam quasi e3se preço p3lo
risc i, perdas e despezas do artigo e ainda pelo lucro que auferem ; quanto ã quali-
dade, é um café, in st i le bom e oriiaario, ou superior misturado de cafés inferiores ;
o Exercito recebe 10 grammas de café por cab9ça e por dia ; a qualidade depeude
dos fornecedores osjus intermediários ; o commercio de iinpjrtação tom sido muito
A LAVOURA
30)
precário, desvantajoso mesmo ; dahi os grandes carregamentos e a rude con-
corrência, sendo carto que a maior pirte dos negociantes Bzeram-se torrefactores e
trabalham com a froguezia inferior ; ó o aspecto dos caf :>s do Brazil, sempre mistu-
rados desordenadamente na região da origem ou no armazém dos expedidores,
a causa da differença dos preços; se o caf) fosso mais cuidadosamente preparado
e mais agradável ao paladar, alcançaria maior preço ; a tendência ú favorável aos
cafés doces do Brazil, porque os preços são mais accessiveis ao povo ; a resposta
pôde ser encontrada no conjunto do questionário.
E' preciso café bom e a preço módico para augmontar o consumo entre as
classes operarias inferiores ; e é preciso mais cuidado no boneficiamento e no
aspecto das qualidades superiores para lutar contra as bellas o excellentes quali-
dades da America Central, S. Salvador, México e Guatemala.
Esta gravura representa um cebolal plantai]
Euclydes de Castro, no Estado de Santa Cathari
mezes de idade.
tratado pessoalmente pelo Tenente
0 cebolal aqui figurado tom dois
Disse Elisée Reclus que nenhuma região no mundo offerece condições para o
cultivo do café como o Brazil, na zona comprehíndlla entre os parallelos 15° e 16°.
E' efectivamente urna planta que cala dia mais se torna e-iclu-iivamsnte ameri.
cana, a proporção que o sou cultivo vae diminuin lo alhuros. Ceylão estí esgotada ;
Java só em limitadas zonas produz b;3m o café ; o Congo Francez e o Congo Belga
e ainda a enorme região que se estende desle Victoria Nyanziaté ás nascentes
do Zambeze, sob o domínio iuglez, nãj poderão jamais nos assustar, p^la infario-
ridade do produeto, de que temos exemplo no café Libéria ; o México ó obrigado
302 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
a im trabalho tãi p?noso e tão caro, qm tora da abinlonar essa cultura om breve
tempo; a Anaerica Ceitral não píderã ir além d) p:>ueD que, com o Haiti, for-
nece ao commercio do mundo A sua cultura abrange a zona comprehendida desde
as Antilhas e o Panamá até o Paraná e o Piraguay. Era nenhuma outra parte
do globo elle se pólo desenvolver cora a facilidade o exuberância cora que cresce
na America do Sul e especialmente no Brazil.
Em 1875 a média da proiuccão do Brazil era de 3 milhões de saccas ; hoje é
de 12 milhões e meio de saccas e até mais.
Os primeiros pés de café chegados ao Brazil vieram para o Convento do .Santo
António, no Rio do Janeiro ; ura delles foi min lado para Taubaté e foi deste ca-
feeiro que so espalharam mudas para S. Paulo e Sul de Minas.
Do julho do 1'j05 e janeiro de 1906, o México exportou fibras de piteira no
valor de 17.413.3i5 pesos mexicanos ou ap proxi madame n te 2 '>. 000:000$ em moeda
brasrileira.
>ío Estado de Minas e em muitos outros pontos do Brazil, a piteira (ayave) 6
nativa e dá unia excellente fibra ou estopa.
Em Bello Horizonte, por exemplo, as toupeiras nativas de pita cressem e de-
d isonvolvem-se extraordinariamenta paios peioros terrenos da cidade e jaz intei-
ramente desxprovoilalaa matéria prima de tão útil vegetil.
« Segundo os boatos que circulara em Manchester duas grandes quebras tèm
actuado sobre o commercio do algolão: a quebra de um fabricante dos arredores
de Boston e a de um negocianto do Manchester, grande comprador de peças tecidas.
Os negócios dos tecidos vão tão mal, que receia-se vêr as casas menos solidas sue-
cumbir em consequência da baixa nos preços. As estatísticas do Board ofTrade,
que acabam de ser publicadas, indicam uma diminuição das exportações de algodão
om peças, aliás menos importante do que se poderia presumir. As exportações de
tecidos manténn-se em cifras satisfact irias, sobretudo com destino ao continente.»
Os principaes paizes exportadores de milho para a Inglaterra tèm sido até
agora os Estado Unidos e a Argentina. Segundo The Standard, de Londres, o valor
das amostras de milho do Indostão, q'ie se apreS3ntaram ao mercado do Londres,
faz esperar grande dejenvolvimonto nas plantações daquelle paiz, de modo a poder
exportar pira a Inglaterra o n grande esjila. A cultura indiana de milho tem ad-
quirido ultimamente grande importância. Na província de Bengala as plantações
de milho abrangem uma área de 1 .826.000 acres (737 hecteres) e no resto da, índia
abrangem 1.200.000 acre3 (485.000 hectares), distribuídas em diversas regiões. A
península toda possue 9.000.00) de hectares plantados de milho. Calcula-se o seu
rendimento era 26.000.000 de hectolitros.
A nós que com tanta imprevidência destruímos as mattas e que por isso sof-
fremos seccas periódicas, calha perfeitaraentj a censura que so desprende dos se-
A LAVOURA 303
quintas conceitos, inspirados a um jornalista do Madrid pelo espectáculo das inun-
dações de que foi victima um i parte do solo hespanhol:
«As forças da natureza não querem sor escr tvis;das, nem desdenhadas.
Querem que as amem e animem, não com o culto suporsticioso e estoril dos
antigos, mas com o cultivo inteligente, esforçado, que onsinam a sjienoia e a
experiência.
Ha poucos mezes perecia de sede a mota lo do solo liespinhol. Já se faziam
preces, implorando chuva, ao passo que a agua corria com os rios para o mar, di-
zendo com irónico murmúrio: Por que me pelos com tanto afan ao c éo, tendo-mo
tão á mão aqui na terra ? Agora metade da Hospinha se afoga entro aguaceiros
violentos e torrentes devastadoras. Não lancois inúteis e pueris maldições contra
as aguas desoncadeiadas. Nenhuma força natural é má de per si. Se esse amor vi-
gilante da natureza se transforma em estrago e extermínio, lancem os humanos a
culpa á sua imprevidência, á sua desidia, á sua cobiça ruim.
Se ilerrubaes as ruattas, quo goram a nuvem benéfica, porque clamaes contra
a ausência da nuvem ? Chega por fim a nuvem negra, que vem dos mares, o se não
encontra nos montes u arvoredo amoroso, que lhe dotem as aguas e as leva, lentas
e fecundas, para o seio da terra, porque praguejaes, ao vêl-as precipitar-se com
cega impetuosidada pelos cerros, ladeiras e barrancos, arrastando quanto encontra
era suacu-reira vertiginosa?
Sem piedade haveis arrebatado á irmã agua sua irmã arvore e a agua vinga-sa
sem piedade. Reeonhecoi nesses testemunhos do vindicta, que a agua e um S3r iutel-
ligente, parecendo ser feita a vossa imagem e semelhança, que também on certas
occasiões tão deshumanamente vos portaes.
Entrantanto ella, a bôa, a previdente, a maternal, sabondo talvez de que sem
ella seria impossível a vida no mundo, quor portar-se sempre bem, sempre gene-
rosa e fecunda, com a condição porém de que proourem-na com afinco, tratem-na
cora esmero, aproveitem-na com amor, som maldizel-a em suas forçadas ausências
e em seus forçados transbordamentos, culpa ás mais das vezes da imprevidência e
quiçá da perversidade humana.»
«Aqui no Uryguay, diz El Siglo, e nós dizemos Umbam aqui no Brazil, conspi-
ramos todos para que succala o me3mo que a Hespanha hoje deplora. As ilhis e
as margens dos rios, outr'ora ricas de exuberante vejetaçlo arbórea, achim-se
hoje nuas e despovoadas; aponas uma ou outra vez plantam-se algumas arvores,
à titulo do offorenda symbolica a Natureza. Entretanto na Allemanha leva-se o
culto da arvore até ao ponto, de que os arvoredos plantados á beira do caminho são
objecto de solicito esmero da parte dos proprietários visinhos, obrigados pela
municipalidade a volar pela sua conservação e tratamento.»
O deseccamento dos pântanos dos Estados Unidos permittiria tornar productiva
uma superfície capaz de alimentar a 12 milhões de indivíduos, danlo a cada um
para cultivar 16 hectares de terreno pelo menos. Resultaria dahi um augmento de
valor equivalente a cerca de 25 bilhões de franco3. Os trabalhos exigiriam uma
despesa de 10 milhões de francos.
A questão está sendo estudada o acredita-se que o Congresso votará os fundos
necessários.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA.
CONGRESSO DOS FAZENDEIROS PARAENSES
.ingresso, reunido na capilal do Estado do Pará, foi o ponto de partida do
movimente agrophilico que de tempos a esta parto se vai operando no opulento Estado
do extremo norte.
A photographia representa a sessão solemna presidida pelo Dr. Augusto Montenegro,
Governador do Estado, tendo á sua direita o prestimoso Intendente do Belém. Senador
António Lemos. Sentado entre a mo;a da presidência e a tribuna onde o Dr. Lyra
Castro lê o discurso inaugural, está o Dr. Jos.i Ferreira Teixeira, alma e braço do
movimento agrário do Pará.
As arvoras, diz um distincto hygionista, deseccam o solo, diminuindo a humi-
dade dos terrenos e todos sabem que a humidade 6 um factor principal entre os que
mais predispõem o homem á enfermidade. As arvores refrescam a atmosphera,
moderam a velocidade e a acção dos vento? insalubres; fixam grandes massas de
poeiras astmosphericas, isto 6, subtrahcmnas ao contacto immediato com o homem
e é bem sabido. o papel infectuoso do pó das cidades, carregado em geral de
micro-oi'ganismos, mormente quando e directamente levantado de solos conta-
minados.
Attenuam as arvoras o excesso de insolação das ruas e das habitações, regula-
rizando a temperatura a contribuindo assim directamente para manter a salubri-
dade thermica urbana. As arvorese as plantas em geral augmentam a permeabili-
dade do solo, facilitando a penetração do oxygeno e activando concurrentemente
a deseccação dos terrenos, dando em resultado, dentro da unidade de tempo e de
e ■= a
'3 c_ g
A LAVOURA 305
superfície, a oxydações orgânicas completas, isto 6, á distribuição dos resíduos e
immundicies que o homem fatalmente arremessa ao sido.
Possuem as arvores muitas outras maravilhosas propriedades salutiferas,
porám, o que mni? as caracteriza como preciosíssimos agentes da saúdo publica, 6
que são poderosas e ineasgotaveis fornecedoras do oxygcno e modificadoras do acido
carbónico, em consequência da acção da chlorophylla das plantas, matéria que, sob
a acção da luz, decompõe o acido carbónico, assimilando o carbono e pondo em
liberdade o oxygeno. « Sem a chlorophylla e sem o sol, disso Jules Courmont, a
atmosphera tornar-se-ia em breve irrespirável.»
A existência nas aglomerações urbanas de jardins o parques, o plantio de
arvores nas ruas não constituem fomente um elemento do. ornamentação e de bom
gosto, são indispensáveis pira a salubridade urbana e para a hygiene publica em
gorai. Nunca se recommendará assas a multiplicação c a conservação das arvores
em todos pontos em que fôr possível plantal-as. B' um dos melhores systemas do
saneamento e uma fonte inesgotável de oxygeno.
As habitações humanas deveriam estar sempre rodeadas de arvores e de
plantas.
PARTE COMMERCIAL
Julho ds 1903
Ca, fó
Venderam-so 140.000 saccas contra 129.000 no mez anterior.
Entraram 192.229 saccas contra 153.724 no mez anterior.
Embarques— 181.219 saccas contra 302.468 no mez anterior.
Existência em 15 — 281.974 saccas.
Existência em 31 — 280.804 saccas.
Na Ia quinzena em New- York o typo n. 7, disponível, do Rio, foi cotado a
6 1/4 c. por libra em 1, 14 e 15, a 5 1/16 c. em 11 e 13 e a 6 3/8 c. nos outios
dias. O de Santos cotou-se a 7 5/8 c. em 1 o a 7 9/16 c. durante todo o resto da
quinzena.
Xa Bolsa registraram-se os seguintes preços para a opção mais próxima: 6
c. om 8 e 11 ; 6.05 c. em 1, 7, 9, 13 e 14; 0.10 c. em 15 e 6.15 c. em 2 e 6.
Na 2^—0 typo n. 7, disponível, do Rio, foi cotado a 6 1/4 c. por libra até o
dia 29 e a 55/10 c. em 30 e 31. Também o de Santos a 79/16 c. até 29 e a 75/10 c.
nos dous últimos dias da quinzena.
Os extremos das cotações na Bolsa: 0.10 c. em 16 e 5.00 c. em 31, tendo
vigorado nos outros dias as seguintes: 0.05 c. em 17.0 c. de 18 a 21 ; 5.85 c. em
25; 5.80 c. em 24 e 27; 5.75 c. em 22; 5.70 em 23 e 29; 5.65 c. em S8 e 30.
i SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Extremos dns cotições:
P quinzena
Por arroba Por 10 kilos
Typo n. C 5$390 a 5$903 &$813 a 4$017
» » 7 5|300 » 5<500 3$608 » 3$744
» » 8 4*900 » 5 SI 00 3Ç336 » 3$472
» » 9 4>600 » 4 #800 3$138 » 3$218
Por an-o&a Por dO kilos
Typo n. 6 5$630 a 5$900 3$813 a 4$017
» » 7 5$2)0 » 5$590 3$549 » 3-744
» » 8 4$900 » 5$ 100 3S336 » 3*472
» » 9 4$600 » 4$8O0 3$ 132 » 3$2C8
As entradas ilo Rio, retalhadamente, luram:
P quir>sena
Saccae
Estrada de Ferro Central do Brazil 25.453
Cabotagem 8.640
Barra dentro 42.319
Total 76.417
2* quinzena
Estrada de Ferro Central do Brazil 44.4'U
Cabotagem 4.360
Harra dentro 06.982
Total 115.812
Géneros importados
Banha americana 2)0 birris 000 a 070 a libra
Farinha do trigo 0.475 barricas .... — —
P quinzena
Americana (barrica) • . . . . Não ha
Dita (sacco) Não ha
A LAVOURA
Por 2 soccas
Rio da Prata :
Ia qualidade 23,500
2» dita 22$500
3* dita 21*590
Moinho ingloz :
Nacional 23*500
Iírazileira 22J700
Buda-Nacional 24$700
Moinlio Fluminenso :
S. Leopoldo 24$000
G. 0 23$000
2' quinzena
Americana (barrica) Não ha
Dita (sacco) Não ha
Por 2 saccos
Rio da Prata :
Ia qualidade 23$500
23 dita 22J500
3a dita 21$500
Moinho Inglez :
Nacional 23,i500
Brazileira 22$700
Buda-Nacional 24$700
Moinho Fluminense :
S. Leopoldo 24$000
G. 0 23$000
!*■ quinzena
Manteiga — 530 caixas :
Demagny, Isigny (latas sortidas) 2$450 a 2$460
Brétel Frères (latas sortidas) 2$200 » 2s250
Lepelletier 2$440 » 2*450
Modesto Gallone (sortidas) 1$8 )0 » 1$900
Esbousen Não ha
L. Brum Não ha
Buske Júnior 2*357 a 2$400
Marclet 2?200 » 2.^220
Outras marcas 1$8.)0 » 2?000
A nacional vendeu-se : a de Minas, de 3$ n 3*400, e a do Sul, de 2$200
a 2*600.
6480 5
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
2" quinzena
Domagny, Isigny (latis sortidas) 8f4í0 a 2$460
Brotei Freros (latas sortidas) ãj2Ó0 » 2$?20
Lepelletier 2=430 » 2$410
Modesto Gallonc (sortidas) 1$850 » 1$900
Esbouson Não ha
I-. Brum Não ha
Buske Júnior 2$350 a â$360
Marolet 2J180 » 2$ââ0
Outras marcas 1 $300 » S$000
A nacional vendeu-so : a de Minas, di' : -.' i0 n - :".i.
Géneros nacionaes
.Vs,iia.i-<lciit«'
O mercado no principio do mez so manteve muito firmo devido á exiguidade
de stock em mão dos compradores ; no fira do raez melhorou de preços e fechou
muito firme ás cotações que se seguem :
ía quinzena
Proços
Paraty 185$000 a I90$000
Angra 170JOOO » 17õ$000
Campos 160$000 » 165$000
Maceió 165$000 » 170$000
Pernambuco 165$000 » 170$000
Aracaju 165$000 > 170$000
Sul 160$000 » I65$000
2a quinzena
Paraty 190$000 a 200$000
Angra 180$000 » 190$000
Campos 170$000 » 175$000
Maceió 170$000 » 175*000
Bihia 170$000 » 175$000
Pernambuco 170$000 » 175^000
Aracaju 170$000 » 175$Q00
Sul 170$000 » 175$000
A LAVOURA
Álcool
Na primeira quinzenio mercado apresentou alta franqueza nas cotações,
continuando muito firme, melhorando ainda m%is para o fim do rnez, não ob3tanto
as entra Ias terom sid > regulares.
'' 7 -ena
40 -rios 870$000 a 580.J000
ÍS.8 » 2i5j000 » 260|ooo
3,5 » 215{000 » 25Q$000
4 I gràos 290.JOOO a 300|000
3S » S70$f!00 » 28O.Ç000
:;.; >, go l?00 i » 870$ 00
Als"o<lfio <>m rama
Duvanto tolo o moz Inuve pouia animação no-s negócios desto produeto.
O movimento gorai do mercado foi o soguinto :
F.-u-dos
Existência no dia 30 de junho 17.791)
Entradas :
Pernambuco 3.033
Parahyba 2.071
Ceará 1.779
Mosíopó 1.313
Natal 1.100
Sergipe 600
Maceió 400
Maranhão 205 10.506
28.305
Sabidas dos trapiches 6.792
Existência no dia 15 de julho 21.513
Preços :
Pernambuco I l.f 500 a l2$0OO
Rio (irande do Norte U$500 » !ã$000
Ceará 1 1$500 » I2$000
Parahyba 1 l.-âOO » ll$500
Maranhão llsáJO » ii$500
Ponedo Nominal
Sergipe Nominal
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Exigência no dia 15 cio julho 21.513
Entradas :
Pornambueo 2.415
Assú 902
Parahyba 524
Maranhão 504
Coará 301
Mossoró 300
Sergipe 300 5.24 5
26.759
Sahidas dos trapiches 7.499
Existência no dia 31 do julho 19.260
Preços :
Pernambuco 11 $300 a 11$500
Rio Grande do Norte 10$900 » 11$300
Ceará 10$900 » 11$300
Penedo Nominal
Sergipe Nominal
Maranhão • . Nominal
Assucar
Durante a primeira quinzena de julho o mercado deste artigo esteve sempre
movimentado e as sahidas foram tão boas quanto inesperadas, sen lo digno de nota
terem os embarques para o Sul compensado as entradas do Campos. Na segunda
quinzena occorroram factos que desorgaoisaram por completo o mercado, que
ficou indeciso e com cotações nominaes para os crystaes.
Pernambuco
Ia quiri
Branco resina
Dita crystal .
Dito 3a sorte .
Crystal amarello
Mascavinho .
Somenos . .
Mascavo bom.
Dito regular .
Dito baixo. .
$529 a ,$550
$490 » ÍS00
S490 » $500
$440 » $450
$':*> >■ $450
$400 » S420
$340 » $350
$330 >» $340
$320 » $323
A LAVOURA
Si rgip i
Branco crystal $480 » $490
Mascavinho $400 » $-100
Mascavo bom $340 » $350
Dito regular $330 » §340
Dito baixo $320 » $325
Campos :
Branco crystal $500 a $510
Dito do 2° jacto $460 » $480
Crystal amarello $450 » $460
Mascavinho $400 » $460
Bahia :
Branco crystal $500 a $510
Dito 2" jacto — —
Mascavinho —
Outras procedências :
2* quinzena
Os preços regularam como so segue :
Pernainbueo :
Branco resiua $530 a $540
Dito crystal $530 » $540
1 >ito 3;' sorte . . . . • $520 » $530
Crystal amarello $470 » $4C0
Mascavinho $420 » $460
Somenos — —
Mascavo bom $350 » $355
Dito regular $340 » $345
Dito baixo $330 » $335
Sergipe :
Branco crystal $520 a $530
Mascavinho $450 » $480
Mascavo bom «350 » $360
Dito regular $340 > $345
Dito baixo $330 » $335
Cnmpos :
Branco crystal $540 a $550
Dito 2o jacto $510 » $520
Crystal amarello $480 » $490
Mascavinho $460 » $480
Mir.lKDADK NACIONAL DF, AGRICULTURA
Bahia :
Branco crystal 4530 a $550
Dito 2" jacto —
Mascavinho
Outras procedenc
Mascavinho
< ereacs
/" quinzena.
s,u-r, is
Feijão preto de Porto Alegre, novo .... Nominal
Dito idem da terra 10$000 a lOfãOO
Dito idem de Santa Catharina Nominal
Dito do Paraná Nominal
Dito mulatinha — 10$000
Dito manteiga I2$000 a 13$000
Dito enxofre — 12$000
Dito de cores, nacioiril 7$030 a 10$000
Dito branco, extrangeiro I7$500 » 19$000
Dito amendoim, ide a 17$500 » 18$50J
Farinha de mandioca especial 9$500 » lOfOOO
Ditiidem, liaa 8$500 » 8^800
Dita idem peneirada 7$800 » 8$200
Dita idem, do Norte — —
Dita idem, grossa, Laguna 6|800 » 7$000
Dita idem, idem, Porto Alegre C$200 6$l00
Arroz nacional 23$J00 » 26$000
Dito inferior 16$00) » 20$000
Milho amarello do Norte . Não ha
Dito idem da terra 6$800 a 7$200
Dito misturado, idem — 6$500
Amendoim em casca 6$500 » 7$000
Cangica 16$000 » 18$000
Favas 7$'100 » 8g000
Kilogrammas
Alpiste S360 a $380
batatas naciunaes si 80 » $200
Dita estrangeira Nominal
Fubá de milho , . $130 a $209
Mate em folha $140 » $540
Tapioca $100 >» $520
Polvilho $160 » $200
Carne do porco $640 > $700
Línguas do Rio Grande (uma) $800» 1$100
Cebolas do Rio Grande (cento) ã$300 » XJ.slU0
A LAVOURA
2a quinzena
Saccos
Feijão preto de Porto Alegre, novo .... Nominal
Dito idem da terra 10$000 » 10$500
Dito idem de Santa Catharina Nominal
Ditj do Paraná Nominal
Dito mulatinho — 1OÇ00O
Dito maiiteiga 17$000 a 18^000
Dito enxofro 12$000 » 13$000
Dito de cores, nacional 7$000 » 10$000
Dito branco, extrangeiro , 18$5O0 » 19$000
Dito amendoim, idem ISsõOO » 19$000
Farinha de mandioca, especial. ÍO.^OOO » 10$j00
Dita idem, fina 9$000 » $500
Dita idem, peneirada 8$500 » 9$000
Dita idem, do Norte — —
Dita idem, grossa, Laguna fS^OO » 7$000
Dita idem, idorn, Porto Alegre ^ Cs 10o » 6$600
Arroz nacional 23$ 00 » 26$000
Dito inferior I6$000 » 20$000
Milho amarello do Norte Não ha
Dito idem da terra 7$2O0 a 7$400
Dito misturado, idem 6$500 » 6$800
Amendoim em casca Gs*n .. 7$030
Cangica 15$103 » 16$0J0
Favas 7s"nn » 8$000
Kilogramma
Alpiste $330 a $180
Batatas nacionaes $180 > $203
Dita extrangeira . Nominal
Fubá de milho $130 a $200
Matte em folha $440 » $540
Tapioca . , s40 1 » $480
Polvilho $160 » sino
Carne de porco $700» $800
Línguas do Rio Grande (uma) $900» 1$100
Cebolas do RioGrande (canto) 3$400 » 3$800
Fumo o m x*olo
O morcado deste pro Uieto conservou-se inalterável durante o mez:
As cotações foram :
Preços
De Minas, especial 1$800
Dito superior 1$600
Dito 2" 1$400
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Dita ordinário 1$000
Goyano, superior 2$400
Dito 8» 1$700
Baixo Nom.
Rio Novo, suporior 2$400
Dito 2» ]$800
Dito baixo 1$200
Pomba, superior 1$600
Dito 2a 1$200
Dito baixo Nom.
Carangola ]$500
Picú, especial 2J800
Dito Ia 2$000
Dito 2» 1$200
Bahia 1$100
Pernambuco Não ha
Entraram 7.867.913 kilos por cabotagem do nacional, que se cotou
2$100 40 litros.
Mercado monetário
A existência de ouro ua Caixa de Conversão a 15 de. julho era:
Libras esterlinas 5.435.093
Francos 10.433.260
Dollars 126.450
Liras 300
Pesos argentinos 2.735
Ouro nacional 144:580$
Em 31 de julho era:
Libras esterlinas 5.425.615
Francos 10.408.320
Marcos 70
Dollars 127.870
Liras 220
Pesos argentinos 2.7Í0
Ouro nacional 142:370$
A importância de notas em circulação era:
a 15 de julho 94.260: 180$000
a 31 de julho 94.114:490$000
O preço dos soberanos fora da Bolsa foi de 16.025.
A LAVOUBA
As taxas cfflciaes continuaram a manter-se inalteradas, a 15 '/s d. sobre
Londres nos bancrs exlrangeiros e 15 3/í6 d. no Banco do Brszil. ^s transacções
bancarias fizeram-se a esses extremos e ao i>o outro papel de 15 5/3S a I53/ied.,
não se registrando movimento digno de nota.
Os extremos das cotações officiafs foram:
Londres, 90 d/v 15 1/8 e 15 3/16 d.
Paris, 0 d/v $629 a $632
Hamburgo. E0 d/v $776 » $779
Portugal, 3 d/v 318 » 325 %
Itilia, 3 d/v $638 » $639
Nova- York, á vista 3$?88 » 3; 310
Vales, ouro — » 1§793
O valor official de mil réis foi de 5f 0 a 563 réis, ouro. e o da libra de IE$£03
a 15$868.
Ágio do ouro "7,77 a 78,51 % .
£££*•}£«*££
BIBLIOGRAPHIA
Temos recebido mais as seguintes publicações periódicas :
The Amtralian Official JournalofTro.de Marfís. — Vol. 3,11. 23.
Revista de la Unión Industrial Uruguoya, de Montevideo. — Anno IX, n. 152.
Boletin Industrial, de Buenos ^ires.— Anno XIX, vol. LX, n. 741.
L' Itália Económica, de Roma.— Anno VII, n. 8.
II lustra zione Genovese—Anno I, n. 8.
O Universo, de S. Paulo.— Anno III, ns. 19 e 20.
Revista Social, da Capital.— Anno 1, n. 2. '
Revista da Associação Ccmmerciol do Amazonas. — Annol, n. 1.
Boletim Official do 4° Corgresso Medico Latino- Americano e da Exposição In-
ternacional de Bijgiene Annexa. — JuDho de 1908, n. 1.
Temos ainda a accusar o recebimento dos seguintes trabalhos cuja remessa
agradecemos : |
, Manual do Agricultor Brasileiro por C. A. Tannay. Rio de Janeiro, 1839,
typ. Imperial e Constitucional de J. Villcneuve & Comp., 1 vol. broch.
Dissertação sobre as Plantas do Brazil por Manuel Arruda da Camará. Rio de
Janeiro, 1810, Imprensa Regia, 1 vol. broch.
i!4S0 6 -
3lfi SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Estas duas obras foram offerecidas á Bibliotheea pelo Sr. Dr. João Raptista de
Castro.
Relatório apr 'sentado ao Dr. João Pinheiro da Silva, Presidente do Estado de
Minas Geraes, pelo Br. Manoel Thomaz de Carvalho Britto, Secretario interino das
Finanças, em 1908.
Leis do E<tado de Pernambuco no anno de 1908.
Relatório apresentado ao Dr. Jorge Tibiriçâ, Presi lente do Estado, pelo Dr. M.
J. de Albuquerque Lins, Secretario da Fazenda. Anno de 1906.
Sociedade Humanitária dos Empregados no Commercio de S. Paulo. Relatório
apresentado a Assembléa Geral de 26 de jmeiro de 1908, pelo presidente Luiz
Moreira de Mello.
Relatório n. 55, da Directoria da Companhia Mogyana.
Le Brasil et ses Etats . Diversos opúsculos ornados de mappis e diagrammas,
com dados estatísticos, que a Comraissão Brasileira do Propaganda na Europa tem
feito distribuir.
Como este recebemos outros em diversos línguas.
Mate por Maurice Francfort. Paris, 1908. Estudo sobre as propriedales nu-
tritivas, liygienicas e fortificantes d i horva brasileira, impresso para distribuição
também pela Coramissão Brasileira de Propaganda na Europa.
Die Getreideemte der Welt im Jahre 1907 . ã» edição. Traducção em allemão
da publicação do Ministério da Agricultura da Hungria, sobre a colheita universal
dos coreaes em 1907.
Le Mate por A. Morem de Tours. Paós, 1908, ediíor G. Steinheil, 2, rue Ca-
semir-Delavigne. O volume que temos sobre a mesa ê uma brochura muito bem
impressa, ornada de magnificas gravuras. A publicação deste trabalho tambom foi
feita pela Commissão Brasileira de Propaganda na Europa. A obra ó dividida em
quatro pirtes que tratam respectivamente do histórico, modo de extracção do
alcalóide, physiologia e propriedades hygienieas.
Engrais por C. V. Garola. 3a edição. Paris, 1905. Chamamos a attenção dis
nossos leitores parao prospecto desta obra que os seus editores. Srs. J. B. Bailliére
et Fils, tiveram a gentileza de nos enviar, o qual vem publicado no fim desta
secção .
Pelo Sr. Director Bibli jthecario Dr. Heitor de Sá foram offerecidos á Bi-
bliotheea os seguintos trabalhos :
Experiências sobre Ulilización de la Fibra dei Lino, por Henri Proumen. Buenos
Aires, 1906.
Principales Leguminosas I<orrajeras, por Mário Estrala. Buenos Aires, 1907.
Las Leguminosas. Su utilidad en la Agricultura por Mário Estrada. Buenos
Aires, 1908.
Principales Gramindceas Forrajeras, por Mário Estrada. Buenos Aires, 1907.
Instrucciones sobre Prados Niturales y Arlificiales, por M irio Estrala. B.ienoj
Aires, 1907.
La Semilla y la Siimbra dei Trigo, por Mário Estrala. Buenos Aires, 1906.
Informe sobre las Enfermidades de la vida en Li Rioja, por Eduardo S. Rana.
B oenos Aires, 1906.
Instrucciones Practicas para el Cultivo de los Cereales en la Republica Argen-
tina, por Eduardo S. Rana. Buenos Aires, 1905.
A LAVOURA 317
Informe sobre el Cultivo de la Yerba Mate por Leon Roger Buenos Aires, 1906.
Estúdio Informe sobre el Sorghum Halepensis. Período de 1902-190S, por Adolpho
C. Tonnelier. Buenos Aires, 1906.
Preparacion dei Suelo, por Mário Estrada. Buenos Aires, 1907.
Informe sjbre las Estaciones Experimentales de Agricultura en los Estados
Unidos, por Ricardo Coll. Buenos Aires, 1903.
Pocket Catalogue and Parlial Price List of Pumps and Hydraulic Machincry,
Goulds Mfg. Co., Séneca Fali, N. Y.
Chemie. Catalogo da casa Gustav Fock, de Leipzig (Lipsia).
Engrais, par C. V. Garola, directeur de la Station agronomique de Chartres,
38 édition, 1 vol. in-lB do 50) pages, aves 34 fig. Broche: 5 fr.; cart.: 6 fr.
(Ency.lopèdie agricole). Librairie J. B. Bailliòre et fils, 19, ruo Hautefeuille, Paris.
Les engrais se phwent au premier rang des agents que 1'agriculture met en
oeuvre pour augmenter les rendoments et abaisser les prix de revient. II est donc
nécessaire que tout praticien soit éclairé sur leur nature, leur valeur agricole,
leur mode d'emploi judicieux et économique. 11 faut ausu qu'il soit à mame de se
les procurer sur le marcho aux meilleuros conditions de prix et de qualité.
Apròs avoir pté un coup d'ceil sur la physiologie de la nutrition des plantes,
et digagé les primipes fondammtaux de l'einploi des engrais, M. Garola étudie
les raoyens de corriger les défauts physiques et chimiqtiis des terres arables, à
l'aide des amendements calcaires, p>ur permettre d'y obtenir le niaximura d'e(Tet
des engrais. Puis il passe en revue le fumier de ferme, en mettant en relief son
role foudamental comparativeraent á celui das engrais de commerce, les engrais
organiques divers, les engrais de commerce azotes, les engrais phosphalês et les
engrais potassiques. M. Garola donae da nombreuses preuves experimentales de
1'efflcacité des divers engrais dans los sois et pour les cultures auxquels ils con-
viennent.
II abord alors la rêglementalion du commerce des engrais, rendue si nécessaire
par les fraudes auxquelles la cultivateur a étá penlant trop longtamps en but. II
insiste sur l'utilité des syndicats agricoles pour 1'achat des engrais en commun aux
meilleures conditions de prix et pour assurer aux cultivateurs toute garantie sur
la qualité des produits achetôs.
Enân il aborde la partia techniqua de Ij. questiou: Vemploi des engrais pour
les différentes cultures (céréales, plantes sarclôes, lógumineuses, prairies, etc.)
dans les diversos natures de sois et suivant la rotation, en s'appuyant sur ses re-
cherches personn^Iles relativea aux basoins Jes plantes en élémeots nutritifs, ã la
marcho de 1'absorption de ces príncipes alimentaires pendaut la durée de la végé-
tation et à 1'énorgie du travail radiculaira aux diverses phasos de la vie des
plantes. En partant de ces données physiologiques fondamentales, il a fait com.
prendre aux cultivateurs qu'elle doit être la nature des fumures à employer et
leurs doses économiques, dans les cas si divars que presente la pratique agricole.
ESTATUTOS
CAPITULO II
DOS SÓCIOS
Art. 8.° A sociedade admitte as seguintes categorias de sócios :
Sócios effectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados.
§ 1 ." Serão sócios effectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem
devidamente propostas e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 2o$ooo.
§ 2.0 Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou
sede no estrang-eiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus
méritos e dos serviços que possam ou queiram prestar á sociedade.
§ 3.0 Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedicação e
relevantes serviços, se tenham tornado beneméritos á lavoura.
§ 4.0 Serão associadas as corporações de caracter offlcial e as associações agrícolas,
filiadas ou confederadas, que contribuírem com a jóia de 30$ e a annuidade de 5o$ooo.
§ 5.0 Os sócios effectivos e os associados poderão se remir nas condições que lorem
preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição fixada para esse fim
sei inferior a dez (10) annuidades.
Art. g." Os associados deverão declarar o seu desejo de comparticipar dos tra-
balhos da sociedade. Os demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer
sócio e apresentação de dois membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade.
Art. 10. Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as
reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente; terão direito a
todas xis publicações da sociedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a
prestar, independentemente de qualquer contribuição especial.
§ [." Os associados, por seu caracter de conectividade, terão preferencia para os
referidos serviços e receberão das publicações da sociedade o maior numero de exem-
plares de que esta puder dispor.
§ 2.0 O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios ; é limitado,
porém, para os associados e sócios correspondentes, os quaes não poderão receber votos
para os cargos de administração.
§ 3." 1 »s sócios perderão somente seus direitos em virtude de expontânea renuncia
ou quando a assembléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria.
IFLTEGTTLAZIVEEISrjTO
CAPITULO VI
DOS SÓCIOS
Art. 18. A sociedade prestará seus serviços de preferencia aos sócios e associados
quando estiverem quites com ella.
Art. iq. A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua
accei tacão.
Art. 20. As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes.
Art. 21. Os sócios e os associados se poderão remir mediante o pagamento das
quantias de 200$ e 500$, respectivamente, feito de uma só vez e independente da jóia,
que deverão pagar em qualquer caso.
Art. 22. Os sócios e associados não poderão votar, nem receber o diploma, sem
terem pago a respectiva jóia.
§ i.° O sócio que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se mediante
a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham igualmente satisfeito aquellas
contribuições.
§ 2.0 Para esse effeito o sócio deverá requerer á Directoria, provando seus direitos
nos termos do paragrapho anterior.
§ 3.0 Serão considerados beneméritos os sócios que fizerem donativos á sociedade,
a partir da quantia de um conto de réis.
Art. 23. Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados
resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas contribuições lhes tenham
sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendo-lhes ainda assim o recurso
para o conselho superior e para a assembléa geral.
W TÊ
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JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO
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Rio de Jankiho
Agosto os 1908
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0 pi™ AiFiiir mil k ffliirraíf
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XI'. (SIÇÃI • NACI INAL DE 190»
Capital Federal
ss VIRIBUS UNITIS €€
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
FlJNUADA EM |6 DE JANEIRO DE l'v)~
Caixa-postal, 1245 Sede: Ruas da Alfandega d.
Endereço Telegraphico, AGRICULTORA e General Camará n. 127
Telephone n. 1416 bio n« janeiro
DIRECTORIA
Presidente — Dr. Wencesláo Alves Leite de Oliveira Bello.
i° Vice-presidente — Vago.
2o Vice-presidente — Dr. Sylvio Ferreira Rangei..
3° Vice-presidente — Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Secretario Geral — Dr. Heitor de Sá.
i° Secretario — Dr. Francisco Tiro de Souza Reis.
2° Secretario — Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
3o Secretario — Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva.
I Secretario — Alberto de Araújo Ferreira Jacobina.
i° Thesoureiro — Dr. João Pedreira do Couro Ferraz Jun
2° Thesoureiro — Carlos Raui.ino.
Directores «las Secções
Fazenda de Santa Mónica Dr. Sylvio Rangel.
Applicaçôes do Álcool e Museu Dr. Benedicto Kavmundo.
Secção Technica e Bibliotheca Dr. Heitor de Sá.
Plantas e sementes e Horto da Penha . . Dr. Monteiro da Silva.
Propaganda e estatística Alberto Jacobina e Carlos Raulino.
Societária Dr. Souza Reis.
Thesouraria Dr. Pedreira lunior.
Serão considerados collaboradores não só os sócios como todos que quizerem ser-
vir-se destas columnas para a propaganda da agricultura, o que a redacção muito
agradece. A lista dos collaboradores será publicada annualmente com o resumo dos
trabalhos.
A redacção não se responsabiliza pelas opiniões emittidas em artigos assigaados, e
que serão publicados sob a exclusiva responsabilida le dos autores.
Os originaes não serão restituídos.
As communicações e correspondências devem ser dirigidas a Redacção d' A LA-
VOURA na sede da Sociedade Nacional de Agricultura.
A LAVOURA não aceeila assi^nateras.
E' distribuída gratuitamente aos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura.
Condlçõe» «la publicação <!«>•* iiniiiiiicUis
VEZES Ml IA PAGINA UMA PAGINA
1 I2$000 2O$0OO
3 30$ooo 5o$ooo
') 90$ooo
12 go$ooo i70$ooo
Os annuncios são pagos adearitadamente.
Tiragem 5.000 exemplares
SU MM A RIO
PAGS.
\r\oies de sombra
:' ( oiieresM) Nacional de Agricultura
<i 1'avilhão da Sociedadj na Imposição
A Pecuária na Exposição Vaoiial
Algumas madeiras e veeetaes úteis do Brazil
A i abra
Empresa Vinícola do Brazil 340
Expediente ^4-
Noticiario 351
Parte Commercial 355
Bibliographia 3Ò4
3»
EXPOSIÇÃO NACIONAL
Aspecto em dia de festa
Anno XII — N. 8 Rio de Janeiro Agosto de 1908
EDITORIAL
NEW YORK
BOTANICAL
GAROEN.
Arvores de sombra
E' visível a necessidade da arborisação das praças e ruas de uma
cidade, já pelo embellezamento que traz, já pelas vantagens que produz,
ao clima e salubridade, já emfim pelos effeitos de sombra mitigantes dos
ardores do sol.
E nessa faina teem-se muitos dedicado para fazer crer a verdade de tal
asserção em beneficio publico.
Justa é portanto a nossa ideia de fazer a propaganda de arborisação
nas cidades, com especialidade nesta, tão assolada pelo calor durante a
estação do estio, que é bem prolongada.
Assim escolhendo as melhores espécies para cada clima, indicamos
para aquelles que são menos quentes as acácias e os plátanos, de orna-
mentação própria para as ruas.
Em S. Paulo são frequentes as magnólias amarellas com benéficos
resultados, de bella copa e bonita cor.
As nossas ruas largas já se portam bem com os oitys, mas estes
devem ser educados para produzirem o effeito desejado.
Graças ás observações do Dr. Monteiro da Silva, nosso distincto
collega, podemos indicar algumas espécies convenientes, devido á pratica
que elle tem da zona marítima .
No nosso littoral ha muita arvore e arbusto que se prestam para
arborisação, ainda com os predicados de possuírem o mesmo habitat,
isto é, natureza egual no solo e no clima.
E é justamente na costa que devemos procurar as arvores para sombra.
A figueira oity, muito elegante c copada, de folhas persistentes, de
rápido crescimento, é muito abundante na praia e pega de galho.
O abaneiro ou mangueira da praia é uma outra arvore de muita
belleza e de prompto crescimento.
Quem percorre as nossas restingas fica encantado com o porte
2; elegante do abaneiro que produz agradável sombra.
A herva de lagarto é um arbusto de um aspecto bonito, muito acima
do oity. Si nas florestas apresenta-se tão vistoso, o que será nas cidades,
i-i quando educados pelos progressos da arboricultura !
Sn«IKI>.\I>J'. \ACH)\AI. DK ,\r,l;!(',m,TURA
A Bougaínvillea Speciosa é uma trepadeira que se presta para arvores
de sombra .
Basta amarral-a em um supporte até que tome a configuração de
um arbusto, copado e interessante.
Durante três mezes, de julho a outubro, fica dorida, produzindo
um effeito encantador.
A Mírindilia, que é uma arvore bonita e com elegante copa, existe
em quantidade no Trapicheiro e Tijuca . Citamos também a sapucaia e
o ipê tabaco, que dão lindas flores cor de ouro.
Vêem depois as palmeiras nossas, como o palmito, o gariroba, opaly,
a brcjaítba e outras de um porte gracioso e muito interessante.
Em vez das plantas exóticas que estão apparecendo no Rio de Janeiro,
devemos procurar as plantas indígenas de muito maior belleza, elegância
e durabilidade . Além disso teem maior desenvolvimento e crescimento
rápido .
E para mostrar que o resultado produzido já foi notado é que
as ruas como Uruguayana, Assembléa e Carioca são mais apreciadas
que a Avenida Central, porque esta não tem arbòrisação con-
veniente.
E quereryio fazer comparações basta citar o que de visa obser-
vámos na fallada Avenida de Mayo de Buenos Aires. Esta só tem
de melhor que a nossa a arbòrisação, que é de duas lindas filas de
plátanos nos passeios, e que a custo são tratadas, pois durante dois
mezes do anno seccam com os rigores do inverno. E' incrivel dizer
isso, pois debaixo da constância do calor em que vivemos, mais facil-
mente e com mais vantagem para o povo, nós deviamos possuir
arbòrisação nas ruas e praças. Lá é abundante a arbòrisação publica.
E assim é que deve ser. Fazemos votos para que sirva de incentivo
o exemplo citado em beneficio geral. Não é preciso encarecer esta
necessidade, pois ella é palpitante. No Congresso de Agricultura, agora
realisado, foram votadas conclusões por indicação da nossa commissão
sobre este assumpto, as quaes aqui repetimos.
« 7» — QUe os Governos municipaes devem promover a realização
de festas das arvores, por intermédio dos alumnos das escolas, como
foi feito em S. Paulo pelo serviço agronómico do Estado, por ser um
bello exemplo aos particulares e interessados.»
i 8a — Que os Governos municipaes procurem executar a purificação
e deseccamento dos sitios pantanosos e valles húmidos por uma plan-
tação de boas espécies, como de eucalyptus, para a salubridade de suas
terras.»
A LAVOURA 321
d 9a — Que os Governos municipaes procurem plantar arbustos já
copados nas ruas largas e nas praças das cidades, para mitigar os
ardores do sol, e beneficiar o ar, tendo viveiros para esse fim . »
« ion — Que nos jardins não predominem os gramados e sim arvo-
res e arbustos, para serem francamente úteis aos habitantes, que assim
podem ter parques no centro das cidades, muito justificáveis sob o sol
da zona tórrida e mais consentâneos como clima.»
Chamando a attenção dos leitores para uma noticia sobre esta
propaganda publicada por nossa revista em o numero passado,
aqui transcrevemos outra d'0 Pat\, em que abundam considerações
favoráveis sobre o beneficio que prestam as arvores e as flo-
restas :
« As arvores são talvez o produeto mais bello da natureza ; deve-se
á sua presença o aspecto mais variado que tomam as planícies e é
graças a ellas que as montanhas adquirem os seus principaes caracteres
de belleza.
As arvores, porém, não representam unicamente uma das bellezas
infinitas da natureza, são também um elemento essencial de salubridade,
de prosperidade, de vida.
Num artigo da Bibliothcque Universelle, E. Tallichet previne-nos
dos perigos que resultam da desarborização imprudente, que destróe
esses elementos benéficos em tantos paizes.
i Algumas regiões da Hespanha, da Africa do Norte, da Ásia
Menor, antigo berço da humanidade, que foi durante muito tempo um
jardim, estão hoje e em grande parte desoladas e estéreis, graças á obra
desastrosa da desarborização.
A industria das mattas racionalmente explorada, com o fito de
conseguir um melhoramento continuo, pôde ser tão remuneradora como
qualquer outro cultivo.
Está se experimentando hoje em dia um systema novo, pelo qual
não se cortam sinão as arvores adultas, para as substituir immedia-
tamente por plantações novas, e isto com o intento de dar ás plantas
a quantidade de ar e de luz de que precisam para prosperar.
As arvores respiram como os homens, por meio do tronco, dos
ramos e sobretudo das folhas.
As florestas constituem a reserva de agua potável, sem a qual uma
região está condemnada á esterilidade e ao despovoamento.
Não ha nascentes onde não ha arvores ; e nestes casos a agua em
vez de ser o principal factor da vegetação torna-se o seu mais temível
rlagello.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTCRA
Por causa da seccura da atmosphera as chuvas tornam-se raras e
irregulares e caem geralmente por forma violentíssima : alagando o
terreno sem o penetrar ; reunem-se em torrentes devastadoras, fazem
entumecer os rios que transbordam, semeando a destruição e a morte.
Nos Estados Unidos da America do Norte, onde se arrazaram
enormes florestas para dar espaço a novas culturas, o mal tornou-se
irremediável, e oxalá que esta lição sirva para outras terras, que ainda
teem a felicidade de conservar intactas muitas das suas preciosas mattas.
O ar privado quasi totalmente de humidade produziu nos habi-
tantes aquella magreza c aquella nervosidade exageradas que os dis-
tinguem.
Os ventos, que as florestas já não reprimem, teem lá uma impe-
tuosidade sem exemplo, e os cyclones varrem o continente, causando
enormes damnos.
As differenças de temperatura são excessivas, podem verificar-se
num só dia desequilíbrio de mais de 40 gráos.
As tempestades violentas que se desencadeiam do outro lado do
Atlântico, teem muitas vezes uma repercussão funesta na Europa ; de
modo que também nós soílremos pela imprevidência americana.
Os montes são os verdadeiros depósitos de agua que alimentam
a planicie e os habitantes desta ultima deveriam preoccupar-se mais
de que não fiquem estéreis e nus, e de que os valles não se encham
de destroços arrastados pela força das aguas pluviaes.
Também não convém esquecer que a electricidade se emprega hoje
como força motriz; a agua destinada a produzil-a por baixo preço torna
cada vez mais valiosas as montanhas, pois que o descer delias adquire a
força que se emprega na producção da energia eléctrica .
Para isso é necessário que as correntes sejam tão regulares quanto
possivel, sem alternativas de seccagem e de cheias; comprehende-se,
pois, como uma desarborização imprudente pôde prejudicar irremedia-
velmente a regularidade destas correntes de agua e por conseguinte a
producção normal da força eléctrica, fonte moderníssima de immensa
riqueza.»
O papel da arvore no mundo é, pois, um papel regulador e har-
monizador dos elementos propensos á desordem e á violência. E ainda
por este lado são úteis ao homem, dando -lhe um exemplo moral que
elle deveria comprehendcr c imitar mais intelligentemente do que o faz
na generalidade . »
Nós temos ainda frondosas arvores nas ruas, que nos prestam abrigos
agradáveis, como por exemplo a alameda de Fiais Benjamina o Religiosa,
A LAVOURA 323
em S. Luzia. O mais natural porém é a plantação de arbustos, já copados,
havendo porém um viveiro de mudas de todo o tamanho para as substi-
tuições precisas nos casos de morte de algum individuo.
Não devemos todavia desprezar as grandes arvores existentes como
as palmeiras do Canal do Mangue dispostas em quatro renques de bello
effeito.
Os nossos jardins offereciam mais vantagens com sua maior quan-
tidade de arbustos do que com os gramados por que foram substituídos
em pane.
Estes são mais adequados aos climas frios, como nos jardins inglezes,
e não num clima como o nosso, onde sobejam os arbustos.
E1 natural e agradável que se tenha no centro da cidade os pequenos
bosques para aquelles que não podem ir ás florestas procurar abrigo e
allivio para o calor.
Para abonar proficientemente as palavras ditas em favor da arbo-
risação das ruas, transcrevemos em seguida trechos do artigo do Dr. Ennes
de Souza publicado ha cerca de seis annos :
« Entre as regiões que mais carecem, pelo seu clima ardente, ser
mitigadas, em bem da hygiene e do bem estar das populações, pela pro-
tecção das arvi ires, acha-se com certeza uma grande — a maior — do
nosso paiz .
Entretanto poucos são os logares, entre nós, em que se pôde gozar da
frescura das sombras proporcionada por uma racional e bem desenvol-
vida plantação de arvores, escolhidas dentre as muitas que se podem
prestar a esse grande beneficio.
E de uma maneira geral mesmo se pôde affirmar que, sendo o Brasil
o paiz onde crescem as mais bellas e copadas arvores de sombra, é
elle exactamente aquelle talvez em que menos proveito se tira de tal
circumstancia .
Entretanto tudo convida-nos procurar a protecção das arvores e por
conseguinte plantal-as e tratal-as de modo a nos favorecerem o mais
possível.
Nossas praças, nossos quintaes, nossos terrenos, as encostas de nossos
morros carecem de plantações arborescentes, já pelo seu embellezamento,
já em vista de sua incontestável utilidade.
Não seria portanto dos menores serviços que a administração muni-
cipal prestaria á população, que se move atravez de suas estradas e ruas
principaes, esse de plantar e conservar de distancia em distancia arvores
de sombra, bem escolhidas a principio pela sua rápida expansão fo-
lheai, etc.
SonKOADK NACMXAI. 1)K AiiRlGTJI/TURA
Sobretudo nas praças destinadas a estações de vehiculos, junto ás
estações da Estrada de Ferro e nos logradouros públicos destinados a mer-
cados e feiras é que a arborisação para sombra deve ser a mais densa,
bem plantada c bem cuidada ou conservada.
O terreno vasio deve ser plantado em horta, jardim, vergel ou pas-
tagem, si de uso particular ; arborisado, si logradouro publico. Expnsto
aos raios solares sem cultura alguma num clima abrazador como o do
Rio de Janeiro, baixada do Estado do Rio c Norte da Republica é que
nem é agradável, nem razoável nem útil.»
Hkitor ce SÁ,
T Congresso Nacional ds Agricultura
Ainda mais uma vez a Sociedade Nacional de Agricultura, com o
apoio dos poderes públicos e o concurso evidente dos interessados, con-
seguiu levar a effeito um Congresso Nacional de Agricultura, o segundo
que se tem realisado nesta capital, e, como o primeiro, para tratar dos
palpitantes problemas que gravitam em torno da lavoura e das industrias
que lhe são connexas.
A respectiva commissão organizadora do 2° Congresso Nacional de
Agricultura, sob a presidência do Dr. Wencesláo Bello e secretariada pelo
Dr. João de Carvalho Borges Júnior, realisou, no dia 7 de agosto do cor-
rente anno, no Palácio Mõnroe, uma sessão preparatória, tendo por objecti-
vo a eleição da Mesa que deveria dirigir os mibalhos do alludido Con-
gresso.
De feito, aberta a sessão á qual concorreu grande numero de congres-
sistas, foram eleitos : para presidente honorário o Exm. Sr. Dr. Miguel
Calmon du Pin e Almeida— Secretario da Industria e Viação \ e vice-pre-
sidentes honorários os Srs. Drs. Igna cio Tosta e Wencesláo Bello.
A Mesa effectiva do Congresso ficou assim constituída :
Presidente — Dr . Lauro Severiano Míiller ; i° Vice-Presidente —
Dr. Christino Cruz; i" Vice-Presidente — Dr. Álvaro Nunes Pereira;
i° Secretario — Dr. Sylvio Ferreira Rangel ; 20 Secretario — Dr. Ber-
nardo Pinto Monteiro; 3o Secretario — Dr. Ildefonso Simões Lopes;
4o Secretario — Manoel António dos Santos Dias Filho.
No dia 9, ainda do mesmo mez, teve logar então a sessão solemne
de installação do referido Congresso, sob a presidência do Sr. Dr. Miguel
Calmon, ecom a assistência dos Exms. Srs. Dr. AffonsoPenna, Presidente
A LAVOURA 395
da Republica e Conde de Selir, Ministro de Portugal, e grande numero
de senhoras, representantes das duas casas do Congresso, da lavoura e
classes affins, e jornalistas.
O Sr. Ministro da Industria usando da palavra, pronunciou sub-
stancioso discurso, memorando quanto se havia feito no i° Congresso, quan-
to se tinha conseguido, sendo o balanço posto em evidencia por S. Exa.
bastante favorável aos grandes interesses da lavoura. Terminou dando
como encetados os trabalhos do %° Congresso Nacional de Agricultura.
Tomaram parte neste, 33o congressistas, sendo : do Amazonas i ; Ala-
goas 18 ; Bahia 7 ; Ceará 5 ; Districto Federal 80 ; Espirito Santo 10 ;
Goyaz 4; Matto Grosso 4 ; Maranhão 3 ; Minas Geraes 2 1 ; Pará 6 ; Piauhy
6 ; Parahyba 10; Pernambuco 71 ; Paraná 8 ; Rio de Janeiro 28; Rio
Grande do Sul 24 ; S. Paulo 10 ; Sergipe 4 ; Santa Catharina 10.
O Congresso effectuou sele sessões plenas, durante as quaes foram
approvadas e discutidas 278 conclusões, apresentadas pelas 12 com-
missões especiaes.
Estas funccionaratn regularmente, tendo em algumas delias sido
feitas substituições por não terem podido os Srs. congressistas eleitos
exercerem, por força maior, os seus cargos, excusando-se por cartas e
telegrammas.
O movimento das commissões foi o seguinte :
i.a Café. Reuniu-se quatro vezes e apresentou ir conclusões.
2.a Caiina. (3a Conferencia Assucaretra). Reuniu-se nove vezes e
apresentou 51 conclusões, tendo approvado as instrucções para a 4a
Conferencia Assucareira a feãlisàf-se em S. Paulo, a 2 de julho de 1909.
3.a Algodão c outras fibras textis. Reuniu-se sete vezes e offereceu
cinco conclusões.
4 a Fumo. Effectuou cinco sessões, dando 13 conclusões.
5.a Fructicullura. Em cinco sessões, redigiu 1 3 conclusões.
6.a Mate e Pinho. Nas três sessões realisadas, apurou 1 5 conclusões.
7." Borracha e Cacáo. Reuniu-se cinco vezes e ultimou 14 con-
clusões.
8." Diversas culturas e industrias ruraes. Nas três sessões que rea-
lisou, redigiu 40 conclusões.
9-a Industria Pastoril. Em quatro dias de sessões, organizou 45
conclusões.
io.a Ensino agrícola. Effectuou seis sessões e apresentou 20 con-
clusões.
1 1 .a União, previdência e credito agrícola. Reuniu-se nove vezes,
redigindo 21 conclusões.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
12. * Factores económicos. Trabalhou nove vezes, e ultimou 28
conclusões.
Durante a elíectividade do Congresso, foram realisadas diversas con-
ferencias sempre muito concorridas :
i.a «Sociedades Agrícolas da Bélgica »— pelo professor Emilio
Wlieberg ;
2.:i « Raças vaccuns convenientes ao Brazil » — pelo Dr. Assis Brasil.
3." « Acção dos Governos no augmento da riqueza pastoril » —pelo
Dr. Carlos Botelho.
q.a « Organização Commercial da Industria Assucareira »— pelo Dr.
Corrêa de Brito.
5.a « O cavallo militar » — pelo Dr. Assis Brasil.
6.a 4 Os importantes resultados da vaccina anticarbunculosa » —
pelo Dr. J. B. de Lacerda.
7.a 4 Causas permanentes da crise da lavoura de canna » — pelo Dr.
Leite e Oiticica.
8.a « Da intervenção do Governo Federal da Suissa em favor do
desenvolvimento e da prosperidade da agricultura» — pelo Dr. Pedro
L. Soares de Souza.
« 1. ' « Cooperativas alcoólicas da Bahia » — pelo Dr. Alfredo Cabussú.
io.a « O problema agrícola » — pelo Dr. Christino Cruz.
A Mesa do Congresso, conforme deliberação do mesmo, nomeou,
para a redacção final das conduções approvadas a seguinte com missão :
Drs. Wencesláo Bello, Ignacio Tosta, Sylvio Rangel, Christino
Cruz, José Lobo, Estacio Coimbra e Álvaro Pereira.
O 2o Congresso Nacional de Agricultura encerrou os seus trabalhos,
em sessão solemne effectuada a 3o de agosto, tendo a ella comparecido os
Exms. Srs. Presidente da Republica e Secretario da Industria e Viação.
O Pavilhão da Sociedade na Exposição Nacional ds 1908
A inauguração official do nosso Pavilhão effectuou-sc no dia 26 de
agosto, ás 2 horas da tarde, com a presença do Sr. Presidente da
Republica, acompanhado pelos Srs. Dr. Miguel Calmon, Ministro da
Industria e Viação, General Feliciano Mendes de Moraes e Coronel
Alvares da Fonseca, chefes das casas militar e civil da presidência
e seus ajudantes de ordens.
Aguardavam os Srs. Presidente e Ministro os Srs. Drs. António
Olyntho, Getulio das Neves, Conde Cândido Mendes e general Thau-
maturgo de Azevedo, membros do Directório Executivo, Drs. Wen-
cesláo Bello, Sylvio Rangel e Souza Reis, Benedicto Raymundo,
Monteiro da Silva, Senador Lauro Miiller e general Jacques Ourique.
A banda do 2° de artilharia do Exercito executava diversos trechos
de musica no Pavilhão.
Entrada do Presidente da Republica e comitiva no Pavilhão
O Sr. Presidente da Republica e mais membros da commissão
começaram sua inspecção pelo primeiro andar, demorando-se no exa-
me da collecção de cannas de assucar e varias fructas do paiz e accli-
matadas. Passaram á secção de fibras de varias plantas textis da nossa
flora, á dos muitos cereaes ahi expostos de todas as zonas do paiz
e ao museu zoológico.
Nesta occasião foi servida uma chávena de matte á S. Ex. e á sua co-
mitiva.
Depois de amistosa palestra com os presentes subiu S. Ex. ao pavi-
S. Ex. examinando os Mappas de Geographia Agrícola
mento superior, onde, sentado, examinou detidamente os álbuns, nos quaes
32*
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
se acham os mappas agrícolas de todos os Estados, com a designação
da producção de cada zona, mostrando-se satisfeito com esse tra-
balho e dizendo ser de grande interesse agrícola para nosso paiz,
sendo também a primeira iniciativa a esse respeito.
Dirigindo-se depois S. Ex. para o andar térreo, onde está insta 1-
lada a secção de apparelhos a£ 'álcool, machinas agrícolas e machi-
Ç. Ex. é convida-lo a dirigir-se ao jardim das plantas iudustriaaá
nismos para a fabricação de queijos e manteiga, visitou também o
jardim, onde se encontra uma bella e variada collecção de plantas
ornamentaes, industríaes e indígenas.
O pavilhão da Sociedade é de aspecto simples, guardando em suas
linhas geraes o da ordem corynthia que deu origem á sua architectura,
em todo o corpo principal do edifício, o qual abrange os dois primeiros
pavimentos.
O terceiro pavimento é constituído por um terraço, tendo ao centro
um torreão, que supporta a cupola, e onde existe um salão de forma
octogonal regular com área de cerca de 6o metros quadrados.
O terraço que circumda esta sala tem uma área approximada-
mente de cerca de 160 metros quadrados. Encimando a cupola nota-
se uma esphera, sobre a qual descança a estatua de Ceres, trabalho de
esculptura do artista hespanhol Sr. F. Basols.
A LAVOURA 389
O segundo pavimento compõe-se de um grande salão octogonal,
tendo i3'",6o de vão livre, o que muito favorece a impressão dos vi-
sitantes, permittindo bonita installaçao.
Este salão tem oito columnas, nos vértices do octogono, as quaes
sustentam um entablamento, ornamentado com modilhões e ovolus,
obedecendo ao mesmo estylo da ornamentação externa. E1 inteiramente
branco-marfim, tendo oito metros de pé direito, sendo a sua decora-
ção com ligeiros toques de ouro.
Em torno do salão existem quatro salas, também inteiramente pin-
tadas de branco-marfim. O primeiro pavimento tem a divisão exacta
do segundo, notando-se, porém, no salão central quatro columnas
verdes, tendo os capiteis ligeiramente dourados. A pintura deste pa-
vimento é toda verde claro e a do terceiro verde mar.
O accesso ao primeiro pavimento é dado pela escadaria exterior de
cimento armado, e pela escada interna, collocada numa das salas lateraes.
Externamente o pavilhão apresenta a cor pérola, notando-se nos cor-
pos salientes que o circumdam quatro frontões, sustentados por duas
columnas cada um e nos quaes vêm-se em claro escuro as telas pintadas
por Mário Costa, allegoricas aos quatro problemas vitaes da nossa agri-
cultura: o ensino agrícola, a união agrícola, a lavoura e a zootechnia.
tiva do Pavilh;i
Na porta de entrada principal do edifício, no segundo pavimento,
no tympano do frontão que a encima, lê-se em uma fita, que enlaça
os ramos de café e fumo, a divisa víribus imitis, adoptada pela socie-
dade, desde a sua fundação. A altura total do edifício é de 32 metros,
tendo uma área útil de 66o metros quadrados.
SOCIEDADE NACIONAL DE AfiRICULTURA
O pavilhão é circumdado por um jardim de plantas ornamentaes,
onde, em bem desenhados canteiros, todos gramados, surgem lindos
grupos de flores de variados matizes.
Ainda como predominante attracção, é justo salientar os trabalhos
de mosaicultura existentes, figurando entre elles dous lindos jarros,
tendo im,6o de comprimento, uma pyramide de 2 metros e ainda
uma linda corbeille em forma de barco, situada na parte em frente
ao Theatro da Exposição.
Este jardim é illuminado pela própria luz eléctrica do Pavilhão
A Pecuária na Exposição Nacional de 1908
Io TURNO
A secção de pecuária da Exposição Nacional de 1908 veio provar
por meio de suas amostras quanto andamos transviados na rota
económica que vamos trilhando ; porquanto o que parece ter fi-
cado patente do nosso certamen nacional é que somos um paiz com
tendência para o industrialismo e pouco pendor pela agricultura em
seus múltiplos departamentos.
A secção pecuária foi mais um reforço a esta these. Era de esperar
que um vasto paiz como o nosso, onde se desdobram e exuberam extensas
e gordas campinas naturaes, apresentasse abundantes e bellos espé-
cimens de animaes domésticos; porém assim não foi. Em vez de
gados finos e variados, formados pela selecção consciente, o que vimos
foi um mostruário pequeno com os typos differentes entre si, mostrando
não estar ainda disseminada a verdadeira orientação.
Todavia já é tempo de termos idéa assentada, sinão sobre os
problemas de toda a zootechnia nacional, pelo menos sobre o que
melhor possa convir a certas e determinadas zonas deste immenso paiz.
Vimos ao lado do Hereford o Zebú de ditferentes variedades, o
Turino figurando ao pé do Buffalo, o Durham, o Simmenthal, o Jersey,
o Caracú e outros mais.
Entre todos esses gados, uns eram importados, outros filhos de
productores extrangeiros e criados em condições especiacs de trato,
mui afastadas das normas propriamente industriaes.
Nossos, propriamente nossos eram os Caracús, e é bom que se
repita, havendo destes alguns espécimens dignos de honrosa menção.
Porque seja ainda pouco conhecido entre nós vamos dizer algumas
palavras sobre o gado Simmenthal, representado na Exposição por
um lote de reproductores importados ultimamente pelo Coronel Durish
para cedel-os aos Srs. criadores, após alguns mezes de acclimação.
A LAVOURA
O touro Dragão, aqui figurado, tem 24 mezes de idade e possue
todos os característicos da raça Simmenthal, a que pertence
E1 de Gruyère — Suissa — filho de pães premiados e importado
por Durisch & C.
E1 um bello animal, muito carnudo, bem conformado, pintado
de branco-damasco e amarello-claro .
A raça Simmenthal ( raça do valle do rio Simmen ) começou a ser
seleccionada desde 18Õ9 ; « sua reputação é universal e tende a se acclimar
em toda a parte na Europa, onde a producção da carne alhada á de
creaçáo láctea constitue principal escopo do criador.» André Sanson.
Sua pellagem é constituída pelas cores branca e amarella, formando
malhas mais ou menos extensas, chifres curtos e claros, tem anca larga,
peito amplo, membros locomotores curtos.
A raça Simmenthal produz excellentes bois carreiros, rústicos e
forçosos, de engorda fácil e excellente carne, o que muito os recommenda
para o açougue . No estado de engorda completa, os bois de Simmenthal
pesam 1.000 a 1.200 kilos, peso vivo.
As vaccas desta raça são boas leiteiras, porquanto dão em média,
no correr do anno, 2.000 a 3. 000 litros de leite, com uma riqueza
butyrica variável de 3,3 a 5 °/0, isto é, são precisos 20 a 3o litros de
leite para 1 kilo de manteiga, conforme, bem entendido, a estação do
anno, qualidade das rações e idade da cria.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Depois de alguns annos de observação, sobre a alta inspecção da
Federação Suissa dos Syndicatos de Criação da Raça Simmenthal,
estabeleceu-se uma interessante tabeliã, em que figuram numerica-
mente : i°, o numero das vaccas leiteiras submetlidas á observação;
2°, numero de dias de lactação ; 3o, numero de dias de um parto a
outro ; 4o, quantidade em kilos de leite ordenhado durante o tempo da
lactação ; 5o, quantidade em kilogrammas do leite ordenhado por dia ;
õ°, quantidade em kilogrammas de manteiga por ioo litros de leite ;
7o, quantidade em kilos de matéria secca ou caseifera.
As observações alli registradas referem-se a 88 vaccas leiteiras,
pesando cada uma em média 687 kilos, a duração média da lactação
foi de 359 dias, espaço médio de uma cria a outra 418 dias; a pro-
ducção de leite por cabeça durante o período de lactação foi de 4.1 23
kilos de leite, a producção diária de cada vacca foi em média de 1 1 kilos
e 460 grammas de leite ; a producção total de manteiga para cada
vacca subiu a 162 kilos ; a producção total de matéria solida de cada
vacca durante a lactação foi de 537 kilos.
Estes dados são interessantes, pois photograpbam, por assim dizer, o
valor económico da raça Simmenthal, em boa hora introduzida entre nós,
primeiramente pelo governo de Minas e agora pelo Sr. coronel Durish
Piro — Fazenda Coronel' João Francisco — Rio Grande do Sul
O cavallo aqui representado por esta gravura pertence á raça dos
pequenos percherons, os quaes servem para tiro rápido e para sella .
A LAVOURA 333
Os percherons são animaes originários da região franceza, deno-
minada Perche ; são de cor russa manchada de pequenas malhas mais
escuras do que a pellagem geral ; são vivos e nervoscs, tendo em
média a altura de im,5o na variedade pequena.
O typo aqui figurado é um bello animal.
A secção canina, embora restricta, é pouco variada ; apresentou
bello espécimens da raça dinamarqueza. A gravura supra representa um
casal de galgos.
Algumas madeiras e vegetaes úteis do Brazil
(Continuação)
FAMÍLIA das meliaceas
Canjerana
Cabralea cangerana, Sald. Gam.
Synonimia: — Açafroa (nome que dão mais frequentemente a uma
meliacea de outro género, a Guarea trichilioides Cav., bem como á bixacea
Bixa orellana L., á composta Girthamus tinctoria L. e á zingiberacea
Curcuma longa L.)— Caierana (de certo erro de graphia ou de imprensa)
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
— Cajarana, no Ceará (onde, parece, dão o mesmo nome á balanopho-
racea Lophophytum mirabile Schott. e Endl.)— Calumba-brasileira (não
Caluna, nem Calunga) — Canarana (não se confunda com uma gramínea
amazonense de egual nome)— Cangerana, nos Estados do Rio, S. Paulo
e Paraná — Cangerana-assii — Cangera<ia-de-maminha, nos arredores
da capital de S. Paulo — Cangerana-de-prego, no Rio Grande do Sul—
Canhar ana (talvez erro de pronuncia)— Canjarana — Canjerana, na
Bahia e no Espirito Santo — Cayá-raha, dos indígenas tupis, « parecido
com o cajá » — Kayárana (a mesmi cousa)- • Pan-deSanto (nome que
decerto deram á madeira para explicar que cila serve para esculptura ;
não deve, pois, confundir-se com vegetaes de nome quasi egual, como a
zygophyllacea Guayacum sanctum L., uma ternstremiacte do género
Kielweyera e uma leguminosa do género Zollcrnea).
Habitação — Encontra-se em todo; os Estados marítimos, desde o
Ceará (?) ao Rio Grande do Sul, sendo mais abundante nos de S. Paulo
e Paraná ; é pouco sensível ás altitudes, preferindo sempre terrenos
seccos e argilosos, de boa qualidade .
Descripção— Grande arvore, até 12,00 de altura e 0,65 de diâmetro,
dimensões estas que consta serem excedidas na vertente oriental da serra
do Mar ; caule recto ; casca um pouco fibrosa, pardacenta, aromática e de
sabor amargo; folhas compostas, grandes, até om, 70 de comprimento;
foliolos oppostos, mais ou menos 1 55 m/m de comprimento e 55 m/m de
largura, coriaceos, peciolados, acumi nados, oblíquos na base, nervura
central saliente nas duas paginas, sendo vernicosa a superior e um tanto
pubescente a inferior, bem como o rachis. Flores em paniculas axillares.
Fructo ovóide, de 31 X 29 m/m mais ou menos, atroviolaceo, com cinco
óculos, contendo cada um duas sementes, verde-esmeraldinas antes de
amadurecerem ; fruetifica em março e abril (região de Iguape).
Madeira— Côr de rosa avermelhada, com cerne vermelho-carregado ;
tecido bastante compacto e poros pouco visíveis, dócil ao cepilho e á
serra. Pesos específicos verificados: o,65S (Rio Grande do Sul)— 0,693
(S. Paulo)— 0,734 — 0,753 —0,768 (Rio de Janeiro)— 0,824 (Rio Grande
do Sul). Resistência ao esmagamento : carga perpendicular ás fibras, 3i 7 ;
carga parallela, 449 ; sem determinação da posição, 546 kilogrammas
por centímetro quadrado.
Applicações— Madeira para perfumaria, esculptura, torno, mar-
cenaria, caixilhos de janella, bolandeiras de rodas de engenho, pranchões,
taboado, frechaes, tirantes ; construcção naval, obras internas e externas e
hydrau liças, porque resiste muito á humidade e ao ar; esteios, postes e dor-
mentes de segunda qualidade, não obstante terem a mesma duração
A LAVOURA 335
(u annos) de outros, como a peroba e a laranjeira, consideradas de pri-
meira qualidade. As cascas conteem bastante tanino associado a matéria
corante cinzenta ; o córtex é tónico em doses moderadas, vomitivo em
doses médias e emmenagogo violento e até abortivo em doses elevadas,
provocando dejecções alvinas. As cascas das raizes, em tintura, xarope ou
extracto, são consideradas anti-febris, úteis no tratamento das sezões e
febres catarrhaes.
Variedades — Além da C. miúda, meliacea de outro género (Gua-
rea trichilioides Cav.), supponho que na região de Iguape e em geral
nos Estados de S. Paulo e Paraná existem duas variedades, a menos
que avançando em edade, os indivíduos vão perdendo suas boas quali-
dade industriaes e me*mo diminuindo sua densidade, o que espero
verificar opportunamente.
Observações — Não obstante ser este vegetal um dos mais impor-
tantes que povoam o sul do Brasil e de pertencer elle a uma das familias
mais úteis, ha ainda grande confusão não só nos nomes vulgares, como
também nos scientificos ; a confusão vae até ao ponto de alguns
escriptores darem o nome de «Cangerana » a outras meliaceas, como
sejam a Carapa guianensis Aubl. e a Guaiea cernua.
— A madeira a que no Estado do Espirito Santo dão o nome de
«Cangerana», é não só absolutamente diversa da «Cangerana» de Ca-
nanéa, como muitíssimo inferior em qualidade.
— O nome de « Caiu mba brasileira » deve ter sido dado á nossa
meliacea pelos primeiros escravos que desembarcaram no Brasil, decerto
porque elles lhe notaram os effeitos tónicos da Calumba verdadeira, que
é a menispermacea africana Cocculus palmatus D. C.
— « Calumba », que é palavra angolense, já serve para designar
uma gentianeacea americana, a Frasera Carolinensis Walt.
Monographia n. 47 — Amostra n. 9
FAMÍLIA DAS MYRSINACEAS
Capororoca Pequena
Rapanea venosa A. DC.
Synonimia — Caa-poro-roca, dos autochtones «filhas» ou imatto que
estala» (ao fogo) ou, segundo Martius e parece que com menos funda-
mento «arbusto de ramos quebradiços» — Caporoquinha eCapororoca
branca de folha miúda no Rio Grande do Sul — Jacaré do matto (esta
espécie?), em alguns logares de S. Paulo.
8052 3
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Habitação — Nos Estados marítimos do Brasil, desde o de Alagoas
ao do Rio Grande do Sul, e talvez na Republica do Uruguay. Vegeta nas
capoeiras, e de preferencia nas terras fracos e silicosas, nunca se encon-
trando nas mattas virgens.
DescripçÃo — Arvore bonita e de caule recto, até 8,00 de altura
e 0,45 de diâmetro; casca até 10 m/m de espessura, verrucosa, porosa,
quebradiça, de còr branca que oxyda ao ar e se torna rosada ; ramos
crassos com as cicatrizes das folhas antigas e as extremidades tomen-
tosas ; folhas simples, inteiras, alternas, pecioladas, base cuneiforme,
acuminadas, 83 m/m de comprimento e 22 m/m de largura mais ou
menos, ob-lanceoladas, peciolo e nervura central tomentosas ; inflores-
cencia lateral, pedicellada ; flores pequeninas, esverdeadas ; fructo pe-
queno, preto ; floresce em abril.
Madeira— Cor branca, pesada, fibras grossas, irregulares, tecido
compacto, dócil ao cepilho e á serra .
Applicações — Madeira somente para linhas, caibro se obras internas,
porque não resiste á humidade ; dá óptima lenha, preferida pelos fer-
reiros para o fabrico de carvão. As cascas conteem tanino, mas
parece-nos que em fraca porcentagem. Os fructos são apreciados pelos
pássaros.
Observações — Parece existir algures uma « Canella capororoca >•
Monographia n. 48 — Amostra n. 123.
FAMÍLIA DAS MYRSINACEAS
Capororoca- ussú
Cybianthus Regnelli Mez ?
Synonimia — Capororoca grande . (Vide a da espécie antecedente).
Habitação — Encosta oriental da serra do Mar, no Estado de
S. Paulo, faltando-nos informações sobre os demais Estados do Brasil.
Vegeta apenas em terras argilosas, de qualidade regular, seccas ou
húmidas.
DescripçÃo — Arvore magestosa, de caule recto, até 16,00 de altura
e 0,43 de diâmetro ; casca vermelha até 1 2 m/m de espessura, muito
adstringente, com epiderme fina, branca-esverdeada e farinosa ; ramos
crassos, com as cicatrizes das folhas cahidas ; folhas inteiras, simples,
penninervias, longamente pecioladas, peciolo até 25 m/m, folhas até
295 m/m de comprimento e 122 m/m de largura mais ou menos, de base
cuneiforme, nervura central saliente, coriaceas ; inflorescencia lateral ;
flores pedicelladas ; fructo bacciforme, com fragmentos do estylete no
ápice.
A LAVOURA 337
Madeira — Alburno cor de rosa-avermelhado e cerne rosa-des-
maiado ; fibras grossas e irregulares, apresentando um trançado lin-
díssimo, idêntico ao dos carvalhos e com bonitos veios. Dócil ao cepilho
e á serra, mas só deve utilizar-se depois de bem murcha, porque racha
facilmente quando verde.
Applicaçóes — Madeira especial para mobílias, graças á sua belleza,
e também para vigas, esteios, caibros, taboado de soalho e outras obras
internas e externas ; contém tannino, talvez em porcentagem elevada,
fornece varas altas para cercas de gado e óptimo carvão. As cascas são
muito ricas em tannino, próprias para a industria do corturne, posto
esteja elle associado a matéria corante de cor rubra ; empregam-nas
também em banhos contra as affecções cutâneas.
Variedades — Si este vegetal não é o Cybianthus Regnelli Mez,
será evidentemente uma sua variedade, o que pretendemos verificar
quando dispusermos do material necessário.
Observações — O caule da Capororoca-ussú apresenta a singulari-
dade de ter o alburno mais duro que o cerne, posto que um e outro
sejam bem fortes. E' além disso um dos raros vegetaes cujo caule talvez
possa fornecer tannino em quantidade apreciável industrialmente.
Monographia n. 49 — Amostra n. 73.
FAMÍLIA DAS MYRSINACEAS
Capororoca vermelha
Rapanea umbellata M
Synonimia — oA\eitona do mato (?), no Rio de Janeiro (não con-
fundir com a verbenacea Vitex montevidensis Cham., duas lythraceas do
género Cuphea e uma myrtacea, que teem todas o mesmo nome vulgar)
— Canelon, na Republica do Uruguay — Capororoca de folha larga, em
diversos logares. (Vide as duas espécies precedentes e não se esqueça que
ha diversas « Gapororocas » desta mesma família e da das Vinteraceas, as
quaes teem synonimia bastante complicada) .
Habitação — Em todo o sul do Brasil, desde o Estado do Rio de
Janeiro, e também na Republica do Uruguay. Não se encontra em terras
de primeira qualidade, mas sim nas regulares e até nas ordinárias, mesmo
quando fortemente silicosas . Os indivíduos que vegetam nas terras seccas
do littoral, desenvolvem-se muito mais do que os que vegetam no
interior.
Descripção — Arvore de caule recto, até 10,00 de altura e 0,45 de
diâmetro ; casca até 1 5 m/m de espessura, vermelha, cheiro e gosto de
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
kerozene, adstringente, epiderme regular, suberosa, fendida, quasi
palhete ; ramos crassos ; folhas simples, inteiras, coriaceas, geralmente
alternas, pecioladas, oblongas, mais ou menos 1 1 o '"/,„ de comprimento
e 45 m/m de largura ; intiorescencia lateral, formada na axilla dos ra-
minhos verrucosos ; flores abundantes, pequenas, violáceas ; fructo
indehiscente, globuloso, violáceo ao amadurecer.
Madeira — Côr rósea com lindas veias vermelhas e marcheta-
mentos oblíquos, pelo que muitos a confundem com a de um carvalho
(proteacea). Dócil ao cepilho e á serra. Peso especifico — 0,829 (Rio
Grande do Sul) .
Applicaç5es — Madeira para obras internas, taboado, vigas, ripas,
etc, exigindo ser secca antes de desdobrada, porque empena muito ; dá
bôa lenha. As cascas conteem bôa porcentagem de tannino e são já em-
pregadas como tannante de primeira qualidade .
Observações — Esta e as demais «Gapororocasn teem a particula-
ridade de empenar e rachar muito, o que é lastimável, porque as madeiras,
devido á disposição irregularissima das fibras, apresentam um marcheta-
mento que lhes daria importante logar na marcenaria de luxo.
Suppomos que em alguns logares dão ás aCapororocas» em geral,
ou pelo menos a esta espécie, o nome de «Sobro», allusivo á suberosidade
da casca. Ha, porém, outros vegetaes, de diversas famílias, com o mesmo
nome vulgar.
Continua
COLLABORAÇÃO
A cabra
A cabra é uma bemfeitora da humanidade e é o que vamos provar.
Um dos melhores alimentos indispensáveis á vida humana, e sem
contestação, é o leite. E' com effeito indispensável, tanto ás crianças,
como ás pessoas enfraquecidas pelas enfermidades ou pela velhice.
A preoccupação de achar um bom leite, nos leva a aconselhar o
leite de cabra, a leiteira das crianças e das pessoas de saúde delicada .
Hoje, que a tuberculose faz tantas victimas, devemos ter todo o cuidado
possível, principalmente sabendo que o leite das vaccas tuberculosas
torna-se em muitos casos o principal factor desta terrível moléstia.
Além disto, a vacca também é portadora ás vezes de outras doenças,
não menos perigosas para a humanidade como a peste, febre typhoide,
aphtosa, e também a escarlatina.
Por isso deve-se fazer uso sempre que for possível do leite de cabra,
pois este animal, além de ser completamente refractário á tuberculose,
o é, igualmente, para as outras moléstias communs ao gado bovino, e as
creanças alimentadas com elle resistirão melhor a essas terriveis mo-
léstias ; este leite tem também a propriedade de ser muito nutritivo e
de fácil digestão, e é o que mais se assemelha ao leite humano pela sua
composição.
Para se dar um exemplo do quanto este leite é usado e apreciado
na Itália, affirma-se que o finado papa Leão XIII não fazia uso senão de
leite de cabra, tirado e bebido quente do calor animal, e a isto em grande
parte se attribuia o vigor de sua saúde e o seu espirito lúcido em tão
avançada idade .
Emquanto aos defeitos que algumas pessoas lhe apontam de
ser este leite quente e de fazer com que as crianças alimentadas com
elle sejam nervosas e traquinas são considerações que, além de não ter
senso commum, só se propalam por pessoas ignorantes, pois a maioria
dos médicos illustres daqui e da Europa recommenda este leite como um
dos melhores e nunca faliam nestes inconvenientes .
Este animal tão útil, tanto pelo seu leite, como pela sua carne, etc,
deve ser cuidado e estimado muito mais do que tem sido até agora,
pois as suas vantagens o torna precioso principalmente para os
proletários; além disto sendo bem tratado acostuma-se a estar preso em
um logar acanhado, comtanlo que não seja húmido e tenha um bom
telheiro para se abrigar da chuva. O chão deste deve ser de pedra ou
cimento ; nestas condições gosarão saúde, se bem que sempre que pu-
derem estar soltos darão mais leite e os filhos se criarão com maior
facilidade, ficando mais fortes e robustos . Emquanto á alimentação, este
animal é um dos mais fáceis de sustentar, pois come quasi toda quali-
dade de hervas, galhos de arvores, principalmente de jaqueiras, videiras
e mangueiras, folhas de bananeiras, pão, farello, milho, feijão cosido, etc,
emfim quasi toda a comida de casa, comtanto que seja sempre collocada
em vasilhas bem limpas e, se fòr dado em feixes o capim, deve ser amar-
rado e pendurado para não se sujar nem ser pizado por elles, porque, se
não houver este cuidado não o come.
Para terminar diremos que deve-se generalizar a creação deste tão
útil animal, pois, além das vantagens acima enumeradas, se não immuniza
completamente contra a tuberculose a pessoa sustentada com o seu leite
340 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
todavia ficará mais forte e também menos apta a contrahil-a. Por isto a
« Liga Contra a Tuberculose » deve sempre recommendar e acon-
selhar o uso deste leite, pelos meios que estiverem ao seu alcance, e com
isto prestará um relevante serviço á humanidade soffredora, para ajuda-la
a combater um dos seus peiores flagellos : A — Tuberculose.
Empresa Vinícola do Brasil
Do Correio de Maceió de 12 de maio do corrente, transcre-
vemos o seguinte a respeito deste importante estabelecimento in-
dustrial :
« Ante-hontem, domingo, S. Ex. o Sr. Dr. Euclides Malta rea-
lizou uma excursão ao engenho Satuba, propriedade agricola do Sr. co-
ronel Pedro de Araújo Lima, afim de ver as amostras que manda
para a Esposição Nacional a Empresa Vinícola do Brasil alli estabe-
lecida .
A visita foi particular; S. Ex. desejava além do mostruário, ver
a fabrica de vinhos e licores extrahidos do caldo de canna e de outras
fructas nacionaes, funccionando ; queria detidamente, sem as pragmá-
ticas do oflicialismo, estudar esse grande melhoramento do nosso
Estado, e, acompanhado apenas por quatro amigos, tomou o trem de
subúrbios em direcção áquella fabrica. Recebido com a maior cordia-
lidade pelos sócios da Empresa Vinícola do Brasil, S. Ex. e seus
companheiros de excursão apeiaram-se em casa do illustre Sr . Dr. João
Valle, onde se devia servir o almoço e, depois de se ler servido o
café, seguiram todos para o edifício da fabrica precedidos do distincto
industrial, fabricante do Néctar do Brasil e de todos os productos da
mesma fabrica, incontestavelmente a única e a primeira no género
neste vasto paiz. O Sr. commendador Brandão, mestre na industria
a que se dedica, consciente de seu valor, a todos explicou minucio-
samente e com clareza todo o funccionamento das diversas peças e
apparelhos alli, naquelle grande edifício, por elle collocados e mon-
tados na melhor ordem possível, com toda a segurança e mesmo laxo
de installação, pois foi elle o Sr. Brandão quem pessoalmente dirigiu
toda a montagem dessa vasta officina do trabalho e do progresso , com
todo o esmero, trabalho esse digno do todos os encómios que ao distincto
industrial não faltaram de todas as pessoas presentes .
A LAVOURA
341
Excedeu em muito á expectativa dos illustres visitantes tudo o que
alli viram, subindo de ponto a satisfação geral quando tiveram de provar
o que alli actualmente se fabrica e vae para a exposição, e que não é tudo
Vista geral da fabrica
ainda que podem' produzir os conhecimentos profissionaes do Sr. com-
mendador Brandão .
Lá estavam os dous typos de vinho de canna — Néctar do Brasil
— o typo — Particular — e o Moscatel, e em licores o — Chartreuse
— Cacáo — Anisette, — a aguardente desinfectada e pura, os xaropes
— de Grozelha e Gomma — e o vinho de genipapo, claro, límpido, de
sabor delicado, o que de melhor temos visto. A exiguidade do tempo não
permittiu ao illustre homem do trabalho que mais desenvolvesse seus co-
nhecimentos no fabrico de outros productos, que prometteu nos dar depois.
A impressão recebida de tudo que alli ha, do trabalho que alli se faz,
da perseverança desse homem que não poupou esforços para levar a bom
termo essa obra magnifica, foi a melhor possivel . E' como elle mesmo o
diz : i A organização dessa fabrica era para mim uma questão de prin-
cipio ; quiz demonstrar que os capitães aqui empregados não foram
postos fora, o Estado das Alagoas foi dotado de um estabelecimento
modelo e único no género, nós não perdemos nosso tempo, e respondemos
assim^aos que' tanto nos malsinaram . »
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Serviu-se o almoço de delicadas iguarias, ao meio dia, havendo ao
champagne diversos brindes, destacando-se o de S Ex . o Sr. governador,
ao Sr. coronel Pedro Lima, sócio commanditario da empresa pelo seu
espirito emprehendedor, digno de imitação e de applausos pelo muito
valor que traz á iniciativa particular neste Estado, e ao Sr. commen-
dador Francisco Pinto Brandão pelos seus grandes conhecimentos
profissionaes e pela sua tenacidade no trabalho.
Lembrou-se então a ideia de dar como inaugurados os serviços da
fabrica, desde que está ella em bom funccionamento, e passando-se nova-
mente ao escriptorio da Empresa Vinícola do Brasil foi ahi lavrada a respe-
ctiva acta que abaixo transcrevemos. Visitaram-se depois as diversas
dependências da fabrica, a caixa de agua, a fonte que fornece agua para
todo o necessário, os apparelhos heaíer-waset para os operários, e
que communicam com fossas inodoras construídas pelo systema do
Dr. Valle, os encanamentos de esgotos de aguas servidas, tudo deixando
a melhor impressão.
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Ao entrar no edifício que tem 7Õ metros de comprido por 23
de largo, nota-se á esquerda o escriptorio e a elle annexo o labora-
tório em que trabalha o Sr. commendador Brandão, e á direita um
vasto salão para expedição dos productos ; entra-se na fabrica própria-
A LAVOURA 343
mente e veem-se alinhadas, — i 8 de cada lado, — 36 dornas, sendo
seis grandes com a capacidade de 30 pipas cada uma e 3o menores com
a capacidade de 1 o pipas cada qual . Todas ellas são ligadas por cima
e por baixo por encanamento de cobre estanhado a estanho fino
por dentro e por fora, communicando-se entre si e com duas bombas
que para qualquer delias pôde conduzir o caldo da canna vindo das
moendas. Ha mais dois filtros de grande capacidade, um grande
alambique a fogo nú, e um menor, a banho-maria, para a prepara-
ção dos perfumes. Ao entrar-se descobre-se toda a vasta installação produ-
zindo um magnifico elíeito, e de qualquer ponto do edificio póde-se fisca-
lizar todo o serviço. Toda a communicação dos líquidos entre as dornas e
os diversos apparelhos é feita por meio de torneiras e pelas bombas, o que
facilita grandemente o trabalho com grande economia de pessoal.
A1 tarde pelo trem das cinco horas voltaram todos os visitantes satis-
feitos e bem impressionados pelo que viram.
ACTA DA INAUGURAÇÃO DA FABRICA DA EMPREZA VINÍCOLA DO BRAZIL
« Aos dez dias do mez de maio de mil novecentos e oito, no enge-
nho Satuba, propriedade agrícola do Sr. coronel Pedro de Araújo Lima,
município de Santa Luzia do Norte, Estado de Alagoas, presentes,
ás onze e meia horas do dia, o Exm. Sr. Dr. Euclides Vieira Malta,
governador do Estado ; Dr. Demócrito Brandão Gracindo, coronel Ja-
cintho de Medeiros, (senador estadoal), coronel Pedro de Araújo Lima,
Dr. Luiz Joaquim da Costa Leite, commendador Francisco Pinto
Brandão, engenheiro João Pinto da Silva Valle, Srs. João Carlos
Leite Júnior, Beraldo Caldas, José Vicente de Araújo Tatá, Pharma-
ceutico Álvaro de Aquino Braga, Luiz da Rosa Machado, e eu, Joa-
quim Goulart de Andrade, primeiro secretario da Camará dos Depu-
tados Estadoaes ; percorrido o grande edificio da fabrica da Empreza
Vinícola do Brazil, soba firma Brandão, Costa & C ., depois de exami-
nados os differentes productos industriaes da mesma fabrica, que são
vinhos e licores, todos derivados da canna de assucar, notadamente o
chamado Néctar do Brazil, em seus vários typos de vinhos, foi dado
por inaugurado pelo Exm. Sr. Dr. Euclides Malta o mesmo importante
núcleo agricola-industrial. E para memoria, eu, Joaquim Goulart de
Andrade, lavrei a presente que assigno com os presentes.
Satuba, 10 de maio de 1898. — Euclides Vieira Malta, Pedro de
Araújo Lima, Francisco Pinto Brandão, T)r. Lm\ Joaquim da Costa
seCIEDADB NACIONAL DH AGRICULTURA
Leite, Demócrito Brandão Gracinda, Jacintho Medeiros, João Carlos L .
Júnior, Beraldo Caldas, Álvaro Aquino Braga , José Vicente Tatá, João
Pinto da Silva Vallc, Joaquim Goulart de Andrade, Lui\ da Rosa Macha-
do, Júlio da Rocha Uns . »
Damos a seguir as analyses seguintes que muito abonam os produ-
ctos da empreza de Satuba :
« Dr. Luiz de Carvalho e Mello, lente cathedratico de chimica mi-
neral e analytica da Escola Polytechnica do Rio de Janeiro — Boletim
n. 128 — Analyses de duas amostras do producto NÉCTAR DO BRA-
ZIL, pertencentes aos typos Moscatel e Particular :
A TV jVLYSJES s
Tendo procedido ás analyses do Néctar do Brazil, typos
«Moscatel» e «Particular», de que fomos encarregados pelo Sr. Fran-
cisco Pinto Brandão, chegamos a conclusão de tratar-se de productos
obtidos do caldo da canna de assucar cuja fermentação foi suspensa
por processos puramente physicos.
A amostra typo « Particular 1 otferece riqueza alcoólica de 17o,
deixa um extracto secco a 100o C. de 8, 4 %, constituindo, em sua quasi
totalidade, por saccharose e traços deglycose e contem apenas gr. 0,08o °/0
de sulphato de potássio. A amostra typo «Moscatéis, de i3° de riqueza
alcoólica com um extracto secco a 100o C. de 12,2 %, também consti-
tuido, quasi totalmente, por saccharose e traços de glycose, encerra
gr. 0,087 7o de sulphato de potássio.
As bebidas analysadas, que apresentam côr ambreada, de tonalida-
des different es, obtidas pelo caramello, revelaram absoluta ausência de
álcoois superiores, agentes conservadores e outras substancias nocivas
á saúde.
O fino aroma e agradável sabor, ao lado da média riqueza alcoólica,
e absoluta ausência de corpos nocivos, tornam o typo « Particular t do
INeetar d.o Braail, recommendavel como excellente bebida de
mesa.
O typo « Moscatel » igualmente puro e de suave aroma, porém
mais adocicado e menos rico em álcool, constitue uma boa bebida para
paladares delicados. DR. LUIZ DE CARVALHO E MELLO. — ZELI-
NO ANTÓNIO PINTO DE MIRANDA. - DR. OCTÁVIO SEVERO.
— Rio de Janeiro, 23 de junho de 1906.
Laboratório Municipal de Analyses. — Visto — DR. PAIVA
COELHO. — Director. Analyse n. i3. —Examinando o producto Ne-
A LAVOURA 345
ctar ao Tti-thxil (typo Moscatel) remettido pelo Sr. Francisco Pinto
Brandão ao Laboratório Municipal de Analvses, verifiquei pela analyse
a que procedi : ser uma bebida natural produzida pela fermentação do
sueco da canna de assucar, não contendo substancias nocivas á saúde c
sendo o álcool empregado de boa qualidade .
Rio de Janeiro, [5 de junho de 1906. — OChimico, Pharmaceutico
DÁRIO FERREIRA PINTO.
Laboratório Municipal de Analyses. — Analyse n. 14. — Ari*to.
— DR. PAIVA COELHO. — Director. — A analyse a que submetti o
produeto denominado iNectin- tio Bx-aasil (typo Particular), envia-
do por Francisco Pinto Brandão a este Laboratório, revelou tratar-se de
uma bebida natural produzida pela fermentação de sueco da canna,
em que não ha metaes tóxicos, oriundos da fabricação ou manipulação,
bem como substancias conservadoras nocivas á saúde. O álcool empre-
gado é de boa qualidade. — Rio de Janeiro, i5de junho de 1906.
— O Chimico auxiliar, Pharmaceutico — J. M. DA SILVA CASTOR. »
EXPEDIENTE
Secretaria
Correspondência recebida :
Cartas 375
Officios 56
Telegrauimas 51
Circulares 6
Correspondência expedida :
Cartas 34ò
Officios 33
Telegrammas 154
Circularas 4. 185
Noticias 68
Boletim « A Lavoura » 784
Foi-necimeuto cie :n-a,me
Foram satisfeitos 28 pedidos de arame farpado, feitos pelos senhores soeios,
com a extensão de 289. 31)5 metros, tendo importado em 9:86^$500.
Igual quantidade se fosse adquirida no mercado teriacustado 13:333$ o que
produziu uma economia para os sócios, que se utilizaram da Sociedade Nacional de
Agricultura, de 3:523$500.
345 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Visittis — Visitaram a sede desta Sociedade e deixaram consignadas suas
impressões no respectivo livro de visitas, os Srs.: Dr. Francisco Isidoro Rodrigues
da Costa, redactor da Revista Agrícola da Sociedade de Agricultura Alagoana, e
Fernando Augusto de Albuquerque Sarmento, representante da Sociodade Ala-
goana de Agricultura.
Secção Technica
Correspondência e Circular tio Si*. Mig-uel F. tio
Monte, solbi-e o tilg^oclfio — « Brazil— Mossoró, 12 de fevereiro de 1908 —
Mm. Sr. Presidente da Sociedade Nacional de Agricultura — Rio do Janeiro.
Respeitável Senhor —Confirmando a minha ultima a V. Ex. volto a as-
sumptos de interesses dessa tão útil quão humanitária sociodade.
Por intermédio da Companhia Commercio e Navogação, dessa, remetto um
encapado com lettroiro a essa sociodade contendo amostrx do algodão, frueto de
semente mandada vir do Egypto e distribuída por minha lirma commercial M. F.
do Monte & Cia, conforme circulares quo distribuímos em fevereiro do anno
passado .
Queira mandar procurar no escriptorio daquella companhia.
Reputo um produeto sinão genuíno quasi genuíno, o peço submetter tal amos-
tra a exame de entendido de fibra de algodão do Kgypto, dignanio-se dar-nos a
sua classificação.
Devido a falta de inverno regular a producção dessa semente distribuída foi
rara, porque muitos não plantaram receando perdel-a.
Essa amostra 6 produeto do trechos de açudes. Não ha duvida que esta se-
mente germina e produz em nossa região com muito proveito, e penso que será
cultivada em larga escala tanto mais porque julgamo-n >s com boa disposição para
continuar na propaganda do cultivo do algodão em geral iutroduzindo-lhe as mo-
dificações e methodos práticos que alcançar de rainhas observações experimentaes.
Incluo uma circular quo acabamos de distribuir ao nosso povo.
Nella já demos alguma orientação das observações praticas que tenho ensaiado.
Peço para ella a valiosa attençíio de V. Ex.
Temos trabalhado na propaganda do melhorar o acondicionamento, descaroça-
geni e plantio, o com prazer já registramos notavol melhora a todo respeito.
A qualidade de algodão sujo, do caroço, viciado, tem diminuído, augmontando
o de boa qualidade.
A producção no geral tem augmentado, e todos os agricultores já conservam
o zelam melhor os seus algodoaes.
Plantei observando as regras da circular inclusa, 40.0)0 covas de caroço,
semente escolhida da melhor qualidade «Sealsland».
Nasceu muito bem, mas a estiada prolongada já matou muito.
Se tivesse poços artezianos servidos por moinhos de vento que é regular e
certo aqui nada perderia porque estou convicto por ensaios que tenho feito, que
o algodão prospera perfeitamente bem com irrigação, mesmo sem chuva alguma,
nasce bem, cresce e produz vantajosamente.
Tenho prova pratica disto.
A LAVOURA 347
Julgo mui pratico o estabelecimento de poços nesta região ate 20 léguas
distante do littoral, nos valles dos rios, que denunciam abundância d'agua no
sub-solo.
Com elles flcaria resolvido para aqui o problema das soccas, como ficou a
. superabundância de sal depois das montagens dos moinhos a vento. Seria do
grande conveniência o Governo mandar abrir um poço para uma estação ex-
perimental.
Eu cederia o terreno, e tomava parte grátis na direcção de serviço, plantio,
e irrigação.
Com uma estação experimental já .so podia iniciar reproductores de gado de
molhor raça, ao contrario tudo será frustrado por falta de forragem certa e
apropriada.
Essa tão humanitária quão útil Sociedade, que prova tanta dedicação pela
felicidade do paiz e que já tom colhido tantos fructos, prestaria um acto de ca-
ridade e patriotismo se conseguisse do Governo a abertura por proftssiona.es com-
petentes de um poço em qualquer parte apropriada do Norte, para uma estação
experimental.
Não precizaria grandes poços— pequenos com capacidade para irrigar área re-
gular.
Isto desbravado, particulares se moviam a introduzir em suas terras alguns
poços.
Conto, essa Sociedade so voltará para o Norte, que possuindo terras ubér-
rimas, vantagens naturaes que nenhuma outra, o gente invencível pelo trabalho,
força de vontade, de Índole dirigível o de fácil assimilação ao ensinamento, verá
em pouco tempo terminada tanta calamidade do seccas convertendo-se em larga
producção e prosperidade a seus habitantes.
Com a minha estima e consideração subscrevo-me.
De V. Ex. Amigo e Obr. — Miguel Faustino do Monte.»
Circular — M. F. do Monte & C.
lllui. Sr.— Nosso ultimo trabalho foi em pequenos avulsos que fizemos dis-
tribuir, e recommooda-vos : « Plantae algodão no secco. Cobri vossas terras de
algodoeiros, que vós e vossos gados tereis abundância ». Não foi intuito nosso
dar palpite sobre probabilidades de chuvas ; foi apenas lembrar aquillo que vós
mesmos já tendes praticado om pequena escala. Vieram chuvas em janeiro ;
aquelles que plantaram no secco não estão longe de lucrar o trabalho.
Conheceis bera o algodão. Foi proveitosa aquolla lembrança? Avaliae vós
mesmos.
E assim é que quando todas as vossas terras, mesmo essas capoeiras que
consideraes cansadas, estiverem cobertas de algodoeiros, o que estes nos campos
suppram a densidade do matto que derrubastes, tereis algodão em abundância,
e vossos gados encontrarão abundante forragem da melhor qualidade para resis-
tirem a seccas e a repiquetes.
Por experiência própria estamos habilitados a assegurar-vos que o algodão ú
a planta adequada e fadada para enriquecer nossa tórrida região.
Temos plantado algodão « quebrado-preto », «Mocó» ou «sedinha» e algodão
de caroço granle, pelludo-esverdeado. Esto, pensamos ser o de «Oeste» ou
« New-Orleans » e aquelle o « Sea-Island », de Nova York.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
O do caroço esverdeado rceommendamos que seja semeado dos campos e
capoeira?, para os gados. E' ello de fibra longa o forte, e resisto mais que todos
aos rigores da secca, conservando verde folhagem, e dando fruetos pelo verão,
mesmo em terrenos duros, seccos, escalvados.
O « quebrado-preto » é também resistente, mas, a sua flb:'a é curta, além
de que, produz menos durante o verão ; e sendo esta a semente mais antiga
entre nós, desle annos cultivada sem o menor cuidado na escolha, o por isso
já de péssima qualidade, é forçoso quo seja substituído pelo «Mocó» uu « se-
dinlia », cuja fibra ó longa, gorda, se lusa ; e, além disso, é clle o mais valorisado
nos mercados consumidores. E' mais resistente do quo aquelle ; produz mais
durante o verão; durante quatro ou cinco annos dá boa producção, e ha quem
affirme produzir durante 10 a 20 annos. Reeommondamos, pois, o « Mocó» ou
«seJinha» como a qualidade preferível a tolos os respeitos. E' indispensável
prestar attenção á semente; a somente má, sem o necessário desenvolvimento,
chocha, colhida antes de tempo, não podo dar um arbusto vigoroso, capaz do
boa producção.
A nossa attenção e nosso esforço devom preparar o largo cultivo do algodão.
Paizes onde a cultura do algodão reclama maiores dispêndios, e mais aturados
cuidados, auferem enorme lucro dessa industria.
Quanto despendemos em adubos, estrumes para nossas terras? Nada. Só esse
facto dá-nos grande vantagem para a victoriosa competência. Nosso solo é ubér-
rimo e ainda dispensa certas despezas de cultura. E' preciso, entretanto, outros
cuidados e methodo.s adaptados ao clima e ás suas particularidades.
Sob esse ponto de vista o nosso descuido principia desde o abrir a cova para
a semente. Si quem deseja edificar uma casa esmera-se em cuidar do alicerce.
é também indispensável que em se tratando de plantar cuide-so da base para a
planta; e esse alicerce é a cova. Devemos abrir uma cova larga, em certa pro-
fundidade, aterrando-a depois, até quasi meia, com terra frouxa, sem torrões;
lançar então a semente sobro essa cova o acabar de cobril-a. Esso systema é de
clara vantagem, porque proporciona á planta om seus primeiros dias de tenra
germinação um solo arejado e frouxo. Accresce ainda a vantagem de guardar
a agua das chuvas em maior abundância, e esta circunstancia só por si é de
toda importância, pois serão menos destruidores os o Afeitos dos constantes ve-
rões o períodos de estiagem : a planta poderá esperar mais.
A cova larga afasta mais o matto da planta, que assim ainia poderá es-
perar mais pela limpa. Esta limpa nunca deverá ser feita paca «escalvar» a
terra. A terra escalvada fica sujeita aos fjrtes ardores do sol, que rapidamente
extrahe lhe tola húmida lo. E além disso a terra da superfície é cheia do detritos,
paues, etc, si for arredada pela limpa para o meio das carreiras, tornar-se á
a terra mais estéril. Não arrumeis o mitto em carreiras, em leirões: espalhao-o.
Si for possível cobrir a torra com palhas, capim secco, folhas, mais abrigada
ficará cila dos raios solares o mais adubada estará. E' preciso acabar com o per-
nicioso systema de cDivaras. Esses resíduos seccos que são queimados, capins,
hervas, resto das plantas anteriores não farão mal á nova planta: são lorças
do producção; a terra vegetal é óptima para a prosperidade da lavoura.
Quando muito, queimeis o matto secco mais posado que possa difficultar as
limpas.
A LAVOURA 349
As limpas devem ser foitas antes que o matto cresça e ao redor da cova do
algodão, ficando os espaços das carreiras com o matto ; a terra ficará abrigada
e não sjrá destruída preciosa forragem.
Essas palavras, que tomamos a liberdade de vos dirigir, não tem por fim
vos ensinar regra em vossa profissão. Observae, reparae, sede cuidadosos em es-
tudai- vo<sa trabalho; assim vos dirigireis melhor e não andareis ás apalpadellas ;
traballiae também um pouco para o bem geral, mandae informações úteis e pro
vei tosas de vossas experiências. Nos achareis sempre promptos para ouvil-as e,
em vosso nome, fazel-as chegar ao conhecimento de tolos.
Com os cumprimentos do — M. I< . do ilonle & C.»
Miacliinismos para a mandioca — Recebemos do Sr. Dr. Manuel de
Albuquerque, residente em Cantagallo, uma carta em a qual commuuica-nos este
senhor ter achado muito elevado o orçamento, que os Srs. Areus & Comp. publi-
caram em um dos números passados d'.4 Lavoura, para machinismos para man-
dioca. Diz-nos mais achar-se habilitado a fornecer um engenho completo
por 2:000$, em tudo perfeitamente igual ao que os mesmos Srs. Arens & Comp.
têm á venda.
Descascador Eng-ellberg-— Dos Srs. F. Upton&Comp. recebemos
earta communicando-nos a remessa do seu Catalogo C, onde se encontra o descas-
cador « Engelberg » que, dizem-nos os mesmos Srs., é hoje grandemente ado-
ptado cm S. Paulo.
Uemetteram-nos ao mesmo tempo amostras de arroz e café beneficiados com
esto descascador americano, por onde se pôde bem evidenciar a verdade da sua
Mussu
Na edição d'A Lavoura correspondente ao mez do outubro ultimo, publicamos
alista de nomes de madeiras de Cananóa (Estalo de S. Paulo) cujas amostras,
extrahidas por ordem desta Sociedade, se acham convenientemente preparadas
no respectivo Museu.
Substituímos agora aquella lista pela que segue abaixo, na qual não só
seguimos a ordem alphabetica, para mais fácil consulta, como também fazemos
o numero de ordem corresponder ao das monograpbias que temos publicado e ao
das que continuarmos a publicar.
1. Aleixo. 9. Arapaçu pequeno.
2. Almecega branca. 10. » » (cerne)
3. » vermelha. 11. Araribá amarello.
4. Araçá de fruoto. 12. Araticun cortiça.
5. » peba. 13. » do morro.
6. » pyranga. 14. Aroeira branca.
7. » vermelho do pequeno. 15. » vermelha.
8. Arapaçu grande. U">. » » (raiz)
SOC.IKDADB NACIONAL DE AGRICULTURA
17.
Bacopary.
62.
Caujuja vermelha.
18.
Baguassú.
63.
Cedro grande.
19.
Batata.
64.
» (raiz).
20.
Uatitõ-pequeno.
65.
Crindiúva.
21.
Iiotarú branco.
66 .
Cuayrana.
ai .
\. Botarú branco ( outra amostra).
67.
Cubatan branco.
2i.
Bucuhuva grande.
68.
» vermelho da arêa.
23.
Caandapuva grande.
69.
» » do barro.
24.
» pequena.
70.
Capiuva branca.
25.
Cabreúva parda.
71.
Espinho de judeu.
26.
Cabreúva vermelha.
71
A. Espinho do judeu ( outra amos-
27.
» » (cerne I.
tra).
28.
Cae-e-levanta.
72.
Estopa.
29.
Cafeeiro.
73.
Figueira grande.
30.
Canuna bi*anca.
74.
Gracuhy do Grande.
31.
» roxa.
75.
Grão de gallo.
32.
Caixeta branca.
76.
Guabirobado matto.
33.
» vermelha.
77.
» domestica.
34.
Cambará Guassú.
78.
Guacá de onda.
35.
Cambuhy amarello.
79.
Guachichin.
36.
» preto .
80.
Guajupiroca da arêa.
37.
Canella amarella da arêa.
81.
» de folha grande.
38.
» » do barro.
82.
Guajuruvá.
39.
» anhuiba amarella.
83.
i.uanandy-carvalho.
40.
» catinguda.
84.
» cedro.
41.
» de veado.
85.
» piolho.
4i.
» nhojirara.
86.
Guapeba vermelha.
43.
» nhopissuma.
87.
Guaraparin.
41.
» nhumirim branca.
88.
Guaricica branca.
45.
» » vermelha.
89.
» vermelha.
46.
» nhunguvira branca.
90.
Guatambú da arêa.
47.
» Paulo Teixeira.
91.
» do barro.
48.
» sassafraz amarella da arêa
92.
Guayraua amarella.
49.
» » » áo bar-
93.
» branca.
ro.
94.
Guriatan vermelho da arêa.
50.
Cangerana.
94 A. » > do barro.
51.
Capororoca pequona.
95.
Guruguva.
52.
> ussú .
96.
Ilerva cidreira.
53.
» vermelha.
97.
Imbirussú vermelho.
54.
Caquera femer.
98.
Ingá branco.
55.
Caroba branca.
99.
Ipé tabaco.
56.
» roxa.
100.
» »
57.
Carvalho branco.
101.
» »
58.
» vermelho.
102.
Ipeuva.
59.
Cataya vermelha.
103.
.laboticabeira.
60.
Catiguá
104.
Jacarandá branco.
61,
Caujuja branca.
105.
» pytanga.
A LAVOURA
351
106.
Jacarandá py tanga, (cerne).
136.
Picherica-ussú.
107.
» rosa.
137.
Pimentinha.
108.
» roxo.
138.
Pindaúva parda da arêa.
109.
» una.
139.
» » do barro.
110.
Jacarépirana branoo.
140.
» vermelha.
111.
» vermelho.
141.
Pinho vermelho.
112.
Jaeatahuva.
142.
Pitaguará amarello.
113.
Jacatirão de flor.
143.
» branco.
114.
Limãosinho.
141.
Seriuva grande.
115.
Majaruvoca vermelha.
145.
Simbiuvâ.
116.
Mamãosinho.
146.
Tabueuhuva branca.
117.
Mandaguahu pardo.
147.
» vermelha.
118.
Maudiparana.
148.
Tajuba do morro.
119.
Mangue manso.
L49.
» » »
120.
Manguerana.
150.
» » sambaqui.
121.
Maria molle.
151.
Taruman da arêa.
122.
Maricá.
152.
» do barro.
123.
Marmeleiro do matto.
153.
Timbouva poça.
124.
Massaranduba grando.
154.
Urucurana branca.
125.
» pequena.
155.
» pequena.
126.
Mochita vermelha.
156.
Uvalha.
187.
Murta.
157.
Uvatinga.
128.
Nogueiro.
158.
Vamirim branco.
1^9.
Úleo branco.
159.
» ferro .
130.
Olho de cabra.
160.
» vermelho.
131.
Paipuna grande.
161.
Vapuronga.
132.
Papagueia vermelho da arêa.
162.
Vuape branco.
133.
Paratudo.
163.
» do morro.
134.
Páo David.
164.
» vermelho.
134 A. Pão sangue.
165.
Vuapericica.
135.
Peroba rosa.
*§&HQfr€€€€-
NOTICIÁRIO
Cu.ltu.va, tio tvigro — Pelo Sr. Homero Baptista foi apresentado a
Camará dos Deputados o seguinta projecto que visa fomentar em nosso paiz a
cultura do trigo :
O Congresso Nacional decreta :
Art. l.° E' concedida a qualquer synlieato ou cooperativa agrícola que cul-
tivar o trigj asubveação annual de 15:000s (iiuiuze contos de réis).
Art. 2.° Essa subvenção será paga em prestações trimostraes, duraute o praso
de cinco annos.
805á 5
352 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Art. 3.° Somente gosará dos favores desta lei o syndicato ou cooperativa
agrícola que provar :
a) achar-so organizada de conformidade com a legislação vigente ;
6) abranger a plantação de trigo uma área superior a 200 hectares ;
c) manter na direcção da cultura de trigo um teehnico do reconhecida compe-
tência e pratica comprovada.
Art. -1." Quando se reunirem cinco ou mais syndicatos ou cooperativas, que
satisfaçam as condiçõas desta lei, para o fim especial de estabelecerem campos
de experiências e laboratórios apparelhados para o estudo de entomologia, phyto-
patkologia, microbiologia, pbysica, chimica e meteorologia agrícolas, perceberão
conjunctamente, e por espaço de cinco annos, a subvenção annual de 30 contos.
Art. 5.° Ficam isentos de impostos aduaneiros as machinas e instrumentos
agrícolas apropriados ao arroteamento e amanho da terra e á colheita e benefi-
ciamento dos respectivos produetos ; os adubos e insecticidas, as machinas e appa-
relhos destinados á purificação e á preparação de massas alimentícias e outros
produetos do trigo ; as machinas e apparelhos destinados aos laboratórios, postos
meteorológicos e campos de experiência e demais instrumentos necessários ao
mesmo fim — quando importados para uso exclusivo dos syndicatos e cooperativas.
Paragrapho único. Os importadores retirarão esses objectos mediante simples
requerimentos aos inspectores das alfandegas e administradores das mesas de
rendas.
Art. 6.° Um anno depois de posta em execução esta lei, pi'ovidenciará o
governo para que, nos Estados onde existam syndicatos ou cooperativas para
cultura do trigo, sejam os seus produetos preferidos nas concurrencias publicas
federaes.
Art. 7.» O governo promoverá accordo com as estradas de ferro, emprezas
de navegação e outros meios de transportes para a reducção dos fretes dos produetos
de trigo.
Art. s.° As associações subvencionadas em virtude desta lei são obrigadas :
a) a prestar á Directoria Geral de Estatística e aos Ministérios da, Agricultura
e da Fazenda as informações que lhes forem requisitadas ;
b) a apresentar annualmente o relatório dos trabalhos executados durante o
anno com minuciosas informações dos estudos realizados, das observações feitas e
dos resultados colhidos ;
c) a facilitar aos agricultores, que o solicitarem, a visita dos seus campos do
cultura e laboratórios, prestanlodlies as informações e facultando-lhes os meios
de adquirirem conhecimentos práticos sobre cultura do trigo.
Art. 9.° O governo, no respectivo regulamento, estabelecerá as regras para a
fiscalização das associações subvencionadas por força desta lei.
Art. 10. São revogadas aí disposições em contrario.
Sala das sessões, 10 de junho de 19J8. — Homero Baptista. — Diogo Fortuna. —
J. Simeão Lopes. — João Abbott.
A. estatística, da producção «los cereaes no mundo
— Trigo — : í . 1 60 milhões de alqueires, correspondendo a 86 milhões de toneladas
métricas : o alqueire vale litros 30,6 e pesa kilos 27,2.
Três paizes produzem a metade dessa cifra : os Estados Unidos, 600 milhões de
alqueires ; a Rússia, 541 ; a França, 328. Os demais paizes são, por ordem : índia,
A LAVOURA 353
286; Itália, 159; Allemanha, 128 ; Hungria, 120; Hespanha, 115 ; Argentina, 101
milhões do alqueires.
Milho — 2.896 milhões do alqueires ou 73.500.007 toneladas métricas. Só os
Estados Unidos produzem 2.286 milhões de alqueires.
Aveia — 3.371 milhões de alqueires ou 49 milhões de toneladas métricas : Es-
tados Unidos, 871 milhões de alqueires ; Rússia, 825 ; Allemanha, 494 ; França,
208 ; Canadá, 204; Austria-Hungrii, 190.
Conteio — Mais da metade e produzida pela Rússia : 890 milhões de alqueires ;
Allemanha, 372.
Cevada— Rússia, 197 milhões de alqueires; Allemanha, 145 ; Estados Unidos,
114; Japão, 80.
Arroz— China, 24.500.000 toneladas metr.cas; índia, 21.700.000. A producção
mundial é quasi igual a do trigo.
Alpiste — índia, 542 milhões de alqueires ; China, cere i de 500 milhões ; Rús-
sia da Europa, 78 ; Rússia da Ásia, 45 ; .lapão, 12 ; Estados Unido?, 5 milhões de
alqueires.
Segundo uma recente communicação apresentada a Sociedade Nacional de
Agricultura da França, vende-se em Vienna o leite puro por 20 cêntimos o litro.
Em Paris, compram no por 20 cêntimos o litro os vendedores á retalho e dão-no ao
consumo por um preço que varia do 25 a 40 cêntimos. Em Berlim, o preço inva-
riável ó de 20 cêntimos o litro. O exemplo que oíferece Londres é ainda mais sur-
prehendente. Nessa cidade, com uma população de cerca de 6.000.000 de habitan-
tes e onde se dá actualmente uma crise de leite, originada não por escassez, mas
por não quererem os retalhistas pagar alguns cêntimos mais exigidos poios proprie-
tários de estábulos, ha grandes difflculdades do abastecimento ; mas ainda assim
retalha-se o artigo na razão de 40 cêntimos o litro, preço este alli considerado
exorbitante !
Aqui, no Rio de Janeiro, o litro de leite custa 600 réis e mais !. . .
Empregando os cactos para alimentação do gado, transformaram os americanos
esse ílagello de suas planícies em um precioso recurso. Diz o Journal <V Agriculture
Tropicale, que, depois quo a attenção se volvou para o; empregos novos do álcool
desnaturado, pensa-sa em aproveitar o cacto como produetor do álcool. Parece
mesmo que vae adianta la essa tentativa e com resultados satisfactorios, visto como
em certos pontos do Texas occidontal, já se começa a trabalhar com alambiques
portáteis .
Segundo informa o Financial Xews, organiza-se um syndicato para crear no
Brazil uma empreza de exportação de gado. E' excellente essa idéa, diz o Messar/er
de São Paulo, pois que a Inglaterra mania buscar carneiros e mais gado em navios
frigoríficos, que effectuam a viagem da Nova Zembla á Inglaterra, ou três vezes
mais a distancia que a separa do Brazil e estamos persuadidos qu3 o Governo Fe-
deral tem o maior interesse cm facilitar a installação de semelhantes companhias.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Não só a creação dessa nova exploração agrícola servirá para augmentar o com-
mercio de exportação, como desenvolverá o consumo interior do paiz, que sente
falta do carno fresca, especialmente os Estados do norte do Rrazil, como o Pará e
o Amazonas, que importam grande quantidade de carno sccca da Republica Argen-
tina.
Em um artigo publicado na Reforme Sociale, estuda o Sr. Dufourman-
telle o credito agrícola na França, na Allemanha, na Itália e na Hungria :
« Foi a Prússia, diz elle, o foco de onde sahiu a idé i primeira do credito
cooperativo, de que é a Allemanha a terra clássica e o mais rico centro do expan-
são. Na Itália, ura sopro poJeroso de solidariedade social vivifica todas as asso-
ciações agrícolas ; na Hungria, as associações federadas se substituem progressiva-
mente á acção do Estado. Na França, data de 1889 o despertar da idéa do credito
cooperativo. A iniciativa particular contribuiu para isso, ao mesmo tempo que a
intervenção financeira do Estado, pondo á disposição das caixas regionaes do
credito agrícola adiantamentos temporários e gratuitos. Resta, porém, completar a
obra, inspirando ás populações ruraes as medidas a realizar pola organização das
federações e pelo emprego sabiamente comprehendido dos recursos e das economias
locaes . »
Na adubação do fumo, o azote facilita o contribuo para o desenvolvimento
da folha. Um excesso de azote ó prejudicial, porque retarda a maturação e faz
elevara porcentagem de nicotina.
O acido phosphorico é indispensável na adubação do fumo, como nas difforentes
culturas, mas a sua acção não está estudada : é apenas reconhecido que basta
empregal-o em quantidades moderadas.
Os saes do potassa são de grande importância na cultura do fumo. A potassa,
tanto ou mais do que o azote, contribue para o devido desenvolvimento da folha e
além disso tem uma influencia directa na combustibilidade do fumo. O chlorureto
de potássio diminue as condições da combustibilidade ; ao passo que o sulfato de
potássio a facilita; pelo que na adubação do fumo é indispensável o seu emprego.
Os elementos fertilizantes preferíveis para adubação do fumo são : nitrato de
sódio, phosphato de cal e sulfato de potássio.
Acaba de realizar-se, dizem os jornaes europeus, o fabrico de lã, graças á
agua do mar. Os resultados obtidos têm sido estupendos e maravilhado ainda aos
mais scepticos. ii' obtido esse têxtil pela precipitação de soluções cellulosicas pela
agua do mar. A cellulose encontra-se em toda a parte e a agua do mar nada
custa. Assim, pois, póde-se fabricar facilmonta esse novo têxtil, que se presta a
ser fiado do mesmo moio que o algodão ou a lã.
Segundo o Móis Colonial et Maritime, o commercio da juta, nestes últimos tem-
pos, tem tido considerável incremento. A Inglaterra, a Allemanha, os Estados
A LAVOURA 355
Uaidos, a Áustria e a Itália empregam grande quantidade desse têxtil, que mandam
vir de Bengala, onde cultiva-se a maior parto da juta empregada no mundo. Na
França, a industria da juta faz viver a cercado 30.000 pessoas e do 82.056 tone-
ladas ora 1898, a quantidade da juta importada o empregada no consumo subiu
a 118.911 toneladas em 1902, a 72.000 cm 1903, a S7.164 em 1904 e a 97.360
em 1906.
O girasol é cultivado era certos paizes para usos industriaes, especialmente
na Rússia, nas províncias do norte e do caucaso. Das semontes extrahe-so um
óleo que serve para o fabrico do sabão e mesmo como óleo do cosinha. As hastes
e as folhas são incineradas para estrahir-se a potassa. Em 1907, as cinzas do girasol
renderam, nas 24 fabricas do Cáucaso, 15.030 toneladas de potassa.
Saloxo — Acha-se exposto no pavilhão da Sociedade Nacional de Agricul-
tura o «Saloxo» sal especial para gado. Este sal é um sal desnaturado, destinado
unicamente ao consumo do gado bovino, lanígero e cavallar. E' preparado com o
sal gemma húngaro, o mais puro até hoje conhecido, com addicionamento de
oxydo de ferro vermelho e de pós de losna, sendo este preparado absolutamente
inuocuo, como está provado pelas experiências praticas feitas em estabelecimentos
zootechoicos do Governo Hungaro, manifestando ao contrario propriedades apperi-
tivas e digestivas na boa alimentação dos animaes. Folhetos cora demais infor-
mações acharão os interessados juntamente com o produeto exposto no pavilhão
da Sociedade Nacional de Agricultura.
PARTE C0MMERCIAL
Agosto ds 1908
Café
Venderam-se 17H.000 saccas contra 13S.000 no mez anterior.
Entraram 887.287 saccas contra 240.761 saccas no mez anterior.
Os embarques foram : 233 171 saccas contra 190.793 no mez anterior.
Existência em 15 de agosto: 325.942 saccas; em 31 do agosto: 331.320 saccas.
Os extremos das cotações foram :
í» quinzena
Por arroba Por 10 kiloa
Typo n. 6 5$500 a 5$600 3$744 »2|813
> » 7 5$100 » 5J200 3$472 > 3*540
» » 8 4$800 » 5$900 3$268 » 3$336
» > 9 4$500 » 4$600 3$064 > 3$132
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
2* quinzena
Por arroba Por 10 kllos
Typo n. 6 5$500 a 5$700 3$744 a 3$881
» » 7 5$ 100 > 5$300 3$472 » 3$608
» » 8 4$800 » 5$000 3$268 > 3$404
» » 9 4$500 » 4$700 3$064 » 3$200
Em Nova York, o typo 7, disponível, foi cotado a 5 "/18 c. por libra, e o da
Santos a 7 5/16 c- durante todo o niez.
Na Bolsa os seguintes preços registraram-se: 5.05 c. em 1, 11, 12 ln, 20 o 31 ;
5.60c. em 3, 6, 7, 8, 10, 13, 14, 15, 17, 18, 21, 22 e 29 ; 5.55 c. em 4, 27 e 38;
5.50 c. em 5, 24e26.
Entradas no Rio de Janeiro, detalhadamente :
!"■ quinzena
Saooas
Estrada de Ferro Central do Brazil 52.26N
Cabotagem 4.141
Barra dentro 69.539
Total 125.949
2' quinzena.
Saooas
Estrada de Ferro Central do Brazil 56.336
Cabotagem 5.728
Barra Dentro 99.274
Total 161.338
Géneros importados
Qualidade
Carne secca
Quantidade
28.832 fardos:
ia quinzena
Rio Grande (systema antigo) Não ha
Dita (systema platino) nova $660 a $720
Rio da Prata, nova, patos o mantas $660 » $760
Ditas idem, manta só $700 » $800
2& quinzena
Rio Grande (systema antigo) Não ha
Dita (systema platino) nova $660 » $720
Rio da Prata, nova, patos o mantas $680 » $740
Ditas idem, manta só $760 » $820
Farinha de trigo . . . 19.800 barricas .... —
ía quinzena
Americana (barrica) Não ha
> (secca) » »
Rio da Prata:
Por 2 saccas
Primeira qualidade 23$5oO
Segunda » 22$õ00
Terceira » 21$500
Moinho Ingloz:
Nacional 23$500
Brazileira 22$700
Buda-Nacional 24$700
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 24$000
O. O ... • 23$000
2» quinzena
Americana (barrica) Não ha
» (secca) » »
Rio da Prata:
I>or 2 saccas
Primeira qualidade 24$000
Segunda » 23$000
Terceira » 22$000
Moinho Inglez:
Nacional 23$500
Brazileira 22$700
Buda-Nacional 24$700
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 24$000 a 24$500
O. O 23.$O0O > 23$500
í* quinzena
Manteiga — 517 caixas :
Demagny, Isigny (latns sortidas) 2,$500 a 2$550
Brétel Frère3 (latas sortidas) 2$200 > 2$240
Lepelletier 2$470 > 2$480
Modesto Qallone (sortidas) 1$850 > 1$950
Esbousen Não ha
L. Brum 2$500 a 2$550
Buske Juniur 2$350 » 2$360
Marclet 2$200 > 2$220
Outras maroas 1$800 > 2$000
A nacional vendeu-se: a de Minas, de 3$2O0 a 3$500 e a do Sul, de 2$400
a2$700.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
2* quinzena
Demagny, Isigny (latas sortidas) 2$540 a 2$550
Brétel Frères (latas sortidas) 2$220 » 2$250
Lepelletier 2$470 > 2$480
Modesto Gallono (sortidas) 1$850 » 1$950
Esbousen 2$500 » 2$5?0
L. Brum 2$340 » 2$550
Buske Júnior 2$350 » 2$360
Marclet 2$200 > 2$220
Outras marcas 1$80) » 2$000
A nacional vendou-so: a do Minas, de 3$000 a 3$400 e a do Sul, de 2$400 a 2$700.
Géneros nacionaes
Aguardente
Houve grandes as entradas da quinzena, pjis reflectiram muito na segunda,
registrando grande baixa nos preços.
/» quinzena
As cotações por pipa de 480 litros, base de 20 grãos, regularam as seguintes:
Preços
Paraty 190$000 a 198$000
Angra 180$000 > 185$000
Campos 165$000 » 170$000
Maceió K '«$000 » 170$000
Bahia 165$000 > I70$000
Pernambuco 105 $000 > 170$000
Aracaju lfõ$000 » 170$000
Sul 165J000 » 170$000
2' quinzena
Paraty 165$000 a 175J000
Angra 155&000 » I60$000
Campos 145ÍO00 » I50&000
Maceió 1459000» 150$000
Bahia 145$000 » 150?000
Pernambuco 145$d00 » 150$000
Aracaju 145|000 » 150j000
Sul 145-;O0O » 150$000
A LAVOURA
^Vlcool
No principio do mez o ra srcado o iservou-se Armo, tendo sido regulares as en-
tradas, fechando frouxo para o 8m do mez, como abaixo damo?:
í» quinzena
P cecos
40 gráos 290$000 a 300$000
» <!7li;00:J > 280$000
3<i > 260|000 > 270$000
-'" •!•■•>
40 ;ráos 230$000 a S90j
> 260$000 9 270ÍOOO
•■ 25OJO00 » 26 i$000
A.ls,o<l£lo em i-ítiiiíi
lei ' íi iu ■ baixa 'In more ido, na l1 quinzena, devido ás noticias desfa-
voráveis de Liverpool, continuando na segunda quinzena, havendo, porém, alguma
estabilid ide i 1 fechar o moz.
Prin
Entradas :
Parahyba 1.794
Natal 1.100
Pernambuco 117
Mossoró 304
Ceará 235 3. 85.';
24.483
las dos trapiches 5.339
Existência no dia 31 19.144
Preços :
Pernambuco 9$0Q0 a 9$800
Parahyba 9$000 » 9$600
Ceará 9$700 » 10|000
Penedo Nominal
Sergipe Nominal
Maranhão Nominal
Segunda quinzena
Entradas :
Parahyba
Pernambuco 1.300
Mossoró 1-051
Natal 800
Piauhy ■''
Assú 320
MaranMo
26.545
8052 ,; -
SOCIEDADE NACIOXAL DE AGRICULTURA
Saliidas dos trapiches 5.912
Existência no dia 15 20.633
Preços :
Pernambuco I0J030 a U$000
Parahyba 9$600 » llsOOO
Ceará 9$<500 > 11$0 0
Penedo Nominal
Sorgipe Nominal
Maranhão Nominal
Assucar
Nullos foram os negócios o os compradores do todo o me/, conservando-sc
estes quasi que numa posição do espectativa diante das volumosas entradas do
Campos, sendo o preçj do quisi tod-is as quilidades fixado na 2a quinzena.
Primeira quinzena
Os preços regulam como se segue :
Pernambuco :
Branco usina — —
Dito crystal $500 a §520
D,to 3' sjrta $500 » $520
Crystal amarello $440 » $450
Mascavinho $400 » $450
Somenos $420 » $430
Mascavo loi: $345 » $350
Dito regular $340 ^ $345
Dito baixo $3:% » $335
Sergipe :
Branco crystal $500 a $520
Mascavinho $420 » $450
Mascavo bom $345 » $350
Dit) regular $340 » $345
Dito baixo $330 > $335
Cimpot :
Branco crystal $520 a $540
Dito 2» jacto $500 » $510
Crystal amarello $400 » $470
Mascavinho $420 » $4f,o
Bahia :
Branco crystal $510 a$520
Dito 2" acto — —
Mascavinho — —
Ouir is procedências:
Maícavinho — —
A LAVOUKA
Segunda quinzena
Os preços regularam como so seguo :
Pernambuco :
Branco usina — —
Dito crystal $500 a $520
Dito 3a sorte $-.00 » $520
Crystal amarello $420 > $440
Mascavinho $410 » $440
Somenos , $420 » $430
Mascavo bom $340 » $350
Dito regular $330 » $335
Dito baixo — $320
Sergipe :
Branjo crystal $500 a $520
Mascavinbo $400 » $450
Mascavo bom $340 » $350
Dito regular $330 > $335
Dito baixo — $320
Campos :
Branco crystal $530 a $540
Dito 2" jacto $480 » $500
Crystal amarello $450 » $160
Mascivinno $390 » $400
Dahia :
Branco crystal $510 a $530
Dito 2° jacto — —
Mascavinbo — —
l )utr ■ ;<< oceá
Mascavinho — —
Cereaes
Regularam os preços :
Saccos
Feijão preto de Porto Alegro, novo . . . Nominal
Dito idora da Terra Nova 10$000 a 10$500
Dito idem de Santa Catbarina Nominal
Dito do Paraná Nominal
Dito mulatinho Nominal
Dito manteiga !8$000 a 20$000
Dito enxofro 12sOOO > I3$000
Dito de cores, nacional . 7$00) » KB000
Dito branco, estrangeiro 20$000 > 2I$000
Dito amendoim, ubm 1S$500 » 20.000
Farinha de mandioca, espocial 10$000 » 10$500
Dita idem, fina í>$000 » 9$500
Dita idem, peneirada f$'00 » 9$000
Dita idem, do Norto — —
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Farinha do mandioca, grossa, Laguna . . . 6$600 a 0$800
Dita idem idem, Porto Alegro 6$400 » 6$600
Arroz nacional 23$00i l
Dito inferior ]6$000 » 20$000
Milho amarello do Norto Não lia
Dito idem da torra 7$300 a 7$500
Dito misturado, idem 6$800 » 7$000
Amendoim em casca 8$0f!0 » 9$000
Cangica 15*000 > 10$000
Favas 8$000 » 8$500
Kilogramma
Alpiste $360 a $380
Batatas nacionaes $180 » .$200
Dita estrangeira Nominal
Fubá do milho $130 a $200
Matte em folha $4no » $500
Tapioca $360 » $400
Polvilho $180 » $?<)0
Carne do porco $6*0 » $'''40
Línguas do Rio Grande (uma) 1$000 » 1*200
Ce boi las do Rio Grande (cento) 4$000 > 4$200
Fumo em í-ôlo
Preços
Do Minas, especial [$600
Dito superior ISlOO
Dito 2a" 1$200
Dito ordinário ]$000
Goyano, superior "$100
Dito 2» 1$700
Baixo Nom.
Rio Novo, superior
Dito 2' 1$800
Dito baixo 1$000
Pomba, superior l$'50O
Dito 2a 1$200
Dito baixo Nora.
Carangola 1$400
Picú, especial 2$000
Dito Ia 2$000
Dito 2* 1$000
Bahia ■ 1$I00
Poma ubuco Não ha
Sul
Entraram 7.676.
2$400 por 40 litros
kilos por cabotagem, do nacional, que se cotou de 2.$200
A LAVOURA
Msrcado monetário
Existência de ouro na Caixa do Conversão :
EM 15 DE AGOSTO
Libras esterlinas 5.403.2&5
Francos 10.396.470
Dollars 127.935
Liras 440
Pesos argentinos 2.750
Marcos 10°
Ouro nacional 148:870$000
EM 31 DE AGOST >
Libra-; esterlinas 5.375.870
Francos 10.378.150
Dollars 128.235
Liras.
argentinos
120
2.450
Ouro nacional 150:540$000
A importância do notas conversíveis em circulação era 93.760í420$000.
O preço dos soberanos, fura da Bolsa, foi de |6$025.
CAMBiO
As taxas offlciaes continuaram a manter-so inalteradas, a 15 1/8 d. sobre
Londres nos bane )S estrangeiros o 15 3/16 d. no Banco do Brasil . As trafisaci ões
bancarias fizeram-se a esses extremos e as do outro papel de 15 5/32 a 15 3/16 d.,
não .-e registrando movimento digno de notv
Os extremos das cotações offlciaes foram :
Londres, 90 d/v 15 1/8 e 15 3/16 J.
Paris, 90 d/v
Hamburgo, 90 d/ v £776 » "'■>
Portugal, 3 d/v 318 » 325
Itália, 3 d/v $63á* $039
Nova York, á vista 3$288 » 3$3I0
Vales, ouro — 1$793
O valor official do mil réis foi de 560 a 563 réis, ouro. e. ó da libra do 15$í>03 a
15$868.
Ágio de ouro 77,77 a 78, 51
£££*35N««€
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
BIBLIOGRAPHIA
Recebemos mais as seguintes publicações periódicas, com as quaes permu-
to Riaista Verde, órgão do Iustituto Internacional de Agricultura, de Roma.
—Anno IV, ns. 6 e 7.
Iahresbericht der Kãniglichen Lamhoirtschaftlichen líochschule in Berlin.—
Anno XVI.
Revue de Viticulture.— Anno 15», tomo XXX, n. 764.
Universttd Çommerciale Luigi BoccoH. — Annuario do anno escolar 1907— 1908.
Bolleltino delia Arboricultura Italiana — Anno IV, I[ trimestre.
The Journal of the College o/ Agriculture Tohohu Imperial Unieersity, de
Sapporo (Japão).— Vol. 111, part. I.
Revista da Acuhmvi <'r irense. — Tomo XIII, 1908.
Annaes da Bibliotheca e Archico Publico do Porá.— Tomo sext >.
Temos ainda a registrar com os nossas agradecimentos o recebimento dos
seguintes trabalhos :
O Estalo Moderno e a Agricultura, p;Io Sr. D". A. Gomos Carmo. Rio de
Janeiro, 1908.
Interesses Económicos da Lavoura pelo Sr. Ur. João do Carvalho Borges
Júnior. Rio do Janeiro, 1908.
Pequeno Conselheiro Pratico de Horticultura. Publicação do Centro de Expe-
riências Agrícolas do Kalisyndikat.
Flora Têxtil do Paraná pelo capitão Domingos Nascimento. Curityba, 1908.
Exposição Nacional de Í908. Catalogo gerai do EU ido de S. Paulo.
Asociaciân Rural dei Uritguay — Reglamtnlo — Programa ds la Expostcion
Nacional Anual de Animais à Galpon a cii ibrar-se em Montevi léo em 190S.
Manurial Experimenls wit\ Sugar Cant .ithe Leeioard Islands, 1906-1907. —
Publicação do Imperial Department of Agricultura for ihe West Indies.
Estatística Ag ricofr. e Zootechnica no Anno Agrícola de 1904-1905, do Espirito
Sant i do Turvo, Una, Pereira e Boa Vi4i das Pedras.
i A rALOGOS
Catalogue dei Oaerages sur les Cuítures Coloniales et les Productions des
Colonies. Augustin Chillamíl, 17, rui Jacob, Paris, 190?.
The Blgmyer Iron Works Company. Muhinas modernas para o serviço geral
das fazendas de canna, café e arroz ; installações do motores, eta.
Caldeiras de vapor. Catalogo illustrado n. 1.141. São únicos agentes dos fabri-
cantes Ruston, Proctor & Comp., limitod, Lincoln, Inglaterra, no Rio do Janeiro,
os Srs. Victor Islaender & Comp.
Machinas a vapor. Bombas ceotrifugas, elevador ss e cabrestantes a vapor,
motores a petróleo « Ruston ». Catalogo illu-traio n. 1.148, da fabrica Ruston,
Proctor & Comp., limited, Lincoln.
Machinas para plantações, Catalogo illustrado n. 1.1-17, Ruston, Proctor &
Comp., Lt., Lincoln.
Eaage & Schmidt. Catalogo de Flores, plantas e sementes para 190^.
le Janeiro — Imprensa Nacional — 1908
ESTATUTOS
CAPITULO II
DOS SÓCIOS
Art. 8.° A sociedade admitte as seguintes categorias de sócios :
-'i ■:-- eifectivos, o >rrespondentes, honorários, beneméritos e associados.
§ i.° Serão sócios elíectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem
devidamente propostas e contribuírem com a jóia de 15$ e a annnidade de 2o$ooo.
s 2." Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou
sede n< 1 extrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus
méritos e dos serviços que possam ou queiram prestar á sociedade.
§ 3.° Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedicação e
relevante- ... - tenham tornado beneméritos i lavoura.
§ 4.0 Sei io associadas as coi .r.içõe : iracter oflicial e as associações agrícolas,
filiadas ou confederadas, jue contribuírem c a jóia le 30$ e a annnidade de 5o$ooo.
- 5." < )s socins eifectiviK e 1 >s associados poderão se remir nas condições que forem
preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição lixada para esse fim
ser inferior a dez (10) annuidades.
Art. o.° Os associados deverão declarar o seu desejo de comparticipar dos tra-
balhos da sociedade. ( >s demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer
sócio e apresentação de dois membn >s da 1 lirect. iria e ser acceitos por unanimidade.
Art. 10. Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as
reuniões sociaes, lisjutmdo e propondo o que julgarem conveniente; terão direito a
todas as publicações 1 sociedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a
prestai-, in;e, cadentemente de qualquer contribuição especial.
§ [." Os associados, por seu caracter de colectividade, terão preferencia para os
referidos serviços e receberão das publicações da sociedade o maior numero de exem-
plares de que esta puder dispor.
§ 2.0 O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios; é limitado,
porem, para os associados e sócios correspondentes, os quaes não poderão receber votos
para os cardos de administração.
.5. 3." 1 is sócios perderão somente seus direitos em virtude de expontânea renuncia
ou quando a asscmbléa geral resolvei' a sua exclusão por proposta da Directoria.
REGTJLAJVTEJMTO
CAPITULO VI
DOS SÓCIOS
Art. 18. A sociedade prestará seus serviços de preferencia aos sócios e associado
quando estiverem quites com ella.
Art. iq. A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua
acceita :ã 1.
Art. 20. As annuidades poderão se pagas por prestações semestraes.
Art. 2t. tis sócios e os associados se poderão remir mediante o pagamento das
quantias de 200$ e 0$, n sp etivamente, feito de uma só vez e independente da jóia,
que devera- pagai e n .i.i!. ■ c iso.
Art. 22. 11- sócios e issociados não poderão votar, nem receber o diploma, sem
terem pago a respectiva jóia.
§ i.° O sócio que tiver pago a jóia e uma annnidade, poderá remir-se mediante
.1 apresentação de 20 sócios, desde [uc estes tenham igualmente satisfeito aquellas
contribuições.
§ 2.0 Para asse elTeito o sócio devera requerer á Directoria, provando seus direitos
nos termos d<> paragrapho anterior.
.; 3.0 Serão considerados beneméritos os sócios que fizerem donativos á sociedade,
a partir da quantia de um conto de réis.
Art. 23. Para que os sócios atrazados le duas annuidades possam ser considerados
resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas contribuições lhes tenham
-1 i" --licita ia- poi escripto, ale três me/e- antes, cabendo-lhes ainda assim o recurso
para o conselho superior e para a asscmbléa geral.
m
<r-
PAVILHÃO DA SOCIEDADE
I .Matua de < 'civs
/ ^ííçí«*ÍÍ€€€*«í*í*$*SÍ€*5*S*^S*í^*^5Í**^**5^
V
Anno XII — N.
Rio db Jansiro
Setembro db 1908
SlIEIllfclÉl
de Âgpieutiupa
w
EXPOSIÇÃO NACIONAL DE 1908
Capital Fed<
Jardim de plantas industriaes da Sociedade
ss VIRIBUS UNITIS ««
BRAZIL
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Fundada em 16 de janeiro hr [897
Caixa-postal, 1245 Sede: Ruas da Alfandega n. 108
Endereço Telegrapkico, AGRICULTURA e General Camará n. 127
Telephone n. 1416 rio dr jansiro
OI KR OTO III A.
Presidente — Dr. Wencesláo Alves Leite de Oliveira Bello.
1° Vice-presidente — Vago.
2o Vice-presidente - Dr. Sylvio Ferreira Rangel.
3o Vice-presidente — Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Secretario Cerai — Dr. Heitor de Sá.
etário Dr. Francisco Tito de Souza Reis.
2o Secretario — Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
3o Secretario — Dr. José Ribeiro .Monteiro da Silva.
l Secretario — Alberto de Araújo Ferreira Jacobina.
1" Thesoureiro — Dr. João Pedreira do Couto Ferraz Júnior.
2° Thesoureiro — Carlos Raulino.
Directores das Secções
Fazenda de Santa .Mímica Dr. Sylvio Rangel.
Applicações do Álcool e .Museu Dr. Benedicto Raymundo.
Secção Technica e Bibliotheca Dr. Heitor de Sá.
Plantas e sementes e Horto da Penha . . Dr. Monteiro da Silva.
Propaganda e estatística Alberto Jacobina e Carlos Raulino.
Secretaria Dr. Souza Reis.
Thesouraria Dr. Pedreira Júnior.
Oollaboração
Serão considerados collaboradores não só os sócios como todos que quizerem ser-
vir-se destas columnas paia a propaganda da agricultura, o que a redacção muito
agradece. A lista dos collaboradores será publicada annualmente com o resumo dos
trabalhos.
A redacção não se responsabilisa pelas opiniões emittidas em artigos assimilados, e
que serão publicados sob a exclusiva responsabilidade dos autores.
Os originaes não serão restituídos.
As communicações e correspondências devem ser dirigidas á Redacção d' A LA-
VOURA na sede da Sociedade Nacional de Agricultura.
A LAVOURA não acceita assignaturas.
E' distribuída gratuitamente aos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura.
Condições <la publicação «los annuncioa
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SUMMARIO
PAGS.
Fxposição Nacional 36-
le Nacional de Agricultura na Exposição Nacional'. 308
A Pecuária in Exposição ' j-e
Algumas madeiras e veiretaes úteis do Brazil ...... 382
O azote ^86
Expediente \ ,g6
Noticiário ...'.' 407
Parte Commercial 411
Bibliographia 42?
Anno XII - N.
Rio de Janeiro
Setembro de 1908
EDITORIAL
Exposição Nacional
JARDINS ORNAMENTAL E DE PLANTAS INDUSTRIES
No jardim de plantas industriaes fronteiro ao Pavilhão da Sociedade,
ao lado de varias plantas te.xtis estro, muitas fructeiras, oleaginosas, gom-
miferas e especiarias.
LIBRARY
NEW YORK
BOTANICAL
UAROBN.
Caramanchão He Orclii(le;is
A piteira (Fourcroya gigantea, Vent) está bem representada por typos
robustos e vigorosos ; o sisal (Agave rigida sisalana) e a outra espécie
8724 !
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
denominada henequem (Agave rígida elongata) esião patentes, o pri-
meiro sem espinhos nas folhas, ou somente no ápice, e o segundo com
bastantes espinhos nas bordas das folhas.
A distincção principal de uma e outra espécie está justamente na
ausência e existência de espinhos .
A sansevieria, tão rica de fibra, e vulgarmente conhecida pela deno-
minação de «rabo de lagarto» é uma planta muito industrial que precisa
ser bem conhecida.
A sua cultura é uma necessidade em todo o paiz, pois suas fibras
já teem boa cotação nos mercados da Europa, onde são conhecidos por
linho negro.
Sansevieria Guincensis é a melhor espécie, já cultivada nos jardins,
como planta ornamental.
Logo em seguida está um typo de Bromelia lagenaria que é o gravata
de rede, ou croá do sul.
A sua riqueza têxtil é conhecida, e pelo comprimento de 0,80 a
1 metro de suas fibras, muito macias e resistentes, constitue uma planta
jmmensamente industrial.
l \
Mosaicultura — A Jarra
Dando um corte apenas no primeiro anno, dessa época em diante
pode ser feito de seis em seis mezes.
A LAVOURA 367
Um outro tufo é de género Bilbergia também muito têxtil.
Cozidas as folhas em uma solução alcalina, as fibras que se obteem
sao iguaes á própria seda, tal a sua brandura ao tacto, seu brilho e com-
primento.
E1 um gravata abundante em todo o paiz,que vive sobre os arvoredos
e sobre as rochas.
Mesmo em Copacabana encontra-se em abundância. Plantas gom-
miferas ha a Hevea Brasiliensis— a seringueira — a maniçoba (Manihot
Glaziovii) do Ceará e Jequié, que são as duas principaes quali-
dades.
O Caúcho (Castiloa elástica), a Landolphia Senegalensis e a Man-
gabeira (Hancornia speciosa) .
Fructeiras ha uma variedade enorme, desde as melhores da Europa
até o nosso genipapo (Genipa Brasiliensis); 81 qualidades.
Café de diversos typos e procedências, 1 2 espécies ; chá da índia
(Thea Chinensis), Congonha (Ilex), Matte (Ilex Paraguayensis), Cacáo
(Theobroma cacáo), Canna de assucar (saccharum officinarum), 4 espécies ;
são plantas económicas de muito valor industrial. Sobretudo a primeira
que constitue a mais importante riqueza do paiz.
Paineiras diversas,
o Ricinus Communis -
paineiras industriaes e plantas oleaginosas como
a mamoneira ou carrapateiro.
S')i:iKIUDU NACIONAL DK AGRICULTURA
Bromelias ornamentaes em muitas espécies, 3o, cada qual mais ele-
gante em seu porte e diversidade de cores desde o róseo vivo até o
branco de mármore.
Uma notável collecção de orchideas com mais de cem espécies, dis-
posta em um caramançhel, ao lado do jardim ; 1 200 exemplares .
Outras plantas ornamentaes como as Marantas, Heliconias, Pipero-
mias, Gloxinias, Amaryllis, Griffinias, Adianthum, Splenium, Philo-
dendrom, etc. estão em profusão, ostentando sua roupagem de gala.
Alli, naquelle estreito espaço está bem patente uma amostra de nossas
bellezas naturaes ; e, se desse, então, o sombrio das selvas e a humidade
e calor de suas entranhas, que successo não se conseguiria com as va-
riedades de cores das folhas e o explendor do colorido das flores !
No jardim propriamente dito ornamental, que cerca o Pavilhão, bem
delineados canteiros repletos de lindas e raras flores. O que attrae mais
attenção são 05 espécimens de mosaicultura cobertos de trevos e únicos
que se apresentaram nos diversos jardins da Exposição.
O extraordinário de suas formas chama logo a attenção do visitante,
que na verdade se admira do conjuncto tão bem esboçado.
Taes são os principaes relevos da parte externa do Pavilhão da
Sociedade Nacional de Agricultura, na Exposição Nacional de 1908.
Se não houve brilho bastante não foi por falta de boa vontade, de
esforço e de trabalho da commissão, que fez todo o possivel para cumprir
o seu dever.
Dr. Monteiro da Silva.
A Sociedade Nacional do Agricultura na Exposição Nacional
de 1903
A muitos terá parecido extranha a ousadia desta Sociedade em
se apresentar á Exposição Nacional de 1908, em pavilhão especial e
com exhibição sua.
Esse arrojo teve inicio em honrosissimo convite feito pelo illustre
Ministro da Industria, o Exm. Sr. Dr. Miguel Calmon.
A directoria hesitou muito em acceital-o, ante a tremenda respon-
sabilidade que teria de assumir.
Não lhe fora confiada a organisação da secção agrícola daquelle
certamen, secção que, pelo regulamento, não existiria de facto, frac-
Caramanchel de orehideas á entrada do Museu A.gri
Mostruário de artefactos de fibras
A LAVOURA 3>9
cioaada como devia ficar entre as collecções separadas e independentes
dos diversos Estados.
Faltavam-lhe esses elementos de amostras e o meio de as obter,
quando a tarefa competia a commissões especiaes e com destino áquellas
collecções.
A exposição da Sociedade, no emtanto, teria de ser toda no inte-
resse da agricultura e, pelo caracter da associação, não podia se limitar
a determinada zona, mas sim abranger, quanto possível, esse ramo de
actividade em todo o paiz, dando assim uma idéa approximada da pro-
ducção agrícola do solo brasileiro.
Não querendo desertar do posto de honra a que era chamada, a
Sociedade procurou desempenhar-se, augmentando seu museu agrícola,
organisando collecções que se approximassem desse objectivo e encetou
trabalhos e estudos que interessassem a todo o paiz em sua actividade
rural e permittissem conhecel-o nesse factor essencial de sua vida
económica.
A reunião de seus catálogos dará uma idéa parcial do que foi a
sua exposição de productos agrícolas e extractivos.
Mas não é tudo. Nossa exposição não foi só de productos, mas
também de trabalhos.
Entre estes está a collecção de mappas.
Todos os paizes bem organisados possuem a sua geographia agrí-
cola mais ou menos completa e exacta . Nesse particular o Brasil não
tinha nem pouco nem muito, nem bom, nem máo.
Entende-se por geographia agrícola o modo de distribuição dos
factores que influem sobre esse género de producção, a distribuição das
culturas e das espécies industriaes espontâneas, com a indicação das
regiões e das áreas que ellas occupam, e, finalmente, a intensidade da
producção dessas culturas no todo e nas diversas regiões.
Dentre os factores, uns são naturaes, outros são obra humana .
Aquelles são a constituição geolugica, a natureza dos terrenos agrícolas,
que se formaram com elementos das rochas desaggregadas e, finalmente,
o clima.
Poder-se-hia capitular entre elles as vias naturaes de communicação
e assignaladamente os portos e os rios navegáveis e que são elementos
naturaes com que os paizes são mais ou menos favorecidos como escoa-
douros necessários á sua producção. São de obra humana os meios
estabelecidos para essa circulação dos productos e bem assim os trechos
navegados, as vias férreas e de rodagem. Em appendice a estes caberia
incluir a densidade de população, como factor da somma de productos,
370 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
a organisaçáo da classe agrícola, pela influencia que tem sobre a den-
sidade da producção, a distribuição dos meios de aprendizagem e de
ensino, como condições para o esmero e proficuidade no aproveitamento
de todo o conjuncto de factores económicos da vida rural.
Sobre tudo isso, bem como sobre a distribuição e intensidade das
producções, já existiam certamente estudos feitos ; mas, ou não estavam
elles systematisados ou ainda não haviam sido devidamente orientados
e postos ao alcance dos interessados para o estudo e conhecimento do
paiz, sob esse ponto de vista geographico especialíssimo e da mais
evidente utilidade.
A Sociedade, então, no intuito de fazer os visitantes da Exposição
Nacional conhecerem o paiz e a sua agricultura, sob esse importante
ponto de vista, emprehendeu systematisar e coordenar tudo que estava
conhecido com relação a esse objectivo, e com esses elementos organisou
uma collecção de 53 mappas e diagrammas, com a qual inaugurou a sua
secção de geographia agrícola.
A ella pertencem, além dos referidos mappas e como seu comple-
mento, uma collecção dos typos de solos agrícolas e outra de correctivos
e adubos.
Essa secção é trabalho original, que pela primeira vez se organiza
em nosso paiz.
E' certamente falha, porque apenas se inicia e por deficiência de
estudos systematicos feitos com essa orientação. Tem, talvez, erros, por
defeito de informações e por erros, talvez, dos próprios trabalhos por
outros feitos e que são as fontes necessárias dos dados para esse em-
prehendimento.
Não faltaram, porém, esforços para a melhor e mais completa
systematisação possível. Grande é a bibliographia onde foram esses
dados procurados e ainda houve recurso, e grande, a competentes, que
podiam também informar com proficiência.
As lacunas serão aos poucos preenchidas. Os erros, si os houver,
tornados evidentes e realçados agora pela graphia, mais facilmente serão
corrigidos, por nós ou por outrem, do que quando sumidos ou diffun-
didos estavam em revistas, relatórios e outros escriptos ,
Em todo caso ahi se encontram muitas noções da maior impor-
tância para o conhecimento da vida económica do paiz, noções que não
estavam de nenhum modo vulgarisadas, que muito dirhcilmente pode-
riam ser obtidas por uma mesma pessoa e que agora ahi estão reunidas,
coordenadas, claras e ao alcance de quem quizer consultar os nossos
mappas .
Secção de industrias extractivas — .Mostruário de tibi
Mostruários de algodão, painas e lios de seda
CollecçÕes de libras textis
Mostruários de sementes, farinhas e fibras textis
Mostruário ele café e mate
truario de cereaes
Esses mappas não são nem mais incompletos nem mais defeituosos
do que todos os mappas geographicos que existem sobre o paiz, e que
nem por isso deixam de prestar inestimáveis serviços ao conheci-
mento que todos deviamos ter no mais alto gráo de perfeição sobre
a nossa nacionalidade.
Só uma observação prolongada e attenta poderá dar idéa clara do
que são esses mappas e de sua utilidade.
Formularemos, no emtanto, uma indicação resumida do modo
por que elles se encadeiam, se combinam e se completam, e que permitta
conhecer a orientação que á sua organização presidio e a natureza das
informações que elles fornecem.
Um grupo de mappas representa o Brasil, com indicação dos limites
dos Estados, dos principaes rios, montanhas e cidades e nelles estão
representadas, num, a constituição geológica com os terrenos indicados
por idades ou por períodos, noutro, se representa a distribuição dos
terrenos agrícolas, por sua natureza physica ou geotomica, deduzida
das rochas de que provieram por decomposição.
Assim conhecido o que diz respeito ao solo, dous outros mappas
informam a respeito do clima, indicando um as altitudes, pela divisão
do paiz em três zonas dilferentes, segundo a alt'tude vae de om a 3oom,
de 3oom a iooora ou a mais de iooom. Outro indica as temperaturas,
assignalando as regiões em que o thermometro vae de o° a i5°, de 15o
a 25° ou a mais de 25°.
Em mappa especial é dada a densidade de população, com a in-
dicação das zonas em que esse coeficiente por kilometro quadrado é de
menos de um habitante, ou se eleva de 1 a. . . ou a mais de. . .
Conhecido o terreno, o clima e o coeficiente de população, passa-se
ao estudo da distribuição das plantas úteis, espontâneas ou cultivadas.
Para isso um grupo de mappas indica, separadamente, a área occupada no
paiz pela seringueira, pela maniçoba, pela mangabeira, pelo matte e
pelos pinheiraes. Outro grupo mostra as zonas de nossas principaes cul-
turas, como as do café, da canna, do algodão e do cacáo.
Esta parte, porém, precisando ser mais especialmente estudada, em
vista da sua grande importância, é dada em detalhe num grupo de mappas
estadoaes. Assim, foi feito um mappa em escala maior para cada Estado
com a indicação das zonas occupadas por seus campos de criação e pelas
culturas que ahi mais se distinguem, por sua importância, ou por sua
especialidade.
Esses mappas indicam também os géneros agrícolas que são importa-
dos e os exportados em cada Estado.
SOCIEDADE NACIONAL DE AORICULTURA
Finalmente, como synthese da situação económica de cada pro-
ducto de exportação e da agricultura, em geral, do paiz, a collecção de
diagrammas representa a estatística da exportação de cada género no
período de igoi a 1906, com indicação das quantidades e respectivos
valores e, por ultimo, faz o confronto entre a exportação geral do paiz,
a sua importação geral, a exportação dos géneros agrícolas e a importação
de géneros agrícolas.
Completam a serie de informações o confronto da área e da po-
pulação do paiz, com os principaes paizes da Europa e da America, e os
mappas das vias de communicação : estradas de ferro, de rodagem e rios
navegados ; e, por ultimo, a distribuição dos estabelecimentos de ensino e
das associações agrícolas.
Ao lado desse trabalho de que foi encarregado o Dr. Manoel Paulino
Cavalcanti, agrónomo e auxiliar da Sociedade, esta apresentou na Exposi-
ção o Herd-Book Nacional .
Esse é o registro genealógico dos animaes de raça importados no paiz
e que o Sr. Ministro da Industria confiou ao critério e execução da
Sociedade, autorisado, como estava, a organisar esse trabalho por disposi-
ção orçamentaria.
A Sociedade traçou o plano desse registro, de accordo com os
pedegrees que os importadores são agora obrigados a apresentar para
obter do Governo a indemnisação das despezas de importação, e o
completou com todas 'as informações que acompanham os animaes, de
modo a garantir, por seu registro, a mais perfeita e completa identifi-
cação dos animaes importados.
A esse registro, já agora iniciado com algumas inscripções, seguir-
se-ão os Stud-Book, Flo':-Book e o Pig-Hook nacionaes, bem como, por
iniciativa da Sociedade, os registros ^ootechnicos desses diversos ramos da
pecuária nacional, de accôrdo com a indicação apresentada por seu presi-
dente ao ultimo Congresso Nacional de Agricultura.
Entre os trabalhos organisados, além dos referidos, cumpre assi-
gnalar a secção de Zoologia Agrícola, que suppomos ter sido pela primeira
vez exhibida^com o seu verdadeiro caracter, que consiste na reunião e
estudo dos animaes nocivos á lavoura e dos que lhe são úteis, compre-
hendendo as diversas classes e ordens zoológicas ; a dos fructos e pro-
ductos diversos conservados, sem perda dos caracteres externos, como
convém ás collecçóes permanentes ; varias publicações, como são os
«Apontamentos para a Geographia Agrícola» do paiz, a «Noticia sobre
as Associações Agrícolas do Brasil em 1908», a collecção de leis que
regulam as associações agrícolas, sob o titulo «Syndicatos e Coopera-
MiKlniariu t!e truclns o protluctns orne
Scc\'ã(i de LlcuiJruliinKt
Secção de industrias extractivas - Lado direito
Secção de industrias extractivas — Lado esquerdo
A ni mães úteis
Secção de zooln-ia aurícula — Aniniaes
A LAVOURA 373
tivas», e as monographias de propaganda sobre o chá, o café e marte, a
exploração da borracha e a exploração de madeiras no paiz ; finalmente
um importante trabalho, cuja impressão não poude ainda ser concluída,
é a «collecção de leis referentes á agricultura, desde o annode 1808».
As collecções constam dos catálogos ; do que porém só as photo-
graphias podem dar uma pallida ideia, é a disposição em que foram
apresentadas, não pela riqueza das installações que só serve para agradar
a vista e distrahir a attenção do valor intrinseco que tem as amostras
para estudo, mas pelo modo por que estas foram devidamente offerecidas á
observação, com a rotulagem nitida e accessivel, na qual eram indicados
o nome vulgar, a classificação scientifica e a procedência. A installação
em vitrines que, por sua construcção, permittia o perfeito exame das
amostras, como é feito nos melhores e mais modernos museus da Europa,
concorria para que se pudesse tirar pelo estudo o maior proveito da
exposição feita.
Essas collecções abrangeram os productos da grande e da pequena
cultura, os diversos de espécies industriaes, espontâneas *e cultivadas ;
a referida collecção de zoologia agrícola e um jardim de plantas indus-
triaes, onde, a par de grande collecção de arvores de fructa, nacionaes e
acclimadas, se viram collecções a outros fins destinadas, taes como textis,
gommiferas, forrageiras, oleaginosas, ornamentaes, etc.
Não só a variedade de productos deve ter attrahido a attenção
dos que sabem ver em exposições. Augmentava o valor das collecções
a circumstancia de cada uma delias abranger um numero, por vezes ele-
vado de Estados, o que podemos resumir no seguinte quadro :
Fumo 17 variedades cultivadas em 7 Estados.
Café — d 1 tio»
Matte 29 » » » 3 d
Gereaes Go » 5 » i3 »
Leguminosas .... 141 » » "9 »
Farinhas 52 » » » 1 1 »
Chá 6 » » » 2 d
Sedas e casulos ... — » » » 5 1
Painas 16 » » 16.1
Sementes industriaes. õo » » » [6 »
Algodão 32 » » 1 14 i
Fibras 65 > » » 7 »
Productos extractivos. . — » » » 9 . . »
Além dessas collecções a Sociedade exhibiu : a de suas publicações
de propaganda, composta de 86 números de seu boletim A Lavoura
8724 2
374 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
c 75 publicações diversas ; a de Revistas Agrícolas que se publicam
no Brasil em 1908 ; bibliotheca agricola do Brasil, compreendendo
além daquelles trabalhos, 410 obras onde se via, desde a de Frei José Ma-
riano da Conceição Velloso, escripta em 1778, sob o titulo «O Fazendeiro
do Brazil», até as mais recentes; collecção esta que, se não constitue
por si só toda a litteratura agricola do paiz, dá idéa já approximada do
pouco que existe escripto sobre essa especialidade, aliás fundamental para
a vida nacional.
Accresce referir a exposição de apparelhos para as applicaçóes indus-
triaes do álcool, que se manterá durante toda a Exposição e que con-
tém os mais variados typos para a producção de força, calor e luz;
Uma installação completa de leiteria, que funccionou com o melhor
êxito, no intuito de demonstrar o fabrico de manteiga ;
Uma avicultura mecânica e grande collecção de instrumentos agrí-
colas completaram a exposição permanente da Sociedade.
Além dessa, porém, será organisada com o maior brilho possível uma
exposição de flores durante três dias, e bem assim uma de fructas.
A Sociedade organisará os seguintes catálogos :
Secção de Agricultura.
Secção de Productos Agrícolas conservados.
Secção de Dendrologia .
Catalogo do Jardim de Plantas Industriaes.
Secção Industria Extractiva.
Secção de Zoologia Agricola .
Secção de Applicaçóes Industriaes do Álcool .
Secção de Publicações Agrícolas .
Secção de Geographia Agricola .
Da Exposição de Flores, fructas, pássaros e productos da pequena
lavoura.
Não serão elles, porém, simples enumeração das amostras. Antes
constituirão resumidos estudos de tudo o que for exposto, em numero de
cerca de 3 . 000 espécimens . Elles portanto instruem sobre as collecções
que constituirem a exposição da Sociedade. Desse modo conservarão
sempre a sua utilidade, tanto mais quanto essas collecções se destinam a
ficar em exposição permanente no Musèo de Agricultura e Industrias Con-
nexas, que a Sociedade mantém, desde o primeiro Congresso Nacional de
Agricultura, em 1 901, com o qual foi inaugurado.
Muitas, lisongeiras e honrosas, são as referencias que a imprensa tem
teito aos esforços da Sociedade .
A Pecuária na Exposição
4 annos e 5 mezes
do Snr. C°l. Francisco Leite
E1 o mais bello espécimen da raça Caracú que figurou na Expo-
sição Nacional.
O bello animal chamou a attenção geral pelo seu enorme corpo,
verdadeira montanha de carne e gordura. Nenhum bovino lhe levou
vantagem em tamanho e peso. Cacique provou de modo material o
valor da nossa boa raça Caracú, incontestavelmente vantajosa por
ser de nosso paiz.
SOCIEDADE NACIONAL DB AGRICULTURA
§e»
Zebú da raça brahma, de anno e 4 mezes, cria do Sr. Dr. F.
Marcondes .
E' um bonito novilho no seu género Manso como um cão caseiro,
mas tem pernas por 4 caracús.
Como zebú é digno de menção
Secção de Iacticinii
Secção de geographia agrícola — Bibliotheca e informações
I^HP ' jii^^H
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\ mimmmM?mmm~i
uQ^m r^
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£9k&
^^^■it.
Exposição da Sociedade Protectora dos Animaes
E1 da raça] 'Nellore e descende do celebre Castor . Foi creado pelo
conhecido creador de Zebús, Sr . Dr. Elias António de Moraes, que é
incontestavelmente um dos mais acreditados criadores do gado indiano
no Brasil.
O animal aqui representado foi objecto de conversas as mais contra -
dictorias : uns o qualificam de monstro; outrospelo contrario acham-no
o Adónis dos bois . Tot Capita .... Seja como fôr, no seu género é
um typo notave!
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
(&èL ■ R '
•^k :"X ' \
■ — — — ""í^HR"' 1
■ ^.±à£;m
■ ij
«4. - «O* - 1
I
Jò/a e seu lindo filho, baptisado por Se/e ate Setembro, em lembrança
da data gloriosa em que respirou as brandas brisas da Praia Vermelha .
Nasceu na Exposição Nacional, sendo seus progenitores dois bonitos
bovinos da raça hollandêsa.
Pertencem ambos ao Sr. Capitão Carlos Augusto Guimarães. Augu-
ramos ao joven Sete de Setembro muitos louros e uma numerosa e forte
descendência, para maior prosperidade da nossa industria leiteira .
A LAVOURA
-«aKEÊSSÕ®»-
Este cavallo tem seis annos e meio e já foi premiado na Exposição
Pecuária de Bello Horizonte, onde alcançou o 50 premio. E' um bom
marchador e pertence ao Sr. José Ribeiro Junqueira.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Vampa é um meio sangue percheron. E1 um bello lypo médio de
cavallode sella.
Pertence ao conhecido criador Dr. Elias António de Moraes, do
Estado do Rio .
~xíir^>oAoAoAoAoAo<«§^~
Estes bellos animaes pertencem ao Dr. João Penido Filho, grande
caçador de perdizes e uma das pontarias mais certeiras que se possam
desejar. São da raça Perdigueira e acodem da direita para a esquerda,
pelos nomes de a Nilo», «Campina», «Duquesa» e «Bangue».
C2 .mu, ,.»ii. .Miiii ..iiiii ...iiii x)
<~ i||in> i||in> i||iin i||im' i||iii'' XD
soi IKDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Algumas madeiras e vegstaes úteis do Brasil
N. 54 — CAAQUERA-FEMEA, Cássia dormiens Vell. — Fa-
mília das Leguminosas (divisão Caesalpiniacea) .
Synonymia: — Alleluia (ha algumas papilionaceas de egual nome, e
este é ainda extensivo á composta Mikania drástica) —Caa-chira — Caáker
«folha que dorme» — ■ Caqueira — Caquera — Kaà-kjrra (todos synony-
mos applicaveis também ás leguminosas Cássia sericea S\v. c índigofera
dominguensis Spr. L.)— Camâra.
Descripção:— Arbusto-arborescente inerme, de caule recto até t>,oo
de altura e 0,45 de diâmetro, com accentuada tendência para curvar-se
sobre a agua quando vegete á beira de rios ; ramos com casca bruno-
lenticellada; casca amarella, fina, aroma desagradável; folhas caducas,
compostas, paripinnadas, até i\ jugas; foliolos inteiros, curto-peciolados,
ápice mucronado, mas ou menos 41 m/m de comprimento e 10 m/m de lar-
gura, cartaceos, oblongos, penninervios. Mores amarellas, em paniculas
abundantes.
Applicações: — A madeira, que é de còr branca, muito leve, porosa
e assetinada, serve para obras internas, caixoteria e pasta de papel; as
cascas são usadas algures como purgativas .
Distribuição geographica; — Quasi todo o Brasil. Vegeta somente
nas capueiras e de preferencia nas terras ordinárias.
Observações: — ■ Ha a «Caaquéra-machot, que se distingue não só
por ser armada, como porque 05 fructos (vagens) são maiores, attingindo
talvez o,25 de comprimento. Também só vegeta nas capueiras.
N. bb — CAROBA GRANDE, Jacarandá semiserrata Cham. — Fa-
mília das Bignoniaceas.
Synonymia: — Caa-rob folha amarga, do tupy guarany — Caroba
branca (não Sparattosperma lithontripticum M., que tem o mesmo nome
va\g&r)—Caroba-de-broto-verde, (não «C.-de-flor-verde», que é a Cybistax
antisyphilitica M.) — Caroba-dc-jlor-roxa (não «C.-de-broto-roxo», que é
a Jacarandá obovata Cham.) Cvuba-do-malto — Carob-ussá, no Rio de
Janeiro (no Amazonas o mesmo nome vulgar pertence a Jacarandá copaia
Don(?i. — A denominação «Caroba» é extensiva a diversas bignoniaceas
e, no Rio Grande do Sul, á samydacea Cascaria sylvestris Sw., que aliás
tem outros nomes vulgares. — O nome latino não pertence ás arvores
brasileiras (Jacarandás), que embora de diversos géneros, estes são todos
da grande família das Leguminosas.
Descripção : — Arbusto arborescente de folhas caducas, até <3,oo de
altura e 0,3? de diâmetro; casca avermelhada, até o,"1/,,, de espessura, com
epiderme brancacenta e renovável ; folhas compostas, imparipinnadas ;
loliolos serrados, ovaes, verde-escuros na pagina superior e mais claros
na inferior, saliente-nervados sendo as nervuras laieraes obliquas ; tiores
roxas em paniculas terminaes ; frueto capsula de cor bruna, lenhosa, de
margens onduladas, achatada, 2-valvar ; sementes numerosas, amarellas,
membranosas e aladas.
Madeira : — ■ Còr branca, tecido linear fino, porosa, assetinada, dócil
á serra quando sècca e ao cepilho emquanto verde. Peso especifico. o,6i'5
(Rio Grande do Sul).
Appucaçóes: — • Madeira para taboado de forro, caixoteria, pasta de
papel, cepas de tamancos, ripas e obras internas; as folhas são empre-
gadas como suecedaneas das da «Caroba preta» (vid.)
Distribuição geographica : — Estados do sul do Brasil, desde o de
Minas Geraes ; e também na Republica Argentina. Prefere as terras ex-
clusivamente argilosas.
N. 56 — CAROBA PRETA , Jacarandá obovata Cham. — ■ Família das
Bignoniaceas.
Synonymia: — Caa-rob " folha amarga", dotupi-guarany — Cjroba-dc-
broto-roxo 'não "Caroba de flor roxa"1, que é a Jacarandá semiserrata
Cham.) — (V. "Caroba branca").
Descripção: — Arvore de folhas caducas, até io,oode altura e 0,45 de
diâmetro; casca até 4 m/m de espessura, brancacenta e de epiderme re-
novável; folhas compostas, imparipinnadas; foliolos coriaceos, pontuados
de negro, saliente-nervados e muito amargos; dores no ápice dos ramos.
Madeira: — Madeira de còr branca tornando-se amarella e muito bo-
nita com o envernizamento, macia, dócil ao cepilho e á serra. Peso espe-
cifico, 0,570. (Rio Grande do Sul .
Applicações:— Madeira para taboado de forro, caixoteria, portas e
obras internas, pasta de papel ; as folhas conteem o alcalóide "carabina11,
o acido carobico e uma resina aromática: graças a esta circumstancia, teem
propriedades depurativas, anti-syphiliticas e anti-blenorrhagicas, pelo que
são empregadas na therapeutica contra as respectivas enfermidadrs e ainda
contra as escrophulas.
Distribuição geographica: — Estado do Rio de Janeiro S. Paulo e
Paraná , e talvez nos visinhos vegetando em terras húmidas, argilosas, ou
silicosas, mas preferindo estas.
Obserx^ações: — E evidente que todas as bignoniaceas designadas pelo
nome de "Caroba'" teem propriedades medicinaes idênticas, mas não
384 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
na mesma proporção; entretanto, as mais fracas podem legitimamente
ser consideradas suecedaneas das outras. Comtudo ainda (e ha bastantes
annos que, empírica e arbitrariamente, se dosa a parte usada deste vegetal;
não foi feito o estudo botanico-chimico das diversas espécies, pelo qual se
chegaria ao único modo racional de estabelecer-se uma dosagem média,
porquanto as folhas (foliolos) que são fornecidas aos laboratórios manipula-
dores de drogis, quasi sempre, como temos verificado, sÁo de espécies
differentes.
N. 57 — CARVALHO BRANCO, Rhopala heterophylla Pohl. var.
pinnata Meiss.— Família das Proteaceas.
Synonymia. — ■ Carne -de-vacca, nos Estado; do Espirito Santo, Rio de
Janeiro e Minas Geraes (no Rio Grande do Sul dão o mesmo nome vulgar
ás styracaceas Styrax aauminatus Pohl. e S. leprosus Hook e Am.)— Can-
xi-cahen — Carvalho, no littoral do Estado de S. Paulo e nos Estados do
Paraná, Santa Catharina e Rio Grande do Sul — Calo-cahem, Caxi-cahcu,
Coxi-cahen, Cuchi-caheu,C>.duajé, Culucahen, Cutucanhé, Cutucanhen, cor-
ruptelas «Coti-cahen, que parece ser a forma perfeita do nome que os abo-
rígenes davam a diversas proteaceas arborescentes — Faia no norte do Es-
tado do Rio Grande do Sul (o mesmo é dado no Rio de Janeiro a uma cor-
diacea do género Cordia) — Faia-grande,n?> Maranhão — Guaxica, no oeste
do Estado de S. Paulo — Jerilacaca, (Nome da scrophulariacea Brunsfelsia
Hoppeana Dl— Páo-de-palmatoria, no valle do Tietê (Estado de
S.Paulo) onde os pescadores chamam «Carvalho» a uma arvore de que
extrahem a grossa casca para fazerem bóias de redes (Tucajé Tuca/ihc,
outras formas imperfeitas de iCoti-canhê» (Cr. ainda a «Observação»
inserta no fimdesta monographia).
Descripção — Arvore de pouca copa quando na floresta, mas muito
elegantesi ceset; isolada ; caule cylindrico e recto, até 8,00 de altura e
0,45 de diâmetro ; casca amarello-avermelhada, fendida, quebradiça ;
folhas compostas, coriaceas, grandes ; foliolos irregulares, pungente-acu-
minados, semi-serrados, os jugos superiores sempre maiores e o foliolo ter-
minal tendo até 0,28 de comprimento e 0,17 de largura mais ou menos,
verde-brilhantes na pagina superior e ferrugineos na inferior ; flores pe-
quenas, conchegadas e incompletas, dispostas em racimos avaliares.
N. 58— CARVALHO-VERMELHO, Rhopala Gardnerii Meiss —
Família das proteaceas.
Synonymia: — Carvalho Roxo, na zona de Iguape, Estado de São
Paulo— (o nome de «Carvalho-vermelhou, no Rio Grande do Sul, é com-
muma uma caesalpiniacea do género Cássia).— Tem logar aqui toda a
Synonymia indicada para a espécie precedentemente descripta.
A LAVOURA 38 •
Descripção : — Arvore de pouca copa quando na floresta, mas bem
elegante si cresce isolada ; caule cylindrico recto, até 10, oo de altura e 65
de diâmetro; casca até 8 m/m de espessura, irregularmente fendida e reves-
tida de epiderme escura; folhas simples, inteiras discolores, longo peciola-
das, saliente-nervadas. pubecentes e ferrugineas na pagina inferior i35m/m
de comprimento e 1 20 m/,„ de largura mais ou menos; flores pequenas .
Madeira: — Pequeno alburno; madeira de gosto adstringente e côr
vermelha a vermelho-escura: em tudo o mais offerece a descripção do Car-
valho branco, que lhe é toda applicavcl, sendo todavia este muito superior
não só em belleza, graças á coloração, como também em durabilidade.
Distribuição geographica: — A mesma da espécie precedente.
.Madeira — Grande alburno ; madeira de cor rósea, resistente, com
fibras trançadas como as do Carvalho de Europa, deixando ver bem pa-
tentes os utriculos dos raios medullares; conforme o corte, apresenta um
marchetamento singular lindíssimo, formando um tecido compacto e
duro, frequentemente atacado pela broca, dócil ao cepilho e á serra, per-
dendo parte de sua belleza com o envernizamento. Pesos especifico; ve-
rificados : 0,858 (Rio), 0,960. 0,967 (Rio), 1,045 (Rio Grande do Sul);
resistência ao esmagamento, sem determinação da posição da carga,
472 kilogrammas por centímetro quadrado.
Appucações — Arvore para ornamentação de ruas e jardins, pela
belleza de suas grandes folhas discolores. — Madeira para construcção
naval, mastros, antenas e vergas ; marcenaria de luxo, torno ; taboado de
soalho, frechaes, obras internas, carpintaria em geral ; de primeira quali-
dade para vigamentos, tirantes, esteios e postes. — Varas flexíveis boas
para bengalas.
Distribuição geographica — Estados marítimos do Brasil, desde o
do Maranhão ao do Rio Grande do Sul, vegetando indifferentemente em
terras argilosas ou silicosas, mas sempre sêccas ; todavia, parece fora de
duvida que a maior densidade (da qual depende em grande parte a bel-
leza do tecido fibro-vascular dos indivíduos desta família) é obtida pelos
que vegetam em terras silicosas. E1 possível que algures attinja um desen-
volvimento maior.
Observações. — Os nomes « Carne - de - vacca », « Carvalho» e « Faia o
explicam-se do seguinte modo: o primeiro, porque o tecido lembra a carne
de rez; o segundo e o terceiro, porque o mesmo tecido se parece com o das
duas plantas européas assim chamadas vulgarmente. Os antigos colonos
nunca perdiam a occasião de dar denominações portuguezas a plantas que
apresentassem qualquer similhança com outras de seu paiz; também em
Angola ( Africa occidental) elles deram o nome de « Carvalho » á combre-
385 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
tacea Combretum lepidotum Hochst., lá como aqui despresando os nomes
indígenas.
Algures, no norte, dão a uma arvore média revestida de casca tão ás-
pera que serve de lixa aos tartarugueiros, bem como a uma ochnacea do
género Ouratea e a uma espécie de Rhopala, o nome de i Cajueiro-bravo
-da-Serra », que cabe melhora dilleniacea Curatella americana L. Esta
ultima, além daquelle nome vulgar, tem outros, como sejam « Sobro & e
« Sambahyba », nomes estes confusamente attribuidos no Piauhy e Mara-
nhão a variedades de Rhopalas ( nos Estados da Bahia e Rio de Janeiro,
« Sobro » é apocynacea ). Na Exposição Nacional vè-se uma amostra de
Rhopala ( Gardnerii Meiss? ) com o, 3o de diâmetro e a indicação a Sam-
bahyba » : quem conhece um pouco a rigorosa propriedade com que os abo-
rígenes denominavam as cousas, logo vê que elles não poderiam ter assim
chamado a espécie de que nos occupamos ou outra affim.
Uma tão deplorável confusão não tende a desapparecer. Em trabalho
recente e de caracter official, attribue-se ás florestas do Paraná o Quercus
ilex, o celebre « Carvalho », importante na mythologia grega, mas que evi-
dentemente não faz parte da flora americana.
Em 1818, o Governo reservou-se o privilegio do corte desta arvore e
do das suas congéneres, sendo por elle vendida a madeira aos particulares
e especialmente aos estaleiros, com o lucro de 20 °/0.
Consta existir uma « Canella-Carvalho »: não a conhecemos.
COLLABORACÃO
O azote
Estudo especial do azote. — Origem. — Formas chimicas sob que existe na atraos-
phera c no solo. — Absorpção pelas plantas. — Alterações que experimenta o
papel que desempenha na nutrição vegetal. — Applicações praticas ás diversas
culturas.
O azote ''i) é um gaz incolor e insípido, que forma as quatro quintas
partes da atmosphera. O seu nome significa corpo sem vida. Tem pro-
priedades chimicas negativas ; não é absorvido pelos reagentes ; não se
(1) Este importante trabalho sobre o «Azote» constitue um capitulo especial de um
livro que em Hespanha está no prelo.
combina directamente com os outros corpos, á temperatura c pressão nor-
maes ; e manifesta grande tendência para voltar no seu estado primitivo,
quando constitue os corpos azotados.
Apezar d^is-o, é um dos elementos que mais contribuem para a vida,
porque, precisamente cm virtude da sua instabilidade, imprime caracter
á complexa molécula quaternária de que forma parte conjunctarnentecom
o owgenio, o hydrogenio e o carbonio, cujo rápido dynamismo e elevada
atomicidade explicam as intrincadas e vertiginosas mutações chimico-
biologicas.
As plantas precisam de azote para a sua nutrição e desenvolvimento;
contècm-n'o cm proporções variáveis até 4 por cento, e utilisam-nV) como
elemento essencial dos princípios immediatos — a chlorophyla, o glúten,
a caseína, a legumina e a aleurona, bases do protoplasma, que é a ma-
téria prima das cellulas, causa da incessante rcproducção dos tecidos e do
desenvolvimento das energias vitaes.
Todas as questões que suscita o estudo da origem, estados, evolução,
transformação e aproveitamento do azote pelas plantas serão sempre de
interesse palpitante para a agricultura. Poderá o agrónomo despreoc-
cupar-se dos elementos orgânicos que a natureza tão copiosamente prodi-
galisa ; mas, quanto ao azote, nunca deixa de com afan indagar quaes os
meios mais úteis e económicos de o poder administrar ás culturas, em
virtude da inércia e quasi absoluta inutilidade do immenso caudal de
azote que encerra a atmosphera. E, n1esta tarefa scientifico-pratica, é
grato consignar que, provada a insubstituível funeção vital do azote — pois
sem elle não vegetam as plantas — os agrónomos de todos os paiz?s riva-
lisam em obter a solução exacta do problema agricolo-economico, utilí-
sando os grandes progressos da sciencias physico-chimicas e biológicas.
Evidentemente todo o azote combinado e circulante procede da
atmosphera . Nos primeiros períodos geológicos, a capa gazosa do globo
terrestre soffreu a acção directa da pyro-espheia, e o azote combinou-
se em grande quantidade com o oxigénio, contribuindo com o carbonio
c o hydrogenio para a alimentação dos primeiros seres organisados. Pos-
teriormente a exuberante vegetação própria do período carbonífero puri-
ficou a atmosphera, fixando enormes quantidades de azote que hoje se
extrahem da hulha ou restos fosseis d^iquellas plantas . Mais tarde, os
restos de myriades de aves marítimas fixaram também um immenso de-
posito de azote nas grandes nitreiras do Chile .
Na actualidade, são outras as condições. O azote atmospherico tornou-
se inerte ; as plantas organisam e assimilam o azote mineral para o cede-
rem aos animaes, assim como ao homem que com elles vive n'uma for-
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
cosa relação de dependência; evoluciona o azote das plantas para os
animaes e destes novamente para aquellas, mineralisando-se no inter-
vallo; perdem-se quantidades importantes de azote durante o cyclo evo-
lutivo dos compostos orgânicos ; e o que o solo retém nos seus diverti-
culos, se basta para a vegetação espontânea, não satisfaz todavia, ás ne-
cessidades cada vez mais imperiosas da cultura forcada.
Perante estas circumstancias, o agricultor olha com maior attençao
o duplo aspecto, agronómico e economico-rural, da alimentação azotada,
utilisa o azote fóssil dos nitratos e do ammoniaco, e também procura tirar
proveito do azote livre, servindo-se dos ph?nomenos da nitrificação, que a
bacteriologia hoje ensina.
Sobre este assumpto, provoca surpresa e admiração tudo quanto
se tem escripto desde a brilhante polemica de Boussingault e George
Ville, e as conclusões, na apparencia contradictorias, a que chegaram
agrónomos illustres, até aos notáveis trabalhos de Bréal, Prazmowsky,
Schlcesing, Mazé, Winogradsky e Berthelot, sanccionados pela experi-
mentação. Felizmente, após tantas discussões e contra-provas, a questão
pôde julgar-se esclarecida, impondo-se a verdade experimental. Pres-
cindindo de fazer a chronica de taes controvérsias, limitar-nos-hemos a
expor o resumo dos factos demonstrados, cujo exacto conhecimento
serve de guia á pratica das culturas.
Sob quatro differentes aspectos se mostra o azote natural. Livre,
constitue a maior parte da atmosphera ; combinado com o oxygenio,
forma os nítricos e os nitratos, denominando-se, então, azote nítrico ;
unido ao hydrogenio, origina o ammoniaco e chama-se ammonical ;
finalmente, nos compostos hydro-carbonados integra a matéria orgânica
e diz- se azote orgânico.
AZOTE ATMOSPHERICO
A atmosphera contém azote nos seus quatro estados. A grande
massa do gaz livre forma a quasi totalidade ; o ammoniaco, os nitratos
e o azote orgânico das partículas que fluctuam no ar, existem em
proporções mínimas.
Desde séculos que se conhecem factos demonstrativos da indis-
cutível influencia do azote atmospherico sobre a nutrição das plantas.
Kifectivamente, as plantas, sem adubo, encontram mais azote do que
aquelle que lhes pôde fornecer a terra por decomposição lenta da matéria
orgânica; as florestas, os prados e as plantas espontâneas vegetam vigo-
rosa e indefinidamente sem receberem adubos azotados, e até mesmo
A LAVOURA 389
as plantas adubadas utilisam maior quantidade de azote do que o exis-
tente nos adubos.
Diante de taes provas não se pode duvidar, e lógico é admittir,
que as plantas utilisam relativa e indirectamente o azote atmospherico.
Vejamos como e em que gráo isto se realiza.
O azote livre é um elemento passivo, sem aftinidade, e incapaz de
se deixar absorver directamente pelos vegetaes superiores. Lawes, Gilbert
e Pugh assim o demonstraram, e mais tarde vieram também confirmal-o
as experiências de Berthelot. Todavia, nada mais certo do que fixarem
as plantas o azote. Até ao penúltimo quinquennio, ignorava-se o meca-
nismo deisa fixação, e isso deu causa á controvérsia havida entre
Boussingault e G. Ville. Ambos estes sábios tinham razão ; porque, se
o primeiro, atendo-se á realidade dos factos, negava em absoluto a
absorpção directa do gaz, o segundo, fundando-se nas poderosas razões
da insurficiencia do azote orgânico do solo e da do azote ammoniacal e
nítrico da atmosphera para a alimentação das plantas não adubadas,
deduziu theoricamente que o excesso de azote, ás vezes enorme, como
o das leguminosas, só da atmosphera poderia derivar. Com esta opinião
o illustre sábio G. Ville, si não logrou demonstrar a sua affirmativa,
rastreou ao menos a solução racional do problema, procurando a origem
do azote no único manancial que llvo podia ministrar ; não foi exacto
na crença da absorpção directa do azote livre, mas os fundamentos da
sua doutrina eram racionacs e assentavam noutros factos agrícolas.
Mais tarde, o grande Berthelot poz termo á contenda, desvendando
o mysterio da fixação do azote . As suas experiências, continuadas por
muitos annos com aquella tenacidade que é própria dos sábios, resolvem
claramente o assumpto e provam que o azote livre não é absorvido pelas
plantas, mas, por diversas maneiras e condições fixa-se na terra, onde as
plantas o vão haurir. De começo, as experiências de Berthelot causaram
assombro, suscitaram duvidas e provocaram controvérsias. Schliesing
oppoz reparos, negou os factos e adduziu experiências pessoaes contra-
ditórias. Apesar disso, Berthelot foi aperfeiçoando os seus processos
experimentaes na Estação de chimica vegetal de Meudon ; Gautier e
Drouiu confirmaram-lhe a descoberta em França, como Frank lha con-
firmou na Allemanha. Depois, Hellriegel descobre os micro-organismos
das leguminosas ; Winogradsky amplia esses estudos ; e por fim as
nascentes idéas são sanccionadas como verdades impostas pela expe-
rimentação.
A terra não é um conjuncto de corpos inertes, privados de vida;
representa mais alguma cousa : na sua massa vive e desenvolve-se uma
SOCIEDADE NAI.IONAI, DE AGRICULTURA
infinidade de micro-organismos que de continuo lhe modificam a compo-
sição e despertam enei-gias, fixando o azote livre da atmosphera. Esta
propriedade é commum a todos os solos, tanto os cultivados como os
incultos e os desprovidos de vegetação. Quando se esterelisa uma terra,
matando-lhe os germens, cessa a fixação do azote ; não se csterelisando
a terra, o azote, dentro de certas condições, continua a fixar-se até aos
limites naturaes do trabalho microbiano.
Numerosos são os minúsculos seres vivos que fixam o azote. Do-
tados de diversa Índole, vivem ás vezes subordinados e distinguem-se
pelos seus caracteres. Admittem-se hoje os seguintes grupos de micro-
organismos fixadores :
i." Bactérias ou micróbios extrahidos da terra e cultivados no labo-
ratório, taes como o bacillo Megateriwn tio abundante na; aguas e nos
solos, os bacillos A, B, C, D, E, F e G de Gaignard, e o bacillo de \Yi-
nogradsky .
2." Bactérias que vivem nas raízes das leguminosas.
3.0 Sementes puras de algas microscópicas, como são o Aspergillus
niger, a Alternaria tenuis e o Gjmnoascus.
4.0 Algas e fungos associados com micróbios.
Excluindo o < lostridium pasteurianum que é anaeróbio, todos os
demais germens necessitam de oxygenio livre. Todos fixam o azote, mas
em quantidade variável, segundo as espécies e o meio em que vivem.
Como lei geral, está provado que, sem substancias hydrocarbonadas ou
endothermicas que forneçam energia, não podem os germens exercer a
funcçáo fixadora do azote. As substancias saccharinas, glucoses e pentoses'
são os hydrocarburetos que no laboratório mais activam a vida destes
micróbios, representada pelo a ugmento do azote fixado. Na terra vegetal
os resíduos das plantas, sob a acção diastasica dos fermentos, converte-se
parcialmente em xyloses, pentoses, arabinoses e outros compostos sus-
ceptíveis de serem assimilados pelos germens. Como alimento secundário
também elles utilisam as matérias azotadas, demonstrando a experiência
viverem melhor em meios ricos de azote combinado.
O azote fixa-se no solo e intrega-se no protoplasma dos micróbios no
estado de compostos orgânicos complexos, albuminóides ou amidados,
solúveis e insolúveis.
Deste modo as terras accumulam uma notável quantidade de azote,
que, segundo Berthelot, varia entre 35 e 38 kilogrammas por hectare.
Neste facto está a explicação dos obscuros phenomenos que tanto pre-
oceuparam os agrónomos ; o azote das plantas espontâneas e não adubadas,
e o excesso do das fertilisadas provém desta fonte terreo-microbiana.
A LAVOURA 391
Para que a fixação do azote se realize regularmente e atttinja o seu
maximum, é preciso que as terras tenham uma composição média, sejam
argillosas ouhumiferas, mas não acidas, medianamente ricas de matéria
hydrocarbonadas e porosas, para permittirem a circulação lenta do ar ;
além do que, a sua temperatura interior oscillará entre io° e 40o, e a hu-
midade será de 2 a 3 por cento nas terras em cultura, e até 1 3 nas de pousio.
Ainda mesmo nestas condiçães, a accumulação tem seus limites ; chega um
momento em que as matérias orgânicas diminuem e o phenomeno enfra-
quece, ou então sobreveem accidentes que matam os micróbios fixadores.
O lavrador deve contar com o azote fixado mas, isso não o dispen-
sará do emprego dos adubos. As culturas obrigadas a maior produecão,
além de exigirem muito mais azote, também de um modo indispensável o
requerem num estado de absorpçáo mais rápida do que aquelle em que
se encontra o azote do solo.
A alimentação azotada das plantas em vida commum ou symbiose
merece estudo especial. Sob o ponto de vista scientitico, tão symbiotica é
a associação das bactérias e das algas Nosloc, Sttchococcus e Cysticoccus,
estudada por Kossowitch, Schhesinge Bouilhac, como o éa associado
das bactérias e das raizesdas leguminosas. Em ambos os casos o micróbio
lornece o azote á custa dos hydrocarburetos do vegetal superior.
O azote das algas é uma parte da totalidade que o solo tira da at-
mosphera ; o das leguminosas excede em muito este ultimo e possue
alto valor agrícola que importa estudar detidamente.
Desde a publicação, em 1887, da memoria de Hellriegel e Willafarth,
até hoje, tèem-se realisado numerosas experiências concernentes á bio-
logia, unidade e funeções dos micro-organismos das raizes e ao modo de
reagir das differentes leguminosas, experiências que, parece hão de ser
fecundas de applicações praticas. Prazmowsky, Beyerink, Laurent,
Bréal, Berthelot, Nobbe, Hiltner, Salfeld, Mazè e Naudin confirmam e
ampliam os trabalhos das dois agrónomos allemães, adduzindo novos
factos e valiosos ensinamentos culturaes. O muito que a tal respeito se
encontra escripto p jde resumir-se nas seguintes palavras :
1 .° As leguminosas apresentam nas suas raizes umas nodosidades ou
tubérculos de tecido parenchymatoso e muito vascular, produzidos por
um micro-organismo ainda mal determinado, o qual para certos auetores
seria um fungo schizomyceto, o Rlu-obium leguminosarum ou dadochy-
tnum, e para outros seria uma bactéria, o Bacterium radicola Beyerinki.
2.0 Quer estas espécies se considerem como uma só, mas com di-
versas variedades para cada leguminosa, quer se considerem como con-
stituindo uma única variedade neutra que se adapta ao solo e á planta, é
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
certo que ellas variam consoante as culturas, porque as que vivem sobre o
feijão e sobre a acácia não têm acção sobre a serradella, sobre o tre-
moceiro, etc.
3.0 Em condições normaes, quando as plantas contém todas as
nodosidades que podem supportar, como provam as experiências de
Frank e de Berthelot, alimentam-se primeiro do azote do solo até se
desenvolverem os tubérculos fixados, começando então a accumular uma
grande quantidade de azote livre, que varia de 90 a 500 kilogrammas
por hectare, abrangendo o que é absorvido pela cultura e o que é ar-
mazenado na terra.
4.0 O azote nitrificado do solo, os nitratos e o ammoniaco são
absorvíveis pelas plantas leguminosas e utilisados nos casos em que
ellas não teem nodosidades. Se nas culturas ordinárias os adubos azo-
tados vêem a mostrar-se inefficazes, provém isso de que a dose de azote
livre fixada satisfaz plenamente ao limite máximo exigido pela cultura.
5.° O acto da vida commum ou symbiose das baterias e raízes é
uma infecção d'estas ultimas, e por isso se rege segundo as leis geraes
da bacteriologia, e assim se explica o facto de que, já por degeneração
das baterias, sua desegual repartição no solo, differentes variedades c
exgotamento das suas funeções, já pelo maior ou menor grau de resis-
tência das leguminosas, nem todas por egual são aplas para produzir
tubérculo, ssuecedendo que, na pratica, o numero destes é muito irre-
gular, ora abundando, ora escasseando ou faltando mesmo de todo.
ó.° Para supprir a deficiência ou faltada funeção fixadora do azote
livre, além do uso racional dos adubos azotados, aconselha-se a inocula-
ção dos solos com terra de campos em que tenha vegetado luxuriante-
mente a leguminosa que se quer explorar, pratica muito mais útil do que
o emprego de culturas puras do micróbio especifico denominado Nitro-
gina pelo Sr. Nobbe, porque este produeto, nem sempre se adapta ás pro-
priedades do solo, resultando frequentemente ticar inefficaz, como se vé
do grande numero de insuecessos obtidos.
Fundado no estudo da flora microbiana do solo, um agricultor, o
Sr. Caron de Kllenbach, isolou um micróbio cujas culturas, applicadas a
varias plantas contidas em vasos, produziam 40 por cento mais do que a
aveia e 3o por cento mais do que o trigo dos vasos ou talhões não ino-
culados. Esse micróbio tem o nome de Bacíllus Ellei;bachii\ c as suas cul-
turas chamam-se Alinite. Também estes excellentes ensaios falliram na
pratica ; talvez venham a dar resultado mais tarde, quando os processos
forem mais perfeitos, porque fundamente suppõe Caron que o referido
micróbio, que não é senão o Bacillus Megaterium, tem a'propricdade de
desaggregar rapidamente a matéria orgânica azotada do solo, o que é
exacto, e, além disso, o micróbio rixa o azote livre, á custa dos hydratos
decarbonio. Trata-se de um dos muitos micro-organismos fixadores do
azote, e já se disse que, abundando elles nas terras, se não inocularmos
grande quantidade de caldos culturaei addicionados das substancias que
taes micróbios mais facilmente assimilam, isto é, as matérias xylosas, pen-
tosas e saccharinas, pouco augmentarão as proporções d^zote utilisavel.
Assim, a alinite, se porventura representa uma esperança, não tem por
cmquanto nenhum valor agrícola.
A electricidade atmospherica, actuando lenta, silenciosa e continua-
mente sobre o azote livre, fixa-o no solo á temperatura c pressão ordi-
nárias. Fracas tensões eléctricas de pequeno potencial favorecem a com-
binação de exíguas quantidades de azote com as substancias hydrocar-
bonadas da terra, originando compostos análogos aos que elaboram os
micro-organismos fixadores, conforme se deprehende das numerosas ex-
periências feitas por Berthelot nos campos eléctricos de Mendon.
Certos corpos orgânicos oxydantes-oxydaveis, que facilmente absor-
vem oxygenio e o cedem a outros compostos, para continuarem a
absorvel-o e a cedel-o indefinidamente e lentamente, também fixam o
azote em me.iores porporções. O ether, a es;enciadc terebenthina, os
hvdrocarburetos aromáticos e as aldehydes estão neste caso e, como a
terra por vezes os contém, é lógico suppôr que de algum modo elles
hão de contribuir para o fixação do azote livre .
O azote nítrico existe na atmosphera, onde é gerado intermittente-
mente pela acção das fortes tensões eléctricas das nuvens tempestuosas.
Graças a estas, o oxygenio combina-se com o azote, formando pequenas
quantidades de acido nitroso e acido nitrico, os quaes, com o ammoniaco
do ar, dão origem a finas partículas de nitrico e de nitrato ammoniacal
que os ventos arrastam e as aguas dissolvem. No parque de Montsouris,
o ar contém um a cinco milljgrammas em tempo normal, e até 12 du-
rante as grandes tempestades, por cada 100 melros cúbicos.
A quantidade de azote nitrico trazido ao solo pelas aguas pluviaes
varia segundo as regiões. Na Provença é de 2,80 kilogrammas por anno
e por hectare-, em Rothaussted de 4,1 kilogrammas, e em Hespanha é de
2,7 a 3,5 kilogrammas. Seja como for, este azote não é para desprezar e
constitue uma das causas da fertilidade natural das terras.
O ar contém ammoniaco em proporções mínimas de 1,2 milli-
grammas por 100 metros cúbicos nos campos e de 2,2 nas cidades. Este
gaz derive certamente das putrefacções orgânicas, e na atmosphera com-
bina-se com o acido carbónico, formando bicarbonato. Quer neste estado,
394 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
quer sob a forma de nitratos, as aguas meteóricas dissolvem-r^o e depois o
fixam na terra. O ammoniaco fixado durante um anno em cada hectare
calcula-se, termo médio, em 2,5 a 5 kilogrammas. O Dr. Warnington, em
Rothaussted, recolheu 2,7 kilogrammas.
O notável agrónomo Schlcesing é da opinião de que as terras
absorvem directamente o ammonico do ar, na quantidade de 1 2 a 20 kilo-
grammas, por anno e por hectare, quando estão seccas, e até 5o, quando
húmidas. Funda elle esta opinião em experiências relativas á troca de
ammoniaco entre a atmosphera e a terra, as quaes experiências parece
demonstrarem que a terra tira este gaz da atmosphera, mas não lrfo cede.
A lei das tensões dos gazes explica o mechanismo dessa fixação, porque,
sendo maior a tensão do ammoniaco atmospherico do que o da terra, é
natural que seja fixado por esta até se estabelecer o equilíbrio entre as
duas tensões, como succede com as terras seccas que, estando impróprias
para a nitrificação, armazenam o ammoniaco e só deixam de absorvel-o,
quando têm tensão igual ao da atmosphera ; pelo contrario, os solos
húmidos que nitrificam o ammoniaco e o contêm em pequena quantidade
e com fraca tensão, não cessam de fixar o da atmosphera.
As idéas de Schkesing têm sido combatidas por Berthelot. Estes dous
sábios discordam em muitos pontos de chimica e de biologia ; Sehla-sing
negou sem fundamento a doutrina da fixação do azote livre pelas terras,
doutrina sustentada por Berthelot, o qual por seu turno ataca parcial-
mente com êxito a engenhosa theoria da circulação do ammoniaco,
tão calorosamente defendida por Schhesing.
Demonstrou Berthelot que as terras exhalam ammoniaco e compostos
azotados voláteis; que o acido sulfúrico, mais do que qualquer outro
corpo, e portanto, mais do que a terra, absorve avidamente o ammoniaco
atmospherico; que, generalisando os resultados das suas experiências
de Meudon relativas ao ammoniaco fixado numa superfície de 1 1 3 centí-
metros quadrados de acido sulfúrico, um hectare coberto pelo referido
acido absorveria apenas 5, -i kilogrammas de ammoniaco; que o
bicarbonato ammoniacal da atmosphera tem uma tenstlo muito variável
que se relaciona e depende do excesso de acido carbónico e do vapor
d\agua; que o amoníaco da atmosphera combina-se em parte com certos
princípios da terra, diversos daquelles que o emittem ; que a faculdade
de as terras emittirem e absorverem ammoniaco dá logar a trocas
gazosas entre as terras e o ar, trocas devidas a reacções complexas ainda
mal definidas e de caracter physico, chimico e bacteriológico ; e final-
mente, que não existe nenhuma relação de reciprocidade entre o ammo-
niaco do ar e o da terra .
A LAVOURA 393
Sob o ponto de vista das applicações agrícolas, atendo-nos ao cri-
tério experimental de Berthelot, julgamos exaggerados os algarismo; de
Schhesing relativamente ao ammoniaco retido pelo solo ; c sem negar-
mos que a terra o absorve do ar, admittimos, com a maioria dos agró-
nomos, que o ammoniaco se fixa na proporção de 2 a 3,5 kilogrammas
por hectare .
O azote das partículas orgânicas que tluetuam na atmosphera apenas
existe nos sítios vizinhos das povoações. Praticamente esse azote não tem
importância. ODr. Warnington diz que em Rothaussted as aguas das
chuvas trazem annualmente para o solo um kilogramma de azote
orgânico.
Deriva de três procedências — a atmosphera, a terra e os adubos.
O nitrato e o nitrito de ammonio dissolvido nas aguas pluviaes, em
contacto com a terra, ou são absorvidos directamente pelas plantas ou
reagem sobre os calcareos, formando o azotato de cal que também é
absorvido .
As matérias orgânicas do solo e dos adubos, b2m como o ammoniaco,
em condições adequadas que adiante serão minuciosamente descriptas,
quando tratarmos das terras, sollrem certas transformações e convertem-se
por fim em nitrato de cal e de potassa.
Os nitratos de soda e de potasst, sós ou associados a outros fertili-
santes constituindo adubos completos, fornecem á plantas outra fonte de
azote nítrico.
Os nitratos, graças á sua solubilidade e poier oxydante, são a melhor
das formas para a nutrição vegetal. Liebig duvidava da sua efhcacia e
suppunha que o ammoniaco era o único composto azotado capaz de pro-
porcionar o azote ás plantas. Boussingault, nas suas celebres experiências
sobre a cultura do Helianthus, em solos esterilizados a que acerescentou
nitrato, poz em evidencia a ai isorpção directa e completa do azote nítrico
e o augmento de peso da planta relativamente á quantidade de nitrato
empregado. G. Ville, Cloêz, Hellriegel, Grandeau c Pougual confirmaram
essas experiências. Está hoje fora de duvida a acção nutritiva preponde-
rante dos nitratos. A natureza e os factos provocados pelo homem estão
claramente a demonstral-o, porquanto quasi todo o azote utilisado pelas
plantas entra sob a forma nítrica e, quando racionalmente se administram
nitratos ao solo, é notória a exuberante marcha das culturas e o in-
cremento das colheitas.
SOCIEDADE NACIONAL DK AGRICULTURA
O azote nítrico é sempre absorvido pelas plantas mais rapidamente
do que sob qualquer outra forma; mas, ainda mesmo nos raros casos
em que directamente são absorvidas quantidades mínimas de azote
ammoniacal ou amidado, o phenomeno realisa-se mais lentamente.
O estudo do azote nitrico receberá o seu complemento nas seguintes
epigraphes, em que fazemos a comparação das diversas formas sob que se
nos apresenta o azote.
(Continú i
EXPEDIENTE
Secretaria
Confereucia — Kealizou-se no dia lã !e setembro, no salão nobre da
Suciedade, a conferencia do Dr. António Carini, professor do Instituto Pastour de
S. Paulo, que versou sobre a Febre do Texas ou Tristeza do gadi, sendo essa confe-
rencia ouvida por numeroso e selecto auditório e tenlo a cila comparecido todos
os membros da directoria. 0 Snr. Professor Carini discorreu sobro o assumpto com
a competência que lhe e própria, desfazendo duvidas e controvérsias, c pondo em
destaque a etiologia da moléstia, o carrapato como elemento vector e os meios de
tratamento.
E m tempo opportuno esta Sociedade fará a distribuição om folhetos com gra-
vuras da conferencia do illustre homem de sciencia.
Correspondência, durante o mez; de setembro
Recebida:
Cartas 375
Offlcios (íovernos 3
» Particulares 19
Circulares 0
Telegrammas 5
409
Expedida:
Cartas 1-16
Offlcios Governos 4
» Particulares 13
Circulares 210
Telegrammas ..." 9
Noticias 95
Boletins « A Lavoura » 4.518
Monographia «moléstias de animaes» 741
5.766
Fornecimento de arame farpado
MEZ DE SEtEMBRO DE 1908
MBTMGBM
CUSTO
PEDIDOS
Sociedade
mercado
Economia realisada
pelo lavrador
,99.758
G:Wí}3im
9:220$000
2 313f7O0
Fornecimento de formicida
MEZ DE SETEMBRO DE 1908
tATi8
custo
TEDIIIOS
Fornecido pela
Sociedade
Ad.j
irido no
Economia realisada
peio lavrador
13
206
S45|S0 1
i:030$000
184$S00
Movimento da secretaria
Correspondência recebida
0FI.,C,OS
ANN03
Carta.
Diversos
Governos
Circulares
Tele-
1900 (de 1 de outubro)
93
355
451
1.370
1.579
2.933
376
210
289
238
i73
lsi
3iS
40
30
12
97
121
114
13S
3
41
13
67
3
15
140
190;!
190S
171
1 16
157
257
1908 (até 30 de setembro)
14.173
2.228
673
301
1.108
SOCIEDADE NACIONAL DF, AGRICULTURA
Movimento da secretaria
Correspontlencia expedida
o„,c,03
Crias
Diver os
.ovemos
Circuiares
grampas
ÍSJS (do 26 do janeiro)
1S99
229
491
yua
210
33i
413
462
473
1.736
1.878
2.7 ti
62
102
136
71
41
161
■> .'3
237
59
136
7.1
63
S7
13;
97
103
1.014
4.407
1308 (até 30 de setembro)
9.372
1.354
806
16 5S5
2.1195
Fornecimento tlt» arame íttrpado
cu.ro
Ped dos
Metragem
Quando for-
Quando adqui-
rido
110 mercado
Economia r^-
alisada
1907
193S (alé 31 do agosto) . . .
£79
£93
31S.Ú20
1.96S.163
2. 401.020
7.; ; Sj 0'
83riT3i500
-1:715,0 10
v> !:S89 SOO
U7:7..5$õ00
7:i7i$40D
33:324$ ou
32:431*700
6!S
4.720 205
17J:07S:310
24S::61.jOO0
75:«8l;*OJ
Fornecimeiito <lc formicida
cu
sro
Latas
Quan io fornecido
ueli Sociedado
Quando adqu'rido
no mercado
sada
1906 (do março,)
2.449
2. COS
1 620
10:2S5íSO)
12:205^200
6:S04$000
12:245$000
11:330^000
S: 1C0 .000
1:959489.0
2:324^890
l:2JÒ.;S0O
190S (até ago^toj
6.973
29 : 295$ 50 J
34:875^000
5:5SOi800
Secção fochiiica
Recebemos da casa llerm. Stoltz & C. o seguinte prospecto:
Para arranjar para a agricultura nas regiões tropicaos ura gálio, próprio
para o clima destas regiões e capaz do, com as condições de lá, prestar serviços
consideráveis, foram importados pela firma acima meaeciona la "bulfalos leiteiros
da índia." São estes animaes muito pesados ode uma coustrucção muito forte,
distinguindo-so o seu leite, conforme mostram os attestados mais abaixo, por uma
grande ri^ue/.a de gordura.
Além disto sào estes animaes muito próprios para trabalbo, sendo em sua
pátria muito usados para este fim.
A importação destes bufíulos leiteiros deve-se por isso recommendar como
soudo especialmente vantajosa para aquellas regiões tropicaes nas quaes se deseja
um gado que produz muito leite, rieo em gordura, e um gaio que ao mesmo
tempo é capaz de prestar grandes serviços como animal de trabalho.
As informações seguintes dão uma iJé.i clara e exicta d) grani) valor eco-
nómico deste gado .
«iciKDADE NACIONAL Dlí AGRICULTURA
Sobre o leito e a utilização pratica do buffalo leiteiro importado da índia
anterior pela iirma Cari Hagenbeck
As vaceas dos buffalos leiteiros, quo forneceram o material para os exames foram
importadas pela firma Cari Hagenbeck, Stelliogen, em fins de fevereiro de 1908, da
Índia anterior. Todas as vaceas davam, na occasião dooxame do leite leite "novo"'.
O modo de mugir é o mesmo emprega lo para com as nossas raças nacionaos
dogado; somente convém mencionar que a vacca do buffalo leiteiro guarda o
leite um pouco mais e que o ubere, logo antos quo so começa a mugir, deve
sempre ser amassado com as mãos (imitando-se o* movimentos da novilha) para
que o leite "corra bem". Caso a vacca tenha uma novilha, deixa-se esta começar
a chupar, afastindo-a logo que so começa ver o leite nas tetas, e assim continua-so
a mugir. Os animaes são acostumados a serem mugidos do lado esquerdo, e
recommendase deixal-os com este costume.
Quanto ao leite mesmo apresentamos os detalhes de 2 exames feitos separada-
mente, um por um instituto scientifico, e o outro no laboratório de um chimico
juramentado, Sr. Dr. C. Enoch-Hamburg. Hermannstrasse, 5.
A reação do leite é neutra. O gosto do leite é agradável mas muito mais
doce do que o da vacca. A sua cor é bem branca e não transparente. A camada de
nata quo se forma em cima do leite depois de umas 12 horas (cerca de 12—15 1. dão
1 kg. de nata) é, tanto como aquello, bom branca, e assim também a manteiga
feita desta nata. Diversas vozes se tem feito manteiga, dando 1 kg. de nata de
leite do buffalo leiteiro como minimo 320 gr. e como máximo 440 gr. de manteiga.
A manteiga tem um gosto agradável e característico de manteiga, é fácil de
pôr, podendo-se usal-a para preparar as comidas da mesma maneira que o leite de
vacca. Q lando no pasto flea esta manteiga, tanto como a das vaceas communs, em
voz do branca, amarella.
Quanto a quantidade absoluta de leite do buffalo, fica esta, em litros, menor
do que a de leite das nossas melhores vaceas leiteiras nacionaes e egual à producção
do nosso gado dos paizes altos. Como producção total de leite tem as vaceas
importadas do buffalo leiteiro dado diariamente mais ou menos 10.1, mugidas de
manhã e de tarde. Xo julgamento critico desta quantidade de leite diária deve se
considerar que os animaes em questão quanto á comida e tudo encontraram, pela
importação da índia, novas condições a que nã-> estavam acostumados. Conside-
rando-se que estes animaes, com o corpo quasi sem pollo, chegaram da sua pátria
quente para encontrar o nosso inverno, não se pode negar que todas estas cousas
tiveram uma influencia menos favorável para a producção do leite. E' fora de
questão que os animaes uma vez liem acelimados e accostumados com a alimen-
tação daqui, possuem todas qualidades para ficarem boas vaceas leiteiras. Ainda
que ellas não possam chegar a ser comparadas com as nossas melhores vaceas
leiteiras, fica todavia a quantidade menor recompensada pela maior riqueza de
gordura, assucar de leito ealbugem, justamente aquellas substancias que dão ao
leite o seu valor como alimento, e quo fazem do leite não somente um meio de
alimento, mas directamente um alimento humano.
Em vista dos exames bacteriológicos do leite sempre terem dado um resultado ne-
gativo, isto é, que nunca se tem encontrado no mesmo qualquer bactéria, e mais que
o leite do buffalo é muito rico era assucar de leite, parece poder ser utilisado.mistu.
rado com 5o % de agua, como alimento do grande valor para crianças pequenas.
Leite de buffalo
INSllTTTO S<'IEN1IKI'"'I)
Leito de manhã
Leite ilo ni.uili.i
leito do tard«
Leite do Urdo
6,8 %
17,57 %
1 ,03C6
0,6 %
17,43 %
1,0370
38,8 %
1,0335
Peso espec. a temi). He 15o C
17,81 %
1,0:135
cm MH": ' .iui;\mi:\"I uv>
Peso espec. a tei
Agu»
Substancias seccas
das quites :
Gordura
Partes de cir
Albugem tota
oiti de maiiliã Leito .lo Urdo
5,7S
0,74
'ARA COMPARAÇÃO DO LEITE DR SENHORA, DE VACCA E DE JUMENTO
(Conforois Prof. Dr. H. Munclc.)
loii .'In sonho: a
Leito de vacca
l.itit.i 'In liiill.i',. Ioitiiir'1
(Médio)
Leito do jnmeute
Peso esp. á temp. de 15» C. . , .
9,8
3,1
5,0
0,2
1,5
1,026-1,034
$7.4
12,0
3,7
1,8
0,7
1,038-1,034
84,84-82 ,24
16,27-17,76
7,3—5,2
5,4
0,75
4,41
Substancias seccas
0,4
1 Caseína
A lbii!/ein total. <
(Albumina . . . .
1,7
402 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
O leite do? animaes em questão não apresenta differenças microscópicas com-
parado com o leití commum de vacc.x, toroando-se porém notável, como era de
suppor por caim da grande quantidade de gordura que demonstra a tabeliã de
comparação, o enorme numero de pequenas partes de gordura que contém este
leite em comparação com o da vacca.
Tanto na acidificação espontânea como na artificial separa-se a caseina, como
no leite commum ds vaccas, em flocos.
"Curioso e vantajoso para o leite é "assim diz o caimico juramentado em seu
Parecer," a sua grande cousistonoia, sem qualquer transformação. Depois deter
estado três dias em uma garrafa aborta o leite ainda não tinha (içado azedo.»
A LAVOURA
Secção ds plantas e sementes
Distribuição de plantas e sementes feita na Sociedade Nacional
de Agricultura, de setembro de 1902 a sstembro de 190S
ESPECIFICAÇÃO
UNIDADES
«2SSL.
rOMJMBS
Plantas vivas
\rveres fructiferas do paiz — Espécies: aba' aleiro, ableiro.
anona, ameixa amarella, ameixa de Madagáscar, ábricó
comriM.il, amoreiras, araçá de coroa, bacupary do norte,
l.e.jlji, butiá. cabelluda. cacaoeiro, cajaseiro manga,
cajueiro, caoelleira, chrysophy.um kaioytum. cid eira,
craveiro da índia, cambucá. carambola, cookia aalzata.
Iji.i-ii a s^eciosa. fructa pão, tructa de conde, fructa da
condessa, guabu-oba de s. Paulo, genipupo, jambo b anco,
o, loureiro, mangueira de Itamaracá, mangueiras
ir.ei-.as, oityseiro, pimenta do re^no, pimenta da Ja-
maica, sapola preta, sapouseiro, sapiirai.-,, tâmara e
12U.342
Arvores fructiferas de clima frio, plantas florestaes o de
ornamentação — Esueeies: Amendoeiras, ameixoeiras do
.lapa-», azarolciras. asufaifelros, avelanciras, castanhei-
ras, cerejeiras, damasquelros, Agueiras, grosoiheiras.
takyseiro do Japão, micieiras, niaruie.eirus. moranguei-
ros, nogueiras, nespereiras, oliveiras, pecegiien os, pe-
reiras, acácias, aylantus, fraxinus, ultnus, mioio juiibrisin,
paraizo poante, uuercus, amoreiras varias, catalpas.
platanus, buxus, Iraxini. tila, acer campestris, ligustri e
49.039
4sn
-
2.SC6
Mrdas fel *.-VF>idt
7
Sementes germinadas — Espécies : Garcinea man^ustana,
Isola, mrva ensete, musa fetiche, ervthroxilon coca, ster-
culia acuminala, pistache, musa avnoldiana, musa textiiis,
lancium dome-ticum (strafic), castilhôa elástica, minst.ca
fi-agrans (noz moscada). iodoicL-a sechellarum, strieknos
(nux vumica). toluifera balsamnm. i i j o I o ^ de champignon
103
e landolphia Kirku
3 227
—
Mudas de Agave Si-alana acamada
2.400
-
12
» » figiíeipas aacionaes
ir,. 255
-
387
> » abaff4xi
277.6S3
-
079
Raizes de Consolida do Cáucaso (simphyluui asperrimuni) , .
10 1-0
-
189
Modas de canna da Ilha de Barbados —Variedades: D20!>e
L: 117, 1.566, 1.753 e 3.412
5.156
825
Mudas de cnnnas nacionaes — Variedades: sem pello, roxa,
liba o outras ,
7,8*3
132
Iiacellos de videira — Variedades de uvas de mesa, vinho e
porta garfo
41S.8J0
5.790
Knraizados do videira — Variedades de porta earfo
:, 098
90
919 023
10.488
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
ESPECIFICAÇÃO
UNIDADES
KILOOnAMMOS
«~
Cereaes e leguminosas
Arroz — Variedades: nacionaes: doiiradinho, cattete. pacho-
linho e de casca preta ; estrangeiros : Maluyaski. Hir-
-
14.. "40, 330
4 .765,350
S. 970,500
4.432.000
3.3 19. 500
105.300
0,800
1.065.1500
Trigo — Variedades : grego de folha larga da Itália, Victo-
ria branco, Lniziania. Puro. P.iloma. Argentino, do .lapão.
molle, Barbado de Rivet. Dourado, Grécia, Escossia de
inverno. No.'-. Kichelle Blanche de Nápoles, do Cabo, Tou-
zelle Kouge de Pro vence, Hvbride du Tressor. Kichelle
Blanche hativr, S.inare Ilead , ThuniiL-er Dividendum, Ma-
iorica, Rieti, Redondo, Largo, Maqui. Wellmans Life,
Ruppert, D. Shriff à épi earré, North Allerton, d'Algeria
Grece dWntros, Schanstedt, Xerez e da Zelândia . . . .
Milho — Variedades: 90 dias, Condado de Chester, de 40 dias,
Ferro, assucarado. Cattete. nacional miúdo, Golden
Beautv.Country Centleman. Adams, Goldep, Comospobtnn
Minnesota, Witlie Corv. Black Mexican. Snow Flake.
White Prize, White Èvergrecn, Non Plus Ultra, Mam-
mouth, Dacota, Yowa Mine Gold, Leaning e Cbaro-
1.859
Feijão — Variedades: da China, Branco, Bravo do Piauhy,
Amendoim do Paraná, de trepar, Amarello, Mulatinho,
Chumbo e Chocolate : americanos: Everbearing, Ued Va-
lentine, Best of ali, Cow pea Clay, Whippermill, Boston
Centeio — Variedades: Saint .Tean, Geftnt de Montagne, Tuflu,
Margreves, Nasa de Sued, Blen Alpes, Pethkuser, s>. Diniz,
Soja — Variedades: do .lapão, amarella e preta
123
Tremonoa - Variedades: azues, amarellos o brancos . . . .
37.198,780
10.27-.
Forragem
Capim Jaraguâ
35.148,000
10.916.000
S07.800
28.250
11.000,600
:• 284,850
4.453,301
4. 470
1.330
Alfafa — Variedades: Saliva de Provença, Medicago Media,
Aveia — Variedades: Prolífica da Califórnia, Melhorada, Tar-
taria. Grande amarella, Polonesa branca, Colômbia,
Suécia branca, Milton. \Ye|ca rm\ Sibéria. '1 riiimpho, Branca
Cevada — Variedades : petit Oderbruck, da Grécia. Petit
Blen da Escossia, da Mandcburia, Imperial, Americana,
de inverno, Chevaber noir bative. t.olta de .oiro da Unha.
Branca da Grécia, Carne dbivor, Golden Thorpe, Gold
meloue, Mouiinouth : de verão Hofb.-au, Hannah o Bava-
ria I.and
1.749
A LAY01 HA
ESPECIFICAÇÃO
UNIDADES
PESO FM
voli;mis
-
633,700
1.488,300
850.530
t 858,320
436,400
136,600
390, 14H
48,500
1 ld. SUO
127.350
79,460
31,560
33,300
15,920
40,000
3.. 000
10.240
9 . 150
.". 000
0,700
Beterraba forrageira — íeis variedades
1 171
73S
Sorgho — Variedades: IIaleoensis.de assuc
Trevo — Variedades: violeta, encanado, do
Japão, Prt
a tau
310
32
78
Couve Rutabaga — Variedades: amarella
Ray Grass — I.olium itaiicum e lolium per
23
43
-'7
S
1
2
2
13
10
,
2
2
Marjolin, Victor,
i '.-, bali,
r, Halle, Poussè
leu 1'onlders, l'he
neen Early, Nen
, Puritan-Early,
nperator, Delica-
br. Maiker, Fin
«.320,720
17.027
Vãmente i diversas
líatatas — Variedades : Ma^num Iiomi'»,
Royale, Hell- , de r'..l.leliav. I':, ■» ,-
rouge.Quaraolaine. Scli.-iw 1'rni'ç.— ;<■, -
Vio ette. Vitelotio. Prince riu liali-s. i
('an'a'.U."i;. i'' v'.Í.1"i"":m L 1::^' li 'il"l'i'
debout.Grand Chance ier, < aaTe. Reine
York n. •.']"l"Xna''; ''),".' : , „', . l\'í i 1 , |.|\l'.
11.535,0 »i
3.227
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
3SPlíCIF!O\eÃ0
~
KILOCRAMMOS
VOLUMES
Algodão — Variedades : Sea Islnr.d, Cpland A len Improvorl,
Big Bali, TurUestan, Gordon Pacliá, Mit-afite, Peterkin,
Iwanovitch, Peruviano, Caravouico da Auslralia, .-ca
Island aclimado, de Pernambuco o do Maranhão
21. 271, "01
3.477
Maniçoba — Variedades: Ceará. Jequiê (Bahia) e Piauhy. . .
-
8.965,650
«.363
Linhaça — Variedades: Alba.de Nápoles, Campaina. Rigver,
Comraum e de Erfurt
-
805,800
1.193
Cânhamo — Variedades : Grande de Nápoles, Commum. Thu-
-
367,200
883,850
Sarraceno
_
90,630
s.
Gyra-sol — Variedades: Branco, da Rússia e da Rússia
-
185,8)0
126,377
58,100
56"
Cebola — Variedades: Maggiola, Mommouth. Bassai o, Mer-
Teille, Rainha, 1'anz. 1'ella Roccj Vermelha, Del'a Kocca
Café— Varieda dei: Maragogipe, Bourbon, da Arábia e Botocatíi
2
Fumos — Variedades: Flora, Conneclicut, Amerslort, Vir-
gínia, Marvland, Havana, Sumatra, Kenlucky, General
Graot, Bunanza, [.anea-t-r. ohi.i, Sahnichi, Sterling.
Granville. Couutv Yellov/, < lold Leal', Hyce Yellow Pnor.
Conqueror. \\ bile st«m. 1 andreth. Porto Rico, Tnrk San-
sum, Bafro Spanish, Cuba, Oronoque Bahia e acliraados.
53,250
2.66
_
19, («Hl
1
_
18,500
í
Abóbora — Variedades : Monstruosa verde, amarella, ver-
melha e branca, Nápoles, ];o^t Marreco. Mudère Patê
d'Ita.ia, Branca di Maio, Vermelha di China ,
25,800
88
-
19,300
18
Linho Pirini
-
33,700
5
Tomates — Vari' dades: Perfection, grande vermelho, Ficar-
razzi, Rei Humberto, Poderosa, Cereja, Garfiald, Rubi e
27,250
1.03
Melancia -Variedades: Favorita da Florida, TíoIb's Gem,
9,455
15
Melão — Variedades: r-etted Gem., PiVific. Klecley Sweet
da Florida, Abundantia, assnear do Tonrs Red di Nápoles
Branco di Nápoles, Portugal, Monstruoso Turquia, da
20.010
67
Eucalvptus — Variedades; Globulus, Gignntea, Peperita. Re-
sinifera, Amygdnlina, Robn«ta, Obliqua, Rostrata, Vini-
2".,1T5
2.27
~
7,',i90
0,456
4
12
Iuulo
4S
Salt Bush
-
3,850
Cannas (em toletes) — Variedades: Sm pello, Cayana, Porto
-
29.1<!4,000
15
A LAVOU KA
_»
UNIDADF8
«ZÉS-
VOLUMES
Ramas de mandioca —Variedades: Aipim do Bauró, Rosa,
Casca de Carvalho e Sulinga roxa. . . v
Sementes — De fructas nacinnaes, arvores do sombra, ma-
deiras de lei e plantas medicinaes
-
1.O7S.00O
191,750
6,000
1 ,950
8,000
ro
Outras sementes — Variodades: llesmodtum Tortunsum, Erio-
dendroo, Anlracluos mu, stiiliagU Sebifera, chiiimova,
Krythrina Umbrosa, Santalum Álbum, Quassia Amara o
~A
Cen [bre (tubérculos
2
g
68.326,463
21.751
919,023
177.845,963
ro de pedidos da secção de plautas e se
Recebidos
Satisfeitos
durante o mesmo período:
NOTICIÁRIO
Estado de Pernambuco- Organização do serviço agronómico. Pelo
governador do Estado do Pernambuco foi sanecionada a lei n. 940 do Congresso
Legislativo, pela qual 6 autorizado o Governo a croar o serviço agronómico do Es-
tado. E' o seguinte o seu texto :
Art. 1 ,° 0 Governador do Estado fica autorizado a crear o serviço agronómico
que comprehenderá e terá por fim o seguinte :
§ 1» O enskio profissional agrícola.
§ 2.» O estudo não só dos actuaes systoma do cultura e da industria pastoril,
como de culturas novas adaptáveis ás diflerentes regiões do Estado.
§ 3.° A organização de estatística sobre a agricultura em geral, bem como o
estudo das condições de producção, de consumo no Estado ou fora delle, dos prodti-
ctos do exportação ou daquelles que possam vir a ser objecto de eommereio exterior
do Estado, para informação dos interessados.
§ 4.° A distribuição de sementes e plantas que convenha generalizar.
•40S SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Art. 2.° Para esse flm o Governador do Estado poderá :
I .» Estabelecer em pontos que julgar mais convenientes, nas proximidades das
estradas de forro, até1 seis escolas agrícolas e pastoris para systematizacão das cul-
turas existentes o exploração de novas culturas e para aoclimacão de boas raças de
aniraaes, devendo cada escola ter um campo do demonstração, um laboratório e
uma bibliotheea.
A primeira escola será montada no município do Recife, ou nas suas proximi-
dades e terá um posto zootechnico.
2." Contratar professares ou instructorcs ambulantes para o ensino pratico de
culturas agrícolas de modo que sejam facilitados e divulgado.* os conhecimentos
modernos sobre agricultura e applicação de macbioas para o mesmo fim.
3." Organizar na Secretaria da Industria uma secção especial, composta de um
chefe, um ajudante e dous auxiliares, destinados exclusi vãmente á estatística, á dis-
tribuição de sementes e aos negócios da agricultura.
4.° Crear oommissões municipaes do agricultura com sele em cada município,
comDosta de cinco membros, todos agricultjres e residentos nos respectivos muni-
cípios, para o fim de auxiliar o Estado e representar os interesses da agricultura
local e cujos cargos são gratuitos.
5." Estabelecer o ensino superior de agronomia na Escola Livro de Engenharia
Civil do Estado, á qual poderá annexar uma estação experimental e posto zoote-
chnico, organizando para isto os respectivos programma o rogulamento.
Art. 3o. Nas escolas agrícolas o Governo estabelecerão ensino technico, dan-
do-lhe o cunho mais pratico possível e manterá não só reproduetores bovinos de
raças oscolhidas e outras espécies do animaes. que serão cedidos gratuitamente para
a fecundação na própria Escola, como um stock de machinas aratorias o de benefi-
ciamento, as quaes serão ce lidas pelo custo a quem quiser compral-as.
Art. 4°. O curso das escolas será de dous annos e as condições para a admissão e
matricula serão estabelecidas em regulamsnto que o Governo do Estado organizar.
Paragrapbo único. O ensino nas escolas será gratuito.
5o, O pessoal de cadi escola será composto do professores até o numero de seis
inclusive um mostre de culturas e dos auxiliares que forem oitrictamente neces-
sários e cujos vencimentos serão marcados pelo Gove.nador do Estado.
Paragrapbo único. A nomeação do mestre de culturas, que poderá sor contra-
ctado, deverá recair em pessoa que conheça a agricultura do paiz, os proeesisos de
cultura aratoria e quoos tenha praticado por conta própria ou de terce ra pessoa.
Art. 6.° Tanto os mestres de cultura como os demais professores serão conser-
vados emquanto bem servirem, podendo ser dispensados a todo tempo.
Art. 7.° As escolas agrícolas receberão, além dos alumnos, cujo numero não
excederá do 30 em cada escola, os trabalhadores que os agricultores ou fazendeiros
lhes enviem para aprendizagem do manejo de instrumentos aratorios, não exce-
dendo de 30 dias a sua permanência no estabelecimento,
Art. 8.° Findo o prazo de aprendizage m de que trata o ait. 4." os alumnos
serão submettidos a um exame das matirusqu* tenham feito parto, tanto do curso
pratico como theorico.
Paragrapbo único. Apurada a habilitação do alumno em todas as matérias,
se-lhe-á dado um certificado, que o habilitará a mestre do culturas em qualquer
escola agrícola do Estado.
A LAVOURA 409
Art. 9. Em cada escola realizar-se A annualmonte uma exposição tanto di) pro-
duetos agrícolas, como ile animaes, executando-so nossa occasião, perante o publico
e no campo, trabalhos agrícolas com instrumentos aratorios usados na escola, ou
outros que a experiência tenha dosmonstrado vantagem sobre os adoptados.
Paragrapho único. Para essa exposição poderão Governo estabelecer premio-;,
que não excederão de dous para cada espécie de animaes.
Art. 10. As municipalidades ou associações particulares quo fundarem escolas
agrícolas, do accordo com o regulamento que for dado para execução desta lei, po-
derá, o Governo auxiliar pela forma que julgar mais conveniente, devendo, porém,
este auxilio consistir em fornecimento de machinas, ferramontas agrícolas, se-
mentes c animaes de raça para reproduetores.
Art. 1!. Serão de preferencia fun ladas escolas agrícolas nos municípios que
offarecerem ao Governo uma área de terreno suffleiente, casa e a importância do três
contos de reis (3:000?000) em dinheiro, por uma só vez.
Art. lá. Pod Tá também ser creado a c irgo da secção de estatística um boletim,
quo publicará mensalmente, não só todos os actos olliciaes expedidos o que inte-
ressem á agricultura, como artigos sobro questões do interessa geral da lavoura e
o resumo dos relatórios e informaçõss fornecidas pelos mestres de culturas ou ins-
pectores do serviço agronómico.
Paragrapho único. O boletim será distribuído gratuitamente pelas escolas agrí-
colas, commissões municipaes, prefeitos e chefes das repartições do Estado.
Art. 13. Além das escolas do que tratam os arts. 2o, 3', 4o, 5\ 6°, 7", 8° e 9» e
de outros serviços de que cogita a presente lei, o Governo fica autorizado a fundar
as instituições necessárias a completarem a organização do serviço agronómico e
zootechnico do listado e a dar-lhes os respectivos regulamentos.
Art. 14. A receita para a installação e custeio do serviço agrouomico do Es-
tado será constituída pelo seguinte :
Paragrapho 1 .° Pela verba quo for decretada no orçamento do Estado.
Paragrapho 2.° Pelo imposto predial que for lançado e do qual o Governo, em
caso algum, poderá lançar mão para qualquer outra despesa.
Paragrapho 3.° Pelas doações ou auxílios que o Ooverno da Uuião, as munici-
palidades e os particulares fizerem.
Art. 15. Para a execução da presente lei o Governador do Estado fica autori-
zado não sóa despender ate- a quantia de conto e cincoenta contos de réis (150:00iiã),
pari o que poderá abrir o respectivo credito, como a expelir o necessário regula-
mento.
Art. 15. Revogam-S3 as disposições era contrario.
Senado do Estado de Pernambuco, em 8 do junho de 1908.
SyndicatoH agrícola,* -Fundou -se em Cametã, Estado do Pará, o
Syndicato Agrícola Cametáense, filiado á associação congénere, que tem sua sede
em Belém.
—O Syndicato Agrícola Abaetéense, tarabem do Estado do Pará, desdobrou-se
em uma cooperativa de producção de milho, algodão, arroz e feijão, contendo já
mais de 40 sócios mscriptos.
110 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Instituto Itttertt*oionaldo A<?ricultura-Pclo Si'. Presi-
dente da Republica foi sanccionada a resolução legislativa, approvando o accordo fir-
mado em Roma, pira se estabslecjr um Instituto Internacional do Agricultura,
com sede na mesma cidade.
Ffcetoeneíicianieiito do café.- Foi inaugurada em Bello Horizonte,
com apresençi do Presidente do Estado, a machina para rebenoficiamento 8 aper-
feiçoamento do café, fabricado em Hamburgo, pelos Srs. Paul Kaack & Companhia
o de que são agentes únicos no Brazil os Srs. Dr. João Baptista da Castro, João
Baptista de Castro Júnior e José Bode. Esta machina, Installada na secção do café
da Directoria do Agricultura do Estado é a segunda montada no pailz, a pri-
meira sendo a existente em Santos, onde tem prestado grandes sorvços, larga-
mente utilisada como tem sido. Experiências feitas demonstraram ser olla perfei-
tamente apta a manipular o café, imprimindo-lhe o typo desejado, como ficou
evidenciado pelo cotejo com os typos existentes na mesma directoria.
Hm lavrador que assistiu o seu funcionamento, escreveu as seguintes linhas para
o «Jornal do Commercio» do Juiz de Fora, que transcrevemos com a devida vénia:
Vio café antes de entrar nas machinis — Massifiquei-o typo 8— ruim e cor de
terra; saiu das raic.iinis bam bmito e b3m repara lo ; venJo a mostra primi-
tiva, não se dirá que 6 o mesmo.
Vi em três latis amostras do um mesmo café — uma a primitiva, classifiquei
typo 7, e as outras duas proparaias: superior despolpa lo, brunido com a bella côr
azulada. O europeu elassiflea-o do Porto Rico.
Ninguém diria serem os mesmos um e outro.
Vi em três tiras de papel as diversas colorações que po lemos dar ao café—
mais de 30 as diversas mircas que com facilidade e pratica emprestamos ao nosso
principal produeto.
A machina é uma maravilha.
A còr é impregnada asecco, ein pó misturado com agua no regador o junto ao
café. Inútil ó dizor que a côr é tirme, nada a faz deixar o café o é do tolo inosua,
completamente inollensiva.
Tudo tem por fira dar ballcza e enganar a vista.
E' uma maravilha, repito.
A Cooperativa Agrícola de Juiz de Fora vao ter uma dessas machinas, o é
caso para dar parabéns a ella, so conseguir um pessoal idenco e pratico que pos-
sa mauejal-a com intelligencia e amor.
Nesta zona, onlo o café é de boa classiiieição, passaremos a só vender typos
especiacs— despolpados, 1 e 3».
Fazenda Modelo —0 Ministro da Viação mandou pôr ã disposição do
Estalo de Minas 20:000$, para a fundação de uma fazenda modelo, com campos
de demonstração, no mauicipio da Campanha, no mesmo Estado.
Valorização do assucar- A Colligaçao para Valorisacão do As-
sucar, em sessão solemne e de accordo com os representantes da Sociodade Auxi-
liadora de Agricultura e União dos Syodieatos Agrícolas, resolve, para valorisar
a safra de 1908—1909, o seguinte:
1", acceitar a avaliação da safra em 1.800.000 saccos;
A LAVOURA 411
2", determinar a fabricação, no principio da safra, do 20% em assucares typo
Demerara e bruto mellado com destino exclusivo á exportação estrangeira ;
3o, estabelecer que se ordenará maior porcentagem se as circumstancias assim
o aconselharem ;
4o, prohiblr as vendas, de assucares brutos e seccos e purgados de banguês até
o dia 15 (quinze) de outubro de 1908, ficando entontido que não se poderá transigir
com os banguès que não tiverem fab.-icado a sua quota do brutos mellados;
5", as usinas, depois do terem complotado a sua quota de Demerara, fabri-
carão as qualidades que a commissão determinar, de aecordo com as necessidades
des mercados comsumidores do paiz ;
6", as valorizações das safras de usinas e banguès serão submettidas ao juizo da
Colligação, Sociedade Auxiliadora de Agricultura o União dos Syndicatos Agrícolas.
Recife, 24 de julho do 1908. — Pela Colligação para Valorização do Assucar,
Joiquhn Limi da Amorim, presidente. — JoCu Eustáquio Pereira (Faneca), secre-
tario.— Francisco de Assis Cardos.), thesoureiro. — B. de Senna Pontual. — Luiz
Ferreira Gomes di Silva. — A/fonso Taborda. — Johm Thom. — Álvaro Pinto Abreu.
Concordamos. — Pela União dos Syndicatos Agrícolas. —Manoel Colaço Dias, —
Geroncio Iii \s de Arruda Falcão. — Pula Sojiedado Auxili tdora de Agricultura.—
Davinos dos Santos Pontual . — Samuel dos Santos Pontual .
PARTE COMMERCIAL
SstembrodslSOS
<3cenei*o.-* importados
Banha americana 5J0 barris 070 a 080 a libra
Carne secja 1 1 . 3 !i fardos — —
Os preços regularam como se segue:
Rio Granle (systemi antigo Não ha
Dita (systsma platino) nova $Gs0 a $720
líio da Prata, nova, patos e mantas .... $33.1» $720
Iiitas idem, manta só , . . $700 » $860
Farinha de trigo 7.100 barricas
Os preços regularam como se segue:
Americana (barrica) Não ha
Dita (sacco) Não ha
MJC.ircPADE NACIÚWI, DE AGRICULTURA
/a quinzena
Por 2 saccas
Rio da Prata :
1» qualidade 24s500
2a dita 23$500
3a dita 22$000
Moinho Inglez:
Nacional 23í500
Brazileira 22$700
Buda-Naciomil 24$700
Moinho Flurninenso :
S. Leopoldo 24$000 a 24$590
O. 0 23$000 » 23$500
2' quinzena
Americana (barrica.) Não ha
Dita (saceo) Não ha
Por 2 saccos
Rio da Prata :
Ia qualidade 25$000
2a dita 24$000
3a dita 23$000
Moinho Inglez :
Nacional 24§000
Brazileira 23$20O
Buda-Nacional 25$200
Moinho Fluminense :
S. Leopoldo 24$500
O. 0 83$500
;a quinzena
Manteiga — 2.761 caixas :
Os preços foram os seguintes:
Demagny, Isigny (latas sortidas) 2?530 a 2$550
Brétel Freres (latas sortidas) 2$220 » 2x240
Lepelletier 2$470 » 2$480
Modesto Gallone (sortidas) 1$850 » 1$950
Esbousen Nilo ha
L. Brum 2,^540 a 2$550
Buske Júnior 2$350 » 2$380
Marclet Não ha
Outras marcas l$8D0 » 2J000
A nacional vendeu-se : a do Minas, de 3$200 a 3$600, o a do Sul, de 2$400
2$800.
2J quinzena
Domap-ny, Isigny (latis sortidas) 2$520 a 2$530
Brotei Fròres (latas sortidas) 2{200 » 2$220
Lepelletior 2?420 » 2$440
Modesto Gallone (sortidas) 1$850 » 1$900
Esbousen Não ha
L. Brum 2$550 a 2*600
Busko Júnior 2$350 » 2^360
Marclet 2*200 » 2$220
Outras marcas 1$800 » 2$000
A nacional vendeu-so : a do Minas, do 3$<300 a 4$ ; a do Sui de 2$400 a 2$800.
Café
Venderam-so 223.000 saccas contra 120. SOO no mez anterior.
Entraram 305.538 saccas contra 333.608 no mez anterior.
Existência no dia 15 — 380.950 saccas contra 331 .318 no dia 31 do agosto.
Existência no dia 30 — 379.023 saccas contra 360.950 no dia 15.
As cotações foram:
ía quinzena
Por arroba Por 10 kilos
Typo n. 0 5$000 a 5$900 3$813 a 4$017
» » 7 5$200 » 5$500 3$540 » 3$744
» » 8 4$900 > 5$200 3?336 » 3$540
> > 9 4*600 > 4$900 3$132 > 3$336
2a quinzena
Por arroba Por 10 kilos
Typo n. 6 5$700 a 5$800 3$881 a 3$949
» » 7 5$300 » 5$400 3$008 > 3*676
» » 8 ...... . 5$000 » 5$100 3$404 > 3$472
» » 9 4$700 » 4?800 3*200 » 3$268
Na Ia quinzena em New- York o typo n. 7, disponível, do Rio, foi cotado até o
dia 4, a 6 c. por libra e o de Santos a 7 5/16 c. De 8 em diante, o do Rio cotou-se a
6 1/8 c. e o de Santos a 7 7/10 c.
Na Bolsa, as cotações subiram de 5.70c. em 1 a 5.80 c. em 2, 3e 4; e a 5.90 c.
em 8, 9 e 10. Declinaram depois para 5.85 c. em 11 o 12 e para 5.75, c. era 14 e 15.
Vendoram-se 204.000 saccas, contra 484.000 na quinzena precedente.
O preço mais baixo registrado na Bolsa do Havro foi de 40 francos por 50 kilos
em 1, e o mas alto 42.25 francos em 7, 8 e 10.
Nos outros dias regularam os seguintes: 42 francos em 9 ; 41.75, em 11 e 12 ;
41.25, em 5e 14; 41, em 3; 40.75, em2e4; 40.50, em 15.
Na 2a— o typo n. 7, disponível, do Rio, foi cotado a 6 1/8 c. por libra durante
toda a quinzena. O de Santos cutou-se a 7/16 c. ató o dia 26 e a 1/4 c. nos três
últimos dias do mez.
s;2* 7
,lí
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Na Bolsa registraram-se as seguintes cotações : 5.83 c. o. em 17, 18 o 19;
5.75 c. em 16; 5.00 c. era 30 ; 5.55 c. em 29, e 5.50 c. nos demais dias.
Venderam-se 253.000 saocis, contra 204.003 na quinzena precedente, eem se-
tembro 457.000, contra 678.000 era agosto.
O preço mais alto registrado na Bolsa do Havre foi o de 41.75 francos por 50
kilos em 16, 17 18, e o mais baixo o de 38.71 c. em 2o.
Nos outros dias vigoraram os seguintes • 40.75 era 16; 40 frs. em 21, 22 o 30 ;
33.50 em 23, 21, 25 e 29 ; 39 frs. em 28.
Foram vendidas 216.000 saceas, contra 230.000 na quinzena anterior, ou sejam:
440.000 ora setembro, contra 304.000 em agosto.
As entradas do Rio, retalhadamente, foram:
ía quinzena
Sacras
Estrada de Ferro Central do Brazil 68.148
Cabotagem 8.709
Barra dentro 95.383
Total 172.330
2* quinzena
Saccas
Estrada de Ferro Central do Brazil 75.599
Cabotagem 7.565
Barra dentro 110.094
Total 193.258
Géneros nacionaes
A.g- tia rden te
Durante o mez todo a posição do mercado foi duvidosa, notando-se, no fim
do mez, tendência para maior baixa. Esteve na primeira quinzena muito frouxo.
Preços
Paraty 160$000 a 170$000
Angra 150|000 » 155$000
Campos 140$000 » 145$000
Maceió 140$000 » 145$000
Bahia 140$000 » 145$000
Pernambuco 140$000 > 145$000
Aracaju 140$000 > 145$000
Sul 140$000 » 145^000
O Estado Moderno
e a Agricultura
Leiam esse bello,
útil e interessante livro
de 500 paginas, ampla e
nitidamente impresso e illustrado.
K' um trabalho,
na opinião dos críticos,
«de grande fôlego
e que deve figurar na estante
de todo brazileiro».
&leço de venda.
6S000
Em talas as livrarias do RIO, S. PAULO e CAMPINAS.
Estabelecimento de Plantas
Grande variedade
de arvores Iructi-
feras nacionaes e
extrano-eiras, arvo-
res de sombra e
ornamentação, por
preços baratíssi-
mos.
CASCADURA
Rua Nova k D, Fedro, 37
Especialidade em
enxertos de laran-
jeiras, tem sem-
pre Je 10 a 12 mil
pés, e acondicio-
namento, despa-
cho e plantações
para todos os Es-
tados do Brazil.
Gam|iiiiho, 101
Alfredo da Silva Ribeiro
Vi.
INDUSTRIAS NUEVAS DE GRAN PORVENIR
AVICULTURA — APICULTURA — LECHERIA
LA INCUBADORMi.isi.ln recnnoci.li ser el fac-
tor principal en Ia Crfa de aves ; la persona que
desea adelantar en esta industria, debe tener
Incubadoras, . riader >s, aves buenas v un iibri
práctico sobre la crianza, etc.
Las incubadoras que vndemos, v de (as cuales
hay en .is . má de 10.000 en la Repdblici \rgen-
tina, todas vendidas por nos tro-, sen aparatos
modernos de primeira clase y automáticos que
necesitan solo ã minutas de trabajo por dia. ba-
ranj mos a empo
Aves de raza pura procedentes de nuestro
criadern "txcelsior" se consideian mejores. que
aquellas que se importait dei exterior, porque
estan completamente aclimatadas Teneinns tio
razns entre ;00 . aves.
Los l.ue os para incubar que vendemos son
tan buscados que bny que . edirlos c.in vários
dias de anlicipacion. "l.a calidad de los pollos
obteni.los de estos buevos se recuerda por mncho
mas tiempo que el precio que se habia pagado [.oi-
tos huevos.
Remitimos luievos frescos de aves de sangre
correo á todas las Republicas Suil-ainoricanis,
i.iandandonos por carta certiBrada
15..00) reis por docena de huevo^.
. postal
"La Qjfa dei Avicultor", gran obra en to.
mos con HO l páginas de text ■ y más de loujilos
traciones, es el mejor libro sobre la crianza de
aves, construcción de gatlineros, eníeruiedades-
de aves, cria de patos, pavos. gansos, palomas.
conejos, abejas y perros ; conliene descripcíones.
y vistas «le muchos ciiader..s extranjei-os. etc. .
etc. Recomendada por las autor dades dei ramo
y los grandes diários de esta República Precio.
con franqueo pagido 10.000 reis
f picultura Moderna ó El cultivo d» Abejas. Te-
para apicultores. Precios y descripciAn en"el libro-
mencionado arriba.
Letleria. labricación de manteca y quesos. le-
cbes pasteiiri/ada. etc Podemns facilitar ã los
interesados las mejores máquinas, aparatos y
útiles, cuya deacripeión delallada se eucuentra
en las dos obras ilustradas v uiblicudas por la
casi : Lecheria Moderna y Manual dei Quesero
premiadas en la Fxposición de St. Lou-s. Precio.
de cada obra 5.000 reis.
I,i cas-i de Reinhold es la mas antigua, vasta
y mejo • su tida de toda la América dei S.id, esta-
blecida desde más de *0 anos.
Pidanse los catáloiíos ilustrados ro» prerioa de
todn
carta certificada á
^fllpyijidia ffLeinkaUl.
Calle Belgrano 451, Buenos Aires, República Argentina.
(Agencia — La Aurora)
2* quinzena
Paraty 150*000 a 1RO$000
Angra 140$000 > 145$000
Campos 130$000 » 135$000
Maceió 130$000 » 135*000
Bahia 130$000 » 135$000
Pernambuco 13fl$000 » 135$000
Aracaju 130$000 » 135*000
Sul 130$000 » 135$000
Álcool
No mercado deste género as entradas foram insignificantes ; mesmo assim, o
mercado soffreu baixa nos preços, sendo indecisa a sua posição.
/• quinzena
40 gráos. . . , 2S0$000 a 285?000
38 > 260$000 » 265$000
36 > 250$000 > 225$000
2* quinzena
40 gráos 270$000 a 275$000
38 » 250$000 > 255$000
36 » 240$000 > 245$000
Algodão em rama
Devido á escassez das entradas e melhores noticias de Liverpool, o mercado
na Ia quinzena tornou-se mais firmo e os preços tiveram alta.
Na 2* quinzena do mez raantove-se estacionário o mercado deste producto,
cujos preços acham-so agora de paridade com os de Liverpool.
O movimento geral do mercado foi o seguinte :
/» quinzena
Fardos
Existência no dia 31 de agosto 19.144
Entradas :
Mossoró 800
Pernambuco 600
Parahyba 322
Assú 204
Ceará 200
Somma 2.126
Total 21.270
Sabidas dos trapiches 5.124
Existência no dia 15 do setembo 16.146
416 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA.
Preços :
Pernambuco 9.?300 a 95800
Parahyba 9$200 » 9$600
Ceará 9$300 » 9$800
Penedo Nominal
Sergipe Nominal
Maranhão Nominal
2» quinzena
Fardos
Existência no dia 15 16.145
Entradas :
Parahyba 1.839
Pernambuco 637
Natal 1.750
Ceará 600 4.826
20.972
Sahidas dos trapiches 6.566
Existência no dia 30 14.406
Preços :
Pernambuco 9$300 a 9$500
Parahyba 9$000 > 9$230
Mossoró 9$000 .. 9$200
Ceará 9$300 » 9$500
Penedo Nominal
Sergipe Nominal
Maranhão Nominal
Assucar
Este marcado esteve na Ia quinzena em situações precárias, continuando assim
até o fim do mez, conservando-so as cotações sustentadas, embora não tenha havido
movimento melhor, nas remessas para o interior.
Neste periodo os supprimentos recebidos constaram de 40.184 saccas, sendo de
Pernambuco 2.469, de Sergipe 4.000 e de Campos 33.712; as sahidas dos trapiches
foram de 42.001 saccose a existência era orçada, em 207.103 saccas.
Os preços regulam como se segue :
Pernambuco :
Branco resina — —
Dita crystal $500 a $520
Dito 3a sorte $500 > $520
A LAVOURA
Crystal amarello $410 » $430
Mascavinho $400 » $440
Somenos $410 > $420
Mascavo bom $340 > $350
Dito regular $330 » $335
Dito baixo $300
Sergipe :
Branco crystal $490 » $500
Chrystal amarello $400 » $430
Mascavinho $380 » $450
Mascavo bom $340 » $350
Dito regular $330 > $335
Dito baixo $300
Campos :
Branco crystal $530 a $540
Dito do 2» jacto $450 » $470
Crystal amarello $450 > $460
Mascavinho $390 » $450
Bahia :
Branco crystal $510 a $520
Dito 2o jacto — —
Mascavinho — -
Outras procedências :
Mascavinhos — —
2% quinzena
Neste período os supprimentos recebiJes constaram de 62.020 saccas, sendo de
Pernambuco 669, de Sergipe 1.248, do Campos 57.463, da Bnhia 400, de Maceió
1.634, da Parahyba 1.634 e de outras procedências 73; as sahidas dos trapichas
foram de 4;!. 038 saccas e orçando-se a existência em 228.958 saccas.
Os preços regularam como se segue :
Pernambuco :
Branco resina — —
Dito crystal $500 a $520
Dito 3a sorte . . . . • $500 » $520
Crystal amarello $420 » $440
Mascavinho $410 > $440
Somenos $420 » $430
Mascavo bom $340 » $350
Dito regular — —
Dito baixo $320
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Sergipe
Branco crystal $500 a $520
Crystal amarello — —
Mascavinho $400 » $450
Mascavo bom $340 » $350
Dito regular $330 > $335
Dito baixo c $320
Campos
Brinco crystal $530 a $540
Dito 2o jacto $480 » $500
Crystal amarello $450 > $460
Mascavinho $390 >$460
Bahia :
Branco crystal $510 a $530
Dito 2o jacto — —
Mascavinho — —
Outras procedências :
Mascavinho — —
Cereaes
í1 quinzena
Saccos
Arroz nacional 22$000
Dito inferior 16$000 » 20$000
Dito agulha, 1» qualidade 39$500 » 40$000
Dito, 2a qualidade 35f000 » 36$0O0
Dito, 3a qualidade 2S$000 > 30$000
Feijão preto de Porto Alegre Nominal
Dito idem da terra 9$000 a 10$000
Dito idem de Santa Catharina, superior. . , Nominal
Dito do Paraná Nominal
Dito mulatinho Nominal
Dito manteiga 18$000 a 20$000
Dito enxofre, nacional 12$000 » 13$000
Dito de cores, nacional 7$000 a 9$000
Farinha de mandioca especial 9$500 » 10$500
Idem flna 8$800 > 9$200
Idem peneirada 8$200 » 8$G00
Idem grossa 6$000 » 6$400
Idem, do Norte (grossa) — —
Idem de_Laguna (grossa) 6$400 > 6$600
LAVOURA
Milho amarello do Norte Não ha
Idem da terra 7$200 a 7$400
Idem, idem misturado 6|500 » 7$000
Cangica 15$000 » 16$000
Favas 8$000 > 8*500
Kilogrammas
Alpiste $360 a $400
Fubá de milho $130 a $500
Mate em folha $400 » $500
Tapioca $320 » $360
Polvilho $180 > $200
Carne do porco $580 » $040
Linguas do Rio Grande (uma) 1$000 » 1$200
2a quinzena
Saccos
Arroz nacional 22$0OO » 24$000
Dito inferior 16$000 » 20$000
Dito agulha, Ia qualidade 38$õ00 » 39$000
Dito, 2' qualidade — 35$000
Dito, 3» qualidade 30$000 > 31 $000
Feijão preto de Porto Alegre Nominal
Dito idem da terra 9$000 » 10$000
Dito idem do Santa Catharina, superior. . . Nominal
Dito do Paraná Nominal
Dito mulatinho Nominal
Dito manteiga 18$000 a 20$000
Dito enxofro nacional 12$000 » 13$000
Dito de cores, nacional 7$000 > 9$000
Farinha de mandioca, especial 9$200 » 10$200
Idem, flna 8$600 » 9$000
Idem, peneirada 8$000 > 8$400
Dita idem, do Norte (grossa) — —
Dita idem, Laguna (grossa) 6$000 » C$400
Milho amarello do Norte Não ha
Idem da terra 8$500 a y$000
Idem, idem misturado 8$J00 » 8$500
Cangica 15$000 » 16$O0O
Favas 7$000 > 8$000
Kilogramma
Alpiste $330 a $440
Fubá de milho $140 » $150
Matte em folha $400 » $500
Tapioca $320 » $400
Polvilho $180 » $200
Carne de porco $640» $700
Lin?uns do Rio Grande (uma) $900 » 1$200
SOCIEDADE NACIONAL DE AORICULTURA
Fumo em rolo
Os negócios foram pouco importantes durante todo o mez:
/a quinzena
Preços
De Minas, especial 1$400
Dito superior 1$200
Dito 2a 1$000
Dito ordinário $900
Goyano, superior 2$200
Dito 2» 1$500
Baixo Nom.
Rio Novo, superior 2$000
Dito 2» 1$400
Dito baixo $900
Pomba, superior 1$4<>0
Dito 2a 1$200
Dito baixo 1$200
Carangola I$200
Picú, especial 2$400
Dito Ia 1$300
Dito 2» $900
Bahia 1$100
Pernambuco Não ha
21 quinzena
Dita de Minas, especial 1$400
Dito superior 1 $200
Dito 2a 1$000
Dito ordinário $900
Goyano superior 2$200
Dito 2* I$õ00
Baixo Nora.
Rio Novo superior 2$000
Dito 2a 1$400
Dito baixo $900
Pomba superior 1$400
Dito 2» 1$200
Dito baixo 1$200
Carangola , 1$200
Picú, especial 2$400
Dito 1» 1$800
Dito 2» $900
Bahia 1$I00
Pernambuco Não ha
A LAVOURA
Sal
Entraram 2.935.948 kilos por cabotagem do nacional, que se cotou <Je £$ a
2$200 por 40 litros.
Mercado monetário
A existência de ouro na Caixa de Conversão a 15 do setembro era:
Libras esterlinas 5.340.942
Francos lo.3;8.090
Dollars 128.740
Liras 80
Pesos argentinos 2.460
Ouro nacional 150:480$
A importância de notas conversíveis em circulação era de 91.747.260$.
Em 30 do setembroo era:
Libras esterlinas 5.307.477
Francos 10.302.3u0
Marcos 1 000
Dollars 122.745
Liras 360
Pesos argentiuos 2.470
Pesetas hespanholas 100
Ouro nacional 151:320$
A importância do no ".as conversíveis em circulação era: 9á.210:770$U00.
0 preço dos soberanos fora da Bolsa foi de 16.025 a 16.050.
CAMBIO
As luxa-; oilleiaus continuaram a manter se inalteradas, a 15 l/s d. sobre
Londres nos bancos estrangeiros e 15 3/)6 d. no Banco do Brazil. As transacções
bancarias fizeram -se a esses extremos e ao do outro papjl de 15 5/3, a 15 ;i/i« d-
não se registrando movimento digno do nota.
Os extremos das cotações otflciaes foram:
Londres, 90 d/v 15 1/8 e 15 3/16 d.
Paris, 90 d/ v $630 a $632
Hamburgo, 90 d/v $776 » $779
Portugal. 3 d/v 310 » 32ó \
Itália, 3 d/v $638 » $039
Nova- York, á vista 3$Í88 » 3.310
Vales, ouro — » 1$793
O valor offlcial do mil reis foi de 560 a 503 réis, ouro. e o da libra de lr>$803
a I5$868.
Ágio do ouro 77,77 a 78,51 % .
&&£&$€€€€ —
872Í 8 -
sor.lKDADK \ \i ]n\'.\|. DK AGRICULTURA
BIBLIOGRAPHIA
Recebemos mais as seguintes publicações periódicas, além das que temos
registrado mensalmente :
Révue Inlernaliomrfe du Caoulchuuc, de la Gutta-Perchu et le P neumo- Journal— ■
Ns. de jullio e agosto do corrente auno.
Annual Report of lhe Bureau of Sugar E xper im ml Station, de Brisbano (Queen-
sland).-19u7.
Annali delia R. Slo.zione Agraria di Forli. — FaSC XXXVI, 1907.
Bollellino U/ficiale dei Minisleru d' Ag rico1 tara, Industria e Comnurcio, da Ualia.
— Auno Vil, vul. IV, JUs.j. 5.
Scienza Prvlica, de Milão.— Vol. II, n. 4.
Giornali Yinicolo, ile Casale Monferrato. — Anuo 34, n. 35.
Gazela das Aldeias, do Porlo. — Auno 13, D. 661.
Anules dei Mu^eo Nacional de Buenos Aires. — Serie 111, Tomo IX.
Exportador Americano, de Nova York. — Vol. LX1I, n. 2.
Temos ainda a registrar o recebimento dos seguintes trabaluos cuja remessa
agradecemos:
Relatório de 19)7 aprasent ido á Camará Municipal de S. Paulo pelo Prefeito
Di'. Amónio da Silva Prado.
Relatório d > Biennio Social de 1905-1906 apresentado á Assembiea Geral dos
Associados da Associação Ge. 'ai de Auxílios Mútuos da listrada de Ferro Ceniral do
Brasil.
Statislica dei Commercio Speiiale di l mporlazione e di Esportastone, referente
ao período decjrrido de 1." de janeiro a 30 de junho de I9u7. Publicação do Minis-
tério das finanças Ja Itália.
Exposilion [ulemalionile dei Iniustries et du Traoail. Programmas o classi-
ficação do eonamen que se realizará em Turim de abril a outubro de 1911.
Adubação da Canna de Assucar. A cultura no Brasil. Publicação da Delegação
Brasileira da Associação de Propaganda Salitreira do Chile.
O Frio Industrial. Suas applieações. Discurso pronunciado na Camará dos
Deputados pelo capitão di mar o guerra José Carlos de Carvalho.
Breve Noticia sobre a Estação Agronómica de Alagoas. Publicação da Sociedade
de Agricultura Alagoana.
Estatística Agrícola Zooleckniea no Amui Agrícola de Í904-1905 de: Parnaliyba,
Lav rinhas da Faxina. S. Miguel Archaujo, Bananal, Treinembé, S. Bento do Sa-
pucaby, S. Paulo dos Agudos, Sarapuliy, Guararema c Áreas.
Da Sociedade Brasileira para Animação da Agricultura que tem a sua sede
em Paris, recebemos as seguintes obras:
Le Urêsil . tí uma obra volumosa, magnificamente impressa e ornada de gra-
vuras muito nítidas, publicada pola revista France-Brêdl e na qual os interessados
a respeito de cousas brasileii as encontrarão grande copia de informações.
A LAVOURA 423
La Voche Laúxòra por P. Dechambre. Paris, 1907. Editor Charles Amat.
11, Rue de Mezieres. 1 vol. ene.
Les Cultures fruitières de plein vent por H. Latlère. Ed. Charles Amat. Paris,
1905. 1 vol. broca.
Le Porcetses Produils. Lard et Jambon por Cyrille de Lamarche. Ed. Li-
vraria Bleriot, 55, Quaides GraDds Augustins. Paris. I vol. cart.
Les Meilleurs Moyens de Gagner de VArgent aoec les Moutons, por Henry Girard.
Ed. Livraria O. Vildior, 8, Boulovard Denain, Paris. 1905. 1 vol. broen.
Court d' Agricirftiae por A. Delaignes e E. Palice . Chateauroux. 1 vol. broli.
Da Exposição de S. Luiz d Califórnia, ao Colorado e ao Canadá na. America do
Norte por F. Ferreira Ramos. Antuérpia, 1907. 1 vol. broch.
CATALOOOS
Catalogue Generale des Pepinières Crouc et Fih Eurticultnirs au Vai </' Aulnay
Chateiiay (Seinei. 1908-1909.
Matéria Eorticole. J. C. Tissut. Catalogo para 1907.
Zoolechnie Génèrale. Produetion et Amélioration du Bétail por Paul Diffloth.
Paris, 1909. Cara orientação dosSrs. leitores da A Lavoura damos a seguir, como
já temos feito para outras publicações, o prospecto da obra acima, agradecendo á
livraria editora a remessa do exemplar que temos sobro a mesa.
Xootoelmie g-énér-iile, produetion et amélioration du bétail, par
P. Difflot. Préface de M. P. Regnard. 1 vol. in-18 do 442 pages, avec 81
photogravmvs. Broche", 5 fr.; cartonoé, 6 fr. (Librairie .1. B. Baillière et flls, 19,
rua Hauteteuille. à Paris).
Le premier chapitre montre 1'iraportance eapitale de produetion animale et
établit la progression constante de 1'mdustrie zooteehniquo. Des tableaux suecinets
índiquent 1'état actuei do la produetion du biMail en France et à 1'étranger.
L'étude des fonctions économiques conduit à 1'eximen de 1'individualité et des
causes pouvant rinfluencer, sexe, àge, etc. Les caracteres de 1'individualitô pou-
vant être masques par 1'apparition de variations, il importait d'examiner les
variations, soit indépendantes do 1'interventiou humaine (milieu, climat, etc.); soit
occasioonées par lintervention bumaine. L'appIication des méthodes de gymnas-
tique fonctiounelle retient longtemis 1'attention de M. Difflotli, et son influence sur
les divers apparoils met en relief des conséquences d'un intérét considírable.
L'alimeutation a élé Tobjet de toute la sollicitude de 1'ameur.
L'éleveur doit assurer la fixation des variations aiusi produites: 1'étude de
1'hérédité des tares et mutilations, du sexe, de la couleur, lui permettent dediriger
à son avantage ces forces natuielles.
Los méthodes do reproduetion, sélection sont étudiées aveesoin.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Le dernier cliapitre traite dcs prorédés de defenso contre les maladies conta-
gieuses. L'éleveur doit en elTot connaitre les prescripr.ions légales qui 3'appliquent
en cette oeeurrence, et les notions exposée^ sur les inóeul itions, les vancinations,
etc, lui permettront d'appliquer lui-mâme cos mesures préventives.
A peine les premlers volumes de V Encyelopédie agricole, publiés par la
librairie .I.-B. Bailliêre et Pjiô, seus la direction de M. Wéry étaient-ils publjés
que la Société oationale d'agriculture, sur le rapport lo sou secrétaire perpetuei,
M. Louis Passy (de 1'Institut), leur accordait sa grande mèdaille d'or a Velfigie
rVOHvier de Serres. Aujourduui que la publicat.on est amvée â son qaaranSième
volume, elle vient, dans sa séance solennello de 10 18, «le lui aecurder la plus liaute
réeomponse dont elle dispose, le Grand Pnx quatriennal Heazé. Cesi dire en
quellehaute estime elle tientcette collection.oeuvre uaiqueeuson genre, vériublo
monumeut élevé à la gloire de 1'agriculturo, au commencemenc du xx" siecle.
En mêine temps, M. Miíline, adeien ministre de l'agriculture, la plus haute
personnalité du monde agricole, lui adressait à li tribune du Sénat. cet éclatant
hommage. «Sous la direeiion et 1'impulsion de son bonorable directeur, les pro-
fesse ur de 1'inâtitut agronomique ont entrepris depublier une Encyelopédie agricole
qui est assurément uno des publications les plus reiíurquables qui aient été faites
dans les vingt dernières années. Ils on' drestó le bilan do la soience agricole au
coinmencement du xx8 sièMe.»
Le catalogue détaille etillustré de \' Encyelopédie agricole est adressé grátis et
franco a toute personnequi en fait la demande à MM. J.-B. Bailliêre 6t tils 19, ruo
Hautefeuille, à Paris.
8724 — 08 — Rio de Janeiro — Imprensa Nacional
ESTATUTOS
CAPITULO II
DOS SÓCIOS
Art. 8." A sociedade admitte as seguintes categorias de sócios :
Sócios effectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados.
§ i.° Serão sócios effectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem
devidamente propostas e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 2o$ooo.
§ 2.0 Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou
sede no extrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus
méritos e dos serviços que possam ou queiram prestar á sociedade.
§ 3.0 Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedicação e
relevantes serviços, se tenham tornado beneméritos ã lavoura.
§ 4.0 Serão associadas as corporações de caracter odieial e as associações agrícolas,
filiadas ou confederadas, que contribuírem com a jóia de 30$ e a annuidade de 5o$ooo.
§ 5.° Os sócios effectivos e os associados poderão se remir nas condições que forem
preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição fixada para esse fim
ser inferior a dez (10) annuidades.
Art. q.° Os associados deverão declarar o seu desejo de comparticipar dos tra-
balhos da sociedade. Os demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer
sócio e apresentação de dois membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade.
Art. 10. Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as
reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente; terão direito a
todas as publicações da sociedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a
prestar, independentemente de qualquer contribuição especial.
§ 1." Os associados, por seu caracter de coílectividade, terão preferencia para os
referidos serviços e receberão das publicações da sociedade o maior numero de exem-
plares de que esta puder dispor.
§ 2." ( 1 direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios; é limitado,
porém, para os associados e sócios correspondentes, os quaes não poderão receber votos
para os cargos de administração.
íi 3." ( )s sócios perderão somente seus direitos em virtude de expontânea renuncia
ou quando a assembléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria.
R.EG-TTL^.lVrElSrTO
CAPITULO VI
DOS SÓCIOS
Art. 18. A sociedade prestará seus serviços de preferencia aos sócios e associado
quando estiverem quites com ella.
Art. ig. A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua
accei tacão.
Art. 20. As annuidades poderão ser pa^as por prestações semestraes.
Art. 21. Os sócios e os associados se poderão remir mediante o pagamento das
quantias de 200$ e 500$, respectivamente, feito de uma só vez e independente da jóia,
que deverão pagar em qualquer caso.
Art. 22. Os sócios e associados não poderão votar, nem receber o diploma, sem
terem pag< 1 .1 respectiva i< iia.
." O sócio iinr pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se mediante
a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham igualmente satisfeito aquellas
contribuições.
§ 2.0 Para esse effeito o sócio deverá requerer á Directoria, provando seus direitos
nos termos do paragrapho anterior.
§ 3.0 Serão considerados beneméritos os sócios que fizerem donativos á sociedade,
a partir da quantia de um conto de réis.
Art. 23. Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados
resignatariós, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas contribuições lhes tenham
sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendo-lhes ainda assim o recurso
para o conselho superior e para a assembléa geral.
PAVILHÃO DA SOCIEDADE
5ECÇÃO DF. HORTICULTURA
Riu db Jkneiro
de ígpiipfepa
s^^
fPCPOSIÇÃO V)E FLORES
Capital Federal
Collecçãn de çalaflitis - Viuva Lietze
$$ VIRIBU3 UNITIS «€
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Fundada em 16 de janeiro de 1897
Caua-postal, 1245 ' * Sede : Ruas da Alfandega a.
Endereço Telegraphico, AGRICULTURA a General Camará n. 127
Talephone n. 1416 «m n* jumíiho
DIRECTORIA
Presidente — Dr. Wencesláo Alves .Leite de Oliveira Bello.
i° Vice-presidente — Vago.
2° Vice-presidente — Dr. Sylvio Ferreira Rangel.
3o Vice-presidente — Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Secretario Geral — Dr. Heitor de Sá.
Io Secretario — Dr. Francisco Tito de Souza Reis.
2o Secretario — Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
3o Secretario — Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva.
4" Secretario — Alberto de Araújo Ferreira Jacobina.
i° Thesoureiro — Dr. JoXo Pedreira do Couto Ferraz Junh
2° Tliesonreiro — Carlos Raulincf.
Dlreoíoros das Sebções
Fazenda de Santa Mónica Dr. Sylvio Rangel.
Applicações du Álcool e Museu Dr. Benedicto Raymundo.
Secção Technica e Bibliotheca Dr. Heitor de Sá.
Plantas e sementes e Horto da Penha . . Dr. Monteiro da Silva.
Propaganda e estatística Alberto 'Jacobina e Carlos Ranlino
Secretaria Dr. Souza Reis.
Thesouraria Dr. Pedreira Júnior.
Serão considerados collaboradores não só os sócios como todos que quizerem ser-
vir-se destas columnas para a propaganda da agricultura, o que a redacção muito
agradece. A lista dos collaboradores será publicada annualmente com o resumo dos
trabalhos.
A redacção não se responsabilisa pelas opiniões emittidas em artigos assignados, e
que serão publicados sob a exclusiva responsabilidade dos autores.
Os originaes não serão restituídos.
As communicações e correspondências devem ser dirigidas á Redacção d'A LA-
VOURA na sede da Sociedade Nacional de Agricultura.
A LAVOURA não acceita assignaturas.
E' distribuída gratuitamente aos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura.
« :<»ii<li<,-ò<-" <ii. |>(|bll<-»ç»<> .l..~ iiniiiiiiotos
vezes meia pagina uma pagina
I • . . I2$000 20|000
3 30$ooo 505000
6 5o$ooo oo$ooo
12 qo$ooo -i70$ooo
annuncios são pagos adeantadamente.
Tiragem 5.000 exemplares
SUMMARIO
PAfiS.
Exposição de Flores 425
\ Pecuária na Exposição Nacional 43c)
Barão de Capanema . . 444
Dr. João Pinheiro 447
Madeiras e vegetaes úteis do Brazil 449
A esterilidade das vaccas e sua cura 454
Factos agrários 457
O azote . . 458
Expediente 471
Noticiário 474
Parte Gmimercial 475
Bihlic igraphia 184
Anno Xlt-N. io
Rio de Janeiro
Outubro de 1908
EDITORIAL
Exposição d° flcrss
Não foi de um jacto que levámos a elíeito, no recinto da Exposição
Nacional, a idéa da realisação da festa das flores no dia -zò de outubro
próximo passado.
Quando em 11)07 assignou o governo da Republica o decreto que
estabeleceu as bases da organisação de uma Exposição Nacional no Rio
de Janeiro, no seio desta sociedade surgiu victorioso o projecto da ex-
posição e concurso de flores e fructas no grande certamen, cuja inaugu-
ração era naquelle decreto rixada para i5de junho do corrente anno.
Nada de positivo existia então, relativamente ao programma da
grande festa do trabalho e emquanto outros tratavam da elaboração dos
regulamento; das diversas secções da Exposição, na sede desta sociedade
era convocada uma reunião de floricultores, que se realisou sob a presi-
dência do Dr. Sérgio de Carvalho, 3o vice-presidente da Sociedade, tendo
para secretários os engenheiros civis José Américo dos Santos e F. T. de
Souza Reis.
Nella foi discutido o modo por que seria executada a exposição de
flores e dado o aviso aos floricultores que desde então iniciaram traba-
lhos especiaes no sentido de serem perfeitamente apparelhados na época
precisa.
Causas accidentaes afastaram a Sociedade da acção conjuncta com
os promotores da grande feira do trabalho, obrigando-a a cuidar mais
detalhadamente e de modo exclusivo da sua representação na Exposição,
o que acarretou por completo a paralisação da propaganda e organisa-
ção da exposição de flores, muito embora a representação do Districto
Federal disto cogitasse, de modo porém restricto, cerceado nos limites da
sua zona administrativa.
Não tinha porém desapparecido do nosso programma o primitivo
projecto de estimular por todos os meios o desenvolvimento não só da
floricultura como também da fructicultura e horticultura e, animada pelo
Exm. Sr. Ministro da Industria, em fins de setembro próximo passado,
resolveu a Sociedade levar a elíeito a exposição de flores, para a qual já
tinha recebido solicitações de alguns floricultores do Districto Federal.
Desejando porém trabalhar de accôrdo com o Directório Executivo e
cr, Districto Federal, procurou-os nesta occasião, combinando os meios de
cr. execução e chamando a si a incumbência da organisação daquella festa.
LlBRARY
NEW YORK
BOTANICAL
CARDEM.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Solicitada pelos floricultores que iam concorrer á exposição, resolveo
a Sociedade, ao lado dos prémios do Districto Federal, instituir também
três categorias de prémios em cada uma das secções da exposição.
Inaugurada em 25 do corrente, no pavimento térreo do pavilhão
da Sociedade Nacional de Agricultura, a exposição e concurso de flo-
res foi uma valiosa mostra do aperfeiçoamento da floricultura entre nós.
Não foi grande o numero de expositores profissionaes e de amado-
res que concorreram ao appcllo que, cm nome do Directório Executivo,
Districto Federal e Sociedade Nacional de Agricultura lhes foi feito, mas
os poucos que trouxeram o seu auxilio a esta festa, primavam pela quan-
tidade e qualidade de flores que apresentaram.
Variedades as maisbellas, e as de mais difficil cultura, foram tra-
zidas para o harmonioso conjuncto da exposição, dando ao salão onde
se ostentavam os primorosos productos da floricultura nacional, um as-
pecto verdadeiramente fantástico e seductoramente encantador.
A festa das flores, como vulgarmente foi denominada, constou da
exposição e concurso de flores e plantas assim divididas:
Io GRUPO — PROFISSIONAES
iil secção — Plantas ornamentaes
2a secção • — Flores cultivadas em vasos
3a secção — Arte floral
2o GRUPO — AMADORES
Ia secção — Plantas ornamentaes
2a secção — Flores cultivadas
3a secção — Flores cortadas
Para cada uma das secções em cada grupo, instituio a Sociedade
Nacional de Agricultura as três categorias seguintes de prémios, sem nu-
mero determinado.
1,1,'ANDE PREMIO
.Medalha de Ouro
Medalha de Prata
Além destes, houve também os prémios instituídos pelo Districto Fe-
deral para os floricultores do Districto nas secções de Arte Floral e de
Flores cultivadas.
Ojury designado pela Sociedade Nacional de Agricultura, ficou
composto da seguinte forma:
A LAVOURA 427
Presidente: Dr. Wenceslao Bei.i.o.
Membros : D. Júlia Lopes de Almeida.
Sr. Olavo Bilac.
Dr. J. R. Monteiro da Silva.
Sr . JoÃo da Silva Gandra.
( ) E uno. Sr. Prefeito do Districto Federal nomeou para a distribui-
ção dos prémios que olFereceu para os expositores do Districto, o mesmo
jury acima, escolhido pela Sociedade.
A casa Hortulania dos Srs. Jens Sand & C. instituio também um
premio para o amador de floricultura, do Districto Federal, que apre-
sentasse melhor collecção de flores annuaes na exposição.
Inscreveram-se no concurso, os seguintes floricultores :
Casa Flora — Schlick «n: C. — Districto Federal.
Viuva Lielze — Districto Federal.
Viuva Silva & Filho — Districto Federal.
Manoel Pereira da Silva — Districto Federal.
António Rodrigues Pinto — Districto Federal.
2a SECÇÃO
Casa Flora — Schlick & C— Districto Federal.
Casa Hortulania — Jens Sand & C. — Districto Federal.
Viuva Silva «Sc Filhos — Districto Federal.
.Manoel Pereira da Silva — Districto Federal.
António Rodrigues Pinto — Districto Federal.
Casa Flora — Schlick «Sc C. — Districto Federal.
Casa Hortulania — Jens Sand (Sc C. — Districto Federal.
Casa Jardim — Langgaard, Waldemar & C. — Districto Federal.
2o GRUPO — Ia SECÇÃO
Dr. Emilio Machado Pereira — Minas.
2a secção
Dr. Júlio Zamith — Nova Friburgo.
sociedade nacional de agricultura
/>a SUCÇÃO
Dr. Júlio Zamith — Nova Friburgo.
Dr. A. Gomes de Mattos — Districto Federal.
Dr. Adolpho Hasselmann — Districto Federal.
Collegio Anchieta — Nova Friburgo.
Dr. Galiano Emilio das Neves — Nova Friburgo .
Dr. Sérgio de Carvalho— Palmeiras.
Dr. Bernardo Souto— Districto Federal.
Família Marques Braga — Nova Friburgo.
Oscar Guanabarino— Nictheroy .
D. Emília Alves — Districto Federal.
1). Maria Rezende da Silva — Districto Federal.
Dos expositores inscriptos, compareceram os seguintes
Casa Jardim — Langgaard, Waldemar & C.
Casa Flora-Schlick & C.
Casa Hortulania— Jens Sand &. C.
Viuva Thereza Moser Lietze.
Viuva Silva & Filhos.
Manoel Pereira da Silva.
António Rodrigues Pinto.
Todos do Districto Federal.
Coronel Galiano Emilio daí Neves Júnior— Nova Friburgo.
Familia Marques Braga — Nova Friburgo.
Collegio Anchieta — Nova Friburgo.
Dr. Júlio Zamith— Nova Friburgo.
Dr. Bernardo Souto— Districto Federal.
D. Maria Rezende da Silva— Districto Federal.
D. Emilia A. Alves— Districto Federal.
Oscar Guanabarino Júnior — -Nictheroy.
O jury reunido no dia 25 iniciou os trabalhos terminando-os no
dia 26, apresentando o seguinte resultado :
Prémios instituídos pela Sociedade Nacional de Agricultura :
<2 . ^M
A LAVOURA 429
PROFISSIONAES — TRABALHOS DE ARTE FLORAL
i.° Grande Premio á casa Flora.
■i." Grande Premio á casa Jardim.
Medalha de ouro á casa Hortulania.
PLANTAS ORNAMENTAIS
Grande Premio á viuva Lietze.
Medalhas de ouro á casa Flora e á viuva Silva & Filhos.
Medalhas de prata: aos Srs. Pereira da Silva e António Rodrigues
Pinto.
FLORES CUI.TIV \h\s
Grande Premio a Casa Flora.
Medalha de ouro á Casa Hortulania.
Medalhas de prata a casa Viuva Silva & Filhos e aos Srs. Pe-
reira da Silva e António Rodrigues Pinto.
AMADORES — FLORKS CULTIVADAS
Grande Premio ao Dr. Júlio Zamith.
FLORES CORTADAS
Grandes Prémios : ao Collegio Anchieta, ao Dr. Júlio Zamith e á
família Marques Braga.
Medalha de ouro aos Srs. Guanabarino Júnior e a Bernardo
Souto.
Medalhas de prata ás Exmas. Sras. DD. Emilia Alves e Maria Re-
zende da Silva.
Prémios instituídos pelo Districto Federal :
Primeiro Grande Premio: (cartão de ouro) á Casa Flora.
Segundo Grande Premio: (cartão de ouro) á Casa Jardim.
Cartão de prata, á Casa Hortulania e a casa Viuva Silva & Filhos.
Tendo a casa Hortulania instituído um premio, (um canário belga
cm gaiola artística) destinado ao amador que apresentasse maior va-
riedade de flores annuaes, o jury resolveu conferir esse premio a
E\ma. Sra. D. Maria Rezende da Silva.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Deslumbrante era o aspecto que apresentava o salão escolhido para
a exposição, todo elle repleto de milhares de flores de variados matizes,
impregnada a atmosphera, desde alguns metros de distancia, do deli-
cioso aroma que delias emanava, dando-nos a impressão de um pa-
raíso encantado, onde algumas horas eram passadas longe do tenebroso
rumor da vida.
Diante de cada installação, desfilavam centenas de espectadores,
que nas súbitas contracenes das faces deixavam ler o enthusiasmo pelo
bello espectáculo que se lhes deparava e, ao mesmo tempo, a impresssão
do valor encerrado na nossa floricultura, mostrando-lhes, mais uma
estrada quasi inexplorada, da nossa riqueza ainda em estado intrín-
seco.
Muitas das flores e plantas que alli ostentavam toda a sua bel-
leza constituem já commercio um tanto regular e em não pequena
escala para o estrangeiro, perdendo-se, no emtanto, a quantidade e a
espécie das exportadas na rubrica «Plantas vivas», com que são regis-
tra-las na nossa estatística commercial.
A viuva Lietze, suecessora do seu marido, alcunhado o rei dos
calladiuns nos centros de floricultura allemã, mantém ainda hoje re-
gular commercio de exportação, para as praças de Hamburgo e New-
Vork, commercio este que iniciado pelo velho Lietze, foi sempre o
grande estimulo que o fez tornar-se o cultivador incansável dos bellis-
simos exemplares, que já conhecidos no estrangeiro eram em quasi
maioria desconhecidos no Brazil. O Estado do Espirito Santo, empenha-
se no momento actual pela systematisação do commercio das orchideas
que parecem ter o seu grande empório nas mattas do visinho Estado.
Numa palavra, parece que nasce no Brazil uma corrente impetuosa no
sentido de favorecer á floricultura nacional, corrente esta manifestada
no commercio para o estrangeiro que apaixonados cultivadores incitam
com a propaganda e com actos e na reforma por que passam os nossos
costumes, que tem despertado o desenvolvimento do gosto artístico ao
mesmo tempo que nos faz valorizar tudo aquillo que ainda hontem
nos parecia fútil e banal. Como consequência desta mudança de há-
bitos, tem crescido o movimento commercial de flores entre nós, sur-
gindo no commercio a lueta, oriunda da procura, e já se notam com-
petidores sérios ao; antigos profissionaes que até bem pouco tempo
enchiam a rua do Ouvidor, com os ramalhetes de violetas enfiados em
chuchus e mamões verdes.
Na actual exposição foi de facto digno de nota o esforço hercúleo
empregado pelos três principaes profissionaes do Districto Federal que
rabalho artístico — Casa Flora
Secção de cravos — Dr. Júlio Zamith — Friburgo
I . irbeilles de rosas — Paul Neyron — Sr. Bernardo Souto
A LAVOURA 431
se inscreveram no concurso, procurando conquistar cada um a palma
da victoria.
A secção «Arte florais foi uma das mais lindas do certamen, gra-
ças ao apurado gosto c delicadeza dos artistas nos primorosos trabalhos
expostos, quer nas installações de conjuncto, quer na confecção deta-
lhada de cada peca ornamental, apresentando formas as mais exquisitas
e originais de corbeilles, cheias de flores raríssimas e de seductora
belleza.
Na secção de «plantas ornamentaes» salientaram-se as collecções
de calladiuns da viuva Moser Lietze e as de begónias da Viuva Silva
iSc Filhos, do mesmo modo que nas demais secções, exemplares os mais
curiosos foram merecedores de cuidadosa attenção, como se pode con-
cluir da descripção detalhada que passamos a fazer de cada uma das
installações dos expositores .
CASA FLORA
Occupando todo um lado do salão com artistica installação de
hastes de madeira pintadas de branco, formando um chalet tendo aos
lados dois alpendres simétricos em forma de puchado e guarnecidos de
pilares, também de madeira, systema privilegiado da casa, e ornamen-
tadas as platibandas com decorações do mesmo systema, apresentou-se a
Casa Flora no concurso do dia 23, honrando a tradicção do nome já
conquistado no Rio como o mais artistico dos nossos estabelecimentos
de flores.
O conjuncto desta installação era de um maravilhoso eileito artis-
tico de extraordinário bom gosto, igualmente revelado nas peças orna-
mentaes, que, dispostas em degráos, e arrumadas sem o duro aspecto de
symetria e sem a desordem dissymetrica, impressionaram alegremente a
vista, prendendo a attenção por tempo indeterminado.
\ grande variedade de flores raras, de extraordinária belleza umas,
exquisitas outras, davam maravilhosa harmonia na reunião de milhares
de flores expostas por esta casa .
Ao lado, em uma mesa improvisada, disposta em pequenos vasos
de vidro, figurava uma grande collecção de cravos de cores diversas,
rajados uns, de uma só còr outros, apresentando uma indefinida colora-
ção de todos os matizes, salientando-se pelo tamanho e pela còr os
sulferinos e os còr de canna ligeiramente rajados.
Cobrindo esta banqueta armava-se um arco sustentado por duas
columnas, tendo, á guiza de capitel, ramilhetes de Lilium (Copos de
Leite] e Gladiolus, palmas de Santa Rita.
SOCIEDADE NACIONAL DK AGRICULTURA
Toda a installaçáo da Cisa Flora estava ornamentada com asparagus
plumosus matizados de rhodhantes brancos e róseos.
A.' direita do grande carramanchel, o primeiro plano era occupado
com 20 variedades de Begónia Rex e Lilium longifolium de extraordi-
nária belleza ; no segundo plano via-se um grande ramilhete de cravos
sulferinos, algumas begónias, clivias e uma pequena corbeille toda feita
de cravos brancos, violetas de Parma e angélicas dobradas ; no ter-
ceiro plano, em bella disposição artística, figuravam grupos de agapan-
thus brancos, gladiolus diversos, chrysanthemos, orchideas, lupinus alba,
stephanotes, amaryllis, etc, etc; no ultimo plano, uma grande cesta de
forma original toda feita de lilium, agapanthus brancos, ramos de
aspargs. Vasos com palmas de Santa Rita de variadas cores, comple-
tavam a ornamentação deste plano.
Tornara-se ainda digno de nota uma pequena cesta feita com cra-
vos pallidamente róseos, Watsonias Stephanotes e angélicas ; uma cor-
beille de grande tamanho, ornamentada artisticamente com Oncidiuns
amarellos (Oncidium Marshallianum), gladiolus amarellos e roxos,
orchideas roxas (Cattleya Warnerii, Harrisonia;, Intermédia, Miltonias,
etc.) e chrysanthemos diversos e de muita belleza.
Uma harpa, composta de angélicas dobradas, cravos, gladiolus, hor-
tênsias cor de rosas e Iberis umbellata, tendo como colorido dominante a
còr rósea. Ainda em um vaso via-se um lindo grupo de rosas Frau
Carlos Druscky que despertaram a attenção pela brancura de neve das
suas pétalas. Azáleas, callas amarellas (novidade) c brancas, ly rios, clivias,
begónias e palmeiras mignons, completavam a ornamentação do lance a
direita da installaçáo da Flora.
No lance esquerdo, sobre o fundo verde da parede destacava-se um
espelho, bellamente ornamentado com cravos purpurinos, gladiolus ligei-
ramente arroxeados e oncidiuns harmonicamente dispostos sobre mol-
dura sulferina.
Sete vasos de vidro symetricamente collocados, continham ramos de
liliums brancos, lilium aurantium (do Japão) gladiolus roxos, oncidium,
angélicas e Watsonias diversas.
Bellissimo aspecto, apresentava uma pequena corbeille de rosas
«Imperador de Marrocos» artisticamente ornamentada com avencas,
asparagus, cravos sulferinos, brancos, rosáceos, vermelhos vivos. Ainda
uma pequena cesta de palha cor de violeta, toda ornamentada de chry-
santhemos amarellos e cravos americanos cor de canna, despertava a
attenção, pelo bom gosto da confecção e contrastes de colorido.
Como peça de detalhe artisticamente confeccionada foi digno de nota
'rahalliu artisti
Beçonias — Viuva Silva & Filhos
A LAVOURA 433
um cysne feitode gladiolus, Watsonias, rosas Paul Neyron, e Purpura
d'Orleans.
Também artístico e de muito gosto, eram os dous bouquets de noiva,
feitos um de angélicas e cravos brancos c outro de cravos cor de rosa,
pendendo de ambos fitas de seda branca e de gaze, bordadas nas pontas.
Begónias, avencas, asparagus, rhodhantes, centáureas, lilium auran-
tium, amaryllis, etc, completavam a ornamentação da primorosa expo-
sição da casa Flora.
CASA JARDIM
Occupando o lado fronteiro á installação da casa Flora, preparou a
Casa Jardim a sua installação de arte floral, tendo como motivo principal
um carramanchel de canna da índia, chapeado de metal branco, orna-
mentado com vasos de calladiums, em todi a peripheria inferior. Ao
fundo, na parede, um espelho decorado com ramos de Nympheas áurea,
roxas e amarellas e ramos de avencas. Suspensos na armação, um lindo
bouquet de noiva, feito de cravos brancos, grupos artísticos de Dhalias
Cactus, Palmas de Santa Rita, goivos brancos, cravos, azáleas, rosas, rho-
dhantes asparagus,avencase flores de oncidium. Pequeninas cestas com
violetas de Parma, cravos rajados, etc, completam a ornamentação do
carramanchel. Ao centro, sobre uma meza, uma bella corbeille contendo
orchideas: Laelia purpurara. Cateleyas intermédia, labiata e gigantea, rosas
diversa >, cravos variados, purpurinos, rajados, róseos, amarellos e brancos,
azáleas, goivos, liliuns, angélicas e asparagus.
Esparsos do interior, vários vasos contendo dhalias cactus, cravos,
rosas e artística palma de rosas Paul Neyron e Fran C. Druscky, Lajlias
gigantea, orchideas hybridas Schilleriana, Harrisonia ; vasos com chry-
santhemos, rosas Paul-Neyron e Maman Cochet, completam a orna-
mentação interna.
A direita do carramanchel, sobre uma meza, notava-se uma artística
corbeille de rosas Paul-Neyron e outra não menos artística feita de nym-
pheas áureas, anthurium Scherzerianos e amaryllis hybridos ; ainda, vasos
com crysanthemos, dhalias cactus, rosas, cravos, e angélicas, profusa-
mente dispostos, terminavam a installação^da Casa Jardim.
CASA HORTULANIA
Com modesta installação, mas apresentando flores muito bonitas, fez
a casa Hortulania bella exposição, reunindo em vasos e corbeilles, as
seguintes flores e plantas: Calladiuns, cravos brancos, róseos, purpurinos,
vermelhos e rajados diversos ; cravinas, oncidiuns, calas, orchideas :
Ladias diversas, cattleyas variadas. Lyrios, cinerarias, angélicas, sau-
46 2
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
dades roxas c brancas, azáleas, centáureas, chrysanthemos, fuchsias,
calladiuns, rhodhantes, hortênsias, asparagus, palmas de Santa Rita, pal-
meiras, rosas de diversas variedades, agapanthus brancos e roxos, violetas
de Parma e avencas.
VIUVA THtíREZA MOSER LIETZE
Concorri
11,1.
na secção de Plantas ornamentaes, apresentou a se-
guinte collecção de calladiums :
CALLADIUNS ANTIGOS
i vazo
com 4 A
55— Sapopemba.
i »
i
6 A
199— Veiga Cabral.
i »
»
6 B
1 o3 — Caramurú .
í >
D
8 C
9— Itaúna.
i
t
3 D
35— Timbyra.
i »
>
12 D
53— Brinco.
i
í
5 D
80 — Mrs. John Laing.
i »
»
5F
67 - Rio de janeiro .
i »
»
ii F
74- Jurupais-tatá .
! i>
»
5 F
80— Hortulania.
1 »
»
5 F
96— Iriri.
1 »
»
4 K
4 — Azulão.
I
D
5 K
23— Calabar.
1 0
"
4K
32- Gitirana.
CALLADIUNS NOVOS
i vazo
com 3 n.
1— Ca rei pó
i
»
5 n.
12— Canhotinho.
>
5 n.
i3— Bleu..
i »
»
6 n.
21— Eduardo Carneiro Leão
b n.
38- Almeirim.
i »
»
3 n.
3y— Macaia.
i •
i
9 n.
5i— Tibinçá.
i
»
5 n.
66— Penalva.
i
•
5 n.
76— Camaragibe.
I D
p
8 n.
81 — Mendanha.
I »
i
7 n-
106— Muaná.
I
i
6 n.
1 1 4 — Saquarema .
I »
i n.
1 1 5 Diogo Flores.
1 »
>
6 n.
124— Pêro Coelho.
I t
»
5 n.
174— Descalvado.
Rosas expostas pelo Sr. (Iscar ( iuanaharino Jn
Secção de margaridas do Sr. Pereira da Silva
LAVOURA
435
i vazo com 5 ri
187— Nuporanga.
i 5 n.
204 — Itaporanga .
ULTIMAS NOVIDADES
i vazo com 6 n .
•285— Pedro Alaria Binot.
i
i 6 n.
286— Marapatá.
i •
• 8 n.
286— Mara pata.
i »
• 6 n.
287 — Juruá.
i
d 6 n.
288— Macapá.
o (3 n.
288 — Macapá.
i
» 6 n.
289 -Page.
í i
• 4 n.
290— Soberano.
í
o 5 n.
294— Jaçanan.
i >
p 5 n.
294 — Jaçanan .
i
p 4 n.
3o2 -Carmo.
1 P
p 5 n
3o3 — Massiambú .
I
» 5 n.
304— Javary.
I »
p 7 n.
3o5— Esmalte.
1
p 5 n.
3o(i — Dr. João Baptista de Castro.
I »
p b n.
307 — Itamaracá .
I »
p 5 n*
3o8 — Camacan .
1
» 6 n.
309 — Pepery.
1 «
• 4 n.
3i3 — Suassuhy.
1 D
» 6 n
314 — Iguaraçú.
1 P
p 7 n.
328— Anadia.
1
p 3 n,
304— Plácido de Castro.
1 1
p 4 n.
376— Sumaré.
VIUVA SILVA & FILHOS
Foram as seguintes as plantas expostas :
'Palmeiras
Areca
Speciosa .
i Areca rubra .
•2 Phenix
cananense.
i Latank
rubra .
i Kentia
Lindnú
í Licuala
hórrida
i Pinang
í decora
í Lewistonia Sinensis.
i »
Hoog
endroppú.
i Seaíorthia elegans.
i Areca
Lutescens.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Trinax radiata.
Areca madagascariense .
Hyophorbe Werschafeltii.
Athalea funifera.
Stevensonia grandifolia .
PLANTAS DIVERSAS
Dion edule.
Zamia villosa.
Araucária excelsa.
Curculigo, recurvada
Pincenecutia, tuberculata .
Maranta zebrina.
Medinilla magnifica.
Asparagus plumosus .
Morrissonia tuberculata.
Anthurium regalis.
Collecçáo de margaridas em 8o vasos.
» » cinerarias com i5 variedades.
Begónia Rex : 5o variedades á seguir :
Emilia.
Hertha.
Rockertiana. (novidade 1908'
General Glyserio.
Amaury Fonseca.
Nellós Hearte (Novidade 190S)
Perigunia.
Fé.
Bento Leite.
Emil Copp.
M.m" Halley.
Gloirie de lopiaine.
Victor Lesse ur
Verdi.
Talismani.
M.'»e Louise Pemot.
Tenebrosa .
Lavinas Salles.
Conforme .
Plinio.
Diamant.
Bouquets de noiva — Casa Flora
Corbeille de rosas Paul Neyron Casa Jardir
A LAVOURA
Lídia Fonseca.
Dr. Germano Vert.
M.m" Tibot.
Aracy .
Brasileira.
M.'"0 Richard.
M.rae Graustemberg.
Cabocla .
Parisiense .
Roi des Rouges.
Plutão.
General Crone (novidade).
Erim.
Luiz Dantas (novidade 1908).
Hilma (novidade) .
Gloire de Montreal.
Jayme Silva (novidade 1908).
Cecy.
Moema .
Louise Classon.
Oto Foersten.
M.">e Amaury Fonseca.
Barão de Itacurussã.
Dr. Ramos de Azevedo.
Inimitável.
OSCAR GUANABARINO JÚNIOR
Em profusão, arrumadas em uma cesta expôz :
Rosas Paul - Neyron .
Rosas Captaine Chryste.
Rosas Marganil.
DR. JÚLIO ZAM1TH
Com uma linda collecção de craveiros em flor, em numero de 12
variedades e mais quinhentos cravos soltos, concorreu este expositor,
que francos elogios mereceu pela variedade e belleza dos cravos ex-
postos .
BERNARDO SOUTO
Em duas corbeilles, expôz as seguintes variedades de rosas :
Príncipe Negro.
Bella Maria.
SOOIEOAWÍ NACIONAL Itft AORir.ltl.TlIRA
Purpur.
Vick e Caprice.
D. MARIA REZENDE DA SILVA
Expoz uma colleçao de amores perfeitos e variedade de lyrios,
espirradeiras, papoulas, sempre-vivas, saudades, flores de begónias,
dhalias, Ixora coccinea e calliopsis.
D. EMÍLIA ALVES
Apresentou vinte variedades de rosas, entre as quaes: Paul-Neyron,
Souvenir de la Malmaison, Apoteker George Kofer, Perole des
Jardins, Captain Chrysty, etc.
Quatro variedades de crysanthemos, treze variedades de dhalias
cactus, das quaes quatro novidades de 1908.
CORONEL GALIANO EMÍLIO DAS NEVES JÚNIOR
Expoz bellas rosas de muitas variedades; cravos diversos, sau-
dades e azáleas.
COLLEGIO ANCHIETA
Concorrendo na secção de flores cortadas, apresentou um bello
trabalho representando um globo terrestre, todo feito de cravos de
muitas variedades, assentando em um taboleiro todo de amores per-
feitos, onde se liam as iniciaes do collegio feitas com cravos brancos.
FAMÍLIA MARQUES BRAGA
Entre as collecçoes de rosas expostas, foi a mais variada a apre-
sentada por esta expositora, em numero de trinta e uma, notando-se
na collecção os únicos exemplares existentes na Exposição, das rosas
murta e de banks.
Além das rosas, expoz também grande variedade de cravos, pa-
poulas, anthuriuns, myosotis, saudades, agapanthus, lyrios alba, ama-
ryllis, oncidiuns, palmas de Santa Rita e goivos.
MANUEL PEREIRA DA SILVA
Expôz margaridas em numero de 180 vasos e variedades roxas,
brancas e vermelhas, begónias, rosas diversas, avencas, cravos, calla-
diuns e ainda uma bellissima samambaia de grandes dimensões.
JOSÉ DOMINGUES
Além de uma grande collecção de margaridas de diversas vari-
edades, apresentou também as seguintes variedades de rosas:
beille organizada pel<
Ur. Souza Reis
Cofbeille da Casa Jardim
Paul-Nevron, Purpura d'Orleans; F. Carlos Druscki, Bella Maria
e Souvenir de la Malmaison.
ANTÓNIO RODRIGUES PINTO
Com collecções pequenas de margaridas, cravos, asparagus e
samambaia, apresentou-se este expositor no certamen das flores.
Rio de Janeiro, Outubro de 1908.
Eng°. Sousa Reis,
lo"secretario.
A Pecuária na Exposição Nacional
3o TURNO
Lord, touro de três annos e meio de idade. E' da raça suissa,
cor de rapoza. Foi importado pelo Estado de Minas. Lorde umjbello
espécimen da raça schmti, a qual se recommenda por sua ru^ticidade
e como boa leiteira ; também produz bons animaes para trabalho e
carne.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Dividem geralmente a raça suissa em três grandes grupos : raça
grande, media e pequena. Todos os três grupos distinguem-se pela pe-
llugemcor de rapoza, desde a cor de rapoza amarellada até a cor de
rapoza quasi negra. O fio do lombo c a barriga do gado schwit\ tem
a cor amarellada.
O gado sclnvi/; varia em peso vivo desde 400 a 700 kilos, pro-
duzindo as leiteiras 2.400 a 3.000 litros de leite por anno.
O leite das vaccas suissas contem 3 a 4% de manteiga.
O gado schwit^ acclima-se perfeitamente nas regiões montanhosas
de Minas e Estado do Rio. E' um excellente gado para se cruzar com
o nosso Caracú.
Sofía é uma égua de cinco annosde edade, pertencente ao Dr. João
Penido Filho. Foi premiada na Exposição Nacional e com justiça, pois
é um bello animal.
E1 cria de Minas e excellente montaria.
Bahia é um animal mestiço de Caracú e zebú ; pesa 750 kilos
de peso vivo. Foi boi de carro, mas na época da Exposição já estava
apartado para o corte . Mereceu a attenção dos visitantes por sua boa
apparencia de animal sadio e nédio.
Carneiro cara negra exposto na Exposição Nacio nal de igo8 ; posto
que bello, nada oíferecia de extraordinário a não ser seu bom estado
de saúde. E' um animal nacional perfeitamente acclimado.
SOCÍEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Pellado é procedente do Ceará e distingue-se por ser privado de
W^tm \ Iff! FF.' "W
G S S.BB jÉL ^sáfc
l
pello. E' um bom marchador pertencente ao coronel José Pio. Fez
figura na Exposição pela sua exquisitice.
A LAVOURA
l^^Cambucá boi de corte, mestiço de zebú e caracú. Pesa óóo kilo-
grammas de peso vivo.
Araby é um grande touro zebú pertencente ao coronel Adolpho
Ferreira. Um animal monstruoso, com 5 annos de idade. Fez bonita
figura ao lado dos
Nacional de iqo8.
seus congéneres que figuraram na Exposição
SOCIEDADE NACIONAL DE AQRICULTURA
Barão de Capanema
Após prolongados soffrimentos e na dilatada idade de 84 annos,
finou-se em 28 de julho do corrente anno, nesta cidade, o Dr. Gui-
lherme Schuch de Capanema — Barão de Capanema.
Era um nome conhecido e respeitado no Brazil inteiro, senão
também fora delle.
Toda sua vida, pôde dizer-se, foi inteiramente consagrada ao ser-
viço da Pátria, e destaca-se por uma serie ininterrupta e valiosa de
árduos trabalhos que perduram e hão de perdurar sempre na memoria
de todos os brazileiros que o distinguiam e veneraram com a beneme-
rência a que tinha direito.
Os cargos elevados que lhe foram confiados, as commissões scien-
tificas que lhe couberam, a sua collaboração efficaz em todas as
questões agitadas no seio das varias associações scientificas de que
era digno membro, aqui e no estrangeiro, deram-lhe um real destaque,
um prestigio pouco commum, como o exigiam a sua vasta erudição
o? seus múltiplos e profundos conhecimentos nos differentes ramos
em que a Sciencia se desdobra. E, por isso, todos os seus trabalhos
timbram por um alto valor, que se lhe não contesta, próprio de quem,
como elle, era um verdadeiro sciente.
Assim é que ao seu estudo e á sua competência se devem, entre
outras, as seguintes obras :
Dissertação sobre o methodo de divisão de Homer e sua applicação
d álgebra. Rio de Janeiro, 1848, in-8.°.
Quaes as tradições ou vestígios geológicos que nos levam á cer-
teza de ter havido terremotos no Brazil. Memoria lida na sessão do
Instituto Histórico, de 24 de novembro de 1 854. Vem na « Revista »
trimensal, tomo 22o. pags. 135 a 139.
Algumas observações acerca da influencia exercida pelos progres-
sos do homem sobre a vegetação e o aspecto physionomico dos paizes
que elle habita. Memoria offerecida ao Instituto Histórico, a 21 de
setembro de 1848.
Trabalhos da commissão scientifica de exploração. Relatório da
commissão geológica. Rio de Janeiro, in-4.0. Foi este relatório pu-
blicado com o da commissão geológica. (Veja-se Manoel Ferreira Lagos.)
Relatório sobre a fabrica de ferro de Ipanema. Rio de Janeiro,
1864, 37 pags., in-fol. Fora o autor encarregado pelo Governo de um
exame da dita fabrica, exame com que se restaurava esse estabele-
cimento já abandonado.
Exame do mappa do Amazonas, levantado pela commissão de
demarcação de limites com o Pará. Pará, 1865, in-fol. Assignam tam-
bém este trabalho H. L. dos Santos Werneck eM. A. Vital de Oli-
veira.
Decomposição dos penedos no Brazil . Lição popular, proferida em
25 de junho. Rio de Janeiro, 1866, 32 pags., in-8°. Esta lição foi
feita por occasião de achar-se no Brazil o celebre Agassis.
Apontamentos geológicos (ao correr da penna.) Rio de Janeiro,
1868, 80 pags. in-8°.
Canna de assucar. — Memoria lida na sessão do Imperial Instituto
de Agricultura, na noite de 3o de julho de 1867, etc. Rio de Ja-
neiro, 1867, sete pags. in-8°.
Algumas palavras sobre os telegraphos e Ministério das Obras
Publicas no Brazil. Rio de Janeiro, 1869, 42 pags. in-fol. de tresco-
iumnas. E' uma reimpressão de artigos já publicados no Jornal do
Commercio.
Relatório da Inspecção geral dos Telegraphos, no anno de 1869,
apresentado ao Sr. Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, Ministro,
etc. Rio de Janeiro, 1870, 54 pags. in-fol. Gomo este, ha vários rela-
tórios, correspondentes aos outros annos, publicados nos relatórios do
Ministério da Agricultura.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Apontamentos sobre as seccas do Geará. — Rio de Janeiro, 1878,
in-40.
Ensaios de sciencia por diversos amadores. Rio de Janeiro, 1876
a 1880, três volumes in-40, com este. E' uma publicação periódica,
redigida com João Barbosa Rodrigues e B. C. de Almeida Nogueira.
O primeiro numero é de marco de 1876 e contém, de Capanema, o
artigo « Os sambaquis», de pags. 78 a 89. Em outros números acham-se
seus «Estudos botânicos », Observações sobre a origem do barro verme-
lho na provincia do Rio de Janeiro, etc.
Ultimamente quando se discutia o tratado das missões, celebrado
por Q. Bocayuva, escreveu Capanema vários artigos no Jornal do
Commercio, que foram reproduzidos com o titulo <i A questão de li"
mites » .
Em verdade, porém, os serviços que mais o celebrisaram e o tor-
naram conhecido, foi a organização, installação e inauguração do tele-
grapho no Brazil, ha mais de óoannos.
Por tal maneira ficou o seu nome vinculado á Repartição que
superintende os serviços telegraphicos que, não ha muito, ao se ce-
lebrar o jubileu do Telegrapho no Brazil, foi inaugurado, no vestíbulo
da alludida Repartição, o seu busto em bronze, como viva homena-
gem ao muito que por ella fizera.
A1 agricultura foi elle também deveras prestadio como o de-
monstram a sua memoria sobre a Cama de assacar, lida em sessão
do Imperial Instituto de Agricultura, na noite de 3o de julho de 1867,
e outros trabalhos mais, alguns delles inéditos.
A esta Sociedade, de que era elle sócio honorário, prestava
igualmente relevantes serviços, e as brilhantes conferencias que na
sede da mesma effectuou, ainda são recordadas como memoráveis.
A Sociedade Nacional de Agricultura que o teve como sócio hono-
rário, e qA Lavoura, como seu collaborador, tributam á sua imma-
culada memoria as mais vivas e sinceras homenagens de admiração e
de saudade.
Dr, João Pinheiro
O vulto eminente que, ainda ha pouco, em pleno destaque no
vasto scenario politico da pátria brazileira, deixou de existir, a 'í6
deste mez, era justamente apontado com um cadinho cheio das mais
ricas esperanças, dessas que, por serem raras e valiosas, o paiz aspira e
delias muito e muito carece.
A sua estadia curta, rápida, nas culminancias da politica do paiz
não lhe deu, infelizmente, margem, para que a sua acção guiada por
uma cultura transcendente e irmanada a sentimentos pátrios fulgurantes
e indiscutíveis podesse dar forma e feição conveniente; a essas espe-
ranças, crystallisal-as mesmo, porque no evolver de factos de tão subido
quilate o vagar é um factor de que se ha mister.
Nesse minguado tempo, porém, que lhe coube agir, como presi-
dente do grandioso Estado de Minas, fel-o com alto discernimento, sabe-
doria e patriotismo.
Politico virtuoso — como só podia comprehender Aristóteles o
politico — republicano puro entre os mais puros, espirito peregrino e
SOCIBDADB NACIONAL W? AGRICULTURA
scintillante, energia de tempera Damasquina que era um ^incitamento
para os tímidos, coração bemfasejo e nobre, sempre prompto á pratica
do altruísmo, — o Brazil inteiro o reconhecia como tal e bem lhe no-
tara o cuidado, o carinho e a confiança com que lançava em terreno
tão feraz as boas sementes que só elle as possuía, sementes que ger-
minaram, começam a florescer e hão de fructificar em breve.
Para corroborar quanto affirmamos, basta que ponhamos de mani-
festo aqui o magnifico fecho de sua mensagem ao Congresso mineiro,
de i5 de junho deste anno : « abrir escolas que illuminem a intelli-
gencia das crianças ; ensinar o trabalho aos adultos ; guiar e aconselhar
nas duvidas, aos productores ; cuidar das questões materiaes, sem o
abandono da parte espiritual e moral ; ter o culto sincero da liberdade ;
tornar a paz garantida ; a justiça amada ; paternal o exercício da auto-
ridade ; conciliadora a politica, é, senhores representantes de Minas
Geraes, operários ephemeros que somos do serviço permanente da
pátria, — é termos trabalhado pelo grandioso ideal republicano, na terra
mineira, que, primeira, o sonhou, por elle deu vidas e o tem executado
nestes dezoito annos de regimen, sem retrogradações e sem precipitações.
E' a realisação do lemma que se increve no pavilhão brazileiro.
pela perfeita conciliação da Ordem e Progresso.»
A agricultura, como o ensino, mereceu do grande morto as mais
vivas e ininterruptas cogitações ; e estas ficaram magnificamente corpo-
rificadas no regulamento a que se refere o decreto n. 2027, de 8
de junho de 1907, regulamento este que remodelou por completo e de
modo conveniente a directoria da agricultura, commercio, terras e colo-
nisação, tendo A Lavoura, de setembro de 1907, a fortuna de pu-
blical-o.
A fazenda da Gamelleira, uma das suas mais gigantescas crea-
ções, é uma bem organizada escola pratica, onde o ensino primário
agricola é ministrado methodicamente e de accordocom os preceitos scien-
tificos os mais apurados.
A tal respeito, A Lavoura de fevereiro c março e de abril de
1907, se manifestou assignalando a organização irreprehensivel do útil
estabelecimento e a affluencia avultada de interessados que lá iam com
o propósito de aprimorar os seus conhecimentos technicos.
O regulamento sobre 1 Cooperativas Agrícolas em Minas », datado
de 4 de janeiro do corrente anno, é outro padrão de glorias do sau-
doso extincto ; e os resultados económicos delle derivados hão de ser
dos mais salutares e benéficos, como tem acontecido a todos de igual
quilate.
A LAVOURA 4i9
( íutros muitos serviços de valor inestimável poderíamos aqui pôr
em relevo ; mas, desistimos de semelhante intento por estarem todos
elles no conhecimento dos brazileiros que ainda o choram e o hão de
chorar por longo tempo.
A Lavoura sinceramente partilha da dor e do lucto que amar-
guram n coração da pátria, com a perda de tão illustre e distincto
filho.
Algumas madeiras e ve^staes utsis do Brazil
(C mtinua ão)
FAMÍLIA DAS LAURACEAS (?)
«:.-«i.-<y;i vermelha
Sysonv.mia :—Caa~ataya (mutto ferro). Caa-aty-aia (matto medicinal'.
Caa-tay-guassu. Caa-tiaya. Gatay a grande. O mesmo nome é commum á
polygonacea Polygonum acre H. B. K., á rutacea Pilocarpus pinnatifolius
Lem. e á scrophulariacea Vandellia crustácea Benth., todas plantas medi"
cinaes da flora brazileira.
Descripção : — Arvore de grande copa e caule mais ou menos recto,
ate S,oo de altura e 0,4? de diâmetro ; casca fina e glabra ; folhas inteiras.
oppostas, pecioladas, coriaceas, q5 m/m de comprimento e 44 mm de lar-
gura mais ou menos, ob-rhombeas, nervura central saliente, forte aroma
idêntico ao do «Loureiro commum», depósitos de óleo essencial visíveis á
transparência ; frueto comestível (?), preto : .
Madeira :— Côr vermelha-rubra, lecido compacto, muito dura, sabor
adstringente, dócil ao cepilho e á serra e offerecendo boa superfície para o
verniz, mas sendo bastante perseguida pela broca.
Applicações : — Madeira de primeira qualidade e talvez uma das
melhores do paiz, para toda e qualquer obra, durando séculos ; as cascas
são empregadas como aromatisante ou condimento na confecção de
cuz-cuz e outros pratos ; as folhas são sudoríficas, usadas nos defluxos e
moléstias do peito, sendo crença que emquanto se faz uso delias, deve o
doente abster-se de beber agua.
Distribuição geographica :— [lha de Cananéa, Estado deS. Paulo,
onde parece sub-espohtanea . Vegeta em terras silico-argilosas e de prefe-
rencia nas silicosas húmidas ; é raríssima nas terras puramente argilosas.
46 4
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
FAMÍLIA das meliaceas
Trichília Richardiana . 1 . Jus
Synonymia : — Cataguá(em alguns municípios do Estado do Rio de
Janeiro dão este nome a papillionàcea Platycyanus Regnelli Benth.,que
tem outros nomes vulgares) — ('.■jãligud (nos arredores de Santos este nome
é commum á lecythidacea Couratari estrellensis Raddi). A palavra tCa-
tiguá» parece designar no oeste do Estado de S. Paulo a rutacea Metro-
dorea pubescens ; além disso é commum a diversas meliaceas do mesmo
género da que aqui descrevemos.
Descripção : — Arvore pequena, bem copada, de caule recto, até
4,00 de altura c 0,25 de diâmetro \ ramos glabros, brancacentos ; casca
avermelhada, adstringente, até 5 m/m de espessura, revestida de epiderme
brancacenta e tina ; folhas compostas, 2-4 jugas ; foliolos oppo^os, lancco-
lado-acuminados, peciolados, mais ou menos 145 m/m de comprimento e
õi m/m de largura, reticulado-nervados, nervuras visíveis á transparência;
fiòrespedieelladas \ frueto capsula oblonga.
Madeira: — Còr avermelhada, tecido compacto e firme, talhe duro,
bonita, olferecendo boa superfície para envernizamento. Peso especi-
fico, 0,688 (S. Paulo).
Àpplicações: — Madeira para marcenaria, carpintaria em geral,
postes, dormentes de segunda qualidade e obras internas, As cascas
conteem bastante tannino e são empregadas no cortimento de couros,
dando a estes còr amarella; a infusão das cascas é considerada anti-rheuma-
tica, anti-hydropica e insecticida, e por isso usada pelo povo para com-
bater as enfermidades correspondentes, bem como para purgativo .
Distribuição geographica :— Estados de S. Paulo, Paraná e Rio de
Janeiro.
Observações : — Vários auetores, sem fazerem reparo na improprie-
dade do termo, dão «Catiguá» como corruptela do tupi-guarany «Caa-
tinguá», que traduzem por «arvore de folha branca», quando tal palavra
só pôde traduzir-se por «folha e frueto brancos», a folha e frueto espi-
nhosos» c «matto de frueto espinhoso», designações que não lhe cabem ; o
nome é guarany (Coatiguá) e significa «frueto de coati» .
A LAVOURA
FAMÍLIA DAS (?)
Caujuja branca
Synonymia : — Farinha secca '■: (não a ochnacea Ouratea castanaefolia
Engl., assim chamada em quasitodo o pai/, nem a cordiacea que no Rio
Grande do Sul tem o mesmo nome vulgar).
I)i scripçÃo : -Arvore muito copada e de caule recto, até 10,00 de
altura e 0,45 de diâmetro; casca até 10 m/m de espessura, de sabor
adstringente e revestida de epiderme ferruginea na qual vegetam sempre
muitos cogumelos ; folhas maiores que as da espécie adiante descripta
cf. «Caujuja vermelhas).
M \m ir \: — ( \òr branca com manchas amarcllo-roseas, leve, ondeada,
molle e porosa, mas olíerecendo bonita superfície para o verniz ; dócil ao
cepilho e á serra.
Applicações: — Madeira parataboado de forro, ripas, cai\oteria,. obras
internas e lenha de inferior qualidade. As cascas podem servir para a
industria do cortume, posto não devam ser muito ricas em tannino.
Distribuição ghographica: - Littoral dos Estados de S. Paulo e
Paraná e decerto em outros. Vegeta indiferentemente em terras silicosas
ou argilosas, preferindo sempre as de inferior qualidade.
Observações : — Não nos foi possível, pela inopportunidade da época,
determinar esta espécie, nem a immediata. O nome «Caujuja» apparece
agora impresso pela primeira vez.
Caujuja vermelha
Synonymia : — Cf. a espécie precedente.
' Di scripçÃo : — Arvore muito copada c de caule recto, até 12,00 de
altura e 0,45 de diâmetro ; folhas oppostas, pccioladas, serradas, 1 4.? m/m
de comprimento e [8 m/m de largura mais ou menos, obova es, base
estreita, pergamentaceas, saliente-nervadas, um pouco ásperas e mais
claras na pagina inferior; flores brancas ?); fructo pequeno (?) .
\1 vdeir v : — Côr vermelha, assetinada e brilhante, mostrando os utri-
culos dos raios medullares; dócil ao cepilho e á serra.
Applk vções : — As mesmas da espécie precedente, á qual esta é
comtudo superior.
DlSTi : ■ 1 ■ih ca : A mesma da espécie precedi til'' .
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
FAMÍLIA das meliaceas
Cedro grande
Cedrela fissilis Vell. var. anstralis St. Ilil.
Synonymia: — Acafou, no Comté (Guyana franceza) — Acaiaca,
Acaiacáa e Acayaca, dos aborígenes (nomes entre elles mesmos extensivos
a algumas lauraceas) — Acajou femelle, dos francezes (para o distinguirem
dos «acajous» legitimos, que são também meliaceas americanas e africanas)
— Acayoiba, dos hispano-umericanos — Caju catinga (?, não « Acaia-
catinga, que parece ser algures uma terebinthacea) — Cedar, na Guyana
ingleza — Cèdre, em Franca — Cedro aromático, — Cedro batata, nos Es-
tados do Amazonas, Pará e Espirito-Santo^ Cedro-branco, no .Maranhão
— Cedro cangerana — Cedro cheiroso — Cedro da várzea (distinecão local
feita pelo povo do littoral, masque não tem outra justificativa que a do
terreno em que occasionalmente vegeta) — Cedro-wá, na Republica do
Paraguay — Cedro ondulado, (certamente a madeira, quando esta é mais
ondeada) — Cedro-rosa, no Espirito-Santo — Cedro-serpa — Cedro-ver-
melho, nos Estados do Amazonas e Matto-Grosso — Igary-yb « páo de
canoa », dos guaranys — White<edar, na Inglaterra (não porque seja
branco, mas por ser menos aromático que alguns outros) — Yáporaissib,
dos aborígenes guaranys. (Não será novidade dizermos que a synonimia
deste vegetal, como de quasi todos os outros, é tão extensa quão confusa ;
e não só a synonimia vulgar, como também a scientifica, havendo deno-
minações eguaes que apenas difierem de auetor. Dir-se-ia que quanto
mais conhecida a planta, mais confusamente ella é descripta ! Devido a
isso, a synonymia vulgar serve geralmente para as diversas espécies).
Descripçao :— Arvore magestosa, de rápido crescimento e caule recto,
até iõm,oo de altura e im,5o de diâmetro (desde o Estado do Piauhy ao
do Rio Grande do Sul, constando que no do Amazonas duplica ambas as
dimensões) ; casca vermelho-carmim, fibrosa, até 1 5 m/m de espessura,
aromática e adstringente, revestida de epiderme pardacenta, em camadas
superpostas, fendida ; raizes muito longas, ás vezes mais de 40 metros,
geralmente de forma elliptica, lenho côr de rosa, talhe duro, fortemente
aromático, com casca vermelha e embirenta e revestida de epiderme
crustácea e ferruginea ; ramos de epiderme luzidia, rugosa, cinzenta,
mostrando as cicatrizes das folhas antigas; folhas compostas, i2-jugas5
rachis pubescente ; foliolos inteiros, pergamentaceos, mais ou menos
A LAVOURA 453
i3o m/m de comprimento e 40 m/m de largura, oblongo-acuminados, ner-
vura central pubescente apenas no ponto de partida das nervuras obli-
quas ; flores pequenas ; fructo capsular, lenhoso.
Madeira: — Alburno esbranquiçado, cerne vermelho, aromático, poros
muito visíveis, ás vezes ondeado e um tanto medulloso, fibras finas, di-
reitas, talhe muito macio, dócil á serra e um pouco rebelde ao cepilho .
Pesos específicos verificados : o,5i5, 0,522, 0,538 (Rio Grande do Sul),
0,582, 0,596 (Amazonas), 0,609,0,621, 0,62o, 0,628, o,638 (Rio Grande
do Sul), 0,640,0,714, 0,723 (Rio de Janeiro) e 0,771 ; resistência: à
lle\ão,em libras, 2,744 por pollegada cubica e em kilogrammas, 769 por
centímetro quadrado; á carga perpendicular, em libras 4,914 por polle-
gada cubica e em kilogrammas, 845 e 970 por centímetro quadrado ; á
carga parallela, em libras, 3,598 por pollegada cubica e em kilogrammas,
260 e 36 1 por centímetro quadrado; sem determinação da posição da
carga, 467 (Amazonas] e 743 (Espirito-Santo) kilogrammas por centímetro
quadrado .
Applicações : — Madeira para construcção naval, escaleres, canoas,
esculptura, perfumaria, molduras, obras de entalhe e de torno, taboados de
forro e de soalho, marcenaria e carpintaria em geral, caixoteria e especial-
mente caixas para assucar (norte do Brasil) e para charutos (Europa),
bem como para dormentes em lastro de pedra britada, onde se verificou
durarem tanto como os de madeiras de lei; da serragem extrahe-se um
principio amargo e febrífugo. As cascas conteem uma resina que torna
a madeira inatacável pelos insectos; são eméticas e adstringentes, óptimas
para cortume e perfumaria; de infusão na agua destinada ás aves e aos
porcos, curam algumas enfermidades destes animaes. As folhas, de cheiro
desagradável quando verdes, conteem o mesmo principio amargo que
existe na madeira . As flores dão óleo essencial; e a sua infusão, addicio-
nando-lhe um pouco de resina, é anti-spasmodica e fortifica a membrana
interna dos ouvidos. A resina contem óleo volátil, um principio corante,
acetato da chumbo, gomma e fécula. Ha já longos annos que um medico
pretendeu haver tirado vantagens do emprego do xarope de cedro em
casos de tuberculose pulmonar.
Distribuição geographica : — Nas Guyanas, em todo o Brasil, sendo
mais abundante sobre a costa, e nas Republicas do Uruguay e Paraguay.
Vegeta em terras argilosas ou silico-argilosas, mas sempre fortes .
Observações : — A palavra "cedro1' vem do árabe "kedron" e serve
para designar muitos vegetaes, geralmente da família das Pinaceas, dis-
tribuídos pela Ásia, Europa e norte da America. Com a chegada a Gé-
nova da madeira da Auiba guyanensis, lauracea americana que os ar-
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
madores genovezes pretendiam servir para mastros de navios, tal nome
lhe ficou cabendo, como entre nós ainda hoje, no Estado do Paraná,
chama-se "Cedro-pardo" a outra lauracea, a Ocotea ou Oreodaphne
splendens;ena Africa Occidental, átamai icea Tamarix articulata Vahl.
Porém, só as meliaceas, aliás bem representadas na Africa, na Ásia e na
America, mas apenas as espécies de lenho aromático, são commcrcial-
mente reconhecidas como "cedro-". O México é o paiz que maior quantidade
fornece á Europa e designadamente á Bélgica, que é a principal consu-
midora, para caixas de charutos; mas essa exportação diminuiu abrupta-
mente ha uns três annos, subindo muito o preço. Foi então que os euro-
peus procuraram e acharam cm Africa uma espécie de "acajú." ordinário
e barato, do qual se servem agora para as quatro faces lateracs das caixas ;
apenas o fundo e a tampa são de "cedro", para dar-lhes o aroma repu-
tado indispensável
— Uma carta de lei de i 799 regulou o corte e a venda desta essência
florestal, no Brasil, destinando-a especialmente aos arsenaes. Começa a
ser rara, sobretudo nos logares de onde a exportação foi ou é relativamente
fácil; conviria, por isso, fazer a replantação, tanto mais que é arvore que
dá corte em 1 3 annos.
— Segundo o notável botânico, Sr. Dr. Barbosa Rodrigues, a madeira
dos "cedros" enterrada em logares argilosos e húmidos, adquire a côr
e o aspecto da "nogueira" de Europa, investigação a que os industriaes,
sobretudo os francezes, devem ligai- justo valor
( Continua)
COLLABORACÃO
A «stsrilidade das vaccas e sua cura
A porcentagem de vaccas infecundas que lenho observado nesses
últimos seis annos de pratica, na Itália e aqui, é verdadeiramente notável;
tanto que os criadores, com grande razão, consideram esssas falhas de
fecundidade uma calamidade, pelo damno considerável que lhes acarreta.
De facto, o bezerro que deixa de apparecer, e que, poucas semanas
depois, poderia ser vendido com lucro, já constituo o primeiro prejuízo.
E si depois considerarmos a suppressão da secreção láctea, o prejuizo
augmenta. Porque a verdade é que a produecão do leite perdura com
A LAVOURA • •
abundância durante alguns mezcs e vae decrescendo até que a mama
ou sécca ou dá uma quantidade tão escassa que não merece a pena ser
tirada.
E1 por isso que vemos na Itália venderem-se para a matança, tio
outono, as vaccas que não ficam prenhes ate áquella época, e substituil-as ,
ou antes, pondo em togar delias, outras já prenhes, com vista na pro-
ducção do leite, próxima e abundante, porque, sendo o leite em qual-
quer parte do mundo o alimento typico, será vendido a bom preço.
Entretanto o criador pergunta : quaes são as causas que determinam
as suppressóes da prenhez ? ... Eu não me proponho reproduzir as hypo-
theses creadas pela fantasia dos leigos : digo apenas que o pbenomeno,
pelo menos na maioria dos casos, depende unicamente da maneira como
os animaes são tratados e resguardados ; e é, na verdade, edificante
observar como em ricas regiões de gado bovino não se tenha feito um
passo para diante, attestando o melhoramento da producção bovina.
Na opinião de Hess, uma das causas mais frequentes da esterifidade
é proveniente da presença de corpos estranhos.
Mas outro motivo, forçosamente mais preponderante, deve ser pro-
curado na imperfeição dos órgãos genitaes, caracteristicamente femininos,
que pedem ser atacados de moléstias taes como tremores, kystos, bubões
tuberculosos, etc, dando em consequência as vaccas chamadas atouradas,
sempre em cio, nunca prenhes, apezar dos repetidos coitos, e que, para
ceval-as afim de servirem ao menos para o corte, ter-se-ha de recorrer á
castração .
A porcentagem maior de esterilidade, depende, porém, unicamente,
da retenção (ainda que parcial) da placenta e da sua putrefação, que,
como veremos depois, prepara terreno absolutamente hostil á fecundação.
Em diversas circumstancias e em repetidas vezes, propuz-me dar
uma explicação deste phenomeno e, fazendo experiências com os
papeis sensibilissimos de tourncsol, estabeleci que nas novilhas chegadas
ao termo physiologico da prenhez, a reacção é sempre alcalina, ás vezes
neutra, nunca, porém, acida.
Depois do parto conserva-se sempre nas mesmas condições, — acida
ou neutra — si o parto fizer-se rapidamente, de maneira que se não dê pu-
trefação alguma da placenta ; porque, si o contrario sueceder, a reacção
de alcalina muda-se em acida, conservando-se assim por espaço de
semana e mezes, ás vezes para sempre .
Ora, é fácil explicar a razão da suppressão da prenhez ; e si qui-
zermos recordar um pouco o que a puysiologia ensina a esse respeito,
veremos que os nemaspermas se conservam viáveis em meios alcalinos
156 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
ou neutros, emquanto que nos meios ácidos morrem rapidamente, c os
seus movimentos ficam paralysados.
Consequentemente, dos preservativos e de um tratamento technico
desses animaes, depende successo favorável ou desfavorável nos ajunta-
mentos, pelo que affirmo — deixando a vários autores (Reneff, Burmeis-
ter, etc . ) o encargo de discutir a importância e a verdade da asserção —
que se dando o caso de retenção da placenta em uma novilha,com a subse-
quente putrefacção, não se deve abandonar o animal, e sim mandal-o ao
sanatório, para que seja facilitada a expulsão.
Mas não param ahi as causas de que tratamos : é necessário, em
primeiro logar, combater o catarrho que pouco ou muito fica depois do
curativo (e com o qual o coito seria inteiramente sem valor) e impedir
que por meio do touro se contaminem as outras vaccas, e deste modo
augmente o numero de vaccas estéreis, com prejuízo enorme dos estabe-
lecimentos agrícolas.
A cura desses animaes, devo dizer com toda a franqueza, não c
nem dillicil nem custosa — duas virtudes, portanto, que permittem quer ao
grande, quer ao pequeno criador adoptar a priori o remédio, cm todos os
casos que se lhe apresentem .
Por minha parte, sem querer absolutamente reprovar os Biscones
Merlin, tão usados com explendidos resultados em França e em Hespanha,
insisto muito na conveniência de uma abundante irrigação uterina com
o lisoformio, com a creolina, acido tannico, salicilico, etc.
Uma vez expulsa a placenta e todos os seus resíduos, continuo com
as soluções alcalinas, taes como o bicarbonato de sódio, agua de cal fil-
trada ou decantada, isto para neutralizar a acidez. E, para que os nemas-
permas possam encontrar meio óptimo ás suas funcç5es, alguns dias antes
do coito e também depois, aconselho as lavagens de agua assucarada.
Com estes meios pouco dispendiosos, simples e scientificos, meus
collegas c eu sempre colhemos resultados esplendidos, favorecendo os
interesses dos criadores e da agricultura.
Emquanto ficarmos adstrictos ás curas empíricas, tanto nesses como
nos animaes de qualquer espécie, não somente deixaremos de fazer
qualquer adiantamento no campo do verdadeiro progresso, mas para não
dizer nada de peior, permaneceremos no estado actual, na verdade pouco
satisfactorio, pelo menos para nós outros.
Dr. Achilles Rigodanzo.
Outubro, 1908. — Rio.
A LAVOURA
Factos agrários
A FLORESCÊNCIA DOS CAFEEIROS
«Tudo que Deus faz c bom, de máona Terra só existe a obrado
homem » .
Cada dia me compenetro mais desta verdade firmada por Aimée
Martin.
E1 sabido que nesta região os mezes frios são seccos. A estiada é
normal de maio a agosto. Em alguns annos, os mezes frios dão al-
gumas chuvas e as plantas ostentam algum viço relativo ao tempo ; ha
outros annos em que o tempo frio passa quasi sem chuva, causando isso
grande depauperamento ás arvores. Este anno o estio foi bastante in-
tenso. Em agosto os cafeeiros começaram a vestir-se de grandíssima
carga de botões floraes que deviam desabrochar em setembro. Com a
excessiva secca, os botões não se desenvolviam, e os lavradores desta
zona já em agosto previam um fracasso na florescência. Estando ainda
rachiticas e tisnadas as frágeis gemmulas, um mez após á sua formação
os fazendeiros nos primeiros dias de setembro davam como completa-
mente abortada a colheita de 1909.
Este estado desanimador perdurou ainda quasi um mez, pois só no
dia 22 de setembro chuveu aqui pela primeira vez.
O1 grande Natureza, quanto és prodigiosa !
Já nos últimos dias de setembro a transformação era pasmosa. Os
botões floraes crescidos e entufados davam a todos signaes de grandes
esperanças. Como é sabido, a flor do cafeeiro tem grande poder hygro-
metrico, exige humidade atmospherica para seu desabrochamento e só
se expande horas antes ou após uma chuva portanto. Nos últimos dias
de setembro estr. n os botões prestes a desabrochar, porém a atmos-
pliera estava de modo secca e não coadjuvava as arvores. No dia i°
de outubro não se via uma única flor aberta, mas eis que na manhã de
2, os cafesaes amanheceram cobertos da neve almejada, do lençol al-
víssimo, promissor de esperanças nossas . Foi uma surpresa geral e agra-
dável. Este desabrochar repentino e geral, estando o tempo secco, pre-
nunciava chuva próxima. De facto, na noite de 2 e 3, o céo toldou-
se, houve trovões brandos e mansa chuva cahiu em beneficio nosso.
E1 demasiado cedo para se fallar a respeito á intensidade da colheita
próxima futura . Excesso de sol n< >s longos dias de dezembro e janeiro
iò 5
SOCIEDADE NACIONAL DE AORICULTURA
prejudicando o desenvolvimento dos grãos; queda de granizo derru-
bando os fructos ; tanta cousa poderá ainda comprometter a carga...
Si nada houver de anormal, a colheita será grandíssima pois a flo-
rescência o prometteu .
Miracema, 10 de outubro de 1908. — 2A. C. Ferreira Paula.
0 Azote
( Conclusão )
AZOTE AMMONIACAL
A atmosphera, o solo e os adubos são as três fontes que nos for-
necem o azote ammoniacal.
O bicarbonato ammoniacal do ar fixa-se parcialmente no solo e só em
diminutas proporções o absorvem as folhas de certas plantas, sendo as do
tabaco, segundo Schlcesing, as que fixam maior quantidade de ammoniaco
aéreo. Este experimentador e Miintz, partindo da observação de que uma
planta artificial, cujas folhas de amiantho impregnadas de fracas soluções
acidas fixam uma quantidade de ammoniaco tal que, applicada a um he-
ctare de cultura forraginosa ascenderia a 80 kilogrammas de azote, dão
importância exaggerada á absorpção foliacea do ammoniaco, suppondo
que este penetra em quantidade apreciável pelos estornas das folhas, dis-
solvendo-se nos suecos das mesmas. Comparar as folhas vivas a super-
fícies inertes banhadas por um acido é manifestamente um erro, porque
nem a parte exterior das primeiras tem nenhum acido, nem os seus suecos
são exclusivamente ácidos, e, ainda quando o fossem fracamente, nem
assim poderiam condensar o ammoniaco, como querem aquclles dois
experimentadores, pois a continua circulação da seiva bastaria a impedil-o.
E tanto assim é, que o illustre agrónomo allemão Mayer, de Heidelberg,
expondo ao ar livre culturas de sementes em soluções nutritivas isentas de
corpos azotados, ao desabrochar das folhas não observou nenhum au-
gmento de azote, não achando nas pequeninas plantas mais azote do que
o existente nas sementes. Se o ammoniaco da atmosphera tivesse sido
utilisado, a analyse do vegetal revelal-o-hia. Podemos, pois, affirmar que
o ammoniaco atmospherico não exerce sobre as plantas nenhuma acção
directa que possa ser aproveitada na pratica da agricultura.
O ammoniaco do solo deriva da decomposição das matérias orgâ-
nicas, dos adubos orgânicos e dos saes ammoniacaes. No solo se oxyda ou
A LAVOURA 451»
nitrifica o ammoniaco, transformando-se em nitrato de cal directamente
absorvível. Ma? uma parte do ammoniaco absorve-se também sob a forma
de saes, como se prova pelas concludentes experiências de Múntz am-
pliadas por Mazé. Mas, se analysamos estes factos de laboratório c os
relacionamos com a heterogénea composição da terra lavradia, para
tirarmos deducç5es úteis á pratica agrícola, verificamos que, em egual-
dade de circumstancias, é sempre maior o poder de absorpção e de nu-
trição do azote nítrico.
Com elfeito, Mazé, cultivando o milho em caldos nutritivos pre-
viamente esterilisados, obteve os resultados seguintes :
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"
5-135
189,3
Demonstram estas experiências que, embora o nitrato contenha
iõ,õ°/0 de azote e o sulfato de ammonio 21 °/0, todavia absorve-se
com mais rapidez e utiliza-se melhor o azote nítrico do que o ammo-
niacal, como se deprehende dos pesos das plantas e do azote durante
a experimentação.
Nos campos, em virtude da abundância dos germens nitrificadores
é impossível realisar estas experiências comparativas. Todavia Pougual
praticou-as com êxito. Para isso, em dois vasos, um com terra de la-
voura contendo microorganismos e o outro com terra esterilisada e por-
tanto sem nenhuma espécie de micróbios, cultivou plantas eguaes, adu-
badas com a mesma quantidade de sulfato de ammonio ; finda a expe-
riência, observou que as plantas da terra ordinária utilisaram cerca de
20 °/o mais de azote do que as outras, prova evidente de que o ammo-
niaco transformado em nitrato se assimila mais rápida e totalmente do
que o sulfato ammoniacal em natureza.
( )pinam alguns agrónomos que a absorpção ammoniacal se realisa
com muito maior frequência do que se crè. Fundamentam esta opinião
no facto da grande profundidade alcançada pelas raizes, pois suppõem
que, não se dando a nitrificaçáo além de um metro abaixo da superfície
460 SOCIKDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
do solo, quando as raises penetrarem a dous e até mesmo a cinco metros
de profundidade, á falta de nitratos, háo de forçosamente absorver o azote
ammoniacal e o orgânico. Tal opinião é porém errónea e demonstra pre-
cisamente o contrario do que se pretende provar, porque os nitratos
espalhados na terra e originados pela nitrificação, quando não são absor-
vidos na camada activa, escoam-se e descem ao solo inerte ou ainda
ao subsolo impermeável, onde constituem uma fonte de alimentação
azotada que as plantas utilisam, acontecendo profundarem as raizes
ainda mais do que a quantidade normal precisamente em procura dos
nitratos, como demonstram as rigorosas experiências de Lawes e Gil-
bert em Rothaussted.
Na pratica agrícola conta-se com todos os factores capazes de mo-
dificarem aterra, e as culturas. Neste caso, geralmente, o azote é absor-
vido sob a forma nítrica, salvas poucas excepções em que a nitrificação
é insulíiciente ou nulla, dando-se então a assimilação dos saes amoniacaes
O azote orgânico abunda nos solos fazendo parte do húmus e dos
adubos orgânicos.
A terra vegetal contem notáveis quantidades de azoto, variando
entre 0,5 e 2 por 1.000,0 que equivale a 5. 000 até 2.000 kilogrammas
por hectare. Esse elemento encontra-se sob a forma de princípios orgânicos
mal definidos, e quasi inteiramente insolúveis.
Até a poucos annos era crença geral a absoluta insolubilidade e a im-
possibilidade da absorpção directa do azoto orgânico. As lentas e sueces-
sivas transformações das matérias orgânicas em ammoniaco e nitratos, e
o facto evidente da insuficiência das grandes doses de azoto orgânico
do solo para satisfazer as necessidades das colheitas, pareciam confirmar
essa opinião.
Esta doutrina foi, em parte, modificada por estudos experimentaes
recentes. Dehérain e Petermann demonstraram a penetração lenta
de mínimas proporções de húmus dissolvido atravez da membrana do
dyalisador, deduzindo d'ahi a possibilidade de o húmus ser também ab-
sorvido pelas mais ténues radiculas das plantas. Berthelot e Itoklasa,
investigando as transformações que soffre os restos orgânicos em virtude
das bactérias dosolo, descobriram a existência de corpos intermediários,
verdadeiros elos que fazem a transição entre o azote orgânico e o mi-
neral, isto é, asamidase as alcamidas, compostos solúveis que de con-
tinuo se estão a formar e de continuo são absorvidos. O conjuncto de
A LAVOURA 401
todos elles denomina-sc azote amidadoe solúvel, e a sua proporção na terra
e variável, ainda, que sempre exigua, oscillando ordinariamente entre 0,2
eo,6 por 100 de azote orgânico total.
Agricolamente permanece de pé a antiga opinião, porque as pequenas
quantidades de azote orgânico absorvível nada significam na pratica, in-
cluindo-se na totalidade do que existe no solo, sem dispensarem a neces-
sária applicacão do azote complementar rapidamente absorvível para
forçares rendimentos. Por tanto só a titulo de interesse scientifico se
poderá insistir no fraco poder de absorpção do azote orgânico.
Absorvidos os nitratos e uma pequena parte dos saes ammonicaes e
dos corpos amidados, quaes são as transformações que elles experimentam,
que papel desempenham e que energias consomem para se converterem
em matérias proteicas destinadas a accumular-se nos fruetos das plantas?
Muitas são as experiências executadas pelos chimicos para desvendar o
mysterio dessas transformações ; e sendo diíficil pronunciarmo-nos em
favor dos resultados obtidos, temos por mais lógico deixar qualquer
exclusivismo e, partindo de factos biológicos passados no interior do ve-
getal, admittir theorias racionaes que suppram a falta de demonstrações
rigorosas.
Os nitratos circulam coma seiva e, chegando as folhas, os dous ele-
mentos do sal dissociam-se, segundo Bach, reduzindo-se o acido nítrico
por intervenção dos raios ultra-violetas, e passando ao estado de acido
hyponitroso, o qual, fixando dous átomos de hydrogenio produz a hydro-
xilaminn, base que, unida a aldehyde methylica, gera a formiamida, capaz
de polymerisar-se e ser ponto de partida ou núcleo inicial das matérias
albuminóides.
O ammoniaco, quer se oxyde e transforme em nitrato, como pensa
Berthelot, André, Heckel e Lu ndstreem, quer se deshydrate, é provável
que também origine a formiamida, como faz^m os nitratos.
Os corpos amidados são produetos que derivam da oxydação das
matérias albuminóides, e por isso logicamente se presume que elles de novo
possam regenerar essas matérias, que representam uma organização su-
perior á da formiamida .
Partindo do núcleo inicial, as mutações suecessivas que elle experi-
menta, até á definitiva constituição dos albuminóides são por completo
desconhecidas.
Efeito que n'esta sériede complicadas transformações se gasta muita
energia subministrada pela luz e pela oxydação dos compostos ternários.
E assim se explica porque A que as grandes doses de nitrato produzem
etfeitos mais rapidamente aprecia\reis, porquanto, ao mesmo passo que o
SOCIKOADE NACIONAL DK AGRICULTURA
nitrato fornece azote, proporciona também oxvgenio nascente que. vai
activar as transformações intra- vegetaes .
Organizado o azote, forma parte de corpos muito atómicos e instáveis,
constitue oprotoplasma e condensa-se nas cellulas de chorophylla ou
choroleucytos do apparellio aéreo nascente. Ahi continua a condensar-se,
ahi estimula a funcçao chlorophyliaíiâ e ahi contribue para a fixação da
energia solar e sua transformação em trabalho chimico, com as reducçÕes,
as syntheses e os desdobramentos ; graças aos quaes se formam a fécula,
os assucares, a cellulose, os ácidos orgânicos, as matérias proteicas, etc.
Mais tarde sobreveio a deseccação das folhas, enfraquece o poder chloro-
phylliano, e o azote dos princípios quaternários emigra dirigindo-se pata os
fructos ou órgãos accumuladores que elle tem de integrar constituindo
a legumina das leguminosas, o glúten dos cereaes e a aleurona ou grânulos
de proteína dos tubérculos.
O azote, emquanto desempenha a primeira serie de funcçóes
mobiliza-se e circula, sotlre metamorphoses incessantes, exerce enfim uma
acção que bem se pôde denominar circulante ; quando se lixa nos fructos
ou productos explorados pelo lavrador, immobilisa-se, é um elemento
nutritivo essencial de reserva; e manifesta a sua acção integrante, unin-
do-se a outros princípios nutritivos.
Variadas e múltiplas são as applicações de utilidade immediata para
a pratica agrícola usual que podem deduzir-se das experiências e dos
princípios agronómicos acima expostos. Pormenorisal-as todas seria tarefa
longa e enfadonha: omittil-as equivaleria a deixar sem remate um capitulo
tão importante como é o do azote. N'essa hesitação, limitar-nos- hemos
agora a expor apenas o resumo synthetico das applicações mais principaes
e evidentes que logo á primeira vista se reconhece serem perfeitas demons-
trações do grande proveito que o agricultor intelligente pôde tirar dos re-
feridos conhecimentos .
Inspirada a agricultura na observação e na experiência, é natural
que demoremos na serie de factos experimentaes que na segunda metade
do século XIX surgiram para investigar conhecimentos dantes ignorados,
confirmar os trabalhos de laboratório, esclarecer as duvidas que se le-
vantam, quando se applicam e^ses trabalhos d cultura em grande, e de-
monstrar a certeza da conclusão económica synthetisada no irrefutável prin-
cipio de que a maior quantidade, á mais adequada applicação e ao
mais alto poder de absorpção de azote, corresponde a maior remuneração
das culturas.
As celebres experiências de Vincennes, tão notavelmente executadas
por Georges Ville, inclinaram os ânimos dos agricultores práticos a favor
A LAVOURA
dos chimicos e especialmente do nitrato de sódio. Simultânea e posterior-
mente Lawes, Gilbert, Warington, Dehérain, Grandeau, Petermann,
Maerker.Dyer, Wagner e muitos outros, nas granjas e estacões agronómicas
estrangeiras, os directores das granjas hcspanholas de Valência, Barcelona,
Saragoça, Madrid e Xerez, nós e numerosos agricultores práticos que se-
cundaram a nossa campanha propagandista dos adubos chimicos coinci-
dimos todos em sanecionar de um modo concludente e decisivo a dou-
trina de G. Ville.
Está hoje fora de duvida a indiscutível efficacia cultural e econó-
mica dos adubos azotados. Todas as experiências agrícolas, de labora-
tório, das granjas, das estações agronómicas e as realisadas pelos pró-
prios agricultores em extensas propriedades e dentro das condições
económicas a que se cingem as culturas, confirmam isso absolutamente.
Se porventura existem pequenas discrepâncias, em nada ellas se refe-
rem aos fundamentos do principio agronómico, e apenas versam sobre
os estados do adubo azotado e a época do seu emprego.
Os eloquentes ensinamentos dos factos e a innegavel influencia
exercida por todos os factores que interveem na vida e no rendi-
mento das plantas cultivadas, evidenciam que o azote é mais neces-
sário no principio da primavera e que, se durante o outono o espa-
lharmos no solo sob qualquer das suas formas, elle se perde em grande
quantidade, porque as plantas não o aproveitam, emquanto se não
activa o desabrochamento das folhas e emquanto o azote não começa
a exercer a sua acção circulante, que termina integrando os fruetos e os
demais órgãos explorados pelos agricultores.
Como consequência da premissa anterior, deduz-se que o azoto
orgânico, pelas lentas metamorphoses e fermentações que experimenta
antes de se converter em nítrico, pôde considerar-se como um ma-
nancial mediano e perenne de fertilidade, mas insuficiente para as
grandes necessidades alimentícias das culturas, ao ponto de que o azote
contido no húmus da terra é bem pouco aproveitável, por ficar inerte
e immobilisado. O azote dos adubos mixtos ou estrumes é mais activo,
mas precisa de sóffrer as fermentações ammoniacal e nítrica, e estas,
pela lentidão com que se produzem, não o põem em condições de com-
pleta e rápida absorpção para poder satisfazer a todas as exigências nu-
tritivas das plantas. O azote dos guanos naturaes, dos resíduos córneos
de torrefação, do sangue secco e d'outros produetos orgânicos de decom-
posição rápida, embora se nitrifique mais depressa e possa utilisar-se na
cultura intensiva, é mais caro do que o dos adubos chimicos e, em maior
quantidade, não produz rendimento superior ao destes últimos. Não ob-
46-4 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
stante isso, em determinadas condições culturaes, quando se quer modifi-
car as propriedades physicas dos solos, embora se saiba que o azote orgâ-
nico soffre grandes perdas e não estimula o curso da vegetação na prima-
vera, no emtanto elle presta importantes serviços como fertilisante perió-
dico, devendo associar-se-lhe na primavera outro adubo azotado supple-
mer.tar, isto é, o nitrato de sódio.
Relativamente a absorpção, e aos effeitos subsequentes sobre as
plantas, do azote ammoniacal do sulfato de ammonio, e do azote ni-
trico do azotato de sódio, pouco temos a acerescentar ao que acima ficou
dito. E1 certo que ambas essas formas do azote são directamente absor-
vidas ; mas o azote ammoniacal, salvo raras excepções, se nitrifica com
bastante rapidez nas terras húmidas e fortes, ao passo qu > nas terras le-
ves e seccas se nitrifica lentamente .
A acção do sulfato de ammonio nõo se manifesta de prompto ;
exige algum tempo para poder ser apreciada pelo agricultor ; mas vem
por fim a traduzir-se em excellentes effeitos estimulantes e nutritivos do
vegetal. Pelo contrario, o nitrato de sódio absorvido rapidamente, tam-
bém rapidamente, desenvolve a sua acção nutritiva imprimindo grande
incremento á vegetação, como se vê na frondosidade e na intensa còr
verde das folhas.
Em resumo, o azote ammoniacal actua em virtude da sua gradual ni-
trificação, sendo absorvido só nesse estado ; o azote nitrico, por ser utili-
sado directamente, é absorvido mais depressa e em maior quantidade,
satisfazendo opportunamente ás grandes doses de azote que as culturas
exigem no começo da primavera.
Sobre os solos actuam de modo diverso os dois grupos de saes azo-
tados. O sulfato de ammonio, nas terras desprovidas de cal, não se
desdobra e leva muito tempo a nitrificar-se e a ser absorvido ; nas terras
calcareas dá logar a dois saes, o nitrato e sulfato de cal, orig;nando-se an-
tes o carbonato de ammonio que é fixado pelo húmus e pela argilla, sob
a forma da humatos e silicatos poiybasicos. O nitrato de sódio não
soffre modificações apreciáveis; ás vezes, reagindo sobre o carbonato
cálcico, transforma-se em nitrato de cal e carbonato de soda ; mas a
soda sempre fica no solo, porque as plantas a expellem de novo pelas
raizes. O sulfato, na sua evolução, perde 3 por cento de azote ; o nitrato
é completamente absorvido, sem perda daquelle elemento. A salubri-
dade do nitrato concorre certamente para que este sal se infiltre e es-
coe até ás camadas profundas do subsolo; mas também não é menos
certo que tal condição, vantajosa em determinados casos, por favorecer
o aproveitamento rápido do azote pelos vegetaes, se ás vezes faz per-
der uma parte fertilisante, pôde todavia evitar esse inconveniente, logo
que deitemos o nitrato por diversas vezes e nas proporções devida a cada
cultura.
Por ultimo, a humidade atmospherica e a do solo modificam os effei-
tos dos referidos saes. O sulfato de ammonio exige agua abundante para
reagir e ser absorvido. Se a humidade é pouca, formam-se nos cam-
pos efflorescencias de gesso; o carbonato de ammonio, incompletamente
retido, vnlatilisa-se e perde-se em parte; c a nitrificação fica impedida
ou retardada. O nitrato, corpo muito hygroscopico, absorve grande
quantidade de vapor aquoso da atmosphera e lentamente se vae infil-
trando atravez das camadas activas do solo, dando aos terrenos um
certo frescor que tanto agradecem as culturas, especialmente na penín-
sula hispânica e nas regiões meridionaes, onde são escassas as chuvas .
O effeito total do sulfato só é comparável ao do nitrato, quando
existe humidade excessiva, e ainda neste caso, para quantidades eguaes
de azote, o nitrato é superior ao sulfato.
Com respeito ao modo de actuar dos dois compostos sobre os fer-
tilisantes do solo, tenha-se bem presente que o sulfato de ammonio
pulverisa o calcareo, e que o nitrato de sódio, pelo seu alcali põe em
liberdade a potassa.
Resumindo e generalisando: os saes ammoniaeaes são inferiores
ao nitrato de sódio. Prova-o a experiência quasi secular de todos os
paiz.es. Já a inducção theorica o tinha presentido ; mas a série de ex-
periências realisadas desde Boussingault até hoje demonstra-o plenamente.
A' frente de todas as culturas deve figurar a dos cereaes e, sobre-
tudo, a do trigo ; e á testa dos ensaios devemos pôr os da granja de
Rothamsted, executados pelos il lustres e venerandos agrónomos ingle-
zes Lawes e Gilbert durante móis de meio século.
Estes dois sábios, num período de 32 annos, desde 1 852 até [883,
obtiveram na cultura do trigo os resultados seguintes, referidos ao he-
ctare :
ADUBO
Qi ixi \rs
MÉTRICOS
Sem adubo. .
8,62
Só o mi adubo m
neral
lo, o-,
Com adubo miner
i] mais
4«
il ourai nm
is
dei
ZOti
amnioniacal . . .
1 6 , 08
» » »
»
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»
»
>>
»
2 1 ,83
» » »
»
M4
»
»
»
» ...
24- 04
» » »
9b
*
*
*
» ...
2 5,70
466 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Estes resultados da experimentação demonstram eloquentemente
que a um kilogramma de azote ammoniacal corresponde um augmento
de colheita de i2,3o kilogrammas, a um kilogramma de azoto nítrico um
augmento de iók,3o. Ha portanto em favor do ultimo uma differença de
4 kilogrammas, o que, salvo casos especialíssimos, dã grande superiori-
dade ao nitrato de sódio sobre o sulfato de ammonio na cultura do trigo.
O dr. Waryngton, comparando as experiências feitas sobre cereaes
nas granjas de Rothamsted e de "SYoburn, publicou um artigo pratico,
muito bem elaborado, nos Annaes agronómicos francezes, concluindo que,
quando se empregaram quantidades relativas de sulfato de ammonio e ni-
trato de sódio, contendo a mesma dose de azote, a colheita foi sempre
mais abundante nas terras nitratadas; e que, se nestas ultimas represen-
tarmos graphicamente por ioo o rendimento obtido, nas adubadas com
sulfato de ammoniaco esse rendimento é apenas de 74,08 até "8,04 por
cento.
Os dois auctorisados chimicos agrónomos francezes Munt/ e Gi-
rard, experimentando no campo de Joinville-le-Point com adubos azo-
tados chimicos e orgânicos, alcançaram, com egual quantidade de azote
os seguintes resultados referidos a um hectare de cultura de milho :
flrSo
AJubOS
Quintaes me-
< mu nitrato de sódio '43
d sulfato ammoniacal >4'
» sangue secco 130
» cornos torretactos 123
» estrume de carneiro 102
» excrementos humanos 99
D estrume de gado vaccum 93
Nos ensaios realisados no horto de Villatt^a, sob a nossa direcção,
obtiveram-se os seguintes resultados por hectare :
<3râo Palha
Adubos
Hectol. Kilog.
<'(iiu adubu mineral c 271 kg. de nitrato de
sódio 38.79
Com adubo mineral e 200 kg. de sultato de
ammonio -4-05 5-OI°
Com 21.500 kg. de estrume de curral . . . 12.94 2.476
D. Ignacio Calatayud, no seu campo de Agres, na província de
Alicante, com adubo completo no outono, e com 2o5 kilogrammas de
nitrato de sódio por hectare na primavera, obteve 48,98 hectolitros de
trigo ; com o mesmo adubo mineral, addicionado de 400 kilogrammas
de sulfato de ammonio, alcançou 43,18 hectolitros.
O distincto tratadista e professor de agricultura, Dr. Rafael Lopez,
obteve na cultura de trigo de sequeiro augmentos de 6 a 11 hectolitros,
empregando i5o kilogrammas de nitrato de sódio por hectare.
Para a cevada e outros cereaes miúdos, também a experiência agrí-
cola tem mostrado a vantagem do emprego do nitrato de sódio. Assim,
a cevada cultivada em Rothamsted com o nitrato de sódio rendeu, sup-
ponhamos, 100 ; com o sulfato de ammonio só rendeu 86,80. Em Woburn
o sulfato produziu apenas 75,0c) ; na Mancha, de Hespanha, o nitrato
deu ,'ío °/0 mais.
Quanto a aveia e centeio, as experiências feitas em Hespanha e
noutros paizes accusam 20 °/o de excesso de producçáo em favor do
nitrato de sódio, comparativamente com o sulfato de ammonio.
Pelo que respeita ao milho, além das experiências já citadas, de
Miintz, as nossas de Villatoya, Ornara Agrícola de Valência, Silla,
Olleria e Oviedo, accusam na producção um excedente de 25 a 84 °/0 em
favor do emprego do nitrato de sódio, comparado com o sulfato ammo-
niacal (l).
Nos raros casos em que as leguminosas, por falta ou atrophia das
nodosidades fixadoras do azote atmospherico, ou por defeito de adaptação
d< is micro-organismos fixadores, exijam adubos azotados, utiliza-se van-
tajosamente o azoto nítrico, como demonstraram Frank, Berthelot e
Naudin, e como comprovam as nossas experiências na cultura do amen-
doim, accusando um excesso de 4.300 litros por hectare sobre a parcella
testemunha (-).
Com tubérculos e raízes, as experiências da granja franceza de
Grignon dão por hectare, nas terras nitratadas, uma producçáo de 296
hectolitros de batatas e 34.000 kilos de beterraba melhorada de Vilmorin
ao passo que com o sulfato de ammonio a colheita foi, respectivamente,
de 25o hectolitros e 29 . 000 kilogrammas .
Os nossos ensaios de Bocairente, com a batata Quarantaine de la
Halle, mostram que, empregando-se o adubo mineral de 360 kilos de
sulfato de ammonio por hectare, se colheram 37 . 728 kilos, e, substituin-
do-se o sal ammoniacal por 480 kilos de nitrato de sódio, que conteem
(i) V. o opúsculo «Abono dei Maiz» pelo dr. C. Giner.
(2) «Los abonos nitrog-enadosen el cultivo de las Leguminosas», pelo dr. C. Giner.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
uma quantidade de azote igual ao adubo precedente, a colheita subiu a
45 . 970 kilos .
As experiências de Dyer c Schrivell na Inglaterra, as de Foussat e
Grandeau em França, as de Rizoli na Itália, e as nossas em Hespanha,
provam mais uma vez a vantajosa c rápida acção fertilizante do nitrato nas
culturas horticulas, taes como a couve, a alface, a escarola, a alcachofra, o
cardo, o tomate, o melão, o morango, o espargo, a beringela e outras
plantas da mesma indole e de prompta vegetação, nas quaes o nitrato de
sódio, intelligentemente empregado, dá producções superiores em 35 por
cento ás que se obteem com o sulfato ammoniacal.
E, por ultimo, nas culturas arbustivas e arbóreas, que consideram
permanentes, também o azote nítrico se avantaja ao ammoniacal. Res-
pectivamente á vinha são muito demonstrativas as experiências compen-
diadas na obra do prestigioso viticultor de Montpellier, o sr. Ed. Zacha-
rewicz, o qual preconiza o nitrato de sódio como adubo azotado prefe-
rível pelos maiores rendimentos que produziu durante quatro annos de
ensaios em diversos terrenos. As nossas experiências, feitas com as
variedades de videiras cult ivadas em Hespanha, corroboram os resul-
tados cbtidos porMiintz e por outros viticultores franceses, demonstrando
que com adubo completo se alcança um augmento de producção que
vae até 14 000 kilogrammas de uvas por hectare.
As arvores fruetiferas agradecem sempre muito mais o nitrato de
sódio applicado methodica e succe5sivamente do que o sulfato de
ammonio applicado uma só vez .
A laranjeira, arvore muito produetiva na península hispânica, rende
mais com o nitrato do que com o sulfato ammoniacal . Uma serie de expe-
riências continuadas durante cinco annos consecutivos demonstram a
nossa asserção. Em duas parcellas eguaes, de 83, 16 ares cada uma, plan-
tadas ambas de laranjal em plena producção, sendo a primeira par-
cella adubada com adubo mineral, 2.000 kilos de dejectos humanos
(dosando 5o de azote orgânico), e 10S kilos de sulfato de ammonio (dosan-
do 22,5o de azote ammoniacal), e a segunda parcella com 32o kilos de
nitrato de sódio (dosando 48 de azote nítrico), a producção foi de [8 [.80
kilos de laranjas na primeira parcella e 23 .52o na segunda.
Com macieiras, pecegueiros, pereiras, damasqueiros, etc . as nossas
experiências nos hortos de Valência, Fuente-Podrida e Villatoya põem
em evidencia a notável acção fertilisante do nitrato de sódio ; porque,
applicando a cada arvore o, 5 a 1 kilogramma de nitrato, juntamente com
adubo mineral, obteve-se um augmento de producção avaliada em 20 a
35 kilogrammas de frueto.
A LAVOURA 469
Muitas outras experiências poderíamos citar ; mas abstemo-nos por
amor da brevidade e por nos parecer que as que iicam referidas bastam
para demonstrar ate á evidencia a vantagem do emprego agrícola do
nitrato de sódio, comparado com os outros adubos azotados .
Terminaremos por isso, apresentando um quadro synoptico onde
vem indicada a quantidade, a epo;a e o modo de applicação do nitrato
de sódio.
(i) «Experiences sur les engrais appliqués ala culturede Ia vigne». [900. Mont-
pellier.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Nitrato de
sódio
Plantas cultivadas
Quantidade por
Kilogrammas
Época da distribui -ão
do nitrat j
Modo de emprego
do nitrato
Tii1' ide regadio
Primavera
Por duas vezes, a lanço
e em partes eguaes,
no i° de março e no
1" de abril.
Tricô de sequeiro
Na primeira lavra ou
sacha.
Cevada, centeio e aveia de se-
ioo a 150...
Idem, idem, idem.
queiro.
Milho regadio
300 » 400. . .
No principio do
verão.
A 1 a porção ao semear ;
a 2a no desbaste ; a
3a ao espigar.
Milho de sequeiro em climas
húmidos.
250
Idem
Idem, idem, idem.
Leguminosas que accusem falta
de azote por enfraquecimento
50 a too...
15 a 30 dias depois
Em duas vezes con-
de nascidas.
secutivas e em partes
do poder fixador do azote
eguaes com uma sa-
atmospherico.
cha ligeira .
Batatas de regadio
300 n 400. . .
Primavera
Em duas vezes, metade
ao semear e a outra
metade na primeira
sacha .
Batatas de sequeiro
150 » 250...
Idem, idem, idem.
Beterraba saccharina
Primavera e fim
Por duas ou três vezes
do verão.
em linhas, logo de-
pois de nascida a
planta ena amontoa.
Couve, alface e outras hortaliças
300 a 400. . .
Depois da trans-
Por duas ou três vezes,
utilisadas pelas suas folhas,
plantação.
ao transplantar e 30
caules ou flores.
dias depois
Pimentão . . ,
Idem, idem, idem .
Tomateiro
350
Idem
Liem, idem, idem.
Melão
250 a 35.....
Uma parte ao semear,
e as outras duas 20
a 25 dias depois.
Laranjeira
250 » 500. . .
í 'rinKi\ era e verã< '
Três vezes : começo de
abril, meado de maio
e começo de julho .
Vinha
1 'rimavcra
Março, em linhas.
Uma só vez, a lanço,
debaixo da copa das
Oliveira
100 » 150. . .
Fim do inverno e
na primavera.
arvores, sem tocar
nos troncos.
Arvores de fructo em geral . . .
200 )> 300...
Primavera
Uma ou duas vezes,
começando em feve-
reiro, quando des-
perta a seiva.
A LAVOURA
EXPEDIENTE
Secretaria
Correspondência
Expedida em outubro :
Cartas 135
Offlcios 15
Circulares . . 351
Telegrammas 250
«A Lavoura» 4.908
Monographia sobre moléstias de animais 3.069
Recebida em outubro :
Cartas 255
Requerimentos 191
Offlcios 21
Telegrammas 34
Circulares 5
Memoranda 12
— Em 17 de outubro realizou-sc na sede de?ta sociodale a conferencia do
Di\ Eduardo Torres Cotrim, sobre a « Febre do Texas », á qual compareceu grande
numero de lavradores, achando-se presentes todos os membros da Directoria. (Foi
publicada no Jom ti do Commercio e vae ser distribuída em folhetos.)
— O Dr. Wencesláo Bello, presidenta da Sociedade Nacional de Agricultura,
recebeu do Sr. Franco Vaz, director da Esc da Correccional Quinze de Novembro o
seguinte offlcio em 30 de outubro de 1008 ;
«Exm. Sr. Dr. Wencesláo Bello, Presidente da Saciedade Nacional de
Agricultura.
Visitando hoje. em companhia do horticultor desta escola, o Horto Fructicola
da Penha, sob a competente administração do Sr. engenheiro Paulino Cavalcanti'
tive occasião de verificar o cnthusiasmo o a dedicação com que o mesmo cuida
daquelle fnturoso instituí; agrícola, que está falado a prestar muito bons ensi-
namentos áquelles que em nosso paiz se dedicam á cultura do solo e ás industrias
correlativas.
Como seja meu intuito dessnvolver também grandoimnte as nossas plantações
aqui na escola e como esteja em meu espirito accentuando a tendência para
cuidar com maior empenho da pomicultura, informei-me com aquelle engenheiro
relativamente ás fructeiras que o Horto mais facilmente poderia ceder, por inter-
médio dessa benemérita sociedade, ficando, assim, bastante esclarecido, para poder
solicitar-vos a concessão, em favor desta escola, das seguintes espécies fructiferas :
mangueiras, 200; geuipapeiros, 200; abieiros, 100; fructeiras do conde, 200; cam-
bucazeiros, 100; oitys, 100; jaqueiras, 100; jabotieabeiras, 50.
Saudações. »
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Secção Technica
Formigas cuyulbitiiiis — No intuito do prestar aos nossos sócios
esclarecimentos positivos e fidedignos acercadas qualidades attribuidas a estas
formigas, como destruidoras das saúvas, quern-quens e outros insectos nocivos á
lavoura, continua a Sociedade Nacional de Agricultura a franquear as columnas do
seu jornal á inserção de quaesquer contribuições, experiências o attestados, que
lhe sejam endereçados e se destinem a comprovar a utilidade e valor económico
das mesmas formigas.
Abrimos hoje espaço, e o fazemos com prazer as communicacões e attestados
que recebemos do nosso consócio o collaborador, membro do Conselho Superior da
Sociedade, Di . Carvalho Borges Júnior, applaudindo o osforço e a tenacidade com
que esse amigo da lavoura ss tem dedicado á propaganda do género e espécie de
«Cuyabanas», que cultiva em larga escala nos terrenos de sua propriedade em
Valença. Estado do Rio de Janeiro, e das quaes se iem incessantemente oceupado
em artigos publicados n' A Lavoura e no Jornal do Commereio desta capital.
Começamos pela communieação feita ao Jornal do Commercio pelo nosso con-
sócio Dr. Ernesto Ribeiro de Souza Rezende, 1" Secretario da Assembléa Legis-
lativa do Estado fluminense (varias de 26 de novembro de 1906):
« Mais uma descoberta, que reputo importantíssima, acabo de fazer relativa-
mente ás formigas cuyabanas, o que será de grande vantagem, não só para nós
brazileiros como também para os uossos visinlios do Prata.
Deu-se da seguinte maneira:
Possuo na Fazenda das Coroas uma lavoura nova denominada « S. João» e que
oceupa uma área de 10 alqueires, mais ou menos; desta área nove alqueires
possuem lormiyas cuyabanas e o restante não. Esta lavoura foi invadida pelos
gafanhotos. Tendo-so de fazer a capina do milho nesto mez, verificou-se que não
havia um só ovo no terreno oceupado pelas cuyabanas, o contrario justamente que
sedava no alqueire restante, mas foi vista grande quantidade de ovos e de pe-
quenos gafanhotos. Deduz-se d'ahi que ã formiga cuyabana presta-nos mais esse
relevantíssimo serviço, qual o de extinguir também os gafanhotos.
Sem mais assumpto, etc.»
(Esta carta, datada de 24 do novembro de 1906, está assignada pelo Dr. Ernesto
Ribeiro de Souza Uezcnde, proprietário da fazenda das Coroas do Município de
Valença).
1" attestado:
■ Exposição Nacional de 1908 — Rio, 23 de agosto de 1908.
lllm. Exm. Sr. Dr. Carvalho Horgcs Júnior — Pela presente declaração feita
e assignada por meu próprio punho, afflrmo que as formigas cuyabanas, (A Pre-
nolops fulva) são do um grande valor económico para as Dossas varias espécies
de cultura.
A minha afTirmaçao firma-se no que se tem passado na capital do Estado da
Parahyba do Norte, onde existem as ditas formigas prestando os melhores serviços
na destruição das terríveis saúvas (atta bosonata).
A LAVOURA 473
Os largos e praças arborisadas, bera como muitos terrenos das chácaras dos
arrabaldes da Capital, ostentam hoje uma vegetação admirável, graças aos serviços
prestados pelas importantes cuyabánas. E, note-se bem, esses benefícios ainda são
incompletos por causa do pouc i tempo de existência das euyábanas alli.
Elias foram importadas por mim. ha uns dous ou três auncs apena
sido fornecidas por três vezes pela Sociedade Nacional do Agricultura desta
Capital.
Notei que as ditas formigas são de moradas inconstantes, fixando-so ora em
ura, ora em outros pontos ilos terrenos.
Em falta do alimentação carnivora, como seja. a realizada pela destruição que
faz Das suas naturaes inimigas — as saúvas — , ell as procuram o assucar. Isso,
poréra, não prejudica de fornia alguma a sua adopção, porque só comerão o dito
assucar si for encontrado em vasos abertos e nunca roendo ou furando saccos o
outros depósitos do mesmo assucar.
Não vi nunca essas formigas atacarem os pequenos animaes, a não serem as
larvas de insectos e parasitas, que se desenvolvem nas arvores, como nas da fa-
mília das aurentiaceas (larangeiras).
Muito poderia dizer ainda aqui a favor de taes formigas, mas, deante da minha
palavra de honra e do caracter oílicial de quo me acho revestido por parte do
governo da Parahyba, termino dizondo: felizes os lavradores que adoptarem em
suas propriedades a criação em grande escala das legitimas formigas cuyabánas.
Pôde o Sr. Dr. Carvalho Borges Júnior fazer desta minha declaração o uso
que lhe convier.
Rio, 23 de agosto de 1908.— O presidente da Commissão agrícola Parahybana e
representante do r.overno do Estado da Parahyba no 2o Congresso do Agricultura
o Exposição Nacional. Dr. José Manoel Pereira Pacheco.-»
Propaganda Agrícola — Sob esta rubrica, tem a Secção Techuica
da Sociedade Nacio lai de Agricultura dado a lume, pouco a pouco, differentes
trabalhos instruetores acerca de assumptos pertinentes á lavoura nacional.
Assim é que, depois de haver publicado oito monographias com os titulos(I)
Ih Cultura do Lúpulo, (IH Cultura da Cevada, (IV) Cultura
\lida, (V) Cultura da Alfafa, (VI) Quatro Importantes Leguminosas Forra-
lo Solo, (VII) Plantas Productoras de Borracha (VIII) i
ao Districto Federal, tevo de reeditar este ultimo trabalho por se
haver exgotado a primeira edição, estando agora fazendo não só a distribuição
deste como lambem do de numero IX da mesma serie com o titulo — Moléstias de
I
imeira dessas duas ultimas publicações, vem largamente descripto tudo
quanto esta Sociedade pouie fazer, por determinação do Sr. Ministro da Viação,
para extracção c m ileta La praga do gafanhotos no Districto Federal.
Os meios de que. ella lançou mão para rebater com segurança a calamidade
que ameaçava á lavoura do mesmo Districto e de outras zonas foram coroados do
mais completo êxito.
Os interessados encontrarão no folheto em questão tudo quanto se torna
preciso saber para exterminar inimigos dessa ordem.
46 7
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Na, segunda, a que tem por titulo Moléstias dos Animo es, vêem condensados
o processo da inoculação da vaccina .mti-carbunculosa do Dr. J. B. de Lacerda ;
a inoculação pelo systema Pasteur Chamberland ; informações sobre as raol -»tias
observadas no Brazil em animaes domésticos ; zoonoses observadas no Brazil —
«) causados par parasitis vegetaes, 6) por parasitas animaes, c) de causa obscura
e um appcudice ; febre aphtosa ou peste de bocca e pé (dos antigos) do Dr. J. .1 .
Duarte Guimarães ; e, finalmente, estudo e observações sobro o quebrabunda, ou
paste de cadeiras — do Dr. Adolpho Lutz.
Esse trabalho traz differentes phofcogravuras que muito esclarecem a techaioa
da inoculação da vaccina auti-carbunculosa.
Desfarte, vai a Sociedade Nacional de Agricultura cumprindo ã risca o que se
contém nas lettras B o C do art. 2o das Disposições Regulamentares que regem a
Secção Technica, approvadas em sessão de directoria de i3 de maio de 1907.
NOTICIÁRIO
Movimento cooperativo — Organi/.ou-se em S. Pedro do Pequiry,
município de Mar de Hespanha, uma cooperativa agrícola, cuja directoria tiecu
asssim constituída : presidente, coronel António Olyntho Ribeiro; secretario, Dr.
Luiz Bonifácio de Araújo; thesoureiro. coronel Virgilio Viauna.
—Ainda no mesmo Estado de Minas acabam de sor organizadas três coopera-
tivas agrícolas, das quaes uma na cidade de Leopoldina e duas nos districtos de
Santa Izabel e Providencia, pertencentes ao mesmo município.
Impox-taeãu de animaes — Foram importados pela casa Hopkins,
Causer & Causeros seguintes animaes destinados a diversas fazendeiros e criadores:
Dom IHnero, jumento nogro, da raça «Large Black», adquirido na Inglaterra para o
Sr. losé Soares Pereira Júnior, criador no município de Valença, Estado do Rio.
Três lanígeros da raça « Southdown » e um casal de suinos da raça «Large
Black», adquiridos também na Inglaterra para o Sr. Dr. Christino Cruz. « Dutch
Belted», touro de raça hollandeza, quo alcançou o primeiro premio na Exposição
de Loug Brancu, para o Sr. João Barbosa da Silva.
Finalmente, 33 galliulias da raça « Partridge Wyaudotte », destinadas a um
criador do Estado de Minas.
Cultura tia cevada — O Sr. Carlos Becker, engenheiro technico da
cervejaria Germânia, de Juiz de Kóra, tendo feito ha tempos, com resultados favo-
ráveis, uma pequena plantação de cevada em terrenos contíguos áquelle estabe-
lecimento, trata agora de levar uma cultura em larga escala em terrenos do
município de Barbacena, mais apropriados para esse mister, graç is á sua tempe-
ratura mais fria.
Fazenda modelo — Em Oliveira, Minas, trata-se da fundação de uma
fazenda modelo, tendo para esse fim o Sr. Francisco Fernandes de Andrade e silva
ofterecido magnifico terreno ao Governo do Estado.
A LAVOURA 475
Estação agronómica de Porto Alegre — Esta estação que
relevantes serviços tem prestado á agricultura rio-grandense, vae iniciar era larga
escala a distribuição de arvores fructi foras, alem da vinha.
Unsaios cuidadosos teem sido feitos nc>ta estação com relação á plantas forra-
geiras, sendo feito a selecção das semont is com o maior capricho.
Oposto agronómico de Guaporé, que é uma succursal desta estação, possue
um pomar de 5000 metros quadrados, contendo 200 arvores fructiferas e um par-
reiral com 3000 pés das castas cultivadas na capital.
Para os seus serviços possue a estação um pequeno observatório meteorológico.
PARTE C0MMERCIAL
Outubro de 1908
Café
Vcnderam-se 2o7.000 saccas contra ,'01.000 110 mez anterior.
Kntrarara 310 356 saccas contra 351.265 saccas no mez anterior.
Os embarques foram: 3J4 7Ò7 saccas contra 2>9.612 no mez anterior.
Existência em 15 deoutubro: 357.667 saccas; em31 de outubro: 2-9.612 saccas.
Os extremos das cotações foram :
Em Nova York, o typo 7. disponível, foi cotado a 6 ;/10 c. por libra e nos
dias 1, 2 e 3, e o de Santos a 7 l/t c. Do dia 5 era diante o do Rio cotou-se a 6 </4 c.
e o de Santos a 7 5/16 c.
Na Bolsa os seguintes preços registraram-se: 5.60 c. no dia 1 ; 5.55 c. em 2 e
3; 5.50 c. em 5, 0, 7 e 9 ; 5.45 c. em 8, 10 e 12 : 5. 10 c. om 13, 14 e 31; 5.35 c.
em 15 e 16; 5.30 c. em 17. I9e30; 5,25 c. era 20,51 e 29; 5.20 c. era 28 ; 5.15
c. em 22, -J3, 21 e 27 e 5.10 c. ora 26.
Entradas no Rio de Janeiro, detalhadamente :
7a quinzena
Por arroba Por 10 kilos
Typo u. 0 5$5t0a5$800 3$744 a 3$949
> > 7 5$100 » 5|400 3$472 » 3$6?6
» > 8 4$800 » 5$100 ?$268 » :$472
» > 9 4$590 » 4$800 3$064 » 3$268
2" quhtttina
Por arroba Por 10 kllos
Typo n. 6 5$400 a 5$700 3.;'176 a 3$881
» » 7 5$0:J0 > 5$300 3$4o4 » 3$608
» » 8 4$700 » 5$000 3$200 » 3$404
» ,9 4$400 » 4$700 2$996 » 3J2O0
476 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
As entradas do Rio detalhadamente foram:
1* quinzena
Sacca*
Estrada de Ferro Central do Brazil 52.679
Cabotagem 1 1.179
Birra dentro 94.149
Total 158.007
2' quinsena
Estrada de Ferro Central do Brazil 55.112
Cabotagem 9.985
Barra Dentro ST. 252
Total 152.349
Géneros importados
Qualidade Quantidade Preços
Banha americana. . . — a do barril
s670 e $680
.i de libra
e a ite lata
1*020 a 1S040
Farinha de trigo . . . I4.M00 barricas. ... —
í* quinzena
Americana (barrica) Não ha
> (sacca) » »
Rio da Prata:
Por 2 saccí
Primeira qualidade 255500
Segunda » 24?000
Terceira » 23$000
Moinho Inglez:
Nacional ■ 24$000
Brazilcira 83J200
Buda-Nacional ' 25$200
Moinho Flumiuunse:
S. Leopoldo 24$500
O. O ... • 23.^500
A LAV01 RA
2» quinzena
Americana (barrica) Não lia
> (svcca) » »
Rio da Prata:
Por 2 saccas
Primeira qualidade i5$500
Segunda » 24$500
Terceira > 23$500
Moinho Inglez:
Nacional 24$000
Brazileira 23$200
Buda-Nacional 25$200
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 24$500
O. O 23$õ00
ih quinzena
Manteiga — ,'50 caixas :
Demagny, Isiguy (latos sortidas) 2$500 a 2$5á0
Brétel Frôres (latas sortidas) 2$220 » 2$240
Lepelletier 2$420 > 2$430
Modesto Gallone (sortidas) 1$850 » 1$900
Esbousen Não ha
L. Brum 2$õ40 a 2$550
Buske Júnior 2$350 » 2$380
Marclet Não ha
Outras marcas 1$S00 a 2$000
A nacional vendeu-se: a de Minas, do 4$ a 4$20O e a do Sul, de 2$400
a 2$C00.
2l quinzena
Demagny, Isigny (latas sortidas) 2$500 a 2$540
Brétel Frères (latas sortidas) 2$200 » 2$240
Lepelletier 2$420 » 2$440
Modesto Gallone (sortidas) 1$850 » 1$950
Ksbousen Não ha
L. Brum 2$550 a 2$560
Buske Júnior 2$350 » 2$380
Marclet • Não ha
Outras marcas 1$80:} a 2$000
A nacional vendeu-se: a de Mina?, de 3:J800 a 3$200 e a do Sul, de 2$500
a 2$8 10.
SiiCIKDADK WCIONAL DE ACRIOULTURA
Géneros nacionaes
Aguardente
O mercado esteve frouxo e em baixa durante a 1 quinzena melhorando do
situação para o fim do mez.
í» quinzena
As cotações por pipa do 450 litros, base di' ^0 gráos, regalaram as seguintes:
Preços
Paraty 135$000 a 140$000
Angra > . . . 125$000 > 130$000
Campos 1I5$000 » 120$000
Maceió 115$000 » 120$000
Bahia 115$000 » 120$000
Pernambuco 115&000 » 120$000
Aracaju 115$000> 120$000
Sul 115$000 » 120$000
■2' quinsena
Paraty 140x000 a 150,s000
Angra 130$000 » 1^5$000
Campos 120$000 » 125$000
Maceió 120$000 » 12")$000
Bailia 120$000 » 125Ç000
Pernambuco 120$000 » 125$000
Aracaju Iã0$000 » 125JJOO0
Sul 120*000 » IS5$000
Álcool
As offertas baixas feitas por Pernambuco fizeram com que abaixa mais so
accentuasse sendo todo de incerteza a posição do mercado. Apresentou o mercado
mais firmeza depois do dia 15, havendo esperanças de melhoras.
/a quinzena
40 gráos 230$000 a 240*000
38 » 210$000 > 2ã0$000
36 > 200$000 > 210$000
3* quinzena
40 gráos 235$000 a 240$000
38 » 215$000 » 2201000
36 » 2,0$000 » 210$000
AJgOClíiO em r;un:i
Foram improfícuos todos os esforços para baixar os pregos que estão firmes por
terom attingido a paridade do de Liverpool ; apezar di-^so os interessados na baixa
venderam aqui lotes por preços iuferioros aos dos mercado* europeus.
Primeira quinzena
Existência no dia 30 de setembro 1 4 . 4< »t ;
Entradas :
Pernambuco 2.590
Parahyba 1.646
Natal 1.35H
Ceará 733 6.319
20.725
Sabidas dos trapiches 8.650
Existência no dia 15 de outubro 12.075
Preços :
Pernambuco !>$000 a 9$300
Parahyba 8$500 » 95000
Ceará 9$000 » 9$200
Mossoró 8$800 » 9$200
Penedo ' Nominal
Sergipe Nominal
Maranhão Nominal
Seijunda quinzena
Existência no dia 15 12.075
Entradas :
Parahyba 2.286
Pernambuco 1.871
Natal 1.161
Assú !-061
Ceará :,(|"
Ki o descarga:
Pernambuco 1.550
Parahyba 711
Cear., 400 9.570
21.645
Sabidas dos trapiches 9.169
Existência no dia 31 12.476
SOCIKDADK NACIONAL DE AGRICULTURA
Preços :
Pernambuco 8$300 a 9$000
Parahyba 8$300 » 8$800
Rio Grande do Norte 8$300 > 9$000
Ceará Nominal
Penedo Nominal
Maranhão Nominal
Sergipe Nominal
Assucar
Durante a Ia quinzena os supprimentos recebidos foram inferiores ás sahidas
tendo havido melhora nos preços para algumas qulidades. Nos últimos dias da 2*
quinzena os compradores retiahiram-se nas compras e continuando fortes entradas,
principalmente de Campos, os vendedores fizeram differença nos preços ficando o
mercado em completa paralisação.
Primeira quh
Os preços regulam como se segue :
Pernambuco :
Branco usina Não ha
Dito crystal Nominal
Dito 3' sorte $500 a s520
Crystal amarello $380 » $390
Mascavinho $300 » $420
Somenos Nominal
Mascavo bom $320 a $330
Dito regular — $310
Dito baixo $290 a $300
Sergipe :
Branco crystal $480 a $500
Crystal amarello Não ha
Mascavinho $390 a $420
Mascavo bom — $330
Dito regular — $320
Dito baixo - $300
Campos :
Branco crystal $50 J a $530
Dito 2o jacto $460 » $490
Crystal amarello $400 » Sito
Mascavinho $390 » $410
Bahia :
Branco crystal Nomiu il
Dito 2o jacto — —
Mascavinho — —
A LAVOURA
Outras procedências:
Mascavinlio $360 a $400
Dito bom $320 » $330
Segunda quinzena
Os preços regulavam como se seguo :
Pernambuco :
Branco usina Não ha
Dito crystal $480 a $490
Dito 3a sorte Não lia
Crystal amarello $330 a $370
Mascavinho $380 » $400
Somenos $390 » $400
Mascavo bom — $320
Dito regular — $300
Dito baixo $200 » $280
Sergipe :
Branco crystal $470 a $495
Crystal amarello Não ha
Mascavinho $360 a $420
Mascavo bom $310 » $320
Dito regular — $300
Dito baixo $260 » $280
Campos :
Branco crystal — a $500
Dito 2» jacto $440 » $460
Crystal amarello $420 » $430
Mascavinho $360 » $400
Oereaes
1* quinzena
Regularam os preços :
Arroz nacional 22$000 a 24$000
Dito, inferior 16$000 » 20$000
Dito, agulha, Ia qualidade 38$500 » 39$000
Dito, 8» qualidade 36$000 » 36$500
Dito, 3a qualidade 28$000 » 3O$0OO
Feijão preto de Porto Alegro, novo . . . Nominal
Dito idem da terra 9$000 a I0$0Ú0
Dito idem de Santa Catharina, superior . . 9$000 » 10|000
Dito do Paraná Nominal
Dito mulatinho Nominal
46 3
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Dito manteiga 22$000 a 24$000
Dito enxofre, nacional 14$000 > 16$00O
Dito de cores, nacional 8$000 » lO.yOOO
Farinha de mandioca, especial S$200 » 10$200
Idem, fina 8$600 » 9$000
Idem, peneirada 8$000 > 8$400
Idem, grossa 6$000 » 6$400
Idem, do Norte (grossa) — —
Idem, de Laguna (grossa) 6&000 a 6$400
Milho amarello do Norto Não lia
Idem idem da terra 9$200 a 9$500
Idom idem misturado 8(800 » 9$000
Cangica 15$000 > 17$000
Favas 7$000 » 8$000
Kilogi-amma
Alpiste $360 a $400
Fubá de milho $160 > $220
Matte em folha $400 > $500
Tapioca $300 > $360
Polvilho $180 » $200
Carne de porco $640 > $700
Línguas do Rio Grande (uma) 1$000 » 1$200
2* quinzena
Arroz nacional 22$000 > 24$000
Dito inferior 16$000 > 20$000
Dito agulha, Ia qualidade 38$00.) » :!9$000
Dito, 2a qualidade 35$000 > 38$000
Dito, 3a qualidade 28$000 » 29$000
Feijão preto de Porto Alegre 10$000 » U$000
Dito idem, da terra 10$000 » 11 $000
Dito de Santa Catharina, superior .... 9$000 » 10$000
Dito do Paraná Nominal
Dito mulatinho 8$500 a U$000
Dito manteiga 24$000 » 26.S000
Dito enxofre, nacional 13$000 » 15$000
Dito de cores, nacional 10$000 » 14$000
Favinha de mandioca especial 9$ -00 » 10$500
Idem fina 8$600 » 9$200
Idem peneirada «$000 > 8$400
Idem grossa 6$000 » C$400
Idem do Norte (grossa)
Idem de Laguna (grossa) 6$000 » 6$400
Milho amarello do Norte — 8$500
Idem da terra 8$500 » 8$600
idem idem misturado 8$000 » 8$20i
Cangica I5$000 » 16$0OO
Favas Nominal
A LAVOURA
$380 a
$400
$160 >
$800
$400 »
$500
$300 »
$360
$180 »
$300
$ '.00 »
$700
1$000 »
i$aoo
Alpiste
Fubá da milho
Mato em folha
Tapioca • .
Polvilho
Carne de porco
Liniíiias do Rio (irande (uma) ....
Fumo em rolo
Os negócios neste mez continuaram a carecer de interesse, tenJo-se operado
baixa quasi geral, fechando calmo o mercado.
As cotações foram :
Preços
Do Minas, especial 1$200
Dito superior 1$100
Dito 2» 1$200
Dito ordinário $800
Goyano, superior 2$200
Baixo Nom.
Rio Novo, superior 1$800
Dito 2a $800
Dito baixo $800
Pomba, superior 1$200
Dito 2» 1$000
Dito biixo $900
Carangola 1$100
Picú, especial 2$200
Dito 1» 1$600
Dito 2» $800
Bahia l$100
Pernambuco Não ha
Entraram 6.020.730 kilos por cabotagem do nacional, que se cotou de 2$
2$200 por 40 litros.
Mercado monetário
Existência de. ouro na Caixa de Conversão :
EM 15 DR OUTUBRO
Libras esterlinas õ. 265. 464
Francos 10.365.000
Marcos 130
íSí SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Dollars 129.090
Liras 1G0
Pesos argentinos 2.510
Pesetas hespanholas 100
Ouro nacional 162:100$000
EM 31 DE OUTUBR I
Libras esterlinas 5.239. 3'í
Francos 30.365.110
Marcos 320
Dollars 129.030
Liras 40
Pesos argentinos 2.615
Pesetas hespanholas . . , 100
Ouro nacional 159:393$000
A importância das notas conversíveis em circulação era 9i.l38:870$000.
O preço dos soberanos, fora da Bolsa, foi de 16$050.
CAMBIO
As taxas offlciaes continuaram-so a manter inalteradas, a 15 1/8 d. sobre
Londres nos bancos estrangeiros e 15 3/16 d. no Banco do Brasil. As transacções
bancarias flzeram-se a esses extremos e as do outro papel de 15 11/04 a 15 7/32 d.
não ,-e registrando movimento digno de nota.
Os extremos das cotações offlciaes foram :
Londres, 90 d/v 15 1/8 e 15 3/16 d.
Paris, 90 d/v $629 a $632
Hamburgo, 90 d/ v $776 » $779
Portugal, 3 d/v 310 » 320 %
Itália, 3 d/v $638 » $639
Nova York, a vista 3$288 » 3$295
Vales, ouro — 1$793
O valor offlcial de mil réis foi de 560 a 563 réis, ouro, e o da libra de 15$b03 a
15$868.
Ágio de ouro 77,77 a 78, 51 % .
BIBLIOGRAPHIA
Recebemos mais a.; eniintes publicações periódicas, com as quaes permu-
taremos:
The New Zealcnd Varmer, de Âuekland (Nova Zelândia). — Vol. XXIX,
no. 9.
The Agricultural Experimenl Stalion of ths Colorado Ayricullural College, —
Boletim no. 126.
A LAVOURA
The Bulletin of the Norlh Carolina ~Departme.nl of Agriculture. — Vol. 29.
nos. 0 e 7.
América, revista mensal illustrada, que se publica em Bullalo (Estados Unidos)-
— Tomo 1. no. 2.
Contribi tions from lhe United States National Herbarium. — Vol. XII, parte I.
— Catalogue of the Botânica 1 Library uf John Donnell Smith present,ed in 1905
to the Smithsonian Institution. Parr,. 11 — The lecythidaceM of Costa Rica, por
11. Pittier de Fábrega» Tonduzia, a new genus of apocynaoeae from Central Ame-
rica por H. Pittier de Fábrega. A collection ofplants from the viciuity of La
Guayra, Venezuela por J. R. Johnston. Part. Ill — Studies of Tropical American
Ferns por William R. Maxon.
.1 nales d la Sociètè A .ademiqu ■ Nantes. — Vol. 8o, da <Sa serie (19)7).
Revista de Agricultura y Cria, de Maracaibo (Venezuela). — 1908, no. 47.
Boletim de la Socied id Nado tal de Igrl Mura, de S. .íosó da Costa Rica. —
Anno II, ns. 12 e 13.
Revista de la Union Industrial Uruguaya. — Anno VIII, ns. 136 a 138; anno IX,
ns. 1-9 a 156.
O Lavrador, órgão das escolas moveis agrícolas «Maria Christina», do Porto. —
1908, n. 62.
Revista do Museu Paul, Ma. — Vo!. VII.
Temos ainda a registrar o recebimento dos seguintes trabalhos cuja remessa
agradecemos:
Conferencia realizada no dia 24 de agosto de 1908, no Palácio Monroe.pelo
Dr. .1. Baptista de Lacerda sobre «as importantes vantagens colhidas com a appli-
cação da vaccina anti-carbunculosa no Estado de Minas e em outros Estados da Re
publica», por occasião do Segundo Congresso Nacional de Agricultura,
Vo Brasil á índia, por Theophilo Godoy.
Projecto de lei sobre lar tçõ.o d \ serviços e parceria* a, /ricota e pecuária, adoptado
pela Commissão de Agricultura da Camará do Município de S. João da Boa Vista e
acceito pela 12" commissão do Segundo Congresso Nacional de Agricultara.
OMunic'pio de S. Benta. — Publicação do «Novidades», de Itajihy. 1908.
Estatística do Commercio do Porto de Santos com os pa.izec. estrangeiros. — Ja-
neiro a março de 1903, 5a serie. n. 1.
.1 faltara do Café no Brasil, Cultura e Idubação do Ugodão no Brazil, Cartilha
Pratica sobra o uso e applicação do salitre do Chile, por F. Rojas Huneeus. — Estes
folhetos foram -no3 remettidos pela delegação brasileira da Associação do Propa-
ganda Salitreira do Chile.
Companhia Indu ttrial l . - Temos sobre a mesa um exemplar da
brochura organizada para a Exposição Nacional de 1908. E' um trabalho bom im-
presso, ornado de excellentes gravuras, com nm desenvolvido estudo descriptivo da
Fabrica de Tecidos C amaragibe e da Usina de Goyanna.
Bolsa de Cereales, de Buenos Aires.— Catalogo do Museu.
La Lecheria como negocio. — Publicação da Sharpless Separator Company,
West Chester, Pensylvania, Estados Unidos da America do Norte.
Unfermented Apple Juice, por H. C. Gore. — Publicação do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos da America do Norte. Washington, 1908.
Relatório da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Publicas, apresentado
486 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
ao presiden te do Estado do Rio Grande do Sul, pelo secretario Cândido .lose do
Godoy, em 28 de agosto de I90S.
Relatório da Associaçã o dos Empregados no Commercio do Rio de Janeiro, rela-
tivo ao biennio de 1905-1906.
Relatório da Associação Commercial de Campos, apresentado á assombléa geral
de 26 do.jullio le 1908, relativo ao exercício de 1907-1908.
CATALOUOS
Pepinières Transon Fréres & D. Dauvesse Réunies. — Barbier <k Ci9. Orleans,
16 — RoutedOlivet. Preços correntes para o anno 1908-1909.
Slms & Groot, Enkhuizon (Paizes Baixos). — Catalogo de sementes, numero de
12 de outubro de 1908.
Semine e Piantagioni Antumnali, Frumenli, Avene, horaggi. Estabelecimento
Agrario-Botanico — Fratelli íngegholi, Milão, Corso Kuenos-Aires, 54.
Real Companhia Horticolo- Agrícola Portuense. — Catalogo especial e descri ptivo
de sementes e outros artigos. N. 43. Endereço: Porto, Quinta das Virtudes, n. 5,
rua dos Fogueteiros.
4(3 — 08 — Rio <le Janeiro — Imprensa Nacional — 1900
ESTATUTOS
CAPITULO ri
dos sócios , '
Art. 8.° A sociedade admilte as seguintes categorias de sócios :
Sócios effectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados.
§ i.° Serão. sócios effectivos todas as pessoas residenteò no paiz que forem
devidamente propostas e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 20$ooo.
3 2.0 Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou
sede no exlrángeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus
méritos e dos serviços que possam ou queiram prestar á sociedade.
§ 3.0 Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedicação e
relevantes serviços, se tenham tornado beneméritos á lavoura.
§ 4.0 Serão associadas as corporações de caracter official e as associações agrícolas,
filiadas ou confederadas, que contribuírem com a jóia de 30$ e a annuidade de 5o$ooo.
§ 5.0 ( )s sócios effectivos e os associadtfs poderão se remir nas condições que forem
preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição fixada para esse fim
ser inferior a dez (io) annuidades.
Art. q." Os associados deverão declarar o seu desejo de comparticipar dos tra-
balhos da sociedade. Os demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer
sócio e apresentação de dois membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade.
Art. 10. Os sócios, qualquer que seja a categoria? poderão assistir a todas as
reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente ; terão direito a
todas as publicações da sociedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a
prestar, independentemente de qualquer contribuição especial.
§ 1." Os associados, por seu caracter de conectividade, terão preferencia para os
referidos serviços e receberão das publicações da sociedade o maior numero de exem-
plares de que esta puder dispor.
§ 2.0 O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios ; é limitado,
porém, para os associados e sócios correspondentes, os quaes não poderão receber votos
para os cargos de administração.
§ 3." Os sócios perderão somente seus direitos em virtude de expontânea renuncia
ou quando a assembléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria.
REQTJLAMEWTO
CAPITULO VI
DOS SÓCIOS
Art. 18. A sociedade prestará seus serviços de preferencia aos sócios e associado
quando estiverem quites com ella.
Art. 19. A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes apôs a sua
accei tacão.
Art.. 20. As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes.
Art. 21. Os sócios e os associados se poderão remir mediante o pagamento das
quantias de 20 >$ e 51x1$, respectivamente, feito de uma só vez e independente da jóia,
que deverão pagar em qualquer caso.
Art. 22. Os sócios e associados não poderão votar, nem receber o diploma, sem
terem pago a respectiva jóia.
§ 1 .° O sócio que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se mediante
a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham igualmente satisfeito aquellas
contribuições.
§ 2.0 Para esse effeito o sócio devera requerer á Directoria, provando seus direitos
nps termos do paragrapho anterior.
§ 3.0 Serão considerados beneméritos os sócios que fizerem donativos á sociedade,
a partir da quantia de um conto de réis.
Art. 23. Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados
resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas contribuições lhes tenham
sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendo-lhes ainda assim o recurso
para o conselho superior e para a assembléa geral.
. ,
í %
EXPOSIÇÃO DE FLORES
unbambaia exposta pelo Sr. J. Pereira da Silva
V
Anno XII — N. 11
Ri" be Janeiro
NciVK.UBKO DK 1908
HãvõurS
ÇQUETíAj
DA
^■=^:
#iBK/k
de A^pieuískupa
EXPOSIÇÃO DE FRUCTAS
Capital Federal
Aspecto de um canto do salão
ss VIRIBUS UNITIS í€
BRAZIL
i MM)
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Caixa- postal, 1245 Sede: Ruas da ilfandeça
Endereço Telegraphioo, AGRICULTURA e General Camará n.
Telephone n. 1416 mo n« janribo
l>Ilt BOTORIA
Presidente — Dr. Wencesláo Alves Leite de Oliveira Bello.
i° Vice-presidente Vago.
2" Vice-presidente l)n. Sylvio Feureiua Rangel.
3° Vice-presidente Dr, Domingos Sérgio de Carvalho.
Secretario Oeral - Dr. Heitor de Sá.
i" Secretario — Dr. Francisco Trio de Souza Reis.
■■ Secretario Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
V Secretario Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva.
I Secretario - Alberto de Araújo Ferreira Jacobina.
i° Thesoureiro Dr. João Pedreira do Couto Ferr az J
■" I hesonreiro ( Iari.os Raulino.
Dlrnotoroí <liis w jõ«s
Fazenda de Santa Mónica Dr. Sylvio Rangel.
Applicaçfies do Álcool e Museu Dr. Benedicto Raymundo.
Secção Technica e Bibliotheca Dr. Heitor de S;i.'
Plantas e sementes e Horto da Penha . . Dr. Monteiro da Silva.
Propaganda e estatística \lberto Jacobina e Carlos Raulino.
Secretaria Dr. Souza Heis.
Thcsournria Dr. Pedreira [nnior
Serão considerados collaboradores não só os sócios como todos que quizerem ser-
vir-se .lestas columnas para a propaganda 'la agricultura, o que a redacção muito
agradece. A lista dos collaboradores será publicada annualmente com o res los
trabalhos.
A redacção não se responsabilisa pelas opiniões emittidas em artigos assignados, e
que serão publicados sob a exclusiva responsabilidade dos autores.
Os originaes não serão restituídos.
As communicações e correspondências devem ser dirigidas á Redacção d' A LA
V( »URA na sede da Sociedade Nacional de Agricultura.
A LAVOURA não acceita assignaturas.
F.' listribuida gratuitamente aos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura.
< .,,..11. õ. ~ «1» ,,iil,H<-:. <-.-.«, ,|OH ..11. ll.ll. -i.. »
VEZES MEIA PAGINA UMA PA(iINA
I I2$000 2O$0O0
. .' 1$ f,' $
êji $i mu i H >$< i( ii )
Oi i$( ioo I 71 $000
ião pagos adeantadamente.
Tiragem 5.000 exemplares
SUMMARIO
Exposição de Frnctas 487
\ Agricultura na I Aposição Nacional. . 503
A pecuária na Imposição Nacional .... coo
Da < rincão no Lirazil 511
O trig-o . 5,6
!<.... 520
Noticiário ':■> =
,ph,
Anno XII — N. n Rio de
Novembro de iç
EDITORIAL
L1BRARY
NEW YORK
BOTANICAL
QARDEN.
Exposição de fructas, verduras e pássaros
Era sua exposição a Sociedade apresenta uma colleccão de fructas
dopaiz eaclimadas. Não foi completa, mas não foi também pequena.
Eram porem fructos conservados em frascos. Como colleccão de muzeu
el la satisfizera bem o seu intuito, pois que a persistência dos caracte-
res externos dos espécimens permittia dar uma ideia da fructicultura
dopaiz.
Por mais perfeita, porém, que fosse a conservação das fructas,
sentia-se bem que alguma cousa lhes faltava que diminuía a sua bel-
leza e os seus encantos. . . era a liberdade, era a vida, era a fragrância,
era todo esse conjuncto de predicados, que se não descreve e que as'
fazem appetecidas, seduzindn-nos lodosos sentidos. .. eaté induzindo
ao furto travesso, talvez innocente.
Não bastava a exhibição que fizéramos, nem a grande colleccão
de plantas fructiferas de nosso jardim de plantas industriaes. Havia
sempre urna lacuna e só uma exposição de fructas poderia preenchel-a,
mas de fructas livres, vivas, comestíveis...
Estávamos nos últimos dias de outubro ; a Exposição Nacional de-
via se fechar impreterivelmente a 15 de novembro. Acabávamos de
fazer a exposição de flores. Antes não havia sido possível reali7al-a
taes e tantos haviam sido os trabalhose fadigas acarretados pelos mos-
truários que enchiam o pavilhão. Escasseava pois o tempo sem se
poder appellar para maior prazo. A época era má, era a peiordo anno
para exposição de fructos. Mas era preciso preencher a lacuna da Ex-
posição.. . e portanto não havia a discutir : era preciso que a Sociedade
fizesse essa exposição, a despeito de tudo.
A Sociedade resolveu fazel-aeem 15 dias preparou e inaugurou a
exposição de fructas em seu pavilhão no dia 12 de novembro.
A Sociedade também havia mantido uma exhibição de prodUctos
da pequena lavoura, .pie se renovavam a breves íntervallos. o espaço
porém, era acanhado, não havia portanto uma verdadeira exposição de
verduras. Era outra lacuna que precisava ser preenchida e por 'isso a
Sociedade resolveu associal-a á sua exposição de fructas. Seria mesmo
um meio das duas exposições encobrirem as sua, deficiências poisque
cr
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
a época era também a peior possível para a exhibiçãode productos hor-
tícolas.
Outra deficiência da Exposição era a de pássaros nacionaes.
A Sociedade apresantava alguns em sua collecção de Zoologia Agrí-
cola; mas eram mortos e conservados. Alguns outros se viam ainda
por essa forma em vários mostruários. O Districto Federal, é certo,
exhibira um viveiro, grande e elegante com algumas espécies de suas
matas. Mas era só ; era tudo. Aornithologia brasileira não fora represen-
tada. Não se viam os bellos cantores, tão decantados, de norte ao sul
dopaiz . Em meio dessa exhibiçãq geral dos productos do paiz, dir-se-ia
que esses pássaros, esses deliciosos cantores das matas, os sabiás, as
graúnas, as patativas. . . eram phantasias dos poetas e viajantes...
ouso estes os sabiam apreciar, sem que se tivesse ainda educado na
população o gosto por esses esplendores da natureza, sem que houvesse
ainda amadores que os cultivassem e col leccionassem.
Resolveu por isso a Sociedade reunir ainda os pássaros nacionaes
á ultima de suas exposições, no grande certamen da Praia Vermelha.
Eis a génese da exposição de fructas, verduras e pássaros na-
cionaes, que se realizou de 12 até 15 de novembro, encerrando-se com
a própria Exposição Nacional.
O que foi ella ?
Concorreram 23 expositores de fructas, 37 de verduras e 13 de
pássaros.
A installação dos mostruários foi feita pela Sociedade no andar
térreo de seu pavilhão, onde occupava o salão central e suas dependên-
cias. Extrema simplicidade presidira á sua organização, para maior
realce do que era exposto. Mas um carramanehão collocado ao cen-
tro do salão, dominando alguns mostruários e de onde pendiam gaio-
las de pássaros em grande numero; duas grandes cornucopias de vime
de onde emergiam numerosos e variados productos hortícolas, e as
flores e folhagens que entrelaçavam os mostradores, combinando seus
tons, formas e aromas formavam com a profusão de productos um
conjuncto do mais agradável effeito, a que os pássaros variegados,
saltitantes e sonoros em seus cantares, davam uma nota alegre de vida.
Muitos milhares de pessoas em constante romaria, durante quatro
dias e noites encheram o recinto, e taes foram as manifestações, tão
expressivas eram as physionomias dos visitantes, que não duvidamos
afflrmar que a exposição satisfez plenamente á curiosidade geral, dan-
do boa ideia do queo paiz produz nessas especialidades, a despeito das
grandes difflculdades que fora mister vencer.
A LAVOURA 489
Temos prazer em transcrever aqui as palavras de Olavo Bilac, pu-
blicadas no «Jornal da Exposição» na véspera da abertura da exposição
de pássaros, legumes e fructas, agradecendo as delicadas referencias ás
iniciativas desta Sociedade:
«Convém insistir sobre a importância da exposição de pássaros,
legumes e fructas, que a Sociedade Nacional de Agricultura realiza
amanhã no interior do seu lindo pavilhão.
E' a segunda iniciativa louvável da sociedade, este anno, para en-
corajar e estimular os pequenos agricultores do Districto Federal.
A primeira, — a exposição de flores, — foi uma das notas mais
seduetoras da Exposição Nacional; dentro da linda sala do pavilhão,
em que havia um perfume entontecedor, apinhou-se durante três dias
e três noites a multidão, deliciando-se com o mais formoso espectáculo
que pode ser dado a olhos humanos: uma completa anthologia viva,
— não no sentido figurado, mas no sentido preciso do vocábulo, —
umacollecção animada, palpitante, maravilhosa das mais bellas flores
que produz a nossa terra.
A segunda iniciativa da Sociedade Nacional de Agricultura não é
menos louvável, nem menos poética .
Também os legumes e as fructas têm a sua poesia. Os antigos,
que adoravam Flora, também adoravam Vertumno e Pomona, casal
benéfico de deuses, — ambos protectores dos pomares e das hortas.
Vertumno tinha o seu templo em Roma, perto do Grande Mercado da
Urbs ; e Pomona, que favorecia com o seu amor e com o seu amparo
todas as arvores fruetiferas, era de todas as nymphas a mais venerada
pelos romanos.
Annexando á sua exposição de legumes e fructas uma exposição de
pássaros, a Sociedade de Agricultura lhe acerescenta um mérito novo.
Fica assim prestada uma homenagem completa a todos os elementos
que dão alegria e seducção á vida rural : ás flores, que deliciam os
olhos, aos produetos alimentares da terra, que são uma riqueza ao al-
cance de todas as mãos, e aos pássaros, que devem ser protegidos da
fúria cruelmente devastadora dos caçadores, porque, se alguns delles
podem causar damnos ás lavouras, muitos lhes prestam, ao contrarie,
extraordinários serviços, exterminando os insectos nocivos.
Mas não se trata apenas de uma homenagem poética, prestada a
flores, fructas e pássaros. Trata-se de uma animação efficaz, dada aos
pequenos lavradores da cidade, e do desenvolvimento de uma providente
fonte de trabalho e de fortuna para muita gente. E' por isso que a Socie-
dade Nacional de Agricultura merece francos e enthusiasticos louvores.
SOCIEDADE N \.C10NAL DE AGRICULTURA
Se ha no Rio de Janeiro tanta gente pobre e sem occupação,
que outra arena de actividade se abre hoje para toda essa gente ?
nenhuma... Entretanto, no dia em que a pequena lavoura tiver nos
subúrbios do Rio o incremento que deve ter —só não terão trabalho
produclivo os amigos da ociosidade e da malandragem; porque estes
férteis campos, que cingem com o seu immenso estemma verde a ca-
pital da Republica, podem dar uma verdadeira riqueza, solida e magni-
fica, a mais de um milhão de lavradores.
A Sociedade Nacional de Agricultura nem parece uma sociedade
brasileira : prefere os factos aos discursos e a acção fecunda aos re-
latórios estéreis. . .»
Só a Sociedade se prompti ficara a dar prémios aos expositores.
Para esse fim, a exposição foi dividida em três secções, que esta-
vam, aliás, naturalmente indicadas, pois que, de facto, se realizavam
ahi três exposições :
A de fruetas
A de verduras
A de pássaros nacionaes.
Para cada secção a Sociedade instiluio as seguintes cathegorias com
numero illimitado de prémios: grande premio — medalha de ouro
— medalha de prata — medalha de bronze.
A commissâo julgadora foi composta dos Srs. :
Dr. Wencesláo Bel lo — presidente.
D. Júlia Lopes de Almeida.
Olavo Bilac.
Dr. Benedicto Raymundoda Silva.
Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva.
No dia lí, feito o julgamento, foi apurado o seguinte resultado :
SECÇÃO DE PÁSSAROS NACIOXAES
Grande premio : ao Sr. Henrique Suckow Joppert (Districto fe-
deral) .
Medalha de ouro: aos Srs. Pereira de Brito (Districto Federal);
Dr. Jay me Abreu (Districto Federal) ; Dr. J. Carvalho Borges Júnior
(Valença), Estado do Rio.
Mcdoiha de prata : aos Srs. Martinelli Felice (Barbaeena) ; Leo-
vigildo Pires Simões (Capital Federal); Sr. João Lopes (Barbaeena).
Medalha de bronze : aos Srs. Joaquim D. de Paula Corrêa (Ma-
tinas Barbosa), Minas ; Joaquim Claro (Barbaeena); José Cândido
A LAVOURA
Pereira (Bar) aceno); Tu lio Sponda (Barbacena) ; Santos Berganini
(Barbacena).
SF.CCAO DF. FRUCTAS
Grande premio : Governo do Estado da Bahia ; Viuva Silva & Fi-
lhos (Districto Federal); Manoel Gonçalves Corrêa (Districto Federal).
Medalha de ouro: Coronel Gervásio Monteiro da Silva (Espirito
Santo); Dr. Aristóteles Ambrosino Gomes Calaça (Capital Federal).
Medalha de prata : Bernardo & Sobrinho (Capital Federal); Do-
mingos Baroni (Barbacena) ; Conde de Villela (Capital Federal).
Medalha de bronze : Joaquim Serrado P. da Silva (S. Gonçalo),
Estado do Rio; Sebastião José Trez (Friburgo), Estado do Rio; Vito
Pentagna, (Valença), Estado do Rio ; Martha Reichers (Districto Federal) ;
António José .Mendes (Friburgo).
SECÇÃO DF HORTICULTURA
Grande premio : Srs. Ambrósio Porret (Pelotas), Rio Grande do Sul ;
Luiz Freire de Aguiar (Tinguá), Estado do Rio.
Medalha de ouro : Coronel Gervásio Monteiro da Silva (Mimoso),
Espirito Santo.
Medalha de prata : Srs. Dr. Francisco de Castro (Districto Fe-
deral) ; Humberto Boratto (Barbacena) ; Narciso (Ilha do Governador) ;
António José Mendes (Friburgo); Augusto M. Braga (Friburgo).
Medalha de bronze : Srs. Zi lie Daniel (Barbacena); Alfredo Oví-
dio (Barbacena) ; Amílcar Savassi (Barbacena); José Joaquim Miranda
(Ilha do Governador); Colónia Rodrigo Silva (Barbacena); José Luiz
(Ilha do Governador); Manoel Gonçalves Corrêa (Districto Federal);
Costa & Comp. (Realengo), Districto Federal.
Damos a seguir a relação dos expositores com uma breve noticia
dos produetos que exhibiram, dividindo-os nas três classes a que cor-
responderam os prémios.
EXPOSITORES DE FRUCTAS
ESTADO DA BAHIA
Produetos expostos :
Mamões de Ca yen a. Cacáos.
Atas. Fructas de Conde.
Mamões de Tonkin. Beritá da Ilha da Madeira.
Melancia. Bananas — sote veriodades
492 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Goiabas. Prata.
Genipapos. Ouro.
Tairarindos. S. Thomé.
Ga j ús. Cayana.
Groselha branca . Da terra .
Sapotys. Maçã.
Sapotas. Uvas — alguns caixos de Izabella.
líomãs.
Laranjas — Selecta de umbigo — grande profusão da legitima laranja da Bahia.
Brutamonte.
Tojará do Japão — uma miniatura muito interessante e curiosa, com toda a appa-
rencia de laranja, mas apenas do tamanho de uma pequena ameixa, das chama-
das do Japão.
Limão azedo. Laranja da China.
Limão Gallego. Laranja da terra.
Laranja lima. Tangerinas.
Laranja- tangerina.
Abacaxis — grande profusão do maior formato e explendido aspecto.
Ananaz. Ananaz bravo.
Cocos de dendú — grande numero de cachos completos, das duas variedades de
fruetos, alongados e globulosos.
(ocos da Bahia — grande numero de duas variedades verde e pardo.
Côeo piassava — vários cachos.
Abacate roxo. Maracujás.
Mangabas .
Bernardo Sobrinho — Estado do Rio.
Producfos expostos :
Melancias. Mamões.
Jaca manteiga. Jaca dura.
Jaca molle. Laranja natal.
Abacaxis.
Viol Celeste — Barbacena — Estado de Minas.
Producto exposto :
Pecego.
António José Mendes — Friburgo — Estado do Rio.
Productos expostos:
Lima da Pérsia. Cidra.
Limão doce. Limão gallego.
Viuva Silva & Filhos — Districto Federal
Productos expostos:
Fructa-pão. Romã.
Jaca-jasmim. Figo.
Secção ác jenipapos, groselhas, tam
A LAVOURA 493
Sapoty .
Morango.
Panrlano.
Goiaba.
Cacáo.
Monstera deliciosa.
Ctarysophylum kaynito.
Limão de Jardim.
Manga.
Ingá.
Ficas parceli.
Jambo branco.
Côeo da Bahia.
Kugenia speciosa.
Maracujá.
Fructa de c.jndessa.
Pitanga uvaia.
Pêra.
Cambuhy.
Pecogo.
Araçá.
Laranja azeda.
Grumixama.
» serra d'agua.
Abricó.
» Natal.
Cabelluda.
Lima da Pérsia.
Guabiroba.
Limão doce.
Cidra.
Coronel Gervásio Monteiro :
xv Silva — Mimoso — Estado do Espirito Santo.
Productos expostos :
Fructa-pão.
Lima de umbigo.
Cacáo.
Limão- tangerina.
Fructa de condo enxertada.
» azedo.
Monstera deliciosa.
» doce.
Bergamota de umbigo.
Banana (oito variedades).
Martiia
Reichers — Capital Federal.
Productos expostos :
Baunilha (planta).
Baunilha (fava).
Joaquim he Paula Correia — Mathias Barbosa.
Productos expostos :
Jaboticaba miúda.
VlTO Pemta
gna — Valença — Estado do Rio.
Productos expostos :
Jaboticabas grandes :
Luiz Freire de Aguiar — Estado do Rio.
Productos expostos :
Laranja pêra.
Fernando José Rodrigues — Guaratiba — Estado do Rio.
Productos expostos :
Laranja pêra.
PENHA
Productos expostos :
Banana ouro.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Domingos Bauoni — Tijuca — Districto Foderal.
Productos expostos :
Morangos.
João Sille —Ilha do Governador.
Productos expostos :
Caju.
F. Loco Júnior — Penha — Districto Federal.
Productos expostos :
Jaboticaba miúda.
António Telles Bittencourt — Mirity.
Productos expostos :
Laranja pêra.
Sebastião José Trez — Friburgo — Estado do Rio.
Productos expostos :
Laranja. Cidra do umbigo
Turanja.
Joaquim Serrado P. da Silva — S. Gonçalo — Estado do Rio.
Productos expostos :
Abacaxi. Laranja da Bahia.
Conde de Villela — Capital Federal.
Productos expostos :
M;içã.
Manoel Gonçalves Correia — Capital Federal
Productos expostos :
Uvas — 12 variedades de enxertos do viti-vinifera, ramas e cachos, a saber:
Moscatel preta Alexandria. Mistress Pearson branca.
Santa Maria do Alcântara, preta. Moscatel, roxa.
Cyria, branca. Korintho, sangue vivo.
Almeria, branca. Moscatel Roza.
Fernando do Le?seps, branca. Isabel melhorada, preta.
Malvasia, branca. Chasselas doré.
Dr. Aristotei.es a. Gomes Calaça.
Productos expostos :
Uvas — 2 variedades de uvas (cachos) e uma rama com cachos.
Eparsc. Balavri.
A LAVOURA
EXPOSITORES DE LEGUMES
Governo do Estado da Bahia
Productos expostos :
Abóboras diversas. Inhamo.
Coroa. Cará.
zille Daniel— Barbacena— Estado de Minas
Productos expostos :
Repolho. Tomate Garfield.
Abóbora.
Viol Celeste— Barbacena— Estado do Minas
Producto exposto :
Repolho.
Augusto M. Braga— Friburgo— Estado do Rio
Productos expostos :
Repolho. Batata ingleza.
Beterraba roxa. Alcaxofra.
Firmino— Ilha do Governador— Districto Federal
Productos exposto^ :
Abóbora. Couve.
Losi ih Felice.— Barbacena— Estado de Minas
Producto exposto :
Abóbora.
António José Mendeí— Friburgo— Estado do Rio
Productos expostos :
Batata ingleza. Peruvian Carot.
Batata doce. Aipim.
Manoel Fernandes Figueira— Districto Federal
Producto exposto :
Coroa preto
Clsta & CoMr.— Realengo— Districto Federal
Productos oxpostos :
Abóbora. Pepino.
Beringela. Maxixe.
,1,
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Manoel Luiz Folia'— Friburgo— Estado do Rio
Productos expostos :
Abobora-morango.
Alfredo Oliyio— Barbacena— Kstado de Minas
Productos
expostos :
Batata ingleza.
Cebola.
Narciso-
-Ilha
do
Governador — I
Productos
expostos :
Batata doce.
Maxixe.
Tomate Garfield.
Ervilha.
PimeDtão.
Vagem.
Amílcar Savassi— Barbacena— Estado de Minas
Productos expostos :
Cebola .
Umberto Boratto— Barbacena — Estado de Minas
Productos expostos :
Cebola. - Alcaxofra.
José Joaquim Miranda— Ilha do Governador— Districto Federal
Productos expostos :
Maxixe. Ervilha.
Tomate perinha. Vagem.
Pimentão.
Colónia Rodrioo Silva— Barbacena— Estado de Minas
Productos expostos :
Repolho. Alho.
Alface.
Acorci .Tosé — Barbacena — Estado de Minas
Productos expostos :
Couve. Cenoura.
João B. Cantarutti — Barbacena — Estado de Minas
Producto exposto :
Repolho.
Viuva Silva & Filhos— Districto Federal
Productos expostos :
Pimenta do Reino. Coroa.
ipía de
Coronel Gervásio Monteiro da Silva— Estado do Espirito Santo
Productos expostos :
Alface. Palmito dooo.
Couve. Oariroba.
Aipim. Paty.
lnhame-rosa. Urucrt.
Marta Reichers— Districto Federal
Producto exposto :
Pimenta do Reino.
Joaquim Paula Corrêa— Mathias Barbosa
Producto exposto :
Abóbora.
Luiz Freire de Aguiar— Estado do Rio
Productos expostos :
lnhame-rosa, pesando GO kilos. Cará.
Espargos. Araruta.
Alcaxofra.
João Pacheco— Friburgo — Estado do Rio
Producto exposto :
Inhame.
João Orestes Tiiurler— Friburgo— Estado do Rio
Producto exposto :
Repolho.
Dr. Francisco de Castro — Capital Federal
Producto exposto :
Couve.
Leopoldo Capanema — Ilha do Governador — Districto Federal
Producto exposto :
Tomate- perinha.
José Luiz — Ilha do Governador — Districto Federal
Productos expostos :
Tomate-perinha. Abóbora d' agua.
Vagens. Ervilha.
António Telles Bittencourt — Mirity
Producto exposto :
Repolho.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Alexandre M. Leal — Friburgo — Estado do Rio
Prudiielos expostos:
Tomates Garfield. Tomates Mikado.
João Dai.e — Distri<-t,r > l-vderal
Productos expostos
Abóbora.
M. Abreu & Comp. — Capital Federal
Froducto exposto :
Abóbora .
Manoel Gonçalves Corrêa — Capital Federal
Producto exposto
Alho Porros.
Producto exposto
Aipim.
Ilha do Governador
urdo Sobrinho — Capital Federal
Productos expostos :
Quingombôs. Aipo.
Pimentões doces. Rabanete róseo.
Beterraba. Fava Mangalô.
Tomate Garfield. Chuchu.
Funcho. Nabos.
Ambrósio Perret — Pelotas — Rio Grande do Sul
Productos expostos :
Alcaxofras. Espargos.
Fiiburgo — Estado do Rio
Productos expostos :
Abóbora branca para dose. Pimenta chifro de veado.
Pimenta de cheiro (duas variedades). Pimentão.
Pimenta malagueta. Repolho.
EXPOSITORES DE PÁSSAROS
Henrique Joppert — Districto Federal
Pássaros expostos :
Mutum pinima (Crax pinima, Pelz.) Casal — Procedência: Pari.
Macueo (Tinamus solitarius, Vieill.) — Procedência : Rio de Janeiro.
Jaó (Crypturus noctivagus, Wied.) — Procedência -Rio de Janeiro.
Inhambúassú (Crypturus absoletus, Temm.) —Procedência: Rio do Janeiro.
A LAVOURA 499
Inhambú codorna ( Tinamus guttatus, Pelz. ) — Procedência: Rio de Janeiro.
Inhambú tururí ( Crypturus souí, Ilerm. ) — procedência: Districto Federal.
Inhambú chororó ( Crypturus parvirostris, Wagler. ) Procedência : Districto Fe-
deral .
Inhambú do campo ( Crypturus sp. ) — Procedência : Minas.
Perdiz ( Ruinchotus rufe-cens, Temra. ) — Procadencia : S. Paulo.
Codorna buraqueira (Taoniscus nanus, Temra. ) — Procedência : S. Paulo.
Capueira ( Odontophorus capueira, Spix. ) — Procedência: Districto Federal.
Pomba iro?al ( Columbi speciosa, Gm. ) — Procedência : Norte.
Pomba Jurity ( Lept otila reichonbachi, Pelz. ) Pi-ocedoacu : Rio de Janeiro.
Pomba espelho ( Uropelia geoflroyi, Tomm. et Knip. ) — Procedência : Districto
Federal.
Pomba cinzenta ( Claravia pretiosa, Ferrari Peroz. ) — Procedência : Districto
Federal .
Pomba rola vermelha (Columbigallina talpacoti, Temm. et Knip. ) Casal — Pro-
cedência : Districto Federal.
Pomba rola cinzenta ( Columbigallina passeriua grisseoU, Spix ) Casal — Proce-
dência : Districto Federal.
Pomba cascavel ( Scardafella squamosa, Temm. ) Casal — Procedência : Minas.
Aza branca ( Columba picazuro, Temm.) Procedência : Bahia.
Pomba picui ( Columbula picui, Temm. ) Casal — Procedência : Bahia.
Pomba mineira ( sp. ) — Procedência : Minas.
Pomba Jurity vermelha ( Geotrygon montana, Linn.) — Procedência : Districto
Federal .
Sanan ( Creciscus albicollis, Vieill. ) — Procedência : Kio de Janeiro.
Araponga (Chasmarhynchus nudicollis, Vieill.)— Procedência : Rio de Janeiro.
Cotinga ( Cotingacotinga, Linn. ) —Procedência : Pará.
Sabiá-una ( Platycichla flavipes, Vieill. ) — Procedência : Districto Federal.
Maitaca ( Pionus maximiliani, Kiihl. ) — Procedência : Norte.
Maitaca do Amazonas ( Pionus menstruas, Linn. ) — Procedência: Amazonas.
Periquito de aza amarella ( Brotojeris chiriri, Vieill. ) Casal — Procedência :
Minas.
Periquito tuim ( Brotogeris tirica, cm. ) Casal — Procedência: Districto
Federal .
Periquito tapado ( Psittacula passerina, Linn. ) Casal — Procedência : Districto
Federal.
Arara vermelha ( Ara chloroptera, Gray ) — Procedência : Norte.
Arara Caninde ( Ara araúua, Linn. ) — Procedência : Norte.
Virabosta, Chopim ( Aaptus Chopi, Vieill. ( — Procedência: Rio de Janeiro.
Bicudo ( Oryzoborus maximiliani, Cab. ) — Procedência : Norte.
Avinhado ( Oryzoborus angolensis, Linn. ) — Procedência : Rio de Janeiro.
Colleiro do brejo ( Sporophila coitaria, Bodd. ) Casal — Procedência : Rio de
Janeiro.
Colleiro papa-capim (Sporophila caoruloscens, Bonn. et Vieill ) Casal — Proce-
dência : Rio de Janeiro.
Colleiro da serra ( Sporophila gutturalis, Licht. ) Casal — Procedência : Rio de
Janeiro.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Patativa ( Sporophila plúmbea, Wied.) — Procedência : Parahyba do Norte.
Caboclinho vermelho ( Sporophila nigroarantiã, Bjdd.) -Procedência: Norte.
Caboclinlio branco ( Sporophila pilo.Ua, Sol.?) —Procedência: S. Paulo.
Caboclinho bico de ferro ( Sporophila sp.) — Procedência : Districto Federal.
Cigarra ( Sporophila flavirostris ?) — Procedência : Rio de Janeiro.
Chorão (Sporophila leucopetera hypoleuca, Licht.) — Procedência : Norte.
Brejal | Sporophila albogularis, Spix.) — Procedência Norte.
Chanchão ( Sporophila superciliaris, Pelz.) — Procedência: Rio de Janeiro.
Serra-serra ( Volatinia Jacarini, Linn.) Casal — Procedência : Districto Fe-
deral.
Canário da terra ( Sicalis llaveola, Linn.) Casal — Procedência : Districto Fe-
deral .
Tupy, Typio (Sicalis arvensis, Kiill.) — Procedência : Rio de Janeiro.
Tico-tieo ( Brachyspiza caponsis Miill.) Casal — Procedência : Districto Federal.
Xexéo ( Cassicus persieus, Linn.) — Procedência : Norte.
Gallo da Serra ( Coryphosspingus pileatus, Wied.) Casal — Procedência : Rio
de Janeiro.
Pintasilgo ( Spinus ictericus, Licht.) Casal — Procedência : Rio de Janeiro.
Azulão ( Cyanocompsa cyanea, Linn.) — Procedência : Rio de Janeiro.
Corrupião ( Xanthornus Jamacai, Gm.) — Procedência : Pará.
Sanhassú do coqueiro ( Tanagra palmarum, Wied.) Casal — Procodencia : Rio
do Janeiro.
Sanhasú roxo cu de encontroj ( Tanagra oruata, Sparm) Casal — Procedência : Rio
de J.ineiro.
Sanhasú azul ( Tanagra episeopus, Linn. ) Casal — Procedência : Rio de Janeiro.
Trinca-ferro (Sxltator maximus, Miill. ) — Proccdeneia: Rio de Janeiro.
Tié-sangue (Rhamphocelus brasilius, Linn.) Casal — Procedência: Rio do Janeiro.
Tié-preto (Tachyphonus coronatus, Vieill.) Casal — Procedência : Rio de Janeiro.
Gau lerio, Virabosta ( Molothurus bonariensis sericeus, Licht. ) — Procedência :
Rio de Janeiro.
Quelé ( Caryothraustos canadensis brasilensis, Cab. ) — Procodencia : Rio de Ja-
neiro.
Bico de lacre ( Estrelda astrild. ) — Procodencia : Rio de Janeiro.
Sahyra sete cores ( Calospyza tricolor, Gm. ) Casal —Procedência: Districto Fe-
deral.
Sahy amarello ou Sahy havana ( Calospyza flava, Gm. ) Casal — Procedência :
Districto Federal.
Sahyra roxa ( Calospyza brasiliensis, Linn. ) Casal— Procedência : Districto Fe-
deral.
Sahy da serra, Sahy andorinha ( Procnias tersa, Linn. ) Casal —Procedência :
Districto Federal.
Sahy-papagaio, Sahy verde ( Calospyza thoracica, Temm. ) Casal — Procedência :
Rio de Janeiro.
Sahy bicudo ( Dacnis cayaua, Linn. ) Casal — Procedência : Rio do Janeiro.
Sahy-beija flor (sp. ) Casal — Procedência : Rio de Janeiro.
Gaturamo verde ( Chlorophonia viridis, Viell. ) Casal — Procedência : Rio de
Janeiro.
H.Suckow Joppert
A LAVOURA 501
Gaturamo filó (sp. ) Casal — Procedência : Rio de Janeiro.
Gaturamo fim-fim ( Euphonia xanthogastra, SuqJ. ) Casal — Procedência: Rio de
Janeiro.
Gaturamo paulista (Euphonia pueturalis. Lith. ) Casal — Procedência: S. Paulo.
Gaturamo ipi (sp.) Casal — Procedência : S. Paulo,
(iuará (Eudocimus ruber, Linn.) — Procedência: Pará.
Iriré (Uendrocygna viduata, Linn.) — Procedência: Norte.
Marreca de cara branca (Aaas puna?) — Procedência : Districto Federal.
Marreca espelho (Nettium brasiliense, Gm.) — Procedência : Rio de Janeiro.
Marreca bico vermelho (Dendrocygna discolor, Scl. et Sal v.) — Procedência:
Norte.
Marreca amarei la (Uendrocygna fulva. Gm.) — Procedência : Norte.
Gralha do campo (Uroleuca cyanoleuca, Wied.) — Procedência : Minas.
Gallo de campina (Paroaria gularis, Linn.) — Procedoncia : Norte.
Garibaldi (sp.) — Procedência : Rio de Janeiro.
Canção (Cyanocorax cyanopogon, Wied.) — Procedência : Norte.
Papagaio do mangue (Amazona amazonica, Linn.) Casal — Procedência : Minas.
Jacu do norte (Penélope pileata, Waglor.) — Procedência : Norte.
Mutum cavallo (Mitu mitu, Linn.) Casal — Procedência : Noite.
Du. João de Carvalho Borges — Valença
Sabiá da matta (Turdus albicolíis, Vieil.) — Procedência : Rio de Janeiro.
Jayme Abreu — Pará
Corrupião (Xauthornus Jamacai, Gm.) — Procedência : Pará.
Gallo do campina (Paroaria gularis, Linn.) — Procedência : Pará. (Domes-
ticados.)
Pereira de Britto
Japu (Gymnostinops bifasciatus, Spix.) — Procedência : Maranhão.
Japú-assú (Ostinops decumanus, Pall.) — Proceiencia : Maranhão.
Graúna (Aaptm Cnopi, Vieill.) — Procedência : Maranhão.
Leovegjldo Pires Simões — Districto Federal
Sabiá da praia (Mimus lividus, Licht.) — Procedência : Districto Federal.
Virabosta (Aaptus Cuopi, Vieill.) — Prjcedencia : Minas.
Avinhado ou curió (Orizoborus angolensis, Linn.) — Procedência : Rio do
Janeiro.
Canário da terra (Sicalis flaveola, Linn.) — Procedência : Rio de Jaueiro.
Caboelinho (Sporophila nigrourantia, Bodd.) — Procedência : Norte.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Colleiro papa- capim (Sporophila caenilescens, Bona. et. Vieill.)
deneia : Rio de Janeiro.
João Lopes — Barbacena
Bicudo (Orizoborus maximiliani, Cab.) — Procedência : Norte.
Colleiro do brejo (Sporophila collaria, Bodd.) — Procedência : Minas.
Avinhado, Curió (Orizoborus angolensis, Linn.) — Procedência : Rio de Janeiro.
Pintasilgo (Spinus ictericus, Licht.) -- Procedência : Rio de Janeiro.
Patativa (Sporophila plúmbea, Wied.) — Procedência : Norte.
Martinelli Félix — Barbacena
Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris, Vieill.) — Procedência : Miuas.
Sabiá-cica (Tricalaria cyanogaster, Vieill.) — Procedência : Minas.
Bicudo (Orizoborus maximiliani, Cab.) — Procedenc:a : Minas.
Joaquim D. Paula Corrêa — Matinas Barbosa
Bicudo (Orizoborus maximiliani, Cab.) — Procedência : Minas.
Virabosta (Maluthrus bonariensis sericeus, Licht.) — Procedência: Minas.
Pintasilgo {■■!) (Spinus ictericus, Licht.) — Procedência : Minas.
Canários belgas (2).
Joaquim Claro — Barbacena
Curió (Orizoborus angolensis, Linn.) — Procedência : Minas.
Gaudorio, Virabosta (Malothrus bonariensis sericeus, Licht.) — Procedei
Minas.
Azulão (Cyano campsacyanea, Linn.) Procedência : Minas.
Canário da terra (Sicalisflaveola, Linn.) — Procedência : Minas.
Papa-capim (5) (Sporophila caeruleícons, Bonn. et Vieill) — Procedência : iV
José Cândido Peueir.v — Barbacena
Azulão (Cyanocampsa cyanea, Linn.) — Procodencia : Rio de Janeiro.
Fradinho (Spjrophila nigrourantia, Bodd.) — Procedência : Norte.
Curió (Orizoborus angolensis, Linn.) — Procedência : Norte.
Canário da terra (Siealis ilaveola, Linn.) — Procedência: Rio de Janeiro.
Pomba Jurity (Leptotila reicheubachi, Pelz.) — Procedência : Rio do Janeiro.
A LAVOURA
Rómulo Stefe — Barbacena
Canário belga.
Túlio Sponda — Barbacena
Inlian.bú chororó (Crypturua parvitostris, Wagl.) — Procedência : Minaf.
Santos Bergamini — Barbacena
Papagaio Juruassú (Amazona farinofa, Boldu.) — Procedência : Minas.
Novembro de 1908.
Dr. Wencasldo BeUo.
A agricultara na Exposição Hacional de 1908 no Sio
de Janeiro
As gravuras que damos a seguir fixam alguns aspectos da agri-
cultura dos Estados na Exposição Nacional .
A exposição de S. Paulo foi, como de razão, o triumpho do café ;
mas ao lado deste destacavam-se muitos outros productos agrícolas
dignos de menção pelo papel que estão chamados a representar na
economia do adeantado Estado da Federação .
Por exemplo, o arroz, que ainda ha pouco tempo constituía um
sorvedouro de dinheiros paulistas, por isso que vinha todo elle do
exterior, figurou na Exposição Nacional sob as mais variadas formas
e em quantidade avultada.
Alli viam-se photographias representando os campos experimen-
taes de Moreira César, amostras de arroz em rama, de arroz em casca,
arroz pilado de vários typos, sendo alguns tratados pelos mesmos
processos por que passa o arroz mais fino que nos vem do estran-
geiro.
Outros productos interessantes, sob o ponto de vista da economia
nacional, eram as forragens alli representadas pela alfafa e derivados
do milho. O milho occupou lugar proeminente na Exposição de
S. Paulo.
Pelas paredes e em vários pontos dos differentes edifícios em que
se expunham os productos paulistas, viam-se nitidas photographias
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SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
representando os institutos mantidos pelo governo paulista era bene-
ficio da agricultura.
Um trecho da exposição paulista em que se vèm amostras de café e muitas photographias
mostrando fazendas e culturas experimentaes.
Outra bel la secção foi, sem duvida, aquella em que figuravam in-
strumentos e machinismos agrícolas.
Sem termos a intenção de omittir os nomes de outros concor-
rentes á Exposição Nacional, damos a seguir uma gravura de pagina,
que mostra quanto foi grande e completa a exposição feita pelos
Srs. Arens & C.
Na exposição de Minas, sob o ponto de vista agrícola, o que mais
chamou a attenção dos visitantes foram a secção sericicola e a do
fabrico da manteiga.
O publico affluiu para alli em ondas volumosas a admirar o tra-
balho do Bombyx mon, o beneficiamento e tecelagem da seda e bem
assim o manipular do leite, transformado, ante a curiosidade do pu-
blico, em appetitosa manteiga.
A r.AvoninA
Os Srs. Hopkins Causer and Hopkins tiveram a boa idéa de ex-
hibir os seus machinismos, e andaram bem, pois obtiveram completo
tnumpho, que lhes redundará em altos e valiosos negócios.
Secção do Pavilhão de Minas
que íigur;m os apparelhos — Alía-Laval — distinados
fabrico da manteiga
Incontestavelmente a exposição do Estado do Rio Grande do Sul
foi a mais completa de todas quantas observámos na nossa festa de
trabalho.
Alli figuraram com uma bella arrumação, em que presidia a mais
segura systematização, não só productos industriaes, fabricados com
material nosso, como um opulento mostruário de productos agrícolas,
representado por cereaes vários, carnes, etc, etc.
A gravura seguinte representa a agricultura sustentando o mundo
na mão esquerda. A' direita da figura allegorica vê-se uma ruma de
saccos de farinha de trigo, e á esquerda, varias conservas, lãs e outros
muitos productos agrícolas.
O bicho de sedae a abelha alli também figuraram com saliente
destaque, e nenhum outro Estado apresentou tão completa secção
apícola quanto a do Rio [ Grande do Sul.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Basta ver a gravura abaixo exposta para se ter uma mui pallida
do valor de tal secção.
A apicultura na secção do Rio Grande do bui na Kiposição Nacional de 1908
A LAVOURA 507
O Estado de Santa Catharina, em relação ao quanturnáe sua popu-
lação, foi incontestavelmente o que fez mais bella figura na Exposição
Nacional .
A variedade e boa ordem com que se exhibiu impressionaram
enormemente. Santa Catharina trouxe para a Praia Vermelha cereaes,
tabaco, productos suinos, productos bovinos, muita matéria prima e
muitos productos industriaes. Foi uma verdadeira revelação.
Um canto da secção de Santa Catharina
O Estado do Paraná é um dos Estados de maior futuro do Brasil .
Clima ameníssimo, terras férteis, de óptima topograph ia, aguas abun-
dantes, rios caudalosos, em grande parte navegáveis, riquezas naturaes
ainda por explorar . Com estes dons naturaes o Estado do Paraná ha
de crescer grandemente, é certo.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Sua exposição foi das mais completas, merecendo muita atten-
ção um sem-numero de productos industriaes com matéria
prima sua.
O que, porém, mais agradou, foi o rico mostruário de ma-
deiras preciosas, tal como mostra perfeitamente a illustração aqw
Mostruário de madeiras do Estailo do Paran
Uma feliz idéa foi a de permittir que as fabricas estrangeiras
expuzessem os seus productos fora de concurso. Isto permittiu
que muitos representantes de fabricas estrangeiras mostrassem na
nossa Exposição alguns machinismos de alta valia para a lavoura
nacional .
A importante casa commercial dos Srs. Herm Stoltz&C, desta
cidade, concorreu á Exposição com muitos machinismos e instrumentos
agrícolas, que attrahiram a attenção geral do nosso publico.
A illustração seguinte, de pagina, mostra alguns objectos do bello
mostruário daquelles adeantados commerciantes.
Mostruário da Casa Herm Stollz & Comp.
Machinismo destinado ao preparo (descaseamento) do algodão, oxposto pelos Sr3 . Schill
e Comp., desta Capital.
A Pecuária na Exposição
GADO EXPOSTO PELO SR. MANOEL BERNARDEZ
Das notas fornecidas pelo expositor, extrahimos, as seguintes,
relativas} aos principaes animaes que figuraram neste raez, illus-
trando-as com as photographias :
Cap Ortegal, puro sangue, variedade Postier, nascido no Rio da
Prata no dia 25 de setembro de 1905. Reproductor para obter, com
éguas creoulas, cavallos fortes para guerra, para sella, para tracção
urbana e agrícola. O cruzamento reúne força, resistência, agilidade
e helleza.
Rubim de S. Paulo, novilho de raça Devon, nascido no Rio da
Prata em novembro de 1907.
Rosa de Uberaba, novilha da raça Flamenga (variedade de grande
tamanho), nascida no Rio da Prata (Cabana Plomer) em novembro
de 1907.
SlO SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Rubim de Alagoas, novilho de raça Devon, nascido no Rio da
Prata era dezembro de 1907.
Rubim do Rio Grande do Norte, novilho de raça Devon, nascido
no Rio da Prata em dezembro de 1907.
Ouro Preto, novilho da raça Flamenga (variedade de grande
tamanho) nascido no Rio da Prata (Cabana Plomer) em 4 de setem-
bro de 1907.
Importados para demonstração por Manoel Bernardez.
DESCRIPÇÃO EXTRAHIDA DO CARTAZ QUE ACOMPANHA OS BOVINOS
DA RAÇA DEVON
« A melhor raça para reformar por cruzamento o vaccum bra-
zileiro. Bom leiteiro. A melhor carne bovina do mundo. A raça
de mais rápida engorda e de mais fácil nutrição. A de menos osso e
mais carne em proporção. Onde o Durham, o Hereford, o Hollandez,
o Lincoln-Shorthorn e outras raças degeneram ou morrem, ella se
mantém e progride. Não exige cuidado. Mantém-se perfeitamente
com os capins brazileiros. Quando não tem pastos, vive de folhas
e cascas de arvores. E' bom animal de trabalho. Raça natural e
forte, impõe seu typo no primeiro cruzamento. Com o Caracâ dará
um producto que fará o Brazil um grande paiz criador e productor
da melhor carne.
Póde-se comprar no Prata por um terço menos do preço da
Europa e aclimado, com só quatro dias de viagem e com a quarta
parte das despezas.
Importado para demonstração por Manoel Bernardez . »
DESCRIPÇÃO EXTRAHIDA DO CARTAZ QUE ACOMPANHA OS BOVINOS
DA RAÇA FLAMENGA
« Raça especial para granja e leiterias perto das grandes cidades.
Possue superior qualidade leiteira. Dá tanto leite como a Hollandeza,
porém com alta porcentagem de manteiga. Rústica, precoce e mansa.
Engorda bem. Bom para talho e trabalho. Entre três e quatro an nos
o boi gordo attinge de 900 a 1.200 kilos. Insuperável como melho-
radora para fins especiaes de leiteria.
Esta raça chegou no Rio da Prata á sua mais alta perfeição, sendo
difflcil encontrar exemplares semelhantes no paiz de origem.
).
Mllln m ~ ^ |
M"A
í
A LAVOURA 511
Pòde-se comprar pelo preço da Europa ou menos, em cinco dias
de viagem e com sexta parte dos gastos.
Importado para demonstração por Manoal Bernardez.»
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COLLABORACÂO
Da criação no Brazil
Considerações sobre a Exposição — Apenas alguns dias são de-
corridos ; as portas da Exposição fecharam-se sobre todas aquellas bellas
manifestações do progresso que nos foi dado admirar, eem breve sub-
sistirá somente a saudade das cousas que já não mais existem e ás
quaes devemos a recordação de horas cheias de encanto e de grande
interesse.
Não direi que ella constituiu para nós, estrangeiros, objecto de
grande admiração, pois sabíamos qvie o povo brazileiro, habitando um
paiz cheio de grandeza e formosura, possuía, no mais alto grão, o
gosto natural das cousas bellas.
Não nos podia elle reservar uma desilusão, fazendo desfilar diante
de nossos olhos as múltiplas riquezas que deve á prodigalidade de uma
Natureza generosa, e mostrando como soubera adaptal-as ás necessi-
dades de uma Civilisação raffinêe.
Fica-nos seguramente a impressão geral de que este paiz, que é
por suas bellezas naturaes o mais pittoresco do mundo, tornar-se-á
também um dos mais importantes, no dia em que explorar de um
modo completo os magníficos thesouros que encerra em seu seio.
Todavia o Brazil, verdadeiro celleiro de abundância, não poderá
realmente reivindicar o titulo tão desejável de «paiz agrícola» senão
quando tiver aperfeiçoado as raças que vivem em parte do seu im-
menso território.
E tendo-se-me pedido ajuntarás minhas impressões pessoaes, al-
gumas indicações sol ire este assumpto tão digno da emulação dos cria-
dores, direi que o primeiro esforço deve ser orientado, com vistas a
applicação deste principio fundamental, em criação mais do que em
qualquer outra cousa: a qualidade deve prevalecer sobre a quantidade
ou antes marchar parai lelamente com ella.
714 4
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Infelizmente este preceito tem sido com frequência infringido e
tive muitas vezes occasião de constatar que para muitos fazendeiros
era um ponto de honra ignorar o effectivo de seus rebanhos, primeiro
erro que torna mais difficeis as tentativas de mel hora do gado, quando
se reconhece a necessidade de recorrer a ellas.
Comtudo esforços efficazes, cumpre reconhecel-o, têm sido envidados
nestes últimos annos, e a secção de animaes que pudemos estudar e
muitas vezes admirar na Exposição do Rio, revela um esforço real que,
si não soffrer solução de continuidade, dará aoBrazil o primeiro logar
que elle e chamado a occupar entre os paizes agrícolas da America do
Sul.
Sem entrar em detalhes scientificos, nem procurar tirar conclusões
geraes de experiências ainda restrietas, esforçar-me-ei, sobretudo, num
exame — à vol d'oiseau — si assim me posso exprimir, para tirar, em
poucas palavras, do facto a licção que elle comporia, com as melhore?
esperanças para o futuro.
Uma falta commum a todos aquelles que pretendem aproran-
dar-se na tão delicada sciencia da criação, é acreditar que o aperfei-
çoamento de raças só pode ser obtida por meio das mais expeditas
importações de gado estrangeiro.
Não ha duvida que este gado com o correr dos tempos poderá
contribuir para o real progresso da criação, por meio de cruzamentos
bem dirigidos, isto é, pela fusão opportuna de suas qualidades supe-
riores com as d<i gado indígena : mas, justamente, esta fusão sôserá
opportuna quando os dois participantes não apresentarem qualidades
sensivelmente differentes .
Goncebe-se, pois, a necessidade primordial de aperfeiçoar o mais
possível o gado indígena, pois que de sua qualidade depende também
a excellencia dos futuros cruzamentos.
Antes de terem obtido este primeiro resultado de tão grande alcance,
os proprietários não devem ter pressa de importar gado de paizes cujo
clima, solo e alimentação sejam muito differentes dos do Brazil, e cuja
accliniatação, por consequência, será muito incerta.
Ora, si a criação doca vallo exige ainda muita perseverança, a vacca
bm/.ileira, ao contrario, bella por si mesma, pôde, si se transformar a
criação extensiva ou semi-sel vagem em uma criação intensiva, cuida-
dosa, adquirir rapidamente muito boas qualidades.
Lancemos agora uma vista d'olhos sobre o gado que figurou na
Exposição, afim de que possamos do presente tirar conclusões que visam
o futuro.
A LAV0UKA 513
Mas, já o disse, os esforços nosenlido do aperfeiçoamento; fendo
sido apenas feitos de alguns annos a esta parte, para sermos cate-
góricos, avançaremos ainda um pouco ás apalpadellas, procedendo, como
sempre, por eliminação. Deresto.os resultados obtidos para uma mesma
raça variam muito segundo a maneira de operar década criador e tam-
bém segundo ascondições que divergem ás vezes muito de um Estado
do Brazil para outro.
Uma tendência bastante funesta, como todas que apparecem sob a
influencia de uma moda, de uma mania muitas vezes irracionaes, é o
abuso do Durham, animal de grande valor em seu paiz, mas que no fim
de certo tempo causa surprezas infalliveis-a experiência tem-no mos-
trado por toda a parte, desde que elle é exportado para uma região
onde encontra condições d inerentes das de seu paiz de origem. Dbje-
etar-me-ão que a Exposição nos apresentou espécimens muito resis-
tentes desta raça ; não o negarei, fazendo notar, todavia, que estes poucos
typos foram seleccionados d'entre numerosas partidas, que, de um
modo geral, não corresponderam ao que delias se esperava. E, como a
criação commercial deve combinar o minimo de despeza de custeio
com o máximo de renda, todo o animal (nestas condições está o Durham
por sua delicadeza) que não puder satisfazer esta regra, e tornar-se o
typo, o modelo para as grandes criações praticas como as do Brazil, i\Q\r
ser rejeitado.
Já que as importações inglezas estão na moda, haveria toda van-
tagem em dar-se preferencia ao Hereford, mais rústico e, portento, mais
acclimatado, ou ainda ao De von que, com qualidades similares, já pro-
porcionou alguns bons resultados a um proprietário do Rio Grande.
Esta raça teria dado também, segundo se diz, resultados satisfa-
ctorios na Republica Argentina. Alas, como não podemos constatar nós
próprios este facto, guardamos sobre el le reserva, e é evidente que todo
estrangeiro, qualquer que seja o seu paiz, que faz propaganda, considera
antes de tudo o seu próprio interesse e age em um fim commercial
proveitoso a si mesmo. Convém, pois, Ioda a circumspeeção no tocante
ás affirmações que vêm de fora.
Por que não recorrer também ao grande e magnifico boi francez
Charolez-nivernez, verdadeiro typo de boi para tal lio, e que tem a van-
tagem de já ter fornecido muitos cruzamentos no Brazil !
Este animal de alto porte é su eficientemente resistente e merece
ser favorecido.
Seria também de interesse continuar os ensaios com os bois suissps
(Friburguezas ou raça escura) que, si bem que importados das altas
PIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
regiões da Helvécia, adquiriram em seu paiz, onde são criados ao ar livre,
uma rusticidade que conservam muitas vezes no estrangeiro.
Tivemos occasião de admirar na Exposição dous magníficos pro-
ductos da raça escura, pertencentes a um proprietário do Estado do
Rio, assim como diversos bezerros friburguezesederaçasimmenthal.
E' verdade que estes últimos foram recebidos lia pouco tempo, mas
a Sociedade Suissa, que os recebau, afflrina ter tirado bons resultados
de remessas anteriores.
Nas grandes criações que eu dirigia ha pouco no Egypto, onde o
clima differe pouco do do Brazi), consegui touros suissos muito bellos
tpie, com certos cuidados, é verdade, conservaram durante longos annos
suas grandes qualidades em toda sua descendência.
E1 possível também que a vacca simmenthal guarde suas qua-
lidades leiteiras em certas regiões húmidas ou em outras menos quentes,
como no Estado de Minas.
Diversas vaccas européas podendo constituir, em condições hygie-
nicas propicias, uma grande fonte de lucro pela extensão da industria,
não só do leite como do queijo, ha um grande partido a tirar com
esforços orientados nesta direcção.
As pequenas vaccas hrttãs edeJersey só nos deram typos bastante
degenerados, o que se comprehende, sabendo-se que el las, verdadeiros
animaes para a criação em estábulos como Durham, só têm a perder com
a transplantação. Comtudo a vacca de (iuernesey, um pouco maior e
mais rústica do que a de Jersey, resiste mais.
Mais não devemos nos preoceupar muito com estas pequenas raças,
pois muito delicadas a principio nos paizes quentes, nem sempre darão
boas vaccas leiteiras e, além disso, produzirão bezerros minúsculos que
dariam uma magra renda.
Tivemos, ao contrario, occasião de admirar bellos e numerosos
exemplares de vaccas normandas, flamengas e hollandezas, que faliam
alto em favor do seu ensaio e seria muito para desejar que este fosse
coroado de completo êxito, porque é incontestável que estas vaccas
attingiram ao mais alto grão de perfeição como leiteiras.
Tendo em vista o grande numero de partidários e de detractores
do zebú, não podemos nos eximir de dizer algumas palavras sobre este
assumpto; e, cm primairo logar, convenhamos em que só o facto de
tantos criadores brazi lei ros tomarem o partidodeste animal, já é por si
só sufficiente para demonstrar que elle possue até certo ponto qualidades
que tanto S3 lhe contestam, pois nunca vimos travarem-se discussões
ardentes sobre objectos cuja imprestabilidade seja incontestável.
A LAVOURA 515
E' reconhecido que o zebú oriundo da índia, paiz de clima
muito áspero, offerece uma certa resistência a diversas moléstias con-
tagiosas dos paizes quentes, o que, uma vez bem demonstrado, con-
stituiria a sua principal vantagem, porque o zebú, é geralmente sa-
bido, apresenta muitas vezos uma conformação defeituosa, ossatura
desenvolvida em excesso, pelle espessa e pouca abundância de carne.
Mas afinal de contas o nosso principal intuito é a obtenção da
carne para o talho, o que torna as malformações (estreiteza do peito,
altura das pernas, etc.) bastante secundarias; e, pois que, com uma
acelimatação inquestionavelmente fácil, este animal tem já dado
aqui excel lentes cruzamentos como meio sangue, poder-se-ia ao
menos nas regiões perigosas para as outras raças, dar boa acolhida
a este estrangeiro que não parece regatear os seus dons, e não con-
vém cruzal-o além do meio sangue, pois que a experiência tem de-
monstrado, parece, que o zebú entra em decadência quando este
limite é excedido.
Vemos, pois, que o zebú, apezar de não possuir muito grandes
qualidades, pôde prestar serviços em certas regiões e não deve ser
condemnado sob pretexto de que o hospede asiaticoj^lisonjeia menos
o nosso amor-proprio de criadores de que o gado europeu, o qual,
com razão ou sem ella, consideramos de mais nobre origem.
Convém em criação premunir-se contra estas subtilezas preju-
diciaes, si não perigosas, e encarar os próprios interesses pelo lado
essencialmente pratico.
Não me deterei nos ovinos que deram cruzamentos felizes com
os merinos de Rambouillet ; devem constituir, assim como os equí-
deos, objecto de um estudo especial.
Tão pouco me alongarei sobre os porcinos, dos quaes foram
apresentados bellos specimens, principalmente entre os de raça
ingleza.
Mas, adaptando-se o porco com facilidade aos novos meios, seria
conveniente, tratando-se da criação extensiva corrente, introduzir as
raças francezas, como a Perigord, typo de porco andador, e a crao-
neza, que, mais delicada, é verdade, pissue melhores qualidades
commereiaes, e poderia ser cruzada com o canastrão do paiz.
Lembrarei apenas que tive mais uma vez occasião de admirar
muito bellos burros, pois é universalmente sabido que o Brazil excede
neste género de animaes.
Nossa curiosidade foi também vivamente despertada pelos muito
interessantes hybridos «zebroides», que são devidos ás bellas expe-
SOCIEDADE NACIONAL DH AGRICULTURA
riencias e á sciencia zootechnica de um criador brazileiro. A esla
curiosidade, para os estrangeiros, ainda se «leve accrescentar o inte-
resse que estes animaes promettem para o futuro e sobre o qual
faltarei ulteriormente.
Emflm, contra a vossa espectativa, senhores criadores, que des*
prezaes quasi um filho de nosso paiz, não posso deixai' de eneo-
miar o vosso lindo «earaeú», que pôde, por um aperfeiçoamento
persistente, nos proporcionar uma parte das qualidades que ides
buscar ás vezes bem longe e que deve constituir, não o esqueçamos,
a base, a primeira pedra deste edifício que com nobres esforços e
um êxito certo, erigis actualmente ao renome futuro das bellas
criações que cobrirão dentro em pouco os verdes campos do vosso
admirável Brazil.
Rio de Janeiro, novembro de 1908.
GUSTAVE MÊTRAL,
Ex-yeterinario em eh •!'.■ dos domínios da S. Alto/a o Khodiva, encarregado
do serviço veterinário da Força Policial Feder.il d.i Brazil.
0 trigo
A cultura do trigo, que, ha muitos annos, foi entre nós iniciada,
tendo tido mesmo algum desenvolvimento em certas zonas, tanto do
norte, como do sul de Minas, havia desapparecido completamente sem
uma causa conhecida.
Sendo, porém, este cereal o mais importante de todos pelo seu
consumo universal, alliado ao sou grande poder nutritivo, o governo
do saudoso mineiro Dr. João Pinheiro, determinou que fosse, no campo
de experiência annexo á Directoria de Agricultura, e em outros esta-
belecimentos agrícolas do Estado, estudada cuidadosamente a sua
cultura.
O resultado das experiências feitas até agora, naquelle campo e
a partir de fevereiro ultimo, é o mais animador e concludente que se
poderia esperar, permiltindo, por isso, desde já, aconselhar o plantio
do-trigo, si não em todo o Estado, ao menos, nas zonas de campo
que tenham um clima semelhante ao desta região.
Das variedades experimentadas, como se vê abaixo, todas se des-
envolveram e produziram satisfactoriamente, destacando-se, todavia,
as denominadas Barleto, Majorca e Trimenia.
A LAVOURA 517
Quand) â época de plantação, as experiências demonstraram ser
a iflâls própria a que vae do meados de fevereiro a princípios de
maio.
As culturas feitas nesse intervallo não foram atacadas por doença
alguma, nem perseguidas pelos pássaros, apresentando ainda a grande
vantagem de se poder fazer a colheita em tempo de secca, o que não suc-
cederá com as do junho. Km terrenos férteis não ha necessidade do
emprego de adultos, e, si além disso, forem frescos, raramente tor-
nar-se-á necessária a irrigação.
As plantações dos mezes de julho e agosto ficaram muito preju-
dicadas pelos pássaros e não attingiram o desenvolvimento das ou-
tras; as de setembro e outubro tem sido atacadas por um insecto
que corta as plantinhas antes de alcançarem 15 centímetros da
altura.
As experiências, porém, serão continuadas até se fechar o eyclo
em janeiro vindouro ; e dahi em deanle se fará o plantio somente
nos mezes em que os resultados tenham sido melhores, experimen-
tando-se também outras variedades.
A média da producção obtida, calculada por hectare, de 14,7
hectolitros para o trigo Trimenia, 16,7 para o Ferro, 20,6 para o Ma-
jorca, 24,2 para o Barleto e 16 para o Francez, (*) é muito satisfacto-
ria, comparada com as que se acham no livro de Assis Brasil (A
Cultura dos Campos) e relativa a diversos paizes.
Assim éque, segundo o que alli se encontra, a média de hecto
litros de trigo, produzidos por hectare, para os seguintes paizes é: In-
glaterra, 27,7 ; Bélgica, 25,1; Hollanda, 22,2; Noruega, 20,8 ; Dina-
marca, 17. 1 ; França, 15,4; Áustria, 15 ; Hespanha, 14 ; Argentina, 12;
Estados Unidos, n ; e Portugal 9.
Nas experiências realizadas, as plantações quasi todas foram
feitas em linhas afastadas de 40 centímetros; entretanto, esse afasta-
mento poderá ser apenas de 25 a 30 centímetros, o que permittirá plan-
tar-se maior quantidade de sementes e obter-se um augmento cor-
respondente na producção.
O peso dos trigos colhidos foi tamhem muito satisfactorio ; pois,
segundo Assis Brasil, o hectolitro dos melhores trigos, pesa 80 kilogram-
mas e dos inferiores 70, ao passo que o dos nossos foi em média,
de 76,1.
(•) As gemente? desta variedade de trigo vieram da Arpentinc com este nome
-Trigo Krancex.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Itcsultudo» obtidos sobre a cultura «lo trigo "o Campo de expe-
riência «In Directoria «lo Agricultura
Terreno ligeiramente inclinado, pobre o serro, exigindo irri-
gação.
Plantação em sulcos de profundidade de 4 a 5 centímetros.
Fórmula de adubação para ÍOO,1"2-
Escoria Thomas, 2 kilos.— Sulfato de potássio, 1 kilo.— Cal, 5 ki-
los.— Esterco animal, 300 kilos.
Procedência das sementes: trigos Trimenia, Farro e Major ca, da
Itália; Barleto e Francez, da Republica Argentina.
Cura das sementes: banho ralado em solução de sulfato de cobre
a 4%.
Trigo Majorca — Plantado em 7 de fevereiro. Área 100"2. Semente
empregada 0/750. Linhas espaçadas de 0.40. Os colmos attingiram a um
metro de altura, tendo afilhado bem. Foi ceifado em 22 de agosto, tendo
produzido 17 litros de grãos.
Irigo Trimenia — Plantado em 7 de fevereiro. Área 100"'. Linhas
afastadas de 0,40. Attingiu a 1 metro de altura. Foi ceifado em meiado
de agosto, tendo produzido 11,5 litros. Semente empregada 0,750.
Irigo Farro — Plantado em 7 de fevereiro. Área 100ra!. Linhas
espaçadas de 0,40. Semente empregada 0,1 750. Attingiu a 1 metro de
altura, tendo havido desigualdade na granificação. Foi colhido em 20 de
setembro, tendo produzido 15 litros de grãos.
Trigo Farro — Plantado em 12 de março, em linhas espaçadas
de 0,47. Área 100'"2. Semente empregada 0,750. Foi colhido em 30
de setembro, tendo produzido 14 litros de grãos.
Tri go Majorca — Plantado em 12 de março, em linhas afastadas
de 0.40. Área 1001"2. Semente empregada 0,1 750. Foi ceifado em 21 de
setembro, tendo produzido 21 litros de grãos. Attingiu a lm, 10 de
altura.
Irigo Trimenia — Plantado em 12 de março. Área 100m2. Semente
empregada 0/800. Cresceu pouco. Foi colhido em setembro, tendo
produzido 8 litros de grãos.
Trigo Francez — Plantado em 6 de abril, em linhas espaçadas
de 0.40. Área 100m2. Semente empregada 0,440. Foi colhido em 23 de
setembro, tendo 16 litros de grãos
Trigo Barleto — Plantado em 6 de abril. Foi ceifado em 21 de
setembro, tendo produzido 24,5 litros. Área 100Mi. Distancia entre as
linhas 0.40. Semente empregada 0.750. Attingiu a l'",60 de altura.
A LAVOURA 510
Trigo Farro — Plantado em 6 de abril. Área 50. mS. Semente
empregada 0,325. Foi colhido em I de outubro, tendo produzido 10 litros
de grãos.
Trigo Majorca — Plantado era LS de abril. Área :>0.'"\ Distancia
entre as linhas 0.40. Foi colhido em 1 ■< de agosto, tendo produzido 10,5
litros. Semente empregada 0,' 320.
Trigo Trimenia — Plantado em 16 de abril. Área 50m2. Distan-
cia entre as linhas 0.40. Atlingiu aO.DO de altura. Foi colhido em 15
de agosto, tendo produzido 10 litros de grãos.
Trigo Trimenia — Plantado a 16 de maio. Área. 50, '"\ Semente
empregada 0/440. Distancia entre as linhas 0.44. Foi colhido em
15 de outubro, tendo produzido 10 litros de grãos.
Trigo Barleto — Plantado em 1(5 de maio. Área 50'"3. Linhas
espaçadas de 0.44. Attingiu altura média de 1 metro. Foi' colhido em
1 de outubro, tendo prcduzido 12 litros de grãos. Semente empregada
0', 340.
Iritjo Farro — Plantado em 10 de maio. Área 50'"-. Distancia entre
as linhas 0"',44. Attingiu a 0"',60. Foi colhido em 15 de outubro,
tendo produzido 11 litros de grãos, semente empregada 0,440.
Trigo Majorca — Plantado em 16 de maio. Área 50"'\ Distan-
cia entre as linhas 0,44. Foi colhido em 10 de outubro, tendo pro-
duzido 9,5 litros. Semente empregada, 0',440.
Trigo Trimenia — Plantado em 13 do junho. Área— 100 m\
Linhas espaçadas, de 0"\30. Semente empregada 0l, 750. Attingiu a
0m,50 de altura. Foi ceifado em 20 de outubro, tendo produzido 1 4 litros
de grãos.
Trigo Majorca — Plantado em 13 de junho. Semente empre-
gada O',600. Distancia entre as linhas 0,30. Attingiu a 0a,70 de altura.
Foi colhido em 20 de outubro, tendo produzido 25 litros.
Trigo Farro — Plantado em 13 de junho. Área — 100",2.
Distancia entre as linhas, 0,30. Semente empregada, 0,750. Foi
colhido em 2 de novembro, tendo produzido 12,5 litros de grãos.
Pesos de 100 litros de cada uma das variedades de trigo colhidos
no campo:
k
Trigo Trimenia 78,5
» Farro 73,0
» Barleto 76,5
» Majorca 76,5
Média 76,1
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Quuili-o resumindo s»« experiências
(P.ira 1 00m?)
VARIEDADES
MEZE3
H
g
§
o
ta
Fevereiro
Março
Abril
Maio
JUDhO
X 11,5
X 8,0
X 20,0
X 20,0
X 14,0
1
X 15,0
X 14,0
X 20,0
X 22,0
X 12,5
••: 17,0
X 21,0
X 21,0
X 19,0
X 25,0
X 24,5
X 24,0
X 10,0
Médias
14,7
16,7
20,0
24,2
16,0
Média das médias — 18,4
Do Minas Geraes.
-&$&HfiM3$€-
EXPEDIENTE
Secretaria
Oori-espoiídoiicia, diiiTvnte o incz cie íiovemlbro
Expedida :
Circulares 336
Telegrammas 100
Cartas 96
Registrados 10
Oíflcios . 6
Monographia da « moléstia dos animaes » 331
«A Lavoura» 3.850
A LAVOURA 521
Recebida :
Ollicios 25
Requerimentos 111
Cartas 235
Telegrammas 40
Circulares 5
Memoranda 6
Boletim 1
Representação 1
Fornecimento tle arame (arpado
Pedidos satisfeitos 37
Extensão dos rolos ( metros ) 310.852
Custo dos mesmos, fornecido pela Sociedade . . . 9:6ti8$600
Custo adquirido no mercado 13:130$000
Economia realizada pelo agricultor 3:4G1$100
Agradecemos á Directoria do Grémio Polymathico «Manoel Xavier», de
Petrolina, a gentileza da participação de ter sido empossada a nova Directoria
que deve gerir os seus destinos no período annual de 1908 a 1909.
Carta honrosa — Bambuhy, 20 de outubro de 1908.
«Exm. Sr. Presidente da Sociedade Na uonal de Agricultura.
Tive hontem a agradável communicação de ter sido admittido como mem-
bro da Sociedade Nacional do Agricultura.
Ilonra-mo sobremaneira esse Tacto. Oxalá que possa eu contribuir de algum
modo para o engrandecimento dessa patriotici aggremiação, que visa impulsio-
nar a mais valente fonte de riqueza quo possue o Paiz. Sim, eu creio que
nenhuma outra a esta poderá se igualar, uma vea que soja nacionalmente
explorada, e creio mais, que não são os nossos productos mais compensadores
os mais explorados.
Muitíssimas riquezas existem, que são ainda pouco conhecidas e outras intei-
ramente desconhecidas, especialmente na fecundíssima fonte de fortuna, cuja
exploração faz objecto dessa bem orientada sociedade. Estou plenamente con-
vencido de que o esforço individual será impotente para abrir lastro commer-
cial e industrial ás novas descobertas de nossa pujante, fecunda e variada flora.
Só o esforço collectivo será capaz de resultados satisfactorios. Só nelle eu
creio como elemento vivificante das forças amortecidas pela descrença do lavra-
dor, cansado pelos roàneiros processos legados por noísos maiores ; só nelle
espero como força capaz de operar reaes metamorphoses que vão libertando
o lavrador da penúria a quo estava condemnado pelos prejuízos de educação
facilitando-lhe o traballio, triplicando-lbo a producção e remunerando-lhe muito
mais fartamente o seu afan, hoje novo. Esse esforço collectivo está [ perfeita-
mente synthetisado hoje na Sociedade Nacional de Agricultura, além dos syn-
dicatos agrícolas.
Tanto a fortuna particular, como a publica, augmentam suavemente.
522 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
A Sociedade Nacional de Agricultura, pois, si não são excessivamente
optimistas as minhas previsões, esta fadada a operar a resurreição da riqujza
publica pelo augmento da paiticular, que já vae operando.
Julgar-niG-kei muito foliz, si conseguir concorrer com qualquer contiQgen to
para essa obra gigantesca.
Agradeço, pois, sinceramente reconhecido a acceitação, como lambem a
proposta de meu nome.
Para o bom desempenho do meus devores, preciso bem conhecer os estatutos
da sociedade, e peço a V. Ex. remetter -me um exemplar, e bem assim avi-
sar do qualquer contribuição pecuniária que cumpra fazer agora, afim de que
eu a satisfaça som demora alguma.
Grato a V. Ex. pela sua gentileza para commigo, subscrevo-me com ver-
dadeira estima e real consideração
O consócio e amigo, Antero Torres,
CíhCê — O Sr. Dr. "Wonceslão Bello, Presidente da Sociedade Nacional de
Agricultura, recebeu do Sr. João Ferreira da Rosa, lavrador de café" em Bata-
taes, Estado de S. Paulo, a seguinte cirta :
« Saudações — Tenho o prazer de participar-lhe que os lavradores deste
município, em reunião hoje, tomaram a resolução de não colherem a safra
de café pendente de 1 '. »08 a 1909, alini de valorisar rapidamente, convidan-
do pelos jornaes da capital, aos outros municípios no Estado a adherir ao
movimento para o qual já se acha convocado um Congresso de Lavradores
em .lalai ou s. Manoel. E' uma medida justa e necessária e não importa om
muito para uma classe que se acha habituada a solTrer e ser sempre desam-
parada e deixada á selecção natural, aggravada sempre, e em todas os tempos,
por impjstos desarazoados e tarifas monstruosas. E, por cumulo do caiporismo,
nem escolas, nem leis que a protejam existem, a não ser uma ou duas, quanto
a escolas. Parece que a maldição de Deus cahio sobre esta raça latina, que
invadindo a America do Sul e parte da do Norte, as conquistaram a canhão
e strichinina, expurgando seus legítimos donos e apossanJose de seus bens.
Poço-lhe dar publicidade na A Lavouro, a noticia da reunião dos lavra-
dores aqui, onde tomei parte, e pedi aos collegas fluminenses, mineiros e
espiritosantenses suas adhesões a esta nossa resolução, levados pelo desespero.
E' perder muito pouco, pois muito mais perderam com a abolição e muito
temos perdido nestes últimos annos, que o café mal tem nos dado para custear
as lavouras e nossa subsistência e educação dos filhos, perecidos ou levados
com a maior economia possível. Entretanto as estradas de forro prosperara
e dão dividendos enormes. O Estado locupleta-se desapieda lamente, as alfan-
degas cobram oxorbitancias e o clamor é geral o justo.
Assim Deus nos proporcione melhores dias e razoável credito, pois com
justa razão estamos desacreditados no estrangeiro, porque vivem os Gover-
nos deste paiz gastando o alheio e peiindo-o sempre emprestado, sem nunca
so lembrar de pigar o que ha tantos annos emprestaram-lhe.
E' com toda a estima e consideração do sócio e criado amigo,
João Ferreira cia Rosa. »
Secção Tschnica
Expôs içtlo A^rioola om Fribiu-go — Começam a se mani-
festar os effeitos de incitamento devidos ã Exposição Nacional e que se hão de contar
entre os maiores benefícios que cila ha do produzir.
Vau t:r a prioridade o município de Friburgo, que animado com os brilhantes
resulta^ los obtidos por seus representantes nas exposições de flore \ fructas e legumes,
que a Sociedade Nacional de Agricultura realizou ao grande certamen da Praia
Vermelha, pretende agora realizar por si uma exposição do mesmo género na
bella cidade de Friburgo.
Essa iniciativa dos membros da Camará Municipal, com o intolligente e dedi-
cado concurso do Dr. Júlio V. Zamith, distincto amador da cultura das llores, vae
ser realizado em princípios de fevereiro próximo, tendo silo convidado para abrir
a exposição o presidente da Socieladc Nacional de Agricultura, que não podia
deixa? do accoitar tão honrosa distincção.
A Camará instituirá premio?, constantes do apparelhos agrícolas, taescomo:
arados, capi nadei ras, apparelhos para tratamento ds arvores fructiferas, etc. A
Sociedade Nacional de Agricultura, por sua vez, pretende olTerecer prémios de
animação.
Ao fazer publica e3la notuia, a Sociedade Nacional de Agricultura não pôde
deixar de manifestar seu applauso A Camará M inicipal de Friburgo por sua uti-
líssima iniciativa, apontando-a como oxe nplo digno de ser imitado pelas outras
municipalidades do Estado.
Será assim, substituindo as lutas e rivalidades estéreis e atrophiantes da poli-
ticagem por essas pugnas do trabalho agrícola era festas de emulação, tão cheias
do encantos, quanto de proveitos, que se ha de a lavoura redimir de suas crises,
fazondo-se respeitar e estimar c ensinando assim como S3 fundam as bases para
a prosperidade sua e do paiz.
>Ia,iitlioca, — Tem o Brasil uma grande riqueza na facilidade e abundância
com que produz a mandioca e essa riqueza é partilhada pelo maior numero de
nossos Estados.
No emtanto, abstrahindo do partido que tiram dessa planta para a alimentação
local, quasi nullo é o interesse apurado. Da mandioca só exportamos a farinha
dosso nome e são bem fracos os algarismos que representam tal commercio, que
muito a custo vai aug-mentando de modo pouco apreciável ; ura pouco de polvilho
que também vai ao estrangeiro, o eis todo o modesto contiagente com que essa
utilíssima plauta concorre para a vida económica do paiz.
Diz-se que a farinha 6 alimento para pobres, imprópria para mesas aristocrá-
ticas o paladar civilizado. Sob essa forma, é certo, a mandioca encontra difflcul-
dade de abrir mercados e dahi remita a falta de desenvolvimento de seu com-
mercio.
No emtanto, o polvilho o a tapioca são verdadeira? preciosidades que a man-
dioca eucerra ; já são conhecidos e procurados em todo o mundo e tem assim
mercado já feito e ganntido. O Brasil não os explora senão em escala insignifí-
SOCNínAHK NACIONAL DE AGRICULTORA
cante, talvez porque já constituem industria fabril o nós estamos ainda bem mal
preparados para industrias que não sejam agrícolas, as quaes só vivem por efteito
da protecção, qus tanto se tem exaggerado o que tão dilílcil está tornando a vida
s •m nenhuma vantagem económica para o paiz.
Acreditamos que a própria farinha de mandioca encontrará mercados no
estrangoiro quando já pudermos colher os resulta los de uma bem orientada e
persistente propaganda de nossos productos. Mas, ainda mesmo sem isso e sem a
industria do polvilho o da tapioca, a mandioca podo se constituir objecto de grande
commercio externo, sendo exportada em espécie.
Soubemos em Antuérpia que a nossa commissão de expansão económica tem
recebido pedidos importantes desS3 producto. .lá antes nos fora coramunicado que
o Museu Commercial desta capital recebera pedido de algumas toneladas para
inicio de commercio.
Nada se tem adiantado, no emtanto, de positivo, nessa questão, cuja impor-
tância, aliás, 6 ovidente, pois que o valor real de uma nação ó afferido hoje pelo
valor de seu commercio externo.
A difficuldade inicial do problema 6 que a mandioca não pôde ser exportada
no estado em que a terra a produz, pelo risco, que corre, do se deteriorar no porão
dos navios durante a viagem, não podendo tampouco supportar os ónus do trans-
porte em camarás frigorificas, como se faz com as fruetas e as carnes, por isso que
precisa ser producto barato, em sua qualidade de matéria prima.
Para que o preço que se consiga encontrar nos mercados estrangeiros possa
ser remunerador, sorá preciso a desoccar com esmero.
Esse é o problema que cumpre resolver, obtendo o producto por buxo preço, para
adquirir assim mais um bom género de exportação, que virá beneficiar á lavoura
de muitos Estados, pois é sabido quanto e barata a cultura da mandioca entre nós.
Acreditamos que, resolvido esse problema, o êxito é certo, pois não faltará
mercado consumidor e é de esperar que nossos homens de governo, sabendo com-
prehender o seu dever em face das exigência-; da expansão económica do paiz,
providenciarão de modo ellicaz para que os fretes e os impostos não impossibilitem
esse commercio matando em seu nascedouro a producção agricola que precisamos,
podemos e devemos crear.
A Sociedade Nacional do Agricultura, em sua ultima reunião de directoria,
resolveu chamar a attonção dos interessados para esse importante problema, e, no
intuito de estimular as pessoas capazes de achar a desejada solução, instituiu três
prémios, sendo o 1°, de 1:000$, o 2», de 600$ e o 3° de 400$000.
Para isso a Sociedade exige dos concurrentes: Io, a descripção detalhada e clara
do processo empregado ; 2o, a demonstração do custo de producção do preparo
industrial ; 3o, a apresentação do producto na quantidade minima de cinco (5) to-
neladas, em e3tado de ser embarcado e remettido para a Europa, como experiência,
até 31 de maio próximo futuro.
São condições de preferencia para o premio : Io, o maior preço alcançado na
praça de Antuérpia, com margem para lucro ; 3o, menor custo do preparo indus-
trial ; 3o, a maior quantidade de producto apresentado.
A Sociedade se promptitica a auxiliar a exportação e a venda, por conta dos
productores.
NOTICIÁRIO
Crelito ^«•-riool» em Mimis — Publicamos ora seguida o de-
creto n. 230i, qu3 trata da instituição do Crelito Agrícola no Estido de Minas
Geraes:
« 0 Vice-1'residente do Estado do Minas Geraes, para execução do disposto na
Li n. 400, de 13 de setembro de 1905, derreta:
Art. 1 .» E' autoriz ido o Secretario de Estado djs Negócios das Finaaçxs a ce-
lebrar, de accordo com o Bane ) de Uredito Real de Minas Geraos, para instituição
do credito agrícola, mediante as seguintes condiçõos :
§ 1.» O Banco se obrigará a fazer:
a) desconto de lettras, bilhetes de mercadorias e warrants emittidos de accordo
com a legislação em vigor ;
b) descontos de letras, notas promissórias acceitas por lavradores e indus-
triaes ou exportadores de produetos da lavoura e industria, com garantia de
duas firmas reconhecidamente solvaveis ;
c) descontos de ordens sacadas por lavradores ou industriaes residentes no
Estado a prazo máximo de quatro mezes ;
d) empréstimos sob garantia de penhor agrícola ;
e) empréstimos a lavradores ou industriaes sob garantia pignoratícia de apó-
lices da divi.la publica federal ou d ) Esta lo, de produetos industriaes ou agrícolas,
ouro, prata e pedras preciosas ;
0 empréstimos sobrj primeira hypotheca de immoveis ruraes ;
g) abertura de credito em conta corrente de movimento sob garantia hypothe-
caria ou pignoratícia para custeio das lavouras, acquisição de machinas agrí-
colas, machinismos aperfeiçoados de b.»ieflciamento dos produetos ag/ieolas ou
para reforma e melhoria de machinismos já existentes ;
h) empréstimos ás cooperativas agrícolas do responsabilidade illiraitada, me-
diante as garantias convenientes;
;■) recebimento de depósitos em conta corrente ou a prazo fixo.
§2.° Os empréstimos feitos pira o fim especial de constituição de lavouras
aperfeiçoadas com garantia pignoratícia de instrumentos agrícolas addicionada á
hypotheciria de irnraoveis, serão limitados ú quantia que for fixada no con-
tracto.
§ 3.° Os empréstimos hypothecarios que forem feitos pela nova carteira de
credito agrícola serão subordinados a ostas condições:
1 não p jderão exceder a um terço do valor venal dos bens, tendo-se em vista
o que serviu de baso para o imposto territorial ;
II terão o prazo máximo do dous annos.
§ 4.° Os empréstimos hypothecarios a prazo maior continuarão a ser feitos
pela actual carteira hypothecaria do Banco de Credito Real do Minas Geraes, na
forma do contracto existen.e e de accordo com a legislação em vigor.
§5." Os empréstimos destina los a custeio das lavouras e em geral os que
forem feitos sob garantia de penhor agrícola terão o prazo de um anno, e não po-
526 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
derão exceder ao valor de metade da producção provável, aUendendo-se além do
calculo da colheita pendente á média das quatro anteriores.
§ 6.° A taxa máxima de juros e descontos da nova carteira de credito agrí-
cola será de 8 °/0 ao auno.
§ 7.° Krnquanto se fizer a cobrança da sobretaxa do 3 francos pjr sacca de
café, o Governo poderá determinar a reducção da taxa de juros e descontos até 6 °/0
annuaes para as operações puramente agrícolas, reduzindo na mesma proporção
os juros cobrados ao banco pelas quantias effecti vãmente empregadas em taes ope-
rações.
§ 8.° Serão estabelecidas agoncias do I lanço nos muuieipius em que a directoria,
de accordo com o r.overno, julgar necessário.
§ 9." Mediante garantias espr>ciaes e com assontimeuto prévio do Governo, po-
derá o barco lazer empréstimos a emprezas de construcções ruraes quo so propo-
nham a montar, por conta de agricultores, fazendas mo lelos, praparan lo terrenos
destinados a culturas intensivas e installando machiDismos de boneficiamento de
produetos agrícolas.
§ 10. Nas mesmas condições poderão ser leitos empréstimos ás Camarás Muuici-
pães que se proponham a funiar usinas de electricidade aproveitando força hydrau-
lica para illuminação publica e cessão de força motriz a industrias manufactoras.
§ 11. No contracto que for celebrado para creação da carteira de crelito agrí-
cola serão estabelecidas clausulas garantidoras dos interesses do Estado ligados
aos do estabelecimento bancário, ficando expressamente estipulado que as opera-
ções feitas furadas bases determinadas correrão sob a responsabilidade pessoal do
Director que as tiver ordenado.
Art. 2.° O Governo depositará no banco, a titulo de empréstimo para as opera-
ções de que trata este decreto, até a quantia de dez mil contos de réis.
§ 1." As quantias depositadas vencerão o juro annual de 5 %. pago semestral-
mente.
§2.° O emprostimo será amortizado em 20annos, a contar de 1" de janeiro
de 1913.
Art. 3.° O banco terá o mesmo capital com que está constituído.
Art. 4.° O Governo intervirá na administração do banco nomeando um di-
roctor, que sorá o Presidenta e ao qual caberá o direito de vetar as deliberações
da directoria que lhe parecerem contrarias aos interesses do Governo, havendo
desse veto recurso para o Secretario das Finanças.
Paragrapho unieo. Os estatutos do banco e as reformas que nelles forem feitas
serão submettiJas à approvação do Governo do Estado.
Art. 5.°Revogam-se as disposições em contrario.
Palácio da Presidência do Estado de Minas Geraes em BjIIo Horizonte, 21 de
novembro de 1908.— Júlio Bueno Brandão. — Juscelino Barbosa.»
I3aiico de Custeio Rural — Xo Thesouro do Estado do S. Paulo
foi assignado o coutracto para constituição do Banco de Custeio Rural do Itapira,
ficando o mesmo nestas condições habilitado a receber 50:000$ em apólices especiaes
de auxilio agrícola.
Ensino A.g-1-ieola e Commercial — O Sr. Dunshee de Abranches,
deputado pelo Estudo do Maranhão, apresentou á Camará dos Deputado3 o seguinte
projecto do lei :
A LAVOURA 527
« O Congresso Nacional decrota :
Art. I.° Na Alfandega do Maranhão será cobrada por espaço de dozannosa
taxa de 1 % sobre o total de cada nota de despacho do importação, sendo a respe-
ctiva importância mensalmente entregue á Associação Commercial daquelle Estado.
Art. 2° Em virtude deste favor, essa Associação se obrigará a dar As quantias,
que receber, a seguinte applicação :
a) Organizar e manter cursos theoricos o práticos de commercio e agricultura,
ssndo o; cursos práticos de agronomia localizados fora da capital, onde fõr julgado
mais conveniente ;
5) Construir edifícios adeqmdos a essas instituições ;
c) Publicar um boletim semestral, dando conta .i lavoura de todos os progressos
da agricultura e da situação economico-fínanceira da Republica, peraute os merca-
dos estrangeiros ;
d) Distribuir sementes e plantas novas, que possim ser com vantagem accli-
roadas no paiz;
c) Facilitar, por todos os meios ao seu alcance, o povoamento do solo mara-
nhense, estabelecendo um serviço completo de informações sobre clima, produeção,
riquezas naturaes, meios do transporte, preços de géneros e sua collocação, e terras
devolutas nas diversas zonas do Estado ;
f) Crear o serviço de estatística commercial do Maranhão ;
g) Emprehender todos os melhoramentos tendentes a desenvolver os conheci-
mentos commerciaes o agrícolas.
Art. 3o. A Associação Commercial do Maranhão, para executar os serviços
comprehcndidos no artigo anterior, poderá dar como garantia de qualquer emprés-
timo os recursos que lhe são concedidos na prosente lei.
Art. 4". Uevogam-se as disposições cm contrario .»
O CíiPé do Brasil iiíi Exposição tio ^Vsti .— Ao café brasi-
leiro foi conferida a distineção máxima no certamen do Asti. Obteve o diploma da
taça de honra.
Ins»t it«toTiitei'naeioniil cie -\.e-i'ieiilt uva,— Inaugurou as suas
sessões no dia 27 deste mez este Instituto, cuja sede é, cimo se sabe, em Roma.
A sessão foi presidida pelo Sr. famillo Barròre, embaixador de França junto ao
Quirinal, achando-se presentes tolos os delegados nacionaes e estrangeiros.
Importação de aniiiines .— O Governo de Minas adquiriu os seguin-
tes aniniaes, importados do Rio da Prati o que figuraram na exposição feita por
occasião da Exposição Nacional, pelo Sr. Manoel Bernardez :
Cap Ortcgal, cavallo reproduetor, da raça Percheron Posticr ;
Ouro Preto e Rosa de Uberaba, casal de raça flamenga, de grande tamanho e
excellcntes qualidades leiteiras.
Casal de lanígeros, cara negra, de raça Oxford-Shire-Dcwn ;
Destes animaes foi também adquirida pelo Dr. Carvalho Brito uma cordeira
cara negra, para a sua fazenda do Pedro Leopoldo.
— Destinados ao Sr. Mário de Oliveira Barboza, fazendeiro e criador, ciiegaram
pelo vapor Terence cinco exemplares da raça suissa I arge Black Essex, adquiridos
na Inglaterra. Estes animaes descendem directamente de animaes que obtiveram
diversos primeiros prémios e dous campeonatos, tendo sido um delles o campeão do
1908.
714 6
558 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Kxi>osição Agrícola. — A Sociedade Pastoril, Agrícola o Industrial
do Jaguarâo pretende levar a effeito em 1S09, uma exposição agriojla, tendo para
esse fim convocado os seus membros para uma assembléa geral, em que se dis-
cutirão as bases do futuro certamen e para confecção do respectivo programma.
Posto Zooteclinieo em Perntimlbiíeo. —Pela Directoria da
Contabilidade do Thesouro Federal foi concedido o credito de 100:000$ á Delegacia
Fiscal de Pernambuco, para ser posto á disposição do Presidente da União dos Syn-
dicatos Agrícolas, para a fundação de uma estação agrícola e pjsto zootechnico na
cidade do Recife.
PARTE C0MMERCIAL
Novembro de 1908
Café
Yenderam-so 160.000 saccas contra 201.000 no mez anterior.
Entraram 220. 4S8 saccas contra 253.383 no mez anterior.
Os embarques foram de 371.321 saccas contra 353.425 no mez anterior.
Existência no dia 15 — 252.625 saccas contra 289.612 no dia 31 de outubro.
Existência no dia 30 — 270.766 saccas contra 252.625 no dia 15.
Os extremos das cotações foram:
ía quinzena
Por arroba Por 10 hilos
Typo n. 6 5$600 a 5$800 S$813 a 3$949
» » 7 5,$200 » 5.^400 3$540 » 3$67ò
> » 8 4$900 » 5$1U0 3$336 » 3$472
> >9 4$600 » 4$N00 3$132 > 3$368
2a quinzena
Por arroba Por 10 hilos
Typo n. 6 5$Õ00 a 5$800 3$744 a 3$949
> » 7 5$200 » 5$")00 3$540 > 3j744
> »8 4$900 » 5$200 3$336 > 3$540
» > 9 4$600 » 4$900 3$132 » 3$336
O typo n. 7, disponível, do Rio cotou-se em New- York a 6 1/2 c. por libra e
o de Sautos a 7 5/16 c. Na Bolsa os preços foram: 4.45 c. em 2; 5.40 c. em 4 e 9;
5.35c. em7 e 10; 5.30c. em 5 e 6e 11; a 5. 25 c. em 12; 5.20c. em 13; 5.10 c.
em 14; 5.05 c. em 16, 17, 20, 21, 27, 38 e 30; 5 cem 18, 19 e 25; o 4.95 cem 23e24.
As entradas do Rio, detalhadamente, foram :
A LAVOURA
í» quinzena
tíaccau
listrada dj Ferro Central do Brazil 39.653
Cabotagem 4. 709
Barra dentro 56.612
Total 101.034
2» quinzena
Saccas
Estrada de Ferro Central do Brazil 42.454
Cabotagem 10. 5*14
Barra dentro 66.430
Total 119.454
Géneros importados
Qualidade Quantidade Preços
Carne secea (do Rio da Prata) 17.430 fardos
Durante o mez :
Rio Grande (systema antigo) Não ha
Dita (systema platino) nova $630 a $760
Rio Grande, Fronteira, patos e mantas $720 > $800
Rio da Prata, manta só S740 » $900
Farinha de trigo 12.200 barricas
4a quinzena
Americana (barrica) Não ha
Dita (sacco) Não ba
l'or 2 saccas
Rio da Prata :
1» qualidade 25.s000
2» dita 24$000
3" dita 23$000
Moinho Inglez :
Nacional 24$000
Brazileira 23$200
Buda-Nacional 25$200
Moinho Fluminense :
S. Leopoldo 24$500
O. 0 23$500
2' quinzena
Americana (barrica) Não ha
Dita (sacco) Não ha
Por 2 saccas
530 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Rio da Prata :
Ia qualidade
2a dita
3a dita
Moinho Inglez :
Nacional
Brazileira
Buda-Nacional
Moinho Fluniiuense :
S. Leopoldo
O. O
25$50U
24$500
23$500
24*500
23$7ti0
25$700
24$500
23$590
ía quinzena
Manteiga — G00 caixas :
Deraagny, Isigny (latas sortidas) 2^520 a 2$540
Brétel Frôres (latas sortidas) 2$200" » 2-^240
Lopelletier 2$430 » 2$4"í0
Modesto Gallone (sortidas) l $850 » 1$950
Esbousen Não ha
L. Brura 2$550 a 2$560
Buskc Júnior 2$350 » 2$380
Marclet Não ha
Outras marcas 1$8 J0 a 2?000
A nacional vendeu-se : a de Minas, de 3$400 a 3$600 ; a do Sul, de 2$500
2a quinze
Domagny, Isigny (latas sortidas) 2$520 a 2$540
Brotei Frercs (latas sortidas) 2{200 » 2$240
Lepelletier 25440 > 2$4f'>0
Modesto Gallone (sortidas) 1$S50 » 1$950
Esbouscn Não ha
L. Bram 2$">50 a 2$560
Buske Júnior 2$350 » 2$360
Marclet Não ha
Outras marcas 1$800 a 2$000
A nacional vondeu-so : a do Minas, de 3$400 a 3$C00 ; a do Sul de 2£400 a 2,$800.
Géneros nacionaes
Aguardente
Durante a Ia quinzena o mercado, si bem que com pmeo movimonto, so con-
servou estável e sem alteração de preços; na 21 quínz3na o mercado tornou-so
frouxo e os preços soffreram baixa.
Por pipa sem o casco :
ia quinzena
Preços
Paraty 140$000 a 150$000
Angra 130$000 » 133$000
Campos 120$000 » I25$000
Macjió 12)$000 » 125$000
Bahia 120.J030 » 125$000
Pernambuco 121$ 100 » 12x$000
Aracaju 120$000 » I25$000
Sul 120$000 » 125$00Q
2* quinzena
Paraty 125$000 » 1 40$000
Angra 125$000 > 130$000
Campos 115$000 > 120$000
Macoió US$000 » 120.10C0
Bihia 115$000 » 180|000
Pernambuco 115$000 » 120^000
Aracaju 115$000 » 120$000
Sul , . . . U5$000 » 120$000
jVlcool
Na Ia quinzena do mez o mercado esteve com pjuca procura, tendo sido maiores
as entradas, que constaram de 4">3 volumes de diversos centros produetores. Du-
rante a 2' quinzena o mercado esteve frouxo devido a insistentes offertas do Norte,
/* quinzena
40 gráos . . , 220$000 a 230$000
Íi8 > 230$000 » 210$000
38 > 190$000 » 200$000
Por pipa som o casco :
2' quinzena
40 gráos 170$000 a 180$000
38 » 1(10$000 > 1701000
30 > 150ÍO00 » 160$000
SOCIEDADE NACIONAL DK AGRICULTURA
Algodão em i-;i mu
Atoo dia 15 manteve-so inalterado tanto nos mercados productores do Norto
como no estrangeiro ; do dia 16 em doante o mercado esteve regular, bem susten-
tado, conservando-se os preços sem mudança.
/* quinzena
Fardos
Existência no dia 31 de outubro 12.476
Entradas :
Natal 4.301
Parahyba 2.235
Pernambuco 1.425
Ceará 643
Assa 512 9.116
21.592
Sabidas dos trapiches 8.926
Existência no dia 14 12.666
Preços :
Pernambuco 8$6C0 a 9?000
Rio Grande do Norte 8$300 » 9$000
Parahyba 8?600 > 8$800
Ceará 8$600 » 9$000
Sergipe Nominal
Penedo Nominal
Maranhão Nominal
2* quinzena
Fardos
Existência no dia 15 12.966
Entradas :
Pernambuco 7.060
Parahyba 3.148
Ceará 1.100
Natal 500
Assú 231
Maceió 200 12.245
25.211
Sahidas dos trapiches 8.686
Existência no dia 30 16.525
Preços :
Pernambuco 8$600 a 9$000
Parahyba 8$600 » 8$800
Rio Grande do Norte 8$400 » 8$600
Sergipe 8$200 > 8$600
Ceará Nominal
Penedo Nominal
Maranhão Nominal
Assucar
No principio do mez os compradores deste género conservaram-se na especta-
tiva, aguardando a abertura dos preçosda eoliigação, sendo, pois, quasi nullos os
negócios feitos. No fim do mez fizoram-se alguns negócios de vulto em brancos,
crystaes e mascavinhos; mas, infelizmente, o mercado não melhorou.
I3 quinzena
Pernambuco :
Branco usina Não ha
Dito crystal Não ha
Dito 3a sorte $450 a $460
Crystal amarello $340 > $170
Mascavinho $333 > $330
Somenos $380 > $390
Mascavo bom $280 » $293
Dito regular $260 » $370
Dito baixo $240 » $250
Sergipe :
Branco crystal $450 » $470
Chrystal amarello Não ha
Mascavinho Não ha
Mascavo bom $280 » $290
Dito regular — $270
Dito baixo $240 a $250
Campos :
Branco crystal $470 » $480
Dito do 2» jacto $420 » $450
Crystal amarello $400 » $420
Mascavinho $360 » $380
Bahia :
Branco crystal , — —
Outras procedências :
Mascavinho — —
Mascavo bom — —
2a quinzena
Pernambuco :
Branco usina Não ha
Dito crystal $415 a $430
Dito 3a sorte $400 » $420
Crystal amarello $360 » $380
Mascavinho $340 > $410
Somenos $320 » $310
Mascavo bom $200 » $280
Dito regular — $260
Dito baixo — $240
li SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Sergipe :
Branco crystal $400 a $110
Crystal amarei Io Não ha
Mascavinho $300 a $300
Mascavo bom - $270
Dito regular — $270
Dito baixo — $240
Campo t :
Branco crystal $430 a $440
Dito 2o jacto $370 » $410
Crystal amarello $310 > $3S0
Maseavinho ; $3L0 > $370
Maceió :
Branco crystal $415 a $420
Crystal amarello $3< >0 » $380
Mascavinho s340 » $360
Mascavo bom $270 » £280
Dito regular — .s260
lh quinzena
Suecos
Arroz nacional 24$C00 a 2<>|000
Dito inferior 18?000 » 22JG00
Dito agulha, 1» qualidade — 39$000
Dito, 2a qualidade — 36i;000
Dito, 3» qualidade 2 '.$000 » 28$000
Feijão preto de Porto Alegre 10$000 » 12$000
Dito idem da terra 12$000 » 13$000
Dito idem de Santa Catharina, superior. . . . 10$000 » 12$300
Dito do Paraná Nominal
Dito mulatinho 8|500 a lOsOOõ
Dito manteiga 22$000 » 24$000
Dito enxofre, nacional 14$000 » 16$000
Dito do cores, nacional 11*000 » 14$000
Farinha de mandioca especial 9$500 » 10$000
Idem fina 8$G0O > 9$200
Idem peneirada 8$000 » 8$400
Liem grossa 6$200 » 6$500
Idem do Norte (grossa) — —
Idem de Laguna (grossa) 6$000 » 6$S00
Milho amarello do Norte 8$000 » 8$300
Idem da terra 8£000 » 8$300
A LAVOURA
Idem idem misturado 7*500 » 8$O0O
Canglca 15$000 » 16$000
Favas 7$000 » 8$000
Kilogrammas
Alpiste $380 a $4C0
Fubá de milho $140 » $200
Matte era folha $"100 > $500
Tapioca $::00 > $360
Polvilho $170 » $200
Carne do porco $000 > $?0o
Línguas do Rio Grande (uma) 1$U00 > 1$200
2" quinzena
Saccos
Arroz nacional 24$C00 a 25$000
Dito inferior 18$000 » 2 1 $000
Dito agulha, Ia qualidade — 38$000
Dito, 2a qualidade 34s000 » 35$000
Dito, 3" qualidade — 26$000
Feijão preto de Porto Alegre IOsuOO >> 12$000
Dito idem da terra 12$000 » 13$000
Dito idem de Santa Catharina, superior. . . . 10$000 » 12$n00
Dito do Paraná Nominal
Dito mulatinho 8$500 a 11$000
Dito manteiga 26$000 » 28$000
Dito enxofre nacional 14$000 » 16$000
Dito de cores, nacional 11 $000 » 14$000
Farinha de mandioca, especial 9$500 > 10$200
Idem, fina 8$600 » 9$200
Idem, peneirada 8$000 > 8$400
idem, grossa 6$200 » 6s590
Dita idem, do Norto (grossa) — —
Dita idem. Laguna (grossa) C$000 » 6$200
Milho amarello do Norte 8$G00 » 8$800
Idem da terra 8$300 » 9$000
Idem idem misturado "$800 > 8$200
Cangica 15$000 > 16$0^0
Favas 8$000 > 12$000
Kilogramma
Alpiste $380 a $400
Fubá de milho $140 » $200
Matte em folha $400 » $500
Tapioca $300 » $360
Polvilho $170 » $200
Carne do porco $600 » $700
Línguas do Rio Orande (uma) 1$000 » 1$200
4 7 ■
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
I-1 n m o em rolo
Os negócios foram, pouco importantes durante todo o mez.
1* quinzena
Preeo3
De Minas, especial 1$200
Dito superior 1$100
Dito 2" 1$000
Dito ordinário $800
Ooyano, superior 2$200
Baixo Nom.
Rio Novo superior 1$800
Dito 2» 1$030
Dito baixo $800
Pomba superior 1$200
Dito 2a 1$000
Dito baixo $900
Carangola 1$100
Picú, especial 2$200
Dito Ia 1$600
Dito 2» 1$200
Bahia 1$100
Pernambuco Não ha
2a quinzena
Dito de Minas, especial 1$100
Dito superior 1$400
Dito &» 1$000
Dito ordinário $800
Goyano superior 24000
Baixo Nom.
Rio Novo superior 1$600
Dito 2a 1$000
Dito baixo $800
Pomba, superior 1$200
Dito 2» l$000
Dito baixo $900
Carangola 1$100
Picú especial 2$200
Dito Ia l$r>00
Dito 2» 1$200
Bahia 1$100
Pernambuco Não ha
Sal
Entraram 6.820.429 kilos por cabotagem, que se cotou de 2$ a 8$200 por
40 litros.
\ LAVOURA 537
Mercado monetário
Existência do ouro na Caixa ilo Conversão :
EM 15 DE NOVEMBRO
Librab esterlinas 5 211.381
Francos 10.307.110
Marcos 2.000
Dollars 129.785
Liras 60
Pesos argentinos 2.080
Ouro nacional 166:040$
EM 30 DE NOVEMBRO
Libras esterlinas 5.186.517
Francos 10.370.180
Marcos 3.840
Dollars 130.585
Liras 280
Pesos argentinos 2.270
Pesetas hespanholas 50
Ouro nacional 165:210$
A importância ile notas conversíveis em circulação ora de 90.704:850$000.
Preço dos soberanos fora da Bolsa— 1P$050.
CAMBIO
As taxas offlciaes continuaram a manter-se inalteradas, a 15 1/8 d. sobre Lon-
dres nos bancos estrangeiros e 15 3/16 d. no Banco do Brazil. As transacções b»n-
carias fizeram se a esses extremos e as do outro papel de 15 13/16 a 157/32 d., não
se registrando movimento digno denota.
Os extremos das cotações offlciaes furam :
Londes, 90 d/v 15 1/8 e 15 3/16 d.
Pariz, 90d/v $629 a $632
Hamburgo, 90 d/ v $776 a $779
Portugal, 3 d/v 300 a 305 •/„
Itália, 3 d/v $537 a $638
Nova York, á vista 3s288 a 3$295
Vales, ouro 1.793
O valor offlcial de 1$ foi de $500 a $563 ouro e o da libra de 15$803 a 15$868.
Ágio do ouro 77,77 a 78,51 %•
-$§&3>jQt$€€3
-nniIÍDADE NACIONAL DK Af.RlCUI.TURA
BIBLIOGRAPHIA
PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
Recebamos mais as seguintes:
Memoirs of lho Department of Agricultnre of Índia — Vol. I, n. 1, part. II.
The Agricultura! Journal of In<H<t, do Agricultural Research Instituto, de Pusa
(Bengala)— Vol. III, part. I.
Anules Agronómicos, publicação do Ministério da Industria e Obras Publicas da
Republica do Chile.— Anno III, 2°e 3o trimestres de 1903, ns. 2 e 3.
Boktin de Agricul ura, órgão da Sociedade Nacional de Agricultura do S. José
da Costa Rica— Anno II, ns. 15 e 16.
Bolelin dei Ministério de Industria i Obras Publicas, da Republica do Chile.—
Anno VII, n. 1
TRABALHOS DIVERSOS
Com os nossos agradecimentos temos a aceusar o recebimento dos seguintes :
Cullure cl Prâparation du Sisal, por A. Marques. Editor Augustin Cballamel,
17, Rue Jacob, Paris, 1 vol. broch. Nesta obra veom reunidos os estudos feitos nas
ilhas Hawai pelo autor, que 6 o gerente do consulado írancez em Honolulu.
E' um livro de muito valor pratico, que põe o leitor ao corrente de uma das mais
rendosas industrias do uosso tempo «o sisal» ou «henequen».
Conhecendo de vísu as zonas das agaves, o Sr. Marques basêa a sua descripção
era factos práticos, que muito elucidam uma questão agrícola de tanto valor mer-
cantil .
O Brasil precisa conhecer essas plantas textis, que fizeram da península de
Yucatan, tão estéril e secca, um Eldorado, onde as fortunas se suecediam de dia
para dia, produzindo assombro em toda parte, attrahindo de um modo brutal o
capital, que rendia 300 °/0 !
E' um livro que merece ser lido e meditado.
Distillerie Agricole et Industriei le, por E. Boulanger. 1 vol. broch. Editores .1.
B. Bailliere et Fils, 19, rue Hautefeuille, Paris. Chamamos a attencão dos leitores
para o prospecto dessa obra, que publicamos no fim desta secção, limitando-nos a
relembrar que ella faz parte da magnifica Encydopedia Agrícola que os mesmos
editores estão publicando e á qual por diversas vezes nos temos referido nesta
Memoria presentada por el Director de Fomento Dr, Carlos Larrabure i Corrêa
ai Seno,- Ministro dei Rumo. Tomo I, 1907-1908, Lima, Republica do Peru.
Memoria dei Ministério de Industria i Obras Publicas presentada ai Congreso
Nacional en 1908 . Santiago (Chile), 1908.
Fungus Diseases of Cacaoand Sanitation ofCacuo Orchards, por F. A. Stockdale.
Publicação do Imperial Department of Agriculture forthe West Indies.
Commercial Sicilian Sumac, por F. P. Veitch. Publicação do Departamento
Agricultura dos Estados Unidos. Washington, 1908.
Fratstti Sgaravatti. Catalogo geral n . 83. Estabelecimento do Horticultura om
Saonara (Pádua), Itália.
Augustin Challamel, 17, rue Jacob, Paris. Catalogue des ouvrages sur los Cul-
tures Tropicales et les Productions des Colonies. Outubro 1008.
Sluis&Groot. Prix-CourantProvisoirodo Graines pour Marchands. Enkhuizen,
Pays-Bas. Catalogo de 12 de outubro de 1908.
Re il Companhia Ilorlicolo- Agrícola, do Porto. Catalogo geral e doscriptivo das
plantas e outros artigos. N. 41.
Meat Exlracls and Similar Preparations, por \V. D. Bigelow o F. C. Cock.
Publicação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Washington, 1908.
Conlribuliuns from lhe United Slates National Ilerbarium. «The Mexican and
Central American Specios ofSapium», por Henry Pittier — Vol. XII, part. 4.
Estúdio sobre los Trigos dela Provinda de Santa Fe, por Carlos D. Girola,
Buenos Aires, 190V.
El Cultivo dei Trigo en la Província de Buenos Aires g los Trigos dei Sud de la
mistna en la Cosecha de 1902-190! por Carlos D. Girola. Buenos Aires, 1904.
Estúdio sobre los Trigos de la Província de Entre Rios, por Carlos D. Giiola.
Buenos Aires, 1901.
Estúdio sobre los Trigos de la Província de Córdoba por Carlos D. Girola.
As quatro ultimas obras foram oíferecidas á Bibliotheca polo seu illustre autor,
engenheiro agrónomo Sr. Carlos Girola.
A Pita, sua cultura e beneficiamento, por Pedro A. Gonçalves de Carvalho.
Porto Alegre, 1903.
11 Caffè. E' um folheto, no qual o seu autor, Sr. F. Canella, reuniu diversos
dos trabalhos da propaganda que tom feito era prol do nosso principal produeto.
Milão, 1908.
Estatística Agrícola e Zootechnica no anno agrícola de 100-1-1005 das seguintes
localidades do Estado de S. Paulo: S. Sebastião, Jatahy, Cruzeiro, Araçariguama,
Cabreuva, Lagoinha e S. Vicente.
A Imprensa no Amazonas. 1851-1908. Publicação do Governo do Estado.
Manàos, 1908.
7° Congreso Rural Anual celebrado na Associação Rural do Uruguay sob os seus
auspícios. Montevideo, 1908.
Estação Experimental de Agricultura. Relatório apresentado pelo director da
estação André Goeldi ao secretario de Obras Publicas, Terras o Viação do Estado do
Pará sobre os trabalhos executados no primeiro anno (1907-1908).
Directoria Geral de Estatística. Relatório apresentado ao Dr. Miguel Calmon
du Pin e Almeida pelo Dr. José Luiz S. Bulhões Carvalho, director geral. Rio de
Janoiro, 1908.
Exposição Nacional no Rio de Janeiro em 100^. Catalogo Ollicial da Secção Por.
tugueza, por B. C. Cincinnato da Costa. Lisboa. 1908.
Catalogo do Ministério da Guerra na Exposição Nacional de 1938. Rio de Ja-
neiro, 1908.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Catalogo da Secção de Fibras preparadas pelo Dr. José Caetano de Almeida
Gomos, director da Cooperativa Toxtil Sanseviera. Exposição Nacional do 1908.
Catalogo do Estado do Maranhão. Exposição Nocional de 1908.
Noticia sobre o desenvolvimento da Industria Fabril no Districlo Federal e sua
situação actual. Publioção feita pela Prefeitura do Districto Federal para a Expo-
sição Nacional de 1908. Milão, 1908.
Distillerie agricole et industi-ielle, álcoois, eau-de-vie de
fruits et rhums, par E. Boullanger, chef do laboratoire à 1'Institut Pasteur de
Lille. 1 volume in-18 de 500 pages, avec 100 figures. Broche: 5 franes. Cartonné:
ôfranes (Libi'airio J. B. Baillièro et fils, 19, rue Hautefeuille, à Paris).
Uindustrie de la distillerie a pour objoct la produetion de 1'alcool par la dis-
tillation des mouts fermentes. Ces mouts peurent s'obtenir aux depens d'un grand
nombre de matières premières. On reserve ordinairement le nom à' eau-de-vie aux
álcoois qui proviennmt de la distillation des vins, cidres et fruits, et on designe
sous le nom plus general d' álcoois les produits obtenus par la fermentation et la
distillation des betteraves, des melasses, des grains, etc. Les eaux-de-vie snrvent
exclusivement á la consommation de boucho ; les álcoois sont employrs, non seu-
lemente pour la consommation, mais aussi pour d'autres usages industrieis tels que
la fabrication des vinaigres, 1'éclairage, le chauffage, la force motrice, etc.
Les principales matières utilisées pour Ia fabrication des álcoois sont la bette-
rave et la melasse de betteraves, les substances farineuses telles que le mais, 1'orge
leseigle, le riz et le manioc, 1'avoine et la pomrae de terre. La transformation de
ces diverses matières premières donne lieu à des industries três diverses, dont
quelques unes présentent pour 1'agriculteur le plus haut intérêt. Le livre de M.
Boullanger a donc sa place marquéo dans V Encyclopédie Agricole.
Après quelques pages de notions générales sur 1'alcool et 1'alcoométrie, M. Boul-
langer útudie les matières premières de la distillerie, matières sucrées telles quo
la betterave, la málasse, les fruits et mieis, et matières amylacées, telles que les
grains et les pommes de terre.
Vient ensuite la préparation et la fermentation des mouts ; pour chacune do
ces matières, les méthodesde traitement les plus nouvelles sont exposées en dètail.
Le chapitre suivant est consacré à la distillation, à la rectification et à l'apu-
rationde 1'alcool.
Le volume se termine par le controle du travail et le rendement en álcool et
par 1'étude des résidus de la distillerie.
Cet ouvrageestla reproduetion de 1'enseignement professe par M. Boullanger;
il rendra service non seulement aux élèves qui désirent acqui rir les connaissances
tliéoriquos et pratiques indispensables pour aborder 1'industrie, mais aussi aux dis-
tillateurs et aux agriculteurs, en leur permettant de comparer entre elles les
diverses mèthodes de fabrication, eu leur montrant les services quo peuventse
rendre mutuellement la scienco ot la pratique.
714 — 09 — Rio do Janeiro — Imprensa Nacional ■
ESTATUTOS
CAPITULO II
nos sorios
\it. 8.° A sociedade admitte as seguintes categorias de sócios :
Sócios el s, honorários, beneméritos e associados.
í i.° Serão sócios eífectívos tolas as pessoas residentes no paiz que forem
levidamente propostas e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 20^000.
; _•." Sei.io soeios e< u respondentes as pessoas ou associações, com residência ou
sede no extrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus
méritos e dos serviços que possam ou queiram prestar á sociedade.
§ 3.0 Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedicação e
relevantes serviços, se tenham tornado beneméritos á lavoura.
í 4.° Serão associa las as corporações de caracter offlcial e as associações agrícolas,
tiliadas ou confederadas, que contribuírem com a jóia de 30$ e a annuidade de 50$ooo.
S, 5.0 ( )s sócios eífectivos e os associados poderão se remir nas condições que forem
preceitua las no regulamento, não devendo, porém, a contribuição lixada para esse fim
ser inferior a lez 1 10) annui
Art. >)." ' >s associados deverão declarar o seu desejo de comparticipar dos tra-
balhos la soeie ia le. 1 is temais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer
sócio e apresentação le dois membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade.
Art. io. ( is sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as
reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente; terão direito a
publicações da sociedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a
prestar, independentemente de qualquer contribuição especial.
51. Os associados, por seu caracter de coílectividade, terão preferencia para os
referidos serviços e receberão das publicações da sociedade o maior numero de exem-
plares de que esta puder dispor.
§ 2.» 1 1 direito de votar e ser votado é extensivo a tojos os sócios; é limitado,
porém, para os associados e sócios correspondentes, os quaes não poderão receber votos
para os cardos de administração.
§ 3.0 1 >s sócios perderão somente seus direitos em virtude de expontânea renuncia
ou quando a assembléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria.
3=ldBC3-TTT_,JA.JVEJ31srTO
dos sonos
Art. 18. A sociedade prestará seus serviços de preferencia aos sócios e associa lo
|n;in lo estiverem quites com ella.
Art. 19. A jóia devera ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua
accei tacão.
Art. 20. As annuidades poderão ser payas por prestações semestraes.
Art. 21. Os sócios e os ass, , ciados se poderão remir mediante o pagamento das
quantias le 200$ e 500$, respectivamente, feito de uma só vez e independente da jóia,
■rão pairar em qualquer caso.
Art. 22. Os sócios e associa los não poderão votar, nem receber o diploma, sem
terem pairo a respectiva jóia.
' sócio que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se mediante
a apresentação te :o sócios, desde que estes tenham igualmente satisfeito aquellas
contribuições.
§ 2.0 Para esse effeito o sócio devera requerer á Directoria, provando seus direitos
nos termos do paragrapho anterior.
; ;v" Serão considera los beneméritos os sócios que tízerem donativos á sociedade,
a partir da quantia le um conto de réis.
Art. 23. Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados
resignatarios, nos termos los Estatutos, é preciso que suas contribuições lhes tenham
sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendo-lhes ainda assim o recurso
tonselho superior e para a assembléa >reral.
^a
\
EXPOSIÇÃO DE FRUCTAS
Secção de fructas diversas Governo da Bahia
Anno XII — N. li
Rio DK JaNKIRO
Dezembuo dk 1908
©
J
yJBSBUL
de Ac[pieulskupai
HORTO HA PENHA
Capital Federal
PREPARO im SOI.O
^ VIRIBUS UNITIS €«
BRAZIL
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Fundada em it> de janeiro de 1807
Caka-postal, 1245 Sede: Ruas da Alfandega n. 108
Endereço Teleçraphico, AGRICULTURA 9 General Camará n. 127
Telephone n. 1416 bio nu jjnriuo
DIUBCTOKIA
Presidente — Dr. Wencesláo Alves Leite de Oliveira Bello.
i° Vice-presidente — Vago.
2" Vice-presidente — Dr. Sylvio Ferreira Rangel.
3° Vice-presidente — Dr. Domingos Sérgio de Carvalho.
Secretario Geral — Dr. Heitor de Sá.
i° Secretario — Dr. Francisco Tito de Souza Reis.
2" Secretario — Dr. Benedicto Raymundo da Silva.
3° Secretario — Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva.
4 Secretario — Alberto de Araújo Ferreira Jacobina.
i° Thesoureiro — Dr. João Pedreira do Couto Ferraz Júnior.
2o Thesoureiro — Carlos Raulino.
r>l roetoi-os das Socíõe§
Horto da Penha Dr. Wencesláo Bello
Fazenda de Santa .Mónica Dr. Sylvio Rangel.
Secretaria, Álcool c Museu Dr. Benedicto Raymundo.
Secção Technica e Bibliotheca Dr. Heitor de Sá.
Plantas e sementes Dr. Monteiro da Silva.
Propaganda e estatística Alberto [acobina.
Tliesouraria Carlos Raulino.
Oolln boração
Serão considerados collaboradóres não só os sócios como todos que quizerem ser-
vir-se destas columnas paia a propaganda da agricultura, o que a redacção muito
agradece. A lista dos collaboradóres será publicada annualmente com o resumo dos
trabalhos.
A redacção não se responsabilisa pelas opiniões emittidas em artigos assignados, e
que serão publicados sob a exclusiva responsabilidade dos autores.
Os originaes não serão restituídos.
As communicações e correspondências devem ser dirigidas á Redacção d'A LA-
VOURA na sede da Socieda.le Nacional de Agricultura.
A LAVOURA não acceita assignaturas.
E' distribuída gratuitamente aos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura.
Condições <l.-> publlcnção «los nnnuncioa
vezes meia pagina uma pagina
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3 30$ooo 5o$ooo
6 5o$ooo oo$ooo
12 9 $1 OO 17' >$< » IO
Os annuncios são pagos aJe mudamente.
Tiragem 5.000 exemplares
SU MM AR IO
Criação de Carneiros 541
A defesa da Sociedade na Camará 544
Escola agrícola de Goyana 550
Fixação do azoto pelos micro-organismos 569
Extincção da Formiga Saúva 574
Expediente 579
Noticiário 582
Parte Commercial \q,,
Bibliographia 599
Anno XII - N. 12 Rio de Janeiro Dezembro de 1008
EDITORIAL
Criação de carneiros
Ainda pouco desenvolvida entrenós, a criação de carneiros é no
emlanto uma das mais remuneradoras fumas da exploração da indus-
tria pastoril.
Os Estados do Rio Grande do Sul, Minas e S. Paulo, começam jà
a cuidar attentamente no desenvolvimento da criação de lanígeros,
mormente o Rio Grande do Sul, onde são encontrados rebanhos des-
destinados á producção de lã, consumida nas suas fabricas de tecidos e
em algumas fabricas de chapéos no Estado de S. Paulo.
A quantidade porém, ainda insuficiente, não basta nem mesmo
para o consumo do próprio Estado que recorre aos mercados platinos,
principalmente das fronteiras para o fornecimento da lã, necessária ás
suas fabricas.
Nos Estados do Norte, a criação dos ovídeos quasique se resume
no gado caprino, sendo de modo quasi geral, dominante o systema
extensivo, e visada commercial mente a exportação dos courinhos.
Até então, a attenção dos nossos criadores está por assim dizer vol-
tada somente para o gado vaccum, cujo aperfeiçoamento vae se
accentuando pelo cruzamento com animaes de caracteres ethnicos bem
definidos.
E' já notável o desenvolvimento que vae tendo entrenós a im-
portação dos bovideos puro-sangue que, ao lado da selecção no nosso pró-
prio gado, levará aos nossos campos uma população bovina composta de
indivíduos sadios, satisfazendo perfeitamente ás condições exigidas para
a carne, leite e trabalho, uma vez que os princípios fundamentaes da re-
producção, ensinados pela zootechnia moderna não sejam desprezados e
que os criadores escolham de preferencia para reproductores animaes
de boas raças, abandonando a tendência infelizmente notada de infestar
as nossas campinas com o gado adquirido no littoral da índia.
A lei de importação de animaes reproductores, facilita do mesmo
modo, a entrada de indivíduos das varias espécies da industria pas-
toril, devendo o nosso criador aproveitar-se das vantagens que ella lhe
offerece, procurando desde já introduzir indivíduos das melhores raças
LIBRAPV
NEW WUK
UaKUBN.
SOCÍEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
), quer lanígeros, caprinos, suínos ou equídeo, simultaneamente
com o vaccum .
Os ovídeos, como os bovideos, produzem a carne e o leite, sendo
ainda explorados para a produção de lã, pelles e sebo, aliás mais rico
em stearina que o dos bovideos, e por isso o mais procurado para a
fabricação das vellas.
O consumo universal da carne de carneiro é considerável,
havendo mesmo paizes que a consomem mais do que a do gado vaccum.
A criação dos lanígeros na Austrália tez a riqueza desta região e
na Europa inteira as lãs australianas tem sempre a preferencia dos
mercados.
Nas Republicas do Prata, o desenvolvimento da producção la-
nígera tem sido grande, representando avultada riqueza.
O Brazil presta-se perfeitamente ao desenvolvimento da criação
de carneiros, estando, porém, neste ponto ainda bastante atrazado,
sem ter tirado o proveito das boas condições com que a natureza
o doutou.
Cumpre, pois, que, os nossos criadores, voltem as suas vistas para
este ramo de industria pastoril, aproveitando as vantagens que o actual
regulamento de importação de animaesde raça lhes proporciona, não es-
morecendo no movimento que parece ter se iniciado para desenvolver
entre nós a criação dos lanígeros, como julgamos, pelos pedidos de in-
formações sobre as melhores raças de ovídeos, que nos tem chegado na
Secretaria da Sociedade Nacional de Agricultura.
Quanto aos reproductores lanígeros a introduzir, convém lembrar
que não nos devemos limitar a determinadas raças, sob o falso pretexto
de se prestar esta á lã, aquella á carne, provado como está pela sciencia
zootechnica a inexactidão do antagonismo physiologico entre as duas
producções e poder um mesmo individuo produzir simultaneamente
carne e lã .
Além disto, os dois productos, são igualmente apreciados podendo
o mjunctamente dar lucro ao criador, uma vez queeste adopte os modernos
processos hoje empregados na Europa e que consistem, em traços geraes,
na manutenção de um mesmo numero de cabeças em um rebanho, sendo
o commercio feito com o numero excedente, o que tem permittido aos
criadores, cobrir todas as despezas com o producto da venda da
carne, obtendo como lucro liquido o resultado auferido com o com-
mercio da lã.
Um outro ponto ainda, que deve preoccupar os nossos criadores na
importação dos lanígeros de raça éa direcção da corrente económica no
A LAVOURA 543
momento, á qual devem seguir estrictamente, de modo a entregar para o
consumo, productos de primeira qualidade, de fácil venda e remu-
neradora.
O productor deve ter sempre bem presente, a lei da offerta e da pro-
cura, determinante das condições económicas da produeção, orien-
tando esta deaccordo com o gosto e necessidade de momento, de modo
a satisfazer ao mercado consumidor.
Orientar a produeção de carneiros no sentido do commercio ae lã,
não deve ser exclusivamente a doutrina adoptada tendo em vista o baixo
preço desse produeto em virtude da sua affluencia nos mercados, de-
vida ás producções da Austrália e da Republica Argentina.
Desde cerca 30 annos passados, manifesta-se a crise na Europa
pela concurrencia das lãs cólon iaese platinas, que chegaram mesmo a
dominar os mercados.
Xo em tanto, na Republica Argentina o commercio das lãs tem di-
minuído, baixando aexportação de 237.110 toneladas em 1900 a 168.599
em 1904, sem que nenhuma epizootia tivesse grassado nesta época,
sendo a baixa tão somente explicada pela depreciação dos preços nos
últimos annos.
As condições económicas da produeção da lã e da carne, aconselham
no momento actual aos criadores, seguir uma orientação tal de modo a
preparar-se para o commercio de ambas não esquecendo que os mercados
para carne tendem a desenvolver-se pelo augmento de consumo sempre
continuo, que se observa actualmente.
Os criadores argentinos, a medida que sentem a diminuição no
commercio das lãs, vão sendo remunerados com o augmemto que lhes
prop u-ciona a exportação de carneiros, quer em pé, quer congelados e que
elevou-se de 2.485.949 cabeças em 1889 á perto de 5.000.000 em 1904.
Mas, se augmenta o consumo de carne, o de lã tende também a au-
gmentar, diante da necessidade que naturalmente se impõe no uso de
roupas de lã, não havendo, portanto, nenhuma justificação para o aban-
dono de uma das producçõas.
O productor, porém, sujeitando-se ás leis económicas, deve obe-
decer a corrente que se manifesta no momento, satisfazendo ás exigên-
cias dos mercados consumidores.
No momento actual, o productor deve ter em vista que a lã deve ser
considerada como um produeto accessorio ecujo valore proporcional ao
do produeto essenck-1 que é a carne, salvo casos excepcionaes, da falta de
mercado ou de outra em que possa haver interesse relativo na produeção
da lã.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Na França, a criação de carneiros tem tido a orientação que dizemos
acima e nas fazendas mais próximas aos grandes mercados onde a toa
qualidade da carne é a principal exigência do consumidor, os criadores
têmquasi queexclusivamen te se dedicado aos carneiros de peso médio de
45 kilogrammasou um peso liquido de 20 kilogrammas de carne.
A maior despeza que esta criação possa acarretar, pelo facto de ser
mais despendiosa a criação dos pequenos animaes, em proporção
ao seu peso, será compensada pela facilidade da venda do producto e
maior preço que attingir a sua carne.
A raça Charmoise proveniente de Loir et Gliair-França, na fazenda
de Charmoise foi obtida pela mestiçagem com as raças kent, berrichone,
tourangelle e merino, e depois pela selecção e consanguineidade foram,
por Malingiéem 1843, firmados os caracteres da variedade. (*)
Os caracteres desta raça, são: ta lhe e peso médios, cabeça curta e larga
na fronte, perfil rectilinio, peito largo, lã branca, sem manchas, grossura
média, e comprimento de 0,m15. E' rústico ede fácil engorda, sendo na
França considerado o carneiro tanto das regiões ricas como das regiões
pobres.
Rio, 1908 setembro.
Sousa Reis,
Engenheiro Civil
A defesa da Sociedade na Camará
Trasladando para as columnas do nosso boletim o discurso pro-
ferido pelo Dr. Henrique Borges Monteiro em sessão da Gamara dos
Srs. Deputados, de 2 de dezembro actual, não nos move a vaidade de
pôr em relevo quanto de honroso e elevado para a Sociedade N. de
Agricultura se encontra no alludido discurso, mas tão somente o dever
de, ainda uma vez, pôr os nossos consócios e todos os quecojitam da
agricultura do paiz ao corrente dos esforços despendidos por esta
sociedade em prol da santa causada lavoura, tão esquecida de uns, tão
malsinada por outros.
Accresce ainda que á Sociedade não ficava bem calar o longo e
substancioso discurso do illustre deputado Dr. Henrique Borges, em
(") La race da la Charmoise— P. 'le la Chamberlière.
A LAVOURA
defesa ás accusações levantadas na mesma casa do parlamento bra-
zileiropor um dos seus mais dignos membros, accusações essaá de
todo infundadas e injustas, como soem ser as que não têm por base a
evidencia de factos eloquentes e incontestáveis.
Agradecendo de publico ao distincto deputado Dr. Henrique Borges
a espontaneidade e sinceridade da brilhante defesa com que nos hon-
rou, passamos a transcrever o discurso em questão:
O Sr. Henrique Borges - Sr. Presidente, a hora adiantada em
que hontera foi iniciada a discussão do parecer sobre as omendas ao orçamento
da Viação, lè/.-me suppor que ella continuaria hoje e assim proporcionar-niu-hia
ensejo do adduzir algumas considerações om defesa da Sociedade Nacional de
Agricultura contra as accusações formuladas pelo illustre deputado Sr. Calogeras,
cujo nome peço permissão para declinar, como também das emendas que formulei
com outros collegas de bancada.
Tendo sido, porôin, hontem mesmo, encerrada a discussão, prevaleço-mc
desta hora, para supprir a omissão afim de que, a par das necusações, figure nos
annaes desta casa a defosa da benemérita sociedade com os dados estatísticos que
farei publicar em seguida ás minhas palavras.
Para que a defesa pudesse ser completa, em face da grande autoridade moral
do que merecidamente gosa o honrado deputado polo Kstado de Minas, pelo seu
talento, pela sua vasta illustracão, extraordinária capacidade de trabalho e pela
elevação com que encara os assumptos sujeitos ao seu estudo, entendi preferível
trazer escriptas as minhas observações.
As accusações feitas á Sociedade Nacional de Agricultura são tanto mais
injustas quanto mais visam apoucar os serviços de uma corporação já reconhecida
benemérita pelos órgãos autorizados da lavoura, da administração publica e do
próprio Congresso, onde não são poucos os membros que conhecem e têm, com
justiça, apreciado a sua decisiva influencia na evolução agrícola que se vae ope-
rando no paiz.
Disse o illustre deputado em seu discurso proferido na sessão de 30 de
outubro :
As incumbências commetlidas d Sociedade Nacional de Agricultura mais pare-
cem de ordem litteraria do que pratica, si a julgarmos pelo boletim, incomprehensivel
para a maioria dos nossos lavradores, e pelos discursos que se celebram nas sessões
periódicas daquella associação .
A Sociedade Nacional de Agricultura é, como todos sabem, uma associação de
propaganda ; e esta, como é natural, se exerce pela palavra oral e escripta.
A contrariar, sem duvida, o modo de ver, a respeito, polo honrado deputado,
estão as estatísticas que constam de quadros publicados pela operosa associação,
e pelos quaes se verifica o desenvolvimento crescente de sua correspondência para
toda parte do paiz e do estrangeiro, onde a sua influencia chega por meio desses
discursos, desses boletins e de grande numero de monographias distribuídas
annualmente sobre varias culturas e outros assumptos práticos, além de publica-
çõos interessantes e opportunas pelos jornaes desta capital.
Das referidas estatísticas so verifica que, somente nos nove primeiros mezes
SOCIEDADIO NACIONAL DE AQUICULTURA
deste anno, recebeu a sociedade 2 935 cartas, 274 officios diversos e mais 138 do
Governo da UDião e dos Estados, 8.000 circulares e 582 tolegrammas.
Que a sua acção não é simplesmente theorica e litteraria estão ahi a provar
os factos que se reproduzem todos os dias e que não escapara, por certo, aos que
se interessam sinceramente pela lavoura nacional.
Já em 1899, quando foi denunciada a introducção da philoxera em Minas, por
videiras importadas, coube á Sociedade Nacional de Agricultura dar o alarme,
verilicar o facto e providenciar para a destruição das plantas portadoras do peri-
goso inimigo, conseguindo com esta providencia o mais completo êxito.
Quando a pneumo-enterite se manifestou, em Minas e no Rio de Janeiro, cau-
sando grandes devastações nos suinos, foi ainda ella que tomou a iniciativa de
mandar um profissional estudar a moléstia e que vulgarisou instrucções sobre a
sua prophilaxia.
Em 1906 teve ainda a sociedade opportunidade de prestar reaes serviços de
caracter inteiramente pratico, como se verifica pela leitura do seguinte trecho da
mensagem de 1907, do eminente Sr. Presidente da Republica:
« Os gafanhotos causaram lambem sorios daranos em al_runs Estados e, com
especialidade, no Rio de Janeiro, S. Paulo e Districto Federal.
Como (experiência e no propósito de attender á solicitação dos pequenos lavra-
dores na visinhança desta capital, incumbi a Sociedade Nacional de Agricultura
de emprehender, segundo instrucções approvadas pelo Governo, a extincção desta
praga na areado Districto Federal. As providencias adoptadas não podiam provar
melhor, pois em pouco mais de três mezes se concluíam os trabalhos com o mais
brilhante êxito.»
Ainda no anno passado, ao annnnciar-se o apparecimento da febre aphtosa,
quando os poderes públicos, desarmados, nenhuma providencia tomaram, ella fez
publicar pela imprensa da Capital instrucções interessantes e utilíssimas, que
reproduzidas pela imprensa do interior e distribuídas em circulares, foram as
únicas providencias levadas em auxilio da nossa industria pastoril.
Recentemente conhecida a invasão de nuvens de gafanhotos nos Estados pró-
ximos, praga que por falta de providencias adequadas por parte dos poderes
públicos ameaça tornar-se endémica nesta região, a única providencia que se sabe
ter sido contra ella tomada, consta de publicações da Sociedade pela imprensa da
Capital e larga distribuição de avulsos com minuciosas instrucções para combater
o temeroso mal.
Por sua exclusiva iniciativa e a expensas suas, tem ella feito estudar no
estrangeiro diversos productos nacionaes, entre os quaes lembrarei algumas varie-
dades das nossas painas que estudadas na Hollanda foram reconhecidas, algumas
iguaes o outras superiores ao Kapoh, producto similar procedente da índia e das
Antilhas e que tem franco consumo na Europa.
O seu boletim dá conta de todos estes trabalhos, como de muiios outros ainda
não menos importantes, taes como o commercio de fructas para o estrangeiro, os
precessosde acondicionamento experimentados em varias remessas, etc.
O grande numero de associações agrícolas, já superior a 150, existentes no
puze que vão invadindo as paragens longínquas do Amazonas, Matto Grosso e
Goyaz, em sua quasi totalidade filhas da propaganda da Sociedade, a ella ligadas e
acceitando as suas inspirações, é a melhor prova dos reaes serviços desta associa-
A LAVOURA 547
ção em uru paiz cuja riqueza e prosperidade estão precisamente no desenvolvimento
da agricultura e onde o único órgão conhecido, que solicitamente pugna sem
deseanço por estes interesses ô a benemérita Sociedade.
Si em seu começo, a sua propaganda tinha um caracter theorico, com o fim
de preparar os espíritos e, portanto, o terreno em que tinha de operar, ninguém
ignora que logo que ella reconhecou o meio propicio, enveredou resoluta pelo
caminho da pratica.
Nesta ordem de idéas cumpre destacar em primeiro logar os dois notáveis
congressos r acionaes de agricultura, projectados e realizados por exclusiva inicia-
tiva da Sociedade, sob os auspícios do Governo da União e nos quaes se fizeram
representar officialmente osgovernos do todos os Estados, assim como agricultores
de todo o paiz, entre os quaes muitos membros do Congresso Nacional.
i)o primeiro destes congressos, não ha negal-o, parte a benéfica transformação
que se vae operando na lavoura nacional, quer no tocante á sua união e congra-
çamento para a defesa de seus legítimos interesses, que» relativa ás modifica-
ções dos velhos processos agrícolas e adopção gradual dos consagrados pela
sciencia moderna.
Ainda nesse memorável congresso tiveram seu berço todas as reformas e
providencias legislativas tendentes a auxiliarem o desenvolvimento da agricultura»
entre os quaes convém notar o Ministério da Agricultura, as leis dos syndicatos e
das cooperativas, a distribuição gratuita de plantas e sementes, o auxilio para a
introducção de naproductores e muitas outras.
Além destes dois congressos organizou ainda a sociedade o Congreso das
Applicações Industriaes do Álcool, em que tomou brilhante parte o illustre depu-
tado Sr. Calogeras, a primeira Conferencia Assucareira da Bahia, de que resulta-
ram a 2a e 3a e resultará em breve a 4a, a reunir-se em S. Paulo.
Destes certamens, é preciso ser-se cego para se não ver os benefícios colhidos
pela lavoura da canna, que nelles estudou e preparou a sua actual organização.
Ainda do ponto de vista da propaganda pela demonstração pratica, é preciso
citar a bella exposição de uvas por ella realizada no edifício da Prefeitura desta
capital e que auxiliada pelos ensinamentos proficientes do Dr. Pereira Barreto,
deu verdadeiro impulso á viticultura entre nós, podendo hoje considerar-se viti-
cultores os Estados de Minas, S. Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Pouco antes havia ella feito uma exposição agrícola em um dos prados desta
capital, e deve estar ainda na memoria de todos a bellissima exposição de appa-
relhos destinados ás applicações industriaes do álcool, também aqui realizada, eas
que se seguiram as de Porto Alegre, Pelotas, Formiga, Florianópolis e ouiras,
cuja utilidade pratica ninguém poderá contestar.
Uma visita ao pavilhão da sociedade, na Kxposição Nacional, bastaria para
mostrar a orientação e o espirito pratico que preside á sua propaganda.
Deixando de parte as collecçSes propriamente agrícolas, as bellas collecções
de fibras tcxtis, di madeiras, a secção de zoologia agrícola e outras, os catálogos
explicativos e instructivos, ctc, basta entrar-se na sua secção de informações
para admirar-se, ã par da vasta collecção de trabalhos de propaganda, quer refe-
rentes á agricultura propriamente, quer á questões económicas de real interesse
para o paiz, os mappas agrícolas organizados em conjuncto e em detalhes, por
Estado;, mostrando sua composição geoologica, a natureza de seus terrenos, seu
54S S0CIEDADI5 NACIONAL DH AGRICULTURA
clima, a distribuição de suas diversas cultura;, suas vias de communicacão, seu
commercio do importação e exportação, etc.
Alóm destes ainda alli se encontram outros, assim como diagrammas, mos
trandoa superfície e a população dos Estados, as zonas occupadas no paiz por cada
umadas nossas principaes culturas e industrias extractivas do origem vegetal eo
movimento económico de nossa producção agrícola.
Estes trabalhos, que ropresentara adrniravol osforç >, mereceram unanimes
applausos dos competentes que o examinaram o, si, como ó natural, não repre-
sentam uma obra perfeita, são certamente um inicio bera orientado para ser com-
pletado, com inestimáveis vantagens para o estudo do paiz e de sua propaganda
do ponto de vista agrícola.
Em relação ao serviço de distribuição do plantas e sementes, que a sociedade
tem feito por conta do governo, e cujas contas são prestadas perante o Thesouro,
de quem tem sempre recebido as quitações, si ha queixas contra esto serviço, n5o
faltara, mesmo aqui na Camará, quem dè testemunho da solicitude cora que a
sociedade procura desempenhar-se delle.
A distribuição de plantas e sementes é feita naturalmente de accordo eom as
verbas decretadas para o serviço.
A sociedade convida no principio do anno os interessados a fazerem seus
pedidos e desde que reconhece que estes tem attingido ao numero que as respecti-
vas verbas podem comportar, declara pela imprensa estar encerrada a inscripçâo
dos pedidos, que, entretanto, não se suspendem. Este anno, por exemplo, dada a
redueção considerável da verba, desde maio a sociedade declarou não poder mais
attender a pedido de plantas vivas para o corrente anno, entretanto, até agora
estáarecebel-os. Naturalmente, taos pedidos não poderão ser attendidos e dahi
não raras as queixas.
A sociedade tem tido reclamações, poucas é certo, referentes a plantas chega-
das a seu destino em máo estado. Faz o que lho cumpre, levando a reclamação ao
conhecimento de quem fez o transporte. O que pôde mais fazer? Que responsa-
bilidade lhe pôde caber no transporte de plantas vivas, com demoras o baldoações,
sem terem cuidados culturaes por muitos dias ?
O quadro da distribuição de plantas e sementes pela sociedade até setembro
ultimo demonstra a necessidade de ser augmentada a verba para este serviço, que,
sem duvida, tem concorrido efflcazmente para o desenvolvimento da fructicultura
e da polycultura, em geral, entre nós.
Pelo referido quadro se vê quede 18.083 pedidos feitos á sociedade, somente
15.798 puderam ser attendidos, resultando uma difforença de 2.285, no numero dos
quaes se acharão provavelmente muitos daquelles a que se referiu o honrado
Sr. Calogeras.
S. Ex. responsabiliza, cora grande injustiça, a Sociedade Nacional de Agricul-
tura pela carestia do álcool, que certamente impede o desejável desenvolviraent >
da propaganda industrial deste producto. Mas o que pôde fazer a Sociedade Nacio
nal, para diminuir o preço do álcool, anão ser pela propaganda oral e escripta,
pelos constantes appellos que faz aos poderes públicos no sentido de serem postos
â disposição da lavoura as estações agronómicas, os campos do demonstração e
experiências para o flm do se habilitarem os lavrador.s a produzirem bastante,
bom o barato?
A LAVOURA ai'1
Não seria mais justo responsabilizarmo-nosa nós mesmos, que em vez de alo-
ptarmos esta simples politica, nos temos deixado arrastar por preconceitos de um
exaggerado proteccionismo, querendo ver nos altos preços e na carestia vantagens
reaes para a industria, sem prestarmos attoacão aos int Tessos da massa geral dos
consumidores, como se fez ainda ha pouco com relação aoassucar ?
A sociedade, como todos sabemos, recebe unicamente dos cofres públicos, a
titulo de subvenção, a exigua quantia de 20:000$, que, reunida á renda pro-
veniente das annuidades dos soeios, constitue os recursos de que ella dispõe para
attonder aos trabalhos de propaganda e do informações, de que se pôde fazer
idéa pela estatística de sua correspondência, a que acima rr.o referi e, ainda
mais, ao desenvolvimento de seus importantes museu e bibliotheca.
Sua direotoria é composta do prestimosos cidadãos que, com admirável de-
dicação e louvável patriotismo, lho dedicam todo o tempo que lhes deixam livres
as profissões do que vivem.
Em consecutivos rei itorios, que circulam impressos, a directoria tem afflr-
mado a impossibilidade em que está a sociedade de manter, sem os recursos
necessários, a fazenda de Santa Mónica em condições de poder prestar á sua
propaganda pratica os serviços que julga necessários. Seus directores, todos
oceupados com os trabalhos de que tiram a subsistência, não podem se entregar
;i administração regular de um serviço que exige, além de competência technica,
cuidados permanentes o ininterruptos.
Por isto, a directoria tem empenhado esforços, já com as administrações
passadas, já com a actual, no sentido de ser aproveitada aquella fazenda
para a installação de uma estação agronómica e posto zootechnico. obtendo
finalmonto, do actual Sr. Ministro da Industria a promessa de que isso se
fará.
Como se vè, a sociedade nenhum recurso recebo para custear a fazenda ;
entretanto, ainda que com grandes sacrifícios, alli mantém um aprendizado agrí-
cola, onde muitos proprietários rui'aes foram pessoalmente aprendor o manejo
e applicação das machinas agrícolas o flzeram-se experiências, entre outras, do
applicações de adubos chimicos cujos resultados se acham descriptos em seu
boletim e expostos na Exposição Nacional.
Mas, si não é possível á sociedade sub-dividir os seus esforços com os min-
guados recursos de que dispõe nem por isto tem deixado do oceupar-se com a
propagando pratica. Concentrando neste particular, todas as suas attenções pira
o Horto da Penha, mantém alli um aprendizado, tem iniciado serviços para
transformar esto estabelecimento em uma Kstação Agronómica, tendo já no cor-
rente anno, distribuído mais do 12.000 plantas vivas.
O fornecimento de aramo, formicidas, iustrumentos agrários etc, a seus
sócios, é ainda a demonstração cabal do espirito pratico que domina a So-
ciedade Nacional de Agricultura.
Querendo demonstrar a seus sócios as vantagens dos syndicatos e coopera-
tivas no tocante á acquisição de produetos necessários ao custeio das lavouras,
resolveu fazer a applicação em relação áquelles produetos. Ella somente os
fornece aos seus sócios, quando quites de suas contribuições annuaes e que
remettam-lhe a respectiva importância ou autorizem o pagamento no Rio, á vista
do respectivo conhecimento.
1410 2
SOCIEDADE NACIONAL DR AGRICULTURA
Como se trata do propaganda ella não retira commissão alguma, como
fazem os syndicatos e cooperativas para o custeio do serviço.
Em publicação recente pela imprensa. mos'.rou a sociedade que uào dis-
pondo de capital para importar directamente e ter o necessário deposito para
attender aos pedido-; de arame, é obrigada a contractar annualmente, mediante
concurrencia, com casas commerciaes que se incumbem de mandar vir o artigo,
armazenal-o e fazer as remessas, á medida que chegam os pedidos.
E natural que o contractante tenha lucros compensadores para o empate
de seu capital, despezas de armazenagem o serviço de expedição da mercadoria
e si o honrado Sr. Deputado Calogeras quizesse ser justj para com a sociedade
teria um bom ensejo em tace da explicação clara e cabal ora fornecida sobre
o assumpto.
Certamente a cifra do arame farpado fornecido pela sociedade a seus sócios é
bem insignificante em relação ao total do arame de todas as qualidade-; importado
no paiz, mas nem por isto é menos instruetiva. para o lavrador, a demonstra-
ção que se lhe pretendeu lazer.
Com effeito, pelas estatísticas publicadas pela benemérita sociedade se vo-
ritica que ella tem já attendido a 62-i pedidos no total de 4.720.205 metros de
arame, importado para os seus sócios em 173:078$300. A mesma porção de arame
comprado no mercado custaria 208:360$. Resulta dahi que os sócios da socie-
dade fizeram uma economia de 7ó:281$400, pequena, é certo, em relação a todo
o arame importado no paiz, mas bastante para demonstrar aos lavradores que,
unidos em syndicatos ou cooperativas, elles conseguirão realizar economia na
acquisição de artigos para o custeio de suas propriedades e que, em relação ao
arame farpado, taes economias se elevarão a 30, 31 %.
Do exposto resalta a injustiça com que o honrado Sr. Calogeras julgou a
Sociedade Nacional de Agricultura que, pelas suas tradicções, pelos inestimáveis
serviços que vem prestando á lavoura nacional, se torna ca la dia mais merece-
dora da estima e consideração publica e inc.~nte-tavelmente credora da pro-
tecção ilos poderes públicos de quem tem sido um auxiliar efflcaz.
Passarei agora, Sr. Presidente, a uma ligeira analyso do parecer da honrada
Commissão de Finanças sobre algumas das emendas que tive a honra de for-
mular.
Direi desde logo que não comprehondo, nem me parece justificável, o superior
desdém, permif ta-me a expressão, com que ella fulmina grande parte das emendas
como de interesse puramente local.
O que é o interesse nacional senão o eonjuncto dos interesses locaes? 0 quo
somos aqui senão representantes de interesses regionaes?
A emenda n. 212, referente á desobstrucção dos rios que desaguam na bahia
do Rio de Janeiro, não attende a uma conveniência puramente estadual, pois que
esse serviço, cuja despeza annual é limitada a 100:000$ pela sub-emenda do Sr.
Deputado Balthazar Bernardino, interessa ao saneamento desta cidado. ás obras
do seu porto: são o seu complemento.
A emenda n. 170, consignando a verba a verba de 200:000$ para a limpeza e
rectificação dos rios SantAnna, Guandu, s. Po .Iro e Cara mijo, interessa imme-
diatamente, directamente, á conservação do leito das Estradas Central e Auxiliar,
que são próprios federaes .
\ LAVOURA
0 orçamento deste serviço, foi por ordem do ex-ministro da viação Dr. Lauro
Miiller, feito por intermédio da Estrada Contrai, que já tem feito trabalhos parciaos
no interesse da conservação do leito de suas linhas.
Quanto á limpeza do canal de Mossoró, na lagoa Araruama e ao seu prolonga-
mento, despeza quo não excederá de trinta contos e de que trata a emenda n. 244,
também interessa a união.
Da limpeza e prolongara 'nto desse canal depende a continuação da producção
dosai em salinas que rendem annualrmnte pira a União cerca de noventa contos
de réis, como se vê no quadro que publicará em seguida a este.
Exactamente quando sopra o nordeste, que tanto favorece, na região, a pro-
ducção do sal, as aguas fogem do canal, impeliu 'o a prolucção, o que não se
dará uma vez prolongado este até o outro extremo, pois as aguas, desobstruído o
canal, circularão desembaraçadamente.
A despeza está orçada em menos de trinta contos de réi- o feita a objca, a
renda da União duplicará de modo que em um exercício ella resarcirã com va 1-
tagem a importância despendida. A despeza 6, pois, de natureza rcproductiva.
A nudaque a União aufere actualmente e de quasi !X)U00$ annuaes o com a obra,
orçada em menos de 30:000$, crescerá, na misroa proporção, ao augmento da
producção do sal.
Estou corto do que, ao votar as emendas, a ("amara tomará em consideração o
que venho de expor [Muito bem ; muito bem.)
quadros estatísticos demonstrativos a que se referiu o sr. deputado
Henrique Borges
Sociedade Nacional de Agricultura — Movimento da secretaria:
Correspoi denciu recebida — Ofjícios
AN NOS
CARTAS
DIVERSOS
COVE' Kfi|
[RCULARES
TKI.K-
CRAMM»!
1900 (do 1 de outubro)
93
355
451
1.553
1 370
1.579
1.855
3d
2S'.l
238
1S2
30
42
83
97
12!
114
4!
3S
301
3
140
167
1903
190:
1906
1907
171
136
1908 (até 30 de setembro) . . .
2.035
257
li. 175
2.228
673
1.10S
MiCIKDADK \\i:l.).\L D1C \OniCHr,TIJH A
Correspondência expedida — Officios
ANNOS
CARTAS
DIVERSOS
—
CIRCULARES
TELE-
GRAMMAS
1898 (de 26 do janeiro)
1899. ...
229
491
360
210
33?
413
462
478
1.796
62
136
44
164
223
237
36
3!)
13(5
79
33
»1
132
io:
1.044
2.50S
4.407
8.006
4
3!)
1DS
119
204
227
339
473
1908 (até 30 de setemb
■o). . . .
2.723
. 5S2
9.372
1.354
806
16.565
2 095
DISTRIBUIÇÃO DE PLANTAS E SEMENTES DE SETEMBRO DE 1902 A SETEMBRO DE 1908
Plantas vivas
: frucliferas do pai;
Especificado
Espécies: Abacateiro, abieiro, anona, ameixa
amarella, ameixa de Madagáscar, abricó
comraura, amoreiras, araçá de coroa,
bacupary do norte, boribá, butiá, cabel-
luda, cacaueiro, cajazeiro, manga, ca-
jueiro, canelleira, chrysophilum kainy-
tum, carambola, cookia anizata, eugenia
cidreira, craveiro da índia, cambucá,
speciosa, fructa pão, fructa do conde,
fructa da condessa, guabiroba de
S.Paulo, genipapo, jambo branco, jambo
rosa, jaboticaba, jaqueira, laranjeiras
diversas, lixia da Inlia, limoeiro azedo,
limoeiro doce, limoeiro gallego, loureiro,
mangueira do Uamaracá, mangueiras
diversas, oitiseiro, pimenta do reino,
A LAVOURA ò:3
Pes»
gspcelloicSo Unidade cm kllosrannius Mama
pimenta da Jamaica, sapota preta, sapo-
tyseiro, sapucaia, tâmara e tamarin-
deiro 123.342
Arvores fruetiferas da clima frio, plantas
florestaes e de ornamentação
Espécie: Ameodoeiras, ameixeiras, da Eu-
ropa, ameixeiras do Japão, azaroloiras.
azufaifeiros, avolaneiras, castanheiras,
cerejeiras, damasqueiros, figueiras, gro-
selheiras, kakyseiros do Japão, maciei-
ras, marmelleiros, morangueiros, no-
gueiras, nespereiras, oliveiras, peceguei-
ros, pereiras, acácias, aylaotus, fraxinus
ulmus, mimosa julibrisin, paraíso gi-
gante, quercus, amoreiras varias, ca-
talpas, platanus, buxus, fraxini, tilia,
acer carapestris, ligustri, robina . . . 49.039 — 2.896
Mudas de agave rígida 480 — 7
Sementes germinadas
Espécies: Garcinea mangustana, kola, musa
ensete, mu*a fetiche, erythroxilon coca,
sterculea acuminata, pistache, musa
arnoldiana, musa textilis, lansium domes-
ticura, (stratific), castilhôa elástica, my-
ristica fragans (noz-moscada), lodoicea
snchellarum, stricknos (oux-vomica),
toluifera balsamum, tijolos de cham-
pignon e landolpha Kirku 3.825 — 103
Mu las do Agave Sisalana aceliraada . . . 2.400 — 12
Mudas de figueiras nacionaes 15.255 385
Mudas de abacaxi 277.083 — 679
Raizes de consolida do Cáucaso (simpbytum
asperrimum) 10.130 — 169
Mudas de canoa da ilha de Barbados, va-
riedades: B208 e B 147, 1.566, 1.753 e
3.412 5.656 — 225
Mudas do canoas nacionaes, variedades: sem
pello, roxa, Ubá e outras 7.885 — 138
Bacellos de videira, variedades de uvas de
mesa, vinho e porta garfo .... 418.890 — 5.790
Enraizados de videiras, variedades porta
garfo 5.098 — 90
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Cereaes e leguminosas
Arroz, variedades: nacionaes: douradinho,
cattete; pacholinho, de casca preta. . — —
Estrangeiros : Matuyaski, Birmânia, Ca-
rolina e Piemonte 14.540.330 3.738
rrigo, variedades: grego de folha larga, da
Itilin, Vietoria branco, Luziania, Duro,
Polónia, Argentino, do Japão, molle, Bar-
bado de Rivet, Dourado, Grécia, Escócia
de inverno, Noé, Richelle Blanche de
Nápoles, do Cabo, Touzelle Rouge de Pro-
vence, Hyliride de Tresor, Richelle Blan-
che hative, Square Head, Tliuringer Di-
videndura, Majorica, Riet, Redondo,
Largo, Maqui, Wollmans Life, Rupp;rt,
D. Shriffá épi carré, North Allerton,
d'Algeria, Grece d'Antros, Schlan ted,
Xerez, da Zelândia 4.765.350 1.859
Milho, variedades: 90 dias. Condado deClies»
ter. de 40 dias, Ferro, assucarado. Cat-
tete, nacional miúdo, Golden Beauty,
Country, Gentleman, Adams, Goldel.
Cosmopolitan, Minnesotta, White, Cury,
Black Mexican, Suow Flack. White,
Prize, White Ever^reen.Non Pias Ultra,
Mimmouth, Dacota, Vnwa Mine Gold,
Leming, Champignon 8.970.500 2.373
Feijão, varie lades: da China, branco, Bravo
do Piauhy, Amendoim do Paraná, de
trepar. AmaMio. Mulatinho, Chumbo,
Chocolate. Americanos: Everbearing, Red
Valou ti ue, Best of ali; Uwi' pea cLy,
Whippermiil, Boston, Sraall Beans 4.43Í.00O 770
Centeio, varie lades: Saint Jean. Geaut de
Montagne, Tuffu, Margroves, Nasa de
Sued, Bleu Alpes, Pethkuser, S. Diniz.
Schlanstedt, Geant d'hiver 3.319.500 1.075
Soja, variedades: do lapão, amarella, preta .... 105.300 183
Lentilha 0.200 1
Tremocos, variedades: azues, amarellos e
brancos 1.065.600 735
37.198.780 10.374
EspociHcȍ5o UnHul cu kilognnmas Volumes
Forragens
Capim .Taraguá 35.148.000 4.470
Capim gordura roxo 10. 91b. 000 1.330
Grarama de pernambuco 807. 800 209
Capim Guinéa AS. 250 53
Alfaia, variedades: Sativa de Provence, Me-
dicago, Media, Carré d'hiver, de Poitou,
Precoce 11.600.600 3.177
Aveia, variedades: Prolífica da Califórnia,
Melhorada. Tart ria, Grande amarella.
Polonesa branca, Columbia, Suécia
branca, Milton, Welcame, Sibéria, Tri-
umpho, Branca de Canadá, de Aeines, Si-
ciliuna, de Ligorno, Columbus, Strubes
e Dollar 3.284.250 i.047
Cevada, variedades: Petit Odorbruck, da
da Grécia, Petit Bleu la Escócia, da Mm-
dchuria. Imperial, Americana, de in-
verno, Chevalier noir hative, Gotta de
ouro da Itália, Branca da Grécia, Carrier
dhiver, Gjlden Thorpe, Golde raelone.
Ma ramo utti.de verão, Hofbrau. llinnah,
Bavaria, Land 4.453.300 1.749
Sulla de ilespanha C33.700 160
Betirriba firrageira: seis variedades. 1.482.300 1.171
Cenoura forrageira: quatro variedales 8)0.030 738
Nabo forrageiro: cinco variedales l.ã')8.820 939
Teosiutho 436.400 151
Sorgho, variedades: Halepeusis, de assucar
ou Saccharatum 436.600 310
Trevo, variedades: Violeta, encarnado do
Japão, Pratonse e do Egyptn 390.140 317
71.726.190 15.K81
Ervilhaça de Aveia — —
Viscia Sativa — 48.5)0 .32
Couve Rutahaga, variedades: amarella e
branca — 119.800 78
Ray (írass lolium italicum e lolium pe-
rene — 127.350 63
Dactylis: Glomerata e P.dotense .... — 79.460 26
Acelga forrageira — 31.560 23
Lathyrus Sylvestris — 30.2 10 43
Aufhoxantum Odoratum — 15.920 27
556 SOCIEDADE NACIONAL
Utà AGRICULTURA
KspociGcação
1'niil.iJcs
Pcsi
cm kiltgranimas folumj
Esppucelta
—
40.000
2
Avena Elnlioi-
—
ZOA 0
8
SO.OjO
IO. 500
.
Beta vulgaris
Festuca amudiaacea e Hoteropliilla . .
—
IO. Í40
2
13
10
Pôa trivialis
_
9:150
5.000
0.700
Checharo
—
Sementes diversas
Batatas, variedades: MangnumBoDum, Mar-
jolin, Victor Royale, Belle, de Fontenay,
Early rose, Excelcior, Longue rouge,
Quarantaine, Schal Princesse, Suttons,
Flouball, Violette, Vitellote, Prince de
Galles, Gigante, Richters Imperator, La
Bretonne, Athenes, BleueRiesen, Simson,
Canadá, Perle von Erfurt, Klau Buther,
Halle, Pouse de bout, Grand Chancelier,
Chave, Reine des Poulders, The Dootor,
Phoenix, Omega, Nieren, May Queen
Early, Neworn. 2, Remarkable, Gold-
ball, Idaho, Puritan-Early, Gloire, La
Cza.rine, De six semaines, Imperator, De-
licatescs Alpha, Erfurt Gold Florke,
Prof. Dr. Maiker, Finde Siècle . . .
Algodão, variedades: Sea Island, Uplaud
Alien Improved, Big Bali, Turkestan,
Gordon Pachá, Mit-aflfe, Peterkin, Iwa-
noviteli, Peruviano, Caravonico da Aus-
trália, Sea Island aclimado, de Pernam-
buco e do Maranhão
Maniçobas, variedades: Ceará. Jequié, (Ba-
hia) e Piauhy. . ,
Linhaça, variedades: Alba de Nápoles, Cana-
paina, Rigver, Commuru e de Erfurt. .
Cânhamo, variedades: Grandj de Nápoles,
Commum, Thuringer, Goant Piemont .
Sarraceno
Serradella
Gvra-sol, variedades: Branco da Rússia e
da Rússia aclimado
21.271,500
3.477
2.965,650
1.362
805.800
1.198
367.250
342
223.250
163
90.550
83
53,250
2.668
19,000
16
18.500
—
A LAVOURA
i: citado UiUtadí
Cebolla, variedades: Magiola, Mamraouth,
Bassano, Merveille, Rainha, Pariz, Delia
Roca Vermelha, Delia Roca Branca, Ma-
dère di Maio —
Café' variedades: Maragogipe, Bourbon da
Arábia, Botucatú —
Fumos, variedades: Florida, Couecticut,
Amerisfort, Virgínia, Maryland, Havana,
Sumatra, Kentncky, General Grant, Bo-
nanza, Lancaster, Ohio, Salon^hi, Ster-
Iing, Granville, Country Yellow, Gold
loaf, Hyce Yellon Prior, Conqueror,
White Stem, Landreth, Porto Rico,
Turk Sansum, Bafra Spanish, Cuba, Oro-
noko Bahia e aclimados —
Mamona de Zanzibar —
Castanha do Pará —
Abóbora, variedades: Monstruosa, Verde,
Amarella, Vermelha e Branca, Nápoles,
Boston Marroco, Madére Plate d'Italia,
Branca, di Maio, Vermelha da China. . — 25,800" 88
Quiabo, variedades: Chifre de voado. . . — 19,300 182
Linho Perini — 36,700 54
Tomate, variedades: Perfection, grande ver-
melho, Ficarrazi, Rei Humberto, Pon-
deross, Cereja, Garfield, Ruby e Mi-
kado — 27,250 1.039
Melancia, variedades: Favorita da Florida,
Kelbs Gem, Monstruosa Branca, Ho-
mero — 9,455 152
Molão, variedades Nettei de Gem, Proliflo,
Klecley, Sweet, da Florida abundantia,
assucar de Tours, Red di Xapoles, Branco . , ■ .
di Nápoles, Portugal, Monstruoso, Tur-
quia da Hespanha, Cantaloupe Ale-
gria — 20,010 678
Eucaliptus, variedades: Glóbulos, Gigantoa
Piperita, Resinifera, Amygdalina, Ro-
busta, Obliqua, R os trata, Viminalis,
Collosea, Marginata, Gumu .... —
Amoreira, variedades: Branca e Preta. . —
Juta —
Lúpulo —
Salt Bush —
Cannas (em tuletes) variedades: sem pello,
Cayena, porto Macáo, Ubá o outras. . —
U10
25,175
2,272
7,390
44
18,000
12
6,456
183
3,850
6
1.124,000-
150
SOCIEDADE NACIONAL DE AORICULTURA
194,750
6,000
especificação
Ramas de mandioca, varie iade3: artpim de
Bangú Rosa, Casca de Carvalho e Sutin-
ga roxa
Somentes, de fructas, nacionaea arvorss de
sombra, madeiras de lei e plantas me-
dicinaes
Holcus Lunatus
Outras sementes, vai-iolvdcs: desm)Jiura
Tortuosum, Eriodendron Anfractuosum,
Stitingia Sebifera, Chirimoy a, Erithrina
Umbrosa, Santalum Álbum, Quassia
amara e chá da China
Gengibre (Tubérculos)
Totaes geraes ....
Numero de pedidos na secção de distribuição de plantas e sementes, durante o
mesmo período.
Recebidos — 18.083. Satisfeitos — 15.798.
Fornecimento de arame farpado — Custo
-
1.950
8,000
68.326.463
17.845.963
21.751
019.03o
59.540
ANNOS
1
MBTRAGM
QUA>DO FOR-
NECIDO PELA
SOCIEDADE
QUANDO AD-
QUIKIDO NO
MERCADO
ECONOMIA
REALIZADA
1906 (da julho)
1907
1908 (até 31 de agosto) . . . -
51
279
348.020
1.968.165
2.404.020
14:439$Ô00
73:365$200
85:273$500
21:71õ$000
108:889*500
tl7:755|500
7:275$400
35:524$300
32:4S1$700
628
4". 720. 205
173:073$30Ô
248:360$000
75:281$400
Fornecimento de formicida —Custo
-
LATA S
QUANDO FOR-
NECIDO PELA
SOCIEDADE
QUANDO AD-
QU-IRIDO NO
MERCADO
ECONOMIA
REALIZADA
1906 (do março)
2.449
2.906
10:285*800
12:205$200
12:2451000
14:530$000
8:100$ 1
1:959$200
2:324$800
1908 (até agosto)
1.620
6:804$000
l:29*5$800
6.975
29:295$000
34:875$000
5:580$>>00
COLLABORAÇÀO
Escola Agrícola de Goyanna
CULTURA DO FUMO NO ANNO DE 1908
Experiências de culturas
Fumo — Esta importantíssima solanacea, que da America se
estendeu por todo o mundo, foi cultivada em pequena escala e por
systemas differentes, seja com referencia á natureza do terreno e á sua
fertilidade, para se observar o desenvolvimento, o aroma e a qualidade
das folhas, para as diversas manipulações. Considerando que as con-
dições climatéricas locaes, se não são superiores, não são em nada
inferiores ás do Estado da Bahia, e que neste Estado pôde-se perfeita-
mente produzir o mesmo fumo e as mesmas folhas para especiaes
qualidades de charutos e concorrer com o fumo havano no mercado,
foi com tal intuito e ao mesmo tempo para ensino dos alumnos que
se procedeu á sua cultivação.
Para tal fim foi arado o terreno, parte deste adubado com estrume
de curral e a outra parte sem estrume. No dia 1 de maio foram feitas
as sementeiras das seguintes variedades de fumo : Petiço, Jorge
Grande, Gigante, Guchaboe, Havana, Maryland, Kentucky e Lingua
de Vaeca.
Foi boa a germinação das sementes Petiço, Jorge Grande, Gigante
e Lingua de Vacca ; má as das variedades Guchaboe e Havana. Nada
se conseguiu das variedades Maryland e Kentucky .
Do fumo Havana só cinco pés.
Do Guchaboe uns 100 pés.
No dia 16 de junho foram transplantadas em quadros separados
as mudas de fumo petiço, Jorge Grande e Gigante.
No dia 23 de junho as mudas do fumo Guachaboe.
No dia 7 de julho as mudas du fumo Lingua de Vacca.
O terreno é de natureza arenosa.
Foram adubados de modo diverso os diversos quadros para se veri-
ficar a sua importância sobre o desenvolvimento e producção.
m SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Tenho a notar que pessoas do logar passando pelo caminho e ao
contemplarem a plantação do fumo feita em tal terreno, puzeram-se
a rir; diziam que se tinham tempo e dinheiro a perder, mas este
dito transformou-se nelles em admirarão, quando viram o desenvol-
vimento do fumo, as dimensões das folhas e em grande numero
accorreram para examinar a cultura.
As diversas qualidades de fumo foram durante o seu cyclo vege-
tativo alimentadas com adubos chimicos, applicados por processos
differentes.
No mez de julho observou-se que as variedades de fumo Jorge
Grande e Petiço estavam se desenvolvendo com certo vigor. Cresciam
com menos energia os fumos Gigante, Guchaboe eLingua de Vacca.
No dia 3 de agosto foram applicados ao fumo os adubos chimicos,
que a titulo de experiência, foram enviados gratuitamente a esta Escola
pelo director do Centro de experiências Agrícolas do Kalisyndikat, do
Rio de Janeiro.
Os adubos foram distribuídos na seguinte proporção por hectare:
Kilogrs.
Salitre do Chile 150
Superphosphato 240
Sulfato de potassa 150
Deve-se notar que a applicação do superphosphato e da potassa,
devia ter sido feita antes da plantara'», mas assim não poude ser por
terem os adubos chimicos chegado na época da plantação. Apezar
disso, no fim do mez de agosto notava-se uma differença sensível no
fumo ; este, depois da applicação dos adubos, desenvolveu-se vigoro-
samente com folhas grandes, tanto na largura como no comprimento,
attingindo diversos pés uma altura de um metro e 40 centímetros.
Ao mesmo tempo notou-se que a acção dos adubos chimicos fez-se
sentir com mais intensidade no terreno que recebera previamente
adubo de cocheira ; neste o fumo desenvolveu-se mais precocemente,
chegou a uma maior altura, fornecendo maior producção de folhas.
No terreno sem estrume de curral a actividade fertilizante isolada dos
adubos chimicos demonstrou uma differença traduzida em uma
demora de vinte dias.
Este facto vem confirmar mais uma vez as experiências do
illustre agrónomo P. Wagner e do illustre chimico de Darmstadt, e
a importância da applicação simultânea do adubo chimico com o
estrume de curral.
A LAVOURA 561
No dia 9 de setembro o fumo dos quadros ns. 1 e 2 estava no seu
máximo desenvolvimento, apresentando-se os pés de uma altura
variando entre l'\30 e 1ra,60, com folhas de 70 centímetros de com-
primento e 32 de largura para as maiores; de 50X25 as médias e
35X20 as menores.
Foi este mesmo dia aproveitado para se tirarem as photograph ias
que mostram as differenças e acção dos adubos chimicos.
Como termo de prova da fertilidade do terreno foram cultivados
os feijões macassar, os quaes, como se observa na respectiva photogra-
phia, não se desenvolveram, tendo mesmo morrido a maior parte dos
pés, tornando-se assim nulla a producção.
Apresentamos, para maiores detalhes, em quadros synopticos as
producções respectivas, as datas das respectivas colheitas, a sua dimi-
nuição em seccagem etc.
Os quadros ns. 3, í- e 5 foram de regular desenvolvimento. -
S0CIKDAD15 NACIONAL DE AGRICULTURA
O
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Terreno preparado com
adubos chimicos líquidos.
Produccão
(Kilogrammas)
Folhas verdes . 35
» seccas . 4,666
Produccão por hectare:
Folhas verdes . 3.723,404
» seccas . 495, SOS
t> ■"
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FUMO GUCHABOE
Terreno preparado cora
adubos chimicos líquidos.
Produccão
(Kilogrammas)
Folhas verdes . 68
seccas . 9,066
Produccão por hectare:
Folhas verdes . 6.533,461
» seccas . 871,730
5 ™
H
FUMO GIGANTE
Terreno preparado com
adubo* chimicos sólidos e
líquidos
Produccão
(Kilogrammas)
Folhas verdes . 117
» seccas . 15,600
Produccão por hectare:
Folhas verdes . 4.775,510
» seccas . 632,653
o £
S?7
«i ^
o g
FUMO JORGE GRANDE
Terreno preparado com es-
trume de curral e adubos
chimicos sólidos.
Produccão
(Kilogrammas)
Folhas verdes . 363 %
» seccas . 48,400
Produccão por hectare:
Folhas verdes . 7.270
» seccas . 968
s.l
o 1 •?
■< 1
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H
FUMO PETIÇO
Terreno preparado com es-
trune de curral e adubos
chimicos sólidos e líqui-
dos.
Produccão
(Kilogrammas)
Folhas verdes . 373
- seccas . 49,773
Produccão por hectare:
Folhas verdes . 7.313,735
» seccas . 975,156
A LAVOURA
Quadro n. 1 — Fumo Petiço
Agosto .
Setembro
Do pi
IMl.MIÇUl EM K1LO-*
POR
8,3.1 p r
8,a<? »
8,33 »
7, 6 »
0,46 »
6,70 »
G,f0 »
Quadro n . II — Fumo Jorge Grande
3
MLZES
COLHEITAS
FOLHAS
KILOOES.
DIMINUIÇÃO EM KII.OS
IOR
FOLHAS SBCCAS
30
Agosto.
Setembro
9a
De areia
15
30
6,33 por 1
8,33 » 1
7
»
3»
. »
10
S,33 » 1
to
»
4»
Do pé .
i:,o
10 » 1
24
Outubro
5»
» meio
591 2
30
0,40 » 1
13
»
7^
» ,
49
6,70 » 1
23
»
8»
De cima
9
6,90 » 1
27
»
9»
Total
11
6,f0 » 1
3631/2
SOCIEDADE NACIONAL DK AGRICULTURA
Quadro n. III — Fumo Gigante
1
ME7.ES
COLHEITAS
FOLHAS
K„.0,,1S.
DIMINUIÇÃO EM KILOS
P.JR
FOLHAS SECAS
11
14
13
23
27
Setembro . .
Outubro . .
3» . . . .
5a ...
6» , . . .
De areia . . . .
Do meio ....
De cima . . . .
Total . . . .
10
44,5
IS, 5
10 por 1
6,40 » 1
0,70 » 1
6,90 » 1
0,90 » 1
117
Quadro n. IV — Fumo Guchaboe
DIMINUIÇÃO EM KILOS
2
MEZES
COLHEITAS
FOLHAS
KILOCRS.
POR
FOLHAS SECCAS
11
Setembro .
ia ... .
De
areia ....
3
10 por 1
24
» . .
2» . . . .
»
» .
8
7, 6 » 1
r.
Outubro . .
3» . . .
Do
meio ....
12
0,40 » 1
13
» . .
4» . . . .
»
27
0,70 » 1
27
»
......
Do
cima . . . .
Total . . . .
18
6,93 » 1
68
Quadro n. V — Fumo Língua de Vacca
s
MEZES
( OLHEITAS
POLIAS
KIL00B,
DIMINUIÇÃO EM KILOS
Pi |R
FOLHAS SECCAS
11
24
13
27
Setembro . .
Outubro . .
> ... .
4» ... .
5a ...
De arei i . . . .
Do meio . . . .
De cima . . .
Total . . . .
7
9
10 por 1
7,60 » 1
0,40 » 1
0,70 » 1
6,90 » 1
35
A LAVOURA 565
Na serragem foi verificado que a média geral é de 7,5 kilogrammas
de folhas verdes por 1 kilogrammas de folhas seccas.
Na fabricação dos charutos foi verificado que 1 kilo de folhas
seccas dá para fabricar 200 charutos, no valor de 100 réis cada um.
Nos cálculos de costuração das folhas de fumo para seccagem ficou
verificado que, em média, um trabalhador em uma hora pôde costurar
kgr. 4,030 de folhas de fumo, ou pares 115, ou folhas 230 .
A titulo de experiência foi no dia 20 de julho feita mais uma
plantação de fumo em quatro quadros, de uma área cada um de
100m3, em terreno de certa fertilidade e de natureza argi lo- arenosa. As
qualidades de fumo foram : Petiço, no de n.Ie Jorge Grande, Gigante
e Petiço no de n. II. No de n. I foram enterrados, antes da plantação,
ramos verdes de feijão da Florida .
O terreno de n. II foi plantado nas mesmas condições em que
se achava .
Admirável foi o desenvolvimento do fumo Petiço no terreno de
n. I, pois obtiveram-se pés de lm,70 de altura, tendo as folhas 90 cen-
tímetros de comprimento e de largura 35 centímetros. Diversos visi-
tantes levaram folhas, cheios de admiração.
No terreno de n. II as plantas desenvolveram irregularmente e
diversos pés morreram por causa da humidade do terreno.
Os resultados da producção etc, vêem demonstrados no quadro
junto.
N. 1 — Quadro I — Fumo Petiço
DIMINUI' AO EM KILOS
POR
FOLHAS SECCAS
10 por
10 »
6,90
6,90
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
N. 1 - QUADRO I
N. 2 — QUADROS II,
III E IV
ÁHEl 100m8 (TERRENO AROl o-arenoso)
ÁREA 300m3 (TERRENO ARC.I
.o arenoso)
Fiimo Petiço
Fumos Gii/antc. Jorge Gra
ide c Petiço
Terreno — Enterramento das ramas e folhas
de feijão da Florida, plantadas no dia 11
de dezembro de I90i c enterradas no dia
16 de julho de 1908.
Terreno — Sem adubação, de
diçies em que se a?hav
húmido, causa da mo.'te de
ti do nas con-
i. Cm pouco
muitos pés.
PRODUCÇÃO
producçXo
(Kilogrammas)
(Kilogramma-0
Folhas verdes 84
Folhas verdes
S2
» seccas 11,600
» s;ceas
10,933
Producçãopor hectare:
Pro.lucção por hectare :
Folhas verdes 84.000
Folhas verdes
. 2.733,333
» seccas 1.160
» Beccas . . . . .
361,433
N. 2 —Quadros II, III e IV— Fumos Gigante, Jorge Grande e Petiço
DIMINUIÇÃO EM Kl 0?
<
MEZE9
COLHEITAS
FOLHAS
Kl. OGR.S.
TOR
FOLHAS SEi C S
11
Setembro . .
1» . . . .
De ar. ia . . . .
3,5
10 por 1
24
,» . .
2* . . . .
» » . . . .
9
7, 6 » 1
5
Outubro . .
3» . . . .
Do mio . . . .
5
6,40 » 1
13
» . .
4» . . . .
» » ....
33
6,70 » 1
2?
» . .
r,a . . . .
De cima . . . .
2õ,5
6.90 » 1
3
Novembro. .
6» ... .
» » . . . .
6
6,90 » 1
Total . . . .
82,0
Além das supra mencionadas experiências, no dia 5 de agosto,
com as ultimas mudas de fumo que ficaram, foram tomados cinco
quadros, cada um de 100me e adubados do seguinte modo, para com-
provar, mais uma vez, a utilidade dos adubos chimicos.
A LAVOURA 5(37
Em todos os cinco quadros foi posta uma camada de estrume de
.•urrai e em seguida prccedeu-se do seguinte modo :
Quadro n. 1 — Sem adubos.
Quadro n. 2 — Salitre do Chile, superphosphafo e sulfato de
potássio .
Quadro n. 3 — Salitre do Chile e superphosphato .
Quadro n. 4 — Salitre do Chile e sulfato de potássio.
Quadro n. 5 — Superphosphato e sulfato de potássio.
Os adubos foram applicados nas seguintes proporções por Hec :
Kilogrs.
Sulphato de potássio 150
Salitre do Chile 150
Superphosphato 250
Sendo por 100ma :
Sulfato de potássio 11/2
Sulfato do Chile 11/2
Superphosphato 2 1/2
Durante o desenvolvimento, os quadros ns. 2, 3 e 4 apresenta-
ram-sede uma côr mais verdes, com folhas e pés maiores.
O quadro n. 4 apresentou-se sempre com folhas mais amarei las
e de menor desenvolvimento.
O quadro n. 1 com demorado desenvolvimento.
Para maiores indicações juntamos em quadro as datas de colheita,
os dados relativos a producção etc. :
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
I 4
1
& 1 -1
o* » ° ^ • • ' 2 ' "
^ 3 S . . . o " O "
r/J W H * * * (s. h
1
Salitre do Chile, 1 Já kilogr.
Sulfato de potássio, 1 Já kilogr.
COLHEITAS DO FUMO
(Kilogrammas)
Em 8 de outubro . . 11
» 14 » » . . 18
» 28 - » . . 14
» 7 o novembro . —
Folhas verdes. ... 43
seccas . . . 5,733
Por hectare .
Folhas verdes . . . 4.300
» seccas . . . 573,3
I
Salitre do Chile, 1 % kilogr.
Superphosphato, 2 Já »
COLHEITAS DO FUMO
(Kilogrammas)
Em B de outubro . . S
» 14 » * . . 13
» 28 » . . 9
Folhas verdes. ... 34
> seccas. • . • 4,533
Por hectare :
Folhas verdes . . . 3. 400
» seccas . . . 4:3,3
1
Salitre do Chile, 1 1/2 kilogr.
Sulfato de potássio, 1 Já kilogr.
Superphosphato, 2 Já kilogrs.
COLHEITAS DO FUMO
(Kilogrammas)
Em S de outubro . . 12
» 14 » » . . 13
» 28 » » . . 17
» 7 » novembro. . 15
Folhas verdes. ... 57
seccas . . . 7,603
Por hectare :
Folhas verdes . . . 5.700
seccas. . . 760
1
Sem adubos
COLHEITAS DO FUMO
(Kilogrammas)
Em 8 de outubro . . 4, 5
» 14 » » . . S
» 7 » novembro . 6
Folhas verdes ... 23, 5
«. seccas . . . 3,133
Por hectare :
Folhas verdes . . . 2.350
» seccas. . . 313,300
A LAVOURA 5tíy
Dos dados expostos conclue-se :
a) que está claramente demonstrada a utilidade da applicação dos
adubos chimicos juntamente com o estrume de curral ;
b) que o azoto dos adubos chimicos exerce uma actividade
potentíssima sobre as transformações dos elementos nutritivos dos
vogetaos ;
c) que a actividade desnitrificante do azoto é mais activa em pre-
sença de substancias amylaceas ;
d) que o azoto contido na massa dos vegetaes verdes enterrados
teem acção mais rápida do que aquelle contido no estrume de curral ;
e) que o estrume de curral, appl içado nas devidas condições eco-
nómicas, é insuficiente para o fornecimento de todas as substancias
úteis necessárias ás plantas ;
f) que para se obter uma boa producçãoé indispensável a appli-
cação dos adubos chimicos conjunclamente com o estrume de curral .
Escola Agrícola de Goyanna, 15 de fevereiro de 1909. — Domingos
Gèooanetti, director.
Fixação do azoto gazoso pslos microorganismos
INOCULAÇÃO BACTERIANA DO SOLO
O solo não é, como se acreditou por muito tempo, um meio
absolutamente inerte onde a planta vae buscar aquillo de que ella
tem necessidade para a sua existência : é elle sede de reacções in-
cessantes — physicas, chimicas e biológicas ;a terra tem, como disse
Berthelot, qualquer cousa de ser vivo. E' um meio onde pullulam
innumeros microorganismos, vivendo isolados ou em symbiose com
os vegetaes superiores, e onde se passam continuas transformações
de desaggregação e de synthese. Certos agentes são para nós auxiliares,
por assim dizer, indispensáveis ; por exemplo, os que transformam a
matéria orgânica complexa em matéria mais simples; outros são
antes prejudiciaes, taes os desnitrificadores. Sua existência e, por con-
sequência, seu modo de acção, depende das condições do meio no qual
elles se acham ; dahi se conclue que o lavor do solo e sua mobilisação.
de que dependem sua humidade, aeração, exercem grande influencia
sobre estes seres infinitamente pequenos ; a composição da terra, seu
calor especifico, sua cor, seu poder absorvente para as soluções nutritivas
constituem igualmente factores que não se devem desprezar.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Dentre todos estes micróbios insistiremos particularmente sobre
uma categoria : a daquelles que contribuem para retirar da atmosphera o
azoto no estado gazoso e a transformal-o em substancias assimiláveis
para os vegetaes superiores, dos quaes a agricultura aufere benefícios.
Constituem elles espécies diversas e as suas condições de vida
são differentes, como vamos ver; com elles têm -se mesmo procedido
a inoculações bacterianas do solo, muitíssimo interessantes.
Aos antigos physiologistas causou estranheza o facto das florestas
experimentarem continuas perdas de azoto, sem receberem nenhuma
compensação ; as pastagens elevadas das montanhas, das quaes se
retiram matérias azotadas sob a forma de leite, queijo, carne e lã,
a única adubação que recebiam era a fornecida pelas dejecções ani mães
e, não obstante, a sua fertilidade não diminuía.
Estes factos levaram a suspeitar a intervenção do azoto como
reparador destas perdas.
Boussingault, em 1850, concluiu de suas experiências que não
havia nenhum ganho devido a esta causa; Georges vi lie, pouco mais
ou menos na mesma época, chegou a um resultado opposto, sem
todavia, explicar o mecanismo do phenomeno; Lawes e Gilbert,
em Rothamstedt, obtiveram resultados análogos aos de Boussingault.
Procurou-se verificar si não seriam as aguas pluviaes as porta-
doras do azoto: sabe-se, com efíeito, segundo a experiência de Ca-
vendish, que o azoto e o oxygenio se unem soba acção da scentelha
eléctrica, formando o acido azotico ; além disso, a putrefacção das ma-
térias animaes introduz ammonea na atmosphera. Dosagens feitas por
Boussingault e em Rothamstedt demonstraram que não era despre-
zível a contribuição dessa fonte, mas a quantidade fixada nestas con-
dições não compensava as perdas. Pesquizas foram feitas no sentido de
verifícar-se si o solo podia absorver directamente a ammonea; as expe-
riências de Georges Ville e, posteriormente, as de Sachs e de Schlcesing,
permittem responder aífirmativamente ; mas, como mostraram Ber-
thelot e André, este composto azotado quasi não existe no ar e, quando
existe, é em proporção insignificante.
Em 1885, Berthelot demonstrou que as terras aráveis fixam o
azoto do ar directamente sob a influencia de micróbios, propriedade que
ellas perdem quando aquecidas a uma temperatura de 120 grãos. Estes
resultados foram confirmados pelas experiências de Gauthier e Drouin,
assim como pelas de Pagnoul.
Em Grignon, Dehérain constata igualmente em uma pastagem
um ganho em azoto que não podia ter outra explicação.
A LAVOURA 571
Finalmente, Winogradsky consegue isolar o agente desta trans-
formação, o elostridium pasteurianum, micróbio anaeróbio, que em
um meio artificial hydrocarbonado fixa o azoto.
Posteriormente, Beijernick isolou igualmente dois outros fer-
mentos, o cuotobacter chroococcum e o azotobacter agiUs apresentando
as mesmas propriedades physiologicas.
Prelendeu-se também que as algas fossem capazes de effectuar esta
transformação, tomando por base as constatações de Schlcesing Fils e
Laurent ; mas differentes autores, entre os quaes Kossorvitsch, Bouillac,
Stoklasa, Sehneidewindee Cbarpentier mostraram que as algas isoladas
não podiam desempenhar essa funcção; cumpria que ellas se asso-
ciassem a bactérias.
O modo de fixação do azoto gazoso que acabamos de indicar pela
intervenção de bactérias especificas não é o único ; ha um outro, talvez
mais interessante, porque os agricultores tiram proveito delle ha já
muito tempo : basea-se na introducção, por occasião do afolhamento,
de leguminosas denominadas plantas ferti lidadoras.
Tinha-se observado, com effeito, que a olheita de cereaes, após
uma cultura de trevo, por exemplo, era muito mais rendosa do que a dos
mesmos, após uma cultura de beterrabas, apezar de não ser dado ao solo
adubação azotada. Estas leguminosas, não obstante o seu considerável
consumo de azoto, deixavam um solo muito rico deste elemento, mesmo
depois de diversos annos de cultura .
Já vimos que GeorgesVille suspeitara o phenomenj, mas somente
em 18S6 é que se teve delle explicação.
Foi nesta data, no Congresso dos Naturalistas de Berlim, que
Hellriegel fez conhecer a existência, sobre as raizes destas plantas, de
nodosidadcs no interior das quaes se encontravam bactérias fixadoras de
azoto .
Este autor cultivava, em um solo sem azoto, uma leguminosa e,
depois de ter pu 1 ver isado sobre este solo terra na qual vegetara uma
planta da mesma família, obtinha um desenvolvimento inteiramente
normal .
Uma vez retirada a planta verificava augmento bem sensível na
quantidade deste elemento. Novas experiências feitas com a collaboração
de Wilfasth coníii-maram os primeiros resultados.
Breal, em 1388, conseguiu inocular estas bactérias em raizes de
tremoços, picando-as com o liquido proveniente de nodosidades da alfafa.
Schlcesing' Fils e Laurent demonstraram, de um modo rigoroso, a
fixação do azoto gazoso, tendo verificado o desapparecimento de 30 cen-
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
timetros cúbicos deste gaz em uma atmosphera confinada e encon-
trando-os fixados na planta.
Mazé, cultivando estes microorganismos em um meio artificial,
formado decaído de feijão, addicionado de assucar, poz em evidencia a
fixação do azoto que marchava de par com a destruição do assucar.
Havia, portanto, symbiose entre a leguminosa e a bactéria, for-
necendo uma matéria hydrocarbonada, a outra, a matéria azotada. Estes
ensaios de laboratório confirmaram os dados da pratica: em 1888, com
effeito, Salfeld semeara terrenos turfosos com ervilhacas, ervilha e
milho; este solo tinha recebido cal e escorias e, além disso, 40 kilo-
grammas por are de terra sobre a qual vegetara no anno ervilhaca.
O beneficio foi considerável.
A existência destas nodosidades não era ignorada, mas o seu papel
era completamente desconhecido ; attribuia-se a sua presença a um
phenomeno physiologico ou pathologico. Estas excrescências apre-
sentam-se sobre a raiz principal assim como sobre as radicellas ; podem
attingir a quatro ou cinco millimetros de diâmetro e não passam de
radicellas abortadas.
Encontram-se nas cellulas do parenchyma pequenos corpúsculos
unicellulares em forma de baquetas de tambor rectas ou curvas, de
Y ou de U.
A bactéria recebeu o nome de B. radicicola, a forma sob a qual ella
é mais particularmente útil, sendo antes designada sob o nome de
Bacteroide .
São estes microorganismos específicos da planta na qual vivem"?
Assim pareceu a NobbeeaHiltner ; com tudo, certas experiências,
notadamente as de Breal, provam que esta especificidade não é absoluta.
Uma vez adquiridos estes dados, alguns sábios esforçaram-se por
melhorar as colheitas por meio da inoculação bacteriana do solo.
Fizeram-se tentativas no sentido de cultivar-se uma bactéria iso-
lada porCaron d'Ellenbach, denominada B. Elleribachensis , bactéria
que Stotklosa identificou com o B. megatherium, micróbio aerobio ;
estas culturas foram vendidas sob o nome de alinite. Os resultados não
corresponderam á espectativa e parece mais provável que este fermento
torna mais solúveis e, portanto, mais assimiláveis os princípios azo-
tados do solo.
Com o azobacter os ensaios não foram mais felizes, de forma tal
que, actualmente, não se cogita mais de semelhante tentativa.
Tem-se procurado cultivar as bactérias das leguminosas em meio
artificial; os ensaios neste sentido foram levados a effeito por Nobbe e
A LAVOURA ™
Hiltner, que fizeram preparados semeando micróbios em uma geléa
vegetal, preparado este a que deram o nome de nitragina.
No momento de ser este preparado utilizado, é elle diluído em agua
e rega-se a terra e as sementes. A principio os resultados foram
muito variáveis.
Schribaux conseguiu melhorar terras calcareas de Fontainebleau e
constatou que as terras leves, pobres em azoto e em bactérias, poderiam
colher desta operação benefícios consideráveis.
Diekson e Malpeaux, era Pas do Calais, fizeram constatações aná-
logas.
Hiltner atlri buiu os insuccessos observados a uma applicação irra-
cional da nitragina e affirmou que as secreções das sementes em ger-
minação eram nocivas a estas bactérias ; aconselhou que se fizesse a
injecção depois de tel-as deixado se intumescer. Procurou igualmente
auxiliar o desenvolvimento dos micróbios, addicionando ao meio de
cultura assucar, peptona ou leite.
Alguns annos mais tarde, a questão foi retomada por Moore, nos
Estados Unidos, que constatou que a bactéria preferia o azoto combinado
equea sua actividade se attenuava, quando forçada, a assimilar o azoto
gazoso.
Lançou-se então mão do algodão para regal-o com culturas liquidas ;
após a deseccação, tinha-se assim um meio fácil de transportar a cultura.
Entre os ensaios feitos em 1903-1904, 75 a 80 % foram favoráveis.
Em 1905, fizeram-se numerosas tentativas na Inglaterra com
culturas microbianas americanas e allemãs, tendo sido mãos os resul-
tados ; attribuiu-se o insuccesso ao facto dos microorganismos mor-
rerem no fim de dois mezes de deseccação no algodão.
Na America voltou-se para as culturas liquidas em frascos e na
Inglaterra (no King's College), emprega-se um pó que conserva a sua
actividade durante mais de dois annos. Desta vez os resultados favorá-
veis subiram, em 1906-1907, a 80%.
Consecutivamente a estes estudos, foram formulados alguns prin-
cípios práticos para o emprego destas culturas bacterianas, os quaes
não se podem infringir, sob pena de insuccesso. A temperatura não deve
se afastar de 25 gráos. Cumpre humedecer as sementes e fazel-as
seccar á sombra ; póde-se também semeal-as sobre terra que se espalha
em seguida, como si se tratasse de adubos.
Os terrenos áridos constituem um mão meio de cultura para
estes micróbios ; é preciso mais que a planta tenha a seu alcance, em
quantidade sufficiente, os diversos princípios nutritivos de que ella
141U 5
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
tem necessidade, além do azoto ; si o solo contém azoto nítrico as nodo-
sidades não se formam. A escolha cuidadosa das sementes não deve
ceder o passo aos cuidados culturaes.
Entre os benefícios proporcionados por estas operações têm-se uma
renda maior para uma despeza insignificante, augmento dos resíduos
deixados no solo pelas colheitas, melhora na qualidade do producto e
em muitas uma precocidade mais accentuada.
Ma Noruega, como fizera Schultze em Lupitz, procurou-se valorizar
os terrenos turfosos, semeando leguminosas, após prévia inoculação do
solo por nitragina transportada em terra de leguminosas, enterrando
em seguida estas plantas como si se tratasse de adubos verdes. A expe-
riência deu grandes esperanças.
Em França, Lauvray assignala duas tentativas feitas na Nor-
mandia, uma em terreno argiloso com alfafa, outra em terra marno-
argilosa esilicosa com ervilhacas ; os resultados foram bastante ani-
madores.
Após 50 annos de estudos, parece desta maneira termos, finalmente,
dados mais precisos sobre o problema, e devemos notar que os nossos
conhecimentos sobre este assumpto alargaram-se mais depois que os
methodos de estudos se fizeram sentir com mais energia e ao mesmo
tempo mais rigor; porque podemos dizer, com o Dr. Hall, que a agricul-
tura é de todas as artes a mais antiga e a mais espalhada e apezar disso
só mui recentemente é que nella foi introduzido o methodo scientifico.
H. Gkrcelet.
Da llevvc de Viticulture ,
A Extincção da Formiga Saúva
O MELHOR FORMICIDA ATE' HOJE CONHECIDO — UMA EXPERIÊNCIA
CONVINCENTE
Todos sabem que o poder legislativo brasileiro recompensou o Sr.
de Capanema, com a somma decincoenta mil francos (cerca de 30
contos), por haver applicado, pela primeira vez, uma droga venenosa o
«sulfureto de carbono», no extermínio da formiga saúva, e com ellas
ovas, larvas e nymphas. Depois dessa longínqua experiência, que fez ga-
nhar bom cabedal ao introductoraqui no paiz duma droga bem conhecida
no estrangeiro, muitos foram os commerciantes que fabricaram insecti-
A LAVOURA
cidas e formicida com a mes:na base do sulfureto de carbono, mas os
fazendeiros e lavra iores affirmam que nenhum desses insecticidas cor-
respondeu ao seu intuito, e que nenhum delles se pôde p -econizar como
o meio mais pratico e racional para a completa extincçãoádas formigas.
E hoje, apesar de todos os inventos, mais do que nunca, a saúva não
dá tréguas aos cultores de chacaras,quintaes ou pomares. Na nossa cidade
em todo o interior do Estado e em quasi t- doo Brasil, a nossa heroina
inspira terror, desenvolvendo todos os artifícios, innovando expediente
de absoluto dominio do solo, provando dispor da faculdade de «prever
para prover» , nãosomenteem relação á vida presente como também
em relação á perpetuidade da espécie .
Não obstante a guerra encarniçada que lhes move o homem, as sa-
úvas são o que são, continuam a apostrophar todos os elementos in-
fensos. Para dar uma idéa de sua diffusão, diremos que o numero de
cidadellas, no minimo, na zona comprehendida pela curva do rio Para-
hyba, pôde ser avaliada em cincoenta mil. Cincoenta mil saúveiros, com
cincoenta mil habitantes, na media, dão dois mil e quinhentos milhões
de indivíduos ! Si compararmos o quadrado de novecentas léguas, que foi
o numero que serviu de base para este calculo, e o aproximarmos da
576 SOCIKDADIÍ NACIONAL DE AGRICULTURA
superfície geral que a saúva habita, o Cacto subirá de valor de um modo
estupendo. (1).
Em consequência, portanto da diffusão da saúva e dos estragos ter-
ríveis que ellas produzem á agricultura, os fazendeiros brasileiros dari-
am, de bom grado, duzentos ou quinhentos mil coutos a quem inven-
tasse ou descobrisse um meio seguro, rápido, simples e económico de
eliminar os saúveiros. O «Entomologista Brasileiro», a única revista
editada no Brasil, dedicada aos insectos, sejam elles prejudiciaes, sejam
Pliot. n. 2- Interior de um velho formigueiro
elles úteis, deseja estudar o assumpto da saúva no intuito de suggerir
ai is agricultores, se não o remédio infallivel, pelo menos um meio para
diminuir o liagello das formigas, este terrível cancro da lavoura bra-
sileira.
Mas sendo muitos os preparados deste género lançados pelos indus-
triaes aos mercados, o fazendeiro acha-se embaraçado na escolha, visto
como todos oscommerciantes enaltecem interesseiramente os seus pro-
d netos comos mais bel los encómios. O agricultor intelligente só deve
(1) — A. G. de Azevedo Sampaio
formigas. S. Paulo, 1894.
Manhii-nára. Monographia sobre as
comprar os productos quejâ tenham dado bons resultados e cujo cre-
dito já esteja firmado pelo bom êxito das experiências feitas pelos scien-
tistas, isto é, pelos entomologistas e pelos agrónomos.
Para tal effeito, os fabricantes de formicidas deviam sempre expe-
rimentar seus preparados em presença das autoridades agrícolas com-
petentes, no intuito de demonstrar, com provas verídicas, a efficacia do
formicida preconizado.
Desejando chamar a nós a tarefa delicada de trazer á luz da publi-
cidade os resultados das experiências desse género, só visando os inter-
esses dos agricultores e da lavoura, temos hoje o prazer de noticiar a
applicação dum formicida para cuja experiência foi convidado o redactor
desta revista, juntamente com o representante dos poderes públicos, o
dr. António de Milita, digno inspector de agricultura.
Tendo o sr. Viriato Bastos, sócio representante da casa Scho-
maker e Comp. officiado, ao Ulmo. sr. Dr. secretario da agricultura
para fazer uma experiência offlcial e publica, afim de demonstrara effi-
cacia do preparado, formicida «Sehomaker», o Dr. António de Milita,
inspector de agricultura, foi pela secretaria encarregado de effectuar as
experiências para dar um relatório detalhado.
Os formigueiros escolhidos pelo Dr. António de Milita para a ex-
periência com o formicida «Sehomaker», fabricado pelos srs. Schc-
maker e Comp., do Rio de Janeiro, e representado nesta praça pelos
srs. Guerra e Comp., rua José Bonifácio, 17, foram dois velhos saú vei-
ros existentes num dos campos devolutos, que se acham no alto do Ypi-
ranga. Escolhidos como acabamos de escrever, os velhos formigueiros,
no alto do Ypiranga, saúveiros duma extensão extraordinária, velhos,
paio menos de 15 annos, osr. A. de Milita, inspector de agricultura,
no dia 27 de Junho, fez applicação offlcial do formicida. Os leitores da
nossa revista podem avaliar, pela photographia n. 1, as dimensões de
um dos saúveiros. Tem 100 metros quadrados. Eis como se procedeu á
applicação do formicida. Osnr. Viriato Bastos, sócio representante de
Sehomaker e Comp., a uma botija do formicida Sehomaker addicionou
14 litros de agua, produzindo assim cerca de 16 litros de formicida,
depois de bem agitada com uma varinha a mistura da agua e do
formicida.
Sendo conhecido que tanto melhores serão os resultados de um
hom formicida, quanto mais liem feita fora sua applicaçõo, o inspector
de agricultura teve muito cuidado em tapar todos os olheiros, no intuito
de que não pudessem sair os gazes tóxicos. Porque o representante do
formicida Sehomaker não se esqueceu de dizer ao Dr. António de Mi-
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Tçá já aem ;
onde 1
litaqueesse formicida é o único que apôs sua applicação, trabalha por
si, produzindo gazes tóxicos em extraordinária abundância, muito
pesados e de grande densidade,
em producção continua e pro-
longada por mais de 60 dias,
sendo natural e espontânea a dita
producção de gazes, isto é, sem
provocação artificial .
No dia 25 de julho, isto é, 25
dias depois da applicação do for-
micida «Schomaker», o inspe-
ctor, sr. Milita, um photographo
e os representantes dos srs. Scho-
maker e C. foram ao formigueiro
para observar os effeitos do in-
secticida . Nessa occasião foi con-
vidado o redactor do «Entomolo-
gista Brasileiro», para offerecer
aos leitores uma relação do as
sumpto que tanto interessa aos
agricultores e fazendeiros.
Quatro camaradas, de enxada e picareta, sob a direcção do inspector
de agricultura, atacaram o velho saúveiro, cortando-o na sua metade,
no intuito de fazer uma acção, a mais perfeita possível, para a clara ap-
parição do formigueiro, de suas panellas e galerias.
O trabalho foi penoso e difficil. Depois de 2 horas de excavação,
começaram a apparecer as primeiras panellas. A's cinco horas da tarde,
i#to é, depois de cinco horas de excavação, a profundidade attingida era
de mais de um metro.
Nesta hora, os trabalhos foram suspensos. No dia seguinte, á uma
hora da tarde, as pessoas já nomeadas foram novamente ao velho for-
migueiro^ os trabalhadores continuaram a sua árdua tarefa.
A's três horas, as panellas mais fundas eram attingidas, todo o
saúveiro estava descoberto, monstrando a mais bella e perfeita visão de
panellas que é possível obter-se.
Os leitores podem julgar das nossas palavras na linda photographia
que temos o prazer de reproduzir, e que foi mostrada ao sr . secretario
da agricultura, tendo aquelle illustre fazendeiro e lavrador occasião de
louval-acom calorosas phrases de encómio. Os presentes ficaram muito
satisfeitos com o resultado obtido na applicação do formicida.
zas na construcção rio canal a ninho
sm loirar a primeira postura,
ou inicio do Sauv-iro.
A LAVOURA 579
As massas de alimentação de que estavam cheias as panellasdo
fundo do saúveiro, eram uma massa compacta de formigas mortas. Nem
uma formiga, do antiquíssimo formigueiro, poude escapar á destruirão
no vasto palácio subterrâneo, que o formicida « Sc homaker» reduziu ao
terrível palácio da morte. O dr. A. de Milita traz comsigo uma grande
massa esponjosa cheia de cadáveres de içá de obreiras mesmo o redactor
da nossa revista importou grande quantidada de massa de alimentação
coberta de cadáveres de formigas.
Numa das galerias, foi encontrada morta a içá, a rainha do saú-
veiro. Com isto se evidencia que a destruição feita pelo formicida «Scho-
maker» foi completa, e que a experiência realizada perante os poderes
públicos e a imprensa especialista foi muitíssimo satisfactoria e por de-
mais convincente. Osr. A. de Milita, illustre inspector de agricultura,
aílnmou-nos que vae escrever no seu relatório os mais altos elogios ao
formicida «Sehomaker» e nós, do «Entomologista Brasileiro», imita-
mol-o porque as palavras de louvor que temos escripto correspondem
perfeitamente á verdade.
Gastou-se nessa experiência, na extinção dos dois formigueiros,
20.$000 de formicida «Sehomaker», cerca de 1 c, havendo ainda espes-
sos desprendimentos de gazes.
Aapplicação, — eé só "o que tem de fazer os srs. agricultores e fa-
zendeiros—, como já se disse, foi facílima, o mais fácil que se pode
imaginar, o que é de extrema vantagem para a lavoura.
D'0 Entomologista Brasileiro.
EXPEDIENTE
Secretaria
Correspondência expedida
Cartas .......
Circulares
Telegramma3
Officios Governo. . . .
580 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTUBA
Offlcios particulares 2
Proposta fornecimento de aramo. ... 6
Boletim A Lavoura 3.409
Monographia Moléstia dos animaes ... 88 3
Correspondência recebida :
Cartas 272
Circulares 4
Telegrammas 7
Offlcios Governo 5
Offlcios particulares 13
Fornecimento de arame farpado :
Pedidos satisfeitos 52
Numero de rolos de 40 kiljs 761
Numero de rolos de 25 kilos 811
Metragem 435.682 metros
Custo fornecido pela sociedade I5:838$300
Custo adquirido no mercado 20:847$000
Economia realisada pelo agricultor. . . 5:008$700
Cooperativa Ag-i-ieola, <le -Tuiz <le Fora
A Sociedade recebeu communicação da Directoria da Cooperativa Agrícola de
Juiz de Fora de que esta associação está funecionando perfeitamente organizada,
sendo a sua directoria composta dos Srs. Drs. Luiz de Souza Brandão — Presidente,
José Procopio Teixeira e Tlieodoro de Assis.
Horto da Penha
O Horto Fructicola que a Sociedade Nacional de Agricultura fundou na Penha
se vem desenvolvendo progressivamente a partir de 1905. Restaurado o prédio
que era sede da antiga propriedade conhecida pelo nome de Fazenda Grande, e
que ameaçava ruina em quasi todas as suas dependências e desbravado o terreno,
que estava reduzido a pasto e a matagal, foi-am organisados grandes viveiros de
plantas fruetiferas e iadustriaes, bem como plantaçcos regulares dessas mesmas
plantas. Os viveiros eram destinados a fornecer plantas para o serviço de distri-
buição que a socielade iniciara nesta cipital e as plantações visavam a accli-
mação de espécies úteis o o estudo do cultivo dos fruetos tropicaes e das espécies
úteis de nossa flora.
A LAVOURA
581
Em princípios de 1907, estando adiantados uses trabalhos, foi entregue a
administração a um profissional competente ; deslo então os trabalhos foram ori-
ontados para a organisação de uma estacão agronómica, sem prejuízo dos primi-
tivos intuitos.
Para isso a sociedade reunio uma collecçãodos melhores instrumentos aratorios
e construio, de accordo com os preceitos mais reeommendaveis, um estabulo, co-
cheira, estrumeira, um apiario o uma iustallação modelo para avicultura. Todas
Visita ao s«
essas construcções estão feitas sem luxo, mas com uma orientação pratica podendo
servir de exemplo para os lavradores, quo imitando-as, poderão conseguir sem
grandes dispêndios as vantagens quo ellas proporcionam.
Em junho do presente anno a Sociedade resolveu iniciar nesse estabelecimento
um aprendizado elementar e pratico, promptiticando-so a ensinar a quem o dese-
jasse o manejo de todos os instrumentos uzados no amanho aporfeiçoado da torra,
bem como a pratica das principaes operações de cultura.
Anaunciada pela imprensa essa resolução appareeeram desde logo interessados
quo procuraram o aprendizado. Vários lavradores se satisfizeram com a inspecção
das installações o dos apparelhos e com a observação dos trabalhos adrede feitos
para sou estudo. Outros, porém, enviaram moços para adquirirem a pratica dos
trabalhos, mediante mais longa estadia no horto.
Assim e que até a presente data já seis moços so aproveitaram do aprendizado
cora o mais satisfactorio resultado e o filho do um zeloso lavrador da localidade
continua a cursal-o com assiduidade,
1410 a
582 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Ha poucos dias o horto foi visitado pelo dedicido director da Escola 15 de
Novembro o a boi impressão que lhes causaram a installação dos serviços e os ele-
mentos do ensino de que dispõe o aprendizado, o levou a resolver enviar os alumnos
dessa escola para o fim de adquirirem o conhecimento pratico da agricultura no
Horto. Para esse fim combinou S. S. organisar turmas de 10 alumnos que irão
alternadamente ao horto todas as quintas- feiras.
Esses alumnos vão conhecer a organisação de todos os serviços, explicando-se-
lb.es as respectivas vantagens, e praticarão em todos os trabalhos taes como o ma-
nejo do arados, capinadores e outras machinas, a adubação, a poda, a enxertia e o
tratamento das arvores fructiferas, a criação de abelhas e de aves domesticas.
Assim como esse intelligente e zeloso administrador comprehendeu a utilidade
pratica, do aprendizado instituído no horto, é de esperar e muito desejar, que os
professores e directores de outros estabelecimentos de ensino o queiram imitar e
é por isso que julguei conveniente trazer ao conhecimento publico que a sociedade
acolherá com grande satisfação todos os que quizerem se utilisar dos ensinamentos
que o Horto Fructicola da Penha já pôde ministrar.
Esse estabelecimento estí a 3/4 de hora do centro da cidade, indo-se pela
Estrada de Ferro Central do Brazil até a Estação de S. Francisco Xavier e dahi
pela Leopoldina até a Estação da Penha. Desta até a sede do horto se pôde ir a
pé, em 15 a 20 minutos; a directoria, porém, se promptifica a dar conducção a
carro, quando previamente avisada em sua sede.
NOTICIÁRIO
Iulroducção de gado nos Estados Unidos — Damos aqui
as instrucçnes distribuídas pelo governo dos Estidos Unidos acerca da impor-
tação do gado indiano naquolle paiz, do México, America Central, Americado Sul e
das Antilhas.
Washington, 16 de maio de 1907 —Aos agentes diplomáticos dos Estados Unidos
na America Central, America do Sul, México, Cuba, Republica Dominicana, Haiti,
França, Paizes Baixos, Gran-Bretanha e Dinamarca.
Senhores.— Junto remetto-vos urna carta do Secretario da Agricultura, na qual
communica que tem recebido pedidos da parte de cidadãos dos Estados Unidos soli-
citando permissão para importarem gado indiano de diversas regiões tropicaes e
senutropicaes deste continente e das Antilhas e que, sendo possível, que semelhante
gado introduzido em paizes tropicaes e semi-tropicaes possa Bsr recebido no terri-
tório dos Estados Unidos, sem que tenham sido tomadas as precauções necessárias
para prevenir a introducção de uma ou mais moléstias animaes, que no Oriente
costumam acommetter estes animaes, recommenda que o Governo do México, bem
como os dos paizes tropicaes o seini-tropicaes da America Central, America do Sul
A LAVOURA 583
e Antilhas sojam avisados dos perigos decorrentes da importação de gado do Ori-
ente, onde existem as mesmas moléstias que deram motivo a quo fosse prolubida
nos Estados Unidos a importação de animaes das Ilhas Philippinas.
Communicareis aos governos junto aos quaes e, tiverdes acreditado o conteúdo
da carta do Secretario da Agricultura, como matéria de informação — Vosso servo
obediente, Elihu Root.
Segue-se a carta do Secretario da Agricultura:
Departamento da Agricultura — Gabinete do Secretario — Washington, D.
C.,30 do abril do 1907.
Senhor — Tenho a honra de cominunicar que este Departamento foi informado
de que o Govorno Brasileiro importou, durante o anno passado, 150 cabeças de gado
indiano de B jmbaira. Têm-se recebido recentemente diversos pedidos de cidadãos
dos Kstados Unidos, solicitando permissão para importarem gado indiano de diversos
pontos de paizes tropicaes e semi-tropieaes deste continente, nomeadamente Ve-
nezuela, Trindade e Jamaica. Recentemente receboram-se um pedido de permissão
para a importação de touros Brahmanes indianos de Kingston, Jamaica, e outro do
informações indagando so será pormittida a importação do gado indiano embarcado
em transito pelo México, com umacoramunicacão do signatário de que fora infor-
mado pela Repartição de Agricultura de Kingston (Jamaica) que gado indiano foi
transportado da Jamaica para Vora-Cruz, México, sem diffiauldade alguma, o que
suggere a possibilidade do gado iudiano, que ó importado em paizes tropicaes e
semi-tropicaes, alcançar finalmente o território dos Estados Unidos, sem que as ne-
cessárias precauções tenham sido tomadas para impedir a infcroducção de uma ou
mais moléstias que acommettem estes animaes no Oriente.
Criadores das regiões do Sul vêm allegando em favor deste gado uma ca-
pacidade de adaptação que não possue nenhuma outra raça, por ter elle adquirido
immunidade contra i febre de baço ou moléstia do gado do Sul, graças a uma pre-
matura infecção em seu pai/, de origem; que a secreção sebacea ou qualquer outra
propriedade inlieronte á pello do gado indiano afugenta o carrapato do gado do sul,
vector ilo micro-organismo da febre e que por isso estes animaes não são infestados
pelo carrapato de modo tão intenso, como so observa no gado nativo do sul, mesmo
quando ume outro são expostos em pastos infestados pelo carrapato e alem disso
não é alfectado, como se dá com os gados communs dos Estados Unidos, pelos raios
ardentes do sol das regiões meridiouaes. Traduzidos nos pedidos que têm sido feitos
favoravelmente á introiucção do gado indiano em regiões semi-tropicaes dos Es-
tados Unidos, o desejo, que se manifesta cada vez com mais intensidade por parte
de criadores das supracitadas regiões, de adquiril-o, suggere a possibilidade de
uma tentativa de introducção atravez do México, por isso tenho a honra de re-
commendar que o México, bem como os dem tis paizes da America do Sul e das An-
tilhas, sejam avisados dos perigos decorrentes da importação de gado do Ori-
ente, onde existem as mesmas moléstias que deram motivo a que a importação de
animaes da- Ilhas Philippinas fosse prohibida.
Queira ver a circular da qual vae junto um exemplar. O gado da índia pôde
trazer em seu sangue o organismo que é o agente causal essencial da surra. Esta mo-
léstia distribue-se pela índia, Burmah, Cochinebina, Pérsia e Ilhas Philipinas, era-
quanto para o cavallo e o burro ella seja extremamente fatal e se manifeste com pro-
nunciados symptomas. o gado pode trazer durante um período considerável em seu
584 SOCIEDADE NACIONAL DK AGRICULTURA
sanguo o agente ciusal desta moléstia (Trypanosoma Evansi) e constituir assim
centros possíveis do infecção para outros animaes, sem revelar em si próprio
nenhuma porturbação constitucional evidente ou symptoraas, sejam quaes forem,
característicos da moléstia. Por consequência, somente pelos mais perfeitos e cui-
dadosos exames do sangue e experiências ó que é possível resolver si este gado está
livro da infecção da surra. Como medida de precaução, durante o período de qua-
rentona que é imposta, taos exames de sangue e experiências são feitos em todos
os ruminantes importados nos Estados Unidos para collecções de animaes vivos e
jardins zojlogicos, que venham indirectamente do Oriento ou por intermédio de
algum porto europeu.
Tenho também a honra de chamar a vossa attenção para a evidente insufll-
ciencia do exclusivo exame do sangue destes gados para pesquiza do trypanosoma,
tendo-se verificado que animaes, cujo sangue foi cuidadosamente examinado com o
fim de indagar-se da presonça deste micro-organismo com resultado negativo, es-
tavam realmente infectados, cjmo demonstrou a inoculação do seu sangue feita em
animaes receptivos (coelhos), do sangue dos quaes numa proporção de cerca de 36%.
isolou-se o trypanosomi da surra. Em alguns casos estas experiências do inoculação
loram feitas durante seis mezes depois do gado indiano ter deixado Bombaim,
tendo sido remettido p.ira os Estalos por intermédio de algum porto europeu.
Tenho a honra etc. Vosso humildo servo, James Wilson.
INSTRUCÇAO ESrECIAL PROIUBINDO O DESEMBARQ E DE ANIMYES PROCEDENTES DAS
ILHAS PIIILIPPINAS EM QUALQUER DOS PORTOS DOS ESTADOS UNIDOS E REGIÕES SOB
SUA DEPENDÊNCIA
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos— Gabinete do Secretario—
Washington, 13 de dezembro de 1901.
Faço chegar, por meio desta circular, ao conhecimento dos proprietários, offi-
ciaes e agentes de qualquer espécie do navios quo trafegam entre as Ilhas Philip-
pinas e qualquer dos porios das Ilhas Hawai, ou entre as Ilhas Philippinas e qual-
quer porto dos Estados Unidos ou Territórios sob sua dependência e aos boiadeiros
e a tolas as pessoas de qualquer sorte interessadis no commercio de gado nas ou
com as llh is Philippinas que certas moléstias contagiosas, infectuosas e perigosas
para a criação dos Estados Unidos existem entre os animaes das mencionadas Ilhas
Phiippinas, como sejam : surra, atacando cavallos, burros, gado vaccum, camellos,
búfalos, cães e macacos; peste da bocca e pi, atacando cavallos, gado vaccum e
suino ; o rimler-pest, atacando o gado vaccum e outros ruminantes.
Por estas razões prevaleceodo-me da autorização que me foi conferida pela re-
solução do Congresso approvaJa em 29 de maio de 1884, intitulada « Rosolução
para o Estabelecimento de uma repartição do Industria Animal, para prevenir a
importação de gado doente e proporcionar meios que permittam a suppressão e ex-
tirpação da pleuro-pneumonia e outras moléstias contagiosas dos animaes domés-
ticos », resolvo prohibir o desembarque em qualquer dos portos das Ilhas Hawai
ou qualquer dos portos dos Estados Unidos ou região sob a dependência dos mesmos,
do qualquer espécie do gado, ou qu ilquer gonero de anima 'S, procedentes das Ilhas
Philippinas. Esta prohibição deverá ser posta em execução immediatamente e vi-
gorará até ulterior deliberação.— James Wilson, Sscretario.
EXPOSIÇÃO DE FRUCTAS
Gravura de uma secção publicada pela Revista — 0 Mez ■
A LAVOURA 585
r»ul)lLo:i«,;õos sobre a, Socieiladc. — 0 Mez, jornal illustrado
desta Capital, referindo-so ao modo por que esta sociedade so foz representar na
Exposição Nacional e muito particularmente ás differentes festas realizadas no seu
Pavilhão, inseriu era suas columnas, do numero de dezembro a seguinte noticia
com três gravuras da exposição <le fructas, legumes e pássaros que nos não furtamos
ao prazer do trasladar para aqui.
«A Sociedade Nacional de Agricultura contribuiu poderosamente para a gran-
diosidade da nossa exposição, offerecendo com a diversidade de seus mostruários,
com a profusão de suas flores etc, a nota mais garrida e mais sympathica do cer-
tamen.
Não era tão somente a belleza das suas orehideas que prendia a attenção dos
visitantes, com a sua polychromia brilhante ; eram, sobretudo, as colleccõos scien-
tiflcamente classificadas, onde as nossas riquezas naturaes se desdobravam, como
um collosal indice de toda a nossa producção.
As festas no Pavilhão da Sociedade Xacional de Agricultura não se asseme
Ihavam a nenhuma outra da Exposição Nacional ; tinham, como todas as outras, o
seu ar alegre, encantador, mis conjunctando-lho um cunho grave de licção
unindo o útil ao agradável, o instructivo ao deleitoso.
A sua derradeira festa, reilizadi ali de novembro, na antevéspera do encer
ramento da Exposição, foi um verdadeiro mirao. A Sociedade Nacional de Agricul-
tura resolvou fazer uma exposição completa dos nossos legumes, fructas e pas
saros.
Não se podia sahir melhora Sociedade Nacional do que se sabia dessa bri
lhantissima exposição, pois em qualquer das três scçõas— fructos — pássaros — le-
gumes— a diversidade era assombrosa e o encanto que reunia absoluto.
Damos três gravuras dessa bella exposição, cada umi concernente ã sua espe-
cialidade (1).
Rcsta-nos no final desta nota enviar as nossas profalças ã illustre directoria
da Sociedade Nacional de Agricultura pelo brilhante papel que representou no
nosso grandioso certamen, sendo-nos licito levantar em relevo o nome de seu bene-
mérito presidente, o Sr. Dr. Wencesláo Bello, que, pela sua dedicação, sabia
orientação e verdadeiro desinteresse abnegado, tem conseguido levantar a
Sociedade Nacional da Agricultura á altura em que se acha o de que é tão
merecedor.
Para nos não alongarmos era exposições longas, enfadonhas e desnecessárias,
pois para provar a benemerência da Socielade Nacional de Agricultura tanto
basta articular um dia do seu passado e uma hora do seu presente, relembrando o
ingente esforço da Exposição de apparolhos a álcool, a continuada distribuição de
sementis, o constante auxilio á pequena e á grande lavoura, os conselhos de que
vem repleto o seu valioso hobiomadario, limitamo-nos a enumerar a sua fazenda
modelar de agricultura junto á estarão da Ponha, a fazenda «Grande, que é uma
verdadeira escola pratica, oude qualquer pôde ir beber conhecimento valiosos e
mesmo imprescindíveis, trabalhar intelligontemente a terra.
(II Reproduzimos somente uma por Sarem as outras idênticas ás que sahiram no :
ro passado. N . R.
586 SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Assira pensou o director Ja Escola 15 de Novembro, que tem-n'a feito fren-
quentar por turmas subsequentes de alumnos correcionados a seu cargo, que ahi
vão receber um ensino pratico proveitoso e producente.
Temos de nos occuparem subsquento numero destes bellos campos do ensinos
pratico de Agricultura, que illustraremos com diversas gravuras.»
Torrador de ca,ré— No dia 16 de dezembro foi feita uma experiência
de uma machina para tonar café, do invento do Sr. Luiz Daniel Baronto, cujo ro-
sultado foi satisfatório. Consiste esta machina na torrefação do café, evitando os
vapores que se desprendem durante a torrefação e que ficam em contacto cora os
grãos
Contra a secca — Por diversos representantes do Ceara e Paraliyla
do Norte na Camará dos Deputados foi enviado á mesa o seguinte projecto:
O Congresso Nacional decreta:
Art. Io. E' o Governo autorizado a mandar fazer o levantamento das zonas cea-
rense, parahybana e rio-grandense do norto mais assoladas pela secca, a saber:
os valles dos rios Jaguaribe, Acarahy, Piranhas. Mossoró e Sabogy, estudados e
colhidos os elementos climatológicos, topographicos, geológicos e agronómicos.
Art. 2». Com o custeio desse serviço o governo despenderá mil contos durante
seis exercícios consecutivos.
Art. 3'\ O Governo, além da secção do exploração topjgraphica, nas condições
deste projecto, creará secções especiaes para cada uma das respectivas zonas
incumbidas dos serviços contra as seccas, de accordo com o plano systematico que
for adoptado, ficanio taes secções sob a direcção immediata de uma commissão
geral.
Art. 4». Do plano systematico a adoptar deverão constar as seguintes medidas:
I. Prolongimeoto dag vias férreas e desenvolvimento do systema ferro-viario
local do harmonia com a rede nacional de estradas de forro.
II. Proseguimento das obras do irrigação quer por meio da açudagom, quer
pdlo aproveitamento das aguas do subsolo.
III. Barragens dos rios, preferido o systema que melhor se adequar.
IV. Arborização das encostas altas das e cumiaias das serras, bem assim dos
valles incultos, plantando-se em maior escala arvores forrageiras já acelimadas á
região.
V. Convergência das aguas dos regatos acciílentaesem terrenos não cultivados
para os rios principies mais próximos ou riachos de maior curso.
VI. Elaboração de ura código florestal e de outro sobre o regimen das aguas.
Art. 5'\ Re vogam-so as disposições em contrario.
-A. agricultura no Pará — Annexa á Secretaria de Obras Publicas,
Terras e Viação, acaba de ser installada neste Estado a Secção de Agricultura,
creada pela lei n. 1044, de 16 de outubro deste anno. E' uma repartição desti-
nada a prestar grandes serviços á agricultura do rico Estado do extremo norte,
como se pôde inferir da leitura da circular que nos foi remettida. Em resumo
são estes os fins por ella visados, segundo a transcripção que passamos a fazer:
«a) estudar directamente o nosso Estado, em tudo que interessar á producção
A LAVOURA r,87
rural o dilfundir os conhecimentos desta arto adquiridos para ensino, aviso e pro-
tecção dos produtores ;
b) estudar o nosso clima, de que não temos sinão uma noção empírica e total-
mente estéril;
c) conhecer os phenomenos meteorológicos e a sua previsão, para podermos
aproveitar tolo o elTeito de seus benericios e precavermo-nos contra seus damnos ;
d) observar e experimentar o nosso solo, as nossas plantas eos nossos animaes,
em seus predicados e suas exigências, em seu valor e seus defeitos, no modo de
corrigir, melhorar e multiplicar, na maneirado os defender dos agsntes perni-
ciosos, nos melhores methoJos de produzir, colher, preparar, expedir e commerciar
os seus produetos ;
e) fazer a estatística do nossa producção e de seus factores, do nosso commercio
e dos meio-i de os ampliar, libertando-os de peias, que a natureza e os vícios da
nossa organização oppõom ao seu desenvolvimento ;
0 fazer a mais larga vulgarisação desse conhecimento, para que possamos
utilizar, dirigir e multiplicar os recursos naturaes do nosso Estado com a supre-
macia da sciencia hodierna ;
g) dar o preparo Buperior aos especialistas nacionaes, que prosigam e com-
pletem essa grande obra ;
h) cstabolecer o ensino profissional para o agricultor e o criador, o regente e os
operários agrícolas ;
t) abrir mercados para defesa dos nossos produetos na concurrencia mundial
pela vigilância dedicada e pela propaganda pertinaz e esclarecida ;
j) organisar exposição de maohinas agrícolas e dos produetos das industrias
agro-pecuarias ;
h) publicar e distribuir gratuitamente « A Lavoura Paraense », monographias,
boletins e instrucções praticas ;
l) organisar comícios e congresso agrícolas ;
m) promover a creação de syndicatos, cooeporativas, sociedades mutualistas de
providencia e de credito rural ;
n) preparar e custeiar estações agronómicas, fazendas-modelo e postos zoote-
chnicos ;
o) auxiliar os syndicatos agrícolas, enviando-lhes boas sementes e plantas
seleccionadas ;
p) distribuir gratuitamente s 'mentes e plantas seleccionadas, especialmente do
hevea (seringueira), cação, milho, feijão, arroz, algodão e outras plantas textis,
forragens nacionaes e exóticas ;
q) manter relações com os municípios no sentido destes a auxiliarem nos fins
que determinam a sua creação e coordenação dos esforços por ella empregados afim
de impulsionar a lavoura ;
r) ensinar finalmente por meios práticos os modernos processos de cultura in-
tensiva e agricultura mecânica, com o fim da realizar o progresso económico do
Estado.»
Centro agronómico — Na capital do Estado de S. Paulo foi fundado
o Centro Agronómico, cujo fim principal c promover o desenvolvimento da agri-
cultura nacional.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
A sua primeira directoria licou assim constituída:
Presidente, Dr . Jorge Tibiriçá ; Io vice-presidente, Dr. Gustavo d'Utra ; 2° vice-
presidente, Dr. Lourenço Granato ; Io secretario, Dr. J. Renato Zamit.li ; 2o secre-
tario, Carlos de Magalhães Duarte ; 3o secretario, Theodureto Leite do Camargo ;
Io thesoureiro, Adalberto de Queiroz Telles ; 2o thesoureiro, José Custodio Cotrim;
tiscaes, José de Gouveia Giudice, Ernesto de Souza Campos e Mário Brandão Mal-
donado ; con>elheiros, João Tibiriçá, Afrodisio S. Coelho, Robarto Hottinger, Al-
berto Martin? do Siqueira, Luiz Misson e N. Athanassof.
Seccadouro Moreira — Na fundição do Braz, em S. Paulo, foram,
com o melhor êxito, feitas experiências deste novo apparelho para seccar café, ce
reaes, fructos, missas, assucar, etc. Este seccadouro é uma machina simples e
pratica, composta de uma caixa cylindrica do madeira ou tijolos que reveste onze
taboleiros, também ey)indricos, onde é collocado o café ou cereal; rodas mecânicas
para seu revolvimento com meiode entradae sabida ; conductores de calor de canos
de ferro fundido, que partem de uma fornalha, circulando dentro da caixa e ter-
minando om forma de chaminé ; e, finalmente, dons extractores do humidade por
moio de evaporação que saem do soccador, também em forma do chaminé.
Na experiência a que alludimos foram collocados no apparelho 55 alqueires
de café, que vinto e quatro horas depois foram retirados compbtamente seccos,
promptos para o beneficio. O « Seccador Moreira », além da economia de tempo,
offerece ainda vantagens como a de conservar a côrdo café despolpado, não perder
este o seu peso, como se dá com o seccado nos terreiros. A despeza de com-
bustível é pequena, bastando meio metro cubico de lenha para seccar 55 alqueires
do café.
Fazendas-modelo em Minas Geraes — Ha actualmente no
Estado do Minas as seguintes: «Gamelleira», no município da capital ; «Fabrica»,
no do Serro; «Retiro do Recreio», no de Santa Barbara ; « Diniz», no de Itape-
cerica; « Bairro Alto », no de Campanha. Além destas fazendas ha os campos
de demonstração seguintes: «Ayuruoca», no município do mosmo nomo;
«Nova Baden », « Francisco Sal les» e « Itambacury », annexas ás respectivas
colónias.
— O relatório preliminar do Ceusus Buraau sobre o consumo do algodão nos
Estados Unidos, no poriodo que terminou a 31 do agosto de 1908, indica que as fa-
bricas do sul consumiram 2.250.613 balas contra 2.410.993 em 1906-1907, ou uma
diminuição de 154.380 balas; ao passo que os estabelecimentos do norte registraram
uma reducção de 255. 118 balas ou 9, 9% .
Algumas cifras darão uma idéa dos progressos realizados pela industria algo-
doeira nos Estados Unidos duranto os trinta últimos annos. Relativamente ás
fabricas do sul, o consumo por semana, que era, em 1877-1878, inferior a 3.000
balas, elevou-se em 1907-1908 a perto de 50.000 balas. Relativamente às fabricas
do norte, o consumo, posto que tão forte actualmente como o das fabricas do sul,
progrediu, mas lentamente, passando de 28.500 balas, em 1S77-1878, a 50.000
balas em 1906-1907.
A cifra para 1907-1908 é pouco inferior a 41 .000 balas.
A LAVOURA 589
— Em uma interessante brochura, recentemente publicada, tr.it indo da ex-
pansão do cmiimercio francez, esoreveu o Sr. Perieresta pagina suggestiva:
€ Nos tempos que correra, uma campanha commeroial devo ser organizada
como uma campanha militar. Antes de lançaras mercadorias, cumpre primeiro
que tudo explorar e reconhecer bera o terreno. A' maneira dos oíHciaes de uni ser-
viço geographico, os cônsules da França podem e devem dar o plano das praças a
conquistar. E' tão encarniçada a cDncurremia etão áspera a luta, que, para fazer
negócios, é mister empregar, por assim dizer, meios scientiflcos: E' preciso dizer
aos nossos eamponezos a razão porquo a exportação dos nossos productos agrícolas
é muito inferior ã cifra que deveria attingir ; a razão por que tende a descroscer,
ao passo que progride a dos nossos coucurrentes dinamarquezes, belgas e hollan-
dezes. Deve-se-lhesossknalar os defeitos da sua fabricação, a insufflciencia da qua-
lidade, a carestia excessiva.
A cooperativa agrícola só, e tomaudo por modelo os agrupamentos dinamar-
quozes, permitte orgauizar, por despezas communs reduzidas, não só a producção
industrial intensiva, como a venda commeroial remuneradora.»
— Segundo uma publicação in.,'leza, a D'ornbusch's Li*t, eis as cifras da pro-
ducção de trigo no mundo, em 1908, comparadas com as do 1907. As cifras são em
milhares de quarters, equivalente cada quarter a libras 290,78.
Total da Europa 202.500 207.300
America 128.500 118.950
Ásia 35.600 42.200
Africa 5.500 0.800
Austrália 16.000 7.000
Total mundial 388 100 382.250
— Segundo um chimico irancez, a banana é tão nutritiva quanto a carne em
peso igual. E' mister, porém, comprehender essa equivalência. Esta só existe no
ponto de vista « calorias e energia», porque a carne dá poucas calorias e o assucar
eo amido dão muitas. Entretanto a banana não poderia substituir a carne na ração
alimentícia, mormente na das creanças, que se achando no período do crescimento
precisam de alimentos azotidos para o fabrico dos tecidos. Seria preferível á carno
para os indivíduos adultos, que recebem por outros meios bastante azoto e que
dispendom forças physicas. Para estes tem ella o valor do assucar: é um alimento
enérgico.
— O ultimo recenseamento do gado, na Suissa, nos dá a conhecer que asse paiz
conta 1 .408. 144 cabeças de gado bovino, ou seja 500.000 mais do que tinha ha qua-
renta annos. A proporção é de 429 por 1.000 habitantes, omquanto que na França
é de 365, na Allemanha de 323, na Itália de 170. A producção do leite é, na média,
de 2.000 litros por vacca e por anno, representando, ao preço de 13 cêntimos o
litro, um valor do 338 francos o para toda a Suissa um rendimento annual de mais
do 208 milhões de francos.
O numero das cabras ê ali i de 302.117. São necessárias quatro cabras para
darem a mesma quantidade de leito de uma vacca. O seu rendimento annual é
10.608.300 francos.
1410 7
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
— Os mais perigosos ia imigos do homem são os insectos. Basta lançar um
olhar sobre a estatística dos desastres que causam â agricultura, para sa ter uma
idéa do poder desses infinitamente paquenos. Os estragos que annual monte os in-
sectos causam nas colheitas e na criação do gado, diz o Sr. Van Norman, repre-
sentam para os habitantes dos Estados Unidos uma sornmi superior ao total das
despesas publicas.
O Sr. Marlat calcula em 3.500.000.000 o prejuízo que os insectos dão aos agri-
cultores nos Estados Uuidos o esta cifra, sagundo os cálculos do Sr. Vau Norman,
é inferior á realidade. Nas estatísticas offlciaes, os estragos que esses inimigos, em
geral invisíveis, causam ás mattas, elevam-se a 500.000.000 por anno e as perdas
dos criadores de gado, ocasionadas pelas moléstias produzidas pelos insectos, são
cílculadas era 875.000.000. Si se reunir a estas cifras, por assim dizer, perma-
nentes, os daranos variáveis que soffrem os cereaes, o algodão e as arvores fructi-
feras, exaggerado não pareço um totol de 3.500.001.000 a 4.000.000.000.
Não percamos de vista, conclue o jornal de onde extractamos estes dados, que,
na época em que a agricultura ainda não conhecia os meios do lutar contra os dois
insectos um quo ataca a raiz e o outro a haste do trigo, os lavradores americanos
soffriam, só neste caso, um prejuízo que, segundo os annos, variava de 500.000.000
a 1.000.000.000.
Foi-micitla, Schomaker — Chamamos a attenção dos nossos lei-
tores para oannuncio que os Srs. Schomaker & Comp. vêem fazendo no nosso bo-
letim, sobre o formicida Schomaker, e mais ainda, para as experiências realisadas
em S. Paulo, com o mesmo producto, condensadas num artigo sob o titulo— A ex-
lincção das fur migas saitoas, que publicamos na nossi sojção de collaboração.
-&S#&jjf€€€€-
'ARTE C0MMERCIAL
Dezembro de 1908
Venderam-se 174.000 saccas contra 100.000.
Entraram 835.004 saccas contra 249.833.
Os embarques foram: 291 .737 saccas contra 243.039.
A existência em 15 dedszembro era: 251.309 saccas contra 233.779.
A existência em 31 de dezembro era: 172.046 saccas. contra 254.30;».
Os extremos das cotações foram :
1* quinzena
Por arroba Por 10 kilos
Typo D. 6 5*600 a 5$800 3$813 a 3-949
» » 7 5$300 » 5.f500 3$608 » 3$744
» » 8 5$000 ■» 5$200 f$404 » .'$540
» » 9 : 4$700 » 4*900 3$200 » 3$336
2" quinzena
Por arroba Por 10 Mios
Typo d. 6 5$r00 a 5$000 3|813 a 4$017
> » 7 5*300 > 5*600 3$008 » 3$813
» > 8 5$000 > 5$300 3$404 > 3*608
» » 9 4$700 » 5$000 2|200 » 3*404
Em Nova York, o typo 7, disponível do Rio, foi cotado na Ia quinzena a 6 u c.
por libra e o de Santos a 7 5/ie c-
Na 2a quinzena, subiu 7* cens. por jii,ra nesta quinzena tendo-se cotado a
6 l/8 c. até o dia 22, a 6 17/32 c. em 23 e 24, a 5/„ c. em 28 o 29, e a 6 3/4 c. em 30
o 31 . O de Santos cotou-sc a 6 ~/s c. até o dia 22 a de 7 '/» c. em 23 e 24 e a 7 ' s c.
nos quatro últimos dias.
Na Bolsa registrarara-se apeDas três cotações na Ia quinzena: 5 c. em 7, 8 e 9;
5.05 c. em 4 e 5, o 5.10 c. em todos os outros dias.
Ha 2l quinzena as cotações da Bolsa também estiveram em alta, vigorando a
de 5.05 c. em 16 e 17; 5.15 c. om 18 e 10} 5.30 c. em 22 o 23 ; 5.35 c. em 21 e
24; 5,40 c. em 2^ ; 5.50 c. em 29 ; 5.55 c. em 30 e 5.60 c. om 31.
1- quinzena
Saccas
Estrada de Ferro Central do Brazii 43.768
Cabotagem 16.092
Barra dentro 71.519
Total 130.379
2' quinzena
Saccas
Estrada de Ferro Central do Brazil 38.984
Cabotagem 11.002
Barra Dentro 54. '.39
Total 104.625
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Géneros importados
Qualidade Quantidade Preços
Carne secca. . . . , . 14.947 fardos. . . —
1" quinzena
Rio Grande (systeiaa antigo) Não ha
Dita (systema platino) nova $680 a $740
Rio Grande, Fronteira, patos e manta. .... $700 > $780
Rio da Prata, mantas só $820» $900
2a quinzena
Os preços regularam como se segue :
Rio Grande, systema platino s760 a .^840
Dita, idem nova $700 » $800
Rio Grande, Fronteira, patos e mintas .... $760 » $860
Rio da Prata, mantas só $860 » $900
Farinha de trigo .... 8.757 barricas. . —
ía quinzena
Americana (barrica) Não lia
> (sacca) » »
Rio da Prata:
Por 2 saca
Primeira qualidade 26$000
Segunda > 25$000
Terceira » 24$000
Moinho Inglez:
Nacional 24$500
Brazileira 23$700
Buda-Nacional 25$700
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo , 24$500
O. 0 23$500
2* quinzena
Americana (barrica) Não ha
> (sacca) » »
Rio da Prata:
l*or 2 sacca
Primeira qualidade 25$500
Segunda > 24$500
Terceira » 23$500
A LAVOURA
Moinho Inglez:
Nacional 24$500
Brazileira 23$700
Buda-Nacional 25$700
Moinho Fluminense:
S. Leopoldo 24$500
O. O
/» quinzena
Manteiga — 1.540 caixas:
Demagny, Isigny (latos sortidas) 2$520 a 2$550
Brétel Frères (latas sortidas) 2$200 » 2$220
Lepelletier 2$420 » 2$450
Modesto Gallone (sortidas) Não ha
Esbousen Não ha
L. Briim Não ha
Buske Júnior 2$350 > 2$360
Marclet Não ha
Outras marcas 2$200 a 2$250
A nacional vendeu-se: a de Minas, de 3$ a 3$400 e a do Sul, de 1$600
a 2$200.
2a quinzena
Demagny, Isigny (latas sortidas) 2$520 a 2$540
Brétel Frères (latas sortidas) 2$200 » 2$240
Lepelletier 2$440 * 2$460
Modesto Gallone (sortidas) , . 1$850 » 1$950
Esbousen Não ha
L. Brum 2$550 a 2-$560
Buske Júnior 2$350 » 2$360
Marclet Não ha
Outras marcas 1$800 a 2$000
A nacional vendeu-se: a de Minas, de 3$ a 3$400 e a do Sul, de 2$200
a 2$<30O.
Géneros nacionaes
Aguardente
Na primeira quinzena a despeito da pequenez das entradas, o mercado conti-
nuou em baixii, não sendo firmes os preces que damos abaixo.
Foram pequenos os supprimentos recebidos durante a quinzana que começou
no dia 15, as quaes constaram de 245 pipas que accumulando-se algumas entregas
e novas compras o mercado toroou-se firme e fechou em perspectiva de alta.
SOCIEDADE NACIONAL DE AORICULTURA
ía quinzena
Paraty 125$000 a 130$000
Angra 115$O0O > 120$000
Campos 110&000 » 115$000
Maceió 110$000 » 115$000
Bahia I10$000 > 115$000
Pernambuco UOJOOO » 115J000
Aracaju 110$000 » 115$000
Sul 110.^000 » 115$000
2' quinzena
Paraty 140$000 a 150$000
Angra 110$000 » 120$000
Campos 1C5Í000 » 1 15$000
Maceió 105$000 » US$000
Bahia 105$000 » 115?000
Pernambuco 105$000 » 1 15$000
Aracaju 105&000 » 1!5:000
Sul 105$0C0 » 1 15^000
Álcool
O mercado esteve frouxo e com baixa nos preços na 1* quinzena do mez, na
2a quinzena houve procura com negócios regulares realizados e o mercado conser-
vou-se firme, sendo bem pronunciada a tendência para a alta.
4a quinzena
Preços
40 gráos 150$000 a 160$000
38 > 140$000 » 150$000
36 > 130$000 > 140$000
2' quinzena
40 gráos 14õ$000 a 150^000
38 » 135$000 » 140|000
3(3 » 125$000 » 130$000
Algodão em rama,
Foram muito restrictos os negócios realizados na Ia quinzena do mez tendo os
preços soffrido ligeira baixa, continuando nló o fira do msz a faltade offerta por
parte dos mercados pi oductores onde as entradas teera escasseado, não sendo pos-
sível comprar ao máximo das cotações infra.
Primeira quinzena
Fardos
Existência no dia 30 do novombro 16.525
A LAVOURA
Entradas :
Natal 4.800
Pernambuco 2.370
Parahyba 1.989
Ceará 515
Mossoró , . . . 500
Maceió 100 10.274
26.799
Sahidas dos trapiches 8.867
Existência no dia 15 do dezembro 17 932
Preços :
Pernambuco 8$400 a 8$700
Rio Grande do Sul 8$400 > 8$600
Parahyba 8$2!0 » 8$500
Ceará Nominal
Sergipe Nominal
Segunda quinzena
Fardos
Existência no dia 16 17.932
Entradas :
Pernambuco 1.847
Parahyba 1.110
Natal 1.634
Ceará 200
Sergipe 200 4.991
22.923
Sahidas dos trapiches 10.493
Existência no dia 31 12.430
Preços :
Pernambuco 8$400 a 8$700
Rio Grando do Norte 8$200 » 8$600
Parahyba 8$?00 » 8$600
Sergipe 8$000 » 8*400
Ceará Nominal
Assucar
As sahidas até o dia 15, contra aespectativa geral, foram pequenas e areducção
de negócios par.i u interior motivou o enfraquecimento dos preços. O mercado
fechou com os interessados ora uma posição quasi que de espectativa devido á in-
certeza do futuro. Na 2a quinzeoa do mez findo, os compradores mostraram-se
activos, realizando, muitos nogocios o que melhorou as cotações ficando o mercado
muito firme e cora tendência a subida de preços.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Ia quinzena
Pernambuco i
Bronco usina Não ha
Branco crystal $3K0 a $390
Dito 3a sorte $4I0 » $420
Crystal araarello $300 » $340
Mascavinho $300 » $360
Somenos Não ha
Mascavo bom $250 a $360
Dito regular _ $049
Dito baixo _ $220
Sergipe :
Branco crystal $370 a $380
Crystal amarello $320 » $330
Mascavinho $300 » $340
Mascavo bom $250 » $360
Dito regular — $240
Dito baixo $200 » $220
Campos :
Branco crystal $330 » $390
Dito 3° jacto $330 » $340
Crystal amarrllo $320 » $330
Mascavinho $280 » $340
Mtceiô-
Branco crystal $370 > $380
Crystal amarello $320 » $330
Mascavinho $300 » $340
Mosca vo bom $250 » $260
Dito regular " Não ba
Bahia :
Branco crystal — $410
Segunda quinzena
Pernambuco :
Branco usina Não ha
Dito crystal $38) a $403
Dito 3» sorte $400 » $410
Crystal amarello $310 •>> $340
Mascavinho $290 » $340
Somenos $290 > $300
Mascavo bom §ã"0 » $280
Dito regular $250 » $260
Dito baixo — $240
A LAVOURA
Sergipe :
Branco crystal $380 a $400
Crystal amarello $310 » $340
Mascavinho $290 » $340
Mascavo bom $560 » $270
Dito regular — $250
Dito baixo $230 > $240
Campo» :
Branco crystal $390 » $400
Dito 2» jacto $340 » $350
Crystal amarello $340 » $360
Mascavinho $310 > $320
Maceió :
Branco crystal $380 » $400
í» quinzena
Sacco
Arroz nacional 24$000 a 25$000
Dito, inferior 18$000 » 21$000
Dito, agulha, 1» qualidade 38$0J0 » 39$000
Dito, 2' qualidade 34$000 > 35$000
Dito. 3a qualidade — 2C$000
Feijão preto de Porto Alegre, novo .... 10$000 » 12$000
Dito idem da terra 12$000 » 13$000
Dito idem de Santa Catharina, superior . . 10$000 > 12$000
Dito do Paraná Nominal
Dito mulatinho 8$500 a 11$000
Dito manteiga 27$000 » 29$000
Dito enxofre, nacional 15$000 > 17$000
Dito de cores, nacional 1 1 $000 » 14>;000
Farinha de mandioca, especial 9$500 » 10$0C0
Idem, fina 8$ii00 > 9$200
Idem, peneirada 8$000 » 8$400
Idem, grossa 6$200 » 6$500
Idem, do Norte (grossa) — —
Idm, de Laguna (grossa) 6J000 » 6$200
Milho amarello do Norte 9$500 » 9$600
Idem idem da terra 9$í00 > 8$0t0
Idem idem misturado 8(500 » 9$000
Cangica 15$000 » 16{000
Favas 7$500 > 8$500
líii
SeCIEDAllK NACIONAL DK AGRICULTURA
Kilogramma
Alpista $380 a $400
Fubá de milho $140 » $200
Matte em folha $400 > $500
Tapioca $300 > $360
Polvilho $170 » $2D0
Carne de porco $580 > $620
Lioguas do Rio Grande (uma) 1$000 » 1$200
Fumo eiu rolo
Trecos
Do Minas, especial 1$200
Dito superior 1$I00
Dito 2» 1$000
Dito ordinário $800
Goyano, superior 2$000
Baixo Nom.
Rio Novo, superior 1$600
Dito â* 1$000
Dito baixo $800
Pomba, superior 1$200
Dito 2» 1$000
Dito baixo $900
Carangola 1$100
Picú, espeeial 2$200
Dito 1» 1$600
Dito 2» 1$200
Bahia 1$100
Pernambuco . Não ha
Entraram 310.620 kilos por cabotagem do nacional, que se cotou de 2$ a
2$200 por 40 litros.
Mercado monetário
Existência de ouro na Caixa de Conversão :
EM 15 DE DEZEMBRO
Libras esterlinas 5.162.790
Francos 10.389.420
Marcos 4.080
Dollars 130.605
LAVOURA
Liras 1.460
Pesos argentinos 2.720
Pesetas hespanholas 75
Ouro nacional 153:270$000
A importância das notas conversíveis em circulação era de 89.940:470$000.
O preço dos soberanos, fora da Bolsa, foi de 16$025 a 16$050.
CAMBIO
As taxas offlciaes continuaram a manter-so inalteralas, a 15 1/8 d. sobre
Londres nos bancos estrangeiros e 15 3/16 d. no Banco do Brasil. As transacções
bancarias flzeram-se a esses extremos e as do outro papel de 15 13/ lo a 15 7/32 d.
não e registrando movimento digno de nota.
Os extremos das cotaçôos offlciaes foram :
Londres, 90 d/v 15 1/8 e 15 3/16 d.
Paris, 90 d/v $630 a $632
Hamburgo, 90 d/ v $776 > $779
Portugal, 3 d/v 300 » 305 %
Itália, 3 d/v $637 » $638
Nova York, á vista 3$288 » 3$295
Vales, ouro — 1$793
O valor offlcial de mil réis foi de 560 a 563 réis, ouro, e o da libra de 15$803 a
168.
Ágio de ouro 77,77 a 78, 51 % .
BIBLIOGRAPHIA
Temos recebido mais as seguintes publicações com as quaes de bom grado
entrotoremos permuta :
Vlialia Moderna, de Roma.— Anno VI, vol. II, fases. 5 e 6.
Bulletin Trimestriel de la Société Arnicale des Ingdnieurs de VBTcole Supèrieure
d'Eleclricitè, de Paris.— N. 15, novembro de 1908.
Bblelin Mensual de la Comisión de Defensa Agrícola. Publicação do Ministério
da Agricultura da Republica Argentina.— N. 14, setembro de 1908.
The Agricultural Ledger, de Calcutá.— N. 7 de 1907 e 1 de 1908.
Agricultura Transmontana, qiin se publica era Mirandella (Portugal). — 1»
anno, n. 10.
Boletim Periódico, da «Companhia dos Fazendeiros doS. Paulo». — Anno I, n. 1.
Boletim das Observações Meteorológicas da Superintendência de Navegação do Mi"
nisterio da Marinha.— Anno XII, ns. 6 e 7.
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Boletim da Intendência Municipal do Rio de Janeiro. Anno XLVI, julho a se-
tembro de 1908.
PUBLICAÇÕES DIVERSAS
Accusamos com os nossos agradecimentos o recebimento das seguintes :
O Ensino Agrícola nos Estados Unidos e em alguns dos prineipaes paizes da Eu-
ropa, por Gustavo R. P. d'Utra. S. Paulo, 1908.
La Industria de la Lecheria en la Republica Argentina, pelo Dr. Enrique Fynn.
Buenos Aires, 1908.
Pela Sociedade Nacional do Agricultura de S. José da Costa Rica foram-nos
remettidos os seguintes trabalhos em espanhol :
Informe presentado por el Consejo Administrativo de la Sociedad Nacional de
Agricultura a la Asamblea de 1908. S. José, 1908.
La Anguilostomiase y la Agricultura, pelo Dr. Mauro Fernandez. S. José, 1907.
El Cansando, pelo Dr. Mauro Fernandez. S. José, 1907.
Industria Pecuária. Provecto de Código Rural. Secretaria de Gobernacion,
S. José da Costa Rica, 1907.
La Fumagina nel Cafeto, por Adolfo Tonduz. S. José (Costa Rica), 1897.
El Bmano. Conferencia feita pelo general Rafael Uribe Uribe na Sociedailo dos
Agricultores da Colômbia. S. Jo3ó, 1908.
Adubação dos Cacaoeiros, por A. Couturier. Publicação do Centro de Experi-
ências Agrícolas do Kalisyndik.it que tem o sou eseriptorio no Rio de Janeiro á
Avenida Central n . 117.
Homenagem aos fundadores da Casa Araújo Maia & Comp.
Estatística Agrícola e Zoolechnica no anno agrícola de 1904-1905 das seguintes
localidades de S. Paulo: Rib3irão Branco, Conceição dos Guarulhos, Xirirk-a e
Campo Largo de Sorocaba.
Relatório apresentado ao Presidente do Estado do Rio Grande do Sul pelo major
Euelydes B. de Moura, commissario offlcíal de Propaganda do mesmo Estado.
Porto Alegre, 1908.
O Municipio do Passo Fundo na Exposição Nacional de 1908, por Francisco An-
tónio Xavier e Oliveirai Porto Alegre, 1908.
Relatório apresentado ao Conselho do Município de Victoria (E. de Pernam-
buco) pelo capitão António de Mello Vercosa, em 15 de novembro de 190^.
Corporação Operaria de Camaragibe. 11" Rotatório apresentado á A.ssembléa
Geral de 18 de outubro de 1908.
CATALOOOS
D. Landreth Seed Compang (Bristol, Pensylvania). 125° catalogo annual (1909).
Blain I<ils Ainê, de Saint Remy de Provenco (França). Catalogo de sementes
para 1909.
Vilmorin Andrieux & Comp. 4, Quai de la Megisserie, Paris. Catalogue de Plantes
de Serre et, d'Orangerios d'Arbres, d Arbustes et de Plantes Utiles des Pays Cbauds.
1909.
Campos Eliseos de Lenda (Ilespanha). Preços correntes para o anno hortícola
de 1908-1909. Secção de arvores fruetiferas e ornamentaes.
A LAVOURA 001
Chimie Agricole— Para esta obra que acabamos de receber da Casa J. B. Bail-
lière et Fils chamamos a attenyão dos leitores d' A Lavoura. O prospecto, que abaixo
publicamos, dá uma justa idéa do valioso subsidio que ella pôde prestar aos se-
nhores agricultores.
Clxiuiie A.g-ricoJe, par G. André, professeur à TInstitut agronomique.
1 vol. in-18 do 560 pages (Encyclopédie agricole). Broche: 5 fr. Cartona ê: 6 fr. (Librairie
J. D. Baillière et fils, 19, rue Hautofeuille, à Paris).
Do toutes les parties de la science chimique, il n'on ost pas unoqui presente do
plus grand intérèt que la chimie agricole. Cette ôfcude toucho noa seulement aux
questions les plus essentielles de la nutrition et do la production animales, mais
elle iotóresso encoro d'uue façon particulière un noinlire considérablo dladustries:
notanimeat cellos du sucre, do l'amidon, do l'alcool, dos matiêres grasses. La
chimie de la planto est inséparablo do Ia chimio du sol et de cello de Tatmosplióro.
Lorsqu'ils'agit soit d'améÍiorer le roadomentdo tolle plante, soit d'installer sur une
piéce do terre tolle culturo, nous nous elforçons de modifier Ia nature des óléments
que le vegetal rencontre dans le sol, ou de mottre à sa disposition certains de ces
éléments indispensables que le sol ne contient pas ou qu'il ne renferme qu'en trop
faibles quantités. Mais cela exige la counais.sance approfondie du sol au point de vue
de ses qualités physiques et chimiques et.eommo conséquence,ladissémination aussi
exacte que possible de la forme des óléments sur los quels nous pouvons compter.
La chimie agricole comprond donc deux études parallèles: celle do la plante et
cello du rèservoir, auquel elle soustrait les substances qui doivent composor ses
tissus. Dans le présent volume, il n'est question que de la plante; un second vo-
lume comprendra 1'étude du sol et de Tatmosplièro. Après avoir defini la naturo
et 1'étendue des problèmesque soulève 1'ótudo chimique des végótaux, ce qui lui
permet dexposer les idées nouvelles relativos aux phonomènes osmotiques et
diastasiques, M. André presente un exposé analytiquo des grauds phénomònes de Ia
végétation, en commeuçant par 1'assiinilation chlorophyllienne. Dans le chapitre
suivant, il fait 1'histoire des matiêres tornaires. II procede ensuiteà l'étude de la
production des príncipes azotes, c'est-à-dire quatornaires, dont la synthèse accom-
pagne toujours celle des matiêres torhairos, puis il abordo 1'étude de la germination,
phénornène du plus haut intêrêt, puisque, des conditions de sa réussite dépend en
grande partie 1'avenir do la plante. La respiralion complete cette étude.
Mais la plante renferme toujours, en outre, des matiêres fixes qu'elle prend au
sol par ses racines, tandis que ses organes aériens travaillent à la synthèse des
matiêres ternaires et quaternairos.
M. André examine la nature des substances salioes que renferme la plante,
lour signification physiologique, puis la rópartition de Peau dans les différentes
périodes de la vogétation, Ia façon dont se fait la montéo de ce liquide dans la
la plante et son dópartsoús forme gazouse, c'est-à-dire la transpiration . Enfin, il
fait un tableau des phénomènes <l'accroissement et de maturation, et étudie par
quel mecanismo se font Ia croissance du vegetal et la foraation de ses graiues ot
de ses organes de reserve.
Cot ouvrage rendra sorvice ã tous coux qui ne se contentent pas do notions
supertlcielles, mais cherchent à pénétrer plus avant daus la connaissanco des pro-
cessus intimes do la nutrition.
3^^-^^^yj^^íiít
ÍNDICE GERAL DO ANNO DE 1908
P.-ig1!.
BIBUOGRAPHIA, 5S.143, 231, 272, 315, 334, «», 434, 533 e 599
COLLABORAÇÃO :
Azote (O), 386 e 458
Cabra (A)— Oriental 338
Carreira (A) agricola — H. Racquet 19
Cereaes europeus — Jacyntho de Mattos 249
Criação (Da) no Brasil — Gustave Métral 511
Cultivai as amoreiras — A. Barbiellini 285
Cultura (A) da banana em Santos — António Augusto Bastos 283
» (A) do coqueiro — Ernst Mager 12
» do fumo em 1908 — Escola Agricola de Goyanna — D jniingos Gio-
vanette 559
Cultura dos cereaes — Do «Minas Geraes » 89
Empresa Vinícola do Brasil 340
Esterilidade das vaccas c sua cura — Dr. Aehille Rigodanzo 455
Experiências (As) de adubação na Fazenda de Santa Mónica — E. Major . 202
Extincção (A) da formiga saúva — d'« O Entomologista Brasileiro» . . . 574
Factos agrar.os — A. C. Ferreira Paula 457
Fixação do azoto paios microorganismos do solo — II. Cerc?Iot 569
Instituto (Um) de ensino agricola-pratico em Minas Geraes — João Dale . 87
Italianos (Os-) em Nova York — do «Jornal d" Commercio» 92
» » na Republica Argentina — Dr. Vinceneo Gro-si 95
Nossas (As) fructas — A. C. Ferreira Paula 243
Trigo (O) — Do «Minai Geracs» 5f0
Vida (A) Rural — G. Rossi 208
EDITORIAL:
Agricultura (A) na Exposição Nacional do Rio de Janeiro 503
Albino Barbosa 239
Arvores do sombra — Heitor ile Sá 319
Barão de Capanema 444
» Geraldo d) Resen Ic 237
Congresso de Agricultura 4
» (2°) Nacional de Agricultura 324
Criação de carneiros — Souza Reis ' . . 541
Defesa (A) da Sociedad- na Camará . 544
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Paga.
Exposição de flores — Souza Róis 42*5
» » verduras, fructas e pássaros 487
» animaes em Bello Horizonte — F. T. Souza Reis 63
» Nacional— Jardins ornamontal e de plantas industriaes— Dr. Mon-
teiro .la Silva 365
Exposição 1 'reparatória do Estado de S. Paulo 277
Feijão (O) preto— Heitor de Sá 230
Germano Vert ■ 242
Homenagem ao Dr. Wenoesláo Bello 181
llorlo Fruclicola da Penha 190
Influencia (A) da Lua — Heitor de Sá 147
Instituto Internacional de Agricultura 281
João (Dr.) Pinhiro «7
Justa Homenagem .... - 176
Madeiras e vegetas úteis do Brasil — M. Tio Corrêa . . . .8,333, 382e 449
Movimento agrícola pelo Estado de Minas 79
Orchideas (As) —D. J. R. Monteiro da Silva 275
Pavilhão (O) da Sociedade na Exposição Nacional de 1908 326
Pecuária (A) na Exposição Nacional 330, 375 e 439
» » » » >• .— Gado expOíto i elo Sr. Manoel Bernardez. 509
Socielade (A) Nacional de Agricultura na Exposição Nacional de 1908 . . 3e 368
» Nacional de Agricultura —Resumo histórico — Heitor de Sá. . . 147
EXPEDIENTE :
7/or-to da Penha 580
Aprendizado agrícola oh- nlar 252
Museu :
Madeiras de Cananéa. 349
Secção de Plantas e Sementes:
Boletim cia expedição em maio de 1908 216
Distribuição nos mezes de janeiro e fevereiro de 1908 33
» de setembro de 1902 a setembro de 1908 403
» durante o 1° semestre de IDOS 290
Movimento da secção 33, 216 e 290
Secção do Álcool :
Director 215
Movimento da propaganda de 1903 (outubro) até 1908 (inaio) 215
Secção Technica :
Búfalo leiteiro da índia 399
Correspondência e circular do Sr. Miguel F. do Monte sobre o algodão. 346
Descascador Engelberg 349
Director . . . . , 213
Estatística geral 214
Exposição Agrícola em Friburgo 523
Formigas cuyabanas Í72
Fumo brasileiro no Japão 253
Gravuras (As) das capas. . 32
Grevy Lebra (A) 30
ÍNDICE b05
Pag».
Informações . 29
Luminosas forrageiras 213
Macliiuismos para mandioca 349
Mandioca 523
Propaganda agrícola 31 e 47?
Relatório do Dr. C. Lix-Klett 291
Secretaria :
Café— Carta do Sr. João F. da Rosa 522
Carta honrosa 521
Conferencia 390
Cooperativa agrícola de Juiz de Fora 580
Correspondência. ... 27, 105, 106, 210, 251, 288, 345, 396, 471, 580 e 079
Experiência de S3 mentes 104
Fornecimento do arame 290, 345, 397, 398 e 521
» » formicida 397 e 398
Gafanhotos 28
Movimento da Secretaria — Correspondência de 1° de outubro de 1900
até 30 de setembro de 1908 397
1'arecer elaborado pelo Ur. João Baplisla de Castro a uma consulta do
Museu Comniercial 106
Sessões de directoria, 103 e 210
Syndicato Agrícola Alegrense 27
Visitas, 252 e 346
Thesouraria :
Balanço geral 211
NOTICIÁRIO :
Abjbora gigante 263
Agricultura (A) em Minas 218
» » no Para 580
Arado mineiro 2Õ9
Assucar (Oj brasileiro no Japão 2til
Banco Central Agrícola (regula.nento) 291
» de Custeio Rural 520
Batata (Uma) de respeito 218
Blyuiyer (1'hej Iron Works 39
Café (O) ' 25(j
» » do Brasil na Exposição de A- li 527
Centenário do Jardim Batauico do Rio de Janeiro , 297
Centro agronómico 587
Colónia Francisco Salles 258
Commercio de café 298
Conferencia nu Museu Coniniereial do Kio de Janeiro 217
Congresso dos fazendeiros paraenses 304
Contra a secca
uSO
Cooperativas agrícolas em Minas (regulamento) 110
Credito agrícola em Minas °-°
» » no Paraná 259
Cultura da cevada *7*
» (A) do arroz a do trigo no Brasil 200
1410
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
Pags.
Cullura do trigo.— Projecto H. Baptista 351
Ensino agricola e commercial 52fi
Estação agronómica de Porto-Alegre 475
Estado de Pernambuco.— Organização do servi.o agronómico 407
«Estado (O) Moderno e a Agricultura» 863
Estatística da producção de cereaes no mundo 352
do commercio exterior do Brasil (1905, 1906 e 1907) 41
Exportação de fumo pelo Estado do Rio Grande do Norte 123
Exposição agrícola 528
Fazenda-modelo , . , . . 410 e 474
Fazendas-modelo em Minas Geraes 5S8
Hopkins, Causer & Hopkins • 40
Importação de animaes 474 e. 527
Instituto Internacional de Agricultura 410 e 527
Introducção de gado nos Estados Unidos 582
Manufactura (A) do fumo na Bahia 123
Marmelada de cavallo 40
Movimento cooperativo 474
Novo trigo 259
Pecuária (A) em Minas 259
Posto Zootechnico em Pernambuco 528
Publicações sobre a Sociedade 585
Rebenefíciamento do café 410
Saloxo s 355
Seccadouro Moreira 588
Stock de café 298
Syndicatog agrícolas 409
» » (lei e regulamento) ■ ■ 34
Torrador de café 586
Valorisação do assacar 410
PARTE COMMERCIAL 43, 125, 220, 264, 305. 355,411, 475, 528 e 590
Collaboradores d'A LAVOURA no anno de 1908
A. Barbiellini. - A. C. Ferreira Paula. — Dr. Achille Rigodanzo
— António Augusto Bastos. — Domingos Giovanette. — Ernst Mager.
— G. Rossi. — Gustave Métral. — H. Cercelet. — H. Racquet. —
Jacyntho de Mattos. — Joáo Dale. — Oriental. - Dr. Vincenzo Grossi.
1410 — Rio <le Janeiro — Imprensa Nacional — 1909
ESTATUTOS
CAPITULO
nos sócios
\i i . 8." A sociedade adraitte as seguintes categorias de sócios :
Sócios efectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados.
§ i.° Serão sócios efectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem
devidamente propostas e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 2o$ooo.
§ 2.° Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou
sede no extrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus
méritos e dos serviços que possam ou queiram prestar á sociedade.
§ 3.0 Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedica
relevantes serviços, se tenham tornado beneméritos á lavoura.
: |." Serão associadas as corporações de caracter offieial e as assoei i;f>es agrícolas,
filiadas ou confederadas, que contribuírem com a jóia de 30$ e a annui la
§ 5.0 Os sócios efectivos e os associados poderão se remir nas con 5 qu 1 im
preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição lixada para esse fim
ser inferior a dez (10) annuidades.
Art. o." Os associados deverão declarar o seu desejo de comparticipar dos tra-
balhos da sociedade. Os demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer
sócio e apresentação de dois membros da Directoria e ser acceitos por unanimi 'a le.
Ait. 10. Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assi-tir a to as as
reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente; terão direito a
todas as publicações da sociedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilita la a
prestar, independentemente de qualquer contribuição especial.
§ 1." Os associados, por seu caracter de collectividade, terão preferencia para os
referidos serviços e receberão das publicações da sociedade o maior numero de exem-
plares de que esta puder dispor.
§ 2° * > direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios; é limitado,
porém, para os associados e sócios correspondentes, os quaes não poderão receber votos
para os cargos de administração.
; ,V ' 's sócios perderão somente seus direitos em virtude de expontânea renuncia
ou quando a assembléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria.
REOITLAMENTO
CAPITULO VI
DOS SÓCIOS
Art. 18. A sociedade prestara seus serviços de preferencia aos sócios e associado
quando estiverem quites com ella.
Art. 10. A jóia devera ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua
accei tacão.
Art. 2<). As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes.
Art. 21. Os sócios e os associados se poderão remir mediante o pagamento das
quantias de 2130$ e 500$, respectivamente, feito de uma só vez e independente da jóia,
que deverão pagar em qualquer caso.
Art. 22. Os sócios e associados não poderão votar, nem receber o diploma, sem
terem pago a respectiva jóia.
§ 1 ." O sócio que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se mediante
a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham igualmente satisfeito aquellas
contribuições.
§ 2.0 Para esse effeito o sócio deverá requerer á Directoria, provando seus direitos
nos termos do para^rapho anterior.
§ 3.0 Serão considerados beneméritos os sócios que fizerem donativos á sociedade,
a partir da quantia de um conto de réis.
Art. 23. Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados
resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas contribuições lhes tenham
sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendo-lhes ainda assim o recurso
para o conselho superior e para a assembléa g-eral.
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\
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É o maior amigo da lavoura e único que tem prestado
importantes serviços na extin-
cção dos formigueiros e o único
que apresentou reaes resultados
nas experiências effectuadas por
ordem do governo do Estado de
S. Paulo, onde supplantou todas
as marcas que concorreram a
essa experiência e demonstrou
praticamente ser o formicida
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destruidor das formigas e mais
económico 100% conforme o re-
latório publicado por ordem do
obteve primeiro logar governo do mesmo Estado.
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Paschoal Vas Otero communica aos Srs. Laoradores que, de
regresso da Europa, acaba de montar novos apparelhos e que
melhorou ainda mais o seu formicida que tão bons serviços tem
prestado á Lavoura.
A Sociedade Nacional de Agricultura poderá bem attestar a
boa qualidade do formicida pelo grande numero de latas que tem
comprado para os seus associados, assim como communica aos
Srs. consumidores que tem todo o escrúpulo no enlatamento e que
assume também inteira responsabilidade na medida das latas
(quatro litros).
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se planta arroz e em todos os Estados do Brazil, por
conseguinte, não são machinas que se vão experimentar.
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as imitações ordinárias, que apparecem com annuncios
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algum e só servem para lograr os senhores compra-
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impuzeram-se de tal forma, que todos estão procurando
imital-as, mas estas imitações são sempre, como todos
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Nunca esquecer que
o emprego de adubos na cultura das terras ó absolutamente
necessário, afim de conseguir-se um resultado verdadeira-
mente remunerador do esforço e do capital empregado pelo
agricultor.
Adubos artificiaes de todas as qualidades para a adu-
bação das terras produetoras do café, algodão, canna de as-
sucar, fumo, de todos os cereaes, de todas as leguminosas,
de todas as arvores fruetiferas, emfim, de todas as culturas .
Os adubos são fornecidos, cada elemento nutritivo em sepa-
rado ou em diversas misturas, podendo estas ultimas ser de
qualquer proporção, havendo toda a garantia de serem mis-
turas rigorosamente exactas quanto á sua composição. Recom-
mendam-se especialmente :
Chlorureto de potássio de 50 "/„ de potássio (Kali)
Sulphato de potássio . . de 50 °/„ de > »
Sal de potássio de 30 °/0 de » »
Superphosphatos de 20 °/0 de acido phosphorico
solúvel em agua.
Escorias de Thomaz ... de 1 6 0/o de acido phosphorico
solúvel em acido cítrico.
Sulphato de ammoniaco de 20, 5 °/0 de azoto.
Salitre do Chile de 17 "/, de azoto .
Guano com porcentagem garantida .
Fornecem-se aos agricultores, gratuitamente, informa-
ções e conselhos sobre a qualidade e quantidade dos adubos
a usar, tendo em vista a propriedade do solo e a cultura que
se pretende beneficiar. Estas informações e conselhos serão
fornecidos in loco por um profissional e scientista, que se acha
no Brasil para este fim.
Fornecem-se, gratuitamente, livros e folhetos, em qual-
quer idioma, referentes a qualquer cultura.
As encommendas de adubos devem ser feitas com ante-
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Telhas zincadas, arame farpado a liso,
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Travessa da Fidalga n. 3 — Largo de Santa Rita n» 24
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Formicida Pestana (purificado) ) Dynamite "Estygia"
Dito Capanema ) Enxadas " Radiante especial'
Dito Paschoal ; Cimento "Pedreiro"
Creolina Freire de Aguiar s Dito "S. Jorge"
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CommisBarlos da Café a mais géneros do Fali, garantam as melhoies
contai da venda anjos líquidos são pagos lmmedlatamente.
A nossa firma foi premiada com medalha
de ouro na Exposição de S. Luiz (E. U. da America)
pelas excellentes qualidades de Café recebido de
seus committentes que expuzeram.
Rio do Janeiro
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de Ferragens, Drogas, Tintas, etc. etc.
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Qrands Empório de Machinas
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Vapores, Arame farpado, Telhas de zinco, etc. etc.
Nunca esquecer que
o emprego de adubos na cultura das terras é absolutamente
necessário, afim de consegui r-se um resultado verdadeira-
mente remunerador do esforço e do capital empregado pelo
agricultor.
Adubos artificiaes de todas as qualidades para a adu-
bação das terras productoras do café, algodão, canna de as-
sucar, fumo, de todos os ccreaes, de todas as leguminosas,
de todas as arvores fructiferas, emfim, de todas as culturas.
Os adubos são fornecidos, cada elemento nutritivo em sepa-
rado ou em diversas misturas, podendo estas ultimas ser de
qualquer proporção, havendo toda a garantia de serem mis-
turas rigorosamente exactas quanto à sua composição. Recom-
mendam-se especialmente ;
Chlorureto de potássio de 50 °/0 de potássio (Kali)
Sulphato de potássio . . de 50 °/0 de » »
Sal de potássio de 30 % de > >
Superphosphatos de 20 °/0 de acido phosphorico
solúvel em agua.
Escorias de Thomaz ... de 1 6 °/0 de acido phosphorico
solúvel em acido cítrico.
Sulphato de ammoniaco de 20, 5 °/ede azoto.
Salitre do Chile de 17 %, de azoto.
Guano com porcentagem garantida.
Fornecem-se aos agricultores, gratuitamente, informa-
ções e conselhos sobre a qualidade e quantidade dos adubos
a usar, tendo em vista a propriedade do solo e a cultura que
se pretende beneficiar. Estas informações e conselhos serão
fornecidos in loco por um profissional e scientista, que se acha
no Brasil para este fim.
Fornecem-se, gratuitamente, livros e folhetos, em qual-
quer idioma, referentes a qualquer cultura.
As encommendas de adubos devem ser feitas jcom ante-
cedência, afim de poderem vir da Europa a tempo para a
sua applicação adequada, que começa approximadamente em
Agosto ou Fevereiro.
ÚNICOS RECEBEDORES DOS ADUBOS DO
" KALISYNDIKAT DE STASSFURT " (Allemanha)
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Cestas, ramos e grinaldas
feitas com apurado gosto para casamentos, bailes, festas, enterres, finados, etc.
enearregam-se de ornamentações
para mesas de Jantar, festas, salões, banquetes, mas, etc.
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Descascador UHIYEESAL, privilegiado
Catador COMPENSADOR, privilegiado
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e mais todos os pertences para installações completas ou avulsas, o
de construcção solida e elegante, de que se garante o bom resultado
e perfeito funccionamento.
Melhorado sempre o café beneficiado em nossos
machinismos, de um a dois typs
para construcções perfeitas de qualquei
machiiiismopara uso da lavoura e industria
Com limitada cornmissão, encarregamo-nos do mandar vir da' Europa ou ila
America do Norte, qualquer producto concernente a esta arte.
ÚNICOS AGENTES da importante fabrica de vapores e turbinas, de .Jtime-
Leflfel «fc Co., de Springfield — Obiu, U. s. A.
Estabelecimento de Plantas
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feras nacionaes e
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preços baratíssi-
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Especialidade em
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jeiras, tem sem-
pre de 10 a 12 mil
pés, e acondicio-
namento, despa-
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com a máxima brevidade e por preços baratíssimos
41 - RUA DR. BULHÕES - 41
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O Estado Moderno
e a Agricultura
Leiam esse bello,
útil e interessante livro
de 500 paginas, ampla e
nitidamente impresso e illustrado.
K' um trabalho,
na opinião dos eritieos,
„de grande fôlego
e que deve figurar na estante
de todo brasileiro".
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BENEFICIAR ARROZ
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PRIVILEGIADA PELA PATENTE N.
A gravura acima representa nossa machina de beneficiar arroz de recente invenção
privilegiada, que a pratica consagrou como uma das mais perfeitas no género.
Solidamente construída com madeiras de lei do paiz e material metallico de primeira
qualidade, ella reúne em um feliz conjuncto :
i Descascador cónico com regulador automático, sensível;
i Polidor cylindrico;
i Aspirador de duplo effeito;
i Peneira mechanica para separação do quebradinho que, beneficiando satitfactoria-
mente o arroz, dá ao mesmo um typo mais ou menos homogéneo, que lhe augmenta o
valor mercantil.
A capacidade oscilla entre 25 e 40 saccos, conforme a qualidade e gráo de preparo
do arroz.
A força motriz necessária é de seis cavallos nominaes.
Fornecemos também :
Ventiladores para arroz em casca, proporcionaes á machina „PauIista";
Separadores de marinheiro, idem;
Instrumentos agrai ios especiaes para a cultura do arroz, como sejam arados grades,
semeadores, ceifadeiras, debulhadores, etc.
Encarregamo-nos de mandar vir e assentar :
Machinismo completo para beneficiar arroz, em grande escala, para o que estamos
apparelhados com a representação das mais importantes fabricas europeas e dispomos de
pessoal technico habilitadíssimo.
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ESTABELECIDA EM 1736
Únicos fabricantes da lona impermeável
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usada pelos Srs» fazendeiros em encerados para lavoura,
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importantes serviços na extin-
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que apresentou reaes resultados
nas experiências effectuadas por
ordem do governo do Estado de
S. Paulo, onde supplantou todas
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essa experiência e demonstrou
praticamente ser o formicida
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destruidor das formigas e mais
económico 100 '/, conforme o re-
latório publicado por ordem do
governo do mesmo Estado.
Paschoal Vaz Otero communica aos Srs. Lavradores que, de
regresso da Europa, acaba de montar novos apparelhos e que
melhorou ainda mais o seu formicida que tão bons serviços tem
prestado á Lavoura.
A Sociedade Nacional de Agricultura poderá bem attestar a
boa qualidade do formicida pelo grande numero de latas que tem
comprado para os seus associados, assim como communica aos
Srs. consumidores que tem todo o escrúpulo no enlatamento e que
assume também inteira responsabilidade na medida das latas
(quatro litros).
Paschoal Vaz Otero
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PUBL1É E SOUS LA D1RECTION DE J
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Inspecteur General de la Viticultura, *^
^ Professeur de Viliculture á 1'Institut National Agronomique, &
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qualidade, ella reúne em um feliz conjuncto :
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1 Peneira mechanica para separação do quehradinho que, beneficiando sat^fectoria-
mente o arroz, dá ao mesmo um typo mais ou menos homogéneo, que lhe augmenta o
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comprado para os seus associados, assim como communica aos
Srs. consumidores que tem todo o escrúpulo no enlatamento e que
assume também inteira responsabilidade na medida das latas
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bação das terras productoras do café, algodão, canna de as-
sucar, fumo, de todos os cereaes, de todas as leguminosas,
de todas as arvores fructiferas, emfim, de todas as culturas.
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fornecidos in loco por um profissional e scientista, que se acha
no Brasil para este fim.
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cendo mais alegres, que os carrapatos tinham cabido, que os
cabellos ficaram muito lizos e que, por causa do melhor estado
de saúde das vaccas, o leite tinha augmentado. (Extracto de
uma carta em nosso poder.)
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a usar, tendo em vista a propriedade do solo e a cultura que
se pretende beneficiar. Estas informações e conselhos serão
fornecidos in loco por um profissional e scientista, que se acha
no Brazil para este fim.
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quer idioma, referentes a qualquer cultura.
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ou comoassador de carne, etc. Certas fruetas, quando parcialmente evaporadas, consti-
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usar o carvão mineral, ou a lenha, e mesmo a electri :i la le por meio de lâmpadas ao
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las anachronicas para a extineção dos formigueiros.
O Formicida SCHOMAKER ó o imico que sem provo-
cação artificial desenvolve gazes mais pezados que o ar, em
contacto com o hydro e oxygenio.
O Formicida SCHOMAKER realiza o útil ao agradável,
conservando-se em actividade pele espaço de GO dias, levan-
do uma morte certa ao terrivel inimigo da lavoura.
O Formicida SCHOMAKER não illude ; restituo a im-
portância em dobro a quem provar a sua falta de eíficacia.
O Formicida SCHOMAKER foi submettido victoriosn-
mente a varias experiências perante as autoridades seguintes:
Directoria de Agricultura do Est. de Minas, Secretaria
de Agricultura do Estado de S. Paulo, Comarcas de Juiz
de Fora, Ubá, Cataguazes, Leopoldina, Campinas, Limeira,
Rio Claro, Bocaina, Bica de Pedra, Bariry e muitas outras.
( ) Formicida SCHOMAKER é o único que voluntariamente
se submette ao tribunal da opinião publica.
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devido ás suas valiosas qualidades dietéticas,
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que as suas vaccas leiteiras, em numero de 19, depois do uso
do saloxo, ficaram parecendo mais alegres, que os carrapatos
tinham cahido, que os cabellos ficaram muito lizos e que, por
causa do melhor estado de saúde das vaccas, o leite tinha
augmentado. (Extracto de uma carta em nosso poder.)
Estamos proiuptos a enviar amostras ou prospectos
a ([liem nol-os pedir.
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tender ao» g-randes pedidos da OH1NA, JAPÃO e
IISI>IA. I MOLEZA., principalmente deste ultimo
paiz, onde são agentes os srs. MARSHALL SOIVN
«fc C. (firma esta bantante conhecida :«.<i ui no Brazil),
resolveu a fabrica baixar os preços
para a futura safra, o que levamos ao conhecimen-
to das pessoas interessadas n:i acquisição de
Macias fli arroz, praizaias como as lieras
pelo mundo inteiro; tanto assim, <iiio todos estão pro-
curando imital-sis, mas essas imitações são sempre,
como todos «at>em, SO'*UMA IMITAÇÃO.
Peçam catalogo», preços e informações.
A reducção nos preços das machinas de arroz
começa a vigorar desta data em deante.
S. Paulo, 16 de Novembro de 1908.
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S. Paulo, onde supplantou todas
as marcas que concorreram a
essa experiência e demonstrou
praticamente ser o formicida
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destruidor das formigas e mais
económico 100% conforme o re-
latório publicado por ordem do
governo do mesmo Estado.
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NAS EXPERIÊNCIAS EFFECTUADAS
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regresso da Europa, acaba de montar nooos apparelhos e que
melhorou ainda mais o seu formicida, que tão bons neroiços tem
prestado á Lavoura.
A Sociedade Nacional de Agricultura poderá bem attestar a
boa qualidade do formicida pelo grande numero de latas que tem
comprado para os seus associados; assim como communica aos
Srs. consumidores que tem todo o escrúpulo no enlatamento e que
assume também inteira responsabilidade na medida das latas
(quatro litros).
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pelas excellentes qualidades de Café recebido de
seus committentes que expuzeram.
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Nunca esquecer que
o emprego de adubos na cultura das terras é absolutamente
necessário, afim de çonseguir-se um resultado verdadeira-
mente remunerador do esforço e do capital empregado pelo
agricultor .
Adubos artificlaes de todas as qualidades para a adu-
bação das terras produetoras do café, algodão, canna de as-
sucar, fumo, de todos os cereaes, de todas as leguminosas
de todas as arvores fruetiferas, emfim, de todas as culturas
Os adubos são fornecidos, cada elemento nutritivo em sepa-
rado ou em diversas misturas, podendo estas ultimas ser de
qualquer proporção, havendo toda a garantia de serem mis-
turas rigorosamente exactas quanto á sua composição. Recom
mendam-se especialmente ;
Chlorureto de potássio de 50 °/0 de potássio (Kali)
Sulphato de potássio . . de 48 °/0 de > >
Sal de potássio de 30 °/0 de » >
Superphosphatos de 1 4 '///„ de acido phosphorico
solúvel em agua
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solúvel em acido cítrico.
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Salitre do Chile de 1.5 '/, °/, de azoto .
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Fornecem-se aos agricultores, gratuitamente, Informa-
ções e conselhos sobre a qualidade e quantidade dos adubos
a usar, tendo em vista a propriedade do solo e a cultura que
se pretende beneficiar . Estas informações e conselhos serão
fornecidos in loco por um profissional e scientista, que se acha
ao Brazil para este fim.
Fornecem-se, gratuitamente, livros e folhetos, em qual
quer idioma, referentes a qualquer cultura.
As encommendas de adubos devem ser feitas com ante-
cedência, afim de poderem vir da Europa a tempo para a
sua applicação adequada, que começa approximadamente em
Agosto ou Fevereiro.
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