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Full text of "Monumenta Brasiliae"

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BX370Í 
5 

I 


1 


MONUMENTA  HISTÓRICA  SOCIETATIS  IESU 

MONUMENTA  BRASILIAE  I 


MONUMENTA  HISTÓRICA  SOCIETATIS  IESU 
A  PATRIBUS  EIUSDEM  SOCIETATIS  EDITA 


VOLUMEN  79 


MONUMENTA  MISSIONUM 

SOCIETATIS  IESU 

VOL.  X 


MISSIONES  OCCIDENTALES 


MONUMENTA  BRASILIAE  I 
(1538-1555) 


ROM  AE 

"MONUMENTA  HISTÓRICA  S.  I.ti 
VIA  DEI  PENITENZIERI  20 
1  956 


MONUMENTA  BRASILIAE 

I 

(1538-1553) 


POR 

SERAFIM  LEITE   S.  I. 


ROMA 

"MONUMENTA  HISTÓRICA  SOCIETATIS  IESU » 
VIA  DEI  PENITENZIERI  20 
1956 


À  CIDADE  DE  SÃO  PAULO 


IMPRIMI  POTEST 


Romae,  die  2  Februarii  1956. 

R.  Mendizabal  S.  I. 
Dclegatus  P.  Generalis 


IMPRIMATUR 
E  Vicariatu  Urbis,  die  8  Februarii  1956. 


t  Aloisius  Traglia 
Archiep.  Caesarien.  Vic.  Ger. 


TODOS  OS  DIREITOS  RESERVADOS 


Coimbra  —  Tip.  da  Atlântida,  Rua  Fernandes  Tomás,  46 


AO  LEITOR 

Mais  de  uma  vez  nos  foi  encarecida  a  utilidade  de  se  usarem  lín- 
guas modernas  na  obra  Monumenta  Histórica  Societatis  lesu,  sobretudo 
na  secção  missionária,  de  interesse  para  leitores  que,  sendo  especia- 
listas em  diversos  ramos  das  ciências,  não  o  são  tanto  na  lfngua  latina. 

Aberto  inquérito  entre  pessoas  dadas  a  estes  estudos  em  diversas 
partes  do  mundo,  recebemos,  e  agradecemos,  as  suas  respostas. 

Manifestaram-se : 

22  pelas  línguas  modernas, 
6  pela  latina. 

À  pergunta,  separada,  sobre  os  sumários  dos  documentos  : 

i5  pela  conservação  do  latim, 
5  pelas  línguas  modernas. 

Sobre  este  segundo  ponto,  houve  algumas  abstenções. 

Exposto  o  resultado  do  inquérito  a  quem  competia  decidir,  con- 
cedeu-se  faculdade  para  se  usarem  línguas  modernas,  conservando-se 
o  sumário  em  latim. 

O  presente  volume  é  o  primeiro  de  MUSI  a  publicar-se  depois 
desta  resolução.  E  já  nele,  sem  prejuízo  do  seu  carácter  cientifico 
e  internacional,  se  usa  a  língua  portuguesa,  por  ser  a  de  muitos 
documentos  e,  sobretudo,  por  ser  a  das  nações  a  quem  mais  parti- 
cularmente interessa,  que  são  o  Brasil  e  Portugal. 

25  de  Janeiro  de  ig56. 

Roma,  Via  dei  Penitenzieri,  20. 


MONUMENTA  HISTÓRICA  SOCIETATIS  IESU. 


LEGTORI,  S.  P.  D. 


Non  semel  nobis  linguis  modernis  uti  in  praefationibus  et  adno- 
tationibus  nostri  operis  Monumenta  Histórica  Societatis  Iesu  commen- 
datum  est,  cum  praecipue  sectio  missionalis  etiam  viros  scientificos, 
non  autem  latinitate  adeo  peritos,  spectet. 

Hac  de  causa  investigationera  instituimus  ut  mentem  peritorum 
in  hac  re  cognosceremus.  Illorum  responsa  —  quibus  grati  ex  animo 
sumus  —  fuerunt  22  pro  linguis  modernis;  6  pro  latina ;  i5  amant  retinere 
summarium  latinum  unicuique  documento  praefixum;5  vero  non;  alii 
praescindunt. 

Ita  cum  res  se  haberet,  consulto  negotio  iterum  cum  eis  quorum 
est  quaestionem  decernere,  facultas  concessa  est  ut  linguae  modernae 
in  nostrum  opus  introducerentur. 

Quam  ob  rem  hoc  nostrum  volumen,  Mon.  Bras.,  primum  ex  quo 
haec  nova  ratio  instituta  est,  lingua  Portugaliae  redigitur  in  qua  plera- 
que  eius  documenta  sunt  scripta,  eiusdemque  linguae  nationes  potis- 
sime  spectantia. 


Roma,  Via  dei  Penitenzieri,  ao. 


Collegium  MHSI. 


ÍNDICE  GERAL 


Pág. 


Índice  geral   9* 

bibliografia  impressa   33* 

abreviaturas   46* 

INTRODUÇÃO  GERAL 

Capítulo   I.   Pressuposto  Histórico   3 

Art.   1.    Os  Portugueses  no  Brasil  até  ao  Governo  Geral.  3 

Art.   2.    Missão  e  Província  da  Companhia  de  Jesus.    .  7 

Art.  3.    Os  índios  do  Novo  Mundo  e  os  Jesuítas  do  Brasil.  9 

Art.   4.    Os  índios  Tupinambás   14 

Capítulo  II.   Autores  das  Cartas   19 

A.  Na  Europa   20 

Art.   1.    P.  Inácio  de  Loyola,  Fundador  da  Companhia  de 

Jesus.   20 

Art.  2.   P.  Pedro  Fabro,  Primeiro  sacerdote  da  Compa- 
nhia de  Jesus   23 

Art.  3.    P.  Juan  Alfonso  de  Polanco,  Secretário  da  Com- 
panhia de  Jesus.    24 

Art.  4.    P.  Pedro  Doménech,  Fundador  do  Colégio  dos 

Órfãos  de  Lisboa   25 

Art.  5.    D.  João  III,  Rei  de  Portugal   26 

Art.  6.    Dr.  Diogo  de  Gouveia,  Principal  do  Colégio  de 

Santa  Bárbara  e  Reitor  da  Universidade  de  Paris.  32 
Art.  7.    D.  Pedro  Mascarenhas,  Embaixador  de  Portugal 

em  Roma  e  Vice-Rei  da  índia   33 

B.  No  Brasil   34 

Art.  8.    P.  Manuel  da  Nóbrega,  Fundador  da  Província 

do  Brasil.    34 

Art.  9.    P.  Leonardo  Nunes,  Fundador  do  Colégio  de 

S.  Vicente   37 

Art.  10.    P.  Juan  de  Azpilcueta  Navarro,  Missionário  dos 

índios   38 

Art.  11.    P.  António  Pires,  Mestre  de  obras  e  Vice-Pro- 

vincial   38 

Art.  12.   P.  Vicente  Rodrigues,  Primeiro  Mestre-Escola 

do  Brasil.   40 

Art.  13.   P.  Diogo  Jácome,  Torneiro  e  Catequista.    .     .  41 


10* 


ÍNDICE  GERAL 


Pág. 


Art.  14.    P.  Afonso  Brás,  Fundador  do  Colégio  do  Espi- 
rito Santo   41 

Art.  15.    P.  Francisco   Pires,  Fundador  da  Igreja  da 

Ajuda  em  Porto  Seguro   42 

Art.  16.  P.  Brás  Lourenço,  Superior  do  Espírito  Santo.  43 
Art.  17.    Ir.  Pero  Correia,  Protomártir  da  Companhia  na 

América   44 

Art.  18.    P.  António  Rodrigues,  Primeiro  Mestre-Escola 

de  São  Paulo   45 

Art.  19.    D.  Pedro  Fernandes,  Vigário  Geral  de  Goa  e 

Bispo  do  Salvador  da  Baía   46 

Art.  20.   Tomé  de  Sousa,  Governador  do  Brasil  e  Vedor 

da  Casa  Real   52 

Capítulo  III.   Expansão  das  Cartas   do   Brasil  pela 

Europa  e  o  Extremo  Oriente   53 

Capítulo  IV.   Códices  Manuscritos   61 

Capítulo    V.   Edições  das  primeiras  Cartas  do  Brasil.  69 

Capítulo  VI.   Normas  seguidas  na  presente  série.   .     .  78 

Art.   1.    Recomendações  do  Congresso  de  Francoforte.  78 

Art.  2.    Método  de  MHSI                               ...  79 

Art.   3.    Qualidade  dos  documentos   80 

Art.   4.    Leitura  dos  textos   81 

Art.  5.    Dois  excertos  autógrafos  de  Nóbrega.      .     .  82 

Capítulo  VII.  Gratiarum  Actio   83 


DOCUMENTOS 
1538 

1.  Carta  do  Dr.  Diogo  de  Gouveia  a  D.  João  III  Rei  de  Portu- 
gal, Paris  ij  de  Fevereiro. 

Texto:  1.  Introdução.  —  2.  Defesa  do  império  português 
contra  os  piratas  franceses.  —  3.  Dinheiro  pedido  em- 
prestado ao  Rei  de  Portugal  pelo  Rei  de  França,  que 
deu  carta  de  marca  a  João  Ango  contra  Portugal.  — 
4.  Negociações  entre  os  Reis  de  Portugal  e  França: 
propõe-se  a  colonização  efectiva  do  Brasil.  -  5.  «Pragmá- 
tica Censio»  dos  estudantes  de  Paris.  —  6.  Grande  movi- 
mento de  conversão  na  índia  e  deve-se  promover  mais. 
—  7.  Os  «Clérigos  reformados»  são  aptos  para  esta  con- 
versão.—  8.  Trate  o  Rei  de  Portugal  de  os  angariar  por 
meio  do  seu  Embaixador  em  Roma ;  basta  escrever  a 
Simão  Rodrigues,  Pedro  Fabro  e  ínigo.  —  9.  Os  Mestres 
portugueses  de  Paris.  —  10.  Alunos  do  Doutor  Gouveia 
que  entraram  em  diversos  Institutos  Religiosos.       .     .  87 

ja-b.    Cartas  perdidas   97 


índice  geral 


11* 


Pág. 

2.  Carta  do  P.  Pedro  Fabro  e  companheiros  ao  Dr.  Diogo  de 
Gouveia,  Roma  2j  de  Novembro. 

Texto  :  1.  Responde  o  P.  Pedro  Fabro  ao  Dr.  Gouveia 
que  ele  e  os  seus  companheiros  estão  prontos  a  ir  para 
as  missões,  mas  o  assunto  deve-se  tratar  com  o  Sumo 
Pontifice   98 

1539 

3.  Carta  de  D.  João  III  Rei  de  Portugal  a  D.  Pedro  Mascare- 
nhas, Lisboa  [4  de  Agosto  j. 

Texto  :  1.  A  intenção  principal  do  Rei  de  Portugal  é  a 
conversão  dos  infiéis  à  fé  católica  tanto  na  índia  como 
em  todas  as  suas  conquistas.  —  2  Soube  pela  carta  do 
Dr.  Diogo  de  Gouveia  que  os  «Clérigos  reformados»,  que 
estão  em  Roma,  são  idóneos  para  essa  conversão.  — 
3.  Averigúe  o  Embaixador  se  assim  é;  e,  se  for,  con- 
vide-os  e  dê-lhes  o  que  for  necessário  para  a  missão.    .  101 

1540 

4.  Carta  de  D.  Pedro  Mascarenhas  a  D.  João  III  Rei  de  Portu- 
gal, Roma  10  de  Março. 

Texio:  1.  O  Embaixador  de  Portugal  recebeu  as  cartas 
do  Rei  e  do  Dr.  Gouveia;  falou  com  os  «Clérigos  refor- 
mados» (Companhia  de  Jesus)  e  conseguiu  dois  para  as 
missões,  um  português  e  um  castelhano,  aos  quais  se 
juntou  um  terceiro,  italiano   104 

1549 

5.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
Baia  [10  ?  de  Abril]. 

Texto:  1  Chegada  à  terra  brasileira  do  P.Nóbrega  e  dos 
seus  companheiros.  —  2.  Primeira  missa  do  P.  Nóbrega 
e  confirmação  dos  votos  de  todos.  —  3.  Nóbrega  Vigário 
interino  e  pregador  dos  Portugueses  fundadores  da  nova 
cidade,  Navarro  pregador  dos  antigos  moradores  da 
terra.  —  4.  O  Ir.  Vicente  Rodrigues,  Mestre-Escola. — 
5.  Boa  disposição  dos  índios  para  receber  a  fé  cristã. 
—  6.  Religião  e  língua  dos  índios  e  ajuda  dum  portu- 
guês morador  antigo  da  terra.  —  7.  índio  principal  já 
cristão.  —  8.  Roupa  para  vestir  os  índios.  —  9.  Que 
venham  muitos  Padres  de  Portugal.  — 10.  O  P.  Leo- 
nardo Nunes  com  o  Ir.  Diogo  Jácome  destinados  a  Porto 


ÍNDICE  GERAL 


Seguro.  —11.  Os  outros  ficam  na  Baía.  —  12.  É  preciso 
que  venha  de  Portugal  um  Vigário  Geral.  —  13.  A  terra 
é  sã.  —  14.  Insiste  Nóbrega  que  venham  mais  Padres. 
—  15.  O  Governador,  escolhido  de  Deus.  —  16.  Que  o 
Provincial  de  Portugal  abençôe  a  todos. 

Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
Baia  [rj  de  Abril]. 

Texto:  1.  Devem-se  enviar  para  o  Brasil  clérigos  bons, 
não  maus.— 2.  Conversão  dum  índio  principal.— 3.  Len- 
das de  S.  Tomé  e  da  origem  do  pão.  —  4.  Espanto  e  devo- 
ção dos  índios  durante  os  ofícios  divinos.  —  5.  Um  bom 
vale  para  o  futuro  Colégio.  —  6.  É  necessário  um  Vigá- 
rio Geral.  — 7.   Cartas  dos  Irmãos  

6a-e.    Cartas  perdidas  

Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
Baía  p  de  Agosto. 

Texto:  1.  Cartas  para  Portugal.  —  2.  Faltam  mulheres 
para  os  moradores  se  casarem  e  conviria  que  viessem 
do  Reino.  —  3.  Em  prol  da  família  cristã.  —  4.  Contra 
os  blasfemadores.  —  5.   Defesa  da  liberdade  dos  índios. 

—  6.  Libertação  dos  injustamente  cativos.  —  7.  «Esta 
terra  é  nossa  empresa»:  que  venham  operários  evangé- 
licos.—  8.  Pede  a  Bula  do  Santíssimo  Sacramento  e 
faculdades  da  Santa  Sé,  entre  as  quais  a  de  levantar  alta- 
res, fazer  comutações  e  que  as  leis  positivas  não  obri- 
guem os  índios  recém-convertidos.  —  9.  É  preciso  um 
Bispo  ou  pelo  menos  um  Vigário  Geral.  —  10.  Escolhe-se 
lugar  apto  para  o  Colégio  fora  da  cerca  da  cidade,  sem 
medo  dos  índios.  —  11.  Terra  fácil  para  viver;  não  para 
pagar  a  oficiais  mecânicos  que  há  poucos.  —  12.  «É  mal 
empregada  esta  terra  em  degredados».  —  13.  Necessi- 
ta-se  de  roupa  para  vestir  as  mulheres  índias.  — 14.  Da 
saúde  e  ocupações  dos  Padres. —  15.  Festas  solenes.  — 
16.  Ornamentos;  Nóbrega  faz  de  Vigário.  — 17.  Os 
homens  da  governança,  amigos  e  benfeitores.  — 18.  Fer- 
ramenta, sementes  e  livros. —  19.   Vida  espiritual.  . 

Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  Dr.  Martin  de  Aspilcueta 
Navarro,  [Baia]  io  de  Agosto. 

Texto:  1.  O  que  Nóbrega  pensa  de  si  mesmo.  —  2.  Fun- 
dação da  Cidade  do  Salvador  [Baia]  e  louvor  da  terra. 

—  3.  Religião,  cosmogonia,  antropofagia  e  outros  cos- 
tumes do  gentio  do  Brasil.  —  4.  Começa  a  evangeliza- 
ção dos  índios,  cujos  filhos  aprendem  a  ler  e  escre- 
ver. —  5.    Trabalhos  do  P.  João  de  Azpilcueta  Navarro 


ÍNDICE  GERAL 


15* 


que  aprende  a  língua  brasílica  [tupi].  —  6.  Aldeia  ao 
pé  da  Cidade  [Monte  Calvário],  onde  está  um  da  Com- 
panhia.—  7.  A  terra  do  Brasil  dá  esperanças  de  muito 
fruto,  mas  faltam  operários.  —  8.  Um  gentio  mata  um 
cristão  e  é  castigado.  —  9.  Prega-se  o  nome  de  Jesus 
nas  Aldeias  dos  índios.  —  10.  Um  feiticeiro  quer  ser 
baptizado.  —  11.  Nóbrega  pede  o  conselho  e  a  bênção 
do  Dr.  Martin  seu  mestre   132 

Informação  das  Terras  do  Brasil.  Do  P.  Manuel  da  Nóbrega, 

[aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra,  Baía  Agosto  ?}. 

Texto:  1.  Grandeza,  clima,  fertilidade  e  abundância  do 
Brasil.  —  2  índios  «Guayanases,  Carijós,  Gaimurés, 
Tupeniques,  Tupinambás»,  suas  moradas  e  costumes. 
—  3.  Religião,  «Tupana»,  cerimónias  e  feiticeiros.  — 
4.  Rito  antropófago  da  morte  em  terreiro.  —  5.  Rito 
funerário  e  sobrevivência.  —  6.  Comunidade  de  bens 
e  vida  social  e  familiar.  —  7.  Tradição  do  Dilúvio. — 
8.  Dificuldade  na  propagação  da  fé.  —  9.  O  que  se 
diz  de  S.  Tomé  e  das  suas  pegadas.  —  10.  De  outras 
coisas  escreverá  depois  quando  tiver  mais  conhecimento 
delas   145 

9a.    Carta  perdida   154 


1550 

10.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
Porto  Seguro  6  de  Janeiro. 

Texto:  1.    Cartas  que  escreveu  para  Portugal.  —  2.  O 
P.  Navarro  ensina  a  doutrina  aos  índios  nas  Aldeias. 

—  3.  Nóbrega  dispõe  as  coisas  para  que  Diogo  Álvares 
[Caramuru]  seja  pai  e  governador  dos  índios.  —  4.  Per- 
turbações e  mortes  feitas  por  índios  contrários.  —  5.  Os 
Irmãos  Vicente  Rodrigues  e  Simão  Gonçalves  numa 
Aldeia  de  índios  amigos.  —  6.  O  P.  António  Pires  tra- 
balha na  Cidade.  —  7.  O  P.  Navarro  aprende  a  língua 
dos  índios  e  trabalha  com  eles. —  8.  Os  Padres  contra 
a  antropofagia  dos  índios.  —  9.  O  P.  Leonardo  Nunes 
e  Ir  Diogo  Jácome  em  Porto  Seguro.  —  10.  Pazes  em 
Porto  Seguro. —  11.  O  P.  Leonardo  Nunes  vai  para 
São  Vicente. —  12.  Nóbrega  fica  em  Porto  Seguro  e 
com  ele  o  Ir.  Diogo  Jácome. —  13.  Aldeias  de  Tupina- 
quins  e  esperança  de  lhes  ensinar  os  filhos.  —  14.  Os 
cristãos  dão  maus  exemplos  e  escândalos  aos  Gentios. 

—  15.    Dois  Religiosos  de  Santo  António  que  andaram 


14* 


ÍNDICE  GERAL 


Pág. 

em  Porto  Seguro.  — 16  Zelo  do  Padre  Nóbrega  pelo  res- 
gate dos  meninos  e  pela  moralização  cristã.  —  17.  Pede 
de  Portugal  órfãs  e  mulheres  para  os  homens  do  Brasil 
se  casarem.  —  18.  Pede  que  El-Rei  proiba  o  cativeiro 
injusto.  —  19.  São  precisas  faculdades  especiais  da 
Santa  Sé  e  que  venha  um  Bispo  ou  ao  menos  um  Vigá- 
rio Geral.  —  20.  Recebeu  os  livros  e  ornamentos  que 
vieram  de  Portugal  e  pede  mais.  —  21.  Sobre  a  funda- 
ção do  Colégio  da  Baía.  —  22.  As  faculdades  para  ouvir 
confissões  que  venham  por  escrito.  —  23.  A  terra  é  sã, 
a  água  boa,  os  alimentos  não  são  fáceis  de  digerir,  mas 
há  uma  erva  (tabaco)  que  ajuda  a  digestão.  —  24.  É  pre- 
ciso que  venham  muitos  moradores,  porque  há  poucos 
e  não  fazem  lavouras  por  temer  que  os  índios  as  des- 
truam. —  25.  Fala-se  de  minas  de  oiro  e  de  pedras 
preciosas,  mas  os  cristãos  são  poucos  para  as  ir  desco- 
brir e  também  as  almas. —  26.  Os  Irmãos  estão  de 
saúde  e  recebeu  dois  em  Porto  Seguro,  mas  é  preciso 
que  venham  mais  a  plantar  esta  vinha  do  Senhor.   .     .  155 

11.  Carta  do  P.  Pero  Domenech  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra, 
Lisboa  27  de  Janeiro. 

Texto:  1.  Com  os  Padres  da  Companhia  vão  para  o 
Brasil  sete  órfãos  do  Colégio  dos  Meninos  Órfãos. 

—  2.   Atravessam  as  ruas  de  Lisboa  cora  a  cruz  alçada. 

—  3.  E  embarcam  depois  de  terem  feito  oração  e  can- 
tado na  Igreja  de  Belém   170 

12.  Carta  do  Dr.  Pero  Borges  a  D.  João  III  Rei  de  Portugal, 
Porto  Seguro  7  de  Fevereiro. 

Texto:  1.  A  causa  principal  de  os  índios  fazerem  guerra 
aos  Cristãos  era  o  cativeiro  deles;  mas  agora,  a  pedido 
dos  Padres  da  Companhia  ele  mandou  pôr  em  liber- 
dade os  injustamente  cativos   174 

13.  Mandado  de  mantimento  para  o  P.  Manuel  da  Nóbrega  c 
cinco  companheiros,  Salvador  [Baia]  2j  de  Fevereiro. 
Texto:   I.    Paga-se  em  ferro  o  subsídio  para  mantimento 

dos  Padres   176 

14.  Carta  do  P.  Juan  de  Aspilcueta  [Navarro]  aos  Padres  e 
Irmãos  de  Coimbra,  Baia  28  de  Março. 

Texto:  1.  O  que  escreveu  sobre  a  conversão  dos  gen- 
tios. —  2.  Duas  dificuldades  principais  impedem  o  bap- 
tismo dos  índios :  primeira,  mudam  as  casas  com  fre- 
quência, indo  para  os  matos.  —  3.  Segunda,  porque  é 
neles  inveterado  o  costume  de  comer  carne  humana. 


Índice  geral  15* 

Pig. 

—  4.  Os  seus  própios  ministérios.  —  5.  Ministérios  dos 
outros  Padres. —  6  Pede  orações  para  que  progrida  a 
evangelização  dos  índios   177 

I4a-b.    Cartas  perdidas   187 

15.  Carta  do  P.  Juan  de  Polanco  por  comissão  do  P.  Inácio  de 
Loyola  ao  P.  Simão  Rodrigues,  Roma  2  de  Julho. 
Texto  :  1.    O  Jubileu  do  Ano  Santo  de  1550  para  o  Brasil 

e  outras  regiões  ultramarinas  de  Portugal.  —2.  Condi- 
ções para  o  ganhar.  —  3.  O  P.  Simão  Rodrigues  é  espe- 
rado em  Roma   187 

16.  Carta  do  P.  Inácio  de  Loyola  ao  P.  Simão  Rodrigues  e 
demais  Superiores  do  Congo  Brasil  e  Africa,  Roma  7  de 
Julho. 

Texto:  1.  Patente  do  Jubileu  do  Ano  Santo  para  o  Pro- 
vincial de  Portugal  e  os  Superiores  das  Missões  do 
Congo,  Brasil  e  África   190 

16-a.   Carta  perdida   194 

17.  Sesmaria  de  «.Agua  dos  Meninos»  dada  pelo  Governador 
Tomé  de  Sousa  ao  P.  Manuel  da  Nóbrega,  Baia  21  de 
Outubro. 

Texto:  1.  Nóbrega  pede  uma  sesmaria  para  fazer  os 
mantimentos  dos  meninos  do  Colégio.  —  2.  Poderes  do 
Governador  para  conceder  sesmarias.  —  3.  Concessão. 

—  4.  Limites   194 

18.  Carta  do  P.  Leonardo  Nunes  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coim- 
bra, S.  Vicente  [Novembro  ?]. 

Texto:  1.  Vai  para  o  Sul  levando  em  liberdade  os  índios 
injustamente  cativos.  —  2.  Chega  a  Porto  Seguro.  — 
3.  Fica  um  mês  no  Espírito  Santo.  —  4  Perto  de  S.  Vi- 
cente é  atacado  o  navio  por  índios  amigos  cuidando  que 
era  navio  de  franceses.  —  5.  Reconhecido  como  portu- 
guês, segue  em  paz  para  o  porto.  —  6.  Bem  recebido  nas 
vilas  de  Santos  e  S.  Vicente.  —  7.  Vai  ao  campo  de 
Piratininga  e  promove  a  edificação  de  uma  igreja,  cele- 
bra missa  e  dá  a  comunhão.  —  8.  Visita  as  Aldeias  do 
campo.  —  9.  Volta  à  vila  de  S.  Vicente  e  constrói  casa  e 
igreja.  —  10.  E  pensa  em  ir  ao  sertão.  —  11.  Superior 
da  Casa  trata  da  reforma  dos  costumes  e  da  liberdade 
dos  índios   200 

i8a-e.   Cartas  perdidas   210 


16* 


ÍNDICE  GERAL 


1551 

Pág. 

19.  Carta  de  D.  João  III  Rei  de  Portugal  a  Tomé  de  Sousa 
Governador  do  Brasil,  Almeirim  1  de  Janeiro. 

Texto:  1.  Carta  régia  para  que  o  Governador  dê  aos 
Padres  da  Companhia  de  Jesus  o  que  for  necessário  para 
mantimento  e  vestido.  —  2.  Eram  dez  Padres  dos  quais 
morreram  três   211 

19a.    Carta  perdida   212 

20.  Mandado  de  mantimento  para  o  P.  Manuel  da  Nóbrega  e 
seus  companheiros  no  Brasil,  Salvador  [Baia]  16  de  Janeiro. 
Texto:   1.  Subsidio  de  seis  Padres  pagos  em  alimentos  .  212 

Si.  Carta  do  P.  Pero  Domenech  ao  P.  Inácio  de  Loyola,  Almei- 
rim ij  de  Fevereiro. 

Texto:  1.   Fundação  do  Colégio  dos  Órfãos  de  Lisboa. 

—  2.  O  que  fizeram  no  Brasil  os  sete  que  para  lá  man- 
dou o  Rei  de  Portugal.  —  3.    Munificência  de  El-Rei, 

pai  de  todos   213 

22.  Carta  do  P.  Juan  de  Polanco  por  comissão  do  P.  Geral 
ao  P.  Cláudio  Le  Jay,  Roma  2}  de  Fevereiro. 

Texto:  1.  O  Duque  de  Baviera  pede  dois  Padres  da 
Companhia  e  propõe-se-lhe  o  exemplo  de  Portugal. 

—  2.  O  Rei  de  Portugal  fundou  um  Colégio  donde 
saem  muitos  Padres  para  o  Brasil  e  as  outras  conquis- 
tas portuguesas.  —  3.    E  também  trabalham  na  pátria: 

o  Duque  de  Baviera  pode  fazer  o  mesmo  na  sua  nação.  216 
22a-b.    Cartas  perdidas   218 

23.  Carta  do  Ir.  Pero  Correia  ao  P.  Belchior  Nunes  Barreto, 
[S.  Vicente]  8  de  Junho. 

Texto:  1.  Cartas  para  o  Colégio  de  Coimbra.  —  2.  O 
P.  Leonardo  Nunes  foi  ao  sertão  com  alguns  Irmãos. 

—  3.  Navegação  fluvial,  canoas  e  dificuldades  do  cami- 
nho. —  4.  Ministérios  do  P.  Nunes  e  do  Ir.  Correia  na 
Capitania  de  S.  Vicente.  — 5.  Um  homem  quis  bater  no 
P.  Nunes,  mas  foi  impedido  por  uma  Índia.—  6.  Grande 

vinha  é  o  Brasil,  mas  faltam  operários   219 

24.  Carta  do  Ir.  Pero  Correia  [ao  P.  João  Nunes  Barreto] 
A/rica,  [S.  Vicente  20  de  Junho]. 

Texto:  1.  Deseja  saber  o  que  fazem  os  mouros,  por- 
que os  índios  têm  alguns  costumes  parecidos  com  os 
deles  — 2.  Os  índios  querem  aprender  a  doutrina 
cristã,  mas  o  P.  Nunes  também  se  ocupa  com  os  Por- 
tugueses e  falta  tempo. —  3.  O  P.  Nunes  foi  ao  sertão 
com  quatro  Irmãos:  a  terra  é  tão  grande  que  não  bas- 


ÍNDICE  GERAL  17* 

Pág. 

taria  todo  o  Colégio  de  Coimbra  ainda  que  fosse  três 
ou  quatro  vezes  maior.  —  4.  Antropofagia  ritual  dos 
índios   223 


25.  Carta  do  Ir.  Pero  Correia  [ao  P.  Simão  Rodrigues,  S.  Vicente 
Junho}. 

Texto  :  1.  O  P.  Leonardo  Nunes  com  seis  Irmãos,  a 
15  dias  de  caminho,  parte  por  um  rio  abaixo,  foi  buscar 
um  homem  cristão.  —  2.  Como  os  índios  não  têm  governo 
nacional  nem  rei,  a  sua  conversão  é  difícil,  porque  é  pre- 
ciso andar  de  aldeia  em  aldeia,  e  não  há  Padres  que  che- 
guem para  se  dispersarem  tanto   229 

26.  Carta  do  P.  Leonardo  Nunes  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coim- 
bra, S.  Vicente  20  de  Junho. 

Texto  :  1.  Igreja  e  Casa  de  S.  Vicente.  —  2.  De  Portu- 
gal devem  vir  Padres  e  não  Irmãos.  —  3.  Ministérios  do 
P.  Nunes  nas  vilas  de  S.  Vicente  e  de  Santos.  —  4.  Há 
outras  vilas  de  Portugueses  e  só  um  Padre.  —  5.  Cate- 
quese dos  índios  sobretudo  pelo  Ir.  Correia  que  fala  a 
língua  deles.  —  6.  Em  Maio  o  P.  Nunes  foi  buscar  um 
homem  que  se  tinha  esquecido  de  que  era  cristão.  — 
7.  Outro  que  já  voltou  à  vida  cristã.  -  8.  Dois  cristãos 
entre  índios  amigos,  três  mulheres  entre  índios  contrá- 
rios.—  9.    O  P.  Leonardo  Nunes  faz  os  contrários  ami- 


gos, porque  os  defende  de  cativeiros  injustos.   .     .     .  231 

27.   Carta  do  P.  Leonardo  Nunes  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
S.  Vicente  [20  de  Junho]. 

Texto  :  1.  O  Capitão  de  S.  Vicente,  verdadeiro  amigo  da 
Companhia  e  dos  pobres.  —  2.  Também  está  aqui  um 
irmão  de  Pero  de  Góis,  pio  e  amigo   237 


28.   Carta  do  Ir.  Diogo  Jácome  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra, 
[S.  Vicente  Junho], 

Texto:  1.  Introdução  pessoal  e  espera  que  venham 
Padres.  —  2.  Os  índios  pensam  em  tudo,  menos  na  sal- 
vação das  suas  almas.  —  3.  Ministérios  do  P.  Nunes  na 
vinha  do  Senhor.  —  4.  Um  homem  que  volta  à  vida 
cristã. —  5.  Outro  que  mora  a  dez  léguas  da  vila  de 
S.  Vicente,  excomungado  pelo  Vigário.  —  6.  Caminho 
marítimo  para  trazer  um  homem  que  vivia  entre  os 
índios.  —  7.  Fortaleza  atacada  pelos  índios  contrá- 
rios. —  8.  Igreja  de  S.  Vicente,  casa,  cerca  e  quin- 
tal. —  9.  Há  ano  e  meio  que  não  dá  notícias  nem  da 
Baía  nem  de  Portugal.  —  10.  Novos  Irmãos  em  S.  Vi- 
cente  238 

a* 


18* 


ÍNDICE  GERAL 


Pág. 

29.  Carta  de  Maximiano  aos  Irmãos  de  Portugal,  [S.  Vicente 
Junho}. 

Texto  :  1.  Foi  com  o  P.  Leonardo  Nunes  ao  sertão  e  viu 
numa  Aldeia  de  índios  uma  casa  pequena  que  diziam  ser 
do  seu  santo.  —  2.   Os  Irmãos  trazem  bordões  de  cruz.  247 

30.  Mandado  de  mantimento  para  o  P.  Manuel  de  Paiva  e  cinco 
companheiros,  Baia  10  de  Julho. 

Texto:    1.   Subsidio  para  seis  Padres  pago  em  ferro.     .  249 

31.  Carta  do  P.  António  Pires  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra, 
Pernambuco  2  de  Agosto. 

Texto  :  1.  O  P.  António  Pires  está  em  Pernambuco 
com  o  P.  Nóbrega.  —  2.  Navarro  aprende  a  língua  bra- 
sílica.—  3.  Baptismo  de  índios.  —  4.  Favor  do  Gover- 
nador aos  índios  cristãos.  —  5.  Morte  cristã  do  índio 
D.  João.  —  6.  índios  que  comem  carne  humana. 
—  7.  Guerra  contra  os  índios  contrários.  —  8.  Começa 
o  Colégio  de  Meninos  da  Baía  e  os  órfãos  portugueses 
atraem  os  meninos  brasis.  —  9.  Reformam-se  os  costu- 
mes dos  Portugueses.  —  10.  Os  da  Companhia  que 
estão  no  Brasil.  — 11.  Trabalhos  dos  Padres  Nóbrega 
e  Pires  em  Pernambuco.  —  12.  Cartas  recebidas  de 
Portugal.  —  13.    Trabalhos  manuais  dos  Padres.   .     .  250 

32.  Mandado  do  Governador  Tome'  de  Sousa  sobre  mantimento 
e  vestido  dos  Padres  da  Companhia,  Baía  6  de  Agosto. 
Texto  :    1.    Por  ordem  régia,  o  Governador  manda  dar 

ao  P.  Manuel  de  Paiva  um  quarto  de  vinho.   .  .  264 

33.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
Pernambuco  11  de  Agosto. 

Texto  :  1.  A  conversão  do  Gentio.  —  2.  Está  principal- 
cipalmente  na  educação  dos  meninos  nos  Colégios  que 
se  hão-de  fundar  em  todas  as  Capitanias.  —  3.  Tam- 
bém se  espera  grande  fruto  em  Pernambuco.  —  4.  O  Rei 
de  Portugal  deseja  que  os  Padres  estejam  em  todas  as 
Capitanias.  —  5.  Clérigos  de  mau  exemplo.  —  6.  O  Colé- 
gio da  Baía   266 

33a-c.   Cartas  perdidas   271 

34.  Carta  do  P.  Afonso  Brás  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra, 
[Espírito  Santo  24  de  Agosto]. 

Texto  :  1.  Passou  da  Capitania  de  Ilhéus  para  a  de  Porto 
Seguro  e  esteve  aí  4  meses.  —  2.  Agora  está  na  Capita- 
nia do  Espírito  Santo,  fez  casa  e  trabalha  com  os  cris- 
tãos. —  3.  Começa  a  doutrina  cristã  dos  índios,  mas 
não  os  baptiza,  porque  fogem  para  os  matos  e  comem 


ÍNDICE  GERAL  19* 

Pág. 

carne  humana.  —  4.    Esta  terra,  a  melhor  do  Brasil,  dá 
esperança  de  fruto,  mas  faltam  Padres   272 

35.  Carta  do  P.  Juan  de  Aspilcucta  [Navarro]  aos  Padres  e 
Irmãos  de  Coimbra,  Salvador  [Baía  Agosto  ?]. 

Texto  :  1.  Está  com  o  Ir.  Vicente  Rodrigues  em  Porto 
Seguro  e  o  que  aí  fazem.  —  2.  Os  índios  comem  carne 
humana.—  3.  Aprende  a  língua  brasílica  com  um  homem 
morador  antigo  nesta  Capitania.  —  4.  Voltou  à  Baía,  onde 
agora  está.  —  5.  O  Ir.  Vicente  Rodrigues  numa  Aldeia 
de  índios.  —  6.  O  P.  Navarro  visita  as  Aldeias.  —  7.  Por 
estar  o  P.  Nóbrega  em  Pernambuco,  ele  trata  agora  tanto 
com  cristãos  como  com  gentios   276 

36.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  aos  Padres  e  Irmãos  de 
Coimbra,  Pernambuco  ij  de  Setembro. 

Texto:  1.  Chega  a  Pernambuco  com  o  P.  António  Pires. 
—  2.  Faz  que  os  Portugueses  casem  com  mulheres 
índias.  —  3.  Os  Clérigos  uns  procedem  bem,  outros 
não.  —  4.  Funda  duas  casas  uma  para  recolhimento  de 
mulheres  e  outra  para  educar  meninos.  —  5.  Fervor  dos 
índios.  —  6.  Ordenam-se  casas  para  meninos  em  todas 
as  Capitanias,  mas  faltam  Padres.  —  7.  Grande  coisa  é 
a  índia,  mas  o  Brasil  não  será  menos  se  vierem  Padres.  283 

37.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  a  D.  João  III  Rei  de  Por- 
tugal, Olinda  [Pernambuco]  14  de  Setembro. 

Texto  :  1.  Estado  da  Capitania  de  Pernambuco  em  cos- 
tumes e  religião  cristã.  —  2.  Começa  a  reforma  dos 
costumes.  —  3.  Os  Donatários  são  virtuosos,  mas  a 
jurisdição  de  todo  o  Brasil  devia  ser  de  El-Rei. —  4.  Os 
índios  estão  bem  dispostos,  mas  faltam  Padres  para 
os  doutrinar.  —  5.  Ordenam-se  duas  casas,  uma  para 
recolhimento  de  mulheres  outra  para  educar  meni- 
nos.—  6.  Homens  casados  em  Portugal.  —  7.  O  casa- 
mento cristão  dos  escravos.  —  8.  Os  Portugueses  do 
Brasil  ajudam  quanto  podem  a  que  se  façam  casas  para 
educar  meninos.  —  9.  O  Colégio  da  Baía  deve  ser  real 
e  ser  ajudado  mais  eficazmente  por  El-Rei.  — 10.  Devem 
vir  órfãs  portuguesas  para  se  casarem  no  Brasil.  — 
11.  Prepara-se  uma  expedição  para  descobrir  minas. 
— 12.  Está-se  à  espera  de  Bispo  e  de  Padres.  .     .     .  289 

38.  Mandado  de  pagamento  do  soldo  devido  ao  Ir.  João  de 
Sousa,  Baia  1$  de  Setembro. 

Texto  :    1.    Que  se  pague  o  soldo  de  João  de  Sousa  até 

ao  tempo  em  que  entrou  na  Companhia  de  Jesus.  .     .  295 


20* 


ÍNDICE  GERAL 


1552 

Pág. 

39.  Mandado  de  mantimento  e  vestiaria  para  o  P.  Manuel  da 
Nóbrega  c  seus  companheiros  no  Brasil,  Baía  11  de  Fevereiro. 
Texto:    1.    Vestiaria  para  dez  da  Companhia,  e  manti- 


mento para  quatro  que  estão  em  S.  Vicente.     .     .     .  296 
39a.    Carta  perdida   ....  298 

40.  Sesmaria  do  Colégio  de  Santiago  na  Capitania  do  Espirito 
Santo,  Vitória  4  de  Maio. 

Texto  :  1.  O  P.  Manuel  de  Paiva,  em  nome  do  P.  Manuel 
da  Nóbrega,  pede  uma  sesmaria  para  o  Colégio  de  San- 
tiago, na  Capitania  do  Espírito  Santo.  —  2.  Pública- 
-forma   298 


41.  Carta  do  Ir.  Vicente  Rodrigues  aos  Padres  e  Irmãos  de 
Coimbra,  [Baia  iy  de  Maio  ?]. 

Texto:  1.  Desgraças  que  acontecem  aos  Índios  que 
voltam  aos  costumes  antigos.  —  2.  Naufrágio  em  que 
morreram  os  índios  gentios  e  não  os  índios  cristãos. 

—  3.  Desgraças  aos  índios  que  trabalham  nos  domin- 
gos e  dias  santos.  —  4.  Morte  de  dois  índios  que  deram 
ouvidos  a  seus  feiticeiros.  —  5.    O  medo  de  um  índio. 

—  6.   Menino  moribundo,  que  se  baptizou  e  viveu.      .  302 

42.  Carta  do  Ir.  Vicente  Rodrigues  aos  Padres  e  Irmãos  de 
Coimbra,  Baía  77  de  Maio. 

Texto  :    1.   Menino  moribundo,  que  se  baptizou  e  viveu. 

—  2.  O  índio  Bastião  Teles  vai  à  guerra.  —  3.  O  Ir. 
Vicente  Rodrigues  com  o  P.  Manuel  de  Paiva  tiram  um 
cadáver  das  mãos  dos  índios  para  que  o  não  comam.  — 
4.  E  são  salvos  pelos  pais  de  Bastião  Teles. — 5.  Doença, 
morte  e  enterro  cristão  de  Bastião  Teles.  —  6.  Os  Padres 
Nóbrega  e  António  Pires  em  Pernambuco.  —  7.  Ocupa- 
ções do  Ir.  Vicente  Rodrigues  entre  as  quais  a  de  trasla- 
dar orações  na  língua  brasílica.  —  8.  Exercícios  Espi- 
rituais. —  9.    Ministérios  com  Portugueses  e  índios. 

—  10.    Exortação  para  virem  mais  Padres   305 

43  [Carta  do  Ir.  Vicente  Rodrigues  por  comissão  do  Governador 
do  Brasil  Tomé  de  Sousa  ao  P.  Simão  Rodrigues,  Baia  Maio], 
Texto:  1.  Vendo  um  Padre  a  disciplinar-se,  os  índios 
das  Aldeias  deixam  de  comer  carne  humana.  —  2.  Des- 
graças que  acontecem  aos  índios  que  voltam  aos  costu- 
mes antigos.  —  3.  Doentes  que  recuperam  a  saúde  com 
as  orações  dos  Padres.  —  4.  Morte  do  índio  principal 
Tacoí.  —  5.  índios  baptizados  quando  estão  para  mor- 
rer. —  6.    Naufrágio  de  índios  que  foram  à  guerra. 


fNDICE  GERAL 


'21* 


Pàg. 

—  7.  Morte  do  índio  Porta  Grande.  —  8.  Morte  dum 
índio  cristão.  —  9.  Os  Padres  bem  recebidos  pelos 
índios  de  Pernambuco.  —  10.  Uma  Aldeia  e  o  seu  fei- 
ticeiro na  Capitania  de  Pernambuco.  —  11.  Os  Meninos 
Órfãos  portugueses  pregam  pelas  Aldeias.  —  12.  A  cruz 
erguida  numa  Aldeia  de  índios.  —  13.  Baptismo  de  dois 
gentios  condenados  à  morte.  —  14.  A  Fonte  de  Nossa 
Senhora  em  Porto  Seguro   .     .  315 

44.  Carta  do  P.  António  Pires  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra, 
Pernambuco  4  de  Junho. 

Texto:  1.  Fruto  dos  ministérios  do  P.  Nóbrega  na  Capi- 
tania de  Pernambuco.  —  2.  A  perseverança  dos  gen- 
tios na  doutrina  cristã  depende  de  haver  Padres,  mas 
faltam.  —  3.  Se  para  converter  os  índios  do  Oriente  e 
os  mouros  são  precisos  dez  Padres,  para  converter  os 
índios  do  Brasil  são  precisos  vinte.  —  4.  Esta  Capitania 
é  muito  rica  e  movimentada,  há  muito  que  não  chovia 
e  este  ano  choveu.  —  5.  Visita  das  Aldeias  de  índios. 
Confraria  do  Rosário  dos  Escravos  índios  e  Negros  da 
Guiné.  —  6.    Os  Escravos  aprendem  a  doutrina  cristã. 

—  7.    Lembrança  dos  Padres  D.  Gonçalo,  Grã  e  D.  Leão .  321 
44a-c.    Cartas  perdidas   327 

45.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  [aos  Moradores  de  Pernam- 
buco], Baia  [j  de  Junho]. 

Texto  :  1.  Escreve  a  todos  colectivamente  por  não  poder 
a  cada  um  em  particular.  —  2.  Alegrou-se  em  saber 
que  andam  muitos  no  caminho  do  Senhor  mas  importa 
que  perseverem  para  a  vida  eterna  em  união  de  cari- 
dade. —  3.  Isto  é  o  que  é  necessário.  —  4.  Com  Cristo 
crucificado  e  ressuscitado  e  com  a  graça  abundante  do 
Espírito  Santo.  —  5.  O  P.  António  Pires  vos  dirá  tudo 
isto.  —  6.  Mas  Nóbrega  deseja  saber  que  fruto  tiram  da 
confissão  frequente  e  receber  cartas  deles. —  7.  Outra 
vez  as  línguas  de  fogo  do  Espírito  Santo,  sem  o  qual  não 
há  conversão  das  gentes.  —  8.  E  que  sejam  mercadores 
da  cidade  de  Deus.  —  9.  Espera  Bispo  e  Padres  da  Com- 
panhia.  328 

46.  Carta  do  P.  Leonardo  Nunes  ao  P.  Manuel  da  Nóbrega, 
S.  Vicente  29  de  Junho. 

Texto:  1.  Castelhanos  na  Capitania  de  S  Vicente,  vindos 
do  Peru  e  do  Paraguai.  —  2.  Leonardo  pensa  em  ir  ao 
Paraguai,  cujo  estado  descreve.  —  3.  Louva  os  índios 
Carijós.  —  4.   Pensa  em  partir  para  o  Paraguai  a  1  de 


22* 


ÍNDICE  GERAL 


Págr- 


Agosto.  —  5.   Chamam-no  Bareachu.  —  6.    Um  homem 

casado  que  quer  entrar  na  Companhia  

4Óa-b.    Cartas  perdidas  


335 
342 


47.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  a  D.  João  111  Rei  de  Por- 
tugal, [Baía  princípios  de  Julho]. 

Texto:  1.  Chega  o  Bispo.  —  2.  Nóbrega  pede  a  El-Rei 
que  mande  órfãs  e  outras  mulheres  portuguesas  de  que 
a  terra  precisa.  —  3.  E  que  mande  homens  de  trabalho 
e  não  para  empregos  públicos,  que  há  demais.  — 
4.  Sugere  que  dê  uma  comenda  ao  Bispo  ou  ao  Cabido. 
—  5.  Louva  o  Governador  Tomé  de  Sousa  e  teme  que 
não  venha  outro  tão  bom.  —  6.  Nóbrega  quer  entrar  ao 
sertão,  mas  só  depois  de  deixar  bem  fundadas  as  casas 
das  Capitanias.  —  7.  A  terra  cresce  no  temporal  e  no 
espiritual  e  os  índios  já  começam  a  reunir-se  numa 
Aldeia.  —  8.  Mas,  para  a  terra  crescer  mais,  é  preciso 
que  venham  muitos  moradores.  —  9.  Esperanças  que 
tem  no  Bispo. —  10.    Que  o  Rei  favoreça  o  Brasil.     .  343 

47a-c.   Cartas  perdidas   347 

48.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
Baía  10  de  Julho. 

Texto:  1.  Chega  o  Bispo  que  se  mostra  amigo.— 2.  O  Bispo 
quer  que  os  Padres  da  Companhia  sejam  visitadores. — 
3.  O  Colégio  dos  Meninos  de  Jesus  está  florescente  e  os 
Padres  aplicam  a  ele  o  subsídio  régio,  vivendo  eles  de 
esmola.  —  4.  O  que  os  Padres  recebem  por  mandado  de 
El-Rei.  —  5.  Três  escravos  e  12  vacas  emprestadas.  — 
6.  Novos  Colégios  nas  Capitanias.  —  7.  Aumento  do 
Colégio  da  Baía.  —  8.  Não  perdeu  nenhum  dos  da  Com- 
panhia que  vieram  de  Portugal  e  cujos  nomes  e  activi- 
dade própria  menciona. — 9.  Dois  filhos  da  terra  que  quer 
mandar  para  Portugal,  para  que  estudem  e  sejam  Padres. 
— 10.  Louva  o  Governador  Tomé  de  Sousa  que  gostaria 
deÇficar  no  Brasil.  —  11.  Deseja  ir  ao  sertão,  mas  é  pre- 
ciso que  venham  mais  Padres  antes  de  ir.  — 12.  A  igreja 
da  Baía  precisa  de  ser  reconstruída.  —  13.  Boas  notícias 
de  São  Vicente,  que  pede  reforços. —  14.  O  subsídio  real 
devia  ser  para  todos  os  Padres  e  Irmãos  do  Brasil.  — 
15.  Prepara-se  para  visitar  as  Capitanias:  venham  Padres.  348 

48a.    Carta  perdida   357 

49.  Carta  de  D.  Pedro  Fernandes  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
[Baía  mês  de  Julho}. 

Texto:  1.  Proibiu  no  primeiro  sermão  que  os  Portugue- 
ses usassem  cantos  e  músicas  dos  Índios.  —  2.  O  mesmo 


ÍNDICE  GERAL  23*" 

Pág. 

proibiu  aos  órfãos  e  aos  Padres.  —  3.  E  qoe  os  meninos 
não  tragam  o  cabelo  ao  modo  dos  índios.  —  4.  Quer 
que  a  conversão  dos  índios  do  Brasil  se  faça  como  na 
índia  Oriental,  donde  veio — 5.  Proibiu  as  confissões  por 
intérprete  e  mandou  que  as  mulheres  índias  aprendes- 
sem português.  —  6.  Reprova  os  exercícios  de  humil- 
dade e  mortificação  pública  que  os  Padres  usam  para 
edificação  do  povo.  —  7.  Reprova  as  disciplinas  tanto 
dos  homens  como  das  mulheres.  —  8.  Acha  mal  as 
ermidas  nas  Aldeias  e  o  modo  como  se  enterram 
os  defuntos.  —  9.  Tem  experiência  da  índia  Orien- 
tal, e  por  isso  os  Padres  deviam  pedir-lhe  conselho 
e  virem  de  Portugal  mais  idosos.  — 10.  De  novo  a 
confissão  por  intérprete  e  os  costumes  dos  índios  que 
considera  ritos  gentílicos.  —  11.  Pede  a  Deus  que  o 
livre  dos  gentios  e  maus  cristãos  e  o  tire  do  Brasil  e 
leve  outra  vez  a  Portugal   357 

50.  Mandado  de  mantimento  para  o  P.  Manuel  da  Nóbrega  e 
cinco  companheiros,  [Baia]  26  de  Julho. 

Texto  :  1.    Subsídio  mensal  para  seis  da  Baía,  pago  em 

mercadoria   366 

51.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
[Baía  fins  de  Julho]. 

Texto:  1.  O  Bispo  manifesta-se  contra  os  Padres  da  Com- 
panhia. —  2.  Reprova  a  confissão  dos  índios  por  intér- 
prete. —  3.  Nóbrega  espera  a  resposta  do  Doutor 
Navarro  sobre  o  cativeiro  dos  índios  que  o  Bispo 
parece  aprovar.  —  4.  O  Bispo  reprova  a  prática  das 
disciplinas  públicas  que  edificavam  o  povo.  —  5.  O  pre- 
gador do  Bispo  parece  aprovar  as  mancebias  públicas. 
—  6.  O  Bispo  suprimiu  a  missa,  pregações  e  doutrina 
dos  Escravos  feita  pelos  Padres  da  Companhia.  — 
7.  O  Bispo  não  sabe  fugir  a  questões  com  o  seu 
Cabido,  que  aliás  não  edifica  o  povo.  —  8.  O  Bispo 
reprova  que  se  cante  e  toque  à  maneira  dos  índios, 
tendo-o  por  rito  gentílico.  —  9.  Não  ajuda  a  educação 
dos  meninos.  —  10.  Não  estima  a  Companhia  e  fala  mal 
dela  quando  quer  e  pode. —  11.  Nóbrega  vai  aproveitar 
o  facto  para  ir  ao  sertão  como  é  preciso  e  todos  dese- 
jam. —  12.  Tudo  isto  faz  mais  mal  ao  Bispo  do  que  à 
Companhia,  que  todos  amam.  —  13  Ainda  que  ao  prin- 
cípio aceitou  dar  ao  Bispo  visitadores  da  Companhia, 
agora  já  vê  nisto  perigo:  consola-se  com  Cristo  que 
padeceu  maiores  contradições   367 


24* 


ÍNDICE  GERAL 


Pág. 

52.  Carta  dos  Meninos  Órfãos  [escrita  pelo  P.  Francisco  Pires] 
ao  P.  Pero  Domenech,  Baia  j  de  Agosto. 

Tfxto:  1.  Introdução. — 2.  Peregrinação  dos  meninos  do 
Colégio  da  Baía.  —  3.  Meninos  pregadores  na  língua 
brasílica.  —  4.  Entram  nas  Aldeias  dos  índios  em  pro- 
cissão e  com  cantos  na  língua  brasílica.  —  5.  As  casas 
dos  índios.  —  6.  Bem  recebidos  pelos  índios  principais. 
—  7.  Chegam  às  pegadas  de  S.  Tomé  e  levantam  uma 
cruz.  —  8.  Quando  os  meninos  entram  nas  Aldeias,  os 
índios  deixam  de  comer  carne  humana.  —  9.  Passando 
o  rio  grande  chegam  a  um  lugar  onde  estava  o  P.  Nóbrega. 
— 10.  Outra  peregrinação  para  erguer  uma  cruz  na 
Aldeia  do  Grilo,  amigo  dos  Portugueses.  —  11.  Uma  filha 
do  Grilo  estava  doente  e  íicou  boa,  e  um  filho  foi  com 
os  Padres  para  aprender  a  ler  e  a  escrever.  —  12.  Grande 
festa  na  Aldeia  do  Grilo  ao  som  de  instrumentos  músicos 
índios;  mas  devem  vir  também  instrumentos  músicos 
portugueses.  — 13.  Com  cantos  e  música  não  receia  o 
P.  Nóbrega  entrar  longe  pela  terra  dentro.  —  14.  Tam- 
bém se  pedem  de  Portugal  sinos  e  campainhas.  — 
15.  Peregrinação  do  P.  Nóbrega  pelas  Aldeias  até  às 
pegadas  de  S.  Tomé.  —  16.  Trabalhos  e  dificuldades  do 
caminho.  —  17.  Um  Irmão  [Vic.  Rodrigues],  com  dois 
meninos,  fica  na  Aldeia  junto  das  pegadas;  os  outros 
voltam  para  a  Baía   375 

52a-f.    Cartas  perdidas   390 

53.  Carta  do  P.  Francisco  Pires  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coim- 
bra, Baía  7  de  Agosto. 

Texto:  1.  Introdução.  —  2.  Escreve  por  mandado  do 
P.  Nóbrega  e  o  mesmo  farão  outros  de  outras  Capita- 
nias. —  3.  Ao  voltar  de  Pernambuco,  o  P.  Nóbrega  não 
pode  ir  visitar  as  Capitanias  do  sul  por  sobrevir  mon- 
ção contrária.  —  4.  O  P.  Navarro  na  Capitania  de  Porto 
Seguro.  —  5.  O  P.  Paiva  na  do  Espírito  Santo.  —  6.  O 
P.  Nóbrega  na  Baía  e  seus  ministérios.  —  7.  Fervor  dos 
índios  em  aprender  a  doutrina  cristã.  —  8.  Os  meninos 
do  Colégio  da  Bala  estudam  e  ajudam  os  Padres.  — 
9.  Peregrinação  dos  meninos  ao  sertão  da  Baía.  — 10.  O 
Ir.  Vicente  Rodrigues  faz  uma  ermida  junto  às  pegadas 
de  S.  Tomé.  —  12.  O  Bispo,  por  indicação  de  Nóbrega, 
fez  a  Diogo  Alvares  Caramuru  companheiro  dos  Padres 
na  conversão  do  gentio.  —  13.  Faltam  Padres  para  a 
Capitania  de  Ilhéus.  —  14.  O  P.  Nóbrega  prepara-se  para 
navegar  para  o  sul.  —  15.   Começa  a  edificar-se  nova 


ÍNDICE  GERAL 


25* 


Pág. 

igreja  na  cidade  da  Bala.  —  16.    O  menino  Miguel,  filho 

de  português  e  Índia,  que  vivia  como  índio.      .     .     .  390 

54.  Carta  do  P.  Matutei  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
[Baia  fins  de  Agosto]. 

Texto  :  1.  A  esperança  da  conversão  do  gentio  está  na 
educação  dos  filhos  e  para  isso  vieram  órfãos  de  Por- 
tugal.—  2.  Para  os  sustentar  Nóbrega  adquiriu  terras 
e  ajuda-o  o  Governador.  —  3.  Alvará  régio  para  sus- 
tento de  dez  Padres  da  Companhia.  —  4.  Para  sus- 
tento dos  meninos  comprou  12  vacas  e  outras  coisas. 

—  5.  Escravos  necessários  para  o  Colégio.  —  6.  Cari- 
jós injustamente  cativos  a  quem  se  dá  liberdade  e  ficam 
no  Espírito  Santo.  —  7.  Dízimos  do  peixe  e  outras  coi- 
sas do  sustento  dos  Meninos.  — 8.  Para  não  dar  pasto 
a  murmurações  os  Padres  vivem  de  esmolas  e  comem 
uma  vez  por  dia  com  os  criados  do  Governador.  —  9.  O 
Bispo  dá  ouvidos  aos  murmuradores,  mas  Nóbrega,  com 
o  conselho  do  Governador  e  amigos,  não  desiste  do  Co- 
légio começado.  — 10.  Os  Colégios  de  meninos  são 
absolutamente  necessários  no  Brasil.  —  11.  O  Bispo  é 
zeloso,  mas  velho,  e  por  isso  para  ele  ou  para  o  Cabido 
se  deve  arranjar  alguma  comenda  em  Portugal  até 
a  terra  poder  mais.  — 12.  Dúvidas  que  se  puseram 
com  a  chegada  do  Bispo.  —  13.  Confissões  por  intér- 
prete. —  14.  A  estada  na  Igreja  dos  índios  gentios  com 
os  cristãos.  —  15.  Costumes  dos  índios  que  não  são 
contra  a  fé  cristã.  —  16.  A  nudez  dos  índios  que  pedem 
o  baptismo.  —  17.  A  guerra  e  cativeiro  dos  índios.  — 
18.  O  Bispo  nomeou  Diogo  Álvares  [Caramuru]  pai  da 
conversão  do  gentio  e  Nóbrega  pede  para  ele  algum 
ordenado  régio.   400 

55.  Carta  do  Ir.  Vicente  Rodrigues  aos  Padres  e  Irmãos  de 
Coimbra,  Baia  zj  de  Setembro. 

Texto:   1.   Método  de  catequese  do  Ir.  Vicente  Rodrigues. 

—  2.  Fala  a  língua  brasílica  assim  como  os  «Irmãos» 
pequenos  que  estão  com  ele.  —  3.  Peregrinação  às 
pegadas  de  S.  Tomé.  —  4.  Visita  a  Aldeia  dum  índio 
principal,  que  foi  catecúmeno  de  Nóbrega ;  e  há 
outras  Aldeias,  mas  os  operários  são  poucos.  — 
5.  Peregrinação  do  P.  Nóbrega  com  outros  Padres 
e  meninos.  —  6.  Os  feiticeiros  dos  índios  são  con- 
trários à  conversão.  —  7.  Que  venham  Padres  de  Por- 
tugal  409 


26* 


Índice  geral 


Pág- 

56.  Carta  do  P.  Pero  Domenech  ao  P.  Inácio  de  Loyola,  [Lis- 
boa por  Outubro], 

Texto:  1.  Soube  pelas  cartas  dos  meninos  qne  já  havia 
quatro  ermidas  nas  Aldeias  dos  índios  e  que  um  menino 
brasil  repreendeu  a  mãe  por  comer  carne  humana. 
—  2.  Os  meninos  dançam  e  cantam  na  língua  brasílica 
e  depois  declaram  a  doutrina  cristã:  e  os  índios  seguem 
os  filhos   415 

56a-b.   Cartas  perdidas   417 


1553 

57.  Mandado  de  vestiário  para  o  P.  Manuel  da  Nóbrega  e  mais 
nove  da  Companhia,  [Baia]  Fevereiro. 

Texto  :    1.    Subsídio  para  dez  Padres  a  pagar  parte  na 

Baía  parte  em  S.  Vicente.    417 

58.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
S.  Vicente  12  de  Fevereiro. 

Texto  :  1.  Não  recebeu  resposta  de  cartas  que  lhe  escre- 
veu. —  2.  Achou  na  Vila  de  São  Vicente  grande  casa 
e  igreja  com  sete  Irmãos  e  muitos  meninos.  —  3.  Resol- 
veu entrar  ao  sertão.  —  4.  A  Capitania  de  S.  Vicente  é 
a  porta  do  sertão  e  por  isso  nela  se  deve  fazer  mais 
fundamento  do  que  nas  outras.  —  5.  Modo  de  proceder 
do  Bispo  e  dos  seus  clérigos  e  visitador,  mas  o  povo 
ama  a  Companhia  excepto  os  que  não  podem  ser  absol- 
vidos dos  seus  pecados.  —  6.  Devia  vir  um  Padre  da 
Companhia  feito  bispo  de  anel  só  para  ordenar  os  Irmãos 
e  crismar.  —  7.  Deseja  saber  como  há-de  proceder  com 
os  que  saem  da  Companhia.  —  8.  Bens  temporais.  — 
9.  O  Ir.  Pero  Correia.  — 10.  Herança  de  Álvaro  de 
Magalhães.  —  11.  Esmola  para  a  mãe  do  Ir.  João  de 
Sousa.  —  12.  Luís  de  Góis  e  a  sua  mulher.       .     .     .  419 

58a.    Carta  perdida    .    425 

59.  Carta  de  um  Irmão  do  Brasil  aos  Irmãos  de  Portugal, 
S.  Vicente  10  de  Março. 

Texto:  1.  O  Padre  Nóbrega,  na  armada  do  Governador, 
visita  as  Capitanias  ao  sul  da  Baía.  —  2.  Em  Ilhéus 
ninguém  da  Companhia.  —  3.  Na  Capitania  de  Porto 
Seguro  o  P.  Navarro.  —  4.  Na  Capitania  do  Espírito 
Santo  o  P.  Afonso  Brás  já  com  grande  colégio  e  igreja. 
—  5.  No  Rio  de  Janeiro  ensina-se  a  doutrina  cristã 
aos  meninos  brasis,  com  cantos  na  sua  língua,  e  aí  se 


Índice  geral  27* 

Pág. 

deve  fazer  povoação  de  Portugueses.  —  6.  Ministérios 
do  P.  Nóbrega  na  armada.  —  7.  Em  Angra  dos  Reis 
adoecem  os  Padres  Nóbrega  e  Francisco  Pires.  —  8.  Na 
Vila  de  S.  Vicente  há  casa  que  sustenta  mais  de  8o  pes- 
soas, e  a  igreja  melhor  de  todo  o  Brasil.  —  9.  Confra- 
ria do  Menino  Jesus  e  trabalhos  do  Ir.  Pero  Correia, 
do  P.  Francisco  Pires,  do  P.  Leonardo  Nunes  que  foi 
aos  «Patos»,  e  do  P.  Paiva. —  10.  O  P.  Nóbrega  quer 
ir  ao  sertão,  mas  impede-o  o  Governador,  para  não  fal- 
tarem Padres  nas  Capitanias.  —  11.  De  novo  os  minis- 
térios dos  Padres,  em  particular  do  Ir.  Correia,  que  sabe 
bem  a  língua  brasílica.  —  12.  O  P.  Nóbrega  ordena  que 
o  ensino  de  ler  e  escrever  se  estenda  também  aos  meni- 
nos de  fora   425 


60.   Carta  do  lr.  Pero  Correia  [ao  P.  Simão  Rodrigues],  S.  Vi- 
cente 10  de  Março. 

Texto:  1.  Há  19  anos  que  está  no  Brasil  e  escreve  de 
males  que  conhece  bem.  —  2.  O  visitador  do  Bispo 
impõe  penas  de  dinheiro  e  deixa  os  pecados  como  antes. 

—  3.  Entre  os  Portugueses  há  um,  que  está  no  Brasil 
há  40  anos.  —  4.  Lesa-se  a  liberdade  dos  índios  com 
desdouro  da  Companhia  que  a  prometeu  e  se  vê  impo- 
tente para  impedir  os  cativeiros  injustos.  —  5.  Um 
homem  que  perdeu  a  fé.  —  6.  Cristãos  com  muitas 
mulheres.  —  7.  Reforma  de  costumes  de  algumas  mu- 
lheres índias.  —  8.    Opiniões  sobre  o  futuro  da  alma. 

—  9.  índio  tirado  à  força  do  Colégio.  — 10.  O  P.  Nóbrega 
e  acções  que  são  milagres.  —  11.  Três  condições  dos 
cristãos  do  Brasil.  —  12.  Por  já  não  aproveitarem  os 
ministérios  com  os  cristãos,  desejam  os  Padres  ir  ao  ser- 
tão. —  13.  O  Ir.  Correia  pede  livros.  —  14.  O  Gover- 
nador impede  a  entrada  ao  sertão.  —  15.  Para  reduzir 
os  índios  à  vida  civil  e  religiosa  o  caminho  suave  é  não 
dar  nada  do  que  os  índios  precisam  senão  aos  já  cristãos. 

—  16.  Todos  os  índios  dizem  que  querem  ser  cristãos, 
mas  convém  que  vejam  também  nisso  alguma  utilidade 
material.  —  17.  Os  índios  são  agora  mais  guerreiros  do 
que  antes,  porque  nada  lhes  falta  nem  mesmo  vinho  para 
se  embriagar.  —  18.  As  guerras  dos  índios  não  são  de 
temer.  —  19.  Os  índios  não  têm  nenhuma  religião,  só 
algumas  superstições,  como  também  as  há  em  Portugal. 

—  20.  Se  não  se  pratica  isto  que  propõe,  a  única  espe- 
rança é  que  dos  filhos  dos  índios  nasça  novo  povo  cris- 
tão. —  21.  Mas  para  ensinar  tanta  quantidade  de  meninos 


28* 


ÍNDICE  GERAL 


Pág. 

não  há  sustento.  — 22.  De  novo  a  entrada  ao  sertão.  — 

23.  Pede  missas  por  sua  intenção  aos  Padres  de  Portugal.  433 

6r.   Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues, 
S.  Vicente  [10  de  Março], 

Texto  :  1.  Deliberação  de  Nóbrega  para  entrar  ao  sertão. 

—  2.    Razões  do  Governador  para  que  Nóbrega  não  vá. 

—  3.  Boatos  de  minas  de  oiro  e  prata  que  também 
impedem  a  ida.  —  4.  O  Governador  não  deixa  entrar 
pelas  Capitanias  senão  com  intenção  de  ir  e  voltar  para 
a  costa  marítima.  —  5.  Mas  os  índios  do  Brasil  não  são 
para  se  converterem  e  ficarem  logo  abandonados  a  si- 
-mesmos  no  sertão.  —  6.  Os  cristãos  à  excepção  dal- 
guns não  ajudam  a  conversão  do  gentio.  —  7.  O  Bispo 
e  o  seu  Visitador  não  fazem  recta  administração  da  jus- 
tiça.—  8.  O  Governador  é  bom,  mas  nem  sempre  o  são 
seus  conselheiros  no  que  toca  à  liberdade  dos  índios. 

—  9.  E  uma  justa  liberdade  até  às  coisas  temporais  ser- 
viria. —  10.  O  cativeiro  dos  índios  é  uma  dor  de  cora- 
ção.—  11.  Recurso  a  El-Rei  de  Portugal;  e  se  não  se 
permite  ir  ao  sertão  pouco  há  que  fazer  na  costa,  a 
não  ser  a  educação  de  meninos  dos  Colégios. — 12.  Nó- 
brega pensa  em  voltar  à  Baía  e  em  levar  consigo  os 
Irmãos  recebidos  em  São  Vicente.  —  13.  A  Casa  de 
São  Vicente  deve  ser  ajudada  também  pelo  Rei,  pois 

o  que  se  dá  para  dez  nem  para  três  basta   448 

6ia-b.    Cartas  perdidas   458 

62.  Confirmação  das  terras  doadas  pelo  Ir.  Pero  Correia  ao 
Colégio  de  S.  Vicente,  S.  Vicente  22  de  Março. 

Texto  :  1.  Terras  do  Ir.  Pero  Correia.  —  2.  Junto  ao 
Porto  das  Naus  em  S.  Vicente.  —  3.  Em  Peruíbe.  — 
4.  Ilha  junto  de  Peruíbe.  —  5.  Pública-forma.  —  6.  Con- 
firmação e  doação  destas  terras  à  Confraria  do  Menino 
Jesus  da  Vila  de  S.  Vicente   459 

63.  Carta  do  P.  Cipriano  Suares  ao  P.  Inácio  de  Loyola,  [Lis- 
boa  ?]  2j  de  Abril  [?]. 

Texto:    1.    Expedições  missionárias  para  a  índia  e  o 


Brasil.  —  2.  Para  o  Brasil  sete  Padres  e  Irmãos.  — 
3.  Munificência  do  Rei  de  Portugal  inclusivè  para 
bibliotecas  das  missões   464 

64.  Carta  do  P.  Vicente  Rodrigues  ao  P.  Luis  Gonçalves  da 
Câmara,  [Baia]  2j  de  Maio. 

Texto:    1.   Ingrata  disposição  de  D.  Pedro  Fernandes 
para  com  a  Companhia   467 


Índice  geral  29* 

Pág. 

65.  Carta  do  Ir.  António  Rodrigues  aos  Padres  e  Irmãos  de 
Coimbra,  S.  Vicente  ji  de  Maio. 

Texto:  1.  Foi  soldado  e  entrou  na  Companhia  recebido 
pelo  P.  Nóbrega.  —  2.  Esteve  na  fundação  da  cidade  do 
Rio  da  Prata  [Buenos  Aires].  —  3.  Grande  fome.  — 
4.  Abandono  da  cidade.  —  5.  Sobe  pelo  rio  ao  sertão 
através  de  índios  de  diversas  nações.  —  6.  Fundação  da 
cidade  de  Assunção.  —  7.  Expedição  militar  pelo  rio 
acima  até  aos  confins  do  Maranhão.  —  8.  Expedição 
militar  para  o  Ocidente  até  aos  índios  Maias  e  outros. 
—  9.  Grande  deserto  e  salinas.  —  10.  Aparecem  cães 
de  Espanha  nos  confins  do  Peru,  donde  volta  a  expe- 
dição sem  oiro  nem  prata.  —  11.  O  clérigo  Nuno 
Gabriel  e  o  seu  zelo  para  com  os  índios.  —  12.  O  cati- 
veiro dos  índios  pelos  Espanhóis.  —  13.  O  Ir.  Rodri- 
gues pediu  licença  ao  P.  Nóbrega  para  ir  lá  com 
alguns  Padres.  —  14.  Assuntos  do  Ir.  Rodrigues.  — 
15.  Dois  Padres  de  S.  Francisco.  —  16.  Um  Padre 
daquela  terra  [Paraguai]  escreveu  ao  P.  Leonardo 
Nunes  que  fosse  lá   468 

66.  Carta  [do  Cónego  António  Jusarte]  a  uni  Padre  da  Compa- 
nhia em  Portugal,  [Baia]  1  de  Junho. 

Texto:  1.  D.  Pedro  Fernandes  trata  mal  a  clérigos 
seus.  —  2.  O  autor  da  carta.  —  3.  Os  Padres  da  Com- 
panhia  481 


67.  Carta  de  Tomé  de  Sousa  Governador  do  Brasil  a  D.  João  111 
Rei  de  Portugal,  Salvador  [Baia]  1  de  Junho. 

Texto:  1.  A  Capitania  e  Vila  de  S.  Vicente  e  o  Colégio 
da  Companhia.  —  2.  Os  Castelhanos  da  cidade  de  Assun- 
ção, que  parece  estar  dentro  da  demarcação  do  Rei  de 
Portugal,  e  do  caminho  para  lá  que  fechou.  —  3.  E  por 
isso  também  não  permitiu  aos  Padres  da  Companhia 
irem  fazer  casas  no  sertão  sem  primeiro  consultar  El-Rei. 
—  4.  As  terras  do  sul  do  Brasil  até  ao  Rio  da  Prata.  — 
5.  Expedição  a  descobrir  minas  de  oiro,  indo  também 
um  Padre  da  Companhia   483 

67a.    Carta  perdida    ...    487 

68.  Carta  do  P.  Inácio  de  Loyola  a  todos  os  Superiores  da 
Companhia,  Roma  14  de  Junho. 

Texto  :  1.  Entre  todos  os  Príncipes  cristãos  a  maior 
obrigação  da  Companhia  é  para  com  o  Rei  de  Portugal 
com  cujo  favor  se  começou  a  Companhia  a  fundar  e  espa- 


30* 


ÍNDICE  GERAL 


lhar.  —  2.   Por  isso  ordena  orações  em  toda  a  Compa- 
nhia pelo  Rei  de  Portugal,  a  sua  mulher  e  filhos.    .     .  487 

69.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Luis  Gonçalves  da 
da  Câmara,  S.  Vicente  ij  de  Junho. 

Texto:  1.  Cartas  recebidas  de  Portugal.  — 2.  A  sua  che- 
gada à  Capitania  de  São  Vicente.  —  3.  O  Governador 
impediu  a  ida  ao  sertão.  —  4.  Notícias  de  índios  do 
sertão  e  também  das  Amazonas.  —  5.  Nóbrega  fica  em 
São  Vicente  e  insiste  na  ida  ao  sertão.  —  6.  Da  cidade 
do  Paraguai  que  está  na  demarcação  do  Brasil,  e,  se 
ficar  para  El-Rei  de  Portugal,  que  se  proveja  de  jus- 
tiça.—  7.  A  Capitania  de  São  Vicente  também  devia 
de  ser  da  jurisdição  real  por  ser  porta  do  sertão. — 
8.  No  Campo  há  três  Aldeias  que  desejam  reunir-se 
numa  para  aprender  a  doutrina  cristã.  —  9.  Ministérios 
dos  Padres  na  Vila  de  São  Vicente.  —  10.  Educação  e 
instrução  dos  Meninos  no  Colégio  de  São  Vicente. — 
11.  A  Confraria  do  Menino  Jesus  para  as  coisas  tem- 
porais. —  12.  João  Ramalho,  os  seus  filhos,  e  um  motivo 
de  escândalo  que  Nóbrega  suprimiu.  —  13.  Esperam-se 
Padres  de  Portugal.  —  14.  Nóbrega  pede  sucessor 
ou  pelo  menos  visitador.  —  15.  Pobreza  da  casa  de 
São  Vicente.  —  16.  Nóbrega  termina  amigàvelmente 
uma  demanda  com  Brás  Cubas.  —  17.  Cartas  de  que 
não  teve  resposta  incluindo  a  do  Dr.  Navarro.  —  18.  Ca- 
sas que  se  devem  fundar  ao  menos  entre  os  índios  mais 
próximos.  —  19.  Modo  de  proceder  do  Bispo  e  do  Clero. 

—  20.  Pede  ferro  para  o  Ir.  ferreiro. — 21.  Oficiais  mecâ- 
nicos. —  22.    Espera  o  P.  Luís  Gonçalves  da  Câmara. 

—  23.  Leonardo  Nunes  voltou  da  Lagoa  dos  Patos  e 
está  doente.  —  24.    A  Capitania  de  São  Vicente,  entre 

todas  as  do  Brasil,  é  a  mais  sã   489 

69  bis. 

Texto:  1[8].  No  Campo  há  três  aldeias  que  desejam 
reunir-se  numa  para  aprender  a  doutrina  cristã.  — 
2[9].   Ministérios  dos  Padres  na  Vila  de  São  Vicente. 

—  3[10].  Educação  e  instrução  dos  Meninos  no  Colé- 
gio de  São  Vicente.  —  4[4].  Notícias  dos  índios  do  ser- 
tão e  também  das  Amazonas   504 

70.  Carta-Patente  do  P.  Inácio  de  Loyola  ao  P.  Manuel  da 
Nóbrega,  Roma  9  de  Julho. 

Texto:  1.  Patente  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  para  Pro- 
vincial do  Brasil  e  outras  regiões  mais  além.  .     .  506 


ÍNDICE  geral  31* 

Pie- 

71.  Carta  do  P.  Inácio  de  Loyola  ao  P.  Manuel  da  Nóbrega, 
Roma  p  de  Julho. 

Texto:  1.  Crescendo  a  Companhia  de  Jesus  no  Brasil 
pareceu  necessário  haver  Prepósito  Provincial  e  para 
esse  cargo  nomeia  o  P.  Nóbrega.  —  2.  O  P.  Lufs  da 
Grã  será  o  seu  colateral. — 3.  Também  os  Reitores 
dos  Colégios  terão  colateral  e  conselheiros. —  4.  Façam 
agora  a  profissão  os  Padres  Nóbrega  e  Grã.       .     .     .  509 

72.  Carta  do  P.  Inácio  de  Loyola  ao  P.  Manuel  da  Nóbrega, 
Roma  18  de  Julho. 

Texto:  1.  Envia  a  fórmula  da  profissão.  —  2.  Como  será  o 
Conselho  do  Provincial  e  o  dos  Reitores.  —  3.  Além  das 
cartas  para  Portugal,  também  ao  Geral  se  deve  escrever.  512 

73.  Carta  do  P.  Brás  Lourenço  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra, 
Bata  jo  de  Julho. 

Texto:  1.  Trabalhos  da  navegação  entre  Portugal  e  o 
Brasil.  —  2.  O  P.  Luis  da  Grã  prega  na  cidade  da 
Baía.  —  3.  O  Ir.  António  Blázquez  ensina  a  ler,  escre- 
ver e  latim.  —  4.  O  P.  Brás  Lourenço  celebra  missa  a 
uma  légua  da  cidade  da  Baía.  —  5.  O  P.  Ambrósio  Pires 
com  um  Irmão,  foi  para  Porto  Seguro,  por  o  P.  Navarro 
ir  com  os  Portugueses  ao  sertão.  —  6.  O  P.  Vicente 
Rodrigues  acompanhado  doutro  Padre  consegue  que 
seja  baptizado  um  índio  antes  de  os  outros  o  matarem 
e  comerem   513 

73a-c.   Cartas  perdidas   518 

74.  Carta  do  P.  Juan  de  Polanco  por  comissão  do  P.  Inácio  de 
Loyola  ao  P.  Manuel  da  Nóbrega,  Roma  ij  de  Agosto. 
Texto:    1.    Norma  das  cartas  para  Roma.  —  2.   As  car- 
tas que  se  podem  mostrar  aos  de  fora.  —  3.   As  coisas 
que  não  ajudam  à  edificação  escrevam-se  em  carta 
separada   519 

75.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Luis  Gonçalves  da 
Câmara,  Sertão  de  S.  Vicente,  último  de  Agosto. 

Texto:  1.  Escreve  do  sertão  da  Capitania  de  S.  Vicente. 
—  2.  Na  Aldeia  [de  Piratininga]  fez  50  catecúmenos  no 
dia  29  de  Agosto.  —  3.  Agora  segue  adiante  e  já  antes 
seguira  Pero  Correia.  —  4.  No  Campo  vive  João  Rama- 
lho parente  do  P.  Paiva,  homem  principal  entre  todos, 
que  deseja  casar-se  com  a  mulher  com  quem  vive  e  cujo 
filho  mais  velho  Nóbrega  leva  consigo.  —  5.  Saiba  o 
P.  Luís  Gonçalves  se  ainda  vive  a  mulher  que  João 
Ramalho  deixou  em  Portugal  há  40  anos  ou  mais.  — 


52* 


ÍNDICE  GERAL 


Pág. 

6.  Dispensas  do  Papa  para  os  Cristãos  se  poderem 
casar  e  devia  alcançar  um  indulto  geral.  —  7.  Se  houver 
gastos  João  Ramalho  pagará  em  açúcar.  —  8.  Correspon- 
dência com  Portugal,  donde  é  mais  fácil  chegar  noticias 
a  S.  Vicente  do  que  da  Baía.   521 

Índice  Alfabético  e  Remissivo  (onomástico  [Jesuítas  com 

asterisco],  geográfico  e  ideográfico)   529 

Gravuras 

Retrato  e  assinatura  autógrafa  do  P.  Manuel  da  Nóbrega 

(Fundador  da  Província  do  Brasil)  2*  3 

Selo  da  Companhia  de  Jesus,  usado  pelos  primeiros  Padres 
Gerais,  desde  S.  Inácio  a  Cláudio  Aquaviva  (conservado 
no  ARSI)   5* 

Expansão  dos  Jesuítas  do  Brasil  (Século  XVl).     .     .     .  336/337 


BIBLIOGRAFIA  IMPRESSA 


Os  livros,  que  contêm  cartas  de  Jesuítas  do  Brasil,  indicam-se  aqui 
sumàriamente,  seguidos  dum  número  entre  parênteses.  Este  número  remete 
para  as  Edições  das  primeiras  Cartas  do  Brasil,  que  adiante  se  descrevem 
na  «.Introdução  Geral»,  cap.  V,  pp.  69- j8. 

Alcântara  Machado,  A.  de.  —  Ver  Cartas  Jesuíticas. 
Almeida,  Fortunato  de.  —  História  da  Igreja  em  Portugal.    4  Tomos 
(8  vols.).  Coimbra  1910-1924. 

—  História  de  Portugal.  6  vols.  Coimbra  1922-1929. 

Almeida  Prado,  J.  F.  de.  —  Primeiros  Povoadores  do  Brasil  (ijoo-zjjoj. 
São  Paulo  1935. 

Alvarenga,  Oneyda.  —  Música  popular  Brasileira.  México-Buenos 
Aires  1947. 

Amoroso  Lima,  Alceu.  —  A  Igreja  e  o  Novo  Mundo.  Rio  de  Janeiro  1943. 
Anais  da  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro.   74  vols.    Rio  de 

Janeiro  1876-1953.  Em  curso  de  publicação. 
Anais  do  IV  Congresso  de  História  Nacional  (21-28  de  Abril  de  1949). 

13  vols.  Rio  de  Janeiro  1950-1952. 
Anchieta,  José  de.  —  Ver  Cartas  Jesuíticas. 

Anselmo,  António  Joaquim.  —  Bibliografia  das  obras  impressas  em 

Portugal  no  século  XVI.  Lisboa  1926. 
Archivo  do  Districto  Federal.  4  vols.  Rio  de  Janeiro  1894-1897. 
Archivum    Historicum    Societatis   Iesu.    25  vols.    Roma  1932-1956. 

[AHSI].   Em  curso  de  publicação. 
Arinos  de  Melo  Franco,  Afonso.  —  Desenvolvimento  da  civilização 

material  no  Brasil.  Publicações  do  Serviço  do  Património  Histórico 

e  Artístico  Nacional,  n.  li.  Rio  de  Janeiro  1944. 
Arroyo,  Leonardo.  —  Igrejas  de  São  Paulo.  —  Introdução  ao  estudo 

dos  templos  mais  característicos  de  São  Paulo  nas  suas  relações 

com  a  crónica  da  cidade.    Com  uma  carta  do  Cardeal-Arcebispo 

de  São  Paulo,  D.  Carlos  Carmello  Motta.    Prefácio  de  Affonso  de 

E.  Taunay.  Rio  de  Janeiro  1954. 
Astrain,  Antonio.  —  Historia  de  la  Compartia  de  Jesús  en  la  Asistencia 

de  Espana.  7  vols.  Madrid  1912-1925. 
Avisi  Particolari  delle  Indie  di  Portugallo.  Roma  1552  (n.  2). 
Ayrosa,  Plínio.  —  Termos  Tupis  no  Português  do  Brasil.   São  Paulo 

1937- 

—  Ver  Vale,  Leonardo  do. 

Azevedo,  Fernando  de.  —  A  Cultura  Brasileira.  Introdução  ao  estudo 
da  Cultura  no  Brasil.  São  Paulo  1944. 

3* 


34* 


BIBLIOGRAFIA  IMPRESSA 


Azevedo,  Pedro  de.  —  A  Instituição  do  Governo  Geral,  in  História  da 

Colonização  Portuguesa  do  Brasil  III  (Porto  1924)  327-383. 
Azevedo  Marques,  Manuel  Eufrásio  de.  —  Apontamentos  Históricos, 

Geographicos,  Biographicos,  Estatísticos  e  Noticiosos  da  Provinda  de 

S.  Paulo.  2  vols.  Rio  de  Janeiro  1879. 
Azpilcueta  Navarrus,  Martinus  ab.  —  In  tres  de  poenitentia  distinctio- 

nes  posteriores  commentarii.  Conimbricae  1542. 

—  Manuale  Confessariorum  et  Poenitentium.  Paris  1602. 

—  Sacrorum  Canonum  et  utriusque  Iuris  et  facti  Quaestiones.  Coloniae 
Agrippinae  1615. 

Baião,  António.  —  História  Quinhentista  (inédita)  do  Segundo  Cerco  de 

Diu.  Coimbra  1925. 
Baldus,  Herbert.  —  Bibliografia  Critica  da  Etnologia  Brasileira.  São 

Paulo  1954. 

Ballesteros  y  Beretta,  Antonio.  —  Historia  de  Espana  y  su  influen- 
cia en  la  historia  universal.  10  vols.  Barcelona  1918-1941. 

Baptista  Caetano  de  Almeida  Nogueira.  —  Ver  Cardim,  Fernão. 

Barbosa,  Manoel.  —  A  Igreja  no  Brasil.  Notas  para  a  sua  história. 
Rio  de  Janeiro  1945. 

Barbosa  Machado,  Diogo.  —  Biblioteca  Lusitana,  Histórica,  Critica  e 
Cronológica.  (2.*  ed.)  4  vols.  Lisboa  1930- 1935. 

Barroso,  Gustavo.  —  O  Brasil  na  lenda  e  na  Cartografia  antiga. 
São  Paulo  1941. 

Bataillon,  Mareei.  —  Études  sur  le  Portugal  au  temps  de  Vhumanisme. 
Coimbra  1952. 

—  Erasmo  y  Espana.  2  vols.  México  1952. 

Beringer,  F.  —  Les  indulgences,  leur  nature  et  leur  usage,  trad.  de  Ph. 
de  Mazoyer,  2  vols.  Paris  1905. 

Bernard-Maitre,  Henri.  —  Un  grand  serviteur  du  Portugal  en  France 
—  Diogo  de  Gouveia  V Ancien  et  le  Collège  Sainte-Barbe  de  Paris 
(1520-1548),  in  Bulletin  des  Ettides  Portugaises  et  de  1'Institut  Fran- 
çois au  Portugal.  Nouvelle  série.  15  (Coimbra  1951)  3-75. 

Berrien,  William.  —  Ver  Borba  de  Moraes,  Rubens. 

Biasutti,  Renato.  —  Le  Rasse  e  i  Populi  delia  Terra  III  (Oceania- Ame- 
rica). Con  la  collaborazione  dei  Professori  Rafíaello  Battaglia  e  José 
Imbelloni.  Torino  1941. 

Borba  de  Moraes,  Rubens  —  Berrien,  William.  —  Manual  Bibliográ- 
fico de  Estudos  Brasileiros.  Rio  de  Janeiro  1949. 

Brandão,  Mário  —  O  processo  da  Inquisição  de  Mestre  João  da  Costa 
1.  Coimbra  1944. 

—  A  Inquisição  e  os  Professores  do  Colégio  das  Artes  1.  Coimbra  1948. 

Brasília.  9  vols.  Coimbra  1942  1955.  Em  curso  de  publicação. 

Brinton,  Daniel  G.  —  La  Rasa  Americana.  Clasificaciôn  linguis- 
tica y  descripeión  etnográfica  de  las  tribus  indígenas  de  América 
dei  Norte  y  dei  Sur.  Prólogo  de  Enrique  Palavecino.  Buenos 
Aires  1946. 


BIBLIOGRAFIA  IMPRESSA 


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Brito  Aranha,  P.  V.  de.  —  Ver  Silva,  Innocencio  Francisco  da. 
Brotéria.  62  vols.  Lisboa  1926-1956.  Em  curso  de  publicação. 
Buarque  DE  Holanda,  Sérgio.  —  Cobra  de  Vidro.  São  Paulo  1944. 
Bulletin  0/  The  New  York  Public  Library.  1-58.    New  York  1897-1954. 

Em  curso  de  publicação. 
Caetano  (Cardeal).  —  Ver  Summula  Caietana. 
Calixto,  Benedito.  —  A  villa  de  Itanhaem.  Itanhaém  1895. 
Calmon,  Pedro.  —  História  do  Brasil.  4  vols.  São  Paulo  1939-1947. 

—  História  da  Fundação  da  Bahia.  Bahia  1949. 

Calógeras,  Pandiá.— Formação  Histórica  do  Brasil  Rio  de  Janeiro  1935. 

Camões,  Luís  de.  —  Os  Lusíadas.  Reprodução  fac-similada  da  i.a  edi- 
ção impressa  em  1572.   Porto  1939. 

Campos.  J.  da  Silva.  —  Fortificações  da  Bahia.  Rio  de  Janeiro  1940. 

Capistrano  de  Abreu,  João.  —  Capítulos  de  História  Colonial.  4."  edi- 
ção, revista  anotada  e  prefaciada  por  José  Honório  Rodrigues.  Rio 
de  Janeiro  1954. 

—  Correspondência  de  Capistrano  de  Abreu.  Edição  organizada  e  pre- 
faciada por  José  Honório  Rodrigues.  2  vols.  Rio  de  Janeiro  1954. 

—  Prolegómenos  à  « História  do  Brasil»  de  Frei  Vicente  do  Salvador. 
Rio  de  Janeiro  1918. 

—  Notas  à  «.História  do  Brasil»  de  Porto  Seguro: — Ver  PORTO  SEGURO. 
Cardim,  Fernão.  —  Tratados  da  Terra  e  Gente  do  Brasil.  Introduções  e 

notas  de  Baptista  Caetano,  Capistrano  de  Abreu  e  Rodolfo  Garcia. 
Rio  de  Janeiro  1925. 

Cardoso,  Jorge.  —  Agiologio  Lusitano  dos  Sanctos  e  Varoens  illustres 
em  virtude  do  Reino  de  Portugal,  e  suas  Conquistas.  3  vols.  Lis- 
boa 1652-1666. 

Cartas  Avulsas.  — Ver  Cartas  Jesuíticas  II  (n.  14). 

Cartas  Jesuíticas.  —  [Publicações  da  Academia  Brasileira  de  Letras, 
«Colecção  Afrânio  Peixoto»  ]:  I  —  Manoel  da  Nóbrega,  Cartas  do 
Brasil  (1549-1560).  Nota  Preliminar  de  Afrânio  Peixoto.  Introdu- 
ção de  Vale  Cabral,  Notas  de  Vale  Cabral  e  Rodolfo  Garcia.  Rio  de 
Janeiro  1931.  [Contém  as  mesmas  Cartas  da  edição  de  Materiaes  e 
Achegas,  de  1886,  e  mais  o  «Diálogo  sobre  a  Conversão  do  Gentio»] ; 
II  —  Cartas  avulsas  (zfjo-zj68).  Nota  preliminar,  Introdução  e 
Sinopse  da  História  do  Brasil  e  da  Missão  dos  Padres  Jesuítas 
de  1549  a  1568,  de  Afrânio  Peixoto.  Rio  de  Janeiro  1931.  [Contém 
as  mesmas  Cartas  da  edição  Materiaes  e  Achegas  de  1886] ;  III  —  Car- 
tas, Informações,  Fragmentos  Históricos  e  Sermões  do  Padre  Joseph  de 
Anchieta,  S.J.  (1JJ4-ZJP4).  Nota  Preliminar  e  Introdução  de  Afrânio 
Peixoto;  um  artigo  de  Capistrano  de  Abreu,  a  bibliografia  de  Som- 
mervogel,  notas  e  Postfácio  de  A.  de  Alcântara  Machado.  Rio  de 
Janeiro  1933.  [Contém  os  mesmos  documentos  da  edição  de  Mate- 
riaes e  Achegas,  de  1886,  acrescida  doutros  de  Anchieta,  como  o  titulo 
mostra,  «conhecidos  até  1933;  e  alguns  escritos,  que  não  são  dele», 
Leite  viu  18]. 


36* 


BIBLIOGRAFIA  IMPRESSA 


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Carvalho  Franco,  Francisdo  de  Assis.  —  Dicionário  de  bandeirantes  e 

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Castro,  Eugénio  de.  —  Diário  da  Navegação  de  Pero  Lopes  de  Sousa 

ijjo-ijj2.    Prefácio  de  J.  Capistrano  de  Abreu.   2  vols.    Rio  de 

Janeiro  1940. 

Catálogo  da  Exposição  Histórica  da  Ocupação.  2  vols.  Lisboa  1937. 

Catalogo  da  Exposição  Permanente  dos  Cimelios  da  Bibliotheca  Nacio- 
nal. Publicado  sob  a  direcção  do  bibliotecário  João  de  Saldanha  da 
Gama.  Rio  de  Janeiro  1885. 

Catalogo  dos  Manuscriptos  da  Bibliotheca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro. 
6  vols.  Rio  de  Janeiro  1878-1904  [Extracto  dos  Anaes  da  mesma 
Biblioteca,  vols.  iv,  V,  x,  xv,  xvm,  xxill]. 

Charles,  Pierre.  —  Missiologie  et  acculturation,  in  Nouvelle  Revue  Théo- 
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vem  expresso  nesta  edição  o  subtítulo  de  Cartas  Jesuíticas.  Cabendo 
às  Cartas  de  Nóbrega,  o  n.°  1  e  aparecendo  as  Cartas  Avulsas  com 
os  n.os  iii-iv,  nesta  colecção  de  «Materiaes  e  Achegas»,  às  Cartas  de 
Anchieta  cabe  implicitamente  o  n.°  11]. 

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Janeiro  1838-1955.  Em  curso  de  publicação  (n.  10). 

Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  de  São  Paulo.  51  vols.  São 
Paulo  1895-1953.  Em  curso  de  publicação. 

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Lisboa  1914;  continuação  de  Gomes  de  Brito  e  Álvaro  Neves 
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SOMMERVOGEL,  Carlos.  —  Bibliothèque  de  la  Compagnie  de  Jésus  [vols.  10- 

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do  Brasil:  E  do  que  obrarão  scvs  filhos  nesta  parte  do  Novo  Mvndo. 
Tomo  Primeiro  da  entrada  da  Companhia  de  Jesv  nas  partes  do  Bra- 
sil &  dos  fvndamentos  que  nellas  lançarão,  &  continuarão  seus  Reli- 
giosos em  quanto  alli  trabalhou  o  Padre  Manoel  da  Nóbrega  Fun- 
dador, &  primeiro  prouincial  desta  Prouincia,  com  sua  vida,  &  morte 
digna  de  memoria ;  e  algvãs  noticias  antecedentes  curiosas,  &  neces- 
sárias das  cousas  daquele  Estado.  Lisboa  1663  ;  2.a  ed.  [por  Inocêncio 
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ABREVIATURAS 


a.  =  ano. 

add.  =  addit. :  acrescenta. 

AHSI  ==  Archivum  Historicnm  Societatis  Iesu. 
ARSI  =  Archivum  Romanum  Societatis  lesu. 
bis  =  duas  vezes  [no  ms.]. 
c.  =  caput:  capítulo. 

charta  cotts.  =  charta  consumpta:  papel  delido  ou  rasgado, 
cód.  =  códice. 

compl.  —  completur:  completa-se. 

corr.  =  corrigit,  correctum  :  emenda,  emendado. 

corr.  ex.  =  emendado  de. 

D.  =  Dominus  [Senhor]  =  Dom,  Dona. 

dei.  =  delet,  deletum:  riscou,  riscado. 

DI  =  Documenta  Indica. 

D.  N.  =  Dominus  Noster:  Senhor  Nosso. 

Dr.  =  Doctor:  Doutor. 

ed.  =  edição,  editou,  editado. 

ep.,  epp.  =  epistola,  epistolae:  carta,  cartas. 

f.,  ff.  =  folium,  folia:  folha,  folhas. 

ib ,  ibid.  =  ibidem:  no  mesmo  lugar  [citação  de  livros  ou  documentos]. 
Id.  =  Idem:  o  mesmo  [referência  ao  mesmo  autor,  etc.]. 
IHS.  =  Iesus. 
II.  =  Irmãos. 

in  marg.  =  in  margine:  à  margem  [do  manuscrito]. 
interp.  =  Interposuit,  interpositum:  intercalou,  intercalado. 
Ir.  =  Irmão. 

1.  c.  =  loco  citato :  lugar  citado  [referido  a  livro  ou  documento], 
liv.  =  livro. 

litt.  sttbd.  =  linea  subducta :  linha  debaixo. 

MHSI  =  Monumenta  Histórica  Societatis  Iesu. 

MI  =  Monumenta  Ignatiana. 

Mon.  =  Monumenta. 

ms.  =  manuscriptum  :  manuscrito. 

N.  =  Nosso,  Nuestro",  Nossa,  Nuestra. 

N.  S.  =  Nosso  Senhor,  Nuestro  Senor. 

om.  —  omittit,  omissum :  omite,  omisso  (ou  omitido). 


ABREVIATURAS 


P.  =  Padre. 

PP.  =  Padres. 

p.,  pp.  =  página,  páginas. 

p.  corr.  =  post  correctionem :  depois  da  emenda. 
P.e  =  Padre. 

P.  M.  =  Padre  Mestre,  Padre  Maestro. 

P.  N.  —  Pater  Noster:  Padre  Nosso,  Pai  Nosso. 

post  —  depois  de. 

prius  —  antes  [o  que  estava  no  ms.  antes  da  emenda]. 
S.  =  Senhor. 
S.  =  São,  Santo. 

s.,  ss.  =  sequens,  sequentes:  seguinte,  seguintes. 
S.  A.  =  Sua  Alteza. 

s.  a.  =  sine  anno :  sem  ano  [sem  indicação  de  ano]. 
S.  I.  =  Societatis  Iesu:  da  Companhia  de  Jesus, 
s.  1.  =  sine  loco:  sem  lugar. 

sup.  =  supra:  por  cima  de  [escrito  por  cima  da  linha  no  ms.]. 
V.  =  Vosso,  Vossa;  Vuestro,  Vuestra. 
v  =  verso. 

V.  A.  =  Vossa  Alteza. 

V.  M.  —  Vossa  Mercê. 

vol.  =  volume. 

V.  P.  =  Vossa  Paternidade. 

V.  R.  =  Vossa  Reverência. 

V.  S.  =  Vossa  Santidade. 

]  =  em  vez  de  [no  aparato  crítico], 

[]  =  No  texto,  as  chavetas  encerram  letras  ou  palavras  supletivas. 

[...]  =  Texto  omitido. 

§(  §§  =  Parágrafo,  parágrafos. 


INTRODUÇÃO  GERAL 


CAPÍTULO  I 

PRESSUPOSTO  HISTÓRICO 


ARTIGO  1 

OS  PORTUGUESES  NO  BRASIL  ATÉ  AO  GOVERNO  GERAL 

A  22  de  Abril  de  1500  Pedro  Álvares  Cabral,  coman- 
dante da  armada  a  caminho  da  índia  Oriental,  tomando 
a  rota  do  Ocidente,  avistou  terra.  Chantou  aí  as  armas  de 
Portugal  e  Frei  Henrique  Soares,  de  Coimbra,  celebrou 
missa.  Assim  nasceu  o  Brasil.  A  armada  ia  a  caminho 
da  índia,  e  o  Oriente  continuou  a  ser  o  principal  cuidado 
do  Rei  D.  Manuel  I,  por  não  lhe  ser  fácil  distrair  forças 
para  criar  novo  império  no  Ocidente;  nem  mesmo  ao 
princípio  se  poderia  calcular  o  tamanho  da  nova  terra 
assim  tão  abençoadamente  «achada»  e  se  julgou  fosse  uma 
ilha,  a  que  se  deu  o  nome  de  Vera  Cruz. 

Seguiram-se  armadas  de  reconhecimento  da  costa,  que 
se  revelou  imensa,  e  pela  qual  também  começaram  a  apa- 
recer navios  de  corso  franceses  a  fazer  pau  «brasil»,  facto 
perigoso  que  impunha  a  necessidade  de  medidas  conve- 
nientes para  assegurar  o  povoamento  e  a  posse  efectiva 
da  terra  que  em  breve  se  começou  a  chamar  pelo  próprio 
nome  do  pau  que  em  si  continha  1.  Surgiu  então  o  regime 
das  Donatárias,  repartindo-se  o  território  do  Brasil,  pela 
costa,  em  diversos  quinhões ;  e  atribuiram-se  a  Capitães, 


1  «O  pau-brasil  denominou  o  Brasil».  B.  J.  de  Sousa.  O  Pau-Bra- 
sil  na  História  Nacional  97-ror. 


4 


INTRODUÇÃO  GE1\ AL  -  C A P.  I.  PRESSUPOSTO  HISTÓRICO 


capazes  (ou  que  se  julgaram  tais)  de  as  colonizar  à  sua 
custa,  e  com  regalias  de  tipo  feudal,  diferente  contudo  do 
feudalismo  da  Idade  Média,  tal  como  existiu  na  Europa  de 
além  Pirinéus. 

Estas  Capitanias  hereditárias  (os  primeiros  forais  datam 
de  1534)  não  eram  administradas  directamente  pela  Coroa, 
mas  pelos  seus  Capitães  ou  Governadores.  Regime  autár- 
quico, útil  como  ponto  de  partida  colonizador,  e  com  con- 
sequências na  nomenclatura  geográfica  do  Brasil,  onde 
vários  Estados  modernos  mantêm  o  nome  das  primeiras 
Capitanias.  A  diversidade  de  condições  geográficas  do 
território  de  cada  uma,  na  sua  parte  interna,  só  a  pouco 
e  pouco  desvendada,  explica  em  parte  a  prosperidade  de 
umas  e  a  pouca  fortuna  de  outras  (p.  ex.  a  base  interna 
de  Porto  Seguro  era  mais  restrita  e  difícil  de  cultivar  que 
a  de  Pernambuco  que  tanto  se  desenvolveu  nestes  princí- 
pios), e  a  difícil  cooperação  das  Capitanias  entre  si  tornava 
precária  a  defesa  comum,  tanto  contra  elementos  indígenas, 
como  contra  insultos  ou  intromissões  externas  de  corsários. 
Estes  tentavam  fixar-se  no  extremo  norte,  e  frequentavam 
ao  sul  Cabo  Frio  e  o  Rio  de  Janeiro.  A  falta  dum  governo 
central  forte,  que  se  impusesse,  permitia  perturbações  ora 
aqui  ora  além,  em  função  da  maior  ou  menor  prudência, 
dotes  de  governo,  e  possibilidades  financeiras  dos  Donatá- 
rios; e,  em  caso  de  naufrágio,  os  selvagens  matavam  quase 
sempre  quem  lhes  caía  nas  mãos,  que  foi  o  caso  do  Dona- 
tário Francisco  Pereira  Coutinho  na  Baía,  em  fins  de  1546. 
A  sua  Capitania  reverteu  à  Coroa  em  1548  e  nela  iria 
fundar  D.  João  III  a  Cidade  do  Salvador  da  Baía,  sede  do 
Governo  Geral  do  Brasil,  novo  regime  que  se  instituía  em 
bases  de  sentido  unitivo  e  cooperante. 

O  Governo  Geral,  iniciado  no  Brasil  em  1549,  era  cons- 
tituído por  três  categorias  de  funcionários,  agrupados  à 
roda  do  respectivo  chefe:  o  poder  executivo  (Governador 
Geral),  a  autoridade  judiciária  (Ouvidor-mor),  e  a  adminis- 
tração da  fazenda  (Provedor-mor).  Para  o  primeiro  e  prin- 
cipal posto,  Portugal  nomeou  Tomé  de  Sousa,  para  o 
segundo  o  Dr.  Pero  Borges,  e  para  o  terceiro  António 


AKT.  l.-OS  PORTUGUESES  NO  BRASIL  ATÉ  AO  GOVERNO  GERAL  5 

Cardoso  de  Barros;  e  estabeleceu  para  cada  função  as 
normas,  das  quais  se  conhecem  os  Regimentos  do  Gover- 
nador e  do  Provedor,  datados  ambos  de  Almeirim,  17  de 
Dezembro  de  1548  a. 

O  Regimento  de  Tomé  de  Sousa,  dado  por  D.  João  III, 
contém  as  directrizes  principais  do  Governo  Geral,  abre 
com  admirável  preâmbulo,  colocado  num  plano  de  grande 
altura  política,  hierarquizando  sàbiamente  a  obra  da  civili- 
zação que  começava: 

Primeiro,  «o  serviço  de  Deus  e  exalçamento  da  nossa 
santa  fé» ; 

Segundo,  «o  serviço  meu  e  proveito  dos  meus  reinos 
e  senhorios» ; 

Terceiro,  «o  enobrecimento  das  Capitanias  e  povoações 
das  Terras  do  Brasil  e  o  proveito  dos  naturais  delas». 

Estão  presentes,  como  se  vê,  o  serviço  de  Deus,  o  ser- 
viço e  proveito  geral,  o  enobrecimento  e  serviço  particular 
do  Brasil.  A  «fé»  em  primeiro  lugar',  o  «império»  em 
segundo.    Mas  ambos. 

Estabelecidos  os  princípios,  o  Regimento  expraia-se  pelos 
meios  mais  adequados  para  os  assegurar,  muito  variados 
em  todos  os  aspectos  da  administração  pública.  Três, 
porém,  tocam  directamente  à  própria  obra  da  Companhia 
de  Jesus  no  Brasil;  e  são  os  que  se  referem  à  catequese, 
à  liberdade,  e  ao  aldeamento  dos  índios  e  ensino  dos  seus 
filhos: 

Catequese:  «Porque  a  principal  cousa  que  me  moveu 
a  mandar  povoar  as  ditas  terras  do  Brasil,  foi  pera  que  a 
gente  delas  se  convertesse  à  nossa  santa  fé  católica,  vos 
encomendo  muito  que  pratiqueis  com  os  ditos  capitães 


2  Publicados  com  leitura  paleográfica  de  Alberto  Iria,  Director  do 
Arquivo  Histórico  Ultramarino,  in  Anais  do  IV  Congresso  de  História 
Nacional  2  (Rio  de  Janeiro  1950)  31-110:  Regimento  do  Governador 
Tomé  de  Sousa  (45-68);  Regimento  do  Provedor-mor  António  Cardoso 
de  Barros  (69-81).  Não  se  imprimiu  nos  Anais  a  edição  em  fac-simile, 
anunciada  no  título  complexivo  desta  publicação  tal  como  se  expressa 
na  Bibliografia  Impressa  do  presente  livro,  verbete  de  A.  Iria. 


6  INTRODUÇÃO  GEKAL  -  CAP.  I.  PRESSUPOSTO  HISTÓRICO 


e  oficiais  [das  Capitanias]  a  melhor  maneira  que  pera  isso 
se  pode  ter;  e  de  minha  parte  lhes  direis  que  lhes  agrade- 
cerei muito  terem  especial  cuidado  de  os  provocar  a  serem 
cristãos;  e,  pera  eles  mais  folgarem  de  o  ser,  tratem  bem 
todos  os  que  forem  de  paz,  e  os  favoreçam  sempre,  e  não 
consintam  que  lhes  seja  feita  opressão  nem  agravo  algum ; 
e,  fazendo-se-lhes,  lho  façam  corrigir  e  emendar,  de  maneira 
que  fiquem  satisfeitos,  e  as  pessoas,  que  lhos  fizerem,  sejam 
castigadas  como  for  justiça». 

Liberdade:  «Eu  sou  informado  que  nas  ditas  terras  e 
povoações  do  Brasil  há  algumas  pessoas  que  têm  navios 
e  caravelões,  e  andam  neles  de  umas  capitanias  pera 
outras  e  que,  por  todalas  vias  e  maneiras  que  podem, 
salteiam  e  roubam  os  gentios,  que  estão  de  paz,  e  enga- 
nosamente os  metem  nos  ditos  navios  e  os  levam  a  vender 
a  seus  inimigos  e  a  outras  partes,  e  que,  por  isso,  os  ditos 
gentios  se  alevantam  e  fazem  guerra  aos  cristãos,  e  que 
esta  foi  a  principal  causa  dos  danos  que  até  agora  são 
feitos;  e  porque  cumpre  muito,  a  serviço  de  Deus  e  meu, 
prover  nisto  de  maneira  que  se  evite,  hei  por  bem  que, 
daqui  em  diante,  pessoa  alguma,  de  qualquer  qualidade 
e  condição  que  seja,  não  vá  saltear  nem  fazer  guerra  aos 
gentios,  por  terra  nem  por  mar,  em  seus  navios  nem  em 
outros  alguns,  sem  vossa  licença  ou  do  capitão  da  capi- 
tania de  cuja  jurisdição  for,  posto  que  os  tais  gentios  este- 
jam alevantados  e  de  guerra;  o  qual  capitão  não  dará  a 
dita  licença  senão  nos  tempos  que  lhe  parecerem  conve- 
nientes e  a  pessoa  de  que  confie  que  farão  o  que  devem 
e  o  que  lhe  ele  ordenar  e  mandar.  E,  indo  algumas  das 
ditas  pessoas  sem  a  dita  licença,  ou  excedendo  o  modo 
que  o  dito  capitão  ordenar,  quando  lhe  der  a  dita  licença, 
incorrerão  em  pena  de  morte  natural  e  perdimento  de  toda 
sua  fazenda,  a  metade  pera  a  redenção  dos  cativos  e  a  outra 
metade  pera  quem  o  acusar». 

Aldeamento  dos  índios  e  ensino  dos  Meninos:  «Porque 
parece  que  será  grande  inconveniente,  os  gentios,  que  se 
tornarem  cristãos,  morarem  na  povoação  dos  outros  e  anda- 
rem misturados  com  eles,  e  que  será  muito  serviço  de  Deus 


ART.  2.  -  MISSÃO  E  PROVÍNCIA  DA  COMPANHIA  DE  JESUS  7 

e  meu  apartarem-nos  de  sua  conversação,  vos  encomendo  e 
mando  que  trabalheis  muito  por  dar  ordem  como  os  que 
forem  cristãos,  morem  juntos,  perto  das  povoações  das  ditas 
capitanias,  pera  que  conversem  com  os  cristãos  e  não  com 
os  gentios,  e  possam  ser  doutrinados  e  ensinados  nas  coisas 
de  nossa  santa  fé.  E  aos  meninos,  porque  neles  se  impri- 
mirá melhor  a  doutrina,  trabalhareis  por  dar  ordem  como 
se  façam  cristãos  e  que  sejam  ensinados  e  tirados  da  con- 
versação dos  gentios ;  e  aos  capitães  das  outras  capitanias 
direis  da  minha  parte,  que  lhes  agradecerei  muito  ter  cada 
um  cuidado  de  assim  o  fazer  em  sua  capitania;  e  os  meni- 
nos estarão  na  povoação  dos  Portugueses  e  em  seu  ensino 
folgaria  de  se  ter  a  maneira  que  vos  disse»  !. 

ARTIGO  2 

MISSÃO  E  PROVÍNCIA  DA  COMPANHIA  DE  JESUS 

Para  dar  execução  prática  a  estes  pontos  do  Regimento 
sobre  a  catequese,  aldeamento  e  ensino  dos  meninos,  no 
dia  29  de  Março  de  1549,  chegou  ao  Brasil,  na  mesma  armada 
do  Governador  Geral,  o  P.  Manuel  da  Nóbrega,  Superior  da 
nova  Missão,  dando  assim  princípio  à  «obra  sem  exemplo 
na  história»  de  que  fala  Capistrano  de  Abreu  4.  Acompa- 
nhavam-no  os  Padres  Leonardo  Nunes,  Juan  de  Azpilcueta 
Navarro,  António  Pires  e  os  Irmãos  Vicente  Rodrigues  e 
Diogo  Jácome. 

D.  João  III  tratara  da  Missão  do  Brasil  com  o  Provin- 
cial de  Portugal  Simão  Rodrigues,  que  a  princípio  pensou 
em  ir  ele  próprio  e  El-Rei  lhe  dera  licença  por  três  anos  ; 
e  S.  Inácio,  consultado,  aprovara  a  Missão,  e  também  a  ida 
de  Simão  Rodrigues,  com  dez  ou  doze  da  Companhia  em 


3  Leite  11  141-143. 

4  Capistrano  de  Abreu,  Capítulos  de  História  Colonial  105-106; 
Leite,  Breve  Itinerário  13. 


8 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  I.  PRESSUPOSTO  HISTÓRICO 


meados  de  Janeiro  de  1549  5.  A  morte  em  Roma  do  P.  Mar- 
tinho de  Santa  Cruz,  indigitado  para  ficar  em  seu  lugar, 
modificou  os  planos  de  Mestre  Simão  e,  em  vez  de  ir,  man- 
dou o  P.  Manuel  da  Nóbrega,  homem  formado  em  Direito, 
que  já  se  tinha  revelado  caridoso,  intrépido,  e  de  consciên- 
cia rectíssima,  como  Procurador  dos  Pobres  6. 

O  fim  principal  da  Missão  do  Brasil  era  a  conversão  do 
gentio,  mas  simultaneamente  o  de  atender  aos  Portugueses, 
que  tinham  ido  antes  e  chegavam  de  novo  (só  a  armada, 
em  que  foi,  levava  mais  de  mil  homens);  e  Nóbrega,  sem 
perder  um  instante,  logo  apresentou,  na  nova  terra,  a  reli- 
gião do  «Crucificado».  Ele  pregava  aos  Portugueses,  ergueu 
uma  igreja,  abriu  uma  escola  de  ler  e  escrever  para  os 
meninos,  e  começou  a  visita  dos  índios,  cuja  liberdade  e 
dignidade  defendia,  repartindo  os  Padres  e  Irmãos,  segundo 
a  capacidade  e  espírito  de  cada  um.  E  a  acção  da  Companhia 
começou  a  alargar-se  pela  costa,  primeiro  pelas  Capita- 
nias mais  vizinhas  da  Baía:  da  parte  do  Sul,  as  de  Ilhéus 
e  Porto  Seguro ;  depois  a  de  São  Vicente  mais  distante ; 
logo  a  seguir,  a  intermédia,  do  Espírito  Santo  (entre  Porto 
Seguro  e  São  Vicente);  e  da  parte  do  norte,  Pernambuco. 
E  sempre  com  o  mesmo  método  de  trabalho:  atender  aos 
Brancos,  visitar  e  atrair  os  índios,  reunir  e  educar  meni- 
nos, sem  distinção  entre  estes.  Ao  mesmo  tempo  iniciou-se 
o  movimento  de  entradas  na  Companhia,  de  portugueses, 
quer  dos  que  já  viviam  na  terra  e  sabiam  a  língua  tupi, 
quer  de  recém-vindos.  E  organizou-se  a  vida  religiosa  da 
comunidade,  segundo  a  prática  do  Colégio  de  Coimbra  7, 
porque  a  Companhia  ainda  não  tinha  Constituições.  Nelas 
se  ocupava  então  S.  Inácio. 

Em  1550,  chegou  ao  Brasil  a  segunda  expedição  de  quatro 
Padres  s;  e,  em  1553,  a  terceira,  de  sete  da  Companhia,  três 


5  MI  Epp.  \\  307;  Leite  i  17-18. 

6  Leite,  Breve  Itinerário  29-47. 

7  Jfc  57- 

8  Leite  i  560. 


ART.  5.  -  OS  ÍNDIOS  DO  NOVO  MUNDO  E  OS  JESUÍTAS  DO  BRASIL  9 


Padres  e  quatro  Irmãos,  que  também  depois  se  ordenaram  9. 
E,  assim,  com  os  recebidos  na  terra,  os  Padres  e  Irmãos  do 
Brasil,  ao  constituir-se  Província,  eram  «como  cerca  de  30» 10. 
Havia  Padres  em  Pernambuco,  Porto  Seguro,  Espírito  Santo, 
São  Vicente ;  e  já,  à  data  da  última  carta  deste  volume  Í31  de 
Agosto  de  1553),  se  reunira  e  fundara  a  Aldeia  de  Pirati- 
ninga,  que  veio  a  ser  a  actual  cidade  de  São  Paulo. 

Neste  período,  o  único  Superior  foi  o  mesmo  da  Missão, 
que  se  iniciara  a  29  de  Março  de  1549,  dia  em  que  puseram 
pé  em  terras  da  América  os  primeiros  Padres  da  Compa- 
nhia de  Jesus.  Três  anos  depois,  por  Março  ou  Abril 
de  1553,  o  Provincial  de  Portugal  deu  ao  Superior  os  pode- 
res de  Vice-Provincial,  resolução  aprovada  por  S.  Inácio: 
«Lo  que  V.a  R.a  ordeno  en  el  Brasil,  dando  sus  poderes  al 
P.  Nóbrega  [...],  todo  está  bien»  u.  E  finalmente  a  9  de 
Julho,  do  mesmo  ano  de  1553,  S.  Inácio  assinou  a  patente 
de  Nóbrega  como  Provincial  da  nova  Província  do  Brasil, 
a  primeira  do  Novo  Mundo  (doe.  70).  E  assim  como  come- 
çou, sempre  a  Companhia  trabalhou  com  Brancos,  índios  e 
Meninos.  Com  o  andar  do  tempo  e  o  progresso  e  desenvol- 
vimento do  Brasil,  os  ministérios  das  cidades,  a  necessária 
organização  rural  das  fazendas,  a  educação  nos  grandes 
Colégios,  iriam  ocupar  muitos  Padres.  Mas  nunca,  em  tempo 
algum,  deixou  a  Companhia  no  Brasil  de  trabalhar  com 
índios,  razão  primeira  da  sua  presença  na  América. 

ARTIGO  5 

OS  ÍNDIOS  DO  NOVO  MUNDO  E  OS  JESUÍTAS  DO  BRASIL 

Quando  os  europeus  tentavam  descobrir  a  índia  pela 
rota  do  Ocidente,  ao  deparar-se-lhes  terra,  julgando  que 
tinham  chegado  ao  seu  destino,  chamaram  índios  aos  habi- 
tantes dela;  e  o  nome  ficou.   A  origem  destes  homens,  que 


9  Ib.  1  561. 

10  MI  Epp.  V  269;  cf.  Leite  i  573-574. 

it    MI  Epp.  V  123;  LEITE  li  456;  Breve  Itinerário  102. 


II) 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  I.  PRESSUPOSTO  HISTÓRICO 


assim  acharam,  é  objecto  de  estudo,  explicações  e  teorias, 
que  se  sucedem  umas  às  outras,  e  se  representam  hoje 
sobretudo  por  Ales  Hrdlicka  («homotipo  mongaloide») 12,  e 
pela  escola  em  que  figuram  principalmente  E.  von  Eick- 
stedt13  e  R.  Biasutti14,  segundo  os  quais  aquela  teoria  mon- 
galoide não  explica  todos  os  factos  antropológicos  do  novo 
continente ;  e,  para  estes  o  «Homo  Americanus»  proviria 
dum  antigo  «phylum»  de  elementos  australo-caucásicos, 
modificado  sucessivamente  pelo  «Homo  Asiaticus»,  chegado 
à  América  pelo  Pacífico.  A  simples  exposição  dos  cami- 
nhos, por  onde  estes  e  outros  sábios  estabeleceram  as  suas 
teorias,  é  alheia  ao  nosso  estudo,  nem  se  poderia  fazer  em 
breves  páginas.  Que  é  exactamente  o  que  diz  Artur  Ramos, 
não  obstante  tratar-se  de  assunto  específico  seu :  «Não  é 
possível  tomar  parte  na  discussão  das  classificações  das 
raças  humanas  e  dos  índios  do  Novo  Mundo ;  isto  nos  arras- 
taria muito  longe.  Basta  insistir  que  hoje  não  falam  mais 
os  antropólogos  de  uma  raça  vermelha.  De  um  modo  geral, 
o  índio  do  Novo  Mundo  é  considerado  uma  variante  da 
raça  mongólica,  embora  mais  recentemente  se  admitam 
influências  de  outros  grupos  raciais»  u. 

Parte  considerável  do  Novo  Mundo  é  o  Brasil,  na  costa  sul 
do  Atlântico,  e  que  do  ponto  inicial  de  Porto  Seguro,  em  1500, 
se  foi  pouco  a  pouco  estendendo  pela  costa,  tanto  para  o  Sul 
como  para  o  Norte  e  também  para  o  Oeste  até  ao  que  é  hoje 


12  Ales  Hrdlicka,  Early  Man  in  South  America,  in  Cong.  Int. 
Amer.,  Sess.  18  1  (London  1912)  10-21 ;  The  Génesis  of  the  American 
Indian,  in  Proc.  Cong.  Int.  Amer.,  Sess.  19  (Washington  1915)  559-568; 
The  Origin  and  Antiqnitv  of  the  American  Indian,  in  Ann.  Rep.  Smithso- 
nian  Inst.  (Washington  1923)481-494.  Cf.  Handbook  of  South  American 
Indians  VI  624-625,  com  a  bibliografia  de  Hrdlicka  entre  1911  e  1943. 

13  EGON  VON  ElCKSTEDT,  Rassenkitndc  itnd  Rassengeschichte  der 
MenscJiheit  (2*  ed.)  Stuttgart  1937. 

14  Renato  Biasutti,  Le  Rasse  e  i  Popoli  delia  Terra,  m  Oceania- 
-  America  Con  la  collaborazione  dei  Professori  Raffaello  Battaglia  e 
José  Imbelloni.  Torino  1941. 

15  Artur  Ramos,  Introdução  à  Antropologia  Brasileira  1 33;  cf.  A.  A. 
Mendes  Corrêa,  Ameríndios,  in  Antropologia  e  História  (Porto  1954)  194. 


ART.  3.  -  OS  ÍNDIOS  DO  NOVO  MUNDO  E  OS  JESUÍTAS  DO  BRASIL       1  1 

com  os  seus  60.000.000  de  habitantes  e  8.516.037  km2  10,  limi- 
tando-se  ao  Norte  com  as  Guianas  Francesa,  Holandesa  e 
Inglesa,  com  a  Venezuela  e  a  Colômbia',  a  Oeste  com  o  Peru, 
a  Bolívia  e  o  Paraguai;  e  ao  Sul  com  a  Argentina  e  o  Uruguai. 
Nas  páginas  da  História  da  Companhia  de  Jesus  no  Brasil 
fomos  encontrando  os  índios  que  habitavam  outrora  este 
imenso  território  e  com  os  quais  teve  contacto  a  Companhia 
de  Jesus  da  Assistência  de  Portugal:  e  os  nomes  de  grupos, 
sub-grupos  e  famílias  de  índios,  assim  inventariados,  ocupam 
onze  colunas  do  índice  Geral  daquela  História  (1950). 

Mas  o  interesse  dos  Jesuítas  pelos  índios  não  se  podia, 
é  claro,  limitar  ao  aspecto  etnológico.  Incidia  mais  sobre 
a  sua  qualidade  de  homens  e  as  suas  aptidões  a  torna- 
rem-se  civilizados  e  cristãos.  Nem  por  isso  deixam  os 
documentos  de  conter  informações  preciosas  para  a  Etnolo- 
gia e  no  mesmo  índice  Geral  (p.  86)  se  averbam  as  seguin- 
tes indicações:  cosmogonia  e  religião  primitiva  dos  índios 
do  Brasil,  vestígios  de  matriarcado,  mitos  astrais,  Plêiades 
e  Orion;  dos  Aconguaçus,  Aimurés,  Carijós,  Gamelas,  Ges- 
saruçus,  Janduins,  Jurunas,  Moritizes,  Moromomins,  Quiriris, 
Paiaiases,  Paranaubis  (Mares  Verdes),  Pataxoses,  Ririiú ;  do 
Rio  Madeira;  dos  sertões  da  Baía;  Tobajaras,  etc. 

Ao  iniciar-se  agora  a  publicação  diplomática  dos  documen- 
tos da  série  missionária  brasileira,  convém  observar  que 
quando  publicámos  os  dois  primeiros  volumes  da  Histó- 
ria (1938)  ainda  era  corrente  falar  da  «civilização»  dos 
índios.  Métraux  intitulou  o  seu  livro,  já  clássico,  La  civi- 
lisation  matérielle  des  tribus  Tupi-Gnarani  (Paris  1928); 
e  Imbelloni  ainda  em  1941  usa  a  palavra  civilização  (civiltá) 
referida  aos  Tupinambás ;  mas  já  também  se  falava  de  povos 
naturais  «evoluidos»  e  «civilizados»,  contrapondo-os  aos 
«não  civilizados»;  e  advertiu-se  logo  a  impropriedade  ou 
paradoxo  de  conceitos  como  este :  «a  civilização  dos  não 
civilizados».  Hoje  a  palavra  civilização  está  práticamente 
banida  em  etnologia,  substituída  pela  de  cultura. 


16    Anuário  Estatístico  do  Brasil  10  (Rio  de  Janeiro  1949)  6. 


12 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  I.  PRESSUPOSTO  HISTÓRICO 


Os  Jesuítas  ao  tratar  de  índios  não  podiam  coníinar-se 
nos  aspectos  que  respeitam  a  essa  ciência,  dizemos;  a  sua 
atenção  aplicava-se  da  mais  diversa  maneira,  segundo  o 
próprio  meio.  Mas,  em  geral,  o  seu  esforço  tendia  a  esta 
expressão  de  um  deles,  reproduzida  na  História  (iv  173): 
«O  fruto  destas  missões  consiste  em  fazê-los  de  bárbaros 
homens,  e  de  homens  cristãos,  e  de  cristãos  perseverantes 
na  fé.  A  isto  procuram  aqueles  missionários,  acomodando-se 
a  viver  com  eles  e  a  fazer  o  ofício  de  cura,  pai,  médico, 
enfermeiro,  tutor,  e  ainda  mestres  para  ensinar-lhes  a  roçar 
e  plantar  seus  mantimentos,  porque  tais  são,  que  antes 
haviam  de  ir  caçando  cada  dia  pelo  mato  e  buscando  alguma 
fruta  silvestre  que  acomodar-se  a  trabalhar  e  a  plantar». 

Para  viver  à  sua  maneira,  aqui  e  além,  —  ainda  vida 
seminómada  —  o  índio  sabia  roçar,  e  dos  seus  costumes 
alguma  coisa  tomaram  os  Portugueses;  mas  nas  Aldeias  de 
fixação,  com  encargos  colectivos  de  construções  e  Igrejas, 
a  civilização  ocidental  requeria  alguma  coisa  mais',  e  não 
será  louvar  o  missionário  à  custa  do  índio  apontar  a  apren- 
dizagem estimulante  do  trabalho  disciplinado  como  um  dos 
esforços  do  missionário  1T.  E  é  o  que  observa  Estêvão  Pinto : 
«Aos  Jesuítas  antolhava-se-lhes  o  seguinte  dilema:  ou  con- 
gregar os  índios  em  núcleos  vigiados  e  policiados  pelos 
Padres  e  funcionários  do  Estado,  sob  o  regime  de  trabalho 
sistemático,  ou  deixá-los  entregues  aos  seus  instintos  beli- 
cosos ou  às  práticas  canibalescas»  1S.  Práticas  em  que  ocupa 
lugar  central  o  comer  carne  humana,  que,  embora  se  estude 
e  doure  cientificamente,  não  deixa  de  ser  o  que  em  si  mesmo 
é,  estágio  humano  de  inferioridade  e  horror. 

Assim,  pois,  o  avanço  sucessivo  dos  Jesuítas,  em  con- 
tacto com  novos  índios,  durante  mais  de  dois  séculos,  deu 
ao  historiador  a  consciência  da  vastidão  da  matéria  e  da 
dificuldade  insuperável  de  fazer  da  História  da  Companhia 
de  Jesus  no  Brasil  uma  História  também  dos  índios  do  Bra- 


17  Baldus,  Bibliografia  Critica  tia  Etnologia  Brasileira  385. 
r8    Estêvão  Pinto,  Os  Indígenas  do  Nordeste  1  215-216. 


ART.  5.  -  OS  ÍNDIOS  DO  NOVO  MUNDO  E  OS  JESUÍTAS  DO  BRASIL  15 


sil,  e  o  deixou  claramente  expresso  no  tomo  x  (p.  xvm).  Para 
o  efectuar,  requerer-se-ia  outro  tanto  tempo,  pelo  menos, 
como  o  que  se  gastou  naquela  obra;  e  mesmo  aqueles,  que 
só  se  dedicam  ao  estudo  dos  índios,  ainda  a  não  escreve- 
ram :  monografias  sobre  assuntos  parciais  há-as  magníficas; 
obra  de  conjunto  ainda  não,  nem  será  fácil  dada  a  vastidão 
e  complexidade  etnológica  do  Brasil  actual.  Importa,  por 
outro  lado,  ter  presente  que  aquela  História  não  se  intitula 
«História  das  Missões  da  Companhia  de  Jesus  no  Brasil», 
o  que  a  limitaria.  Não  é  apenas  das  Missões,  mas  geral,  o 
que  significa  um  maior  esforço  de  atenção  para  manter 
dentro  dela  o  sentido  das  proporções. 

Recorda-se  tudo  isto  aqui,  com  um  fim  prático.  A  saber: 
que,  ao  abrir  agora  a  série  de  Monumenta  Brasiliae,  este 
mesmo  sentido  das  proporções  nos  convida  a  não  ultra- 
passar o  âmbito  deste  primeiro  volume.  Na  «Informação 
das  Terras  do  Brasil»  (1549),  Nóbrega  fala  de  índios 
«Guayanases,  Carijós,  Gaimurés,  Tupeniques,  Tupinam- 
bás».  A  ordem  com  que  os  cita  parece  indicar  a  linha 
Sul-Norte:  Guayanases  e  Carijós  na  Capitania  de  S.  Vicente 
(entendida  como  então  era,  mais  extensa  para  o  Sul  do  que 
o  Estado  de  São  Paulo  que  hoje  a  representa),  Gaimurés  ao 
norte  do  Espírito  Santo,  Tupeniques  em  Porto  Seguro,  e 
Tupinambás  na  Baía.  Tirando  os  Gaimurés  (do  Grupo  Gê) 
e  talvez  também  os  Guaianases  19,  os  mais  são  do  grande 
grupo  Tupi  (ou  Tupi-Guarani),  que  é  o  que  nas  primeiras 
cartas  aparece  habitualmente  sob  a  denominação  genérica 
de  índios  ou  Gentios. 


19  A  21  de  Março  de  1585  escreve  o  P.  Manuel  Viegas :  Agora  se 
oá-de  abrir  em  S.  Vicente  «uma  porta  nova  de  um  gentio  que  se  chama 
Maromemim  e  com  estes  maromemins  se  ajunta  outra  gente  que  se 
chama  Carojo  ;  e  com  estes  carojos  se  ajunta  outra  gente  que  se  chama 
Ibira  ba  qui  Yara.  E  toda  esta  gente  tem  uma  língua  de  que  eu  já  sei 
muito».  Esta  língua  não  se  identificava  com  o  tupi :  «Está  esta  gente 
muito  perto  aqui  de  S.  Vicente,  e  já  algumas  suas  filhas  e  filhos  estão 
com  os  brancos,  e  algumas  e  alguns,  que  estão  com  os  brancos,  são  já 
cristãos,  e  se  confessam  já  pela  língua  destes  nossos  índios,  que  se  cha- 
mam tupim».  Leite  ix  385. 


14 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  [.  PRESSUPOSTO  HISTÓRICO 


ARTIGO  4 

OS  ÍNDIOS  TUP1NAMBÁS 

Os  Tupinambás  pertenciam  à  grande  família  tupi,  ou,  para 
englobar  os  Carijós  (Guaranis),  ao  Grupo  Tupi-Guarani,  o 
mais  importante  dos  grupos  linguísticos  do  Brasil,  consti- 
tuído ele  mesmo  por  muitas  tribos,  repartidas  por  diversas 
áreas  do  actual  território  brasileiro  e  fora  dele  na  América 
do  Sul.  Mas  delimita-se  aqui  a  notícia  aos  Tupinambás  da 
Baía  por  serem  com  eles  os  contactos  iniciais  dos  Jesuítas 
do  Brasil,  segundo  o  teor  dos  documentos,  que  tratam  de 
índios  neste  primeiro  período  (1549-1553)-  Para  o  qual  o 
grande  informador  é  Nóbrega,  com  um  ou  outro  subsídio 
dos  mais  Padres  e  Irmãos. 

1.  Generalidades.  Os  Tupinambás  desconhecem  o  uso 
do  ferro;  e  por  causa  da  mercancia  dele,  desejam  comuni- 
cação com  os  Brancos  (doe.  10  §  14).  Não  conhecem  a 
leitura  nem  a  escrita',  e  por  isso  muito  se  admiram  que  os 
Portugueses  as  saibam  (doe.  8  §  4).  Não  possuem  governo 
comum  a  muitas  Aldeias;  cada  casa  ou  Aldeia  se  rege, 
sobre  si,  pelo  seu  principal:  os  índios  «não  têm  rei  a  quem 
obedeçam»  (does.  14  §  2 ;  25  §  2);  e  de  15  a  20  léguas  estão 
divididos  e  contrários  e  se  guerreiam  e  comem  (doe.  8  §3); 
mas  entre  si  vivem  em  união  de  amizade  (doe.  8  §  3). 
Quando  os  principais  querem  persuadir  alguma  coisa  aos 
índios,  pregam  em  certo  tom,  andando,  passeando,  e 
batendo  nos  peitos,  e  dizendo-a  com  muita  eficácia  (doe.  54 
§  15).  Pregam  (os  principais  e  pagés)  de  madrugada 
(doe.  23  §  2).  E  têm,  nas  suas  festas,  cantigas  a  seu  modo 
e  usam  instrumentos  músicos  a  seu  tom  (does.  51  §  8; 
54  §  15).  Têm  medo  da  morte  e  de  que  lha  lancem;  e  um, 
a  quem  a  lançaram,  tanto  imaginou  que  morreu,  e  mandou 
aos  filhos  que  o  vingassem  (doe.  7  §  5). 

2.  Habitação  e  seminomadismo.  Vivem  em  casas  gran- 
des de  palma,  onde  se  podem  juntar  50  índios  casados  com 
as  suas  mulheres  e  filhos.  Dormem  em  redes  de  algodão, 


ART.  4.  -  OS  ÍNDIOS  TUFINAMBÀS 


15 


sobre  si,  e  com  fogos  sempre  acesos  de  noite,  para  se  livra- 
rem do  frio  e  dos  demónios  (doe.  9  §  2);  as  casas  não  são 
fixas,  mudam-nas  ou  antes  mudam-se  eles  quando  querem 
e  para  onde  querem,  fazendo  outras,  queimando  às  vezes 
as  precedentes  e  toda  a  Aldeia  (doe.  14  §  2). 

3.  Adornos.  Mulheres  e  homens  andam  nus  (does.  7 
§  13  í  9  §  1);  cabelos  à  sua  maneira  (doe.  51  §  8);  não  usam 
barbas,  antes  se  rapam  até  as  pestanas  (doe.  9  §  2);  trazem 
pedras  de  côr  nos  beiços  e  no  rosto  (does.  8  §  5;  35  §  4); 
usam  pluma  vermelha,  amarela  e  de  outras  tintas,  pegadas 
com  resina  em  lavores  que  têm  alguma  arte,  e  na  cabeça 
diademas  de  plumas  de  côres,  bem  feitos,  e  outras  inven- 
ções (doe.  24  §  5).  Usam  pinturas  no  rosto  e  no  corpo,  de 
côres  preta  e  vermelha  (does.  18  §  4;  24  §  5). 

4.  Família:  Poligâmica.  Têm  muitas  mulheres  enquanto 
se  contentam  delas  e  elas  deles  (doe.  8  §  3);  nisto  diferem 
dos  infiéis  da  África  e  outras  gentes,  que  as  tomam  para 
sempre  e  ao  menos  é  contrato  (doe.  8  §  6).  As  mulheres 
casam-se  sem  dote  e  os  genros  ficam  obrigados  a  servir 
aos  sogros  (doe.  9  §  6).  As  mulheres  são  castas  a  seus 
maridos  (doe.  9  §  6).  Têm  para  si  que  a  geração  é  obra 
exclusiva  do  pai.  Quando  os  cativos,  mortos  em  terreiro, 
deixam  algum  filho,  este  é  comido  pelos  parentes  da  mãe 
e  às  vezes  por  ela  própria,  por  dizerem  que  a  mãe  não  tem 
parte  nele:  conceito  de  mulher-saco  (doe  8  §  3) 20. 

5.  Vida  económica  e  social.  Comunidade  de  bens;  o 
que  um  tem  há-de  repartir  com  os  outros,  principal- 
mente se  são  coisas  de  comer,  das  quais  nenhuma  guar- 
dam para  o  outro  dia  nem  curam  de  entesoirar  riquezas 
(does.  8  §  3;  9  §  6).  O  principal  alimento  é  a  raiz  de 
mandioca,  de  que  se  faz  farinha  e  que  misturada  com  milho 
faz  um  pão  que  escusa  o  de  trigo  (doe.  9  §  1).  Fazem  vinho 
de  milhos  (doe.  24  §  5),  e  de  raizes,  que  embriaga  muito 
(doe.  35  §  1).  As  mulheres  fazem  farinha  e  todo  o  princi- 
pal trabalho  é  delas',  os  homens  «somente  roçam  e  pescam 


20    Cf.  Leite,  Diálogo  sobre  a  Conversão  do  Gentio  11 


16 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  J.  PRESSUPOSTO  HISTÓRICO 


e  caçam  e  pouco  mais»  (doe.  54  §  5).  Não  vão  à  guerra  por 
cobiça,  porque  não  possuem  nada:  vivem  da  pesca  e  da 
caça  e  do  fruto  que  toda  a  terra  dá  (doe.  8  §  3). 

6.  Guerras.  Fazem  a  guerra  nus,  uns  pintados  de  negro, 
outros  de  vermelho,  outros  cobertos  de  plumas,  todos  ati- 
rando frechas,  com  grande  grita,  e  outros  tocando  búzios 
«com  que  fazem  alarde  em  suas  guerras,  que  parecia  um 
inferno»  (doe.  18  §  4).  Foi  assim  em  1549  atacando  o 
navio  em  que  ia  o  P.  Leonardo  Nunes,  e  eram  os  Tupis 
de  S.  Vicente,  amigos  dos  Portugueses,  cuidando  que  o  navio 
era  de  Franceses.  As  primeiras  notícias,  sobre  os  Tupinam- 
bás  da  Baía,  falam  de  guerras  de  índios  entre  si:  sempre  têm 
guerra  com  outros  e  andam  todos  em  discórdia  e  comem-se 
uns  aos  outros  (doe.  5  §  5);  guerras  de  uma  geração  contra 
outra  geração,  a  15  e  20  léguas,  de  maneira  que  todos  estão 
entre  si  divididos  ;  não  vão  á  guerra  por  cobiça,  mas,  insis- 
te-se,  por  ódio  e  vingança;  comem  os  contrários  com  festa 
e  nisto  põem  toda  a  sua  felicidade  (doe.  8  §  3). 

7.  Antropofagia.  Os  gentios  põem  a  sua  bem-aventu- 
rança  em  matar  os  seus  contrários  e  comer  carne  humana 
e  ter  muitas  mulheres  (doe.  33  §  1).  Matam  os  cativos  em 
terreiro  e  os  comem.  Várias  descrições  destas  cerimónias 
(does.  9  §  4;  24  §  5 ;  42  §§  2-4;  73  §  6).  Não  comem  carne 
humana  só  nestas  festas  rituais:  quando  estão  para  morrer, 
os  índios  pedem  carne  humana  e  se  não  lha  dão,  dizem  que 
morrem  desconsolados:  «a  consolação  é  a  sua  vingança» 
(doe.  14  §  3);  «não  se  comem  uns  aos  outros  senão  por 
vingança»  (doe.  35  §  2);  e  este  «é  o  seu  comer  verdadeiro* 
(doe.  73  §  6). 

8.  Religião.  Não  têm  conceito  culto  de  Deus,  nem 
ídolos  a  quem  adorem  (does.  5  §  6;  24  §  2):  nenhum  Deus 
certo  (doe.  8  §  3),  mas  chamam  «Tupana»  aos  trovões,  que 
é  como  quem  diz  coisa  divina  (observe-se  que  a  raiz  «Tup» 
entra  também  no  próprio  nome  destes  índios);  e  por  isso 
os  Padres  acharam  que  esse  seria  o  vocábulo  mais  ade- 
quado para  lhes  expressar  o  nome  de  Deus  do  conceito 
cristão  «Pai  Tupana»  (doe.  9  §  3),  embora  os  índios  sintam 
dificuldade  em  apreender  o  conceito  de  Deus-Espírito,  e 


ART.  4. -os  ÍNDIOS  tupinambás 


17 


perguntem  se  tem  cabeça,  corpo,  mulher  e  como  se  veste 
(doe.  9  §  8).  Não  têm  ídolos,  ainda  que  há  entre  eles  alguns 


ídolos,  a  que  adorem,  nem  têm  mais  que  algumas  abusões 
e  ninharias  que  ainda  hoje  em  dia  se  acham  dentro  do  Reino 
de  Portugal,  como  são  feiticeiros,  adivinhos  e  benzedores, 
e  crer  sonhos,  e  ter  muitos  agoiros»  (doe.  6o  §  19). 

A  estas  suas  práticas  religiosas  (dentro  do  plano  da  magia 
e  animismo)  chamam  «santidade» ;  e  na  descrição  que  dela 
faz  Nóbrega  podem-se  distinguir  os  seguintes  elementos 
(does.  8  §  3;  9  §  3): 

a)  Feiticeiros  (pagés),  que  presidem.  Limpavam-lhes  os  caminhos 
e  faziam-se  festas  e  danças. 

b)  Certa  reforma  de  costumes :  confissão  pública  das  mulheres, 
acusando  as  faltas  que  fizeram  a  seus  maridos  e  umas  às  outras. 

c)  Casa  escura  onde  o  feiticeiro  entra,  e  aí  coloca  uma  cabaça  que 
traz  em  figura  humana  (maracá).  [A  casa  escura,  entre  os  Tupis  de 
S.  Vicente,  ficava  no  meio  da  Aldeia,  doe  29  §  1 ;  o  maracá  descreve-se 
em  pormenor,  doe.  24  §  2]. 

d)  O  pagé  muda  a  voz  em  a  de  menino  e  consulta  a  cabaça. 

e)  E  fala,  como  se  fosse  voz  da  cabaça  santa,  prometendo  quanto 
sabe  que  é  do  agrado  dos  ouvintes:  que  o  mantimento  crescerá  por  si 
mesmo,  que  nunca  lhes  faltará  de  comer,  que  hão-de  ganhar  vitória  dos 
inimigos  e  outras  coisas  semelhantes ;  e  umas  vezes  acerta  dizer  ver- 
dade, outras  não. 

/)  No  fim,  as  mulheres  entram  em  transe,  deitam-se  por  terra, 
escumando  pelas  bocas.  E  assim  lhes  persuade  o  feiticeiro  que  lhes 
entra  a  santidade;  e  quem  isto  não  faz  «têm-lho  a  mal»;  e  depois  lhe 
oferecem  muitas  coisas  (doe.  9  §  3). 

g)  Quando  morrem,  enterram-nos  assentados,  em  covas  redondas, 
com  uma  rede  por  cima  e  um  prato  de  viandas;  e,  se  são  principais, 
tudo  coberto  por  uma  choça.  E  dizem  que,  depois  da  morte,  as  almas 
andam  pelos  montes  e  vão  ali  comer  (doe.  9  §  3);  e  irão  «descansar  a 
um  bom  lugar»  (doe.  9  §  5). 

h)  Demónios.  Acreditam  em  demónios,  dos  quais  têm  medo,  e 
por  isso  de  noite,  quando  saem,  é  sempre  com  um  tição  aceso,  porque 
os  demónios  têm  medo  do  fogo  (does.  8  §  3;  9  §  2). 

»)  Ritos  não  idolátricos.  O  pregar  a  seu  modo,  o  cantar  em  certo 
tom,  assim  como  tanger  seus  instrumentos  também  em  certo  tom,  e  os 
seus  prantos  funerários,  não  são  ritos  dedicados  a  ídolos  (does.  51  §  8; 
54  §  15'.  cf.  doe.  49). 


is 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  I.   PRESSUPOSTO  HISTÓRICO 


9.  Pagós.  Além  de  presidir  às  funções  mágico-religio- 
sas,  eram  atribuições  dos  pagés:  curar  os  doentes  (does.  8 
§  10  i  9  §  3)  e  aconselhar  nas  guerras  contra  os  contrários 
(doe.  9  §  3);  e  persuadiam-se  os  índios  de  que  eram  eles  que 
tinham  poder  sobre  a  vida  e  a  morte  (doe.  24  §  2). 

10.  Dilúvio.  Marido  e  mulher  subiram  a  um  pinheiro 
até  baixarem  as  águas.  E  deles  procede  a  nova  geração  de 
todos  os  homens  e  mulheres  (doe.  9  §  7). 

11.  Mito  de  Zumê.  Estes  índios  Tupinambás  têm  notí- 
cia de  S.  Tomé  e  de  um  seu  companheiro;  e  nesta  Baía 
estão  umas  pegadas  «que  se  têm  por  suas»,  e  há  outras  em 
S.  Vicente,  que  é  no  cabo  desta  costa  (doe.  8  §  3).  Na  Baía 
eram  quatro  as  pegadas.  Os  índios  estão  bem  com  S.Tomé, 
«a  que  chamam  também  Zomé»,  não  com  o  companheiro. 
Não  se  sabe  a  causa,  senão  que  as  frechas  que  lhes  atira- 
vam se  tornavam  aos  que  as  atiravam  e  os  matavam.  Os 
matos  abriam-se  para  os  deixar  passar  e  também  as  águas 
e  as  passaram  sem  se  molhar.  «Dizem  dele  que  lhes  deu  o 
mantimento  que  agora  têm,  que  são  raízes  e  ervas»  (does.  6 

§3;8§3)- 

Esta  breve  ordenação  do  conteúdo  deste  i.°  vol.  sobre  os 
Tupinambás  mostra  o  sentido  de  iniciação  documental  a 
respeito  dos  índios  do  Brasil.  Completá-la-ão  depois  novos 
documentos,  quer  de  Jesuítas,  quer  de  outros  cronistas, 
quer  de  pesquisas  de  campo  modernas  em  período  muito 
longo  no  tempo  e  em  áreas  muito  mais  extensas,  onde,  por 
esta  mesma  dispersão,  nem  sempre  é  fácil  deslindar  o  que 
ainda  é  elemento  de  cultura  primitiva  ou  já  de  acultura- 
ção. Mas  grande  parte  desse  material  está  em  germe  nes- 
tes primeiros  documentos,  cujo  estudo  pormenorizado  e, 
interpretação  não  competem  ao  historiador.  Um  ponto, 
todavia,  convém  aqui  relevar  por  ser  de  natureza  histó- 
rica, a  identificação  de  Zumé  com  S.  Tomé.  Para  os  etnó- 
logos,  Zumé  ou  Sumé  é  o  «deus  criador  e  civilizador»  dos 
Tupinambás.  A  semelhança  fortuita  do  nome  e  o  equívoco 
de  chamar  índias  ao  Novo  Mundo  fez  lembrar  o  Apóstolo 
S.  Tomé  (da  índia  Oriental).    Identificação  inadmissível, 


ART.  4. -OS  ÍNDIOS  TUPINAMBÁS 


18 


anterior  em  todo  o  caso  à  chegada  dos  Jesuítas  em  1549, 
por  vir  já  assinalada  em  A  Nova  Gazeta  da  Terra  do  Bra- 
sil, de  1515:  «Eles  têm  também  recordação  de  S.  Tomé. 
Quiseram  mostrar  aos  Portugueses  as  pegadas  de  S.  Tomé 
no  interior  do  país»  M. 

Já  agora  —  e  como  ponto  de  referência  —  é  lícito  lem- 
brar que  a  cultura  dos  Tupinambás,  embora  homogénea 
em  si  mesma,  não  é  comparável  à  dos  Aztecas,  Incas  e 
Maias;  e  que  o  conceito  complicado  de  herói  criador  e 
civilizador,  mito  bastante  espalhado  por  todo  o  continente, 
aparece  aos  olhos  de  Imbelloni  como  elemento  «allógeno», 
isto  é,  de  origem  não  tupinambá.  O  mesmo  vocábulo  Zumé 
é  tupi  e  chibcha,  povo  natural  andino;  e  o  influxo  dos  povos 
andinos  sobre  os  Tupinambás  admite-se  hoje  que  se  ope- 
rava não  apenas  pelo  Sul  (Peru),  mas  também  pelo  Norte 
(Amazonas)  --. 

CAPÍTULO  II 
AUTORES  DAS  CARTAS 

As  cartas  deste  primeiro  volume  de  Monumenta  Brasi- 
liae  S.  I.  foram  escritas  parte  no  Brasil,  parte  na  Europa. 
E  em  ambos  os  lados  do  Atlântico,  por  Padres  e  Irmãos  da 
Companhia  e  por  personalidades  de  fora  dela. 

Na  Europa,  da  Companhia:  Padres  Inácio  de  Loyola, 
fundador,  Pedro  Fabro,  primeiro  sacerdote  dela,  Juan  de 
Polanco,  secretário  (todos  três  de  Roma),  e  Pero  Doménech, 
do  Colégio  dos  Órfãos  de  Lisboa.  De  fora  da  Companhia: 
D.  João  III,  Rei  de  Portugal,  Dr.  Diogo  de  Gouveia,  Prin- 


21  Leite,  Breve  Itinerário  75. 

22  José  Imbei.loni,  Gli  Amassonici,  in  Biasutti.  Le  Razse  e  i 
Popoli  delia  Terra  111  537.  O  chibcha  situa-se  na  actual  Colômbia  e  nas 
costas  do  Pacífico.  Cf.  Tribal  and  Linguistic  Distributions  0/  South 
America  (Tribal  locations  after  Julian  H.  Steward  and  linguistic  distri- 
butions after  J.  Alden  Mason),  mapa  separado  que  acompanha  o  vol.  VI 
do  Handbook  of  South  American  Indians  VI,  Washington  1950. 


20 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


cipal  do  Colégio  de  Santa  Bárbara  de  Paris,  e  D.  Pedro 
Mascarenhas,  Embaixador  de  Portugal  em  Roma. 

No  Brasil,  da  Companhia :  P.  Manuel  da  Nóbrega,  fun- 
dador da  Província  S.  I.  e  da  Cidade  de  São  Paulo,  e  os 
seus  cinco  companheiros  da  i.a  expedição  (1549) :  Padres 
Leonardo  Nunes,  fundador  do  Colégio  de  S.  Vicente,  Juan 
de  Azpilcueta  Navarro,  missionário  dos  índios,  António 
Pires,  Mestre  de  obras  e  Vice-Provincial ;  Irmãos  (depois 
Padres)  Vicente  Rodrigues,  primeiro  Mestre-Escola  do  Bra- 
sil, e  Diogo  Jácome,  torneiro  e  catequista;  dois  Padres  da 
2.a  expedição  (1550):  Afonso  Brás,  fundador  do  Colégio  do 
Espírito  Santo,  e  Francisco  Pires,  fundador  da  Ajuda  (de 
Porto  Seguro) ;  da  3.a  expedição  (1553)  o  P.  Brás  Lou- 
renço, Reitor  do  Colégio  do  Rio  de  Janeiro ;  e  ainda  dois 
Irmãos,  recebidos  na  terra,  António  Rodrigues  (depois 
Padre),  primeiro  Mestre-Escola  de  São  Paulo,  e  Pero  Cor- 
reia, protomártir  da  Companhia  na  América.  De  fora  da 
Companhia:  D.  Pedro  Fernandes,  Bispo  da  Baía,  e  Tome 
de  Sousa,  Governador  do  Brasil. 

Há  ainda  algumas  cartas  dalgum  menino,  ou  pessoa 
não  bem  identificada,  ou  simples  excerto;  o  mais  são 
documentos  de  sesmarias  ou  de  subsídios  da  fazenda 
pública,  segundo  se  verá  em  cada  qual.  Aqui,  a  notícia 
sumária  dos  referidos  autores.   E  pela  mesma  ordem. 

A)    Na  Europa 

ARTIGO  1 

P.  INÁCIO  DE  LOYOLA,  FUNDADOR  DA  COMPANHIA  DE  JESUS 

Nasceu  em  Loyola  em  1491.  Tentou  a  carreira  eclesiás- 
tica, que  abandonou,  teve  vida  agitada,  e  entrou  na  carreira 
das  armas.  Com  30  anos  de  idade  foi  ferido  no  cerco  de 
Pamplona,  recolhendo-se  à  casa  paterna  de  Loyola  para  se 
curar  (1521).  Durante  a  doença  converte-se  a  melhor  vida, 
vai  a  Monserrate,  troca  os  vestidos,  e  principia  a  escrever 
os  «Exercícios  Espirituais»  (1522).  Tem  31  anos  de  idade, 


AKT.  l.-P.  INÁCIO  DE  LOYOLA,  FUND.  DA  COMP.  DE  JESUS  21 


pouca  instrução,  nenhum  plano  definido.  Mas  já  tem  espí- 
rito novo  e  armas  novas.  Depois  dum  prazo  ainda  longo, 
de  18  anos,  esse  espírito  iria  fecundar  uma  nova  Ordem 
Religiosa  e  essas  armas  iriam  começar  a  ter  expansão  uni- 
versal. Mas,  por  enquanto,  tudo  são  ainda  tenteios  e  obs- 
táculos. 

Depois  de  Monserrate,  desce  a  Manresa  e  percorre  vários 
lugares  entre  os  quais  Jerusalém  (1523),  faz  volta  por 
Veneza  (1524),  começa  a  estudar  gramática  em  Barce- 
lona (1525),  vai  depois  para  Alcalá  (1526),  é  processado  (tri- 
bunais eclesiásticos)  e  preso  (1527).  Liberto,  segue  para 
Salamanca,  onde  sofre  novo  processo  eclesiástico  e  nova 
prisão,  e  donde,  depois  de  livre,  vai  para  Paris  estudar 
latim  no  Colégio  de  Montaigu  (1528).  Continua  a  dar  os 
Exercícios  Espirituais,  vai  a  Flandres  recolher  esmolas,  e 
aí  torna  em  1529;  e,  à  volta,  começa  o  estudo  de  Artes  no 
Colégio  de  Santa  Bárbara  do  português  Doutor  Diogo  de 
Gouveia  (1529).  Torna  pela  terceira  vez  a  Flandres,  e  a 
Londres  (1530).  No  ano  seguinte  continua  os  estudos,  no 
mesmo  Colégio  de  Santa  Bárbara,  onde  conhece  o  P.  Pedro 
Fabro  e  os  jovens  estudantes  Francisco  Xavier,  Simão 
Rodrigues  e  outros.  Licenciado  (1533)  e  Mestre  em 
Artes  (1534).  E  a  15  de  Agosto,  desse  mesmo  ano  de  1534, 
faz  com  os  seus  companheiros,  em  Paris,  o  conhecido  voto 
de  Montmartre. 

Depois  duma  volta  por  Espanha,  tenta  de  novo  a  via- 
gem de  Jerusalém  e  para  isso  vai  a  Veneza  (1536).  Con- 
voca os  companheiros  para  a  jornada,  juntando-se  todos 
em  Veneza,  onde  se  ordenaram  de  sacerdote  a  24  de  Junho 
de  1537.  Sendo-lhes  impedida  a  Viagem  da  Terra  Santa, 
tomam  os  outros  o  caminho  de  Roma,  ele  fica  na  cidade, 
ainda  sem  celebrar  missa,  e  aí  recebe  em  Outubro  a  sen- 
tença do  Núncio  Veralli  em  que  se  declara  inocente  tanto 
em  doutrina  como  em  costumes.  Depois  disto  segue  tam- 
bém para  Roma  onde,  enfim,  se  reúnem  todos  (1538).  A  14 
de  Maio  de  1539  resolvem  fundar  a  Companhia  de  Jesus. 
Em  Setembro,  Paulo  III  aprova  a  «Fórmula  do  Instituto». 
Entretanto,  D.  João  III  de  Portugal  pedia  missionários  para 


22 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


a  índia  e  com  esse  fim,  em  Março  de  1540,  seguem  para  Lis- 
boa os  Padres  Simão  Rodrigues  e  Francisco  Xavier.  A  27 
de  Setembro  desse  mesmo  ano  de  1540  é  fundada  oficial- 
mente a  Companhia  com  a  Bula  «Regimini  Militantis  Eccle- 
siae».  Nessa  Bula,  há  ainda  apenas  religiosos,  nenhum 
Superior  Geral.  Este  último  acto  realizou-se  a  8  de  Abril 
de  1541,  sendo  eleito  Inácio  por  unanimidade  (voto  por 
escrito  dos  ausentes)  *. 

Deram-se  aqui  estes  passos  da  vida  do  fundador  da 
Companhia  de  Jesus  para  se  conhecer  a  variedade  de  con- 
trastes, o  caminho  da  Providência,  o  carácter  e  a  experiên- 
cia adquirida  nesse  meio  século,  pois  Inácio  tinha  então 
50  anos.  Não  é  possível  seguir  em  pormenor  os  restan- 
tes 15  de  sua  vida,  que  são  a  da  própria  Companhia  no 
seu  elemento  essencial  de  governo.  Basta  dizer  que  ao 
falecer  a  31  de  Julho  de  1556,  a  nova  Ordem  Religiosa 
contava  mais  de  mil  Padres  e  Irmãos,  distribuídos,  fora  de 
Roma,  em  onze  províncias,  erigidas  nas  seguintes  datas: 
Portugal  (1546),  [Espanha  1547,  denominação  que  se  man- 
teve até  1554,  desdobrando-se  então  em  três],  Goa  (1549), 
Itália  (1551),  França  (1552),  Brasil  (1553),  Sicília  (1553), 
Castela  (1554),  Aragão  (1554),  Andaluzia  (1554),  Alemanha 
Superior  (1556),  Alemanha  Inferior  (1556). 

Fora  da  Europa,  nomeiam-se  aqui  a  Província  de  Goa 
na  índia  e  a  do  Brasil  na  América;  mas  também  a  Compa- 
nhia tinha  chegado  ao  Japão  e  se  introduzira  na  Etiópia 
e  nunca  é  demais  recordar  que  todas  estas  missões  ultra- 
marinas se  fizeram  sob  a  bandeira  portuguesa.  De  Portu- 
gal partiu  a  iniciativa  da  missão  da  índia  e  também  a  do 
Brasil,  para  onde  Nóbrega  foi  enviado  por  D.  João  III  e 
pelo  Provincial  de  Portugal,  ida  que  aprovou  depois  o, 
P.  Geral.  Mas  é  com  o  Provincial  de  Portugal  e  com 
El-Rei,  que  Nóbrega  se  corresponde  ao  princípio  e  com 
eles  trata  os  negócios  do  Brasil;  e,  através  do  Provincial 
de  Portugal,  com  Roma.   Foi  assim  que  se  soube  em  Roma 


1    Dalmases,  Fontes  Narrativi  I  9©*-38*. 


ART.  2.  -  P.  PEDRO  FABRO,  PRIM.  SAC.  DA  COMI'.  DE  JESUS  25 

a  conveniência  do  Superior  e  Vice-Provincial  do  Brasil 
ter  a  categoria  de  Prelado,  isto  é,  de  Provincial  ex  iure, 
para  proceder  com  mais  eficácia  ao  bem  da  conversão  do 
Gentio,  a  que  o  Bispo  D.  Pedro  Fernandes  se  não  sentia 
inclinado.  Sabia-se  também  que  Nóbrega  pensava  em 
alargar  as  missões  do  Sul  até  ao  Paraguai.  E,  embora, 
ao  menos  parte  estivesse  já  senhoreado  pelos  Castelhanos, 
e  Castela  não  permitisse  a  ida  de  Padres  da  Companhia 
para  os  seus  domínios  da  América,  a  Patente  de  nomeação 
dá  a  Nóbrega  autoridade  não  apenas  sobre  as  terras  de 
Portugal,  mas  também  fora  delas  —  «mais  além»  —  isto  é, 
constitui-o  pràticamente  Provincial  da  América. 

Do  P.  Inácio  de  Loyola  entram  neste  volume  as  cartas 
de  7  de  Julho  de  1550,  14  de  Junho  de  1553,  9  de  Julho 
de  1553  (duas),  e  18  de  Julho  de  1553. 

ARTIGO  2 

P.  PEDRO  FABRO,  PRIMEIRO  SACERDOTE 
DA  COMPANHIA  DE  JESUS 

Pierre  Favre,  chamado  também  Lefèvre,  e  conhecido 
nos  documentos  da  Companhia  com  o  nome  corrente  de 
Pedro  Fabro,  nasceu  no  lugar  de  Villaret,  freguesia  de 
Saint-Jean-de-Sixt  (Sabóia)  a  15  de  Abril  de  1506.  Come- 
çou a  vida  por  pastor  de  ovelhas.  Mas  foi-se  também 
dando  a  estudos,  acabando-os  em  Paris  no  Colégio  de 
Santa  Bárbara,  onde  conheceu  os  outros  futuros  fundado- 
res da  Companhia.  Recebeu  ordens  sacras  em  1534,  e 
a  15  de  Agosto  do  mesmo  ano,  reunindo-se  todos  em 
Montmartre,  foi  ele  quem  celebrou  missa,  por  ser  ainda 
então,  entre  todos,  o  único  sacerdote  2. 

Em  1536  deixa  a  capital  da  França  a  caminho  de  Veneza 
e  depois  de  Roma,  onde,  enfim,  se  reúnem  os  condiscípulos 


2  LÉON  Buffet,  Le  Bienhereux  Pierre  Lefevre,  Premier  Com- 
pagnon  de  Saint  Ignace  (Lyon-Paris  1931)  4-12;  Rodrigues,  Histó- 
ria I/i  30-32. 


24 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


de  Paris  e  se  funda  a  Companhia  de  Jesus.  A  actividade 
principal  do  Padre  Fabro  devia-se  exercer  em  diversas  mis- 
sões através  da  Europa,  incluindo  Portugal,  nação  em  que 
entrou,  por  mar  no  Tejo,  a  24  de  Agosto  de  1544  3. 

Lisboa,  Évora  e  Coimbra  conheceram-no.  De  Évora, 
a  3  de  Dezembro  de  1544,  escreveu  uma  carta  a  Guilherme 
Postei  quase  toda  sobre  o  mestre  do  Infante  D.  Henrique, 
Nicolau  Clenardo,  que  falecera  pouco  antes4.  D.  João  III 
estimou-o,  e  a  juventude  gostava  de  o  ouvir  e  imitar. 
Voltou  a  Espanha  e  a  Roma,  onde  faleceu  a  1  de  Agosto 
de  1546.  Deixou  fama  de  santo  e  foi  beatificado  a  5  de 
Setembro  de  1872. 

Os  seus  escritos  recolheram-se  em  MHSI  (Fabri  Mon.) 
e  interessa  ao  presente  volume  a  carta  ao  Doutor  Diogo  de 
Gouveia,  datada  de  Roma,  23  de  Novembro  de  1538. 

ARTIGO  5 

P.  JUAN  ALFONSO  DE  POLANCO,  SECRETÁRIO 
DA  COMPANHIA  DE  JESUS 

Nasceu  em  Burgos  (Espanha)  por  1517,  estudou  em 
Paris  (Mestre  em  Artes)  e  entrou  na  Companhia  de  Jesus 
em  Roma  em  1541.  Concluiu  a  Teologia  em  Pádua  e 
ocupava-se  nos  ministérios  próprios  da  Companhia  em 
Florença  quando,  em  Março  de  1547,  o  chamou  o  P.  Inácio 
para  Secretário  da  Companhia,  a  fim  de  suceder  ao  portu- 
guês P.  Bartolomeu  Ferrão,  já  adoentado,  e  que  faleceu 
em  1548.  Polanco,  que  exerceu  o  cargo  até  1573,  ano  em 
que  foi  eleito  Geral  o  P.  Everardo  Mercuriano,  faleceu  em 
Roma  a  20  de  Dezembro  de  1576  5. 

O  longo  exercício  do  cargo  de  Secretário  fê-lo  presente 


3  Georges  Guitton,  Un  «Rotttier»  contemplatif  —  Le  Bienheureux 
Pierre  Favre  dit  «Le/èvre»,  Premier  Compagnon  de  Saint  lgnace  (Tou- 
louse 1925)  58;  Schurhammer,  Franz  Xaver  1  101-103. 

4  Fabri  Mon.  280  282. 

5  Schurhammer,  Epp.  Xav.  1  66*;  Clara  Englander,  lgnatius 
vou  Loyola  tind  Johannes  von  Polanco  (Regensburg  1956)  156-189. 


ART.  4.  -  P.  PEDRO  DOMENECH,  FUND.  DO  COL.  DOS  ÓRFÃOS  25 


a  todos  os  actos  importantes  da  Companhia  do  seu  tempo, 
e  são  extremamente  numerosas  as  cartas,  que  escreveu, 
a  maior  parte  por  comissão  dos  três  primeiros  Gerais. 
Entram  neste  volume  as  de  2  de  Julho  de  1550,  23  de 
Fevereiro  de  1551,  13  de  Agosto  de  1553,  e  24  de  Feve- 
reiro de  1554. 

ARTIGO  4 

P.  PEDRO  DOMENECH,  FUNDADOR  DO  COLÉGIO 
DOS  ÓRFÃOS  DE  LISBOA 

Pedro  Doménech  nasceu  na  Catalunha  em  data  não 
averiguada,  assim  como  não  há  notícia  certa  de  como 
passou  ao  serviço  de  Portugal,  na  Embaixada  de  Roma, 
onde  era  «solicitador  dos  negócios  e  expedições»  da  corte 
de  Lisboa.  Veio  a  Portugal  em  1542  informar  sobre  o 
estado  desses  negócios,  e  voltou  de  novo  em  fins  de  1548, 
passando  primeiro  por  Gandia,  onde,  a  31  de  Outubro,  fez 
os  votos  de  escolástico  da  Companhia  de  Jesus,  identifican- 
do-se :  «Yo  Pedro  Doménec,  dei  lugar  de  Gratall,  dei  Arzobis- 
pado  de  Tarragona,  Abad  dei  Monasterio  de  Nuestra  S.ra  de 
Villa  Beltrán  dei  órden  de  Sant  Agustin  de  los  Canónigos 
regulares  dei  obispado  de  Gerona»  fi.  Homem  zeloso, 
alcançou  o  favor  do  P.  Simão  Rodrigues  e  de  D.  João  III 
e  da  sua  mulher  D.  Catarina,  a  cuja  sombra  fundou  o 
Colégio  de  Jesus  dos  Meninos  Órfãos  de  Lisboa,  inaugu- 
rado em  Agosto  de  1549,  com  a  presença  da  família  real. 
Ao  dar-se  a  mudança  do  governo  da  Província,  o  benemé- 
rito Padre  voltou  à  Catalunha,  chegando  a  Barcelona  a  8 
de  Junho  de  1553,  arrefecido  nos  desejos  de  se  recolher 
«de  todo»  à  Companhia  de  Jesus;  e  a  direcção  do  Colégio 
dos  Órfãos  de  Lisboa,  de  fundação  régia,  deixou  de  ser  da 
Companhia,  ficando  em  mãos  do  Doutor  António  Pinheiro. 
Pero  Doménech  faleceu  no  seu  mosteiro  de  Villabeltrán 
a  1  de  Novembro  de  1560  T. 


6  Epp.  Mixtae  1  462. 

7  Rodrigues,  História  1/1  700-706. 


26  INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


Do  Colégio  dos  Órfãos  de  Lisboa  foram  alguns  para  a 
Baía  a  cargo  da  Companhia  de  Jesus  no  Brasil;  daqui,  a 
inclusão  do  seu  nome  neste  livro,  com  as  cartas  de  27  de 
Janeiro  de  1550,  17  de  Fevereiro  de  1551,  e  Outubro  de  1552. 

ARTIGO  5 

D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 

D.  João  III  nasceu  em  Lisboa  a  6  de  Junho  de  1502. 
Filho  de  El-Rei  D.  Manuel  I  e  da  Rainha  D.  Maria.  Subiu 
ao  trono  pelo  falecimento  do  seu  Pai,  em  1521.  Governou 
36  anos,  até  11  de  Junho  de  1557,  dia  em  que  faleceu  nos 
Paços  da  Ribeira,  em  Lisboa  s.  A  sua  actividade  no  conti- 
nente europeu  foi  um  prodígio  de  equilíbrio  diplomático, 
entre  as  lutas  de  Carlos  V  e  Francisco  I,  para  manter  a 
neutralidade  portuguesa,  e  no  Extremo  Oriente  também 
foi  hábil  na  questão  das  Molucas  com  os  Castelhanos.  Mas 
toca  apenas  ao  nosso  intento  recordar  brevemente  o  seu 
papel  na  história  da  Companhia  de  Jesus  no  Brasil,  isto 
é,  a  sua  atitude  em  relação  à  Companhia  e  em  relação  ao 
Brasil. 

Por  Diogo  de  Gouveia,  Principal  do  Colégio  de  Santa 
Bárbara  de  Paris,  D.  João  III  teve  conhecimento  da  exis- 
tência dos  «clérigos  reformados»,  antes  mesmo  da  apro- 
vação canónica  da  Companhia  de  Jesus  em  1540,  e  logo 
desde  1538  procurou  angariá-los  para  as  Missões  de  Por- 
tugal ultramarino.  Conseguiu  que  lhe  fossem  dados  dois 
dos  fundadores,  Simão  Rodrigues  e  Francisco  Xavier,  encar- 
regando o  seu  Embaixador  em  Roma  D.  Pedro  Mascarenhas 
de  obter  da  Santa  Sé  todas  as  graças,  faculdades  e  honras, 
que  pudessem  facilitar  o  serviço  da  conversão  dos  infiéis  e 
dar  autoridade  e  prestígio  aos  missionários.  Tudo  sem 
olhar  a  gastos,  que  Portugal  sempre  fez  com  perene  libera- 
lidade. 


8  F.  de  Almeida,  História  de  Portugal  II  297  367;  Alfredo 
Pimenta,  D.  João  III  2  330. 


ART.  5.  -  D.  JOÃO  111  REI  DE  PORTUGAL 


27 


Em  Portugal,  onde  ambos  chegaram  em  1540,  tratou-os 
D.  João  III  e  toda  a  corte  com  a  maior  benevolência;  e  deci- 
diu-se  que  um  fosse  para  as  missões  da  índia  e  o  outro 
ficasse  no  Reino  a  fim  de  preparar  futuros  missionários. 
Partiu  Francisco  Xavier  em  1541  e  ficou  Simão  Rodrigues. 
E  em  breve  D.  João  III  e  Simão  Rodrigues  fundaram  o 
Colégio  de  Coimbra,  aplicando-lhe,  com  o  beneplácito  da 
Santa  Sé,  vastas  rendas  eclesiásticas,  que  estavam  então 
disponíveis  ou  se  consideravam  de  menos  utilidade  pública 
e  religiosa.  Deste  Colégio  de  Coimbra  iriam  sair  o  P.  Manuel 
da  Nóbrega  e  todos  os  primeiros  Jesuítas  do  Brasil.  Escre- 
vendo, a  31  de  Janeiro  de  1559,  dá  o  Doutor  Torres  ao 
P.  Geral  Diego  Laynes  a  origem  e  a  significação  do 
Colégio : 

«El-Rei  [D.  João  III],  que  esteja  em  glória,  desejou  a  Companhia 
em  suas  terras,  esperando  por  ministério  dela  cumprir  com  muitas 
obrigações  que  a  Coroa  tem,  não  só  como  Rei,  mas  ainda  como  Pre- 
lado, por  ser  ele  e  os  seus  descendentes,  Mestres  de  Cristo,  Santiago  e 
Avis,  por  cuja  razão  é  pastor  espiritual  em  todas  as  índias  e  terras  da 
sua  Conquista,  e  em  muita  parte  do  Reino.  E  a  este  fim  quis  fundar  e 
dotar  o  Colégio  de  Coimbra»  9. 

Da  munificência  e  zelo  de  D.  João  III  também  dá  teste- 
munho Francisco  Xavier,  primeiro  em  Portugal,  depois  no 
Oriente.  Ainda  de  Lisboa,  em  vésperas  de  partir,  escreve, 
a  18  de  Março  de  1541: 

«De  las  índias  os  escribiremos  más  a  largo  con  las  primeras  naos 
que  dallá  vinieren,  dandos  entera  informatión  de  lo  de  allá.  El  Rey  me 
dixo  quando  dél  me  despedi,  que  por  amor  de  nuestro  Senor  le  escri- 
biesse  muy  a  largo  de  la  dispositión  que  allá  ay  para  la  conversión  de 
aquellas  pobres  ánimas,  doliéndosse  mucho  de  la  miséria  en  que  están 
metidas,  y  muy  deseosso  que  el  Creador  e  Redentor  delias  no  sea  per- 


9  ARSI,  Lus.  60,  f.  99r.  Referindo-se  ao  zelo  de  D.  João  III  na 
propagação  da  Fé,  comenta  Tacchi-Venturi :  <Gli  uomini  delle  presenti 
generazioni  troppo  sono  ormai  disavvezzi  dali  incontrare  professioni 
simili  a  quella  di  questo  re  potentíssimo,  padrone  quasi  assoluto  di 
uno  dei  piú  vasti  imperj  transmarini  che  il  mondo  conosca»  (Storia 
delia  Compagnia  di  Gesit  in  Itália  II  [Roma  1922]  363). 


28 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


petuamente  offendido  de  las  creaturas,  a  su  imagin  y  similitud  criadas,  y 
con  tanto  precio  compradas.  Es  tanto  el  zelo  que  Su  Alteza  tiene  de  la 
honrra  de  Christo  nuestro  Senor  y  de  la  salvación  de  los  próximos,  que 
es  cosa  para  dar  infinitos  loores  y  gratias  a  Dios  de  ver  un  rey  que  tan  bien 
y  piamente  siente  de  las  cosas  de  Dios:  y  es  assí  que,  si  yo  no  fuera  testi- 
guo  de  todo  como  soy.  no  pudiera  crer  lo  mucho  que  en  él  he  visto.  Ple- 
gue  a  Dios  nuestro  Senor  le  acresciente  los  dias  de  su  vida  por  muchos 
annos,  pues  tan  bien  los  emplea,  y  tan  utilis  et  necessarius  populo  suo» 10. 

E  no  Oriente,  depois  de  voltar  ao  Japão,  escreve  Xavier, 
de  Cochim,  a  29  de  Janeiro  de  1552: 

ftEm  todo  este  tempo  que  istivemos  em  Japão,  que  seria  mais  de 
dous  annos  e  meio,  sempre  nos  mantivemos  das  esmolas,  que  ho  cris- 
tianíssimo Rey  de  Portugal  nos  manda  dar  nestas  partes,  porque  quando 
fomos  a  Japão  nos  mandou  dar  passamte  de  mil  cruzados.  Não  se  pode 
crer  quão  favorecidos  somos  de  Sua  Alteza,  e  o  muyto  que  connosquo 
gasta  em  dar  tão  largas  esmolas  pera  colégios,  cassas  e  todas  as  outras 
necessidades»  n. 

Pelo  que  se  refere  ao  Brasil,  descoberto  em  1500  por 
Pedro  Álvares  Cabral  no  caminho  da  índia,  o  Oriente  con- 
tinuou a  ser  o  objecto  principal  das  atenções  de  D.  Manuel, 
nem  lhe  era  fácil  distrair  forças  bastantes  para  criar  novo 
império  no  Ocidente,  como  dissemos,  embora  já  alguns 
passos  desse  nos  últimos  anos  do  seu  reinado.  A  empresa 
ficou  reservada  a  D.  João  III  que  é,  na  verdade,  o  primeiro 
rei  do  Brasil,  com  a  ocupação  efectiva,  contra  dois  adver- 
sários poderosos,  que  o  rondavam,  França  e  Castela.  «Não 
creio  que,  pensando  bem,  se  possa  considerar  mais  arrojado 
e  de  maior  envergadura  intelectual  o  plano  de  D.  Manuel, 
quanto  ao  Império  do  Oriente,  do  que  o  de  D.  João  III 
quanto  ao  Brasil»  12. 

O  plano  amadureceu  por  1530,  e  a  primeira  fórmula  foi 
a  das  Donatárias  ou  Capitanias  hereditárias,  de  tipo  feu- 


10    Epp.  Xav.  1  81-82. 
ir    Ib.  11  273. 

12  Manuel  Murias,  A  Politica  das  Feitorias,  in  Alta  Cultura 
Colonial  (Lisboa  1936)  168. 


ART.  5.  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


29 


dal  vi,  entre  as  quais  duas  adquiriram  maior  importância,  a 
de  Martim  Afonso  de  Sousa  (S.  Vicente)  e  a  de  Duarte 
Coelho  (Pernambuco).  Integradas  no  todo  da  Monarquia 
Portuguesa,  mas  sem  administração  directa  da  Coroa,  e 
independentes  entre  si,  as  Capitanias  umas  prosperaram, 
outras  não.  Faltava  ainda  ao  Brasil  a  coesão  orgânica  de 
Estado.  As  Capitanias,  que  não  prosperaram,  ficavam  fácil 
presa  de  incursões  dos  Franceses  que  visavam  de  modo 
particular  Cabo  Frio  e  o  Rio  de  Janeiro  Com  o  desmoro- 
nar da  Capitania  da  Baía,  D.  João  III,  tomando-a  para  a 
Coroa,  mandou  fundar  nela  uma  cidade  (Salvador),  sede 
do  Governo  Geral.  E  assim,  embora  continuassem  alguns 
Donatários  com  os  seus  forais,  surgia  um  poder  novo 
de  carácter  centralizador,  com  alçada  em  certas  maté- 
rias sobre  todo  o  território  do  Brasil  organizado  em 
Estado  com  as  suas  autoridades  superiores :  Governador 
Geral,  Ouvidor-mor,  Provedor-mor.  E  foi  este  o  grande 
e  primeiro  acto  oficial  e  político  para  a  unificação  do 
Brasil 14. 

Ora,  com  o  primeiro  Governador  Geral,  chegou  tam- 
bém ao  Brasil  em  1549  a  primeira  Missão  Jesuítica,  che- 
fiada pelo  P.  Manuel  da  Nóbrega.  De  maneira  que  per- 
tence a  D.  João  III,  na  história  da  Companhia  de  Jesus, 
a  honra  de  iniciar  as  missões  ultramarinas  da  mesma 
Companhia,  tanto  para  o  Oriente  como  para  o  Ocidente, 
uma  e  outra  sob  a  bandeira  portuguesa,  patrocinada  uma 
e  outra  por  El-Rei  para  cumprimento  do  seu  dever  de 
evangelizador,  recordado  na  carta  de  1559  acima  referida. 
Nenhum  acto  dos  Padres  da  Companhia  de  Jesus,  nes- 
ses tempos,  tanto  na  índia  como  no  Brasil,  se  pode  sepa- 
rar da  memória  de  D.  João  III  de  Portugal.  E  ao  Bra- 
sil, já  em  segundo  lugar  entre  a  índia  e  a  Guiné,  alude 
El-Rei,  em  carta  de  Junho  de  1553  ao  Papa  Júlio  III, 


13  Charles  Verlinden,  Précédents  mediévaux  de  la  Colonie  en 
Amériqite  (México  1954)  40. 

14  Leite,  Breve  Itinerário  12-13. 


50 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


recomendando  Luís  Gonçalves  da  Câmara  e  os  negócios  da 
Companhia : 

«Polo  muyto  fruito  que  os  Padres  da  dita  Companhia  tem  feito  e 
fazem  nestas  partes  e  nas  da  Indya,  Brasil  e  Guiné;  e,  polo  bom  exem- 
plo que  de  si  ategora  tem  dado  me  obrigão  a  os  favorecer  no  que  posso, 
e  pedir  a  V.  Santidade,  como  peço  muyto  por  mercê,  que  em  tudo  o 
que  à  dita  Companhia  for  necessário  e  lhe  o  Padre  Luís  Gonçalves 
pedir  para  bem  dela  neste  Reyno,  receba  de  V.  S.  graça  e  mercê;  por- 
que se  consiguiraa  disso  animá-los  e  esforçá-los  para  que  tão  sancta 
obra  e  de  tanto  serviço  de  Nosso  Senhor  vaa  sempre  em  crescimento, 
como  de  tão  bons  e  tão  sanctos  princípios  se  espera.  Porque,  segundo 
são  informado  de  meus  Capitães  e  Governadores,  que  naquelas  partes 
da  índia  e  do  Brasil  tenho,  do  muito  fruito  que  nas  almas  se  fez,  por 
meo  da  dita  Companhia,  parece  que  Nosso  Senhor  nelas  renova  a  forma 
da  premitiva  Igreija,  de  que  V.  S.  deve  dar  muitas  graças  a  Nosso  Senhor 
como  eu  faço.  [...]  Escrita  em  Lisboa,  a  —  dias  de  Janeiro  de  1553»  15 

Compreende-se  bem  alguns  meses  depois,  no  tempo 
preciso  em  que  Nóbrega  tratava  da  fundação  de  São  Paulo 
de  Piratininga,  a  carta  de  Roma,  de  14  de  Junho  de  1553, 
em  que  o  fundador  da  Companhia  de  Jesus,  S.  Inácio,  orde- 
nava, em  virtude  da  obediência,  a  todos  os  Provinciais, 
Reitores  e  Prepósitos  das  Casas  Professas,  em  quaisquer 
regiões  e  partes  da  terra  onde  estivessem,  que  todos  os 
Padres  e  Irmãos  se  lembrassem  na  missa,  diariamente,  e 
nas  suas  orações,  do  Rei  de  Portugal  e  da  sua  família. 
O  fundamento  era  a  obrigação  que 

«tem  toda  a  nossa  Companhia,  entre  todos  os  príncipes  cristãos, 
ao  Sereníssimo  Rei  de  Portugal,  com  cujo  favor  e  mui  liberal  ajuda  se 
começou  a  fundar  e  se  derramou  em  tantas  partes  a  nossa  Companhia, 
com  muito  fruto  do  divino  serviço  e  espiritual  ajuda  das  almas»  16. 

Entre  D.  João  III  e  o  Padre  Nóbrega  houve  correspon- 
dência activa  e  passiva  até  1554  ou  1555.   Em  1557  voltou 


15  ARSI,  Epp.  Ext.  26,  f.  i3r. 

16  MI,  Epp.  v  (1907  )  125-127. 


ART.  5.  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


51 


Nóbrega  a  escrever-lhe,  segundo  diz  na  carta  ao  Dr.  Torres 
de  2  de  Setembro  de  1557: 

«A.  El-Rei  nam  escrevo  agora  pela  pressa;  fá-lo-ei  pola  caravela 
quando  for,  pois  mo  mandão.  Eu  ho  comecei  a  fazer  no  principio  e 
mandava  as  cartas  abertas,  pera  lá  se  julgar  se  se  deviam  de  dar,  e 
escreveram-me  que  ho  nam  fizesse,  a  tempo  que  eu  tinha  recebido 
uma  d'El-Rei  em  resposta  de  outras  que  lhe  eu  tinha  escrito,  e  porven- 
tura que  estranharia  nam  lhe  tornar  a  responder»  17. 

A  carta  de  Nóbrega,  anunciada  pela  caravela,  não  se 
conhece,  e  neste  caso  explica-se,  porque  já  não  acharia 
vivo  a  D.  João  III,  falecido  entretanto  a  11  de  Junho,  e 
talvez  até  a  não  tivesse  escrito  se  soubesse  antes  a  infausta 
notícia.  Mas  Nóbrega  fala  de  carta  recebida  de  El-Rei  e 
doutras  que  lhe  tinha  escrito;  e  das  cartas  de  D.  João  III 
para  Nóbrega  não  se  conhece  nenhuma.  De  Nóbrega  para 
El-Rei  há  duas  completas  e  uma  incompleta:  de  Olinda 
(Pernambuco)  14  de  Setembro  de  1551  (autografa),  da  Baía 
princípios  de  Julho  de  1552  (apógrafa),  e  outra  de  Pirati- 
ninga  [Outubro?]  de  1553,  esta  incompleta,  e  que,  pela 
data,  já  não  entra  neste  volume.  De  El-Rei,  não  para 
Nóbrega,  mas  que  tocam  às  missões  da  Companhia  e  do 
Brasil,  entram  duas,  as  de  4  de  Agosto  de  1539  e  1  de 
Janeiro  de  155 1. 

Grave  perda  foi  não  se  conservar  toda  a  correspondên- 
cia entre  Nóbrega  e  D.  João  III,  da  maior  importância 
histórica.  Segundo  o  P.  José  de  Anchieta,  primeiro  bió- 
grafo de  Nóbrega,  «El-Rei  escrevia-lhe  mui  familiarmente, 
encomendando-lhe  a  conversão  do  gentio,  e  o  mais  tocante 
ao  bom  governo  do  Brasil,  e  que  o  avisasse  de  tudo;  e 
assim  mais  faziam  por  uma  carta  do  Padre  Nóbrega  que 
por  muitas  outras  informações  e  instrumentos»  18. 


17  Leite,  Novas  Carias  Jesuíticas  74;  Cartas  de  Nóbrega  (1955) 
275-276. 

18  Franco,  Imagem  de  Coimbra  11  186;  Leite,  Breve  Itinerário  220. 


32  INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  11.    AUTORES  DAS  CARTAS 


ARTIGO  6 

DR.  DIOGO  DE  GOUVEIA,  PRINCIPAL  DO  COLÉGIO 
DE  SANTA  BÁRBARA 
E  REITOR  DA  UNIVERSIDADE  DE  PARIS 

Diogo  de  Gouveia,  o  «velho»,  para  se  distinguir  dum 
sobrinho  seu  do  mesmo  nome,  nasceu  em  Beja  por  1471, 
ainda  em  tempo  de  D.  Afonso  V,  um  dos  cinco  reis  de  Por- 
tugal, a  que  alude  o  seu  epitáfio  na  Sé  de  Lisboa,  trans- 
crito por  Barbosa  Machado  19.  Doutorou-se  em  Teologia  na 
Universidade  de  Paris,  da  qual  foi  Reitor  ao  menos  uma 
vez  por  entre  1500  e  1501  («almae  matris  Universitatis 
Rector»),  e  na  qual  também  exerceu  o  cargo  de  director  da 
Faculdade  de  Teologia  e  o  era  em  1545  20. 

O  seu  grande  renome  adveio-lhe  de  ter  alugado  o  Colé- 
gio de  Santa  Bárbara  de  que  foi  Principal  durante  muitos 
anos,  de  1520  em  diante,  com  a  ajuda  de  D.  João  III,  que 
em  1527  instituiu  nele  50  bolsas  de  estudo  para  jovens  por- 
tugueses 91 .  Com  a  restauração  da  Universidade  portuguesa 
em  Coimbra  (1537),  os  estudantes  de  Portugal  trocaram  o 
Sena  pelo  Mondego,  e  o  Colégio  de  Santa  Bárbara  (o  «feudo 
português»  de  Paris)  entrou  em  dificuldades  económicas. 
Gouveia  voltou  definitivamente  a  Portugal  por  1556  ou  1557, 
e  neste  último  ano  faleceu  a  8  de  Dezembro,  sepultando-se 
na  Sé  de  Lisboa,  de  que  era  cónego22. 

O  Principal  do  Colégio  de  Santa  Bárbara  prestou  incal- 
culáveis serviços  à  França  no  desenvolvimento  da  cultura 
humanista,  a  Portugal  com  avisos  e  intervenções  diplomá- 
ticas, e  à  Companhia  de  Jesus  por  ter  sido  mestre  e  amigo 
não  só  do  seu  compatriota  Simão  Rodrigues,  mas  de  outros, 
entre  os  quais  Inácio  de  Loyola,  Francisco  Xavier  e  Pedro 


19  Bibi.  Lus.,  1  641. 

20  Luís  de  Matos,  Les  Portugais  à  l'  Universitê  de  Paris  10-11; 
Schurhammer,  Franz  Xaver  I  92-93. 

21  Marcel  Bataillon,  Êtudes  sur  le  Portugal  74-77. 

22  B.  Machado  i  641;  Rodrigues,  História  if\  46-49  208-210. 


ART.  7. -U.PEDRO  MASCARENHAS,  EMBAIXADOR  DE  PORTUGAL  53 


Fabro,  do  grupo  fundador  da  mesma  Companhia,  que  sem- 
pre lhe  retribuiu  igual  afecto  23 ;  e  S.  Inácio,  ao  dar  mais 
tarde  à  Companhia  as  normas  de  estudo,  invoca  o  «método 
parisiense»  21. 

A  Diogo  de  Gouveia  se  deve  a  iniciativa  das  missões 
ultramarinas  da  Companhia  de  Jesus.  Neste  sentido  escre- 
veu de  Paris,  17  de  Fevereiro  de  1538,  a  D.  João  III  de 
Portugal,  e,  antes  desse  dia,  outra  carta  a  Mestre  Simão 
Rodrigues;  e  ainda  deve  de  ter  escrito  uma  terceira, 
pouco  antes  de  23  de  Novembro  desse  mesmo  ano,  data 
da  carta  de  Pedro  Fabro  2:>.  Mas  destas  três  só  se  conhece 
a  de  17  de  Fevereiro,  que  abre  o  presente  volume  por 
falar  simultaneamente  das  missões  da  Companhia  e  do 
Brasil. 

ARTIGO  7 

D.  PEDRO  MASCARENHAS,  EMBAIXADOR  DE  PORTUGAL 
E  VICE-RK1  DA  ÍNDIA 

D.  Pedro  Mascarenhas,  senhor  de  Palma,  entre  Setúbal 
e  Alcácer  do  Sal,  nasceu  por  1483,  foi  pagem  da  rainha 
D.  Leonor,  viúva  de  D.  João  II,  e  valente  soldado  e  mari- 
nheiro das  guerras  do  norte  de  África. 

Já  tinha  extensa  e  gloriosa  folha  de  serviços,  quando 
D.  João  III  o  nomeou  embaixador  na  corte  de  Carlos  V, 
revelando  habilíssimos  dotes  diplomáticos  e  agudeza  de 
vistas,  como  se  observa  na  sua  carta  de  Anvers  (ele  assim 
escrevia),  de  17  de  Janeiro  de  1532,  sobre  os  planos  do 
Imperador,  o  movimento  luterano,  e  a  atitude  do  piloto 
português  Pero  Fernandes  ali  refugiado  26.  Mas  a  embai- 
xada de  maiores  consequências  foi  a  da  Santa  Sé,  onde  che- 
gou em  meados  de  1538.  D.  Leonor  de  Mascarenhas,  sua 


23  Rodrigues,  História  i/i  209. 

24  Bernard-Maitre,  Un  grand  serviteur  du  Portugal  eu  France  49. 

25  Leite,  Origem  portuguesa  das  Missões  ultramarinas  da  Compa- 
nhia de  Jesus,  in  Cartas  de  Nóbrega  9*-io*. 

26  Cf.  Luís  de  Matos,  Les  Portugais  eu  France  au  xvir  siècle 
—  Etudes  et  documents  (Coimbra  1952)  228-233. 


3 


54 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


parente,  que  vivia  em  Roma  e  a  quem  S.  Inácio  chamaria 
«mãe  da  Companhia»,  apresentou-os.  D.  Pedro  tomou  a 
S.  Inácio  por  confessor,  o  que  vem  a  dizer  que  ficaram 
amigos.  E  D.  Pedro  o  foi  sempre  e  também  da  Companhia, 
de  cujos  negócios  tratou  como  se  fora  dela.  Voltou  a  Por- 
tugal em  1540,  levando  em  sua  companhia  S.  Francisco 
Xavier  27 . 

Depois  da  embaixada  em  Roma,  D.  Pedro  Mascarenhas 
voltou  às  guerras  de  Marrocos ;  e  foi,  por  fim,  nomeado  por 
D.  João  III  Vice-Rei  da  índia  em  1554,  cargo  em  que  se  mos- 
trou político  de  valor  como  sempre,  e  honrado  administra- 
dor. Faleceu  em  Goa  a  6  ou  23  de  Junho  de  1555  28. 

A  correspondência  activa  e  passiva  entre  o  embaixador 
e  a  Corte  de  Lisboa  recolheu-se  no  Corpo  Diplomático  Por- 
tuguez  e  dela  se  utilizam  neste  livro  duas  cartas:  uma  de 
D.  João  III  a  D.  Pedro  Mascarenhas,  de  Lisboa  4  de  Agosto 
de  1539 ;  outra  de  D.  Pedro  a  D.  João  III,  de  Lisboa  10  de 
Março  de  1540. 

B)    No  Brasil 

ARTIGO  8 

P.  MANUEL  DA  NÓBREGA,  FUNDADOR 
DA  PROVÍNCIA  DO  BRASIL 

Manuel  da  Nóbrega  nasceu  a  18  de  Outubro  de  1517  em 
Portugal,  ao  que  parece  no  Minho,  estudou  nas  universida- 
des de  Salamanca  e  de  Coimbra,  e  entrou  na  Companhia 
de  Jesus  a  21  de  Novembro  de  1544,  já  Padre.  O  secretá- 
rio da  Companhia,  João  de  Polanco,  assinalou  assim  o  facto: 
«Eodem  etiam  anno  admissus  fuit  Emmanuel  de  Nóbrega, 
sacerdos  etiam,  et  Cancellarii  Regni  ex  fratre  nepos,  vir- 


27  Rodrigues.  História  1/1  201  212-213;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega 
12*;  Schurhammer,  Franz  Xaver  l  515-519  537-569. 

28  Grande  Encicl.  Port.  e  Bras.  XVI  508-509;  RODRIGUES,  Histó- 
ria l/l  216. 


ART.  8.  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA,  FUND.  DA  PROV.  DO  BRASIL  35 

tute  et  Iuris  Canonici  valde  commendatus»  29.  Sobrinho  do 
Chanceler  do  Reino,  sacerdote  notável  pela  sua  virtude 
e  conhecimento  do  Direito  Canónico.  Graduara-se  em 
Coimbra  em  1541,  e  o  seu  pai,  Desembargador  Baltasar  da 
Nóbrega,  tinha  sido  Juiz  de  Fora  do  Porto,  em  1532,  onde 
é  de  crer  que  o  filho  iniciasse  o  estudo  de  humanidades. 

Em  Portugal,  Nóbrega  ocupou  na  Companhia  o  cargo 
de  Procurador  dos  Pobres,  fez  as  peregrinações  de  Sala- 
manca e  Santiago  de  Compostela,  andou  em  pregações 
rurais  pela  Beira  e  pelo  Minho,  examinou  o  processo  jurí- 
dico da  anexação  ao  recém-fundado  Colégio  de  Coimbra, 
de  bens  eclesiásticos,  que  a  Santa  Sé  e  El-Rei  houveram 
por  bem  conceder-lhe,  e  exercitou  os  ministérios  próprios 
da  Companhia  como  director  de  almas. 

Houve-se  nas  suas  diversas  ocupações  com  tanta  cari- 
dade, mortificação  própria,  tino  prático  e  zelo,  que  ao  tra- 
tar-se  de  fundar  a  Missão  do  Brasil,  o  seu  nome  se  apre- 
sentou como  capaz  de  tão  grande  empresa;  e  para  ela 
o  nomeou  o  Provincial  de  Portugal  e  o  enviou  El-Rei 
D.  João  III  na  armada  de  Tomé  de  Sousa,  que  saiu  de 
Lisboa  a  1  de  Fevereiro  de  1549. 

A  primeira  missão  da  Companhia  de  Jesus  na  América 
aportou  à  Baía  de  Todos  os  Santos  a  29  de  Março  de  1549. 
Nóbrega,  Superior  dela,  levava  consigo  cinco  Padres  e 
Irmãos,  e  logo  começou  com  resolução  a  obra  da  con- 
versão do  Gentio,  da  educação  dos  meninos  e  da  morige- 
ração  dos  Brancos,  no  que  tocava  sobretudo  à  pureza  dos 
costumes  e  liberdade  dos  índios. 

O  facto  de  coincidir  a  criação  da  Missão  com  a  do 
Governo  Geral  deu  ao  P.  Nóbrega  ensejo  de  colaborar  na 
fundação  da  cidade  do  Salvador,  capital  do  novo  Estado 
do  Brasil,  e  de  se  revelar,  pela  sua  cultura  e  dotes  pes- 
soais e  pelo  jogo  das  circunstâncias,  não  apenas  fervente 
apóstolo  na  catequese  dos  índios  e  vida  moral  da  terra, 
mas  grande  estadista  na  formação  do  Brasil  até  sob  o 


29   Polanco,  Chronicon  1  158. 


56 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


aspecto  territorial  e  político,  assegurando  a  sua  sobrevi- 
vência. 

Em  fins  de  1552  seguiu  da  Baía  para  a  Capitania  de 
São  Vicente,  e  no  ano  seguinte  fundou  a  Aldeia  de  Pira- 
tininga  e  nela  o  Colégio  de  São  Paulo,  donde  procede,  sem 
solução  de  continuidade,  a  cidade  do  mesmo  nome. 

Voltou  por  ordem  superior,  à  Baía  em  1556.  E  em 
breve,  com  a  vinda  do  Governador  Mem  de  Sá,  culto  e 
valente,  que  sempre  secundou  sem  restrições  o  P.  Nóbrega, 
se  fortificou  a  autoridade  civil  e  se  apertaram  os  vínculos 
do  novo  Estado  com  a  sujeição  e  incorporação  dos  índios 
e  com  a  conquista  do  Rio  de  Janeiro,  onde  gente  intrusa 
ameaçava  de  morte  a  unidade  brasileira. 

Nóbrega,  além  de  fundador  da  Missão  do  Brasil,  foi  o 
seu  primeiro  Provincial,  nomeado  por  S.  Inácio  em  1553. 
Conservou  o  cargo  até  1560,  quando,  achando-se  de  novo 
em  S.  Vicente,  o  passou  ao  seu  sucessor,  o  P.  Luís  da  Grã. 
Ficando  mais  livre,  deu-se  em  cheio  à  grave  e  urgente 
empresa  do  Rio  de  Janeiro,  que  se  operou  entre  1560  e  1567 
e  de  que  ele  foi  não  apenas  conselheiro  mas  a  alma. 

Das  virtudes  religiosas  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  dão 
testemunho  as  suas  cartas,  as  dos  seus  súbditos  e  as  dos 
que  escreveram  sobre  ele;  das  virtudes  cívicas  tratam  os 
mesmos  documentos  e  os  resume  um  historiador  inglês  em 
frase  conhecida:  «Não  há  ninguém  a  quem  o  Brasil  deva 
tantos  e  tão  permanentes  serviços»  30. 

Nóbrega  faleceu  no  Colégio  do  Rio  de  Janeiro,  de  que 
foi  fundador  e  primeiro  Reitor,  a  18  de  Outubro  de  1570, 
dia  consagrado  ao  Evangelista  S.  Lucas,  o  mesmo  dia  em 
que  completava  53  anos  de  idade  31. 


30  Robert  Southey,  History  of  Brasil  (Londres  1810)  310.  Cf. 
Elaine  Sanceau,  Capitães  do  Brasil,  386. 

31  Leite,  Breve  Itinerário  205-207.  —  Sobre  a  família  de  Nóbrega, 
cf.  Leite  ii  460-461,  e  Breve  Itinerário  23-25.  Em  1514  estudava  em  Paris 
o  dominicano  Frei  Afonso  da  Nóbrega,  um  «dos  nossos  naturais»,  a 
quem  o  Rei  de  Portugal  D.  Manuel  I  ordena  que  se  aplique  a  bolsa  de 


ART.  9.  -  P.  LEONARDO  NUNES,  FUND.  DO  COL.  DE  S.  VICENTE  57 


As  cartas  de  Nóbrega  ocupam  a  quarta  parte  deste 
volume.  Não  entram  nele  nem  o  breve  e  substancial 
«scopus  vitae»,  de  noviço,  nem  as  cartas  escritas  em  Portugal 
antes  de  ir  para  o  Brasil  (Carias  de  Nóbrega  [1955"  1-16); 
mas  só  as  que  escreveu  no  Brasil  até  31  de  Agosto  de  1553, 
última  do  presente  livro: 

1549:  10  de  Abril,  15  de  Abril,  9  de  Agosto,  10  de  Agosto, 

Agosto  («Informação  das  Terras  do  Brasil»). 
1550:  6  de  Janeiro. 

1551 :  11  de  Agosto,  13  de  Setembro,  14  de  Setembro. 
1552:  5  de  Junho,  princípios  de  Julho,  10  de  Julho,  fins  de 

Julho,  fins  de  Agosto. 
1553 :  12  de  Fevereiro,  10  de  Março,  15  de  Junho,  31  de  Agosto. 

ARTIGO  9 

P.  LEONARDO  NUNES,  FUNDADOR   DO  COLÉGIO 
DE  SAO  VICENTE 

Natural  de  S.  Vicente  da  Beira,  diocese  da  Guarda. 
Filho  de  Simão  Álvares  e  Isabel  Fernandes.  Por  falta  de 
catálogos  não  se  sabe  o  ano  em  que  nasceu,  mas  entrou 
na  Companhia  em  Coimbra  a  6  de  Fevereiro  de  1548,  já 
Padre,  e  portanto  com  os  seus  25  a  30  anos,  porque 
nenhum  dos  que  foram  para  o  Brasil  na  primeira  expe- 
dição eram  homens  de  idade.  Foi  com  Nóbrega  em  1549 
que  nesse  mesmo  ano  o  enviou  para  São  Vicente,  onde 
fundou  o  Colégio  da  vila,  constituindo-se  deste  modo  o 
fundador  da  instrução  no  actual  Estado  de  São  Paulo.  Foi 
o  primeiro  Jesuíta  que  esteve  no  campo  de  Piratininga, 


estudos  que  dava  a  Frei  Diogo  da  mesma  Ordem  e  mandou  chamar. 
Como  houvesse  dúvida  se  aquela  bolsa  chegaria  para  Afonso  da  Nóbrega 
acabar  os  estudos,  El-Rei  instituiu  outra  para  ele,  que  começou  a  1  de 
Janeiro  de  1517  (Lufs  de  Matos,  Les  Portugais  à  1'UniversiU  de  Paris 
20-21).  Este  ano  de  1517  é  o  do  nascimento  de  Manuel  da  Nóbrega, 
e  pelas  datas  Afonso  podia  ser  seu  tio. 


38 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


mostrando-se  sempre  incansável  e  zeloso.  Era  cantor  e 
músico.  E  homem  da  confiança  de  Nóbrega,  que  o  man- 
dou a  dar  conta  das  coisas  do  Brasil  a  Lisboa  e  Roma, 
naufragando  na  viagem  a  30  de  Junho  de  1554.  «Cuja  trá- 
gica morte  foi  universalmente  sentida»  32.  Deixou  quatro 
cartas  de  1550,  1551  e  1552,  todas  dentro  do  período  do 
presente  volume. 

ARTIGO  10 

P.  JUAN  DE  AZPILCUETA  NAVARRO, 
MISSIONÁRIO  DOS  ÍNDIOS 

Filho  de  Juanes  de  Azpilcueta  e  de  Maria  Sebastián, 
de  Irriberi,  nasceu  entre  1521  e  1523,  em  Navarra,  daí  o 
cognome  por  que  é  conhecido,  como  o  seu  tio,  Dr.  Martin 
de  Azpilcueta  Navarro.  João  de  Azpilcueta,  parente  de 
S.  Francisco  Xavier,  entrou  na  Companhia  em  Coimbra 
a  22  de  Dezembro  de  1545  e  embarcou  para  o  Brasil  com 
o  P.  Nóbrega  em  1549,  que  o  aplicou  mais  de  propósito  à 
catequese  dos  índios,  cuja  língua  aprendeu  e  de  quem  foi 
zeloso  missionário,  utilizando  o  pendor  deles  pela  música 
e  o  canto  e  a  pregação  espectacular.  O  P.  Navarro  deixou 
duas  cartas,  dos  trabalhos  da  Baía,  que  entram  neste 
volume.  Deixou  mais  duas,  que  já  não  entram,  datadas 
de  Porto  Seguro,  uma  das  quais,  a  mais  apreciada,  escrita 
à  volta  da  frustrada  expedição  ao  sertão  correspondente, 
donde  voltou  com  a  saúde  combalida.  Faleceu  na  Baía  a  30 
de  Abril  de  1557  33. 

ARTIGO  11 

P.  ANTÓNIO  PIRES,  MESTRE  DE  OBRAS 
E  VICE-PROVINCIAL 

Natural  de  Castelo  Branco,  onde  nasceu  por  1519. 
Entrou  na  Companhia,  já  Padre,  a  6  de  Março  de  1548  e 


32  Leite  ix  16-17;  Artes  e  Ofícios  225. 

33  Não  em  1555,  como  tem  Schurhammer,  Franz  Xaver  648 ;  cf. 
Leite  viu  83-84;  Artes  e  Ofícios  123. 


ART.  11.-  P.  ANT.  PIRES,  MESTRE  DE  OBRAS  E  VICE-PROVINCIAL  39 


embarcou  no  ano  seguinte  para  o  Brasil  com  o  P.  Nóbrega, 
de  quem  foi  coadjutor  na  nova  cidade  do  Salvador  da 
Baía,  que  se  fundava.  Homem  de  forças  e  hábil  de  mãos, 
aprendeu  a  arte  de  carpinteiro  e  presidiu  às  primeiras 
construções  materiais  da  Companhia  no  Brasil  e  é  o  único 
Jesuíta  que  Sousa  Viterbo  conhece  e  menciona  no  seu 
Diccionario  34.  Dotado  de  bom  senso  e  virtude,  Nóbrega 
levou-o  consigo  a  Pernambuco,  em  1551,  onde  foi  algum 
tempo  visitador  do  Bispo  e  donde  voltou  em  fins  de  1553 
para  a  Baía,  e  aqui  ocupou  os  cargos  de  Reitor,  de  Supe- 
rintendente, e  de  Mestre  de  Noviços.  Fez  os  votos  de 
Coadjutor  Espiritual  formado,  mas  considerava-se  a  pessoa 
de  mais  autoridade  no  Brasil  para  governar  a  Província 
no  caso  de  faltarem  os  Padres  Nóbrega  e  Luís  da  Grã. 
E  era  uma  das  incumbências  do  Visitador  Inácio  de  Aze- 
vedo informar-se  sobre  se  ele  se  devia  de  fazer  professo 
para  ser  Provincial 35.  O  P.  Geral  Francisco  de  Borja  fez 
a  mesma  pergunta  ao  P.  Luís  Gonçalves  da  Câmara,  que 
responde  afirmativamente,  ainda  que  não  houvesse  neces- 
sidade dele  para  Provincial: 

«Si  él  es  tan  fino  en  la  virtud  como  acá  juzgamos  que 
es,  no  veo  inconveniente  en  hazerlo,  pues  que  el  P.  Laynez 
con  parecer  de  todos  los  assistentes  mandava  hazer  pro- 
fesso a  Juan  Gonçalves  por  su  rara  virtud,  que  no  fue  al 
Brasil  sacerdote  como  éste,  antes  para  servicio»  36.  Não 
chegou  a  fazer  a  profissão,  mas  quando  o  mesmo  Visita- 
dor em  1566  seguiu  para  o  Sul,  levando  consigo  o  Provin- 
cial Luís  da  Grã,  a  ele  deixou  por  Vice-Provincial.  E  de 
novo  assumiu  este  cargo  depois  do  falecimento  de  Nóbrega 
em  1570,  no  exercício  do  qual  acabou  os  seus  dias  na  Baía 
a  27  de  Março  de  1572 :  «Fidélis  servus  et  prudens»  37 . 


34  Sousa  Viterbo,  Diccionario  11  295-296. 

35  ARSI,  Hisp.  67,  f.  i65v. 

36  Carta  do  P.  Luís  Gonçalves  da  Câmara  ao  P.  Francisco  de  Borja, 
de  Sintra,  4  de  Setembro  de  1566,  Lus.  62,  í.  ioir. 

37  Leite  ii  475-477;  ix  58-59;  Artes  e  Ofícios  239-240. 


40 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


Das  cinco  cartas,  que  dele  se  conhecem,  cabem  neste 
volume  duas,  de  Pernambuco,  1551  e  1552. 

ARTIGO  12 

P.  VICENTE  RODRIGUES,  PRIMEIRO  MESTRE-ESCOLA 
DO  BRASIL 

Nasceu  por  1528  em  S.  João  da  Talha  (junto  à  Portela 
de  Sacavém,  actual  aeroporto  de  Lisboa).  Filho  de  Antão 
Rijo  e  Isabel  Jorge,  irmão  do  P.  Jorge  Rijo,  célebre  ministro 
do  Colégio  de  Coimbra.  Ainda  usou  algum  tempo  no  Brasil 
aquele  sobrenome,  mas  logo  aparece  Rodrigues  e  este  ficou 
para  a  história.  Entrou  na  Companhia  em  Coimbra  a  16  de 
Novembro  de  1545  e  seguiu  para  o  Brasil  com  Nóbrega 
em  1549.  Passados  15  dias,  escreve  Nóbrega  que  o  Ir. 
Vicente  «ensina  a  doutrina  aos  meninos  cada  dia  e  também 
tem  escola  de  ler  e  escrever».  Notícia  e  facto  que  o  cons- 
tituem primeiro  Mestre-Escola  do  Brasil.  Como  os  alunos 
a  princípio  não  eram,  nem  podiam  ser,  muitos,  ainda  lhe 
sobrava  tempo  para  agricultor  e  aprender  a  arte  de  tecelão, 
a  fim  de  ensinar  este  ofício  aos  índios.  Dotado  de  intrepi- 
dez e  bom  trato  pessoal,  embora  não  houvesse  possibili- 
dade de  se  formar  em  maiores  estudos,  Nóbrega  achou  que 
ele  se  devia  ordenar,  e  assim  se  fez  em  1553.  Neste  mesmo 
ano  seguiu  para  o  Sul.  Esteve  no  Campo  de  Piratininga, 
em  Maniçoba  e  em  São  Paulo,  de  que  era  Superior  em  J562, 
tomou  parte  na  conquista  do  Rio  de  Janeiro,  voltou  à  Baía 
como  Padre  Espiritual,  e  por  fim  tornou  ao  Rio,  onde  fale- 
ceu a  9  de  Junho  de  1600.  A  notícia  da  sua  morte  enviou-a  ao 
P.  Geral,  nestes  termos,  o  Provincial  do  Brasil,  Pero  Rodri- 
gues: «Faleceu  o  P.  Vicente  Rodrigues,  de  cinquenta  e  um 
anos  de  Brasil,  plenus  dierum,  de  grande  bondade,  paz,  humil- 
dade e  edificação  para  com  todos  os  de  casa  e  os  de  fora»  38 . 


38  LEITE  IX  99-100  ;  Vicente  Rodrigues,  primeiro  Mestre-Escola  do 
Brasil  299:  Afies  e  Ofícios  254-255;  Sousa  Campos,  História  da  Uni- 
versidade de  São  Paulo  16-17. 


ART.  13.  -P.  DIOGO  JÁCOME,  TORNEIRO  E  CATEQUISTA 


41 


Deixou  cinco  cartas  de  1552-1553  e  uma  relação  de  1570. 
Pelo  período,  todas  cabem  no  presente  volume,  excepto 
a  relação. 

ARTIGO  13 

P.  DIOGO  JÂCOME,  TORNEIRO  E  CATEQUISTA 

Português  (de  quem  se  ignora  a  data  e  lugar  de  nasci- 
mento) foi  para  o  Brasil  com  Nóbrega  em  1549.  Revelou 
dotes  de  bom  catequista,  aprendeu  a  língua  e  as  artes  de 
alpercateiro  e  de  torneiro  para  as  ensinar  aos  índios;  e, 
dada  a  falta  angustiosa  de  sacerdotes,  Nóbrega  fez  que 
ele  se  ordenasse.  Trabalhou  com  zelo  na  Baía,  Porto 
Seguro,  Ilhéus.  São  Vicente,  São  Paulo  de  Piratininga,  e 
por  último  no  Espírito  Santo  (aqui  já  Padre),  onde  faleceu 
a  10  de  Abril  de  1565.  Deixou  uma  carta  escrita  em  São 
Vicente  em  1552 39. 

ARTIGO  14 

P.  AFONSO  BRÁS,  FUNDADOR  DO  COLÉGIO 
DO  ESPÍRITO  SANTO 

Nasceu  por  1524  em  S.  Paio  de  Arcos,  Anadia  (antigo 
termo  da  Vila  de  Avelãs  de  Cima).  Entrou  na  Companhia 
em  Coimbra  a  22  de  Abril  de  1546.  Deu,  com  os  Padres 
Gonçalo  Vaz  de  Melo  e  António  Gomes,  uma  famosa  mis- 
são no  Minho  em  1547;  e,  em  1550,  embarcou  para  o  Brasil, 
como  Superior  da  segunda  expedição.  Pouco  depois  foi 
para  Porto  Seguro  (e  Ilhéus),  e  logo  para  o  Espírito  Santo, 
onde  em  1551  fundou  o  Colégio  dessa  Capitania.  Quando 
Nóbrega  se  preparava  para  entrar  ao  sertão  em  1553  cha- 
mou Afonso  Brás  a  fim  de  o  acompanhar.  Não  se  reali- 
zando a  entrada,  colocou-o  em  São  Paulo  de  Piratininga, 
com  o  encargo  de  construir  os  primeiros  edifícios  de  taipa 
da  nova  povoação.  O  P.  Afonso  Brás  revelou-se  homem 
esforçado  e  competente  como  Mestre  de  Obras,  não  só  em 
São  Paulo,  mas  também  em  São  Vicente,  e  depois  no  Rio 


39   Leite  vm  305  ;  Artes  e  Ofícios  199. 


42 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


de  Janeiro  de  1572  em  diante.  Teve  longa  vida  —  sem  tam- 
bém descurar  missões  e  confissões  —  passada  sobretudo 
em  São  Paulo  e  no  Rio  de  Janeiro,  onde  faleceu  a  30  de 
Maio  de  1610  i0. 

Conserva-se  dele  uma  carta,  escrita  no  Espírito  Santo 
em  1551. 

ARTIGO  15 

P.  FRANCISCO  PIRES,  FUNDADOR  DA  IGREJA  DA  AJUDA 
EM  PORTO  SEGURO 

Nasceu  por  1522  em  Celorico  da  Beira  (distrito  da  Guarda). 
Entrou  na  Companhia  em  Coimbra  a  24  de  Fevereiro  de  1548 
e  embarcou  para  o  Brasil  em  1550.  Era  a  2.a  expedição  em 
que  iam  alguns  meninos  órfãos  de  Lisboa  e  com  eles  e  outros 
se  ocupou  na  Baía  nos  primeiros  tempos  e  em  Porto  Seguro; 
e  a  ele  e  a  quatro  meninos  levou  Nóbrega  em  fins  de  1552 
para  São  Vicente,  confiando-lhe  em  1553  o  cargo  dos  meni- 
nos do  Colégio  desta  vila.  Em  1554  esteve  em  Maniçoba, 
e  depois  repartiu  a  sua  actividade  entre  São  Paulo  e  São 
Vicente  até  1556,  em  que  Nóbrega  o  levou  consigo  e  dei- 
xou no  Espírito  Santo. 

No  ano  seguinte  diz  dele  que  era  «bom  filho»  41.  Tra- 
tava-se  de  informação  para  os  últimos  votos,  que  veio 
suscitar  uma  crise  de  escrúpulos.  Francisco  Pires  tinha 
sido  Cónego  regrante  de  Santo  Agostinho  no  Mosteiro 
de  Santa  Cruz  de  Coimbra  (crúzios)  antes  de  entrar  na 
Companhia,  e  começou  a  pensar  se  não  seria  impedi- 
mento. Para  quietação  e  consolação  sua,  mandou-se-lhe 
dizer  que  se  alcançaria  dispensa  42.  E  não  se  falou  mais 
nisso. 

Nóbrega  chamou-o  do  Espírito  Santo  para  a  Baía  e 
em  1559  tinha  a  seu  cargo  a  «Escola  geral  de  meninos  da 
terra  e  filhos  dos  cristãos»,  Colégio  de  que  ficou  Reitor 


40  Leite  viu  122 ;  Artes  e  Ofícios  135-136. 

41  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  274. 

42  ARSI,  Lus.  60,  ff.  I26r  171V. 


ART.  16.  -  P.  BRÁS  LOURENÇO,  SUPERIOR  DO  ESPÍRITO  SANTO  45 


até  1562 43.  Em  1565  Superior  dos  Ilhéus,  e  ainda  aí  residia 
em  1569,  acupado  em  confissões  e  pregação,  em  que  era 
demasiado  longo44.  O  P.  Francisco  Pires  passou  por  quase 
todas  as  residências  da  costa,  em  que  foi  Superior.  E  dei- 
xou ligado  o  seu  nome  à  Igreja  da  Ajuda  (Porto  Seguro). 
Faleceu  no  Colégio  do  Rio  de  Janeiro,  entre  colóquios  a 
Nossa  Senhora,  a  12  de  Janeiro  de  1586 45. 

Das  suas  cartas,  entram  neste  volume  as  duas  primei- 
ras, de  5  e  7  de  Agosto  de  1552. 


artigo  16 

P.  BRÁS  LOURENÇO,  SUPERIOR  DO  ESPÍRITO  SANTO 

Nasceu  por  1525  em  Melo,  diocese  de  Coimbra.  Já  era 
Padre  quando  entrou  na  Companhia  nesta  cidade  a  9  de 
Maio  de  1549.  Embarcou  em  1553  com  o  P.  Luís  da  Grã 
(Superior)  e  outros  na  armada  do  segundo  Governador  do 
Brasil  D.  Duarte  da  Costa,  que  o  tomou  por  confessor 
durante  a  viagem.  Pouco  tempo  se  demorou  na  Baía,  sendo 
destinado  ao  Espírito  Santo  onde  viveu  muitos  anos  como 
Superior,  com  notável  fruto  na  renovação  dos  costumes  dos 
moradores  e  catequese  dos  índios.  Num  ataque  de  piratas 
franceses,  ele  mesmo  empunhou  a  bandeira  de  Santiago, 
animando  o  povo  à  resistência,  retirando-se  o  inimigo  com 
perdas.  Foi  Superior  noutras  residências  da  costa  e  Reitor 
do  Colégio  do  Rio  de  Janeiro  (1573-1576).  Faleceu,  com  fama 
de  homem  caridoso,  na  Aldeia  de  Reritiba  (Espírito  Santo) 
a  15  de  Julho  de  1605  46. 

Entra  neste  volume  uma  das  suas  duas  cartas  conheci- 
das, a  de  30  de  Julho  de  1553. 


43  Leite  i  61-62. 

44  Leite  11  301. 

45  Leite  i  62 ;  ix  62 ;  cf.  Franco,  Imagem  de  Coimbra  11  215-216 ; 
Ano  Santo  19. 

46  Leite  1  403-404;  viu  323-324. 


44 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


ARTIGO  17 

IR.  PERO  CORREIA,  PROTOMÁRTIR  DA  COMPANHIA 
NA  AMÉRICA 

Pero  Correia  vivia  no  Brasil  quando  chegaram  os  Jesuí- 
tas em  1549.  Em  5  de  Agosto  de  1542  era  «morador  nesta 
vila  de  S.  Vicente»,  data  em  que  lhe  foi  passada  a  carta  de 
duas  terras,  uma  diante  da  vila  de  S.  Vicente,  outra  mais 
ao  sul,  em  Peruíbe.  As  quais  trespassará  ele  depois  em  1553 
à  Confraria  dos  Meninos  de  Jesus  da  mesma  vila  (doe.  62). 
Houve  grave  desinteligência  e  demanda  com  Brás  Cubas, 
sanada  também  em  1553  por  Nóbrega,  o  que  dá  presunção 
a  que  Pero  Correia  se  ausentasse  de  São  Vicente  e  seja  o 
mesmo  morador  de  Porto  Seguro  em  Novembro  de  1546, 
chamado  a  depor  na  «Imquyriçam»  sobre  o  Donatário  Pero 
do  Campo  Tourinho : 

«Pero  Correia  caualeiro  fidalguo  testemunha  jurado  aos  San>tos 
Avamgelhos  que  pelo  emqueredor  lhe  foram  dados,  estamdo  presemte 
o  vigairo  e  juiz  ordinairo,  pergumtado  pelo  custume  dise  elle  testemu- 
nha que  he  gramde  amyguo  do  dito  Pero  do  Campo  e  sempre  ho  foy, 
e  que  tinha  com  elle  huu  comtrato  feyto  pera  com  sua  filha,  ho  quall 
tem  em  sua  maão.  e  que  comtudo  diria  a  verdade  do  que  lhe  fosse 
pergumtado,  e  ali  nam  dise  do  custume» 

Leonor,  filha  do  Donatário,  tinha  contratado  matrimónio 
com  Pero  Correia,  mas  veio  a  casar  com  Gregório  da  Pes- 
queira 4S.  Pero  Correia,  já  Irmão,  dirá  na  sua  carta  de  10 
de  Março  de  1553,  que  tinha  feito  a  paz  com  a  gentilidade 
da  Baía,  o  que  sem  dúvida  explica  a  situação  de  relevo  que 
ocupava  em  Porto  Seguro  em  1546.  Todos  estes  adjuntos, 
além  do  mesmo  nome,  parecem  identificar  a  pessoa;  e  aí  o 
acharia  primeiro  Leonardo  Nunes  em  1549,  e  logo  Nóbrega, 
e  com  ele  combinaria  a  entrada  na  Companhia  e  a  ida  para 
o  sul  com  Leonardo  Nunes,  que  nela  o  receberia. 


47  História  da  ColouÍ3açào  Portuguesa  no  Brasil  III  276. 

48  lb.  Ill  245. 


A K T .  18.-  P.  ANTÓNIO  RODRIGUES,  PRIMEIRO  MESTRE-ESCOLA  45 


Assim  se  torna  clara  a  frase  do  mesmo  Leonardo  ao 
escrever  que  foi  recebido  em  São  Vicente  com  grande  festa, 
pela  fama  que  havia  já  da  Companhia  e  «por  causa  dalguns 
Irmãos  que  já  aqui  estiveram».  Quer  dizer  por  causa  dal- 
guns que  já  tinham  estado  em  São  Vicente  não  como  Irmãos, 
que  não  podia  ser  antes  de  1549,  mas  como  moradores,  o 
que  é  evidente  de  Pero  Correia  em  1542. 

Não  havendo  catálogos  do  Brasil  daquele  primeiríssimo 
tempo,  costuma  dar-se  o  ano  de  1550  para  a  entrada  de 
Pero  Correia  na  Companhia  de  Jesus;  mas,  pelo  exposto,  a 
data  dos  passos  prévios  recuaria  para  fins  de  1549. 

Uma  vez  na  Companhia,  Pero  Correia  deu-se  em  cheio 
à  conversão  dos  índios,  para  o  que  o  predispunha  o  con- 
tacto com  eles:  «virtuoso  e  sábio  e  o  melhor  língua  do 
Brasil»,  diz  Nóbrega,  que  pensava  em  o  ordenar  de  sacer- 
dote, e  contava  com  ele  para  a  missão  do  Paraguai,  de  que 
Pero  Correia  era  entusiasta  e  para  a  q  uai  oferecia  a  sua  própria 
vida.  F.  Deus,  de  facto,  aceitou-a,  porque  em  fins  de  1554 
foi  morto  em  companhia  do  lr.  João  de  Sousa  pelos  Carijós 
do  sul,  quando  tentava  esse  caminho,  constituindo- se  assim, 
ambos,  protomártires  da  Companhia  de  Jesus  na  América49. 

Pero  Correia  deixou  cinco  cartas.  Cabem  neste  volume 
as  primeiras  quatro  (de  1551  e  1553). 

ARTIGO  18 

P.  ANTÓNIO  RODRIGUES,  PRIMEIRO  MESTRE-ESCOLA 
DE  SÃO  PAULO 

Natural  de  Lisboa,  onde  nasceu  por  1516.  Já  contava 
37  anos  de  idade,  «braço  às  armas  feito»,  quando  Nóbrega 
o  recebeu  na  Companhia  em  São  Vicente,  no  ano  de  1553. 


49  Leite  ii  236-241 ;  VIU  175-176.  Armando  Cardoso,  IV  Centená- 
rio dos  Mártires  Pero  Correia  e  João  de  Sousa,  in  Verbum  12  (1955)  23-41 
Diz-se  no  fim  deste  artigo  que  «a  lembrança  do  martírio  permaneceu 
entre  os  Carijós»,  e  cita-se  o  testemunho  do  P.  Jerónimo  Rodrigues. 
O  que  este  faz  é  invocar  a  memória  dos  dois  protomártires  ao  iniciar 
a  sua  «Relação  da  Missão  do  Carijós»  (Novas  Cartas  Jesuíticas,  196). 


46 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


Tinha  conhecido  os  grandes  caminhos  da  América  do  Sul, 
assistindo  à  primeira  fundação  de  Buenos  Aires  (1536),  à 
de  Asunción,  atravessara  o  Chaco,  e  subira  o  Paraguai. 
Sabia  o  que  eram  índios,  falava  o  guarani,  era  cantor  e 
músico.  Toda  esta  sua  longa  e  dura  experiência  consa- 
grou daqui  em  diante  à  obra  da  conversão  dos  brasis,  na 
educação  dos  meninos  e  na  disciplina  das  Aldeias,  de  que 
iria  ser  o  maior  apóstolo  do  seu  tempo.  E,  para  começar, 
colaborou,  sob  a  obediência  de  Nóbrega,  na  fundação  de 
Piratininga  (29  de  Agosto  de  1553),  da  qual  foi  o  primeiro 
Mestre-Escola.  Continuou  depois  a  mesma  actividade  na 
Baía  para  onde  Nóbrega  o  levou  em  1556,  preparando  os 
índios  para  a  vida  cristã  e  civil  e  acompanhando-os  nas 
guerras  de  Mem  de  Sá.  Ordenado  sacerdote  em  1560,  dizia 
missa  pelas  Aldeias  e  às  vezes  a  primeira  nelas,  como  fez 
dia  da  Dedicação  de  S.  Pedro  e  S.  Paulo,  18  de  Novembro 
de  1562,  na  Aldeia  de  S.  Pedro,  sertão  da  Baía  (primeira 
missa  na  Aldeia,  não  primeira  dele).  Os  coros  de  canto  e 
flauta  dos  seus  meninos  brasis,  com  que  aformoseava  as 
festas  das  Aldeias  e  até  as  da  cidade,  fizeram  escola.  Dez 
anos  de  intenso  e  frutuoso  apostolado.  Ao  fim  dos  quais, 
em  1566,  seguiu  com  o  Bispo  e  outros  Padres  na  armada  de 
Mem  de  Sá,  tomando  parte  no  embate  final  da  conquista  do  Rio 
de  Janeiro  em  1567.  E  no  incipiente  Colégio  desta  nova  Cidade, 
onde  ficara  com  Nóbrega,  faleceu  a  20  de  Janeiro  de  1568 50. 

Das  8  cartas  conhecidas  de  António  Rodrigues,  cabe 
neste  volume  a  primeira,  de  31  de  Maio  de  1553. 

ARTIGO  19 

D.  PEDRO  FERNANDES,  VIGÁRIO  GERAL  DE  GOA 
E  BISPO  DO  SALVADOR  DA  BAÍA 

A  vida  de  D.  Pedro  Fernandes  é  conhecida  nos  seus 
passos  da  índia  e  do  Brasil;  são  obscuros  e  confusos  os 


50  Leite,  ix  81-83;  Artes  e  Ofícios  246-249;  Nóbrega  e  a  fundação 
de  São  Paulo  35-54;  Breve  Itinerário  107  147  190;  Afrânio  Peixoto, 
Breviário  da  Bahia  56. 


ART.  19.  -  D.  PEDRO  FERNANDES,  BISPO  DO  SALVADOR 


4? 


antecedentes  europeus.  E  convém  antes  de  mais  nada 
desfazer  um  equívoco  de  nomes  e  de  pessoas. 

No  códice  da  Bibi.  de  Évora  cx/1-4,  há  vários  cadernos 
numerados,  entre  os  quais  o  2.0  e  o  3.0  contêm  o  que  segue: 

a)  Sardinha  Petri  Ferdinandi  in  doctrinarum  scientia- 
rumque  omnium  commendationem  oratio  apud  universam 
Conimbricam  Academiam  habita  cal.  Octob.  anno  1550. 
Ad  Invictissimum  Ioannem  Tertium  Portugalliae  Regem. 

[Depois]:  Antonius  Cabedius  lectori  [com  3  dísticos  lati- 
nos, elogiando  o  discurso  de  Pedro  Fernandes]. 

[A  seguir]:  um  prólogo  em  que  explica  porque  fez 
aquele  discurso  e  em  que  diz  chegara  de  França,  onde 
começara  os  estudos  de  Direito,  e  que  os  concluía  agora 
em  Coimbra.  O  prólogo  está  datado  de  «Conimbricae, 
Cal.  Novem.  Anno  M.  D.  L.» 

Segue-se  a  oração,  que  começa  Maxime  vellem  Redor 
Atnplissime.  O  discurso  está  entremeado  de  versos  e 
recheado  de  citações  de  autores  sacros  e  profanos  e,  entre 
estes,  sobretudo  os  gregos,  de  preferência  Platão.  —  Cód. 
cx/1-4,  n-°  2  (cadernos  sem  paginação). 

b)  In  tractatum  Alvari  Gometii  Lusitani  doctoris  Theo- 
logi  Sacellarii  et  concionatoris  Serenissimi  Portugalliae 
Régis.  De  coniugio  Régis  Angliae.  Petrus  Fernandus  elec- 
tus  Episcopus  Brasiliensis  cândido  lectori:  São  duas  bre- 
vres  páginas.  Olissipone.  Idibus  Martii  íjfjr.  A  seguir 
está  o  trabalho  de  Alvaro  Gomes,  Parisiensis  theologus,  dedi- 
cado ao  Núncio  e  datado  de  Olissipone,  Anno  Domini  ijji, 
12  Cal.  Martias.  São  8  páginas  manuscritas.  —  Cód.  cx/1-4, 
caderno  n.°  3. 

Como  ao  Bispo  do  Brasil  se  costuma  chamar  D.  Pedro 
Fernandes  Sardinha51,  a  identificação  impunha-se  por  si 


51  Anchieta  em  1584  ainda  não:  só  «D.  Pedro  Fernandes»,  Cartas 
309;  Frei  Vicente  do  Salvador  (1627)  já  «D.  Pedro  Fernandes  Sardinha», 
História  do  Brasil  (1918)  153. 


48  INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


mesma,  procurando-se  explicar  como  é  que  ele,  depois 
de  estar  na  índia,  concluiu  em  Coimbra  os  estudos  de 
Direito  '-.   Na  realidade  são  duas  pessoas  distintas. 

Aquele  primeiro,  chamado  Pedro  Fernandes  Sardinha,  é 
da  diocese  de  Lisboa,  estudava  Direito  Canónico  na  Uni- 
versidade de  Paris  em  1545,  voltou  a  Portugal  em  1549,  e 
pronunciou  o  discurso  de  Coimbra  em  1550 53.  Chamava-se 
simplesmente  «Petrus  Fernant  Vlissiponensis»,  e  era  filho 
de  Francisco  Fernandes,  Guarda  das  Damas  da  Infanta 
D.  Maria,  irmã  de  D.  João  Ilí. 

O  outro  Pedro  Fernandes,  «electus  episcopus  brasilien- 
sis»,  naquela  mesma  carta  dos  Idos  (15)  de  Março  de  1551, 
diz  que  estudara  em  Paris  humanidades  e  teologia  durante 
mais  de  dez  anos  (não  chegariam  portanto  a  onze).  Como 
o  considerava  «irmão  inteiro»  de  Álvaro  Gomes,  B.  Ma- 
chado dá  ao  Bispo  o  mesmo  pai  de  Álvaro,  Gil  Fernandes 
Sardinha.  Mas  a  carta  de  mercê  que,  a  11  de  Fevereiro 
de  1545,  passa  D.  João  III  ao  pai  do  futuro  Bispo  em  aten- 
ção aos  serviços  do  filho  «Mestre  Pedro  Fernandes,  meu 
capellão  e  pregador  que  ora  envyo  à  índia»,  chama-lhe 
«Diogo  Fernandes,  seu  pay»  54.  Nem  Gil,  nem  Sardinha. 

Em  1525,  na  Faculdade  de  Teologia  de  Paris,  entre  os 
iurati  do  reitor  Cognegut,  acha-se  «Dominus  Petrus  Fer- 
nandus  Eborensis» 5r>.  Se  é  o  futuro  Bispo  do  Brasil  andaria 
pelos  30  anos  de  idade,  pois  trinta  mais  tarde,  a  20  de  Maio 
de  1555,  dirá  a  D.  João  III  o  Governador  do  Brasil,  D.  Duarte 
da  Costa,  que  era  «hum  bispo  de  60  annos»50.  Barbosa 
Machado  abre  para  ele,  como  «insigne  professor  de  língua 
latina»  um  verbete,  diferente  do  Bispo,  e  lhe  atribui  a  carta 
latina  em  louvor  de  Frei  João  de  Santa  Maria,  eremita 


52  Van  der  Vat,  Princípios  267. 

53  L.  DE  Matos,  Les  Portugais  à  V  Universite  de  Paris  98  ;  M.  Bran- 
dão, Documentos  de  D.  João  III IV  52  53;  B.  Machado  III  566. 

54  Anais  do  IV  Congresso  de  História  Nacional  vn  (Rio  de 
Janeiro  1950)  510. 

55  L.  de  Matos,  op.  cit.  54. 

56  Leite  ii  522. 


ART.  19. -D.  PEDRO  FERNANDES,  BISPO  DO  SALVADOR 


49 


agostiniano-'7;  Luís  de  Matos  prefere  identificá-lo  com  o 
Bispo,  advertindo,  porém,  que  os  Pedros  Fernandes  «on  les 
trouve  par  dizaines  au  xvi1  siècle».  A  identificação,  não  há 
dúvida,  parece  conciliar-se  com  as  suas  habilitações  e  pen- 
dores latinistas,  porque  já  na  índia  se  oferecerá  a  D.  Álvara 
de  Castro,  para,  no  caso  de  se  escrever  em  português  a  histó- 
ria do  segundo  cerco  de  Diu,  ele  a  traduzir  em  latim,  se 
tivesse  vagar58. 

Não  consta  que  se  realizasse  o  oferecimento  de  Mestre 
Pero  Fernandes,  mas,  se  de  facto  se  identificam,  explica  a 
sua  predilecção  e  talvez  as  suas  relações  em  Paris  com 
Inácio  de  Loyola  e  Simão  Rodrigues,  dos  quais  se  lisonjeará 
mais  tarde  no  Brasil  de  ter  sido  mestre5'-1.  Ora,  estando 
Pero  Fernandes  matriculado  na  Faculdade  de  Teologia 
em  1525,  e  em  Paris  mais  de  dez  anos  (menos  de  onze),  e 
retirando-se  S.  Inácio  dessa  cidade  em  1535  (Simão  Rodri- 
gues em  1536),  a  cronologia  não  se  opõe  ao  magistério  de 
Pero  Fernandes.  Mas  que  espécie  de  magistério?  Inácio 
começou  a  estudar  latinidade  no  Colégio  de  Montaigu 
em  1528  antes  de  iniciar  no  Colégio  de  Santa  Bárbara 
em  1529  o  Curso  de  Artes60.  Talvez  fosse  mestre  de  latim, 
pois  era  a  sua  principal  competência.  Não  se  exclui,  toda- 
via, que  fosse  mestre,  ao  menos  como  repetidor,  dalguma 
das  matérias  de  Artes  ou  até  de  Teologia,  em  que  o  Bispo 
se  graduou  de  bacharel,  e  que  Inácio  parece  começou  a 
estudar  depois  da  Páscoa  de  1533  o1. 

A  estada  em  Paris,  durante  um  decénio,  de  Mestre 
Pero  Fernandes,  futuro  Bispo,  dá  margem  para  isso,  não 


57  Bibi.  Lusit.  Ill  566. 

58  Carta  de  Mestre  Pedro  Fernandez  a  Dom  Álvaro  de  Castro,  de 
Goa  20  de  Novembro  de  1546,  publicada  por  António  Baião,  História 
Quinhentista  (inédita)  do  Segundo  Cerco  de  Diu  (Coimbra  1925)  209-210. 
Publica  ainda  outra,  do  mesmo  ao  mesmo,  de  pêsames  pela  morte  de 
D.  Fernando  de  Castro,  seu  irmão,  de  Goa  de  24  de  Setembro  de  1546,. 
ih.,  210-213. 

59  Carta  de  Nóbrega,  fins  de  Julho  de  1552  §  10. 

60  Dalmases,  Fontes  Narrativi  1  3i*-32*. 

61  lb.,  1  32*. 

4 


50 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


para  mais  além  de  1535,  supondo  a  identificação  com  o 
aluno  da  Faculdade  de  Teologia  de  1525.  O  que  nem 
a  cronologia  nem  o  sobrenome  conciliam  com  facilidade  é 
a  identificação  com  «Pero  Sardinha»,  simples  capelão, 
■que  a  10  de  Dezembro  de  1531  assina  em  Lisboa  um 
recibo  de  missas  que  celebrou  na  Sé  da  mesma  cidade62. 
Este  Pero  Sardinha  deve  ser  o  Cura  de  Santa  Cruz  do 
Castelo  (Lisboa),  que  ainda  a  14  de  Maio  de  1546  assi- 
nava um  registo  de  baptismo  por  ele  feito  na  sua  freguesia63, 
enquanto  D.  Pero  Fernandes,  o  futuro  Bispo,  já  a  20  de 
Dezembro  de  1545  escrevia  de  Goa  a  D.  João  III  a  conhe- 
cida carta  contra  Martim  Afonso  de  Sousa,  «não  com  inten- 
ção de  mexericar  nem  praguejar  de  ninguém»  —  diz  ele64. 

Em  resumo:  Pedro  Fernandes  (ele  assinava  Pero),  clé- 
rigo da  diocese  de  Évora,  filho  de  Diogo  Fernandes,  nasceu 
por  1495,  esteve  em  Paris  dez  a  onze  anos,  aí  estudou  huma- 
nidades e  teologia  na  qual  tomou  o  grau  de  bacharel,  e 
onde  foi  mestre  de  Inácio  de  Loyola  e  Simão  Rodrigues,  de 
matéria  não  especificada.  E  era  capelão  e  pregador  de 
D.  João  III  ao  partir  em  1545  para  a  índia,  onde  foi  Vigário 
Geral  da  Diocese  de  Goa. 

As  palavras  «clérigo  da  diocese  de  Évora,  bacharel 
em  teologia»,  lêem-se  na  Bula  de  erecção  da  diocese  do 
Salvador  [«São  Salvador»]  da  Baía,  do  Papa  Júlio  III, 
«Super  specula  militantis  Ecclesiae»,  de  25  (não  5)  de  Feve- 
reiro de  1551 65. 

D.  Pedro  Fernandes  chegou  à  Baía  a  22  de  Junho  de  1552 
sendo  bem  recebido  por  todos  e  pelo  P.  Nóbrega,  que  o 
hospedou  no  Colégio  da  Companhia  e  tanto  o  desejou  e 


62  Cf.  Van  der  Vat,  Princípios  265. 

63  Edgar  Prestage  —  Pedro  de  Azevedo,  Registo  da  Freguesia 
de  Santa  Cruz  do  Castello  desde  1536  até  1628  (Coimbra  1913)  8. 

64  Anais  do  IV  Congresso  de  História  Nacional  vil  (1950)  460. 

65  Corpo  Diplomático  Português  VII  2-7;  a  Bula  acha-se  traduzida 
etn  português  por  Mons.  Manoel  Barbosa,  A  Igreja  no  Brasil  (Rio  de 
Janeiro  1945)  301-303.  Os  documentos  portugueses  tratam-no  de  «Mes- 
tre em  TheoJogia».  Documentos  Históricos  74  (1929)  417. 


ART.  19.-  D.  PEDRO  FERNANDES,  BISPO  DO  SALVADOR  51 

pediu.  Pediu  Bispo  «não  para  fazer-se  rico,  porque  a  terra 
é  pobre,  mas  para  buscar  as  ovelhas  tresmalhadas  do  reba- 
nho de  Jesus  Cristo.  E  ainda  que  haja  aqui  muitos  que 
nondum  sunt  ex  eius  ovili,  tamen  oportet  illas  adducere, 
ut  sit  unus  pastor  et  unus  ovile»"0.  Um  só  rebanho  e  um 
só  pastor!  Não  o  pensou  assim  D.  Pedro  Fernandes.  Não 
se  considerou  «Bispo  dos  índios»,  mas  só  dos  Portugueses, 
e  criou  graves  diíicudades  à  conversão  do  gentio,  que  con- 
fundiu com  o  da  índia  Oriental  donde  viera,  e  onde  se 
não  enraizou.  Na  luta  pela  catequese  dos  índios  do 
Brasil  manifestou-se  abertamente  contra  o  Superior  da 
Missão,  não  a  secundando,  nem  na  forma  iniciada  nem 
noutra  qualquer,  por  julgar  os  índios  incapazes  de  se 
fazerem  cristãos ;  e  ansiava  por  tornar  a  Portugal,  para 
onde  de  facto  voltava,  quatro  anos  depois,  «com  suas 
riquezas»,  quando  naufragou  na  foz  do  Rio  Cururuipe  67. 
Salvou-se  do  naufrágio,  mas  em  terra  foi  morto  e  comido, 
com  quase  todos  os  mais  da  nau,  pelo  gentio  Caeté,  a  16 
de  Junho  de  1556 G8. 

Pessoalmente  —  diz  Nóbrega  —  era  virtuoso.  Prejudicou-o 
no  Brasil  o  seu  equívoco  entre  Hindus  e  índios,  faltando-lhe 
aquele  espírito  de  fixação,  estabilidade  e  permanência,  que 
assinala  Alceu  Amoroso  Lima  no  verdadeiro  missionário : 
em  vez  de  olhar  para  o  Novo  Mundo  ficou  a  olhar  para  o 
Velho09;  nem  a  majestade  e  dignidade  episcopal  foi  bem 
servida  pelo  seu  carácter  interesseiro  e  propenso  a  estéreis 
guerras  de  campanário. 

Destas  «guerras  civis»,  com  a  gente  da  governança  do 
Brasil  e  parte  do  seu  clero,  recolheram-se  duas  cartas  suas 
na  História  da  Colonização  Portuguesa  do  Brasil  III,  ambas 
da  Baía,  12  de  Junho  de  1552  (363-364),  11  de  Abril  de  1554 


66  Carta  de  6  de  Janeiro  de  1550,  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  81. 

67  Frei  Vicente  do  Salvador,  História  do  Brasil  156. 

68  Leite,  Breve  Itinerário  123-124;  cf.  ib.,  78-81  [Cap.  «Oriente  ver 
sus  Ocidente»] ;  id.,  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  17**20*. 

69  Cf.  Alceu  Amoroso  Lima,  A  Igreja  e  o  Novo  Mundo  14. 


52  INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  II.    AUTORES  DAS  CARTAS 


(368-369).  É  óbvio  que  não  cabem  em  Mon.  Brasiliae,  como 
nem  cabe  quanto  se  refere  à  índia;  mas  entra  neste  volume, 
por  se  referir  à  Companhia  de  Jesus  no  Brasil,  a  sua  carta 
de  Julho  de  1552,  conservada  no  Arquivo  Geral  da  mesma 
Companhia  (ARSI);  e  há  neste  Arquivo  ainda  outra,  de 
6  de  Outubro  de  1553,  que  entrará  no  volume  2°,  na  altura 
própria 70. 

ARTIGO  20 

TOMÉ  DE  SOUSA,  GOVERNADOR  DO  BRASIL 
E  VEDOR  DA  CASA  REAL 

Nasceu  por  1503  em  Portugal,  em  lugar  não  identificado, 
filho  de  João  de  Sousa,  Prior  de  Rates  e  de  Mécia  Roiz  de 
Faria.  Esteve  nas  guerras  de  África,  onde  se  assinala  a  sua 
presença  em  1527,  1532  e  1534.  Em  1535  partiu  para  a  índia 
capitaneando  a  nau  «Galega».  A  25  de  Novembro  de  1535 
estava  em  Cochim  e  de  novo  no  Reino  em  1536.  Em  Julho 
de  1538  casou  com  D.  Maria  da  Costa,  de  quem  teve  uma 
filha,  D.  Helena  de  Sousa  (que  veio  a  falecer  em  1612). 
Nomeado  Governador  Geral  do  Brasil,  partiu  de  Lisboa,  a 
1  de  Fevereiro  de  1549,  conduziu  na  sua  Armada  o  P.  Nóbrega 
e  os  seus  cinco  companheiros,  e  chegou  à  Baía  a  29  de  Março 
do  mesmo  ano.  Levava  a  incumbência  régia  de  fundar,  como 
fundou,  a  cidade  do  Salvador  da  Baía,  para  sede  do  novo 
Estado  do  Brasil,  de  que  se  lançavam  também  os  funda- 
mentos. Visitou  as  Capitanias,  e  depois  de  notável  admi- 
nistração, entregou  a  13  de  Julho  de  1553  o  governo  ao  seu 
successor  D.  Duarte  da  Costa,  voltando  para  Portugal.  Per- 
tencia desde  1551  ao  Conselho  de  Estado  e  foi  nomeado  Vedor 
da  Casa  de  D.  João  III,  em  data  não  revelada  na  carta  de  22 
de  Outubro  de  1557,  em  que,  no  reinado  seguinte,  lhe  é  con- 
firmado esse  alto  cargo.  Faleceu  a  28  de  Janeiro  de  1579  e  jaz 
sepultado  no  convento  de  Santo  António  da  Castanheira  n. 


70  Cf.  Leite,  Breve  Itinerário  79. 

71  Pedro  de  Azevedo,  A  Instituição  do  Governo  Geral,  in  História 
da  Colonização  Portuguesa  do  Brasil  111  327-333. 


CAP.  III.     EXPANSÃO  DAS  CARTAS  DO  BRASIL 


55 


O  primeiro  Governador  Geral  favoreceu  a  Companhia 
quanto  esteve  em  sua  mão,  doou-lhe  as  primeiras  terras, 
prestigiou  os  Padres.  Os  historiadores  brasileiros  costu- 
mam juntar  o  seu  nome  ao  de  Nóbrega,  como  bênção  para 
o  Brasil,  homens  de  excepcional  relevo  em  qualquer  país 
e  em  qualquer  tempo:  «05  Fundadores  do  Brasil»  n. 

De  Tomé  de  Sousa  entram  neste  volume  as  cartas  de 
6  de  Agosto  de  1551  e  1  de  Junho  de  1553. 

CAPÍTULO  III 

EXPANSÃO  DAS  CARTAS  DO  BRASIL  PELA 
EUROPA  E  O  EXTREMO  ORIENTE 

As  primeiras  cartas  de  Nóbrega  do  ano  de  1549,  depois 
de  lidas  em  Portugal,  já  estavam  em  Roma  no  fim  desse 
mesmo  ano,  e  logo  começou  a  sua  distribuição  pelas  Casas 
e  Colégios  europeus,  não  tardando  a  seguir  o  rumo  do  mar 
até  Goa  e  dali  até  os  confins  do  mundo  oriental,  que  os 
navios  portugueses  acabavam  de  pôr  em  contacto  directo 
com  Lisboa  e  o  Ocidente. 

De  Roma,  a  14  de  Dezembro  de  1549,  anuncia  S.  Inácio 
que  se  enviam  «nuevas»  para  as  Casas  de  Sicília  e  Itália 
(Palermo,  Messina,  Bolonha,  Pádua  e  Veneza).  Escreve  a 
cada  uma  sua  carta,  ao  todo  cinco,  todas  do  mesmo  dia, 
a  diversos  Padres;  e  na  primeira,  a  Diego  Laynes  e  Jeró- 
nimo Doménech,  então  em  Palermo,  declara  a  procedência 
das  «novas»  ou  «noticias»,  que  remete  e  são  «dei  Brasil»  l. 
Dois  meses  depois,  a  14  de  Fevereiro  de  1550,  manda-as 
para  as  margens  do  Danúbio  e  dali  para  as  do  Reno.  Os 
Padres  Cláudio  Jaio,  Alfonso  de  Salmeron  e  Pedro  Canísio 
residiam  em  Ingolstadt.    Diz-lhes  S.  Inácio:  «Que  se  les 


72   Pandiá  Calógeras,  Formação  Histórica  do  Brasil  (Rio  de 
Janeiro  1935)  13;  Leite,  História  11  143-146. 
1    MI  Epp.  11  609. 


54 


INTRODUÇÃO  GERAL 


ynbian  nuevas  dei  Japán,  índia,  Brassil;  y  que  otras  se 
ynbiarán  quando  se  pueda;  y  que  las  comuniquem  a  los  de 
Colónia»  2. 

De  Coimbra,  a  i  de  Dezembro  de  1551,  escreve  Manuel 
Leite  a  S.  Inácio:  «Del  Brasil  tenemos  buenas  nuevas: 
esperamos  de  las  imprimir;  como  fueren  impressas,  las 
embiaremos  a  V.a  R.a»  3.  E  bem  podia  ser  que  fossem  estas 
cartas  impressas  em  Coimbra  ou  seja  a  «Copia  de  unas  car- 
tas embiadas  dei  Brasil  por  el  P.  Nóbrega»,  as  «nuevas  dei 
Brasil»,  que  S.  Inácio  enviou  para  Nápoles  a  23  de  Abril 
de  1552  4,  e  a  7  de  Maio  para  Florença  5,  e  também  para  a 
índia. 

De  Goa,  a  1  de  Dezembro  de  1552,  escreve  Luís  Fróis 
aos  Irmãos  de  Coimbra: 

«As  cartas  que  de  Portugal  vieram,  assim  desse  Colégio  como  do 
Brasil,  no  ano  de  52,  sobre  maneira  nos  alegraram,  e  houve  com  elas 
assaz  de  fervor.  Na  noite  que  chegaram,  se  leram  com  campainha  tan- 
gida até  à  uma  depois  da  meia  noite,  e  no  refeitório  todos  os  dez  dias 
seguintes.  E  logo,  tresladado  o  sumário  delas,  foram  mandadas  à  China, 
Japão,  Maluco  e  Malaca,  e  todas  as  mais  partes  donde  os  Padres  nossos 
andam.  E  se  soubésseis,  caríssimos,  quanto  cá  soam  as  novas  que  de 
lá  vêm,  e  quanto  o  povo,  além  dos  Irmãos,  as  deseja  e  cobiça,  e  quan- 
tas relíquias  se  cá  fazem  de  vossas  cartas,  sem  dúvida  que  me  parece 
que  vos  ofereceríeis  a  qualquer  detrimento  do  corpo  por  dardes  cá  aos 
Irmãos  recreações  tão  suaves»  6. 


2  Ib.  11  685. 

3  Litterae  Ouadrimestres  I  451. 

4  MI  Epp.  iv  226. 

5  Ib.  IV  234. 

6  Wicki,  DI  11  488.  A  recíproca  é  pelo  menos  igual,  com  a  che- 
gada das  cartas,  como  as  que  trouxe  à  Baía  uma  caravela,  no  dia  21  de 
Julho  de  1559:  «começando-as  a  ler,  começamos  a  receber  novas  forças 
e  novos  desejos,  e  novos  louvores  ao  Senhor  começamos  a  pintar, 
pelas  mostras  das  mui  heróicas  obras  obradas  pelo  Espírito  Santo,  aos 
que  não  conhecíamos;  e  aqui  já  conversamos  falar  e  dizer:  oh  !  quam 
bontim  et  quam  iucuttdum  habitar e  fratres  in  uttum,  sicut  etc.»  (Cartas 
Avulsas  240).  E  o  mesmo  sucedeu  na  Aldeia  do  Espírito  Santo,  Baía, 
de  20  para  21  de  Maio  de  1564:  «Consolou-nos  também  o  Espirito  Santo 


CAP.  111.     EXPANSÃO  DAS  CARTAS  DO  BRASIL 


55 


As  cartas  do  Brasil,  aqui  mencionadas,  incluem-se  todas 
no  período  deste  i.°  volume.  O  facto,  porém,  de  se  conti- 
nuarem a  espalhar  e  sobre  elas  se  discutir  depois  o  modo 
como  se  publicariam  e  expandiriam,  aconselha  a  olhar  um 
pouco  mais  avante  como  matéria  conexa  e  indivisível. 

Assim,  logo  a  seguir  a  1553,  se  anuncia  o  envio  de 
mais  cartas  da  índia  e  do  Brasil  para  Florença,  Nápoles, 
Sicília,  Córsega  e  Paris  7. 

E  entretanto,  via-Lisboa,  continuam  a  chegar  a  Roma, 
cartas  de  Nóbrega  e  dos  seus  primeiros  súbditos,  Leo- 
nardo Nunes,  João  de  Azpilcueta  Navarro,  António  Pires, 
Alonso  Brás,  Vicente  Rodrigues,  Francisco  Pires  e  Pero 
Correia;  e  em  breve  de  outros,  entre  os  quais  José  de 
Anchieta,  cuja  carta  mais  antiga  é  de  Julho  de  1554, 
quatro  meses  depois  da  que  a  17  de  Março  de  1554,  escre- 
via o  Provincial  Diego  Mirón,  de  Lisboa  a  S.  Inácio : 
«Aqui  se  ayuntan  aora  las  cartas  de  la  índia  para  se 
imprimir  por  mandado  de  V.  P.,  y  no  sabemos  si  querrá 
que  se  vean  primero  en  Roma  antes  de  imprimirse.  Aqui 
solíamos  también  emprimir  las  cartas  de  la  índia  quando 
venían,  por  quitamos  dei  trabajo  de  copiarias  para  muchas 
partes,  que  es  muy  grande.  Querría  saber  de  V.  P.  si  nos 
da  licencia  para  que  se  impriman,  y  asimesmo  las  dei 
Brasil,  Congo,  Affrica  e  otras  partes  semejantes»  8. 

Até  esta  data,  além  das  cartas  do  Brasil  impressas  em 
Coimbra,  já  se  tinham  traduzido  em  italiano,  e  continua- 
ram a  distribuir-se,  sem  deixar  de  se  enviar  também  cópias 


em  sua  Casa  e  em  sua  mesma  véspera,  com  as  cartas  que  recebemos 
aquela  noite  de  Portugal;  porque,  segundo  minha  estimativa,  seriam 
duas  horas  depois  da  meia  noite  quando  por  casa  entrou  o  que  as  trazia. 
Não  cabiam  os  Irmãos  de  contentamento  e  prazer,  vendo  o  muito  que  o 
Senhor  se  dignava  de  obrar  em  suas  criaturas,  por  intermédio  dos  da 
Companhia,  em  tantas  e  tão  diversas  partes  do  mundo.  Daí  até  de  manhã 
não  havia  quem  pudesse  dormir,  porque  logo  o  Provincial  começou  a 
ler  as  cartas»  (Cartas  Avulsas  410-411;  cf.  Leite  n  540-541). 

7  MI  Epp.  v  213,  220,  236,  249,  251. 

8  Epp.  Mixtae  iv  110. 


56 


INTRODUÇÃO  GERAL 


manuscritas  das  mais  recentes:  «Aqui  van  las  letras  dei 
Brasil»,  escreve  Polanco  em  1556  ao  P.  Pedro  de  Ribade- 
neira,  então  em  Bruxelas  9,  depois  de  as  já  ter  mandado 
para  Nápoles  10. 

E  em  1561,  comunica  de  Lisboa  para  Roma  o  P.  Miguel 
de  Torres  que  enviara  as  cartas  de  notícias  e  os  livros  de 
regras  (impressos)  para  o  Brasil,  índia  e  Angola,  expli- 
cando que  as  cartas  de  notícas  iam  sempre  duplicadas  e 
triplicadas,  até  constar  que  chegaram  ao  seu  destino11. 

A  expansão  na  Europa  (fora  de  Portugal  e  de  Espanha 
que  se  proviam  directamente  de  Lisboa)  aparece  explícita, 
para  as  Casas  e  Colégios  de  Itália,  Duas  Sicílias,  Alema- 
nha, França  e  Bélgica;  e  fora  da  Europa,  via-Lisboa,  para 
Angola,  índia,  China,  Japão,  Molucas  e  Malaca. 

Esta  correspondência,  tanto  activa  como  passiva,  era 
sempre  animada  pelos  Padres  Gerais.  A  7  de  Janeiro 
de  1563  o  P.  Diego  Laynes,  em  Trento,  espera  que  de 
Roma  se  enviarão  para  a  índia  e  o  Brasil  as  cartas,  de 
notícias  e  de  edificação,  da  Europa;  mas  se  as  não  manda- 
rem, recomenda  ao  P.  Gonçalo  Vaz  de  Melo,  Provincial  de 
Portugal,  que  se  enviem,  para  aquelas  missões,  cópias 
feitas  em  Lisboa,  das  cartas  de  notícias  da  Europa,  sem 
esquecer  as  de  França  e  do  Concílio  de  Trento12. 

E  a  30  de  Janeiro  de  1567  o  P.  Francisco  de  Borja, 
de  Roma,  escreve  ao  P.  Inácio  de  Azevedo,  visitador  do 
Brasil: 

Deseja  saber  da  boa  viagem,  de  como  achou  a  terra  do 
Brasil  e  os  Padres  e  que  tem  deles  menos  cartas  do  que 
desejava  e  que  se  não  contentem  em  escrever  uma  vez  por 
ano  e  só  a  Portugal,  mas  também  a  ele,  para  que  ajude: 
em  que  Capitanias  e  Aldeias,  quantos  são,  como  vivem,  se 


9  MI  Epp.  xi  553. 

10  1b.  xi  72. 

ri  Carta  do  P.  Miguel  de  Torres  ao  P.  Geral,  Lisboa  22  de  Março 
de  1561,  Lus.  61,  f.  7r. 

12   ARSI,  Epp.  NN.  16,  f.  138V. 


CAP.  III.    EXPANSÃO   DAS  CARTAS  DO  BRASIL 


57 


de  esmolas,  se  da  renda  que  El-Rei  de  Portugal  mandou 
dar  I3. 

Azevedo  tinha  sido  diligente,  porque  três  semanas  depois 
desta  carta  (e  portanto  antes  de  a  ter  recebido)  dizia  a  Borja, 
do  Rio  de  Janeiro,  20  de  Fevereiro  de  1567,  que  desde  a 
sua  chegada  ao  Brasil  não  deixara  perder  oportunidade  de 
embarcação  para  Portugal  que  não  escrevesse  a  Sua  Pater- 
nidade, que  foram  seis  vezes  além  desta  u. 

Como  os  negócios  das  Missões  ultramarinas  da  Compa- 
nhia de  Jesus  se  tratavam  em  Lisboa  (até  1566  não  houve 
outras  missões  ultramarinas  senão  as  portuguesas),  o  Pro- 
vincial de  Portugal  tinha  a  faculdade  de  abrir  as  cartas, 
menos  as  destinadas  exclusivamente  ao  Geral  («soli») 15 ;  e 
antes  de  as  mandar  para  Roma  era  preciso  copiá-las:  as  de 
notícias,  para  as  repartir  pelas  casas,  e  as  de  negócios,  para 
tratar  com  os  ministros  régios  do  que  tocava  a  cada  mis- 
são, e  pela  cópia  saber  sempre  os  termos  exactos  dos  reque- 
rimentos. Naturalmente,  as  cartas  não  podiam  ser  reexpe- 
didas  para  Roma  tão  depressa.  A  9  de  Janeiro  de  1567,  o 
P,  Francisco  de  Borja  lamenta-se  ao  P.  Leão  Henriques  que 
as  cartas  da  índia  não  tinham  ainda  chegado,  e  que  por 
isso  não  poderia  responder  esse  ano.  Se  foi  para  forrar 
correio  que  as  demoraram,  que  seriam  dois  ducados,  ele 
estaria  disposto  a  pagar  dez  para  saber  com  tempo  o  que 
tem  de  prover  1G. 

O  trabalho  de  cópias  multiplicava-se  com  o  aumento 
constante  das  missões,  tanto  das  cartas  que  vinham,  como 
das  que  da  Europa  se  enviavam  para  lá  ;  e  da  índia  pediam 
que  se  não  enviasse  uma  cópia  só,  mas  por  quatro  vias, 
isto  é,  por  quatro  navios  diferentes,  «porque  indo  por  tres 
acaece  no  llegar  allá  ninguna»,  escreve  de  Lisboa,  a  30  de 


13  Borgia  iv  398-399. 

14  Borgia  iv  411;  cf.  Leite  vm  68-69,  gravura  desta  carta. 

15  Carta  de  Roma  de  29  de  Agosto  de  1559,  Fondo  Gesuitico  1540 
[Coll.3  163]:  «Obediências  de  Portugal». 

16  Borgia  IV  397. 


58 


INTRODUÇÃO  GERAL 


Julho  de  1566,  o  P.  Leão  Henriques  ao  P.  Geral.  E  acres- 
centa : 

«Por  aqui  juzgará  V.  P.  quánto  peligro  passan  de  nunca  verias  si  no 
se  embía  más  de  una,  maxime  aviendo  de  correr  toda  la  província,  que 
aunque  no  se  pierda,  quando  acaba  de  dar  la  vuelta  ya  viene  rota  y  muy 
mal  tratada.  Pues  copiarias  aqui  es  cosa  que  parece  impossible  por  la 
muchedumbre  de  copias  que  se  hazen»  17. 

Dá-las  à  estampa  resolveria  em  parte  o  problema.  E  disso 
se  tratava.  Mas,  ao  seleccionarem-se  as  cartas  antigas  des- 
tinadas à  impressão,  revelou-se  o  que  o  mesmo  Provincial 
de  Portugal,  P.  Leão  Henriques,  comunica  ao  Geral  em  1566: 

«Las  primeras  letras  de  la  índia  hasta  el  ano  de  49  se  embiarán  con 
la  primera  comodidad  y  ya  se  están  copiando.  Anse  imprimido  estas 
letras  de  la  índia,  o  parte  delias,  aqui  en  Portugal,  y  en  Castilla,  y  en 
Itália,  y  quiçá  que  en  cada  una  destas  partes  se  quitarían  diversas  cosas 
o  se  corrigirían  de  diverso  modo,  imo  assi  se  hizo;  de  lo  qual  alguna 
persona,  o  más  que  lo  notaron  de  fuera  de  la  Compafiía,  se  desedificó 
y  quedo  con  poco  concepto  destas  letras,  pensando  que  eran  fingidas. 
V.  P.  mirará  en  ello  para  la  nueva  impressión  si  in  Domino  le  pare- 
ciere»  18. 

Advertência  que  devem  ter  presente  os  que  fazem  his- 
tória crítica.  Já  a  advertiram  e  recomendaram  os  escritores 
de  MHSI,  referindo-se  a  Polanco,  que  revia,  emendava  e 
cortava  os  textos.  Wicki: 

«Versiones  vero  quae  ex  testibus  a  P.  Polanco  ortum  habent,  aut 
ab  ipso  sunt  correcta,  caute  adhiberi  debent,  cum  sciamus  qua  libertate 
jpse  textus  originales  et  versiones  resecaverit,  cuius  rei  plurima  exem- 
pla codex  Goa  10  (praeter  alios)  praebet»19. 

Schurhammer  desce  a  casos  concretos  de  cortes  dados 
por  Polanco.   O  P.  Maffei  devia  traduzir  em  latim  a  Carta 


17  ARSI,  Lus.  62,  f.  8ir. 

18  Carta  do  P.  Leão  Henriques  ao  P.  Geral,  de  Lisboa,  23  de  Julho 
de  1566,  Lus.  62,  f.  69V. 

19  Wicki,  DI  1  65*. 


CAP.  III.     EXPANSÃO  DAS  CARTAS   DO  BRASIL 


59 


de  Luís  de  Almeida,  de  25  de  Outubro  de  1565,  em  que  se 
encontra  a  admirável  descrição  dos  celebérrimos  templos 
de  Nara  no  Japão:  Polanco  cortou  ao  texto  português 
4  páginas  e  meia.    E  outros  casos  20. 

Nos  códices  do  Brasil  aquele  em  que  se  patenteiam 
mais  estas  liberdades  do  P.  Polanco  é  Bras.j-i.  O  único 
recurso  que  resta  hoje  ao  historiador  —  cujo  fim  é  a  pes- 
quisa da  verdade  histórica  acima  de  intuitos  de  edificação 
que  justificavam  a  maior  parte  daqueles  cortes  —  o  único 
recurso,  dizemos,  é  utilizar  as  traduções,  tais  como  se  apre- 
sentam, antes  das  emendas;  e,  quando  não  há  originais, 
persuadir-se  de  que  é  sempre  melhor  a  tradução  do  que  a 
tradução  da  tradução.  Nas  versões  antigas,  o  caminho  — 
não  sempre  mas  o  mais  comum  —  foi  este:  original  portu- 
guês —  tradução  espanhola  —  tradução  italiana  —  tradução 
latina. 

A  ideia  da  tradução  latina,  que  surgiu  em  último 
lugar,  partiu  ao  que  parece  do  P.  Jerónimo  Nadal,  que  de 
Innsbruck  a  5  de  Dezembro  de  1562  insiste  com  o  P.  Fran- 
cisco de  Borja  que  se  traduzam  nessa  língua  as  melhores 
cartas  da  índia  e  se  imprimam  para  se  espalharem  na  Ale- 
manha : 

«Quanto  a  lo  demás,  por  el  deseo  que  tengo  tan  grande  que  se 
ayude  Alemana  y  la  Companía  en  ella,  entre  las  otras  cosas,  pense 
mucho  tiempo  ha  que  las  mejores  cartas  de  las  índias,  imo  todas  las 
que  pareciessen  poder  dar  alguna  aedificación,  se  hiziessen  latinas,  y 
se  estampassen.  Esto  procuré  yo  en  tiempo  dei  P.  Maestro  Ignatio 
y  dei  P.  Maestro  Laynez;  y,  pensando  que  se  havia  hecho  mucho, 
he  hallado  agora  no  más  de  dos  o  tres  cartas  hechas  latinas,  y  no 
dei  mejor  estilo  dei  mundo,  y  allá  verdad  me  he  contristado  harto 
dello:  porque  entrando  en  Alemana  pensava  hallar  gran  cosa  delias 
o  todas  y  estamparias,  y  ansí  abieci  animiim  que  por  acá  se  pueda 
hazer,  y  hele  puesto  en  que  esta  versión  se  haga  en  Roma,  la  qual 
podrá  hazer  muy  bien  el  P.  Maestro  Fúlvio,  el  qual  no  perderia  mucho 
que  algún  tiempo  se  desocupasse  para  esto,  teniendo  uno  que  le  escri- 
viesse»  21. 


20  Cf.  Epp.  Xav.  1  7i*-72*. 

21  Nadal  II  172. 


60 


INTRODUÇÃO  GERAL 


A  ideia,  ainda  que  devagar  abriu  caminho.  A  primeira 
impressão,  em  Lovaina,  coincide  com  aquela  carta  do  P.  Leão 
Henriques  de  1566,  seguida  logo  de  Epistolae  Iapanicae 
impressas  na  mesma  cidade  flamenga  em  1569  e  1570 
A  sugestão  de  não  serem  só  as  da  índia  a  imprimir-se 
teve  a  sua  aplicação,  porque  nessas  Epistolae  Iapanicae  se 
incluiu  a  «Informação  das  terras  do  Brasil»  de  Nóbrega, 
traduzida  de  facto  por  Fúlvio  Cárdulo,  nome  que  se  lê 
num  dos  exemplares  da  tradução  latina,  conservada  manus- 
crita na  Biblioteca  Apostólica  Vaticana  23. 

O  efeito  e  estima  geral  destas  cartas  di-lo  Luís  Fróis,  e 
o  contentamento  que  experimentavam  não  apenas  os  da 
Companhia,  mas  também  «o  povo».  O  mesmo,  e  mais  tal- 
vez na  Europa,  onde  as  Cartas  «dellndia  di  Portogallo» 
entravam  nas  casas  da  gente  culta  como  novela  ou  jornal. 
Elas  informavam  sobre  as  novas  terras,  seus  usos  e  costu- 
mes e  mais  particularidades,  e  orientavam  ou,  como  se  dizia, 
edificavam  e  influiam  até  em  vocações  como  a  de  S.  Luís 
Gonzaga  2i.  Tal  procura  e  repercussão  explica  a  publici- 
dade que  tiveram,  na  verdade  extraordinária  no  terceiro 
quartel  do  século  xvi.  Quando  Nóbrega  faleceu  em  1570  a 
sua  «Informação  das  Terras  do  Brasil»  tinha  nada  menos 
que  seis  edições,  traduzida  em  espanhol,  italiano  e  latim. 
E  em  1586  também  se  imprimiu  em  alemão  25. 


22  SCHURHAMMER,  Epp.  XaV.  I  2I9*-220*. 

23  Bibi.  Vaticana,  Barberini  lat.  174S,  ff.  i86r-i89r.  —  Fúlvio  Cár- 
dulo nasceu  em  Narni  (Itália)  em  1526,  entrou  na  Companhia  em  1546, 
estudou  em  Pádua  e  Veneza,  ensinou  Poesia  e  Retórica  em  Roma,  e  aí 
faleceu  em  1591.  Interveio  na  tradução  latina  das  Constituições  da  Com- 
panhia (Epp.  Xav.  1  72 * ;  Sommer vogel  11  744-745). 

24  Leite,  ix  401.  —  Também  as  cartas  de  notícias  e  edificação,  que 
chegavam  ao  Brasil,  eram  estimadas  das  pessoas  de  fora  honradas  e 
discretas  que  as  desejavam  ler;  e  até  as  manuscritas  se  mostravam  ao 
Governador  Mem  de  Sá  e  outras  pessoas  amigas  da  Companhia  (Cartas 
Avulsas,  429). 

25  Cí.  Leite,  «Os  Jesuítas  e  o  primeiro  jornalismo  no  Brasil», 
História  IX  [Apêndice  G]  397-401;  «As  primeiras  cartas  dos  Jesuítas 
do  Brasil  para  o  conhecimento  da  América  (i549-i5Ó2)v,  Studi  Colom- 
biani  11  (Génova  1951)  581-588. 


CAP.  IV.     CÓDICES  MANUSCRITOS 


61 


CAPÍTULO  IV 

CÓDICES  MANUSCRITOS 

Os  escritos  utilizados  neste  i.°  volume  de  Monumenta 
Brasiliae  (Mon.  Bras.  i)  —  autógrafos,  originais,  apógraíos 
ou  versões-íontes  —  conservam-se  nos  Arquivos  de  Roma, 
Lisboa,  Évora,  Rio  de  Janeiro  e  Madrid : 

Roma:  i)  Archivum  Romanum  Societatis  Iesu  (ARS1). 

2)  Biblioteca  Apostólica  Vaticana. 

Lisboa:  i)  Arquivo  Nacional  da  Torre  do  Tombo. 

2)  Biblioteca  da  Ajuda. 

3)  Biblioteca  Nacional. 

Évora:  Biblioteca  Pública  e  Arquivo  Distrital  de  Évora. 
Rio  de  Janeiro:  Biblioteca  Nacional. 

Madrid:  Códice  do  antigo  Colégio  de  Alcalá  (Chamartín). 

Os  documentos  parte  são  de  origem  brasileira  parte  de 
origem  europeia.  Estes  últimos  conservam-se  em  códices 
que  já  foram  descritos,  e  alguns  mais  de  uma  vez,  em 
volumes  anteriores  de  MHSI,  de  acordo  com  a  finalidade 
específica  de  cada  volume.  Nesta  série,  como  é  óbvio,  têm 
primazia  os  códices  do  Brasil.  Mas  também  se  dará  notícia 
sumária  dos  outros,  por  exigência  de  método,  aludindo  aos 
volumes  de  MHSI  em  que  se  descreveram  mais  de  pro- 
pósito. 

Aqui,  descrevem-se  e  apresentam-se  pela  ordem  das 
cidades  acima  indicada. 

i.    Bras.  3-1  (ARSI) 

1.  Titulo:  Na  lombada:  Brasil  /  [letra  moderna  :]  j(i).  Epist.  / 
ijjo-1660.  Na  parte  interna  da  capa  e  letra  moderna  :  Brasil.  j(i ).  Na 
guarda:  Brasília  [letra  mais  moderna:]  Brasil        : EpistolaeJijjo-ij6o. 

2.  Medida:  0,335x0,235.  Capa  de  papelão  e  papel,  lombada  de 
pergaminho  e  cantos  do  mesmo.  Encadernação  ainda  antiga,  mas 
está-se  fazendo  outra  nova. 


62 


INTRODUÇÃO  GERAL 


3.  Paginação  :  Carimbo  moderno,  ao  pé  do  fólio,  ff.  318.  Alguns 
documentos  têm  no  alto  paginação  antiga;  outros,  não. 

4.  Conteúdo  :  178  documentos.  Predominam  as  cartas  de  notícias 
(as  primeiras)  e  cartas  ânuas;  mas,  também,  de  governo,  de  Provinciais 
e  Reitores,  e  outros:  autógrafos,  originais,  apógrafos  e  traduções.  Em 
português,  espanhol,  latim  e  italiano.  De  assuntos  alheios  ao  Brasil  há 
um  grupo  de  sete  cartas  de  Diego  López,  das  Canárias,  1567-1568,  e  às 
quais  se  deu  a  numeração  invariável  de  f.  160a  (são  18  folhas);  e  da 
mesma  maneira  se  procedeu  com  uma  carta  de  Francisco  de  Toledo, 
Governador  do  Peru,  datada  de  Cuzco,  1572,  já  agora  publicada  (Egana, 
Mon.  Peruana  1  [1954]  448-453). 

Todas  as  cartas  de  Jesuítas  do  Brasil  deste  códice,  já  as  mencioná- 
mos, em  1949,  nos  dois  tomos  bibliográficos  da  História  (vm-ix). 

5.  Mon.  Bras.  1 :  Does.  8  9  10  14  18  23  24  25  26  27  28  29  31  33  34  35 
41  42  43  46  48  49  51  52  53  55  56  58  59  60  61  64  65  66  69  73  75. 

2.  Bras.  ii-i  (ARSI) 

1.  Título :  Na  lombada  :  Brasil.  /  Fundat.  j  Colleg.  /  Bahien.  /  // 
[letra  moderna].  Colado  na  parte  interna  da  capa  num  fragmento  da 
capa  antiga:  Brasília  j  Fundationes  j  Coll.  Bahiense.   2  volumes:  1  11. 

2.  Medida:  0,335X0,240.  Capa  moderna  (1929)  de  papelão  e  papel, 
lombada  de  pergaminho  e  cantos  do  mesmo. 

3.  Paginação :  Seguida  nos  dois  volumes,  marcada  com  carimbo 
moderno  ao  pé  do  fólio:  I  (1-250,  com  alguma  numeração  suplementar); 
li  (251-4793). 

4.  Conteúdo:  Contém  documentos  não  apenas  do  Colégio  da  Baía, 
mas  também  das  fundações  (no  sentido  de  base  económica)  de  outros 
Colégios  da  antiga  Província  do  Brasil  e  variadíssimos  assuntos  cone- 
xos com  meios  de  subsistência  durante  os  séculos  xvi  a  xvm.  Em 
português.  Mas  há  alguns  documentos  em  latim  e  espanhol  e  um  em 
flamengo  (sobre  Palmelaert,  de  Gand,  1688- 1689). 

5.  Mon.  Bras.  1 :  Does.  17  40  62. 

3.  Bras.  15  (ARSI) 

1.  Titulo:  Na  lombada  do  i.°  vol. :  Bras.  /  /  Brasiliae  Histo- 
ria j  iS49'IH5  ll  I Z5!  na  lombada  do  segundo  vol. :  Bras.  /  zj  /  Brasi- 
liae I  Historia  j  1576-1599  /  II  /  15. 

Em  1938  ainda  era  um  só  volume  (Leite  i  p.  xxi),  assim  como  em 
1946  (Zubillaga,  Mon.  Ant.  Floridae  92*). 

2.  Medida:  0,345x0.255.  A  encadernação  actual  data  de  1952. 
Encadernação  forte,  capas  de  papelão  e  percalina,  lombada  e  cantos  de 
pergaminho. 


CAP.  IV.     CÓDICES  MANUSCRITOS 


63 


3.  Paginação :  Carimbo  moderno,  ao  pé  do  fólio  ;  ff.  428  (única  e 
seguida  desde  o  princípio  do  I  até  ao  fim  do  11  volume),  como  antes  da 
encadernação. 

4.  Conteúdo:  108  documentos.  Informações,  relações,  cartas  ânuas, 
negócios,  etc.  Autógrafos,  originais,  apógrafos  e  traduções.  Em  portu- 
guês, espanhol,  latim  e  italiano.  Todas  datadas  do  Brasil,  excepto  algu- 
mas referentes  aos  Mártires  do  Brasil  (B.  Inácio  de  Azevedo,  V.  P.  Pero 
Dias),  escritas  na  Ilha  da  Madeira  ou  Colégio  de  S.  Antão  de  Lisboa, 
assim  como  ainda  mais  alguma  de  Portugal  com  assuntos  tocantes  ao 
Brasil. 

De  fora  do  Brasil  há  uma  carta  da  índia  (Manuel  Alvares,  Cochim, 

5.  1.  1562,  ff.  i55r-iÓ4v),  uma  do  Peru  (Sebastião  Amador,  Lima,  1570, 
ff.  20ia-2oidv)  agora  já  publicada  (EgaNA,  Mon.  Peruana  I  336-371) ; 
e  três  de  Flórida,  hoje,  Estados  Unidos  (Antonio  Sedefio,  Guale, 

6.  III.  1570  [duas]  e  14.  V.  1570,  i97a-i97c),  já  também  publicadas  por 
Zubillaga  (op.  cit.J.  Ainda  que  o  título  só  se  refere  ao  século  XVI,  há 
duas  relações  do  Brasil,  do  século  xvn,  de  Ascenso  Gago  e  João  de 
Azevedo  (ff  459^46™,  4Ó3r-466v). 

Todas  as  cartas  de  Jesuítas  do  Brasil,  já  as  mencionámos  nos  dois 
tomos  bibliográficos  da  História  (\TII-1X). 

5.  Mon.  Bras.  I :  Does.  8  10  51. 

4.  Epp.  NN.  JO  (ARSI) 

1.  Titulo :  Moderno :  Epp.  NN.jo.  Antigo :  Epist.  /  Diuers.  /  Prou .  j 
if4j  I  rjf  j  j.  E  ainda  outro  :  Regestum  j  Litterarum  S.  P.  Ignatii  /. 

2.  Medida  :   0,345  X  0,240. 

3.  Paginação  :    Folhas  225  -f-  V. 

4.  Conteúdo  :  Registo  de  cartas  de  Roma  para  as  diversas  partes 
da  Companhia. 

5.  Mon.  Bras.  I :  Does.  70  71  74. 

[Descrito  em  MI  Epp.  1  27-30;  Epp.  Xav.  1  161*]. 

5.  Epp.  NN.  )}  (ARSI) 

1.  Titulo  :  Na  lombada  :  Polancus/ex!commissione  / I / 1546-1556  /. 
Na  capa  interna,  num  rectângulo  antigo  de  carneira  :  Polancvs  j  Episto- 
lae  I S.  P.  Ignatii  / ;  e,  escrito  à  mão,  Epp.  NN.  jj. 

2.  M edida  :  0,306  X  0,240. 

3.  Paginação  :  288  ff.  (carimbo  moderno  ao  pé  do  fólio). 

4.  Conteúdo  :  Rascunhos  e  minutas  de  cartas,  escritas  por  Polanco 
por  comissão  do  P.  Inácio. 

5.  Mon.  Bras.  I  :  Does.  22  68. 


64 


INTRODUÇÃO  GKRAL 


6.  Goa  10-1  (ARSI) 

1.  Titulo:  Na  ombada  :  Goa.  Malab.  Epist.  ij^j-ijóo.  ijij^j-rjjj 

2.  Medida:  0,340X0,240.  Encadernação  moderna  de  1913. 

3.  Paginação:  300  ff. 

4.  Conteúdo:  Cartas  originais,  apógrafos  e  traduções.  Da  índia, 
Japão,  Congo,  Marrocos,  Egipto,  Brasil,  Portugal  e  Espanha. 

5.  Mon.  Bras.  I :  Doe.  8. 

[Este  códice  já  foi  várias  vezes  descrito  em  MHSI:  Epp.  Mixtae  I  602 
(cód.  6),  MI  Epp.  l  40  (cód.  22),  Epp.  Xav.  1  157*  e  DI  1  70*]. 

7.  Hist.  Soe.  ia  (ARSI) 

1.  Titulo:  Na  lombada :  Hist.  Soe.  iajAutogra  '  S.  P.  N.  Igna- 
ciijeljS.  Franc.  Xai 

2.  Medida:  0/     X  0,250. 

3.  Paginaçã  t  ff.  numeradas,  .  pé  do  fólio  com  carimbo 
moderno. 

4.  Conteúdo  :  ±  documentos,  constituídos  por  autógrafos  e  apó- 
grafos do  P.  Iná  j  Loyola  e  seus  primeiros  companheiros  em  par- 
ticular Xavier  (vo  .utógrafo  do  P.  Simão  Rodrigues  para  a  eleição  do 
primeiro  Geral  [Iná  .0  em  i.°  lugar;  em  2.0  lugar  Fabro],  f.  22r). 

5.  Mon.  Bras.  1  :  Doe.  15. 

8.  Hist.  Soe.  ijo-i  (ARSI) 

Titulo:  Na  lombada.  Moderno:  Epist  Ouadritn.  Mixt./ij}j-ijf2. 
Antigo,  num  rectângulo  de  pergaminho  colado  no  interior  da  capa :  Epist. 
OuUdrime y stres., ij 47-5 2.  Em  vez  de  1533,  como  se  lê  na  lombada,  deve- 
ria ser  1543,  que  é  a  data  do  primeiro  documento  (f.  ir-2v). 

2.  Medida:  0,340X0,235.  A  encaderL  .  lo  actual  é  de  1929.  Forte, 
capas  de  papelão  e  percalina,  lombada  e  cau.os  de  pergaminho. 

3.  Paginação :  Carimbo  moderno  ao  pé  do  fólio:  356  ff.  com  alguns 
suplementares. 

4.  Conteúdo:  vuadrimestres  das  diversas  casas  da  Europa,  em 
latiri  ou  nas  respectivas  línguas  do  país  ou  do  remetente.  Autógrafos, 
originais  e  apó^.-áfos. 

5.  Mon.  Bras.  1 :  Doe.  21. 

9.  Inst.  ilja  (ARSI) 

X.  Titulo:  Moderno  [1935]  na  lombada  :  Decreta  /  et  /  Instructionesj 
ijjo-ijjj/ ;  antigo,  colado  num  rectângulo  de  pergaminho:  Decreta  j  et  / 
lnstructi  1 1540-137J  /. 


CAP.  IV.    CÓDICES  MANUSCRITOS 


65 


2.  Medida  :    0,300  X  0,200. 

3.  Paginação  :  Carimbo  moderno  ao  pé  do  fólio  :  312  folhas  e  mais 
49  com  letras  (abe . . . ). 

4.  Conteúdo :  Registo  de  cartas,  decretos,  patentes  e  instru  - 
ções. 

5.  Mon.  Bras.  1 :  Doe.  15. 

10.  Barberini  lat.  1J48  (Bibi.  Vaticana) 

1.  Titulo  :  É  a  própria  cota  :  Barberini  lat.  1748,  e  que  era  antes 
xxix,  92,  t  -inda,  também  antiga,  2855. 

2.  Medida:  0,222X0,130.    Encadernado  em  pergaminho. 

3.  Pagina^  .  197  folhas  numeradas,  com  ™iais  5  ao  princípio  e 
30  no  fim  em  br,  co,  aí  "^locadas  depois  de  190  uando  a  Biblioteca 
.^arberini  se  incorporou  na  ^icana. 

4.  Conteúdo:  Schurh  iR  (Epp.  Xav.  1  .08*)  descreve  o 
conteúdo,  todo  em  latim,  deste  códice  do  século  .1.  Do  Brasil  só 
está  presente  Nóbrega,  traduzido  por  Fúlvio  Cár 

5.  Mon.  Bras.  I :  Does.  8  9. 

11.  Ottoboni  lat.  797  (Bibi.  Vaticana) 

1.  Título  :  Na  lombada  de  pergaminho  :  Ott.  797,  que  vem  a  ser  a 
própria  cota  :  Ottoboni  lat.  797. 

2.  Medida:  0,290X0,230.  Encadernação  em  pergaminho.  .1 

3.  Paginação :  199  ff.,  numeradas  modernamente  a  lápis.  s 

4.  Conteúdo :  Códice  organizado  pelos  anos  de  1548-1554,  por  war- 
celo  Cervini,  Cardeal  de  Santa  Cruz,  depois  Papa  Marcelo  II,  falecido 
em  1555.  Contém,  portan  só  cartas  anteriores  a  esta  data,  cópias  e 
traduções,  provenientes  o  Jas  impressas  até  então  ou  das  que  pedia 
e  lhe  dava  a  Companhia  de  quem  era  amigo. 

5.  Mon.  Bras.  I :  Does.  9  10  14  18  24  25  26  27  28  29  31  33  34  35  42 
43  53  55- 

[Deste  códice  dá-se  minuciosa  descrição,  no  que  toca  à  contextura 
interna  e  aos  estudos  xaverianos,  em  Epp.  Xav.  1  203-  -06*]. 

12.  Arquivo  Nacional  da  Torre  do  Tombo  (Lisboa) 

Quatro  cartas  do  «Corpo  Cronológico»  e  «Gavetas» :  Dr.  Diogo  de 
Gouveia  (17  de  Fevereiro  de  1538),  Dr.  Pero  Borges  (7  de  Fevereiro 
de  1550),  P.  Manuel  da  Nóbrega  (14  de  Setembro  de  1551),  Governador 
Tomé  de  Sousa  (1  de  Junho  de  1553) :  Does.  1  12  37  67. 

5 


66 


INTRODUÇÃO  GERAL 


13.  Cód.  49-IX-36  (Bibi.  da  Ajuda,  Lisboa) 

1.  Titulo  :  «Dõ  Pedro  Mazcarenhas». 
■2.    Medida  :  0,320  X  0,215. 

3.  Paginação  :  ff.  349V.  Códice  encadernado  em  pergaminho  com 
várias  folhas  intermédias  em  branco. 

4.  Conteúdo :  Correspondência  original,  activa  e  passiva,  de 
D.  Pedro  Mascarenhas. 

5.  Mon.  Bras.  I :  Does.  234. 

14.  Cód.  J4f  Col.  Pomb.  (Bibi.  Nacional,  Lisboa) 

x.  Titulo:  Na  lombada  de  couro  vermelho:  Em  cima:  Manus- 
criptos  I  de  muito  /  valor  e  /  estimação ;  no  meio  :  Cartas  /  originaes  de 
S.  I  Ignacio  I  de  Laiola  ;  em  baixo  :  E  de  S.  /  Francisco  f  Xavier. 

2.  Medida:  0,294X0,215. 

3.  Paginação  :  145  folhas  numeradas  e  4  não  numeradas.  Através 
de  todo  o  códice,  muitas  folhas  em  branco. 

4.  Conteúdo  :  Pertenceu  à  antiga  Casa  Professa  de  Goa.  Contém  o 
que  diz  o  título,  Cartas,  Patentes,  etc. ;  e  ainda  uma  carta  de  Simão 
Rodrigues  a  Xavier. 

5.  Mon.  Bras.  1 :  Doe.  68. 

[Profusamente  descrito  em  Epp.  Xav.  1  i8o*-i83*]. 

15.  CVIIl/2-z  (Bibi.  de  Évora) 

1.  Titulo:  Na  lombada:  ;  por  baixo,  num  papelinho  colado: 
Cartas/L."  1.  Dentro  na  folha  5  :  Primeiro/ Tomo  das  Cartas  q/os  Padres 
e  Irmãos/ Da  Companhia  e  ov/tras  pessoas  escreve/rão  de  diversas  par/tes 
de  Evropa  q  dão  no/ticia  de  sev  bom  prin/cipio  e  felice  successo. 

2.  Medida:  0,293x0,209.  Encadernado  em  pergaminho. 

3.  Paginação  :  4  fólios  em  branco  [título],  mais  5  fólios  de  índice 
{não  paginados),  dois  fólios  em  branco,  390  ff.  numerados  e  escritos;  e 
no  fim  4  fólios  não  numerados. 

4.  Conteúdo :  Apógrafos  copiados  com  cuidado  e  bela  letra  do 
século  xvi,  no  Colégio  de  Coimbra,  a  que  pertencia  tanto  este  como 
o  n  tomo  da  mesma  colecção  (Cunha  Rivara,  Catalogo  111  [1871]  132). 

5.  Mon.  Bras.  1 :  Doe.  11. 
[Descreve-se  em  MI  Epp.  I  (1903)  61-62]. 

16.  CXVlji-})  (Bibi.  de  Évora) 

CXVI  ' 
t.    Titulo :     t     ,  e  num  papelinho  colado :  Cousas  do  Brasil. 

Abre  com  o  tratado  «Do  principio  &  origem  dos  índios  do  Brasil  &  de 


CAP.  IV.    CÓDICES  MANUSCRITOS 


67 


seus  costumes,  adorações  &  cerimonias»  [de  Fernão  Cardim] ;  e  fecha 
com  o  «Dialago  do  Padre  Nobriga  sobre  a  Conversão  do  Gentio». 

2.  Medida  :    0,200  X  0,142. 

3.  Paginação  :  215  ff.,  com  algumas  em  branco.  Encadernado  em 
pergaminho. 

4.  Conteiído  :  Todo  sobre  assuntos  da  Companhia  nos  primeiros 
tempos  no  Brasil  (e  algum  documento  de  Angola).  Miscelânea  organi- 
zada nos  fins  do  século  XVI.  Escritos  de  Nóbrega,  Anchieta,  Cardim, 
Inácio  Tolosa,  Luís  de  Molina,  Fernão  Pérez.  Gaspar  Gonçalves,  Martin 
de  Azpilcueta  Navarro,  Baltasar  Barreira.  Cópias,  mas  parece  que  há 
algum  autógrafo  de  Fernão  Cardim,  provável  organizador  desta  opu- 
lenta miscelânea. 

5.  Mon.  Br  as.  1 :  Does.  45  47  48  53  54. 

17.   Códice  de  São  Roque  (Bibi.  Nacional,  Rio  de  Janeiro) 

Notícia:  Tira-se  da  notícia  [de  Vale  Cabral],  que  acompanha  o 
verbete  n.°  7  do  Catalogo  dos  Manuscriptos,  que  este  códice  pertenceu 
à  Casa  Professa  de  São  Roque  da  Companhia  de  Jesus  em  Lisboa,  e 
que  depois  de  1759  «passou  Officialmente  para  o  poder  de  Pessoa  de 
respeito  pelo  seu  saber  e  pelos  Cargos».  O  possuidor  do  códice,  Diogo 
de  Toledo  Lara  Ordônhez,  ofereceu-o  a  Tomás  António  de  Vila-Nova 
Portugal,  em  carta  do  Rio  de  Janeiro,  1  de  Fevereiro  1820;  e  deu 
entrada  na  Biblioteca  Régia,  hoje  Biblioteca  Nacional,  da  mesma 
cidade,  a  24  de  Março  de  1821  {Catalogo  dos  Manuscriptos  25,  36). 
O  antigo  códice  de  São  Roque  é  considerado  um  dos  cimélios  dessa 
Biblioteca.  Dá  a  razão  o  mesmo  Vale  Cabral,  referindo-se  em  parti- 
cular às  cartas  de  Nóbrega  e  de  Anchieta:  «Tudo  o  que  possuímos 
quer  impresso,  quer  inédito,  em  qualquer  língua  que  seja,  de  Nóbrega, 
o  Apóstolo  do  Novo  Mundo,  e  de  Anchieta,  o  Taumaturgo  do  Brasil,  nos 
é  e  será  sempre  caro,  e  devemos  conservar  como  relíquias  preciosas  de 
dous  grandes  vultos  da  história  da  civilização  de  nossa  pátria»  (ib.  25). 

1.  Titulo:  Cota  actual:  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro, 
i-5i  2.  38-  Antiga  :  LXXVll/6-22 ;  e  outra  ainda,  manuscrita,  numa  página 
ao  princípio  do  códice  :  «Arm.  46-7-27».  Com  os  seguintes  dizeres  :  «Car- 
tas /dos  /  Jesuítas  /  Contem  este  Manuscripto  da  Bibliotheca  /  Nacional 
e  Publica  da  Corte  —226  folhas  /  Dr.  José  de  Assis  Alves  Br.c°  Moniz 
Barreto,  /  Bibliotecário  Publico». 

Outro  título  também  moderno :  Cartas  dos  Padres  da  Companhia 
de  Jesus  sobre  o  Brasil  desde  o  anno  de  1549  até  ao  de  zj68  (Catalogo 
dos  Manuscriptos  16). 

2.  Medida:  0,260X0,150  [Catalogo  16]. 

3.  Paginação  :  226  ff. 

4.  Conteúdo:  73  cartas,  segundo  o  Catalogo  ;  mas  algumas  incluem 
outras,  e  contamos  78.  Informações  e  cartas  de  Nóbrega  e  dos  seus  pri- 
meiros companheiros  em  cópia  ou  retroversão  das  que  já  tinham  sido 


68 


INTRODUÇÃO  GERAL 


impressas  em  espanhol  ou  italiano;  e  cópias  de  outras  não  impressas 
até  ao  momento  de  se  organizar  o  códice  entre  1560  e  1565,  até  onde 
leva  ordem  cronológica,  com  uma  ou  outra  rara  excepção.  Aí  se  acres- 
centaram algumas,  de  datas  precedentes,  entre  as  quais  as  duas  últimas, 
que  não  são  do  Brasil,  a  carta  de  Agostinho  de  Lacerda,  de  S.  Tomé, 
18  de  Fevereiro  de  1560,  e  a  de  António  Mendes,  de  Lisboa  9  de  Maio 
de  1563,  que  tinha  voltado  de  Angola  (ff.  215^224^.  Ao  organizar-se  o 
códice  meteu-se  na  devida  ordem  cronológica,  a  carta  de  Nóbrega  a 
Tomé  de  Sousa,  de  5  de  Julho  de  1559,  que  por  ser  original  é  o 
documento  mais  precioso  de  todo  ele.  As  cartas  do  Brasil  deste 
códice,  parte  já  tinham  sido  publicadas  no  século  XVI,  e  todas  foram 
modernamente  recolhidas  nos  três  volumes  de  Cartas  Jesuíticas.  As 
duas  referentes  a  Angola,  também  o  foram  já  por  António  Brásio, 
Mon.  Africana,  11  (Lisboa  1953)  451-458,  495-512. 

5.  Mon.  Bras.  1 :  Does.  5  6  7  8  18  23  24  25  26  27  28  3T  33  34  35  36 
41  42  43  44. 

18.  Livros  de  Registo  (Bibi.  Nacional,  Rio  de  Janeiro) 

a)  Copia  do  Livro  1  do  Registo  de  Provimentos  Seculares  e  Ecclt- 
siasticos  da  Cidade  da  Bahia  e  Terras  do  Brasil  (1549-1571)  Feita  por 
determinação  do  Illm.»  e  Exm.°  Sr.  D.  Fernando  José  de  Portugal  Gover- 
nador e  Capitam  General  da  Capitania  da  Bahia.  Anno  de  1800.  Biblio- 
teca Nacional  do  Rio  de  Janeiro,  cód.  I-I,  16,  x. 

[Publ.  em  Documentos  Históricos  xxxv  (1937)  1-458;  xxxvi  (1937) 
3-198]. 

Mon.  Bras.  1:  Doe.  19. 

b)  Copia  do  Livro  l  das  Provisões  e  Mandados  de  pagamento 
Bibi.  Nac.  do  Rio  de  Janeiro,  cód.  1-19,  7,  2. 

[Publ.  em  Documentos  Históricos  xm  (1929)  37-494 ;  xiv  (1929)  3-470 ; 
repetidos:  xxxvi  (1937)  199-439;  xxxvn  (1937)  1-434;  xxxvm  (1937)  1-287]. 
Mon.  Bras.  I :  Does.  13  20  30  32  38  39  50  57. 

Estes  dois  códices  são  os  Livros  de  Registo  autênticos,  mandados 
copiar,  ainda  durante  o  regime  português,  por  D.  Fernando  José  de  Por- 
tugal, mais  tarde  Marquês  de  Aguiar  e  Ministro  de  D.  João  VI  no  Bra- 
sil. Conservavam-se  na  Delegacia  Fiscal  da  Bala  e  foram  recolhidos  na 
Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  pelo  Chefe  da  secção  de  manus- 
critos Alfredo  do  Vale  Cabral,  diz  M.  Behring  em  nota  explicativa  ao 
vol.  xm  dos  Documentos  Históricos  (p.  3-4). 

19.  Varia  Historia  Hl  (Alcalá-Madrid) 

1.  Titulo  ;  Na  lombada  :  Antigo  :  Hist.  Soe.  extra  Europam.  /  /"*  j. 
Moderno,  colado  também  na  lombada :  Varia  Histor[ia]  /  [ex]tra  Euro- 


CAP.  V.    EDIÇÕES  DAS  PRIMEIRAS  CARTAS  DO  BRASIL  69 


p[am].  Tomo  [).0].  Dentro  na  2.a  folha,  não  numerada,  em  letras  maiús- 
culas: Varia  /  Histo  ria  Rerum  /  a  Societate  j  Gestarum  /  Extra  /  Evro- 
pam  I  To.  j"s. 

2.  Medida :  0,321x0.222.  Encadernação  em  pergaminho.  O  códice 
foi  organizado  pelos  anos  de  1594-1595. 

3.  Paginação :  Fólios  numerados:  727;  e  mais  7  não  numerados 
no  princípio  e  4  no  fim. 

4.  Conteúdo:  Cópia  de  cartas  das  Missões  Portuguesas  chegadas 
a  Alcalá,  através  de  Coimbra  ;  e  também  das  Missões  Espanholas.  Con- 
tém algumas  do  Brasil  mais  tardias,  sem  excluir  o  P.  Luís  da  Fonseca, 
falecido  em  Madrid  em  1594  no  tempo  exactamente  em  que  se  organi- 
zava o  códice  (Leite  viu  254). 

5.  Mon.  Bras.  I :  Doe.  8. 

[Deste  antigo  códice  de  Alcalá,  que  actualmente  se  conserva  em 
Chamartín  (Madrid),  faz-se  larga  descrição  no  que  toca  à  contextura 
interna  e  aos  estudos  xaverianos,  em  Epp.  Xav.  I  I73*-I75*]. 

CAPÍTULO  V 

EDIÇÕES  DAS  PRIMEIRAS  CARTAS 
DO  BRASIL 

Dá-se  notícia  das  obras,  que  contêm  cartas,  incluídas 
neste  volume,  quer  sejam  colecções  gerais,  quer  colecções 
particulares,  quer  ainda  outras  obras  ou  revistas  modernas 
que  as  publiquem  de  primeira  mão.  Não  se  entende,  como 
é  norma  de  Monumenta  Histórica  S.  I.,  mencionar  jornais 
nem  ainda  toda  e  qualquer  publicação  moderna,  que  insira 
algum  documento  isolado  e  de  segunda  mão. 

1.    Copia  ijji. 

COPIA  DE  VNAS  CARTAS  EM  /  biadas  dei  Brasil  por  el  padre 
Nóbrega  dela  /  companhia  [sic]  de  Jesus  :  y  otros  padres  que  /  estan 
debaxo  de  su  obediêcia  :  al  padre/maestre  Simon  preposito  de  la  di-/cha 
compaiíia  [sic]  en  Portugal:  y/a  los  padres  y  hermanos/de  Jesus  de 
Co- /  imbra.  /  Tresladadas  de  Português  en  Castellano  /  Recebidas  el 
ano  de/M.D.LI./ 

Sem  ano,  lugar,  nem  nome  de  impressor.  São  14  fólios  não  nume- 
rados [letras:  A  ij,  A  iij,  A  iiij,  A  v].  Impressa  ao  mesmo  tempo 
que  «Copia  de  unas  car  /  tas  dei  padre  mestre  Frãcisco,  y  dei  padre/ 


70 


INTRODUÇÃO  GERAL 


M.  Gaspar,  y  otros  padres  dela  compania  /  de  Iesu,  que  escriuieron  de 
la  índia  a  los  /  hermanos  dei  colégio  de  Iesus,  de  Coimbra-  /bra.  Tres- 
ladadas  de  Português  en  Caste-  /  llano.  Recebidas  el  ano  de  M.D.lj.» /. 
que  sairam  em  Coimbra  na  tipografia  de  João  Barreira  e  João  Álvares 
(Epp.  Xav.  i  215*).  Pode-se  ver  o  frontispício  da  Copia,  encimado  pelo 
Galeão  das  Quinas  Portuguesas,  em  Leite  vm  p.  iv/v. 

Pela  impressão  de  Coimbra  se  fez  a  de  Roma,  de  Avisi  1JJ2,  cujo 
prefácio  tem  a  data  de  3  de  Julho  de  1552.  Portanto,  a  Ccpia  de  Coim- 
bra é  anterior  a  esta  data  ;  e  depois  de  1  de  Dezembro  de  1551.  dia  em 
que  da  mesma  cidade  de  Coimbra  escreve  Manuel  Leite  ao  P.  Inácio 
de  Loyola :  «Del  Brasil  tenemos  buenas  nuevas ;  esperamos  de  las 
imprimir;  como  fueren  impresas,  las  enviaremos  á  V.a  R.%  (Litterae 
Ouadritnestres  I  [1894]  451). 

Contém  a  tradução  castelhana  de  seis  cartas  :  1.  de  Nóbrega  (Infor- 
maciôn  de  las  partes  dei  Brasil) ;  2.  de  António  Pires  ;  3.  de  Nóbrega 
(11  de  Agosto  de  1551) ;  4.  de  Afonso  Brás  ;  5.  de  João  de  Azpilcueta  ; 
6.  de  Leonardo  Nunes. 

Deste  mais  antigo  monumento  bibliográfico  S.  I.  da  América  só 
temos  conhecimento  do  exemplar  da  Biblioteca  Nacional  de  Lisboa 
{Reservados  842  P). 

2.  Avisi  IJJ2. 

AVISI  /  PARTICOLARI  delle  /  Indie  di  Portugallo  /  Riceuuti  in 
questi  doi  anni  dei  .1551.  &  /  1552  da  li  Reuerêdi  Padri  de  la  copa 
gnia  de  Iesu  /  doue  fra  molte  cose  /  mirabili  si  uede  delli  Paesi,  dei 
le  genti,  &  costumi  loro  &  la  grande  cõuersioue  [sic]  di  /  molti  populi. 
che  co-  minciano  a  riceuere  /  il  lume  delia  sãta  fede  /  &  /  Relligione 
Christiana.  /  In  Roma  per  Valério  Dorico  &  Luigi  /  Fratelli  Bressani 
Alie  spese  de  M.  /  Batista  di  Rosi  Genouese  .1552. 

Como  se  disse  no  n.  1,  o  prefácio  é  datado  de  Roma,  3  de  Julho 
de  1552.  O  vol.  tem  duas  partes,  mas  de  paginação  seguida  :  317  pági- 
nas. A  segunda  contém  só  cartas  do  Oriente ;  a  primeira  parte,  do 
Oriente,  África  e  Brasil.  Do  Brasil  são  as  mesmas  seis  da  Copia 
de  1551,  traduzidas  em  italiano,  e  mais  uma  de  Nóbrega,  colocada  antes 
das  outras,  a  de  10  de  Agosto  de  1549.  Há  exemplares  na  Biblioteca 
Vaticana  e  na  dos  Bollandistas,  de  Bruxelas  ;  e  desta  última  se  tirou  a 
fotocópia  existente  no  Arquivo  da  Província  de  Portugal. 

3.  Novi  Avisi  ij j j. 

NOVI  AVISI  DI  PIV  LO- /CHI  DE  L'INDIA  ET  MASSLME 
de  Brasil  riceuuti  qttesfanno  dei  .M.D.LIII.  doue  chiaramente  si  puo 


CAP.  V.    EDIÇÕES  DAS  PRIMEIRAS  CARTAS  DO  BRASIL 


71 


intendere  la  con- /  uersione  di  molte  pcrsone  etiam  molto  /  principali  nelle 
terra  già  sco-jperte  &  nõ  minor  s'  aspetta  Inell'  altre  che  si  han/de  scoprir 
&jla  mutatione  grande  che  fanno  de  la  lor  vita  dil  che/n'han  conseguito 
oltra  la  ciuilta  &  politia  dijcostumi  ehe  Dio  operi  al  presenti  eui-/denli 
segni  &  miracoli/in  loro. /[No  fim :]  In  Roma  per  Antonio  Blado  Stam- 
patorel Apostólico  Ne/  M.D.LI1I.  Ad/lnstantia  de  Messer  Battista/Genouese 
de  Rossi./ 

Consta  de  27  folhas  não  paginadas,  com  a  tradução  de  oito  cartas 
do  Brasil  (além  de  três  pequenos  excertos)  e  três  das  índias  Orientais. 
Ao  todo  14  documentos,  por  esta  ordem  material  (não  indicada  no  livro 
por  números) :  1-2  (Oriente)  3-13  (Brasil)  14  (Oriente).  A  ordem  deles 
não  corresponde  à  cronologia.  Os  do  Brasil  entram  todos  no  presente 
volume;  e  ordenados  cronologicamente  dão  a  seguinte  correspondência: 


Novi  Avisi      Mon.  Bras.  I         Novi  Avisi      Mon.  Bras.  1 

3  48  9  27 

4  53  10  25 

5  42  11  24 

6  43  12  29 

7  55  13  28 

8  26 


Há  um  exemplar  de  Novi  Avisi  no  Instituto  anexo  à  Igreja  Nacio- 
nal de  Espanha  em  Roma,  Via  Giulia  151  (antes,  na  Embaixada  da  mesma 
nação). 

4.    Diversi  Avisi  ijyç. 

D1VERSI  AVISI  /  PARTICOLARI  DALL'INDIE  /  di  Portogallo 
riceuuti  daWanno  i/ji.  /  sino  al  ijj8.  dalli  Reuerendi  padri  /  delia  Com- 
pagnia  di  GIESV.  /  DOVE  S'INTENDE  DELLI  PAESI,  /  delle  genti, 
&  costumi  loro,  &  la  grande  con-/uersione  di  molti  popoli,  che  hanno 
ri-/ceuuto  il  lume  de  la  santa  fede.  &  /  religione  Christiana.  /  Tradottt 
nonamente  dalla  lingua  Spagnuola  nella  Italiana.  /  Col  Priuilegio  dei 
Sommo  Ponte/ice,  &  dcWIlla-jstrissimo  Senato  Veneto  per  anni  XV.' 

Na  Biblioteca  dos  Bollandistas  de  Bruxelas,  há  duas  edições  do 
mesmo  ano,  uma  anterior  à  morte  do  Papa  Júlio  III,  outra  depois  da 
eleição  de  Pio  IV.  São  idênticas  entre  si,  excepto  nas  diferenças 
seguintes  : 

i.a  Edição : 
á)  Sibila. 

b)    Licença  de  «Iulius  Papa  III»  [-J-  18-VIII-1559]. 


72 


INTRODUÇÃO  GERAL 


c)  Privilégio:  não  tem  a  palavra  gallico  [infra  c]. 

d)  Depois  do  Privilégio  e  do  Placet  i  tem  «a  tergo»  sete  linhas 
assinadas  por  «Mathurinus  Magister  Cursorum». 

e)  Apêndice  de  NVOVI  AVISI  /  DELL'INDIE  DI  PORTO-/ 
gallo,  riceuuti  dalli  Reuerendi  Padri  /  delia  compagnia  di 
Giesit,  tra-jdotti  dalla  língua  Spagnuo  /  la  neli 'Italiana.  / 
MDLIX.  No  fim  deste  Apêndice:  In  Venesia  per  Michele 
Tramezzino.  /  MDLIX.  / 

2.a  Edição : 

á)    Sibila  diversa. 

b)  Licença  de  «Pius  Papa  IIII». 

c)  Privilégio  «...ipsa  italice  tam  ex  latino,  gallico  et  his- 
pânico». 

d)  Não  tem  as  7  linhas  de  «Mathurinus». 

e)  Não  tem  o  Apêndice,  nem,  portanto,  a  data  de  impressão 
que  nele  se  lê. 

O  livro  abre  com  8  folhas  não  numeradas;  e  na  primeira  edição  a 
paginação  padece  um  recuo:  Depois  da  f.  280  segue-se  273  [=281]  e  a 
última  é  286V  [294V].  O  Apêndice  (Nuovi  Avisi)  não  tem  nenhuma 
carta  do  Brasil.  Diversi  Avisi  contém  22  do  Brasil,  todas  traduzidas 
em  italiano,  entre  as  quais  as  cartas  do  presente  volume,  n.os  8  9  10  18 
24  25  26  27  28  29  33  34  35  42  43  48  53  55. 

Edição  de  1565:  Fez-se  outra  edição  de  Diversi  Avisi  no  fim  .da 
qual  [f.  294V]  se  lê:  In  Venetia  per  Michele  Tramezzino  /  M.DLXV. 
Não  traz  a  licença  de  Júlio  III,  mas  a  de  Pio  IV.  E  no  índice  do  começo 
do  livro,  há  um  salto  da  f.  137  para  a  f.  161,  que  eliminou  desse  índice 
os  autores  das  cartas  aí  compreendidas,  entre  as  quais  uma  de  Nóbrega 
e  outra  de  Xavier.  Há  um  exemplar  na  Cúria  Generalícia  S.  I.  de 
Roma. 

5.     NvOVÍ  AvÍSÍ  IJÓ2. 

NVOVI  AVISI  DELL/INDIE  DI  /  PORTOGALLO,  /  Riceuuti  dalli 
Reuerendi  Padri  delia  compa-  gnia  di  Giesu,  tradotti  dalla  lingua  / 
Spagnuola  nell'Italiana,  Terza  parte. /Col  priuilegio  dei  Sommo  Pon- 
tefice,  &  deirillustrissimo  Senato  Veneto  per  anni  XX./  [No  fim:]  In 
Venetia  per  Michele  Tramezzino.  /  MDLXII.  / 

In  8.°  Com  8  folhas  não  numeradas  e  316  numeradas. 
Contém  50  cartas,  dez  das  quais  do  Brasil:  de  1550,  duas;  as  outras 
de  1558-1560.  Aquelas  duas:  cartas  10  e  14. 

Há  um  exemplar  na  Cúria  Generalícia  de  Roma. 


CAP.  V.    EDIÇÕES  DAS  PRIMEIRAS  CARTAS  DO  BRASIL 


73 


6.  Epistolae  Iapanicae  rjóp. 

EPISTOLAE  /  IAPANICAE,  DE  MVLTORUM  GENTI-  /  Hum 
in  varijs  insulis  ad  Christi  fidem  per  Societatis  nomi-  j  nis  Iesti  Theo- 
logos  conuersione.  /  In  quibus  etiam  mores,  leges,  locorumque  situs, 
lucu-  /  lenter  descri-  /  buntur.  LOVANII,  /  Apud  Rutgerum  Velpittm,/ 
Sub  Castro  Angélico  /  Cum  Priuilegio  Régio   Ad  4.  Annos.  /  íjóp./ 

Contém  18  cartas  traduzidas  em  latim.  Do  Brasil,  uma,  que  ter- 
mina: «Ex  urbe  Salvatore  An.  1552».  Mas  é  a  «Informação  das  Terras 
do  Brasil»  (1549),  de  Nóbrega.  Vimos  o  exemplar  do  Instituto  Espanhol 
de  Roma  (Via  Giulia  151).  Há  outra  edição  de  Epistolae  Iapanicae,  1570, 
onde  saiu  a  mesma  carta  (Streit  11  352-353;  IV  245  n.  936). 

7.  Gòtz  i;86. 

Kurtze  Verzeichnuss /Und  Historische  /  Beschreibung  deren  Din- 
gen,  /so  von  der  Societet  Iesv  in  Orient,  /  von  dem  Jar  nach  Christi 
Geburt,  / 1542.  biss  auff  das  1568.  ge-,  handlet  worden  ;  /  Erstlich  /  Durch 
loannem  Petrum  Maf- feium,  auss  Portugalesischer  sprach  /  in  Latein, 
vnd  jetzo  neben  etlichen  Ja-  ponischen  Sendtschreiben,  vom  Jar  1548. 
biss  auff  1555.  allen  frommen  Katholischen  zu  /  Lieb  vnd  Trost  ins 
Teutsch  gebracht,  /  vnnd  zum  ersten  mal  an  /  Tag  geben  :  /  Durch  wey- 
landt  den  Hochgelehrten  /  Herrn  Joannem  Georgium  GõtzeD,  bey-/der 
Rechten  Doctorn,  auch  Fúrstlichen  /  Bischofflichen  Constantzischen 
Rath  /  vnnd  Secretariei],  /  &c.  /  Mit  Rõm.  Kay.  May.  Gnad  vnd  Freyheit./ 
Gedruckt  zu  Ingolstadt,  durch  ,  Dauid  Sartorium.  /  Ano  M.D.LXXXVI./ 

Streit  iv  273-274  diz  quais  são  as  cartas  traduzidas  em  alemão 
nesta  «Breve  Lista».  Do  Brasil  há  uma  :  «n.  15  Dess  Ehrwiirdigen 
Vatters  Emanuelis  Nobregae  auss  der  neuen  Stadt  in  Brasília  Sanct 
Salvator  gennant.  Sanct  Salvator  im  1550.  Jar»  ( pp.  328-342).  Vendo  o 
ano,  assim  expresso,  Streit  incluiu-a  no  título  da  carta  de  Nóbrega, 
de  Porto  Seguro,  6  de  Janeiro  de  1550  (li  332  n.  1206).  Mas  trata-se  da 
«Informação  das  Terras  do  Brasil»  (1549);  e  o  título  completo  é:  «Die 
vierzehend  Epistel,  Dess  Ehrwiirdigen  Vatters  Emanuelis  Nobregae, 
auss  der  newen  Stadt  in  Brasília  Sanct  Saluator  genannt,  an  den  Gene- 
ral Obersten  der  Societet  Iesv,  und  seine  Brúder  in  Europa  wohnend 
geschriben»  (p.  328).  O  vol.  tem  duas  partes  distintas  com  paginação 
separada,  e  ambas  constam  do  índice  preliminar.  A  Informação  de 
Nóbrega  está  na  segunda  parte,  a  qual  toda  leva  a  cabeça  geral  «Japo- 
nische  Sendbrief»,  dependente  da  de  «Epistolae  Japanice»  de  1569  (n.  6). 
Os  nomes  indígenas  mantêm  a  forma  da  tradução  italiana  «Goyanazzi», 
<vCarij»,  «Tupinambi»,  «Tupenici»  [Tupenechi]. 


74 


INTRODUÇÃO  GERAI. 


i  ex.  na  Bibi.  de  Fulda  (Landesbibliothek,  Theo  Gg  2/50);  3  ex.  em 
Munique  (Staatsbibliothek,  Jes.  570-572).  Agradecemos  ao  Director  da 
Bibi.  de  Fulda  as  informações  epistolares  que  nos  prestou  e  ao  Direc- 
tor da  Bibi.  de  Munique  o  envio  dos  três  próprios  exemplares  que 
pudemos  examinar  directamente. 

8.  Franco  iji 9. 

IMAGEM /DA  /  VIRTUDE  /  em  o  Noviciado  da  Companhia,  de 
JESUS /no  Real  Collegio  de  /Jesus  de  Coimbra  /em  Portugal/  Na  qual 
se  contem  as  vidas,  &■  saneias  mortes  /  de  muitos  homens  de  grande  Vir- 
tude, que  na-jquella  Sancta  casa  se  criaram.  /  Offerecida  à  /  Senhora  da  , 
VICTORIA.  /  Padroeira  do  mesmo  Noviciado.  /  Pello  P.  Antonio  Franco 
da  Companhia  de  JESUS  /  Primeiro  Tomo  /  Évora,  /  Com  as  licenças 
necessárias  na  Officina  da  Universidade.   Anno  de  1719.  / 

IMAGEM  /  DA  /  VIRTUDE  /  Em  o  Noviciado  da  Companhia  /  de  / 
JESUS  /  no  Real  Collegio  de  Jesus  /  de  Coimbra,  /  na  qual  se  contem 
as  vidas,  e  vir- jtudes  de  muytos  Religiosos,  que  nesta  Santa  Casa  for aõ  l 
Noviços,  j Offerecida /á  Senhora  / da /VICTORIA,  /  Padroeira  do  mesmo 
Noviciado,  /  pelo  P.  Antonio  Franco  /  Da  Companhia  de  Jesus.  /  Segundo 
Tomo  /  Coimbra,  /  No  Real  Collegio  das  Artes  da  Companhia  de  Jesus 
Anno  1719.  Com  todas  as  licenças  necessárias.  / 

Franco  no  Segundo  Tomo  conservou-nos  excertos  das  cartas  5  26 

e  33- 

9.  Silva  Lisboa  i8jj. 

Annaes  do  Rio  de  Janeiro,  contendo  a  descuberta  e  conquista  d'este 
pais,  a  fundação  da  cidade,  com  a  historia  civil  e  ecclesiastica  até  á  che- 
gada d'elRey  D.  João  VI ;  alem  de  noticias  topographicas,  soologicas  e 
botânicas.  7  vols.  Rio  de  Janeiro  1834-1835. 

Contém,  no  vol.  VI  (1835),  a  «Informação  das  Terras  do  Brasil» 
(1549)  de  Nóbrega  :  carta  n.  9. 

10.  Revista  1840-1880. 

Revista  do  Instituto  Histórico  c  Geográfico  Brasileiro.  227  vols. 
Rio  de  Janeiro  1839-1955. 

Chamou-se  a  principio  Revista  Trimestral,  mas  depois  fixou-se 
naquele  titulo,  adoptado  para  as  referências  ulteriores,  e  assim  o  faz  o 


CAP.  V.    EDIÇÕES  DAS  PRIMEIRAS  CARTAS  DO  BRASIL 


75 


«índice  Analytico  da  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasi- 
leiro» (Tomos  i  a  84)  1839  a  1918.  Rio  de  Janeiro  1927. 

Contém,  em  diversos  volumes,  as  cartas  n.os  5  6  7  9  31  33  34  37  45 
47  48  54- 

11.  Inocêncio  186 j. 

Chronica  da  Companhia  de  Jesu  do  Estado  do  Brasil.  Do  P.  Simão 
de  Vasconcelos.  Segunda  edição  correcta  e  augmentada.  2  vols.  Lis- 
boa 1865. 

O  nome  do  Editor  Inocêncio  Francisco  da  Silva  não  vem  expresso 
no  frontispício,  mas  assina  o  Prefácio.  No  Diccionario  Bibliographico 
Português  vil  (1862)  dera  antes  o  título  completo  da  Chronica  de  Simão 
de  Vasconcelos,  que  nesta  reedição  não  vem  íntegro,  suprimindo  nele 
a  frase  :  «em  quanto  alli  trabalhou  o  Padre  Manoel  da  Nóbrega,  com  sua 
vida  &  morte  digna  de  memoria».  Deve  ter  caído  na  conta  da  irregular 
omissão,  e  no  fim  do  11  vol.  inseriu  sete  cartas  de  Nóbrega,  prece- 
dendo-as  desta  nota:  «Como  documentos  comprobativos  preciosos  e 
interessantes  por  mais  de  hum  respeito,  pareceu  conveniente  enrique- 
cer a  presente  edição  com  as  seguintes  cartas  escriptas  do  Brasil  pelo 
Padre  Manoel  da  Nóbrega,  zeloso  e  incansável  obreiro  da  vinha  do 
Senhor,  e  cujos  trabalhos  apostólicos  figuram  tão  notavelmente  n'esta 
Chronica.  Para  aqui  as  trasladamos,  transcrevendo-as  de  diversos  volu- 
mes da  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geographico  do  Brasil,  onde 
foram  publicadas  pela  primeira  vez,  copiadas  dos  respectivos  originaes, 
que  se  conservam  nos  Archivos  de  Lisboa  e  Rio  de  Janeiro».  E  publi- 
cou-as  por  esta  ordem  :  1  (Carta  de  10  de  Abril  de  1549),  11  (9  de  Agosto 
de  1549),  in  (15  de  Abril  de  1549),  IV  (Informação  das  Terras  do  Brasil, 
de  1549),  v  (14  de  Setembro  de  1551),  vi  (11  de  Agosto  de  1551,  incom- 
pleta), vil  (1  de  Junho  de  1560),  as  quais  todas  entram  neste  volume 
excepto  a  última. 

12.  Cartas  de  San  Ignacio  1877. 

Cartas  de  San  Ignacio  de  Loyola,  Fundador  de  la  Compartia  de 
Jesus.  6  vols.  Madrid  1874-1879. 

O  tomo  iii  (1877)  traz  o  texto  espanhol  da  carta  de  Nóbrega,  de 
10  de  Agosto  de  1549.  É  a  8.a ;  e,  além  dela,  as  cartas  n.05  15  16 
22  71. 


76 


INTRODUÇÃO  GERAL 


13.  Vale  Cabral  1886. 

Cartas  do  Brasil  do  Padre  Manoel  da  Nóbrega  (ijjp-rjóo).  Rio  de 
Janeiro  [Imprensa  Nacional]  1886. 

Contém  todos  os  escritos  de  Nóbrega,  conhecidos  do  Editor,  excepto 
o  que  não  são  cartas  [o  «Diálogo»  e  o  «Caso  de  Consciência»].  E,  entre 
elas,  as  seguintes  treze  neste  volume:  n.os  5  6  7  8  9  10  33  36  37  45  47 
48  54- 

14.  Cartas  Avulsas  i88j. 

CARTAS  JESUÍTICAS  III-IV.  Cartas  Avulsas  (tjjo-tj68J.  Rio 
de  Janeiro  [Imprensa  Nacional]  1887. 

Saiu  sem  introdução  nem  notas,  que  devia  fazer  Vale  Cabral  e  não 
fez  por  doença.  A  preparação  antecedente  e  a  revisão  final  devem-se 
a  Capistrano  de  Abreu  (cf.  José  Honório  Rodrigues,  Alfredo  do  Valle 
Cabral  i8ji-/8p4,  in  Anais  da  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  73 
[1954]  22-24).  Contém  63  cartas  dos  primeiros  Jesuítas  do  Brasil,  excepto 
Nóbrega  e  Anchieta,  cada  qual  com  volumes  próprios.  Mas  o  facto  de 
não  ter  introdução  nem  notas  fez  que  o  livro  quase  não  entrasse  no 
comércio;  e  a  maior  parte  dele  desapareceu  no  incêndio  da  Imprensa 
Nacional.  Fazemos  as  referências  pela  edição  efectiva,  com  introdução 
e  notas,  de  Afrânio  Peixoto  (1931),  infra  n.  16. 

15.  Academia  Brasileira  1931. 

CARTAS  JESUÍTICAS  I.  Manoel  da  Nóbrega.  Cartas  do  Brasil 
/j4P-ij6o.  Nota  Preliminar  de  Afrânio  Peixoto.  Prefácio  de  Vale 
Cabral.  Notas  de  Vale  Cabral  e  Rodolfo  Garcia.  No  fim :  Esclareci- 
mentos. [=  Biblioteca  de  Cultura  Nacional.  (Publicações  da  Acade- 
mia Brasileira  de  Letras)  11  História].  Englobado  em  1931  na  Colecção 
Afrânio  Peixoto  da  mesma  Academia,  Rio  de  Janeiro. 

Contém  as  mesmas  cartas  da  i.a  edição  de  1886  e  mais,  no  fim,  o 
«Dialogo  do  Padre  Nóbrega  sobre  a  Conversão  do  Gentio»,  que  não  saiu 
naquela  l.a  edição.  Entram  aqui  as  mesmas  treze  apontadas  no  n.  13. 

16.  Afrânio  Peixoto  içji. 

CARTAS  JESUÍTICAS  II  Cartas  Avulsas  i;so-ij68.  Rio  de 
Janeiro  1931  [Nota  Preliminar,  Introdução  e  Sinopse  da  História  do 


CAP.  V.    EDIÇÕES  DAS  PRIMEIRAS  CARTAS  DO  BRASIL  77 


Brasil  e  da  Missão  dos  Padres  Jesuítas  de  1549  a  1568,  e  notas,  de  Afrâ- 
nio Peixoto]. 

Contém  as  mesmas  63  cartas  da  edição  de  1887  (de  Capistrano  de 
de  Abreu)  (n.  14).  Estão  em  Cartas  Avulsas  as  do  presente  volume  : 
n.°s  14  18  23  24  25  26  28  31  34  35  41  43  44  53  55. 

17.  Serafim  Leite  1914. 

Revelações  sobre  a  Fundação  de  São  Paulo.  Conferência  no  Insti- 
tuto Histórico  e  Geográfico  de  São  Paulo,  5  de  Junho  de  1934. 

Inclui  a  carta  de  Nóbrega  do  último  de  Agosto  de  1553,  dada  então 
a  conhecer.  Foi  publicada  por  diversos  jornais  e  na  «Revista  da  Aca- 
demia Brasileira  de  Letras»  (1934),  «Revista  do  Arquivo  Municipal»  de 
São  Paulo  (1934)  e  diversos  autores :  cf.  infra,  carta  75. 

18.  Leite  1937. 

Páginas  de  História  do  Brasil.  São  Paulo  1937  [Brasiliana, 
Série  5.",  vol.  93]. 

Contém  as  cartas  11  65  75. 

19.  Leite  1938-1950. 

História  da  Companhia  de  Jesus  no  Brasil.  10  vols.  Lisboa- Rio 
de  Janeiro  1938-1950. 

Não  contém  nenhuma  carta  na  íntegra  de  Nóbrega,  mas  numerosas 
citações  ou  referências,  incluindo  inéditas,  muitas  das  quais  se  anotam 
nas  «introduções»  às  respectivas  cartas  na  secção  de  Autores. 

Contém  diversas  cartas  na  íntegra,  doutros  Padres  e  Irmãos ;  e,  den- 
tre eles,  entra  neste  volume  uma  de  Pero  Correia  :  n."  60. 

20.  Leite  1940. 

Serafim  Leite  S.  I.  Da  Academia  Brasileira  de  Letras.  Da  Aca- 
demia Portuguesa  da  História.  NOVAS  CARTAS  JESUÍTICAS  —  DE 
NÓBREGA  A  VIEIRA.  São  Paulo  1940  [Brasiliana,  Série  5»,  vol.  194]. 

Contém  as  cartas  n.os  46  48  51  52  56  58  64  69  75. 


78 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  VI.  NORMAS  SEGUIDAS 


21.  Leite  1953. 

Serafim  Leite  S.  I.  /  NÓBREGA  /  E  A  FUNDAÇÃO  /  DE  SÃO 
PAULO  /  Instituto  de  Intercâmbio  Luso-Brasileiro  /  Lisboa,  1953/ 

Contém  as  duas  cartas  de  10  de  Março  de  1553  [publicadas  antes 
na  «Brotéria»]  n.os  59  e  61. 

22.  Leite  1955. 

Acta  Universitatis  Conimbrigensis /Car/as  do  Brasil /  e  mais  escri- 
tos Ido  /P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  /  (Opera  Omnia)  /  Com  Introdu- 
ção e  Notas  Históricas  e  Criticas  /  de  j  Serafim  Leite  S.  I.  /  Coimbra  / 
Por  ordem  da  Universidade  / 1955  / 

Dos  42  documentos  de  Nóbrega  desse  livro  entram  neste  18 ;  e  das 
cartas  dos  Padres  Gerais  a  Nóbrega  cinco:  e  são,  no  presente  volume, 
os  n.os  5  6  7  8  9  10  33  36  37  45  47  48  51  54  58  61  68  69  ógbis  70  71  72 
74  75- 

CAPÍTULO  VI 

NORMAS  SEGUIDAS  NA  PRESENTE  SÉRIE 

ARTIGO  1 

RECOMENDAÇÕES  DO  CONGRESSO  DE  FRANCOFORTE 

1.  Reunir  todos  os  textos  relativos  a  um  mesmo  assunto, 
não  se  contentando  com  uma  escolha  arbitrária. 

2.  Fazer  a  pontuação  dos  textos  integralmente  publi- 
cados. 

3.  Dividir  os  textos  longos  em  parágrafos  numerados. 

4.  Desdobrar  as  abreviações. 

5.  Emendar  os  erros  evidentes,  mas  indicando  no  apa- 
rato crítico,  ou  em  nota,  o  erro  tal  como  se  encontra  no 
texto. 

6.  Reservar  as  maiúsculas  para  o  começo  de  período, 
nomes  próprios,  e  siglas  usadas  nos  títulos  abreviados. 

7.  Dispor  os  documentos  por  ordem  cronológica  rigo- 
rosa. 


ART.  2.    MÉTODO  DE  MHSI 


79 


8.  Colocar  as  notas  ao  pé  da  página  e  não  no  fim  do 
documento. 

9.  Fazer,  no  fim  de  cada  volume  ou  da  obra,  índices, 
não  só  geral,  mas  alfabético  de  matérias,  pessoas  e  lugares. 

10.  Dar  todos  os  elementos  necessários  ao  conhecimento 
e  identificação  do  documento. 

(Princípios  adoptados  pelo  Congresso  dos  historiadores 
alemães  de  Francoforte  do  Meno  [Frankfurt  am  Main],  Abril 
de  1896,  Revue  des  Questions  Historiques,  15  [nouvelle  sér. 
=  59  da  colecção  :  Paris  1896]  277-278). 

ARTIGO  2 
MÉTODO  DE  MHSI 

As  normas  precedentes,  de  que  transcrevemos  apenas 
as  aplicáveis  a  este  livro,  foram  adoptadas  em  MHSI 
(cf.  Nadal  1  [1898]  xx-xxn),  mas  a  interpretação  do  n.°  10, 
acima  indicado,  tem  recebido  alguma  diversidade  entre  os 
Escritores  de  Monumenta.  Adoptamos  o  seguinte  método 
em  cada  documento  ou  carta: 

1.  Número  de  ordem,  segundo  a  cronologia. 

2.  Nome  do  autor  da  carta. 

3.  Nome  de  pessoa  a  quem  se  remete  a  carta  e  lugar 
onde  vive. 

4.  Lugar  donde  é  datada  a  carta,  dia,  mês  e  ano. 

5.  Introdução  ou  monografia  da  carta  de  que  se  trata. 

6.  Sumário  do  texto.  Embora  adoptadas  actualmente 
em  MHSI  as  línguas  modernas,  conserva-se  o  sumário  em 
latim  para  manter,  na  colecção,  o  carácter  que  tem  de  inter- 
nacional. 

O  n.°  5  (introdução  da  carta)  consta  dos  seguintes  ele- 
mentos : 

I.  Bibliografia  :  Referida  à  carta  não  ao  autor  da  carta :  isto  é, 
indicação  de  obras  de  bibliografia  geral,  onde  conste  a  menção  da 
carta  ou  documento  de  que  se  trata. 

11.  Autores:  Que  utilizaram  a  carta  de  que  se  trata,  quer  ainda 
em  estado  de  manuscrito,  quer  depois  de  impressa :  utilização  dal- 
guma  importância,  não  simples  citação  de  passo. 


80 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  VI.  NORMAS  SEGUIDAS 


III.  Texto  :  Lugar,  arquivo,  códice  e  fólios,  título,  e  outras  indi- 
cações hauridas  do  próprio  documento.  Quando  se  trata  de  original 
português  perdido,  assinala-se  o  facto;  e  não  havendo  certeza,  indica-se 
como  é  de  uso  [?]. 

IV.  Impressão :  Se  se  trata  de  texto  não  ainda  inédito. 

V.  História  da  Impressão :  Que  texto  se  utilizou  na  impressão, 
se  existe  mais  do  que  um,  ou  modo  como  se  imprimiu. 

VI.  Edição :  Indica-se  o  texto,  que  se  imprime  neste  livro,  e  razão 
da  preferência,  quando  há  diversidade  de  textos. 

Incluem-se  ainda  outras  alíneas,  se  porventura  forem  necessárias, 
para  estabelecer  a  data,  lugar  e  destinatário,  quando  não  se  expressam 
no  documento  ou  há  dúvidas. 

Este  sistema,  nem  demasiado  longo  nem  sintético  demais,  parece 
claro  e,  com  leve  variante,  é  o  que  se  usa  em  Documenta  Indica,  da 
antiga  Assistência  de  Portugal,  a  que  pertencia  também  o  Brasil,  o  que 
é  vantagem  para  uniformidade  dentro  da  mesma  Assistência. 

ARTIGO  5 

QUALIDADE  DOS  DOCUMENTOS 

As  cartas  e  mais  documentos  deste  volume  subsistem 
hoje  nalguma  das  seguintes  formas: 

1.  Autógrafos.   Tudo  por  mão  própria  do  autor. 

2.  Originais.  Por  mão  de  amanuense  ou  secretário,  mas  com  a 
assinatura  autógrafa;  e  quase  sempre  também  com  a  cláusula  e  às 
vezes  com  uma  ou  outra  palavra  acrescentada  ou  mudada  no  texto 
pelo  autor. 

3.  Registos.  Transcrição  de  documentos  em  livros  oficiais  quer 
da  Cúria  Generalícia  de  Roma.  quer  da  Corte  de  Lisboa  ou  funcioná- 
rios civis  do  Brasil,  segundo  a  natureza  de  cada  qual ;  e  ainda  públicas- 
-formas  de  tabeliães  sobre  assuntos  latifundiários. 

4.  Apògrafos.  Cópias  feitas  de  autógrafos  e  originais  ou  de 
outras  cópias  anteriores.  Reuniam-se  em  livros  próprios  da  Cúria,  ou 
de  particulares  como  o  Cardeal  Marcelo  Cervini,  ou  dos  Colégios, 
colecções  estas  últimas  conservadas  hoje  quase  todas  em  Bibliotecas 
Públicas. 

5.  Traduções.  São  muito  numerosas  em  espanhol,  nos  primeiros 
anos,  e  portanto  neste  volume,  pelo  duplo  facto  de  em  Roma  não  esta- 
rem ainda  organizados  os  serviços  da  Assistência  de  Portugal  (nem 
das  outras:  as  Assistências  só  foram  criadas  na  Congregação  Geral 
de  1558),  e  de  serem  espanhóis  os  três  primeiros  Gerais,  assim  como  o 
Secretário  Juan  Alfonso  de  Polanco,  dando  com  isso  preponderância, 
neste  período,  à  língua  da  sua  nação. 


ART.  4.  -  LEITURA  DOS  TEXTOS 


81 


Imprimem-se  os  documentos-fontes  tais  quais  se  con- 
servam hoje.  Mas  é  óbvio  que  a  fé  crítica  de  cada  um 
está  em  função  da  respectiva  qualidade,  a  começar  pelos 
autógrafos,  originais  e  registos.  Não  quer  dizer  que  não 
mereçam  fé  os  apógrafos  e  traduções  ou  retroversões.  Mas 
aí  já  há  margem  para  maior  aplicação  crítica,  não  quanto 
ao  sentido  geral  do  documento,  mas  a  um  ou  outro  porme- 
nor ou  omitido  (omitiam-se  as  datas  com  frequência),  ou 
mal  expresso,  ou  até  interpolado.  Cf.  carta  de  Leonardo 
Nunes,  Novembro  de  1550  §  3;  Leite,  Nóbrega  e  a  funda- 
ção de  São  Paulo  69. 

ARTIGO  4 

LEITURA  DOS  TEXTOS 

Normas  usuais  na  transcrição  de  documentos,  de  modo 
que  se  conserve  a  fidelidade  do  texto  e  a  acessibilidade  ao 
leitor,  incluindo  o  estrangeiro : 

Palavras  unidas:  separam-se  :  eamor  =  e  amor;  dandolhe  = 
=  dando-lhe. 

Maiúsculas  :  Além  do  início  de  períodos,  e  dos  nomes  próprios, 
e  das  siglas  das  normas  gerais  (V.  A.  =  Vossa  Alteza;  V.  R.  =  Vossa 
Reverência  etc.)  pareceu  útil  manter-se  nas  palavras  muito  comuns  nos 
documentos  da  Companhia  de  Jesus  no  Brasil:  Nosso  Senhor,  Santís- 
simo Sacramento,  Padre,  Irmão,  Companhia,  Colégio,  Aldeia,  Igreja  e 
ainda  Capitania  ou  Estado  [do  Brasil]. 

Letras  manuscritas,  que  oferecem  mais  de  uma  leitura  : 

ã  =  ã,  an,  am,  segundo  os  casos :  João,  caMto,  cantam. 

c  =  c  ou  ç  (com  cedilha  como  aparece  às  vezes  antes  de  a  e  o). 

ç  =  ç  ou  c  (sem  cedilha  como  aparece  às  vezes  antes  de  e  e  i). 

h  (não  oferece  leitura  diferente,  mas  aparece  no  artigo  «ha»,  na 
contracção  da  preposição  a  com  o  artigo  ou  pronome  a  «hà»,  e  no  verbo 
haver  <há». 

i  =  i  ou  j  (seia  =  seja,  etc). 

j  =  j  ou  i  (jndio  =  indio). 
rh  =  mm. 

õ  =  õ,  on,  om  (põe,  conceição,  com). 

p  (com  a  dobra  característica  sobre  si  mesmo)  =  per,  por,  pro* 
u  —  u  ou  v  (hauer  =  haver), 
ú  =  un  ou  um  (juwto,  alguma). 

y  =  y  ou  j. 

6 


s2 


INTRODUÇÃO  GERAL  -  CAP.  VI.    NORMAS  SEGUIDAS 


Acentos:  A  representação  gráfica  de  acentos,  indicadores  da  pro- 
núncia portuguesa,  era  praticamente  desconhecida  nos  meados  do 
século  xvi.  Os  que  aparecem  na  impressão  deste  livro,  para  efeitos  de 
clareza,  regulam-se  pelas  normas  internacionais  adoptadas  em  MHSI. 

Til :  O  til  não  é  verdadeiro  acento,  mas  sinal  de  nasalidade;  e  os 
documentos  (e,  portanto,  a  sua  reprodução  impressa)  estão  cheios  de 
palavras  em  que  ele  se  depara,  sobretudo  em  verbos,  cujo  acento  tónico 
recai  quase  sempre  noutra  sílaba.  Convém  tê-lo  presente.  Por  exem- 
plo, o  verbo  «entender»:  «entendião»,  imperfeito,  e  «entenderão»,  per- 
feito e  mais  que  perfeito  (e  que  hoje  se  escreveriam  «entendiam»  e 
«entenderam»);  e  vice-versa,  «entenderam»  não  como  perfeito  ou  mais 
que  perfeito,  mas  como  futuro  (e  que  hoje  se  escreveria  «entenderão»). 
Estas  grafias  e  outras  semelhantes,  antigas,  imprimem-se  na  sua  forma 
primitiva. 

Também  se  usava  o  til  em  posição  horizontal  ou  vertical  (uma 
espécie  de  grande  vírgula),  como  sinal  de  abreviação,  e  se  verá  logo 
a  seguir  nos  dois  autógrafos  de  Nóbrega,  na  palavra  «Xpõ»  (que  se 
desenvolve  «Christo»). 

Abreviaturas  :  As  do  texto  desdobram-se  de  acordo  com  as  reco- 
mendações do  Congresso  de  Francoforte  (Art.  &»,  n.  4).  Perseveram 
todavia  certas  fórmulas  antigas,  que  não  é  da  praxe  desdobrar.  Sobre 
elas  —  e  outras  de  uso  corrente  —  empregadas  neste  livro,  cf.  supra,  a 
página  de  Abreviaturas.  Dessa  lista  consta  também  a  tradução  portu- 
guesa das  fórmulas  latinas  do  aparato  crítico,  usadas  em  MHSI,  e  que 
pelo  seu  carácter  internacional  se  mantêm  nessa  língua  clássica. 

artigo  5 

DOIS  EXCERTOS  AUTÓGRAFOS  DE  NÓBREGA 

1.    Início  da  caria  a  El- Rei  D.  João  III,  de  14  de  Setembro 
de  ifji 

MANUSCRITO 

ha  graça  eamor  de  Xpõ  noso  Sôr  seia  cõ  V.  A.  sempre  amé  .//.  logo  q 
aesta  capitania  de  duarte  coelho  achegamos  outro  padre  e  eu  escrevi  a 
V.  A.  dandolhe  algúa  emformação  das  coussas  desta  terra  e  por  ser  novo 
nesta  capitania  e  nã  ter  tanta  experiência  dela  me  fiquarã  por  escrever 
algúas  coussas  q  nesta  suprirei  //. 

LEITURA 

Ha  graça  e  amor  de  Christo  Noso  Senhor  seja  com  V.  Alteza  sempre. 
Amen.  Logo  que  a  esta  Capitania  de  Duarte  Coelho  achegamos  outro 


ART.  5. -DOIS  EXCERTOS  AUTÓGRAFOS  DE  NÓBREGA  85 


Padre  e  eu,  escrevi  a  V.  A.  dando-lhe  alguma  emformação  das  coussas 
desta  terra,  e,  por  ser  novo  nesta  Capitania  e  nam  ter  tanta  experiência 
dela,  me  fiquaram  por  escrever  algumas  coussas  que  nesta  suprirei. 

Observação  :  A  penúltima  palavra  está  grafada  nesta  (autógrafo)  e 
não  em  esta.  Ao  mesmo  tempo  escreveuíoutra  carta,  a  de  n  de  Agosto 
de  1551,  cujo  exemplar  começa  «Em  estas  partes».  Mas  indica  (e  é  de 
facto)  retroversão  portuguesa,  menos  cuidada,  da  tradução  espanhola 
impressa.  No  original  português  perdido,  Nóbrega  teria  escrito  «Nes- 
tas partes>. 

2.    Final  da  mesma  carta 

MANUSCRITO 

eporq  por  outra  tenho  dado  mais  larga  cõta  ecõ  ha  vinda  do  bispo  q 
esperamos  aquê  tenho  escripto  homais  aguardamos  ser  soccorridos. 
cesso  pedindo  anoso  Sôr.  lhe  de  sempre  aconhecer  sua  võtade  sãta  p.a 
q  cõprindoa  seia  augmétada  sua  fe  catholica  pera  gloria  do  nome  sãto 
dejhú  xpõ  noso  Sôr  qui  est  benedictus  in  secula  desta  vila  deolinda 
axiiij  desetembro  de  155Í  anfíos. /.  -f-  manoel  danobrega. 

LEITURA 

E,  porque  por  outra  tenho  dado  mais  larga  conta,  e  com  a  vinda  do 
Bispo  que  esperamos,  a  quem  tenho  escripto  ho  mais,  aguardamos  ser 
soccorridos,  cesso,  pedindo  a  Noso  Senhor  lhe  dê  sempre  a  conhecer 
sua  vontade  santa  pera  que,  comprindo-a,  seja  augmentada  sua  fé  catho- 
lica pera  gloria  do  nome  santo  de  Jesu  Christo  Noso  Senhor,  qui  est 
benedictus  in  secula. 

Desta  Vila  de  Olinda,  a  xim  de  Setembro  de  1551  annos. 

+  Manoel  da  Nóbrega. 
CAPÍTULO  VII 

GRATIARUM  ACTIO 

Concluímos,  manifestando  o  nosso  reconhecimento  a 
quantos  facilitaram  a  elaboração  e  execução  desta  obra, 
quer  com  a  sua  autoridade,  quer  com  o  seu  valioso  con- 
curso : 

M.  R.  P.  João  B.  Janssens,  Prepósito  Geral  da  Companhia 
de  Jesus,  Roma. 


84 


INTRODUÇÃO  GERAL- CAP.  VII.    GRATIARUM  ACTIO 


R.  P.  Rufo  Mendizábal,  Delegado  do  P.  Geral  para  o 
Instituto  Histórico  da  Companhia  de  Jesus,  Roma. 

R.  P.  Miquel  Battlori,  Presidente  do  mesmo  Instituto, 
Roma. 

R.  P.  Antonio  de  Egana,  Pro-Director  de  Monumenta 
Histórica  Societatis  Iesu,  do  mesmo  Instituto,  Roma. 

R.  P.  José  Leite,  da  Cúria  Generalícia,  Roma. 

Irmãos  António  Augusto  Rodrigues  e  Luís  Gonzaga 
Ferreira  Leão,  adstritos,  em  MHSI,  aos  serviços  da  antiga 
Assistência  de  Portugal,  Roma. 

Não  esquecemos  os  Directores  de  Bibliotecas  e  Arqui- 
vos, em  particular  os  de  Roma,  Lisboa,  Évora,  e  Rio  de 
Janeiro,  que  são  os  que  mais  directamente  tocam  a  este 
primeiro  volume,  e  o  Dr.  César  Pegado,  i.°  Bibliotecário 
da  Biblioteca  Geral  da  Universidade  de  Coimbra,  pelo  seu 
competente  auxílio  na  revisão  das  provas;  e  ainda  quantos 
contribuíram  com  o  seu  trabalho  para  a  execução  material 
e  tipográfica  da  obra. 

Deste  volume  de  Monumenta  Brasiliae  I  se  fará  uma 
avultada  tiragem,  com  o  título  de  Cartas  dos  primeiros 
Jesuítas  do  Brasil  I,  para  a  Comissão  do  IV  Centenário  da 
Cidade  de  São  Paulo,  fundada  pelo  Jesuíta  português 
P.  Manuel  da  Nóbrega.  Nessa  mesma  tiragem  se  dará 
razão  dela.  Mas  como  da  intervenção  paulista  beneficia 
igualmente  o  presente  volume  de  Monumenta  Brasiliae,  é 
justo  que  fique  também  expresso  neste  lugar  o  agradeci- 
mento público,  tanto  de  MHSI  como  nosso,  à  ilustre  Comis- 
são e  ao  Governo  do  Estado  de  São  Paulo. 

Roma,  25  de  Janeiro  de  1956. 

Serafim  Leite  S.  I. 


CARTAS 
E  OUTROS  DOCUMENTOS 


1 


DO  DOUTOR  DIOGO  DE  GOUVEIA  «O  VELHO» 
A  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 

PARIS  17  DE  FEVEREIRO  DE  1538 


Prefácio :  Nesta  carta,  propõe  o  Dr.  Gouveia  ao  Rei  de  Portugal 
a  colonização  efectiva  do  Brasil,  que  se  veio  a  realizar  de  facto  com  a 
instituição  do  Governo  Geral  e  com  a  chegada  em  1549  do  primeiro 
Governador  Geral  Tomé  de  Sousa  e  do  primeiro  Superior  da  Missão  da 
Companhia  de  Jesus  no  Brasil,  P.  Manuel  da  Nóbrega.  A  importância 
da  carta  reside  precisamente  em  que  é  também  nela  que  Diogo  de  Gouveia, 
lembrando  a  D.  João  III  os  seus  antigos  alunos  do  Colégio  de  Santa 
Bárbara  de  Paris,  lhe  propõe  que  convide  os  Padres  da  Companhia  para 
a  conversão  dos  gentios  na  índia.  Constitui-se  com  isso  o  mais  antigo 
documento  conhecido  sobre  as  Missões  ultramarinas  da  Companhia  de 
Jesus  e  o  pórtico  geral  de  todas  e  cada  uma  delas.  A  ocasião  imediata  foi 
a  índia;  mas  a  resposta  de  El-Rei,  mandando  ao  seu  Embaixador  em 
Roma,  que  tratasse  de  alcançar  os  Padres  para  a  obra  da  conversão,  não 
fala  apenas  da  índia :  «Na  impresa  da  índia  e  em  todas  as  outras  con- 
quistas que  eu  tenho».  Edá  a  razão  :  Porque,  se  os  Padres  estão  dispos- 
tos a  ^acrescentar  e  aproveitar  à  fé,  nam  pode  haver  parte  onde  lhes  estê 
mais  aparelhado  poderem-no  fazer,  e  cumprir  seus  desejos,  que  em  minhas 
conquistas»  [carta  j],  E  nesta  expressão  de  conquistas  em  geral,  dupla- 
mente acentuada,  o  Brasil  já  está  presente.  Cf.  Leite,  Origem  portuguesa 
das  Missões  ultramarinas  da  Companhia  de  Jesus,  in  Cartas  de  Nóbrega 
(*9SS)  9*-i2*. 

I.    Bibliografia  :    SCHURHAMMER,  Quellen  (1932)  268. 

II.  Autores :  RlBADENElRA,  Vita  Ignatii  Loiolae  (Neapoli  1572) 
72v-73r;  João  de  Lucena,  Vida  do  Padre  Francisco  Xavier,  L.  1  c.  VII ; 
Teles,  Chronica,  i  15;  Franco,  Synopsis  1;  Capistrano  de  Abreu, 
Capítulos  87-88;  Marcel  Bataillon,  Êtudes  sur  le  Portugal  134-135; 


88 


DR.  DIOGO  DE  GOUVEIA  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


Dalmases,  Fontes  Narrativi  I  228;  Bernard-Maitre,  Un  grand  ser- 
viteur  du  Portugal  en  France  65-66 ;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  9*-io*. 

III.  Texto:  Único.  Lisboa,  Torre  do  Tombo,  Corpo  Cronoló- 
gico I  60  19  [antes  n.°  7762].  Nota  da  secretaria,  ao  princípio:  «Sr  Rey 
D.  João  3.0  carta  do  D.or  Gouvea  a  El  Rey  sobre  as  armadas  dos  Fran- 
ceses que  trazião  munia  gente  e  no  mar  erão  munto  poderozos,  e  sobre 
os  graduados  de  França.  Em  Paris,  17  de  Fevereiro  de  1538».  Autó- 
grafo português. 

IV.  Impressão:  Francisco  Rodrigues,  O  Dr.  Gouveia  e  a  entrada 
dos  Jesuítas  em  Portugal  (1J40)  in  Brotéria  2  (1926)  267-274;  Mário 
Brandão,  O  processo  da  Inquisição  de  Mestre  João  da  Costa  1  (Coim- 
bra 1944)  319-323;  J-  Wicki,  DI  1  (1948)  748-751. 

V.  História  da  Impressão  :  Rodrigues  e  WlCKI  publicam,  com  notas 
críticas,  apenas  o  que  se  refere  à  Companhia  de  Jesus ;  Brandão  publica 
o  texto  íntegro. 

VI.  Edição :  Reimprime-se  o  autógrafo  da  Torre  do  Tombo,  no 
que  toca  ao  Brasil  e  à  Companhia. 

Textus 

1.  Introductio  ut  credatur.  —  2.  Defensio  imperii  Portugaliae  *  a 
piratis  gallis.  —  3.  Mutuatio  pecuniae  petita  Regi  Portugaliae  a  Rege 
Franciae,  qui  litteras  praedatorias  concessit  loanni  Ango  adversus  Por- 
tugaliam.  —  4  Negotiationes  inter  Reges  Portugaliae  et  Franciae;  pro- 
ponitur  colonisatio  effectiva  Brasiliae.  —  5.  Pragmática  censio  studen- 
tium  Parisiorum. — 6.  Magna  ad  /idem  catholicam  in  índia  conversio 
iam  adest  et  promovendo  magis.  —  7.  Clerici  rcformati  apti  sunt  ad  hanc 
conversionem.  —  8.  Curet  Rex  Portugaliae  ut  per  legatum  suum  roma- 
num  illos  suis  missionibus  captet ;  sufficit  litteras  mittere  Simoni 
Rodrigues,  Petro  Fabro  atque  Ignatio.  —  9.  Magistri  lusitani  Pari- 
siis.  —  10.  Alumni  Doctoris  Gouveia  variis  Institutis  Religiosorum 
nomen  dantes. 


#  Assim  escrevia  S.  Inácio  era  latim  (doe.  16);  e  escrevia  sem  dupli- 
car o  1,  mais  conforme  ainda  com  a  raiz  Cale  [Portu  Cale],  donde  pro- 
cede o  nome  de  Portugal. 


!•  -  PARIS  17  DE  FEVEREIRO  DE  1538 


89 


+ 
Senhor 

1.  Por  outras  muitas  tenho  dito  e  sprito  a  Vossa 
Alteza  que  nom  era  cTagora  que  o[s]  pobres  nom  eram 
ouvidos  nem  menos  cridos  por  milhor  que  dissessem. 

Quantum  quisque  sua  numorum  servat  in  arca  5 
Tantum  habet  et  íidei 

disse  Juvenal1;  e  com  isto  o  que  el-rei  D.  Fernando 2 
vosso  avoo  me  dissera  que  sempre  se  achara  milhor  de 
oulhar  as  cousas  a  vir  que  se  lembrar  das  pasadas. 

2.  Eu  por  vezes  tenho  dito  a  V.  A.  aquillo  que  me  IO 
parecia  acerqua  dos  negócios  de  França,  e  isto  por  ver 
por  conjecturas  e  apparencias  grandes  aquillo  que  podia 
succeder  dos  pontos  mais  apparentes,  que  consigo  traziam 
muito  prejuízo  ao  stado  e  augmentaçam  dos  senhorios  de 
V.  A.  E  tudo  se  emcerava  em  vós,  Senhor,  trabalhardes  r5 
com  modos  honestos  de  fazer  que  esta  gente  nom  ouvesse 
de  emtrar  nem  possoir  cousa  de  vossas  navegações,  por 

o  grandíssimo  damno  que  dahi  se  podia  siguir:  hà  huma 
por  elles  serem  poderosos  sobre  o  mar;  hà  outra  por  a 
gente  ser  em  grandíssimo  numero  e  nom  ter  por  onde  se  20 
estender;  hà  outra  por  V.  A.  ter  muitas  cousas,  as  quaes 
nom  se  podiam  guardar,  até  nom  serem  fortalezas  feitas 
nos  lugares  onde  elles  podiam  ir  a  resgatar;  à  outra  que 
pera  elles  offenderem  no  mar  a  El-Rei  nom  poem  hum  soo 


II    acerqua]  acerquas  vis.       24  no  mar  sup. 


1  Iuvenalis  Satyrae  (ed.  Iuvencii  sat.  Ill  [Venetiae  1735]  45). 

2  Dom  Fernando,  o  «Católico»,  avô  de  D.  João  III:  porque  este 
era  filho  de  D.  Manuel  I  de  Portugal  e  de  D.  Maria,  filha  dos  reis  de 
Castela  e  Aragão,  Fernando  e  Isabel. 


90  DR.  DIOGO  DE  GOUVEIA  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 

25  real,  e  V.  A.  há  mester,  pera  defender,  tirar  tudo  da  sua 
bolssaj  e,  tirando  nom  sei  se  por  agora  se  poderá  tudo 
guardar  ou,  se  se  guardar,  nom  sei  se  à  derradeira  passará 
o  proveito,  que  será  grande  fadiga  se  se  nom  oulhasse  ao 
tempo  a  vir  por  o  dano  que  pode  trazer  3. 

3°  3.  Sobreveo  o  requirimento  do  emprestemo  que  V.  A. 
sabe  que  El-Rei  vos  pidia  4.  Nom  me  quisestes  crer  na 
cla[u]sula  geral  como  se  punha.  Veja,  Senhor,  o  que  apro- 
veitou, que  por  ella  ser  tam  geral  nom  quis  El-Rei  aceptar 
o  que  vós  lhe  queríes  emprestar,  e  dahi  naceo  a  letra  de 

35  João  Ango  5;  que,  se  V.  A.  se  lembra,  eu  vos  disse  que  vir 
ali  o  galeam  com  rei  d'armas  apost  o  embaixador  6  eram 
tisoiras  tisoiras.  Bem  podeis  saber  o  que,  Senhor,  vos  custou. 

Vierom  os  bretões  que  estavam  no  Brasil,  que  trouxe 
Christovam  Jaques  7,  sobre  os  quaes  fora  lá  o  outro  rei 

40  d'armas  8  o  ano  dantes.  Disse-vos,  Senhor,  mande  V.  A. 
estes  homens  em  hum  navio  presos  a  El-Rei  de  Erança,  e 


3  Diogo  de  Gouveia  em  carta  de  Ruão  (Rouen),  25  de  Fevereiro 
de  1532,  a  D.  João  III,  persuadia-o  com  empenho  a  que  ocupasse  todo 
o  Brasil;  e  já  três  anos  antes  persuadia  o  mesmo.  M.  Brandão,  O  Pro- 
cesso na  Inquisição  de  Mestre  João  da  Costa  313-317*,  id.,  A  Inquisição 
e  os  Professores  do  Colégio  das  Artes  70;  A.  Ramos,  Introdução  à  Antro- 
pologia Brasileira  II  87. 

4  Francisco  I  de  França  pediu  a  D.João  III  de  Portugal,  400000 
cruzados  para  remir  os  seus  filhos,  prisioneiros  do  Imperador  Carlos  V 
(Hist.  da  Colon.  Port.  do  Brasil  III  77). 

5  Cf.  Fernando  Palha,  A  Carta  de  Marca  de  João  Ango.  Exposi- 
ção Summaria  dos  factos  extrahida  de  documentos  originais  e  inéditos 
(Lisboa  1882)  8;  António  Baião  e  C.  Malheiro  Dias,  A  Expedição  de 
Cristhóvam  Jacques,  in  Hist.  da  Col.  Port.  do  Brasil  l II  80. 

6  Pierre  de  la  Garde.  Porto  Seguro,  HG  1  134. 

7  Sobre  Cristóvão  Jacques,  navegador  português,  «guarda-costa» 
do  Brasil,  e  a  captura  dos  bretões,  cf.  A.  Baião  e  Malheiro  Dias,  op. 
cit.  74. 

8  Helies  Alesgle  de  Angouleme,  que  esteve  em  Lisboa  no  mês  de 
Janeiro  de  1529  (Porto  Seguro,  HG  1  134).  Cf.  «Trelado  da  carta 
d'ElRey  de  França  pera  Amglema  rey  d'armas  sobre  os  navios  do 
Brasil»  in  Hist.  da  Col.  Port.  do  Brasil  m  76;  Paul  Gaffarel,  Histoire 
du  Brésil  Français  au  Seizième  siècle  96. 


1.  -  PARIS  17  DE  FEVEREIRO  DE  1558 


91 


que  lá  os  apresentem,  e  que  as  testemunhas  que  testimu- 
nharom  que  os  vossos  meterom  os  companheiros  na  terra 
até  os  ombros  e  depois  lhe  tiravom  com  as  spingardas  a  os 
matarem,  sejam  punidos  por  morte  corporal.  Nom  me  qui-  45 
serom  crer  e  naceo  daqui  que  oje  por  todo  este  reino  está 
semeado  aquillo,  e  ficará  pera  filhos  e  netos,  e  pera  sempre. 
E  como  os  ladrões  do  mar  desejam  que  sempre  aja  hi  diffe- 
rencias,  embalam  os  filhos  com  isto,  que  em  quanto  pre- 
juizo  e  dano  hé  de  vossos  povos  a  experiência  ho  mostra  e  50 
mostrará,  e  gavias  pollos  homens  do  mar  que  sofrem  e 
passam  pior  que  os  imigos. 

4.    Seguia-sse  depois  a  tomada  das  naos  do  Brasil  dos 
da  costa  de  Normandia.  As  cousas  que  por  isso  sam  feitas 
seriam  longas  de  contar,  porque  sam  em  tanto  extremo,  55 
que  nom  a[s]  sei  dizer.   E  quanto  a  isto,  sempre  foi  minha 
opiniam  que  apontassem  com  elles,  principalmente  com 
João  Ango  e  com  Pedro  Prevost,  porque,  aquelles  apaci- 
ficados,  tudo  o  al  era  xua  xua,  os  quaes  se  contentavam 
cada  hum  com  11  contos  de  rreis,  digo  dous  contos,  e  agora  60 
nom  sei  o  que  será,  porque  o  Almirante  9  tinha  já  ávido 
delles  hum  diamante  que  dizem  que  valia  quasi  hum  terço 
da  soma,  e  se  a  cada  hum  deram  8000  philipos 10  ficarom 
pagos  e  satisfeitos  e  mais  que  contentes.    Nom  me  qui- 
serom  crer.    Praza  a  Deus  que,  pues  no  creiron  buena  65 
madre,  que  crean  mala  madrasta.    Eu  por  algumas  vezes 


44    até  os  ombros  in  marg. 


9  Felipe  de  Chabot,  Conde  de  Charny,  mais  conhecido  por  «Ami- 
ral  de  Brion»,  falecido  em  1543.  Cf.  Nouvelle  Biographie  Gênèrale  9 
(Paris  1855)  531;  Fernando  Palha,  op.  cit.  24;  Hist.  da  Col.  Port.  do 
Brasil  in  81. 

10  Filipos.  Moeda  francesa  de  Filipe  o  Bom  (1419-1467)  com  o 
peso  de  3,64  gramas,  chamados  Philippes  e  também  Chavaliers  d'or. 
Igualmente  os  florins  de  oiro  de  Filipe  o  Belo  (1494-1503)  se  chama- 
vam Philippes;  e  destes  se  deve  tratar  ou  do  seu  equivalente.  Edoardo 
Martinori,  La  Moneta.  Vocabolario  Generale  (Roma  1915)  156. 


92  DR.  DIOGO  DE  GOUVEIA  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


fui  rogado  das  partes  pera  concerto.  O  embaixador11  dis- 
se-me  que  V.  A.  nom  queria  concerto.  Agora  nom  sei  o  que 
será.  Praza  a  Deus  que  queira  tudo  ordenar  com  que  vós, 

7°  Senhor,  sejaes  fora  de  brigas. 

Quanto  às  tomadias  que  cada  dia  fazem  em  vossos  natu- 
raes,  já  lhe  disse  que  nom  via  senam  hum  remédio.  Vós, 
Senhor,  perdeis  em  vossas  alfandegas,  os  pobres  homens 
fiquam  destruídos  e  ficaram,  e  a  isto  nom  se  dá  fim,  e  menos 

75  se  dará  com  essa  nao  que  dizem  que  lá  nas  ilhas  meterom 
no  fundo.  Dizem  quá  nesta  terra  que  mal  sobre  mal  nom 
hé  saúde.  Tem  hum  homem  huma  febre,  acode-lhe  huma 
cólica,  nom  hé  pera  mais  asinha  ser  sãoo.  Elles  nom  ham-de 
perdoar  por  via  de  virtude  a  nnao  que  acharem  no  mar, 

80  nom  lhe  ham-de  perdoar  quanto  ao  rubo.  Agora  nom  sei 
o  que  faram,  porque  hé  maa  cousa  perder  custume,  ao 
menos  hé  difficel.  Sei  que  tem  mandado  e  foi  acordado  nos 
Stados  que  cadano  se  tem  neste  ducado,  que  lá  chamam 
Cortes,  irem  o  Arcibispo  de  Ruam  e  o  primeiro  presidente 

85  deste  Parlamento  a  El-Rei  sobre  este  negocio.  Sei  que 
ouve  o  embaixador  6  ou  7  patentes  pera  se  defender  de 
nom  averem  de  ir  ò  Brasil  com  dissimulações ;  e  com  irem 
de  Herodes  a  Pillatos  passarom  até  oje,  que  nom  tem  feito 
nada  nem  faram.  Vi,  averá  hum  anno,  nos  mesmos  Stados 

9o  pubricamente  dizer  o  pprocurador  geral  delles  ao  Almi- 
rante, que  os  veo  aqui  ter,  que  a  terra  de  Normandia  offe- 
ricia  a  El-Rei  cem  mil  cruzados  e  que  ouvessem  de  ir  como 
yam  dantes  ao  Brasil.  Disse  o  Almirante:  «Essa  matéria 
nom  hé  pera  agora».    Presente  stava  Luis  Alvarez  12,  Bel- 


84  irem  sup. 


11  O  Embaixador  de  Portugal  na  França  era  João  da  Silveira. 
Para  tratar  desta  questão  foi  mandado  D.  António  de  Ataíde,  futuro 
Conde  da  Castanheira.  Fernando  Palha,  Op.  cit.  18 ;  Hist.  da  Col.  Port. 
do  Brasil  m  Bz. 

12  Luís  Álvares  Cabral,  bolseiro  de  D.  João  III  em  Paris.  Nos 
documentos  universitários  da  época  «il  est  le  plus  souvent  appelé  seu- 
lement  Luís  Álvares».  L.  DE  Matos,  Les  Portugais  à  V Utiiversité  de 
Paris  124  nota  2. 


1 .  -  PARIS  17  DE  FEVEREIRO  DE  1538 


93 


liago  13  e  hum  criado  do  Embaixador.  Ainda  estou  que  hé  95 
necessário  concertar-sse  com  estes  homens  e  ho  mais  cedo 
hé  o  milhor.  E  crea,  Senhor,  que  será  por  muito  menos  do 
que  porventura  cuida,  porque  já  sei  que  a  mor  parte  do  que 
estes  pedem  se  há-de  coar,  demandando  aver  as  partes  de  que 
elles  comprarom  pollo  mesmo  preço,  e  também  com  outras  100 
cousas  que  eu  sei  e  que  já  tenho  dito  a  vosso  Embaixador. 
E  se  me  a  mim  creram,  por  ventura  estivera  tudo  apagado 
com  X  ou  Xb  cruzados,  e  V.  A.  porventura  tem  despeso 
mais  de  3000  já  neste  negocio,  e  agora  nom  sei  o  que  será, 
porque  tal  reíusa  que  despois  abusa.  105 

5.  V.  A.  me  spreveo  que  lhe  mandasse  a  ordenança 
dos  graduados  de  França.  Hahí  nom  ha  outra  ordenaçãm 
senam  essa,  que  se  chama  pramatica  censio,  e  na  fim  vai  o 
concordado. 

6.  Grande  bem  seria  se  vós,  Senhor,  podeisses  alcan-  no 
çar  isso  que  certo  cumpre  muito  à  cristandade,  e  princi- 
palmente por  os  tempos  d'agora.  Se  concilio14  se  íaz,  bem 
me  parecee  que  outros  requirirom  isto  também,  mas  V.  A. 
tem  mais  razam  que  nenhum  outro  polia  grandíssima 
terra  que  tem  descuberta  e  necessidade  que  os  taes  tem  IT5 
de  letrados,  e  principalmente  com  as  grandes  novas  que 
Mestre  Hieronimo  d'Osoiro15  me  spreveo,  de  como  os  bala- 


99    de  sup. 


13  Belchior  Beliago,  do  Porto,  também  com  uma  bolsa  de  estudos 
em  Paris,  que  em  1548  estava  já  em  Coimbra,  mestre  do  Colégio  das 
Artes  (ib.  94;  cf.  B.  Machado  i  477-478). 

14  Trata-se  do  Concilio  convocado  para  Vincenza  por  Paulo  III. 
O  Papa  comunicou  a  convocação  ao  Rei  de  Portugal  pelo  Breve  «Pror- 
rogationem  Universalis»,  dado  em  Roma  a  18  de  Outubro  de  1537. 
Cf.  Quadro  Elementar  XI  190;  Pastor,  Geschichte  der  Pàpste  v  56  ss; 
Hubert  Jedin,  Storia  dei  Concilio  di  Trento  1  —  «La  lotta  per  il  Conci- 
lio» :  cap.  vil,  «II  mancato  Concilio  di  Mantova  —Vincenza»  (Brescia  1949) 
265  ss. 

15  Jerónimo  Osório,  escritor  português  de  renome,  bispo  de  Sil- 
ves, cuja  sede  ele  mudou  para  Faro  em  1577  (1506-1580).  Cf.  B.  Machado  1 
468-474;  Inocêncio  hi  272-273;  Henrique  Perdigão,  Dicionário  Uni- 
versal de  Literatura  (Porto  1940)  73. 


94  DR.  DIOGO  DE  GOUVEIA  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


mares  16  recibiam  a  fé  que  hum  vigairo  17,  que  lá  mandou 
Francisco  de  Mello  18,  homem  de  boa  vida  e  bacharel  em 

120  cânones,  começara  lá  de  pregar  e  que  eram  convertidos 
bem  6o  ooo,  digo  LX.  Louvores  a  Nosso  Senhor  que  nos 
trouxe  a  tal  tempo. 

7.    Eu  mandei  a  carta  a  Mestre  Simam  Rodriguez,  que 
partio  daqui  com  6  outros  pera  irem  a  Jerusalém.  Elie 

i25  e  seus  companheiros  fazem  grandissimo  fructo  em  Itália,  e 
tal  que  temos  cartas  de  Roma  que  o  Papa  mandou  chamar 
2  delles  a  Roma.  Outros  2  estam  em  Millam,  2  em  Bollo- 
nha  la  Grassa,  e  hum  outro  com  certos  outros  italianos  que 
se  com  elles  ajuntarom  estam  em  Ferrara  19.   Ora,  porque 

130  sua  tençam  era,  quando  daqui  partirom,  vai  em  2  anos,  de 
irem  a  Jerusalém  nom  soo  polia  romaria,  mas  pera  verem 
se  podiam  converter  mouros,  e  nom  poderom  passar  por  ha 
armada  do  Turquo,  fiquarom  em  Itália  onde  lhe  fazem 
muito  gassalhado  e  esmola.   O  principal  delles  hé  hum 

135  Mestre  Pedro  Fabro,  homem  docto  e  de  mui  grande  vida, 
e  hum  outro  Inigo,  castelhano  20.  Se  estes  homens  se  podes- 


16  Malabares. 

17  Miguel  Vaz  Coutinho:  «Lá  vay  Migel  Vaz,  vigário  geral  que 
desta[s]  partes  da  Imdia  foy,  homem  muyto  zeloso  do  serviço  de  Deus. 
Vê-lo-eis,  e  por  sua  sancta  conversação  e  zelo  que  da  homrra  de  Christo 
tem,  conhecereis  a  valia  da  pessoa».  Carta  de  Francisco  Xavier  a  Simão 
Rodrigues,  de  Cochim,  27  de  Janeiro  de  1545.  Schurhammer-Wicki, 
Epp.  Xav.  I  282. 

18  Francisco  de  Melo,  mestre  do  Príncipe,  depois  Rei  D.  João  III. 
Foi  o  primeiro  bispo  eleito  para  a  nova  diocese  de  Goa,  na  índia,  mas 
antes  de  receber  a  bula,  faleceu  em  Évora  no  ano  de  1535.  B.  Machado  ii 
181. 

19  «Não  eram  de  todo  exactas  as  noticias  que  mandaram  de  Roma 
a  Gouveia.  Ao  tempo  que  elle  escrevia  a  D.  João  III,  andavam  Ignacio 
e  seus  companheiros  deste  modo  distribuídos  pelas  cidades  de  Itália:  em 
Roma,  Ignacio,  Fabro  e  Laynes  ;  em  Sena,  Salmeirão  e  Broet ;  em  Bolo- 
nha, Xavier  e  Bobadilha,  que  também  trabalhou  em  Ferrara  ;  em  Pádua, 
Codure  e  Hoces;  em  Ferrara,  Jaio;  e  Simão  Rodrigues,  primeiro  em 
Ferrara  e  depois  em  Pádua».  Francisco  Rodrigues,  O  Dr.  Gouveia, 
loc.  cit.  271. 

20  ínigo  ou  Inácio  de  Loyola,  foi  o  primeiro  na  fundação  da  Com- 
panhia, não  foi  porém  nela  o  primeiro  sacerdote;  e  desde  1534  existia 


1.  -  PARIS  17  DE   FEVEREIRO  DE  1538 


95 


sem  aver  por  irem  à  índia,  seria  hum  bem  inextimavel;  e 
Mestre  Simam  foi  criado  do  Bispo  Adaiam  21  e  hé  irmam 
de  outro  bolseiro,  chamado  Mestre  Sebastiam  22,  que  hé 
hum  dos  que  cada  domingo  recebem  nos  Cartuxos  2:3.  Sam  140 
homens  propios  pera  esta  obra.  E  se  V.  A.  deseja  de  fazer 
o  que  sempre  mostrou,  crea  que  nom  podia  nem  a  pidir  de 
boca  achar  homens  mais  autos  pera  converter  toda  a  índia. 
Elles  sara  todos  sacerdotes  e  de  muito  exempro  e  letrados 
e  nom  demandam  nada.  M5 

8.  Por  amor  de  Nosso  Senhor  que  spreva  ao  cônsul  da 
nossa  naçam,  que  está  em  Veneza  24,  e  a  quem  por  V.  A.  faz 
os  negócios  em  Roma  25  que  lhe  falle,  porque  vendo  elles 
carta  de  V.  A.  tanto  mais  se  moveram.  Sprevendo  ao  Mes- 
tre Simam  Rodriguez  e  ò  Mestre  Pedro  Fabro  e  ao  Ignigo  *5o 
abastará,  porque  estes  3  moveram  os  outros.  Isto  nom  hé 
cousa  pera  se  poer  em  trespasso,  porque  se  elles  podem 


único  Padre  entre  todos  Pedro  Fabro.  Assim  se  explica  o  modo  de 
falar  do  autor  da  carta,  referindo-se  aos  seus  antigos  discípulos  aqui  e 
noutro  passo  mais  abaixo  na  ordem  com  que  os  nomeia:  Simão  Rodri- 
gues, como  patrício,  com  quem  mantinha  correspondência :  Fabro,  como 
sacerdote  que  tinha  no  grupo  a  principal  categoria  eclesiástica  ;  e  ínigo, 
porque  era  o  mentor  de  todos. 

21  O  Adaião  ou  Deão  da  Capela  Régia  era  Diogo  Ortiz  de  Vilhe- 
gas,  Bispo  de  S.  Tomé  (África)  desde  1534,  e  depois  de  Ceuta  (desde  1540). 
Faleceu  em  1544. 

22  Sebastião  Rodrigues  voltando  à  pátria  foi  médico  ou  Físico- 
-mor  dos  reis  de  Portugal.  No  Colégio  de  Santa  Bárbara  morou  Sebas- 
tião Rodrigues  Sénior,  doutor  em  Teologia  e  que  testemunhou  no 
Processo  de  Mestre  João  da  Costa.  Brandão,  O  Processo  199;  e  cf. 
ib.  193,  onde  se  diz  «Sénior».  L.  de  Matos,  Les  Portugais  à  VUniver- 
siíé  de  Paris  entre  tjoo  et  Tjjo  91-92,  distingue  dois  doutores  de  nome 
Sebastião  Rodrigues,  ambos  da  diocese  de  Viseu  («diocesis  visensis>), 
como  também  era  o  próprio  P.  Mestre  Simão  Rodrigues. 

23  Na  Cartuxa  de  Notre  Dame  des  Champs,  a  confessar-se  e  a 
comungar,  eram  recebidos  cada  domingo  os  clérigos  reformados  e 
outros  estudantes  pios.  Rodrigues,  Historia  1/1  61 ;  Schurhammer, 
Franz  Xaver  I  83. 

24  Pero  Carolo  {Quadro  Elementar  xi  [Lisboa]  1869  258). 

25  O  embaixador  D.  Pedro  Mascarenhas.  Cf.  supra,  Introdução 
Geral,  cap.  II  art.  7. 


96  DR.  DIOGO  DE  GOUVEIA  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


este  ano  passar,  parece-me  que  o  faram.  Eu  lhes  sprevi 26  já 
e  antre  as  outras  cousas  lhe  dizia  como  a  lingoa  na  índia 
I55  era  muito  mais  fácil  d'aprender  e  os  corações  más  begni- 
nos  e  nom  tam  emperrados  como  os  dos  mouros.  Nora 
quero  disto  mais  dizer  a  V.  A.  por  conhecer  o  desejo  que 
disto  tem,  que  hé  muito  maior  do  que  eu  saberei  pintar 
nem  persuadir. 

160       [Assuntos  que  não  pertencem  ao  Brasil  nem  à  Companhia 
de  Jesus], 

9.  Das  novas  do  Coleg[i]o,  Nosso  Senhor  seja  louvado, 
está  em  tanto  nome  e  tam  cheo,  que  nom  hahí  mais  que 
dizer  27,  como  o  portador  milhor  poderá  dizer,  porque  taes 
165  3  lições  nom  has  há  em  Paris,  como  sam  as  de  Mestre 
Paio  28  e  de  Mestre  Antonio  Pino  29  e  de  Mestre  Manuel 
Ceveira  30.    Sam  3  regentes  que  eu  certifiquo  a  V.  A.  que 


26  Como  se  vê,  o  Dr.  Gouveia  já  tinha  escrito  aos  da  Companhia 
em  data  anterior  à  de  17  de  Fevereiro  de  1538;  e,  como  observa  Luís 
de  Matos,  todo  este  esforço,  coroado  de  êxito,  de  Portugal  para  atrair  a 
Companhia  às  suas  Conquistas  «en  Afrique,  aux  Indes  et  au  Brésil», 
era  anterior  à  própria  fundação  oficial  da  Companhia  (Les  Portugais  à 
I'  Université  de  Paris  33). 

27  O  Colégio  de  Santa  Bárbara,  de  que  o  Dr.  Gouveia  foi  Reitor 
ou  Principal  e  que  ele  dirigiu  no  seu  próprio  nome,  alugando-o,  quase 
30  anos  com  grande  esplendor  das  letras. 

28  Mestre  Paio  Rodrigues  de  Vilarinho.  Nasceu  em  Beja,  foi  Mes- 
tre de  Sagrada  Escritura  na  Universidade  de  Coimbra  e  faleceu  nos 
arredores  de  Évora  em  1580.  B.  Machado  iii  528-529 ;  M.  Brandão, 
A  Inquisição  e  os  Professores  do  Colégio  das  Artes  132  673. 

29  António  Pino  é  o  famoso  Dr.  António  Pinheiro,  que  voltando 
a  Portugal  foi  Mestre  dos  moços  fidalgos,  pregador  régio  e  Bispo  de 
Miranda  e  de  Leiria.  Em  1557  escreveu-lhe  do  Brasil  o  P.  Nóbrega  ;  e 
em  Portugal  fundou  o  Colégio  de  Bragança  da  Companhia  de  Jesus. 
Faleceu  em  Lisboa  em  1582.  Almeida,  História  da  Igreja  em  Portu- 
gal iii  2  857  ;  Grande  Enciclopédia  Portuguesa  e  Brasileira  xxi  740-741  ; 
L.  de  Matos,  Les  Portugais  à  V  Université  de  Paris  61  64  ;  Leite,  Car- 
tas de  Nóbrega  82*. 

30  Mestre  Manuel  Ceveira,  isto  é,  Cerveira.  M.  Brandão,  A  Inqui- 
sição e  os  Professores  do  Colégio  das  Artes  132  673;  Ricardo  G. 


1.  -  PARIS  17  DE  FEVEREIRO  DE  1538 


97 


nora  devem  nada  a  homem  que  em  Paris  este  do  seu  tempo, 
asi  em  letras,  como  em  vida,  como  em  número  de  discípulos. 

[De  alguns  alunos  seus  que  nomeia  e  entraram  em  ínsti-  170 
tutos  Religiosos]. 

10.    Outros  hahí  que  eu  sei  que  também  estam  pera, 
como  forem  mais  introductos  nas  letras,  se  fazerem  religio- 
sos.  Praza  a  elle,  Deus  eterno,  que  seja  como  eu  spero  que 
será,  pera  muito  serviço  de  Deus  e  de  V.  A.,  cuja  vida  e  stado  175 
Nosso  Senhor  acrecente  como  em  meus  sacrifícios  lhe  peço. 

Deste  Paris,  oje  17  de  Fevereiro  538. 

[Pede  o  favor  régio  para  um  seu  aluno  Gaspar  Colaço  31] 

Criado  de  V.  A.  180 

Gouvea,  doctor. 

[Endereço  autógrafo :]  A  El-Rei  nosso  senhor. 

CARTAS  PERDIDAS 

la.  Primeira  carta  do  Dr.  Diogo  de  Gouveia  aos  Padres  da  Compa- 
nhia por  meio  do  P.  Simão  Rodrigues,  Roma.  (Antes  de  17  de  Feve- 
reiro de  1538).  Na  carta  a  El-Rei  desta  data  diz  que  escrevera  antes  a 
eles  :  «Eu  lhes  sprevi  já,  e  antre  as  outras  cousas  lhe  dizia  como  a  lin- 
goa  na  Índia  era  muito  mais  fácil  d'aprender. . . ;  eu  mandei  a  carta  a 
Mestre  Simam  Rodrigues»  [carta  1,  §§  7-8].  Desta  primeira  carta  deviam 
ter  tratado  os  Padres  na  primeira  reunião  que  tiveram  em  Roma  pelos 
fins  de  Abril  de  1538  (Rodrigues,  História,  1/1,  81;  Leite,  Cartas  de 
Nóbrega  9* -10*). 

lb.  Segunda  carta  do  Dr.  Diogo  de  Gouveia  aos  Padres  da  Compa- 
nhia [?],  Roma.  (Antes  de  23  de  Novembro  de  1538).  Nesta  data  Pedro 
Fabro  escreve  de  Roma  ao  Dr.  Gouveia  dizendo-lhe  que  há  poucos  dias 
recebera  carta  sua :  «Paucis  abhinc  diebus  huc  adventavit  nuntius  tuus 
cum  litteris  tuis  ad  nos»  [carta  2].  «E  difficultoso  de  crer  que  só  nos  mea- 
dos de  novembro  chegasse  a  Roma  a  carta  que  o  doutor  enviou  de  Paris 
antes  do  dia  17  de  fevereiro;  por  isso  suppomos  que  lhes  escreveu  de 
novo»,  Rodrigues,  O  Dr.  Gouveia,  loc.  cit.,  272;  cf.  id.,  História  l/x,  221. 


Villoslada,  La  Universidad  de  Paris  durante  los  estúdios  de  Francisco 
de  Vitoria,  1507-1322  (Roma  1938)  415. 

31    Cf.  L.  de  Matos,  Les  Portugais  à  1'Université  de  Paris  76  78. 

7 


98  P.  PEDRO  FABRO  E  COMPANHEIROS  -  DR.  DIOGO  DE  GOUVEIA 


2 

DO  P.  PEDRO  FABRO  E  COMPANHEIROS 
AO  DR.  DIOGO  DE  GOUVEIA,  PARIS 

ROMA  23  DE  NOVEMBRO  DE  1538 
I.   Bibliografia  :    Streit  iv  119  n.  419. 

II.    Autores:   RODRIGUES,  História  l/i  222;  Dalmases,  Fontes  Nar- 
rativi  I  228;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  io*-ii*. 

III.  Texto:  Único.  Lisboa,  Bibi.  da  Ajuda  49-IX-36,  ff.  79-90.  Cópia 
latina.  Por  outra  letra :  «Trelado  da  carta  que  escreveram  os  clérigos 
que  estam  em  Roma  a  Mestre  Diogo  de  Gouvea». 

IV.  Impressão :  Cros,  St.  François  Xavier  I  (Toulouse  1900)  150- 
-152;  MI  Epp.  I  132-134;  e  cf.  Fabri  Mon.  14. 

V.  Edição:  Reimprime-se  o  texto  de  MI,  no  que  se  refere  às 
missões. 

Textus 

1.  P.  Petrus  Fáber  Doctori  Gouveia  respondei  se  et  sócios  ad  indicam 
expeditionem  esse  paratos,  sed  cum  Pontífice  rem  transigendam  prius  esse. 

+ 
Jesus 

Gracia  Domini  nostri  Iesu  Christi  et  pax  sit  cum 
omnibus. 

1.    Paucis  abhinc  diebus  huc  adventavit  nuncius  tuus 
5  cura  literis  tuis  ad  nos.  Ex  ipso  itaque  didicimus  ea,  quae 
circa  te  sunt,  ex  llitteris  autem  intelleximus  optimam  tuam 
de  nobis  memoriam  simulque  illud  tuum  desiderium,  quo 
sitis  salutem  earum  animarum,  quae  apud  indianos  vestros 


l 


2.  -  ROMA  25  DE  NOVEMBRO  DE  1558 


m 


sunt,  in  messem  albescentes.    Utinam  nos  queamus  tibi 
satisfacere,  immo  vero  etiam  animis  nostris  eadem  atque  10 
tu  zelantibus  ;  verum  nonnihil  impraesentiarum  obstat  quo- 
minus  possimus  respondere  multorum  desiderii[s],  nedum 
tuis.  Hoc  intelliges  ex  his,  quae  nunc  subiicio.  Nos,  quot- 
quot  sumus  ad  invicem  in  hac  Societate  colligati,  devovi- 
mus  nosmetipsos  Summo  Pontifici,  quatenus  ipse  est  domi-  15 
nus  universae  messis  Christi ;  in  qua  quidem  oblacione  ei 
significavimus,  nos  esse  paratos  ad  cuncta,  quae  ipse  de 
nobis  iudicarit  in  Christo ;  siquidem  igitur  ipse  illuc  nos 
miserit,  quo  tu  vocas,  ibimus  gaudentes.    Causa  autem 
quare  hoc  pacto  nos  subiecimus  eius  iudicio  ac  voluntati  2o 
fuit,  quod  sciamus  penes  ipsum  maiorem  [esse]  cognicio- 
nem  eorum,  quae  expediant  universo  christianismo. 

Non  defuerunt  aliqui,  qui  iam  pridem  nixi  fuerunt  efi- 
cere  ut  mitteret  nos  ad  eos  indianos,  qui  acquiruntur  in 
dies  ipsi  imperatori  per  hispanos;  unde  pro  hac  re  fuerant  25 
interpellati  prae  ceteris  quidam  episcopus  hispanus  et  lega- 
tus  inperatoris ;  sed  ipsi  persenserunt  voluntatem  Summi 
Pontiíicis  non  esse  in  eo,  ut  nos  hinc  recederemus,  quod 
etiam  Rome  sit  messis  multa.  Ipsa  sane  locorum  distancia 
non  terret  nos,  neque  lingue  discendae  labor:  tantum  fiat  30 
id,  quod  maxime  Christo  placeat ;  roga  igitur  ipsum  pro 
nobis  ut  nos  eficiat  ministros  suos  in  verbo  vite.  Quamvis 
etenim  non  simus  suficientes  ex  nobis  quasi  ex  nobis,  spe- 
ramus  tamen  in  eius  abundância  atque  diviciis. 

[De  rebus  Romae  quae  ad  Missiones  non  spectant}.  35 

Ex  urbe  Roma  die  xxui  Noverabris  anni  1538. 
Tui  in  Domino, 

Petrus  Fáber  et  ceteri  eius  socii  ac  fratres. 

[Alia  manu  loco  inscriptionis :]  Trelado  da  carta  que  escre- 
veram os  clérigos  que  estam  em  Roma  a  Mestre  Diogo  de  40 
Gouvea. 


100        P.  PEDRO  FABRO  E  COMPANHEIROS  -  DR.  DIOGO  DE  GOUVEIA 


TRADUÇÃO  PORTUGUESA 

+ 
Jesus 

1.    A  graça  e  a  paz  de  nosso  Senhor  Jesus  Cristo  seja 
com  todos. 

Há  poucos  dias  1  chegou  aqui  o  vosso  2  portador  com  a 
5  vossa  carta  para  nós.  Por  ele  soubemos  noticias  de  vós,  e 
pela  carta  vimos  a  óptima  lembrança  que  de  nós  conser- 
vais, e  ao  mesmo  tempo  quanto  desejais  a  salvação  das 
almas  dos  vossos  Indianos,  que  já  loirejam  para  a  messe. 
Oxalá  possamos  fazer-vos  a  vontade,  e  também  íazê-la  às 

io  nossas  almas  que  ardentemente  desejam  o  mesmo  que  vós: 
uma  coisa,  porém,  obsta  agora  a  que  possamos  correspon- 
der aos  desejos  de  muitos  e  não  menos  aos  vossos.  Enten- 
dereis do  que  se  trata  pelo  que  vou  agora  dizer:  Todos 
nós,  os  que  estamos  mutuamente  ligados  nesta  Companhia 

15  nos  pusemos  à  disposição  do  Sumo  Pontífice,  como  a  senhor 
de  toda  a  messe  de  Cristo  3;  e  com  essa  entrega  mostrámos- 
-lhe  que  estamos  preparados  para  tudo  quanto  ele  decidir 
de  nós  em  Cristo;  se,  portanto,  ele  nos  mandar  para  onde 
nos  chamais,  iremos  com  gosto ;  e  a  causa  por  que  assim 

20  nos  sujeitamos  ao  seu  parecer  e  vontade,  foi  sabermos  que 
ele  possui  maior  conhecimento  do  que  convém  a  toda  a 
Cristandade. 

Não  faltou  há  tempos  quem  procurasse  conseguir  que 
ele  nos  mandasse  para  os  índios,  que  os  espanhóis  vão 
25  sujeitando  ao  Imperador",  para  o  conseguir,  falaram  pri- 
meiro a  um  Bispo  espanhol  e  ao  Embaixador  imperial4; 
mas  estes  notaram  que  a  vontade  do  Sumo  Pontífice  não 


1  Cf.  supra,  Cartas  perdidas,  ib. 

2  Tuus  em  latim  ;  mas  Fabro  usava  vós,  vossos,  quando  escrevia 
em  vernáculo  (Fabri  Mon.  15SS).  O  que  dá  a  norma  para  a  tradução. 

3  Pelo  voto  de  Montmartre  de  15  de  Agosto  de  1534.  RODRIGUES, 
História  l/l  57-58  ;  Leite  1  5;  e  cf.  «Formula  do  Instituto»,  ib.  6-7. 

4  O  Embaixador  de  Carlos  V  era  Fernández  de  Aguilar,  Marquês 
de  Aguilar  (Zubillaga,  Mon.  Florida  15*).  Mas  não  existe  documento 
algum  sobre  qualquer  pedido  oficial  da  parte  de  Espanha.  E  Polanco 
no  sumário  deste  tempo  só  fala  do  pedido  do  Rei  de  Portugal  e  de  como 
foi  aceito.  Dalmases,  Fontes  Narrativi  1  228. 


5.  -  LISBOA  4  DE  AGOSTO  DE  1559 


101 


era  que  saíssemos  daqui,  porque  também  em  Roma  a  messe 
é  grande.  Não  são  as  distâncias  que  nos  metem  medo  nem 
o  trabalho  de  aprender  línguas:  rogai-lhe,  portanto,  por  30 
nós,  para  que  nos  faça  seus  ministros  na  palavra  da  vida  5; 
pois,  ainda  que  não  sejamos  suíicientes  de  nós  como  de 
nós  G,  esperamos  todavia  na  sua  abundância  e  riquezas. 

[Assuntos  de  Roma  que  não  se  referem  às  Missões] 

Da  cidade  de  Roma,  dia  23  de  Novembro  do  ano  de  1538.  35 
Vosso  no  Senhor, 

Pedro  Fabro  e  os  outros  seus  companheiros  e  irmãos. 

3 

DE  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 
A  D.  PEDRO  MASCARENHAS,  ROMA 

[LISBOA  4  DE  AGOSTO  DE  1559] 

I.   Bibliografia:  Schurhammer,  Quellen  396;  Streit  IV  119  n.  421. 

II.   Texlo:    Único.    Lisboa,  Biblioteca  da  Ajuda  49-IX-36,  ff.  75r- 
-76r.  Minuta  em  português.  [Outra  letra:]  «Pera  Dom  Pedro». 

III.  Lugar  e  data:  Por  se  tratar  de  minuta  não  se  exprimem.  Toda- 
via, a  8  de  Setembro  de  1539,  D.  Pedro  Mascarenhas  dá  conta  das  cartas 
régias  recebidas  de  Lisboa,  escritas  a  4  de  Agosto:  «As  mynhas  cartas 
[as  que  o  Rei  me  escreveu]  são  todas  feitas  a  quatro  d'Agosto  [...]. 
A  quynta  hé  per  que  me  manda  que  me  emforme  das  pessoas,  vidas  e 
lettras  destes  creliguos  reformados  vimdos  de  Parys;  e  assy  do  que  a 
elles  diga  da  parte  de  Vossa  Alteza,  e  ao  Papa  sendo  neceçaryo»  (Corpo 
Diplomático  Português.  Relações  com  a  Curia  Romana  IV  109  110). 

IV*.  Impressão:  Corpo  Diplomático  Português  IV  (1870)  104-105; 
MI  Epp.  1  737-739  ;  Rodrigues,  História  1/1 223-224 ;  Wicki,  DI  1  752-754; 
Schurhammer,  Frans  Xaver  1  (1955)  521-522  (tradução  alemã). 

V.   Edição:  Reimprime-se  o  texto  de  Ajuda. 


5  Cf.  Eph.  5,  26. 

6  Cf.  11  Cor.  3,  5. 


102 


D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL  -  D.  PEDRO  MASCARENHAS 


Textus 

1.  Intentio  principalis  Rcgis  Portugaliae  est  conversio  ittfidelium 
ad  fidem  catholicatn  tum  in  índia  quam  in  aliis  regionibus  sui  impe- 
rii.  —  2.  Cognovit  ex  epistola  Doctoris  Gouveia  clericos  reformatas 
Romae  degentes  ad  illam  coiwersionem  idóneos  esse.  —  3  Quaerat 
legattis  utrum  reverá  ita  sit,  eos  invitet  eisque  ministrei  quidquid  ad 
missionem  opus  fuerit. 

Dora  Pedro  Mazcarenhas  amigo.  Eu  El-Rei,  etc. 

1.  Porque  o  principal  intento,  como  sabeys,  asy  meu 
como  d'El-Rey  meu  senhor  e  padre,  que  santa  gloria  aja  \ 
na  impresa  da  índia  e  em  todas  as  outras  conquistas  2  que 

5  eu  tenho,  e  se  sempre  mateveram  com  tantos  perigos  e  tra- 
balhos e  despesas,  íoy  sempre  o  acrecentamento  de  nossa 
santa  fé  catholica,  e  por  este  se  sofre  tudo  de  tam  boa  von- 
tade, eu  sempre  trabalhey  por  haver  letrados  e  homens  de 
bem  em  todas  as  partes  que  senhoreo,  que  principalmente 

o  fação  este  officio,  asy  de  pregação  como  de  todo  outro 
ensino  necessário  aos  que  novamente  se  convertem  à  fee. 
E  graças  a  Nosso  Senhor,  ategora  hé  nisto  tanto  aprovei- 
tado, e  vay  o  bem  em  tanto  crecimento,  que,  asy  como  me 
hé  muy  craro  sinal  que  a  obra  hé  aceita  a  Nosso  Senhor, 

5  sem  cuja  graça  espicial  seria  impossivel  fazer-se  tamanho 
fruto,  asy  me  parece  que  me  obriga  a  nam  somente  a  con- 
tinuar com  todo  cuydado,  mas  ainda,  asy  como  crece  a 
obra,  asy  acrecentar  no  numero  dos  obreiros. 


13    bem  dei.  nest 


1  D.  Manuel  I,  Rei  de  Portugal,  falecido  no  dia  13  de  Dezem- 
bro de  1521.  Damião  de  Góis,  Chronica  de  El-Rei  D.  Manuel,  P.  IV, 
cap.  lxxxiii;  F.  de  Almeida,  Historia  de  Portugal  11  295. 

2  Dá-se,  nesta  frase,  toda  a  amplidão  dos  intentos  missionários  dos 
Reis  de  Portugal. 


3.  -  LISBOA  4  DE  AGOSTO  DE  1539 


103 


2.  E  porque  agora  eu  fuy  informado  per  carta  de  Mes- 
tre Diogo  de  Gouvea  3,  que  de  Paris  erâo  partidos  [75 v]  20 
certos  clérigos  letrados  e  homens  de  boa  vida,  os  quays 
por  serviço  de  Deus  tinhão  prometido  proveza,  e  somente 
viverem  polas  esmolas  dos  fieys  christãos  a  que  andam 
pregando  por  onde  quer  que  vão  e  fazem  muito  fruyto ;  e 
segundo  agora  também  vy  por  huuma  carta  sua  delles  4  que  25 
escreveram  ao  mesmo  Mestre  Diogo  a  Paris  e  ma  mandou, 

e  o  trelado  vos  vay  com  esta,  elles  aos  xxui  de  Novembro 
eram  nessa  corte,  segundo  a  carta  diz,  detydos  então  polo 
Papa  pera  lhes  ordenar  o  que  havia  por  seu  serviço  que 
elles  fizessem  ;  e  sua  tenção,  segundo  se  vee  por  esta  carta  3° 
hé  converter  infieys ;  e  dizem  que,  aprazendo  ao  Santo 
Padre,  a  quem  se  são  offrecidos,  e  sem  cujo  mandado  nam 
ham-de  fazer  nada,  que  elles  yram  à  Índia. 

3.  E  porque  me  parece,  sendo  elles  destas  calidades  e 
desta  tenção,  que  lá  fariam  mui  grande  serviço  a  Nosso  35 
Senhor,  e  aproveitariam  muito  nas  cousas  da  fee,  asy  pera 
ensino  e  confirmação  dos  que  a  já  tem  recebida,  como  pera 
trazer  outros  a  ella:  vos  encomendo  muito  que,  [76r]  tanto 
que  esta  carta  receberdes,  trabalheis  por  saber  que  homens 
estes  são,  e  onde  estão  e  de  sua  vida  e  costumes  e  letras  e  4° 
preposito ;  e  sendo  estes,  lhes  faleis  se  ahy  estiverem  ;  e 
sendo  absentes,  lhe  escrevays  e  façais  que  elles  queirão 
vir  a  mym,  porque  certo,  se  seu  preposito  hé  esse  de  acre- 
centar  e  aproveitar  à  fé,  e  servir  a  Deus  pregando,  e  com 
exempro  de  suas  vidas,  nam  pode  haver  parte  onde  lhes  45 
estê  mais  aparelhado  poderem-no  fazer  e  comprir  seus 
desejos,  que  em  minhas  conquistas  5,  onde  seram  sempre 


20  Gouvea  dei.  de  França  ||  26  Mestre  dei.  dig  |  Paris  dei.  elles  ||  29  pera  dei.  seu  ser- 
viço ||  38  outros  dei.  a  isso  ||  41  ahy  estiverem  sup.  ;  prius  se  b  ahy  jj  45  lhes  sup.  ||  47  onde 
dei.  e 


3  Carta  i. 

4  Carta  2. 

5  De  novo  os  termos  gerais  do  campo  missionário:  «minhas  con- 
quistas!. 


104         D.  PEDRO  MASCARENHAS  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


tratados  de  maneira,  que  lhe  seja  ainda  dobrada  ajuda  e 
azo  pera  milhor  servir  a  Deus. 

50  E  sendo  necessário  licença  do  Santo  Padre,  ou  ainda 
mandado  pera  ysso,  vós  lhe  supricai  de  minha  parte  que 
lha  queyra  dar  e  mandar-lho,  dando-lhe  esta  informação 
que  ante  elle  e  suas  grandes  virtudes  e  santissimo  zelo 
deve  de  valer  muito  pera  conceder  essa  graça  de  mui  boa 

55  vontade. 

E  assentado  vós  com  elles  que  queiram  vir  ou  por 
terra  ou  por  mar,  como  milhor  [76V]  vos  parecer  e  se  elles 
mais  contentarem,  lhe  dareis  todo  aviamento  e  toda  maneira 
de  seu  gasto  pera  o  caminho  em  toda  abastança. 
60  E  haverei  por  meu  serviço  vir  huuma  pessoa  vossa  com 
elles  pera  os  guiar  e  acompanhar,  porque  venham  o  mays 
cedo  que  seja  possivel.  Tomai  disto  espicial  cuidado  que 
o  receberei  de  vós  em  serviço. 
Escrita 6 

4 

DE  D.  PEDRO  MASCARENHAS 
A  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 

ROMA  10  DE  MARÇO  DE  1540 

I.    Bibliografia:  Schurhammer,  Quelleti  487  ;  Streit  IV  119  n.  422; 
Streit-Dindinger  xv  351  n.  1051. 

II.    Autores:  POLANCO  I  86;  ORLANDINI  85;  RODRIGUES,  História 
1/1  227. 


49  e  azo  sup.  pera  dei.  ser||59  em  toda  abastança  postea  add.  sup.  \\6l  porque  dtl. 
possam  vir. 


6  Incompleta,  porque  é  minuta,  a  que  se  acrescentaria  depois  a 
cláusula  habitual  da  secretaria,  a  data  e  a  assinatura. 


4. -ROMA  10  DE  MARÇO  DE  1540 


105 


III.  Texto:  Único.  Lisboa,  Biblioteca  da  Ajuda  49-IX-36,  ff.  2i5r-22or. 
Original  português. 

IV.  Impressão:  Corpo  Diplomático  Português  IV  285-295;  MI  Epp.  I 
739-741- 

V.  História  da  impressão :  O  Corpo  Diplomático  imprime  todo  o 
documento,  excepto  as  indicações  arquivísticas  do  fim  ;  MI  só  o  que 
interessava  à  Companhia,  mas  traz  aquelas  indicações. 

VI.  Edição :  Reimprime-se  do  Corpo  Diplomático  o  que  se  refere 
ao  nosso  assunto,  acrescentado  das  indicações  arquivísticas  finais  de  MI. 

Textus 

1.  Legatus  Portugaliae  epistolas  a  rege  et  a  Doctore  Gouveia  acce- 
pit ;  locutus  est  clericis  reformatis,  obtinuitque  duos,  lusitanum  unum, 
castellanum  alterum,  quibus  tertius  sese  adiunxit  italus. 


Senhor 

1.  Esta  hé  pera  que  Vossa  Alteza  sayba  as  bulias  e 
breves,  que  este  correo  leva  das  expidições  que  à  sua  par- 
tida são  acabadas,  e  veja  as  copias  que  per  este  marado  das 
soprycações  que  ficam  asynadas;  e  pera  que  Vossa  Alteza  5 
emtemda  o  termo  em  que  os  negoceos  ficam,  asy  o  que  se 
delles  comcede  como  o  que  se  nega,  pera  de  tudo  mandar 
cá  escrever  o  que  ouver  por  mais  seu  servyço. 

[Assuntos  portugueses  na  Cúria  Romana  que  não  perten- 
cem às  Missões],  10 

Quanto,  Senhor,  aos  crelyguos  reformados,  que  aquy  sam 
vimdos  de  Parys,  sobre  que  me  Vossa  Alteza  escreveo  e 
mandou  huma  carta  de  Mestre  Dioguo  de  Gouveia  \  eu  me 
enformey  bem  de  quem  elles  são;  e  por  achar  haver  nelles 


1    Carta  r. 


106         D.  PEDRO  MASCARENHAS  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


15  todallas  calidades,  que  comvem  ao  efeicto  pêra  que  os  Vossa 
Alteza  quer,  lhe  faley  loguo  de  sua  parte.  Respomderam-me 
que  nam  tinham  querer,  por  era  espiciall  o  terem  remetido 
ao  Papa,  per  seu  voto,  e  estavam  prestes  pera  irem  omde 
os  elle  mandase,  aimda  que  fosse  mais  lomje  que  a  Imdia. 

20  Com  ysto  faley  ao  Papa  2,  dizemdo-lhe  a  tençam  de 
Vossa  Alteza,  e  suprycando-lhe  da  sua  parte  que,  se  estes 
cretyguos  eram  taes  como  comprya  ao  efeyto  pera  que  os 
Vossa  Alteza  queria,  e  pera  que  Nosso  Senhor  podese  ser 
servydo  deles  com  a  edificaçam  daqueles  povos,  que  nova- 

25  mente  eram  vimdos  a  nosa  samta  fee,  Sua  Santidade  mam- 
dasse  a  Vossa  Alteza  dous  pares  delles',  e  que  quantos  mais 
lhe  mandase  mais  mercê  lhe  farya,  pollos  muytos  e  dever- 
sos  lugares  omde  se  podiam  empregar  em  servyço  de  Nosso 
Senhor. 

3°  Sua  Santidade  louvou  muyto  a  teinção  de  Vossa  Alteza 
e  seu  samto  pytitoryo,  e  me  disse  myl  beens  destes  crely- 
guos,  de  letrados  e  vertuosos,  e  dos  beens  que  faziam  com 
suas  pregações  e  samtos  emxercicios  em  que  se  acupavão, 
e  que  lhes  pareciam  muy  autos  pera  a  ystruçam  daqueles 

35  que  novamente  vinham  à  fee;  mas  que  pera  jornada  tam 
larga  e  pyrygosa  havia  mester  que  elles  a  tomasem  volun- 
rya:  por  iso  que  os  rogase  eu,  e  que  depois  elle  lho  man- 
darya.  E  nj^sto  houve  pouquo  trabalho  com  elles,  porque 
com  muyto  comtentamento  acceitaram  a  jornada,  e  Sua 

40  Santidade  asy  lho  mandou.  Mas  no  numero  nam  me  pode- 
ram  dar  mais  de  dous,  por  ao  presente  nom  estarem  em 
Roma  senam  seis,  dos  quaes  manda  ho  Papa  outros  dous 
a  Ibernya  3,  que  hé  além  d'Escorcia,  por  algumas  eresyas 
que  naquela  ilha  há.  E  dos  que  me  deram  hum  hé  portu- 

45  guês  *,  que  das  letras  e  vertudes  nam  lhe  fazem  vemtaja 


2  Paulo  III  (Farnésio). 

3  Foram  os  Padres  Pascásio  Broet  e  Alfonso  de  Salmerón  (Syno- 
psis  Historiae  S.  I.  22). 

4  Mestre  Simão  Rodrigues.  A  este  reteve-o  D.  João  III,  para  que 
em  vez  de  ser  ele  missionário,  organizasse  em  Portugal  os  estudos  e 
vocações  missionárias.  E  assim  fundou  o  Colégio  de  Coimbra  e  esta- 


4.  -  ROMA  10  DE  MARÇO  DE  1540 


107 


na  Companhia,  e  por  ser  da  propia  nação  e  vassallo  de 
Vossa  Alteza  o  estimey  mais;  o  outro  hé  castelhano5.  Ho 
português  veo  agora  de  Sena,  omde  esteve  reformando  hum 
moisteiro  de  molheres  por  mandado  do  Papa,  e  de  lá  veo 
quartanayro.  E  por  esta  causa  de  sua  imdesposyçam,  de  5o 
que,  Deos  seya  louvado,  já  está  mylhor,  o  mandey  por 
maar  em  companhia  de  meus  crj7ados  e  fato,  e  que  o  leva- 
sem  a  mynha  casa  até  que  Vossa  Alteza  delle  ordene  o 
que  for  servydo  G.  Com  este  vay  outro  crelyguo  ytalyano  7, 
que  trabalha  de  fazer  a  mesma  profiçam.  Ho  outro  caste-  55 
lhano  levarey  comygo  por  terra.  A  mais  enformação  destes 
crelyguos  e  maneira  de  sua  vida  direy  por  mym  a  Vossa 
Alteza. 

[Assuntos  na  Cúria  que  não  pertencem  às  Missões] 

Nosso  Senhor  per  muytos  annos  tenha  em  sua  espicial  6o 
guarda  a  vida  e  real  pessoa  de  Vossa  Alteza,  com  tamto  acre- 
centamento  de  sua  reall  coroa  quamto  Vossa  Alteza  deseya. 

De  Roma  aos  dez  de  Março  de  1540. 

Dom  Pedro  Mazcarenhas.  65 

[Endereço  autógrafo :] -f  A  El  Rey  nosso  senhor:  sobre 
as  espidições  que  leva  o  correio. 


beleceu  a  Companhia  em  Portugal  da  qual  foi  primeiro  Provincial 
em  1546.  E,  como  tal,  Superior  de  todas  as  missões  das  Conquistas  de 
Portugal,  incluindo  a  índia  até  1549  em  que  Francisco  Xavier  foi  feito 
Provincial,  e  incluindo  o  Brasil  até  1552,  ano  em  que  Simão  Rodrigues 
deixou  o  cargo. 

5  Nicolau  Alfonso  de  Bobadilla.  Mas  este  foi  substituído  pouco 
depois  por  Francisco  Xavier,  que  de  facto  seguiu  para  Portugal  e  daí 
para  a  índia  em  1541. 

6  «E  por  ordem  particular,  que  o  Padre  [Simão  Rodrigues]  trazia 
do  Embaixador  D.  Pedro  Mascarenhas,  se  retirou  à  sua  quinta  da  Palma 
(que  hoje  he  villa  titular  dos  Mascarenhas  Condes  da  Palma  &  então  era 
fazenda  do  mesmo  embaixador,  &  está  situada  entre  a  villa  de  Setuval 
e  a  de  Alcácere  do  Sal)  pera  nella  convalecer  da  quartãa».  Teles,  Chro- 
nica  1  17. 

7  Paulo,  de  Camerino,  que  também  foi  com  Xavier  para  a  índia. 


108 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


\ Outra  letra:}  1540.  De  Dom  Pedro  Mazcarenhas  de  x  de 
Março,  de  Roma.  Recebida  ao  primeiro  d'Abril  em  Lisboa 
por  Silva. 

70      [Selo  bem  conservado] 

5 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

BAÍA  [10  ?  DE  ABRIL]  1549 

I.  Bibliografia:  B.  Machado  iii  319;  Inocêncio-Brito  Ara- 
nha XVI  414;  Catalogo  dos  Manuscriptos  I  16;  Cimélios  491;  SOMMER- 
vogel  v  1781  n.  1 ;  Streit  11  331  n.  1201 ;  Leite  ix  4  n.  2. 

II.  Autores :  Franco,  Imagem  de  Coimbra  11  166 ;  Leite  i  19  20 
80 ;  11  269  515;  vil  146  ;  IX  416  ;  Breve  Itinerário  52-53 ;  Mariz  46 ;  Nemé- 
sio 223 ;  Luís  de  Pina  20. 

III.  Texto :  Único.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro, 
[S.  Roque,  Lisboa]  1-5,  2,  38,  ff.  ir-2r.  Título  (f.  i-r):  «Carta  que  ho 
Padre  Manuel  da  Nóbrega  propósito  provincial  da  Companhia  de  Jesu 
no  Brasil  escreveo  ao  P.  Mestre  Simão  ho  anno  de  1549».  Outra  letra, 
no  fim:  «No  mez  de  Abril».   Apógrafo  português  coevo. 

IV.  Destinatário:  O  P.  Mestre  Simão  Rodrigues,  Provincial  de 
Portugal. 

V.  Data:  É  a  primeira  carta  de  Nóbrega  escrita  do  Brasil  pou- 
cos dias  depois  de  chegar  a  29  de  Março  de  1549,  e  pouco  antes  da  carta 
seguinte  de  15  de  Abril  de  1549,  que  a  ela  se  refere.  Nóbrega  era  então 
apenas  Superior  da  Missão  do  Brasil,  mas  a  cópia  existente  foi  feita  já 
depois  da  Missão  ser  elevada  a  Província  (1553),  o  que  explica  o 
título  da  carta. 

VI.  Impressão:  Franco,  Imagem  de  Coimbra  II  (1719)  166;  Revista 
do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasileiro,  V  (1843)  429-433  (3.a  ed. 
[1886]  457-460);  Inocêncio,  Chronica  de  Vasconcelos  11  (1865)  289-292; 
Vale  Cabral  (1886)  47-51;  (1931)  71-76;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega 
(Coimbra  1955)  17-25. 


5. -BAÍA  10  DE  ABRIL  DE  1549 


109 


VII.  História  da  Impressão:  A  Imagem  de  Coimbra  imprime  só 
parte  da  carta ;  os  mais  na  íntegra. 

VIII.  Edição:  Reimprime-se  o  texto  único  já  hoje  em  parte  ilegí- 
vel no  manuscrito;  supre-se  [entre  cancelos]  com  a  impressão  feita 
por  Vale  Cabral. 

Textus 

1.  Patris  Emmanuelis  da  Nóbrega  cum  sociis  in  Brasiliam  adven- 
tus.  —  2.  Nóbrega  missam  celebrai  et  Fratres  renovant  vota.  —  3.  Ipse 
agit  ministeria  cum  lusitanis,  P.  Navarrus  cum  aliis  in  terra  degentibus. 

—  4.  Fr.  Vincentius  Rodrigues  pueros  docet.  —  5.  Indi  recte  disponuntur 
ad  accipiendam  /idem  christianam.  —  6.  Religio  et  língua  Indorum.  — 
7.  Iiidus  principalis  iam  christiamts.  —  8.  Indumenta  ad  Indos  vestien- 
dos.  —  9.   Necesse  est  ut  e  Portugália  veniant  quam  phirimi  Patres. 

—  10.  P.  Leonardus  Nunes  cum  Fr.  Jácome  mittitur  Portum  Securum. 

—  11.  Alii  S.  I.  permanent  Bahiae.  —  12.  Oportet  ut  e  Portugália  veniat 
Vicarius  Generalis.  —  13.  Terra  salubris  est.  —  14.  Insistit  ut  veniant 
Patres.  —  15.  Gubernator  Thoma  de  Sousa  electus  a  Deo.  —  16.  Postulat 
benedictionem  Provincialis  Portugaliae. 

A  graça  e  amor  de  N.  Senhor  Jesu  Christo  seja  sempre 
em  nosso  favor  e  ajuda.  Amen. 

1.  Somente  darey  conta  a  V.  R.  de  nossa  chegada  a 
esta  terra,  e  do  que  nella  fizemos  e  esperamos  fazer  em  ho 
Senhor  Nosso,  deixando  os  fervores  de  nossa  prospera  via- 
gem aos  Irmãos  1  que  mais  em  particular  a  notaram. 

Chegamos  a  esta  Baya  a  29  dias  do  mes  de  Março  de  1549. 
Andamos  na  viagem  oito  somanas.  Achamos  a  terra  de 
paz  e  quarenta  ou  cinquenta  moradores  na  povoação  2  que 
antes  era.   Receberam-nos  com  grande  alegria ;  e  achamos 


1  Com  Nóbrega  chegaram  ao  Brasil  os  Padres  António  Pires,  Leo- 
nardo Nunes  e  João  de  Azpilcueta  (que  é  o  que  nesta  carta  e  em  mui- 
tas outras  se  diz  simplesmente  Padre  Navarro),  e  os  Irmãos  Vicente 
Rodrigues  e  Diogo  Jácome.  Foram  na  armada  do  primeiro  Governador 
Geral  do  Brasil  Tomé  de  Sousa,  que  saiu  de  Lisboa  a  1  de  Fevereiro 
de  1549.  Leite  i  18-19  560. 

2  Vila  Velha  ou  Povoação  de  Pereira,  fundada  pelo  primeiro  Dona- 
tário da  Baía,  Francisco  Pereira  Coutinho  em  1536.  Documentos  Histó- 
ricos 14  (1929)  181;  Leite  i  20;  Calmon,  História  da  Fundação  da 
Bahia  90. 


110 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


huma  maneira  de  igreja3,  junto  da  qual  logo  nos  apousen- 
tamos  hos  Padres  e  Irmãos  em  numas  casas  a  par  delia, 
que  nam  foy  pouca  consolação  para  nós,  para  dizermos  mis- 
sas e  confessarmos;  e  nisso  nos  ocupamos  agora.  Cofessa-se 
15  toda  haa  gente  da  armada,  digo  a  que  vinha  nos  outros 
navios,  porque  os  nossos  determinamos  de  hos  confessar 
na  nao. 

2.  Ho  primeiro  domingo  que  dissemos  missa  foy  a 
4.a  dominga  da  Quadragessima  i.    Disse  eu  missa  cedo  e 

20  todos  os  Padres  e  Irmãos  confirmamos  os  votos  que  tínha- 
mos feitos  e  outros  de  novo  com  muita  devação  e  conheci- 
mento de  N.  Senhor,  segundo  pelo  exterior  hé  licito  conhecer. 

3.  Eu  prego  ao  Governador  e  à  sua  gente  na  nova 
cidade  5  que  se  começa,  e  o  P.e  Navarro  à  gente  da  terra6. 

25  Spero  em  N.  Senhor  fazer-se  fruito,  posto  que  a  gente  da  terra 
vive  toda  em  peccado  mortal,  e  nom  há  nenhum  que  deixe 
de  ter  muytas  negras  7  das  quaes  estão  cheos  de  filhos,  e  hé 
grande  mal.  Nenhum  delles  se  vem  confessar  ainda;  queira 
N.  Senhor  que  ho  fação  despois. 

30  4.  Ho  Irmão  Vicente  Rijo  8  insina  ha  doctrina  aos  mini- 
nos  cada  dia,  e  também  tem  escola  de  ler  e  escrever ;  pare- 


3  Esta  «maneira  de  igreja»  ou  ermida  foi  a  primeira  origem  da 
Igreja  da  Graça.  Leite  1  20;  11  312  ;  Calmon,  História  da  Fundação  da 
Bahia  101 ;  Van  der  Vat,  Princípios  296. 

4  31  de  Março  de  1549. 

5  Cidade  do  Salvador  da  Baía  de  Todos  os  Santos,  que  umas  vezes 
se  diz  Salvador,  outras  simplesmente  Baía,  como  se  vê  no  fim  desta 
carta. 

6  Esta  «gente  da  terra»  eram  os  portugueses  e  seus  filhos,  que  já 
viviam  nela  à  chegada  da  expedição.  Navarro  ainda  não  sabia,  nem 
podia  saber,  a  língua  da  terra  (tupi)  para  poder  pregar  aos  índios. 
Leite  i  20. 

7  «Negras»  isto  é.  mulheres  índias.  Negras  nem  negros  da  Africa 
ainda  os  não  havia  na  Baía.  Poucas  linhas  abaixo  nomeiam-se  os  «índios 
desta  terra». 

8  Vicente  Rijo,  que  daí  a  pouco  começou  a  chamar-se  Vicente 
Rodrigues,  talvez  outro  dos  seus  sobrenomes.  Por  esta  carta,  o  mais 
antigo  texto  em  que  se  fala  de  Escola  de  ler  e  escrever,  se  constitui 
Vicente  Rodrigues  «primeiro  Mestre- Escola  do  Brasil».  Leite,  Vicente 


5. -BAlA  10  DE  ABRIL  DE  1549 


111 


ce-me  bom  modo  este  para  trazer  hos  índios  desta  terra, 
hos  quaes  tem  grandes  desejos  de  aprender  e,  preguntados 
se  querem,  mostraõ  grandes  desejos. 

5.  Desta  maneira  ir-lhe-ey  insinando  as  orações  e  doe-  35 
trinando-os  na  fé  até  serem  habiles ,J  para  o  baptismo. 
Todos  estes  que  tratam  comnosco,  dizem  que  querem  ser 
como  nós,  senão  que  nom  tem  com  que  se  cubrão  como  nós, 

e  este  soo  inconveniente  tem.  Se10  ouvem  tanger  à  missa, 
já  acodem,  e  quanto  nos  vem  íazer,  tudo  fazem :  assentão-se  4o 
de  giolhos,  batem  nos  peitos,  alevantão  as  mãos  ao  ceo ;  e 
já  hum  dos  principaes  delles  aprende  a  ler  e  toma  lição 
cada  dia  com  grande  cuidado,  e  em  dous  dias  soube  ho  A  B  C 
todo,  e  ho  insinamos  a  benzer,  tomando  tudo  com  grandes 
desejos.  Diz  que  quer  ser  christão  e  nom  comer  carne  45 
humana,  nem  ter  mais  de  huma  molher  e  outras  cousas; 
soomente  que  há-de  ir  à  guerra  e  os  que  cativar  vendê-los 
e  servir-se  delles,  porque  estes  desta  terra  sempre  tem 
guerra  com  outros  e  asi  andâo  todos  em  discórdia.  Comem-se 
huns  a  outros,  digo  hos  contrários.  5o 

6.  Hé  gente  que  nenhum  conhecimento  tem  de  Deus11, 
nem  Ídolos12,  fazem  tudo  quanto  lhe  dizem.  Trabalhamos 


53    nem]  tem  ws. 


Rodrigues  primeiro  Mestre-Escola  do  Brasil,  1528-1600,  in  Brotêria  52 
(1951)  288-300;  E.  de  Souza  Campos,  História  da  Universidade  de 
São  Paulo,  16-17. 

9  «Hábiles»  por  «hábeis»  ainda  hoje  é  forma  popular  no  Minho  e 
na  Beira  Litoral,  ao  menos  na  região  de  S.  João  da  Madeira. 

10  cSe».  Nem  Nóbrega  nem  nenhum  dos  outros  Padres  seus  com- 
panheiros ou  discípulos,  escrevendo  em  português,  usaram  si,  como  se 
lê  em  transcrições  modernas  das  suas  cartas,  induzindo  muitos  leitores 
a  crer  que  assim  escreviam  os  primeiros  e  venerandos  mestres  do  Brasil. 

11  Deus  toma-o  Nóbrega  aqui  no  sentido  culto:  os  índios  não  têm 
doutrina  escrita  («conhecimentos>)  nem  monumentos  arquitectónicos 
que  atestem  visivelmente  esse  conhecimento.  Mas  à  «cabana  sagrada»  já 
se  refere  Nóbrega  na  «Informação  das  Terras  do  Brasil»  [Agosto  1549 §3]. 

12  Acostumado  às  narrações  do  Oriente  onde  os  Missionários 
acharam  grandiosos  templos  povoados  de  ídolos,  Nóbrega  não  conside- 
rou nunca  verdadeiros  ídolos  os  maracás  e  outros  objectos  indí- 


112 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


de  saber  a  língua  delles  e  nisto  ho  P.e  Navarro  nos  leva 
avantagem  a  todos.    Temos  determinado  ir  viver  com  as 

55  Aldeãs  como  estivermos  mais  assentados  e  seguros,  e  apren- 
der com  elles  a  lingoa,  e  i-los  doctrinando  pouco  a  pouco. 
Trabalhey  por  tirar  em  sua  lingoa  as  orações  e  algumas 
pratic[as  de]  N.  Senhor,  e  nom  posso  achar  lingoa  que  mo 
saiba  dizer,  porque  sam  elles  tam  brutos  que  [nem  voca- 

°°  bulos  tem]13.  Spero  de  as  tirar  o  melhor  que  poder  com 
hum  homem  que  nesta  terra  se  criou  de  moço14,  ho  qual 
agora  anda  muy  occupado  em  o  que  ho  Governador  lhe  manda 
e  nom  está  aqui.  Este  homem  com  hum  seu  genrro15  hé  ho 
que  mais  confirma  as  pazes  com  esta  gente,  por  serem  elles 

65  seus  amigos  antigos. 

7.    Também  achamos  hum  Principal  delles  já  christão 
baptizado16,  ho  qual  me  disserão  que  muitas  vezes  ho 


genas.  E  no  «Diálogo  sobre  a  conversão  do  Gentio»,  mantém  o  seu  con- 
ceito, referindo  a  ideia  de  Deus  não  a  esses  objectos,  mas  ao  trovão. 
Ao  contrapor  a  religião  dos  índios  à  dos  pagãos,  dá  vários  exemplos  e 
conclui :  «Os  romanos,  os  gregos,  e  todos  os  outros  gentios,  pintão  e  tem 
inda  por  deus  a  hum  ídolo,  a  huma  vaqua,  a  hum  galo",  estes  tem  que 
há  deus  e  dizem  que  hé  o  trovão,  porque  hé  cousa  que  elles  acham  mais 
temerosa,  e  nisto  tem  mais  rezão  que  os  que  adorão  as  rãas  ou  os  galos» 
(Diálogo  sobre  a  Conversão  do  Gentio,  64  92;  Cartas  de  Nóbrega  [1955]  238). 

13  «Nem  vocábulos  tem»  para  exprimir  os  conceitos  religiosos 
cristãos,  de  que  se  trata.  Cf.  infra  «Informação  das  Terras  do  Brasil» 
[1549]  §§  3  e  8.  O  que  no  texto  aparece  entre  cancelos,  aqui  e  noutros 
lugares,  já  está  ilegível  no  ms.  e  supre-se  pela  edição  de  Vale  Cabral, 
como  se  disse  na  introdução  a  esta  carta. 

14  Diogo  Álvares  «Caramuru»,  cf.  Carta  do  fim  de  Julho  de  1552 
§  2.  Diogo  Álvares,  desde  o  primeiro  contacto,  manteve-se  sempre 
bom  e  fiel  amigo  de  Nóbrega,  que  dele  escreve  em  1558  pouco  depois 
do  seu  falecimento :  «Diogo  Álvares  Caramelu,  o  mais  nomeado  homem 
desta  terra,  o  qual,  por  nos  ter  muito  crédito  e  amor,  nos  deixou  a 
metade  da  sua  terça»  (Novas  Cartas  Jesuíticas  84).  Como  se  sabe,  é 
esta  famosa  e  lendária  personagem  quem  dá  o  título  ao  poema  de  Santa 
Rita  Durão,  cuja  primeira  edição  é  de  1781  (Lisboa):  «Caramuru,  poema 
épico  do  descobrimento  da  Bahia».  Cf.  Leite,  Breve  Itinerário  54-56. 

15  Paulo  Dias,  ao  que  parece.  Sobre  este  e  outros  genros  do 
«Caramuru»,  cf.  Calmon,  História  da  Fundação  da  Bahia  91-92. 

16  Cf.  Carta  de  15  de  Abril  de  1549  §  2. 


5.  -  BAÍA  10  UE  ABRIL  UE  1549 


115 


pedira,  e  por  isso  está  mal  com  todos  seus  parentes.  Hum 
dia,  achando-me  eu  perto  delle,  deu  huma  bofetada  grande 
a  hum  dos  seus  por  lhe  dizer  mal  de  nós,  ou  outra  cousa  7o 
semelhante.  Anda  muito  fervente  e  grande  nosso  amigo ; 
demos-lhe  hum  barrete  vermelho17  que  nos  ficou  do  mar 
e  humas  calças.  Traz-nos  peixe  e  outras  cousas  da  terra 
com  grande  amor.  Nom  tem  ainda  noticia  de  nossa  fé, 
insinamos-lha ;  madruga  muyto  cedo  a  tomar  lição  e  75 
depois  vay  aos  moços  a  ajudá-los  às  obras.  Este  diz  que 
fará  christãos  a  seus  irmãos  e  molher  e  quantos  poder. 
Spero  em  ho  Senhor  que  este  há-de  ser  hum  grande  me[i]o 
e  exemplo  para  todos  os  outros,  hos  quaes  lhe  vão  já  tendo 
grande  enveja  por  verem  hos  mimos  e  favores  que  lhes  8o 
fazemos.  Um  dia  comeo  comnosco  à  mesa  perante  X  ou  XII 
ou  mais  dos  seus,  os  quaes  se  espantarão  do  favor  que  lhe 
dávamos. 

8.  Parece-me  que  nom  podemos  deixar  de  dar  a  roupa 
que  trouxemos  a  estes  que  querem  ser  christãos,  repartin-  85 
do-lha  até  ficarmos  todos  iguaes  com  elles,  ao  menos,  por 
nom  escandalizar  aos  meus  Irmãos  de  Coimbra,  se  soube- 
rem que  por  falta  de  algumas  siroulas  deixa  huma  alma  de 
ser  christãa  e  conhecer  a  seu  Criador  e  Senhor  e  dar-lhe 
gloria.  Ego,  Pater  mi,  in  tanto  positus  igne  charitatís  non  90 
cremor. 

9.  Certo  ho  Senhor  quer  ser  conhecido  destas  gentes 
e  communicar  com  elles  hos  thesouros  dos  merecimentos 
da  sua  paixão,  sicut  alioquin  te  audivi  prophetantem.  E  por- 
tanto, mi  Pater,  compelle  multas  intrare  naves  et  venire  95 
ad  hanc  quam  plantat  Dominus  vineam  suam  18.  Cá  nom 
sam  necessárias  letras  mais  que  para  entre  os  christãos  nos- 


17  O  barrete  vermelho  era  peça  comum  usada  pelos  mareantes 
portugueses  do  século  xvi.  O  primeiro  presente  dado  por  Nóbrega 
aos  índios  da  Baía  foi  exactamente  igual  ao  dado  por  Nicolau  Coelho 
aos  Índios  de  Porto  Seguro  no  descobrimento  do  Brasil  em  1500:  um 
«barrete  vermelho»  (cf.  J.  Cortesão,  A  carta  de  Pero  Vas  de  Cami- 
nha, 202). 

18  Luc.  14,  15. 
8 


114 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


sos,  porem  virtude  e  zelo  da  honrra  de  Nosso  Senhor  hé  cá 
muy  necessário. 

100  10.  Ho  P.e  Leonardo  Nunez  mando  aos  Ilheos  e  Porto 
Seguro19  a  confessar  aquella  gente  que  tem  nome  de  chris- 
tãos,  porque  me  disserão,  de  lá  muytas  misérias,  e  asi  a 
saber  o  fruito  que  na  terra  se  pode  fazer.  Elie  escreverá  a 
V.  R.  de  lá  largo.   Leva  por  companheiro  a  Diogo  Jacome 

105  para  insinar  a  doctrina  aos  mininos,  ho  que  elle  sabe  bem 
fazer;  eu  ho  fiz  já  ensayar  na  nao,  hé  hum  bom  filho. 

11.  Nós  todos  tres20  confessaremos  esta  gente,  e  depois 
spero  que  irá  hum  de  nós  a  huma  povoação  grande,  das 
mayores  e  melhores  desta  terra,  que  se  chama  Pernam- 

110  buco21,  e  asi  em  muytas  partes  apresentaremos  e  convida- 
remos com  ho  Crucificado.  Este  me  parece  agora  a  mayor 
empresa  de  todas,  segundo  vejo  a  gente  docel22,  somente  temo 
ho  mao  exemplo  que  o  nosso  christianismo  lhes  dá,  porque 
há  homens  que  há  bij  [7]  e  x  annos  que  se  nom  confessão,  e 

115  parece-me  que  poem  a  felecidade  em  ter  muytas  molheres. 

12.  Dos  sacerdotes  ouço  cousas  feas.  Parece-me  que 
devia  V.  R.  de  lembrar  a  S.  A.  hum  vigairo  geral,  porque 
sey  que  mais  moverá  ho  temor  da  justiça  [que  ho]  amor  do 
Senhor.    E  nom  há  óleos  para  ungir,  nem  para  baptizar ; 

120  faça[-os  V.  R.  vir  no]  primeiro  navio,  e  parece-me  que  os  avia 
de  trazer  um  Padre  dos  nossos.  [2r]  Também  me  parece  que 
Mestre  João23  aproveitaria  cá  muito,  porque  a  sua  lingoa  hé 


19  Ilhéus  e  Porto  Seguro,  Capitanias  a  seguir  à  Bala,  na  direcção 
do  Sul. 

20  Padres  Nóbrega,  António  Pires  e  Navarro. 

21  Pernambuco,  Capitania  ao  norte  da  Baía. 

22  Dócel  por  dócil.  Cabe  aqui  a  mesma  observação  da  nota  9. 

23  Mestre  João  Bosch,  catalão,  mais  conhecido  por  Mosén  ou  Mis- 
ser  Juan  de  Aragão  «Capellão  das  Infantas  de  Castella  Dona  Maria 
Imperatriz,  &  Dona  Joanna  mãy  del-Rey  Dom  Sebastião,  foi  recebido 
pelo  Padre  Pedro  Fabro  em  Lovayna  &  dali  mandado  ter  seu  novi- 
ciado em  Coimbra  no  anno  de  1544  [...]•  Era  amparo  de  pobres, 
viuvas  e  necessitados  [...].  Morreo  em  Lisboa  na  Caza  de  Santo 
Antão  o  Velho  aos  2  de  Março  de  1553».  Franco,  Imagem  de  Coimbra 
II  572. 


6.-  BAÍA  15  DE  ABRIL  DE  1549 


115 


semelhante  a  esta,  e  mais  aproveitar-nos-emos  cá  da  sua 
theologia. 

13.  A  terra  cá  achamo-la  boa  e  sara.    Todos  estamos  i25 
de  saúde,  Deus  seja  louvado,  mais  sãos  do  que  partimos. 
As  mais  novas  da  terra  e  da  nossa  Cidade  os  Irmãos 
screveram  largo,  e  eu  também  polias  naos  quando  par- 
tirem. 

14.  Crie  V.  R.  muitos  filhos  para  cá  que  todos  são  13° 
necessários.  Eu  hum  bem  acho  nesta  terra,  que  nom  aju- 
dará pouco  a  permanecerem  depois  na  íé,  que  hé  ser  a  terra 
grossa,  e  todos  tem  bem  ho  que  am  mester,  e  a  necessidade 
lhes  nom  fará  perjuizo  algum.  Estão  espantados  de  ver  a 
majestade  com  que  entramos  e  estamos,  e  temem-nos  muyto,  135 
ho  que  também  ajuda.  Muito  há  que  dizer  desta  terra,  mas 
deixo-o  ao  commento  dos  charissimos  Irmãos. 

15.  Ho  Governador24  hé  escolhido  de  Deus  para  isto, 
faz  tudo  com  muito  tento  e  siso.  Nosso  Senhor  ho  conser- 
vará para  reger  este  seu  povo  de  Israel.  14° 

16.  Tu  autem,  Pater,  ora  pro  omnibus  et  presertim  pro 
filiis  quos  enutristi25.  Lance-nos  a  todos  a  benção  de  Christo 
Jesu  dulcíssimo. 

Desta  Baya,  1549. 

Manuel  da  Nóbrega.  145 

6 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

BAÍA  [15  DE  ABRIL  DE]  1549 

I.  Bibliografia  :  B.  Machado  iii  319 ;  Inocêncio-Brito  Aranha 
XVI  414;  Catalogo  dos  Manuscriptos  I  17;  Cimêlios,  491;  SOMMERVO- 
gel  v  1781  n.  2 ;  Streit  11  332  n.  1202 ;  Leite,  ix  4  n.  3. 


24  Tomé  de  Sousa. 

25  Tanto  Nóbrega  como  os  mais  Jesuítas  das  três  primeiras 
expedições  (1549,  1550,  1553),  tinham  sido  recebidos  na  Companhia 
pelo  P.  Mestre  Simão  Rodrigues,  que  deixou  o  cargo  de  Provincial 
em  1552. 


116 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


II.  Autores :  Franco,  Imagem  de  Coimbra  II  167 ;  LEITE  li  272 
515;  IX  416;  Breve  Itinerário  56. 

III.  Texto:  Único.  Bibioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque, 
Lisboa]  1-5,  2,  38,  f.  2r-2v.  Título  (f.  2r):  «Outra  do  Padre  Nóbrega 
para  o  P.e  Mestre  Simão  do  anno  de  1549».  Apógrafo  coevo. 

IV.  Impressão :  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasi- 
leiro V  (1843)  433  (3-a  ed.  [1886]  451-462) ;  INOCÊNCIO,  Chronica  de  Vas- 
concelos (1865)  11  300-301 ;  Vale  Cabral  (1886)  52-53 ;  (1931)  77-78  y 
Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  25-28. 

V.    Edição:    Reimprime-se  o  apógraío. 

Textus 

7.  Clerici  boni  mittendi  sunt  in  Brasiliam,  noit  ma/i.  —  2.  Convcr- 
sio  Indi  principalis.  —  3.  Fabula  S.  Thomae  sive  Zomè  de  origine  pauis. 
—  4.  Mirantur  Indi  de  cu/tu  divino  christiano.  —  5.  Situs  pro  futuro 
Collegio  aedificando.  —  6.  Vicarius  Generalis  mittendus  est.  —  7.  Epis- 
tolae  Fratrum  in  Portuga/iam  missae. 

A  graça  e  o  amor  de  Christo  N.  Senhor  seja  sempre  em 
nosso  favor.  Amen. 

1.  Depois  de  ter  scripto  a  V.  R.,  posto  que  brevemente 
segundo  meus  desejos,  soccedeo  nora  se  partir  a  caravela  e 
deu-me  lugar  para  fazer  esta  e  tornar-lhe  a  encomendar  as 
necessidades  da  terra  e  ho  aparelho  que  tem  para  se  muy- 
tos  converterem.  E  certo  hé  muyto  necessário  aver  homens 
qui  quaerant  Iesum  Christum  solum  crucifixum  K  Cá  há 
clérigos,  mas  hé  a  escoria  que  de  lá  vem:  omnes  quaerunt 
quae  sua  sunt 2.  Non  se  devia  consentir  embarcar  sacer- 
dote sem  ser  sua  vida  muyto  approvada,  porque  estes  dis- 
truem  quanto  se  edifica ;  sed  mitte,  Pater,  filios  tuos  in 
Domino  nutritos,  Fratres  meos,  ut  in  omnem  hanc  terram 
exeat  sonus  eorum  3. 


10    Prius  devião 


1  Mare.  16,  6. 

2  Phil.  2,  21. 

3  Ps.  185;  Rom.  io,  18. 


6.  -  BAÍA  15  DE  ABRIL  DE  1549 


117 


2.  Homtem,  que  íoy  Domingo  de  Ramos  i}  apresentey  15 
ao  Governador  hum  para  se  baptizar  depois  de  doctri- 
nado  5,  ho  qual  era  o  mayor  contrario  que  hos  christãos 
ategora  teverão ;  recebeo[-o]  com  amor.  Spero  em  N.  Senhor 
de  se  fazer  [2v]  muyto  fruito. 

3.  Também  me  contou  pessoa  íidedigna  que  as  raizes  6  20 
de  que  cá  se  faz  ho  pão,  que  S.  Thomé  as  deu,  porque  cá 
nora  tinhão  pão  nenhum.  E  isto  se  sabe  da  fama  que  anda 
entre  elles,  quia  patres  eorum  nuntiaverunt  eis.  Estão 
daqui  perto  humas  pisadas  figuradas  em  huma  rocha,  que 
todos  dizem  serem  suas.  Como  tevermos  mais  vagar,  ave-  25 
mo-las  de  ir  ver  7. 

4.  Estão  estes  Negros  muy  spantados  de  nossos  officios 
divinos.  Estão  na  igreja,  sem  lhes  ninguém  insinar,  mais 
devotos  que  hos  nossos  christãos.    Finalmente  perdem-se 

à  mingoa.  Mitte  igitur  operários  quia  iam  satis  alba  est  3° 
messis  8. 

5.  Ho  Governador  nos  tem  escolhido  hum  bom  valle  9 
para  nós;  parece-me  que  teremos  agoa,  e  asi  mo  dizem 


4  14  de  Abril. 

5  Na  carta  precedente  Nóbrega  fala  de  «hum  Principal  delles  já 
-christão  baptizado»  [Carta  de  cc.  10  de  Abril  de  1549  §  7],  que  supomos 
ser  o  Principal  Simão;  aqui  fala  de  outro  «para  se  baptizar  depois  de 
doctrinado»,  e  este  parece  ser  o  velho  page  que  recebeu  o  nome  de 
Amaro,  baptizado  no  dia  da  festa  do  Anjo  (21  de  Julho  de  1549),  pois 
neste  dia  se  refere  o  seu  baptismo.  Até  10  de  Agosto  [§  4]  diz  Nóbrega 
que  já  tinha  baptizado  cem  pessoas  pouco  mais  ou  menos  entre  as  que 
ofereciam  alguma  segurança.  Nessa  mesma  carta  de  10  de  Agosto 
[§  6]  se  fala  já  de  quatro  Aldeias,  mas  os  seus  principais  ainda  não 
eram  baptizados,  porque  daí  em  diante  deviam  de  ter  uma  só  mulher, 
e  eles  estavam  a  fazer  a  escolha;  esperava-se  em  todo  o  caso  que  o 
baptismo  se  fizesse  em  breve. 

6  Destas  raízes,  a  principal  era  a  Mandioca  (Manihot  utilíssima, 
Pohl). 

7  As  pegadas  chamadas  de  S.  Tomé,  Nóbrega  já  as  tinha  visto 
pessoalmente  em  Agosto  seguinte,  cf.  «Informação  das  Terras  do  Bra- 
sil» §  9. 

8  Ioan.  4,  35. 

9  Cf.  carta  de  9  de  Agosto  de  /549  §  10. 


118 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


todos.  Aqui  devíamos  de  fazer  nosso  valhacouto  e  daqui 
35  combater  todas  as  outras  partes. 

6.  Há  cá  rouyta  necessidad[e]  de  Vigairo  Geral  para 
que  elle  con  temor  e  nós  com  amor  procedendo,  se  busque 
a  gloria  do  Senhor. 

7.  Ho  mais  verá  pelas  cartas  dos  Irmãos.  Vale  semper 
40  in  Domino,  mi  Pater,  et  benedic  nos  omnes  in  Christo 

Iesu. 

Da  Baya,  1549. 

Manuel  da  Nóbrega. 

CARTAS  PERDIDAS 

6a-e.  Dos  Padres  e  Irmãos  ao  P.  Simão  Rodrigues,  Lisboa 
(Baía  1549).  No  fim  da  carta  precedente  [15  de  Abril]  diz  Nóbrega 
ao  Provincial  de  Portugal:  «Ho  mais  verá  pelas  cartas  dos  Irmãos». 
Nóbrega  tratava  por  Irmãos  a  todos,  mesmo  que  fossem  Padres.  Leite, 
Breve  Itinerário  27.  Entre  uns  e  outros  eram  cinco  (Leonardo  Nunes, 
João  de  Azpilcueta,  António  Pires,  Vicente  Rodrigues  e  Diogo  Jácome); 
e  não  é  demais  supor  que  cada  um  escrevesse  ao  menos  uma  carta. 
E  de  nenhum  se  conservou  nenhuma  do  ano  de  49. 

7 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

BAÍA  9  DE  AGOSTO  DE  1549 

I.  Bibliografia  :  B.  Machado  iii  3x9 ;  Inocêncio-Brito  Aranha 
XVI  414;  Catalogo  dos  Manuscriptos  l  17;  Cimélios  491;  Sommervo- 
gel  v  1781  n.  3;  Streit  11  332  n.  1203 ;  Leite  ix  4  n.  4. 

II.  Autores  :  LEITE  I  32  ;  II  196  312  362  373  515  571  ;  IX  416  ;  Breve 
Itinerário  56-58  ;  Mariz  75 ;  Nemésio  228-231. 

III.  Texto:  Único.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro 
[S.  Roque,  Lisboa],  1-5,  2,  38,  f.  3r-5v.  Título:  «Carta  que  o  Padre 
Manuel  da  Nóbrega,  preposito  provincial  da  Companhia  de  Jesus  em  as 
terras  do  Brasil,  escreveo  ao  P.e  Mestre  Simão,  preposito  provincial  da 
dita  Companhia  em  Portugal  ho  anno  de  1549».  Apógrafo  coevo. 

IV.  Impressão:  Revista  do  Instituto  Histórico  t  Geográfico  Bra- 
sileiro v  (1843)  435-442  (3.a  ed.  [1886]  463-470);  Inocêncio,  Chronica  de 


7.  -  BAÍA  9  DE  AGOSTO  DE  1549 


119 


Vasconcelos  n  (1865)  293-300;  Vle  Cabral  (1886)  54-61 ;  (1931)  79-87; 
Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  28-43. 

V.    Edição:  Reimprime-se  o  apógrafo. 

Textus 

1.  Epistolae  in  Porlugaliam  missae. —  2.  Desurit  mulieres  ut  lusi- 
tanis  casto  connubio  iungantur  casque  e  Portugália  postulat.  —  3  Pro 
família  Christiana.  — 4.  Adversus  blasphemantes. — 5.  Pro  defensione  liber- 
tatis  Indorum. —  6.  Ltberatio  hidorurn  ab  intusta  captivitate.  —  7.  Hacc 
terra  iticeptum  est  nostrum,  sed  desuni  operarii  evangelici.—  8.  Bulla 
Sanctissimi  Sacramenti,  facultates  Sanctae  Sedis,  et  immunitas  Indo- 
rum a  legibus  positivis  Ecclesiae.  — 9.  Necesse  est  utveniat  Episcopusvel 
saltem  Vicarius  Generalis. —  10.  De  si  tu  futtiri  Collegii  extra  vmros 
urbis. —  77.  Terra  offert  facilitatem  ad  vivendum,  non  autem  adoffi- 
ciales  mechanicos  conducendos  quia  pauci  sunt.  —  72.  Terra  nimis  bona 
ad  quam  mitti  non  debebant  homines  crimine  infecti.  —  13.  Opus  est 
indumento  pro  foeminis  indis. —  14.  Devaletudine  et  ministeriis  Patrum. 
—  75.  Festa  solemnia.  —  16.  Nóbrega  vices  gerit  vicarii.  —  17.  Viri 
Gubernii  amici  et  benef actores.  —  18.  Ferramenta,  semina  et  libri  e  Por- 
tugália postulantur.  —  19.    Vita  spiritualis. 

A  graça  e  amor  de  N.  Senhor  Jesu  Christo  seja  sempre 
em  nosso  favor.  Amen. 

1.  Polia  i.a  via  escrevi  a  V.  R.  e  aos  Irmãos  largo,  e 
agora  tornarey  a  repetir  algumas  cousas,  ao  menos  em 
soma,  porque  o  portador  desta,  como  testimunha  de  vista,  5 
me  escusará  de  me  alargar  muito,  e  algumas  cousas  mais 
se  poderam  ver  polia  carta  que  escrevo  ao  Doutor  Navarro  *. 

2.  Nesta  terra  há  hum  grande  peccado,  que  hé  terem 
os  homens  quasi  todos  suas  negras  por  mancebas,  e  outras 
livres  que  pedem  aos  negros  por  molheres,  segundo  ho  *° 
custume  da  terra,  que  hé  terem  muitas  molheres.  E  estas 
deixam-nas  quando  lhe  apraz,  o  que  hé  grande  scandalo 
para  a  nova  Igreja  que  o  Senhor  quer  fundar.  Todos  se  me 
escusão  que  nom  tem  molheres  com  que  casem,  e  conheço 
eu  que  casarião  se  achassem  com  quem  ;  e  tanto,  que  huma  15 


15    e  tanto]  em  tanto  ms. 


1   A  seguir :  Carta  de  10  de  Agosto. 


120 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


molher,  ama  de  hum  homem  casado  que  veo  nesta  armada, 
pelejavão  sobre  ella  a  quem  a  averia  por  molher;  e  huma 
scrava  do  Governador  lhe  pedião  por  molher,  e  dizião  que 
lha  querião  forrar.  Parece-me  cousa  muy  conveniente  man- 
so dar  S.  A.  algumas  molheres,  que  lá  tem  pouco  remédio  de 
casamento,  a  estas  partes,  ainda  que  fossem  erradas,  porque 
casaram  todas  muy  bem,  com  tanto  que  nom  sejão  taes  que 
de  todo  tenhão  perdida  a  vergonha  a  Deus  e  ao  mundo. 
E  digo  que  todas  casaram  muito  bem,  porque  hé  terra  muito 
25  grossa  e  larga,  e  huma  pranta  que  se  faz  huma  vez  dura 
X  annos  aquella  novidade,  porque,  asi  como  vão  apanhando 
as  raizes,  prantão  logo  os  ramos  e  logo  arrebentão.  De 
maneira  que  logo  as  molheres  teriam  remédio  de  vida,  e 
estes  homens  remediarião  suas  almas,  e  facilmente  se  povoa- 
3°  ria  a  terra. 

3.  E  estes  amancebados  tenho  amoestado,  por  vezes, 
asi  em  pregações  em  geral  como  em  particular;  e  huns 
se  casão  com  algumas  molheres  se  se  achão,  outros  com 
has  mesmas  negras,  e  outros  pedem  tempo  para  venderem 

35  as  negras,  ou  se  casarem.  De  maneira  que  todos,  gloria 
ao  Senhor,  se  poem  em  algum  bom  meo:  soomente  hum 
que  veo  nesta  armada,  o  qual  como  chegou  logo  tomou 
huma  india  gentia  pedindo-a  a  seu  pay,  fazendo-a  christâa, 
porque  este  hé  ho  custume  dos  portugueses  desta  terra,  e 

4°  cuidão  nisto  obsequium  se  prestare  Deo  2,  porque  dizem 
nom  ser  peccado  tam  grande,  nom  olhando  à  grande  irre- 
verência que  se  faz  ao  sacramento  do  baptismo.  E  este 
amancebado,  nom  dando  por  muitas  amoestações  que  lhe 
tinha  feito,  se  pos  a  permanecer  com  ella,  o  qual  eu  amoes- 

45  tey  no  pulpeto  que  dentro  daquella  somana  a  deitasse  fora 
so-pena  de  lhe  prohibir  o  ingresso  da  igreja;  o  que  fiz  por 
ser  peccado  muy  notório  e  escandaloso,  e  elle  pessoa  de 
quem  se  sperava  outra  cousa,  e  muytos  tomavão  occasião 


31    amoestado]  amostrado  >ns.  ||  44-45   amoestey]  amostrcy  >«s. 


2   Ioan.  16,  2. 


7.  -  BAÍA  9  DE  AGOSTO  DE  1549 


121 


de  tomarem  outras.  O  que  tudo  N.  Senhor  remedeou  com 
isto  que  lhe  fiz,  porque  logo  a  deitou  de  casa  e  os  outros  5o 
que  o  tinhão  imitado  no  mal  o  imitarão  também  nisto,  que 
botarão  também  has  suas,  [3V]  antes  que  mais  se  soubesse, 
e  agora  ficou  grande  meu  amiguo.  Agora  ninguém  de  que 
se  presuma  mal  merca  estas  escravas.  Neste  officio  me 
meti  em  absencia  do  Vigairo  Geral,  parecendo-me  que  em  55 
cousas  de  tanta  necessidade,  N.  Senhor  me  dava  cuidado 
destas  ovelhas. 

4.  Alguns  blasfemadores  públicos  do  nome  do  Senhor 
avia,  os  quaes  amoestamos  por  vezes  em  os  sermões,  len- 
do-lhe  as  penas  do  direito,  e  amoestando  ao  Ouvidor  Geral 3  60 
que  attentasse  por  isso.  Gloria  ao  Senhor,  vay-se  já  per- 
dendo este  mao  custume  e,  se  acontece  cair  algum  pollo 
mao  custume,  vem-se  a  mym  pedir-me  penitencia.  Nestes 
termos  está  esta  gente.  Agora  temo  que,  vindo  ho  Vigairo 
Geral 4,  que  já  hé  chegado  a  huma  povoação  aqui  perto,  se  65 
ousem  a  alargar  mais.  Eu  ladrarey  quanto  poder. 

5.  Escrevi  a  V.  R.  acerca  dos  saltos  que  se  fazem  nesta 
terra,  e  de  maravilha  se  acha  cá  scravo  que  nom  fosse 
tomado  de  salto,  e  hé  desta  maneira:  que  fazem  pazes  com 
hos  Negros  para  lhe  trazerem  a  vender  o  que  tem,  e  por  7o 
engano  enchem  os  navios  delles  e  fogem  com  elles ;  e  alguns 
dizem  que  o  podem  fazer  por  os  Negros  terem  já  feito  mal 
aos  christãos.  O  que  posto  que  seja  assi,  foy  depois  de 
terem  muitos  scandalos  recebidos  de  nós.  De  maravilha 
se  achará  cá  terra,  onde  os  christãos  nom  fossem  causa  da  75 
guerra  e  dissensão,  e  tanto  que  nesta  Baya,  que  hé  tida  por 


51    mal  corr.  ex  mais  [|  76    dissensão]  discensão  ms. 


3  Pero  Borges. 

4  Não  se  tratava  de  «Vigário  Geral».  Talvez  equívoco  do 
copista  que  leu  geral  onde  estaria  «o  qual».  A  provisão  do  «clérigo 
Manuel  Lourenço  que  ia  como  Vigário  da  Igreja  do  Salvador»  é  datada 
de  18  de  Fevereiro  de  1549.  E  já  estava  na  Baía  no  Natal  de  1549 
(Leite  i  23),  cessando  Nóbrega  o  seu  ofício  de  Pároco,  que  embora 
interinamente,  fora  o  primeiro  a  exercer  na  nova  Cidade. 


122 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


hum  gentio  dos  peores  de  todos,  se  levantou  a  guerra  por 
hos  christãos,  porque  hum  Padre  5,  por  lhe  hum  Principal 
destes  Negros  nom  dar  o  que  lhe  pedia,  lhe  lançou  ha  morte, 

8o  no  que  tanto  imaginou  que  morreo  e  mandou  aos  filhos  que 
o  vingassem.  De  maneira  que  os  primeiros  scandalos  são 
por  causa  dos  christãos,  e  certo  que,  deixando  os  maos 
custumes  que  erão  de  seus  avoos,  em  muitas  cousas  fazem 
avantagem  aos  christãos,  porque  melhor  moralmente  vivem 

85  e  guardão  melhor  a  lei  de  natureza. 

6.  Alguns  destes  escravos  me  parece  que  seria  bom 
juntá-los  e  torná-los  à  sua  terra,  e  ficar  lá  hum  dos  nossos 
para  os  insinar,  porque  por  aqui  se  ordenaria  grande  entrada 
com  todo  este  gentio.   Entre  outros  saltos  que  nesta  costa 

9°  são  feitos,  hum  se  fez  há  dous  annos  muito  cruel,  que  foy 
irem  huns  navios  a  hum  gentio  que  chamão  os  Charijos  6, 
que  estão  alem  de  S.  Vicente,  o  qual  todos  dizem  que  hé 
o  melhor  gentio  desta  costa,  e  mais  aparelhado  para  se  fazer 
fruito.   Elie  somente  tem  200  legoas  de  terra;  entre  elles 

95  estavão  convertidos  e  baptizados  muitos  [por  dous  clérigos 
que  lá  foram].  Morreo  hum  destes  clérigos  7  e  ficou  o  outro 
e  proseguio  o  fruito.  Forão  ali  ter  estes  navios  que  digo, 
e  tomarão  ho  Padre  dentro  em  hum  dos  navios  com  outros 
que  com  elle  vinhão  e  levantarão  as  vellas.  Hos  outros  que 
100  ficarão  em  terra  vierão  em  paos  à  borda  do  navio,  que 
levassem  embora  os  negros  e  que  deixassem  ho  seu  Padre; 
e  por  nom  quererem  hos  dos  navios,  tornarão  a  dizer  que, 
pois  levavão  ho  seu  Padre,  que  levassem  também  a  elles, 


91    Charijos]  Chacios  »«s. 


5  Parece  tratar-se  do  clérigo  de  missa  a  qne  chamam  Bezerra>, 
o  qual  «nom  vive  bem»  diz  o  Ouvidor  Geral.  Leite  ii  510. 

6  «Carijós»,  que  também  se  chamam  «Guaranis».  Vale  Cabral, 
Cartas  de  Nóbrega  (1931)  81. 

7  O  sentido  pede  uma  frase  anterior  que  o  copista  tivesse  sal- 
tado, e  que  incluímos  entre  cancelos,  porque  embora  em  termos  vagos 
refere-se  aos  dois  Padres  Franciscanos,  que  estiveram  nos  Carijós  e 
de  que  fala  na  «Informação  das  Terras  do  Brasil»  §  2. 


7.  -  BAÍA  9  DE  AGOSTO  DE  1549 


123 


e  logo  hos  recolherão  e  os  trouxerão,  e  ho  Padre  poserão 
em  terra.  E  hos  negros  desembarcarão  em  huma  Capita-  105 
nia  para  venderem  alguns  delles,  e  todos  se  acolherão  à 
igreja  dizendo  que  erão  christãos,  e  que  sabião  as  orações 
e  ajudar  à  missa,  pedindo  misericórdia.  Nom  lhes  valeo, 
mas  forão  tirados  e  vendidos  polias  Capitanias  desta  costa. 
Agora  me  dizem  que  hé  lá  ido  ho  Padre  a  fazer  queixume;  no 
delle  poderá  saber  mais  largo  ho  que  passa.  Agora  temos 
assentado  com  ho  Governador  que  nos  mande  dar  estes 
negros  para  os  tornarmos  a  sua  terra  e  íicar  lá  Leonardo 
Nunez  para  hos  insinar  8. 

Desejo  muito  que  S.  A.  encomendasse  isto  muyto  ao  "5 
Governador,  digo  que  mandasse  [41*]  provisão  para  que 
entregasse  todos  os  escravos  salteados  para  os  tornarmos  a 
sua  terra,  e  que  por  parte  da  justiça  se  saiba  e  se  tire  a 
limpo,  posto  que  nom  aja  parte,  pois  disto  depende  tanto 
a  paz  e  conversão  deste  gentio.  120 

7.  E  V.  R.  nom  seja  avarento  desses  Irmãos  e  mande 
muytos  para  soccorrerem  a  tantas  e  tam  grandes  necessida- 
des, que  se  perdem  estas  almas  à  mingoa,  petentes  panem 
et  non  est  qui  frangat  eis  9.  Lá  bem  abastão  tantos  religio- 
sos e  pregadores,  muytos  Moisés  e  prophetas  há  lá10.  125 

Esta  terra  hé  nossa  empresa,  e  o  mais  gentio  do  mundo. 
Nom  deixe  lá  V.  R.  mais  que  huns  poucos  para  aprender, 
os  mais  venhão.  Tudo  lá  hé  miséria  quanto  se  íaz ;  quando 
muito  ganhão-se  cem  almas,  posto  que  corrão  todo  ho 
Reyno ;  cá  hé  grande  manchea.  130 

8.  Será  cousa  muito  conveniente  aver  do  Papa  ao  menos 
hos  poderes  que  temos  do  Núncio  e  outros  mayores,  e  pode- 
remos alevantar  altar  em  qualquer  parte,  porque  hos  do 
Núncio  nom  são  perpétuos;  e  asi  que  nos  commetta  seus 
poderes  acerca  destes  saltos,  para  podermos  commutar  algu-  135 


8  Tomé  de  Sousa,  de  acordo  com  o  Ouvidor,  acedeu  realmente  ao 
pedido  de  Nóbrega.  Leite  11  196. 

9  Thren.  4,  4. 
10   Luc.  16,  19. 


124 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


mas  restituições  e  quietar  conscientias  e  ameaços  que  cada 
dia  acontecem;  e  asi  também  que  as  leis  positivas  nom 
obriguem  ainda  este  gentio,  até  que  vão  aprendendo  de 
nós  por  tempo,  scilicet,  jejuar,  confessar  cad'anno  e  outras 

140  cousas  semelhantes  j  e  asi  também  outras  graças  e  indul- 
gências, e  a  Bulla  do  Santíssimo  Sacramento  11  para  esta 
Cidade  da  Baya,  e  que  se  possa  communicar  a  todas  as  par- 
tes desta  costa;  e  o  mais  que  a  V.  R.  parecer. 

9.    Hé  muito  necessário  cá  hum  Bispo12  para  consagrar 

J45  óleos  para  hos  baptizados  e  doentes,  e  também  para  confir- 
mar os  christãos  que  se  baptizão,  ou  ao  menos  hum  Vigairo 
Geral  para  castigar  e  emendar  grandes  males,  que  asi  no 
ecclesiastico  como  no  secular  se  comettem  nesta  costa,  por- 
que os  seculares  tomão  exemplo  dos  sacerdotes  e  o  gentio 


11  Fundavam-se  então  em  Portugal  as  Confrarias  do  Santíssimo 
Sacramento.  Nasceram  dum  movimento  iniciado  em  1530  na  Igreja  de 
Santa  Maria  de  Minerva,  em  Roma,  e  que  o  Papa  Paulo  III  erigiu  cano- 
nicamente em  Confraria  pela  Bula  Dominus  Xoster  Jesus  Christus,  de 
30  de  Novembro  de  1539.  Passados  poucos  meses,  já  havia  idêntica 
associação  em  Penafiel,  com  festa  e  estatutos  próprios.  Entre  as  suas 
finalidades  estão  as  de  visitar  o  Santíssimo,  manter  sempre  acesa  a  sua 
lâmpada,  acompanhá-lo  nas  ruas  quando  saía  aos  enfermos,  cuidado  e 
limpeza  do  altar,  etc.  Pelo  seu  objecto  era,  e  é,  a  mais  espalhada  e 
indulgenciada  de  todas  as  associações  de  carácter  pio  (F.  Beringer, 
Les  iiidulgences,  leur  nature  et  leur  usage,  trad.  de  Ph.  de  Mazoyer,  II 
[Paris  1905]  125-127;  A.  Bessières,  Ligues  Eucharistiques  [Tournai  1914] 
243-244;  [Maurice  Brillant],  Eucharistia  [Paris  1947]  362;  Miguel  de 
Oliveira,  História  Eclesiástica  de  Portugal  [Lisboa  1940]  233). 
Nóbrega  continuava  no  Brasil  o  seu  apostolado  iniciado  um  ano  antes 
no  norte  de  Portugal,  segundo  escreve  o  P.  Manuel  Godinho,  de  Coim- 
bra, 8  de  Junho  de  1548:  «Ho  Padre  Nóbrega  está  agora  em  São  Fins, 
que  foi  a  assentar  a  Bulla  do  Sacramento.  Diz  que  vem  muita  gente 
doutras  partes  derredor  assentar-se  nessa,  porque  não  há  por  aquela 
terra  outra,  que  viesse  de  Roma,  senão  a  da  See  de  Braga.  Detremina 
o  Padre  Nóbrega  de  reformar  laa  toda  aquela  gente  do  Minho»  (Epp. 
Mixtae  I  530-531 ;  Leite,  Movimento  Eucarístico  Brasileiro  no  tempo  de 
Nóbrega,  in  Brotèria  60  (1955)  406-407 ;  Breve  Itinerário  46). 

12  Antes,  Nóbrega  pedia  um  Vigário  Geral ;  agora,  Bispo  e  insiste. 
E,  enfim,  D.  João  III,  a  31  de  Julho  de  1550.  propôs  D.  Pedro  Fernan- 
des. Leite  ii  515. 


7.  -  BAÍA  9  DE  AGOSTO  DE  1549 


125 


de  todos.  E  tem-se  cá  que  o  vicio  da  carne  que  nom  hé  15° 
peccado  como13  nom  hé  notavelmente  grande,  e  consentem 
ha  heresia  que  se  reprova  na  Igreja  de  Deus,  quod  est 
dolendum.  Hos  óleos  que  mandamos  pedir  nos  mande,  e 
vindo  Bispo,  nom  seja  dos  que  quaerunt  sua,  sed  quae  Iesu 
Christi14.   Venha  para  trabalhar  e  não  para  ganhar.  T55 

10.  Eu  trabalhey  por  escolher  hum  bom  lugar  para  ho 
nosso  Collegio  dentro  na  cerca  e  soomente  achey  hum,  que 
lá  vay  por  mostra  a  S.  A.,  ho  qual  tem  muitos  inconvenien- 
tes, porque  fica  muito  junto  da  See  e  duas  igrejas  juntas 
nom  hé  bom,  e  hé  pequeno,  porque  onde  se  há-de  íazer  160 
a  casa  nom  tem  mais  que  X  braças,  posto  que  tenha  ao 
cumprido  da  costa  40 ;  e  nom  tem  onde  se  possa  fazer 
horta,  nem  outra  cousa,  por  ser  tudo  costa  muy  ingrime 
e  com  muita  sojeição  da  Cidade.  E  portanto  a  todos  nos 
parece  muito  melhor  hum  teso  que  está  logo  alem  da  cerca,  165 
para  a  parte  donde  se  há-de  estender  a  Cidade15,  de  maneira 
que  antes  de  muitos  annos  podemos  ficar  no  meo,  ou  pouco 
menos  da  gente,  e  está  logo  hi  huma  Aldeã10  perto,  onde 
nós  começamos  a  baptizar,  em  a  qual  já  temos  nossa  habi- 


13  «Como»,  no  sentido  de  «quando». 

14  Phil.  2  21. 

15  Ainda  neste  ano,  aí,  e  neste  «teso»,  começou  a  fazer  uma  igreja 
em  que  trabalhou  sobretudo  o  P.  António  Pires ;  e  ficou  pronta  por 
Março  de  1550  quando  chegou  a  segunda  expedição  (de  Afonso  Brás): 
«Y  quando  los  Padres  llegaron  dábamus  fim  a  la  yglesia».  Carta  do 
P.  Navarro,  de  28  de  Março  de  1550,  Bras.  j-i,  f.  29V).  Esta  referência 
anda  suprimida  na  carta  impressa  (Cartas  Avulsas  53).  É  o  Terreiro  de 
Jesus,  tomado  em  sentido  mais  amplo  do  que  os  limites  actuais.  Leite 
I  25.  Na  descrição  de  Nóbrega  (carta  de  2  de  Setembro  de  1557  §  4), 
entre  estas  casas  e  o  sítio  deputado  para  o  Colégio  corria  o  muro  da 
Cidade  {Cartas  de  Nóbrega  [1955]  263). 

16  Nesta  Aldeia,  como  se  vê,  já  tinham  casa  e  aí  comiam  e  dor- 
miam os  Padres  quando  se  demoravam  nela  algum  tempo.  Na  descri- 
ção de  Nóbrega,  o  que  «está  sobre  o  mar»  é  o  teso,  não  a  Aldeia:  esta 
ficava  «perto»,  mas  é  diferente ;  e  em  1574,  a  Historia  de  la  Fundación 
de  la  Bahia  intitula-a  Aldeia  do  Monte  Calvário  «con  casa  y  iglesia» 
(Bras.  12,  f.  3r ;  Anais  da  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  19 
[1897]  78 ;  Leite  ii  38)    Simão  de  Vasconcelos  diz  que  no  seu  tempo 


126 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


17°  tação.  Está  sobre  o  mar,  tem  agoa  ao  redor  do  Collegio,  e 
dentro  delle  tem  muito  lugar  para  hortas  e  pomares',  hé 
perto  dos  christãos  asi  velhos  como  novos.  Somente  me 
poern  hum  inconveniente  o  Governador:  nom  ficar  dentro 
na  Cidade  e  poder  aver  guerra  com  ho  gentio,  ho  que  me 

*75  parece  que  nom  convence,  porque  os  que  am-d'estar  no 
Collegio  am-de  ser  íilhos  de  todo  este  [4V]  gentio,  que  nós 
nom  temos  necessidade  de  casa,  e  posto  que  aja  guerra  nom 
lhes  pode  fazer  mal.  E  quando  agora  nós  andamos  lá,  e 
dormimos  e  comemos,  que  hé  tempo  de  mais  temor,  e  nos 

180  parece  que  estamos  seguros,  quanto  mais  depois  que  a  terra 
mais  se  povoar.  Quanto  mais  que  primeiro  am-de  fazer 
mal  nos  engenhos,  que  am-de  estar  entre  elles  e  nós,  e 
quando  ho  mal  for  muyto,  tudo  hé  recolher  à  Cidade. 
Mormente  que  eu  creo  que  ainda  que  fação  mal  a  todos, 

I85  que  a  nós  nos  guardarão  polia  affeição  que  já  nos  come- 
ção  a  ter;  e  ainda  avendo  guerra  me  pareceria  a  mim  poder 
estar  seguro  entre  elles  neste  começo,  quanto  mais  depois. 
De  maneira  que  cá  todos  somos  de  opinião  que  se  faça  ali, 
e  V.  R.  devia  de  trabalhar  por  lhe  fazer  dar  logo  princi- 

19°  pio,  pois  disto  resulta  tanta  gloria  ao  Senhor  e  proveito  a 
esta  terra. 

11.  A  mais  custa  hé  fazer  a  casa  por  causa  dos  officiaes 
que  am-de  vir  de  lá,  porque  a  mantença  dos  studantes, 
ainda  que  sejão  200,  hé  muyto  pouco,  porque  com  terem 

195  cinquo  escravos  que  prantem  mantimento  e  outros  que  pes- 
quem com  barco  e  redes,  com  pouco  se  manteram  ;  e  para 
se  vestir  faram  hum  algodoal17  que  há  cá  muito.  Os  escra- 
vos são  cá  baratos  e  os  mesmos  paes  am-de  ser  cá  seus 
escravos.  Hé  grande  obra  esta  e  de  pouco  custo ',  nós,  vindo 

200  agora  ho  Vigairo,  nos  passamos  para  lá18,  por  causa  dos 


[«hoje»]  Monte  Calvário  se  chamava  o  sítio  onde  está  o  Carmo  (Chro- 
ttica  [1663],  Iiv.  1  §  47),  e  que  de  facto  não  fica  longe  do  Terreiro. 

17  O  algodão,  uma  das  suas  variedades  (Gossypttm  barbadense  L.), 
é  originário  da  América. 

18  «Para  lá»,  isto  é,  para  o  teso.  Então  ainda  Nóbrega  e  os  seus 
companheiros  moravam  na  Ajuda.  Leite  I  22. 


7. -BAÍA  9  DE  AGOSTO  DE  1549 


127 


convertidos,  onde  estaremos  Vicente  Rodriguez  e  eu,  e  hum 
soldado19  que  se  meteo  comnosco  para  nos  servir,  e  está 
agora  em  Exercícios,  de  que  eu  estou  muy  contente.  Fare- 
mos nossa  igreja,  onde  insinemos  os  nossos  novos  christãos, 
e  aos  domingos  e  festas  visitarey  a  Cidade  e  pregarey.  2°5 

O  Padre  Antonio  Pirez  e  o  P.e  Navarro  estaram  em 
outras  Aldeãs  longe,  onde  já  lhes  fazem  casas.  E  portanto 
hé  necessário  V.  R.  mandar  officiaes,  e  am-de  vir  já  com  a 
paga,  porque  cá  diz  ho  Governador  que,  ainda  que  venha 
Alvará  de  S.  A.  para  nos  dar  o  necessário,  que  nora  o  averá  2I° 
hi  para  isto.  Os  officiaes  que  cá  estão  tem  muito  que  fazer, 
e  que  o  nom  tenhão,  estão  com  grande  saudade  do  Reyno, 
porque  deixão  lá  suas  molheres  e  filhos,  e  nom  aceitaram  a 
nossa  obra  depois  que  cumprirem  com  S.  A.,  e  também  ho 
trabalho  que  tem  com  as  viandas  e  o  mais  os  tira  disso.  2I5 
Portanto  me  parece  que  avião  de  vir  de  lá,  e,  se  possível 
fosse,  com  suas  molheres  e  filhos,  e  alguns  que  fação  taipas 
e  carpinteiros.  Cá  está  hum  Mestre  para  as  obras,  que  hé 
hum  sobrinho 20  de  Luis  Diaz,  mestre  das  obras  d'El-Rey, 
ho  qual  veo  con  trinta  mil  reis  de  partido.  Este  nom  hé  220 
necessário  porque  abasta  ho  tio  para  as  obras  de  S.  A.;  a 
este  avião  de  dar  o  cuidado  do  nosso  collegio ;  hé  bom  offi- 
cial.  Serão  cá  muito  necessárias  pessoas  que  teção  algodão, 
que  há  muito,  e  outros  officiaes. 

12.  Trabalhe  V.  R.  por  virem  a  esta  terra  pessoas  casa-  225 
das,  porque  certo  hé  mal  empregada  esta  terra  em  degrada- 
dos, que  cá  fazem  muyto  mal,  e  já  que  cá  viessem  avia  de 
ser  para  andarem  afferrolhados  nas  obras  de  S.  A. 

13.  Também  peça  V.  R.  algum  petitório  para  roupa, 
para  entretanto  cubrirmos  estes  novos  convertidos,  ao  menos  23° 
huma  camisa  a  cada  molher,  polia  honestidade  da  religião 
christã,  porque  vem  todos  a  esta  Cidade  à  missa  aos  domin- 
gos e  festas,  que  faz  muita  devação,  e  vem  rezando  as  ora- 


19  Simão  Gonçalves.  Leite  i  573. 

20  Este  «bom  oficial»,  sobrinho  de  Luís  Dias,  era  Diogo  Peres- 
Leite  i  22. 


128 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


ções  que  lhe  insinamos,  e  nom  parece  honesto  estarem  nuas 

235  entre  os  christãos  na  igreja,  e  quando  as  insinamos.  E  disto 
peço  ao  P.e  M.  João  21  tome  cuidado,  por  elle  ser  parte  na 
conversão  destes  gentios,  e  nom  fique  senhora  nem  pessoa 
a  que  nom  importune  [5r]  para  cousa  tam  sancta ;  e  a  isto  se 
avião  de  applicar  todas  as  restituições  que  lá  se  ouvessem 

240  de  fazer,  e  isto  agora  soomente  no  começo  que  elles  farão 
algodões  para  se  vestirem  ao  diante. 

14.  Os  Irmãos  todos  estão  de  saúde  e  fazem  o  officio  a 
que  forão  enviados:  somente  Antonio  Pirez  se  acha  mal  das 
pernas,  que  lhe  arebentarão  depois  das  maleitas22  que  teve, 

245  e  nom  acaba  de  ser  bem  são. 

Leonardo  Nunez  mandei  aos  Ilheos,  huma  povoação 
daqui  perto,  onde  dá  muito  exemplo  de  si  e  faz  muito  fruito, 
e  todos  se  spantão  de  sua  vida  e  doctrina.  Foi  com  elle 
Diogo  Jácome,  que  faz  muito  fruito  em  insinar  os  moços  e 

250  escravos. 

15.    Agora  pouco  há  vierão  aqui  a  consultar-me  algu- 
mas duvidas,  e  esteverão  aqui  por  dia  do  Anjo  23f  onde 


21  Mosén  João  Bosch.    Cf.  supra,  pág.  114. 

22  Primeira  manifestação  do  sezonismo,  mencionada  em  cartas  de 
Jesuítas. 

23  «Dia  do  Anjo»  [21  de  Julho  de  1549].  A  Festa  do  Anjo  Custó- 
dio de  Portugal  e  das  suas  Províncias  ultramarinas  celebrava-se  no 
terceiro  domingo  de  Julho  (Leite  ii  332).  Foi  concedida  pelo  Papa 
Leão  X,  a  pedido  de  D.  Manuel  I  e  incluída  nas  Ordenações  do  Reino: 
«E  assi  mesmo  mandamos  que  em  cada  huú  anno  no  terceiro  domingo 
do  mes  de  Julho  polo  dito  modo  [da  Visitação  de  Nossa  Senhora]  se 
faça  outra  precissam  solene  por  comemoraçam  do  Anjo  Custodio,  que 
tem  cuidado  de  nos  guoardar  e  defender  pera  que  sempre  seja  em 
nossa  guarda  e  defensam.  As  quais  Precissões  se  faram,  e  ordenaram 
com  aquella  festa  e  solenidade  com  que  se  faz  a  Precissam  do  Corpo 
de  Deos»  {Ordenaçoens  do  Senhor  Rey  D.  Manuel,  Livro  I,  Titulo  lxxviii 
§  1  [«Collecçaõ  da  Legislação  antiga  e  moderna  do  Reino  de  Portugal. 
Parte  I.  Da  Legislação  antiga»]  [Lisboa  1797]  566).  Mais  tarde  a  festa 
teve  ofício  próprio:  «Le  5  Février  1590  le  pape  Sixte  V  accorda  un 
office  en  1'honneur  de  1'ange  gardien  du  Koyaume  de  Portugal  et  de 
ses  dépendences»  (Joseph  Duhr,  Anges,  in  Dictionnaire  de  Spiritualitê  1 
[Paris  1932]  615).   E  assim  se  lia  no  Missal  e  no  Breviário.   Cf.  «Bre 


7.  -  BAÍA  9  DE  AGOSTO  DE  1549 


129 


baptizamos  muitos.  Tevemos  missa  cantada  com  diácono 
e  subdiacono:  eu  disse  missa,  e  o  P.e  Navarro  a  epistola, 
outro  o  evangelho  24,  Leonardo  Nunez  e  outro  clérigo  com  255 
leigos  de  boas  vozes  região  o  coro.  Fizemos  precissão  com 
grande  musica,  a  que  respondião  as  trombetas.  Ficarão  os 
Índios  spantados  de  tal  maneira,  que  depois  pedião  ao 
P.e  Navarro  que  lhes  cantasse  asi  como  na  precissão  fazia. 
Outra  precissão  se  fez  dia  de  Corpus  Christi 25  muy  solemne,  260 
em  que  jugou  toda  a  artelharia  que  estava  na  cerca,  as 
ruas  muito  enrramadas,  ouve  danças  e  invenções  à  maneira 
de  Portugal 26. 

Agora  hé  já  partido  Leonardo  Nunez  com  Diogo  Jácome, 
e  lá  me  am-de  sperar  quando  eu  for  com  ho  Ouvidor27,  265 
que  irá  daqui  a  dous  meses  pouco  mais  ou  menos.  Ho 
P.e  Navarro  faz  muito  fruito  entre  estes  gentios,  lá  está 
toda  a  somana.  Vicente  Rodriguez  tem  cuidado  de  todolos 
baptizados.  Antonio  Pirez  e  eu  estamos  o  mais  do  tempo 
na  Cidade  para  os  christãos,  e  nora  será  mais  que  até  che-  270 


2=5    outro'  sup.  ||  ;ó8  Pi  ius  torlolo 


viarium  Romanurn...  S.  Pii  V  Pont.  Max.  iussu  editum...  novis  offi- 
ciis  quae  ex  Indulto  Apostólico  universis  singulisque  Fidelissimorum 
Lusitaniae  Regum  Ditionibus  hucusque  sunt  concessa  nec  non  denuo 
auctum.  Pars  Aestiva»  (Olisipone  1786)  598-615.  Em  todas  estas  indi- 
cações se  inclui  o  Brasil.  A  Festa  do  Anjo  Custódio  de  Portugal  sem- 
pre vigorou  nas  dioceses  de  Braga  e  Viseu.  E,  por  um  Rescrito  da 
Sagrada  Congregação  dos  Ritos,  de  28  de  Junho  de  1952,  se  restabele- 
ceu em  Portugal  em  todas  as  suas  Províncias  continentais  e  ultramari- 
nas (Cf.  «Lúmen»  xvi  [Lisboa  1952]  499). 

24  Estava  presente  o  P.  António  Pires ;  mas  o  facto  de  o  não 
nomear  supõe  que  fosse  algum  clérigo  secular. 

25  20  de  Junho  de  1549. 

26  Cf.  Luís  de  Sousa  Couto,  Origem  das  Procissões  da  Cidade  do 
Porto  (ed.  de  A.  de  Magalhães  Basto),  onde  de  pág.  19  a  pág.  50  se 
descrevem  as  tdanças  e  invenções»,  que  na  procissão  de  Corpus  Christi 
se  praticavam  no  Porto  onde  o  pai  de  Nóbrega  era  Juiz  de  Fora  em  1532 
(e  Nóbrega  tinha  15  anos):  mouriscas,  danças,  coros,  músicas,  bandei- 
ras, representações  figuradas,  folias,  etc. 

27  Pero  Borges. 


130 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


gar  o  Vigairo.  Todos  são  bons  e  proveitosos,  senão  eu  que 
nunqua  faço  nada,  e  asaz  de  bons  são,  pois  meu  mao  exem- 
plo os  nom  scandaliza. 

16.  Temos  muita  necessidade  de  baptisteiros 2S,  por- 
275  que  [os  que]  cá  vierão  nora  valião  nada,  e  am-de  ser 

romanos29  e  bracharenses 30,  porque  os  que  vierão  erâo 
venezianos;  e  asi  de  muytas  capas  e  ornamentos,  porque 
avemos  de  ter  altares  era  muytas  partes,  e  imagens  e 
crucifixos  e  outras  cousas  semelhantes,  o  mais  que  poder. 
280  Tudo  o  que  nos  mandarão,  que  lá  ficava,  veo  a  muito  bom 
recado.  Folgaríamos  de  ver  novas  de  Congo31;  mande-no- 
-las  V.  R. 

17.  A  todos  estes  senhores  devemos  muyto  pollo  muito 
amor  que  nos  tem,  posto  que  o  de  alguns  seja  servil.  Ho 


28  «Baptisteiros»  ou  Rituais,  que,  ao  tempo  em  que  Nóbrega  escre- 
via, antes  do  Concílio  de  Trento,  variavam  do  romano  em  diversas  par- 
tes; e  entre  outros  ainda  hoje  se  conservam  no  norte  de  Itália  o  «rito 
ambrosiano»  e  no  norte  de  Portugal  o  «rito  bracarense». 

29  «Romanos».  Nóbrega  devia  pedir  a  seguinte  edição  de  1548: 
Bautisteiro  Romão.  Pequeno  livro  em  8.°,  20  ff.  a  duas  colunas.  Na 
f.  20V:  «Acabouse  o  bautisteiro  Romão.  Cõ  algfias  outras  cousas 
necessárias  aos  curas  e  capellães :  e  com  as  rubricas  em  lingoagem 
conforme  ao  mais  geral  vso.  de  .M.  D.  XLviij».  [Ex.  na  Bibi.  de  Évora]. 
Anselmo,  Bibliografia  318  [n.°  1111].  Conhecem-se  outras  edições,  de  1558 
e  1579.  Cf.  Livros  do  Século  XVI  impressos  em  Évora  (Évora  1941)71-73 
[Luís  Silveira  —  A.  N.  Gusmão]. 

30  «Bracharenses».  Quando  o  Cardeal  D.  Henrique,  depois  Rei 
de  Portugal,  era  Arcebispo  de  Braga,  «mandou  fazer  uma  nova  edição 
do  Manual  dos  Sacramentos,  da  qual  foram  editores  João  Beltrão  e 
Pedro  Gonçalo  de  S.  Martinho  desta  cidade  [de  Braga],  sendo  impresso 
em  Salamanca  in  aedibus  Ioannis  Iunte  Calcographi,  aos  12  de  Julho 
de  1538».  J.  A.  Ferreira,  Fastos  Episcopais  da  Igreja  Primacial  de 
Braga  (séc.  m  —  séc.  xx)  11  (Braga  1930)  411.  Este  deve  ser  o  «baptis- 
teiro»  bracarense  de  que  Nóbrega  se  serviu  no  Minho  e  cuja  capital 
é  Braga.  Leite,  Nóbrega  do  Brasil  «último  comendadory>  de  Sanfins  do 
Minho  (1546),  in  Brotèria  vol.  53  (1951)  19-27  ;  Breve  Itinerário  24. 

31  No  dia  18  de  Março  de  1548  chegaram  ao  porto  de  Pinda  no 
Rio  Zaire  os  primeiros  missionários  Jesuítas  do  CoDgo,  Padre  Jorge 
Vaz,  Cristóvão  e  Jácome  Dias  e  o  escolar  Diogo  do  Soveral.  Rodri- 
gues, História  r/a  547-548. 


7.  -  BAÍA  9  DE  AGOSTO  DE  1549 


151 


Governador  32  nos  mostra  muita  vontade.    Pero  de  Goes  33  285 
nos  faz  muitas  charidades.    Ho  Ouvidor  Geral 31  hé  muito 
virtuoso  e  ajuda-nos  muyto.    Não  falo  em  Antonio  Car- 
doso 35,  que  hé  nosso  pay.    A  todos  mande  V.  R.  os  agar- 
decimentos. 

18.  Antonio  Pirez  pede  a  V.  R.  alguma  ferramenta  de  290 
carpinteiro,  porque  elle  hé  nosso  official  de  tudo;  Vicente 
Rodriguez,  porque  hé  hermitão 36  pede  muitas  sementes; 

ho  P.e  Navarro  e  eu,  os  livros  37  que  já  lá  pedi,  porque  nos 
fazem  muita  mingoa  para  duvidas  que  cá  há,  que  todas  se 
preguntão  a  mym.  E  todos  pedimos  sua  benção  e  ser  favo-  295 
recidos  em  suas  orações  com  N.  Senhor. 

19.  Agora  vivemos  de  maneira  que  temos  disciplina  às 
sestas-feiras,  e  alguns  nos  ajudão  a  disciplinar  38 :  hé  por  os 
que  estão  em  peccado  mortal  e  conversão  deste  gentio,  e 
por  as  almas  do  purgatório,  e  o  mesmo  se  diz  polias  ruas,  300 
com  huma  campainha  39  segundas  e  quartas-feiras,  asi  como 


298    Prius  sesta-feira 


32  Tomé  de  Sousa. 

33  Capitão-mor  da  Armada  do  Brasil. 

34  Dr.  Pero  Borges. 

35  António  Cardoso  de  Barros,  Provedor-mor. 

36  Ermitão,  que  trata  duma  ermida,  fora  do  povoado,  no  campo. 
Daí  a  necessidade  de  sementes  para  o  cultivar.  Mas  Nóbrega  já  pen- 
sava nas  «hortas  e  pomares»  do  futuro  Colégio  no  lugar  que  depois  se 
chamou  Terreiro  de  Jesus  (§  10). 

37  Livros.  Já  tinham  chegado  a  6  de  Janeiro  de  1550  (Carta  desta 
data  §  20). 

38  Alguns  homens  acompanhavam  os  Padres  nesta  disciplina  que 
se  fazia  em  casa,  e  o  explica  na  carta  de  6  de  Janeiro  de  1550  §  7. 

39  A  encomendação  das  almas  ao  som  da  campainha  já  se  usava 
em  Coimbra  em  1515  ;  e,  ao  som  da  campainha  e  com  declamação 
musicada,  é  costume  tipicamente  português  e  parece  exclusivamente 
português.  Margot  Dias  e  Jorge  Dias,  A  encomendação  das  almas 
(Porto  1953)  48  70-71.  Como  diz  o  texto,  Nóbrega  levou-o  para  o  Brasil; 
e  ainda  no  século  xix  às  sextas  feiras  e  sábados  da  Semana  Santa  (em 
vez  da  campainha  era  a  matraca),  os  rezadores,  vestidos  de  branco  (alva) 
e  com  disciplinas,  declamavam  :  «Dos  fieis  as  almas  /  Divino  Senhor 


132 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  DR.  AZPILCUETA  NAVARRO 


nos  Ilheos  40.  Temos  nossos  exames  à  noite,  e  ante-manhã 
huma  hora  de  oração,  e  o  mais  tempo  visi-[5v]tar  ho  pró- 
ximo, e  celebrar,  e  outros  serviços  de  casa.  Resta,  mi  Pater, 
que  rogue  a  N.  Senhor  por  seus  filhos  e  por  raym,  ut  quos 
dedisti  non  perdam  ex  eis  quenquam 4,1 .  Pedimos  sua  benção. 

Desta  Baya,  a  íx  d'Agosto  de  1549. 

Manuel  da  Nóbrega. 

8 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  DR.  MARTÍN  DE  AZPILCUETA  NAVARRO, 
COIMBRA 

SALVADOR  [BAÍA]  10  DE  AGOSTO  DE  1549 

I.  Bibliografia:  B.  MACHADO  III  319;  SOMMERVOGEL  V  178111.3; 
Streit  11  332  d.  1204 ;  Leite  ix  5  n.  5. 

II.  Autores:  Polanco  II  397;  Carlos  França,  Os  Portugueses  do 
Século  xvi  e  a  História  Natural  do  Brasil,  in  Revista  de  História,  15 
( 1926)  53-54 ;  Leite  I  21 ;  11  46  47  90  272  ;  ix  417  418 ;  Breve  Itinerário  59; 
Mariz  60;  Florestan  Fernandes  51  95  114  257;  Nemésio  231-233;  Luís 
de  Pina  19  25  29. 

III.    Texto:  Original  perdido. 
1.    Madrid,  Chamartín  [antigo  códice  de  Alcalá] :  Varia  Historia  III 
ff.  28r-3iv.  Titulo:  «-f  Jesus  [outra  letra  :]  Copia  de  carta  dei  P.  Manuel 
de  Nóbrega  de  Ja  Ciudad  dei  Salvador  en  las  índias,  en  10  de  Agosto 


convosco  descansem  /  em  paz  e  amor».  Manuel  Querino,  A  Bahia 
de  Outr'ora.  Vultos  c  factos  populares  [Baía  1922]  79-80.  Querino 
inclui  esta  prática  entre  as  superstições  do  povo.  Mas  o  que  interessa 
ao  historiador  é  o  facto  objectivo  em  si  mesmo,  independente  de  opi- 
niões subjectivas. 

40  Para  os  Ilhéus  e  Porto  Seguro  tinham  sido  mandados  o  P.  Leo- 
nardo Nunes  com  o  Ir.  Diogo  Jácome  (Carta  de  cc.  10  de  Abril  de  1549 

§  10). 

41  Ioan.  18,  9. 


8.  -  SALVADOR  10  DE  AGOSTO  DE  1549 


155 


1549,  la  Doctor  Navarro.  Ensenaa  el  gran  fructo  spiritual  y  conversión 
de  aquelia  gente,  sus  costumbres  depravados,  i  que  se  comían  los  hotn- 
bres,  la  calidad  dei  país  y  otras  cosas».  No  fim  ({.  3tv):  «4-  Trelado  de 
la  carta  que  el  P.  Manoel  de  Nóbrega  scrive  al  Doctor  Navarro  leente 
en  Coimbra».  Cópia  ou  tradução  em  espanhol.  O  texto  tem  algumas 
palavras  em  português  ou  à  portuguesa :  «doutrina»  por  «doctrina». 
«arredor»  «a  redor»  por  «alrededor»,  «e»  por  «y»  (muitas  vezes),  «vinha» 
por  «vina»,  «rocha»  em  vez  de  «roca»,  <forado>  (furado)  por  «aguje- 
reado». 

2.   ARSI,  Goa  zo-r,  ff.  I26r-i29v.  Tradução  italiana  resumida. 

5.  ARSI,  Bras.  ij,  ff  3ir-33r.  No  fim  «T.  R.  P.  Addictus,  obstric- 
tus  Emanuel  Nóbrega  ex  Societate  Iesu>.  Tradução  latina  de  Fúlvio 
Cárdulo  feita  pela  versão  italiana. 

4.  ARSI,  Bras.  j-r,  ff.  5or-53v.  Outro  exemplar  da  tradução  latina 
de  Fúlvio,  mas  com  emendas  de  outra  letra,  por  exemplo  «incolis»  no 
exemplar  de  Bras.  zy,  em  Bras.  riscado,  e  por  cima  «habitatori- 
bus».  Em  ambos  os  exemplares  lê-se  ao  cimo  da  primeira  página  : 
« Fulvius>. 

5.  Bilbl.  Vaticana.  Barberini  lat.  1748,  ff.  192^197  v.  Outro  exem- 
plar da  tradução  latina  de  Fúlvio. 

IV.  Impressão :  Traduções.  Avisi  Particolari  delle  Indie  di  Por- 
tugallo  (Roma  1552)  p.  86-99 ;  Diversi  Avisi  Particolari  dali' Indie  di 
Portogallo  (Veneza  1559)  ff.  32V-37V  ;  ib.  (1565)  ff.  32V-37V ;  Cartas  de 
S.  Ignacio  III  (Madrid  1877)  543-551 ;  Vale  Cabral  (1886)  62-69 ;  (1933) 
88-96;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  433-441. 

V.  História  da  Impressão:  Avisi  Particolari  e  Diversi  Avisi  impri- 
mem a  tradução  italiana  (2) ;  Cartas  de  S.  Ignacio  o  texto  espanhol  (1); 
Vale  Cabral  a  tradução  portuguesa,  feita  por  J.  Ribeiro,  de  Diversi 
Avisi  (1559);  Leite  o  texto  espanhol  e  a  respectiva  tradução. 

VI.  Edição:  Reimprime-se  o  texto  de  Varia  Historia  (1)  por  ser 
o  mais  completo. 

Texlus 

1.  Quid  Nóbrega  de  se  ipso  sentit.  —  2.  Conditas  urbis  Salvatoris 
Bahiae  et  laus  terrae  — 3.  Religio,  cosmogonia  ;  anthropophagia  alii- 
que  Indorum  mores.  —  4.  lncipit  Evangelii  praedicatio  Indis  quorum 
Jilii  discunt  legendi  et  scribendi  artem.  —  5.  Labores  P.  Navarri  qui 
discit  linguam  brasilicam.  —  6.  Pagus  Indorum  jtixta  urbem  ubi  iam 
adest  ttnus  e  S.  I.  —  7.  Terra  Brasiliae  spem  offert  uberioris  fructus, 
sed  desunt  operarii  evangelici.  —  8.  Indus  gentilis  homicida  eiusque 
corredio.  —  9.  Praedicatio  nominis  Iesu  in  pagis  Indorum. —  10.  Vene- 
Jicus  qui  baptisari  vult. —  11.  Nóbrega  consilium  et  benedictionem  sui 
magistri  postulai. 


134 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  DR.  AZPILCUETA  NAVARRO 


+ 

Jesús 

La  gracia  y  amor  de  Christo  N.  S.  sea  siempre  en  nuestro 
favor.  Amen. 

1.  Pensando  yo  muchas  vezes  en  la  mercê  que  nuestro 
5  Senor  me  hizo  en  embiarme  a  estas  tierras  dei  Brasil  por 

principio  de  que  su  santo  nombre  en  ellas  íuesse  conoscido 
e  loado,  me  espanto  escogerme  a  my  que  era  escoria  de 
toda  esa  Universidad  1  en  el  saber  y  mucho  más  en  la  vir- 
tud.    Y  my  entendimiento  no  alcança  razón  que  pudiesse 

io  mover  al  Senor  a  me  hazer  tan  grande  misericórdia,  sino 
si  por  ventura  íué  acordarse  que  soy  yo  discípulo  de  dou- 
trina y  virtud  de  v.  m.,  puesto  que  poco  delia  aprendi;  e 
mucho  más  acordarse  dei  amor  e  caridad  con  que  al  mismo 
Senor  siempre  me  presentava  em  sus  oraciones.  Esta  creo 

15  que  deve  ser  la  razón,  quanto  umanamente  se  puede  sos- 
pechar,  dexando  su  gracia,  que  por  mis  peccados  semper 
in  me  vácua  fuit 2,  a  que  de  lapide  isto  suscitaret  íillium 
Ysrael 3.  E  por  tanto  será  razón  darle  larga  cuenta  de  lo 
que  el  Sefior  comiença  de  obrar  en  esta  su  nueva  vifia: 

20  quam  forte  vult  extendere  a  mari  usque  ad  mare  et  a  ilu- 
mine usque  ad  términos  orbis  terrarum  4,  para  que  v.  m. 
tenga  su  parte  de  loar  a  N.  S.  a  quien  solo  se  deve  toda  la 
gloria  e  honrra. 

2.  Después  que  partimos  desse  Reyno,  que  fué  el  pri- 
25  mero  dia  de  Febrero,  traxo  N.  S.  toda  esta  armada  en  paz 

y  en  salvo  con  vientos  siempre  prósperos  hasta  llegar  a  esta 


17-18  ln  me  —  Ysrael  lin.  subti.  \  17  me]  mae  »«s.    zc-21  quam  —  terrarum  lin.  subd. 


1  Nóbrega  recebeu  o  grau  de  Bacharel  em  Cânones  pela  Univer- 
sidade de  Coimbra  em  1541  por  mãos  do  Dr.  Navarro.  Leite  ii  460; 
Breve  Itinerário  26. 

2  Cf.  1  Cor.  15,  10. 

3  Cf.  Mat.  3,  9;  Luc.  3,  8. 

4  Ps.  71,  8. 


8.  -  SALVADOR  10  DE  AGOSTO  DE  1549 


135 


Vaya  de  Todos  los  Santos  en  cinquenta  y  seys  dias  5  sin 
acontescer  contraste  ninguno  y  con  otros  muchos  favores 
y  mimos,  que  bien  demostravan  ser  suya  la  tal  obra.  Luego 
se  hizieron  pazes  con  los  gentiles  de  la  tierra  y  se  tomo  3° 
consejo  adonde  se  haría  la  nueva  ciudad  dei  Salvador,  en 
lo  quoal  también  obró  mucho  el  Senor,  porque  se  hizo  en 
muy  buen  sitio  sobre  el  mar,  toda  cercada  de  agua  arredor 
de  la  cerca,  y  con  muchas  otras  fuentes  de  parte  de  la  mar 
y  de  la  tierra ;  y  los  mismos  Yndios  de  la  tierra  ayudan  35 
a  hazer  las  casas  e  lo  demás  en  que  los  quieran  ocupar,  de 
manera  que  va  todo  en  grande  crecimiento,  y  avrá  ya  cien 
casas  hechas,  y  comiénçanse  yngenios  de  açúcar,  y  plán- 
tanse  las  canas  y  muchos  algodones  y  muchos  manteni- 
mientos,  porque  todo  da  la  tierra,  puesto  que  de  algunas  4° 
cosas  da  solamente  la  yerva  e  de  viciosa  no  da  el  fruto. 

Es  muy  sana  y  de  buenos  ayres,  de  tal  manera  que  con 
ser  la  gente  mucha  y  tener  mucho  trabajo,  y  aver  [28v] 
mudado  los  mantenimientos  con  que  se  criaron,  adolescen 
muy  poços  y  ésos  que  adolescen  luego  son  sanos.  Es  tierra  45 
muy  fresca,  de  ynvierno  tem  piada,  y  el  calor  de  verano  no 
se  siente  mucho.  Tiene  muchas  frutas  e  de  diversas  mane- 
ras,  e  muy  buenas  y  que  tienen  poca  embidia  a  las  de  Por- 
togal.  Muere  en  el  mar  mucho  pescado  e  bueno.  Los  mon- 
tes parecen  hermosos  jardines  e  huertas,  y  ciertamente  5o 
nunca  yo  vi  tapiz  de  Flandes  6  tan  hermoso,  en  los  quoa- 
les  andan  animales  de  muy  diversas  maneras,  de  los  qua- 
les  Plinio  7  ni  escrivió  ni  supo.  Tiene  muchas  yervas  de 
diverso  olor  e  muy  diferentes  de  las  d'Espana,  e  ciertamente 


5  29  de  Março  de  1549 ;  cf.  Leite  i  19-22. 

6  «Panno  de  rassa»  na  tradução  italiana,  feita  pela  espanhola, 
donde  na  retroversão  portuguesa  de  J.  Ribeiro,  feita  pela  italiana,  «pano 
de  rás»  ;  mas  a  cópia  ou  versão  espanhola  deve  estar  mais  perto  do 
original  perdido. 

7  Plínio  o  Velho,  naturalista  (23-79  depois  de  Cristo).  Em  breve 
iria  Camões  usar  expressão  semelhante  :  «Eu  sou  aquelle  occulto  e 
grande  Cabo.../  Que  nunca  a  Ptolomeu,  Pomponio,  Estrabo,  /  Plinio... 
fuy  notório»  (Os  Lusíadas  [Lisboa  1572]  f.  87V  [v,  50]). 


136  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  DR.  AZPILCUETA  NAVARRO 


55  bien  resplandesce  la  grandeza,  herraosura  y  saber  dei  Cria- 
dor en  tantas,  tan  diversas  y  hermosas  criaturas  8. 

3.  Mas  es  mucho  d'espantar  tan  buena  tierra  averla 
dado  tanto  tiempo  a  gente  ton  inculta  e  que  tan  poco  lo 
conosce,  porque  ningún  dios  tienen  cierto  y  qualquiera  que 

6o  le  dizen  ese  creen.  Rígense  por  inclinación,  la  qual  semper 
prona  est  ad  malum,  e  apetito  sensual,  gente  absque  Consi- 
lio et  sine  prudentia  9.  Tienen  muchas  mugeres  en  quanto 
se  contentan  delias  y  ellas  dellos  sin  entre  ellos  ser  bitu- 
perado.   Tienen  guerra  unos  con  otros,  scilicet  una  gene- 

65  ración  contra  otra  generación,  a  diez  e  quinze  e  veynte 
léguas,  de  manera  que  todos  entre  sí  están  divisos. 

Si  acontece  que  tomen  algunos  de  los  contrários  en  la 
guerra,  tráenlos  presos  algún  tiempo  y  danles  sus  hijas  por 
mugeres  y  para  que  los  sirvan  y  guarden,  y  después  los 

7°  matan  e  comen  con  grandes  íiestas,  e  con  ayuntamiento  de 
los  vezinos  que  biven  aredor;  y  si  destos  tales  quedan 
hijos  tanbién  los  comen,  aunque  sean  sus  nietos  y  herma- 
nos,  y  a  las  vezes  las  propias  madres;  y  dizen  qu'el  padre 
solamente  tiene  parte  en  él  y  la  madre  no  tiene  nada  10. 


58  tan  poco]  tanto  ms.  \\  70  e  comen  sup. 


8  Melo  Leitão  na  peugada  do  naturalista  Carlos  França,  refe- 
rindo-se  a  este  passo,  escreve:  «Mais  de  dois  séculos  antes  de  Buffon 
e  mais  de  três  antes  de  Sclater  e  Wallace,  já  o  Padre  Manuel  da  Nóbrega 
chamara  a  atenção  para  as  diferenças  biogeográficas  (digamos  assim) 
entre  o  Brasil  e  terras  de  Espanha»  (C.  de  Melo  Leitão,  História  das 
expedições  cientificas  no  Brasil  [São  Paulo  1941]  252). 

9  Deut.  32,  38. 

10  A  versão  italiana:  «e  se  di  loro  restano  figliuoli,  ancora  li  man- 
giano  benche  siano  suoi  nipoti  e  fratelli  e  a  alie  volte  le  proprie  madri, 
dicendo  ch'il  padre  solamente  tiene  parte  in  loro  e  non  la  madre» 
(Diversi  Avisi  [1565]  f.  33V).  Nipoti  em  italiano  tanto  significa  netos 
como  sobrinhos;  e  J.  Ribeiro  traduziu  por  sobrinhos,  o  que  não 
merece  reparos,  mas  suprimiu  a  participação  das  mães  em  comer  os 
próprios  filhos  :  «e  se  deles  ficam  filhos,  os  comem  ainda  que  sejam 
seus  sobrinhos  e  irmãos,  declarando  às  vezes  as  próprias  mães  que  só 
os  pais  e  não  as  mães  têm  parte  neles»  (Cartas  de  Nóbrega  [1931]  90)- 


8. -SALVADOR  10  DE  AGOSTO  DE  1549 


137 


Esta  es  la  cosa  más  abominable  que  entre  esta  gente  ay.  75 
Y  si  matan  alguno  en  la  guerra  tráhenlo  en  pedaços  y 
pónenlo  al  hurao  11  y  después  lo  comen  con  la  misma  sole- 
mnidad  e  fiesta,  y  todo  esto  por  el  odio  entranable  que  se 
tienen  unos  a  outros  u.    Y  en  estas  dos  cosas,  scilicet,  en 
tener  muchas  mugeres  y  matar  sus  contrários,  consiste  toda  8o 
su  honrra,  y  esta  es  su  felicidad  y  deseo  13,  lo  qual  todo 
heredaron  dei  primero  y  segundo  hombre,  y  aprendieron 
de  aquel  qui  ab  initio  mundi  homicida  est 14.    Y  no  tienen 
guerra  por  cobdicia  que  tengan,  porque  todos  no  tienen 
nada  más  de  lo  que  pescan  e  caçan,  y  el  fruto  que  toda  la  85 
tierra  da:  sino  solamente  por  odio  y  vengança,  en  tanta 
manera  que,  si  dan  una  topada,  se  arrojan  con  los  dientes 
al  paio  o  piedra  donde  la  dieron,  y  comen  2gf  piojos  y 
pulgas  y  toda  ymundicia  solamente  por  se  vengar  dei  mal 
que  les  hizieron,  como  gente  que  aún  no  aprendió  non  90 
rreddendum  malum  pro  maio lr>.    Quando  muere  alguno 
dellos  entiérranlo  assentado  y  pónenle  de  comer  con  una 
rede  en  que  ellos  duermen  16,  y  dizen  que  sus  animas  andan 
por  los  montes  y  que  vienen  allí  a  comer.    Tienen  mucha 
noticia  dei  demónio  y  topan  com  él  de  noche  y  han  gran  95 
miedo  dél.    Andan  con  lumbre  de  noche  por  miedo  delle, 
y  esta  es  su  defíensión.    Qualquier  de  los  suios  que  se 


11  «Põem-no  ao  fumo».  Na  tradução  italiana  cio  metteno  al  fumo 
e  di  poi  lo  mangiano»  (Diversi  Avisi,  f.  33V).  João  Ribeiro  traduziu: 
<e  depois  de  moqueados  os  comem»  {Cartas  90).  E  assim  fez  crer  que 
o  uso  do  verbo  cmoquear»  data  de  1549.  Cf.  Plínio  Ayrosa,  Termos 
Tupis  no  português  do  Brasil  (São  Paulo  1937)  172-173. 

12  Sobre  a  antropofagia  dos  índios  do  Brasil,  cf.  Leite  i  588;  11 

35-4i;  vi  5°9-5r4'»  viu  4IO-4r3;  IX  423-425- 

13  Dando  a  esta  «honra»,  «felicidade*  e  «desejo»  da  antropofagia 
um  sentido  mágico-religioso,  a  captura  e  morte  dos  contrários,  isto  é,  a 
guerra  dos  Tupinambás,  tem  a  razão  de  ser  em  si  mesma,  «como  fenó- 
meno mágico-religioso».  F.  Fernandes  371. 

14  Cf.  Ioan.  8,  44. 

15  1  Pet.  3,  9. 

16  Infra,  «Informação  das  Terras  do  Brasil»  §  5,  mais  desenvolvido. 
Cf.  Métraux,  La  Civilisation  matérielle  273. 


138 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  DR.  AZPILCUETA  NAVARRO 


quiere  hazer  su  dios  lo  creen  y  le  dan  entero  crédito. 
Tienen  noticia  dei  diluvio  de  Noé,  puesto  que  no  según  la 

ioo  verdadera  historia,  porque  dizen  que  murieron  todos,  sino 
una  vieja  que  escapo  en  un  arbol  alto  17.  Y  tanbién  tienen 
noticia  de  Santo  Thomé  18  e  de  un  su  compafiero,  y  en  esta 
Baya  están  unas  pisadas  en  una  rocha  que  se  tienen  por 
suias,  y  otras  en  Sant  Vicente,  que  es  en  el  cabo  desta 

io5  costa.  Dizen  dél  que  les  dió  el  mantenimiento  que  ellos 
agora  tienen,  que  son  raizes  de  yervas;  están  bien  con  él, 
puesto  que  de  un  su  compafiero  dizen  mal.  Y  no  sé  la 
causa,  sino,  quanto  oy  dezir  que  las  flechas  que  le  tiravan 
se  tornavan  a  los  que  las  tiravan  y  los  matavan.  Espán- 

"°  tanse  mucho  de  veer  el  nuestro  culto  divino  y  la  venera- 
ción  que  tenemos  a  las  cosas  de  Dios. 

Los  que  son  amigos  biven  en  grande  concórdia  entre 
sí  y  ámanse  mucho,  y  guardan  bien  lo  que  comúnmente 
se  dize  que  amicorum  omnia  sumt  communia.    Si  uno 

ir5  dellos  mata  un  pece,  todos  comen  dél,  y  lo  mismo  de  qual- 
quier  animal  de  caça.  Es  tan  grande  esta  tierra,  que  dizen 
que,  de  tres  partes  dei  mundo,  tiene  ella  las  dos  19.  Ay  en 
estas  tierras  una  generación  que  no  biven  en  casas,  sino 
en  los  montes  y  tienen  guerra  con  todos  y  de  todos  son 

120  temidos  20. 

Esto  es  lo  que  se  me  ofírece  para  contar  desta  tierra 
y  de  la  gente  que  la  habita,  que  es  cosa  para  tener  mucha 
compassión  de  tantas  ánimas,  quien  bien  lo  supiese  hazer, 


99  de  dei.  Noe  [  102  Thomé]  Thomae  ms. 


17  Sobre  a  tradição  do  Dilúvio,  Leite  II  18. 

18  Cf.  infra,  «Informação  das  Terras  do  Brasil»  §  9.  Métraux,  tra- 
duzindo este  passo  de  Nóbrega,  supõe-no  diferente  da  tradição  contada 
por  Vicente  do  Salvador  (Métraux,  La  religion  des  Tupinamba  17). 
Mas  ambos  se  referem  às  pegadas  da  Baía. 

19  Trata  não  só  do  Brasil,  mas  de  toda  a  América  e  não  discorda 
do  conhecimento  geográfico  do  Mundo  em  1549. 

20  Alude  aos  Aimurés,  que  habitavam  nas  serras  entre  a  Bala  e 
o  Espírito  Santo,  cf.  Leite  x  123. 


8. -SALVADOR  10  DE  AGOSTO  DF.  1549 


139 


mas  agora  diré  las  puertas  que  nuestro  Senor  abrió  para 
escolger  dellos  los  que  tiene  predestinados  para  sí.  125 

4.  Començamos  a  visitar  sus  aldeãs  quatro  compafieros 
que  somos  21 ;  y  conversar  con  ellos  familiarmente,  presen- 
tándole  el  reyno  dei  cielo  si  hizieren  lo  que  le  ensenáremos. 
Estos  son  acá  nuestros  pregones  adonde  nos  hallamos,  con- 
bidando  a  los  muchachos  a  leer  y  escrivir,  y  desta  manera  13° 
les  ensenamos  la  doctrina  y  les  predicamos,  porque  con  la 
misma  arte  con  que  el  enemigo  de  la  humana  generación 
venció  al  hombre,  con  esa  misma  sea  vencido;  «Eritis, 
inquit,  sicut  dii  scientes  bonum  et  malum»  22.  Spántanse 
ellos  mucho  de  saber  [29 v]  nosotros  leer  y  escrivir,  de  lo  135 
qual  tienen  grande  imbidia  y  deseo  de  aprender,  y  desean 
ser  christianos  como  nosotros,  a  lo  qual  solamente  impide 
el  trabajo  de  los  apartar  de  sus  malas  costumbres,  en  lo 
que  agora  es  todo  nuestro  estúdio;  e  ya,  gloria  a  Dios,  en 
estas  aldeãs  que  visitamos  aqui  arredor  de  la  Ciudad  se  14° 
quitan  muchos  de  matar  y  comer  carne  humana,  y  si  alguno 
lo  haze  es  lexos  de  aqui.  Adonde  llegamos  somos  recibi- 
dos  con  mucho  amor,  mayormente  de  los  ninos  a  quien 
ensenamos.  Ya  sabem  muchos  las  oraciones  y  las  ensenan 
unos  a  otros,  de  manera  que  de  los  que  hallamos  más  145 
seguros  bauptizamos  ya  cien  personas  poco  más  o  menos, 
y  començamos  en  la  fiesta  dei  Spíritu  Santo  23,  que  es 
tiempo  ordenado  por  la  Iglesia.  Y  avrá  bien  seiscientos 
o  setecientos  catecúminos  para  bautizar  presto,  los  quales 
aprenden  todo  muy  bien,  y  algunos  andan  ya  trás  nosotros  15° 
por  los  caminos  preguntándonos  quándo  los  avemos  de 
bautizar  con  grande  deseo,  prometiendo  de  bivir  como 
nosotros  le  dezimos.  Acostumbramos  a  bautizar  marido  y 
muger  juntamente  y  luego  los  casamos  con  las  amonesta- 
ciones  qu'el  verdadero  matrimonio  ha  de  tener,  en  lo  qual  155 
consienten  y  son  contentos,  y  nos  son  muy  obedientes  a 


21  Nóbrega,  António  Pires,  João  de  Azpilcueta  e  Vicente  Rodri- 
gues. 

22  Gen.  3,  5 

23  9  de  Junho  de  1549. 


140 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  DR.  AZPILCUETA  NAVARRO 


quanto  les  mandamos.  Solamente  contaré  a  v.  m.  una  cosa 
de  que  mucho  me  espanté. 

5.    Estando  un  dia  el  Padre  Joán  de  Azpilcueta  2\  a 

160  quien  acá  llamamos  Navarro,  por  la  difficultosa  pronun- 
ciación  que  tiene,  ensenando  a  los  ninos  a  leer  y  a  santi- 
guarse,  los  quales  todos  trahen  unas  piedras  de  colores  en 
los  beços  forados25  que  ellos  mucho  estiman,  las  quales 
hazían  impidimento  a  la  pronunciación  dei  santiguarse;  y 

l65  porque  el  Padre  le  dió  a  entender  aquel  ympidimento,  vino 
la  madre  de  uno  de  aquellos  y  quito  a  su  hijo  aquella  piedra 
y  hechóla  por  los  tejados,  y  luego  los  otros  hizieron  otro 
tanto.  Esto  íué  luego  en  el  principio  que  començamos  a 
los  ensenar.   Otro  dia  en  otra  aldeã  halló  el  mismo  Padre 

T7°  que  stavan  guisando  un  hijo  de  los  contrários  con  quien 
tienen  guerra  para  lo  comer.  Y  porque  los  reprehendió 
mucho  desto,  supimos  después  que  lo  enterraron  y  no  lo 
quisieron  comer.  Otras  cosas  semejantes  nos  acontecen  con 
ellos  que  serían  largas  de  contar,  y  las  más  acontecen  al 

*75  Padre  Navarro,  porque  parece  que  nuestro  Senor  tiene  hecha 
mercê  a  esa  generación  particularmente  de  aprovechar  al 
próximo:  v.  m.  entre  christianos,  Maestre  Francisco  en  las 
Yndias,  y  este  su  sobrino  en  estas  tierras  dei  Brasil.  Anda 
siempre  [3or]  en  las  aldeãs  y  hallá  duerme  y  come  para  les 

180  predicar  de  noche,  porque  es  tiempo  en  que  están  juntos  y 


163  forados   fnradados  ms  ||  180  predicar ]  praedicar  ws. 


24  Nóbrega  fala  do  P.  Navarro  em  particular  por  ser  sobrinho  do 
Dr.  Martin,  como  diz  algumas  linhas  abaixo  do  P.  Mestre  Francisco 
Xavier,  em  justa  homenagem  aos  navarros. 

25  «Usam  estes  índios  ordinariamente,  principalmente  nas  festas 
que  fazem,  de  colares  de  búzios,  de  diademas  de  pennas  e  de  umas 
metaras  (pedras  que  metem  no  beiço  de  baixo)  verdes,  brancas,  azues, 
muito  finas  e  que  parecem  esmeraldas  ou  cristal;  são  redondas  e  algu- 
mas tão  compridas  que  lhe  dão  pelos  peitos  ;  e  ordinário  é  em  os  gran- 
des principais  terem  um  palmo  e  mais  de  comprimento».  Cardim. 
Tratados  da  Terra  e  Gente  do  Brasil  174  Chamam-se  pròpriamente 
tembetá,  contracto  de  «tembé-ita»,  literalmente  «pedra  do  beiço».  Bap- 
tista Caetano,  ib.  252 ;  cf.  Leite  ii  46-47. 


8. -SALVADOR  10  DE  AGOSTO  DE  1549 


141 


sosegados.  Ya  sabe  la  lengua  de  manera  que  se  entiende 
con  ellos  y  a  todos  nos  haze  ventaja,  porque  esta  lengua 
parece  mucho  a  la  bizcayna.  Anda  con  grande  hervor  de 
aldeã  en  aldeã,  que  parece  que  quiere  encender  los  montes 
con  íuego  de  caridad.  Tiene  tres  o  quatro  aldeãs  de  que  185 
tiene  cuidado,  y  en  dos  de  las  principales  le  hazen  casa 
donde  biva  y  ensene  los  catecúmi[n]os. 

6.  En  otra  aldeã  junto  desta  Ciudad  tenemos  ya  hecha 
una  casa  a  manera  de  hermita26  donde  está  uno  de  nosotros 
que  tiene  cuidado  de  ensenar  y  predicar  a  los  nuevamente  19° 
bautizados,  y  otros  muchos  catecúminos  que  en  ella  biven. 
Los  principales  desta[s]  aldeãs  bautizaremos  presto,  porque 

no  está  en  más  que  en  buscar  una  muger  de  que  esperen 
que  le  guardará  lealtad,  porque  su  costumbre  hasta  agora 
fué  no  estimar  el  adultério,  y  tomar  una  y  dexar  otra  ad  195 
beneplacitum,  y  por  esto  me  parece  que  no  tiene  en  estos 
gentiles  lugar  el  Capítulo  «Gaudemus»,  De  Divortiis 27  con 
lo  que  allí  se  nota,  scilicet,  que  ayan  de  tomar  por  muger 
la  primera  que  avían  tenido,  porque  nunca  las  tomavan 
para  las  tener  siempre,  lo  qual  no  tienen  los  otros  infieles  200 
de  Africa  e  otras  partes,  que  las  toman  para  siempre,  y  a 
lo  menos  es  contrato,  lo  qual  en  éstos  no  ay,  porque  es  más 
tenerlas  por  mancebas  que  por  mugeres. 

7.  De  muchas  partes  somos  llamados  que  los  vamos  a 
ensenar  las  cosas  de  Dios  y  no  podemos  acudir  a  todos,  205 
porque  somos  poços,  y  ciertamente  no  creo  yo  que  en  todo 

el  mundo  ay  tierra  tan  aparejada  para  tanto  fruto  como 
esta,  adonde  veemos  perecer  las  almas  por  falta,  sin  poder- 


190  predicar]  praedicar  »«s.  II  197  divortiis  corr  ex  divortis  ||  202  lo:  sup. 


26  Ermida  do  Monte  Calvário.  O  «ermitão»  era  o  Ir.  Vicente 
Rodrigues,  como  o  diz  na  carta  da  véspera  [§  18]  e  se  conclui  da  dis- 
tribuição que  faz  de  todos  e  de  cada  um  na  mesma  carta  de  9  de 
Agosto  [§§  15-18].   E  cf.,  infra,  carta  do  P.  Navarro,  Agosto  de  1551  §  5. 

27  Do  Capítulo  «Gaudemus»  De  Divortiis  trata  o  Doutor  Martin 
de  Azpilcueta  Navarro,  Manuale  Confessariorum  et  Paenitentium 
(Paris  1602)  665. 


142 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  DR.  AZPILCUETA  NAVARRO 


les  valer;  a  lo  menos  encendémosle  las  voluntades  para  ser 
210  christianos,  para  que,  se  murieren  entre  tanto,  forsitam 
Dominus  miseriatur  eorum28.  No  sé  como  los  que  tienen 
amor  a  Dios  y  desean  su  gloria  pueden  tener  sufrimiento 
para  no  embarcar  luego  y  venir  a  cavar  en  la  vinha  dei 
Sefior,  que  speciosa  est  nimis  et  tam  paucos  habet  opera- 
215  rios29.  Acá  poças  letras  bastan,  porque  es  todo  papel  blanco 
y  no  ay  más  que  escrivir  a  plazer,  empero  la  virtud  es  muy 
necessária  y  el  zelo  q'estas  criaturas  conozcan  a  su  Criador, 
y  a  Jesu  Christo  su  Redemptor. 

8.  Estando  pues  esto  en  estos  términos,  el  enemigo  de 
220  la  humana  generación,  que  las  tales  cosas  siempre  quiere 

estorvar,  ordeno  que  siete  o  ocho  legoas  de  aqui  matasen 
a  un  christiano  de  los  nuestros  sin  ninguna  razón  ni  causa, 
lo  quoal  nos  puso  a  todos  en  grande  aventura  de  guerra, 
y  tomávannos  en  mal  tiempo  y  desapercibidos  y  mal  forta- 

225  lecidos.  Empero  el  Sefior  que  de  mal  sabe  sacar  bien, 
quiso  que  los  mismos  [30V]  negros  truxiesen  el  matador  y 
lo  entregaron  al  Governador,  el  qual  pusieron  luego  en  la 
boca  de  um  tiro  y  íué  hecho  pedaços.  Esto  puso  mucho 
miedo  a  todos  los  otros  que  presentes  estavan,  y  los  nues- 

230  tros  christianos  escaramentarán  también  de  andar  por  las 
aldeãs;  y  íué  mucho  servicio  de  nuestro  Sefior  por  se 
evitar  escândalos  que  dan  [a]  los  Yndios  los  nuestros  que 
van  a  las  aldeãs. 

9.  Quando  nosotros   himos  a  las  aldeãs  nunca  nos 
235  desamparan  los  naturales,  mas  antes  se  van  tras  nosotros 

adonde  quiera  que  ymos,  espantados  de  lo  que  les  predi- 
camos. Una  noche  que  hazía  luna  me  aconteció  que  nunca 
me  quisieron  dexar  estando  con  grande  silencio  atentos  a 
lo  que  le  predicava  por  un  moço  lengua  que  tenía  comigo. 
240  Entre  otras  cosas  que  les  dixe,  fué  una  que  entre  tanto  que 


214  paucos]  paupos  ms.  ||  329  los  sup  [|  236-337  predicamos]  praedicamos  ms.  ||  340  una] 
uno  ms. 


28  Cf.  Mat.  15,  32. 

29  Cf.  Mat.  9,  37  ;  Luc.  10,  2. 


8. -SALVADOR  10  DE  AGOSTO  DE  1549 


143 


no  les  podia  más  ensefíar,  tuviessen  íee  en  Jesu  Christo,  y 
quando  se  echasen  a  dormir  y  se  llevantasen  lo  nombrasen 
deziendo:  Jesús,  yo  te  encomiendo  mi  alma.  Y  después 
que  me  aparte  dellos  andando  yo  passeando  por  las  calles 
dezían  algunos  en  alta  boz  el  nombre  de  Jesús  30,  como  le  245 
yo  avia  dicho,  de  que  yo  no  recebia  pequena  Consolación, 
y  ciertamente  que  aunque  el  Sefior  no  me  dee  el  su  reyno 
de  los  cielos,  ya  con  estas  consolaciones  semejantes  me 
doy  por  pagado;  y  si  fuera  otro  spiritu,  que  no  fuera  tan 
frio  como  el  raio,  ya  tuviera  perdido  todo  el  seso  con  cosas  250 
que  el  Sefior  cada  dia  por  su  bondad  nos  quiere  comuni- 
car 31.  A  los  outros  mis  Hermanos  acontecen  otras  muy 
aventajadas,  porque  visitan  más  las  aldeãs  que  yo,  y  su 
virtud  merece  mucho  delante  dei  Sefior. 

Uno  de  los  que  bautizamos  se  vino  a  nosotros  diziendo  255 
por  términos  que  lo  entendimos  que  aquella  noche  se 
halló  con  Dios  en  el  paraíso  en  grande  contentamiento  y 
vénia  con  grande  alboroço  a  nós  lo  contar,  y  es  viejo  de 
más  de  ochenta  afios.    Solamente  de  una  cosa  estamos 
espantados,  que  casi  quantos  bautizamos  adolecieron,  unos  260 
de  barriga,  otros  de  los  ojos,  otros  de  hinchazos;  y  tuvie- 
ron  ocasión  sus  hechizeros  de  dezir  que  nosotros  con  el 
agua,  con  que  los  bautizamos,  les  damos  la  dolência  y  con 
la  doctrina  la  muerte.  Mas  en  todo  salen  mentirosos  por- 
que todos  reconbalecen  luego.   Por  ventura  quiere  nuestro  265 
Sefior,  ya  que  son  sus  hijos,  adoctados  en  la  sangre  de 
Christo,  probalos  luego  y  ensefiarles  que  han  de  padezcer, 
y  esta  es  la  medicina  con  que  se  purgan  los  escogidos  dei 
Sefior. 


248  consolaciones  dei.  me  d  ||  250  como]  con  ms.  ||  261  hincliazos  corr.  ex  hen- 
chazos 


30  Leite  11  5. 

31  Este  período  —  que  recorda  o  famoso  soneto  «A.  Jesus  Crucifi- 
cado» e  revela  a  altura  da  vida  espiritual  e  íntima  de  Nóbrega  —  vem 
muito  resumido  emudadona  tradução  italiana  (Diversi  Avisi  [1559]  ff.  36V- 
-37r)  e  portanto  na  tradução  portuguesa  de  J.  Ribeiro,  Cartas  (1931)  95. 


144 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  DR.  AZPILCUETA  NAVARRO 


27°  10.  Trabajé  por  me  ver  con  un  hechizero,  el  mayor 
desta  tierra,  el  qual  todos  embían  a  llamar  para  curar  sus 
eníermedades.  Preguntéle  in  qua  potestate  hec  faciebat 32, 
si  tenía  comunicación  con  Dios  que  hizo  el  cielo  y  la  tierra 
y  reyuava  en  los  [3Ir]  cielos,  o  con  el  demónio  que  stava 

275  en  los  infiernos  ?  Respondióme  con  poca  verguença,  que 
él  era  dios  y  que  avia  nacido  dios,  y  presentóme  alli  uno 
a  quien  dezia  aver  dado  salude,  y  que  el  Dios  de  los  cielos 
era  su  amigo,  y  le  aparecia  en  nuves,  y  en  truenos,  y  en 
relâmpagos,  y  en  otras  cosas  muchas.   Trabajé  viendo  tan 

280  grande  blasfémia  por  ajuntar  toda  la  aldeã  con  altas  bozes, 
a  los  quales  desengane  y  contradixe  lo  que  él  dezía  por 
mucho  espacio  de  tiempo  con  una  buena  lengua  que  allí 
tenía,  la  qual  hablava  lo  que  yo  le  dezía  en  alta  boz  con 
sefiales  de  grandes  sentimientos  que  yo  mostrava.  Vióse 

285  él  confuso  y  hize  que  se  desdixese  de  lo  que  tenía  dicho  y 
emendasse  su  vida  y  que  yo  rogaria  a  Dios  que  le  perdo- 
nasse.  Entre  esta  gente  que  presente  estava  vi  algunos 
mancebos  y  mugeres  a  manera  de  pasmados  de  lo  que  les 
yo  contava  de  las  grandezas  de  Dios.  Después  me  acome- 

290  tió  éste  que  le  bautizasse,  que  queria  ser  christiano,  y  agora 
es  uno  de  los  catecúminos. 

11.  Estas  y  otras  cosas  obra  el  Sefíor  per  ministerium 
nostrum  inter  gentes,  de  las  quales  di  cuenta  a  v.  m.  para 
que  las  encomiende  a  nuestro  Sefíor  en  sus  oraciones,  pues 

295  tiene  zelo  de  su  honrra,  y  me  avise  por  carta  suia  de  lo 
que  le  pareciere,  animándonos  ne  deficiamus  in  via  hac 
qua  ambulamus,  quoniam  absconderunt  laqueum  mini33, 
y  ensenándonos  lo  que  Nuestro  Senor  le  dyere  a  sentir. 
Y  pues  su  doctrina  da  estos  principios,  sus  oraciones  los 

300  coníirmen  delante  de  la  divina  magestad,  en  las  quales  y 


207  laqueum  corr.  IX  laquium 


32  Mat.  ar,  23;  Luc.  20,  2. 

33  Ps.  141,  4. 


9. -BAÍA  AGOSTO  DE  1549 


145 


en  su  bendición  de  padre  y  maestro  em  Christo  Jesu  me 
encomiendo. 

Desta  Bayya  e  Ciudad  dei  Salvador  a  X  dias  de  Agosto, 
dia  de  Sant  Lorenço  de  1549  anos. 

Su  en  Christo  nuestro  Senor  siempre  hijo  y  discípulo.  305, 

Manuel  de  Nóbrega. 

9 

INFORMAÇÃO  DAS  TERRAS  DO  BRASIL 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
[AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA] 

[baía  agosto?  de  1549] 

I.  Bibliografia :  Inocêncio-Brito  Aranha  xvi  414 ;  Catalogo  dos 
Manuscriptos  I  17-18 ;  Cimélios  491 ;  Sommervogel  v  1781  n.  5 ;  Streit  ii 
332  n.  1205;  iv  273-274;  Leite  ix  5  n.  6. 

II.  Autores:  Franco,  Imagem  de  Coimbra  11  166-167;  Afrânio 
Peixoto,  Cartas  Avulsas  393;  Leite  ii  17  18  20;  Breve  Itinerário  59; 
Mariz  63 ;  Florestan  Fernandes  77  257 ;  Luís  de  Pina  22  29-33. 

III.   Texto:   Original  português  perdido,  de  que  se  fez  em  1551  a 
tradução  espanhola,  que  logo  se  imprimiu  («Copia»). 

1.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa],  1-5,. 
2,  38,  ff.  5V-6V.  Título:  «Informação  das  terras  do  Brasil  mandada  pollo 
Padre  Nóbrega».  Retroversão  portuguesa,  feita  no  terceiro  quartel  do 
século  xvi,  da  primeira  impressão  espanhola  («Copia>).  Dão-se  no 
aparato  as  diferenças,  por  onde  se  vê  que  essa  retroversão  antiga  é 
menos  perfeita  ou  positivamente  inexacta:  estoy  (estamos),  traje 
(maneira)  comemos  (comem),  millo  (vinho),  gansos  (patos),  barba 
(barbas),  redes  de  algodón  sobre  si  junto  de  los  fuegos  (redes  d'algo- 
dão  junto  do  fogo),  Tupana  (Tupane),  maridos  y  unas  a  otras  (maridos 
umas  às  outras),  aguijadas  (e[n]xadas),  platos  (bacias),  etc. 

2.  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  ir-4r  [antes,  ff.  205r-2o8r],  «Informatíone 
delle  parti  delle  Brasil»  em  «Copia  de  alcune  letere  mandate  dei  Bra- 
sil per  il  Padre  Nóbrega  delia  Compagnia  de  Jesu  et  altri  Padri  che 


303    Bayya  dei.  de 


10 


146 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


sono  sotto  la  sua  obedientia  al  P.  Maestro  Simone  Preposito  dessa 
Compagnia  de  Jesu  in  Portugallo  et  alli  Padri  et  Fratelli  de  Coimbra 
traslatate  de  spagnolo  in  italiano  recevute  1'anno  1551».  É  o  título  pri- 
mitivo, traduzido  da  versão  espanhola  de  «Copia».  Polanco  fez  várias 
emendas  no  texto  e  no  próprio  título,  onde  riscou  o  nome  de  Maestro 
Simone. 

5.  Bras.  j-i,  ff.  42V-46V.  Outro  exemplar  da  tradução  italiana 
igualmente  dependente  de  «Copia». 

4.  Bras.  j-i,  ff.  43r-44v.  Tradução  latina  feita  pela  italiana  (2),  e 
metida  no  meio  da  tradução  italiana  (3),  como  se  vê  pela  paginação 
(42v-[43r-44v]-45r-46v). 

5.  Bibi.  Vaticana,  Ottoboni  lat.  jçj,  i2or-i22r  i38r-i4or.  Duas  tra- 
duções italianas  dependentes  de  «Copia». 

6.  Bibi.  Vaticana,  Barberini  lat.  1748,  ff.  i86r-i89r.  Tradução  latina 
de  Fúlvio  Cárdulo  feita  pelo  texto  2. 

IV.  Impressão:  Traduções:  Copia  de  unas  cartas...  Tresladadas 
de  Português  en  Castellano.  Recebidas  el  afio  de  M.  D.  LI.  [Coimbra]. 
Com  o  título:  «Información  de  las  partes  dei  Brasil».  Sem  paginação 
fem  r.°  lugar:  4  páginas];  Avisi  Particolari  delle  Indie  di  Portugallo 
(Roma  1552)  100-108  (na  paginação  há  um  salto  de  102  a  104) ;  Diversi 
Avisi  Particolari  dalVIndie  di  Portogallo  (Veneza  1559)  ff.  38r-4ir ;  ib. 
(1565)  ff.  38r-4ir  ;  Epistolae  Iapanicae  (Lovanii  1569)  177-187  ;  ib.  (1570) 
396-401;  Gõtz,  Kurse  Verseichnuss  (Ingolstadt  1586)328-342;  B.  da  Silva 
Lisboa,  Annaes  do  Rio  do  Janeiro  vi  (1835)  39-46;  Revista  do  Instituto 
Histórico  e  Geográfico  Brasileiro  VI  (1866)  91-94  [i.a  ed.  1844] ;  Ostensor 
Brasileiro  1  (Rio  de  Janeiro  1844)  226-228;  Inocêncio,  Chronica  de  Vas- 
concelos 11  (Lisboa  1865)  301-305;  Vale  Cabral  (1886)  69  73;  (1931)  97- 
-102 ;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  442-446. 

V.  História  da  Impressão:  Copia  imprime  a  tradução  espanhola 
do  original  português  perdido;  Avisi  e  Diversi  Avisi  imprimem  a  ver- 
são italiana  (2) ;  Epistolae  Iapanicae  a  versão  latina  (4-5) ;  Kurse  a  ver- 
são alemã  feita  pela  latina;  Annaes  e  os  seguintes  a  retroversão  portu- 
guesa do  antigo  códice  de  São  Roque  (1);  Leite  reimprime  o  texto 
espanhol  de  Copia  a  respectiva  retroversão  portuguesa  [57-67]. 

VI.  Data:  Na  «Copia»  incluem-se  cartas  do  Brasil  com  a  data  de 
Agosto  de  1551  e  diz-se  de  todas  que  foram  recebidas  nesse  mesmo 
ano.  Portanto  parece  que  também  esta  «informaçãov.  Mas  o  contexto 
trata  de  assuntos  precedentes  por  onde  seria  melhor  o  ano  de  1550 
[Leite  ix  5-6]  Hoje,  ainda  a  damos  mais  antiga  fixando-lhe  o  ano 
de  1549  e  o  mês  de  Agosto. 

Ano:  A  «Informação  das  Terras  do  Brasil»  §  2,  e  a  carta  de  9  de 
Agosto  de  1549  §  6,  tratam  de  assunto  ainda  então  futuro,  mas  que  se 
principiou  a  realizar  a  1  de  Novembro  de  1549,  quando  Leonardo  Nunes 


9. -baía  agosto  de  1549 


147 


partia  para  São  Vicente  com  os  índios  Carijós  libertados,  de  que  se 
ocupam  aqueles  parágrafos. 

Mês:  Atendendo  a  todas  as  circunstâncias  e  ainda  ao  das  mon- 
ções, Nóbrega,  que  escreveu  uma  carta  ao  seu  Provincial  (9  de  Agosto), 
outra  ao  seu  Mestre  na  Universidade  (10  de  Agosto),  é  natural  que  a 
informação  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra  de  1549,  sendo  do  mesmo 
ano,  a  mandasse  também  no  mesmo  tempo  e  navio. 

VII.  Edição :  Reimprime-se  a  tradução  espanhola  de  Copia,  fonte 
única  da  retroversão  portuguesa  antiga  e  de  todas  as  mais  traduções. 
E  no  aparato  as  diferenças  dessa  retroversão. 

Textus 

1.  Brasiliae  magnitudo,  clima  et  ubertas.  —  2.  Indi  Guayanases, 
Carijós,  Gaimures,  Tupeniques,  Tupinambas,  eorumque  domus  et  mores, 

—  3.  Religio,  «Tupana»,  caeremoniae  et  venefici.  — 4.  Ritus  anthropo- 
phagicus.  —  5.  Ritus  funerarius  et  de  anima  post  mortem.  —  6.  Com- 
munitas  bonorum,  vita  socialis  et  familiaris.  —  7.    Traditio  Diluvii. 

—  8.  Dif  ficultas  in  propaganda  /ide.  —  9.  Quid  dicitur  de  S.  Thoma 
eiusque  vestigiis.  —  10.  De  aliis  rebus  postea  dicet. 

1.  La  información  que  de  aquestas  partes  dei  Brasil  os 
puedo  dar,  Padres  y  Hermanos  charíssimos,  es  que  tiene 
esta  tierra  mil  léguas  de  costa  toda  poblada  de  gente,  que 
anda  desnuda  assí  mugeres,  como  hombres,  tirando  algu- 
nas  partes  muy  lexos  donde  estoy,  adonde  las  mugeres 
andam  vestidas  al  traje  de  gitanas  1  con  panos  de  algodón, 
por  la  tierra  ser  más  iria  que  esta,  la  qual  aqui  es  muy 
templada.  De  tal  maneira  que  el  invierno  no  es  frio,  ni 
caliente,  y  el  verano  aunque  sea  más  caliente,  bien  se 
puede  sufrir",  empero  es  tierra  muy  húmida,  por  las  muchas 


5  estoy]  estamos  II  6  traje]  maneira 


1  Refere-se  aos  Carijós  do  Sul  do  Brasil :  «As  mulheres  grandes 
e  pequenas  trazem  tipóias;  e  ainda  que  algumas  vezes  andam  nuas, 
contudo  diante  de  nós  nem  à  Igreja  vêm  nuas,  ainda  que  seja  uma 
menina  de  4  anos»,  escreve  Jerónimo  Rodrigues  («Relação  dos  Cari- 
jós», Leite,  Novas  Cartas  Jesuíticas  229-230). 


148 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


aguas,  que  llueve  en  todo  tiempo  muy  a  menudo.  Por  lo 
qual  los  arboledos  e  las  yervas  están  siempre  verdes,  y 
por  aquesto  es  la  tierra  muy  fresca.  En  partes  es  muy 
áspera,  por  los  montes  y  matos  que  siempre  están  verdes. 

15  Ay  en  ella  diversas  frutas,  que  comen  los  de  la  tierra, 
aunque  no  sean  tan  buenas  como  las  de  allá,  las  quales 
también  creo  se  darían  acá,  si  se  plantassen.  Porque  veo 
darse  parras,  uvas,  y  aún  dos  vezes  en  el  ano;  empero  son 
poças,  por  causa  de  las  hormigas  2,  que  hazen  mucho  dano 

20  assí  en  esto,  como  en  otras  cosas.  Cidras,  naranjas,  limo- 
nes  danse  en  mucha  abundância;  y  higos  tan  buenos  como 
los  de  allá.  El  mantenimiento  común  de  la  tierra  es  una 
raiz  de  paio,  que  llaman  mandioca,  dei  qual  hazen  una 

'  harina,  de  que  comemos  todos.    Y  da  también  millo  3,  el 

25  qual  mezclado  con  la  harina  haze  un  pan,  que  escusa  lo  de 
trigo.  Ay  mucho  pescado;  y  también  mucho  marisco,  de 
que  se  mantienen  los  de  la  tierra,  y  mucha  caça  de  matos, 
y  gansos  que  crían  los  índios.  Bueyes,  vacas,  ovejas, 
cabras  y  gallinhas  se  dan  también  en  la  tierra,  y  ay  dellos 

3°  mucha  copia  4. 

2.  Los  gentiles  son  de  diversas  castas,  unos  se  llaman 
Goyanazes  5,  otros  Carijós.  Este  es  un  gentio  mejor  que 
ay  en  esta  costa,  a  los  quales  fueron  no  a  muchos  anos 


12  arvores  II  14  por  causa  dos  montes  |  matas  ||  31  quantidade  ||  24  comem  |  millo] 
vinho  ||  37  de  mato  |  38  gansos]  patos  ||  29  delias  ||  30  grande  quantidade  ||  33-33  que  nenhum 
desta  costa 


2  A  formiga  saúba,  ou  como  a  descreve  Leonardo  do  Vale,  «a  ruiva 
e  grande  que  come  as  prantas :  Igçaúba»  ( Vocabulário  241). 

3  Na  versão  espanhola  «millo»  e  na  italiana  «miglio».  Trata-se 
de  milho  americano,  Zea  mays  L.,  milho  grosso;  o  europeu  e  asiático 
é  milho  miúdo,  Panicum  miliaceum  L.  (Carlos  França,  Os  Portugue- 
ses. . .,  in  Revista  de  História  15  [1926]  46-50  ;  Hoehne,  Botânica  e  Agri- 
cultura 30). 

4  Tanto  estes  animais  domésticos  como  algumas  frutas  acima  refe- 
ridas vieram  de  Portugal,  com  os  primeiros  povoadores,  do  tempo  do 
Donatário  Francisco  Pereira  Coutinho,  de  1536  em  diante,  o  que  explica 
serem  já  em  «muita  cópia». 

5  «Goianases»,  cf.  Leite  ix  125. 


9. -BAÍA  AGOSTO  DE  1549 


149 


dos  frayles  Castellanos  G  a  los  ensenar ;  y  tam  bien  tomaran 
su  doctrina,  que  tenían  ya  casas  de  recogimiento  para  35 
rnugeres,  como  monjas,  y  otra  de  hombres,  como  de  fray- 
les. Y  esto  duro  mucho  tiempo,  hasta  que  el  demónio 
llevó  allá  una  nao  de  salteadores,  y  captivaron  muchos 
dellos.  Trabajamos  por  recojer  los  salteados,  y  algunos 
tenemos  ya  para  los  llevar  a  su  tierra,  con  los  quales  yrá  4o 
un  Padre  de  los  nuestros  7. 

Ay  otra  casta  de  gentiles,  que  se  llaman  Gaymures  8,  y 
es  gente  que  habita  por  los  matos.   Ninguna  communica- 
ción  tienen  con  los  christianos,  por  la  qual  se  espantan 
quando  nos  ven,  y  dizen  que  somos  sus  hermanos,  por  45 
quanto  traemos  barba  como  ellos.   La  qual  no  traen  todos 
los  otros,  antes  se  rapan  hasta  las  pestanas,  y  hazen  agu- 
geros  en  los  beços  y  bentanas  de  las  narizes,  y  ponen  unos 
huessos  en  ellos,  que  parecen  demónios;  y  assí  algunos, 
principalmente  los  hechizeros  traen  el  rostro  lleno  dellos.  5o 
Estos  gentiles  son  como  gigantes.    Traen  un  arco  muy 
íuerte  en  la  mano,  y  en  la  outra  un  paio  muy  gruesso  con 
que  pelean  con  los  contrários,  y  facilmente  los  despedaçan, 
y  huyen  para  los  matos;  y  son  muy  temidos  entre  todos  los 
otros.  Los  que  comunican  con  nosotros  hastagora,  son  dos  55 
castas:  unos  se  llaman  Tupeniques  9,  y  los  otros  Tupinam- 


35  que  tem  ||  36  outras  [)  37  diabo  ||  39  tomados  ||  42  Grtimares  ||  44  pollo  ||  45-46  por- 
que i  barbas  |[  47-48  buracos  |  venntas  ||  50  todo  o  rosto  ||  54  pollos  ||  55  de  duas  ||  56  Topi- 
naquins 


6  Bernardo  de  Armenta  e  Alfonso  de  Lebrón,  ambos  da  Ordem 
de  S.  Francisco,  que  o  Governador  do  Paraguai  Alvar  Nunes  Cabeza 
de  Vaca  já  achou  no  Biaça,  Sul  do  Brasil,  em  1541.  Eles  acompanha- 
ram o  Governador  ao  Paraguai  e  voltaram  à  costa  do  Brasil  em  1543 
(«Comentários  de  Alvar  Nunes  Cabeza  de  Vaca»,  em  Enrique  de  Vedia, 
Biblioteca  de  Autores  Espanoles  I  [Madrid  1852]  550  551  594).  O  caso, 
que  Nóbrega  narra  a  seguir,  coloca-se  depois  daquela  segunda  data 
de  1543.   Cf.  Leite  i  323. 

7  Leonardo  Nunes. 

8  Gaimurés  ou  Aimurés,  Leite  ix  123. 

9  Tupeniques  ou  Tupinaquins  ;  Leite  ix  128. 


150 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


bas10.  Estos  tienen  casas  de  palmas  muy  grandes,  y  delias 
en  que  posarán  cincuenta  índios  casados,  con  sus  mugeres 
y  hijos.  Duermen  en  redes  de  algodón  sobre  sí  junto  de  los 

6o  fuegos,  que  en  toda  la  noche  tienen  acendidos  assí  por  el 
frio,  porque  andan  desnudos,  como  también  por  los  demó- 
nios que  dizen  huyr  dei  fuego,  por  la  qual  causa  traen 
tiçones  de  noche,  quando  van  fuera. 

3.    Esta  gentilidad  a  ninguna  cosa  adora,  ni  conocen  a 

65  Dios  11  solamente  a  los  truenos  llaman  Tupana,  que  es 
como  quien  dize  cosa  divina.  Y  assí  nós  no  tenemos  otro 
vocablo  más  conveniente  para  los  traer  a  conoscimiento  de 
Dios,  que  llamarle  Padre  Tupana  12.  Solamente  entre  ellos 
se  haze  unas  ceremonias  de  la  manera  siguiente.  De  cier- 

7°  tos  en  ciertos  afios  vienen  unos  hechizeros  13  de  luengas 
tierras,  íingiendo  traer  sanctidad ;  y  al  tiempo  de  su  venida 
les  mandan  alimpiar  los  caminos,  y  van  los  a  recebir  con 
danças  y  fiestas  según  su  custumbre,  y  antes  que  lleguen 
al  lugar,  andan  las  mugeres  de  dos  en  dos  por  las  casas, 

75  diziendo  publicamente  las  faltas  que  hizieron  a  sus  mari- 
dos, y  unas  a  otras,  y  pidiendo  perdón  delias.  En  llegando 
el  hechizero  con  mucha  fiesta  al  lugar,  éntrase  en  una 
casa  oscura  14,  y  pone  una  calabaça  que  trae  en  figura 


58  casados]  dei.  ||  59-60  redes  d'algojâo  junto  do  fogo  ||  60  aceso  ||  60-61  por  amor  do 
frio  ||  64  a'  dei.  ||  65  Tupane  ||  68  Pay  Tupane  ||  70  de  muy  longes  ||  73  recebê-lo  ||  75-76  mari- 
dos umas  às  outras 


10  Tupinambás.  Leite  ix  128;  cf.  supra.  pp.  14-19:  «Introdução 
Geral»,  Cap.  I,  art.  4. 

11  Observação  feita  já  em  1500  no  Descobrimento  :  «por  onde  nos 
pareceu  a  todos  que  nenhuma  idolatria  nem  adoração  têm».  J.  Corte- 
são, A  Carta  de  Pero  Vas  de  Caminha  238. 

12  Tupana,  Tupã.  Nóbrega  dá  aqui  mesmo  o  significado  e  o  con- 
ceito desta  palavra  tupi. 

13  Feiticeiros  ou  pagés,  cujas  funções  se  observam  e  declaram 
neste  §:  presidir  às  cerimónias  da  «santidade»;  curar  os  enfermos; 
dar  parecer  sobre  as  guerras  ao  índios  contrários. 

14  «Casa  escura»,  ou  seja  «cabana  sagrada»  dos  etnólogos 
Leite  ii  16. 


9. -BAÍA  AGOSTO  DE  1549 


151 


humana15  en  parte  más  conveniente  para  sus  enganos,  y 
mudando  su  própria  boz  como  de  nino,  y  junto  de  la  cala-  8o> 
baça  les  dize,  que  no  curen  de  trabajar,  ni  vayan  a  la  roça, 
que  el  mantenimiento  por  sí  crescerá,  y  que  nunca  les  fal- 
tará que  comer,  y  que  por  sí  vendrá  a  casa;  y  que  las 
aguijadas  16  se  yrán  a  cavar,  y  las  flechas  se  yrán  al  mato 
por  caça  para  su  sefior,  y  que  han  de  matar  muchos  de  sus  85 
contrários,  y  captivarán  muchos  para  sus  comeres.  Y  pro- 
mételes  larga  vida,  y  que  las  viejas  se  han  de  tornar  moças, 
y  las  hijas  que  las  den  a  quien  quisieren,  y  otras  cosas 
semejantes  les  dize  y  promete,  con  que  los  engana;  de 
manera  que  creen  aver  dentro  en  la  calabaça  alguna  cosa  9° 
santa  y  divina,  que  les  dize  aquellas  cosas,  las  quales  creen. 
Y  acabando  de  hablar  el  hechizero,  comiençan  a  temblar 
principalmente  las  mugeres  con  grandes  temblores  en  su 
cuerpo,  que  parecen  demoniadas,  como  de  cierto  lo  son, 
echándose  en  tierra,  espumando  por  las  bocas  11 ,  y  en  95 


8o  como  de]  em  ha  de  ||  84  aguijadas]  ezadas  ||  90  calabaça]  cabeça 


15  «Cabaça»  em  figura  humana.  Para  Nóbrega  não  era  ídolo, 
Cf.  carta  de  cc.  10  de  Abril  de  1549  §  6.  Mas  nesta  mesma  descrição 
da  «santidade»  já  se  observam  os  elementos  essenciais  das  religões 
primitivas:  sacerdote  («feiticeiro»),  cabana  sagrada  («casa  escura»), 
ídolo  («cabaça  em  figura  humana»),  oração  (pedidos  e  promessas  de 
bens  materiais). 

16  A  retroversão  portuguesa  antiga  leu  «e[n]xadas».  Mas  como 
se  sabe,  a  enxada  era  utensílio  desconhecido  dos  Tupinambás.  O  que 
tinham  era  uma  espécie  de  estaca  de  ponta  aguçada  e  endurecida  ao 
fogo,  para  a  qual  devem  ter  servido  a  Nóbrega  como  termo  analógico, 
os  aguilhões  ou  aguilhadas  do  Minho.  Métraux  descreve  o  utensílio 
usado  pelos  Tupinambás,  nas  suas  plantações,  «un  pieu  pointu  durei 
au  feu»  {La  civilisation  matérielle  68) ;  e  é  o  que  Enrique  Palavecino 
(Prólogo  a  Brinton)  chama  «pau  de  cavar»  (Daniel  G.  Brinton,  La 
Rasa  Americana  18). 

17  Afrânio  transcreve  e  comenta  as  observações  de  Nóbrega ; 
«Esta  página  merece  a  meditação  de  quantos  se  interessam  pelos  fenó- 
menos da  psicologia  religiosa;  no  fim  há  uma  cena  de  histeria  colectiva, 
que  vai  de  um  lado  ao  profetismo  das  sibilas  e  pitonisas,  do  outro  ao 
baixo  espiritismo  contemporâneo»  (Cartas  Avulsas  394).  Sobre  fenóme- 


152 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


aquesto  les  suade  el  hechizero,  que  entonces  les  entra  la 
santidad,  y  a  quien  esto  no  haze,  tiénenlo  a  mal.  Y  des- 
pués  le  offrecen  rauchas  cosas.  Y  en  las  enfermedades  de 
los  gentiles  usan  tarabién  estos  hechizeros  de  muchos  enga- 
jo nos  y  echizerías.  Estos  son  los  mayores  contrários  que 
acá  tenemos,  y  hazen  creer  algunas  vezes  a  los  dolientes, 
que  nosotros  les  metemos  en  el  cuerpo  cuchillos,  tigeras, 
y  cosas  semejantes,  y  que  con  esto  los  matamos.  En  sus 
guerras  aconséjanse  con  ellos,  allende  de  agiieros  que  tie- 
105  nen  de  ciertas  aves. 

4.  Quando  cativan  alguno,  tráenle  con  grande  fiesta 
con  una  soga  a  la  garganta,  y  danle  por  muger  la  hija  dei 
principal,  o  qualquier  otra  que  más  le  contenta.  Y  pónenlo 
a  cevar  como  puerco,  hasta  que  lo  han  de  matar;  para  lo 

no  qual  se  ayuntan  todos  los  de  la  comarca  a  ver  la  fiesta. 
Y  un  dia  antes  que  le  maten,  lávanlo  todo,  y  el  dia  siguiente 
lo  sacan,  y  pónenlo  en  un  terrero  atado  por  la  cintura  con 
una  cuerda,  y  viene  uno  de  ellos  muy  bien  ataviado,  e  le 
haze  una  plática  de  sus  antepassados.    Y  acabada,  el  que 

115  está  para  morir,  le  responde  diziendo  que  de  los  valientes 
es  no  temer  la  muerte,  y  que  él  también  matara  muchos 
de  los  suyos,  y  que  acá  quedavan  sus  parientes,  que  lo  ven- 
garían,  y  otras  cosas  semejantes.  Y  muerto,  córtanle  luego 
el  dedo  pulgar,  porque  con  aquél  tirava  con  las  flechas,  y 

120  lo  demás  hazen  en  pedaços,  para  lo  comer  assado  o  cozido. 

5.  Quando  muere  alguno  de  los  suyos  pónenle  sobre 
la  sepultura  platos  llenos  de  viandas,  y  una  red  en  que 
ellos  duermen,  muy  bien  lavada.  Esto  porque  creen,  según 
dizen,  que  después  que  mueren  tornan  a  comer  y  descansar 

125  sobre  su  sepultura.  Héchanlos  en  cuevas  redondas18,  y  si 
son  principales,  házenles  una  choça  de  palma.   No  tienen 


97  Y  dei.  |!  107  corda  ||  1 17-118  ho  vingaiàm  ,1  IM  bacias  |]  123  e  isto  |  135  sobre  ha 


nos  modernos  daquele  estado  de  «possessão»  ou  «transe»  feminino,  cf. 
Oneyda  Alvarenga,  Música  popular  brasileira  (México  1947)  177-178. 
18   Cf.  Métraux,  La  civilisation  matêriclle  272. 


9. -BAÍA  AGOSTO  DE  1549 


155 


conocimiento  de  gloria,  ni  infierno;  solamente  dizen,  que 
después  de  morir  van  descansar  a  un  buen  lugar. 

6.  Y  en  muchas  cosas  guardan  la  ley  natural  Ninguna 
cosa  própria  [tie]nen  que  no  sea  común,  y  lo  que  uno  tiene  13° 
a  de  repartir  con  los  otros,  principalmente  si  son  cosas  de 
comer,  de  las  quales  ninguna  cosa  guardan  para  otro  dia, 

ni  curan  de  entesorar  riquezas.  A  sus  hijas  ninguna  cosa 
dan  en  casamiento,  antes  los  yernos  quedan  obligados  a 
servir  a  sus  suegros.   Qualquier  christiano  que  entra  en  135 
sus  casas,  danle  a  comer  de  lo  que  tienen,  y  una  red  lavada 
en  que  duerma.  Son  castas  las  mugeres  a  sus  maridos. 

7.  Tienen  memoria  dei  diluvio19,  empero  falsamente, 
porque  dizen  que  cubriéndose  la  tierra  de  agua,  una  muger 
con  su  marido,  subieron  en  un  pino,  e  después  de  mengua-  14° 
das  las  aguas  descendieron,  y  de  aquéstos  procedieron  todos 
los  hombres  y  mugeres. 

8.  Tienen  muy  poços  vocablos  para  le  poder  bien  decla- 
rar nuestra  íe,  mas  con  todo  dámossela  a  entender  lo  mejor 
que  podemos  y  algunas  cosas  le  declaramos  por  rodeos.  T45 
Están  muy  apegados  con  las  cosas  sensuales,  muchas  vezes 
me  preguntan  si  Dios  tiene  cabeça,  y  cuerpo,  y  muger,  y 

si  come,  y  de  qué  se  viste,  y  otras  cosas  semejantes. 

9.  Dizen  ellos  que  Sancto  Thomas,  a  quien  llaman 
Zomé  20,  passó  por  aqui.   Esto  les  quedo  por  dicho  de  sus  15° 


144  damos-lbas  ||  149  San  Thomé  |j  150  e  isto 


19  Cf.  Leite  11  18. 

20  Sobre  o  mito  de  Zomé  ou  Zumé,  cf.  supra,  pp.  T8-19.  — 
Nóbrega  dá  notícia  desta  lenda  na  carta  de  15  de  Abril  de  1549  §  3. 
Agora  já  tinha  ido  ver  por  si  mesmo  as  pegadas.  A  lenda  costuma 
atribuir-se  aos  Jesuítas,  «evidentemento  diz  Artur  Ramos,  Introdu- 
ção à  Antropologia  Brasileira  1  (Rio  195:)  91,  mas  é  anterior  à  che- 
gada dos  Jesuítas,  Como  vimos,  já  a  assinala  A  nova  Gazeta  da  Terra 
do  Brasil  (1515):  «Eles  têm  também  recordação  de  S.  Tomé.  Quiseram 
mostrar  aos  Portugueses  as  pegadas  de  São  Tomé  no  interior  do  país  > 
(G.  Barroso,  O  Brasil  na  lenda  e  na  Cartografia  antiga  [São  Paulo  1941] 
193;  cf.  nota  de  Vale  Cabral  a  Nóbrega,  Cartas  [1931]  101).  A  lenda 
desenvolveu-se  depois  por  si  naturalmente;  e  escreve  Santa  Rita 


154 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


antepassados.  Y  que  sus  pisadas  están  sefíaladas  cabo  un 
rio,  las  quales  yo  íuy  a  ver  por  más  certeza  de  la  verdad, 
y  vi  con  los  próprios  ojos  quatro  pisadas  muy  sefíaladas 
con  sus  dedos,  las  quales  algunas  vezes  cubre  el  rio  quando 

155  hinche.  Dizen  también  que  quando  dexó  estas  pisadas  yva 
huyendo  de  los  índios  que  le  querían  flechar,  y  llegando 
allí  se  le  abriera  el  rio,  y  passara  por  médio  dél  sin  se 
mojar  a  la  otra  parte;  y  de  allí  fué  para  la  índia.  Ansí 
mesmo  cuentan  que  quando  le  querían  ílechar  los  índios, 

160  las  flechas  se  bolvían  para  ellos  21,  y  los  matos  22  le  hazían 
camino  por  do  passasse.  Otros  cuentan  esto  como  por  escár- 
nio. Dizen  también  que  les  prometió  que  avia  de  tornar 
otra  vez  a  verlos.  El  los  vea  dei  cielo,  y  sea  intercessor 
por  ellos  a  Dios,  para  que  vengan  a  conocimiento  suyo,  y 

165  reciban  la  sancta  fe,  como  esperamos. 

10.  Esto  es  lo  que  en  breve,  charíssimos  Hermanos 
mios,  os  puedo  informar  de  aquesta  tierra.  Como  viniere 
a  más  conocimiento  de  otras  cosas  que  ay  en  ella,  no  lo 
dexaré  muy  particularmente  de  hazer. 

CARTAS  PERDIDAS 

9a.  Do  P.  Leonardo  Nunes  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra  (da 
Baia,  antes  de  Novembro  de  1549).  «En  algunas  que  os  tengo  escritas», 
antes  de  embarcar  para  S.Vicente:  «Y  assí  me  embarqué»,  diz  ele  na 
sua  carta  de  Novembro  de  1550  [Carta  18  §  1.  Ele  iniciou  a  sua  viagem 
a  1  de  Novembro  de  1549,  diz  Nóbrega  a  6  de  Janeiro  de  1550  (Carta  10 
§9) 


151  passados  j  junto  de  ||  16S  das  outras 


Durão:  «Enxerga-se  muito  bem  sobre  os  penedos /Toda  a  forma  do 
pé  com  planta  e  dedos»  {Caramuru,  Canto  III  87). 

21  Francisco  S.  G.  Schaden  (O  mito  de  Zumè,  in  Sociologia  VI  n  °3 
[São  Paulo  1944]  236)  acha  que  estas  flechas  que  voltavam  sobre  si,  na 
narração  de  Nóbrega,  «parecem-nos  indicar  que  alguma  arma  do  tipo 
do  bumerang  tenha  existido  também  de  qualquer  modo  entre  os  Tupi 
da  costa  brasileira».  Cf.  Baldus,  Bibliografia  Crítica  633. 

22  Palavra  portuguesa  que  o  tradutor  deixou  como  estava. 


10.  -  PORTO  SEGURO  6  DE  JANEIRO  DE  1550 


155 


10 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

PORTO  SEGURO  6  DE  JANEIRO  DE  1550 

I.  Bibliografia:  B.  Machado  III  3T9;  Sommervogel  V  1782  n.  6; 
Streit  11  332  n.  1206 ;  Leite  ix  6  n.  7. 

II.  Autores:  Leite  II  379  512;  Breve  Itinerário  61-63;  Mariz  114; 
S.  A.  Dickson,  Panacea  or  Precious  Bane  Tobacco  in  Sixteenth  Century 
Literature,  «Bulletin  of  The  New  York  Public  Library»,  57  (1953)  549; 
Nemésio  237-241. 

III.  Texto:  original  português  perdido  : 

1.  Biblioteca  Vaticana,  Ottoboni  lat.  jçj,  11.  t^t-^v.  Título:  «De 
Porto  Sicuro  nel  Brasil.  Manuel  de  Nóbrega  a  6  de  Genaro  1550». 
Tradução  italiana,  feita  ao  que  parece  por  outra  espanhola  também 
perdida.  [Diogo,  português,  aparece  Diego,  e  o  português  antigo  Ilheos 
aparece  nesta  versão  italiana  com  a  forma  espanhola  Isleos]. 

2.  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  34r-40v  [antes  i68r-i74v].  Tradução  latina 
com  emendas  da  mesma  letra.  No  fim,  outra  mão :  «Ab  anno  50». 

3.  Bras.  ij,  ff.  i9r-3ov  [antes  nr-22v].  «Di  Porto  Sicuro  dei  mese 
di  gennaro.  1550.  Brasil»  [f.  igr].  Outra  letra  [f.  2or] :  «Epist.  n.°  1.  3. 
Tomo».  Começa:  «4- Jesus  Maria.  Emmanuel  Nóbrega  Societatis  Iesu, 
Reverendo  admodum  Patri  eiusdem  Societatis  praefecto  Provincial  in 
Lusitânia  gratiam  et  opem  a  D.  N.  I.  Christo  precatur  sempiternam». 
No  fim  outra  letra:  «Letra  i.a  3. 0  Tomo.  Traduzida  dei  vulgar  en  latín». 
Tanto  a  indicação  inicial  como  esta  final  reportam-se  a  Nuovi  Avisi,Ter  z& 
Parte,  onde  esta  carta  ocupa  o  i.°  lugar,  donde  se  fez  a  tradução  latina. 

IV.  Impressão :  Versões :  Nuovi  Avisi  deWIndie  di  Portogallo, 
Terza  Parte  (Venetia  1562)  ff.  ir-8v.  Título :  «Di  Porto  Securo  nel 
Brasille  Manuel  di  Noberga  à  6  di  Gennaro  1550»  ;  Vale  Cabral 
(1886)  83  85;  (1931)  114-117",  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955) 
447-456. 

V.  História  da  Impressão :  O  texto  I  pertenceu  a  Marcelo  CervinL 
Cardeal  de  Santa  Cruz,  Papa  Marcelo  II,  que  faleceu  22  dias  depois  da 
eleição  em  1555  (Schurhammer,  Epp.  Xav.  1  203*-2o6*).  Nuovi  Avisi 
imprimem  este  texto,  mudando  alguma  palavra,  como  a  que  significa 
«meninos»,  que  em  Ottoboni  aparece  «putti»  e  em  Nuovi  Avisi  «ían- 
ciulli»,  por  soar  melhor  a  ouvidos  ibéricos,  como  os  de  Polanco,  que 
presidia  a  estas  impressões.  Vale  Cabral  imprime  a  retroversão  por- 


156 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


tuguesa  feita  por  João  Ribeiro  Fernandes  da  tradução  italiana  de  Nuovi 
Avisi.  [Vale  Cabral  diz  Diversi  Avisi  (1565),  equívoco  por  não  ter  no 
Rio  o  exemplar  de  Nuovi  Avisi,  e  usar  uma  cópia  que  lhe  enviou  de 
Paris  J.  M.  da  Silva  Paranhos,  futuro  Barão  do  Rio  Branco.  Cf.  Cartas 
do  Brasil  (1886)  82].  Leite  imprime  o  texto  da  Vaticana  (Ottoboni)  e  a 
respectiva  retroversão  portuguesa. 

VI.  Destinatário:  P.  Simão  Rodrigues,  Provincial  de  Portugal. 
Tira-se  de  todo  o  contexto  e  vem  expresso  na  versão  latina  (3). 

VII.  Edição  :  Reimprime-se  o  texto  italiano  (1)  por  ser  o  mais  antigo 
e  donde  todos  os  mais  dependem  (Ottoboni). 

Textus 

1.  Epistolae  in  Portugaliam  missae.  —  2.  P.  Navarrus  docet  doctri- 
natn  in  pagis  Indornm.  —  3.  P.  Nóbrega  vult  ut  Caramuru  sit  pater  et 
gubernator  Indorum.  —  4.  Tumultus  et  neces  ab  Indis  contrariis.  — 5.  Fra- 
tres  Rodrigues  et  Gonçalves  in  pago  Indorum  amicorum. —  6.  Ministeria 
P.  Antonii  Pires  in  urbe.  —  7.  P.  Navarrus  addiscit  linguam  brasilicam. 

—  8.  Patres  S.  I.  adversus  anthropophagiam  Indorum.  —  9  P.  Leonar- 
dus  et  Fr.  Jácome  Portu  Securo.  —  10.  Pacem  inter  eives  oppidi  Portus 
Securi  conciliavit.  —  11.  P.  Leonardus  pergit  in  Praefecturam  S.  Vincen- 
tii.  —  12.  Nóbrega  et  Jácome  Portu  Securo.  —  13.  Pagi  Indorum  « Tupi- 
naqui».  —  14.  Malorum  christianorum  scandala.  —  15.  Duo  religiosi 
S.  Antonii  in  Praefectura  Portus  Securi.  —  16.  Zelus  P.  Nóbrega  erga 
pueros  captivos  et  bonos  mores.  —  17.  Postulai  orphanas  e  Portugá- 
lia. —  18.    Postulai  ut  Rex  prohibeat  iniustam  captivitatem  Indorum. 

—  19.  Postulai  facultates  speciales  S.  Sedis  et  ut  veniat  Episcopus  vel 
saltem  Vicarius  Generalis.  —  20.  E  Portugália  libros  et  ornamenta 
accepit,  alia  postulat.  —  21.  De  Collegio  Bahiae  erigendo.  —  22.  Facul- 
tates ad  audiendas  confessiones.  —  23.  Condiciones  victus  terrae  et  de 
folio  aliquo  [tabaco}.  —  24.  Necesse  est  ut  veniant  multi  lusitani.  —  25.  De 
aurifodinis  et  gemmis.  —  26.  Fratres  bene  valent,  duos  nuper  accepit,  sed 
opus  est  ut  alii  veniant  ad  hanc  vineam  Domini. 

IHS 

La  grazia  et  amor  di  Christo  Signore  Nostro  sia  sempre 
in  aiuto  et  favor  nostro.  Amen. 

1.  Per  le  navi  di  Baia  scrissi 1  delle  oceupationi  nostre 
in  questo  paese,  et  quanto  il  Signore  Dio  si  serve  delli 


1    Cf.  supra,  cartas  do  mês  de  Agosto  de  1549. 


10.  -  PORTO  SEGURO  6  DE  JANEIRO  DE  1550 


157 


íigliouli  di  V.  R.  che  qua  sono.    Adesso  pássaro  piú 
oltra. 

2.  Partite  le  navi  di  Baia,  sono  restato  li  due  mesi 2  o 
piú  con  li  Fratelli,  il  qual  tempo  fu  speso  in  questo  modo. 

II  P.e  Navarro  stava  (come  sta  anchora)  nelli  suoi  castelli  i° 
predicando  alli  grandi  et  insegnando  a  leggere  et  fare  ora- 
tione  a  piccoli  et  aiutando  alcuni  huomini  et  cathecumini 
a  infiamarsi  nel'amor  di  Dio  et  desiderii  dei  battesimo,  tra 
li  quali  alcuni  lo  dimandano  con  moita  instantia. 

3.  Noi  attendiamo  per  tutte  le  vie  a  farli  lasciar  assai  15 
mali  costumi  che  hanno,  et  desideriamo  congregare  tutti 
questi  che  si  battezano  apartati  dalli  altri,  et  per  questo 
haviamo  ordinato  che  Diego  Alvarez  3  stia  fra  loro  come 
padre  et  governatore  4,  essendo  egli  in  buon  credito  et  molto 
grato  a  tutti  loro.  20 

4.  Non  haviamo  anche  potuto  adimpire  questo  disegno 
perchè  si  differisse  per  paura  di  guerra,  perchè  alcuni  populi 
piú  lontani  hanno  molto  in  odio  li  christiani,  et  uno  schiavo 
che  era  prima  christiano  tiene  sollevata  la  piú  gran  parte, 
dicendo  che  il  Governatore  5  li  vuol  amazzar  tutti  o  fargli  25 
schiavi :  che  noi  cerchiamo  di  gabbarli  et  vorriamo  vederli 
tutti  morti,  et  che  il  battezarsi  è  come  un  farsi  schiavo  de 
christiani,  et  altre  cose  simili.  Hanno  etiam  con  lui  rubato 

li  pescatori  di  portughesi  et  amazzato  in  un  castello  un 
íigliuolo  di  un  christiano  che  haveva  de  una  negra  6  di  3° 
questa  terra,  il  che  ha  fatto  molto  risentire  il  Governatore; 
et  pensiamo  che  sarà  principio  d'un  buon  castigo  et  per  li 


2  Setembro  e  Outubro  e  talvez  alguns  dias  de  Agosto  (cf.  infra  §  9). 

3  «Caramuru»,  cf.  carta  de  Nóbrega,  Baía,  fim  de  Agosto  de  1552 
[§  17]. 

4  «Pai  e  Governador»  dos  índios  cristãos.  Parece  que,  entre  mis- 
sionários da  Companhia  de  Jesus,  é  a  primeira  menção  histórica.  Pois 
as  que  deles  se  conhecem,  que  falam  do  «Pai  dos  cristãos»  são  de  1552: 
uma  do  P.  Francisco  Xavier,  de  Cochim,  31  de  Janeiro  de  1552  {Epp. 
Xav.  n  308),  outra  de  António  Dias,  Ceilão,  15  de  Dezembro  de  1552. 
Wicki,  DI  11  535. 

5  Tomé  de  Sousa. 

6  Negra,  isto  é,  índia. 


158 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


altri  gentili  grande  essempio,  et  forse  per  paura  si  conver- 
tiranno  piú  presto  ene  non  faranno  per  amore,  tanto  sono 
35  corroti  nelli  costumi  et  lontani  dalla  verità. 

5.  Haviamo  fatto  fare  in  un  loco  piú  conveniente  una 
Chiesa  7  dove  li  christiani  sentono  messa  et  appresso  una 
casa  dove  il  Fratello  Vincentio  Rodriguez  et  Simon  Gonza- 
lez insegnano  li  putti,  et  ira  la  citta  et  un  castello  8  appresso 

4°  un  fiume  9,  un  luogo  secondo  il  parere  di  tutti  li  Fratelli 
molto  a  propósito  et  conveniente  per  farei  un  Collegio, 
corne  già  ho  scritto  a  V.  R.  Li  putti  christiani  et  similmente 
le  donne10  sanno  già  fare  oratione  assai,  et  cosi  li  piú  delli 
cathecumini,  li  quali  non  battezeremo  finchè  non  sia  piú 

45  pacifica  la  terra. 

6.  II  P.e  Antonio  Perez  sta  nella  città  in  unaltra  casa11 
che  haviamo  et  ha  cura  insegnare  la  dottrina  Christiana  et 
di  poveri  nelli  hospitali12  et  dice  messa  et  confessa,  in 


7  Igreja  «no  teso»  —  já  no  futuro  «Terreiro  de  Jesus»  —  mas  do  lado 
de  dentro  do  muro  da  Cidade.  Começou-a  Nóbrega;  construia-a  então  o 
P.  António  Pires,  e  Navarro  dá-a  como  finda  pelo  mês  de  Março,  ao 
chegar  a  2.a  expedição.  O  Terreiro  de  Jesus  parece  que  se  deve  tomar 
em  sentido  mais  amplo  do  que  é  hoje  (cf.  Leite  v  119).  E  esta  Igreja, 
segundo  a  «Historia  de  la  Fundación»  (Anais  da  Biblioteca  Nacional  do 
Rio  de  Janeiro  XIX  78-82)  já  foi  a  3.a  dos  Jesuítas  na  Baia :  i.a  a  da 
Ajuda;  2.a  a  ermida  do  Monte-Calvário ;  3.a  esta  de  taipa,  que  já  em 
1552  ameaçava  ruína  e  se  reconstruía  parcialmente,  diz  Francisco  Pires 
na  parte  final  da  sua  carta,  completa,  de  7  de  Agosto  de  1552  (Diversi 
Avisi  [1565]  153V). 

8  Aldeia  do  Monte-Calvário  (carta  de  9  de  Agosto  §  10). 

9  Este  «fiume»,  rio,  talvez  no  original  português  fosse  simples- 
mente fonte  ou  «água»  (Nóbrega,  carta  de  9  de  Agosto  §  10). 

10  Mulheres  Índias. 

11  Casa  que  parece  ser  ainda  a  residência  da  Ajuda,  por  não 
haver  notícia  de  a  Companhia  ter  outra  casa  na  Cidade.  Daí  ia  o  P.  Antó- 
nio Pires  trabalhar  e  dirigir  as  construções  no  terreiro.  Quase  no 
fim  desta  carta  §  21  já  fala  no  futuro  Colégio  e  que  se  poderia  fazer  de 
pedra,  porque  já  há  muito  boa  cal. 

12  «Hospitais»,  mas  deve  tratar-se  só  de  um,  como  se  lê  na  carta 
completa  do  P.  Navarro  de  28  de  Março  de  1550  :  que  o  P.  António  Pires 
«es  muy  oceupado  con  los  dolientes  dei  Ospital  y  ciudad»  (Bras.  3-1, 
i.  3or).  O  hospital  da  Baía  já  existia  antes  de  14  de  Dezembro  de  1549, 


10.  -  PORTO  SEGURO  6  DE  JANEIRO  DE  1550 


159 


modo  che  fa  vergogna  a  tutti  noi  in  esser  raolto  diligente 
a  lavorare  nella  vigna  dei  Signore  et  in  cercare  di  patire  5° 
per  amore  di  Christo. 

7.  Neila  lingua  di  questo  paese  siamo  alcuni  di  noi 
molto  rudi,  ma  il  P.  Navarro  ha  speciale  grazia  da  Nostro 
Signore  in  questa  parte,  perchè  andando  per  questi  castelli 
delli  negri  in  puocchi  giorni  che  ci  sta  s'intende  con  loro  55 
et  predica  nella  medesima  lingua,  et  finalmente  in  ogni 
cosa  pare  che  N.  Signore  li  presti  favore  et  grazia  per 
poter  piú  aiutare  le  anime.  II  venerdi,  [74.V]  quando  fac- 
ciamo  la  disciplina  insieme  con  molti  delia  terra,  che  doppo 
la  predica,  fatta  sopra  la  Passione  di  Christo,  fanno  il  mede-  60 
simo,  anche  lui  ci  viene;  li  altri  giorni  visita  hor  un  luogo 
hor  un'altro  íuori  delia  Città.  Fa  etiam  a  la  notte  cantare 
a  li  putti  certe  orationi  che  li  ha  insegnato  nella  loro  lin- 
gua, dandoli  esso  il  tuono,  et  queste  in  loco  di  certe  can- 
zone  lascive  et  diaboliche  che  usavano  prima.  Rimettendomi  65 
alli  Fratelli  non  scriverò  molte  cose  che  qua  opera  il  Signore 
per  mezo  suo  le  quali  sono  pur  assai.  Non  tacerò  già  questa 
ch'io  ho  veduta. 

Un  figliuolo  d'un  signore  di  un  castello  stando  in  extre- 
mis  in  modo  che  tutti  erano  disperati  delia  sua  vita,  et  il  70 
padre  già  lo  piangeva  vedendo  che  nè  medicine,  nè  incanti  de 
fattucchiari  giovaavano,  il  che  sapendo  il  P.  Navarro  andò 
a  vederlo,  et  trovandoli  intorno  quelli  fattucchiari  comin- 
ciò  a  riprenderli  et  feceli  uscir  íuori,  pregando  il  padre  dei 
giovene  che  fusse  contento  di  lasciarlo  battezare,  et  che  75 
egli  havesse  solo  speranza  in  Jesu  Christo,  il  quale  poteva 
sanare  il  suo  figliuolo.  II  negro  dubitando  che  il  Padre 
piú  presto  non  lo  aiutassi  a  morire,  come  li  havevano  detto 
quelli  incantatori,  non  ne  voleva  intendere  niente  et  se  ne 
faceva  beffe,  et  cosi  il  Padre  venne  da  me  a  domandarmi  80 
se  lo  poteva  battezare  senza  consentimento  dei  padre  suo. 


segundo  o  mandado  de  pagamento  desta  data  a  Diogo  Moniz,  «provedor 
do  Hospital  desta  Cidade  do  Salvador»  {Documentos  Históricos,  XXXVII 
60;  cf.  Calmon,  História  da  fundação  da  Bahia  169). 


160 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


Et  perchè  Santo  Thomasso  13  dice  che  non  restassimo,  che 
prima  s'ingegnassi  di  íare  tanto  che  consentisse,  come  fece 
con  molte  eshortationi  efficacissime,  et  cosi  si  battezò  et  è 

85  piacciuto  poi  al  Signore  renderli  sanità,  con  moita  edifica- 
tione  delli  altri  et  credito  grande  dei  P.  Navarro.  In  modo 
che  tutti  quasi  si  vogliano  battezare  et  imparano  la  dottrina 
Christiana ;  et  detto  signore  con  tuto  il  Castello  non  fa  piú 
che  quanto  il  Padre  comanda. 

9°  8.  Et  perchè  solevano  prima  per  puoco  amazzarsi  l'un 
1'altro  et  usare  in  cibo  la  carne  humana,  trovandone  il  Padre 
in  qualche  casa,  súbito  si  scusano  dicendo  che  non  hanno 
morto  nessuno  et  massime  da  che  detto  Padre  sta  la. 

In  un  altro  castello  di  christiani  che  noi  haviamo  bat- 

95  tezzati  un  giorno  li  gentili  mangiorno  una  gamba  dei  nimico 
che  havevano  portato  dalla  guerra,  ma  secretamente  et  senza 
far  festa  (come  costumavano)  perchè  noi  no'l  sapessimo.  Et 
perchè  ci  si  trovò  una  donna  Christiana  fu  molto  battuta 
dal  marito,  il  quale  venne  da  noi  a  scusarsi  con  dire  che 

100  non  mangiava  carne  humana.  Per  questo  fece  congregare 
tutti  li  christiani  per  eshortarli  a  lasciare  a'l  tutto  questi 
costumi  tanto  bestiali,  et  perchè  quella  donna  molto  si  ver- 
gognava  a  venirci  inanzi,  fu  questo  di  moita  edificatione. 
Quando  sono  alcuni  amalati  ci  mandano  a  chiamare  perchè 

105  li  mettiamo  sopra  la  mano  et  a  questo  modo  molti  hanno 
ricuperato  la  sanità  per  grazia  di  Dio,  il  che  molto  si 
augmenta  in  loro  la  fede  de  Christo. 

9.    II  P.e  Leonardo  Nunez  ha  fatto  molto  frutto  in  Isleos 
insieme  col  P.e  14  Diego  Jacome  si  in  prediche  come  in 

no  insegnare  li  putti.  II  giorno  di  Tutti  i  Santi 15  partimo 
lui  et  io 16  nella  armata  che  venne  a  visitare  la  costa  et 


13  Cf.  Summa  Theologica  11a  2ae  q.  x,  a,  12;  111a  q.  68,  a.  10.  Como 
se  vê  do  contexto,  o  filho  do  Principal  da  Aldeia  estava  em  perigo  de 
morte  e  já  tinha  uso  da  razão:  «giovene». 

14  Diogo  Jácome  era  ainda  Irmão;  a  mudança  é  do  tradutor. 

15  1  de  Novembro  de  1549. 

16  Ele  e  eu:  Leonardo  e  Nóbrega.  Em  Nuovi  Avisi  «egli  e  io»: 
eles,  o  P.  Leonardo  Nunes  e  Ir.  Diogo  Jácome  [ver  nota  seguinte]. 


10.  -  PORTO  SEGURO  6  DE  JANEIRO  DE  1550 


161 


arrivati  a  Isleos  trovamo  17  II  P.  Diego  Jacome  amalato  di 
febre,  ma  pochissirao ;  di  poi  rihebbe  la  sanità  per  grazia 
di  Dio. 

10.  Di  li  andarao  alia  garnisone  di  Porto  Sicuro  dove  «5 
habbiamo  ritrovato  tutto  il  paese  sottosopra  per  molte  ini- 
micitie  che  ci  erano,  et  ha  voluto  il  Signore  fare  in  tal 
modo  che  tutti  conoscessimo  che  lui  [75r]  venne  per  met- 
tere  la  pace  in  terra,  perchè  molti  si  sono  accordati  con  li 
adversarii  rimettendo  ogni  injuria.  Sono  restati  18  li  il  *2° 
P.e  Leonardo  et  il  P.e  Diego  Jacome  procurando  di  accres- 
cere  il  írutto  nell'anime  cominciato  inanzi  per  alcuni  Padri 
spagnoli 19  (come  già  scrissi 20  a  V.  R.). 

11.  In  S.  Vincenzo  sono  andati  io  o  12  21  co'l  P.e  Leo- 
nardo non  potendo  andar  piú  per  esser  la  barca  piccola ;  125 
alia  venuta  22  dei  Governatore  anderanno  delli  altri.  In 
questo   mezo  il  P.  Leonardo  fará  qualche  frutto  23,  et 
sappi  V.  R.  che  è  potente  nel  predicare,  et  quando  siamo 


17  Achamos:  Se  partiram  todos  três  juntos  da  Baía,  a  frase 
explica-se  com  a  vinda  de  Jácome  noutro  navio  da  Armada;  e  aí  sou- 
beram que  adoeceu.  Mas  Nóbrega  tinha  mandado  para  Ilhéus  e  Porto 
Seguro  a  Leonardo  e  Jácome,  que  o  haviam  de  esperar  lá  quando  fosse 
com  o  Ouvidor  (carta  de  9  de  Agosto  de  1549  §  15).  Leonardo  teria 
voltado  à  Baía  para  qualquer  consulta,  ficando  Jácome  em  Ilhéus  à 
espera  deles. 

18  «Sono  restati  li»  ;  o  contexto  da  frase  seguinte  pede  este  sen- 
tido: «Aí  tinham  estado». 

19  Esta  designação  de  «alguns  Padres  espanhóis*,  referidos  a  Porto 
Seguro,  não  está  na  tradução  latina :  está  «gentis  nostrae  Patres  quos- 
dam»  (Br as  j-i,  f.  35V). 

20  Cf.  carta  de  9  de  Agosto  §  6. 

21  «Dez  ou  Doze».  Entre  meninos  ou  «Irmãos  pequenos»  e  «Ir- 
mãos grandes»,  porque  alguns  destes  que  agora  iam  já  tinham  estado 
antes  em  São  Vicente,  dirá  o  P.  Leonardo  Nunes  (carta  de  Novem- 
bro de  1550  §  5)  e  por  isso  o  receberam  ali  com  mais  festa.  Cf.  supra,. 
P-  45- 

22  «Aila  venuta»  :  à  vinda.  Não  é  bem  claro  se  à  vinda  da  Baía 
ou  já  de  São  Vicente  (e  seria  «à  volta»).  Na  tradução  latina  :  «Quando 
vier  o  Governador  irão  para  lá  outros». 

23  Em  São  Vicente. 

11 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


insieme  tutti  due  egli  pare  il  mio  Aaron  et  io  Moyse 

130  suo  24. 

12.  Diego  Jacome  et  io  restamo  in  questo  Porto 
Sicuro.  Io  predico  le  domeniche  et  feste,  egli  insegna 
la  dottrina  Christiana  et  già  li  putti  sono  ben  instrutti 
in  essa.  Questa  festa  di  Natale  25  haviamo  confessato  moita 

x35  gente  per  graziadel  Signore,  in  modo  che  si  fa  tuttavia 
qualche  frutto,  anchora  che  li  mei  peccati  ogni  cosa  impe- 
discono. 

13.  In  questo  Porto  Sicuro  et  Isleos  ho  truovato  una 
gentilità  che  è  generatione  delli  Topenichini 26,  fra  li  quali 

I4°  sono  piú  popoli  delli  nostri  che  di  gentili,  quantunche 
hanno  havuto  delli  christiani  molti  mali  essempii  et  scan- 
dali,  et  mi  pare  gente  piú  domestica  che  quelli  di  Baia,  et 
ci  si  hanno  mostrati  sempre  per  amici.  Et  tra  questi  sono 
circa  20  o  30  christiani  et  alcuni  che  furono  battezati 

145  da  certi  Padri  che  mandò  la  buona  memoria  dei  Re 
Don  Manuele 27  in  questo  paese,  li  quali  Padri 28  furono 
amazzati  per  colpa  delli  nostri  christiani  (secondo  che  ho 
inteso).  Costoro  vivano  come  gentili  per  mancamento  di 
chi  mostri  loro  la  verità,  benchè  alcuni  vengano  a  messa 

15°  nella  pieve.  Saria  necessário  che  qua  fossino  alcuni  Fra- 
telli  per  aiuto  delli  christiani  et  anche  per  convertire  delli 
gentili. 


24  Na  tradução  latina  :  P.  Leonardo  Nunes,  «vir  (mihi  corde)  pro 
concione  potens  vehemensque  usque  eo  ut  mihi  meus  ipse  sit  Aharon, 
Moseh  ego  illi,  una  cum  sumus  si  nos  videns  facile  iudicabis»  (Bras.j-r, 
f.  35v)-  Cf.  Breve  Itinerário  27. 

25  25  de  Dezembro  de  1549 

26  Tupiniquins,  cf.  Leite  x  128. 

27  D.  Manuel  I  de  Portugal  faleceu  a  13  de  Dezembro  de  1521. 
Almeida,  História  de  Portugal  11  295. 

28  Esta  fonte,  impressa  em  1562,  é  a  de  que  todos  os  mais  escri- 
tores dependem.  Não  se  diz  de  que  Ordem  Religiosa  eram.  Depois, 
talvez  por  se  confundir  esta  notícia  com  outros  Padres  Franciscanos 
que  estiveram  no  Brasil  com  Pedro  Alvares  Cabral,  começou-se  a 
dizer  —  e  se  verá  por  esta  mesma  carta  —  que  eram  Franciscanos. 
Discute  longamente  este  ponto  Van  der  Vat,  Princípios,  21-43. 


10.  -  PORTO  SEGURO  6  DE  JANEIRO  DE  1550 


163 


Io  ho  visitato  alcuni  Castelli  de  loro  et  truovo  in  essi 
buoni  desiderii  di  conoscere  la  verità,  et  facevano  instantia 
ch'io  vivessi  fra  loro.  Et  benchè  sia  difficile  far  lasciare  *55 
alli  piú  vecchi  molte  male  usanze,  nelli  putti  si  può  sperare 
molto  frutto,  perchè  non  contradicono  quasi  in  niente  alia 
nostra  legge,  et  cosi  mi  par  che  sia  aperta  la  porta  per 
aiutare  molto  le  anime  in  questo  paese,  anchorchè  quelli, 
qui  dicunt  bonum  malum  et  malum  bonum  29,  sentono  il  160 
contrario,  perchè  non  hanno  íatto  resistentia,  nè  amazzati 
quelli  che  volevano  farli  christiani  et  si  lassano  tirare  alia 
fede  quantunche  non  siano  invitati  dalli  christiani  che  qua 
vengono  con  essempio  nè  parole  alia  cognitione  di  Dio,  ma 
piú  presto  li  chiamano  cani  et  li  fanno  ogni  male.  l65 

14.  Et  tutta  la  loro  intentione  è  di  gabbarli  et  di 
rubbarli,  et  permettano  che  vivino  come  gentili  senza 
cognitione  delia  legge,  et  hanno  fatto  molti  insulti  et 
assassinamenti,  in  modo  che  quanto  piú  mal  fanno  viden- 
tur  obsequium  se  prestare  Deo  30.  Et  cosi  ii  zelo  et  carità  17° 
verso  le  anime  che  tanto  ama  il  N.  Signore  al  tutto  è 
perso  in  questo  paese,  et  di  questo  viene  il  puoco  credito 
che  hanno  li  christiani  appresso  li  gentili,  li  quali  adesso 
non  li  stimano  punto,  anzi  li  vituperano  dove  prima  li  chia- 
mavano  santi  et  tenevano  in  moita  veneratione;  et  però  175 
ogni  cosa  che  se  gli  dice  adesso  credono  che  sia  bugia  et 
inganni  et  pigliano  in  mala  parte. 

Questi  et  altri  grandi  mali  fecero  li  christiani  co'l  maio 
essempio  di  vita  et  puoca  verità  nelle  parole  et  nuove  cru- 
delità  et  abhominationi  [75V]  nelle  opere.  Li  gentili  desi-  180 
derano  molto  la  comunicatione  delli  christiani  per  la  mer- 
cantia  che  fanno  insieme  dei  ferro  et  da  questo  nascono 
tante  cose  illicite  et  esorbitanti  che  non  le  potrei  mai 
scrivere  et  ne  sento  non  puoco  dolore  nell'anima  conside- 


182  insieme]  insiemo  ms. 


29  Isai.  5,  21. 

30  Ioan.  16,  2. 


164 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


185  rando  in  quanta  ignorantia  vivono  questi  poveri  gentili, 
et  oltra  di  questo  che  quelli  che  domandano  il  pane  non 
habbino  qui  frangat  eis  31.  Dirò  a  V.  R.  una  cosa  piú 
presto  da  piangere  che  da  scrivere. 

Un  religioso  sacerdote  32  spinto  dal  demónio  condusse 

J9°  un  giorno  un  Principale  di  un  castello  al  suo  adversário 
per  farlo  amazzare  et  mangiare.  II  che  non  volendo  far 
detto  adversário,  con  dire  per  tal  effetto  lo  voleva  pigliare 
in  guerra  et  non  per  inganno,  quel  sacerdote  cominciò  a  inci- 
tarlo  chiamandolo  vile  et  pusillanime  che  non  amazzava  il 

195  suo  inimico,  tanto  che  lo  fece  et  lo  mangiò,  senza  altra 
utilità  di  quel  religioso,  salvo  che  hebbe  non  so  che  puoca 
di  robba.  Di  simili  casi  ne  accadeno  molto  spesso  et  per 
ciò  dico  che  quanto  siamo  piú  lontani  da  vecchi  christiani 
che  qui  sono,  tanto  piú  si  fará  írutto. 

200  15.  Sono  arrivati  qua  due  Padri  di  Santo  Antonio  li 
quali  stettero  alcuni  mesi  in  questo  Porto  Sicuro,  et  hanno 
lassato  molto  buono  essempio  di  se  et  gran  nome  per  le 
sue  virtú,  et  erano  italiani 33.   Ma  volendo  passare  piú  oltra 


31  Cf.  Thr.  4.  4. 

32  Não  se  identificou  este  «religioso  sacerdote»,  que  para  Van  der 
Vat  foi  «provavelmente  um  franciscano»,  Princípios  240.  E  deve  ser  o 
mesmo  a  que  se  refere  Nóbrega  na  carta  a  Tomé  de  Sousa,  de  5  de  Julho 
de  1559  §§  12-14.  Cf.  Leite,  Breve  Itinerário  132;  Cartas  de  Nóbrega, 
(!955)  323-324- 

33  Ficaram  ignorados  os  nomes  destes  dois  Franciscanos  italianos. 
Van  der  Vat  escreve  que  o  facto  se  deve  colocar  durante  a  própria 
estada  de  Nóbrega  em  Porto  Seguro,  ainda  em  1549,  Princípios  88.  Para 
se  entender  o  que  Nóbrega  diz,  nesta  carta,  do  Clero  e  dos  Religiosos 
de  Porto  Seguro,  é  útil  conhecer  o  que  al  estava  em  1546  e  se  cita  no 
Processo  de  Pero  do  Campo  Tourinho :  Bernardo  de  Aurignac  Vigário 
[Pároco]  de  Porto  Seguro,  Frei  Jorge  «Capuchinho  da  Ordem  de  S.  Fran- 
cisco», Padre  Manuel  Colaço  capelão  do  Duque  de  Aveiro,  João  Camelo 
Pereira  e  Pedro  Rico  beneficiados  da  Igreja  de  Porto  Seguro,  João 
Bezerra  «padre  de  missa»,  e  Frei  Diogo  «Frade  da  Ordem  de  S.  Fran- 
cisco». Aparece  ainda,  uma  vez,  um  «Frei  Roque  da  Ordem  de  S.  Fran- 
cisco», mas  é  erro  de  leitura  (Roque  em  vez  de  Diogo),  porque  se  repete 
de  ambos  exactamenie  o  mesmo.  Diogo  era  um  frade  «desterrado». 
(Cf.  «Inquiryçam  que  ho  vigairo  desta  vyla  de  Porto  Seguro  tirou  jum- 
tamente  com  o  Padre  Manueli  Collaço  e  Pero  Anes  Vycente  Juiz  ordi- 


10.  -  PORTO  SEGURO  6  DE  JANEIRO  DE  1550 


165 


alli  gentili,  desiderosi  di  patire  per  la  fede,  qui  apresso 
io  miglia  si  aííogò  uno  in  un  fiume  34  (il  quale  ho  passato  205 
io  adesso  con  assai  puoco  pericolo)  et  per  questo  1'altro 
è  tornato  a  cercare  un  compagno.  Pare  che  N.  Signore 
con  questi  segni  chiaraa  noi  anchora  a  tal'iinpresa.  A  Lui 
piaccia  darei  le  forze  et  la  grazia  di  servirlo  in  ogni  luoco. 

16.  Visitando  io  questi  castelli  truovai  un  putto  di  3  210 
o  4  anni  che  certi  volevano  amazzare  et  mangiare  haven- 
dolo  tolto  alli  suoi  adversarii.    Cosa  veramente  di  gran 
compassione,  et  è  tanto  difíicile  a  fare  il  riscatto  [a]  questa 
generatione  de  Topenichini  che  non  si  potria  mai  pensare, 

in  modo  che  non  haviamo  mai  potuto  rihaverlo,  ma  si  215 
bene  per  grazia  di  Dio  operai  di  sorte  che  lo  feci  battezare 
insieme  con  altri  che  haveva  in  pregione  per  il  medesimo 
eííetto. 

Visitando  li  popoli  vicini  a  questa  terra  ho  confessato 
molti  et  si  è  fatto  frutto  lasciando  molti  o  maritandosi  con  220 
la  concubina  et  lasciando  molti  peccati,  benchè  di  questi 
ce  ne  sono  molti  di  christiani  che  stanno  qui  in  Brasil 
quali  tengono  non  solamente  una  concubina  ma  molte  in 
casa,  facendo  battezare  rnolte  schiave  sotto  pretesto  di 
buon  zelo  et  per  farsele  amiche  a  mal  fine,  persuadendosi  225 
per  ciò  che  non  sia  peccato,  et  insieme  con  questi  ci  sono 
alcuni  religiosi  che  qui  erano  nel  medesimo  errore,  di 
modo  che  potiamo  dire:  Omnes  commixti  sunt  inter  gen- 
tes et  didicerunt  opera  eorum  35. 

17.  Molti  christiani  per  essere  poveri  si  sono  maritati  230 
con  le  donne  negre  delia  terra,  ma  altri  assai  ne  ritorne- 
ranno  nel  regno  nostro  li  volendo  noi  assolvere,  benchè 
qui  habbino  figliuoli,  per  essere  maritati  in  Portugallo,  anzi 


nairo  sobre  as  heresias  e  blasfemeas  que  Pero  do  Campo  Tourinho 
Governador  desta  Capytanya  dyzya  e  fazya  contra  Deus  noso  Senhor». 
Torre  do  Tombo.  Processo  da  Inquisição  de  Lisboa  n.°  8821,  na  Histó- 
ria da  Colonisação  Portuguesa  do  Brasil  I II  271-283). 

'34    Por  este  facto,  se  ficou  a  chamar  Rio  do  Frade;  e  se  vê  que 
Nóbrega  visitou,  por  terra,  a  costa  de  Porto  Seguro. 
35   Ps.  105,  35. 


166 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


nelle  prediche  molto  li  reprendiamo.    Se  il  Re  determina 

235  di  accrescere  il  popolo  in  queste  terre,  è  necessário  che 
venghino  molte  donne  orphane  36  et  d'ogni  sorte  ancorchè 
siano  meretrici 37,  essendo  anche  qua  varie  sorte  di  huo- 
mini, perchè  li  buoni  et  ricchi  mariteranno  le  orfane,  et  in 
questo  modo  si  eviteranno  li  peccati  et  crescerá  la  molti- 

240  tudine  in  servitio  di  Dio. 

18.  In  questo  paese  tutti  li  huomini  [76r]  o  la  maggior 
parte  hanno  la  conscienza  carica  per  causa  delli  schiavi  che 
tengono  contra  ragione,  oltra  che  molti  che  erano  riscattati 
da  suoi  parenti  non  si  relassano,  ma  tuttavia  restano  schiavi 

245  per  li  inganni  che  usano  quelli  che  permettono  di  liberarli, 
et  perciò  puochi  si  trovano  che  si  possino  assolvere  non 
volendo  astenersi  dal  peccato  nè  di  vendere  li  parenti  an- 
corchè io  molto  di  questo  li  riprenda,  dicendo  che  il  padre 
non  può  vendere  il  figliuolo  salvo  che  in  estrema  necessità  3% 

250  come  permettono  le  leggi  imperiali39,  et  in  questo  caso  ho 
contrario  tutto  il  populo  et  etiam  li  confessori  di  qua,  et  cosi 
Sathanasso  tiene  al  tutto  ligate  le  anime  in  questo  modo, 
et  è  molto  difficile  levare  questo  abuso  perchè  li  huomini 
che  di  qua  vengono  non  hanno  altra  vita  che  di  schiavi, 

255  quali  pescano  et  cercano  il  vitto,  tanto  signoreggia  qua  la 
pigritia  et  sono  dediti  alie  cose  sensuali  et  vitii  diversi,  nè 
si  curano  di  stare  scommunicati  tenendo  detti  schiavi.  Per- 


36  Vieram  as  órfãs.  E  as  primeiras  foram  três  irmãs  filhas  de  Bal- 
tasar Lobo  de  Sousa,  morto  na  carreira  da  índia:  Catarina  Lobo  de 
Barros  Almeida,  Joana  Barbosa  Lobo  de  Almeida  e  Mícia  Lobo.  Dá 
noticia  delas  e  dos  seus  casamentos  Rodolfo  Garcia,  As  Órfãs  (Rio 
de  Janeiro  1946)  9SS. 

37  João  Ribeiro  traduziu  «erradas»,  Cartas  (1931)  109. 

38  Nóbrega  desenvolve  esta  doutrina  jurídica  no  «Caso  de  Cons- 
ciência» de  1567  (cf.  Novas  Cartas  Jesuíticas  112-129;  Leite  vii  182-184; 
Cartas  de  Nóbrega  [1955]  397-429). 

39  «Leis  imperiais»  isto  é,  do  Direito  Romano  ;  e  trata-se  da  Lei  2.a 
qui  filios  distra.xerit,  como  diz  explicitamente  o  mesmo  P.  Nóbrega, 
no  «Caso  de  Consciência»  de  1567  (Cartas  de  Nóbrega  [1955]  4071, 
Cf.  Pedro  Vidal  Institutioncs  Iuris  Civilis  Romani  (Prati  1915)  330-331, 
e  nota  22:  «C.  4,  43  de  patr.  qui  fil.  distrax.  L.  2». 


10.  -  PORTO  SEGURO  6  DE  JANEIRO  DE  1550 


167 


chè  li  sacerdoti  di  qua  non  ne  fanno  scrupulo  alcuno,  il 
miglior  rimedio  per  questo  saria  che  il  Re  mandassi  inqui- 
sitori  et  commissarii  per  fare  liberare  li  schiavi,  al  meno  260 
quelli  che  sono  rubati  et  farli  stare  fra  li  christiani  perchè 
lassino  li  mali  costumi  di  gentili  già  battezati,  et  che  la 
nostra  Compagnia  havessi  cura  di  loro  amaestrandoli  nella 
fede,  nella  qualle  puoco  o  niente  possono  imparare  in  casa 
delli  padroni,  anzi  vivono  come  li  gentili  senza  cognitione  265 
alcuna  di  Dio,  et  con  li  tali  potremo  noi  principiare  la  Chie- 
sia  dei  Signore  nelle  città  grosse  dove  si  manterebbono  et 
viverebbono  appresso  di  noi  da  christiani.    V.  R.  facci 
raccomandare  questa  cosa  a  Iddio  dalli  Padri  et  Frattelli, 
operando  etiam  con  S.  A.  che  ci  metta  qualche  ordine  con-  270 
veniente. 

19.  Sarebbe  ancora  molto  a  propósito  et  de  grande  uti- 
lità  havere  licentia  dalla  Sede  Apostólica  di  fare  composi- 
tioni  et  altre  cose  necessarie  sopra  la  restitutione  di  detti 
schiavi  rubati,  perchè  sono  già  passati  in  tertii  delli  salarii  275 
debiti  a  loro  et  altere  cose  injuste  dove  non  si  può  resti- 
tuire  alli  padroni  istessi  et  simili  cose  che  ogni  giorno 
accadeno  per  li  quali  saria  molto  spediente  che  noi  haves- 
simo  la  faculta  delia  Sede  Apostólica  per  assolvere  et  per 
consolare  molte  anime  et  massime  non  ci  essendo  qua  ves-  280 
covo  o  vicário  generale  benchè  haviamo  speranza  che  presto 
ci  sarà.  Voglia  Iddio  che  ci  venga  di  tale  edificatione  che 
si  possa  dire  di  lui  per  episcopatum  bonum  opus  deside- 
rat40  id  est  bonum  ónus,  et  non  per  farsi  ricco  perchè  la 
terra  è  povera,  ma  per  cercare  le  pecorelle  perse  dei  grege  285 
de  Jesu  Christo.  Et  ancorchè  molti  siano  qua  qui  nondum 
sunt  ex  eius  ovili,  tamen  oportet  illas  adducere  ut  sit  unus 
pastor  et  unum  ovile41,  et  recumbant  cum  Abraam,  Isaac 
et  Iacob  in  regno  caelorum,  si  quidem  multi  filii  regni  se 
indignos  faciunt42.  Et  se  pur  per  li  mei  peccati  non  si  potra  290 


40  1  Thim.  3.  1. 

41  Ioan.  10,  16. 

42  Mat.  8,  11-12. 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


introdurre  in  questo  paese  justitia  ecclesiastica,  doverebbe 
al  meno  S.  A.  provedere  a  questi  concubinarii  sotto  quelle 
pene  che  bisognassino,  et  questo  si  farebbe  con  piú  ragione 
come  ho  detto  mandando  qua  donne,  et  non  si  darebbe 

295  tanto  male  essempio  alli  gentili  che  vedeno  queste  cose. 
20.  Qua  habbiamo  ricevuto  ogni  cosa  secondo  ci  havete 
scritto,  cioè  due  casse  con  libri 43  et  ornamenti  per  le  Chiese 
quali  molto  erano  necessarii  perchè  con  1'aiuto  dei  Signore 
si  faranno  delle  Chiese  in  molti  luoghi.    Vorremo  che  si 

3°°  mandasse  anchora  alcune  campanelle  [76V]  grosse  et  piccole, 
et  similmente  di  calici  ancorchè  siano  di  metallo  non  si 
potendo  piú  et  tutto  quello  che  bisogna  per  le  messe,  come 
vino  et  farina,  ma  sopratutto  molti  Fratelli  a  piantare  questa 
nuova  vigna  dei  Signore. 

305  21.  Aspettiamo  etiam  risposta  da  V.  R.  per  cominciare 
il  Coilegio44  dei  Salvatore  in  Baia  nel  quale  non  ci  andrà 
tanta  spesa  come  pensate,  ma  con  100  scudi  si  potranno  fare 
stantie  di  terra  che  bastino  in  questo  principio.  Li  scolari 
con  puoco  si  manteranno.   Si  potra  anche  far  di  pietra  si 

310  parà  a  V.  R.  perchè  ci  sarà  delia  calcina  molto  buona. 

22.  Alcuni  Padri  di  qua  mi  hanno  dimandato  che  facultà 
haviamo  di  confessare  et  assolvere  et  però  bisogneria  poterli 
mostrare.  V.  R.  veda  di  farlo  per  li  primi  che  veranno  qua 
interponendoci  la  auctorità  dei  Legato  o  di  qualsivoglia 

3*5  altro  purche  faccino  fede45. 

23.  Questa  terra  (come  ho  già  scritto  a  V.  R.)  è  molto 
sana  per  habitare  et  cosi  confermo  adesso  dicendo  che  mi 
pare  la  migliore  che  si  possa  trovare,  perciochè  da  che  siamo 
qua  non  ho  inteso  che  sia  morto  nissuno  di  febbre,  mas 

320  solamente  per  vecchiezza  et  molti  per  mal  francese46  o  per 
hidropesia.  L'acqua  per  esser  li  nutrimenti  humidi  è  molto 


43  Tinha-os  pedido  na  carta  de  9  de  Agosto  de  1549  §  18.  Primeira 
contribuição  da  que  foi  mais  tarde  a  famosa  Biblioteca  da  Baía.  Leite  v 
92-94. 

44  Cf.  supra,  65. 

45  Carta  de  cc.  10  de  Abril  de  1549  §  13. 

46  Sobre  o  mal  gálico  ou  sífilis,  cf.  Leite  ii  579. 


10. -PORTO  SEGURO  6  DE  JANEIRO  DE  1550 


169 


bona.  La  terra  naturalmente  è  calda  et  húmida,  per  star 
piú  sano  bisogno  affaticarsi  et  sudare  come  fa  il  Padre 
Navarro.  Tutti  li  cibi  generalmente  sono  duri  a  smaltire, 
ma  Dio  ha  provisto  d'un'herba47,  il  fum  delia  quale  molto  325 
giova  alia  digestione  et  ad  altri  dolori  corporali  et  a  pur- 
gare  la  flegma  dei  stomaco.  Non  è  già  alcuno  di  nostri 
Fratelli  che  la  usi,  come  anche  non  fanno  altri  christiani, 
per  non  ci  conformare  con  li  infideli  li  quali  molto  la  sti- 
mano.  Io  ne  haverei  bisogno  per  la  humidità  et  catarro  33° 
mio,  ma  me  ne  astengo  volendo  non  quod  mihi  utile  est 
sed  quod  multis  ut  salvi  fiant48. 

24.  Finadesso  li  mercanti  et  forestieri  non  hanno  fatto 
facende  temendo  de  non  essere  saccheggiati  dalli  gentili. 

Si  vien  gente  che  tenga  sicura19  la  terra  ho  speranza  in  Jesu  335 
Christo  che  se  ne  faranno  molte,  et  non  manco  frutto  in 
servitio  di  Dio  nelli  gentili  li  quali  si  battezeranno. 

25.  Dicono  che  qua  si  trova  gran  quantità  de  oro,  ma 
per  le  puoche  forze  di  christiani  non  si  scuopre,  et  simil- 
mente  pietre  preciose.   Piaccia  a  Dio  che  il  vero  thesoro  et  34° 
le  vere  gioie,  cioè  le  anime  sue  che  sono  nelle  tenebre 
comincino  a  vedere  la  luce,  come  speriamo  che  será  mediante 

la  sua  misericórdia. 

26.  Li  nostri  Fratelli  stanno  tutti  sani.    Due50  che  ho 
accettati  in  ques  Porto  Sicuro  sono  andati  in  Baia  et  sono  345 
di  molte  bone  qualità.    Voglia  Iddio  N.  Signore  che  qua 
venghino  molti  Fratelli  a  piantare  questa  sua  vigna  et  a 
noi  in  tanto  ci  dia  grazia  abundante  et  forze  per  servire 


47  Tabaco  (Leite  i  180-181).  Segundo  Hoehne  foi  Nóbrega  o  pri- 
meiro que  viu  esta  planta  «dotada  de  virtudes  terapêuticas»,  Botânica 
e  Agricultura  92.  Dickson  traduz  em  inglês  no  lugar  citado  de  Pana- 
cca  [549]  todo  este  trecho  de  Nóbrega. 

48  1  Cor.  10,  33. 

49  Revela  já  aqui  o  seu  sentido  não  apenas  de  missionário,  mas 
também  de  politico  e  estadista,  que  na  verdade  era:  segurança  —  pos- 
tulado missionário.  Cf.  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  25*. 

50  Um  destes  dois  Irmãos  parece  que  foi  Domingos  Anes  «Peco- 
rella».  Leite  i  573. 


170  p.  PERO  DOMENECH  -  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

S.  Maiestà.  Et  senza  dir  altro  per  adesso  dimandando  la 
35°  benedittione  di  V.  R.  ci  raccomandiamo  nelle  orationi  de 
tutti  li  Padri  et  Fratelli  nostri  charissimi  in  Jesu  Christo. 

De  questo  Porto  Sicuro  6  de  Genaro  M.  D.  L.  [1550]. 

Indegno  figliolo  di  V.  R.  in  Christo  Nostro  Signore 

Emanuel  Nóbrega. 
IHS51 

11 

DO  P.  PERO  DOMENECH 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

LISBOA  27  DE  JANEIRO  DE  1550 

L   Autores :  Franco,  Synopsis  29  n.  6 ;  Leite  i  35-36 ;  x  178 ;  Cal- 
mon,  História  do  Brasil  I  230-231. 

II.  Texto:  Único.  Biblioteca  de  Évora,  CVIII/2-1,  ff.  152V-153V. 
Título :  «Carta  que  o  Abade  Pero  Domenecque  escreveo  de  Lisboa 
aos  Irmãos  da  Companhia  de  Jesus  do  Collegio  de  Coimbra  aos  27  de 
Janeiro  de  1550».  Cópia  em  português. 

III.  Impressão  :  Leite,  O  primeiro  embarque  de  órfãos  para  o  Bra- 
sil, 7  de  Janeiro  de  ijjo  (Cm  documento  inédito),  in  Brotéria  17  (1933) 
37-43  ;  Páginas  de  História  do  Brasil  (1937)  71-80. 

IV.  História  da  impressão :  Não  se  imprimiu  toda  a  carta,  mas  só 
o  que  se  refere  à  ida  dos  órfãos  para  o  Brasil. 

V.  Edição:  Reimprime-se  o  texto  de  Évora,  só  também  no  que 
trata  da  ida  dos  órfãos  para  o  Brasil,  e  ainda  o  princípio  e  fim  da  carta 

Textus 

1.  Septem  pneri  orphani  Collegii  Olisiponensis  in  Brasiliam  mit- 
tuntur  cutn  Patribus  S.  I. — 2.  Pergunt  erecta  cruce  per  vias  Olisipo- 
nis.  —  3.  Orationt,  et  canticis  in  ecclesia  bethlehetnensi  peractis,  navim 
conscendunt. 


51   Monograma  da  responsabilidade  do  tradutor  ou  copista  italiano. 


11. -LISBOA  27  DE  JANEIRO  DE  1550 


171 


Padres  meus  e  Irmãos  no  dulcíssimo  e  sangrado  Jesu 
Redentor  nosso. 

[...] 

1.  Eu  não  vos  escrevi  ategora  da  partida  e  embarca- 
ção dos  meninos  órfãos  que  forão  ao  Brasil  com  os  Padres  1 
e  Irmãos  2  nossos,  e  posto  que  por  outrem  cuido  que  o  sabe-  5 
reis,  por  satisfazer  em  parte  ao  que  devo,  escrevo  esta  ainda 
que  tarde.  Irmãos  meus,  Nosso  Senhor  Jesu  Christo  quis 
escolher  destes  órfãos  sete  pera  irem  pregar  o  seu  sanctis- 
simo  nome  aos  gentios  e  infiéis,  e  coube  a  sorte  a  qua- 
tro delles,  que  foram  dos  primeiros  que  se  tirarão  da  io 
Ribeira  que  forão  os  alicerces  desta  sua  sancta  casa  3,  e 
quis-[i53r]lhes  dar  tanta  fortaleza  que  por  muytos  rogos, 
amoestações  e  medos  que  seus  parentes  e  amigos  do 
mundo  lhes  pintavâo,  nunqua  os  poderão  tirar  do  propósito 
em  que  estavão.  E  se  alguma  vez  a  rogos  de  seus  parentes  15 
lhes  dávamos  licença  pera  que  fossem  a  casa  de  seus  pais 
ou  mãys  ou  amigos  a  comerem  ou  dormirem,  em  lugar  de 
elles  chorarem  e  consentirem  em  seus  rogos,  os  repreen- 
dia[m]  e  pregava"nf  dizendo  que  tudo  era  nada  senão  servir  a 
Deus  e  morrer  polia  sancta  fee  catholica.  Dizião-lhe  alguns:  20 
«Vós  sois  aynda  meninos  e  sabeis  pouco  pera  ensinar».  Res- 
pondião :  «Deus  hé  grande  e  nos  esforçará  e  ensinará  aquillo 
que  avemos  de  dizer».  Dizião-lhes  outros  que  no  Brasil 
morrem  os  homens  e  comem  carne  humana.  Respondião 
elles  que  também  em  Lisboa  morrem  e  que  depois  os  25 
comem  a  terra  e  bichos,  e  que  hum  só  pay  tinhão  que  está 
em  os  ceos,  de  maneira  que  ficavâo  pasmados  et  obmutes- 
cebant  quia  non  poterant  resistere  spiritui  qui  loquebatur  i. 


1  Padres  Afonso  Brás,  Francisco  Pires,  Manuel  de  Paiva  e  Salva- 
dor Rodrigues.  Leite  i  560. 

2  Irmãos  «nossos»,  isto  é  «da  Companhia»:  «Irmão  Estudante»  ou 
«Coadjutor»  não  embarcou  então  nenhum. 

3  O  Colégio  dos  Órfãos  de  Lisboa  inaugurou-se  no  mês  de  Agosto 
de  1549,  com  a  presença  da  família  real.  Da  fundação  e  destino  deste 
Colégio  trata  Rodrigues,  História  l/t  700-707.   Cf.  supra,  p.  25. 

4  Act.  Apost.  6,  10. 


172 


P.  PERO  DOMÉNECH  -  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 


2.  Vespora  dos  Reis  depois  de  jantar  com  grandes  fer- 
3°  vores  e  postos  de  giolhos  diante  de  numa  imagem  de  Nossa 

Senhora  tomarão  sua  cruz  alevantada  e  abraçando  alguns 
irmãos  pequenos  e  enfermos  que  em  casa  ficavão,  pedindo-se 
perdão  huns  aos  outros  com  muitas  lagrimas  se  despedião 
delles.  E  acompanhados  de  todos  os  outros  irmãos  órfãos 
35  andarão  em  procissão  cantando  uma  cantiga  que  diz: 

Gran  Senhor  nos  há  nacido 
humano  e  mais  divino. 

Todas  as  ruas  e  janelas  que  estavão  cheas  de  gente 
huns  choravão,  outros  alevantavão  as  mãos  aos  ceos  dando 

4°  louvores  ao  Senhor,  outros  os  benzião,  outros  saião  com 
esmolas  polias  ruas,  outros  andavão  carregados  às  costas 
do  seu  fatinho,  outros  corrião  pera  os  ver  chamando-lhes 
bem-aventurados.  Era  tanto  fougo  por  onde  elles  passa- 
vão,  que  me  acendia  o  rosto  como  se  estivera  numa  estufa. 

45  Ora  que  faria  a  outros  que  tem  outros  espiritos  mais  lim- 
pos e  mais  enlevados  no  amor  do  Senhor!  E  assim  pas- 
sando polia  Rua  Nova  e  polia  metade  da  cidade,  forão  a  pé 
até  Betlem  acompanhados  de  muitos  devotos ;  et  ne  defi- 
cerent  in  via  5,  quis  a  Providencia  divina  que  certos  devo- 

5o  tos  nos  esperassem  na  me-[i53v] tade  do  caminho  com 
refresco  de  muito  pão  e  muyta  fruyta. 

3.  Chegados  a  Betlem  e  postos  de  giolhos  diante  do 
Sanctissimo  Sacramento  c,  fizerão  oração  e,  esperando  pollo 
batel,  cantarão  a  Salve  Rainha  e  humas  prosas  a  Nossa 

55  Senhora  onde  estavão  muita  gente  e  muytos  frades,  que 
ficarão  muy  edificados;  e  cantando  humas  cantigas  de 
N.  Senhora  se  alevantarão  pera  se  embarcar  acompanha- 
dos de  muytos  homens  e  molheres.   Chegado  o  batel  pera 


44  rosto  »ks.  resto 


5  Mat.  15,  32. 

6  No  Mosteiro  de  Santa  Maria  de  Belém  (Jerónimos). 


11.-  LISBOA  27  DE  JANEIRO  DE  1550 


173 


se  embarcar,  vierão-se  todos  pera  mim  pecador  e,  prostan- 
do-se  com  muyta  humildade  e  lagrimas,  pedindo-me  perdão  6o 
e  a  benção,  confesso  minha  íraqueza  que  por  muyto  que  dis- 
simulase  non  potui  continere  lacrymas,  e  abraçando-os  cum 
osculo  pacis  et  elevatis  oculis  in  coelum  7,  lhes  dei  a  benção 
que  aquelle  nosso  Padre  eterno  despensa  com  suas  creatu- 
ras  per  mãos  de  seus  ministros  8.  Então  abraçavão-se  huns  65 
aos  outros  com  muytas  lagrimas  e  choros  dizendo:  «Irmãos 
meus,  ficai  muito  embora».  Outros  diziâo:  «O  irmão  meu, 
como  nos  deixais?».  Era  tanto  o  choro  que  grandes  e  peque- 
ninos, moços  e  velhos  que  ali  estavão  todos  choravão.  Então 
hum  delles,  que  se  chamava  Francisco  Carneiro,  saltou  no  70 
batel  e  arrimado  à  borda  delle  tomou  a  cruz  na  mão  e, 
alevantada  no  ar  com  grande  fervor,  começou  a  cantar  a 
alta  voz 

Os  mandamentos  de  Deus 

que  avemos  de  guardar  75 

dados  pelo  Rey  dos  ceos 

pera  todos  nos  salvar. 

Andava  tam  fervente  que  parecia  daqueles  que  vão  a 
receber  martyrio.  Emtão  todos  o  seguirão,  e  eles  cho- 
rando no  mar  e  nós  na  terra,  fazendo  longum  vale,  se  par-  80 
tirão  sem  partir-se  nossos  olhos  deles  até  que  chegarão  ao 
galeão  9.  Os  nossos  mininos  que  quá  ficavão  sentirão  tanto 
a  partida  dos  seus  carissimos  irmãos  que  os  não  podiamos 
aquietar,  que  hera  já  perto  da  cidade  e  ainda  alguns  deles 
choravão.  O  dia  despois  dos  Reis  hà  tarde  10,  os  Padres  da  85 
Companhia  e  Irmãos  nossos  vistirão  suas  sobrepelices  e 
hum  deles  huma  capa  e  os  meninos  com  sua  cruz  alevan- 


71  cruz  dei.  a  j|  76  pelo  corr.  cr  pelos  l|  79  o  corr.  ex  os 


7  Luc.  9,  16. 

8  Cf.  Col.  1,  25. 

9  Galeão  Velho  ou  Galeão  S.  João  Baptista,  de  Simão  da  Gama 
de  Andrade.   Leite,  Páginas  79  j  História  I  561. 

10    7  de  Janeiro  de  1550. 


174 


P.  PERO  DOMÉNECH  -  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 


tada  e  hum  retabolo  de  Nossa  Senhora  [que]  levavão  no 
ar,  cantando  a  Salve  Regina  dederunt  vela  ventis.  E  assi 
9°  no  nome  de  Nosso  Senhor  Jesu  Christo  se  partirão.  Por 
amor  de  Nosso  Senhor,  Irmãos  meus  charissimos,  que  os 
encomendemos  a  Nosso  Senhor  [154X]  que  o  mesmo  faze- 
mos quá  nós  outros. 

[Modo  como  recrutava  os  meninos  órfãos  na  Ribeira  de 
Lisboa] 

^55^  De  Lisboa  a  27  de  Janeiro  de  1550. 

Pero  Domeneco 

12 

DO  DR.  PERO  BORGES  1 
A  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 

PORTO  SEGURO  7  DE  FEVEREIRO  DE  1550 

I.  Autores :    LEITE  II  196-197. 

II.  Texto:    Lisboa,  Arquivo  Nacional  da  Torre  do  Tombo,  Corpo 
Cronológico,  I,  67,  8. 

III.  Impressão:    Revista  de  Historia  XIII  (Lisboa  1915)  73;  História 
da  Colonização  Portuguesa  do  Brasil  III  (1924)  268-269. 

IV.  Edição  :    Reimprime-se,  da  Revista  de  Historia,  o  que  se  refere 
à  Companhia. 


1  Ouvidor  Geral  do  Brasil,  o  primeiro  que  desempenhou  este  cargo, 
e  chegou  com  Tomé  de  Sousa  e  Nóbrega  em  1549.  Sobre  os  poderes 
jurisdicionais  do  Ouvidor  Geral,  cf.  Waldemar  Ferreira,  História  do 
Direito  Brasileiro  11  (Rio  de  Janeiro  1952)  85-98. 


12.  -  PORTO  SEGURO  7  DE  FEVEREIRO  DE  1550 


175 


Textus 

1.  Causa  praecipua  belli  Indorum  adversas  christianos  est  captivi- 
tas  eorum  ;  sed  nunc  petentibus  Patribus  S.  I.  ipse  iussit  libertatem  resti- 
tuere  Ilidis  iniuste  captivis. 

[...] 

1.  A  causa  que  principalmente  ffazia  a  estes  gentios 
ffazer  guerra  aos  christãos  era  o  salto  que  os  navios,  que 
por  esta  costa  andavão  ffazião  nelles.  E  neste  negocio  se 
ffazião  cousas  tão  desordenadas,  que  o  menos  era  salteá-llos. 
Porque  ouve  homem,  que  hum  indio  principal  livrou  de  5 
mãos  de  outros  mal  ífirido  he  mal  tratado  e  o  teve  em  sua 
casa  e  o  curou  e  o  tornou  a  poer  são  das  ííeridas  em  salvo: 
Este  homem  tornou  aly  com  hum  navio  e  mandou  dizer  ao 
indio  principal,  que  o  tivera  em  sua  casa,  que  o  ffosse  ver 
ao  navio,  cuidando  o  jentio  que  vinha  elle  agradecer-lhe  o  10 
bem  que  lhe  tinha  ffeito ;  como  o  teve  no  navio  o  cativou 
com  outros  que  com  elle  forão  e  o  ffoi  vender  por  essas 
capitanias.  E  porem  este  homem  nam  íiquou  sem  castiguo, 
porque  naquelle  mesmo  porto  onde  elle  tomou  este  jentio, 
que  taão  boas  obras  lhe  fez,  vindo  aly  outra  vez  saltear,  15 
se  perdeo  o  navio,  he  elle  comerão-no  os  peixes,  e  os  gen- 
tios comerão  os  peixes  que  a  este  homem  comerão.  Foy 
juizo  devino,  que  nam  engana  nem  recebe  engano.  Agora, 
que  a  requerimento  destes  Padres  apostollos 2,  que  quá 
andão,  homens  a  quem  nam  fallece  nenhuma  vertude,  eu  20 
mando  poer  em  sua  liberdade  os  gentios  que  forão  saltea- 
dos e  nom  tomados  em  guerra,  estão  os  gentios  contentes 
e  parece-lhe  que  vay  a  cousa  de  verdade,  e  mais  porque 
vem  que  se  ffaz  justiça  e  a  ffazem  a  elles,  quando  alguns 
christãos  os  agravom  ;  e  parece-me  que  será  causa  de  nom  25 
aver  ay  guerra. 

[...] 


2  Padres  apóstolos,  assim  se  chamava  às  vezes  aos  Padres  da  Com- 
panhia. Sobre  a  origem  deste  apelativo,  cf.  Rodrigues,  História  1/1  245. 


176 


13 

MANDADO  DE  MANTIMENTO 
PARA  O  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
E  CINCO  COMPANHEIROS 

SALVADOR  [BAÍA]  23  DE  FEVEREIRO  DE  1550 

I.    Texto  :    Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro,  Códice  1-19.  7,  2. 
Título  :  «Cópia  do  Livro  I  das  Provisões  e  Mandados».  Mandado  n.°  468. 

II.    Impressão:  Documentos  Históricos  xm  (1929)  441;  ib.  xxxvn 
(1937)  178. 

III.    Edição:    Reimprime-se  o  texto  de  Doe.  Hist.  xm,  conferido 
com  xxxvn. 

Textus 

7.    Ut  subsidiam  firo  sustentatione  Patrum  in  ferro  solvatur. 

1.  A  vinte  e  tres  de  Fevereiro  de  mil  quinhentos  e  cin- 
coenta,  passou  o  Provedor-mor  1  mandado  para  Christovão 
de  Aguiar  Almoxarife  dos  Armazéns  e  mantimentos  desta 
Cidade  do  Salvador,  que  pagasse  ao  Padre  Manuel  da 
5  Nóbrega  Maioral  dos  Padres  da  Companhia  de  Jesus  dois 
mil  e  quatrocentos  reis,  por  um  quintal  e  vinte  e  cinco 
arráteis  e  quarta  de  ferro,  a  dois  mil  reis  quintal,  que  é  o 
mantimento  de  seis  Padres  2  da  dita  Companhia  à  razão  de 
quatrocentos  reis  3  cada  um  por  mez;  e  que  por  elle  com 


1  António  Cardoso  de  Barros.  Leite  i  i8. 

2  Nóbrega  e  os  cinco  companheiros  que  com  ele  vieram  em  1549. 

3  Recebido  em  ferro,  o  subsídio  «saia  pouco  mais  de  dois  tostõis 
[200  réis]  em  dinheiro»  escreve  Nóbrega  em  fins  de  Agosto  de  1552 
(Carta  54  §  3)  ;  e  esse  mesmo  dizia  Nóbrega,  a  10  de  Julho  do  mesmo 
ano  de  1552.  que  o  aplicava  a  sustentar  os  meninos  «e  nós  vivemos  de 
esmolas  e  comemos  polias  casas  com  os  criados  desta  gente  principal» 
(Carta  48  §  3). 


14.  -  BAÍA  28  DE  MARÇO  DE  1550 


177 


seu  conhecimento  feito  pelo  Escrivão  de  seu  cargo  assignado 
por  ambos,  e,  com  certidão  do  Escrivão  da  Matricula  em 
que  declare  ficar  posta  verba  em  seu  titulo  que  houveram 
o  dito  pagamento,  lhe  sejam  levados  em  conta  4. 

14 

DO  P.  JOÃO  DE  AZPILCUETA 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

BAÍA  28  DE  MARÇO  DE  1550 

I.  Bibliografia  :    Streit  II  333  n.  1208 ;  LEITE  VIII  83  n.  1. 

II.  Autores  :    Leite  II  46. 

III.  Texto: 

1.  ARSI,  Bras.  3-1,  ff.  27r-3or  [antes  3921-  395V].  No  endereço  o 
autor  tinha  escrito  primeiro  :  «Para  el  Padre  Maestre  Simón  con  [mis 
en  Christo  amados»,  etc.].  Depois  rasurou  e  escreveu  o  endereço,  que 
se  transcreve  adiante  no  fim  da  carta.  Autógrafo  em  espanhol. 

2.  Biblioteca  Vaticana,  Ottoboni  lat.  ypy,  ff.  78r-8iv.  Tradução  ita- 
liana nem  sempre  correcta  e  um  tanto  resumida. 

5.  América  do  Norte,  lugar  desconhecido  :  Cod.  Sardo,  n.°  22.  Tra- 
dução também  italiana  ao  que  parece  (não  o  vimos).  Deste  códice,  como 
de  Ottoboni,  trata  Schurhammer,  Epp.  Xav.  1  2i2*-2i3*. 

IV.  Impressão  :  Nuovi  Avisi  deWIndie  di  Portogallo  (Venezia  1562V 
ff.  9V-12V;  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  49-53. 


4  Pelo  mesmo  teor  se  conservam  outros  mandados  de  pagamento 
em  ferro  com  as  seguintes  datas:  13  de  Abril  de  1550,  Doe.  Hist.  XIII, 
p.  453  n.  494;  12  de  Novembro  de  1550,  ib.  xill,  p.  355  n.  243;  19  de 
Dezembro  de  1550,  ib.  xm,  p.  401  n.  375;  16  de  Abril  de  1551,  ib.  xm, 
p.  492-493  n.  581 ;  25  de  Maio  de  1551,  ib.  XIV,  p.  9  n.  599 ;  3  de  Junho 
de  1551,  ib.  xiv,  p.  12  n.  605 ;  30  de  Outubro  de  1551,  ib.  xiv,  p.  121  n.  845; 
27  de  Janeiro  de  1552,  ib.  xiv,  p.  163-164  n.  947;  4  de  Fevereiro  de  1552. 
ib.  xiv  p.  170  n.  961;  19  de  Agosto  de  1552,  ib.  xiv,  p.  262  n.  1164;  6  de 
Setembro  de  1552,  ib.  xiv,  p.  271  n.  1184;  1  de  Outubro  de  1552,  ib.  xiv, 
p.  274-275  n.  1192.  Outros  mandados  de  pagamento,  em  espécie  dife- 
rente de  ferro,  ou  a  Padres  diferentes  de  Nóbrega,  se  dirão  e  publica- 
rão adiante  nas  datas  que  tiverem  (cf.  does.  19  20  30  32  39  50  57). 


178 


P.  JOÃO  DE  AZPIIXUETA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


V.  História  da  impressão  :  Nuovi  Avisi  imprime  a  tradução  italiana 
resumida  (2):  «Estratto  di  una  lettera  dei  Padre  Giovanni  di  Asplicueta 
Navarro  di  Baia  nel  Brassille  à  28  di  Marzo  1550» ;  Cartas  Avulsas 
imprime  a  tradução  portuguesa  feita  de  Nuovi  Avisi. 

VI.   Edição:   Edita-se  o  autógrafo  (1). 

Textus 

1.  Ouid  ipse  de  conversione  gentilium  scripsit.  —  2.  Duae  difficul- 
iates  impediunt  baptismum  Indorum :  prima  quia  dotnos  Jrequenter 
mutant  et  abettnt  in  silvas.  —  3.  Secunda  quia  in  eis  inveteratus  est  mos 
comedendi  carnem  humanam.  —  4.  De  suis  ipsius  ministeriis.  —  5.  De 
ministeriis  aliorum  Patrum  absente  Nóbrega.  —  6.  Preces  postulai  ut 
evangelisatio  Indorum  progrediatur. 

+ 

Jesús 

El  amor  de  nuestro  Senor  Jesú  Christo  more  en  nues- 
tras  almas. 

1.  Scribí  otra  en  el  anno  de  1549  l,  Hermanos  mui  ama- 
5  dos  en  la  qual  vos  daba  alguna  información  dei  fructo  que 
se  esperaba  hazer  en  estas  tierras  de  Brasil,  así  en  la  gen- 
tilidad,  como  en  los  christianos  que  aqui  estabam  en  la 
vida  conformes  o  peores,  que  los  mismos  gentiles,  como 
quienes  no  tenían  pastor  que  los  metiesse  en  el  corral  de  la 

10  vida  Christiana,  que  es  camino  dei  otro,  que  es  la  gloria 
adonde  nós  todos  speramus  de  ir:  que  por  amor  dei  Senor 
somos  apartados  corporalmente,  unidos  en  la  misma  spe- 
rança  por  deseo,  suffriendo  muchos  trabajos  y  tribulationes 
corporales  y  spirituales  por  su  amor  en  penitentia  de  los 

15  peccados:  que  nos  llamó  de  tenebris  ad  lucem  -',  para  que 


6  esperaba  dei.  sup,  de 


1  Carta  perdida,  mas  de  que  se  fez  um  resumo  ou  encaixe  na 
carta  de  Agosto  de  1551  [carta  35],  sem  ter  em  conta  a  cronologia. 

2  1  Petr.  2,  9. 


14.  -  BAlA  28  DE  MARÇO  DE  1550 


179 


nós,  indignos  de  tanto  bien,  conociendo,  sufframus  todo  en 
pacientia  por  amor  de  Aquél  que  nos  ensenhó  por  palabra 
y  obra.  El  pues  nos  quiera  dar,  y  a  mí  como  más  flaco, 
gracia  con  que  en  todo  cunpla  su  santa  voluntad.  Amén. 

Scribí  pues  cómo  se  convertieran  ciertos  Índios  gentiles  20 
a  nuestra  santa  fe,  los  quales  siempre  fueron  perseguidos 

;  de  los  otros,  de  tal  manera  que  no  ha  muchos  dias  que 
mataron  los  gentios  un  minimo  christiano,  y  supieron  los 
nuebamente  convertidos,  y  llevantáronse  contra  ellos  y 
fueron  heridos  los  gentios  ;  y  comiéranse  unos  a  otros,  pues  25 
uviera  de  aver  muertes  si  no  los  despartiéramos,  y  así  asta 
oy  en  dia  andan  apartados  así  de  la  conversatión  dellos 

j  como  dei  modo  de  viver.    Quasi  todos  vienen  a  misa  en 

j  todos  los  domingos  y  íiestas,  y  tienen  los  otros  odio  o  invi- 
dia  por  el  fabor  que  a  ellos  mostramos.    Con  éstos  está  3° 

!  continuamente  el  Hermano  Vicente  Rodriguez  conserván- 
dolos,  que  no  le  es  poco  trabajo,  pues  todos  no  son  confor- 
mes en  las  costunbres.  [27 v]  Entre  éstos  nuebamente  con- 
vertidos así  entres  las  mugeres  como  hombres  ay  algunos 
de  muy  buena  vida.  En  toda  la  semana  se  occupan  en  hazer  35 

1  rozas  para  mantenimientos  (que  antes  no  hazían  sino  las 
mugeres).  Guoardan  los  domingos  como  nós  o  mejor,  de 
manera  que  en  tales  dias  no  hazen  obra  servil.  Aconteció 
en  un  dia  destos  aver  ido  una  mochacha  ignorantemente  a 
la  roza  a  trabajar  y,  començando  a  trabajar,  vínole  un  dolor  4o 

i  de  barriga  tan  grande  que  uvo  de  lu[e]go  tornar  a  casa. 
Entrando  en  casa,  como  le  dixieron  que  era  fiesta,  allóse 
culpada  de  aver  ido  a  la  roza.  Luego  fué  a  un  Padre  que 
rogase  a  Dios  por  ella,  que  Dios  usaria  de  misericórdia  con 
ella,  pues  hiziera  ignorantemente.  Ex  illa  hora  sanata  est 3.  45 


22  los  dei. d  |  de  tal  manera  que  add.  sup.  ||  23  supieron  corr.  sup.  ex  oomo 
||  24  y1  corr.  sup.  ex.  supieron  ||  25  fueron  corr.  sup.  ex  y  |  los  dei.  a  los  |  comiéronse  dei. 
muchos  ||  26  y  así  add.  sup.  \\  27  dellos  sup.  ||  29  o  corr.  ex  y  ||  30  que  a  dei.  al 
||  39    destos  dei.  que  |j  43    Luego  dei.  m  |  un  dei.  que  ||  45  pues  dei.  hizo  ig  j  hora  dei.  sul 


3   Mat.  15,  28. 


180 


P.  JOÃO  DE  AZPILCUETA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


Estes  ja  no  hazen  lo  que  les  dicen  sus  hechiceros,  mas 
como  se  allan  dolientes  llaman  a  nós  por  que  les  rezemos 
las  palabras  de  Dios.  Agora  acabaremos  una  iglesia  junto 
dellos,  en  donde  les  tengo  de  dezir  misa  y  doctrinarlos  en 

5°  su  lengua,  que  ja  tengo  tirada  la  creación  dei  mundo  y 
encarnación  de  Jesú  Christo,  de  manera  que  les  quede 
declarados  los  artículos  de  la  fe ;  los  mandamientos  y  otras 
oraciones,  tengo  tanbien  tiradas,  las  quales  siempre  les 
insifio  así  en  la  nuestra  lengua  4  como  en  la  suia  5,  y  el 

55  Pater  Noster  tiré  en  modo  de  sus  cantares  G  para  que  más 
presto  aprendiessen  y  gustasen,  principalmente  para  los 
mochachos,  a  los  quales  enseno  que  las  digan  sobre  los 
dolientes  las  dichas  oraciones,  mediante  las  quales  se  allan 
mejor.    Dios  quiso  abrir  agora  un  camino  que  spero  se 

6o  ará  mucho  íructo,  y  es  de  se  casaren  los  cristianos  con  las 
hijas  de  los  nuebamente  convertidos.  Y  no  a  muchos  dias 
que  tomó  la  bandera  un  mancebo  de  bien,  y  spero  en  Dios 
se  aumentará  por  ser  grande  servitio  de  Dios  y  probecho 
común  desta  tierra,  [28r]  y  muy  más  facilmente  favoreciendo 

65  el  Rey  a  tales  personas  y  gastando  alguna  cosa  con  esta 
gentilidad,  que  aún  está  dura  por  los  escândalos  y  saltos 
que  los  christianos  hizieron  en  estas  tierras. 

2.  No  obstante  todo  esto,  no  dexan  de  pedir  agoa  de 
batismo,  principalmente  en  las  Aldeãs  que  yo  enseno,  que 

70  serán  obra  de  seis  o  siete,  dos  principales  de  docientos  íue- 
gos,  en  donde  tengo  dos  casas  en  las  quales  los  enseno  los 


46  mas  dei.  a  ||  50  tirada  dei.  tos  \  \  53  tanbién  dei.  lengua  54  suia  corr.  sup.  ex 
nuestra  |  suia  dei.  el  ||  55-56  en  modo  —  gustasen  dei.  /orlasse  alia  manu  57  que 
dei.  q  |  Prius  doigan  |  58  las  dichas  corr.  ex  los  quales  |)  59  Prius  abrrir  61  mue- 
bamente  MM.  ||  71    los1  sup. 


4  Em  português. 

5  Na  língua  brasílica  ou  tupi.  Dos  Padres  idos  de  Portugal  foi  o 
primeiro  que  a  estudou  e  aprendeu.  Já  a  sabiam  outros,  que  entraram 
no  Brasil,  em  particular  o  Ir.  Pero  Correia,  recebido  na  Companhia 
em  1549  ou  1550. 

6  Circunstância  suprimida  na  tradução  italiana  e  portanto  na  por- 
tuguesa das  Avulsas. 


14.  -  BAÍA  28  DE  MARÇO  DE  1550 


181 


índios.  Pero  allende  de  otras  particulares  razones,  dos  princi- 
pales  me  convidan  a  no  les  administrar,  que  son,  allende  de  no 
teneren  rey  a  quien  ovedezcan,  de  no  seren  sus  casas  fixas7,  de 
tal  manera  que  las  mudan  o  se  mudan  ellos  adonde  y  quando  75 
quieren;  specialmente  cada  anno  las  mudan  las  Aldeãs,  y 
antes,  si  alguno  se  enborracha  o  se  enoja,  porque  entonces  no 
hazen  más  que  tomaren  un  tizón  de  fuego  y  quemaren  sus 
casas,  y  delias  salta  a  las  otras  por  seren  de  palma,  por  donde 
se  quema  toda  la  Aldeã,  como  aconteció  agora,  en  una  noche  8o 
pasada  en  una,  que  parecia  dia  de  juizio.  Y  así  se  mudan 
quando  honbre  menos  piensa,  como  a  mí  muchas  veces  acon- 
tesce  en  mis  Aldeãs,  que  aquéllos  en  quienes  tengo  más  con- 
fiança los  alio  menos,  no  sé  si  por  causa  de  sus  hechiceros, 
que  les  dice[n]  que  yo  ando  ensenhándolos,  para  quando  fue-  85 
ren  nuestros  esclabos  menos  trabajo  yo  tenga.  Dixéronles 
que  nós  hazíamus  los  baluartes  8  para  los  meter  en  ellos  y 
para  los  matar.  Asta  un  poço  que  en  la  ciudad  abrieron  para 
sus  neccessidades,  scilicet,  para  beber  y  labar  panos,  dixie- 
ron  que  en  él  los  aviamos  de  lançar  y  aoguar.  Finalmente  9° 
son  tan  maliciosos  los  más  de  los  maiores,  que  quanto  bien 
les  digo  todo  convierten  (como  la  arana)  en  ponçonia,  sola- 
mente  los  pequenos  alio  bien  inclinados,  si  se  tirasen  dei 
poder  de  los  padres,  que  no  se  podrá  hazer  [28v]  asta  tanto 
que  Su  Alteza  mande  edificar  un  collijio  deputado  para  95 
tales  mochachos  en  esta  ciudad.  Por  lo  qual  vos  pido,  Her- 


72  otras  sup.  ||  73  administrar  dei.  el  ||  76  Prius  aldas  ;[  78  de  fuego  sup.  ||  79  otras 
dei.  otras  |  por  seren  de  palma  sup.  |  palma  corr.  ex  paja  ||  8a  honbre]  honbres  ms.  || 
83  Prius  anda  ]|  86  yo  add.  postea  !|  87  baluartes  corr.  ex  balmuertes  91  los1  dei. 
maso     95    Prius  Sua  |  mande  corr.  ex  quiera 


7  Cf.  Leite  ii  42. 

8  O  Mestre  de  Obras  Luís  Dias  construía  então  os  dois  baluartes 
no  litoral  da  cidade,  um  na  Ribeira  do  Góis,  outro,  o  de  Santa  Cruz,  na 
Ribeira  dos  Pescadores,  já  prontos  em  15  de  Agosto  de  155L  Depois 
construiram-se  mais  quatro  baluartes  da  banda  da  terra.  J.  da  Silva 
Campos,  Fortificações  da  Bahia  (Rio  de  Janeiro  1940)  8.  Convém  adver- 
tir que  a  tradução  italiana  em  vez  de  «baluartes»  escreveu  «fosse», 
que  se  traduziu  em  português  «fossos  da  cidade»  {Cartas  Avulsas,  50). 


182 


P.  JOÃO  DE  AZPILCUETA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


manos  muy  amados,  que  pongáis  adelante  de  vuestros  ojos 
a  Christo  crucifficado  y  estas  almas,  que  tantas  vezes  le 
cruciffican  comiéndose  unos  a  otros,  y  roguéis  al  Padre  que 

ioo  por  los  merecimientos  de  su  Hijo  use  de  misericórdia  con 
estas  almas  peccadoras ;  y  le  quiera  dar  [a]  sentir  a  Su 
Alteza  que  se  funde  una  casa  para  doctrina  de  tales  almas, 
pues  sus  casas  son  tan  mudables,  que  lo  que  les  enseno  a 
los  hijos,  desmanchan  los  padres  con  sus  perbersas  malicias 

i°5  y  costunbres,  llebándolos  adonde  quieren  y  a  ellos  más 
agrada. 

3.  Esta  es  la  una  causa  por  la  qual  les  no  uso  admi- 
nistrar el  sacramento  dei  batismo,  allegándo-me  a  la  2.a  no 
menos  efficaz  que  la  primera  razón,  que  es  de  estaren  muy 

*10  araygados  en  el  comer  carne  humana,  de  tal  manera  que, 
quando  están  en  el  traspasamiento  deste  mundo,  piden 
luego  carne  humana,  deciendo  que  no  lleva  otra  Consola- 
ción sino  esta,  y  si  no  les  aciertan  aliar,  dicen  que  va[n]  más 
desconsolados  hombres  dei  mundo;  la  Consolación  es  su 

"5  vingança.  El  más  dei  tiempo  gasto  en  reprender  este  vicio. 
La  respuesta  que  algunos  me  dan  es  que  no  comen  sino  las 
viejas.  Otros  me  dicen  que  sus  abuelos  comieron,  que  ellos 
an  de  comer  tanbién,  que  es  costunbre  de  se  vengaren  de 
aquella  manera,  pues  los  contrários  comen  a  ellos:  que 

i2°  porquê  les  quiero  tirar  su  verdadero  manjar? 

Un  dia  destos  íueron  a  la  guerra  muchos  de  las  Aldeãs 
que  yo  enseno,  y  fueron  muchos  muertos  por  los  contrários. 
Por  se  vengaren  tornáronse  muy  apercebidos  y  mataron 
muchos  de  los  contrários  a  trayción,  de  donde  truxeron 

125  mucha  carne  humana.  De  tal  manera  que,  quando  fui  a 
visitar  a  una  Aldeã  [2gr]  de  las  que  enseno  (en  donde  otra 
vez  mataron  un  minino  que  yo  escribí a),  y  entrando  en  la 


97  ojos  sup.  ]  98  y  dei.  las  100  los  dei.  tor  |  Hijo  corr.  ex  Hija  ||  106  Prius 
agranda  |]  112  Prius  llevar  ||  114  su  sup.  \\  121  fueron  dei.  ali  ][  123  matarou  dei.  a  || 
126  visitar  dei.  al 


9  Cf.  supra  §  1.;  mas  deve  ser  alusão  à  carta  perdida,  de  que  se 
fez  encaixe  ou  resumo  na  carta  35  §  3. 


14.  -  BAÍA  28  DE  MARÇO  DE  1550 


183 


2.a  casa  allé  una  panela  a  manera  de  tinaja,  en  la  qual  tenían 
carne  humana  cociendo,  y  al  tiempo  que  yo  llegué  echaban 
braços,  pies  y  cabeças  de  honbres,  que  era  cosa  spantosa  13° 
de  ver.  Vi  seis  o  siete  viejas  que  apenas  se  podían  tener 
en  pie  dançando  por  el  rededor  da  panella  y  atizando  la 
oguera,  que  parecían  demónios  en  el  infierno.  Allí  se  me 
acordo  aquella  pregunta  de  los  Apóstolos  al  Senor:  «Vis, 
Domine,  descendat  ignis  de  ceio  et  consumai  illos?»  Y  detú-  *35 
beme  con  la  respuesta  de  Christo :  Conversus  increpavit 
eos,  deciendo  no  veni  perdere  animas  sed  salvare  10.  La  su 
infinita  misericórdia  me  da  ânimo  y  sperança  a  que  algún 
tiempo  les  dará  gracia  con  que  dexen  estas  viejas  costum- 
bres  y  vistan  otras  nuebas,  administrándoles  el  sacramento  14° 
dei  batismo,  que  asta  agora  me  impidieron  estas  y  otras 
particulares  razones. 

4.  El  modo  que  tengo  con  estes  gentios  y  christianos 
es  este:  que  las  segundas  y  tercias  ferias  11  visito  tres  o 
quatro  Aldeãs,  las  quartas  y  quintas  otras  dos  o  tres  que  T45 
están  apartadas  de  las  otras,  la[s]  sextas  ferias  vengo  a  la 
ciudad  a  hazer  la  plática  de  los  disciplinantes  que  va 
en  mucho  acrecentamiento,  bendito  sea  Dios,  principal- 
mente agora  en  la  Quoaresma  12.  Causa  a  todos  mucha 
devoción.  Muchos  andan  aqui  que  desean  ser  relligiosos,  15° 
de  los  quales  algunos  se  an  metido  en  la  Companía 13. 
Agora  están  en  casa  dos  mancebos  ja  recebidos,  y  saben 
la  limg[u]a  de  los  brasiles  14 ;  y  otros  por  no  seren  aptos 


132  pie  ms.  pia  ||  137  salvare  dei.  placera  11  140  vistan  corr.  ex  vestirán  |  nuebas 
sup.  ||  144  las  dei  2  ||  146-147  a  la  Ciudad  sup.  j  147  plática]  plitica  ms. 

10  Luc.  9,  54-56. 

11  Ainda  que  escreve  em  espanhol,  o  autor  traduz  materialmente 
os  nomes  dos  dias  da  semana  em  português:  segunda-íeira,  etc.,  que 
em  espanhol  seriam  lunes,  etc.  Outros  portuguesismos  há  nesta  carta- 

12  Ainda  escrevia  na  Quaresma  :  a  Páscoa  em  1550  íoi  a  6  de  Abril. 

13  Conhecem-se  os  nomes  de  dois  :  Simão  Gonçalves  e  Domingos 
Anes  «Pecorella».  Outros  adultos  já  tinham  entrado  nesta  data,  não 
porém  na  Baía  (Leite  i  573). 

14  São  os  chamados  «Irmãos  pequenos»,  que  depois  se  averiguou 
não  serem  aptos  para  a  Companhia.  Ou  se  de  algum  se  confirmou  a 


184 


P.  JOÃO  DE  AZPILCUETA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


para  la  Compania  no  los  recebimos.  [29V]    Los  sábados 

Í55  estúdio  el  evangelio  dei  domingo  para  dezir  alguna  cosa 
sobre  él  a  los  christianos  en  la  misa,  algunas  veces  en  la 
ciudad,  otras  vezes  en  una  vilha  de  moradores  antiquos  15 
en  donde  me  occupo  más  en  doctrinar  los  hijos  de  los 
christianos  y  esclabos  y  esclabas  que  son  en  mucha  can- 

160  tidad.  Ordené  que  los  esclabos  y  esclabas  llevasen  a  misa 
(que  antes  no  avia  memoria),  y  ailí  los  ensefio  en  la  mesma 
misa  una  vez,  y  otra  a  la  tarde.  En  todos  los  domingos 
hizimos  processión  a  unas  hermidas  1G  que  agora  se  hizieron 
para  romerías  y  outras  semejantes  devociones.  Occúpome 

l65  tanbién  este  dia  en  ordenar  que  se  casen  los  solteros,  que 
todos  estaban  mancebados  con  sus  esclabas.  Tres  están 
al  presente  para  se  casaren,  uno  es  hijo  de  un  principal 
desta  tierra,  que  se  casa  con  una  de  las  que  de  ali  manda- 
ron  más  honrradas.    Placerá  a  Dios  que  irá  mejoreando 

*7°  cada  dia. 

5.  El  P.e  Nóbrega  abrá  seis  meses  17  que  se  partió  con 
la  Armada  a  visitar  los  christianos  de  la  cuesta  de  Sant 
Vicente  18.  Fué  con  él  el  P.e  Leonardo  Nunez  y  Diego  Jácome 


156  él  sup.  \  los  dei.  cri  |]  163  hermidas  corr.  ex  hermidads  que  dei.  est  ||  166 
estaban  dei.  como  |l  168-169  mandaron  dei.  muy  [|  173  Vicente  dcl.  recebimus  ago 


entrada  e  se  tornou  efectiva,  começou  a  contar-se  a  data  depois  da  desta 
carta.  Dos  meninos,  entrados  na  Companhia  no  Brasil,  cujos  nomes  são 
conhecidos,  não  há  nenhum  do  ano  de  1550. 

15  «Vila  Velha»,  hoje  dentro  do  perímetro  da  cidade  da  Baía. 

16  Pelo  contexto,  parece  que  alguma  destas  «ermidas»  era  nos 
arredores  de  Vila  Velha. 

17  O  P.  Nóbrega  partiu  da  Baía  no  dia  i.°  de  Novembro  de  1549, 
portanto  ainda  não  havia  5  meses. 

18  Parece  que  era  intenção  de  Nóbrega  ir  a  S.  Vicente  e  correr  a 
costa.  Mas  saindo  da  Baía  a  1  de  Novembro,  ainda  a  6  de  Janeiro 
de  1550  estava  em  Porto  Seguro  e  só  fala  nos  que  já  foram  para  o  Sul  e 
em  mandar  outros  [carta  10  §  ri].  Não  vimos  notícia  nenhuma  positiva  de 
que  tivesse  passado  da  Capitania  de  Porto  Seguro.  E,  em  Junho  de  1551 
[carta  28  §  9],  escreve  Diogo  Jácome  que  há  mais  de  ano  e  meio  nada 
se  sabe,  em  S.  Vicente,  do  Padre  Nóbrega,  nem  dos  Padres  da  Baia. 
Jácome  tinha  saído  da  Baía  com  Nóbrega  e  Leonardo  Nunes  a  1  de 


14.  -  BAÍA  28  DE  MARÇO  DE  1550 


185 


para  quedaren  en  una  tierra  de  gentios  que  se  llaman 
Carixos  19,  en  donde  se  spera  de  se  hazer  fruto  con  la  ajuda  175 
de  Dios,  porque  todos  dicen  que  son  melhores  gentios 
que  ay  en  toda  esta  cuesta  de  Brasil.  El  P.e  Antonio 
Periz  dexó  en  la  ciudad  en  su  lugar,  encomendándole 
una  casa  y  iglesia  para  recogimiento  de  los  Padres  y  Her- 
manos,  las  quales  él  por  su  mano  con  la  industria,  que  180 
Dios  le  dió,  las  hizo  20  y  quando  los  Padres  llegaron 21 
dábamos  fim  a  la  yglesia.  [3or]  Allende  destas  occupatio- 
nes  es  muy  occupado  con  los  dolientes  dei  ospital  y  ciudad, 
y  principalmente  agora  en  confesiones  que  continuamente 
somos  occupados  en  nuestra  yglesia.  l85 

Plugo  a  nuestro  Senor  que  viniessen  los  Padres  para 
abrangir  a  las  neccessidades  destas  partes,  principalmente 
desta  gentilidad,  en  la  qual  arán  fructo  los  que  aman 
mucho  la  charidad  y  castidad,  sin  muchas  letras,  que  poco 
son  neccessarias  entre  ellos,  teniendo  las  dos  sobredichas  x9° 
virtudes,  con  fuerças  corporales  para  acudir  a  las  neccessi- 
dades distantes.  No  obstante  esto,  son  muy  neccessarias 
las  letras  para  entre  christianos,  y  más  entres  estas  gentes 
que  otras,  por  los  diversos  casos  que  entre  ellos  se  acon- 
tecem. T95 


174  llaman  dcl-  cax  j]  176  cuesta]  cuestra  ms.  ||  184  principalmente  dei.  en  con 
||  186  a  sup.  ||  187   Posta  dei.  todas  ||  189  poco  corr.  ex  poços  |[  194-195  acontecem  dei.  por 


Novembro  de  1549  e  deixara  Nóbrega  em  Porto  Seguro  pouco  depois 
de  6  de  Janeiro.  O  que  se  segue  desta  referência  de  Navarro  é  que  a 
28  de  Março  ainda  Nóbrega  não  estava  de  volta  à  Baía. 

19  Carixós  ou  Carijós. 

20  O  P.  António  Pires  de  certo  trabalhou  na  primeira  igreja  da 
Companhia  na  Baía,  que  foi  a  Ajuda.  A  esta  seguiu-se  a  «ermida»  do 
Monte  Calvário,  onde  Vicente  Rodrigues  foi  «ermitão»  ;  agora  trata-se 
já  da  nova  Igreja  no  teso,  que  depois  se  chamou  Terreiro  de  Jesus,  a 
primeira  que  aí  se  construiu,  concluída  como  aqui  se  diz  pelo  mês  de 
Março  (carta  53  §  15). 

21  Os  Padres  da  2.a  expedição,  Afonso  Brás,  Francisco  Pires, 
Manuel  de  Paiva  e  Salvador  Rodrigues,  saíram  de  Lisboa,  com  sete  meni- 
nos órfãos,  a  7  de  Janeiro  de  1550.  Leite  i  560;  e  supra,  p.  171.  O  dia 
certo  da  chegada  à  Baía,  pelo  mês  de  Março,  não  consta. 


186 


P.  JOÃO  DE  AZPILCUETA- PP.  E  H.  DE  COIMBRA 


La  absentia  dei  P.e  Nóbrega  me  causo  más  tiempo 
por  agora  gastar 32  con  christianos  que  con  los  gentios, 
occupándome  a  responder  con  mi  poco  saber  con  la 
adjuda  de  Dios  a  las  questiones  que  nunca  faltan  entre 

200  los  christianos  por  la  distratión  de  sus  vidas,  que  agora, 
bendito  sea  Dios,  van  todos  en  mucha  mejoría,  y  mucho 
más  iria  si  en  lugar  de  degradados  viniessen  hombres 
de  bien,  casados,  por  moradores  a  estas  tierras  para  paz 
e  aumentación  delia  y  conversión  desta  gentilidad,  que 

205  no  puede  ser  asta  que  se  fuere  poblando  este  sartón23  y 
conocieren  alguna  subjetión  a  nosotros,  pues  a  Dios  no 
quieren  conocer  ni  adorar  ny  servir  por  amor,  ni  tampoco 
parece  Dios  se  acordar  dellos  por  mis  peccados  y  suios 
dellos. 

210  5.  Por  tanto,  Hermanos  muy  amados,  por  esta  veréis 
quántas  lágrimas  son  neccessarias  por  nós  y  por  ellos, 
que  están  en  tanta  ceguera  y  peccados,  y  por  nós  para 
que  Dios  nos  quiera  adjudar  sin  cansar  a  cabar  esta 
vina  dei  Sefior  que  agora  se  començó.   [30V]  Y  por  quanto 

215  todos  los  comienços  son  difficultosos,  por  esso  nós  tene- 
mos  más  neccessidad,  principalmente,  Hermanos  muy  ama- 
dos, de  vuestras  orationes  y  sacrifficios,  de  nós  en  par- 
ticular y  de  mi  como  más  flaco,  oifrecidas  al  Sefior.  Así 
como  yo  vos  traygo  en  mi  coraçón  escriptos,  non  atra- 

220  mento 24,  mas  con  una  memoria  particular  en  mi  alma, 
que  nunca  cesa  de  rogar  que  de  vuestras  abundantes 
virtudes  infunda  em  mi  alma  algunas  para  callentar  y 
fortificar  mi  poco  spíritu,  para  que  conformes  todos  en  un 


200  christians  dei.  placera  ||  201  mejoría  dei.  si  ||  202  iria  sup.  ||  205  se  dei.  poble  | 
este  corr.  cx  esta  gentilidad  |  Prius  sartão  ||  207  conocer  dei.  cõ  y  ni  sup.  |  ny  dei.  a  |  tam- 
poco dei.  Dios  ||  208  suios  dei.  dl  ||  211  lágrimas  corr.  ex  lachrimas  ||  221  vuestras  dei. 
denta 


22  Ordem  lógica:  ...«me  causo  gastar,  por  agora,  más  tiempo 
con». . . 

23  Sartón,  da  palavra  portuguesa  sertão,  lugar  inculto,  distante  de 
povoado,  o  interior  das  terras. 

24  «Non  atramento»,  latim:  não  com  tinta. 


15.  -  ROMA  2  DE  JULHO  DE  1550 


187 


spíritu  en  la  tierra,  nos  veamos  allevantados  en  la  gloria. 
Amén.  225 

De  la  Vaia  de  Todos  los  Santos,  a  28  de  Março  anno 
de  i55[o]. 

Vester  inutilis, 

Johannes25  de  Azpilcueta. 

[Endereço  autógrafo :]  +  Jesús.   A  mis  en  Christo  rauy  230 
amados  Padres  y  Hermanos  de  la  Compartia  de  Jesú  en 
Coinbra.  [No  canto  à  esquerda :]  Companhia. 

CARTAS  PERDIDAS 

14  a-b.  Cartas  de  Pero  Correia  para  o  Colégio  de  Coimbra  (S.Vicente, 
Junho  de  1550).  «A  primeira  cousa  que  lhe  diguo  hé  estarmos  todos 
mui  desconsolados  de  não  termos  resposta  das  cartas  que  por  três  vias 
escrevemos  a  esse  Collegio  aguora  há  hum  anno»  —  escreve  Pero  Cor- 
reia no  princípio  da  carta  de  8  de  Junho  de  1551  [carta  23  §  1]. 

15 

DO  P.  JUAN  DE  POLANCO  POR  COMISSÃO 
DO  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

ROMA  2  DE  JULHO  DE  1550 

I.    Bibliografia:    Schurhammer,  Quellen  4479;  Streit-Dindinger 
xv  404  n.  1273. 

II.   Autores  :  Polanco  11  8  10  (nn.  10  15);  Leite  ii  310. 

III.   Texto  :  ARSI,  Hist.  Soe.  ia,  f.  i48r  [antes  i22r].  Rascunho  autó- 
grafo de  Polanco  com  emendas  por  mão  do  P.  Inácio. 


226  Março  dei.  de  |j  228  inutilis  corr.  ex  innutilis  ||  230  -f- Jesus  in  rasura.  Prius 
scripsit  :  Para  el  Padre  Maestre  Simon  con 


25  Escreve  o  nome  em  latim  e  não  se  conhece  mais  nenhum  autó- 
grafo seu. 


188 


P.  JUAN  DE  POLANCO  P/C  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


IV.    Impressão  :  Cartas  de  San  Ignacio  II  236-239 ;  MI  Epp.  III  98-100. 
V.    Edição:  Reimprime-se  o  texto  autógrafo  (Hist.  Soe.  la). 

Textus 

1.  Iubilaeus  Anni  Sancti  pro  Brasília  aliisque  regionibus  transma- 
rinis  Portugaliae.  —  2.  Condiciones  ad  lucrandum  iubilaeum.  —  3.  P.  Si- 
mon Rodrigues  Romani  venturus  est. 


Ihs. 

Muy  Reverendo  en  Christo  Padre 

[Convocam-se  para  Roma  os  Padres  Professos] 

1.    Hago  saber  también  a  V.  R.  que  nuestro  Padre 

5  Maestro  Ignatio,  después  de  haber  informado  al  Papa 1 

de  quanto   Dios  nuestro  Senor   obrava  en  las  índias 

dei  Rey 2  y  en  otras  partes,  ha  supplicado  a  Su  Santi- 

dad  por  el  jubileo,  tanto  para  todos  los  nuestros  de  las 
índias  de  Su  Alteza  3  y  dei  Brassil,  y  dei  Magnicongo  4, 


4  Padre  dei.  lgnatius  en  Christo  ||  5-7  después  —  partes  add.  Ignatius  in  margint 
superiore  \\  8  tanto  add.  sup.  lgnatius  |  nuestros  corr.  sup.  lgnatius  ex  chrlstianos 


1  Júlio  III  eleito  a  8  de  Fevereiro  de  1550.  Por  ter  falecido  a  10 
de  Novembro  de  1549  o  Papa  Paulo  III,  o  Ano  Santo  de  1550  só  foi  pro- 
mulgado pela  Bula  Si  Pastor  ovium  de  24  de  Fevereiro  de  1550,  de 
Júlio  III,  e  neste  mesmo  dia  aberta  a  Porta  Santa.  Pedro  de  Leturia, 
S.  Ignasio  di  Loyola  e  1'Anno  Santo  1550,  Estratto  de  «La  Civiltà  Cat- 
tolica»,  Qaaderni  2411,  2412  (2  dicembre,  16  dicembre  1950)  3,  com 
diversa  literatura  sobre  este  assunto. 

2  D.  João  III  de  Portugal. 

3  «índias  de  Su  Alteza»  ou  índias  de  Portugal  ou  índias  Orien- 
tais, em  contraposição  com  as  índias  do  Imperador  ou  índias  Ociden- 
tais (América  Espanhola),  onde  ainda  então  não  havia  Jesuítas. 

4  Magnicongo  ou  Manicongo :  «Designação  geográfica  primitiva- 
mente dada,  na  história  dos  descobrimentos  portugueses,  ao  antigo 
reino  do  Congo,  ao  depois  incluído  em  parte  na  actual  Província  ultra- 


15. -ROMA  2  DE  JULHO  DE  1550 


189 


y  de  África  5  quanto  para  todos  los  convertidos  en  aquellas  10 
partes,  y  para  todos  los  christanos  habitantes  en  ellas. 
Y  esto  Su  Santidad  con  mucho  grande  amor  y  ediíicatión 
se  lo  concedió  con  una  restrición  (como  el  mismo  Papa 
dezía  por  gracia),  y  esta  era  que  Su  Santidad  dava  toda 
su  autoridad  a  los  de  la  Compafiía  para  en  esta  parte",  y  15 
que  diesen  a  los  que  les  paresciese,  y  con  imponerles  lo 
que  les  paresciese,  como  seria  visitando  algunos  altares  o 
yglesias,  o  haziendo  otra  cosa  que  a  ellos  pareziese.  Creo 
será  esta  gracia  alcançada  de  grande  alegria  spiritual  en 
aquellas  partes;  y  aqui  se  ynbían  las  patentes  de  nuestro  20 
Padre,  por  donde  se  verá  el  modo  de  comunicar  el  jubileo 
y  por  quiénes.    De  todo  se  sirva  Dios  N.  S.,  [148V]  y  él 
nos  conserve  y  adelante  en  su  santo  servicio  continua- 
mente. 

2.  Del  jubileo  impetrado  para  todos  los  que  están  25 
allá  en  Portugal  y  en  las  índias,  y  donde  quiera  a  obe- 
dientia  de  la  Compartia,  ya  se  scrivió  por  otras,  visi- 
tando 4  yglesias  o  una  4  vezes,  por  30  dias  continuos  o 
interpolados. 

3.  No  diré  más  por  ésta,  sino  que  estamos  deseosos  de  3° 
ver  a  V.  R.,  si  será  servido  Dios  N.  S.  y  Su  Alteza,  y  enton- 
zes  nos  alargaremos  en  muchas  cosas  con  su  ayuda  y  favor, 


10-11  quanto  —  en  ellas  add.  lgnatius  in  margine  sin.  \\  12  Y  esto  add.  Polancus 
in  margine  in/.  ]  Y  bis  |  mucho  add.  sup.  lgnatius  j  ediíicatión  dei.  lgnatius  que  mos- 
traba  tener  ||  13-15  con  una  —  parte  add.  lgnatius  in  margine  sin.  et  dei.  in  ms .  con 
una  restrictión  (como  él  dizia)  y  esta  era  que  los  de  la  Compania  tubiesen  totalmente  su 
auctoridad  en  esta  parte  |   19    alcançada  add.  sup.  lgnatius  jj  31-32    entonzes  dei.  se 


marina  de  Angola.  O  Manicongo,  como  também  se  chamava  ao  sobe- 
rano negro  da  região,  compreendia  toda  a  bacia  do  Zaire,  e  tinha  a  sua 
sede  na  povoação  indígena  de  Banza  e  Ambasse,  crismada  depois  pelos 
Portugueses,  com  o  nome  de  S.  Salvador»  (Grande  Enciclopédia  Portu- 
guesa e  Brasileira  xvi  no).  Os  primeiros  Jesuítas  portugueses  desem- 
barcaram a  18  de  Março  de  1548  no  porto  de  Pinda,  margem  esquerda 
do  Rio  Zaire,  Rodrigues,  História  1/2  548. 

5  Africa,  entende-se  aqui  pelas  praças  de  Ceuta  e  Tetuão,  em  Mar- 
rocos, onde  em  1548  chegaram  os  Jesuítas  portugueses.  Id.,  História  1/2 
558-560. 


190 


P.  INÁCIO  DE  LOYOLA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


el  qual  nos  dé  para  servirle  continuamente  Su  Mages- 
tad. 

35      De  Roma  2  de  Julio  1550. 
De  V.  R.  siervo  en  Christo. 

Por  comissión  de  nuestro  en  Christo  P.e  Maestro  Ignatio. 

Joán  de  Polanco. 

16 

DO  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES  EM  PORTUGAL 
E  DEMAIS  SUPERIORES  DO  CONGO 
BRASIL  E  ÁFRICA 

ROMA  7  DE  JULHO  DE  1550 

L    Bibliografia :    Schurhammer,  Quellen  4482. 

II.   Autores :   Polanco,  11  8  10  (nn.  10  15) ;  Leite  ii  310. 

III.  Texto :    ARSI,  Inst.  117a,  f.  sor  [antes  231-].  Apógrafo  latino. 

IV.  Impressão :  Cartas  de  San  Ignacio  II  428-429  (com  a  tradução 
espanhola,  243-245) ;  MI  Epp.  m  104-105  (mais  completa  do  que  em 
Cartas). 

V.    Edição  :    Reimprime-se  o  apógrafo  (Inst.  117a). 

Textus 

1.  Litterae  Patentes  Iubilaei  Anni  Sancti  ad  Provincialem  Portuga- 
liae  P.  Simonem  Rodrigues  et  ad  Superiores  Missionum  Congi,  Brasiliae 
et  Africae. 

+ 

I  H  S 

1.  Ignatius  de  Loiola,  Societatis  Iesu  praepositus  gene- 
ralis  : 

Dilectis  in  Christo  fratribus  Magistro  Simoni  Rodri- 
5  guez,  praeposito  eiusdem  Societatis  in  Portugaliae  regno 


16. -ROMA  7  DE  JULHO  DE  1550 


191 


et  trasmarinis  regionibus,  citra  Indiam,  Sereníssimo  Regi 
Portugaliae  subiectis,  et  aliis  praepositis  particularibus 
vel  aliorum  curam  gerentibus  in  regno  Congi,  ac  in  índia 
Brassilia  nuncupata,  et  in  Aphrica  ab  eodem  Simone  cons- 
titutis,  salutem  in  Domino  sempiternam.  10 

Cum  hoc  anno  MDL  de  divitibus  Domini  Nostri  Iesu 
Christi  et  sponsae  eius  Ecclesiae  ac  Sedis  Apostolicae 
thesauris  quattuor  ecclesias  Romae  invisentibus  iubilei 
gratia,  id  est,  omnium  peccatorum  plenissima  remissio 
condonetur;  cumque  eos  de  nostris  ac  reliquos  christia-  15 
nos,  quibus  ad  hanc  almam  urbem,  tot  terrae  ac  maris 
tractibus  disiunctam,  venire  non  permittitur,  ab  huius- 
modi  gratia  non  excludi  aequum  censeremus,  SSmo.  D.  N. 
Domino  Iulio,  divina  providentia  Papae  III,  ut  illis,  absen- 
tibus  quidem  corpore,  praesentibus  tamen  animi  devo-  20 
tione,  eandem  gratiam  impertiri  dignaretur,  supplicavimus 
et  obtinuimus;  eam  tamen  próprio  motu  adiecit  conditio- 
nem  ut,  qui  de  nostra  Societate  in  praedictis  regionibus 
laborant  in  Christi  vinea,  cum  omni  ea  in  parte  Sedis 
Apostolicae  auctoritate  gratiam  hanc,  quibus  in  Domino  25 
videretur,  et  ea  imponendo,  quae  viderentur,  dispensarent. 
Nos  igitur  te  (cuius  prudentiae,  quae  est  in  Christo  Iesu, 
plurimum  confidimus)  ad  aliorum  electionem,  et  eos,  quos 
elegeris,  et  aliis  in  dictis  locis  (non  sine  delectu  virtutis) 
praeposueris,  vel  eos  de  Societate,  qui  curam  aliorum  gerunt  3° 
quocumque  modo,  ad  huiusmodi  gratiae  ministrationem  per 
se  vel  alios,  quos  idóneos  iudicaverint,  designamus,  et  potes- 
tatem  a  Sede  Apostólica  habere  coníerendi  iubileum  omni- 
bus,  sub  obedientia  Societatis  nostrae  degentibus,  et  chris- 
tianis  incolis  dictarum  regionum  ad  íidem  conversis,  seu  35 
advenis,  aut  quocumque  modo  ibi  agentibus,  qui,  vere  con- 
fessi,  ea  fecerint,  quae  vos  eisdem  imponetis,  declaramus; 
et  ut  non  tantum  fideles,  sed  et  prudentes  tanti  thesauri 
dispensatores  ad  Dei  gloriam  et  animarum  salutem  vos 
exhibeatis,  hortamur  et  in  Domino  commendamus.  4° 

Datum  Romae,  in  aedibus  Societatis  Iesu,  nonis  Iulii  1550. 

[In  margine:}  Concessio  iubilei  pro  praepositis  in  índia,  etc. 


192 


P.  INÁCIO  DE  LOYOLA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


TRADUÇÃO  PORTUGUESA 

+ 
I  H  S 

1.  Inácio  de  Loyola,  Prepósito  Geral  da  Companhia  de 
Jesus : 

Aos  dilectos  em  Cristo  irmãos  Mestre  Simão  Rodrigues, 

5  Prepósito  da  mesma  Companhia  no  Reino  de  Portugal  e  nas 
regiões  ultramarinas  excepto  a  índia,  sujeitas  ao  Serenís- 
simo Rei  de  Portugal,  e  aos  outros  Prepósitos  particulares 
ou  aos  que  têm  encargo  doutros,  no  reino  do  Congo  e  na 
índia  chamada  Brasil  e  na  África  *,  postos  pelo  mesmo 

io  Simão,  saúde  sempiterna  no  Senhor2. 

Neste  ano  de  1550,  dos  ricos  tesoiros  de  Nosso  Senhor 
Jesus  Cristo,  da  Igreja  sua  Esposa  e  da  Sé  Apostólica, 
estando  concedida  aos  que  visitam  as  quatro  igrejas  de 
Roma  a  graça  do  jubileu,  isto  é,  a  remissão  pleníssima  de 

!5  todos  os  pecados ;  e,  parecendo-nos  que  seria  justo  não 
excluir  de  tal  graça  os  Nossos  e  os  outros  cristãos,  que 
não  podem  vir  a  esta  venerável  cidade,  de  que  tanto  dis- 
tam por  terra  e  mar:  suplicámos  e  obtivemos  do  Santís- 
simo Senhor  Nosso  Júlio  por  divina  providência  Papa  III, 

20  que  se  dignasse  conceder  a  mesma  graça  a  esses  ausentes 


1  Cf.  supra,  189,  nota  5. 

2  A  12  de  Julho  de  1550  escreve  o  P.  Polanco,  por  comissão  do 
P.  Inácio,  ao  P.  Simão  Rodrigues  Provincial  de  Portugal,  enviando  uma 
patente  que  ele  deve  mandar  para  o  Provincial  de  Goa  P.  Francisco 
Xavier.  E  continua  :  «Para  el  Congo,  Brassil  y  Africa,  van  las  patentes 
enderezadas  a  V.  R.,  y  a  los  Prepósitos  que  en  los  tales  lugares  ubiere 
puesto;  pero  a  V.  R.,  tocará  solamente  nombrar  los  que  quiere  sean 
superiores  en  las  tales  partes,  y  a  los  así  nombrados  por  V.  R.  tocará 
dispensar  el  jubileo,  porque  así  el  Papa  lo  ordeno  :  que  los  nuestros  que 
están  en  aquellos  lugares  tubiesen  su  auctoridad  para  esta  dispensatión 
dei  jubileo».  (O  documento,  rascunho  autógrafo  de  Polanco,  acha-se  em 
Epp.  NN.  5j,  f.  I45r-i45v.  Impresso  em  MI  Epp.  m  118-119)  Nóbrega, 
Prepósito  do  Brasil,  alude  a  este  jubileu  do  Ano  Santo  na  sua  Exorta- 
ção aos  Moradores  de  Pernambuco  (1552),  onde  ele  próprio  o  dispensou 
por  autoridade  pontifícia  que  tinha  para  todo  o  Brasil:  «abrirem-vos  lá 
ho  tisouro  todo  da  Santa  Igreja  pêra  pagardes  com  elle  todas  vossas 
dividas»  (carta  47  §  4).  Também  se  refere  a  ele  Vicente  Rodrigues 
(carta  42  §  9).  Na  história  dos  Anos  Santos,  este  de  1550,  é  a  primeira 
data  brasileira.  Leite,  Movimento  Eucarístico  Brasileiro  no  tempo  de 
Nóbrega,  in  Brotéria  60  (1955)  410. 


16. -ROMA  7  DE  JULHO  DE  1550 


195 


de  corpo  mas  presentes  pela  devoção  do  espírito;  e  ele  de 
motu  próprio  acrescentou,  como  condição,  que  os  da  nossa 
Companhia,  que  trabalham  nas  preditas  regiões  da  vinha 
de  Cristo,  aí  dispensassem  com  toda  a  autoridade  da  Sé 
Apostólica,  esta  graça  àqueles  a  quem  lhes  parecer  no  25 
Senhor,  impondo-lhes  as  obrigações  que  julgarem.  Nós 
portanto  vos  designamos  a  vós  (em  cuja  prudência,  que 
está  em  Cristo  Jesus,  muito  confiamos)  para  escolherdes 
os  outros;  e,  aqueles  que  escolherdes  e  puserdes  superiores 
nos  ditos  lugares  (não  sem  atender  à  virtude),  ou  aqueles  3° 
da  Companhia  que  de  qualquer  modo  têm  cuidado  do  pró- 
ximo, nós  os  designamos  para  administrarem  esta  graça 
por  si,  ou  por  outros  que  eles  julgarem  idóneos;  e  declara- 
mos que  têm  poder  da  Sé  Apostólica  de  conceder  o  jubileu 
a  todos  —  os  que  vivem  sob  a  obediência  da  nossa  Compa-  35 
nhia,  e  aos  moradores  cristãos  das  ditas  regiões  que  se 
converteram  à  fé,  ou  aos  vindos  de  fora,  ou  aos  que  por 
qualquer  motivo  ai  se  encontrarem  —  que  tendo-se  confes- 
sado, fizerem  o  que  vós  lhes  impuserdes3;  e  exortamo-vos 
no  Senhor  a  que  vos  mostreis  dispensadores  não  só  fiéis,  4° 
mas  também  prudentes  de  tão  grande  tesoiro  para  a  glória 
de  Deus  e  salvação  das  almas 

Dado  em  Roma,  na  casa  da  Companhia  de  Jesus,  7  de 
Julho  de  1550. 

[A  margem:]  Concessão  do  jubileu  para  os  Prepósitos  45 
da  índia,  etc. 


3  Quanto  a  estas  condições,  o  P.  Polanco,  por  comissão  do  P.  Iná- 
cio, escreve  ao  P.  Francisco  Xavier  outra  carta  no  mesmo  dia  12  de  Julho 
de  1550,  em  que  dá  alguma  explicação  concreta:  «"Y  assl  nuestro  Padre 
comete  a  V.  R.  [Xavier]  y  a  los  que  son  puestos  por  V.  R.  en  cargo  de 
Superiores  en  las  índias  de  allá  [Oriente];  y,  por  el  P.e  Maestro  Simon, 
en  el  iMagnicongo,  Brassil  y  África,  que  dispensen  el  jubileo,  dándole  a 
los  que  en  el  Senor  nuestro  les  paresciere.  y  con  imponerles  lo  que  en 
el  mesmo  juzgasen  convenir  para  el  bien  dellos,  con  tal  que  no  se 
ynponga  alguna  limosna;  y  si  ellos  de  suyo  quisiesen  hazerla,  rescívanla 
algunos  que  no  sean  de  la  Companía,  y  para  alguna  pia  obra,  que  se 
juzgare  conveniente  para  mayor  servicio  divino,  con  que  no  sea  cosa 
que  venga  en  utilidad  alguna  de  la  Companía,  ni  para  personas,  ni 
casas,  ni  yglesias,  ni  cosa  algUDa  delia,  porque  tanto  se  dé  el  jubileo 
con  más  edificatión,  quanto  más  sin  ynteresse».  (Rascunho  autógrafo  de 
Polanco.  Todo  o  documento  em  Hist.  Soe.  la,  ff  i5or-i5iv.  Impressa 
em  MI  Epp.  m,  114-116;  Wjcki  DI  11  47-49). 

13 


194         GOVERNADOR  TOMÉ  DE  SOUSA  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


CARTAS  PERDIDAS 

16  a . . .  Dos  Padres  e  Irmãos  do  Colégio  de  Coimbra  aos  Padres  do 
Brasil  (Setembro  de  1550).  «Unas  cartas  tuvimos  acá  vuestras  que 
fueron  echas  en  el  mes  de  Setiembre»,  escreve  àqueles  Padres  e  Irmãos 
o  P.  António  Pires  em  seu  nome  e  no  de  Nóbrega,  de  Pernambuco,  a 
2  de  Agosto  de  1551  (carta  31  §  12). 


17 

SESMARIA  DE  «ÁGUA  DOS  MENINOS»  DADA 
PELO  GOVERNADOR  TOMÉ  DE  SOUSA 
AO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA,  BAÍA 

BAÍA  21  DE  OUTUBRO  DE  1550 

L   Autores  :  Leite  i  34  149  151 ;  11 144  ;  ix  418;  Breve  Itinerário  65. 

II.  Texto  :  ARSI,  Bras.  11-1,  ff.  2ir-22r.  Fora  [f.  22V] :  «Das  terras 
da  Agoa  dos  Meninos»  [Outra  letra:]  «Donação.  1550  et  1560»  [sic]. 
[Terceira  letra:]  Donatio  terrarum  Aquae  de  Meninos  facta  Collegio 
Bahiensi  a  Gubernatore  Thoma  de  Sousa».  É  a  primeira  parte  da 
pública-forma  feita  pelo  tabelião  Marçal  Vaz,  na  Baía,  23  de  Março 
de  1575.  E  assina-a  também  o  P.  Gregório  Serrão,  procurador  eleito  a 
Roma.  A  pública-forma  contém  os  três  documentos  seguintes: 

a     Carta  de  Sesmaria,  21  de  Outubro  de  1550  [ff.  2ir-22r]  ; 
b    Carta  Régia  ao  Governador  Mem  de  Sá,  n  de  Novembro 
de  1567  [22r] ; 

c.  Confirmação  da  dada  pelo  mesmo  Governador  Mem  de  Sá,  30  de 
Setembro  de  1569  [f.  22r-22v]. 

III.  Impressão :  Archivo  do  Districto  Federal  1  (Rio  de  Janeiro  1894) 
38-39- 

IV.  Edição :  Imprime-se  o  texto  de  Bras.  11-1,  só  o  que  toca  ao  ano 
de  1550  [ff.  2ir-22r],  deixando  os  documentos  b  e  c  para  as  datas  res- 
pectivas. 

Textus 

7.  Nóbrega  postulat  tractum  incultum  terrarum  ad  alendos  pueros 
Collegii.  —  2.  Potestas  Gubernatoris  ad  concedendos  tractus  incultos 
terrarum.  —  3.    Donatio.  —  4.    Definitio  limitum. 


17. -BAÍA  21  DE  OUTUBRO  DE  1550 


195 


1.  A  quantos  esta  carta  de  sesmaria  e  confirmação  virem, 
Thomé  de  Sousa,  fidalgo  da  casa  d'El  Rey  nosso  senhor, 
Capitão  da  cidade  do  Salvador  da  Baya  de  Todolos  Sanc- 
tos,  Governador  Geral  nestas  partes  do  Brasil  pello  dito 
Senhor,  etc.  5 

Faço  saber  como  o  P.e  Manoel  da  Nóbrega,  que  ora  tem 
cuidado  da  Casa  do  Nome  de  Jesus  1  nesta  cidade  do  Sal- 
vador, me  enviou  dizer  por  sua  petição  como  a  dita  Casa 
tinha  necessidade  de  terras  pera  fazerem  mantimentos,  por- 
quanto a  entenção  d'El-Rey  e  dos  Padres  da  Companhia  hee  10 
nella  criar  e  ensinar  moços  do  gentio,  que  por  tempos  levem 
ho  nome  do  Senhor  a  todas  as  gentes,  e  que  não  se  podiâo 
sostentar  doutra  maneira.  E  porque  querião  fazer  roças  de 
mantimentos  e  outras  cousas  pera  ajuda  do  sustentamento 
da  dita  gente  e  Padres  que  na  dita  casa  estão,  e  esperâo  ao  15 
diante  serem  en  crecimento,  me  pedia  que  lhe  desse  huraas 
terras  que  estão  diante  desta  cidade  da  parte  do  norte, 
onde  chamão  Agua  dos  Meninos  2  pera  diante  pera  o 
norte  trezentas  varas,  isto  ao  longo  do  mar;  e  de  com- 
primento que  cheguem  até  um  rio  que  chamão  o  Rio  20 
Vermelho,  que  vai  de  sima  de  praia  por  baixo  d'aldea 
a  que  chamão  Aldeã  dos  Amenduis,  e  vay  ter  ao  mar 
da  costa;  e  que,  nas  cabeceiras  das  outras  dadas  [que]  até 
ho  presente  são  dadas  dAgua  dos  Meninos  até  ho  outeiro 
que  está  diante  d'Aldea  da  Porta  Grande  3,  onde  chamavão  25 
Aldeã  do  Ferreiro,  irá  tão  largo  como  comprido  até  entes- 
tar com  agua  do  dito  rio  que  chamão  o  Rio  Vermelho,  sem- 
pre desta  parte  d'Oeste  do  dito  rio  na  dita  largura  dAgua 
dos  Mininos  até  o  dito  outeiro  d'Aldea  do  Ferreiro;  o  qual 


9    Tinha]  tenha  »is.  ||  29    Mininos  corr.  ex  Meninos 


1  No  Terreiro  de  Jesus,  que  do  próprio  título  da  Casa,  que  aqui 
aparece  pela  primeira  vez,  recebeu  o  nome. 

2  Observe-se  que  o  nome  é  anterior  à  doação  jurídica.  Talvez 
fosse  já  o  «bom  vale»  que  lhes  ficara  reservado  desde  1549.  Ainda  hoje 
conserva  o  mesmo  nome  de  «Agua  de  Meninos».  Leite  ix  418. 

3  Sobre  o  índio  principal  «Porta  Grande»,  cf.  infra  carta  43  §  7. 


196         GOVERNADOR  TOMÉ  DE  SOUSA  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


3°  outeiro  está  sobre  o  mar  quando  vão  desta  cidade  do  Sal- 
vador, que  querem  entrar  pera  o  Campo  de  Tapuigipe 4 
desta  parte  do  sul.  E  eu,  vendo  o  que  m'a  asim  mandava 
pedir,  visto  ser  justo  e  proveito  da  dita  terra  e  dos  mora- 
dores delia  e  serviço  do  dito  Senhor,  visto  seu  regimento 

35  que  pera  ello  tenho,  lhe  concedi  a  dita  terra  na  maneira 
abayxo  declarada  com  as  condiçõis  da  berba  do  dito  regi- 
mento, que  hé  o  que  se  segue. 

Despacho  do  Senhor  Governador. 

Dou  ao  sopricante  o  que  pede.   Faça-lhe  o  escrivão  sua 
4°  carta.  Isto  se  entenderá  se  o  já  não  tenho  dado  5.  Oje  XXI 
de  Outubro  de  1550  annos. 

2.    Trellado  do  regimento  d'El  Rey  nosso  senhor6. 

Tanto  que  tiverdes  asentada  a  terra  pera  seguramente 
se  poder  aproveitar,  dareis  de  sesmaria  as  terras  que  esti- 

45  verem  dentro  no  dito  termo  às  pessoas  que  vo-llas  pidi- 
rem,  não  sendo  já  dadas  a  outras  pessoas  que  as  quiserem 
ir  povoar  e  aproveitar  no  tempo  que  lhe  á-de  ser  notifi- 
cado. As  quais  terras  dareis  livremente  sem  foro  algum, 
somente  pagarão  o  dizimo  aa  Ordem  de  Nosso  Senhor 

5o  Jesu  Christo,  e  com  as  condiçõis  e  obrigaçõis  do  foral 
dado  às  ditas  terras  e  de  minha  ordenação  no  quarto 
livro,  titolo  das  sesmarias,  com  condição  que  resida  na 
povoação  da  dita  Baya  ou  das  terras  que  lhe  asim  forem 
dadas  tres  annos,  dentro  do  qual  tempo  [as]  não  poderão 

55  vender  nem  alhear.   E  não  dareis  a  cada  pessoa  mais  terra 


4!   1550  corr.  ix  1580  |[  48  foro]  forro  ms.  ||  50  foral]  forrai  ms.  ||  55  alhear]  enlear  ms. 


4  Tapuigipe,  hoje  Itapagipe  (Baía). 

5  Não  se  conhece  o  primitivo  titulo  ;  e  talvez  esta  frase  só  se  escre- 
vesse ao  fazer  o  Registo  em  1552.  Ver,  infra,  nota  9. 

6  Cf.  «Regimento  de  Tomé  de  Sousa»,  de  17  de  Dezembro  de  1548. 
Lisboa,  Arquivo  Histórico  Ultramarino,  cód.  112  (antigo  Registos  l) 
ff.  ir-çv,  in  Anais  do  IV  Congresso  de  História  Nacional  (1940)  H  (Rio 
de  Janeiro  1950)  50-51. 


17. -BAÍA  21  DE  OUTUBRO  DE  1550 


197 


que  aquella  que  boamente  [e]  segundo  sua  possibilidade 
vos  parecer  que  poderá  aproveitar.  E  se  as  pessoas  que  já 
tiverem  terras  dentro  no  dito  termo,  asim  aquellas  que  se 
acharem  presentes  na  dita  Baya,  como  as  que  despois  forem 
a  ella  dentro  no  tempo  que  lhes  á-de  ser  notificado,  quise-  6o 
rem  aproveitar  as  ditas  terras  que  já  tinhão,  vós  lhas  tor- 
nareis a  dar  de  novo  pera  [as]  aproveitarem  com  a  obriga- 
ção acima  dita.  E  não  indo  alguns  dos  ausentes  dentro  no 
dito  tempo  que  lhe  assim  á-de  ser  notificado  aproveitar  as 
terras  que  dantes  tinhão,  vós  as  dareis  pela  dita  maneira  65 
a  quem  as  aproveite;  e  este  capitólio  se  trelladará  nas 
cartas  das  ditas  sesmarias. 

3.    [2iv]  Pelo  qual  e  por  virtude  do  dito  regimento,  eu 
lhe  dei  a  dita  terra  de  sesmaria  que  está  no  dito  lugar 
atrás  declarado,  a  qual  terra  tem  as  ditas  trezentas  varas  7° 
de  largo  ao  longo  do  mar  e  o  comprimento  será  do  mar  da 
Bahia  até  entestar  com  o  dito  Rio  Vermelho,  que  vay  pello 
dito  lugar  atrás  escripto,  e  a  mais  largura  que  terá  será  por 
cima  das  terras  dos  moradores  que  estão  d'Agua  dos  Mini- 
nos  até  o  dito  outeiro  que  está  em  cima  d'Aldea  da  Porta  75 
Grande  à  dita  aldeã  a  que  chamão  Aldeã  do  Ferreiro,  o 
qual  Ferreiro  se  chamava  pela  lingua  dos  índios  Taramia- 
rãna,  e  hirá  sempre  naquella  largura  até  o  dito  rio  e  não 
passará  o  rio  pera  parte  de  leste.  E  partirá  pera  parte  do 
norte  com  terra  de  Amador  d'Aguiar  e  de  Jorge  d'Aguiar,  80 
ambos  irmãos  de  Christovão  d'Aguiar7,  almoxarife,  e  da  parte 
do  sul  partirá  com  terra  de  Christovão  d'Aguiar  polia  Agua 
dos  Meninos,  e  por  cima  poilo  sertão  partirá  com  os  mais 
hereos  que  com  direito  dever  de  partir,  e  a  braça  será  braça 
craveira,  scilicet,  duas  varas  de  midir  por  huma  como  se  no  85 
Reino  costuma  de  midir.  A  qual  terra  lhe  dou  pera  que  a 


60-61  quiserem  dei  cumprir  ||  78  até  tns.  atee  até  dei.  prim. 


7  Destes  três  irmãos  Aguiares.  Jorge  Dão  vimos  quem  fosse,  Ama- 
dor era  «homem  de  armas»  {Doe.  Hist.  Ill  [1929]  390  477)  e  Cristóvão  o 
que  se  diz  no  próprio  documento. 


198         GOVERNADOR  TOMÉ  DE  SOUSA  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


aproveite  em  tres  annos  livre  e  desembargada,  sem  foro  nem 
tributo  algum,  somente  do  que  lhe  o  Senhor  Deus  nella  der 
de  suas  novidades  e  criaçõis  pagarão  os  dizimos  à  Ordem  de 
9o  Nosso  Senhor  Jesu  Christo  a  quem  nesta  cidade  tiver  cargo 
de  os  receber,  e  com  condição  que  o  dito  Padre  á-de  viver 
dentro  nesta  cidade  ou  em  seus  termos  tres  annos,  dentro 
do  qual  tempo  não  poderá  vender  nem  alhear  a  dita  terra 
de  sesmaria  por  nenhum  modo  que  seja  sem  licença  do  dito 
95  Senhor  ou  de  quem  tiver  licença  pera  lha  poder  dar.  E  será 
obrigado  de  começar  d'aproveitar  a  dita  terra  e  sesmaria,  e 
fazer  nella  roças  de  mantimentos  e  outros  mantimentos  [sic] 
da  dada  desta  em  quatro  meses,  e  acabará  de  [a]  aproveitar 
nos  ditos  tres  annos  sob  pena  de  mil  reis  pera  o  conselho, 

ioo  e  de  darem  a  dita  terra  e  sesmaria,  que  aproveitada  não 
tever,  a  outra  pessoa  que  [a]  aproveitar  queira;  e  dará  por 
ella  caminhos  e  serventias,  ordenados  e  necessários  pera  o 
conselho  pera  fontes  e  pontes,  vieiros  e  pedreiras  que  lhe 
necessários  forem.  E  fazendo  e  aproveitando  a  dita  terra 

105  pela  dita  maneira,  acabados  os  ditos  tres  annos  eu  lha  ey 
por  dada  para  elle  e  seus  herdeiros,  ascendentes  e  decen- 
dentes,  e  que  elle  possa  vender,  dar,  doar,  trocar  e  escam- 
bar, e  fazer  delia  o  que  lhe  bem  vier  como  de  cousa  sua 
própria  ixenta  que  hé.  E  porque  ho  dito  Padre  Manoel  da 

no  Nóbrega  todo  prometeo  de  comprir  e  manter  polia  dita 
maneira,  lhe  mandei  ser  feita  esta  carta  de  sesmaria,  a 
qual  vay  por  mym  asinada  e  asselada  com  o  sello  das 
minhas  armas,  que  perante  mym  serve.  Inofre  Pinheiro 
Carvalho,  scrivão  do  tombo  por  El-Rei  nosso  senhor,  e  en 

115  esta  sua  cidade  do  Salvador  da  Baya  de  Todolos  Sanctos 
a  fez  e  a  tirou  do  livro  do  tombo  que  em  seu  poder  fica. 
A  vinte  e  hum  de  Outubro,  anno  e  nacimento  de  Nosso 
Senhor  Jesu  Christo  de  1550  annos. 

Thomé  de  Sousa. 


87  foro]  forro  xis.  ||  03  alhear]  enlear  tns.  ||  97  dada  dei  em  jj  98  aproveitar  dei. 
ha  dita  terra  e  sesmaria  jj  104  dita  dei.  terra  1 1  1 1  o  dita  dei.  e  |j  lia  serve  corr.  *x 
o  scrivão 


17.  -  BAÍA  21  DE  OUTUBRO  DE  1550 


199 


4.  Declarou  o  Senhor  Governador  que  posto  que  acima 
nesta  carta  digua  que  começará  na  Agua  dos  Meninos  ao 
longo  do  mar,  que  não  começará  senão  no  sertão  na  cabeceira  120 
da  dada  de  Guaspar  Folgado,  que  hee  nesta  mesma  dada, 
porquanto  o  dito  Guaspar  Folgado  a  tinha  por  seu  despacho 
primeiro  que  o  dito  Padre  Manoel  da  Nóbrega.  E  portanto 
começará  onde  elle  acabar  seu  comprimento,  e  asi  na  cabe- 
ceira da  dada  do  Amador  dAguiar  e  do  Jorge  dAguiar,  125 
ambos  irmãos,  que  estão  pegados  com  o  dito  Gaspar  Fol- 
gado 8  da  parte  do  norte;  e  hirá  o  dito  Padre  sempre  nesta 
largura  destas  duas  dadas,  scilicet,  a  de  Gaspar  Folgado  e 
dos  ditos  irmãos  Jorge  dAguiar  e  Amador  dAguiar  sempre 
na  dita  largura  até  entestar  com  o  dito  Rio  Vermelho  que  13° 
vay  pollo  direito  da  dita  dada  por  baixo  dAldea  dos  Aman- 
doís,  que  os  christãos  chamão,  e  polia  lingua  dos  Índios 
chamão  à  dita  aldeã  Ubatib,  e  não  passará  o  rio  pera  parte 
dalém  contra  leste.  E  partirá  da  banda  do  sul  com  Chris- 
tovão  dAguiar  e  com  os  mais  hereos  que  diante  da  sua  135 
cabeceira  vão,  e  da  parte  do  norte  partirá  com  quem  direito 
for.  E  esta  declaração  se  fez  por  verdade,  porquanto  o  dito 
Gaspar  Folgado  tinha  a  dita  terra  por  despacho  do  Senhor 
Governador,  primeiro,  e  portanto  começará  onde  elle  acabar, 
correrá  a  largura  do  dito  Gaspar  Folgado  e  dos  ditos  dous  14° 
irmãos  sempre  até  o  dito  Rio  Vermelho  como  dito  hee. 
E  o  Senhor  Governador  tornou  asinar  esta  declaração  no 
dito  dia,  mês  e  era  atrás  scrito  e  declarado  9. 


134   contra  corr.  ex  contraria  ||  143    dia  add,  sup. 


8  De  19  de  Outubro  de  1551  há  um  mandado  do  Provedor  para  que 
se  dê  «a  Gaspar  Folgado,  morador  nesta  Cidade  do  Salvador,  três  mil  e 
duzentos  reis  em  dinheiro  de  contado,  de  quatro  onças  de  âmbar  que  o 
dito  Provedor  comprou  para  mandar  a  Sua  Alteza»  1  Doe.  Hist.  xiv  [1929] 
116). 

9  Esta  declaração,  registada  em  1552  com  a  carta  de  sesmaria 
de  J550,  levanta  a  dúvida :  porque  não  se  fez  logo  a  carta  com  a  delimita- 
ção devida  ?  Que  já  estava  aplicada,  na  intenção  ou  de  facto,  à  Casa  do 
Nome  de  Jesus  tem-se  como  explicação  do  nome  de  «Água  dos  Meni- 


200 


P.  LEONARDO  NUNES-  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


Inofre  Pinheiro  Carvalho  a  fez  no  dito  dia,  mês  e  era 
atrás  declarado. 

Thomé  de  Sousa. 

[22r]  Registada  no  Livro  dos  Registos  desta  cidade  às 
í.  145,  aos  cinco  dias  de  Mayo  de  1552  annos.  Antonio 
do  Rego. 

18 

DO  P.  LEONARDO  NUNES 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

[S.  VICENTE  NOVEMBRO  [?]  DE  1550] 

I.  Bibliografia:  BARBOSA  MACHADO  III  8;  Cimclios  492 ;  STREIT  II 
334  n.  1212;  Leite  ix  17  n.  3. 

II.  Autores  :  Polanco,  II  385-387  ;  Franco,  Imagem  de  Coimbra  11 
195-196;  Leite  i  262  333. 

III.  Texto  :  Original  português  perdido,  do  qual  se  fez  a  tradução 
espanhola  logo  impressa  (Copia). 

1.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa]  r-5, 
2,  38,  ff  I3v-i6r.  Título  :  «Outra  do  P.  Leonardo  Nunez,  do  Porto  de 
S.  Vicente  do  anno  de  1551».  Retroversão  portuguesa. 

2.  ARSI,  Firas,  j-z,  ff.  17V-21V.   Tradução  italiana  da  espanhola. 

3.  Bibi.  Vaticana,  Ottoboni  lat.  jpy,  ff.  132V-137V;  I49r-i52r.  Mais 
duas  traduções  italianas  da  espanhola. 


144    dia  add.  sup. 


nos»  e  é  a  própria  base  do  requerimento  de  Nóbrega:  pedia-se  para  os 
criar.  A  declaração  talvez  não  constasse  na  Carta  de  Sesmaria  primi- 
tiva, e  se  fizesse  algum  tempo  depois  ant^s  do  Registo  de  1552.  embora 
com  a  mesma  data.  E  seria  para  favorecer  os  Meninos.  De  facto,  se  a 
declaração  recua  um  pouco  para  o  interior  (leste)  a  Sesmaria,  contudo 
suprime-se  o  limite  «ao  norte»  de  sós  300  varas  e  escreve-se  «da  parte 
do  norte  partirá  com  quem  de  direito».  Tendo-se  em  conta  que  Tomé 
de  Sousa  era  benfeitor  do  Colégio,  a  indeterminação  de  limites  ao  norte 
seria  feita  de  combinação  com  Nóbrega  a  favor  dos  Meninos. 


18.  -  S.  VICENTE  NOVEMBRO  DE  1550 


201 


IV.  Destinatários:  A  carta  parece  ter  sido  dirigida  primitivamente 
ao  P.  Simão  Rodrigues  (§  9),  mas,  como  está,  dirige  se  aos  «Padres  y 
Hermanos  caríssimos»  (§  1),  que  naquele  tempo  eram  os  de  Coimbra, 
onde  o  autor  fora  recebido  na  Companhia. 

V.  Data:  Como  se  dirá  na  carta  do  P.  Afonso  Brás,  de  24  de 
Agosto  de  1551  (carta  34),  na  primeira  impressão  («Copia  de  unas  car- 
tas») a  data  em  vez  de  a  colocarem  naquela  carta  puseram-na  depois 
da  de  Leonardo  Nunes,  impressa  a  seguir  à  de  Afonso  Brás.  Mas  Leo- 
nardo Nunes,  na  carta  de  20  de  Junho  de  1551,  diz  que  escrevera  para 
Portugal  no  mês  de  Novembro  [de  1550]  E  dada  a  confusão  de  «Copia» 
(cf.  Leite  i  262)  deve-se  estar  pela  afirmação  positiva  do  P.  Leonardo 
também  quanto  ao  mês  :  Novembro  de  1550,  data  com  que  se  compa- 
gina  bem  o  texto.  Notámos  a  confusão  desta  carta  (Leite  I  262),  mas 
não  dispúnhamos  de  todos  os  elementos  para  a  corrigir,  aceitando  em 
1938  a  versão  de  «Avisi  Particolari»  (Leite  1  280). 

VI.  Impressão:  Copia  de  unas  Cartas .. .  Tresladadas  de  Portu- 
guês em  Castellano.  Recebidas  el  afio  de  ijji.  Título:  «Otra  embiada 
dei  Puerto  de  S.  Vicente»  [carta  n  9  e  última  do  opúsculo,  5  págs.  e 
meia]  ;  Avisi  Particolari  delle  Indie  di  Portogallo  [Roma  1552],  ff.  144- 
-155  [já  com  o  nome  do  autor]  ;  Diversi  Avisi  (Veneza  1559)  ff.  55V-60V ; 
ib  (Veneza  1565)  ff.  55V-60V  ;  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931) 
57  63. 

VII.  História  da  Impressão:  Cópia  imprime  a  tradução  espanhola; 
Avisi  e  Diversi  Avisi  a  tradução  italiana ;  Cartas  a  retroversão  portu- 
guesa (1). 

VIII.  Edição:  Reimprime-se  a  fonte  actual,  que  é  tradução  espa- 
nhola de  Cópia. 

Textus 

7.  Pergit  ad  meridiem  cum  Indis  olim  captivis  nunc  iam  libertati 
restitutis. — 2.  Pervenit  Portum  Securum.  —  3.  Per  mensem  in  oppido 
Spiritus  Sancti  manet.  —  4.  Prope  S.  Vincentium  navim  agressi  sunt 
Indi  amici  credentes  agi  de  navi  Franciae.  —  5.  Recognita  ut  navis  Por- 
tugaliae,  pergit  pacifice  versus  portum.  —  6.  Bene  acceptus  in  oppidis 
Sanctorum  et  S.  Vincentii.  —  7.  Adit  agrum  Piratiningae  et  promovei 
aedificationem  ecclesiae  ubi  sacrum  facit  et  communionem  distrtbuit.  — 
8.  Vtsitat  pagos  Indorum  agri.  —  9.  Redit  in  oppidum  S.  Vincentii  et 
dat  operam  aediftciis  domus  et  ecclesiae.  —  10.  Ei  in  mentem  venit  adire 
interiora  terrarum.—  11.  Superior  domus  de  instaurandis  bonis  mori- 
bus  et  hbertate  Indorum  agit. 


202 


P.  LEONARDO  NUNES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


[nv]  La  paz  y  amor  de  Christo  Nuestro  Senor  sea  siem- 
pre  en  nuestras  ánimas. 

1.  Aunque  la  poca  charidad  no  me  fuerce  a  os  escrevir 
tantas  vezes  como  desseo,  vuestras  santas  obras  y  el  gran 

5  amor  que  sé  que  me  tenéis  me  incitan  a  lo  hazer  siempre 
y  daros  de  mi  cuenta  también,  para  más  obligar  vuestra 
charidad  a  que  no  se  olvide  deste  vuestro  pobre,  y  tenga 
compassión  y  encomiende  a  Dios  esta  perdida  gentilidad. 
En  algunas  que  os  tengo  escritas,  Padres  y  Hermanos 

io  charíssimos,  os  he  dado  cuenta  como  en  esta  tierra  entre 
otros  males  avia  uno  en  los  christianos  muy  arraygado  y 
maio  de  arrancar  por  sus  codicias  y  interesses,  el  qual  era 
tener  muchos  Índios  injustamente  captivos 1,  porque  los 
yvan  a  saltear  a  otras  tierras  y  con  manas  y  enganos  los 

15  cativa van.  Y  trabajando  yo  mucho  sobre  esto  para  los 
quitar  de  las  manos  de  los  christianos,  pues  que  sin  peccado 
no  los  podían  tener,  algunos  por  descargo  de  [i2v]  sus  cons- 
ciências los  dexaron  libres,  y  me  los  entregaron. 

2.  Y  ordeno  el  Padre  Nóbrega  que  yo  los  llevasse  a  su 
20  tierra,  y  assí  me  embarque  con  ellos,  y  la  primera  jornada 

desembarcamos  en  la  Capitania  dei  Puerto  Seguro,  donde 
hallé  el  pueblo  muy  rebuelto,  y  unos  con  otros  muy  albo- 
rotados.  Estava  todo  cierto  en  punto  de  se  perder,  si  nues- 
tro Senor  por  su  misericórdia  no  los  socorriera,  trayéndolos 
25  a  la  paz  y  concórdia,  para  lo  qual  quiso  nuestro  Senor 
moverlos  de  tal  manera,  que  los  más  dellos  se  perdonaron 
publicamente  en  la  iglesia,  y  quedaron  muy  amigos,  y  a  los 
otros  proveyó  la  justicia  dei  Re}',  que  avia  llegado  en  una 
armada. 

30  3.  Tornando  a  embarcar  fuymos  a  dar  en  el  puerto  dei 
Spíritu  Sancto,  en  el  qual  no  estava  2  aún  el  Padre  Alonso 
Blas  3.    Y  desembarcando  nos  vino  a  recebir  alguna  gente 


1  índios  Carijós.  Leite  ii  196. 

2  «Estava»:  na  versão  espanhola  «abastava»,  que  não  faz  sentido. 

3  Toda  a  frase  «en  el  —  Blas»  (1.  31-32)  é  interpolação  da  tradução 
espanhola,  para  explicar  o  que  vem  a  seguir,  a  saber,  que  o  P.  Leonardo 


18.  -  S.  VICENTE  NOVEMBRO  DE  1550 


205 


de  la  tierra,  con  la  qual  venía  el  vicário  4  desta  Capitania, 
y  por  me  lo  rogar  mucho,  y  también  por  no  aver  hospital 
en  esta  tierra,  me  íuy  a  posar  con  él,  y  el  domingo  seguiente  35 
predique,  de  lo  qual  todos  fueron  muy  consolados,  porque 
nunca  tal  cosa  allí  avían  tenido.  En  esta  Capitania  la  mayor 
parte  de  la  gente  estava  en  pecado,  y  quiso  nuestro  Senor 
que  con  mi  llegada  se  començassen  a  mover,  de  manera  que 
en  poco  tiempo  en  muchas  ánimas  obró  el  Senor  mucho,  y  4° 
andavan  todos  muy  consolados  loando  al  Senor  que  ansí 
los  avia  visitado,  y  me  querían  por  fuerça  detener  que  no 
passasse  adelante.  Y  viendo  yo  la  necessidad  que  tenían, 
y  también  por  algunos  embaraços  que  sucedieron  a  los  dei 
navio,  me  detuve  con  ellos  un  mes  5,  y  hize  nueve  o  diez  45 
sermones,  y  oy  quasi  quarenta  confessiones,  y  se  apartaron 
muchos  de  pecado  mortal,  y  dos  hombres  se  casaron  con 
indias  que  tenían  en  casa;  y  ha  obrado  el  Senor  otras 
muchas  cosas  y  muy  provechosas  en  estas  ánimas,  entre 
las  quales  íué  mover  el  Senor  un  hombre  casado,  buena  5o 
lengua,  y  dióle  tal  spíritu,  que  no  queria  sino  yrse  comigo 
y  dexar  su  muger,  lo  qual  no  quise  consentir  aunque  tenía 
dél  mucha  necessidad  6.  En  quanto  allí  estuve  hazía  todas 
las  noches  la  doctrina  a  los  esclavos  que  allí  avia,  porque 
en  aquellas  oras  venían  de  trabajar  y  estavan  todos  juntos.  55 
Y  porque  eran  muchos  y  no  cabían  en  la  yglesia,  la  hazía 
en  una  plaçuela  ay  junto,  a  la  qual  venían  muchos  hombres 
blancos,  mugeres  y  moços,  y  en  el  cabo  de  la  doctrina  les 


Nunes  foi  morar  com  o  Vigário  e  não  com  Afonso  Brás,  cuja  carta,  do 
Espírito  Santo,  se  imprimiu  em  1552  imediatamente  antes  da  de  Leo- 
nardo Nunes  ;  e  com  outra  inexactidão  que  foi  a  de  se  atribuir  à  carta 
de  Nunes  a  data  que  pertence  à  de  Brás. 

4  P.  Francisco  da  Luz  {Doe.  Hist.  xm  [1929]  310 ;  Van  der  Vat, 
Princípios  243-245). 

5  Tendo  saído  da  Baía  a  1  de  Novembro  de  1549,  com  a  sua  parada 
em  Ilhéus  e  em  Porto  Seguro,  com  a  viagem,  e  aqui  «um  mês»,  parece 
que  já  seria  começado  o  ano  de  1550,  quando  seguiu  para  São  Vicente. 

6  Talvez  se  trate  já  de  Gonçalo  Alvares,  o  futuro  interlocutor  do 
Diálogo  sobre  a  Conversão  do  Gentio  de  Nóbrega,  que  diz  de  si-mesmo 
que  era  casado.  Leite,  Diálogo  45-47. 


204 


P.  LEONARDO  NUNES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


mandava  hazer  una  plática  por  aquel  hombre  casado  7,  que 

6o  tan  de  veras  se  convertió  a  Dios.  Y  en  la  matéria  que  yo 
le  sefialava,  dizia  tan  buenas  cosas  y  con  tanto  zelo  y  fer- 
vor, que  hazía  mucha  devoción  a  la  gente  y  se  consolavan 
mucho  de  lo  oyr.  Continuavan  con  grandes  desseos  la 
do-[i2v]ctrina  y  trabajavan  mucho  por  la  aprender,  y  dizían 

65  unos  a  otros:  «Este  es  el  verdadero  que  Dios  manda,  pues 
que  no  busca  interés,  sino  ensenar  a  todos  de  balde  8  las 
las  cosas  de  Dios»,  y  otras  muchas  cosas  que  oyéndolas 
me  confundia,  pues  no  era  capaz  delias.  Y  quando  la  pos- 
trera  noche  en  que  me  avia  de  despedir  dellos  vino,  enco- 

7°  mendéles  que  siempre  perseverassen  como  lo  avían  hasta 
allí  hecho,  que  el  Padre  vicário  los  ensenaría  como  yo,  por- 
que me  lo  tenía  assí  prometido.  Mas  con  todo  esto  queda- 
ron  muy  desconsolados  los  esclavos  por  el  amor  que  me 
avían  tomado.   Y  el  dia  seguiente  les  hize  el  postrer  ser- 

75  món,  y  al  cabo  despidiéndome  de  la  gente  fueron  tantas  las 
lágrimas  assí  en  hombres  como  en  mugeres,  que  no  me  pude 
sufrir  que  no  los  ayudasse  y  tuviesse  lástima  de  su  descon- 
solación,  consolándome  en  el  Senor  y  e  en  los  desseos  y 
buena  voluntad,  donde  su  desconsolación  procedia.  Echad 

80  allá  essos  ojos,  Hermanos  mios  en  Christo,  y  vereis:  quia 
messis  quidem  multa,  operarii  vero  pauci.  Rogate  igitur 
Dominum  messis,  ut  mitat  operários  in  messem  suam  9. 

4.  Tornando  a  embarcar,  diez  o  doze  léguas  junto  dei 
puerto  de  San  Vicente,  un  sábado  en  amaneciendo  venimos 

85  a  vista  de  unas  canoas  de  los  índios,  que  son  una  cierta 
manera  de  barcos  en  que  se  navega,  y  temiendo  que  fues- 
sen  contrários  de  los  christianos  tornamos  atrás  para  nós 
meter  más  en  el  mar.  Y  ellos  viendo  que  les  huyamos, 
vinieron  con  gran  prissa  tras  nosotros  y  en  breve  tiempo 


7  «E  tenho  falado  de  Deus  muito  por  mandado  dos  Padres»,  diz 
Gonçalo  Álvares;  e,  na  hipótese  de  ser  ele,  então  começou. 

8  «De  balde»  parece  tradução  espanhola  menos  expressiva,  do 
que  seria,  no  original  português,  não  receber  nada:  «gratuitamente». 
Debalde  em  português  significa  «em  vão». 

9  Mat.  9,  37-38. 


18.  -  S.  VICENTE  NOVEMBRO  DE  1550 


205 


nos  alcançaron,  y  llegando  preguntáronnos  quién  éramos.  90 

Y  porque  no  llevávamos  lengua  que  supiesse  bien  respon- 
der, dixieron  y  tuvieron  para  si  que  éramos  franceses  10,  a 
los  quales  tienen  grande  odio ;  y  uno  dellos  dixo  que  allí 
llevava  él  una  cabeça  de  un  nuestro  hermano  11  por  donde 
bebia,  lo  qual  ellos  usan  en  serial  de  grande  vengança.  95 

Y  diziendo  esto,  nos  començaron  de  cercar  al  rededor,  por- 
que eran  siete,  y  cada  una  tenía  treynta  o  xl  remadores, 
los  quales  corren  tanto  que  no  ay  navio  por  ligero  que  sea 
que  se  tenga  con  ellas.  Y  ellos  apercebidos  fueron  tantas 
las  ílechadas  sobre  nós  que  parece  que  llovía,  y  nuestro  100 
navio  vénia  tan  bien  apercebido  que  bernios  y  ropones 
ponían  por  paveses  con  que  se  amparavan.    Traymos  en 

él  dos  tiros  de  hierro,  mas  eran  tales,  que  al  primer  tiro 
que  tiraron  con  uno  dellos,  luego  la  câmara  en  que  el  tiro 
vénia  saltó  en  el  mar.  Yo  me  puse  a  un  rincón  dei  navio  105 
de  rodillas  pidiendo  socorro  al  Senor,  pues  que  de  nuestra 
parte  tan  poco  teníamos,  y  comencé  de  animarlos  y  exor- 
tarlos  que  se  encomendassen  de  verdadero  coraçón  al 
Senor,  arrepentiéndose  y  pediendo  perdón  de  sus  pecca- 
dos.   LJ3r]  Hízeles  una  plática  lo  mejor  que  pude.    Paré-  no 
cerne  que  todos  determinaron  consigo  que  si  de  allí 
escapassen  emendar  sus  vidas.    En  este  tiempo  los  índios 
no  nos  davan  espacio  ninguno,  siguiendo  y  acometiéndonos 
por  todas  partes,  y  cierto  que  parecían  diablos.  Todos 
andavan  desnudos,  como  es  costumbre  de  todos,  dellos  115 
tefiidos  de  negro,  y  otros  de  colorado,  y  otros  cubiertos  de 
plumas,  y  no  cessavan  de  tirar  ílechadas  con  grande  grita, 
y  otros  tanían  unos  búzios  con  que  hazen  alarde  en  sus 
guerras,  que  parecia  el  mismo  infierno ;  y  assí  nos  persi- 
guieron  passante  de  tres  horas.  De  manera  que  si  fueran  120 
contrários  y  nos  siguieran  un  poco  más,  ninguno  de  nós 


10  Polanco  {Chronicon  11  385),  induzido  pela  data  errónea  da  carta, 
narra  este  ataque  dos  índios  ao  navio,  depois  duma  viagem  que  fez  o 
P.  Leonardo  Nunes  em  Maio  de  1551  (carta  26,  de  20  de  Junho  §  6). 

11  Isto  é,  dum  «francês»,  como  cuidavam  os  índios  que  eram  os 
do  navio. 


206 


P.  LEONARDO  NUNES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


escapara  de  que  no  hizieran  su  manjar.  Flecháronnos  dos 
personas  y  una  delias  murió  en  saliendo  en  tierra,  porque 
las  ílechadas  eran  tales  que  passavan  las  tablas  dei  navio 
125  de  una  parte  a  otra. 

5.  Quiso  nuestro  Serior  que  vinieron  a  nós  conocer  por 
portugueses,  y  assí  nos  dexaron  y  fuimos  desembarcar  al 
puerto  de  Sant  Vicente,  y  sin  nós  detener  nos  partimos  day 
y  fuimus  a  dar  en  una  villa  llamada  Todos  Santos.  Y  fuimos 

13°  con  mucha  alegria  recebidos,  y  es  tan  grande  la  opinión 
que  han  cobrado  de  los  de  la  Companía,  por  causa  de  algu- 
nos  Hermanos  que  aqui  anduvieron  12,  que  se  venían  a  mí 
y  unos  me  besavan  la  vestidura  y  otros  el  bordón13,  de  que 
me  confundían  mucho  por  ver  que  mi  virtud  no  correspon- 

135  dia  a  lo  que  me  hazían.  Sea  todo  para  gloria  dei  Senor. 
Y  como  supe  que  no  avia  allí  hospital,  pedi  una  pobre  casa 
donde  me  recogí  con  los  índios,  y  les  hize  un  sermón,  a  lo 
qual  concurrió  mucha  gente  de  la  villa  de  San  Vincente  y 
de  otra  llamada  Sant  Amaro,  que  es  de  otra  Capitania  sobre 

14o  si 14,  de  la  qual  se  siguió  algun  fructo. 

6.  Y  despedime  de  todos,  quedando  ellos  muy  consola- 
dos, y  day  fui  dar  a  S.  Vincente  acompanándome  el  Capi- 
tán  15  y  otra  gente  alguna.  Y  en  llegando  hize  un  sermón 
donde  toda  la  gente  fué  muy  movida  de  Dios,  y  day  ade- 


12  Trata-se  de  Irmãos  que  agora  eram  tais,  não  que  antes  «como 
Irmãos»  tivessem  estado  em  São  Vicente.  Leonardo  Nunes  levava  con- 
sigo da  Baia  dez  ou  doze  Irmãos,  entre  «grandes»  e  «pequenos».  Parece 
tratar-se  de  «grandes»  e  um  deles  poderia  ser  Mateus  Nogueira,  rece- 
bido no  Espirito  Santo  (Leite  i  563),  e  houvesse  estado  antes  em  São 
Vicente.  E  até  talvez  Pero  Correia  (cf.  supra,  Introdução  Geral,  Cap.  11 
art.  17,  p.  45). 

13  Bordão:  pormenor  de  como  viajavam  os  primeiros  Padres  (cf. 
carta  [de  Maximiano]  29  §  2.) 

14  Capitania  de  Santo  Amaro,  de  Pero  Lopes  de  Sousa,  irmão  de 
Martim  Afonso  de  Sousa,  donatário  da  Capitania  de  São  Vicente.  Da 
Capitania  de  Santo  Amaro  era  Capitão  Jorge  Ferreira  por  Martim 
Afonso  de  Sousa  (não  o  donatário,  mas  outro  Martim  Afonso),  filho 
de  Pero  Lopes  de  Sousa  já  falecido  (Doe.  Hist.  xiv  [1929]  385  397). 

15  Capitão  de  São  Vicente  era  então  António  de  Oliveira.  Azevedo 
Marques,  Apontamentos  1  86. 


18.  -  S.  VICENTE  NOVEMBRO  DE  1550 


207 


lante  predicava  algunas  vezes;  y  lo  más  dei  tiempo  confes-  *45 
sava,  y  cada  dia  hazía  la  doctrina  a  los  esclavos ;  y  los  lunes, 
miércoles,  y  viernes  tanía  a  la  noche  la  campanilla  por  los 
finados.  De  manera  que  viendo  nuestro  Sefior  el  grande 
estrago  que  el  demónio  en  estas  almas  hazía,  porque  todos 
quasi  los  habitadores  destas  tres  villas  estavan  en  gravís-  15° 
simos  peccados  offuscados  assí  casados  como  solteros,  y 
mucho  más  los  sacerdotes,  los  començó  de  mover  y  traer  a 
tal  coníusión  y  sentimiento  de  sus  peccados,  que  todos  tra- 
bajavan  por  se  apartar  dellos,  unos  casándose  con  las  [13V] 
mugeres  y  Índias  que  tenían,  otras  echándolas  íuera,  y  otros  *55 
buscándole  maridos,  otros  determinando  de  vivir  castamente 
con  sus  mugeres,  y  todos  con  grandes  espantos  de  sí,  viendo 
su  ceguedad  y  peligro  en  que  estavan  tanto  tiempo  avia, 
porque  avia  muchas  almas  que  no  avían  sido  confessadas 
treinta  o  quarenta  anos  avia,  y  estavan  en  peccado  mortal,  160 
y  esto  publicamente. 

7.  Aqui  me  dixeron  que  en  el  Campo16  quatorze  o  quinze 
léguas  daqui,  entre  los  índios  estava  alguna  gente  Chris- 
tiana derramada,  y  passávase  el  ano  sin  oyr  missa  y  sin  se 
confessar,  y  andavan  en  una  vida  de  salvajes.  Viendo  esto  165 
determiné  de  yr  allá,  tanto  por  dar  remédio  a  estos  chris- 
tianos  como  por  verme  con  estos  gentiles,  los  quales  están 
más  apartados  de  los  christianos  que  todas  las  otras  Capi- 
tanias. Llevé  comigo  dos  lenguas  las  mejores  de  la  tierra, 
las  quales  después  se  determinaron  de  servir  a  Dios  en  17° 
todo  lo  que  yo  les  mandasse.  Y  yo  lo  acepté  así  por  la 
necessidad  como  por  ellos  ser  muy  aptos  para  esso  y  de 
grande  marca,  principalmente  el  uno  dellos  llamado  Pedro17 
Correa.  Y  yendo,  en  la  postrera  jornada  topamos  un  man- 
cebo con  unas  cartas  para  mi,  que  me  estavan  esperando,  175 


16  Campo  de  Piratininga. 

17  Na  versão  espanhola,  António.  No  original  português  estaria 
Pero,  abreviadamente  (P.°),  que  o  tradutor  desdobrou  em  António. 
Talvez  o  outro  Irmão  «língua»  fosse  Manuel  de  Chaves  recebido 
em  1550.  Leite  I  574.  —  Melhores  «da  terra»:  tanto  se  pode  entender 
«de  Sao  Vicente»,  como  «do  Brasil». 


208 


P.  LEONARDO  NUNES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


porque  ya  tenían  nuevas  que  yo  desseava  de  les  yr  a  ver. 
Trabajé  mucho  con  los  christianos  que  allé  derramados  en 
aquel  lugar  entre  los  índios,  que  se  tornassen  a  las  villas 
entre  los  christianos,  en  lo  qual  yo  los  hallé  muy  duros, 

180  tnas  en  íin  acabé  com  ellos  que  se  ayuntassen  todos  en  un 
lugar  y  hiziessen  una  hermita18  y  buscassen  algún  Padre 
que  les  dixesse  missa  y  confessasse.  Pusiéronlo  luego  por 
obra  y  tomaron  luego  campo  para  la  iglesia.  Gaste  dos  o 
tres  dias  con  ellos,  y  confesse  algunos  y  diles  el  Sanctís- 

185  simo19  Sacramento. 

8.  Después  desto  nos  fuimos  dar  con  los  índios  a  sus 
aldeãs  20  que  estavan  quatro  o  cinco  léguas  day.  Y  yendo 
hallamos  unos  Índios  que  andavan  con  grande  prissa 
haziendo  el  camino  por  donde  aviamos  de  yr,  y  quedaron 

19°  muy  tristes  porque  no  lo  tenían  acabado.  Llegando  a  la 
aldeã  se  vino  el  Principal  day  y  me  llevó  por  fuerça  a  su 
casa,  y  luego  se  hinchió  la  casa  de  índios,  y  otros  que  no 
cabían  quedaron  fuera  y  trabajaron  mucho  por  me  ver. 
Considerad  vós,  Hermanos  mios  en  Christo,  lo  que  mi  alma 

195  sentiria  viendo  tantas  almas  perdidas  por  falta  de  quien 
las  socorriesse!  Algunas  pláticas  les  hize  aparejándolos 
para  el  conocimiento  de  la  fe,  y  les  dixe  por  la  tristeza  que 
mostravan  por  me  yo  aver  luego  de  yr,  que  no  yva  sino  a 
verlos  y  que  otras  muchas  vezes  los  visitaria  si  tuviesse 

200  tiempo.  También  hallé  allí  al-[i4r]gunos  hombres  blancos, 
y  acabé  con  ellos  que  se  tornassen  a  los  christianos. 

9.  Y  day  me  torné  otra  vez  a  Sant  Vicente,  y  deter- 
miné  de  hazer  una  casa  21  en  que  nos  recogiéssemos,  y  con 


18  Parece-nos  ver  nesta  concentração  dos  Cristãos  e  ermida,  o  pri- 
meiro princípio  da  Vila  de  Santo  André,  invocação  da  Capela  onde 
Tomé  de  Sousa  fundou  depois  a  Vila  daquele  nome.  Leite,  Nóbrega 
e  a  fundação  de  São  Paulo  30. 

19  Sancto  na  versão  espanhola;  mas  deve  ser  desdobramento  da 
abreviatura  S°.,  que,  em  se  tratando  da  Eucaristia,  se  diz  Santíssimo. 

20  Estas  aldeias  do  Campo  de  Piratininga  ficam  indeterminadas, 
mas  uma  delas  sugere  já  a  lembrança  do  Principal  Tibiriçá. 

21  A  primeira  casa,  que  edificou;  depois  construiu  outra  maior 
(carta  26  §  1). 


18.  -  S.  VICENTE  NOVEMBRO  DE  1550 


209 


algunas  limosnas  de  los  moradores  la  acabe,  para  también 
poder  en  ellas  recoger  y  ensenar  los  hijos  de  los  gentiles.  205 
Al  presente  estoy  en  ella  con  ocho  Hermanos  que  acá  22 
nuevamente  recebimos,  y  dos  23  que  andan  agora  para  se 
determinar,  entram[b]os  de  buena  manera,  y  son  buenas 
lenguas  para  estas  partes.  Nuestro  Sefior  sea  servido  con 
todo,  y  haga  lo  que  más  fuere  su  gloria.  Por  tanto  vea  nuestro  210 
muy  amado  en  Christo  Padre  Mestre  Simon  quánta  neces- 
sidad  ay  acá  de  Hermanos  de  Coymbra,  assí  para  socorro 
y  orden  desta  casa,  como  para  muchas  necessidades  que  ay 
siempre  entre  christianos  y  gentiles  ;  y  por  yo  ser  solo  24, 
y  no  poder  socorrer  a  todo,  espero  en  el  Senor  que  él  lo  215 
proveerá  a  mayor  gloria  de  Dios. 

10.  Agora  queremos  enmaderar  una  iglesia  que  aqui 
tenemos  hecha.  Después  de  acabada  (lo  qual  será  muy 
presto) 25  determino  de  salir  por  esta  tierra  dentro  quasi 
dozientas  léguas  donde  he  de  gastar  algunos  seys  o  siete  220 
meses,  y  llevaré  comigo  quatro  lenguas  muy  buenas,  las 
dos  que  arriba  diximos,  y  las  dos  que  andan  para  entrar; 
nuestro  Sefior  nos  guie  para  su  loor  y  gloria. 

11.  Todo  lo  demás  dei  tiempo  que  ha  que  estoy  aqui,, 
fuera  tener  cuydado  destos  Hermanos,  siempre  me  ocupé  225 
en  confessar  y  predicar  algunas  vezes,  acudiendo  quando 
podia  a  otras  necessidades  espirituales,  y  exercitándome  en 
otras  obras  pias,  buscando  en  todo  la  salvación  de  las  almas. 

Y  no  con  poco  trabajo  por  ser  solo,  y  por  la  persecución 
de  algunos  deste  puerto,  porque  de  una  parte  fui  persiguido  230 


22  «Cá»,  isto  é,  no  Brasil. 

23  Estes  dois  línguas  candidatos  à  Companhia  ou  não  chegaram  a 
entrar  ou  não  perseveraram.  Porque  os  Irmãos  recebidos  até  então 
foram  aqueles  dois  já  nomeados  na  nota  16  (Pero  Correia  e  Manuel  de 
Chaves)  e  o  Ir.  João  de  Sousa.  Leite  i  573-574.  Mas  este  terceiro  não 
consta  que  fosse  «bom  língua».  Dos  que  não  perseveraram  um  cha- 
mava-se  Fernando  (carta  23  §  5),  outro  Maximiano  (autor  da  carta  29). 

24  «Só»,  no  sentido  de  Sacerdote ;  os  demais  eram  Irmãos. 

25  A  igreja  já  estava  emmadeirada  («forrada»)  e  já  concluída  a 
20  de  Junho  de  1551  (carta  26  §  1). 


210 


P.  LEONARDO  NUNES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


de  algunos  amancebados  por  los  querer  apartar  dei  pecado, 
y  por  trabajar  que  se  emendassen  y  tornassen  a  Dios;  y 
de  la  otra  era  atribulado  de  los  que  también  aqui  tenían 
los  negros  26  Carijós  christianos  captivos  por  los  aver  sal- 

235  teado  sin  los  querer  dexar,  teniéndolos  injustamente,  bus- 
cando yo  muchos  remédios  para  echar  este  mal  fuera  de  la 
tierra,  lo  qual  es  bien  maio  de  desapegar  porque  lo  tienen 
muy  arraygado  en  sus  coraçones,  de  los  quales  sale  desor- 
denada avaricia,  y  desseos  insaciables  de  bienes  temporales, 

240  que  en  muchos  reynan  acá  mucho.  Christo  nuestro  Sefior 
provea  como  más  fuere  su  servicio  y  provecho  de  las  almas, 
y  nos  dé  gracia  para  nuestros  trabajos  por  amor  dél  rece- 
bidos le  sean  aceptos. 

Desta  Capitania  de  Sant  Vicente  [Novembro  de  1550] 27. 

CARTAS  PERDIDAS  [1550] 

18a.  Do  P.  António  Pires  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra  (da 
Baía  1550).  «Por  algumas  cartas  que  el  afio  passado  de  1550  os  escre- 
vimos»,  diz  em  carta  aos  mesmos  Padres  e  Irmãos,  o  P.  António  Pires, 
de  Pernambuco,  2  de  Agosto  de  1551  §  1. 

18b.  Dos  Órfãos  portugueses  ao  P.  Pedro  Domenech,  Lisboa  (da 
Baía  1550).  «Tengo  cartas  de  ellos  dei  grandíssimo  fructo  que  allá 
hazen»,  escreve  Pedro  Domenech,  a  17  de  Fevereiro  de  1551  §  2.  Não 
se  conservam,  ou  não  se  conhecem,  outras  cartas  dos  Órfãos  senão  a 
da  Baía,  5  de  Agosto  de  1552. 

18c.  Do  P.  Afonso  Brás  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra  (de 
Ilhéus  1550).  «Depois  que  escrevi  el  afio  passado  estando  en  la  Capi- 
tania de  los  Illeos»,  —  diz  Afonso  Brás  na  carta  de  24  de  Agosto  de  1551 
(carta  34  §  1). 

i8d-e.  Do  Ir.  Diogo  Jácome  aos  Irmãos  de  Coimbra  (de  São 
Vicente  1550?).  «Como  nas  outras  mais  larguo  vos  escrevi», —  diz 
Diogo  Jácome  na  carta  de  20  de  Junho  de  1551  §  3. 


26  «Negros»,  aqui,  mas  são  os  mesmos  «índios»  de  que  fala 
no  §  1. 

27  Na  edição  de  Copia:  «a  xxmi  de  Agosto  de  M.  D.  li.». 


19. -ALMEIRIM  1  DE  JANEIRO  DE  1551 


211 


19 

DE  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 
A  TOMÉ  DE  SOUSA  GOVERNADOR  DO  BRASIL 

ALMEIRIM  1  DE  JANEIRO  DE  1551 

I.  Texto:  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro,  Cód.  i-i,  16,  i: 
«Copia  do  Livro  I  do  Registo  de  Provimentos  Seculares  e  Eccle- 
siasticos».  Título :  «Traslado  de  uma  Carta  que  El-Rei  Nosso  Senhor 
mandou  ao  Governador  Thomé  de  Souza,  por  que  lhe  manda,  que 
proveja  os  Padres  da  Companhia  de  Jesus,  que  nestas  partes  andam, 
do  que  lhe  for  necessário  para  seu  comer  e  vestir>. 

II.  Impressão  :  Documentos  Históricos  XXXV  (Rio  de  Janeiro  1937) 
p.  96-97. 

III.   Edição  :  Reimprime-se  o  texto  de  Doe.  Hist. 

Textus 

1.  Mandatum  regium  ut  Gubernator  ministrei  Patribus  S.  I.  in  Bra- 
sília degentibus  quidquid  necessarium  ad  victum  et  vestitum.  —  2.  Paires 
decem  numerabantur  ex  quibus  tres  mortui  sunt. 

1.  Thomé  de  Souza  Amigo.  Eu  El-Rei  vos  envio  muito 
saudar. 

Nessa  Capitania  do  Brasil  andam  alguns  Padres  e  Irmãos 
da  Companhia  de  Jesus,  os  quaes  folgarei,  que  sejam  pro- 
vidos do  que  lhes  for  necessário,  assim  para  seu  manti- 
mento, como  para  seu  vestido;  encommendo-vos,  e  mando- 
-vos,  que  lhe  façaes  dar  tudo  o  que  para  as  ditas  cousas 
houverem  mister;  pelo  traslado  desta,  e  vossos  Mandados, 
e  assento  do  Escrivão  do  Official,  que  lhe  as  ditas  cousas 
der,  mando  aos  Contadores,  que  lhe  levem  em  conta  o  que 
nisso  dispender.  Antonio  de  Mello  a  fez  em  Almeirim  ao 
primeiro  dia  de  Janeiro  de  1551.  André  Soares  a  fez  escre- 
ver, a  qual  vinha  assignada  por  Sua  Alteza  K 


1  Registada  no  Livro  da  Fazenda  do  Brasil,  ff.  31  (Doe.  Hist.  xiv 
[!929]  57-58  ;  ib.  xxxvil  [1937]  290). 


212 


MANDADO  DE  MANTIMENTO 


[Nota  à  margem :}  Por  que  Sua  Alteza  manda  dar  o  ves- 
15  tido  e  mantimento. 

2.  Estes  Padres  são  dez  2  os  que  o  Governador  assen- 
tou, que  [são]  conteudo[s]  no  mesmo  Alvará,  e  hão  de  haver 
de  seu  vestido,  e  calçado  cada  anno  56$  reis  à  razão 
de  5600  reis  cada  um.  Barros  3. 
20  O  Padre  Navarro 4  falleceu  ao  derradeiro  de  Abril 
de  1557,  e  até  então  venceu,  de  que  puz  esta  verba. 

O  Padre  Salvador  Rodrigues  5  falleceu  a  15  de  Agosto 
de  1553,  de  que  puz  esta  verba,  porque  inda  então  venceu. 
O  Padre  Leonardo  Nunes  falleceu  indo  para  o  Reino ; 
25  venceu  até  o  dia  que  partiu  de  São  Vicente  6. 

CARTA  PERDIDA 

19a.  De  D.  João  III  a  Tomé  de  Sousa,  Brasil  (Almeirim  [?]  prin- 
cípios de  1551).  «El  Rey  nuestro  sefior  escrevió  al  Governador  que  le 
escreviesse  se  avya  ya  Padres  en  todas»  as  Capitanias,  —  informa  Nóbrega 
a  Simão  Rodrigues,  de  Pernambuco,  11  de  Agosto  de  1551  §  4  (carta  33). 


20 

MANDADO  DE  MANTIMENTO  PARA  O 

P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
E  SEUS  COMPANHEIROS  NO  BRASIL 

SALVADOR  [BAÍA]  16  DE  JANEIRO  DE  1551 

I.  Texto  :  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro,  Cód.  1-19,  7,  2. 
Título:  «Cópia  do  Livro  1  das  Provisões  e  Mandados».  Mandado  n.  416. 


2  Dez:  os  primeiros  seis  da  expedição  de  1549  e  os  quatro  da 
expedição  de  1550.   Leite  i  560. 

3  António  Cardoso  de  Barros,  Provedor-mor. 

4  João  de  Azpilcueta  Navarro.  Leite  viu  83;  supra,  38. 

5  Leite  11  106. 

6  Não  se  conhece  o  dia  em  que  Leonardo  saiu  de  São  Vicente;  o 
em  que  naufragou  e  morreu  foi  30  de  Junho  de  1554.  Leite  VIU  16; 
supra,  37-38. 


21. -ALMEIRIM  17  DE  FEVEREIRO  DE  1551 


215 


II.  Impressão:  Documentos  Históricos  xm  (Rio  de  Janeiro  1929) 
p.  417;  ib.  xxxvii  (1937)  p.  153. 

III.  Edição:  Reimprime-se  o  texto  de  Doe.  Hist.  xxxvii,  conferido 
com  xm. 

Textus 

1 .    Subsidium  pro  sex  Patribus  S.  I.  cibis  solutum. 

1.  A  dezaseis  do  dito  mez  e  era  [Janeiro  de  mil  quinhe- 
ntos, e  cincoenta  e  um]  passou  o  Provedor-mor 1  mandado 
para  Christovão  de  Aguiar,  Almoxarife  dos  Armazéns  desta 
Cidade  do  Salvador,  que  pagasse  ao  Padre  Manuel  de 
Nóbrega,  Maioral  dos  Padres  da  Companhia  de  Jesus,  seis 
alqueires  de  farinha  pela  medida  da  terra,  e  doze  canadas 
de  vinagre,  e  seis  canadas  de  azeite  pela  medida  do  Reino, 
que  é  a  regra  e  mantimento,  que  haviam  de  haver  os  ditos 
seis2  Padres  deste  mez  de  Janeiro  de  mil  quinhentos  e  cin- 
coenta e  um,  e  que  por  elle  com  seu  conhecimento  pelo 
Escrivão  de  seu  cargo  assignado  por  ambos,  em  que  declare 
receber  de  vós  as  ditas  cousas;  e,  com  Certidão  do  Escrivão 
da  Matrícula  de  como  fica  posta  verba  no  caderno  dos  man- 
timentos, lhe  sejam  levados  em  conta  3. 

21 

DO  P.  PERO  DOMENECH 
AO  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA,  ROMA 

ALMEIRIM  17  DE  FEVEREIRO  DE  1551 

I.  Texto :  ARSI,  Hist.  Soe.  ijo-i,  ff.  93r-96v  [antes  «Epp.  Quadri- 
mestres  i547-i555>,  f.  74r-77v  e  mais  antigo  476r-479v].  Autógrafo  espa- 
nhol. 


1  António  Cardoso  de  Barros. 

2  A  ordem  régia  de  pagar  a  mais  de  seis  [Doe.  19]  ainda  não  tinha 
■chegado  ao  Brasil. 

3  Este  mandado  difere  de  outros,  que  se  pagavam  em  ferro :  este 
cm  alimentos. 


214 


P.  PERO  DOMENECH  -  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 


II.  Impressão  :    Epp.  Mixtae  n  (1899)  504. 

III.  História  da  Impressão  :  Epp.  Mixtae  imprime  toda  a  carta 
[págs.  503-511],  mas  no  índice  final  na  palavra  «Brasília»  (p.  916)  omi- 
tiu-se  a  referência. 

IV.  Edição  :  Reimprime-se  o  texto,  no  que  toca  ao  Brasil,  de  Hist. 
Soe.  iyo-7. 

Textus 

1.  Inchoatio  Collegii  Orphanorum  Olisiponensis.  —  2.  Labores  sep- 
tem  Orphanorum  qui  in  Brasiliam  missi  fuerant  a  Rege  Portugaliae.  — 
3.  Munificentia  Régis,  patris  omnium. 

+  Jesús  + 

[931-]  Muy  Reverendo  y  en  Nuestro  Sefior  Padre  mio 
observantísimo 

[Introdução] 

5  1.  Ya  escriví  a  V.  R.  el  principio  desta  casa,  cómo  fué 
de  moços  perdidos,  ladrones  y  maios,  que  acá  llaman  patifíes 
y  allá  marioli;  y  cómo  el  Senor  dió  gracia  para  se  princi- 
piar, ahunque  el  demónio  trabajó  açaz  para  la  estorvar,  y 
ahún  no  la  deixa,  como  quien  es,  y  assí  spero  en  el  Senor 

10  que  el  fructo  desta  vinya  1  le  a  de  amargar  y  quebrar  la 
cabeça,  y,  a  gloria  de  Dios,'  ya  le  tiene  tirado  de  las  unyas 
muchas  almas,  que  agora  sirven  a  Dios. 

2.  Destes  ninyos  embió  el  Rey  2  el  anyo  passado  3  siete 
al  Brasil  para  ensenyar  a  los  hijos  de  aquellos  gentiles. 

15  Tengo  cartas  dellos  dei  grandíssimo  fructo  que  allá  hazen  ; 
de  manera  que,  quando  uno  destes  nuestros  ninyos  salle 


10    vinya  prius  vinha 


1  O  autor,  catalão,  tinha  escrito  vinha  e  emendou  para  vinya  ;e 
assim,  outras  vezes,  usa  o  fonema  tty  com  o  valor  de  nh  português  ou 
u  espanhol. 

2  D.  João  III  Rei  de  Portugal. 

3  Carta  11  §  1. 


21. -ALMEIRIM  17  DE  FEVEREIRO  DE  1551 


215 


fuera,  se  ajuntan  más  de  dozientos  ninios  de  los  gentiles, 
y  lo  abraçan  y  ríen  con  éll  haziéndole  mucha  fiesta,  y  vie- 
nen  allí  a  la  casa  de  los  ninyos  a  aprender  la  doctrina,  y 
después  van-[93v]se  a  sus  casas  a  amostrar  y  ensenyar  a  20 
a  sus  padres  y  hermanos;  y  los  gentiles  tienen  ya  hecha 
huna  hermida  allá  dentro  de  la  tierra,  adonde  tienen  una 
cruz,  y  los  ninyos  Índios  ajúntanse  allí  y  hazen  oración  y 
ensinan  a  los  otros  la  doctrina  que  los  nuestros  ninyos  les 
ensinyan ;  y  como  son  mochachos,  luego  aprenden  de  manera  25 
que  ya  los  nuestros  ninos  entienden  muchas  cosas  de  su 
lengua.  Bendito  sea  el  Senor  para  siempre. 

3.  Agora  el  Rey  les  manda  vestidos,  y  camisas,  y 
libros  4,  y  todo  lo  que  piden:  este  Príncipe  es  tan  bendito, 
que  es  padre  de  todos.  3° 

[Do  que  faziam  os  órfãos  mesmo  diante  dos  reis,  e  da  sua 
educação  incluindo  cantos  e  danças] 

[96V]    De  Almerin  5  a  XVII  de  Hebrero  1551. 

[Confrarias  do  Nome  de  Deus  contra  os  blasfemadores] 

De  V.  R.  in  Christo  filius  35 
  Pedro  Doménec  6. 

26    nifíos  prius  ninhos 


4  Livros  escolares  —  pois  estavam  no  Colégio  dos  Meninos  de 
Jesus  —  e  de  doutrina,  como  diz  o  texto. 

5  Almerin,  em  português  Almeirim,  vila  a  90  quilómetros  de  Lis- 
boa, em  frente  de  Santarém,  da  outra  banda  do  Tejo,  com  Palácio  Real 
no  século  xvi,  onde  a  Corte  ia  passar  temporadas. 

6  Assinatura  autógrafa;  mas  os  espanhóis  costumam  escrever 
Doménech,  e,  nos  documentos  portugueses,  Pero.  —  Noutra  carta  do 
mesmo  Padre,  ao  mesmo  P.  Inácio,  de  Lisboa,  1  de  Abril  de  1551,  depois 
de  dizer  que  a  9  de  Março  tinham  ido  para  a  índia  nove  órfãos,  continua: 

«Trabajamos  de  criar  otras  plantas,  y  son  bien  necessárias,  porque 
después  enbié  dos  al  Brasil,  los  quales  me  dezían,  que,  pues  el  Senor 
fuera  servido  que  ellos  no  fuessen  a  la  índia,  que  a  lo  menos  los  enbiasse 
al  Brasil,  adonde  holgavan  más  de  hyr  que  a  la  índia,  porque  en  la  Índia 
podría  ser  que  la  cubdicia  que  allá  anda  los  enganyasse,  y  que  ellos  no 


216 


P.  JUAN  DE  POLANCO  P /  C  -  P.  CLÁUDIO  LE  JAY 


[Endereço  autógrafo :]  [f.  o,6v]  Al  muy  Reverendo  y  en 
el  Senor  Padre  mio  el  Padre  maestro  Ignacio  prepósito  de 
la  Companya  dei  nombre  de  Jesú  en  Roma. 

22 

DO  P.  JUAN  DE  POLANCO  POR  COMISSÃO 
DO  P.  GERAL  AO  P.  CLÁUDIO  LE  JAY*, 
EICHSTADT 

ROMA  25  DE  FEVEREIRO  DE  1551 

I.  Bibliografia:  Schurhammer,  Quellen  4624 ;  Streit-Dindinger 
xv  415,  n.  1308. 

II.  Texto:  ARSI,  Epp.  NN.jj,  f.  1791--179V  [antes  i59r-i59v].  Minuta 
autografa  em  italiano.  No  verso  da  mesma  letra:  «Copia  de  una  per 
D.  Cláudio  monstrabile  al  vescovo  de  Aisteth». 

III.  Impressão:  P.  Christoph  Genelli  S.  I.,  Das  Leben  des  heili- 
gen  Ignatius  vou  Loyola,  Stifters  des  Gesselschaft  Jesu.  MU  Benutsung 
der  authentischen  Akten,  besonders  seiner  eigenen  Briefe  (Innsbruck  1848) 
n.  4 ;  Cartas  de  San  Ignacio  11  (Madrid  1875)  Append.  1,  n.  40,  pp.  452- 
454;  MI  Epp.  iil  328-331. 

IV.  Edição:  Imprime-se  o  autógrafo. 

Textus 

1.  Ad  Universitatem  Ingolstadii  duos  Patres  S.  I.  poscit  Dux  Bava- 
riae  cui  proponitur  Portugaliae  excmplum.  —  2.  Rex  Portugaliae  Colle- 
giutn  fundavit  ex  quo  quamplurimi  Patres  Brasiliam  aliasque  missiones 
Portugaliae  imperii  petierunt.  —  3.  Et  etiani  in  pátria  laborant :  Dux 
Bavariae  in  sua  natione  idem  /acere  potest. 


querían  hyr.  sino  a  lugar  adonde  se  aprovechasse  el  alma  ;  y  esto  pedían 
genibus  flexis  cum  lachrimis.  Ya  son  partidos  y  con  muy  buen  tiempo  ; 
y  el  Rey  a  mandado  provisión  de  vestido  para  los  más  que  allá  stán». 
Hist.  Soe.  170-1,  i.  99V  ;  cf  Epp.  Mixtae  11  535,  mas  também  desta  refe- 
rência ao  Brasil  não  diz  nada  o  índice,  p.  916. 

*  Cláudio  Le  Jay  (ou,  alatinizado  o  nome,  Cláudio  Jaio)  nasceu 
em  Mieussy  (Alta  Sabóia)  entre  1500-1504.  Foi  um  dos  primeiros  Padres 
da  Companhia  (1535)  e  faleceu  em  Viena  de  Áustria  em  1552  (Mon. 
Roderici  258-264  ;  Fontes  Narr.  1  39). 


22.  -  ROMA  23  DE  FEVEREIRO  DE  1551 


217 


+ 

IHS 

Reverendo  et  charissimo  in  Christo  Padre 

1.  Questa  scrivo  per  comissione  de  N.  P.  Maestro  Igna- 
tio,  per  dechiarar'  piú  difussamente  alcune  cose,  circa  le 
quale  si  rimette  a  V.  R.  in  una  che  scrive  al  Reverendíssimo  5 
Vescovo  de  Aysteth  1,  a  cui  Signoria  Reverendíssima  nos- 
tro  Padre  porta  special  reverentia  et  amore  nel  Signor  nos- 
tro,  et  haveria  charo  de  compiacerlo  et  servirlo  in  quanto 
sua  conscientia  si  quietasi  de  non  prejudicar'  al  servitio 
maggior  de  Dio,  et  ben  piú  universale  dell'anime.  10 

Ma,  perchè  intenda  il  successo  V.  R.,  sapia  che  la  bona 
memoria  dei  Illustrissimo  Ducha  Vuilhelmo  2,  predecessore 
et  padre  dei  moderno  Ducha  3,  fece  instantia  diverse  volte 
per  obtener  delia  Sede  Apostólica  duoi  delia  Compagnia 
nostra  per  lectori  nella  Università  de  Ingolstadio.  r5 

2.  Et  essendo  parlato  a  N.  Padre,  fra  altri,  per  il  Reve- 
rendíssimo Cardinale  di  Santacroce  4  per  parte  de  S.  Signo- 
ria, dimostrò  come  non  li  pareva  essere  servitio  de  Dio  che 
persone,  quali  potevano  essere  utili  a  molte  anime  et  populi 
con  la  predicatione  et  gli  altri  mezi  d'essercitar  la  charità  20 
che  la  Compagnia  usa,  si  ligassino  in  un  loco  per  lectori,  ma, 

si  rillustrissimo  Ducha  haveva  desiderio  d'aggiutare  la  doc- 
trina  catholica  et  relligione  nello  suo  stato,  et  anche  dei  canto 
suo  in  tutta  Alemagna,  che  doveria  fundare  uno  collegio  per 
la  Compagnia  nostra,  dove  fossi  uno  seminário  de  operarii  25 
catholici  et  docti  per  predicar  et  insegnare  in  diversi  populi 
la  parola  de  Dio,  et  far'  poi  come  il  Re  de  Portugallo  5  ha 
fatto,  il  quale,  domandando  doi  per  il  suo  regno  et  per  le 


1  Maurício  de  Hutten  (MI  Epp.  m  331). 

2  Guilherme  IV  (ib.  329). 

3  Alberto  V  (ib.  329). 

4  Marcelo  Cervini,  depois  Papa  Marcelo  II. 

5  D.  João  III. 


218 


P.  JUAN  DE  POLANCO  P/C  -  P.  CLÁUDIO  LE  JAY 


Indie,  ha  fatto  un  collegio  6  per  scholari  di  questa  Compa- 

3°  gnia,  et  in  quello  si  sono  fatti  tanti  operarii,  che  lui  ha  pro- 
visto  1'Indie  in  diversi  loghi,  tanto  quelle  de  Goa  et  Malacha 
et  verso  il  Malucho,  quanto  altre  de  Ormuz  et  Magnicongo 
in  Ethiopia,  et  diversi  loghi  dei  Brazil  et  etiam  de  Africa. 
3.    Et  nel  suo  regno  de  Portugalo,  oltra  li  loghi  prin- 

35  cipali  de  Lisbona  et  Coimbra,  andano  per  diversi  loghi 
sparsi  molti  predicatori  et  confessori,  uscendo  dei  collegio, 
quando  io,  quando  15  predicatori  et  confessori  de  un  trato. 
Et  con  essere  forsa  piú  de  250  persone  delia  Compagnia 
nel  suo  dominio,  non  se  gli  può  cavar'  nessuno  de  le  mani, 

40  volendoli  per  gli  suoi  subditi,  per  veder  fructo  tanto  nota- 
bile,  che  tal  anno  si  sono  convertiti  per  mezo  loro  piú  de 
80  mille  infideli.  Et  cosi  li  ha  fatto  altri  diversi  collegii,  et 
datoli  nelle  cose  delia  relligione  tutta  la  sua  auctorità,  mero 
et  mixto  império,  nelle  Indie,  trovandosi  ogni  di  meglio  dei 

45  collegio  de  Coimbra  fatto,  dei  quale  è  uscito  et  esce  detto 
fructo.  Che  poteva  adunque  far  similmente  il  Ducha  Vui- 
lhelmo,  et  cerrar  nel  suo  dominio  quelli  operarii  che  si  alle- 
vasino  nel  suo  collegio.  Questo  parse  molto  bene  a  Papa 
Paulo,  felicis  recordationis,  et  alli  Reverendissimi  Cardinali 

50  di  Santacroce  et  Mafeo  7,  con  li  quali  si  tratava  questa  cosa. 

[Assuntos  sem  relação  com  o  Brasil] 
De  Roma  23  de  Febraro  1551. 


CARTAS  PERDIDAS 

22a-b.  Cartas  dos  M oradores  de  Porto  Seguro  ao  P.  Nóbrega  e  a 
Tomé  de  Sousa,  Baia  (Porto  Seguro,  por  Março  de  1551).  Os  moradores 
de  Porto  Seguro,  antes  do  dia  23  de  Março,  em  que  saiu  dali  para  o 
Espírito  Santo  o  P.  Afonso  Brás,  «escrevieron  al  P.  Nóbrega  y  al  Gover- 
nador que  no  consentiessen  que  de  allf  me  fuesse  a  otra  parte», — 
escreve  Afonso  Brás  a  24  de  Agosto  de  1551  §  1  (carta  34). 


6  Colégio  de  Coimbra. 

7  Bernardino  Maffeo  (ib.  330). 


23.  -  S.  VICENTE  8  DE  JUNHO  DE  1551 


219 


23 

DO  IR.  PERO  CORREIA 
AO  P.  BELCHIOR  NUNES  BARRETO,  COIMBRA 

[S.  VICENTE]  8  DE  JUNHO  DE  1551 

I.  Bibliografia  :    Cimélios  498;  Leite  viu  175  n.  3. 

II.  Autores:  Polanco  ii  440;  Afrânio  Peixoto,  Cartas  Avul- 
sas 92-93 ;  Leite  ii  546. 

III.  Texto: 

1.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro:  [S.  Roque,  Lisboa],  1-5, 
2,  38.  ff.  194V-195V.  Título :  «Copia  de  huma  [carta]  do  Irmão  Pero  Cor- 
rea, o  qual  foi  morto  dos  brasis,  a  oito  de  Junho  de  1551,  pera  o  Padre 
Mestre  Belchior  Nunez  em  Coimbra».  Apógrafo  português,  coevo,  com 
algumas  palavras  ou  letras  já  hoje  ilegíveis. 

2.  ARSI,  Bras.  j-i,  f.  25V  [antes  195V].  Tradução  espanhola  resu- 
mida (só  os  §§  3-4). 

IV.  Lugar  :    Tira-se  do  texto  :  «Deste  Sam  Vicente». 

V.   Impressão  :    Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  90-92. 

VI.  Edição  :  Imprime-se  o  apógrafo  (1),  suprindo  pelas  Avulsas 
[entre  cancelos]  as  letras  ilegíveis. 

Textus 

1.  Epistolae  ad  Collegiutn  Conimbricense.  —  2.  P.  Leonardus  Nunes 
cum  aliquibus  Fratribus  adivit  interior  a  terrarum.  — 3.  Navigatio  flu- 
minis,  lintres  et  difficultates  itineris.  —  4.  Ministério  Patris  Nunes  et 
Fratris  Correia  in  Praefectura  S.  Vincentii.  —  5.  Homo  aliquis  per- 
cutere  voluit  Pairem  Nunes  sed  impeditus  est  a  foemina  inda.  —  6.  Vinea 
Brasiliae  magna  est,  operarii  vero  desunt. 

A  graça  e  a  paz  de  Christo  seja  sempre  em  nossos 
corações.  Araen. 

1.  Charissimo  Padre.  Com  o  pouco  conhecimento  que 
elle  de  my  tem  e  eu  d[elle],  verá  que  se  alguma  migalhi- 
nha  de  charidade  causou  esta  carta  se  [escre]ver,  não  hé 


220 


IR.  PERO  CORREIA  -  P.  BELCHIOR  NUNES  BARRETO 


minha,  mas  de  quem  me  tem  a  obediência  1  que  ma  man[dou 
fa]zer.  A  primeira  cousa  que  lhe  diguo  hé  estarmos  todos 
mui  desconsolados]  de  não  termos  reposta  das  cartas  que 
por  tres  vias  escrevemos  a  [esse  Collejgio  aguora  há  hum 

!o  anno  2,  e  outro  tanto  há  que  não  temos  recado  da  Baya  [de 
Tojdos  Sanctos,  donde  está  o  P.e  Nobregua.  A  isto  não 
sabemos  que  dizer  ma[is]  que  louvar  a  Nosso  Senhor  e 
estar  esperando  que  no[s]  socorrão  Padres,  que  esperamos 
que  de  llaa  venhão  pera  que  com  sua  vinda  começarmos 

15  de  sair  por  entre  o  gentio  desta  terra,  com  o  qual  há  assás 
que  entender  pelo  pouco  conhecimento  que  tem  de  Deus. 

2.  O  Padre  3  foi  deste  Sam  Vicente  entre  os  índios  [i95r] 
jornada  de  quinze  dias  e  levou  consiguo  alguns  Irmãos  e 
eu  era  hum  delles.  Por  todos  os  luguares  e  povoações  que 

20  passávamos  me  mandava  preguar-lhe  nas  madruguadas, 
duas  horas  ou  mais;  e  era  na  madruguada  porque  emtão 
era  custume  de  lhe  preguarem  os  seus  Principaes  e  Pages, 
a  que  elles  muyto  crem.  E  por  laa  por  onde  fomos  fallando 
com  todos  os  Principaes,  nos  diziam  que  queriam  aprender 

25  a  fee  de  Christo,  e  mostravão-se  alguns  delles  escãodaliza- 
dos  porque  não  começavão  loguo  a  os  emsinar.  E  o  Padre 
se  lhe  escuzava,  dizendo  que  não  poderá  ser  atee  não  virem 
Padres  do  Reino,  pollos  quaes  esperávamos  cada  dia;  que 
se  aparelhassem  elles  entretanto  com  as  vontades,  que 

3°  elles  não  tardarião.  A  tudo  nos  davão  muito  boa  reposta, 
mas  comtudo  á-de  aver  mui  grande  trabalho  em  os  meter  a 
caminho. 

3.  Em  esta  jornada  que  fizemos,  fomos  alguns  oyto 
ou  nove  dias  por  hum  rio  abaixo 4  em  cascas  de  paos, 

35  e  primeiro  que  tirássemos  as  cascas  em  que  aviamos  de 
embarcar  se  nos  guastou  o  mantimento,  porque  nos  pose- 
mos a  fazer  almadias  de  hum  pao  molle,  e  quebrarão-se 


1  P.  Leonardo  Nunes. 

2  Desta  data  (Junho  de  1550)  não  se  conhece  nenhuma  carta  man- 
dada de  São  Vicente. 

3  Leonardo  Nunes. 

4  Rio  Tietê.   Só  na  ida  gastaram  15  dias  (carta  25  §  1). 


25.  -  S.  VICENTE  8  DE  JUNHO  DE  1551 


221 


depois  de  íeitas.    E  andando  em  trabalho  de  fazer  em  que 
nos  embarquasemos,  cheguarão  huns  índios  que  vinhão 
pollo  rio  assima  com  numa  casca,  a  qual  por  ser  pequena  4° 
não  podia  com  maes  que  com  o  fato  e  sete  pessoas,  e  outras 
sete  não  tinhão  embarquação  nem  de  que  a  fazer,  e  era-nos 
necessário  ir  pollo  rio  abaixo  a  huma  certa  parte  onde  esta- 
vão  os  paos  dos  que  tem  aquellas  casquas  pera  tirar  alguma, 
porque  não  nas  há  em  todo  mato.    E  dos  que  forâo  polia  45 
agoa,  ora  a  pee,  ora  a  nado,  foi  o  nosso  Padre  hum  delles, 
e  iria  polia  agua  me  parece  bem  huma  legoa,  e  era  polia 
menhãa  e  em  tempo  de  inverno;  e  quando  se  acolheo  à 
canoa  5,  que  assi  se  chamão  aquellas  casquas,  não  se  podia 
valer  com  frio,  e  aquelle  dia  pousamos  onde  tiramos  duas  5o 
quascas  e  com  outra  que  já  traziamos  eram  tres. 

E  assy  fomos  nosso  caminho  passando  por  aquelle  rio 
passos  muy  periguozos  de  saltos  muytos  que  tinha  em 
luguar  de  pedra,  e  a  fome  apertava  comnosco  e  comiamos 
alguns  palmitos  cozidos  em  agoa  tal 6  e  algumas  fruitas  55 
bem  desengraçadas,  de  maneira  que  quando  cheguamos  a 
povoado  levávamos  as  cores  muy  demudadas.  Outras 
muytas  misérias  passamos  que  não  tem  conto. 

4.  Mui  grande  principio  á  já  quaa  em  algumas  almas 
deste  gentio  desta  Capitania,  as  quaes  [195V]  almas  tem  60 
feito  grandes  mostras,  em  especial  alguns  que  o  Padre 
doutrinou  aqui  nesta  nossa  cassa,  onde  todos  os  dias  de 
manhã  lhe  fazem  doutrina  e  sobre  a  doutrina  pratiqua  em 
a  sua  lingoa,  a  qual  lhe  eu  soia  fazer  hum  dia  e  outro  não, 
e  agora  lha  faço  às  quintas-feiras,  dominguos  e  dias  san-  65 


46    agua  sup.     64    eu  dei.  fazia 


5  Canoa  é  nome  comum  em  português.  Quer-nos  parecer  que  no 
original  estaria  escrito  ubá,  embarcação  indígena,  de  uma  só  peça  de 
madeira  («huma  casca»),  e  que  o  copista  traduziu  pela  palavra,  que 
achou  seria  o  sentido  dessa  espécie  de  embarcações. 

6  A  tradução  espanhola  suprime  esta  palavra  «tal»  :  «cozidos  en 
agua». 


222 


IR.  PERO  CORREIA  -  P.  BELCHIOR  NUNES  BARRETO 


tos.  E  huma  india  destas  doutrinadas  se  alevantou  huma 
noute  a  preguar  por  estas  ruas  de  São  Vicente,  e  com  tanto 
fervor  que  poos  a  homens  e  molheres  em  muita  confusão. 
E  hé  de  maneira  que  algumas  destas  Índias  assi  doutrina- 

7°  das  são  espelho  não  tam  somente  a  seus  parentes  e  paren- 
tas, mas  a  muytas  das  molheres  de  Portugual 7  que  caa  há. 

5.  E  huma  destas  s  se  achou  humas  dez  legoas  9  daqui, 
onde  quiserão  tratar  mal  a  nosso  Padre  e  o  ameaçarão 
com  hum  pao,  e  o  ameaçador  foi  hum  homem  10  que  há 

75  quarenta  annos  11  que  está  nesta  terra,  e  tem  já  bisnetos 
e  sempre  viveo  em  peccado  mortal,  e  anda  escommun- 
guado  12,  e  o  Padre  não  quiz  dizer  missa  com  elle,  e 
daqui  veo,  depois  da  missa  acabada,  a  querê-llo  maltra- 
tar, porque  elle  hé  posante,  mas  a  india  alli  preguou  muito 

8o  rijo  e  com  mui  grande  fee,  offerecendo-sse  a  padecer  de 
companhia  com  o  Padre  se  comprise.  Eu  não  me  achei  alli, 
mas  comtarão-mo  dous  Irmãos  muito  boas  lingoas  que  ião 
com  o  Padre,  hum  delles  se  chama  Manoel  de  Chaves13 


7  «Muytas»  portuguesas.  Uma  delas,  a  mulher  de  Luís  de  Góis, 
a  que  se  referirá  Nóbrega  (carta  58  §  12). 

8  Costuma-se  identificar  esta  índia  com  Isabel  Dias  (Bartira  ou 
Mbci)  com  quem  vivia  João  Ramalho. 

9  No  Campo  de  Piratininga,  que  parece  ser  S.  André  da  Borda  do 
Campo,  onde  o  P.  Leonardo  Nunes  fez  que  se  erguesse  uma  ermida, 
onde  celebrou  missa  (carta  18  §  7). 

10  João  Ramalho.  «Tem  já  bisnetos»,  o  que  confere  com  a  carta 
de  Tomé  de  Sousa  de  1  de  Junho  de  1553  (Hist.  da  Col.  Port.  do  Bra- 
sil III  365). 

11  Segundo  este  cômputo,  chegou  ao  Brasil  em  1511. 

12  «Anda  excomungado»,  pena  pública,  já  antiga  por  ser  casado 
em  Portugal  e  viver  com  outra  mulher.  A  esta  situação  irregular  pro- 
curará Nóbrega  dar  remédio  na  sua  carta  de  31  de  Agosto  de  1553 
(carta  75  §§  4-5). 

13  Manuel  de  Chaves,  nasceu  na  Vila  de  Moreira  (Moreira  da  Maia), 
diocese  do  Porto,  por  1514.  Diz-se  que  faleceu  em  1590,  com  73  anos, 
mas  o  Cat.  de  1574  tem  que  entrou  na  Companhia  em  1550  com  36  anos 
(Bras.  j-z,  f.  14V).  Grande  língua.  Nóbrega  considerava-o  «muito  boa 
coisa»,  e  o  Provincial,  por  ocasião  da  sua  morte  em  São  Paulo  de  Pira- 
tininga, a  18  de  Janeiro  de  1590,  diz  que  foi  «o  melhor  ou  dos  melhores 


24.  -  S.  VICENTE  20  DE  JUNHO  DE  1551 


225 


e   o  outro  Fernando  M,  moço   de   quinze   até  dezoyto 
annos.  85 

6.  Há  quá  tanta  miséria  que  se  as  ouvesse  todas  des- 
crever, sei  que  lhe  porião  grande  magoa  em  seu  coraçam  ; 
mas  as  mores  sam  as  destas  pobres  almas  que  por  todo 
este  Brasil  e  toda  esta  costa  se  perdem,  em  que  averá 
mais  de  duas  mil  legoas,  e  tudo  gente  que  não  conhece  a  9° 
Deus.  Ora  pois,  charissimo  Padre,  em  tamanha  vinha 
bem  á  hi  que  cavar,  mas  faltão  os  cavadores. 

Nosso  Senhor  nos  dê  muyto  em  que  o  sirvamos  e  nos 
acabe  em  seu  serviço.  Amen. 

Pobre  servo  95 

Pero  Correa. 


24 

DO  IR.  PERO  CORREIA 
[AO  P.  JOÃO  NUNES  BARRETO],  ÁFRICA 

[S.  VICENTE  20  DE  JUNHO  DE  1551] 

I.  Bibliografia:  B.  Machado  iii  560;  Citnélios  493;  Sommervogel 
11  1482  n.  2;  Streit  ii  335  n.  1218;  Leite  viu  175  n.  2. 

II.   Autores :  Leite  ii  297. 

III.    Texto  :  Original  português  perdido. 
1.   ARSI.  Bras.  j-i,  ff.  25V-26V  [antes  195V-196V].  Título:  «De  otra 
dei  mismo  Pedro  Correa  para  los  Hermanos  que  están  en  África». 


91    vinha  in  margine  sinistro  ;  prius  dei.  necessidade 


operários  que  até  agora  tem  tido  esta  Província  para  a  conversão»  [dos 
índios].  No  fim  da  vida,  quase  cego,  «só  com  pele  e  ossos»,  ainda  andava 
a  pé  a  visitar  as  Aldeias,  com  «infinitos  trabalhos».  Leite  i  294;  cf.  ib. 
*  57- 

14  Fernando  não  torna  a  aparecer;  mas  aparece  Fabiano,  e  talvez 
seja  desdobramento  da  abreviação  de  F°. 


224 


IR.  PERO  CORREIA  -  P.  JOÃO  NUNES  BARRETO 


Incluída  num  grupo  de  cartas:  «Cópia  de  unas  cartas  de  los  Padres  y 
Hermanos  que  están  en  el  Brasil.  De  1551  y  20  de  Junio»  [ff.  23r-2Óv]. 
Tradução  espanhola. 

2.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa,  1-5] 
2,  38,  ff.  i8r-i9v:  «De  outra  do  mesmo  [Pero  Correa]  para  os  Irmãos 
que  estavam  em  Africa.  De  S.  Vicente,  do  anno  de  1551».  Retroversão 
portuguesa  da  tradução  espanhola,  mas  com  alguma  ou  outra  frase 
resumida. 

3.  Bibi.  Vaticana,  Ottoboni  lat.  797,  ff.  çôr-o/jv.  Tradução  italiana 
do  espanhol. 

IV.  Destinatário :  Na  obra  da  redenção  dos  cativos  em  África  (na 
cidade  de  Tetuão)  andavam  em  1551  o  P.  João  Nunes  Barreto  com  o 
Ir.  Inácio  Vogado  (Franco,  Ano  Santo  745-746;  Rodrigues,  História 
1/2  561). 

V.  Impressão:  Traduções.  Novi  Avisi  (Roma  1553)  sem  paginação 
[carta  n.  11];  Diversi  Avisi  Particolari  daWIndie  di  Portogallo  (Veneza 
1559)  ff.  I4ir-i43r  ;  ib.  (1565)  ff.  I4ir-i43r ;  Cartas  Avulsas  97-99. 

VI.  História  da  Impressão:  Novi  e  Diversi  Avisi  imprimem  a  tra- 
dução italiana  (3) ;  Cartas  Avulsas  a  retroversão  portuguesa  (2). 

VII.  Edição:  Edita-se  o  texto  mais  antigo  (1). 

Textus 

1.  Cupit  scire  quid  agant  tnauri  aliquos  mores  habentes  moribus 
Indorum  símiles.  —  2.  Religio  Indorum.  —  3.  Indi  volunt  addiscere 
doctrinam  christianam  sed  Patri  Nunes,  etiam  cum  lusitanis  laboranti, 
deest  tempus.  —  4.  P.  Nunes  perlustravit  interiora  terrarum  cum  quat- 
tuor  Fratribus :  magnitudo  regionis  ad  quam  non  sufficeret  Collegium 
Conimbriae  etiam  si  ter  vel  quater  maius  esset.  —  5.  Anthropophagia 
ritualis  Indorum. 

1.  Scrívanos  mui  amenudo  de  allá  cómo  se  han  en 
todas  las  cosas  porque  sepamos  acá  córao  nos  avemos  de 
aver  en  otras  semejantes,  porque  me  parece  que  esta  gen- 


1    amenudo  corr.  ex  ameudo 


24.  -  S.  VICENTE  20  DE  JUNHO  DE  1551 


225 


tilidad  en  algunas  se  parece  con  los  moros,  así  como  en 
tener  muchas  mugeres,  y  en  praedicar  por  las  marianas  de  5 
madrugada,  y  el  peccado  contra  naturaleza,  que  dizen  ser 
allá  muy  común,  lo  mismo  es  en  esta  tierra.  De  manera 
que  ay  acá  algunas  mugeres,  que  ansí  en  armas  como  en 
todas  otras  cosas  siguen  officio  de  hombres;  y  tienen  otras 
mugeres  con  que  son  casadas.  La  mayor  injuria  que  les  10 
pueden  hazer  es  llamarles  mugeres:  en  tal  parte,  se  lo  11a- 
mara  alguna  persona,  que  correra  peligro  de  tirarle  fre- 
chadas 1. 

2.  Y  allen  desto  ay  entre  ellos  muchas  gentilidades  y 
grandíssimos  errores,  y  de  tiempos  se  llevantan  entre  ellos  15 
algunos  [que]  se  hazen  sanctos  2  y  [26r]  persuaden  a  los  otros 
entran  en  ellos  spíritos  que  les  hazen  sabedores  de  lo  que 
está  por  venir  y  profetizan  muchas  mentiras.  También 
piensan  que  estos  les  pueden  dar  salud,  de  manera  que  solo 
por  que  les  pongan  las  manos  les  dan  quanto  les  piden.  20 
También  piensan  que  les  pueden  dar  victoria.  Estos  hazen 
unas  calabaças  a  manera  de  cabeças  con  cabellos,  ojos, 
narizes  y  boca,  con  muchas  plumas  de  colores  que  les  ape- 
guan  con  cera  compuestas  a  manera  de  lavores,  y  dizen  que 
aquél  que  es  sancto  y  que  tiene  virtud  y  poder  para  valer-  25 
les  en  todo,  y  dizen  que  habla.  Y  a  honra  destos  sus  ído- 
los 3  inventan  muchos  cantares  que  cantan  delante  dellos, 
biviendo  muchos  vinos  assí  hombres  como  mugeres,  todos 
juntos,  de  dia  y  de  noche,  haziendo  harmonias  diabólicas. 
Y  ya  se  aconteceo  que  andando  en  estas  sus  sanctidades  3° 
(que  asy  las  llaman  ellos)  ir  dos  leng[u]as  das  mejores  desta 
tierra  allá  y  sus  sanctos  mandarlos  matar  y  luego  os  mata- 
ron.  Esta  gentilidad  no  tiene  para  sí  que  Dios  da  la  vida 
y  la  muerte  a  quien  quiere,  mas  que  sus  sanctos  la  dan, 


1  Sobre  a  matéria  deste  parágrafo,  cf.  Leite  n  291-297. 

2  Pages,  cf.  carta  9  §  3. 

3  «ídolos»:  expressa-se  o  vocábulo,  mas  na  sequência  do  período 
observa-se  que  os  índios  não  os  consideram  deus  e  unem  a  ideia  de 
«poder»  não  a  Deus,  mas  aos  Pages,  que  é  uma  das  manifestações  da 
magia.  Cf.  Métraux,  La  religion  des  Tapinamba  81. 

'5 


226 


IR.  PERO  CORREIA  -  P.  JOÃO  NUNES  BARRETO 


35  por  esto  los  temen  mucho.  Y  se  les  oviera  de  escrevir  las 
misérias  dellos,  íuera  necessário  mucho  papel,  lo  que  aquá 
nos  falta. 

3.  Con  muchos  Principales  dellos  tengo  platicado  la 
causa  de  la  venida  desta  Companía  a  esta  tierra  4,  que  es 

4°  para  doctrinarlos  y  ensefiar  el  reyno  de  Dios.  Todos  dizen 
3'a  quisieran  que  commençássemos  a  ensefiar,  lo  que  el 
Padre  5  no  haze  aún  hasta  ahora,  porque  tiene  mucho  que 
hazer  con  los  christianos.  Quando  él  vino  estávamos  tan 
estragados  de  nuestras  animas  como  los  Índios,  porque 

45  todos  geralmente  bivían  en  peccado  mortal,  mas  ya  agora, 
loores  a  nuestro  Sefior,  todos  están  mui  emendados.  El 
Padre  tiene  acá  hechas  muchas  animas  christianas  y  toviera 
toda  esta  geração  con  que  comarcamos,  o  la  mayor  parte 
delia,  si  no  veniera  a  esta  tierra  6  solo  como  vino,  porque 

5o  no  quiere  baptizar  ninguno  hasta  primero  doctrinarle. 

4.  El  Padre  tiene  en  esta  casa  recogido  14  Hermanos  :, 
los  más  dellos  mui  buenas  lenguas,  los  quales  ayuntó  para 
que  veniendo  Padres  dei  Reyno,  como  él  cada  dia  espera, 
puedan  luego  entrar  por  la  tierra  adentro  8  a  praedicar. 


41    commençássemos  corr.  ex  commenssássemos 


4  Se  esta  expressão  e  as  seguintes  se  tivessem  de  tomar  à  letra 
«da  Capitania»  e  não  da  lerra  «do  Brasil»:  quando  Leonardo  Nunes 
chegou  a  S.  Vicente  já  aí  estava  Pero  Correia,  o  que  causaria  dificul- 
dade senão  à  identificação  com  Pero  Correia  de  Porto  Seguro  ao  menos 
ao  modo  ou  tempo  em  que  teria  passado  duma  Capitania  para  a  outra 
e  se  deixou  expresso  na  Introdução  Geral.  cap.  II  art.  17;  mas  estas 
expressões  são  pouco  claras,  como  se  verá  adiante  na  carta  59  §  5  (a 
propósito  do  mesmo  Pero  Correia). 

5  Leonardo  Nunes. 

6  S.  Vicente;  aqui  não  há  dúvida,  por  o  P.  Leonardo  Nunes  vir  a 
ela  «solo»  :  «só»,  como  Padre,  entende-se  (carta  10  §  11). 

7  Além  do  P.  Leonardo  Nunes,  já  se  podem  identificar,  pelos 
documentos  precedentes  e  deste  grupo  de  cartas,  os  sete  seguintes 
Irmãos :  Diogo  Jácome,  Pero  Correia,  Mateus  Nogueira,  Manuel  de 
Chaves,  João  de  Sousa,  Fernando  (ou  Fabiano)  e  Maximiano. 

8  Ao  sertão  de  S.  Vicente. 


24.  -  S.  VICENTE  20  DE  JUNHO  DE  1551 


227 


La  qual  tierra  y  lengua  occupan  500  léguas  de  tierra  a  55 
luengo  de  la  costa  s,  y  a  cada  20,  30,  40  léguas  se  comen 
unos  a  otros,  y  tienen  grandíssimas  difterentias :  y  para  se 
repartir  Padres  y  Hermanos  por  todos  estos,  no  bastaria  el 
collegio  de  Coimbra  con  otros  304  tantos  más  Hermanos 
de  lo  que  aora  tiene.  60 

5.  Porque  en  sima  les  dixe  que  todos  estos  gentiles  se 
comen  unos  a  otros,  le  quiero  aqui  declarar  en  breves  pala- 
vras cómo  se  comen  quando  se  cativan  unos  a  los  otros. 
A  los  que  cativan  hazen  un  colar  en  el  pescoço  con  que 
los  atan  de  noche  a  la  red  en  que  duermen,  y  héchanles  65 
unas  soltas 10  por  debaxo  de  las  rodillas  y  otras  por  sima, 
las  quales  nunqua  les  desatan,  y  a  muchos  dellos  dan  dos 
o  tres  mugeres  que  de  continuo  los  gardan  de  dia  y  de 
noche',  las  quales  mugeres  son  hijas  de  los  Principales  o 
hermanas,  moças  solteras,  y  parécele  a  un  indio,  por  prin-  7o 
cipal  que  sea,  que  no  puede  mejor  emplearlas.  Y  si  alguna 
destas  se  acierta  de  parir,  se  es  hijo,  cómenlo,  si  es  hija 
também  la  comen,  mas  poças  vezes  ;  y  algunas  vezes  traen 
sus  contrários  mucho  tiempo  pressos  desta  manera,  hasta 
sembrar  mijos  y  hazer  tinajas  y  barefios  y  ollas.  Las  tina-  75 
jas  para  el  vino  que  hazen  de  los  mijos11,  las  ollas  grandes 
para  cozer  la  carne,  los  barefios  mui  grandes  para  dar  en 
ellos  de  comer  a  los  convidados,  los  quales  vienen  primero 
8  y  15  dias  antes. 


56    la  dei  tierra 


9  A  alusão  à  unidade  da  língua  (tupi)  parece  indicar  que  não  se 
trate  só  dos  Carijós,  ao  Sul  da  Capitania  de  S.  Vicente  (hoje  Estado  de 
São  Paulo),  mas  também  dos  Tupinaquins  e  Tupinambás  da  costa,  ao 
norte  da  mesma  Capitania. 

10  Peias. 

11  A  frase  «o  vinho,  que  fazem  dos  milhos»  suprimiu-se  na  cópia 
da  Bibi.  Nacional  do  Rio  de  Janeiro,  e  portanto  nas  «Cartas  Avulsas»; 
mas  está  na  tradução  italiana  :  «per  el  vino  che  fanno  di  miglio»  (f.  142V) 
e  esta  referência  ao  cauim  do  milho  indígena  anda  impressa,  como  se 
vê,  desde  1559.  Sobre  outras  referências,  mas  ulteriores  a  esta,  cf. 
Hoehne,  Botânica  e  Agricultura,  145. 


228 


IR.  PERO  CORREIA -P.  JOÃO  NUNES  BARRETO 


80  Y  quando  se  llega  la  matança,  hazen  una  casa  pequena 
con  solamente  tejados  sin  paredes,  donde  algunos  dias  antes 
ponen  los  que  han  de  ser  muertos  con  sus  mugeres  y  con 
muchas  gardas  que  los  gardan,  y  entre  tanto  por  las  casas 
todos  andan  occupados  en  hazer  pluma  vermeja  y  amarilla, 

85  y  otras  tintas  de  que  hazen  sus  libreas,  porque  la  cortan 
mui  menuda,  y  úntanze  con  rezina  que  pega  como  visco,  y 
sobre  aquella  rezina  pegan  la  pluma  en  lavores  que  tienen 
alguna  arte,  y  en  las  cabeças  ponen  diademas  de  plumas 
de  colores  mui  bien  hechas,  y  otras  muchas  inventiones. 

9o  Las  mugeres  en  este  tiempo  todas  andan  occupadas  en 
cozer  vino  [26 v]  de  que  hazen  50,  100  tinajas  de  que  muchas 
llevan  más  de  20  arrobas.  Y  después  que  tienen  todas  las 
cosas  acabadas,  pintan  el  rostro  a  los  que  han  de  matar  de 
azul12,  haziéndoles  también  muchas  lavores,  y  en  la  cabeça 

95  les  puenen  una  capeluça  de  cera  toda  cubierta  de  franja  de 
pluma,  y  átanle  una  soga  d'algodan  por  la  cintura,  y  házenle 
4  ramales,  y  el  miserable  está  en  el  médio  y  por  los  cabos 
tiene  la  gente  en  quanto  está  en  el  lugar.  Comiençan  los 
convidados  todos  a  bevir  un  dia  a  la  tarde  y  beven  toda  la 
100  noche,  y  en  amanecendo  sale  el  que  le  ha  de  matar  con  una 
espada  de  paio,  que  será  de  9,  10  palmos,  mui  pintada; 
con  ella  arremete  al  que  está  atado  y  le  da  tanto  en  la 
cabeça,  hasta  que  la  quebre  y  después  se  va  hechar  8  ó 
15  dias,  los  quales  son  de  abstinência  porque  en  ellos  no 
105  come  sino  mui  poças  cosas.  Luego  tornan  a  proseguir  en 
el  bever  hasta  acabar  los  vinos,  otros  toman  los  muertos 


84  amarilla  corr.  ex  amariga  ||  91  cozer  dei.  mij  ||  94  azul  dei.  a  ||  99  bevir  corr.  ex 
bivir  |  beveo  corr.  ex  bivea  ||  '05  cosas  dei.  Log 


12  «A  informação  de  que  pintavam  o  rosto  da  vítima  de  azul  não 
me  parece  discrepante,  pois  é  possível  que  a  côr  da  tintura  do  jenipapo 
se  prestasse  a  essa  interpretação».  Florestan  Fernandes  281.  «Não 
me  parece  discrepante»  verteu-se  em  francês  «me  paraít  peu  conforme», 
que  não  corresponde  exactamente  à  expressão  portuguesa.  Cf.  La 
Gnerre  et  le  sacriftce  humain  ches  les  Tupinamba,  in  Journal  de  la 
Société  des  Américanistes,  Nouv.  Ser.  41  (Paris  1952)  148. 


25  -  S.  VICENTE  JUNHO  DE  1551 


229 


y  chamúscanlos  como  puercos  y  guizan  aquella  carne  y 
cómmenla.  Y  aqui  se  acaba  la  fiesta,  de  que  yo  dexé  de 
contar  más  de  la  mitad  13. 

25 

DO  IR.  PERO  CORREIA 
[AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA] 

[S.  VICENTE  JUNHO  DE  1551] 

I.  Bibliografia:  Cimélios  493;  Streit  II  335  n.  1217  (mas  inclui 
parte  da  bibliografia  que  pertence  à  carta  de  18  de  Julho  de  1554, 
Leite  viu  175  n.  1). 

II.  Texto  :    Original  português  perdido. 

1.  ARSI,  Bras.j-i,  f.  24V  [antes  194V].  Título:  «De  una  de  Pedro 
Correa  que  es  una  persona  que  aviendo  estado  muchos  annos  en  el 
Brasil,  y  siendo  en  aquella  tierra  mui  principal,  sirve  a  nuestro  Seâor 
en  la  Companía  con  mui  grande  hervor»  No  mesmo  grupo  de  cartas 
da  anterior  :  «Copia. . .  De  1551  y  20  de  Junio»  [23r-2Óv].  Tradução  espa- 
nhola. 

2.  Bibi.  Vaticana,  Ottoboni  lat.  jçj,  ff.  94r-95r.  Título  :  «Copia  d'una 
di  Pietro  Chorea,  persona  que  è  stata  lungo  tempo  nel  Brasil  et  delli 
primi  delia  terra;  serve  à  Iddio  con  gran  fervore  nella  Compagnia  di 
Giesu».  Tradução  italiana  (de  1),  que  traz  no  fim  resumido  o  §  4  da 
carta  do  mesmo  Pero  Correia  ao  P.  Belchior  Nunes  Barreto,  do  dia  8  de 
Junho  de  1551  (carta  23  §  4). 

5.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque.  Lisboa],  1-5, 
2,  38.  f.  i8r.  Título  :  «De  uma  do  Irmão  Pero  Correa,  de  S.  Vicente,  do 
anno  de  1551».  Contém  em  português  o  mesmo  texto  da  tradução 
impressa  italiana  de  que  parece  ser  retroversão.  E  o  códice  em  grande 
parte  já  está  destruído  e  ilegível  nesta  página. 

III.  Destinatário:  Este  excerto,  dalguma  carta  perdida,  concorda 
com  as  duas  escritas  ao  mesmo  tempo  para  os  dois  Padres  Nunes  Bar- 
reto {João  em  África  e  Belchior  em  Coimbra),  e  difere  delas  em  que 
acrescenta  o  final  sobre  o  regime  politico  dos  índios  (sem  rei).  Deve 
ter  sido  escrita  ao  Provincial  de  Portugal  para  que  mandasse  missioná- 


13  Embora  concentrada,  esta  notícia  da  antropofagia  ritual  con- 
tém algumas  minúcias  não  descritas  antes. 


250 


IR.  PERO  CORREIA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


rios;  não  a  ura  particular,  nem  aos  Irmãos  em  geral,  por  lhe  faltar  o 
apelativo  «Irmãos  Caríssimos>. 

IV.  Impressão  :  Novi  Avisi  di  piu  lochi  de  V índia  et  massime  de  Bra- 
sil (Roma  1553)  sem  paginação  [carta  n.  10];  Diver si  Avisi  Particolari 
dali' Indie  di  Portogallo  (Veneza  1559)  ff.  140V-141T;  ib.  11565)  ff.  i40V-i4ir; 
Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  94-96. 

V.  História  da  impressão :  Novi  e  Diversi  Avisi  imprimem  a  tra- 
dução italiana  (2);  Cartas  Avulsas  a  retroversão  portuguesa  desta  tra- 
dução italiana  [«carta  VIII»]  e  também  a  retroversão  portuguesa  do 
códice  do  Rio  (3). 

VI.  Edição  :  Edita-se  a  versão  espanhola  (1),  por  parecer  mais  pró- 
xima do  texto  original  desconhecido. 

Textus 

1.  Itinere  quindecim  dierutn  partitn  per  fluvnen  et  secutn  ferens  se.x 
Fratres,  P.  Leonardus  Nunes  christiamim  hominttn  quaerendutn  adivit. 
—  2.  Indorum,  quia  gubernio  nationali  et  rege  carent,  conversio  nimis 
difficilis  est,  oportet  enitn  unttm  post  alterum  percurrere  pagos,  et  desuni 
Paires  ad  similem  dispersionetn. 

1.  Mui  poços  dias  ha  que  el  Padre  Leonardo  Nunez 
y  seis  Hermanos,  de  los  quales  era  yo  uno,  venimos  dentre 
los  índios,  donde  fuimos  a  buscar  un  christiano  que  avia 
algunos  ocho  o  nueve  anos  que  andava  allá  hecho  indio 

5  con  ellos.  Y  en  el  camino  a  la  ida  pusimos  algunos  15  dias, 
la  maior  parte  dellos  fueron  por  un  rio  abaxo  1  que  va  por 
entre  mui  grandes  montanas  y  despobladas,  donde  nos  falto 
el  mantenimiento.  Comíamos  lo  que  nuestro  Sefior  nos 
deparava  por  eses  campos,  teniendo  a  las  vezes  mui  buena 

10  hambre,  mas  después  que  Uegamos  a  las  poblaciones  de  los 
índios  fuimos  dellos  mui  bien  tratados;  mas  venimos  muy 
desconsolados  por  ver  tantas  almas  perdidas  por  falta  de 
quien  las  doctrine.  Los  dias  que  allá  estuvimos  me  man- 
dava el  Padre  praedicarles  de  madrugada,  y  esto  en  todos 


1  Rio  Tietê.  A  viagem  pelo  rio  gastou  «oyto  ou  nove  dias» 
(carta  23  §  3). 


26-  S.  VICENTE  20  JUNHO  DE  1551 


231 


los  lugares  en  que  posamos,  lo  que  yo  hazía  por  espacio  15 
de  dos  horas.  Según  lo  que  en  ellos  entendi,  paréceme  que 
les  ponía  en  confusión  las  penas  dei  infierno  y  gloria  dei 
paraíso.  Ellos  dezían  al  Padre  para  qué  era  dilatar  más 
tiempo?  Que  pues  veniera  a  esta  tierra  para  ensefiarlos, 
que  commençase  luego  porque  todos  querrían  apprehender.  2° 

2.  Mas  ellos  tienen  tan  poca  notitia  de  Dios,  que  me 
parece  que  se  ha  de  tener  con  ellos  mucho  trabajo,  y  una 
de  las  causas  y  más  principal  es  porque  no  tienen  rey, 
antes  en  cada  Aldeã  y  casa  ay  su  Principal.  Assí  que  es 
necessário  andar  de  povoación  en  povoación  para  conver-  25 
tirlos  y  apartarlos  de  muchas  gentilidades  y  errores  en  que 
viven,  porque  ay  entre  ellos  algunos  a  quien  tienen  por 
sanctos  y  dan  tanto  crédito  que  lo  que  les  mandan  hazer 
esso  hazen.  Y  sy  oviera  rey,  él  convertido,  fueron  todos, 
mas  ya  que  no  lo  ay,  para  convertirlos  ha  de  ser  necessário  3° 
passar  aquá  muchos  Hermanos,  porque  las  tierras  son  mui 
grandes  y  ay  muchas  almas  por  todas  ellas  perdidas,  las 
quales  me  parecen  se  poderán  ganar  trabajándose  mucho 
por  ellas.  Por  nuestro  Padre2,  aunque  solo,  tiene  el  Sefior 
aquá  obrado  muchas  cosas,  mas  los  trabajos  que  él  tiene  35 
passados  no  sé  quién  los  soffryera. 

26 

DO  P.  LEONARDO  NUNES 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

S.  VICENTE  20  DE  JUNHO  DE  1551 

L    Bibliografia  :    B.  MACHADO  III  8;  Cimélios  492;  SOMM  ER  VOGEL  V 
1839  n-  Jj  Streit  11  333  n.  1210;  Leite  ix  17  n.  1. 

II.  Autores:   Polanco  11  380-382;  Leite  i  252-253. 


24    en  dei.  casa  ||  33    poderán  dei.  con  (?)  ||  36    soffryera  corr.  ex  soffreyera 


2   Leonardo  Nunes. 


232 


P.  LEONARDO  NUNES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


III.  Texto:    Original  português  perdido. 

1.  ARSI,  Bras.j-i,  ff.  i^x-i^x  [antes  i93r-T94r].  Título:  «Copia  de 
unas  cartas  de  los  Padres  y  Hermanos  que  estão  en  el  Brasil.  De  huna 
dei  Padre  Leonardo  Nunez,  de  vinte  de  Juniode  1551,  de  São  Vicente». 
Tradução  espanhola,  com  sublinhados  de  Polanco. 

2.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa],  1-5, 
2,  38,  ff.  i6v-i8r.  Retroversão  portuguesa  da  tradução  espanhola  (1),  mas 
com  uma  ou  outra  frase  resumida. 

3.  Bibi.  vaticana,  Ottoboni  lat.  7^7,  ff.  94r-95v.  Tradução  italiana 
pela  espanhola  (1). 

IV.  Impressão  :  Traduções.  Novi  Avisi  di  piu  lochi  de  l' índia  et 
massime  de  Brasil  ricevuti  quesíanno  dei  M .  D.  LI  11.  (Roma  1553)  sem 
paginação  [carta  n.  8  ;  Diversi  Avisi  particolari  daWIndie  di  Portogallo 
(Veneza  1559)  ff.  i37v-i4or ;  ib.  (1565)  ff.  i37v-i4or ;  Franco,  Imagem  de 
Coimbra  li  (Coimbra  17191 198-199;  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931) 
6568 

V.  História  da  impressão  :  Novi  Avisi  e  Diversi  Avisi  imprimem 
a  tradução  italiana  (3);  a  Imagem  e  Cartas  Avulsas,  a  retroversão  por- 
tuguesa (a  Imagem  só  parte  dela). 

VI.  Edição:  Edita-se  a  tradução  espanhola  (1)  de  que  dependem 
as  outras. 

Textus 

1.  Ecclesia  et  domus  S.  Vincentii.  —  2.  E  Portugália  debent  venire 
Patres  non  autem  Fratres. — 3  Ministério  Patris  Nunes  in  oppidis 
S.  Vincentii  et  S'inctorum.  —  4.  Sunt  alia  oppida  lusitanorum  et  Pater 
solus  est.  —  5.  Doctrina  Indorttm  praesertim  a  Fr.  Correia  qui  eorum 
Itnguam  loquitur.  —  6.  Mense  Maio  P.  Nunes  quaesivit  hominem  obli- 
tum  eius  cundicionis  viri  chrtstiani.  —  7.  Alter  iam  ad  vitam  christia- 
nam  rediit.  —  8.  Duo  christtani  inter  Indos  amicos,  tres  foeminae  inter 
Indos  contrários  —  9.  P.  Leonardus  Nunes  Indos  contrários  amicos 
facit  quia  eos  ab  iniusta  servitute  defendit. 

1.  Después  que  escrevimos  a  postrera  vez,  que  fué  en 
el  mes  de  Novembre  i,  siempre  hemos  tenido  mucho  que 
hazer,  porque  acabamos  la  iglesia,  y  es  la  más  devota  que 
agora  está  en  toda  esta  costa.   La  capilha  es  mui  bien 


4  en  corr.  ex  em 


1    Carta  18. 


26.-  S.  VICENTE  20  DE  JUNHO  DE  1551 


233 


aforrada  y  rauy  hermosa,  y  un  tertio  de  la  iglesia  por  5 
amor  de  los  altares  es  también  afforrado  2.   Tenemos  el 
Sanctíssimo  Sacramento  en  quanto  yo  estoy  en  casa,  cosa 
que  a  todos  es  muy  gran  Consolación  assí  a  nuestros  Her- 
manos  como  a  la  gente  de  fora. 

2.  También  hazemos  una  gran  casa3,  fuera  esta  donde  10 
estamos,  para  apossento  de  los  Padres  que  quá  venieren, 
que  con  tanto  deseo  y  necessidad  aquá  esperamos;  y  digo 
Padres,  porque  Hermanos  me  parece  que  se  escusarán, 
porque  estamos  aquá  de  manera  que  daré  a  cada  Padre 
dos  Hermanos  que  anden  con  él,  los  más  delhos  buenas  r5 
lenguas;  y  con  todo  se  venieren  Hermanos  bien  tendrán  en 
que  trabajar.  Cercamos  agora  nuestra  huerta  en  la  qual  ay 
muitas  árbores  de  espino  y  otras  árbores.  Lo  temporal 
esto  es,  en  lo  que  hasta  agora  nos  hemos  exercitado. 

3.  Yo  he  praedicado  los  más  de  los  domingos  por  20 
estas  povoaciones,  y  esta  Coresma  4  passada  praedicava  un 
domingo  en  esta  Villa,  donde  estamos,  y  otro  en  otra  que 
lhaman  Sanctos,  y  también  los  miércoles;  los  vyernes  en 
Sancto  Vincente,  y  algún  fruito  se  hizo,  loado  seja  el  Senor. 

Anse  apartado  muchos  hombres  de  peccados  públicos  25 
en  que  estavan,  dado  que  ay  muchos  muy  enduricidos. 
Algunos  hombres  de  los  que  estavão  amancebados  con 
Índias  se  casavan  con  ellas,  que  serán  15  ó  16  y  aora 
andan  otros  708  para  hazer  lo  mismo ;  y  otros  que  eran 
casados  allá  en  el  Reyno  se  apartaran  aquá  de  lias  mance-  3° 
bas,  y  otros  solteros  después  de  dexar  las  Índias  o  escravas 
se  casaron  con  hijas  de  hombres  blancos. 

Quanto  a  los  saltos  que  los  christianos  hazião  en  los 
gentiles  de  la  costa  ya  de  todo  cessaron,  bemdito  seja  el 
nombre  de  Noso  Sefior;  también  el  darles  armas,  que  era  35 


16  y  corr.  ex  e  [|  a8  serán  corr.  ex  serão  |  ó  corr.  ex  ou 


2  Em  Novembro  ainda  não  estava  emmadeirada  nem  concluída 
(carta  18  §  10). 

3  Já  segunda  casa  :  em  Novembro  só  tinha  uma  (carta  18  §  9). 

4  Fevereiro-Março  de  1551  (Páscoa  a  29  deste  mêsj. 


234 


P.  LEONARDO  NUNES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBBA 


muy  general  hazerlo  sin  ninguno  escrúpulo;  y  jugar  que 
era  muy  acustumbrado,  donde  offendían  mucho  a  nuestro 
Senor  con  blasfémias;  dei  todo  se  no  juega  cosa  que  haga 
prejuizio. 

4o  El  comer  carne,  que  nunqua  ny  en  Caresma  ny  en  otro 
tiempo  comían  otra  cosa,  es  muy  emendado,  porque  todos 
lo  dexão  de  hazer  a  lo  menos  en  esta  Villa;  y  muchas  per- 
sonas  ay  que  de  vinte  y  treinta  annos  a  esta  parte  nunqua 
dexavan  la  Caresma  y  todos  los  más  dias  prohibidos  y  toda 

45  la  samana  de  comeria,  teniendo  pescado  y  estando  muy 
sanos,  sin  ayunar  ningún  dia,  y  estas  dos  Caresmas  passa- 
das no  la  comieran  y  aj^unaran  cada  persona  según  sus 
íuerças.   El  Senor  sea  loado. 

Los  juramentos  son  mui  emendados,  porque  jurão  poco 

5°  y  se  reprehenden  unos  a  otros  quando  juran;  y  también  de 
murmurar  se  apartan  muchos  y  [23V]  de  otros  muchos  pec- 
cados  son  muchas  personas  apartadas.  Empero  era  tan 
grande  la  perditión  de  las  ánymas,  que  aún  ay  mucho  que 
hazer:  mas  lo  que  yo  en  esta  parte  tengo  alcançado,  es  que 

55  se  ovieren  Padres  que  agora  vengan  de  nuevo,  se  han  tam- 
bién de  emendar  mucho  con  la  ayuda  de  Dios. 

4.  Por  aqui  alderredor  ay  4  ó  5  poblaciones  a  que  yo 
no  puedo  acudir,  donde  se  pierde  mucha  miesse  por  la 
grande  falta  que  ay  de  quien  tan  solamente  hable  de  Dios 

60  nuestro  Senor,  de  manera  que  por  falta  de  obreros  se  no 
recoje  mucho  fructo. 

5.  Pues  quanto  a  los  gentiles  de  la  tierra  veo  tantas 
muestras  que  por  el  gran  aparejo  que  veyo,  me  ponen 
muchas  vezes  en  confusão  para  dexar  de  todo  los  christia- 

65  nos  y  meterme  por  antre  ellos  con  todos  los  Hermanos,  y 
segundo  los  deseos  que  esta  gentilidad  muestra  que  ande- 
mos entre  ellos,  por  la  mucha  voluntad  que  muestran  por 
muchas  partes,  tengo  por  muy  cierto  que  comiesa  ya  el 
Senor  a  miraria  con  ojos  de  misericórdia.  Y  por  no  andar 

7o  ya  enseiiándolos  se  perdieron  muchas  ánimas,  porque  son 


42  lo']  los  ms.  ;  43  esta  dei.  Isl  ,|  tf  no  dei.  co  ]|  ?a  tan  torr.  ex  t8o  55  se"  dei.  venie- 
reo  (?)  Padresj1  57  ó  corr.  ex  ou  ||  61  fructo  corr.  ex  fruyto 


26.  -  S.  VICENTE  20  DE  JUNHO  DE  1551 


255 


grandíssimos  los  deseos  que  tienen  de  conoscer  a  Dios  y 
de  saber  lo  que  han  de  hazer  para  salvarse,  porque  tenien 
mucho  la  muerte  y  el  dia  dei  juizio  y  el  infierno,  de  que 
tienen  ya  alguna  notitia,  después  que  nuestro  Senor  truxo 
al  charissimo  Pedro  Correa  a  ser  nuestro  Hermano,  porque  75 
en  las  pláticas  que  les  haze  siempre  le  mando  tocar  en  esso, 
por  que  el  temor  los  meta  en  grandíssima  confusión. 

6.  Este  mes  de  Mayo  passado  fui  entre  los  índios  a 
buscar  un  hombre  blanco  que  andava  entre  ellos  y  dos 
hijas  que  tenía  nacidas  allá,  y  la  maior  será  de  8o  annos.  8o 
Entre  ambas  estavan  por  baptizar,  y  la  madre  lo  mesmo; 
téngolos  aora  aqui  padre  y  madre  y  hijas,  las  quales  bap- 
tize; la  madre  no,  porque  la  hago  ensenhar.  A  él  no  tengo 
aún  confessado  porque  dei  todo  tenía  ya  estragado  el  juyzio, 

en  tanto  que  las  primeras  pláticas  que  le  hize  tengo  para  85 
mym  que  no  entendia  las  cosas  que  hablava  de  Dios  nuestro 
Sefior  y  au[n]  agora  poco  más  entiende.  Assí  que  es  neces- 
sário criarle  otra  vez  en  las  cosas  de  la  fee,  como  hazemos 
hasta  que  nuestro  Sefior  le  abra  el  entendimiento  y  dee 
clara  notitia  de  su  yerro,  porque  ny  solamente  consinte  9° 
que  los  Hermanos  le  hablen  de  nuestro  Sefior,  ny  en  la 
iglesia  no  entra  sino  por  fuerça,  ny  podiemos  acabar  con 
él  que  se  pusiese  de  rodilhas  delante  el  Sanctíssimo  Sacra- 
mento.  Esto  os  escrivo,  charíssimos  Hermanos,  para  que 
veyáis  la  mudança  que  puede  [hazer]  una  alma  en  esta  tierra  95 
y  la  necessidad  que  ay  de  trabajadores. 

7.  Otro  que  aqui  tenía  está  ya.  mejor  dei  alma.  Ben- 
dito sea  nuestro  Sefior,  porque  este  siempre  praedica  al 
otro,  y  se  confesso  ya  algunas  vezes  y  tomo  el  Sanctís- 
simo Sacramento.    Lo  que  aún  le  alio  es  ser  muy  impa-  100 
tiente  sobre  el  comer,  de  manera  que  dan  bien  que  exercitar 

la  charidad,  patientia  y  humildad  al  otro  que  los  cura  y 
sirve.  Ya  le  amenazaran  de  darle  con  las  muletas  en  la 
cabeça;  él  es  una  bendita  alma  que  todo  acepta  con  mucha 
alegria  loando  al  Sefior.    A  este  segundo  mandé  dar  unos  105 


73  Prius  e  el  inferno  ^  8o  8"  dei.  oct  [?]  ||  82  téngolos]  téagolas  ws.  \  \  97  Prius  otros 


256 


P.  LEONARDO  NUNES -PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


sudores  con  que  se  halla  mejor,  porque  ya  le  hallé  sin 
muletas  andando  por  la  huerta,  y  tengo  confiança  que 
entrambos  han  de  aver  salud  in  utroque  homine. 

8.    [24X]  Estando  escrevendo  ésta  vino  aqui  al  Collegio 

110  un  hijo  de  un  christiano  y  de  una  india,  el  qual  avrá  9 
ó  10  annos  que  anda  entre  los  índios,  desnudo  como  indio, 
y  será  de  edad  de  vinte  annos  o  más,  sin  saber  ninguna 
cosa  de  nuestra  lengua,  ny  tener  más  notitia  de  su  Criador 
que  los  mesmos  índios,  antes  menos,  si  menos  se  puede 

Ir5  dizir.  Y  veniendo  yo  de  un  camino,  le  topé  dos  o  tres 
jornadas  de  aqui  y  aperté  con  él  que  se  veniesse  commigo. 
No  lo  pude  acabar  con  él  por  la  poca  charidad  que  en  my 
via  y  instantia,  mas  prometióme  que  como  ally  acabasse 
donde  andava  a  casar  y  pescar  se  vendría  para  mym. 

120  Y  quiso  nuestro  Senor  por  su  mesericordia  moverlo  de 
manera  que  cumprió  lo  que  me  prometió,  lo  que  espero  será 
para  salvación  de  su  ánima,  que  tan  perdida  andava  siendo 
él  christiano.  Es  mui  alto  y  muy  alegre.  Yo  quisérale 
embiar  en  este  navio  para  que  por  él  viésedes,  Hermanos 

I25  mios,  lo  que  aquá  ay.  Destes  son  muchos  los  que  andan  por 
la  tierra  adentro  assí  hombres  como  mugeres  que  se  perden 
por  falta  de  socorro,  cosa  para  todos  llorar  continuamente. 

Dos  hombres  están  de  aqui  obra  de  ochenta  léguas  por 
mar  en  una  tierra  de  unos  índios  que  están  de  paz  con  los 

r3°  christianos,  y  por  no  tener  un  Padre  que  quedasse  con  los 
Hermanos,  no  los  he  hido  a  buscar,  porque  es  camino  de 
dos  o  tres  meses  por  causa  de  los  tiempos,  y  también  para 
traher  unas  tres  mugeres  que  allá  se  acharan  entre  otros 
índios  que  son  nuestros  contrários. 

!35  10.  Mas  ya,  loores  al  Senor,  lo  van  dexando  de  ser, 
porque  mandaron  dezir  que  fuessen  por  ellas  que  las  que- 
rían  dar,  y  esto  porque  ven  que  ya  los  christianos  no  los 
van  a  saltear  ny  cativar,  antes  saben  que  yo  trabajo  mucho 
por  libertar  los  índios  suios  que  por  mal  título  han  ávido 

14°  los  christianos,  y  tienen  mucha  notitia  de  my  y  mucho 


106  se  halló  j  le  dei  ali  ||  1 1 8  ally  ./. ,'.  acasse  |[  >a5  soa  corr.  «r  sSo  |  andan 
corr.  ex  andào  ||  139  en  corr  ex  em  ||  135  van  corr.  ex  vfio 


27.  -  S.  VICENTE  20  DE  JUNHO  DE  1551 


237 


deseo  de  verme.  Y  querrá  nuestro  Sefior  que  será  esto 
buen  principio  para  salud  de  sus  ánimas,  que  yo  ansí 
confio  en  el  Sefior,  y  por  falta  de  Padres,  como  no  cesso 
ny  cessaré  de  dezir,  se  pierde  mucho  assí  nos  christianos 
que  son  muchos,  como  en  la  gentilidad  que  es  infinita. 

27 

DO  P.  LEONARDO  NUNES 
AO  P.  MESTRE  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

S.  VICENTE  [20  DE  JUNHO  DE  1551] 
I.   Bibliografia  :  Leite  ix  17  n.  2. 

II.   Texto:  Original  português  perdido. 

1.  ARSI,  Bras.  j-i,  f.  24T  24V.  Titulo:  «De  otra  dei  mismo  [Leo- 
nardo Nunes]  escrita  al  Padre  Maestro  Simón  en  el  mismo  tiempo» 
[24r].  Incluída  em  «Copia  de  unas  cartas  de  los  Padres  y  Hermanos 
que  están  en  el  Brasil.  De  1551  y  20  de  Junio»  [23r-26v].  Tradução 
espanhola. 

2.  Bibi.  Vaticana,  Oítoboni  lat.  797,  ff.  95r-95v.  Versão  italiana  da 
tradução  espanhola. 

III.  Impressão:  Novi  Avisi  di  piu  lochi  de  1'India  et  massime  de 
Brasil  (Roma  1553)  sem  paginação  (carta  n.  9);  Diversi  Avisi  daiVIndie 
di  Portogallo  (Veneza  1559)  f.  i4or;  ib.  (1565)  f.  i4or, 

IV.  Edição:  Edita  se  o  texto  (1). 

Textus 

1.  Praefccttts  S.  Vincentii  verus  amicus  est  Societatis  et  panperum. 
—  2.    Hic  versatur  frater  Petri  de  Gois,  pius  et  amicus. 

1.  El  Capitán  1  hallo  hombre  virtuoso  y  zeloso  de  todos 
viviren  bien  y  trabaja  en  esto  quanto  puede,  reprehen- 
dendo  y  amonestando  particular  y  generalmente  a  los  que 
viven  mal,  dizendo  que  los  peccados  serán  bastantes  para 
los  contrários  nos  destruir.  Favorécenos  con  todo  lo  que 


143  cesso  dei.  de 


i   António  de  Oliveira.  Cf.  A.  Marques,  Apontamentos  1  (1879)86. 


238 


IR.  DIOGO  JÁCOME  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


puede  y  nos  es  necessário  assí  no  spiritual  como  no  tem- 
poral. Nuestro  Sefior  se  lo  pague.  Estava  de  camino  para 
irse  2  y  por  ver  el  peligro  en  que  quedava  esta  tierra  dexó 
la  ida  que  por  muchas  rezones  le  era  necessária.  Quiso 

io  antes  tomar  la  pérdida  para  si  que  daria  al  Rey  y  a  los 
pobres.  Nunqua  está  un  dia  asosegado,  trabajando  con  la 
gente  que  por  amor  ayude  a  sostentar  esta  fortaleza  3  y, 
teniendo  aqui  uno  de  los  mejores  ingenos  de  açúcar  que 
aqui  hay,  passa  un  mes  y  dos  que  no  va  allá",  y  a  outras 

15  muchas  cosas  que  son  servicio  de  nuestro  Senor. 

2.  También  [24.V]  está  aqui  un  hermano  4  de  Pedro 
Goys,  el  que  vino  por  Capitán  maior  de  la  Armada  en 
que  nosotros  venimos,  y  tienen  aqui  su  casa.  Freqiientan 
mucho  en  tomar  el  Sanctíssimo  Sacramento  5;  son  unas 

20  benditas  almas,  y  de  su  casa  recebimos  mucha  charidad : 
tan  amigos  desta  Companía,  que  en  ver  qualquier  Her- 
mano se  alegran  por  extremo. 

28 

DO  IR.  DIOGO  JÁCOME 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

[S.  VICENTE  JUNHO  DE  1551] 

I.  Bibliografia:  B.  Machado  I  644;  Cimélios  499;  Streit  n  335 
n.  1219;  Leite  viu  305  n.  r. 


13  soa  corr.  e.v  são  ||  17  en  corr.  ex  em  \\  '9  son  corr.  tx  sâo 


2  O  Capitão-mor  da  Capitania  de  São  Vicente,  António  de  Oli- 
veira, cavaleiro  da  Casa  Real,  a  20  de  Maio  de  1550,  preparava-se  para 
voltar  a  Portugal.   Doe.  Hist.  XXXV  (1937)  76-78. 

3  «Fortaleza»,  provàvelmente  no  original  português  perdido :  «Ca- 
pitania». 

4  Luís  de  Góis  (carta  58  §  12). 

5  Parece  que  este  plural  deve  entender-se  de  Luís  de  Góis  e  da 
sua  mulher,  segundo  o  que  dirá  depois  Nóbrega  (carta  58  §  12).  E  estas 
reiteradas  referências  do  P.  Leonardo  Nunes  ao  Santíssimo  Sacramento 
constituem-no  o  primeiro  apóstolo  da  Eucaristia  na  Capitania  de  São 
Vicente.  Cf,  cartas  18  §  7  e  26  §$  1  6  e  7. 


28.  -  S.  VICENTE  JUNHO  DE  1551 


239 


II.   Autores:    Leite  i  255. 

III.  Texto: 

1.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa],  1-5, 
2,  38,  ff.  içôv-içgr.  Título  :  «Copia  de  outra  [carta]  do  Brasil  do  Irmão 
Dioguo  Jacome  pera  os  Padres  e  Irmãos  do  Collegio  de  Coimbra.  Não 
tem  era».   Cópia  portuguesa. 

2.  ARSI,  5r«5.  f.  25r-25v  [antes  i95r-i95v].  Incluída  em  «Copia 
de  unas  cartas  de  los  Padres  y  Hermanos  que  están  en  el  Brasil. 
De  1551  y  20  de  Junio»  [23r-2Óv].  Tradução  espanhola,  resumida. 

5  Biblioteca  Vaticana,  Ottoboni  lat.  797,  f  97V.  Tradução  italiana 
muito  resumida. 

IV.  Tempo:  A  carta  traz  na  impressão  das  Avulsas  o  ano  de  1552. 
Mas  Diogo  Jácome  chegou  a  São  Vicente  pouco  depois  de  Leonardo 
Nunes  no  princípio  de  1550.  Escrevia  «hum  anno  e  meio  ou  mais» 
depois  ;  e  como  se  vê  [texto  2],  esta  carta  inclui-se  na  tradução  espa- 
nhola entre  as  «de  1551  y  20  de  Junio».  E  tudo  o  que  nela  se  diz  con- 
fere com  as  outras  cartas  do  mesmo  ano  e  mês,  e  com  elas,  no  mesmo 
navio,  deve  ter  ido  para  Portugal. 

V.  Impressão :  Novi  Avisi  di  piu  lochi  de  V índia  et  massime  de 
Brasil  (Roma  1553)  sem  paginação  [carta  n.  13] ;  Diversi  Avisi  Partico- 
lari  dalVIndie  di  Portogallo  (Veneza  1559)  ff.  I43v-i44r;  ib.  (1565), 
f.  I43v-i44r  ;  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  101-106. 

VI.  História  da  Impressão :  Novi  Avisi  e  Diversi  Avisi  imprimem  a 
tradução  italiana  (3) ;  Cartas  Avulsas  o  apógrafo  (1). 

VII.   Edição:  Reimprime-se  o  texto  português  (1). 

Textus 

1.  Introductio  personalis  et  exspectat  Patres  e  Portugália.  —  2.  Coli- 
dido lndorum  de  omni  re  cogitantium,  salute  ipsorum  animar  um  excepta. 
—  3.  Ministério  Patris  Nunes  in  vinea  Domtni.  —  4.  Homo  qui  ad  vitam 
christianam  rediit.  —  5.  Alter  qui  habttat  ad  decem  leucas  ab  oppido 
S.  Vincentio  et  a  Vicario  excommunicatus  est.  —  6.  Iter  maritimum  ad 
reducendum  hominem  qui  inter  Indos  morabatur.  —  7.  sírx  oppugnata 
ab  Indis  contrariis.  —  8.  Ecclesia  S.  Vincentii,  Residentiae  saeptum  et 
hortus.  —  9.  Ab  anno  cum  dimidio  nullum  nuntium  accepit  nec  ab  urbe 
Bahia  nec  a  Portugália. —  10.  Novi  Fratres  S.I.in  oppido  S.  Vtncentii. 

A  paz  e  amor  de  N.  Senhor  seja  sempre  em  nossas 
almas.  Amem. 

1.  [i97r]  Padres  meus  e  Irmãos  em  Christo.  Muitos 
tempos  há  que  por  vossa  vinda  a  esta  terra  esperamos,  e 


240  ir.  DIOGO  JÁCOME  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 

5  tanto  que  já  agora  estou  disso  tara  fora,  que  a  minha  incre- 
dulidade que  de  vos  caa  ver  tenho,  que  vendo-vos  parece-me 
que  duvidaria  serdes,  e  isto  não  já  por  via  de  não  ver  que 
em  vossas  mãos  não  está  virdes,  porque  sey  que  se  nellas 
estivera,  esta  me  escusara  escrever  por  muytas  vias  que  eu 

io  tenho  pera  my ;  mas  esta  vossa  falta  me  causa  estar  eu 
ainda  em  parte  que  vos  possa  escrever,  ainda  que  eu  não 
sey  como  isto  digua,  porque  dou  a  entender  ho  que  em  my 
nam  há  como  devia.  Mas  dado  que  assi  seja,  eu  tenho  que 
se  vossa  vinda  já  fora,  eu  ao  menos  estivera  em  parte 

15  que  ainda  que  eu  quisera  não  vos  poderá  escrever.  Mas 
N.  Senhor  seja  louvado,  que  não  lho  mereço  eu,  nem  ainda 
estar  aonde  estou,  porque  se,  meus  em  Christo  Irmãos, 
soubeseis  a  multidão  de  meus  peccados,  que  se  Nosso 
Senhor  quisese  conformar  com  a  minha  multidão,  não  diguo 

20  eu  caa  ser  deitado  a  por  seu  amor  padescer,  que  não  pode 
ser  mayor  dom,  mas  merecedor  de  em  meus  peccados  mor- 
rer, e  portanto  de  nenhum  me  posso  com  justa  causa  escan- 
dalizar que  de  my  mesmo,  posto  que  assima  vos  ponha  por 
causa;  mas  querendo-vos  pôr  por  justa  causa  não  no  podia 

25  fazer,  porque  em  my  está  a  causa,  se  me  queixo  de  não 
padescer,  porque  em  toda  parte  á  hy  martírio,  dado  que 
huns  excedão  a  outros.  Mas  que  farei  que  nem  paciência 
há  em  my,  o  que  já  não  tendes  por  martírio,  nem  as  cousas 
adversas,  e  quero  subir  tam  alto  que  certo,  charíssimos 

30  Irmãos,  muyta  necessidade  tenho  de  vosso  socorro  não  tam 
somente  pera  a  paciência  e  humildade,  mas  pera  a  menor 
das  virtudes  que  em  vós  haa;  porque  sabei,  meus  em 
Christo,  que  estou  mais  falto  do  que  nenhum  de  vós  jul- 
guara,  e  assi  quando  vejo  minha  destroição  desejo-me  e 

35  não  me  desejo,  não  tendo  tanta  occasião  porque  quero  ir 
ao  alto  sem  subir  pollo  primeiro  degrao,  mas  não  desagra- 
decendo  ho  grao  em  que  estou,  mas  fallando  com  o  preparo 
que  tenho  de  muyto  alcançar.  Mas  já  diguo  e  roguo  àquei- 
les  que  até  agora  sempre  roguarão  que  em  suas  santas 


10    me  sufi. 


28.  -  S.  VICENTE  JUNHO  DE  1551 


241 


orações  por  myn  peccador  queirão  roguar  a  Nosso  Senhor  4° 
que  me  dê  graça  pera  em  seu  serviço  perseverar  até  fim, 
porque  perseverando  assi  temos  gram  bem  aparelhado. 

Meus  em  Christo  Padres  e  Irmãos,  não  hé  todo  o  amor 
com  que  vos  amo,  porque,  se  todo  fora,  com  gram  fervor 
vos  escrevera  muytas  cousas  de  N.  Senhor,  mas  ao  presente  45 
me  não  lembram  por  minha  frieza  de  espirito,  mas  sem  isso 
não  deixarey  de  escrever  algumas  pera  louvor  de  Nosso 
Senhor.  Mas  se  eu  em  alguma  cousa  fora  eficás,  quando  as 
cousas  dignas  de  memoria  me  socedem  eu  as  poria  em  lem- 
brança ;  mas  como  quer  que  as  virtudes  em  my  não  são  5° 
fixas,  que  o  pode  ser?  Pois  certo,  charissimos  meus  [197V] 
Padres,  rezam  tinha  eu  e  não  pouca  de  vos  de  muytas  cou- 
sas fazer  sabedores,  pois  tenho  visto  as  emtranhas  com 
que  folguaes  de  ouvir  novas  dos  Irmãos,  em  especial  dos 
que  tam  ausentes  estão ;  pois  sabendo  isto,  com  que  me  55 
escusarei,  pois  que  até  no  escrever  sou  curto  e  tudo  deve 
ser  por  falta  de  amor.  Pois,  meus,  roguay  por  mym,  pois 
sou  mais  necessitado  do  que  podeis  cuidar.  Mas  tornando 
a  nosso  preposito,  dias  há  que  por  vossas  novas  ou  cartas 
esperamos,  polo  qual  alguma  rezam  temos  de  nos  aqueixar  60 
de  vós,  especialmente  do  Irmão  André  do  Campo  \  que 
daqui  foi,  porque  sabe  quanta  necessidade  de  vós  temos 
pera  nos  animar  e  sustentar  em  esta  esperança  de  que 
assima  disse. 

2.  Já  aguora  bem  será  que  deixemos  nosso  Mourom  2,  65 
que  significa  estar  escandalizado,  e  diguamos  alguma  cousa 


41  fim  dct.  pera  que  per      45  Senhor  sup.  rcpet. 


1  Este  Ir.  André  do  Campo  não  deve  ter  perseverado  na  Compa- 
nhia, porque  não  se  conhecem  senão  as  duas  únicas  referências  desta 
carta;  e  provàvelmente  não  era  Irmão  no  sentido  canónico,  mas  no 
mesmo  que  Nóbrega  dá  ao  Irmão  Gonçalo  Álvares,  do  Diálogo.  Leite, 
Diálogo  46-47. 

2  Palavra  tupi,  cujo  significado  se  dá  no  texto.  O  «Vocabulário  na 
Língua  Brasílica»,  de  Leonardo  do  Vale,  editado  por  Plínio  Ayrosa  (19381» 
216,  tem  Anhemoirõ. 


242 


IR.  DIOGO  JÁCOME  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


desta  terra  em  como  aparelhada  está,  como  já  vos  escrevy, 
como  hé  pera  nella  se  fazer  muyto  fruito  a  Nosso  Senhor, 
porque  certo  quanto  mais  delia  himos  entendendo,  tanto 

7°  mayor  apparelhamento  achamos,  e  quanto  mais  longe  tanto 
milhor.  E  mais  lastima  temos  de  ver  a  perdição  e  estragos 
que  nestas  coitadinhas  d'alma  haa,  e  muyto  mayor  lastima 
hé  pera  ter,  ver  que  porventura  à  mingoa  se  perdem.  E  sem 
ventura,  ainda  que  certo,  meus  Irmãos,  grandíssima  lastima 

75  poem,  po[n]derando  ho  mal  como  hé,  porque  vireis  e  vê-lo-eis 
que  cousa  pode  ser,  entrar  em  huma  povoação  de  índios  e 
ver  quatrocentas  almas  3  ou  mais  por  caminho  de  perdição, 
tam  fora  de  saberem  de  quantos  annos  são,  nem  se  an-de 
morrer,  nem  depois  de  mortos  onde  an-de  ir,  que  nenhuma 

8o  paixam  nelles  entra.  Seus  prazeres  são  como  an-de  ir  à 
gerra,  como  an-de  beber  hum  dia  e  huma  noute,  sempre 
beber  e  cantar  e  bailar,  sempre  em  pee  correndo  toda  a 
Aldeã,  e  como  an-de  matar  os  contrários  e  fazer  cousa  nova 
pera  a  matança;  an-de  aparelhar  pera  seus  vinhos  e  cozi- 

85  nhadas  da  carne  humana;  e  as  suas  santidades,  que  dizem 
que  as  velhas  se  an-de  tornar  moças,  e  outras  mil  cousas 
que  vos  o  Irmão  André  do  Campo  terá  contado.  Mas  a  falta 
de  não  aver  nesta  vinha  uvas  hé  por  lhe  não  cortarem  o 
mato  ao  redor  e  não  aver  podadores,  os  quaes  vós  soys  os 

9o  que  muyta  mingoa  caa  fazeis  e  tanta  quanta  eu  sei  que  vós 
o  sentireis. 

3.    O  nosso  P.e  Leonardo  Nunez  vos  escreverá  mais 
largo  porque  sabei,  meus  em  Christo,  que  se  elle  dez  cor- 
pos tivera,  todos  elle,  bendito  Deus,  os  emcaminhara  por 
95  que  todos  os  esforços  con  que  anima  a  esta  gente  assi  da 
terra  como  brancos,  e  com  vossa  vinda  que  vireis  e  estareis 


93  dez]  x  ms,  ||  94  ellei  bendito  Deus  in  margine  sinistro 


3  Não  deviam  ser  comuns  Aldeias  tão  povoadas,  mas  deve-se 
admitir  que  as  havia  nesta  região,  porque  a  afirmação  é  positiva.  E  é 
indicação  útil  para  a  futura  Aldeia  de  Piratininga,  quando  Nóbrega, 
reunindo-se  três  numa,  a  fundou  a  29  de  Agosto  de  1553  (carta  75  §  2). 


28. -S.  VICENTE  JUNHO  DE  1551 


245 


en  tal  parte  e  en  tal.  Elie  ateguora  sempre  cavou  e  podou  e 
colheu,  como  nas  outras  mais  larguo  vos  escrevi.  Das  obras 
era  particular  que  elle  obra  [i98r]  não  vos  saberey  dar  conta, 
por  serem  muytas  e  porque  sempre  estou  em  casa4.  Os  100 
Irmãos  vos  escreverão  disso  mais  larguo,  porque  vão  com 
elle  e  sabem  suas  obras  ainda  que  não  todas.  Eu  a  elles 
me  remeto  pollo  que  tanto  íolguaes  de  saber  pera  louvar- 
des a  Nosso  Senhor. 

4.  Daqui  partio  5  com  huns  Irmãos  pera  a  terra  dos  105 
índios  donde  trouxe  hum  homem  que  avia  sete  ou  oyto 
annos  que  estava  sem  confissão,  nem  ver  a  Deus.  Trouxe-o. 
Agora  está  aqui  como  entrevado  G,  doente  destes  males  que 
nesta  terra  são  muy  communs  aos  que  ao  peccado  da  luxu- 
ria 7  se  dam,  pollo  qual  muitos  se  perdem  em  estas  terras:  no 
assi  está  comido  cora  chagas.  Quis-vos  dar  conta  da  sua 
doença  pera  que  o  emcomendeis  a  Nosso  Senhor. 

5.  Outros  [há]  tam  apartados  ou  mais,  pois  que  são 
obstinados  em  este  negro  peccado,  com  os  quaes  trabalha 

de  dia  pollos  apartar  e  de  noite  em  como  os  á-de  apartar  115 
de  sua  maa  obstinação  em  que  estão  com  índias  da  terra, 
e  tal  há  que  lhe  seria  milhor  hum  braço  cortado  que  fallar 
o  que  fala  contra  o  Padre,  que  con  todo  amor  o  reprende  e 
exorta  con  todos  os  me[i]os  que  pode  e  pera  isso  busqua. 
E  são  que  á  hy  tal  que  sobre  ir  daqui  a  x  legoas  sobre  120 
huma  pessoa,  que  averá  xx  ou  xxx  annos  que  está  em  pec- 
cado mortal,  sobre  com  todos  os  mimos  com  que  primeiro 
o  trouxe  8,  e  vendo  sua  obstinação  sobre  estar  excomun- 


4  Diogo  Jácome  era  o  Irmão  mais  antigo  (viera  de  Portugal  com 
Nóbrega  em  1549)  e  parece  significar  com  isto  que  ficava  a  tomar  conta 
da  casa  na  ausência  do  P.  Leonardo  Nunes.  Mais  tarde  ordenou-se ; 
mas  ainda  então  não  era  Padre  e  por  isso  se  explica  que  Leonardo 
nunca  se  pudesse  ausentar  com  grande  demora. 

5  O  P.  Leonardo  Nunes. 

6  O  que  tinha  «as  muletas»  (carta  26  §  7). 

7  Referência  ao  mal  gálico  ou  sífilis.  Cf.  carta  10  §  23. 

8  Trata-se  de  João  Ramalho  e  vê-se  que  as  primeiras  relações 
foram  boas  [«de  mimos»].  E  deve  relacionar-se  com  elas  a  fundação 
da  ermida  e  da  missa  que  Leonardo  Nunes  conta  na  sua  carta  de 


244 


IR.  DIOGO  JÁCOME  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


guado  pollo  Viguairo  da  terra  9,  quis  o  nosso  Padre  ir  laa 

i25  a  diser  missa,  porque  se  passa  hum  anno  e  dous  que  não 
v[ê]em  a  Deus,  nem  no  vem  a  ver  podendo  vir.  E,  estando 
laa  dizendo  missa,  entrou  este  homem,  de  maneira  que  lhe 
mandou  o  Padre  diser  que  se  saisse,  que  não  podia  celebrar 
com  elle.    E,  saindo,  sairão  também  dous  filhos  seus  da 

13°  terra,  com  elle,  de  maneira  que  se  determinaram  pera, 
como  acabasse  a  missa,  de  lhe  darem  na  cabeça ;  o  qual 
acabando  a  missa  se  sayo  e  veo  pera  elle,  o  qual  lhe  rogou 
que  não  tivesse  conta  com  elle,  que  era  milhor  christão 
que  elle  e  que  fazia  muito  boas  obras",  mas  não  dizia  se 

135  estava  apartado  do  peccado  pera  lhe  aproveitarem.  E  assi 
tiverão  mão  nelle,  e  despois  vierão  os  filhos  com  suas 
armas,  que  são  huns  homens  como  salvagens,  contra  o 
nosso  mesmo  Padre,  e  elle  assentado  de  joelhos  diante 
delles  aparelhado  a  receber  o  que  viesse,  de  maneira  que 

14°  não  faltou  aqui  senão  Nosso  Senhor  alarguar  sua  mão  pera 
o  demónio  obrar  suas  más  obras.  Como  quer  que  Nosso 
Senhor  ho  tem  guardado  pera  mais  augmentação  da  sua 
Igreja  como  cada  dia  vay  augmentando,  não  no  permitio 
aly  acabar.    Mas,  quanto  às  novas  que  nos  caa  deram 

145  (estando  elle  laa),  foram  que  lhe  deram  de  pancadas  em 
secreto,  e  que  se  saisse  fora  de  sua  casa  [198V],  senão  que 
lhe  darião  com  hum  pao  polia  cabeça. 

6.  Assi  que  estas  são  suas  cousas  com  as  mais  das  quaes 
huma  hé  como  agora  há  poucos  dias  que  partio  daqui  com 

15°  cinquo  Irmãos  pera  outra  parte  ao  longo  do  mar,  obra  de 
xxx  legoas  em  busca  de  hum  homem  casado  em  Portugual, 
o  qual  estava  entre  índios  averá  oyto  ou  nove  annos  yá 
transportados  do  conhecimento  de  Nosso  Senhor  sem  todos 
estes  annos  se  confessar  nem  ver  a  Deus,  ò  qual  os  Negros 

J55  muito  querião.    E  vendo  como  o  Padre  o  hia  a  busquar, 


129  130  da  terra  8Up.     148  cousas]  cartas  ms. 

Novembro  de  1550  (carta  18  §  7).  O  episódio  violento  desta  carta  parece 
situar-se  já  em  segunda  ou  terceira  ida  a  Santo  André  da  Borda  do  Campo. 

9  O  Vigário  de  São  Vicente  era  o  Padre  Simão  de  Lucena. 
S.  Camargo,  A  Igreja  na  História  de  S.  Paulo  40. 


28. -S.  VICENTE  JUNHO  DE  1551 


245 


quis  vir,  mas  por  maes  justiças  que  laa  foraõ  não  no  ouve- 
ram  de  trazer.  Agora  está  aqui  com  o  outro  muyto  doente 
dumas  chagas  muyto  más  que  de  laa  trouxe.  Traz  huma 
india  da  terra  que  tinha  por  molher  com  duas  filhas. 
A  este  presente  ainda  não  está  confessado  por  não  saber  160 
o  grande  erro  que  tem  feito  haa  tantos  annos.  Por  estes 
caminhos  padecerão  os  Irmãos  com  o  Padre  muyto  detri- 
mento alem  do  cançaço  do  caminho  que  levaram  passando 
por  rios  a  nado  despidos,  que  dizem  os  Irmãos  que  emtan- 
gessião  com  frio ;  e  não  tam  somente  isto  mas  muyta  fome  l65 
em  extremo,  que  não  comião  senão  palmitos  que  achavam 
pollo  mato  com  outras  fruitas  de  mais  pouca  sustancia  sem 
terem  nem  hum  grão  de  farinha  que  laa  chamais  de  pao. 

7.    Assi  que,  meus  em  Christo,  não  vos  espanteis  com 
estes  homens  de  que  fiz  assirna  mensão,  porque  á  hy  outros  T7° 
muyto  mais  apartados  da  Igreja:  homens  e  mulheres  sam 
deitados  antre  os  contrários  destes  índios,  os  quaes  homens 
se  não  podem  caa  aver  por  estarem  longe  as  molheres. 
Huma  fugio  daqui  haa  já  muyto  tempo,  a  qual  dizem  ser 
tam  maa  que  persegue  aos  índios  a  que  venhão  dar  guerra  *75 
aos  brancos  e  que  diz  muyto  mal.    Fora  esta,  aguora  há 
poucos  dias  que  daqui  fugirão  duas  moças,  ambas  irmãas 
e  casadas  com  homens  brancos,  as  quaes  ellas  sam  filhas 
de  homem  branco  e  de  índia,  de  maneira  que  estão  ambas 
nos  contrários:  as  quaes  dizem  que  são  tam  maas,  que  180 
ordenarão  com  que  os  índios  vieram  a  dar  aqui  guerra  a 
huma  fortaleza  10,  que  os  brancos  tem  feita  pera  resguardo 


179  Prius  homens  brancos  j|  1S2  fortaleza]  parte  ms. 


10  Na  cópia  ms.  «huma  parte»,  leitura  menos  correcta,  feita  pelo 
copista,  da  abreviatura  fort.a  ou  da  palavra  forte  [Casa  forte],  que  devia 
ser  o  original  e  é  o  que  exige  o  sentido.  Trata-se  da  Fortaleza  de  Ber- 
tioga,  situada  no  canal  marítimo  deste  nome,  entre  a  Ilha  de  Santo  Amaro 
e  a  costa  de  São  Vicente.  Hans  Staden  chegou  a  ela  dois  anos  depois, 
e  este  sucesso  e  ataque  dos  Índios  é  o  cap.  xv  da  sua  Viagem  ao  Brasil. 
Cf.  Hans  Staden,  Viagem  ao  Brasil.  Versão  do  texto  de  Marpburgo 
de  1557,  por  Alberto  Lõfgren.  Revista  e  anotada  por  Teodoro  Sam- 
paio (Rio  de  Janeiro  1930)  55-56. 


246 


IR.  DIOGO  JÁCOME-PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


das  povoaçoens  dos  brancos,  e  assí  os  ensaiarão  de  maneyra 
que  derão  tal  salto  estando  descuidados  que  levariam  xxx 

185  indios  que  estavão  em  resguardo  da  terra  e  hum  homem 
branco,  e  os  que  ficaram,  ficaram  muyto  mal  feridos  de  fre- 
chadas, e  também  levarão  a  artelharia  que  puderam,  e  puse- 
rão  foguo  às  casas  de  palha;  só  huma  de  telha  avia  em  que 
se  salvarão  os  feridos  de  os  nam  levarem.  Assi  que  isto  diz 

19°  que  causaram  estas  molheres  com  muytas  [iççr]  maiores 
diabolidades  que  nestas  terras  se  fazem,  de  maneira  que 
aguora  vereis  quam  grande  o  demónio  faz  à  misericórdia 
de  Deus,  que  no  cabo  faz  tamanha. 

8.  Quanto  ao  demais  de  que  vos  desejo  fazer  sabedores 

x95  pera  louvor  de  N.  Senhor,  hé  da  nossa  igreja,  que  já  está 
a  cerqua  acabada,  e  da  primeira  missa  que  se  nella  disse, 
que  foi  dia  da  mesma  vocação  que  foi  dia  de  Jesu  u,  a  qual 
foy  com  toda  a  muziqua  de  canto  d^rguâo  e  frautas  12r 
como  se  lá  13  poderá  fazer.  A  igreja  hé  muyto  bem  feita  e 

200  composta,  con  sua  casas  e  pomar,  com  sua  orta  e  laranjaes, 
sidreiras  e  limoeiros  e  parreiras,  que  já  derão  aqui  huma 
vez  huvas.  Assi  que  o  que  falta  hé  o  que  o  Padre  mandou 
pedir,  que  são  novos  ornamentos  que  pera  a  igreja  há  mis- 
ter, ao  P.e  Mestre  Simão. 

2°5  9.  Finalmente  que  tornando  a  nosso  propósito  averá 
hum  anno  e  meio  14  ou  mais  que  nem  da  Baya,  donde  está 


183  ensaiarão  dei.  que  ]|  187   a  sup.  |J  201   Prius  pareiras 


11  1  de  Janeiro  de  1551.  A  Igreja,  como  se  diz,  ficou  a  chamar-se 
Igreja  de  Jesus.  Por  esta  carta  «sem  era»  ter  nas  «Avulsas»  a  data 
de  1552,  esta  ainda  a  demos  em  História  VI,  433-434.  A  Igreja  foi  mais 
tarde  incendiada  por  Cavendish,  mas  é  possível,  diz  Lúcio  Costa  —  e 
neste  lugar  citado  da  História  se  publica  o  seu  parecer  —  que  o  arca- 
bouço tenha  resistido  ao  incêndio  (como  resistiu  o  da  Igreja  do  Colé- 
gio de  Olinda)  e  seja  ainda  o  da  actual  matriz  de  São  Vicente. 

12  O  P.  Leonardo  Nunes  era  músico  e  regente  (carta  7  §  15).  Cf. 
Leite,  Artes  e  Ofícios  225. 

13  Em  Coimbra. 

14  Ele  saíra  da  Bafa  a  1  de  Novembro  de  1549  e  deixara  em  Porto 
Seguro  o  P.  Nóbrega  em  princípios  de  1550  (carta  10  §  9). 


29.  -  S.  VICENTE  JUNHO  DE  1551 


247 


o  P.e  Nobregua,  nem  de  vós,  não  temos  nenhumas  novas, 
do  qual  o  nosso  Padre  está  muyto  desconçolado  por  assi 
estar  soo  sem  Padre  da  Companhia.  210 

10.  Assi  que  em  esperança  vivemos  todos  os  Irmãos, 
que  aqui  estamos  a  serviço  de  N.  Senhor,  muyto  bemditas 
almas,  oííerecidos  a  muyto  padecer  por  amor  de  N.  Senhor 
e  alguns  com  os  votos  feitos,  outros  esperando  dia  de  Todos 
os  Santos  15  pera  também  se  offerecerem  em  sacriíicio  a  2I5 
N.  Senhor. 

Servo  sem  nenhum  proveito 

Dioguo  Jacome. 

29 

DE  MAXIMIANO 
AOS  IRMÃOS  DE  PORTUGAL 

[S.  VICENTE  JUNHO  DE  1551] 
I.    Texto:  Original  português  perdido. 

1.  ARSI,  Bras.  j-i.  ff.  24v-25r  [antes  i94v-i95r].  Título:  «De  una 
de  Maximiano».  Em  «Copia  de  unas  cartas  de  los  Padres  y  Hermanos 
que  están  en  el  Brasil.  De  1551  y  20  de  junio»  [23r-26v].  Tradução 
espanhola. 

2.  Biblioteca  Vaticana,  Ottoboni  lat.  797,  f.  g^r.  Tradução  italiana 
resumida. 

II.  Impressão  :  Versão  italiana :  Novi  Avisi  di  piu  lochi  de  l' índia 
et  massime  de  Brasil  (Roma  1553)  sem  paginação  [carta  n.  12] ;  Diversi 
Avisi  Particolari  daWIndie  di  Portogallo  (Veneza  1559)  ff.  I43r-i43v  ; 
ib.  (1565)  i43r-i43v. 

III.  Autor  :  Maximiano  era  um  dos  14  «Irmãos»  (entre  «grandes»  e 
«pequenos»),  que  tinha  então  a  Casa  de  São  Vicente,  dos  quais  fala  o 
Ir.  Pero  Correia  (carta  24  §  4).  Vocação  não  confirmada,  faltando  por 
isso  elementos  para  identificar  quem  fosse. 

IV.  Tempo  :    Dá-o  o  texto  1,  e  confirma-o  o  contexto. 
V.   Edição  :  Edita-se  o  texto  (1). 


15    1  de  Novembro. 


248 


MAXIMIANO  -  IRMÃOS  DE  PORTUGAL 


Textus 

1,  Cum  P.  Leonardo  Nunes  petivit  interiora  terrarum  et  vidit  in 
aliquo  pago  Indorum  domunculam  quae  dicebatur  esse  eorum  sancti. 
—  2.   Fratres  baculum  cum  cruce  portant. 

1.  Nuestro  Padre  1  hizo  daqui  hun  camino  2.  Los  Her- 
manos,  que  fueron  con  él,  escriven  lo  que  allá  passo  cada 
un  hun  poco  3.  Y  porque  yo  fuy  uno  dellos,  les  contaré  de 
parte,  que  estando  nosotros  allá  vimos  una  casilla  4,  que 
5  estava  [25r]  en  médio  de  una  aldeã,  la  qual  nos  dixeron  que 
era  de  su  sancto,  que  son  unos  hombres  que  enganan  a 
estos  miserables.  Y  començándoles  a  preguntar,  hallamos 
que  los  traya  perdidos,  enganados  con  grandíssimas  falsi- 
dades. 

IO  2.  Sabiendo  nuestro  Padre  esto,  cobro  grande  fee,  apa- 
rejándose  para  lo  que  soccedesse,  y  mandó  al  Hermano 
Pero  Correa  que  les  praedicasse  en  su  lengua,  dizéndole  lo 
que  les  avia  de  praedicar.  Y  así  les  praedicó  quasi  tres 
horas  dei  alva,  durando  el  sermón  hasta  la  mariana.  Quiso 

J5  nuestro  Senor  que  confessavan  quanto  el  Hermano  les  avia 
dicho  de  nuestro  Senor. 

También  dezían  que  sus  sanctos  todos  eran  mentiro- 
sos, y  pedian  con  mucha  instantia  al  Padre  que  los  hiziese 
christianos  y  estuviese  ally  con  ellos  ensenándoles,  que 

20  ellos  nos  darían  lo  necessário.  Y  también  pedian  luego 
bordones  de  cruz  5,  como  nosotros  aquá  traemos,  y  dávannos 


2o  pedian]  pendian  tns. 


1  P.  Leonardo  Nunes. 

2  Jornada  pelo  «rio  abaixo»,  descrita  por  Pero  Correia  (carta  25  §  1). 

3  Vê-se  que  o  P.  Leonardo  Nunes  deu  como  tema,  aos  Irmãos  que 
foram  com  ele,  a  descrição  da  jornada  e  o  que  nela  mais  notaram. 

4  A  «cabana  sagrada»  dos  etnólogos.  Leite  V  313. 

5  Que  os  primeiros  Padres  e  Irmãos  do  Brasil  andavam  de  bordão, 
já  constava  (carta  18  §5);  de  «bordão  de  cruz»  assinala-se  agora.  Os 
índios  logo  os  imitavam,  como  traz  a  versão  italiana:  «facevano  súbito 
bordoni  con  croce»  (f.  143V). 


50. -BAÍA  10  DE  JULHO  DE  1551 


249 


sus  hijos  para  que  los  ensenássemos.  Assí  que,  mis  charís- 
simos  en  Christo  Hermanos,  por  aqui  veréis  la  falta  que 
aquá  hazéis. 

30 

MANDADO  DE  MANTIMENTO 
PARA  O  P.  MANUEL  DE  PAIVA  E  CINCO 
COMPANHEIROS 

BAÍA  10  DE  JULHO  DE  1551 
I.    Autores :  LEITE  i  57. 

II.  Texto:  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro,  Cód.  1-19,  7,  2. 
Título  :  «Copia  do  Livro  I  das  Provisões  e  Mandados».  Mandado  n.  643. 

III.  Tempo :  Tira-se  do  mandado  precedente  [642],  de  10  de  Julho 
de  1551. 

IV.  Impressão :  Documentos  Históricos  XIV  (Rio  de  Janeiro  1929)  29 ; 
ib.  xxxvii  (1937)  261. 

V.  Edição:  Reiraprime-se  o  texto,  de  Doe.  Hist.  xiv,  conferido 
com  xxxvil. 

Textus 

7.    Ut  subsidium  pro  sex  Patribus  S.  I.  in  ferro  solvatur. 

1.  No  dito  dia  mez  e  era  [10  de  Julho  de  1551]  passou 
o  Provedor-mor  1  mandado  para  o  Almoxarife  Christovão 
de  Aguiar,  que  pagasse  ao  Padre  Manuel  de  Paiva  2,  Maio- 


1  António  Cardoso  de  Barros. 

2  Manuel  de  Paiva  chegou  à  Baía  no  ano  anterior  (2  a  expedição) 
Nasceu  por  1509,  em  Águeda,  distrito  de  Aveiro.  Entrou,  já  Padre,  na 
Companhia  em  Coimbra,  a  18  de  Julho  (não  Junho)  de  1548  {Lus.  4J-1, 
f.  3v).  Nóbrega  deixou-o  agora  por  Superior  durante  a  ida  a  Pernambuco; 


250 


P.  ANTÓNIO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


ral  dos  Padres  da  Companhia  de  Jesus  desta  Cidade,  na 
5  ausência  de  Manuel  da  Nóbrega,  dois  mil  e  quatrocentos 
reis  em  ferro  a  dois  mil  reis  quintal,  que  lhe  eram  devidos 
de  seu  mantimento  deste  mez  de  Julho,  à  razão  de  quatro- 
centos reis  cada  um,  a  seis  Padres  da  dita  Casa  e  Compa- 
nhia; e  que  por  elle  com  seu  conhecimento  feito  pelo 
io  Escrivão  de  seu  cargo,  assignado  por  ambos,  e  com  Certi- 
dão do  Escrivão  da  Matricula,  em  que  declarasse  ficar  posta 
verba  em  seus  titulos,  que  houveram  o  dito  pagamento, 
lhe  sejam  levados  em  conta  3. 

31 

DO  P.  ANTÓNIO  PIRES 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

PERNAMBUCO  2  DE  AGOSTO  DE  1551 

I.  Bibliografia:  B.  Machado  m  352;  Cimèlios  492;  Sommervo- 
gel  vi  847  n.  1;  Streit  ii  334  n.  1211 ;  Leite  ix  59  n.  x. 

II.   Autores:  Polanco  ii  391-393;  Franco,  Imagem  de  Coimbra  11 
210-211;  Leite  i  205  472  476;  11  379. 

III.    Texto :    Original  português  perdido,  que  logo  se  traduziu  em 
espanhol  e  se  publicou  (Copia). 

1.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa]  1-5, 
2,  38,  ff.  7r-ior.  Título:  «Carta  que  ho  P.e  Antonio  Pires  escreveo 
do  Brasil  da  Capitania  de  Pernambuco,  aos  Irmãos  da  Companhia, 
de  2  de  Agosto  de  1551».  Retroversão  portuguesa  da  tradução  espa- 
nhola impressa. 


e  o  mesmo  iria  fazer  em  Piratininga,  depois  de  fundar  a  Casa  de  São 
Paulo.  Paiva  tomou  parte  em  expedições  contra  os  Tamoios  e  faleceu 
em  Vitória,  no  Espírito  Santo,  a  21  de  Dezembro  de  1584  (Bras.  j-i, 
f.  29r).  Cf.  Leite  i  57-58. 

3  A  17  de  Agosto  de  1551  há  um  mandado,  igual  a  este,  sem 
determinação  da  espécie  em  que  se  pagava.  Com  esta  nota  à  margem : 
«O  Padre  Manuel  de  Paiva  tem  no  Almoxarife  passado  vinagre  1260 
reis,  e  no  Thesoureiro  Manuel  Ferreira  em  mercadoria  1040  reis» 
(Doe.  Hist.  xiv,  p.  67,  n.  728).  Cf.  supra,  doe.  13. 


51.  -  PERNAMBUCO  2  DE  AGOSTO  DE  1551 


251 


2.  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  4r-ior  [antes  2o8r-2i4v].  Tradução  italiana 
pela  espanhola.  Com  emendas  e  cortes  de  Polanco,  que  se  serve 
desta  carta,  omitindo  o  nome  do  autor :  «P.  Nóbrega  cum  sócio»  [p.  391]- 

3.  Biblioteca  Vaticana,  Ottoboni  lat.  jpj,  li.  i22r-i2Óv  i4or-i44v 
Mais  dois  exemplares  da  tradução  italiana. 

IV.  Impressão  :  Copia  de  unas  cartas. . .  a  los  Padres  y  hermanos  de 
Jesus  de  Coimbra. . .  Tresladadas  de  Português  en  Castellano.  Recebidas 
el  afio  de  ijfi.  [Carta  n.  2,  8  págs.  Título:  «Una  embiada  de  la  Capi- 
tania de  Pernambuco»];  Avisi  Particolari  delle  Indie  di  Portugallo 
(Roma  1552)  109-125  ;  Diversi  Avisi  (Veneza  1559)  ff.  4iv-48r  ;  ib.  (1565) 
ff.  4iv-48r;  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasileiro  VI  (1866) 
95-103;  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  76-84. 

V.  História  da  Impressão :  Copia  imprime  a  tradução  espanhola 
do  original  perdido  ;  Avisi  e  Diversi  Avisi  a  italiana  ;  Revista  e  Cartas 
a  retroversão  portuguesa  (1). 

VI.    Edição:   Reimprime-se  a  tradução  espanhola  (Copia). 

Textus 

1.  P.  Antonius  Pires  Pernambuci  versatur  cum  P.  Nóbrega.  — 
2.    Navarrus  didicit  linguam  brasilicam.  —  3.    De  baptismo  Indorum. 

—  4.  Favor  Gubernatoris  in  Indos  christianos.  —  5.  Mors  Christiana 
indi  D.  Ioannis.  —  6.  Indi  anthropophagi.  —  7.  Pugna  adversus  Indos 
contrários.  —  8.  lncipit  Collegium  ad  pueros  bahienses,  et  orphani  lusi- 
tani  attrahunt  pueros  brasilos.  —  9.    Lusitanorum  corriguntur  mores. 

—  10.  Religiosi  S.  I.  versantes  in  Brasília.  —  11.  Labores  Patrum 
Nóbrega  et  Pires  Pernambuci.  —  12.    Epistolae  e  Portugália  perventac. 

—  13.    Labores  manuales  Patrum. 

La  gracia  y  amor  de  nuestro  Sefior  sea  siempre  en  nues- 
tro  continuo  favor  y  ayuda.  Amen. 

1.  Por  algunas  cartas  que  el  afio  passado  de  1550  os 
escrevimos  1,  os  dimos  larga  información  destas  partes  dei 
Brasil,  y  de  algunas  cosas  que  nuestro  Sefior  por  sus  sier- 
vos,  que  por  la  santa  obediência  dessas  partes  an  sido 
embiados,  ha  querido  obrar.  Los  quales  al  presente  están 


1  Fala  no  plural  porque  é  carta  de  notícias  gerais.  Do  ano  de  1550 
não  se  conhece  nenhuma  carta  de  António  Pires. 


252 


P.  ANTÓNIO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


repartidos  por  diversas  capitanias  desta  costa  y  de  las 
cosas  que  el  Senor  por  cada  uno  dellos  obra,  seréis  por  sus 

10  cartas  sabidores,  solamente  os  quiero  yo  dar  cuenta  de  lo 
que  en  la  Baya  3  se  ha  acontecido  después  que  los  postre- 
ros  navios  se  an  partido,  y  también  desta  capitania  de 
Pernambuco,  a  donde  avrá  poços  dias  que  el  Padre  Nóbrega 
y  yo  somos  llegados  4. 

15  2.  Primeramente  sabréis  que  el  P.  Nóbrega  ha  llegado 
a  esta  Baya  5  de  visitar  y  correr  las  Capitanias  6,  y  luego 
ordeno  que  el  Padre  Navarro  fuesse  al  Puerto  Seguro  7  a 
trasladar  las  oraciones  y  sermones  en  la  lengua  desta  tierra, 
con  algunos  intérpretes  que  para  esso  avia  muy  buenos; 

20  las  quales  traslado  muy  bien,  y  es  mucho  para  dar  ala- 
banças  al  Senor  viéndole  predicar  mucha  parte  dei  viejo 
testamento  y  nuevo,  y  otros  sermones  dei  juyzio,  infierno, 
gloria,  etc.  En  lo  qual  a  todos  nos  lleva  la  ventaja,  y  en 
esto  tenemos  todos  mucha  falta  en  carecer  de  la  lengua,  y 

25  no  saber  declarar  a  los  índios  lo  que  queremos  por  falta  de 
intérpretes  que  se  lo  sepan,  como  desseamos,  explicar  y  dezir. 

3.  Muchos  de  los  gentiles  piden  el  agua  dei  baptismo, 
mas  el  P.  Nóbrega  ha  ordenado  que  primero  se  les  hagan 
los  cathecismos  y  exorcismos,  hasta  tanto  que  conozcamos 

3°  en  ellos  firmeza,  y  que  de  todo  coraçón  crean  en  Christo, 
y  también  que  primero  emienden  sus  maios  costumbres. 
Son  tales  los  baptizados  que  perseveran,  que  es  mucho 
para  dar  gracias  al  Senor,  porque  aunque  desonrrados  y 


2  Nas  Capitanias  de  Pernambuco,  Baía,  Porto  Seguro,  Espírito 
Santo  e  São  Vicente. 

3  Ainda  que  mandada  de  Pernambuco,  toda  a  carta,  menos  os  dois 
últimos  parágrafos  (ri-12),  trata  da  Baía  e  das  Capitanias  da  parte 
do  Sul. 

4  «Seis  ou  sete  dias»  antes,  dirá  no  §  II. 

5  Este  e  outros  §§  desta  carta  redigiram-se  ainda  na  Baía. 

6  Nóbrega  correu  as  Capitanias  mais  próximas  da  Baía:  Ilhéus 
e  Porto  Seguro.  Se  chegou  ao  Espírito  Santo  não  ficou  documento; 
nem  também  a  São  Vicente  (carta  28  §  9). 

7  Não  se  demorou  muito  em  Porto  Seguro,  porque  foi  chamado 
para  a  Baía  a  tratar  da  doutrina  dos  índios  como  se  lê  nesta  própria  carta. 


31.-  PERNAMBUCO  2  DE  AGOSTO  DE  1551 


253 


vituperados  de  los  suyos,  no  dexan  de  perseverar  en  nuestra 
obediência  y  crecer  en  buenos  costumbres.  El  pueblo  gentil  35 
al  principio  nos  dava  poco  crédito,  y  le  parecia  que  les 
mentíamos  y  enganávamos,  que  los  Padres  y  también  los 
legos  ministros  de  Satanás  que  al  principio  a  esta  tierra 
vinieron  les  predicavan  y  dezían  por  interés  de  sus  abomi- 
nables  rescates  s;  agora  que  comiençan  a  conocer  la  ver-  4° 
dad,  y  ven  el  continuo  amor  con  que  los  Padres  los  tra- 
tan  y  conversan,  y  el  trabajo  que  por  la  salvación  de  sus 
almas  reciben,  van  cayendo  en  la  cuenta  y  quieren  ser 
christianos  con  muy  mayor  voluntad  y  más  firme  intención 
que  al  principio.  También  nuestro  Sefior  ha  mostrado  cosas  45 
y  muestra  cada  dia  por  donde  se  van  desenganando  a  no 
nós  tener  en  la  cuenta  que  antes  tenían. 

Los  christianos  que  permanecen  son  tan  nuestros  que 
contra  sus  naturales  hermanos  pelearan  por  nós  defender, 
y  están  tan  subjetos  que  no  tienen  cuenta  con  padres  ni  50 
parientes;  saben  muy  bien  las  oraciones,  y  tienen  mejor 
cuenta  con  los  domingos  y  fiestas  que  otros  muchos  chris- 
tianos ;  en  nuestra  casa  se  disciplinan  todos  los  viernes,  y 
algunos  de  los  nuevamente  convertidos  se  vienen  a  disci- 
plinar con  grandes  desseos ;  en  la  processión  de  la  semana  55 
santa  9  se  disciplinaron  algunos  assí  de  los  nuestros  como 
de  los  nuevos  convertidos,  y  daqui  adelante  se  começaron 
a  confessar  con  el  P.  Navarro  en  su  lengua  10,  porque  ay  ya 
muchos  que  lo  quieren  y  desean.  Estos  an  de  ser  un  fun- 
damento grande  para  todos  los  otros  se  convertir,  ya  empie-  60 
çan  a  ir  por  las  aldeãs  con  los  Padres  predicando  la  fe,  y 
desagafiando  a  los  suyos  de  los  maios  costumbres  en  que 
viven.  Muchas  cosas  en  particular  pudiera  escrevir  que 
por  mi  grande  frieza,  y,  por  no  pensar  aver  de  ser  yo  el 


8  Resgates  na  linguagem  do  tempo,  quer  dizer,  objectos  com  que 
se  negoceia;  o  qualificá-los  de  «abomináveis»  é  para  condenar  aqueles 
resgates  em  que  o  objecto  era  o  homem  não  para  ficar  livre,  mas  cativo. 

9  Semana  Santa:  em  1551  entre  22  e  29  de  Março  (Páscoa). 

10  O  primeiro  Jesuíta  que  confessou  sem  intérprete  na  língua 
dos  índios. 


254 


P.  ANTÓNIO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


65  escriptor,  no  las  escrivo,  assí  por  no  las  tener  en  la 
memoria,  como  por  no  las  saber  estimar  por  falta  de 
charidad. 

4.  Grande  es  la  embidia  que  los  gentiles  tienen  a  estos 
nuevamente  convertidos,  porque  ven  quán  favorecidos  son 

7o  dei  governador  y  de  otras  principales  personas,  y  si  qui- 
siéssemos  abrir  la  puerta  al  baptismo  quasi  todos  se  ven- 
drían,  lo  qual  no  hazemos  si  no  conocemos  ser  aptos  para 
esso,  y  que  viene[n]  con  devoción,  y  con  contrición  de  los 
maios  costumbres  en  que  se  ha[n]  criado,  y  también  porque 

75  no  tornen  a  retroceder,  sino  que  queden  contentos  y  firmes. 
Mucho  más  fruto  se  pudiera  hazer  si  uviera  obreros,  mas 
el  Padre  Navarro  es  solo  el  que  tiene  cuydado  de  todo 
esto,  porque  Vicente  Rodriguez  ha  tenido  quartanas  mucho 
tiempo,  y  Salvador  Rodriguez  también  desde  que  vino  hasta 

80  agora  ha  tenido  la  mesma  dolência  y  otras  malas  disposi- 
ciones.  Al  Padre  Nóbrega  abástanle  los  continuos  sermo- 
nes  y  doctrina  con  otros  negócios  spirituales  que  nunca 
entre  los  christianos  faltan.  El  Padre  Nóbrega  me  tenía  a 
mi  dado  cargo  de  la  casa;  en  esto  me  he  ocupado  hasta 

85  agora  por  no  ser  para  más.  Todos  los  otros  Padres  están 
repartidos  por  diversas  partes  u,  mas  son  tan  poços  que  no 
abastan  para  todas;  assí  que  mucha  es  la  miesse  que  se 
pierde  por  falta  de  segadores  12. 

5.  Entre  otras  cosas  os  quiero  contar  una  de  un  prin- 
9°  cipal  desta  tierra,  el  qual  ha  algunos  dias  que  pedia  el 

agua  de  baptismo,  y  porque  tenía  dos  mugeres  no  se  la 
queríamos  dar,  aunque  sabíamos  que  la  una  delias  no  la 
tenía  sino  para  se  servir  delia.  Un  dia  con  gran  prissa  y 
efficacia  pidió  el  baptismo  al  qual  baptizo  el  Padre  Navarro, 


11  Dão-se  neste  §  os  Padres,  que  residiam  na  Baía,  pouco  antes 
de  Nóbrega  ir  a  Pernambuco :  Navarro  e  Vicente  Rodrigues  já 
tinham  voltado  de  Porto  Seguro.  Manuel  de  Paiva  ainda  estava  em 
Ilhéus,  e  foi  chamado  para  substituir  o  P.  António  Pires  no  governo 
da  Casa  e  ficar  Vice-Superior  da  Missão  na  ausência  do  Padre 
Nóbrega. 

12  Mat.  9,  37 ;  Luc.  10,  2. 


31.  -  PERNAMBUCO  2  DE  AGOSTO  DE  1551 


255 


y  day  a  seys  o  siete  dias  enfermo  de  câmaras  13,  y  se  yva  95 
consumiendo  hasta  que  conosció  que  avia  de  morir,  y  dos 
noches  antes  que  muriesse  embió  a  llamar  el  P.  Navarro 
para  lo  acompanar  y  ensenar  cómo  avia  de  morir,  y  dizíale 
que  le  nombrasse  muchas  vezes  el  nombre  de  Jesú,  y  de 
S.  Maria  N.  Sefiora,  y  él  también  dezía  con  el  Padre  estos  100 
sanctos  nombres,  hasta  perder  la  habla.  Y  antes  que  la 
perdiesse  vistió  una  ropa  que  tenía  y  mando  a  los  suyos 
que  lo  enterrassen  con  ella  y  en  sagrado  como  era  costum- 
bre  de  los  christianos,  y  dió  el  spíritu  a  Dios,  estando  el 
P.  Navarro  diziendo  missa  por  él,  por  lo  qual  no  se  pudo  i°5 
hallar  presente  a  su  muerte.   Dixo  una  su  hermana,  que  se 
halló  presente  a  su  muerte,  al  P.  Navarro,  que  le  avia  dicho 
el  muerto  antes  que  perdiesse  la  habla:  «Hermana,  no 
veys?»  Y  ella  le  respondió  que  no  veya  nada;  y  tornán- 
dole  a  preguntar  lo  mismo,  ella  le  respondia  de  la  misma  no 
manera,  hasta  que  él  con  grande  alegria  le  dixo :  «Veo,  Her- 
mana mia,  los  gusanos  holgando  en  la  tierra,  y  en  los  cielos 
grandes  alegrias  y  plazeres.  Quédate  en  ora  buena  que  me 
quiero  yr»,  y  assí  acabo.  Enterrámoslo  en  una  yglesia  que 
teníamos  hecha  para  los  nuevamente  convertidos.  Algunos  IX5 
hechizeros  lo  quisieron  estorvar  mas  no  pudieron,  y  echa- 
ron  fama  que  el  santo  baptismo  lo  matava,  no  conociendo 
que  nuestro  Senor  le  avia  hecho  muy  gran  merced  en  lo 
quitar  dantre  ellos  y  llevarlo  a  su  santa  gloria,  como  se 
deve  creer.  Este  nos  ha  dado  entrada  en  esta  tierra,  y  en  120 
su  manera  de  vivir  no  era  fuera  de  la  ley  natural  y  de  razón, 
lo  que  en  muy  poços  gentiles  tengo  en  esta  tierra  visto. 
Quedo  un  hermano  suyo  por  principal,  el  qual  ha  por  nom- 
bre Symón,  y  el  muerto  Don  Juan  u,  con  el  qual  metemos 


13  «Câmaras»  ou  câmaras  de  sangue:  desinteria.  Cf.  Afrânio 
Peixoto,  nota  a  esta  palavra,  Cartas  Avulsas,  85. 

14  Este  Principal  devia  ter  o  hábito  de  Cristo  (pelo  titulo  de  Dom), 
de  certo  por  se  ter  aliado  desde  o  começo  aos  Portugueses.  Mas  obser- 
ve-se  que  não  era  baptizado  e  o  foi  quase  só  «in  extremis».  Sucedeu-lhe 
o  seu  irmão  Principal  Simão,  sobre  cuja  Aldeia,  situada  sobre  o  Gam- 
boa, hoje  dentro  da  Cidade  da  Baía,  cf.  Leite  ii  50;  carta  33  §  1.  Dom  João 


256 


P.  ANTÓNIO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


125  acá  en  vergiiença  los  maios  christianos,  porque  es  muy 
virtuoso  y  fuera  de  los  costumbres  de  los  otros,  y  también 
su  muger  y  hijos,  los  quales  nos  tiene  prometidos  para  que 
los  ensenemos,  y  por  falta  de  casas  y  mantenimientos  no 
lo  podemos  hazer.  Ya  agora,  quando  están  dolientes  algu- 

!3°  nos  de  los  nuevos  christianos,  o  quando  mueren,  llaman  a 
los  Padres  para  que  rueguen  a  Dios  por  ellos  y  para  que 
estén  a  su  muerte,  y  los  entierren  después  de  muertos.  Mas 
Satanás,  que  en  esta  tierra  tanto  reyna,  ordeno  y  ensenó 
a  los  echizeros  muchas  mentiras  y  enganos  para  empe- 

135  dir  el  bien  de  las  almas,  diziendo  que  con  la  doctrina  que 
les  ensenávamos  las  trayamos  a  la  muerte;  y  si  alguno 
adolecía  le  dezían  que  tenía  anzuelos  en  el  cuerpo,  cuchi- 
llos  o  tiseras  que  le  causavan  aquel  dolor,  y  íingían  que  se 
las  tiravan  15  dei  cuerpo  con  sus  hechizerías :  estas  y  otras 

140  muchas  manas  suele  usar  en  esta  su  generación  en  la  qual 
tanto  ha  que  reyna,  temiendo  ser  despojado  de  su  tyranía. 

6.  Una  cosa  os  quiero  contar,  que  es  de  gran  admira- 
ción,  de  la  grande  justicia  y  misericórdia  dei  Sefior,  la 
qual  es  que  junto  desta  Baya  seis  ou  siete  léguas,  en  una 

145  isla  está  una  generación  que  ya  tuvo  guerra  con  estos  de 
la  Baya,  y  agora  estavan  en  paz.  Acerto  de  yr,  la  segunda 
octava  de  Pascua  1G,  un  barco  allá  con  quatro  hombres 
blancos17  a  rescatar  sin  licencia  dei  governador,  y  no  yvan 
aún  confessados,  y  según  se  dize  yvan  a  pecar  con  algu- 

15o  nas  negras  con  las  quales  estavan  concertados.  Y  saliendo 
en  tierra  determinaron  los  negros  de  matarlos  en  vengança 
de  unos  sus  hermanos  que  los  christianos  avían  salteado  y 


era  o  mesmo  índio  Tacoí  ou  Tacuí,  nome  conservado  por  Vicente  Rodri- 
gues (carta  43  §  4). 

15  Tiravam,  palavra  portuguesa,  no  sentido  aqui  usado  (por  «saca- 
ban») ;  assim  como  «dolência»,  «adolecia»  é  tradução  material  dos 
vocábulos  portugueses  «doença»,  «adoecia». 

16  31  de  Março  de  1551. 

17  «Huns  I IIIo  degradados  e  homens  de  mao  viver»  (carta  de  Tomé 
de  Sousa  a  El-Rei  D.  João  III,  Baía  18  de  Julho  de  1551,  in  História  da 
Colonização  Portuguesa  do  Brasil  111  362). 


31.-  PERNAMBUCO  2  DE  AGOSTO  DE  1551 


257 


muerto  avia  ya  tiempo.    Conosciendo  los  christianos  su 
determinación  y  queriendo  huir,  antes  que  llegassen  al 
barco  los  mataron  y  después  los  comieron.   Algunos  de  155 
los  nuestros  se  juntaron  y  fueron  contra  ellos,  y  prendie- 
ron  dos  viejos  principales  y  una  muger  y  los  entrega- 
ron  al  governador  prometiéndole  que  prenderían  más  si 
pudiessen.  Los  quales  dos  viejos  eran  tios  de  los  que  avían 
muerto  los  christianos,  a  los  quales  habló  el  P.  Nóbrega  160 
con  un  intérprete,  que  ya  que  avían  de  morir,  que  muries- 
sen  christianos,  y  persuadíalos  con  razones,  y  llevóles  allí 
de  los  nuevamente  convertidos  para  los  quitar  de  su  engano 
y  convencerlos.    Quiso  el  Sefíor  que  con  grande  voluntad 
quisieron  y  fueron  baptizados  y  siempre  con  el  nombre  165 
de  Jesú  en  la  boca  y  mirando  hazia  los  cielos  acaba- 
ron  las  vidas  a  la  boca  de  una  bombarda;  los  quales  yo 
bien  creo  que  son  salvos,  tanto  quanto  temo  que  los 
christianos,  que  los  suyos  mataron,  sean  condenados  por 
sus  obras  y  vida  danada,  si  en  su  íin  Christo  N.  Sefior  no  170 
los  socorrió. 

7.  Después  tornaron  los  habitadores  de  aquella  isla, 
que  avían  huydo  de  miedo,  a  poblarla  por  causa  de  los 
muchos  mantenimientos  que  en  ella  tenían  y  truxeron 
mucha  gente  dei  sertón  en  su  ayuda  contra  los  blancos  175 
y  sus  ayudadores,  por  lo  qual  convino  al  governador 
embiar  quasi  toda  la  gente  de  la  tierra,  y  quedo  él  con 
muy  poços  guardando  la  ciudad.  Y  fué  con  esta  gente 
el  P.  Nóbrega  con  una  cruz  en  la  mano  que  dava  gran 
Consolación  a  los  christianos  y  espanto  y  terror  a  los  180 
índios,  el  qual  yva  confessar  los  heridos,  y  ayudar  a 
[enterrar]  los  muertos,  si  los  oviesse  18.  Mas  quiso  nues- 
tro  Sefíor  ayudar  a  los  christianos,  porque  empeçando  los 
nuevamente  convertidos,  que  en  la  delantera  yvan,  de 
andar  a  las  flechadas  con  los  índios,  y  viendo  que  los  185 


18  A  cruz  na  mão  e  os  fins  espirituais,  com  que  ia,  constituem  a 
Nóbrega  verdadeiro  capelão  militar.  E  é  a  primeira  vez,  no  Brasil,  que 
este  cargo  público  ou  oficioso  aparece  desempenhado  por  Padres  da 
Companhia.  Cf.  Leite,  Breve  Itinerário  69. 


258 


P.  ANTÓNIO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


nuestros  se  llegavan  mucho  a  ellos,  desamparando  la 
aldeã,  huyeron  para  los  matos,  la  qual  fué  quemada  con 
otra  de  la  misma  casta,  que  estava  en  otra  isla  cerca  desta19, 
la  qual  también  desampararon  y  huyeron,  y  mataron  dos 

19°  dellos.  En  esta  aldeã  hallaron  mucho  mantenimiento,  que 
los  hombres  pobres  de  la  armada  truxeron.  Están  agora 
los  negros  tan  medrosos,  que  qualquier  jugo  de  bien  bivir, 
que  les  fuere  puesto,  lo  acceptarán,  aunque  sea  por  temor 
y  miedo  de  los  blancos. 

J95  8.  En  la  Baya  está  dado  principio  a  una  casa,  en  que 
se  recojan  y  ensefien  los  ninos  de  los  gentiles  nuevamente 
convertidos.  La  qual  se  empeço  con  algunos  mestiços  de 
la  tierra,  y  con  algunos  de  los  huérfanos  que  dallá  vinie- 
ron  en  el  galeón  20.    Es  cosa  que  hizimos  por  nuestras 

200  manos  21,  aunque  sea  de  poca  dura,  y  tomamos  tierra  para 
mantenimiento  de  los  ninos  22.  Ya  comiençan  los  hijos  de 
los  gentiles  a  huyr  a  sus  padres,  y  venirse  a  nós,  y  por 
más  que  hazen  no  los  pueden  apartar  de  la  conversación 
de  los  otros  ninos33.  Y  es  tanto,  que  a  nuestra  partida  de 

205  la  Baya  llegó  uno,  descalabrado  y  sin  comer  todo  un  dia, 
hu3?endo  de  su  padre  a  nós.  Cantan  todos  una  missa  cada 
dia,  y  ocúpanse  en  otras  cosas  semejantes.  Agora  se  orde- 
nan  cantares  en  esta  lengua  2i,  los  quales  cantan  los  mama- 
lucos  por  las  aldeãs  con  los  otros.    Y  ya  tuviéramos  la 

210  casa  llena,  si  les  pudiéramos  sustentar,  y  si  tuviéramos  a 
donde  aposentarlos ;  y  daqui  a  poços  meses  avrá  manteni- 
mientos  para  poderse  tomar  más,  y  por  esso  repartimos 


19  Parece  tratar-se  da  Ilha  de  Itaparica  em  frente  da  Cidade  a  «6 
ou  sete  léguas»  da  Baía,  como  se  diz  acima;  porque  a  Aldeia  de  Santa 
Cruz,  que  depois  se  fundou  nessa  ilha,  estava  a  umas  «6  léguas  desta 
Casa»  da  Baía  (Cartas  Avulsas  306). 

20  Galeão  «S.  João  Baptista»,  conhecido  por  «Galeão  Velho».  Vie- 
ram nele  sete  órfãos  (carta  11). 

21  Cf.  carta  14  §  4. 

22  A  sesmaria  de  «Água  dos  Meninos»  (doe.  17). 

23  Cf.  Leite  11  24. 

24  Língua  brasílica,  isto  é,  tupi. 


31.  -  PERNAMBUCO  2  DE  AGOSTO  DE  1551 


259 


algunos  de  los  ninos  huérfanos  por  las  otras  capitanias  25. 
Es  tan  grande  el  temor  en  algunas  destas  aldeãs  y  reve- 
rencia que  tienen  a  los  Padres,  que  no  osan  abiertamente  2*5 
comer  carne  humana,  de  manera  que  están  estos  gentiles, 
principalmente  los  de  la  Baya,  aparejados  para  se  hazer  en 
ellos  grande  fruto.  Mas  estamos  acá  tan  poços  y  tan  repar- 
tidos, y  las  necessidades  son  tantas  entre  los  christianos, 
a  las  quales  somos  más  obligados  a  acudir,  que  no  sé  220 
como  sufrís,  charíssimos  Hermanos,  estar  tanto  tiempo 
en  essa  casa,  estando  acá  tantas  necessidades  esperando 
por  vós. 

9.    Muy  grande  fruto  se  a  hecho  en  esta  costa  entre 
los  christianos,  y  evitáronse  grandes  pecados,  y  hizié-  225 
ronse  muchos  casamientos  a  servicio  de  Dios:  y  algunos 
fueron  con  mugeres  de  la  tierra  26,  de  lo  qual  resulta 
grande  alabança  a  Christo  nuestro  Senor,  y  será  un  grande 
principio  de  se  acrescentar  la  tierra,  y  la  santa  fe  cathólica. 
De  manera  que  está  este  puerto  27  tan  reformado,  que  no  23° 
siento  tierra  poblada  de  gente  tan  mal  acustumbrada  en 
pecados  como  ésta,  que  pueda  estar  tan  reformada  en  buena 
custumbre  y  virtud.    El  governador  28  por  su  virtud  nos 
ayuda  mucho,  y  en  todo  favorece  nuestra  causa.  Los  escla- 
vos  aqui  vivían  tan  gentílicaraente  como  antes,  quando  eran  235 
gentiles,  lo  hazían  en  sus  tierras;  ase  hecho  en  ellos  grande 
fruto,  porque  saben  ya  las  oraciones,  y  ensénanlos  a  bivir 
virtuosamente.  Trabajamos  por  poner  un  custumbre  en  esta 
tierra  de  casar  los  esclavos  con  las  esclavas  en  la  haz  de  la 
Santa  Iglesia.  Hanse  casado  muchos  y  casarse  yan  muchos  24° 
más,  si  acabassen  de  creer  sus  senores,  que  no  quedan 
horros.   Con  la  venida  dei  sehor  Obispo  esperamos  que  se 


25  A  primeira  Capitania,  por  onde  os  repartiram,  foi  Porto  Seguro. 
Leite  i  198. 

26  O  casamento  cristão  dos  Portugueses  com  as  mulheres  indí- 
genas é  triunfo  já  dos  Padres  e  do  sistema  português,  alheio  a  toda  a 
espécie  de  racismo. 

27  Baía. 

28  Tomé  de  Sousa. 


260 


P.  ANTÓNIO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


hará  en  esto  mucho  provecho,  y  se  remediará  todo  lo  demás, 
porque  ay  muchas  haziendas  que  tienen  muchos  esclavos 

245  y  esclavas. 

10.  Francisco  Pérez  está  en  Puerto  Seguro  y  a  estado 
con  él  hasta  aora  Vicente  Rodriguez,  y  vino  agora  a  comu- 
nicar con  el  Padre  Nóbrega  en  esta  costa  29  algunas  cosas, 
en  la  qual  enfermo,  y  por  tanto  no  a  podido  más  tornar. 

250  Ha  hecho  hazer  una  hermita  30  allí,  a  la  qual  la  gente  es 
muy  devota  y  es  muy  visitada  de  romerías.  Dízese  por 
toda  la  costa  que  una  fuente  que  se  abrió  después  de  la 
fundación  de  la  hermita  da  salud  a  los  enfermos.  Francisco 
Pérez  tiene  cuydado  de  hazer  la  doctrina  a  los  esclavos  y 

255  de  visitar  algunas  aldeãs  de  los  gentiles,  que  están  cerca 
de  aqui 31,  de  las  quales  a  tomado  algunos  nifíos  consigo 
para  los  enseííar:  estáos  con  grandes  desseos,  Hermanos 
charíssimos,  aguardando  solus  tanquam  agnus  in  médio 
luporum  32. 

260  Alonso  Blaz,  y  Simón  Gonçález  están  al  presente  en  el 
Spíritu  Santo.  Tienen  començada  una  casa,  en  la  qual 
tenemos  esperança  que  se  criarán  muchos  moços  de  los 
gentiles,  porque  es  la  tierra  la  más  abastada  y  mejor  de 
toda  esta  costa,  según  dizen  todos.  Ay  allí  muchos  escla- 

265  vos,  en  los  quales  se  haze  mucho  provecho. 

Leonardo  Núnez  y  Diego  Jácome  están  en  S.  Vicente. 
Tienen  también  hecha  una  grande  casa,  en  que  se  han  de 
recoger  y  ensehar  todos  los  nifíos  de  los  gentiles  nueva- 
mente  baptizados.  Dilatóse  su  ida  a  los  Carijós  por  muchos 

270  respectos,  principalmente  por  no  aver  quien  pudiesse  sus- 
tentar esta  casa  y  regir  los  nifíos  delia. 

El  P.  Manuel  de  Paiva  ha  llegado  poco  ha  de  la  Capita- 
nia de  los  Illeos,  y  dexa  aquel  pueblo  con  mucha  sole- 


29  Entenda-se  à  Baía,  antes  do  P.  Nóbrega  ir  a  Pernambuco  ;  e 
ficou  na  Baía  («no  a  podido  más  tornar»  a  Porto  Seguro).  Cf.  supra  §  4. 

30  Igreja  de  Nossa  Senhora  da  Ajuda  em  Porto  Seguro.  Leite  I 
205-208. 

31  «De  aqui»,  isto  é,  da  Igreja  da  Ajuda. 

32  Mat.  10,  16. 


51.  -  PERNAMBUCO  2  DE  AGOSTO  DE  1551 


261 


dad  de  sí.    Está  aora  en  la  Baya  y  tiene  cuydado  de 
casa  3!.  275 

11.  El  Padre  Nóbrega  y  yo  partimos  avrá  quinze  o  veinte 
dias  84  para  esta  Capitania  de  Pernambuco,  donde  ha  seis  o 
siete  dias  35  que  somos  llegados  con  assaz  fortuna.  Porque 
estuvimos  muchas  vezes  quasi  perdidos,  mas  quiso  nues- 
tro  Senor  por  su  misericórdia  librarmos  de  tantos  peligros.  280 
Y  aqui  fuimos  muy  bien  recebidos  deste  pueblo,  principal- 
mente de  los  Capitanes  36  que  son  hombres  virtuosos  y 
amigos  de  Dios,  y,  porque  esta  tierra  es  poblada  de  mucha 
gente,  ay  también  en  ella  muchos  pecados.  Mas  aunque  esto 
sea,  paréceme  que  la  gente  está  dócil,  y  bien  inclinada.  Ay  285 
también  aqui  muchos  esclavos.  Y  los  gentiles  desta  tierra 
parece  que  son  los  mejores  que  de  todas  las  otras  partes, 
porque  conversaron  siempre  con  mejor  gente37  que  todos  los 
de  las  otras  capitanias;  tenemos  esperança  que  se  a  de  hazer 
mucho  fruto.  El  Padre  Nóbrega  predica  todos  los  domin-  29° 
gos  y  dias  santos,  y  a  las  tardes  haze  una  plática  a  manera 
de  sermón.  Los  viernes  haze  otra  a  los  disciplinantes,  y  es 
muy  accepto  a  todos.  Fué  cosa  para  dar  muchas  gracias  al 
Senor,  ver  este  domingo  passado  una  iglesia  muy  grande  38 
llena  de  esclavos  que  venían  a  la  doctrina,  que  serían  cerca  295 
de  mil,  fuera  los  que  están  en  las  haziendas,  que  son  muchos, 


33  A  carta  dá  notícia  e  é  um  catálogo  dos  dez  Jesuítas  vindos  de 
Portugal,  e  o  lugar  de  residência  à  data  em  que  se  escrevia  (2  de  Agosto 
de  1551):  em  Pernambuco,  Manuel  da  Nóbrega  e  António  Pires;  nn 
Baía,  Manuel  de  Paiva,  João  de  Azpilcueta  Navarro,  Salvador  Rodrigues 
e  Vicente  Rodrigues;  em  Porto  Seguro,  Francisco  Pires;  no  Espírito 
Santo,  /\fonso  Brás  e  Simão  Gonçalves;  em  São  Vicente,  Leonardo 
Nunes  e  Diogo  j^orne.  São  os  dez,  que  vieram  do  Reino,  e  maia  cl~-° 
Gonçalves,  entrado  na  Baía.  juos  iucvuos  bou  Vicente  não  havia 
notícias  certas;  e,  além  dos  dois,  Nunes  e  Jácome,  só  fala  de  meninos. 

34  Portanto,  saíram  da  Baía  para  Pernambuco  nos  meados  de 
Julho. 

35  Chegaram,  portanto,  a  Olinda  a  26  ou  27  de  Julho. 

36  Os  donatários  Duarte  Coelho  e  sua  mulher  D.  Brites  de  Albu- 
querque. Leite  i  473;  Breve  Itinerário  70. 

37  Nobres,  comerciantes  e  oficiais  mecânicos.    Leite  V  450-452. 

38  A  Matriz. 


262 


P.  ANTÓNIO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


porque  ay  hazienda  que  tiene  dozientos  esclavos.  El  Padre 
Nóbrega  me  ha  hecho  a  mí  predicador,  pues  que  vós,  Her- 
manos  mios,  tardáis  tanto.  Truxe  las  oraciones  y  algunos 

3°°  sermones  escriptos  en  esta  lengua  39.  Espero  agora  exerci- 
tarme  en  ellos. 

Luego  que  aqui  llegamos  començaron  muchos  a  se  apar- 
tar de  sus  mancebas,  y  de  otros  pecados.  Paréceme  que 
fué  por  miedo,  por  les  parecer  que  trayamos  poder  para 

3°5  los  castigar.  Quiera  nuestro  Sefior  que  no  las  tornem  a 
recoger !  Llámamnnos  los  negros  y  esclavos  vicários  teme- 
rosos, porque  los  christianos  desta  Capitania  por  este  nom- 
bre  de  vicários  nos  nombravan.  Los  moradores  desta  Capi- 
tania se  dan  grande  prissa  a  nos  ordenar  casa,  y  andan 

3IQ  escogiendo  sitio.  Están  muy  aparejados  para  nos  ayudar 
en  todo  lo  que  nos  fuere  necessário  para  el  servicio  de 
Dios.  Cásanse  muchos40,  lo  que  antes  no  se  hazía,  porque 
querían  más  estar  amancebados  con  sus  esclavas,  y  con 
otras  negras  horras.   Ay  en  esta  tierra  un  costumbre  que 

3*5  lo  más  de  los  hombres  no  reciben  el  Santo  Sacramento,  por- 
que tienen  las  negras  con  que  están  amancebados,  en  tanto 
que  ay  hombre  que  a  xx  anos  que  no  comulgó,  y  coníiés- 
sanlos  y  absuélvenlos.  Lo  que  todo  se  haze  a  nuestras  cos- 
tas, pues  aora  es  nuestro  officio  remediarlos.  El  mayor  tra- 

320  bajo  que  aora  tenemos  es,  que  avrá  en  esta  población  algunas 
cincuenta  negras  41  o  más,  afuera  otras  que  están  por  las 
haziendas,  las  quales  íueron  traydas  de  las  aldeãs  por  los 
blancos  para  las  tener  por  mancebas.  Ellos  las  hazían  luego 
christianas,  porque  el  peccado  no  fuesse  tan  grande.  No 

325  sabemos  dar  a  esto  tajo:  porque  si  se  las  quitaremos  anse 
de  tornar  a  las  aldeãs,  y  assí  házese  injuria  al  sporamento 


39  Língua  tupi  (Cf.  carta  36  §  5). 

40  Cremos  que  um  destes,  que  então  se  casaram,  foi  Pedro 
Leitão  «mamposteiro»  dos  escravos  com  a  «meirinha»,  de  que  fala 
Nóbrega  a  13  de  Setembro  (carta  36  §  4);  e  na  mesma  carta  §  2  fala  des- 
tes casamentos  de  portugueses  com  índias  com  maior  relevo. 

41  Trata-se  de  índias,  pois,  como  logo  se  diz,  foram  trazidas  «das 
Aldeias». 


31.  -  PERNAMBUCO  2  DE  AGOSTO  DE  1551 


263 


dei  baptismo,  y  si  no  se  las  quitamos,  estarán  unos  y  otros 
en  pecado  mortal.  Tengo  esperança  que  por  médio  de  vues- 
tras  oraciones  nos  a  el  Senor  de  ensenar  lo  que  avemos  de 
hazer.  Elias  andan  tan  devotas,  principalmente  las  horras,  33° 
que  quanto  a  lo  que  muestran,  si  les  pudiéssemos  ordenar 
alguna  manera  de  vida,  fácilmente  las  apartaríamos  dei 
pecado.  Ay  entre  ellas  una  42  muy  antigua  entre  los  Man- 
cos 43,  a  la  qual  todas  las  otras  obedecen,  porque  anda  con 
una  vara  en  la  mano  44,  y  tiene  cuydado  de  las  ayuntar  a  335 
la  doctrina.  Esta  se  levanto  una  madrugada  dos  o  tres 
horas  antes  dei  dia,  y  con  grandes  bozes  pregonava  nues- 
tra  venida,  animando  las  otras,  diziendo  que  ya  el  dia  era 
llegado,  que  hasta  aqui  siempre  avían  tenido  noche,  que 
saliessen  de  sus  males  y  pecados,  y  fuessen  buenas  y  chris-  34° 
tianas,  dizendo  mal  de  sus  custumbres,  y  loando  los  nues- 
tros.  Muchas  destas  se  nos  vienen  a  casa,  y  se  assientan 
de  rodillas,  diziendo  con  mucha  lástima,  que  hasta  aqui 
assí  ellas  como  sus  hijos  íueron  salvages,  que  por  amor  de 
Dios  las  ensenemos  y  doctrinemos.  345 

12.  Unas  cartas  tuvimos  acá 45  vuestras  que  íueron 
hechas  en  el  mes  de  setiembre,  y  otras  poças  que  venieron 
por  via  de  la  Capitania  de  los  Illeos,  las  quales  traxieron 
dos 46  de  los  ninos  huérfanos  que  embiaron  de  Lisboa. 


42  Uma  índia  forra. 

43  Que  convivia  com  os  brancos  há  muito  tempo  (vivia  com  um 
deles,  Pedro  Leitão). 

44  «Meirinha»,  uma  espécie  de  «mamposteira»  das  outras  índias ; 
e  parece  bem  caracterizada  a  índia  forra  de  quem  torna  a  falar  o  mesmo 
Padre  na  carta  45  §  7,  já  casada,  honrada  e  rica,  «grande  língua»  que  a 
Hist.  de  la  Fund.  de  Pernambuco  f.  6ov,  chama  Maria  da  Rosa,  e  Rodolfo 
Garcia  identifica  com  a  mulher  do  Capitão  Pedro  Leitão.  Leite  i  473. 
Maria  da  Rosa  foi  depois  terceira  franciscana,  por  isso  se  ocupam  dela, 
e  do  Recolhimento  que  fundou,  os  autores  franciscanos.  Van  der  Vat, 
Princípios  111-112  ;  e  infra,  carta  36  §  4. 

45  «Acá»,  no  Brasil,  e  especificamente  na  Baía,  de  que  volta  a  falar. 
Anunciavam-se  ali  navios  de  Portugal,  mas  os  Padres  não  esperaram  por 
eles  para  não  perderem  a  embarcação  que  ia  para  Pernambuco  e  os  levou. 

46  Cf,  carta  21. 


264  GOVERNADOR  TOMÉ  DE  SOUSA  -  PADRES  DA  COMPANHIA 


35°  Agora  se  esperava  en  la  Baya.  por  los  navios  dei  Rey  nues- 
tro  senor,  que  no  eran  aún  llegados  Parécenos  que  trae- 
rán  muchas  cartas,  y  nuevas  vuestras,  por  las  quales  no 
podemos  aguardar  por  no  perder  la  embarcación,  y  por 
esso  no  respondemos  a  ellas. 

355  13.  En  esta  tierra47,  por  la  falta  que  ay  de  officiales,  la 
necessidad  nos  haze  aprender  todos  los  officios,  porque  yo 
os  digo  que,  por  los  oíficios  que  en  esta  tierra  tengo  apren- 
didos, podría  ya  bivir  4S.  Christo  nuestro  Sefior  nos  haga 
bien  aprender  y  obrar  el  oíficio  de  la  períectión,  para  que 

3°°  nuestros  trabajos  y  servicios  le  sean  acceptos.  Y  para  esto, 
Hermanos  mios  en  Christo,  nunca  os  olvidéis  de  tener  con- 
tinua memoria  de  nós  en  vuestros  sacrifícios  y  oraciones. 

Desta  Capitania  de  Pernambuco,  a  dos  de  Agosto  de 
M.D.LI.[i55i]. 

32 

MANDADO  DO  GOVERNADOR  TOMÉ  DE  SOUSA 
SOBRE  MANTIMENTO 
E  VESTIDO  DOS  PADRES  DA  COMPANHIA 

BAÍA  6  DE  AGOSTO  DE  1551 

I.  Texto  :  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro,  Cód.  1-19,  7,  2. 
Título:  «Copia  do  Livro  1  das  Provisões  e  Mandados».  Mandado  n. 708. 

II.  Impressão  :  Documentos  Históricos  XIV  (1929")  57-58  ;  ib.  XXXVII 
(1937)  290. 

III.    Edição:   Reimprime-se  o  texto  de  Doe.  Hist.  XIV,  conferido 
com  xxxvii. 

Textus 

/.  Aitcioritate  regia,  iussit  Gubeniator  nt  Patri  Emmanueli  de  Paiva 
daretur  certa  mensura  vini. 


47  No  Brasil,  em  geral. 

48  Aprendeu  as  artes  mecânicas,  mas  sobretudo  a  de  carpinteiro 
em  que  foi  exímio.  Leite  ii  589;  Artes  e  Ofícios  239-240. 


52.  -  BAÍA  6  DE  AGOSTO  DE  1551 


265 


1.  A  seis  de  Agosto  de  mil  quinhentos  e  cincoenta  e 
um,  passou  o  Governador  um  mandado,  de  que  o  traslado 
e  registo  delle  dizia  assim  : 

Thomé  de  Souza,  do  Conselho  de  El-Rei  Nosso  Senhor, 
Capitão  desta  Cidade  do  Salvador  da  Bahia  de  Todos  os 
Santos,  e  Governador  Geral  em  todas  estas  partes  do 
Brasil  pelo  dito  Senhor  etc.  Mando  a  vós  Christovão  de 
Aguiar,  Almoxarife  dos  Armazéns  e  mantimentos  desta 
dita  Cidade,  que  deis  ao  Padre  Manuel  de  Paiva,  Maioral 
dos  Padres  da  Companhia  de  Jesus  desta  Cidade,  um 
quarto  de  vinho  que  lhe  mando  dar  por  virtude  de 
uma  Carta  2,  que  me  Sua  Alteza  escreveu,  pela  qual  há 
por  bem,  e  manda,  que  lhe  seja  dado  aos  ditos  Padres,  à 
custa  de  sua  fazenda,  o  que  lhes  for  necessário  para  seu 
mantimento  e  vestido,  a  qual  Carta  está  registada  no 
Livro  da  Fazenda  destas  ditas  partes  a  folhas  trinta  e 
uma;  e  por  este,  com  seu  conhecimento  feito  pelo  Escrivão 
de  seu  cargo  assignado  por  ambos,  em  que  declare  receber 
de  vós  o  dito  quarto  de  vinho,  vos  será  levado  em  conta. 
Francisco  Mendes  da  Costa  o  fez  na  dita  Cidade  a  seis  de 
Agosto  de  mil  quinhentos  e  cincoenta  e  um  3. 


1  Necessário  para  as  missas;  e,  se  não  para  os  Padres,  ao  menos 
para  os  doentes. 

2  Carta  de  D.  João  III,  de  i  de  Janeiro  de  1551  (supra,  carta  19). 

3  Deste  mês  de  Agosto  há  mais  os  dois  mandados  seguintes,  o 
primeiro  do  Governador  Tomé  de  Sousa,  o  segundo  do  Provedor-mor 
António  Cardoso  de  Barros  : 

a)  «A  dezoito  de  Agosto  de  mil  quinhentos  e  cinquenta  e  um,  pas- 
sou o  Governador  mandado  para  o  Thesoureiro  Gonçalo  Ferreira,  que 
desse  ao  Padre  Manuel  de  Paiva,  Maioral  da  Companhia  de  Jesus,  doze 
covados  de  panno  pardo,  doze  pares  de  sapatos,  dois  sombreiros,  qua- 
torze  varas  de  panno  de  lenço  para  camisas,  e  que  lhe  mandaria  dar 
por  virtude  de  uma  Provisão  de  Sua  Alteza  por  que  lhe  manda  dar  o 
necessário;  e  que  por  elle,  com  seu  conhecimento  feito  pelo  Escrivão 
de  seu  cargo  assignado  por  ambos,  em  que  declarasse  receber  delle  as 
ditas  cousas,  lhe  sejam  levados  em  conta». 

[À  margem  .•]    «Aos  Padres  vestido,  calçado,  montou  em  tudo,  que 


266 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


33 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

PERNAMBUCO  11  DE  AGOSTO  DE  1551 

I.  Bibliografia:  B.  Machado  iii  319;  Catalogo  dos  Manuscrip- 
tos  1  18;  Cimélios  492  ;  Streit  11  334  n.  1215 ;  Leite  ix  6  n.  8. 

II.  Autores:  Franco,  Imagem  de  Coimbra  II  169;  Pereira  da 
Costa  1  288-289  ;  Leite  i  36  48  114  ;  li  115  ;  Breve  Itinerário  71. 

III.  Texto:  Original  português  perdido,  de  que  logo  se  fez  e  impri- 
miu a  tradução  espanhola  (Copia). 

1.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa]  1-5, 
2,  38,  ff.  ior-nr.  Título:  «Outra  do  Padre  Nóbrega  mandada  da  mesma 
Capitania  de  Pernambuco  ho  anno  de  1551».  Retroversão  portuguesa 
da  tradução  espanhola  impressa ;  mas  com  o  §  6  incompleto. 

2.  ARSI,  Bras.  3-1,  ff.  nr-i2v  [antes  2i5r-2i6v].  Tradução  ita- 
liana, da  espanhola  impressa.  Sobre  a  tradução,  o  P.  Polanco  suprimia 
ou  mudou  alguma  frase. 

3.  Bibi.  Vaticana,  Ottoboni  lat.  jçy,  ff.  I26r-i28r  144^14^.  Duas 
traduções  italianas  dependentes  da  versão  espanhola  impressa. 

IV.  Destinatário :  Embora  diga  a  tradução  espanhola :  «Caríssi- 
mos Padres  y  Hermanos»  [§  1],  contudo  noutras  partes  da  carta  se  vê 
que  era  ao  Provincial  de  Portugal  [Simão  Rodrigues];  «Como  V.a  R.a 
mandare  quien  sustente  est'otras  partes»  [§  2];  «los  Padres  que  V.a  R.a 
embiare»  [§  4] ;  «quando  V.a  R.a  en  esso  no  quisiere  hablar»  a  El-Rei 
[§  6]. 


lhe  deu  o  Thesoureiro  78080  reis,  e  lhe  são  lançados  em  conta  f.  76  em 
sua  arrecadação»  (Doe.  Hist.  xiv,  p.  76,  n.  744). 

b)  «No  dito  dia,  mez,  e  anno  [26  de  Agosto  de  mil  quinhentos  e 
cincoenta  e  um]  passou  o  Provedor-mor  mandado  para  o  dito  Thesou- 
reiro [Gonçalo  Ferreira],  que  pagasse  ao  Padre  Manuel  de  Paiva,  Maio- 
ral da  Companhia  de  Jesus,  mil  cento  e  quarenta  reis  em  mercadoria, 
que  lhe  eram  devidos  de  mantimento  de  seis  Padres  da  dita  Companhia 
do  dito  mez  de  Agosto  a  quatrocentos  reis  cada  um,  porque  o  mais 
houve,  em  Christovão  de  Aguiar,  Almoxarife,  em  azeite  e  vinagre» 
(Doe.  Hist.  xiv,  p.  78,  n.  749). 


35.  -  PERNAMBUCO  11  DE  AGOSTO  DE  1551 


267 


V.  Data:  A  data  de  n  de  Agosto  consta  em  Barbosa  Machado 
e  concorda  com  o  lugar  que  tem  depois  da  carta  de  António  Pires, 
de  2  de  Agosto  de  1551 ;  e  também  com  o  contexto. 

VI.  Impressão  :  Copia  de  unas  cartas  embiadas  dei  Brasil  por  el 
Padre  Nóbrega. . .  al  Padre  Maestro  Simon...  Tresladadas  de  Portu- 
guês en  Castellano.  Recebidas  el  ano  de  M.  D.  LI.  Sem  paginação 
[é  a  terceira  carta,  2  págs.  e  meia] ;  Avisi  Particolari  delle  Indie  di  Por- 
togallo  (Roma  1552)  125-130;  Diversi  Avisi  Particolari  dalVlndie  di 
Portogallo  (Veneza  1559)  ff.  48r-5or ;  ib.  (1565)  ff.  48r-5or ;  Revista  do 
Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasileiro  vi  (2.a  ed.  1866)  104-106 
[i.a  ed.  1844];  Ostensor  Brasileiro  I  (Rio  de  Janeiro  1844)  228-229*, 
Inocêncio,  Chronica  de  Vasconcelos  (Lisboa  1865)  309-311;  Vale 
Cabral  (1886)  83-85;  (1931)  114-117;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coim- 
bra 1955)  456-459. 

VII.  História  da  Impressão:  Copia  imprime  a  tradução  espanhola  do 
original  português  perdido',  Avisi  e  Diversi  Avisi  &  tradução  italiana,  mas 
com  uma  ou  outra  frase  cortada  ou  mudada  pelo  P.  Polanco  (2);  Revista 
e  os  mais,  depois  dela,  a  retroversão  portuguesa  antiga  (1);  Cartas 
de  Nóbrega  (1955)  o  texto  de  Copia  (e  a  correspondente  retroversão 
portuguesa  completa,  pp.  84-90). 

VIII.  Edição:  Reimprime-se  o  texto,  mais  completo,  de  Copia. 

Textus 

1.  Conversio  gentilium.  —  ?.  Quae  promovendo  praecipue  est  in 
puerorum  Collegiis  per  omnes  Praefecturas  fundandis.  —  3.  Etiam  in 
Praefe.rAura  Pernambuci.  —  4.  Rex  Portugaliae  vult  ut  adsint  Patres  S.  I. 
in  omnibus  Praefecturis  Brasiliae.  —  5.  Clerici  scandalis  implicatu 
—  6.    Collegium  bahiense. 

1.  En  estas  partes  1  después  que  acá  estamos,  Charíssi- 
mos  Padres  y  Hermanos,  se  a  hecho  mucho  fruto.  Los  genti- 
les,  que  parece  que  ponían  la  bienaventurança  en  matar  sus 
contrários  y  comer  carne  humana,  y  tener  muchas  mugeres, 
se  van  mucho  emendando,  y  todo  nuestro  trabajo  consiste 
en  los  apartar  desto.  Porque  todo  lo  demás  es  fácil,  pues  no 
tienen  ídolos  2,  aunque  ay  entre  ellos  algunos,  que  se  hazen 


1  No  Brasil,  em  geral. 

2  «ídolos»,  cf.  carta  de  Nóbrega  de  cc.  10  de  Abril  de  1549  §  6. 


268 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


santos  y  les  prometen  salud  y  victoria  contra  sus  enemigos. 
Con  quantos  gentiles  tengo  hablado  en  esta  costa,  en  nin- 

io  guna  hallé  repugancia  a  lo  que  le  dezía:  todos  quieren  y 
dessean  ser  christianos,  pero  deixar  sus  custumbres  les  parece 
áspero,  van  con  todo  poco  a  poco  cayendo  en  la  verdad. 
Assí  los  esclavos  de  los  christianos,  y  los  mismos  christia- 
nos, mucho  se  tienen  emendado,  y  cierto  que  las  Capitanias 

15  que  tenemos  visitado  tienen  tanta  diííerencia  de  lo  que  dantes 
esta  van  assí  en  el  conocimiento  de  Dios  como  en  obrar  la  vir- 
tud,  que  parece  una  religión.  Házense  muchos  casamientos 
entre  los  gentiles,  los  quales  en  la  Baya  están  junto  a  la  ciu- 
dad,  y  tienen  su  iglesia  3  cabe  una  casa,  a  donde  nos  recoge- 

20  mos,  en  la  qual  reside  aora  el  P.  Navarro.  Estos  determina- 
mos tomar  por  médio  de  otros  muchos,  los  quales  esperamos 
con  la  ayuda  dei  Senor  hazer  christianos.  También  pro- 
curamos de  aver  casamientos  entre  ellos  y  los  christianos. 
Nuestro  Sefior  se  sirva  de  todo,  y  nos  ayude  con  su  gracia. 

25  2.  Aunque  trabajemos  que  todos  vengan  a  conocimiento 
de  nuestra  fe,  y  a  todos  la  ensefiemos,  que  la  quieren  oyr, 
y  delia  se  aprovechar:  principalmente  pretendemos  de  ense- 
nar  bien  los  moços.  Porque  estos  bien  doctrinados  y  acus- 
tumbrados  en  virtud,  serán  firmes  y  constantes,  los  quales 

30  sus  padres  dexan  ensefíar,  y  huelgan  con  esso.  Y  portanto 
nos  repartimos  por  las  Capitanias,  y  con  las  lenguas  que 
nos  acompanan  nos  ocupamos  en  esto,  aprendiendo  poco 
a  poco  la  lengua,  para  que  entremos  por  el  sertón  adentro, 
adonde  aún  no  han  llegado  los  christianos.  Y  tengo  sabido 

35  de  un  hombre  gentil  que  está  en  esta  tierra,  que  biven  en 
obediência  de  quien  los  rige,  y  no  comen  carne  humana. 
Andan  vestidos  de  pieles  *.  Lo  qual  todo  es  una  disposi- 
ción  para  más  facilmente  se  convertir  y  sustentar.  Esto 
será  lo  primero  que  acometeremos,  como  V.  R.  mandare 

4°  quien  sustente  est'otras  partes,  en  las  quales  por  cada  una 


3  Parece  tratar-se  da  Aldeia  do  Monte  Calvário  ou  da  Aldeia  do 
Simão. 

4  Os  índios  Carijós,  e  outros  do  Sul.  Nóbrega  já  pensava  no  ser- 
tão de  S.  Vicente. 


35.  -  PERNAMBUCO  11  DE  AGOSTO  DE  1551 


269 


de  las  Capitanias  tengo  ordenado  hazerse  casas  para  reco- 
ger  y  ensefíar  los  moços  de  los  gentiles  y  también  de  los 
christianos ;  y  para  en  ellas  recogermos  algunas  lenguas 
para  este  effecto.  Los  niííos  huérfanos  que  nos  embiaron 
de  Lisboa  con  sus  cantares  atraen  a  si  los  hijos  de  los  gen-  45 
tiles  y  edifican  mucho  los  christianos  5. 

3.  En  esta  Capitania  de  Pernambuco  donde  agora  estoy, 
tengo  esperança  que  se  hará  mucho  provecho,  porque,  como 
es  poblada  de  mucha  gente,  ay  grandes  males  y  pecados  en 
ella.  Andan  muchos  hijos  de  los  christianos  por  el  sertón  5o 
perdidos  entre  los  gentiles  y,  siendo  christianos,  biven  en 
sus  bestiales  custumbres.  Espero  en  nuestro  Senor  de  tor- 
narlos  a  todos  a  la  virtud  Christiana,  y  sacarlos  de  la  vida 
y  custumbre  gentílica,  y  el  primo  6  que  tengo  sacado  es  ésse 
que  allá  embió  7  para  que  si  hallaren  su  padre  se  lo  den.  55 
Los  gentiles  aqui  vienen  de  muy  lexos  a  vernos  por  la 
fama,  y  todos  muestran  grandes  desseos.  Es  mucho  para 
holgar  de  los  ver  en  la  doctrina,  e  no  contentos  con  la 
general,  siempre  nos  están  pidiendo  en  casa  que  los  ense- 
íiemos,  y  muchos  dellos  con  lágrimas  en  los  ojos.  Escre-  6o 
viéronme  agora  de  la  Baya  que  la  partida  se  avian  perdido 
dos  barcos  de  índios  que  yvan  a  pescar,  en  los  quales  yvan 
muchos  assí  de  los  que  eran  ya  christianos,  como  de  los 
gentiles,  y  1'aconteció  que  todos  los  gentiles  murieron,  y 
escaparon  los  christianos  todos,  hasta  los  ninos  que  lleva-  65 
van  consigo.  Parece  que  nuestro  Senor  haze  todo  esto,  para 
más  augmentar  su  santa  fe. 


5  O  canto  era  muito  cultivado  no  Colégio  dos  Órfãos  de  Lisboa. 
Antes  de  embarcar  «cantaram  a  salve  e  humas  prosas  a  Nossa  Senhora» 
e  ainda  outros  cantos  (Cf.  supra,  pp.  170-174,  carta  de  Pedro  Dome- 
nech de  27  de  Janeiro  de  1550;  Leite,  Páginas  77-79).  Quanto  à  eficá- 
cia para  atrair  os  meninos  índios,  cf.  Leite  ii  101 ;  id.,  A  Música  nas 
primeiras  Escolas  Jesuíticas  do  Brasil  no  Século  XVI,  in  Cultura  n 
(Rio  1949)  33  ;  Breve  Itinerário  88-90. 

6  No  original  português  perdido,  estaria  escrito  €prim.°>. 

7  Nóbrega  torna  a  falar  deste  mancebo  na  carta  de  13  de  Setem- 
bro de  1551  §  2. 


270 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


4.  El  Governador  8  determina  de  yr  presto  a  correr 
esta  costa,  y  yo  yré  con  él,  y  de  los  Padres  que  V.  R. 

7°  embiare,  llevaré  algunos  comigo  para  dexar  las  Capitanias 
proveydas.  El  Rey  nuestro  sefíor  escrevió  al  Governador 
que  le  escreviesse  se  avia  ya  Padres  en  todas,  las  quales 
sin  quedar  ninguna  tenemos  visitadas  9  y  en  todas  están 
Padres  si  no  en  ésta,  en  que  al  presente  estoy,  llamada  de 

75  Pernambuco,  que  es  la  principal  y  más  poblada,  y  donde 
más  abierta  está  la  puerta,  a  la  qual  hast'aquí  no  aviamos 
venido  por  falta  d'embarcación,  y  por  sermos  poços. 

5.  Los  clérigos  desta  tierra  10  tienen  más  officio  de 
demónios,  que  de  clérigos:  porque  allende  de  su  mal 

8o  exemplo  y  custumbres,  quieren  contrariar  a  la  doctrina 
de  Christo,  y  dizen  publicamente  a  los  hombres  que  les 
es  lícito  estar  en  pecado  con  sus  negras,  pues  que  son  sus 
cativas,  y  que  pueden  tener  los  salteados,  pues  que  son 
canes,  y  otras  cosas  semejantes,  por  excusar  sus  pecados 

85  y  abominaciones.  De  manera  que  ningún  demónio  tene- 
mos acá  que  nos  persigua  sino  estos.  Quiérennos  mal, 
porque  les  somos  contrários  a  sus  maios  custumbres,  y  no 
pueden  sufrir  que  digamos  las  missas  debalde  en  detri- 
mento de  su  interesse.    Pienso  que  si  no  fuera  por  el 

9o  favor  que  tenemos  dei  Governador  y  principales  de  la 
tierra,  y  ansí  porque  Dios  no  lo  quiere  permitir,  que  nos 
ovieran  ya  quitado  las  vidas.  Esperamos  que  venga  el 
Obispo,  que  provea  esto  con  temor,  pues  nosotros  no  pode- 
mos por  amor. 


8  Tomé  de  Sousa. 

9  No  princípio  deste  parágrafo  diz  «eu  irei>  no  singular  e  ainda 
no  fim  do  período  escreve  «estou».  Aqui  não  se  exprime  no  singular 
«tenho»,  mas  «temos  visitadast,  isto  é,  por  si  ou  por  outros  a  mandado 
seu  Porque,  de  facto,  já  os  Padres  haviam  visitado  ou  estado  em  todas 
as  Capitanias.  Todavia,  não  há  documento  expresso  de  que  Nóbrega 
pessoalmente  tivesse  visitado  todas  até  esta  data. 

10  Não  precisamente  de  Pernambuco,  mas  «desta  terra»  em  geral, 
ao  menos  a  conhecida  por  ele  até  agora ;  que  é  o  sentido  de  toda  esta 
carta  e  das  referências  ao  Governador  Tomé  de  Sousa  e  ao  Bispo,  com 
que  termina  o  parágrafo. 


33.  -  PERNAMBUCO  11  DE  AGOSTO  DE  1551 


271 


6.   La  casa  de  la  Baya  que  hizimos  para  recoger  y  95 
ensenar  los  moços  va  muy  adelante,  sin  el  Rey  ayudar 
a  ninguna  cosa  u,  solamente  con  las  limosnas  dei  Gover- 
nador, y  de  otros  hombres  virtuosos.    Quísonos  el  Sefior 
deparar  un  official  pedrero  12,  y  éste  la  va  haziendo  poco 
a  poco,  el  qual  es  un  mancebo  desterrado  por  onze  anos  100 
por  un  desastre  que  le  aconteció  en  muerte  de  un  hom- 
bre.  Tiene  cumplido  un  afio  y  fáltanle  diez.  Ase  concer- 
tado comigo  de  servir  a  esta  casa  cinco  afios  con  su  officio, 
y  que  de  los  otros  cinco  le  alcancemos  dei  Rey  perdón. 
No  tiene  parte  que  lo  acuse.   Hízolo  assí  por  consejo  dei  105 
Governador,  y  porque  me  a  prometido  que  lo  alcançará  de 
Su  Alteza,  quando  V.  R.  en  esso  no  quisiere  hablar.  Tiene 
ya  hecho  grande  parte;  tiene  también  cercadas  las  casas  de 
una  tapia  muy  fuerte.    Christo  nuestro  Sefior  nos  cerque 
con  su  gracia  en  esta  vida,  para  que  en  la  otra  seamos  no 
recebidos  en  su  gloria. 

CARTAS  PERDIDAS 

33a.  Do  P.  Manuel  da  Nóbrega  a  D.  João  III,  Rei  de  Portugal 
(Pernambuco  Agosto  de  1551).  Na  sua  carta  ao  mesmo,  de  Olinda, 
14  de  Setembro  de  1551  §  1,  escreve  Nóbrega :  «Logo  que  a  esta  Capi- 
tania de  Duarte  Coelho  achegamos.. .  escrevi  a  V.  Alteza».  E  no  §  12 
repete:  «E  porque  por  outra  tenho  dado  mais  larga  conta...  cesso». 

33b.  Do  P.  Manuel  da  Nóbrega  a  D.  Pedro  Fernandes,  Lisboa  (Per- 
nambuco? 1551).  Na  mesma  carta  a  D.  João  III,  de  14  de  Setembro 
de  1551  §  12,  diz:  «E  com  a  vinda  do  Bispo,  que  esperamos,  a  quem 
tenho  escripto  ho  mais,  aguardamos  ser  socorridos». 

33c.  Do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues,  Lisboa 
(Baia  1551).  Escrevendo  ao  P.  Simão  Rodrigues  diz-lhe  Nóbrega, 
carta  de  fins  de  Agosto  de  1552  §  18:  «Isto  e  as  mais  dúvidas  que 
o  ano  passado  escrevi...  faça  V.  R.a  pôr  em  disputa  no  Colégio  de 
Coimbra,  e  mande  o  parecer  dos  principais  letrados  da  Universidade». 
De  Nóbrega  a  Simão  Rodrigues,  em  ijjt,  só  se  conhece  a  carta  de 
Pernambuco,  de  n  de  Agosto,  que  não  trata  de  dúvidas. 


11  A  ajuda  de  El-Rei  tinha  sido  até  então  para  mantimento  e  ves- 
tiaria  dos  Padres,  não  ainda  para  fazer  casas  nem  sustentar  meninos. 

12  De  nome  Nuno  Garcia  (Leite  I  48). 


272 


P.  AFONSO  BRÁS  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


34 

DO  P.  AFONSO  BRÁS 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

[espírito  santo  24  de  agosto  de  1551] 

I.  Bibliografia  :  Cimélios  492  ;  Streit  11  335  n.  1216  ;  Leite  viu 
122  n.  1. 

II.  Autores:  Afrânio  Peixoto,  Cartas  Avulsas  89;  Leite  I  214; 
11  39- 

III.  Texto:  Original  português  perdido,  que  logo  se  verteu  em 
espanhol  e  se  imprimiu  (Copia). 

1.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa],  1-5, 
2,  38,  ff.  nr-nv.  Título :  «Outra  de  Affonso  Bras  mandada  do  porto 
do  Spirito  Santo  do  anno  de  1551:».  Retroversão  portuguesa  da  tradu- 
ção espanhola.   Com  uma  ou  outra  frase  resumida. 

2.  ARSI,  Bras.  3-1,  ff.  i2v-i4r.  Tradução  italiana  da  versão  espa- 
nhola. Com  emendas  do  P.  Polanco. 

3.  Biblioteca  Vaticana,  Ottoboni  lai.  797,  ff.  128V-129V  i4Ór-i47r. 
Duas  traduções  italianas. 

IV.  Data:  Em  Copia  colocou-se  esta  carta  antes  da  primeira  de 
Leonardo  Nunes,  escrita  de  São  Vicente ;  e  depois  desta  se  colocou  a 
data  de  24  de  Agosto  de  1551.  Mas  esta  data  não  pode  ser  de  Leonardo 
Nunes,  que  escrevia  em  Novembro  de  1550;  e  concorda  com  o  que  diz 
na  sua  o  P.  Afonso  Brás,  chegado  ao  Espírito  Santo  pouco  antes  de 
29  de  Março  de  1551,  que  só  tinha  feito  uma  «casa  coberta  de  palha  e  sem 
paredes»  e  não  ainda  a  igreja.  E,  assim,  não  à  de  Leonardo  Nunes, 
mas  à  carta  de  Afonso  Brás  deve  pertencer  a  data  de  24  de  Agosto 
de  1551.  Cf.,  supra,  p.  201,  introdução  à  carta  18. 

V.  Impressão :  Copia  de  unas  cartas  einbiadas  dei  Brasil. . .  a  los 
Padres  y  hermanos  de  Jesus  de  Coimbra.  Tresladadas  de  Português 
eu  Castellano.  Recebidas  el  ano  de  M.D.LI.  Sem  paginação.  Está  em 
quarto  lugar  (2  págs.).  Título:  «Otra  embiada  dei  puerto  dei  Spiritu 
Santo»  (sem  nome  do  autor)  ;  Avisi  Particolari  delle  Indie  di  Portu- 
gallo  (Roma  1552)  pp.  131-134  [já  com  o  nome  expresso,  mas  incorrecto]; 
Diversi  Avisi  (Veneza  1559)  ff.  5ov-52r  ;  ib.  (1565)  ff.  5ov-52r;  Revista  do 
Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasileiro  VI  (Rio  de  Janeiro  1844)  441" 
-442  [2.»  ed.  1866,  449-450] ;  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  87-89. 


34.  -  ESPÍRITO  SANTO  24  DE  AGOSTO  DE  1551 


273 


VI.  História  da  Impressão:  Copia  imprime  a  tradução  espanhola 
do  original  português  perdido  ;  Avisi  e  Diversi  Avisi  a  tradução  italiana 
emendada  por  Polanco  (2);  Revista  e  Avulsas  a  retroversão  portu- 
guesa (1). 

VII.    Edição:    Reimprime-se  a  tradução  espanhola  (Copia),  fonte 
mais  antiga. 

Textus 

1.  Ex  Praefectura  «Ilhéus»  dieta  ipse  Portum  Securum  transiit  et 
ibi  mansit  quattuor  menses.  —  2.  Nunc  in  Praefectura  Spiritus  Sancti 
residet,  domus  erexit  et  cum  christianis  laborai.  —  5.  Incipit  doctrina 
Christiana  Indorum  quos  nondum  baptizat  quia  effugiunt  ad  silvas  et 
carne  humana  vescuntur.  —  4.  Terra  haec  óptima  ex  omnibus  Brasiliae, 
spem  fructus  affert,  sed  desuni  Patres. 

1.  Después  que  escrevi  el  ano  passado,  estando  en  la 
Capitania  de  los  Illeos  nos  partimos  dos  Hermanos 2, 
y  yo  para  el  Puerto  Seguro,  que  está  treinta  léguas  de  los 
Illeos.  Estuve  ay  lo  más  dei  tiempo  confessando  y  ense- 
nando  la  doctrina.  Hízose  por  la  gracia  dei  Senor  mucho  5 
fruto  en  los  christianos.  Confessávanse  ya  muchas  vezes, 
y  gustavan  de  la  palavra  divina  y  de  la  doctrina  Christiana, 
y  ansí  concurrían  con  gran  fervor  a  ella,  la  qual  todos  tenían 
puesta  en  olvido,  y  érales  cosa  muy  nueva.  Estuve  ay  poco 
más  o  menos  quatro  meses,  y  era  tanta  la  devoción  y  affe-  10 
ción  que  todos  me  avían  tomado,  que  escrevieron  al 
P.  Nóbrega,  y  al  Governador  3  que  no  consentiessen  que 
de  allí  me  fuesse  a  otra  parte.  Mas  en  tanto  que  este 
recaudo  era  allá  4,  sucedióse  aver  embarción  para  el  Spíritu 
Santo,  en  la  qual  yo  me  fui  sin  querer  más  esperar,  assí  15 
como  me  era  mandado.  Partimos  de  allí  a  los  veinte  y 
tres  de  Março  5,  quedando  la  gente  muy  desconsolada,  y 
muchos  con  grandes  lágrimas  llorando. 


1  Ilhéus,  no  actual  Estado  da  Baía. 

2  Destes  dois  Irmãos  sabe-se  o  nome  de  um,  Simão  Gonçalves 
(carta  31  §  10). 

3  Tomé  de  Sousa. 

4  Na  Baía :  Nóbrega  ainda  não  tinha  saído  para  Pernambuco. 

5  23  de  Março  de  1551. 

18 


274 


P.  AFONSO  BRÁS  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


2.  Ay  dei  Puerto  Seguro  al  Spíritu  Santo  sesenta 
léguas.  Recebiéronnos  quando  llegamos  los  moradores  con 

20  grande  plazer  y  alegria,  y  desde  que  llegué  hasta  la  Pas- 
cua 6,  no  me  ocupe  ni  entendi  en  otra  cosa,  si  no  en 
confessar  y  hazer  otras  obras  pias.  Passada  la  Pascua  deter- 
minamos y  ordenamos  de  hazer  una  pobre  casa,  para  nós 
poder  recoger  en  ella ;  ella  está  ya  cuberta  de  paja,  y  sin 

25  paredes.  Trabajaré  porque  se  edifique  aqui  una  hermita 
junto  delia  en  un  sitio  muy  bueno,  en  la  qual  podamos 
dezir  missa,  confessar,  hazer  la  doctrina,  y  otras  cosas 
semejantes.  Grande  es  el  fruto,  que  por  la  misericórdia 
dei  Seíior  se  ha  hecho  y  haze  7  entre  los  christianos,  él  sea 

3o  por  todo  alabado.  Porque  unos  se  apartan  de  sus  mance- 
bas, y  otros  las  dexan  y  se  casan,  y  determinan  de  se  emen- 
dar y  ser  buenos  en  adelante ;  quiera  el  Seíior  conservados 
en  sus  buenos  propósitos.  Los  jugadores  permanecían  mucho 
en  estas  tres  Capitanias  8,  y  eran  los  peores  de  arrancar  de 

35  sus  vicios  y  maios  costumbres.  Ya  agora  por  gracia  dei 
Sefior  están  muy  emendados,  y  tengo  tomados  rauchos 
naipes  y  dados.  De  lo  qual  los  que  aún  están  obstinados 
murmuran  y  hablan,  mas  yo  mirando  el  provecho  que  de 
ay  sucede,  no  descanso  de  los  perseguir. 

40  3.  Hazemos  cada  dia  la  doctrina  a  los  esclavos  desta 
villa  que  son  muchos.  No  oso  aqui  baptizar  estos  gentiles 
tan  fácilmente,  aunque  lo  piden  muchas  vezes,  porque  me 
temo  de  su  inconstância  y  poca  firmeza,  si  no  quando  están 
en  el  punto  de  la  muerte.  Tiénese  acá  muy  poca  confiança 

45  en  ellos,  porque  son  muy  mudables,  y  parece  a  los  hom- 
bres  impossible  poder  estos  venir  a  ser  buenos  christianos: 
porque  aconteció  ya  baptizar  los  christianos  algunos,  y  tor- 
narse  a  huyr  para  los  gentiles,  y  andan  después  allá  peores 
que  dantes,  y  tórnanse  a  meter  en  sus  vicios,  y  a  comer 


6  29  de  Março  de  1551. 

7  Haze:  impresso  hare. 

8  As  duas  Capitanias  de  Ilhéus  e  Porto  Seguro  em  que  trabalhou 
antes  [§  1],  e  esta  do  Espírito  Santo  em  que  agora  está. 


54.  -  ESPÍRITO  SANTO  24  DE  AGOSTO  DE  1551 


275 


carne  humana.  Lo  mismo  hazen  algunos  que  ya  estuvieron  5o 
en  Portugal.  Nuestro  Sefior  quiera  por  su  infinita  miseri- 
córdia aver  piedad  de  tantas  almas  perdidas,  y  tan  aparta- 
das y  olvidadas  de  su  Criador.  Son  tantos,  y  es  la  tierra 
tan  grande,  y  van  en  tanto  crecimiento,  que  si  no  tuvies- 
sen  continua  guerra,  y  si  se  no  comiessen  los  unos  a  los  55 
otros  no  poderían  caber.  Aved,  Hermanos  mios,  compas- 
sión  desta  gente  tan  bruta,  y  pedid  al  Senor  ne  despiciat 
opus  manuum  suarum  9. 

4.  Es  esta  tierra  donde  al  presente  estoy,  la  mejor  y 
más  fértil  de  todo  el  Brasil10.  Ay  en  ella  mucha  caça  de  6o 
monte,  muchos  puercos  monteses  y  es  muy  bastecida  de 
pe[s]cado.  No  os  esfrie,  Charíssimos  mios,  ser  los  genti- 
les  como  dixe  tan  mudables  y  inconstantes,  para  que  por 
esso  ayáis  de  perder  los  hervores  y  grandes  deseos  de  venir 
acá  a  trabajar  por  amor  de  Dios,  y  salvación  destas  almas,  65 
porque  omnia  Deo  possibilia  sunt,  qui  poterit  de  lapidibus 
istis  suscitare  filios  Abrahae  u.  Espero  que  vuestra  chari- 
dad  será  tan  grande,  que  los  mudará,  y  vuestra  constância 
tan  entera,  que  los  hará  perseverar  en  la  íe  y  servicio  dei 
Senor.  Puede  ser  que  tan  ruines  eran  los  de  la  Baya,  los  7° 
quales  muchos  de  los  que  los  Padres  baptizaron,  son  muy 
buenos  christianos,  y  permanecen  en  nuestra  santa  fe,  tra- 
bajando  por  bivir  en  buenos  custumbres.  Nuestro  Senor 
nos  dé  perseverar  en  su  santo  servicio,  para  que  en  esta 
vida  su  santa  voluntad  en  todo  cumplamos.  75 


9  Ps.  137,  8. 

10  Afonso  Brás  fundou  na  Vila  de  Vitória,  Capital  do  Espírito 
Santo,  o  Colégio  de  Santiago  (Leite  i  223)  de  que  nesta  carta  se  dá  a 
primeira  notícia.  A  4  de  Maio  de  1552  (doe.  40  §  1)  já  se  lhe  chama 
«Casa  de  São  Tiago  e  Collegio  dos  Meninos».  Deve  ter  sido  portanto, 
inaugurado  no  dia  de  Santiago  (25  de  Julho  de  1551).  A  recordar  o  facto 
há,  numa  breve  via  pública  de  Vitória,  o  nome  do  fundador:  «Rua 
Afonso  Brás»  (ib.  vi  133-134). 

11  Mat.  3,  9;  Luc.  3,  8. 


276 


P.  JOÃO  DE  AZPILCUETA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


35 

DO  P.  JOÃO  DE  AZPILCUETA  [NAVARRO] 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

SALVADOR  [DA  BAÍA  AGOSTO?]  DE  1551 

I.    Bibliografia :  Citnèlios  492  ;  Leite  viu  83  n.  2. 

II.  Autores:  Polanco  ii  394-397;  Franco,  Imagem  de  Coimbra  11 
216-217  [mas  referido  ao  P.  Francisco  Pires] ;  Leite  ii  272. 

III.  Texto: 

1.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa],  1-5, 
2,  38,  ff.  I2r-i3v.  Titulo:  «Outra  do  P.e  Francisco  Pires  da  Cidade  do 
Salvador,  de  1551».  Cópia  em  português.  Ib.,  ff.  i6r-i6v.  A  paginação 
do  Códice  aparentemente  está  certa,  mas  falta  um  fólio.  Supre  o  texto 
precedente.  Título :  «De  uma  do  Padre  Navarro  para  os  Irmãos». 
Cópia  em  espanhol. 

2.  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  I4r-i7v.   Tradução  italiana  dos  espanhol. 

3.  Bibi.  Vaticana,  Ottoboni  lat.  797,  ff.  129V-132V ;  I47v-i49r.  Duas 
traduções  italianas. 

IV.  Impressão:  Copia  de  unas  cartas...  a  los  Padres  y  Hermanos 
de  Jesus  de  Coimbra.  Tresladadas  de  Português  en  Castellano.  Recebi- 
das el  ano  de  1551.  Título:  «Otra  embiada  de  la  ciudad  dei  Salva- 
dor». Carta  n.  5  [4  págs.] ;  Avisi  Particolari  delle  Indie  di  Portugallo 
(Roma  1552)  i35-r43;  Diversi  Avisi  (Veneza  1559)  ff.  52r-55v;  ib.  (1565) 
ff.  52r-55v ;  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  69-73. 

V.  Autor:  Tanto  o  exemplar  português  do  Códice  de  S.  Roque, 
como  Streit  [11,  335-336  nn.  1220-1221]  colocam  esta  carta  no  nome  do 
P.  Francisco  Pires ;  mas  já  a  segunda  cópia  de  S.  Roque  a  coloca  no  de 
Navarro  [o  texto  é  o  mesmo].  E  António  Pires,  na  carta  de  2  de  Agosto 
de  1551,  diz  que  quem  Nógrega  mandou  a  Porto  Seguro,  a  trasladar  as 
orações  na  língua  brasílica,  foi  o  P.  Navarro  [carta  31  §  2]. 

VI.  Língua:  Ainda  que  Copia  de  unas  cartas  diga  que  todas  foram 
traduzidas  de  português  em  castelhano,  esta  deve  ter  sido  escrita  na 
segunda  língua,  pois  nela  escreveu  aos  mesmos  Irmãos  de  Coimbra  a 
carta  autógrafa  de  28  de  Março  de  1550  [carta  14].  E  deve  ser  a  razão 
de  ela  se  conservar  também  em  castelhano  no  Códice  de  S.  Roque. 

VII.  Data :  O  P.  Nóbrega  foi  para  Pernambuco  pelo  dia  16  de  Julho 
de  1551,  e  pelo  contexto  se  vê  que  a  carta  foi  escrita  pouco  tempo 


55.  -  SALVADOR  AGOSTO  DE  1551 


277 


depois.  Nesta  conformidade  parece  que  se  lhe  deve  dar  o  mês  de 
Agosto. 

VIII.  História  da  Impressão :  Copia  imprime  o  texto  espanhol  do 
original  desconhecido,  Avisi  e  Diversi  Avisi  a  tradução  italiana,  Car- 
ias a  tradução  portuguesa. 

IX.  Edição:  Reedita-se  o  texto  impresso  de  Copia,  donde  todos  os 
mais  dependem. 

Textus 

1.  Ministério  cum  Fr.  Vincentio  Rodrigues  Portu  Securo.  — 
2.  Indorum  mores  vescendi  carne  humana.  —  3.  Linguam  brasilicam 
didicit  ab  interprete  iam  antiquo  in  hac  praefectura.  —  4.  Regressus 
est  Bahiam  ubi  nunc  adest.  —  J.  Vinc.  Rodrigues  in  pago  Indorum. 
—  6.  P.  Navarrus  pagos  visitat.  —  7.  Degente  Patre  Nóbrega  Pernam- 
buci,  Pater  Navarrus  Bahiae  agit  tum  cum  christianis  tum  cum  genti- 
Jibus. 

1.  Des  que  os  escrevi,  Hermanos  charíssimos,  la  pos- 
trera  vez  1  he  estado  tres  o  quatro  meses  en  el  Puerto 
Seguro,  a  donde  me  embió  el  P.  Nóbrega.  Allí  me  ocupava 
en  ensefiar  los  muchachos  la  doctrina,  porque  en  esto  prin- 
cipalmente me  ocupo  acá.  Ellos  ya  agora  aprenden  tan 
bien,  que  es  para  holgar  de  ver,  y  dar  gracias  a  N.  Sefior: 
dado  que  al  principio  hallamos  trabajo  en  los  traer  a  la 
doctrina,  assí  por  ellos  como  por  contradición  de  sus  padres, 
como  también  por  muchos  enganos  de  muchos  hechizeros 
que  ay  en  estas  partes,  que  lo  querían  empedir.  Comién- 
çannos  ya  a  dar  sus  hijos,  y  al  presente  están  tres  o  qua- 
tro aprendiendo  en  una  casa,  que  ordenamos  para  ello.  De 
allí  también  yva  a  visitar  algunas  aldeãs  al  derredor.  Yendo 
una  vez  me  oviera  de  ahogar  en  un  rio  2,  en  el  qual  ha  poços 
tiempos  3  se  ahogó  un  frayle  de  S.  Antonio,  que  yva  de 


1  Anterior  a  esta  só  se  conhece  a  carta  de  28  de  Março  de  1550 
(carta  14).  Mas  a  presente  inclui  a  que  escreveu  em  1549  (talvez  em 
resumo). 

2  Rio  do  Frade. 

3  Caso,  portanto,  recente.  É  o  mesmo  a  que  se  refere  Nóbrega 
na  carta  de  6  de  Janeiro  de  1550;  e  ao  contrário  de  Navarro,  ele  não 
passou  perigo  de  importância  (carta  10  §  15). 


278 


P.  JOÃO  DE  AZPILCUETA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


aquesta  misma  Capitania  predicar  al  sartón.  Passé  harto 
peligro,  por  ser  el  rio  muy  corriente  y  enganoso  de  passar. 
Otra  vez  yvamos  yo  y  Vicente  Rodriguez,  y  llevamos  en 
nuestra  compafiía  una  lengua,  y  fuimos  a  unas  aldeãs  lexos, 

20  que  aún  no  tenía  visitado.  En  el  camino  passamos  harto 
trabajo  y  peligro  por  nos  ser  necessário  andar  de  noche 
algunas  vezes  y  por  matos,  porque  acá  no  ay  los  caminos 
de  Portugal,  y  ay  en  ellos  muchas  onças  y  otras  fie- 
ras.  Ansí  llegamos  a  una  aldeã,  donde  hallamos  los  genti- 

25  les  todos  embriagados,  porque  acá  tienen  una  manera  de 
vino  de  ra}^zes  4  que  embriaga  mucho  ;  y  quando  ellos  están 
ansí  borrachos,  están  tan  brutos  y  fieros,  que  no  perdonan 
a  ninguna  persona,  y  quando  más  no  pueden,  ponen  fuego 
a  la  casa  a  donde  ay  estrangeros.  Con  todo  esto  porque  11o- 

30  via  mucho,  y  yvamos  muy  mojados,  recogímonos  a  otra 
casa  a  enxugar,  y  dahí  a  poco  vinieron  con  grande  íuria 
con  espadas  y  otras  armas  contra  nós,  pero  valiónos  la 
lengua  ser  5  buena,  que  con  buenas  razones  los  amanso,  e 
porque  Dios  aún  non  era  servido.  En  amaneciendo,  viendo 

35  que  aquella  gente  no  tenía  discreción  para  venir  tan  presto 
al  conocimiento  de  la  fe,  ni  estava  dispuesta  para  ello,  nos 
partimos  para  otra,  donde  estava  un  principal  de  ella  deter- 
minado con  toda  la  gente  a  comer  quantos  blancos  allí 
viniessen  aportar.  Con  todo  por  la  misericórdia  dei  Sefior 

4°  nos  recebió  bien,  y  nos  oya  por  la  lengua  la  doctrina  Chris- 
tiana, y  mostravan  él  y  todos  los  demás  holgar  mucho  de 
oyr,  pero  no  osavan  dezirla  por  un  hechizero  les  persuadir 
que  con  aquellas  palabras  les  dávamos  la  muerte,  y  que  si 
lo  dixiessen  por  su  boca  luego  morirían.  De  aquellos  minis- 


4  «Vinho  de  rayzes»,  o  cauim  de  mandioca. 

5  Ainda  então  não  sabia  a  língua  para  prescindir  de  «língua»  ou 
intérprete.  Deve  ser  este  o  que  trasladou  para  português  as  «orações 
e  os  sermões»  de  que  fala  a  carta  de  António  Pires  de  2  de  Agosto 
de  1551.  Cf.  carta  31  §  2,  e  infra  §  3.  Segundo  Capistrano  de  Abreu  o 
intérprete  que  auxiliou  o  P.  Navarro  «na  tradução  das  orações  para 
a  língua  geral»  foi  Francisco  Bruza  de  Espinosa  {Correspondência 
II  46). 


35.  -  SALVADOR  AGOSTO  DE  1551 


279 


tros  suele  usar  el  demónio,  temiendo  ser  de  aqui  dester-  45 
rado,  como  pienso  que  lo  va  barruntando. 

2.    Ansí  anduvimos  por  otras  aldeãs  no  sin  poco  trabajo 
y  desconsolación  por  ver  tan  poco  conocimiento  de  Dios,  y 
gente  tan  indispuesta  y  incapaz  para  recebir  la  fe,  aunque  con 
su  rudeza  muestran  holgar  de  la  oyr,  y  desseos  de  la  recebir.  5o 
También  passamos  mucho  peligro  por  otras  partes,  ansí 
de  íieras,  por  caminarmos  algunas  vezes  de  noche,  lo  que 
de  dia  por  algunos  lugares  es  harto  peligro.  Acertóse  que 
yo  quedasse  atrás  una  noche,  y  la  mayor  parte  anduve 
solo,  y  ya  la  lengua  y  Vicente  Rodriguez  me  davan  por  55 
muerto,  y  si  no  fuera  tornar  la  lengua  atráz  a  buscarme, 
en  gran  prissa  me  viera,  como  también  por  los  gentiles  que 
son  muy  inclinados  a  comer  carne  humana.   Con  todo  trá- 
xonos  el  Senor  salvos  deste  camino,  y  aunque  cansados  y 
flacos,  muy  consolados  en  los  trabajos  por  el  Senor  rece-  6o 
bidos.  De  allí  también  yvamos  a  las  aldeãs  a  baptizar  algu- 
nos que  estavan  para  matar  y  comer,  trayéndolos  primero, 
según  podia  comprehender  su  capacidad,  al  conocimiento 
de  nuestra  sancta  fe,  y  consintiendo  en  el  baptismo.  Aqueste 
mal  de  comer  unos  a  otros  anda  muy  danado  entre  ellos,  65 
y  es  tanto  que  los  dias  passados  hablaron  a  uno  o  dos 
que  tenían  a  engordar  para  esto,  si  queria  que  le  rescatas- 
sen;  él  dezía  que  no  lo  vendiessen,  porque  le  cumplía  a  su 
honrra  passar  por  tal  muerte  como  valiente  capitán.  Ellos 
no  se  comen  unos  a  otros,  si  no  por  vengança.   Tiene  el  7o 
demónio  mucho  dominio  en  ellos,  el  qual  dizen  que  algu- 
mas vezes  les  aparece  visiblemente,  y  que  les  da  y  ator- 
menta otras  vezes  ásperamente.    Nuestro  Sefior  los  libre 
de  sus  manos. 

3.  En  esta  Capitania  hallé  un  hombre  de  buenas  par-  75 
tes,  antigo  en  la  tierra,  y  tenía  don  de  escrevir  la  lengua 
de  los  índios,  que  fué  para  mi  grande  Consolación.  Y  assí 
lo  más  dei  tiempo  gastava  en  dar  sermones  dei  testamento 
viejo  y  nuevo,  mandamientos,  pecados  mortales  y  obras 
de  misericórdia,  con  los  artículos  de  la  fe,  para  me  tor-  80 
nar  en  la  lengua.  Todo  lo  mandaré  en  la  primera  embar- 
cación. 


280 


P.  JOÃO  DE  AZPILCUETA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


4.  De  aqui  me  fui  para  la  Baya  de  Todos  los  Santos, 
por  ser  llaraado  de  nuestro  P.  Nóbrega,  donde  al  presente 

85  estoy.  Y  después  de  llegado  algunos  dias,  él  y  yo  fuimos 
a  una  aldeã  de  los  gentiles,  y  procuramos  que  se  ajuntas- 
sen  todos,  y  después  de  juntos  les  hezimos  una  plática  por 
una  lengua,  y  acabada  les  ensefíamos  la  doctrina  Christiana, 
y  me  dió  el  Padre  possessión  delia  para  la  tener  a  mi  cargo. 

9°  Y  queriéndonos  dellos  despedir,  yo  les  hize  primero  san- 
tiguar,  y  viendo  las  piedras  preciosas  G  que  trayan  en  los 
beços  y  en  el  rostro,  les  dixe  como  riendo,  que  les  estor- 
vava a  se  persinar.  Lo  qual  ellos  tomaron  de  veras,  y 
siendo  de  mucho  precio  las  echaron  a  donde  nunca  más 

95  parecieron,  lo  qual  me  consolo  mucho. 

5.  Y  de  ay  adelante  continue  mucho  tiempo  a  los  visi- 
tar, hasta  tanto  que  un  christiano  mandó  ay  hazer  una  casa, 
para  que  en  ella  se  ensenassen,  la  qual  hecha  entrego  el 
Padre  al  Hermano  Vicente,  que  continuasse  la  doctrina,  y 

100  assí  en  ella  ensenava,  dormia  y  comia  con  mucha  edifica- 
ción  y  provecho  de  los  índios  7.  El  dia  dei  Angel 8  se  deter- 
mino que  se  baptizassen  los  que  quisiessen,  y  baptizamos 
muchos  9  assí  hombres  como  mugeres,  y  quasi  nos  faltavan 
nombres  de  santos  para  dar  a  cada  uno  el  suyo.  Entre  ellos 

105  baptizamos  un  hechizero  assaz  viejo,  y  le  pusimos  por 
nombre  Amaro  10.  Y  ansí  ordenamos  de  hazer  una  proci- 


6  Este  caso  dos  tembetás  sucedeu  muito  antes,  logo  no  começo, 
porque  Nóbrega  já  o  conta  na  carta  de  10  de  Agosto  de  1549  (carta  8  §  5). 

7  Ainda  é  a  Aldeia  do  Monte  Calvário  de  1549  (carta  8  §  6). 

8  Dia  do  Anjo.  Se  se  tratasse  do  Ano  de  1551  seria  19  de  Julho 
(3.0  domingo).  Mas  todo  este  §  e  matéria  dele  se  refere  a  1549,  em  cujo 
ano  caiu  a  21  de  Julho.  Polanco  desconhedendo  a  Festa  do  Anjo  Custó- 
dio de  Portugal  supôs  tratar  de  S.  Miguel  (29  de  Setembro):  «Ipso  die 
Sti.  Michaélis  constitutum  est  ut  illi  baptizarentur»  (Chronicon  II  395). 

9  «Baptizamos  muchos»,  são  as  mesmas  palavras  de  Nóbrega  na 
festa  do  Anjo  de  1549 :  «baptizamos  muchos»,  diz  Nóbrega  a  9  de  Agosto 
desse  ano  (carta  7  §  15). 

10  O  velho  Page  «Amaro»,  baptizado  no  dia  do  Anjo  de  1549  deve 
ser  aquele  velho  que  três  meses  antes  Nóbrega  apresentou  a  Tomé  de 
Sousa  (carta  6  §  2).  A  referência  singular,  numa  e  noutra  carta,  insinua 
a  identificação. 


35.  -  SALVADOR  AGOSTO  DE  1551 


281 


sión  de  todos  juntos,  y  los  muchachos  pusimos  en  la  dian- 
tera,  que  serían  veinte  y  cinco,  y  luego  los  hombres,  y  las 
mugeres  en  la  trasera,  y  un  muchacho  dellos  con  una  cruz. 
Y  assí  yvamos  rezando  por  el  caminho  todos  con  alta  voz  no 
el  Pater  noster,  hasta  la  ciudad.  Yo  yva  con  los  delan- 
teros,  y  el  Hermano  Vicente  con  los  traseros.  Fué  esto  en 
la  ciudad  de  mucha  edificación,  y  a  los  más  hizo  mucha 
devoción,  quedando  los  índios  más  firmes  y  con  grandes 
desseos  de  ser  buenos  christianos.  Con  razón  los  truxo  "5 
Dios  a  esto  por  las  obras  buenas  que  siempre  hizieron  a 
los  christianos. 

6.  Después  desto  con  licencia  dei  Padre  Nóbrega  me 
fuy  a  otra  aldeã  de  ciento  y  cincuenta  fuegos,  y  hize  ayun- 
tar  los  muchachos,  y  hízeles  la  doctrina  en  su  própria  len-  120 
gua.  Hallé  algunos  aqui  muy  hábiles  y  de  tal  capacidad, 
que  bien  ensenados  y  doctrinados  podían  hazer  mucho 
íructo  en  la  gentilidad,  para  lo  qual  tenemos  mucha  neces- 
sidad  de  un  collegio  11  en  esta  Baya  para  ensenar  los  hijos 
de  los  índios ;  ya  algunos  tenemos,  y  nos  darían  más  si  I25 
tuviéssemos  possibilidad  para  recogerlos  y  sustentarlos, 
que  la  tierra  por  ser  nuevamente  poblada  aún  no  lo  puede 
hazer.  En  la  mano  dei  Rey  nuestro  sehor  está  llevarle  al 
cabo,  y  ayudarnos  para  que  le  demos  fin,  porque  ya  lo 
tenemos  començado  y  sin  su  ayuda  parece  impossible  aca-  13° 
barse,  y  mucho  más  holgaríamos  que  él  próprio  lo  man- 
dasse hazer  para  quedarmos  más  libres  y  desocupados  para 
lo  spiritual.  Este  collegio  no  solamente  será  bueno  para 
recoger  los  hijos  de  los  gentiles  y  christianos,  para  los 
ensenar  y  doctrinar,  mas  también  para  paz  y  sossiego  de  135 
la  tierra  y  provecho  de  la  república.  Nuestro  Serior  lo 
ordene  como  fuere  más  su  servicio  y  provecho  de  las 
ánimas. 


11  Colégio.  A  6  de  Janeiro  de  1550  escrevia  Nóbrega  ao  P.  Simão 
Rodrigues,  em  que  lhe  dizia,  que  esperava  resposta  dele  para  «come- 
çar o  Colégio  do  Salvador  da  Baía»  (carta  10  §  21).  Esta  parte  da  carta 
de  Navarro  deve  ser  coeva  de  alguma  carta  sua  perdida,  escrita  por  oca- 
sião daquelas  de  1549  a  que  Nóbrega  aludia  e  de  que  esperava  resposta. 


282 


P.  JOÃO  DE  AZPIIXUETA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


Entroduzidos  los  desta  aldeã  algo  en  la  fee  passé  ade- 

M°  lante  a  otra1*,  y  llegando  me  dixeron  que  entonces  acaba- 
bavan  de  matar  una  muchacha13,  y  mostráronme  la  casa,  y 
entrando  dentro  hallé  que  la  estavan  coziendo  para  la  comer, 
y  la  cabeça  estava  colgada  en  un  paio  ;  y  comencéles  a  estra- 
nhar y  afear  el  caso  tan  abominable  y  contra  naturaleza. 

x45  Respondióme  uno  dellos  que  si  más  hablasse  que  otro  tanto 
nos  haría.  Yo  no  lo  entendi  sino  la  lengua  que  comigo 
llevava,  a  la  qual  insisti  que  hablasse  lo  que  yo  le  dixiesse, 
pero  nunca  osó  de  hablar  palabra.  Entonces  quando  aquello 
vi  comencéles  a  hablar  de  lo  que  sabia,  y  al  cabo  quedaron 

r5°  nuestros  amigos  y  nos  dieron  de  comer.  Y  después  fuy  a 
otras  casas  en  las  quales  hallé  pies,  manos,  y  cabeças  de 
hombres  en  el  humo,  a  los  duenos  de  las  quales  también 
afeé  mucho  aquello  y  persuadi  que  aborreciessen  tan  grande 
mal.  Después  nos  dixeron  que  todos  enterraron  las  carnes, 

155  hasta  la  muchacha  que  estava  a  cozer,  y  paréceme  que  algún 
tanto  se  emendaron,  a  lo  menos  en  descubiertos  no  los  veen14. 

7.  En  esto  y  en  cosas  semejantes  de  servicio  de  Dios  y 
provecho  de  las  animas  me  ocupava  en  quanto  el  Padre 
Nóbrega  aqui  estuvo,  y  después  que  daqui  se  partió 

160  para  Pernambuco  15  lo  misrao  me  quedo  por  officio  y  dél 


12  «Tres  ou  quatro  Aldeãs  de  que  tiene  cuidado»,  o  P.  Navarro, 
escreve  Nóbrega  a  10  de  Agosto  de  1549  (carta  8  §  5). 

13  A  este  facto  alude  na  carta  de  28  de  Março  de  1550  (carta  14  §  3) 
e  chama-lhe  aportuguesadamente  «miniõo»,  e,  por  ser  carta  autografa, 
é  a  verdadeira.  O  que  se  lê  aqui  «muchacha»  é  possível  estivesse 
escrito,  também  aportuguesadamente  «una  criança»  ;  e,  não  sendo  pala- 
vra espanhola,  os  editores  de  Copia,  levados  pela  forma  feminina, 
corrigissem  para  «muchacha».  Estas  formas  aportuguesadas  ou  mesmo 
portuguesas  existiam  no  original,  e  se  vê  logo  uma  nesta  mesma  frase 
na  palavra  «estranhar» ;  mas  aqui  nas  duas  línguas,  o  sentido  é  o  mesmo, 
só  muda  a  ortografia  (estrafiar). 

14  Até  aqui  quase  tudo  pertence  ao  ano  de  1549,  encaixando-se 
também  aqui  a  carta  que  escreveu  em  1549  e  de  que  fala  a  28  de  Março 
de  1550  (carta  14  §  1).  Atendeu-se  apenas  aos  factos  curiosos  ou  edifi- 
cantes, sem  ter  em  conta  a  cronologia. 

15  Nóbrega  partiu  da  Baía  para  Pernambuco  pelo  dia  16  de  Julho 
de  1551,  e  chegou  lá  a  26  do  mesmo  mês  (carta  31  §  11). 


36.  -  PERNAMBUCO  13  DE  SETEMBRO  DE  1551 


283 


encomendado.  De  manera  que  quando  aqui  estoy  en  esta 
ciudad  dei  Salvador  acudo  a  las  necessidades  spirituales  de 
los  christianos  que  nunca  faltan  y  de  aqui  voy  a  correr  las 
aldeãs  de  los  gentiles  que  ay  al  rededor  a  ensenar  la  doc- 
trina  Christiana  y  hazer  christianos  a  los  que  estuvieren  165 
aptos  para  recebir  el  sacramento  dei  baptismo.  Después 
dei  Padre  Nóbrega  ido  de  aqui  me  aconteció  los  dias  pas- 
sados rescatar  un  muchacho  y  tirarlo  de  las  manos  de  los 
gentiles  que  estavan  ya  para  lo  dividir  y  tragar.  Es  muy 
bonito.  Púsele  el  nombre  de  nuestro  Hermano  Antonio  17° 
Criminal  que  en  servicio  dei  Senor  mataron  en  la  índia16; 
él  en  la  gloria  quiera  ser  intercessor  con  Dios  para  que  esta 
ánima  se  salve  y  de  nós  tenga  especial  memoria.  Estando 
escriviendo  esta,  me  vino  a  buscar  un  indio  con  su  muger 
y  hijos  que  los  baptizasse  que  querían  ser  christianos,  pero  *75 
dilatéles  el  sacramento  hasta  ser  ensenados  en  nuestra  fe. 
Esto  uso  con  todos  salvo  en  peligro  de  muerte  assí  por 
necessário  ser  primero  instruídos  en  ella,  como  por  otros 
respectos  que  ellos  poco  más  o  menos  ya  sabrán  por  otras 
que  tengo  escritas.  Christo  nuestro  Senor  escrivã  su  santa  180 
voluntad  en  nuestros  coraçones  para  que  en  esta  vida  sola- 
mente  la  cumplamos. 

36 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

PERNAMBUCO   13  DE  SETEMBRO  DE  1551 

I.  Bibliografia :  B.  Machado  iii  319 ;  Catalogo  dos  Manuscrip- 
tos  I  20 ;  Cimèlios  493  *,  Sommervogel  v  1782  n.  8;  Streit  11  334  n.  1213; 
Leite  ix  7  n.  9. 

II.    Autores:  Leite  11  369;  IX  418  419;  Breve  Itinerário  71;  Pereira 
da  Costa  i  289-291 ;  Mariz  92-101 ;  Nemésio  246-249. 


16  Morto  pelos  badagares  na  índia,  em  Maio  ou  Junho  de  1549. 
Wicki,  DI  1  44*. 


284 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


III.  Texto:  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lis- 
boa], 1-5,  2,  38,  ff.  19V-21V.  Título:  «Carta  do  Padre  Nóbrega  para  os 
Irmãos  do  Collegio  de  Jesu  de  Coimbra,  de  Paranambuc  13  de  Setem- 
bro de  i55i>.  Cópia  em  português,  mas  já  em  vários  lugares  destruída 
depois  da  sua  primeira  impressão  em  1886. 

IV.  Impressão:  Vale  Cabral  (1886)  86-89;  (I93I)  1x8-122;  LEITE, 
Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  90-96. 

V.   Edição:    Reimprime-se  o  texto  único,  e  coloca-se  entre  chave- 
tas o  que  se  tirou  da  ed.  de  1886  nos  pontos  já  ilegíveis  do  ms. 

Textus 

1.  P.  Nóbrega  adest  Pernambuci  citin  P.  Antonio  Pires.  —  2.  Lusi- 
tani  iam  uxores  ducunt  indas.  —  3.  Clerici  boni  et  mali.  —  4.  Duas 
domos  fundat,  alteram  ad  mulieres  ad pueros  alteram.  —  5.  Fervor  Itido- 
rutn  in  accipienda  doctrina  Christiana.  —  6.  Ordinantur  domus  pro  pue- 
ris in  omnibus  praefecturis.  —  7.  Brasília  non  minor  erit  quam  índia 
Orientalis,  si  huc  mttlti  adventent  Paires  S.  I. 

1.  Porque  me  quero  consolar  screvendo-vos,  Charissi- 
mos  Irmãos,  screvo  esta  e  não  por  ter  novas  que  vos  escre- 
ver, porque  vossos  Irmãos  que  cá  estão  tem  esse  cuidado. 
De  cá  vos  estou  contemplando  e  pollos  cubículos  visitando  e 
5  com  ho  coração  amando,  e  somente  em  os  ceos  vos  desejo 
ver  e  lá  vos  aguardar.  E  isto  porque  o  Senhor  Jesu  Cliristo 
he  bom  e  vós,  Charissimos,  muytas  vezes  lhe  rogaes  [2or] 
por  mim:  porque,  segundo  crecem  meus  peccados  e  descui- 
dos, já  tudo  se  perdera  se  tantos  Moisés  não  tiverão  de 
i°  continuo  cuidado  de  mym. 

Averá  hum  mes  pouco  mais  ou  menos  1  que  chegamos 
a  esta  Capitania  de  Pernambuco  ho  P.e  Antonio  Pirez  e  eu, 
a  qual  nos  faltava  por  visitar  2  e  tinha  mais  necessidade 
que  nenhuma  outra,  por  ser  povoada  de  muito  3  e  ter  os  pee- 
is cados  muy  arraigados  e  velhos. 


1  Chegaram  a  26  ou  27  de  Julho  de  1551  (Carta  de  António  Pires 
de  2  de  Agosto  de  1551  §  11). 

2  Já  Padres  da  Companhia  [fala  no  plural]  tinham  estado  em 
todas  as  Capitanias  da  Baía  para  o  Sul. 

3  Desde  1535.  Leite  i  474. 


36.  -  PERNAMBUCO  13  DE  SETEMBRO  DE  1551 


285 


2.  Hé  feito  muyto  fruito,  gloria  ao  Senhor,  por  meo 
destes  dous  pobres,  ou,  por  milhor  dizer,  por  meo  de  vos- 
sas orações  e  polia  fama  da  Companhia,  a  qual  hé  cá  tida 
em  muyta  veneração.  Em  somente  verem  que  somos  mem- 
bros delia  (posto  que  eu  podre  e  prouvesse  a  N.  Senhor  que  2» 
não  cortado)  isto  faz  em  todos  abalo  a  emendar-se  de  suas 
vidas.  Os  mais  aqui  tinhão  Índias  de  muyto  tempo,  de 
que  tinhão  filhos,  e  tinhão  por  grande  infâmia  casarem 
com  ellas.  Agora  se  vão  casando  e  tomando  vida  de  bom 
stado  4.  São  feitas  muytas  amizades  porque  esta  Capitania  25 
estava  em  bandos  com  hos  principaes  da  terra  e  os  fizemos 
amigos  aa  porta  da  igreja  com  que  já  todos  [estão]  em  paz. 
Avia  muitas  moças  filhas  de  christãos  [dadas  à  soldada  a 
solteiros,  com  que  publicamente  peccavão]  e  dava-lhas  a 
justiça.  Fi-las  ajuntar  em  casa  de  [casados  virtuosos  e  3° 
ago]ra  se  vão  casando  e  amparando.  Pollo  sertão  há  muy- 
tos,  [assim]  machos  [como]  fêmeas  e  algumas  já  molheres, 
filh[os  de  brancos.  Damos]  ordem  a  se  tirarem  todos  [e  já 
são  fora  alguns],  dos  quaes  já  lá  mandei  hum  mancebo  5, 
que  estava  perdido  e  comia  carne  humana  como  ho  gentio,  35 
pera  lá  servir  e  ter  alguma  noticia  da  christandade. 

3.  Avia  cá  muy  pouco  cuidado  de  salvar  almas :  os  sacer- 
dotes que  cá  avia  estavão  todos  nos  mesmos  peccados  dos  lei- 
gos e  os  demais  i[rregulares,  outros  aposta]tas  e  excomunga- 
dos. Alguns  conhecerão  seu  peccado  e  principalmente  hum  4° 
pediu  perdão  a  todo  o  povo  com  muyta  edificação.  Alguns 
que  forão  [contumaces]  não  dizem  missa  e  andão  como 
encartados  sem  aparecerem,  por  seus  erros  serem  muy 
públicos  e  escandalosos;  os  outros  nos  amão  muyto6. 
Estavão  os  homens  cá  em  huma  grande  abusão,  que  não  45 
comungavão  quasi  todos  por  estarem  amancebados,  [20V]  e 
todavia  os  absolvião  sacramentalmente,  de  maneira  que 
polias  Constituições  ficavam  excommungados,  e  homens 


4  Cf.  supra,  carta  de  António  Pires  de  2  de  Agosto  de  1551  §§  9 
e  11. 

5  Diz  que  o  mandava,  na  carta  de  11  de  Agosto  de  1551  §  3. 

6  Portanto,  clero  mau  e  clero  bom. 


286 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


que  avia  xx  annos  que  estavão  nesta  terra  sem  commun- 

5o  garem !  Tudo  se  vay  remediando  como  N.  Senhor  insina. 
4.  As  Índias  forras,  que  há  muyto  que  andão  com  os 
christãos  em  peccado,  trabalhamos  por  remediar  por  nom 
se  irem  ao  sertão  já  que  são  christãas,  e  lhes  ordenamos 
huma  casa  7  à  custa  dos  que  as  tinhâo  para  nella  as  recolher 

55  e  dali  casarão  com  alguns  homens  trabalhadores  pouco  a 
pouco.  Todas  andão  com  grande  fervor  e  querem  emen- 
dar-se  de  seus  peccados  e  se  confessão  já  as  mais  entendi- 
das e  sabem[-se]  muy  bem  accusar.  Com  se  ganharem  estas 
se  ganha  muyto,  porque  são  mais  de  40  soo  nesta  povoação, 

60  afora  muytas  outras  que  estão  polias  outras  povoaçõis,  e 
accarretão  outras  do  sertão  asi  já  christãas  como  ainda 
gentias.  Algumas  destas  mais  antigas  pregão  às  outras. 
Temos  feito  huma  delas  meirinha  8,  a  qual  hé  tam  dili- 
gente em  chamar  à  doctrina,  que  hé  para  louvar  a  N.  Senhor. 

65  Estas,  depois  de  mais  arreigadas  no  amor  e  conhecimento 
de  Deus,  ey-de  ordenar  que  vão  pregar  polias  Aldeias  de 
seus  parentes,  e  certo  que  em  algumas  vejo  claramente 
obrar  a  virtude  [do  Altíssimo].  Ganhamos  também  que 
estas  nos  trarão  meninos  do  gentio  para  insinarmos  e 

7o  [criarmos]  em  huma  casa  que  para  isso  se  ordena,  [e  já  se 
faz,  e  trabalha]  nella  com  muy  ta  pressa  e  fervor  todo  ho 
povo  asi  homens  como  molheres  9.  Muytos  casamentos  tenho 
acertado  com  estas  forras  10.  Que[rerá  N.  Senhor  por]  esta 


75 

59  se  ganha  bis 


7  É  o  princípio  do  Recolhimento  de  Moças,  de  Olinda,  de  que 
se  trata  na  nota  seguinte. 

8  Parece-nos  ver,  nesta  «meirinha»,  Maria  da  Rosa.  E  da  pri- 
meira origem  do  Recolhimento  de  Olinda,  por  ela  fundado,  parece  não 
poder  desassociar-se  aquela  Casa,  que  Nóbrega  «ordenava»  em  1551 
(cf.  carta  de  António  Pires  de  2  de  Agosto  de  1551  §  11 ;  e  carta  de 
Nóbrega  de  14  de  Setembro  de  1551  §  5). 

9  Princípio   do   Colégio  de   Pernambuco,   em    Olinda.  Leite 

«  45i- 

10  E  uma  delas,  cremos  que  foi  a  própria  índia  forra  [livre]  Maria 
da  Rosa  com  o  capitão  Pedro  Leitão.  Leite  I  474-475. 


36-  -  PERNAMBUCO  15  DE  SETEMBRO  DE  1551 


287 


via  acrecentar  sua  fee  catholica  e  povoar  esta  terra  em 
[seu  temor;  e  s]erá  fácil  cousa  [casar  todas,  porque  como 
os]  não  absolverem  e  lhes  mandarem  tomar  stado,  am-se 
de  casar  como  poderem  hos  homens,  como  a  experiência 
das  outras  Capitanias  nos  tem  insinado,  onde  se  casarão  8o 
todas  quantas  negras  forras  avia  entre  christãos.  Há  cá 
muyta  somma  de  casados  em  Portugal  que  vivem  cá  em 
gr[aves  peccados:  a  huns  fazemos]  ir,  outros  mandão  bus- 
car suas  molheres. 

5.    Porem  [de  tudo  o  que  me  alegra  mais  o]  spiritu  hé  85 
ver  por  experiência  o  fruito  que  se  faz  nos  escravos  dos 
christãos,  os  quaes  com  grande  descuido  de  seus  senhores 
viviâo  gentilicamente  e  em  graves  peccados.  Agora  ouvem 
missa  cada  domingo  e  festa,  e  tem  doctrina  e  pregação  na 
sua  lingua  11  às  tardes.   Andão  taes,  que  asi  festas  como  9° 
polia  somana  o  tempo  que  podem  furtar  [2ir]  vem  a  que 
lhes  insinemos  as  orações,  e  muytos  antes  de  irem  pescar 
ou  a  seus  trabalhos  am-de  ir  rezar  à  ygreja  e  o  mesmo  da 
tornada  antes  que  entrem  em  casa.  E  destes  hé  a  multidão 
tanta  que  nom  cabem  na  igreja,  e  muytas  vezes  hé  neces-  95 
sario  fazerem  duas  esquipações  delles,  de  maneira  que  asi 
nós  como  os  meninos  órfãos  12  hé  necessário  o  mais  do  tempo 
gastá-lo  com  elles. 

Os  que  estão  amancebados  com  suas  mesmas  escravas, 
fazemos  que  casem  com  ellas  e,  por  ser  costume  novo  a  seus  i°o 
senhores,  am  medo  que  casando  lhes  fiquem  forras,  e  não 
lho  podemos  tirar  da  cabeça.  Isto  hé  cousa  muy  proveitosa 
para  estas  partes,  e  para  São  Thomé  13  e  outras  partes  onde 
há  fazendas  de  muytos  escravos.  Devia  El-Rey  de  mandar 
desenganar  aos  senhores,  que  nom  fiquâo  forros,  porque  io5 
isto  arreceão  ;  que  doutra  maneira  todos  os  casariâo. 


ri  O  pregador  era  o  P.  António  Pires,  que  tinha  consigo  «orações 
e  alguns  sermões»,  escritos  em  língua  tupi,  diz  ele  próprio  na  carta  de 
2  de  Agosto  §  ri ;  e  os  meninos  órfãos. 

12  Alguns  de  Lisboa,  que  tinham  chegado  à  Baía,  no  ano  prece- 
dente.  Torna  a  falar  neles  na  carta  seguinte,  de  14  de  Setembro  §  5. 

13  Ilha  portuguesa  da  África  no  Golfo  da  Guiné. 


288 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


Destes  escravos  e  das  pregações  corre  a  fama  às  Aldeãs 
dos  Negros  14,  de  maneira  que  vem  a  nós  de  muy  longe  a 
ouvir  nossa  pratica.  Dizemos-lhes  que  por  seu  respeito 
principalmente  viemos  a  esta  terra  e  não  por  os  brancos, 
no  Mostrão  grande  vontade  e  desejos  de  os  conversarmos  e  insi- 
narmos.  Muy  fácil  cousa  hé  serem  todos  christãos  se  ouver 
muytos  obreiros  que  os  conservam  em  bons  costumes,  por- 
que doutra  maneira  far-se-á  grande  injuria  ao  sacramento. 

6.  Vinde,  Charissimos  Irmãos,  ou  choray  tanto  que 
115  N.  Senhor  vo-lo  outorgue.  Em  todas  as  Capitanias  se  orde- 

não  casas  para  os  filhos  do  gentio  se  insinarem  1:>,  de  que 
se  cree  resultar  grande  fruto  e  para  mais  em  breve  o  Senhor 
ajuntar  seus  escolhidos  que  nesta  gentilidade  tem.  Eu  prego 
domingos  e  festas  duas  vezes  a  toda  a  gente  da  Villa,  que 

120  hé  muyta,  e  às  sextas-feiras  tem  pratica  com  disciplina  com 
que  se  muyto  aproveitão  todos.  Vão-se  confessando  e 
juntamente  fazendo  penitencia;  asi  em  brancos  como  nos 
índios  10  há  grande  fervor  e  devação.  Ho  Capitão  desta 
Capitania  17  e  [sua  molher  18  são]  muy  virtuosos,  e  somente 

125  por  ignorantia  se  deixavão  de  fazer  muy  tas  cousas  do  ser- 
viço de  N.  Senhor;  muyto  nos  favorecem  e  ajudão  em  tudo. 

Isto  vos  quis  escrever  asi  em  breve  para  que  vejaes,  Charis- 
simos, quanta  necessidade  cá  temos  de  vossas  orações.  [2iv] 
Non  solum  vobis  nati  estis:  hum  corpo  somos  em  Jesu 

130  Christo,  se  lá  não  sustentardes  este  vosso  membro  perecerá19. 

7.  Com  as  novas  e  cartas  20  que  recebemos  nos  alegra- 
mos muyto  no  Senhor.  Queira  elle  sempre  augmentar  o 


14  Apesar  do  nome,  por  falar  em  aldeias,  ainda  se  trata  de  Índios. 
Mas  já  também,  no  Brasil,  havia  negros  da  Guiné,  cf.  carta  de  Nóbrega 
de  10  de  Julho  de  1552  §§  5-7. 

15  Cf.  Leite  ix  418. 

16  Índios.  Ainda  as  duas  formas:  Negros  e  índios,  cf.  nota  14. 

17  O  Donatário  Duarte  Coelho.  Leite  I  473. 

18  D.  Brites  de  Albuquerque  (ib). 

19  Rom.  12,  5;  Cor.  12,  12.  Cf.  Leite  ix  419;  Breve  Itinerário  70. 

20  De  certo  também  cartas  da  índia,  porque  logo  se  refere  a  ela. 
E  uma  podia  ser  a  de  Gaspar  Barzeu  recebida  em  Coimbra  em  1550 
e  ao  que  parece  impressa  nesta  Cidade  no  mesmo  ano  (Wicki,  DI  I  77*). 


37.  -  OLINDA  14  DE  SETEMBRO  DE  1551 


289 


fervor  com  que  se  obra,  pois  hé  por  seu  amor.  Grande 
cousa  hé  a  índia  e  o  fruito  delia,  e  eu  em  muyto  tenho 
também  o  que  se  cá  fará,  se  vós  vierdes,  Charissimos.  Lá  135 
converter-se-ão  muytos  reynos  e  quá  salvar-se-ão  muytas 
almas,  e  das  mais  perdidas  que  Deus  tem  em  todas  as  gera- 
ções. Até  agora  pouco  podemos  conversar  ho  gentio,  porque 
os  christãos  estavão  taes  que  nos  occupão  muyto  suas  con- 
fissões e  negócios  com  elles.  Das  outras  partes  creo  que  14° 
vos  terão  scripto  os  Irmãos.    Valete,  mi  Fratres. 

Desta  Capitania  de  Paranambuc,  a  XIII  de  Setem- 
bro 1551. 

37 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
A  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 

OLINDA  [PERNAMBUCO]  14  DE  SETEMBRO  DE  1551 

I.  Bibliografia:   Inocêncio-Brito  Aranha  xvi  414;  Sommervo- 
GEL  v  1782  n.  9 ;  Streit  ii  334  n.  1214 ;  Leite  ix  7  n.  10. 

II.  Autores :  Leite  li  376 ;  ix  419 ;  Breve  Itinerário  70;  Pereira  da 
Costa  i  291-294 ;  Mariz  91-101. 

III.  Texto:  Lisboa,  Torre  do  Tombo,  Corpo  Cronológico,  Armário  15, 
Maço  86,  Doe.  125,  ff.  ir-4v.  Endereço :  «A  El-Rei  noso  senhor.  Do 
Brasil».  Outra  letra:  «O  Padre  Manoel  da  Nóbrega.  Do  Brasil.  Sep- 
tembro,  anno  1551».  Autógrafo  em  português.  Claro  e  perfeito. 

IV.  Impressão :  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasi- 
leiro 11  (Rio  de  Janeiro  1840)  277-280  [2.a  ed.  1858,  279-282] ;  Inocêncio, 
Chronica  de  Vasconcelos  (Lisboa  1865)  305-308 ;  Vale  Cabral  (1886) 
90-93;  (1931)  113-123;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  97-103. 

V.    Edição  :  Reimprime-se  o  autógrafo. 

Texíus 

/.  Status  Praefecturae  Pernambuci  quoad  mores  et  religionem.  — 
2.  Incipit  re/ormatio  morum.  —  3.  Praefecti  virtute  praediti  sunt,  sed 
iurisdictio  totius  Brasiliae  esse  penes  Regem  oportebat.  —  4.   Indi  apti 

19 


290        P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


suiit  ad  doctrinam  christianam  recipiendam,  desunt  vero  Paires  S.  I.  — 
5.  Fundantur  domus  duae,  una  ad  perfugium  mulierum,  ad  pueros  edu- 
candos altera.  —  6.  Viri  in  Portugália  matrimonio  contundi.  —  7.  Ser- 
vorum  matrimonia.  —  8.  Lusitani  Brasiliae  educationem  puerorum  iuvant. 
—  9.  Collegium  Bahiae  a  Rege  fundandum.  —  10.  Orphanae  e  Portugá- 
lia in  Brasiliam  mittendae.  —  11.  Expeditio  ad  fodinas  detegendas.  — 
12.    Tum  Episcopus  tum  Patres  S.  I.  exspectantur. 

+ 
Jesus 

[ir]  Ha  graça  e  amor  de  Christo  Noso  Senhor  seja  com 
V.  Alteza  sempre.  Amen. 

1.    Logo  que  a  esta  Capitania  de  Duarte  Coelho  ache- 

5  gamos  outro  Padre  1  e  eu,  escrevi  a  V.  A.  dando-lhe  alguma 
emformação  das  coussas  desta  terra,  e  por  ser  novo  nesta 
Capitania  e  nam  ter  tanta  experiência  dela  me  fiquaram 
por  escrever  algumas  coussas  que  nesta  suprirei. 

Nesta  Capitania  se  vivia  muito  seguramente  nos  pecca- 

io  dos  de  todo  ho  género  e  tinhão  ho  pecar  por  lei  e  costume, 
hos  mais  ou  quasi  todos  nam  comungavão  nunqua  e  ha 
absolvição  sacramental  ha  recebiam  perseverando  em  seus 
peccados.  Hos  eclesiásticos  que  achei,  que  são  cinquo  ou 
seis,  viviam  a  mesma  vida  e  com  mais  escândalo,  e  alguns 

15  apóstatas ;  e  por  todos  asi  viverem  nam  se  estranha  pecar. 
Ha  ignorância  das  cousas  de  nosa  fé  catholica  hé  quá  muita 
e  parece-lhes  novidade  ha  pregação  delas.  Quasi  todos  tem 
negras  forras  do  gentio  e  quando  querem  se  vão  pera  os 
seus.  Fazen-se  grandes  injurias  aos  sacramentos  que  quá 

20  se  ministrão.  Ho  sertão  está  cheo  de  filhos  de  christãos, 
grandes  e  pequenos,  machos  e  fêmeas,  com  viverem  e  se 
criarem  nos  custumes  do  gentio.  Avia  grandes  ódios  e 
bandos.  Has  coussas  da  Igreja  mui  mal  regidas,  [iv]  e  as  da 
justiça  polo  conseginte,  finalmente  commixti  sunt  inter  gen- 

25  tes  et  didicerunt  opera  eorum  2. 


1  António  Pires. 

2  Ps.  105,  35. 


37.  -  OLINDA  14  DE  SETEMBRO  DE  1551 


291 


2.  Começamos  com  ha  ajuda  de  Noso  Senhor  a  emten- 
der  em  todas  estas  cousas  e  faz-se  muito  fructo,  e  já  se 
evitão  muitos  peccados  de  todo  ho  género.  Van-se  confes- 
sando e  emendando,  e  todos  querem  mudar  seu  mao  estado 

e  vestir  3  a  Jesu  Christo  Noso  Senhor.  Os  que  estavam  em  30 
odio  se  recon[ci]liarão  com  muito  amor.  Vam-se  ajuntando 
os  filhos  dos  christãos  que  andão  perdidos  pollo  sertão,  e 
já  são  tirados  alguns  e  espero  no  Senhor  que  os  tiraremos 
todos.  E  posto  que  por  todas  as  outras  Capitanias  ouvesse 
os  mesmos  peccados,  e  porém  nam  tão  areigados  como  35 
nesta ;  e  deve  ser  ha  causa  porque  forão  já  mui  castigadas 
de  Nosso  Senhor  e  pecavâo  mais  a  medo,  e  esta  não. 

3.  Duarte  Coelho  e  sua  molher  4  sam  tam  vertuossos, 
quanto  hé  a  fama  que  tem,  e  certo  creo  que  por  elles  nam 
castigou  a  justiça  do  Altíssimo  tantos  males  até  agora.  40 
E  porém  hé  já  velho  e  falta-lhe  muito  pera  ho  boom  regi- 
mento da  justiça,  e  por  iso  ha  jurisdição  de  toda  ha  costa 
devia  de  ser  de  V.  A. 5 

4.  Com  os  escravos  que  são  muitos  se  faz  muito  fructo, 
os  quais  viviam  como  gentios  sem  terem  mais  que  serem  45 
bautizados  com  pouqua  reverencia  do  sacramento.  Das 
pregaçõis  e  douctrina  que  lhes  fazem  corre  ha  fama  ha  todo 
ho  gentio  da  terra  e  muitos  nos  vem  ver  e  ouvir  ho  que  de 
Christo  lhe  dizemos;  e,  segundo  ho  fervor  e  vontade  que 
trazem,  parecem  dizer  ho  que  outros  gentios  deziam  ha  50 
São  Felipe:  «Volumus  Iessum  videre»  6.   Esperam-nos  em 
suas  Aldeãs  e  prometem  fazerem  quanto  lhe  diseremos. 
[2r]  Este  gentio  está  mui  aparelhado  a  se  nele  fructificar 
por  estar  já  mais  domestico  e  ter  ha  terra  capitão  que  nam 
consentio  fazerem-lhe  agravos  como  nas  outras  partes.  Ho  55 
converter  todo  este  gentio  hé  mui  fácil  coussa,  mas  ho  sus- 
tentá-lo em  boons  costumes  nam  pode  ser  senam  com  mui- 


3  Gal  3,  27. 

4  D.  Brites  de  Albuquerque. 

5  Leite  ix  419. 

6  Act.  Apost.  8,  5-8. 


292         p.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


tos  obreiros,  porque  em  coussa  nenhuma  crem,  e  estão  papel 
branco  pera  nelles  escrever  hà  vontade,  se  com  exemplo  e 

6o  continua  conversação  os  sustentarem.  Eu,  quando  vejo  os 
pouquos  que  somos  e  que  nem  pera  acudir  aos  christãos 
abastamos,  e  vejo  perder  meus  próximos  e  criaturas  do 
Senhor  hà  mingoa,  tomo  por  remédio  clamar  ao  Criador  de 
todos  e  a  V.  A.  que  mandem  obreiros,  e  a  meus  Padres  e 

65  Irmãos  que  venhâo. 

5.  Damos  ordem  a  que  se  faça  liuma  cassa  pera  reco- 
lher 7  todas  as  moças  e  molheres  do  gentio  da  terra  que  há 
muitos  annos  que  vivem  antre  os  christãos,  e  sam  christãs 
e  tem  filhos  dos  homeins  branquos;  e  os  mesmos  homeins 

7o  que  as  tinhão  ordenão  esta  cassa,  porque  ali  douctrinadas  e 
governadas  por  algumas  velhas  delas  mesmas,  pollo  tempo 
em  diante  muitas  casarão  e  ao  menos  vivirão  com  menos 
occasiom  de  peccados ;  e  heste  hé  ho  milhor  meio  que  nos 
pareceo  por  se  nam  tornarem  ao  gentio.   Antre  estas  há 

75  muitas  de  muito  conhecimento,  e  se  confessão  e  sabem  bem 
conhecer  os  peccados  em  que  viverão ;  e  as  que  mais  fervor 
tem  pregão  às  outras.  E  asi  destas  como  dos  escravos  somos 
importunados  de  contino  pera  os  ensinar,  de  maneira  que 
asi  os  meninos  órfãos  8,  que  connosco  temos,  como  nós,  ho 

80  principal  exercício  hé  ensiná-los.  Com  estas  forras  se  ganha- 
rão muitas  já  christãs  que  polo  sertão  andão,  e  [2v]  asi  mui- 
tos meninos  seus  parentes  do  gentio,  pera  em  nosa  cassa  se 
emsinarem,  alem  de  outros  muitos  proveitos  que  disto  hà 
gloria  de  Noso  Senhor  resultarã[o] ;  e  ha  terra  se  povoará 

85  em  temor  e  conhecimento  do  Criador. 

6.  Por  toda  esta  costa  há  muitos  homens  cassados  em 
Portugal  e  vivem  quá  em  graves  peccados  com  muito  per- 
juizo  de  suas  molheres  e  filhos.  Devia  V.  A.  mandar  aos 
capitãis  que  nisto  tenhâo  muito  cuidado. 


7  A  este  Recolhimento  já  se  referia  na  carta  da  véspera  [§4]. 

8  Dos  Meninos  Órfãos  de  Lisboa  já  tinham  sido  mandados  para  o 
Brasil  nove ;  e  Nóbrega  levou  alguns  meninos  consigo  da  Bafa  para 
Pernambuco,  escreve  o  Ir.  Vicente  Rodrigues  a  17  de  Maio  de  1552  §6. 
E  deles  também  já  Nóbrega  falara  na  carta  do  dia  precedente  [§  5]. 


37. -OLINDA  14  DE  SETEMBRO  DE  1551 


293 


7.  Nestas  partes  há  muitos  escravos  e  todos  vivem  em  9o 
peccado  com  outras  escravas.  Alguns  dos  tais  fazemos 
cassar,  outros  areceam  íiquarem  seus  escravos  forros  e  não 
ousão  ha  casá-los.  Seria  serviço  de  Noso  Senhor  mandar 
V.  A.  huma  provissão  em  que  declare  nam  fiquarem  forrros 
casando,  e  ho  mesmo  se  devia  prover  em  Santo  Thomé  9  e  95 
outras  partes  orade  há  fazendas  com  muitos  escravos.  Com 

a  vinda  do  Bispo  ho  esperávamos  remedear  e  agora  me 
parece  ser  necessário  V.  A.  prover  niso  por  se  evitarem 
grandes  peccados. 

8.  Os  moradores  destas  Capitanias  ajudão  com  ho  que  100 
podem  ha  fazeren-se  estas  cassas  pera  os  meninos  do  gentio 

se  criarem  nelas,  e  será  grande  meio,  e  breve,  pera  ha  con- 
versão do  gentio. 

9.  Ho  Colégio  da  Baiia  seja  de  V.  A.  pera  o  favorecer, 
porque  está  já  bem  prencipiado  e  averá  nelle  vinte  meninos  I05 
pouquo  mais  ou  menos.  E  mande  ao  Governador  10  que 
faça  cassas  pera  os  meninos,  porque  as  que  tem  sam  feitas 
por  nosas  mãos  e  são  de  pouqua  fer]  dura,  e  mande  dar 
alguns  escravos  de  G[u]iné  hà  cassa  pera  fazerem  mantimen- 
tos, porque  a  terra  hé  tam  fértil,  que  facilmente  se  mante-  110 
rão  e  vestirão  muitos  meninos,  se  tiverem  alguns  escravos 
que  fação  roças  de  mantimentos  e  algodoais ;  e  pera  nós 
nam  hé  necessário  nada,  porque  ha  terra  hé  tal  que  hum 
soo  morador  hé  poderoso  ha  manter  a  hum  de  nós. 

10.  Pera  as  outras  Capitanias  mande  V.  A.  molheres  "5 
orfãas  u,  porque  todas  casarão.  Nesta  nam  são  necessárias 
por  agora  por  averem  muitas  filhas  de  homeins  brancos 

e  de  Índias  da  terra,  as  quais  todas  agora  casarão  com  ha 
ajuda  do  Senhor;  e,  se  nam  casavam  dantes,  era  porque 
consentiam  viver  os  homeins  em  seus  peccados  livremente,  120 
e  por  iso  nam  se  curavão  tanto  de  cassar  e  alguns  deziam 


9   Ilha  portuguesa  no  Golfo  da  Guiné. 

10  Tomé  de  Sousa. 

11  A  vinda  de  órfãs  portuguesas  já  tinha  sido  proposta  por  Nóbrega 
na  carta  de  6  de  Janeiro  de  1550  [§  17]  ;  e  as  primeiras  chegaram  neste 
próprio  ano  de  1551.  Leite  ii  368 ;  ix  417. 


294         p.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  D.  IOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


que  nam  pecavão,  porque  ho  Arcebispo  do  Funchal 12  lhes 
dava  licença. 

11.  Ho  governador  Thomé  de  Sousa  me  pedio  hum  Padre 
I25  pera  ir  com  certa  gente  que  V.  A.  manda  a  descobrir  ouro. 

Eu  lho  prometi  13  porque  também  nos  releva  descobri-lo 
pera  ho  tisouro  de  Jesu  Christo  Noso  Senhor,  e  ser  cousa  u 
de  que  tanto  proveito  resultará  hà  gloria  do  mesmo  Senhor 
e  bem  a  todo  ho  Reino  e  consolação  a  V.  A.  E  porque  ha-í 
i3°  muitas  novas  delle  e  parecem  certas,  parece-me  que  irão. 

12.  Seja  isto  também  em  [3V]  hajuda  pera  V.  A.  man- 
dar Padres,  porque  qualquer  que  for  fará  muita  falta  no 
começado,  se  nam  vierem  Padres  pera  o  sustentar.  E,  por- 
que por  outra  tenho  dado  mais  larga  conta,  e  com  ha  vinda 

135  do  Bispo  15  que  esperamos,  a  quem  tenho  escripto  ho  mais, 
aguardamos  ser  soccorridos,  cesso,  pedindo  a  Noso  Senhor 
lhe  dê  sempre  a  conhecer  sua  vontade  santa  pera  que,  com- 
prindo-a,  seja  augmentada  sua  fé  catholica  pera  gloria  do 
nome  santo  de  Jesu  Christo  Noso  Senhor,  qui  est  benedic- 

14°  tus  in  secula  16. 

Desta  Vila  de  Olinda,  a  XI1II  de  Setembro  de  1551  annos. 

+  Manoel  da  Nóbrega. 

[Endereço  autógrafo  [4.V] :]  +  A  El-Rei  noso  senhor.  Do 
Brasil. 

[Outra  letra:}  -f  O  Padre  Manoel  da  Nóbrega.   Do  Bra- 
J45  sil,  Septembro,  anno  1551. 


12  Trata-se  de  D.  Martinho  de  Portugal,  Arcebispo  do  Funchal 
(Ilha  da  Madeira)  que  à  data  em  que  Nóbrega  escrevia  já  tinha  falecido. 
Almeida,  História  da  Igreja  em  Portugal  111/2  1005.  O  Brasil  pertenceu 
à  Diocese  do  Funchal  até  25  de  Fevereiro  de  1551  em  que  se  criou  dio- 
cese, pela  Bula  Super  specula  militantis  Ecclesiae.  Cf.  supra,  p.  50. 

13  Prometeu  e  concedeu  o  P.  João  de  Azpilcueta  Navarro,  mas  a 
expedição  só  se  organizou  dois  anos  depois,  como  o  próprio  Navarro 
escreve  a  19  de  Setembro  de  1553  §  10  (Novas  Cartas  Jesuíticas  158-159). 

14  Nóbrega  escreve  cousa  ora  com  s  ora  com  ss ;  e  assim  outras 
palavras. 

15  D.  Pedro  Fernandes. 

16  2  Cor.  11,  31. 


38.  -  BAÍA  15  DE  SETEMBRO  DE  1551 


295 


38 

MANDADO  DE  PAGAMENTO  DO  SOLDO 
DEVIDO  AO  IR.  JOÃO  DE  SOUSA,  S.  VICENTE 

BAÍA  15  DE  SETEMBRO  DE  1551 

I.   Autores:  Leite  ii  239. 

II.  Texto:  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro.  Cód.  1-19,  7,  2. 
Título:   «Copia  do  Livro  I  das  Provisões  e  Mandados>.  Mandado  n.  781. 

III.  Impressão  :  Documentos  Históricos  xiv  (1929J  gi-92  ;  ib,  xxxvil 
(1937)  326. 

IV.  Edição :  Reimprime-se  o  texto  de  Doe.  Hist.  xiv,  conferido 
com  xxxvn. 

Textus 

1.    Ut  stipendium  persolvatur  militi  Ioanni  de  Sousa  usque  ad  tem- 
pus  quo  ingressus  est  Societatem  Iesu. 

A  quinze  do  dito  mez  e  anno  [Setembro  de  1551], 1  pas- 
sou o  Provedor-mor  mandado  para  o  Feitor  Pero  de  Sie- 
bra  2,  que  pagasse  ao  Padre  Manuel  de  Paiva  3,  Maioral  dos 
Padres  da  Companhia  de  Jesus,  quatro  mil  e  quinhentos 
reis  em  dinheiro,  que  eram  devidos  a  João  de  Souza  4  homem  5 
d'armas,  que  em  São  Vicente  se  metteu  na  dita  Companhia, 
de  nove  mezes  de  seu  soldo,  que  começaram  ao  primeiro  de 


1  Setembro  de  1551  é  o  mês  e  ano  dos  mandados  precedentes 
n>os  779.780  (Doe.  Hist.  xiv  90). 

2  Pedro  de  Siebra,  além  de  Feitor,  era  Almoxarife,  como  se  declara 
no  fim  deste  mandado. 

3  A  ele,  que  ficou  na  Baía  como  Vice-Superior  da  Missão,  enquanto 
o  Padre  Nóbrega  foi  a  Pernambuco. 

4  O  Ir.  João  de  Sousa  entrou  na  Companhia  na  data  aqui  mesmo 
indicada,  31  de  Julho  de  1550  («em  que  foi  riscado»  da  milícia);  e  foi 
morto  depois  pelos  índios  em  companhia  do  Ir.  Pero  Correia,  fins 
de  1554.  Leite  ii  241-242. 


296 


MANDADO  DE  MANTIMENTO  E  VESTIARIA 


Novembro  de  mil  quinhentos  e  quarenta  e  nove  5  té  o  der- 
radeiro de  Julho  de  mil  quinhentos  e  cincoenta,  em  que  foi 
riscado  à  razão  de  quinhentos  reis  por  mez;  e  que  por  elle 
com  seu  conhecimento  feito  pelo  Escrivão  de  seu  cargo 
assignado  por  ambos,  em  que  declarasse  receber  a  dita 
sornma,  lhe  sejam  levados  em  conta.  Foram  pagos  em 
Pedro  de  Siebra  Feitor  e  Almoxarife  da  Capitania  de  São 
Vicente. 

CARTA  PERDIDA 

38a.  De  Nóbrega  ao  genro  e  filha  do  Capitão  de  Porto  Seguro, 
Baía  (Pernambuco?  Dezembro  de  1551?,).  «O  qual  [Nóbrega]  les  escrive 
com  muchas  lágrimas>,  —  diz  Vicente  Rodrigues  na  carta  de  17  de  Maio 
de  1552  (carta  42  §  8).  A  esta  data  Nóbrega  já  estava  na  Baía;  mas  a 
carta  ainda  o  dá  em  Pernambuco  e  trata  de  assuntos  muito  anteriores. 
Parece  tratar-se  de  Gaspar  Barbosa  (cf.  infra,  nota  ao  lugar  indicado  na 
carta  42). 

39 

MANDADO  DE  MANTIMENTO  E  VESTIARIA 
PARA  O  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  E  SEUS 
COMPANHEIROS  NO  BRASIL 

BAÍA  11  DE  FEVEREIRO  DE  1552 

I.   Autores :  Leite  i  258. 

II.  Texto:  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro.  Cód.  1-19,  7,  2. 
Título:  cCopia  do  Livro  I  das  Provisões  e  Mandados».  Mandado  n.  41. 

III.  Impressão  :  Documentos  Históricos  xiv  (1929)  396-397 ;  ib.  xxxvili 
(1937)  112-113. 

IV.  Edição:  Reimprime-se  o  texto  de  Doe,  Hist.  XIV,  conferido 
com  xxxvm. 


5  Dia  em  que  Nóbrega  e  Leonardo  Nunes  saíram  da  Baía,  na 
armada  do  Governador  Tomé  de  Sousa  (carta  10  §  9).  Donde  se  con- 
clui que  ele  foi  um  dos  que  seguiram  com  o  P.  Leonardo  Nunes  para 
São  Vicente,  onde  entrou  na  Companhia  nove  meses  depois. 


39. -BAÍA  11  DE  FEVEREIRO  DE  1552 


297 


Textus 

1.    Subsidium  ad  vestitum  pro  decem  et  ad  victum  pro  quattuor  qui 
iti  Praefectura  S.  Vincentii  versantur. 

A  onze  de  Fevereiro  de  mil  quinhentos  e  cincoenta  e 
dois,  passou  o  Provedor-mor  1  mandado  por  provisão,  por 
que  manda  a  Pero  de  Siebra,  Feitor  e  Almoxarife  das 
Capitanias  de  São  Vicente  e  Santo  Amaro,  lhe  faz  a  saber, 
que  Sua  Alteza  escrevera  uma  carta  2  ao  Governador  Thomé  5 
de  Souza  por  que  lhe  mandava,  que  a  alguns  Padres  e 
Irmão[s]  da  Companhia  de  Jesus,  que  nestas  partes  anda- 
vam, lhes  desse  à  custa  de  sua  fazenda  o  que  lhes  fosse 
necessário  para  seu  comer  e  vestir,  e  que  por  Sua  Alteza 
assim  o  mandar,  e  o  dito  Governador  lhe  mandava,  que  io 
desse  ao  Padre  Manuel  da  Nóbrega,  Maioral  dos  Padres  da 
dita  Companhia,  ou  a  pessoa,  que  lhe  para  isso  ordenasse, 
cincoenta  e  seis  mil  reis,  em  dinheiro,  para  a  vestiaria  de 
dez  3  Padres  somente,  à  razão  de  cinco  mil  e  seicentos  reis 
cada  um,  e  isto  por  este  anno  de  mil  quinhentos  e  cincoenta  15 
e  dois  somente,  e  assim  pagasse  mais  quatrocentos  reis  por 
mez,  a  cada  um  dos  quatro  4  Padres  da  dita  Companhia,  que 
na  dita  Capitania  estavam,  e  isto  se  entenderia  emquanto 
elles  na  dita  Capitania  residissem;  e  que  por  ella  seria 
trasladada  no  Livro  de  sua  receita  pelo  Escrivão  de  seu  20 
cargo,  e  conhecimento  do  dito  Padre,  ou  de  quem  seu 
poder  tivesse,  feito  pelo  dito  Escrivão  assignado  por  ambos, 


1  António  Cardoso  de  Barros. 

2  Carta  de  1  de  Janeiro  de  1551  (carta  19  §  1). 

3  «Dez  Padres»,  isto  é,  os  seis  que  vieram  em  1549  e  os  quatro 
vindos  em  1550  nas  duas  primeiras  expedições.  Leite  i  560. 

4  «Quatro».  Em  1552  não  residiam  na  Capitania  de  São  Vicente 
senão  o  P.  Leonardo  Nunes  e  Ir.  Diogo  Jácome  dos  vindos  de  Portugal. 
Mas  parece  que  esta  ordem  era  já  em  atenção  à  ida  de  Nóbrega  com 
o  P.  Francisco  Pires,  ida  que  se  dilatou  mais  do  que  se  previa,  e  fica- 
riam a  pagar-se  seis  pela  Baía  e  quatro  por  São  Vicente.  O  subsídio 
no  Brasil  não  se  interpretava  para  os  que  lá  se  receberam,  diz  Nóbrega 
a  10  de  Julho  de  1552  (carta  48  §  14). 


298 


SESMARIA  DO  COLÉGIO  DO  ESPÍRITO  SANTO 


em  que  declarassem  receber  a  dita  somma  e  pagamento, 
mandava  aos  Contadores  lhos  levassem  em  Conta;  que 

25  seria  trasladada  no  Livro  de  sua  Receita,  e  Certidão  do 
Escrivão  do  Thesouro  de  ficar  posta  verba  no  titulo  dos 
ditos  Padres  de  como  houveram  este  dito  anno  sua  vestia- 
ria  nelle,  e  Certidão  do  Escrivão  da  Matricula  de  ter  posta 
verba  no  Caderno  dos  mantimentos  no  titulo  dos  ditos 

3°  Padres  como  os  quatro  havia  de  haver  nella  o  dito  paga- 
mento do  dito  mantimento,  lhe  sejam  levados  em  conta. 

[À  margem:]  Vestiaria  e  mantimento  dos  Padres  pagos 
na  Capitania  de  São  Vicente.  Está  este  assento  registado  no 
Livro  2  no  titulo  dos  ditos  Padres. 

CARTA  PERDIDA 

39a.  Do  P.  Francisco  Henriques  ao  P.  Manuel  da  Nóbrega,  Baia 
(Lisboa  Abril  [?]  de  1552).  «Huma  recebi  de  Francisco  Amriquez, 
escripta  por  mandado  de  V.a  R.a», —  diz  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodri- 
gues, Bala  10  de  Julho  de  1552  §  1. 

40 

SESMARIA  DO  COLÉGIO  DE  SANTIAGO 
NA  CAPITANIA  DO  ESPÍRITO  SANTO 

VITÓRIA  4  DE  MAIO  DE  1552 

I.   Antores  :  Leite  ii  225-226. 

II.  Texto  :  ARSI,  Bras  11-2,  ff.  475r-477v.  Cotas  :  «Dada  das  ter- 
ras que  a  Casa  possue  por  Bernardo  Pimenta  Capitão».  Outra  letra: 
«1552.  Donatio  Terrarum  Bernardi  Pimenta  Domui  Spiritus  Sancti 
Societatis  Iesu  in  Brasília».  Terceira  letra:  «Residentia  Collegii 
Paraensis».  [Esta  terceira  cota  deve  ter  sido  escrita  por  quem  desconhe- 
cia as  terras  do  Brasil.  O  Colégio  do  Pará  ficava  a  imensa  distância,  ao 
Norte,  e  só  foi  fundado  no  século  XVII.  Leite  111  211]. 

III.    Edição  :  Edita-se  o  texto 


40.  -  VITÓRIA  4  DE  MAIO  DE  1552 


299 


Textus 

1.  Petente  P.  Emmanuele  de  Paiva  nomine  P.  Emmanuelis  da 
Nóbrega,  tractus  terrarum  donatur  Collegio  S.  Iacobi  in  Praefectura 
Spiritus  Sancti.  —  2.    Instrumentum  legale. 

1.  Bernaldo  Chanches  de  la  Pimenta  1,  capitão  nesta 
Capitania  do  Spiritu  Sancto  pelo  Senhor  Vasco  Fernandez 
Coutinho  2,  capitão  e  governador  en  ella,  etc.,  faço  a  saber 
a  quantos  esta  carta  de  sesmaria  virem  que  Manoel  de 
Paiva3,  clérigo  de  missa  da  Companhia  de  Jesus,  me  disse 
que  porquanto  elle  ora  tinha  cargo  da  casa,  ora  novamente 
ordenada  nesta  Capitania  do  Spiritu  Sancto,  por  mandado 
do  P.e  Manoel  da  Nóbrega,  reytor  geral  destas  partes  do 
Brasil,  em  como  Duarte  de  Lemos  lhes  dera  hum  seu 
assinado  pera  que  na  sua  ilha  de  Sancto  Antonio  4,  e 
terra  que  elle  tinha  nesta  dita  Capitania  do  Spirito 
Sancto   podessem    tomar   toda  a  terra  que  lhes  fosse 


1  O  Capitão  Bernaldo  Chanches  de  la  Pimenta,  isto  é,  Bernardo 
Sanches  Pimenta.  Leite  i  235. 

2  O  Donatário  Vasco  Fernandes  Coutinho,  «que  fez  as  maravi- 
lhas em  Malaca  detendo  o  elefante  que  trazia  a  espada  na  tromba» 
(Cardim,  Tratados  342;  Leite  i  232)  chegou  à  sua  Capitania  do  Espí- 
rito Santo  a  23  de  Maio  de  1535  [ib.  I  212],  e  aí  faleceu  no  mês  de  Feve- 
reiro de  1571:  [El  Capitán  y  Governador]  «se  a  falecido  en  el  februario 
passado.  Llamávase  Vasco  Fernandes  Coutinho.  Llevóle  desta  Capi- 
tania el  P.  Ignacio  d'Azevedo  y  dexólo  en  la  Baya,  donde,  segundo  él 
dezía,  le  mantenieron  los  Padres,  donde  se  torno,  y  después  de  llegado 
se  morió,  siendo  muchas  vezes  visitado  y  ajudado  spiritualmente  por 
los  de  la  Companía  con  los  quales  se  confessava  y  comulgava  cada 
ocho  dias»  («Desta  Casa  e  Capitania  dei  Spiritu  Sancto  tierra  dei  Bra- 
sil, oy,  18  de  Junio  de  1571,  Antonio  da  Rocha»,  Bras.  ij,  232^. 

3  P.  Manuel  de  Paiva,  ausente  o  P.  Afonso  Brás,  que  fora  à  Baía 
mas  voltou  de  Porto  Seguro  para  o  Espírito  Santo  (carta  53  §  5). 

4  A  doação  da  Ilha  de  «Santo  António»  (que  também  se  chamava 
«Ilha  Grande»)  a  Duarte  de  Lemos  «fidalgo  da  Casa  dei  Rey  nosso 
senhor»,  é  de  1537,  e  confirmou-se  a  8  de  Janeiro  de  1549  (Hisí.  da 
Col.  Port.  do  Brasil  111  265-267).  Nesta  Ilha  fica  a  própria  sede  da 
Capitania,  então  Vila  e  hoje  Cidade  de  Vitória,  Capital  do  Estado 
do  Espírito  Santo.  Leite  i  226. 


300 


SESMARIA  DO  COLÉGIO  DO  ESPÍRITO  SANTO 


necessária  pêra  casas  e  pera  mantimentos  pera  a  dita 
casa,  me  pedia  por  amor  de  Nosso  Senhor  e  ouvesse  por 

15  bem  de  lhes  querer  dar  huns  montes  maninhos  que  jazião 
en  Jacurutucoara5,  que  partião  com  Diogo  Fernandez  da 
parte  do  sul  cortando  ao  cume  da  serra,  e  pela  parte  do 
nordeste  com  Jerónimo  Diaz,  e  em  riba  da  serra  partia 
com  Diogo  Alvarez  e  Manoel  Ramalho,  assi  que  todas 

20  aquellas  terras  que  estavão  en  todo  aquelle  limite  e  não 
erão  dadas,  e  assi  outra  terra  que  partia  com  Gonçalo 
Diaz  por  ametade  do  meyo  por  hum  brejo  acima,  e  assi 
partia  com  Fernão  Soarez  pouco  mais  ou  menos  pella 
banda  do  susueste,  e  assi  hum  pedaço  de  terra  que  foy  do 

25  Caldeira  que  estava  da  banda  dalém  do  rio,  que  partia 
com  Jerónimo  Diaz,  conforme  ao  que  se  achasse  no  Livro 
das  Achadas,  e  assi  hum  bananal  que  foi  de  Afonso  Vaz, 
o  qual  está  da  banda  dalém  do  rio  ao  longo  do  campo: 
pedindo-me  en  nome  da  dita  casa  de  São  Tiago  6  e 

3°  Collegio  dos  Meninos  lhes  desse  os  ditos  matos  pellas 
confrontações  e  divisõis  per  elle  decraradas,  e  visto  por 
mym  seu  dizer  e  pedir  por  ser  serviço  de  Deus  lhes  dei 
as  ditas  terras  e  matos  por  elle  decraradas,  e  lhe  mandei 
passar  esta  minha  carta  pella  qual  mando  que  elle  en 

35  nome  do  dito  Collegio  aja  posse,  senhorio  dos  ditos  matos 
e  terras,  e  o  dito  Collegio  pera  sempre  faça  todo  o  que 
nellas  quiserem,  e  por  bem  tiverem,  como  cousa  sua  pró- 
pria isenta,  sem  pagarem  foro  nem  tributo  algum,  salvo 
dizimo  a  Deus  do  que  nellas  ouverem  se  com  direito  ho 

4°  ouverem  de  pagarem.  Ha  qual  sesmaria  lhe  assi  dou  ao 
dito  Collegio  con  tal  condição  e  entendimento  que  apro- 
veitem as  ditas  terras  e  as  mandem  romper  e  frotificar  da 
feitura  desta  minha  carta  a  cinquo  annos  primeiros  seguin- 
tes, e  não  no  fazendo  assi  se  darão  as  terras  que  aprovei- 


5  Sobre  Jacurutucoara,  cf.  Leite  1  226. 

6  O  fundador  P.  Afonso  Brás  chegou  ao  Espírito  Santo  pouco 
antes  da  Páscoa  de  1551.  O  dar-se-lhe  já  [antes  de  25  de  Julho  de  1552] 
o  nome  de  Santiago  mostra  que  foi  fundada  ou  inaugurada  no  dia  deste 
Santo  do  ano  precedente,  ou  seja  a  25  de  Julho  de  1551  (cf.  carta  35). 


40.  -  VITÓRIA  4  DE  MAIO  DE  1552 


501 


tadas  não  for  a  outrem  que  as  aproveite  e  as  arompa,  45 
e   porém    lhe   será  leyxado   algum  logradouro  do  que 
aproveitado  não  estiver  conforme  ao  direito,  e  mando 
que  assi  se  cumpra  e  guarde  e  lhe  não  seja  posto  duvida 
alguma. 

Feita  na  Villa  de  Nossa  Senhora  da  Vitoria  aos  quatro  5o 
dias  do  mes  de  Mayo.   Antonio  de  Magalhães,  scrivão,  a 
fez,  de  mil  e  quinhentos  e  cincoenta  e  dous  annos.  Bernaldo 
de  la  Pimenta.  Magalhães. 

[475V]  Registada  no  Livro  dos  Registos  desta  Capita-  55 
nia  a  f.  47-48  por  mym  Antonio  de  Magalhães,  scrivão  da 
provedoria  e  almoxarifado.    Oje,  quatro  dias  de  Maio  de 
1552  annos. 

Antonio  de  Magalhães. 
2.    {Pública  forma:]  60 

[Letra  do  primeiro  tabelião :]  Eu  Pedro  d'Estrada,  tabe- 
liam  do  pubrico  e  judiciall,  e  escrivão  da  camará  desta 
Villa  de  Nosa  Senhora  da  Vitoria,  Capitania  do  Espiritu 
Santo,  de  que  hé  capitão  e  governador  ho  Senhor  Vasco  65 
Fernandes  Coutinho  7,  etc,  terras  do  Brasill,  certifico  e  dou 
minha  fee  que  este  papell  atras  escrito  foi  concertado  com- 
migo  tabeliam  e  com  Domingos  Carrigueiro  outro-si  tabe- 
liam  desta  dita  Villa  abaixo  asinado  com  ho  propio  que 
fica  em  poder  do  Padre  Balltasar  Fernandez  8,  superior  da  7o 
Casa  de  Jesu  9,  e  por  verdade  asinei  aqui  aos  dezaoito  dias 
do  mes  de  Setembro  do  ano  de  mill  e  quinhentos  e  setenta 


7  Vasco  Fernandes  Coutinho  [2.0],  filho  do  primeiro  donatário  do 
mesmo  nome  (Leite  1  232). 

8  Baltasar  Fernandes,  natural  do  Porto,  onde  nasceu  por  1538, 
entrou  na  Companhia  em  1558,  foi  para  o  Brasil  em  1566,  trabalhou 
com  os  índios,  e  faleceu  na  Baía  a  28  de  Fevereiro  de  1628.  Leite 
vi  136 ;  vida :  ib.  vm  222. 

9  «Casa  de  Jesu»,  nome  genérico  dado  às  casas  dos  Jesuítas ; 
o  nome  do  primitivo  Colégio  continuou  a  ser  Santiago.  Leite  vi  133. 


302 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


e  tres  anos  de  meu  pubrico  sinall,  que  tall  hé.  [Segue-se  o 
sinaí].  Pagou  nichill. 

75      [Letra  do  segundo  tabelião :]   Concertado  comigo,  tabe- 
liam  Domingos  Carrigueiro. 

41 

DO  IR.  VICENTE  RODRIGUES 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

[BAÍA  17  DE  MAIO?  DE  1552] 

I.    Bibliografia  :   Cimélios  493 ;  LEITE  IX  99  n.  1. 
II.    Texto:  Original  português  perdido. 

1.  ARSI,  Bras.  3-1,  f.  55r-55v  [antes  282ar-282av].  Título  :  «De  una 
carta  de  Vicente  Rodrigues  [letra  de  Polanco  :]  de  11a  Baía».  Tradução 
espanhola.  Polanco  primeiro  corrigiu  a  tradução  e  depois  advertiu  que 
tratava  de  assuntos  idênticos  aos  da  carta  enviada  pelo  Governador 
Tomé  de  Sousa  [carta  43]  e  passou-lhe  um  traço  por  cima. 

2.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa],  1-5, 
2,  38,  ff.  2iv-22r.  Retroversão  portuguesa  do  texto  1,  antes  das  correc- 
ções de  Polanco;  e  colocou-se  toda  à  frente  da  carta  de  17  de  Maio 
de  1552  [carta  42]  como  se  fosse  uma  só  carta. 

III.  Impressão :  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  108-109. 

IV.  História  da  impressão :  Cartas  imprime  o  texto  2,  isto  é,  unido 
e  como  fazendo  parte  (a  primeira  parte)  da  carta  de  17  de  Maio  [carta  42]. 

V.   Data:  Incluindo-se  na  carta  de  17  de  Maio  de  1552,  mantém-se 
a  data,  mas  como  duvidosa,  e  advertindo  que  trata  de  assuntos  de  1551. 

VI.   Edição:    Edita-se  o  texto  1  antes  das  correcções  de  Polanco. 

Textus 

1.  Strages  Indorum  qui  reversi  erant  ad  veteres  mores.  —  2.  Nau- 
fragiutn  in  quo  perierunt  Indi  gentiles  non  tamen  Indi  iam  christiani. 

—  3.  Adversa  accidunt  Indis  qui  diebus  dominicis  et  festivis  labora- 
bant.  —  4.    Mors  duorum  indorum  qui  aures  praebebant  veneficis  suis. 

—  5.  Indtts  quidam  gentilis  eiusque  metus.  —  6.  Puer  iamiam  moriturus 
recepto  baptismo  revixit. 


41.  -  BAÍA  17  DE  MAIO  DE  1552 


303 


1.  Os  dias  passados  hizimos  algunos  christianos,  de 
los  quales  algunos  se  tornaron  a  sus  costumbres,  y  que- 
riendo  el  Senor  castigarlos,  fué  la  mortandad  en  ellos 
tanta,  que  fué  cosa  estranna,  maiormente  por  los  hijos  y 
hijas  más  pequennas,  los  quales  parecen  no  tener  culpa ;  5 
mas  queriendo  el  Senor  poblar  la  gloria  y  avisar  los  que 
quisiesen  allá  ir,  de  manera  que  guarden  sus  mandamien- 
tos,  andan  tam  attemoriçados,  que  los  haze  tornar  de  sus 
costumbres. 

2.  De  otra  vez  en  hua  Aldeã,  donde  tenía  muchos  chris-  10 
tianos,  a  los  quales  encomendava  mucho  que  no  fuesen  a 

la  guerra  a  lo  menos  tantas  veces,  donde  se  comían  mui 
ásperamente  y  que  en  aquellas  cosas  y  otras  semejantes 
harían  contra  lo  que  Dios  mandava  y  lo  que  el  demónio 
tanto  queria,  el  qual  da  el  paguo  a  sus  leales  servidores.  15 
De  manera  que  se  fueron  sin  me  lo  dezir,  como  acostum- 
bravan  para  que  los  encomendasen  a  Dios:  fueron  a  la 
guerra  y,  sendo  en  el  médio  dei  mar,  se  envolcó  el  barco 
grande  en  que  ían,  adonde  ían  muchas  mugeres  con  crian- 
ças de  mama,  los  quales  se  fueron  al  profundo  dei  mar,  y  20 
todos  los  que  eran  christianos  asta  los  ninnos  1  de  teta  se 
se  salvaron,  los  quales  yo  vi  y  me  los  mostraron,  y  todos 
los  gentiles  se  perdieron.  Tuvieron  los  christianos  y  tienen 
que  pensar  y  ansi  como  espantados  después  me  lo  contaron 
muchas  veces.    Mucha  Consolación  nos  deve  dar,  pues  já  25 
nuestro  Senor  castiga. 

3.  Algunas  veces  van  a  sus  roças,  que  es  su  manteni- 
miento,  a  el  domingo  u  fiestas  donde  les  muerdem  algunas 


7  ir  corr.  ex  dir  [d'ir]  |[  8  que  dei.  os  f  |  ]  8-9  tornar  de  sus  costumbres]  corr.  Polanco 
in  reduzirse  de  sus  costumbres  maios  ||  12  lo  corr.  ex  los  ||  13  y  que  en  corr.  ex  e  que  n 
||  15  el  qual  —  servidores  dei.  Polanco  ||  17  Dios  corr.  ex  Deos  ||  19-20  crianças  de  mama 
corr.  Polanco  in  criaturas  |  de  corr.  ex  da  |  mama]  mana  tns.  |  de  mama  —  dei  mar  dei. 
Polanco  ||  26  castiga  dei.  Polanco  et  corr.  sup.  como  a  hijos  los  et  similiter  dei.  in  margine 
sinistro  add.  :  muestra  en  semejantes  juicios  que  se  acuerda  desta  gente  ||  27  a  corr.  ex  el 


1  Diz  Nóbrega,  na  carta  de  n  de  Agosto  de  1551  (carta  33  §  3)  que 
lhe  escreveram  da  Baía  a  contar  um  caso  igual  com  a  circunstância 
diferente  de  que  iam  «à  pesca». 


304 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


bestias  fieras,  así  como  vívoras,  de  las  quales  passan  por 

3°  la  muerte,  y  así  algunos  mueren;  las  quales  cosas  y  otras 
más  particulares  les  suceden  y  en  tiempos  que  les  dan 
mucko  que  pensar  y  salir  de  sus  ierros. 

4.    Y  esto  en  Principales  acontició  aguora  a  dos :  Uno 
dellos,  christiano,  que  se  amotino,  caió  en  una  enfermedad 

35  él  y  su  muger,  que  se  tornaron  secos.  Visitándolos  el 
P.e  Navarro  hizieron  concierto,  de  donde  se  allaron  mui 
bien,  a  los  quales  nós  visitamos  y  ellos  a  nós  y  venían  a 
misa  con  sus  vestidos.  Y  porque  entre  ellos  ai  muchos 
hechiceros  que  lhe  mettieron  en  la  cabeça  muchas  imagi- 

4°  naciones  dei  demónio,  entre  las  quales  decían  que  nós  le 
dávamos  la  muerte,  tornó  a  sus  pensamientos  dei  demó- 
nio [55V]  y  recaio  en  sus  enfermidades  de  grande  tristeça 
y  murió,  con  ser  mui  amenudo  de  nós  visitado. 

Otro,  grande  Principal,  mui  soberbio,  que  se  llamava 

45  Puerta  Grande  2,  el  qual  no  era  christiano,  tuve  con  él  gran- 
des disputas,  diciendo  él  qual  sus  costumbres  eran  verda- 
deros,  y  que  sus  paguoés  3,  que  quiere  dezir  sus  hechiceros, 
les  davan  las  cosas  buenas,  scilicet,  mantenimientos.  Yendo 
nós  por  su  Aldeã  hablámosle  muchas  cosas  de  Dios  y  de  la 

5o  muerte.  Dixo  él  que  no  avia  de  morir,  que  los  vellacos 
morrirán  y  no  él  que  era  virtuoso,  caminando  un  poco  de 
camino  con  una  lança  a  las  cuestas,  y  hablando  en  estas 
cosas.  De  aí  a  quatro  dias  murió  de  una  muerte  terrible 
de  que  están  mui  medrosos  y  mucho  nos  temen,  principal- 

55  mente  a  nuestro  P.e  Nóbrega. 


29-30  de  las— muerte  dei.  Polanco  |  j  33  dos  dei.  A  ||  34  amotiró]  amotinarem  Polanco 
caió  add-  sup.  Polanco  el  Cristiano  ||  36  donde]  después  Polanco  \  \  37  bien]  sanos  Polanco 
||  39    que  lhe  mettieron]  y  se  dexaron  meter  Polanco  ||  40    decían]  era  una  Polanco 
41-42   torno  —  demónio  y  dei.  Polanco  ||  43   con  ser]  aun  siendo  Polanco  |  visitado  dei. 
Do  ||  44    grande  dei.  Polanco  ||  45    con  él  dei.  Polanco  \\  48-50  Yendo  —  que  no]  y  que 
él  no  Polanco  \\  50  Dixo]  dixe  ms.  ||  53   dias  dei.  morreo 


2  Nome  de  Índio  e  de  aldeia:  à  Aldeia  da  Porta  Grande  se  refere 
a  Sesmaria  de  Agna  dos  Meninos,  de  21  de  Outubro  de  1550  (doe.  17  §  1). 

3  Pagés. 


42.  -  BAÍA  17  DE  MAIO  DE  1552 


305 


5.  De  esta  misma  Aldeã  vino  un  negro  gentil  que  traía 
una  gallina  a  el  P.e  Navarro,  como  que  se  venía  a  descul-  55 
par  por  no  venir  a  la  iglesia,  el  qual  se  fué  a  nuestro 
P.e  Nóbrega  por  no  estar  aqui  el  P.e  Navarro,  e  dixo  que 

le  venía  a  buscar  para  dar  salud  a  su  hijo.  Dixo  el  Padre 
que  él  le  encomendaria  a  Dios;  dixo  el  indio:  «Não,  por- 
que por  quantos  ruegas  mueren»  4.  60 

6.  En  la  misma  Aldeã  estando  un  ninno  quasi  muerto, 
recibió  salud  con  ser  baptiçado  5. 

42 

DO  IR.  VICENTE  RODRIGUES 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

BAÍA  17  DE  MAIO  DE  1552 

I.    Bibliografia  :    B.  Machado  III  770  ;  Cimélios  493  ;  SOMMERVO- 
gel  vi  1943  A  ;  Streit  11  336  n.  1224 ;  Leite  ix  99  n.  1. 

II.  Autores:  FRANCO,  Imagem  de  Coimbra  II  206-207;  LEITE, 
Vicente  Rodrigues,  primeiro  mestre-escola  do  Brasil,  in  Brotéria  52  (1951) 
292-293  ;  F.  Fernandes  228. 

III.   Texto:  Original  português  perdido. 

1.  ARSI,  Bras.  j-i,  íf.  55V-56V  [antes  282av-283v].  Título:  «En 
otra  carta  viene  relatado  esto  que  sigue»,  palavras  que  Polanco  riscou, 
escrevendo  por  cima:  «Sacado  de  otra  de  la  misma  Baía».  Tradução 
espanhola  do  original  perdido. 

2.  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa],  1-5, 
2,  38,  ff.  22V-24V.  Título  :  «De  numa  carta  do  Irmão  Vicente  Rodrigues 
da  Bahia  de  Todos  os  Santos...»  [papel  do  ms.  destruído].  Retrover- 


59    nao  corr.  Polanco  no 


4  Aludia  o  índio  gentio  ao  baptismo  «in  extremis»,  que  Nóbrega 
administrava  aos  moribundos. 

5  É,  em  resumo,  o  mesmo  facto  com  que  abre  a  carta  seguinte. 

20 


306 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


são  portuguesa  da  tradução  espanhola,  mas  com  uma  outra  frase  resu- 
mida. 

3.  Biblioteca  Vaticana  :  Ottoboni  lat.  jç>j,  ff.  161V-163V.  Tradução 
italiana,  da  espanhola. 

IV.  Impressão :  Novi  Avisi  di  piu  lochi  de  l' índia  et  massime  de 
Brasil  ricevuti  quest'  anno  dei  MDLIII  (Roma  1553),  sem  paginação 
[carta  n.  5] ;  Diversi  Avisi  (Veneza  1559)  ff.  I4.r-i6r ;  ib.  (1565)  ff.  i54r-i56r ; 
Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  109-114. 

V.  História  da  Impressão :  Novi  e  Diversi  Avisi  imprimem  a 
tradução  italiana  (3) ;  Cartas  a  retroversão  portuguesa  (2)  junto 
com  a  carta  precedente  [41],  aquela  primeiro  e  esta  a  seguir  formando 
uma  só. 

VI.  Data :  Nas  Cartas  Avulsas  escreveram  Março  em  vez  de  Maio. 
E  aquela  data  seria  melhor  que  esta  e  Fevereiro  ainda  melhor.  Mas 
no  ms.  está  Maio.  E,  com  esta  advertência,  a  deixamos. 

VII.  Edição:  Publica-se  a  tradução  espanhola  (1),  mais  completa, 
antes  das  emendas  e  cortes  de  Polanco,  que  se  mostram  no  aparato. 

Textus 

1.  Puer  iamiam  moriturus  recepto  baptismo  revixit.  —  2.  Indus 
Sebastianus  Teles  ad  bellum  proficiscitur.  —  3.  Fr.  Vincentius  Rodri- 
gues et  P.  Emmanuel  de  Paiva  e  manibus  Indorum  hominis  mortui  cor- 
pus abripiunt  ne  ab  illis  manducetur.  — 4.  Fr  ater  et  Pater  salvi  fiunt  a 
parentibus  Sebastiani  Teles.  —  5.  Sebastiani  Teles  infirmitas,  mors 
atque  funus  more  christianorum.  —  6.  P.  Nóbrega  et  P.  Antonius 
Pires  adsunt  Pernambuci.  —  7.  Labores  Fr.  Vinc.  Rodrigues,  inter  quos 
opus  vertendi  orationes  in  linguam  brastlicam.  —  8.  Exercitia  Spiritua- 
lia.  —  9.  Ministério  cum  Lusitanis  et  Indis.  —  10.  Exhortatio  ut  veniant 
Paires. 

1.  Visitando  hun  Padre  las  Aldeãs  dei  gentil,  alló 
un  ninno  para  morir,  y  tanto  que  desconfiavan  dél  el 
padre  y  la  madre  de  vivir,  y  digeron  al  Padre  que  le  diese 
salud.  Respondió  que  le  dexassen  baptiçar  y  que  rogaria 
a  Dios  por  él:  y  contradiciéndole  muchos,  por  les  parecer 
que  con  eso  muriría  más  presto,  solamente  con  consinti- 
miento  de  su  padre  le  baptiçó,  y  luego  de  aí  por  delante 
se  halló  bien  y  vivió  l. 


1    Facto  já  contado  em  resumo  no  fim  da  carta  precedente. 


42. -BAÍA  17  DE  MAIO  DE  1552 


307 


2.  Otra  vez,  estando  en  esta  Aldeã  muchos  christianos 
de  compannía  con  gentiles  y  sus  parientes,  estando  con  10 
enojo  de  la  muerte  de  sus  hijos  y  parientes  que  los  con- 
trários le  mataron,  y  así  de  muerte  natural,  fuéronse  a  la 
guerra  para  se  vengar,  donde  fué  hun  hijo  de  un  Principal 
de  la  misraa  Aldeã,  christiano,  mui  cabido  con  los  chris- 
tianos y  con  el  Governador  2,  que  se  llamava  Bastian  Téllez  3  15 
{era  hombre  de  mui  buena  arte);  y  iendo  mataron  muchos 
contrários  y  cativaron,  el  qual  cativo  uno  que  le  vino  a  su 
parte.  Yendo  así  con  victoria,  los  parientes  de  la  muger 
de  Bastián  Téllez  le  pedieron  el  suio,  diciendo  que  si  no 
se  lo  diesen,  que  le  avían  de  tomar  la  muger,  el  qual  se  lo  20 
dió  con  verguença  que  recibiría  de  los  blancos  si  le  tomas- 
sem la  muger. 

3.  Y  viniendo  quisieron  desembarcar  un  cuerpo  muerto 
para  esta  Aldeã  para  donde  yo  estava,  el  qual  Bastián  Téllez 
sabiendo  quánto  nosotros  aviamos  de  estrannar  esto,  rogó-  25 
les  que  no  quisiesen  llevar  a  aquella  Aldeã  el  cuerpo,  y 
viendo  la  fúria  de  los  que  lo  llevavan,  mudóse  en  otro  barco 

y  fuése  para  otras  Aldeãs  por  no  se  hallar  en  tam  grande 
affrenta.  Llegando  el  cuerpo  a  la  Aldeã  4  adonde  yo  estava, 
con  grande  íiesta,  llamando  todos  sus  parientes  que  se  3° 
viniesen  a  vengar  —  la  qual  es  la  maior  honrra  que  tienen, 
porque  quando  alguno  está  en  la  fin  de  sus  últimos  dias 


11  los  dei.  scriba  chr  |[  12  y  así  de  muerte  natural  dei.  Polanco  \\  13-16  donde  —  arte 
dei.  Polanco  \\  15  llamava]  llama  ms.  |  llamava  dei.  scriba  Gas  ||  16  hombre]  hombrem  ms. 
|  muchos  dei.  scriba  chris  ||  17  el  qual  corr.  Polanco  muchos,  este  ||  i3-22  donde  —  muger 
denique  dei.  Polanco  \  \  31-35  tienen  —  carne  dei.  Polanco 


2  Tomé  de  Sousa. 

3  Bastião  Teles  não  é  o  Principal,  mas  o  filho,  como  se  diz  com 
clareza  no  §  5. 

4  A  «Historia  de  la  fundación»,  Bras.  12,  f.  6  {Anais  da  Bibi.  Nac. 
do  Rio  de  Janeiro  xix  [1897]  81)  chama-lhe  «Aldeã  de  Monte  Calvário». 
E  por  isso  ficou  a  ser  conhecido  como  «Motim  do  Monte  Calvário». 
E  dá-o  como  sucedido  quando  Vicente  Rodrigues  era  Superior  da 
Baía,  depois  do  P.  Nóbrega  partir  para  São  Vicente  por  Novembro 
de  1552. 


308 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


pide  carne  de  sus  contrários  para  comer,  porque  así  van 
consolados,  y  también  se  honrran  mucho  tener  en  la  cabe- 

35  cera  de  la  red,  donde  duermen,  un  novillo  de  carne ;  y  esto 
no  los  que  iá  son  christianos,  porque  estos  no  pueden  con- 
sentir diziéndoles  que  comen  carne  humana  —  de  manera 
que,  quando  truxeron  el  cuerpo  a  esta  Aldeã,  me  lo  vinie- 
ron  decir.  Acudimos  el  P.e  Paiva  y  yo  con  grandes  clamo- 

4o  res  de  reprehensión,  diciendo  como  Dios  los  avia  de  castigar, 
y  así  con  aquel  ímpetu  se  lo  tomamos  nós  por  una  parte  y 
ellos  por  otra,  de  manera  que  era  grande  multitud  sobre 
nós,  así  mugeres  como  hombres.  Y  iá  lo  tenían  chamus- 
cado y  concertado  para  abrirlo  y  hazer  repartición.  Tre- 

45  mian  como  vergas  quando  nos  lo  querían  tomar,  porque  era 
la  maior  deshonrra  que  les  podían  hazer,  y  antes  murieran 
que  dexar  passar  por  sí  tal  ílaqueza.  Empero  El  que  era  y 
es  toda  la  fortaleça  nos  la  dió,  y  tomámoslo  e  enterámosle 
dentro  de  una  cerca  que  yo  tenía  hecho  pegada  con  la  her- 

5o  mita  y  casa  donde  posava.  Y  de  noche,  sabiendo  los  parien- 
tes  destos,  que  por  otra  Aldeã  estavan,  la  flaqueça  y  des- 
honrra que  passaron,  vinieron  de  noche  con  muchos  arcos 
y  frechas  para  desinterrarlo  y  llevarlo,  y  nós  estuvimos 
en  vigilia  toda  la  noche ;  y  quando  no  me  percaté,  teníanlo 

55  médio  fuerra  de  la  sepultura.  Acudimos  y  grande  cosa  fué 
no  nós  frechar,  mas  huieron. 

4.  Y  viéndonos  muchas  veces  persiguidos  aquella  noche, 
mandamos  llamar  el  Principal,  padre  dei  Bastián  Téllez, 
mui  grande  nuestro  amiguo,  como  mostro  viniendo  con  su 

6o  muger  y  hijos,  los  quales  predicaron  grandemente  y  con 
mucha  discrición,  y  nos  espantaron  sus  hervores  y  el  modo 
que  tuvo.  Ya  lá  muger  entre  otras  cosas  contra  las  muge- 
res decía:  «Andad  de  aí,  bestias,  que  no  conocéis  el  bien 
que  tenéis!  i  Por  ventura  tenéis  vós  el  bien  que  tenéis 

65  sino  de  los  christianos?,  con  los  dedos  en  los  ojos  a  las 


35  novillo  corr.  Polanco  pedazo  ||  44-45  Tremian]  temian  corr.  Polanco  |  vergas 
corr.  Polanco  hojas  ||  48  nos  bis,  priort  dei.  |  Prius  entrámosle  ||  54  percaté  corr.  Polanco 
caté  ||  58  padre  dei  Bastián  Téllez]  con  padre  dei  Bastián  Téllez  corr.  Polanco,  std  postta 
dtl.  ||  59  su]  el  ms. 


42.  -  BAÍA  17  DE  MAIO  DE  1552 


309 


otras  con  tanto  hervor  y  spíritu  que  nunca  se  vió  entre 
ellos. 

[561-]  Y  recogiéndo-se  ellos,  tornaron  a  perseguimos  y, 
siendo  iá  dos  oras  ante  raannana,  determinamos  de  desen- 
terrar el  muerto  por  nós  aquietar,  como  hizimos  muisecre-  7o 
tamente  a  la  candeia,  y  lo  llevamos  a  enterrar  junto  de  la 
ciudad,  sin  ninguno  lo  saber,  que  es  mucho:  que  toda  la 
noche  bebían  sus  vinos,  cantando  y  dançando,  y  en  aquel 
paso  adormecieron  que  ni  cachorro  brado.  Donde  se  me 
acordaron  las  mortiíicaciones  de  nuestros  Padres  primeros,  75 
porque  el  cuerpo  era  muerto  y  hedía  mucho,  y  era  de  noche, 
y  era  inchado,  de  manera  que  nunca  más  lo  vieron.  Y  quando 
vino  por  la  mannana  tenían  toda  la  huerta  y  al  rededor  de 
casa  cavado  para  ver  si  lo  allavan.  Quedaron  mui  espan- 
tados, diziendo  que  nunca  tal  le  fuera  hecho,  donde  que-  80 
daron  con  las  fuerças  de  su  soberbia  quebradas  5. 


71  junto  corr.  scriba  ex  fuera  ||  74  cachorro  brado  corr.  Polanco  aun  un  perro 
ladro  ||  77    Prius  viheroa 


5  O  P.  Manuel  de  Paiva  chegou  de  Portugal  à  Baía  por  Março 
de  1550  (Leite  i  560),  e  portanto  a  cena  em  que  intervém  só  pode  ser 
depois  desta  data.  A  «Historia  de  la  fundación»  (loc.  cit.J  suprime  o 
nome  do  P.  Paiva;  e  Vasconcelos,  suprimindo  os  de  Paiva  e  Vicente 
Rodrigues,  introduz  Nóbrega  a  tirar  o  cadáver  das  mãos  dos  índios  ; 
e  coloca  toda  a  cena  em  1549  e  os  Padres  a  recolherem-se  à  cidade, 
supondo  que  a  casa  do  Terreiro  de  Jesus  já  ficava  dentro  dela  (Chro- 
nica  1  §§  51-53)  Erro,  que  ficou  sempre  no  ar  sugerindo  que  fossem  dois 
os  casos.  Mas  os  documentos  só  falam  dum  e  é  este,  entre  Abril  de  1550 
(depois  da  chegada  do  P.  Paiva)  e  Julho  de  1551  (ida  do  P.  Nóbrega  a 
Pernambuco).  A  este  tempo  já  havia  casa  e  Igreja  no  Terreiro  de  Jesus 
(carta  de  28  de  Março  de  1550  §  4),  que  então  ainda  ficava  fora  da  cerca 
da  cidade;  e  já  então  as  Aldeias  eram  «obra  de  seis  ou  sete»  (carta  de 
28  de  Março  de  1550  §  2).  Em  todas  estas  Aldeias,  visitadas  pelos  Padres, 
se  fazia  logo  casa  ou  casas  a  modo  de  ermidas  onde  «pousava»  o  Padre 
catequista  e  às  vezes  até  uma  semana.  Durante  este  período  (1550-1552), 
a  morada  de  assento  do  Ir.  Vicente  Rodrigues,  excepto  o  tempo  que 
esteve  em  Porto  Seguro  era  a  Casa  do  Terreiro  de  Jesus,  entre  a  Cidade 
e  a  Aldeia  do  Monte  Calvário,  onde  também  pousava  às  vezes.  E  nesta 
ou  outra,  até  mais  perto,  mas  daquele  lado,  se  coloca  a  cena  violenta  con- 
tra a  antropofagia  dos  índios,  descrita  por  Vicente  Rodrigues  em  1552, 
mas  sucedida  antes,  em  1551  ou  já  em  1550.  Leite,  Breve  Itinerário  67-69. 


510 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


5.  El  Bastián  Téllez,  hijo  dei  Principal  dei  qual  arriba 
tratamos,  quando  supo  lo  que  nos  avia  acontecido  tomó 
mui  grande  enojo,  juntamente  con  le  doler  su  consciência. 
85  Vínose  a  la  Aldeã  mui  corrido,  no  ossando  parecer  delante 
de  nosotros,  donde  enfermo  de  una  dolência  prolongada  6 
hasta  quedar  en  los  huesos.  Quando  iá  assí  lo  vimos,  visi- 
tólo  el  P.e  Nóbrega,  el  qual  le  dixo  que  aquel  era  castiguo 
dei  Sefior,  porque  diera  el  escravo  que  tomara  en  la  guerra 

90  a  comer  a  los  otros.  El  qual  luego  rogó  a  el  Padre  que  le 
fuese  pedir  a  quien  lo  diera,  y  esto  tenía  iá  dicho  a  el 
P.e  Navarro  el  qual  no  lo  pidió  por  le  parecer  por  demás. 
Fué  el  P.e  Nóbrega  y  dixo  a  el  que  tenía  el  esclavo,  que 
Dios  estava  mui  apassionado  y  airado,  y  por  esa  causa  cas- 
95  tigara  a  Bastián  Téllez,  el  qual  dixo  que  tenía  grande  miedo 
dél  y  pidióle  el  Padre  el  esclavo.  Dixo  que  lo  daria  de 
buena  voluntad,  y  luego  se  lo  dió.  Vínose  el  P.e  Nóbrega 
con  el  esclavo  a  dezir  a  Bastián  Téllez,  el  qual  holguó  en 
estremo  de  se  acabar  una  cosa  tam  grande  que  no  se  vió 

100  aún,  y  luego  se  confesso  por  la  lengua  y  en  português  con 
tanta  discrición  que  es  para  loar  al  Sefior;  y  de  aí  algunos 
dias  dió  el  spíritu  al  Sefior,  y  dexónos  un  hijo  lhamado 
Mathias  para  instruirlo  y  tenerlo  en  nuestra  companhia. 
Finalmente  ordenamos  que  viniessen  los  blancos  con  tumba 

105  y  procisión  de  los  ninnos  y  mucha  gente,  el  qual  enterra- 
mos en  la  hermita  con  missa  cantada  de  defunctos,  y  desta 
hermita  avemos  constituído  por  maiordomo  el  Principal, 
padre  dei  defuncto,  y  ésta  es  donde  van  todos  los  sábbados 
a  la  Salve  con  los  blancos. 

no  6.  Determino  el  Padre  de  ir  a  Pernambuco  :,  que  son 
daqui  a  cien  léguas,  donde  llevó  consiguo  el  P.e  Antonio 


91-93  y  esto  —  demás  dcl.  Polanco  ||  94  apassionado  y  dei.  Polanco  ||  98  dezir  corr.  IX 
deziar  ||  99-100    no  se  vió  aún  corr.  Polanco  nunca  se  vió  ||  102    dias  dcl.  scriba  p 
104-109  Finalmente  —  blancos  dei.  Polanco ;  postca  totum  paragraphutn  dei. 


6  Esta  doença  «prolongada»  reforça  a  ideia  de  terem  sido  em  1550 
os  sucessos  narrados  no  parágrafo  precedente. 

7  Nóbrega  saiu  da  Baía  para  Pernambuco  pelo  dia  16  de  Julho 
de  1551  [carta  31  §  11]. 


42.  -  BAÍA  17  DE  MAIO  DE  1552 


311 


Pérez  y  algunos  chiquitos.  Quedamos  en  esta  Baía  el 
P.e  Navarro,  el  P.e  Salvador  Rodriguez  y  el  P.e  Paiva  por 
rector,  los  quales  se  exercitavan  principalmente  en  la  medi- 
tación  ;  el  P.e  Paiva  también  en  carpintear  y  hazer  tapias,  "5 
con  todo  el  cuidado  de  casa;  el  P.e  Salvador  Rodriguez  en 
las  Aldeãs  e[n]sennando  el  gentil  y  visitando  las  roças,  que 
es  el  mantenimiento  de  los  ninnos  que  determinamos  de 
tener ;  el  P.e  Navarro  tenía  cargo  de  los  ninnos,  assí  para 
los  doctrinar  en  lo  spiritual  como  en  leer  y  escrevir  y  en  120 
las  oraciones  de  la  lengua,  assí  a  los  blancos  como  mama- 
lucos  y  índios,  con  los  quales  sale  muchas  veces  por  las 
Aldeãs  de  los  índios  praedicándoles  la  lei  dei  Sefior:  algu- 
nos dellos  8  declaran  el  Evangelio  por  la  lengua  con  mucha 
edificación  de  todos,  y  esto  a  los  dominguos  y  fiestas ;  y  I25 
así  se  ocupa  el  Padre  en  confessiones  y  praedicaciones, 
y  algunas  veces  el  P.e  Paiva,  maiormente  las  pláticas 
de  los  viernes,  donde  viene  mucha  gente  y  concorre  el 
Governador  con  toda  la  gente  principal,  en  los  quales  ai 
grande  enmienda  en  la  vida  y  exemplo.  No  juran  y,  si  13° 
escapa  algun  juramento,  miran  para  tras  para  ver  si  son 
de  alguien  vistos. 

7.  Dexóme  el  Padre  9,  quando  se  fué,  cargo  de  visitar 
el  hespital  y  enfermos  de  la  ciudad  y  presos,  y  ciertos  dias 

de  la  semana  la  roça  dei  mantenimiento  de  los  ninnos  y  en  *35 
trasladar  oraciones  en  la  lengua10,  visitando  las  Aldeãs  y 
doctrinando  a  los  nuevamente  convertidos. 

8.  Dexó  ordenado  el  Padre  como  diessen  los  Exercitios 
Spirituales  a  un  hombre  allá  mui  nonbrado  y  aífamado  de 
mundano,  y  que  se  los  diese  en  la  hermita  de  que  arriba  r4° 


114-116  los  quales  —  casa  dei.  Polanco  \\  I2I-I22  mamalucos  corr.  Polanco  los  |  sale] 
salem  ms.  j  130-137  No  juran  —  convertidos  dei,  Polanco  \\  139  a  un  hombre  corr.  Polanco 
a  una  persona  |  nonbrado  y  aífamado  corr.  Polanco  nonbrada  y  affamada 


8  Alguns  destes  meninos  brancos  e  mamalucos,  ensinados  pelo 
P.  Navarro,  que  neste  ofício  de  mestre  sucedeu  ao  Ir.  Vicente  Rodri- 
gues, ficando  algum  tempo  ambos  concomitantemente. 

9  Nóbrega. 

10   Língua  tupi. 


312 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


hice  mención,  donde  estuve  con  él  y  ambos  nos  exercita- 
mos; el  qual  sintió  tanto  de  Dios,  que  no  es  creído  entre 
los  dei  mundo,  cuias  cosas  aborrece.  Ama  la  Compannía 
que  es  cosa  de  admiración.  Tiene  mui  continua  oración 

145  mental,  el  qual  anda  tras  el  P.e  Nóbrega  llorando  que  parece 
ninno,  diciendo  que  aia  piedad  dél  y  que  use  de  los  poderes 
que  tiene  para  que  lo  reciba.  El  qual  está  casado  con  una 
hija  de  un  capitán  de  una  capitania  de  Puerto  Seguro,  con 
la  qual  no  tuvo  cópula,  porque  así  él  como  ella  son  [56V] 

15°  unas  almas  benditas  dados  mucho  a  la  oración.  Y  en  esta 
limpieça  con  otras  muchas  virtudes  viven  a  dos  annos  espe- 
rando por  el  Obispo,  porque  así  se  lo  aconsejó  el  P.e  Nóbrega, 
o  qual  les  escrive  con  muchas  lágrimas,  allándose  por  mui 
indigno  de  escrivir  a  tan  benditas  almas  porque  os11  ima- 

!55  gina  enlevados  y  abrasados  dei  Sefior12. 


141-143    Prius  exercitatamos  |  no  corr.  ex  nos  ||  153-155    o  qual  —  Senor  dei.  Polanco 

11  «Os»  em  português,  por  «los»  em  espanhol. 

12  A  25  de  Março  de  1555  escreverá  Nóbrega  ao  P.  Geral  que  Leo- 
nardo Nunes  levava  um  apontamento  sobre  «se  aceitaríamos  votos  de 
obediência  de  alguns  leigos  casados,  que  por  sua  devoção  querem  ser- 
vir, de  fora,  às  casas  fundadas  pela  Companhia;  e  porque  depois  se 
me  ofereceram  alguns  inconvenientes,  me  parece  agora  que.  ao  menos 
ao  presente,  não  convém».  Leite,  Novas  Cartas  Jesuíticas  58-59;  Luis 
de  Gois,  in  Brotéria  61  (1955)  151  ;  cf.  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  197-198. 
Luís  de  Gois  era  um  destes  leigos  casados  pretendentes  à  Companhia; 
o  genro  do  Capitão  de  Porto  Seguro  parece  ser  o  famoso  Gaspar  Bar- 
bosa, que  em  1567  era  capitão  na  mesma  Capitania  de  Porto  Seguro, 
amicíssimo  da  Companhia,  e  que  acompanhou  Mem  de  Sá  ao  arranque 
final  da  conquista  do  Rio  de  Janeiro,  onde  morreu  heroicamente  em 
combate.  Porto  Seguro,  HG  1  (4."  ed.)  415-416;  Leite,  ii  107.  Dizemos 
parece,  porque  de  Gaspar  Barbosa  e  Branca  de  Andrade  há  um  filho  Pero 
do  Campo  Tourinho,  neto  do  Donatário  e  Capitão  de  Porto  Seguro,  do 
mesmo  nome,  o  que  concorda  com  a  afirmação  de  Vicente  Rodrigues. 
Donde  também  se  infere  que  Branca  de  Andrade  era  filha,  legítima  ou 
ilegítima,  do  Donatário  Pero  do  Campo  Tourinho.  Cf.  Rodolfo  Garcia, 
nota  a  HG  I  (4."  ed.)  232. 

Convém  esclarecer  que  Nóbrega,  Superior  da  Companhia,  como 
homem  formado  em  Direito,  conhecia  bem  os  poderes  que  tinha  e  os 
que  não  tinha.  O  «voto  de  obediência»  de  leigos  (mesmo  não  ligados 
pelo  sacramento  do  matrimónio)  não  constitui  a  ninguém  verdadeiro 


42.  -  BAÍA  17  DE  MAIO  DE  1552 


515 


A  otros  dieron  los  Exercícios,  como  agora  dan  al  Padre 
Vicario 13  de  esta  Baía.  Esperamos  en  el  Sefíor  aprovecharse 
mucho.  Si  abriesen  la  mano  a  admitirlos,  andan  muchos 
movidos  y  tan  devotos  y  enmendados,  perseverando  en  el 
amor  dei  Sefíor,  que  es  cosa  estranna,  y  quando  de  nos  160 
alcançan  un  poco  de  tiempo  para  hablar  de  Dios,  paréceles 
que  alcançan  todo. 

9.  Es  mui  notable  el  fructo  que  se  haze  entre  todo  el 
género  de  gente.    Los  blancos  ganaron  el  jubileo14  con 
mucha  devoción;  los  esclavos  y  gentiles  crescen  quotidia-  l65 
namente  en  maior  conoscimiento  dei  Sefíor.  Obra  el  Sefíor 

su  fructo  por  vários  modos,  lo  que  dexo  de  escrivir  porque 
los  Padres  lo  sabrám  mejor  escrivir  y  con  el  spíritu  con 
que  se  obró. 

10.  Yo  solamente  os  diré,  mis  Hermanos,  que  no  sé  T7° 
donde  ai  tanta  patiencia  en  vos  esperar,  porque  el  hervor 

es  tanto  y  desseos  de  ir  adelante  a  descubrir  tierra,  que  a 
las  veces  estamos  para  dexar  todo,  y  lo  que  nos  detiene  es 
esperar  por  vós  que  vengáis  a  sustentar  esto  poco  que  está 
ganado,  y  también  por  dar  principio  a  las  casas  de  las  Capi-  *75 
tanías  donde  se  criarán  guerreros  de  Christo.  Y  por  eso 
venid,  porque  ya  será  raçón  que  estendamos  las  asas  de  la 
charidad  y  volemos  a  la  gente  que  nos  espera,  y  acudamos 


163-164  entre  todo  el  género  corr.  Polanco  en  todo  género  ||  166-170  Obra  —  que  dei. 
Polanco  ||  171    en  vós  corr.  Polanco  en  nosotros  para  os  ||  [77    porque  corr.  Polanco  que 


religioso ;  os  casados,  para  o  serem,  deveriam  separar-se,  fazendo-se 
cada  qual  religioso  em  qualquer  Ordem  ;  e  para  isso  requeria-se  dis- 
pensa da  Santa  Sé.  Quanto  a  mulheres,  que  fossem  verdadeiras  religio- 
sas da  Companhia,  só  se  conhece  o  caso  singular  da  Princesa  D.  Joana, 
filha  do  Imperior  Carlos  V  e  mãe  do  Rei  D.  Sebastião,  que  por  dispensa 
da  Santa  Sé,  sendo  viúva,  fez  os  votos  de  escolar  da  Companhia  e  com 
eles  faleceu.  Cf.  MI  Epp.  VII  686-687 ;  MI  Constitutiones  II  (Roma  1936) 
cxxxvi-cxxxvn. 

13  Manuel  Lourenço.  Leite  1  23 ;  Van  der  Vat,  Princípios  227. 

14  Jubileu  do  Ano  Santo  de  1550  (Cartas  15  e  16);  cf.  Leite, 
Movimento  Eucarístico  Brasileiro  no  tempo  de  Nóbrega,  in  Brotéria  60 
(1955)  410;  Wicki,  Das  Jubilãum  von  ifs°  *n  der  iiberseeischen  Jesuiten- 
missionem  (lndien,  Brasilien,  Afrika),  in  AHSI  49  (1956)  119-133. 


514 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


a  la  guerra  que  el  demónio  pone  al  sangre  de  Christo, 

180  llamándose  a  posse  y  allegando  su  derecho  antiguo.  Mas 
vive  Dios,  que  allá  está  Moisés  y  Arón  con  las  manos  ale- 
vantadas,  y  el  Hijo  de  Dios  de  la  otra  parte  dei  jugo.  Pues, 
si  el  Hijo  de  Dios  es  por  nós,  quién  nos  contradirá  que 
nos  pueda  apartar  de  la  charidad,  como  dize  S.  Pablo?15 

185  Finalmente,  amados  en  Christo,  venidnos  a  aiudar,  que 
somos  poços  y  la  tierra  grande,  los  demónios  muchos,  y  la 
charidad  en  mí  poca.  Venid  llenos  de  ésta,  porque  trairéis 
toda  la  librería  dei  collegio.  Más  cosas  acaba  ésta  que 
todos  los  médios  humanos ;  vengan  con  los  divinos,  imi- 

190  tando  al  Sefior  con  los  médios  de  la  redención,  conviene  a 
saber,  la  cruz  y  sangre  unida  con  esta  charidad,  en  la  qual 
ardamos  de  manera  que  mereçamos  derramar  quanto  sangre 
tenemos  en  retorno  de  quanto  nuestro  Sefior  Jesu  Christo 
derramo  con  tanta  charidad  y  amor,  que  aun  después  de 

195  muerto  lo  quiso  dar  todo  por  no  le  quedar  qué  dar,  y  cum- 
pliendo  él  los  nuestros  y  vuestros  deseos  nos  ajuntaremos 
con  Aquél  que  para  entra[r]  en  su  gloria  convino  que  pade- 
ciesse16.  Aparejaos,  Hermanos  mios,  para  venir  a  estos  tra- 
bajos  si  querís  triumphar  con  Christo. 

200      Desta  Baía  de  Todolos  Santos,  a  17  de  Maio  de  1552. 
De  vuestro  hermano 

Vicente  Rodriguez. 


189-191  vengan  —  qual  dei.  Polanco  et  add.:  A  Dios  plega  que  en  ella  ||  191  esta  d*l. 
scriba  cari  ||  192  mereçamos  post  corr.  ||  193  retorno  corr.  Polanco  in  tnarg.  sinistro 
alguna  recompensa  ||  194-199    con  tanta  —  Christo  dei.  Polanco 


15  Rom.  8,  35. 

16  Luc.  24,  26. 


45. -BAÍA  MAIO  DE  1552 


515 


43 

[DO  IR.  VICENTE  RODRIGUES  POR  COMISSÃO 
DO  GOVERNADOR  DO  BRASIL  TOMÉ  DE  SOUSA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA] 

[baía  maio  de  1552] 

.    Bibliografia :  Cimêlios  493;  Leite  ix  99  n.  2. 

II.  Autores:  Polanco  ii  726-727;  Vasconcelos,  Chronica  liv.  1 
§  118 ;  Leite  i  493. 

III.  Texto:    Original  português  perdido. 

1.  ARSI,  Br  as.  j-i,  ff.  56V-57V  [antes  283V-284V].  Título:  «Parte 
de  algunas  cosas  que  acontecieron  a  los  Hermanos  [acrescenta  Polanco: 
de  la  Companía  de  Jesús]  dei  Brasil  que  mandó  [Polanco  riscou  «mandó> 
e  pôs  «scrivió»]  el  Governador  Thomé  de  Sousa=.  Tradução  espanhola 
do  original  português  perdido.    Com  emendas  de  Polanco. 

2-  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lisboa],  1-5, 
2,  38,  ff.  24V-25V.  Título:  «De  outra  do  mesmos  [a  carta  precedente  é 
de  Vicente  Rodrigues].  Retroversão  portuguesa  sem  as  correcções  de 
Polanco. 

3.  Biblioteca  Vaticana,  Ottoboni  lat.  797,  ff.  i63V-i66r.  Tradução 
italiana  da  versão  espanhola  depois  das  correcções  de  Polanco.  Por- 
tanto aparece  como  «cose  scritte»  pelo  Governador  Tomé  de  Sousa. 

IV.  Autor:  Esta  carta  não  a  «escreveu»  o  Governador  Tomé  de 
Sousa  mas  apenas  a  «mandou»  do  Brasil.  O  facto  de  tratar  de  assun- 
tos contidos  substancialmente  nas  cartas  do  Ir.  Vicente  Rodrigues  e  de 
vir  no  Códice  de  S.  R.oque  atribuída  ao  mesmo  prova  com  probabili- 
dade ser  ele  o  autor.  Tomé  de  Sousa  teria  pedido  ao  Ir.  Vicente 
Rodrigues  (ou  até  por  sugestão  dele.  ou  já  do  P.  Nóbrega  à  volta  de 
Pernambuco)  que  fizesse  um  apanhado  de  casos  de  edificação  com 
exclusão  de  outros  assuntos  e  o  remeteu  ao  Provincial  de  Portugal 
para  ser  presente  a  El-Rei.  A  carta,  de-facto,  não  contém  senão  casos 
edificantes,  sobre  a  conversão  do  Gentio  pela  Companhia  de  Jesus, 
tudo  num  plano  impessoal,  sem  declaração  expressa  de  nenhum  nome. 

V.  Destinatário :  A  carta  encontra-se  num  fascículo  com  outras 
traduzidas  de  português  para  espanhol,  remetidas  de  Portugal  para 
Roma  :  «Copia  de  algunas  dei  Brasil,  1552,  para  Roma»  {Bras.j-i,  f.  57V). 
Sem  dúvida  foram  remetidas  do  Brasil  ainda  ao  P.  Simão  Rodrigues. 
Mas  deixando  este  o  governo  da  Província,  suprimiu-se  o  nome,  como 
aconteceu  noutras  desse  tempo  [cf.  carta  9,  na  introdução,  texto  2]. 


316 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


VI.  Data  :  Ver  o  que  se  diz  sobre  as  datas  das  duas  cartas  prece- 
dentes. Esta  foi  escrita  ao  mesmo  tempo  que  elas  e  com  elas  anda 
unida  no  mesmo  fascículo.  Ainda  que  escrita  e  «mandada»  em  Maio 
de  1552  abrange  assuntos  de  data  muito  anterior. 

VII.  Impressão :  Novi  Âvisi  di  piu  lochi  de  V índia  et  massime  de 
Brasil  ricevuti  quesfanno  dei  MDLIII  (Roma  1553),  sem  paginação 
[carta  6.a] ;  Diversi  Avisi  (Veneza  1559)  ff.  I56r-i59r ;  ib.  (Veneza  1565) 
ff.  i56r-i59r ;  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  116-119. 

VIII.  História  da  Impressão :  Novi  e  Diversi  Avisi  imprimem  a  tra- 
dução italiana  (3) ;  Cartas  a  retroversão  portuguesa  (2). 

IX.  Edição:  Publica-se  a  tradução  espanhola  antes  das  emendas 
de  Polanco  (1). 

Textus 

1.  Viso  aliquo  Patre  sese  disciplinante,  Indi  Pagorum  desistunt  a 
manducatione  carnis  humanae.  —  2.  Strages  Indorum  qui  reversi  erant 
ad  veteres  mores.  —  3.  Infirmi  qui  valetudinem  recuperant  orationibus 
Patrum.  —  4.  Mors  indi  principalis  nomine  Tacoi.  —  5.  Indi  baptisati 
in  extretnis.  —  6.    Naufragiutn  Indorum  qui  ad  bellum  perrexerant. 

—  7.    Mors  indi  nomine  Porta  Grande.  —  8.    Obitus  indi  christiani. 

—  9.  Paires  bene  accepti  ab  Indis  Pernambuci.  —  10.  Pagus  eiusque 
veneficus  in  Praefectura  Pernambuci.  —  77.  Orphani  lusitani  per  pagos 
praedicantes.  —  12.  Critx  in  aliquo  Indorum  pago  erecta.  —  13-  Duo 
gentiles  capite  damnati  baptismum  accipiunt.  —  14.  Fons  aquae  Domi- 
nae  Nostrae  ad  Portum  Securum. 

1.  Hun  Padre  1  viendo  que  aprovechava  poco  el  dexar 
de  comer  carne  humana  las  Aldeãs  que  visitan,  que  eran 
tres  u  quatro,  movido  por  nuestro  Senor,  se  desnudo  con 
unas  disciplinas  por  todas  las  Aldeãs,  pidiendo  a  nuestro 
Sefior  que  moviesse  sus  coraçones,  praedicando  que  se 
castigava  a  sí  mesmo  por  Dios  no  castigar  a  ellos  de  tan 
grande  mal,  y  quiso  nuestro  Sefior  que  en  las  tales  Aldeãs 


3-3  que  eran  tres  u  quatro  dei.  Polanco  |  Sefior  dei.  d  j  6  por  Dios  no  castigar  corr. 
Polanco  por  que  Dios  no  castigasse 


i  Parece  tratar-se  do  P.  João  de  Azpilcueta  Navarro,  que  em  1551 
visitava  as  Aldeias  e  com  ele  se  passou  o  que  no  §  4  se  narra  da  morte 
do  índio  Principal  Dom  João  Tacuí. 


45.  -  BAÍA  MAIO  DE  1552 


517 


se  quito  el  costumbre  de  la  matança  y  íiestas  de  sus  comi- 
das. 

2.  Y  destas  tres  u  quatro  Aldeãs  2  se  escogieron  algu-  » 
nos  para  se  hazer  christianos,  los  que  mostravan  mas  hervor 
de  voluntad,  de  los  quales  algunos  tornaron  atrás  3,  otros 
con  grandes  propósitos  permanecieron,  porque  caívan  mu- 
chas  veces  en  graves  enfermedades  y  muríanles  los  hijos  y 
otras  pruevas  que  nuestro  Senor  lhes  hazía.  Y  sucedió  una  *5 
grande  mortandad  destos  que  tornaron  atrás,  porque  así 
chicos  como  grandes  murían,  e  muchos  más  de  los  chiqui- 
tos,  porque  quiso  nuestro  Seríor  salvar  aquellos  infantes 
que  murían  en  el  estado  de  la  innocencia  baptiçados  y  con 
su  muerte  castigava  los  padres  con  que  temían  al  Senor ;  20 
de  manera  que  por  estos  y  otros  médios  que  usava,  se  va 

la  tierra  poniendo  en  costumbre  que  los  que  se  quieren 
baptiçar  conoscen  ya  que,  si  no  vivieren  christianamente,  que 
los  castigará  mucho  nuestro  Senor,  y  así  por  esto  como  por  no 
se  baptiçar  sino  después  de  experimentados  y  bien  conoci-  25 
dos,  que  piden  el  baptismo,  créesse  que  son  de  los  llamados 
por  nuestro  Senor,  y  que  son  dei  número  de  los  escogidos- 

3.  [57r]  Muchos  enfermos  recibieron  salud  por  oración 
de  los  Padres,  de  los  quales  no  se  puede  contar,  principal- 
mente dos  moços;  y  quando  se  baptiçavan  una  summa  dei  3° 
gentil,  la  noche  siguiente  dixo  uno  dellos  que  se  aliara  en 

la  gloria;  cantando  por  su  arte  decía  muchas  cosas  que 
viera  de  nuestra  fe,  y  no  se  hartava  en  las  contar. 

4.  Hun  Principal  por  nombre  Tacoí 4,  el  qual  por  tener 
dos  mugeres  no  lo  quisieron  hazer  christiano,  un  dia  vino  35 
con  grande  deseo  a  pedir  el  baptismo,  y  baptiçado,  de  aí  a 


10  tres  u  quatro  dei.  Polanco  ||  20  temían]  temial  ms.  ||  24  Post  se  scriptum  est  pa  || 
29  de1  dei.  Polanco  j|  29  30  principalmente  dos  moços  dei.  Polanco  |j  34  por'  dei.  scriba  no 


2  Sobre  as  primeiras  Aldeias  da  Bala,  cf.  Leite  ii  47. 

3  Cf.  carta  41  §  1. 

4  O  Principal  Tacoí  ou  melhor  Tacuí,  identifica-se  com  o  Princi- 
pal Dom  João,  irmão  do  Principal  Simão.  Foi  baptizado  e  faleceu  antes 
do  dia  2  de  Agosto  de  1551,  em  que  já  narra  a  sua  morte  o  P.  António 
Pires  (carta  31  §  5). 


318 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


poços  dias  caio  en  una  enfermedad  mortal.  Y  estando  ins- 
truído y  preparado  para  morir  christiano,  alevantóse  en  la 
red  y  pidió  a  su  herraana  su  ropa,  y  díxole :  «O  hermana, 

4o  <:no  vees  tantos  cantares  quantos  vienen  dei  cielo  para  me 
llevar»?  Alevantadas  las  manos  al  cielo  dió  el  spíritu  al 
Senor.  Este  fué  siempre  amiguo  de  los  christianos  y  en  él 
se  esprimentava  más  que  en  los  otros  guardar  alguna  parte 
de  la  lei  natural,  y  tenía  fama  de  no  comer  carne  humana 

45  como  todos  los  otros.  Los  parientes  de  éstos  son  los  que 
aguora  tenemos  por  mejoros  christianos. 

5.  Y  otros  falescieron,  ordenando  el  Senor  que  los  bap- 
tiçassen  el  dia  que  murían,  estando  de  dias  preparados,  y 
en  fe  y  dolor  y  contrición  de  sus  maios  costumbres.  Ya 

5°  mandan  llamar  los  Padres  quando  caen  en  dolências,  y,  si 
algunos  muerren,  llaman  para  los  enterrar,  lo  que  mucho 
en  el  principio  defendían  sus  parientes,  y  tienen  iglesia  en 
que  se  entierran  los  que  mueren  christianos. 

6.  lendo  los  christianos  nuevamente  convertidos  con 
55  otros  parientes  a  la  guerra,  la  qua[l]  le  defendían  los 

Padres  porque  era  para  se  comer  unos  a  otros,  yendo  en 
un  su  modo  de  navio,  aconteció  hundirse  en  el  mar,  y  sal- 
váronse  todos  los  christianos  con  mugeres,  asta  ninnos  de 
teta  5,  y  el  gentil  perdióse  y  no  apareció  más. 

6o  7.  Hablando  los  Padres  a  un  Principal  gentil,  por  nom- 
bre  Puerta  Grande  c,  reprehendiéndole  sus  vicios  y  hablán- 
dole  de  la  muerte,  respondió  que  no  avia  de  morrir,  que 
era  mui  temido  y  valiente,  blandiendo  hun  arco  que  traía 
en  las  cuestas,  al  qual  le  respondieron  que  era  tierra  y  que 

65  avia  de  morir  y  que  en  la  mano  de  Dios  estava  todo.  Res- 
pondió el  gentil  que  não,  que  era  valiente.  De  aí  a  tres 
dias  murió  de  una  muerte  terrible. 


42  Senor  dei.  scribn  Est  |j  48  de  dias  dei.  Polanco  \\  56  Padres  adJ.  sup.  Polanco 
de  la  CompaSía  ||  63  temido  ex.  S.  Roque,  ms.  temero,  corr.  Polanco  virtuoso  |  blan- 
diendo ex  S.  Roque,  ms.  espaço  em  branco  ||  63-64  hun  arco  que  traia  en  las  cuestas  dei. 
Polanco  ||  65-66    Respondió  —  valiente  dei.  Polanco 


5  Cf.  carta  41  §  2. 

6  Cf.  ib.  §  4. 


45. -BAÍA  MAIO  DE  1552 


519 


8.  Hun  gentil  iá  christiano,  hijo  7  de  un  Principal  tam- 
biem  christiano,  fué  a  la  guerra  y  tomó  hum  contrario  y 
diólo  a  los  parientes  de  su  muger  para  lo  comer,  porque  le  7o 
digeron  los  cunnados  que  si  no  se  lo  diesen  que  le  toma- 
rían  la  muger,  y  él  con  temor  desto  se  lo  dió.  Y  como  lo 
supieron  los  Padres,  que  se  lo  reprehendieron,  fuese  a  los 
cugnados  y  uvo  el  contrario  y  diólo  a  los  Padres  para  ser- 
vir en  las  obras  de  su  collegio,  cosa  mucho  de  espantar.  75 

Y  no  contento  desto  fué  tam  grande  su  passión,  que  caio 
en  una  mortal  enfermedad  y,  doliéndose  de  su  peccado, 
pidió  a  los  Padres  que  se  queria  confessar,  el  qual  se  con- 
fesso con  tanta  discrición  que  el  confessor  quedo  attonito 
loando  al  Sefior.  Y  el  Padre  8  le  dixo  que  aquella  enferme-  8o 
dad  fuera  castiguo  dei  Sefior,  porque  diera  el  esclavo  para 

le  comer  los  otros;  y  dió  el  alma  a  Dios  en  la  dicha  dolên- 
cia y  acabó  como  mui  buen  christiano. 

9.  En  la  Capitania  de  Pernambuco  venían  los  gentiles 
de  seis  y  siete  léguas  a  fama  de  los  Padres  9,  cargados  de  85 
millo 10  y  lo  que  teníam  para  les  offrecer,  y  si  sabían  por 
donde  avían  de  passar,  salíanles  al  camino  con  mucho  man- 
tenimiento,  diciéndoles  que  les  hechasen  la  bendición. 

10.  En  la  dicha  Capitania,  en  una  Aldeã11  donde  pusie- 
ron  una  cruz,  aguardavan  los  Padres  con  mucha  offerta  al  90 
pie  de  la  cruz  para  que  el  Padre  les  hechase  la  bendición. 

Y  avría  allí  cien  hombres,  donde  se  hicieron  la  maior  parte 
catecúminos;  por  la  qual  Aldeã  succedió  de  aí  a  poços  dias 
pasar  un  su  hechicero  en  que  ell[os]  tienen  grande  crédito, 


71  cunnados  corr.  scriba  ex  cugnados  ||  72  lo5  corr.  ex  los  |]  73  reprehendieron 
dei.  io  ||  76  que  bis  in  tns.t  in  médio  littera  a  deleta  |]  77  Prius  sus  ||  88  que  dei.  11  || 
93    qual  dei.  ac  ||  94    ell[os]  charla  consumpta 


7  Bastião  Teles  (carta  42  §  2). 

8  Nóbrega  (carta  42  §  5). 

9  Manuel  da  Nóbrega  e  António  Pires. 

10  Carta  44  §  5. 

11  Desta  Aldeia  de  índios  de  Pernambuco,  onde  Nóbrega  e  Pires 
plantaram  a  primeira  Cruz,  não  se  conservou  o  nome.  A  primeira  Aldeia 
conhecida  é  a  de  S.  Francisco,  fundada  em  1561,  pelo  P.  Gonçalo  de 
Oliveira.  Leite  v  333. 


320 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


95  y  aiuntáronse  los  catecúminos  y  hecharon  el  hechicero 
fuera,  diciendo  que  iá  tenían  otra  lei  en  que  vivían.  Este 
hechicero,  viendo  el  crédito  que  tenían  los  Padres  con  el 
gentil,  decía  que  era  su  pariente  y  que  los  Padres  dezían 
la  verdad,  y  que  él  iá  muriera  y  pasara  desta  vida  y  tor- 

ioo  nara  a  vivir  como  decían  los  dichos  Padres,  y  que  portanto 
creiessen  en  él,  y  dávanle  en  este  médio  tiempo  las  hijas  a 
su  pettición.  Sucedió  en  esta  conjunción  tornar  los  Padres 
a  pasar  por  aquella  parte  y  digéronle  como  todo  aquello  era 
mentira.  Tomo  tanta  passión  el  gentil  que  luego  fué  en 

105  busca  dei  buen  hombre  y  matáronle. 

11.  Andavan  los  ninnos  (que  vinieron  dei  Reino12  y 
están  en  este  collegio)  por  las  Aldeãs  praedicando  y  can- 
tando canticas  de  nuestro  Senor  por  la  lengua.  Temíase  el 
gentil  que  les  hecharía  la  muerte  u  les  haría  algún  mal,  y 

no  los  Padres  que  ían  con  ellos  les  respondían  que  antes  les 
traían  la  vida,  [57V]  si  les  creiessen  y  fuessen  christianos. 
Aconteció  que  en  este  médio  tiempo  avia  entre  ellos  una 
tose  general  de  que  muchos  murían,  la  qual  de  todos  se  fué, 
por  donde  ganaron  grande  crédito  los  ninnos  entre  ellos, 

"5  y  importunan  que  los  manden  allá,  y  házenles  caminos  tan 
largos,  por  montes  mui  ásperos,  como  [la]  Strada  que  va  para 
Coimbra. 

12.  En  una  Aldeã  de  un  grande  y  más  grave  de  los 
Principales  de  la  tierra  se  puso  una  cruz,  la  qual  pusieron 

120  los  Padres  en  una  procissión  cantando  con  los  ninnos  las 
letanías,  y  toda  la  Aldeã  uno  y  uno  ía  a  besarla  y  adoraria. 
Y  después,  estando  assí  todos  juntos,  les  praedicó  un  ninno 
diestro  en  las  cosas  de  nuestro  Senor,  declarándoles  el  mis- 
tério de  la  cruz,  en  la  qual  praédica  dió  el  Senor  hervor  y 

125  lágrimas  al  Principal,  de  manera  que  se  puso  a  llorar  y  dió 


97    viendo  el  crédito  bis  in  ms.,  posteriore  dei.  Polanco  \  101  dávanle  corr.  cx  dávan- 
les  |  las  dei.  íil  |1  105  buen  hombre  corr.  Polanco  hechizero  [|  108  lengua  add.  sup.  Polanco 
de  la  tierra  1 1  114  crédito  dei.  a  |   118  más  grave  dei.  Polanco  \  los  add.  sup.  Polanco  más  | 
121    uno  y  uno  corr.  Polanco  uno  a  uno 


12  Órfãos. 


44.- PERNAMBUCO  4  DE  JUNHO  DE  1552 


321 


un  su  hijo  a  los  Padres.  Y  estando  en  esta  Aldeã  en  este 
instante  hun[al  ninna  a  la  muerte,  pidieron  que  rogassen 
los  Padres  por  ella  a  nuestro  Serior,  y  haziendo  los  ninnos 
todos  por  ella  oración,  luego  se  alló  bien.  Y  en  otras  par- 
tes están  muchas  cruces  puestas  a  las  quales  catan  mui  130 
gran  reverencia  y  tienen  en  summa  veneración. 

13.  Unos  dos  gentiles  que  mataron  en  esta  ciudad  por 
justicia,  baptiçados  en  aquella  hora,  murieron  mui  grandes 
christianos,  y  con  todos  los  martírios  que  le  dieron,  siempre 

el  nombre  de  Jesús  traían  en  la  boca.  135 

14.  Estando  los  Padres  13  en  Puerto  Seguro  fundando 
una  casa,  no  aviendo  agua  que  fuese  buena  para  beber 
deseavan  ahí  cerca  una  íuente.  Quiso  Dios  que  en  esta 
conjunción  caio  hun  monte,  y  con  el  abrir  de  la  tierra  se 
abrió  la  más  fresca  y  hermosa  fuente  que  ai  en  aquella  14° 
tierra.  Y  porque  la  casa,  que  fundavan,  es  de  la  invocación 

de  nuestra  Sennora 14,  se  llama  la  dicha  fuente,  entre  los 
christianos  y  gentiles,  «la  Fuente  de  la  Seriora». 

44 

DO  P.  ANTÓNIO  PIRES 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

PERNAMBUCO  4  DE  JUNHO  DE  1552 

I.  Bibliografia :    B.  Machado  I  353 ;  Cimélios  493 ;  Sommervo- 
gel  vi  847  A ;  Leite  ix  59  n.  2. 

II.  Autores  :  Leite  ii  8  21  123  477. 


Ia6  Padres  add.  sup.  Polanco  de  la  Compania  ||  128  ella  dei.  et  iterum  scripsit 
sup.  Polanco  |  haziendo  corr.  Polanco  haziéndose,  et  dei.  los  ninnos  todos 


13  Francisco  Pires  e  Vicente  Rodrigues.  Cf.  carta  de  António 
Pires  de  2  de  Agosto  de  1551  (carta  31  §  10). 

14  Nossa  Senhora  da  Ajuda.  Leite  i  205-208. 

ai 


522 


P.  ANTÓNIO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


III.  Texto  :  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  [S.  Roque,  Lis- 
boa], 1-5,  2,  38,  ff.  26r-29r.  Título :  «Carta  do  P.  Antonio  Pirez,  de  Pera- 
nambuc,  de  cinco  de  Junho  de  1552».  Apógrafo. 

IV.  Impressão :  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  121-125. 

V.  Data:  Ainda  que  o  título  no  ms.  diz  5  de  Junho,  este  dia  em  1552 
era  o  do  Espírito  Santo,  e  a  carta  foi  datada  na  «vespora»,  portanto,  a  4. 

VI.  Edição  :  Reimprime-se  o  texto,  metendo  entre  cancelos  algu- 
mas palavras  já  destruídas  no  ms.  e  que  se  tomam  de  Cartas. 

Textus 

1.  Fructus  ministeriorum  Patris  Nóbrega  in  Praefectura  Pernam- 
buci.  —  2.  Perseverantia  gentium  in  doctrina  Christiana  pendet  a  Patri- 
bus,  sed  desuni.  —  3.  Si  ad  convertendos  Jndos  orientales  et  mauros 
necessarii  sunt  decem  Paires,  ad  convertendos  Indos  Brasiliae  necessarii 
sunt  viginti.  —  4.  Régio  ferax  est  sed  hoc  anno  defuit  pluvia.  —  5.  Visi- 
tatio  pagorum  Indorum.  —  6.  Sodalitas  Rosarii  Indorum  atque  Nigro- 
rum  Guineae. —  7.  Servi  edocentur  doctrinam  christianam. — 8.  Memo- 
riam habet  Patrum  D.  Gundisalvi,  Grã  et  D.  Leonis. 

Amados  Irmãos 

1.  Ordenando-o  Deus,  por  ser  cousa  tam  necessária, 
viemos  ho  P.e  Nóbrega  e  eu  a  esta  Capitania,  onde  pollo 
Padre,  mediante  a  graça  divina,  [27V]  foy  a  terra  em  tal 
maneira  reformada,  que  quem  ho  souber  bem  ponderar 
dirá  que  a  gente  delia  tornou  a  renacer  em  comparação 
dos  males  que  nella  avia,  como  polias  cartas  passadas  já 
saberão. 

Chegado  o  tempo  em  que  era  necessário  ir-se  ho 
P.e  Nóbrega  a  visitar  outras  casas,  deixou-me  só,  por 
falta  dos  que  para  cá  não  vindes,  que  eu  nella  nom 
presto  para  mais  que,  para,  em  me  vendo,  se  lembrarem 
do  P.e  Nóbrega  a  quem  elles  tanto  temem  e  reverencião 
e  por  elle  me  tem  acatamento  e  reverencia  e  tanta  obe- 
diência e  crédito  como  a  sua  própria  pessoa.  Que  cuydais, 
Irmãos,  que  se  faria  polo  somenos  de  casa,  quando  por 


16    quando  bis  in  ms. 


44.  -  PERNAMBUCO  4  DE  JUNHO  DE  1552 


325 


mym,  tam  falto  de  virtudes,  Nosso  Senhor  tanto  faz  nesta 
terra?  Estavão  sperando,  com  a  sperança  que  o  Padre  lhes 
deu,  por  hum  Padre  que  fosse  letrado  e  pregador,  porque 
esta  fama  de  letrado  faz  muyto  ao  propósito.  Agora  quando  20 
ouvirão  novas  do  Bispo  e  que  não  vinhâo  Padres  da  Com- 
panhia ficarão  muy  desconsolados  como  eu  também  fiquey, 
por  ser  só  e  para  pouco.  Lembra-me  muytas  vezes  aquelle 
dito  de  Salomão:  «Guay  do  soo  que,  se  cair,  não  tem  quem 
o  alevante»  1,  posto  que,  na  verdade,  me  não  posso  chamar  25 
soo,  pois  vós,  Irmãos,  me  tendes  a  vós  unido  em  spiritu, 
que  me  não  deixareis  cair. 

2.  Sabey,  Irmãos,  que  se  esta  terra  se  ouver  de  conver- 
ter, que  há-de  ser  com  muytos,  porque  poucos  a  terra  e  a 
conversação  dos  christãos  tem  necessidade  delles,  e  asi  hé  30 
razão  que  seja,  pois  nos  dão  o  necessário,  sem  ho  qual  não 
podemos  conversar  ho  gentio;  quanto  mais  gente  que  não 
se  satisfaz  senão  com  me  ver  cada  dia,  que  se  vou  fora  oyto 
dias,  quando  venho  me  vem  visitar  como  se  viesse  do 
Reyno,  dizendo  que  os  deixo  soos ;  e  os  índios  am  mister  35 
continuá-los  porque,  segundo  vejo,  a  muyta  conversação  e 
custume  os  há-de  converter.  Hé  gente  de  muy  fraca  memo- 
ria para  as  cousas  de  Deus,  e  só  se  de  continuo  os  conver- 
sarmos converter-se-âo. 

Ho  Padre  2  se  foy  daqui  em  Janeiro.  Todo  o  mais  tempo  40 
gastey  en  confessar  e  algumas  vezes  pregar;  isto  fiz  for- 
çando-me  muyto,  por  a  intenção  do  Padre  ser  esta,  e  de 
Ramos  3  para  cá  o  faço.  Cuidava,  Irmãos,  quando  vinha 
para  esta  terra  que  avia  de  padecer  trabalhos  nella  e  não 
há  remédio  para  atinar  com  elles,  não  porque  na  terra  não  45 
aja  muytos,  mas  parece  que  os  não  mereço,  pois  N.  Senhor 
mos  nega. 


17    Senhor  om.  scriba  \\  38    só]  já  ms. 


1  EccI.  4,  10. 

2  Manuel  da  Nóbrega. 

3  10  de  Abril  de  1552. 


324 


P.  ANTÓNIO  PIRES  -  PP.  E  11.  DE  COIMBRA 


3.  [28r]  Quanto  à  conversão  do  gentio,  que  hé  ho  prin- 
cipal a  que  viemos,  sinto  que  há  mester  muyto  lume  da 

5°  graça  para  saber  attinar  com  a  verdade,  porque  como  não 
tem  quem  adorem,  salvo  huma  sanctidade  que  lhe  vem  de 
anno  em  anno,  como  já  os  Irmãos  lhe  terão  scrito,  facil- 
mente dizem  que  querem  ser  christâos,  e  asi  facilmente 
tornão  atraz:  porque  como  nom  há  entre  elles  aquella 

55  guerra  que  Christo  disse  vir  meter  em  a  terra,  scilicet,  ho 
pay  contra  ho  filho  e  o  filho  contra  ho  pay,  etc, 4  não  posso 
crer  que  am-de  perseverar,  salvo  por  custume  como  já  tenho 
dito.  Este  custume  não  ho  pode  fazer  hum  soo',  portanto, 
Irmãos,  não  creaes  que  quando  vos  de  cá  pedem  que  hé 

6o  debalde,  porque,  se  para  converter  os  da  índia  ou  mouros 
há  mester  X,  esta  terra  há  mester  XX. 

Não  deixo  de  cuidar  que  vos  spantareis  como  terra  em 
que  os  homens  pedem  baptizmo  não  hé  já  toda  christãa. 
A  causa  disto  hé  que  estando  lá  não  se  alcanção  as  cousas 

65  tanto  como  vendo-as,  porque  de  tal  parecer  veo  mandar-se, 
segundo  cá  se  diz,  que  quantos  se  quisessem  fazer  chris- 
tâos se  fizessem,  o  que  foy  causa  de  se  fazerem  muytos 
erros  e  scandalos. 

4.  Esta  Capitania  hé  terra  de  muyto  trafego  e  onzenas 
70  e  outros  peccados  que  à  força  de  virtudes  se  am-de  tirar  e 

não  com  meu  exemplo.  Jagora  dizem  que  se  vão  tirando, 
e  eu  tenho  ouvido  dizer  a  homens  que  tem  os  olhos  algum 
tanto  abertos,  que  depois  que  a  ella  viemos,  das  dez  partes 
dos  peccados  que  nella  avia,  as  oito  são  fora.  E  asi  avia 
75  quatro  ou  cinquo  annos  que  não  chuvia  nella,  e  este  anno 
choveo  tanto  e  recolherão  tanto  mantimento  que  hé  pasmo; 
e  já  os  da  terra  se  vão  persuadindo  que  por  causa  dos  pec- 
cados não  chuvia.   Louvão  muyto  a  Deus. 

5.  Por  aquy  vereis,  Irmãos,  quanta  necessidade  esta 
80  terra  tem  de  nossas  continuas  orações.  Muytas  cousas  tem 

Deus  obrado  nesta  terra  mediante  vossas  orações,  e  polio 
principio  que  ho  P.e  Nóbrega  nella  deu,  e  por  mim  depois 


4    Mat.  10,  35. 


44.  -  PERNAMBUCO  4  DE  JUNHO  DE  1552 


525 


da  ida  do  P.e  Nóbrega  pollo  muyto  que  presumem  da  Com- 
panhia. Algumas  vezes  tenho  ido  a  algumas  Aldeãs  5  que 
estão  duas  e  tres  legoas  desta  povoação,  onde  me  tem  muyto  85 
credito  e  o  que  lhes  mando  fazer  fazem  emquanto  estou  com 
elles,  e  me  offerecerão  huma  vez  grande  somma  de  milho, 
porque  convenci  hum  indio  que  [28v]  se  pôs  em  argumentos 
comigo  sobre  suas  feiticerias  e  ficou  disto  muy  corrido. 
Vendo  isto  hum  velho  começou  a  pregar  por  toda  a  Aldeã  90 
que  me  trouxessem  do  milho,  e  me  poserão  diante  com  a»e 
me  eu  poderá  manter  hum  anno.  Declarei-lhes  4^e  não  hia 
insiná-los  porque  me  dessem  nada,  porem  porque  a  Deus  o 
offerecião  que  mo  trouxessem  a  casa,  que  o  daria  a  pobres. 
Quando  vim  para  casa  já  me  estava  aguardando  hum  Prin-  95 
cipal  doutra  Aldeã,  que  vinha  carregado,  com  sete  ou  oyto 
negros,  de  milho.  Ho  seu  intento  hé  que  lhe  demos  muyta 
vida  e  saúde  e  mantimento  sem  trabalho  como  os  seus  fei- 
ticeiros lhe  prometem.  Ho  que  agora  aqui  falta,  Irmãos,  hé 
a  continua  conversação  para  os  tirar  deste  caminho  e  os  pôr  100 
no  caminho  do  ceo. 

6.  Há  nesta  Capitania  grande  escravaria  asi  de  Guiné  6 
como  da  terra.  Tem  huma  Confraria  do  Rosairo  7.  Digo-lhe 
missa  todos  os  domingos  e  festas.  Andão  tam  bem  ordena- 
dos que  hé  para  louvar  a  Deus  Nosso  Senhor.  Muyta  aven-  105 
tagem  fazem  os  da  terra  aos  de  Guiné.  Fiz  procissão  com 
elles  todos  os  domingos  da  Quaresma,  e  entre  homens  e 
molheres  serião  perto  de  mil  almas,  afora  muytos  que  ficão 
nas  fazendas,  não  entrando  nella  os  brancos  porque  mais  à 
tarde  fazião  os  brancos  a  sua  8 ;  e  o  que  hia  da  huma  à  outra  no 


5  Cf.  carta  43  §§  9-10. 

6  Os  Negros  de  África  chegaram  ao  Brasil  com  a  própria  planta- 
ção da  cana  de  açúcar  à  roda  de  1532.  Leite  ii  344;  Afrânio  Peixoto, 
Cartas  Avulsas  125;  Afonso  de  E.  Taunay,  Subsídios  para  a  histó- 
rtu  Jo  (rdfico  africano  no  Brasil,  in  Anais  do  Museu  Paulista  X  (São 
Paulo  1941)  31. 

7  Pelo  modo  de  q  Confraria  do  Rosário  era  dos  Escravos, 
como  tais,  quer  Negros  quer  índios. 

8  Também  este  modo  de  falar  insinua  a  existência  já  da  Confraria 
<lo  Rosário  dos  Brancos. 


526 


P.  ANTÓNIO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


de  diferença,  era  que  os  brancos,  a  poder  de  varas,  juizes  e 
meirinhos  e  almotaceis,  se  não  podião  meter  em  ordem, 
sempre  falando,  e  os  scravos  hião  em  tanta  ordem  e  tanto 
concerto  huns  traz  outros  cora  as  mãos  sempre  alevantadas, 
"5  dizendo  todos:  «Ora  pro  nobis»,  que  faziâo  grande  devação 
aos  brancos,  em  tanto  que  os  juizes  lhes  dão  em  rosto  com 
os  scravos. 

7.  Depois  que  lhes  digo  missa,  à  tarde  ensino-lhes  a 
doctrina  e  às  vezes  lhes  prego.    Ho  interprete  hé  huma 

i2°  molher  casada  9,  das  mais  honrradas  da  terra  e  das  [mais 
ricas.  E  nã]o  vos  spanteis,  Irmãos,  em  vos  dizer  as  condi- 
ções, porque  com  ser  tal  parece  andar  bêbada  daquelle 
mosto  10  de  que  os  Apóstolos  se  embebedarão,  pois  faz  o 
que  muytos  homens  línguas  se  não  atreverão  fazer  polia 

i25  mortificação  que  nisso  sentião.  Outras  muytas  almas  há 
nesta  terra  que  com  a  nossa  vinda  começarão  a  entrar  no 
caminho  do  Senhor  e  caminhão  quanto  podem  polias  virtu- 
des. Nosso  Senhor  que  lhes  deu  o  principio  lhes  dê  a  per- 
severança. [2gr]  Com  esta  molher  [confesso  algumas  Índias 

130  christâs]  e  creo  que  hé  melhor  confessora  que  e[u,  porque 
hé  muy  virtuosa].  Encomenday-a  muyto  a  N.  S[enhor]. 

8.  Muj'to  quisera  [escjrever  particularmente  aos  meus 
amados   Irmãos   Dom   Gonçalo  n,   Luis   da   Gram  12  e 


120-121    [mais  ricas.    F.  n5]  carta  consutnpta.    Idem  in  aliis  easibus  seqq. 


9    Maria  da  Rosa  (carta  31  §  11). 

10  Cf.  Act.  Apost.  2,  13. 

11  D.  Gonçalo  da  Silveira,  português,  nasceu  em  Almeirim  por  1521, 
entrou  na  Companhia  em  1543,  foi  para  a  índia  em  1556,  onde  desem- 
penhou o  cargo  de  Provincial  (1555-1556),  e  morreu  mártir  em  Monomo- 
tapa  (África  Oriental)  em  15  de  Março  de  1561.  Franco,  Imagem  dc 
Coimbra  II  3-63;  id.,  Ano  Santo  141-144 ;  F.  Rodrigues,  História  1/1, 
316 ;  id.,  A  Companhia  26 ;  Berta  Leite,  D.  Gonçalo  da  $Hm**t*m  ^Lis- 
boa 1946) ;  Wicki,  DI  1  237. 

12  Luis  da  Grã,  futuro  Provincial  <*°  Drasil,  loi  Reitor  do  Colégio 
de  Coimbra  desde  DeremUro  ue  1547  ao  Outono  de  1550  (F.  Rodri- 
gues, História  1/1  506),  tempo  em  que  António  Pires  entrou  na  Compa- 
nhia.  LEITE  ix  s9- 


44.  -  PERNAMBUCO  4  DE  JUNHO  DE  1552 


327 


Dom  Lião  13  e  aos  outros  Irmãos,  cuius  spiritus  se  me 
communicavão  como  a  Irmão  a  que  elles  muyto  amão.  135 
Muitas  vezes  me  lembra  Dom  Gonçalo,  meu  Mestre,  e,  se 
agora  algum  cheiro  me  fica  da  Companhia,  a  lembrança 
que  delle  tenho  ma  faz  ter.  Pois  ao  Padre  Luis  da  Gram 
devo  tanto,  que  se  elle  não  fora,  não  estivera  na  Compa- 
nhia, porque  sendo  eu  porteiro  e  querendo-me  hum  dia  ir>  r4° 
elle  por  sua  muyta  virtude  me  teve.    Por  ysso  quando  a 
algum  de  vós,  Charissimos  Irmãos,  vos  vier  tentação  de 
vos  sairdes,  day  primeiro  conta  a  vosso  superior,  e  i-vos 
logo  pôr  diante  do  Sancto  Sacramento  e  pedi  ao  Senhor 
que  por  sua  bondade  vos  dê  a  sentir  o  milhor  para  vossa  145 
salvação;  e  desta  maneira  creo  que  ninguém  vos  poderá 
apartar  da  charidade  de  Christo  que  nessa  casa  mora. 
E  isto  digo  para  os  tentados ;  e  aos  outros  peço  [me]  enco- 
mendem a  N.  Senhor  e  me  [mandem  muytos  [avijsos  de 
cousas,  para  que  me  espertem  do  sono  que  [me  vai  ven-  15° 
cendo  e  do  grande]  esquecimento  que  tenho  da  obrigação 
[de  ser  virtuoso]. 

[Desta]  Capitania  de  Peranambuc  [vespora  do  Espirito 
Santo  de  1552.] 

CARTAS  PERDIDAS 

44a-c.  Do  P.  Leonardo  Nunes  e  outros  ao  P.  Manuel  da  Nóbrega, 
Baia  (de  S.  Vicente,  princípios  de  Junho  de  1552).  «Despues  de  tener 
escrito  a  V.a  R.a  hablé  [. . .]  como  allá  verá  en  las  cartas»  [de  los  Her- 
manos].  Com  estas  palavras  abre  Leonardo  Nunes  a  carta  de  29  de 
Junho  de  1552  §  1 ;  e  a  estas  cartas,  de  princípios  de  Junho,  suas  e  dos 
Irmãos,  se  refere  Nóbrega  a  10  de  Julho  de  1552  §  13:  «llegó  un  barco 
de  San  Vicente  que  truxo  cartas  de  los  Padres  y  Hermanos». 


13  O  Padre  D.  Leão  Henriques,  nasceu  em  Ponta  do  Sol  (Ilha  da 
Madeira)  entre  1522  e  1526,  entrou  na  Companhia  em  1546,  Reitor  de 
Coimbra  de  Março  de  1553  a  Setembro  de  1556,  Vice-Provincial  (1565) 
e  Provincial  de  Portugal  (1566-1570);  e  faleceu  em  Lisboa  em  1589. 
Franco,  Imagem  de  Coimbra  1  61-89;  'd-i  Ano  Santo  188-191 ;  F.  Rodri  - 
gues, História  1/1  448-449  536;  id.,  A  Companhia  15. 


328         p.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  MORADORES  DE  PERNAMBUCO 


45 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AOS  MORADORES  DE  PERNAMBUCO 

BAÍA  [5  DE  JUNHO  DE  1552] 

I.  Bibliografia  :  Sommervogel  v  1782  n.  17 ;  Streit  ii  345  n.  1259 ; 
Leite  ix  7  n.  rz. 

II.  Autores  :  Nemésio  416-422  ;  Leite,  Breve  Itinerário  73. 

III.  Texto :  Único.  Biblioteca  de  Évora  CXVI/i-33,  ff.  i83r-i86r. 
Título:  «Carta  do  Padre  Manuel  da  Nóbrega  Provincial  desta  Provín- 
cia do  Brasil  escripta  aos  Moradores  de  Sam  Vicente».  Apógrafo. 

IV.  Impressão  :  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasi- 
leiro xliii,  i.a  P.  (1880)  81-87;  Vale  Cabral  (1886)  122-126;  ib.  (1931) 
163-168;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  104-112. 

V.  Destinatários  :  A  carta  foi  escrita  para  um  lugar,  onde  estivera 
Nóbrega  e  onde  ainda  estava  o  P.  António  Pires.  O  que  é  certo  de  Per- 
nambuco, não  de  São  Vicente  como  se  lê  no  título  do  ms. 

VI.  Data :  Ano.  Nóbrega  esteve  em  Pernambuco  seis  meses 
(Julho  de  1551-Janeiro  de  1552)  e  aí  deixou  o  P.  António  Pires  e  voltou 
para  a  Baía,  onde  chegou  por  Fevereiro  de  1552.  E  tira-se  do  contexto 
que  a  carta  foi  escrita  pela  festa  do  Espírito  Santo,  e  neste  ano,  porque 
no  seguinte  de  1553  já  Nóbrega  estava  em  São  Vicente  e  aí  ficou 
até  1556.  Vale  Cabral,  vendo  no  título  «Moradores  de  Sam  Vicente», 
colocou  a  carta  em  1557,  depois  que  Nóbrega  tornou  à  Baía.  Mas 
em  1557  nem  António  Pires  estava  em  São  Vicente  nem  já  em  Per- 
nambuco :  tinha  voltado  à  Baía  de  cujo  Colégio  era  Reitor  (Leite  i  61). 
Mês.  No  texto  impresso  Vale  Cabral  leu  que  Jesus  Cristo  subirá  (§  2), 
datando  a  carta  antes  da  Ascenção  que  em  1557  foi  a  27  de  Maio.  Mas 
logo  a  seguir  o  verbo  faltava  mostra  que  em  vez  de  subirá  se  deve  ler 
subira,  pretérito,  e  que  já  tinha  passado  a  Ascensão,  que  em  1552  caiu 
a  26  de  Maio.  Dado  o  carácter  colectivo  e  exortatório  —  uma  espécie 
de  carta  pastoral  —  admitimos  a  hipótese  de  ser  redigida  antes  do  Espí- 
rito Santo  para  chegar  a  Pernambuco  a  tempo  de  o  P.  António  Pires  a 
ler  publicamente  nesse  dia  (5  de  Junho  de  1552).  Mas  ainda  neste  caso 
—  em  tais  documentos  colectivos  quando  não  há  data  expressa  —  a 


45.  -BAÍA  5  DE  JUNHO  DE  1552 


329 


norma  é  que  prevaleça  aquela  em  que  se  lhe  dá  publicidade.  E,  como 
todo  o  texto  coloca  em  lugar  preponderante  a  vinda  do  Espírito  Santo 
e  com  ela  abre  e  fecha,  esta  data  de  5  de  Junho  de  1552  (Pentecostes) 
parece  ser  a  oficial  e  própria  desta  carta. 

VII.   Edição:  Reimprime-se  o  texto  eborense. 

Textus 

7.  Epistolam  tnittit  otnnibus  habitantibus  simul,  quia  unicuique  scri- 
bere  non  potest.  —  2.  Gaudet  de  via  incepta  in  Domino,  sed  oportet  ut 
perseverent  in  vinculo  caritatis.  —  3.  Hoc  unum  est  necessarium.  — 
4.  Cttm  Christo  crucifixo  atque  resurrecto  et  cum  gratia  Spiritus 
Sancti.  —  5.  P.  Antonius  Pires  haec  omnia  omnibus  illis  dicet.  — 
6.  Sed  gratum  sibi  esset  cognoscere  eos  confessiones  frequentare  et  ab 
eis  litteras  accipere.  —  7.  Iterum  de  linguis  ignis  Spiritus  Sancti  sine 
quo  nulla  conversio  gentium.  —  8.  Et  negotiatores  in  primis  esse  debent 
Civitatis  Dei.  —  9.    Exspectat  Episcopum  et  Patres  S.  I. 

Muito  amados  em  Jesu  Christo  Irmãos.  Haquelle  Noso 
Senhor,  que  já  se  nos  vai  à  dextra  de  seu  Padre,  tenha  por 
bem  emviar-vos  seu  Santo  Spirito.  Amen. 

1.  Obrigou-me  ho  amor  que  em  o  Senhor  Nosso  vos 
tenho  a  escrever  estas  regras  a  todos,  já  que  com  cada  hum 
particularmente  não  posso  comprir :  porque  como  a  todos  eu 
tenho  escriptos  em  meu  coração  com  o  sangue  do  Novo 
Testamento,  que  ho  Cordeiro,  pouquos  dias  há  crucificado, 
derramou  por  toda  a  Sidade  de  Jerusalém  com  grande  e 
igual  amor  por  todo  o  mundo,  assi  tãobem  me  pareceu 
bem,  com  todos  juntamente  me  alegrar  escrevendo  a  todos, 
pois  ho  amor  hé  todo  hum  e  a  todos  igual. 

2.  Muito  me  alegrei  no  mesmo  Senhor  que  caminhavão 
bem  muitos  pera  a  vida  eterna,  e  não  lhes  esqueceo  logo 
de  todo  ha  doctrina  que  por  boca  deste  peccador  pobre 
ouvirão.  Quererá  o  Senhor  dar  graça  pera  se  acabar,  pois 
ha  deu  para  se  começar  nalgum  íructo.  Pouquo  aprovei- 
tará doutra  maneira  correr  hum  pouquo  após  dos  ingoen- 


18    pouquo]  porque  ms. 


530  p.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  MORADORES  DE  PERNAMBUCO 

tos  cheirosos  do  Senhor,  após  dos  quais  corriam  as  que 

20  diz  a  espoza  nos  Cantares  lf  se  não  achegardes  hà  botiqua 
onde  elles  estão,  que  hé  a  vida  eterna",  assi  como  diz  ho 
apostolo  São  Paulo  que  achegueis,  não  como  gente  que 
açouta  ho  ar,  e  que  corre  e  não  sabe  pera  donde  nem  a 
que  fim,  mas  como  gente  a  quem  espera  Jesu  Christo  pera 

25  dar  a  coroa  e  fogaça  2  da  vida  eterna  3,  que  os  dias  passa- 
dos aparelhou  a  todos  aquelles  que  ho  amão,  padecendo  e 
resucitando ;  e  agora  subira  aos  ceos  a  parelhar  ho  lugar, 
[183V]  acentado  à  dextra  de  seu  Padre,  que  somentes  fal- 
tava, e  pera  dali  nos  mandar  ho  seu  Espirito  Consolador  a 

3°  todos  aqueles  que,  com  as  portas  de  seus  sentidos  fecha- 
das, por  medo  das  tentações  diabólicas,  estão  com  os  Disi- 
pulos  do  Senhor  junctos  em  oração  4  e  comformidade  de 
vontade.  Porque,  assi  como  hé  fogo  de  amor  do  Padre  e 
do  Filho,  que  hé  hum  Deus  verdadeiro,  assi  tãobem  não 

35  obra  sua  infinita  virtude  senão  onde  acha  huns  mesmos 
coraçõis,  huns  mesmos  desejos,  huma  paz,  huma  opinião, 
hum  amor,  huma  bomdade,  huns  propósitos,  huns  mesmos 
servidores  de  Christo.  Ho  qual  na  oração,  que  no  horto 
fazia,  quando  nossos  peccados  lhe  doerão  tanto  que  obri- 

4°  gou  a  charidade  sua  infinita,  com  que  amava  sua  criatura, 
a  suar  gotas  de  sangue,  que  de  seu  corpo  aos  vestidos  cor- 
ria e  dos  vestidos  a  terra  regava  por  ser  muito :  pera  o  tal 
tempo  guardou  pedir  a  seu  Padre  que,  assi  como  elles  erão 
huma  mesma  cousa,  todos  seus  escolhidos  fossem  huma 

45  mesma  cousa  com  elles  5,  porque  tãobem  na  vida  eterna 
tudo  será  hum  com  Deus;  pois  está  escripto  que  os  que  que- 
rem bem  a  Deus,  hum  mesmo  espirito  serão  com  elle  c. 


1  Cant.  x,  3. 

2  Fogaça,  termo  muito  usado  no  norte  de  Portugal  para  significar 
um  grande  bolo,  e  serve  para  presentes.  Que  é  o  sentido  com  que  aqui 
se  emprega,  de  dom  gratuito. 

3  1  Cor.  6,  17;  9,  24-26. 

4  Act.  Apost.  1,  14. 

5  Ioan.  17,  21. 

6  1  Cor.  6,  17. 


45. -BAÍA  5  DE  JUNHO  DE  1552 


531 


3.  Esta  hé  aquella  cousa  soo,  que  o  Senhor  Jesu  Christo 
dezia  a  suas  amigas  Martha  e  Madalena  que  lhes  era  neces- 
sária 7,  porque  todo  ho  mais  perturba  muito,  e  faz  lograr  50 
este  mundo  ainda  em  suas  maldades  com  pouco  gosto,  e 
íaz  perder  ho  outro.  Porque  aroidos,  nem  ódios,  nem  pre- 
sunções, nem  murmuraçõis,  nem  desinquietaçõis  e  outras 
cousas  semelhantes,  não  morão  na  cassa  de  Christo,  a  qual, 
posto  que  tenha  muitas  moradas  8,  em  nenhuma  se  reco-  55 
lhem  as  tais  obras ;  pois  que  já  tem  a  potentia  e  justiça 
deputados  outros  aposentos  no  centro  da  terra  pera  os 
tais,  omde,  pera  responder  huma  cousa  com  outra,  há  choro 

e  bater  de  dentes  e  outros  trabalhos,  os  quaes  queira  o 
Senhor  por  sua  bondade  ordenar  de  maneira  que  nunqua  60 
os  experimenteis.  Porque  grande  mal  hé  de  trabalhos  deste 
mundo  ir  a  possuir  outros  maiores  no  outro;  e  já  que  hé 
posta  [184X]  lei  no  mundo  que  os  filhos  de  Adaam  padeção 
trabalhos,  sejão  antes  os  da  penitentia  proveitossa,  os  quais 
o  Senhor,  com  sua  graça  de  consolação  e  alegria  spiritual,  65 
faz  mui  pequenos,  pois  o  seu  jugo  hé  sempre  suave  e  leve  9, 
e  hé  fiel  Senhor  e  boom  10,  que  no-lo  ajuda  a  levar  ainda 
agora  por  sua  parte ;  e  sempre  quer  levar  ho  maior  pesso, 
des  que  se  avezou  huma  vez  a  levar  ha  cruz  às  costas 
pera  o  Calvário,  elle  de  huma  parte  e  Simão  Cirineo  da  70 
outra. 

4.  Com  tal  companheiro,  com  tão  amoroso  Senhor,  quem 
poderá  ser  tão  fraquo,  que  não  possão  fazer  penitentia  de 
seus  peccados,  com  tanto  sangue  derramado,  que  hé  verda- 
deira meizinha  de  nossas  chagas?  Quem  não  se  curará?  75 
Curai- vos,  Irmãos,  curai-vos,  se  ainda  nau  abastou  Coresma, 
nem  padecer  Christo,  nem  resucitar,  nem  abrirem-vos  lá 
ho  tisouro  todo  da  Santa  Igreja,  pera  pagardes  com  elle 


57    deputados]  deputadas  ms. 


7  Luc.  IO,  42. 

8  Ioan.  14,  2. 

9  Mat.  11,  30. 

10  Hebr.  10,  23 ;  1  Cor.  1,  9. 


332 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  MORADORES  DE  PERNAMBUCO 


todas  vossas  dividas11,  porque,  mui  cuitado  será  haquelle 

8o  por  quem  passarem  estas  cousas  todas  e  ficar  ainda  por 
curar;  e  muito  mais  cuitado  haquelle,  do  qual  se  espede 
Jesu  Christo,  subindo-sse  à  dextra  do  Padre,  e  ho  deixa 
ainda  em  peccado  mortal;  e  sobretudo  muito  mais  mal 
aventurado  aquelle  a  quem,  nem  con  tudo  isto,  nem  com 

85  o  Senhor  nos  mandar  o  seu  Espirito  de  vida  abrasador 
de  todos  os  coraçõis  de  Jesu  Christo,  pode  acabar  consigo 
aparelhar-se  pera  recolher  seu  quinhão,  pois,  tanto  de 
graça  se  dá  e  em  tanta  abundantia.  Muitas  vezes  cuido  eu, 
e  hé  pera  mim  grande  sinal  do  mundo  durar  pouquo,  pois 

9°  Nosso  Senhor  vejo  que  quer  esperdiçar  tanto  sua  gloria,  e 
busca  tantas  maneiras  pera  a  dar,  e  ha  dá  e  promete  tão 
barata,  como  cousa  que  muito  já  deseja  encher  ho  numero 
dos  escolhidos,  e  recolher  os  chamados  e  convidados  hás 
bodas  de  seu  Filho.   Porque,  quando  eu  vejo  que  a  hum 

95  Abraam,  Isac  e  Jacob,  tanto  seus  servidores,  não  lhes  dava 
mais  que  muito  gado  e  muitos  filhos,  e  destes  outros  muitos : 
que  direi  agora  de  hum  Deus,  tão  largo  e  liberal,  que  não  con- 
tente com  nos  dar  a  seu  Unigénito  Filho  pera  [184.V]  trinta  e 
tantos  annos  nos  servir  e  ensinar,  e  por  derradeiro  morrer  por 

100  nós,  agora  nestes  tempos  derradeiros  não  deixa  nada  por  tra- 
zer há  praça,  pera  cada  hum,  com  somentes  huma  pouqua  de 
contrição,  merque  ho  que  lhe  fizer  mister?  Vós,  Irmãos,  a 
quem  eu  nas  emtranhas  de  Jesu  Christo  desejo  ver  salvos, 
mercai  muita  perseverantia,  muita  tem  perançia,  grande  casti- 

105  dade,  e  se  não  poderdes  guardar  tanta  cousa  dos  ladrõis,  que 
por  vossos  sentidos  emtrão  a  roubar,  emchei  vossa  alma  de 
charidade,  e  nisto  empregai  todo  vosso  mealheiro,  porque  hé 
fogo  tão  forte  que  fogem  delle  os  demónios,  e  não  ousão  a 
entrar  na  casa  onde  se  elle  acende;  e,  porque  sempre  tras 

110  todas  as  vertudes  após  si,  logo  tereis  tudo,  se  a  elle  tiverdes. 
5.    Ho  meu  amado  Irmão  e  Padre  Antonio  Pires  vo-lo 
dirá  lá  de  mais  perto,  com  mais  charidade,  do  que  ho  eu 


91    a  dar]  andar  MM.     lia    lá  dcl.  mais 


n    Alusão  ao  Jubileu  do  Ano  Santo  de  1550.  Cf.  supra,  313,  nota  14. 


45. -BAÍA  5  DE  JUNHO  DE  1552 


335 


escrevo.   Ouvi-o,  que  creo  que  lhe  dará  o  Senhor  lingoa 
pera  vo-lo  dizer,  pois  deu  muitas  de  fogo  a  huns  pobres  e 
ignorantes  pescadores,  e  tãobem  lhe  dará  coração  pera  cho-  115 
rar  vossos  peccados,  juntamente  com  os  seus  e  meus. 

6.  Muito  desejo  saber  a  ventagem  que  achais  da  com- 
fissão  continuada,  a  qual  conhecereis  da  emenda  da  vida, 
com  o  qual  rogo  a  Nosso  Senhor  me  queira  consolar, 
vindo-me  disso  boas  novas.    E  folgaria  muito  que  muitos  120 
me  escrevessem  mui  particularmente,  porque,  posto  que 

eu  a  todos  não  escreva,  com  todos  falo  muitas  veses,  e  em 
minha  alma  hos  converso,  e  às  veses  passeando  com  elles 
por  essas  ruas,  e  em  minhas  pobres  orações  e  sacrificios, 
cada  hum  tem  seu  quinhão.  Queira  o  Senhor,  por  quem  125 
hé,  aceitar  meus  desejos,  os  quais  são  fazer-vos  Nosso 
Senhor  tais  quais  erâo  hos  da  primitiva  Igreja;  porque,  se 
haí  não  houver  grande  fogo  de  charidade,  como  será  pos- 
sível ence[n]deren-se  os  corações  do  Gentio? 

7.  Primeiro  acendeu  ho  Spiritu  Sancto  fogo  de  lingoas  130 
em  seus  doze  Apóstolos,  dos  quais  se  ateou  toda  Europa  e 
Asia  e  Grécia  e  ha  Palestina  e  Afriqua;  e  quasi  que  todo 

ho  mundo,  ho  qual  fogo  se  apagou  já  muita  parte  delle  por 
meus  peccados  e  por  não  achar  corações  limpos  e  puros  em 
que  ardesse,  porque  esses  que  avia  quis  o  grande  Pater-  135 
-famílias  recolhê-los  à  sua  gloria,  porque  já  lho  merecia[m]. 
E  porque  somente  destas  partes,  de  Nosso  Senhor  tão  esque- 
cidas tantos  mil  annos  há,  nunqua  se  acendeo,  nem  se  conhe- 
ceo  tal  fogo,  muito  desejo  eu  que  haquelles  a  quem  Nosso 
Senhor  ho  der,  tenha[m]  tão  grande  cuidado  que  não  se  lhe  14° 
apague,  mas  antes,  atiçando  com  a  comunicação  dos  sacra- 
mentos, com  as  orações  ferventes,  com  as  conversações  cas- 
tas e  puras,  com  grande  contrição  do  passado,  e  prepossito 
constante  do  que  está  por  vir,  com  a  frequente  meditação 
dos  tempos  passados,  dos  presentes  e  dos  que  esperamos  145 
que  seram  sem  fim,  com  muita  guarda  dos  sentidos,  e  muito 
mais  do  coração,  o  qual  não  hé  rezão,  que  seja  senhor  delle 
senão  ho  mesmo  que  ho  criou  à  sua  imagem  e  semelhança. 


115   pescadores  corr.  ex  peecadores 


354  p.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  MORADORES  DE  PERNAMBUCO 


Com  estas  cousas,  e  outras  muitas  que  ho  mesmo  Spiritu 

15°  de  vida  sabe  mui  bem  ensinar  nos  corações,  onde  entra, 
queria  eu  que  de  tal  maneira  ardeseis  em  charidade,  que 
até  os  matos  se  queimassem  com  elle. 

8.    O  Irmãos  de  Jesu  Christo,  herdeiros  com  elle  da  sua 
gloria,  filhos  perfilhados  do  Padre  Eterno  12,  vós  sois  as 

155  prantas,  ha  nova  semente,  que  o  Senhor  nestas  partes  pôs 
e  plantou!  Quem  vos  detém  que  não  dais  fructo  digno 
de  se  apresentar  na  mesa  do  Rei  Celestial?  Estas  são  as 
fazendas  principais  que  aveis  de  fazer  no  Brasil;  este  hé 
o  trato,  que  deveis  de  ter  com  os  cidadãos  da  Cidade  de 

160  Jerusalém  celestial,  mandardes  lá  muitos  gemidos,  muitas 
setas  de  fogo.  O  portador,  que  leva  e  traz,  hé  o  mesmo 
Espirito  Sancto.  O  trato  bendito,  não  de  açuquere  corup- 
tivel,  mas  de  graça,  mais  saborosa  que  favo  de  mel,  quam 
poucos  há  que  te  queirão  ter!    Quam  poucos  mercadores 

165  da  vida  eterna  se  achão !  Se  os  mercadores  de  pedras  pre- 
ciossas  topassem  contigo,  venderião  tudo  por  te  [185V]  mer- 
car e  em  ti  tratar.  Trato  sem  perigo,  porque  ho  piloto,  que 
governa,  nam  pode  errar;  trato  de  tanto  ganho,  no  qual  não 
se  ganha  hum  por  cento,  mas  por  hum  se  dá  cemto  13,  e 

170  sobretudo  vida  eterna  em  contrapesso ;  trato  que  neste 
mundo  emrriquece  de  graça  e  no  outro  de  gloria;  trato 
sem  desasosego,  antes  quanto  mais  se  trata,  quanto  mais 
de  quietação  se  ganha;  trato  onde  nunqua  se  perdeo  nin- 
guém e  todos  pesuiem  suas  riquezas  em  paz;  trato  sem 

175  perigos,  mas  antes  elle  livra  de  perigos ;  trato  onde  onze- 
nar  hé  merecer  e  nam  peccar;  trato,  finalmente,  com  o  qual 
se  afermosenta  a  Cidade  de  Deus  celestial  de  almas  que 
louvão  a  seu  Senhor,  e  ha  terra  dos  desterrados  filhos  de 
Adão  recebe  por  retorno  mercadorias  espirituaes  de  graça, 

180  de  vertudes,  de  consolações!  Deste  trato  quero  eu  e  desejo 
que  aja  muito  nessa  terra,  ao  menos  antre  aquelles  que 


165    mercadores  dei.  se  achão 


12  Cf.  Rom.  8,  13-15. 

13  Mare.  4,  20. 


46.  -  S.  VICENTE  29  DE  JUNHO  DE  1552 


355 


bem  sabem  chorar  seus  peccados,  deixando  o  trato  mal- 
dito de  peccar,  pois  por  retorno  não  tem  senão  fogo  de 
emxofre  que  queima  e  nunqua  acaba  de  queimar.  Porque 
assi  como  por  fogo  de  comcupicentia  da  carne  e  dos  olhos  l85 
e  da  soberba  da  vida  14  se  paga  no  inferno  estou[t]ro  fogo 
infernal,  assi  tãobem  por  fogo  de  charidade  e  amor  se  paga, 
na  Cidade  de  riba,  moeda  de  outro  fogo  de  gloria,  ho  qual 
hé  haquella  grande  fogueira  da  esencia  divina,  que  a  todos 
abrassa  e  encende  em  si  quamtos  ao  derredor  estão;  por-  19° 
que,  como  dis  São  Paulo  15,  desta  cousa  pouqua,  que  ho 
Spirito  Sancto  reparte,  hiremos  a  outro  [dom]  grande  e 
perfecto.  Ho  repartidor,  que  donde  quer  inspira  16  e  que 
repartiu  muito  aos  Apóstolos,  reparta  tãobem  com  essa 
terra  seu  quinhão,  porque,  querendo  elle  e  querendo  vós  *95 
ouvi-llo,  tenho  por  certo  que  alegrareis  a  Sidade  de  Deus  17, 
com  ho  [i86r]  inpetu  do  rio  de  lagrimas  e  com  a  emenda  de 
vossos  peccados;  e  por  mi  rogareis  todos  ao  Senhor,  pois 
vo-lo  digo  com  entranhas  de  amor,  e  muito  mais  ho  desejo. 

9.  Agora  esperamos  Pastor,  e  tãobem  Padres  da  Com-  200 
panhia,  ho  que  tudo  nos  ajudará. 

Desta  Baya. 

46 

DO  P.  LEONARDO  NUNES 
AO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA,  BAÍA 

S.  VICENTE  29  DE  JUNHO  DE  1552 

I.   Bibliografia  :  Leite  IX  17  n.  4. 
II.   Autores :  Polanco,  111  460 ;  Leite  i  335. 


14  Cf.  1  Ioan.  2, 16. 

15  1  Cor.  12,  4-31. 

16  Ioan.  3,  8. 

17  S.  Agostinho  era  uma  das  leituras  de  Nóbrega.  Leite  ix  429. 
Não  apenas  as  «Meditações»  e  os  «Sermões»  (Diálogo  sobre  a  Conversão 
do  Gentio,  100);  mas  também  a  «Cidade  de  Deus».  Só  nesta  carta  o 
nome  de  «Cidade»  aparece  quatro  vezes.  índice  de  determinada  cultura 
e  espiritualidade  e  sua  primeira  manifestação  histórica  no  Brasil. 


356 


P.  LEONARDO  NUNES  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


III.  Texto  :  Original  português  perdido. 

1.  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  88r-89r  [antes  313^314^.  Título:  «Copia 
de  una  de  Leonardo  Nunes  para  el  P.  Manoel  de  Nóbrega  a  28  de 
Junio  1553».  Tradução  espanhola  do  original  perdido. 

2.  Bras.  j-i,  ff.  r]zx-r]i,x  [antes  32or-322r].  Tradução  latina  do 
espanhol. 

IV.  Impressão:  Retroversão  portuguesa  moderna:  Leite,  Novas 
Cartas  Jesuíticas  —  de  Nóbrega  a  Vieira  (São  Paulo  1940)  135-140. 

V.  Data  :  No  título  da  tradução  espanhola  lê-se  «28  de  Junio  1553», 
e  na  cláusula:  «oy  veinte  e  nueve  de  Junio  1552»,  que  é  a  data  certa; 
sobre  o  2  deu-se  um  traço  e  escreveu-se  por  cima  3.  Mas  antes  da 
emenda  fez-se  a  tradução  latina  que  mantém  o  ano  de  1552.  E  de 
facto  em  Junho  de  1553  já  Nóbrega  estava  em  São  Vicente. 

VI.  Edição  :  Publica-se  o  texto  (1). 

Textus 

1.  Castellani  in  Prae/ectura  S.  Vincentii  versantes  qtti  e  Perua  et 
Paraquaria  venerunt.  —  2.  P.  Leonardus  propositutn  habet  adeundi 
Paraquariam  cuir  statttm  describit.  —  3.  Indos  Carijós  laudat.  — 
4.  In  mentem  sib*  nit  proficisci  ad  Paraquariam  die  prima  Augusti. 
—  5.  Vocatur  Bar  chu. — 6.  De  viro  matrimonio  coniuncto  qui  ingr'di 
vult  S.  I. 

Pax  Christi. 

1.  Después  tener  escrito  a  V.a  R.a  hablé  con  unos 
Castellanos  que  aquy  estão,  y  vinieron  dei  Perú  hastaquy 
por  terra1;  y  después  destos  llegaron  otros  dei  Paragay, 
adonde  tienen  una  grande  población  8,  como  allá  verá  en 


1  «Por  terra»,  isto  é,  «pelo  interior»,  não  por  mar,  via  Rio  da 
Prata;  e  distingue  entre  vindos  do  Peru  e  vindos  do  Paraguai.  Os  do 
Peru  já  estavam  antes ;  os  do  Paraguai  chegaram  a  S.  Vicente  durante 
esse  mês  (Junho  de  1552)  depois  daquela  primeira  carta.  Não  conhece- 
mos elementos  seguros  para  determinar  quem  fossem  estes  «castelha- 
nos». Sobre  algum  português  (Diogo  Dias)  que  então  foi  de  S.  Vicente 
para  o  Paraguai,  cf.  Sérgio  Buarque  de  Holanda,  Cobra  de  Vidro 
(São  Paulo  1944)  95.  Entre  os  portugueses  do  Paraguai,  chegados  a 
S.  Vicente  em  1552,  deve  incluir-se  António  Rodrigues  (carta  65  §  15). 

2  Asunción. 


EXPANSÃO    DOS   JESUÍTAS    NO    BRASIL   (SÉCULO  XVI) 

Da  «História  da  Companhia  de  Jesus  no  Brasil»  i  [1938]  512  513 


46.  -  S.  VICENTE  29  JUNHO  DE  1552 


337 


las  cartas  3.  Los  quales  me  contaron  la  gran  perdición  de 
las  ánimas  que  alá  ay,  e  juntamente  me  dixeron  mil  bienes 
de  aquellos  gentiles  adonde  están,  que  son  los  Carijós,  y  la 
disposición  que  tienen  para  ser  buenos  christianos. 

2.    Esto  me  truxo  grandes  deseos  de  ir  allá,  y  quase  me  i° 
detremyné  de  lo  hazer,  todavia  deseando  en  esto  accertar 
y  hazer  lo  que  Dios  fuesse  más  servido,  como  continua- 
mente le  pido  en  mys  orationes,  así  también  esto  parti- 
cularmente le  encommendé  y  hize  encommendar  a  los 
Hermanos,  para  que  en  todo  lo  que  hiziesse  se  compliesse  15 
su  sanctíssima  voluntad.  Y  lo  que  a  ellos  les  parece  es  que 
yo  devia  de  ir.  Yo  también  asy  lo  siento,  aunque  quedo 
confuso  quando  pienso  que  no  sé  se  será  esta  la  voluntad  de 
V.a  R.a,  la  qual  creo  será  la  de  Dios.  Y  aunque  de  otra  parte 
pienso  que  se  V.  R.a  aquy  estuviera  y  oyera  las  cosas  que  2<> 
yo  oyo,  que  aunque  su  mala  disposición  corporal  lo  impi- 
diera,  la  charidad  le  forçara  a  poner  en  execución  lo  que 
yo  no  oso  detreminarme  dei  todo;  porque  me  dizen  que  ay 
allí  diez  sacerdotes,  y  destos  solos  dos  o  tres  no  tienen  siete, 
ocho  hijos,  como  los  otros  tienen;  y  éstos  todavia  tienen  cin-  25 
quo  o  seis  indias  dentro  de  su  casa,  las  quales  los  sirven 
dando  mucha  mala  sospecha  de  mala  vida;  y  alguno  ay 
dellos  que  no  celebra  a  ya  diez  anos,  y  otro  a  3  ó  4,  y  aos 
otros  más  les  valdría  no  celebrar. 

Ay  allí,  según  dizen,  sietecientos  o  ochocientos  hombres  30 
y  todos  repartidos  em  cinquo  bandos  contrários,  y  quada 
uno  tiene  a  lo  menos  dez  indias  y  algunos  hasta  sessenta  o 
setenta.  Ay  quyen  tiene  madre  y  hija,  y  de  ambas  hijos; 
y  otros  que  tienem  dos  hermanas  y  tias  y  sobrinas,  y  de 
la  misma  manera  que  tienen  de  unas  y  de  otras  hyyos;  y  35 
muchos  o  quasi  todos  tienen  muchas  parientas  como  pri- 
mas hermanas,  y  en  otros  grados  de  affinidad.  Y  állase 
que  éstos  todos,  entre  hijos  y  hijas,  son  quatro  mil,  y 


11    accertar  corr.  ex  acceptar  ||  24    dos  corr.  ex  dios 


3  Perdidas.  Cf.  44a-c. 
aa 


358 


P.  LEONARDO  NUNES  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


todos  de  quatorze  a  quinze  anos  para  baxo.  Todos  éstos, 
4o  según  sus  peccados,  parecen  que  no  tienen  sino  el  nombre 
de  christianos :  y  si  ouviesse  de  contar  a  V.  R.a  los  grandís- 
simos excessos  que  tienem  en  sus  vicios,  numqua  acabaria. 

Y  lo  que  yo  siento  también,  por  la  mucha  información 
tjue  tengo  de  allá,  es  que  según  la  opinión  que  ellos 
45  tienen  de  la  Corapafiía,  por  lo  que  de  nosotros  oyen  dizir, 
en  muy  poco  tiempo  se  acabara  entre  ellos  mucho  con 
la  ayuda  de  nuestro  Senor.  Y  ayudará  en  esto  que  están 
ya  esperando  que  los  ha  de  ir  a  socorrer  alguno  de  la 
Companía,  y  con  les  dizir  un  hombre  que  daquy  fué  4  lo 
5o  que  nosotros  hazeraos,  quedaron  muy  confusos;  y  con  les 
dizir  que  yo  avia  de  ir  allá,  andavan  ya  todos,  así  sacer- 
dotes como  los  otros,  despediéndose  de  sus  vicios,  para 
que  quando  fuesse  no  nos  hallasse  embueltos  en  tantos 
peccados. 

55  El  tiempo  que  allá  podré  estar,  querendo  nuestro  Senor, 
serán  dos  meses,  y  en  la  yda  se  gastará  un  mes  o,  a  lo 
mucho,  mes  y  médio;  y  la  venida,  por  ser  por  rios  arriba  5, 
será  en  tres  meses,  de  manera  que  por  todos  serán  hasta 
7  meses.  Y  por  tan  [88v]  poco  tiempo  no  me  parece  bien 

6o  dexar  de  acudir  a  tanta  perdición  de  ánimas,  aunque  tan 
grande  empresa  como  esta  más  pertence  a  otro,  que  fuesse 
más  siervo  de  Dios,  que  no  a  my.  Mas,  todavia,  si  asy 
nuestro  Senor  me  lo  diere  a  sentir,  y  los  Hermanos  y  la 
gente  virtuosa  y  de  respecto  desta  Capitanya  me  lo  acon- 

°5  seyaren,  detremino  de  ir,  y  será  presto  con  ayuda  de  nues- 
tro Senor,  por  me  parecer  que  esta  será  la  voluntad  de 
Dios  y  de  V.a  R.a 

3.    Hasta  ora  hablé  de  my  vyda.   Deseando  escrevir  a 
V.  R.a  grandes  minas  de  ánimas  que  nuestro  Senor  tiene  dis- 

7°  cubiertas,  muy  apareyadas  para  se  compryr  su  sanctíssima 


39  éstos]  éstes  ms.  [j  49  les  corr.  tx  nos  ||  56  a  lo]  a  la  tns.  ||  59  tan  corr.  ex  tanto 


4  O  homem  que  foi  de  São  Vicente  ao  Paraguai:  talvez  se  trate 
de  Diogo  Dias  (cf.  nota  i). 

5  Vias  fluviais  do  Anhembi  (Tietê)  e  Paraná ;  cf.  nota  X. 


46.  -  S.  VICENTE  29  DE  JUNHO  DE  1552 


339 


fe  en  ellas,  aún  por  carta  no  podré  dizirle  todo  lo  que  see. 

Y  es  que  los  Castellanos  que  vinieron  dei  Paragay,  antes 
que  yo  les  preguntasse  nada,  andavan  por  estas  poblaciones 
diziendo  cosas  de  aquella  gentilidad  de  los  Caryyós  que 
eran  mucho  para  espantar  y  alabar  a  N.  Senor.  Yo  después  75 
suppe  de  personas  de  mucho  crédito  lo  mismo.  Y  espantarse 

a  V.  R.a  cómo  oyendo  esto  no  me  parti  luego  con  todos  los 
Hermanos  a  yr  a  doctrinar  aquella  gente  tan  sedienta  y 
despuesta  para  recebir  nuestra  sancta  ífe:  porque  certifíico 
a  V.  R.  que  si  gran  espanto  y  fervor  en  my  causa[n]  las  cosas  80 
que  nuestro  Senor  por  los  de  la  Compafiía  obra  en  las  índias, 
Ormuz,  Japón  6,  etc,  causa  lo  que  [o]yo  dezir  destos  gentiles 
Carijós,  de  lo  qual  escreviré  algo  a  V.  R.a 

Primeyramente  son  ya  baptizados  cerca  de  viente  mil, 
y  los  christianos  vivem  castamente,  ny  tienem  más  que  una  85 
moger.    Gardan  muy  bien  todos  los  domingos  y  dias  de 
íiesta;  vienen  de  ocho  y  diez  leguoas  quada  domingo  a  la 
missa  y  a  la  doctrina  Christiana  que  un  Padre  deles  haze. 

Y  quada  Aldeã  tiene  una  cruz,  y  luego  de  manhana  se 
llevanta  el  Principal  y  ayunta  toda  la  gente  quada  uno  en  9° 
su  Aldeã,  y  el  que  meyor  sabe  las  oraciones  las  ensefia  a 
los  otros  y  acabado  esto  quada  uno  adora  la  cruz,  y  vase 
ocupar  en  sus  trabayos.  Si  acaesce  passar  por  las  Aldeãs 
algún  Padre  que  sepan  que  lleva  cruz,  irán  una  légua  y  dos 
tras  él  para  que  se  la  dexe  besar ;  y  si  algún  christiano  va  por  95 
Aldeã  donde  no  ay  cruz,  danle  quanto  tienen  por  que  les  haga 
alguna.  Al  deredor  de  la  población  viente  y  trienta  legoas 

no  ay  hombre  que  coma  carne  humana,  ny  mate  esclavo. 
Muchas  vezes  vienen  muchos  Índios  con  grandes  presentes 
de  venados  y  galinas,  peces,  cera  y  mel  a  los  sacerdotes  a  100 
pedirles  que  los  baptizen  y  les  hagan  saber  la  doctrina  Chris- 
tiana, y  les  ensefien  las  buenas  costumbres  de  los  christia- 
nos. Y  se  algún  passa  por  las  Aldeãs  es  muy  importunado 


103    Prius  algunos 


6  À  índia  Oriental  tinham  chegado  em  1542;  a  Ormuz  e  Japão 
em  1549. 


340 


P.  LEONARDO  NUNES  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


dellos  haste  que  les  ensene  las  oraciones,  y  muchoslos  per- 
i°5  siguen  que  los  hagan  christianos  y  les  digan  algunas  cosas 
de  Dios.  Y  sy  acaesce  ir  un  sacerdote  por  antrellos,  la 
tierra  toda  se  move  con  él,  y  le  van  siempre  haziendo  el 
camino,  y  se  quisiesse  que  lo  llevassen  a  cuestas,  lo  lleva- 
rían. 

ii°  Todas  estas  cosas  y  otras  que  no  escrivo  por  el  porta- 
dor estar  de  prissa,  yo  las  tengo  por  muy  ciertas  porque 
me  enforme  de  todos  estos  hombres  que  de  allá  vinieron, 
y  todos  acerca  desto  me  hablan  de  una  mesma  manera. 
Y  cierto  que,  aunque  hallá  no  pudiera  hazer  el  fructo  que 

"5  espero,  todavia  me  pareceria  conveniente  ir  a  ver  aquella 
gente  [8gr]  para  traer  a  V.  R.a  nuevas  ciertas  de  lo  que 
desea  que  sepamos:  scilicet,  en  quál  tierra  destos  gentiles 
se  podrá  obrar  más  por  nuestro  médio  en  la  conversión 
dellos.  Y  cierto,  quanto  a  lo  de  fuera,  que  parece  ser  estes 

120  Carijós;  porque  siendo,  como  V.  R.a  sabe,  estos  gentiles 
desta  Capitania  buenos,  todos  estos  hombres  que  vienem 
de  los  otros  dizen  ser  éstos  perversos  y  maios  en  respecto 
de  los  otros,  los  quales  son  mansos.  De  manera  que  anda 
un  christiano  cien  léguas  entre  ellos  apartado  de  los  chris- 

125  tianos,  y  si  algún  indio  no  le  haze  su  voluntad  lo  mata,  sin 
aver  quien  le  ose  contradizirle,  ny  levantar  los  oyos  para 
lo  christiano,  sólo  porque  es  christiano,  lo  que  no  tienen 
éstos  de  aquy.  No  beben  vino  hasta  emborracharse  como 
éstos,  antes  una  Aldeã  bebe  un  solo  cântaro  o  dos  de  vino, 

I3°  esto  raramente,  lo  que  es  gran  cosa,  porque  el  mucho 
bever  destes  es  cousa  de  muchos  males,  como  ya  V.  R.a 
terná  experimentado.  Tienen  también  otras  buenas  partes 
para  hazerse  en  ellos  notable  fructo,  que  éstos  no  tienen. 
4.    Ya  tengo  detreminado  de  ir  allá,  y  aora  me  dixo  un 

135  hombre  que  vino  de  allá,  que  un  mancebo  muy  virtuoso, 
que  sabe  muy  bien  la  lengua,  está  esperando  por  my  para 
dexar  el  mundo  y  ser  my  companero,  lo  que  será  gran 
ayuda  para  los  gentiles,  porque  su  lengua  es  muy  differente 


104  muchos  post  corr.  \\  106  sy  corr.  tx  asy  |j  124  Prius  apartados  ||  134  allá  dil. 
que  un 


46.- S.  VICENTE  29  DE  JUNHO  DE  1552 


341 


de  la  destos  7.    Aquá  dexo  todo  el  collegio  ordenado,  y 
quedan  algunos  Hermanos  en  algunas  Aldeãs  aqui  en  14° 
deredor  para  les  ensenar  la  doctrina,  y  otros  embío  a  una 
Aldeã  8  que  a  mucho  que  me  piden  que  los  embíe  a  ense- 
nar y  hazer  christianos.  Mi  partida,  si  nuestro  Senor  fuere 
servido  de  yo  ir,  será  el  primer  dia  de  Agosto,  y  he  de  lle- 
var  vino,  porque  avrá  doze  o  treze  anos  que  no  llevaran  *45 
vino  aquella  gente.  Y  un  poco  que  gardaran  en  una  botiya, 
les  duro  hasta  aora,  estando  miraculosamente  sin  nunqua 
se  danar,  y  no  hechavan  más  vino  en  el  cálix  de  quanto 
cupiera  en  una  cáscara  de  avelhana,  y  aún  no  tanto.  Creo 
que  será  gran  servicio  de  Dios  llevarles  vino  para  poder  J5° 
dizer  missa:  mas  yo  no  lo  tengo  de  dar  a  nadie  hasta  de 
todo  ser  apartado[s]  de  sus  Índias,  e  ser  emmendados  de 
sus  malas  vidas. 

5.    Díxome  un  hombre  que  de  allá  vino  que  una  de  las 
cosas  en  que  más  consolava  los  Carijós,  era  con  les  dizir  155 
que  vinía  a  buscarme.  Y  allá  me  llaman  «Bareachú»  9,  que 


148    de  corr.  ex  que 


7  A  língua  dos  Carijós  (Guaranis)  não  é  muito  diferente  da  língua 
brasílica  (tupi).  Ou  a  informação  não  foi  bem  dada  ao  P.  Leonardo 
Nunes  ou  o  confronto  não  é  entre  Carijós  e  Tupis. 

8  Estas  Aldeias  dos  arredores  de  São  Vicente  incluem  sem  dúvida 
Itanhaém.  Mas  trata-se  da  hipótese  da  ida  ao  Paraguai :  Nunes  deixa- 
ria alguns  Irmãos  no  Colégio,  outros  nas  Aldeias.  E  parece  que  não  se 
pode  excluir  a  hipótese  de  ser  esta  Aldeia  já  no  Campo,  pois  educando-se 
os  filhos  no  Colégio  de  São  Vicente,  compreende-se  que  os  pais  tam- 
bém pedissem  catequistas.  Não  indo  Leonardo  Nunes  ao  Paraguai,  a 
chegada  de  Nóbrega,  daí  a  meio  ano,  modificaria  estes  projectos, 
fazendo  no  Campo,  não  apenas  uma  Aldeia  de  catequese,  mas,  jun- 
tando-se  três  numa,  a  transformou  em  centro  da  actividade  da  Compa- 
nhia, e  transferiu  para  ela  o  Colégio  (Piratininga). 

9  «Bareachu».  O  e  intermédio  está  escrito  nesta  palavra  de  forma 
que  parece  c\  e  no  ms.  pode-se  ler  «Barcacliu»  ou  «Barcaclui».  Polanco 
leu  «Barcacum»  (Chronicon  m  460)  e  Simão  de  Vasconcelos  «Barca- 
clué» ;  e  este  último  aplicou  o  epíteto  a  Nóbrega  (Chronica  liv.  1  §  131). 
A  palavra  «Barcaclué»  originou  discussão,  que  se  colocou  no  fim  das 
Cartas  do  Brasil  (ed.  de  1931)  247-249.    E  talvez  por  influxo  desta 


342 


P.  LEONARDO  NUNES  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


quiere  dizir  Padre  sancto  verdadero;  e  que  para  poder  vinir 
seguro  por  entre  estos  gentiles  de  aquá  dizia  que  era  my 
hyjo,  y  que  yo  lo  embiara  a  llamar,  y  que  por  eso  lo  ayuda- 

160  van  y  le  hazían  honrra,  de  manera  que  por  la  voluntad  de 
Dios  tienen  todos  estes  gentiles  mucho  crédito  y  amor  a 
los  de  la  Compafiía,  teniendo  ya  alguno  conocimiento  dei- 
los  como  de  meyor  gente,  aunque  en  my  se  engafían. 

6.    Ha  nuestro  Sefior  acá  mirablemente  movido  un  hom- 

165  bre  casado  10  y  su  moger,  los  quales,  siendo  mys  devotos, 
con  muchas  lágrimas  y  Consolación  spiritual  hizieron  voto 
de  castidad,  y  él  de  entrar  en  nuestra  Compafiía  sy  le  reci- 
biessen;  y  si  esto  no  alcançasse  está  determinado  así  él 
como  ella  de  servir  en  hospitales  a  los  enfermos,  y  viviendo 

17°  de  limosnas;  y  ambos  son  nobles.  Dios  sea  alabado  por 
todo.  Encommiendome  en  bendición  y  oraciones  de  V.  Reve- 
rencia. 

Deste  San  Vicente,  oy  vente  y  nueve  de  Junio  1552. 

CARTAS  PERDIDAS 

46a-c.  Dos  moradores  das  Capitanias  do  Brasil  ao  P.  Manuel  da 
Nóbrega,  Baia  (Primeira  metade  de  1552).  «E  tãobem  os  outros  colle- 
gios  das  Capitanias  querem  fazer  os  moradores,  e  escrevem-me  cartas 
sobre  isso»,  diz  Nóbrega,  infra,  carta  47  §  6. 


168    está  dtl.  èl  ||  173    1553  alia  manu  corr.  sup.  1553 


discussão  ainda  lemos  em  1940  «Barcacliu».  Mas  estudando  o  ms.  veri- 
fica-se  que  o  final  pode-se  também  ler  «achú».  E  com  isto  tudo  se 
esclarece:  «Bareachú».  «Baré»  ou  «Abaré»,  «homem  santo  verdadeiro» 
[«Abade  santo  verdadeiro»,  carta  59  §  5];  «achú»  ou  açú,  grande.  Ou 
seja:  Abaré=  homem  santo=  que  trata  com  coisas  santas=  sacerdote: 
açú=  grande=  Superior.  Em  1552  Leonardo  Nunes  era  de  facto,  em 
S.  Vicente,  o  único  sacerdote  Jesuíta  e  era  o  Superior  dos  desta  Capi- 
tania. Portanto  Bareachú=  Padre  Superior.  Convém  saber  que,  com 
a  palavra  «Abareaçú»,  que  se  generalizou  a  qualquer  Padre  Superior,, 
coexistia  a  expressão  «Pai  Guaçú».  Leite  viu  416. 
10    Lufs  de  Góis  (carta  58  §  12). 


47.  -  BAÍA  PRINCÍPIOS  DE  JULHO  DE  1552 


343 


47 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
A  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 

[baía  princípios  de  julho  de  1552] 

I.  Bibliografia:  Sommervogel  V  1782  n.  11;  Streit  ii  337  n.  1227; 
Leite  ix  8  n.  14. 

II.   Autores  :  Leite  11  517  ;  Breve  Itinerário  73-74. 

III.  Texto:  Único.  Biblioteca  de  Évora,  CXVI/1-33,  ff.  ig2r-i95v. 
Título:  «Outra  do  mesmo  Padre  [Nóbrega]  a  El  Rei  Dom  João».  Apó- 
grafo  em  português. 

IV.  Impressão :  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasi- 
leiro, xliii,  i.a  P.  (1880)  96-100;  Vale  Cabral  (1886)  98-100;  (1931) 
133-136;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  112-117. 

V.  Data:  O  Bispo  chegou  à  Baía  a  22  de  Junho  de  1552  e  não  se 
tinha  passado  um  mês  que  já  se  manifestava  contra  a  catequese.  Desta 
manifestação  ainda  não  transparece  nada  nesta  carta,  que  deve  ter  sido 
enviada  com  a  seguinte  de  10  de  Julho  de  1552. 

VI   Edição:  Reimprime-se  o  texto  eborense. 

Textus 

/.  Adventus  Episcopi  Bahiam.  —  2.  E  Portugália  in  Brasiliam 
mittendae  sunt  orphanae  aliaeque  foeminae.  —  3.  Multi  etiam  homines 
mittendi  ad  labores  non  autem  ad  officia  publica.  —  4.  Episcopo  vel 
eius  Capitulo  conferendum  est  aliquod  beneficium  ecclesiasticum  in  Por- 
tugália. —  5.  Gubernator  Thoma  de  Sousa  bónus  est,  sed  timet  Nóbrega 
ne  veniat  alius  non  aeque  bónus.  —  6.  Ingredi  vult  interiora  terrarum 
sed  antea  fundandae  sunt  domus  in  praefecturis.  —  7.  Brasília  in  dies 
crescit  rebus  temporalibus  et  spiritualibus  et  lndi  in  unum  pagum  con- 
venire  incipiunt.  —  8.  Ut  amplius  progrediatur  Brasília,  e  Portugália 
muitos  habitatores  venire  oportet.  —  9.  Spem  habet  in  laboribus  Episcopi* 
—  10.   Et  Regem  rogat  ut  Brasiliae  faveat. 


344         p.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


Jesus 

Nosso  Senhor  Jesu  Christo  dê  muita  graça  e  consola- 
ção a  Vossa  Alteza  sempre.  Amen. 

1.  De  Pernambuco  escrevi 1  a  V.  A.  mais  largo  do  que 
5  agora  farei,  porque  de  llá  não  avia  tantos  que  informacem 

da  terra  a  V.  A.  como  á  de  quá.  Ho  Bispo  2  nos  trouxe 
Nosso  Senhor  tão  desejado  de  todos,  posto  que  com  mui- 
tos trabalhos  e  prolixa  viagem,  hapesar  do  principe  das 
escoridades  que  bem  quizera  estorvar  sua  vinda,  pois  com 
io  ella  eiicientur  foras 3,  e  daram  muitas  almas  gloria  ao 
Senhor. 

2.  Já  que  escrevi  a  V.  A.  ha  falta  que  nesta  terra  há 
de  molheres  com  que  os  homens  casem  e  vivão  em  ser- 
viço de  N.  Senhor  apartados  dos  peccados  em  que  agora 

*5  vivem,  mande  V.  A.  muitas  orfãas  4  e,  se  não  ouver  mui- 
tas, venhão  de  mestura  delias,  e  quaisquer,  porque  são  tão 
desejadas  as  molheres  branquas  quá,  que  quaisquer  farão 
quá  muito  bem  à  terra,  e  ellas  se  ganharão  e  os  homens 
de  quá  apartar-se-ão  do  pecado. 

ao  3.  Esta  terra  hé  tão  pobre  ainda  agora,  que  dará  muito 
desgosto  aos  oficiaes  de  V.  A.,  que  lá  tem,  com  verem 
muito  gasto  e  pouquo  proveito  ir  de  quá,  maiormente 
hàqueles  que  desejão  mais  irem  de  quá  muitos  navios 
carregados  de  ouro,  que  pera  o  ceo  muitas  almas  pera 

25  Christo,  se  se  não  remedear  em  parte  com  V.  A.  mandar 
moradores  que  rompão  e  queirão  bem  à  terra,  e  con  tirar 
officiaes,  tantos  e  de  tantos  ordenados;  os  quais  não  querem 
mais  que  acabar  seu  tempo  e  ganhar  seus  ordenados,  e 


2   graça  sup.  \\  19   do  prius  dos 


1  Escreveu  a  14  de  Setembro  de  1551 ;  mas  diz  nela  (§  1)  que  já 
tinha  escrito  outra  de  Pernambaco,  e  esta  não  se  conhece. 

2  D.  Pedro  Fernandes. 

3  Cf.  Ioan.  12,  31. 

4  Carta  de  14  de  Setembro  de  1551  §  10. 


47. -BAÍA  PRINCÍPIOS  DE  JULHO  DE  1552 


545 


terem  alguma  auzão  5  de  irem  importunar  a  V.  A.  E  como 
este  hé  seu  fim  principal,  não  querem  bem  à  terra,  pois  3o 
tem  sua  afeição  em  Portugal,  nem  trabalhão  tanto  pella 
favorecer  como  por  se  aproveitarem  de  qualquer  maneira 
que  poderem.  Isto  hé  o  geral,  posto  que  antre  elles  averá 
alguns  fora  desta  regra. 

4.  Acresenta[m]-se  agora  gastos  de  Bispo  e  Cabido,  o  35 
que  a  terra  neste  principio  [192V]  não  poderá  sustentar, 
juntamente  com  os  officiais.   Abastava  quá  hum  governa- 
dor com  hum  ouvidor  geral  sem  asinaturas  pera  não  aver 
muitas  demandas,  e  pouquo  mais,  pera  tudo  ho  que  ao 
presente  na  terra  há  por  fazer,  porque  não  sei  que  parece  4° 
aver  officiais  de  dozentos  mil  reis,  com  fazerem  pouquo 
mais  de  nada,  dos  dizimos  da  Igreja,  e  os  Padres  morre- 
rem de  fome  com  rezarem  todo  o  dia.    Ho  mais  do  que 
aproveitarão  até  agora  foi  de  representarem  gente,  elles  e 
seus  criados,  ho  qual  bem  se  escuzará  se  vi[e]rem  mora-  45 
dores.    Algumas  vezes  cuido  quão  bem  empregada  seria, 
antretanto  que  a  terra  [não]  ajuda  mais,  dar  V.  A.  huma 
igreja 6  ao  Bispo  e  Cabido,  do  Mestrado  de  Christo  ou 
Santiago,  pois  hé  tanto  pera  serviço  do  mesmo  Christo. 

5.  Temos  por  nova  que  manda  V.  A.  ir  pera  ho  anno  5o 
ha  Thomé  de  Sousa.  Obriga-me  Nosso  Senhor  a  dizer  ho 
muito  que  temo  vir  outro  que  destrua  isso  pouquo  que 
está  feito,  e  que  favoreça  mais  os  peccados  [e]  vicios  que 
este,  e  que  queira  hir  aproveitado  à  custa  da  terra.  Sei 
que  folgara  muito  de  viver  nesta  terra  se  quá  tivesse  sua  55 
molher,  ainda  que  não  fosse  governador,  se  huma  filha  7 
que  tem  a  tivesse  casada.  Isto  tudo  não  sei  como  possa 
ser;  os  meus  desejos  em  Nosso  Senhor  são  que  ou  elle  se 


3t    pella]  pelo  ms.  ||  47    ajuda  bis 


5  Auzão  por  ouzão  [ousão]. 

6  De  acordo  com  as  leis  do  Padroado  Real.  Leite  vii  285. 

7  D.  Helena  de  Sousa,  que  veio  a  casar-se  pouco  depois,  antes 
de  27  de  Julho  de  1554,  com  D.  Diogo  Lopes  de  Lima  (História  da 
Colonização  Portuguesa  do  Brasil  III  331). 


346         p.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


não  vaa,  ou  façam  lá  outro  por  elle,  porque  o  maior  mal 

6o  que  lhe  achamos  hé  ser  mais  amigo  da  fazenda,  hum  pouco, 
de  V.  A.,  do  que  deve.  Ao  menos  alembro  a  V.  A.  que 
não  mande  a  esta  terra  governador  solteiro,  nem  mancebo, 
se  ha  não  quer  ver  de  todo  destruida,  e  grande  bem  seria 
se  fosse  casado  e  viesse  com  sua  molher. 

65  6.  Pera  daremos  principio  e  fundamento  a  estas  casas 
das  Capitanias  que  comessamos  a  ffundar,  não  somos  já 
idos  a  descobrir  ha  terra,  segundo  as  novas  que  temos, 
posto  que  com  todos  meus  Irmãos  muito  ho  desejamos  já, 
e  certo  que  o  espirito  do  Senhor  nos  compele  e  força  já 

7°  muito.  Mande  V.  A.  muitos  da  Companhia  que  sostentem 
este  pouquo  que  está  ganhado,  pera  que  nós  possamos  ir 
buscar  tisouro  d'almas  pera  N.  Senhor,  e  descobrir  pro- 
veito pera  este  Reino  e  Rei,  que  tam  bem  o  sabe  gastar 
em  serviço  e  gloria  do  Rei  dos  reis  e  Senhor  dos  senhores. 

75  7.  [i93r]  As  mais  novas  da  terra  averá  muitos  que  as 
dirão  a  V.  A.  Ho  que  me  a  mi  ocorre  pera  dizer  hé  que 
vai  tudo  en  crecimento,  assi  no  espiritual  como  no  tem- 
poral. Alguns  se  fazem  christãos  despois  de  muito  pro- 
vados, e  vai-sse  pondo  em  custume  de,  ou  serem  boons 

8o  christãos,  ou  apartarem-se  de  todo  da  nossa  converçasâo. 
E  os  que  se  agora  bautizâo  os  apartamos  em  huma  Aldeã, 
onde  estão  os  christãos,  e  tem  huma  igreja  e  casa  nossa, 
onde  os  emsinâo,  porque  não  nos  parece  bem  bautizar  mui- 
tos em  multidão,  porque  a  esperientia  ensina  que  poucos 

85  vem  a  lume,  e  hé  maior  condenação  sua  e  pouca  reverentia 
do  sacramento  do  bautismo. 

8.  Ho  temporal  tâobem  vai  en  cresimento  posto  que 
devagar,  porque  V.  A.  não  manda  moradores  que  aprovei- 
tem à  terra.   Pera  mim  tenho  por  averiguado  que,  se  vie- 

9o  rem  moradores,  que  este  gentio  se  senhoreará  facilmente, 
e  serão  todos  christãos  se,  vindo  elles,  se  defender  resgatar 
com  os  gentios,  permitindo-se  somente  resgatar  com  os 
christãos  e  cathecuminos  que  viverem  apartados  dos  outros, 
debaixo  da  obedientia  de  hum  pai  que  os  reja,  e  de  hum 


60   achamos  corr.  ex  chamamos  ||  94   reja  corr.  ex  rega 


47.  -  BAÍA  PRINCÍPIOS  DE  JULHO  DE  1552 


547 


Padre  nosso  que  os  doutrine:  e  desta  opinião  acho  quá  a  95 
todos  os  que  da  terra  mais  sabem,  porque  gente  que  não 
tem  Deus  por  quem  morrão  8  e  tem  tanta  necessidade  do 
resgate  9,  sem  o  qual  não  terão  vida,  ainda  que  muito  a  seu 
salvo  nos  podessem  botar  da  terra  não  lhes  comvinha,  e 
se  os  obrigarem  a  serem  christãos  pera  poderem  resgatar,  i°° 
facilmente  o  íarão,  e  já  agora  o  farião  se  lho  defendessem. 
E  porem  a  necessidade  que  ternos  delles  e  de  seu  serviço 
e  mantimentos  ho  nam  permite,  e  se  vierem  moradores 
que  rompão  a  terra,  escusar-se  há  o  trato  com  elles  e  ha 
terra  de  todo  se  asegurará.  io5 

9.  Ha  terra  recebe  muito  bem  ao  Bispo  e  já  se  comessa 
de  ver  a  olho  ho  fructo,  o  qual  esperamos  que  cada  ves 
mais  irá  en  cresimento,  porque  da  primeira  pregação  que 
fez  já  cada  hum  começa  a  cobrir  e  dar  ropas  a  seus  escra- 
vos e  vem  vestidos  à  igreja.  O  que  fas  ha  authoridade  e 
magestade  [193V]  de  hum  Bispo!  Espero  no  Senhor  que 
com  sua  vinda  e  doctrina  se  faça  nesta  terra  hum  boom 
povo  christão. 

10.  Favoreça  V.  A.  de  lá  e  não  abastem  friezas  e  des- 
gostos de  estorvadores  ha  estorvarem  ho  sancto  zelo  e  "5 
preposito  de  aumentar  a  ffee  chatolica,  que  Deus  N.  S.  tem 
dado  a  V.  A. 

CARTAS  PERDIDAS 

47a-c.  Cartas  de  Tomé  de  Sousa  a  Padres  de  Portugal[?]  (Bala 
antes  de  10  de  Julho  de  1552).  «E  veja-se  o  espirito  de  suas  cartas», 
escreve  Nóbrega  a  Simão  Rodrigues,  10  de  Julho  de  1552  §  10.  Cf. 
Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  83*  n.  26. 


95    a  interp. 


8  «Gente  que  não  tem  Deus  por  quem  morrão»,  cf.  carta  de  ro  de 
Março  de  1553  §  5  ;  Diálogo  sobre  a  Conversão  do  Gentio  74  95-96;  Car- 
tas de  Nóbrega  (1955)  220  221  242-243. 

9  Resgate,  trato  de  compra  e  venda,  negócio  ;  e  os  próprios  objec- 
tos, em  particular  os  de  ferro,  anzóis  e  facas.  Cf.  infra,  carta  de  Nóbrega, 
de  15  de  Junho  de  1553  §  20. 


348 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


48 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

BAÍA  10  DE  JULHO  DE  1552 

[.  Bibliografia  :  Sommervogel  V  1782  n.  10 ;  Streit  11  336  n.  1222; 
Leite  x  7  n.  12. 

II.  Autores :  Cândido  Mendes  de  Almeida,  Notas  para  a  história 
pátria,  in  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasileiro,  xl, 
2.a  P.  (1877)  365-369 ;  Leite  i  174 ;  11  517  ;  ix  419 ;  Breve  Itinerário  74 
145 ;  Mariz  103  ;  Nemésio  255-260. 

III.  Texto  :  Original  português  perdido. 

1.  Biblioteca  de  Évora,  CXVI/1-33,  ff.  189V-191V.  Título:  «Outra 
carta  do  mesmo  Padre  [Nóbrega]  para  o  Provincial  de  Portugal».  Apó- 
grafo  em  português.  Incompleto.  Falta  o  final  da  carta  [§§  13-15]. 

2.  ARSI,  Bras.  3-1,  ff.  47r-48v  [antes  291T-292V].  Título  :  «52.  Copia 
de  algunos  capítulos  de  la  carta  dei  Brasil  X  Julio».  Tradução  espa- 
nhola. Incompleta.  Falta  o  começo  da  carta  [§  1],  e  os  §§  9-10 ;  e  resume 
aqui  e  além. 

5.  Bras.  3-1,  f.  49r-49v  [antes  276r-276v].  Titulo  :  «Cavato  de  una 
littera  dei  P.  Nobrea,  de  Baia  nel  Brasil  10  de  luglio  1552».  Tradução 
italiana  feita  pela  espanhola  e  mais  resumida. 

IV.  Impressão  :  Novi  Avisi  di  piu  lochi  de  l'Indie  et  massime  de  Bra- 
sil (Roma  1553),  sem  paginação  [carta  n.  3] ;  Diversi  Avisi  Particolart 
daWIndie  di  Portogallo  (Veneza  1559)  ff.  149V-150V ;  ib.  (Veneza  1565) 
ff.  149V-150V ;  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasileiro  xliii, 
i.a  P.  (Rio  de  Janeiro  1880)  100-104 ;  Vale  Cabral  (1886)  94-97  ;  (1931) 
128-132;  Leite,  Novas  Cartas  Jesuíticas  —  de  Nóbrega  a  Vieira  (São  Paulo 
1940)  23-28;  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  118-128. 

V.  História  da  Impressão:  Novi  e  Diversi  Avisi  imprimem  a  tra- 
dução italiana  resumida  (5);  Revista  e  Cartas  o  apógrafo  português, 
incompleto  (1);  Novas  Cartas  a  retroversão  portuguesa  da  tradução 
espanhola  (2) ;  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  o  texto  completo  (por  1  e  2). 

VI.  Destinatário :  O  texto  1  dá  a  carta  dirigida  ao  Provincial  de 
Portugal.  Nóbrega  ignorava  que  o  P.  Simão  Rodrigues  já  não  tivesse 
o  cargo  quando  escrevia.  Mas  toda  a  carta  é  dirigida  a  ele;  e  falando 
de  todos  os  Padres  e  Irmãos  que  Simão  Rodrigues  lhe  confiara:  cPater, 
<juos  dedisti  mihi  non  perdidi  ex  eis  quenquam»  (§  9). 


48.  -  BAÍA  10  DE  JULHO  DE  1552 


549 


VII.  Edição:  Reimprime-se  o  apógrafo  português  mais  completo  (1), 
e  a  seguir  a  parte  final  da  tradução  espanhola  (2) ;  e  assim  se  edita  na 
íntegra  toda  a  carta. 

Textus 

1.  Adventus  Episcopi.  —  2.  Qui  vult  ut  Patres  S.  1.  sint  visitato- 
res.  —  3.   De  Collegio  Puerorum  Iesu  et  de  eleemosynis  Patrutn.  — 

4.  Subsidiutn  regium.  —  5.  Servi  et  armentum.  —  6.  Collegia  fun- 
dando sunt  in  praefecturis.  —  7.  Progressus  collegii  bahiensis.  —  8.  De 
ministeriis  Patrutn  et  Fratrum  nominatim.  —  9.  Duos  pueros  Brasiliae 
in  Portugaliam  missurus  est  ut  operam  dent  studiis  et  sacerdotes  effi- 
ciantur.  —  10.  Gubernator  Thoma  de  Sousa  in  Brasília  libenter  retna- 
neret. —  11.    Nóbrega  cupit  interiora  terrarum  adire  sed  desuni  Patres 

5.  I.,  quos  a  Portugália  exspectat.  —  12.  Ecclesia  collegii  bahiensis  refi- 
cienda  est.  —  13.  In  Praefectura  S.  Vincentii  res  bene  se  habent  sed 
desuni  Patres.  —  14.  Subsidiutn  regium  omnibus  Brasiliae  Patribus  et 
Fratribus  extendi  oportet.  —  15.  Sese  parat  ad  visitationem  praejectu- 
rarum  et  iterum  petit  quamplures  Patres  ad  conversionem  gentium. 

1.  Huma  recebi  de  Francisco  Amriquez  1  escripta  por 
mandado  de  V.  R.  Alegrou-nos  muito  com  as  novas  que 
dos  Irmãos  soubemos. 

Bespora  da  bespora  de  São  João  2  achegou  ho  Bispo  3  a 
esta  Baya  con  toda  a  nao  e  gente  de  saúde,  posto  que  trou- 
xerão  proluxa  viagem,  e  quá  parecia  a  todos  que  não  viria, 
de  que  a  sidade  hera  muito  triste,  e  muito  nos  tememos 


1-18   Huma  —  Companhia  om.  Bras.  3-1  ||  2   novas]  mais  ms. 


1  Francisco  Henriques,  «moço  da  camará  dei  Rey»,  nasceu  em 
Lisboa  por  1520,  entrou  na  Companhia  em  Coimbra  a  10  de  Fevereiro 
de  1546.  Foi  procurador  de  Portugal  (1552).  Reitor  do  Colégio  de  S.  Antão 
(x557)!  de  novo  procurador  de  Portugal  (do  Brasil  e  da  índia),  secretário 
da  Província  de  1558  a  1564;  sócio  do  Provincial  1566,  prepósito  da  Casa 
Professa  de  S.  Roque  (1569-1571)  e  faleceu  na  mesma  Casa  (Lisboa) 
em  1590.  Havia  mais  três  Padres  do  mesmo  nome  e  no  mesmo  tempo, 
adverte  Schurhammer,  Epp.  Xav.  I  (1944)  99*.  Mas  é  este,  como  pro- 
curador, que  tem  relação  com  o  Brasil.  Cf.  Leite,  Cartas  de  Nóbrega 
(1955)  6l*-Ò2*. 

2  22  de  Junho. 

3  D.  Pedro  Fernandes. 


350 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


querer  N.  Senhor  castigar  os  peccados  desta  terra  com  não 
no-la  trazer.  Sed  tristitia  nostra  versa  est  in  gaudium,  com 

io  ha  trazer  com  tanto  trabalho,  que,  como  todos  dizem,  foi 
muito  obra  de  N.  Senhor.  Ho  Bispo  veo  pousar  comnosco, 
até  que  lhe  mercarão  humas  boas  casas  4  em  que  agora  está. 
Hé  muito  benino  e  zelozo,  e  amostra-se  nelle  bem  ter  amor 
e  sentir  as  cousas  da  Companhia.  Pregou  dia  de  S.  Pedro  e 

15  S.  Paulo  5  com  muita  edificação,  com  que  muito  ganhou  os 
coraçõis  de  suas  ovelhas.  Eu  trabalharei  sempre  por  lhe 
obedecer  em  tudo,  e  elle  [icjor]  não  mandará  cousa  que  per- 
judique  a  nosso  Instituto  e  bem  da  Companhia. 

2.    Ho  Bispo  detremina  occupar-nos  na  visitação  das 

20  Capitanias,  e  agora  neste  navio  emcarega  ao  P.e  Antonio 
Pirez,  que  está  em  Pernambuquo,  até  elle  hir,  visitar. 
E,  considerando  eu  a  obedientia  que  lhe  devo  ter,  e  não 
nos  occupar  mais  que  emquirir  e  amoestar,  e  não  julgar 
ninguém,  nem  tomar  conhecimento  de  causas,  e  ha  falta 

25  que  disso  há  de  homens,  e  asi  esta  primeira  vez  á-de  ser 
tudo  por  amor,  me  detremino  fazê-lo  por  me  parecer  muito 
serviço  de  Deus  N.  S.  Se  V.  R.  lhe  não  parecer  bem, 
escreva-lhe  que  nam  no-lo  mande,  porque  diz  que  V.  R. 
lhe  disse  que  nós  o  ajudaríamos  nisso. 

3°  3.  Este  Collegio  dos  Meninos  de  Jesu  vai  em  muito 
crecimento  e  fazem  muito  fructo,  porque  andão  pellas 
Aldeãs  com  pregaçõis  e  cantigas  de  Nosso  Senhor  polia 
lingoa  que  muito  alvoraça  a  todos,  do  que  largamente  se 
escreverá  por  outra  via  tí.  Ho  mantimento  e  vestiaria  7  que 

35  nos  El-Rei  dá  todo  lho  damos  a  elles,  e  nós  vivemos  de 


9  trazer  dcl.  con  tanto  trabalho  |]  32  que  lhe  devo  ter]  que  manda  que  le  tenga.  y 
dezyrme  que  con  vuestra  Reverencia  y  con  el  Rey  lo  platicó  Bras.  )-i  \\  04  causas] 
cousas  ms.     30-45    Este  —  merecemos  um.  Bras.  )-i  ||  33    do  sup. 


4  As  casas  do  Capitão-mor  da  armada,  Pero  de  Góis  (Calmon, 
História  da  fundação  da  Bahia  172). 

5  29  de  Junho. 

6  Cf.  infra,  carta  de  5  de  Agosto  de  1552. 

7  Cf.  supra,  pp.  211-212,  carta  de  D.  João  III  a  Tomé  de  Sousa, 
de  Almeirim,  1  de  Janeiro  de  J551. 


48.  -  BAÍA  10  DE  JULHO  DE  1552 


551 


esmolas  e  comemos  polias  casas  com  os  criados  desta  gente 
principal,  ho  que  fazemos  por  que  se  não  escandalizem  de 
fazeremos  roças  e  termos  escravos,  e  pera  saberem  que 
tudo  hé  dos  meninos. 

4.  Ho  Governador  8  ordenou  de  dar  a  dez  que  viemos  4° 
de  Portugal51  hum  crusado  em  ferro  cada  mes  pera  a  man- 
tença  de  cada  hum  e  sinquo  mil  e  seissentos  reis  pera  ves- 
tir cada  anno,  com  o  qual  nenhuma  roupa  se  poderá  fazer 
nesta  terra,  e  porem  eu  não  lhe  pus  grosa  porque  nem  ainda 
esse  merecemos.  45 

5.  Já  tenho  escripto  sobre  os  escravos  que  se  tomarão, 
dos  quais  hum  morreo  logo,  como  morrerão  outros  muitos 
que  vinhâo  já  doentes  do  mar.  Tãobem  tomei  doze  vaqui- 
nhas pera  criação  e  pera  os  meninos  terem  leite,  que  hé 
grande  mantimento.  En  toda  maneira  este  anno  tragâo  os  5° 
Padres  provisão  de  El-Rei  assi  dos  escravos  10  como  destas 
doze  vaquas  n,  porque  tenho  dado  fiador  pera  dentro  de 
hum  anno  [içjov]  as  pagar  a  El-Rei,  e  será  grande  fortuna 


8  Tomé  de  Sousa. 

9  Na  primeira  e  segunda  expedição  (1549-1550).   Cf.  Leite  i  560. 

10  Destes  três  escravos  um  morreu  em  breve  e  todos  já  tinham 
falecido  em  1557  (Leite  ii  347).  A  provisão  pedida  por  Nóbrega  não  a 
demorou  o  Conselho  Ultramarino  : 

«Em  Lixboa  a  xxb  d'Outubro  de  1552  passou  mandado  pera  Anto- 
nio Cardoso  de  Barros  per  que  ouve  S.  A.  por  bem  de  fazer  esmola  aos 
Padres  da  Companhia  de  Jhesu  que  residem  na  Cidade  do  Salvador  da 
Baya  de  Todolos  Santos,  de  tres  escravos  que  forão  de  San  Thomé  pera 
a  dita  Ilha,  e  que  diso  se  posese  verba  na  recepta  da  pesoa  sobre  que 
estavão  carreguadas»  [A  margem :]  «iij  escravos»  (AHU,  Conselho  Ultra- 
marino 112  [=  Registos  1],  f.  332V).  Cf.  Leite  i  34. 

11  A  provisão  das  12  vacas  é  de  17  de  Abril  de  1553,  do  mesmo 
Conselho  Ultramarino : 

«Em  Lixboa  a  xbij  dAbril  de  1553  passou  mandado  pera  o  prove- 
dor da  fazenda  nas  terás  do  Brasill  per  que  S.  A.  ouve  por  bem  de  fazer 
esmola  aos  Padres  da  Companhia  de  Jhesu  da  Cidade  do  Sallvador  de 
doze  vacas  que  lhe  fforão  emprestadas,  e  que  se  posese  verba  na  receyta 
da  pesoa  sobre  quem  estavão  carreguadas»  [À  margem:]  «xii  vacas» 
(AHU,  Conselho  Ultramarino  112  [=  Registos  l],  f.  332V).  Cf.  LEITE  I 
34  174 ;  Breve  Itinerário  66;  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  122. 


352 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  S1MA0  RODRIGUES 


se  deste  anno  passar.  Nas  vaquas  se  montarão  pouquo 
55  mais  de  trinta  mil  reis. 

6.  E  tãobem  os  outros  collegios  das  Capitanias  que- 
rem fazer  os  moradores,  e  escrevem-me  cartas  sobre  isso  e 
querem  dar  escravos  e  muita  ajuda.  Daqui  a  dous  meses 
irá  o  Governador  correr  a  costa  e  irei  com  elle  visitando 

6o  as  cassas  e  darei  ordem  como  me  Nosso  Senhor  ensinar 
pera  que  se  comessem  a  fazer,  posto  que  algumas  estão  já 
bem  principiadas.  Mande  V.  R.  Padres  e  com  elles  alguns 
meninos  de  boom  exemplo  e  boas  falas  pera  lhes  darem 
boom  principio.    Nesta  terra  custa  muito  pouquo  fazer-se 

65  hum  collegio  e  sustentar-se  porque  ha  terra  hé  muito  farta 
e  os  meninos  da  terra  sustentão-se  com  muito  pouquo,  e  os 
moradores  muito  afeiçoados  a  isso,  e  as  terras  não  custão 
dinheiro. 

7.  Este  da  Baya  foi  mais  trabalhoso,  porque  se  fez  sem 
7°  ajuda  dos  moradores,  em  terra  povoada  de  pouquo  e  os 

mais  delia  serem  degradados  e  gente  pobre.  Se  El-Rei 
favorecer  este  e  lhe  fizer  igreja  e  cassas,  e  mandar  dar  os 
escravos  que  digo  (e  me  dizem  que  mandão  mais  escravos 
a  esta  terra,  de  Guiné;  se  assi  for,  podia  logo  vir  provisão 

75  pera  mais  tres  ou  quatro  alem  dos  que  a  casa  tem),  antes 
de  hum  anno  se  sustentaram  cem  meninos  e  mais,  porque 
assi  como  ella  está  agora  mantém  a  trinta  pessoas;  e  mais 
agora  mando  fazer  algodoais  pera  mandar  lá  muito  algodão 
pera  que  mandem  pannos  de  que  se  vistâo  os  meninos,  e 

80  não  será  necessário  que  ho  Collegio  de  Coimbra  quá  nos 
ajude  senão  com  oraçõis,  antes  de  quá  lhe  seremos  boons 
em  alguma  cousa. 

8.  Visente  Rodriguez  12  era  muito  doente  e  emfermo, 
sempre  se  aqueixava  da  cabeça.  Mandei-lhe  que  não  fosse 


55  reis]  maravidis  Bras.  3-1  |j  69  trabalhoso]  trabalho  ms.  j  trabalhoso  Bras.  j-l  || 
73  Post  que  digo  add.  Bras.  3-1  será  la  mejor  cosa  dei  Brasyl  |  e  me]  me  ms.  ||  79  Post 
meninos  add.  Bras.  3-1  porque  esta  es  la  mayor  falta  que  la  casa  tieae 


12  Escrevendo  ao  Provincial  de  Portugal,  Nóbrega  dá-lhe  noticia, 
neste  parágrafo,  dos  dez  da  Companhia,  mandados  por  ele  ao  Brasil,  e 
inclui-se  a  si  próprio. 


48. -BAÍA  10  DE  JULHO  DE  1552 


555 


mais  doente  e  assi  o  fes ;  já  ho  não  hé  de  hum  anno  pêra  85 
quá  e  nos  ajuda  mui  bem  em  tudo.  Salvador  Rodriguez 
tem  cuidado  dos  meninos  [içir]  e  fá-lo  muito  bem,  e  tão- 
bem  se  acha  já  melhor.    O  P.e  Navarro  está  em  Porto 
Seguro',  ias  seu  officio.  Afonso  Bras  tem  cuidado  do  Espi- 
ritu  Sancto;  tem  grande  collegio,  manda-me  pedir  meninos  9° 
pera  o  principiar.  Leonardo  Nunes  e  Diogo  Jacome  estão 
em  São  Visente;  há  dias  que  não  tenho  novas  delles.  Este 
anno  mandei  o  Padre  Paiva  e  alguns  meninos  a  visitá-los 
por  eu  não  poder  ir  agora.  Irei  cedo  com  ha  Armada;  ha 
fama  delles  hé  grande.  Antonio  Pirez  está  em  Pernãobu-  95 
quo.  Francisco  Pirez  está  agora  aqui  nesta  Baya.  Todos 
servem  a  N.  Senhor  e  empregâo  bem  seus  talentos:  Pater, 
quos  dedisti  mihi  non  perdidi  [ex  eis  quenquam] 13  por  suas 
virtudes  e  pellas  oraçõis  de  V.  R.,  posto  que  meu  mao  exem- 
plo abastava  bem  a  destruir  tudo;  e,  quando  regidos  por  100 
mi  são  tão  boons,  que  fará  se  V.  R.  mandar  hum  boom 
que  delles  e  de  mi  tenha  cuidado?  Veniat,  Pater,  veniat 
si  amas  Iesum  Christum  ! 

9.  Eu  tinha  dous  meninos  da  terra  pera  mandar  a 
V.  R.,  os  quais  serão  muito  pera  a  Companhia.  Sabem  i°5 
bem  ler  e  escrever  e  cantar,  e  são  quá  pregadores,  e  não 
há  quá  mais  que  aprender;  e  mandava-os  pera  aprenderem 
lá  virtudes  hum  anno  e  algum  pouquo  de  latim,  pera  se 
ordenarem  como  tiverem  idade  e  folgara  El-Rei  muito  de 
os  ver  por  serem  primitias  desta  terra  u.  E,  por  não  ter 
embarcassão  boa  e  ser  já  tarde  e  andarem  franceses,  os 


85  doente  dei.  da  cabe  ||  91  Post  Jacome  add.  Bras  3-1  con  algunos  nuevos  l|  98  ex 
eis  quenquam  lacuna  in  ms.,  compl.  ex  Bras.  }-l  ||  104-134    Eu  —  Senhor  om.  Bras.  }-i 


13  Ioan.  18,  9. 

14  Primeira  demonstração  de  Clero  indígena  no  Brasil.  Mas  as 
circunstâncias  mostraram-se  logo  adversas,  tanto  com  o  afastamento 
em  Portugal  do  P.  Simão  Rodrigues,  como  com  a  atitude  de  D.  Pedro 
Fernandes  que  se  revelou  menos  favorável  à  criação  dos  Meninos",  e 
ainda  por  outras  razões  próprias  do  ambiente  local.  Cf.  Leite  vil  233- 
-247  ;  Breve  Itinerário  145-148. 

83 


554 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


não  mando  este  anno;  pera  outro  hirão  com  o  Governador 
se  V.  R.  me  não  escrever  o  contrairo. 

10.    Ho  Governador  Tomé  de  Sousa  eu  o  tenho  por  tão 

115  virtuoso,  e  em  tende  tão  bem  ho  espiritu  da  Companhia, 
que  lhe  falta  pouquo  pera  ser  delia.  Não  creo  que  esta 
terra  fora  avante  com  tantos  conctrastes  como  teve  se 
ouvera  outro  Governador.  Dizem  que  se  vai  este  anno 
que  vem.    Tememos  muito  vir  outro  que  destrua  tudo. 

120  De  quantos  de  lá  vierâo  nenhum  teve  amor  a  esta  terra 
s[en]ão  elle,  porque  todos  querem  fazer  em  seu  proveito, 
ainda  que  seja  à  custa  da  terra,  porque  esperão  de  se  hir. 
Parece-me  que,  se  El-Rei  lhe  der  lá  ho  que  tem  a  sua  filha 
e  ha  cassar,  e  lhe  mandar  sua  molher15,  que  folgará  muito  de 

125  viver  [191  v]  quá,  nam  por  Governador,  senão  por  morador, 
com  ho  que  quá  tem.  Digo  de  sua  criação  e  seus  escravos, 
porque  é  muito  contente  desta  terra  e  acha-se  muito  bem 
nella,  e  muitas  veses  conheci  isto  delle.  Nem  crerá  ordenado 
de  El-Rei,  mais  que  qualquer  favor  de  homrra  em  sua  vida; 

130  e  sse  este  homem  quá  acentar,  será  grande  favor  da  terra  e 
com  elle  se  ganharam  muitos  moradores.  Dê  V.  R.  disso 
conta  a  El-Rei,  e  veja-se  o  espirito  de  suas  cartas.  V.  R.  lhe 
escreva  os  agardecimentos  de  muitos  favores  que  nos  quá 
faz,  porque  certo  nos  ama  muito  em  o  Senhor. 

135  11.  Muito  desejosos  andamos  todos  de  hir  pollo  certão, 
porque  a  nenhuma  parte  hiremos  onde  não  aja  aparelho 
milhor  pera  se  fazerem  boos  christâos  que  nas  Capitanias, 
os  quais,  pera  bem  nos  crerem,  hé  necessário  que  por  tempo 
nos  experimentem  e  venhão  a  conhecimento  da  verdade, 

140  porque  inda  agora  a  medo  nos  crem  por  rezão  das  muitas 
maldades  dos  branquos  até  agora. 

O  porque  o  dilatamos,  hé  por  dar  principio  a  estas 


119  vem  dei.  que  ||  135  dc  hir  pollo  certão]  de  yr  descobrir  el  sertón  porque  nos 
dize  el  spiritu  que  está  allá  grande  tesoro  de  almas  Brás.  }-í  I  14a  y  dilatámoslo  hasta 
agora  aunquo  las  nuevas  nos  alvoroçam  mucho,  que  de  los  geutiles  tonemos,  por  causa 
destas  casas  de  los  nyflos  Bias.  )-i 


15  Cf.  carta  de  Nóbrega,  princípios  de  Julho  de  1552  §  5,  supra, 
P-  345- 


48.  -  BAÍA  10  DE  JULHO  DE  1552 


555 


casas  das  Capitanias  omde  fique  fundamento  da  Compa- 
nhia, a  que  nos  matem  e  comão  a  todos  os  que  foremos. 
Mande  V.  R.  logo  muitos10  pera  que  aja  pera  deixar  nos  *45 
colégios  e  levar  dous  ou  tres;  e,  com  elles  e  com  o  Bispo, 
teremos  lugar  a  ir  ganhando  terra  adiante,  porque  temos 
novas  de  gentios  onde  acharemos  alguns  escolhidos  pera  o 
reino  dos  ceos. 

12.  Ha  nossa  igreja  que  fizemos  se  nos  cae,  porque  15° 
hera  de  taipa  de  mão  e  de  palha.  Agora  ajuntarei  estes 
senhores  mais  honrrados  que  nos  ajudem  a  repará-la  até 
que  Deus  queira  dar  outra  igreja  de  mais  dura,  se  a  V.  R. 
parecer  bem  falar  nisso  a  El-Rei;  se  não  os  Padres  que 
vierem  farrão  outra,  que  viram  com  fervores,  que  dure  155 
outros  tres  annos,  porque  nossas  mãos  já  não  poderão 
fazer  outra,  senão  se  for  daqui  quinhentas  legoas  pello 
certão. 

13.  Estando  para  cerrar  ésta  llegó  un  barco  de  San 
Vicente  que  truxo  cartas  de  los  Padres  y  Hermanos  u,  con  160 
que  mucho  nos  alegramos  y  desperto  iny  frieza.  Hazen 
allá  grandes  cosas.    Dízennos  y  requérennos  que  vamos 
allá  todos  y  dexemos  todo  estotro  por  lá  puerta  que  está 

ya  abierta  a  los  gentiles  de  la  mar  y  dei  sertón.  Tienen 
muchos  trabajos,  hazen  mucho  fructo.  Tienen  cinquoenta  165 
o  sesenta  personas  entre  Hermanos,  servidores  y  nifios, 
assy  mamalucos  18  como  hijos  de  principales  de  la  tierra, 


146   Post  tres  add.    Bras.  )-i  de  los  que  acá  están  ||  147-149  porque  —  ceos  om. 
Bras.  }-i  et  add.  y  no  dexe  en  toda  matiera  este  ano  de  mandar  muchos  Padres  pues 
son  tan  necessários  y  los  prometió  y  sean  tales  quales  muchas  vezes  tengo  escrito 
159-198   Estando  —  Nóbrega  om.  textus  \,  compl.  ex  Bras.  }-i  \  Prius  lhegó 


16  O  resultado  deste  pedido  (e  note-se  o  aparato  crítico)  ainda 
demorou,  porque  já  não  estava  na  mão  de  Simão  Rodrigues  dar  lhe 
seguimento.  Mas  chegou  daí  a  um  ano  a  terceira  expedição  de  que 
era  Superior  o  P.  Luís  da  Grã  (Leite  i  561). 

17  Perdidas.  Das  cartas  ao  P.  Nóbrega,  de  S.  Vicente,  só  se  conhece 
a  acima  impressa,  do  P.  Leonardo  Nunes,  de  29  de  Junho  de  1552. 

18  Mamalucos.  Filhos  de  pai  português  e  mãe  índia,  que  é  o  sen- 
tido dado  aqui  por  Nóbrega  à  palavra.  Termo  de  origem  tupi:  mamã- 


556 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  S1MÂ0  RODRIGUES 


de  manera  que  Lionardo  Núnez  [481"]  y  Diego  Jácome  fece- 
runt  fructum  alius  centesimum  alius  sexagesimum  19.  Piden 

17°  mucho  socorro  de  Padres.  Ellos  deven  screvir  largo  por  su 
via.  También  vino  con  sus  cartas  una  de  Coymbra  con  que 
no[s]  alegramos  mucho20.  Mándanme  de  San  Vicente  pedir 
paio  para  se  curar  algunos  de  corrimientos,  maiormente 
Lionardo  Núnez  que,  por  las  muchsa  aguas,  trabajos  y  frial- 

175  dades  de  aquella  tierra,  lo  commençaron  a  palpar.  An 
menester  ropa. 

14.  Favoréçalos  Vuestra  Reverencia  a  ellos  y  a  noso- 
tros  de  allá,  ya  que  el  Rey  manda  dar  de  vestyr  acá  a  los 
de  la  Companya,  y  se  acá  interpreta  a  los  que  de  allá  vinie- 

180  ron,  no  más.  Aya  Vuestra  Reverencia  también  para  los  que 
acá  se  recyben,  porque  a  todos  yo  tengo  por  de  la  Compa- 
nya según  su  mesmo  spírito  ensefia. 

15.  O  Padre,  véiome  cercado  de  angustias  por  ver  quán 
largo  es  nuestro  Senor  en  favorecer  este  negocio  de  la  con- 

185  verción  de  sus  escogidos  y  quantas  puertas  tiene  abertas 
de  mucho  fructo,  y  quán  avariento  es  V.  R.  desos  Herma- 
nos  que  allá  tiene.  Bien  creo  que,  si  V.  R.  mandara  algu- 
nos al  Brasyl,  ellos  se  cevaran  tanto  en  los  trabajos  y  en 
recoger  tesoro  para  Christo,  que  no  les  vinieron  las  ynquie- 

19°  taciones  y  perturbaciones  que  vienen  a  algunos,  que  se 
enhadan  ja  de  ver  paredes  dei  collegio.  Yo  iré  a  correr  la 
costa  y  llevaré  los  más  que  pudiere.  V.  R.  mande  quen 
sustente  esto  poco,  porque  quedará  mui  desemparado  todo, 
y  vengan  luego  juntos  los  que  an  de  venir.  Lo  más  desta 

195  tierra  sabrá  V.  R.  por  la  carta  de  Francisco  Anríquez  y  por 


169  alius.  .  alius]  alium...  alium  ms.  ||  179  se  dei.  ms.  ||  181  Prins  receben 
187  V.  sup. 


-ruca,  o  que  procede  de  mistura,  mestiço;  isto  é.  mestiço  de  sangue 
branco  e  índio.  T.  Sampaio,  O  Tupi  na  Geografia  Nacional  256; 
B.  J.  DE  Sousa,  Dicionário,  246-247. 

19  Mat.  13,  8 

20  Talvez  se  refira  à  Quadrimestre  de  Manuel  Leite  ao  P.  Geral, 
Coimbra,  1  de  Dezembro  de  1551  (Litterae  Quadriniestres  1  [Madrid  1894] 
446-452).  Cf.  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  87*. 


49.-  BAÍA  JULHO  DE  1552 


357 


las  de  los  Hermanos  de  las  Capitanyas.  Et  semper  memento 
nostri. 

Desta  Baya  a  X  de  Julho  1552. 

Nóbrega. 

CARTA  PERDIDA 

48a.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Francisco  Henriques, 
Lisboa  (da  Baia,  Julho  de  1552).  Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues,  carta 
de  10  de  Julho  de  1552  §  15:  «Lo  más  desta  tierra  saberá  V.  R.a  por 
la  carta  de  Francisco  Anríquez». 

49 

D.  PEDRO  FERNANDES 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

[BAÍA  JULHO  DE  1552] 

I.  Autores:  Polanco  iii  465-467;  Leite  ii  106-107  283-284  318. 

II.  Texto:  Original  português  perdido. 

I.  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  io2r-io2v,  103V  [antes  i75r-i76v  riscado; 
outra  letra  33ir-332v].  Título:  «Copia  de  una  que  el  Obispo  dei  Brasil 
escrivió  al  P.e  Maestro  Simón».  Tradução  espanhola.  Depois  do  texto 
há  esta  explicação  [103V]:  «Esta  carta  mandó  el  Obispo  dei  Brasil  al 
P.e  Maestro  Simón  no  se  sabe  quando  [entrelinha  doutra  letra:  la 
mandò  l'an.  1552  poco  da  poi  che  1'istesso  Vescovo  era  arrivato  al  Bra- 
sile],  porque  no  fué  dada.  Después  sabiendo  el  Obispo  que  Maestro 
Symón  no  tenía  el  cargo  y  era  ydo  de  Portugal  parecióle  que  no  era 
dada,  porque  venía  en  el  sobreescripto  que  Maestro  Symón  solo  la 
liesse,  y  escrivió  otra  al  Padre  Rector  dei  colégio  de  San  Antón  de 
de  aqui  de  Lixbona  en  que  sumariamente  cuenta  algunas  cosas  de  la 
carta,  y  después  [as  últimas  duas  palavras  repetidas,  mas  riscadas] 
aliando  un  treslado,  que  allá  le  avia  quedado  delia,  la  tresladó  de  su 
mano  y  la  embió  sim  poner  los  dias,  y  este  es  el  treslado  delia». 

III.  Data:  O  Bispo  chegou  à  Baía  a  22  de  Junho  de  1552.  E  «poco 
da  poi»  escreveu  esta  carta,  portanto  em  Julho.  Mas  ela  só  foi  man- 
dada para  Roma  daí  a  um  ano  com  a  segunda  carta  do  Bispo,  de  6  de 
Outubro  de  1553.  E,  por  se  achar  no  mesmo  fascículo  e  encadernada 
e  paginada  às  avessas,  alguma  confusão  produz  nos  anos. 

IV.  Edição:  Edita-se  o  texto  único. 


358 


D.  PEDRO  FERNANDES  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


Textus 

I.  Ipse  prohibuit  in  prima  concione  ut  lusitani  uterentur  canticis 
et  musicis  Indorum.  —  2.  Idem  prohibuit  orphanis  et  Patribus.  —  3.  Ne 
pueri  utantur  capillis  modo  Indorum.  —  4.  Vult  ut  conversio  Indorum 
Brasiliae  fiat  eodem  modo  ac  in  índia  Orientali,  unde  ipse  venerat.  — 
5.  Prohibuit  confessiones  per  interpretem  et  iussit  foeminas  indas  discere 
linguam  lusitanam.  —  6.  Reprobat  exercitia  humilitatis  et  mortificationis 
publica  quibus  Patres  utebantur  ad  aedificationem  populi.  —  7.  Reprobat 
flagellationes  sive  ab  hominibus  sive  a  focminis  peractas.  —  8.  Non  amat 
aedicula  in  Indorum  pagis  neque  modum  quo  sepeliuntur  defuncti.  — 

9.  Experientiam  habet  Indiae  Orientalis,  quare  vult  ut  Patres  a  se  petant 
consilium;  et  vellet  ut  e  Portugália  Patres  S.  I.  seniores  venirent. — 

10.  Iterum  de  confessionibus  per  interpretem  et  de  moribus  Indorum 
quos  reputai  ritus  gentílicos.  —  //.  Rogat  ut  Deus  eum  liberet  ab  infide- 
libus  et  malis  christianis,  et  eum  e  Brasília  eripiat  atque  in  Portugaliam 
reducat. 

+  Jesús 
Reverendo  Padre 

1.  La  obligación  que  os  tengo  de  amigo  antigo  y  afec- 
tión  que  tengo  a  vuestra  Compafiía,  me  obliga  a  os  escrevir 
algunas  cosas. 

El  lugar  de  la  Scriptura  en  que  Dios  declara  para  qué 
hizo  pastores  en  el  mundo,  es  aquel  dei  propheta  Hieremías : 
Ecce  constitui  te  ut  evelas,  erradices,  ediffices  et  plantes  1 ; 
en  el  qual  manda  que  de  raiz  quitem  los  vicios  y  malas 

o  costumbres  y  plantem  virtudes  y  buena  doctrina.  Yo  que- 
riendo  en  el  alguna  manera  procurar  hazer  el  oíficio  de  buen 
pastor,  amonesté,  en  el  primir  sermón  que  hize  luego  como 
llegé  a  esta  cuesta,  que  ningún  hombre  blanco  uzase  de  las 
costumbres  gentílicas,  porque,  ultra  que  ellas  son  provocati- 

5  vas  a  mal,  son  tan  disonantes  de  la  razón,  que  no  sé  quáles 
son  las  orejas  que  puedem  oyr  tales  sonos  y  rústico  tafier. 


13   esta]  este  ms.  \\  16   taner  torr.  ex  tefler 


1   Jerem.  i,  10. 


49. -BAÍA  JULHO  DE  1552 


359 


2.  Los  nifios  huérfanos  antes  que  yo  viniesse  teníam 
costumbre  de  cantar  todolos  domingos  y  fiestas  cantares 
de  nuestra  Sefíora  a]  tono  gentílico,  y  tafierem  ciertos  ins- 
trumentos que  estes  bárbaros  tafien  y  cantan  quando  quie-  2° 
ren  bever  sus  vinos  y  matar  sus  inimigos.  Platicé  sobre 
esto  com  el  Padre  Nóbrega  y  com  algunas  personas  que 
sabem  la  condición  y  manera  destos  gentiles,  em  espicial 
com  el  que  lleva  ésta,  que  se  llama  Pablo  Diaz  2,  y  allé  que 
estos  gentiles  se  alaban  que  ellos  son  los  buenos,  pues  los  25 
Padres  y  niiios  taíiíam  sus  instrumentos  y  cantavan  a  su 
modo3.  Digo  que  Padres  taíiíam,  porque  en  la  companía 
de  los  nifios  venía  hun  Padre  sacerdote,  Salvador  Rodrígez; 
tafiía,  dançava  y  saltava  com  ellos.  Y  tanto  por  esto  ser  en 
favor  de  la  gentelidad,  y  com  poco  fruto  de  la  fee  y  conver-  3° 
sán,  y  com  menos  reputación  de  la  Compartia,  como  tam- 
bién  por  el  inventor  desto  ser  un  Gaspar  Barbosa,  el  qual 
en  la  ciudad  de  Lixbona  huyó  dei  cárcel  y  se  acogió  a  la 
See,  y  de  allí  em  la  metad  dei  dia  se  descyó  por  una  soga, 
y  vino  después  degra[da]do  4  acáa  para  siempre  j  y  por  no  35 
dexar  de  usar  aún  aquá  de  sus  costumbres  malas,  le  mandó 
el  Governador  venir  a  esta  ciudad  preso,  y  salió  la  senten- 
cia que  no  saliesse  más  desta  ciudad.  Después  de  andar 
aqui  se  metió  velut  lúpus  in  vestimentis  ovium  5  con  los 
vuestros  Padres,  más  zelos[os]  de  la  virtud  que  esprimenta-  4° 
dos  en  la  malicia,  para  le  averem  licentia  de[l]  Governador, 
como  realmente  ovieron,  para  se  tornar.  Este  6  es  el  que 


2  Parece  que  se  trata  de  Paulo  Dias  Adorno,  genro  do  Caramuru. 
Mas  tanto  o  Caramuru  como  os  Adornos  eram  amigos  dos  Padres. 
E  Paulo  Dias  Adorno  não  só  não  foi  para  Portugal,  mas  seguiu  daí  a 
pouco  com  o  próprio  Nóbrega  e  Tomé  de  Sousa  para  São  Vicente. 
Van  der  vat,  Princípios  329. 

3  «A  su  modo*.  A  diferença  de  critério  entre  o  Bispo  e  os  Jesuí- 
tas reside  aqui  (carta  54  §  15);  cf.  Leite,  Artes  e  Ofícios  253-254. 

4  Nalgumas  partes  está  lacerado  o  papel  do  tns.  Meteram-se 
entre  cancelos  as  letras  ilegíveis. 

5  Mat.  7,  15. 

6  Convertido  por  um  Irmão  na  Baía,  como  escreve  o  P.  António 
de  Quadros  a  17  de  Março  de  1554,  informado  por  Tomé  de  Sousa,  e 


360 


D.  PEDRO  FERNANDES  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


inventó  esta  curiosa  y  suprestiosa  gentilidad,  y  él  mismo 
cantava  y  taííía  por  las  calles  con  los  ninos  y  Padres.  La 
45  qual  cosa  defendi  para  quitar  gentilidad  7  que  tan  mal  pare- 
cia a  todos. 

3.  Y  también  estrafié  mucho  traeren  los  niííos  el  cabello 
hecho  al  modo  gentílico,  que  parecían  de  monjos  8.  Y  el 
Padre  Nóbrega  como  esto  no  le  pareciesse  mal  porque  con- 

5°  sentia  en  ello,  ayróse  algo  de  11o  que  yo  mandé.  Yo  le  dixe 
que  no  venía  aquá  hazer  los  christianos  gentiles,  sino  a  cos- 
tumbrar  los  gentiles  a  ser  christianos,  lo  que  no  puede  si 
radicitus  non  degollaren  el  viejo  hombre  cum  actibus  suis 
y  se  vistierem  dei  nuevo,  qui  secundum  Deum  creatus  est 9. 

55  4.  Y  asy  le  dixe  que  yo  en  esta  tierra  avia  de  llevar  el 
modo  que  tenía  en  la  índia10  en  el  hazer  de  christianos  y 
lo  que  allá  guardava  el  P.e  Maestro  Francisco11  y  los  otros 
Padres  de  la  Companía,  y  con  todo  lo  escreviese  él  a  V.  R. 
y  que  haría  yo  lo  que  os  pareciere  mejor. 


45   tan  corr.  ex  tal 


que  depois  de  convertido  «serve  aos  meninos  dos  gentios,  que  os 
Padres  criam,  e  tem  cuidado  de  trazer  o  que  é  preciso  num  burrinho 
que  eles  têm».  Leite,  Breve  Itinerário  109-110.  Parece  que  este  Gas- 
par Barbosa  é  o  mesmo  de  que  fala  Vicente  Rodrigues  (carta  42  §  8)  e 
que  anos  depois,  em  1567,  morreu  heròicamente  na  conquista  do  Rio 
de  Janeiro.   Leite  ii  107. 

7  Nesta  palavra  «gentilidad»  [acto  religioso  de  não  cristão]  dá  o 
Bispo  a  significação  do  que  entende  com  a  palavra  «modo». 

8  O  modo  de  cortar  o  cabelo  não  era  distintivo  religioso,  mas  de 
nacionalide  ou  tribo:  «é  tanta  a  variedade  que  têm  em  se  tosquiarem, 
que  pela  cabeça  se  conhecem  as  nações».  Cardim,  Tratados  168; 
E.  Pinto,  Os  Indígenas  do  Nordeste  li  98-99. 

9  Eph.  4,  24. 

10  índia  Oriental.  O  equívoco  está  em  que  na  Índia  os  seus  habi- 
antes  tinham  templos,  livros  sagrados,  sacerdotes,  Deus,  pelo  qual  os 
seus  fiéis  eram  capazes  de  se  deixar  matar.  O  Brasil  era  habitado  por 
povos  naturais  e  não  tinham  «Deus  por  quem  morram»,  escreve 
Nóbrega  a  D.  João  III  por  esta  mesma  ocasião  [carta  47  §8].  Cf.  Leite 
Cartas  de  Nóbrega  (1955)  i7*-20*;  Breve  Itinerário  78-79. 

11  Xavier. 


49.  -  BAÍA  JULHO  DE  1552 


561 


5.    También  hallé  que  el  Padre  Nóbrega  confessava  6o 
ciertas  mugeres  mistiças  por  intérprete  12,  lo  que  a  mí  me 
fué  muy  estrafio,  y  dió  que  hablar  y  que  mormurar  por  ser 
cosa  tan  nueva  y  nunqua  usada  en  la  Yglesia.    El  luogo 
platicó  esto  comigo.  Yo  lo  dixe  que  no  lo  devia  hazer  más, 
aunque  trezientos  Na[va]rros  13  y  seiscientos  Caietanos  14  65 
digan  que  se  puede  hazer  de  Consilio,  quoniam  multa  mihi 
licent  sed  non  omnia  expediunt 15.  Ni  por  los  doctores  dizi- 
ren  que  se  puede  hazer,  se  a  de  luego  de  poner  em  obra, 
[sed]  occurrendum  est  periculo  et  standum  est  consuetu- 
dini  Eclesiae.   Y  quando  la  tal  confessión  por  alguna  via  7° 
se  oviesse  de  hazer  seguiéndose  delia  algún  grandíssimo 
provecho,  avia  de  ser  por  intérprete  prudente  et  per  virum 
honestum  et  probatum,  y  no  por  un  nino  de  los  de  la  tierra, 
mamaluquo  de  diez  anos,  qui  non  sentit  nec  adhuc  perfecte 
credit,  nec  valet  linguoa,  nec  frasin  verborum.  Y  el  intér-  75 
prete  avia  de  escoger  el  penitente,  y  no  el  confessor.  Mi 
parecer  es,  quod  nil  moveamur,  nec  transgrediamur  térmi- 
nos patrum  nostrorum  16.    El  Padre,  como  virtuoso  y  más 
theórico  [que  plá]tico,  como  ve  qualquiera  cosa  en  su  maes- 
tro Navarro,  luego  la  queria  poner  em  plática.  Com  [tojdo,  80 
por  más  que  digam  algunos  theólogos,  si  bien  se  pondera 
la  forma  deste  sacramento  (ego  absolvo  te),  consta  que  pro- 
priamente las  tales  palabras  no  se  puedem  dizir  sino  de 
aquél  que  por  sí  dize  y  confiessa  sus  pecados.  Yo  se  stu- 
viera  más  despacio  de  lo  que  al  presente  estoy,  provara  85 
ser  muy  peligroso,  pernicioso  y  prejudica tivo  a  la  mages- 


79    theórico  corr.  ex  therico  ||  86    peligroso  pernicioso  corr.  ex  peligro  pernicio 


12  Cf.  Leite  ii  283-286. 

13  Martin  de  Azpilcueta  Navarro.  Cf.  a  citação  dada  pelo  próprio 
Nóbrega  (cartas  51  §  2;  54  §  13). 

14  O  Cardeal  Caetano,  teólogo  alegado  por  Navarro  [cf.  cartas  51 
§  2;  54  §  13],  era  quase  contemporâneo,  pois  falecera  em  1534  (Lexikon 
fúr  Theologie  und  Kirche  II  [Freiburg  im  Breisgau  1931]  694). 

15  1  Cor.  6,  12. 

16  Cf.  Prov.  22,  28. 


362 


D.  PEDRO  FERNANDES  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


tad  deste  sancto  sacramento  entruduzir  la  tal  costumbre. 
Yo  tengo  proveydo  que  no  se  haga  más,  y  dado  ordem  con 
que  todos  se  confiessem  com  mandar  y  poner  penas  a  los 
9°  maridos  portugezes  que  enseríen  las  mistiças  sus  mugeres 
ha  hablar  portugez,  porque  en  quanto  lo  no  hablaren  no 
dexan  de  ser  gentiles  en  las  costumbres  17. 

6.  Tanbién  hallé  un  muy  gran  escândalo  en  este  pue- 
blo  por  el  Padre  Nóbrega  mandar  vender  [por]  toda  esta 
95  ciudad  y  por  la  Villa  Vieja  que  está  daquy  media  leguoa 
con  pregón  dei  preg[onero]  a  otro  Padre  sacerdote  que  se 
llama  Payva  18  para  comprar  rosas  19  para  los  nifios.  Por 
ser  co[sa]  tam  nueva  y  insólita  me  quise  informar  dei 
P.e  Nóbrega.    Díxome  que  era  excercicio  y  spíritu  d[e  la] 

100  Companía.  Aquy  me  recogí  por  alcançar  el  fundamento 
de  la  cosa,  solamente  le  dixe  que  cosa  tam  n[ueva]  y  hecha 
en  la  plaça  devia  de  ser  antes  de  se  hazer  muy  bien  piensada 
si  edificarí[a  o  ofe]ndería,  ne  licentia  nostra  ofendiculura 
sit  infirmis  et  ne  ulli  demus  offenssionem,  ne  vitupferetur 

!°5  mi]nisterium  nostrum  20.  Y  le  truxe  a  la  memoria  aquello 
de  S.  Pablo:  rationabile  sit  obsequi[um  vestrum  21,  et]  alibi 
dicit  sitis  simplices  et  sine  querela  in  médio  nationis  pra- 
vae  22,  porque  pareció  exce[ssivo]  y  abater  mucho  el  stado 
sacerdotal  mandar  vender  un  sacerdote  por  las  calles  y 

iro  [parecer]  que  los  negros  tomarían  esto  muy  mal,  y  los 
blancos  lo  tenian  por  heresia  y  todos  rie[ron  y]  mormura- 
ron  dello  y  ninguno  se  edifico.  Respondióme  que  de  nin- 
guna  cosa  estava  tan  sober[bio]  como  de  mandar  vender  al 


90    que  enseiien  bis  sed  dei.  |  99    excercicio]  excercio  ms. 

17  E  assim  ficaram  as  mestiças,  já  cristãs,  impedidas  da  absolvição 
sacramental.  Ao  Bispo,  que  achava  a  confissão  por  intérprete  «perigosa, 
perniciosa  e  prejudicial  à  majestade  do  sacramento»,  respondeu  a  própria 
Igreja,  sancionando-a  no  Direito  Canónico  (Canon  903).  Cf.  Leite  11  286. 

18  Manuel  de  Paiva. 

19  Rosas  :  não  flores,  mas  roças,  isto  é,  campos  para  mantimento 
dos  Meninos. 

20  2  Cor.  6,  3. 

21  Rom.  12,  1. 

22  Phil.  2,  15. 


49.  -  BAÍA  JULHO  DE  1552 


565 


dicho  Padre.  A  esto  no  tuve  respuesta,  y  com  todo  mi 
parecer  es  que  V.  R.  le  avisse  que  no  uze  destas  cosas  por  "5 
aora,  ni  quando  alguno  quebrar  algún  vaso  le  ponga  los 
pedaços  al  cuello  y  le  mande  por  la  ciudad23;  ni  mande 
tafier  campana  de  noche  por  la  ciudad,  ny  noten  los  que 
a  ella  no  van,  porque  los  tales  exercícios  aunque  sean  sanc- 
tos  y  virtuosos  y  ordenados  a  mortificar  la  carne  y  a  que-  120 
brar  su  sobervia,  todavya  son  más  meritórios  hechos  en 
secreto 24  de  la  manera  que  se  hazem  em  las  religiones 
aprovadas  25,  y  en  los  vuestros  [colejgios  dei  Reino  26  y  de 
la  índia  sin  strépito  de  campana  27. 

7.  Y  ya  que  se  haga  deseplina  a  los  hom[bres],  la  de  I25 
las  mugeres  que  se  haze  en  Pernambuco  parece  no  ser 


116    ponga]  pongo  tns.  ||  120    ordenados  a  de!,  ydeficar 


23  Destes  e  outros  exercícios  de  humildade,  usados  em  Roma  por 
Santo  Inácio,  cf.  Tacchi-Venturi,  Storia  11/2  (Roma  1951)  37. 

24  Praticavam-se  em  público  no  tempo  de  S.  Inácio  (1553):  «Del 
far  mortificatione  et  predicari  per  le  piazze  etc ,  cosa  è  assai  usata  in 
Roma»  (MI  Epp.  VI  268-269). 

25  «Religiões  aprovadas»:  o  exemplo  de  S.  Francisco  de  Assis, 
que  mandou  a  alguns  frades  «que  o  levassem  por  uma  corda  atada  ao 
pescoço  como  malfeitor  per  a  cidade  de  Assis».  Cf.  Fr.  Marcos  de 
Lisboa,  Primeira  Parte  das  Chronicas  dos  Menores,  f.  51,  cit.  por 
F.  Rodrigues,  História  1/1  367. 

26  «Do  Reino» :  No  dia  17  de  Julho  de  1545  no  Colégio  de  Coim- 
bra, mandou  o  Superior  que  o  próprio  P.  Nóbrega  e  mais  cinco  com- 
panheiros saíssem  pelas  ruas  da  cidade  tocando  uma  campainha 
durante  a  noite  e  em  certos  sítios  bradassem  :  «Inferno  para  todos  os 
que  estão  em  pecado  mortal».  Rodrigues,  História  1/1  367;  Leite, 
Breve  Itinerário  30. 

27  «Na  índia».  S.  Francisco  Xavier  introduziu  nas  Molucas  o 
mesmo  uso,  de  se  encomendarem  as  almas  do  purgatório  e  os  que 
estão  em  pecado  mortal,  encarregando-o  à  Misericórdia  de  Ternate : 
Um  homem  «de  noite,  com  uma  lanterna  numa  mam  e  a  campainha 
noutra,  corria  todas  as  ruas,  dando  em  cada  uma  aqueles  pregões  em 
vozes  altas,  como  fizera  em  Malaca  e  fez  emquanto  se  aqui  deteve  o 
mesmo  Padre,  numa  e  noutra  parte  com  grande  devaçam  dos  christãos, 
temor  e  espanto  dos  infiéis».  E  em  Malaca  o  fazia  ele  pessoalmente, 
«tangendo  huma  campainha».  Lucena,  História,  liv.  iv  cap.  xii;  liv.  m 
cap.  xi.   Cf.  Rodrigues,  História  1/1  367-368. 


564 


D.  PEDRO  FERNANDES  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


necessária  por  los  inconvenientes  nocturnos  que  el  prín- 
cipe de  las  teneblas  puede  traher  y  ordenar.  Los  Padres, 
como  son  afervorados,  quieren  llevar  todos  a  la  gloria  ves- 

13°  tidos  y  calçados,  mas  yo  no  trabajo  sino  que  todos  guardem 
los  preceptos  de  nuestro  Sefior,  y  como  f  ueren  en  esto  acos- 
tumbrados  luego  les  [103V]  haré  guardar  los  consejos,  et  qui 
poterit  capere  capiet 28.  Yo  aún  no  pongo  esta  gente  en 
tanta  perfectión  hasta  les  quitar  las  costumbres  gentílicas, 

135  y  mucho  más  trabajo  que  no  se  pervertan  los  blancos  que 
em  la  conversión  de  los  negros. 

8.  Tanbién  me  parece  que  los  deve  V.  R.  avisar  que 
no  hagan  tantas  hermitas  entre  los  gentiles,  ny  enterrem 
los  que  se  converten  al  modo  gentílico  29.  Y  pues  yo  estoy 

140  en  esta  tierra  por  especulador  de  las  ánimas  y  tiengo  mucha 


137    los  sup. 


28  Mat.  19,  12.  Logo  a  9  de  Agosto  de  1549  conta  o  P.  Nóbrega 
como  se  faziam  as  disciplinas  às  sextas-feiras :  «hé  por  os  que  estão 
em  pecado  mortal  e  conversão  deste  gentio  e  por  as  almas  do  purga- 
tório; e  o  mesmo  se  diz  pelas  ruas  com  uma  capainha  segundas  e 
quartas-feiras,  assim  como  nos  líneos».  Cf.  supra,  pp.  131-132. 

29  Conta  o  Ir.  Vicente  Rodrigues  como  numa  destas  «ermidas» 
se  enterrou  o  Índio  Bastião  Teles,  que  faleceu  depois  de  se  ter  <con- 
fessado  por  la  lengua  y  en  português»  :  enterrou-se  com  missa  cantada 
de  defuntos  (carta  42  §  5).  Este  era  o  modo  como  se  enterravam  os 
índios  cristãos.  Mas  o  Bispo  deve  referir-se  ao  «pranto»,  que  os 
índios  faziam  quando  morria  algum  dos  seus;  e  continuaram  a  fazer  e 
lho  permitiam  os  Padres  para  bem  da  catequese,  como  se  vê  da  carta 
de  Francisco  Pires,  da  Capitania  do  Espírito  Santo  [1558],  no  funeral 
do  índio  Sebastião  de  Lemos,  filho  do  Gato :  «Fomos  buscá-lo  com 
grande  pompa  e  solenidade.  Primeiramente,  o  Padre  Vigário  levava 
um  Crucifixo  nas  mãos  coberto  de  luto,  como  às  sextas-feiras  na  qua- 
resma se  costuma  fazer,  e  sua  cruz  diante,  e  a  dos  Meninos,  e  o  Gover- 
nador na  procissão  com  toda  a  demais  gente  da  terra.  E,  assim,  nós 
cantando  e  eles  pranteando,  o  trouxemos  à  nossa  Igreja.  Muito  se 
espantaram  e  edificaram  os  Índios  de  ver  aquele  concerto,  que  dáva- 
mos, que  logo  na  noite  seguinte  pregou  Jaraguai,  dizendo  que  aquela 
era  a  verdade  e  que  deviam  todos  ser  bons  cristãos»  (Cartas  Avul- 
sas 195). 


49. -BAÍA  JULHO  DE  1552 


565 


experientia  ;1°  de  la  índia,  que  en  esto  no  hagan  nada  sin  my 
consejo,  porque  aunque  su  intención  sea  buena,  todavia  por 
serem  mancebos  y  poco  experimentados  en  las  cosas  cayen 
en  algunas  faltas.  Del  Padre  Nóbrega  soy  yo  muy  devoto, 
mas  a  las  vezes  lo  reprehendo  en  secreto  por  que  sigue  J45 
tanto  su  parecer  em  público.  Finalmente  digo  que  para 
edelicar  edificios  nuevos  y  para  plantar  esta  viria  dei  Sefior 
en  tierra  tam  nueva  es  necessário  que  embíe  aquá  oíficia- 
les  viejos  y  bien  mirados,  y  ya  que  no  tiene  otros  devíalos 
mandar  visitar  de  tres  en  tres  anos  por  persona  de  letras  *5° 
y  autoridad,  y  zelosa  de  la  reputación  de  la  Companía,  para 
emendar  algunos  defectos  que  se  puedem  cometer  por  dis- 
cudo  o  ignorância,  ne  qui  ex  adverso  est,  habeat  aliquid 
dicere  de  nobis  quoniam  spectaculum  sumus  mundo,  ange- 
lis  et  hominibus  31.  Haec  omnia  dieta  sint  sub  tua  correc-  !55 
tione  et  totius  Societatis. 

10.  Y  com  esto  acabo  lembrando  a  V.  R.  que  cerca  de 
la  confessión  por  intérprete  y  de  las  otras  cerimonias  de 
los  gentiles  vaa  mucho  vellas  aquá  y  escrevellas  y  estallas 
allá  desputando,  porque  es  esta  gente  tam  afectionada  a  sus  r6o 
costumbres  que  no  quiero  más  para  dizir  que  quanto  le  pre- 
dicamos es  nada  por  ver  que  gustamos  de  sus  cantares,  tafie- 
res  gentiles.  Y  sobre  esto  sea  perguntado  y  esconjurado  el 
portador  Pablo  Diaz,  que  es  el  hombre  a  quien  estos  genti- 
les tienen  más  reverentia  y  dan  más  credito,  y  es  persona  165 
homrrada  y  virtuosa,  y  se  precia  de  dizir  y  hablar  verdad. 

11.  Dominus  Iesus  servet  te  incolumen  cum  toto  tuo 
sodalicio,  amen,  y  a  mi  dé  gracia  y  fuerças  con  que  pueda 
com  los  trabajos  desta  tierra.  Gratia  Domini  Nostri  Iesu 
Christi  sit  semper  cum  omnibus  nobis.  Commendate  ora-  17° 
tionibus  vestris  Deo  ut  liberet  me  ab  iníidelibus  et  ab 
malis  christianis  quorum  mores  dum  volo  corripere,  acuunt 
linguoas  suas  velut  serpentes  in  me,  sed  Dominus  mihi 
adiutor  non  timebo  quid  íaciat  mihi  homo  et  liberabit  me 


30  Cf.  supra,  Introdução  Geral,  Cap.  11  art.  19. 

31  1  Cor.  4,  9. 


366 


MANDADO  DE  MANTIMENTO  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


175  a  labiis  iniquis  et  a  linguoa  dolosa32,  y  plega  a  él  que  me 
lleve  a  Portugal  y  me  quite  de  acá  y  me  meta  en  un  quanto 
a  do  pueda  acabar  mis  derraderos  dias  in  Domino;  y  esto 
sea  muy  cedo  33. 

50 

MANDADO  DE  MANTIMENTO 
PARA  O  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
E  CINCO  COMPANHEIROS 

[BAÍA]  26  DE  JULHO  DE  1552 

L  Texto:  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro,  Cód.  1-19,  7,  2. 
Título :  «Copia  do  Livro  1  das  Provisões  e  Mandados».  Mandado 
n.  1142. 

II.  Impressão:    Documentos  Históricos  XIV  (1929)252;  ib.  xxxvm 
(1937)  60. 

III.  Edição:    Reimprime-se  o  texto  de  Doe.  Hist.  xiv,  conferido 
com  xxxvm. 

Textus 

1.    Subsidiam  menstruum  pro  sex  S.  I.  degentibus  Bahiae. 


176  a  labiis  corr.  «x.  a  linguis 


32  Ps.  II9,  2. 

33  Por  ser  a  maior  parte  em  latim,  traduz-se,  e  repete-se  na 
íntegra,  este  §  n  :  «O  Senhor  Jesus  vos  conserve  incólume  e  à  vossa 
Companhia,  assim  seja,  e  a  mim  dê  graça  e  forças  com  que  possa  com 
os  trabalhos  desta  terra.  A  graça  de  Nosso  Senhor  Jesus  Cristo  seja 
sempre  com  todos  nós.  Encomendai  nas  vossas  orações  a  Deus  que  me 
livre  dos  gentios  e  maus  cristãos,  que  quando  quero  corrigir  os  seus  cos- 
tumes aguçam  as  suas  línguas  como  serpentes  contra  mim,  mas,  sendo 
Deus  em  minha  ajuda,  não  temerey  o  que  faça  o  homem  e  me  livrará 
das  bocas  injustas  e  da  língua  mentirosa.  E  praza  a  ele  que  me  leve  a 
Portugal  e  me  tire  de  cá  e  me  meta  num  canto,  onde  possa  acabar 
os  meus  derradeiros  dias  no  Senhor;  e  isto  seja  muito  cedo». 


51.  -  BAÍA  FINS  DE  JULHO  DE  1552 


567 


I.  A  vinte  e  seis  de  Julho  de  mil  quinhentos  e  cincoenta 
e  dois,  passou  o  Provedor-mor 1  mandado  para  o  dito  The- 
soureiro2,  que  pagasse  ao  Padre  Manuel  da  Nóbrega,  Maio- 
ral dos  Padres  da  Companhia  de  Jesus  desta  Cidade,  sete 
mil  e  duzentos  reis  em  mercadoria3,  que  lhe  são  devidos  de 
mantimento,  que  hão  de  haver  os  seis  Padres  da  dita  casa 
de  tres  mezes,  que  começaram  ao  primeiro  de  Maio  de  mil 
quinhentos  e  cincoenta  e  dois,  té  o  derradeiro  de  Julho  do 
dito  anno,  a  quatrocentos  reis  por  mez  cada  um;  e  que  por 
elle,  e  seu  conhecimento,  e  Certidão  do  Escrivão  da  Matri- 
cula de  ficar  posta  verba  em  seu  titulo,  que  houve  o  dito 
pagamento,  lhe  sejam  levados  em  conta. 

51 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

[baía  fins  de  julho  de  1552] 
I.   Bibliografia:  Leite  ix  8  n.  13. 

II.  Autores:  POLANCO  III  465-467;  LEITE  II  285  337  517;  IX  419; 
Breve  Itinerário  78-81 ;  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  i7*-2o*. 

III.  Texto:  Original  português  perdido. 
1.  ARSI,  Bras.  ij,  ff.  62r-63v  [antes  298r-29gv  e  mais  antigo  e 
riscado  I72r-i73v].  Cota  do  copista  [63V] :  «4- Trellado  de  huma  do 
P.e  Manuel  da  Nóbrega,  do  Brasil.  i.a  via».  Outra  letra:  «Sine  data». 
Apógrafo  em  português.  Usado  pelo  P.  Polanco,  que  sublinhou  pala- 
vras e  escreveu  à  margem  vários  números. 

2-  Bras.  j-i,  ff  ^or-^ir  [antes  302^303^.  Título  :  «Copia  de  una 
dei  Brasil  para  el  P.e  Maestro  Simón.  Para  Roma.  2.a  via  [outra  letra:] 
1552».  Tradução  em  espanhol.  No  §  5  Nóbrega  escreveu  «sua  arte»  e  o 


1  António  Cardoso  de  Barros. 

2  João  de  Araújo,  cujo  nome  se  lê  no  mandado  n.°  1107,  p.  237  ; 
e  os  seguintes  trazem  sempre  «o  dito». 

3  Em  mercadoria :  não  em  ferro  como  se  fazia  habitualmente. 


368 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


tradutor  começou  a  escrever  «art»,  que  riscou  antes  de  completar  a  pala- 
vra, traduzindo-a  por  «manera».  Esta  tradução  foi  mandada  ao  P.  Geral 
pelo  provincial  Mirón  com  a  seguinte  explicação,  depois  do  texto,  datada 
de  16  de  Novembro  de  1552  [74 v] :  «Este  treslado  se  embía  a  V.  P.  para 
que  entienda  estos  inconvenientes  que  en  el  Brasil  en  el  servicio  de 
Nuestro  Senor  y  salud  de  las  ánimas  se  ofrecen,  y  los  ofresca  a  Nuestro 
Seõor  mandando  acáa  avisar  de  los  remédios  que  Dios  diere  a  enten- 
der a  V.  P.  más  convenir,  y  saberen  los  que  en  aquellas  partes  y  otras 
semejantes  se  hallaren,  cómo  se  tienen  de  aver  en  estas  cosas  y  otros 
casos  semejantes;  de  lo  que  conviene  se  teDga  y  aya  acáa  larga  ins- 
truction,  porque  se  entienda  la  intención  y  voluntad  de  V.  P.,  pues 
parece  ser  ya  tiempo  de  con  esta  lumbre  caminarmos». 

IV.  Impressão :  Leite,  Novas  Cartas  Jesuíticas  —  de  Nóbrega  a 
Vieira  (São  Paulo  1940)  29-33;  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955) 
128-137. 

V.  História  da  Impressão  :  Novas  Cartas  publica  o  apógrafo  por- 
tuguês com  a  ortografia  actualizada  por  ser  essa  a  [ndole  do  livro", 
Cartas  de  Nóbrega  (1955)  o  apógrafo,  tal  qual. 

VI.  Data:  O  Bispo  cbegou  à  Baía  a  22  de  Junho  de  1552  (carta  de 
10  de  Julho  §  1).  E  no  começo  da  presente  carta  lê-se :  «averá  pouco 
mais  de  hum  mes  que  veyo».    Escrevia,  portanto,  em  fins  de  Julho. 

VII.   Edição:    Reimprime-se  o  apógrafo  (1). 

Textus 

1.  Episcopi  ingratus  animus  in  Paires  S.  I.  eorumque  ministério. 
—  2.  Reprobat  confessionem  per  interpretem.  —  3.  P.  Nóbrega  exs- 
pectat  resolutionem  Doctoris  Navarri  circa  índorum  captivitatem  quac 
ab  Episcopo  approbari  videtur.  —  4.  Episcopus  prohibuit  disciplinas 
quae  publice  fiebant  ad  aedificationcm  populi.  —  5.  Praedicator  Epis- 
copi concnbinatus  públicos  approbare  videtur.  —  6.  Ministério  cum  ser- 
vis (cotechesis,  praedicatio  et  sacrum)  quae  a  Patribus  S.  I.  fiebant  ab 
eis  auferuntur.  -  7.  Episcopus  nescit  vitare  dissidia  cum  Capitulo.  — 
8.  Reprobat  cantica  et  musicam  índorum  modo.  —  9  Educationem 
puerorum  non  iuvat.  -  10.  Non  amat  S.  I.  de  eaque  detrahet  cum  vult 
et  potest.  —  11.  Nóbrega  sese  parat  ad  ingressum  in  inter iora  terrarum, 
ut  necesse  est  omnesque  cupiunt.  —  12.  Illa  omitia  plus  nocent  Episcopo 
quam  S.  I.  populo  dilectae.  —  13.  Nóbrega,  quamvis  initio  annuit  Epis- 
copo cui  concessit  visitatores,  iam  periculum  in  eo  videt :  consolatur  cum 
Christo  qui  maiores  passus  est  contradictiones. 


51.  -  BAÍA  FINS  DE  JULHO  DE  1552 


569 


Jesus 

Pax  Christi. 

1.  Despois  da  chegada  do  Bispo  acontecerão  algumas 
cousas  de  que  darey  breve  conta  a  V.  R.  para  saber  o  que 
passa  pera  tudo  encomendar  a  Nosso  Senhor  e  nos  avisar  5 
sempre  no  que  poderemos  errar,  porque  averá  pouco  mais 
de  hum  mês  1  que  veyo  e  eu  já  temo. 

2.  Nesta  casa  estão  meninos  da  terra  íeytos  aa  nossa 
mão,  com  os  quaes  confessávamos  alguma  gente  da  terra 
que  nom  entende  a  nossa  fala,  nem  nós  a  sua,  e  asi  escra-  10 
vos  dos  brancos  e  os  novamente  convertidos,  e  a  molher  % 

e  filhas  3  de  Diogo  Alvarez  Charamelu,  que  nom  sabem 
nossa  fala,  no  qual  a  experiência  nos  insina  aver-se  feyto 
fruito  muyto  e  nenhum  prejuizo  ao  sigillo  da  confissão. 
E  nom  o  acostumey  senão  pelo  achar  scripto  e  ser  mais  15 
comum  opinião,  como  relatou  Navarro  4  in  capite  Fratres 
de  Paenitentia,  distinctione  5.*,  n.  85,  alegando  Caietano  e 
outros,  verbo  Confessio,  cassu  n.°  11  5.  Contrariou-nos  isto 


1  D.  Pedro  Fernandes  chegou  a  22  de  Junho  de  1552  (carta  de  10 
de  Julho  de  1552  §  1). 

2  Catarina  Álvares,  conhecida  mais  tarde  (século  XVII)  com  o 
cognome  de  Paraguaçu  (Leite  ii  312).  Sobre  esta  índia,  cf.  Alberto 
Silva,  Catarina  Caramuru  perante  a  lenda  e  a  história,  in  Anais  do 
IV  Congresso  de  História  Nacional  10  (Rio  de  Janeiro  1951)  105-160. 

3  As  filhas  do  Caramuru,  o  Adão  baiano,  segundo  as  dá  Pedro 
Calmon,  com  os  respectivos  casamentos  e  descendência,  eram  seis : 
Filipa,  Madalena,  Ana,  Genebra,  Apolónia  e  Grácia  {História  da  fun- 
dação da  Bahia  220-221). 

4  Martini  ab  Azpilcueta  Navarri  iuriscõsulti  in  tres  de  poenitêtia 
distinctiones  posteriores  comentarii,  Coimbra,  1542  (Anselmo,  Biblio- 
grafia 64  n.  240).  A  citação  de  Nóbrega  acha-se  na  obra  geral  do 
Doutor  Navarro,  Sacrorum  Canonum  &  utriusque  Iuris  &  facti 
Quaestiones  1  (Coloniae  Agrippinae  1615)  543  n.  85.  Cf.  carta  de  fins 
de  Agosto  de  1552  §  13. 

5  No  ms.  falta  este  número  onze,  mas  está  explícito  em  Bras.j-i 
e  na  carta  de  fins  de  Agosto:  «Confessionis  Condiciones:  undécima», 
que  trata  do  segredo  da  confissão  e  da  confissão  por  intérprete  (cf.  carta 
de  fins  de  Agosto  de  1552  §  13). 

"4 


370 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


muyto  o  Bispo,  dizendo  que  era  cousa  nova  e  que  na  Ygreja 
20  de  Deus  se  nom  acustuma.  Acabey  com  elle  que  o  escre- 
vesse lá  e  que  por  a  determinação  de  lá  estivéssemos. 
Esta  hé  cousa  muy  proveitosa  e  de  muyta  importantia 
nesta  terra,  entretanto  que  nom  há  muytos  Padres  que 
saibão  bem  a  lingoa,  e  parece  grande  meyo  para  socorrer 
25  a  almas  que  porventura  nom  tem  contrição  perfeita  pera 
serem  perdoados  e  tem  attrição,  a  qual  com  a  virtude  do 
sacramento  se  faz  contrição:  e  privá-los  da  graça  do  sacra- 
mento por  nom  saberem  a  lingua  e  da  gloria  por  nom  terem 
contrição  bastante,  e  outros  respeitos  que  lá  bem  saberam, 
30  devia-sse  bem  de  olhar.  Nem  me  parece  novo  o  que  por 
tantos  doctores  está  scripto,  posto  que  se  nom  use,  porven- 
tura por  pouco  olhar  as  cousas  6.  Mande-nos  a  determina- 
ção por  letrados,  porque  nom  ousaremos  senão  obedecer 
ao  Bispo. 

35  3.  Eu  cuydey  que  com  a  vinda  do  Bispo  ficássemos 
quietos  com  a  determinação  dos  escravos  salteados  e  que 
vendem  os  parentes  7,  e  agora  estamos  em  mayor  confusão, 
e  ainda  esperamos  a  reposta  do  Doctor  Navarro  8  durando- 
-nos  as  mesmas  duvidas. 


6  Nóbrega  dá,  neste  parágrafo,  a  razão  teológica  da  sua  atitude, 
que  é  hoje  a  da  Igreja,  e  também  a  razão  prática  de  se  servir  deste 
meio  proveitoso:  «entretanto  que  não  há  muitos  Padres  que  saibão 
bem  a  lingua».  Na  sua  intenção,  meio  provisório,  sem  o  qual  as 
mestiças  e  índias,  já  cristãs,  ficavam,  «entretanto»,  privadas  do  sacra- 
mento da  penitência  e  dos  outros  sacramentos,  que  requerem  estado 
de  graça,  como  a  comunhão,  obrigatória  ao  menos  uma  vez  por  ano, 
o  viático  e  o  matrimónio.  Cf.  supra,  p.  362. 

7  Este  caso  de  consciência  pô-lo  Nóbrega  na  Baía  em  1567  e  é 
conhecida  a  opinião  do  P.  Quirício  Caxa  a  que  ele  próprio  responde  : 
«Se  o  pai  pode  vender  a  seu  filho  e  se  um  se  pode  vender  a  si  mesmo». 
Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  397-429;  cf.  Breve  Itinerário  194-196. 

8  Há  a  resposta  do  Doutor  Navarro  a  cinco  casos  em  que  respon- 
dem também  vários  letrados  da  Universidade.  As  respostas  são  de 
Fernão  Peres,  Gaspar  Gonçalves  e  Luís  de  Molina  (Inst.  182,  ff.  171T- 
-i74r ;  e  de  Martin  de  Azpilcueta  Navarro,  ib.  ff.  3ior-3i3v  ;  este  é  origi- 
nal, com  assinatura  autógrafa).  Os  cinco  casos  são  os  mesmos.  A  cota 


51. -BAÍA  FINS  DE  JULHO  DE  1552 


571 


4.  Nesta  Casa  dos  Mininos  de  Jesu  há  disciplina  muy-  4° 
tas  sestas-feiras  do  anno,  scilicet,  Quaresma,  Advento  e 
depois  de  Corpus  Christi  até  a  Assumpção  de  N.  Senhora. 
Faz  muyta  devação  ao  povo.  Disciplinão-se  muytos  homens 

e  toda  esta  casa  com  Padres  e  Irmãos  e  mininos.  Nom  vêm 
a  ella  senão  homens,  que  ninguém  conhece  quando  se  dis-  45 
ciplinâo.  Não  pareceo  bem  ao  Bispo.  E  seu  pregador  9  nas 
primeiras  pregações  reprovou  muy  to  penitentias  publicas, 
por  donde  toda  a  cidade  entendeo  dizê-lo  pela  disciplina; 
nom  olhando  que  pessoas  publicas,  como  somos  os  da  Com- 
panhia, suas  obras  am-de  ser  publicas,  quanto  mais  que  5o 
nom  hé  pelas  praças.  Facta  est  divisio  no  povo,  huns 
diziâo  bem  hé,  outros  não. 

5.  Nestas  partes  o  moor  trabalho  que  temos  hé  nom 
podermos  socorrer  a  homens  amancebados  com  suas  escra- 
vas de  que  tem  filhos,  porque  pera  os  apartarem  hé  grande  55 
fortuna,  pera  se  confessarem  [62v]  e  absolverem  nom  são 
capazes  pera  isso.  Sperão  molheres  do  Reyno  com  que 
casem.  Scandalizão-se  pelos  nom  absolvermos,  dizendo-nos 
grandes  misericórdias  de  Nosso  Senhor,  e  sabem-nas  melhor 
que  eu.  Em  todas  as  pregações  do  pregador  do  Bispo,  que  6o 
lhe  eu  ouvi,  nom  achou  outros  peccados  que  estranhar  na 
terra,  nem  outra  cousa  que  dizer,  senão  as  mesmas  razões 

e  palavras  que  nos  os  amancebados  pregão,  o  que  faz  asse- 
gurar os  homens  em  seus  custumes  maaos  e  causou  des- 
prezo na  Companhia.  Disse-o  ao  Bispo  em  sua  camará  com  65 
a  mais  humildade  (posto  que  hipócrita) 10  que  eu  pude  ávi- 


da foi.  174V  refere-se  ao  ano  de  1583.  Há  um  exemplar  em  Évora 
(CXVT/1-33,  ff.  109-126)  e  por  esse  demos  o  título  de  cada  um  destes 
cinco  casos  {História  I  76-77).  Pela  data,  trata-se  de  respostas  a  casos 
de  consciência  levantados  no  Brasil  pelo  P.  Gonçalo  Leite,  Professor 
de  Filosofia,  e  pelo  P.  Miguel  Garcia,  Professor  de  Teologia.  Leite  ii 
227-229. 

9  Pregador  do  Bispo,  P.  Gomes  Ribeiro.  Van  der  Vat,  Princí- 
pios, 306. 

10  Este  qualificativo  confirma  a  sua  humildade,  porque  quem  a  si 
mesmo  se  tem  por  humilde  já  o  não  é.   Mas  a  palavra  hipocrisia,  na 


372 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


sando-lhe  estas  cousas  e  que  a  terra  nora  queria  aquilo. 
Fez-se  rauyto  agastado  de  que  fuy  muyto  triste;  e  foy 
bom  pera  eu  saber  sua  arte  melhor  e  casar-me  com  o  meu 
7o  bom  propósito;  nom  se  me  dá  nada,  porque  este  será  o 
menor  mal. 

6.  Os  escravos  desta  cidade  tinhão  missa  e  pregação 
nesta  casa  nossa  aos  domingos,  e  à  tarde  doctrina.  Fazia-sse 
muyto  fruito.   Des  que  veo  nos  escusou  disto.  Manda  fazer 

75  doctrina  cada  dia  por  Antonio  Jusarte  11  e  nom  vay  lá  quasi 
ninguém.  A  missa  nom  lha  dizem.  Andão  os  escravos  muy 
desconsolados;  vêm-se  aa  nossa  igreja  aqueixando-se ;  hé 
pera  mym  grande  dor.  Disse-o  ao  Bispo:  diz  que  proverá; 
nom  sey  o  que  seraa. 

8o  7.  Os  padres  que  o  Bispo  trouxe  nom  edificão  nada  este 
povo,  porque  cá  fazião-lhe  tudo  de  graça  e  agora  vêm  outro 
modo  de  proceder.  O  vigairo12  desta  cidade,  que  agora  hé 
chantre,  mandou-o  prender  o  Bispo  por  huma  paixão,  porem 
soltou-se  logo.  Dahi  a  X  ou  XII  dias  teve  outras  paixões 

85  com  o  Cabido,  scilicet,  duas  dignidades  e  hum  cónego;  man- 
dou-os  prender  e  esteverão  seis  dias  na  cadea  da  cidade. 
Elles  forão-lhe  desobedientes,  e  elle  que  nom  sabe  fugir  a  dar 


78  disse-o]  desse-o  tus. 


linguagem  de  Nóbrega,  significava  muito,  até  em  matéria  de  pobreza 
activa:  «Nam  tendo  muitas  vezes  camiza,  que  vestir,  &  succedendo 
nesse  tempo  vir  a  nossa  Caza  o  Governador  Mem  de  Sâ,  o  Padre 
Nóbrega  punha  no  pescoço  hum  lenço,  com  que  dissimulava  a  falta  de 
camiza,  &  costumava  chamar  por  graça  a  este  lêço  a  sua  hypocresia». 
Franco,  Imagem  de  Coimbra,  II,  liv.  2,  cap.  10  §  14. 

11  António  Juzarte  era  clérigo  de  ordens  menores  quando  foi 
apresentado  Cónego  da  Sé  da  Baía  em  Lisboa  em  1552,  conezia  confir- 
mada na  Baía  a  6  de  Julho  do  mesmo  ano  (Documentos  Históricos  xxxv 
[1937]  137-138  244-245).  É  o  único  nome  pessoal  citado,  supomos  que  por 
ser  conhecido  do  P.  Simão  Rodrigues.  De  facto,  no  dia  6  de  Fevereiro 
de  1548,  entraram  na  Companhia  de  Jesus  em  Coimbra  o  P.  Leonardo 
Nunes  e  um  António  Juzarte;  mas  este  acha-se  notado  com  a  letra  S. 
(saído),  Lus.  4J-1,  f.  3r. 

12  Manuel  Lourenço.  Leite  i  23. 


51.  -  BAÍA  FINS  DE  JULHO  DE  1552 


575 


occasião  que  lho  nom  sejão!  e  porem  aproveitará  pera 
que  o  temão  os  seculares  quando  virem  que  asi  castiga  os 
seus.  9° 

8.  Os  mininos  desta  casa  acustumavão  cantar  pelo 
mesmo  toom  dos  índios,  e  com  seus  instromentos,  cantigas 
na  lingua  em  louvor  de  N.  Senhor,  com  que  se  muyto 
athrahião  os  corações  dos  índios,  e  asi  alguns  mininos  da 
terra  trazião  o  cabelo  cortado  à  maneira  dos  índios,  que  95 
tem  muyto  pouca  diíferença  do  nosso  custume,  e  fazião 
tudo  para  a  todos  ganharem.  Estranhou-o  muyto  o  Bispo 

e  na  primeira  pregação  falou  nos  custumes  dos  gentios 
muyto  largo,  por  donde  todo  o  auditório  o  tomou  por  isso. 
E  íoy  assi,  porque  a  mym  o  reprehendeo  muy  asperamente13,  100 
nem  aproveitou  escusar-me  que  nom  erão  «ritos  nem  custu- 
mes dedicados  a  Ídolos,  nem  que  perjudicassem  a  fee  catho- 
lica.  Obedeci-lhe  e  asi  o  farey  em  tudo,  porque  por  menos 
mal  tenho  deixarem-se  de  salvar  gentios  que  sermos  ambos 
divisos.  105 

9.  Este  negocio  dos  mininos  e  sua  confraria  14  favo- 
rece-o  muito  mal  e  soltou  palavras  por  donde  se  ficou 
entendendo  nom  levar  disso  muyto  gosto.  São  eu  tam  raao, 
que  sospeito  que  nom  há  por  bem  feyto  senão  o  que  elle 
ordena  e  faz,  e  todo  o  mais  despreza.  no 

10.  Diz  muitas  vezes  ser  Mestre  e  ensinar  a  Mestre 
Ignatio  15  e  a  V.  R.  em  Paris:  Neque  magni  facit  Societa- 


97    Estranhou-o]  Estranhoou  ms. 


13  Esta  repreensão  foi  em  particular;  mas  na  pregação  de  que 
fala  duas  linhas  antes,  foi  em  público  e  «todo  o  auditório  o  tomou  por 
isso»,  ou  seja  :  «desautorizou  em  público  e  em  particular  o  proceder  dos 
Padres».  Leite  i  39-40;  cf.  Van  der  Vat,  Princípios  313. 

14  Confraria  dos  Meninos  de  Jesus,  encarregada  da  parte  tempo- 
ral do  Colégio.  Nóbrega  dá  notícia  mais  explícita  destas  confrarias  na 
carta  de  10  de  Março  de  1553  (§  11). 

15  S.  Inácio  chegou  ao  Colégio  de  S.  Bárbara  em  Paris  em  1529 
e  saiu  de  Paris  em  1535  e  Simão  Rodrigues  em  1536.  Nalguma  parte 
desse  período  se  deve  pois  situar  o  ensino  do  Mestre  Pedro  Fernan- 


374 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


tem  nostram  ;  mordet  quum  vult  et  potest,  posto  que  nos 
exteriores  comigo  me  faz  muito  gasalhado,  [63r]  e  eu  peço 

"5  a  N.  Senhor  me  ensine  a  ganhar-lhe  a  vontade  sempre. 
Julgue  agora  V.  R.  minha  maldade,  que  sey  escrever  estas 
cousas  e  nom  as  sei  chorar.  Escrevo-as  pera  que  V.  R.  as 
chore  por  mim  se  bem  sabe  chorar  e  encomende  muyto 
isto  a  N.  Senhor.    E  me  avise  sempre  do  que  devo  fazer 

120  nisto  que  tenho  scripto,  e  no  mais  que  a  prudência  ensinar 
a  V.  R.  que  cá  succederá.  E  pois  sabe  quam  mao  filho 
tem  em  rr^m,  mande  outro  que  melhor  se  saiba  aver  nestas 
cousas. 

11.  As  nossas  mortificações  entende  pouco  o  spirito 
125  delias  e  reprehende-o  muito:  o  que  me  alegra  muyto  no 
Senhor  hé  obrigá-lo  a  fazer  grandes  obras,  pois  faz  pouca 
conta  das  nossas,  e  teremos  occasião  de  nos  estender  pela 
terra,  cousa  tam  necessária  e  proveitosa  e  de  nós  tam 
desejada. 

^  12.  Hé  muyto  bom  pregador  e  muy  aceito  ao  povo. 
Vive  muito  desgostoso  por  ser  a  terra  pobre.  Temo  que 
se  vá  cedo.  Favoreça-o  V.  R.  de  laa,  pois  lá  nom  tem 
outrem  ninguém,  e  já  que  V.  R.  foy  seu  principio,  seja 
meo  e  tudo,  e  encenda  carvões  sobre  sua  cabeça  pera  que 

135  nos  ame  1C.  Está  tam  acreditada  a  Companhia  nesta  cidade, 
que  nom  poderá  nenhum  rosalgar  fazer-lhe  mal,  nem  sinto 
tanto  nom  nos  amar  muyto  por  respeito  da  Companhia, 
quanto  por  respeito  do  pouco  credito  que  elle  ganhará  com 
suas  ovelhas  se  lhe  enxergarem  qualquer  cousa  destas. 

I4°  13.  Posto  que  digo  a  V.  R.  na  outra  17  que  aceitarey  visi- 
tar, agora  me  parece,  pelo  que  minha  maldade  entende  de  seu 
coração,  que  fugirey  muito  disso,  por  nom  dar  occasião  de 
cousas  que  podem  succeder.  E  estou  muy  arependido  de 
o  mandar  ao  P.e  Antonio  Pirez,  a  Pernambuco,  para  que  o 


des  a  Inácio  e  Simão  Rodrigues.  Procuramos  averiguar  este  ponto,, 
supra,  Introdução  Geral,  cap.  II  art.  19. 

16  Rom.  12,  2c. 

17  Carta  de  10  Julho  de  1552  §  2. 


52.  -  BAlA  5  DE  AGOSTO  DE  1552 


375 


faça.  Tudo  atribuo  a  meus  peccados  e  à  mofina  do  Brasil, 
que  até  nisto  lhe  impide.  Consolo-me  que  todas  as  cousas 
grandes,  que  N.  Senhor  obrou,  custarão  muyto  trabalho  e 
teverâo  outros  mayores  contrastes. 

52 

CARTA  DOS  MENINOS  ÓRFÃOS 
[ESCRITA  PELO  P.  FRANCISO  PIRES] 
AO  P.  PERO  DOMÉNECH,  LISBOA 

BAÍA  5  DE  AGOSTO  DE  1552 

I.    Bibliografia :  Leite  ix  62  n.  1. 

II.  Autores :  Leite  i  24  25  30  37  38  101  102 ;  Breve  Itinerário  75-77 ; 
Luís  Heitor,  Musica  e  Catequese,  in  Cultura  Politica  V  n.  49  (Rio  de 
Janeiro  1945)  142-143  ;  Wanderley  Pinho,  História  de  um  Engenho  do 
Recôncavo  13-15  ;  Elaine  Sanceau,  Capitães  do  Brasil  267-270. 

III.  Texto  :  Original  português  perdido. 

ARSI,  Bras.j-i,  ff.  64r-67v  [antes  298r-3oiv].  Cota  por  letra  do 
P.  Domenech:  «Treslado  de  una  carta  dei  Brasil  que  scriven  a  Pedro 
Domenec  sobre  las  cosas  que  Nuestro  Senor  obra  por  los  ninnos  de 
la  doctrina  en  aquelles  gentiles.  [Outra  letra:]  1552  5  Augusti».  Tradu- 
ção em  espanhol  à  qual  o  P.  Domenech  juntou  umas  palavras  para  o 
P.  Geral  que  se  publicarão  adiante  no  seu  lugar  próprio  (carta  56). 

IV.  Impressão:  Tradução  em  português.  Leite,  Novas  Cartas  Jesuí- 
ticas —  de  Nóbrega  a  Vieira  (São  Paulo  1940)  141-152. 

V.  Autor:  A  cota  dá  autor  indeterminado,  embora  a  carta  seja 
subscrita  por  um  nome  na  aparência  colectivo,  ou  individual  composto 
em  nome  dos  Meninos  Órfãos  como  se  fosse  um  deles.  Mas  às  vezes 
esquece-se  deste  papel  e  fala  dos  Meninos  como  de  terceiras  pessoas 
(fim  do  §  2,  começo  do  §  3,  e  §§  8  e  13).  Nas  cartas  colectivas  de  Meni- 
nos a  benfeitores  ou  Superiores,  o  que  em  geral  se  pratica  é  que  o 
redactor  seja  um  Mestre;  e  aqui  deve  ser  o  P.  Francisco  Pires.  Conhe- 
cia pessoalmente  o  destinatário;  veio  com  os  Órfãos  em  1550;  e  a  ele 
mandou  o  P.  Nóbrega  que  escrevesse  «as  cousas  desta  Capitania»,  como 


148    mayores  dei.  const 


376 


MENINOS  ÓRFÃOS  -  P.  PERO  DOMÉNECH 


diz  na  carta  seguinte  (carta  53  §  2),  na  qual  (§  8)  faz  expressa  referên- 
cia a  cartas  dos  Meninos,  não  achando  útil  escrever  de  novo  o  que  elas 
contêm,  fazendo  apenas  um  breve  resumo  da  última  peregrinação  (§9). 

VI.   Edição :  Edita-se  o  texto  único. 

Textus 

1.  Introductio.  —  2.  Peregrinatio  puerorum  Collegii  Bahiae.  — 
3.  Pueri  língua  brasílica  praedicatores. —  4.  Ingrediuntur  Indorum  pagos 
cum  pompa  et  cauticis  brasílica  língua.  —  5.  Indorum  domus.  —  6.  Bene 
accepti  ab  indis  principalibus.  —  7.  Perveniunt  ad  vestígio  S.  Thomae 
ubi  crucem  erigunt.  —  8.  Ouum  Pueri  ingrediuntur  pagos,  Indi  abstinent 
a  manducatione  carnis  humanae.  —  9.  Transacto  magno  flumine  per- 
veniunt ad  locum  ubi  erat  P.  Nóbrega.  —  10.  Altera  peregrinatio  ad  eri- 
gendam  crucem  in  pago  indi  nomine  Grilo,  amici  lusitanorum.  —  77.  Indi 
Grilo  sanatur  filia  infirma;  filius  comitatur  Paires  ut  artem  legendi  et 
scribendi  edoceatur. —  72.  ///  pago  indi  Grilo  magnum  gaudium  factum 
€St,  cum  organis  Indorum  musicis ;  sed  e  Portugália  etiam  organa  pos- 
tulai. —  13.  Cum  musicis  et  canticis  ingredi  interiora  terrarum  Nóbrega 
non  timet.—14.  Etiam  campanae  et  tintinnabula  e  Portugália  postulantur. 
—  75.  Patris  Nóbrega  peregrinatio  per  pagos  usque  ad  vestigia  S.  Tho- 
mae.—  16.  Itineris  labores  et  difficultates. —  77.  Unus  Frater  [Vinc. 
Rodrigues}  mansit  cum  duobus  pueris  in  pago  prope  illa  vestigia ;  alii  in 
urbem  Bahiam  reversi  sunt. 

+ 
Jesús 

Pax  Christi. 

La  gracia  y  amor  de  Christo  Jesú  more  siempre  en  nues- 
tras  almas.  Amén. 

5  1.  Charíssimo  Padre  mio ;  quién  pudiesse  escribirle  con- 
forme al  amor  con  que  le  amo  en  Jesú  Christo  crucificado, 
el  qual  ensena  amar  en  sus  entranas,  mayormente  como 
V.  R.a  nos  amuestra  de  allá  bien  pareze  ser  alumbrado  y 
encendido  deste  Crucificado,  pues  que  su  fuego  nos  callenta 

10  y  conserva  asta  el  Brasil.  Confio  en  el  mismo  Sefior  que 
será  para  mucho  augmento  de  la  sancta  fe  cathólica,  como 


6   al  corr  ex  a  lo  |  crucificado]  criicifacado  ws.  J|  10    asta  corr.  ex  a  todo 


52.  -  BAÍA  5  DE  AGOSTO  DE  1552 


577 


va  ordenado  e  nuestro  Senor  lo  guia.    Plazerá  a  nuestro 
Sefíor  que  a  los  fundadores  1  los  tomará  por  moradores  de 
la  su  sancta  ciudad  de  Jerusalém,  e  a  quien  dará  mucha  vida 
para  que  gozen  de  lo  que  plantaron.    Pídole  en  nuestro  *5 
Senor  que  ruegue  por  nós  y  por  esta  gentilidad,  que  pareze 
que  se  viene  mucho  allegando  la  mies  para  dar  fruto,  y  que 
nuestro  Senor  nos  dé  que  alcancemos  el  fruto  de  su  árbol, 
padeciendo  con  El  en  este  servicio  que  andamos,  y  que  nos 
dé  de  su  charidad  por  aquella  con  que  baxó  de  los  cielos  y  20 
bivió  fasta  llegar  a  la  cruz,  onde  con  la  voz  rouca  pidió 
perdón  para  los  que  lo  crucificaron,  escusándolos,  y  nos  dé 
de  su  sed,  dándonos  aqui  de  la  agua  que  El  pregonava  y 
prometió  a  la  Samaritana2,  con  las  migajas  que  pidía  la 
Cananea  3,  y  de  las  que  sobraron  de  los  panes  4  que  partió  25 
en  el  desierto  a  las  companas  en  estos  nuestros  cestillos. 
Y  El,  que  es  verdadero  Samaritano  5,  nos  cure  y  ponga  en 
su  santo  jumento  pagando  bien  a  los  de  su  mesón,  y  a 
nosotros  harte  aqui  de  su  pan  de  lágrimas  para  que  par- 
tamos bien  con  estos  gentiles.   O  Padre  mio,  o  Hermanos  3° 
mios,  quién  fuesse  tam  bienaventurado  que  de  su  alma  no 
se  apartase  Jesú  crucificado  y  aquella  su  hambre  y  sed,  y 
juntamente  se  viesse  entre  estos  índios  hambrientos  bus- 
cando el  reyno  de  Dios  y  su  justicia;  porque  El  nos  farta- 
ria, porque  El  dize  ser  bienaventurados  los  tales,  y  nuestra  35 
Sefiora  que  a  los  hambrientos  inchió  de  bienes. 

2.  Aqui  con  los  olores  de  sus  romerías  y  peregrinacio- 
nes  G  nos  encendimos  en  Jesú  Christo,  e  hizimos  una  rome- 


26    companas  dcl.  y 

1  Como  se  disse  na  Introdução  Geral,  cap.  n,  art.  4,  o  P.  Domé- 
nech  fundou,  sob  o  patrocínio  régio,  o  Colégio  dos  Órfãos  de  Lisboa. 

2  Ioan.  4,  9. 

3  Mat.  15,  22. 

4  Ioan.  6,  1-14. 

5  Cf.  Luc.  10,  33. 

6  Pela  alusão  repetida  a  Jesus  Crucificado,  refere-se  ao  seguinte 
livrinho  do  próprio  destinatário  desta  carta:  Avisos  de  /  como  os  proues 
órfãos  de  /  Iesu  se  hão  de  auer  nas  pejregrinações  &  romarias  /  que  fize- 
rem. E  outras  doctrinas  &  conside  rações  mui  proueito/sas  &°  necesjsa- 


378 


MENINOS  ÓRFÃOS  -  P.  PERO  DOMÉNECH 


ria  y  una  peregrinación  por  la  tierra  adentro,  armándonos 
4°  contra  ellos  de  la  cruz  de  Christo  e  de  sus  palabras.  La 
cruz  fué  siempre  levantada  y  los  ninos  delante,  de  dos  en 
dos  o  de  tres  en  tres,  predicando,  unos  delante  de  los  otros 
por  un  espacio,  a  grandes  vozes,  predicando  a  Christo  ser 
el  verdadero  Dios  que  hizo  los  cielos  y  la  tierra  y  todas 
45  las  cosas  para  nosotros,  para  que  le  conociéssemos  y  ser- 
viéssemos,  y  nosotros  a  quienes  El  hizo  de  tierra  y  dió 
todo,  no  lo  queremos  conocer  ni  creer,  obediciendo  a  sus 
hechiceros  y  malas  costumbres,  y  que  de  allí  adelante  no 
tendrían  escusa,  pues  Dios  les  imbiava  la  verdadera  Santi- 
so dad,  que  es  la  cruz  y  aquellas  palabras  y  cantares.  Y  que 
Dios  tenía  vida  [64V]  para  los  que  lo  creen  allá  donde  El 
está,  mostrándoles  la  hermosura  de  los  cielos,  nombrándo- 
les  los  elementos  con  sus  frutos,  y  como  de  allá  venía  el 
sol  e  llovia,  dia  e  noche,  e  otras  cosas  muchas.  Y  de  aqui 
55  corregíamos  sus  faltas  y  hechizeros,  y  mostrándoles  sus 
enganos  muy  claros,  de  lo  que  fueron  espantados  saber 
tanto  los  ninos,  porque  le  hablavan  dei  infierno  y  dei 
diablo  de  quien  ellos  an  miedo,  de  todo  lo  qual  los  ninos 
lenguas  andan  muy  ensenados. 
60      3.    Estos  son  los  que  los  dias  de  fiestas  predican  7  en 
la  yglesia  y  declaran  el  evangelio,  y  van  en  los  dias  santos 
por  la  Ciudad  y  Aldeãs  antes  que  amanezca,  que  son  las 
horas  a  que  ellos  8  predican,  e  les  dizen  la  solennidad  dei 
dia,  llamándoles  al  conoscimiento  de  Dios  y  lo  que  han  de 
65  hazer.   Los  quales,  oyendo,  van  a  sus  senores  a  dezir  lo  que 
han  oydo  y  a  le  pedir  licencia,  e  los  de  las  Aldeãs  forros 
christianos  vienen  a  las  Ciudades  a  las  tales  fiestas. 


•  ia  tres  en  tres  predicando  in  margine  \  \  43  predicando  corr.  cx  preguan  ||  64  llamán- 
doles] Uomándoles  tns.  \  \  66  e  dcl.  o 


rias.  Feitos  pelo  reuerendo  padre  /  Pero  domeneco  Reytor  delles.  8.°  [50  ff.]. 
In  f.  lv  grav. :  Jesus  Crucificado,  cc.  1550.  Talvez  imp.  em  Lisboa  por 
João  Barreira  e  João  Álvares.  Cf.  Anselmo,  Bibliografia,  p.  318  (n.  1115). 

7  Para  estas  pregações  em  tupi  podiam  servir  os  treslados  do 
P.  Navarro  e  do  Ir.  Vicente  Rodrigues  (carta  42  §  7). 

8  Os  meninos  pregadores. 


52.  -  BAÍA  5  DE  AGOSTO  DE  1552 


379 


4.  Hablando  de  los  negros9,  de  que  hablá vamos,  con 
lo  que  les  dezían  monstravan  grandes  senales  de  creer, 
unos  venían  a  pedir  salud,  otros  que  nos  rogavan  que  no  7° 
les  hechássemos  la  muerte  con  miedo  de  nosotros,  porque 
[a]  ellos  les  parecia  que  hechávaraos  la  muerte.  En  algu- 
nas  casas  de  las  Aldeãs,  porque  no  fuéssemos  a  ellas,  hazían 
fuego  y  quemavan  sal  y  pimienta,  porque  con  la  fortaleza 

y  edor  no  passássemos  10 ;  e  nosotros  con  todo  visitávamos  75 
las  casas  todas  con  la  cruz  levantada.  Y  nosotros  entrando 
íbamos  con  cantares  de  nuestro  Sefior,  de  manera  que  todo 
les  era  para  Consolación,  porque  les  dezíamos  la  verdad,  y 
que  todo  lo  que  llevávamos  era  vida  y  que  los  ruines  eran 
los  que  murían  porque  no  querían  las  cosas  de  Dios.  80 

5.  Las  casas  de  acá  son  como  las  de  allá  y  muy  largas, 
todas  cubiertas  de  palma  desde  suelo  arriba.  Donde  pos- 
sábamos,  repossávamos  a  médio  dia  y  de  noche  éramos  muy 
bien  hospedados  y  nos  davan  de  lo  que  tenían  en  abundância. 
Bien  parece  que  no  falta  nada  a  los  que  buscan  a  Christo.  85 

6.  A  los  principales,  en  entrando  les  hablávamos  todos, 
después  se  levantavan  de  una  rede  o  lecho,  en  que  por  la 
mayor  parte  están,  y  hablavan  a  cada  uno  por  si  diziéndonos 
«ereiube»,  que  quiere  dezir  «vengáis  en  hora  buena» ;  y  noso- 
tros dezíamos  «paa»,  que  quiere  dezir  «sí»,  como  es  su  cos-  9° 
tumbre. 

7.  Quanto  a  la  romería  de  las  pissadas  u,  de  la  Aldeã 
donde  posamos  es  un  tiro  de  ballesta.  Lo  más  de  la 
noche  tuvimos  grandes  cumplimientos  con  el  Principal 
que  estava  al  presente  12.    Nos  dixeron  que  morássemos  95 


70  unos  corr.  alia  manu  in  y  ||  72  les  dei.  la  ||  74  fortaleza  dei.  eche  ||  77  ibamos 
sup.  |  todo  corr.  ex  todos  ||  78  para  dei.  alia  manu  \  Consolación  corr.  alia  manu  ex  con- 
fussión  |  dezíamos  corr.  alia  manu  ex  dezían 


9   Negros  por  índios.  E  assim  outras  vezes  nesta  carta. 

10  Cf.  infra  §  13. 

11  Pegadas  de  Santo  Tomé.  Dirigia  esta  peregrinação  o  Ir.  Vicente 
Rodrigues  (carta  55  §  3). 

12  Segue-se  no  tns.  um  breve  espaço  em  branco,  para  o  nome  do 
índio  Principal,  que  não  foi  preenchido. 


380 


MENINOS  ÓRFÃOS  -  P.  PERO  DOMENECH 


allí  y  que  nosotros,  que  sabíamos,  los  ensefiaríamos  y 
ellos  nos  harían  una  cassa  en  las  pisadas  dei  bienaven- 
turado  Santo.  Con  los  quales  de  mariana  partimos,  depués 
de  plática  y  predicaciones  por  las  casas  e  cantares,  para 

ioo  las  pissadas,  con  la  letanía  nuestra  compafiera,  y  ellos 
todos  con  ora  pro  nobis.  En  llegando  era  media  marea 
vazia,  y  vimos  pissadas,  que  las  cubre  la  marea  llena,  que 
están  en  piedra  muy  rezia,  y  las  pissadas  senaladas  como 
de  hombre  que  huyendo  resvalava,  y  la  piedra  dió  lugar  a 

105  sus  pies  como  [65^  si  fuera  barro:  assí  se  le  abajó  y  humilló. 
Estando  nosotros  ay  por  un  espacio  dando  loores  a  nuestro 
Senor  por  aquel  mysterio,  porque  nuestro  Senor  no  permite 
nada  en  valde,  sino  para  aviso  y  exemplo  de  ellos  y  nuestro, 
y  por  senal  de  lo  que  nuestro  Senor  haze  por  los  suyos, 

110  luego  de  allí  nos  fueron  ellos  a  cortar  dos  paios  largos  e 
hizieron  una  cruz  grande  entre  muchas  piedras  al  pie. 

8.  Veniendo  por  otras  Aldeãs,  allegamos  a  otra  donde 
havia  gran  cantidad  de  vino  y  carne  de  los  contrários  para 
comer,  donde  predicando  por  las  casas,  aquel  dia  no  la 

"5  comieron  por  nuestra  llegada,  y  su  íiesta  cesó  de  tal 
manera,  que  ellos  mismos  hizieron  callar  a  los  suyos  que 
cantavan.  Los  ninos,  entretanto  que  ay  estuvieron,  fueron 
bien  acogidos,  y  les  barrieron  las  calles  como  a  santos13; 
y  los  ninos  hizieron  juegos  hablando  por  lengua.  Los 

12°  negros  estavan  muy  espantados  y  nos  proveyeron  aquel 
dia  de  lo  que  havíamos  menester. 

9.  Y  otro  dia  nos  partimos  w,  donde  no  uvo  con  sus 
íiestas  y  vinos  quien  nos  passasse  un  rio  muy  grande,  de 
manera  que  nuestro  Senor  hizo  miraglo  16  con  nosotros,  de 


96    nosotros  corr.  sup.  cr  nos     97    pisadas  corr.  ex  pegadas  ';  106    un  dei.  pedaço 
dando  corr.  sup.  alia  tua  nu  ex  dizien  |  112    allegamos  corr.  ex  bailamos  |   114  predi- 
cando corr.  ex  predicar  l?]    casas  dei.  y     1  í 9    lengua  corr.  ex  lenga 


13  Isto  é,  como  aos  seus  pagés. 

14  «Deviam  estar  na  Ponta  da  Areia  ou  lugar  bem  próximo  da 
Boca  do  Rio»,  esclarece  Wanderley  Pinho  (ofi.  cit.  13).  Trata-se  do 
«Rio  de  Matoim»  (ib.  14). 

15  Espanhol  popular;  em  português,  milagre. 


52.  -  BAIA  5  DE  AGOSTO  DE  1552 


381 


tantos  como  éramos  no  nos  acontezer  peligro,  según  dél  125 
nos  contaron.   A  nuestro  poco  saber  ayudó  nuestro  Sefior, 
porque  passamos  la  gente  por  2  vezes  con  unos  paios  de 
jangadas,  que  ajuntamos  y  atamos  con  las  cuerdas  de  los 
lechos  16  que  llevávamos  para  dormir,  y  assí  passamos  la 
boca  de  un  rio  que  entra  en  el  mar,  que  más  era  mar  que  13° 
rio17,  al  presente  muy  peligroso,  según  nos  contaron  des- 
pués  que  acontecían  muchos  desastres.  Este  dia  llegamos 
donde  estava  el  Padre  Nóbrega  18,  donde  llegamos  víspera 
de  Antruejo  l9,  donde  passamos  otras  muchas  cosas  de  loor 
de  nuestro  Senor,  y  este  camino  fué  de  siete  léguas  por  135 
dentro  en  tierra  20. 

10.  E  fizimos  otra  peregrinatión  la  semana  de  Lázaro21 
de  ocho  léguas  donde  llaman  el  Grillo  22,  que  es  un  negro 


125  tautos  corr.  ex  tanto  \\  128  jangadas  in  margine  barcos  |]  133  donde1  corr.  ex 
don  ||  >35    este  corr.  ex  esta 


16  Isto  é,  redes  ou  maqueiras. 

17  «O  Rio  Matoim  —  a  estreita  barra  da  enseada  de  Aratu».  Wan- 
derley Pinho,  op.  cit.  14. 

18  Como  se  vê,  parece  que  o  Padre  Nóbrega  tinha  ido  adiante  e 
marcara  o  ponto  de  junção  em  Matoim.  Ele  já  tinha  feito  em  1549  a 
peregrinação  das  pegadas  de  S.  Tomé.  Desta  vez  deve  ter  ido  por  mar 
sem  perder  de  vista  a  expedição  por  terra  e  aí  esperaria  os  meninos 
com  abastecimentos  e  no  navio  voltariam  todos  à  Baía,  pois  só  se  conta 
a  viagem  de  ida.  Está-se  em  pleno  verão  baiano.  Excursão  de  férias, 
a  que  Nóbrega  quis  dar  também  o  carácter  pio  de  peregrinação,  e  esta 
era  o  que  interessava  dizer  ao  P.  Doménech. 

19  Antruejo,  Entrudo,  tomado  em  conjunto:  os  três  dias  de  Carna- 
val. Chegaram,  portanto,  véspera  do  domingo  gordo  (Quinquagéssima), 
isto  é,  no  sábado  precedente,  dia  27  de  Fevereiro  de  1552  (bissexto). 
Na  palavra  antruejo,  no  tns.,  o  /  baixo,  unido  ao  r,  parece  duplicar  o 
n  e  lemo-lo  e  traduzimo-lo,  em  1940,  por  Ano  Velho.   Mas  é  Entrudo. 

20  «Matoim  está  a  sete  léguas  da  Cidade».  Wanderley  Pinho, 
op.  cit.  14. 

21  «Semana  de  Lázaro».  O  dia  de  Lázaro  é  a  sexta-feira  da 
quarta  dominga  da  Quaresma.  Esta  sexta-feira  em  1552  caiu  a  1  de 
Abril. 

22  A  esta  Aldeia  do  Grilo  gastaram  uma  légua  mais  do  que  na 
peregrinação  precedente.  Devem  ter  ido  por  diverso  caminho  ao  menos 
em  parte.  Desta  Aldeia  torna  a  falar  no  final  do  §  15. 


382 


MENINOS  ÓRFÃOS  -  P.  PERO  DOMÉNECH 


muy  nombrado  e  temido  entre  ellos.  Por  muchas  Aldeãs, 

14°  de  la  misma  manera  que  arriba  dixe,  anduvimos.  Este  nos 
hizo  buen  acogimiento.  Es  negro  muy  grave.  Dezíanos 
que  allí  teníamos  muchas  caças  que  nos  mandaria  matar  y 
que  hiziéssemos  allí  una  casa,  que  ellos  la  harían,  y  que 
tenían  puercos  y  pescados  y  caças.    El  qual  y  los  demás 

r45  oyan  la  palabra  de  Dios  mostrando  gran  aparejo  de  su 
parte  para  christianos,  salvo  que  las  muchas  mugeres  que 
tienen  los  impidefn],  de  las  quales  tienen  hijos.  Llámannos 
muchas  [vezes]  a  que  les  hablemos  de  Dios,  y  éste  dezía 
que  se  tenía  por  cuitado  (palabra  de  que  se  corren)  porque 

r5°  no  nos  entendia  de  quantas  vezes  nos  oya,  y  demás  desto 
que  estava  lejos  de  nosotros  y  que  no  tenía  quien  le  ense- 
fiasse.  Es  negro  para  mucho  y  amigo  de  los  christianos. 
Tiene  en  su  cassa  libro  para  quien  quisiere  leer  muy  bueno 
e  cartas  de  jugar  para  quando  allá  va  alguno  para  le  hazer 

I55  plazer;  tiene  dos  redes  o  lechos  armados  para  los  huéspe- 
des  en  su  Aldeã.  Pusimos  una  cruz  y  dixímosle  lo  que  era, 
y  fué  luego  como  se  lo  dixeron,  y  con  los  suyos  hizieron 
un  camino  por  una  vereda  desde  su  Aldeã  hasta  entrar  en 
unos  caminos  donde  la  pusimos.  Para  llevarla  hizimos  una 

160  processión  con  girnaldas  en  la  cabeça,  [65 v]  con  los  negros 
diziendo  ora  pro  nobis.  E  llevava  la  cruz  un  Padre23  e  un 
hombre,  que  fué  en  la  compania,  descalços,  y  la  cruz  de  los 
niíios  delante.  Llegados  y  puesta  en  el  suelo  levantada, 
se  llegó  un  nino  y  predico  por  su  lengua  los  opprobrios  de 

165  Christo,  donde  le  dió  nuestro  Senor  lágrimas,  y  lloró  el 
Principal.  Lo  qual  acabado,  apartándonos  de  la  cruz  por 
un  poco,  nos  pusimos  de  rrodillas  y  assí  fuimos  a  adoraria, 


144  El  corr.  ex  lo  ||  155  tiene  corr.  ex  tieaes  ||  155-156  huéspedes  corr.  ex  guespe- 
des  |  dixímosle  corr.  ex  dixémosle  ||  161  Padre  dei.  que  fu  ||  163  Llegados  corr.  ex  Alle- 
gados  ||  165    Senor  sufi.  \\  167    adoraria  dei.  cruz 


23  Parece  tratar-se  do  P.  Salvador  Rodrigues;  e  o  homem  que  o 
acompanhava,  ambos  descalços,  Gaspar  Barbosa  [cf.  referência  do  Bispo, 
carta  49  §  2].  Salvador  Rodrigues  tinha  cuidado  dos  Meninos  (carta 
53  §6). 


52.  -  BAÍA  5  DE  AGOSTO  DE  1552 


385 


lo  qual  hizo  aquel  Principal  assí  arrastrando,  lo  qual  es 
para  ellos  mucho  dolor  y  afruenta  que  el  demónio  pone. 
A  quien  haze  lo  que  nosotros,  llámanle  muger  de  los  chris-  17° 
tianos. 

11.  Este  tenía  una  hija  muy  doliente  de  lo  que  él  tenía 
mucha  pena  por  la  gran  enferraedad.  Tráxola  a  que  le  diés- 
semos  salud,  la  qual  uno,  que  tenía  más  fee  que  yo,  se  la 
prometió,  y  con  oraciones  de  los  nifios  day  a  poços  dias  175 
estuvo  buena.    Donde  nos  partimos  con  mucho  carifio  dél, 

y  nos  dió  un  hijo  muy  bonito  para  que  le  ensefiássemos, 
al  qual  baptizamos  dia  de  Pascua  24  y  aprende  bien.  Pla- 
zerá  a  nuestro  Sefior  que  será  para  su  gloria. 

12.  En  esta  Aldeã  uvo  muchas  fiestas  donde  los  nifios  180 
cantaron  y  holgaron  mucho,  y  de  noche  se  levantaron  al 
modo  de  ellos  y  cantaron  y  tafieron  con  tacuaras,  que  son 
unas  canas  grossas  con  que  dan  en  el  suelo  y  con  el  son 
que  hazen  cantan,  y  con  maracás,  que  son  de  unas  frutas 
unos  cascos  como  cocos  y  aguierados  con  unos  paios  por  185 
donde  dan  y  pedrezuelas  dentro  con  lo  qual  tafien.  Y  luego 
los  nifios  cantando,  de  noche  (como  es  costumbre  de  los 
negros),  se  levantavan  de  sus  redes  e  andavan  espantados 

en  pos  de  nosotros.  Parézeme,  según  ellos  son  amigos  de 
cossas  músicas,  que  nosotros  tafiendo  y  cantando  entre  19° 
ellos  los  ganaríamos,  pues  25  differencia  ay  de  lo  que  ellos 
hazen  a  lo  que  nosotros  hazemos  y  haríamos  si  V.  R.a  nos 
hiziesse  proveer  de  algunos  instrumentos  para  que  acá 
tafiamos  (imbiando  algunos  nifios  que  sepan  tafier),  como 
son  flautas,  y  gaitas,  y  nésperas,  y  unas  vergas  de  yerro  195 
con  unas  argollicas  dentro,  las  quales  tafien  da[n]do  con  un 
yerro  en  la  verga;  y  un  par  de  panderos  y  sonajas.  Si 


176  estuvo  corr.  ex  estava  ||  iSa  tacuaras  corr.  ex  taquras  ||  186  con  sup.  \\  188  redes] 
in  margine  son  lechos  en  que  ellos  duermen  ]|  189  Parézeme  corr.  sup.  ex  pareze  |  son 
dei.  ser  [[  195    nésperas]  í«  margine  son  instrumentos 


24  17  de  Abril  de  1552. 

25  «Pues»  não  apouca  a  diferença,  antes  a  acentua,  com  vantagem 
para  os  instrumentos  músicos  que  se  pedem  de  Portugal. 


584 


MENINOS  ÓRFÃOS  -  P.  PERO  DOMÉNECH 


viniesse  algún  tamborilero  y  gaitero  acá,  parézerae  que  no 
havría  Principal  que  no  diesse  sus  hijos  para  que  los  ense- 
bo nassen. 

13.  Y  junto  con  esto,  como  el  P.e  Nóbrega  determina  yr 
lejos  por  la  tierra  adentro 26,  yrían  seguros  con  esto,  porque 
los  negros  a  sus  contrários  (a  los  quales  quieren  muy  mal, 
tanto  que  se  comen  unos  a  otros)  los  dexan  entrar  en  sus 

2°5  tierras  y  casas,  si  les  traen  taneres  y  cantares,  y  assí  los 
nombran  santidades  y  les  dan  quanto  tienen  porque  les 
dizen  muchas  cosas  falsas  y  mentiras  que  el  demónio,  su 
padre,  les  ensena.  Pues  si  esto  que  los  negros  saben  que 
son  mentiras  y  enganos,  y  assí  lo  coníiessan,  los  atrae,  <jqué 

210  harán  si  con  música,  que  nunca  oyeron,  les  predicáremos 
la  verdad  dei  mismo  Dios  exercitada  en  nuestras  almas? 
^Quién  tendrá  duda  sino  que  tremerán  los  demónios  y  sus 
poderios  como  nublados  ante  el  sol?  Esto  dize  el  Padre 
Nóbrega  27  y  téngolo  por  muy  cierto,  porque  los  nifios  tie- 


198  tsmborllero]  tamorilero  »«s.  ||  201  el  sup.  j  yr  sup,  \\  208  si  corr.  «  se  "  309  los 
atrae  ia  margine  ||  210  predicáremos  corr.  sup.  cr  predicamos 


26  A  entrada  ao  sertão  dos  Carijós  ou  Guaranis  do  Sul,  que  Nó- 
brega já  tinha  determinado  um  ano  antes,  cf.  carta  de  Nóbrega,  de  11 
de  Agosto  de  1551  §  2. 

27  Vasconcelos  resume  assim  este  passo  da  carta  de  1552:  «Che- 
gou a  ser  opinião  de  Nóbrega,  que  era  hum  dos  meios,  com  que  podia 
converter-se  a  gentilidade  do  Brasil,  a  doce  harmonia  do  canto  ;  e 
por  esta  causa  ordenou  se  lhe  pusessem  em  solfa  as  orações  e 
documentos  de  nossa  santa  Fé;  porque  à  volta  da  suavidade  do  canto 
entrasse  em  suas  almas  a  inteligência  das  cousas  do  Ceo»  (Chronica 
Liv.  1  n.  118,  atino  de  ijS2\  Também  o  P.  António  Vieira  viu  esta 
carta  de  1552  e  achou  na  Serra  de  Ibiapaba  o  mesmo  «estilo»  de 
Nóbrega  :  «Mas  depois  que  os  Padres  lhes  ensinaram  a  cantar  os  mes- 
mos mistérios,  que  compuseram  em  versos  e  tons  muito  acomodados, 
viu-se  bem  com  quanta  razão  dizia  Nóbrega,  primeiro  Missionário  do 
Brasil,  que  com  música  e  harmonia  de  vozes  se  atrevia  a  trazer  a  si 
todos  os  gentios  da  América»  {Relação  da  Missão  de  Ibiapaba,  in 
Vozes  Saudosas  [Lisboa  1736]  37  38;  cf.  Leite,  Artes  e  Ofícios  61-62). 
A  Relação  de  Vieira  imprimiu-se  pela  primeira  vez  em  1660  (Leite  ix 
244),  três  anos  antes  da  Chronica.   A  fonte  de  Vasconcelos  poderia  ter 


52.  -  BAÍA  5  DE  AGOSTO  DE  1552 


385 


nen  muchos  sermones  28  estudiados  y  tanen  e  cantan  al  215 
modo  dellos,  lo  qual  huelgan  de  oyr.  Y  quando  los  ninos 
van  cantando  y  tafiendo  por  sus  Aldeãs,  vienen  los  viejos 
(que  suelen  aver  miedo  de  nosotros  y  esconden  sus  hijos) 
a  bailar  sin  descansar,  y  assimismo  las  viejas,  por  cuyo 
consejo  se  rigen  así  viejos  como  moços;  y  los  ninos  [66r]  220 
andan  tras  nosotros  esperando  quándo  emos  de  tafier  o 
cantar,  rogándonos  que  los  ensenemos,  y  diziéndonos  algu- 
nos  que  quieren  venir  con  nosotros.  Así  lo  desean,  mas  no 
osan  dei  todo  fiar  por  los  enganos  3'  males  que  hast'aquí 
recibieron  de  los  christianos  passados,  lo  qual  agora  nuestro  225 
Senor  les  abre  los  ojos  y  confiessan  nuestra  verdad  muchos 
dellos  y  conocen  sus  enganos. 

14.  Para  lo  qual  hemos  menester  ser  muchos  y  ayuda- 
dos  de  muchos  Padres  y  ninos  que  canten,  acompanados  de 
virtud  para  que  puedan  ensenar  a  los  otros,  trayendo  con-  230 
sigo  las  cosas  que  les  hemos  pidido  y  encommendado,  y 
muchas  campanas  para  quando  se  repartieren  por  las  Aldeãs 
con  que  llamen  a  la  doctrina,  de  lo  que  acá  tenemos  mucha 
falta,  porque  los  Padres  y  los  ninos  son  repartidos  por  las 
Capitanias,  y  an  menester  muchas  campanillas  quando  fue-  235 
ren  por  las  Aldeãs. 

15.  Despues  tornaran  los  ninos  para  la  tierra  adentro, 
adonde  fué  el  Padre  Nóbrega  e  otro  Padre  y  dos  Hermanos, 
dia  dei  Angel  Custodio  29  y  acabada  la  processión,  y  des- 
pués  que  comimos  en  casa,  con  la  cruz  toda  pintada  de  240 
pluma  de  la  tierra  muy  hermosa,  con  el  Nino  Jesú  en  lo 
alto  de  la  cruz  en  trage  angéllico  con  una  espada  pequena 


215  tanen  e  cantan  corr.  ex  tanendo  e  cantando  |]  223  que  quieren  sup.  \  \  225  agora 
dei.  nosotros  ||  226  les  dei.  va  |]  24a  trage  dei.  de  |  angéllico  postea  corr.  in  angel  |  espada 
pequena  corr.  ex  espadinha 


sido  Vieira,  mas  o  facto  de  situar  a  notícia  no  ano  de  1552  mostra  que 
também  ele  viu  esta  carta  em  Roma,  onde  aliás  ambos  haviam  estado  : 
Vieira  em  1650  e  Vasconcelos  em  1662.  Cf.  Leite,  Breve  Itinerário 
88-90  ;  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  171-172. 

28  Cf.  supra  nota  7. 

29  19  de  Julho  de  1552  (3.»  dominga  de  Julho).   Cf.  carta  7  §  15. 

25 


336 


MENINOS  ÓRFÃOS  -  P.  PERO  DOMÉNECH 


en  la  mano  30.  Y  assí  fuimos  con  la  cruz  levantada  por  las 
Aldeãs  cantando  en  cada  una  delias  y  tafiendo  a  modo  de 

245  los  negros  y  con  sus  mesmos  sones  y  cantares,  mudadas 
las  palabras  en  loores  de  Dios.  Fuimos  aquella  noche  a 
una  Aldeã.  Todos  dezían  que  no  tenían  nada  para  comer 
sino  alguna  harina  que  por  muchos  ajuntaron.  Quiso  nues- 
tro  Senor  que  partimos  aquel  dia  de  casa,  que  nos  dieron 

250  con  que  comieron  los  nifios  con  aquella  harina.  De  ay  par- 
timos otro  dia  por  la  mariana  y  fuimos  a  otra  Aldeã,  donde 
hallamos  de  almorçar  sin  faltamos  nada  de  lo  necessário. 
En  la  otra  que  primero  durmimos  tuvimos  nuestros  ser- 
mones  y  hablas  de  nuestro  Senor,  diziéndoles  el  Padre  31 

255  que  aquella  era  verdadera  santidad,  y  diziendo  a  los  prin- 
cipales  que  se  aparejassen  para  las  cosas  de  nuestro  Senor 
de  parte  dei  Obispo,  que  era  el  verdadeiro  «Pajé  Gaçu»,  que 
quiere  dezir  «gran  Padre»  y  que  se  aparejassen  para  ser 
christianos  no  como  sus  antepassados  que  se  avían  hecho 

260  christianos  por  camissas  y  no  por  amor  de  Dios  e  por  eso 
eran  muertos  los  más  dellos,  trayéndoles  a  muchos  por 
exemplo,  e  sus  danos  passados,  y  les  trayamos  exemplos 
de  otros  que  fueron  buenos  christianos,  que  eran  nuestros 
amigos  y  no  morían,  porque  creían  en  la  verdadera  santi- 

265  dad,  que  nosotros  llevávamos,  y  cumplían  las  cosas  de 
Dios  que  les  ensenávamos,  las  quales  davan  para  siempre 


251-252  donde  —  necessário  ia  margine  \  [  253-25J  sermones  corr.  ex  sermões  1 1  255  san- 
tidad in  margine:  santidades  Uaman  a  sus  músicos  y  tafiedores  j;  358  Padre]  P."  ms. 


30  O  Menino  Jesus,  vestido  de  Anjo,  com  a  espada  ou  o  tacape 
na  mão  (Fernão  Cardim,  Tratados  [1925]  187-189,  ao  tacape  chama 
espada).  Figuração  em  que  se  reúnem  símbolos  cristãos  e  indígenas 
(espada,  ou  tacape,  símbolo  do  poder)  inspirados  na  celebração  da  festa 
do  Anjo  Custódio  de  Portugal  e  das  suas  terras  ultramarinas.  Cf.  LEITE, 
Pintores  Jesuítas  do  Brasil  (ijjç-iyóo)  em  AHSI  20  (1951)  211.  Em 
Portugal,  a  Bandeira  do  Anjo  ia  na  procissão  do  seu  dia  (3.*  dominga  de 
Julho)  atrás  de  todas  as  cruzes  e  a  levava  o  Alferes  da  Cidade.  Sousa 
Couto,  Origem  das  Procissões  da  cidade  do  Porto  52,  com  referência 
à  fundação  da  Ermida  de  «São  Miguel  o  Anjo»,  no  Porto. 

31  Nóbrega. 


52.  -  BAÍA  5  DE  AGOSTO  DE  1552 


387 


vida  en  los  cielos,  y  que  los  maios  que  morían  yvan  al 
infierno  a  arder  con  los  diablos,  lo  qual  les  metia  gran 
miedo  y  espanto.  Y  después  desto  tafiíamos  y  cantáva- 
mos, de  lo  que  algunos  havían  miedo,  porque  pensavan  270 
que  nuestro  cantar  les  daria  la  muerte,  otros  por  el  con- 
trario holgavan  mucho  y  venían  a  nuestro  tafier  a  cantar  y 
baylar,  donde  venían  viejos  y  viejas  que  era  para  espantar, 
siendo  éstas  por  quien  ellos  se  rigen  32. 

Desta  manera  que,  atravesando  por  la  tierraa  dentro,  275 
hallávamos  mucha  differencia  de  negros,  porque  en  muchas 
Aldeãs  no  nos  querían  ver  y  huyan  de  nosotros  escondién- 
dose  con  sus  hijos,  pensando  que  luego  havían  de  morir 
con  gran  miedo  que  tenían  de  nós,  y  en  otras  partes  que- 
mavan  pimienta  que  da  un  olor  muy  íuerte  y  fumo  que  280 
parece  que  ahoga  33,  y  assí  passamos  por  las  más  Aldeãs  y 
caminos,  salvo  en  aquéllas  que  nos  era  necessário  comer  y 
descansar,  donde  nuestro  Senor  queria  que  no  nos  faltasse 
nada  de  lo  que  aviamos  menester  con  mucha  alegria  [66v] 
y  mucha  voluntad.  Y  en  estas  Aldeãs  que  esto  halláva-  285 
mos,  que  era  carne  o  pescado,  según  havíamos  menester, 
nos  dezían  que  en  los  otros  dias  passados  no  havían  tenido 
cosa  alguna  sino  en  aquel  dia  que  nosotros  llegamos.  Y  en 
una  Aldeã  que  nosotros  entramos  una  tarde  fueron  delante 
a  dar  nueva  como  ívamos,  y  vinieron  lu[e]go  muchos  negros  290 
cargados  de  pescado,  de  que  comimos  muy  bien  y  aún  lle- 
vamos  pescado  cozido.    Quando  llegamos  a  la  Aldeã  dei 
Grillo  34,  donde  avia  dias  que  no  moría  nada,  aquel  dia  que 


268  lo  corr.  ex  los  1 1  269  tafiíamos  corr.  sup.  ex  taniamo 


32  Insiste-se  na  influência  das  índias  velhas,  de  que  já  se  falara 
antes  §  13    Vestígios  de  matriarcado? 

33  No  §  4  referia-se  também  à  queima  do  sal;  e  Wanderley 
Pinho  chama  a  este  sistema  de  defesa  indígena,  a  sua  «cortina  de  fumaça 
ou  gases  asfixiantes»  (op.  cit.  15). 

34  Já  tinham  estado  nesta  Aldeia  do  Grilo  noutra  peregrinação,  e 
distava  da  Baía  8  léguas  (§  10).  —  Estas  distâncias  são  aproximativas  e 
precárias,  e  devem-se  entender  segundo  o  maior  ou  menor  rodeio  que 
se  dava  no  caminho. 


388 


MENINOS  ÓRFÃOS  -  P.  PERO  DOMENECH 


estuvimos  murió  un  venado  de  que  comieron  los  ninos  y 
295  llevaron  para  el  camino.  En  otra  nos  dieron  mucha  harina, 
pescado  cozido  y  assado,  y  muchos  camarones  de  que  comie- 
ron en  abundância  y  llevaron  para  el  camino,  de  manera  que 
donde  quiera  que  ívamos  hallávamos  por  poco  que  íuesse 
abastança,  hasta  que  llegamos  a  las  pisadas  de  Santo  Thomé, 
3°°  donde  hallamos  un  pueblo  en  el  qual  havia  dias  que  no 
moría  pescado,  y  quando  nosotros  hallegamos  no  falto  lo 
necessário,  mostrando  bien  nuestro  Sefíor  que  iva  en  nues- 
tra  compafiía. 

16.  Trabajos  de  caminos  passamos  muchos,  passando 
3°5  muchos  rios  y  aguas,  porque  era  entonces  tiempo  delias. 

Anduvimos  todo  un  dia,  quando  llegamos  a  las  pissadas, 
por  debaxo  de  grandes  arboledas  siempre  por  agua  sin 
acertar  con  el  camino,  hasta  que  al  cabo  fuimos  a  dar  a 
una  balsa  35  detrás  de  un  rio  Matuim  36,  donde  estancába- 

31°  mos  fasta  las  rodillas,  y  todo  por  donde  andávamos  lleno 
de  ostrias  que  bastava  para  cortamos  las  piernas  si  Dios 
no  fuera  con  nosotros.  Allí  andubimos  muy  perdidos,  por- 
que no  sabíamos  si  yvamos  anzia  mar  o  anciã  tierra;  mas 
uno  acordándose  de  Sant  Antonio  llamó  a  los  ninos  y  todos 

315  dixeron  un  responso  37,  y  el  bienaventurado  Sant  Antonio 
nos  puso  en  camino. 

17.  Anduvimos  con  mucho  trabaxo  de  caydas  fasta 
llegar  a  las  pissadas,  donde  aliamos  los  negros  tam  buenos 
que  huvo  de  quedar  allí  un  Hermano  38  con  dos  ninos  para 


313  tierra  dei.  y 


35  Charco,  alagadiço. 

36  Rio  Matoim  ou  «Rio  Cotegipe».  Homem  de  Melo,  Atlas  do  Bra- 
sil (Rio  de  JaDeiro  1907)  mapa  12. 

37  Responso  no  sentido  português:  «Responso  de  S.  António». 
Em  espanhol  seria  «responsorio». 

38  Ir.  Vicente  Rodrigues.  É  a  Aldeia  de  S.  Tomé  de  Paripe, 
onde  ficaram  também  dois  meninos,  aos  quais  mais  abaixo  se  chama 
«Irmãos»,  os  Irmãos  «pequenos»,  como  então  se  intitulavam  os  recolhi- 
dos no  Colégio  dos  Meninos  de  Jesus.  Leite  II  47 ;  infra,  cartas  53  §  10 
c  55  §  1. 


52.  -  BAÍA  5  DE  AGOSTO  DE  1552 


389 


los  ensenar  y  hazer  una  casa  en  las  pissadas  donde  se  reco-  32° 
jan  nifíos  y  deprendan.    Allí  hallamos  buen  acogimiento, 
porque  por  un  hijo  suyo  nos  imbió  a  llamar  a  su  casa  el 
Principal,  donde  recibiraos  tanta  Consolación,  que  fué  mayor 
que  los  trabajos  que  passamos.    Y  en  esa  misraa  Aldeã 
bailamos  y  cantamos  a  su  modo  y  los  cantares  en  su  len-  325 
gua,  y  la  muger  dei  Principal  se  levanto  a  bailar  con 
nosotros.   E  otro  dia  por  la  mariana  nos  fué  amostrar  un 
limonar  donde  los  nifíos  tomaron  de  los  limones.   Day  nos 
partimos  para  las  pissadas  con  cantares  de  nuestro  Sefior 
y  los  gentiles  de  la  Aldeã  yvan  con  nosotros.  Y  cantamos  33° 
en  las  pissadas  un  hymno  dei  Spíritu  Santo,  y  day  nos  par- 
timos de  los  Hermanos,  los  quales  quedavan  muy  desseo- 
sos  39  de  nosotros. 

Fuimos  por  la  playa  do  hallamos  otro  limonar  que  nos 
dió  mucho  trabajo,  principalmente  a  los  nifíos  [ôyr]  por  los  335 
muchos  mosquitos  que  nos  mordían,  y  desta  manera  fui- 
mos hasta  llegar  a  una  boca  de  un  rio  que  passamos  en 
una  canoa,  donde  está  agora  en  casa  40.  No  dizimos  más : 
que  nos  encomendéis  en  vuestras  oraciones. 

Desta  casa  dei  Collegio  de  los  Nifíos  de  Jesú,  oy  a  5  de  34° 
Agosto  de  1552  annos. 

De  vuestros  hermanos 

Diego  Topinambá  Peribira  Mongetá  Quatiá41. 


325  bailamos  corr.  sup.  ex  balamos 


39  «Desseosos».  É  lícito  supor  que  no  original  português  estivesse 
«saudosos». 

40  Parece  que  continuaram  até  à  Boca  do  Rio  (de  Matoim)  donde 
voltaram  de  canoa  para  casa. 

41  Esta  cláusula  requer  alguns  esclarecimentos': 

a)  De  vossos  irmãos:  Talvez  o  original  estivesse  no  singular,  e  o 
tradutor  ou  copista  o  transpusesse  para  o  plural,  contando  vários  signa- 
tários, como  aparentemente  se  apresentam  a  quem  quer  que  desco- 
nheça a  língua  brasílica  (tupi). 

b)  Diogo:  O  facto  de  haver  um  só  nome  cristão,  junto  com  a  signi- 
ficação das  palavras  tupis,  sugere  que  talvez  se  trate  de  um  só  menino 
com  nome  composto  pelo  P.  Francisco  Pires,  autor  da  carta,  que  fazia 


390 


P.  FRANCISCO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


CARTAS  PERDIDAS 

52a-c.  Dos  Meninos  da  Baia  aos  Meninos  de  Lisboa  (Bala,  antes 
de  7  de  Agosto  de  1552).  O  Padre  Nóbrega  mandou  aos  Meninos  da 
Bala  «que  escrevessem  aos  meninos  de  Lisboa,  e  porque  poderá  ser 
que  suas  cartas  as  vejais  ho  nam  escreverei»,  —  diz  o  P.  Francisco 
Pires  aos  Padres  e  Irmãos  de  Portugal  em  carta  da  Bala,  7  de  Agosto 
de  1552  §  8.    Só  se  conhece  uma,  a  de  5  de  Agosto. 

52d-f.  Dos  Meninos  da  Baía  ao  P.  Pero  Domenech,  Lisboa  (Baía, 
fins  de  Agosto  de  1552).  «Despues  desta  [de  5  de  Agosto  de  1552]  rece- 
bimos  otras  de  diez  o  doze  nifinos  hijos  de  padres  gentiles»,  —  escreve 
Doménech  na  carta  de  Outubro  de  1552  §  1. 

53 

DO  P.  FRANCISCO  PIRES 
AOS   PADRES   E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

BAÍA  7  DE  AGOSTO  DE  1552 

I.  Bibliografia:  B.  Machado  11  206;  Sommervogel  vi  848  n.  1; 
Streit  11  336  n.  1223 ;  Leite  ix  63  n.  2. 

II.  Autores  :  LEITE  I  25. 

III.   Texto  :  Original  português  perdido. 

1.  Biblioteca  de  Évora,  CXVI/1-33,  ff.  i86r-i89v.  Título  :  «Carta 
do  Padre  Nobriga  [outra  letra,  riscado:]  pera  os  irmãos  de  Purtugal». 
Falta  o  final.    Apógrafo  em  português. 

2.  ARSI,  Bras.  j-r,  54r-55v  [antes  282r-283r].  Título  :  «De  una  dei 
P.e  Francisco  Pérez  que  está  en  el  Brasil  para  los  Hermanos  de  la 
Compariía  de  Jesus  que  están  en  Coimbra».  No  fim:  «De  Baía  a  los  7 
de  Agosto  de  1552».    Falta  o  princípio  que  se  lê  no  apógrafo,  mas  traz 


diligência  por  aprender  o  tupi  sem  nunca  o  chegar  a  saber  bem. 
(Anchieta,  Carias  488).  Nome  composto  dos  seguintes  elementos:  de 
baptismo  (Diogo),  de  tribo  (Tupinambá),  de  família  (Peribira),  de  escola 
(Mongetá  Quatiá:  ler,  que  lê  e  escreve). 

c)  Mongetá:  «Aimõguetá,  falar  a  alguém» ;  «ler  o  escrito-.  Leo- 
nardo DO  Vale,  Vocabulário  I  [1953]  133  ;  n  20. 

d)  Quatiá:  «Escritura,  pintura,  dibuxo,  papel, carta,  libro» ;  «aiqua- 
tiá,  escrivir» ;  «quatia  mongetá,  leer».  Montoya,  Vocabulário  262  323V. 
Cf.,  supra,  introdução  desta  carta:  Autor. 


55. -BAÍA  7  DE  AGOSTO  DE  1552 


591 


a  parte  final  que  falta  naquele.  Tradução  espanhola  talvez  do  original 
perdido.    Com  correcções  e  cortes  feitos  por  Polanco. 

3.  Bras.  j-i,  58r-59v  [antes  285r-286v].  Título:  «Cavato  d'una  dei 
P.e  Francesco  Perez  che  sta  in  Baia  per  li  soi  Fratelli  dela  Compagnia 
de  Jesu  delli  17  de  Settembre  i552>.  Tradução  italiana  da  versão  espa- 
nhola, depois  das  emendas  e  cortes  do  P.  Polanco,  portanto  resumida. 

4.  Biblioteca  Vaticana,  Ottobotii  lat.  797,  ff.  I59r-i6iv.  Outra  tra- 
dução italiana  como  em  3. 

IV.  Autor:  Em  Évora  está  incluída  entre  outras  cartas  de  Nóbrega 
por  ser  a  seu  mandado:  «O  Padre  Nóbrega  me  mandou  escrever-vos»; 
mas  escreveu-a  o  P.  Francisco  Pires  como  se  diz  nas  traduções. 

V.  Data  :  Talvez  alguma  via  fosse  de  17  de  Setembro,  mas  deve-se 
preferir  a  data  de  7  de  Agosto  da  tradução  espanhola,  de  que  procede 
a  italiana. 

VI.  Impressão:  Novi  Avisi  di  piu  lochi  de  V índia  et  massime  de 
Brasil  (Roma  1553),  sem  paginação  [carta  n.  4] ;  Diversi  Avisi  (Veneza 
1559)  T5ov-i54r;  ib.  (1565)  i5ov-i54r;  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931) 
126-132. 

VII.  História  da  Impressão :  Novi  e  Diversi  Avisi  imprimem  a  tra- 
dução italiana  resumida  (3);  Cartas  o  apógrafo  incompleto  (1). 

VIII.  Edição:  Imprime-se  o  apógrafo  português  (1),  acrescentado 
com  a  parte  final  da  tradução  espanhola  (2). 

Textus 

1.  Introductio.  —  2.  Scribit  iussic  Patris  Nóbrega ;  item  de  aliis 
praefecturis  alii  scribent.  —  3.  Cum  rever  sus  est  e  Praefectura  Pernam- 
buci,  P.  Nóbrega  navigare  non  potuit  ad  alias  visitandas  praefecturas  ob 
adversum  ventum.  —  4.  P.  Navarrus  in  Praefectura  Portus  Securi  ver- 
satur.  —  5.  P.  Paiva  in  Praefectura  Spiritus  Sancti.  —  6.  P.  Nóbrega 
in  urbe  Bahia  eiusque  ministeria.  —  7.  Fervor  Indorum  in  addiscenda 
doctrina  Christiana.  —  8.  Pueri  Collegii  Bahiae  operam  dant  studiis  et 
iuvant  Paires.  —  9.  Peregrinatio  puerorum  in  interiora  terrarum  Bahiae. 
—  10.  Fr.  Vincentius  Rodrigues  aediculam  facit  prope  vestigia  S.  Tho- 
mae.  —  77.  Interveniente  Nóbrega,  Didacus  Alvares  Caramuru  ab  Epis- 
copo  creatus  est  comes  Patrum  ad  conversionem  gentilium.  —  12.  In 
Praefectura  S.  Vincentii  messis  quidem  multa,  operarii  autem  pauci.  — 
13.  Desunt  Patres  ad  Praefecturam  quae  «.Ilhéus»  dicitur. —  14.  P.  Nó- 
brega sese  parat  ad  navigandum  versus  meridiem.  —  75.  Incipit  aedifi- 
cationem  novae  ecclesiae  in  urbe  bahiensi.  —  16.  De  puero  Michaele,  filio 
hominis  lusitani  et  foeminae  indae,  qui  ut  indus  vivebat. 


392 


P.  FRANCISCO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


1.  Quid  scribam  Fratribus  meis  ut  consolentur  in  Do- 
mino, nisi  amaritudines  contra  me  ut  orent  pro  me  et  non 
consumar  peccatis  adolescentiae  mefae]1?  Muitas  vezes 
estou  cuidando  ho  muito  que  N.  Senhor  obraria  nestas  par- 

5  tes  pella  Companhia,  se  muitos  meus  Irmãos  de  Coimbra 
quá  viessem,  porque  en  cada  cousa  e  cada  hora,  se  eu  tivesse 
boons  olhos,  viria  ao  Senhor  obrar  e  dispor  tudo  suave- 
mente. Nam  poderei  escrever  cousas  particulares  porque 
são  já  tão  frio  e  tão  soberbo,  que  não  sei  já  cousa  que  me 

io  farte,  nem  me  satisfaça,  nem  me  comsole,  nem  me  aquente, 
senão  acabar  de  ver  já  todo  o  Brasil  christão,  ou  ser  como 
Deus  e  saber  tudo.  Heu  Fratres!  latet  anguis  in  herba  2,  e 
eu  estou  longe  de  vós  pera  ser  ajudado  e  não  sei  se  vos 
esqueceis  de  mim,  porque  eu  cada  ves  me  acho  atrás. 

15  2.  O  P.e  Nobriga  me  mandou  escrever-vos  as  cousas 
desta  Capitania,  porque  de  Pernambuquo  se  escreverá  ho  que 
N.  Senhor  naquella  Capitania  obrou,  e  pollo  consiguinte  das 
outras  Capitanias  faram  o  mesmo.  Bem  quizeramos  que 
tudo  se  poderá  escrever  junto  e  não  espalhado,  e  porem  não 

20  pode  ser,  porque  às  veses  se  passa  hum  anno  e  nam  sabemos 
huns  dos  outros  por  causa  dos  tempos  e  dos  poços  navios 
que  andão  polia  costa,  e  às  veses  se  vêem  mais  cedo  navios 
de  [i86v]  Purtugal  que  das  Capitanias;  e  por  isso  os  Padres 
das  Capitanias  escreveram  por  sua  via  e  nós  por  ha  nossa. 

25  3.  Des  que  chegou  o  P.e  Nobriga,  que  foi  no  começo  da 
Coresma  3,  fazendo-se  prestes  hum  barquo  pera  São  Vicente, 
detreminou  hir  visitando  as  Capitanias  e  pregando  ho  jubi- 
leu *,  mais  movido  pello  desejo  que  tinha  de  os  ver  a  todos 


1-14  Quid  —  atras  om.  textus  2  et  )  ||  16  se  escreverá]  escrivirá  el  P.e  Antonio  Perez 
textus  2  sed  dei.  ||  22  vêem]  vê  ms.  ||  26-40  Sâo  Vicente — sucederão  dei.  textus  2,  om. 
textus  ) 


1  Iob.  13,  26. 

2  Virgilius,  Eclog.  Ill  93. 

3  No  começo  da  Quaresma,  portanto  por  2  de  Março  de  1552 
(Quarta  feira  de  Cinzas);  mas  deve  ter  chegado  dias  antes,  pois  já  estava 
na  Bala  na  última  semana  de  Fevereiro.  Cf.  supra,  p.  381,  nota  19. 

4  Do  Ano  Santo  de  1550  (cartas  15  e  16) ;  Leite,  Breve  Itinerário  72. 


55.  -  BAÍA  7  DE  AGOSTO  DE  1552 


395 


e  consolar-se  cora  seus  Irmãos,  que  por  ser  vontade  de  Deus 
N.  S.,  como  claramente  se  vio,  porque  estando  embarqua-  3° 
dos  ho  Padre  Nobriga  e  Manuel  de  Paiva  em  tempo  de 
monção  pera  toda  a  costa  e  partindo  com  muito  boom 
tempo,  logo  saindo  da  Baia  se  mudou  que  foi  forçado  tor- 
narem aribar.   Ho  qual  considerando  os  Padres  e  Irmãos 
diserão  se  porventura  não  se  servia  Nosso  Senhor  da  tal  35 
ida,  por  onde  pareceu  bem  ao  P.e  Nobriga  pô-llo  em  pare- 
cer de  todos.    E  se  concluio  que  não  devia  de  hir  por 
muitas  causas  que  se  aly  moverão,  o  que  despois  a  expe- 
rientia  ensinou  ser  muito  gloria  de  N.  Senhor  não  hir  elle 
por  cousas  que  sucederão.  E  foi  o  P.e  Manuel  de  Paiva  e  4o 
ho  P.e  Nav varro  pregando  o  jubileu  pellas  Capitanias  e 
visitando  as  casas. 

O  P.e  Navvarro  fiquou  em  Porto  Seguro  por  rezão  das 
pregaçõis  e  doctrina  dos  christãos  e  gentios  daquella  Capi- 
tania onde  se  fas  muito  fructo,  e  andão  duas  povoações  em  45 
bandos  sobre  quem  fará  milhor  casa  de  meninos  polia  deva- 
ção  que  tem  aos  Padres  da  Companhia. 

O  P.e  Paiva  passou  ao  Espiritu  Sancto,  onde  antes  estava 
o  P.e  Afonso  Brás,  e,  por  ser  vindo  a  Porto  Seguro  e  dahi 
vir  ter  com  o  P.  Nóbrega  a  comunicar-lhe  casos  de  consien-  5° 
tia,  e  não  se  encontrarão  no  caminho,  foi  forçado  ao  P.e  Paiva 
fiquar-se  no  Espiritu  Sancto,  e  tãobem  por  ser  Coresma  e 
do  povo  se  não  poder  espedir.  E  foi  tudo  ordenado  por 
Nosso  Senhor,  porque  levava  tres  mininos  [i87r]  com  os 
quais  principiou  aquella  Casa  5,  e  não  erâo  tão  necessários  55 


46  casa  de  órfãos  text.  2  \  \  50  com  o  P.  Nóbrega  a  comunicar-lhe  ex  text.  2  et  },  tns. 
comiguo  a  comunicar-me 


5  A  Casa  foi  fundada  pelo  P.  Afonso  Brás  um  ano  antes,  mas  a 
passagem  do  P.  Manuel  de  Paiva  (Visitador  local)  com  os  três  meninos 
para  São  Vicente  despertou  nos  moradores  a  ideia  de  os  reter,  e  apre- 
sentando-se  a  questão  do  sustento  ofereceram  a  sesmaria  de  4  de 
Maio  de  1552,  concedida  ao  mesmo  P.  Manuel  de  Paiva.  O  facto  objec- 
tiva a  data  da  sua  estada  aí  (doe.  40).  E  foi  portanto  ele  quem  al  pre- 
gou o  Jubileu  do  Ano  Santo. 


394 


P.  FRANCISCO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


em  São  Vicente  pera  onde  elles  hião,  os  quais  acarretarão 
outros  da  terra,  que  aprendem  e  causão  muita  devação  com 
suas  doctrinas  e  pregações  e  cantares  de  N.  Senhor  assi 
aos  christâos  como  gentios,  e  vai  em  muito  crecimento 

6o  aquella  casa,  e  á-de  sser  a  melhor  de  toda  costa  por  rezão 
dos  muitos  mantimentos  que  ali  há  em  muita  abastança, 
posto  que  agora  esteja  muito  pobre  de  gente.  Ho  P.e  Afonço 
Brás  por  achar  o  Padre  Navarro  em  Porto  Seguro  e  lhe 
detreminar  suas  duvidas,  se  tornava  no  primeiro  barco. 

65  6.  Ho  P.e  Nobriga  se  fiquou  nesta  Capitania  da  Baya 
com  o  P.e  Salvador  Rodriguez,  ho  qual  tinha  cuidado  dos 
mininos  e  por  sua  fraqueza  não  podia  comfessar  nem  dizer 
missa.  E  por  isso  carregava  tudo  no  Padre  Nobriga,  o  qual 
confessava  todos  os  dias  da  Coresma  e  aos  domingos  dizia 

70  duas  missas  e  pregava  duas  pregações,  huma  nesta  Cidade 
e  outra  na  Villa  Velha,  com  andar  cada  domingo  huma  legoa 
assi  da  ida  como  de  vinda,  e  pregar  às  sextas-feiras  na 
Sidade  e  acodir  a  todos  os  negócios  espirituaes  que  sobre- 
vinhão  e  à  governação  desta  casa  e  gente  delia,  que  são 

75  perto  de  corenta  pessoas  antre  servidores  e  homens  de  tra- 
balho e  meninos.  Ho  fructo  que  N.  Senhor  obrou  não  o 
poderei  eu  escrever  em  particular,  porque  se  fizerâo  alguns 
casamentos  de  muito  serviço  de  N.  Senhor,  apartarão-se 
muitos  de  peccados,  reformou-se  muita  gente  em  boons 

80  custumes.  Certo,  Irmãos,  que  a  virem  molheres  de  lá  com 
que  os  homens  casassem,  que  se  poderá  bem  chamar  esta 
Capitania  huma  religião,  porque  custumes  de  jurar  ho  nome 
do  Senhor  mais  estranhado  hé  antre  os  leigos  mesmos,  que 
em  outras  partes  entre  pessoas  religiosas.  [187V]    Se  ha-i 

85  desconcertos  antre  alguns,  logo  são  amigos ;  ho  furtar, 
senão  antre  pessoas  que  por  isso  vierão  degradados;  dos 
outros  maos  custumes  muito  apartados.  Creo  que  nenhum 
fiquara  por  ganhar  o  jubileu,  fazendo  o  que  em  si  era, 
posto  que  alguns  por  não  poderem  comodamente  apar- 


62-64  Ho  P.e  —  barco  dcl.  tcxtus  0111.  tcxlus  J  ||  73  a  intcrp.  [|  70,  de  ex  ttxt.  3  ]| 
83-84  mesmos  —  religiosas]  y  saeculares  que  en  otras  partes  entre  personas  que  tcuian 
más  obligación  a  esso  tcxtus  2,  sed  a  Polanco  dei. 


53.  -  BAÍA  7  DE  AGOSTO  DE  1552 


395 


tar-se  de  Índias,  de  que  tinhâo  filhos,  esperão  por  molhe-  9° 
res  com  que  cazem  e  se  apartem. 

7.    Ho  fervor  dos  escravos  com  as  pregações  na  lingoa 
e  doctrina  hé  tanto  que  emvergonhavão  aos  senhores,  e 
melhor  sabem  a  doctrina  christãa  que  os  senhores.  Os 
christãos  dos  gentios,  que  permanecerão,  sam  tais  que  95 
emvergonhão  minha  frieza.   Tão  bem  sabem  quando  vem 
ho  domingo  como  eu,  e  não  herrão  nenhum.    E  se  algum 
gentio  fala  mal  dos  branquos,  elles  são  o[s]  primeiro[s]  que 
lhe  vem  a  oferecer  pera  se  castigarem  os  ruins,  e  dizem  que 
já  não  tem  outros  parentes  senão  os  christãos,  e  de  todos  os  100 
gentios  são  estes  envejados  e  lhes  querem  mal  seus  paren- 
tes per  amor  dos  christãos.   E  com  lhe  virem  muitas  ten- 
taçõis  e  perseguições,  sempre  permaneceram,  que  hé  cousa 
de  que  quá  nós  muito  nos  maravilhamos  e  com  que  muito 
louvamos  ao  Senhor,  porque  huns  lhes  morrerão,  outros  são  io5 
sempre  doentes.    Os  feiticeiros  asacam-lhes  mil  raivas  e 
muitas  mintiras  pera  os  perverter,  pregando  que  nós  os 
matamos  com  ho  bautismo,  e  provão-lho,  porque  muitos 
delles  morreram  ;  e,  contudo,  permanecem  no  começado  com 
muito  trabalho  dos  Padres  que  não  fazem  senão  pregar  con-  «° 
tra  isso. 

Ho  motivo  que  tiverão  os  feiticeiros  a  pregarem  isto 
foi  por  hum  grande  e  evidente  juizo  de  Nosso  Senhor 
que  nesta  terra  obrou:  porque  quis  apartar  os  boons  dos 
maos  [i88r]  e  ensinar  que  quem  quizesse  ser  christão,  que  "5 
hoo  avia  de  ser  boom,  e  não  como  ho  erão  alguns  do 
tempo  passado,  que  os  Padres  acharão  quando  primeira- 
mente vierão  a  este  Brassil;  e  foi  de  maneira  que  os  que 
se  fizerâo  christãos  e  não  permanecerão,  quasi  que  nenhum 
fiquou  que  não  morresse,  despois  de  amoestados  por  veses  120 
dos  Padres,  e  quis  Nosso  Senhor  que  os  filhos  destes,  que 
forão  bautisados  na  inocentia,  na  mesma  inocentia  ffalece- 
rão  (ne  malitia  mutaret  intelectum  6),  e  desta  maneira  se 


98    los  primeros  tsxtus  2,  li  primi  textus  3  \\  104    muito1]  muitos  ms.,  textus  2  mucho 


6     Sap.  4,  II. 


396 


P.  FRANCISCO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


castigarão  os  parentes  e  elles  se  salvarão.  De  maneira  que 
125  por  esta  via  tirou  N.  Senhor  dos  coraçõis  do  gentio  que 
nam  podiam  servir  a  Deus  e  a  Belial 7,  não  podiâo  ser 
christãos  e  viver  em  custumes  de  gentios  como  de  antes  cui- 
davão,  porquanto  os  bautizavam  deixando-os  viver  como 
de  antes  e  nunqa  lhe  falavão  nisso,  nem  os  gentios  cuida- 
13°  vão  que  ser  christão  que  era  mais  que  andar  vestido  e 
bautizar-se.    Desta  grande  mortandade  tomarão  os  outros 
ocasião,  por  persuasão  dos  feiticeiros,  a  fugirem  dos  Padres, 
dizendo  que  lhes  botavâo  ha  morte,  e  a  temerem-nos,  e  por 
medo  fazem  quanto  lhes  pedem,  como  darem  seus  escravos 
135  e  nam  os  comerem  quando  os  Padres  lhe  dizem,  como  acon- 
teseu  pouquo  há  a  hum,  e  outras  cousas  que  não  se  podem 
escrever. 

8.  Os  mininos  da  terra  fazem  muito  fructo  e  ajudão 
muito  bem  aos  Padres  e  espantão-se  os  gentios  verem-nos 

14°  falar  com  fervor  e  sem  medo  nem  vergonha  de  N.  Senhor. 
Em  casa  se  tem  muito  exercicio  de  tudo,  assi  das  prega- 
ções, como  de  cantigas,  pella  lingoa  e  em  português  8,  e 
aprendem  muito  bem  ho  necessário.  Tem  sua  oração  men- 
tal e  verbal,  tudo  repartido  a  seu  tempo  conveniente  e 

145  praticas  de  Nosso  Senhor  que  cada  dia,  todos  juntos  à 
noite,  o  P.e  Nobriga  [i88v]  e  os  Padres  lhes  fazem.  Tem 
grandes  fervores  e  mortificações,  que  em  alguma  cousa  vos 
querem  aremedar  a  vós,  Charissimos  Irmãos ;  são  grandes 
os  desejos  de  padecerem  e  de  hirem  pella  terra  adentro 

150  ao  sertão;  em  suas  peregrinações  se  aproveitão  muito,  ho 
que  eu  não  escreverei,  porque  o  Padre  9  lhes  mandou  que 
escrevessem  aos  meninos  de  Lixboa  10 ;  e  porque  poderá 
ser  que  suas  cartas  as  vejais  ho  nam  escreverei. 


107  em  ex  text.  2  \\  130  Prius  christãos  ||  143  bem  cx  text.  1  ]]  147-148  e  mortifica 
ções  —  são  grandes  os  om.  text.  2  tt  )  \\  148    querem  dei.  responder 


7  Cf.  2  Cor.  6,  15. 

8  Cantigas  nas  duas  línguas  tupi  e  portuguesa. 

9  Nóbrega. 
10  Carta  52. 


55.  -  BAÍA  7  DE  AGOSTO  DE  1552 


397 


9.  Somente  de  huma  derradeira  que  fizerão,  na  qual 
muito  padecerão  todos  por  si,  os  Padres  e  Irmãos,  como  os  J55 
meninos,  porque  fugião  os  gentios  delles  como  da  morte 

e  despejavâo  as  casas  e  fogião  pera  os  matos;  outros  quei- 
mavão  pimenta  por  lhes  não  entrar  a  morte  em  casa.  Leva- 
vão  crux  alevantada  a  que  avião  grande  medo  e  vinhão 
alguns  ao  caminho  a  rogar  aos  Padres  que  lhes  não  fizes-  160 
sem  mal,  que  passasem  de  largo  amostrando  ho  caminho 
e,  tremendo  como  a  verga,  não  querião  ouvir  as  pregações ; 
e  isto  quanto  mais  entravão  pella  terra  dentro,  e  mui  asi- 
nha se  tornarão  os  Padres  se  já  não  tiverão  emtrado  tanto, 
e  esperarem  achar  melhor  gentio  adiante.  E  como  o  Senhor  l65 
hé  ajudador  sempre  quando  comvem,  posto  que  todo  o  dia 
não  achasem  quem  os  agasalhase,  nem  lhes  quizessem  dar 
de  comer,  sempre  às  tardes  Nosso  Senhor  movia  os  corações 
dos  da  Aldeã  onde  achegavão  a  que  com  muito  gasalhado 
lhes  dessem  quanto  tinhão,  e  alguns  sairão  a  recebê-los  ao  17° 
caminho  com  muita  alegria.  E  se  algum  tinha  pouca  fee, 
parecendo-lhes  que  seria  a  noite  o  que  foi  de  dia,  e  que 
poderiam  dormir  no  campo  e  perecer  à  fome,  virão  eviden- 
temente como  in  oportunitatibus  adiutor  est  Dominus  n. 

10.  Ho  Irmão  Vicente  Rodriguez  está  daqui  quatro  175 
legoas  pella  Baya  adentro  e  tem  cuidado  de  visitar  algu- 
mas Aldeãs  de  gentios,  onde  por  terem  mais  comunicação 
hos  Padres  e  serem  mais  achegados  parentes  destes  nova- 
mente comvertidos  e  nos  terem  [i89r]  muita  afeição,  está 
mui  aceito  antre  elles;  e  hé  junto  donde  dizem  estar  as  180 
pegadas  de  Sancto  Thomé.  Tem  grande  auditório  de  meni- 
nos que  aprendem.  Tem  comsigo  dous  meninos  12  prega- 
dores que  fazem  muito  fructo;  fazem  quanto  lhe  diz. 

11.  Ho  P.e  Nobriga  ordenou  com  o  Bispo  que  fizesse 
com  Diogo  Alveres,  por  lingoa  dos  índios  Caramoru,  aho  185 


167  Prius  agalhase  |[  171  Prius  alguns  j  175-193  Ho  Irmão  —  converterem  01». 
textus  2  et  j 


11  Ps.  9,  IO. 

12  Cf.  Carta  52  §  17. 


398 


P.  FRANCISCO  PIRES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


qual  tem  grande  credito  os  índios  por  aver  corenta  ou  sin- 
quoenta  annos  13  que  anda  antre  elles  e  ser  velho  honrrado, 
que  andasse  pellas  Aldeãs  com  os  Padres,  prometendo-lhe 
ordenado  d'El-Rei 14,  o  que  ao  Bispo  pareceu  muito  bem  e 
19°  logo  ho  poz  em  obra  e  lhe  falou.  E  assi  se  fará,  e  está 
concertado  ir  hum  dia  destes  por  todas  as  Aldeãs  a  pregar 
contra  ha  abusão  que  está  semeada  antre  elles  e  declarar- 
-lhes  a  verdade,  e  á-de  sser  pai  dos  que  se  converterem. 

12.  De  São  Vicente  tivemos  cartas  15  de  muita  conso- 
195  lação  pollo  muito  fruito  que  lá  se  fas,  o  qual  não  relatarei 

porque  de  llá  o  escreverão  largo.  Escrevem  que  todos  nós 
vamos  pera  lá  e  deixemos  quá  tudo  destas  Capitanias, 
ainda  que  seja  muito  o  que  de  quá  se  fizer,  polia  grande 
seara  que  lá  se  colhe  de  muito  fructo,  e  por  ser  gentio 

200  pello  qual  se  andâo  as  quinhentas  legoas  por  elle16.  Vere- 
mos estas  cousas  e  quam  poucos  somos  pera  tanto,  não 
sabemos  que  dizer  e  andamos  todos  tentados  de  ver  que 
em  Portugal  andão  tantos  pregadores,  de  nossos  Irmãos, 
em  partes  onde  as  almas  tem  seu  Moisés  e  seus  profetas, 

205  e  quá,  onde  tantas  almas  perecem  à  mingoa,  não  vir  nin- 
guém, pois  eu  tenho  pera  mim  que  folgão  mais  na  gloria 
com  huma  alma  brasilia  que  estava  perdida  que  não  com 
muitos  justos  que  por  muitas  vias  podem  ser  socorridos 
de  N.  Senhor.    Vinde,  Charissimos,  que  vos  esperâo  mui- 

210  tas  almas  e  muitos  anjos  pera  vos  ajudarem,  e  Nosso  Senhor 
quer  já  quá  criar  povo  novo  e  gente  nova  pera  Jerusalém 
soberana. 

13.  Nos  Ilheos  não  está  ninguém  por  não  aver  Padre 
que  lá  esteja.  [189V]  Hé  muito  importunado  de  llá  o  nosso 


194-201  De  São  —  tanto  dei.  texlus  2  om.  textus  ) ||  201  quam  ms.  quasl,  textus  1 
quam  |  201-211  não  —  Jerusalém  om.  textus  2  et  )  ||  206  na  gloria  ex  text.  2  \\  007  com1  ex 
text.  2  ||  912    soberana  ex  text.  2 


13  Portanto  desde  1512  ou  1502. 

14  Carta  54  §  18. 

15  Também  a  «cartas»,  no  plural,  se  refere  a  de  Leonardo  Nunes, 
de  29  de  Junho  de  1552  (carta  46  §  2).   Mas  só  esta  se  conhece. 

16  «Por  elle» :  através  dele,  por  ser  muito. 


55.  -  BAÍA  7  DE  AGOSTO  DE  1552 


599 


Padre  Nobriga.  Ninguém  quer  ver  senão  Padres  da  Com-  215 
panhia.  Prometem  dar  quanto  tem  pera  as  casas. 

14.  O  P.e  Nobriga  detremina  hir  com  o  Governador  e 
proverá  e  dará  ordem  a  tudo,  e  creo  que  levará  os  Padres 
que  achar  comsigo  deixando  as  Capitanias,  esperando  por 
vós,  Irmãos,  que  venhais  e  socorrais,  porque  há  tanta  220 
messe  que  não  nos  sabemos  dar  as  mãos,  e  os  obreiros 
são  poucos  17. 

15.  Quanto  a  la  iglesia  que  tenemos  en  esta  Vaia  hasta 
el  presente  es  la  que  hizimos  en  llegando  a  esta  terra18,  y 
por  ser  de  tapia  de  mano  y  estar  ia  mui  danificada,  viendo  225 
los  moradores  de  esta  Ciudad  que  ia  se  caía  y  Su  Alteça 

no  la  mandava  hazer,  determinaron  todos,  especialmente 
el  Governador,  a  hazer  una  nueva  parte  delia  de  piedra  y 
cal19;  y  esto  se  haze  con  tanto  hervor  por  el  amor  que 
nos  tienen,  que  criados  y  sennores  y  esclavos  traen  la  pie-  230 
dra  a  las  cuestas,  y  paréceme,  según  veo  sus  deseos,  que 
presto  le  darán  fin. 

16.  Entre  otros  ninnos,  que  tomamos  en  este  gentil 20, 
de  uno  relataré  en  special,  porque  cierto  sus  cosas,  hervo- 
res  y  dichos  de  nuestro  Senor  son  para  notar.  Tam  alegre  235 
y  contento  de  continuo  que  a  todos  nos  edifica,  lo  que  acá 
atribuimos  esta  specialidade  he  que  seu  pai  morreo  lá  en 
Viana,  según  avemos  sabido,  que  era  mui  buen  christiano 

y  enterrado  con  mucha  pompa,  como  allá  tenemos  por 


220-221  ai  tanta  messe  que  no  textus  2;  vi  è  molto  grande  messe  text.  ^  1 1  223-256  Quanto 
—  Perez  ex  text.  2  ||  224-225  y  por  —  danificada  dei.  in  tns.  ||  234-255  de  uno  —  Ciudad 
dei.,  textus  }  om.  otnnia  ttsque  ad  finem  \  \  235  de  dei.  nuestra  ||  337  Prius  specialiadade  | 
seu  pai  morreo  lá]  su  padre  murrió  alia  alia  manu 


17  Mat.  g,  37  ;  Luc.  10,  2. 

18  Trata-se  não  da  Igreja  da  Ajuda,  mas  da  Igreja  do  Terreiro  de 
Jesus,  começada  no  último  trimestre  de  1549  e  concluída  nos  começos 
de  1550,  precisamente  quando  chegava  de  Lisboa  o  P.  Francisco  Pires 
(carta  14  §  4). 

19  Reconstrução  parcial  ou  acrescentamento,  não  Igreja  toda 
nova",  parte  de  pedra  e  cal,  parte  não. 

20  Que  tomamos  ao  gentio:  que  vivia  entre  o  gentio,  como  gentio. 
Filho  de  português  minhoto,  nascido  de  índia  em  Porto  Seguro  por  1540. 


400 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


240  costumbre,  y  porque  su  alma,  si  nuestro  Senor  es  servido, 
está  en  gloria,  quiere  allá  ver  la  dei  hijo.  Este  minino 
será  de  doce  annos.  Sabe  ia  leer  e  escrivir  honestamente, 
no  quiere  ver  a  los  suios,  y  tanto  les  avorrecen  que  quando 
yo  quise  venir  de  Puerto  Seguro  para  esta  Baía,  quise  traer 

245  un  su  tio  comiguo  que  deseava  de  ver  esta  tierra,  él  me 
dijo  que  no  le  truxese  porque  no  queria  que  le  digessen 
que  sus  parientes  andavan  con  él;  y  fué  mui  alegre  y  con- 
tento con  quitarlo  de  entre  los  parientes  y  de  traerlo  aqui. 
Alevantándose  hun  tumulto,  que  sus  parientes  nos  querían 

250  dar  guerra,  le  hize  pregunta  si  queria  ir  con  ellos  o  comigo 
para  población  de  los  blancos,  porque  nuestra  casa  estava 
de  allí  una  légua.  Él  me  respondió  que  no  queria  ver  sus 
parientes,  que  él  queria  morir  donde  yo  muriesse.  Habla 
ya  mui  bien  la  nuestra  lengua.  Llámase  Miguel. 

255      De  esta  Ciudad  de  Baía,  a  los  7  de  Agosto  de  1552. 

Francisco  Perez. 

54 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

[baía  fins  de  agosto  de  1552] 

L  Bibliografia:  SOMMERVOGEL  V  1782  n.  12;  Streit  113360.1228; 
Leite  ix  8  n.  15. 

II.    Autores :    Leite  ix  414  419 ;  Breve  Itinerário  44-47  ;  Cartas  de 
Nóbrega  i7*-2o* ;  Nemésio  264-265. 

III.  Texto:  Original  português  perdido. 

Biblioteca  de  Évora,  CXVI/1-33,  ff.  I94v-i97r.  Titulo:  «Outra  do 
mesmo  Padre  [Nóbrega]  ao  Padre  Mestre  Simão».  No  final  da  carta  : 
«Fim».    Apógrafo  em  português. 

IV.  Impressão:  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Brasi- 
leiro xliii,  i.a  P.  (Rio  de  Janeiro  1880)  105-111 ;  Vale  Cabral  (Rio  1886) 
101-105;  (1931)  137-143;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  137-146. 


241  mioiuo  corr.  in  niâo  |j  348  con  dei.  tir  ||  250  queria]  querlan  ms.  ||  253  muriesse 
á,l.  fal 


54.  -  BAÍA  FINS  DE  AGOSTO  DE  1552 


401 


V.  Data:  A  carta  trata  dos  mesmos  assuntos  relacionados  com  a 
chegada  do  Bispo  [22-VI-1552],  mas  já  menciona  a  festa  de  Nossa 
Senhora  [15  de  Agosto].  Deve  ter  sido  escrita,  portanto,  na  segunda 
metade  do  mês,  pelos  fins  dele. 

VI.   Edição:    Reimprime-se  o  texto  único  (Évora). 

Textus 

1.  In  puerornm  educatione  sita  est  spes  conversionis  gentilium.  — 
2.  Agri  acquiruntur  pro  educatione  puerorum.  —  3.  Regium  diploma 
pro  sustentatione  Patrum.  —  4.  Pro  sustentatione  puerorum  armentum 
emitur.  —  5.  Pro  ministeriis  Collegii  servos  habere  necesse  est.  —  6.  Indi 
iniuste  captivi  liberantur.  —  7.  De  decimis  ex  piscibus  aliisque  rebus  qui- 
bus  aluntur  pueri.  —  8.  Patres  S.  I.  de  eleemosynis  vivunt.  —  9-  Episco- 
ptts  aures  praebet  murmurantibus,  sed  Nóbrega,  suadentibus  Gubernatore 
et  amicis,  a  Collegio  conservando  non  desistit.  —  10.  Puerorum  Collegia 
omnino  necessária  sunt  in  Brasília.  —  77.  Episcopus  industrius  est,  at 
senex ;  et  ideo  pro  illo  vel  pro  Capitulo  obtinendum  aliquod  beneficium 
ecclesiasticum  in  Portugália.  —  72.  Dúbia  orta  post  adventum  Episcopi. 
—  13.  De  confessione  per  interpretem.  —  14.  De  praesentia  in  ecclesia 
Indorum  gentilium  simul  cum  christianis.  —  75.  De  Indorum  moribus 
qui  non  sunt  contra  /idem  christianam.  —  16.  De  Indis  nudis  qui  baptis- 
mum  petunt.  —  77.  De  bello  et  captivitate  Indorum.  —  18.  De  Didaco 
Alvares  Caramuru  pro  quo  Nóbrega  postulai  mercedem  regiam. 

1.  Por  todas  as  vias  que  posso  escrevo  a  V.  R.  quia 
amo  Patrem  meum  qui  et  ipse  amat  me  1.  E,  porque  me 
parece  que  tenho  já  bastantemente  escripto,  nesta  somente 
darei  conta  a  V.  R.  de  algumas  cousas  que  nas  outras  fui 
falto. 

Todos  os  Padres  e  Irmãos  estamos  de  saúde,  gloria  a 
Nosso  Senhor,  corporal,  e  quietos  no  spiritu ;  cada  hum 
trabalha  segundo  seu  talento  e  graça  que  Nosso  Senhor 
lhe  daa. 

Já  tenho  escripto  por  vezes  a  V.  R.  como  nestas  partes 
pretendíamos  criar  meninos  do  gentio  por  ser  elle  muito  e 
nós  poucos,  e  sabermos-lhe  mal  falar  em  sua  lingoa,  e  elles 


12  sabermos]  saberemos  ms. 


1    Cf.  Ioan.  16,  27  ;  21,  15-17. 

26 


402 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


de  tantos  mil  annos  criados  e  abituados  em  perversos  cos- 
tumes; e,  por  este  nos  parecer  meio  tão  necessário  hà  con- 

!5  versão  do  gentio,  trabalhamos  por  dar  principio  a  cassas 
que  fiquem  pera  emquanto  o  mundo  durar,  vendo  que  na 
índia  isso  mesmo  se  pretende  e  em  outras  partes,  muitos 
collegios  em  que  se  criem  soldados  pera  Christo  2.  Com- 
firmou  isto  mandarem  de  lá  meninos,  os  quais,  como  não 

20  fosse[m]  pera  este  fim  e  para  darem  principio  hà  casa,  não 
sei  pera  que  quá  erão. 

2.  O  que  tudo  praticando  co[m]  o  Governador  e  vendo 
a  dificuldade  de  manter  os  meninos  que  de  llá  vierão,  por 
rezão  da  terra  ser  nova  e  pouqua  gente  nella  que  lhes 

25  podesse  dar  esmolas,  por  serem  os  mais  degradados  e 
outra  gente  pobre  e  miserável,  asentamos,  com  ho  pare- 
cer dos  mais  Padres  nossos,  de  tomaremos  terra  e  ordena- 
remos cassa  de  meninos.  E  logo,  assi  nós  por  nossas  mãos, 
como  rogando  aos  índios  da  terra,  como  os  escravos  dos 

30  branquos,  e  elles  mesmos  por  sua  devaçâo,  começamos  a 
roçar  e  fazer  mantimentos  aos  meninos;  e,  entretanto  que 
não  erão  pera  se  comerem,  soprio  o  Governador  3  con  todo 
o  necessário  aos  meninos,  como  zeloso  e  vertuosso  que  hé, 
porque  as  esmolas  que  se  pedião  não  bastavão  a  hum  soo 

35  comer. 

3.  Despois  que  de  llá  mandarão  o  Alvará  de  El-Rei 4 
pera  nos  darem  mantimento  e  vestiaria,  ordenarão  os  offi- 
ciais  de  darem  a  dez  que  viemos  hum  crusado  em  ferro  a 
cada  hum,  que  saia  pouco  mais  de  dous  tostõis  en  dinheiro, 

4°  pera  a  mantença  nossa,  e  sinquo  mil  e  seissentos  reis  pera 
[I95r]  vestido  de  cada  Padre  cada  anno,  o  que  tudo  aplica- 
mos a  esta  casa  pera  os  meninos,  e  nós  no  vestido  reme- 
deamo-nos  com  ho  que  ainda  do  Reino  trouxemos,  porque 


2  Em  carta  de  20  de  Fevereiro  de  1555  manda  dizer  o  Padre  Geral 
ao  Provincial  de  Portugal :  «El  Collegio  en  el  Brasil,  en  San  Salvador, 
parece  será  muy  conveniente  para  que  sea  lo  que  es  el  de  Goa  en  la 
India>  (MI  Epp.  VIII  443). 

3  Tomé  de  Sousa. 

4  Alvará  de  1  de  Janeiro  de  1551,  supra,  pp.  211-212. 


54.  -  BAÍA  FINS  DE  AGOSTO  DE  1552 


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a  mi  ainda  me  serve  ha  roupa  com  que  embarquei,  que 
V.  R.  por  especial  mandado  me  mandou  trazer,  a  qual  já  45 
tinha  servido  no  colégio 5,  em  São  Fins 6 ;  e  no  comer 
vi[v]emos  por  esmolas. 

4.  Despois  que  vierão  os  escravos  d'El-Rei,  de  Guiné 
a  esta  terra 7,  tomarão  os  Padres  fiados  por  dous  annos 
tres  escravos,  dando  fiadores  a  isso,  e  acaba-sse  o  tempo  5o 
agora  cedo  8.  Desta  vestiaria  fiz  mercar  outros  escravos 
da  terra.  Este  anno  que  vierão  vaquas  d'El-Rei  tâobem 
tomei  doze  fiadas  a  El-Rei,  dando  fiadores  pera  dahi  a 
hum  anno  se  pagar,  pera  criação  e  leite  pera  os  meni- 
nos 9.  Tenho  principiado  casas  pera  os  meninos,  com-  55 
forme  a  terra.  Até  agora  passamos  muito  trabalho  por  os 
manter;  já  agora,  que  os  mantimentos  se  vão  comendo10, 
vai  a  casa  em  muito  crecimento  e  os  meninos  tem  o 
necessário  cada  vez  melhor;  de  maneira  que  donde  antes 
com  muita  fortuna  mantinhamos  a  sete  ou  oito,  agora  6o 
mantém  a  casa  a  sinquoenta  e  tantas  pessoas  sem  ho 
sentir.  Tem  a  casa  hum  barquo  e  escravos  que  matão 
peixe. 

5.  Alguns  escravos  destes,  que  fiz  mercar  pera  a  casa, 
são  fêmeas,  as  quais  eu  cassei  com  os  machos  e  estão  nas  65 
roças  apartados  todos  em  suas  casas,  e  busquei  hum  homem 
leigo  que  delles  todos  tem  cuidado  e  os  rege  e  governa,  e 
nós  com  elles  não  temos  conta,  e  com  ho  homem  nos  enten- 
demos e  ho  homem  com  elles.  Ha  causa  porque  se  toma- 
rão fêmeas  hé  porque  doutra  maneira  não  se  pode  ter  roças  7° 
nesta  terra,  porque  as  fêmeas  fazem  a  farinha  e  todo  o  prin- 


5  Colégio  de  Coimbra. 

6  São  Fins  ou  Sanfins  do  Minho,  donde  escreveu  a  carta  de  18  de 
Junho  de  1548.  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  9-16 

7  Cf.  Leite  I  174.  Mas  o  trabalho  descrito  a  seguir  no  §  5,  era  de 
escravos  da  terra ;  e  não  da  Guiné  como  leu  Marchant,  Do  Escambo 
à  Escravidão  134. 

8  Cf.  carta  de  10  de  Julho  de  1552  §  5. 

9  Cf.  ib. 

10   Isto  é,  já  comem  dos  mantimentos  da  própria  lavra. 


404  p.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 

cipal  serviço  e  trabalho  hé  delias,  os  machos  somente  roção 
e  pescão  e  cação  e  pouquo  mais.  E  como  nesta  terra  os 
mais  homens  sejão  solteiros  e  tem  escravas  com  que  pec- 
75  cam,  os  quais  não  absolvemos  sem  [que]  primeiro  as  não 
apartão  de  si,  e  elles  achão  outros  Padres  que  os  absolvem, 
tomão  ocasião  de  dizerem  que  tãobem  nós  temos  escravas, 
que  se  não  escusão. 

6.  Acerta-se  tãobem  algumas  veses  seremos  causa  de 
8o  se  forrarem  os  negros  salteados,  porque  doutra  maneira 

não  absolvemos,  no  que  lhes  não  falam  os  outros  Padres", 
ajunta-sse  tudo  pêra  lançarem  mão  de  murmurarem,  e 
principalmente  [195V]  os  Carijós  que  fizemos  forrar  por 
serem  salteados,  sendo  christãos  já  na  sua  terra,  e  os 
85  pussemos  no  Espiritu  Sancto  casados  os  machos  com  as 
fêmeas  em  sua  liberdade,  e  soomente  recolhi  comnosco 
dous  moços  pera  a  aprenderem  comnosco  a  serem  boons 
cristãos. 

7.  Tãobem  nos  pedião  dizimos  do  peixe  e  mantimento 
9°  dos  meninos,  o  qual  por  eu  não  consentir  que  se  pagasem 

se  aqueixarão  alguns. 

8.  Estas  cousas,  e  outras,  que  por  serem  de  pouqua 
substancia  as  não  digo,  e  ver  que  me  desenquietava  muito 
porque  esta  casa  fosse  avante,  e  quanto  mais  a  nosso  sabor 

95  vivêramos  se  fôramos  e  vivêramos  soos,  e  com  se  falar 
menos  que  temos  terras  e  escravos,  posto  que  se  fizera 
menos  e  ganhara  menos  pera  Christo,  me  detreminei  com 
meus  Irmãos  de  daremos  a  entender  ao  mundo  que  desta 
casa  não  quiriamos  nada  pera  nós,  senão  pera  os  meninos 

100  por  todas  as  vias  que  podesemos.  E  assi  ordenamos  de  hir 
pidir  de  comer  polias  casas,  e  os  mais  dos  dias  dous,  que 
estamos  na  Cidade,  himos  comer  com  os  criados  do  Gover- 
nador, o  qual  dá  de  comer  com  seus  criados  a  todos  os  que 
o  não  tem  e  o  querem  ali  hir  tomar,  e  antre  outros  somos 

I05  nós  destes.  E  em  parte  nos  foi  boom  ho  murmurarem  de 
nós,  porque  dantes  as  mais  das  vezes  passávamos  como 
Nosso  Senhor  bem  sabe,  e  não  sei  a  vida  que  levávamos 
con  tanto  trabalho  se  poderá  muito  durar,  e  agora  huma 
ves  ao  dia  comemos  de  maneira,  que  hé  melhor  que  duas 


54- -BAÍA  FINS  DE  AGOSTO  DE  1552 


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que  antes  comíamos  em  casa,  e  nos  tiramos  de  negócios  no 
temporais,  quanto  podemos,  cometendo-os  a  leigos. 

9.  Neste  comenos  achegou  o  Bispo  11  tanto  de  nós  e 
de  toda  a  terra  desejado,  ao  qual  achegarão  logo  as  voses 
dos  murmuradores,  e  elle  como  zeloso  e  pai  mo  disse  acon- 
selhando-me  o  que  devia  de  fazer.  Ho  que  tudo  posto  em  "5 
seu  parecer  e,  comunicando  com  ho  Governador  e  outros 
que  muito  em  Christo  nos  amão,  detreminamos  escrever 
assi  tudo  largo  a  V.  R.  e  entretanto  que  em  nenhuma 
maneira  desabrisse  mão  da  cassa,  a  qual  eu  dava  hà  Mise- 
ricórdia desta  Cidade,  e  que  tivessem  cuidado  dos  meni-  120 
nos,  ho  que  nem  elles  nem  ninguém  quizerâo  ac[e]itar. 

10.  Cassas  de  mininos  nestas  partes  [içór]  são  muito 
necessárias:  não  se  podem  ter  sem  bens  temporais  e  da 
maneira  que  esta  casa  está  fundada;  e,  sendo  assi,  á-de 
aver  estes  e  outros  escândalos.  Pera  a  Companhia  se  Ian-  125 
çar  de  todo  disto,  não  se  podem  sustentar  estas  casas, 
nem  há  zelo  nem  virtude,  nem  homeins  pera  isso  que 
abaste ;  podem-se  reger  no  temporal  por  homens  leigos 
com  ser  ha  superioridade  de  tudo  da  Companhia  e  do 
Padre  [que]  dos  meninos  no  espiritual  tiver  cuidado.  Se  lá  13° 
ouvessem   homens  ou  Padres  do  espirito  e  virtude  do 
Padre  Domênico  12,  a  quem  isto  tudo  encarregasem,  tudo 
estaria  em  seu  lugar.    Agora  veja  V.  R.  e  dê  conta  disto 
mui  larga  a  Nosso  Senhor  e  mande-nos  o  que  façamos 
desta  casa  e  das  outras.   Também  me  parece  que  o  Bispo  135 
disso  dará  conta  a  V.  R. 13. 

11.  Com  a  vinda  do  Bispo  foi  a  terra  mui  alegre  e 
estão  todos  mui  edificados  de  suas  pregaçõis.    Hé  muito 
zeloso  da  gloria  e  honrra  de  N.  Senhor,  e  tal  qual  esta 
terra  avia  mister,  porque  a  vir  hum  Bispo  passeiro,  frei-  T4° 
matico  e  negligente,  como  tenho  visto  outros,  eu  morrera 


117    largo]  laugo  ms. 


11  D.  Pedro  Fernandes. 

12  Pedro  Doménech. 

13  Supra,  carta  de  D.  Pedro  Fernandes  (Julho  de  1552). 


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de  triste  e  por  ventura  fora  ao  inferno  com  ter  pouca 
patientia.  Disse  missa  em  pontifical  dia  de  N.  Senhora 
de  Agosto 14,  cousa  tão  nova  e  de  tanto  espanto  nesta 

145  terra,  e  eu  e  outros  Padres  ministramos  ali  com  capas, 
e  folgara  muito  V.  R.  de  nos  ver  por  quão  bem  o  fazia- 
mos,  não  ho  avendo  feito  nunqua.  Hé  mui  desconsolado, 
a  terra  tão  pobre  que  nem  seu  ordenado  lhe  podem  pagar, 
e  elle  tem  obrigaçõis  de  manter  a  muitos,  e  sua  idade  não 

15°  sofre  já  os  desemparos  desta  terra.  Hé  necessário  que  V.  R. 
tome  nisto  a  mão,  pois  lá  não  tem  outrem  ninguém  que 
suas  cousas  alembrem  e,  fazendo  a  elle,  fá-lo  a  toda  a  terra 
e  à  honrra  do  nome  de  Christo  e  à  Companhia  e  a  todos. 
Quá  nos  parecia  bem  a  todos  que  desse  El-Rei  alguma 

155  comenda  15  de  Christo  ou  S.  Tiago  grossa  a  esta  terra  ou 
pensão  em  outro  bispado  pera  o  Bispo  e  Cabido  até  esta  terra 
dar  de  ssi  mais  amor,  porque,  até  agora,  há  nella  pouco  mais 
de  matos  e  boas  agoas  e  boons  ares,  e  alguma  miséria  16, 
se  de  Há  vem,  e,  pera  mi,  que  nunqua  me  fartei  de  pão  e 

160  boom,  porque  me  [içôv]  farto  nella  cada  dia  de  farinha, 
sem  haver  medo  a  que  venha  anno  de  fome,  nem  muita 
chuiva  nem  muita  sequa,  ho  que  a  idade  do  Bispo  não 
sofre;  e  doutra  maneira  nem  nós  teremos  Prelado  nem 
haa  terra  poderá  hir  muito  avante.  Pois  V.  R.  foi  princi- 

165  pio  de  tão  grande  bem,  aparelhe-se  aos  trabalhos  de  ho 
levar  avante. 

12.  Com  a  vinda  do  Bispo  se  moverão  algumas  duvi- 
das, nas  quais  eu  não  duvidava,  porque  sam  soberbo  e 
muito  confiado  em  meu  parecer,  as  quais  nos  pareceu  bem 


l5g    farto]  frarto  >«s. 


14  Assunção  de  Nossa  Senhora,  15  de  Agosto  de  1552. 

15  Benefício  eclesiástico  que  o  Rei  de  Portugal,  em  virtude  do 
seu  padroado,  como  Grão  Mestre  das  Ordens  Militares  de  Cristo,  Avis 
e  S.  Tiago,  conferia  a  entidades  religiosas.  Como  foi  a  comenda  do  Mos- 
teiro de  Sanfins,  aplicada  ao  Colégio  de  Coimbra,  de  que  o  mesmo 
Nóbrega  foi  comendador.    Leite,  Breve  Itinerário  34-36. 

16  «Alguma  miséria»  :  alguma  pouca  coisa,  se  vem  de  Portugal. 


54. -BAÍA  FINS  DE  AGOSTO  DE  1552 


407 


communicá-las  com  V.  R.  pera  que  as  ponha  em  disputa  17° 
entre  parecer  de  letrados  e  me  escreva  o  que  devo  de 
fazer. 

13.  Primeiramente,  se  se  poderão  confessar  por  inter- 
pete  a  gente  desta  terra  que  não  sabe  falar  nossa  lingoa, 
porque  parece  cousa  nova  e  não  usada  em  ha  christandade,  175 
posto  que  Caietano  in  summam,  11a  conditione  17,  e  os  que 
alega  Navarro  18,  c.  Fratres,  n.°  8.°  de  penit.  dist.  5.%  digam 
que  pode,  posto  que  não  seja  obrigado. 

14.  Item.  Há  custume  nestas  partes  de  se  permitirem 

os  gentios  nas  igrejas  hà  missa  juntamente  com  os  chris-  T8o 
tãos  e  não  os  deitão  fora  por  os  não  escandalizar:  se  se 
guardará  o  direito  antigo,  ou  se  se  pirmitirá  estarem  todos 
de  mestura  19. 

15.  Item.    Se  nos  abraçarmos  com  alguns  custumes 
deste  gentio,  os  quais  não  são  contra  nossa  fee  catholica,  185 
nem  são  ritos  dedicados  a  Ídolos,  como  hé  cantar  cantigas 

de  Nosso  Senhor  em  sua  lingoa  pello  seu  toom  e  tanger 
seus  estromentos  de  musica  que  elles  [usam]  em  suas  fes- 
tas quando  matão  contrairos  e  quando  andão  bêbados;  e 
isto  pera  os  atrahir  a  deixarem  os  outros  custumes  esen-  19° 
tiais  20  e,  permitindo-lhes  e  aprovando-lhes  estes  21,  traba- 
lhar por  lhe  tirar  os  outros;  e  assi  o  pregar-lhes  a  seu 
modo  em  certo  toom  andando  passeando  e  batendo  nos 
peitos,  como  elles  fazem  quando  querem  persuadir  alguma 
cousa  e  dizê-la  com  muita  eficácia;  e  assi  trosquiarem-se  *95 


17  «Confessionis  Conditiones  :  Undécima  :  secreta».  Cfc  Sutnmula 
Caietana  Reverendissimi  Domini  Thome  de  Vio  Caietani  Cardinalis 
(Lugduni  1550),  f.  29  (numeração  manuscrita).  Pela  data,  esta  poderia 
ter  sido  a  edição  que  Nóbrega  possuía  no  Brasil. 

18  O  lugar  aqui  citado,  de  Navarro,  tem  o  n.  85  (e  ainda  o  n.  86), 
de  que  já  se  tratou  supra,  carta  de  fins  de  Julho  de  1552  §  2. 

19  Leite,  Particularidades  referentes  a  Nóbrega  na  fundação  de 
São  Paulo,  in  Brotéria  57  (1953)  430-431. 

20  «Essenciais»,  isto  é,  por  essência  maus,  como  comer  carne 
humana. 

21  «Estes»  —  não  essencialmente  maus  —  cantar,  tocar,  pregar,  etc, 
a  seu  modo. 


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P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


os  meninos  da  terra,  que  em  casa  temos,  [iojr]  a  seu  modo. 
Porque  a  semelhança  é  causa  de  amor.  E  outros  custumes 
semelhantes  a  estes. 

16.    Item.  Como  nos  averemos  acerqua  dos  gentios  que 

200  vem  nus  a  pedirem  ho  bautismo  e  não  tem  camisas  nem 
ropas  pera  se  vestirem:  se  somente  por  rezão  de  andarem 
nus  tendo  o  mais  aparelhado  lhe  negaremos  o  bautismo  e 
a  entrada  na  Igreja  à  missa  e  doctrina ;  porque  parece  que 
andar  nu  hé  contra  lei  de  natura  e  quem  a  não  guarda 

205  pecca  mortalmente,  e  o  tal  não  hé  capaz  de  receber  sacra- 
mento; e,  por  outra  parte,  eu  não  sei  quando  tanto  gentio 
se  poderá  vestir,  pois  tantos  mil  annos  andou  sempre  nu, 
nam  negando  ser  boom  persuadir-lhes  e  pregar-lhes  que  se 
vistão  e  metê-los  nisso  quanto  poder  ser. 

210  17.  Item.  Se  hé  licito  fazer  guerra  a  este  gentio  e 
cativá-los  hoc  nomine  et  titulo,  que  nam  guarda  a  lei  de 
natura,  por  todas  vias  22. 

18.  Isto  e  as  mais  duvidas  que  ho  anno  passado 23, 
escrevi,  as  quais  ainda  me  não  satisíizerão,  faça  V.  R.  pôr 

215  em  disputa  no  Colégio  de  Coimbra  e  mande-me  o  parecer 
dos  principais  letrados  da  Universidade,  porque  assi  como 
pera  quá,  como  pera  ha  índia  e  outras  partes  de  infiéis 
será  proveitoso  saber-se,  ou  por  melhor  dizer,  mande  V.  R. 
que  de  todo  nos  tenha  cuidado,  ensinado,  ensaiado  e  ames- 

220  trado  no  que  quá  devemos  de  fazer  e[m]  tudo. 

Ho  Bispo  amostra  grande  fervor  de  se  entender  na 
comversão  deste  gentio.  Ordena  hum  pai24  dos  que  se  con- 
verterem, o  qual  hé  muito  pera  isso,  que  hé  Diogo  Alve- 


22  O  facto  de  Nóbrega  propor  esta  dúvida,  dá  a  entender  que 
D.  Pedro  Fernandes  ou  outros  do  seu  lado  admitiam  esta  liceidade. 

23  As  cartas  e  dúvidas,  propostas  por  Nóbrega  no  ano  de  1551, 
sossobraram  na  perturbação  produzida  com  passar  o  governo  da  Pro- 
víncia de  Portugal  a  mãos  estranhas.  E,  se  chegaram  a  pôr-se  em  con- 
sulta na  Universidade  de  Coimbra  em  1551  e  1552,  nem  elas  nem  as  da 
presente  carta  se  conhecem.   Cf.  carta  de  fins  de  Julho  de  1552  §§  2-3. 

24  Cf.  supra,  carta  do  P.  Francisco  Pires  de  7  de  Agosto  de  1552 
§  11.  Já  desde  6  de  Janeiro  de  1550  [§  3]  que  Nóbrega  falava  em 
Diogo  Álvares  Caramuru  para  «Pai  e  Governador»  dos  índios. 


55.  -  BAÍA  17  DE  SETEMBRO  DE  1552 


409 


rez,  muito  acreditado  entre  este  gentio.  Andará  comnosco 
pellas  Aldeãs  pregando ;  favoreça-o  V.  R.  de  llá  com  fazer  225 
que  El-Rei  lho  escreva  e  agardeça  e  lhe  ordene  algum 
pobre  ordenado  por  isso,  pois  tão  bem  empregado  será. 

55 

DO  IR.  VICENTE  RODRIGUES 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

BAÍA  17  DE  SETEMBRO  DE  1552 

I.    Bibliografia:  B.  Machado  III  770;  SoMMERVOGEL  VI  1943  n.  r; 
Streit  11  337  n.  1225  ;  Leite  ix  99  n.  3. 

II.   Autores:  Leite  11  48. 

III.  Texto:  Original  português  perdido. 

1.  ARSI,  Br  as.  j-i,  ff.  68r-68v  [antes  307r-307v].  Título:  «Tres- 
lado  [Polanco  riscou  Treslado  e  escreveu  Sacado]  de  una  carta  de 
Vicente  Rodrigues  que  está  en  el  Brasil,  de  17  de  Setiembre  de  1552. 
[letra  de  Polanco :]  dei  Salvador».  Cota  de  outra  letra  no  fim  [f.  69V] : 
«Copia  de  de  [sic]  Vicente  Rodrigues  dei  Brasil.  Roma  [e  ainda  outra 
letra:]  1552».  Tradução  espanhola  do  original  português  perdido,  com 
numerosas  emendas  e  cortes  de  Polanco. 

2.  Bras.j-i,  ff.  62v-63r  [antes  ff.  289v-29or].  Título  [62V]:  «Cavato 
[Polanco  riscou  Cavato  e  escreveu  Copia]  d'una  di  Vincenzo  Rodriguez 
che  sta  nel  Brasil  nella  città  dei  Salvador  de  17  de  Settembre  de  1552». 
[Outra  letra,  f.  63V:]  «52.  Bahia».  Tradução  italiana  resumida  da  espa- 
nhola. 

5.   Biblioteca  Vaticana,  Ottoboni  lat.  jçy,  ff.  i66r-i67r.  Outra  tradu- 
ção italiana  como  em  2. 

IV.  Impressão :  Novi  Ãvisi  di  pitt  lochi  de  V índia  et  massime  dei 
Brasil  (Roma  1553),  sem  paginação  [carta  n.  7] ;  Diversi  Avisi  Parti- 
colari  dalVIndie  di  Portogallo  (Veneza  1559)  i59r-i6ov;  ib.  (Veneza  1565) 
i59r-i6ov",  Cartas  Avulsas  (Rio  de  Janeiro  1931)  134-136. 

V.  História  da  Impressão:  Novi  e  Diversi  Avisi  imprimem  a  tra- 
dução italiana  (2) ;  Cartas  Avulsas  a  retroversão  portuguesa  feita  da 
tradução  italiana  [Diversi  Avisi]. 

VI.  Edição:  Publica-se  a  tradução  espanhola  antes  das  emendas  e 
cortes  de  Polanco  (1). 


410 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


Textus 

7.  Ratio  catechesis  Vincentii  Rodrigues  apud  Indos  versarttis.  — 
2.  Loquitur  lingua  brasílica  et  «Fratres»  pueri  qui  cum  eo  sunt.  —  3.  Pere- 
grinationem  sacram  init  ad  vestigia  S.  Thomae.  —  4-  Visitai  pagum 
Indorum,  cuius  principalis  fuit  catechumeuus  Pratris  Nóbrega;  suntque 
alii  pagi,  sed  operarii  panei.  —  5.  Peregrinatio  Patris  Nóbrega  cum  aliis 
Patribus  et  pueris.  —  6.  Venefici  conversioni  opponuntur.  —  7.  Postu- 
lai ut  veniant  Patres  e  Portugália. 

+ 
Jesús 

1.  Estoi  agora  en  una  aldeã  dei  gentil,  cinco  1  léguas 
desta  Ciudad  dei  Salvador,  donde  espero  en  el  Sefior  hacerse 
mucho  fructo.  Otras  muchas  aldeãs  están  al  rededor. 
Sonme  mui  afficionados.  El  modo  que  tengo  con  ellos  es 
este:  Trabajo  de  aquirir  la  voluntad  de  los  principales  y 
después  les  platico  a  lo  que  vengo,  que  es  ensennarles  la 
palabra  de  Dios  y  lo  que  manda  y  quiere  Dios  que  se  haga, 
y  díguoles  que  los  que  Dios  ama  saben  sus  secretos,  y  otras 
cosas  de  que  siento  moverse  a  oír  la  palabra  de  Dios.  Declá- 
roles  la  criación  dei  mundo  y  la  encarnación  dei  Hijo  de 
Dios  y  dei  diluvio  que  pasó,  dei  qual  diluvio  dexaron  dicho 
sus  antepassados  alguna  cosa,  y  también  les  diguo  dei  dia 
dei  juicio.  Mucho  se  maravilham  2  por  ser  cosa  que  nunca 
oieron.  Ensennámosles  la  doctrina  Christiana  por  la  lengua 
yo  3  y  algunos  hermanitos  de  la  tierra  4  que  comiguo  andan, 
como  les  lhamamos. 


6  principales]  príncipes  tns.  \\  8  Dios'  corr.  ex  Deios  |1  9  sus  d,l.  e  "  15  Christiana 
dei.  p 


1  Aldeia  de  Santo  Tomé  de  Paripe  [infra  §§  3-4].  O  P.  Francisco 
Pires  dizia  a  4  léguas  (carta  53  §  10). 

2  Em  português;  o  lh  em  vez  de  11  aparece  várias  vezes  nesta  carta. 

3  Vicente  Rodrigues,  que  já  falava  a  língua  tupi. 

4  Portanto  os  Meninos  catequistas  não  eram  dos  órfãos  de  Lisboa, 
e  se  chamavam  Irmãos  «pequenos»,  ou  como  se  traduz  no  §  seguinte 
«chiquitos». 


55.  -  BAÍA  17  DE  SETEMBRO  DE  1552 


411 


2.  A  la  doctrina  es  que  va  hun  destos  ninnos  5  praedi- 
cando  por  el  médio  de  sus  casas  con  mucho  alvoroço  y 
hervor,  diciendo  entre  otras  cosas  muchas:  que  ia  passó  el  20 
tiempo  dei  suenno,  que  despierten  y  oigan  la  palabra  de 
Dios  nuestro  Senor.  Y  ansí  despiertan  y  vanse  a  casa 
dei  Principal,  y  ansí  les  ensennamos  la  doctrina  Christiana, 
declarándoles  algunos  passos  de  la  vida  de  Christo;  y  algu- 
nas  veces  gustan  tanto  que  ni  basto  yo  ni  los  hermanos  25 
chiquitos  para  cumplir  con  sus  desseos,  hasta  que  dicen 
agora  no  quiero  más  que  me  ensennéis  una  vez.  Y  después 
desto  se  van  para  sus  casas  donde  están.  Dicen  la  doctrina 

y  bendícense  haziendo  el  sennal  de  la  cruz. 

3.  Hua  cruz  hicimos  y  fuimos  en  procissión,  y  pusí-  3° 
rnosla  en  las  pisadas  de  S.  Thomás,  que  está  aí  cerca  6.  Voi 
con  los  ninnos  y  visito  las  otras  Aldeãs,  en  las  quales 
entramos  en  casa  dei  Principal,  y  uno  de  nós  praedicando. 
Alli  se  ajuntan  elhos  y  les  décimos  a  lo  que  venimos,  y 
otros  que  ia  saben  alléganse  a  la  doctrina  y  luego  se  la  35 
ensennamos. 

Y  dos  horas  dante  mannana  los  tornamos  a  llamar,  por- 
que en  aqel  tiempo  están  más  quietos  que  en  otro,  y  enton- 
ces  les  praedicamos  por  su  lengua  las  cosas  de  su  salvación, 
y  ansí  deciéndoles  en  qué  han  de  creer;  y  todos  están  mui  4° 
promptos.  Quasi  todos  se  harían  christianos,  mas  no  lo 
hazemos,  por  instruirse  más  en  las  cosas  de  la  santa  fe. 
Muchas  veces  hablan  grandes  cosas. 


41    están]  a  esto  »js.  ||  43   por  instruir-se]  por  se  instruirse  tns. 


5  Para  este  copista  nn  tem  o  valor  de  n  espanhol  e  nh  português, 
neste  e  nos  outros  casos. 

6  A  Aldeia  ficava  pois,  perto,  mas  a  alguma  distância:  «un  tiro 
de  ballesta»  [carta  52  §  7].  «Do  porto  de  Paripe  se  vai  a  terra  afeiçoando 
à  maneira  de  ponta  lançada  ao  mar,  e  corre  assim  obra  de  uma  légua, 
onde  está  uma  hermida  de  São  Thomé  em  um  alto,  ao  pé  do  qual  ao 
longo  do  mar  estão  umas  pègadas  assignaladas  em  uma  lagea,  que  diz 
o  gentio,  que  diziam  seus  antepassados  que  andara  por  alli  havia  muito 
tempo  um  santo,  que  fizera  aqueles  signais  com  os  pés».  G.  S.  DE  Sousa, 
Tratado  (1938)  152-153- 


412 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


4.    Huna  vez  fui  a  una  destas  aldeãs  como  acostumbrava, 
45  y  el  Principal  era  uno  que  el  nuestro  P.e  Nóbrega  hiziera 
catecúmino,  el  qual  toda  la  noche  habló  con  los  suios  cosas 
de  Dios  mui  buenas,  y  entre  otras  decía:  que  quién  le  diera 
ser  criado  entre  nuestros  costumbres  que  eran  verdaderos ; 
que  ya  queriéndose  mudar  de  los  suios  le  avia  de  costar 
5o  mucho.  Y  hablando  con  uno  de  los  suios,  dixo:  «Ia  me 
aborrecen  estos  vossos  7  costumbres!   Diguo  esto  aunque 
no  os  parezca  bien,  mas  he  de  estar  con  el  Padre  y  hazer 
su  vida  y  dexar  el  mi  principalado».  Y  finalmente  este 
Principal  offréceme  de  lo  que  tiene,  diciéndome  que  tenía 
55  puercos  y  gallinas  y  otros  mantenimientos,  que  todo  seria 
nuestro. 

Otros  en  otras  aldeãs  hago  donde  alio  aparejo.  Los  hijos 
de  los  principales,  aguaciles,  con  sus  baras  en  las  manos,  en 
yo  llegando  van  lhamar  a  todos  para  la  doctrina,  e  así  vie- 

6o  nen  y  oien,  y  preguntan  cosas  mui  buenas;  y  algunas  veces 
les  vienen  hervores,  diziendo  a  Jesus  que  ia  holgaran  de 
saber  cómo  nos  han  de  lhamar.  Está  la  cosa  en  los  térmi- 
nos que  véis,  mis  Hermanos.  Orate  Dominum  messis  ut 
mittat  operários  in  messem  suam  8. 

65  Yo  estoi  en  una  de  estas  Aldeãs,  cerca  de  las  pegadas  9 
de  S.  Thomas,  donde  me  hazen  una  casa  y  hermita.  Ya  tie- 
nen  quasi  roçado  el  mato  10  y  roçan  alboredo  tam  gruesso 
que  abasta  para  las  casas,  y  mucha  piedra  y  agua:  y  esto 
todo  sobre  el  mar  donde  ai  mucho  pescado,  ai  mucho  apa- 

7o  rejo  para  tener  ninnos  y  criarlos.  Algunas  veces  van  los 
Padres  con  los  ninnos  correndo  las  aldeãs  y  praedicando 
la  palabra  de  Dios,  que  es  cosa  de  mucha  aedificación. 


53  principalado]  principado  ms.  ||  54  Principal]  Príncipe  ws.  que  dei.  tinn  | 
56  nuestro  post  corr.  \  \  58  manos  dei.  y  que  ||  62  Prius  estan  ||  67  tam  dei.  gu  [ |  69  mucho' 
corr.  ex  muchos 


7  «Vossos»,  português. 

8  Mat.  9,  38;  Luc.  to,  2. 

9  «Pegadas»,  português;  no  §  3  tinha  traduzido  para  «pisadas». 
10  Mato,  português;  em  espanhol,  matorral. 


55.  -  BAÍA  17  DE  SETEMBRO  DE  1552 


415 


Muchas  particularidades  dejo  de  escrivir  por  no  tener  spa- 
cio,  y  porque  les  quede  pera  pensar  los  más  trabajos  que 
en  eso  se  puden  lhevar,  y  con  eso  mui  consolados.  Ah,  75 
Hermanos  mios,  muchas  veces  pienso  que  esta  gentilidad 
espera  que  vuestro  sangue  11  sea  fundamento  de  la  aedifi- 
cación  desta  nueva  iglesia,  portanto  traedlo  puro,  porque 
para  lo  conferir  con  el  de  Christo  mira[d]  lo  que  avéis 
menester,  pues  el  de  Christo  sea  piedra  12  y  verdadero  ali-  80 
cece  13  de  nuestra  Iglesia! 

5.  Algunas  perigrinaciones  hizieron  acá  el  P.e  Nóbrega 
y  los  otros  Hermanos  con  los  ninnos.  Muchos  trabajos 
pasaron  e  dignos  de  notar,  porque  iendo  por  el  sarthão 
visitando  las  aldeãs  con  la  -f  [cruz]  alevantada  a  modo  85 
de  procissión  y  con  sus  redes,  donde  duermen,  a  las  Cues- 
tas, cada  uno  con  la  suia,  assí  ninnos  como  Padres,  cami- 
nando  todo  el  dia,  y  quando  lhegávamos  a  las  aldeãs 
entrávamos  con  cantares  santos  y  hymnos,  los  gentiles 
con  miedo  que  tenían  de  nós  pensando  que  les  traíamos  la  9° 
muerte  no  nos  recibían  ni  osavan  de  nós  dar  de  lo  que 
tenían,  [68v]  mas  antes  quemavan  pimienta  para  nos  echar 
de  casa  con  el  humo  delia,  y  ansí  andávamos  mui  grandes 
jornadas  no  dexando  todavia  de  praedicar  las  grandeças 
de  Dios.  Era  lástima  de  quince  ninnos  que  lhevávamos  95 
sin  tener  qué  comer,  y  quando  nos  anochecía  quasi  sin  lo 
esperar  venían  al  camino  a  nós  recibir  y  llamarnos  para 
sus  casas  a  reposar  y  nos  aposentavan  con  grandíssimo 
amor,  asta  nos  mandar  hazer  pan  dei  millo  de  la  tierra  y 
otras  cosas  de  que  loávamos  al  Sefior,  y  desta  manera  sin  100 
nós  faltar  más  nada  pasávamos  nuestra  peregrinación  que 
fuero[n]  muchos  dias.  Unas  veces  perdidos  por  los  matos 
y  sierras  y  barrancos,  que  no  avia  ningum  remédio,  por- 


75   pueden]  puede  ms.  ]  Ah]  Ha  ms. 


11  «Sangue»,  português  ;  outra  vez,  no  §  7. 

12  Cf.  2  Cor.  10,  4. 

13  Alicece  por  alicerce,  português;  em  espanhol,  cimiento. 


414 


IR.  VICENTE  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


que  los  ninnos  atolavan  14  mucho  en  lugar  donde  la  maré 

105  vénia  a  dar,  y  en  esto  assí  el  mar  inchía  y  no  teníamos 
donde  nos  fuésemos  recogiendo,  porque  de  una  parte  era 
mar  y  de  la  otra  brennas  mui  altas,  de  manera  que  estando 
nós  assí,  el  P.e  Nóbrega  encomendo  esto  mucho  al  Sefior, 
e  salióse  dei  lodo  donde  estávamos  todos  metiéndose  por 

no  el  mato  adentro  a  ver  si  podia  aliar  algún  remédio  para 
los  ninnos.  Quando  le  vimos  así  ir  fuímonos  en  pos  dél 
por  médio  de  los  matos  y  arboledos  mui  altos.  En  esto 
deparóle  nuestro  Sefior  el  camino,  el  qual  con  mucho  tra- 
bajo  no  se  podia  aliar. 

"5  De  manera,  mis  Hermanos,  que  con  flaqueça  dei  mucho 
caminar  y  de  la  falta  de  los  mantenimientos  pensávamos 
quedar  en  las  brennas,  y  quando  vino  la  noche  aliamos  lo 
que  nuestro  Sefior  después  de  muchos  trabajos  da,  que  es 
la  Consolación.  Porque  aliamos  hun  Principal  de  una  aldeã 

120  con  todos  los  suios  que  nos  venían  a  recibir  con  grande  amor 
que  nos  mostravan.  Algunos  después  que  sabían  la  verdad 
a  lo  que  veníamos,  dezían :  «No  debalde  se  nos  alegrava 
el  coraçón  quando  les  via  venir».  De  otras  particularidades 
de  devociones  y  meditaciones  que  por  el  camino  hazíamos 

125  bien  podéis  creer,  Charíssimos,  que  tales  podían  ser,  pues 
no  cessáis  con  vuestras  oraciones  de  rogar  al  Sefior  por  nós. 

En  esta  aldeã,  donde  estoi,  andan  seis  hermanos15  que  se 
quieren  allegar  para  mí,  diciendo  que  seamos  todos  herma- 
nos, y  que  se  quieren  hazer  christianos  y  apartarse  de  los 

13°  suios.  Otros  ruegan  a  éstos  que  los  lleven  consiguo  que 
asi  se  quieren  hazer  christianos.  Estos  que  esto  quieren 
hazer  son  corridos  de  sus  parientes  porque  quieren  tomar 
nuestros  costumbres.  Otros,  que  hago  tifiientes  para  llamar 
a  todos  a  la  oración,  también  se  burlan  dellos. 


112    médio  corr.  ex  médios  ||  134    Prius  brurlau 


14  Atolavan,  português  (atolavam);  em  espanhol  seria  «hundían 
los  pies». 

15  Chama-lhes  «Irmãos»,  embora  diga  logo  a  seguir  que  ainda  não 
eram  cristãos. 


56. -LISBOA  OUTUBRO  DE  1552 


415 


6.  Ai  acá  unos  hechiceros  a  que  dan  mui  gran  crédito  135 
que  quando  caminamos  va  un  delante  a  dezir  que  le  traetnos 

la  morte,  y  los  otros  medrossos  no  osan  de  nós  recoger  en 
casa.  A  una  aldeã  fui  en  la  qual  hallé  mui  gran  pronptitud 
para  oír  la  doctrina  y  ansí  viene  mui  mejor  que  en  las  otras. 
Acerto  de  enfermar  el  Principal,  de  romádico  16,  y  el  hijo,  14° 
que  era  aguacil17,  de  hun  hinchaço.  Digeron  los  otros  que, 
porque  se  llegavan  a  nós,  le  acontecia  esto. 

7.  Destas  cosas  y  otras  muchas  acontecen  acá  en  otras, 
que  es  mucho  para  llorar,  pues  el  sangue  de  Christo  para 

se  ajuntar  tiene  tanto  estorvo.  Lhorad,  llorad  muchas  lágri-  145 
mas,  mis  Hermanos,  y  mirad  que  esta  empressa  da  Dios  a 
poços.  Ia  que  es  vuestra  faborecédnos  con  venir  a  cavar 
en  esta  vinna  dei  Sefior,  unos  orando,  otros  llorando,  otros 
finalmente  cocinando,  de  maner[a]  que  con  todo  aiudeis  y 
socorrais  a  tam  miserable  perdida  de  estas  almas  redimi-  15° 
das  con  el  sangre  dei  benditíssimo  Jesú.  Y  así  acabo  enco- 
mendándome  en  sus  pios  sacrificios  y  devotas  oraciones. 
De  vuestro  minimo  Hermano 

Vicente  Rodriguez. 

56 

DO  P.  PERO  DOMÉNECH 
AO  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA,  ROMA 

[LISBOA  OUTUBRO  DE  1552] 

I.   Autores :  Leite  ii  102  547  ;  Breve  Itinerário  77-78. 

II.  Texto  :  ARSI,  Bras.j-i,  ff.  671--67V  [antes  3oir-3oiv].  Autógrafo 
espanhol.  A  seguir,  na  mesma  folha  da  carta  dos  Órfãos  [P.  Francisco 
Pires]  de  5  de  Agosto  de  1552,  como  post-escrito  [carta  52]. 


138    fui  dei.  que  no  ||  139    ansí  bis  priore  dei. 


r6   Romádico  :  Reumático? 

17  «Meirinho»,  talvez  já  feito  pelos  Padres,  para  convocar  os  Índios 
à  catequese,  como  os  «tenentes»  de  que  fala  no  fim  do  §  anterior. 


416 


P.  PERO  DOMÉNECH  -  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 


III.  Impressão  :  Tradução  portuguesa  moderna.  Leite,  Novas  Car- 
tas Jesuíticas  —  de  Nóbrega  a  Vieira  (São  Paulo  1940)  152-153. 

IV.  Data:  Atribui-se-lhe  Outubro,  para  dar  tempo  de  chegar  da  Bala 
a  Lisboa  a  carta  de  Francisco  Pires  de  5  de  Agosto  [Órfãos]. 

V.   Edição:  Edita-se  o  autógrafo,  texto  único. 

Textus 

7.  Ex  epistolis  a  pueris  acceptis  cognovit  cottstructa  iam  esse  quat- 
tuor  aedicula  in  Indorum  pagis  et  qutmdam  puerutn  brasilum  impro- 
basse  morem  matris  suae  vescendi  carne  humana.  —  2.  Pueri  utuntur 
choreis  et  canticis  lingua  brasílica  et  postea  eadem  lingua  doctrinam 
christianam  declarant :  et  Indi  sequuntur  filios. 

1.  Después  de  ésta  1>  recebimos  otras  2  dedi  ez  o  doze 
ninnos,  hijos  de  padres  gentiles  convertidos  e  bautizados. 
Scriven  cómo  tienen  ya  hecho  quatro  casas  de  ninnyos,  y 
iglesias  y  hermitas  entre  los  gentiles.  Y  un  ninno  scrive  que 

5  fuyó  de  su  madre  e  vino  para  la  casa  de  los  ninyos,  y  des- 
pués de  instruydo  en  la  fe,  se  fué  a  predicar  a  su  madre  la 
fe  de  Christo,  y  halló  que  tenía  una  cabeça  y  pedaços  de 
carne  humana  colgada  al  humo  para  comer.  Fuyó  luego  y 
después  por  obediência  torno  y  reprendióla  de  sus  malas 
10  costumbres. 

2.  La  orden  que  tienen  es  esta:  que  a  la  noche  los  Padres 
que  tienen  cargo  dellos  les  dan  meditaciones  de  la  muerte 
o  de  juizio  o  semejantes  cosas;  y  por  la  mariana  madrugan 
y  vanse  por  las  casas  de  los  negros  y  gentios  y  tómanlos 

15  en  la  cama  y  allí  les  platican  de  la  muerte  y  iníierno  e  de 
la  passión  de  nuestro  Senor,  y  algunas  vezes  baylan  y  can- 
tan,  y  ansí  los  ajuntan.  Después  desto  que  los  tienen  ajun- 
tados, assí  baylando  y  cantando,  dizenles  la  passión  de 


4  gentiles  corr.  ex  gentios  ||  9  y  reprendióla  corr.  ex  a  reprendeo  ||  II  a  la  corr.  *x 
alia  ||  13  mafiana  corr.  ex  manyana  ||  15  iníierno  corr.  ex  iuferno  ||  17  ansí  los  ajuntan 
sup. 


1  A  carta  de  5  de  Agosto  de  1552  (carta  52). 

2  Desconhecidas.  Cf.  supra,  p.  390. 


57.  -BAÍA  FEVEREIRO  DE  1553 


417 


nuestro  Senor,  mandamientos,  Pater  Noster,  Credo  e  Salve 
Regina  en  su  lingua,  de  manera  que  los  ninyos  en  su  lín- 
gua ensenyan  a  sus  padres,  y  los  padres  van  con  las  manos 
juntas  tras  sus  hijos  cantando  Sancta  Maria,  y  ellos  respon- 
dendo ora  pro  nobis.  Loado  sea  Jesú  Christo  para  sempre. 

[67v]  + 

El  Pater  Noster  en  li[n]gua  brasil 3 

CARTAS  PERDIDAS 

56a.  Do  P.  João  de  Aspilcueta  aos  Padres  e  Irmãos  de  Coimbra 
(Porto  Seguro  1552).  «En  el  afio  passado  de  1552  vos  escrevi,  charissi- 
mos,  nuevas  destas  partes. . .  el  navio  en  que  íban,  los  franceses  toma- 
ran,  y  por  conseguinte  papeies  y  cartas  se  perderon,  según  acá  me 
dixeron»,  —  escreve  o  P.  João  de  Azpilcueta,  Porto  Seguro,  19  de  Setem- 
bro de  1553  §  2  {Br as.  3-1,  f.  ioor). 

56b.  Do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  Dr.  Martin  de  Aspilcueta 
Navarro,  Coimbra  (Baía  1552).  Escreve  Nóbrega  ao  P.  Luís  Gon- 
çalves da  Câmara,  de  S.  Vicente,  15  de  Junho  de  1553  §  17:  «No 
escrivo  al  P.e  Mirón  porque  aún  no  vi  su  carta  ni  la  respuesta  de  lo 
que  escrevi  el  afio  passado,  ni  la  respuesta  de  lo  que  escrevi  al  Doctor 
Navarro.  Como  las  viere  responderé».  O  P.  Mirón,  que  sucedeu  ao 
P.  Simão  Rodrigues  no  cargo  de  Provincial,  devia  de  responder  ex  offi- 
cio  às  cartas  que  Nóbrega  tinha  escrito  àquele;  mas  carta  de  Nóbrega, 
em  1552  ao  Dr.  Navarro,  não  se  conhece  (só  se  conhece  a  de  10  de 
Agosto  1549). 

57 

MANDADO  DE  VESTIARIA 
PARA  O  P.  NÓBREGA  E  MAIS  NOVE 
DA  COMPANHIA,  NO  BRASIL 

[BAÍA  FEVEREIRO  DE  1553] 

I.  Texto :  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro,  Cód.  1-19,  7,  2. 
Título  :  «Copia  do  Livro  1  das  provisões  e  Mandados».  Mandado  n.  1254. 


3  Escreveu  apenas  o  título,  não  a  oração  na  língua  brasil,  isto  é, 
em  tupi,  oração,  com  outras,  já  corrente  no  Brasil  em  1552. 


418 


MANDADO  DE  VESTIARIA 


II.   Autores :    Leite  ii  144. 

III.  Impressão :    Documentos  Históricos  xiv  (1929)  p.  301-302 ;  ib. 
xxxvm  (1931)  p.  112-113. 

IV.  Edição :  Reimprime-se  de  Doe.  Hist.  xiv,  conferido  com  xxxvm. 

Textus 

1.  Subsidiutn  pro  decetn  Patribus  S.  I.  partim  Bahiae  partitn 
in  praefectura  S.  Vincentii  solutum. 

A  1  de  Fevereiro  de  mil  quinhentos  e  cincoenta  e 
tres,  passou  o  Provedor-mor  2  mandado  para  o  dito  Pedro 
de  Siebra,  Feitor  e  Almoxarife  de  São  Vicente  e  Santo 
Amaro,  que  pagasse  ao  Padre  Manoel  da  Nóbrega,  Maioral 

5  dos  Padres  da  Companhia  de  Jesus  destas  partes,  ou  a  seu 
certo  Procurador,  quarenta  e  um  mil  duzentos  e  vinte  reis 
em  dinheiro,  que  lhe  o  Governador  3  mandou,  que  lhe  man- 
dasse pagar  adiantados  da  vestiaria,  que  haviam  de  haver 
no  fim  deste  presente  anno  de  mil  quinhentos  e  cincoenta 

10  e  tres,  para  dez 4  Padres  da  dita  Companhia  aos  quaes 
foi  assentado,  que  se  desse  à  razão  de  cinco  mil  e  seis- 
centos reis  cada  um  cada  anno;  porque  os  quatorze  mil 
setecentos  e  oitenta  reis,  que  falleciam  para  cumprimento 
dos  cincoenta  e  seis  mil  reis,  que  à  dita  razão  lhes  mon- 

15  tavam  haver,  tinham  já  recebidos  no  Thesoureiro  da 
Cidade  do  Salvador,  a  qual  lhe  Sua  Alteza  manda  dar 
em  cada  um  anno,  por  virtude  de  uma  sua  Carta  5  enviada 
ao  Governador  Thomé  de  Souza,  e  que  a  dita  vestiaria  era 
deste  anno  de  mil  quinhentos  e  cincoenta  e  tres,  que  se 

20  acabaria  ao  derradeiro  de  Dezembro  delle;  e  que  por  elle, 
e  seu  conhecimento  feito  pelo  Escrivão  de  seu  cargo  assig- 


1  Falta  o  dia 

2  António  Cardoso  de  Barros. 

3  Tomé  de  Sousa. 

4  Cf.  supra,  doe.  39,  p.  297. 

5  1  de  Janeiro  de  1551  (doe.  19). 


58.  -  S.  VICENTE  12  DE  FEVEREIRO  DE  1555 


419 


nado  por  ambos,  de  receberem  a  dita  somma,  lhe  sejam 
levados  em  conta. 

[À  margem:]  Vestiaria  dos  dez  Padres  de  Jesus  do  anno 
de  1553.  —  Houveram  esta  vestiaria  por  inteiro  sem  lhe  25 
serem  descontados  os  148780  neste  Registo  declarado,  e 
houveram  do  dito  Governador  quite  dos  ditos  14$  que 
tinha  recebidos,  e  cousas  de  vestiaria,  e  receberam  os  56$ 
todos  por  encheio ;  é  passado  este  Registo  no  Livro  2.0  no 
titulo  dos  ditos  Padres.  3° 

58 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

S.  VICENTE  12  DE  FEVEREIRO  DE  1555 

I.  Bibliografia  :  Leite  ix  8  d.  16. 

II.  Autores:  Leite  1 161  253  258J IX  420"  Breve  Itinerário  90 ;  Afonso 
Arinos  de  Melo  Franco,  Desenvolvimento  da  civilização  material  no 
Brasil,  Publicação  do  Serviço  do  Património  Histórico  e  Artístico 
Nacional  n.  11  (Rio  de  Janeiro  1944)  37;  Dickson,  Panacea,  in  Bulletin 
0/  the  New  York  Public  Library  57  (1953)  564;  Nemésio  286-288. 

III.  Texto:  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  io6r-io7v  [antes  3o8r-309v].  Título: 
«Copia  de  una  dei  P.e  Manuel  da  Nóbrega  para  el  P.e  Maestro  Simón, 
dei  Brasil,  dei  afio  1553»-  No  fim  em  vez  do  endereço:  «Copia  de  una 
dei  P.e  Nóbrega  para  el  P.e  Maestro  Simón,  dei  Brasil».  [Outra  letra:] 
«1553  dei  Brasil.  Copia  de  una  dei  P.e  Nóbrega  para  el  P.e  Maestro 
Simón».  Tradução  espanhola  do  original  português  perdido. 

IV.  Impressão :  Leite,  Novas  Cartas  Jesuíticas  —  de  Nóbrega  a 
Vieira  (São  Paulo  1940)  34-38;  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955) 
459-462. 

V.  História  da  Impressão:  Novas  Cartas  imprime  a  retroversão 
portuguesa  moderna ;  Cartas  de  Nóbrega,  além  da  retroversão,  edita  o 
texto  espanhol  (Bras.  j-z). 


VI.   Edição:  Reimprime-se  Bras.j-i,  texto  único. 


420 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


Textus 

1.  Responsutn  aliquibus  litteris  a  se  Patri  Simoni  datis  non  acct- 
pit.  —  2.  In  oppido  S.  Vincentii  magnam  domam  et  ecclesiam  invenit 
cum  septem  Fratribus  multisque  pueris.  —  3.  Statuit  ingredi  interiora 
terrarum.  —  4.  Praefectura  S.  Vincentii  ianua  est  terrarum,  idcirco 
maiora  fundamenta  in  illa  iacienda  quam  in  aliis.  —  5.  Modus  ingra- 
tas agendi  Episcopi  eiusque  visitatoris  et  clericorum,  sed,  exceptis  ali- 
quibus qui  a  peccatis  absolvi  non  possunt,  populus  amat  S.  1.  —  6.  Pater 
S.  I.  episcopatu  insignitus,  tantum  ad  or dines  sacros  con/erendos  et  ad 
chrisma  conficiendum,  e  Portugália  in  Brasiliam  oportebat  ut  veniret. 
—  7.  Quaerit  quid  agendum  si  quis  e  Societate  dimittendus  sit.  —  8.  De 
rebus  oeconomicis.  —  9.  De  Fr.  Correia.  —  10.  De  hereditate  cuiusdam 
relida  ad  domum  religiosam  erigendam  in  Praefectura  S.  Vincentii.  — 
//.  Eleemosyna  pro  matre  Fr.  loannis  de  Sousa.  —  12.  De  Ludovico 
de  Gois  eiusque  uxore. 

Pax  Christi. 

1.  Porque  no  tengo  aún  vista  la  respuesta  de  V.  R.  de 
las  cartas  que  este  ano  1  avemos  scripto,  y  también  porque 
scribo  al  P.e  Pedro  Doménech  las  cosas  que  a  las  casas 
pertenescen,  en  ésta  no  avrá  mucho  que  escrivir,  sola- 
mente  cómo  me  quedé  en  esta  Capitania  de  S.  Vicente 
después  de  aver  corrido  las  otras  con  el  Governador  2,  por- 
que N.  Sefior  así  me  parece  que  fué  servido. 

2.  Allé  grande  casa  y  muy  buena  yglesia,  a  lo  menos 
en  Portugal  no  la  tenemos  aún  tan  buena.  Hallé  7  Her- 
manos  grandes  3  y  muchos  ninos  huérfanos,  y  otros  hijos 
de  los  gentiles,  de  los  quales  no  queremos  ya  tomar  sino 


1  «Este  ano».  Desde  o  dia  3  de  Maio  de  1552  que  o  P.  Mestre 
Simão  Rodrigues  deixara  de  ser  Provincial  de  Portugal  (F.  Rodrigues, 
A  Companhia  19).  As  cartas  recebeu-as  o  seu  sucessor  P.  Diego 
Miron.  Parece  que  Nóbrega  só  teve  conhecimento  da  mudança  em 
carta  por  ele  recebida  em  São  Vicente  a  1  de  Abril  de  1553.  Cf.  carta 
de  15  de  Junho  de  1553  §  1. 

2  Cf.  carta  seguinte  de  10  de  Março  §  1 ;  Leite,  Breve  Itinerário 
85-87. 

3  Irmãos  «grandes>  para  distinção  dos  meninos,  que  também  se 
chamavam  Irmãos  «pequenos».   Cf.  supra,  pp.  410-411. 


58.  -  S.  VICENTE  12  DE  FEVEREIRO  DE  1555 


421 


hijos  de  los  grandes  y  principales  por  no  tenerraos  con 
qué  los  mantener,  que  quanto  al  vestido  súífresse  los  nifios 
andaren  nudos.  Allé  aqui  el  P.e  Leonardo  Núnez  y  el  15 
P.e  Paiva,  y  truxe  comigo  al  P.e  Francisco  Pirez,  dexando 
en  las  capitanias  muchos  huéríanos  con  sperança  de  los 
Padres  que  dei  Reyno  speramos. 

3.  Y  aparéjome  con  algunos  para  assentar  daqui  a 
100  legoas  donde  más  conveniente  fuere  y  más  fruto  spe-  20 
ráremos.  Toda  esta  gentilidad  se  quexa  ya  de  nosotros 
por  tardarmos  tanto,  y  temo  que  se  quexen  aún  mejor  a 
N.  Seííor,  dizendo  nemo  nos  conduxit 4.  Levamos  una 
tienda  de  herrero  5  y  todos  los  médios  con  que  mejor  los 
podamos  atraher.  Si  vinieren  Padres,  como  tenemos  por  25 
cierto,  y  con  ellos  praepósito,  dexarme  é  estar  allá  hasta 
veer  su  recado,  y  si  no,  ser  me  á  forçado  tornar,  dexando 
todo  assentado,  a  veer  las  capitanias. 

4.  Desta  Capitania  se  deve  de  hazer  más  fundamiento 
que  de  ninguna,  por  quanto  por  esta  gentilidad  nos  podre-  3° 
mos  extender  por  la  tierra  adentro,  y  por  esso,  veniendo 
Hermanos,  a  esta  Capitania  devrían  venir,  porque  en  las 
otras  ya  creo  que  se  hará  poco  más  que  ensefíar  nifios. 

5.  Porque  el  Obispo  6  lleva  otros  modos  de  proceder, 
con  los  quales  creo  que  no  se  quitarán  peccados,  y  se  35 
robará  la  gente  de  quanto  dinero  pudieren  ganar,  y  se  des- 
truirá la  tierra.  Sus  clérigos  absolven  quantos  amanceba- 
dos ay  y  les  dan  el  Senor,  y  el  su  predicador,  que  es  el 
Visitador  7,  predica  que  pequen  y  se  levanten,  haziéndoles 

el  camino  dei  cielo  muy  largo,  y  Christo  N.  S.  dize  que  es  4° 
estrecho,  y  por  otra  parte  lévanles  de  penas  esso  que  tie- 
nen.   Cosa  de  evitar  peccados  no  vino  a  esso,  ni  se  evita- 


33    que1  dei,  no 


4  Mat.  20,  7. 

5  Do  Ir.  ferreiro  Mateus  Nogueira. 

6  D.  Pedro  Fernandes. 

7  P.  Gomes  Ribeiro.    Cf.  carta  de  fins  de  Julho  de  1552  §  4. 


422 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


rán  nunqua,  sino  después  que  acá  uviere  tantas  mugeres 
que  las  no  quieran.    Otras  cosas  veo  hazer  que  V.  R.  y  yo 

45  devríamos  llorar. 

El  Obispo  en  el  principio  desacreditemos  mucho  y  [se] 
puso  muy  bravo,  pero  luego  vino  a  caer  algo,  tanto  que 
tenía  sino  los  de  la  Corapafiía.  El  pueblo  así  de  la  ciudad 
dei  Salvador  como  de  las  Capitanias,  de  ver  que  les  llevan 

50  su  dinero,  le  an  ganado  grande  odio  al  Obispo  y  a  sus 
visitadores,  y  todo  redunda  en  crédito  de  la  Compafiía, 
aunque  muchos  a  que  no  absolvemos  y  hallan  quien  los 
absuelva  nos  quieren  poco  bien,  quia  testimonium  perhi- 
bemus  quod  opera  eorum  mala  sunt,  et  ideo  non  possunt 

55  non  odisse  nos  8. 

Yo  quando  escrivo  a  V.  R.  no  tengo  cuenta  con  más  que 
hablarle  por  carta  como  en  presencia  sin  tener  respecto  a 
la  orden  ni  a  lo  que  escrivo  si  es  mal  si  bien. 

6.  [ioóv]  Tenemos  mucha  confiança  de  por  la  tierra 
60  adentro  se  hazer  mucho  fruto,  y  el  Hermano  Pero  Correa, 

que  en  esto  es  más  parte  que  ninguno  de  nosotros,  nos  pro- 
mitte  mucho.  Si  así  fuere,  parecerme  ya  bien  veniesse  un 
Padre  de  allá  nuestro,  hecho  obispo  de  anel  °,  sin  ninguna 
otra  cosa  más  que  qualquier  Padre,  solamente  la  orden  de 
65  Obispo  para  ordenar  Hermanos  nuestros  y  crismar  y  hazer 
otras  cosas  que  sólo  al  orden  obispal  pertenescen,  porque 
la  Baya  está  lexos  y  a  las  vezes  es  más  fácil  ir  a  Portugal 
que  no  allá. 

7.  Mucho  desseo  saber  lo  que  se  aora  allá  custumbra 
70  hazer  con  Hermanos  que  tengan  hecho  votos  de  la  Compa- 
fiía y  no  son  para  ella,  o  si  son  quiérense  salir,  porque 
allende  de  lo  que  por  el  Instituto  de  la  Compahía  collegi, 
holgaría  saber  la  plática,  si  por  ventura  no  viene  ya  per- 


^3    sino  add.  sup.  \\  66    cosas  udd.  siip. 


8  Ioan.  7,  7. 

9  Bispo  de  anel,  isto  é,  sem  jurisdição,  titular,  mas  com  os  pode- 
res do  sacramento  da  Ordem,  como  expõe  o  texto. 


58.  -  S.  VICENTE  12  DE  FEVEREIRO  DE  1553 


425 


sona  que  lo  declare,  y  así  lo  que  haré  si  caso  contigerit 
aliquem  ex  nobis  infamari  ex  crimine  scandalum  generante,  75 
quanquam  non  sit  manifestura,  que  es  cosa  que  podrá  acon- 
tescer  por  mis  peccados. 

8.  Acá  nos  pagan  muy  mal  el  mantenimento  y  ves- 
tiaría  que  El  Rey  manda  dar.  Seria  mejor  darse  allá  y 
embiarlo  acá,  como  más  largo  scribo  al  P.e  Doméneco.  80 

Allá  embió  el  P.e  Leonardo  Núnez  desta  Capitania  cin- 
quoenta  mil  maravedis  por  letra.  Y  porque,  quando  aora 
vine,  no  fui  contento  de  la  letra  y  me  parece  poder  ser  no 
se  pagar,  hize  mandar  essas  dos  a  V.  R.,  las  quales  cobrará, 
y  si  la  otra  no  se  a  pagado,  de  ay  se  entregará  el  Collegio  85 
de  Coimbra  de  la  su  deuda,  que  son  cinquoenta  mil  mara- 
vedis, y  lo  más  guardará  para  dar  a  Luís  de  Goes,  a  quien 
se  manda  dar.  Y  si  ya  tuviere  cobrado  la  otra  letra,  toda- 
via cobre  ésta  y  haga  guardarlo  a  Luís  de  Goes  y  darlo  á 
a  su  cierto  recado.  Ya  irá  por  dos  vias,  y  ésta  primera  9° 
lleva  Pedro  de  Goes10,  a  quien  mucho  devemos  todos  por 
quanto  nuestro  devoto  y  amigo  es. 

9.  El  Hermano  Pero  Correa  es  acá  grande  instrumento 
para  por  él  N.  Sefior  obrar  mucho,  porque  es  virtuoso  y 
sábio,  y  la  mejor  lengua  dei  Brasil.  Tiene  partes  para  se  95 
aver  de  ordenar  de  missa,  pero  tiene  impedimento  que  no 
puede  ser  sin  dispensación  y  los  nuestros  poderes  no  se 
extenden  a  sus  casos,  que  son  muerte  voluntária  de  algu- 
nos  Índios  gentiles  desta  tierra. 

Se  el  Obispo  no  los  tiene,  como  se  dezía  que  sperava  100 
por  ellos,  haga  V.  R.  averlos,  porque  siendo  de  missa  hará 
mucho  más  fruto  en  las  confessiones  n. 


10  Pero  de  Góis,  Capitão-mor  da  Armada,  irmão  de  Luís  de  Góis, 
como  diz  no  §  12.  Cf.  Leite,  Luís  de  Góis,  Senhor  de  Engenho  no  Bra- 
sil, introdutor  do  tabaco  em  Portugal,  Jesuíta  na  índia,  in  Brotéria  61 
(1955)  157- 

11  «Creo  que  el  Padre  Nóbrega  está  aguardando  por  la  dispensa- 
ción de  Pedro  Correa  nuestro  Hermano»,  escreve  o  P.  Mirón  ao 
P.  Polanco,  Lisboa,  17  de  Setembro  de  1554  (Epp.  Mixtae,  IV  347  ; 
cf.  Leite  ii,  234). 


424 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


10.    [1071"]  Un  Álvaro  de  Magalhães  raoriendo  dexó  su 
hazienda  al  primero  monasterio  de  Santo  Antonio  que  se 

105  en  esta  Capitania  hiziesse,  sobre  que  ya  Leonardo  Núnez 
escrivió  a  V.  R.  Es  hazienda  gruessa  y  dessean  daria  a 
esta  casa,  si  dei  Núncio  o  de  quien  esto  pertenesce  se 
uviere  licentia  para  se  poder  commutar.  No  se  dexe  per- 
der por  falta  de  alguna  diligentia. 

no  11.  Allá  está  una  muger  pobre  que  tiene  acá  un  su  hijo 
que  se  llama  Sosa  18,  nuestro  Hermano,  y  es  una  alma  ben- 
dita. Dé  V.  R.  cuidado  al  M.  Juan  13  de  consolaria  algunas 
vezes  y  ayudarla  con  alguna  lymosna. 

12.    Luís  de  Goes,  hermano  de  Pedro  de  Góiz,  hizo  acá 

115  un  grande  movimento  de  sí  y  en  fervor  de  spíritu  hizieron 
los  votos  de  la  Compania  él  y  su  muger  estando  para  tomar 
el  Senor.  Determinan  desembaraçarse  y  ella  que  es  ya  de 
dias  servir  a  N.  Senor  en  un  monasterio,  o  como  nós  le 
ordenáremos,  y  él  pedir  que  lo  recojamos.    No  sé  lo  que 

120  el  tiempo  en  esto  mostrará.  Dél  recibió  siempre  esta  casa 
mucha  charidad,  paréceme  que  le  tenemos  mucha  obliga- 
ción  de  lo  ayudar  a  salvar  14. 

Al  presente  no  se  me  offresce  otra  cosa  para  scrivir. 
Lo  que  faltare  por  otra  via  irá.    De  la  Baya  scrivirán 

125  largo  y  de  las  otras  Capitanias.  N.  Senor  nos  ensene  a 
hazer  siempre  su  santa  voluntad.  Amen. 

Deste  S.  Vicente,  dominica  quinquagessimae  15  1553. 


112    de]  de  a  tns. 


12  João  de  Sousa. 

13  Mosén  Juan  Bosch  (ou  J.  de  Aragão) 

14  Luís  de  Góis,  depois  de  enviuvar  entrou  na  Companhia  de 
Jesus  no  Colégio  de  Goa  com  55  anos  de  idade  em  1559  e  faleceu  no 
mesmo  Colégio  a  25  de  Julho  de  1567  (Academia  das  Ciências  de  Lisboa, 
Còd.  ij  Azul,  ff.  361T-361V;  Francisco  de  Sousa,  Oriente  Conquistado  11 
[Lisboa  1710]  26).  Houve  mais  dois  Jesuítas  na  índia  do  mesmo  nome, 
com  os  quais  se  não  deve  confundir  este,  que  esteve  no  Brasil  e  de  que 
fala  Nóbrega.   Cf.  Leite,  Luis  de  Góis,  loc.  cit.  153. 

15  Em  1553,  12  de  Fevereiro. 


59.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1553 


425 


CARTA  PERDIDA 

58a.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Pedro  Domenech,  Lis- 
boa (S.  Vicente  Fevereiro  de  1553).  Na  carta  de  Nóbrega  ao  P.  Simão 
Rodrigues,  de  12  de  Fevereiro  de  1553  §  1:  «Porque  scribo  al  P.e  Pedro 
Doménech»;  e,  no  §  8,  «Como  más  largo  scribo  al  P.e  Doméneco». 

59 

DE  UM  IRMÃO  DO  BRASIL 
AOS  IRMÃOS  DE  PORTUGAL 

S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1555 

I.  Autores:  Polanco  iii  468-470;  Leite  i  196262263;  Breve  Iti- 
nerário 85-86;  Mariz  114-116. 

II.  Texto  :  Original  português  perdido: 

1.  ARSI,  Bras.  3-1,  ff.  9or-9iv  [antes  3i5r-3i6v].  Título  :  «Copia 
de  una  de  un  Hermano  dei  Brasil  para  los  Hermanos  de  Portugal,  de 
San  Vicente  a  diez  de  Março  dei  ano  de  1553».  Tradução  em  espanhol. 

2.  Bras.  3-1,  ff.  77v-79r  [antes  325v-327r].  Título :  «Exemplum 
epistolae  de  Brasílio  scriptae  a  Fratre  quodam  ad  Fratres  in  Lusitânia 
ex  Sancto  Vincentio  6  Idus  Martii  anno  1553».  Tradução  latina  da  ver- 
são espanhola. 

III.  Impressão:  Retroversão  portuguesa  moderna  com  este  título  : 
«Viagem  de  Nóbrega  da  Baía  a  S.  Vicente  —  contada  por  um  Irmão  que 
com  ele  ia  na  Armada  de  Tomé  de  Sousa>,  em  Leite,  Carta  inédita  de 
Nóbrega  nas  vésperas  da  fundação  de  São  Paulo  (ijj jj,  in  Brotéria  55 
(1952)  138-142;  Nóbrega  e  a  fundação  de  São  Paulo  (Lisboa  1953)  13-19. 

IV.  Autor:  Com  Nóbrega  iam  o  P.  Francisco  Pires  e  quatro  Irmãos 
«pequenos»,  e  ambos  os  Padres  são  tratados  em  terceira  pessoa.  Pires 
tomava  então  conta  dos  Meninos  e  certamente  a  carta  foi  escrita  sob  a 
sua  direcção  e  correcção.  Mas  ele  não  sabia  a  língua  tupi  para  pregar 
nela  [Anchieta,  Cartas  488]  e  o  autor  diz  de  si  próprio:  «predique  en 
la  lengua»  [§  3].  Di-lo,  só  nesse  parágrafo,  três  vezes.  E  não  pregava 
por  sua  conta  e  risco,  mas  «o  que  [o  P.  Nóbrega]  lhe  dizia>.  Quem 
fosse  o  Irmão  «pequeno»,  intérprete,  não  há  indício  seguro. 


V.    Edição:  Publica-se  o  texto  1. 


426 


IRMÃO  DO  BRASIL  -  IRMÃOS  DE  PORTUGAL 


Textus 

1.  P.  Nóbrega  in  classe  gubernatoris  visitai  Praefecturas  ad  meri- 
diem  positas.  —  2.  In  oppido  «Ilhéus»  nullus  e  S.  1.  —  3.  In  Praefec- 
tura  Portus  Securi  P.  Navarrus.  —  4.  In  Praefectura  Spiritus  Sancti 
P.  Alphonsus  Brás  qui  iam  habet  collegium  et  ecclesiatn.  —  5.  Ad  Flu- 
men  lanuarii  erudiuntur  pueri  indi  doctrina  Christiana  cutn  canticis  lín- 
gua brasílica  ;  ibi  aedificanda  est  habitatio  lusitanorum.  —  6.  Ministério 
Patris  Nóbrega  in  classe.  —  7.  In  «Angra  dos  Reis»  infirmantur  Patres 
Nóbrega  et  Franciscus  Pires.  —  8.  In  oppido  S.  Vincentii  domus  est  quae 
alit  plus  quam  8o personas  et  ecclesia  totius  Brasiliae  óptima.  —  9.  Soda- 
litas  Pueri  lesu  atque  labores  Fr.  Petri  Correia  et  P.  Francisci  Pires, 
ac  P.  Leonardi  Nunes  qui  ad  «Patos»  adivit,  et  Patris  Paiva.  — 
10.  P.  Nóbrega  vult  ingredi  interiora  terrarum,  sed  obstai  Gubernator 
ne  deficiant  Patres  in  praefecturis.  —  11.  Iterum  de  ministeriis  Patrttm, 
et  praesertim  Fratris  Correia  qui  linguam  brasilicam  bene  scit.  — 
12.  P.  Nóbrega  iussit  ut  etiam  pueri  exteri  legendi  et  scribendi  artem 
ediscerent. 

Pax  Christi. 

1.  El  Padre  Manoel  de  Nóbrega  me  mando  que  os 
escriviesse  las  nuevas  desta  tierra.  Y  porque  los  de  la 
Baya  os  darán  particulares  nuevas  de  lo  que  allá  aconte- 

5  ció,  sólo  os  daré  cuenta  de  nuestra  peregrinación,  la  qual 
fué  visitar  todos  los  lugares  desta  costa  con  el  Sefior 
Governador  *.  Vino  el  Padre  Nóbrega  con  él  y  otro 
Padre  2  y  quatro  niftos. 

2.  Partidos  nós,  el  primer  lugar  a  que  llegamos  fueron 
io  los  Illeos,  adonde  fuimos  a  posar  al  hospital 3;  y  por  el  poco 

tiempo  que  alli  estuvimos,  no  hizo  más  el  Padre  Nóbrega 
que  predicar  una  vez.  Confessáronse  algunas  personas. 

3.  De  allí  vinimos  con  otro  trabayo  por  la  contrarie- 
dad  dei  mar  a  otro  lugar  llamado  Puerto  Seguro,  adonde 

!5  aliamos  al  Padre  Navarro  que  hazía  mucho  fructo  así  en 


6   costa  con:  tx  cuesta 


1  Tomé  de  Sousa. 

2  Francisco  Pires  (carta  de  Nóbrega,  12  de  Fevereiro  de  1553  §  2). 

3  Porque  então  não  residia  ali  ninguém  da  Companhia. 


59.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1555 


427 


los  lugares  de  christianos  como  en  los  de  gentiles,  predi- 
cando a  los  portugueses  y  a  los  gentiles  también  en  su  len- 
gua, la  qual  tiene  ya  deprendida ;  y  dizia  missa  a  los  esclavos 
que  eran  muchos,  y  predícales  también  en  un  poblado 
llamado  Sancto  Amaro.  Cerca  dél  está  una  iglesia  de  20 
nuestra  Seriora  i  donde  el  Padre  se  recoge  quando  viene 
de  los  lugares  de  los  gentiles  por  estar  de  aquella  parte,  y 
es  casa  (según  todos  dizen,  y  pienso  que  ya  os  lo  ternán 
escrito)  de  muchos  milagros.  En  esta  Capitania  fuimos 
recebidos  con  mucha  devoción  de  todo  el  pueblo,  y  espe-  25 
cialmente  de  todos  los  devotos  de  la  Companía,  dándonos 
todo  lo  que  aviamos  menester  con  mucho  amor.  Y  íué 
tanta  la  devoción  deste  pueblo,  que  se  yuntaron  todos  los 
principales  dél  y  pidieron  al  Padre  Nóbrega  que  biziesse 
allí  una  casa  para  se  sustentar  y  enseííar  nifios,  que  ellos  3° 
todos  ayudarían  con  quanto  pudiessen.  El  Padre  5  platicó 
con  el  Governador  que  es  muy  amygo  de  [90V]  la  Compa- 
nía, el  qual  imitando  todos  los  principales  fué  con  el  Padre 
a  ver  el  sitio  que  meyor  se  aliasse,  y  así  se  escogió  un 
lugar  muy  cómmodo  que  tenía  cerca  un  naranyal;  y  luego  35 
muchos  prometieron  mucho  açúcar  y  esclavos,  y  se  elegie- 
ron  luego  quatro  hombres  para  pedir  limosnas  y  la  hazer. 
Y  un  hombre  que  sabe  la  lengua  luego  affirmó  que  traerían 
allí  tantos  hijos  de  los  índios  quantos  la  casa  pudiesse  sus- 
tentar. Allí  prediqué  en  lengua  de  los  gentiles  lo  que  el  Padre  4o 
me  dizia,  de  lo  que  todos  los  esclavos  y  blancos  que  enten- 
dían,  se  movían  y  ediíicavan.  Y  es  mucho  para  dar  gracias 
a  Dios  nuestro  Senor  la  diligencia  con  que  los  esclavos  vie- 
nen  a  la  missa,  la  qual  el  Padre  Navarro  siempre  les  dize 
muy  de  manana.  En  otra  población  también  prediqué  en  45 
la  iglesia  en  la  lengua  de  la  tierra  a  los  esclavos,  y  siempre 
le  ensenávamos  a  doctrina  quando  avia  oportunidad  para 


18  deprendida  corr.  ex  aprendida  []  27  mucho  dei.  amor  ||  29  pidieron  corr.  ex 
pedieron  ||  33    qual  dei.  en  ||  35    un  dei.  1  ||  37    la]  las  ms. 


4  Nossa  Senhora  da  Ajuda. 

5  Nóbrega. 


428 


IRMÃO  DO  BRASIL  -  IRMÃOS  DE  PORTUGAL 


ello,  aunque  todo  fué  por  muy  poco  tiempo  porque  passava 
el  Governador  muy  de  priessa. 

5°  4.  De  allí  vinimos  al  Spírito  Sancto,  adonde  llegamos 
con  raucho  trabayo  por  ser  rauchos  en  los  navios,  por  aver 
embiado  el  Governador  las  naves  grandes  por  outra  parte 
por  causa  de  los  baxos  6  dei  Puerto  Seguro.  Llegando  a 
esta  Capitania  dei  Spírito  Sancto  nos  vino  a  buscar  el  Padre 

55  Alfonso  Braz  en  un  barco  y  nos  llevó  al  Collegio  de  San- 
tiago 7.  Fué  allá  tarabién  el  Governador  con  toda  la  gente, 
y  en  la  yglesia  diximos  el  hymno  Veni  creator  Spiritus.  En 
esta  Capitania  aliamos  más  devoción  en  todos  que  hastaora 
aviamos  aliada.    Es  muy  buena  gente ;  estava  con  mucho 

6o  deseo  dei  Padre  Pay  va  8  que  se  avia  partido  para  la  Capi- 
tania de  San  Vicente,  donde  aora  estamos.  Aliamos  grande 
casa  y  iglesia,  y  mucha  gente  devota  que  se  confessava 
quada  ocho  dias,  y  otros  de  quinze  en  quinze  dias.  Pre- 
dico el  Padre  Nóbrega  el  domingo  seguiente  a  la  maiiana 

65  con  mucha  alegria  y  satisfación  de  todos  y  dei  Governa- 
dor, el  qual  así  a  esta  casa  como  a  la  dei  Puerto  Seguro 
dió  muy  gruessa  limosna.  Aqui  en  esta  casa,  como  en  las 
otras  de  las  Capitanias,  se  ensenan  algunos  Índios  de  la 
tierra  y  los  esclavos  que  son  muchos.    Ahora  embía  el 

70  p.e  Nóbrega  de  aqui  de  S.  Vicente  para  esta  Capitania  más 
nifios  de  los  índios  para  se  criaren  y  ensenaren  por  ser  la 
casa  grande  y  la  tierra  de  muchos  mantenimentos.  Aqui 
no  fuimos  a  las  Aldeãs  de  los  índios  por  estar  lexos  y  noso- 
tros  estarmos  aqui  poços  dias. 

75  5.  De  aqui  venimos  al  Rio  de  Henero,  donde  el  Gover- 
nador quiere  hazer  una  población  de  portugueses.  Allí  no 
salió  la  gente  en  tierra  porque  los  índios  9  estan  mal  con 
los  blancos.    Aqui  enfermaron  muchos  hombres  aunque 


58   devoción  dei.  el  ||  6o    partido]  partida  ms.  ||  66    a'  corr.  ex  en 


6  Os  Abrolhos. 

7  Fundado  pelo  próprio  Afonso  Brás  em  1551.  Leite  i,  221. 

8  P.  Manuel  de  Paiva. 

9  Tamoios. 


59.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1553 


429 


por  la  gratia  de  Dios  no  morió  ninguno,  y  los  Padres  tuvie- 
ron  grande  trabajo  en  confessados  y  consolarlos  porque  8o 
hazían  grandes  calores.    Después  fueron  los  Padres  por  el 
Rio  arriba  10  a  unas  aldeãs  de  unos  Índios  que  son  amigos 
de  los  blancos,  adonde  les  prediqué  en  su  lengua  y  jun- 
tava los  nifios  y  les  ensenava  la  doctrina.    También  les 
hazía  decorar  cantares  de  N.  Seõor  en  su  lengua  y  les  85 
hazía  cantar.  Aqui  vino  una  vez  el  Hermano  Pero  Correa, 
estando  aún  en  el  mundo,  y,  queriéndole  matar  los  gentiles, 
se  hizo  hijo  de  una  destas  Índias  y  de  un  hombre  blanco. 
la  qual  por  pensar  que  era  su  hijo  hizo  que  no  le  matassen, 
Esta  muger  por  aver  ya  aqui 11  visto  este  Hermano  con  el  9° 
P.e  Leonardo  Núnez  nos  dixo  que  su  hijo  era  Abbaré,  que 
quier  dezir  abbad  sancto  verdadero,  y  luego  pedió  al 
Padre  12  que  la  levasse  adonde  estava  su  hijo.   Y  el  Padre 
la  truxo  con  un  su  hijo  y  una  hija  prefiada  que  ya  parió 
aqui  en  San  Vicente  y  se  baptizaron  todos.  Todos  queda-  95 
ron  muy  espantados  de  los  médios  que  nuestro  Senor  tuvo 
para  traer  aquellas  almas  a  verdadero  camino  de  salvación. 

6.  El  P.e  Nóbrega  por  el  camino  no  estuvo  ocioso,  mas 
llevó  mucho  trabajo  con  la  gente  de  los  navios,  de  los  qua- 


91    Abbaré]  Abbade  ms. 


10  Até  à  Ilha,  que  depois  se  chamou  do  Governador,  habitada 
pelos  índios  Temiminós  (ou  do  Gato)  amigos  dos  Portugueses,  que  por 
Abril  de  1555  acossados  pelos  Tamoios  se  passaram  para  o  Espírito 
Santo  com  intervenção  do  P.  Luis  da  Grã.  Leite  i  363.  Deve  ter  sido 
nesta  ocasião  da  passagem  da  Armada  e  desta  primeira  catequese,  com 
a  presença  de  Nóbrega,  que  o  Principal  Maracajaguaçu  (Gato  Grande) 
disse  a  muitas  pessoas  e  a  Tomé  de  Sousa  que  queria  ser  cristão  (carta 
de  Luís  da  Grã,  do  Espírito  Santo,  24  de  Abril  de  1555,  Novas  Cartas 
Jesuíticas  180).  Cf.  Leite,  Breve  Itinerário  86  159. 

11  «Aqui»  no  Rio  de  Janeiro  ou  em  S.  Vicente,  onde  o  autor 
escreve?  Aqui  em  São  Vicente,  parece.  Mariz  inclina-se  a  que  fosse 
no  Rio  (Nóbrega  115-116),  o  que  recuaria  ainda  mais  a  prioridade  da 
catequese  em  relação  a  Thevet.  Leite  i  363.  A  possibilidade  não  é 
inverosímil,  mas  a  sua  execução,  não  sendo  em  Armada,  talvez  fosse 
temerária,  dada  a  hostilidade  dos  Tamoios. 

12  Nóbrega. 


430 


IRMÃO  DO  BRASIL  -  IRMÃOS  DE  PORTUGAL 


roo  les  muchos  yvan  en  peccado  mortal  con  mugeres  que  lleva- 
van.  Determino  de  correr  todos  los  navios  para  en  toda  la 
Armada  poder  aprovechar,  y  en  special  en  el  navio  adonde 
andan  los  desterrados  algunos  para  siempre  [gir]  y  otros 
por  muchos  afíos.  Y  allí  aunque  era  gente  más  terrible 

105  hizo  más  fruto  que  en  los  otros;  enmendáronse  mucho  en 
el  jurar  y  renegar,  y  otros  vicios  que  tales  hombres  común- 
mente  tienen.  De  allí  fué  a  otro  navio  adonde  yvan  muchas 
malas  mugeres,  y  hizo  el  Padre  con  que  dormiessen  debaxo 
las  escotillas,  id  est,  cubiertas,  y  que  las  cerrassen  con 

no  llave,  y  desta  manera  hizo  el  Padre  en  esta  armada  mucho 
servicio  a  N.  S.  Enseriava  la  doctrina  a  la  gente  dei  navio, 
reprehendiéndole  sus  malas  custumbres,  exercitávase  en 
otros  exercícios  spirituales  para  consigo  y  con  la  gente, 
de  los  quales  mucho  se  servió  N.  S.  en  este  camino. 

115  7.  Al  qual  bolviendo,  de  allí  venimos  a  un  lugar  11a- 
mado  Angra  de  los  Reis,  donde  no  salió  la  gente  sino  a 
una  isla  despoblada  13  a  tomar  agoa;  adonde  el  P.e  Nóbrega 
enfermo  y  fué  sangrado  dos  vezes,  porque  eran  los  calores 
muy  grandes;  también  enfermo  el  otro  Padre  de  câmaras, 

120  mas  por  la  gracia  dei  Senor  se  halló  bien. 

8.  Y  nos  partimos  de  allí  y  llegamos  a  esta  Capitania  de 
S.  Vicente  adonde  aora  estamos.  Aqui  vino  el  P.e  Leonardo 
Núnez  en  un  barco  y  lo  llevó:  yendo,  en  el  médio  dei  mar  vino 
tan  gran  tempestad  que  se  hundió  el  barco,  mas  quiso  N.  S. 

125  que  está  una  isla  pequena  cerca,  adonde  los  índios  pusieron 
al  P.e  Nóbrega  todo  mojado  porque  de  otra  manera  no  pudiera 
salvarse,  por  no  saber  nadar  y  venir  aún  flaco  de  la  enfer- 
medad;  y  con  todos  estos  trabajos  le  vino  tanta  alegria, 
que  bien  mostrava  la  virtud  que  tiene,  y  de  allí  se  fué 

r3o  con  harto  trabajo  al  collegio.  Y  al  camino  nos  salieron  a 
recebir  los  nifíos  de  los  gentiles  que  eran  muchos,  porque 
passarán  de  80  personas  las  que  esta  casa  mantiene,  ultra 


107   a  add.  sup,  ||  n6    Reis]  Reales  »is.  j  no  corr.  tX  nos 


13    Ilha  Grande. 


59.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1555 


451 


los  gentiles  14  huéspedes  que  siempre  van  y  vienen  a  ver 
sus  hijos  que  aqui 16  aprenden.  Este  pueblo  nos  recebió  muy 
bien  y  da  muchas  limosnas  a  esta  casa.  Tenemos  la  mejor  *35 
yglesia  que  ay  en  el  Brasil,  según  todos  dizen. 

9.  Ordena  aora  el  P.e  Nóbrega  la  Coníradía  dei  Nino 
Jesus,  y  dia  de  la  Puriíicación  de  N.  Sefíora  10  hizimos  una 
processión  todos  los  ninos  y  f  uimos  a  la  yglesia  de  la  Villa 
todos  con  cirios  encendidos.  A  la  buelta  cantamos  missa,  r4» 
y  predico  el  P.e  Nóbrega.  El  Hermano  Pero  Correa  pre- 
dica todos  los  domingos  a  la  tarde  en  la  iglesia  en  la  len- 
goa  de  la  tierra.  Viene  la  más  gente  de  la  Villa  a  oírle  que 
viene  por  la  manana,  ultra  los  esclavos  y  Índios  de  la  tierra. 
Muchas  vezes  cantan  los  ninos  todos  missa  de  canto  de  145 
órgano 1T,  lo  que  es  muy  acepto  a  los  índios  y  huelgan  de  los 
oír  todos.  El  P.e  Francisco  Perez  es  aora  maestro  de  los 
ninos,  de  los  quales  los  más  son  hijos  de  los  gentiles.  El 
P.e  Leonardo  Núnez  partió  para  el  Rio  de  los  Patos  18,  el 
qual  mandó  allá  P.e  Nóbrega  a  ruegos  dei  Governador  para  J5° 
hazer  venir  unas  personas,  nobles  Castellanos,  los  quales 
perdiéndose  la  armada  y  navios  avían  venido  allí,  y  mandó 
el  Governador  un  navio  en  que  íué  el  Padre  para  traer  toda 
la  gente  aqui.  Los  quales,  según  aora  dizen,  quieren  ir  por 
la  tierra  adentro  adonde  están  los  Castellanos  dei  Paragay,  *55 


135    Brasil  corr.  ex  Blasil 


14  Do  Campo  de  Piratininga. 

15  No  Colégio  de  São  Vicente. 

16  2  de  Fevereiro  de  1553.  Leite  i  254. 

17  Havia  bom  grupo  de  cantores.  O  P.  Leonardo  Nunes,  cantor 
e  regente,  o  Ir.  António  Rodrigues,  cantor,  regente  e  tocador  de  flauta, 
e  os  Meninos  que  já  cantavam  na  Baía,  sobretudo  os  Órfãos  de  Lisboa, 
onde  se  ensinava  o  canto  e  eram  nisso  favorecidos  pela  Corte  de 
D.  João  III,  diante  do  qual  alguma  vez  honradamente  se  exibiram 
(Epp.  Mixtae  li  505).  E  embarcavam  cantando.  Leite,  O  primeiro 
embarque  de  órfãos  para  o  Brasil,  in  Páginas  77-78. 

18  Rio  dos  Patos  ou  Laguna  do  Embiaça  (Biaça)  em  Santa  Catarina. 
É  a  Armada  onde  ia  Juan  de  Salazar,  o  qual  também  veio  para  São 
Vicente.  Leite  i  322-323. 


432 


IRMÃO  DO  BRASIL  -  IRMÃOS  DE  PORTUGAL 


y  tememos  que  no  quieran  venir  y  llevar  consigo  el  P.e  Leo- 
nardo Núnez.  El  P.e  Manuel  de  Paiva  predica  a  esta  gente 
y  témenlo  todos  mucho. 

10.    El  P.e  Nóbrega  determino  de  yr  por  la  tierra  den- 

160  tro  entre  los  gentiles,  y  llevar  algunos  Hermanos,  para  los 
ensenar  y  ayudar  a  conoscer  a  su  Criador,  dei  qual  andan 
tan  lexos,  y  con  ayuda  dei  Senor  hazer  entre  ellos  una  ciu- 
dad  haziéndolos  christianos.  Mas  el  Governador  lo  estrovó, 
porque  yéndonos  temia  que  se  despoblassen  estas  capita- 

165  nías,  y  así  parece  que  querían  ir  muchos  hombres  co[n] 
nosotros,  lo  que  causo  mucha  tristeza  en  los  Hermanos  que 
tanto  desseavan  salvar  aquellas  almas  perdidas,  aunque 
tanbién  exercitan  su  talento  y  fervor  acá  en  ayudar  a  los 
próximos. 

í?0  11.  Porque  aqui  en  nuestra  iglesia,  ultra  dei  domingo, 
se  haze  todos  los  viernes  una  plática  a  los  portugueses  y 
christianos  de  la  tierra ;  a  los  Portugueses  la  hazen  los 
Padres  en  português,  y  aquélla  acabada,  el  Hermano  Cor- 
rea, que  sabe  bien  la  lingua  de  la  tierra,  en  ella  haze  otra 

175  a  los  índios,  que  ya  están  juntos,  y  a  los  Portugueses  que 
entienden.  Y  esta  plática  es  cosa  de  mucha  devoción  por 
las  muchas  lágrimas  de  los  índios  y  Portugueses  que  siem- 
pre  ay  en  ellas.  Hazemos  processiones  en  la  Quaresma 
todos  los  viernes,  adonde  van  siempre  cerca  de  cien  disci- 

180  plinantes  de  los  índios,  que  es  mucho  para  alabar  a  Dios 
aver  esto  en  esta  tierra.  También  os  quiero  contar  cerca 
los  esclavos  de  la  tierra,  y  mamalucos  (que  son  hijos  de 
portugueses  y  Índias  de  la  tierra)  y  sus  confessiones  que 
tanto  continuan  aora  en  la  Quaresma  en  que  estamos  19, 

^5  [91V]  y  al  parecer  sus  sefiores  no  vienen  tan  aparejados  ni 
contritos  como  ellos,  y  así  se  haze  en  ellos  mucho  fruto. 
Ensenámosles  cada  dia  aqui  la  doctrina,  llamándolos  por 


159-160    dentro  dei.  y  llevar  ||  178    Hazemos  corr.  MC  Hizimos 


19  A  data  da  carta,  10  de  Março,  era  sexta-feira  da  terceira  semana 
da  Quaresma. 


60.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1555 


455 


la  Villa  con  una  campanilla,  y  vienen  con  mucho  desse[o] 
aprender. 

12.  Aora  también  ordeno  el  P.e  Nóbrega  que  ensenas-  19° 
sen  a  leer  y  escrevir  así  a  los  ninos  de  casa  como  a  los  de 
fuera 20.  Vienen  muchos  y  con  mucha  voluntad  de  sus 
padres,  y  en  esto  se  haze  mucho  fruto,  bendito  sea  el  Senor 
de  quien  todo  lo  bueno  procede.  Por  aora  no  otro  sino  que 
nos  encomendamos  todos  en  oraciones  de  todos  los  Padres  *95 
y  Hermanos. 

Deste  San  Vicente  a  X  de  Março  de  1553. 

60 

DO  IR.  PERO  CORREIA 
[AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA] 

S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1555 

I.   Bibliografia:  Leite  ii  377-383. 

II.   Autores  :  Leite  ii  236  239  375  379-380  467  541 ;  ix  421. 

III.  Texto:  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  84r-87v  [antes  3ior-3i3v].  Cota 
[f.  87V]  :  «4-  Copia  de  una  dei  Hermano  Pedro  Correa  dei  Brasil». 
Ontra  letra  :  «1553  Martii» :  Terceira  letra  :  «De  S.  Vinzente».  Tradu- 
ção espanhola  do  original  português  perdido. 

IV.  Impressão :  Retroversão  portuguesa  moderna  com  este  título : 
«Carta  do  Ir.  Pero  Correia  a  um  Padre  de  Portugal  sobre  os  males  do 
Brasil  e  remédios  que  se  propõem»,  in  Leite  ix  (1949)  377-383. 

V.  Destinatário  :  Na  carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega,  mandada  ao 
mesmo  tempo  ao  P.  Simão  Rodrigues,  lê-se:  «Otros  les  dizen  muchos 
vitupérios. . .  como  tengo  mandado  al  Hermano  Pero  Correa  que  scriba 
a  V.  R.»  [carta  61  §  6] ;  e  Correia  informa  no  começo  da  presente 


20   Antes,  só  aos  «de  casa»;  agora,  também  aos  «de  fora»:  é  o 
começo  da  instrução  pública  na  Capitania  de  São  Vicente. 
28 


434 


IR.  PERO  CORREIA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


carta:  «me  mandó  el  P.  Nóbrega  que  los  scribiese  [los  males]  a  V.*  R.a». 
Mas  a  esse  tempo  já  Simão  Rodrigues  tinha  deixado  o  cargo  de  Pro- 
vincial, e  o  tradutor  ou  copista  omitiu  o  seu  nome. 

VI.    Edição:  Publica-se  o  texto  único  (Bras.  j-i). 

Textus 

1.  Iam  iç  annis  in  Brasília  versatur,  scribitque  de  malis  quae  bene 
voscit.  —  2.  Episcopi  visitator  homines  poenis  pecuniariis  punit  eosque 
relinquit  in  peccatis  eorum.  —  3.  Inter  lusitanos  unus  est  qui  iam  in  Bra- 
sília versatur  quadraginta  annos.  —  4.  Indorum  libertas  offenditur  cum 
dedecore  S.  1.  quae  illam  promittit  quin  valeat  tamen  impedire  iniustas 
captivitates.  —  5.  Homo  quidam  qui  fidem  amisit.  —  6.  Christiani  qui 
plurimis  cum  foeminis  vivunt.  —  7.  Reformatio  vitae  aliquarum  foemi- 
narum  indarum.  —  8.  Opiniones  circa  animae  futurum.  —  9.  lndus  vi 
ereptus  e  Collegio.  —  10.  De  Patre  Nóbrega  et  operibus  quae  sunt  mira- 
cula.—  77.  Triplex  condido  christianorum  Brasiliae. —  72.  Quia  non 
amplius  proficiunt  ministério  cum  christianis,  cupiunt  Paires  adire  inte- 
riora  terrarum.  —  13.  Fr.  Correia  caret  libris.  —  14.  Gubernator  impe- 
dit  aditum  in  interiora  terrarum.  —  75.  Ut  indi  gentiles  ad  vitam  civi- 
lem  et  religiosam  reducantur,  via  suavis  est  nullas  res  quibus  indigent 
suppeditare  nisi  tis  qui  iam  christiani  sunt.  —  16.  Omnes  Indi  dicunt 
se  velle  esse  christianos,  sed  oportet  ut  etiam  aliquam  utilitatem  in  eo 
coniiciant.  —  17.  Indi  num  sunt  bellicosiores  quia  nihil  eis  deest  ne 
vinum  quidem  ut  inebrientur.  —  18.  Bella  Indorum  non  timenda.  — 
19.  Indi  nullam  habent  religionem  sed  tantummodo  superstitiones  sicut 
etiam  in  Portugália  grassantur.  —  20.  Nisi  fiant  quae  hic  proponun- 
tur,  sola  spes  relinquitur  ut  ex  Indorum  filiis  novus  nascatur  populus 
christianus.  —  21.  Sed  ad  edocendam  tantam  copiam  puerorum  deest 
sustentatio.  —  22.  Iterum  de  ingressu  in  interiora  terrarum.  —  23.  Mis- 
sas pro  sua  intentione  postulai  a  Portugaliae  Patribus. 

Charíssimo  Padre 

Pax  Christi. 

1.  En  esta  carta  le  daré  cuenta  de  algunas  cosas  que 
hasta  agora  nunca  le  escrivieron  por  no  ofrescerse  cosa  que 
hiziese  tanto  al  caso  descobrirse  como  de  poco  tiempo  acá. 
Y  porque  a  diez  y  nueve  anos  1  que  estoy  en  el  Brasil,  y 


i    Portanto,  desde  1534. 


60.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1555 


455 


sé  bien  los  males  dél  como  participante,  me  mandó  el 
PJ  Nóbrega  que  los  scribiese  para  V.  R.  los  mandar  enco- 
mendar mucho  a  nuestro  Serior,  y  para  dar  cuenta  dello  a 
S.  A.  en  cuia  mano  después  de  Dios  está  el  remédio  y  l° 
enmienda  de  todo. 

2.  Comienço  primeramente  diziendo  que  la  Iglesia  quedo 
muy  desacreditada  en  esta  costa  dei  Brasil,  así  con  los  chris- 
tianos  como  con  los  gentiles  después  que  el  Visitador  2  dei 
Obispo  vino  a  visitar.    El  qual  me  paresce  que  hizo  esta  15 
cuenta  que  los  que  se  obiesen  de  enmendar  por  doctrina  que 

ia  serían  enmendados  por  la  de  nuestros  Padres  que  avia 
tanto  tiempo  que  andavan  predicando  por  estas  partes,  y 
que  los  que  no  hallasse  enmendados  que  seria  bueno  cas- 
tigallos  en  las  bolsas  como  hizo.  Mas  fué  peor,  porque  si  20 
de  antes  estavan  en  pecado  con  miedo  y  con  intención  de 
se  apartar,  con  temor  de  la  justicia  que  esperavan  que  avia 
de  venir,  agora  que  veéan  que  no  los  castigan  mas  que  em 
penas  de  dinero,  hazen  quenta  que  con  eso  pasarán  siem- 
pre,  y  tornaranse  a  asentarse  en  el  pecado,  de  manera  que  25 
no  ai  quien  los  levante  sino  solo  Dios,  lo  qual  El  hará  por 
su  bondad  no  faltando  nosotros  con  los  médios. 

3.  Aconteció  una  cosa  en  esta  tierra;  por  ésta  juzgará 
otras  suias  semejantes  de  las  quales  no  le  digo  nada,  y  fué 

el  caso  de  esta  manera:  en  esta  Capitania  ai  un  hombre3  30 
que,  según  dizen,  y  la  edad  de  los  hijos  y  hijas  que  tiene 
lo  muestran,  que  avrá  40  anos  4  poco  más  o  menos  que  vive 
en  pecado  mortal  con  una  india  de  la  tierra  5,  al  qual  tomó 


21    en  dtl.  un 


2  Gomes  Ribeiro  (carta  61  §  7). 

3  João  Ramalho. 

4  Desde  1513:  a  data  não  se  refere  à  chegada  à  terra,  mas  à  sua 
união  com  a  índia. 

5  Segundo  os  linhagistas,  é  Isabel  Dias  por  nome  indígena  «Bar- 
tira» ou  «Mbci»,  filha  do  índio  Tibiriçá.  Cf.  Afonso  de  E.  Taunay, 
Ascendência  paulista  e  vicentina  de  Francisco  Teixeira  Leite  e  Anna 
Alexandrina  Teixeira  Leite,  Barão  e  Baronesa  de  Vassouras,  1  folha 
(São  Paulo  1932),  mas  cf.  Leite,  Nóbrega  e  a  fundação  de  São  Paulo  77. 


456 


IR.  PERO  CORREIA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


el  alguazil  de  los  clérigos  6  un  sclavo  por  la  pena  de  así 

35  estar  tanto  tiempo  en  aquel  y  en  otros  pecados.  Y  a  la 
india  de  este  hombre  quando  le  tomaron  el  sclavo  pesóle 
mucho  porque  le  queria  bien,  diziendo  que  le  aiudara  a 
criar  algunos  de  sus  hijos,  y  fuesse  a  quexar  al  Governa- 
dor Tomé  de  Sosa.   Y  andando  la  india  en  esto,  no  falto 

4°  quien  le  dixesse  que  se  callase,  que  no  hablase  más  en  el 
sclavo,  que  lo  dexase  llevar  al  alguazil,  porque  dexándo- 
selo  llevar  podría  quedar  segura  de  nunca  la  apartar  de  su 
marido,  lo  que  ella  tanto  recelava.  Digo  de  su  marido  por- 
que así  llaman  ellas  a  sus  amigos.   Llevóse  el  alguazil  el 

45  sclavo  y  calló  la  india,  quedando  como  de  antes  estava;  y 
otras  que  ia  en  cima  me  escusé  de  screvir,  las  quales  que- 
dan  confiadas  de  poder  siempre  vivir  a  su  voluntad  por 
aquello  que  pagarán.  Y  son  aún  tan  maios,  aquéllos  que 
lo  quieren  ser,  y  con  quanto  los  dexan  quedar  en  el  pecado 

5°  como  de  antes  estavan,  más  aún  andan  rebueltos  y  murmu- 
ran,  diziendo  que  la  justicia  de  la  Iglesia  no  vino  a  esta 
tierra  a  apartarlos  de  pecado  y  a  curarles  sus  ánimas,  mas 
a  llevalles  sus  haziendas. 

4.    La  otra  causa  porque  la  Iglesia  tiene  perdido  mucho 

55  el  crédito,  y  va  perdiendo  con  la  gentilidade,  porque  quando 
vinieron  nuestros  Padres  de  Portugal  se  sono  por  toda  la 
costa  que  ellos  predicavan,  y  que  no  ubiese  más  saltos  ni 
salteadores  y  que  los  salteadores  y  todos  los  más  que  por 
engano  estavan  puestos  en  cativerio  que  todos  fuesen  pues- 

6o  tos  en  livertad,  y  que  el  Rei  así  lo  mandava.  Holgava 


34  clérigos  dei.  tomo  ||  55  gentilidade]  gentilidades  ms.  60  livertad  dei.  y  que  et 
corr.  sup.  in  pues  sed  ctiatn  dei.  j  y  que  add.  sup. 


6  «Meirinho  dos  Clérigos».  O  ofício  tinha  sido  criado  em  Agosto 
de  1550  pelo  Provedor-mor  António  Cardoso  de  Barros,  de  passagem 
na  vila  de  São  Vicente.  Houve  por  bem  «haver  nessa  uma  pessoa  que 
como  meirinho  dos  clérigos  tenha  o  cargo  de  executar  as  penas  que 
pelo  vigário  da  dita  vila  forem  condenadas».  Van  der  Vat,  Princípios 
203;  cf.  232.  Mero  executor  sem  iniciativa  nem  autoridade  própria. 
Esta  competia  à  «justiça  da  Igreja  que  veio  a  esta  terra»,  como  diz  Pero 
Correia  no  fim  do  parágrafo,  aludindo  ao  Visitador  de  que  se  trata. 


60.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1555 


457 


mucho  por  toda  la  costa  la  gentilidad  y  hazíanse  buenos, 
y  adonde  veían  un  Padre  u  Hermano  desta  Companíaque- 
ríanlo  meter  en  el  ánima,  pues  venían  a  hazer  obra  tan 
santa  como  [84.V]  dellos  se  sonava,  y  todo  lo  que  les  dezían 
lo  creían.  Agora  ya  dizen  que  no  quieren  creer  en  ellos,  65 
porque  vienen  muchos  a  recogerse  a  esta  nuestra  iglesia  y 
collegio,  diziendo  que  los  socorramos,  que  los  tienen  cap- 
tivos  contra  derecho,  unos  diziendo  que  fueron  salteados, 
otros  diziendo  que  fueron  enganados,  y  nosotros  no  los 
podemos  hazer  buenos  porque  la  justicia  desta  tierra  es  7° 
remissa:  tanto  que  ia  acontesció  acogerse  indios  horros  a 
esta  casa  de  los  que  fueron  salteados  y  entrar  los  sefiores 
con  spadas  desenbainadas  dentro  en  casa,  y  maltratar  los 
Hermanos  de  palabras,  y  despues  de  hazer  y  dezir  lo  que 
quisieron  irse  para  sus  casas  sin  por  eso  hazerles  ningún  75 
mal.  Y  si  querremos  alguna  ora  hazer  o  dezir  alguna 
cosa  sobre  estos  sclavos  injustamente  captivos  quando  se 
acogen  a  nosotros,  los  que  los  tienen  por  sus  esclavos 
o  selavas  nos  amenazan,  diziendo  em  público  y  por  las 
plaças  que  nos  harán  y  contecerán,  y  que  nos  quema-  80 
rán  las  casas,  y  que  nosotros,  los  de  las  ropas  largas, 
no  somos  buenos  para  nada.  Vee  esto  la  gentilidad  y  vee 
la  poca  cuenta  en  que  los  christianos  7  nos  van  tiniendo, 
y  dizem  claramente  que  ia  no  quieren  creer  en  nosotros, 
pues  no  somos  buenos  para  podelles  valer  en  nada,  y  85 
somos  cosas  que  los  nuestros  mismos  tanto  nos  menos- 
precian. 

5.  Y  agora,  estando  el  P.  Nóbrega  en  este  collegio,  vino 
una  india  horra  huiendo  socoriéndose  a  él  dizendo  que 
avia  unos  diez  y  siete  u  diez  y  ocho  anos  que  estava  en  9o 
pecado  con  un  hombre,  el  qual  es  casado,  y  que  esto  era 
en  tiempo  que  no  entendia  ni  savía  qué  cosa  era  pecado; 
y  que  algunas  vezes  dezía  al  hombre  que  la  tenía  que 


71  ia  dei.  se  ||  76  dezir  corr.  ex  dar  [?]  ||  77  sclavos  dei.  sin  razón  ||  83  vee  corr.  ex  veen 


7   Isto  é,  os  Brancos. 


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IR.  PERO  CORREIA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


tubiese  temor  de  Dios,  que  mirase  que  era  casado,  que  no 
95  tubiese  más  que  entender  con  ella.    Dezía  que  él  le  res- 
pondia que  después  de  nuestra  muerte  las  ánimas  no  sen- 
tían  nada. 

6.  Era  costumbre  antiguo  en  esta  tierra  los  hombres 
casados  que  tenían  20  y  más  selavas  y  indias  tenerlas  todas 

100  por  mugeres,  y  eran  y  son  los  casados  con  mamalucas,  que  son 
las  hijas  de  los  christianos  8  y  indias.  Y  tenían  ellos  puesto 
tal  costumbre  en  sus  casas,  que  las  propias  mugeres  con 
que  son  recebidos  a  la  puerta  de  la  iglesia  les  llevavan  las 
concubinas  a  la  cama,  aquéllas  de  que  ellos  más  tenían 

x°5  voluntad,  y  si  las  mugeres  lo  rehusavan  molíanlas  a  paios. 
Y  aún  aa  muy  poco  tiempo  que  me  acuerdo  que  se  pre- 
guntava  a  una  mamaluca  qué  indias  y  selavas  son  estas 
que  tras  con  vós;  respondia  ella  diziendo  que  eran  muge- 
res de  su  marido,  las  quales  ellas  traín  siempre  consigo  y 

"o  miravan  por  ellas  así  como  abadesa  con  sus  monjas. 

7.  Agora  está  este  todo  mucho  enmendado,  porque  a 
3  anos  que  en  este  collegio  les  hablo  siempre  de  Dios  y  les 
tengo  estranado  mucho  este  pecado  y  los  demás,  y  no  ai  ia 
ninguna  que  quiera  consentir  lo  que  de  antes  consentia. 

«5  Y  muchas  vezes  se  me  embían  muchas  a  quexar  que  los 
maridos  las  tratan  mal  por  no  les  consentir  sus  malas  cos- 
tumbres.  Yo  las  animo  siempre  diziéndoles  que  más  vale 
que  sus  maridos  les  quiebren  los  hocicos  que  tal  consien- 
tan,  que  sufran  todo  lo  que  les  hizieren  por  amor  de  Dios, 

120  delante  el  qual  tendrán  mucho  merecimento.  Y  ubo  tales 
a  las  quales  sus  maridos  les  dieron  de  punaladas  y  les 
hizieron  otros  muchos  males,  y  dezían  claramente  que  bien 
las  podían  matar,  mas  que  ia  no  avía[n]  de  consentir  en 
aquel  pecado.    Los  sclavos  y  esclavas  cristianas  9  que  no 


100  con]  como  me,  ||  101  puesto  corr.  tx  por  ||  118  tal  corr.  cx  tan  ||  ião  tales  dtl. 
a  las  quales 


8  O  mesmo  sentido:  Brancos. 

9  Aqui  já  no  sentido  religioso,  porque  eram  índios  e  Índias. 


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savían  qué  cosa  era  Dios,  ya  agora  acuden  mejor  a  la  con-  I25 
fisión  que  los  hombres  blancos,  loores  a  Christo. 

8.  La  opinión  desta  gentilidad  es  que  las  almas  des- 
pués  du  la  muerte  no  sienten  ni  entienden  nada,  y  otros 
tienen  otras  abusiones  grandíssimas,  que  creen  que  sus 
animas  se  tornan  animales,  los  quales  aún  oi  en  dia  muchos  13° 
no  los  comen  10. 

9.  Mas  como  bienen  a  caer  en  la  verdad,  los  que  en  ella 
caen  son  muy  buenos  christianos  11  tanto  que  en  qualquier 
peligro  en  que  se  vean  luego  se  abraçan  con  el  nombre  de 
Jesú.  Y  io  lo  vi  ia  algunas  vezes,  y  una  delias  fué  uno  J35 
que  se  acogió  a  este  collegio,  que  le  valiesen  que  lo  que- 
rían  hazer  captivo  por  fuerça;  y  el  christiano  12,  que  lo 
tenía,  vino  tras  él  y  dentro  destas  casas  deste  collegio 
entro  con  un  paio  y  le  dió  muchos  paios,  y  a  cada  paio 
que  le  da  el  indio  daba  bozes  muy  alto  por  el  nombre  de  x4° 
Jesú.  Acudió  un  Hermano  y  púsose  delante  de  aquel  hom- 
bre  pidiéndole  que  diese  antes  en  él  que  en  el  indio,  mas 

no  dexó  de  [85r]  darle  hasta  que  acudieron  otros  Hermanos 
que  se  lo  quitaron  de  las  manos  todo  descalabrado,  y  con 
una  espada  le  dió  algunas  heridas  y  así  lo  llevó.  Muchas  *45 
cosas  semejantes  a  estas  le  pudiera  screvir,  y  tantas  que 
se  espantara  como  esta  tierra  no  se  hunde,  mas  N.  Senor, 
que  es  misericordioso,  por  algunos  buenos  que  en  ella  ai, 
quiere  aguardar  a  los  maios  para  que  se  enmienden. 

10.  De  las  cosas  grandes  y  buenas  y  de  mucha  gloria  T5° 
de  Dios  que  son  hechas  en  esta  tierra  ya  las  tenemos 
scriptas,  y  aún  nuestro  Senor  obra  cada  dia,  y  aún  el 
P.e  Nóbrega  hizo  algunas  después  que  vino  a  esta  tierra 

de  mucho  aumento,  las  quales  no  scrivo  por  menudo,  por- 
que me  paresce  que  ia  no  se  devia  de  screvir  de  nuestros  155 
Padres  cosas  sanctas  y  virtuosas,  sino  milagros  muy  evi- 


10  Primeira  referência  à  metempsicose  e  aos  animais  tabus? 
Para  os  espíritos  encarnados  em  animais,  cf.  Métraux,  La  Religion  des 
Tupinamba  69;  para  os  animais  tabus,  ib.  176-177. 

11  Qualificativo  de  religião. 

12  Qualificativo  de  raça :  branco. 


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dentíssimos,  los  quales  Dios  por  ellos  obra  y  ellos  los 
quieren  encubrir  para  más  mérito  con  Dios. 

11.    En  el  Brasil  ai  3  maneras  de  condiciones  entre 

íóo  los  christianos  que  acá  moran:  unos  son  muy  maios,  y  no 
tienen  de  ver  con  que  los  tengan  por  tales  |  otros  ai  maios 
y  quieren  que  los  tengan  por  buenos;  y  otros  ai  que  son 
muy  buenos.  A  estos  muy  buenos  conoscióseles  la  bondad 
después  que  nuestros  Padres  están  en  esta  tierra,  y  están 

165  dei  todo  apartados  dei  hiero  en  que  vivían,  y  muy  emen- 
dados y  asentados  en  la  virtud.  Los  que  son  maios  y  hazen 
muestra  que  desean  ser  buenos  se  aiuntan  con  ellos,  y  como 
quiera  que  la  virtud  es  fingida,  luego  muestran  quién  son. 
De  los  que  son  muy  maios  ya  les  tenemos  el  desengano. 

x7°  12.  Digo  esto  a  V.  R.  porque  sepa  que  el  fructo  que  se 
podría  hazer  entre  los  blancos  ia  es  hecho,  por  la  qual 
causa  estuvimos  por  nós  ir  entre  los  gentiles  adonde  tenía- 
mos  todos  para  nosotros  (por  nuestro  Senor  nos  lo  dar  así 
a  sentir  y  por  la  experiência  que  tenemos)  que  ubiéramos 

175  de  hazer  grandes  cosas.  Mas  el  Governador,  estando  noso- 
tros ia  aparegándonos  para  partir,  nos  estorvo  la  partida, 
de  lo  qual  nos  quedo  a  todos  muy  grande  dolor,  por  nós 
parescer  que  el  demónio  podría  aqui  entrevenir. 

13.    Los  nuestros  Índios,  hijos  de  Índios,  que  tenemos 

180  en  casa,  a  los  quales  ensenamos,  van  muy  adelante  con  la 
doctrina,  lo  que  nos  da  mucha  confiança,  porque  los  veemos 
más  amigos  de  Dios  que  los  hijos  de  los  christianos.  Yo 
siempre  les  hablo  así  a  ellos  como  a  la  más  gente  que  se 
aiunta  en  la  iglesia  en  su  leng[u]a  y  les  predico  las  cosas 

185  de  la  fe ;  mas  fáltanme  libros  en  lenguage  para  estudiar, 
porque  non  soi  latino  y  no  me  puedo  aiudar  de  los  de 
latín.  Mándame  V.  R.  algunos.  Y  en  Sevilla  hizo,  uno 
que  se  llama  el  Doctor  Constantino  13,  unos  5.0  libros,  inti- 


171    podría  corr.  ex  podia 


13  «Doctor  Constantino»,  i.  e.,  Constantino  Ponce  de  la  Fuente, 
orador  de  Carlos  V  e  Felipe  II.  Escritor  que  gozava  da  maior  autoridade 


60.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1553 


441 


tulados  el  uno  Confesión  de  un  pecador  I  J,  el  otro  Doctrina 
Christiana  15,  el  otro  Exposición  dei  primer  salmo  de  David 
«Beatus  vir»  1G,  etc,  el  otro  Suma  de  Doctrina  Christiana 17, el 
otro  Catecismo  Christiano  18  para  instruir  a  los  ninos,  de  los 
quales  yo  vi  uno  que  es  la  parte  i.a  sobre  los  artículos  de  la 


entre  os  católicos.  Em  1557  atacou  a  Companhia  de  Jesus  onde  pre- 
tendera entrar,  mas  em  vão,  porque  levantou  suspeitas  e  se  descobriu 
que  aderira  ao  luteranismo.  Marcelino  Menendez  y  Pelayo,  Historia 
de  los  Heterodoxos  Espanoles  v  (Madrid  1928)  81-103  i  Marcel  Batail- 
LON,  Erasmo  y  Espana  II  (México  1950)  452;  cf.  Robert  Ricard, 
in  AHSI  xv  (1946)  180. 

14  «Confesión  de  un  pecador»:  Não  vimos  o  ano  da  primeira  edi- 
ção. Em  1554  imprimiu-se  em  Évora  por  André  de  Burgos:  «Confission 
de  un  pecador  delãte  de  Iesu  Christo  redéptor  y  juez  de  los  hõbres 
compuesta  por  el  Doctor  Constantino.  Afladierõse  aqui  dos  meditações 
para  ãtes  y  despues  de  la  sagrada  Cõmuniõ:  cõpuestas  por  el  padre 
frey  Luyz  de  Granada.  1554.»  Descreve-se  esta  edição  em  Livros  do 
Séc.  XVI  impressos  em  Évora  (Évora  1941)  35-38  [Luis  Silveira -A.  N. 
Gusmão]. 

15  «Doctrina  Christiana» :  Menéndez  y  Pelayo  descreve  a  edição 
de  1554:  «Doctrina  Christiana,  en  que  está  comprehendida  toda  la  infor- 
mación,  que  pertenece  al  hombre  que  quiere  servir  a  Dios.  Por  el 
Doctor  Constantino.  Parte  Primera  de  los  artículos  de  la  fe.  En  Anvers. 
En  casa  de  Juan  Steeloio.  Ano  M.D.LIII.  Con  Privilegio  Imperial.  Mas 
no  fim  :  «Fué  impreso  en  Anvers  en  casa  de  Juan  Latio.  Ano  M.D.LIIII., 
ff.  13-398».  Dedicado  ao  Imperador  Carlos  V.  Menéndez  y  Pelayo, 
op.  cit.  94. 

16  «Exposición  dei  primer  psalmo  de  David:  Cuyo  principio  es 
«Beatus  Vir»  dividida  en  seys  sermones:  por  el  Doctor  Constantino». 
•«En  Sevilla,  por  octobre  de  1546».  (Ib.  92). 

17  «Suma  de  doctrina  Christiana  en  que  se  contiene  todo  lo  prin- 
cipal y  necessário  que  el  hombre  christiano  deve  saber  y  obrar».  No 
fim :  «Acabose  la  presente  obra,  compuesta  por  el  muy  reverendo 
seiior  el  doctor  Constantino:  fue  impressa  en  la  muy  noble  y  muy  leal 
ciudad  de  Sevilla  en  las  casas  de  Juan  cromberger  que  sancta  gloria  aya, 
afio  de  mill  y  quinientos  y  quarenta  y  tres,  a  siete  dias  dei  mes  de 
Deziembre».  Cf  Schurhammer-Wicki,  Epp.  Xav.  11  443,  onde  se  indi- 
cam outras  edições  de  1544,  1545,  1550  e  1551.  Menendez  y  Pelayo 
descreve  ainda  outras  de  1554  em  diante.  Em  forma  de  diálogo,  em  que 
aparecem  a  falar  entre  si  Patrício,  Dionísio  e  Ambrósio  {op.  cit.  87-88). 

18  «Catecismo  Christiano».  Desta  obra  Menéndez  y  Pelayo  fala 
somente  na  edição  de  Antuérpia  de  1556  (op.  cit.  89). 


442 


IR.  PERO  CORREIA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


fe 19,  cosa  muy  santa  y  necesaria  para  estas  partes.  Si  ubiere 

195  estos  libros  en  Lisbona  mándemelos  V.  R.  todos  50,  y  si  no 
los  ai  mándemelos  traer  de  Sevilla,  por  amor  de  nuestro 
Senor,  porque  mi  officio  es  siempre  hablar  de  nuestro  Sefior, 
y  un  predicador  si  no  tiene  siempre  [85V]  cosas  nuevas  enhas- 
tía,  quanto  más  yo  que  ni  nuevas  ni  viejas  tengo,  porque  mi 

200  estúdio  en  este  mundo  nunca  fué  para  servir  a  Dios  mas  para 
lo  ofender.  Bendito  sea  él  que  me  dexo  llegar  a  este  tiempo! 
También  querría  acá  un  Fios  Sanctorum  20,  de  los  emenda- 
dos, y  un  Vites  Patrum  n,  y  otros  de  que  pudiese  sacar 
grandes  exemplos  con  mucha  doctrina  para  estos  gentiles, 

2°5  los  quales  spero  antes  que  muera  ver  a  todos  christianos. 
14.  Aora,  después  que  el  Governador  nos  quito  que 
no  nos  fuéssemos  entre  los  índios  de  esta  Capitania  de 
S.  Vicente,  estamos  para  nós  ir  a  la  Baya  a  ver  si  por 
allá  podemos  hazer  algún  fructo,  de  lo  qual  estoi  muy 

21°  confiado,  porque  yo  hize  la  paz  22  con  aquella  gentilidad 


198    nuevas  dei.  a  bo     305    christianos  dei.  aora 


19  Pero  Correia  parece  referir-se  à  «Doctrina  Christiana»,  que  é  a 
«Parte  primera  de  los  artículos  de  la  fe».  Mas  seria  em  edição  anterior 
à  de  1554 ;  senão  deve-se  dizer  que  viu  a  «Suma»  descrita  na  nota  17 
nalguma  das  edições  até  1551. 

ío  Fios  sanctorum.  Foi  um  dos  livros  que  leu  S.  Inácio  na  sua 
conversão.  Leturia,  El  Getitilhombre  Inigo  Lopes  de  Loyola  (Barce- 
lona 1941)  140.  Inocêncio,  Diccionario  ix  234,  dá  notícia  de  um  «Fios 
Sãtori  em  lingoage  português»,  impresso  em  Lisboa  em  1513. 

21  Vites  [Vitae]  Patrum.  Escrita  em  latim,  mas  desde  o  século  xin 
se  traduziu  em  diversas  línguas  vulgares.  Rosweyde  deu-lhe  forma 
orgânica  e  coerente  em  1616.  Hippolyte  Delehaye,  Uoeuvre  des  Boi- 
landistes  (ióij-iqij)  (Bruxelas  1920)  16-17. 

22  Pero  Correia  estava  em  São  Vicente  em  1542  (doe.  62  §§  1  e  5). 
Chegou  ao  Brasil  por  1534,  segundo  ele  próprio  refere  no  princípio 
deste  carta.  Parece  que  a  sua  actividade  na  Baía  se  deve  colocar  entre 
estes  oito  anos  intermédios.  Todavia  em  1546  no  Processo  de  Pero  do 
Campo  Tourinho  aparece  um  Pero  Correia  em  Porto  Seguro,  pessoa  de 
importância,  porque  jantou  ou  ceou  com  o  mesmo  Governador.  É  pos- 
sível que  seja  o  futuro  Ir.  Pero  Correia  ;  e,  se  é,  resta  saber  se  então 
estava  aí  de  passagem  ou  de  assento  {História  da  Col.  Pott.  do  Bra- 
sil ni  274).  Cf.  supra,  p.  44. 


60.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1553 


443 


con  mucho  gasto  de  mi  hazienda  y  peligro  de  mi  persona. 
Y  quando  asenté  las  pazes  con  ellos,  luego  les  dixe  que 
avia  de  ser  para  que  fuésemos  todos  unos,  y  la  lei  toda 
una,  y  que  aviamos  todos  de  ser  subjectos  a  un  Sefior. 
Ellos  me  hazían  sefior  de  su  tierra,  y  que  me  la  davan  y  215 
me  obedescerían.  Agora  no  sé  en  estos  otros  hábitos  como 
se  abrán  conmigo.  Yo  tengo  para  mi  que  bien. 

15.    Una  cosa  se  puede  hazer  para  los  obligar  a  ser 
christianos  y  a  se  subjectar  a  dar  la  obediência  al  Rei  y  a 
sus  justicias,  la  qual  se  puede  hazer  sin  perjuizio  de  nada,  22» 
y  es  mandar  S.  A.  que  so  pena  de  muerte  ningún  chris- 
tiano  diese  a  indio  ninguno  de  la  Baya  ni  un  anzuelo,  ni 
cosa  ninguna  de  ninguna  calidad;  y,  haziéndolo  ansí,  yo 
confio  que  antes  de  mucho  tiempo  los  pusiese  debaxo  dei 
jugo  de  nuestro  Rei  dei  cielo  y  dei  de  la  tierra.  Y  esto  225 
tenemos  platicado  el  Padre  Nóbrega  y  io  y  los  más  Padres 
y  Hermanos,  y  así  nos  lo  da  nuestro  Sefior  a  sentir.  Y  yo 
en  esto  me  afirmo  mucho  que  la  necesidad  los  a  de  obligar 
juntamente  con  la  doctrina;  y  que  de  ninguna  calidad  die- 
sen  ninguna  cosa  a  ningún  indio  de  aquellos  de  la  Baía,  230 
sino  a  los  christianos,  digo  a  los  que  se  tornasen  christia- 
nos y  quisiesen  vivir  apartados  de  los  otros,  y  devaxo  de 
la  governación  de  la  justicia  dei  Rei.  Y  desta  manera  por 
los  dias  adelante  así  en  la  Baya  como  en  todas  las  otras 
capitanias  los  iremos  subjectando  dei  todo;  y  si  los  mora-  235 
dores  dixeren  que  tienen  necesidad  de  los  índios  para  se 
servir  dellos  por  sus  dineros,  no  se  debría  por  tal  cosa 
impedir  tanto  bien,  porque  a  los  christianos,  digo  a  los 
blancos  23,  nunca  les  faltarán  Índios  para  sus  servicios  de 
los  que  se  tornarem  christianos,  quanto  más  que  muy  24° 
poços  ai  que  no  tengan  sclavos,  y  la  tierra  está  muy  abas- 


231    tornasen  eorr.  cx  tortasen 


23  Aqui  se  apresenta  com  clareza  o  duplo  sentido  da  palavra 
«cristãos»  (brancos),  que  logo  na  linha  seguinte  significa  índios  bapti- 
zados. 


444 


IR.  PERO  CORREIA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


tecida  y  no  tiene  tanta  necesidad  de  los  gentiles ;  y,  si  la 
tubiesse,  tiene  otros  muchos  al  rededor  que  son  contrários 
destos,  de  los  quales  se  podrían  proveer  y  a  quien  se 

245  podrían  socorer.  Y  si  esto  que  digo  se  pusiere  en  obra, 
yo  tendré  para  mí  que  nuestra  entrada  por  estas  partes 
Dios  la  inpidió  por  querer  que  por  est'otra  via  entremos 
con  los  índios,  porque  desta  manera  todo  lo  que  se  ganará 
quederá  más  fixo  y  seguro. 

250  Esto  que  le  escribo  en  esta  carta  parésceme  que  [86r] 
nuestro  Senor  me  lo  puso  en  el  coraçón,  porque  quanto 
más  en  esto  pienso,  más  se  me  alegra  el  ánima  en  me 
parescer  que  este  es  el  camino  que  nuestro  Senor  me  abrió 
para  yo  le  servir  mucho  como  deseo.  Favoréscanos  Vues- 

255  tra  Reverencia  de  allá  mucho  si  quiere  que  mucho  haga- 
mos,  pues  nuestro  Senor  lo  scogió  para  nuestro  Padre,  con 
El  nos  favorescan  sus  oraciones  y  con  el  Rei  de  la  tierra 
nos  negocie  los  médios  que  son  nescesarios,  como  agora 
éste  que  le  scribo,  lo  que  me  paresce  que  el  Rei  holgará 

260  de  hazer,  pues  que  dei  bien,  que  de  aqui  se  spera,  la  maior 
parte  es  suio.  Y  experiméntese  esto  primero  en  la  Baía  de 
Todos  los  Santos,  porque  está  la  cosa  más  dispuesta  para 
ello  por  estar  más  fuerte,  y  si  allí  viéremos  que  aprovecha, 
entonces  se  puede  usar  de  lo  mismo  por  toda  la  costa. 

265  16.  Yo  tengo  dicho  a  algunos  Índios  principales  destas 
partes  algunas  cosas  acerca  de  mandar  el  Rei  que  no  les 
den  cuchillos  grandes  ni  pequenos  de  Alemania  24,  ni  otras 


254    servir  dei.  y 


24  D.  João  III,  invocando  as  leis  e  ordenações  destes  Reinos,  que 
proibiam  se  dessem  armas  a  mouros  e  outros  infiéis:  «Mamdo  que 
pesoa  allguma  de  qualquer  calidade  e  comdição  que  seja  não  dê  aos 
Gentios  da  dita  terra  do  Brasil  artelharia,  arcabuzes,  espimgardas,  pól- 
vora nem  monições  pera  elas.  beestas,  lamças  e  espadas  e  punhaes, 
nem  mamchins,  nem  fouces  de  cabo  de  paao,  nem  facas  d'Alemanha, 
nem  outras  xemelhantes,  nem  algumas  outras  armas  de  qualquer  feição 
que  forem  asy  ofemsyvas  e  defemsivas.  E  qualquer  pesoa,  que  o  com- 
trairo  fizer,  mora  por  iso  morte  natural  e  perca  todos  seus  beins,  a 


60.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1555 


445 


armas,  y  que  lo  haze,  porque  no  es  razón  que  las  cosas 
buenas  que  Dios  crió  que  las  den  a  los  que  a  Dios  no 
conoscen,  hasta  entanto  que  primero  se  hagan  todos  chris-  270 
tianos.  No  les  paresce  esto  que  les  digo  mal  ni  nunca  me 
lo  contradizen,  mas  antes  me  dizen  que  los  hagamos  chris- 
tianos  y  que  les  ensefiemos  todo  lo  que  para  serio  es  nece- 
sario,  que  ellos  quieren  ser  nuestros  hermanos.    Y  con 
quanto  dizen  esto,  yo  me  buelbo  a  afirmar  en  lo  que  tengo  275 
dicho,  que  así  en  estas  partes  de  S.  Vicente,  como  por  toda 
la  costa,  lo  más  seguro  y  firme  a  de  ser  ponerlos  en  nece- 
sidad,  que  vean  ellos  claramente  que  no  tienen  ningún 
remédio  para  aver  la  heramienta  para  sus  roças,  sino  es 
tornarse  christianos.    Y  sabe  V.  R.  qué  cosa  es  no  dalles  280 
heramienta  para  roçar,  que  se  perderán  con  hanbre  y  la  ham- 
bre  es  guera  de  cada  dia,  y  em  poco  tiempo  los  a  de  vencer. 

17.  Una  de  las  cosas  porque  los  índios  dei  Brasil  son 
aora  más  guerreros  y  más  maios  de  lo  que  solían  ser,  es 
porque  ninguna  nescesidad  tienen  de  las  cosas  de  los  285 
christianos,  y  tienen  las  casas  llenas  de  heramienta,  por- 
que los  christianos  andan  de  lugar  en  lugar  y  de  puerto 
en  puerto  hinchiéndolos  de  todo  lo  que  ellos  quieren.  Y  el 
indio  que  en  otros  tienpos  no  era  nadie  y  que  siempre 
moría  de  hambre,  por  no  poder  aver  una  cuna  con  que  290 
hazer  una  roça,  tienen  aora  quantas  herramientas  y  roças 
quieren,  y  comen  y  beben  de  continuo,  y  ándanse  siempre 
a  beber  binos  por  las  aldeãs,  ordenando  gueras  y  hazie[n]do 
muchos  males,  lo  que  hazen  todos  los  que  son  muy  dados 
al  vino  por  todas  las  partes  dei  mundo.  Si  les  quitan  esto  295 
que  digo,  tanto  que  ellos  començaren  de  sentir  la  falta,  ellos 
vendrán  a  dar  obediência  a  quien  la  an  de  dar  y  a  conos- 
cer  senorío,  y  serán  muy  buenos,  porque  yo  vi  ia  en  estas 


269    a'  sup.  lin.  i  j  275    esto  dei.  ao 


metade  pera  os  cativos  e  a  outra  metade  pêra  quem  o  acusar»  (Regi- 
mento de  Tomé  de  Sousa,  17  de  Dezembro  de  1548,  in  Anais  do  IV  Con- 
gresso de  História  Nacional  n  60). 


446  IR.  PERO  CORREIA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 

partes  dei  Brasil,  en  tierapo  que  los  índios  no  tenían  con 

3°°  quê  hazer  rroças,  ser  la  hambre  tanta  entre  ellos,  que 
morían  de  hambre  y  vendían  un  sclavo  por  una  cuna  que 
podría  tener  una  libra  de  hierro,  y  también  vendían  los 
hijos  y  hijas,  y  ellos  mismos  se  entregavan  por  sclavos. 
18.    Si  por  ventura  al  Rei  le  parescerá  bien  mandar 

3°5  poner  esto  em  plática  25  y  consejo  y  parescer  de  la  gente  dei 
Brasil,  pongo  en  duda  parescelles  bien,  porque  los  más  son 
amigos  de  interese  y  provecho  que  tienen  dei  [86v]  trato  y 
rescate  que  tienen  con  los  gentiles,  y  no  se  acuerdan  ni 
miran  poco  ni  mucho  por  la  salvación  de  las  almas,  y  más 

3IQ  cobdician  tenellos  por  sclavos  que  por  hermanos*,  y  si  les 
paresce  que  la  gentilidafd]  se  podia  levantar  contra  elos 
por  no  dalles  el  rescate,  dirán  que  antes  vaian  quantas 
almas  ai  en  el  Brasil  al  infierno.  Mas  aunque  la  gentilidad 
se  quisiese  por  esso  levantar  contra  los  christianos,  no 

3*5  estimo  sus  gerras  en  parte  donde  está  tam  buena  fortaleza 
como  la  de  la  Vaia,  porque  aunque  diessen  guerra  no  la  pue- 
den  dar  mucho  tiempo  por  la  necesidad  en  que  se  verán 
de  las  cosas  de  los  christianos,  sin  las  quales  no  podrán 
vivir  si  dei  todo  las  quitaren. 

320  19.  Y  que  digamos  que  es  gente  que  antes  se  deixara 
morir  que  quebrantar  su  lei  y  dexar  de  adorar  sus  ídolos, 
ellos  no  tienen  lei  ni  ídolos  a  que  adoren,  ni  tienen  más 
que  algunas  abusiones  y  ninerías,  que  aún  oi  en  dia  se 
hallan  dentro  dei  reino  de  Portugal,  como  son  hechizeros, 

325  adivinadores  y  bendizidores,  y  creer  en  suefíos,  y  tener 


309    mucho  dei.  de  ||  315    gerras  dei.  en  nada  |j  325    creer  corr.  ex  creen 


25  No  citado  Regimento  de  Tomé  de  Sousa  já  o  mandara  El-Rei 
pôr  em  prática:  «E  posto  que  digua  que  esta  defesa  se  não  emtemda 
em  machados,  machadynhas,  fouces  de  cabo  redondo,  podões  de  mão, 
cunhas  ou  facas  pequenas  e  tesouras  de  dúzias,  ey  por  bem  que  em 
tudo  se  emtemda  a  dita  defesa  atee  eu  vos  mamdar  despemsação  do 
papa  pera  se  poder  fazer»  {ib.  60-61).  Mas  não  se  cumprira.  E  Pero 
Correia  urge  que  se  cumpra  com  os  gentios,  isto  é,  com  os  não  cris- 
tãos.   Cf.  W.  Ferreira,  História  do  Direito  Brasileiro  II,  34-35. 


60.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1553 


447 


muchos  agiieros,  mas  esto  son  cosas  que  facilmente  se  le 
pueden  quitar  poniéndolos  en  necessidad,  como  dixe.  Algu- 
nos  dellos  que  se  hazen  santos  26  entre  ellos  aora  les  dan 
crédito  aora  no,  porque  las  más  de  las  vezes  los  hallan  en 
mentira.  Todas  estas  cosas  scrivo  a  V.  R.  para  que  por  33° 
alguna  via  nos  sea  abierta  la  puerta  de  la  vina  dei  Senor 
y  que  empleemos  el  tiempo  y  no  se  nos  vaia  devalde. 

20.  Y  si  no  se  ordenare  como  dicho  tengo,  lo  más  que 
podremos  hazer  por  esta  costa  adelante  en  estas  partes  es 
entre  estos  Índios  que  están  allegados  a  la  conversación  335 
de  los  b[l]ancos,  será  ensenar  a  los  hijos  algunos  que  podre- 
mos sustentar,  que  no  pueden  ser  muchos,  porque  las  casas 
son  muy  pobres.  Si  tubieran  con  qué  y  mucha  renta  aiun- 
táramos  todos  los  moços  y  doctrináramoslos  en  la  fe,  y  los 
biejos  fuéranse  gastando  en  sus  malas  costumbres  y  los  34° 
moços  quedaran  en  posesión  de  la  tierra,  y  se  hiziera  una 
nueva  christiandad. 

21.  Mas  son  las  casas  tan  pobres,  que  unos  quarenta  o 
cinquenta  moços  que  aqui  tenemos  no  ios  podemos  susten- 
tar sino  mucho  mal  y  con  mucho  trabajo,  y  esto  aún  sola-  345 
mente  dei  comer,  quánto  más  si  los  ubiéramos  de  vestir  y 
tratar  como  era  razón. 

22.  Y  si  le  pareciere  mejor  de  lo  que  le  tengo  dicho, 
que  entremos  por  la  tierra  adentro,  y  que  vamos  apartados 

de  los  christianos,  yirnos  emos,  e  por  ventura  tan  lexos,  35° 
que  sea  travajo  ir  ninguno  a  donde  nosotros  íuéremos,  que 
dizen  estas  gentes  que  si  nosotros  íuéremos  a  la  tierra  aden- 
tro, que  se  irá  allá  mucha  gente  tras  nosotros  y  que  se  des- 
poblarán  los  lugares  que  están  a  par  dei  mar.  Mas  parés- 
ceme  que  son  scusas  por  no  se  ir  muchos  que  se  querían  355 
ir  por  la  noticia  dei  oro  y  plata  que  estavan  para  ir,  y  del- 
los ja  para  partir,  y,  por  tener  razón  de  impidir  a  los  otros, 
nos  impidieron. 

23.  No  scrivo  aora  más,  en  ésta  solamente  le  buelvo  a 
acordar  los  libros  que  le  pido,  y  que  dé  cargo  de  mí  a  mi  en  360 


26  Pagés. 


448 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


Christo  Padre  Urbano  27  para  que  me  encomiende  a  nues- 
tro  Sefior  siempre  en  sus  santos  sacrifícios  y  oraciones,  y 
otro  tanto  de  mi  Padre  Corea  2S,  y  de  mi  caríssimo  Don 
Gonçalo  w.  Y  V.  R.  me  hará  charidad  de  me  dezir  una 

365  misa  a  la  Sanctíssima  Trini-[87r]dad  en  que  le  pida  que 
me  haga  perseverante  hasta  la  fin  en  su  santíssimo  servi- 
cio  con  muy  entera  fe  y  ardentíssimo  amor,  el  qual  inflame 
nuestras  animas,  amén.  Y  más  pido  a  V.  R. :  que  a  todos 
los  Padres  que  están  en  esse  Reino  me  mande  dezir  a  cada 

37°  uno  su  misa  y  sea  la  que  cada  uno  tubiere  más  en  devo- 
ción  de  dezir,  y  en  ella  me  pidan  cada  uno  su  virtud  y  sea 
la  que  más  desearen. 

A  io  de  Março  de  1553. 

Pobre, 

375  Pedro  Correa. 

61 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  SIMÃO  RODRIGUES,  LISBOA 

SÃO  VICENTE  [10  DE  MARÇO?]  1553 

I.   Bibliografia:  Leite  ix  12  A. 

II.   Autores :  Polanco  111  460-468 ;  Leite  i  338 ;  Breve  Itinerário 
93-94;  Nemésio  294-300. 

III.   Texto:  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  1041-- 105V  [antes  305r-3o6v].  Título: 
«Copia  de  una  dei  P.e  Manuel  de  Nóbrega  para  el  P.e  Maestro  Simon. 


27  Urbano  Fernandes.  Natural  de  Lisboa,  entrou  na  Companhia 
em  Coimbra  a  27  de  Abril  de  1545.  Mestre  de  Noviços,  Reitor  de  Coimbra 
e  de  S.  Antão.  Quando  a  carta  chegou  a  Portugal,  já  Urbano  Fernandes 
tinha  embarcado  para  a  índia  a  24  de  Março  de  1553  na  nau  S.  Bento, 
em  que  também  ia  Luís  de  Camões.  Urbano  faleceu  na  viagem  a 
8  de  Maio  de  1553.  Franco,  Imagem  de  Coimbra  11  573 ;  Rodrigues 
1/2  69  302  534  ;  Leite,  Camões,  Poeta  da  Expansão  da  Fé  59. 

28  António  Correia.  Natural  do  Porto,  entrou  na  Companhia  em 
Portugal  a  8  de  Julho  de  1543.  Mestre  de  Noviços  em  1553.  Faleceu 
em  Bucelas  a  6  de  Agosto  de  1569.    RODRIGUES  i/i  444-445. 

29  D.  Gonçalo  da  Silveira,  cf.  supra,  carta  44  §  8. 


61.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1555 


449 


Del  Brasil.  [Outra  letra :]  Dalla  Capitania  de  S.  Vincenzo,  l'an.  1553». 
Tradução  espanhola  do  original  português  perdido. 

IV.  Data:  Diz  Nóbrega  nesta  carta  (§6)  que  manda  ao  Ir.  Pero 
Correia  que  escreva  ao  P.  Mestre  Simão  os  «vitupérios»  que  se  dizem 
contra  os  Padres.  A  carta  do  Ir.  Correia  tem  a  data  de  10  de  Março 
de  1553,  que  é,  mais  dia  menos  dia,  também  a  desta,  de  Nóbrega  (Leite, 
Nóbrega  e  a  fundação  de  São  Paulo  20). 

V.  Impressão :  Leite,  Carta  inédita  de  Nóbrega  nas  vésperas  da 
fundação  de  São  Paulo  (iffj),  in  Brotéria  55  (1952)  136-152  [a  carta: 
143-149] ;  Nóbrega  e  a  fundação  de  São  Paulo  (Lisboa  1953)  20-28 ; 
Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  463-468. 

VI.  História  da  Impressão:  Retroversão  portuguesa  moderna,  na& 
publicações  de  1952  e  1953  ;  em  Cartas  de  Nóbrega  (1955),  além  da  retro- 
versão, edita-se  o  texto  espanhol  {Brás.  3-1). 

VII.   Edição:    Reimprime-se  Bras.  j-i,  texto  único. 

Textus 

1.  De  deliberatione  adeundi  interiora  terrarum.  —  2.  Rationes  Guber- 
natoris  ne  Nóbrega  adeat.  —  3-  Rumores  circa  fodinas  auri  et  argenti. 
—  4.  Gubernator  non  sinit  ut  erigatur  domus  in  interiore  terrarum.  — 
5.  Sed  Indi  Brasiliae  non  possunt  converti  ad  fidem  et  statim  soli  relin- 
qui  in  suis  pagis.  —  6.  Christiani  paucis  exceptis  non  iuvant  Indorum 
conversionem.  —  7.  Episcopus  eiusque  Visitator  non  rectam  adminis- 
trant  iustitiam.  —  8.  Gubernator  probus  est,  non  tta  semper  eius  consilia- 
rii  quoad  libcrtatem  Indorum.  —  9.  Aequa  libertas  etiam  rebus  tempora- 
libus  utilis.  —  10.  Captivitas  Indorum  animi  dolor  est.  —  11.  Ut  Rex 
Portugaliae  in  hac  re  interveniat :  si  non  permittitur  Patribus  ut  adeant 
interiora  terrarum,  parum  remanet  eis  faciendum  in  praefecturis  nisi 
educatio  puerorum.  —  12.  Nóbrega  cogitai  de  reditu  Bahiam  secum  ferens 
Fratres.  —  13.  Domui  S.  Vincentii  etiam  ius  est  participare  ex  subsidio 
régio  sed  quod  datur  ad  decem  neque  ad  tres  sufficit. 

+ 

Jesus 

Pax  Christi. 

1.  Por  otra  via  screví 1  a  V.  R.,  aunque  creo  que  ésta. 
le  será  dada  primero,  y  le  declarava  como  estávamos  de 


i    Carta  de  12  de  Fevereiro  de  1553. 

29 


450 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA-  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


5  camino  para  ir  entre  la  gentilidad  y  nos  hazíamos  pres- 
tes 2,  y  por  esta  causa  yo  quedava  en  esta  Capitania  este 
ano  y  no  volvia  con  el  Governador  en  la  Armada.  Y,  según 
nuestro  parescer  y  experiência  que  de  la  tierra  tenemos, 
speramos  hazer  mucho  fructo,  porque  tenemos  por  cierto 

o  que  quanto  mais  apartados  de  los  Mancos,  tanto  mais  cré- 
dito nos  tienen  los  índios,  y  somos  cada  dia  importunados 
dellos:  que  como  tardamos  tanto  de  los  ir  a  ensefiar. 

2.    Succedió  que  a  la  partida  dei  Governador  algunos 
moradores  de  la  tierra  así  por  quedar  descontentos  dei 

5  Governador,  como  por  alguna  noticia  o  sperança  que  tie- 
nen de  aver  en  esta  tierra  oro  o  plata,  sabiendo  que 
nosotros  queríamos  ir  por  la  tierra  adentro  a  asentar  casa, 
casi  que  toda  esta  Capitania  o  muchos  de  los  principales 
delia  se  movían  para  ir  en  donde  nosotros  asentávamos. 

o  Lo  qual  vino  a  noticia  dei  Governador  y,  dándome  cuenta 
de  lo  que  pasava  en  la  tierra,  con  me  poner  delante  la  obli- 
gación  que  teníamos  a  nuestro  Rei 3  tan  virtuoso,  lo  impi- 
dió,  y  con  mucha  razón,  porque  fuera  abrir  las  puertas  para 
grandes  males,  y  a  se  esta  Capitania  despoblar.  Y  asenta- 

5  mos  a  no  hazer  mudança  hasta  S.  A.  mandar  recado  al 


II    índios  coir.  cx  Imdios  ||  ao    noticia]  ntoticia  ms. 


2   Prestes,  português;  em  espanhol  seria  «nos  aprontábamos». 

3.  D.  João  III  Rei  de  Portugal.  Facto  semelhante  a  este  de  Nóbrega 
com  o  Governador  do  Brasil,  Tomé  de  Sousa,  sucedeu  a  Francisco 
Xavier,  que  queria  ficar  em  Socotorá,  ilha  da  Costa  Oriental  de  África 
e  o  não  permitiu  o  Governador  da  índia  Martim  Afonso  de  Sousa. 
Conta-o  Xavier  quase  pelas  mesmas  palavras  de  Nóbrega,  em  carta  de 
20  de  Setembro  de  1542:  «Rogáronme  mucho  que  quedase  con  ellos, 
y  que  todos,  grandes  y  pequenos,  se  bautizarían.  Dixe  al  Senor  Gover- 
nador que  me  diese  licencia,  que  yo  queria  quedar  ay,  pues  aliava  mes- 
sem  tam  paratam.  Y  porque  a  esta  ysla  vienen  turcos,  y  no  es  abitada 
de  portugueses,  y  por  no  me  dexar  en  peligro  que  me  levassen  preso 
los  turcos,  no  quiso  el  Seííor  Governador  que  quedase  en  aquella  ynsula 
de  Çocotorá,  diziéndome  que  me  avia  d'enbiar  a  otros  cristianos,  que 
tienen  tanta  o  más  necessidad  de  dotrina  que  los  de  Çocotorá,  donde 
haria  más  servicio  a  Dios  nuestro  Snor»  (Epp.  Xav.  1  124).  Cf.  Leite, 
Nóbrega  tio  dia  25  de  Janeiro  de  1554,  in  Brotéria  59  (1954)  267. 


61.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1553 


451 


Governador  de  cosas  que  él  screvirá  4  o  informará  de  pala- 
bra  5  si  allá  fuere  este  ano.  De  la  determinación  de  las  qua- 
les  depende  mucho  el  modo  que  avemos  de  tener  de  servir 
a  N.  S.  en  esta  Capitania  y  en  las  otras. 

3.  Yo  é  pedido  al  Governador  licentia  para  nos  dexar  3° 
entrar  por  alguna  otra  Capitania  de  la  costa  adonde  no 
oviese  los  enconvenientes  que  en  esta  ai,  los  quales  son 
ser  descubiertas  minas,  y  presumen  ser  plata,  aunque  por 
falta  de  quien  la  funda  no  se  save  de  cierto  lo  que  es.  Las 
quales  minas  hallaron  y  descubrieron  los  Castellanos  de  35 
Paragai,  que  estarán  de  aqui  desta  Capitania  ioo  léguas, 

i  está  averiguado  estar  en  la  Conquista  dei  Rey  de  Portu- 
gal 6,  y  por  estas  y  otras  cosas  a  cerrado  el  Governador  el 
camino  así  a  portugeses  como  a  Castellanos.  Y  así  se  tiene 
noticia  de  una  gentilidad  en  estas  partes  de  mucho  oro,  em  4o 
pos  dei  que  andan  los  Castellanos  por  via  dei  Perú ;  las  qua- 
les cosas  todas  y  otras  muchas  yo  supe  después  de  estor- 
vada nuestra  ida,  las  quales  causas  todas  cesan  en  las  otras 
Capitanias. 

4.  Respondiéndome  el  Governador  que,  para  entre  gen-  45 
tiles  asentar  casa,  no  lo  consentiria  en  ninguna  Capitania, 


4  Carta  de  i  de  Junho  de  1553  {História  da  Colonização  Portu- 
guesa do  Brasil  III  364-366). 

5  Sobre  esta  informação  «de  palavra»  tratam  a  carta  de  D.  João  III 
a  D.  Duarte  da  Costa  de  21  de  Março  de  1554  (Leite  l  41);  e  a  do 
P.  António  de  Quadros  para  Roma,  de  17  de  Março  de  1554.  Leite, 
Breve  Itinerário  109- 1 10. 

6  Tendo  os  espanhóis  ocupado  as  Molucas  na  demarcação  de 
Portugal,  entendiam  os  portugueses  que  se  devia  recuar  para  Ocidente 
o  Meridiano  da  Demarcação  de  Tordesilhas:  é  a  questão  das  Molucas 
no  Brasil  (Leite  i  337  341).  Cf.  Relação  de  Martin  de  Orúe  sobre  as 
armadas  saídas  de  Portugal  para  o  Brasil,  feita  em  Lisboa  em  1554, 
para  Madrid  [espionagem  espanhola,  segredo  português].  Archivo  de 
índias,  Sevilha,  Patronato-2jç  (ant.  2-5,  i/r4,  ramo  22).  Parece  também 
estar  aqui  e  no  §  anterior  suficientemente  indicada  a  origem  dos  boatos 
sobre  minas  de  oiro  e  prata,  que  então  se  manifestaram  em  tantas  car- 
tas e  foram  estímulo  poderoso  para  as  entradas  ao  sertão  e  desbrava- 
mento e  posse  do  território. 


452 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


diziendo  que  si  los  gentiles  hiziesen  algún  mal  a  los  chris- 
tianos  que  no  lo  podrían  vengar  estando  nosotros  en  la 
tierra  dentro,  y  también  que  huirían  para  nós  todos  los 
5o  malhechores ;  las  quales  razones  cesan  pasando  nosotros  a 
otra  gentilidad  que  no  sea  de  la  Capitania  7.  Finalmente, 
que  por  todas  las  vias  estamos  como  presos  y  no  tenemos 
livertad  de  servir  a  N.  S.  [104V]  como  entendemos  El  ser 
servido. 

55  5.  Dízenos  el  Governador  que  podemos  ir  a  predicar 
el  Evangelio  y  volver  a  las  Capitanias  y  poblaciones  de  los 
christianos.  Esta  gentilidad  no  tiene  la  calidad  de  la  gen- 
tilidad de  la  primitiva  Iglesia,  los  quales  o  maltratavan  o 
matavan  luego  a  quien  les  predicava  contra  sus  ídolos,  o 

60  creían  en  el  Evangelio,  de  manera  que  se  aparejavan  a 
morir  por  Christo;  pero  esta  gentilidad  como  no  tiene  ído- 
los por  quien  mueran  8,  todo  quanto  les  dízen  creen,  sola- 
mente  la  dificultad  está  en  quitalles  todas  sus  malas  cos- 
tumbres,  mudándolas  en  otras  buenas  según  Christo,  lo  qual 

65  pide  continuación  entrellos,  y  que  vean  buenos  exemplos, 
y  que  vivamos  con  ellos  y  les  criemos  los  hijos  dea  peque- 
nos en  doctrina  y  buenas  costumbres,  y  por  esta  manera 
tenemos  por  cierto  que  todos  serán  christianos  y  mejores 
que  los  blancos  que  acá  ai.  Y  vale  poco  irles  predicar  y 

7°  volver  para  casa,  porque,  aunque  algún  crédito  den,  no  es 
tanto  que  baste  a  los  desraigar  de  sus  biejas  costumbres, 
y  créennos  como  creen  a  sus  hechizeros,  los  quales  a  las 
vezes  les  mienten  y  a  las  vezes  aciertan  a  dezir  verdad;  y 
por  esso  como  no  fuere  a  vivir  entr'ellos  no  se  puede  hazer 

75  íundamento  de  mucho  fructo. 


64    mudándolas]  mudándolos  MIS. 


7  A  Capitania  de  São  Vicente  não  tinha  limites  fixos  no  sertão. 
Daqui  toda  a  luta  presente  e  futura  até  à  questão  final  de  limites  no 
século  xviii. 

8  É  a  ideia  permanente  de  Nóbrega:  os  índios  gentios  do  Brasil 
não  eram  fiéis  de  nenhuma  religião  pela  qual  se  deixassem  matar. 
Cf.  carta  de  princípios  de  Julho  de  1552  §  8. 


61.  -  S.  VICENTE  10  DE  MARÇO  DE  1555 


455 


6.  Entre  los  christianos  ia  se  hizo  el  fructo  que  se  podia 
hazer,  y  creo  que  se  hallaron  los  que  dellos  N.  S.  tiene  pre- 
destinados; en  los  otros  a  entrado  tanta  dureza,  que  se  sen- 
taron  en  los  pecados  9,  de  manera  que  sus  esclavos  y  Índias 
de  la  tierra  por  la  doctrina  que  oien  se  quieren  apartar  dei  8o 
pecado,  y  se  vienen  para  nosotros  diziendo  que  temen  a 
Dios,  y  los  senores  son  tales  que  unos  les  mandan  que  no 
vengan  a  la  doctrina,  y  otros  les  dizen  que  no  ai  más  que 
vivir  a  la  voluntad  en  este  mundo,  que  en  el  otro  la  alma 
no  siente.  Otros  les  dizen  que  nosotros  no  savemos  lo  que  85 
les  dezimos,  que  ellos  son  los  verdaderos  que  les  hablan  la 
verdad;  otros  les  dizen  muchos  vitupérios  nuestros  para  nos 
desacreditar  con  toda  la  gentilidad,  lo  que  por  muchas  vezes 
acontece,  como  tengo  mandado  al  Hermano  Pero  Correa  que 
scriva  a  V.  R. 10,  por  lo  qual  no  sólo  entr'ellos  no  hazemos  9o 
nada,  mas  aún  perdemos  el  crédito  entre  los  índios  y  gen- 
tiles,  y  esto  más  es  en  esta  Capitania  que  en  las  otras. 

La  razón  creo  es  porque  la  gente  desta  tierra  es  flaca  en 
el  entender,  y  de  mala  creación  y  de  mucho  tiempo  habi- 
tuada en  grandes  maldades,  y  gente  de  menos  calidad  que  95 
toda.  Ayuntóse  también  en  esta  Capitania  aver  muchos 
Índios  forçados,  otros  salteados,  y  porque  nosotros  los  favo- 
rescemos11  y  predicamos  contra  ellos12,  y  algunos  se  liver- 
taron,  y  no  los  absolvimos  si  no  los  livertan,  commota  est 
universa  gens  13  contra  nosotros:  digo  destos  a  quien  esta  1°° 
plaga  alcança,  que  los  otros  u,  que  deso  están  libres,  nos 
aman  mucho.  De  manera  que  si  alguna  cosa  aora  hazemos, 
es  ensenar  ninos  Índios  en  las  Casas  de  las  Capitanias,  y 
criarlos  y  a  los  sclavos  y  selavas,  aunque  con  tanta  contra- 


98  ellos  dei.  que  a  ||  103  las1  corr.  sup.  ex  la  ||  104  105  contradición  corr.  sup.  ex  condicióa 


9  Cf.  Ps.  106,  10. 

10  Carta  precedente  (6o). 

11  Aos  índios. 

12  Os  que  «forçam»  os  índios. 

13  Mat.  21,  10. 

14  Os  que  não  «forçam»  os  índios.  Trata-se  de  gente  branca. 


454 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


105  dición  de  los  blancos  no  se  puede  hazer  nada  más  que  desa- 
creditar cada  vez  nuestro  ministério. 

7.  Ajúntase  a  esto  todo  llevar  el  Obispo  15  y  su  Visi- 
tador 16  otro  modo  de  proceder,  como  ellos  quieren  y  entien- 
den,  lo  qual,  [105^  dado  que  pueda  ser  el  mejor  y  el  que 

no  N.  S.  quiera,  es  de  todo  contrario  al  fundamento  que 
nosotros  teníamos  echado  en  estas  partes,  y  mucho  más 
pudiéramos  obrar  entre  christianos  con  el  temor  que  les 
poníamos  con  la  venida  de  la  justicia  ecclesiástica  que 
agora  después  de  venida.    Y  solamente  diré  una  cosa 

115  general  a  V.  R.  para  le  dar  occasión  de  llorar,  i  es  que 
donde  podia  sacar  dinero,  aunque  no  ubiesse  pecado,  allí 
avia  grandes  exámenes,  y  donde  no,  aunque  ubiesse  gra- 
ves pecados,  hazíase  poca  cuenta  deso.  Yo  lo  amonesté 
al  Visitador  en  particular.    Dezíame  que  todo  venía  por 

120  regimiento  17  dei  Obispo.    El  scándalo  fué  tan  general  en 


15  D.  Pedro  Fernandes. 

16  Gomes  Ribeiro,  Deão  da  Sé.  Nóbrega  avisou-o  em  particular» 
como  diz  logo  a  seguir.  E  devia  ser  em  São  Vicente,  onde  ambos  se 
acharam:  «Ao  primeiro  de  Fevereiro  de  mil  e  quinhentos  e  cincoenta 
e  tres  annos  passou  o  provedor-mor  [António  Cardoso  de  Barros]  para 
Pero  de  Siebra  Feitor  e  Almoxarife  de  Sua  Alteza  nas  Capitanias  de 
São  Vicente  e  Santo  Amaro  que  pagasse  ao  Padre  Gomes  Ribeiro  Deão 
da  Sé  da  Cidade  do  Salvador  ou  seu  certo  Procurador  vinte  e  um  mil 
reis  em  dinheiro  que  lhe  são  devidos,  ao  Bispo  e  Cabido  da  dita  Sé, 
do  rendimento  dos  dizimos  das  miunças»  (Documentos  Históricos  xiv 
[1929]  300-301). 

17  O  Regimento  que  o  Bispo  deu  ao  seu  Visitador  tinha  raízes  na 
índia,  onde  ele,  quando  era  Vigário  Geral,  levava  meirinho  para  a  exe- 
cução das  penas  que  impunha,  as  quais  não  eram  de  Padrenossos  nem 
de  cera,  mas  de  dinheiro;  e  ele  com  o  seu  meirinho  «asy  mesmo  aos 
gemtios  davão  muy  gramdes  apresões  e  muy  mao  trato  e  pyor  emxem- 
pro  pera  se  fazerem  crystãos».  Informação  do  Governador  Garcia  de 
Sá  sobre  Pedro  Fernandes,  Goa,  3  de  Janeiro  de  1549.  Cf.  António  da 
Silva  Rego,  Documentos  para  a  História  das  Missões  do  Padroado 
Português  no  Oriente.  Índia  IV  (Lisboa  1950)  218.  Algum  tempo  depois 
nasceu  entre  o  Bispo  e  o  Deão-Visitador  grave  desinteligência,  e  o 
Bispo  tirou  a  Gomes  Ribeiro  o  Regimento  que  lhe  dera.  Cf.  carta  do 
Governador  Geral  do  Brasil  D.  Duarte  da  Costa  a  El-Rei  D.  João  III, 
da  Baía,  8  de  Abril  de  1555  (História  da  Colon.  Port.  do  Brasil  m  374). 


61.  -  S.  VICENTE   10  DE  MARÇO  DE  1555 


455 


la  costa,  que  creo  sonará  allá.  El  Obispo  no  es  letrado  18 
y  es  muy  confiado,  devíale  de  mandar  un  vicário  general 10 
letrado  y  bien  exercitado. 

8.  El  Governador  tiene  hecho  en  esta  costa  mucho, 
tanto  que  nunca  cesamos  de  loar  a  N.  S.  por  dar  tal  saver  I25 
y  tal  virtude  a  un  hombre.  Todo  puso  en  su  lugar  en  la 
visitación  desta  costa,  pero  como  N.  S.  es  perfecto  sola- 
mente,  non  puede  el  hombre  tener  todo.  Digo  esto  porque, 
quando  la  cosa  es  de  calidad  que  es  servicio  de  Dios  N.  S., 

y  el  Rei  también  N.  S.  en  la  tierra  va  mesturado,  todo  130 
junto,  no  ai  que  dezir  sino  que  lo  haze  mejor  que  quantos 
hombres  lo  pudieran  hazer;  porque  quando  puede  adivinar 
que  el  servicio,  aunque  sea  cierto,  puede  prejudicar  al  ser- 
vicio dei  Rei,  dudoso,  no  lo  haze  ni  lo  permite  hazer;  y 
aver  en  un  hombre  tam  pouco  mal  es  mucho  de  loar.  135 
Y  esto  tengo  dél  conoscido  en  algunas  cosas  que  cada  dia 
acontescen,  y  principalmente  en  ésta: 

9.  Los  hombres  desta  costa,  y  principalmente  desta 
Capitania,  los  más  tienen  indios  forçados,  los  quales  recla- 
man  livertad  y  no  saven  más  dei  judicial  que  venirse  a  nós  T4o 
como  a  padres  20  y  valedores  acogiéndose  a  la  Iglesia,  y 
nós,  porque  estamos  ia  scarmentados  y  no  queremos  mover 
scándalos  ní  que  nos  apedreen,  no  les  podemos  valer,  ni 
aún  lo  osamos  a  predicar.    De  manera  que  por  falta  de 


18  Van  der  Vat  comenta  assim:  «A  conclusão  se  impõe» :  «Pedro 
Sardinha  nunca  foi  professor  de  teologia  nem  mesmo  na  Universidade 
de  Paris,  mas  tão  sòmente  mestre  de  Latim,  e  isso  ainda  talvez  só  em 
carácter  particular»  (Princípios  267).  Mas  cf.  supra,  «Introdução  Geral», 
Cap.  11  art.  19. 

19  Mandou-se-lhe  Vigário  Geral  o  Bacharel  Francisco  Fernandes, 
nomeado  pela  carta  Régia  de  17  de  Setembro  de  1555.  Van  der  Vat, 
Princípios  383  386.  A  4  de  Fevereiro  de  1557  (já  era  então  Provisor  e 
Visitador),  El-Rei  escreveu-lhe  que  ajudasse  e  favorecesse  em  tudo  os 
Padres  da  Companhia  (Documentos  Históricos  xxxvi  [1937]  115-117). 

20  «Padres»,  na  versão  espanhola,  e  que  tanto  significa  pais  como 
Padres  ;  mas  em  português  são  palavras  diferentes,  e  Nóbrega  teria 
usado  a  palavra  «pais»,  pedida  peio  sentido:  «como  a  pais  e  vale- 
dores». 


456 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


145  justicia  ellos  quedan  captivos  y  sus  senores  en  pecado  mor- 
tal, y  nós  perdemos  el  crédito  entre  toda  la  gentilidad  por  lo 
que  speravan.  Dixe  al  Governador  que  proveyese  en  ello  y, 
como  él  haze  todo  com  mucho  consejo,  y  algunos  de  su  con- 
sejo  tienen  también  los  índios  en  casa,  es  [de]  parescer  que  no 

15°  se  toque  en  esso  por.  el  prejuizio  que  verná  a  muchos  hom- 
bres,  y  que  mejor  es  estar  en  subjectión,  y  que  sirvan  las 
haziendas ;  y  que  esto  es  más  servicio  dei  Rei  y  bien  de  la 
tierra  y  de  los  moradores  delia;  y  de  otra  manera,  como 
esto  toca  a  casi  todos,  será  grande  mal  para  la  tierra,  y 

T55  otras  razones  semejantes.  Y  a  mí  parescíame  que  no  se 
devia  dexar  de  hazer  razón  y  justicia  ygualmente  por 
todas  sus  razones,  porque  la  cosa  donde  no  la  ai  no  la  favo- 
resce  N.  S.,  y  por  mucho  maior  bien  tengo  de  la  tierra  dar 
a  cada  uno  lo  que  es  suio,  que  no  con  pecados  de  que 

160  nunca  saldrán  sustentaria;  y  creo  que  entonces  darán  los 
ingenios  más  açúcar  y  más  dézimos  a  S.  A. 

10.  Y  si  esta  tierra,  siendo  la  mejor  dei  mundo,  es  tan 
poco  favorescida  de  N.  S.,  es  por  tales  y  otros  semejantes 
pecados.  Y  si  se  scogiese  un,  scilicet,  hombre  virtuoso  que 

l65  hiziese  livertar  los  tales,  y  casase  los  machos  con  las  hem- 
bras,  y  bibiesen  en  libertad  entre  los  christianos,  hazién- 
dolós  cumplir  la  lei  de  los  christianos  y  costumbres  bue- 
nos,  esto  aprovecharía  más  a  la  tierra  y  sabrían  todos  los 
gentiles  la  verdad  de  los  [105 v]  christianos,  que  vino  con 

17°  la  venida  dei  Governador  y  de  los  Padres,  pues  ja  tanto 
tienen  experimentada  la  mentira  dellos,  y  seria  buen  camino 
para  nós  dar  crédito  y  se  hazer  christianos.  Pero  como  esto 
paresce,  a  la  primera  facie,  no  ser  mucho  servicio  dei  Rei, 
todos  lo  contradizen;  y  a  mí  duéleme  el  coraçón  quando 

175  los  veo  con  tanta  razón  quexarse  de  su  áspero  captiverio, 
y  no  ai  quien  les  valga.  Y  porque  desto  ai  en  esta  tierra 
mucho,  y  no  lo  tenía  experimentado  tanto  como  aqui,  por 
eso  lo  scrivo  agora  a  V.  R.  para  dello  dar  la  cuenta  que  le 
paresciere  a  S.  A. 


149    índios  bis,  sed  pritn.  dei.  \  \  168    esto  dei.  seria  bueno 


61.  -  S.  VICENTE  10  DE   MARÇO  DE  1555 


457 


11.  Estas  cosas  así  todas  bien  pesadas  por  V.  R.,  aun-  180 
que  las  scrivo  confusas,  nos  scriba  el  modo  de  proceder,  y 
platique  todo  con  Sua  Alteza  largamente,  porque,  a  no  nos 
dexar  ir  entre  los  gentiles,  no  nos  queda  ya  que  hazer  o 
muy  poco.  Y,  por  si  pasare,  determine  dexar  esta  casa  entre- 
gada a  dos  maiordomos  y  un  proveedor  delia,  quitando  los  185 
Padres  de  toda  la  administración  temporal,  quedándoles  sola- 
raente  una  erudición  y  doctrina  de  los  ninos,  y  también  la 
suprema  obediência  de  todos  al  Rector  que  en  esta  casa 
íuere  de  los  ninos.  Y  ordené  la  Confadría  dei  Nombre  de 
Jesús  21,  lo  qual  todo  está  bien  hecho,  y  quité  occasiones  19° 
de  murmurar  malas  lenguas ;  y  aunque  era  sin  verdad,  no 
era  sin  causa. 

12.  Aora  me  torno  en  la  primera  embarcación,  que  será 
presto,  a  la  Baya,  llevando  conmigo  algunos  Hermanos 
destos  nuevos  que  aqui  hallé,  entre  los  quales  es  un  Pero  195 
Correa  que  en  esta  tierra  haze  mucho  que  de  ninguno  de 
nosotros,  por  razón  de  la  lengua  y  de  su  seso  y  virtud,  y 
speramos,  no  perder  tiempo,  y  adonde  quiera  que  íuéremos 
hazer  mucho  fructo  por  la  mucha  autoridad  y  crédito  que 
tiene  entre  los  gentiles.  Esta  casa  tiene  L  [50]  ninos,  y  con  200 
toda  la  gente  manterná  a  L,  C  [50,100]  o  más  personas. 

Es  necessário  favorescerse  mucho  de  allá.  El  Governador 
me  dió  sperança  de  le  aver  de  S.  A.  el  diezmo  dei  arós 
desta  Capitania  y  que  le  rende  poco,  y  será  mucha  provi- 
sión  para  esta  casa  y  para  sustentación  de  muchos  ninos,  2°5 
como  más  largo  screviré  al  P.e  Pedro  Doméneco22.  La  pro- 
visión  y  vestido  que  S.  A.  nos  manda  acá  dar  nos  pagan  muy 
mal,  tanto  que  lo  que  dan  para  10  23,  que  dei  Reino  veni 


183  entre]  coatra  ins.  |[  187  ninos  y]  ninos  que  >»s.  ||  191  verdad  aliquod  verbum 
dei.  ||  106  corr.  ex  muchos  ||  203  el  dei.  dinero  ||  204  rende  corr.  sup.  alia  manu  in 
rinde  ||  208    10]  X  ms. 


21  Cf.  infra,  carta  de  15  de  Junho  de  1553  §  11 ;  e  confirmação  das 
terras  à  Confraria,  datada  de  22  de  Março  de  1553. 

22  Carta  perdida. 

23  Dez:  Seis  na  primeira  expedição  (1549),  quatro  na  segunda  (1553). 
Cf.  Leite  i  560. 


458 


P.  MANUEL  DA  NÓBREGA  -  P.  SIMÃO  RODRIGUES 


mos,  no  niantiene  ni  viste  a  3,  si  no  fuesen  limosnas  y  lo 
2i°  que  dei  Reino  truximos,  que  aún  nos  dura  24. 

CARTAS  PERDIDAS 

61a.  Carta  do  P.  Manuel  da  Nóbrega  ao  P.  Pedro  Domenech,  Lis- 
boa (S.  Vicente  Março  de  1553).  Na  carta  de  10  de  Março  de  1553  §  12 
ao  P.  Simão  Rodrigues,  diz  Nóbrega:  «Como  más  largo  screviré  ai 
P.  Pedro  Doméneco». 

61b.  Carta  de  um  Padre  (não  S.  I.)  ao  P.  Leonardo  Nunes, 
S.  Vicente  (Paraguai,  1553?).  «Y  así  escrevió  ya  de  allí  un  Padre  a 
nuestro  Padre  Leonardo  Núnez  pediéndole  con  mucha  instantia  que 
vaya  allá»,  —  escreve  António  Rodrigues  a  31  de  Maio  de  1553  §  17. 


24  Trata-se  da  roupa,  que  trouxe  de  Portugal,  obtida  para  a  Mis- 
são do  Brasil,  pelo  Provincial  Simão  Rodrigues;  e  já  não  foi  ele  quem 
recebeu  esta  importante  carta,  mas  o  seu  sucessor,  P.  Diego  Mirón. 
Simão  Rodrigues  deixou  o  nome  ligado  à  Missão  do  Brasil  para 
onde  pensou  em  ir  pessoalmente,  à  Província  de  Portugal,  de  que  foi 
fundador,  e  à  história  geral  da  Companhia  de  Jesus,  como  componente 
do  grupo  fundador  chefiado  por  S.  Inácio.  Nasceu  em  Vouzela,  distrito 
e  diocese  de  Viseu,  Beira  Alta,  em  1509  ou  1510.  Frequentou  como  Bol- 
seiro português  a  Universidade  de  Paris  e  já  esteve  presente  ao  voto 
de  Montmartre  (15  de  Agosto  de  1534).  Em  1536  recebeu  o  grau  de 
Mestre  em  Artes,  ainda  estudou  Teologia,  e  saiu  de  Paris  no  fim  desse 
ano  com  os  companheiros  para  peregrinarem  a  Jerusalém.  Ordenou-se 
em  Veneza  a  24  de  Junho  de  1537.  Impedida  a  viagem  da  Terra  Santa, 
seguiu  para  Roma,  e  daí,  a  pedido  de  D.  João  III,  para  Lisboa,  com 
destino  à  índia.  Achando-se  mais  conveniente  que  ficasse  em  Portu- 
gal para  organizar  a  Companhia  e  angariar  missionários  ultramarinos, 
fundou  em  1541  a  Casa  de  S.  Antão  de  Lisboa,  e  em  1542  o  Colégio  de 
Coimbra.  Provincial  em  1546.  Nessa  qualidade  e  como  amigo  de 
D.João  III  e  confessor  do  príncipe  herdeiro  D.  João,  prestou  incalculá- 
veis serviços  à  renovação  dos  estudos  e  às  missões  do  Ultramar.  Dei- 
xou o  cargo  em  1552  e  não  lhe  faltaram  as  tribulações,  que  sempre 
esmaltam  a  vida  dos  homens,  grandes  beneméritos.  Aludimos  a  elas 
no  lugar  próprio,  ao  tratar  de  Simão  Rodrigues,  no  capítulo  consagrado 
aos  correspondentes  de  Nóbrega,  na  edição  de  suas  cartas  {Cartas  de 
Nóbrega  [1955]  52*-57*).  Faleceu  em  Lisboa  a  15  de  Julho  de  1579. 
Sepultou-se  na  Igreja  de  S.  Roque,  e  os  seus  ossos  colocaram-se 
depois  honorificamente  no  lugar  da  mesma  Igreja,  onde  hoje  se  vene- 
ram:  «Venerabilis  Patris  Simonis  Roderici  ossa  novo  et  nobiliori  loco 
inclusa  sunt»  (Carta  Anua  da  Casa  Professa  de  S.  Roque  [Fevereiro 
de  1709],  Lus.  4S,  f.  i88r). 


62.  -  S.  VICENTE  22  DE  MARÇO  DE  1555 


459 


62 

CONFIRMAÇÃO  DAS  TERRAS  DOADAS 
PELO  IR.  PERO  CORREIA  AO  COLÉGIO 
DE  S.  VICENTE 

S.   VICENTE  22  DE  iMARÇO  DE  1555 

I.    Autores:  Benedito  Ca lixto,  A  villa  de  Itanhaem  (Itanhaém  1895) 
120-128  ;  Leite  i  255-256  [e  cf.  Páginas  199]. 

II.  Texto:  ARSI,  Bras.  11-2,  ff.  477r*477V.  Cota  [f.  478V] :  «Con- 
firmação das  terras  que  Pero  Correa  deo  à  Casa  da  Companhia  da  Ilha 
de  S.  Vicente».  Outra  letra :  «22  Martii  1553».  Terceira  letra  :  «Confir- 
mado donationis  terrarum  Petri  Correa  pro  Domo  S.  Vincentii  Soe. 
Iesu  in  Brasília».   Cópia  em  português. 

III.  Impressão:   Benedito  Calixto,  op.  cit.  pp.  120-123;  Leite  i 
541-542. 

IV.  História  da  Impressão :    Calixto  serve-se  doutra  cópia  incom- 
pleta [falta  o  §  6] ;  Leite  imprime  o  texto  (Bras.  11-2). 

V.    Edição:    Reimprime-se  o  texto  (Bras.  11-2). 

Textus 

1.  Tractus  terrarum  Petri  Correia.  —  2.  Iuxta  locum  dictum  «Porto 
das  Naus»  S.  Vincentii.  —  3.  In  loco  «Peroybe»  dicto.  —  4.  Insula 
prope  «Peroybe».  —  5.  Instrumenta  legalia.  —  6.  Confirmatio  et  dona- 
tio  omnium  terrarum  Confraternitati  Pueri  lesu  in  oppido  S.  Vincentii. 

1.  Amtonio  d'OHveira  1,  capitão  e  ouvidor  com  alçada 
por  ho  Senhor  Martim  Afomso  de  Sousa,  governador  desta 
Capitania  de  Sam  Visente  em  a  costa  do  Brazill  e  etc. 

Faço  saber  aos  que  esta  minha  carta  de  confirmação 
e  de  dada  virem  como  por  Pero  Correa,  morador  em  esta  5 
Villa  de  Sam  Visente,  me  foi  feita  huma  petição  em  que 


1    Cf.  carta  27. 


460 


CONFIRMAÇÃO  DAS  TERRAS  DO  IR.  PERO  CORREIA 


diz  que  por  Guonçallo  Monteiro  2,  que  aqui  foi  capitão,  lhe 
forão  dadas  duas  terras,  convém  a  saber,  huma  aqui  da 
outra  banda  desta  ylha  3,  que  chamão  Porto  das  Naos,  que 

io  era  dada  a  hum  Mestre  Cosme  4,  bacharel,  he  outra  donde 
chamão  Perohibe  5,  que  é  dez  ou  doze  lleguoas  desta  Villa, 
das  quoais  terras  elle  Pero  Correa  tinha  cartas  e  lhe  cairão 
no  mar,  as  quoais  estavão  registadas  em  o  Livro  do  Tombo, 
que  o  escrivão  das  dadas  tem  em  seu  poder,  que  me  pedia 

15  que,  pelas  ditas  confrontaçõis  que  no  dito  Livro  do  Tombo 
estavão,  lhe  mandase  pasar  hora  carta  novamente  das  ditas 
terras;  que  me  pedia  mais  huma  ylha  de  três  que  estam 
defronte  da  dita  terra  de  Peroibe  pera  seu  aposentamento 
de  caregua  e  descarregua  das  naos,  convém  a  saber  das 

20  ditas  três  ilhas  a  maior  delias  6.  E,  visto  seu  pedir,  diguo 


2  O  Capitão  Gonçalo  Monteiro  intitula-se  nalguns  documentos 
vigário  e  loco-tenente  do  Donatário,  vigário  e  feitor  do  Donatário. 
Vigário  pode  interpretar-se  «pessoa  que  faz  as  vezes  de»...  Frei  Gas- 
par da  Madre  de  Deus  escreve  que  Martim  Afonso  trouxe  consigo  ura 
«clérigo  nobre  chamado  Gonçalo  Monteiro»  (citado  por  Van  der  Vat). 
Se  teve  fonte  independente  daqueles  documentos,  bem  está;  se  se  fun- 
dou neles,  a  autoridade  de  Frei  Gaspar  para  provar  que  a  palavra  vigá- 
rio significa,  no  caso,  pessoa  eclesiástica,  é  uma  petitio  principii.  O  texto 
de  Frei  Gaspar  é  a  base  da  argumentação  de  Van  der  Vat  (Prin- 
cípios 199)  para  considerar  Gonçalo  Monteiro  primeiro  vigário  de 
São  Vicente;  mas  parece  ter  visto  a  dificuldade  da  matéria:  «Da  sua 
actuação  na  freguesia  vicentina  não  se  conservou  lembrança  alguma» 
(ib  201).  S.  Camargo  aceita  a  identificação,  sem  mais  reparo  e  introduz 
Martim  Afonso  de  Sousa  e  Gonçalo  Monteiro  a  estudar  ambos  em  Sala- 
manca (A  Igreja  na  História  de  São  Paulo  3-4);  não  aduz  porém  texto 
justificativo  desta  amizade  «de  infância»;  e  falando  do  P.  Simão  de 
Lucena  diz  que  em  1553  havia  18  anos  que  era  «Vigário  de  São  Vicente», 
portanto,  já  desde  1535  (ib.  40).  A  22  de  Abril  de  1560,  o  Ouvidor  Gon- 
çalo Monteiro  residia  em  Santos.  Leite,  Breve  Itinerário  164. 

3  Ilha  de  São  Vicente  (ou  de  Santos).  Cf.  Leite  i  255. 

4  Mestre  Cosme,  bacharel.  Personalidade  não  bem  identificada. 
Cf.  Eugénio  de  Castro,  Diário  da  Navegação  1  (Rio  1940)  401-403. 

5  Perohibe  ou  Perulbe,  ao  sul  de  São  Vicente  e  de  Itanhaém 
(Leite  vi  435). 

6  Ilhas  em  frente  ao  Rio  Guaraú  ao  sul  de  Peruibe,  e  todas  três 
se  chamam,  do  mesmo  nome,  Ilhas  de  Guaraú  ou  Garaú.  Têm  pouco 


62.  -  S.  VICENTE  22  DE  MARÇO  DE  1555 


461 


que  eu  lhe  dou  a  dita  ilha  que  me  asi  pede,  emtendemdo-se 
a  dada  delas  doje  por  diante,  e  lhe  confirmo  as  mais  terras 
d'oje  por  diante,  e  isto  será  pelas  conírontaçõis  conteudas 
no  Livro  do  Tonbo,  as  quoais  ho  escrivão  as  declara  na 
carta,  assim  e  da  maneira  que  no  dito  Livro  e  registo  hé  25 
conteuda,  convém  a  saber  as  demarcaçõis  delas;  ao  qual 
eu  sprivâo  dou  fee  e  diguo  ser  verdade  que  no  dito  Livro 
do  Tombo  são  duas  cartas  registadas  de  terás  que  Gonçalo 
Monteiro,  sendo  capitão,  deu  ao  dito  Pero  Correa  e  partem 
em  esta  maneira.  3° 

2.  A  primeira  que  lhe  foi  dada,  que  hé  defronte  desta 
ylha  e  Villa  de  São  Vicente,  que  era  antes  dada  pelo  Gover- 
nador a  hum  Mestre  Cosmo,  bacharel,  que  o  dito  Gonçalo 
Monteyro  ouve  por  devoluta,  comesa  a  partir  do  Porto  das 
Naos  partindo  com  terras  de  Antonio  Rodriguez  7,  até  ir  35 
partyr  com  terras  de  Fernão  de  Morais  defunto  ou  com 
cujas  forem  daqui  por  diante,  e  pera  milhor  declaração  asi 
como  se  achar  que  o  dito  bacharel  Mestre  Cosmo  partia, 
porque,  pelas  propias  demarcaçõis  que  lhe  era  dada,  a  deu 
hora  ao  dito  Pero  Correa,  onde  comesou  a  partir,  que  hé  4o 
no  dito  Porto  das  Naos,  ficava  hum  recio  de  tiro  d'arco  asi 
como  foi  mandado  he  ordenado  polo  Senhor  Governador 
que  fiqua  he  livre  e  desembarguado  pera  quoando  as  naos 
alli  emcorasem. 

3.  A  segunda  tera,  que  dizem  Peroybe,  foi  dada  ao  dito  45 
Pero  Corea  pera  elle  Pero  Correa  e  pera  hum  seu  irmão  que 
esperava  vir  a  esta  terra,  e  que  não  vindo  ficase  toda  a 
elle  dito  Pero  Correa;  e  parte  em  esta  maneira  treladado 
letra  por  letra  do  dito  registo  as  terras  seguintes:  em 


35-36  António  Rodrigues  —  terras  sup.  lin.  \  \  40  ao  corr.  sup.  ex  o  |  Correa  ver- 
bum  dei  |  onde  dei.  ficarão  )j  47    elle  corr.  ex  lie 


préstimo,  excepto  a  maior,  a  pedida  por  Pero  Correia,  conhecida  por 
Ilha  Grande;  esta  serve  de  abrigo  aos  pescadores  por  ter  porto  e  água 
potável.  J.  M.  de  Almeida,  Diccionario  93-94;  cf.  Leite  i  256 

7  Português  dos  primeiros  povoadores  do  Brasil,  com  João  Rama- 
lho. A  casa  de  António  Rodrigues,  no  «Tumiaru»,  Porto  das  Naus,  é 
indicada  por  Eugénio  de  Castro,  Diário  da  Navegação  1,  mapa  n.  9. 


462 


CONFIRMAÇÃO  DAS  TERRAS  DO  IR.  PERO  CORREIA 


5o  Peroybe,  convém  a  saber,  donde  íoi  a  Aldeã  dos  índios  desta 
Villa  de  São  Visente  pera  a  dita  Alldea  dos  índios  Peroybe 
começará  a  partir  dum  regato  que  está  aquém  da  dita  Aldeã, 
que  chamão  em  linguoa  dos  índios  Tapiiranema,  que  hé  desta 
banda  do  levante,  e  da  outra  banda  do  poente  pasando  ho  rio 

55  grande,  que  se  chama  Guaraype,  e  em  noso  nome  lhe  puserão 
de  Santa  Caterina8,  partindo  pelo  mar  asim  como  vay  a  costa, 
e  pela  banda  da  tera  entrará  tãoto  adentro  tãoto  quoanto  ten 
de  costa,  de  maneira  que  tãoto  aja  na  boca  pelo  mar  e  tãoto 
averá  na  entrada  pela  dita  terra,  en  quadra  tãoto  em  huma 

6o  como  em  outra,  asi  que  tãoto  terrá  de  larguo  como  en  com- 
prido. 

4.  As  quoais  terras  por  me  o  sprivão  dizer  que  no  Livro 
do  Tombo  estão  declaradas  asim  dou  ao  dito  Pero  Correa  hora 
novamente,  e  mais  lhe  dou  a  dita  ilha  que  já  atrás  diguo,  o 

65  que  todo  será  pera  elle  e  pera  todos  seus  herdeiros  he  desen- 
dentes,  d'oje  este  pera  todo  senpre,  com  todas  suas  entradas 
e  saidas,  [477V]  forras  de  todo  trebuto,  somente  dizimo  a 
Deus,  e  ysto  com  a  condisão  das  sismarias  segundo  em  o 
Livro  das  Ordenaçõis  9  hé  declarado  em  tal  caso  feitas. 

70  5.  Ho  que  todo  dou  e  faço  segundo  por  meus  poderes 
que  do  Senhor  Governador  tenho  me  hé  dado,  do  que  ho 
sprivão  aqui  dará  sua  fee.  Ao  qual,  eu  sprivão,  dou  ffee  o 
dito  Antonio  d'01yveira,  capitão,  apresentar  à  camará  e  povo 
desta  Villa  hum  estromento  pubrico  de  poder  e  procuração, 

75  que  parece  cer  feito  em  Lixboa  em  os  desaseis  dias  do  mês 
d'Outubro  de  myll  e  quinhentos  e  trinta  e  oito  anos,  por 
hum  tabalião  por  nome  Antonio  do  Amarall,  em  o  quall 
diz  que  dá  fee  em  como  a  Senhora  Dona  Ana  Pimintel, 
mulher  do  dito  Senhor  Governador  10,  sua  procuração  abas- 

50  Índios  dei.  Peroybe  ||  53  lioguoa  corr.  ex  linguoas  ||  68  a  corr.  tx  as  ||  77  do 
sup.  lin. 


8  Não  confundir  com  a  Ilha  de  Santa  Catarina,  que  fica  muito  mais 
ao  sul. 

9  Cf.  Ordenaçoens  do  Senhor  Rey  D.  Manuel,  Livro  IV,  Titulo  lxvii 
«Das  Sesmarias»  (Lisboa  1797)  164-174. 

10   Martim  Afonso  de  Sousa. 


62. -S.  VICENTE  22  DE  MARÇO  DE  1555 


465 


tante  pera  por  elle  Senhor  ella  Senhora  fazer  o  que  lhe  80 
bem  parecer  em  adeministração  de  suas  terras  e  fazenda 
com  poder  de  sobestablecer  a  quem  ella  Senhora  quizer, 
por  virtude  do  quall  sobestabelece  ao  dito  Antonio  d'01i- 
veira  por  procurador  em  nome  d'anbos  ho  fazer-se  capitão 
he  ouvidor  com  alçada  en  toda  a  dita  capitania  com  poder  85 
de  dar  em  ella  terras  a  quem  elle  quizer  e  lhe  bem  pare- 
cer e  as  tirar  a  quem  as  mal  trouxer  arenunciando,  por  que 
há  dito  poder  [e]  quaisquer  outros  que  até  então  focem  fei- 
tos ;  os  quais  poderes  havidos  por  bons  em  a  dita  camará 
lhe  foi  dado  juramento  pera  os  servir,  ho  que  todo  em  o  9o 
livro  delia  com  ho  trellado  delles  que  eu  trelladei  mais 
compridamente  se  contem.    Por  virtude  do  qual  dou  as 
ditas  terras  e  confirmo  como  dito  hee  ao  dito  Pero  Corea, 
e  lhe  mãodo  ser  feita  a  dita  carta  que  será  registada  em  o 
Livro  do  Tombo  e  por  ella  será  metido  de  pose  em  ella  95 
conteúdo.    Dada  em  esta  Villa  de  São  Visente  a  vinte  e 
simquo  dias  do  mês  de  Maio.    Antonio  do  Vale  esprivão 
das  dadas  a  fez  de  mill  e  quinhentos  e  quorenta  e  dous 
anos. 

6.    Antonio  d'01iveira,  porquoanto  estas  terás  que  tinha  100 
dadas  a  Pero  Correa,  que  hé  metido  na  Ordem  de  Jesus, 
elle  as  ten  dadas  à  Confraria  do  Menino  Jesu  11  que  hora 
ordena  no  collegio  da  Villa  de  Sam  Vicente,  segundo  me 
co[n]sta  por  hum  estromento  de  doação  que  o  dito  Pero 
Correa  fez  à  dita  Confraria,  e  os  mordomos  da  dita  Con-  i°5 
iraria  me  pedem  que  lhe  confirme  a  dita  data  e  os  mande 
meter  de  pose,  mãodo  a  qualquer  sprivâo  a  que  por  sua 
parte  for  requerido  que  os  metam  de  pose  da  dita  terra  asi 
como  se  nesta  carta  contém,  que  hé  as  terras  de  Peroybe 
que  me  ora  pedem;  e  da  posse  que  lhe  asim  for  dada  lhe  iío 
pasarão  seus  estromentos,  hos  quoais  com  esta  carta  e  com 


81  adeministração]  deministração  wis.[|8a  sobestablecer]  sobestallecer  ms.  |J  109  Peroybe 
corr.  ex  Paroybe 


11  Confraria  do  «Menino  Jesus»  ou  do  «Nome  de  Jesus»,  como 
diz  Nóbrega,  que  a  ordenou.  Cf.  carta  6o  §  n ;  Leite  i  254. 


464 


P.  CIPRIANO  SUAREZ  -  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 


o  estromento  da  dita  doaçam  que  lhe  íoi  feita  será  tudo 
registado  no  Livro  do  Tombo.  Feito  oje  a  vinte  e  dous  de 
Março  de  mill  e  quinhentos  e  sinquoemta  e  tres  annos. 

63 

DO  P.  CIPRIANO  SUÁREZ* 
AO  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA,  ROMA 

[LISBOA?]  25  DE  ABRIL  [?]  DE  1553 

I.  Edição  :  Texto  :  ARSI,  Hist.  Soe.  ryij  li.  içsv-igór  (apógrafo  de 
uma  só  letra)  207v-2o8r  (apógrafo  de  duas  letras)  209r-2ior  (autógrafo 
latino  mutilado  e  corrigido).  Texto  íntegro  em  MHSI,  Litt.  Quadrim.  n 
207-222,  de  que  se  reimprime  aqui  sòmente  o  que  toca  ao  Brasil. 

Textus 

1.  Sacrae  expeditiones  in  Brasiliam  et  Indiam.  —  2.  Septem  Patres 
et  Fratres  in  Brasiliam  missi.  —  3.  Munificientia  Régis  Portugaliae 
etiam  ad  bibliothecas  S.  I. 

Ihs. 

Pax  Domini  Nostri  Iesu  Christi  sit  semper  in  animis 
nostris.  Amen. 

[...] 

1.  [2ior]  Venio  nunc  ad  Fratrum  mihi  charissimorum 
discessum,  qui  tam  multi  et  tam  exercitati,  cum  in  litera- 
rum  studiis,  tum  in  divinarum  rerum  meditationibus,  tam 
experientes  praeterea  in  audiendis  confessionibus,  in  minis- 
trandis  sacramentis  allisque  eius  generis  salutaribus  stu- 
diis, tum  in  Brasiliam,  tum  in  Indiam  missi  sunt,  ut  mérito 
nostrum  desiderium  earum  nationum  leniat  utilitas. 

[...] 


1  Cipriano  Suárez,  natural  de  Ocaria  (Toledo),  entrou  na  Compa- 
nhia em  Coimbra  a  21  de  Setembro  de  1549  (com  25  anos  de  idade). 
Mestre  de  retórica,  professor  de  Teologia  e  Sagrada  Escritura  e  Reitor 
òj  Colégio  de  Braga.  Em  1580  retirou-se  para  Espanha  e  faleceu  em 
Plasencia  em  1593.  Rodrigues,  História  1/1  456-457. 


65.  -  LISBOA  25  DE  ABRIL  DE  1555 


465 


2.  [2iov]  Ad  Brasiliana  missi  sunt  R.  Patres  Ambro- 
sius Pirez,  Tuae  Paternitati  de  facie  notus,  et  Ludovicus 
de  Grana,  qui,  die  Sancrosanctae  Virgini  festo,  concionem 
habuit  in  nostro  templo,  quae  non  magis  nobis  quam  omni- 
bus  auditoribus  (habuit  autem  frequentes),  mirifice  placuit.  15 
Tertius  est  Blasius  Laurentius  cum  quattuor  frat[r]ibus. 

3.  Nunc  superest  ut  de  Régis  nostri  clementíssima  in 
nos  liberalitate  dicam,  qui  non  modo  viatico  nostros  prose- 
quitur,  sed  dat  insuper  liberalissime  pecuniam  qua  biblio- 
tecae  mittantur  ad  nostros  aliaque,  quibus  regiones  illae  20 
minus  hactenus  frequentatae  carent.  Hoc  ipso  anno  non 
minus  quam  octingentis  aureis  nostrorum  ei  navigatio  cons- 
titit  et,  cum  decem  iam  annos  simili  utatur  liberalitate,  non 
modo  non  defatigatur,  sed  quotidie  adiicit  etiam  aliquid  ad 
cumulum  pristinae  beneficentiae.  Duo  eius  fratres,  Enri-  25 
quus,  Cardinalis  amplissimus,  et  Ludovicus,  Princeps,  cum 
Rege  ipso  certant  charitate  in  nos  omnes. 

.  [•••] 

[Anno  ab  humanitatis  salute  MDLIII,  septimo  calendas 
Maias].  3° 

TRADUÇÃO  PORTUGUESA 

Ihs. 

A  paz  de  Nosso  Senhor  Jesus  Cristo  esteja  sempre  nas 
nossas  almas.  Amen. 
[...] 

1.  [2ior]  Passo  agora  a  referir-me  à  partida  2  dos  meus 
Caríssimos  Irmãos,  para  o  Brasil  e  para  a  índia  3.  São  em 


2  A  data  da  saída  desta  expedição  de  Lisboa  para  o  Brasil  dá-a 
Vasconcelos  a  8  de  Maio  de  1553,  Vida  de  Anchieta,  Liv.  11  cap.  II  §§  4 
e  8.  Repare-se  que  esta  carta,  com  data  material  de  25  de  Abril,  já 
conta  a  saída  de  Lisboa  como  facto  realizado;  mas  o  dia  da  saída,  a  8  de 
Maio,  é  mais  certo,  porque  a  expedição  chegou  à  Baía  a  13  de  Julho,  e 
gastou  dois  meses,  como  adiante  se  verá  da  carta  de  Brás  Lourenço 
de  30  de  Julho  de  1553:  «Tuvimos  buen  viagen,  bendito  Dios,  y  en  dos 
meses  llegamos  a  esta  tierra»  (infra,  carta  73  §  1). 

3  Foram  para  a  índia  os  Padres  Urbano  Fernandes,  Baltasar 
Dias  e  Aleixo  Dias.   Saíram  de  Lisboa  a  24  (ou  27)  de  Março  de  1553. 


3° 


466 


P.  CIPRIANO  SUAREZ  -  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 


tão  grande  número,  tão  exercitados  não  só  no  estudo  das 
letras,  mas  também  na  meditação  das  coisas  divinas,  e  tão 
experimentados  além  disso  em  ouvir  confissões,  adminis- 
trar os  sacramentos  e  aplicar-se  a  outras  ocupações  salu- 
35  tares  deste  género,  que  há-de  mitigar  a  nossa  saudade  o  bem 
que  vão  fazer  a  essas  nações. 
[...] 

2.  [2iov]  Para  o  Brasil  foram  mandados  os  Reverendos 
Padres  Ambrósio  Pires4,  que  V.  Paternidade  conhece  pes- 
soalmente, e  Luís  da  Grã  5,  que  na  festa  da  Santíssima  Vir- 
4o  gem  pregou  6  na  nossa  igreja  um  sermão  que  nos  agradou 
muitíssimo  e  não  menos  a  todos  os  numerosos  ouvintes. 
O  terceiro  é  o  Padre  Brás  Lourenço,  com  mais  quatro 
Irmãos  7. 


E  com  eles,  na  mesma  nau  S.  Bento,  como  se  disse  p.  448,  Luís  de 
Camões. 

4  Ambrósio  Pires  nasceu  por  1525  em  Lisboa.  Entrou  na  Compa- 
nhia em  Coimbra  em  1546.  Mestre  em  Artes.  Procurador  do  Colégio 
de  Coimbra  e  em  Roma  um  ano  dos  assuntos  portugueses,  em  parti- 
cular das  graças  espirituais  (1550-1551).  É  de  22  de  Maio  de  1551,  a 
patente  de  S.  Inácio  concedendo  essas  graças  a  «Ambrósio  Pires  e  a 
mais  28  Padres  da  Companhia»  (MI  Epp.  III  475-477).  Embarcou  para 
o  Brasil  em  1553.  Trabalhou  em  Porto  Seguro  e  foi  Reitor  do  Colégio 
da  Baía,  recolhendo  nele  muitos  meninos  brasis.  Bom  pregador  e  muito 
aceito  de  todos.  Voltou  a  Portugal  com  o  Governador  D.  Duarte  da 
Costa  em  1558  e  ainda  foi  Reitor  do  Colégio  de  S.  Antão  Saiu  da  Com- 
panhia em  1568,  falecendo  pobre,  em  data  não  averiguada.  Leite  1x57. 

5  Luís  da  Grã  nasceu  cerca  de  1523  em  Lisboa.  Estudou  em  Coim- 
bra Artes  e  Direito  e  entrou  na  Companhia  na  mesma  cidade  em  1543. 
Reitor  do  Colégio  de  Coimbra  e  defensor  do  P.  Simão  Rodrigues  na 
querela  do  ano  52.  Em  1553  embarcou  para  o  Brasil,  onde  foi  colate- 
ral de  Nóbrega  e  a  quem  sucedeu  como  Provincial  em  1560.  Reitor 
do  Colégio  da  Baía,  Superior  de  S.  Vicente,  e  por  fim  Reitor  de  Per- 
nambuco, presidindo  à  construção  do  novo  Colégio  de  Olinda,  onde 
faleceu  em  1609,  cheio  de  anos  e  merecimentos.  Leite  II  471-475; 
vm  284. 

6  Pela  data  da  carta,  parece  tratar-se  da  festa  da  Anunciação, 
25  de  Março. 

7  Os  quatro  Irmãos,  que  foram,  e  cujos  nomes  a  Quadrimestre  não 
menciona,  são,  por  ordem  de  antiguidade  na  Companhia:  António  Bláz- 
quez.  João  Gonçalves,  Gregório  Serrão  e  José  de  Anchieta.  Leite  I 
561 ;  João  Gonçalves  primeiro  Mestre  de  Noviços  no  Brasil,  in  Verbum  vm 
(Rio  de  Janeiro  1951)  249. 


64.  -  BAÍA  25  DE  MAIO  DE  1555 


467 


3.  Falta  falar  agora  da  clementíssima  liberalidade  do 
nosso  Rei 8  para  connosco.  Ele  não  só  provê  os  Nossos  de  45 
viático,  mas  dá  também  dinheiro  muito  liberalmente  para 
que  aos  Nossos  se  enviem  bibliotecas  e  outras  coisas  que 
faltam  naquelas  regiões  até  agora  pouco  povoadas.  Não  lhe 
ficou  por  menos  de  oitocentos  cruzados,  só  este  ano,  a  nave- 
gação dos  Nossos;  e,  usando  há  dez  anos  de  semelhante  5° 
liberalidade,  não  só  não  se  cansa,  mas  cada  dia  acrescenta 
alguma  coisa  à  soma  da  beneficência  anterior.  Os  seus 
dois  irmãos,  o  Eminentíssimo  Cardeal  D.  Henrique  9  e  o 
Infante  D.  Luís  10  procuram  igualar  o  próprio  Rei  na  cari- 
dade que  a  nós  todos  nos  mostram.  55 

[.-.] 

[No  ano  da  salvação  da  humanidade  1553,  25  de  Abril]  u. 


64 

DO  P.  VICENTE  RODRIGUES 
AO  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CÂMARA,  LISBOA 

[Baía]  23  de  maio  de  1555 

I.    Bibliografia  :  LEITE  IX  100  A. 
II.   Autores  :  Leite  ii  390  518. 

III.  Texto:  ARSI,  Bras.  j-i,  f.  io3r  [antes  1781-].  Título:  «De  una 
dei  P.  Viciente  Rodriguez  para  el  P.e  Luis  Gonçalvez,  de  23  de  Maio  1553». 
Tradução  espanhola  do  original  português  perdido. 

IV.  Lugar:  Vicente  Rodrigues,  deixado  por  Nóbrega,  era  então 
superior  do  Colégio  da  Baía  [Leite  i  58]. 

V.  Impressão :  Retroversão  portuguesa  moderna.  Leite,  Breve  Iti- 
nerário 80  nota  1. 

VI.   Edição  :  Edita-se  o  texto  único. 


8  D.  João  III  de  Portugal. 

9  Cardeal  D.  Henrique,  depois  Rei. 

10  Infante  D.  Luís,  pai  de  D.  António,  Prior  do  Crato. 

11  25  de  Abril  («septimo  calendas  Maias») :  Se  não  é  «septimo 
calendas  Junias»  (26  de  Maio),  a  notícia  da  saída  dos  Padres  para  o 
Brasil  foi  acrescentada  depois  de  datada  a  carta  (cf.  nota  2). 


468 


IR.  ANTÓNIO  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


Textus 

7.    De  Episcopi  ingrato  animo  in  S.  I. 

1.  El  Obispo 1  ninguna  cosa  nuestra  le  agrada,  hasta 
en  el  púlpito  por  palabras  bien  claras  nos  deshizo  muchas 
cosas.  Contradize  nuestra[s]  rnortificationes  de  parvoíces 
y  cosas  de  dodos,  ydiotas,  ygnorantes.  Vitupiera  mucho 
5  christianos  nuevos  en  casa,  y  esto  dize  por  el  Padre  Lio- 
nardo  Nunez  2.  Antonio  Jusarte  3,  cónego  de  la  See,  com 
miedo  dél,  vino  a  posar  [con]  los  nifíos  huérfanos  4,  y  ase 
de  hir  para  allá  quando  pudiere. 

65 

DO  IR.  ANTÓNIO  RODRIGUES 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

SÃO  VICENTE  51  DE  MAIO  DE  1555 

I.   Bibliografia :    Leite  ix  82  n.  1. 

IL  Antores:  Polanco  III  456-458;  Pedro  Calmon,  História  do 
Brasil  I  243 ;  Leite,  António  Rodrigues,  primeiro  Mestre- Escola  de 
São  Paulo  (ifSJ-iS54)>  m  Brotéria  55  (1952)  304;  Artes  e  Ofícios  dos 
Jesuítas  no  Brasil  (Lisboa  —  Rio  de  Janeiro  1953)  249. 

III.   Texto:    Original  português  perdido. 

1.  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  91V-93V  [antes  316V-318V].  Título:  «Copia 
de  una  dei  Hermano  Antonio  Rodrigues  para  los  Hermanos  de  Coim- 
bra de  S.  Vicente  dei  último  de  Mayo  de  1553».  Tradução  espanhola. 

2.  Bras.  j-i,  ff.  74r-77v  [antes  322r-325v].  Título :  «Exempla  epis- 
tolae  Antonii  Roderici  Fratribus  Conimbriae.  D.  Vincentii  pridie  Kalen- 
das  Iunii  datae».  Tradução  latina  pela  espanhola. 


1  D.  Pedro  Fernandes. 

2  Daqui  se  infere  que  o  P.  Leonardo  Nunes  era  cristão-novo. 

3  António  Juzarte,  autor  da  carta  66. 

4  Os  Meninos  Órfãos  estavam  no  Colégio  da  Companhia,  mas  com 
alguma  distinção  jurídica,  que  era  a  «Confraria  do  Menino  Jesus»,  como 
se  viu  de  São  Vicente  (doe.  62  §  6). 


65.  -  S.  VICENTE  51  DE  MAIO  DE  1555 


469 


IV.  Impressão:  Leite,  Antônio  Rodrigues,  soldado,  viajante  e  jesuíta 
português  na  América  do  Sul.  Comunicação  feita  ao  xxvi  Congresso 
Internacional  de  Americanistas,  Sevilha,  18  de  Outubro  de  1935,  in 
Anais  da  Biblioteca  Nacional  do  Rio  de  Janeiro  xlix  (1936)  55-73 ;  id., 
Páginas  de  História  do  Brasil  (r937)  116-136;  id.,  Un  cronista  descono- 
cido  de  la  conquista  dei  Rio  de  la  Plata  Antonio  Rodrigues  ifjj-ifjj, 
in  Resena  y  trabajos  científicos  dei  XXVI  Congreso  Internacional  de 
Americanistas,  Sevilla  içj;  11  (Madrid  1948)  168-180  [carta:  171-180]. 

V.   História  da  Impressão :  Nos  Anais  e  em  Páginas  dá-se  a  retro- 
versão  portuguesa  moderna;  em  Resena  o  texto  espanhol. 

VI.   Edição  :    Reimprime-se  a  versão  espanhola  (1). 

Textus 

1.   Miles  fuit  et  ingressus  est  S.  L,  a  Patre  Nóbrega  acceptus. 

—  2.   Adfuit  in  fundatione  urbis  Fluminis  Argentei  [Buenos  Aires], 

—  3.  Magna  f ames  supervenit.  —  4.  Urbs  deseritur.  —  5.  Ascendit /lú- 
men ad  interior  a  terrarum  inter  Indos  diversarum  nationum. — 6.  Urbis 
Assumptionis  fundatio.  —  7.  Expeditio  militaris  per  f lúmen  usque  ad 
confinia  Maragnonii.  —  8.  Expeditio  militaris  ad  Occidentem  usque  ad 
Indos  Maias  aliasque  nationes.  —  9.    Desertum  magnum  et  salinae. 

—  10.  Canes  Hispaniae  apparent  ad  fines  Peruae  unde  expeditio  reversa 
est  absque  auro  neque  argento.  —  11.  Clericus  Nonitts  Gabriel  eiusque 
selus  erga  Indos.  —  12.  Indorum  captivitas  apud  hispanos.  —  13.  Ipse 
Fr.  Rodrigues  rogavit  a  Patre  Nóbrega  facultatem  pergendi  ad  eos 
Indos  cum  aliquibus  Patribus.  —  14.  De  rebus  ipsius  Fratris  Rodrigues. 

—  15.  Da  duobus  Patribus  Ordinis  S.  Francisci.  —  16.  Ex  illa  regione 
[Paraquariae]  Pater  aliquis  P.  Leonardo  Nunes  scripsit  eumqtte  advo- 
cavit. 

Pax  Christi. 

1.  Aunque  hasta  aora  con  muchos  peligros  andé  nave- 
gando por  este  mar  dei  sul  adonde  ay  tormentas  que  poças 
naves  escapan,  empero  confiesso,  Charíssimos  Hermanos, 
hasta  aora  aver  navegado  por  otro  mar  más  peligroso,  que  5 
es  el  deste  mundo  y  sus  vanidades  adonde  tantos  se  pier- 
den,  dei  qual  N.  Senor  me  a  librado  por  médio  dei  P.e  Manuel 
de  Nóbrega  recebiéndome  en  la  Santa  Compafiía  de  Jesú, 


5    aora  dei.  no 


470 


IR.  ANTÓNIO  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


trayéndome  ya  N.  Senor  movido  para  entrar  en  ella,  viendo 

io  quánto  tiempo  y  con  quántos  peligros  avia  sido  soldado  en 
el  mundo  con  tan  poco  provecho,  y  que  entrando  en  ella 
entrava  en  otra  mejor  batalla,  que  es  de  ánimas  y  con  tan 
gran  premio  que  es  la  remuneración  eterna.  Mandóme  el 
Padre  que  yo  os  diesse  cuenta  de  mi  vida  y  de  las  merce- 

x5  des  que  N.  S.  me  avia  hecho,  y  por  yo  aver  ydo  de  aqui 
dei  Brasil 1  al  Perú  por  tierra  y  tornado,  os  escriviesse 
también  de  los  gentiles  que  por  estas  tierras  ay,  sperando 
ser  ayudados  de  vós  para  su  salvación,  y  el  aparejo  que 
tienen  para  recebir  nuestra  sancta  fe. 

20  2.  Y,  para  os  dar  esta  cuenta,  os  quiero  scrivir  desde  el 
principio  de  mi  venida  a  estas  partes.  Y  es  que  yo  y  otros 
portugueses  asi  por  vanidad  como  por  codicia  de  oro  y  plata, 
en  el  ano  de  1523  2  partimos  de  Sevilla  en  una  armada  que 
hazía  Dom  Pedro  de  Mendoça  3,  en  la  qual  éramos  1800  hom- 

25  bres,  y  todos  cargados  de  nuestra  coditia  llegamos  con  prós- 
pero viento  al  Rio  de  la  Plata,  y  entramos  por  el  rio  con 
las  naves  60  legoas.  Luego  quisieron  salir  en  tierra  todos 
para  edificar  una  ciudad  4  y  los  primeros  6  que  salieron 
para  ver  el  lugar  donde  se  podia  hazer,  matáronlos  las 

30  onças  bravas  5.  Ni  por  esso  se  dexó  de  edeíicar,  aunque 
cada  dia  las  onças  matavan  hombres. 


13    remuneración  dcl.  he  ||  14    mi]  me  MS, 


1  «De  aqui  dei  Brasil».  Rodrigues  partiu  de  Asunción,  como 
dirá,  mas  então  o  Paraguai  tinha-se  como  parte  do  Brasil.  Leite,  Pági- 
nas 122  ;  Breve  Itinerário  92. 

2  Lapso  da  tradução  espanhola.  A  armada  partiu  de  Sevilha 
em  1535  (ib.  123)  ou  mais  precisamente,  de  Sanlúcar  de  Barrameda,  a 
24  de  Agosto  de  1535.  Udaondo,  Diccionario  584. 

3  Pedro  de  Mendoza,  de  Guadix  (1487-1537).  Cf.  Udaondo,  Diccio- 
nario 582-588. 

4  Trata-se  da  primeira  fundação  de  Buenos  Aires.  Leite,  Pági- 
nas 117-118. 

5  Jaguar  ou  onça  pintada  (Felis  onça);  ou  puma  ou  onça  parda 
(F.  concolor).  Cf.  C.  DE  Melo-Leitão,  Zoo-Geografia  do  Brasil  (São 
Paulo  1937)  254. 


65.  -  S.  VICENTE  31  DE  MAIO  DE  1555 


471 


3.  Luego  N.  S.  por  castigar  nuestra  codicia  y  pecados 
que  soldados  comúnmente  hazen,  permittió  venir  tal  ham- 
bre  al  real,  que  no  davan  a  comer  a  cada  uno  cada  dia  sino 

6  onças  de  pan.  Y  porque  ia  gente  por  esta  causa  con  la  35 
flaqueza  no  podia  trabajar  era  muy  castigada  de  los  ofíicia- 
les  de  la  orden  de  la  guerra,  porque  les  davan  de  paios  y 
así  morían  cada  dia  405;  aunque  no  dexó  N.  S.  a  estos 
que  castigavan  a  los  otros  sin  castigo,  porque  venieron  los 
gentiles  un  dia  de  Corpus  Christi 6  y  mataron  40  de  los  40 
más  nobles  y  esforçados.  Acaescieron  en  esta  hambre,  con 
que  N.  S.  nos  castigo  por  nuestros  peccados,  cosas  seme- 
jantes  a  las  que  acaescieron  a  los  judios  en  Hierusalén  en 
el  cerco  de  Tito  y  Bespasiano  7,  porque  ahorcando  dos  sol- 
dados les  comieron  otros  las  pantorrillas,  y  un  hombre  mato  45 
en  su  casa  a  un  su  primo  y  comióle  la  assadura.  Acabán- 
dola  de  comer  lo  hallaron  que  estava  para  morir,  permi- 
tiendo  Dios  por  su  justo  juizio  que  le  matase  la  comida 
con  que  la  muerte  dei  primo  procurara.  Acaesció  también 
comer  unos  la  suziedad  que  otro  después  de  aver  comido  5o 
echava,  aunque  por  la  corrupción  de  los  cuerpos  era  aquello 
tan  ponçofioso,  que  los  que  lo  comían  luego  morían  ;  y  desta 
manera,  unos  con  hambre,  otros  por  justicia,  otros  por  los 
matar  las  onças  y  otros  los  gentiles,  murieron  en  este  tiempo 
que  se  hizo  la  ciudad  600  hombres.  55 

4.  El  Governador 8,  viendo  ir  la  cosa  desta  manera, 
bolvióse  a  Espana,  el  qual  morió  en  el  camino  9,  y  dexó 
en  su  lugar  a  Juan  de  Ayolas  10,  el  qual  en  vergantines 
subió  por  el  rio  350  legoas,  y  dexando  la  ciudad  sepultura 
de  muertos,  y  plegue  a  Dios  que  no  sea  el  infierno  sepul-  60 


50    suziedad  corr.  ex  çuziedad  j|  59    sepultura]  sepultara  tus. 


6  15  de  Junho  de  1536. 

7  Cerco  de  Tito  e  Vespasiano,  cf.  Leite,  Páginas  124. 

8  Pedro  de  Mendoza. 

9  Faleceu  no  mar  dos  Açores  (Grande  Enciclopédia  Portuguesa  e 
Brasileira  xvi  914). 

10   Juan  de  Ayolas  (1493-1538).  Cf.  Udaondo,  Diccionario  120-121. 


472 


IR.  ANTÓNIO  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


tura  de  las  ánimas,  y  no  sean  allá  castigadas  como  lo  fueron 
acá  sus  cuerpos.  Digo  esto,  Charíssimos  Hermanos,  porque 
claramente  se  ve  aver  nuestro  Sefior  permitido  tantos  males 
por  nuestros  pecados,  porque  allí  refiegavan  y  blasfemavan 

65  de  Dios,  allí  los  falsos  testimonios,  [92T]  allí  las  injustas  jus- 
ticias  y  condenationes,  allí  las  injurias  y  venganças,  allí  los 
ofíiciales  de  la  orden  de  la  guerra  dezían:  «Bien  es  que 
mueran  porque  no  avrá  oro  para  tantos».  Estos  murieron 
aún  más  miserablemente  porque  sus  cuerpos  aun  caescie- 

7o  ron  de  sepultura. 

5.  Dexando  esto,  andando  las  350  legoas,  hallamos  unos 
gentiles  que  llaman  Timbos  n,  los  quales  son  muchos.  No 
comen  carne  humana,  antes  se  apartan  desso.  Son  muy 
piadosos,  porque,  yendo  nosotros  muy  flacos,  por  no  comer 

75  sino  hiervas,  con  los  ojos  muy  sumidos  y  los  dientes  y 
beços  negro[s],  llevando  íegura  más  de  hombres  muertos 
que  vivos,  nos  llevaron  en  los  braços  y  nos  dieron  de 
comer  y  curáronnos  con  tanto  amor  y  charidad,  que  era 
para  alabar  a  Dios  N.  Senor  ver  en  gente  apartada  de  la 

3o  fe  tanta  piedad  natural,  que  con  tanta  mansedumbre  y 
amor  tratavan  la  gente  estrangera  que  no  conoscían.  Hal- 
lamos allí  un  spaíiol 12  que  avia  mucho  tiempo  que  allí 
estava,  de  manera  que  ya  no  sabia  hablar  espanol  y  sabia 
bien  la  lengua  dellos,  la  qual  tiene  muchas  palabras  lati- 

85  nas.  Ay  muchas  tierras  pobladas  deste  género  de  gentiles, 
los  quales  obedecen  a  sus  principales,  y  en  ellos  ay  gran 
desposición  para  hazerse  christianos.  Plega  a  nuestro 
Serior  de  mandarlos  visitar,  porque  nuestra  visita,  porque 
no  era  para  ganar  sus  almas,  sino  para  ver  si  tenían  oro, 

9o  no  les  hizo  ningún  provecho  en  la  fe. 


72    Timbos]  add.  sup.  allia  inanu  tinbunes,  ut  inferius  scriptum  est. 


11  A  descobrir  os  «Timbúes»  foi  mandado  Gonçalo  da  Costa  que 
do  Brasil  seguiu  com  Pedro  de  Mendoza.  Leite,  Nota  para  a  História 
dos  Portugueses  no  Rio  da  Prata,  in  Brotéria  21  (1935)  345-346. 

12  Gonçalo  ou  Jerónimo  Romero,  que  tinha  ficado  aí  da  expedi- 
ção de  Sebastião  Caboto.  Leite,  Páginas  126. 


65.  -  S.  VICENTE  51  DE  MAIO  DE  1555 


475 


Ay  adelante  destos  gentiles  otros  que  llaman  Corumna, 
otros  Uamados  Aquiloços,  y  Chenatimbos,  y  Quenas,  sal- 
vages,  y  Quirandas,  y  Chandules,  y  Garines.  Y  estos 
Garines  tienen  guerra  con  todos  los  cercanos  y  cómenlos, 
y  si  captivan  ninos  házenlos  a  su  manera.  Estos  nos  mata-  95 
ron  mucha  gente. 

Dexamos  alguna  gente  entre  los  Timbunes  y  fuimos 
cerca  de  6o  hombres  en  vergantines,  que  hizimos  con 
nuestra  codicia  a  cuestas,  por  el  rio  ariba  en  servicio  dei 
avaricia  a  buscar  el  governador  Juan  de  Ayolas,  el  qual  i°° 
avia  subido  con  tres  bergantines,  adonde  llevava  160  hom- 
bres, por  el  rio  380  legoas.  Y  dexando  los  vergantines  con 
30  hombres,  fuesse  por  la  tierra  dentro  con  la  otra  gente 
en  busca  de  los  gentiles  llamados  Carcará,  que  tienen  oro 
y  plata,  y  antes  que  llegassen  a  ellos  uvo  mucha  plata,  la  i°5 
qual  no  se  sabe  quánta  era.  Y  bolviendo  para  tornar  con 
más  poder  para  subiectar  aquellos  gentiles,  enfermo  la 
gente  que  traya  a  la  buelta,  y,  no  hallando  los  vergantines 
en  el  puerto,  fué  allí  toda  la  gente  sin  quedar  ninguno 
muertos  por  unos  gentiles  llamados  Pagaes  13.  110 

Mucho  de  considerar  es,  Charíssimos  Hermanos,  los  tra- 
bajos  que  los  hombres  llevan  por  las  cosas  deste  mundo, 
y  quán  poças  vezes  son  galardonados  aún  destas  cosas 
baxas  dél,  porque  comúnmente  los  prémios  de  los  traba- 
jos  tomados  por  el  mundo,  son  otros  mayores  trabajos  "5 
aún  en  él,  dexando  el  peligro  que  tienen  de  caer  en  pena 
aeterna ;  y  todavia  ay  tántos  que  lo  sigan  y  tánto  suffran 
por  él,  y  por  Dios  que  da  premio  eterno  y  aún  centuplum 


95  si  add.  sup.  ij  105  mucha]  mucho  ms.  ||  no  llamados  dei.  para  ||  115  tomados 
dei.  tomados  [|  117    lo  corr.  ex  los 


13  «Y  como  perros  rabiosos  dieron  muerte  al  capitán  y  á  sus 
soldados,  sanos  y  enfermos  sin  que  escapase  ninguno».  Ulderico 
Schmidel,  Viaje  al  Rio  de  la  Plata  y  Paraguay,  in  Colección  Pedro  de 
Angelis  III  [Buenos  Aires  1910]  291.  Sobre  estes  Índios,  cf.  Max 
Schmidt,  Los  Payaguá,  in  Revista  do  Museu  Paulista,  nova  série  m 
(São  Paulo  1949)  129-269.  Para  o  período  coevo  de  Rodrigues,  o  Padre 
Schmidt  utiliza  a  relação  de  Schmidel. 


474 


IR.  ANTÓNIO  RODRIGUES  -  PP.  E  11.  DE  COIMBRA 


in  hac  vita  no  ay  quien  haga  nada,  y  aquéllos  que  special- 

120  mente  se  dedicaron  a  su  servicio  son  tan  excedidos  de  los 
dei  mundo,  que  tienen  harta  matéria  de  confusión  en  ver- 
los  correr  más  de  priessa  a  la  muerte  que  ellos  a  la  vida. 

Yendo  nós  en  busca  dei  Governador  11  passamos  por 
muchos  gentiles  que  será  largo  de  contar,  solamente  diré 

J25  algunos,  scilicet,  los  Mecoretas  que  nos  cargavan  los  ver- 
gan tines  de  pescado  curado  al  sol  y  mucha  manteca,  por- 
que desto  se  mantienen.  Es  gente  que  no  come  carne 
humana;  tratan  muy  bien  los  christianos.  Son  también 
piadosos  como  los  Tinbunes  que  nos  recebieron  en  sus 

!3°  casas;  y  los  Mepenes  que  son  muchos  y  de  la  manera 
destos,  y  los  Cuchamecas  y  los  Agazes.  Todos  estos  gen- 
tiles no  comen  carne  humana.  Llegamos  a  la  tierra  de 
los  Carijós  que  son  gentiles  muy  poderosos  y  grandes 
lavradores,  y  en  aquel  tiempo  en  extremo  crueles,  y  que 

x35  comían  carne  humana. 

6.  Llegamos  con  mucha  hambre  y  falta  de  manteni- 
mentos  por  aver  bj  [6]  meses  que  a  remos  aviamos  cami- 
nado  sin  tener  un  solo  dia  viento  de  vela.  Yva  por  nuestro 
capitán  un  hombre  llamado  Juan  de  Salazar  15,  muy  sagaz 

140  en  la  guerra,  [92V]  el  qual,  como  nos  via  ir  cansados  de 
caminar,  tomó  consejo  de  lo  que  seria  bueno  hazer,  y  con- 
cluyóse  que  hiziesse  allí  fortaleza,  y  así  saltamos  en  tierra 
las  tres  partes  de  la  gente,  quedando  los  vergantines  aper- 
cebidos para  guerra  en  el  rio.  Y  un  hombre  que  llevá- 

145  vamos,  que  sabia  la  lengua,  empeço  a  dezir  a  aquellos 
gentiles  (que  como  nos  vieron  eran  tantos  sobre  nós  que 
cubrían  la  tierra),  que  nosotros  éramos  hijos  de  Dios  y 
que  les  trayamos  nuestras  cosas,  cunas,  cuchillos  y  anzue- 
los,  y  con  esto  holgaron  y  nos  dexaron  en  paz  azer  una 

15°  fortaleza  muy  grande  de  maderos  muy  grandes,  y  así  poco 
a  poco  hezimos  una  ciudad,  adonde  truximos  toda  la  gente 


14  Juan  de  Ayolas. 

15  Juan  de  Salazar  de  Espinosa.  LEITE,  Páginas  128.  Nasceu 
por  1508  e  faleceu  em  Asunción  em  1560.  Udaondo,  Diccionario  805. 


65.  -  S.  VICENTE  31  DE  MAIO  DE  1555 


475 


que  venía  atrás  y  otra  que  el  Emperador  16  después  embió, 
de  manera  que  se  juntarem  en  ella  600  hombres.  Los  qua- 
les  venieron  a  tanta  ceguedad  que  pensaron  que  el  pre- 
cepto  de  «crescite  et  multiplicamini»  17  era  valioso,  y  así  *55 
dándoles  los  gentiles  sus  hijas  imchieron  la  tierra  de  hijos, 
los  quales  son  muy  hábiles  y  de  gran  ingenio.  Estando  en 
esta  ciudad  llamada  Nuestra  Sefiora  de  la  Assumptión, 
por  ser  começada  en  este  dia  18,  nos  libro  nuestro  Sefior 
day  a  algún  tiempo  en  el  mismo  dia  de  unas  traiciones  160 
que  los  gentiles  nos  hizieron,  y  plugo  a  N.  S.  que 
íueron  vencidos  y  dende  adelante  empeçaron  a  tememos 
mucho. 

7.    Desta  ciudad  fuimos  10  más  adelante  a  conquistar 
tierras  y  subimos  más  arriba  250  legoas  y  llegamos  cerca  165 
dei  Marafion  y  de  las  Amazonas.  Llegamos  a  los  Parais  20, 
gente  lavradora,  muy  amigos  de  los  christianos.  Tienen 
un  principal  a  quien  obedescen,  que  en  su  lengua  se  llama 
Camery;  no  comen  carne  humana.   Cerca  destos  están  los 
Barbacafies,  los  Sabacoces,  los  Saicoces,  todos  gente  labra-  17° 
dora  de  muchos  mantenimientos  y  dócil  para  recebir  la  íe 
de  Christo.  Passamos  por  otros  gentiles,  de  los  quales  no 
hezimos  caso  por  no  ser  labradores,  a  que  llaman  Pagais, 
los  quales  mataron  a  nuestro  Governador  Juan  de  Ayolas. 
Estos  son  pescadores  y  caçadores.  Hallamos  también  otros  175 
gentiles  llamados  Gaxarapos,  muy  ruy  gente,  y  otros  que 
llaman  Gatos.  Y  no  hallando  en  esta  salida  plata  ni  oro 
nos  tornamos  a  nuestra  ciudad  21  cansados  y  harto  traba- 


16  Carlos  V. 

17  Gen.  1,  22  ;  8,  17;  9,  7. 

18  15  de  Agosto  de  1537.  «La  cual  yo  fundé  el  ano  de  treinta  y 
sete»,  escreve  Juan  de  Salazar,  do  Porto  de  Santos,  São  Vicente,  25  de 
Junho  de  1553  (Sevilha,  Arch.  General  de  índias,  México  168  ;  Leite, 
Páginas  128). 

19  Com  Fernando  de  Ribera.  Leite,  Páginas  129.  «Natural  de 
Algarbe»,  Udaondo,  Diccionario  752. 

20  Parais  ou,  na  versão  de  Schmidel,  «Paresis»  (op.  cit.  299-300). 
Estes  índios  ficam  no  actual  Estado  de  Mato  Grosso.  Leite  vi  215  349. 

21  Asunción. 


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IR.  ANTÓNIO  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


jados ;  y  ya  en  este  tiempo  los  Carijós  tomavan  rauy  bien 
180  la  doctrina  de  Christo,  como  abaixo  os  contaré. 

8.  Fuimos  22  otra  vés  en  el  afio  de  1548,  que  entramos 
camino  dei  ponente,  buscando  la  gentelidad  Carcará  que 
tiene  oro  y  plata.  Fuimos  20  de  cavallo  y  250  de  pie  y 
3000  carijós,  hombres  de  guerra,  y  así  caminamos  por  la 
185  tierra  dentro  70  legoas  y  llegamos  a  unos  gentiles  llama- 
dos  Mayas,  que  son  bj  [6]  pueblos  y  uno  en  médio  donde 
estava  su  principal.  Es  gente  de  muchos  mantenimientos 
y  grandes  labranças.  No  comen  carne  humana.  Y  vién- 
donos  no  osaron  sperar  y  huyeron  desemparando  sus 
19°  casas,  mas  el  principal  nos  embió  un  presente  de  ciertos 
pedaços  de  plata  y  muchas  mantas  de  algodón  que  sus 
mugeres  hilan  y  texen.  Tienen  entre  sí  unos  a  que  llaman 
Taonas  y  a  éstos  dan  a  comer  sus  enemigos  quando  les 
toman. 

195  Y  dexando  estos  fuimos  adelante  siempre  por  poblado, 
y  hallamos  otra  mucha  gente,  scilicet,  los  Laenos,  Quelia- 
quianos,  Soporeanos,  Maepenos,  Canes,  todos  gente  labra- 
dora  de  muchos  mantenimientos.  Hallamos  también  otros 
llamados  Corores.    Estos  nos  esperaron  para  pelear,  mas 

200  los  de  cavallo  los  desbarataron.  Tenían  un  pueblo  de 
bj  [6]  casas  con  plaças  en  médio  bien  hechas  y  poços  de 
beber  muy  hondos  por  no  aver  rios  por  toda  aquella  tierra. 
Y  luego  hallamos  otros  llamados  Capores,  los  quales  tenían 
un  pueblo  de  300  casas.  Estos  nos  embiaron  muchos  abes- 

205  truzes  y  otras  carnes,  porque  esto  es  lo  más  que  ay  en 
aquella  tierra.  Hallamos  luego  adelante  otros  llamados 
Severis.  Es  pueblo  más  pequefio;  diéronnos  también  de 
lo  que  tenían,  y  nos  dieron  nuevas  de  la  gente  que  tenía 
oro  y  plata  que  se  llamava  Carcará.  Y  así  passamos  a  los 


181    otra]  atra  ins.  ||  186   en]  y  »«s. 


22  Com  Domingos  de  Irala.  Leite,  Páginas  129.  «En  enero 
de  1548,  Irala  y  sus  compafíeros  partieron  rumbo  al  N.  O.  através  de 
las  vastas  comarcas  dei  Chaco».  Lafuente  Machain,  El  Gobernador 
Domingo  Martines  de  Irala  195. 


65.  -  S.  VICENTE  31  DE  MAIO  DE  1555 


477 


Corcoronos,  buena  gente,  y  luego  a  otros,  los  quales  no  210 
nos  esperaron  por  aver  miedo.  Toda  esta  gente  es  buena 
y  no  come  carne  humana. 

9.  De  allí  passamos  un  despoblado  de  L,a  [50]  legoas, 
mas  siempre  por  buenos  caminos  y  Uegamos  a  unas  salinas, 
cosa  mucho  para  ver  porque  son  cerca  de  media  légua  en  215 
largo,  adonde  ay  sal  blanca  y  limpia,  y  en  muy  mucha  abun- 
dância. Y  está  lexos  dei  mar  400  legoas,  y  ay  muchos  pue- 
blos  al  derredor  destas  salinas,  de  las  quales  se  me  olvidan 
los  nombres.  Llegamos  después  [93r]  de  tan  grande  desierto 

a  unos  gentiles  llamados  Morianos,  y  sin  tener  qué  comer  con  220 
mucha  hambre  y  trabajo,  y  hallamos  mucho  mantenimiento 
de  havas  y  otros  legumbres,  patos  e  gallinas.  Luego  ade- 
lante  fuimos  a  los  Bracanos  y  a  los  Paicunos,  y  éstos  sola- 
mente  hallamos  comer  carne  humana,  porque  les  hallamos 
las  ollas  al  fuego  con  médio  y  pies  y  manos  de  hombres  225 
Y  de  ay  fuimos  a  los  Morganos  que  nos  esperaron  de  guerra 
y  nos  mataran  un  hombre  y  hirieron  XX  [20].  Y  luego  fui- 
mos a  otro  pueblo  destos,  los  quales  también  nos  speraron, 
mas  todos  captivamos  sino  los  que  huyeron. 

10.  De  ay  fuimos  a  los  Brotoquis,  Cevichicocis,  Oroci-  230 
chocis,  Tarapachocis,  todos  en  una  tierra  muy  buena,  que 

no  comen  carne  humana.  Las  mugeres  hilan  y  texen  muy 
bien,  ni  se  occupan  en  otra  cosa,  porque  los  hombres  tie- 
nen  cuydado  de  las  roças,  que  son  sus  labranças.  Ay  des- 
tos muchos  pueblos  en  X  ó  XII  legoas  el  derredor.  Aqui  235 
tuvimos  nuevas  de  los  Carcaraes  23.  Así  fuimos  adelante 
con  hombres  que  sabían  la  tierra  por  un  desierto  de 
55  legoas  y  llegamos  a  los  Tamachocis,  que  tenían  muchos 
perros  d'Espana,  y  allí  supimos  estar  cerca  dei  Perú,  y  que 
aquellos  gentiles  por  no  estar  subiectos  a  los  christianos  240 
huyeron  para  aquella  tierra.  Y  así  embiando  allá  4  hom- 
bres, que  llegaron  de  ay  a  40  legoas,  adonde  estava  un 


23  Carcaraes,  ou  como  escreve  Irala :  «se  nos  declaró  mny  parti- 
cularmente ser  las  Charcas  y  estar  ganado  y  ocupado  por  los  conquis- 
tadores dei  Perú».  Leite,  Páginas  131. 


478  IR.  ANTÓNIO  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 

Cavallero  llamado  Don  Pedro  24,  nos  bolvimos  muy  tristes 
por  no  hallar  oro  ni  plata  a  nuestra  ciudad  queriendo  aún 

245  el  Governador  seguir  el  camino  dei  norte. 

Esto  os  e  dicho,  Charíssiraos  Hermanos,  para  que  veáis 
quánta  gente  se  pierde  por  falta  de  obreros,  que  sin  duda 
si  los  oviesse  toda  esta  gente  se  converteria  facilmente  a 
nuestra  santa  fe,  y  para  que  os  spantéis  de  lo  que  los  hom- 

250  bres  dei  mundo  suffren  por  una  sperança  vana  de  las  cosas 
dél,  para  que  así  os  animéis  en  trabajar  y  perficionar  vues- 
tras  animas  y  venir  ayudar  esta  gente  tan  desemparada. 

11.  Tornados  a  nuestra  ciudad,  bailamos  admirable 
fructo  hecho  en  los  gentiles,  porque  un  Padre  llamado 

255  Nuno  25  Gabriel,  dexando  una  capellanía  que  tenía  en  la 
iglesia,  se  dió  a  doctrinar  dei  todo  estos  gentiles,  y  tomava 
los  principales  dellos  y  los  hijos  de  los  principales;  y  los 
tenía  en  una  casa  grande  e  allí  los  enseõava  a  leer  e  escre- 
vir,  y  sabían  el  Pater  Noster  y  Ave  Maria,  Credo  y  Salve 

260  Regina,  mandamientos  y  finalmente  toda  la  doctrina.  Hízo- 
les  cantares  contra  todos  sus  vicios,  scilicet,  para  no  comer 
carne  humana,  para  no  se  pintar,  para  no  matar,  etc.  Fué 
cosa  para  alabar  a  Dios  el  fruto  que  con  estos  gentiles  hizo 
este  Padre  y  la  mudança  que  hizieron,  porque  siendo  de 

265  antes  grandes  comedores  de  hombres,  agora  ya  bj  [6]  legoas 
al  derredor  no  los  comen.  Es  tanto  el  fervor  que  tienen, 
que  aún  no  es  mariana  quando  son  los  caminos  llenos  de 
los  que  vienen  a  missa:  mejor  saben  las  fiestas  que  muchos 
christianos.   Viene  a  missa  un  principal  con  todo  su  pue- 

27c  bio  y  después  otro  con  el  suyo,  y  conseguinteraente  los 
otros,  y  muy  de  mariana  por  tomar  lugar  en  la  yglesia. 


24  Don  Pedro  de  Anzures,  fundador  da  cidade  de  Chuquisaca, 
hoje  Sucre,  Bolívia.  Leite,  Páginas  132. 

25  «Nuno».  No  original  português  perdido  estaria  escrito  João 
abreviado,  que  o  tradutor  espanhol  desdobrou  em  Nuno.  Não  vimos 
o  nome  de  Nuno  Gabriel  nas  relações  do  Rio  da  Prata,  mas  sim  Juan 
Gabriel  de  Lascano  ou  «Juan  Gabriel  de  Lescano,  clérigo»  (Leite, 
Páginas  132 ;  História  1  336),  cuja  biografia  corresponde  ao  que  dele 
diz  António  Rodrigues.  Udaondo,  Diccionario  498. 


65.  -  S.  VICENTE  51   DE  MAIO  DE  1555 


479 


Hazía  este  Padre  con  ellos  processiones  y  llevava  consigo 
los  que  doctrinava  cantando  loores  de  nuestro  Senor,  y  spe- 
cialmente  en  las  processiones  de  Corpus  Christi  cantando 
muchos  loores  dei  Santíssimo  Sacramento.  Predicávales  275 
cada  dia,  y  venían  de  5  legoas  las  mujeres  con  sus  hijos  a 
cuestas  por  frios  grandíssimos,  hambres  y  muchos  trabajos 
a  baptizarse,  y  aun  aora  les  parece  que  hazer  mal  a  un 
christiano  es  el  mayor  mal  que  se  puede  hazer. 

12.  Viendo  el  enemigo  de  la  humana  generación  este  280 
fruto  busco  modo  para  lo  impedir,  y  ia  lo  alló  porque  los 
christianos  de  acá  26  que  allí  están  desbaratan  todo,  escan- 
dalizando mucho  aquellos  nuevos  christianos,  porque  no 
dexan  a  los  pobres  índios  muger,  ni  hija,  ni  roça,  ni  red,  ni 
cuna,  ni  sclavo,  ni  cosa  buena  que  les  no  tomen  y  roben;  285 
lleva[n]los  como  esclavos  hasta  el  Perú,  y  aqui 27  an  ya 
traido  muchos  captivos,  así  que  con  desemparo  se  pierden 
por  no  aver  quien  les  socorra. 

13.  Yo  hablé  con  el  P.e  Manuel  de  Nóbrega  que  fuesse 

o  embiase  allá  uno  de  nuestra  Companía,  porque  allí  cerca  290 
ay  otros  gentiles  que  no  comen  carne  humana,  gente  muy 
piadosa  y  aparejada  para  recebir  nuestra  sancta  fee,  por  tener 
en  grande  estima  y  crédito  a  los  christianos.   Aora  tengo 
desseos  de  ser  de  20  anos  y  tener  luenga  vida  para  ir  con 
algunos  Padres  de  nuestra  Companía,  por  yo  tener  más  295 
experientia  de  la  tierra  y  gastar  mis  fuerças  y  vida  en  ense- 
nar  esta  gente.    Venid  pues,  Charíssimos  Hermanos,  pues 
ay  tánto  que  hazer  y  tánta  gente  se  pierde  por  falta  de 
obreros.  Acrecentóse  al  desemparo  de  aquellos  Carijós,  que 
fué  aora  un  capitán  con  gente  de  la  ciudad  de  N.  Senora  de  3°° 
la  Assumpción  a  buscar  las  Almazonas,  adonde  dizen  aver 
oro,  y  aquel  Padre  que  avia  doctrinado  aquella  gente  ya 


26  Recorde-se  a  nota  1  (§  1) :  «Cristãos  de  cá»,  do  Brasil,  de  que 
o  Paraguai  se  considerava  parte.  Trata-se  de  cristãos  espanhóis,  em 
contraposição  com  os  «novos»  cristãos  da  linha  seguinte,  que  eram  já 
índios  convertidos. 

27  «Aqui»,  a  São  Vicente :  São  Vicente  e  Peru,  os  dois  extremos 
entre  os  quais  se  situava  o  Paraguai. 


480 


IR.  ANTÓNIO  RODRIGUES  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


enhastiado  de  ver  tantos  males  de  los  christianos  se  a  ydo 
con  ellos  y  no  ay  agora  quien  tenga  cuidado  de  aquella 
305  gente,  sino  de  la  destroir  y  assolar. 

14.  En  este  [93V]  estado  dexé  aquella  tierra,  rogando  a 
N.  Senor  me  diesse  camino  para  mi  salvación;  y  así  me  vine 
aqui28,  que  son  cerca  de  360  legoas,  por  unos  gentiles  11a- 
mados  Topinachinas,  y  me  embarqué  para  Portugal  para 

31°  dar  allá  larga  cuenta  destas  necessidades,  y  si  me  quisies- 
sen  recebir  en  la  Compania  para  hazer  penitentia  de  mis 
pecados.  Mas  tornamos  arribar  y,  moviéndome  más  N.  Senor, 
pedi  al  P.e  Manuel  de  Nóbrega  me  recebiesse,  y  él  me  rece- 
bió  en  esta  sancta  Compania,  y  así  me  truxo  N.  S.  después 

3X5  de  tantos  trabajos  a  puerto  tan  seguro,  y  me  hizo  tan  gran 
merced,  qual  yo  nunqua  saberia  agardecer. 

15.  Ya  os  tengo  contado,  Charíssimos  Hermanos,  la  mies 
que  vy  por  esta  tierra  así  en  todos  estos  gentiles  y  Carijós 
como  en  el  Perú,  adonde  ay  gran  necessidad  de  Padres  de 

320  la  Compania29,  porque  a  la  íin  los  que  allá  van  llevan  más 
su  intento  en  el  oro  que  en  las  ánimas  y  más  impiden  con 
su  codicia  su  salvación.  Ya  el  camino  es  hecho  daqui  al 
Perú  y  la  gente  muy  aparejada  para  recebir  nuestra  sancta 
fee,  no  queda  sino  que  vengan  de  la  Compania  unos  por  las 


310    si  corr.  ex  asi 


28  António  Rodrigues  deve  ser  um  dos  que  vieram  do  Peru  e 
Paraguai  a  São  Vicente  e  a  que  se  refere  Leonardo  Nunes  a  29  de 
Junho  de  1552  [carta  46  §  1].  Na  verdade,  não  só  as  informações  que 
então  deu,  como  também  o  tempo  que  requeria  o  seu  embarque  para 
Portugal,  a  consequente  arribada,  preparação  e  entrada  na  Companhia, 
são  circunstâncias  que  situam  a  sua  chegada  a  São  Vicente  pouco  antes 
daquela  carta  de  Leonardo  Nunes.  W.  Kloster  e  F.  Sommer  {Ulrico 
Schtnidl  no  Brasil  Quinhentista,  com  uma  introdução  de  Francisco 
de  Assis  Carvalho  Franco,  Publicações  da  Sociedade  Hans  Staden 
[São  Paulo  1942]  30)  referem-se  a  António  Rodrigues  como  informador 
de  Nóbrega,  mas  ainda  desconheciam  o  texto  da  presente  carta  de 
António  Rodrigues  impressa  em  Páginas  (1937). 

29  Fora  do  Brasil,  não  havia  então  Padres  da  Companhia  em 
parte  nenhuma  da  América. 


66.  -  BAÍA  1  DE  JUNHO  DE  1553 


4S1 


partes  dei  Peru,  otros  por  acá  a  coger  tanta  mies,  hasta  325 
que  por  tiempo  N.  S.  quiera  que  se  ayunte,  porque  ay  algu- 
nos  anos  que  íueron  dos  frailes  franciscanos  30  y  entraron, 
cerca  de  50  legoas  de  aqui,  desta  Capitania31,  por  la  tierra 
dentro  camino  de  los  Carijós,  y  a  un  pueblo  dellos  nom- 
braron  la  Província  de  Jesú,  adonde  hizieron  admirable  33° 
fruto. 

16.  Esto  os  digo  para  que  veáes  la  desposición  desta 
gente,  principalmente  la  de  los  Carijós,  los  quales  están 
desseando  quien  les  favoresca,  y  muchos  de  los  espanoles 
que  allí  están  lo  dessean;  y  así  escrivió  ya  de  allí  un  Padre  335 
a  nuestro  Padre  Leonardo  Núnez,  pediéndole  con  mucha 
instantia  que  vaya  allá. 

En  oraciones  de  los  Padres  y  Hermanos  mucho  en  el 
Senor  me  encomiendo. 

66 

[DO  CÓNEGO  ANTÓNIO  JUZARTE] 
A  UM  PADRE  DA  COMPANHIA  EM  PORTUGAL 

[BAÍA]   1   DE  JUNHO  DE  1555 
I.   Autores  :    Leite  II  518. 

II.  Texto:  ARSI,  Bras.j-i,  f.  ic>3r  [antes  1781-].  Título:  «Capítulo 
de  una  de  un  Padre  de  fuera  para  un  Padre  de  la  Companía  dei  i.°  de 
Junho  de  1553».    Tradução  espanhola  do  original  português  perdido. 

III.  Autor:  No  mesmo  fólio,  entre  a  cópia  da  carta  do  Bispo  de  6 
de  Outubro  de  1553  e  esta,  lê-se  uma  observação  do  copista,  para  o 
P.  Inácio  de  Loyola  :  «Para  Vuestra  P.  estar  más  al  cabo  de  lo  que 
allá  passa  me  mandó  el  P.e  Mirón  que  trasladasse  algunas  cosas,  que 
de  allá  escriven  los  Hermanos  y  hun  clérigo  de  fuera  virtuoso,  acerca 
dei  obispo  que  ya  puede  ser  que  hable  algo  con  passión»  (f.  io3r). 


30  Fr.  Bernardo  de  Armenta  e  Fr.  Alfonso  de  Lebrón.  Cf.  supra, 
cartas  7  §  6;  9  §  2;  Leite,  Páginas  135;  Van  der  Vat,  Princípios  73. 

31  A  cerca  de  50  léguas  da  vila  de  São  Vicente,  ao  sul,  na  região 
de  Santa  Catarina. 


31 


482       CÓN.  ANTÓNIO  JUZARTE  -  PADRE  DA  COMP.  EM  PORTUGAL 


O  clérigo,  autor  da  carta,  diz  que  se  recolheu  com  os  Padres  da  Com- 
panhia (§  2),  e  Vicente  Rodrigues  (carta  de  23  de  Maio)  identifica-o, 
chamando-lhe  António  Juzarte,  Cónego  da  Sé. 

IV.   Impressão:    Retroversão  portuguesa.    Leite,  Breve  Itinerá- 
rio 80-81. 

V.  Edição:  Edita-se  a  tradução  espanhola,  texto  único.  Supre-se 
entre  cancelos  algum  final  de  linha  ilegível  no  papel  já  gasto. 

Textus 

1.  Episcopus  acerbo  animo  agit  cum  suis  clericis.  —  2.  Cum  auctore 
epistolae.  —  3.   Cum  patribus  S.  1. 

1.  Questa  tierra  más  pierdó  por  todas  las  vias  de  lo 
que  ganó,  porque  el  Obispo  1  ásenos  tornado  [otro]  de  lo 
que  parecia  por  allá  en  quanto  tenía  necessidad  de  nos 
acquerir  2.    Agora  des  [que]  nos  tuvo  en  tierra,  que  no 

5  nos  podemos  yr,  trátanos  muy  mal,  tanto  que  a  los  sacer- 
dotes] en  las  calles  llama  de  roines  y  vellacos.  Y  areme- 
tió  a  ellos  com  un  paio  para  les  dar,  y  de  effecto  les  diera 
si  no  huieran  de  delante  dél,  y  certefico  a  V.  R.  que  ni  por 
culpa  venial,  de  bonos  y  hijos  de  tales,  y  esto  a  los  que 
10  consiguo  truxo ;  e  mándalos  cada  dia  al  cárcel  de  los  deso- 
rejados,  de  manera  que  los  canónicos  y  degnidades  son  acá 
tratactadas  desta  manera. 

2.  Y  quando  vi  la  cosa,  recogíme  com  los  Padres  de  la 
Companía  3  y  así  no  peleó  commigo  porque  nunqua  lo  veya 

15  sino  a  las  vezes  en  el  choro  quando  allá  va,  aunque  una 
vez  me  llamó  de  apóstol 4,  que  me  daria  com  un  paio  en  la 


I  de  Io  add.  sup.  ||  3  por]  porque  ms.  ||  10  carcel  corr.  ex  carcer  ||  II  degnidades 
dei.  y  deg 


1  D.  Pedro  Fernandes. 

2  António  Juzarte  era  clérigo  de  ordens  menores  quando  foi  con- 
vidado em  Portugal  para  cónego  da  Sé  da  Baía  (carta  51  §  6). 

3  Carta  64. 

4  Nome  que  em  Portugal  se  dava  aos  Padres  da  Companhia. 
E  esta  alusão  parece  confirmar  que  o  próprio  Juzarte  tivesse  sido 
noviço  da  Companhia  (carta  51  §  6). 


67.  -  BAÍA  1  DE  JUNHO  DE  1553 


485 


cabeça.  A  lo  que  le  respondi  que  de  los  apostoles  le  veniera 
el  bien  y  homrra  que  él  tenía,  que  no  avia  de  vituperar  com 
tal  nombre  a  ninguna  persona  mas  tello  em  mucha  venera- 
ción. 

3.  Ya  com  nosotros  no  es  mucho  esto,  mas  com  los 
Padres  de  la  Companía,  que  en  quanto  puede  les  es  con- 
trario y  se  pudiera  les  dera  ya  con  todo  en  tierra,  quando 
ve  que  no  puede  dotra  manera  hazerles  dano,  alguna  vez, 
se  predica,  les  pone  las  manos  en  lo  que  él  puede  llamán- 
doles  de  tales,  que  no  teníam  experientia.  Es  de  manera 
que  de  miei  haze  hiel 5. 

67 

DE  TOMÉ  DE  SOUSA  GOVERNADOR  DO  BRASIL 
A  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 

SALVADOR  [BAÍA]  1  DE  JUNHO  DE  1553 

I.  Autores:  Porto  Seguro,  História  Geral  do  Brasil  i  (4.*  ed.)  324; 
Pedro  de  Azevedo,  A  Instituição  do  Governo  Geral,  in  História  da  Colo- 
nização Portuguesa  do  Brasil  m  338;  Leite  i  337;  11  244. 

II.  Texto  :  Lisboa,  Torre  do  Tombo,  Gaveta  18,  maço  8  n.  8.  Ende- 
reço :  «A  Eli  Rey  noso  Senhor».  Autógrafo. 

III.  Impressão  :  História  da  Colonização  Portuguesa  do  Brasil  III 
(Porto  1924)  364-366. 

IV.  Edição:  Reimprime-se  da  História  da  Col.  Port.  do  Brasil,  o 
que  toca  à  história  da  Companhia. 


23    pudiera  corr.  ex  pudira  |)  27    hiel  corr.  ex  fiel 


5  António  Juzarte  não  era  ainda  ordenado  de  sacerdote.  Não 
vimos  grande  clareza  nos  passos  da  sua  vida,  depois  destes  sucessos. 
Segundo  Van  der  Vat  ter-se-ia  ordenado  algum  tempo  depois  Em 
todo  o  caso,  as  suas  relações  com  o  Prelado  não  parece  terem  melho- 
rado, porque  a  20  de  Março  de  1555  foi-lhe  dado  substituto  na  conezia 
da  Sé  (Princípios  363). 


484 


TOMÉ  DE  SOUSA  -  D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


Textus 

7.  De  Prae/ectura  et  Oppido  S.  Vincentii  et  de  Collcgio  S.  I.  —  2.  Dg 
Castellanis  urbis  Assuntptionis  quae  videtur  sita  inter  fines  terrarutn 
Régis  Portugaliae  et  de  illius  urbis  itinere  a  se  clattso.  —  3.  Quare 
neque  a  Patribus  S.  I.  permisit  aedificari  dotnos  in  interiore  terrarutn 
inconsulto  Rege.  —  4.  Regiones  ad  meridiem  positae  usque  ad  Flumen 
Ãrgenteum.  —  5.   Expeditio  ad  detegendas  aurifodinas  cum  Patre  S.  I. 

Senhor : 

[...] 

1.  Item.  São  Vicemte,  Capitania  de  Martini  Afonso,  hé 
numa  terra  muyto  honrada  e  de  gramdes  aguoas,  he  cerras 
e  campos.   Está  a  villa  de  São  Vicente  1  situada  em  huma 

5  ilha  de  tres  leguoas  de  comprido  e  huma  de  llarguo,  na 
quoall  ylha  se  fez  outra  villa  que  se  chama  de  Santos  2. 
A  quall  se  fez  porque  a  de  São  Vicente  não  tinha  tam  bom 
porto,  e  a  de  Santos,  que  está  huma  leguoa  da  de  São 
Vicente,  tem  o  melhor  porto  que  se  pode  ver,  he  todas  as 

io  naos  do  mundo  poderão  estar  nelle  com  os  proizes  dentro 
em  terra.  Esta  ylha  me  parece  pequena  pera  duas  villas. 
Parecia-me  bem  ser  hua  soo  e  toda  a  ylha  ser  termo  delia. 
Verdade  hé  que  a  villa  de  São  Vicente  diz  que  foi  a  pri- 
meira que  se  fez  nesta  coosta,  e  diz  verdade;  e  tem  huma 

15  igreja  muito  honrrada  e  honrradas  casas  de  pedra  e  call 
com  hum  collegio  dos  Yrmãos  de  Jhesus[. . .]. 

2.  Item.  Pollo  Rio  da  Prata  arriba  300  lleguas  da  bara 
ao  norte  e  ao  nordeste  está  hua  povoação  grande  de  caste- 
lhanos, da  gente  que  ally  llevou  Dom  Pedro  de  Mendonça, 

20  a  quoall  está  em  25  grãos  he  hum  quoarto,  e  São  Vicente 
está  em  23  e  3  quoartos.  Foi-se  aguora  descobrindo  pou- 


1  A  Vila  de  São  Vicente,  na  Ilha  do  mesmo  nome,  foi  fundada 
por  Martim  Afonso  de  Sousa  a  22  de  Janeiro  de  1532.  Leite  i  251. 

2  Vila  de  Santos,  fundada  por  autoridade  do  mesmo  Donatário, 
ao  que  parece  em  1543  e  da  qual  a  8  de  Junho  de  1545  Brás  Cubas  foi 
feito  Capitão-mor.  Leite  i  262 ;  J.  P.  Leite  Cordeiro,  Bras  Cubas  e  a 
Capitania  de  São  Vicente  (São  Paulo  1951)  iio-iii. 


67.  -  SALVADOR  1   DE  JUNHO  DE  1555 


485 


quo  e  pouquo  que  esta  povoação,  que  se  chama  a  cidade 
d'Açunção  3,  está  muyto  perto  de  São  Vicente  e  não  devem 
de  pasar  de  cem  lleguoas,  porque  polia  altura  se  vê  lloguo 
claramente.  Parece-nos  a  todos  que  esta  povoação  está  na  25 
demarcação  de  Vossa  Alteza;  e,  se  Castella  ysto  neguar, 
niall  pode  provar  que  hé  Malluco  seu  4.  E  se  estas  palla- 
vras  parecem  a  V.  A.  de  raao  esp[h]eriquo  e  pior  cosmógrafo, 
terá  V.  A.  muita  rezão,  que  eu  não  sey  nada  disto,  senão 
deseyar  que  todo  o  mundo  fose  de  V.  A.  e  de  vossos  her-  30 
deiros.  Achey  que  os  de  Sam  Vicente  se  comunicavão 
muyto  com  os  castelhanos,  e  tanto  que  na  alfandegua  de 
V.  A.  rendeo  este  ano  pasado  cem  cruzados  de  direitos  de 
cousas  que  os  castelhanos  trazem  a  vemder.  E  por  ser  com 
esta  gente,  que  parece  que  por  Castellanos  não  se  pode  V.  A.  35 
desapeguar  delles  em  nenhuma  parte,  hordeney  com  gran- 
des penas  que  este  caminho  se  evitasse  até  ho  fazer  saber 
a  V.  A.,  e  pôr  nisto  grandes  guardas ;  e  foy  a  causa  por 
honde  follgey  de  fazer  as  povoações  que  tenho  dito  no 
campo  de  São  Vicente,  de  maneira  que  me  parece  que  o  40 
caminho  estará  vedado.  Acuda  V.  A.  com  muyta  brevi- 
dade a  mandar  ho  que  nisto  há  por  seu  serviço,  e  em  todo 
ho  modo  responda  V.  A.  a  este  capittolo  que  em  cousas 
tão  novas  não  me  sey  detreminar,  porque  a  tenção  dos  cas- 
telhanos era  yrem-se  por  terra  pera  a  sua  povoação  5.  45 


3  Cf.  supra,  carta  do  Ir.  António  Rodrigues  de  31  de  Maio  de  1553 §  6. 

4  Sobre  a  questão  de  Maluco  ou  das  Molucas,  cf.  F.  DE  Almeida, 
História  de  Portugal  11  301-305.  A  repercussão  desta  questão  no  Brasil 
consistia  em  que  no  Oriente  os  Espanhóis  fizeram  recuar  a  Linha  de 
Demarcação  (Tordesilhas)  para  o  Ocidente;  no  Brasil  a  mesma  Linha 
devia  recuar  também  para  o  Ocidente  para  deixar  intactos  os  mes- 
mos 180o  de  cada  parte.  Tal  é  o  pressuposto  histórico  da  questão  que 
se  prolongou  por  dois  séculos  até  o  Tratado  de  Limites  de  1750. 
Leite  vi  554. 

5  Cf.  supra,  p.  431.  Estas  razões  de  carácter  político  (assim  como 
a  do  §  4)  pesaram  na  proibição  aos  Padres  de  irem  estabelecer-se  no 
sertão,  como  se  vê  com  mais  clareza  das  cartas  de  Nóbrega  deste 
período,  em  particular  a  carta  de  10  de  Março  de  1553  (§  3),  e,  explici- 
tamente, a  carta  de  15  de  Junho  de  1553  §§  3  e  6. 


486 


TOMÉ  DE  SOUSA -D.  JOÃO  III  REI  DE  PORTUGAL 


3.  Item.  Os  Yrmãos  da  Companhia  de  Jhesu  fazem 
nesta  terra  muyto  serviço  a  Deus  por  muitas  vias,  como 
por  vezes  tenho  escryto  a  V.  A.  Tem  elles  grande  fervor 
de  yrem  polia  terra  adentro  a  fazer  casas  no  sertão  entre 

5°  o  gentio,  e  lho  defendy  de  maneira  e  com  as  pallavras  com 
que  se  devem  defender  as  tais  obras,  dizendo-lhes  que  asy 
como  se  for  V.  A.  allarguando  se  vão  elles  também;  e  que 
se  quisessem  entrar  polia  terra  adentro  que  o  façâo  dous  e 
tres  com  seus  llinguas  a  preguarem  ao  gentio,  mas  yrem  a 

55  fazer  casa  antre  elles  me  não  parece  bem  por  agora  senão 
em  nossa  companhia. 

Sinto  ysto  muyto  e  de  maneyra  que  o  tomem  como 
martírio  que  lhes  eu  dese.  V.  A.  acuda  lloguo  a  ysto,  11o- 
guo,  porque  não  queria  eu  ter,  com  homens  tão  vertuosos 

6o  e  tanto  meus  amiguos,  deferenças  de  pareceres,  porque  sem- 
pre tenho  ho  meu  por  pior,  e  senão  pera  toda  esta  costa 
contra  esta  hopenião  não  ousava  eu  de  lho  enpedir. 

4.  Item.  De  São  Vicente  até  o  Rio  da  Prata  estavão 
allguas  armas  de  Castella  em  allguas  partes.  Mandei-as 

65  tirar  e  deitar  no  mar  e  pôr  as  de  V.  A. 

5.  Item.  Correndo  esta  costa  achey  antre  o  gentio  nova 
mais  quente  d'ouro  do  que  me  a  mi  parece,  nem  parecerá 
até  que  o  veya,  pello  muito  que  o  deseyo.  Todavia  horde- 
ney  doze  homens  e  hum  clleriguo,  Yrmão  da  Companhia 

7°  de  Jhesus  6,  com  elles,  e  estão  pera  entrar  pella  terra  firme 
polia  via  de  Porto  Seguro  e  per  Pernambuquo.  São  já  entra- 
dos outros.  Quererá  Nosso  Senhor  que,  pois  V.  A.  parte 
também  com  elle  do  que  tem,  que  trarão  estes  homens 
nova  de  allgum  grande  tesouro. 

75      Da  Cidade  do  Salvador,  ao  primeiro  de  Junho  de  1553. 

Thomé  de  Sousa. 
{Endereço  autógrafo :)  A  Ell-Rey  noso  senhor. 


6   João  de  Azpilcueta  Navarro. 


68. -ROMA  14  DE  JUNHO  DE  1555 


487 


CARTA  PERDIDA 

67a.  Do  Dr.  Martin  de  Aspilcueta  ao  P.  João  de  Ãspilcueta,  Baia 
(Coimbra,  primeira  metade  de  1553).  «No  le  scrivo  al  Doctor  mi  tio, 
Martin  de  Azpilcueta,  cuya  una  recebi»,  —  escreve  o  P.  João  de  Azpil- 
cueta,  a  19  de  Setembro  de  1553  §  10  (Bras.j-i,  f.  ioir). 

68 

DO  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 
A  TODOS  OS  SUPERIORES  DA  COMPANHIA 

ROMA  14  DE  JUNHO  DE  1555 

I.    Bibliografia  :    SOMMERVOGEL  V  119,  let.  q. 

II.  Texto:  Biblioteca  Nacional  de  Lisboa,  Colecção  Pomb.  J4S,i-  25 
n.  6.  Outra  letra:  «Patente  de  El  Rey».  Na  minuta  autógrafa  do 
P.  Polanco:  «Patente  para  el  rei  de  Portugal»  [Epp.  NN.fj,  f.  159V]. 
Original  espanhol. 

III.  Impressão:  MI  Epp.  v  (1907)  125-127,  onde  se  dá  o  aparato 
crítico  e  outras  edições,  entre  as  quais  uma  tradução  alemã,  referida 
por  Sommervogel,  em  «Die  Missions-Geschichte»  do  P.  Eglauer  ; 
Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  502-504. 

IV.  Edição:    Reimprime-se  o  original  por  MI. 

Textus 

1.  Inter  omnes  Príncipes  christianos  máxima  obligatio  Societatis 
Jesu  est  erga  Regem  Portugaliae  cuias  favore  Societas  incipit  fundari 
atque  spargi.  —  2.  Quare  preces  praecipit  in  tota  Societate  pro  Portu- 
galiae Rege,  Regina  et  Principibus. 

Jesús 

Ignatio  de  Loyola,  Prepósito  General  de  la  Companía 
de  Jesú : 

1.    A  todos  los  prepósitos  provinciales,  y  rectores  de 
los  collegios,  y  prepósitos  de  casas  de  la  Companía  de  5 


488  p.  INÁCIO  DE  LOYOLA  -  SUPERIORES  DA  COMPANHIA 


Jesús,  en  qualesquiera  regiones  y  partes  de  la  tierra  que 
se  hallan  1,  salud  en  el  Seíior  nuestro  sempiterna. 

Aunque  a  Dios  nuestro  Criador  y  Senor,  como  a  fuente 
perpetua  y  origen  de  todo  bien,  deba  referirse  la  gloria 

io  y  alabança  de  todo  lo  tal  en  nuestra  mínima  Companía, 
todavia  para  con  los  cooperadores  y  principales  ministros 
de  su  divina  Providencia  debemos  usar,  según  nuestras 
ílacas  fuerzas,  el  reconocimiento  que  la  gratitud  santa 
requiere,  a  gloria  de  su  divina  Majestad.  Y  así,  mirando 

15  quánta  obligatión  tiene  toda  nuestra  Companía,  entre  todos 
los  príncipes  christianos,  al  serenísimo  Rey  de  Portugal 2, 
con  cuyo  favor  y  muy  liberal  ayuda  se  començó  a  fundar  3 
y  se  derramo  en  tantas  partes  4  nuestra  Companía,  con 
mucho  fruto  dei  divino  serviçio  y  spiritual  ayuda  de  las 

20  animas,  me  ha  parezido  en  el  Sefior  nuestro  moveros  con 
la  obediência  a  lo  que  sin  ella  sé  que  muchos  de  vosotros 
seréys  de  vuestra  misma  charidad  movidos. 

2.    Y  es  que,  así  los  que  tenéys  cargo  de  otros,  como 
todos  los  que  viven  debaxo  de  vuestra  obediência,  cada 

25  dia  los  sacerdotes  en  el  Memento  de  sus  missas,  y  los  que 


1  Por  este  endereço  geral,  a  patente  era  também  para  o  P.  Manuel 
da  Nóbrega,  Vice-Provincial  do  Brasil.  Leite  ii  456  ;  Breve  Itinerá- 
rio 101-102.  Efectivamente  em  carta  de  17  de  Julho  de  1553  ao  Provin- 
cial de  Portugal  ordena  o  P.  Geral  que  desta  «patente  para  hazer  oración 
cada  dia  por  el  rey  etc»,  se  há-de  «ynbiar  una  copia  para  la  índia  con  su 
declaración ;  otra  para  el  Brasil,  con  la  mesma,  y  tenerse  otra  ay  en  el 
reyno;  y  siendo  menester  se  pueden  hazer  transumptos  autênticos» 
{Epp.  NN.  jo,  f.  67V;  MI  Epp.  v  197).  A  declaração,  a  que  alude  e  tem 
a  mesma  data  da  patente,  é  sobre  a  intenção  que  hão-de  fazer  os  sacer- 
dotes «en  el  memento»  e  que  se  trata  «de  la  voluntad  de  N.  P.  y  por 
exhortatión,  y  no  por  via  de  precepto,  obligatorio  a  peccadoj  porque 
si  se  olvidasse  alguno  alguna  vez,  no  hiziesse  dello  escrúpulo.  Pero  es 
mucha  razón  que  entre  los  benefactores  tengan  muy  principal  lugar 
los  que  principalmente  lo  son,  a  gloria  de  Dios  N.  S.»  (Epp.  NN.  jo, 
í.  67V  ;  MI  Epp.  V  127). 

2  D.  João  III. 

3  Rodrigues,  História  1/1  108;  Dalmases,  Fontes  Narrativi  237- 
-238  ;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  9*-i2*. 

4  Além  de  Portugal,  na  África,  Ásia  e  América  (Brasil). 


69.  -  S.  VICENTE  15  DE  JUNHO  DE  1553 


489 


no  lo  son  en  sus  oraciones,  hagáys  special  memoria  de 
Su  Alteza,  junto  con  la  serenísima  Reyna5,  y  Príncipe  6  y 
Princesa  7  sus  hijos,  en  el  divino  acatamiento;  pues  la 
gracia  que  a  Sus  Altezas  fuere  comunicada,  por  la  infinita 
y  summa  bondad,  redundará  en  el  bien  universal  de  sus  3° 
Reynos,  en  los  quales  muy  specialmente  debemos  desear 
sea  alabado  y  glorificado  su  santo  nombre.   Y  con  hazer 
esto  nosotros,  haremos  parte  de  lo  mucho  que  debemos,  y 
el  resto  supplirá  quien  supple  todas  nuestras  faltas:  a  quien 
plega  darnos  gracia  abundante  para  sentir  siempre  su  san-  35 
tísima  voluntad  y  enteramente  cumplilla. 
De  Roma,  14  de  Junio  1553. 

69 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CÂMARA,  LISBOA 

S.  VICENTE  15  DE  JUNHO  DE  1553 

I.   Bibliografia  :   Leite  ix  8  n.  17. 

II.    Autores:    LEITE  II  409  410;  IX  421;    Breve  Itinerário  90-96; 
Nemésio  301-303,  319. 

III.  Texto:  ARSI,  Bras.  j-r,  ff.  96r-98r  [antes  334r-336r].  Título: 
«Copia  de  una  dei  P.e  Manuel  de  Nóbrega  dei  Brasil  para  el  P.e  Luís 
Gonçalves,  de  xv  de  Junio  de  1553».  Cota :  «  +  Copia  de  una  dei 
P.e  Nóbrega  para  el  P.e  Luís  Gonçalves  [outra  letra:]  1553».  Tradução 
espanhola  do  original  português  perdido. 

IV.  Impressão:  Leite,  Novas  Cartas  Jesuíticas — de  Nóbrega  a  Vieira 
(São  Paulo  1940)  39  54;  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  469-477. 


5  Rainha  D.  Catarina. 

6  Príncipe  D.  João. 

7  Princesa  D.  Joana,  mulher  do  Príncipe  D.  João,  pais  de  El-Rei 
D.  Sebastião.  Sobre  a  família  de  D.  João  III,  cf.  Almeida,  História  de 
Portugal  II  (1924)  370-371. 


490 


P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CAMARA 


V.   História  da  Impressão:    Novas  cartas  imprime  a  retroversão 

portuguesa  moderna;  Cartas  de  Nóbrega  (1955),  além  dela,  edita  o  texto 
espanhol  (Bras.  j-i). 

VI.   Reimprime-se  Bras.  j-x. 

Textus 

1.  Epistolae  e  Portugália  acceptae.  —  2.  Adventus  Patris  Nóbrega 
in  Praefecturam  S.  Vincentii.  —  3.  Gubernator  non  permittit  ingressum 
ad  interiora  terrarum.  —  4.  Nuntia  de  Indis  qui  habitant  in  silvis  et 
etiam  de  Amasonis.  —  5.  Nóbrega  remanet  in  oppido  S.  Vincentii.  — 
6.  Paraquaria  intra  limites  ditionis  Portugaliae.  —  7.  Praefectura 
S.  Vincentii  etiam  penes  iurisditionem  regiam  esse  debebat  quia  ianua 
est  ad  interiora  terrarum.  —  8.  In  agro  tres  sunt  Indorum  pagi  qui 
in  unum  convenire  cupiunt  ad  doctrinam  christianam  ediscendam. 

—  9.  Ministeria  Patrum  in  oppido  S.  Vincentii.  —  10.  Educatio  et  ins- 
tructio  puerorum  in  Collegio  S.  Vincentii. —  11.  Confraternitas  Pueri 
Iesu  ad  res  temporales.  —  12.  Ioannes  Ramalho,  eius  filii,  et  scandalum 
a  Patre  Nóbrega  suppressum.  —  13.  Exspectatur  adventus  Patrum  e 
Portugália.  —  14.    Nóbrega  successorem  postulai  vel  saltem  Visitatorem. 

—  15.  Paupertas  domus  S.  Vincentii.  —  16.  Nóbrega  litem  concludit 
pacifice  cum  Blasio  Cubas.  —  17.  Non  accepit  responsum  epistolis  suis. 
— 18.  Domus  fundanda  est  saltem  inter  Indos  propinquior es. — 19.  Modus 
agendi  Episcopi  eiusque  cleri.  —  20.  Ferrum  pro  Fr.  ferrario  petit.  — 
21.  Officiales  mechanici.  —  22.  Exspectat  P.  Ludovicum  Gonçalves  da 
Câmara.  —  23.  P.  Lconardus  Nunes  reversus  est  e  «Lagoa  dos  Patosr> 
et  infirmatur.  —  24.  Inter  omnes  praefccturas  Brasiliae,  haec  S.  Vin- 
centii saluberrima  est. 

+ 

Jesús 

Pax  Christi. 

1.    Este  ano  de  53  véspera  de  Pascha  1  llegó  un  navio 
a  este  S.  Vicente  en  que  venían  algunas  cartas  para  el 
5  P.e  Leonardo  Núnez  y  para  los  Hermanos  y  algunas  para 
myra.  Entre  ellas  venía  una  de  V.  R.  con  la  qual  fui  muy 
consolado  y  por  ventura  más  que  con  ninguna  otra  que  en 


1    1  de  Abril  de  1553. 


69.  -  S.  VICENTE  15  DE  JUNHO  DE  1555 


491 


estas  partes  uviesse  de  allá  recebido,  veniendo  en  ella  cosas 
que  parecían  que  devían  mucho  intristicer  y  hazer  llorar 
mucho  un  coraçón  aún  tan  duro  como  el  mio.  Pater,  non  10 
est  discipulus  super  magistrum  2.  Si  entre  los  XII  verda- 
deros  Apostoles  uvo  un  Judas,  entre  200  razón  es  que 
aya  20  3.  Lo  que  yo  temo,  y  me  receio,  es  poder  ser 
dexarme  N.  Sefíor  y  ser  aún  uno  dellos,  porque  no  puedo 
enmendarme  de  mis  peccados  y  vanse  ya  haziendo  mucho  x5 
en  hábito,  y  llevo  ya  princípios  que  otros  llevaron.  Que- 
rerá N.  S.  que  no  sea  tal  el  íin. 

2.  Yo  vine  corriendo  la  costa  con  el  Governador  Thomé 
de  Sosa  visitando  las  capitanias  e  los  Hermanos  delias, 
hasta  llegar  a  ésta  de  S.  Vicente,  que  es  la  última,  adonde  20 
hallé  una  grande  yglesia  hecha,  la  mejor  que  en  la  costa 
ay,  y  muchos  Hermanos  y  ninos  dei  gentio,  pero  la  más 
pobre  y  más  mal  proveyda  que  todas  por  razón  que  la 
tierra  también  fué  hasta  aora  de  todos  muy  olvidada  asi 
dei  sefíor  delia  4  como  de  los  más.  25 

3.  Ayuntámonos  quatro  Padres  5  aqui  y  algunos  Her- 
manos G,  y  después  de  hechas  muchas  oraciones  a  N.  Sefíor 


2  Mat.  jo,  24;  Luc.  6,  40. 

3  Nóbrega  trata  da  tribulação  por  que  passou  a  Província  de  Por- 
tugal com  a  remoção  do  Provincial  P.  Simão  Rodrigues,  homem  insi- 
gne na  história  da  Companhia;  e  escreve,  segundo  a  informação  que 
lhe  dava  o  próprio  P.  Luís  Gonçalves  da  Câmara,  que  enfileirou  com 
os  que  não  concordavam  com  o  governo  de  Mestre  Simão.  A  propor- 
ção, que  dá  o  texto,  e  vem  a  ser  V12  ou  mesmo  10%,  não  está  longe  da 
realidade.  Astrain,  História  I  608,  escreve  que  sairam  130,  o  que  daria 
à  Província  de  Portugal,  conservada  a  proporção,  1200  a  1300  Padres  e 
Irmãos;  mas  o  mesmo  Gonçalves  da  Câmara  enviou  para  Roma  a  lista 
dos  saídos,  que  não  passaram  de  33.  O  equívoco  de  Astrain  consistiu 
em  meter,  no  ano  da  tribulação,  todos  os  saídos  da  Companhia,  incluindo 
os  noviços,  desde  que  ela  tinha  entrado  em  Portugal.  RODRIGUES,  His- 
tória 1/2  138-141 ;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  54*-55*. 

4  Martim  Afonso  de  Sousa. 

5  Manuel  da  Nóbrega,  Leonardo  Nunes,  Manuel  de  Paiva  e  Fran- 
cisco Pires. 

6  Entre  estes  Irmãos,  havia  já  três  notáveis  sertanistas,  Pero  Cor- 
reia, António  Rodrigues  e  Manuel  de  Chaves,  que  de  certo  tomaram 


492 


P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CAMARA 


con  jejunos  y  disciplinas,  nos  determinamos  en  nuestro 
Senor  de  entrar  por  la  tierra  dentro,  porque  esta  Capita- 

3°  nía  es  la  más  conveniente  que  todas  las  otras.  Y  conside- 
rando la  qualidad  de  aquestos  gentiles,  que  es  tener  poca 
constância  en  dexar  las  custumbres  en  que  se  an  criado, 
assentamos  ir  cien  legoas  de  aqui  a  hazer  una  casa,  y  en 
ella  recoger  los  hijos  de  los  gentiles  y  hazer  ayuntar 

35  muchos  Índios  en  una  grande  ciudad,  haziéndolos  bivir 
conforme  a  la  razón,  lo  qual  no  fuera  mucho  diffícil  por 
lo  que  de  la  tierra  ya  avemos  sabido  y  veemos  por  expe- 
rientia,  y  el  Hermano  Correa  obligava  a  esso  la  vida  por 
lo  que  de  los  índios  conosce.  No  se  pudo  esto  esconder  a 

4o  Sathanás,  porque  avéndome  el  Governador  7  dicho  que  le 
parecia  bien  entrarmos,  des  que  supo  que  llevávamos 
capilla  y  cantores  y  que  aviamos  de  hazer  casa,  lo  estorvo 
por  todas  las  vias,  diziendo  que  se  acogerían  allá  los  malhe- 
chores  y  otros  hombres  deudores  huyrían  para  allá,  y  que 

45  quando  los  índios  hiziessen  alguna  cosa  mal  hecha  que  no 
podrían  vingarse  dellos  por  el  peligro  en  que  nos  poníamos. 
Las  quales  todas  y  otras  muchas  parece  tener  alguna  color, 
pero  no  devieran  bastar ;  y  la  principal  causa  de  todas  para 
lo  estorvar  fué  çarrar  él  el  camino  por  razón  de  los  castel- 

5°  lanos  8,  que  están  poco  más  de  cien  legoas  desta  Capitania, 
y  dizen  que  en  la  demarcación  dei  Rey  de  Portugal.  Y  tié- 
nese  por  cierto  aver  mucha  plata  en  la  tierra,  y  tanta  que 
dizen  aver  sierras  delias,  y  mucha  notitia  de  oro,  por  lo 
qual  çarró  y  atapó  el  camino  hasta  S.  A.  en  ello  proveer, 

55  y,  que  pues  lo  atapava  a  los  otros,  no  parecia  bien  ir  nós. 
Ni  bastó  dezir  que  iríamos  a  parte  de  todo  desviada,  adonde 
no  uviesse  oro  ni  plata  ni  camino  para  allá;  lo  que  mucha 
tristeza  a  causado  a  todos  los  Hermanos,  por  razón  de  los 


parte  nesta,  que  se  pode  chamar,  primeira  consulta  da  Vice-Província 
do  Brasil. 

7  Tomé  de  Sousa. 

8  Esta  foi  a  razão  «principal»,  como  diz  Nóbrega;  e  a  comunica 
Tomé  de  Sousa  a  El-Rei  na  carta  de  i  de  Junho  de  1553,  supra, 
pp.  484-485. 


69.  -  S.  VICENTE  15  DE  JUNHO  DE  1555 


495 


muchos  fervores  que  tenían  de  emplear  sus  trabajos  y  vida 
en  servicio  de  N.  Sefíor.  6o 

4.  Después  de  partida  daqui  la  Armada  9,  day  a  poços 
dias  llegaron  unos  hombres  10  que  eran  idos  a  la  tierra 
firme  dentro  a  descobrir  la  notitia  de  oro,  adonde  andaron 
passantes  de  dos  anos,  y  nos  contaron  grandes  nuevas  de 
la  gentilidad  que  hallaron  y  de  lo  que  dellos  supieron.  65 
Y  entre  otras  cosas  dize[n]  que  la  gentilidad  no  comen 
carne  humana,  y  a  los  contrários,  que  les  hazen  mucho 
mal  y  los  comen,  si  aciertan  tomar  alguno  no  lo  matan  ni 
comen,  y  trátanlo  muy  bien,  y  les  dizen  que  como  comen 
su  semejança!  Tienen  grandes  poblaciones,  y  tienen  un  7° 
principal  a  quien  todos  obedescen.  Este  reparte  las  muge- 
res  a  los  otros,  y  cada  dia  ante  mariana  de  una  parte  alta 
manda  a  cada  casa  lo  que  a  de  hazer  aquel  dia,  y  deven  de 
vivir  en  communidad.  Son  labradores  y  hazen  manteni- 
mientos.  Y  porque  destos  ay  muchas  generaciones,  una  75 
delias  que  está  más  cerca  de  las  Almazonas  tiene  guerra 
con  ellas;  y  son  estas  Almazonas  tan  guerreras,  que  vie- 
nen  a  la  guerra  con  ellos,  y  los  más  valientes  que  pueden 
tomar,  dessos  conceben.  Y  si  paren  hijo,  danlo  a  su  padre, 
o  lo  matan,  y  si  hija,  críanla  y  córtanle  la  teta  direcha  por  80 
razón  dei  arco.  Entre  estas  Almazonas  dizen  que  está  la 
notitia  dei  oro  u.  De  manera  que  lo  que  [ç6v]  tengo  alcan- 

59  prius  emplegar 

9  Não  consta  o  dia  em  que  a  Armada  saiu  de  São  Vicente,  mas  o 
Governador  chegou  à  Baía  a  1  de  Maio  de  1553,  di-lo  o  próprio  Tomé 
de  Sousa  na  carta  a  El-Rei  de  1  de  Junho  do  mesmo  ano  (ib.  m  364). 

10  Pode  ser  referência  a  Antónto  Rodrigues,  não  da  sua  provável 
chegada  em  1552,  mas  da  sua  arribada,  depois  da  tentativa  de  embarque 
para  Portugal  conforme  conta  na  carta  de  31  de  Maio  de  1553  §  15.  Mas  a 
13  de  Junho  de  1553  chegou  à  vila  de  São  Vicente  Ulrico  Schmidel;  e 
já  tinha  chegado  bastante  tempo  antes  a  Santo  André  da  Borda  do 
Campo,  o  que  condiz  perfeitamente  com  as  palavras  de  Nóbrega.  Leite, 
Páginas  121;  W.  Kloster  e  F.  Sommer,  Ulrico  Schmidl  no  Brasil 
Quinhentista  79. 

11  Cf.  carta  de  António  Rodrigues  de  31  de  Maio  de  1553  §  14. 
Leite,  Páginas  134;  e  Schmidel  descreve  as  Amazonas,  Viage, 
cap.  xxxvn  (ed.  De  Angelis  1910)  299. 


494 


P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CAMARA 


çado  es  que,  quitando  esta  generación  o  generationes  de  la 
orilla  dei  mar,  de  todas  las  otras  de  la  tierra  adentro  muy 

85  poças  se  comen  unos  a  otros,  si  no  son  unos  que  andan 
siempre  en  los  matos,  y  no  tienen  casas  y  son  de  todo 
salvages.  Ha  grande  aparejo  para  se  hazer  en  ellos  grande 
fruto.  Yo  no  sé  quáles  son  ya  las  cadenas  que  tienen  a  los 
Hermanos.    Si  por  esta  gentilidad  se  pudiera  andar  sin 

9o  levar  resgate  y  ferramenta,  ya  no  speráramos  tanto,  por- 
que para  passar  despoblados  que  ay  es  menester  llevar 
índios  guias,  que  ensenen  el  camino  y  que  maten  caça  y 
pesquen  y  quiten  la  mel  de  paios,  porque  no  ay  otra  sus- 
tentación,  y  para  llevar  cargas  de  lo  que  se  lleva  y  para 

95  la  más  sustentación,  porque  sin  se  lo  pagar  no  lo  harán. 
5.    Yo  por  hallar  esta  casa  con  mucha  gente  y  me 
parecer  en  ninguna  otra  ser  yo  más  necessário,  me  dexé 
quedar  en  ella  y  embiaré  el  Padre  Leonardo  Núnez  a  la 
Baya  con  Pero  Correa  12  para  repartir  los  Hermanos  dei 

100  Reyno  como  N.  Senor  los  ensenare.  Y  Pero  Correa  visi- 
tará la  costa  y  las  casas,  por  razón  de  la  mucha  autori- 
dad  y  crédito  que  tiene  con  la  gentilidad  de  todas  las 
partes,  y  se  ordenare  de  missa  si  el  Obispo  ya  tuviere 
poder  para  dispensar  con  él,  sobre  homicídios  voluntários 

105  que  tiene  de  algunos  Índios  desta  tierra.  Y  si  el  Obispo  no 
tiene  tal  poder,  de  la  Baya  escrivirán  para  que  lo  ayan  dei 
Papa  13,  para  él  y  para  todos  los  más  destas  partes. 

Yo  me  quedo  haziendo  prestes  hasta  su  venida  para 
luego  entrarmos,  lo  que  temo  mucho  es  que  la  codicia  así 

no  de  los  Castellanos  como  de  los  portugueses  meta  a  saco  la 


83  prius  tirando 


12  Cf.  infra  §  8. 

13  Pero  Correia  não  chegou  a  ir  à  Baía.  E  Nóbrega  escreveu  a 
pedir  a  dispensa.  O  P.  Diego  Mirón  em  carta  ao  P.  Geral,  de  17  de 
Março  de  1554,  fala  nessa  dispensa;  e  a  17  de  Setembro  de  1554  lem- 
bra ao  P.  Polanco:  «Creo  que  el  P.  Nóbrega  está  aguardando  por  la 
dispensación  de  Pedro  Correa,  nuestro  Hermano»  (Epp.  Mixtae  IV 
112  347).  A  esse  tempo  Pero  Correia  já  tinha  empreendido  a  viagem 
dos  Carijós  onde  encontrou  a  morte. 


69.  -  S.  VICENTE  15  DE  JUNHO  DE  1555 


495 


gentilidad,  de  manera  que  dafien  todo  así  con  grandes  escân- 
dalos como  con  maios  exemplos,  porque  esto  mesmo  tiene 
danado  a  la  gentilidad  de  la  costa  y  criado  odio  y  rancor 
en  los  coraçones  contra  los  christianos. 

6.  Y  en  el  Paragai,  ciudad  de  los  Castellanos,  500  hom-  «5 
bres  tienen  sobiectos  a  los  gentiles  Carijós,  que  tienen  más 
de  300  legoas  de  tierra,  y  no  los  subiectan  al  jugo  de  Christo, 
sino  al  de  su  codicia  y  tirania,  maltratándolos  y  haziéndo- 
los  servir  peor  que  esclavos,  tomándoles  sus  mugeres  y 
hijos  y  hijas,  y  quanto  tienen.  Diga  V.  R.  a  Su  Alteza  que  120 
si  aquella  ciudad  quedare  suya  14,  mande  proveer  en  breve 
de  justicia,  y  se  mandare  gente  por  la  tierra  adentro  leven 
a  N.  Senor  consigo  y  un  capitán  zeloso  y  virtuoso. 

Todo  este  Brasil  es  muy  fácil  cosa  subiectarlo  a  Jesú 
Christro  N.  S.,  porque  quando  500  hombres  Castellanos  y  i25 
todos  divisos  entre  sí  tuvieron  poder  para  subiectar  a  tan 
grande  gentilidad,  que  es  la  mayor  de  todo  el  Brasil,  <iqué 


122   geníe]  gentro  ms. 


14  Para  Nóbrega  «aquela  cidade»,  de  Castelhanos,  ficava  dentro 
das  demarcações  de  Portugal,  isto  é,  do  Brasil,  como  explica  na  frase 
seguinte,  fazendo  da  gentilidade  do  Paraguai  «a  maior  de  todo  o  Bra- 
sil». Quinze  dias  depois  desta  carta  de  Nóbrega,  escrevia,  também  de 
São  Vicente,  o  capitão  Juan  de  Salazar  ao  Conselho  Real  de  índias : 
«Responden  [o  Capitão-mor  António  de  Oliveira  e  Brás  Cubas]  que  no 
conecen  otro  Rey  ni  Senor  sino  al  suyo  y  que  el  Rio  de  la  Plata  y  el 
Paraguay  es  dei  Rey  de  Portugal»  (Carta  de  Juan  de  Salazar,  «Villa  de 
San  Vicente  y  puerto  de  Santos  a  xxx  de  Junio  1553  anos».  Documento 
do  Archivo  General  de  índias,  Audiência  de  México  168,  publicado  por 
J  P.  Leite  Cordeiro,  Documentos  quinhentistas  espanhóis  referentes  à 
Capitania  de  S  Vicente,  in  Revista  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico 
de  São  Paulo  46  [1946]  303).  E  já  havia  tempo  de  chegarem  a  Lisboa 
esta  carta  de  Nóbrega  e  a  de  Tomé  de  Sousa,  quando  D.  João  III  escre- 
veu a  João  Rodrigues  Correia,  em  Dezembro  de  1553:  «Creio  que  tereys 
sabido  como  os  castelhanos  do  Peru  tem  ffeito  no  Brasil  huma  povoa- 
ção a  que  chamam  d'Asunçam»:  e  o  incumbia  de  se  informar  secre- 
tamente das  intenções  do  Imperador  Carlos  v  sobre  entradas  e  con- 
quistas. Cf.  Jaime  Cortesão,  A  fundação  de  São  Paulo,  —  capital 
geográfica  do  Brasil  273. 


496 


P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CÂMARA 


hará  donde  entrare  buena  orden  y  buen  zelo  de  la  gloria  y 
honra  de  Dios? 

130  7.  También  devia  S.  A.  de  achar  mano  desta  Capitania 
de  San  Vicente,  pues  es  la  entrada  de  dentro  la  tierra,  y 
proveerla  de  justicia  de  que  está  muy  falta,  y  el  Governa- 
dor 15  de  la  Baya  en  XX  16  dias  que  aqui  estuvo  no  pudo 
hazer  quasi  nada.    La  gentilidad  de  aquesta  Capitania 

135  alguna  ventage  tiene  a  la  de  las  otras,  aunque  tiene  las 
mesmas  custumbres.  Dan  los  hijos  de  buena  voluntad,  y  si 
tuviéssemos  con  que  los  mantener  y  crear  én  Christo  todos 
los  darían,  pero  no  se  toman  sino  los  que  se  pueden  sus- 
tentar de  comer,  porque  dei  vestido  muy  poços  lo  andan  y 

140  todos  andan  nudos. 

8.  En  el  Campo  17  de  aqui  doze  legoas  se  quieren  ayun- 
tar  tres  problaciones  en  una  para  mejor  aprender  la  doctrina 
Christiana,  y  muestran  grande  fervor  y  desseo  de  aprender 
y  de  les  predicar.    Con  ellos  gastaremos  el  tiempo  hasta 

145  venir  el  Hermano  Correa  18  de  la  Baya  para  entrarmos. 

9.  En  esta  casa  é  19  hecho  mucho  fruto  con  la  gente  de 
la  tierra,  scilicet  hijos  y  hijas  de  christianos,  mamalucos, 
que  ay  muchos  y  con  la  esclavaría.  Vay  grande  fervor  en 
las  confessiones  [97^  y  muchos  vienen  llorando  pediendo 

!5°  confessión  y  con  grande  dolor  de  no  se  saber  confessar. 
Todos  saben  la  doctrina  mejor  que  muchos  viejos  chris- 
tianos de  nación  20,  y  cásanse  muchos  esclavos  que  estavan 


133    estuvo]  está  ms.  ||  150  prins  sabere 


15  Tomé  de  Sousa. 

16  XX  dias  parece  pouco :  talvez  no  original  estivesse  XL  ou  LX. 
Cf.  infra,  nota  do  §  13. 

17  Campo  de  Piratininga. 

18  Nóbrega  tratava  pois  de  reunir  as  Aldeias  numa  o  que  fez  em 
Piratininga,  fundando  essa  Aldeia  a  29  de  Agosto  de  1553;  e,  na  carta 
em  que  o  diz,  declara  que  o  Ir.  Pero  Correia  tinha  estado  ali  pouco  antes 
e  seguido  para  o  sertão  (carta  do  último  de  Agosto  de  1553  §  3).  Donde 
se  segue  que  Nóbrega  desistira  de  enviar  o  Ir.  Pero  Correia  com  o 
P.  Leonardo  Nunes  à  Baía. 

19  Na  tradução  espanhola  «é»,  português,  em  vez  de  «es». 

20  «Velhos  cristãos  de  nação»,  isto  é,  Brancos. 


69. -S.  VICENTE  15  DE  JUNHO  DE  1555 


497 


en  peccado,  otros  se  apartan,  rauchos  se  disciplinan  con 
tan  grande  fervor  que  ponen  confusión  a  los  blancos. 

10.    En  esta  casa  tienen  los  nifios  sus  exercícios  bien  155 
ordenados,  aprenden  a  leer  y  escrevir  y  van  muy  avante, 
otros  a  cantar  y  taner  frautas  21,  y  otros  mamalucos  más 
diestros  aprenden  grammática;  y  enséfíala  un  mancebo 
grammático  de  Coimbra'22  que  acá  vino  desterrado.  Tienen 
sus  pláticas  de  N.  Seiior  y  modos  con  que  lo  alaban,  y  160 
mucho  más  se  haría  si  ya  uviesse  muchos  obreros,  mas 
como  solo  Pero  Correa  es  el  predicador  no  puede  hazer 
más.   Estos  que  se  crían  an  de  ser  los  verdaderos  por  la 
mucha  esperança  que  nos  dan  sus  buenos  principios.  De 
la  Baya  mandarán  algunos  23  de  los  que  allá  menos  neces-  l65 
sarios  fueren,  porque  nos  ayudan  acá  mucho  y  son  las 
lengoas  y  los  nuestros  predicadores;  y  a  algunos  no  les 


157    taner  dcl.  frautas  ||  165    allá]  aquá  ms.  ||  165-166    necessários  dei.  eran 


21  Assinala-se  aqui  já  a  presença  do  Ir.  António  Rodrigues:  mas 
o  caso  vem  de  mais  atrás.  Na  carta  de  12  de  Fevereiro  §  3  diz  que 
na  entrada  ao  sertão  levaria  ferreiro  e  «todos  os  meios  com  que  melhor 
os  possamos  atrair».  Um  destes  principais  meios  dizia  Nóbrega  que 
era  a  música  e  o  canto ;  e  o  dizia  na  Baía  quando  já  pensava  na  empresa 
do  sertão  de  São  Vicente  («ir  longe  pela  terra  dentro»).  Expõe  o  seu 
pensamento  a  Carta  dos  Meninos,  de  5  de  Agosto  de  1552  [Francisco 
Pires]  §  13,  supra,  p.  384. 

22  Este  mancebo  gramático  de  Coimbra,  admitido  por  Nóbrega  a 
mestre  de  latim  do  Colégio,  com  isto  se  constitui  o  primeiro  Mestre  de 
Latim  do  Brasil.  Talvez  viesse  desterrado  com  a  família;  mas  podia 
ter  vindo  por  si  mesmo,  porque  «mancebo»  não  significa  necessària- 
mente  «menor  de  idade».  Não  devia  ser  desterrado  por  pena  infamante, 
e  basta  lembrar  que  neste  mesmo  ano  partia  de  Lisboa,  desterrado  para 
a  Índia,  outro  gramático  de  Coimbra  e  se  chamava  Luís  de  Camões. 
E  pelo  mesmo  tempo,  segundo  escreve  o  Provincial  de  Portugal  (Diego 
Mirón)  ao  P.  Geral,  sucedia  na  índia  o  mesmo  que  no  Brasil :  «Dizen 
que  él  que  a  leydo  hasta  aora  grammática  en  Goa  es  un  hombre  de 
fuera  de  la  Compafiía»  (Carta  de  Lisboa,  14  de  Fevereiro  de  1554,  Hist. 
Soe.  zyi,  f.  398r). 

23  Nóbrega  tinha  trazido  quatro  meninos  e  vê-se  que  mandava 
vir  outros  por  Leonardo  Nunes. 

32 


498 


P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CÂMARA 


falta  sino  la  autoridad  y  edad,  porque  el  saber  y  el  zelo 
dáselo  nuestro  Sefior. 

I7°  11.  Quando  llegué  a  esta  Capitania  hallé  unas  indias, 
delias  forras  y  libres  y  delias  esclavas,  solteras  y  algunas 
casadas,  las  quales  servían  la  casa  y  trayan  lenha  y  agoa, 
y  hazían  mantenimientos  para  los  ninos.  Y  aunque  esta- 
van  bien  apartadas  de  la  conversación  de  los  Hermanos, 

^75  todavia  por  estar  en  la  mesma  calle  dava  escândalo  a  los 
de  lexos  en  les  parecer  que  estavan  muy  familiares,  pero 
los  de  la  vicinía,  que  sabían  y  veyan  la  verdad,  no  se  escan- 
dalizavan.  Yo  todavia  des  que  llegué,  ordené  la  Confradía 
dei  Nino  Jesú  24  y  entregué  todo  lo  temporal  para  la  sus- 

180  tentación  y  servicio  desta  casa.  Ay  dos  mayordomos  y  un 
proveedor.  Ella  tiene  toda  la  gente  que  a  esta  casa  sirve 
para  que  quedemos  libres  de  inconvenientes,  y  solamente 
nosotros  nos  occupamos  en  lo  spiritual,  ensenando  y  doctri- 
nando  a  los  ninos  así  los  de  casa  como  quantos  quieren 

185  aprender,  porque  esta  tierra  está  tan  estragada,  que  es 
necessário  llevar  aliceces  de  nuevo. 

12.  En  esta  tierra  está  un  Juan  Ramalho  25.  Es  más 
antigo  delia,  y  toda  su  vida  y  de  sus  hijos  es  contorme 
a  la  de  los  índios,  y  es  una  petra  scandali  para  nós,  por- 

^9°  que  su  vida  es  principal  estorvo  para  con  la  gentilidad, 
que  tenemos,  por  él  ser  muy  conoscido  y  muy  aparentado 
con  los  Índios.  Tienen  muchas  mugeres  él  y  sus  hijos, 
andan  con  hermanas  y  tienen  hijos  delias  así  el  padre 
como  los  hijos.    Sus  hijos  van  a  guerra  con  los  Índios,  y 

*95  sus  fiestas  son  de  Índios  y  así  viven  andando  nudos  como 
los  mesmos  Índios.  Por  todas  las  maneras  lo  tenemos  pro- 
bado  y  nada  aprovecha,  hasta  que  ya  lo  dexamos  de  todo. 
Este  estando  escomulgado  por  no  se  confessar  y  no  que- 
riendo  los  nuestros  Padres  celebrar  con  él,  dixo  que  tam- 


24  Confraria  do  Menino  Jesus.  Cf.  carta  de  10  de  Março  de  1553 
§  11 ;  Leite  i  542. 

25  Com  João  Ramalho,  Nóbrega  ainda  não  se  tinha  avistado  pes- 
soalmente, como  se  verá  pela  carta  de  31  de  Agosto  de  1553.  Escreve 
aqui,  portanto,  segundo  as  informações  que  lhe  davam. 


69.  -  S.  VICENTÈ  15  DE  JUNHO  DE  1553 


499 


bién  los  Padres  y  Hermanos  pecavan  con  las  negras,  lo  2°° 
que  hizo  presumir  ser  alguna  cosa,  ayuntándose  con  esto 
estar  las  negras  en  la  mesma  calle.    Por  lo  qual  como 
llegué  por  me  N.  Sefior  así  ensenar,  y  con  yo  ya  conoscer 
lo  que  tenía  en  los  Hermanos,  y  saber  la  verdad  de  lo  que 
podia  aver,  por  cumplir  con  el  mundo  y  quitar  alguna  2°5 
presunción,  espedílos  a  todos  quantos  aqui  hallé  26  dessos 
que  andavan  por  fuera,  y  saque  con  el  Vicario 27  quasi 
quantas  personas  ay  en  esta  Capitania  por  testigos  de  lo 
que  sabían  sin  hallar  cosa  ninguna,  y  hize  la  verdad 
pública  a  todos  y  ganóse  quitar  de  los  coraçones  alguna  2I° 
presumpción  a  costa  de  muchos  me  juzgar  por  mal  aten- 
tado; y  los  Hermanos  ganaron  corona  de  paciência  y  dieron 
muy  buen  exemplo  de  sí  hasta  que  los  tornée  a  recoger. 

13.  Estoi  muy  alegre  con  las  nuevas  que  en  la  suya 
me  da  quasi  por  esperar  que  estaráa  ya  en  la  Baya  prepó-  2I5 
sito  con  los  Padres,  y  esta  fué  una  de  las  causas  porque 
no  bolví  a  correr  la  costa  28,  y  también  por  esta  casa  estar 
por  más  gente  que  ninguna.  Ni  creo  que  bolveré  tan 
presto,  porque  daqui  queria  ir  adelante  y  no  bolver  atrás, 
y  por  tanto  con  escrever  esto  aora  me  satisfago  con  nues-  22<> 
tro  Sefior  para  quitar  el  sentido  de  allá. 


26  A  «Historia  de  la  Fundación  dei  Rio  de  Henero»,  Bras.  12, 
ff.  47v-48r,  e  Vasconcelos,  Chronica,  liv.  1  §  127,  nomeiam  o  P.  Manuel 
de  Paiva,  o  P.  Francisco  Pires,  e  o  P.  Manuel  de  Chaves  «e  alguns 
Irmãos».  Mas  Nóbrega  diz  que  isto  foi  «logo  que  chegou»;  e  com  ele 
chegou  da  Baía  o  P.  Francisco  Pires  (Leite  ii  409-410)  E  deve-se  duvi- 
dar da  veracidade  da  narrativa  da  «Hist.  de  la  Fund.»,  porque  mistura 
actos  que  já  teriam  sucedido  mais  tarde  em  Piratininga,  com  este  de 
São  Vicente,  logo  que  Nóbrega  chegou  e  em  que  Manuel  de  Chaves, 
ainda  não  era  Padre  e  esperou  para  isso  muitos  anos.  Cf.  Leite,  Breve 
Itinerário  225-226. 

27  Vigário  da  Paróquia  de  São  Vicente,  P.  Simão  de  Lucena,  escla- 
recem Van  der  Vat  {Princípios  204)  e  P.  F.  da  S.  Camargo  {A  Igreja 
na  História  de  São  Paulo  40),  respondendo  ambos  a  uma  interrogação 
nossa  (Leite  ii  409);  mas  cf.  infra,  nota  34. 

28  A  carta  do  P.  Luís  Gonçalves  da  Câmara  chegou  ao  princípio 
de  Abril  de  1553;  portanto,  a  armada  do  Governador,  de  volta  para  a 
Baía,  saiu  de  São  Vicente  depois  desta  carta.   Cf.  supra,  nota  do  §  7. 


500 


P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CÂMARA 


14.  Si  aún  no  vino,  [97V]  venga  este  ano  quien  pueda 
governar  estas  casas,  que  yo  ya  será  razón  que  no  viva 
tanto  sín  dar  la  vida  por  quien  me  la  dió,  y  menos  es  visi- 

225  tárense  las  capitanias,  dei  Reyno  que  no  correllas  acá,  por 
razón  de  las  embarcaciones  que  poças  vezes  las  ay,  y  tales 
que  es  necessário  hazer  cuenta  de  morir  ahogado  29,  más 
que  de  dessear  de  ser  comido  destos  índios.  Y  aunque  no 
vengan  más  que  a  visitar 30,  es  muy  necessário  porque  siem- 

230  pre  ay  cosas  que  por  cartas  no  se  pueden  escrevir.  Y  crea 
V.  R.  que  es  necessário  [a]  la  honrra  de  la  Companía  y  la  glo- 
ria de  Jesú  Christo  en  cada  Capitania  estar  un  Padre  de  los 
más  seguros  que  en  la  Companía  uviere,  porque  adonde  ay 
muchos  virtuosos  bien  se  suffre  quien  quiera,  y  donde  ay 

235  mayor  peligro  allí  a  de  ser  mayor  el  socorro.  Por  amor  de 
N.  Senor  que  cesse  ya  la  custumbre  de  mandar  a  estas  par- 
tes de  infieles  el  rebotallo  como  yo,  porque  más  importa  a 
N.  S.  Jesú  Christo  hazerse  acá  una  casa  de  paja  adonde  se 
ensene  la  doctrina  a  X  moços,  que  no  en  Portugal  muy 

240  sumptuosos  collegios:  y  con  todo  esto  no  sé  lo  que  digo, 
por  ventura  diré  esto  porque  lo  de  acá  me  fatiga  más. 

15.  Esta  casa  de  San  Vicente  es  la  más  pobre  de  todas, 
y  padecen  los  Hermanos  y  Padres  y  ninos  mucha  hambre 
y  frio,  y  es  maravilla  no  huir  para  sus  padres.  Agora  me 

245  parece  que  soi  pobre  de  verdad,  porque  antes  quando  el 
mundo  pensava  que  yo  lo  era,  hartávarae  de  carnero  y 
vaca,  e  bevía  buen  vino  y  no  me  faltava  vestido,  aora  si 
no  es  de  naranjas  y  cidras  poças  vezes  soy  harto.  Nós 
vivimos  de  lyraosnas,  y  de  lo  que  tienen  los  ninos  no  usa- 

250  mos,  antes  les  damos  de  nuestras  lymosnas,  y  con  todo  no 


29  Esta  alusão  às  embarcações,  e  a  fazer  conta  de  morrer  afogado 
quem  nelas  embarca,  é  uma  verificação  do  estado  precário  dos  navios 
e  do  que  realmente  iria  suceder  com  o  P.  Leonardo  Nunes  no  ano 
seguinte. 

30  É  um  pedido  para  Visitador  de  Missões  ultramarinas.  E  deste 
assunto  se  trataria  em  1558:    «An  visitator  sit  mittendus»,  cf.  Pedro 

de  Leturia,  Un  significativo  documento  de  ijj8  sobre  las  Misiones  d 
Infieles  de  la  Companía  de  Jesus,  in  AHSI  Viu  (1939)  no 


69  -  S.  VICENTE  15  DE  JUNHO  DE  1555 


501 


parecemos  pobres  porque  ministramos  lo  que  tienen  los 
nifios.  Y  porque  esta  casa  ha  de  ser  la  mejor  de  todas  las 
que  acá  por  la  tierra  se  hizieren,  devia  ser  abastada  para 
partir  con  las  otras. 

16.  Yo  hallé  en  esta  Capitania  una  demanda  en  abierto  255 
que  traya  Pero  Correa  con  Bras  Cubas  31,  antes  que  entrasse 

en  la  Companía,  y  quando  entro  concertóse  el  P.e  Leonardo 
Núnez  con  Bras  Cubas,  y  antes  que  se  assentasse  el  con- 
cierto  fuesse  Bras  Cubas  huido  para  Portogal  por  cosas 
mal  hechas  en  esta  tierra  siendo  capitán.  Aora  quando  260 
vino  negó  el  concierto  a  Leonardo  Núnez  y,  siendo  él  el 
que  devia,  se  andava  quexando  que  le  devían;  a  cuyas 
vozes  acordé  yo  a  saber  la  cosa  cómo  passava,  y  hallé  que 
Pero  Correa  le  demandava  dos  mil  y  bjc  [2600]  ducados  de 
toda  su  hazienda  que  le  destruyó  evidentemente  por  lo  265 
qual  hizo  Pero  Correa  una  donación  a  los  ninos  de  todo 
quanto  tenía  y  los  mayordomos  seguían  la  demanda.  De 
manera  que  convino  a  Bras  Cubas  venir  con  lágrimas  a 
pedir  misericórdia  al  mismo  Pero  Correa,  y  donde  antes  el 
P.e  Leonardo  Núnez  se  contentava  con  nada,  ahora  por  270 
concierto  dió  los  esclavos  que  tenía  tomado  a  Pero  Correa, 
y  más  diez  vacas  para  los  ninos  tener  leche  y  otras  cosas, 
e  creo  que  le  quitaran  toda  su  hazienda,  porque,  aunque 
es  el  más  rico  de  la  tierra,  ni  toda  bastava  para  pagarse  la 
demanda  si  se  acabara.  Y  dize  que  será  verdadero  siervo  275 
de  los  nifios.  Yo  consenti  en  el  concierto  por  comprar  nossa 
vexación  y  otros  trabajos  grandes,  y  no  destruir  un  próximo, 
y  es  mejor  uno  con  paz  que  XX  con  contienda. 

17.  No  escrivo  al  P.e  Mirón  32  porque  aún  no  vi  su  carta 

ni  la  respuesta  de  lo  que  escrevi  el  ano  passado,  ni  la  res-  280 


31  Sobre  Brás  Cabas,  que  foi  Capitão-mor  da  Capitania  de  São 
Vicente,  cf.  Leite  Cordeiro,  Bras  Cubas  e  a  Capitania  de  São  Vicente, 
São  Paulo  1951  [«Braz  Cubas  e  os  Jesuítas»  205-209];  Carvalho  Franco, 
Dicionário  129-130. 

32  P.  Diego  Mirón,  novo  Provincial  de  Portugal,  que  sucedeu  ao 
P.  Simão  Rodrigues,  a  quem  tinham  sido  dirigidas  as  cartas  preceden- 
tes, e  às  quais,  como  de  ofício,  Mirón  devia  responder. 


502  P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CÂMARA 


puesta  de  lo  que  escrevi  al  Doctor  Navarro33.  Como  las 
viere,  responderé.  Yo  quedo  en  esta  Capitania  de  S.  Vicente, 
aqui  me  escrivan,  y  si  aún  allá  estuviere  el  Vicario  34  de 
acá,  por  él  puede  venir  todo  bien.  Las  más  nuevas  escri- 
285  verán  los  Padres  de  la  Baya  más  largo. 

18.  [g8r]  Si  allá  no  pareciere  tan  mal  hazer  casas  entre 
la  gentilidad,  aya  de  Su  Alteza  recado  para  no  lo  impedir, 
a  lo  menos  se  fuéremos  a  la  gentilidad  contraria  desta 
adonde  los  christianos  tienen  sus  poblaciones,  para  cessar 

290  respectos  algunos  que  acá  me  ponen. 

19.  Porque  a  estarmos  encerrados  en  las  capitanias 
tememos  poco  que  hazer  daqui  adelante,  presertim  con  el 
Obispo  35  querer  llevar  un  camino  que  yo  no  entiendo,  y 
los  peccados  ganan  mayor  íuerça  en  la  tierra  y  los  clérigos 

295  dei  Brasil  destruen  todo  aunque  mucho  se  hiziesse  e  edifi- 
casse. Ya  cansamos  de  clamar,  ya  los  que  nos  avían  de  oír, 
de  los  christianos,  nos  tienen  oydo,  no  nos  queda  más  que 
la  gentilidad,  y  si  ésta  nos  impiden,  no  haremos  nada.  Los 
hombres  comúnmente  no  tienen  respecto  sino  a  su  prove- 

3°°  cho  y  próprio  interesse  y  hun  poco  al  servicio  dei  Rey;  y 
para  N.  Senor  no  ay  respecto  ninguno. 

20.  A  esta  casa  dió  N.  Senor  un  Hermano  herrero 36 
muy  bendita  alma.  Este  mantiene  estos  nirios  con  su  tra- 


295    Brasil  dei.  aun  [  aunque  dei.  mas  [?]  ||  303    mantiene]  man  tienen  ms. 


33  Não  recebeu  resposta  das  dúvidas  que  constam  da  carta  de 
Nóbrega  ao  P.  Simão  Rodrigues,  de  fins  de  Agosto  de  1552  (§§  13-17). 
Parece  que  então  escreveria  também  ao  Dr.  Navarro,  mas  a  carta 
ter-se-ia  perdido,  porque  só  se  conhece  a  que  lhe  escreveu  em  10  de 
Agosto  de  1549.  E  essa  é  já  muito  remota  e  só  trata  de  uma  dúvida 
sobre  o  casamento  dos  gentios  (§  6). 

34  Segundo  Silveira  Camargo,  é  o  mesmo  P.  Simão  de  Lucena 
que  poucos  meses  antes  presidiu  ao  processo  instaurado  por  Nóbrega 
(A  Igreja  na  História  de  São  Paulo  40).  Supõe-se  que  teria  ido  a  Por- 
tugal com  intenção  de  demorar  pouco. 

35  D.  Pedro  Fernandes. 

36  Mateus  Nogueira. 


69  -  S.  VICENTE  15  DE  JUNHO  DE  1555 


503 


bajo,  porque  haze  algún  resgate  37  con  que  compran  man- 
tenimiento.    Esta  tierra  es  muy  pobre  y  no  se  puede  3°5 
conversar  este  gentio  sin  anzoles  y  facas  para  los  mejor 
atraer.    Haga  embiar  el  más  hierro  y  aço  que  pudiere 
para  dar  qué  hazer  al  Hermano. 

21.  Mando  ensenar  algunos  moços  de  la  tierra  para 

el  sertón  a  ferreiros  e  a  tesselões  38,  y  de  allá  devian  de  3ID 
mandar  dos  nifios  huérfanos  ensenados  a  officiaes  para 
acá,  porque  esto  hallamos  ser  en  esta  tierra  una  gran 
parte  para  la  conversión  destos  infieles. 

22.  Si  V.  R.  acá  viniere  a  peregrinar,  como  en  la  suya 
dize  39,  así  me  parece  que  le  parecerá ;  y  por  esso  todo  lo  3*5 
que  mandare  venga  derecho  a  esta  Capitania,  digo  lo  desta 
casa,  y  quanto  más  fuere  tanto  más  almas  ayuda  a  salvar. 

23.  Aora  no  se  offresce  más,  todos  estamos  de  salud, 
salvo  Leonardo  Núnez  que  vino  muy  doliente  dei  Rio  de 
los  Patos  40,  adonde  fué  a  hazer  venir  unas  senoras  cas-  320 
tellanas  que  venieron  en  una  armada  que  vénia  para  el 
Rio  de  la  Plata  y  perdieronse  allí,  porque  el  Governador  31 

lo  embió. 

24.  Esta  Capitania  es  la  más  sana  de  todas.  Vale,  mi 
Pater,  et  ora  pro  me.  325 

Deste  S.  Vicente  a  Xb  de  Junio  de  1553. 


310    de  allá  corr.  ex  de  lá  |  devian  sup. 


37  «Resgate»,  objectos  com  que  se  compram  mantimentos,  e  de 
que  se  dá  logo  a  seguir  a  explicação  concreta,  no  caso:  «anzóis  e 
facas». 

38  Cf.  Leite,  Artes  e  Ofícios  dos  Jesuítas  no  Brasil  72. 

39  Infere-se  deste  passo,  que  se  pensou  em  enviar  Luís  Gonçal- 
ves da  Câmara  ao  Brasil. 

40  Sobre  a  ida  de  Leonardo  Nunes  ao  Rio  dos  Patos  ou  «Laguna 
do  Embiaça»  (Santa  Catarina)  e  as  senhoras  castelhanas  que  trouxe, 
D.  Mência  Calderón  (viúva  de  Diogo  de  Senabria  pai),  D.  Isabel  de 
Contreras  e  outras,  cf.  Leite  l  323.  A  10  de  Março  de  1553  Leonardo 
Nunes  ainda  estava  no  Rio  dos  Patos,  segundo  a  carta  daquela  data 
que  conta  a  viagem  de  Nóbrega  da  Baía  a  São  Vicente  (carta  59  §  9). 

41  Tomé  de  Sousa. 


504 


P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CÂMARA 


69  bis 

CARTA  DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CÂMARA,  LISBOA 

SÃO  VICENTE  [15]  DE  JUNHO  DE  1553 
I.   Texto:    Original  português  perdido. 

ARSI,  Bras  j-i,  ff.  93r-94v  [antes  ff.  318V-319T].  Título:  «De  una 
dei  P.e  Nóbrega  para  el  P.e  Luis  Gonçalvez,  de  S.  Vicente  a  XII  de 
Junio  de  1553».  São  4  parágrafos  da  carta  do  dia  15  traduzidos  em 
espanhol  do  mesmo  original  português  perdido,  mas  de  diversa  forma. 

II.   Impressão :    Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  478-480. 

III.  Edição:  Publica-se  este  texto  como  exemplo  do  modo  como  se 
faziam  as  traduções ;  e  também  pelo  que  interessa  à  fundação  de 
São  Paulo  e  entrada  ao  sertão,  parecendo  de  maior  utilidade  crítica 
deixá-lo  como  está  do  que  absorvê-lo  no  aparato  do  texto  precedente. 
Entre  cancelos  [  ]  dão-se  os  §§  correspondentes  da  carta  69. 

Textus 

1  [8].  In  agro  tres  sunt  Indorum  pagi  qui  in  unum  convenire  cupiunt 
ad  doctrinam  christianam  adiscendam.  —  2  [9],  Ministério  Patrum  in 
oppido  S.  Vtncentii.  — 3  [10].  Educatio  et  instractio  puerorum  in  Colle- 
gio  S.  Vincentii.  —  4  [4].  Nttntia  de  Indis  qui  habitant  in  silvis  et  etiam 
de  Amasonis. 

1  [8].  En  el  campo  de  aqui  XII  legoas  se  quieren 
ayuntar  en  uno  tres  lugares  destos  gentiles  para  mejor 
aprender  la  doctrina,  y  muestran  grande  fervor  y  desseo 
de  ser  enseriados,  y  de  se  les  predicar  la  fe  de  Christo 
5  N.  S.  Con  ellos  gastaremos  el  tiempo  hasta  venir  el  Her- 
mano Correa  de  la  Baya  para  entrar  por  la  tierra  dentro. 

2  [9].  En  esta  casa  se  a  hecho  mucho  fruto  en  la  gente 
de  la  tierra,  scilicet  hijos  y  hijas  de  los  christianos  mama- 
lucos,  y  con  los  esclavos.  Ay  grande  fervor  en  las  confes- 

10  siones:  muchos  vienen  llorando  pediendo  confessión  y  con 
gran  dolor  de  no  se  saber  confessar.  Todos  saben  la 
doctrina  y  mejor  que  muchos  christianos  viejos  de  nacicm- 


69  BIS.  -  S.  VICENTE  15  DE  JUNHO  DE  1555 


505 


Cásanse  muchos  esclavos  que  estavan  en  peccado,  otros 
se  apartan;  muchos  se  disciplinan  con  tan  grande  hervor 
que  ponen  confusión  a  los  blancos.  *5 

3  [10].  En  casa  tienen  los  ninos  sus  exercícios  orde- 
nados. Aprenden  a  leer  y  escrevir;  van  muy  adelante, 
y  algunos  a  cantar,  y  otros  de  mejor  ingenio  aprenden 
ya  la  grammática.  Aprovéchanse  en  devoción.  Creemos 
que  vernán  éstos  a  ser  verdaderos  operários  por  la  raucha  20 
sperança  que  nos  dan  sus  princípios. 

4  [4].  Después  de  partida  de  aqui  la  Armada,  day  a 
poços  dias  llegaron  muchos  hombres  que  eran  3/dos  por  la 
tierra  dentro,  por  la  notitia  de  oro  que  se  dezía  aver  allí, 
donde  anduvieron  más  de  dos  anos  y  nos  contaron  grandes  25 
nuevas  de  los  gentiles  que  hallaron  y  de  lo  que  dellos  supie- 
ron.  Y  entre  otras  cosas,  dizen  que  ay  gentiles  que  no  comen 
carne  humana,  y  si  toman  sus  contrários  (los  quales  hazen 
mucho  mal  y  los  comen),  no  los  matan  ni  comen,  antes  trá- 
tanlos  muy  bien  y  les  dizen  como  osan  comer  su  semejança.  3° 
Tienen  grandes  poblados  y  tienen  un  principal  al  qual  todos 
obedescen.  Este  reparte  las  mugeres  a  los  otros,  y  cada  dia 
antes  de  la  mariana  de  una  parte  alta  manda  a  cada  casa 

lo  que  a  de  hazer  aquel  dia,  y  les  dize  que  an  de  bivir  en 
comunidad.    Son  labradores  que  hazen  mantenimientos.  35 

Y  porque  destos  ay  muchas  generationes,  una  delias  que 
está  más  cerca  de  las  Almazonas  tiene  guerra  con  ellas. 

Y  son  estas  Almazonas  muy  guerreras,  vienen  a  la  guerra 
contra  ellos  y  de  los  más  esíorçados  que  pueden  tomar 
dessos  [94X]  conciben,  y  si  paren  hijo  danlo  al  padre  o  lo  4o 
matan,  y  si  hija  críanla  y  córtanle  la  teta  derecha  por 
poder  mejor  tirar  con  arco.  Entre  estas  Almazonas  dizen 
estar  la  notitia  dei  oro. 

De  manera  que  lo  que  tengo  sabido  es  que  quitando 
estas  generaciones  destos  Índios  que  habitan  cerca  el  mar  45 
de  todas  as  otras  que  están  más  adentro,  muy  poças  comen 
carne  humana,  sino  son  unos  hombres  que  siempre  andan 


26   pi  tus  dello  |j  28    humana  dei.  los  ||  39  prius  esforçadas 


506 


P.  INÁCIO  DE  LOYOLA  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


en  los  montes  y  no  tienen  casas  y  son  dei  todo  salvages. 
Ay  grande  aparejo  para  se  hazer  mucho  fruto.   Yo  no  sé 

5o  quáles  son  ya  las  cadenas  que  nos  tienen.  Si  por  estos 
gentiles  se  pudiera  andar  sin  levar  ferramenta  y  resgate 
ya  no  esperáramos  tanto,  porque  para  passar  despoblado 
que  ay  es  menester  levar  Índios  pilotos  que  ensefien  el 
camino,  y  que  maten  caça  y  pesquen  y  quiten  raiei  de 

55  paios,  porque  no  ay  otros  matenimientos ;  y  otro  para 
llevar  cargas  y  lo  que  averaos  de  llevar  para  nuestro 
mateniraiento,  los  quales  no  hazen  esto  si  les  [no]  pagan 
muy  bien,  lo  que  nosotros  por  nuestra  pobreza  no  pode- 
mos hazer. 

70 

DO  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 
AO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA,  BRASIL 

ROMA  9  DE  JULHO  DE  1555 
L    Bibliografia :    STREIT  II  338  n.  1231. 

II.  Autores :  Polanco  iii  5 ;  Orlandini,  Historia  (1615)  438 ;  Vas- 
concelos, Chronica,  liv.  I  n.  146;  Jesús  María  Granero,  La  acciòn 
misioncra  y  los  métodos  misionales  de  San  Ignacio  de  Loyola,  vol.  VI 
«Bibliotecae  Hispanae  Missionum»  (Burgos  1931)  38;  Leite  i  457; 
IX  421 ;  Breve  Itinerário  Iio-ZTI. 

III.  Texto:  ARSI,  Inst.  117a,  f.  6gr  [antes  f.  421-].  À  margem: 
«Creatio  in  Provincialem  Brasiliae».  Apógrafo  latino. 

IV.  Impressão:  MI  Epp.  v  180-181 Rodolfo  Garcia,  in  História 
Geral  do  Brasil  1  [4  a  ed.],  (São  Paulo  s.  a.)  364-365;  Leite  I  456;  Car- 
tas de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  504-506. 

V.   Edição:    Reimprime-se  o  texto  (Inst.  117a). 

Textus 

1.  Litterae  Patentes  quibus  Nóbrega  Praepositus  Provincialis  Bra- 
siliae aliarumque  regionum  constituitur. 


70. -ROMA  9  DE  JULHO  DE  1553 


507 


+ 
Iesus 

Ignatius  de  Loyola,  Societatis  Iesu  praepositus  gene- 
ralis : 

Dilecto  in   Christo  fratri  P.   Emanueli  de  Nóbrega, 
praesbytero  eiusdem  Societatis,  saluten  in  Domino  sem-  5 
piternam. 

1.  Cum,  crescente  in  dies  diversis  in  regionibus 
numero  eorum,  qui  nostrum  Institutum  sequuntur,  per 
D.  N.  Iesu  Christi  gratiam,  crescat  etiam  rebus  multis 
providendi,  et  consequenter  hoc  ónus  cum  aliis  partiendi  10 
necessitas,  visum  est  in  Domino  expedire  ut  aliquem  ex 
Fratribus  nostris  nobis  substituendo,  et  Praepositum 
omnium  illorum,  qui  in  índia  Brassilia,  Sereníssimo  Regi 
Portugalliae  súbdita,  et  aliis  ulterioribus  regionibus,  sub 
obedientia  Societatis  nostrae  vivunt,  constituendo,  eidem  x5 
caetera  omnia,  quae  nostri  ofíicii  essent,  committeremus. 

Nos  ergo,  cum  de  tua  pietate  et  prudentia,  quae  est  in 
Christo  Iesu,  plurimum  in  eodem  coníidimus,  te  in  Prae- 
positum Provincialem  omnium  nostrorum,  qui  in  predictis 
regionibus  versantur,  cum  omni  ea  authoritate,  quam  Sedes  20 
Apostólica  nobis  concessit,  et  Constitutiones  nostrae  Socie- 
tatis nobis  tribuunt,  creamus  et  instituimus,  ac  in  virtute 
sanctae  obedientiae,  ut  hanc  curae  nostrae  partem  et  autho- 
ritatis  suscipiendo,  eadem  ad  inquirendum,  ordinandum, 
reformandum,  inhibendum,  prohibendum,  admittendum  in  25 
Societatem  ad  probationem,  et  ab  eadem  reppellendum, 
quos  videbitur,  constituendum  etiam  in  quovis  oíficio,  et 
deponendum,  et  in  summa  ad  disponendum  de  omnibus, 
quae  nos,  si  praesentes  essemus,  circa  loca,  res  et  perso- 
nas,  quae  ad  Societatem  pertinent  possemus  disponere,  et  3° 
ad  Dei  gloriam  facere  iudicabis,  plenissime  utaris.  Hoc 
enim,  gratiam  Dei  consyderantes,  ad  ipsius  honorem,  et 
ad  eorum  spiritualem  profectum,  qui  nostrae  curae  sunt 


508 


P.  INÁCIO  DE  LOYOLA  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


comissi,  et  ad  communem  aniraarum  salutem  fore  in  Domino 
35  speramus. 

Datum  Romae  7.0  idus  Iulii  1553. 

TRADUÇÃO  PORTUGUESA 

+ 
Jesus 

Inácio  de  Loyola,  Prepósito  Geral  da  Companhia  de 
Jesus : 

Ao  dilecto  em  Cristo  Irmão  P.  Manuel  da  Nóbrega,  pres- 
5  bítero  da  mesma  Companhia,  saúde  sempiterna  no  Senhor. 

1.  Crescendo  cada  vez  mais  o  número  dos  que  em 
diversas  regiões  pela  graça  de  N.  S.  Jesus  Cristo  seguem 
o  nosso  Instituto,  cresce  também  a  necessidade  de  prover 
a  muitas  coisas  e  portanto  de  dividir  com  outros  este 

10  cargo;  e  pareceu  no  Senhor  convir  que,  pondo  em  nosso 
lugar  algum  dos  nossos  Irmãos  e  constituindo-o  Prepósito 
de  todos  os  que  vivem  sob  a  obediência  da  nossa  Compa- 
nhia na  índia  do  Brasil,  sujeita  ao  sereníssimo  Rei  de  Por- 
tugal, e  noutras  regiões  mais  além,  ao  mesmo  confiássemos 

15  tudo  o  mais  que  pertence  ao  nosso  ofício. 

Nós,  portanto,  da  vossa  piedade  e  prudência,  que  está 
em  Cristo  Jesus,  confiando  muito  no  mesmo  Jesus,  vos 
criamos  e  constituímos,  com  toda  a  autoridade,  que  a  Sé 
Apostólica  nos  concedeu  e  as  Constituições  da  nossa  Com- 

20  panhia  nos  conferem,  e  em  virtude  da  santa  obediência, 
Prepósito  Provincial  de  todos  os  Nossos,  que  se  encontram 
nas  regiões  indicadas;  para  que,  tomando  essa  parte  do 
nosso  cuidado  e  autoridade,  useis  da  mesma  plenissima- 
mente,  para  inquirir,  ordenar,  reformar,  inibir,  proibir, 

25  admitir  na  Companhia  para  a  provação,  e  afastar  da 
mesma  os  que  parecer  bem,  prover  em  qualquer  ofício 
e  depor  dele,  e,  numa  palavra,  para  dispor  de  tudo,  como 
nós,  se  estivéssemos  presente,  poderíamos  dispor,  quanto  a 
lugares,  coisas  e  pessoas,  e  como  julgardes  convir  para 

30  a  glória  de  Deus.  Contando  com  a  graça  de  Deus,  espe- 
ramos no  Senhor  que  isto  há-de  ser  para  a  sua  honra, 
proveito  espiritual  dos  que  dependem  de  nosso  cuidado, 
e  salvação  das  almas  em  geral. 

Dado  em  Roma,  aos  9  de  Julho  de  T553. 


71. -ROMA  9  DE  JULHO  DE  1555 


509 


71 

DO  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 
AO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA,  BRASIL 

ROMA  9  DE  JULHO  DE  1555 

I.    Bibliografia:  Streit  II  338  n.  1230. 
II.   Autores:  Leite  ii  456;  Breve  Itinerário  111. 

III.  Texto:  ARSI,  Epp.  NN.  50,  f.  69T.  A  margem:  «Brasil».  Letra 
de  Polanco:  «Para  el  P.  Nóbrega  en  el  Brassil».  Apógrafo  espanhol. 
[«Exstant  brevia  illius  summaria  in  Cod.  Monac.  II,  f.  18  et  i8ir»,  cf.  MI 
Epp.  V  182]. 

IV.  Impressão:  Cartas  de  San  Ignacio  III  (Madrid  1887)  234-238; 
MI  Epp.  v  182-183;  Rodolfo  Garcia,  in  História  Geral  do  Brasil  I 
(4-a  ed.)  364-365  ;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  506-509. 

V.   Edição  :  Reimprime-se  o  texto  (Epp.  NN.  joj. 

Textus 

1.  Crescente  in  dies  Societate  in  Brasília,  necesse  est  ut  adsit  Prae- 
positus  Provincialis  et  ad  hoc  múnus  P.  Emmanuelem  da  Nóbrega  eligit. 
—  2.  Ludovicus  da  Grã  erit  eius  collateralis.  —  3.  Etiam  in  Collegiis 
Redor  habebit  collateralem  atque  consiliarios.  —  4.  Nunc  pro/essionem 
faciant  Paires  Nóbrega  et  Grã,  de  aliis  postea  videbitur. 

La  surama  gracia,  etc. 

1.  Viendo  que  Dios,  nuestro  Criador  y  Senor,  en  muchas 
partes  de  esa  índia  dei  Brasil  va  encendiendo  aquele  santo 
fuego,  que  vino  a  poner  en  la  tierra  su  Unigénito  Hijo  y 
Senor  nuestro,  y  que  en  muchas  partes  asimesmo  se  sirve 
dei  ílaco  ministério  de  nuestra  mínima  Compartia,  en  manera 
que,  ultra  dei  cuydado  que  se  pone  en  trabajar  cada  uno  de 


I  In  marg.:  Brasil  ||  2  In  marg.  manu  P.  Polanci :  Para  el  P.e  Nóbrega  en  el 
Brasil  |  nuestro  dei.  Senor  y  |  y  Senor  sup. 


510 


P.  INÁCIO  DE  LOYOLA  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


por  sí  en  la  vina  de  Christo  N.  Senor,  es  menester  que  aya, 
en  él,  govierno  general  de  todas  las  casas  y  collegios  y  per- 

10  sonas  que  ay  debaxo  de  la  obedientia  de  la  Companía,  ha 
parezido  conveniente  en  el  divino  acatamiento  que  uno 
tubiese  cargo  de  Provincial  en  esas  partes,  el  qual,  aunque 
tenga  communicatión  mucha  y  intelligentia  con  Portugal, 
esté  todavia  im  mediatamente  debaxo  dei  Prepósito  Gene- 

*5  ral,  como  lo  está  el  de  la  índia  de  Goa.  Y  por  la  esperien- 
tia  que  se  tiene  de  vuestra  persona,  y  la  que  vós  tenéys  de 
esa  tierra,  sin  otros  motivos  que  en  el  Senor  nuestro  pare- 
zen  bastantes,  me  he  determinado  de  hazeros  Prepósito 
Provincial:  y  así  os  mando  en  virtud  de  santa  obedientia 

20  acetéys  el  cargo;  y  ruego  a  la  divina  Sapientia  se  os  comu- 
nique mucho,  y  guie  todas  vuestras  cosas  como  sean  mayor 
a  gloria  y  servicio  suyo  l. 

2.  Y  porque  en  las  Províncias  comúnmente  se  pone  un 
colateral  dei  Prepósito,  pareze  que  debía  ser  el  P.e  Luys  de 

25  Grana  2,  y  así  se  lo  diréys  de  mi  parte ;  y  el  officio  dei  uno 
para  con  el  otro  yrá  aqui  scritto  para  maior  claridad  3. 

3.  Tanbién  en  los  collegios,  si  ubiese  multitud  de  per- 
sonas  de  la  Companía,  uno  de  los  más  confiados  podréys 


1  Antes  de  ser  nomeado  oficialmente  Provincial,  já  Nóbrega  havia 
recebido  os  poderes  de  Vice-Provincial  que  lhe  tinham  sido  comunica- 
dos pelo  Provincial  de  Portugal,  de  quem  dependia  a  Missão  do  Brasil. 
O  P.  Geral  aprovou  essa  disposição  de  regime  interno:  «Lo  que  V.  R. 
ordenó  en  el  Brasil,  dando  sus  poderes  todos  al  P.  Nóbrega,  y  relaxán- 
dole  la  obediência  dei  obispo,  todo  está  bien».  Carta  do  P.  Inácio  de 
Loyola  a  Diego  Mirón,  12  de  Junho  de  1553,  Epp.  NN.  jo,  f.  6yr\  MI 
Epp.  v  123;  Leite  ii  456;  Breve  Itinerário  101-102.  Nesta  mesma  carta 
há  ainda  uma  referência  às  graças  concedidas  à  Companhia  pelo  Breve 
Sacrae  Religionis,  de  Júlio  III,  de  22  de  Outubro  de  1552:  «Las  gracias 
mesmas  se  pueden  conceder  a  la  índia  y  al  Brasil,  haziendo  provincial, 
y  asl  se  hará»  (Epp.  NN.  jo,  í.  6yr  ;  MI  Epp.  v  J22). 

2  A  esta  data  o  P.  Luís  da  Grã,  antigo  Reitor  do  Colégio  de  Coim- 
bra, já  ia  a  caminho  do  Brasil,  onde  chegou  a  13  de  Julho  de  1553. 
Leite  i  561. 

3  Não  se  conservou  junto  desta  minuta  o  oficio  de  colateral.  Mas 
dele  tratam  as  Constituições,  Parte  viu,  cap.  1,  3  C,  D;  e  sobre  ele,  cf. 
A.  Coemans,  Collateral  et  Superintendant,  in  AHSI  5  (1936;  293-295. 


71. -ROMA  9  DE  JULHO  DE  1553 


511 


poner  por  collateral;  y  aora  los  rectores  tengan  collateral, 
aora  no,  será  bien  que  les  asignéys,  según  la  importantia  3° 
y  diíicultad  de  las  obras  en  que  entienden,  alguna  o  algu- 
nas  ayudas  para  consejo. 

4.  Y  tomadlas  vós  tanbién  para  vós,  escogiendo  (como 
usamos  por  acá)  algunos  de  los  más  inteligentes  y  de  maior 
confianza  por  consejeros  4;  3'  aunque  no  os  acompanen  siem-  35 
pre,  alguno  os  acompanará.  Y  en  las  cosas  más  árduas  será 
bien  comuniquéys  con  ellos  de  palabra  o  por  scritto  lo  que 
queréys  ordenar  o  hazer. 

5.  Tanbién  me  ha  parezido  será  servido  Dios  N.  S.  de 
que  dos  de  los  que  allá  estáys  hagan  professión.  Y  vós  4° 
seréys  el  uno,  y  el  otro  será  el  P.e  Luys  de  Grana  5;  y  avi- 
sadme  para  adelante  con  otras  cosas  tanbién  desta,  si  os 
pareze  que  por  allá  otro  alguno  debía  de  admittirse  a  pro- 
fessión, presupuesto  que,  para  tener  las  partes  enteras  un 
professo,  después  de  la  virtud  que  a  la  larga  se  conoce,  es  45 
menester  tenga  letras  y,  según  las  Constituciones,  se  limi- 
tan,  después  de  las  Artes,  4  afios  de  theologia  a  lo  menos; 

y  en  algunos  podría  la  gracia  de  predicar  suplir  algo  desto 
de  las  letras. 

La  professión,  no  ubiendo  allá  ninguno  de  la  Companía  5° 
que  sea  professo,  la  podréys  hazer  en  manos  de  algún  per- 
lado, como  otros  muchos  lo  han  hecho. 


39    ha]  he  ms.  ||  43    de  sup. 


4  Sobre  o  ofício  de  consultores,  cf.  Constituições,  Parte  IX  cap.  VI,  13 
letra  I. 

5  A  15  de  Junho  de  1553  ordenara  o  P.  Inácio  a  Diego  Mirón  que 
em  Portugal  fizesse  «hasta  cinco  e  seis  professos,  y  más  si  os  pares- 
ciere,  en  ese  Reyno» ;  e  em  post-scriptum :  «En  la  índia  se  ordena  que 
también  se  hagan  professos,  y  en  el  Brasil  dos,  Nóbrega  y  Luys  de 
Gran»  (Hist.  Soe.  ia,  f.  2i8r  ;  MI  Epp.  v  128).  Na  presente  carta  se  faz 
a  Nóbrega  comunicação  oficial,  directa  ;  mas  o  facto  de  Luís  da  Grã 
ficar  na  Baía  e  Nóbrega  residir  em  São  Vicente,  fez  que  a  profissão  se 
protelasse  até  26  de  Abril  de  1556  em  que  a  fizeram  em  São  Vicente. 
Leite  ix  12  letra  B ;  Diálogo  sobre  a  Conversão  do  Gentio,  118 ;  Cartas 
de  Nubrega  (1955)  201-202. 


512 


P.  INÁCIO  DE  LOYOLA  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


No  diré  otro  por  esta,  sino  que  me  encomiendo  mucho 
en  las  oraciones  vuestras  y  de  todos  vuestros  Herraanos  y 

55  mios,  que  allá  están;  y  ruego  a  Dios,  nuestro  Criador  y 
Sefior,  os  dé  a  todos  su  gracia  muy  abundante  para  que 
siempre  seáys  instrumentos  útiles  de  su  divina  Providen- 
tia  para  ayudar  a  la  salvatión  vuestra  y  de  vuestros  prósi- 
mos.  Amén. 

6o      Da  Roma,  9  di  Julio  1553. 

72 

DO  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 
AO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA,  BRASIL 

ROMA  18  DE  JULHO  DE  1555 

I.  Texto:  ARSI,  Epp.  NN.  jo,  f.  84V.  À  margem  :  «Para  el  Bra- 
sil. Al  P.  Nóbrega,  Provincial».  Apógrafo  espanhol  [«Ultimus  paragra- 
phus  exstat  in  Cod.  Monac.  II  f.  23r,  et  in  eodem  códice,  f.  182V», 
MI  Epp.  v  1971]. 

II.  Impressão:  MI  Epp.  V  197-198;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega 
(Coimbra  1955)  509-510. 

III.    Edição:    Reimprime-se  o  texto  (Epp.  NN.  jo). 

Textus 

1.  Mittitur  formula  professionis.  —  2.  Quale  debet  esse  Praepositi 
Provincialis  et  Rectorum  consilium.  —  3.  Praeter  epistolas  in  Portuga- 
liatn,  Praeposito  Generali  S.  I.  scribendum. 

Pax  Christi. 

Charísimo  Padre  en  Jesú  Christo. 

1.  Aqui  se  ynbia  la  forma  de  la  proíessión  sacada  de 
las  Constitutiones  l.  V.  R.  avise  si  algunos  otros  ubiese 


1  Constituições,  Parte  v,  cap.  Ill  n.  3.  A  fórmula  da  Profissão  de 
Nóbrega  confere  com  o  texto  das  Constituições ;  e,  como  primeiro 
documento  histórico  existente,  do  Brasil  e  da  América,  nesta  matéria, 
o  publicamos  em  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  201-202. 


73.  -  BAÍA  30  DE  JULHO  DE  1553 


513 


que  fuese[n]  idóneos  para  ello,  y  tanbién  para  los  votos  de  5 
coadjutores  spirituales  o  temporales,  id  est,  sacerdotes  o 
legos. 

2.  Lo  que  se  dize  dei  consejo,  tanto  para  el  Provincial 
como  para  los  rectores,  no  se  intienda  como  si  la  cosa 
ubiese  de  andar  a  votos,  sino  que  el  Prepósito  oya  los  10 
parezeres  de  otros  y  sus  razones,  y  después  ordene  él  lo 
que  le  parezerá;  y  así  el  Rector,  aunque  tenga  sobre  sí  el 
Provincial,  a  cuya  obedientia  en  todo  ha  de  ser  subjecto, 
para  con  los  que  a  él  serán  súbditos  tendrá  libertad  de 
proceder,  pero  después  de  oyr.  ^5 

3.  Si  se  deva  dar  colateral  al  Rector,  o  no,  allá  lo  verá 
V.  R. ;  pero  creyse  abrá  tan  poca  gente,  que  no  abrá  para 
qué.  Si  ubiese  muchos  de  los  de  la  Companía  en  un  col- 
legio,  y  pareziese  que  convenía  al  Rector  darle  collateral, 
V.  R.  le  dé  la  forma,  sacándola  desta  dei  Provincial.  20 

4.  No  otro  por  ésta,  sino  que  V.  R.  tenga  forma  de  scri- 
vir  y  hazer  que  los  suyos  scrivan  a  Roma  (ultra  de  lo  que 
querrán  scrivir  a  Portugal),  no  solamente  de  cosas  de  edi- 
ficación,  pero  lo  demás  tanbién,  que  conviene  que  sepa  el 
Prepósito  General;  y  las  letras  de  edificación  no  contengan  25 
otros  negócios.  Vengan  de  por  si. 

Plega  a  la  divina  y  summa  Sapiência  de  darnos  a  todos 
su  luz  santa  para  que  su  santísima  voluntad  siempre  sinta- 
mos y  enteramente  la  cumplamos. 

De  Roma,  18  de  Julio  1553.  3° 

73 

DO  P.  BRÁS  LOURENÇO 
AOS  PADRES  E  IRMÃOS  DE  COIMBRA 

BAÍA  30  DE  JULHO  DE  1553 

I.    Bibliografia  :    LEITE  VIII  323  A. 
II.    Autores:    POLANCO  III  475-477 ;  LEITE  I  561. 


10  Prepósito]  Propósito  ms.  ||  14  súbditos  corr.  ex  subiectos 
33 


514 


P.  BRÁS  LOURENÇO  -  PP.  II.  DE  COIMBRA 


III.  Texto:    Original  português  perdido. 

1.  Bras.  j-z,  ff.  89v-9or  [antes  ff.  31^-315^.  Título:  «Copia  de 
una  dei  P.  Bras  Lourenço  para  los  Hermanos  de  Coimbra  de  trinta  de 
Julio  de  1553  [letra  de  Polanco:]  De  la  Baía  dei  Salvador».  Tradução 
espanhola. 

2.  Bras.  j-z,  ff.  79V-80V  [antes  ff.  327  v-328r].  Título:  «Exemplum 
unius  epistolae  Blasii  Laurentii  ad  Fratres  Conimbricences  3.0  Kalen- 
das  Augusti  anno  1553».  Tradução  latina  pela  espanhola. 

IV.  Impressão:  Retroversão  portuguesa  moderna  pela  espanhola 
[parcial :  §§  2-6].  Leite,  Vicente  Rodrigues,  primeiro  Mestre-Escola  do 
Brasil  (zj28-z6oo),  in  Brotéria  52  (1951)  294-295. 

V.   Edição:    Publica-se  a  tradução  espanhola  (1). 

Textus 

1 .  Labores  navigationis  inter  Portugaliam  et  Brasiliam.—2.  P.  Ludo- 
vicus  da  Grã  praedicator  in  urbe  Bahia.  —  3.  Fr.  Antonius  Blásques 
magister  artis  legendi,  scribendi  et  linguae  latinae.  —  4.  P.  Blasius  Lou- 
renço missam  celebrat  in  loco  unam  leucam  distanti  ab  urbe  Bahia. 
—  5.  P.  Ambrosius  Pires  cum  aliquo  Fratre  adivit  Portum  Securum, 
ubi  iam  non  est  P.  Navarrus,  qui  comitatus  est  lusitanos  ad  interiora 
terrarum.  —  6.  P.  Vincentius  Rodrigues  cum  alio  Patre  industriose 
obtinet  ut  baptizetur  indus  captivus  antequam  ab  aliis  Indis  interficiatur 
et  manducetur. 

Pax  Christi. 

1.  Llegamos  1  a  esta  tierra  dei  Brasil  bien  dispuestos, 
loores  sea  al  Senor,  y  los  que  allá  estavan  enfermos  vinie- 
ron  sanos.  Tuvimos  en  el  camino,  por  la  bondad  de  Dios, 
5  que  dello  nos  hizo  merced,  muchos  trabayos,  así  em  venir 
mareados  mucho  tiempo,  no  teniendo  quien  nos  hiziesse 
de  comer  ny  curasse  de  nós,  de  manera  que  los  Hermanos 
enfermos  servían  a  los  otros,  como  en  el  dormir,  que  a  las 


1  É  a  3.a  expedição  missionária  de  que  era  Superior  o  P.  Luís  da 
Grã.  Iam  mais  dois  Padres,  Ambrósio  Pires  e  o  autor  da  carta,  e  os 
quatro  Irmãos  (por  ordem  de  antiguidade):  António  Blázquez,  João 
Gonçalves,  Gregório  Serrão  e  José  de  Anchieta.  Chegaram  a  13  de 
Julho  de  1553;  tinham  saído  de  Lisboa  a  8  de  Maio.  Leite  i  561  ;  cf. 
supra,  63  §  2. 


75.  -  BAÍA  50  DE  JULHO  DE  1555 


515 


vezes  era  en  una  noche  en  sete  o  ocho  partes  sobre  las 
tablas,  porque  para  las  necessidades  de  las  naos  nos  hazían  10 
los  marineros  llevantar  muchas  vezes,  como  en  otras  cosas 
molestas  que  consigo  trae  el  mar.  Mas  nuestro  Senor  nos 
dió  ayuda  así  interior  como  exterior  para  los  soffrir,  deseando 
soffrir  otros  mayores  por  su  amor. 

En  la  nave  2  todos  nos  amavan  mucho,  y  recebían  bien  15 
lo  que  les  hablávamos  de  nuestro  Senor.  El  Padre  Luis  da 
Grãa  se  occupava  en  predicar  y  dizia  missa  los  domingo[s] 
y  dias  sanctos  de  la  manera  que  se  sole  dizir  en  la  mar  3. 
Yo  ensenava  la  doctrina  quada  dia,  donde  se  ayuntava 
mucha  gente",  y  quitáronse  mucho  los  juramentos,  porque  20 
con  grande  devoción  y  fervor  se  accusavan  unos  a  los  otros 
en  la  doctrina  y,  dándoles  penitencia  de  rezar  algunas  ora- 
tiones,  se  emmendavan  mirablemente,  y  a  las  vezes  con  los 
notar  que  avían  yurado  se  hincavan  luego  de  rodillas  y 
rezavan  una  Avé  Maria.  Hiziéronse  muchas  amistades.  25 
El  Governador  4  es  muy  aífecionado  a  la  Companía.  Con- 
fessóse  comigo.  Y  así  nos  pasamos  el  Padre  Luís  da  Grãa 
y  yo  a  una  caravela  a  confessar  mucha  gente  que  allá  tam- 
bién  se  queria  confessar,  y  desta  manera,  y  con  conversa- 
ción  particular  de  cosas  de  nuestro  Senor,  se  hizo  fructo  3° 
en  el  camino,  loores  al  Senor.  Por  no  aver  enfermos  en 
nuestra  nave  sino  uno  no  nos  occupamos  en  servir,  aunque 
aquél  se  sirvió  con  charidad;  ayudávamos  a  las  vezes  a  los 
marineros  en  sus  trabayos,  de  lo  que  ellos  se  edifica van 
mucho.  35 

Tuvimos  buen  viagen,  bendito  Dios  y  en  dos  meses  lle- 
gamos  a  esta  tierra,  aunque  por  los  vientos  ser  algunos  dias 
contrários  piensamos  de  ribar  a  Portugal,  mas  luego  nos 


22-23    orationes  corr.  ex  devotiones  ||  38    Portugal  corr.  ex  Portagal 


2  Nau  Conceição  (Doe.  Hist.  xiv  [1929]  360). 

3  Missa  seca.  E  o  mesmo  se  praticava  mais  tarde,  cf.  Zubillaga, 
Mon.  Antiquae  Floridae  108;  Egana,  Mon.  Peruana  1  168  358. 

4  D.  Duarte  da  Costa,  que  governou  até  fins  de  1557.  Leite  II 
146-150. 


516 


P.  BRÁS  LOURENÇO  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


visitó  nuestro  Senor  con  buenos  vientos.  Truximos  tal 
4°  viage,  que  dizen  muchos  ser  mylagro  venir  en  este  tiempo 
a  la  Baya.  Truximos  algunos  dias  de  calmarias,  y  una  sola 
pequena  tormenta  saliendo  de  la  barra  de  Lixbona,  y  una 
tempestad  muy  fuerte;  mas  con  la  gracia  de  Dios  todo 
passó  presto,  y  así  vinimos  a  esta  tierra  dei  Brasil  tan 
45  deseada  de  todos  nosotros,  y  fuimos  recebidos  de  los  Her- 
manos  5  con  mucha  charidad. 

2.  El  Padre  Luís  da  Grãa  se  occupa  aora  en  predicar 
y  confessar,  y  los  otros  Padres  también  nos  occupamos  en 
coníessar.  Estava  esta  gente  muy  deseosa  de  nuestra  venida, 

5°  ni  se  quieren  coníessar  con  otros  sino  con  nosotros. 

3.  El  Hermano  Antonio  Blásquez  se  occupa  en  ensenar 
a  los  nynos  a  ler  y  escrevir,  y  algunos  ensena  grammática  6. 
Ensenales  también  la  doctrina;  haze  fructo  por  la  bondad  de 
Dios,  que  por  tan  diversas  maneras  nos  daa  ayudar  a  sus 

55  oveyas. 

4.  A  los  domingos  voy  a  dizer  missa  de  aquy  cerca  de 
una  légua  7,  y  allá  enseno  la  doctrina  Christiana  a  todos  así 
portugueses  como  los  de  la  tierra,  y  les  hablo  por  uno  que 
comigo  llevo  en  su  lengua  cosas  de  Dios,  especialmente  dei 

6o  juizio  que  ellos  temen  mucho. 

5.  El  Padre  Ambrósio  Pérez  con  un  Hermano 8  es 
embiado  al  Puerto  Seguro,  porque  el  Padre  Navarro  que 
allí  estava  es  entrado  por  la  tierra  [o,or]  dentro  con  algu- 


39  visitó  dei.  a  ||  61  un  corr.  cx  uno  ||  b\  esperamos]  esparamos  ms.  |  ida  corr.  cx  vida 


5  Vicente  Rodrigues  (Superior),  P.  Salvador  Rodrigues,  Ir.  Domin- 
gos Anes  «Pecorella»,  e  vários  irmãos  «pequenos»,  um  dos  quais,  o  Ir. 
Pero  de  Góis,  que  faleceu  estudante  em  Coimbra,  a  2  de  Dezembro 
de  1558.  Leite,  Luis  de  Góis  155. 

6  Com  isto,  o  Ir.  Blázquez  (ele  escrevia  e  assinava  assim,  com 
z  intermédio,  Leite  II  464/465)  se  constitui  primeiro  mestre  de  latim 
na  Baía. 

7  Vila  Velha. 

8  O  Ir.  Gregório  Serrão,  que  pouco  depois  foi  para  São  Vicente ; 
e  ficou  a  substituí-lo  em  Porto  Seguro  o  Ir.  António  Blázquez. 


75.  -  UAI  \  50  DE  JULHO  DE  1555 


517 


nos  portugueses  °,  y  esperamos  todos  de  su  ida  grande  ser- 
vicio  a  nuestro  Sehor  y  fructo  en  aquellas  animas.  65 

6.  El  Padre  Vicente  Rodriguez  10  con  otro  Padre  fueron 
a  un  logar  de  los  gentiles  adonde  hazían  grandes  íiestas 
porque  querían  matar  un  inimigo  suyo  y  comerlo,  al  qual 
trabayaran  de  hablar  para  que  se  hiziesse  christiano,  como 
avia  dias  que  hazían.  Y  hallando  en  él  apareyo  para  rece-  7° 
bir  el  baptismo,  llegaron  adonde  estavan  dos  mil  o  más  de 
los  gentiles  con  grandes  íiestas,  cantares  de  diversas  mane- 
ras,  y  el  contrario  que  avían  de  matar,  a  quien  ellos  avían 
hablado,  estava  en  un  campo  cobierto  de  ramos  con  mucha 
solemnidad,  adonde  no  dexavan  ir  ningún  christiano.  A  lo  75 
menos  todavia  llegaron  y  supieron  estar  aún  firme  en  la 
voluntad  de  ser  christiano.  Los  gentiles  que  cerca  esta- 
van, entendiendo  la  cosa,  no  querían  permittir  que  ellos  lo 
tocassen,  porque  les  parece  que  tocando  los  christianos  les 
darían  el  comer  suyo  verdadero,  que  ellos  piensan  ser  el  80 
de  los  contrários.  Estando  así  no  sabiendo  qué  hazer  por 
no  tener  agua  para  lo  baptizar,  ny  en  aquel  tiempo  la 
tienen  los  índios  porque  todo  es  vino,  detriminaron  de 
comer  algo  por  tener  ocasión  de  pedir  agua,  y  ansi  lo 
hizieron.  Y  pediéndola  no  la  quisieron  dar,  porque  los  85 
que  entendían  la  cosa  tenían  dado  aviso  que  no  la  dies- 
sen.  Quiso  nuestro  Senor  que  passo  por  allí  una  moger 
gentil  con  una  calabaça  de  agoa,  e  llamáronla  que  les 


9  Devia  ir,  mas  ainda  não  tinha  ido  à  data  desta  carta,  cf.  Leite  11 
173-174- 

10  Dá-se  aqui  Vicente  Rodrigues  já  como  Padre,  e  sempre  de  então 
em  diante.  Ainda  o  não  era  a  13  de  Julho,  porque  diz  Blázquez  em 
carta  de  8  de  Maio  de  1554  §  1,  que  ao  chegar  «en  nuestra  casa  no  avia 
otro  Padre»  senão  Salvador  Rodrigues  (Varia  Historia  III,  f.  6i8r). 
Deve-se  ter  ordenado  nesta  segunda  quinzena  de  Julho.  O  Padre,  que 
o  acompanhou,  parece  ser  Salvador  Rodrigues,  porque  a  narrativa 
supõe  tratar-se  de  dois  Padres  línguas  («a  quien  ellos  avían  hablado)*, 
já  com  experiência  da  terra;  mas  a  mesma  narrativa  não  determina  o 
tempo  do  baptismo  do  cativo  que  poderia  ter  sido  meses  antes,  e  Brás 
Lourenço  o  contasse  como  caso  edificante,  que  lhe  disseram,  e  achasse 
digno  de  ser  conhecido  em  Portugal. 


518 


P.  BRÁS  LOURENÇO  -  PP.  E  II.  DE  COIMBRA 


diesse  de  beber,  y  uno  dellos,  haziendo  que  bivía,  moyó 

9°  un  pano  y  con  aquella  agua  le  baptizo.  Sentiéndolo  toda- 
via los  gentiles,  con  gran  fúria  empeçaran  a  dar  grandes 
bozes  y  las  vieyas  los  irritavan :  «^No  véys  que  os  danan 
la  carne?»  Y  viniendo  con  aquella  fúria  contra  los 
Padres,  y  ellos  con  gran  siguridad  les  mostraron  chary- 

95  dad  y  amor.  Túvolos  nuestro  Senor  que  no  los  mataron 
quedando  espantados  de  ver  los  Padres  con  tan  poco 
temor.  Y  ansí  se  vinieron  los  Padres,  y  embiaron  dei 
camino  un  nino  de  los  de  la  tierra  que  tenían  en  casa, 
para  aquella  noche  consolar  aquel  hombre  que  otro  dia 

100  por  la  manana  avían  de  matar;  y  esto  porque  por  ser 
nyno  no  atentavan  por  él.  Y  supieron  dei  nino,  que  vino 
al  otro  dia,  que  él  se  animó  y  consolo  mucho  aquella 
noche.  Bendito  Dios  que  con  tales  médios  quiso  salvar 
aquella  ánima.    Encomiendome  en  oraciones  de  todos  los 

io5  Padres  y  Hermanos. 

Desta  Baya  de  Todos  los  Sanctos,  de  30  de  Julio 
de  1553. 

CARTAS  PERDIDAS 

73a.  Do  Governador  D.  Duarte  da  Costa  ao  P.  João  de  Aspilcuetar 
Porto  Seguro  (Bafa,  segunda  quinzena  de  Julho  de  1553).  «También  me 
trouxeron  una  carta  dei  Governador  con  otra  de  los  Padres,  en  que  me 
escrevían  que  quisesse  ir  con  unos  hombres  que  por  el  Rey  van  a  des- 
cubrir  terra»,  diz  João  de  Azpilcueta  Navarro,  19  de  Setembro  de  1553 
§  8  (Bras.  j-i,  f.  ioir). 

73b.  Do  P.  Luis  da  Grã[?]  ao  P.  João  de  Aspilcueta,  Porto  Seguro 
(Baía,  mesmo  tempo).  Ver  referência  precedente,  à  carta  «dos  Padres». 
A  licença  para  ir  um  Padre  na  expedição  já  tinha  sido  concedida  pelo 
P.  Nóbrega  (cf.  carta  de  13  de  Setembro  de  1551  §  11).  Mas,  agora,  a 
carta  deveria  ser  de  quem  na  Bafa  tinha  então  autoridade  sobre  os 
Padres  desse  distrito,  que  era  o  P.  Luís  da  Grã. 

73c.  Do  Ir.  António  Blázques  aos  Irmãos  de  Coimbra  (Baía,  fins 
de  Julho-começos  de  Agosto  de  1553).  «El  ano  pasado  les  escrevi  de 
nuestra  llegada  y  cómo  quedávamos  de  paz  y  salud.  Lo  que  después 
sucedió  fué  qu'el  Padre  Salvador  Rodriguez  dio  el  ánima  a  nuestro 
Senhor»,  diz  Blázquez  a  8  de  Alaio  de  1554.  Ora  o  P.  Salvador  faleceu 
a  15  de  Agosto  de  1553.  A  carta,  portanto,  foi  escrita  antes  de  15  de 
Agosto,  e  depois  de  13  de  Julho,  dia  em  que  chegou  ao  Brasil. 


74.  -  ROMA  15  DE  AGOSTO  DE  1555 


519 


74 

DO  P.  JUAN  DE  POLANCO 
POR  COMISSÃO  DO  P.  INÁCIO  DE  LOYOLA 
AO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA,  BRASIL 

ROMA  15  DE  AGOSTO  DE  1555 
I.    Bibliografia  :  Streit  II  338  n.  1232. 

II.  Texto:  ARSI,  Epp.  NN.  jo,  ff.  84^-851-.  À  margem,  no  começo  : 
«Para  el  P.  Nóbrega»  ;  no  fim :  «La  mesma  copia  dei  P  Nóbrega  se 
enbía  para  el  P.  Maestro  Gaspar».  Apógrafo  espanhol  [registo]. 

III.  Impressão:  MI  Epp.  v  329  331;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coim- 
bra 1955)  511-512. 

IV.  Edição:   Reimprime-se  o  texto  (Epp.  NN.joJ. 

Textus 

1.  De  ratione  scribendi  Romam.  —  2.  Quid  in  epistolis  quae  externis 
ostendi  possunt.  —  3.  Res  quae  ad  aedificationem  non  iuvant  separatim 
scribantur. 

Pax  Christi. 

Charísimo  Padre  en  Jesú  Christo. 

1.  Hasta  aqui  tiénense  informaciones  muy  imperfectas 
de  las  cosas  de  allá,  parte  porque  se  dexa  a  los  que  están 
en  cada  parte  el  cuydado  de  scrivir,  y  así  unos  lo  hazen  y 
otros  no,  que  son  los  más,  parte  porque  aún  los  que  escri- 
ven  dan  información  de  algunas  cosas,  y  déxanse  otras  que 
convendría  se  supiessen.  Así  que,  para  remediar  esto,  nues- 
tro  Padre  M.  Ignatio  ordena  a  V.  R.,  y  a  quien  qu[i]era  que 
tubiere  cargo  principal  en  ese  collegio  y  los  otros  de  la 
índia,  como  Provincial  o  substituto  dei  Provincial,  que  él 
tome  cargo  de  ynbiar  las  letras  de  todos,  y  les  haga  scrivir  1 


i  À  data  desta  carta,  Nóbrega  já  tinha  sido  nomeado  Provincial, 
e  ela  chegou  às  suas  mãos,  antes  da  redacção  final  da  Quadrimestre  de 
Maio  a  Setembro  de  1554.    Nóbrega  mandou  que  escrevesse  a  Qua- 


520 


P.  JUAN  DE  POLANCO  -  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 


algunos  meses  antes,  porque  no  se  falte.  Y  quanto  a  las 
cosas  de  que  han  de  scrivir  diré  aqui  los  puntos. 

15  2.  En  las  letras  mostrables  se  dirá  en  quantas  partes 
ay  residentia  de  los  de  la  Companía,  quántos  ay  en  cada 
una,  y  en  qué  entienden,  tocando  lo  que  haze  a  edifica- 
tión;  asimesmo  córao  andan  vestidos,  de  qué  es  su  comer 
y  beber,  y  las  camas  en  que  duermen,  y  qué  costa  haze 

20  cada  uno  dellos.  También,  quanto  a  la  región  donde  está, 
en  qué  clima,  a  quántos  grados,  qué  venzindad  tiene  la 
tierra,  como  andan  vestidos,  qué  cómen,  etc. ;  qué  casas 
tienen,  y  quántas,  según  se  dize,  y  qué  costumbres;  quán- 
tos christianos  puede  [8^r]  aver,  quántos  gentiles  o  moros ; 

25  y  finalmente,  como  a  otros  por  curiosidad  se  scriven  muy 
particulares  informaciones,  así  se  scrivan  a  nuestro  Padre, 
porque  mejor  sepa  como  se  ha  de  proveer;  y  tanbién  satis- 
fazerse  ha  a  muchos  senores  principales,  devotos,  que  que- 
rían  se  scriviesse  algo  de  lo  que  he  dicho. 
30  3.  Y  si  ubiesse  alguna  cosa  que  no  diesse  aquella  edi- 
ficación,  siendo  scritta  en  modo  que  se  entendiese  bien,  no 
se  dexe  de  scrivir,  pero  en  letras  de  aparte.  Finalmente 
nuestro  Padre,  como  querría  no  faltar  en  proveer  de  lo 
que  conviene,  así  no  querría  que  se  faltasse  de  allá  en 

35  informarle  por  menudo  de  lo  que  importa  se  sepa. 

De  otras  cosas  se  scrive  por  otras.  Sea  Jesú  Christo  en 
nuestras  ánimas. 

De  Roma,  13  de  Agosto  1553  2. 


34    no  dei.  quiere  ||  35-38    por  menudo  —  1553  in  marg. 


drimestre  o  Ir.  Anchieta,  o  qual  alude  a  esta  carta  de  Roma  no  §  i 
(«ha  pouco  recebida»  ou,  no  latim  colectivo  das  cartas  impessoais  ou 
gerais,  «accepimus») ;  e  procurou  conformar-se  já,  nas  minúcias  dela, 
com  as  normas  estabelecidas  na  presente  carta. 

2  Lê-se  à  margem,  no  fim,  que  a  mesma  cópia  do  P.  Nóbrega  se 
envia  para  o  P.  Mestre  Gaspar.  Trata-se  de  Gaspar  Barzeu  [Berze], 
Mestre  em  Artes  por  Lovaina  e  então  Vice-Provincial  da  índia.  Natu- 
ral de  Goes  (Zuid  Beveland,  Zeeland),  onde  nasceu  em  1515.  Depois 
dos  estudos,  militou  no  exército  de  Carlos  V  (1536),  foi  ermitão  em 
Montserrat,  servia  em  Lisboa  a  Sebastião  de  Morais,  «recebedor  dos 
dinheiros  do  Reino»;  entrou  na  Companhia  em  Coimbra  (1546),  foi  para 


75. -SERTÃO  DE  S.  VICENTE,  ÚLTIMO  DE  AGOSTO  DE  1553  521 


75 

DO  P.  MANUEL  DA  NÓBREGA 
AO  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CÂMARA,  LISBOA 

DO  SERTÃO  DE  S.  VICENTE,  ÚLTIMO  DE  AGOSTO  DE  1555 

I.   Bibliografia  :  Leite  ix  8  n.  18. 

II.  Autores:  Polanco  ih  472-473;  Leite  i  270-271;  11  380-381; 
Breve  Itinerário  97;  Pedro  Calmon,  História  do  Brasil  I  (São  Paulo  1939) 
247;  Mariz  126;  Stefan  Zweig,  Brasil  País  do  Futuro  (Rio  de  Ja- 
neiro 1941)  50  ;  Afrânio  Peixoto,  História  do  Brasil  (São  Paulo  1944) 
137  ;  Tito  Lívio  Ferreira,  Génese  Social  da  Gente  Bandeirante  88-90 ; 
Hélio  Viauh  a,  História  do  Brasil  Colonial  (São  Paulo  1945)  53;  Arroyo, 
Igrejas  de  São  Paulo  93 ;  Nemésio  330-334 ;  Elaine  Sanceau,  Capitães 
do  Brasil  280. 

III.  Texto :  ARSI,  Bras.  j-i,  ff.  9gr-99v  [antes  333r-333v],  Sem 
título.  Tradução  espanhola  do  original  português  perdido,  feita  e  man- 
dada pelo  P.  Mirón  para  Roma  com  a  sua  carta  de  17  de  Setembro 
de  1554  (Epp.  NN.  69-1,  ff.  365r-366r). 

IV.  Impressão:  Leite,  Revelações  sobre  a  Fundação  de  São  Paulo, 
in  Revista  do  Arquivo  Municipal  11  (São  Paulo  1934)  44-46,  com  a  repro- 
dução da  fotocópia  [Bras.  j-i],  p.  99-100.  [Publicou-se  no  mesmo  ano 
em  diversos  jornais  do  Rio  de  Janeiro  e  de  São  Paulo] ;  Revista  da  Aca- 
demia Brasileira  de  Letras  160  (Rio  de  Janeiro  1934)  452-463;  Páginas 
de  História  do  Brasil  92-94;  C.  Salgado,  De  João  Ramalho  a  9  de  Julho 
(São  Paulo  1934)  129-131 ;  J.  F.  de  Almeida  Prado,  Primeiros  Povoadores 
do  Brasil  ijoo-ijjo  (São  Paulo  1935)98;  Leite,  Novas  Cartas  Jesuíti- 
cas —  de  Nóbrega  a  Vieira  (São  Paulo  1940)  51-54 ;  T.  O.  Marcondes  de 
Souza,  O  Descobrimento  do  Brasil  (São  Paulo  1946)  364-366;  Affonso 
DE  E.  Taunay,  João  Ramalho  e  Santo  André  da  Borda  do  Campo  (São 
Paulo  1953)  123-125;  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (Coimbra  1955)  480-482. 

V.  História  da  Impressão:  Leite  e  os  que  se  lhe  seguem  até  1955 
imprimem  a  retroversão  portuguesa  moderna,  mas  a  Revista  (1934) 
inclui  a  reprodução  fotográfica  do  documento  ;  Cartas  de  Nóbrega  (1955), 
além  da  retroversão,  imprime  o  texto  (Bras.  j-z). 

VI.  Edição:  Reimprime-se  Bras.  j-i,  texto  único. 


a  índia  em  1548,  trabalhou  em  Ormuz  (1549- 1552),  donde  Xavier  o  cha- 
mou para  o  deixar  em  Goa  com  o  cargo  de  Vice-Provincial.  Faleceu 
na  mesma  cidade  em  1553.  Schurhammer-Wicki,  Epp.  Xav.  II  36. 


522 


P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CAMARA 


Textus 

1.  Scribit  ex  interiore  terraritm  Praefecturae  S.  Vincentii.  —  2  ln 
pago  noviter  ef formato  50  catechumenos  Nóbrega  recepit  die  festo  Decol- 
lationis  S.  loannis.  —  3.  Nunc  longuts  procedit,  quo  Petrus  Correia  iam 
adierat.  —  4.  ln  agro  vivit  consanguineus  Patris  Paiva,  Ioannes  Rama- 
lho, qui  nuptiale  sacrum  conficere  vult  cum  muliere  inda  :  eorum  filium 
maior  em  nattt  Nóbrega  secum  fert  ad  auctoritatem  conferendam  minis- 
teriis  Societatis  Iesu.  —  5.  Quaerat  P.  Ludovicus  Gonçalves  da  Câmara 
utrum  adhuc  vivat  n.xor  loannis  Ramalho  quam  reliquit  in  Portugália 
abhinc  quadraginta  annis  vel  amplius.  —  6.  Petit  dispensationes  Sanctae 
Sedis  ad  matrimonia  celebrando  et,  si  fieri  potest,  pro  omnibus  impedi- 
mentis  iuris  positivi.  —  7.  Pro  expensis  dispensationum,  si  quae  fue- 
rint,  Ioannes  Ramalho  saccharum  solvei.  —  8-  Commercium  litterarum 
cum  Portugália,  unde  facilius  quam  ab  urbe  Bahia  nuntia  perveniunt 
S.  Vincentium. 

+ 
Jesús 

Pax  Christi. 

1.  Esta  escrivo  a  V.  R.  estando  en  el  sertán  desta  Capi- 
tania de  San  Vicente  onde  quede  este  anno  veniendo  en  la 

5  armada.  El  fructo  que  en  esta  tierra  se  haze  por  las  car- 
tas de  los  Hermanos  (los  quales  están  en  San  Vicente)  lo 
sabrán,  porque  scrivirán  de  más  cerca. 

2.  Haier  l,  que  fué  fiesta  de  la  degollación  de  San  Joán, 
veniendo  a  estar  en  una  Aldeã  2  donde  se  aiuntan  nueva- 


8   degollación  eorr.  ex  degllación 


1  Ontem,  seria  30  de  Agosto,  mas  a  festa  da  degolação  ou  martírio 
de  S.  João  Baptista  é  a  29  de  Agosto;  donde  se  segue  que  Nóbrega 
começou  a  escrever  a  carta  no  dia  30  e  concluiu-a  a  31  de  Agosto,  se  é 
que  não  se  trata  de  distracção  do  tradutor  espanhol  ou  copista,  escre- 
vendo «último»  em  vez  de  30.  Nóbrega  deve-a  ter  mandado  logo  para 
São  Vicente,  e  não  achou  navio,  e  só  foi  para  Portugal,  via  Porto 
Seguro,  um  ano  depois.  Diego  Mirón  comunica  de  Lisboa  para  Roma, 
a  17  de  Setembro  de  1554 :  «Del  P.e  Nóbrega  sólo  recebi  una  carta  que 
avia  un  ano  que  era  hecha,  cuya  copia  también  va  con  ésta»  (Epp. 
NN.  69-1,  f.  365r). 

2  Aldeia  de  Piratininga  (Leite,  Breve  Itinerário  96-98). 


75.  -  SERTÃO  DE  S.  VICENTE,  ÚLTIMO  DE  AGOSTO  DE  1555  525 


mente  y  apartan  los  que  se  convierten,  adonde  tengo  pues-  10 
tos  dos  3  Hermanos  para  doctrina  dellos,  hyze  solennemente 
algunos  50  catecúminos  4  de  los  quales  tengo  una  buena 
sperança  que  serán  buenos  chrystianos  y  que  merecerán  el 
batisrao",  será  monstrada  por  obras  la  fe  que  toman  ahora. 

3.    Yo  voime  adelante  5  a  buscar  algunos  escogidos  que  15 
N.  Senor  tendrá  entre  estos  gentiles.    Allá  andaré  hasta 
tener  nuevas  de  la  Baía  de  los  Padres  que  creo  que  serán 
venidos.   Pedro  Corea  fué  ya  adelante  a  denunciar  peniten- 
cia en  remissión  de  sus  peccados.   Llevo  todos  los  modos 


3  Não  há  documento  nenhum  coevo  que  dê  os  nomes  deste  dois 
Irmãos,  que  Nóbrega  deixou  em  Piratininga,  enquanto  foi  «adiante»  até 
Maniçoba.  Sobre  os  que  poderiam  ser,  no  terreno  conjectural,  aten- 
dendo às  circunstâncias  pessoais  dos  súbditos  de  Nóbrega,  P.  Manuel 
de  Paiva  e  Manuel  de  Chaves,  cf.  Leite,  Nóbrega  e  a  sua  herança  em 
São  Paulo  de  Piratininga,  in  Brotéria  58  (1954)  7.  Mas  trata-se  de  con- 
jecturas, e  T.  L.  Ferreira  prefere  Manuel  de  Paiva  e  António  Rodri- 
gues {Padre  Manuel  da  Nóbrega  Fundador  de  São  Paulo  de  Piratininga, 
Revista  «Padrão»  35  |Rio  de  Janeiro  1954]  9). 

4  Inauguração  solene  e  oficial  da  catequese  na  nova  Aldeia  de 
índios,  que  se  fundava  para  a  vida  cristã:  «Povoação  nova  cha- 
mada Piratininga  que  os  índios  faziam  por  ordem  do  mesmo  Padre 
[Manuel  da  Nóbrega]  para  recebem  a  Fé»  (Cartas  de  Anchieta  316). 
Cf.  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  181-182 ;  Capistrano  de  Abreu,  Prole- 
gómenos  (1918)  143;  Correspondência  11  393-394;  Mozart  Monteiro, 
Questões  relativas  à  fundação  de  São  Paulo  372;  Domingos  Maurício, 
Balanço  cultural  dos  Jesuítas  no  Brasil  ijjp-ijóo,  in  Brasília  9  (1955)  281. 
Este  número  de  Brasília,  revista  do  Instituto  de  Estudos  Brasileiros  da 
Faculdade  de  Letras  da  Universidade  de  Coimbra,  «comemorativo  do 
4.0  Centenário  da  Fundação  de  São  Paulo  e  do  3.0  Centenário  da  Res- 
tauração de  Pernambuco»,  contém,  referido  àquela  fundação,  o  traba- 
lho de  Luís  de  Pina,  Padre  Manuel  da  Nóbrega,  fundador  de  São  Paulo, 
na  história  naturalística  do  Brasil  (1-41);  e,  ainda  com  referências  ao 
mesmo  fundador,  os  discursos  da  Sala  dos  Capelos,  proferidos  pelos 
Professores  e  Reitor  da  mesma  Universidade,  A.  J.  da  Costa  Pim- 
pão (351-355),  M.  Lopes  de  Almeida  (355-362),  Damião  Peres  (362-367) 
e  Maximino  Correia  (367-369). 

5  Pelo  Rio  Anhembi  ou  Tietê,  até  Maniçoba  ou  Japiuba;  e  um  dos 
que  o  acompanharam  foi  o  Ir.  António  Rodrigues,  segundo  o  relato  de 
Vasconcelos,  Chronica,  livro  1  §  130;  cf.  ib.  liv.  m  §§  126-127.  Mas 
sobre  este  relato,  cf.  Leite,  Nóbrega  e  a  fundação  de  São  Paulo  45-47 


524 


P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CAMARA 


20  con  que  más  nos  parece  que  ganaremos  las  voluntades  de 
los  gentiles.  Los  moços  principalmente  viénense  para  noso- 
tros  de  todas  las  partes. 

4.    En  este  campo  está  un  Joán  Ramallo  el  más  antiguo 
hombre  que  hay  en  esta  tierra.  Tiene  muchos  hyjos  y  muy 

25  aparentados  en  todo  este  sertán,  y  el  maior  dellos  6  llevo  yo 
hahora  comigo  al  sertán  por  más  autorizar  nuestro  ministé- 
rio, porque  es  mui  conocido  y  venerado  entre  los  gentiles,  y 
tiene  hijas  7  casadas  con  los  principales  hombres  desta  Capi- 
tania, y  todos  estos  hyjos  y  hyjas  son  de  una  india  8  hija  de 

3°  los  maiores  y  más  principales  desta  tierra  9,  de  manera  que 
en  él  y  en  ella  y  en  sus  hijos  speramos  tener  un  grande  médio 
para  conversión  destos  gentiles.  Este  hombre  para  más  aiuda 
és  parente  dei  Padre  Paiva  10  y  acá  se  conocieron. 

5.    Quando  vino  de  la  tierra,  que  avrá  40  anos  y  más, 

35  dexó  su  muger  allá  viva  y  nunqua  más  supo  delia,  mas 
que  le  parece  que  deve  ser  muerta,  pues  ha  tantos  anos. 
Desea  mucho  casarse  com  la  madre  destos  sus  hyjos.  Ya 
allá  se  escrevió  y  nunqua  vino  respuesta  deste  su  negocio, 


20  las  eorr.  ex  as  ||  33  el  corr.  ex  lo  ||  35  prius  certáa  ||  sâ  comigo  dei.  p  |  prius 
certáa  ||  37  prius  conecldo  y  venerando  ||  39  son  dei.  principales  j  3a  prius  conver- 
ción  ]|  33   prius  conecieron  ||  36    afios  corr.  ex  ânuos 


6  O  filho  mais  velho  de  João  Ramalho  chamava-se  André  (T.  L. 
Ferreira,  Génese  63 ;  A.  de  Moura,  Os  Povoadores  do  Campo  de  Pirati- 
ninga  [São  Paulo  1952]  155). 

7  Os  genealogistas  falam,  entre  outras,  de  Joana  Ramalho,  casada 
com  Jorge  Ferreira,  Capitão-mor  da  Capitania  de  São  Vicente  (1556- 
-1557;  1567-1569);  Catarina  Ramalho,  casada  com  Bartolomeu  Camacho  ; 
Beatriz  Ramalho,  casada  com  Lopo  Dias,  todas  com  numerosa  e  ilustre 
descendência.  Cf.  T.  L.  Ferreira,  Génese  63  233-250;  A.  de  E.  Taunay, 
Ascendência  paulista  e  vicentina  de  Francisco  José  Teixeira  Leite  e  Anna 
Alexandrina  Teixeira  Leite  Barão  e  Baronesa  de  Vassouras  (Uma  folha) 
São  Paulo  1932;  História  das  Bandeiras  Paulistas  II  (São  Paulo  1951)  275. 

8  De  nome  indígena  Bartira  ou  Mbci,  baptizada  com  o  nome  de 
Isabel  Dias  (Taunay,  Ascendência). 

9  Martim  Afonso  Tibiriçá  (Taunay,  ib. ;  mas  cf.  Nóbrega  e  a  fun- 
dação de  São  Paulo  77). 

10   P.  Manuel  de  Paiva. 


75.  -  SERTÃO  DE  S.  VICENTE,  ÚLTIMO  DE  AGOSTO  DE  1553  525 


y  portanto  es  necessário  que  V.  R.  luego  embíe  a  Bouzela  u, 
tierra  dei  Padre  Maestre  Simón  12,  y  de  parte  de  N.  Senor  4° 
lo  requiero,  porque  si  este  hombre  estuviere  en  estado  de 
gracia13  hará  N.  S.  por  él  mucho  en  esta  tierra,  pues  estando 
en  el  peccado  mortal,  por  su  causa  la  sustento  hasta  hahora. 
Y  pues  esto  es  cosa  de  tanta  importância,  mande  V.  R.  luego 
saber  la  cierta  información  de  todo  lo  que  tengo  dicho.  45 

6.  En  esta  tierra  ay  muchos  hombres  los  quales  están 
amancebados  y  desean  casarse  con  ellas,  y  será  grande 
servicio  de  N.  Senor.  Ya  tengo  scrito  que  nos  ayan  dei 
Papa  poder  para  dispensar  nosotros  en  todos  estos  casos 
con  los  hombres  que  en  estas  partes  de  infieles  andan,  5o 
porque  unos  duermen  con  dos  hermanas  y  desean  después 
que  tienen  hijos  de  una  casar  con  ella  y  no  pueden,  otros 
tienen  otros  impidimientos  de  affinidad  y  consanginidad  y 
para  todo,  y  por  remédio  de  muchos,  se  devría  esto  luego 
de  impetrar,  para  sosiego  y  quietación  de  muchas  [99V]  55 
consciências.  Y  lo  que  tenemos  para  los  gentiles  se  devría 
también  tener  y  aver  para  los  chrystianos  destas  partes, 
y  a  lo  menos  hasta  que  dei  Papa  se  haya  general  indulto14. 


45   prius  enformación  |  tengo  corr.  ex  tiengo  ||  55    sosiego  corr.  ex  sociego 


11  Vouzela,  Vila,  Concelho  e  Freguesia  de  N.a  S.a  da  Assunção, 
comarca  de  S.  Pedro  do  Sul,  Distrito  e  Diocese  de  Viseu,  Relação  de 
Coimbra,  Província  da  Beira  Alta.  Vouzela  é  coeva  da  fundação  da 
monarquia  portuguesa  e  pátria  de  S.  Frei  Gil  e  de  outros  homens  ilus- 
tres, entre  os  quais  o  P.  Mestre  Simão  Rodrigues,  de  que  dá  notícia 
A.  Costa,  Diccionario  Chorographico  de  Portugal  XII  (Porto  1949) 
859-864.  A  essa  lista  de  notáveis  se  deve  acrescentar  o  nome  de  João 
Ramalho.  Carvalho  Franco,  Dicionário  (1954)  323,  levanta  a  dúvida 
se  não  será  outra  Vouzela,  do  termo  de  Coimbra,  como  se  exprime 
Tomé  de  Sousa.  A  dúvida  foi  eliminada  já  por  Nóbrega  ao  escrever 
que  João  Ramalho  era  de  «Vouzela,  terra  do  P.  Mestre  Simão*,  a  qual 
ainda  hoje  está  incluida  no  termo  ou  área  da  Relação  de  Coimbra. 

12  P.  Mestre  Simão  Rodrigues. 

13  «Em  estado  de  graça»,  isto  é,  em  estado  de  matrimónio  cristão, 
que  Nóbrega  se  esforçava  por  legitimar. 

14  Já  a  24  de  Fevereiro  de  1554  se  comunicava  de  Roma  para  Lis- 
boa que  o  Papa  concedera  dispensa  até  o  3.0  e  4.0  grau  de  consanguini- 


526 


P.  NÓBREGA  -  P.  LUÍS  GONÇALVES  DA  CAMARA 


Si  el  Núncio  tuviere  poder,  ayan  dél  dispensación  particular 
6o  para  este  mismo  Joán  Ramallo  poder  casar  con  esta  india, 
no  obstante  que  oviese  conocido  otra  su  hermana  y  qua- 
lesquier  otras  parientas  delia;  y  así  para  otros  dos  o  tres 
mestizos  que  quieren  casar  con  Índias  de  que  tienen  hijos 
no  obstante  qualquier  affinidad  que  entre  ellos  aya. 
65      7.    En  esto  se  hará  grande  servicio  a  N.  Senor;  y  si 
esto  custare  alguna  cosa,  él 15  lo  embiará  de  acá  en  açú- 
quar  16.    Aya  allá  algun  virtuoso  que  le  empreste.  Por 
quanto  me  allé  en  estas  necessidades,  y  con  grande  deseo 
de  ver  tantas  almas  remediadas,  escrivo  esto  a  V.  R.  para 
7o  en  la  primera  embarcación  mandar  respuesta  a  esta  Capi- 
tania de  San  Vicente  17. 


65    si  corr.  ex  se  ||  69    ver  corr.  ex  aver 


dade  e  afinidade  para  os  novamente  convertidos  (MI  Epp.  vi  [1907] 
371;  WlCKI,  DI  3  [1954]  65).  E  na  carta  de  17  de  Setembro  de  1554,  a 
S.  Inácio,  o  Provincial  de  Portugal  urge  de  Roma  o  despacho  ao  pedido 
de  Nóbrega  que  era  mais  amplo:  «Las  dispensationes  o  indulto  general, 
que  pide  el  P.e  Nóbrega  en  su  carta  acerca  de  consanguinidades  e  affi- 
nidades,  que  en  aquella  tierra  ay,  que  impiden  el  matrimonio,  V.  P.  las 
encomiende  al  P.e  Polanco  que  se  ayan,  o  se  despachen  si  están  ávidas, 
porque,  como  V.  P.  verá  en  la  carta,  dize  que  tienen  allá  mucha  neces- 
sidad  delias»  {Epp  NN.  69-1,  f.  365V).  Cf.  Carta  de  Nóbrega  de  25  de 
Março  de  1555  §  12.  Leite,  Cartas  de  Nóbrega  (1955)  199. 

15  João  Ramalho. 

16  O  açúcar  (ou  ferramenta  de  ferro)  era  a  moeda  do  Brasil,  em  vez 
de  dinheiro,  que  se  não  usava  na  Capitania  de  São  Vicente,  diz  Lufs 
da  Grã  na  carta  de  8  de  Junho  de  1556,  que  publicámos  em  apêndice 
ao  Diálogo  sobre  a  Conversão  do  Gentio  114.  O  primeiro  Engenho  de 
Açúcar  nesta  Capitania,  foi  o  da  «Madre  de  Deus»,  instalado  em  1532  por 
Pero  de  Góis  e  seu  irmão  Luís  de  Góis.  Cf.  B.  de  Magalhães.  O  Açúcat 
nos  primórdios  do  Brasil  Colonial  121-127  ;  Leite,  Luís  de  Góis,  Senhor 
de  Engenho  no  Brasil,  introdutor  do  tabaco  em  Portugal,  Jesuíta  na 
índia,  in  Brotéria  61  (1955)  152. 

17  Não  se  conhece  o  resultado  deste  inquérito  que  deve  ter  sido 
positivo,  a  saber,  que  ainda  vivia  em  Portugal  a  mulher  de  João  Rama- 
lho. Mas  o  famoso  e  velho  português  faleceu  pouco  depois  de  1580, 
com  as  coisas  da  sua  vida  moral  e  cristã  postas  em  regra.  Cf.  Leite  ii 
382-383;  Taunay,  João  Ramalho  e  Santo  André  da  Borda  do  Campo 
126-127. 


75.  -  SERTÃO  DE  S.  VICENTE,  ÚLTIMO  DE  AGOSTO  DE  1555  527 


8.  Lo  demás  scriviré  para  la  yda  de  los  navios  si  me 
hallare  en  parte  para  ello,  y  si  no  los  Padres  y  Hermanos 
suplirán.  A  una  carta,  que  en  este  San  Vicente  recebi, 
tengo  ya  respondido.  Las  que  vinieron  por  via  de  la  Baya  75 
no  tengo  aún  visto,  y  más  fácil  est  venir  de  Lisbona  recado 
a  esta  Capitania  que  no  de  la  Baya.  Vale,  Pater. 

Deste  sertán  adentro,  el  postrero  de  Agosto  de  1553  anos. 

Hyjo  inútil  de  V.  R. 

+ 

+  Nóbrega  +  18  80 
+ 


72    Lo  corr.  Los  ||  78    el  corr.  ex  dei 


18  Estas  quatro  cruzes,  que  iluminam  o  nome  do  fundador,  não 
são  dele,  pois  não  se  trata  de  autógrafo;  mas  assim  está  no  ms.  qui- 
nhentista. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


ONOMÁSTICO,  GEOGRÁFICO  E  IDEOGRÁFICO 
(Jesuítas  com  asterisco) 


Aarão  :  Patriarca.  161  162  314. 
Abraão :  Patriarca.  167  332. 
Abrolhos :  428. 

Academia  Brasileira  de  Letras: 
35*  76. 

Aço:   Nóbrega  pede-o  para  o  Ir. 

ferreiro  503. 
Açores  :  471. 

Açúcar:— Ver  Agricultura',  ver 
Engenhos. 

Adão  :  Patriarca.  331  334. 

Adorno,  Paulo  Dias  :  Morador  da 
Baía.  359. 

Adornos  :  —  Ver  Índios. 

Afonso  V  (D.):  Rei  de  Portugal.  32. 

Afrânio  Peixoto  :  —  Ver  Peixoto. 

África:  33  52  55  70  95  96  no  141 
189  190  192  193  218  223  224  326 
333  45°  488. 

Agostinho :  Santo  e  doutor  da 
Igreja.  335. 

Agostinhos:  — Ver  Ordens  Reli- 
giosas. 

Agricultura  :  Lavoura  indígena 
12,  os  índios  precisam  da  ferra- 
menta dos  brancos  445,  contri- 
buição missionária  disciplinada 
12,  Nóbrega  pede  sementes  119, 
frutas  e  plantas  da  terra  e  de 
Portugal  135  148  221,  açúcar  427 
456  522  526  (moeda),  algodão  126 
127  135  228  293  352,  arroz  457, 


canaviais  135,  cidras  148  246 
500,  figos  148,  laranjas  e  limões 
148  246  389,  mandioca  116  117 
(lenda)  148  (roças  445-446),  mi- 
lho 148  319,  oferta  de  milho 
325,  vinhos  de  milho  que  em- 
briagam 227  228,  palmitos  221 
245,  pimenta  387  397,  tabaco 
(qualidades  terapêuticas)  156 
169,  uvas  148  246  (ver  Vinhos). — 
Ver  Engenhos;  ver  Fazendas. 
Agueda :  249. 

Aguiar,  Amador  de:  Homem  de 
armas.  197  199. 

Aguiar,  Cristóvão  de:  Almoxa- 
rife. 176  197  249  265  266. 

Aguiar,  Jorge  de  :  197  199. 

Aguiar,  Marquês  de:  68. 

Aguilar,  Marquês  de  :  100. 

Ajuda  (Porto  Seguro): — Ver  Igre- 
jas. 

Alberto  V:  Duque  de  Baviera.  217. 

Albuquerque,  D.  Brites  de  :  Capi- 
toa.  Virtuosa  261  288  291. 

Alcácer  do  Sal:  33  107. 

Alcalá :  21  61  68  69  132. 

Alcântara  Machado,  A.  de  :  Escri- 
tor.  33*  35*. 

Aldeia  dos  Amendoins :  195. 

—  do  Ferreiro  :  195  197. 

—  do  Grilo:  Adoração  da  Cruz  382- 
-383  i  3/6  381  387- 


34 


530 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


—  de  Maniçoba :  462. 

—  do  Monte  Calvário :  125  141  268 
280  307-309  346. 

—  de  Peruibe :  462. 

—  de  Piratininga :  Fundação,  três 
povoações  que  se  querem  jun- 
tar numa  490  496  504,  Aldeia 
nova  por  ordem  de  Nóbrega 
522,  que  nela  faz  50  catecúme- 
nos  a  29  de  Agosto  de  1553522- 
"523  i  9  36  242  522.  —  Ver  São 
Paulo  de  Piratininga. 

—  do  Porta  Grande :  195  197  304. 

—  de  Reritiba :  43. 

—  de  Santa  Crus  (Itaparica) :  258. 

—  de  S.  Francisco  (Pernambuco) : 
319- 

—  de  S.  Pedro  (Baia)  ;  46. 

—  de  S.  Tomé  de  Paripe :  376  388 
410  412. 

—  do  Simão :  268. 

—  de  Tapiiranema :  462. 

—  do  Tramiarana :  197. 

Aldeias  :  O  aldeamento  dos  Ín- 
dios ordenado  no  Regimento 
do  Governador  6-7,  necessi- 
dade das  Aldeias  de  fixação  12, 
começa  a  visita  das  Aldeias 
gentias  (1549)  139  183,  três  ou 
quatro  316-317,  seis  ou  sete 
309,  peregrinam  por  elas  os 
Padres  e  meninos  376,  com 
a  cruz  sempre  levantada  378 
386,  reverência  à  cruz  321  382- 
-383,  prega-se  o  nome  de  Jesus 
133,  os  meninos  cantam,  tocam 
e  dançam  e  depois  ensinam  a 
doutrina  cristã  386,  na  língua 
brasílica  350  368,  fazem-se  er- 
midas 180  184  309-311  364  416, 
mas  os  índios  mudam  as  Al- 
deias com  frequência  178  i8r, 
o  que  dificulta  a  perseverança 
230,  é  preciso  que  os  Padres 
vivam  com  eles  452,  Nóbrega 
dava  posse  aos  missionários 


que  se  encarregavam  das  Al- 
deias 280,  António  Rodrigues, 
apóstolo  das  Aldeias  46;  Aldeias 
da  Baía  112  117  133  140  141  156 
183  258  259  277  280  282  283  305- 
-307  320  379  382  397  398  414,  do 
Campo  de  Piratininga  208  490, 
do  Espírito  Santo  54  55  428,  do 
Paraguai  339,  de  Pernambuco 
262  286  288  319  320  325,  de  Porto 
Seguro  136  260  277-279,  de  S.  Vi- 
cente 341.— Ver  Conversão  do 
Gentio  ;  ver  Índios. 

Alemanha :  facas  444,  22  56  59  217. 

Algodão  :  —  Ver  Agricultura. 

Alimentação  :  148.  —  Ver  Sus- 
tentação (Meios  de). 

Alma  :  Sobrevivência:  ver  Índios. 

Almeida,  Fortunato  de :  Escritor. 
33*  96  101  162  294  485  489. 

*  Almeida,  Luís  de :   Mis.  do  Ja- 

pão. 59. 

Almeida  Prado,  J.  F.  de :  Escri- 
tor. 35*  521. 

Almeirim  :  5  211-213  215  326  350. 

Alvarenga,  Oneyda :  Escrit.  33* 
152- 

Álvares,  Ana :  Mamaluca.  369. 

Álvares,  Apolónia:  Mamaluca.  369. 

Álvares, Catarina:  Caramurua.  369 

Álvares,  Diogo:  —  Ver  Caramuru. 

Álvares,  Diogo:  Morador  no  Es- 
pírito Santo.  300. 

Álvares,  Filipa  :  Mamaluca.  369. 

Álvares,  Genebra:  Mamaluca.  369. 

Álvares,  Gonçalo:  Intérpretre.  203 
204  241. 

Álvares,  Grácia:  Mamaluca:  369. 
Álvares,  João:  Impressor.  70  378. 
Álvares,  Luís :  Bolseiro.  92. 
Álvares,  Madalena:  Mamaluca.  369. 

*  Álvares,  Manuel :  Pintor.  63. 
Álvares,  Simão:  Pai  do  P.  Leo- 
nardo Nunes.  37. 

*  Amador,  Sebastião  :  Mis.  do  Peru 

63. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  £  REMISSIVO 


531 


Amann,  É. :  Escritor.  36*. 
Amaral,  António  do:  Tabelião.  462. 
Amazonas  (Lenda  das):  493504 
5°5- 

Amazonas :  19  475  479. 
Arribasse :  189. 

América:  Esquecida  de  Deus  tan- 
tos mil  anos  333,  o  Brasil  i.a  mis- 
são S.  I.  9  480,  Nóbrega  i.°  Pro- 
vincial 508  ;  10  19  20  22  23  35 
45  126  138  384  488  512. 

América  Espanhola :  188. 

América  Portuguesa :  — Ver  Brasil. 

América  do  Norte :  177. 

América  do  Sul :  14  46,  caminhos 
de  António  Rodrigues,  472-480. 

Americanistas  :  469. 

Amizades  :  Entre  desavindos  : 
ver  Ministérios. 

Amoroso  Lima,  Alceu  :  Escritor. 

33*  51- 
Anadia:  41. 

«Anais  da  Biblioteca  Nacional  do 

Rio  de  Janeiro»  :  33*. 
'  Anchieta,  José  de :  Escritor.  33* 
35*  40*,  chegada  ao  Brasil  466 
514 ;  47  51  55  67  76  390  425  523. 

Andaluzia  :  22. 

Andrade,  Branca   de :   Filha  de 

Campo  Tourinho.  312. 
''Anes,  Domingos  :  —  Ver  Pecorella. 

Angelis,  Pedro  de :  Escritor.  43* 
473  493- 

Ango,  João :  Armador  e  pirata. 
90  91. 

Angola :  56  67  189. 

Angoulême,  Helies  Alesgle  de:  90. 

Angra  dos  Reis :  426  430. 

Animismo  :  17.  —  Ver  Índios. 

Anjo  Custódio  de  Portugal  :  — 
Ver  Culto. 

Ano  Santo  (1550) :  —  Ver  Jubi- 
leu. 

Anselmo,  António  Joaquim  :  Es- 
critor. 33*  130  378. 
António  (D.) :  Prior  do  Crato  :  467. 


António  de  Lisboa  :  Santo  e  dou- 
tor da  Igreja.  388. 

Antropofagia:  16,  ritual  224,  des- 
crita por  Nóbrega  136-137,  por 
Pero  Correia  227-229,  gentio 
muito  inclinado  a  comer  carne 
humana  279,  «grandes  comedo- 
res de  homens»  478,  «pés,  mãos 
e  cabeças  de  homem»  282,  os  ín- 
dios pedemcarne  humanaà  hora 
da  morte:  é  a  sua  consolação  182- 
-183  307-308,  costume  dos  ante- 
passados: as  velhas  dançando 
à  roda  das  panelas  182-183,  co- 
mem os  filhos  dos  cativos  ainda 
que  sejam  irmãos  netos  e  filhos 
(e  às  vezes  as  próprias  mães  os 
comem)  136,  contra  a  natureza 
282,  «a  cada  20,  30,  40  léguas  se 
comem»  227,  não  se  comem 
«senão  por  vingança»  279  307, 
cativo  que  preferiu  ser  comido 
a  ser  resgatado  279,  índios  já 
baptizados  que  voltaram  a  co- 
mer carne  humana  274-275,  o 
caso  do  «religioso  sacerdote» 
164,  os  Padres  da  Companhia 
condenam  e  combatem  o  cos- 
tume de  comer  carne  humana 
156,  cena  violenta  do  Monte 
Calvário  307-310,  Nóbrega  con- 
segue que  um  cativo  não  seja 
morto  e  comido  e  se  lhe  entre- 
gue vivo  310,  um  menino  bra- 
sil, educado  pelos  Padres,  diz 
à  mãe  que  não  coma  carne  hu- 
mana 416  ;  12  iii  133  137  140 
152  160  179  251  257  259  267  277 
303  316  380  472-473  477  493  505 
5I7-5I8. 

Antropologia:  índios  da  Amé- 
rica, 10. 
Anvers  (Antuérpia)  :  33  441. 
Anzures,  Pedro  de  :  478. 
*  Aquaviva,  Cláudio :  Geral  S.  I.  32*. 
Aquino,  Tomás  de :  Santo.  160. 


532 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


*  Aragão,  João  de  :  —  Ver  Bosch, 
João. 
Aratu :  381. 

Araújo,  João  de  :  Tesoureiro.  367. 

ARCHIVO  DE  ÍNDIAS  :  451. 

cArchivum  Historicum  S.  I.>:  33*. 
Archivum  Romanum  Societatis 

Iesu  [ARSI] :  —  Ver  Roma. 
Argentina:  11. 

Arinos  de  Melo  Franco,  Afonso : 

—  Ver  Melo  Franco. 
Armas:  233-234  444-445- 
Armenta,  Bernardo  de  [O.  F.  M.] : 

149  481. 

Arquitectura:  —  Ver  Artes  e 
Ofícios  ;  ver  Igrejas. 

Arquivo  Histórico  Ultrama- 
rino :  5. 

Arquivo  Nacional  da  Torre  do 
Tombo  :  61  65.  —  Ver  Lisboa. 

Arroyo,  Leonardo:  Escritor.  33* 
521. 

Arroz  :  —  Ver  Agricultura. 

Artes  e  Ofícios  :  A  terra  não  ofe- 
rece facilidade  para  contratar 
oficiais  mecânicos  119,  devem 
vir  de  Portugal  e  trazer  mulher 
e  filhos  126-127  264  345i  Nó- 
brega pede  também  órfãos  ofi- 
ciais mecânicos  503,  e  tecelões 
127;  os  baluartes  da  Baía  181, 
um  pedreiro  desterrado  traba- 
balha  no  Colégio  271,  Nóbrega 
manda  ensinar  os  moços  da 
terra  a  ferreiros  e  tecelões  503, 
tenda  de  ferreiro  421,  ofícios 
manuais  dos  Padres  251,  Vi- 
cente Rodrigues  agricultor  e 
tecelão  40,  Diogo  Jácome  tor- 
neiro 41,  Manuel  de  Paiva  car- 
pinteiro e  taipas  311,  António 
Pires  carpinteiro  e  mestre  de 
obras  38-39,  Afonso  Brás  car- 
pinteiro e  construtor  41,  retá- 
bulo de  Nossa  Senhora  174, 
arte  indígena  (ver  Índios). 


Árvores:  —  Ver  Agricultura. 
Asta :  333  488. 
Assis:  363. 

Assistência:  A  doentes,  presos  e 
condenados:  ver  Ministérios. 

Assistência  Portuguesa  S.  I.:  — 
Ver  Companhia  de  Jesus. 

*  Astrain,  Antonio  :  Escritor.  33*,  in- 

formação errónea  491. 

Asunción :  Fundação  474-475,  na 
demarcação  de  Portugal  485,  no 
Brasil  495  ;  46  336  470  479. 

Ataíde,  D.  António  de :  Embaixa- 
dor. 92. 

Atlântico  (Oceano):  10  19. 

Aurignac,  Bernardo  de :  Vigário. 
164. 

Aveiro :  249. 

Aveiro,  Duque  de:  164. 

Avelãs  de  Cima :  41. 

«Avisi  Particolari  delle  Indie  di 
Portugallo»  :  33*. 

Ayolas,  Juan  de  :  Capitão.  471  473 
475- 

Ayrosa,  Plínio  :  Escritor.  33*  44* 
137  241. 

Azevedo,  Fernando  de  :  Escritor. 

33*- 

*  Azevedo,  Inácio  de  (B.):  Mártir 

do  Brasil.  Protege  o  Donatário 
Vasco  Fernandes  Coutinho  299; 

39  56  57  63. 

*  Azevedo,  João  de:  Mis.  do  Brasil. 

63. 

Azevedo,  Pedro  de  :  Escritor.  34* 
42*  50  52  483. 

Azevedo  Marques,  Manuel  Eufrá- 
sio de :  Escritor.  34*  206  237. 

Azpilcueta,  Juanes  de:  Pai  do 
P.  João  de  A.  38. 

*  Azpilcueta  Navarro,  João  de  :  Mis. 

dos  índios.  Vida  38,  ensina  a 
ler  e  as  orações  157,  aprende  a 
língua  brasílica  133  159,  em  que 
prega  e  confessa  180  250-253 
280  281,  traslados  378,  visita  as 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


553 


Aldeias  183,  Nóbrega  dá-lhe 
posse  de  uma  Aldeia  a  seu 
cargo  280,  prega  o  jubileu  do 
Ano  Santo  em  Porto  Seguro 
393,  outros  ministérios  426-427, 
vai  na  expedição  do  oiro  por 
Nóbrega  o  ter  prometido  294, 
falecimento  212 ;  7  20  55  70  109 
110  112  114  118  125  127  129 
139  140  156-158  160  169  177  184 
187  254  255  268  276  277  282  283 
305  316  391  486  487  514  516  518. 
Azpilcueta  Navarro,  Martin  de: 
Doutor.  34*,  confere  a  Nóbrega 
em  Coimbra  os  graus  acadé- 
micos 134;  19  38  67  132  133 

M1  36r  368  369  4°7  411  487 
502. 

Baia :  Chegada  de  Nóbrega  109- 
-110,  fundação  sítio  e  clima  52 
109  133  135  147-148,  primeiras 
construções  39  258,  casas  de 
taipa  311,  poço  da  cidade  181, 
hospital  185,  baluartes  181,  muro 
da  cidade  125  309,  cidade  forte 
444,  boa  fortaleza  446,  cenas  de 
antropofagia  282,  Terreiro  de 
Jesus  399,  Água  dos  Meninos 
194-200,  fervor  e  trabalho  pes- 
soal dos  moradores  em  fazer  a 
nova  igreja  da  Companhia  399, 
reforma  dos  moradores  em 
bons  costumes  394,  encomen- 
dação  das  almas  131,  todos  os 
que  puderam  ganharam  o  jubi- 
leu do  Ano  Santo  394,  erecção 
da  diocese  do  Salvador  50;  4  8 
11  13  14  16  18  35  36  41-43  54  68 
108  110  113  114  121  138  145  156 
157  161  162  169  177  184  195-200 
220  246  252  255  259-261  276  296 
297  299  301  310  314  328  343  348 

35i  353  366  367  375  39o  394  4°o 
403  409  426  442  467  481  494  496 
497  513  5i4  516  518  523  527. — 


Ver  Colégio  da  Baía;  Ver 

Igreja  da  Baía. 
Bata  de  Todos  os  Santos:  110  135 

187  280  444. 
Baião,  António :  Escritor.  34*  49  90. 
Baldus,  Herbert:  Escritor.  34*  12 

154- 

Ballesteros  y   Beretta,  Antonio: 

Escritor  34*. 
Banza:  189. 

Baptista  Caetano  de  Almeida  No- 
gueira: Escritor.  34*35*  140. 

Baptistérios:  130. 

Barata  Feyo :  Escultor.  2*/3*. 

Barbas  :  —  Ver  Índios. 

Barbosa,  Gaspar:  Pretendente  à 
Companhia.  296  312  359  360  382. 

Barbosa,  Manoel :  Escritor.  34*  50. 

Barbosa  Machado,  Diogo:  Escri- 
tor. 34*  32  48  93  94  96  108  115 
118  132  155  200  223  238  250  266 
267  283  305  321  390  409. 

Barcelona :  21  25. 

*  Barreira,  Baltasar  :  Mis.  de  África. 

67. 

Barreira,  João  :  Impressor.  70  378. 
Barreto,  José  de  Assis  Alves 
Branco  Moniz:  Bibliotecário.  67. 
Barroso,  Gustavo:  Escritor.  34*  153. 
Bartira.  —  Ver  índios. 

*  Barzeu  :  —  Ver  Berze. 
Bataillon,  Mareei:  Escritor.  34*  32 

87  441. 

Battaglia,  Raffaello :  Escritor.  34* 
10. 

*  Battlori,  Miquel :  Escritor.  84. 
Baviera :  Pode  seguir  o  exemplo 

de  Portugal  216-218. 
Behring,  M. :  Escritor.  68. 
Beira  :  35. 

Beira  Alta:  458  525. 
Beira  Litoral:  111. 
Beja:  32  96. 
Belém  (Lisboa):  172. 
Bélgica:  56. 

Beliago,  Belchior:  Bolseiro.  93. 


534 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Beltrão,  João:  Impressor.  130. 
Benfeitores  :  —  Ver  Companhia 

de  Jesus. 
Bens:— Ver  Sustentação  (Meios 

de). 

Beringer,  F.:  Escritor.  34*  124. 
Bernard-Maitre,  Henri :  Escritor. 

34*  33  88. 
Berrien,  William  :  Escritor.  34*. 
Bertioga  :  Fortaleza  atacada  pelos 

índios  245-246. 
Berze,  Gaspar :  Mis.  da  Índia.  Vida 

520,  70  288  519. 
Bessières,  A. :  Escritor.  124. 
Bezerra,  João  :  Clérigo.  164. 
Biaça  :  149  431. 

Biasutti,  Renato :  Escritor.  34*10 
19. 

Biblioteca  Nacional:  —Ver  Lis- 
boa ;  ver  Rio  de  Janeiro. 

Biblioteca  Pública  e  Arquivo 
Distrital  de  Évora: — Ver 
Évora. 

Biblioteca  Vaticana :  —  Ver 
Roma. 

Bibliotecas:  —  Ver  Livros. 

Bispo  :  Nóbrega  pede  Vigário  Ge- 
ral on  Bispo  114  118  119  124, 
espera-se  Bispo  290  329,  como 
desejava  que  fosse  125  162. — 
Ver  Fernandes,  D.  Pedro. 

Blasfémias  :  Combatem-se  119, 
corrigem-se  121. 

Blázquez,  Antonio:  Chega  ao  Bra- 
sil 466  514,  mestre  de  ler,  escre- 
ver, latim  e  doutrina  na  Baía 
514  516;  517. 

Bliart,  Pierre  :  Escritor.  43*. 

Bobadilla,  Nicolau  Alfonso  de: 
94  107. 

Boca  do  Rio :  380  389. 

Bolívia  .-ii  478. 

BOLLANDISTAS  :  70-71. 

Bolonha :  53  94. 

Borba  de  Moraes.  Rubens  :  Escri- 
tor. 34*. 


Bordões:  206,  de  cruz  248. 
Borges,  Pero:  Ouvidor-mor.  4  65 
129  131  174. 

*  Borja,  S.  Francisco  de  :  Geral  S.  I. 

39  56  57  59- 

*  Bosch,  João :  114  128  424. 
Braga  :  124  129  464. 
Bragança  :  96. 

Brandão,  Mário  :  Escritor.  34*  48 
88  90  95  96. 

*  Brás,  Afonso:  Fundador  do  Colé- 

gio do  Espírito  Santo.  Vida  41- 
-42,  no  Espírito  Santo  260  261 
274  300  353,  em  Ilhéus  e  Porto 
Seguro  273  i  20  55  70  125  171 
185  201-203  210  218  272  299  393 
394  426  428. 
Brasil:  Descobrimento  e  i.a  missa 
3,  pau  brasil  3,  colonização  efec- 
tiva 87,  Donatárias  e  Governo 
Geral  4  28  29  35,  grandeza,  clima, 
abundância  e  beleza  135-136 
147-148,  terra  farta  352,  sã  e 
abastada  115,  sã  e  de  bons  ares 
109  135,  sã  e  a  melhor  que  há 
168,  «a  melhor  do  mundo»  (Nó- 
brega) 456,  mal  empregada  em 
degredados  127,  venham  mora- 
dores honrados  186,  que  quei- 
ram bem  à  terra  com  amor  de 
permanência  344-345,  e  apro- 
veitem à  terra  346-347,  oficiais 
mecânicos  com  suas  mulheres 
e  filhos  127.  funcionários  há 
demais  (com  despesa  inútil) 
344-345,  as  mulheres  brancas 
são  muito  desejadas  no  Brasil 
344,  que  venham  e  também  ór- 
fãs para  povoar  a  terra  119  344, 
sem  racismo  casando-se  os  por- 
tugueses com  as  índias  259  292. 

A  conversão  dos  naturais 
principal  causa  de  se  povoar 
o  Brasil  5,  os  missionários  sus- 
tentados por  Portugal  297,  a 
incorporação  dos  índios  36  186, 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


535 


parecer  de  Nóbrega  sobre  a 
incorporação  dos  índios  346- 
-347,  a  primeira  escola  de  por- 
tuguês no  Brasil  40,  importa 
mais  uma  casa  de  palha  onde 
se  ensine  a  dez  moços  do  que 
em  Portugal  sumptuosos  colé- 
gios 500,  a  nova  cristandade  do 
Brasil  não  se  fará  dos  velhos 
índios,  mas  dos  seus  filhos 
educados  cristãmente  447,  mas 
é  preciso  gente  para  ter  segura 
a  terra:  segurança  postulado 
missionário  169,  Nóbrega  cape- 
lão militar  257. 

«Esta  terra  é  nossa  empresa» 
123,  e  não  será  menos  que  a  ín- 
dia 284  289 ;  o  povo  ama  a  Com- 
panhia 368,  o  povo,  excepto 
poucos  incapazes  de  absolvi- 
ção, ama  a  Companhia  420,  o 
Brasil  Província  da  Companhia 
22,  deve  ter  muita  comunicação 
com  Portugal  (S.  Inácio)  510, 
fruto  nas  almas  30,  vai-se  acen- 
dendo no  Brasil  o  santo  fogo 
de  Cristo  509. 

A  questão  das  Molucas  no 
Brasil  451,  armas  de  Castela 
tiradas  até  o  Rio  da  Prata  486, 
o  Brasil  incluía  o  Paraguai  479, 
e  Nóbrega  esperava  que  ficasse 
de  Portugal  495-496. 

A  jurisdição  de  todo  o  Bra- 
sil devia  de  ser  de  El-Rei  289 
291,  unidade  e  sobrevivência 
36,  tudo  vai  em  crescimento 
345  346,  mas  todos  os  começos 
são  difíceis  186,  o  Brasil  actual, 
população  e  superfície  10-n. 
E  cf.  passim  (todo  o  livro). 

Brásio,  António  :  Escritor.  68. 

Brillant,  Maurice  :  Escritor.  124. 

Brinton,  Daniel  G. :  Escritor.  34* 
151- 

Brion,  Almirante  de :  90. 


Brito  Aranha,  P.  V.  de :  Escritor. 
34*  43*  108  115  118  145  289. 

*  Broet,  Pascásio :  94106. 
«Brotéria>  :  35*  38*-39*  78  130  170 

I92  305  313  449  45°  468  472  526- 

Bruxelas:  567071. 

Buarque  de  Holanda,  Sérgio  :  Es- 
critor. 35*  336. 

Bucelas :  448. 

Buenos  Aires :  Primeira  fundação 
469-471  ;  46. 

*  Buffet,  Léon  :  Escritor.  23. 
Buffon,  J.  L.  L.  de:  Escritor.  136. 
Bula  do  Sacramento  :  119. 
Burgos:  24. 

Cabedo,  António  :  Doutor.  47. 

Cabelo  :  —  Ver  Índios. 

Cabeza  de  Vaca,  Alvar  Nunes:  149. 

Cabido  :  Nóbrega  pede  um  bene- 
fício para  o  da  Baía  406,  dissí- 
dios com  o  Bispo  368  ;  345  454. 

Cabo  Frio  :  4  29. 

Caboto,  Sebastião:  Navegador.  472. 

Cabral,  Pedro  Alvares  :  Descobri- 
dor do  Brasil.  3  28  162. 

Caça  :  137  148  275  382  387  388  404 
506. 

Cadeia  :  Assistência  aos  presos  : 

—  Ver  Ministérios. 
Caetano,  Cardeal :   Escritor.  35* 

44*  361  369  407. 
Calderón,  D.  Mencia  :  503. 
Cale:  88. 

Calixto,  Benedito :  Escritor.  35* 
459- 

Calmon,  Pedro  :  Escritor.  35*  109 
110  112  159  170  350  369  468  521. 

Calógeras,  Pandiá :  Escritor.  35* 
53- 

Camacho,  Bartolomeu :  524. 
Camelo   Pereira,  João :  Benefi- 
ciado. 164. 

*  Camerino,  Paulo  de  :  Mis.  da  ín- 

dia. 107. 
Caminhos  :    Como  a  estrada  de 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Coimbra  320,  às  vezes  mais  fá- 
cil ir  a  S.  Vicente  de  Portngal 
que  da  Baía  422,  nos  matos  e 
atoleiros  414,  trabalhosos  388, 
do  interior  da  América  do  Sul 
472-480,  do  Paraguai  388,  fecha- 
dos por  causa  dos  castelhanos 
451  492. 

Camões,  Luís  de:  Épico.  35*  135 
448  466  497. 

Campainha  :  Pelas  ruas  131-132 
363  364  433. 

Campo,  André  do:  241  242. 

Campo,  Leonor  do  :  44. 

Campo  Tourinho,  Pero  de(i):  Do- 
natário. 44  164  312. 

Campo  Tourinho,  Pero  de  (2):  312. 

Campo  de  Piratininga :  341  431. 
—  Ver  Piratininga ;  ver  S.  An- 
dré da  Borda  do  Campo. 

Campos,  J.  da  Silva  :  Escritor.  35* 
181. 

Canárias  (Ilhas)  :  62. 
Canaviais  :  —  Ver  Agricultura. 
Canísio,  Pedro  :  Santo.  53. 
Canoas  :  204-205.  —  Ver  Navega- 
ção. 

Canto  :  Dos  índios  14,  «cantando 
por  sua  arte»  317,  ao  tom  dos 
índios  407;  Nóbrega  ordena 
que  se  ponham  em  solfa  as 
orações  e  a  doutrina  cristã  384, 
cantos  dos  meninos  órfãos  de 
Lisboa  170  172  174  (Salve)  215 
320  373,  eles  atraem  os  meninos 
brasis  e  edificam  os  brancos  269, 
e  cantam  juntos  pelas  Aldeias 

159  35°  378  380  383-385  389  394 
416,  Nóbrega  pede  de  Portugal 
meninos  de  boas  vozes  352, 
missa  solene  129,  os  meninos 
do  Colégio  da  Baía  cantam  cada 
dia  uma  missa  de  canto  de 
órgão  (1551)  258  431,  o  «Padre 
Nosso»  cantado  180,  cantares 
de   N.  S.  pelas  Aldeias  379, 


«Santa  Maria»  417,  na  língua 
brasílica  258,  coros  de  canto  e 
flauta  46,  canto  de  órgão  246, 
cantigas  em  português  e  na 
língua  brasílica  396,  escola  de 
canto  353,  de  canto  e  música 
(S.  Vicente)  497,  Nóbrega  dis- 
põe de  cantores  para  entrar  ao 
sertão  492,  e  com  música  e  can- 
tos não  receava  entrar  384  ;  no 
Paraguai  478 ;  38  46  139  358  359 
368.  —  Ver  Tupi  (Língua). 

Capelão  Militar  :  257. 

Capistrano  de  Abreu,  João:  Es- 
critor. 35*  40*  42*  7  76  87  278 
523- 

Capitanias  :  4. 

Caramuru,  Diogo  Álvares :  Há  40 
ou  50  anos  no  Brasil  398,  fiel 
amigo  de  Nóbrega  112,  pai  e 
governador  dos  índios  conver- 
tidos 359  397-398,  Nóbrega  pede 
para  ele  ordenado  régio  401 
408-409 ;  156  369. 

*  Cardim,  Fernão :  Escritor.  35*  67 

140  299  360  386. 
i:  Cardoso,  Armando :  Escritor.  45. 

Cardoso,  Jorge  :  Escritor.  35*. 

Cardoso  de  Barros,  António:  Pro- 
vedor-mor.  «Pai»  dos  da  Com- 
panhia 131  ;  4-5  176  211  249  265 

297  351  367  418  434  454- 

*  Cárdulo,  Fúlvio  :  Tradutor  latino 

das  cartas  do  Brasil.  59  60  65 
133  146. 

Caridade:  Único  necessário  329, 
ardente  333-334,  vale  toda  a 
livraria  do  Colégio  314,  neces- 
sária para  a  conversão  do  gentio 
333,  dos  reis  portugueses  467 : 
—  Ver  Misericórdia  (Obras 
de)  ;  —  Ver  Companhia  de  Je- 
sus. 

Carlos  V:  Imperador.  26  33  90  100 

313  440  441  475  495  520. 
Carneiro,  Francisco :  Órfão.  173. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


537 


Carolo,  Pero:  Cônsul.  95. 
Carrigueiro,  Domingos :  Tabelião. 
301-302. 

Cartas:  —  Ver  Correspondência 

EPISTOLAR. 

«Cartas  Jesuíticas»:  35*. 
Cartuxa  :  —  Ver  Ordens  Reli- 
giosas. 

Carvalho  Franco,  Francisco  de  As- 
sis :  Escritor.  36*  38*  480  501. 

Casa  de  Jesus  :  301. 

Casa  do  Nome  de  Jesus:  195  199. 

Casa  Professa  de  S.  Roque:  — 
Ver  Igrejas  ;  ver  Lisboa. 

Casamento: —Ver  Sacramentos. 

Castanheira :  52. 

Castanheira,  Conde  da:  92. 

Castela :  Tiradas  as  armas  entre 
S.  Vicente  e  o  Rio  da  Prata 
486 ;  22  23  28  59  89  485. 

Castelhanos  :  23  26  431,  do  Peru 
336  495,  do  Paraguai  336  339 
451  479  484,  como  procedem 
495,  em  comunicação  com  S.  Vi- 
cente 485,  na  demarcação  de 
Portugal  492,  senhoras  503. 

Castelo  Branco  :  38. 

Castidade:  —  Ver  Companhia  de 
Jesus. 

Castro,  D.  Álvaro  de:  49. 

Castro,  Eugénio  de :  Escritor.  36* 
460  461. 

Castro,  D.  Fernando  de  :  49. 

Cavendish :  246 

«Catálogo  da  Exposição  perma- 
nente de  Cimélios  da  Biblioteca 
Nacional  do  Rio  de  Janeiro» : 
36*. 

«Catalogo  dos  Manuscriptos  da 
Bibliotheca  Nacional  do  Rio  de 
Janeiro»  :  36*. 

Catalunha :  25  114  214. 

Catarina  (D.)  :  Rainha.  25  489. 

Catequese  :  273  277.  —  Ver  Con- 
versão do  Gentio. 
*  Caxa,  Quirício :  370. 


Ceilão  :  157. 

Celorico  da  Beira  :  42. 

Cera  :  339. 

Cerveira,  Manuel :  Mestre.  96. 
Cervini,  Marcelo:  Papa.  65  80  155 

217. 
Ceuta  :  95  189. 
Chabot,  Filipe  de:  91. 
Chaco  :  46  476. 
Chamartin  :  61  69  132. 
Charcas :  477. 

*  Charles,  Pierre  :  Escritor.  36*. 
Charny,  Conde  de  :  91. 

*  Chaves,  Manuel  de :  Vida  222-223, 

língua  207;  209  226  491  499  523. 

China :  54  56. 

Chuquisaca  :  478. 

Chuva  :  Faltou  no  Nordeste  do 
Brasil  322. 

«Cidade  de  Deus»  :  327  334  335. 

Cidras  :  —  Ver  Agricultura. 

Cirineu,  Simão :  331. 

Clenardo,  Nicolau  :  Escritor.  24. 

Clérigos  :  Há-os  que  absolvem  os 
injustos  cativeiros  166-167,  clue 
dão  comunhões  sacrílegas  421, 
mais  ofício  de  demónios  que 
de  clérigos  270  502,  os  que  o 
Bispo  trouxe  não  edificam  372 
420  421,  em  pecado  114  116  124 
207  267  290,  o  «religioso  sacer- 
dote» [exclaustrado]  164,  bom 
e  mau  164  284  285,  devia  vir 
para  o  Brasil  só  clero  bom  116, 
no  Paraguai  (bom  e  mau)  337 
34i- 

Clérigos  reformados:— Ver  Com- 
panhia de  Jesus. 

Clero  indígena  :  Primeira  de- 
monstração no  Brasil  353. 

Cobras  :  Mordeduras  304. 

Cochim  :  28  52  94  157. 

*  Coduri,  João  :  94. 

Coelho,  Duarte  :  Donatário  de  Per- 
nambuco. Virtuoso,  mas  já  ve- 
lho 288  291,  não  consentiu  fa- 


538 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


zerem-se  agravos  aos  índios 
291 ;  29  82  261  271  290. 

Coelho,  Nicolau:  No  Descobri- 
mento do  Brasil  113. 

Coemans,  A. :  Escritor.  510. 

Cognegut,  Gaspar:  Reitor  da  Uni- 
versidade Paris.  48. 

Coimbra:  A  estrada  320,  encomen- 
dação  das  almas  131,  o  gramá- 
tico desterrado  497;  3  24  34  38 
40-43  47  48  54  55  69  70  74  93  114 
124  130  145  147  154  170  177  187 
200  209  210  218  249  271  272  276 
283  302  321  349  356  363  390  448 
464  466  468  513  516  520  525.  — 
Ver  Colégio  de  Coimbra  ;  ver 
Universidade. 

Colaço,  Gaspar:  Bolseiro.  97. 

Colaço,  Manuel :  Capelão.  164. 

Colégio  das  Artes  (Coimbra): 
74  93- 

Colégio  da  Baía  :  «Colégio  dos 
Meninos  de  Jesus»  389,  estudo 
do  sítio  125-126,  fora  da  cerca  da 
cidade  116  119,  Terreiro  de  Je- 
sus 125,  casa  e  cerca  27r,  pri- 
meiros edifícios  39  319,  faltam 
oficiais  mecânicos  126,  bem 
principiado  251  258  293,  ses- 
maria de  Água  dos  Meninos 
194,  Nóbrega,  fundador,  não 
desiste  de  o  levar  avante  293, 
casas  feitas  «por  nossas  mãos» 
293,  só  com  a  ajuda  do  Gover- 
nador e  outros,  sem  El-Rei  aju- 
dar 271  293  352,  mas  deve  ser 
de  fundação  real  281  290  352, 
já  tem  20  meninos  (1551)  295, 
40  pessoas  (entre  todos)  394, 
50  e  tantas  (1552)  349  350  403 ; 
ler,  escrever  e  latim  514;  62 
158  168  181  267  349  376  388  391 
466  516.  —Ver  Confraria  dos 
Meninos  de  Jesus. 

Colégio  de  Braga  :  464. 

Colégio  de  Bragança  :  96. 


Colégio  de  Coimbra:  Fundado 
pelo  P.  Simão  Rodrigues  27 
458,  a  comenda  de  Sanfins  406, 
Nóbrega  pensa  em  ser-lhe  útil 
352,  manda  pagar  a  dívida  do 
Brasil  (50.000  maravedis)  423, 
modelo  dos  do  Brasil  8,  cartas 
perdidas  194;  35  66  70  200  201 
218  224  227  239  271  284  326  327 
363  390  403  408  448  466. 

Colégio  do  Espírito  Santo:  Fun- 
dado pelo  P.  Afonso  Brás  260 
275  393  394,  invocação  de  San- 
tiago 300  301  428,  grande  casa 
428,  sesmaria  298-302 ;  20  300 
353  426. 

Colégio  de  Goa  :  424. 

Colégio  de  Montaigu  :  21  49. 

Colégio  dos  Órfãos  de  Lisboa  : 
Fundação  25,  cultiva  o  canto 
269,  envia  órfãos  para  o  Brasil 
214 ;  19  170  171  377-379  390. 

Colégio  do  Pará  :  298. 

Colégio  de  Pernambuco:  Primei- 
ros princípios  (Nóbrega)  262 
286  466. 

Colégio  de  Porto  Seguro  :  Pe- 
dem-no  os  moradores  e  Nó- 
brega, com  o  Governador  e 
moradores,  escolhe  sítio  junto 
dum  laranjal  427. 

Colégio  do  Rio  de  Janeiro  :  20 
43,  falecimento  de  Nóbrega  36. 

Colégio  de  Santa  Bárbara  (Pa- 
ris): 20  21  23  26  32  49  87  95  96 
373- 

Colégio  de  Santo  Antão  (Lis- 
boa) :  63  114  349  357  448  458  466. 

Colégio  de  São  Paulo  :  Funda- 
ção 36. 

Colégio  de  S.  Vicente  :  Fundado 
pelo  P.  Leonardo  Nunes  37,  já 
se  chama  Colégio  (1551)  236, 
com  igreja,  cerca  e  pomar  246, 
com  50  a  60  pessoas  e  grande 
fruto   355  -356,   edifícios  233, 


índice  alfabético  e  remissivo 


539 


grande  casa  260  420,  casa  de 
mais  de  80  pessoas  426  430, 
tem  50  meninos  e  poderá  ali- 
mentar cem  457,  aulas  de  ler,  es- 
crever, gramática  (latim),  canto 
e  musica  497,  Nóbrega  ordenou 
que  também  se  ensinasse  a  ler 
e  escrever  aos  meninos  de  fora 
433,  vida  espiritual  497,  confra- 
ria do  Menino  Jesus  457,  terras 
doadas  pelo  Ir.  Pero  Correia 
459 1  20  232  239  341  484  490  504. 

Colégios:  Necessários  para  edu- 
car melhor  os  meninos  fora  do 
influxo  dos  pais  gentios  mudá- 
veis 181-182,  necessários  no  Bra- 
sil 401,  para  a  conversão  dos 
gentios  402,  e  ninguém  o  fará  se 
a  Companhia  os  não  tomar  à 
sua  conta  405,  Nóbrega  dá  or- 
dem a  que  se  façam  em  todas 
as  Capitanias  267  349,  e  os  pró- 
prios moradores  os  pedem  352, 
mas  não  são  possíveis  sem  bens 
materiais  405,  os  Padres  apli- 
cam à  sustentação  dos  meninoso 
seu  subsídio  pessoal  402-403. — 
Ver  Sustentação  (Meios  de). 

Colômbia :  11  19. 

Colónia  :  54. 

Colonização  do  Brasil:  — Ver 
Brasil. 

Comas,  Juan  :  Escritor.  36*. 

Comenda  :  Para  o  Bispo  ou  Cabido 
345  401  406. 

Companhia  de  Jesus  :  Fundação 
20-22,  os  primeiros  Padres  94- 
95,  «clérigos  reformados»  26  88 
101  105,  convite  de  Portugal 
para  as  suas  missões  102,  fór- 
mula do  Instituto  21,  voto  ao 
Papa  para  as  Missões  [4.0  voto] 
106,  Bula  «Regimini  Militantis 
Ecclesiae»  22,  começou  a  fun- 
dar-se  e  a  espalhar-se  com  a 
ajuda  do  Rei  de  Portugal  488, 


29  30,  D.  João  III  entre  todos  os 
príncipes  cristãos  o  maior  ben- 
feitor da  Companhia  487-488, 
munificência  de  D.  João  III  351 
467  ;  colaterais  dos  Provinciais 
e  Reitores  509-511  513,  consul- 
tores dos  Provinciais  e  Reito- 
res 511-513,  graças  pontifícias 
466  510,  isenta  (só  dízimos  a 
Deus)  300,  mortificações  e  pe- 
nitências públicas  363,  livros  de 
regras  56,  cúria  generalícia  72, 
a  Companhia  ao  falecer  S.  Iná- 
cio (1556)  22,  «Padres  apósto- 
los» 175  482-483,  Assistência  de 
Portugal  11  80. 

Fundação  da  Missão  do  Bra- 
sil 7-9  36,  patente  de  Nóbrega, 
primeiro  Provincial  da  Com- 
panhia no  Brasil  e  em  toda  a 
América  9  508,  primeira  con- 
sulta no  Brasil  491-492,  vida 
regular  e  espiritual  119,  oração 
ante-manhã  e  exame  de  cons- 
ciência à  noite  132,  quietação 
de  espírito  401,  união  de  cari- 
dade entre  os  do  Brasil  e  os  de 
Portugal  178-179,  Nóbrega  pro- 
cura fundar  a  Companhia  nas 
Capitanias  antes  de  entrar  ao 
sertão  354"355- 

Primeira  renovação  de  votos 
no  Brasil  109  110,  esperam  para 
o  dia  de  Todos  os  Santos  (1551) 
247,  profissão  dos  Padres  Nó- 
brega e  Grã  509  511,  profissão 
por  motivo  de  virtude  39,  coa- 
djutores espirituais  e  temporais 
513;  pobreza:  os  Padres  têm 
bens  para  os  meninos  mas  eles 
no  comer  vivem  de  esmolas  176 
349-351  4°i  403-405»  fome  221 
230  245;  obediência  508  510, 
votos  de  leigos  casados  312-313 
424;  castidade  e  defesa  do  bom 
nome  da  Companhia  498-499, 


540 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


necessidade  de  Superiores  se- 
guros 500,  Nóbrega  pede  visita- 
dor 500,  e  instruções  para  o  caso 
de  se  dimitir  algum  da  Compa- 
nhia 420  422-423,  dos  que  trouxe 
de  Portugal  não  perdeu  ne- 
nhum 353,  Irmãos  «grandes» 
e  Irmãos  «pequenos»  183  206 
226  247  410  420. 

A  Companhia  favorecida  pelo 
Governador  Tomé  de  Sousa  e 
mais  homens  da  governança  131 
237  238  423  424,  desfavorecida 
e  contrariada  por  D.  Pedro  Fer- 
nandes 51  358  373-374,  mas  está 
tão  acreditada  que  a  má  von- 
tade do  Bispo  só  fará  mal  ao 
mesmo  Bispo  374,  o  povo,  ex- 
cepto alguns  que  não  podem 
ser  absolvidos,  ama  a  Compa- 
nhia 420,  e  os  Colégios  não  se 
fariam  se  a  Companhia  desis- 
tisse deles  188-189,  capelão  mi- 
litar 257,  os  da  Companhia  an- 
dam de  bordão  206,  de  bordões 
de  cruz  248,  e  são  esperados  no 
Paraguai  338.  — Ver  Vocações  ; 
e  cf.  passim  (todo  o  livro). 

Comunhão:  —  Ver  Sacramentos. 

Concílio  de  Trento  :  59  93. 

Concílio  de  Vincenza  :  93. 

Confirmação  :  —Ver  Sacramen- 
tos. 

Confissão  :  —  Ver  Sacramentos. 

Confrarias  dos  Meninos  de  Je- 
sus: Organização  e  finalidade 
498  ;  44  426  431  457  468  490,  não 
agradaram  a  D.  Pedro  Fernan- 
des 373,  doação  de  Pero  Cor- 
reia (S.  Vicente)  459  463. 

Confrarias  do  Rosário:  Dos  Es- 
cravos e  dos  Brancos.  322  325 
326. 

Confrarias  do  Santíssimo  Sa- 
cramento: Bula  124. — Ver  Sa- 
cramentos. 


Congo  :  55  64  188  193  218. 

Contreras,  D.  Isabel  de  :  503. 

Conversão  do  Gentio  :  Intenção 
principal  de  Portugal  102,  favo- 
recida por  Portugal  (testemu- 
nho de  S.  Francisco  Xavier) 
27-28,  fim  principal  do  povoa- 
mento do  Brasil  5,  no  Regi- 
mento de  Tomé  de  Sousa  5-6, 
os  Padres  recebem  dos  Por- 
tugueses o  necessário  para  a 
conversão  254  323. 

Começa  a  pregar-se  o  Evan- 
gelho aos  índios  35  133  139,  fim 
principal  a  que  viemos  324, 
com  zelo  ardente  113,  com  fogo 
de  caridade  333,  com  a  graça 
do  Espírito  Santo,  sem  a  qual 
não  há  conversão  das  gentes 
329,  e  os  índios  não  se  hão-de 
converter  só  para  receberem 
camisas  386,  mas  antes  de  se 
baptizar  hão-de  «crer  em  Cristo 
de  todo  o  coração»  252. 

Boa  disposição  do  gentio  109, 
«papel  branco»  142  292,  o  gentio 
imita  os  Portugueses  nas  ceri- 
mónias cristãs  iii,  e,  tirando 
os  costumes  dos  antepassados, 
fazem  vantagem  aos  brancos 
em  muitas  coisas  122. 

Primícias  116- 117,  primei- 
ros baptismos  139,  um  prncipal 
aprende  o  ABC  em  dois  dias 
iii,  afeiçoam-se  aos  Padres  126, 
buscam-nos  como  a  pais  e  va- 
ledores  437  456;  Nóbrega  pensa 
em  plantar  algodão  para  os  ves- 
tir 126,  e  pede  quem  o  teça  127, 
como  proceder  com  os  índios 
nus  nas  igrejas  407,  sofre-se 
que  os  meninos  andem  nus  421, 
e  para  os  atrair  cultiva  o  canto 
e  a  música  384-385  416  497. 

Oposição  dos  feiticeiros  (pa- 
gés)  181  395  410,  deitam  a  fama 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


541 


que  o  baptismo  mata  e  que  os 
Padres  lhes  levam  a  morte  415, 
preconiza-se  que  se  neguem  os 
resgates  aos  gentios  e  se  dêem 
aos  que  se  convertem  para  que 
eles  vejam  também  nisso  van- 
tagem material  346-347  433  443. 

Costumes  não  dedicados  a 
Ídolos  407,  uns  maus  opostos  à 
conversão  e  que  são  a  sua  bem- 
-aventurança:  matar  contrários, 
comer  carne  humana  e  ter  mui- 
tas mulheres  267 ;  para  os  tirar 
destes  costumes  maus,  adap- 
tam-se  os  Padres  aos  secundá- 
rios 373,  porque  a  semelhança 
é  causa  de  amor  407  ;  a  dificul- 
dade está  em  os  apartar  dos 
maus  costumes  139  e  mudá-los 
em  bons  452,  o  que  só  se  fará 
com  o  costume  e  assistência 
dos  Padres  323  324,  e  há-de 
haver  trabalho  para  os  meter  a 
caminho  220  231 ;  e  no  começo 
as  leis  positivas  da  Igreja  não 
deviam  obrigar  os  neo-conver- 
tidos  124,  pedem-se  faculdades 
especiais  167;  entretanto,  os 
que  se  converteram  bem  per- 
severam 252-253.  e  são  bons 
cristãos  439,  e  os  outros  quando 
se  converterem  serão  melhores 
que  muitos  brancos  452. 

O  gentio  do  Brasil  não  é 
como  o  da  primitiva  Igreja 
452,  para  se  converterem  e  per- 
severarem só  assistindo  com 
eles  322  452,  fazendo-os  viver 
quietos  e  apartados  em  aldeias 
fixas  522-523,  sem  as  mudarem 
continuamente  181  230,  e  impe- 
dindo-lhes  o  comer  carne  hu- 
mana 178,  e  educando-lhes  os 
filhos,  meio  breve  e  suave  195 
267-268  293  355  401-402  416-417, 
colégios  para  os  meninos  bra- 


sis 258,  e  para  os  índios  am 
pai  ou  protector  346  397-398 
408-409,  índios  meirinhos  e  «te- 
nentes» da  catequese  414-415. 

Grande  dificuldade  colectiva 
é  que  os  índios  só  têm  princi- 
pais dispersos  pelas  Aldeias  e 
não  rei  nacional  o  que  dificulta 
a  conversão  231,  precisam  de 
conhecer  sujeição  aos  Portu- 
gueses 186,  conhecer  um  se- 
nhorio comum  443  445,  o  que 
se  não  fará  por  via  de  persua- 
são, mas  de  necessidade  446- 
-447,  e  assim  de  facto  se  fará 
mais  tarde  com  a  leal  e  aberta 
cooperação  da  autoridade  civil 
(Mem  de  Sá)  com  a  do  chefe 
missionário  (Nóbrega)  36. 

Catecúmenos  da  Baía  139 
14T  157  158  346  412,  de  Per- 
nambuco 319-320,  os  50  de  Pira- 
tininga  523 ;  dos  seus  filhos 
educados  cristãmente  é  que  se 
fará  a  nova  cristandade  do  Bra- 
sil 447. 

Corpo  Místico  :  Nóbrega  288  303. 
Corpus  Christi  :  —  Ver  Sacra- 
mentos. 

•  Correia,  António  :  Mestre  de  Novi- 

ços. Vida  448. 
Correia,  Maximino:  Escritor :  523. 

*  Correia,  Pero :  Vida  44-45,  há  19 

anos  no  Brasil  434,  fez  a  paz 
com  os  índios  da  Baía  442-443, 
fingiu-se  filho  duma  índia  para 
escapar  da  morte  429,  entra  na 
Companhia  207,  há  3  anos  que 
prega  aos  índios  438,  180  220 
221  232  235  426  432,  à  moda  de- 
les de  madrugada  230-231  248, 
por  causa  da  língua  e  crédito 
faz  mais  do  que  ninguém  457, 
será  ordenado  Padre,  mas  es- 
pera-se  dispensa  de  irregula- 
ridade antiga  (homicídio  de  ín- 


542 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


dios)  423  494  497,  não  é  latino  e 
pede  livros  em  linguagem  434 
440  442  e  orações  447-448,  de- 
manda com  Brás  Cubas  501, 
doou  os  seus  bens  à  Confraria 
do  Menino  Jesus  (Colégio  de 
S.  Vicente)  459  501,  esperança 
no  sertão  422,  para  reunir  os 
índios  do  sertão  obrigava  a 
vida  492,  espírito  de  piedade  e 
de  fé  448,  cartas  perdidas  187  ; 
20  55  77  206  209  219  223  224  226 
229  247  293  420  433  436  453  460- 
-463  504  523. 

Correspondência  Epistolar:  Por 
caridade  fraterna  202  218,  com 
os  Irmãos  de  Coimbra  239-240, 
da  índia  288-289,  do  Paraguai 
409,  de  Nóbrega  119,  razões  das 
suas  cartas  (ao  Dr.  Navarro)  134, 
escreve  como  quem  fala  422, 
deixa  as  notícias  ao  comento 
dos  Irmãos  115-118  289,  e  man- 
da-lhes  que  escrevam  392,  difi- 
culdades pelas  distâncias  246- 
-247,  ano  e  meio  em  S.  Vicente 
sem  notícias  da  Baía  239,  nor- 
mas de  Roma  para  as  cartas  de 
notícias  ou  edificantes  e  para 
as  outras  513  519-520,  códices 
manuscritos  61-69,  cartas  im- 
pressas 58,  edições  69-78,  tra- 
duções 58-60,  perdidas  (ver  ín- 
dice Geral  no  começo  deste 
livro)  ;  116  119  156  240  241  251 
253  254  263  264  284  391  401  420 
424  426  449  450  490  522  527. 

Córsega:  55. 

Cortesão,  Jaime  :  36*  113  150  495. 
Cosme  (Mestre):  Bacharel.  460461. 
Cosmogonia  :  18  133  138  153. 
Costa,  Américo  :  Escritor.  36*  525. 
Costa,  D.  Duarte  da  :  Governador 

do  Brasil.  43  48  52  451  454  466 

515  5i8. 
Costa,  Gonçalo  da  :  472. 


Costa,  João  da  :  Mestre.  95. 
Costa,  Lúcio  :  Escritor.  246. 
Costa,  D.  Maria  da  :  52. 
Costa  Pimpão,  A.  J.  da  :  Escritor. 
523- 

Costumes  Indígenas  :  —  Ver  Ín- 
dios. 

Coutinho,  Miguel  Vaz :  94. 
'*  Criminal,  António:  Mis.  da  índia, 
283. 

Cristãos-Novos  :  468. 
Cromberg,  João :  Impressor.  441. 
Cros,   Léonard   J.  M. :  Escritor. 

36*  98. 

Crucificado:  Apresentaremos  o 
Crucificado  114  ;  8  116.  —  Ver 
Culto. 

Cruz  :  —  Ver  Culto. 

Cubas,  Brás :  Capitão.  Demanda 
com  Pero  Correia  de  2600  cru- 
zados, solucionada  a  bem  por 
Nóbrega  490  501 ;  44  484  495. 

Culto:  Os  índios  maravilham-se 
dos  nossos  ofícios  divinos  116 
117  138,  festas  nas  cidades  378, 
solenes  119,  missa  cantada  431, 
procissões  oficiais  128,  procis- 
sões dos  meninos  com  grinal- 
das na  cabeça  e  «ora  pro  no- 
bis»  382,  frequência  aos  domin- 
gos e  festas  127. 

«Cristo  Jesus  dulcíssimo» 
115,  prega-se  o  nome  de  Jesus 
nas  Aldeias  133  143,  anda  na 
boca  dos  índios  439,  amor  a 
Jesus  Cristo  353,  vida  de  Cristo 
411,  crer  em  Cristo  de  todo  o  co- 
ração 252;  Menino  Jesus  385  386. 
Quaresma  432,  Semana  Santa 
253,  Paixão  de  Cristo  159,  o  mis- 
tério da  Cruz  320,  a  cruz  emplu- 
mada 385,  ia  erguida  ao  visitar 
Aldeias  e  casas  379  386,  a  cruz 
nas  Aldeias  316  321  376  378  411, 
adoração  à  cruz  na  Aldeia  do 
Grilo  382,  a  cruz  no  Paraguai 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


543 


339;  a  religião  do  Crucificado 
8  114  116  182  376,  crucificado 
e  ressuscitado  329,  crucificado 
por  todos  e  a  sua  graça  328-335, 
Redentor  142  314,  Ascensão  328 
329,  Corpo  Místico  288  330. 

Espírito  Santo  :  primeiro 
baptismo  na  festa  do  Espírito 
Santo  (1549)  139;  54  55  327-329 
333  334)  hino  Veni  Creator  389 
428. 

Santíssima  Trindade  448. 

Nossa  Senhora  377,  Purifica- 
ção 43,  Anunciação  466,  Visita- 
ção 128,  Assunção  406,  N.a  S.a 
da  Vitória  74  301,  Ave  Maria 
515,  «Salve»  aos  sábados  310, 
Ladainhas  380,  «Santa  Maria 
ora  pro  nobis»  417,  Rosário  322 
325-326  (ver  Confrarias),  can- 
tares 172  359,  retábulo  de  N.a 
S.a  174,  a  «Fonte  da  Senhora» 
(Ajuda)  316  321,  na  morte  do 
P.  Francisco  Pires  43. 

Anjo  Custódio  de  Portugal 
e  Conquistas  117  128  129  280  286 
385  386,  S.  Miguel  o  Anjo  280 
386. 

Santos :  Santiago  275  300  428, 
S.  João  Baptista  522  (e  ver  in- 
vocações e  oragos  de  Aldeias, 
Colégios  e  Igrejas  ;  e  nomes  in- 
dividuais :  Agostinho,  António, 
Francisco  ,  Inácio  ,  Lourenço  , 
Paulo  etc). 

Encomendação  das  almas  do 
Purgatório  131-132  207  363. 

Funeral  cristão  310  364. 

Objectos  do  culto:  chegam 
ornamentos  e  Nóbrega  pede 
mais  156  168,  sinos  e  campai- 
nhas 376  385,  bautisteiros  130, 
altares  em  muitas  partes. — Ver 
Ministérios  ;  ver  Sacramen- 
tos. 

Cultura  teológica  :  335. 


Cunha  Rivara  :  —  Ver  Rivara. 

Cuzco :  62. 

*  Dalmases,  Cândido  de  :  Escritor. 

36*  22  49  88  98  100. 

Danças  :  Danças  e  invenções  à 
maneira  de  Portugal  129,  dos 
meninos  órfãos  de  Lisboa  215, 
dos  meninos  nas  Aldeias  389 
416,  dos  meninos  e  um  Padre 
359,  na  Aldeia  do  Grilo  383, 
os  índios  dançam  sem  descan- 
sar 385. 

David  :  Rei.  441. 

Defuntos  :  Funeral  dos  índios  17; 
dos  convertidos  com  missa  can- 
tada 364. 

Degredados  :  o  Brasil  terra  boa 
demais  para  eles  119,  os  furtos 
que  há  são  feitos  por  eles  394, 
indesejáveis  186,  nas  galés  430, 
um  frade  164,  um  pedreiro  271, 
Gaspar  Barbosa  359 ;  o  gramá- 
tico de  Coimbra  497 ;  252  256 
402. 

*  Delplace,  Louis  :  Escritor.  44*. 
Demarcações  :  451  485. 
Demónios  :  —  Ver  Índios. 

Deus  :  No  conceito  das  índios  16- 

-17.  —  Ver  Índios. 
Devoções  :  —  Ver  Culto. 
:::  Dias,  Aleixo  :  Mis.  de  África.  465. 

*  Dias,  António:    Mis.  de  Ceilão. 

*57- 

*  Dias,  Baltasar  :  465. 

*  Dias,  Cristóvão :  Mis.  do  Congo. 

130. 

Dias,  Diogo  :  Sertanista.   336  338. 
Dias,  Gonçalo  :  No  Espírito  Santo. 
300. 

Dias,  Isabel :  222  435  524.  —  Ver 
índia  Bartira. 

*  Dias,  Jácome  :  Mis.  do  Congo.  130. 
Dias,  Jerónimo :  No  Espírito  Santo. 

300. 

Dias,  Jorge  :  Escritor.  131. 


544 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Dias,  Lopo :  524. 

Dias,  Luís  :  Mestre  de  obras.  127 
181. 

Dias,  Margot :  Escritora.  131. 
Dias,  Paulo  :  Na  Baía.  112  359  365. 
Dias,  Pedro  :  Mártir.  63. 
Dickson,  Sara  A.:  Escrit.  36*  155 
169  419. 

Dilúvio  :  Tradição.  18  138  147  153. 
Dindinger,  J. :  Escritor.  44*  104  187 
216. 

Direito  Canónico:  362. 

Direito  Romano  :  166. 

Disciplinas  :  Às  sextas-íeiras  253 
288  371,  com  que  intenção  364, 
por  Brancos  e  índios  288,  a  dis- 
ciplina dum  Padre  impede  que 
os  índios  comam  carne  huma- 
na 316;  159  183  358  364  368  432 
497  5°5-  —  Ver  Penitências  pú- 
blicas. 

Diu:  49. 

«Diversi  Avisi  Particolari  dall'In- 
die  di  Portogallo»:  36*. 

Dízimos  :  Do  peixe  e  mantimento 
dos  meninos  401  404,  a  Deus 
462 ;  196  198  454  456  457. 

«Documentos  Históricos» :  36*. 

Doenças  :  Da  cabeça  352.  catarro 
169,  quartãs  e  sezonismo  128 
254,  inchaço  415,  câmaras  e  de- 
sinteria  255  430,  hidropisia  168, 
das  pernas  128,  chagas  e  entre- 
vado 243,  reumático  415,  sífilis 
168  243.  corrimentos  356,  tosse 
geral  320,  epidemia  317,  no  Rio 
de  Janeiro  e  Ilha  Grande  428- 
-429,  doença  e  cura  duma  filha 
do  índio  Grilo  383,  dos  índios 
180  235  304  310.  —  Ver  Assis- 
tência aos  doentes;  ver  Mi- 
nistérios. 

Domenech,  Jerónimo:  53. 

Domenech,  Pero:  Fundador  do 
Colégio  dos  Órfãos  de  Lisboa. 
Vida  25-26 ;  19  170  213  215  269 


375  377  38r  390  405  415  420  423 
425  457  458. 

Dominicanos  :  —  Ver  Ordens  Re- 
ligiosas. 

Donatárias  :  3-4. 

Dória,  António  Álvaro :  Escritor. 
43* 

Doutrina  Cristã:  410  416-417 
504.  —Ver  Conversão  do  gen- 
tio ;  ver  Ministérios. 

Duas  Sicilias:  56. 

*  Duhr,  Joseph:  Escritor.  45*  128. 

*  Durão,  Paulo  :  Escritor.  36*. 

Educação  e  Instrução  :  A  edu- 
cação dos  meninos  brasis,  ca- 
minho da  conversão  do  gentio 
268  293  401-402 ;  Nóbrega  or- 
dena casas  em  todas  as  Capita- 
nias para  os  filhos  dos  índios 
se  ensinarem  252  269  288,  e  os 
moradores  ajudam  a  fazê-las 
293 ;  o  Bispo  contrariou  a  Casa 
de  Meninos  na  Baía  368,  e  a 
Misericórdia'recusou-a  405,  mas 
Nóbrega  põe  na  educação  dos 
meninos  toda  a  esperança  505, 
e  mais  vale  uma  casa  de  palha 
no  Brasil  onde  se  ensine  a  dez 
moços  que  em  Portugal  sump- 
tuosos colégios  505;  os  moços 
vêm-se  para  nós  de  todas  as 
partes  524,  e,  apesar  da  fome 
e  frio  é  maravilha  não  fugirem 
para  os  seus  pais  500,  os  quais 
dão  os  filhos  de  boa  vontade 
para  serem  ensinados  248-249 
433  496 1  para  ter  meios  com 
que  os  sustentar  pediu  e  aceitou 
a  Companhia  terras,  gado  e  es- 
cravos 194  293  351  401  403,  e  os 
Padres  dão  aos  meninos  o  que 
recebem  de  El-Rei  e  vivem  de 
esmolas  350. 

Escola  de  ler  e  escrever  na 
Baía  (1.*  escola  no  Brasil,  do  Ir. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


545 


Vicente  Rodrigues)  no;  8  40 
42  133  157  400 ;  o  Ir.  Vicente 
Rodrigues  com  grande  audi- 
tório de  meninos  397,  influxo 
dos  meninos  de  Lisboa  215 
258. 

Escola  de  ler  e  escrever  em 
S.Vicente  496-498,  também  para 
os  meninos  de  fora  426  433. 

Escola  de  canto  e  música 

353  385  5°5- 

O  que  no  Brasil  se  aprendia 
em  1552  :  ler,  escrever  e  cantar 
353- 

Em  1553,  i.a  escola  de  Gra- 
mática (latim)  no  Brasil  (S.  Vi- 
cente) 497  505  ;  na  Baía  514  516. 
Os  filhos  educados  cristãmente 
é  que  farão  a  nova  cristandade 
do  Brasil  447,  e  já  ajudam  os 
Padres  na  língua  brasílica  e  em 
português  396.  — Ver  Colégios. 

Egana,  Antonio  de  :  Escritor.  37* 
62  63  84  515. 

Egipto:  64. 

Eichstadt :  216. 

Eickstedt,  Egon  von :  Escritor.  10. 
Embarcações: —Ver  Navios;  — 

ver  Navegação. 
Embiaça :  503. 

Emigração  :  —  Ver  Imigração. 
Encomendação  das  almas:— Ver 
Culto. 

Engenhos  de  Açúcar:  135  238 
456  526. 

Englander,  Clara :  Escrit.  24. 

Ensino  :  —  Ver  Educ  ação. 

Entradas  :  Ao  sertão  da  Baía  377- 
389,  ao  sertão  de  Porto  Seguro 
38  514  516,  ao  sertão  de  S.Vi- 
cente 219  220  230-232  235  239 
243  244  523,  gastos  e  prepara- 
ção que  supõem  506,  em  busca 
de  oiro:  ver  Minas. — Ver  Pe- 
regrinações ;  ver  Sertão. 

Epidemias  :  —Ver  Doenças. 

35 


Ermidas  :  Nas  Aldeias  358  416. 
Escócia :  106. 

Escolas  :  — Ver  Educação. 

Escravatura;  Dos  índios  entre 
si  iii  339,  de  índios  370  443- 
-444.no  Paraguai  479.de  índios 
e  negros  da  Guiné  287  293  325- 
-326  403,  por  não  haver  assala- 
riados a  Companhia  aceita  es- 
cravos para  ajudar  a  sustentar 
meninos  351-352  401-403,  feitor 
leigo  403,  catequese  dos  Escra- 
vos 291  322  368,  fervor  395  496^ 
— Ver  Liberdade  dos  Índios. 

Esmolas:  Os  Padres  vivem  de 
esmolas  402-403  458  500.  — Ver 
Sustentação  (Meios  de);  ver 
Companhia  de  Jesus. 

Espanha :  21  22  24  56  64  71  100 
464  471  477. 

Espanhóis  :  100  451  479  485,  do 
Paraguai  481. —Ver  Castelha- 
nos. 

Espinosa,  Francisco  Bruza  de ; 
Sertanista.  278. 

Espinosa,  Juan  de  Salazar  de:  — 
Ver  Salazar  (Juan  de). 

Espiritismo  :  151. 

Espírito  Santo  : —Ver  Culto. 

Espirito  Santo  :  Fundação  da  Ca- 
pitania e  morte  cristã  do  dona- 
tário assistido  pelos  Padres  da 
Companhia  299,  não  tinha  hos- 
pital ao  passar  o  P.  Leonardo 
Nunes  (1549)  203  204,  recebe 
com  alegria  os  primeiros  Pa- 
dres 273  274,  fundação  do  Colé- 
gio (Afonso  Brás)  141  274,  «Casa 
de  Santiago  e  Colégio  dos  Me- 
ninos» 300,  sesmaria  do  Colé- 
gio 298-302,  pregação  do  Ano 
Santo  393,  pregações  de  Nó- 
brega 428,  a  Capitania  melhor 
e  mais  fértil  275 ;  8  9  13  20  42 
43  138  201  250  252  260  272  353. 
364  391  404  426  429. 


546 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Espiritualidade:  de  S.  Agosti- 
nho 335,  de  Nóbrega  329-335, 
do  P.  António  Pires  327.  — Ver 
Companhia  de  Jesus. 

Estados  Unidos :  63. 

Estrabo :  135. 

Estrada,  Pedro  de  :  Tabelião.  301. 
Etiópia :  22  218. 

Etnologia:  ii  14-19  150  151  248. 
—Ver  Índios. 

Eubel,  Conradus :  Escritor.  45*. 

Eucaristia: — Ver  Sacramentos. 

Europa  :  4  19  22  24  333. 

Evangelho:  Começa  a  pregar-se 
aos  índios  133,  declara-se  nas 
Aldeias  378,  prega-se  452,  «far- 
-se-ão  igrejas  em  muitos  luga- 
res» (Nóbrega)  168. — Ver  Con- 
versão dos  Índios. 

Évora :  24  50  96,  Biblioteca  47  61 
66  67  343  348  371  390  400. 

Exame  de  consciência  :  —  Ver 
Companhia  de  Jesus. 

Exercícios  Espirituais  :  20  127 
306  311  313. 

Expedições  missionárias  :  20  134 
171  185  464-466  514  516. 

Fabiano :  209  223. 

Fabro,  Pedro  (B.) :  Primeiro  sa- 
cerdote da  Companhia  de  Je- 
sus. Vida  23-24,  responde  ao 
Dr.  Gouveia  88;  19  32  33  64  94 
95  97-101  114. 

Família:  —Ver  Índios;  ver  Mora- 
lidade pública. 

Faria,  Mécia  Roiz  de  :  52. 

Farinha:  148  406. —Ver  Agricul- 
tura. 

Farnésio,  Alexandre :  Papa.  106. 

Favre,  Pierre  (B.)  :  —Ver  Fabro. 

Fazendas:  Origem  e  razão  delas 
195,  tomam-se  terras  para  sus- 
tentar meninos  402,  na  Baía 
um  bom  vale  117,  Água  dos 
Meninos  194-200  258,  as  roças 


já  produzem  mantimento  para 
os  meninos  403,  roças  311,  dos 
moradores  169,  no  Espírito  San- 
to 300,  em  Pernambuco  262,  em 
S.  Vicente  233.  —  Ver  Enge- 
nhos; ver  Sesmarias;  ver  Sus- 
tentação (Meios  de). 

Feiticeiros:  Pagés. —Ver Índios. 
•  Fernandes,  Baltasar:  Superior  do 
Espírito  Santo.   Vida  301. 

Fernandes,  Diogo :  Pai  do  Bispo 
do  Salvador.  48,  50. 

Fernandes,  Diogo:  Morador  no  Es- 
pírito Santo.  300. 

Fernandes,  Florestan  :  Escritor. 
37*  132  137  145  228  305. 

Fernandes,  Francisco:  Guardadas 
Damas  da  Rainha.  48. 

Fernandes,  Francisco:  Vigário  Ge- 
ral. 455. 

Fernandes,  Isabel:  Mãe  do  P.  Leo- 
nardo Nunes.  37. 

Fernandes  [Sardinha],  D.  Pedro: 
Bispo  do  Salvador.  Vida  46- 
52,  chegada  à  Baía  344  345  349 
405,  veio  morar  com  os  Padres 
350,  primeiras  impressões  boas 
347,  bom  pregador  374,  quer 
que  os  da  Companhia  sejam 
visitadores  350,  mas  pouco  de- 
pois manifesta-se  contra  a  Com- 
panhia 368  369,  acha  mal  as 
ermidas  nas  Aldeias  358,  as  pe- 
nitências públicas  362-363  371; 
tira  da  Companhia  a  catequese 
dos  Escravos  372,  mostra  des- 
favor pela  educação  dos  meni- 
nos 353  373,  mas  os  Colégios 
são  absolutamente  necessários 
401,  trata  mal  os  seus  clérigos 

482,  diz  que  foi  mestre  de  S.  Iná- 
cio e  de  Simão  Rodrigues  373 
455,  «mordet  quum  vult  et  po- 
test»  373-374,  quanto  pode  é 
contrário  à  Companhia  420  468 

483,  leva  outros  modos  de  pro- 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


547 


ceder  421  454  490  502,  o  sen 
visitador  desacredita  a  Igreja 
impondo  penas  em  dinheiro 
434  435,  má  administração  da 
justiça  eclesiástica  449,  o  seu 
regimento  454,  não  é  amado  do 
povo  422,  deseja  sair  do  Brasil 
e  voltar  a  Portugal  358  366,  Nó- 
brega pede  para  ele  uma  co- 
menda por  a  terra  ser  pobre 
345  406 ;  20  23  124  271  294  343 
357  386. 

Fernandes,  Pero:  Piloto.  33. 

Fernandes,  Urbano :  Reitor  de 
Coimbra.  Vida  448  465. 

Fernandes  Coutinho,  Vasco  :  Do- 
natário do  Espírito  Santo.  Sus- 
tentado pelos  Padres  da  Com- 
panhia, de  comunhão  frequente 
e  morte  cristã  299. 

Fernandes  Coutinho,  Vasco:  Fi- 
lho do  primeiro  Donatário  do 
mesmo  nome.  301. 

Fernández  de  Aguilar:  Embaixa- 
dor. 100. 

Fernández  Zapico,  Dionísio :  Es- 
critor. 36*. 

Fernando :  209  222  226. 

Fernando  (D.) :  Rei  de  Aragão  89. 

Ferrão,  Bartolomeu  :  Secretário 
S.  I.  24. 

Ferrara :  94. 

Ferreira,  Gonçalo:  Tesoureiro  265. 
Ferreira,  J.  A. :  Escritor.  37*  130. 
Ferreira,  Jorge  :  Capitão.  206  524. 
Ferreira,  Tito  Lívio  :  Escritor.  37* 

521  523  524. 
Ferreira,  Waldemar:  Escritor.  37* 

174  446. 

Ferreira  Leão,  Luís  Gonzaga  :  84. 
Ferreiro  :  — Ver  Artes  e  Ofí- 
cios. 

Ferro  :  Espécie  em  que  pagavam 
aos  Padres  176-177  250  351,  o 
que  valia  402,  Nóbrega  pede-o 
para   o   Ir.  ferreiro  490  503, 


pede  ferramenta  119,  objectos 

de  ferro  444-445. 
Figos  :  —Ver  Agricultura. 
Filipe  (S.) :  Apóstolo.  291. 
Filipe  o  Belo:  Rei  de  França.  91. 
Filipe  o  Bom  :  Rei  de  França.  91. 
Filipe  II  :  442. 
Flandres :  21  135. 
Florença :  54  55. 
Florida :  63. 
Fogaça  :  330. 

Folgado,  Gaspar :  Morador  da  Baía. 
199. 

*  Fonseca,  Luís  da  :  69. 
Fonseca,  Martinho  da:  Escritor. 

43*. 

Fonte  Milagrosa:  Ajuda,  Porto 

Seguro  3x6. 
Formigas  :  148. 

França  :  Os  graduados  93  ;  22  28 

47  56  89  90  201. 
França,  Carlos :  Escritor.  37*  132 

136  148. 

Franceses  :  Nas  costas  do  Brasil 
353  ;  29  43  91  205. 

Franciscanos:  —Ver  Ordens  Re- 
ligiosas. 

Francisco  de  Assis:  Santo.  363. 

Francisco  I:  Rei  de  França.  2690. 

*  Franco,  António:  Escritor.  37*  43 

51  74  87  108  114  116  145  170  200 
224  232  250  266  276  305  326  327 
372  440. 

Francoforte  (Frankfurt  atn  Main): 
78-79. 

*  Fróis,  Luís:  Mis.  do  Oriente.  5460. 
Frutas  :  —Ver  Agricultura. 
Fulda  ■  74. 

Funchal:  294. 

Funeral  :  Gentio  :  ver  Índios  ; 
cristão :  ver  Culto. 

Gabriel,  Juan :  478. 
Gabriel,  Nuno :   Clérigo.  409  478. 
Gado:  Que  El-Rei  mandou  ao  Bra- 
sil 403,  o  primeiro  da  Compa- 


548 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


chia  para  sustento  dos  meni- 
nos 401  403,  12  vacas  (Baía) 
351-352,  10  vacas  (S.  Vicente) 
50 r ;  148  349  412. 

Gaffarel,  Paul :  Escritor.  37*  90. 

Gago,  Ascenso :  63. 

Galinhas:  148  412. 

Galloti,  Odillon  :  Escritor.  45*. 

Gama  de  Andrade,  Simão  da  :  173. 

Gamboa :  255. 

Gand:  62. 

Gandía :  25. 

Garcia,  Miguel :  Prof.  371. 
Garcia,  Nuno:  Pedreiro.  271. 
Garcia,  Rodolfo:  Escritor.  35*37* 

42*  76  166  263  312  506  509. 
Genelli,  Christoph :  Escritor.  37* 

216. 
Génova:  60. 
Gil,  Frei:  Santo.  525. 
Goa  :  22  34  49  50  53  54  64  66  94  192 

218  402  424  454  497  510  521. 
Godinho,  Manuel:  124. 
Goes :  520. 

Goetstouwers,  J.  B  :  Escritor.  44*. 
Góis,  Damião  de :   Escritor.  37* 
101. 

Góis,  Luís  de  :  Voto  de  castidade 
e  de  entrar  na  Companhia  312 
342,  comunga  com  frequência 
238 ;  222  420  423  526. 

Góis,  Pero  de:  Capitão-mor  da 
Armada  131,  benfeitor  423,  co- 
munga   com   frequência  238; 

131  350  526- 
Góis,  Pero  de  :  516. 
Gomes,  Álvaro  :  47  48. 
Gomes.  António:  Mis.  da  índia.  41. 
Gomes  de  Brito,  J.  J. :  Escritor. 

43*- 

Gonçalves,  Gaspar:  Doutor.  67370. 
Gonçalves,  João:  Chega  ao  Brasil 

466  514,  pensa-se  em  o  fazer 

professo  39. 
Gonçalves,  Simão:  Primeiro  Irmão 

Coadjutor  recebido  no  Brasil 


156  158,  era  soldado  127 ;  183 
260  261  273. 

*  Gonçalves  da  Câmara,  Luís:  Espe- 

rado no  Brasil  490  503,  Nóbrega 
incumbe-o  de  saber  se  é  morta 
ou  viva  a  mulher  de  João  Ra- 
malho 522 ;  30  39  417  467  489  491 

499  5°4  521- 

*  Gonzaga,  Luís:  Santo.  Vocação 

pela  leitura  das  cartas  das  ín- 
dias de  Portugal  60. 

Gótz,  J  Jorge:  38*  73  146. 

Gouveia,  Diogo  de:  Principal  do 
Colégio  de  Santa  Bárbara.  Vida 
32-33,  iniciativa  das  missões 
S.  I.  33  101 ;  19  21  24  26  65  87  88 
90  94  96-98  105. 

Governador  (Ilha  do)  :  429. 

*  Grã,  Luís  da:  Vida  466.  reitor  de 

Coimbra  510,  defensor  de  Si- 
mão Rodrigues  466,  superior 
da  3.*  expedição  missionária 
355»  Prega  na  nau  «Conceição» 
515,  chega  à  Baía  514,  pregador 
na  Baía  514,  colateral  do  Provin- 
cial 509  511,  profissão  509  511 ; 
36  39  43  322  326  327  429  518  526. 

Gramática:  Ensino  de  latim  em 
S.  Vicente  e  em  Goa  497,  na 
Baía  516. 

Granada,  Frei  Luís  de:  441. 

«Grande  Enciclopédia  Portuguesa 
e  Brasileira» :  38*. 

*  Granero,  Jesus  Maria:  Escritor. 

506. 
Gr  ata  11:  25. 
Grécia:  333. 
Gregos:  112. 
Guadix  :  470. 
Guale  :  63. 

Guarani  (Língua):  46341. —  Ver 

Tupi  (Língua). 
Guarda :  37  42. 
Guerras:  — Ver  Índios. 
Guiana  Francesa:  11. 
Guiana  Holandesa :  XI. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


549 


Guiana  Inglesa  :  zz. 
Guilherme  IV:  Duque  de  Baviera. 
217. 

Gusmão,  A.  N.:  Escritor.  38*  43* 
130  441. 

Habitação:  Dos  índios  14-15. 
Hagiografia  :  —  Ver  Culto. 
Hanke,  Lewis:  Escritor.  38*. 
Heitor,  Luís  :   Escritor.  375. 
Henrique,  Cardeal:  Rei  de  Portu- 
gal. Munificência  467;  24  130. 
Henriques,  Francisco  :  Vida  349  ; 

298  356  357- 
Henriques,  Leão:  Vida  327;  57-58 

60  322. 
Herança  :  106. 
Hibémia :  106. 

«História  da  Colonização  Portu- 
guesa do  Brasil»:  38*. 

«História  da  Companhia  de  Jesus 
no  Brasil»:  Não  apenas  história 
missionária,  mas  geral  12-13. 

Hoces,  Diego  de  :  94. 

Hoehne,  F.  C. :  Escritor.  38*  148 
169  227. 

Homem  de  Melo:  Geógrafo.  38* 
388. 

«Homo  Americanus» :  10. 
«Homo  Asiaticus» :  10. 
Hospitais:  Da  Baía  158  185  311, 

de  Ilhéus  426. 
Hrdlicka,  Ales :  Escritor.  10. 
Hurter,  Hugo :  Escritor.  38*. 
Hutten,  Maurício :  Bispo.  217. 

Ibiapaba:  384. 

Igreja  :  Espírito  da  primitiva 
Igreja  33  452,  cumprem-se  os 
mandamentos  de  abstinência 
na  quaresma  234. 

Igreja  da  Ajuda  (Baía) :  126  158 
185  399- 

—  da  Ajuda  (Porto  Seguro): 
Fonte  da  Senhora  321,  mila- 
grosa 260  427  ;  20  43. 


—  da  Baía:  Concluída  por  Março 
de  1550  185,  deve-se  refazer 
349,  devia  El-Rei  fazer  outra 
352  355,  o  Governador  com  ou- 
tros refazem-na  parte  de  pedra 
e  cal  391  399 ;  125. 

—  de  Belém  (Lisboa)  170. 

—  do  Espírito  Santo  :  274  426 
428. 

—  da  Graça  iBaía):  no. 

—  do  Monte  Calvário  :  125  141 
158  185  346. 

—  de  Olinda:  246. 

—  de  S.  André  da  Borda  do 
Campo  :  222. 

—  de  S  Maria  de  Minerva  (Ro- 
ma) :  124. 

—  de  S.  Roque  (Lisboa)  :  Tú- 
mulo de  Simão  Rodrigues  458. 

—  de  S.  Vicente:  z.a  missa  1  de 
Janeiro  de  1551  246,  a  mais  de- 
vota de  toda  a  costa  232-233, 
a  melhor  do  Brasil  420  426  431 
491 ;  209  232  239  484. 

Ilha  Grande  (Espírito  Santo):  299. 

Ilha  Grande  ( Peruibe)  :  461. 

Ilha  Grande  (Rio  de  Janeiro):  430. 

Ilhéus:  Ministérios  de  Nóbrega 
426,  hospital  426;  8  41  43  114 
128  132  160-162  203  254  260  273 

274  391  398. 
Imbelloni,  José:  Escritor.  34*38* 
10  19. 

Imigração  :  Necessidade  de  se  po- 
voar o  Brasil  345,  terra  mal  em- 
pregada em  degredados,  devem 
vir  pessoas  honradas  127,  ofi- 
ciais mecânicos  com  mulher  e 
filhos  127,  oficiais  mecânicos, 
não  funcionários  344-345,  é  pre- 
ciso virem  muitos  portugueses 
156,  moradores  que  rompam  e 
queiram  bem  à  terra  344-347. 
*  Inácio  de  Loyola:  Santo.  Funda- 
dor da  Companhia  de  Jesus. 
Vida  20-23,  discípulo  de  D.  Pe- 


550 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


dro  Fernandes  49  373  374,  con- 
fessor de  D.  Pedro  Mascare- 
nhas 34,  como  escreve  a  pa- 
lavra Portugal  em  latim  88, 
Patente  do  Ano  Santo  de  1550 
190-191,  ordena  orações  pelo 
Rei  de  Portugal  30  487,  pede-se- 
-lhe  orientação  para  o  caso  de 
D.  Pedro  Fernandes  368,  Pa- 
tente de  Nóbrega  Provincial 
do  Brasil  506;  32*  7  9  19  32 
33  36  5°  53-55  59  63  64  66  70  75 
94  95  187  188  192  215  216  363  442 
458  464  481  487  506  5Q9-512  5i9- 

Índia :  Grande  messe  para  a  con- 
versão 88;  3  9  18  22  28-30  34 
48  49  51  54  56  57  60  63  64  71  87 
94-96  100  107  140  155  166  192 
193  215  218  283  288  289  326  339 
349  360  365  402  408  448  450  454 
458  465  497  511  520  521. 

Índia  Bartira  :  222  435  524. 

—  Catarina  Álvares  :  369  —  Ver 
Álvares. 

—  Maria  da  Rosa :  Meirinha.  263 
286. 

—  Mbci :  222  435. 

—  Paraguaçu :  369. 

índia  do  Brasil :  192  508  509.  — 
Ver  Brasil. 

índia  de  Goa  :  510. 

índias  Ocidentais  :  188. 

índias  Orientais:  188. 

índias  do  Imperador :  188. 

índias  de  Portugal :  188. 

índio  Bastião  Teles:  Causa  do 
Motim  do  Monte  Calvário  e  a 
sua  morte  cristã  307-310  319  364. 

—  Cameri :  475. 

—  Gato  :  364. 

—  Gato  Grande  :  429. 

—  Grilo:  376  381-382. 

—  Jaraguai :  364. 

—  D.  João  Tacuí :  Principal  que 
deu  entrada  aos  Portugueses. 
251  255"256  316-317. 


—  Maracajaguaçu :  429. 

—  Martim  Afonso  Tibiriçá :  Prin- 
cipal de  Piratininga.  208  435 
524- 

—  Matias :  310. 

—  Porta  Grande  :  195  304  316  318. 

—  Sebastião  de  Lemos :  364. 

—  Simão  :  Pagé  convertido  280, 
Principal  amigo  117  255-256  317. 

Índios:  Do  Novo  Mundo  9-10,  ori- 
gem e  teorias  9-10,  «civilização» 
e  «cultura»  ir,  do  interior  da 
América  do  Sul  490  505,  na 
«História  da  Companhia  de 
Jesus  no  Brasil»  11;  índios 
Tupinambás  14-19,  generalida- 
des 14,  nus  147  408,  espantam-se 
de  os  Portugueses  saberem  ler 
e  escrever  (e  mostram  desejos 
de  aprender)  110-111  139,  em 
muitas  coisas  guardam  a  lei 
natural  153. 

Habitação  e  seminomadismo 
14-15  150  181,  casas  compridas 
de  palha  379,  aldeias  14-15, 
queimam-nas  278  ;  adornos  15, 
pluma  da  terra  385,  pinturas  do 
corpo  e  diademas  de  pluma 
com  alguma  arte  205  225  228 
pedras  nos  beiços  140  280,  ra- 
pam as  barbas  até  as  pestanas 
149,  cabelo  407-408,  pelo  corte 
do  cabelo  se  conhecem  as  na- 
ções 360;  família  15  141  147 
153,  muitas  mulheres  (ver  Poli- 
gamia), costumes  semelhantes 
aos  dos  mouros  224,  conceito 
de  geração  136. 

Vida  económica  e  social  15- 
-16,  sem  governo  nacional  nem 
rei  230,  mas  em  cada  casa  e 
Aldeia  um  principal  231,  in- 
fluência das  velhas  pelas  quais 
se  regem  385  387,  comunidade 
de  bens  137  138  147  153,  con- 
córdia dos  índios  amigos  entre 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


551 


si  138,  hospitalidade  379  382,  la- 
voura 12,  lavradores  do  interior 
do  continente  474-476,  tecedei- 
ras  e  fiandeiras  477,  trabalho 
dos  homens  e  das  mulheres 
403-404,  antes  da  conversão  só 
as  mulheres  faziam  roças  179, 
redes  382,  louça  indígena  227 
228,  embarcações  (canoas  e  jan- 
gadas) 204-205  381. 

Guerras  16,  contínuas  275,  a 
10  15  20  léguas  se  matam  e 
comem  111  136  152  156  179  182 
239  25i  3°3  307  308,  por  ódio  e 
vingança  137,  por  mar  204-205, 
espada  pequena  ou  tacape  385- 
-386,  pintada  e  comprida  228, 
frechas  205,  morte  do  cativo 
em  terreiro  (Ver  Antropofa- 
gia). 

Religião  16-19  I09  111-112, 
sua  bem  -  aventurança  :  matar 
contrários,  comer  carne  hu- 
mana e  ter  muitas  mulheres 
267,  não  têm  conhecimento  de 
Deus  nem  ídolos  111,  não  ado- 
ram nada  nem  têm  ídolos  150 
267  324,  não  têm  Deus  por 
quem  morram  347  446  452, 
mas  costumes  que  não  são  ri- 
tos dedicados  a  ídolos  373  407, 
costumes  «de  tantos  mil  anos» 
333,  ídolo  em  forma  de  cabaça 
pintada  com  figura  humana  225, 
conceito  material  de  Deus  153, 
«Tupana»  150,  não  têm  religião, 
só  «abusões»  434,  demónios  150, 
medo  dos  demónios  137,  medo 
de  que  lhes  botem  a  morte  379, 
queimam  sal  e  pimenta  para 
que  lha  não  botem  379  397, 
morrem  de  imaginação  crendo 
que  lha  botaram  122,  funeral 
137  152,  pranto  364,  sobrevi- 
vência da  alma  152-153,  me- 
tempsicose e  tabus  439. 


Magia  17  137,  feiticeiros  (pa- 
gés),  as  suas  funções  próprias 
17  18  150-152  225;  117  231  248 
277  304  320  380,  pregam  de  ma- 
drugada passeando  e  batendo 
nos  peitos  220  407,  o  que  pro- 
metem aos  índios  325,  umas 
vezes  mentem  outras  acertam 
a  dizer  verdade  452,  tratam  das 
doenças  150  152,  facas  e  tesou- 
ras que  fingem  tirar  do  corpo 
dos  doentes  256  147  316;  «San- 
tos» 268  447,  a  «cabana  do  santo» 
248,  a  «santidade»  dos  Índios 
17  150-151  242  384,  com  vinhos 
e  cantares  225,  de  ano  em  ano 
324,  índias  «possessas»  (transe) 

I5I-I52- 

Lendas  e  mitos:  origem  do 
pão  116-117,  das  Amazonas  593, 
504-505»  de  Zumé  18-19  r53- 

Os  índ  ios  de  S.  Vicente 
alguma  vantagem  fazem  aos 
das  outras  Capitanias  496,  in- 
corporação ao  Estado  do  Bra- 
sil 36:  Ver  Brasil;  ver  Con- 
versão do  Gentio.  — Ver  Al- 
deias, Liberdade  dos  Índios, 
Música,  Danças,  Vinhos. 
Índios  Aconguaçus  :  xx. 

—  Agazes  :  474. 

—  Aimurés  :  Notícia  149;  11 13  138. 

—  Aquiloços:  473. 

—  Aztecas  :  19. 

— -  Barbacanes  :  475. 

—  Bracanos  :  477. 

—  Brotoquis  :  477. 

—  Caetés:  51. 

—  Canes:  476. 

—  Capores  :  476. 

—  Carcarais  :  473  476  477. 

—  Carijós:  Fama  de  serem  os 
melhores  da  costa  do  Brasil 
185,  usos  e  louvor  339,  uns 
libertados  e  postos  no  Espí- 
rito Santo  404,  vestidos  de  pe- 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


les  268,  os  do  Paraguai  ao  prin- 
cípio eram  poderosos,  cruéis  e 
comiam  carne  humana  474;  11 
13  14  45  122  147  148  202  2ro  227 
260  337  384  476  479-48I- 
Cevicwcocis  :  477. 
Chandules  :  473. 
Chibchas:  19. 
Corcorones  :  477. 
Corores  :  476. 
Corumna  :  473 
cuchamecas  :  474. 
Gaimurés:  13. 
Gamelas  :  n. 
Garines  :  473. 
do  Gato  :  429. 
Gatos  [Guatós?]:  475. 
Gaxarapos  :  475. 
Gê  [Grupo]  :  13. 
Gessaruçus  :  11. 
Goianases  :  13  148. 
Guaranis:  13  122384:  — Ver 
p.  precedente,  Carijós. 
Ibiraquaras:  13. 
Incas  :  19. 
Janduins  :  11. 
jurunas  :  ii. 
Laenos:  476. 
Maepenos  :  476. 
Maias  :  19  409  476. 
Mares  Verdes  :  11. 
Mecoretas:  474. 
Mepenes:  474. 
Morganos:  477. 
Morianos  :  477. 
moritizes:  ii. 
Moromomins:  II. 
Oricochis  :  477. 
Pagais:  473  475. 
Paiaiases:  ii. 
Paicunos:  477. 
Parais  :  475. 
Paranaubis:  ii. 
Parecis  :  475. 
Pataxoses  :  ir. 
PayaguAs  :  473. 


—  Peroibe:  462. 

—  Queliaquianos  :  476. 

—  Quenas  :  473. 

—  Quirandas  :  473. 

—  Quiriris:  11. 

—  Ririiú  :  11. 

—  Sabacoces  :  475. 

—  Saicoces:  473. 

—  Severis:  476. 

—  Soporianos:  476. 

—  Tamacochis:  477. 

—  Tamoios  :  250  428  429. 

—  Taonas:  476. 

—  Tarapachocis  :  477. 

—  Temiminós  :  429. 

—  TlMBUES  :  472  474. 

—  Tobajaras  :  zx. 

—  Tupeniques:  13  149. 

—  Tupinambás:  Generalidades  e 
características  14-19,  13  16  149- 
-151  227. 

—  Tupinaquins  :  156  162  165  227 
480. 

—  Tupis  :  13  16  17  154. 

Ingolstadt :  53  216  217. 

Inocêncio  Francisco  da  Silva:  Es- 
critor. 43*  45*  108  115  116  118 
145  146  267  289  442. 

Inquisição:  164-165. 

Instituto  Espanhol  (Roma):  73. 

Instituto  Histórico  S.  I. :  84. 

Instituto  S.  L:  Fórmula  21. — 
Ver  Companhia  de  Jesus. 

Instrução:  —  Ver  Educação. 

Intérpretes:  —  Ver  Tupi  (Lín- 
gua). 

Irala,  Domingo  Martinez  de  :  Go- 
vernador do  Paraguai.  476  477. 

Iria,  Alberto :  Escritor.  37*  38*  5. 

Irmãos  :  —  Ver  Companhia  de  Je- 
sus. 

Irriberi :  38. 

Isabel :  Rainha  de  Castela.  89. 
Isac:  Patriarca.  167  332. 
Itália  :  22  53  56  58  60  94. 
Italianos  :  164. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


555 


Itanhaêm :  341  460. 
Itapagipe :  196. 
Itaparica  (Ilha  de)  :  258. 

Jacob :  Patriarca.  167332. 

*  Jacobsen,  Jerome  V.:  Escritor.  38*. 

*Jácome,  Diogo:  Torneiro  e  cate- 
quista. Vida  41,  em  Ilhéus  e 
Porto  Seguro  109  114  156,  para 
S.  Vicente  184  226  260  261  353 
356,  «sempre  em  casa»  243,  pede 
missionários  239,  cartas  perdi- 
das 210;  7  20  109  118  132  160-162 
238  247  297. 

Jacurutucoara :  299. 
i:  Jaeger,  Luís  Gonzaga  :  Escritor. 
38*. 

*  Jaio,  Cláudio  :  —  Ver  Le  Jay. 
Jangadas:  381. 

*Janssens,  João  Baptista:  Geral 
S.  I.  83. 

Japão :  Viagem  de  Xavier  ao  Ja- 
pão paga  por  Portugal  28  ;  22 

54  56  59  64  339- 
Japiúba  :  523. 

Jaques,  Cristóvão:  Guarda-mor  da 

Costa.  90. 
Jedin,  Hubert :  Escritor.  38*  93. 
Jerónimos  (Mosteiro  dos)  :  172. 
Jerusalém:  21  94  329  334  398  471 

458. 

Jesuítas  :  —  Ver  Companhia  de 
Jesus. 

JESUS  CRISTO:— Ver  Culto. 

Joana,  Princesa  D.:  Mãe  de  D.  Se- 
bastião. 114  489,  escolar  da 
Companhia  de  Jesus  313. 

João,  Príncipe  D.:  Filho  de  D. 
João  III.  458  489. 

João  II  (D.):  Rei  de  Portugal.  33. 

João  III  (D):  Rei  de  Portugal. 
Vida  26-31,  cria  bolsas  de  es- 
tudo na  Universidade  de  Paris 
32,  pioneiro  da  propagação  da 
fé  101-104,  sua  intenção  princi- 
pal nas  Conquistas  102,  con- 


vida os  Padres  da  Companhia 
102  458,  com  a  sua  ajuda  se 
começou  a  fundar  e  a  espalhar 
a  Companhia  29  30  488  ;  funda 

0  Colégio  de  Coimbra  e  S.  Iná- 
cio dá-o  como  exemplo  ao  Du- 
que de  Baviera  217-218,  entre 
os  príncipes  cristãos  o  maior 
benfeitor  da  Companhia  487, 
munificência  464  467 ;  cria  o 
Governo  Geral  do  Brasil  5,  e 
envia  Nóbrega  e  os  primeiros 
da  Companhia  35,  ordena  que 
se  dê  o  necessário  aos  Padres 
do  Brasil  211  297,  esmolas  de 
escravos  e  gado  351;  deseja 
que  haja  Padres  em  todas  as 
Capitanias  267  270,  envia  sete 
meninos  órfãos  para  ensinar 
os  meninos  brasis  214,  proíbe 
que  se  dêem  armas  ao  gentio 
444-445;  Nóbrega  pede  bom  go- 
vernador 345,  correspondência 
epistolar  com  Nóbrega  e  conta 
em  que  a  tinha  31,  Nóbrega 
pede  o  seu  favor  para  o  Brasil 
347 ;  19  21  22  24  25  28  33  34  47 
48  50  52  82  87-90  92  94  97  101 
124  174  188  212  214  265  271  289 

346  35°  43i  45°  454- 
João  VI  (D.):  Rei  de  Portugal  68. 
Jocr     Naipes  e  dados  274,  com- 

1  í;u-se  e  moderou-se  234,  car- 

de jogar  numa  Aldeia  gen- 

]82. 

Jorg  ,   Isabel:    Mãe  de  Vicente 

odrigues.  40. 
«Jc-rnal  de  la  Société  des  Amé- 

canistes» :  228. 
Jl  tleu  do  Ano  Santo  (1550) : 
Patente  192-193,  prega-se  no 
Brasil  393,  todos  os  que  pu- 
deram o  ganharam  394;  188-190 
3T3  392- 

Júlio  III :  Papa.  29  50  71  72  188 
192  510. 


554 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Juras  :  Moderou-se  o  costume  de 

as  fazer  234  311  394  515. 
Justiça:   Deus  não  favorece  a 

injustiça  e   com  justiça  tudo 

rende  mais  456. 
Juvenal :  Poeta.  89. 
Juzarte,  António  :  Cónego.  Refu- 

gia-se    na    Casa    dos  Órfãos 

(Baía)  372  481-482. 

Kloster,  W. :  38*  480  493. 
Koch,  Ludwig  :  Escritor.  38*. 

Lacerda,  Agostinho  de:  Mis.  de 
Angola.  68. 

Lafuente  Machain :  Escritor.  476. 

Lagoa  dos  Patos  :  490. 

Laguna  do  Embiaça  :  431  503. 

Laranjas  :  —  Ver  Agricultura. 

Latim  :  397.  —  Ver  Educação. 

Latio,  João:  Impressor.  441. 

Lavoura:— Ver  Índios;  ver  Agri- 
cultura. 

Laines,  Diego :  Geral  S.  I.  27  39 
53  59  62  94. 

Le  Jay,  Cláudio:  53  94  216. 

Leão  X  :  Papa.  128. 

Lebrón,  Alfonso  de:  149  481. 

Lefèvre,  Pierre:  — Ver  Fabro,  Pe- 
dro. 

Leigos:  —  Ver  Companhia  de  Je- 
sus. 
Leiria:  96. 

Leitão,  Pedro :  Capitão.  263  386. 

Leite:  Para  os  meninos  dos  Colé- 
gios 351  403  501. 

Leite,  Berta  :  326. 

Leite,  Gonçalo :    Professor.  371. 

Leite,  José  :  Escritor.  84. 

Leite,  Manuel:  Escritor.  5470356. 

Leite,  Serafim  :  Escritor.  38*-39* 
41*  33  77  78  87  I24  '7°  *92 
269  313  433  448  468  472  ;  e  pas- 
sim. 

Leite  Cordeiro,  J.  P.:  Escritor.  39* 
495  5°i- 


Lemos,  Duarte  de:  Dá  uma  ses- 
maria ao  Colégio  do  Espírito 
Santo  299. 

Lendas  :  —  Ver  Índios. 

Leonor  (D.) :  Rainha  de  Portu- 
gal- 33- 

Lescano,  Juan  Gabriel  de:  478. 
*  Leturia,  Pedro  de :  Escritor.  36* 
39*  188  442  500. 

Liberdade  dos  Índios:  No  Regi- 
mento do  Governo  Geral  do 
Brasil  6,  Nóbrega  inicia  a  luta 
contra  os  cativeiros  injustos  119 
i2r  166-167,  e  pede  a  El-Rei  uma 
provisão  contra  eles  (1549)  e  os 
proiba  123  156,  e  liberte  uns  ín- 
dios injustamente  cativos  170 
175  202  210  236;  a  defesa  dos  ín- 
dios desagrada  aos  moradores 
453,  excessos  contra  os  índios 
sem  que  os  Padres  da  Compa- 
nhia os  possam  evitar  434  436, 
e  são  ameaçados  437,  mas  não 
absolvem  os  que  possuem  índios 
injustamente  cativos  453,  em- 
bora haja  clérigos  que  os  absol- 
vem 270;  é  uma  dor  do  coração 
e  a  sujeição  moderada  dos  índios 
fazendo-os  viver  em  liberdade 
entre  cristãos  até  às  coisas  ma- 
teriais ajudaria  449  455-456;  o 
caso  de  consciência  (Nóbrega) 

37°. 
Lima:  63. 

Lima,  D.  Diogo  Lopes  de  :  345. 

Limites  :  A  Capitania  de  S.  Vi- 
cente não  os  tinha  fixos  452 
485- 

Limões:— Ver  Agricultura. 

Língua  Brasílica  :  O  mesmo  que 
língua  geral  ou  tupi.— Ver  Tupi 
(LIngua). 

Língua  Portuguesa  :  Primeira 
Escola  no  Brasil  m,  prega- 
ções e  cantos  em  português 
pelos  meninos  da  terra  396  432. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


555 


Lisboa:  Empório  missionário  57, 
órfãos  da  Ribeira  que  embar- 
cam para  o  Brasil  171 ;  22  24 
26  32  38  42  45  55  80  215  218  237 

292  349  357  442  448  458  462  464 
466  492  516  520  522 ;  Casa  de 
S.  Roque  67  108  116  145  146  200 
211  212  218  232  250  266  272  305 
314  322  349  ;  Arquivos  e  Biblio- 
tecas 6r,  Arquivo  Nacional  da 
Torre  do  Tombo  88  174  289  372 
375  378  483,  Biblioteca  da  Ajuda 
61  65  98  101  105,  Biblioteca  Na- 
cional 61  66  70  145  487. 
Lisboa,  Frei  Marcos  de:  Escritor. 
363- 

Livros:  Pedidos  por  Nóbrega  119 
156,  chegam  ao  Brasil  131  168, 
mandados  por  D.  João  III  215, 
um  numa  Aldeia  gentia  382, 
munificência  dos  reis  portu- 
gueses para  as  bibliotecas  do 
ultramar  464  467 ;  440. 

Lobo,  Mícia  :  Órfã.  166. 

Lobo  de  Almeida,  Joana  Barbosa: 
órfã.  166. 

Lobo  de  Barros,  Catarina:  Órfã.  166. 

Lobo  de  Sousa,  Baltasar:  166. 

Lõfgren,  Alberto  :  44*  245. 

Londres:  21. 

Lopes  de  Almeida,  M. :  Escritor. 
523- 

Louça  :  —Ver  Índios. 

Lourenço :  Santo.  145. 

Lourenço,  Brás  :  Superior  do  Es- 
pírito Santo.  Vida  43,  chega  ao 
Brasil  514  ;  20  465  513. 

Lourenço,  Manuel  :  Vigário  da 
Baía.  121  313  372. 

Lovaina  :  60  114  520. 

Loyola :  20. 

Lucas :  Santo.  36. 

Lucena,  João  de  :  Escritor.  40*  87 
363- 

Lucena,  Simão  de :  Vigário  de 
S.  Vicente.  244  460  499. 


Luís,  Infante  D.:  Munificência  467. 
Luteranos  :  33. 

Luz,  Francisco  da:  Vigário  do  Es- 
pírito Santo.  203. 

Machado,  Diogo  Barbosa  :  —  Ver 
Barbosa  Machado. 

Madalena,  Maria:  Discípula  de  Je- 
sus. 331. 

Madeira  (Ilha  da)  :  63  294  327. 

Madre  de  Deus,  Frei  Gaspar  da : 
Escritor.  460. 

Madrid :  6r  68-69  I32  451. 
*  Maffei,  João  Pedro :  Escritor.  58 
73- 

Maffeo,  Bernardino  :  Cardeal.  218. 
Magalhães,  Álvaro  de  :  424. 
Magalhães,  António  de  :  Escrivão. 
301. 

Magalhães,  Basílio  de :  Escritor. 
526. 

Magalhães  Basto,  A.  de  :  Escritor. 

44*  129. 
Magia  :  17.  —  Ver  Índios. 
Malaca :  54  56  218  299  363. 
Malheiro  Dias,  Carlos :  Escritor. 

90. 

Maluco  :  54  218  485. 

Mamalucos  :  Definição  432  438, 
etimologia  355-356,  Nóbrega 
manda  recolher  os  que  anda- 
vam perdidos  no  sertão  nos 
costumes  dos  índios  e  comendo 
carne  humana  230  236  269  285 
290-291,  Miguel  que  vivia  como 
índio  391  399,  da  Baía  258,  as 
filhas  do  Caramuru  370,  em 
Pernambuco  todas  as  mamalu- 
cas  se  casaram  293,  em  S.  Vi- 
cente grande  fervor  de  mama- 
lucos e  mamalucas  504,  os  me- 
ninos mais  espertos  aprendem 
latim  497;  os  filhos  de  João 
Ramalho  244,  as  filhas  casadas 
com  os  homens  principais  524, 
Nóbrega  leva  consigo  um  filho 


556 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


de  João  Ramalho  ao  sertão 
«para  mais  autorizar  o  nosso 
ministério»  524;  245  361  496  526. 

Mandioca  :  —  Ver  Agricultura. 

Mangenot,  E. :  Escritor.  36*. 

Maniçoba :  —  Ver  Aldeias. 

Manicongo  :  188  193  218. 

Manresa :  21. 

Manuel  I  (D.):  Rei  de  Portugal. 
3  26  28  36  89  101  128  162. 

Mar:  Tormentas  261.  —  Ver  Na- 
vegação. 

Maracá  :  Descreve-se  383.  —  Ver 
Índios. 

Maranhão :  475. 

Marcelo  II :  Papa.  65  155  217. 

Marchant,  Alexander:  Escritor.  403. 

Maria  (D.):  Imperatriz.  114. 

Maria  (D.):  Infanta  de  Portugal.  48. 

Maria  (D.) :  Rainha  de  Portugal.  26 
89. 

Mariz  de  Morais,  José:  Escritor. 

40*  108  118  132  145  155  283  289 

348  425  521- 
Marrocos :  34  64  189. 
Marta  :  Discípula  de  Jesus.  331. 
Martinori,  Edoardo:  Escritor.  40* 

91. 

Mascarenhas,  D.  Leonor  de :  33. 

Mascarenhas,  D.  Pedro :  Embai- 
xador em  Roma.  Vida  33-34, 
angaria  os  Padres  S.  I.  para 
as  Missões  portuguesas  104-107; 
20  26  66  95  ior  102. 

Mason,  J.  Alden :  Escritor.  19. 

«Materiaes  e  Achegas  para  a  His- 
toria e  Geographia  do  Brasil»  : 
40*. 

Mato  Grosso  :  475. 

Matos,  Luís  de :  Escritor.  40*  32 

33  37  48  49  92  95  97- 

Matriarcado:  387. 

Matrimónio  :  —  Ver  Sacramen- 
tos. 

*  Maurício  Gomes  dos  Santos,  Do- 
mingos :  Escritor.  40*  523. 


*  Maximiano  :  206  226  247. 
Mazoyer,  Ph.de:  Escritor.  34*  124. 
Meditação  :  414,  dos  novíssimos  e 

paixão  de  Cristo  416,  de  S.  Agos- 
tinho 335,  meditação  frequente 
(leigos)  333.  —  Ver  Oração. 

Meirinho  :  Dos  Clérigos  436,  dos 
índios  412. 

Mel  :  339  494  506. 

Melo :  43. 

Melo,  António  de  :  211. 
Melo,  Francisco  de :  Bispo  eleito. 
94. 

Melo  Franco,  Afonso  Arinos  de : 

Escritor.  35*  40*  419. 
Melo-Leitão,  C. :  Escritor.  40*136 

470. 

*  Mendes,  António :  Mis.  de  Angola. 

68. 

Mendes  de  Almeida,  Cândido:  Es- 
critor. 40*  348. 

Mendes  de  Almeida,  João:  Escri- 
tor. 40*  461. 

Mendes  Corrêa,  A.  A.:  Escritor. 
40*  10. 

Mendes  da  Costa,  Francisco  :  Es- 
crivão. 265. 

*  Mendizábal,  Rufo :  8*  84. 
Mendoza,  D.  Pedro  de:  470  472  484. 
Menéndez  y  Pelayo,  Marcelino: 

Escritor.  40*  441. 

*  Mercuriano,  Everardo  :  Geral  S.  I. 

24. 

Messina  :  53. 

Mestiços  :  —  Ver  Mamalucos. 
Metaras  :  —  Ver  Índios. 
Metempsicose:  Entre  os  índios 
439- 

Métodos  missionários:  410.— Ver 

Missões. 
Métraux,  A. :  Escritor.  40*  11  137 

138  151  152  225  439. 
Mieussy :  216. 

Miguel:  Menino  mamaluco  400. 
Milão:  94. 

Milho  :  —  Ver  Agricultura. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


557 


Minas  :  esperança  de  minas  de 
oiro  169  294  414  450  451,  no  in- 
terior da  América  do  Sul  472 
479  492  493  505,  expedição  ao 
interior  de  Porto  Seguro  290 
484  486  516,  de  oiro  e  pedras 
preciosas  156,  de  prata  451,  de 
oiro  e  prata  447  449  450  473  475 
476  (Cárcara)  478,  o  estímulo 
das  minas  de  oiro  478. 

Minho:  34  35  41  111  124  130  403. 

Ministérios:  Com  os  cristãos 
brancos  224  254,  que  ocupam 
muito  289,  e  não  pode  deixar 
de  ser  porque  dos  Portugueses 
recebem  os  Padres  da  Compa- 
nhia o  necessário  para  a  con- 
versão do  gentio  323,  da  qua- 
resma 233-234,  dos  Padres  e 
Irmãos  349,  com  índios  e 
Brancos  453-454;  322  394  432 
490,  de  Nóbrega  na  Armada 
426,  Nóbrega  leva  um  mama- 
luco,  filho  de  João  Ramalho, 
para  mais  autorizar  os  minis- 
térios da  Companhia  entre  os 
Índios  524. 

Pregações:  do  Evangelho 
452,  pelas  ruas  e  praças  da 
Baía  363,  parece  novidade  290, 
sermões  quaresmais  233,  por 
interprete  326,  de  Nóbrega  8 
110  120  129  162  165-166  254  261 
288  394  426  428  43c,  de  Leo- 
nardo Nunes  203  206-207  209 
210  233,  de  Luís  da  Grã  466,  de 
Ambrósio  Pires  466,  ao  modo 
dos  índios  407,  do  P.  Navarro 
38  43  252,  de  Pero  Correia  235 
248  431 ;  162  261  392-393  431-432 
516;  meninos  pregadores  órfãos 
e  da  terra  316  320  350  353  378 
426-429  497-498,  na  língua  brasí- 
lica 376.  Pregações  e  confis- 
sões dos  Padres  218  311  323. — 
Ver  Sacramentos. 


Procissões  :  oficiais  128,  do 
Anjo  e  Corpo  de  Deus  à  moda 
de  Portugal  128-129,  das  sex- 
tas-feiras  da  Quaresma  432,  da 
Semana  Santa  253,  pelas  Al- 
deias 376,  dos  meninos  com 
grinaldas  na  cabeça  e  ora  pro 
nobis  382,  da  Confraria  do  Ro- 
sário 325-326,  dos  índios  com  a 
cruz  seguida  de  meninos,  ho- 
mens e  mulheres  280-281 ;  de 
Corpus  Christi  no  Paraguai 
471. 

Obras  de  misericórdia :  visi- 
tar o  próximo  132,  os  doentes 
e  o  hospital  185,  os  presos  da  ca- 
deia 311,  assistir  aos  condena- 
dos à  morte  257  316  321,  minis- 
térios com  degredados  (que  se 
corrigiam  de  jurar  e  renegar) 
430,  fazer  pazes  entre  inimigos 
e  desavindos  156  161  202  290- 
-291  394,  concluída  em  paz  a 
demanda  de  Brás  Cubas  501. 
Miranda:  96. 
*  Mirón,  Diego  :  Provincial  de  Por- 
tugal 55  368  417  420  423  458  494 

497  5ot  5ID  521  522- 

Misericórdia  :  A  da  Baía  não 
quis  o  encargo  dos  meninos 
405.  de  Ternate  363 ;  obras  de 
misericórdia:  ver  Ministérios. 

Missão  do  Brasil:  Fundada  por 
Nóbrega  7-8,  dependente  da 
Província  de  Portugal  510,  fim 
principal:  converter  o  gentio 
atendendo  também  aos  Portu- 
gueses 8,  não  se  pode  esquecer 
o  nome  do  P.  Simão  Rodrigues, 
que  então  governava  a  Provín- 
cia de  Portugal  458. 

Missionários  :  Para  a  Missão  do 
Brasil  não  são  precisas  muitas 
letras,  mas  muito  zelo  e  vir- 
tude (Nóbrega)  142  355  (apa- 
rato) 


558 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Faltam :  Não  bastariam  to- 
dos os  do  Colégio  de  Coim- 
bra ainda  que  fossem  três  ou 
quatro  vezes  mais  227,  se  para 
os  índios  do  Oriente  e  mouros 
são  precisos  dez  para  os  do 
Brasil  são  precisos  vinte  324, 
«quão  poucos  somos  para  tan- 
tos!» 398;  119  133  204  223  231 
233  234  237  242  249  254  259  260 
291-292  322-324  349  391  392  478. 

Pedem-se:  Nóbrega  pede-os 
a  D.  João  III  346,  e  ao  Pro- 
vincial num  brado  de  angústia 
356 ;  109  116-117  123  141-142 
156  168  209  239-240  288  294  314 
355  398-399  4io  412  415  479. 

Esperam-se:  220  239  268  290 
313  329  490  494  499  523. 

Chegam:  7-9  20  171  514. 
Missões:  Proposta  do  Dr.  Gouveia 
e  resposta  de  Pedro  Fabro  88 
89,  as  primeiras  da  Companhia 
105,  fim  religioso  e  civilizador 
12,  escopo  de  Portugal  ioi,  o 
Colégio  de  Coimbra  27,  Lisboa 
centro  missionário  57 ;  42  69 
87  100  216. 
Mitos  :  De  Zumé  18-19  153. 
Moisés :  Patriarca.  123  162  284  314. 

*  Molina,  Luís  de:  Escritor.  67  370. 
Molucas :  26  54  56  263  451  485. 
Monbeig,  Pierre :   Escritor.  40*. 
Moniz,  Diogo  :  Provedor.  159. 
Monomotapa  :  326. 
Monserrate  :  20  21  520. 
Monteiro,  Gonçalo :  Capitão.  460 

461. 

Monteiro,  Mozart :  Escritor.  40* 
523- 

Montmartre :  21  23  roo  458. 

*  Montoya,  A.  Ruiz  de :  Escritor. 

41*  390. 

«Monumenta  Histórica  Societatis 

lesu» :  41*  79  84. 
Morais,  Fernão  de  :  Morador.  461. 


Morais,  Sebastião  de:  Recebedor. 
520. 

Moralidade  Pública  :  Os  Portu- 
gueses não  têm  brancas  com 
que  se  casem  e  por  isso  se 
amancebam  com  índias :  Nó- 
brega pede  que  venham  bran- 
cas e  até  «erradas»  (não  desa- 
vergonhadas) 119-120,  e  órfãs 
344,  todas  se  casariam  evitando 
mancebia  168 ;  há  muitos  por- 
tugueses casados  no  Reino  que 
vivem  em  pecado  no  Brasil  com 
prejuízo  das  suas  mulheres  e  fi- 
lhos :  Nóbrega  escreve  a  El-Rei 
que  os  seus  capitães  tenham 
cuidado  nisso  292;  tinha-se  por 
infâmia  casarem-se  portugue- 
ses com  índias  285:  Nóbrega  ini- 
cia a  campanha  pela  constitui- 
ção de  lares  cristãos  legítimos, 
e  os  portugueses  ou  as  largam 
ou  se  casam  com  elas  120  286- 
-287  ;  Nóbrega  funda  o  Recolhi- 
mento de  Moças  292,  faz  que  as 
mulheres  más  que  iam  na  Ar- 
mada durmam  debaixo  das  es- 
cotilhas 430;  e  observa  que 
grassava  no  Brasil  uma  here- 
sia sobre  o  vício  da  carne,  re- 
provada pela  Igreja  de  Deus, 
mas  em  que  consentiam  os 
clérigos  125,  mancebias  públi- 
cas aprovadas  por  clérigos  270, 
que  absolvem  amancebados  le- 
vando dinheiro  (penas  pecuniá- 
rias) 421,  e  ficam  na  mesma  434, 
o  caso  do  meirinho  dos  clêri- 
rigos  436 ;  a  moralidade  pública 
ia  melhorando  em  Pernambuco 
262,  na  Bala  394-395,  em  S.  Vi- 
cente 438;  Nóbrega  pede  um 
indulto  geral  da  Santa  Sé  para 
sanar  casos  de  honestidade 
pública  525;  no  Paraguai  337- 
-338. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


559 


Moreira  da  Maia  :  222. 

Mortificações  Públicas  :  —  Ver 
Companhia  de  Jesus. 

Mota,  D.  Carlos  C.  de  Vasconce- 
los ;  Cardeal.  33*. 

Motim  do  Monte  Calvário  :  307. 

Moura,  Américo  de :  Escritor.  41* 
524- 

Mouros  :  224  225  322  324. 

Mulheres  :  índias  e  brancas  em 
S.  Vicente  222,  faltam  brancas 
119  e  são  muito  desejadas  344 
e  necessárias  394,  mulheres 
portuguesas  371  421- 422. 

Munique:  74. 

Murias,  Manuel:  Escritor.  28. 

Música:  Dos  índios  14.  instru- 
mentos índios  373  376  407,  ta- 
quaras e  maracás  descrevem-se 
na  Aldeia  do  Grilo  383,  os  me- 
ninos tocam  ao  modo  dos  ín- 
dios 385,  e  pedem  instrumentos 
músicos  portugueses  (popula- 
res) 376  383-384,  procissão  com 
músicas  na  Baía  à  moda  de 
Portugal  (1549)  129,  à  moda  dos 
índios  proibida  pelo  Bispo  358 
359  368,  coros  de  canto  e  flauta 
46,  de  canto  de  órgão  e  flautas 
246,  os  índios  gostam  da  mú- 
sica e  do  canto  de  órgão  431, 
atracção  do  canto  e  música  385, 
Escola  de  canto  e  música  em 
S.  Vicente  497,  Nóbrega  «com 
música  e  harmonia  de  vozes 
atrevia-se  a  trazer  a  si  todos 
os  gentios  da  América»  384. 

*  Nadal,  Jerónimo  :  59  79. 
Nápoles:  54-56. 
Narni:  59  60. 

Naufrágios:  Do  donatário  Fran- 
cisco Pereira  Coutinho  4,  do 
Bispo  51,  de  Leonardo  Nunes 
38,  de  Nóbrega  430,  de  índios 
269  303 ;  302  316. 


Navarra:  38. 

Navarrus  (Doctor):  —  Ver  Azpil- 
cueta,  Martin  de. 

Navegação:  Trabalhos  entre  Por- 
tugal e  o  Brasil  514-516,  difi- 
culdades da  navegação  das  Ca- 
pitanias entre  si  392,  mais  fácil 
entre  S.  Vicente  e  Portugal  que 
entre  S.  Vicente  e  a  Baía  522 
527,  más  embarcações  com  risco 
de  morrer  afogado  500,  fluvial 
219;  galeão  velho  S.  João  Bap- 
tista 173  258,  naus  Galega  52, 
S.  Bento  448  466,  Conceição 
515;  canoas  de  índios  204-205, 
jangadas  381 ;  263-264. 

Negros  :  110  322.  —  Ver  Guine'; 
ver  Escravatura. 

Nemésio,  Vitorino:  Escritor.  41* 
108  118  132  283  328  348  419  448 
489  521. 

Neves,  Álvaro:  Escritor.  43*. 

Neves,  José  Cassiano.  Escritor.  41*. 

Nóbrega,  Frei  Afonso  da :  36-37. 

Nóbrega,  Baltasar  da:  Juiz  de  Di- 
reito. Pai  do  P.  Manuel  da  Nó- 
brega. 

*  Nóbrega,  Manuel  da:  Fundador 
da  Província  do  Brasil.  Vida 
34-37,  formado  em  Direito  Ca- 
nónico 134,  enviado  de  Portu- 
gal ao  Brasil  «por  princípio  de 
que  o  santo  nome  de  Deus  seja 
conhecido  e  louvado»  134,  «esta 
terra  é  nossa  empresa»  123. 

I.  —  Fundador  da  Missão  do 
Brasil,  com  dois  fins:  conver- 
ter os  índios  e  reformar  os  cris- 
tãos 8. 

1.  Conversão  dos  índios, 
índios  de  que  fala  Nóbrega  13, 
e  de  que  dá  elementos  para  se 
determinar  a  sua  religião  pri- 
mitiva 17. 

a)  Nóbrega  inicia  a  cate- 
quese cristã  do  Brasil  111,  zelo 


560 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


ardente  pela  conversão  dos  ín- 
dios 113,  honra  o  principal  que 
se  converte  113,  a  quem  dá  um 
barrete  vermelho  113,  converte 
um  feiticeiro  144,  pede  roupa 
para  se  vestirem  as  índias  127- 
-128,  e  manda  plantar  algodoais 
para  os  meninos  se  vestirem 
352,  vai  em  peregrinação  pelas 
Aldeias  da  Baía  até  às  pegadas 
de  S.  Tomé  376  385-386  410,  ne- 
cessidade de  os  índios  viverem 
juntos  para  se  doutrinarem  522- 
-523  (ver  Aldeias),  dá  posse  ao 
P.  Navarro  do  governo  de  uma 
Aldeia  280,  procura  que  o  Ca- 
ramuru seja  pai  e  governador 
dos  índios  156  397-398  408,  Nó- 
brega numa  Aldeia  em  noite  de 
luar  142-143;  impede  que  os 
índios  se  comam  uns  aos  ou- 
tros (ver  Antropofagia)  e  não 
vivam  em  poligamia  mas  em 
matrimónio  cristão  (ver  Sacra- 
mentos); ordena  que  se  apren- 
da a  língua  brasílica  (tupi)  e 
se  façam  traslados  112  252,  e  se 
ponham  em  verso  e  canto  os 
mistérios  da  fé  384,  com  can- 
tos e  música  entraria  seguro 
no  sertão  384 ;  usa  e  defende  a 
confissão  por  intérprete  369 ; 
trata  de  que  haja  na  terra  quem 
prossiga  a  obra  da  conversão 
do  gentio  (ver  Clero  Indígena  ; 
ver  Vocações),  e  coloca  a  es- 
perança sobretudo  na  educação 
de  meninos  268  269  505,  pede 
e  alcança  a  sesmaria  de  «Água 
dos  Meninos»  para  ensinar  mo- 
ços do  gentio  «que  por  tempos 
levem  o  nome  do  Senhor  a  to- 
das as  gentes»  195;  ordena  ca- 
sas em  todas  as  Capitanias  para 
os  filhos  do  gentio  se  ensina- 
rem 288,  e  que  aprendam  a  ler 


também  os  meninos  de  fora 
433,  queria  mandar  uns  a  Por- 
tugal mas  não  achou  embarca- 
cação  boa  353;  esperança  de 
que  se  faça  um  povo  cristão 
347  (ver  Educaçào). 

b)  Defensor  dos  índios.  Nó- 
brega inicia  a  luta  contra  os  ca- 
tiveiros injustos  121,  manda 
Leonardo  Nunes  levar  uns  ín- 
dios libertados  202,  recorre  a 
El-Rei  123  166-167  455-449,  «doi- 
-lhe  o  coração»  pelas  injustiças 
que  se  cometem  165  449  456 
(ver  Liberdade  dos  Índios). 

c)  O  Sertão.  Já  em  1551  Nó- 
brega pensa  nos  Carijós  (ou  Gua- 
ranis) de  S.  Vicente  268-269,  e 
em  ir  para  o  Sul  com  o  Gover- 
nador 270,  e  entrar  pela  terra 
dentro  268  374  420;  detém-no 
a  fundação  das  Casas  nas  Ca- 
pitanias 354-355,  que  visita  426, 
chamado  de  S.  Vicente  355  (no 
Rio  de  Janeiro  [1552]  429),  e 
pede  mais  Padres  para  entrar 
ao  Sertão  (ver  Missionários), 
para  aí  fazer  uma  grande  ci- 
dade 432  492 ;  impedido  por 
motivos  políticos  432  449  450- 
-452  486,  espera  que  El-Rei  per- 
mita ao  menos  casas  entre  o 
gentio  mais  próximo  502,  tra- 
balhará no  Campo  de  Pirati- 
ninga  e  depois  irá  ao  Sertão 
504,  funda  a  Aldeia  de  Pirati- 
ninga  a  29  de  Agosto  de  1553 
496,  e  entra  pelo  Rio  Tietê 
levando  consigo  um  filho  de 
João  Ramalho  para  mais  auto- 
rizar o  ministério  da  Compa- 
nhia 524. 

2.  Reforma  dos  cristãos.  Em 
geral  (ver  Ministérios). 

à)  Em  particular:  dos  Cléri- 
gos que  viviam  amancebados  e 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


561 


administravam  indignamente  os 
Sacramentos  (ver  Clérigos),  e 
deviam  vir  clérigos  que  só 
buscassem  a  Jesus  Crucificado 
116;  dos  leigos  procurando  que 
vivessem  em  vida  conjugal  le- 
gitima (ver  Moralidade  Pú- 
blica), empenhando-se  por 
João  Ramalho  524-526,  em  cuja 
família  funda  grandes  esperan- 
ças 524;  pede  da  Santa  Sé  am- 
plas faculdades  123-124,  e  um 
indulto  geral  525;  dos  que  con- 
sentiam injustos  cativeiros  (ver 
Liberdade  dos  Índios). 

b)  Espírito  apostólico :  Tem 
os  poderes  do  Núncio  123,  pri- 
meira missa  da  Companhia  no 
Brasil  no,  missas   de  graça 
270;  toma  à  sua  conta  os  cris- 
tãos da  Baía  121  129-130,  pri- 
meiro pároco  (interino)  da  nova 
cidade  121  129-130,  pregador  do 
Governador  e  Portugueses  8 
110  120  162  261  288,  contínuos 
sermões  e  negócios  espirituais 
com  os  cristãos  254,  passa  o 
Natal  em  Porto  Seguro  (1549) 
confessando  162  165-166 ;  pro- 
move o  uso  «continuado»  dos 
sacramentos  333,  a  comunhão 
nas  condições  devidas  285-286, 
a  meditação  frequente  333,  man- 
da tocar  campainha  pelas  ruas 
131,  faz  que  os  degredados  se 
corrijam  de  jurar  e  renegar  430, 
congraça  inimigos  291,  conclui 
em  paz  a  demanda  de  Brás 
Cubas  501,  magnanimidade  com 
que  pede  uma  comenda  para  o 
Bispo  401;  talento  de  adaptabi- 
lidade: «casas  conforme  a  terra» 
403,  em  1553  no  Brasil  impor- 
tava mais  uma  casa  de  palha 
para   dez   moços  aprenderem 
que  sumptuosos  colégios  em 

36 


Portugal  403,  a  semelhança  é 
causa  de  amor  407-408,  sem  que 
Nóbrega  excluísse  a  hipótese 
de  vir  a  ser  morto  e  comido 
pelos  índios  do  sertão  355 ; 
brado  de  angústia  a  pedir  mis- 
sionários 356;  capelão  militar 
257- 

II.  —  Religioso. 

a)  Cargos  de  governo  :  Su- 
perior da  Missão  do  Brasil  9 
22-23  87,  «Maioral  dos  Padres 
da  Companhia  de  Jesus»  176 
213  297  357,  «Reitor  Geral  des- 
tas partes  do  Brasil»  299;  Vice- 
Provincial  9  22-23  5IO>  Provin- 
cial (do  Brasil  «e  outras  regiões 
mais  além»)  506-508;  fala  dos 
súbditos  com  louvor  143  401, 
não  perdeu  nenhum  dos  que 
trouxe  de  Portugal  353. 

b)  Espiritualidade:  Do  Cru- 
cificado, que  apresentaremos  8 
114,  do  Corpo  Místico  de  Cristo 
288,  afectos  espirituais  :  «escri- 
tos no  meu  coração»  329,  exor- 
tação aos  moradores  329-335,. 
profundeza  da  sua  vida  espiri- 
tual (do  soneto  a  Jesus  Cruci- 
ficado) 143,  alegria  espiritual 
430,  organiza  a  vida  regular  da 
Companhia  no  Brasil  132. 

c)  Humildade:  Diz  que  não 
faz  nada  130,  e  dá  mau  exemplo 
353,  escória  134,  rebotalho  500, 
sou  muito  soberbo  406,  não 
posso  emendar-me  dos  meus 
pecados  491,  pede  a  bênção  ao 
Provincial  de  Portugal  109,  pe- 
de que  os  letrados  da  Univer- 
sidade de  Coimbra  resolvam 
as  dúvidas  do  Brasil  408. 

d)  Votos :  Recebe  ordem 
para  fazer  a  profissão  solene 
509-511;  pobreza:  vive  de  esmo- 
las 403  500,  comia  com  os  cria- 


562 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


dos  do  Governador  para  que  se 
soubesse  que  os  bens  eram  dos 
meninos  404,  alimentação  po- 
bre deveras  500,  pobreza  pes- 
soal 404,  parece  que  não  pode- 
mos deixar  de  dar  aos  índios  a 
roupa  que  trouxemos  de  Por- 
tugal para  ficarmos  iguais  com 
todos  113,  falta  de  camisa  372 ; 
castidade :  corta  ocasiões  e 
murmurações  e  procede  judi- 
cialmente para  obstar  à  difa- 
mação da  Companhia  498-499, 
zela  a  do  clero  (ver  Clérigos), 
a  dos  leigos  (ver  Moralidade 
pública);  obediência  ao  seu 
superior  (o  Provincial  de  Por- 
tugal) a  quem  dá  conta  de  si  e 
de  tudo  nas  suas  cartas  (pas- 
sim),  e  ao  Bispo  393,  que  se 
confessa  «muy  devoto»  de  Nó- 
brega 365. 

e)  Fundador  :  Da  Missão  e 
Província  do  Brasil  29,  chefe 
religioso  na  fundação  da  Baía 
cujo  Colégio  funda  125-126  271, 
assim  como  a  igreja  125-126 158, 
dá  principio  ao  Colégio  de  Per- 
nambuco 286,  e  ao  Recolhi- 
mento de  Moças  286  292,  esco- 
lhe sítio  para  o  Colégio  de 
Porto  Seguro  427,  funda  a  Al- 
deia de  Piratininga  (São  Paulo) 
46  522-523,  dá  «princípio  a  ca- 
sas que  fiquem  para  enquanto 
o  mundo  durar»  402. 

/)  Particularidades:  Nó- 
brega deixa  as  notícias  da 
terra  ao  comento  dos  Irmãos 
115,  e  manda-lhes  que  escre- 
vam 392 ;  exercita  os  súbditos 
em  exercícios  de  humildade  e 
mortificação  pública  ao  estilo 
do  tempo  362-363  ;  manda  a  Vi- 
cente Rodrigues  que  não  seja 
doente  e  sara  352-353;  o  seu 


catarro  169,  adoece  e  é  san- 
grado duas  vezes  430,  padece 
tormenta  por  mar  na  viagem 
de  Pernambuco  261,  naufraga 
em  S.  Vicente  e  é  salvo  pelos 
índios  430,  assinala  as  diferen- 
ças biogeográficas  entre  o  Bra- 
sil e  a  Península  Ibérica  136, 
pede  ferramenta,  sementes  e 
livros  131,  aço  e  ferro  502-503, 
e  que  em  Portugal  se  socorra 
a  mãe  dum  Irmão  do  Brasil 
424 ;  tem  saudades  religiosas 
dos  Irmãos  de  Coimbra  284, 
saudades  diferentes  das  dos 
oficiais  mecânicos  que  deixa- 
ram mulher  e  filhos  em  Por- 
tugal 127  ;  manda  pagar  a  dí- 
vida da  Missão  do  Brasil  ao 
Colégio  de  Coimbra  423 ;  re- 
cebe António  Rodrigues  na 
Companhia  480,  pede  a  bula 
do  Santíssimo  Sacramento  124; 
acções  e  obras  que  são  mila- 
gres 439-44°- 

III.  —  Preocupação  do  bem 
público. 

a)  Estadista  35  169,  a  uni- 
dade do  Brasil:  aconselha  que 
a  Capitania  de  Pernambuco  e 
de  toda  a  costa  seja  da  Coroa 
291,  e  também  a  de  S.  Vicente 
«por  ser  a  entrada  para  dentro 
da  terra»  496,  a  questão  das 
Molucas  e  do  Paraguai  451,  cor- 
respondência com  D.  João  III 
e  caso  que  o  Rei  de  Portugal 
fazia  das  suas  informações  30- 
-31,  pede-lhe  que  favoreça  o 
Brasil  347,  como  convém  pro- 
ceder com  os  índios  346-347; 
interessa-se  pelo  futuro  tia  fa- 
mília de  Tomé  de  Sousa  345,  e 
oxalá  que  o  novo  Governador 
não  destrua  o  pouco  que  está 
feito  345-346;  promove  o  casa- 


Índice  alfabético  e  remissivo 


565 


mento  de  portugueses  com  ín- 
dias 285  (ver  Moralidade  Pú- 
blica); que  venham  oficiais 
mecânicos  e  tecelões  127,  gente 
«que  aproveite  à  terra»  346, 
«que  rompa  e  queira  bem  à 
terra»  344 ;  virtudes  cívicas  e 
religiosas  de  Nóbrega  36,  amor 
de  permanência  ao  Brasil  51, 
terra  sã  «e  a  melhor  que  há» 
168,  a  «terra  melhor  do  mundo» 
458. 

b)  Alguns  testemunhos:  De 
S.  Inácio  509-510,  um  dos  «fun- 
dadores do  Brasil»  53,  o  biblió- 
grafo  Inocêncio  emenda  a  mão 
75,  «o  i.°  Missionário  do  Bra- 
sil» (Vieira)  384,  «Apóstolo  do 
Novo  Mundo»  (Vale  Cabral) 
67  ;  «não  há  ninguém  a  quem  o 
Brasil  deva  tantos  e  tão  perma- 
nentes serviços»  (Southey)  35. 

IV. — Homem  de  Letras.  Ex- 
pansão das  suas  cartas  53-60, 
traduções  60,  «Opera  omnia»  78. 

Outras  referências:  35*  40* 
41*  20  27  39  44  45  65  67  70 
72-74  76-78  82  96  108  115  133 

139  154  !55  177  IO-4  212  218 
220  222  238  266  271  273  276  277 
280  281  283  295  296  303-305  307 
309  314  319  327  328  335  336  341- 
-343  348  359  366  367  376  39o  39* 
400  419  443  448  463  467  469  488 
491  504  509  512  519  521  527. 

Noé :  Patriarca.  139. 

Nogueira,  Mateus:  Ferreiro.  206 
226  421  502. 

Nomadismo  :  Os  índios  mudam  as 
Aldeias  181.  —  Ver  Índios. 

Nordeste  :  O  Nordeste  do  Brasil, 
fértil,  mas  faltou  chuva  322. 

Normandia ;  91  92. 

Nossa  Senhora:— Ver  Culto. 

Novo  Mundo:  i.a  Missão  da  Com- 
panhia (Brasil)  9  18  67. 


unes,  Leonardo:  Fundador  do 
Colégio  de  S.  Vicente.  Vida 
37-38,  Nóbrega  manda-o  para 
Ilhéus  e  Porto  Seguro  109  114 
128  129  156  160,  e  para  S.  Vi- 
cente 161  184,  levando  os  ín- 
dios Carijós  libertados  201-202 
205,  recebido  em  S.  Vicente  e 
Santos  com  alegria  206,  faz 
grande  casa  260,  vai  ao  Campo 
de  Piratininga  207-208,  uma  ín- 
dia impede  que  seja  maltra- 
tado 222  243-244,  entradas  220- 
-221  226  230-231  235  243  244  248, 
aos  Patos  donde  voltou  doente 
426  431  490  503,  tem  obrado  coi- 
sas que  se  não  podem  sofrer 
231,  pensa  em  ir  aos  Carijós  do 
Paraguai  337  341,  donde  lhe  es- 
creveram 481 ;  ministérios  239, 
bom  pregador  (o  «Aarão»  de 
Nóbrega  161)  203  206  207  233  ; 
cantor  regente  e  músico  192 
246  43T,  zeloso  com  índios  e 
brancos  242  243,  apóstolo  da 
Eucaristia  em  S.  Vicente  238) 
«Bareachu»  336,  cristão  novo 
468,  falecimento  212 ;  7  16  20 
44  55  70  81  109  118  123  132 
146  149  154  200  201  203  219 
231  239  261  272  296  297  312  327 

335  336  355  356  372  398  421  424 
430  458  480  490  491  494  497  500 
501. 

*  Nunes  Barreto,  Belchior:  219222. 

*  Nunes  Barreto,  João  :  223  229. 

Observância  regular:  — Ver 

Companhia  de  Jesus. 
O  ca  na  :  464. 

Ocidente  :  9  28  29  53  485. 
Ofícios  .-  —Ver  Artes  e  Ofícios. 
Oiro  :  —Ver  Minas. 
Olinda :  Recolhimento  de  Moças 

286 ;  51  246  261  289  466.  —Ver 

Pernambuco. 


564 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Oliveira,  António  de  :  Capitão- 
mor.  Virtuoso  e  zeloso  237- 
-238 ;  206  459  462  463  495. 

Oliveira,  Gonçalo  de  :  319. 

Oliveira,  Miguel  de  :  Escritor.  41* 
124. 

Onças  :  278  470. 

Oração:  No  Brasil  uma  hora  ante- 
manhã 132,  utilidade  e  neces- 
sidade dela  pelos  missionários 
324-325,  verbal  e  mental  (lei- 
gos) 312  396. — Ver  Meditação. 

Ordem  Sacerdotal  :  —  Ver  Sa- 
cramentos. 

Ordens  militares  :  De  Cristo  27 
196  198  345  406,  de  Santiago  27 
345  406,  de  Avis  27  406. 

Ordens  Religiosas:  97,  Carmeli- 
tas 126,  Cartuxa  95,  «Ordem  de 
Jesus>  463  (ver  Companhia  de 
Jesus),  de  S.  Agostinho  25  48 
49  (Crúzios  42),  de  S.  Domingos 
36-37,  de  S.  Francisco  122  147 
162  164  263  409  424  481  (Padres 
de  S.  António  156  164  277  278). 

Ordônhes,  Diogo  de  Toledo  Lara: 
67. 

Órfãos  :  Primeiro  embarque  de 
meninos  órfãos  portugueses 
para  o  Brasil  (sete)  170-174, 
atraem  os  meninos  brasis  com 
os  seus  cantares  269,  repar- 
tem-se  pelas  Capitanias  259, 
pelas  Aldeias  cantam  e  pre- 
gam 320,  pregam  e  ensinam  a 
doutrina  287,  cartas  perdidas 
210;  251  258  292  316378389  390 
402  410  416  420-421  431  468  503. 

Órfãs  :  Vindas  de  Portugal  para 
o  Brasil  a  pedido  de  Nóbrega 
para  ajudar  o  povoamento, 
onde  todas  se  casaram,  156 
166  290  293  344  345. 

Oriente:  26  28  29  70  71  111  193  485. 

Orlandini,  Nicolau :  Escritor.  41* 
104  506. 


Ormuz:  218  339  521. 
Ornatos  :  —  Ver  Índios. 
Orúe,  Martin  de  :  451. 
Osório,  D.  Jerónimo:   Bispo  de 
Silves.  93. 

Pacifico  (Oceano)  :  10  19. 

Padroado  Português:  Fundado 
no  Grão  Mestrado  de  Cristo  27, 
o  Rei  de  Portugal  «prelado» 
das  terras  novamente  desco- 
bertas 27;  345. 

Pádua  :  24  53  60  94. 

Pagé:  Feiticeiro. —Ver  Índios. 
*  Paiva,  Manuel  de:  Vida  249-250, 
na  Baía  a  carpinteirar  e  taipar 
31,  com  o  Ir.  Vicente  Rodri- 
gues tira  um  cadáver  das  mãos 
dos  índios  para  estes  o  não  co- 
merem 306  308-309,  a  mortifica- 
ção e  ficção  pia  da  venda  pú- 
blica ao  estilo  do  tempo  362, 
esteve  nos  Ilhéus  260,  Vice- 
-Superior  da  Baía  na  ausência 
de  Nóbrega  254  261  265,  Supe- 
rior do  Espírito  Santo  299, 
prega  o  Ano  Santo  393  431, 
vai  para  S.  Vicente  421  428,  pa- 
rente de  João  Ramalho  522 
524,  em  Piratininga  523;  171 
185  265  295  353  391  491  499. 

Palavicino,  Enrique:  Escritor.  34* 

151- 
Palermo :  53. 
Palestina :  333. 

Palha,    Fernando :    Escritor.  41* 

90  92. 
Palma  :  33  107. 
Palmelaer:  62. 

Palmitos  :  —Ver  Agricultura. 
Pamplona  :  20. 

Pão  :  Lenda  da  sua  origem  :  ver 

Índios. 

Paraguai:  Comércio  com  S.  Vi- 
cente 485.  na  demarcação  de 
Portugal  451  490  492,  Nóbrega, 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


565 


impedido  de  ir  lá,  espera  que 
fique  de  Portugal  495-496,  cami- 
nho fechado  por  Tomé  de  Sou- 
sa 484,  canto  e  doutrina  478, 
Procissões  de  Corpus  Christi 
e  louvores  ao  Santíssimo  Sa- 
cramento 479,  clero  (bom  e 
mau)  337,  espera  Padres  da 
Companhia  (1552)  338  341,  e 
precisa  deles  (Nóbrega)  480; 
11  23  45  149  336  338  458  470. 

Paranhos,  J.  M.  da  Silva :  Diplo- 
mata. 156. 

Paripe:  388  397  410  411. 

Paris:  «Pragmática  Censio»  dos 
estudantes  88,  mestres  portu- 
gueses 88;  21  23  24  50  55  87  92 
93  97  ior  156  373  455  458.  —Ver 
Colégio  de  Santa  Bárbara. 

Pastor,  Ludwig  von  :  Escritor.  41* 
93- 

Paulo :  Santo  Apóstolo :  314  330 
335  363- 

Paulo  III:  Papa.  Louva  a  inicia- 
tiva de  Portugal  sobre  as  mis- 
sões da  Companhia  de  Jesus 
106;  21  93  124  188  218. 
*  Pecorella,  Domingos  Anes :  169 
183  516. 

Pecuária  :  Vacas  ovelhas  cabras 
148,  porcos  382  412.  —  Ver 
Gado. 

Pegado,  César:  Escritor.  84. 
Peixoto,  Afrânio:  Escritor.  35*41* 
45*  46  76  145  r5T  218  272  325  521. 
Penafiel:  124. 

Penitências  públicas  :  Nos  tem- 
pos litúrgicos  371,  proveitosas 
331,  aprovadas  por  S.  Inácio 
363,  desaprovadas  por  D.  Pe- 
dro Fernandes  358;  374.  —  Ver 
Disciplinas. 

Perdigão,  Henrique  :  Escritor.  41* 
93. 

Perigrinações  :  de  Nóbrega  35, 
dos   meninos   do  Colégio  da 


Baía  376,  às  ermidas  das  Al- 
deias 184,  de  Padres  e  meninos 
ao  sertão  da  Baía  e  pegadas  de 
S.  Tomé  379  381  391  410,  a  N.a 
S.a  da  Ajuda  (Porto  Seguro) 
260  ;  377  396  426.  —  Ver  Entra- 
das. 
Pereira :  109. 

Pereira  da  Costa,  F.  A. :  42*  266 
283  289. 

Pereira  Coutinho,  Francisco  :  Do- 
natário. 4  109  148. 

Peres,  Damião:  Escritor.  523. 

Peres,  Diogo:  Mestre  de  Obras. 
127. 

*  Pérez,  Fernão  :  Escritor.  67  370. 

Perigos:  de  caminhos  rios  onças 
e  índios  selvagens  277-279  414, 
cobras  304,  no  mar  (ver  Nau- 
frágios). 

Pernambuco  :  A  Capitania  princi- 
pal e  mais  povoada  270,  entrada 
em  busca  de  oiro  486,  estado 
moral  à  chegada  de  Nóbrega  e 
seu  companheiro,  bem  recebi- 
dos 261  269  284  289  291,  Capi- 
tães virtuosos  que  ajudam  os 
Padres  288  289,  cortezia  dos 
moradores  261  323,  ministérios 
de  Nóbrega  e  do  P.  Pires  289 
322,  fundam-se  duas  casas  284 
290,  reforma  dos  costumes  80% 
dos  pecados  são  tirados  334,  não 
chovia  e  choveu  324,  fervor  das 
índias  forras  286-287,  Exortação 
de  Nóbrega  aos  moradores  328- 

-335  J  4  8  9  29  39  51  "4  *92  194 
212  249-252  254  260  264  266  271 
282-284  289  295  309  310  319  321 

327  344  353  374  392- 
Peru :  Precisa  de  Padres  S.  I.  480; 
11  19  63  336  409  451  470  477  479- 
-481. 

Peruibe :  44  459-463. 
Pesca  :  Dos  Índios  137  148,  muito 
pescado  275,  curado  ao  sol  474, 


566 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


ostras  388,  camarão  388;  382 
403  404  506. 

Pesqueira,  Gregório  da  :  44. 

Pimenta,  Alfredo :  Escritor.  42*. 

Pimenta,  Bernardo  Sanches:  Ca- 
pitão. 298  299  301. 

Pimentel,  D.  Ana  :  Donatária.  462. 

Pina,  Luís  de  :  Escritor.  42*  108 
132  145  523. 

Pinda :  189. 

Pinheiro,  António :  Doutor.  2596. 
Pinheiro  de  Carvalho,  Inofre:  Es- 
crivão. 198  200. 
Pinto,  Estêvão :  Escritor.   42*  12 
360. 

Pintura  :  Do  corpo  (ver  Índios). 

Pio  IV  :  Papa.  71  72. 

Pio  V :  Papa.  129. 

Piratas  :  —Ver  Ango,  João. 

Piratininga :  37  40  201  207  222  341 
431  496  499.  — Ver  Aldeias;  ver 
São  Paulo. 

Pires,  Ambrósio  :  Vida  466,  chega 
ao  Brasil  514,  vai  para  Porto 
Seguro  514  516. 

Pires,  António :  Vida  38-40,  por- 
teiro do  Colégio  de  Coimbra 
327,  coadjutor  de  Nóbrega  na 
Baía  129,  superior  na  ausência 
de  Nóbrega  em  Porto  Seguro 
185,  aprendeu  as  artes  mecâ- 
nicas (carpinteiro)  264,  faz  a 
casa  e  igreja  da  Baía  por  suas 
mãos  158  185,  tinha  cargo  da 
casa  da  Baía  antes  de  ir  com 
Nóbrega  para  Pernambuco  254, 
chega  a  Pernambuco  284  322, 
visitador  do  Bispo  350  374-375, 
pregador  323,  dos  índios  (ora- 
ções e  sermões  escritos)  262, 
em  Pernambuco  128  251  284 
332,  humildade  322-323,  carta 
perdida  210;  7  20  55  70  109  114 
118  125  127  139  194  250  251  261 
267  276  278  290  310  311  317  319 
321  328  329  353. 


*  Pires  ,  Francisco  :  Antigo  crúzio, 
fundador  da  Igreja  da  Ajuda 
(Porto  Seguro).  Vida  42-43,  mi- 
nistérios em  Porto  Seguro  260, 
vai  com  Nóbrega  para  o  Sul 
421  426,  adoece  na  viagem  430, 
mestre  dos  meninos  em  S.Vi- 
cente 431 ;  20  55  158  171  185  276 

297  32i  353  364  375  389  39°  399 
408  415  425  491  497  499. 

Pirinéus :  4. 

Plasencia :  464. 

Platão :  47. 

Plínio  o  Velho  :  135. 

Pluma  :  —Ver  Índios. 

Pobreza :  —Ver  Companhia  de  Je- 
sus; ver  Sustentação  (Meios 
de). 

:;:  Polanco,  Juan  Alfonso  de  :  Secre- 
tário da  Companhia  de  Jesus  e 
escritor.  Vida  24-25,  assinala  a 
entrada  de  Nóbrega  34  ;  42*  19 
35  56  58  63  80  100  104  132  146 
187  190  192  200  205  216  219  231 
250  251  267  272  273  276  280  302 

3M  335  357  367  39 1  4°9  423  425 
448  468  487  506  509  513  514  519 
521  526. 

Poligamia  :  Dos  índios,  111  119 

136  137  141  225  267  382. 
Pompónio  :  135. 

Ponce  de  la  Fuente,  Constantino : 
Doutor  que  se  fez  luterano,  os 
seus  livros  440-442. 

Portela  de  Sacavém :  40. 

Porto :  35  93  129  222  301  448. 

Porto  das  Naus:  459-461. 

Porto  Seguro  :  Nóbrega  manda 
para  aí  o  P.  Leonardo  Nunes 
e  o  Ir.  Diogo  Jácome  109,  e 
vai  ele  próprio  184,  Navarro  e 
Vicente  Rodrigues  202  277,  a 
Fonte  da  Senhora  316  32r,  quer 
casa  de  meninos  277  393,  Nó- 
brega escolhe  sítio  para  o  Co- 
légio 427,  entrada  em  busca  de 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


567 


oiro  486;  4  8-10  13  20  38  41-44 
73  "3  114  I32  155  rói  164  165 
169  170  203  252  254  261  273  274 
277  296  312  353  391  394  399  400 
417  466  514  516  518  522. 

Porto  Seguro,  Visconde  de  [Fran- 
cisco Adolfo  Varnhagen] :  Es- 
critor. 35*  42*  90  483. 

Portugal:  Como  S.  Inácio  escreve 
este  nome  em  latim  88. 

a)  No  plano  internacional. 
O  Rei  de  França  pede  dinheiro 
emprestado  ao  de  Portugal  88, 
defesa  dos  domínios  ultramari- 
nos 88,  um  Padre  da  Companhia 
empunha  a  bandeira  de  San- 
tiago contra  os  piratas  43,  a 
questão  das  Molucas  451,  ar- 
mas de  Castela  tiradas  no  Sul 
do  Brasil  486,  Nóbrega  espera 
que  o  Paraguai  fique  de  Por- 
tugal 495-496. 

b)  No  plano  da  Igreja  e  Mis- 
sões. A  «Fé  e  o  Império»  5, 
Portugal  pioneiro  da  Propaga- 
ção da  Fé  102,  e  das  Missões 
da  Companhia  de  Jesus  22,  ini- 
ciativa de  as  pedir  26-27  io3i 
a  sua  bandeira  patrocina  as 
primeiras  para  o  Oriente  e 
para  o  Ocidente  29  30,  paga 
as  despesas  da  ida  de  S.  Fran- 
cisco Xavier  ao  Japão  28,  e  ou- 
tras ajudas  467,  os  seus  reis 
eram  «Prelados»  das  missões 
ultramarinas  portuguesas  como 
grãos  mestres  das  Ordens  Mili- 
tares 27,  testemunho  de  Tacchi 
Venturi  27,  S.  Inácio  dá  Portu- 
gal como  exemplo  à  Baviera 
217-218. 

c)  No  plano  do  Brasil.  A 
propagação  da  Fé  intenção 
principal  de  mandar  povoar 
o  Brasil  5,  institui  o  Governo 
Geral  4-7,  entrada  dos  Portu- 


gueses na  Baía  com  majestade 
115,  procissões  à  maneira  de 
Portugal  129,  os  Padres  do 
Brasil  desejam  também  o  pro- 
veito do  Reino  de  Portugal 
(Nóbrega)  346. 

Portugal  manda  os  Padres 
da  Companhia  para  o  Brasil 
29,  dá-lhes  de  comer  e  vestir 
211  297,  dá  vestido  e  livros  e 
tudo  o  que  pedem  aos  órfãos 
do  Brasil  215,  os  seus  altos 
funcionários  favorecem  os  Pa- 
dres 130-131  e  a  conversão  do 
gentio  254,  o  Rei  de  Portugal 
autoriza  e  faz  caso  das  infor- 
mações de  Nóbrega  para  bem 
do  Brasil  31. 

Portugal  promove  também 
a  civilização  e  proveito  dos  ín- 
dios 5,  os  meninos  brasis  apren- 
dem a  cantar  em  tupi  e  portu- 
guês 396,  primeira  escola  de 
português  no  Brasil  111,  o  índio 
D.  João  Tacuí,  que  deu  entrada 
aos  Portugueses  na  Baía  225, 
incorporação  dos  índios  ao  Es- 
tado do  Brasil  36  186;  e  passim 
(todo  o  livro). 

Portugal,  D.  Fernando  José  de:  68. 

Portugal,  D.  Martinho  de :  Arce- 
bispo do  Funchal.  294. 

Portugal,  Tomás  António  de  Vila- 
-Nova :  67. 

Portugueses:  Os  do  Brasil  dão 
o  necessário  aos  Padres  para 
tratar  com  os  gentios  323,  aju- 
dam a  educação  dos  meninos 
290,  querem  fazer  Colégios  pe- 
las Capitanias  352;  do  Para- 
guai 336. 

Postei,  Guilherme :  24. 

Prata  :  —  Ver  Minas. 

Pregações  :  —  Ver  Ministérios. 

Prestage,  Edgar  :  Escritor.  42*  50. 

Prevost,  Pedro :  91. 


568 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Procissões  :  —  Ver  Ministérios. 

Procuratura:  349. 

Propagação  da  Fé:  Escopo  de 
Portugal  101,  primeiro  elemento 
do  Regimento  do  Governador 
do  Brasil  5,  dificuldades  147. 

Ptolomeu :  135. 

Quadros,  António  de:  359  451. 
Querino,  Manuel:  Escritor.  132. 

Racismo:  Ausente  nos  portugue- 
ses que  se  casam  com  as  índias 
259.  —  Ver  Moralidade  Pú- 
blica ;  ver  Sacramentos. 

Ramalho,  André  :  Mamaluco.  524. 

Ramalho,  Beatriz:  Mamaluca.  524. 

Ramalho,  Catarina:  Mamaluca.  524. 

Ramalho,  Joana:  Mamaluca.  524. 

Ramalho,  João :  Capitão-mor  do 
Campo.  De  Vouzela  525,  há  40 
anos  434  435,  primeiras  relações 
com  Leonardo  Nunes  boas  207- 
-208,  depois  más  243-244,  ex- 
comungado quis  maltratar  o 
P.  Nunes,  impedindo-o  uma 
índia  222,  ele  e  os  filhos  es- 
cândalo eliminado  por  Nóbrega 
490  498,  conhecido  e  venerado 
entre  os  gentios  524,  filhas  ca- 
sadas com  os  principais  ho- 
mens da  Capitania  524,  embora 
em  pecado  mortal  sustentou  a 
terra  por  causa  de  Cristo  525, 
deseja  casar-se  pela  Igreja  e 
Nóbrega  pede  informações  da 
mulher  que  deixara  em  Portu- 
gal 522,  e  pede  dispensa  par- 
ticular ao  Núncio  para  ele  se 
casar  com  a  índia,  não  obstante 
ter  conhecido  outras  irmãs  dela 
526,  se  houver  gastos  com  as 
dispensas  matrimoniais  Rama- 
lho pagará  em  açúcar  526,  fale- 
cimento em  boas  contas  com 
Deus  526. 


Ramalho,  Manuel:  Morador  no  Es- 
pírito Santo.  300. 
Ramos,  Artur:   Escritor.   42*  10 

9°  153. 
Rates :  52. 

Rebelo  da  Silva,  Luís  Augusto  : 
Escritor.  36*. 

Recolhimento  de  Moças  :  Nó- 
brega dá  ordem  para  que  se 
faça  286  290  292. 

Redes:  Dos  índios  382. 

Regimento  do  Governador:  Sen- 
tido missionário  5  ;  196  445. 

Regimento  do  Provedor-mor:  5. 

Rego,  António  do :  Escrivão.  200. 

Regras  :  —  Ver  Companhia  de 
Jesus. 

Religião  :  —  Ver  Índios. 

Resgates:  De  ferro  446,  feitos  por 
Mateus  Nogueira  para  sustento 
dos  meninos  502-503,  anzóis  443, 
sem  resgates  os  índios  passa- 
rão fome  445,  um  escravo  por 
uma  cunha  de  ferro  446;  233- 
-234  347. 

«Revista  da  Academia  Brasileira 
de  Letras»  :  42*  77  521. 

«.Revista  do  Arquivo  Municipal  de 
São  Paulo»  :  42*  77  521. 

cRevista  do  Instituto  Histórico  e 
Geográfico  Brasileiro»:  42  74-75 
108  116  118  146  267  289  328  343 
348  400. 

«Revista  do  Instituto  Histórico  e 
Geográfico  de  São  Paulo»:  42* 
495- 

«Revista  do  Museu  Paulista»:  42*. 
*  Ribadeneira,  Pedro  de  :  Escritor. 
42*  56  87. 

Ribeira,  Fernando  de:  475. 

Ribeiro,  Gomes:  Visitador  do  Bis- 
po. 371  421  435  454. 

Ribeiro,  João:  Escritor.  133  135- 
-137  145  156  166. 

Ricard,  Robert :  Escritor.  42*  441. 

Rico,  Pedro  :  Beneficiado.  164. 


Índice  alfabético  e  remissivo 


569 


Rijo,  Antão:  Pai  do  P.  Vicente 
Rodrigues.  40. 

*  Rijo,  Jorge :  Ministro   do  Colé- 

gio de  Coimbra.  40. 

*  Rijo,  Vicente:  110.  —  Ver  Rodri- 

gues, Vicente. 
Rio  Amazonas :  475. 

—  Anhembi :  338  523. 

Rio  Branco,  Barão  do:  156. 
Rio  de  Cotegipe:  388. 

—  Cururuipe :  51. 

—  Danúbio :  53. 

—  do  Frade :  165  277. 

—  Guaraipe :  462. 

—  Guaraii  :  460. 

Rio  de  Janeiro :  Primeira  cate- 
quese da  Companhia  (Nóbrega) 
429,  o  governador  quer  fazer 
aí  uma  povoação  de  Portugue- 
ses 428,  conquista  36  40  46 ;  4 
29  41-43  67  426;  Bibi.  Nacional 
61  67  108  116  118  176  200  211 
212  218  224  229  232  239  249  250 
264  266  272  276  284  295  296  302 
305  3i4  322  366  417. 

—  Madeira:  ir. 

—  Maranhão  :  409  475. 

—  de  Matoim :  380  381  388  389. 

—  Mondego:  32. 

—  Paraguai:  46. 

—  Paraná :  338. 

—  dos  Patos :  431  503. 

—  da  Prata :  fronteira  do  Brasil 
484 ;  336  409  470  486  495  503. 

—  Reno :  53. 

—  de  Santa  Catarina  :  462. 

—  Sena :  32. 

—  Tejo :  215. 

—  Tietê  :  220  230-231  338  523. 

—  Vermelho  :  195  197  199. 

—  Zaire :  189. 

Ritos:  Romano  e  bracarense  150, 
dos  índios  (não  idolátricos)  17 
373.  —  Ver  Índios. 

Rivara,  Joaquim  Heliodoro  da 
Cunha:  Escritor.  42*  66. 


*  Rocha,  António  da:  299. 

*  Rodrigues,  António:  Primeiro  Mes- 

tre-Escola  de  São  Paulo.  Vida 
45-46,  viagens  e  expedições 
militares  na  América  do  Sul 
antes  de  entrar  na  Companhia 
409  468-481,  fundação  de  Bue- 
nos Aires  470,  fundação  de  As- 
sunção 474-475,  pede  que  o  dei- 
xem ir  ao  Paraguai  com  alguns 
Padres  409,  cantor  e  músico  431 
497 ;  20  336  458  478  485  491  493 
523. 

Rodrigues,  António:  Morador  de 
S  Vicente.  461. 

*  Rodrigues,  António  Augusto  :  84. 

*  Rodrigues,   Francisco  :  Escritor. 

42*  23  25  32-34  88  94  95  97  98 
100  101  104  175  189  224  326  327 
363  420  448  464  488  491. 

*  Rodrigues,  Jerónimo  :  Mis.  dos  Ca- 

rijós. 45  147. 
Rodrigues,  José  Honório:  Escri- 
tor. 35*  42*  76. 

*  Rodrigues,  Pero  :  Provincial.  40. 

*  Rodrigues,  Salvador:  Mestre  dos 

meninos  353,  tocava  e  dançava 
com  os  meninos  359,  ensina  o 
gentio  e  visita  as  roças  311, 
quartãs  e  outras  doenças  254, 
falecimento  212  518;  171  185 
261  382  516  517. 
Rodrigues,  Sebastião :  Físico-mor. 
Irmão  do  P.  Simão  Rodrigues 
95- 

*  Rodrigues,  Simão:  Fundador  da 

Província  de  Portugal.  Vida 
458.  Superior  maior  das  mis- 
sões da  Companhia,  incluindo 
a  índia  até  1549  e  o  Brasil  até 
1552  106-107.  Funda  o  Colégio 
de  Coimbra  27,  e  pensa  em  ir 
fundar  pessoalmente  a  Missão 
do  Brasil  7,  discípulo  de  Pero 
Fernandes  em  Paris  e  foi  prin- 
cípio de  ele  ser  nomeado  bispo 


570 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


373-374  406,  recebeu  na  Com- 
panhia os  Padres  e  Irmãos  das 
três  primeiras  expedições  do 
Brasil  115,  mandou  dar  roupa 
aos  que  iam  para  o  Brasil  403, 
perseveraram  todos  os  que 
mandou  ao  Brasil  com  Nó- 
brega 353,  deixa  o  cargo  da 
Província  de  Portugal  e  infor- 
mação errónea  de  Astrain  491; 
8  21  22  25  26  32  33  50  64  66  69 
88  94  95  97  108  "8  146  155  156 
177  187  190-192  201  209  229  237 
246  271  281  298  314  348  355  357 
367  372  400  417  419  420  425  433 
448  466  502. 

Rodrigues,  Vicente:  Primeiro  Mes- 
tre-Escola  do  Brasil.  Vida  40- 
-41.  Tem  escola  de  ler  e  escre- 
ver 109  110,  atende  aos  índios 
baptizados  129  179,  ermitão  do 
Monte  Calvário  131  141  185  280, 
esteve  em  Porto  Seguro,  onde 
passou  perigos  e  donde  voltou 
à  Baía  com  quartas  254  260  279, 
era  doente  e  Nóbrega  mandou- 
-lhe  que  ficasse  bom  e  sarou 
352-353,  tira  um  cadáver  das 
mãos  dos  índios  para  que  o  não 
comessem  e  o  enterrou  306  307 
309,  visita  o  hospital  da  Baía  e 
os  presos  da  cadeia  e  traslada 
orações  na  língua  brasílica  311 
378,  que  fala  410,  na  Aldeia  de 
S.  Tomé  de  Paripe  376  379  388 
391  397  410,  estratagema  para 
baptizar  um  cativo  em  cordas 
antes  de  ser  morto  e  comido 
pelos  índios  514  517,  Superior 
da  Baía  516,  espiritualidade  314; 
7  20  55  109  118  127  139  156  158 
192  256  261  277  278  281  292  296 
302  3°5  312  321  360  364  409  415 
467  482. 

Rodrigues  Correia,  João:  495. 

Rodrigues  Sénior,  Sebastião:  95. 


Rodrigues  de  Vilarinho,  Paio:  Mes- 
tre. 96. 

Roma:  19  21  22  24  25  34  38  53  57 

59  60  63  70-72  80  94  95  97  101 
124  192-194  363  385  458  466  506 
509  512  522  526;  ARSI  61  133 
145  177  187  200  213  216  218  223 
229  232  237  239  247  251  266  272 
276  298  302  305  314  348  367  375 
390  391  409  415  419  425  433  448 
459  464  467  468  481  489  504  506 
509  512  519  521;  Bibi.  Vaticana 

60  61  65  70  146  155  179  200  224 
229  232  237  239  247  251  266  272 
276  306  314  39 1  4°9- 

Romanos:  112. 

Romarias:  Às  cruzes  das  Aldeias 
184.  —  Ver  Peregrinações. 

Romero,  Gonçalo  ou  Jerónimo:  472. 

Rosa,  Maria  da:  Meirinha  e  intér- 
prete. 263  286  326. 

Rosário  :  —  Ver  Confrarias. 

Rosweyde:  Escritor.  442. 

Rouen  [Ruão] :  90  92. 

Sá,  Mem  de:  Governador  Geral  do 
Brasil.  Secundou  Nóbrega  36, 
lia  as  cartas  dos  Padres  6o",  46 

T94  312  372  454- 
Sabóia;  23  216. 
Sacavém:  40. 

Sacramentos:  Nóbrega  pede  bap- 
tistérios 130,  óleos  para  ungir  e 
para  baptizar  114  e  um  bispo  de 
anel  para  conferir  ordens  sa- 
cras baptizar  e  crismar  422. 

Baptismo:  Adultos,  antes  bap- 
tizavam-se  por  camisas  386,  e 
quantos  podiam  o  que  foi  causa 
de  muitos  erros  e  escândalos 
324 ;  os  primeiros  pela  Com- 
panhia em  1549  139,  os  índios 
pedem  o  baptismo  mas  tem  de 
deferir-se  por  não  terem  aldeias 
fixas  e  comerem  carne  humana 
182-183  e  mostrarem  pouca  fir- 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


571 


meza  254  274;  Nóbrega  orde- 
na que  se  façam  primeiro  os 
catecismos  e  exorcismos  até 
mostrarem  firmeza,  crerem  em 
Cristo  de  todo  o  coração  e  se 
emendarem  dos  seus  maus  cos- 
tumes 252,  e  não  em  multidão 
346;  espera-se  que  os  50  cate- 
cúmenos  de  Piratininga  mos- 
trem por  obras  que  merecem  o 
baptismo  523,  baptizados  que 
perseveram  275,  baptizmo  de 
índios  em  cordas  165  517-518, 
in  extremis  283  305  318,  menino 
moribundo  que,  baptizado,  vi- 
veu 305  306;  in  128  129  160  162 
235  251  282  317  396  429;  no  Pa- 
raguai 339. 

Confirmação:  Nóbrega  dese- 
java que  viesse  um  bispo  de 
anel  para  crismar  422. 

Eucaristia:  i.a  Missa  da  Com- 
panhia no  Brasil  109,  missa 
seca  no  mar  515,  binação  394, 
procissão  de  Corpus  Christi  à 
moda  de  Portugal  129,  bula  do 
Santíssimo  Sacramento  (con- 
frarias) 124,  o  Santíssimo  em 
casa  233,  visita  e  oração  diante 
do  Santíssimo  172  327  ;  comu- 
nhões sacrílegas  421,  homens 
que  não  comungavam  e  agora 
tornam  a  comungar  285-286  235, 
comunhão  208  262,  comunhão 
frequente  238  424. 

Penitência:  Contrição  232233, 
teologia  da  contrição  e  atrição 
370,  absolvição  sacrílega  de 
amancebados  290,  os  Padres  da 
Companhia  não  os  absolvem 
404,  confissões  na  armada  110 
429,  de  combatentes  e  feridos 
(capelão  militar)  257,  por  intér- 
prete 253  326  333  358  361  365  368 
369  401  407,  boas  confissões  de 
índios  e  mamalucos  286-287  292 


310  438-439  496  504;  confissões 
42  43  114  158  162  165  203  207-209 
273  288  289  394  426  432  516,  con- 
fissão frequente  329,  semanal  e 
quinzenal  428. 

Extrema  -  Unção  :  Nóbrega 
pede  óleos  para  ungir  130. 
Ordem :  420  442. 
Matrimónio:  De  portugueses 
com  portuguesas  e  como  dese- 
jam mulheres  brancas  120,  de 
portugueses  com  índias  207259 
262  268  285,  as  mamalucas  de 
Pernambuco    casam-se  todas 
293,  de  consciência  394,  de  ín- 
dios e  índias  entre  si  139  141 
259  268  287   293,  o  capitulo 
«Gaudemus»  141,  dispensas  ma- 
trimoniais (indulto  geral)  pedi- 
das por  Nóbrega  525-526.  —Ver 
Culto. 
Saint- Jean-de-Sixt :  23. 
Salamanca :  21  34  35  460. 
Salazar,  Juan  de :  Capitão.  431  474 
495- 

Saldanha  da  Gama,  João  de:  36** 
Salgado,  César:  42*  521. 
Salinas  :  409  477. 

*  Salmerón,  Alfonso  de:  53  94  106. 
Salomão :  323. 

Salvador:    Fundação    135;   4  29 

35  52  110  121  132  410.  —  Ver 
Baía. 

Salvador,  Frei  Vicente  do:  Escri- 
tor.   35*  42*  47  51  138. 
Sanceau,  Elaine :    Escritora.  43* 

36  375  521. 

Sanfins  (do  Minho)  :  124  403  406. 
Sanlúcar  de  Barrameda :  470. 
Santa  Catarina :  431  462  481  503 
Santa  Cruz,  Cardeal  de:  65  155 
217  218. 

*  Santa  Cruz,  Martinho  de  :  8. 
Santa  Maria,  Frei  João  de:  48. 
Santa  Rita  Durão,  Frei  José  de* 

Escritor.  43*  112  153-154. 


572 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Santa  Sé:  Favorece  a  Compa- 
nhia a  pedido  do  Rei  de  Por- 
tugal 26-27,  graças  concedidas 
à  Companhia  510,  Nóbrega  pede 
amplas  faculdades  para  a  con- 
versão do  gentio  e  matrimónio 
cristão  119  123-124  156  167  522 
525;  26-27  33  35- 

Santarém ;  215. 

Santarém,  Visconde  de :  Escritor. 
42*. 

Santiago  de  Compostela  ;  35. 

Santos:  Vila  chamada  «Todos 
Santos»  206,  sem  hospital  (1549) 
206;  201  232  233  460  475  484 
495- 

5.  Amaro :  Capitania  e  vila.  206 

297  418  454. 
S.  Amaro  (Ilha  de)  :  245. 
.S.  Amaro  (Porto  Seguro)  :  42-]. 
S.  André  da  Borda  do  Campo : 

Igreja  208  ;  222  244  493. 
S.  António  (Ilha  de)  :  299. 
5.  João  da  Madeira :  111. 
S.  João  da  Talha  :  40. 
S.  Martinho,  Pedro  Gonçalo  de: 

Impressor.  130. 
5.  Paio  de  Arcos  :  41. 
São  Paulo  (Cidade  de);  Fundada 

pelo  P.  Manuel  da  Nóbrega : 

ver  Aldeia  de  Piratininga ;  9 

13  20  36  40  41  46  84  222  250. 
São  Paulo  (Estado  de)  :  37  84  227. 
.S.  Pedro  do  Sul :  525. 
S.  Salvador  ( Congo)  :  189. 
.S.  Tomé  (Ilha  de) :  68  95  287  292 

35i- 

5.  Tomé  de  Paripe :  397. 

.S.  Vicente  (Vila  e  Capitania  de)  : 
Ilha  e  vila  484,  capitania  até 
agora  muito  esquecida  491,  ma- 
triz 246,  rendimento  da  alfân- 
dega com  o  Paraguai  485,  i.° 
Engenho  de  Açúcar  526,  che- 
gada de  Nóbrega  430490,  grande 
igreja  e  casa  da  Companhia  fun- 


dadas pelo  P.  Leonardo  Nunes 
420-421  433,  terras  de  Pero  Cor- 
reia 459,  prosperidade  mas  fal- 
tam Padres  349  391  398,  tem  14 
Irmãos  mas  esperam-se  Padres 
de  Portugal  220  226  356  421,  a 
capitania  mais  sã  de  todas  490, 
porta  aberta  do  sertão  355  420, 
dela  se  deve  fazer  mais  funda- 
mento 421,  devia  ser  da  juris- 
dição de  El-Rei  490  496;  8  9  13 
17  18  20  29  36  37  41  42  44  45 
122  138  147  154  156  161  184  200 
201  206  208  212  218  219  222  227 
229  232  237  239  245  247  252  272 
295-298  307  328  335  336  342  353 
355  394  418  419  425  431  436  442 
445  448  454  46o  463  466  468  475 
479  480  484-486  490  493  495  499 
504  511  522. —Ver  Colégio  de 
S.  Vicente. 

S.  Vicente  da  Beira  :  37. 

Sardinha,  Gil  Fernandes  :  48. 

Sardinha,  Pero:  Cura  de  Santa 
Cruz  do  Castelo.  50. 

Sardinha,  Pero  Fernandes:  Da  dio- 
cese de  Lisboa.  48. 

Sardinha,  D.  Pero  Fernandes:  Ver 
Fernandes  [Sardinha]. 

Saúde:  Dos  da  Companhia  119 
156  401  503.  —  Ver  Doenças. 

Schaden,  Francisco  S.  G. :  Escri- 
tor. 154. 

Schmidel,  Ulderico:  Escritor.  43* 

473  475  493- 
Schmidt,  Max.:  Escritor.  43*473. 
*  Schmitt,  Ludovicus:  44*. 
;:  Schurhammer,  Georg:  Escritor.  37* 
43*  24  32  34  58  60  65  87  94  95 
101  104  155  177  187  190  216  394 
441  521. 
SÉ:  Da  Bafa  468. 

Sebastián,  Maria:  Mãe  do  P.  João 

de  Azpilcueta.  38. 
Sebastião  (D.):  Rei  de  Portugal. 

114  313  489. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


573 


Sedefío,  Antonio:  Mis.  da  Florida. 
63- 

Sena:  94  107. 
Senabria,  Diogo  de  :  503. 
Sermões:— Ver  Ministérios  (pre- 
gações). 

Serrão,  Gregório:  Chega  ao  Brasil 
466  514,  para  Porto  Seguro  516; 
194. 

Sertão:  Da  Baía  11  46  186,  en- 
trada de  sete  léguas  381,  de 
Nóbrega  e  outros  381,  como 
os  índios  recebem  os  Padres 
397;  de  Porto  Seguro,  entrada 
514;  de  S.  Vicente,  porta  para 
dentro  da  terra  490  496,  não  se 
pode  andar  no  sertão  sem  res- 
gates ferramenta  e  guias  494 
506,  tenção  de  Nóbrega  de  des- 
cobrir terra  313,  e  de  entrar  e 
fazer  uma  grande  cidade  432 
492,  mas  primeiro  é  preciso  dar 
princípio  às  casas  das  capita- 
nias 346  354,  impedida  a  en- 
trada 440  442  449  450-452  485 
486  490,  Nóbrega  persiste  em 
entrar  ao  menos  ao  sertão  mais 
próximo  447  502,  carta  de  Nó- 
brega do  sertão  de  S.  Vicente 
521;  41  201  209  226  268  336  345 
346  349  354  355  374  384  421  434 
499  5°4  522  523  527- 

Serviço  de  Deus:  Fim  principal 
de  Portugal  em  povoar  o  Bra- 
sil 5. 

Sesmarias:  Condições  196,  Água 
dos  Meninos  194-200258304^0 
Espírito  Santo  298-302  393,  de 
S.  Vicente  (Pero  Correia)  462. 

Setúbal:  33  107. 

Sevilha:  440  442  451  469  470. 

Sezonismo:  128,  quartãs  254.— Ver 
Doenças. 

Sicilia:  22  53  55. 

Siebra,  Pedro  de  :  Feitor  e  almo- 
xarife. 295-297  418  454. 


Silva,  Alberto:  Escritor.  43*  369. 

Silva,  Inocêncio  Francisco  da:  — 
Ver  Inocêncio. 

Silva  Lisboa,  Baltasar  da:  Escri- 
tor. 43*  74  146. 

Silva  Rego,  António  da:  Escritor. 
43*  454- 

*  Silveira,  D.  Gonçalo  da  :  Mártir  de 

Monomotapa.  Mestre  do  P.  An- 
tónio Pires  327 ;  322  326  448. 

Silveira,  João  da  :  Embaixador.  92. 

Silveira,  Luís  :  Escritor.  43*  130 
441. 

Silveira  Camargo,  Paulo  Florêncio 
da:  Escritor.  43*244460499502. 
Silves:  93. 

Sinos:  Pedem-se  385. 
Sixto  V  :  Papa.  128. 
Soares,  André  :  211. 
Soares,  Fernão :  300. 
Soares,  Frei  Henrique :  3. 
Socotorá :  450. 

Soldados  :  Que  depois  foram  Je- 
suítas: —Ver  Inácio  (S.),  Berze 
(Gaspar),  Gonçalves  (Simão), 
Rodrigues  (António),  Sousa 
(João  de). 

Sommer,  F. :  38*  480  493. 

*  Sommervogel,   Carlos  :  Escritor. 

35*  43*  60  108  115  118  145  155 
223  231  250  283  289  305  321  328 

343  348  39°  4°o  4°9  487^ 
Sousa,  Bernardino  José  de:  Escri- 
tor. 43*  3  356. 

*  Sousa,  Francisco  de:  Escritor.  44* 

424. 

Sousa,  Gabriel  Soares  de:  Escri- 
tor. 44*  411. 
Sousa,  D.  Helena  de  :  52  345. 
Sousa,  João  de:  Prior  de  Rates.  52. 

*  Sousa,  João  de:  Protomártir.  Soldo 

de  soldado  antes  de  ser  da 
Companhia  295-296,  esmola  a 
sua  mãe  420  424,  «alma  ben- 
dita» (Nóbrega)  424 ;  45  209  226. 
Sousa,  José  Soares  de:  43*. 


574 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Sousa,  Martim  Afonso  de  :  Doná- 
tário.  Impede  S.  Francisco  Xa- 
vier de  ficar  em  Socotorá  450, 
testemunho  de  D.  Pedro  Fer- 
nandes contra  ele  na  índia  50  ; 
29  206  459  460  462  484  491. 

Sousa,  Martim  Afonso  de:  Filho 
de  Pero  Lopes.  206= 

Sousa,  Pero  Lopes  de:  Donatário. 
206. 

Sousa,  Tomé  de  :  i.°  Governador 
Geraldo  Brasil.  Vida 52-53,  no- 
meação 4,  Regimento  5  445, 
acede  ao  pedido  de  Nóbrega 
para  libertar  os  índios  injusta- 
mente cativos  123,  favorece  a 
conversão  do  gentio  254,  coa- 
djuva Nóbrega  264-265  351  402, 
dá  a  sesmaria  de  «Água  dos  Me- 
ninos» 194-200,  sustenta  o  pare- 
cer de  Nóbrega  em  conservar 
o  Colégio  da  Baía  401,  dá  de 
comer  404,  virtuoso  e  benfei- 
tor 259  402  428,  homem  pio  311, 
recto  não  tanto  os  seus  conse- 
lheiros 449,  fecha  o  caminho 
do  Paraguai  por  causa  dos  cas- 
telhanos 426  432  449-451  492  ; 
o  que  impede  a  ida  ao  sertão 
dos  Padres  da  Companhia  «tão 
virtuosos  e  tão  meus  amigos» 
486,  amigo  da  Companhia  354 
427,  «escolhido  de  Deus»  115, 
gostaria  de  ficar  no  Brasil  e 
Nóbrega  recomenda-o  a  El- Rei 
345  349  354  455  5  65  68  87  109 
174  195  208  211  212  222  256  270 
273  280  293  296  297  302  307  314 
345  35o  4i8  426  436  491  495  496 
5°3  525- 

Sousa  Campos,  Ernesto  de:  Escri- 
tor. 44*  40  111. 

Sousa  Couto,  Luís  de:  Escritor.  44* 
129  386. 

Sousa  Viterbo  :  Escritor.  44*  39. 
Southey,  Robert :  Escritor.  36. 


*  Soveral,  Diogo  do:  Mis.  do  Congo 

130. 

Staden,  Hans:  Escritor.  44*. 
Steeloio,  João:  Impressor.  441. 
Steward,  Julian  H. :  Escritor.  38* 
19. 

Streit,  Robert :  Escritor.  73  98  101 
104  108  115  118  132  145  155  177 
187  200  216  223  229  231  238  245 
250  266  272  276  283  289  305  328 

343  348  39°  4°°  4°9  5°6  5°9  5*9- 

*  Suárez,  Cipriano  :  Vida  464. 
Sucre :  478. 

Superstições  :  17  446-447. 
Sustentação  (Meios  de):  Man- 
dados de  pagamento  para  man- 
timento e  vestiaria  dos  Padres 
do  Brasil  pagos  em  ferro  176 
1774  ou  em  mercadoria  366-367, 
farinha  vinagre  azeite  vinho 
panos  sapatos  sombreiros  e 
camisas  213  264-266  296-298,  ou 
em  dinheiro  418;  211  249  296- 
-298  351  366-367  402-403;  Nó- 
brega propõe  que  o  subsídio 
régio  abranja  também  os  de 
S.  Vicente  444,  e  todos  os  Pa- 
dres e  Irmãos  da  Companhia 
no  Brasil  349  356,  o  subsídio 
paga-se  mal  no  Brasil,  seria 
melhor  que  se  pagasse  em  Por- 
tugal 423  457-458;  os  Padres 
dão  aos  meninos  o  subsídio 
régio  e  vivem  de  esmolas  350- 
-351.  Para  educar  meninos  em 
Colégios  a  Companhia  adquiriu 
terras  para  fazer  roças  401-402 
(ver  Fazendas  ;  ver  Sesma- 
rias), escravos  para  as  labo- 
rar 293  351,  e  vacas  para  dar 
leite  aos  meninos  351  (ver 
Gado);  também  o  Ir.  ferreiro 
ajuda  a  manter  os  meninos 
503,  mas  os  meninos  são  mui- 
tos e  seria  difícil  sustentá-los 
só  com  esmolas  402,  nem  é 


índice  alfabético  e  remissivo 


575 


possível  ter  Colégios  e  susten- 
tar meninos  sem  meios  ade- 
quados 405  434  496,  o  Governa- 
dor deu  esperança  a  Nóbrega 
de  alcançar  de  El-Rei  os  dízi- 
mos de  arroz  da  Capitania  de 
S.  Vicente  457. 

Tabaco  :  —  Ver  Agricultura. 
Tacchi  Venturi,  Pietro  :  Escritor. 

44*  27  363 
Tarragona :  25. 

Taunay,  Affonso  de  E. :  Escritor. 

33*  44*  325  435  524  526. 
Tecelões  : — Ver  Artes  e  Ofícios. 
Teles,  Baltasar :  Escritor.  44*  87 

107. 

Tembetás  :  280. 

Ternate :  363. 

Terra  Santa:  458. 

Terras  :  —  Ver  Fazendas ;  ver 

Sesmarias. 
Tetuão :  189  224. 
Thevet,  André :  429. 
Tibiriçá  :  —  Ver  índios. 
Tito :  Imperador.  471. 
Toledo:  464. 

Toledo,  Francisco  de :  Governa- 
dor do  Peru.  62. 

Tolosa,  Inácio  :  67. 

Tomé:  Santo  Apóstolo.  Lenda  das 
pegadas  18  117  138  153  376  379 
381  388  397  410  411. 

Tordesilhas :  451  485. 

Torres,  Miguel  de:  Provincial  de 
Portugal.  27  31  56. 

Traglia,  Aloisius  :  8*. 

Trento  :  56. 

Tumiaru  :  461. 

Tupi  (Língua)  :  Nóbrega  procura 
tirar  as  primeiras  orações  na 
língua  brasílica  112,  e  ordena 
que  a  língua  se  aprenda  e  se 
façam  traslados  252,  aprende-se 
pouco  a  pouco  268,  intérpretes 
(«línguas»)  142  207  209  222  226 


227  269  278  361  516,  confissões 
por  intérprete  310  326  369,  sem 
intérprete  253,  primeiras  ora- 
ções 112,  Paixão  de  Cristo, 
mandamentos,  Padre  Nosso, 
Credo  e  Salve  Rainha  (1552) 
416-417,  orações  e  sermões  252 
262  278  281  287  297  385  395  427 
429  432,  cantos  158  258  385  396 
428,  meninos  línguas  pregando 
e  cantando  350  376  378,  no  Rio 
de  Janeiro  426,  traslados  para 
pregações  e  cantos  378,  vocá- 
bulos tupis  150  197  241  341-342 
379  386  389-39°  397>  Pero  Cor- 
reia 45  221  230  231  248  426  431, 
Padre  Navarro  18  38  310,  Vi- 
cente Rodrigues  311  410  411, 
Maria  da  Rosa  326. 
Turcos:  450. 

Udaondo,  Enrique :  Escritor.  44* 
470  471  475  478. 

Universidade  de  Coimbra:  Estu- 
dos de  Nóbrega  134,  parecer 
pedido  por  Nóbrega  271;  32  34 
47  78  96  147  408  466  523. 

—  de  Évora  :  74. 

—  de  Ingolstadt  :  217. 

—  DE  Paris  :  Bolsas  de  estudo 
portuguesas  36-37;  32  48  455 
458. 

—  de  Salamanca:  34. 
Uruguai:  11. 

Uvas  :  —  Ver  Agricultura. 

Vacant,  A. :  Escritor.  36*. 

Vacas  :  —  Ver  Gado. 

Vale,  António  do :  Escrivão.  463. 
*  Vale,  Leonardo  do  :  Escritor.  33* 
44*  148  241  390. 

Vale  Cabral,  Alfredo  do:  Escritor. 
35*  40*  44*  67  68  76  108  109 
112  116  119  122  133  146  153 
155  156  267  284  289  328  343  348 
400. 


576 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


Van  der  Vat,  Odulfo:  Escritor.  44* 
48  50  110  162  164  203  263  313  359 
371  373  436  455  460  481  483  499. 

Van  Gulick,  Guilelmus  :  Escritor. 
45* 

Varnhagen,  Francisco  Adolfo:  Es- 
critor 44*.  —  Ver  Porto  Seguro, 
Visconde  de. 

Vasconcelos,  Simão  de:  Escritor. 
O  que  diz  de  Nóbrega  e  a  sua 
opinião  sobre  o  canto  e  a  mú- 
sica para  atrair  os  índios  da 
América  384;  45*75  I25  3°9  3M 
341  385  465  499  506  523. 

Vaticano  :  —  Ver  Roma. 

Vaz,  Afonso:  Morador  no  Espírito 
Santo.  300. 

Vaz.  Jorge  :  Mis.  do  Congo.  130. 

Vaz,  Marçal:  Tabelião.  194. 

Vaz,  Miguel :    Vigário  Geral.  94. 

Vaz  de  Melo,  Gonçalo :  Provincial 
de  Portugal.  41  56. 

Vedia,  Enrique  de  :  Escritor.  45*. 

Veneza  :  21  23  53  60  95  458. 

Venezuela .-  11. 

Vera  Cruz :  3.  —  Ver  Brasil. 

Veralli,  Jerónimo:  Núncio.  21. 

«Verbum»:  39*  45*. 

Verlinden,  Charles :  Escritor.  29. 

Vespasiano:  Imperador.  471. 

Vestiaria:  Dos  Padres  S.  I.  —  Ver 
Sustentação  (Meios  de). 

Vestidos  :  Para  os  índios  e  Índias 
109  119  127  347  401  408,  os  me- 
ninos sofre-se  que  andem  nus 
421,  algodoais  para  vestir  os 
Índios  126. 

Viana  do  Castelo  :  399. 

Vianna,  Hélio :  Escritor.  45*  521. 

Vicente,  Pero  Anes  :  Juiz.  164. 

Vidal,  Pedro:  Escritor.    45*  166. 

Viegas,  Manuel:  Apóstolo  dos  Mi- 
ramomins.  13. 

Vieira,  António  :  Escritor.  45*  77, 
o  que  diz  de  Nóbrega  sobre  o 
canto  e  a  música  384-385. 


Viena  de  Áustria :  216. 

Vigário  Geral:  Deve  vir  um  de 

Portugal  109  116. 
Vila  Velha  :  109  394  516. 
Vilhegas,  Diogo  Ortiz  de  :  Bispo 

de  S.  Tomé.  95. 
Villabeltran :  25. 
Villaret:  23. 

*  Villoslada,  Ricardo  G. :  Escritor. 

45*  96-97- 

Vinhos  :  Que  embriagam  226-228 
278,  excesso  dos  Índios  nas 
bebidas  340  445,  são  mais  guer- 
reiros agora  porque  têm  tudo 
até  mais  vinho  434;  para  mis- 
sas 341.  —  Ver  Agricultura. 

Vio,  Tomé  de:  Cardeal.  44  407. 

Virgílio:  Poeta.  392. 

Viseu:  95  129  458  525. 

Vitória:  250  275  298  299  301. 

Vocações:  «Soldados  para  Cristo» 
402,  primeiras  vocações  na  Baía 
183-184  353,  Irmãos  grandes  e 
Irmãos  pequenos  388,  vocações 
em  S.  Vicente  207  209  226  239 
420,  o  Brasil  precisa  mais  de 
Padres  que  de  Irmãos  232,  pre- 
tendentes casados  312,  entrada 
de  João  de  Sousa  «homem  de 
armas»  295  (Ver  Soldados), 
perseveraram  todos  os  que  o 
P.  Simão  Rodrigues  mandou 
para  o  Brasil  353 ;  127  156  169 
233.  —  Ver  Companhia  de  Je- 
sus. 

*  Vogado,  Inácio  :  224. 

Votos  :  —  Ver  Companhia  de  Je- 
sus. 

Vouzela  :  458  525. 

Wallace,  Alfred  Russell :  136. 

Wanderley  Pinho,  José  :  Escritor. 
45*  375  38o  381. 

Wicki,  Josef :  Escritor.  36*  37* 
45*  54  58  88  94  101  157  193  283 
288  313  326  441  521  526. 


ÍNDICE  ALFABÉTICO  E  REMISSIVO 


577 


avier,  S.  Francisco:  Entre  os 
primeiros  Padres  fundadores 
da  Companhia  21,  vem  para 
Portugal  com  destino  à  índia 
26,  primeiro  Provincial  de  Goa 
22,  louva  e  reconhece  o  apos- 
tolado e  munificência  portu- 
guesa 27-28,  impedido  pelo  Go- 
vernador, que  o  levou  para  a 


índia,  de  ficar  em  Socotorá 
45°;  32  34  38  64  66  69  72  94 
107  140  157  192  193  360  363  521. 

Zeeland:  520. 
*  Zubillaga,  Félix :  Escritor.  45*  62 
63  100  515. 
Zumé  (Mito  de)  :  18-19  IX6  153. 
Zweig,  Stefan  :  Escritor.  45*  521. 


DATE  DUE 


GAYLORD        #3523PI      Printed  in  USA