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NOVO ALMANACH
DB
LEMBRANÇAS
LUSO-BRAZILEIRO
PARA O ANNO DE 1 878
ORNADO DE GRAVURAS
Com o retrato gravado em -aço, e o elogio biograpbico
do distincto poeta brazileiro
H. I. ALVARES DE AZEVEDO
Enriquecido oom differentes tabeliãs e matéria*
d'interesse publico
por
ANTÓNIO XAVIER RODRIGUES CORDEIRO
BACHAREL EM DIREITO
(Se tiiaa o axxxxo)
1877
LALLEMANT FRÈRES, TYP.
Fornecedores da Casa de Bragança
6 — Rua do Thesouro Velho — 6
LISBOA
pprt^&U^
HAKVARD COLLEGE LIBRMtY*
COUNT OF SANTA EULKUV
COLLECTIOM
GIFTOF
JOHN B, STET80N, M
Os artigos que de qualquer ponto do Brazil nos hajam
de ser enviados, poderio subscriptar-se ao Sr. conselheiro
José Feliciano de Castilho Barreto e Noronha, no Rio de
•Janeiro, por quem, prompta e obsequiosamente, nos serão
remettidos.
Todos os outros podem ser enviados em carta subscri
ptada ao author, e dirigida para a Rua do Arsenal, 60'
2.° andar — Lisboa.
-t
#
».
MANOEL ANTÓNIO ALVARBS DAZÍÍEOO
Eram duas horas da tarde do dia 12 de Setembro de 1831,
quando na cidade brazileira de S. Paulo, sahindo os estu-
dantes do Curso Jurídico, ouviram os vagidos d' uma creança
recemnascida. Estes vagidos partiam d'uma sala que então
estava servindo de bibliotheca no edifício da Eschola de
Direito, e um homem, em sobresalto que denunciava um
coração de pae, inquirindo n'esse instante de receio e de
esperança, de ser e não ser, de existência e do morte, que
preside à entrada da vida, se era filho, ou uma filha que Deus
lhe havia dado, teve d'alguem em resposta : É um estudante !
Se fora vidente podéra ter accrescentado: ó um privilegiado
do céo, um poeta de que o Brazil ha de orgulhar-se, um
filho il lustre que a illustre cidade de S. Paulo ha de vir a
inscrever nos annaes das suas indisputáveis glorias.
Esta creança, este embryão de poeta, que nascia á entrada
da primavera", como as avesinhas para cantar como ellas, era
filho do dr. Ignacio Manuel Alvares d'Azevedo, e d' uma se-
nhora portugueza, cujos appellidos vemos também n'um man-
cebo, seu parente, que nos é querido pelo seu pundonoroso
caracter, e pelo seu amor ás letras. À mãe do recemnascido
era a Ei. ma Sr. a D. Maria Luiza Silveira da Motta Azevedo.
Dois annos depois veio o pequenino Manuel para o Rio de
Janeiro em companhia de -seus pães, e até aos cinco annos
gosou aquelle viço de saúde e aquella robustez e graça in-
fantil que são a riqueza das creanças, mas n'essa época
deu-se um triste acontecimento, que não devemos calar.
Conta-se que Henri Hdine, ainda infante, sendo surpreheu-
dido pelo espectáculo da morte, ao ver n'uma eça funerária a
companheira de seus brincos, sentira um abalo tão violento,
que esteve quasi a perder e vida. Salvaram-lh'a, mas nunca
mais recobrou a saúde. mesmo succedeu a Alvares d' Aze-
vedo, que com o humorista allemão tove depois tantos pontos
de contacto pela sua Índole de escriptor. Foi um dia encon-
trar morto um irmãosinho, que tantas vezes tinha visto nos
braços maternos. Era um cherubim de cora, coroado de flo-
res, vestido de gala, sobre uma eça illuminada por brandões
accesos. Pedio na sua innocencia, mas com um afinco que
tocava as raias do delírio, que o vestissem assim. Queria.
3
acompanhal-o para o céo, e ahi folgar com os aujos. A von-
tade era impossível de satisfazer ; insistio ; á insistência,
quando o vio partir sem elle, seguiram-se symptomas asus-
t adores, e declarou-se uma febre que tinha tanto de pertinaz
como de violenta. Esteve ás portas da morte, cuidados e
esforços valeram-lhe, mas a pobre creança nunca mais reco-
brou o vigor, e d'ahi seguramente o gérmen de enfermidade
que tão cedo o havia de arrebatar ao mundo.
Àos dez annos, depois do estudo das primeiras letras, em
qne pou^o aproveitou, porque seus pães olhando ás suas
forças attenderam mais ao seu desenvolvimento physico, en-
trou Alvares d' Aze vedo para o Gollegio StoH. Os progressos
que fez n'este acreditado estabelecimento d'instrucção secun-
daria, onde permaneceu quatro annos, percorrendo as suas
classes com rapidez vertiginosa, adiantando-se aos alumnos
que lá encontrou, surprehendendo a todos com os prodígios
de sua intelligencia, foram taes, que Mr. StoU, pouco depois,
escrevendo a seu pae, dizia-lhe : «S'il continue ainsi, cela
deviendra un brésilien qui pourra de mesurer avec les pre-
mières capacites européennes» . N'outra carta exaltava-o does-
te modo: «Agoire petit héros fait toujours ma gloire et mon
bonheur. II réunit, ce qui est bien rare, la plus grande in-
nocence de nueurs à la plus vaste capacite intellectuelle que
fai rencontrée en Amérique dam un enfant de son áge.n
Dos quatorze aos* dezeseis annos completou os seus prepa-
ratórios com o estudo das línguas e as matérias que lhe
faltavam, entrando por fim como interno no Gollegio de
Pedro ii ; em 1847 tomou o grau de bacharel em letras, e
no anno seguinte partia para S. Paulo a matricular-se no
primeiro anno do Curso Jurídico.
Abria-se um novo horisonte ao espirito penetrante d'Al-
vares d'Azevedo. S. Paulo era a pátria e elle disia :
NSo é mais bello, nlo, a argêntea praia
que beija o mar do sul,
onde eterno perfume a floi desmaia
e o céo«é sempre azul ;
S. Paulo era a liberdade depois da escravidão no collegio
de D. Pedro n, em que tanto se contrariara ; S. Paulo fal-
lava aos sentidos inquietos do mancebo. «Na Bahia elles e
não ellas; em Pernambuco ellas e não elles: cm S. Paulo
ellas e sempre ellas », diz um provérbio, e o poóta achava-so
4
entre essas mulheres que, no dizer d um viajante, rivalisam
com as da Andaluzia. Que fascinações ! Que sôde de estudo '•
Que vontade encarar a vida por todos os lados, o mundo
por todas as suas faces !
Nada pinta melhor o viver e a febril actividade d' Alvares
d' Azevedo no seu primeiro anno de académico, nas horas
vagas, do- que as cartas que durante elle escreveu ao seu
amigo, o sr. dr. Luiz Autonio da Silva Nunes. Vamos re-
sumil-as. Na primeira (11 de Maio de 1848) falla-lhe de duas
mulheres que ali havia, que passavam por serem as mais
lindas. A primeira, de cabellos louros e olhos da côr do côo,
era uma sylphide ; a outra, cujos cabellos pendiam mais
para castanhos, olhos pardos e tez pallida, lembrava o ideal
poético d'essas virgens frágeis, d'esses lyrios do valle, que
um sopro lança em terra ; uma copia da Magdalena de Du-
mas. Gomtudo*, elle, que sentia no coração a necessidade de
amar, não as podia amar. Na segunda carta (20 de Julho)
diz-lhe que está fazendo a traducção em verso do 5.° acto
do Othello de Schakspeare, e que era já longo de mais o
que tiuha feito para que podesse mandar-lh'o. Na terceira
(26 de Julho) manda-lhe versos d'amor, parte de suavíssimo
perfume, pane byronianos, ou antes de linguagem mais ou
menos solta, que desde logo revela as allucinações do poe-
ta. Na quarta (23 de Agosto) falla-lhe do seu Conde Lopo
(um drama) ; diz-lhe que já tem cerca de 200 paginas escri-
ptas, e manda-lhe o fragmento d'um canto que d'elle fazia
parte. Na quinta (27 de Agosto) manda-lhe mais versos, e
participa-lhe que está traduzindo em verso a Pcurisina' de
Byron, o mais suave de tudo o que elle conhecia em inglez.
Na sexta (4 de Setembro) envia-lhe um romance, meio em
verso, meio em prosa, imitado de Byron.
Por este rapidissimo esboço de quatro mezes avaliareis o
que foi nos seguintes. No principio do anuo de 18 í9 e prin-
cipio de 1850, que febre de trabalho ! Em carta do 1.° de
de Março, dizia elle ao seu amigo :
« N'este pouco espaço de três mezes escrevi um romance da duzentas
e tantas paginas; doto poemas, um em oinco e outro em dois cantos;
uma analyse de Jacquts BóUa de Musset ; e uns estudos litterarios sobre
a marcha simultânea da civílisação e poesia em Portugal — bastante
volumosos — ; um fragmento de poema em linguagem muito antiga,
mais dlfficil d' entender que as Sextilhas de Frei Antão.»
5
Depois accrescenta:
«A esta muita agitação de espirito sobre vem-me ás vezes um ma-
rasmo invencível, horas «Taquellas que os navegantes temem, em que
a calmaria descae no mar morto, e as velas caem ao longo dos mas*
tros.»
Era o marasmo depois da lucta, o descanço para voa r
mais alto, e o condor arrojando-se ás alturas abrangia o
mundo d'um golpe para o avaliar inteiro. Ou antes diremos
como o seu illustre biographo, o sr. J. Norberto, e mais
apropriada será a imagem : « Seu génio ardente como o ca*
vallo do gaúcho, com as narinas em fogo, já n&o corre,
devora o espaço, atira-se atravez dos precipícios, salva-os,
e respirando ao longe não pára ; prosegue na- sua vertigi-
nosa carreira, e perde se nas campinas batidas pelo pam-
peiro. »
A pressa com que compunha, e a rapidez com que escre-
via, que não era ainda assim a suficiente para lhe acom-
panhar o pensamento, era tal, que muitos dos escriptos que
deixou são indecifráveis. Depois não emendava, ou raríssi-
mas vezes o fazia. É elle mesmo quem o diz :
Frouxo o verso, talvez pallida a rima,
por estes meus delírios cambeteia,
porém odeio o pó que deixa a lima,
e o tedioso emendar que gela a veia !!
£ por isso mal se comprehendem ás vezes os seus versos
uo Poema do Frade, e muitas das suas divagações nos es-
criptos em prosa. Mas o que ó o talento ! Elle voava, não
corria, não limava os seus versos, e comtudo que jóias de
inexcedivel valor, que deliciosas e irreprehensiveis estancias
se não acham espalhadas por todas as suas obras ! Citemos
algumas :
A uma mulher perdida, mas ainda bella, diz na Gloria
moribunda :
Quem poderá nas ondas do passado,
ditoso pescador, erguer no lodo
o ramo de coral dos teus amores !
Paliando da alma (Poema do Frade canto 4.°) :
Esse raio do Éden, de flor divina,
emanação balsâmica e celeste,
reflexo d'uma alimpada argentina
6
que etse lado mortal de los reveste ;
que em nós vive, em nós ama, e sonha t sente,
e que chama- se a alma do vivente?
Na Itália, faltando do sol, da brisa, e das ondas pregui-
çosas das suas pi aias:
Ama-te o sol, ó terra da harmonia,
do Levante na brisa te perfumas ;
nas praias de verdura e primavera
vae o mar estender sen veo d'escumas !
No Crepúsculo do mar, ao ver os últimos clarões que pro-
jecta o sol-posto nas orlas do horisonte :
"É vermelho de sangue o céo da noite
que na luz do crepúsculo se banha ;
que planeta do céo do roto seio
golfeja lua tamanha?
Que mundo em fogo foi bater correndo
ao peito d' outro mundo — e uma torrente
de medonho clarão rasgou no éther
e jorra sangue ardente ?
A uma inulher amada nps versos C*** :
Dá-me um beijo, abre os teus olhos,
por entre esse húmido véo j
se na terra és minha amante,
és a minha alma no céo t
Na Tarde de Verão, faltando da sua amante :
Fulgura a minha amante entre meus sonhos
como a estrella do mar nas aguas brilha ;
bebe á noite o favonio em seus cabellos
mais suave o aroma que a baunilha.
Na languida pupilla de seus olhos
n'um olhar a desdém entorna amores,
como á briza vernal na relva molle
o pecegueiro em flor derrama flores.
Na Minha amante, n'uma noite de febre e ínsonraia, lem-
brando-se da mulher que amava:
Oh ! minha lyra, ó viração nocturna,
flores, sombras do valle, i minha amante,
dizei-lhe que esta noite de desejo
• de ternuras morro l
No Seio dê Virgem. Os mimosos seios que o enlouqueciam,
convidam-n'o dizendo lhe;
Amae-nos, poetas, amae-nos t
que misfriosas venturas
dormem n' essas rosas puras
e se acordarão n'nm ai t
Na Lelia, fallando d'uma mulher de mármore, da mulher
estatua, que não ama, nem ó capaz de sentir:
Passou talvez do cemitério a sombra,
mas nunca n'uma cruz deixou um ramo;
ninguém se lembra de lhe ter ouvido
n'uma febre d' amor dizer: « eu amo ! »
Descrê. Derrama fel em cada riso,
alma estéril nâo sonha uma utopia...
Anjo maldito salpicou veneno
nos lábios que tressuam d'ironla.
Na Canção de D. Juan:
O' faces morenas, ó lábios de flor,
ouvi-me a guitarra que vibra louçan,
eu trago meu peito, meus beijos d'amor,
ó lábios de flor,
eu sou D. Juan !
E na prosa ? Ahi vae um exemplo d'entre muitos que
podíamos apresentar. Penseroso no drama romance Macário,
lembra-se com saudade da sua amante e diz:
« Por ella fui pedir á solidão os murmúrios, fui abrir meu coração
aos hálitos moribundos do crepúsculo, ajoelhei-me junto das cruzes
da montanha, e no susurro das aves que adormeciam, no scintillar
das primeiras estrellas da noite, na gaze transparente e purpurina
que desdobrava seu véo luminoso por entre as sombras do valle —
em toda essa natureza .bella que dormia, fui escutar as vozes intimas
do amor, e meu peito acordou-se cantando e sonhando com ella !»
Lede, e se tiverdes alma, direis como Saint-Beuve a pro-
pósito dos bellissimos versos de Namouna de Alfredo Mtis-
set : « Isto 4 tão alto que seguramente Deus ou o demónio,
se quizerdes, passou por aqui.
* *
Não julgueis porém, que o dulcíssimo poeta não tenha um
senão. Segundo um moralista, quem tem azas para se erguer,
S
também as tem para desvairar. Comecemos a estudal-o na
▼ida intima :
Quereis vel-o no seu quarto de estudante ? Olhae ; é elle
que se descreve, e poucos escriptores deixam de si tantos
elementos para poderem ser avaliados com verdade :
Reina a desordem pela sala antiga,
desce a teia d'aranba as bambinelas,
à estante pulvurenta. A roupa, os livros,
sobre as cadeiras poucas se confundem.
Marca as folhas do Fausto um oollarinho,
e Alfredo de Muaset encobre as vezes
de Guerreiro, ou Velasco um texto obscuro.
Além pendem os retratos de Victor Hugo, de Lameuudis,
e do Rei de Roma. Aqui um quadro de mulher formosa,
outro mais distante de um\ bella adormecida :
Oh ! quantas vezes ideal mimoso
n&o encheste minha alma de ventura,
quando louco, sedento e arquejante
meus tristes lábios imprimi ardentes
no poento vidro que te guarda o somno.
A esto parte o leito, que na sua desordem ainda está ac-
cusando a febre e a iosomnia da passada noite : ,
Meu pobre leito !
Aqui levei sonhando noites bellas ;
as longas horas olvidei libando
ardentes gotas de licor doirado,
esquecias no fumo e na leitura
das paginas lascivas do romance.
Junto do leito alguns dos seus livros favoritos :
Dante, a Biblia, Shakespeare e Byron.
Sobre a mesa em uma caixa escura, dois retratos, que
vistas indiscretas não profanam, e que elle beija cada noite :
Meu pae e minha mãe — Se acaso um dia
na minha solidão me acharem morto
nfto os abra ninguém. Sobre meu peito
lancemos em meu tumulo. Mais doce
será certo o dormir, da noite negra
tendo no peito essas imagens puras.
Lembra-se aluda d'outra imagem que sonhara. Diz que
pode ainda sonhar com ella, beijar- lhe, chorando, a trança
dos cabellos e umas violetas murchas ; mas que não poderá
na sepultura tôl-a sobre o peito. Depois accrescenta :
9
Parece que ohorei. . . Sinto nu faces
uma perdida lagrima rolando. . .
Satan leve a tristeza! Olá, meu pagem,
derrama no meu copo as gotas ultimas
dessa garrafa negra. . .
Eia ! bebamos 1
És o sangue do génio, o pnro néctar
que as almas do poeta divinisa,
o condão que abre o mundo das magias !
Vem fogozo Cognacf É só comtigo
que sinto-me viver. . .
Aqui tendes uns traços, e bem eloquentes, do caracter do
poeta e do humorista. Alma cândida que adora seus pães,
erguendo um altar no coração ás mulheres, por quem sus-
pira d'amor ; cheio de sensibilidade, chorando sobre umas
flores seccas, excitando-se, e afogando em cognac as suas
melancholias !
Alvares d' Azevedo, que dispunha d' uma grande erudição,
porque conhecia as linguas da Europa culta, e os seus prin-
cipaes escriptores, queria cultivar a poesia lyrica, idear o
poema, escrever o romance, reformar o theatro, exercer a cri-
tica, revolucionar a litteratura; queria também, frequentando
as aulas de direito, ser um dos primeiros estudantes du seu
curso, e era-o; e ardente, cheio de imaginação, dominado
pelos sentidos, corria ao mesmo tempo após os seus apettites,
não se lembrando que a elles sacrificava a vida.
Em S. Paulo fundara-se em 1845 a sociedade Epicuréa, com
o fim de realisar os sonhos de Byron. Ali se encerravam
noites e dias a fio, com as janellas calafetadas para que a
luz do dia não luctasse com a das vellas accezas, moços ta-
lentosos com mulheres que nunca faltam para estes mys-
terios Eleusinos, e ahi, em devaneios de toda a espécie,
se perdia muitas vezes a saúde. Parece que Alvares d' Aze-
vedo foi um dos convivas de tão estranha sociedade, e pelo
menos na sua Noite na Taberna, refere-se visivelmente a ella :
« A verdadeira philosophia (diz um dos associados) é o epicurismo.
Hume bem o disse : O fim do homem é o prazer, d'ahi vede que é
o elemento sensível quem domina. E pois ergamo-nos, nós, que ama-
relecemos nas noites desbotadas de estudo insano, e vimos que a
8ciencia é falsa e esquiva, que ella mente e embriaga como nm beijo
de mulher.
— Bem ! muito bem ! é um toast de respeito ! '
— Quero que todos se levantem, e com a cabeça descoberta di-
10
gam*>n*o : Ao deus Pau d* saturei», áquelle a quem a antiguidade
chamou Bacrho, • filho das eoxas d'um Deus, e do amor de uma
mulher, e que dós chamamos melhor pelo seu nome — o vinho !
— Ao vinho ! ao vinho !
Os copos cahiram vazios ha mesa.
desvairado poeta tinha no seio o gérmen da doença qoe
havia de matar. Gomo poderia elle resistir? Como podia
a vid.a chegar-lhe para taes loucuras ?
Começou a sofrer, e desde que o conheceu procurou es-
quecer-se nos vapores alcoólicos. Diz o sr. J. Norberto, a
cojo valioso estudo tanta vez nos soccor remos, que elle
fazia as libações do cognac mais por imitação de Byron e
de Alfredo Musset do que por necessidade, pois que o seu
cérebro ainda fresco não precisava d'excitações ardeu tes para
produzir. Não o cromos. Bebia para se esquecer do que
soffria, tanto physica como moralmente. — «Não ha melhor
tumulo para a dôr, dizia elle, do que uma taça cheia de
vinho, e uns olhos negros cheios de languidez.» Bebia por
que quem começa a beber e chega a exceder-se, continuar
é quasi sempre lei fatal ; bebia porque o cognac lhe acce-
1 trava a inspiração, e elle tinha a febre do trabalho. Não
dizia eile :
« Quando se tem três garrafas de Joannisbergo na cabeça sente-se
a gente capaz de escrever nm poema. O poeta árabe bem o disse:
— O vinho faz do poeta um príncipe, e d'um príncipe um poeta» (?)
Ai! tarde te arrependeste» ó alma ingénua, mas. honras-
te-te com este grito de remorso :
Fui um louco, meu Deus ! quando tentava
descorado e febril nodoar na orgia
os sonhos de poeta I *
* *
Que admira que na faina do trabalho, um homem que não
emendava, e não corregia, e cujas idéas se despenhavam
* Estes versos que sSo de poesia 12 de Setembro, feita pelo author
aos seus ânuos, repetem-se com mudança de duas os três palavras
no Canto do século (Hymnos do Propheta) no mesmo volume. £ fácil
verificar. O Canto do Século tem 27 extrophes ; pois 17 d^llasestao
repetidas, com pouquíssimas variantes, na poesia 12 de Setembro.
11
com a velocidade do pampeiro, produzisse cousas que mais
tarde rejeitaria de certo se Deus lhe concedera vida?
Ha n'elle versos desleixadíssimos. Por exemplo :
Oh! quando os hymnos virginaes da lyra
e as delicias <lp amor, qae a noite envia,
e as harpas do porvir que nos sorrira,
e a esperança e os anjos de harmonia
e o explendldo sol — se esvaecerem
e as convulsões do peito arrefecerem.
Que falta de gosto ! Todas as rimas dos quatro versos
predominando em i — lyra — ouvia — sorrira — harmonia.
Gomo estas muitas outras no Poema do Frade. E na prosa
cheia muitas vezes d'uma desordenada erudição, que denun-
cia um estudo de ferro, estriada outras dos lampejos d'a-
quella cabeça vulcânica, não ba também airopellamento de
idóas e desleixos de frazes donde o bom gosto fugiu?
Vôde ; falia de Jacques RoVa, de Alfredo de Musset :
« Ainda entre a magia grandiosa de Victor Hugo, é elle um dos
primores da poesia intima â feição dos siloloquios de Shakspeare,
da melodia selvática das paixões n'aquella testa negra de Othello,
a refrescar-se nas brisas das lagunas, das febres do ciúme : um typo
de belleza entre aquella tendência á exageração e a uma originali-
dade lavrada de arabescos, abystnada em seu deleite de negridões,
por que elle soube, sem despir sua personalidade litteraria, indo re-
temprar seu génio nas fantasias allem&s de Hoffman e na assoma (?)
de Lamartine, — como o Hernâni de Hugo, no enrijar de seu gladio
de bandido nas torrente? das montanhas. »
Oh ! é triste que um escriptor que preza a sua reputação
de homem de letras, não tenha tempo, senão de limar, pelo
menos de escolher o que deve vêr a luz publica, porque
a morte lhe cortou as azas antes de o pôr em pratica. Mas
triste ó igual meu te que depois, quem não tem a responsa
bil idade do que apparece, nem tem outros motivos de de-
cidir que não sejam avolumar as obras de um talento no
tavel, por .que a admiração ó cega, publique tudo quanto
encontra, o bom e o mediocre, o mau e o óptimo para assim
macular d'alguma forma a memoria do seu idolo. Alvares
d'Azevedo não publicou as suas obras, publicaram-lh'as.
Diga-se comtudo uma verdade. As obras em que se notam
est^s defeitos são a estreia do escriptor. estudo sobre a
litteratura e a civilisação de Portugal, foi escripto no fim
do anno de 1849; o estudo sobre Jaques Rolla, de Alfredo
12.
Musset, é de Janeiro ou Fevereiro de 1850; o de Aldo, n
rimad&r, de Qeorge Sand, bem como o discurso pronunciado
na instaliáçào da Sociedade — Ensaio-Philosophico, são de
Maio do mesmo anno. Isto mostra que furam escriptos entes
doe 19 annos Agora lôde as ultimas poesias; lôde em prosa
o drama-romance — Macário e a Noite na Taberna, e vereis
logo a differença. Abi a phrase corre sem pôas, ó pouco me-
dida; fugio d'abi o idealismo que embalava a alma do poeta
nos seus primeiros cantos, para dar lrgir ao descomedimento
e á soltura da expressão; mas a mão está mais assente, o
periodo ó mais cortado, a dicção mais perf«ita. Não ha pa-
ridade entre o que fora e o que é ; é visível o progresso.
Assim a avesinha ensaia as suas forças ainda débeis, sol-
ta-ee, começa a voar, besita, pousa medrosa, levanta-se ou-
tra vea, dirige aqui e ali os seus pequenos voos, até que
se larga com toda a confiança e corta os borisontes que
antes tremia de medir com a vista.
Ha na natureza de Alvares d'Azevedo um dualismo que
assombra, não por que não seja coinmum a muitos homens,
mas por que n*elle ó tão pronunciado, que difficilmente se
encontra egual em outros escriptores.
Alvares d'Azevedo era o poeta dos gorgeios, das noites
plácidas, das flores, do luar, da aurora ridente, dos castos
amores, de todos os grandes aflectos, de todns as caricias;
e era o poeta, que parece que não tinha bebido idéas se-
não em Propercio e no grego Rufino, inspirando-se unicamente
das nudezas da antiguidade pagã para nos dar d'ellas uma
segunda edição no século xrx.
No seu romance Macário diz-lhe um desconhecido (Satan,
que era para elle o mesmo que para o dr. Fausto era Me-
phistopheles) :
O DESOON^pOIBO
« Admira-me uma cousa. Tens vinte annos : devias ser poro como
um anjo, e és devasso como um cónego !•
MACÁRIO
« Não é que eu nfto voltasse os meus sonhos para o Cóo. A cisterna
também abre os seus lábios para Deus, e pede-lhe uma agua pura —
e o mais das vezes só tem lodo... »
O moço de vinte annos, o Macário, que voltava os seus
soubos para o Géo, e tinha a incontinência na alma, como
a cisterna tem o lodo no fundo, era Alvares d* Aze vedo.
13
Censufa-se a Luciano, a esse elegante de espirito quó não
passava d'nm cynico quando fallava das cortezas do seu
tempo, que elle tantas vezes offendesse o pudor nos sem
bellissimos Diálogos. A musa da innocencia velava as suas
faces quando Petroneo escrevia o Festim de Trimalchião. •
Pois lede a Noite na taberna, lôde o Macário do poeta bra-
zileiro, e persuadir- vos-heis pela soltura das phrases, e muitas
vezes pelo desbragado da expressão, que são obras d'um grego
ou d'um romano, e não dos dias de hoje. A antiguidade
não tinha quadros mais livrrs.
Na Noite na taberna ha o suicidio, o infantecidio, o adul-
tério, o assassínio, a loucura, a anthropofogia, o incesto, o
veneno, a traição, a embriaguez, o filtro que embriaga, a
sedmção que perde. Ali todos os convivas afogam em vinho,
ou cognac todos os remorsos, todas as dores, ou todas as
misérias. É um pandemonium de perdição.
Obedecendo ao dualismo da sua natureza, felicita hoje no
discurso que recitou commemorando o anniversario da croa-
ção dos Cursos jurídicos no Brazil, os que comprehendiam
a sua missão ; elogia a mocidade que é esperança de ver-
dadeira poesia, que se ensaia para os debates de tribuna,
e que se apodera da grande alavanca da imprensa. Amanhã
descrê dos seus poetas e dos seus artistas, e exclama des-
denhoso e desanimado :
«A poesia morre — deizal-a que cante sen adens de moribunda..
Não escutes essa turba embrutecida no plagiar e na copia. Não sa-
bem o que dizem esses homens que para apaixonar-se pelo canto espe-
ram que o hosanna da gloria tenha saudado o cantor. Sâo eBtereis em
si como a parasita. Músicos — nunca serão Beethoven, nem Mozart.
Escriptores — todas as suas garatnjas não valerão um terceto de
Dante. Pintores — nunca farão viver na tela* uma carnação de Ru-
bens, ou erguer-se no fresco um fantasma de Miguel Angelo.»
É ainda obedecendo a esse dualismo que elle é umas ve-
zes sceptico, outras crente, e outras nem sceptico nem crente.
Sceptico diz:
« A philosophia é vã. É uma crypta escura onde se esbarra na treva
As idas do homem o fascinam, mas não o esclarecem. Na cerração do
espirito elle estala o craneo na loucura, ou abysma-se no fatalismo,
ou no nada. »
Nem sceptico, nem crente :
14
« Se existe Deus, elle me perdoará ie a minha alma era fraca, as na
minha noite lotei em balde com o anjo como Jacob, e succumbl —
Quem sabe? — EU tado o que ha no meu entendimento. At vezes creio
i espero: ajoelho-me banhado de pranto, e oro ; outras vezes não creio,
e sinto o mando objectivo vazio como um tumulo. »
Crente. Diz que o seu sonho foram os seus amores, foi
a natureza, foi a liberdade, foi a família, e conclue:
E agora o único amor. . . o amor eterno
que do fundo do peito aqui murmura
e acende os sonhos meus,
que lança algum luar no meu inverno,
que a minha vida no penar apura,
é o amor do meu Deus.
*
* *
que ha no humorista? Ha a mistura da sensibilidade
e da ironia, da frivolidade e da profundez, da delicadeza
e da força, da graça e do sarcasmo. humorista abraça
as duas faces da vida, e passa da alegria ás lagrimas, e
d'estas ao riso amargo por um capricho da sua estranha
natureza. Vivares d'Azevedo era humorista.
Dizia elle que a vida tem o quer que seja de serio, e a morto
um não sei quô de horrorosa, quando se pensa n'ellas, e
que assim o melhor era nào toraal-as pelo lado serio, mas
pelo ridículo. Entretanto não era para obedecer a esta thoo
ria que elle gracejava com a morte, por exemplo, fazia o
também porque estava na sua organisação, como em Henri
Reine, como em Scarron, coroo em Steroe, como cm Shaks-
peare, como em Cervantes, como em tantos outros. Alvares
cTAzevedo havia nascido humorista.
Lede a segunda parte da Lira dos vinte ânuos, onde, no
dizer d'elle — se dissipa o mundo visionário e platónico, e
se entra n'um mundo novo, pátria dos sonhos de Cervan-
tes e Shaknpeare. — É um primor. Digam-me se ha versos
n'aquelle género que possam competir com os de Spleen
e Charutos ? E o desespero dos imitadores ; trinta lhe tem
querido seguir os voos, e não se elevam, e nem de longe se
lhe aproximam. Henri Heine, quando a cegueira e a paralysia
lhe atormentavam a alma, e>creveu o Livro de Lazaro, e ahi
graceja com a morte. Alvares d* Azevedo no Poeta moribundo,
por imitação de Henri Heine, já adviohando a morte, ou an
15
tes, já sentindo-a a corroer-lhe o seio, faz d'ella a sua noiva,
e exclama rindo:
Coração porque tremes? Vejo a morte,
alli vem lazarenta e desdentada...
Que noiva ! E devo então dormir com ella?...
Se ella ao menos dormisse mascarada?
Que ruinas ! que amor petrificado !
tão ante-diluviano e gigantesco !
Ora, façam idéa que ternuras
terá essa lagarta posta ao fresco !
Gamillo Gastello Branco, prefaciando o livro de Henri Heine,
que traduzio, exclama: — Quem tiver coração de pouco vul-
gar tempera de chorar, doer-se-ha tanto das amarguras, como
das facécias do Livro de Lazaro, mesmo devemos dizer do
Poeta moribundo. Alvares d'Azevedo brincava ahi com a
morte, e o coração confrange-se porque adivinha as lagri-
mas debaixo d*aquellas mostras de rir zombeteiro.
.».
Alvares d' Azevedo estava condemnado a morrer novo, e o
desalento, os pre sentimentos do próximo fim, os queixumes,
a saudade da vida, estão espalhados em muitos dos seus ver-
sos, na prosa do drama Macário, nas cartas ao seu amigo
o sr. dr. Luiz António da Silva. A este, no 1.° de Março de
1850, nas ferias do 2.° anno — note-so que ainda então não
coDtavat9 annos — escrevendo do Rio de Janeiro, dizia-lhe:
« Lute, ha ahi nlo sei que no meu coração quê me diz que talvea
tudo esteja acabado entre nós. Será uma mentira, uma d'essas gotas
de fel que se embebem no cérebro como uma loucura, ou um presenti-
mento— como o primeiro pio da procellaria aos prelúdios do vendaval
por mal alto.»
Ahi mesmo recorda-se da mãe que elle estremecia, e ajunta:
«Talvez alguma lagrima furtiva rolou pela face de minha mãe...
Pobre mãe ! Não é assim, meu Luiz? Pobres (não o crês?) d'aquellas
que vêem o filho pender e murchar pai lido como os sons da musica
sombria que elle so escuta.»
Em 12 de Setembro de 1851, dia em que elle completava
20 annos, escreve uma poesia Saudades, e a epigraphe que
lhe põe ó de Byron. Diz : Tis vaia strugglelel perish young.
De que vale esforçar -me se hei de morrer moço?
N'esta disposição de espirito voltou elle ao Rio de Janeiro,
16
pelas ferias do 4.° anuo, mas segui a-o o negro presentimento de
que não regressava a S. Paulo, ou se regressasse não con-
seguiria completar o curso, porque nos dois últimos annos
tinha a fouce inexorável cortado a vida de dois quiutanis-
tas, e em 1852 seria elle a victima.
Esta idéa era tão fixa que tinha no seu gabinete d'estudo
escripto a lista fúnebre na seguinte ordem :
1850 — Feliciano Coelho Duarte.
1861 — João Baptista da Silva Pereira.
1852 — . . .
A ambos tinha saudado na morte, pagando o tributo do
amigo ao amigo.
Para dísticos das oito columnas que sustentavam a Eça nas
exéquias que se celebraram ao primeiro, fez elle os versos.
E que bellissimos versos! Uma das quadras ó o grito de
quem vè além das trevas do sepulchro a luz da bemaven-
tura eterna. É a profissão do crente :
O meu lodo lavei no rio santo
e foi sorrir de Deus ao morno dia ;
misérrimos ! o sol d'além do tumulo
nao é do morto a lâmpada sombria.
No discurso recitado á beira da sepultura do ultimo
lôem-se estas palavras, que são o grito de alerta ! de uma
vez invisível, a que parece que elle responde,— alerta estou !
«Navegantes misérrimos pelo oceano da morle, a mio que conduz
as nossas esperanças para o eriente do futuro, tem uma sina terrível !
Cada anuo uma victima se perde nas ondas, e a sorte escolhe sorrindo
o melhor d'entre nós !»
Podia morrer. E qual era agora a sua vida ? Cada vez
mais concentrado no seu quarto, procurando dú dia o es-
criptorio de seu pae que já lhe confiava as questões mais
melindrosas ; á noite sentado á mesa do estudo, sempre com-
pondo ou escrevendo, sempre ardendo em febre.
Espreitava-o a mãe, que as mães não dormem, e quando
uma, outra, e outra vez o encontrava nas altas horas da noite,
n*aquelle frenesi de trabalho, n'aquelle esbanjamento de
vida, pedia-lhe, supplicava-lhe, disfarçando as lagrimas, que
se fosse deitar. É a estes cuidados maternos, a esta senti-
nella vigillante das noites, que elle se refere quando na
poesia Lembrança de morrer, exclama :
17 a
Só levo uma saudade — é d 1 essas sombras
que eu sentia veJlar nas noites minhas...
de ti, ó minha mãe, pobre coitada,
que por minha tristeza te' definhas.
Dava-lhe elle esta demonstração de amor filial, e quando
exhausto descançava do trabalho, passava as horas junto
da irmã e da mãe, deitado aos pés d'esta abraçando-a, bei-
jando-lhe as mãos, enchendo-a de caricias, pagando amor
com amor. Era o delírio do affecto, o crepitar da luz, mais
viva quando está para extinguisse.
N'isto aproximava-se o outono, que tantas flores desfolha.
Chega o 10 de Março, apparecem os primeiros symptomas,
verdadeiramente assustadores, e perdem-se desde logo todas
as esperanças. Seguem-se46 dias de insuppor Laveis dores, e a
25 d' Abril de 1852, depois do receber os sacramentos, e
pedir uma missa que por ser domingo se lhe não poude
dizer, entregou, o espirito ao Creador. Eram 5 horas da
tarde, baixava já o sol no horisonte.
As ultimas palavras que disse, forcejando por se apoiar
no peito do irmão, tomando a mão do pae para a levar
aos lábios, e lançando-lhe um olhar que era o seu ultimo
adeus, foram «Que fatalidade, meu pae ! »
A mSe não o vio morrer, porque elle lhe havia pedido
minutos antes que se retirasse, mas quando no quarto pró-
ximo adivinhou, ou ouvio o triste desengano, soltou um
grito de suprema angustia e cahiu sem sentidos. É que
n'esse instante se lhe acordara uma dolorosíssima memoria.
Havia mezes que um sonho horrível lhe despedaçara o
coração, — o que não sonham as mães quando estremecem
os filhes, e adormecem pensando sempre n'elles!... sonhara
que o filho da sua alma havia de morrer na sua própria
cama. Correu o tempo; o sonho varrera-se-lhe da idóa; e
por isso quando ultimamente . o doente, a pretexto de no
quarto fazer muito calor, manifestou desejos de passar para
a cama da mãe, consentio na mudança.
Healisara-8e o sonho.
O filho acabava de morrer na cama da mãe.
A. X. Rodrigues GoaouRo.
18
EXPEDIENTE
Vão as senhoras deixando a pouco e pouco a timidez
qne as prendia, para não mostrarem em publico o talento
de qne Deus as dotara. Quando em 1862 tomámos conta da
direcção d'est'3 Annuario, inscreveram-se na lista das que
nos honraram com os seus escriptos 16 ; boje sfto passados
16 annos, e o Almanach para 1878 inscreve 51.
Bem hajam.
O Almanach do 1877 levou mais oito paginas que os seus
antecedentes, e o de 1878 conta mais oito que o de 1877.
Hoje sahe com 415; obriga-nos a isso não só a abundância
de matérias, como a sua melhor disposição.
Ànnunciou a conhecida casa Garnier a 4. a edição das
Obras d' Alvares d 'Azevedo, com o retrato do poeta. Mandá-
mol-as vir, e não o tinha.
N 'estas circurostancias dissemos ha pag. 26 do Almanach
passado, que publicaríamos em 1878 o elogio biographico
d 'Al vares d'Azeve<io, se algum dos seus admiradores nos
mandasse, até janeiro de 1877, o fidelíssimo retrato e o fac-
simile do distincto poeta brazileiro.
Esperámos debalde, e se o sr. Geraldo De Vecchi, cava-
lheiro brazileiro que hoje reside em Lisboa, e ex-redactor
do Diário Mostrado, não pozesse á nossa disposição um re-
trato lithographico que tinha do poeta, com o* facsimile
da sua assignatura, impossivel nos era cumprir o que de-
sejávamos, e pagar a divida da nossa admiração a um dos
talentos que mais honram a historia litteraria do Brazil
Aqui lh'o agradecemos.
Ch.ara.clas
Desdizemo-nos. D'esta vez subio a craveira. Das 108 cha-
radas, enigmas -e logogriphos do Almanach de 1877, houve
quem chegasse a advinhar 104. Os maiores decifradores por
sua ordem foram:
Os srs. :
Joõo Etoy Nunes Cardoso (Monte-mór-o-Novo) 104
Eduardo Rosei ro de Mattos Coelho (Mação). 101
Sócios Parvonezes (Lisboa) 10°
19
Coelheira Ilhavense 100
André do Quental e Peixoto (Ponta Delgada) 98
Manuel Vieira Natividade. 97
Matbens Peres (Cuba) 96
Thugs (Arruda) 96
João Carlos Mas9a (Lisboa) 95
João Telles (Lisboa) 94
Júlio César P. & Eduardo António P. (Lisboa) 93
Alexandre Martins Bessa (Coimbra) 90
José Soares da Silva (Bahia) 90
Não attingiram o numero de 90, mas de 80, e d'ahi para
cima, adivinharam :
Os srs. : A. P. Andrade e Bicalho (Cidade de Grão Mogol,
Irazil), 89; A. Norberto e A. Elysio (Coimbra), 89; Cirmo
e Sousa (Lisboa), 89; J. A. J. Costa e F. A. Jorge (Mafra), 89;
João Guerra (Santos, Brazil), 88; Caçarretas Eborenses, 88;
J Augusto Nunes (Ilha da Madeira), 86; M. dos Samos Mar-
razes (Marinha Grande), 86 ; J. B. Vital e Joaquim Ignacio
Dores Marques (Beja), 85; João Marques Diogo (Covilhã), 84;
D. Manuel M. Ferreira (Ilha de S. Miguel), 83; Liga OBdepica
(Cabo Verde), 83; Dr. F. A Dultra Rodrigues, 82; Eduardo
Augusto d'01iveira Guerreiro (Vizeu), 81 ; Manuel Ignacio de
Andrade (Rio de Janeiro), 81 ; Zamith (Rio de Janeiro), 81 ;
A. M. A. Souto Rodrigues e M. C. Corrêa (Ilha Brava), 80 ;
Matheus Laureano da Silva (Rio de Janeiro), 80.
Foram immediatos de 70 cara cima : D. Amélia Furtado
(Faro), 79 ; Irresistiveis (Covilhã), 79 ; J. F. (Guimarães),
78 ; G. d'A. Grande de Pina (Bragança), 77 ; J. S. Ávila o
Accurcio Urbano (Rio de Janeiro), 76 ; Jorge Guilherme Moo-
jen (Rio Grande), 76 ; Cabeçudos Covilhanenses, 75; A. J. Fer-
reira da Silva (Portalegre, Brazil), 75 ; Antão Martins (Ilha
Terceira), 75 ; Marmanjada Extremocense, 74 ; Júlio Edgard
(Porto), 72 ; J. M. Borrego e F. M. Quintela Assis (Almeida),
71 ; José da Cruz e Manuel Joaquim de Campes (Castello Bran-
co), 71 ; D. Júlia de Brito Mousinho (Thomar), 70 ; António
de Sousa (Coimbra), 70 ; J. E. de Lima Duque (Coimbra), 70.
Dos que não attingiram o numero de 70, para não tornar-
mos mais extensa esta lista, callaremos os nomes.
De mais de oitenta decifradores que se nos dirigiram, o único
20
que conseguio adivinhar o enigma xx de pag. 343, Jaboti, foi
o sr. Martinho Rodrigues (Ceará).
Não ha outra menção a fazer, de logogripho, enigma, ou
charada, que não fosse adivinhada, ou o fosse por um só
individuo, pois qHe as mais difuceis foram caçadas por mui-
tos. - "
LOGOGRIPHO K PAG. 165 BO AL1ANACH DK 1877
Inconsideradamente prometteu a auctora o seu retrato a
quem lh'o decifrasse. Nunca uma senhora feia offerecau o
seu retrato, pensaram muitos, e dias depois da publicação
do Almanack ferviam os decifradores reclamando o tumpri-
mento da promessa, uns por cartas, e outros, o maior numero,
por acrósticos e logogriphos, dedicados á authora. Nem se-
quer lhes publicaremos os nomes, porque encheriam umas
poucas de paginas.
Emqnanto isto se dava em Portugal, acontecia no Brazil
o mesmo. Em 20 de dezembro do anno passado escrevia-nos
a ex. ma sr. a D. Adelaide Gosta, dzendo:
€Antecipo-me a dar o promettido aos decifradores do meu logogri-
pho de pag. 165, do Almandch de 1877, porque me vi na dura ne-
cessidade de responder a mais de um cento de cartas que me foram
dirigidas por intelligentes decifradores, os quaes estão hoje de posse
da recompensa promettida. Sendo, porém, provável que alguns se
reservem para o futuro Almanach, a esses vae pois dirigida a copia
fiel do que sou, comquanto alguns injustamente me chamem, astro
— beldade, talento inemitavel — que sei eu ? IllusSes que foram
dolorosamente dissipadas.»
Ahi vae, pois o retrato. Sahio bastante desfavorecido da
Bahia ; em Lisboa, o photographo foi mais consciencioso, ou
mais perito. Ainda assim ficou de modo que não irão ou-
tros 12 como os d'Inglaterra bater-se pela formosura da dama;
mas pelo seu malicioso espirito, e pelo que se esconde atraz
da mentirosa mascara, seguramante iriam — e não teriam de
que se arrepender.
Caro senhor, se julgava
rara belleza encontrar
— pois veio tio presuroso
meu retrato procurar —
digo que perdeu seu tempo;
eu não me quero casar.
21
Já tres maridos chorei —
o que isto custa bem sei.
— Em todo caso previno,
Begure seu coração ;
depois não quero que chore
a perda d'uma illuBão !
Cumprindo minha promessa,
fiel ao que prometti,
vou-lhe dar — 4 penna feito —
o meu retrato perfeito,
como igual inda não vi:
Minha estatura é tão baixa
que quasi pareço anâ.
O meu corpinho é galante,
inchado como o de r&.
O meu%>lhar feiticeiro
prende em doce captiveiro
os rebeldes colações.
Oh ! quem resiste a uns olhos
esbugalhados, zarolhos,
sem pestanas e chorões?!...
Do meu nariz bem feitinho
nada iguala a perfeição ;
lustroso como um tomate,
vermelho qual pimentão,
distilla negro simonte
de pura refinação.
A minha boca engraçada
immensamente rasgada,
rival no mundo nSo tem.
Meus dentinhos t&o gabados
sio pontudos, revirados
e poucos já s&o também.
Não ha nada t&o mimoso
como meu pequeno pé,
calça botas — trinta e nove •
acha curtinho — nao é?!
» *
A maosinha primorosa
igual na terra nao ha,
encarquilhada, r.ugosa,
calço luvas letra — H.
t •
Já tive cabellos lindos,
mas agora uso chino,
uma herança de família
que já foi de minha avó.
■ •
Não me acha bonitinha?
Não sou uma perfeição?!...
Confesse, — não lhe dizia
isto mesmo o coração?...
Está feito o meu retrato,
cumprida a minha promessa.
Agora diga comsigo
— eu n&o esp'rava por essa.
Adelaidt Cotia.
Ch.ara.cias para. ISTO
Visto que de milhares de charadas, enigmas e logogriphos
que todos os annos nos enviam, havemos, com perda de
paciência e tempo, escolher 100 ; e visto que este armo,
as mais difficeis charadas, não resistiram aos melhores de-
cifradores, declaramos : que d 'hora em diante passaremos a
ser mais escrupulosos na escolha do género, e que por isso
escusam os que mal sabem fazer outra cousa, de se nos
dirigirem com charadas e logogriphos . que por mérito ne-
nhum se recommendem.
Uma charada bem feita pode jogar com a mythologia,
com a historia, com princípios de sciencia, e além das dijfi-
22
cuidados que a enredem, deve também, sempre que ser pos-
sa, vestir uma forma Htteraria que a torne attrahente. Ás que
não poderem ser isto, escusam de cá vir.
Heotifioações
A. charada de pag. 199 do Almanach de 1876 é feita a
palavra Retém, e na respectiva tabeliã do Almanach de
1877, vem por um erro inexplicável — Belém (l)
A charada da pag. 158 do Almanach de 1877, accusa
uma syllaba de mais, e deslocadameute cortando o conceito.
Apezar d'isso foi adivinhada por muitos.
ITeste Almanach ha duas charadas com o n.° xz.ni, uma
a pag. 325, outra a pag. 330 ; e a charada xvui, a pag.
250, leva por engano o n.° xiv.
Foi muito applaudida e gostada a amostra de charadas-
enigmas, pittorescas, que dêmos a pag. 339 do Almanach
anteripr, da invenção do sr. Joaquim de Castro Fonseca, da
Bahia, e este anno já vieram mais.
Este anno chamamos a attençfio para algumas espécies
novas, taes são as charadas addiciouadas de pag. 173 ; as
charadas-enigmas em quadro de pag. 252 ; os logogriphos
novíssimos de pag. 367 ; e os logogriphos em quadro de
pag. 391. Estes principalmente sfio muito graciosos, e dão
logar a que no conceito, se os seus authores tem um pouco
de poetas, se espraiem em verdadeiros madrigaes.
Ficam proscriptos os enigmas de nomes de
indivíduos, rios, ou paizes, cujas iniciaes for-
mem um nome, e cujas finaes outro, porque por
muitos decifradores tem sido considerados dema-
siadamente vagos, e não offerecendo nenhum in-
teresse.
*3
SENHORAS
que eollaboraram no presente Almanach
III.*»» Ex.»»» Sr.«»
D. Adelaide Costa, Pag. 230
D. Adelina Amélia Lopes Vieira, Pag. 171
Dona A. £. d'Almeida e Brito, Pag. 191
Algarvia, Pag. 284
D. Amélia F., Pag. 299
Amélia Jannt, Pag. 386
D. Amélia Rebello, Pag. 195 e 307
Anna A. Cavalcanti d' Albuquerque, 137j
Annalia Vieira do Nascimento, 174 e 348 fij
« Annonyma Alemtejana, Pag. 383 M
pD. Catharina Máxima de Figueiredo AbreuO
Cabtello Branco, Pag. 340 (fij
D. Christina M. d'A. Brenne Adrião, Pag. 373 ft
D. Clementina da Silva Torres, Pag. 155 M
Desconhecida (Uma), Pag. 318 M
fjD. Elisa A. da Conceição Cordeiro, Pag. 358 Q)
D. Emília Adelaide Pereira Reis, Pag. 334f|
D. Emília da Natividade Ferreira, Pag. 267^
D. Ermelinda Prata, Pag. 356 O
D. Francisca A. C. de Mattos, Pag. 348 f|
. Francisca de Paula Possolo da Costa, 154fií
Dona G. C, Pag. 162 ¥
D. Georgina de Carvalho, Pag. 351 D]
D. Guilhermina de J. M. da Costa e Silva, 3560
D. Guiomar Torrezao, Pag. 387
D. Hermenbgilda de Lacerda» Pag. 327
Hibbrnia, Pag. 201
D. Joanna Tavares, Pag. 178
K Jxtlia Henriqueta de Brito Mousinho, 890]
|p. Leonor Adelaide Dias Vbrani, Pag. 287!
K Leonor Adelaide, de Figueireido, Pag. 2080)
[D. Leopoldina de Jesus Paes Mamede, Pag. 293,j
D. Ludovina Furtado, Pag. 277
D. Luiza Amélia, Pag. 388
D. Maria Adelaide Fernandes Prata, 158
ED. Maria Amália Vaz de Carvalho, Pag. 397/j
y D. Maria Augusta de Figueiredo, Pag. 363
Soror Maria do Céo, Pag. 207
». Maria da Gloria Ferreira Guerreiro, 181
D. Maria José de G. Fonseca, Pag. 199
D. Maria José Ernestina d'Olivbira G. Corte);
Real, Pag. 369 ,
Maria José Furtado de Mendonça, Pag
A D. Maria José da Silva Canuto, Pag. 266
1 D. Maria L. F de Mendonça e Mattos, 281 j
K Maria do Pilar Alvares Ribeiro, Pag. 335]
D. Maria do Pilar B. M. Osório, Pag. 310 '
D. Maria Rita Chiappb Cadet; Pag. 241
Marianna Angélica d'Andradb, Pag. 394jj
Marqueza d'Alorna, Pag. 359
Obscura Transmontana, Pag. 284
Senhora (Uma) Conimbricense, Pag. 179
D. Zulmira £. A. de Sá, Pag. 286
felpas»
AOTHORES
dos artigos assigoados d'este Almanaeh
A. A. B. v O., Pag. 116, 205, 252
A. A. Orleans, Pag. 358
Abel Augusto Corrêa de Pinho, Pag. 248
Abílio Albano de Lima Duque, Pag. 388
A. Braeiliense Carneiro, Pag. 274
Acácio Antunes, Pag. 281
Académico Conimbricense, Pag. 380
Accursio Urbano, Pag. 210
A. Corrêa de Campos, Pag. 198
Adelino dos Santos Fernandes Vaz, Pag. 316
Admirador (Um), Pag. 307
Adriano Ramos Pinto, Pag. 250
A. de F. M. G. B., Pag. 244
A. J. Bezerra Cavalcanti, Pag, 362
A. J. Salgueiro, Pag. 387
Albino S, D. C, Pag. 170
A. Latino de Faria, Pag. 363
Alexandre de Faria Godinho, Pag. 391
'Alfredo A. Plácido de Moncada e Oliveira, Pag. 138[|
Alfredo Augusto de Brito Moutinho, Pag. 172
Alfredo Gomes, Pag. 350
Alfredo Júlio Dias da Silva, Pag. 357
Alfredo de Sousa Netto, Pag. 375
Alvares da Cruz, Pag. 160
Alves Crespo, Pag. 372
Amador (D. Frei) Arraiz, Pag. 230
A. M. B., Pag. 127 e 240
A. M. C, Pág. 184
A. Marcondes, Pag. 343
o
A. M. N., Pag. 160
À. M. da Silva, Pag. 123, 143, 316, e 326
A. M. Sousa Albuquerque, Pag. 282
Anselmo Xavier, Pag. 253
tonio d'Artiaga Souto Maior, Pag. 141, 330, e 359
António (Dr.) Ferreira, Pag. 173
António Joaquim Ribeiro, Pag. 133 e 193
António Ignacio Torres Bandeira, Pag. 312
António J. Ramos, Pag. 135
António Josjé Vianna, Pag. 365
António Maria d* Almeida, Pag. 149
António Maria do Amaral Ribeiro, Pag. 120 e 324
António de Sá Soares LeIte, Pag. 331
António (P. e ) Vieira, Pag. 208
António Xavier, Pag. 253
A. Patrício Corrêa, Pag. 222
A. P. da Gosta Carneiro, Pag. 272
A. P. Miranda Azevedo, Pag. 252
A. Salazar d'Eça Jordão, Pag. 198
A. S. G., Pag. 363
Argemiro C. d 'Oliveira, Pag. 205
Arthur Abranches Nogueira, Pag. 114
Arthur d' Andrade, Pag. 176 e 192
Augusto Gerardo Sterlicon, Pag. 131
A. X. da Silva Pereira, Pag. 194 e 219
B. Frederico, Pag. 119 e 150
Balthazar Aprigio de F. de Mello e Andrade, Pag. 353,
Bellarmino Carneiro, Pag. 393
Bento Fontoura, Pag. 346 e 386
Bernardino José d'Araujo, Pag. 263
Brito Freire, Pag. 308
B. Tanellas, Pag. 361
Bulhão Pato, Pag. 388
G. da Fonseca, Pag. 169
G. Gracchus, Pag. 302
C. M., Pag. 301
Camillo Gastello Branco, Pag. 181
Cândido de Figueiredo, Pag. 269
Carlos E. de Moraes, Pag. 238
Carmo e Sousa, Pag. 239
Carneiro, Pag. 243
Castro Alves, Pag. 115
Curistoyam Ayres, Pag. 291
Coelheira Ilhavense, Pag. 279
D. C. Sanches de Frias, Pag. 275
Damasceno Vieira, Pag. 185
Damião de Góes, Pag. 233
Domingos dos Reis Quita, Pag. 237
Draco, Pag. 287
Eduardo Avellar, Pag. 277
Eduardo de Carvalho, 144 e 197
Eduardo M., Pag. 339
Eduardo Mattos, Pag. 177
rr* Eduardo Mendes, Pag. 315
IUEduardo Roseiro de Mattos Coelho, Pag. 122 e
Elpidio A. de R. Lima, Pag. 295
Emygdio Gomes dos Reis, Pag. 133
Ernesto Augusto de Miranda, Pag. 365
F. A. d 'Almeida, Pag. 187
F. A. de Mattos, Pag. 313
F. F. F., Pag. 232
F. G., Pag. 263
F. J. Ramos, Pag. 326
F. L. de Cáceres, Pag. 217
P. e F. S. C., Pag. 254
jfij F. Soares Victor, Pag. 339
o
o
S
I
28
F. T. Albano Gonçalves, Pag. 274
Faustino de Laoesma e Ornbllas, Pag. 388
Fernando d'Araujo, Pag. 273
Ferreira de Mesquita, Pag. 297
Filinto Elysio, Pag. 392
Francisco A. Bello de Carvalho, Pag. 294
Francisco Cismontano, Pag. 357
Francisco Gomes d'Amorim, Pag. 399
Francisco Gonsaga Cícero de Sá, Pag. 229
Francisco Henriques da Cruz Coelho, Pag. 239
Francis JacobetI, Pag. 183
Francisco Rodrigues Lobo, Pag. 374
Francisco Silva, Pag. 330
G. L. P., Pag. 376
Gaudêncio de Lemos, Pag. 309
Gonçalo R. C. Lima, Pag. 149 e 189
Gualdino Gomes, Pag. 372
Guilherme d' Alcântara G. de P., Pag. 181
Guilherme de Carvalho, Pag. 325
Henrique, Pag. 267
Henrique Vicente Corrêa de Sá, Pag. 213
José A. J. da Costa, Pag. 389
Honório Monteiro, Pag. 232
J. A. Lopes Ferreira, Pag. 212
J. António de Avellar Júnior, Pag. 328
J. B. Ferrão, Pag. 202
J. C. Furtado d' Antas, Pag. 218
J. D. O., Pag. 271
J. de Castro, Pag. 362
J. Fernandes da Silva, Pag. 322
J. H. da Silva Dutra, Pag. 229
J. J. Mendes Barbosa, Pag. 354
J. L. Alvares de Sousa, Pag. 123
J. J. da Costa Macedo, Pag. 148
José Lopes Viegas, Pag. 122, e 158
J. Machado Leal, Pag. 259
J. Moraes, Pag. 371
J. O. Vasconcellos, Pag. 342 e 395
J. P. da Silva Campos Oliveira, Pag. 335 e 383
J. S. A. Pag. 190
J. Simões Dias, Pag. 390
J. (P.«) T. T. R., Pag. 146
J. Telles, Pag. 143, e 292
J. de V. F. [***), Pag. 306
J. Villa Nova, Pag. 314
João A. Nunes, Pag. 118, e 269
João Carlos Massa Júnior, Pag. 315
João Cesário Fernandes, Pag. 382
P. e João Chrysostomo dos Santos, Pag. 211
João Dantas de Sousa, Pag. 234
João Guerra, Pag. 124
João Guilherme Chaves, Pag. 259
João Maria Mergulhão Neves Cabral, Pag. 141
João Nepomuceno de Mendonça, Pag. 321
João Sá, Pag. 188
João Vieira d'Azevedo, Pag. 223
/k Joaquim A. de Sousa Telles de Mattos, 173, 355 e 376,
Joaquim António Gomes da Silva Júnior, Pag. 367
H Joaquim de C Fonseca, Pag. 192
J Joaquim Ignacio das Dores Marques, Pag. 292
Joaquim Pestana, Pag. 289, e 300
Joaquim Sequeira, Pag. 352
Joaquim Toeza, Pag. 398
Jorge Guilherme Moejen, Pag. 334
Jorge de Vasconcellos, Pag. 156
José A. J. da Costa, Pag. 389
(0)
Q
I
José Augusto da Cruz, Pag. 249 .
José Carrilho Ayres Garcia, Pag. 166
José Diogo Ribeiro, Pag. 187
José Èloi Ottoni, Pag. 288
José Guilherme Chaves, Pag. 259
José Lope» Viegas, Pag. 122
José d'Ornellas, Pag. 209
José Maria Borrego, Pag, 129
José Pedro Gervásio da Rosa, Pag. 311
José Rodrigues do Carmo Ferreira, Pag. 355
José da Silva Ramos, Pag, 329
José Vicente Costa-, Pag. 347
P. e José Victorino Pinto de Carvalho, Pag. 166
Júlio Cbsar Machado, Pag. 395
Júlio de Castilho, Pag. 260
Júlio Edgard, Pag. 391
Júlio de Mendonça, ?ag. 300
Justiniano d'Abreu, Pag. 261
Juveniano Monteiro, Pag. 278
L., Pag. 131
L. P. Borges, Pag. 302
Dr. Lino de Macedo, Pag. 296
Luiz António da Silva Prudencio", Pag. 130
Luiz Carlos d'Araujo Pereira Palma, Pag. 370
Luiz d'0. Pinto Coelho, Pag. 214
M. Alberto Flores, Pag. 276
M. Alves de Sousa, Pag. 142
M. António, Pag. 213
M. Dus,- Pag. 194
M. E. Pag, 380
M. F., Pag. 195
Machado de Assis, Pag. 366
Mattos Ferreira, Pag. 328
Manuel Chrysogno da Sílva Braga, Pag. 343
Manuel Ferreira da Portella, Pag. 38 i
Manoel Ionagio Jorge, Pag. 303
M. J. da Cunha Brandão, Pag. 117 e 179
M. J. P. G., Pag. 131
M. M. de Barros, Pag. 116
Manuel Gomfs Paes, Pag. 319
Manoel Lopes Maia, Pag. 157
Manuel Maria Ferreira, Pag. 339
Manuel Maria Lúcio, Pag. 349
Manuel Medeiros da Silva, Pag. 245
Manuel da Motta Manso, Pag. 246
Manuel Vieira da Natividade, Pag. 163
Margellino da Costa Ribeiro, Pag. 168
Martinho Rodrigues, Pag. 119
Mattos Ferreira, Pag. 328
Mattos da Silveira, Pag. 231
M. Pereira, Pag. 29&
M. R. C. Leão Dias, Pag. 309
M. R. I. C, Pag. 140
Miguel Paulo Ferreira Neves, Pag. 384
Narciso Corrêa de Lacerda, Pag. 245
Narciso Fefico, Pag. 223
Nunes d'àzevedo, Pag. 303
O. S. Mello, Pàg. 237
Ociosos Parvonezes, Pag. 325
P. B. de Sabs, Pag. 170
P. D., Pag. 270
P. Filho, Pag. 204
P. M. V. G., Pag. 367
Pinheiro Chagas, Pag. 392
R. (Paredes de Coura), Pag. 151
R. (Pernambuco), Pag. 298
Q R. 67, Pag. 301 j
Raimundo Augusto da Rocha Lima, Pag. 347
Raimundo J. da Silva Vianda, Pag. 305
Raimundo da Motta, Pag. 248 ' '
Ramos d'Abreu, Pag. 159, e 215 rrj
Recruta n.° 1, Pag. 161 vUJ
Reinaldo Casimiro Rodrigues da Silva, Pag. 197
Rufino B. F. Leal, Pag. 153
Ruy-Blas, Pag. 197
So.Pag. 127
Silva Freire* Pag. *88 . . .
. . Silvestre Castanheiro, Pag. 262
Silvino Vidal, Pag. 226
Simeào Lúcio Ribeiro, Pag. 113
T. S., Pag. 258
Teixeira de Carvalho, Pag. 382
Thomaz Ribeiro, Pagj 323 \
Frj Thomé de Jesus, Pag. 224
Thomé Gonçalves Ferreira Mendes, Pag. .344 e 373
Thugs Charadístas, Pag. 235
Tito Augusto de Carvalho, Pag. 333
Toledano (Um), Pag; 125
Urbano de Castro, Pag. 280
V., Pag. 202
V. C., Pag. 132
V. M., Pag. 291
Vaz Martins, Pag. 182 '
• Verêdiano Carvalho, Pag. 125
Visconde de Ouguella, Pag. 37"7
X. V., Pag. 200
*R*, Pag. 268
*** (Cabo Verde), Pag. 283
*** (Casa Bfanca),\ Pag. 12i
* * * (Parnahiba), Pag, 256
' , ÍNDICE
.' ' DAS
MATÉRIAS CONTIDAS N'ESTE ALHANACH
A Bacante (poesia) .... 397
a beira mar (poesia).... 268
A Casa da moura...!... 18?
A concha da praia (poesia) 38 i
Acteon 128
Adelina Patti t i 14
Adeus (poesia) .....i... 137
Adeus ! (poesia) ..,...,.. 282
A. donzella e o poeta (poe-
sia) 157
Adorate Dominum ! (poe-
sia) 189
Adversidade 295
A Henrique Dominici (poe-
sia).... » 372
A J. (poesia) 301
A Lendeira (poesia) 370
Altitudo (poesia) ....... 281
Amazona (A). . . . ... ...... 377
A mãe (poesia).. .. ...... 387
Á memoria do Barão de
Barth (poesia) 202
Á memoria do Conde de
Porto Alegre (poesia).. 185
A memoria d*<Ex. m * Sr. a
D . Isabel Mendonça e Po-
voas (poesia) . . 293
A memoria de minha ex-
tremosa mãe (poesia).. 355
A meu marido (poesia);. 251
Amiga, por que Choras ?.
(poesia) 2&6>
Amraade (A) 287
Amor ^0) e o casamento 183
A. Moreninha (poesia),. . < 289
A morte do poétá ...... 254
A morte dós templários
(poesia) 375
Anabaptista corajosa .... 337
Anagramma 149
Angélica (poesia) 323
Anjo (O) da noite (poesia) 241
A Natureza (poesia) 294
Annuncio do fíarpers Re-
i)iw. 167
Ao cahir das folhas (poe-
sia) 135
Ao desvanecimento de uma
dama (poesia) 294
Ao 2 de julho de 1876 em
Palmeiras (poesia) 271
Ao Ente Supremo ...... 333
Ao luar (poesia) 124
Ao poeta (poesia) 327
Aragem (A) (poesia) .... 218
Aricio 138
A uma camponeza (poesia) 262
Antes do combate (poesia) 158
A poesia (poesia) 380
A uma creança (poesia). 197
A uma mulher (poesia) . 365
A uma Vénus (poesia) . . . 389
Arruda dos Vinhos 313
A ti (poesia) 383
Attributos feminis 395
A Virgem (poesia) 356
Balantas (Gentilezas dos) 168
Baptismo (0) (poesia)... 244
84
Barbaroxa (poesia* 169
Bellezas da Arcádia (poe-
sia) 145
Bussaco (0) penitente... 315
Caixeiro . (0) e o domingo
(poesia) 273
Calembour 386
Caminho do inferno 131
Cametá 352
Caminhos (Os) da vida
(poesia) 181
Canta! (poesia) 293
Canto (0) das aves 310
Caridade (A) (poesia) ... 326
Caridade (A) 384
Carovitas 371
Casimiro (A) d'Abreu (poe-
sia) 351
Cego (0) (poesia) 322
Cegueira d'amantes 207
Centões 235
Cercal 146
Cesário (A) d' Azevedo (poe-
sia). 278
Charada 1.° — paginas 113
— 2 a 116.—
3. a , 121
5.'
— 4. a , 122 — 5.*, 127
— 6. a , 130 — 7. a , 141
— 8.*, 143 — 9.°, 151
— i0.\ 156 — 11.*. 159
— 12.», 173 — 13. a , 173
— i4. a , 178 — 13. a , 187
— 16.*, 192 — 17. a . 195
— 18.*, 198 — 19. a , 199
— 20.*, 204 — 21. a , 213
— 22.*, 223 — 23.°, 229
— 24. a , 231 — 25. a , 232
— 26.*, 238 — 27. a , 245
— 28. a , 250 — 29. a , 252
— 30. a , 259 — 31. a , 263
— 32. a , 267 — 33. a , 276
3»
— 34. a , 277 — 35. a , 288
— 36. a , 291 — 37. a , 292
— 38. a , 299 — 39. a , 3C3
— 40. a , 305 — 4l. a , 309
— 42. a , 315 — 43. a , 325
— 43. V 330 — 44. a , 334
— 45. a , 335 — 46. a , 339 '
— 47. a , 343 — 48. a , 348
— 49. a , 354 — 50. a , 356
— 51. a , 358 — 52. a , 362
— 53. a , 363 — 54. a , 373
— 55. a , 376 — 56. a , 382
— 57. a , 384 — 58. a , 390
— 59. a , 398.
Cidade (A) da Ribeira
Grande 150
Coisas difficeis..... 363
Como se descobrio a eda-
de da Pedra 272
Cometas (Os) 349
Como se salva um cas-
tello 385
Consolação d' um cego... 394
Consulta de viuva 304
Coração triste fallando ao
sof (poesia) 366
Coro de pastoras (poesia) 207
Cousas difficeis 363
Conhecimento da fortuna
(poesia) 201
Constância de S. r ancis*
co Xavier 208
Contribuição de sangue . 200-
Creio ! (poesia) 245
Despacho por improviso. 360
Despedida do oampo, (poe-
sia) *-.... 399
Disciplina (A) de Frede-
rico e de Napoleão ... 240
Deus Vermelho. 119
1 Devera aer .a 44.*,
X
Dolor ! (poesia) . . 382
Do mal o bem (poesia) . 303
Domiciano .... 328
Dura fogo e pau facho.. 223
Duas juras de pastores
(poesia) ; . 374
Edital de um fiscal 160
Effeitos do amor mal cor-
respondido (poesia). . . . 392
Egloga christã (poesia).. 260
Eleetróphoro fixo 353
Elogio em bocca própria 229
Eloquência (Á) 388
Em flagrante 336
Enigma !.«■ — paginas 116
— 2.^, 143 — 3.°, 149
— 4.o, 170 - 5.°, 181
— 6.°, 197 — 7.°, 205
— 8.°, 215 — 9.°, 235
— 10.°, 269 — ll.o, 284
— 12.°, 292 — 13.o, 325
— 14.o, 346— 15.°, 355
■ '— 16.o, 388.
Epitaphio do marechal
Rantzaw 189
Esperança (A) (poesia) . . 369
Esperança (poesia) 300
Estatua de Memnon 393
Ericeira 177
Escavações ., 266
Exigências (poesia) 291
Fausto • de el*rei> D. Ma-
nuel:; 233
Fé (A) -(poesia) 234
Festas íAsr) d' além do Côa. 129
FilippMD.)* de Vilhena. 166
Finura . d'um. doido 321
Flores- (As)'i 176
Feitiçaria (A) era Guiné. 211
Fio* da. Rosa... 172
Formosura (A) . . 387
Frémitos (Os) da noite
(poesia) 214
Galanteria de um soldado 256
Gato (O) e o rato 316
Golphioho (Of. 380
Gorgeios (poesia) 232
Governo de Gabo Verde. 283
Grandeza d'alma. ....... 144
Grandezas e distancias dos
mundos 125
Guarda avançada original 179
Guerra franco-prussiana. . 219
Gustavo da Suécia e Fer-
nando de Nápoles 127
Harpa (A) do descrente
(poesia) 222
Horas d'ocio.. .'. 274
Injurias 176
Ilha de Maio 190
Inundações 259 '
Iuscripção mysteriosa . . . 359
Instrucção popular no Rio
Grande do Sul .". 344
Inverno . (0) (poesia) .... 394
Inverno 396
Ir buscar lã .....'. 330
Juramento de amor (poe-
sia) 154
Jogo da condessa 366
Juramento (0) no interior
da ilha.de S. Thiago.. . 193
Lagrimas sobre o tumulo
de D.. Adelina de Paula
Teixeira (poesia) ..... 226
Latinista (Um) . . i 340
Legenda d'uma casa pu-
blica de jogo. ........ 391
Lembrança d'um algarvio 846
Lições de linguistica .:. 312
Lição de sabedoria (Uma) . 116
Lição a um iocivil. .... 389
3fr
Lisonja 385
Logogripho 1.° — paginas 118
4.°,
6.°,
8.°,
10.°,
12.°,
14°,
16.°,
18.°,
20.°,
22.°,
24.°,
26.°,
28.°,
30:°,
32.°,
34.°,
36.°,
(0)
125
148
160
174
188
201
217
239
253
274
287
302
314
328
350
365
372
39!.
feminino.
3.°,
5.°,
7.°,
9.°,
11°,
13.°,
15.°,
17.°,
19.°,
21.°,
23.°,
25.°,
07 o
29.°,
31.°,
33.°,
35.°,
140
155
166
179
194
210
230
218
258
279
298
309
318
339
358
367
383
. 225
. 243
Luxo
Mãe!
Mãe e madrasta 238
Maldizente (0) (poesia) . . 1 73
Má língua 165
Manes (Os deuses) 252
Maria de qua natus est
Jesus 249
Mestre (0) d'Aviz e o Prior
do Crato 161
Menestréis do Tyrol (poe-
sia) 184
Meu Pae (poesia) 209
Misericórdia do Deus . . . 224
Moleiro (0) e o escrivão
de fazenda 213
MonosyUabes • de 8 letras 376
Montanha (A) mais alta. 263
Mosteiro (0) d' Alcobaça. 163
Moral (A) antiga e a mo-
derna .... 324
37
Mulher (A) (poesia) 392
Mulheres (As) 336
Mulheres (As) e o amor. . . 395
Na ilha (poesia) 302
Nomes arábicos 175'
Não és estatua (poesia).. 195
Nossa Senhora do Livra-
mento de Minas do Rio
de Contas 205
N'um álbum (poesia).... 265
Nuvens (As) (poesia)*. . . . 248
O Berço (poesia) 361
O. B. C. (poesia) 306
Obsequio de caridade... 202
O ecco d' urna voz. ..... 326
O elixir (poesia) 347
O estio 257
Oferecimento infeliz .... 268
Offieial poeta 363
0'Hara Burke 142
01inda....i 196
pescador de Moçambi-
que- (poesia) ....." 335
O que e um beijo (poesia) 275
Originaes curiosos 308
O seu olhar (poesia). . . . 391
O teu cabello < (poesia) . . 1 83
O teu magerico (poesia). 300
Os amigos de Petrarcha. 192
Os três amoras 115
Outono (O) .............. 345
Outr'ora e hoje (poesia). 334
P * * * (poesia) 277
Para não desconsolar nin-
guém 156
Paixões femininas 248
Pasquim 123
Paredes de Coura 117
Patinadores (Os) 280
Paul (O) da Serra 319
Pensar e fallar 262
Pensativa (poesia) 393
Pergunta e resposta .... 143
Pérola (A) do grande So-
phi 364
Pigmeus 216
Ponta do sol 182
Ponte (Na) de Itororó.... 373
Porto Santo 289
Por um triz ! 392
Portuguezes (Os) e o dia
(Tamanha 270
Prazer (O) e a dor .... 368
Precaução inútil 357
Presente de um charlatão 285
Primavera * 152
Profano (0) com o divino 120
Pyramo e Thisbe 133
Quadro incompleto 141
Queijo. (0) 122
Questão de ferra 132
Queixas (poesia) . , 359
Rabo de Peixe 194
Reclame d'um cego 264
Receita para casameitos. 174
Recitativo (poesia) 131
Resposta ao pé da letra. 133
Reza (poesia) 119
Rosa murcha (poesia)... 307
Rosa (poesia) 119
Sabedoria d'animaes (poe-
sia) 288
Saudação (poesia) ....... 386
Saudade (poesia) 191
Saudades (poesia) 162
Saudade Roxa (poesia)... 237
Saudosa (poesia) 267
Salve Rainha! (poesia) . 237
Scorpião (0) e a tartaruga 320
Segredo (poesia).. 297
Sem titulo (poesia) 284
Sermão sem cabeça 292
Sentença de um juiz or-
dinário 123
Soin! (poesia) 348
Soneto (poesia) 357
Soneto (poesia) 362
Sopapos além tumulo... 158
Substancias alimentares. 296
Terra (A) natal 246
Terremoto em Lisboa ... 343
Thomaz (A) Ribeiro (poe-
sia) 171
Três Domingos 342
Tristeza ! . . . (poesia) .... 212
Ultra (poesia) 1 35
Uma carta (poesia) 198
Uma fabula oriental .... 136
Um bom geographo 301
Um conselho 329
Um êxtase (poesia) 338
Um voto (poesia) 388
Urna quebrada (poesia).. 269
Usanças gastronómicas . . 261
Valor das coisas 208
Velhice (Respeito á) 113
Valor d'um alfinete 300
Verdadeira (A) fidalguia. 230
Vida por amor (poesia). 180
Villa Real (poesia) 340
Virgem (A) da Confiança. 170
Visão celeste (poesia)... 316
Visão d'amor (poesia)... 311
Vomita, ladrão!. 131
Xaca, philosopho indio. 153
Yra 331
38 v
ÍNDICE SUPLEMENTAR
Edição portuguesa
Elogio biographico de Alvares
de Azevedo .....' 5
Expediente 19
índice de senhoras 24
índice dos auctores. . . .. 26
índice das matérias 34
Correspondência 40
Correios 51
Vales do correio -57
Serviço telegraphico 60
Preços e distancias nos cami-
nhos de ferro do norte e leste 62
Serviço directo de Lisboa a
ToyeVigo . 64
Preços e distancias nos cami-
nhos de ferro do sueste .... 66
Idem idem do Minho 71
Idem idem do Douro 72
Preços dos logarefenos theatrop 73
Preços das viagens fluviaes no
Tejo, Guadiana e Sado. ... 11
Direitos parochlaes em Lisboa 73
Postos médicos r
Tabeliã de preços da Oompa*
nhia de Carruagens Lisbo-
nenses 79
Tabeliã dos preços dos trens
, de praça 80
Imposto do sello 81
Equação do tempo 92
Nascimentos e occasos do sol . 94
Explicação das charadas, eni-
gmas e logogriphos do Alma*
nach do 1877 95
Tabeliã dos aignaes de incên-
dio '.: 97
Eclipses do annó de 1878 .... 99
Tabeliã dos preamares e bai-
xamares no Tejo 100
Computo eeclesiastico, têmpo-
ras, festas moveis, etc. . . . . 101
Folhinha portugueza 108
Edição brasileira
Elogio biographico de Alvares
de Azevedo. 5
Expediente 19
índice das senhoras* 24
» dos auctores. 26
» das matérias 34
Correspondência 40
Correios 51
Telegrapho submarino 55
População do império 56
Superflcie » 57
Aulas de instrucção primaria 58
Systema métrico 59
Carreiras de vapores entre Lis-
boa e o Brazil 63
Faroes e farolins 72
Imposto do sello 78
Dias de audiências e sessões
dos tribunaea e Juízos 85
30
Feriados... 87
Tabeliã dos emolumentos que
devem ser cobrados pelas se- '
cretarias dos tribunaes de
• commerdo 80
Dias de gala 89
Signaes de incêndio no Rio de
Janeiro 94
Equação do tempo *
Nascimentos e occasos do sol . 96!
Eclipses'. , 97
Taboa da saida e entrada da
lua e das marés, cheias 98
Explicação das charadas, eni-
gmas e logogrighos do Al-
manach de 1877 99
Computo ecclesiastico, têmpo-
ras, festas njoveis, etc. . . . ♦ . 101
Folhinha brasileira.,.. .»... 102
CORRESPONDÊNCIA
JOAZEIRENCE {Bahia). — Os seus logogriphos não trazem
palavra de significação, e nós não. temos tempo para os adi-
vinhar, e ver depois se estão no caso de . serem acceítos.
GALUGHO D'INFANTERJA {Mondego). — Uma planta não
pode ser um bosque, um bosque não pode ser uma côr.
Na segunda dividio — Mel — hora — ém vez de Me — lho
— ra. Mas n$o descoroçôe o galuclió, mande obra mais per-
feita, e Terá. ...
«
VELLIUS {Ilha). — Teimou e alcançou. Fez bem.
FELICITAS. Saudamos os neophytos, e, na impossibilidade
de ir tudo o que nos enviaram, vae ao menos o que pedi :
ram em ultimo reducto. ...
ATREVIDA CEIRENSE. — Não diremos tal, e aqui tem
torta- franca para a recebermos sempre que nos queira
honrar.
CARTA E CHARADA {Loanda). — Quanto i carta, deixe
viver quem vive, e arrufar-se quem se arrufa por a sua
Ella lhe chamar homem de nariz grande. Quanto á charada,
dir-lbe- hemos que uma janella encontra-se tanto n'um rollo
de canella, como n'um ovo de gallinha. se pode encontrar
uma lagosta.
BARTHOLOMEU {Minho). — Se deixou as musas, fez mal
porque ellas de certo o favoreciam. A sua bailada não %
bem bailada^ e é injusta parar a humanidade ; por isso a
não pomos. Ninguém morre de fome, creia. A Virgem abre
o seu regaço a todas as dores; a caridade a todos soccorre.
TENTAMEN {Coimbra). — Verdade, verdade. Apresentou-se
melhor como tradiíctor, do que como ãuthor. Traduza, pois;
ou componha, compulsando os mestres, meditando-os, e cá
o esperamos.
- ' . 40
É TÍMIDA A VIOLETA iPortab&r*— Brasil) *~ Para faier
o reclamo a favor do exoellente livro de Aimó Martin —
Educação das mães de família, ou da civilisação do género
humano pelas mulheres,- obra que mereceu ser coroada pela
Academia francesa, não era necessário chamar á antnoria
o ultramontanismo, 03 discípulos de Loyola, o claustro,
os perseguidores doa maçons, e o maia que óom tanta critica
está exposto no artigo que nos- enviou. A tímida violeta não
sabe que temos arvorado a nossa bandeira em campo neutro :
e qne a sua divisa é : — Sem offensa a ninguém f
ATHI Á (Africa).
. . .quando me revettaste
que já me amor não tinhas
fiquei a braços com a morte
e disse: despresar-me tu menina.
Foi tal a minha dor
que não posso explicar,
só sei que desfalleci
e depois fiquei ' a chorar.
E elta teve um tão duro coração
que vendo-me a braços co' a morte,
chegou-se ao pé de mim
e disse : moives ? ou não.
Isto até corta os fios cTalma, mas vale bem os 100 rs.
qne nos custou, ó se vale!
P\RA 1878 SIM? {Rio Formoso). — Com certeza; — na
pintura os traços escuros fazem sobresair e aprimorar a
belleza do desenho, mas os seus não são d'este numero* —
porque estio sempre entre os que n'este livro das suas
saudades tem o primeiro togar. Cá fica reservado para 79
o seu banquete annual,
CURDZD E RIACHUELO {Brazil)'. —Tem razão ; a charada
de pag. 199 do Almanach de 1876 ó Rebem e não Belém,
como se diz na tabeliã do de 1877 por um d'aquelles des-
cuides typographicos que pullulam nas typògrapiias. Ô seu
logogripho com relação a um certo retrato não podia ser
publicado, e com elle, pelo mesmo motivo, deixam de o ser
lambem mais de 40 companheiros que troha cá.
41'
A, A. (Bahia). — O seu lofcogriflho peóea fcéla taié, visto
que nfto pode escrever-se — d' Mello em vez de Mello.
JÁ PASSOU UM ANNO... — Poderei entrar? — Condoémo-
nos das suas tristezas. Entre, visto que concluio o noviciado.
TEREI O GOSTO DE VER MEU NOME NO ALMANAGH ?
{Beira Baixa). — Com certeza ; e estreiou-se soffrivelmente
no género; Hoje logogriphos e charadas só sendo muito
bem feitas, e enriquecidas na forma, de modo que não caiam
ao tiro do primeiro caçador que as flcte.
A. OE V. (Brazil). — Já o anuo passado lhe. provámos que
não fica retido na salla dos passos perdidos, mas este anno
querendo também dar-lhe ingresso, notámos quo o seu logo-
gripho era claro de mais.
Quem desconhece que a que foi dada a Jacob foi Lia, e
que o sustento dos pequeninos ó leite ?
Sabe fazel-os — escureça-os com dificuldades.
EILE MIT WEILE (A). — Tem. rasão. Os versos da lenda
eram melhores que os outros, e foram preferidos. Adestre-se,
e continue.
GHANUS QUEDRE. — Omittio-se a historia desde o dilu-
vio até Turdulo, sem com isso prejudicar o seu curioso
artigo, e assim lhe podemos dar um logar. Do contrario não,
por extenso.
DÁ-ME A HONRA ? (Alemtejo). — Lá encontrará adiante
alguma cousa que lhe pertença. Não lhe demos mais por
que a conta de repartir é aqui tão necessária como lhe não
sabemos explicar.
CARTA ENIGMÁTICA (Beira Baixa).— É muito provável
que para 79 veja a luz publica.
NOUVELLES NOUVELLES (Lisboa). — Com todo o gosto
lhe abrimos a porta para o contarmos no numero dos
nossos collaboradores ; nas todas as profissões toem o seu
anno de noviciado. Para 79 faltaremos.
42
AURORAI —Bem vinda aurora t Muito bom dia dos traga,
e após elle, renascendo, muitos e muitos para a saudar-
mos.
CONSENTIRÁ EM SER-ME PARANYMPHO ? (Rio de Ja-
neiro). — Com todo o gosto, offerecemos o braço á sua gentil
recommendada, apresentamol-a ao redactor de Almanach, pe-
dindo para ella um logar entre as suas mais dilectas col-
laboradoras. modo como foi recebida consta adiante a
pa
g . • . .
QUEM VEM LÁ, CAMARADA ? {Minho). — Desconfio que
ainda tem de comer algumas quartas de sal, antes que chegue
a ser um poeta digno das aguas que cantou o mellifluo Diogo
Bernardes.
CÁ RECEBI RÉC1PE!... {Lisboa):— Assim, assim é que
o queremos vêr — promettendo emendar-se, e visitar-nos todos
os annos.
ATREVIDO COMO UM OÃO (Coimbra). — Assim é que os
quero, e que alguma cousa promettem. Quanto a versos
está ainda muito verde, mas tem getto, prosiga. Quanto ao
logogripho-acrostico, e pela mesma rasão do estar ainda
verde, que lhe não dêmos um logar.
ATREVIDA CEIRENSE. — Ainda bem que faltou á palavra
que inconsideradamente dera de não tornar a escrever para
este livrinho. Nada tinha a agradecer. O^cupar-nos é obri-
gar-nos.
ANHELO E DESCONFIANÇA. — Ter o primeiro não admi-
ra ; ter a segunda é modéstia. Continue a mandar-nos arti-
gos tão bem deduzidos como o que nos enviou, e nunca
desconfie de que serão rejeitados.
DORMIR OU VELLAR ? (Beira). — Vellar — para se ir aper-
feiçoando, mesmo em cousas de mais valia, que simples
charadas. A propósito, olhe que de charadas, enigmas, e
logogrtphos temos ca tanto, que já se nao pode admittir
senão o que passar de soffrivel.
43
MARTYR D'ANNOS (Porto). — Deixe-se de ciúmes, que são
máos visitantes, lerabro-so do que d'elles diz um poeta que
talvez tivesse soffrido grandes dores de cotovello, porque
falia no assumpto de cadeira :
Tiro, que a otra pirte apunta
y rebienta contra el duefio.
Basta só isto, atirar G a bomba contra D — e rebentar
nas mãos de quem a atira ! Safa !..
TEREMOS ENTRADA? {Beira-Baixa). —Quanto a decifra-
dores, vamos lá, outros o foram menos. Quanto a authores
— hão- de permittir que lhe digamos que se o conceito se
referia, e claramente, á palavra da significação, não acon-
tecia o mesmo aos versos do logogripho quanto aos signi-
ficados que queriam exprimir.
Ahi vae um exemplo :
Como d' esta provinda, que princeza
foi das gentes na guerra em toda a parte
ha-de sair quem negue ter defeza. . .
Gomo ó que o primeiro d'estes versos pode significar
notOj o segundo insulto, e o terceiro susto?
Não percebemos.
JAU {Lisboa). — Feliz o que estuda, empregando nos livros
as suas horas d'ocio.
DESENGANADO (5. Paulo ~ Brazil). — Então chegou o
desengano, e está admirado de já não gostar tanto, do
que tanto desejou ? Isso é inevitável, e como acontece a
todos console-se ; olhe que jã um poóta disse, e disse uma
grande verdade :
Muito ha que julgar,
muito que sentir,
entre o possuir %
e entre o desejar.
Ô nosso appetlte
pende da esperança;
gosto que se alcança,
tem o seu limite.
PODEREI CONTINUAR ? H. F. — Não Senhor, só se mandar
em prosa noticia ou cousa que tenha algum geito.
44
MATUTO DO ANNO PASSADO ( Maranguape). — Nâo foi
esquecido o matuto, e para 1879, se lá chegarmos, novas
provas lho daremos. D'esta vez quando chegou, e foi tarde,
já estava contemplado.
FOGO FÁTUO. — Mesmo no género descriptivo se não dis-
pensam conceitos. Se qiiizer, e querer para muitos ó poder,
pode vir a ser mais que fogo fátuo.
SEREI ATTENDIDO {Pará). — Lá vae uma amostra ; mas
mancebo, e já sem fé, sem paz, sem amigos, e sem nada
que o chame á vidai Vamos, tem em si elementos para
crer, porque entre a escuridade lhe transi uzem faíscas do
estro. Creia, vença-se a si mesmo, e será poeta.
QUEM NÃO TEM PADRINHO MORRE MOURO {Lisboa). ~
Nâo foi por não ter padrinho, que não teve logar n'esle
volume, foi por mandar um logogripho relativo a certo
retrato, e haver no mesmo caso dúzias d'elles. Tem aberta
a porta, cá o esperamos.
NÃO PRESTAM ESTAS FLORES? {LWoa).— Tanto pres-
tam que lá as encontrará adiante, honrando duas paginas
d'este iivrinho. Algumas eram pouco cuidadas da mão aca-
riciadora que afagava outras, mas todas ellas tinham a
suavidade e o perfume, que denunciavam a alma dolorida e
repassada de saudades de quem as cultivara.
DIÓGENES ESPREITA [Lh 1 oa). — Sim senhor espreita e de
dentro do seu túnel, faz e diz cousas de eternas luminárias ;
mas para cá vem enganado.
Que á lingua dê um barbeiro
isso é moeda corrente,
porém ser tfto maldizente
ura illustre cavalleiro !
HOC A TE POSCO {Coimbra,). — As charadas noiíissimas,
soltas, ou convertidas em enigmas pittoróscos não são admis-
biveis senão quando teem sentido.
É claro que no fundo d'um lago não pode haver limonada.
Pois não é?
45
CONFIDENCIAL {Lisboa). — Quiz fazer versos alexandrino*
e errou-os.
Logo na primeira estrophe vem este :
No mar as crespas ondas ameaçando o cóo
E na segunda, estes :
Yolcanicas montanhas n'um tremor convulso
A curta ribeirinha referve em catadupas.
Só os amestrados ó que podem fazer alexandrinos; não
nos obriguem todos os annos a repetir o que já mais de
uma vez dissemos, e por ultimo se acha explicado a pag. 41
do Almanach de 1875.
MAVÓRCIO DE 1867 (Santos), — Ainda bem que a ceei to u
o nosso conselho, e que continuou a estudar: Os verbos que
vão adiante, dão testemunho do seu progresso. Como deci-
frador também quasi se collocou entre os primeiros. Das
suas charadas não fali em os — são boas, mas os seus versos
são melhores. Deixemos aquellas a quem não pode tanto.
O PORTUGUEZ {Rio Grande do Sul). — Não o fiz esperar
muito ; a sua vez chegou cedo, versos assim tem sempre
jus a serem admittidos, quando mesmo por extensos, tirem ao
livro um espaço que mal pode dispensar.
NOVATO BRAZILEIRO {Rio). — Continuamos a guardar
uma pagina para o favorecido das musas. Passo seguro, e
avante !
M. M. F. (Archipelago açoriano). — Fica matriculado no
numero dos collaboradores d'este livrinho. A vontade supre.
QUE TAL? QUE TAL T HEINt {Douro). — De tudo o que
nos tem mandado parece-nos que escolhemos o melhor. Lá
vão adiante os seus alexandrinos.
DUAS N'UMA {Beira). — Assim se nos dirigiram, assim
foram recebidas, assim as apresentamos ao publico — Duas
n'uma. Fora crime separal-as.
ACASO SIRVO PARA ALGO ? — Adiante lhe respondemos.
46
UM PAULISTA (flrctçtfl. — Veio pela primeira vez e tarde.
Para 1879 faltaremos. Como caçador não chegou á craveira.
SOIS MON JUGE (7\). — D'esta vrz — nada.
PENEDO DOS AÇORES, — Tem realmente graça o Penedo
dos Açores, é mostra uma erudição por hi além. Pois, referin-
do-se aos enigmas de pag. 254 e 335 do Almanach de 1876,
não nos diz elle que só no inferno se podem assim fazer ! Va-
mos por partes.
Enigma de pag. 254 — Nada está tão perto do amor como
a compaixão. Estar tão perto d'uma coisa «orno d'outra —
é estar a distancias iguaes d' uma e d'outra.
Pois não é assim, sr. Penedo ? Ora no enigma questionado
não estará o amor a ra, 005 da compaixão e o nada a
0,005 do amor? É vontade do morder.
Quanto ao enigma de pag. 335, ó sr. Penedo, mande-me
alguns combinados como elle, e não importa que outro de
palladar difflcil, como v. ei. a , me diga também que só no
inferno se fazem assim.
Também o Aristarcho açoriano embirrou com a charada
de pag. 393 poder ser Valério, sendo Cabo Verde. Eu lbe
digo, se prescindirmos de conceito, que não ó indispensável
nas charadas, temos que pode ser Valério como é Cabo
Verde, por que deve convir que os valles (não embirre com
um l de mais, ou um l de menos, porque . nas charadas
pode prescindir-se da orthographia rigorosa) aformoseiam
os rios, e. que os rios nos prados também nos encantam a
vista. Ora a notasinha microscopia referia-se á charada e
não ao conceito, para lhe dar em segundo logar a signifi-
cação de Valério. Mas que se referisse, mesmo ao conceito,
com quanto já não haja Valerios que mereçam o cognome
de Máximas, acha o sr. Penedo que é impossível que o
author da charada tenha um Valério a quem possa dizer :
Se em Cresso me transformassem
a altas bonras o elevara;
m vate inspirado fosse
- doee canto lhe offertara. (?)
A outra porta, sr. Penedo, a outra porta. Deus o leve
para onde não faça damno, nem perda.
47
LOBO DE MINAS {Brazil). — Também chegou tarde o lobo
das selváticas montanhas de Minas, mas como vem domes-
ticado é possível que lhe demos entrada no Almanaçh de
1879.
QUEM Ê VIVO SEMPRE ÀPPARECÍÉ (Estrémadur a). —
Já nada tínhamos, é certo. Pouco vae, porque temos de
attender a muito. Voltou á liça, e bem acompanhado o
combatente, e não foi dos que menos alcançou. Folgamos.
FtJRA PAREDES (Àtemlejo). — Emprehendeu o sr. Fura
Paredes metter hombros á em preza de decifrar' charadas
para lenitivo de certos males espirituaes, e hoje arrenega
(Telia porque lhe produz eíFeitos contrários. Fez muito
bem; quem a tempo se retira, sabe o caminho que segue...
Deus o livre de peccados, sr. Fura Paredes,
Y A TIL UNE PETITE PLACE PQUR MOI? (Lisboa).—
Quiz fazer alexandrinos? Ou versos de 13 syllabas, raríssi-
mos entre nós, mas cultivados no reino visinho por Zor-
rilla e outros? Se alexandrinos errou metade; se de 13
syllabas, todos as deviam ter, e muilos não toem senão
12, são puros alexandrinos.
MAIS UM IMPERTINENTE ( M acau). — D'éstes impertinen-
tes — nunca diremos: que praga! Venham, venham e verão
como são recebidos. Já vô que a testemunha que nos offe-
receu, e que agradecemos, para presidir á inceneração dos
seus escriptos, não assistio a nenhum auto de fé.
DEPOIS DE VELHA GAITEIRA (Traz-os Montes). — Quem
acredita cá nos setenta anoos, e no desejo de ostentáj de
sabichona, em tão provecta idade? A mão' ó firme, e de-
nuncia que por debaixo da mascara está a mocidade e a
vida. Enganamo-nos ?
RIO E ARAGENS (Beira). — Não podendo ir, para dar lo-
gar a outros, as duas peças que nos enviou, optamos por
aquella que lhe recorda o tempo em que brincava com
Cupido. Prolonguemos a mocidade o mais que podermos,
vivamos das memorias do coração quanto nos for pogsivef,
48
lancemos um Saudoso olhar ao que nos vae ficando atras,
anno por anno, dia por dia, porque não faltará uma qua-
dra dê tristeza, em que digamos com Voltaire:
On meurt dwux fois, je le voit bien;
Cesser d'aimer et d*étre aimable
Cest une mort insuportalle ;
Cesser de vivre ce riest rien.
RECRUTA LEIRIENSE. — Engana- so : tudo o que mandou
era digno de ter um logar n'este nnnuario, mas precisamos
ser equitativos, e não dará uns tudo, para a outros dar pou-
co, ou nada. Aqui tem a razão de não ser tão amplamente
contemplado como merecia. Gomo decifrador quasi chegou
á meta dos 70. — Já é alguma cousa.
SERÁ OUSADIA? (Valverde). — Não o creia. Enviou-nos
uma carregação de charadas novíssimas sem senso commum,
e disparatadas, no seu dizer, no nosso acceitaveis. Por
que não dêmos d'ellas uma amostra? Por que nos chega-
ram ás mãos quando já tínhamos milhares. Ficam no ar-
chivo esperando vez.
JOVEN AGRADECIDÍSSIMO (ílhêo). —Cremos que não terá
rasão de queixa. Nem todos dirão o mesmo.
SERÁ ADMITTIDO D'ESTA VEZ O CERTANEJO? [Africa).
— Certissima o seria, se os seus artigos não tivessem che-
gado quando já a parte litteraria-recreativa do Almanach
estava encerrada. Um d'ellos está prejudicado, o outro fica
no archivo para 1879,
COLLABORADOR ALEMTEJANO. — É tão estudioso, tão
prescrutador, e tão prompto em nos mandar amostras dos
seus trabalhos, que temos pena do nAo dispor de mais es-
paço para o contemplarmos. Agradecemos a boa yontade, como
agradecemos a sua remessa de 6 dè Junho.
ILLUC UNDE NEGANT... {Minho). — Como fóí que o sym-
pathico «scriptor que por tantos annos brilhou n'este li-
4* *
vrinho, e entre 08 seus mais assíduos collaboradores ; que
o poeta que não pôde deixar de trazer-nos á memoria os
nomes de D. Ánna Cândida, e de seu irmão Fr. Apolinário
do Coração de Jesus, deixou este anno de apparecer no
seu posto de honra? Não será fácil dizei -o.
QUEM MUITO FALLA POUCO ACERTA {Minho). — Que
remos acreditar que isto se hão entende comàigo. Para 79
fallaremos.
F. L. V. (Bahia). — Não julgue o que se considera pobre
tabareo que vamos debicar com elle por haverem sido re-
jeitados os seus escriptps. O que vamos é dizex-lhe que
tenha paciência até ao anno de 1879.
DIABO ENCARNADO (Algures). — Vade retro, Salan! En-
carnado que sejas, ou por encarnar. Aqui não ha o
Dr. Fausto absorto em cogitações, e desejoso de conhecer o
impossível para te vender a alma. Vade, retro !
DE ENTRE AS URZES ( Trazos- Montes). —Não foi a be-
nevolência, não ; foi a verdade quem nos levou á escrever
que os seus versos eram versos, e não simples regrinhas
metrificadas. Assim elles não fossem sempre, ou quasi
sempre, o reflexo d' uma alma que soffre.
Nào fique mal comnosco por este anno não podermos sa-
tisfazer o seu pedido, e castigue-nos continuando a honrar-
nps com os seus cantos.
SEMPRE A SAUDADE (Beira). — Sempre á saudade! e
Deus queira que ella nunca esmoreça, para que este li-
vrinho não chegue a ser esquecido. — D'aqui saudamos a
gentil poetisa, que de anno para anno revelia novos dotes
de intelligencia.
AILANNA — MADRUGADORA DEVOTA (Brazil). — Mani-
festamos um desejo! Mais ainda, fazemos um voto, e é da
raiz do coração. Praza a Deus que nunca chegue a desen-
cordoar-se, a lyra que tanto promette, e de que tanto ha
ainda a esperar.
50
CORREIOS
Segumde « refima de decreto de f • de feverelre 4
S9M «■» viger deede 4 de J«lbe de «eei e anne
Correspondências do reino e ilhas adjacentes
e da posta interna
Cartas
Franquia facultativa
Sendo franqueada por meio de sellos postaes :
Até 15 grammas inclusivamente 25 réis
» 30 » » 50 i
E assim por diante, subindo 25 rs. por cada 15 grammas,
ou fracção de 15 grammas que acrescer.
N&o sendo franqueadas por meio de sellos postaes :
Até 15 grammas inclusivamente 50 róis
» 30 » » 100 »
E assim por diante, subindo 50 rs. por cada 15 grammas,
ou fracção de 15 grammas que acrescer.
Jornaes políticos, litteraríos, scientifieos
e industriaes, cintados
Franquia obrigatória por meio de tellot pottaet
Até 50 grammas inclusivamente 2 Vs réis
» 100 t » 5 »
E assim por diante, subindo 2 ! /« rs. pof cada 50 grammas,
ou fracção de 50 grammas que acrescer.
Impressos cintados
Franquia obrigatória por meio de tellot pottaet
Obras periódicas que não sejam jornaes políticos, scienti-
fieos, litteraríos e industriaes e impressos de qualquer
tti
outra espécie, brochuras, provas de imprensa com cor-
recções feitas á mão, preços correntes, livros brochados
ou encadernados, catálogos, annuncios e avisos, circu-
lares completas, estampas, mappas, papeis de musica,
lithographias, gravuras ou photographias, bilhetes de vi-
sita com ou sem indicação escripta de serem destinados
a dar pezames, parabéns, parte de despedida e a agra-
decer, participação de casamento e de nascimento, con-
vites diversos completos, incluídos em sobrescriptos aber-
tos e convites para enterros :
Àté 50 grammas inclusivamente 5 réis
• 100 » » 10 •
E assim por diante, subindo 5 réis em cada 50 grammas
ou fracção d'este peso que acrescer.
Manuscriptos cintados, e amostras
Franquia obrigatória por meio de sellos postaes .
Manuscriptos que não tenham a natureza de carta, e amos-
tras diversas, apólices, titulos e outros papeis de corn-
ai ercio, lithographados, impressos ou gravados, que con-
tenham espaços preenchidos com letras ou algarismos
escriptos á mão, uma vez que sejam para completar
seus textos :
Até 50 grammas inclusivamente 20 réis
» 100 » » 40 »
E assim por diante, subindo 20 réis por cada 50 gram-
mas, ou fracção de 50 grammas que acrescer.
Correspondências estrangeiras
Recebidas avulsas por via de Hespanha, qualquer que seja
a sua procedência, não transmittidas em conformidade com
as convenções postaes:
Cartas
Até 1 5 grammas inclusi vãmente 200 «róis
» 30 » n 400 , »
62
E assim por diante, subindo 200 rs. por cada 15 grana
mas, ou fracção dê 15 grammas que acrescer.
Periódicos, e outros quaesquer impressos cintados,
gravuras, lithographias e photographiag
Até 50 grammas inclusivamente, 20 réis
» 100 » » 40 •
E assim por diante, subindo 20 réis por cada 50 gram-
, mas, ou fracção de 50 grammas que acrescer.
Recebidas avulsas ou em malas por via marítima, não trans*
mittidas em conformidade com as convenções postaes vi-
gentes :
Cartas
Até 15 grammas inclusivamente 100 réis
• 30 n » 200 »
E assim por diante, subindo 100 réis por cada 15 gram-
mas, ou fracção de 15 grammas que acrescer.
Periódicos, é outros quaesquer impressos cintados,
gravuras, lithographias e photographias
Até 50 grammas inclusivamente. 10 réis
» 100 » » 20 »
E assim por diante, subindo 10 réis por cada 50 gram-
mas, ou fracção de 5( grammas que acrescer.
Amostras, e fazendas cintadas
Até 50 grammas inclusivamente 40 réis
» 100 » » 80 »
E assim por diante, subindo 40 réis em cada 50 gram-
mas, ou fracção de 50 grammas que accrescer.
Correspondências registadas para o reino
e ilhas adjacentes
Franquia obrigatória por meio de sellos postaes
Por cada carta ou maço :
B3
k
Premio fixo do registo 100 réis
Porte, o correspondente ao peso segundo e classe da cor-
respondência registada.
Correspondências apartadas nacionaes
ou estrangeiras
Por cada carta, ou maço de impressos e amostras
de fazendas .* 10 réis
PROVÍNCIAS ultramarinas
Cartas
Franquia facultativa por meio de sellos posta es, ou dinheiro
Até 15 grammas inclusivamente 50 réis
,30 » » 100 n
E assim por diante, subindo 50 réis em cada 15 grammas,
ou fracção d'este peso que acrescer.
Não sendo franqueadas por meio de sellos postaes
ou dinheiro
Até 15 grammas inclusivamente 100 réis
«30 » » 200 »
E assim por diante, subindo 100 réis em cada 15 gram-
mas, ou fracção d'este peso que acrescer.
Jornaes políticos, scientificos, litterarios
e indu8triaes, cintados
Franquia obrigatória por meio de sellos postaes ou dinheiro
Até 50 grammas inclusivamente 5 réis
» 100 * » 10 »
E assim por diante, subindo 5 réis em oada 50 grammas,
ou fracção d'este peso que acrescer.
Impressos cintados
Franquia obrigatória por meio de sellos postaes ou dinheiro
Obras periódicas que não sejam jornaes políticos, scientifi-
cos, litterarios e industria es, e impressos de qualquer
outra espécie, broxaras, livros broxados ou encaderna-
dos, provas de imprensa com correcções feitas á mão,
catálogos, preços correntes, annuncios* e avisos, circula-
54
res completas, estampa*, mappaa, papeis de musica, li-
thograpbias, gravuras e photographjas, bilhetes de visita
com ou sem indicação escripta de serem destinados a dar
pezames, parabéns, parte de despedida e agradecer, par-
ticipações de casamento e nascimento, convites diversos
completos incluídos em subscriptos abertos, e convites
para enterros :
Até 50 grammas inclusivamente 10 réis
» 100 » » 20 »
E assim por diante, subindo 10 réis em cada 50 grammas,
ou tracção d'este peso que acrescer.
Hanuscriptos cintados
Franquia obrigatória por meio de sellos postaes, ou dvnheir
lfanuscriptos que não tenham a natureza de carta e amos-
tra* diversas, apólices, títulos e outros papeis de com-
mercio, lithographados, impressos ou gravados, que con-
tenham espaços preenchidos com letras, ou algarismos
escriptos á mão, uma vez que sejam para completar seus
textos :
Até 50 grammas inclusivamente 40 róis
» 100 » » 80 •
E assim por diante, subindo 40 réis em cada 50 grammas,
ou fracção d'este peso que acrescer.
Correspondências registadas
Gada carta ou maço :
Premio fixo do registo 100 réis
Porte, o correspondente ao peso segundo a classe
da correspondência registada.
Tendo o Brazil entrado para a união geral dos correios,
os portes das correspondeacias franqueadas com destino aos
diversos portos do Império são, desde o 1.° de Julhode 1877:
PELOS PAQUETES SUBSIDIADOS
Cartas
Franquia facultativa por meio de séllos do correio por-
luguez: até 15 grammas 100 róis, até 30 grammas 200 róis.
E assim suecessi vãmente subindo 100 réis em cada 15 gram-
mas ou fracção d'este peso.
Jornaes políticos, litterariòs, scientificos
e industriaes, cintados
Franquia, obrigatória: até 50 grammaB 20 réis, até fOO
grammas 40 réis. E assim successi vãmente subindo 20 féis
em cada 50 grammas ou fracção d'este peso.
Impressos de qualquer outra naturesa, livros, amostras
de fazenda sem valor, e papeis de commercio, cintados. —
Franquia obrigatória: até 50 grammas 30 róis, ate 100 gram-
mas 60 réis. E assim successi vãmente subindo 30 róis em
cada 50 grammas ou fracção d'este peso.
PELOS VAPORES MERCANTES E NAVIOS DE VELA
Cartas
Franquia facultativa: até 15 grammas 50 réis, até* 80
grammas 100 róis. E assim successi vãmente subindo 50 réis
em cada 15 grammas ou fracção d'este peso.
Jornaes políticos, litterariòs, scientificos e industriaes,
cintados — Franquia obrigatória: até 50 •grammas 10 réis,
até 100 grammas. 20 réis. E assim successi vamante subindo
10 réis em cada 50 grammas ou fracção d'este peso.
Impressos de qualquer outra natureza, livros, amo trás de
fazendas sem valor e papeis de commercio, cintados — Fran-
quia obrigatória: até 50 grammas 15 réis, até 100 gram-
mas 30 róis. E assim snccessivamente subindo 15 réis em
cada 50 grammas ou fracção d'este peso.
Pelas cartas procedentes do império do Brazil sem fran-
quia, ou com franquia insuficiente, cobrar-se-hâo no acto
da entrega os seguintes portes: 150 réis cada 15 grammas,
se vierem pelos paquetes subsidiados (Paquetes da Mala
lngleza, do Pacifico, e das Mmagpries) e 100 réis cada 15
grammaB, se vierem pelos vapores mercantes ou navios, de
vóla.
ADVERTÊNCIA. — Continuam em vigor os artigos 2.° e
seguintes do decreto de 18 de agosto de 1870, que não
ficam revogados por esta lei, e são os seguintes :
Artigo 2.° JÉ prohibida a inclusão de dinheiro, jóias, ou de quaes-
quer outros objectos de oiro ou prata, em cartas que nao forem re-
gistadas,
Ari. 8.° As cartas aio regfstadas r contendo qualquer dos objectos
mencionados no precedente artigo, serão retidas nas eetaçoes postaes
em que foram lançadas, e enviadas officialmente á direcção geral dos
correios, que procederá á sua abertura, e fará entrar nos* cofres da fa-
zenda, á qual ficam pertencendo os objectos n'ellas encontrados.
Art. 4.° No caso de perda ou descaminho de alguma carta regis-
tada, qne contenha dinheiro, jóias, «to., a administração geral dos
correios só pagará ao remettente a indemnisaçio de 50000 réis, nos
termos, do artigo 36.° do decreto de 27 de outubro de 1852.
Art. 5.° Às cartas que houverem de ser registadas, apresentar-se-
hao fechadas com lacre, que deverá prender todas as dobras dos
sobrescriptos.
Art. 6.° Os maços de impressos, manuicriptos ou amostras de fasen-
das, que conttaerem cartas^ serão porteados como cartas nao fran-
queadas, e remettidos ao seu destino.
Art. 7.° Os maços que. contiverem juntamente impressos manuscri-
ptos, ou amostras, deverão ser franqueados pelo maior porte, que
competir á classe dss correspondências n'olles encerradas; nao se
achando satisfeita esta condição, os ditos maços ficarão retidos nas
estações postaes, em que forem lançados, até lhes. serem afixados
pelos remettentes os sêllos necessários para complemeato dos respe-
ctivos portes.
§ único. Nenhum maço de impressos ou de amostras deverá exceder
o peso de 1:000 grammas.
VALES DO CORREIO
(Decreto de 31 de março de 1873)
Terras para onde se podem remetter vales do cor-
reio de 1:000 até 50:000 rs. e onde são pagáveis
pelos propostos dos recebedores da comarca.
Aguiar da Beira — Alandroal — Albergaria a Velha — Afc-
bufeira — Alcochete — Alcoutim — Alfandega de Fé — Alje-
zur — Aljustrel — Almeida — Almeirim — Alter do Chào —
Alvaiázere — Alvito — Amares — Ancião — Arraiolos — Ar-
ronches — Arruda — Aviz — Azambuja — Barquinha — Bar-
rancos — Barreiro — Batalha — Belmonte — Borba — Boticas
— Cabeceiras de BaBto — Cadaval — Caminha — Campo Maior
— Carrazeda d' Anciães — Carregal — Cartaxo — Cascaes —
Castello de Paiva — Castello (}e Vide -t Castro Marim —
Castro Verde — Cezimbra — Condeixa a Nova — Constância
— Coruche — Grato — Esposende — Ferreira — Ferreira do
»7
Zêzere — Figueira de Castello Rodrigo — Fornos d' Algodres
— Fragoas — Freixo d'Espada á Cinta — Gavião — Góes —
Gollegâ — Grândola — Ílhavo — Lagoa — Lourinhã — Mação
— Macieira de Cambra — Manteigas — Marvão — 'Mealhada
— Meda — Mertola — Mesão Frio — Mira — Miranda do Cor-
vo — Moita — Monchique = — Mondim — Mondim de Basto —
Monforte — Mora — Mortagoa — Mourão — Murca — Nellas
— Óbidos — Oleiros — Oeiras — Olhão — Oliveira* do Hospi-
tal — Oliveira do Bairro — Oliveira de Frades — Ourique
— Paços de Ferreira — Pampilhosa — Paredes — Paredes de
Coura — Pedrógão Grande — Penacova — Penalva do Cas-
tello — Penamacor — Penedono — Penella — Peniche — Poia-
res (Santo André de) — Ponte da Barca — Ponte de Sor
— Portel — Povoa de Varzim — Proença a Nova — Re-
guengos — Ribeira de Pena — Rio Maior — Sabrosa — Sal-
vaterra de Magos — Santa Martha de Penaguião — S. João
d'Areia8 — S. Pedro do Sul — S. Thiago de Cacem - S. Vi-
cente da Beira — Serdoal — Sattam — Seixal — Serpa — Ser-
nancelhe — Sever do Vouga — Sousel — Taboaço — Terras
de Bouro — Tarouca — Vagos — Vianna do Alemtejo — Vi-
digueira — Vieira — Villa do Bispo — Villa Flor — Villa
Nova de Cerveira — Villa Nova de Gaia — Villa Nova dou-
rem— Villa Nova de Portimão — Villa de Rei — Villa Real
de Santo António — Villa Velha de Ródão — Villa Viçosa
— Vimioso.
Terras pára onde se podem remetter vales do cor-
reio de 1:000 até 100:000 rs. e onde são pagáveis
pelos recebedores de comarca,
Abrantes — Águeda — Alcácer do Sal — Alcobaça — Al-
deia Gallega do Ribatejo — Alemquer — Alijó — Almada —
Almodovar * Amarante — Anadia — Arcos de Valle de Vez
— Arganil — Armamar — Arouca — Barcellos — Bayão — Be-
navente — Caldas da Rainha — Cantanhede — Castro Daire
— Ceia — Celorico de Basto — Celorico da Beiça — Chamus-
ca — Chaves — Cintra — Covilhã — Cuba — Elvas — Estarreja
— Estremoz — Fafe — Feira — Felgueiras — Figueira da Foz—
Figueiró dos Vinhos — Fronteira — Fundão — Gouveia —Gui
marães — Idanba-a-Nova — Lagos — Lamego — Loulé — Louzã
— Louzada — Maeedo de Cavalleiros — Mafra — Mangualde
— Marco de Qaaavezes —Melgaço — Miranda — Mirandeila
58
— Mogadouro — Monção — Moncorvo — Montalegre — Monte-
mór-o-Novo — Monte-mór-o-Velho — Moura — Moimenta da
Beira — Niza — Odemira — Oliveira d* Azeméis — Ovar — Pena-
fiel — Pesqueira (S. João da) — Pezo da Regoa — Pinhel —
Pombal — Ponte de Lima — Porto de Moz — Povoa de La-
nhoso — Redondo — Rezende — Sabugal — Santa Gombadâo
— Santo Thyrso — Sertã — Setúbal — Silves — Siníftes — Sou-
re — Taboa — Tavira — Thomar — Tondella — Torres Novas
— Torres Vedras — Trancoso — Valença — Valle de Passos —
Villa do Conde — Villa Franca de Xira — Villa Nova da Fa-
malicão — Villa Nova de Foscoa — Vilia Pouca d'Aguiar —
Villa Verde — Vinhaes — Vouzella.
Terras para onde se podem remetter vales de 1:000
até 200:000 réis, e onde são pagáveis pelos the-
soureiros pagadores dos districtos.
Aveiro — Beja — Braga — Bragança — Custei lo Branco —
Coimbra — Évora — Faro^— Guarda — Leiria — Lisboa —
Portalegre — Porto — Santarém — Vianna do Castello —
Villa Real — Vizeu.
Em Lisboa são pagos pelo thesoureiro pagador da direc-
ção geral dos correios.
O premio que se paga ele meio por cento qualquer que
seja a quantia, do vale de 1:000 róis para cima.
ILHAS ADJACENTES
Terras onde se podem emittir, e para onde se podem
remetter vales do correio de 1:000 até 200:000
réis, em moeda forte, pagáveis pelos thesonreiros
pagadores das repartições de fazenda.
Angra do Heroísmo — Horta — Ponta Delgada — Funchal
CONTINENTE
Terras onde se podem emittir vales para as Ilhas
Adjacentes de 1:000 até 200:000 róis, em moeda
forte, é onde são pagáveis os emittidos nas Ilhas.
Todas as capitães de districto, anteriormente descriptas,
com relação a vales da mesma quantia.
O premio n'estes vales ó também de 1 e meio por cento.
59
SERVIÇO TELEGRAPHICO
Por cada simples despacho trocado entre duas estações :
Dentro do reino
De i a 20 palavras para particulares 200 réis
Por cada serie de 10 palayras a mais 100 »
Para as redacções dos jornaes — metade da taxa.
Dentro do recinto de Lisboa e Belém
De 1 a 20 palavras para particulares 50 réis
Por cada serie de 10 palavras a mais 24 »
ESTAÇÕES DENTRO DA CIDADE DE LISBOA E BBLBM
Principal — Praça do Commercio, no edifício do minis-
tério das obras publicas.
Succursaes
Gaes dos soldados — Rua do Gaes dos Soldados, 134.
Correio geral — No edifício do correio.
Cortes — No palácio das Cortes.
Necessidades — No Pateo das Cortes.
Rato —
Ajuda — Junto ao palácio de SS. MM.
Belém — Rua direita de Belém, 43.
Bom Successo — Na casa da saúde.
Porto — Succursal — Na Alfandega.
A entrega dos telegrammas nas estações do reino — é por
próprio ou correio a vontade do expedidor ; sendo gratuita
nas distancias inferiores a um kilometro, e nas superiores,
por próprio, 200 réis até 5 kilometros e 50 réis por cada
kilometro além de 5.
Pelo correio é sempre gratuita no paiz.
Os despachos registados pagam mais 50. réis, e os con-
feridos mais meia Uxa,. sendo por eise facto registadas.
Os telegrammas t ordinários (os que pagam taxa simples)
sâo conservados durante 6 mezes, e os telegrammas regis-
tados (os que pagam a taxa de registo ou a de conferen-
cia), os de resposta paga, com certificado de recepção, e
os trocados cem as estações extra-eúropeas, por 18 mezes.
60
Custo <fe telegraamas e franquia de cartas para os principaes paizes
Reino (b).. ......
America do Norte
(New- York). . . .
America do Sul..
Austrália
Allemanha. . .
Áustria
Bélgica
China
Canadá
Dinamarca.. .
França
ibraltar . . .
recia
espanha (e).
ollanda. . . .
nglaterra... .
talia . » . . . .
oruega . . . .
ussia ......
fenecia. . . . : .
Suissa
Turquia. . . . .
Teleg. até 20 palar (a)
Pelo cabo „ .
submarino Por terra
-s-
1
-H
440300
30200
3#350
20650
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190930
30000
20850
0750
30550
10300
20850
10950
30300
30000
&01OO
30450
30200
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190750
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410850
10750
10750
10400
270500
190750
10850
£950
0850
20450
0400
10550
10750
: 10500
: 20200
20650
. 20100
10400
20450
Fraoqaias
Cartas
simples
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(c) 0150
(.); 0080
0150
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0160
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0060
0170
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Jornaes
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0010
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0020
0010
0035
0010
0015
0030
0020
0035
0030
0035
0015
0020
a) Cada serie de 10 pãTãvrã«7*í©mdêTÕ7cu8tá mais metade
dps preços marcados.
(b) Em Lisboa 20 palavras 50 réis.
(c) Por paquetes subsidiados. ~ '
(d) Por paquetes nâo subsidiados
61"
tasat-4* lO-jtttowas. po*.300~ rei*.
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3142
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3748
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13260
19750
33710
38540
50330
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56450
73100
77330
79570
78930
64430
62930
57200
62720
63820
59800
67610
123210
91820
86100
109070
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69800
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47480
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46960
48160
.44810
59860
93400
70020
65630
83830
63390
49320
67910
60570
* Independente da distancia do trajectD por mar, em que
se- gastam : por Dieppe, 6 horas ; por Boulogne, 2 horas e
meia. e por Galais, 2 horas e um quarto.
6* *
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PREÇOS DOS LOGARES NOS THEATROS
e mais casas de espectáculos publicas em Lisboa
8. CARLOS
(Na praça de S. Carlos)
Logares
Preços
6#060
6§500
4§000 .
2§500
1§600
1#2O0
§700
§320
§200
» » 3.» »
Geral
i
D. MARIA II
(Na praça de 0. Pedro)
Logares
Números
dos camarotes
Preços
8 a 13
3 a 7, 14 a 20
28 a 33
21 a 27, 34 a 40
i
2#500
3§500
30000
2§000
i§800
1§200
§600
«400
«250
§100
Camarotes de l. a ordem
> » *
2.»
» » »
» 3. a
Geral
73
TRINDADE
(Na rua Nova d» Trindade)
Lograres
Frizas
> ..•• •«••••••
Camarotes de 1.* ordem..
» > »
Camarotes de 2. a ordem..
» » »
Camarotes de 3.» ordem..
Balcão
Cadeiras
Superior
Geral
Varandas
Números
dos camarotes
A a C
B
8 a 15
i a 7, 16 a 22
31 a 38
23 a 29, 40 a 46
NOVO CIRCO DE PRICE
(Na rua do Salitre)
Preços
30000
2#000
30500
30000
20500
20000
10000
0700
0600
0400
0250
0420
Lograres
Camarotes com 6 entradas.
Cadeiras
Geral
BBsaaHaBHaHBBBai
74
Preços
30000
0500
0200
OYMHA8IO
(Na rua Nova da Trindade)
Lograres
Preços
Frizas (i a 6)
2$500
2$000
3$000 e 3$800
4$000
2$000 e 2$500
3 ff 000
i$200
$600
$400
$200
#*oo
(9 a 20)
Camarotes de í, a ordem
» » » Centro....
» de 2.* •
» * » Centro
de 3. a »
príncipe real
(Na rna Nova da Palma)
Logares
Preços
1$500
2$500 e 3$000
i$S00 e 2$000
1$000
$500
$400
$300
$200
$120
» . de 2. a »
» de 3. a »
76
RUA "HM 40NDE8
(Na rua dos Confies)
Frizas
Camarotes de l. a ordem. . .
• de 2. a '» . . .
» de 3. a • ...
Cadeiras
Superior
Geral
Varandas
* i 9 m | i ■ i i H I i
2$000
1$Ô00
l$ÔOO-i#400—- i$200
— i$000
3$000 — 2$500
2$2B0 — 1$800
— i$300
i$200 — 1$000 — #800
$400
$300
$200
$120
VARIEDADES
(Na rua do Salitre)
Logarea
Frizas
Camarotes de l. a ordem..
» de 2. a d
Cadeiras
Superior
Geral
Varandas
Preços
1 $500 — 1 $200
3$000 — *$500
— 1$600
1$000
$400
$300
$200
$120
2$250
78"
RECREIOS WHITTOYNE
(Largo do Passeio Publico)
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Logares
Pregoa
Camarotes de A.* ordem
3(000 e 3(500
2(000 e 2(500
(800
(SOO
(300
» de 2.* »
Geral
VIAGENS FLUVIIES
Tejo. . . .
LlSBOA. .
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• •
• •
• •
Guadiana (mertol a
Sado.. ..( SETUBAL «
I
Alcântara
Belém ,
Cacilhas
Barreiro
Seixal
V. R. de S. t0 António
Alcácer do Sal
Pregos
Popa
30
50
50
150
150
1(500
500
Proa
20
40
30
100
100
300
As carreiras de Alcaatara, Beleza e Cacilhas, sfto diárias e repe-
tidas.
Serviço de Terão
Cascaes, ida e volta 1(000 réis
• ida ou volta (600 »
Tf
DIREITOS PAROCBIÃES RIS FREGCEZIAS DE LISBOA
Sem capa 800, com capa 1$200 ; fora da igreja paro-
chial 6J400.
2V*. B. Estas quantias pertencem ao parocho ; ao thesou-
reiro se dará o equivalente da metade do que se dá ao
parocho.
Enterros
Corpo á terra. — Á mão, offerta 900, acompanhamento
600 ; de sege, offerta i#200, acompanhamento 800.
Caixão á cova. — Á mão, offerta 2#400, acompanha-
mento i#600 ; de sege, offerta 3$ 600, acompanhamento
20400.
De berlinda. — Offerta 9$600, acompanhamento 6J400.
De coche, com berlinda ou sem ella. — Offerta i9#200,
acompanhamento 12 $800.
N. B. Estas quantias pertencem aos parochos ; os quaes
não serão obrigados a acompanhar a pé fora dos limites
das suas respectiyas freguezias; ao thesoureiro se dará o
equivalente da metade da quantia, aue se dá ao parocho
pelo acompanhamento. <
Em Lisboa
Rua Augusta, 276 — Director, À. À. Moraes de Carvalho.
Rua da Prata, i4i — Director, A. P. Leão de Oliveira.
Rua dos Fanqueiros, 174 — Director, Joaquim José Lopes.
Rua de S. Bento, 300 — ; Director, Joaquim A. de Oli-
veira Namorado.
Rua Nova do Almada, 95 — Director, A. F. F., Ferxer
Farol.
No Porto
Rua de S. Pedro, 54.
78
COMPANHIA DE CARROAGENS USBONENSES
TABELLA DE PREÇOS
SERVIÇOS
Dentro da de ni ar caça o
POR DIA
Todo o dia, desde o romper do
$ol até á meia noite
Manhã, desde o romper do sol
até ao meio dia
Tarde, detde o meio dia até á
meia noite
Cada hora de serviço, antes ou
depois das horas supra
Ás HORAS
Detde o romper do sol até
á meia noite
Duas horas
Terceira e seguintes, não haven-
do interrupção
Meias horas depois das duas. .
Fora da demarcação
Além dos preços acima estipu-
lados paga-se mais :
Por cada leg fora da demarcação
Por cada meia légua mais. . . .
TREM
4 pessoas
40500
20500
3^500
0400
10500
0400
0200
0400
0200
TREM
2 pessoas
40000
20000
30000
0300
10300
0300
0200
0300
0200
CARR0I
10 pess.
70500
50000
60500
-0-
-0-
-#-
0600
0300
Demarcação para o serviço ordinário das carruagens
Dá-Fundo, largo de Ajuda, largo do Galhariz e egreja paro-
chial de Bemfica, largo de Carnide, calçada de Carriche
(Nova Cintra), Ameixoeira, largo da Charneca, alto da Por-
tella, largo dos Olivaes.
Estação central, largo de S, Roque. — Estação filial, ma
direita d' Alcântara n.°» 50 a 53. — Estações lelegraphicas,
trave? sa de Santa Justa n,° 95, e rua de S. Bento n.° 25.
79
TABELIÃ WS PREÇ OS DOS TRENS D& ALUGUER
PREÇOS D08 TRENS DE PRAÇA
Designação do serviço
Dentro da cidade
Corrida
Ás horas :
Cada hora
Cada V2 hora mais
Cada V4 de hora mais
Fora da cidade
N'uma área de 10 kilometros
a contar do ponto de partida.
Ás horas:
Cada 1/4 de hora de dia
Cada V4 de hora de espera. .
De volta para a cidade
Preços
de
dia.
Preços de noite
Atóál
hora
$300
$400
$200
«íoo
$150
$100
$320
$420
$210
$105
$155
$100
Dalhora
até ao
romper
da
aurora
$620
$820
$410
$205
$305
$100
78 do que for contado pelaid 1
Otxseryaçoeei
Sempre que forem transportados mais de dois passagei-
ros, angmenta-o preço por cada um que exceder, no equi-
valente a metade do que fica estabelecido para dentro da
cidade,, ©para fora com respeito a ida e voltai . :.--.'
Qualquer espaço de tempo, maior de cinco minutos,. que
exceda áquelle que se contar na forma da presente tabeliã,
será tido como um quarto de hora, para ser pago n'essa
conformidade.
O preço da passagem de noite só tem logar quando acetosa
a illuminação publica no ponto da partida (Art. 114.° do
Código de posturas).
80
IMPOSTO DO SELLO
Disposições de uso mais commum do Regulamento
de 18 de setembro de 1873
Testamentos
Art. 58.° Os testamentos, comprehendendo os públicos e
cerrados, deverão ser sellados antes de registados ; roas se
dentro de trinta dias, contados da abertura da herança ou
da epocha em que deviam produzir effeitos jurídicos, não
forem registados, nem houver sido pago o sello devido,
independentemente do registo, não poderão ser registados,
nem admittidos perante qualquer auctoridade ou repartição
publica sem terem sido revalidados pelo pagamento das res-
pectivas multas.
Art. 59.° sello dos testamentos públicos será pago nos
traslados, ou certidões, que forem apresentados a registo,
e o dos testamentos cerrados nos próprios testamentos. Os
traslados ou certidões dos testamentos públicos são também
sujeitos ao respectivo sello.
Escripturas
Art. 70.° Quando na mesma escriptura se celebrarem dif-
ferentes contractos dependentes ou não uns dos outros, at-
tender-se-ha ao principal para qualificar a dita escriptura,
afim de se conhecer qual a taxa do sello que lhe pertence.
N'este caso deverá exigir-se, além do sello correspondente
áquelle contracto, o que tocar a cada um dos outros con-
tractos accessorios, se. algum lhes estiver designado nas
respectivas tabeliãs.
| único. Será considerado contracto principal aquelle a
que corresponder maior salário na respectiva tabeliã de
emolumentos judiciaes.
Àrt. 71.° Pelas escripturas de compra e venda deverá
pagar-se o sello de 500 réis, estabelecido na verba 5. a da
classe 15. a da tabeliã n.° 1 Quando na mesma escriptura
houver também quitação, além d'aquell6 sello, pagar-se-ha
o que para este acto ó designado na verba 4. a da classe
3.» da tabeliã n.° 2.
81 6
Art. 72.° Se a escriptura fór só de quitação, o sello de-
vido será unicamente o determinado na citada verba da
classe 3.» da tabeliã n.° 2.
Art. 73.° Pela escriptura de mutuo ou usura, simples ou
com hypotheca, á devido o sello estabelecido na verba 4. &
da classe 3. a da tabeliã n.° 2. Se porém a escriptura for
só de hypotheca, será exigido o sello de 500 réis, designa-
do na mencionada verba 5.* da classe 15. a da tabeliã n.° 1.
Art. 74.° Além do sello de que tratam os artigos ante-
riores, ó sempre devido o do papel em que forem exarados
os actos ou contractos que ficam mencionados.
Arrendamentos
Art. 75.° Os arrendamentos feitos sem titulo são equi-
parados aos feitos com titulo para o pagamento do sello
correspondente, e os locadores podem manifestal-os por meio
de declaração escripta, séllada com o sello devido pelo con-
tracto, ante o escrivão de fazenda do conselho ou bairro
da situação dos prédios.
Certidões
Art. 76.° São só sujeitas a sello as certidões de teor ou
narrativa, passadas de documentos, livros, ou quaesquer
papeis.
Art. 77.° Se as certidões forem passadas independente-
mente do requerimento, pagarão só o sello designado na
verba n.° li da classe 9. a da tabeliã n.° 1. Havendo re-
querimento e sendo passadas n'elle, além do sello do re-
querimento, será devido o de 60 réis por cada certidão.
| i.° Se a certidão oceupar mais de meia folha, exigir-
se-ha o sello de 60 réis por cada uma das meias folhas a
mais.
| 2.° Se a certidão começar no requerimento, e conti-
nuar n'outras meias folhas, pela parte que oceupar no dito
requerimento será devido o sello de 60 réis.
g 3.° Ainda que a mesma certidão comprehenda differen-
tes factos ou documentos, será considerada como uma só,
se não contiver mais do que uma assignatura.
Art. 78.° Se em seguimento á certidão ou requerimento
houver na mesma meia folha algum termo forense, pagar-
se-ha por este o sello dos processos forenses.
*2
Disposições penaes
Art. 105.° A falta de pagamento do sello devido nos re-
cibos ou quitações, nas letras ou papeis commerciaes ne-
gociáveis, é sempre punida com a multa de 5 por cento
do valor representada no titulo.
8 1.° Quando o valor do titulo não for conhecido, a
multa é de 10#000 róis. Em todos os mais casos de falta
de pagamento do sello devido, a multa ó a do décuplo do
mesmo sello.
g 2.° As disposições d'este artigo são applicaveis aos que
não cumprirem o que fica determinado nos artigos 66.° e
86.°, e áquelles que, devendo pôr as competentes estampi-
lhas, as não pozerem, ou devendo inutilisal-as, as não imi-
ti li sarem, ou que empregarem estampilhas já usadas.
Art. 106.° As disposições do artigo antecedente não se-
rão applicaveis quando se verificarem as h^potheses pre-
venidas nos artigos 18.° e 19.°
Art. 107.°. As repartições, auctoridades ou funccionarios
públicos e os donos das ofQcinas de impressão, estamparia
ou lithographia, que não cumprirem as disposições dos ar-
tigos 84.°, 87.°, 102.°, 103.° e 104.°, incorrerão na multa
de 20JJ00O a ÍOOJJOOO réis.
Art. 108.° Os tabelliães, que não cumprirem a disposição
do artigo 1Q0.°, ficam sujeitos á multa de lOgOOO a lOOgOOO
réis pela primeira vez, e no caso de reincidência, ao per-
dimento do officio, além da multa.
Art. 109.° A pessoa, que expozer á venda, transportar ou
fizer uso de cartas de jogar sem o competente sello, e a
que não cumprir a disposição do § único do artigo 57.°,
pagará de multa o décuplo do sello por cada baralho não
sellado. Pela reincidência esta multa será quintuplicada.
| único. Exceptua-se d'esta disposição o caso de que trata
art. 54.°
Art. 110.° Os fabricantes ou as pessoas, que, tendo de
exportar cartas de jogar, não cumprirem as disposições do
1 4.° do artigo 54.°, incorrerão na penalidade do artigo
109.°, tendo o fabricante, quando não seja o exportador,
ainda a responsabilidade subsidiaria na pena de que se
trata.
Art. Jtt.° O corretor, que não cumprir a disposição do
83
art. 101.°, pagará pela prijneira yez a decima parte do
valor da letra que negociar, e, no caso de reincidência,
além do pagamento d'esta multa, perderá o logar.
Art. 112,° Aquelles que não tirarem as licenças compre-
hendidas na classe 14. a da tabeliã n.° 1, antes de prati-
cados os actos, que auctorisam, ou antes de acabar o tempo
da ultima licença, incorrem na multa do décuplo do res-
pectivo sello.
Art. 113.° Aquelle que no praso legal não registar a li-
cença na respectiva repartição de fazenda do concelho ou
bairro, onde exerça, ou haja de exercer o acto por ella
auctorisado, incorrerá na multa de 2JJ000 réis.
Art. 114.° Os que mandarem afflxar cartazes ou annun-
eios públicos, escriptos, impressos ou lithographados, sem
terem o competente sello, incorrerão na multa de 5#000 a
20g000 réis.
Art. 115.° Quem nos documentos mencionados no artigo
43.° empregar papel de formato maior ou menor do que
o estabelecido no mesmo artigo, se a differença para mais
ou para menos exceder a 5 millimetros, incorre na multa
de 5Q0 réis por cada meia folha que empregar nas ditas
condições, salvas as excepções n'elle declaradas. Quando a
infracção for commettida em documento que abranja muitas
meias folhas de papel, a totalidade das multas impostas
não. pode em caso algum exceder a 20g000 réis.
§ único. Esta multa não terá logar quando se provar
que não havia á venda papel de formato legal, na occa-
sião e no logar em que foi escripto o documento, nem a
distancia de 5 kilometros. É dispensada à prova d'este ul-
timo requisito quando se mostre que o acto para que foi
escripto o documento era de tal urgência, que não dava
tempo a que se procurasse papel çTe formato legal.
Art. 116.° As pessoas que, sem a competente auctorisa-
ção, devidamente sellada, venderem estampilhas ou papel
âe liado, incorrem na pena da perda das estampilhas ou pa-
pel sei la do que lhes for achado, e no pagamento de uma
multa de 1OJJ0OO a lOOgOOO réis.
Art. 117.° Quando houver falsificação de sellos, ou cu-
nhos de alguma repartição publica, ou de papel sellado, e
introducção dos mesmos no reino, serão applicadas as pe-
nas decretadas no código penal e legislação posterior.
,84
Art. 11S.° Ai infracções não mencionadas nos artigos
antecedentes serão punidas com mui ta até 20J000 róis.
Disposiçctarde uso mais commum das tabeliãs
cia lei do sello
(Carta de lei de 2 de abril de 1873)
SELLO FIXO
TABELLA N.° 1
CLASSE 9."
1 Os processos forenses (salvas as excepções decla-
radas na tabeliã n.° 3, e os casos em que para
os documentos juntos ao processo haja sello
especial designado) pagarão cada meia folha $030
São considerados processos forenses todos os ad-
ministrativos, em que houver parte interes-
sada.
As certidões dos relaxes dos conhecimentos de co-
. branca, que servem de base ao processo admi-
nistrativo, pagarão o sello correspondente ás
certidões.
2 Cartas de sentença, de arrematação, adjudicação,
formaes de partilhas e instrumentos para" ti-
tulo ou posse, executivos, instrumentos de ag-
gravo e traslados, por cada meia folha #o6G
Nos traslados não se comprehendem as contrafés,
que os officiaes de diligencias- devem entregar
aos citados.
3 Procurações, incluindo as feitas apud acta, por
cada meia folha $060
4 Tendo poderes para contratos, além do sello do
papel $300
5 Tendo poderes para geral administração, além do
sello do papel "..... $600
6 Tendo poderes para gerência de casa ou de casas
commerciaes, ou mercantis, além do sello do
papel . . . . , 5$000
7 Sendo passadas por negociantes ou firmas com-
merciaes para assignar ou aceitar letras, ou
fazer compras ou vendas mercantis, além do
sello do papel 5$000
8 Sendo passadas por bancos ou companhias, ou
sociedades anonymas nacionaes ou estrangei-
ras, aos seus agentes ou delegados, além do
sello do papel 10$000
Quando uma procuração tiver poderes para di-
versos actos, a que competir mais de uma taxa,
pagará somente a maior. Sendo eguaes as ta-
xas, pagará uma d'ellas.
9 Por cada substabelecimento, que se fizer, ainda
que seja na mesma folha $060
10 Traslados tirados das notas dos tabelliâes, cada
meia folha $060
11 Certidões, além do sello do requerimento, quan-
do o haja, por cada meia folha $060
12 Havendo em cada meia folha mais de uma cer-
tidão, por cada uma $060
Havendo na mesma meia folha algum termo fo-
rense, terá além d' isso o sello respectivo do
papel (vid. verba 4. a da classe 16. a d'esta ta-
beliã.)
Às certidões serão sempre passadas em papel sel-
lado, mas havendo novo sello a pagar por al-
gum acto exarado na mesma meia folha, ou
sendo passadas em requerimento escripto em
papel sallado, será pago este novo sello por
meio de verba ou estampilha (vid. artigo 49.°)
13 Termos de abonação dos vendedores de estampi-
lhas de sello, cada meia folha $060
14 Requerimentos, caia meia folha $060
classe 10. a
Recibos entre particulares e outro* papeie sujeitos a sello,
a tinta de óleo, antes de escriptos, ou ao de estampilha
1 Recibos entre particulares ou passados por par-
ticulares ao estado, a camarás municipaes, es-
tabelecimentos de piedade ou beneficência, fa-
cturas com quitação de qualquer natureza ou
proveniência, e outros qnaesqoer títulos ou
86
documentos que importem recibo ou obriga-
ção, sendo passados por escripto particular,
por qualquer quantia superior a 5$000 réis $020
As contas conferidas sem designação do praso de-
terminado do vencimento, passadas entre indi-
víduos residentes no reino e ilhas adjacentes,
que contenham .verbas de recebimento ou pa-
gamento de dinheiro, das quaes se não tenham
passado recibos sellados, ficam sujeitas ao sello
correspondente a esses recibos, como se para
cada uma d'ellas ho avesse documento especial
sellado.
classe 16.*
Diversos papeis
Papeis sujeitos a sello de verba depois de escriptos
ou ao de estampilha
Testamentos antes de serem registados, em todo
o caso dentro de trinta dias desde a abertura
da successão, ou desde que por qualquer ou-
tro motivo produzirem effeito jurídico, cada
meia folha $060
Os testamentos públicos não estão sujeitos ao
sello designado na verba 5 da classe 15.* d'es-
ta tabeliã.
Todos os documentos que não tenham sido sella-
dos ou que não forem escriptos, impressos, li-
thographados ou estampados em papel sellado,
e que Unham de se juntar a requerimentos que
se dirijam a tribunaes ou repartições publi-
cas, de qualquer ordem que sejam, pagarão de
sello em cada meia folha $060
Tendo pago sello inferior, como acto' ou docu-
mento, pagarão a differença.
Termos forenses lançados na mesma meia folha
em que tiver sido passada alguma certidão,
por cada um. $030
Os cartazes e annuncios de divertimentos públi-
cos, e quaesquer outros escriptos, impressos,
estampados ou lithographados, que se anexa-
rem nos logares públicos cada um $060
87
Nos cartazes em que por qualquer forma se an-
nunciarem espectáculos para mais de um
dia, será o imposto do sello devido tantas ve-
zes quantos forem os dias de espectáculo para
que servirem.
6 Cartas de saúde, cada uma . . #060
Papeis «ajeito* a sello de vertta depois de eoerftpée*
7 Processos flscaes, administrativos ou judiciaes,
nos casos em que hajam de ser sujeitos a
sello, por cada íneia folha $030
8 Os papeis, livros e documentos de particulares
que não forem sujeitos a sello especial, e de
que tenham de ser extrahidas certidões ou pu-
blicas formas por officiaes públicos, de cada
meia folha de que forem extrahidas as certi-
dões- ou publicas formas #060
9 Termo de repudio da herança ou de registo de
tutela, cada termo ou registo |}060
Papel* sujeitos a sello especial
10 Cartas de jogar nacionaes ou estrangeiras, por
cada baralho . , $040
TABELIÃ N.° 2
CLASSE 4.°
Letrai e outro* papeis que devem ter mriptos
em papel sellado
1 Letras da terra, ordens e letras sacadas entre
praças do reino e ilhas, sendo á vista e até
oito dias de praso :
De 5$000 réis até 20A000 réis $020
De mais de 20j}000 réis até 50JJ000 róis . §040
De mais de 50JJ000 róis até 100] "
De mais de lOOjOOO réis até 500
De mais de 500#000 réis até i:000 w
E mais 200 réis por cada 1:000|000 réis,
despresada qualquer fracção.
000 réis §060
000 réis §100
1000 réis §200
88
2 Letras de cambio, sacadas no continente do rei-
no e ilhas a mais de oito dias de praso, letras
da terra de mais de oito dias, letras ou escri-
pturas de contrato de risco marítimo, escriptos
a ordem, livranças, notas promissórias e bi-
lhetes de cobre :
De 5#000 réis até 20J000 réis $020
De mais de 20#000 réis até lOOflOOO réis
inclusivo J100
Por cada lOOgOOO réis mais ou fracção de
iOOjfOOO róis fltOO
3 Letras de cambio, sacadas no continente do rei-
no e ilhas, para serem pagas em praças es-
trangeiras de 20JJ000 réis até 100JJ000 réis in-
clusivo #020
Por cada 1OOA00O réis a mais ou fracção de
100JO0O róis J020
4 Letras sobre paiz estrangeiro sacadas em mais
de uma via, pagarão por cada via metade do
sello correspondente ao valor que representa-
rem em moeda portugueza pelo cambio corrente.
5 Conhecimentos de carregações maritimas juntos
ao manifesto, da carga ou despacho de saida
das embarcações, on que se apresentem para
se effeituar o despacho de importação, cada um #060
classe 6."
Bseripturae ê outros papeis sujeito* ao sello de estampilha
1 Escripturas de 'casamento com dote, quando se
não fizer menção de valores ou quando estes
não forem superiores a 50OJ000 réis 2JJ000
Quando se estipular dote de valor conhecido
de 500$000 réis até 5:0000000 réis . . . oflOOO
De mais de 5:000$000 réis a 10:000$000 réis iOflOOO
De mais de 10:000g000 réis ........ 15J000
Quando houver dote desconhecido, além do
valor declarado, por aquelle 2(000
Escriptura de casamento (vid. tabeliã n.o 1,
classe 15.*, verba 3. a )
2 Arrendamentos on eonsignaçâo de rendimentos
de bens immoveis por qualquer modo ou titulo
que sejam feitos, desde tOAOOO réis até róis
lOOflOOO #060
De mais de iOOtfOOO réis até 200Ã000 réis
inclusivo. . . : J100
E assim por diante, cobrando-se 100 réis por
cada lOOflOOO róis.
Não 8áo comprehendidos n'esta verba os ar-
rendamentos de direitos de exploração de mi-
nas.
N'estes contratos, o sello será calculado so-
bre o preço de todo o tempo do arrenda-
mento, não havendo estipulação de praso,
ou sendo este incerto sobre a renda de um
anno, contando-se além d'isso em ambos
os casos a quantia que se estipular a ti-
tulo de jóia ou qualquer outro.
Se o arrendamento for por menos de anno, a
taxa será a mesma que para o anno, ex-
cepto se a importância do arrendamento
for menor de lOOgOOO réis, sendo n'este
caso a taxa de 10 réis por cada mez.
Nos casos de sublocação ou cedência de ar
rendamento, parcial ou total, o imposto
do sello será calculado sobre a importân-
cia total da renda pela qual for feita a
sublocação.
Nos arrendamentos em que se não designar
praso, e, segundo o costume da terra, fo-
rem por menos de um anno, pagar- se-ha o
sello correspondente a um anno, e no ca-
so de serem prorogados por mais de um
anno, repetir-se-ha o sello por cada anno
que for vigorando.
Nos arrendamentos ruraes as taxas serão me-
tade das determinadas para os outros ar-
rendamentos.
Quando estes forem a géneros, será calculado o
seu valor pelas tarifas camarárias ou pelos
preços médios no ultimo anno, no mercado da
localidade.
90
Esta disposição ó applicavel aos reconhecimen-
tos de floreiros.
3 Bscriptura constitutiva de sociedade anonyma,
sendo o capital de 50:000^000 réis ÍOJOOG
De mais de 50:000^000 róis até 100:000^000 20|000
De mais de 100:000^000 réis até 4.000:000 $
réis, por cada 1:000#000 réis $050
Sendo o capital emittido por séries, a taxa será
calculada em relação a cada série.
k resolução que preceder a emissão de qual-
quer série, excepto a primeira de que fiaer
menção o contrato social, para ter validade,
será*transcripta no registo publico do com-
mercio conjunctamente com o documento com-
provativo do pagamento do competente sello,
sem o que a referida transcripção se não
fará.
4 Reconhecimento de foreiros, cada um, não sendo
a importância do foro superior a 10#000 réis $100
De mais de lOgOOO réis 1 p. c.
Passaportes
No governo civil de Lisboa:
Passados a nacionaes ou estrangeiros para fora do
reino e possessões ultramarinas. t JJ000
Nos demais governos civis:
A. estrangeiros para fora do reino i#000
k nacionaes para fora do reino pelo mar ou pela
raia secca IgOOO
Referendas
No governo civil de Lisboa :
Em passaportes estrangeiros para fora do reino e
possessões ultramarinas 1$000
Nos demais governos civis:
Em passaportes estrangeiros para fora do reino.... 1#000
91
Bilhetes de residência
No governo civil de Lisboa :
Referendas ou bilhetes permittindo a residência a es-
trangeiros por 3, 6, 12 mezes #400
. Nos demais governos civis :
Referendas ou bilhetes permittindo a residência por
3 mezes #050
Idem por 6 meses 8100
Idem por 9 » §150
Idem por 12 > §200
Nas administrações do concelho:
Referendas ou bilhetes permittindo a residência por
3 mezes |050
Idem por 6 mezes §100
Idem por 9 • §1 50
Idem por 12 » §200
Sahos-condnctos
Nas administrações do concelho :
k estrangeiros $040
Vistos dos passaportes
Nas administrações do concelho :
A estrangeiros pela permissão de entrada $040
Equação do tempo
Gomo o sol se retarda umas veses, outras se accelera, ou parece es-
tacionário, idearam os astrónomos para maior facilidade dos seus cal*
colos, reduzir estes movimentos deseguaes, a um tempo e movimento
egual e médio. É o que se chama — Equaç&o do tempo, ou differença
entre o tempo verdadeiro e o tempo uniforme, mostrado pela seguinte
taboa, em relação aos dias do mez. Entre outros usos serve também para
regular os relógios. Se ao ponto do meio dia marcado em uma boa me-
ridiána o relógio mostrar os minutos e segundos declarados na tabeliã
para antes, ou depois do meio dia verdadeiro, sabe-se que está certo.
Os minutos que levam o signal + devem exceder ao meio dia verda-
deiro, e os que levam o signal — devem faltar para elle.
9%
TABOA
DA ]
EQUAÇÃO DO TEMPO
Janeiro
Fevereiro
Março
DIA BQ. DOTBMP.
DIA
EQ. DO TBMP.
DIA
BQ. DO TBMP.
m. s.
m. 8.
m. 8.
5 + 5 42
5
+ 14 18
5
+ 11 44
10 + 7 50
10
+ 14 32
10
+ 10 30
15 -f 9 44
15
+ 14 26
15
+ 98
20 + 11 21
20
+ 14 1
20
+ 7 40
25 + 12 39 i
25
+ 13 20
25
+ 68
30 + 13 36
28
4- 12 48
30
+ 4 35
Abril
Maio
Junho
5 + 2 46
5
— 3 29
5
— 1 55
10 + 1 21
10
— 3 49
10
— 59
15 — 2
15
— 3 55
15
+ 1
20 — 1 7
20
— 3 46
20
+ 16
25 — 2 7
25
— 3 25
25
+ 2 10
30 — 2 55
30
— 2 51
30
+ 3 11
Julho
Agosto
Setembro
5+18
5
+ 5 42
5
— 1 23
10 + 4 56
10
+ 56
10
— 3
15 + 5 34
15
+ 4 16
15
— 4 48
20 + 5 58
20
+ 3 12
20
— 6 33
25 + 6 9
25
+ 1 56
25
— 8 18
30 + 6 6
30
+ 30
30
— 9 57
Outubro
Novembro
Dezembro
5 — 11 30
5
— 16 14
5
— 9 10
10 — 12 54
10
— 15 54
10
— 6 59
15 — 14 6
181
— 15 13
15
— 4 37
1 20 — 15 4
20
— 14 11
20
— 2 10
1 25 — 15 47
25
— 12 49
25
+ 19
30 — 16 11
30
— 11 8
30
+ 2 47
98
NASCIMENTOS E OCGAS08 DO SOL
NASCIMENTO 1 OCCASO
NASCIMENTO
OCCASO
H
s
APPARENTK | AMAHBKTÍ
8
?
WPAWniTl
APPAHBNTb
3
°
TEMPO TEMPO
MEMO. \ MÉDIO.
"
Q
s
X.
7h. 20''
21
54
41
25
M
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10
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35
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30
30
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23
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17
45
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25
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5 52
47
21
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57
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1 53
57
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7 4
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25
55
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£
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21
VI
'
25
38
27
«
M
Pag.
Decifrações
116
Pávida.
ii7
Agradecimento.
120
Agarrotado.
123
Sapo.
125
Idalina.
126
Castrametação.
131
Desamor.
136
Lavapé.
139
Maracujá.
143
Amada.
144
VIOLETA
CHARADAS, ENIGMAS E L060&RIPH0S
DO ALMANACH DE 1877
Pag. Decifrações
172 Cada um enterra seu
pae consoante pode.
174 Desmoralisar.
176 A prudência vence o
valor.
177 Rosa — Ornar — Sala —
Arai.
182 Gariama.
183 Atabale.
187 Gamboata.
190 Patarata.
192 Autos.
197 Merecimento.
203 Arara.
206 Hespanha — Sardenha.
207 Jacaré.
209 Mythologista.
215 Virgem Maria deslum-
brante pérola.
220 Metaphisica.
221 Par.
224 Logomachia.
225 Cantagallo.
230 Rosinha.
233 Godos, Alanos e Unos
viveram séculos an-
tes de Ghristo.
234 Gapido.
A singela flor que nasce
entre espinhos e abrolhos
em seu cálice recebe
as lagrimas de meus olhos.
146 Ennes.
147 Escala.
148 Cavaria.
155 Socotorino. ft
157 Externo.
158 Semiramis. 2
160 Esopo.
164 Armário.
165 Metallographia.
167 Seraphim.
169 Abatido.
170 Misericórdia.
i Notaram, e com rasao, alguns decifradoree que n'este logogrl-
pho nlo se menciona a 3.* syllaba.
* Bahio por engano, marcando ama syllaba da mala.
9»
Pag. Peelfraçfas
238 Desafio.
241 Salmão.
247 Agamemnon.
252 Viriato.
253 Fabordao.
255 Gimbalo.
258 Samao.
263 Patarata.
265 Giria.
267 Só Deus é grande.
268 Tabaco.
271 Baioneta.
273 Xaca — Ayam — Caro
— amor.
275 Deolinda.
281 Alcibíades.
282 Papa — alar — patê —
área.
294 Bule-bule.
287 Ermano.
290 Marrocos.
2é>4 Microcosmo.
298 Nespereira.
300 Patacão.
301 Palavras e plumas o
vento as leva.
304 Deus super omnia.
307 Bru-bru.
309 Paro — rico — anil —
olor.
312 Galla-galla.
314 Monopleurobranches.
316 Gaiola.
317 Amisade.
319 Caneca»
Pag. Dedfiraç&aa
320 Bolívia.
323 Bocage — Macedo.
324 Martello.
326 Varapau.
327 Loanda.
330 Europa.
333 Milton.
334 As syllabas olo.
335 Diadema.
339 Ch. — Iria.
339 Gh. enig. — Dá rida, sus-
tenta e mata (Arpão).
343 Jaboti.
344 Gastellar. *
347 Dovida por duvida.
348 Pedaço.
351 Pedido.
355 Carocha.
356 Domoça (Semana).
358 Quixote.
360 Ch. Falsabraga.
360 Enig. O que deve não
repousa como quer.
362 Vaganáo.
366 Desatar.
367 Caloteiro.
371 Papada.
376 Maria.
379 Biscoito.
380 Artemísia.
386 Osíris — Siris — íris.
390 Sofá.
396 D'ora a hora Deus me-
lhora.
398 Praia.
96
Mfl V.*
J|B> l]|£SJink|A
Com indicação do numero de -badalada! e postos encarregado! dos ttqoit
EH LISBOA
am
S. Engracia, B. António. .
S. Vicente, Santo Estevão.
Graça
S. Thiago, Sé, 3. Christov;
Carmo, Conceição Nova . .
S. Nicolau
Soccorro
S.Joeó
Pena ,
Bemposta, Anjos, Penha de
Franca
S. Sebastião >
Coração de Jesus j
Monserrate.. i
S. Mamede I
i
S. Isabel
Estrella
Lapa
Necessidades
S. Francisco de Paula
San tos-o- Velho
Paulistas . . . . .
Chagas
S. Roque
Martyres
3. Paulo...,
Para casarem os toqua. .
11 (B. do Sapato e V. de S. Ant
(Regedoria e Cabeço de Bola
12 Eso.Geraes, Chat de Dentro
13 Calçada- io Monte.
14 Loyos, Aljube, G. do Cast.
15 Q. do Carmo, G. do Depoeit
16 Praça da Figueira.
17 Mouraria.
18 Passeio (lado do norte).
19 Conv. da Encarnação,
20 (Campo de SanfAnna, Ar-
\ roios, Monte Agudo.
21 ] Quartel de Santa Rita.
{Largo de Santa Martha.
22 ( Amoreiras.
SCollegio dos Nobres.
|Rua Nova da Estrella.
( Buenos Ayres e Boa Morte.
jRua do Pau da Bandeira.
25 ^ Praça de Armas.
26 Pampulha.
27 Inglezinhas.
28 Juuto á Effreja.
29 Rua dos Flores.
30 Travessa da Queimada.
31 Governo Civil.
32 Cães do Sodrô:
7
23
24
EM BELÉM E OLIYAES
Olivaes
Ajuda — Boa Hora. . . .
Alcan tara — S. Pedro.
Belém — Casa Pia. . . .
Bemfica e S. Sebastião
Carnide e Odivèllas. . .
n
33
34
35
36
37
38
i
Casa do regedor. '
Calçada de D. Vasco.
Praça de Armas.
Guarda da Casa Pia.
* .....
Casas do* regedoras.
*tááAáU B áÉ„*éiádÉ
A Jitl
1 t 1 Utll
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HO £ORTO
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Sunto Ildefonso
Orfaos
Bomtim
Santa Catbarina,
Trindade
Cedofeita _
Lapa
Carmo
Clérigos
Victoria . . . . .
Misericórdia
Collegio
S. Nicolau «...
S. João Novo
S. Pedro de Miragaya. . . .
Ma>s trellos
Boa Viagem...
Villa Nova.
Campanhã
Campunhâ de Baixo
Paranhos *....
Lordello
Foe
Para cettarem, os toque*..
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7
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11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
28
27
28
3
Guarda do Aljube.
Guarda do quartel geral.
Jardim de S. Laiuro.
Guarda do B^mtim.
Guarda do Bolhão.
Liem.
Hospital de D. Pedro V.
Quartel d'infaut. n. 9 18..*
Guard» do (.armo.
Guarda da praça do Anjo.
Guarda da Relação.
Guarda de S. Domingos.
Idem.
Guarda da alfandega.
Guarda do mesmo edifício.
Porta Nobre.
Guarda de Massarellos.
Idem.
Casa da guarda.
Casa do regedor.
Liem.
Idem*
Guarda do Tr<*m do Ouro.
Guarda do salva-vidae.
KM COIMBRA
Sé Nova
S. Christovlo
&. Hartholumeu
Santa Crus
Santa Clara
Santo Autoria ém Olivas*
ECLIPSES 00 MWO OE 1878
? de Fevereiro
Eclipse annular do sol, invisível em Lisboa. — Princi-
pia ás 5 h., 19 m. e 8 s. da manha; e acaba is 10 h.,
S2 m. e 9 s. da manhã.
19 de Fevereiro
Eclipse parcial da lua, invisível em Lisboa. — Principia
ás 8 h. t 5 m. e 2 s. da manhã ; e acaba á I h., 4 m.
e 1 s. da tarde.
Grandeza do eclipse 0,840 do diâmetro lunar — 10,08
dígitos.
*© de Julbo
Eclipse total do sol, invisível em Lisboa. — Principia
ás 6 h., 41 m. e 8 s. da tarde; e acaba ás II h., 39
m. e 4 s. da tarde.
lt e IS de Agosto
Eclipse parcial da lua, visível em Lisboa.
a. m. s.
ínt» a lua na penumbra dia 42 8 48 14* tarde
Entra a lua na sombra., • 10 8 i »
Meio do eclipse • 11 3) 1 »
Sahe a lua da sombra. . . dia 13 58 da manhi
Sabe a lua da penumbra » 2 17 9 *
• de Maio
Passagem de mercúrio pelo disco do sol, parte visível
em Lisboa. — Ingresso ás 2 h., 37 m. e 20 s. da tarde;
egresso ás 10 h., 11 m. e 24 s. da tarde.
Conhecem-se as boras das marés p?la idade da lua, que
data do 1.° dia de lua nova. Procurando essa idade na to*
bella seguinte, ter-se-hào as horas de preamar e baixamar
em qualquer (fia. Se desejarmos saber, por exemplo, os prea-
mares e baixamares do dia 15 de janeiro, procuraremos este
dia na folhinha, e veremos ser o 12.° dia da loa, e proca-
nutto na- i. a colamna da tabeliã o n.° 12, acharemos na
mesma linha horisontat o que desejamos.
Quando na tabeliã das primeiras marés se notam marés
da tarde, as da manhã d'esse dia são as segundas do dia
antecedente, como acontece no dia 30 da lua, cujas marés
da marina são as segundas do dia 29.
. Tabeliã das preamares e baixamares no Teje
1DADB
Preamar
Baixamar
DA LUA
■ ■ >
DA MAMUl
DA TÀRMS
DA MANHÃ
DA TARDE
* • * •
— ; — * — -
h. m.
h. «t»
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9 32
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13 28
26
51
6 38
7 3
14 29
1 15
1 40
7 28
7 53
15 30
2 5
2 30
8 18
8 42'
W. B. As horas das marés do dia l da lua, b&o as mesmas
do dia 16; as do dia 2, das .do dia 17$. e assim por diante.
O dia 8 da lua | quarto crescente, e o dia 23 quarto mln-
unte,
guante, o dia
lua cheia e ò dia 30 lua nova.
160
COMPUTO EGCLESIASTICO
Áureo BMRero.-. .. .^...-. .-r *. Í7
Cyc* solar. , ii
Indicção romana .' 6
Epacta 26
Letra dominical ; . . . . F
TÊMPORAS
Março 13, 15 e 16 1 Setembro 18, 20 e SI
Junho 12, 14 e 15 'Dezembro IS, 20 e 31
FESTAS MOVEIS
Séptuagèsima 17 de Fevereiro.
Cinza. 6 de Março.
Paschoa. ... 21 de Abril.
Rogações . . . 27. 28 e 29 de Maio.
ÀseetífcftK . , 3© de Maio,
Pentecostes .... 9 de Junho.
SS. Trindade... 16 »
Corpo de Deus. . 20 »
Coração de Jesus 28 •'
Advento I de fez;'
QUATRO ESTACÕES 00 AMO
Primavera — 20 de Março is 5 h. e 7 m. da tarde,
fcstio — 21 de Junho á I h. e 27 m. da tarde.
Outono — 23 de Setembro* is 3 h. e 41 m. da manhã,
nverno — 21 de Dezembro is 10 h. da manha.
BERÇOES matrimoriaes
Todos os dias do anno, excepto desde quarta-feira de
Cinza até ao l. 4 domingo, depois da Paschoa, e desde a
l. a dominga é» Advento até dl» de Réis, em que sito pro-
hibidas.
101
!■ .'; V :■■ v #
FOLniMIA PORTUGUEZA
SIGNO DB T^VflfaPr II AQUÁRIO
I DE JANEIRO. Terça. %( GircumcisIo do Senhor. S. Fui-
gencio, B.,de ÍUspe. $. .Alfredo» adr. contra a có-
lica e a dôr de pedra. Feita nas freg. de S. André
e S. Marinha, Saltador, Graça* Barreiro e Seixal.
■ e a N. Senhora de Beúm na freg. da Magdakna,
Ind. em variai igr. Grande gala» Cortejo.
1 Quarta. S. Isidoro, B. M.
3 # Quinta. S. Antero, P« M. S. Aprigio, B. S. Genoveva,
V. Jnd. no conv. do Deiaygravo em iodai ai quin-
ta* i piras dg apfvy • eemo.a dm Posyimeula na
igr. das religiosas do Sacramento na 1.* quinta
feira de cada mez t e h»*ra sohmne da Instituição
do $S. em todai as quintas feirai do anno, das $
ás 9 A. da noite com Ind. L. nova á i h. e Í9
tu. da tarde. . >
4 Sexta. S. Gregório, B. S. Tito. Com. a* 13 sextas fei-
ras de S Francisca de Paula na sua igr. com Ind.
ph*.J i^D*;ATáM*on> £4*4- £*p- do ss.
em todas as 1." sextas feiras dos mezes na Cap.
do Senhor iesut doe Perdões na freg. da Magda-
Una.
6 Sabbado. S. Simeão Estelvta. S. Apolinaria. Vap. <fe
instrumental na Sé, e ao escurecer com. as matina*.
* Vm JiNtlM. ÍX*m*q9. WU »■ .BUs. fiéspar, Mt
chi* Baithaiftr, adtt contra atcidenttt epilépti-
cos e perigos de caminhos. Festa na freg. é*>$ San*
tus Beis (ao Campa Gránde)i Oferta na Sé, a quê
anulem SS. MM. Ind. no Lort to e Mlfe 'em Santo
Xmoro nd \.° dnmrago áe cada +ez. Ben emA ma
Menino Wus
7 Segunia. S. Theodorb. S. Tilion, Ab. adv. contra as
febres. Âbrem-st et tribunaee e mtrwmtHm et ot ea-
turhentot tnhmntf.
8 Terça. S. Lourenço fostinidno. Vmp. ée instrumental
na freg. de S. Julião.
9 Quarta. S. Julião, M. Fe*ta na* tua frég.
19 Quinta. S. Paulo, 4.« eremita. S» Gonçaf» de Ama-
rante, IK Fava âa Conceição na frtg. dê S. Julião.
11 3 Sexta. S: Rygino, P. M. S. Bonorata, V. rVtiie. os
not?. d'» 55. JVome de Jesus, de $. X*foaífi<ío, e de
N. Senhora da Divina Providenciai Q. crê*, ús B
h: i )9 m. da tarde.
tf S*bb*d*. 8. Satyro, M.
13 Domingo (1.° depois dos Reis). Nossa Samoa a db Je-
' éts". $. Hllatòo, B. JVsta na freg. dai Merece. Ind.
em $. Domingos para o? irmãos doi Afeio* no i°
domingo dê rada me%.
li ftorofo. S: Pelix de Nole. O B. Bernardino de Car-
bono. Capucho. IVt/ít a nbv. dos Detposorios dê
N. Senhora.
18 Terpa. S. Amaro, Ab. aòV. contra os achaques de per-
nas e braços. Festa na sua igr. a £"*Jo Amaro,
Conteieâo Velha, e em Bhaggraco no e*mt. io
mesmo nome eoth Lautpè*rnne. Com. as visitas á
tapêMd dê S. Amaro utè ao fim do mes.
16 Quarta. Os Santos Martyres de Marrocos. 3. Marcello,
P. Com. os dias dé Santa Bngratia na 84 pata
desaggrttoar » SS. Sacramento.
17 Quinta. S. Antão, Ab. ady. ebatra -a» ef j ii p ot as.
' Roma; Scfttoa, V. UV L. -ahma «f H -4.it 37 m.
19 Sabbmdo. S. Curato, M. F««p. e mat. na igr. de S.
Sebastião.
20 Domingo. (%.°) SS. Nona M Jhsbs. N. Senhor* da Di-
vina Providencia. S. Sebastião, M. adv. oontra a
peste. Festa na igr. do Hospital de S. Jo$é, e de
imtfmmmUai em S, Sebastião da Pedreira, feita
pela corporação dos marceneiros, de que é -patrono,
Prat. és manhã. end.* plen. na êrm. da 'Atfien-
são.
2i Segunda (Jej. no Patriarcado). S. Ignei, V. M. _
%% Terça (ift no Patr. t no Algarve). S. Vicente e S. Anas-
tácio, adv. oontra as doenças de qualquer género.
Festa em S. Vicente de Fora* na Sé, S. Sebaêtião
e Sé Catharina.
23 Quarta. Os Despesorios de N. Senhora com S. José.
S. Raynrando de Pefiaforte, adv. contra as febres.
Ind. nos conv. do Carmo e plen. nos dê S. Do-
mingos. -
24 Quinta. N. Senhora da Paz. S. Timetheo, B. M. O
B, Ifarco^no, D. Princ. a nov. da Purificação.
28 C Sexta. A Conversão de 8. Paulo, Ap. Festa e Lausp.
na sua freg. ft ming. ás 8 h. ê i& m. da torfa
36 Sabbado. S. Polycarpo, B. M. S. Pavia, V. Festa a
S. Sebastião na freg. dê S. Paulo; Dedicação da
Igr. da Colleginha. Óbito da Imperatriz Duquetja ,
de Bragança.
27 Domingo» (3.°) S. Joio Chrysostomo. Festa principal
do Sagrado Coração de Maria no most. da En-
carnação ê a N. Senhora da Piedade na freg. de
S. Paulo.
28 Segunda. S. Cyrillo, B. A B. Verónica, A. Brinc. a
nov. das Chagas dê Ckriêto na sua igr* por mu*
*iêa*in$tmmêutal.
m
19 DE IttífBflK*. TH\e* S« rrancisco de Salles. J%Ma #
laiiip. fwt talerias a £. Franasto de Salim. Festa
e inã. na igr. da Visitação a S. Francisco deSêU
fet.
W Quarta Sí Martinho. S. Jacintha.
3* Quinta. S. Pedro Nolaeco. S. Cyro, M.
ffTfilTT^ TTHj nfiSBhr pisois
i DE FEVEREIRO. S«*la. /Vg\, excepto no$ bispados
d' Elvas e Vizeu). S. Ignacio, B. M. adv. contra
os males do coração. S. Brígida, V.
2 # Soòdodo. ® Purificação db N. Senhora. Festa nos
Terceiro* do Carmo, ermida da Viciaria, S. Tkiago
e 8. Martinho, na Sé, e na Paroehial iar. éte lf.
Senhora da Purificação em Bueeilas. L. nova ás 7
h.- e 49 m. da manhã,
3 Domingo. (4.*) S. Braz, B. M. adv. contra as doenças
ào* garganta. O B. Odorico, F. Festa a S.graz
na Conceição Velha, em Santa Luzia, Sé, e na
freçs doe Martyres.
4 Segunda. S. André Corsino, B. Fatíetimento da prt*-
• > ceza a Senhora D. Amélia*
5 Terça, S. Águeda, Y. M. adv. contra as dores nos
peitos. Os Mil. do Japào. Matinaê na içr, dai Cha-
gas. Ind. nas conv. de Si Francisco.
6 Quarta. Às Chagas de Ghristo. S. Borothea, Y. M. Festa
e Lausp, na igr 1 ! das Chaga», e Te Deum de tar4e.
Festa ao Senhor Jesus dos Desamparados, eom Juk.
para as irmãos no most. d» Encarnação. lm%.
na erm. 4$ Qloria ao Cardai da Graça.
9W
7 M FftMMBIRO. 4)m«a. S. JU*ua**v4fa> *V
* *ardo. Fatia de S. Urbano na Hir. da§> Qfragas.
ê'Séxt*.$. Joio da Malta, fand. d» 0«d, 4a. S$. Triad.
Jwl. e Benç. nos seus conv.
9 Sabbado. S. Apolo*», -V. M. adr, contra .a dor do»
dentes. Festa na eata dê, Correcção, as Moni/sas^
10 3 Domingo. (5.°) S. Escolástica, Y. Fetia da arehCeon»
fraria do SS. Coração dê Maria e Exp. do SS.
Sacramento nas iar. ém Con\mendad*iras da En-
carnação. Q cr esc. ans 43 m. da tarde.
11 Segunda. S. Laiaro, B. O* fundadores dos Servitas.
12 Terça. S. Eulália. V. M. .
13 Quarta. S. Gregório ii.
14 Quinta. S. Valentim, AI. Fe*p. da trasladação dê S.
António na sua iyr. t a que çvstuma ossãtir a Ga-
mara Municipal. , ,
15 Sexta. Trasladação de S. António. fs. Faustino e le-
vita*. Festa em &. Antónia da St. -i •
16 Êábbalo. S. Porphyrio, M. *
17 $ Domingo da Septuagesima. S. Faustino. Com. os
itom', d» Jf«d*6 di Itais. Faz 33 anssa» a Ser.
Sr.» Infanta D. Antónia, irmã dEl+rêi. Peq. gala.
L. cheia ás 10 Hí e 43 a*, da manhã.
18 Segunda. S. Theotonio, l.° .prior do S. Crus de Coim-
bra. 6. Semilo, B. M.
19 Terça. S. Conrado, F. B. Álvaro de Córdova.
9ê Quarta. S. Efeuterio, B. AL
21 Quinta. S. Maximiano, B. M. S. Angela de Meneia,
V. M.
« Sesta. S. Margarida de tCoflona. A Godejr* de S. Pe-
dro em Àntiochia.
19 Èabowto. (Jej.) 6. Lazaro, Monge,
24 CA**»**?* *» Se»w«i*ifl. &. Mathiat, Ap. S. Sérgio, M.
* ; Q. «ttigr. ás % h. è 3g «. da mattAã.
ÍS Segunda. S. Casario, a B. Satoa sao de Aparício, F.
26 Terça. S. Torquato, Arcab. da Braga.
37 BE FSV1M1R0. Quarto. S. Uaodro. A B. Basodiia,
V. F.
98 Quinta. S. Roatfo, AS.
nairo xn auMCé i»»s
f DG MARÇO. Sexta. S. Adrião, M. S. Roteado. /**..
no* eonv. dê S. Domingo» e na igr. da Etperança
em toda* cm wxta* feira* d'e*êe mez.
% Sabbado S. Simplício, P. Ánno* da princesa Clotilde,
ftthm dê V*etor Manuel.
3 Domingo da Quinquay étimo. S. Hemiterio. M. das 40
hor«# na Sé, Corpo Santo e S. Luiz Bei de França
por oeontiâo da Exp>. do SS. Sacramento até terça
feira de completa*.
4 # Segunda S. Casimiro. S. LuHo, P. M. I. nova ás
% h. * 48 m. - da manhã.
5 T«rprt. S. Theophilo, B.
• Quarta feira de Cinza. (Jej. até á Pauhoa). S. Ollega»
rio. Benção ia Cinza na egr. do Corpo Santo,
Marlyret e na Sé por mutica instrumental. Pro-
hibem-te a» mmçãn* matrimoniem até á Pauhoa.
,7 Quinta. S. Thomas dÀquino.
8 Sesta. S. João de Dêi.g.
9 Subbadt}. S. Francisca Romana.
40 Domingo. (M <fn Qi^iresoM). S. Mititão e seus 39
Com** MM. Proe. em 5, i4ntâ* do Tojal, Villa
Franea e Catcae*. Princ. a not. de S. Joté na freg.
do* ãkertyre* por mueiea instrumental.
44 Segunda. S. Cândido, M.
4t 3 Terça. S. Gregório, P. adr* contra at dorea do estô-
mago. Q. crete. at 3 A. e %7 m. da manhã.
Ml
ia DE MARÇO. QmrU. (Temp.) A Q. $oieha;~V., Inf.
de Portugal.
14 Quinta. Trasladação de S. Boaventura. Vai a imagem
do Senhor dos Passos da Graça para a igr. de S.
Roque. Annos de El-Rei Victor Emmanuel, do prín-
cipe Utnberto e da Imperatriz do Brazil.
15 Sexta. (Tsmp.) S. Henrique. Proc. det Pagos da Gra-
ça. Com. a nov. do SS. Sacramento.
16 Sabbado (Temp.) S. Cyriaco, M. Com. a nov. da An-
nunciaçâo de N. Senhora.
17 Domingo (2.° da Quaretma). S. Patrício, Ap. da Ir-
landa. Proe. em Sacavém.
18 ® Segunda, S. Gabriel Arch. S. Narciso, Are. L. cheia
ás 8 h. e 33 m. da tardo.
19 Terça. S. José, para alcançar de Deus boa morte. Festa
e Làusp. na sua freg., igr. do Hospital de S. José,
freg. dos Martyres e em Betem, e com Jub. para os
irmãos, no most. da Encarnação. Faz 21 annos a
Ser. Sr." D. Maria José Beatriz, 3.* filha do Sr.
D. Miguel de Bragança.
20 Quarta. S. Martinho Dnmiense, Are. de Braga. Com. a
Primavera.
24 Quinta. S. Bento, Ab. adv. contra as mordeduras de
* • inseetos venenosos. Festa do Santo no most. da En-
carnação.
22 Sexta. S. Emygdio, B. M. S. Ambrósio de Sena, D.
Annos do Imperador Frederico Guilherme.
23 Sabbado. S. Félix e seus comp. MM. Matinas na freg.
do Sacramento.
24 Domingo. (3.° da Quaresma). Instituição do SS. Sacra-
mento. Festa e Lausp. de instrumental na freg.
do Sacramento. Ind. como a da Porciuncula em to-
das as igr. em que estiver o SS. Sacramento, ou
que tiverem a sua invocação. Proc. dos Passos em
Oeiras, Alverca e dos Terc. de S. Franâiscp «a
Arruda.
25 DE.JI4JIÇ0. X, S^unda.. |£ AnndnciaçAo de ífosaA
Senhora. Festa" e Lautp. na freg. e no mosL Sa
Encarnação e conv. de Santa Joanna. Q. tning. ás
4 A. e 16 w. da tarde.
26 Terça. S. Ludgero, B. S. Braulio, B.
27 Quarta. S. Roberto, B. S. Zozimo.
28 Quinta. S. Alexandre, M. S. Castor e S. Dorothea, MM.
29 Sexta. S. Bertholdo, G. S. Jonas e seus Comp. MM.
Proc. de Passos em Belém e feita no Desterro.
30 Sabbado. S. João Cl i maço, A.
31 Domingo (4.° da Quaresma). S. Balbina, V. S. Benja-
min, BI.
SIONO QE Wfci é à W - TAURUS
1 DE ABRIL. Segunda. As Chagas de S. Catharina de
Sena.
2 9 Terça. S. Francisco de Paula. Festa e Lautp. na
sua egr. L. nova ás 8 h. e 40 m. da tarde.
3 Quarta. S. Ricardo, B. S. Benedicto, F.
4 Quinta. S. Izidoro, Are. de Sevilha.
5 Sexta. S. Vicente Ferrer, D.
6 Sabbado. S. Marcellino, M. Princ. o septenario das Do-
res de N. Senhora em S. Nicolau, S. Justa, S. Fran-
cisco de Paula, Magdalena, ermida das Dores á Boa
Morte, Guia e S. António da Sê.
7 Domingo da Paixão.. S. Epifânio, B. M. Benção no Me-
nino Deus. Proc. dos Passos na Luz, e Santo-An-
tão do Tojal.
8 Segunda. S. Amâncio. B. Clemente de Ozino, A. Faz
annos o rei da Dinamarca.
Í09
9 DG ABRIL. Terça. Traslad. de S. Mónica. £ Procoro.
10 3 Quarta. S. Ezequiel, propheta. Q. cresc. àt 1 h. e
21 m. da tarde.
11 Outnía. S. Leão I, P. B. André do Monte Real, A.
12 Sexta. As 7 Dures de N. Senhora. S. Victor, M. festa
e Lausp. na erm. dai Dures, freg. dê S. Nicolau,
Santa Jutta e nas mais igr. onde houver .septena-
rio. Festa e exposição do SS. na Guia. Ftsta em
Santo António da Sé e em Santa Juanna.
13 Sabbada. S. Hermenegildo, M.
14 Domingo de Ramos. S. Tiburcio e S. Valeriano. MM.
Officio de Rimos em varias igr. Festa na Sé com
instrumental. Proc. do Triumpho de tarde da Cap.
dos Ttrceiros do Carmo, Madre de Deus, Campo
Grande, Loures e Almada.
15 Segunda. S. Lúcio, F. S. Bastifesa e S. Anastácia, MM.
Princ. as ferias.
16 Terça. S. Engracia, V. M. Port.
17 © Quarta feira de Trevas. S. Aniceto, P. M. OflUio de
Trevas na Sé, Martyres e em varias igr. L. dieta
ás 5 h. e 23 m. da manhã.
18 Quinta feira de Endoenças (►£ do meio dia em diante).
S. Galdino, B. e Cardeal. Festa de instrumental na
Sé. Ceremonia do Lavapés nos Martyres e Ajuda.
19 Sexta feira de Paixão (►£< até ao meio dia). S. Her-
mogenes, M. Oficio da Paixão em varias igr Proc.
do Enterro na Graça, Santa Isabel, Mercês, S.
Joanna, e em Belém.
20 Sabbado de Alleluia. S. Ignez de Montppoliciano, V.
Princ. a nov. de N. Senhora dos Prazeres. La-
dainha e anliphtma de N. Senhora com instru-
mental na igr. das Chagas.
21 Domingo de Paschoa. S. Anselmo, Are. de Cantnaria.
Festa de instrumental na Sé. Benção Papal. Festa
em todas os freg. Princ. a nov: de S. Catliarina
dê Sena. Pequena gala.
lio
22 Hf ABÇIL. ^ytin^.S. Sottero ». S, C»p, PP. |f||.
Anniv. dn Óbito da Ser. Sr* Infanta D. Isnbêl Mana.
23 Terça. S. Jorge, defensor do reino. Festa $ Lausp. na
sua frej.
24 C Qwrta. §. Fidelis de Sigmàringa, M., Prive a not. ia
Invenção da Santa Cruz. Q. ming. ás Th. e 50
m. da maiiliã.
25 gittnto. S. Marcos, Evang. Proc. da Saúde.
26 Sexta. S. Pedro de Rates» M. Prtiw. o# nov. de N. Senhora
do Resgate e N. S^nliora Mãe de Deut e dos Homens.
27 Sabbado. S. Tertuliano, B. S. Turibio
28 Domingo da Pas*hoeli. Fugida de N. Ssnhoba para
o Egypto. Patrocínio de S. José. S. Vital e S. Pru-
dencio. Festa a N. Senhora das Angustias em S.
Francisco de Paula. Commuuhão dos meninos e ser-
mão nas freg. do Sacramento e Magda lena.
29 Segunda N. Senhora dos Prazeres. . S. Pedro, M. adv.
contra a pedra que destroe as sementeiras. Festa
em S. Christovão e com L»usp na freg. da Pena.
Annos da Princesa D. Maria Thereza, filha do Im-
perador do BrazU. Outorga da Carta Constitucio-
nal. Gr. gala. Corlejo. Acabam as ferias.
30 Terça. S.. Gatharina, de Sena, V. D. Festa na igr* dos
Paulistas, Preparação para o mez dê liaria nas
igr. e cap. onde se efectua este exercido.
SIGNO DE jrasr/ «flk OElÉDÉfflS
i DE M\10. Quarta. S. Filippe e 5. Thiago, Ap. Com.
Çom. o mez de, Maria nas egr. do Crucifixo, Mi»
. lagres. Bom Successo, Mayilalena, S Paulo, S. Luiz
Rei de França e outras. Pronome de S. M. El
o Sr. D. Luiz I. Peq. gala»
m
J. DE MAIO. Quinta. . S, Mafalda, Inf. detortugal.
Ê. nova aos 16 m. da tarde.
3 Sexfa. Invenção da Santa Cruz.
# 4 Çabbado. S Mónica, mãe de S. Agostinho. />rtflf. a
I ' no». d« N.' Senhora dot Martyret por musica- ins-
trumental.
5 Domingo do Bom Pastor. t Maternidade de N. Senhor/.
. J5. .Pio ,▼. S. Angelo, M. Festa na igr. dot Mar-
tyret a S. Maria Egypciaca pela irmandade dos Ar-
cheiros; ao Patrocínio de S. Joié na igr. da Es-
trella; a N. Senhora do Resgate, na sua erm. % e
ao Senhor Jesus dos Perdões, na frey. da Magda-
lena.
6 Segunda. S. João ant portam latinam, patrono dos
livreiros.
7 Terça. S. Estanislau, P. M. Festa da coroação de es-
pinhos de N. Senhor, no eonv. de S. Joanna. Prine.
a nov. de S. João Nepomuceno.
8 Quarta. Appariçao de S. Miguel Archanjo. Festa na
sua igr.
9 3 Quinta. S. Gregório Nazianzeno, B. Q. cr esc. ás 9
h. e 58 m..da tarde.
ip Sexta. S. Antonino, Are. de Florença. Feita ao Pa-
trocínio de S. José na egr. das Albêrtas.
II Sabbádo. S! Anastácio, M.
12 Domingo. S. Joanna, princesa* de Portugal, Y. D. Festa
no seu eonv.
13 Segunda*. %.S?nhora dos Martyres. S. Pedro Regalado.
Festa na sua freg. Com. a nov. de S. Rita nas
freg. de S. Julião e Ajuda. Faz annos Sua San-
tidade o Papa Pio IX.
1.4 Terça. S. Gil. índ. como a da Porciuncula em des-
aggravo pelo desacato em Palmella, em todas as
egr., cap.e erm. em que estiver o SS. t ou tiverem
á sua invocação. '
15 Quarta. S. Isidoro, lavrador.
Íi2
16 DE MAIO. © QtiMfe S. João Nepomuceno, M. adv.
dos energúmenos. S. Ubaldo, B. Fenfa na egr. do
Cofpo sinto pela Ordem feris -dê &• Francieeo.
L. cheia á 1 h. e 57 m. da fard*.
17 S*ría. S. Pascoal Bàylão, F. S. Possidonio. Prine. a
nov. de S. Filippe Nery.
18 Sabbado. S. Venâncio, M. adv. contra as auedajs.
19 Domingo. S. Pedro Celestino, P. S. Ivo, F.
20 Segunda S. Bernardino de Sena, F.
21 Terça. S. Manco, M., 1.° B. d'Evora. Com. a nov. da
Ascensão na tua ermida.
22 Quarta. S. Rita de Cássia, V. S. Quitéria, V. M. adv.
contra a mordedura de cães damnados.
23 Quinta. S. Basílio, Are. de Braga. S. Desiderio, B. M.
24 C Sexta. N. Senhora Auxiliadora dos Christâos. S.
' Afra, M. Q. ming. á 1 h. e 8 ro. da manhã; An-
nos da Rainha Vietoria de Inglaterra.
25 Sabbado. S. Gregório vu, P.
26 Domingo. S. Fifippe Nery, íund. da Congregação do
Oratório.
27 Segunda. (Lad. Abst. de carne e proc.) S. João, P. M.
28 terça. (Lad. Abst: de carne e proc.) S. Germano, B.
29 Quarta. (Jej., lad. e proc.) S. Máximo, B. S. Theo-
dosia, Y. Embarca o cyrio do Cabo.
30* Quinta. j% Ascensão do Senhor. S. Fernando, rei de
GasteHa. Feita na freg. do Sacramento, Santa Mar-
tha t e conv. de Santa Clara. Faz-se a hora^ nos
Martyres, 8. Julião e no Sacramento. Feita, íttutp.
e Ind na erm. da Ascensão. Nome de S. M. Bl~nei
o Sr. D. Fernando. Peq. gala.
31 Sexta. S. Petronilla, V. B. Diogo Salomonio, D.
Prine. a nov. do Pentecostes.
Íl*-A 7 ▲
«U &** '
ttwo de ffJsdBfisBp ^j oAiícam
1 DE JUNHO. O Sabbaio. S. Firmo, M. S. Fortunato,
Presbytero. Com* a trtzena de S, António ná sua
içr. L. nova à i h. e Ok m. da manliã.
2 Domingo. S. Marcellino, B, S. Pedro. Proc. do Corpo
t dê Deus, no Salvador.
3 Segunda. S. Paula, V. M..S. Ovídio, Are. de Braga,
adv. contra o mal d'ouvidos. Desembarca o cyrio
do Cabo.
4 Terça, S. Quirino, B. M. S. Fraocisco Caracciolo. tras-
ladação de S. Pedro, M. l>.
5 Quarta. S. Marciano, M. 5. Bonifacip, B. M.
6. Quinta, $. Norberto, M. S* Alexamlre, B. M.
7 Sexta. S. Roberto, Ab. S. Paulo, B. de Constantino-
pla* Com. a nov. da SV. Trindade.
8 3 $t$bbnplo. (Jej.) S. Salustiano. S. Syria, V. adv. contra
as febres.. Q. cre>c. ás 3 h. e 21 m da man/iã.
9 Domingo de Pentecostes. S. Primo « S. Feliciano. Fet-
. ta de instrumental na Sé. Sae da fveg. de S. Pe-
dro em Alcântara o cyrio de N. Senhora das Mer-
eis para Agualva.
ip Segunàfl*- S, Margarida, rainha de Çscona. .
ii Terça. £. Bernabé, Ap. Princ. a nov. do Corpo de
Deus, e a da Senhora da Conceição da Rocha na
£<• Chegada do eyrio das Mercês.
ií Quarta. (Temp. jej.) S. João de S. Facundo.
13 Quinta (1J4 no PatriarcUado). S. António de Lisboa,
deparador das cousas perdidas. Festa de instrumental
na sua igr. a que assiste a camará municipal de
Lisboa.
14 Dfi KJlftfO. $ S>*ta. (Ttmp. jej.) S. B*HW rfágnè,
L. cheia as it h. e' í7 m. d* tara».
15 Sabbado. (Temp. jej.) S. Vito, S. Modesto, S. Cres-
cencia, MM. S. Abrahão, Ab. adr. contra 6 dema-
siado choro das creanCas. Com a nov. de S. João
Baptista. Matinas na freg. da Encarnação.
16 Domingo da SS. Tkindade. S. João Francisco Rtgis.
17 Segunda. S. Maitael e seus Ir. adv. da paciência, MM.
A B. Thereza. Festa da irmandade d»»s Clérigos
Pobres, á que assiste como juiz S. Bminencim, na
freg. da Encarnação.
18 Terça. S. Leôncio, M. S. Amando. S. Cafogero, Conf.
adv. contra o mal das hérnias e tentações do de-
mónio.
19 Quarta. (Jej.) S. Joanna de Falconw, V. Festa de
Desag. no most. da Encarnação. Pr int. a nov. do
Coração de Jesus na Màgdnhna e egr. de S. Pa-
trício. Proe. do Corpo de Deus da freg. dos Mar-
tyres.
20 Quinta. |J Corpo de Decs. S. Silvério, M. Proe. da
Cidade. Festa nos cone. de S. Ciara e de S. Joanna.
Princ. a nov. de S. Pedro. Peq gálá.
21 Sexta. S. Luiz. Gonzaga. Princ. as nov. da Pureza
de N. Senhora e a de N. Senhora Mae de Deus e
dos Homens. Com. o estio.
22 C Sabbado. (J'j.) S. Paulino. Q. ming. át 6 h. e 41
m. da tarde.
23 Domingo. S. João, Sacerdote.
24 Segunda. >J< Nascimento de S. João Baptista, adr. con-
tra as dores de cabeça. Festa na Penha de Fran-
ça, S. Joãà da Praça, Lumiar, Almada e Alcochete.
25 Trrça. S. Guilherme, Ab. S. Febronia, V. M. S. Tade,
adv. contra a tosse.
26 Quarta. S. João e S. Pattia, Hr. MM.
27 Quinta (J j.) S. Theodorico, Ab*. Proe. do Corpo dê
Deus na Sé, de xarãe.
ft* t
29 Í>E JUNttd. Sexta, £t O SS. CuugZo i« taw. $.
|*ao II, f. F«<a na Estreita, a que assistem SS.
MM., Gran-Cruze$ * e Commendadores. Feita nas
Francezinhas, Santa Clara; e a N. Senhora Mãe
dos Afflictot, nat religiosas do Sacramento. Festa e
proc. na igr. de Jesus. Peq. gala.
19 Sabbado. £< S. Pedro e S. Pauto, Ap. Festa na igr.
de S. Pedro em Akaniara, nos lnglezinhos, Lumiar,
Cintra e Seixal.
30 Domingo. A Pureza dk N. Senhora. N. Senhora
Mãe de Deus e dos Homens. S. Marçal, B. adv.
contra os incêndios. Festa na freg. de S. Mamede
a JV. Senhora Mãe de Deus e Homens, Festa na
Graça. L. nova ás II h. e 57 m. da manhã.
SIGNO f f iMÉlTMi DE LSO
i DE JULHO. Segunda. S. Theodorico, Ab. S. Júlio, M.
1 Terça. Visitação de N. Senhora. Festa em S. Roque e
nat Salesios.
3 Quarta. S. Jacinto, M. S. Heliodoro, B.
4 Quinta. S. Isabel, Rainha de Portugal. Festa e Lausp.
na sua freg,
5 Sexta. S. Athanasio, M. Bemaventurado MiguoF dos
Santos, adv. contra os canqros e tumores.
6 Sabbado. S. Domingas,V. M. Princ. a nov. de S. Camillo.
7 3 Domingo. S. Pulcheria, V. Com. a nov. de N. Se-
nhora do Monte do Carmo. Q. cr esc. ás 7 h. e 46
; m. da manhã.
& Segunda. S. Procopio, M.
9 Terça. S. Verónica Juliana, capuch.
49 Qwí a - S- Januário e seus 6 Irm. MM. Princ, a nov.
de Santa Justa.
USD
U «r Jl&HO, QmMi. S. Fio, P. M. TneUd. 4* S.
' Bento.
11 Sewta. S. Mo Gualberto, Ab.
43 Sabbado. S. Anacleto, P. M. Faz 47 atmoi a Ser. Sr*
D. Afaria i4»*a, 5.» /(Ma do Sr. X>. JffcwJ de
Bragança.
ib& Domingo. N~ Senhora do Patrocínio. S. Boaventura,
B. X. cheia ás 40 h. e 21 m. da manhã.
45 Stpunda. S. Camillo de Lelis. Fíifa do Santo na freg.
da Magdalena.
lo Ifcrp». Tríumpho da Santa Cru*. N. Senhora do Monte
do Carmo. Festa em S. Nicolau, igr. das Alberta*,
eonv. da Estreita e egr. dos Ttrc. do Carmo*
47 Quanta. S. Aleixo.
18 Quinta. S. Symphorosa e seus 6 filhos MM.
19 Sexta. S. Vicente de Paulo. S. Justa. Festa e Lausp.
na freg. de S. Justa. Princ. a nov. da Senhora
S. Anna.
20 Sabbadp. S. Elias, Propheta. Festa ao Santo na cap.
do Carmo.
24 Domingo. O Anjo Custodio do Reino. S. Praxedes, V.
Festa na freg. do Sacramento. Faz 35 annos a Ser.
$r.* Infanta D. Maria Anna* irmã de El-Rei. Peq.
gala.
22 C Segunda. S. Maria Madgalena. Festa e Lausp. na
tua freg. Q. ming. ás 41 h. « 42 m. da manhã.
23 Terça. S. Apolinário, B. M. adv. contra as quebra-
darás. S. Libório, B. adv. contra a dor de pedra.
24 Quarta. S. Cbristina, V. M.. S. Francisco Solano, F.
Desembarque do Exercito Constitucional em Lisboa.
25 Quinta. S. Thiago, Ap. adv. contra os' perigos da guer-
ra. S. Christovão, M. adv. contra o fastio. Festa
em S. Thiago. Festa e Lausp. em S. Christovão.
26 Sexta. S. Sympfaronico, S. Olympio e S. Theódulo,~MM.
Com. a nov. de S. Domingos.
27 Sabbado. S. Pahtaleão, medico.
28 ttC itfLHO. Domingo. & Anna, M*M>a MripfefrSfci!**
adv. contra a esterilidade dos casados. S. Innocen-
cio e S. Victor, PP. Féiftf ék instrumentai iuw
freiras de SanfAnna, Santa Joanna, e cletnstrm da
Si. Festa em Bem fica, e no Livramento «tf* Alcân-
tara.
M$M Segunda. S. Martha, V. adv: contra a lagarta e
pulgSô qne destruo as vinhas. Ftsta na Ata igr.
Princ. a nov. de 8. Caetano. L. nova ás 9 h. ê
6 m. da tarde.
30 Terça. S. Rufino, M. As Ss. Donatilla e Máxima,
31 Quarta. S. Jgnacio de Loyola, funda- lo r da Companhia
de J sus., Conf., adv. contra os partos perigosos.
Juramento da Carta. Fax 13 annos o Ser. Sr.
Infante D. Affonso. Gr. gala. Cortejo.
SIGNO DÉ /£ J^SSKX* VIROO
1 DE AGOSTO. Quinta. S. Pedro nd Vincula. Os Mar-
tyres de Chellas. Os Ss. Machabeus Irm. MM.
1 Sexta. N. Senhora dos Anjos.
3 Sabbad». Invenção de S. Estevão, Proto-martyr. S. Er-
milto, M. Princ. a nov. de S. Clara.
4 Domingo. S. Domingos, conf. adv. contra as febres. S.
Tertuliano, M. Festa no onv. dê S. Joanna.
3 3 Segunda. N. Senhora das Neves. Festa na freg. do
Soccorro. Faz 16 annbs a Ser &>.• D. Maria dm
M-ves, filha do Sr. D. Miguel de Bragança. Q.
cresc. ao* 45 m. da tarde,
t Tétça. Transfiguração de Chrislo. Santiago, Eremita.
Festa na igreji do Salvador. Com. a nov. de N.
Senhora d f Assumpção'.
. 7 Hgt4âQ£Ta Quarta. S. Caetajao. & Ato***. wmL
• -i ad** *»ntta,as «taõe*. &, Severino* M. O fi. Vicente
4* Aqmla. 0rú*. • «o», de 5. Moqvt.
+. Quinta. S. Cjrriacp e. ; s0tp ÇC, MM.
$ £#**«» &. Romão, M. ad?. coatca as m,ordeduras de
.. çSes damnad ••&. O 8. João de Salerno, 0. Com. a
n*»v. de S. J*»aquim.
10 Sabbado S. Lourenço, II. patrono dos pa*e|antea. S.
Filomena. V. U. Festa e fausp, na freç. de $. { Lou-
renfo.
11 Domingo. S. Tiborcio e S. Susana, VV. MM.
Í%&$euun4a. S. Clara, V. E. S. Graciliano, Jtf. /*>**
. «A «««. t^r. * *a da* Fr<m*e*in/t*y. /r. cfata {is
11 A. e 4£ m. da tarde.
13 Terça. S. HyjtoJMo e S. Cassiano, MM*
14 .finara //«j .; S. Eusébio. B. Sancho. Sae o eyrio
de JV. S*nkora do Rosário da freg. da Magdalena
pnrá n Barreiro.
15 Quinta. Çfr Assumpção os N. Senhora. S. AU pio, B.
F«iía na Sé am instrumental, e festa e ind. em
varias igr , e na sua ermida aos Paulistas, e ar-
raial, »Q Barreiro.
16 Sexta. S. Roque m adv. contra a peste. Festa na igr.
dê S. Roque. Com. a nov. do Sagrado Coração dê
Maria.
17 Sabbado. S. Mamede, M. adv. contra a falta de leite
nas mulheres que criam. Festa e Lautp. na sua freg.
48 tymna*, S. Joaquim, Pae de Si. Senhora.
19 Seauuda. S. Luís» B. F. Princ. a nov. de $. Agosti-
' nta,
$& Terça, S. Bernardo, Ah. $. Leoyigildo.
11 Ç Quarta. S. Joanna Francisca de Chautel, Viuva.
Festa a Santa ÇmbeUna nas Salesias. Q. minft. as
3 /|. • 34 m. 4a mantf. . "
21 Quinta S. Timotheo, M. ,
33 Sexta. S. Filippe Beoicio. St Liberato e seus CÇ. ÍW-
24 > DE"iCSMT0Í SàMmfy. S: Barfhotome*, Affc idrVi5<m-
tra o medo. !fcii' 23 annof a Sér; 'Sr.**!*. Jíarta
rtoma, 2.» /ítoa do Sr. 0. MigutVãé Bragança.
25 Domingo. O Sagrado Coração de Maria. S. Lttif, Sei
;"' de França. Festa na sua erm. ao Campo Xrtèmàe,
no most. da Encarnação e na egr*. de 8. Luiz da
nação franceza.
Stó Segunda. $. Zeferino, P. M. S. Gener, M.
27 7erpa. S. José de Calazans. S. Rufo, B.
28 # Quarta. S. Agostinho, B. e Dr. da Igr. £. nova ái
5 % e 26 m. dá manhã.
29 Quinta. Dègoiaç&o de S. João Baptista. S. Sabina.
30 Sexta. S. Rosa de Lima; V. D. S. Fiacrio, conf. adv.
contra os cancros. Com. at nov. da N. Senhora
das Necessidades e de N. Senhora da Luz.
31 Sabbodo. S. Raymundo Noniíato, Cardeal. Festa em 8.
Martha.
*
SXQtfO DE fe»«i£* iR . LIBRA
* Nllttr*
1 DE SETEMBRO, domingo. S. Egydio, Ah. Princ. a
nov. de S. Nicolau Tolentino. Com. as ferias.
2 Segunda. S. Estevão, Rei da Hungria. S. Brocardo.
3.3 Terça. S. Eufemia, V. M. Q. eresc. ás 7 h. e 52
m. da tarde.
4 Quarta. S. Rosa de Viterbo, V. F. S. Cândida.
5 Quinto. S. Antonino, M. B. Gentil, M. F.
6 Sexta. S. Libania, Y. A.
1 Sabbado. Ss. João e Anastácio, MM. -
tiix
^
S, ftdrify, M. a$v. contra, a peste «
Filia a JV. S«nhora a Franca na (reg f ~de $. Thia-
i; 90» P*la corporação dos certeiros. Fejta e Laus»,
na erm. da Viçtoria. Festa no Loreto, Necessidades,
Luz, Chita e Linda a Velha* Nome dê S. M. a fiai-
nha a Sr. à D. Maria Pia. Peq. gala.
9 Segunda. S. Seifio, P. A p. Seraphina, viuva.
40 Terça. S. Nicolau Tolentino, conf, adv, contra as sè-
tóes terças, . r
i\® Quarta* S. Theod^ra. L. cheia á$ Z h. e i$ m. da
tarde.
1% Quinta. S. Anta, V. M. S. Juvencio. Anniv. do c&n-
torcio da £r.» infanta D. Antónia. , .
13 Seat*. S. Filippe, M.
14 Sabbado. Exaltação da Santa Cruz. Festa na tua igr.,
Graça, Francezinhas e no conv. das A Ibérias*
15 Domingo. O SS. Nomk de Maria. As Dores de N. Se-
nhora. Feita na igr. das Francezinhas, Graça, S.
Nicolau, erm. das Dores, Santos-o-Velho e Belém.
Arrayal na Cruz Quebrada. Princ. a nov. de N.
Senhora das Mercês.
16 Segunda. Traslad. de S. Vicente, M.
17 Terça. S. ftfeo d'Arbues. As Chagas de S Francisco.
18 Quarto. (Temp. jej.) S. José de Cupertino, F. S. Tho-
maz de Villa Nova, B.
19 Ç Quinta. S. Januário e seus CC. MM. Apparição de
m ,(, JV. Senhora em La Salette, no anno 444.8*6, £V»to
nas Aibertâs. Q* ming, ás 5 h. e^SQ m.^da tarde.
20 Sexta. (Temp. jej.) S. Èustachio e seus CC. MM. Gom.
a nov. de S.Miguel.
21 Sabbado. (Temp. jej.) S. Matheus, Ap. e Ev. S. Ifigê-
w ma, Princesa,
22 Domingo. S. Maurício e seus CC. MM.
13 Segunda. S. Lino, P. M. S. Tecla, V. M. Com. o Ou-
i% : J:Tl má^ t. Festa eÈÁiusp. *tf fr¥g. êns M>rcê$. An-
"••;■ l fctf. éit filMmmiA ; (l89i)-M Sn 0. JVtfh» /K.
2ft'Qtttirta. S. Firmino, B. M. IVftftf. ano». de S. Fran-
cisco de Am* na ejjr. dti TMr>t> Santo,
23% Qiiinta. S. Cypriftnno e S. Jtwtifiar, táM. /í.'not?aá
1 fc. e 36 m. da tarde.
27 £*Et<i. S. Cosmè e S. Damião, MH. Prínc. a not. Úe
tf. Senhora dó Bosario. 5 • ( .•
28 Sabbado. S. Wenceslau. Festa da Dedicação da igreja
frarochiat do Sacramento. l FáZ IV anno$ &r A> Ê.
o Príncipe D. Cario* Fernando. Gr. galai Cortejo.
2Váõ ha dtsp.
29 Domingo. S. Miguel ArchanjovFMÍa nas fr*§. de S. Mi-
guel, Sacramento, S. Paulo, Anjos e no mbtt. èa
Encarnação.
30 Segunda. S. Jerònymo, adr. contra' Os raid», ri catam
ai /feria*. Fesia e feira em Belém. '
1 tíE tiCfBBltO. Ttoça. 3s: Verisiftno, MfckffaKf* Jalia
F#*fa e trftffp. n« //#7. de' Santos.
t QiMrrta Oi Anjos da Guarda.
3 3 Qut»la. S. Cândido, M. 8. Maximiano, B. <?. creu.
a$ 6 /i. e 27 m. *i tnanA*.
4 Sexta, S. Francisco d* Assis. Fe*f« Hd Yíorptf &mfo,
J<tu«, /reií^oj de Santa Clara, SanVAnwt é no
Sitttitrró. • '
3 Sabbado. S. Plácido e ot seus CG. MM.
Ml'J
* Dg OUTPJtta Jkmtngo. SS. Hoq*p nc «. $*
f immu. 9. Bruno* i*r<v. 4o Rosário na* religiosas
4» Btm Sucesso, S. Joann* e $ant'Anna. Fnta a
S. Miguel em Smto*~o-Vrlho. Festa nas religiosas
ão Sacramento, ás N cessidudês, eonv. de S. Joanna
na igr* de S. Nicolau, Com. a nov. de S. Thereza.
Anniv. dti consorcio de SS. MM. Peq. gala.
7 Samuwda. S. Marcos, P.
S Terça. S. Brígida, viuva, adv. contra as dores de ca-
heça. Festa *á sua egr.
9 Quarta. S. Dionysio, B. de Paris. Festa em Odivellas.
10 Quinta. S Francisco de Borja, Padroeiro do ripo e
•, conquistas, adv. contra os terremotos. Princ. a nov.
de S. Pelro d" AUanUira.
U ® Sexta. S. Firmino, B. S. Germano, B. M. L. cheia
ás S h. 4 20 t». da manhã.
1% Sabbado. $. jÇypriano, B- M.
13 Domingo. N. Senhor* dos, Kemediqs.» S. Eduardo, Rei
de Inglaterra, adv. contra a gotta coral e desmaios.
Feeia na Se, e eom Lausp. na eyreja do Bato.
Princ. a feira do Campo Granis.
14 Segunda. S. Ci listo, P. M. S. Gaudêncio, B. M. Festa
das Palmelloas na Penha de França.
15 Terça. S. Thereza de Jesus, V. C. Ind. nos seus eonv.
e nos do Carmo, e em S. Lourenço. Festa no eonv.
da. BstrtUa. Princ. a nov. ée S. Baphael.
16 Quarta. S. Martiniano, M. A. Foz 31 annos S. M. a
Bainha a Sr* D. Marta Pia. Gr. gala. Cortejo.
17 Quinta. S. Hedwiges, viuva duqueza da Polónia.
18 Se&a. $. Lucas £v. ,.,».,
H C SoMwfc. S. Pedro d 'Alcântara^ F. c»nf. adv. uni-
wqt&l para conseguir o que lhe pedirem, Fe*ta na
sua freg. em Alcântara. Q. ruing. ás 6 h. e 36 m.
4a maçhà).
20 Jhmmga. S. João Caceio, adv. contra as febres. S.
Iria, V. M. Port.
Jlfc*
li DE ÒUTUtíllb. Segunda. S. Úrsula e suas ÈC. VKMM.
Feita das Onze mil Virgem na egr. 4eS. Martha.
11 Terça*. Dedicação da Basílica de Mafra. S. Maria Sa-
lomé.
13 Quarta. S. Romão, B. S. Joio Capistrano, P.
14 Quinta. S. Raphael, Archanjo, adv. dós enfermos e
caminhantes.
15 # Sexta. S. Ghrispim e S. Chrispiniano, Irm. MM.
Festa na tua erm. Conquista de Lisboa por D. Àf~
fonso Henriques. L. nova ás 10 horas e 14 m. da
tarde.
16 Sabbado. S. Evaristo, B. M.
17 Domingo. Os Martyres de Évora. Festa das Onze mil
Virgens no conv. de S. Joanna.
18 Segunda. S. Simão e S. Judas, Ap.
19 Terça. Traslad. de S. Isabel, Rainha de Portugal. Faz
61 anitos S. M. El-Rei o Sr. D. Fernando. Gr.
gala. Cortejo. Não ha desp.
30 Quarta. S. Serapi&o, B. C.
31 Quinta. {Jej.) S. Quintino, M. adv. contra a surdes e
mal d' ouvidos. Faz 40 annos 5. Jf. El Rei o 8r.
D. Luiz 1. Gr. gala. Cortejo. Hão ha desp.
SIGNO TM Wy^ÊsmJtM^ SAGITÁRIO
1 3 DE NOVEMBRO. Sexto, tg* Festa de tonos os Santos.
Festa e Lausp. na erm. dos Terremotos a» Se-
nhor Jesm da Via Sacra, em 8. Engraeia, e de
tarde proc. por voto, peto terremoto de 1765. Feito
e proc. por voto em Cacilhas. Prine. à nov. do
Patrocinio de JV. Senhora. Q. crese. ás 9 h. e 17
m. da tarde.
% DE NOVEMBRO. Sabbado. Commemoraçio 'dós ^Defun-
tos. S. Victorino, M.
3 Domingo. S. Malaquias, B. Primaz da Irlanda. •
4 Segunda. S. Carlos Borromeu, Are. Card. adr. contra
a peste. Faz 31 annos o Sr. Infante D. Augusto.
Pronome de S. A. o Príncipe Real. Peq. gala.
5 Terça. S. Zacharias e S. Isabel, pães de S. João Ba-
ptista. Falleeimenio do Sr. Infante D. Fernando,
irmão d'El-Rei.
6 Quarta. S. Severo, B. M. Prine. a nov. de S. Ger-
trudes.
7 Quinta. S. Florêncio, B. Prine. a nov. do Bemaven-
turado Gonçalo de Lagos.
8 Sexta. S. Se ve ri ano, e seus três Irm. MM.
9 Sabbado. (Jej., excepto «os bispados de Coimbrã e Aveiro
e no priorado do Crato). S. Theodôro, M. Dedi-
cação da Basílica do Salvador.
10' @ Domingo. O Patrocínio de N. Senhora. S. Andfé
Avelino, conf. adv. contra os acci dentes epilecticos.
L. cheia ás 2 h. da manhã.
14 Segunda. S. Martinho, B. Festa na freg. de S." ThiagS.
Anniv. do faltecimento de S. M. o Senhor D. Pe-
dro V.
15 Terça. S. Martinho, P. M. S. Diogo, F. Com. a nov.
da Apresentação de N. Senhor». "~
13 Quarta. S. Eugénio, B. de Toledo. Os Santos das Or-
dens de S. Agostinho, S. Bento, e SS. Trindade.
14 Quinta. Trasiad. de S. Paulo, 1.° Eremita. Os Santos
da Ordem do Carmo.
15 Sexta. Dedic. da Basílica do SS. Coração de Jesus.
Festa no conv. do Coração de Jesus. Anniv. do
falleeimerito da Sr* D. Maria II. - -
16 Sabbado. S. Gonçalo de Lagos, A. Perl. Prine. a nov.
• de S. Catharina.
17 C Domingo. S. Gregório Thaumaturgo, B. $. ming.
ás 5 h. e 24 m. da tarde.
ua-M
ia DE NOVEMBRO, Segunda. S. Rapto, M. Dedfíw*
da Basílica dos Samos Apóstolos.
19 Terça. S. Isabel. Rainha dá Hungria, F.
30 Quarta. S. Feliz de Valois, Fundador dos Trinos.
31 Quinta. Apbes*ntação de N. Senhora Santos Demé-
trio e Honório. S. Columbano. l*d. em varias igr.
33 Sexta. S. Cecília, V. M. Peita de instrumental na igr.
dai Jí artyres a que assistam SS. MM.
33 Sabbado S. Clemente, P. M. S. Felicidade, M.
34 Q Domingo. S. João da Cruz, C. Com. a nov. de S.
Francisco Xavier. L. nova ás 8 h. e 36 m. da
manhã.
35 Segunda. S. Catharina, V. Festa na sua freg. Com.
a nov. de S. Barbara.
36 Terça. S. Pedro Alexandrino, B..M. A B> Delfio*, V. F.
17 Quarta. S. Margarida de Sabóia, D. Princ. a nov. de
S. Nicolau.
38 Quinta. S. Gregório m, P. Faz iô annos a Ser. Sr.*
D. Maria Antónia, 6. a filha do Sr. 0. Miguel de
Bragança.
39 Sexta. S. Saturnino, M. Os Santos ias três Ordens de
S. Francisco, Co»*, a nov. de N. Senhora da Concei-
ção nas igr. da Conceição Nova e Velha, Marty-
res t Loreto, $ em out*as>
30 Sabbado. S. André, Ap. Festa na freg..& André.
SIGNO DÊ *iKe5£*^A J°*^W ílNIC *
IIINV
1 3 DE DEZEMBRO. Qomingo (|.° do Advento). S. Eloy,
FestA na erm. da Yicttiria , Prohibem,se_ as bênçãos
matrimoniaes até dia de Beis. Acclamação d» El- Rei
J). Joã* IV em. i6£0. Peq. gala, Q, creu. às 4 K
e 4 m. da tarde.
112 K
% tíb frttZEírBRO. Secunda. 3. B&iMW, V. tf. Si '▲&*
íelia, tf. i4rtn0í do Imperador' do Êrjsii D. Pe-
dro 11.
3 Terça. S. Francisco Xavier, !. Atf. das índias. F*ifa
na igr. de S. Roque e Óolleyinho.
4 Quarta. S. Barbara, V. M. adr. contra trovões e raios.
Oflicio de Santa Cecília na frétf.' do* Mar t gr es.
Feita 1 de Santa Barbara em S Julião.
o* Quinta. S. Geraldo, Are. de Braga. B. Sabbás. X B.
Isabel Bona. V. F. '
6 Sexto. fJej ) S. Nicolau, B. adv. das donzellas pobres
e desamparadas. Feita tirt $ua freg. "
7 Sábbadn. (Jej.J S. Ambrósio, B. e 0r. da Igr. Matinas
na Sé.
8 Domingo (4.° do Âdv.). A Conceição de N. Senhora,
Padroeira do Reino. Festa de Pontifical na Sé, a
que assistem SS. MM. Bênção Papal. Festa na freg.
' da Conceição, Ltretò e Conceição Velha. Qr. gala.
9 ® Segunda S. Leocadia, V. M. L. cheia ás 7 h. e
16 m da tarde.
10 Terça. Traslad. da Santa Casa do Loreto.
11 Quarta. S. Dâmaso, P. Port.
12 Quinta. S. Justino, M.
13 Sexto. (Jej.) S. Luiia, V. M. adr. contra as doenças
d'o1hos. Festa na igr. êas Ch&nai, capMà de S.
Braz e S. Luzia. Missa e oração fúnebre por alma
de EUBei D. Mamei em S. Roque.
14 Stibbado. (Jej ) $. Angelo, M.
15 Òomingo (3.° de AJv.). S. Eutebitf. Festa da Concei-
ção na igr Ja Guia.
16 Segunda As Virgens de Africa, MM. Prínc. a no*: do
Natal nd eyr. rfó Benin» Véus tf nó Cfolleyio das
orphas de S. Pedta d y AlcánlHrd. Annos do Bei da
Brlfi-a.
17 C Terçã. S. Bartholomeu de 9. Genofiniâno. 9. Laxaro,
Qt ming. ái % h. 9 t9 m. da munhâ. '
ííí
Óy : F-f^a em s. Francisco de Paula. Fetta ae Jv.
Senhora do Amparo em Bem fica.
19 Quinta. S. fausta, mãe. de S. Anastácia.
20 Sexta. (Tem. Jej.) Sj Domingos.de Sillos, Ab.
Si Sabbado. (Tetnp. Jej.) S. Thomé, Ap. Festa na sua igr.
Ç?m f o inverno*
22 Domingo (4.° do Adv.). S. Honorato, M. S. Flamiano, M.
23 Segunda. S. Sérvulo, adv. contra a paralysia. S. Vi-
ctoria, V. M. O B. Nicolau Factor, F. Prine. a
nov. da Circumcisão.
24 % Terça, (Jej.J S. Gregório, M. Matinas na Sé, com
instrumental, no Menino Deus e S. Pedro d* Alcân-
tara. Ferias até aos Reis. L. nova ás 11 h. e 80
m. da manhã.
VL Quarta. ^Nascimento de N. Senhor Jesc-Christo.
Festa de instrumental na Sè r . Jupileo no arcebis-
pado de Braga ^, por & dias. no patriarckado. Festa
em varias igr. Pequena gala.
26 Quinta. S. Estevão Proto-martyr. Fes,ta e Lausp. na
sua igr.
27 Sexta. S. João Àp. e Ev. adv. contra o veneno e
patrono dos typographos. Falecimento do Sr, In-
. fanjte 0. João, irmão de El-Rei.
28 Sabbado. Os Santos Innocentes. M. Com. a nov. dos
, Beis. Está patente ao publico a Santa Casa da Mi»
sericordia. Fetta. na igr. de S. Roque.
29 Domingo. S. Thomaz, Are. de Cantuaria, M. Festa na
igr. dos Ingkzinhos. Festa de N* Senhora da Con-
ceição e Caridade, na fireg. da Magdalena.
30 Segunda. S. Sabino, B. Al.
31 C Terça. $. Silvestre, P. Te-Deum na Sé, S. Nicolau,
Conceição Nova, Magdalena e em S. Mamede, onde
tem logar a distribuição dos santos protectores, e
, fc em todas as eathedraes e collegiadas. Q. creu. á
i h, e 23 m. da tarde.
VARIEDADES
Respeito A velbioe. — Os esbeltos bran-
cos, núncios d'nma edade ivançada, lêem sido reapeitadoa
em lodos as tempos. Valério Maiimo lai algares meneio
da honra qae os embaixadores de Lacademonia prestaram
Hl- ■ I 5
i;|I tf
e-lll . II
•{II l.>l
soberbo do sen nascimento, assjjiindo a ura combate de
gladiadores, negou-se .a urc> acto cio corlezia para com
Domicio Corbtulo, antigo pretor. Corburle yneiíou-sa ao
Senado, o negocio foi discutido, e os p»es de Sylla foram
obrigados a dar uma satisfação ao valho magistrado, des.
considerado por sao fubg.
CHARAOA I (NOVÍSSIMA.)
J, 1, 1, 3. — Adens ; a segunda Irma da Gad corra
com doenças contínuas.
SípuSo í.twui Kbtifo (Fornos d - Algodrea).
118 8
Acleliim í*n.tti. — A mais celebre e perfeita
cantora dos nossos dias, nasceu em Madrid, quando sua
mãe, meio soprano, ali* cantava* em 1843." Sem pae, tenor
de pouca importância» òbrigou-a a cantar escalas quando
ainda mal podia pronunciar as primeiras palavras, conse-
guindo que sua fiiha, apenas com oito annos, se estreiasse
no . theatro lyrico de Nova York, ao lado da Bosio, tau*
tora então das mais célebres.
~ Dos oito aos dezesete annos vagueou pelo Novo Mundo,
estudando sempre. Em seguida veio á Europa, por onde
viajou um anno, colhendo n'esse tempo 600:000 francos I
(108:000^000 réis.)
Em Londres, na Somnambula, excitou um enthusiasmo
frenético ; * em Paris foi comparada por Scudo, o maior
entendedor de canto italiano, á Catalani. Desde 1869 que
canta em S. Petersburgo, onde casou com o marquez de
Caux, e em Yienna, onde canta todas as primaveras. Na
segunda representação que deu em S. Petersburgo, houve
quem desse por um camarote 504#000 réis, e por uma
cadeira 94 j} 500 réis. As flores com] que lhe juncam o
palco todas as noites, importariam em milhares de rublos.
Os diamantes que em presentes lhe deram no primeiro
anno valem muitos contos de réis. A principio pagavam-lhe
por cada representação i:080#000 réis, no segundo anno
9:000#000 réis por mez. O reportório da Patti é quasi
todo italiano; do reportório allemão canta D. João, Fausto
Julieta, MireUle, Dinorah, Ettrtlla do Norte, e Huguenotes.
À -sua voz de soprano agudo, alcança três oitavas, tu*
bindo até ao mi superior, com sonoridade egual em todos
os registros. É. o. mais perfeito instrumento vocal que uma
cantora pôde desejar! Um musico Aa orehestra de S. Pe-
ter&bukgo, disse que acompanhando esta privilegiada can-
tora durante sete épocas, nem uma só vez conseguio no-
tar no seu órgão vocal a mais pequena desentoacao, ou
equivoco Se tom. seu trilo em três notas é um dos ver-
dadeiros milagres da vocalisação ; no terceiro acto da Lu-
114
cia desafia a própria flauta de Giardi. A marqueza de Caux
é baixa e extremamente delicada,, mas nem por isso dei-
xa de ser bella, e os seus olhos s&o formosíssimos.
Arthur Abranches Nogueira.
OS VBJBS ABOBX5S
i
Minha alma é como a fronte sonhadora
do louco bardo, que Ferrara chora...
Sou Tasso !... a primavera de teus risos
da minha vida as solidões enflora...
longe de ti eu bebo os teus perfumes,
sigo na terra de teu passo os lumes...
— Tu és Eleonora...
II
Meu coração desmaia pensativo,
scismando em tua rosa predilecta.
Sou teu pallido amante vaporoso,
sou teu Romeu... teu languido poeta!.,.
Sonho-te ás vezes virgem seminua,
roubo-te um casto beijo á luz da lua...
E tu és Julieta.
III
Na volúpia das noites andaluzas
o sangue ardente em minhas veias rola...
Sou D. Juan!... donzellas amorosas,
vós conheceis-me os threnos na viola!
Sobre o leito do amor teu seio brilha...
eu morro, se desfaço-te a mantilha...
Tu és Júlia» a Hespanhola !...
Castro Alves (Bahia),
115
Uma lie&o dte sabedoria (Senegambia).
— Ketrauco, antigo e poderoso rei manjaco da Costa-de-
Baixo, tinha três sobrinhos, dos quaes o segundo se cha-
mava Jon-Curto : e não obstante o costume fundamental
do reino que dá o barrete ao filho primogénito da irmã,
quando esta tem mais de um, só pensava em acertar na es-
colha de um dos três que melhor lhe herdasse não só o
barrete, mas também as suas boas qualidades ; tão boas que
lhe grangearam a fortuna e o prestigio, e lhe consolidaram
a tripeça regia. No rústico paço abatia-se um boi para
o sustento diário, e o rei um 'dia ordena intencionalmente
aos sobrinhos, que d'hora avante, e revesando-se, talhassem
a carne e a dividissem. Depois observou-os de soslaio, o os
sobrinhos, não se dando por achados, lançavam na cuia
da balança mais carne para si e para os seus, e menos
carne e mais ossos para os seus contrários, menos o Jon-
Curto ; porque o fiel da balança em suas mãos nunca
oscilou mais para o seu quinhão que para o quinhão dos
que não eram seus amigos.
Este príncipe, apesar da opposição què se lhe fez, cingio
o barrete encarnado, e com o seu governo não desmen-
tio a sabedoria do rei defunto. Foi um bom rei, justo c
magnânimo como o havia sido seu tio.
M. M. de Barro t (Bissau).
CHARADA-ENIGMA (PITTORESCA)
A. A. B. O. (Paredes de Gojifa).
116
j<
JPajrecles dte Coura. — Eis a topographia
d'esla importante comarca, incontestavelmente uma das
mais ricas do alto Minho: Fica a 405 kilometros N. de
Lisboa e a 45 da capital da província. Tom por limitro-
phes os concelhos seguintes: pelo N. Valença e Monsão,
a O. Yilla Nova de Cerveira e Caminha, ao S. Ponte do
Lima, e a L. Arcos de Yal-de-Vez. Paredes é a sede da
comarca. Está hoje uma povoação florescente e em breve
acompanhará de perto qualquer das villas mais próximas.
De pouco precisa para attingir esse fim ; de viação publica,
apenas, que, como todos sabem, é o mais poderoso agente
para o progresso material e moral das povoações. A comarca
tem 21 freguezias, com mais de 3:000 fogos, occupando
uma área de if5 kilometros quadrados aproximadamente. O
solo ó muito productivo, maximè em milho (de que exporta
grande quantidade), vinho, centeio, feijão, batatas, fructas,
etc. Foi, talvez, devido mais á sua prodigiosa uberdade, do
que á topographia especial, que mereceu dos poderes pú-
blicos a contemplação de ser elevada a comarca de 3. a
classe, pela lei de 16 de abril de 1874.
Parte archeologica. — Ha em differentes freguezias (Testa
comarca evidentes vestígios de povoações antigas, sobretudo
do tempo dos romanos e árabes. Em Gossourado ainda se
chama cidade a um morro próximo á egreja. Diz-se que
foi aqui a cidade de Arnoya, onde passava um ramal de
uma das cinco vias militares, que de Braga partiam para
differentes partes. Conhecesse perfeitamente ter havido
fossos, trincheiras, etc, e também consta terem sido d'aqui
as grandes columnas que se vêem na aldeia d 'Antas.
Em Bico, Christello, Castanheira, Romarigaes, Formariz,
Ferreira e Insalde também ha vestígios de construcções roma-
nas, taes como fortins, acampamentos, minas, etc. Na ultima
das freguezias citadas ha os sitios do Forninho do Ouro o
Torre Velha, que provam exuberantemente a existência
remota de minas em exploração e d'uma fortaleza. D 'estas,
porém,- nada resta. Também parece fora de duvida ter
117
aqui sido a cidade lusitana Gauca. Paredes, S. Marti-
nho de Coura, e Cossourado, disputam egualmente essas
honras. De Gauca era natural, diz-se, Theodosio o Magno,
que, por morte de Valentiano n, foi imperador do Occidente.
Diz Argote (Memoriai do arcebispado de Braga) que o rio
Coura se chamou outr'ora Belion. No primeiro século da
nossa era chamava-se Froylano, e crêem muitos que este
rio seja o Benit, de que falia o eminente geographo Stra
bao. £ abundante em peixe : trutas (saborosíssimas), bo-
gas e escalhos. Confine com o Minho entre Seixas c Ca-
minha.
Na casa de Áborim de S. Pedro de Formariz nasceu D.
António Mendes de Carvalho, i.° bispo d'Elvas. Fora no-
meado para este elevado cargo por El-Rci D. Sebastião e
confirmado pelo papa Pio Y em bulia de de junho de
1570. Ha também quem diga que o douto prelado era
natural de Ferreira, da casa do Paço.
Foi em Travanca, próximo a Lisoiras e Penim, que em
9 e 10 d'agosto de 1662 o conde de Prado, governador
das armas no Minho, desbaratou, apesar da desegualdade de
forças, o exercito gallego commandado por D. Balthazar
de Roxas e Pantoja.
D. Affonso III deu foros a Paredes em junho de 1257,
segundo consta do livro 2.° de Doações d'este monarcha.
M. J, da Cunha Brandão.
LOGOGRIPHO I
Deus dos ventos, 2, 7, 6, 7
mandai vento, 1, 5, 6
d'esse vento 2, 5, 3, 7
oriental. 2, 7, 7.
Mas — ligeiro 6, 2, 4, 2
e bem quente, 1, 7, 6
p'ra que aquente 4, 2, 6, 6, 7
um animal. 5, 3, 1,7
Só por letras, e com geito,
dás co'o nome do sujeito.
João A. Nunes (Madeira).
118
. X>e*iB voi*melíio. — Frequentando eu a aula
de theologia tinha por condiscípulo um sujeito, que a mui-
tas das perguntas que o professor lhe fazia, dava ás vezes
respostas tão disparatadas, que os mais sisudos dos seus
discípulos mal podiam ficar sérios diante d'ellas.
. Por exemplo : Perguntou-lhe numa occasião e que en-
tendia por Deus encarnado?
. Respondeu sem hesitar : — Deus vermelho.
professor coroou a resposta com a mais estrondosa
gargalhada, e vio-se obrigado a dizer-lhe que procurasse
outro officio, deixando de aquecer inutilmente o banco
escbolar.
B. Frederico (Cabo-Verde).
REZA
Quando á noite cansada repousares
na fria solidão do quarto teu,
eleva ao nosso Deus teu pensamento
e uma prece murmura, anjo do céo,
pelo homem, talvez, bem desgraçado
q'as esp'ranças do mundo já perdeu.
Quando a aurora raiar, e os passarinhos
saltitarem alegres no arvoredo, >
saudando o sol nascente, que apparece
surgindo d'entre as nuvens como a medo,
eu te peco, mulher, reza por mim
uma breve oração dita em segredo.
E quando o sol tombar além no occaso,
deixando o mundo envolto na tristeza,
recorda-te de mim n'essa hora santa,
de amor e de saudade e de incerteza;
pedindo á Santa Virgem que me dê
nas horas do soffrer mais fortaleza.
Martinho Rodrigues (Ceará— Brazil).
119
O profano oom o divino. — Ha na fré-
guezía de 3; JoSo de Villanqa; 'que fica -cerca de S-ki-
lomctros ào norte d'esta villa de Bárceltos, e marginando
ufas ^S?^
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missa rraáda, e
(cr sempre
n'aBse dia (são
palavras tex-
tuaes) uma fogaça dt bom meio alqueire, da trigo paro
quem quiser luetar.
Ignoro se houve commntaçSo na ultima parte do legado,
porque actnalmente da-se tuna fogaça de trigo do valor
de 80 riiis a quem no arraial, que na tarde d'ease dia
ali se lai, melhor canfar ao detafto, o que, attrahindo cen-
tenares da pessoas que ali concorrem para applaudirem o
bucólico certamen, serve de engodo ás que primam e ca-
pricham em cantar ao desafio.
Os mais afamados cantores e cantadeiras de freguezias,
ainda longínquas, ali vão, não sd para disputarem a posse
120
da saborsta gulodice, como para verem se desbancam os
seus antagonistas e ostentarem a pujança de seus pulmões
stentorios, e o fertilissimo -estro que os inspira, metrifi-
cando as mais das vezes em toantes, os mais alentados
disparates e desconchavos, que muitas vezes offcndem a
moral e a decência.
A que fim visaria quem commutou fao , extravagante-
mente o primitivo legado? Se n^o.quiz deixar um mo-
numento de ««a excentricidade e extravagância* quiz por
•certo, que nos evos futuros constasse que elle fora dile-
ianitissimo n'aquelle género de çertamen, ,
Para os nossos maiores, pelo que collijo, era a (pgaçá
uma ambrozia deliciosa, o que não depõe á favor da
delicadeza do seu paladar.
Soda ,o termo Tamo, diz Viterbo no seu Elucidário, o
eeguiBte :
« Dê todas as bodas, que algum dia se celebravam em
fcamego, e em todo o seu j vigado no mez. db fevereiro, se
n'ellas se tangia adavfb, tinha o mordomo do rei a melhor
fogaça, que vitíha ao Temo, e, se o tangiam sem mandado
do mordomo, não se avindo com elle, eram os noivos de-
mandados perante o juiz: 9 noivo e noiva juravam qual
fôra a melhor fogaça que viera ab Tamo, e essa davam
ao "mordomo.»
■'■.•-> ' )
Sempre fogaça, e tanta demanda por causa d'ella, ro-
boram o meu juizo a respeito do péssimo paladar. dos
nossos antigos, correndo parelhas com elle também, por
causa do adufe, a, delicadeza do ouvido !
António Maria do Amaral Ribeiro (Barcellos).
CHARADA III (NOVÍSSIMA)
2, 1 — A extremidade no navio é um peixe.
* * * (Casa Branca).
121
O cfuoijo. — Não se sabe com certeza qual a
epooha em que princrpibu à fabricar-se dqueijd. Entretanto
é de sáppòr que essa epocha não seja muito remota, se
attendermos a que nem no Antigo Testamento, nem nos
annaes das civilisações grega, egypcia e assyria se faz
menção de similbante alimento. À mesma incerteza se dá
com relação ao paiz em que essa fabrico primeiro teve
logar. Segundo uns, foi rià Helvécia ; segundo outros, na
Sequania. Júlio Capitoiino diz que os quèijoa sé foram co-
nhecidos dos romanos depois da conquista das Gallías e da
Germânia; Columella porém affirma que antes d*esse tempo
já elle era conhecido dos camponezes romanos. Seja porém
o que fôr, o que è certo é que o queijo é um alimento
geralmente apreciado, não obstante o que contra elle es-
creveu Mathiolle no século passado, e o seu fabrico acha-se
actualmente bastante aperfeiçoado. Entre os que mais ce-
lebridade teem adquirido, citaremos os queijos de Grayère
e de-Sarnen, na Suissa; o parmesão, na Itália; os de Ro-
quefort, de Brie e de Gerome, em França; o Chester,
Glocestér e o Warwiskir, em Inglaterra; o de Hollanda; e
entre nós o da serra da Estreita e o da província do
Aleintejo.
Eduardo Roteiro ãe Mattos Coelho (Mação).
CHARADA IV
Está parte,' como está,
não tem significação ;
mas trocada a prima letra,
não morreu nas aguas, não. i
Também estas, eu affirmo,
que não valem nada, não ;
mas trocada a prima letra,
da mulher adornos são. 2
Oht que bellas, meu leitor,
oh! que bellas que estas são!...
estas que, por vida minha,
n'este livro escriptas vão!
José Lopes Viegas (Olhão).
122
Sentença, de um Juias ordinário*
— Em certo tribunal na província do Minho houve uma
pendência entre um proprietário d'uma vinha, e um rapaz
que lhe furtara alguns cachos de uvas. Este chamou aquelle
a uma acção de policia correccional por lhe ter batido,
e o outro por elle lhe haver furtado as uvas.
O furto, já se vê, era insignificante; mas o ferimento
correspondia á gravidade do furto. bom do juiz ordiná-
rio senta-se no tribunal, ouve uma e outra parte, e as
testemunhas de defeza e accusação, e sahe-se da entalla-
ção em que o metteram os eleitores, tão bons como elle,
com a seguinte textual
SENTENÇA
« Não topo motivo de grande Crime Considero tam Cri-
minoso hum Como otro nem o autor debia dar no rapas
porque não á Lei de bater por isso foi dar cauza desor-
dem Condano anbos nas Custas e nada mais hoje 12 de
Julho de 1849 — Billatboas.*
Respondo pela veracidade do facto e do texto da sen-
tença que existe em um cartório da província.
J. £. Alvarez de Sousa (Yilla Nova da Cerveira).
Pasquim. — Conservatório dramático do Rio de
Janeiro é composto de um presidente e de quatro membros
chamados yogaes.
Certo critico, querendo molestal-o, fez-lhe a seguinte
quadra satyrica:
«Dizem que o conservatório
conseguiria ser recto
se, em vez de só ter vogaes,
tivesse todo o alphabeto.»
Á. M. da Silva (Brazileiro — Rio de Janeiro).
123
A<D H.iUAiei
Das. brumas d'estio chovia, de leve,
o pranto de neve nos. lagos, a flux;
e o manto azulado das noites serenas,
brilhantes phalenas bordavam de luz 1
E a fada dos sonhos da infância dourada^
da lyra inspirada nos cantos de amor,
dormia» da relva na verde folhagem,
envolta em roupagem de cândido alvor.
Que noite sublime 1 na terra harmonias ;
no mar ardentias; perfumes no ar...
O céo adornado da fulgidas galas
que magicas falias mé veio acordar t
Dormia e sonhava : nos lábios, a medo,
virgíneo segredo de amor desfolhou ;.
tremia sonhando, e da pálpebra húmida
a pérola iúmida ardente rolou !
E quanta esperança brotou-me no seio t
Na mente o receio murmura: quem és?!...
Que vagos enlevos ao vèl-a abatida...
ao vêl-a dormida tão bella! — a meus pés!
Eu quêdo-me em extasi... e a virgem dormia!...
e... meiga, sorria da bruma ao palor!...
Tomei-a nos braços!... ao peito enlacei-a !...
e — louco ! — acordei-a n'um beijo de" amor !!
Seus pallidos raios em frocos a lua
desprende e fluctua, qual manto fugaz ;
e foge a donzella sentida e chorosa
— visão enganosa d'um sonho fallaz ! —
Aos tibios perfumes de mil nenuphares,
nos longos palmares embalde a busquei t
romeiro das trevas nos longos caminhos
somente os espinhos da vida encontrei!
João Guerra (Santos — Brazil).
134
LOGOGRIPHO n
(POtt LBT&ASj
Al Senor João Machado Gonçalves, de Olhão
Va mi pobre logogripho
á sufrir hartos tormentos,
por que el lector enemigo
lo desgarra para verlo.
Pero es espafiol... no importa:
será decifrado y muerto ;
que él es caza muy mesqutfia
para tam buenos moo ter os.
Una mujer celebrada, — 7, 6, 9
tan querida y tan hermosa, — 4, 5, 2, 3, 5
puede esta lira pulsar — 9, 8, i, 9,
que por este es sonorosa — 5, 3, 2, 7,
Esto lo hace el alma mia, — 5, 4, 9, 2
desde que la conociò: — 1, 8, 3, 4, 9
sus cantos tiernos escueho, — 9, 6, 7
quando ella en esta bebiô — 8, 3, 6, 7, 2, 5,
CONCEPTO 'J*;... . X* . »..>
4 El concepto?... |no lo sé!...
contodo siempre dirá
que cuando ella se nos muestrà,
todo es gala, todo es fies ta.
Un toledano.
'.
OrancLezas e distancias, cios mun-
dos. — É curioso, o processo que Leconturier, no seu
livro intitulado Panorama det Mondei, nos ensina para
julgarmos das grandezas e distancias dos planetas :
Se quizermos fazer uma idéa das relações, tamanhos e
distancias que existem entre as differentes partes do pys tema
solar — escolhamos um vasto terreno bem. plano e collo-
quemos no centro uma esphera de 65 centímetros de dia*
metro. Esta esphera representará o Sol e será o centro das
differentes orbitas planetárias.
Trace-se em volta uma circumferenoia de 40 metros de
125
diâmetro, colloque-se sobre ella um grãosinho de milho e
teremos a imagem comparativa de Mercúrio e da sua or-
bita .em relação ao sol.
N'ama circumferencia de 70 metros de diâmetro collo-
que-se um grão de ervilha, isto será a imagem de Vénus e
da sua orbita.
A Terra com a sua orbita será representada por um
grão de ervilha máorzinho, collocado sobre uma circum-
ferencia de 100 metros de diâmetro.
Marte será uma cabeça de alfinete e a sua orbita uma
circunferência d'um diâmetro de 160 metros.
grupo dos planetas telescópicos será representado por
60 graosinhos de areia collocados sobre outras tantas orbi-
tas formadas de circumferencias entrelaçadas e d'um diâ-
metro de 270 a 200 metros.
Júpiter será uma boa laranja, e a sua orbita uma cir-
cumferencia de 520 metros de diâmetro.
Uma bola de bilhar representará Saturno e uma circum-
ferencia de 1:000 metros de diâmetro será a sua orbita.
Vranus terá por imagem uma grande cereja, e a sua
orbita uma circumferencia de 1:960 metros de diâmetro.
Finalmente : Neptuno será representado por uma ameixa
e a sua orbita por uma circumferencia de 3 kilometros
aproximadamente I
Se quiséssemos fazer a experiência, não encontraríamos
em nenhuma cidade do mundo uma praça com a superfície
para isso necessária, e n'uma planície apropriada para tal,
collocando-nos nós no ponto determinado para a orbita
de Neptuno, não veríamos nenhum dos outros planetas;
e todavia a comparação feita pelo auctor do Panorama
dot Mundos é exacta e engenhosa.
Na metaphysica dos números a nossa rasão concebe e
estima as grandezas que a nossa vista não pode apreciar
nos espaços incommensuraveis.
Verediano Carvalho (Rio de Janeiro).
126
Gustavo cia Suécia e Fernando
de Nápoles— Gustavo III, rei da Suécia» na sua
viagem á Itália, esteve em Nápoles, aonde foi muito bera
recebido por D. Fernando IV. N'um dia em que aquelle
monarcha contara a este soberano o modo porque subira
ao tfrrono, os esforços que fizera e riscos que passara...
a rainha D. Maria Carolina, archi-duqueza d'Austria,. in-
tercompendo-o, perguntou-lhe «o que fazia n'esse tempo a
rainha?» — Senhora, lhe responde Gustavo, na Suécia as
rainbas não se intromettem nos negócios de estado — e
continuou a sua narração. D. Fernando porém agradan-
do-lhe o que ouvira, elevando a voz diz : • Agora co-
nheça bem quanto mais juízo teem os reis da Suécia do
que os de Nápoles. Entende, minha mestra?»
Era este o tratamento que D. Fernando dava á sua
real consorte, depois que ella lhe ensinara a ler e escre-
ver, tão descurada fora a educação d'aquelle príncipe.
Esla circumstancia, e o génio altivo e despótico da rai-
nha impunha ao rei de tal modo, que cm tudo o gover-
nava completamente.
. ,. A. m. b:
CHARADA V
— Talvez... eu cí não duvido. \
fica certo, que teimoso, í
nunca fui, meu caro amigo". )
— Vè meu génio folgasão, )
repara bem como eu brinco?2
do alto saltando ao chão. )
— Mas caminha n'um só pé !
áquillo está costumado ?
Que tens com isso, Thpmé ?
Lembram-se? Sou mui prestante,
nas letras sou jim luzeiro ;
'té sou o braço direito
aqui do senhor Cordeiro.
5. (Africa).
127
: dia a sua desgraça, ■
S-ã a
í| I. 4
Acteon. — Aeieon, filho de Antonoe (t.« filhado
Cadimo) è ' de ArísiSo, era om caçador tâo hábil a lie
apaixonado, ouo ae considerava superior i própria Diana
ia fortuna, que
sua
a fx*
E ; II-
s s-s-
P f| s
I " E íí
111
lo, ou d'fl9te acaso, que lançou sobre o t
danas de agua, para lhe perturbar a visla, ditendo-lhi
mesmo tempo: — Vae, roa gabar-le de que viste D
nua, banho. Em seguida melamorptaoseou-o em cetro
após, desconhecido por seno próprios cies, foi por c
devorado.
CamOes na Écloga 7.* descreve perfeitamente n'un,a
lava, o instante em que, começando a transformar-se
cerro, e ja sem voz, acceoa aos seus companheiros
caca, que o procuram por toda a parte; e em que, já tr
formado, corre contra «He a multidão dos eles :
or alia anilo tlinin,.
« «rntn «li» vinha.
{qualquer gritara)
A_n fiemteua «Valem do Goa; — Em algu-
mas freguesias d'esle concelho, situadas na margem es-
querda do lio Coa, costuma faxer-se annualmente uma
festa, que por a achar ascentrica, julguei digna das pa-
ginas d'i?ste livrinho. É assim:
Ma véspera do dia designado para a fesla, ao escure-
í!!l
l-ill
:ti
st)
lls-ll- lf??l
que vae vestido d'Snjo, recita em voz alta grande numero
de versos, aos quacs se narram os milagres e vida do
Sanlo. Esta ceremonia e chamada por elles a fama, e
termina sempre por ■ — Cif o o Sanlo de tat I O povo res-
ponde, grilando com toda a forca : — 7ioa / Viva !
No dia seguinte ha funecao de egreja, a que assistem
os mordomos, vestidos com os mesmos uniformes da vés-
pera, com a difterença de que o que vestia de anjo. veste
129 9
agora de i.° sargento de infanteria, e tem na mão direita
a bandeira. Acompanham de - espadas* náas a procissão, e
quando esta recolhe, cpllocam o Santo' á porta principal
da egreja, voltado com a frente para o povo, Os três
mordomos vão então postar-se a 10 ou 12 passos de dis-
tancia da imagem, e com vagarosos passos, ora um, ora
outro, ora todos, se dirigem a ella, fazendo tantos e tão
variados movimentos com as espadas, que é impossível
descrèverem-se. Umas vezes, parece que vão dar uma es-
tocada no Santo, outras que lhe vão cortar a cabeça, •
afinal depõem-lhe as espadas e bandeira aos pés. Aquelles
que pela primeira vez presenciarem a vénia, como elles
lhe chamam, diflicil e muito difficil lhes será conter o riso.
Segue-se a barbara corrida do gallo ; depois reunem-se
30 a 40 homens, armados de espingardas, formados a
dois de fundo, e dirigem-se ás portas das casas dos novos
mordomos/ disparando tiros de pólvora secca á voz de
— fogo — que o capitão mordomo lhes dá. Á noite ha
theatro, para o que improvisam um palco ao ar livre, e
ali é representado, quasi sempre, a tragedia de D. Ignez de
Centro, e o entremez do Gallego lorpa. Com isto ter-
mina a festa.
José Maria Borrego (Almeida).
CHARADA VI
Sou de differentes cores,
posso ser formosa, ou feia,
seduzir-vos e encantar-vos
como o canto da sereia. 2
Eu de duas naturezas
participo, isso é verdade*
e presto grandes serviços,
ou na aldeia, ou na cidade. 2
Salve ! vem beijar-te, doira-te
o sol assim que amanhece,
ou doirado, ou entre, névoas,
quem te vio nunca te esquece.
Luiz António Silva Prudencio (Galveias).
130
Oaminhio do inferno. — Tendo Carlos V
nomeado bispo das índias ao padre Gerardo Fialho, frade
de S. Francisco, de vida mui virtuosa e exemplar, e man-
dando»lhè o secretario d'estado a noticia, respondeu elle :
— Faça V. S. a presente a S. M., que o officio de bispo é
de muito trabalho para quem o servir como deve ; que eu
conheço a minha insufficiencia, que o ser provido n'elle
séria caminhar para o inferno, e o ter de dar a volta pelas
índias parace-me grande rodeio.
Auguito Gerardo Sterlieon (Abrantes).
EIOTMTO
Sem ti a vida mal supporto e quero;
que te venero com fervente ardor;
é esse o sonho que me doura a vida;
és a guarida de meu pobre amor.
Quando teus lábios se desprendem bellos
os teus anhellos dão-me um paraiso,
dá-me também encantadora, linda,
a dita infinda em divinal sorriso.
Por onde passas a ventura brota ;
és uma nota que desperta amor;
entre os teus braços, aspirando encantos,
seccam meus prantos, desconheço á dor.
Queira a fortuna prolongar-te a vida,
sempre acolhida dos favores seus;
e eu comtigo, bemdizendo a sorte,
esqueça a morte nos enlevos teus.
L. (Pernambuco — Recife).
Vomita, ladrão ! — Uma manhã, ainda cedi-
nho, entra no botequim do sr. X., o «r. Z., e pede que
lhe sirvam café. Emquanto lh'o vão preparar, lobriga
131
elle no armário fronteiro uma garrafa contendo capilé,
levanta-se' cautelosamente para não ser presentido, corre
ao armário, toma a garrafa, e de um trago vasa no voraz
estômago o seu conteúdo.
O sr. X., que já desconfiara da probidade do sr. Z.,
percebeu-lhe a artimanha, e quando voltou a servil-o, finge
ignorar o facto, olha com disfarce para o armário, coça
a cabeça, e interroga-o: — 0* sr. Z., vossemecê por acaso
bebeu do liquido contido n'aquella garrafa?! Diga, diga!
que d'aqui a dois minutos já o não poderei salvar ! Aquella
garrafa, sr. Z., continha uma poção arseniosal Ai 1 meu
Deust Que desgraça!
Dada esta explicação, o sr. Z., começa a cambalear e
a tremer, e acaba por confessar que effectivamente tinha
bebido o conteúdo da garrafa.
Era isto mesmo o que o sr. X. queria ouvir! lmme-
diatamente manda vir um grande cangirao com agua morna,
e começa a applicar ao paciente copo sobre copo, até que,
não podendo o estômago do desgraçado conter tamanha
quantidade de agua, a deita fora a jorros, conjuntamente
com o capilé que havia bebido !
É então que o sr. X., ufano com o bom resultado ob-
tido, e com a graça que lhe é própria, lhe brada em altas
vozes : — Vomita, ladrão t vomita /. . .
M. J. F, G t (Barcellos).
Questão de ferra. — Certo camponio teve
seus dares e tomares com um ferrador, e mandando-lhe
no outro dia um cavallo para ferrar, o ferrador, que era
de reserva, devolveu-lhe o cavallo como fora! Encoleri-
sou-se o camponio, e indo ao banco do ferrador, exclamou:
— Você, que está n'uma praça publica para ferrar todo
o fiel patife, ha de dizer-me a, razão porque não me quer
ferrar a mim, que pago com o meu dinheiro ?
T,C, (Macau).
132
Resposta, bo pú «la letra. — A certo
individuo pouco amador das modas, e «ajo fato era sempre
de estrombolico feitio, disse um dia certo sujeito com in-
tento de se rir:
— De que tempo é essa. lua calaça t
— Do tempo em que lu a não vestias, responde o outro
com toda a presteza.
António Joaquim Ribeiro
(Cidade da Praia — Cabo-Verde).
PyriMrio o Tlii*Tt>«i. — Quem rio conhece a
sentida historia de Pyramo e Thisbe, celebrada por tantos
poetas desde Ovídio até hoje ?
Pyraue era um mancebo assyriano, de Babylonia, que
m Hl
S1I .8*
1 B &
I»l
trabir-se £ perseguição das suas famílias, e combinaram
encontrar-se uma noite junto de uma amoreira branca, pro-
limo de Babylonia, para depois partirem juntos para outro
paii onde podessem unir o seu destino e viver felizes,
Tbisbe, naturalmente impaciente, envolveu-sts n'um veu
e foi a primeira que caminhou para o sitio aprasado ; mas
qnando ia ahi chegando viu uma leda que acabava de es-
pedaçar a sua presa, e que corria com a boca aberta
ainda cheia de sangue. Thisbe foge aterrada e deixa cair
o veu sobre que a fera se precipita, dilacerando-o. D'ahi
a pouco chega Pyramo, encontra o veu da sua amada todo
ensanguentado, inquieta-se, chama por Thisbe, e vendo que
ella lhe não responde, assalta-o a convicção d'uma grande
desgraça. Thisbe, a sua querida Thisbe, foi presa das feras.
SI el tiempo con sn corrida.
Thisbe mia, faera parte
para llorando pagarte
rogara a Dios por la vida
hasta acabar de llorarte.
Mas el qne llegó la snerte
a valer contigo tanto
no pagara solo un tanto
de su descuydo y ta mnerte
con cien mil tnos de llanto.
Disse, e arrancando da espada enterra-a no próprio
seio. Thisbt, que havia ouvido os seus gritos corlty mas
já tarde, porque encontra o seu Pyramo quasi expirando,
e conhece que elie se matara porque a julgara morta.
Abraça-o, bebe-lhe o ultimo alento com os seus beijos,
e lavada em lagrimas exclama ao vêr tantas perfeições
perdidas por sua causa:
Estos son aqaellos ojos
que me llevavan trás ellos,
y estos los rabios cabellos
qne mis tristezas y enojos
corava con solo vellos ?
Es este el rostro sin par
que tantas lagrimas cuesta ?
la hermosa boca es aqaesta
de qnein yo solia gozar
la dalce risa y respnesta? *
Diz, e mata-se com o mesmo ferro que havia roubado
a vida ao seu amante, caindo inanimada junto d'elle.
O pé da amoreira foi tinto com o sangue de ambos, e foi
desde então que, no dizer de Ovidio, os fructos de brancos,
que eram, se tornaram rubros, como hoje os vemos.
Queimaram sobre á mesma fogueira os corpos dos dois
desventurados, e a mesma urna ficou contendo as suas
cinzas.
1 Tanto estes íbrmosca versos, como os antecedentes, sio d'um poe-
meto ou historia de Pyramo e Thisbe, de Jorge de Montemayor, cele-
bre poeta português do século xvi, que os hespanhoes contam no sen
catalogo, porque se criou em Hespanha, lá foi educado e em hespa»
hnol escreveu todas as suas obras.
_ 134
ILIBA
Oppõe a terra á vaga revoltosa '
um ténue dique — a praia ;
e a vaga, temerosa,
mal toca o dique prostra-se, desmaia.
£ a vaga é a immensidade.
Nenhuma força a sua força eguala.
Porque não ha de o peito, que me estala
sob o poder que o esmaga,
também um dique 'oppôr a esta saudade,
bem como a praia á vaga?
Emygdio Gomes dos Reis (Lisboa).
m (BAMl 1M8 IHDllAS
Do sul as nuvens sombrias
já desdobraram seu manto,
e o anjo das harmonias
vibrou seu ultimo canto.
Do vento o sopro ligeiro
as folhas arroja ao chão:
solta o hymno derradeira
o cantor da solidão.
É tudo sombrio e triste,
qual peito ermo d'amor:
nem um só aroma existe
de murcha, pendida flor. .
Brando murmúrio das aguai,
junto ao salgueiro virente,
desperta agora só magoas
no despenhar da torrente.
Flores e tudo o que o prado
tinha cie bello e gentil,
jaz quasi extincto, mirrado,
sem os orvalhos d 'abril.
Venturas, quanto ha na terra
que faça entrever os céus,
ao prado, aos bosques e á serra
deram seu ultimo adeus t
D'amor as juras constantes
não mais a selva escutou:
suspiros, risos d'amantes,
aos céus a brisa levou...
Agora os mimos do prado
o louco procura em vão :
— é tudo extincto, acabado —
diz-lhe a voz da solidão I...
135
António J. Reme*. (Évora).
Uma fUliula "oriental. — Diiem oa escri-
ptores persas, que o sultão Mahmoud, pelas guerras que
promoveu, e pela tyrannia de que usou, opprimitido o
povo, linha quási despovoado os seus esládos, em que se
:i
|£ si.
íf I-
II li
■ãi B **
S " . S W.
pretendia ter aprendido d'um certo derviche a inlelitgen-
cia d», linguagem das aves, de modo que nenhuma d'el-
las podia abrir o bico sem que elle deixasse de explicar
o que queria dizer. Uma tarde em que o imperador e ella
voltavam da caca, ouviram dois mochos que soltavam os
seus pios, pousados sobre uma arvore, que estava próxi-
ma d'umas grandes ruínas. .
— Bem desejava eu saber o que estes dois mochos es-
tão dizendo um ao outro. Prestas os ouvidos, e dae-me
uma. conta Qcl dos seus discursos.
vizir aproximou-se da arvore com ares de quem pres-
tava toda a attencão, e voltando d'ahi a pouco, disse :
— Senhor eu entendi uma parte da sua conversa, mas
não posso dizer-vos sobre que era.
O sultão não se contentou com esta resposta, e instou
com o seu ministro para que lhe repetisse palavra por
palavra o que as aves diziam.
— Pois que vds o ordenaes, replicou o vizir. sabereis
136
que um (Testes, mochos tem um filho, e o outro uma fi-
lha, e que- tratavam de os casar, mas o pae do- fflho' dfeia
ao companheiro : « Meu irmão, eu consinto n*este casa-
mento comtanto que vós deis á vossa filha cincoenta al-
deias arruinadas para o seu dote.» A isto replicou o pae
da filha : * Em logar de cincoenta eu lhe darei quinhen-
tas se quiserdes, assim Deus queira conceder uma longa
vida ao nosso sultão Mahmoud t Emquanto elle reinar so-
bre nós, nunca nos faltarão villas e aldeias arramadas.»
A historia accrescenta que o sultão ficou tão impressio-
nado com esta fabula, que] mudou de vi<Ja reedificando
as aldeias, e olhando cTahi por diante pelo bem do povo.
&\rpimx&&
Eu digo adeus aos logares,
que para sempre deixei :
«sses logares queridos, :•
onde cresci, onde amei 1
* Lindas boninas do eampo,
eu nunca roais as verei :
nunca mais os seus perfumes,
contente respirarei!
E ti mal-me-queret da prado,
onde em creança saltei t...
para enfeitar minhas trancas,
nunca mais os colherei t
As meigas auras da tarde,
eu nunca mais sentirei,
agitar, os meus cabellos,
nos logares em que amei t
O meu banho crystallino»
eu nunca mais gozarei,
nunca mais em suas agoas,
meu corpo mergulharei t
£ o cajaseiro gigante,
a cuja sombra brinquei!?...
nunca mais da sua copa,
doce sombra gozarei t
Eu digo adeus aos logares,
que soluçando deixei !
Adeus, oh! tempo de flores,
que jamais olvidarei !!
P. Ánna Alexandrina Cavalcanti d % Albuquerque
(Pernambuco).
, Avlel«. -i- Foi cidade antiquíssima da Lusitânia, a 13
léguas da Lisboa, ha margem esquerda do rio Tejo, em cujas
ruínas está edificada a Chamusca, uma das villas mais ricas
e importantes de Portugal, no Ribatejo.
Floresceu por muitos annos esta importante cidade, e os
aricienses, cresDidos em numero, tiveram que sair a edificar
novas povoações como Al-Merin, Scalabis, e Aurantes, hoje
Almeirim, Santarém e Abrantes.
No anão • 63 antes de Chrislo, veio á Hespanha o pretor
Júlio Gesar, com um grande exercito, para reprimir os her-
minios, habitantes da Serra da Estrefla, que não queriam
sújeitar-se às rigorosas imposições do Senado Romano,
- Vencidos e socegados os serranos, nome porque tanbexn
eram conhecidos os herminios, continuava J. César as suas
conquistas para o norte, mas vio-se obrigado a retroceder
logo que soube de nova rebellião d'estes povos, ajudados
pelos scalabitanos e aricienses, que desejavam pôr um dique
ás barbaridades commettidas pelo pretor para com. os seus
vencidos, e ao propósito de estender a dominação romana
ás povoações destes contornos.
Organisou-se, pois, um exercito mixto que impedisse a mar-
cha de J. César, mas o numero dos lusitanos era muito limi-
tado, e não podéra aprovei tar-se das embuscadas que pre-
parou, por isso recolheu aos seus arraiaes, e esperou ali os
romanos, que foram acampar junto d'um regato a 500 metros
da cidade, era sitio que hoje tem o nome de Ribeiro de Ar-
raiolos, em vez de Ribeiro dos Arraiaes tTentáo.
Esperavam uns e outros serem primeiro accommeUidos,
porque temiam quer a derrota, quer o desdouro para o nome
romano tão celebrado; até que J. César, tomando a offen-
siva, venceu os lusitanos, e erigio depois no monte próximo
um templo para render graças aos Deuses pelo bom êxito
das suas armas : templo de que ainda ha vestígios, e em cu-
jas ruinas se edificou a actual igreja de S. Sebastião.
Estavam então os aricienses bloqueiados pelos romanos,
seus vencedores, e a todo o custo e perigo de viga apro-
veitavam a escuridão da noite para sahirem, saltando as
muralhas, e buscarem rora os viveres, e agua a uma fonte
que ainda agora dá ao valle onde existe o seu nome — Valle
da Fontinba.
O sitio prolongava-se, e dia a dia se apertava mais o cir-
1Ô8
culo de vida cm que a gente de J. César os obrigava
a viver, até que na véspera de se cumprir a ordem de sa-
quear e arrazar-a cidade, Ulma, capitão dos sitiados, sabendo
da próxima catastrophe, fugio.com alguns dos seus companhei-
ros, contemplou chorando do cume do. monte contíguo,
actual Oiteiro do Pranto, o acabamento da terra que tanto
amara, e depois de andarem errantes pelos montes algum
tempo, fundaram, a 6 kiloroetros de distancia, nova povoação
a que poz o seu nome, e hoje por corrupção se denomina
Ulme.
Satisfeito J. César com a derrota d'esta nobre gente, dis-
poz-se a partir para França, mas antes de se retirar foi por
elle confiada a guarda das ruínas d'Ãricio a alguns soldados
romanos, que frateraisaram com os indígenas que não ha-
viam podido acompanhar Ulma, e todos deram começo á edi-
ficação de nova cidade apellidada Vai- verde, nome porque,
pela amenidade e fertilidade do terreno, era conhecida e ainda
hoje é, n valle que fica entre o Oiteiro do Pranto e o de S.
Sebastião.
Por muitos annos durou esta nova cidade sob a protecção
dos imperadores romanos, mas foi. muito estragada pela
invasão dos bárbaros, e depois pelos mouros, quando vieram á
Península.
Em 1431 da era vulgar, querendo Ruy Gomos da Silva *
deixar o bulício da corte de D. João I, foi em busca de
terreno próprio para edificar um palácio em que vivesse
com as commodidades e deleites que bastassem para olvi-
dar os trabalhos que lhe acabrunhavam o espirito, e só em
Val-verde encontrou o que desejava.
Edificado o primeiro palácio para este príncipe, começou
elle reedificando a cidade assaz deteriorada pelos bárbaros
do Norte, e em memoria da busca a que procedera, poz-
Ihe ,o nome de Chambusca, que a corrupção foz mudar em
Chamusca.
Foram por este tempo dados os foros de villa á Cha-
musca e Ulme, e offerecidas a Ruy Gomes, neto do referido
príncipe d'Ebuli, como consta dos foraes da camará.
Entre o Oiteiro de S. Sebastião e do Pranto, um pouco
a nascente, fecha o Val-verde, um monte bem alto com uma
i Príncipe d^buli.
139
egreja no cume, edificação do primeiro Ruy Gomes, votada
ao Senhor do Bomfim, em cuja capella se acha sepultado,
como determinara, e ainda hoje se lô n'uma lapide da ca-
pella-mór, em sumidos caracteres, o seguinte epitaphio :
aqui jaz Ruy Gomes da Silva,
do conselho dos reys quem seus avós foram
Alfredo Ariosto Plácido de Moneada e Oliveira
(Chamusca)
LOGOGRIPHO III
A primeira co'a segunda
Ioda arvore contém,
e se a prima repetires
também d'arvore nos vem...
A tércia unida á segunda
no verão é cousa rara,
mas se chega o duro inverno
para nós é sempre cara.
As mesmas inverte, e põe
no final — interjeição ;
terás homem paciente,
muitas vezes mandrião.
Tércia, e quarta unida á quinta,
como humilde se apresenta t
Porém que paz, que alegria,
a ventura n'ella ostenta!...
Se a ultima do meu toda
pospozeres á terceira,
vinde aqui, ç'has-de encontral-a
n*esta terra brazileira.
Agora a quinta repete,
e junta-as depois á quarta,'
se a comeres com excesso
ella, de certo, te farta.
A quarta sem consoante
vem á segunda juntar,
sem ser pão — ó alimento
que o indio sabe arranjar.
Se o meu todo quizeres decifrar
o litoral costeia do Brazil,
has de vêl-a, por certo, á beira mar,
a mirar-se na agoa, e tão gentil !
M. K. I. Ç. (Cantagallo — Brazil).
140
Noticiámos no Almanaeh do anno pretérito o fallcci-
mento do nosso estimável collaborador, o sr. doutor Acá-
cio Mergulhão Neves Cabral, de Armam ar. Hoje seu pae,
ainda inconsolável por tão irreparável perda, vem dizer
o ultimo adeus a este livrinho, que enriquecia com o seu
nome desde 1861.
Ha dores- que despedaçam.
CHARADA VII
Assim galas abandona,
quem perdeu um filho q'rido : — 2
Só dirá morte anbelou,
por culpa do fementido. — 2
Para este caro livrinho
em verso um feudo solvia;
hoje mirrou-se o meu estro,
a dor matou a poesia.
Um anjo, minhas delicias,
cbamou-o Deus para si.
Quem podia disputar-lh'o ?
Prefrcncias não adduzi.
Junto dos coros celestes
eil-o a entoar o seu bymno,
pelo pae, pela família
implora o verbo divino.
Se da térrea prisão solta
a minha alma ao céo se erguer,
encontrarei o meu anjo,
findará meu padecer.
Adeus porém, meu livrinho,
vae o meu feudo acabar,
feneceu o feudatario,
seu viver é vegetar.
João Maria Mergulhão Neves Cabral
(S. Romão d'Armamar).
Quadro incompleto. — Mostravam a um
veterano um magnifico quadro, representando os castôllos,
cidades e tropheus, que um marechal de França havia
tomado.
— Não está completo, diz o veterano, tudo o que elle
tomou não está ahi, porque não vejo o meu pròt.
António d*Artiaga Soutto Maior
r (Cidade da Praia de S. Thiago).
141
O 9 Hara Burlce. — Assim como ha homens a
quem são indifferentes as lagrimas, ou o jubilo de seus
similhantes, que não tem em conta alguma os aconteci-
mentos políticos, os eventos da sciencia, as transformações
sociaes ; outros ha que, por uma admirável delicadeza de *-
sentimentos e largueza de animo, são irresistivelmente im-
pellidos para commettimentos audazes e grandiosos, nos
quaes não poucas vezes encontram desastroso e prematuro
termo á existência.
Martyres sublimes a quem a memoria dos homens só
muito tarde costuma pagar a sagrada divida de gratidão.
E que de martyres tem produzido a religião, a arte, a
poesia, a fé, e a sciencia!
Depois dos martyres da fé e d'entre os da sciencia, os
mais heróicos, os mais sublimes, os mais admiráveis, são
incontestavelmente os navegantes e os exploradores que,
n'estes últimos tempos, seguem uns os vestígios dos La
Perouse, dos Franklins, dos Bellot, e outros emprehendem
atravessar a Austrália do Sul ao Norte.
« Em Melbourne, capital d'esta parte do mundo, diz um
escriptor *, em uma collina pela qual passa a artéria mais
populosa da cidade, destaca-se um alto pedestal que sup-
porta um grupo em bronze de irreprehensivel execução.
Três homens estão n'elle representados, apoiando-se frater-
nalmente, e sondando com o olhar o infinito ! Um d'elles é
o chefe, tudo o annuncia : porte heróico, figura distincta e
ares de authoridade. E todavia os fatos despedaçados, os
membros de esqueletos, rostos emmagrecidos e olhares mo- m
ribundos, mostram que expiram de fadiga e de fome, aban-
donados no meio dos desertos !
« Este chefe é Burke ; estes homens são seus infelizes
companheiros! Mas Burke, este único nome, talvez apenas
conhecido na Europa, é ali popularissimo e faz pulsar
os corações. Este nome é hoje para toda a Austrália
mais do que o de Gariolano para a antiga Roma. Todas as
descobertas de aventurosos exploradores, no continente aus-
* Comte de Beauvoir — Voyagcs. ,
142 '
traliano, são de nenhuma importância em comparação da
gloria de Burke, que foi o primeiro a atrayessal-o de parte
a parte, do Oceano Austral ao Oceano Pacifico ( Heróicos
esforços, sobrehumana constância, exploração audaz, que
fizeram de Burke um grande homem ; mas a sua nobre
ambição, ambição de descobertas levadas ao fanatismo, nfio
lhe deixou gozar do seu triumpho, e este monumento perpetua
a lembrança do instante em que teve a única coisa que fal-
tava ainda á sua gloria — a consagração que dá a desven-
tura!»
Nenhum heroe teve mais desditoso fim. Que transe do-
loroso o de Burke correndo para o Norte, atravez o de-
serto, procurando o oceano, e não achando senão um
oceano de pedras seccas; morrendo de fome e tendo ainda
cem léguas a percorrer para achar viveres ; expirando por
ter querido emprehender uma grande missão e sentindo,
depois de nobremente a terminar, que talvez o mundo
ignorasse a sua ultima obra.
Melbourne, que não conta vinte annos de existência,
esculpiu gloriosamente no bronze a memoria dos seus mais
ínclitos heroes. Portugal, passados três séculos, deixa ainda
dormir no esquecimento a de Bartholomeu Dias, a de Tasco
da Gama e tantos outras II!
M. Alves d» Souta (Castello Branco).
CHÀRÀDÀ*ENIGMA (PITTORESCAJ
i — l
;A<iCBBCn'l /ft
*n . -> ■ c. J. TelUs.
Pér^pinta e resposta. — P. Qual é o lit-
terato brasileiro que excede ao francez Alfonso Karr?
A, £ o conselheiro Alericar (José de).
• A. M. da Silva (Brazileiro — Rio de Janeiro).
143
Grandeza d'nlmQ.-Em 6 de outubro de
1779 o capitão da fragata Doéouedic de Kergoualer,, que
commandava a Vigilante, encontrou-se com a fragata ia-
gleia Qwba.
Iram ed latamente se poicram em linha de combate, tra-
%% ST 2
11 . .S|
* 8 : § I
De repente a fragata Quibec apresenta um aspecto horrí-
vel. O incêndio havia-se manifestado com intensidade por
todas as partes. Todos os marinheiros que poderam lan-
Car-se ao mar, foram ahrigar-se sob o pavilhão francez. a
bordo da Vigilante. Ducouedic, ao recebel-os, fei algumas
exclamações, Analisando com estas palavras : < Fizestes
admiravelmente o vosso dever, e como a vossa fragata se
destruio com o pavilhão erguido, sereis aqui tratados, não
como prisioneiros de guerra,- porém como irmãos recolhi'
dos de um naufrágio.*
Oarindo ettas-Balavras de uma alija inteiramente grande
e nobre, as maíkheiros franeoies í ingleiaa derramar am
copiosas lagrimas, trocando aqudles com estes metade de
suas vestes. Os ódios desappareceram n'aquelle instante, e
desde então ftão houve distinççto ejitre ambas as nacio-
nalidades. ' '''*'. '-..iíl : . t ■
No meio de tudo houve um homem que não procurou
sahar-se, e que morreu intrépido e sereno devorado pélas
chammas, porque nunca largou o seu posto de honra. Foi
o valente Famer, commandante da Quebee.
Eduardo de Carvalho (Pernambuco — Recife).
BELLEZAS DA ARCÁDIA
Excerpto do Idyllio XIII
de António Diniz da Cruz e Silva
Os dois pastores Elpino e Tirse cantam as suas amadas.
ELPINO
Oh formosa Licori, inda mais branca
que a branca nata, muito mais corada
que as coradas maçãs : antes que esprema,
tinto de mosto o rústico Serralvo,
no cheiroso lagar as roxas uvas,
vejam meus olhos teus formosos olhos.
TIRSE
Oh beliissima Álcipe, inda mais bella
que a estrella da manhã, que o borbulhante
erystallino reflexo das estrellas,
antes que o sol a meus saudosos olhos
três vezes appareca, e três se esconda,
meus olhos vejam teu sereno rosto.
ELPINO
Busca a cabra a giesta, o lobo a cabra,
o cheiroso tomilho a bella abelha,
da frigida ribeira o niveo cisne
as aguas vagarosas ; mas Elpino
só da linda Licori os olhos busca,
cada um vae correndo após seu gosto.
145 *0
TIRSE
Teme o lobo o rafeiro, a ovelha o lobo,
o ligeiro veado a subtil rede,
e os vãos latidos do sagaz sabujo
o timido coelho : pore'm Tirse
sõ teme as iras da formosa Alcipe,
o seu estrago cada qual receia.
ELPINO
Outro dia cahio em minhas redes
um par dé pombos brancos como a neve;
de entre as ramas corri logo a buscal-o,
e ao prendel-os lhes disse alvoroçado :
so meus rústicos dons Licori acceita,
de Licori sereis, aves ditosas.
TIRSE
Hontem ao collo da malhada ovelha,
do rebanho esperança, a curva ponta
de um cervo pendurei, porque o mau olho
de invejosa pastora a hão offenda.
Feliz ovelha, pasce a molle relva,
feliz ovelha, que has de ser de Alcipe.
Em tão formosos versos o canto do doutor Theotonio
Gomes de Carvalho (Tirse), rivalisa com o do author do
Hyssope, António Diniz da Cruz e Silva (Elpino).
Cercal. — É uma freguezia do concelho do Cadaval
e do arciprestado d'Obidos, do qual dista cerca de vinte
kilometros. Tem 110 fogos, com 400 almas de população,
e era das três villas do duque de Cadaval. Está situada
n'uma das abas da serra da Neve, do lado do nascente,
ao longo da estrada real que liga Lisboa com as Caldas
da Rainha. A sua posição torna-a quasi a principal das
freguezjaa e logares que a rodeiam, taes são Tagarro, Al-
146
coentre, Barro-Miguel, Alguber, Peral, Quinta de S. Antó-
nio, Rio Maior e outras. Ê sadia, bem lavada do norte, e
com excellente agua, elemento que muito concorre para
que ali não grassem febres. A invasão fránceza causou-lhe
immensos estragos, queimando-lhe casas e cearas, e che-
gando a fazer cavallariça da egreja paro chiai. A fregueziá
era rica, porque era apresentada pelo cabido patriarchal,
que a fornecia de adereços e vestimentas para o culto di-
vino ; o logar não o era menos, porque ainda nos fins do
século passado chegou a contar dezesele sacerdotes que
d'ali eram natuxaes, e não menos de quatro capellas. Hpje
está reduzido a uma capella única, onde está a freguezia,
porque a própria está servindo de cemitério.
A egreja actual, que antes tinha a invocação de S. Se-
bastião, e hoje a de S. Vicente Martyr, é de construcção
muito acanhada. Tinha um só altar, e hoje tem três, de-
vido a um donativo que, segundo consta, lhe fizera D.
João IV. Como quer que seja, a porta principal, que é de
pau santo, tem em letras de metal a era de 1671. Pró-
ximo está uma casa de um só andar, que tem na parede
da frente uma lapide cravada, onde se lê a seguinte in-»
scripção :
Aqui pouzo
u ELRei Do
N J° o quARt
O E D
1645
Os habitantes eram um pouco dados a rixas, valentias
e vinho. Hoje o trabalho vae-os morigerando, sendo a
cultura de cereaes, e a creação de gados na charneca a
sua principal industria.
Tem o Cercal duas feiras no arnio, um bom chafariz,
de muito boa agua, mandado edificar por D. Maria I ;
uma eschola publica com casa própria, um albergue para
recolher os pobres, botica, duas lojas, e duas modestas
1*7
hospedarias. N'uma d cilas, na dó sr. Moreira, já se hos-
pedaram SS. MM. a Sr. a D. Maria II, os Srs. D. Fernando,
D. Pedro V, D. Luiz, a Sr. a D. Maria Pia, o imperador
do Braiil, Ministros nacionaes e estrangeiros, e todos á
uma tem elogiado o bom chá qne ali se faz. Não é por
habilidade da hospedeira, nem pela excellencia da planta,
é pura e simplesmente pela excellencia da agua em que
a infundem, e d'ahi vem que alguns amadores tem che-
gado mesmo a levar d ali algumas bilhas d'ella, para a
saborearem egual nas suas casas.
Dizem que nas proximidades do Cercal está um the-
soiro enterrado pelos soldados de Junot. São boatos sem
nenhum fundamento para acreditar, nem para descrer.
?.• J. T. T. R.
LOGOGRIPHO IV
Se a terceira duplicares,
eollocando-a após primeira,
verás logo com certeza,
yeloz ave brazileira.
Inda a tércia ajunta agora
i final e derradeira :
e de novo te apparece
outra ave brazileira.
Antepõe á tércia a quarta;
muda letra na terceira ;
tens um fruto que sazona
là na terra brazileira,
A segunda, collocada
atraz logo da primeira,
é porção de toda a planta
portugueza ou brazileira.
Uma parte do meu todo,
alterando-lho a terceira,
— não duvides — inda indica
producção que é brazileira.
Afinal, mudando letras
na tércia e derradeira,
acharás no mesmo todo
ave ainda brazileira.
Que misturai Jesus! Credo l
Quantas coisas brazileiras!
No Brazil encontras prima
com segunda e derradeiras.
/. J. da Coita Macedo. (Faro).
148
Anaflrramma. — No topo d'uma escada, no edi-
fício do extincto conrento de Franciscanos, da cidade de
Angra do Heroísmo, existe nina capellinha aonde, ouir'ora,
os religiosos tinham collocada "orna imagem da Virgem ;
e na parte inferior da mesma capellinha se lê em azule-
jos a saudação angélica — Ave Maria, gratia plena; Do-
minui («um... anagrammada pela seguinte forma:
Dei para inventa lum; erga,' immaculata.
Achei este anagiamma digno do Almanach de Lembranças.
G. R. C. Lima (Angra do Heroísmo).
ENIGMA III
(SALTO DE CAYALLO)
-Começa na casa A.
António Maria d' Almeida (Collares).
A. oídade da Ritoeiíra, Gri?Q»^kr>~-
QuanÔ© o viajante do alto da fortaleza da antiga cidade da
Ribeira Grande, deita uma vista d'olhos sobre as ruínas .fa-
mosas que apresenta a antiga capital da província de Cabo-
Verde, e contempla, com admiração, os venerandos restos do
tempo passado, o centro da antiga civilisação africana, o
empório do commercio, transformada hoje em* um quasi ermo
de ruínas cobertas de ortigas e abrolhos, sente confranger*
se-lhe o espirito em presença de tão edificante quadro !
Elevou-se outr'ora ao faótigio da gloria por uma população
numerosa, e por sacerdotes respeitáveis 1 , que, iUuminados
pela luz sagrada do Evangelho, atidos somente aos bens eter-
nos, abandonando pátrios lares, atravessando mares intratá-
veis, vinham, como enviados celestes, annunciar a boa nova
ou emancipação dos povos, enlaçando por uma cadeia d'oiro
a Europa com a Africa, e coufrateroisando por estreitos mas
suaves laços, o ethiopíco com o caucasico, porque ambos
são descendentes d'um pae commum; porém hoje existe
soterrada, occultando a sua radiante belleza, no meio de mon-
tões de ruínas. Assim como na Africa a vida se esvae com
a rapidez d'uma centelha que serpea e morre, assim como
uma planta que de manhã se vâ mimosa, cheia de seiva e
louçania, e de tarde se vô estiolada pelo assopro cálido do
maligno africus, tal se encontra hoje a rainha das terras
africanas, vergando ao destino que a abate.
Situada na costa de SO da ilha de S. Thiago, á beira-mar,
rodeada de serras alcantiladas e flanqueada por duas ribeiras,
que vão confluir n'uma alagôa á beira-mar, existe a antiga
cidade da Ribeira Grande, recommendavel pela abundância
d'agua que encerra no seu seio, e pela fertilidade do seu solo.
Dotada, outr'ora, de sumptuosos edifícios, assim religiosos
como profanos, apenas existe em soffrivel estado a antiga sé,
monumento primoroso, que disputava perfeição á do Funchal,
e o único que, havendo resistido em parte ao camartello do
tempo e á impiedade do vandalismo, &e mostra ainda em
sua primeva magestade.
Também está menos mal conservada a egreja da Senhora
do Rosário ; mas estão em ruínas o palácio episcopal, o con-
1 Reflro-me somente áquelles sacerdotes que se recommendavam
pela exemplaridade da sua vida e nao áquelles tartufos bem des-
mascarado» pala cUatiaoto MoUère»
180
vento, a misericórdia, as egfejas de S. Pedro Apostolo, S. Braz,
S. Roque e outras.
Remontati dome aos antigos tempos, parece que vejo
aquelle numeroso concurso de romeiros que vinham de todas
as partes trazer as suas oflerendas e render acções de graças !
Que festas, que de regosijos n'esses soberbos edifícios, hoje
convertidos em tristes restos 1
Affigura-se-me ver ainda o Ínclito e talentoso padre An-
tónio Vieira i , do alto da tribuna sagrada, proferir o seu
verbo de fogo contra o espirito do século ; o virtuoso e in-
cançavel bispo D. Frei Francisco da Cruz, reunindo, como
Salomão, os operários para a construcção da magnifica fabri-
ca ; mas vejo também o reverso do quadro, e sinto os
meus olhos distillarem copiosos prantos, que protestam con-
tra, o meu enthusiasmo.
É a reminiscência dos piratas que infestavam os mares
por essa occasião (1712), chegando a saquear quasi toda a
riqueza que havia na cidade.
Oh t se a gloria e a riqueza n'este pélago de amarguras
consiste em espoliar os outros, como a hyena que se ceva
nos despojos mortaes, maldita seja a memoria de taes mons-
tros.
B. Frederico (Santo Antão Gabo Verde).
CHARADA IX
Sendo boa, sou prezada,
todos me querem gozar;
sendo má, ninguém me quer,
alimento-me a voar. — 2
Todas três associadas,
prima, ultima e primeira,
não perfazem senão uma,
inútil sem companheira. — 2
Se tarefa tens marcada,
mil negócios a tratar,
o todo d'esta charada J
te fará talvez suar — u
flw (Paredes de Coura).
* Na Sé cathedral de Cabo- Verde pregou o padre António Viei-
ra. paroM-vè que na roa viagem para o Maranhão.
ittl
Prima-veifl. — Entra a primavera, e o r
grande podia, paraphraseando a ode de Horácio —
Torquatvm, exclama :
Fogem as neves frias
dos altos montes qnando reverdecem
as arvores sombrias ;
as verdes b ervas creoem,
e o prado ameno de mil cures tecem.
Zephiro 'brando expira;
sua? settas amor afSa agora;
Progoe triste suspira,
a Philomela chora;
o céo da fresca terra se namora.
Emquanto as oficinas
dos Cyclopes Vulcano está queimando,
vão colhendo boninas
as nymphas, e cantando
a terra co'o ligeiro pé tocando.
Desce do áspero monte
Diana já cansada da espessura,
buscando a clara fonte,
onde por sorte dura
perdeu Actéo a natural figura.
Depois acçrescenta, tirando d'aqui argumento para mos-
trar a instabilidade da vida humana :
Assim se vae passando
a verde Primavera e o secco Estio :
o Outono vem entrando,
e logo o Inverno frio,
que também passará por certo fio.
Ir-se-ha embranquecendo
com a frigida neve o secco monte,
e Júpiter chovendo
turbará a clara fonte,
temerá o marinheiro a Orion te;
porque, emfim, tudo passa;
não sabe o tempo ter firmeza em nada,
e a nossa vida escassa
foge tão apressada
que quando se começa é acabada.
Z2Ca,oa, 9 philosoplio Índio. — Os japonezes
o olhavam como seu legislador.
Elle os persuadio que para ganharem o céo era neces-
sário pronunciarem muitas e muitas vezes estas cinco pa-
lavras : Noma-Mio Foren-Qui i Quio, porem ainda não teve
um único interprete que podesse adivinhar a sua signifi-
cação.
1S3
Este povo, ao qual Xaca ensinou a Metempsicose e a
Theologia idolatrica dos chinezes, o collocou entre os
deuses de primeira ordem.
Ha mesmo uma seita de Bonzes, na qual Xaca 6 olhado
como o primeiro deus do império.
A historia de sua vida, diz, que sua mãe, estando para
o dar á luz, sonhou que pariria um elephante com o lado
esquerdo branco.
E eis a razão porque, em consequência d'esta fabula,
os reis de Sião, Tonquim e da China, eram extremamente
apaixonados pelos elefantes d'este género.
Os brachmanes dizem que este philosopho soffreu 80
mil vezes a Metempsicose, e que a sua alma passou para
muitos animaes de differentes espécies.
Rufino B. F. Leal (Arruda).
JURAMENTO DE AMOR
MADRIGAL
Não te engano, Marília (repetia
o loiro Anfrizo á duvidosa amante)
amar-te-hei sempre. E d'este amor constante
o meigo juramento lhe escrevia.
Mas o pranto suave, que a ternura
aos olhos lhe chamava
da mimosa escriptura
as começadas letras apagava;
e p'ra maior desgraça, oh ! sorte dura t
tentando renovar o que escrevera,
pobre Anfrizo í já tudo lhe esquecera.
D. Francisca de Paula Poaolo da Cotia
(Poesia»)
134
LOGOGRIPHO V (ACRÓSTICO)
(por letras)
Hmquanto o não fiz não soube. — i, 10.
tte isto havia na Turquia — 3, 12, 11, 10.
H se de o lançar approve — 11, 12, 13, 8.
50 aro é haver de dia — 9, 10, 1, 4, 5, 6, 7, 8.
► vista que em ninguém houve. — 1,2, 5, 3» 14.
jjusical c esta agora — 6, 8, 13, 12.
Qraa vez q'está rompendo, — 13, 2, 12.
wmagine-o quem se adora. — 5, 8.
talvez o estejas comendo, — 11, 8, 3, 4.
C que é sempre antes da hora. — 3, 4, 11, 8.
*íui encontral-a em Paris, — 6, 7, 13, 12, 13, 14.
^onde ia n'um colxâo. — 1, 12, 5.
Aoisa que mulher não diz, — 4, 11, 12, 11,4.
Mnherentc ao mandrião. — 8,6,10,8,9,2,11,12,13,4.
Peva vida não feliz. — 9, 8, 1, 11, 12, 13,«.
9e um poeta producção. — 4, 5, 14, 7, 11, 12.
Cm caminho encurtador. — 9, 4, 8, II, 12.
Valente... é de bola abaixo, — 9, 8, 3, 8.
Wnfunde ao néscio terror. — 1, 4, 5, 11, 12.
0i similhanças de macho, — 12, 9, 5, 8.
O que ás brazas dá odor. — 2, o, 6, 4, 5, 9, 8.
Já lestes o logogripho? //', {
Inda não 'stá decifrado? ^^ , „ j^ ; ,/ fs
Quereis agora o conceito?
É um acto condemnado. v *- »
1B&
D. Clementina da Silva Torrei.
CHARADA X
Ao meu primo Augusto P. Amaral
Nas lagrimas ardentes que derrama
o pobre e lamentarei exilado
quando triste se lembra dos que ama,
da pátria que deixou amargurado,
da terna esposa por quem o pobre clama,
no seu dormir por sonhos mil quebrado, ^
eu existo, e se lá não existira
taes prantos derramar jamais sentira — 1 (
E depois quando volta o exilado, v
do desterro onde mísero jazia, "
para a esposa, que só de ter chorado
amortecidos olhos já trazia ; V
no sorriso me vês do esposo amado \
e na mutua plácida alegria — 1
Sim; ver-me-has n'aquelle grande amor
do qual a ausência não murchou o ardor — 1
Agora tu, se o nome saber queres
da consorte do pobre desterrado,
podefei dizer-te só que entre as mulheres
é um nome formoso e namorado.
E se por satisfeito te não deres;
redobra d'attenção, toma cuidado,
Jorge de Vasconeellos (Runa).
Para não desconsolar ninguém.
— Havia um francez que dizia sempre quando se zangava
com alguém:
— Seu pedaço de maroto t Você é o penúltimo canalha
que ha no mundo í
— Penúltimo ! porque é elle só o penúltimo ? — per-
guntaram-lhe uma vez, ao que o francez respondeu:
— Penúltimo, digo eu, para não desconsolar ninguém.
Já era caridade t
_ 156
a §wmu t <d $>§á? a
(fabula)
DONZELLA
O meu álbum é um jardim ;
dás-me para elle uma flor?
estou certa que dizes «sim»
generoso cultivador.
POETA
teu álbum enfeitara,
cumpriria teu empenho,
se no meu jardim achara
melhores flores que tenho.
Não se dão em meu jardim
a rosa, cravo, açucena,
jacintho, dhalia, jasmim,
tulipa, lílaz, verbena.
Vegetam n'elle somente
chaga viva, roxo lirio,
triste saudade, pungente
goivo, rosa de martyrio.
Não hei-de a chaga enviar-te,
pondo-t'em cruel tortura,
porque não sei indicar-le
o bálsamo da sua cura.
O lirio diz — sentimento,
dòr funda do coração,
cruel, moral soffrimento.
Nada, nada, o lirio não I
Diz a saudade «rigores»
e vedam conselhos sábios
que tão castos puros lábios
libem taça d'àmargôres.
Dar-Vum goivo não cumpria ;
é emblema de tristura,
que record'a campa» fria,
a funérea sepultura.
Não te dou a flor que resta,
porque rosa de martyrio
pode ser causa funesta
de bem funesto deli rio.
DONZELLA
Um que as coisas considera
já um conselho me deu :
— para o seu álbum acceite
de flores copia profusa. —
Mesmo as flores que pondera,
alegre fosse, ou triste eu,
não eram melhor enfeite
que o conceito da recusa ?
187
Manuel Lopet Maia (Gavião).
SopagMMii além tumnlo! — Certo sujeito,
que tem um filhinho, que dá indícios de ter o diabo no
corpo, saio um dia de casa, zangadíssimo, e entrando na
de um seu amigo, perguntou-lhe : — Porque razão aquelle
estupor do Cícero disse que os mais doces^ folares, que a
natureza deu aos homens, são os filhos ? — É porque Cícero
(respondeu o amigo, que também lá tem os seus porquês)
escreveu isso, quando voltou do desterro ; e a um homem
que acaba o seu degredo, a alegria tira-lhe a cabeça do
seu logar. Ora leva lá para o tabaco, meu bom Cícero t...
Vai dizer: Quid dulcius hominum generi á natura datum
est, quam sui cuique liberi?
José Lopes Viegas (Olhão).
ANTES DO COMBATE
(Fragmento de Ossian)
«Ó chefe dos combates, meu pae, ouve
do filho teu a supplica : retira-te
d*aqui e vae juntar-te ao rei de Morven ;
tua gloria me cede. Se na guerra,
eu succumbir, meu pae, d'aquella virgem,
da filha de Toscar, que eu tanto adoro,
te lembra, <5 Ossian, vae consolal-a!
Sim, eu a vejo triste e debruçada
á beira do regato; as bellas faces
afogueadas mostra; seus cabellos
sobre o seio espalhados ; da montanha
em torno volve os olhos, e por Oscar
ella chama e suspira. Se eu morrer
diz-lhe, ó chefe, que fui paia a collina
juntar-me co'os heroes, e que minha alma
embalada nas nuvens, a encontral-a,
voando na amplidão, irá depressa.»
188
— Eleva, Oscar, eleva aulas meu tumulo :
o combate ceder-te hoje não quero*;
mas quero ao lado teu erguer meu braço,
derrubar inimigos, ensinando-te
a vencel-os brioso. Mas, ó filho,
se meus dias findarem, eu te peço
que em minha campa arvores esta espada,
a ponta do veado, e este meu arco,
e, depois, com singela pedra escura
meu sombrio jazigo triste marca.
Nenhum ente me resta a confiar-tc!
Evir-AUin perdi t Á terna filha
de Branno generoso, para sempre
de mim é separada!
D. Maria Adelaide Fernanda Prata
(Fingal — poema).
CHÀRADA-LOGOGRIPHO
(giummàticál)
meu todo é substantivo,
um verbo será também;
do conceito da charada
ficam scientes. Pois bem,
sò este todo dividirem
pelo meio em duas partes,
dois substantivos, dois verbos
acharão sem malas artes.
Tomando das letras todas
apenas cinco primeiras
tem-se um verbo ; outro se faz
com as duas derradeiras.
1S9
Tirem seis e claramente
um substantivo verão,
e se ás avessas o lerem
outro ainda encontrarão.
Se depois das letras todas
tiram cinco em boas meças,
terão um verbo ás direitas
um substantivo ás avessas.
Agora invertam as letras,
tirem quatro, e a direito
se lerá um substantivo,
e um verbo do outro geito.
Ramos d* Abreu (Lisboa).
EDITAL DE UM FISCAL
Prohibe-se inteiram eme que as cabras andem nas -ruas
soltas» e que os -bodes também andem soltos nos dias i
de procissão ; • prohibe-se que andem soltos os porcos, |
grandes o pequenos, e todos os mais animaea damninhos
e feroses.
Isto li de lei ; e depois nio digam que sou malvado.
Alvará ãa Crus (Cachoeira — Rio G. do Sul.) |
LOGOGRIPHO VI 1
Mulher sem par — 1 , 9, 8, 4, 8, 6
No Tejo yês. — 1,8, 7, 3
Ê linda flori --4,5,8, 7,3
D'este mallex.
A, M. N. (Alvito).
160
O Meatre d'Avlz e o Frtor do
Crato. — Ambos filhos naturaes e ambos clérigos,
vivendo quando era ameaçada a pátria, D. Joio, Mestra
ii'Avii, e D. António, Prior do Crato, assemelham- se.
Os loiros que cingem a fronte de D. João, nos faiem
vèr n'elle um heroe ! — Em Lisboa, defende-se heroica-
mente contra os horrores d'um assedio ; em Aljubarrota,
hasteia gloriosa a nossa bandeira sobre a ossada de um
inimigo poderoso 1
E o Prior do Cralo ? Porque passa tio ignorado na his-
toria? Pois não se manifestou elle contra essa usurpação
que, durante sessenta anãos, tanto nos aviltara ?
A nação, violenta e profundamente abalada pelo desas-
tre de Alcácer, vfi Castella aproximar-se ! Debalde invoca
as tradições d'um passado glorioso ; o se alguns de seus
filhos em cujo peito se aloja ainda o amor da pairia,
querem combater por cila, veem-se prostrados, sem forças!...
Ergue-se D. António a propugnar por tio justa causa,
mas fal-o recuar a espada do duque d'Alba. E o que po-
dia elle com um exercito muito inferior ao castelhano, e
161 11
menos disciplinado, não tendo por si a espada d'um.Nuno
Alvares Pereira e não possuindo a perícia militar do Mes-
tre d'Aviz ? Eis porque foi derrotado junto á ponte de
Alcântara.
D. João, favoreceu-o a sorte. — À nação queria-o, vio
n'elle o seu defensor, e depois elegeu-o e proclamou-o
seu rei i D. António, perseguido pelo influxo de sua má
estrella, vio prostrados os seus planos, esvaecidos os seus
sonhos de poderio!... E por cumulo da infelicidade, foi
acabar longe da pátria, que em vão tentara salvar !
Recruta n.° i.
SAUDADES .
i
Eu quiz um canto entretecer de flores,
e as mais viçosas com ardor busquei;
tristes saudades e funéreos goivos,
foram as flores que em minh'alma achei ;
Ermo canteiro solitário e pobre,
aonde a esp 'rança já não vem florir;
mas inda assim desprenderei meus carmes
que regam prantos d 'um cruel sentir.
Alma tão q'rida que fugiste ao mundo,
e me deixaste só, entregue á dôr!
vem, inclina-te, escuta o triste canto,
meus tristes hymnos de saudade e amor.
Amor que como a nuvem te dissipas,
visão d'uma hora que não volta mais ;
meus encantados sonhos de poesia,
o que é feito de vós, aonde estaes?
Longe, bem longe, onde só reinam trevas;
sumiram-se na escura cerração,
vivem na campa que o teu corpo eiconde,
e deixar am-mc cm lucto o coração.
162
li
Diz-me, nVssa hora d'um soffrer tremendo,
em que a vida gelando expira alfim,
crnzou-te pela mente a minha imagem?
Diz — suspiraste uma só vez por mim ?
Diz-me, no instante de suprema angustia,
quando a alma se libra e vôa a Deus,
no teu ultimo olhar que ao mundo deste,
não foi p'ra mim o derradeiro adeus?
Esta incerteza me tortura e esmaga;
porém, descança, ó alma minha irmã,
que o coração em tudo te adivinha,
e sempre me acompanha. De manhã,
Se acaso escuto o susurrar do vento,
que agita as flores n'um perpassar veloz,
ou o regato que a meus pés deslisa,
eu julgo ouvir-te o meigo som da vozf
Quando á tardinha, ao despedir do dia,
eu vejo a lua despontar sem véo,
supponho ver a tua fronte pallida,
no astro lindo que illumina o céo.
Se por noite alta suspirar escuto
no denso pinheiral que se ergue além,
evoca-te minha alma em sobresaKo,
e digo : eis chega I visitar-me vem !
Descança em paz 1 E deslisae ó lagrimas
d'acerba mágua, que me vem pungir;
cedo, bem cedo me verás comtigo,
que eu sinto a vida para ti fugir.
Dona G. C. (Lisboa).
• Monteiro d'Alcobaça. — - Foi edificado por D. Af-
fonso 1 em cumprimento do voto que fez pela tomada de
Santarém aos mouros. A primeira pedra foi lançada por
esta rei, e a segunda por seu irmão D. Pedro Affonso em
2 de Fevereiro de 1148.
163
Da primitiva pode dizer-se que nada resta, porque em
1195, reinando D. Sancho I, Miramolin degolou os mon-
ges e destroio o edifício, que depois foi reformado com
maior grandeza. A reedificação terminou em 1220, reinando
D. Affonso II ; D. Diniz edificou-lhe um excellente claustro;
D. Manoel ampliou a capella-mór, a sacristia e o coro, exem-
plo que imitaram os seus successores.
O pórtico da egrej a ó magnifico ; e a cgreja tem 18 colum-
nas que vão formar o tecto.
A sala dos reis era riquíssima nfio só pelo trabalho, como
pelos objectos de valor que tinha ; n'ella está a celebre
caldeira de cobre que tomámos aos castelhanos na gloriosa
batalha d' Aljubarrota a 14 de agosto de 1385. Na sala dos
túmulos estão os restos mortaes de D. Affonso II, D. Af-
fonso III, D. Pedro Affonso, irmão do fundador, e das rai-
nhas D. Urraca D. Brites, e D. Ignez de Castro, que em
geral são obras de primoroso trabalho artístico, especial-
mente os de D. Pedro e D. Ignez de Castro. N'estes, posto
que em 1808 os francezes lhe partissem alguns bocados
(imaginando encontrar algumas jóias) *, pode ainda admi-
rar-se o primor, com que foram lavrados.
O altar-mór, que ó edificante é tem figuras riquíssimas,
possuia algumas de prata de tamanho natural, mas essas...
desappareceram ; é cercado de oito capei las construídas por
D. Manuel, e posto que o seu trabalho seja de talha doi-
rada, acha-se ainda em soffrivel estado. D'estas a principal
é a do Senhor Jesus dos Passos, cuja imagem é uma perfeita
esculptura. Tem também alguns quadros de valor.
O coro é do século XIV, e passa por obra de muito mé-
rito entre os entendidos.
A sacristia é d'um trabalho que em poucas partes se
pode admirar ; o tecto é ide lavores riquíssimos, a mobília
é de ébano, com embutidos de madrepérola e marfim.
Mas tudo isto, meu Deus ! em que estado !
O convento era destinado a alojar centenares de frades;
cercava-se de cinco formosos claustros, por meio dos quaes
passa o rio Côa, e estendia o seu poder a treze vil las e
três portos de mar. A sala da livraria, obra prima do
i NSo foram só os túmulos que partiram, demoliram tudo o que
poderam, e nao contentes ainda, lançaram o fogo ao convento, de
que felizmente só ardeu uma capella.
164
nosso século, continha uma magnifica bUriiotheca, Uives das
primeiras do paiz, e algumas obras d*arte, havendo entre
ellas alguns quadros que se attribuam a Grão Vaf co.' Estes
foram para a Academia das Bellas Artes de Lisboa, e o
resto foi caridosamente transportado para a capital, encon-
trando-se ainda hoje as estantes, e com ellas uma grande
parte dos livros, nas catacumbas do palácio das cortes. No
mosteiro d' Alcobaça fioreccram entie outros escriptores de
boa nota, Fr. Bernardo de Brito, e Fr. António Brandão,
o grande historiador do século XVII.
N'uma parte do convento que não é destinada ao culto
religioso, estão hoje: a Gamara Municipal, Repartição de
Fazenda, Administração do Conselho, Conservatória, Tri-
bunal judicial, Cadeia*, Repartição de pesos e medidas, Aula
regia, Theatro, e n'um dos jardins dos claustros houve ha
annos uma praça de touros!... resto do edifício serve de
palheiros, cavallariças, deposito de madeiras (!t!) etc. As cellas
são hoje dormitório de muitas familias pobres da villa. Den-
tro em pouco tempo de tão grandioso monumento só existirão
minas M!
Resta-nos ainda fallar da cosinha. É digna do tão grandioso
edifício ; tem 32 metros de comprimento por 14 de altura ;
passa pelo meio d'ella um braço de rio Côa, tem tanques
e grandes mesas de mármore.
No tempo dos frades sustentavam estes 200 pobres e mais.
Ainda vivem algumas pessoas d'esse tempo e que maldizem
os que deixam arruinar a este ponto um mosteiro que no
seu género era seguramente o maior de Portugal.
«Se podesse, dizia um distincto escriptor, com um sopro
de vida levantar as cinzas de seus antepassados, ellas tre-
meriam de indignação e terror, vendo n'aquelle estado o
edifício que erigiram com intuitos tão piedosos e tão san-
tos.»
Manuel Vieira Natividade (Alcobaça).
Má ling^ua,. — Passeiavam dois amigos, e apon-
tando um d'elles para um grande palácio, que tinha feito
um ministro, disse :
— Este não foi dos seus passados.
— Não ; foi dos presentes, respondeu o companheiro.
165
LOGOGRIPHO VH
A enineBto Ugogriphisla a Ex. ma Sr. a D. Annalia fieira do Nascimeote
N'xim jardim, aonde as flores
eram lindas, d'encantar :
qual seria a mais formosa,
começam a disputar. — 3. 7, 8, 2, 4, 3.
Todas q'riam ser rainha,
cada uma a palma queria;
. e seus lindos predicados
expunham com ufania. — 9, 8, i, 2, 9, 5.
Suas sympathicas cores
algumas patenteavam ;
olores gratos, inebriantes,
estas de si exalavam. — 9, 5, 4, 9, 6, 4, 1 , 9, S.
Nenhuma d'ellas cedia;
dando sempre á taramela,
cada uma se mostrava
mais seductora e mais bella. — 3, 7,1,9.
Appar'ceu, então, no campo
animada, linda flor ;
e logo ao vêl-a, d'inveja
succumbem, perdem a cor 1
José Carrilho Ayres Garcia (Almodovar).
I>. Filippa cie "Vilhena. — Preparava-se o
grande movimento nacional, que devia n'um momento
quebrar as cadeias, com que nossos pulsos algemava a
Hespanha. A pátria espesinhada e agonisante implorava
de seus filhos sublimes feitos de heroísmo, para Ievantar-se
da degradação, em que a pozeram sessenta annos de ca-
ptiveiro.
A agitação crescia, e os conjurados redobravam de es-
forços, para o feliz êxito de sua arriscadíssima empreza.
O santo amor da liberdade inflammava todos os corações.
_ 166
Entre os feitos heróicos, praticados pelos nossos avós
n'essa arrojada empreza, avulta o acto de heroísmo e de-
dicação d'uma senhora, cujo nome desde então ficou ar-
chiyado nas mais brilhantes paginas da historia pátria.
É D. Filippa de Vilhena, condessa de Àthouguia. Sa-
bendo o patriótico feito que se preparava, volve os olhos
para a espada de seu marido, como ella, viuva. Áquella
espada, ennobrecida pelo conde de Àthouguia nas guerras
da índia, não devia em occasião tão solemne ficar na bai-
nha. Seus filhos eram ainda imberbes ; mas que importa ?
para os fidalgos d'aquellas eras, o dever de defender a
pátria não se media pela edade, mas pelo sangue.
A nobre senhora tomou uma resolução magnânima.
Sacrificando a ternura maternal no altar da pátria, abra-
sada em frenético enthusiasmo pela autonomia nacional,
offerece seus filhos aos conjurados, não querendo perder
a occasião de os augmentar em honra, com tão heróico
feito.
Chama-os, veste-lhes as armas ; e entregando ao mais
velho, D. Jeronymo de Athayde, a espada de seu pae,
diz-lhes : «Ide, meus filhos, libertar a pátria ; se as forças
e o sexo m'o permittissem, de boa vontade vos seguiria,
para vencer, ou morrer comvosco, pelo bem de meu
paiz.»
P. e José Victorino Pinto de Carvalho (Santa Cruz).
Aunuucio cio « Harper's "Revi^vr » .
— «A quem mandar seis vinténs em dinheiro e nota da
sua edade, côr dos olhos e dos cabellos, remetter-sêiia
pela volta do correio uma correcta photographia do seu
futuro marido, ou da sua futura esposa, com o nome
d'elle ou d'ella, e a data do casamento. Carta a W. Fox
P. O. Drawer, 42, Fultonville, N. Y.»
Acreditem que não ó peta!
Que terra para maravilhas, que não é esta de Nova-
Yorkll
167
Gentileza» dos Ralanta». — Balantas,
ou Balandras, se chama um povo da Guiné portuguesa, que
habita, entre outros territórios, da margem direita do rio
Geba, janto ao reino d'Antulla, na ilha de Bissao.
Nlo teem regnloa, como os outros gentios, i
una como confederação, em que os grandes s
refinados ladroes, a quem todos respeitam, e
mais numerosa descendência masculina. cas
relatar, mostra o atraio e a índole d'ee
È costume e uso inveterado enlre elles, fazerem grandes
demonstrações de pezar na morte dos parentes mais pró-
ximos ; estas são manifestadas por grande numero de tiros,
maior de garrafas d 'a piar dente, que se bebem, e matança
da vaccas.
Ha
iníí, cuja mie talvez
i, o piedoso filho, re-
168
ceando morrer primeiro do que ella, e nSo ter por isso o
gosto de patentear o seu sentimento pela sua morte, todos
os dias a collocava ao sol para se mirrar mais depressa,
até que para encurtar o tempo carregou uma espingarda,
e, arrepia dizel-o, a sangue frio a disparou sobre a pobre»
que lhe dera o ser I
Apenas a mãe cahio exânime começou o filho a chorar
em altas vozes, e ás lastimas seguiram-se os funeraes, que
duraram uns poucos de dias, e que consistiram nos desor-
denados festejos a que já me referi.
Mareellino da Costa Ribeiro (Guiné).
(versão de rcckert)
O imperador Frederico,
Barbaroxa nomeado,
em castello subterrâneo
existe como encantado ;
Elle vive ainda hoje,
(nunca deixou d' existir),
mas no'castello encantado
vive só para dormir.
Levou comsigo do reino
a grande magnificência,
e ha de voltar ainda
depois de bem longa ausência.
É de marfim a cadeira
onde o imperador se senta,
é marmórea a grande mexa
onde sua fronte assenta.
169
Sua barba não é branca,
mas sim tem do fogo a cor,
e já atravessou a meza
em que sóe o queixo pôr.
Com somno abana a cabeça,
pisca o olho meio aberto,
e a um rapaz faz signal,
quando passa tempo certo.
t Vai fora, anão do castello*
lhe diz o velho em turpor,
te repara se inda os corvos
voam do monte ao redor ;
E, se por acaso os corvos
ainda lá estão a voar,
deverei eu encantado
outros cem annos ficar.»
C. da Forneça (Aveiro).
V.*,
-•*«
ENIGMA IV
(por letras)
Minha primeira é primeira ;
a segunda e a terceira
são o mesmo — tal e qual ;
a minha quarta é vogal.
A quinta no livro está ;
a terceira é sexta, olé t
e a sétima, que o fim dá,
igual á primeira é.
O meu todo ná excellencia
para a poesia pendeu.
Procura n'este Almanach
o meu nome. Quem sou eu?
P. B. de Saes (Santos — Brazil).
A. Virgem «Ia Confiança, i —
Astro de luz na senda espinhosa da vidat estrella bri-
lhante nas vagas ondulantes da noite, brisa que passas na
estação calmosa, esperança do nauta nos precipícios do
mar, guia do christão no labutar da vida humana, eu te
saúdo e te venero, Senhora! Lá n'essa habitação celeste,
d'onde velas por nós, não queiraes, desamparar-nos n'este
valle de lagrimas; e não te esqueças de nós, ó Mãe dos
peccadores; mas attende-nos, Senhora, nas nossas afflic-
ções, tu que és a consolação dos afflictos, como ainda
hoje te canta a Egreja. Aqui tens este humilde servo,
filho teu, que em nome d'aquella, que ainda ha pouco
jazia no leito da dor, vem hoje á tua presença tributar-te
um eterno reconhecimento, e aconselhar a teus filhos, que
chamem sempre por ti nas suas afflicções, porque tu ou-
vil-os-has ; petite et accipietis ; pedi e recebereis, diz
S. Matheus. Todos nós, meus irmãos, sabemos que a vida
é mais ou menos cortada de dores, porque tem momentos
mais ou menos amargos ; mas em taes circumstancias en-
i Extracto de um sermão de um voto pregado a Nossa Senhora da
Confiança, que se venera na mia capella na freguezia de Pedrogam
Pequeno, na maia alta montanha da margem esquerda do rio Zeiere.
170
contramos auxilio na protecção de Maria. Recorramos pois
a ella, e ouvir-nos-ha, assim como ouvio aquella piedosa
mulher, que se vio ás portas da morte, triste, pai lida, ca-
davérica, quasi sem alentos, mas não sem esperança, por-
que com ella invocou a que é refugio de todos os pecca-
dores, e mãe de todas as misericórdias.
Albino S. D, C.
A THOMAZ RIBEIRO
Bem hajas ! rei da poesia
que espargiste luz celeste
na sombra que nTenvolvia ;
e qual risonha esperança
apontas le-me a bonança,
apoz tormentosa lida,
na minha pátria querida,
nosso amado Portugal.
Se me é tão doce a certeza,
de que do exilio, no olvido,
pôde echoar um gemido,
na minha. terra natal ;
vê que suave surpreza
foi o saber que os meus versos,
fragmentos (T&ymuo, dispersos,
do livro da creação,
subirão a ti, poeta !
a ti, que cingiste a fronte
com louros immarcessiveis
de soberano condão ;
a ti, que dás n'um sorriso
idéas do Paraiso,
esperanças de perdão,
ás almas mais insensíveis,
ao mais duro coração.
Eu sei de cór os teus versos;
escuto nos — Sons que passam
a tua voz inspirada,
qual harpa ao longe vibrada
pela mão dos serafins.
Oh ! invejo os que te cercam
e que entre risos e encantos,
uma grinalda te offertam
onde festivos, se abraçam,
lírios, rosas e jasmins.
E foi lembrarte o meu nome
o de um irmão que adoraste ?
outro tempo em que sonhaste?
uma ventura ? um aflfecto ?
meu nome foi indiscreto,
mas implora o teu indulto ;
se afastaste a noite densa
em que buscava um abrigo,
conserva-o sempre comtigo,
que estando em teu seio occnlto,
não quer maior recompensa.
D. Adelina Amélia Lopes Vieira (Rio de Janeiro).
171
ITlOr da Rosa. — Acha-se situada n*uma planí-
cie, a um kilometro de distancia para sul da histórica
vi Ha do Crato ; os seus arrabaldes não são dos mais
agradáveis, por isso que não possuem mimosas vinhas,
hortas e pomares, que tanto embellezam as terras que po-
voam ; comtudo os campos são cultivados e bastante pro-
ductivos.
Ignora-se a data da sua fundação, mas suppõe-se que
tivera começo no principio do reinado de El-Rei D. João I.
Tem um formoso templo acastellado, de architectura tos-
cana, mas acha-se ha muito deteriorado, e a sua maior
ruína proveio-lhe das tropas francezas o haverem trans-
formado em aquartelamento. No interior da egreja estão
collocados dois túmulos de mármore de soberbo lavor ; um
situado no cruzeiro, outro na entrada da capella mor ;
teem ambos inscripções gravadas, porém torna-se dificul-
tosa a leitura por se acharem demasiadamente sumidas.
È natural, e crê-se, que pertencem a famílias distinctas.
Os seus habitantes são laboriosos, e occupam-se quasi
em geral, no fabrico da louça de barro, sendo esta
tão solida e tão perfeita que talvez rivalise com a que se
fabrica em E x tremo z.
Fazem-se annualmente n'esta povoação três feiras, uma
em janeiro, outra em março e a ultima em agosto ; a
qualquer d'ellas concorre gado de todas as espécies,
principalmente o suíno, e bem assim géneros de diffcren-
tes industrias. Na província do Àlemtejo passam como
mercados de primeira ordem. Ás mulheres teem dois
trajos, um é o do uso domestico, e outro é o de ver a
Deus, como ellas lhe chamam ; aquelle iguala-se nas suas
formas ao trajar de qualquer dos nossos povos, mas este
é realmente exquisito ; vestem uma saia de panno preto e
cobrem a cabeça com uma mantilha da mesma droga e
còr, deixando cair sobre o rosto um véo que nos faz
lembrar uma parodia feita a antigas avós.
A virgem invocada com o nome de Senhora das Neves
172
é muito venerada pelos aldeões, que -lhe fazem com a
maior pompa uma festividade animal, havendo na véspera
grande arraial nocturno.
Alfredo Augusto de Brito Moutinho,
CHARADA XII (ADDICIONADA) l
(POR IJtTRAS)
EHe — de vêr um homem comendo — sentado sobre
uma — de tábuas, e tendo ao lado as — de Camões.
CHARADA XIII (ADDICIONADA)
(POB SYLLABA8)
Ora — fuja d'essa — antes que lhe dô algum — .
Joaquim A. de Sousa Telles de Mattos (Évora).
MALDIZENTE
(Tradução do grego)
Tu, que com a lingua feres, monstro és,
não animal; c'os dentes fere o cão,
co'a ponta o cervo, tu cervo não és;
o leão co'as unhas, tu não és leão.
E se leão, ou cão, ou cervo és,
se leão, vai-te onde os leões estão,
se cão o mesmo leão te despedace,
se cervo, o mesmo cão te corra e cace.
Dr. António Ferreira.
1 O artificio d' estas eharadas,é exactamente o inverso das decapita-
das, que ae adivinham por subtracção succeasiva de letras, ou sylla-
bas,emquanto que esta* se decifram por addiç&o de letras ou «yuabae.
por isso qne o sen author lhes chama addicionadas, ou addidaê.
173
Receita para casamentos* — Pizia
um sujeito muito nosso conhecido, que quem.quizesse casar
as filhas as devia mostrar, levando-as muitas vezes não
só a passeios, praias e theatros, como de quando em
quando a visitar outras terras, para que bem as vissem,
porque os santos de casa nem sempre fazem p milagre.
Em confirmação d'esta doutrina, também n'uma ' comedia
hespanhola dos fins do século xvn — La dicha por el des-
precio, encontramos os seguintes versos, que o author põe
na bocca de Floreia, uma espritada que sabia bem o que
lhe convinha. Dizia ella :
Qui si todas laa mujeres
aguardan á que laa yean,
laa sirvan, laa enamoren,
laa requiebren y prefendan,
casaránae tarde, o nunca ;
que ai un platero i su tienda
no sacase cada dia
la» joyas y íaa cadenas,
y las tuviese encerrada»,
ein hacer mas diligencia,
como era potdble hurtarlas,
era impooible venderias.
LOGOGRIPHO VIII
Á iistincta logogriphistâ Ei mo . &ra. D. Adélia Josephina de Castro Fonseca
Offereço-vos, Senhora,
em signal de gratidão,
este simples logogripho
de fácil decifração.
Se a quarta repetes, em brandos affagos .
divago nos lagos, nos mares talvez ;
não sou brazileira, porém africana,
também indiana se acaso me crés.
A tércia e primeira — furor inclemente
na seita do crente fatal Mahomet;
mas quarta com tércia — socego, humildade,
e até santidade nas azas da fé.
Tu vès um adverbio nas duas primeiras,
mas nas derradeiras no verbo o verás;
a .prima um adverbio também foi outr'ora,
porém d'ella agora ninguém caso faz.
m
CONCEITO
Não zombem do suicida infortunado...
A vida foi-lhe um cárcere de angustias...
Amargas provações de negra sina,
escarne o, zombaria, vilipêndios,
apupadas cruéis da plebe insana,
tudo, tudo soffreu resignado,
sem desprender um timido queixume...
Amava... e, n'essa idéa encantadora
de febre e de loucura, resumia
um mundo inteiro de ventura e sonhos t
Descuidoso da sorte que arrastava,
vivia só por ella... Conlemplal-a,
ouvir-lhe a voz cadente, harmoniosa
como um gorgeio d'ave, soccorrel-a
no imminente perigo, e ter em paga
um olhar, um sorriso, um nada apenas
d'aquella por quem dava a própria vida,
eis toda a aspiração que palpitava
n'aquelle coração sincero e puro
como um beijo de mãe! Não zombem d'eltò
Cumprio na terra seu fadário inglório,
e foi viver no céo — pátria dos justo$.
D. Annalia Vieira do Nattimente.
(Portalegre — Brazil).
Nomes aira/bicos. — Pela historia dos árabes,
que dominaram a Hespanha, sabemos que era. costume
entre elies dar sempre, ou quasi sempre, a suas filhas, no-
mes de significação agradável. Ahi vão alguns para com-
provar' o que dizemos.
Sobeiha, aurora; Radkia, aprazível; Noeima, graciosa;
Saida, felia ; Soeida, venturosa ; Selima, pacifica ; Amina,
fiel; Zahra, flor.; Zahira, florida; Boriha, clara; Sajia,
pura; Naziha, deliciosa; Kinza, thesoiro; %ulu, pérola;
Maliha, formosa.
17»
A» flórea. — Leva- no» moitas vezes o pensamento
para um campo florido, ou para um jardim cultivado.
Qua «smalie ! que cores I que perfumes ! qne riqueza t
II Is
li -
tio doces? A purpura dos reis, comparada á sua finíssima
contextura não é senão um cilicio grosseiro.
Ainda que seja pouco bella, poder-se-ha imaginar n'ou-
tr» coisa uma tio grande symetria como no sen todo, uma
tão regular ordenança como nas suas folhas, uma tão gran-
de exactidão como nas suas proporções ?
Porém, esta flor que de manhã á tão bella, murchará
até á noite ; amanhã será queimada pelos raios ardentes
do sol, penderá no outro dia sem vigor, e sem brilho.
Assim é a sorte do homem, O mais perfeito, o mais il-
luslrado, o mais engenhoso, o mais rico de gloria I
Arthw d'A*ãradê (Chaves.
Injui-ias. — Dá prova de uma grande alma, dizia
Confúcio, o que as paga com beneficies.
_ Í76
"Ericeira. — A 40 kil. ao S. de Peniche, sobre
nm pequeno golpho, na costa do Atlântico, está situada
esta pequena e antiquíssima villa, de cuja origem não ba
notícia. O matreiro Filippe II, usurpando-a a D. António
prior de Grato, filho natural do infante D. Luiz, deu- a a
Luiz Alvares de Azevedo, de juro e herdade, passando
por morte d'este a uma sua filha, religiosa do convento
de Odivellas. D. Diogo de Menezes, a quem Filippe IV fez
primeiro conde da Ericeira em i de março de 1623, com-
prou-a com as respectivas rendas, direitos de peixe, etc,
á abbadessa do mesmo convento, pela somma de 8:000
cruzados. O palácio, dos condes da Ericeira, que nunca
chegara a concluir-se, existe ainda em ruinas na rua do
Paço da mesma villa. O tronco d'esta illustre família que
se distinguio por tantos títulos, foi D. Fernando de Me-
nezes, cognominado o Roxo, pae de Henrique de Menezes,
vice-rei da índia.
A Ericeira assenta sobre uma rocha elevadíssima, mi-
nada na base pelas ondas. O porto chamado da Ribeira
forma um recôncavo quasi circular, orlado de grandes ro-
chedos, deixando aberta uma estreita garganta, onde apor-
tam embarcações de pequeno lote. Fica-lhe ao lado um
pequeno forte, que o desamparo e acção do tempo têm
posto em completa ruína. Foi mandado construir por
D. Pedro II, pelos annos de 4700.
No calçamento das ruas e acceio exterior das casas,
leva a Ericeira as lampas ás praias mais concorridas das
cercanias de Lisboa.
A ogigem do seu nome provém de ouriço, que tanto
abunda em toda a sua costa, e a que antigamente se
chamava eyriço.
Conta 5 tgrejas: a de S. Pedro, orago da freguezia,
reedificada no século passado, concorrendo para isso com
avultada esmola o sr. D. João V; a Misericórdia (outr'ora
do Espirito Santo), fundada em 1678 por Francisco Lopes
Franco» tendo um pequeno hospital com bons rendimentos ;
«7 «
a de Santa Martha, no extremo S. da villa, em cujo largo
tinha logar antigamente a feira de S. Thiago; e as de
8. António e S. Sebastião, de acanhadas dimensões e quasi
abandonadas.
No edificio que ontr'ora sérvio de cadeia e casa da
camará, hoje reedificado, estabeleceu-se no reinado do
Sr. D. Pedro V, de saudosíssima memoria, uma escola
regia para o sexo masculino, sob a direcção do intelli-
gente professor, o Sr. Joaquim Elysiario Ferreira. É actual-
mente frequentada por cerca de 100 alumnos.
Além da espaçosa praça de D. Luiz e largo de S. An-
tónio, Bituados nos mais bellos pontos da villa, e onde
afflue grande numero de pessoas nas calmosas noites de
estio, tomam-se notareis os passeios das Furnas e S. Se-
bastião, d' onde a vista abrange toda á risonha e garrida
Ericeira, envolta no seu manto de resplendente alvura, a
mirar-sè vaidosa no azulado espelho das aguas.
Os erlceirenses são geralmente afiáveis e hospitaleiros,
amigos do trabalho e de indole pacifica. Pode dizer-se,
sem medo de errar, que d'esta mimosa pérola do Atlântico
tem sahido os mais affoitos e intrépidos marinheiros de
todas as costas do reino.
D*este singelo cantinho do meu Portugal, onde me fugio J
a mais fagueira quadra da vida entre os risos e as ale-
- grias da descuidosa infância, falla-me a doce e branca |
imagem da saudade avivando-me n'alma a dòr que tanto
atormentou o desditoso Ovídio, no seu desterro do Ponto. '
Eduardo Mattot (Portuguez — Pernambuco).
CHARADA XIV (NOVÍSSIMA)
Ao Ill. mo Sr. Simão Navarro
< 2, I.'-— Este liquido aperta' és4e insecto.
D. Joanna Tavareê (Q>fUhã).
178
LOGOGRIPHO IX
(IMITAÇÀO)
A Íl" §r. â D. Adélia Josegjpji 4,e Castro Fonseca (Ba(iía)
A terceira com a quarta,
com outros, que muitos são,
vè-se tranquillo entre ursos,
entre cães, entre um leão 1
A minha sexta invertida,
se na primeira acabar,
veio á luz ha muitos séculos
para alegria nos dar.
A quinta com a segunda
é tela para vestir ;
tecido pouco encorpado
nada custa a descobrir.
Sem inverter quarta e quarta,
mas somente repetida,
já foram moda, mas acho
ser coita mui divertida...
Não varreu muito miolo
a segunda após a quarta ;
mas tem sido vasculhada
por impostores á farta.
A quarta com a primeira
do coro celestial
não consta que fosse expulso,
qual outro génio do mal.
Seu nome figura nos fastos d'Athenas,
no tempo famoso da Grécia immortal :
irmão de bastantes em feitos preclaros,
não é d'elles todos o mais colossal.
Uma senhora conimbricense.
Guarda çrraiiv<%<l<a o^ig^ima!. — O azei-
te, o inoffensivo azeite, que tanto nos delicia o paladar,
e que é indispensável em grande numero de pitéus, não
tem sido, como o petróleo, um agente poderoso para hor-
ríveis devastações, taes como as de Paris, Carthagena e
Alcoy, mas também já representou um papel importante
no século XIV na foz do Guadalquivir. Eis o caso :
Partira de Lisboa a esquadra portugueza, enviada por
D. Fernando I contra Henrique II, o heroe de Montiel;
fora confiado o cominando ao almirante Lançarote Pessa-
nha, que se limitara a fazer cruzeiro nas alturas de S. Lu-
cas de Barrameda por mais d'um anno, causando todavia
17»
sérios prejuízos aos castelhanos. Aproximara-se o inverno»
por fatalidade rigorosíssimo. Â esquadra vergava sob o
peso de um desanimo incrível, e, apesar de todos os cui-
dados de D. Fernando, definhava-se de frio, de fome e
de doenças. Tal era a intempérie da estação ! Em tão
criticas circumstancias resolve o almirante entrar no rio,
e vae a esquadra lançar ferro a bastante distancia da foz.
Apparece inesperadamente a esquadra hespanhola sob o
commando do celebre almirante Boca-Negra, e os nossos
ficam perfeitamente bloqueados, mas... para grandes ma-
les, grandes remédios!
Lançarote havia, dias antes, apresado dois navios, cuja
carregação constava de pipas de azeite.
Tem a luminosa idéa de lhe lançar fogo, e por meio
da corrente do rio, arrojal-as ao inimigo ; á concepção da
idéa segue-se a immediata execução, e Boca-Negra, á vista
de tal guarda avançada, teve de se fazer ao largo. A es-
quadra portugueza, precedida pelo azeite em chammas, passa
incólume em presença do inimigo !
M. J. da Cunha Brandão.
VIDA POR AMOR
És linda, meu anjo, tão meiga, tão bella
qual cândido lyrio, qual rosa d'abril;
faz pena que o sol em seu fogo te creste,
e vêr-te assim presa d'accesso febril.
Ó pai lida rosa ! Podessem meus votos
ás faces voltar-te o perdido rubor 1
Podessem meus annos c'os teus ajúntar-se,
e a vida te dera par troca d*amor.
D. Maria da Gloria Ferreira Guerreiro
(Vizeu — Fragozella) .* :
180
CANTAI
Ai 1 quantas vezes, á u
essa leu saudoso pranto
Ai I quantas vexes sentiste l
mais precisão de chorar !... com seus sorrisos e flores;
iil canta, uiti, que k prantcs, feres notas que te faliam
no teu plangente cantar! |camo foliavam amores.
Outras sio suspiros d'alma,
mas todas tem seu gozar...
Ai 1 canta, canta, ave triste,
quando quizeres chorar.
" W rVoliM-* 1
Gvtlhtrm d'Akantora G. de P. (Bragança).
181
Ponta do So^-r-Ae Ep.™° Sr. Nuno Peitam*.
— Esta villa e fregaezia 4 uma dás mais pittorescas e apra-
zíveis da nossa pérola do Oceano. — Está situada na costa
de cima, sul da ilha da Madeira, e d'ista' 25 kilometros
ao oeste do Funchal. Tem por hrazão d'armas o sol em
campo azul no meio do escudo, cercado da inscripção :
aBemdictut Bominus Deus Itrael, quia viêitavil fecit re-
denptionem,» e o seu foral foi concedido por El-Rei D. Ma-
nuel em 4 de julho de 1515. A sua população é de 7:056
habitantes, e a de todo o concelho de que ella é cabeça
de 16:707. O seu porto é péssimo, tendo-se comtudo ultima-
mente construído a expensas do governo um hellissimo
cães, que se torna quasi desnecessário, por isso que ne-
nhum barco pode aportar a elle á mais leve agitação das
ondas. É porém mais uma obra de recreio para os habitan-
tes. Em seguida a este levanta-se, em altura grandiosa,
um immenso rochedo denegrido, que, similhando colosso
impassível, parece ameaçar quem pela primeira vez ali
desembarca. Tem o seu porto mui poucos barcos de pes-
ca; possuindo todavia uma boa praça de peixe, mandada
levantar pela actual vereação, de que é presidente Fran-
cisco António d'Ornellas. O peixe é pouco, porém afflue
dos diversos pontos da ilha.
Ha n'esta villa e freguezia uma egreja matriz com invo-
cação de Nossa Senhora da Luz, e diversas ermidas /j|ftfa
fabrica de assucar, a vapor ; vários teares domésticos de
lã e algodão, e duas escolas regias de instrucção primaria,
sendo uma do sexo masoulíno e outra do sexo feminino.
Além dos paços do Concelho, encontram-se ali vários
predíbs de gosto moderno, sendo talvez o principal o do
sr. Januário Ferreira, fronteiro á rua ou estrada que da
villa se dirige aos sítios das Adegas e Monte.
O seu clima é bastante ameno e o solo é fértil, abun-
dando muito em cereaes, canna doce, e saborosíssima fra-
cta. A pequena distancia da villa, no sitio do Piquinho,
onde gratas e suavíssimas recordações me prendem parte
18*
da vida, é beílo feofitempfar *s inntui&fas éfraciosas pers.
pectivas que a fértil natureza nos apresenta.
As arvores fnictiferas, que revestem as alcantiladas pe-
nedias d'este sitio ; os aromas e fragrâncias das flores ; as
lindas vivendas, cobertas de colmo, que se levantam nos
outeiros e montes ; a vastidão do Oceano, que óVali se
divisa, tudo nos extasia e nos prende a imaginação para
a elevarmos aos pés do Creador!
Vaz Martins (Gamara de Lobos — Madeira).
o rm gabu&q
Ai t Rosinda, quando miro
os anneis do teu cabello
assetinado e tão bello,
arfa-me o peito, suspiro.
Dás-me uma trança, Rosinda,
das tuas madeixas d'oiro ?
Adoro o cabello loiro!...
e não t*o dissera ainda.
Gostava de unil-o a mim t
beijal-o ! chamar-lhe meu !
Que queres... se vejo o céo
nas tranças do cherubim !...
Porque me negas a trança,
das tuas madeixas d'oiro ?
adoro o cabello loiro,
os caracoes de creança t
Se ao menos dar-me quisesses •'
uma onda d'essas madeixas,
em paga d'estas endeixas
talvez ventura me desses.
» Francisco Jacobetty.
O amor e o casamento. — O amor é
physica ; o casamento é chimfca. No amor, como na phy-
sica, ha a attraccão de duas almas. No casamento, como
na chimica, ha a sua fusão. Estas definições são da Es-
trangeira, a nova peça de Dumas filho, que fez tanta bu-
lha $m -Franca,
lés
MENESTRÉIS DO TYROL
Cantamos longe da pat
qne alegre nos vio nasci
aias cantamos a chorar 1
Nosso fado ê padecer I..
Vivemos para cantar,
cantamos para — —
._.„ pátria w respira 1
ella é ai que noa inspirai
í «d II que ao som da lyt
pode o bardo, o trovador,
com delicia e com amor,
asna cantos acompanhar!
Al 1 montanhas do Tyrol 1
é só lá que brilha o aol I
só li aabe o rouxinol
com ternura gorgear.
depois de haver corrido
-. essas terraa estranhas,
apreciam as montanhas,
w nosso bello pais I
É só lá que o céo aliste,
É aq lá qno se é feliz.
A. M. C.
184
JL Ti/riimvrQRXA.
DO
CONDE DE PORTO ALEGRE
Jaz morto o bravo Conde t Peito ingente,
affeito ás lides de aguerridas pugnas,
nào sente a vida palpitar-lhe ardente,
não mais s'inflamma de spartano ardor t
Jaz morto o bravo Conde t Á pátria em lucto,
banhada a fronte de eternal tristeza,
paga-lhe agora maternal tributo
chorando o luctador t
Impassível heroe, que tinha nalma
sagrado fogo a crepitar sem termo...
Na fronte augusta, resplendente e calma,
brilhou-lhe a c'rôa dlmmortaes lauréis !
na vanguarda das bellicas cohortes
tinha a victoria a scintillar no gladio,
tomando praças, assaltando fortes
dos imigos cruéis!
Á coragem sem par de um Leonidas
juntava de Aristides a virtude;
em Moron, Tuyuty, luctas renhidas,
vio as hordas brutaes cair-lhe aos pés 1
Águia inundada nos clarões da gloria,
elevou-se das honras ao fastígio I
foi grande nos applausos da victoria t
foi grande no revez t
Ao rápido fulgor das bombardeiras,
aos terríveis embates da metralha,
commandava as belligeras fileiras
inundado das chammas do canhão t
185
Afrontando, da morte os mil perigos,
destruindo abatizes dos vai lados,
desfraldava nas plagas de inimigos
brazileo pavilhão 1
II
Tal foi a vida heróica do guerreiro,
que envolveutse, da morte em fundo abysmo
sem ouvir, no suspiro derradeiro,
o bramir dos canhOes, que tanto amou t
Typo severo dos romanos vultos»
peito expansivo em sentimentos nobres,
que á liberdade consagrava cultos,
a campa nos roubou !
Á sombra dos cyprestes funerários
repousa o forte, que viveu de luctas,
infundindo na mente dos contrários
respeito á valentia da nação t
A fronte, que elevou-se altiva e nobre,
agora é descorada no sepulchro t
a pedra tumular protege e cobre
o grande cidadão 1
Curvemos hoje a fronte entristecida
ante a desgraça, que o ferio de morte;
o bravo consagrava toda a vida
ás glorias do Brazil, que estremeceu t
Era o typo perfeito do soldado,
austero cumpridor da desciplina;
lamentemos um braço denodado
que a pátria engrandeceu)
Descança luctador! Teus altos feitos
vivem na historia da brazílea terra f
Se em nossos corações ergueste preitos,
n'elles todos também perdurarás)
18$
Ta que, arrojado, conquistaste um nome
— excelsa gloria do Brazil inteiro —
ta tens auréola d'immortal renome t
Tu sempre viverás !
Damaêceno Vieira (Porto Alegre — Brazil),
CHARADA XV
Minha prima, ó a primeira — 4
segunda prima, de três. — i
Minha terceira, é a tércia — I
á quarta é prima, bem vês.
Eu acho mal entendido
dar conceito a uma charada
é dizer ao caçador
que atire á lebre deitada.
Mas emfim, costume é lei,
cumprir leis ó um dever :
é mulher — e tenho dito,
nem tenho mais que dizer.
F. Â. d' Almeida (Sines).
A. Casa da Moura. — A três kilometros ao
nascente d'eeta villa de Turquel (concelho d* Alcobaça),
n'uma eminência a que dão o nome de Cabeço de Tur-
quel, contigua á serra de Albardos, existe uma caverna
a que os. povos d'estes sitios chamam — Casa da Moura.
A aberta ou porta da caverna, estreita e de forma ir-
regularmente ogival, é talhada na rocha. Segue-se um como
corredor de alguns metros de comprimento, o (jpial con-
duz a uma espaçosa estancia, cujo aspecto original e phan-
tastico nos traz á imaginação os esplendentes palácios de
fadas descriptos nos contos orientaes. Grandes stalactites,
de formas variadas e caprichosas, reflectindo a luz nas go-
tas de agua que oscilam em aeus numerosos pingentes, as-
semelham-se a coruscantes lampadários. Stalagmites enor-
mes representam á phantasia já estatuas, já mausoleos.
Aqui parece deparar-se-nos um órgão, com os respectivos
canudoa ; além julgamos avistar esbeltas columnas e exqui-
í*7
sitas balaustradas. Por toda a parte [ama decoração
phantastica e extravagante.
D'este recinto parte uma extensa galeria,^ que antiga-
mente communicava com o exterior pela parte opposta á
actual entrada.
O distincto archeologo sr. Joaquim Possidonio da Silva,
vindo ha alguns annos aqui observar esta gruta, e man-
dando n'ella proceder a excavações, encontrou alguns des-
pojos animaes envoltos em cinza.
Nos arredores da crypta topam-se muitos fragmentos de
pedra gypsosa crystallisada. N'uma planície adjacente
veem-se grandes moles graníticas destacadas, figurando tú-
mulos giganteos. Estas pedras são consideradas por al-
guns como dolmmt ; porém a sua grandeza descommunal,
e outras rasões, nos levam antes a crer que para ali
seriam arrojadas por algum acci dente natural, durante os
tempos geológicos.
José Diogo Ribeiro (Turquel).
LOGOGRIPHO X
(por letras)
Se tu me deres um c )i<% t A » <% u K k
sábio, astrólogo profundo, j"» ltt ' 7 * ó ' 14f 5 ' 6
Dou-te aqui uma cidade, — 2, 19, 15. 12, 21, 6
mais um nome de deidade, — 17, 4, 9, 13, 1
e inda outro, se quizer. — 14, 8, 10, 19, 20, 1
Este aqui, e em todo o mundo). . IK an . a «
é bem duro de roer. ]"• 15 ' l0 ' 18 ' * 4
São três palavras» não uma,
e não ha duvida alguma.
Se me queres decifrar,
6* comigo que has-de andar.
João Sá (Rio de Janeiro).
188
Kpttapliio do mareohal Bantzan.
— Rantzau, marechal de França, foi um bravo general do
século xvn. No cerco de Dole, em 1636, perdeu um olho ;
em 1646, no cerco d'Arras, perdeu uma perna, e ficou
aleijado d'uma das mãos; n'outra batalha perdeu um
braço, e n'um recontro uma orelha. Foi um martyr da
guerra. Quando morreu fizeram-lhe o seguinte epitaphio :
Du corpt du grana Rantzau tu n'at qu'une det parti;
Vautre moitié resta dam les plainet de Maré.
li dispersa partout $e$ membre* et $a gloire.
Tout abatu qu'il fut, il demeura vainquer.
Son $ang fut en eent lieux le prxx de la victoire.
Et Maré ne lui laisea rien d'entier que le eceur.
ADORATE DOMINUM!
SONETO
Àdoro-vos, senhor f nos salsos mares ;
adoro-vos nas fontes crystallinas :
adoro-vos na relva das campinas :
adoro-vos nos astros a milhares :
Àdoro-vos das aves nos cantares :
adoro-vos nos cedros das collinas :
adoro-vos no mimo das boninas :
adoro-vos nos fructos dos pomares :
Adoro-vos na voz da tempestade :
adoro-vos do raio na presteza :
adoro-vos dos céos na immensidade :
Adoro-vos do orbe na grandeza :
adoro-vos, Divina Magestade,
adoro-vos em toda a natureza 1
Gonçalo R. C. Lima (Ilha Terceira).
189
Ilha, cie Meio. — Uma das ilhas do archipèlajo
de Cabo Verde, situada na latitude N. i5° 19' 30", e ml
longitude 0. do meridiano de Lisboa i4° ÍT 15",
seu comprimento anda por i5 Ic, com 7 de largura
e 12 de circumferencia. É plana, mas apresenta quatro mon-
tes elevados : S. António, Penoso, Branco e Batalha,
A população anda por i:000 almas. A povoação princi-
pal é denominada Porto Inglez. Das aldeias, poucas,
qne ha no interior, algumas teem apenas duas ou três ca-
sas, se assim se podem chamar pequenas cabanas cober-
tas de palha.
A povoação está assente sobre um plano inclinado for-
mado de camadas de areia e pedra calcaria ; comtudo o
seu aspecto não seria desagradável á vista, se todas as
casas estivessem rebocadas e caiadas. Infelizmente, o
que se vê são casas derrubadas, aqui e ali montes de pe-
dra, dando-lhe a apparencia d'uma aldeia que soflfreu al-
gum cataclismo. Por entre estes desmoronamentos vèem-
se apenas surgir a casa da alfandega, a nova egreja ainda
em construcção (obras de Santa Engracia), meia dúzia de
edifícios pertencentes a particulares; e do lado sul um
velho fortim (único) com o pomposo nome de Forte D. Leo-
poldina, onde algumas vezes tremula a bandeira bicolor,
á sombra da qual se conservam mudas, vendo passar os
séculos, três peças encravadasl
Ao norte da povoação, na praia da Salina, existe hoje
uma ponte e um pequeno caminho de ferro, propriedade
d'um particular, para o serviço do embarque do sal.
A ilha não é muito insalubre, não obstante estar sob in-
fluencias meteorológicas, que muito concorrem para o des-
envolvimento das doenças próprias do clima ; e estamos
certos, que, se todas as camarás municipaes olhassem com
mais attenção para o aceio da povoação, esta se tornaria
mais saudável ainda.
A um fcitometro de distancia (pouco mais ou menos)
da casa da alfandega, ha uma salina natural, com que a
190
íatureza dotou a ilha. Em tempos que não vão muito
Itoge* produzia mais de- 12:000 moios de sal, medida do
rano ; hoje só produairi do i:000 a 2:000, porque uma
p-ande parte delia, mais de metade, jaz entupida pela
iccmmilação de pedras e terra que as chuvas para ali
teem arrastado, e em breve deixará de existir, se o governo
lhe não prestar a devida attencão.
Já alguém se lembrou que o mais conveniente seria
arrendal-a, mas eu tenho-o como o peor dos alvitres, por-
que a tornaria o monopólio de um só, sendo, como é, a
única riqueza da ilha, a que o povo recorre para tirar
os parcos meios de vida.
Haja uma boa limpeza, bons fiscaes do governo, rateie-
se o sal entre o povo, e os rendimentos públicos tripli-
carão
/. S. A. (Ilha de Maio).
SAUDADE
Á Bi** família Mendonça, em testemunho de profundo sentimento
pola morte de sua filha e irmã D. Isabel Mendonça e Povoas
Ài t gentil Isabel, irmã das graças,
quam cedo nos deixaste em soledade t
ai ! que d'encantos teu sepulchro esconde,
linda virgem, de quem resta a saudade t
Que é feito ao brilho dos teus verdes annos,
e ao fulgor que ostentavas tanto a flux?
extinguio-se, findou, e aos que te choram,
densas trevas deixaste em vez de luz 1
E fugindo e negando a. luz á terra
foste aos bons n'outra esphera ser farol?
ai ) creio, porque a senda da virtude
radiante a seguiste como o sol.
Dona A. E. d? Almeida Brito (Lageosa).
Oa amlgoa de Petraroha. — Viveu
sempre sóí dizia alguém a Petnrcha.
— Eu, sfl 1 — Esiou sempre rodeado d'amigc-8.
— Amigos! Quem aio elles? Onde estão 1 D 'onde Tem?
sempre
- Grace.
has perguntas
— Longe d'isso. Estes amigas que me são lio caro;
Ião benéficos, lio méis, qnereis vel-os í
E Petrarcha, levantando ama cortina, doiíou ver um.
longa fileira de livros.
Arthur d' Andrade (Chaves).
CHARADA XVI (DECAPITADA)
(DO FIM FUI O PmMCino)
Soa am polypo valgar,
de mulher am nome soa;
ê o sol que me produz,
entre as cy ciadas estou.
Joaquim de C. Forneça (Bahia).
192
O Juramento no Interior da. Una
de 8. Thlaffo. — É ainda hoje coaiume em mui-
Ui du fregueiiu il'eaia ilha, resolver as quostõee de pou-
ca monla, por meio iTum juramento a que chamam lura
ná Sãn Manei, que é et la a maior prova porque pode passar
um indígena.
Pouco tempo ha que eu presenciei um d'eaie* casos, da
seguinte forma :
Queiíava-sc um individuo ao juit eleito da freguesia de
193 ia
*** que lhe haviam roubado uma cabra, e que todos os
indícios o levavam a trtr que? o ladeai* tiiha. sida. um Ul
Pedro. O juiz manda intimar a Pedro, interroga-o, e esta
nega, O queixoso pede então ao juiz lhe faca jurar n*.
Sán Manei; este differe, e o accusado promptifica-se, mas,
quando lhe apresentam um crucifixo, que para este fim
deitam sobre uma mesa, e cobrem com um panno preto,
o accusado titubia, e acaba por dizer : — Senhor juiz, eu
roubei, é verdade, porque tinha fome; mande-me prender,
mas peça ao Santo que qge não faça mal.
Eicusado é dizer que o juiz satisfez a este tão justo
pedido do pobre indígena.
Quando a alguém que tem prestado este juramento suc-
cede alguma desgraça, é porque o juramento foi falso, e é
olhado por todos como o maior dos perjuros.
António Joaquim Ribeiro.
(Cidade da Praia — Cabo- Verde).
LOGOGRIPHO XI (ENIGMÁTICO)
e ia-se já a safar.
Porém, ó magua profunda t
ó desgraça não prevista )
quando menos, o esperava,
e ji contente sorria,
a <p*a$j,a o denunciava
á prfiçfgj vigilante,
qn& do fugido tratante
andava ha muito na pista.
M. JHat (Covilhã).
Babo cie JPeixe. — É o nome de uma aldeia,
a mais considerável dos Açores. Situada na ilha de S. Mi-
guel, em terreno plano ê fertilissimo, i beira mar, Rabo
de Peixe faz grande commercio em milho, trigo, feijão,
194
Eu conheci um sujeito,
d'este todo natural,
que, por muito fazer mal
com primeira e quarta apoz,
foi, depois d'um crime atroz»
n'uma prisão eucerrado.
Farto de estar engaiolado
logra a prisão arrombar
Com a tércia, mais segunda,
frucU e vinho. Tem igualmente grande abundância de
peixe e muito gado.
A povoação do Pico de Pedra, no interior, e a das Ca-
lhetas, situada também á beira-mar, sobre uma pequena ro-
cha, são dependências desta aldeia, que conta perto de
4:000 habitantes e 1:000 fogos, pouco mais ou menos. A
população ó quasi toda de lavradores.
Eis aqui uma aldeola bem felii; e tem um nome tão
insignificante 1
A. X. da Silva Perrira (Lisboa).
A. M. L« S. P«
És bella como é bella a estrella d'alva
de nitidcr explendor banhando a terra.
A. P. de Miranda.
Quando choras, Maria, és tão formosa
como a virgem ao pé da cruz que salva ;
se sorriem teus lábios côr de rosa
és bella como é bella a estrella d'atva.
E se os thesoiros da alma sonhadora
teu olhar fulgurante me descerra,
és, querida, formosa como a aurora
de nitido explendor banhando a terra.
D. Amélia Rebello.
CHARADA XVII (EM QUADRO)
Um tonante levou esta.
Amparo sou cTanimaes.
Um peixe de negro sangue.
Guardo campos e casaes.
M. F. (Villa Flor).
19»
Olinda,. — A uma legoa para o norte da cidade
do Recife, demora a histórica Olinda. Visitei-a ha três an-
nos, nas vésperas do meu regresso á pátria. Era um do-
mingo de sol entre nuvens e calor ardentíssimo.
Ruas íngremes, tortuosas, mal calçadas, desertas, onde
a herva cresce livremente, ladeadas de edifícios, na sua
maioria, velhos e em ruínas; aqui e além um convento de
paredes derrocadas ou negras; d'onde aonde um massiço
de arbustos a surdir d'entre a casaria: eis um pallido
esboço de Olinda.
Gomtudo na época dos banhos de mar, a velha cidade
assume um aspecto mais animado e ridente. Por esse tem-
po visita-a numerosa sociedade, as ruas, ao entardecer,
enchem-se de passeantes, e á noite, atravez de muitas ja-
nellas largamente abertas, côam-se os sons suavíssimos do
piano.
Que alegria então 1 Que festa em cada casat... Mas de-
pois lá volta fatalmente a época da tristeza, do silencio,
da solidão, e Olinda recahe no seu antigo lethargo. Dir-
se-ia um velho, cujo coração alanceado por muitíssimas
dores só de longe a longe se entreabre a um raio de
ventura, para logo se fechar mais sombrio...
Quando a visitei, era, como disse, um domingo, Olinda
estava deserta, atravessei algumas ruas, onde pairava um
silencio verdadeiramente tumular. Ào subir por uma d'ellas,
deparou-se-me á direita um convento. Em frente d'elle, oc-
culta pela ramagem de muitas arvores» via-se uma pobre cruz,
denegrida e só. Entrei no convento. átrio húmido e
lobrego confrangia-me o coração. Penetrei no claustro...
sempre o mesmo silencio, a mesma solidão, sempre... Sahi
d 'ali, e pouco depois achava-me no adro d'outro convento
situado n'um ponto culminante. D'ahi então, que panora-
ma esplendido me foi dado gozar! Lá em baixo a cidade
d'onde me não vinha um rumor; acima de mim um céo
nevoento; ao longe o alvejar do Recife; á direita e em
frente extensas planícies cobertas de pujante vegetação;
196
á esquerda o mar, e n'elle um vapor, navegando vagaroso
a pouca distancia da terra...
Não foi sem saudade, que lancei o olhar de despedida
áquella formosa paizagem. De boa vontade ali ficaria ho-
ras inteiras. Mas urgia partir...
D'ahi a minutos o trem que me reconduzia áo Recife,
punha-se em movimento. Eu sentia-me oppresso de me-
lancolia. E quem se não entristecerá se lhe occorre esta
idéa: nunca mais te verei?
Ruy Bla$ (Mattozinhos).
ENIGMA VI
De verbo neutro pessoa
n*estag duas podes ver ;
e lá no fim da existência
qualquer pôde assim dizer.
A primeira após segunda
cré que o mesmo inda ha de ser.
No todo um mulliplo podes
de três pares também ter.
Beynaldo Catimiro Rodrigues da Silva (Bahia).
1 ^Ikfe MAMAI
Peregrina e doce imagem,
celeste e loira visão,
que conheces a linguagem
da candura e da paixão ;
Creança bella, adorada,
que vives sempre a sorrir,
nutrindo n'alma inspirada
os desejos do porvir ;
Cândido lyrio dos valles,
onde é eterno o verdor,
que só inclinas o cálix
da viração ao rumor ;
Anjo casto que aviventas
os sonhos celestiaes,
esperança que alimentas
o^coração de teus pães ;
Prenuncio de uma ventura
que o homem vive a sonhar ;
alma cheia de ternura
que a todos sabe encantar ;
Deus te cfferte o immenso brilho
do seu celeste poder ;
Deus te aponte sempre o trilho
da moral e do dever t
197
Eduardo de Carvalho (Recife — Pernambuco).
CHARADA XVIII (DECAPITADA)
Que saudades tenho do tempo de creança!... Ainda
hoje choro, quando me recordo do solar — com o seu — ,
onde brincava com meus dois pequenos irmãos. Que for-
moso — t Hoje só me restam essas venturosas recordações ;
e se ás vezes — é por então acreditar na fabulosa — , que
para mim hoje é —
) A. Corrêa dê Campo* (Lobão).
.' Ml*
\
UMA CARTA
Ào meu amigo M. C. C, que, tendo ido passai o verío ao campo,
-não quii regressar a Lisboa antes do dia de S. Martinho
Quiseste lá ficar... Bem hajas tu, amigo l
Quem não ficara ahi juntamente comtigo !...
É obvia a razão que para isso allegas ;
agora que o licor ás lôbregas adegas
dá luz e vida, quem, n'um jubiloso esto,
comtigo não bradará em grita : « Oh, sim t protesto,
que nfio sei de prazer algum melhor do que este...
Não achas isto, ó mundo? E'que inda não bebeste...
de topázio em punho, a tresbordar delicias ;
dos anjos sinto em mim as divinaes caricias!...
«E então elle agora, quê está!... — Na linda côr
nunca rosas assim mostrou ainda amor !
interpondose ao áol a crystallina taça,
esmorecem do astro os raios — não ó graça t
aquiilo é como bago enorme de romã
espremidos no copo ; ou melhor : tão louçã
como a celeste côr, feliz por excellencia, *
que a espaços tremeluz nas faces da innocencia!...
«E o aroma que elle exhala ?... ai, meu Deus ! que delírio !
não ha jardim nenhum, nem mesmo no empytéo,
que dê um tal perfume ; exultam as narinas
somente ao aspirar emanações tão finas... '
198
J
Aproximar a gente as fossas do tonel
é dar ào pensamento irm vasto mar d» mel,
onde dores não ha, nem prantos, nem tristezas;
•nem tredas ambições no peito sempre accezas,
nem intrigas cruéis, nem vaidades fata.ee.
Vogam todos ali, felizes, immortaes,
vendo remar i proa elegantes barqueiras,
que vellam, quaes Vestaes, o fogo das fogueiras.
Hlusões do seu mundo, e que aos tristes adejos
nof furtam com amor em doidejantes beijos !...
« E fallam-me em partir, em voltar p'ra Lisboa,
como se houvesse ali panacôa tão boa l...
Itá ia eu agora entrar n'essa masmorra
deixando cà ficar, mesmo em cima da borra,
o néctar que encantara o saudoso Noé t
filho de meu pae tão tolo ó que não é...
— Irei, oh t sim, irei, já que o feroz destino
tão breve termo pôe ao que é bom, o mofino !
Mas, antes, quero aurir a flor das camoeco»,
quero olvidar aqui as minhas enxaquecas
e passear nadando em ondas de bom vinho
todo o dia feliz do grande São Martinho ;
quero inundar o rosto em opulentas dornas,
gozar até ao fira o dom, que, ó Deus, entornas,
e que mais uma vez vou celebrar ad hoe
pondo a bocoa ao tonel no logar do batoque !...»
Faies bem, amigo, fazes;
são no mundo assaz fallazes
os prazeres genuínos,
e não deve desprezal-os
quem os apanha tão finos ;
durma-se embora ao sorvel-os
como os moles arganazes ;
se acordado não ha vôl-os...
— Fazes bem, amigo, fazes.
A. Salazar d' Eça Jordé*.
CHARADA XIX (NOVÍSSIMA)
4, S. — Em yersos é um poeta tolo.
D. Maria José de C. Fomua (Bahia);
199
Contribuição «le Mangue. — Foi um
dia assistir ao sorteamenlo do contingente para o exercito.
Rapazes recenseados poucos estavam presentes. As mães,
s abençoadas que sentem mais que os filhos
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bendendo que a sorte as favorecera também choravam, mas
choravam de alegria I
É bem digna de lastima a
mie que
sabe que o numero
correspondente ao nome de
sen filho
seta
comprebendido
a freguesia di. Mas... nós nao lin-
demos aquilatar aquelle sofrimento parque apenas vemos
lagrimas !
Uma pobre velha qne 14 estava nao tinha mais qne um
filho, que estava recenceado. Era' viuva. NSo podia pro-
var que o filho lhe servia de arrimo, porque Deus lhe
linha concedido alguns haveres. Talvez por isso fosse per-
der seu filho I
200
Pobre mulher t
filho fòi chamado, e ella levahtando-se, parecia co-
mo que suspensa dos lábios do presidente. A dirinhaya-se-lhe
ama oração no pensamento.
Três, disse o presidente lendo o numero que tirara da
urna. A velha empalideceu; nem as lagrimas vieram mi-
tigar aquelle grande sofrimento t
. Sahi pedindo mentalmente a Deus que houvesse misericór-
dia d'aqnelles corações de mãe )
X. V. (Funchal).
. CONHECIMENTO DA FORTUNA
"■1 ■
(De Gil Vicente)
Quem tem tempo e espera tempo,
tem maré e espera maré,
tem vento e espera vento»
n&o teve conhecimento
da fortuna que coisa é.
LOGOGRIPHO XII
(por lbtbai)
É villa nas batalhas afamada — 6, 3, 8, 5, 6, 1.
É de lá que tu viestes, ó rainha; — 1,9,3,3.
nos versos d' um poeta decantada. — 5, 8, 5, 6.
dizendo que não eras tio damninha. — 7, 4.
O meu reino é mui extenso,
dos antigos adorado,
e por homens de bom senso
sempre muito procurado.
Hibê r m a (Gvimuies),
tOi
Obsequio cie oajridacle. — tfalleceu n'nm
«tos concelhos do interior da província d'Angola um es-
trangeiro, e o chefe mandou, pelo seu escrivão Cambaxi,
convidar os seus administrados pela forma e ortographia
seguinte : « Fulano encarrega-me de convidar aos senhores
abaixo, para que amanha as 6 horas da manha compa-
recerem no vapor Cunga afim de levarem para enternidade
a sua alma o inglez que Deus. foi servido hoje ter aca-
bado a sua existência, pelo que espera que lhes facão
este obsequio de caridade.»
V. (Loanda).
A MEÉMlA 00 BARÃO MÊ MfcTH '
Quando ás tormentas da vida,
em qu'alma o corpo abysmira,
réfbge o gâato Bttlfclda ;
o tiro que ells dispara
com fria, gélida calma,
tem por bucha as folhas seccas
das mirradas flores d' alma.
TbíOMaz Rtótoto— IX Jaymé.
Matares-te quando 14 já Táão curta .a vida K..
Quando Deus lhe marcou tão curto espaço
na breve duração,
não foi para a passarmos em delicias...
brandos sonhos d*ámor, dóébs' caricias,
foi para expiação l...
Ser philosopho 'ó isto tf Ih f longe, tonge
princípios <jue nos levam n pôr termo
á vida, <éom tal fim !u.
Se da philosophia é esta .a essência...
antes uma fé cega e sem demência
eu quero para mim...
1 flialjftopflatfelbrafer allemfto, que se suicidou em Loanda. com um
tiro de revolver, no dia 7 de setembro de 187$. wW
Quando por alta noite te embebias
co'a vista e com a mente pelo espaço
os astros indagando ;
só mundos descubriste e suas leis?!...
e não, d'elles acima, o Rei dos reis
que a todps impoz mando ;
Que os seres distribuo, as leis lhe imprime,
os destinos lhes marca, — a que não temos
direito a pôr um termo ?
Tua sciencia é vã se isto não viste...
e o rude cérebro onde a fé presiste
vale mais que o teu enfermo !..•
Toda a sciencia é vft se não descobre,
como término Deus, e como intuito
a perfeição humana :
aquelle que a mente embebe nos espaços,
se ali não soube lôr tão claros traços,
já tem a mente insana...
Se isto assim é, se tu assim o crias,
e, obreiro do progresso, trabalhavas
para destinos novos,
porque te precipitas no caminho
deixando do trabalho, tão mesquinho,
tão triste exemplo aos povos ?!
Vês, se estudas os átomos tenuíssimos,
lhes indagas a essência, e descriminas
a edade e formação,
que o homem decompõe e recompõe ;
mas onde nada encontra nada põe,
que o seu poder é vão i...
Grés tu, que após de nós nem rasto ou sombra
ficará?... e que, átomos perdidos
na cósmica matéria,
não volvemos a ter formas completas
com que vamos brilhar, novos planetas,
na região sidória?...
Se Deus o pensamento nos concede
que anhela o infinito descobrir, .
e que era o teu fanal...
se o mystério é p'ra nós a eterna anciã,
como existe nas flores a fragrância
em nós ha o immortal !..«
Das três grandes virtudes que a sciencia
do Senhor outorgou a cada homem
como divina herança,
a humilde não tiveste — a caridade ?
a fé, que até o rude persuade...
nem sequer — a esperança?...
Onde termina, onde se occulta a fonte,
a torrente caudal da vida humana,
génesis infinito?!...
Descobriste-a tu?... julgaste ousado...
e ao veres do mystério o véo rasgado...
soltaste o extremo grito?...
Não soltaste, impossível ; porque ao homem
não foi dado indagar dos soes brilhantes
que Deus está guardando...
mais que tu em sciencia, em fé sou rico...
em quanto, sábio, partes, crente eu fico...
fico em Deus esperando!...
J. B. FeiTão (Loanda).
CHARADA XX
Bem sei que d'entre irmãs
foi-me preciso tirar
esta q' apresento aqui
para a charada formar. — 1.
Mas que vejo ?! . . . Isto que é?
Lenços sujos de rapé,
anágoas, fronhas, camisas,
lençoes e toalhas, lisas,
corpinhos, chambres, mantos,
calças brancas, paletots. '
E que mais, meu charadista?
Será possível qu'exista
leitor que fique a scismar
no todo d'esta charada,
tão fácil de decifrar?
P. Filho (Madre de Deus — Bahia).
204
«"•i i !•
1 y<L.
A. á. B. O. (Paredes do Coura).
.. IVoBBa Senhora do Livramento de
Mina» do Kio do Contas. — No vasta ser-
tão da província da Bahia, distante quasi cem léguas da
capital, e na margem direita do rio Bromado, cuja
agua é excellenie, está situada a aprazível villa de Nos»
Senhora do livramento de Minas do Hio de Contas, uma
das mais antigas e de mais nomeada do centro da mesma
provincia.
Esta villa possue três egrejas, que são : a respectiva
malrii sob a invocação do SS. Sacramento, a capella
da Senhora do Rosário, e a de Sanl'Anna, que ainda se
acha em construccão. Possue, egualmente, um espaçoso
cemitério.
Ai snas ruas, posto que não sejam bem alinhadas, são
espaçosas e planas. Nao me esquecerei do bello edifício
onde fu ficcionam a Camará Municipal, o tribunal do jury,
etc., e em cujo pavimento lerreo estão situadas as prisões
dos criminosos e o quartel do destacamento. É, pode-se
dixer, o melhor eJiíkio que existe n'esta localidade, e,
SOS
segando consta de um alfarrábio archivado na secretaria
da referida Gamara, o começo da sua edificação teve logar
a 24 de Janeiro de 1809.
A comarca do Rio de Contas já foi muito grande, mas
hoje está reduzida a um só termo ; e este divide-se em
treze districtos de subdelegada, dos quaes pertencem á
freguesia do SS. Sacramento, quatro ; á do Bom Jesus,
cinco ; á de Nossa Senhora do Carmo, três ; e á de Vlila
Velha, um.
A população livre de todo o termo de Minas do Rio
de Contas é de 50:920 almas, e a escrava de 8:973,
segando o recenseamento ultimamente publicado.
Esta villa, assentada como se acha em um terreno quasi
agreste, não offerece em sua circunvizinhança essa fertili-
dade que seria para desejar ; mas, em compensação, pos-
sue muitas oficinas, cujas obras teem grande extracção,
especialmente as de ferro, que são excellentes ; e em seu
termo contam-se diversas localidades que seriam outros
tantos mananciaes de riqueza agrícola, se a lavoira não
fosse tratada entre nós com tanto desleixo. Mencionarei
a immensa planície de Villa Velha, Paramerin, Casa de
Telha, Gravata, Furna, Catolés, etc, cujos habitantes se
dão á creação do gado vaccum e á cultura da cana de
assacar, mandioca, café, fumo e cereaes, que conduzem ao
mercado d' esta villa, onde ha uma feira todos os sabba-
dos, se bem que nos outros dias da semana não seja ve-
dado fazerem suas vendas.
O rio Brumado, de que acima f aliei, tem a sua origem
na serra das Almas, distante cerca de quatro léguas d'esta
mesma villa, onde recebe as aguas dos dois córregos,
Gambá e Sacavém, depois de ser engrossado por muitos
riachos que n'elle desembocam. Este rio é, segundo afir-
mam, riquíssimo em oiro, e na verdade assim o attestam
os vestígios das innumeras lavras que se vêem em ambas
as suas margens, d'onde, segundo as tradições, extrahiram
os antigos mineiros quantidade prodigiosa d'aqueile metal.
206
QxsÀà que ds ^habitantes de Minas do itío de Coatás ti-
vessem a dita de Ter entre clles uma companhia dô ho-
mens intelligentes e práticos nos trabalhas da minersgao !...
Argemiro C. de Oliveira
(Minas do Rio de Contas, Bahia — Brazíl).
©@fô@ DE PÂSTORAi
O pôr do sol
Já fenece o dia
da nossa alegria ;
já os passarinhos
voam para os ninhos ;
já a fera bruta
corre para a gruta.
Ai que pouco dará
entre todas a flor da ventara !
Já o girasol
chora pelo sol,
a Clici constante
"peío «eu amante ;
já a rosa bella
se esconde da es t relia.
Ai que ponoo,, dar*
entre todas a flor da ventura 1
Já Phebo cahindo
vae de nós fugindo ;
já Diana espera
que a chamem da esphera ;
já a luz doirada
está desmaiada.
Ai que ponoo dura
entre todas a flor da ventara
Já a doce ida
vae na despedida ;
já a voz sonora
pousa sem demora ;
já os eccos seus
só dizem — aditas t
Ai qne pouco dura
entre todas a flor da ventara!
Soror Maria do Céo.
€7egp*ei>Á dPatiWMrte»* —Porque é ^sjue
chamam cego a quem ama?
— É porqró o amor 4 cego.
— Não; é porque o amante em geraiufu -como oieego,
apregéft a sua paix&o por praças e mas.
207
Con.frta.nola de 8. Francisco X«-
vier. — liava Deu» uma volta ao torcedor com os tra-
balhos, pobrexas, misérias, fomes, sedes, enfermidades, pe-
nas, dores, affliccOea, angustias ; e Xavier respondia : mais.
■ » i i. 5-
» 1 B S.
9 S 5 - S S
fljf'1
«Ifli
liai "
i - " li!
rlfil
rir».
• > - s i -
1 1 i l .1
iíllf
serpentes, feras, armas, cruzes, mor
tes, a mil géneros de
mortes ; e Xavier, mais, mais, mais
P.» ■liifonío Vieira
(StnO*).
"Valor dam coisa». — Poncas coisas desejaria*
mos com ardor, se conhacesseoiut perfeitamente o que de-
sejamos — dii La Rochefoucinld. Onerara isto diíer que
nao ha nada no mundo qoe ralha os lacriSdos do homem?
Rio o acreditamos.
808
MEU PAE
Paet... sublime, altiva idéat...
vem mostrar-nos a cadéa,
que nos prende áo Creadór !...
Pae I... que nome t que doçura t
é symbolo de ternura,
é um nome todo amor !t
Quem na minha tenra infância,
com suave tolerância,
nos brinquedos infantis,
e depois, na adolescência,
mè deu, d'alma e prudência,
mil conselhos varonis?...
Quem me fez olhar o mundo,
conhecer-lhe bem o fundo,
pVos os baixios lhe evitar ?
Quem me deu barco veleiro,
com que podesse ligeiro
aos seus baldões escapar ?
Quem nest*alma, ainda infante,
preparou vigor distante
co'o alimento da instrucção?...
Quem fogosa a juventude,
com exemplos de virtude,
jne prendeu no coração?...
Foi meu pae I o meu amigo I...
que por mim receia o p'rigo,
que p'ra mim só ditas quert..,.
foi o meu anjo terrestre,
de meus dias causa e mestre,
e d'elles meigo prazer I...
Ait que nuvem negra esta,
que as alegrias me empesta,
derramando amargo fel t
que saudade, tão vehemente,
me p$e n'alma acerbamente
dor e lucto, o mais cruel t
Minha mãe* . ,— Será fraqueza
não combater a tristeza,
que a orphandade contém?...
Murcha a planta á falta d'agua
mas compensa-me estamagua
ter um pae como ninguém tf
ao»
Vae para elTtoda nrinl^alam
na mais doce, branda calma,
da affeiçãír do trovador ;
Deus no céo, meu pae na terra,
é por quem o peito encerra
grato, puro, eterno amor
loú d y Qm$lla* (Abrunheira).
14
LOGOGRIPHO XIII (ACRÓSTICO)
(por lstras)
Oferecido á illastrada Coelheira IHiavense
►qnelle artista divino, — 1, 17, 10, 13, 19
£ue já o Garret cantou, — 4, 20, 6, 16, 13, 15, 20, 4
Cm outro vate peregrino — 7, 13, 15, 20, 4, 10, 6
Mmmensamente inspirou. — 9, 15, 21, 2, 22
tor muitos annos seguidos — 18, 9, 10, 13, 6, 20, 19
O grande artista, senhores, — 3, 11, 16, 13, 7, 18, 6
flns quadros fez mui gabados, — 22, 8, 10, 9, 4, 8, 14, 10
Qom mui lindos coloridos, — 13, 10, 13, 4, 20, 6, 16
Onde ovelhas e pastores — 4, 3, 1, 17, 10, 12, 9, 2, 3.
me viam — sempre pintados. — 18, 6, 22, 8, 13, 12, 19, 16
guito longe, bem distante, — 2, 15, 8, 13, 7, 6, 20, 4
fijste pintor existio, — 16, 4, 15, 8, 9, 10, 10, 14
tié dizem q'amm findou— 10, 14, 22, 13, 12, 15, 4, 20, 19
£odo alegre e fulgurante,— 18,10,4,16,21,15,8,9,13,10,6
fij que tfisto se cobrio — 7, 4, 3, 3, 19, 10
gal a morte lhe chegou. — 2, 8, 10, 6, 18, 6, 16.
Outro pintor eminente — 8, 14, 15, 13, 21, 10, 22.
\3eplorou, triste, coitado, — 5, 2, 10, 18, 13, 19
Hsse talento sem par, — 20, 13, 6, 12, 9, 15, 14, 22
pascido— nobre, potente, — 4, 10, 13, 22, 8, 6, 5, 10, 4, 8, 2
tierrivel — mas reforçado — 2, 8, 8, 13, 3, 4
Hipw— U— foi descansar I — 5, 4, 10, 15, 21, 13, 10, 19
Ágassiz, Buffon, Guvier,
Adanson e muitos mais,
conheciam certamente
esta classe d'animaes.
Aceurtio Urbano (Rio de Janeiro).
810
A feitiçaria em Guiné. — Abundam no
rio Farim (presidio portuguez na Guiné) os lagartos do
mar, ou crocodilos, os quaes se lançam ao homem e o
devoram, sempre que para isso se lhe offerece ensejo, mas
os grumetes do presidio, assim como todos os pretos d'esta
costa africana, em vez de tomarem estes animaes pelo que
elles são realmente, consideram-nos sempre como feiticei-
ros, e principalmente como velhas que assim se disfarçam ; e
ellas, as pobres velhas, são sempre accusadas dos malefí-
cios acontecidos.
Em Í873 succedeu ser arrebatado, e devorado por um
crocodilo, um moço tocador de bombolão (espécie de
tambor), e logo uns certos espertalhões acharam que se
devia tirar devassa para castigar os feiticeiros, ou feiti-
ceiras, quem quer que ellas fossem. Assim se fez, e a
devassa accusou as três mulheres mais velhas que havia
no presidio, as quaes não só foram consideradas como au-
ctoras d'aquelle facto, mas por deducção analógica, dou-
tros idênticos acontecidos em differentes occasiões.
Á sentença seguio-se a execução. Pegaram nas pobres
velhas os pretos mais idosos, porque aos mais novos ainda
não era permittida tão grande honra, apertaram-lhes os
pulsos bem apertados, com cordas, atraz das costas, abri-
ram-lhes com uma faca uma cruz na testa, e outra entre
as espáduas, e suspenderam-as depois de uma trave. Ahi des-
carregaram sobre ellas tantas pranchadas que as deixaram
por mortas!
Uma das victimas era mãe d*um padre, Filippe da Silva
Pinto, que depois de haver cursado os estudos ecclesias-
ticos em Santarém (Portugal), foi ser parocho em Geba, e
falleceu n'aquelle presidio, se me não engano, em 1868.
Este morticínio deu brado, e os principaes influentes
(chamava-se um José Lomba, o outro Simina) foram pre-
sos, conduzidos á cidade da Praia de Gabo Verde, e ahi
condemnados a alguns mezes de prisão.
Faz o que pode a justiça civil, mas por mais que faça,
an
não conseguirá dcsítfr^jgar as inveteradas, superstições que
infamam estes selvagens,
^ primeira necessidade ê de mestres que os ensinem,
desbravando a rudeza d'estes gentios. A segunda é de pa-
dres que os eduquem, e lhes dêem educação moral e re-
ligiosa, porque só essa os poderá arrancar áo caminho
das trevas, para lhes mostrar o da verdade.
P.« João Chrysottomo dos Santos (Cacheu).
l
TRISTEZAl...
Ao meu particular amigo António de Seiça
Ferrer e Silva, de Botão
Todos cantam qualquer coisa,
canta a ave apenas poisa,
e eu não hei de cantar ?
canto, sim, cruel desgraça,
que me deu amarga taça
de fel que me ha de matar ! . . .
Canta a ave d'alegria>
e eu canto noite e dia
uma tristeza sem fim ;
canta o poeta acções nobres,
chorando cantam os pobres,
cantando, vivem assim.
Eu, que. passo triste a vida,
que não tenho alma querida,
que me suavise a dor,
eu canto os meus soffrimentos,
minhas magoas, meus tormentos ;
sou da tristeza o cantor.
E, assim d'esta maneira,
cantando a brisa fagueira,
que nos traz a madrugada,
vai dcslisando esta vida,
e vindo, sem ser sentida,
a morte tão desejada!...
Eu canto a minha desdita,
a minha sorte maldita,
que ninguém quiz partilhar ;
canto uma cruel saudade ;
sim, canto na adversidade t
minha desgraça sem par!...
Triste de quem o destino
sempre cruel e ferino
nem uma vez lhe sorrio...
ai ! triste de quem, como eu,
sua mãe não conheceu,
nem suas falias ouvio !.,.
J. A. Lopes Ferreira (Anadia).
m
O mplefro e<* euçertT&<j *i? ftwen-
da.— tón moleiro foi á repartição' dó 'fazenda do seu
concelho, cujo escrivão era seu freguez, perguntar em que
décima estava colLectado.
escrivão disse-lhe que se achava collectado em dé-
cima predial, industrial e pessoal. '
— Com todos os diabos I... em três décimas?!... irrat...
— Meu amigo, é o que eu aqui vejo t
— Ó sr. escrivão de fazenda, eu bem sei a quem devo
isso: a decima predial devo-a ao meu visjpho Antunes,
por me malsinar o meu campo Peniqueiro, que foi o dote
da minha Francisca quando casei com e(la ; a indus-
trial ao papa-moscas do Regedor, por eu lhe tirar de mais
quatro maquias na fornada ; e a décima pessoal devo-a
ao meu burrico em. ter rinchado á sua porta.
£ voltou pela porta fora, dando . uma arrochada no
burro, e cantando em altas vozes ;
Quando fôr a tua fornada
ao moinho para moer,
hei de tirar dez maquias
PVô* meu burrinho roer.
Henrique Vicente 'Corrêa de Sá (Feira, Travanca).
CHARADA XXI
Sou da natureza filha,
é n*ella que sempre existo ;
e assim vou sempre, prestando
serviços como tens visto. — i
Eu sou muito procurada
lá na estação sequiosa,
seja mais, ou menos dura»
não é questão duvidosa. — !
N'esta agora repetida
um termo tão infantil,
não terás dito uma vez,
mas eu e tu mais de mil. — I
Só no interior da Africa
onde foi meu nascimento,
me encontrarás, porque ali
já existo tia muito tempo.
m
Jf. António (Lagoa — Algarve).
OS FRÉMITOS' DA NOITE
A Joaquim Pestana
Quero amar!... n'um seio puro
fruir ventura e prazer,
vèr despontar o futuro
no riso (fuma mulher ;
D uns lábios rubros, mimosos
como o abrir d'uma flor,
morrer nos beijos saudosos ;
viver nos sonhos do amor ;
Desatar n'uns hombros bellos
loiras tranças de setim,
e dormir-lhe entre os cabellos
sobre um eólio de marfim ;
Sentir estuar no seio
o bater do coração,
depois a mudez do enleio,
depois... morrer de paixão !
Quero amar t d'udi olhos lindos
beber a vida a cantar,
e lêr segredos infindos
como os das ondas do mar.
Então á luz fascinante
d*um meigo olhar seduetor,
de langor febricitante,,
libando o néctar do amor ;
Soltarei meu hymno ardente
como a rubra luz do sol,
como um harpejo fremente,
como a voz do rouxinol ;
Suave como o perfume
que ao valle a briza levou,
consolador como o lume
da estrella que despontou ;
Risonho como as esp'ranças
que a alma sente a sonhar,
e meigo como as creanças,
e doce como o luar.
Oh sim eu quero amar t tenho trint'annos,
minha lyra de poeta, suspirosa,
d'ardente volúpia,
sonha amores febris, loucos, insanos,
nos beijos da mulher terna e formosa,
que Deus á terra envia.
Luiz d O. Pinlo Co«(/i9' (Madeira).
* 214
ENIGMA VIII
{SALTO DE CÀ.VALLO)
Uma oitava, de versos sepUsjllabos da um poéu bíhiano.
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um
i
Comei» na cim 1 e acaba na «
!FÍ|f meu.». — Ha quem cu tenha tomado ao serio,
dizendo que eram indivíduos que tinham um covado de
altura, e que se achavam na Elhiopia, ou na índia, quando
não passam de uma phsnlasia de poetas, a começar em
Homero. Não existem pigmeus, nem a nossa caricatura
tem a pretencSo de os representar. nosso Bluteau falia
d'um certo andor moderno, e eseriptor de nota, que fnn-
dando-se em incertas memorias, e sem formar duvida al-
guma em matéria tão pouco verosímil, dii como coisa as-
sentada :
■ Que oa pigmeus vivem só oito annos, e que as fêmeas
param cinco de cada ventre ; que logo depois de nascidos
os pães os escondem em umas tocas, por medo dos grous,
que os engolem como nabos ; que são tâo sóbrios que uma
perna de cotovia & para elles um banquete, porque o seu
comer ordinário é um assado de três moscas, e os espetos
aio espinhos de ouriço cacheiro, ou para assados mais cor-
pulentos espinhos de porco espinho ; que os vasos em qna
bebem são caroços de cereja; que cada bebida são duas
ou tree gotas d 'orvalho, que elles colhem, na primavera, e
conservam em ovos de avestruz, que lhes servem de talhas ;
que os seus pratos s&o escamas de gorazes, e as suas tige-
íos cascas de bolotas.»
£ yae por diante com coisas d'este jaez t fíistoire de
rire — P. e Bluteau, com a boa critica de que deu muitas
vezes documento, e até com certa graça, diz :
«Que poderei eu dizer de uma gente que n&o é genle?
Direi que os pigmeus são epitomes do género humano, em-
briões da posteridade de Adão, e fragmentos da sua des-
cendência ; bonecos com alma, títeres sem rodas nem cor-
das, e bonifrates com gesto próprio e natural movimento.»
Depois conclue :
«Atraz de tão pequenina, tão sumida, tão breve, tio
miúda, tão contrahida, e tão mínima gente, não posso ir
adiante. Ató da imaginação voaram os pigmeus ; já os não
vejo, nem por pensamento.»
LOGOGRIPHO XIV
í maviosa poetira a Ei. na Sl* ti. Amélia Rabello,
aoctora da poesia que foi, publicada a pag. 185 do Almanach de 1877, '
a qual serve de contextura a este logogripho A
Foi rosa formosíssima que abrio, — 13, 8, 10, 20, 18, 21 _ •/
quando o sol entre nuvens de mil cores
tão lindo despontou, — 11, 14, 8, 21, 1, 19
e suaves aromas esparzio ; — 4, 21, 24, 15, 3, 15% 11, 14, 21 -.--
rosa que invejas deu ás outras flores — 4,21,12,23,3,11,21 '
e de tarde murchou. — 21, 9, 23, 3, 3, 10. * '<>
Foi onda de corrente crystallioa, <,
que entre a relva mimosa vae ligeira
fugindo a murmurar ; — 21, 14, 14, 19, 5, 10. _;
beija amorosa a flor que se lh'inclina, — 22, 21, 14, 11, 13,10,16, 2i-^->
refresca a brisa que a osculou fagueira, — 19, 24, 1, 21 ~£
passa p'ra não voltai. — 15, 13, 19, 4, 21. *^
a*7 7^
Foi urna primorosa de saphyra,— 14, li, 20, 15, 14, 21, 14, 8, 10
que perfumes trazidos do Oriente — 11, 20, 4, 15, 24, 7, 25
bem caros encerrou ; — 25, 2, 22, 2, 3, 9
que em mystico sacrário só se abrira, — 21, 14, 4,21,20,10
mas um dia ímpia mão, — mão indiff rente
ao locar-lhe a quebrou. —18,4,19,24,26.4,3,21,17,25,21
Foi estrella cadente, luminosa, — 12, 18, 25, 15, 19, 14, IO
brilhando, em céo formoso, desprendida
que breve se perdeu ;— 13, 21, 14. 21, 6, 15. 3, 15, 24, 15
foi harpa que soou tão maviosa ! — 15, 26, 3, 5, 4, 21
mas cada corda lhe estalou sentida — 21, 3, 21, 2, 1, 15
e ao quebrar gemeu. — 26, 20, 1, 21.
Este a Afecto tão vivo, e tão sereno,
que alegre, socegada, em santa crença
a minh'alma gozou,
foi canto que expirou, singelo e ameno,
sonho d'ouro, do qual tua indiiTrença
sem dó me despertou.
São duas as palavras que constituem o conceito do lo-
gogripho, a primeira das quaes termina no algarismo 10.
F. L. de Cáceres (Évora).
A ARAGEM
(imitação)
Lá quando a aragem pelo arbusto passa
em noite amena, muda a terra e o céo,
creio ser ella uma harmonia santa,
o echo triste de um suspiro teu.
O seu murmúrio, que sorrindo escuto»
então, de manso, segredar-me vem :
«Ella te adora ; meditando affagos,
«ella suspira, pensa em ti também.
218
. «Ha pouca ainda sen nevado seio
«arfou cem vezes d'afteição por ti;
«outras cem vezes murmurou teu nome
«por entre os lábios que sorrindo vi.
«N'estes instantes de fugaz ventura
«ella se entrega ás illusões também ;
«eu mesma ha pouco recolhi seus beijos
«que d'amor casto repassados vem.*
E a brisa ainda mil segredos conta
e vae fugindo, namorando a flor :
e eu fico triste, pensativo, e mudo
. sem outro sonho, sem ter outro amor t
Illusões virgens de meu peito ardente
ai t se mentidas vos verei por fim...
fugi, deixae-me desde já tranquillo,
não mais vos veja, não cureis de mim t
Meu pensamento, sem prisões na terra,
irá no espaço triste e só vagar,
qual secca folha que sem rumo voa,
ou bóia incerta no raivoso mar.
Porém, ai louco 1 — como pode esfaima
viver no mundo solitária e só?!
Quem pôde erguei -a desde o pó aos astros,
e quem dos astros abatel-a ao pó ?!
Só tu, ó virgem, que d'amor eterno
meus sonhos doiras, mas só tu... e Deus;
tu a existência me darás na terra,
Elle a ventura me dará nos céos t
J. C. Furtado d'Antat (TondeMa).
Guerra. Franoo-OPirussiana. — Ás ba-
talhas mais importantes que se feriram n'esta sanguino-
lenta lucta até á queda de Napoleão III, são resumida-
mente as seguintes :
26 de julho de 1870. Combate de Niederbronn. —
O general Bernis, á testa d'um esquadrão de caçadores,
21»
derrota uma avançada dê cavàllaria badense, cemmandada
pelo conde Zeppelin, o qual é o único que consegue es-
capar-se (Bom principio tj
2 de agosto. Combate de Sarrebruck. — A acção,
dirigida pelo general Frossard, começa ás li horas da ma-
nhã e termina á i da tarde. Foi n'este combate que se
verificou o ensaio das metralhadoras, e em que o príncipe
imperial recebeu o seu baptismo de sangue.
4 de agosto. Batalha de Wissemburgo. — Primeiro
cheque soffrido pelas armas francezas. Os allemães entram
na Alsacia. Morte do general francez Douay. Os turcos
deixam-se matar junto ás peças que haviam tomado; antes
que obedecer ao toque de retirada.
6 de agosto. Batalha de Reichâhoffèn (ou de Woerth,
segundo os prussianos). — Começou ás 8 horas, sendo os
francezes quem abrio o fogo. Ás 2 horas o combate se
trava em toda a linha, na extensão de légua e meia. Pelas
4 horas os francezes batem em retirada, perdendo 12:000
homens.
Foi nesta memorável retirada, commafidada por Mac-
Mahon, que houve a celebre carga d 'uin regimento de
couracexros negrot. Estes bravos retiveram por espaço de
uma hora um exercito inteiro, sendo por fim despedaçados t
12 de agosto. Batalha de Gravelotte. — Os prussia-
nos, postados nos pontos mais altos da villa, começam um
vivíssimo fogo, que vae incendiar os bosques por onde o
exercito francez ha de passar. Pelas 2 horas o combate
era terrível. Calcula-se em 120:000 homens os engajados na
acção. Morte de muitos generaes. As perdas, de um e
outro lado, sobem a 40:000 homens. exercito francez
é forçado a retirar-se para Metz, deixando aberto aos prus-
sianos o caminho de Paris.
18 de agosto. Batalha de Saint Privat. — Durou
desde o meio-dia até ás 5 horas. exercito allemão era
commandado pelo próprio rei da Prússia. Nova derrota
dos francezes, que se retiram, sendo o general Barrail
SS6
* ' ¥ - m
quem, á testiu de seta «styaadtôés e duas baterias, protege
a retirada.
31 de agosto. Combate de Remilly. — Foi dado uni-
camente entre a artilharia dos dois exércitos» Ainda d'esta
vez os allemães levam a vantagem. Entram em Bazeilles,
pondo a cidade a ferro e a fogo. São mortos 2:000 ha-
bitantes. exercito francez, sem retirada possível, con-
centrasse em Sédan, satisfazendo assim os planos de Moltke.
i de setembro. Batalha de Sèáan. — N'este dia havia
um grande nevoeiro. combate começou de manhã, junto
a Bazeilles. Ás 8 horas a grande bateria que fazia frente
a Sédan rompeu o fogo. O general Mac-Mahon, ferido por
um estilhaço, é substituído pelo general Wimpffen. N'uma
hora os francezes são completamente envolvidos no plató
que domina Sédan, e a cidade incendiada pelos obuzes
prussianos. Uma hora depois os francezes são postos em
debandada, fugindo uns para as fronteiras belgas e outros
para Sédan. Napoleão escreve ao rei da Prússia : Não
podendo morrer no meio da* minhat tropa*, deponho a
minha espada nas mm* de Vossa Magestade. A que o rei
Guilherme responde : Acceito a espada de Vossa Magestade,
e peçoAhe queira ter a bondade de nomear um dos seus
ofliciaes para tratar da capitulação do exercito, que tão
valentemente se tem batido debaixo das suas ordens»
general Vinoy, que de Paris havia partido em soe-
corro de Mac-Mahon, chegado a Mezières, sabe do desas-
tre de Sédan, e retira-se apressadameate para Paris, sendo
perseguido pelos prussianos.
4 de setembro. O corpo legislativo pronuncia a queda
do império e a republica é proclamada.
Assim findou o primeiro acto d'esta tragedia, que havia
trazer comsigo as scenas commoventes do governo da de-
feza nacional, e as atrocidades dos homens- da Communa.
E digam lá que a França não é o paiz mais civilisado
do mundo !
A. X. da Silva Pereira.
221
A HARPA DO DESCRENTE
N'um baile, em salão festivo,
mirando vasto jardim,
cabisbaixo e pensativo,
meditava o bardo assim :
«Não sei que lyra secreta,
«que voz d'estranha harmonia
«vibra em nós a melodia
«festival,
«se a mulher, forma concreta
«dos sonhos d'alma poetisa,
«sem nos fallar nos suavisa
«nosso mal.
«De luz a mente se inunda,
«nossa alma aos ecos se dilata,
o se a imagem d'ella retrata
«casto amor;
«acalma-se a dor mais funda
«que em silencio se devora,
«e o coração nos implora
•seu fervor.»
N'igto, o odor da magnólia
suecedeu ao do jasmim :
e, súbito, na harpa eólia,
o bardo gemeu assim :
•lias, ai!... quem sopra ao rescaldo
«que cinzas lhe não levante?.. .
• que lhe dê mais de um instante
«luz, calor?...
«Inda n'elle a mente escaldo;
«n'e11e ainda o peito aqueço;
umas, ai de mim! durmo... e esqueço
«no torpor !
«Tudo esquece: na miragem
«voa a mente escandecida,
«e volve extincta, descrida,
«louca e só!
«Tudo passa; e, na passagem,
«da vida após a alvorada,
«toda a essência nacarada
«cae no pó!»
Da harpa ao som derradeiro,
a voz do bardo expirou :
raiava o dia fagueiro...
festiva a noite passou...
A. Patrício Corrêa,
222
IDrora £o§go e pau ffedio. — Posso dizer
sem medo de ser contrariado, que a Flora brasileira é a
mais rica de todo o mondo, e que ainda ali não está in-
teiramente explorada ; é opinião minha, se bem que é opi-
nião pouco auctorisada, que ás mais perfeitas collecções
que sábios herbolarios e naturalistas teem organisade,
ainda falta pelo menos uma terça parte dos indivíduos que
n*ellas devidamente tinham o seu logar.
Archivarei n'este livro o préstimo que toem as madeiras
dura fogo e pau facho, de naturezas diametralmente op-
postas. A dura fogo é uma qualidade de madeira silvestre
que tem a propriedade de cabalmente auctorisar o nome
que tem ; um rolo (Teste pau, depois de se queimar uma
pequena parte de uma das extremidades, conserva o. lume,
mezes e annos sem perigo, e o que é mais, sem dar^signal
de si, quando não exposto a uma corrente ar. Para se
accender, todas as vezes que seja preciso, bastará soprar
a parte queimada, que immediatamente levanta chamma,
que dura por espaço d'um minuto. Acha-se este pau em
todas as cozinhas das povoações do centro das províncias
do norte.
O pau facho também justifica o nome ; um pedaço d'esle
pau, depois de massado com um martello, substituo com
vantagem um archote, porque não é fumarento como elle,
e produz uma luz pura, clara e brilhante, que não «tem o
risco de apagar-se.
João Vieira d* Azevedo (Moimenta da Beira).
CHARADA XXII (DUPLICADA)
Ás direitas vegetal
cá da terra brazileira ; — %
ás avessas, deves crer-me,
uma espécie de palmeira.
Narciso FefUo (Barbacena — Minas — - Brazil).
223
MIwei-ioOMlte. Oe Oen». — Vós fastoi .-
mar basear os pescadores para os fazer discípulos vosso
Fostes basear o publícano peccador Matheus, para o faxi
evangelista vosso. Fostes buscar a desconsolada vinra c
S* A I 3 _ Se^S'
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suavíssimos olhos, serdes seu hospede, e santificardes soa
pessoa, e casa. Fostes buscar as casas dos errados pesca-
dores para comerdes com alies. Fostes ao paço de Sama-
ria ao meiodia, cbeio de calma e suor, buscar a pecca-
dora Samaritana, para lhe dardes da vossa agua viva.
Fostes-vos muitas veies encontrar com muitos cegos para
os alumiardes ; com muitos endemoninhados para os li-
vrardes ; com muitos leprosos para os curardes ; com mui-
tos desconsolados para os recreardes ; com muitos pecca-
dores para lhes perdoardes ; com muitos errados para os
224
doutrinardes, e encaminhardes ; com muitos duros para
os abrandardes, e com muitos esquecidos, e descuidados
do seu bem para lh'o offerecerdes. Nenhum passo destes
que aio fosso para faier mercês.
Fr. Tfíomé da Jeíui
( Trabalhai <U Jaml).
O luxo feminino. — Muitas mulheres, dia Aí-
fonso Karr. não se apercebem d'u
smi qae no
meio de esplendidas toiletttt uma
rica e
nobre simplicí-
& 9 %
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da D obre
simplicidade
— da que
hegon
ultima. Lá dii
um poeta
Sigtu argutilleux de oronde
r loutieraine.
turban plii
e lur la lei
dei
u n'ai pat
rectal de cet
d'e6fn«.
front, tt qut
uai leni mtt doigtt
225
15
Sobre o Tomulo
DE
D. ADELINA DE PAULA TEIXEIRA
(Fallecida na oidade do Porto em 28 de Junho de 1876)
A SEU IRMÃO
Sobre uma campa mal cerrada ainda
vertamos uma lagrima sincera,
paguemos um tributo de amifcade
depondo sobre a lage esta coroa
de goives e saudades.
Damasckno Vieira.
Era o anjo do lar e da innocencia,
— celeste raio de fulgente estrella
' que na terra passou, na terra ingrata,
sonhando eulêvos, divinaes aflfectos
que nos mundos da luz somente existem !
Na fronte pensativa de creança
raiava-lhe essa luz mysteriosa
dos eleitos de Deus! Tinha em su'alma
sacrário de virtude estranho ao crime,
que a todos enlevava em seus perfumes,
qual o incenso que sobe aos pós do Eterno
das aras do seu templo. Immaculado
era o seu pensamento, o seu sorriso,
como a prece d'um anjo em seus mysterios!
Oh! não lhe perturbeis o soinno eterno
de celestes visões tão povoado !...
Deixai, deixai que o riso de seus lábios
seja constante em mim, em Deus constante!
Que valem prantos? Lagrimas que importam?
Teve origem no céo, ao céo pertence,
era estrangeira aqui. Porque choral*a,
se foi gotta de luz, aos infinitos
alada no cortejo dos archanjos,
mandados do Senhor buscal-a á terra,
no diadema de Deus brilhar mais pura?
226
Crente, firme na fé que existe um ente
todo bondade, luz, — principio eterno
que nos exalta acima de nós mesmos,
viveu, mas d'èsse amor que ó todo espirito
sellado pela mão da providencia
no coração de um anjo. 1
Oh! sim de um anjo,
pairando pelas fauces dos abysmos
d'e8te perverso chãos de horror e crime,
sem o brilho manchar de suas azas !
Das terrenas paixões não soube o travo,
e a essência do meu Deus que tinha n'alma
não a manchou no lodo d'este mundo f
Fugia como rola assustadiça
das mentirosas pompas d'esta vida,
das gallas do prazer, das alegrias,
do baile que seduz a mocidade,
dos luxosos salões que nos deslumbram,
do ar abafadiço que corrompe,
e as flores do coração enerva e matai
Gomo talvez o anjo da saudade,
chorando uma illusão que vio desfeita,
buscava a solidão, ermo profundo
vergada ao pensamento das tristezas,
— dorida apprehensão de uma alma santa !
Mas se a ventura lhe sorria a trechos,
como era vel-a então serena e pura,
no seio perfumoso da família,
scismar tristezas, mas tristezas doces
prantos verter, mas prantos de alegria!
Oh! celeste visão! Nos áureos mundo*,
onde tu'alma foi buscar guarida
dormes talvez! Oht pomba mensageira
da esperança e da fé! No seio morno
de tua santa mãe, que ha muito havia
fugido d'este valle, corrupto, infame,
levando o coração afistulado
pela saudade lancinante... amarga
i Os versos griftdos «ao do »r. C. Cattello Branco.
227
dos temos filhos que a chorar deixava,
descansas, — pobre iliba do infortúnio,
inundada na Luz da eternidade!
Deus! que enchugaste o pranto aos infelizes,
qne aos cegos dósfe luz, ás mães seus filhos,
que foste o Lazaro arrancar da cova!...
Espirito celeste, essência eterna,
tu que és omnipotente, excelso, grande,
envia um raio de alegria ao menos,
ou ampara na fé do sacro lenho,
■esse infeliz mancebo que succumbe
por tantos golpes dlnfortunio immenso !
E tu, alma de Deus, a Deus votado,
partícula de um ser celeste e puro,
que na terra passaste radiosa,
como gotta de luz cruzando o espaço
pelas caladas noutes do mysterio,
recebe n'essa célica morada
onde o premio colheste da virtude,
esta singela c'roa de cyprestes;...
Doloroso tributo que hoje venho
em nome do passado venturoso
depor na fria pedra de um sepulchro
onde o teu corpo, ó filha da saudade,
para sempre repousa !
Oh! minha infância
tilo descu idosa e rica de attractivos,
já não te posso recordar ditoso!
Aceita, pois, em nome do passado,
dos brincos pueris da tenra edade,
o triste pranto que me orvalha as faces,
e as pobres flores que-.ofTrecer-to venho
n'esta grinalda humilde de saudades t
Rompendo os vinc'los da matéria inútil
talvez minh'alma remontando espaços
possa bem cedo conversar comtigo
n'esses mundos de luz e de verdade!
Silvino Vidal (Rio Grande do Sul — Brazil).
228
lEloafio o»» iHKlfl proju-ln.. — Na cidade
da Cachoeira (Bahia) havia outr'ora um sujeito que espe-
culava em anímacs, isto ti occupava-se -na compra e ven-
da de burros que impingia aos míseros trapeiros por pre-
1 ° si
111!
Se»' 8
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Miando cora
io quem s
e confessa, e
u, de burros sempre
entendo alguma coisa
cavallos -
besta,!
lote II.
da S.
Duíra
(Santos -
- Brasil).
CHARADA XXIII
Assente na baixa Albânia | Como heroe d'antiga historia
faceira ali permaneço ; este sob'rano reinou,
também um rio me banha, usurpador ambicioso
Unbam S HeijHijtis cbedsço — -2 |um vassalo o assassinou I — 3
Ainda n'antiga historia,
sendo do throno senhor,
vingou a morte d'aqueite
executando o traidor.
Reinando leve por norma
justiça, pátria, e honor I
LOGOGRIPHO XV
Gomtudo sempre direi
aos que entrarem no combale
que hão de primeiro gemer
para dar-lhe xeque — mate.
Eu bem sei que o logogripho
é como a forte muralha
que em um lanço lhe caindo,
já não resiste â metralha.
Sou dos gallos divindade, — 8, 2, 3, 11
e coisa muito estimada, — 8, 6, 7, 8, 1 1
também desordem do espirito, — 3, 11, 7, 8, 11
e planta bem procurada. — 5, 11, 3, 7, 4
Vale o mesmo que um signal,)» 0704
isso lá de certo tfele. \ ' ' ' '
Deus te livre d'assim ser, — 10, 11,6, 1,11
e de ver alguém assim, — 4, 3, 3, 9, 7, 8, 4, 10, 11.
Tem linhas, não tem que ver ; — 1, 2, 3, 2, 7, 8, li
é attrahida, e por fim — 1, 4, 7, 6, 7, 8, 4
é de suppôr que assim fique. — 1, 2, 5, 6, 10, 4
Não m*o dizes, meu amor? — 4, 10, 2, 11, 8
Não lhe vês correr a agua ? — 7, 6, 5, 11
Não a amas, caçador ? — 10, 6, 9, 7, 4
Não é por minha vontade
que lhe vou dar o conceito,
comtudo elle ahi vae
já que não ha outro geito.
D. Adelaide Cotta (Madre de Deus — Bahia).
Náo suppooham que o enredei
para vos causar enfado,
porque podia fazel-o
ainda mais enredado.
A. Tex»clãcleix»a. fidalguia. — Melhor é ser
principio e origem de nobre família e illustre casa, que
fim e menoscabo d'ella. * Extrema e lastimosa pobreza é
1 N'uma comedia bespanhola — Lorento me llamo, também o au-
ctor põe na bocca do mesmo Lourenço estes conceituosos versos :
Por que son mejores hombres
Los que sus linages hacen,
Que aquellos que loa deshacem,
De esta manera naci,
Si es que la virtud se alaba.
Que como en outros se acaba,
My Hnage empieca en mi ;
239
Adquiriendo vilefl nombre».
não ter o homem mais nobreza própria, que quanta se
diriya de seus avós.
A verdadeira fidalguia é um tributo perpetuo, devido á
virtude que os filhos de nobres são obrigados a pagar-lhe
todos os dias de sua vida ; e por isso não se alcança só
nascendo, mas morrendo e vivendo. Ha fidalguias que não
servem de mais no mundo que de offuscar, abater e eely-
psar a gloria de seus antepassados, e pôr n'ella maculas
eternas. São alguns de tão mingoados espíritos, tão ce-
gos nas opiniões, tão néscios nas altivezas, que não teem
de fidalgos mais que o papo inchado de ar, assoprar e
escarrar, satisfeitos com as alcunhas vãs, e appellidos fa-
mosos de seus avós, quintos e sextos. D 'estes parece que
disse Salomão nas suas parábolas — que apascentam os
ventos, e seguem as aves que voam.
Rasão teve Juvenal para dizer a Rublo Planco :
Plance. Tu mes alto Drusorum sanguine, tanquam
FecetU ipte aliquid propter quod nobilis es$e$ ; 2
Se qualquer tábua podre, roida da traça e cheia de
lodo pretendesse ter logar no throno d'el-rei, por ser cor-
tada do monte Líbano, ou do Thabor, o desatino seria
grande.
JD. Frei Amador Arraiz.
(Dialoga).
CHARADA XXIV
Coragem t diz a primeira
não vos trema o coração — i
cautela! toda a prudência;
cuidado t toda a attenção — 2
Âfflrmo que isto que eu digo,
é verdade e toda inteira ;
mais ainda — ó necessário
como é o sol á videira.
Mattos da Silveira (S. Jorge — Vellas).
* Planco. O sangue que corre nas tuas veias incha tanto o teu or-
gulho, como se tu mesmo houveras sido factor da tua nobreza.
231
v
@©fô@EII<0>!
Sua face 4 tão louçan,
tem tal rico, é tão mimosa
como a pétala da rosa
aberta em fresca manhã.
Sua voz tem tal doçura,
ê tão meiga, tão suave,
como o gorgeio de uma ave,
como a fonte que murmura.
O seu sorriso fascina,
seu olhar mata de amor ;
um é — o abrir da flor,
outro é como a luz divina.
São tão longos seus cabellos,
tão negros, tão ondeados,
que me matam de cuidados,
que me atormentam de anhelos.
Tem tal graça seu andai",
é seu vulto tão garboso,
qual branco uysne formoso
em manso lago a nadar.
A sua mão é tão breve,
tão branca, tão torneada,
tão linda, qual mão de fada
tão alva, qual mão de neve.,
Su'alma pura sem véo
é tão casta, tão serena
como a mais cândida penna
de um passarinho do céo.
Honório Monteiro (Pernambuco — Recife).
CHARADA XXV
Á Ex. ma Sr.* D. Felicidade de Freitas Fernandes
Lá em Veneza nas gôndolas,
por certo me encontrarás ; — i
dos gondoleiros nos cantos
procura qu'encontrarás. « — i
Quando Veneza opulenta
a todos as leis dictava,
dizem que era rainha
e que sobre mim reinava. — 1
Eu pequena sou por certo,
grande é minha formosura ;
de opulências sou despida,
porém sou rica em verdura.
Eu não tenho o Adriático
em que me possa espelhar,
mas tenho o rápido Ave
a meus pés a susurrar.
F. F. F.
232
vontade, tanto que aa
pacho, e sempre pela
cama, era com mutícn ; a asai para esta musica ae camará,
como para sua capella, tinha extremados cantores a tun-
gedores, que lha vinham da todalas parles da Europa, a
ipi *m
:flr li
II
If li
|"Í8
Slí? fifí
malas, saquabushss, cornetas, harpas, tamboris, e rabecas ;
e nas festos princJpast com atabales e trombetas, que todos
amquauto comia tangiam cada um por seu giro. Alem d'es-
tes tinha musico» moiriscos que cantavam e tangiam com
alaúdes e pandeiros, ao som dos quaes, e assim das cha-
ramelas, harpas, rabecas e tamboris, dançavam oa mocos
fidalgos durante o jantar e ceia. O serviço da sua meia
era eiplendido, como a rei pertença. Continuamente todoloa
domingos e dias santos, e alguns de fazer, emquanto foi
casado, dava serio ás damas e galantes, em que todos dan-
çavam e bailavam, e elle algumas vezes. Foi o primeiro
rei christao da Europa a que vieram elephantos da índia,
dos quaes leve cinco juntos, quatro machos e uma fêmea,
que qnando cavalgava pela cidade, ou caminhava, Iam
diante d'elle. A estes precedia (tio afastada que se nao via|
s ganga, ou rinoceronte ; e atra* doe elephantea ia diante
u"el-rei um cavatlo acobertado pérsio, nas ancas do qual
um caçador porsio levava uma onça de caca que lhe mau-
dára o rei de Ormuz. Com a qual pampa, atabales e trom-
betas cavalgava el-rei muitas vezes pela cidade, e quando
caminhava.
Deleitava-se muito no monte, e era bom besteiro, e caça-
dor de vontade, para o que tinha muitos libreos, sabujos
o outros cães, com muitas e boas aves de presa, de diver-
sas redes que mandava vir de fora de seus reinos, mas ao
montear a caça de gavião era mais inclinado, e a usava
mais que a caça dos falcões. Nunca ia á caça sem levar
músicos e instrumentos de camará, com que lhe tangiam e
cantavam, fosse no campo, ou nas casas onde comia e re-
pousava : ^
Damião de Góes
(Chronica de D. Manutl).
(Versão do hespanhol)
Ta és luz e não mostras resplendores,
azas não tens e aos cherabins egualas,
tu és flor e não tens da flor as galas,
és perfume e recusas teus olores ;
Do mar tu és a onda dos amores
e na praia do mundo não resvalas,
tu és a nuvem que o espaço escalas,
porém que vêr não deixas teus vapores ;
Tu d'alma és a musica inefável,
sem que os acordes teus sejam ouvidos,
tu és iman, que occulto, és impalpável ;
Tua attracção se exerce nos sentidos :
e tal és porque a F4 que aos céus ascende
nossa humilde rasão não comprehende.
João Danta$ de Sousa (Monção).
234
ENIGMA IX
(los eharadistas d'este almatueh)
A
H
E
B
P
C
N
E •
T
1
N
E
R
L
G
N
A
H
S
A
S
A
N'este quadro aqui presente
acharas, caro leitor,
um poeta, um guerrreiro,
um pbilosopho e um pintor.
Os Thugs charadittas (Arruda).
Oentôes. — São assim chamados os versos que
para a composição d um soneto, por exemplo, se vão bus-
car â um poeta, nunca tomando dois seguidamente, mas um
d'uma parte, outro de outra; formando depois todos um
sentido. Esta palavra vem do latim — cento-centonit —
manta de retalhos — e effectivamente tal espécie de poe-
sia é, nem mais nem menos, uma_ verdadeira manta de
retalhos, nunca, eloquente.
238
Ausonio, poeta latino do/ 4u° século, escreveu um poema,
Cento Nuptialis, tirado dos versos do casto Virgílio, mas
de tal modo, e cota tal arte toucados é depois cerzidos,
que a musa da moralidade velou a face.
André Nunes da Silva, um poeta nosso pouco conhecido,
do século 17,°, escreveu um soneto em centões, tirado da
epopea do nosso grande épico, para celebrar a victoria
alcançada peio conde de Villa Flor, D. Sancho Manuel,
contra D. João d'Austria, filho illegitimo de Filippe IV
de Gastella, na memorável batalha do Ameixial, ferida a 8
de junho de 1663.
Ahi vae o soneto, e em cada um dos seus versos mar-
cado o logar de Camões, d 'onde foi trazido :
SONETO
Faz contra Luzitania vir Castella
O filho de Filippe n'esta parte
Fervendo-lhe no peito o duro Marte
Das soberbas e varias gentes d'ella.
Quando dá a grande e súbita procella
Um portuguez, mandado, logo parte,
Treme a bandeira, vôa o estandarte
Com manha, exforço, e com benigna estrclla. VIU
Eis se ajunta o soberbo castelhano
Porque levasse avante seu desejo
Tomando aquelle premio e doce gloria ;
Mas nas mãos vae cair do Luzitano. .
Sancho, de exforço, e d'animo sobejo
Que «ausa inda será de larga historia
Já se vè que é um Ínfimo soneto, mas difficilimo de fazer
por causa das rimas obrigadas. Isto é, uma coisa que
deu muito trabalho, e que para pouco presta.
236
Cant.
Estancia
IV
6.*
I
75.»
III
30.»
IV
57.»
VI
7i. a
VII
23.*
II
73.»
VM
25.»
III
34.*
111
75.»
IX
39.«
n
69.*
in
75.»
IV
64.»
0ABDABB BGSA
A morte de meu irmão A. S. Mello
Do extermínio quando na jornada,
o arcbanjo, ó romeiro d'alvorada,
a fronte te empanou,
a tu'alma trocando do martyrio,
o negro manto, por festivo cirio,
aos pés de Deus voou!...
Fugiste como o echo suspiroso,
da nota que o pastor fere saudoso,
na frauta sonolenta...
como a concha nas ondas marulhosas,
como as aves que fogem temerosas,
ao sopro da tormenta t...
Subiste ao éther no verdor dos annos,
despresaste este mundo só de enganos,
este abysmo sem luz ;
hoje dormes na arena da verdade,
e_ eu te envio a fraternal saudade,
curvado aos pés da cruz!...
O t S. Mello (Rio de Janeiro).
SALVE RAINHA!
PARAPHRASE »
Salve dos anjos ínclita Princeza !
Salve piedosa Mie, por quem bradamos
os tristes degredados, que arrastamos
as cadéas de quem tritamphaite iliazat
* FeíU alguns dias antqs da morte do tracto*.
237
A nós os olhos volve, aonde acceza
brilha a misericórdia, em que esperamos ;
as lagrimas consola, que choramos
no valle de amarguras e torpeza.
Virgem pura, das virgens soberana :
ouve os ais, os gemidos allivia
da frágil geração, da culpa insana.
Eia pois, oh Santíssima Maria!
do misero desterro a turba humana
clemente á promettida pátria guia.
Domingo* dos Rei* Quita.
CHARADA XXVI
Soo uma letra ; mas que letra V
Por certo d'algum valor ;
sem ella nem eu nem tu
viveríamos, leitor.
Se pertenço as unidades \
como se dure suppôr, / .
devo ahi ser encontrada
pelo perspicaz leitor.
)
Marília, de que te queixas?^
de que te roube Dirceo
o sincero coração?
Não te deu também o seu ?
E tu, Marília, primeiro
não lhe lançaste o grilhão?
2
Permitte Senhor Deus, que extasiado
contemple a Omnipotência do teu sert I
Maravilhas a mil! delicias, gozos t
soffrimentos sem fimt viver morrer t
Carlot E. d* Moraes (Caneta — Pará).
Mãe e madrasta. — Sabeis, dizia Montes-
quieu, quem é a nossa mãe? É a adversidade. A prospe-
ridade não é mais que nossa madrasta,
238
LOGOGRIPHO XVI
Ao meti amigo Jajme Cachai (TAguiar, reiidente na Africa
Qual não possuo dos leitores,
o que dizem prima e duas,
se á segunda nós cortarmos
a final das letras suas?
Gosto d'ellas ; mas, tirando
á segunda o terço seu,
gostará alguém das mesmas
invertidas? menos eu.
Prima e tércia são custosas?
da segunda quem tem dó ?
mas uma e três são bem raras
Da segunda co'a terceira
é vulgar a tradição ;
dominou o nosso povo,
que lhe foi mais tarde á mão.
A segunda, sem dois terços
co*a terceira é boi bravio ;
a terceira co*os dois terços
dizem ser d'um homem pio.
Qual o homem que não tem
três e uma p'r'a mulher?
se na cidade a não vires,
cá na serra a podem ver.
onde existe — duas só.
O >meu todo, caro amigo,
não te canses que o não vês,
sem o papa analysares
da cabeça até aos pés.
Francisco Henriques da Cruz Coelho (Paranhos)
OS CAMINHOS DA VIDA
(iMITAÇlo)
Ao 111." 10 Sr. António Celestino da Silva
Ha na rida uma estrada escabrosa.
outra cheia de luz divinal ;
e a seu gosto qualquer d'ellas pôde
escolher para si o mortal.
Ai d'aquelle que ao laser assa escolha
se guiar só por vãs illusOes,
e deixar o caminho brilhante
pela estrada ruim das paixões.
• • • •
280-
Maldixendo da lida a amargura,
em espinhos trocadas as flores,
os seus senhos em fel convertidos,
soffrerá da desdita os rigores.
H5o aquelle que o bem procurando
ao encontro da provida luz,
os seus passos seguio, confiado»
pela senda que á dita condur.
Carmo e Souta.
A. disciplina de EVederioo e de
Nai»oleao. = Dnrante a campanha da Silesia, Fre-
dericóT rondando o acampamento, vio ÍM na barraca do
capitão Zietcrn, contra as soas ordens terminantes ; polo
IS?» i-S"5
s§ i ais:
I» »
II ■■'
ii r
II I
Si , - -
Depois da batalha de Arcole, qoe durou dois dias, Ka-
poleio, visitando o campo, encontrou n'um posto avançado
uma senlinoUi a dormir. íega-lhe na arma, fazendo o ser-
viço do soldado, até que este, acordando, se deita aos
pés de Napoleão, exclamando que estava perdido. Nao es-
tava. Animando-0 respondeu-lhe o general :
Depois de tanto cansaço é justo que um valente
como tu, caia com somno e fadiga ; perd6o-le, mas po-
co-te traé escolhas melhor o tempo para descansares.
génio de Napoleão levou as soas águias a Berliu ; a
disciplina de Frederico levou O exercito all*ioSo, a Paris.
A.M.B.
SUO
O AETJD DA EtOITE
(l»H ANTAS UJ
Dia? a um dia o Senhor a um doa anjos :
•vae sobre a torra, vae,
■e eapalha entre os taumanoa estai benç&oa
do meu amor de Pae.i
■Que estrada seguirás, tu, ijne da noite
& turra le encaminhas f
— Vou-ms a peregrinar de casa em casa
Abrio as azas cândidas no espaço
o enriado dos céoa ;
atravessando os mundos do infinito
rasgou da noite os véus.
Entrou nos régios paços ; os infantes,
noa berço» de veludo,
da pluma entre o fromel, sob os arminhos,
tinham trio comtudol...
O Anjo do Senhor parou um pouco,
os berços contemplou.
— Avante t dines, a, retomando o voo,
nas azaB se librou.
Modesto era o casal, mas farto e alegre;
a paz ali reinara;
entre o pae e a mfie uma creança
dormindo se aninhava.
Respirava-se ali doce bafagem
de vivido calor,
co somno do innocente era velado
pelo materno amor.
enviado de Deus sorrio-se e disse :
— Esta se frio tem,
terá em vez de arminhos e veludos
os braços de uma mae !
Voou... voou... em lôbrego casebre,
no pendor da montanha,
sobre um feixe de palha ennegrecida,
eis uma scena estranha.
Um cadáver, de mãe, que se finara,
jazia, inerte, ali ;
os olhos entreabertos já não viam
o filho ao pé de si.
Ouvia-se gemer o pobresinho,
de frio tiritando,
que as mãosinhas erguia, arroxeadas,
o seio em vão buscando.
Então o ethéreo ser, as brancas azas
sobre o triste estendeu,
e ao bafejo celeste confortado
alfim adormeceu.
Ao despertar do somno milagroso,
a luz do sol propicio
encontra o triste orphão reclinado
no berço de um hospicio.
É porque o Justo Deus, que os mundos rege,
é sempre egual em tudo ;
aos ricos deu as pennas, os arminhos
e os berços de veludo ;
S42
E ao pobre que se estorce entre as angustias,
e as agonias do horto,
que lucta n'este exilio em que vivemos,
dá celestial conforto !
Eis sobre elle se inclina, contemplando-o
com maternal amor,
aquella meiga virgem que é na terra
a benção do Senhor;
Aquella que transforma o pranto em riso
com branda suavidade ;
aquella que por nome tem somente
amor e caridade.
O ethéreo mensageiro o vôo retoma
para a eterna Sião
e a voz de Jehovah lhe diz: — Bemvindo,
cumpriste a tua missão.»
D. Maria Rita Chiappe Cadet.
Mãe ! — Vede aquella mãe como se debruça no leve
berço do tenro fructo dos seus amores. Com que ansie-
dade explora os menores movimentos da creancinha, para
lhe fruir um riso 1 Com que liberalidade lhe proporciona
carinhos, para vôr entre-abrirem-se os lábios do infante,
e receber d'elle a carícia da innocencia t Que doçura nos
olhos d'aquella mãe t e que nobre sentimento perpassa por
aquelle espirito t Mãe t ente adorável, completo quando
cinges ao teu seio a branda vergontea da tua sympathica
união, preenchida no altar. Em ti irradia uma luz do
céo, quando te vês locupletada dos bens terrenos, abra-
çando e acariciando, muito junto do teu seio, o que, para
ti, é thesoiro e vida.
— Dás-me essa creancinha, que t'a peso a oiro ?
— Louco, tu, que julgas, que te cederia o que a na-
tureza depoz no meu seio. Nunca t por que não m'a po-
derão arrancar d'estes braços, que serão de ferro, para
salvar meu filho t
243
— JuTgas a tua 'riqueza esse innocentinho, e amanhã a
morte t'o arrancará do peito, Pobie mísera, que não sa-
bes que a sorte é implacável. Que poderão valer as tuas
lagrimas e os teus rogos ? Ficarão na terra, e o teu filho
subirá ao céo.
— Mentes, mau, espirito, que esta creança é minha;
criei-a nas mais acerbas dores, e do*-lhe agora o meu leite
e as minhas caricias. jPara Deus.... sim... para Elle...
E os olhos da pobre se aljofram . do lagrimas, d' essas
lagrimas distilladas por um sentimento sincero que lhe «perla
o coração, e lhe vêem rolar, quente», pela face, onde está
traduzido o desespero.
Mãe t Palavra que os nossos lábios pronunciam com
amarga tristeza quando já não é da terra ; santo in-
fluxo no nosso espirito quando a evocamos nas nossas
tribulações ; meiga conselheira quando apalpamos o in-
fortúnio» tu. és a mais perfeita obra de Deus quando cinges
a tua coroa de martyrio e não vergas á desgraça : — Quando
não sentes o desalento n'este peregrinar do mundo e não
succtrmbes ás mil dores que te ferem, até findar a tua '
ultima e a tua alta missão na terra.
Carneiro (Porto).
O BAPTISMO
Ao meu presadisslmo amigo, o sr. D. Alexandre Fillol,
' no dia dm que foi baptisado seu filho Victor
seu débil lamento ; eterno
ó o jubilo, a alegria,
é o bálsamo dos céos,
que a alma lhes enche no dia
em que o filho, amores seus,
vae do baptismo na pia
ser também filho de Deus!
se & grande, immenso, o prazer,
que no coração. materno
desperta o vagido terno,
que solta o filho ao nascer ;
se o pae o amor paterno
sente no peito crescer»
ouvindo ao tenrinho ser
A. de F. Jf. C. B. (Barquinha).
244
CHARADA XXVH
Cruel mensageira, funérea visita ;
que o peito te agita cfacerbo soffrer !
vislumbre da morte t... que d'almas convida
á triste guarida d'eternò jazer ! — 2
Que triste guarida í... Será; 'inda assim,
riquezas sem fim absorve e derrama.
Terrível e meigo, feroz e amável,
mysterio insondável, real panorama. — i
O todo é nome de jóia
que mui pouco lustre tem,
coalhada, consistente,
que a terceira em ti contém.
Manoel Medeiros da Silva (Quartel de Caçadores n.° 1 i).
Eu soffro ; o corpo padece
Casiiíibo dx àbbsu.
Oh cruz divina, se és do triste o amparo,
se ao impio rasgas a cegueira, ó cruz,
mostra á minh'aima um horisonte claro,
transporta um cego ás regiões da luz.
• Ó cruz do Christo ! eu creio em ti, eu creio
no augusto martyr que de ti pendeu.
Oh ! nVssa fronte macerada eu leio
fundos vestígios de outra pátria — o céo.
Os olhos baços onde, pairava a morto,
como em minha alma reflectir-se vem !
de eguaes espinhos me coroou a sorte,
na faceia aflronta'me cuspio também.
245
Ai t p'ra que havia de brilhar a estrella
nas foscas trevas do meu cru viver,
se tão depressa se abraçou com ella
nuvem pesada que me fez iremer?
Tudo illusão ! tudo illusão funesta
que dóe, que mata, que jamais esquece ;
raio que lasca, que fulmina e cresta
o tronco altivo que jamais florece t
Amei-a, sim t £ este amor ardente
que abrio meu peito a uma dôr infinda,
nem ella o sabe..., como não presente
o fogo vivo que me anima ainda.
Porém que vale do passado a ideia?
para que gemo, se ella folga e ri?
que valem prantos, se a falaz sereia
hoje diz — amo-o ! E amanhã — menti ?
Ai ! como custa este martyrio lento
após mil sonhos de innocente amor !
Ai t meus affectos t da desgraça o vento
sumiu-os todos na mansão da dôr)
Foi sonho d'alma por meu mal tão crido;
e o seio oppresso que o soffçar rasgou,
hoje sossobra, sem amor... descrido...
martyr d'affectos que o labéo manchou.
Oh t minto ) Eu creio na sublime crença
que hoje me inunda de fulgente luz !
Eu creio, ó Christo, em tua dôr immensa,
creio no abrigo que me dás, ó cruz )
Narciso Corrêa de Lacerda (Porto).
A. terra natal. — Das affeições do coração hu-
mano, a ultima talvez a desvanecer-se, se realmente se
desvanece, é a que tem por objectivo a terra que nos vio
nascer. Bebida com o leite da infância, esta affeição en-
raiza-se e avigora-se em nós, ao passo que a rasão começa
o seu domínio e que o mundo nos patenteia bellezas des-
246
apercebidas ao olhar da creança. Se não tem o delírio e
a effervescencia do amor desvairado, tem em compensação
a inquebrantabilidade d 'uma amisade immorredoura. Ve-
jamos o homicida que estanceia distante da terra que lhe
escutou os primeiros vagidos, e cujo ar primeiro lhe ba-
fejou a fronte. Cada movimento é um gesto de vingança,
cada palavra um grito de extermínio. Os olhos injectados
chispam scentelhas côr de sangue. A lividez que o cobre
é a dos precitos. Assimilha-se ao tigre quando fareja o
sangue da victima.
Mas eis que finalisa o praso do seú desterro. Já de
volta para a pátria, vão pouco e pouco despovoando-lhe
a imaginação aquelles pensamentos sinistros, e a seu
turno a vão occupando outros mais suaves e tranquiilisa-
dores. Já despe o ar sombrio que o caracterisava.
Aquella vehemente e devoradora sede de sangue do
seu similhante, dissipa-se e dá logar a uma anciedade in-
dizível. Salta em terra e lança ainda uma derradeira vista
ao elemento undoso. Vai n'esse olhar a renuncia sole-
mne aos seus projectos de vingança : e a metamorphose
que começou a operar-se n'elle desde o primeiro passo
de volta para a pátria, consumma-se. Corre pressuroso
em demanda da terra que lhe foi berço. A lembrança
de lhe pisar o solo dentro em pouco, ó a varinha ma-
gica que o torna insensível ao cansaço e ás fadigas. Che-
ga, e os conterrâneos, que viram sair um criminoso, saúdam
agora um regenerado. Tudo tem para elle o cunho da
novidade. Cada campo se lhe aftgttra um jardim* cada
prado um Éden. O jubilo do presente faz que elle olvide
as tribulações do passado. E julga-se feliz, e já lhe não
é pesada a existência.
Quem operou este salutar effeito? quem o regenerou?
Foi o amor ao seu ninho ; foi essa affeição que começou
no berço e ha de terminar no tumulo. Disse o padre Blu-
teau que « a pátria tem qualidades retentivas para os que
nascem n'ella, e attr&ctivos para os que d'ella se apaftam.»
247
É «sta uma verdade incontrastayel.
Extasiamo-nos ante a formosura de Veneza, ou ante a
magnificência de Roma, ou de Paris. É legitimo o nosso
extasi, natural a nossa admiração. Mas nunca esse senti-
mento pôde proscrever a affeicâo que tributamos á nossa
terra natal. O homem que tem o coração cerrado a este
affecto, deve ser demasiado infeliz. Para esse não tem as
aves melodiosos trillos, nem os cálices das rosas inebriante
aroma. Ha de ser bem negro o seu horisonte, bem ne-
fasta a sua sina.
Manuel da Motta Mamo (Soutèllo).
LOGOGRIPHO XVII
Ao Ex. mo Sr. Luiz Pereira de Lencastre e Meneses
A primeira e mais segunda,
depois de breve mudança,
faz assustar muita gente,
faz tremer muita creança.
A terceira após primeira
eu possuo e tu também ;
mas o todo, caro amigo,
isso lá nem todos tem.
Abel Augusto Corrêa de Pinho (Coimbra).
AS NUVENS
As nuvens da madrugada,
pairando no céo azul,
são berços de branca fada
ao sabor do vento sul ;
São anjos, que o céo encerra,
condensados em vapor ;
cândidas virgens da terra,
que se finaram d'amor ;
São brancas flores mimosas»
fanadas inda em botão,
que se espraiam vaporosas
como rolos d'algodão.
As nuvens da madrugada
desmaiam no céo azul,
como as rosas d'alvorada
ao leve sopro do sul.
Raymundo da Motta (Caibo Frio).
X*aáac5es femininas. — À maior pane das
mulheres, dizia M. m « de Pompadour, preferem o prazer
dos divertimentos i ao prazer de serem amadas..
348
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gorgeios embellosam a naturesa ; as harmonias que saem
^ O lia sonlso ssnna as .noap.lladas v.',ss, rjpçlma ,
trevas da noite e restitua a bonança, a paz e a .alegria ao
universo.
Surges no mundo, Virgem Immaculada, e conjunctamente
surge uma nova ordem de coisas : a aurora da salvação e
da vida assoma para todos os mortaes ; a era do vicio e
da impiedade finda ; a emancipação do género humano per-
faz-se ; os vaticínios da antiga lei verificam-se ; a grandiosa
obra da redempçào da humanidade realisa-se ; os mysterios
do Golgotha tem o seu cumprimento ; a maldita serpente
que avassalava a terra esconde-se para sempre no seu antro;
o homem, escravo de vis instinctos e abomináveis paixões,
regenera-se, aprendendo na escola do Calvário os seus direi-
tos, os seus gloriosos fins e o seu destino.
E quem é o agente d'esta revolução ? Quem é o fundador
d'esta nova era de felicidade ? fructo das tuas virginaes
entranhas, Jesus, o que resgata com o seu sangue a huma-
nidade inteira.
O sol não resplende còm tanto fulgor como as tuas graças ;
a rosa não tem tanta fragrância como as tuas virtudes; a
aurora não esclarece tanto com os seus arreboes como Tu
com as tuas perfeições. És o elo que une o céo á terra ;
o porto de salvação onde se abrigam todos os extraviados ;
a fonte puríssima d'onde brotam as aguas da abundân-
cia; a estrella matutina que com os seus raios i Ilumina o
universo;, o anjo benéfico que ampara os indigentes; a
bússola que dirije os perdidos no naufrágio da vida ; o
remédio de todas as dores ; o refrigério de todos os males ;
o bálsamo de todas as feridas e a mãe de todos os infelizes.
Salve ! casta esposa de Sião, templo vivo da Divindade,
fonte perenne das graças, arca santa da alliança, salvação
de Ioda a progénie de Adão. Bemdito seja o* teu nome,
symbolo de poesia, d'amor, de misericórdia, e de esperança.
José Augusto da Cruz (Midões).
CHARADA XIV (NOVÍSSIMA)
2, i. — Rouba este homem, porque é ladrão.
Adriano Ramos Pinto (Porto).
250
1
A MEU MARIDO
no dia dos seos annos
Feliz o rouxinol, traduz o seu amor
na língua sem igual de magica harmonia,
e occulto de manhã no loireiral em flor
envia uma canção ao alvorecer do dia.
Mas eu, que sinto n'alma o fogo puro e santo
do mais acceso amor, d ' afife c to sem igual,
não tenho lyra onde ir modular um canto
p'ra vir saudar o esposo em seu feliz natal.
E nem ao menos posso a voz hoje soltar,
embarga-m'a no peito a força do sentir t...
só pulsa o coração, que sabe tanto amar,
mas esse fundo amor não posso traduzir.
Que sejas venturoso, ó esse o meu anhelo,
dar-te felicidade é só minha ambição ;
amar-te com delírio é sempre o meu desvelo,
é o que de prazer me inunda o coração.
Desdobra, as azas solta, esp'rito emprehendedor,
desprende o vôo audaz nas vastas regiões ;
tens cheio o coração de juvenil ardor,
caminha, corre, voa ás nobres ambições !
Mas não esqueças nunca a esposa que te adora,
p'ra quem o maior gozo é só o de te amar,
que ri quando tu ris, se soffres ella chora,
p'ra quem é sol divino a luz do teu olhar.
E deixa que hoje venha, em dia de teus annos,
depôr-te aos pés a vida, amor e coração ;
e tu da alma nobre acolhe nos arcanos
um brado que traduz extrema adoração t
20 de Março.
D. Maria Leopoldina Furtado de Mendonça e Mattos,
2S1
CHARADA-EN1GMA «£ QUADRO)
[SALTO EQUESTRE) .
A. A. B. O. (Paredes de Coura).
Os deuses manes, — Os deuses manes, entre
os pagSos, não eram outra coisa mais que a alma e a
cinza dos mortos. Usavam pôr na sepultara a inscripsio
■ L>, M. • e algumas vezes -U. M. S", que quer dizer «IHii
mamfiui lacrum.- Comtndo os amigos pagios nao tiveram
lodos as mesmas íddas a respeito dot manes : porque
882
uns os tomaram por^lnm^sepawda», 4ps corpos ; outros
pelos deuses* imernáes ; 15' outros símpfèsménte por deuses
ou génios tutelares dos defunctes»
Pretendiam alguns mythologistas que os grandes deu-
ses celestes eram os deuses dos vivos ; e que os deuses
de segunda ordem, os manes em particular, eram os deu-
ses dos mortos, os deuses bons, doces, benevolentes, que ex-
citavam o seu espirito sobre os homens no silencio da noite.
Os romanos, ainda que não deificavam todos os mortos,
comtudo criam que as almas dos homens de bem vinham
a tornar-se espécie de deuses ; e invocavam os manes, como
entidades benéficas e protectores dos homens. Era por
isso que usavam enterrar os seus thesoiros nos sepulchros,
persuadindo-se ter o dinheiro mais seguro n'estes logares
do que em outra parle, visto que a «religião das sepul-
turas», estabelecida pela auctoridade das leis, ordenava
que ellas fossem contempladas como logares religiosos e
invioláveis.
A. P. Miranda Azevedo (Lisboa).
LOGOGRIPHO XVIII
Ao meu amigo Eduardo Rozeiro de Mattos Coelho
•Das oito letras que eu tenho
«cinco d'ellas vogaes são,
«as outras são consoantes
«n'isso pois não ha questão.»
Muda a vogal á segunda,
junta prima repetida,
tendo no centro uma letra,
em bosques andou mettida.
O que ella foi n'outras eras,
não julgues ser brincadeira,
ficas sabendo se juntas
segunda è mais a primeira.
Pospõe á tércia uma letra,
consoante e não vogal,
terás da Grécia d' ou Ir 'ora
linda mulher sem rival.
Prima, quarta e outra letra
uma só e consoante,
sem muito custo verás
golfo, cidade importante.
Muitas mais combinações
poderia apresentar,
mas nada importa fazel-as,
pois é nome, e bem vulgar.
Anselmo Xavier (Benavente).
»53
A MORTE DO POETA
Era edificante e grandioso ouvir o mori-
bundo dirigir-se a Deus : — Padre. .. nosso.. .
que estaes... noa céos... — Fallar com a Vir-
gem e pronunciar: Ave... Maria... cheia...
de graça... B concluir: rogai», por nós...
peccadorea... agora... e na hora... da nos-
sa... morte... — Depois repetir o mesmo,
repetil-o em quanto poude, e quando j4 o
alento lhe fugia, apenas um leve rumor, que
a tenuisaima respiração afogava... — na...
hora... da nossa... morte... Amen... Jesus...
Br. A. X. Rodrigues Cordeiro —Esboço
oiographico do visconde dê CattUho.
Estas palavras do primoroso biographo de Castilho (ha
de ser tão bom sentir lá da pátria a voz orvalhada de pranto
do amigo que ficou (...) estas poucas palavras encerram em
sua singeleza um quadro dos mais sublimes!
Estando prestes a comparecer na presença d'Àquelle que
em sua vida mortal afagara os pequeninos, torna-se infante
na fó, na esperança e na candura o amigo das creancinhas.
— Padre... nosso... que estaes... nos céos...
Oht como a oração, que Jesus ensinou aos rudes pescado-
res da Galilóa, fica bem n'aquelles lábios, d'onde se deriva-
vam sempre arroios de poesia!
\ Ào descer á valia dos cadáveres, acha forças e consolo em
suas crenças, como qualquer filho do povo, o rival de Qe&sner
e Shakspeare !
Vôde-o ! n'aquella fronte magestosa, que escaldara a cham-
ma do génio, espalba-se a serenidade do justo.
Côm os alvores do novo dia misturar-se-hiam talvez ainda
(quem saber...) sombras fugitivas da infância ao repetir em
sancta paz a prece que entre beijos e carícias a mãe lhe
ensinara no berço ?!. .
Pode alguém sondar os mysterios, distinguir e fixar as
vagas tintas da alvorada do tumulo?!...
Ai! Musa latina e grega, solta as madeixas e chora —
morreu-te o amante...
Suas falias eram favos do Hymetto. Fervem porém os ciú-
mes?... — irrompem por aquelles lábios borbotões de deses-
pero l
284
Talento assombroso que solta as agonias do Bardo e vae
entreter-se em conversa de compadres com o velho Àna-
creonte i
£ depois quem ha ahi que melhor soubesse contar as glorias
portuguezas?...
Em tua campa, ó vate» hão de brotar espontâneas as vio-
letas, cuja fragrância fará lembrar a suavidade de tens versos.
Virão em saudoso bando os meninos e dirão : — É aqui (
Goivos e lyrios esparzidos por mãos angélicas, aquecerão
ainda d' a mor talvez as cinzas do finado...
Tua bella alma, poeta, voou certamente ao empyreo : e
ao entrar aureolada de luz puríssima, baloiçando-se em nu-
vem lúcida de mysticas delicias, olhou e vio por certo a vir-
gem a sorrir-se, apontando complacente e meiga para a tua
chocara, que em caracteres aurifulgentes bordou em charpa
celeste a mão d'um cherubim.
Junto ao throno do Altissimo exhala tuas queixas e gemidos,
escriptor. Supplica-lhe com lagrimas que faça chover gotas de
christianismo que avigorem e dulcifiquem as letras portu-
guezas!
Quando eu era pequenito, ouvi bater as palmas, cantar
hymnos na eschola, e, livre dos pavores que me infundia a
palmatória, disse saltando com enthusia&mo infantil, ao es-
cutar enlevado amenas historias do A e do J : — Oh ! como a
eschola ó tão linda !
Hoje, s icerdote de Ghristo, tenho-me lembrado de ti, obreiro
incansável, no sancto sacrifício; e venho, camponez humilde,
venho trazer-te o amoroso presentinho de flores silvestres,
que se dão n'estas montanhas. Possa tua alma lá do cóo sor-
rir-se, considerando o affecto com que as offereço. Bem sabes
(pois as almas bemditosas não são por certo occultos os
arcanos doa corações...) bem sabes — a penna do rude al-
deão, que após tremenda desgraça elle votara ao Senhor,
nunca se maculou adulando mortos, afim de captar bene-
volencias de vivos.
Dorme, meu amigo da infância, dorme teu somno plácido
na torra do sepulcbro I
Venho desfolhar Mudades, estas rosas bravas do monte
sobre tua lousa funerária. E ao fitar a sepultura em que
jazes, coberta das minhas boninas campestres, digo suspi-
255
riuido i — Ai quantos Mm ventura desejariam repousei com
tigo!...
Ahi tem minha, pobre offerenda, meu cabaz de flores.
Descansa em pai!
P.« F. S. C, (Caslello de Paiva).
Galanteria d'mn saldado. — Um joven
soldado trancei gemia em um leito do hospital, depois da
ultima sangrenta batalha com os prusaianos. Cansando lhe
Vi
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1 "
li
filha. -
replicou o doente coi
li
malick
iso, a única cc
ventura de St
>isa que peco a Deus, i
»** (Parnahiba-
— Piauhy.)
288
O estio. — cálido estio abraza a superfície da
terra e torna aprazivois as sombras. D'ello nos diz CamBes
n'uma das suas odes lia ricas de conceitos :
ia a calma nos deixou
sem flores as ribeiraB deleilosas;
já de todo seccou
cândidos lírios, rubicundas rosas :
fogem do grave ardor oa passarinhos
para o sombrio amparo dos seus ninhos.
Meneia os altos freixos
a branda viração de quando cm quando ;
e d'entro vários seixos
o liquido cryslal vae murmurando :
as gotas que das alvas pedras saltam
o prado, como pérolas, esmaltam.
Depois accroscenta, moratisando, como na Primavera :
O mar, que agora brando
é das nereidas cândidas cartado,
WT 17
logo se irá mostrando
todo em crespas escumas empolado ;
o soberbo furor do negro vento
fará por toda a parte moyimento.
Lei é da natureza
mudar-se d'esta sorte o tempo leve;
succeder á belleza
da Primavera — ofructo; a elle — a neve;
e tornar outra vez por certo fio
Outono, Inverno, Primavera e Estio.
Tudo, emíim, faz mudança,
quanto o claro sol vè, quanto alumia ;
não se acha segurança
em tudo quanto alegra o bello dia;
mudam-se as condições, muda-se a idade,
a bonança, os estados, e a vontade.
LOGOGRIPHO XIX
A primeira sem segunda :
— passando vida folgada —
inda mesmo nas três, juntas,
não desejo, camarada.
Á primeira com segunda
é de mais — ahi se diz. . .
para não ficar sem rima
quem tem cara tem nariz.
A primeira com a terceira
se uma letra lhe accrescêo
tem-no de certo a familia
do bravo que perecèo.
A segunda com um *
nome próprio ahi o tem,
e se juntar um diphtongo
só de gloria é que provém.
A segunda com terceira,
não se attende o do impostor,
mas fazemos o contrario
quando o solta o orador.
A terceira só sem outra
tem lo tu no coração,
e se ahi o não encontras
n'uma arte o busca então.
A terceira c'a segunda
sendo um, valho por dois,
e se aqui não o decifras
guarda então para depois.
Eu faço parte d'um todo
alto, e baixo, posso ser ;
o que fôr assim sobeja-lhe
o que tem para viver.
T. S. (Bahia — Cachoeira).
258
CHARADA XXX
Meu leitor esta primeira, — 1
não vos digo, faz zangar. — 2
É da Índia uma bebida,
com certeza a vaes achar.
João Guilherme Chaves
(Iguape — Província de S. Paulo).
Inundações. — Em janeiro de 1877, assentado
sobre uma eminência de minha aldeia, admirava eu a inun-
dação mais extraordinária, que de ha muito não havia
memoria. O riacho, que serpenteia no valle, tinha deixado
o seu pequeno leito «por onde deslisa plácido e crys-
tallino de verão, e estendi a-se agora por toda a campina
impetuoso e medonho.
As vinhas, as hortas, as várzeas, tudo estava submer-
gido. Apenas dos pomares se viam as franças cabeceando
batidas pela corrente. Ali eram madeiros, arvores, des-
troços mil, que a agua arrastava ; acolá flocos de espu-
ma, que brincavam sobre as aguas seguindo as ondula-
ções da corrente.
Tudo impellia, tudo arrancava, tudo ameaçava destruir
na sua passagem esta cheia immensa.
Junto a uma arvore rebalsou-se a agua ; a principio
resistio aquella, como resistira ao ímpeto do aquilão ; mas
a cheia engrossa, agua após agua vem reforçar a lucta:
os ramos estremecem, as raízes desprendem-se, vacilla e
eis que tomba.
Susurrando então um hynino de terror, lá corre o li-
quido elemento mais presuroso ainda em busca de novas
combates e, qual furioso leão, arrasta ovante sobre seu dorso
espumoso mais este tropheo de suas victorias.
Estavam em guerra aberta a parte solida e a parte li-
quida do globo.
Passados dias voltei como a pomba da arca a vêr se
259
já descobria a terra, invadida por aquslle diluvio, e o que
vi doea-me deveras n'alnia, e fiquei assim pensando :
As inundações são como as paixões, como as guerras,
que' lodo levam, lado destroem e apus si só deixam a
desgraça e a fome. A inundarão rouba aqui para ir dei-
xar mais adiante, as guerras civis locupletam uns á cus la
da indigência dos outros.
Era bem, pois, qiie aquelles, a quem a guerra reduiio
á miséria, tivessem commissões philan trópicas como as vi-
ctimas das inundações memorandas d'este anno.
/. Machado Leal.
EGLGGA CHRKTÃ
Era alie, os bois, o um cão; mais nada; mais ninguen
Viuvo o solitário. Aquella terra aliim
pertencia-lhe ; a choca, a figueira, a arrihana,
e O Galante e o formata. Ali toda a semana
levava o bom do Pedro a. amanhar o torrio ;
e ao domingo, almoçado, e feita a oração
na ermida, a meia légua, anilava então sósinho,
cabisbaixo, a passear no seu dominiosinho 1
Era um bom coração ; respirava a innocencia
d'aquelle viver branda. A mão da Providencia,
quando o fez enviuvar, deixou-lhe os bois e o abrigo,
Na sua solidão restava-lhe um amigo :
o cão : um nnmnanheirn : o arado : um grande amor ;
Senhor :
ião da relha.
' 360
A tristeza melhora ; é um seio amigo, aberto.
Os tristes vêem a Deus mais tempo e de mais perto.
Fazia-me bem vêl-o ; e nos saudosos mezes
da eira, ou da lavoira, andava muitas vezes
cá de longe a espreital-o ; ia-me então depojs
pôr mais a geito, ouvil-o a conversar co'os bois,
cantarolando a passo, e d'aguilhão no hombro
na terra á beira rio. Eu por traz do alto combro
escutava, não visto, a agreste melodia.
No passo lento e grave em que elle os conduzia,
o Formoso e o Galante iam leirando o chão.
Aquelle quadro a mim bastava-me \ êh ! e então,
casta melancolia \ ai ! como eu te gozava t
o meu doce Virgílio em minha alma habitava.
Eu sentia-me oppresso em vago infindo amor,
ao som da longa voz do rude lavrador,
cantando : — Arriba, boi 1 Galante arriba t arriba t »
E o echo repetia a voz de riba em riba.
Júlio de Castilho.
Usanças gastronómicas. — Sob esta
epigraphe lemos no Âlmanach de 1869 um artigo, que
nos faz lembrar um uso idêntico ao que ali vem narrado,
e é — no alto Minho e arredores de Monção, tanto ricos
como pobres, matarem um cabrito na segunda feira im-
mediata ao domingo de Paschoa.
Em Penafiel ha egual costume, mas ó no dia de Corpo
de Deus.
A família que, apesar de todos os sacrifícios, não poude
obter o dinheiro necessário para comprar o animal, é tida
como a mais miserável da localidade.
A este respeito, e em prova do que dizemos, conta-se,
que deixando certo individuo de pagar não sabemos que
contribuição ou divida, alegando a sua extrema pobreza,
foi processado.
O juiz ao lavrar a sentença, fundou-a na ai legação de
261
que o reu era tão pobre, que nem tinha comido cabrito
no dia de Corpus-Christi, e absolveu-o.
Este caso deu-se ha annos. Se actualmente o juiz se
contentasse com tão justificativa rasão, merecia a pena os
habitantes cTaquella cidade privarem-se de comer cabrito
no referido dia de Corpo de Deus, para se eximirem ao
pagamento de quaesquer dividas. Experimentem sempre.
Juitiniano d* Abreu.
A UMA CAHPONEZA
Eu não sei dizer quem és...
vejo-te a fronte envolvida,
na loura trança, cahida
da cabeça até aos pés t
Anda cá, deixa-me ver,
se te posso conhecer.
Quero ver-te a face linda,
e os teus olhos seductores,
que fazem morrer d'amores,
a quem nunca amou ainda !
Anda cá, deixa-me ver,
se te posso conhecer.
Quero ver-te a fronte altiva !
ver-te a bocca pequenina t
o teu fallar que captiva !
e a voz amena e divinal
Anda cá, deixa-me ver,
se te posso conhecer.
Eu também quero beijar, te
a fina e rosada mão,
quero também apertar-te
bem junto do coração.
Anda cá, deixa-me ver,
se te posso conhecer.
Assim juntos, nos meus braços,
em dulcíssimo enleio,
bem apertado ao teu seio,
de um eterno amor nos laços...
Poderei então dizer
que te pude conhecer t
Silvestre Castanheiro.
Pensai* © fa.lla.ir* — Pensai duas vezes antes
de fallar uma, e fali areis duas vezes melhor, dizia Plu-
tarco.
262
CHARADA XXXI (DECAPITADA)
Vou fazer uma charada,
muito fácil, pois não gosto,
de vér gente atarantada,
ou causar a alguém desgosto.
Se uns são bons caçadores,
que lhes não custa suores
uma charada matar, .
outro não é, e precisa,
que ella seja clara e liza,
para a poder decifrar.
Antes porém que comece,
direi duas palavrinhas,
para que ninguém tropece,
logo nas primeiras linhas.
Uma a uma, vai tirando
as lettras e vão ficando,
outras palavras. Bem sei,
que é processo já sabido,
mas vai aqui repetido,
creio que mal não farei.
De acção feia, negra e vil,
que se occulta porque ha medo
que alguém haja tão subtil
que lhe divulgue o segredo,
é que as lettras tirarás :
«Que esta te foge, verás,»
«com medo d'esta que vae ; »
«mas queimou-se aqui, senão,'»
«afinava o rabecão ; »
«mas nem poude dizer aí.» F. O.
A. montanha mais alta. — Ao que parece*
o capitão inglez Lawen, descobrio em Nova-Guiné, ilha
situada á vista da Austrália, uma montanha de altura pro-
digiosa, a que deu o nome Monte de Hercules. A altura
é de 10:929 metros acima do nivel do mar, emquanto o
Everrst, o cume mais elevado da Cordilheira de Hyma-
laia, mede apenas 8:839 metros.
O capitão Lawen só pôde subir a 8:435 metros. A esta
altura o sangue rebentava-lhe pelos olhos e pelos ouvidos,
e esteve em risco de morrer em consequência da rarefac-
ção do ar.
V. Alm. de 76, p. 808. Bernardino José d* Araújo
(Yilla da Barra de S. João — Brazil).
263
Reclamo d*um âétfo. — Um cígó, que
Pari» pedia esmola sentado a poria da pobre casa em c
Tiyía, tinha para reclamo afixados n'ella uns maus vers
IS f
u
li
— Com todo o gosto, respondeu-lhe o auclor do Metro-
mania; e na volta do passeio entragou-lhe esta seitilha,
repassada de tocante sensibilidade :
failao-moiriumcca eo psM>Di ; '
Is miltieureux qul la aeáiandB
ne yerrm poiot qni la fera ;
mais Dien, qni volt totit, le verra ;
je le prirai qu*ll voas le rende.
Quem d'ahi em diante parara a ler os versos que o
pobre mendicante tinha escriptos na porta, quasi nunca
deixara de lhe dar nma esmola, compadecido.
N'UM ÁLBUM
À qnem vive pobre e triste,
que mal á pena resiste,
e de fraqueza a cair,
chegar-lhe um mendigo á porta
é para ficar absorta ;
'té dá vontade de rir 1
Mas olho para elle e digo :
«diga-me, senhor mendigo,
o que pretende de mim?
Vem enfeitado com flores
das mais rariadas cores,
e eu*., não tenho jardim.
Irmão, faça a diligencia,
mas tenha agora paciência,
aqui só reina a pobreza.
Ande, rá cobrar as sisas
por casa das poetisas,
ellas que o sentem á meza.
Mas... ouça, lembro-me agora!
espere, é pouca a demora,
se quer ir desenganado.
Eu tenho ali três florinhas,
tão humildes, tão pobrinhas t
postas n'um vaso quebrado t
Veja, que fallo verdade,
aqui tem : uma saudade,
duas lagrimas de Jób.
Se quizer, pôde guardal-as,
ainda que fui encontral-as
tão murchas que causam dó.
Mas, se forem bem guardadas,
não precisam cultivadas,
nem tem a haste espinhosa ;
e quando a alguém se dedicam,
as lagrimas multiplicam,
a saudade ó mais viçosa.
Os meus desejos acceite,
dou pouco, que lhe aproveite ;
porém não .volte aqui mais.
Ninguém me tente com flores,
não me trazem senão dores,
não posso dar senão ais.
Z>. Maria José Furtado de Mendonça (Beira(.
fixeavaçíte*. — Houve tempo em que uma cTessas tem-
pestades bravias, que passam desapercebidas, assolando uma
existência, desfechara contra mim.
Era pelo correr dos fins de 1857 ; e eu regressava de
casa de minha irmã, onde passara o serão. Acompanhava-
me um poeta distincto, que muito me honrou, permittindo-
me appellidal-o meu mestre ; fallou-me da grandeza, toda
harmoniosa, das obras de Deus ; descreveu-me as orbitas
dos planeias ; e, propheta de júbilos, porque a sua alma
estava tranquilla, antevio futuras felicidades ao género hu-
mano, quando se diffundir a luz da sciencia 1
Eu escutava-o, soffreando a impaciência. Rugia-rae n'alma
o inferno ; que me importava a mim o céo ?!
Deu meia noite. E vi um vulto deitado ao longo de uma
porta : era um homem que dormia socegadamente, com a
cabeça encostada a uma vassoura.
Parei um momento a contemplar aquelle quadro...
Ali, a força, o vigor, a innocencia da ignorância repou-
sando l Ao meu lado um homem fraco, pallido, com a
mente mergulhada em illusões !...
— que é ? perguntou o poeta.
— É a resolução do problema da sciencia.
— Gomo T . . .
— E* um homem ahi a resfolgar tranquillo, sobre as pe-
dras da calçada ; tem por cabeceira a vassoura, o seu ga-
nba-pão : e por docel o céo estrellado.
— Que quer dizer com isso ?...
— Digo que á feliz ; que não precisa da sciencia para o
ser ; que aparenta uma saúde robusta, e uma consciência
tão plácida, como esse somno que dorme.
— Sim ; é verdade ; são mui limitadas as suas precisões ;
não duvido que seja feliz.
— Pois então, sr. Castilho, . deixemo-nos de antever pa-
raísos ! mundo passará por todas as transformações ma-
teriaes, mas o coração humano ha de ser sempre o mes-
mo ; feliz, quando fôr ignorante*; desgraçado á proporção
que a esphera da intelligensia se alargar !
poeta calou-se ; os eccos da noite não repetiram mais
que as curtas expressões da nossa despedida a porta da
minha. casa.
E hoje que a sua alma, tão meiga como sublime, paira
«66
pelos mundos desconhecidos, que terá ella sabido d'essas
futuras harmonias, que restituiriam a humanidade ao pri-
mitivo Éden ? Mysterio !
D. Maria José da Silva Canuto.
íâudosa
Deus te guarde, sentinella
d'esta humilde sepultura,
onde dorme a virgem pura,
a virgem que eu tanto amei t
Gypreste, guardas a urna
do meu derradeiro sonho
d'um futuro bem risonho,
d'esp'rança em que me embalei...
Onde foste, minha crença,
minha fagueira esperança ?
Aonde existe a bonança
do céo do meu casto amor ?
TTesta humilde sepultura
que vela, guarda e vigia
com a sua sombra esguia
o cyprestfe velador,...
Là repose
la plus belle de ce hameau.
Bbravoxr ((Ttfeére).
Quem me dera a tosca pedra
alevantar um instante
para vêr a minha amante
que a crua morte roubou f
Quem me dera em tuas cinzas
poisar meus lábios frementes,
pagar-lhe em beijos ardentes
os beijos que me outorgou !
E lá se vão muitos annos
que a morte d'ella lamento,
e não veio o esquecimento,
envolver-me nos seusvéost...
Sentinella, guarda a campa
que encerra a minha esperança,
que esconde a pobre creança,
que me fugio para Deus t
Henrique (Fronteira da Bolivia).
CHARADA XXXII
Minha primeira e segunda
tem a tércia e a derradeira ;
e ellas todas após juntas
fazem fructa brazileirá.
D. Emília da Natividade Ferreira (Yizeu — Fragozella).
267
Á BEIRA MAR
Ô que saudades descem do espaço
ia hora linda do entardecer!
s que suave melancolia
is tardas sombras nos vem trazer !
O sol fugio-noa; nas ondas rúbidas
jae além de manso vejo a tremer,
iensa neblina, qual véo de noiva,
i terra prestes vem envolver.
Auras travessas, que o mar embalam,
■m beijos húmidos nos vem: dizer
nisiícas vozes que d'entre as fragas
soltam as vogas a referver.
D'entro as eollinas crgue-se o lua
mvidas sombras vem descrever;
i noite surge. Deus ! que saudades
ia terra o mar I que Joce viver I
Lusw da Palmeira, SO da Setembro.
D. Leonor A&tlaide de ÍHgaeiTtde (Lamego).
O fl'ere cimento infeliz. — Conta-se, não sei
com que verdade, que certo allemão offereceu a um des-
temido general francez uma espada ; isto no tempo em
que a guerra da Franca com a Prussia estava assas emi-
nente, O general ao reccliel-a perguntou :
— Que quereis que faca com ella?
— Que degoleis os entremellidos.
— Admirai... para mim sois vds o primeiro, e portanto
eabe-me experimental -a.
E, sem perda de tempo, agradeceu a oflferta com um
golpe decisivo no pescoço do infeliz.
Também se conta que na batalha de Sedan foi morto
este .general, com Ires balas e cinco cutiladas do inimigo.
Feliz espada se assim foi til...
NOVO CLAMB
: . ■ :'EmôttA'x "•-•. ..• •
Ào IU. mo Sr. Rufino B: f. Leal
(Auctor dó de pag. 38'3 do Almaúacti de 1877)
? *■«
Qual será a divindade,
que se uma letra perder
ás direitas, ou ás avessas
na egreja a podeis ver ?
Pois inda nãa noa n*isf o,
e para mais g»aça ter,
perdendo ainda outra letra
divindade torna a ser.
João Augusto Nunes (Madeira).
URNA QUEBRADA
Nunca vi urna mais bella,
nem egual a posso achar. •
Ainda choro por elia,
se ainda posso chorar.
H'ella tinha os meãs thesooros,
as jóias de mais valor,
os meqs prantos, os msus louros,
minhas crenças, meu amor,
A aspiração ao futuro,
a adoração do ideal,
tudo o que ha de santo e puro,
de grandioso e divinal.
Alta noite, a sós comigo,
cheio de amor e de fé,
dizia-lhe p que eu não digo
a quem me escuta e me lê.
Era a minha confidente
na. alegria e no pesar :
indo o que a alma pensa e sente
tudo lhe eu ia contar.
E nunca live receio
de perder, quão louco eu sou t
as riquezas que em seu seio
por tanto tempo guardou.
Hoje d'elia nada resta,
da urna que tanto amei ;
e, das riquezas, só esta
que saudade chamarei.
A minha urna querida,
não sei bem quem a partio :
nas tempestades da vida
269
perdeu-se, e ninguém a vio.
Da urna despedaçada
os homens se esquecerão,
mas de mim será lembrada,
porque era — o meu coração.
Cândido de Figueiredo.
•« Parfogvesea e • «la de amaaaft.— -Também
temos trabalhado por firmar o conceito de mandriões, em
que somos tidos pelos estrangeiros, visto que adoramos a
espécie de divindade pagã chamada — Amanha.
Entretanto, não e nosso propósito lisongear inclinações
ruins da nossa nação, quando por ventura as tenha, nem
fazer coro com os estrangeiros, que nos accusam de defeitos
em que não sahimos da lei commum da humanidade.
Deus dotou o homem com a esperança de um futuro dila-
tado. tisico solta expressões de esperança até ao ultimo
termo da doença, e apesar de conhecer quanto é perigosa.
nosso Bocage parece que tinha encarnado em si a humanidade
quando exclamava moribundo :
...Eu julgava
em mim quasi immortal a essência humana t
D'este providencial, estado da alma nasce em todas as nações
— não só em Portugal — a importância do dia de amanhã ;
também os francezes o teem — Ademain les affaires. Desde
o celebre — in crastinum res árdua — não tem havido, até
hoje, sensível melhoria n'esta tendência do espirito humano.
Em todos os tempos e logares houve quem, pelos seus
actos, protestasse contra ella; e apontarei dois exemplos,
ambos portuguezes, para o comprovar.
fallecido professor, e saudoso fundador da escola de
Mafra, Dantas Pereira, cuja Índole era singularmente pacifica'
entrava em verdadeiro furor quando lhe propunham, que
deixasse para amanhã qualquer serviço.
grande lavrador Raphael José da tiunha teve, entre ou-
tras, a ventura de encontrar, na pessoa de Frederico Tavares
Bonacho, um guarda-livros tão robusto de compleição, como
firme nos sentimentos d'honra. Soube aprecial-o, como pro-
vou pelas suas ultimas disposições.
Um dia porém rinha sido muito o trabalho.' Entrou-se
ainda pela noite com o serviço de escriptorio, e restava para
escrever uma carta, aliás de somenos importância.
Vencido pela fadiga, propoz o guarda-livros que ficasse
a carta para o outro dia — amanhã. amo annuio.
Tempos depois, dado caso similhante, pareceu também
annuir o lavrador ; mas levantando-se deu alguns passeios
pelo escriptorio, e pedio um livro grosso d'uma estante.
270
Âcudio com elle o guarda-livros : era um diccionario por-
tuguez.
Procurou Raphatl a fatal palavra amanhã, e disse áo
amigo : « Agora dé-ms uma penna molhada, e uma régua para
riscar esta palavra. Nem aqui a quero.»
Que lição para o guarda-livros, para nós cultores do ama-
nhã, e para os que accusam os portuguezes em geral, de
um defeito de que também não estão isentos.
Tão certo é que por toda a parte ha um pedaço de mau
caminho.
P. 0. (Algures).
AO 2 DE JULHO DE 1876
EM PALMEIRAS
Brazil que ha onze lustros
inda arrastava grilhões,
hoje ostenta seus brasões
por sobre as nações do mundo;
e, com semblante jucundo,
na vanguarda do progresso,
dá ás industrias ingresso,
ás artes cria espansão,
riscando as leis da oppressão.
Abre ao commercio franquia
dando á lavoura energia ;
o túnel rompe rochedos ;
e por cima dos torpedos
em largos mares sulcando,
vae crespas ondas quebrando
a frota de ençpuraçados,
que impõe os canhões raiados
ao Nero do Paraguay,
ao tyrannete que cae
para nunca mais s'erguer.
Vê-se o paiz florecer
no trilho da ferrea-via
disputando a galhardia
com o veloz telegramma.
Minerva que a mente inflamma
dos nossos homens de Estado,
colloca Marte a seu lado,
que sem ferir um fuzil
liberta o ventre servil ;
e cria a lei do sorteio,
extinguindo o cruel meio
de serem homens — caçados
e pela praça arrastados,
como o selvage imbecil.
Quebrou-se, emfím, no Brazil
a feroz arma d'esbulho :
eia pois, cheios de orgulho,
brademos com lealdade :
— Viva a sancta liberdade,
viva o dia dois de julho.
5171
J. D. O. (Palmeiras — Bahia).
C*m* ■» deseahrla a Kdade de Pe4r*>— Ninguém
ha hoje que nfio tanho ouvido faltar da Bdaát de Pedra,
tieriodo da historia do género humano, que talvez fosse de
onguisaima duração, mos do qual nfio existo nem resta
vestígio algum nas tradições históricas.
Eis coma a existência d'ella se descobiio :
Ha alguns annos que uma commissSo, nomeada pela socie-
dade dos antiquários da província de Jutland, na Dinamarca,
caminhava pelo litoral do mar do Norte, para ir explorar
umas ruínas antiquíssimas e □'ellas fazer excavaç&ss, quando
um dos antiquários, que simultânea monte estudava a historia
natural, ficou atrai dos seus companheiros, a se paz com
grande atteaçfio e curiosidade a examinar uma ruma de
couohaa amontoadas em um dos pontos da costa.
— Que encontra de notável n*esaaa conchos! perguntoram-
Ibe. Pertencem a espécies vulgares perfeitamente conhecidos.
— É possível, disse o naturalista; mas podem-ms dilat
porque é que todae ellas pertencem a diversas variedades
comstRiveia, e porque nem uma só está inteirar Estou
vendo que todas foram abertas e que lhes comeram o con-
teúdo, e perece-me que n'uma época muito remota da nossa,
Hl
e da qual não ha memoria. Sou de opinião que, sem irmos
mais longe, principiemos aqui as nossas escavações ; d'ellas
saberemos muita coisa.
Effectivamente, pelas escavações, descobriram-se as facas
que deviam ter servido para abrir as conchas, depois os
machados, os.martellos, etc, tudo de pedra d' uma excessiva
dureza.
Gomo e que poderam fabricar taes instrumentos?
É o que pouco depois se descobrio: encontraram-se rebolos
de todos os tamanhos, apropriadíssimos para aquelle género
de trabalho ; encontraram-se verdadeiras oficinas cheias de
restos de instrumentos por acabar, tudo de pedra.
Estes achados causaram sensação na Europa.
Novas investigações feitas em França, Inglaterra, Suissa
e no norte d'Allemanha obtiveram os mesmos resultados
que as dos' sábios dinamarqueses.
Gonveio-se, pois, que n'uma época indeterminada a Europa
fora habitada, em grande 'pane, por tribus eujas armas e
utensílios eram todos de pedra, o que fez com que se desse
a esta época, muito anterior á dos tempos históricos, o nome
de Edade de Pedra.
ii. P. da Coita Carneiro (Porto).
O CAIXEIRO E O DOMINGO
O pobre caixeiro trabalha seis dias
durante a semana, trabalha a morrer t
e não satisfeito o patrão, que é injusto,
'té mesmo o domingo lhe não quer ceder I
Pois quê I n'esse dia que Deus escolhera
p'ra ser o descanço de todo o mortal,
não pode o caixeiro gozar liberdade,
não pode ser livre 1? Que vida infernal t
O próprio captivo descança ao domingo,
tem este direito, pois dá-lh'o o senhor,
e o pobre caixeiro, por ordem do amo,
até n'esse diá não deixa o labor!
Não pode ir á missa, porquê logo cedo
mal tem almoçado lá vae trabalhar t
depois, quando deixa o lidar excessivo,
é tarde, sao horas então de jantar t
Também d'este modo, não pode ir ao banho ;
cançado, aborrido p'r* mesa lá vae...
e quando elle acaba, se lhe é permittido
, ir dar um passeio, é já noite... não-^sae.
E é d'esta sorte, soffrendo rigores,
depois que seis dias assas trabalhou,
que o pobre caixeiro, qual bronco selvagem,
o ' sétimo passa, que Deus respeitou!
Fernando d 1 Araújo (Parahyba do Norte).
LOGOGRIPHO XX
Á musica esta pertence, — i, 2, 5, 6
e.no mar a podes ver. — 3, 6, 7, 4, 6
È livro bem conhecido — 3, 2, 3, i, 2, 6,
entre pastores, podes crer. — 6, 3, 5, 2, 7
Dar alguma explicação.
- ao concluir 6 preceito ? - *
Homem franco e livre sou
por isso vos dou conceito. l
A. Braziliense Carneiro (Santos r— Braiil).
Horas cl*ocio. — Desponta risonha a natureza,
com as auras do alvorecer ; o céo com o seu manto pur-
pure ado, vivifiea a creação, e despojando-se das saphiras
e esmeraldas, com que brilhava nas sombras dá noite,
manifesta-se' rutilante, enrubescendo-se com os raios dou-
rados do' astro luminoso, que aclara os espaços. Então
toda a natureza se ergue ; a floresta secular balouça-se a
capricho da brisa, que a bafeja ; ' por entre a sua coma,
orvalhada pelo roscio da primavera, Vagueiam iftnumeros
insectos e reptis, que se fartaram' ao torpor* da noite,
despertos pelo estimulo da vida natural. É então qne nos
píncaros mais elevados, e entre a espessura, a ave solta
as notas, que lhe inspira o desabrochar da hora matu-
tina. É então que desde a tenra bonina, desde as papou-
las purpúreas, até aos choupos, até aos ulmeiros plantados
á beira d' agua, se ergue a vida vegetal do somno coma-
toso, em que jazera engolfada pelas, sombras da noite t
E quando o sol se levanta attrahem-nos as alamedas dos
passeios para gozo da sua poesia muda. Passeiemos, pois,
dêem-se por um pouco tréguas á politica ; ponhamos de
parte a prosa rasteira da vida ordinária ; recreômo-nos com
as myriades de flores, que a natureza espalhou, pelo solo,
para satisfazer a nossa phantasia ; gozemos as brisas faguei-
ras — sub tegmine fagi*—; e posto de parte o nosso la-
butar de todos os dias, sigamos o preceito do bom Horácio,
que nos excita á alegria e ao prazer.
F. T. Albano Gonçalves (Salvaterra).
§ f IE I IH BEIJO
Um beijo dá-nos a beber doçuras,
um beijo allivios antepõe á dôr,
um beijo é goso, quando assoma aos lábios,
um beijo... um beijo... só é dado a amor t
Um beijo aviva as esperanças mortas, . :
acalma as dores que o softrer nos faz ;
um beijo alenta o. coração descrido;
ó dom dos anjos, é ventura, é paz I '
Úm beijo illude, se a sorrir-nos triste
vem a saudade d'um passado bom ;
um beijo' exalça novamente ás nuvens,
após umr ai... um suspirado som.
215
Um beijo é doce, se os protestos marca ;...
de ternas falias suspirado fim,
um beijo é doce, se pedido e acceito,
nos cae dos lábios, que nos dizem «sim».
Um beijo alegra, se escondido e a farto
relembra instantes d'um sonhar feliz ;
um beijo nutre aspirações ferventes,
segredos d'alma muita vez nos diz.
Um beijo é paga dos martyrios leves,
que amante e amada se propõe soffrer ;
um beijo é premio dos affectos puros,
que as almas cândidas só sabem ter.
Um beijo, impresso sobre mãos de neve,
desejos tímidos revela assas...
um beijo as faces colorindo... encanta.,,
a meigos lábios a ventura trás.
Um beijo soffrego, um ideal sorriso,
é facho acceso de esmaltada luz ;
um beijo soffrego, inebria e cega,
inspira... enleva... ainda mais... seduz t
Um beijo é cofre de doçura infinda t
um beijo é calma, que suavisa a dor!
um beijo é goso, quando >ass6ma aos lábios t
um beijo é fructo da expansão do amor!
D. C. Sanches de Frias (Portuguez — Pará).
CHARADA XXXIII (ENIGMÁTICA)
Ao IU. mo sr. Alfredo Adolpho do Aguiar Montinho
(V. Almanach d* Lembranças de 1873, pag. 107)
Prima, segunda e terceira
é uma oração inteira.
É uma ave, não é flor
ou do campo ou do jardim.
No canto traduz-se amor,
quem m'a dera junto a mim.
Notem bem : é oração
que tem o verbo no fim.
M. Alberto Flores (Santo Thyrso).
276
***
Vaes partir ) rouba-te avaro
destino a tantos carinhos;,.,
como os lindos passarinhos
vaes voar... voar sem fim!...
Vaes partir, e longe, longe, •
eu tenho uns presentimentos
não mais lembras os momentos
que passaste junto a mim...
Ao colheres presufosa»
as enfeitiçadas flores
de tantos novos amores,
vaes esquecer, bem o sei...
essas noites em que, juntos,
apertados n'um abraço,
eu, deitado em teu regaço
vezes tantas te beijei...
Vaes. qae eu sei, comente, alegre,
por entre novos encantos,
entre gozos tantos t tantos !...
nosso passado esquecer I... .
Vaes que é forçoso t Sim, parte
em busca de novidades !...
fiquem comigo as saudades
do nosso antigo viver...
Deixa o pranto ao que padece'
e vae correndo ligeira,
entregar-te feiticeira
aos cantos d'outra paixão !...
Vae que o mundo é todo flores
a saudade, é sol que mata...
banha-te em aguas de prata,
dá mais vida ao coração...
Qae impojta, ao sol que le esconde,
se o mendigo desfaliece,
porque os membros lae arrefece
da noite p torvo gear ?
acaso vacilla ? acaso
pára, o seu giro marcado ?
volta ao caminho deixado ?
altera o seu caminhar ?
Vae, parte, prosegue a senda
riscada por mão da sorte...
deixa a lacta ao que é mais forte.
deixa a dôr ao que a bem diz. . .
Tae, parte, que importam lagrimas
se o sorrir enxuga o pranto ?
se encanto, seque outro encanto ?...
sim parte. Adeus — sô feliz...
Eduardo Avellar.
• CHARADA XXXIV (DECAPITADA)
A minha particular amiga D. foura Cordeiro de Figueiredo
V. Ex. B é tão boa, tão meiga, tão delicada que tudo
me — . Faz bem, porque isso muito mais a--. Quem as-
sim — esta vida, sabe ser boa filha de — ; mus peco-lhe
que não— » onde disse.
D. Ludovina Furtado (Faro).
flTí
A CESÁRIO OB AZEVEDO
Aqui longe do mando, dos prazeres, ~
do eéo risonho que namora Olinda,
os verdes mares perpassando airosa
a toa inspiração chegou. Bemyindat
Triste mancebo, para quem o mundo
era lembrança negra, um sonho incerto;
eu, que já não pensara mais em gloria,
ouço o teu canto, estremeci ; — desperto !
Meu pobre nome que a ninguém lembrava,
(que as affeiçftes do mundo eu bem conheço ;)
achou um echo na tu'alma amiga,
foi cantado por ti ; eu t'o agradeço !
Que vale meu nome, a veia que deslisa,
a par do teu — corrente do Amazonas?
Tentas no voo d'aguia, em que remontas,
leval'o acaso ás mais remotas zonas?
Ai t desiste ! cd*as chammas dos teus versos
cegas as multidões, prendes, abrazas t
o mundo não me vê ; o pobre verme
occultas no candor das tuas azas !
Tu sim, comprehendeste a poesia)
o anjo da inspiração ferio-te o craneo ;
como o rochedo que Moysés tocara,
saltou dos lábios teus jorro espontâneo t
Tu nasceste poeta ; os puros germens
de um celeste sentir em ti nasceram !
Deixa que eu viva aqui desconhecido,
cantor das illu&Ões que emmurcheceram. *
Tu, condor que remonta p'ra as alturas, '
topas cândidas nuvens no caminho ;
eu, . pequeno volátil que, estremece,
receio dos tufões, procuro o ninho.
1 UlusSe» Ptrdidas, um volume de bellissimas poesias de Cesário
de Azevedo.
_ 278
Bem véa : cada um de ad« dem*d* om termo*
< Segue, génio, caminha p'ra romagem;
enrama a fronte d'ouro, e pisa ufano .
as flores que te lançam na passagem 1 ; . ,
Se acaso te disserem que eu pertenço ,
á plêiade gentil dos Tcrtentinos,
não é eomo poeta, mas somente
porque vivo cercado de meninos.
Juvéniano Monteiro (Pernambuco — Bio-Formoso).
LOGOGRIPHO XXI
A eximia eharadisla 9. Aonalia fieira do Nascimento, do Brazil
••--V '
Sem moer a paciência
vaes tu já, leitor amigo»
decifrar esta meadsf : \
~\ faze só o que te digo.
Lá bem longe da cidade, — ?, 9, 6, 10 :
n*este monte, caçador — 1, 4, 8, 8, 8, 5
colhe prompto de tal herva, — 8, 5, 6, 4, 3, 1, 10
e ainda d'uma flor — 3, 4, 9, '4,3
esta porção que te indico. — 6, 5, 3, 4, 10
Aprovei la-lhe esta parte — 8,3,7,40
e da testa bem no centro, — 6, 7, 4, 5
em tio grande quantidade — 3, 4, 8, 9, 5
dá fricç&es ; e . d'este modo — 8, 1, 1, 5, 9
sairás homei&Aiotavel, — i, 8, 9, 5, 7
decifrando aqui um nome, — 8, 2, 9, ô, 5
para todos estimável. — 6, 7, 3, 4, 5, 9
Que não é vara nem. metro . .,:,;,
cao^W fca.de çui4arv
„ ,,,;., in**iqw ^erve. para medir !;
ninguém pôde duvidar. ... ,.,,.,,. , v , tnl
. - .*. .i . Coelheira Ilhaien*.
O* i»»tta»»cU«»e*. ■— Tiem os portBfneie
de amor por tudo quanto é novidade, e decidida v
pira imitarem quanto vêem.
Mio sao necessários exemplos para comprovar e
sercao, e se o fossem, de sobra os podíamos dar.
Nós, começando por inriUi "" *" '""°
litteratnra, a sua Tida, acabámos por perder a feição na-
cional, e nSo somos nem portugueses nem francezes.
Cremos que este fattoâ por «i sdOeiente pua demons-
trar. o que avançamos; 1 ■' ■■*■ i ■
fifca « «ofiao s*nor pela imitação yae ainda mais longa,
Quando «nt França apareceram os velocípedes, quizemos
nós ser logo vetoripedi&taa; quando rfaquelle paiz ae co-
meçou a patinar, quisemos pela mesma razèo patinar logo
também;
Às- pessoas que nunca assistiram a *■» espectáculo de
Skating Bmk, podem fazer idóa d'um patinador pela nossa
gravura.
Vôr patinar não tem nenhum inconveniente, e até di-
verte ; mas patinar pode ter um contra»*» quebrar a cabeça.
Por isso aconselhando a todos que assistam a tal espe-
ctáculo, não nos atrevemos a dar-ihes de conselho que
tomem parte n'eUe.
Urbano de Castro.
ALTITUDO!
Ha Cru Alta do Buasaco
Ao B5x. B0 Sr. Conselheiro Rodrigo Moraes: Soares
. Subamos 1 inda mais ) ao elevado píncaro 1
olha em torno de ti tudo o que a vista abrange,
olha de norte a sul, olha o poente explendido,
e lá no fundo, o mar, como um enormo alfange.
Olha em cima o infinito, a luz, a immensa abobada,
dique do pensamento — o bello do ideal ; '
em baixo, a nossos pés — o bello da matéria,
tapetes de esmeralda, e lagos de crystal.
Km torno, a voz de Deus — o magico silencio»
e aqui, sobre este monte, erguida, triste e só,
a sacrosanta cruz, abrindo os braços lívidos
entre os homens e Deus — entre o infinito e o pó.
É este o grande templo, o templo ideal, magnifico t
a abobada é o azul, e um altar cada . monte ;
templo onde Deus está desafrontado, amplíssimo,
onde a vista se perde em busca d'horisonte.
281
Nlo tem a illuminal-o as rendilhada* lâmpadas
das grandes çathedraes, nem alto carrilhão, '
nem eaoctuarios d'oiro e pórticos <è& mármore;..
as obras do imperfeito honrando a perfeição 1
Mas tem a grande las — o sol t e, em ver de thuribulos,
de brônzeos carrilhões, dè psalmós dos ascetas,
tem das aves do céo, os argentinos cânticos,
o sibilar do Tento, e os cálix datf violetas.
Olha t Por toda a parte a natureza pródiga t
sem arte, nem limite, o panorama extenso t
nunca poudé a matéria agrilhoar o espirito,
nunca poude caber no limitado o immensót
Acácio Antunes (Figueira).
kmm
Partes para loâges terras,
levas os olhos sem agua...
e eu, victima da magua,
fico desolado aqui I
Parte em breíe, parte I Deiía-me ' Quantas vezes eu passava
41'esta noite sem aurora,.,
levas-me a vida... e agora
vivo só, pensando em ti !
Masvae, mas parte. É fadário.
Vae, prosegue o teu caminho,
pomBà que foge do ninho
onde tio feliz vjveu.
Vae, e se vires á noite
da lua um raio dourado,
é o meu olhar magoado,
que quer encontrar o teu.
É forca partir ?! Pois. parte.
Está a chegar o instante,
em qUe eu, de ti tão distante»
sd e triste vou ficar.
para te ver, e adorar-te !
e agora! ai t agora... Parte,
que só me resta chorar t...
Mas lá, donzella, se leres
meus versos d'alma arrancados,
d'amárgo pranto banhados,
com sangue escriptos... então
confio que te commovas,
que te entristeças, deidade t
que chores, não de saudade,
nem d'amor... — de compaixão.
A. M. Souza Albuquerque (Coimbra),
382
ftevént* de eMwMTèrde,— Foi dos maia felizes o go-
verno do conselheiro Caetano Alexandre d'Almeida -e Al-
buquerque, abrangendo um período de seis annos. >
Da allocuçâo que devia dirigir ao successor no acto da
posse, o secretario geral Eduardo A. de Sá Nogueira P. de
Balsemão, encarregado do mesmo governo, por se haver. au-
sentado para a metrópole o governador Albuquerque, e
que foi publicada nos jornaeá de Lisboa, vemos que a re-
ceita da província, que era apenas de 407:064^500 réis quando
o conselheiro Albuquerque tomou posse do governo* subia
quando o deixou, a 218:876#576 réis. <
Na mesma allocução se diz que houve grandefiMEBelbora-
mentos na província n'aquelle período, que tiveram regula-
mentos especiaes a repartição do correio, <* das obras pu-
blicas, a do serviço marítimo, a da imprensa do governo,
a das alfandegas, as escolas principal e d'instrucção pri-
maria, e os hospitaes : e que também ee regulou o serviço
doe degradados ; que se creou uma bibliotheca e um mu-
seu na capital da província ; que se realisou a divisão da
ilha de Santo Antão em dois concelhos ; que se transferio a
sede da comarca de Barlavento da ilha de S. Nicolau para
a de Santo Antão ; que se creou um corpo de policia na ci-
dade da Praia, etc, etc. ; e bem assim, que no mesmo go-
verno se deram os três seguintes factos d'alta importância :
a posse, da ilha de Bolama, que era cubicada e estava oc-
cupada pelos inglezes ; a abolição completa da escravidão' em
toda a província ; e o estabelecimento do cabo submarino,
que ligou o archipelago á Europa pelo telegrapho.
O documento a que nos referimos é importante e merece
lôr-se, porque, além de bem escripto, deita muita luz no
governo, cujo esboço geral traçou com muita precisão e cla-
reza.
sr. Eduardo A. de Sá Nogueira P. de Balsemão, de
certo por modéstia, nada disse do tempo em que governou
a província : suppriremos nós essa lacuna, dizendo, que nos
27 dias . que s. ex. a esteve á sua frente, mostrou mais
uma vez a sua robusta intelligencia, a sua muita actividade
e o seu inexcedivel amor pelo trabalho, publicando algu-
mas providencias de reconhecida utilidade publica : taes
como, a que prohibio as queimadas, sem licença da aucto-
ridade administrativa ; a que mandou inspeccionar as cadeias,
383
duas vezes por semana/ por fâcultetiww; a qw, ám có-
rnea ás praças e mas da capital da província e qaeman-
dou pôr-lhes lettieiros, que nunca tiveram ; a que reuniu
em uma só peca oficial tudo quanto se havia publicado
anteriormente' e estava em vigor, a respeito doa administra-
deres de concelho da província, documento este importante
e cremos que inteiramente novo no seu género, que muito
seria para desejar que fosse Imitado com relação a outro*
ramos de serviço publico.
Em tão poucos dias, e estando a cada instante a espera
de novo governador, não se. podia exigir mais do sr. Pinto
de Balsemão.
A já conhecida competência de s. ex. a em assumptos de
administração colonial, mais demonstrada ficou agora.
S. ex. a , não só por isto, mas também pela lucta em que
desde muitos asnos se acha empenhado como adversário
intransigente da escravidão, mostra-se um. digno successor
de seu falteeido tio o marquez de Sá da Bandeira, cuja me-
moria tão querida ó a todos os portugueses.
**» (Cabo-Verde).
ENIGMA XI
Qual é o jogo portuguez, de parar, que escrevendo-se só
com três letras, sendo uma vogal e duas consoantes, tem
três syllabas, nenhuma repetida, e acaba em i?
Obscura Transmontana,
SEM TITULO
Pobres sombras, meus cantos
são como a luz tristonha
d'um dia de Janeiro t
São como o sol que brilha
por entre o nevoeiro
que se desata em prantos.
A minha musa é triste ;
não cinge a fronte pallida
de rosas e amarantho ;
touca-a a flor da esteva,
e em vez de rico manto
envolve-se em lemiste.
Algarvia.
284
Preeaeiato â'om obarlatão. — liammers-
niith é una aldeia sabre o Tamisa, a Ires ou quatro milhas
de Londres. Foi em Hammersmiih, que um dia appareeeu
um charlatão destes que vendem remédios e drogas qoasi
" V g< S B - g S o. - 8 &
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i 1 í i - s s ?|| - s -
III III III li
rendo beneficiar os meus pftlririos, abato o» cinco schelings
e só receberá os seis soldos.
A multidão agradeceu a tio Soo velhaco a sua generosa
offerta, 6 elle esgotou quasi toda a sua botica, • râputan-
do-a por bom preço», mas so depois de cada um responder
pelo sen vizinho, de modo que nio houvesse estranhos
entre os concorrentes, porque a soa intenção e a sna voo-
MJ
tade> era beneficiar n'aqueHfr dia unicamente, os soas que-
ridíssimos patrícios, os habitantes de Hammersmith.
AMIGA, PORQUE CHORAS?
N*um rápido instante
a rosa fragrante teu brilho perdeu ;
mas ei-la, ditosa, mais linda, mais bella
ezplendida estrclla fulgindo no céo.
M. Marinho.
Ta choras a ausência do anjo
que voou para outro archanjo,
que o chamara lá do céo ?
lamentas a flor singela,
tio franzina, pura e bella,
que á leve aragem pendeu ?
Choras a vaga brilhante
que, suave e n'um instante,
veio á praia terminar ?
lamentas essa ave implume
que toou entre o perfume
de maio, no despontar ?
Choras a estrella fulgida
que no horisonle da vida,
para sempre se sumio ?
lamentas, essa andorinha
que do inverno, que definha,
á tempestade fugio ?
Choras a perda do lyrio,
em presença do martyrio
que ao lado via crescer ?
lamentas a mariposa
que sobre o cálix da rosa,
sem picar-se, foi morrer ?
Choras em tudo a que amavas,
a vida que idolatravas,
tua filha choras, sim ;
e á tua dor abraçada
a pranteias desolada,
qual Jacob a Benjamin.
Não chores que existe inda ;
a tua filha tão linda
vive aos pés do Creador )
Não viste como sorria,
da morte n'essa agonia,
o psalmo do teu amor ?!
Não chores que da tu'alma
esse pedaço era palma
da nossa Jerusalém !
onde entre, Gloria e Hosanna,
á Magestade Sob*rana,
dedicada foi também !
Não chores essa creança,
toda candura e esperança,
que o Senhor te entremostrou;
era um astro peregrino,
era um cântico divino t
que ao Eterno se elevou ! .
D Zulmira E. A. de Sá (Iflonsã©).
L0ÇQ6RIPH0 XXII
<P<M* IiKTBÁl)
." Ora prove doeste pe«Ge,-~i, 2, 3, 4, 5,
e diga que cheiro tem ; — 1, 2, 3, 4, 5
veja agora este instrumento — 1, 2, 3, 4» 5
que verbo lhe dá? meu bem. — i, 2, 3, 4, S
Observe ainda este jogo — 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8
do seu relógio, meu bem; — l, 3, 4, 5, 6, 7,8
e diga que estofo é este — 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8
que passa voando além. — 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8
CONCEITO
Que o que diz o logogripho
não é vulgar — pode ser ;
mas de mulher ser um nome
lá isso não tem que vér.
D, Leonor Adelaide Dias Verani
(Ilha das Cobras — Rio de Janeiro).
Aamisade (De Florian). — Terna amisade, delicias
dos bons corações, tiveste no céo o teu nascimento e
desceste sobre a terra ás primeiras tristezas do homem.
O Creador, sempre attento a alliviar por um beneficio
cada um dos males da natureza, oppoz-te só a todas as
penas. Sem ti, brincos eternos da sorte, pagaríamos em
prantos os longos instantes d'esta curta vida ; sem ti, frá-
geis bateis, privados de pilotos, sempre batidos por ventos
contrários, levados d' aqui e d'ali á mercê d'elles, sobre
um mar semeado de escolhos, pereceríamos sem prantos
de ninguém, ou escaparíamos para mais aoffrer ainda ; mas
tu tornas tranquillo o posto onde nos refugiamos durante a
tempestade, e onde nos felicitamos depois do perigo.
Bemfeitora de todos os mortáes^ na dor, e no prazer,
só tu, só tu dás alegrias que os remorsos e o Wrror não
vem envenenar.
Draco (M osso ró — Brazil).
m
SABEDORIA D'ANIMAES
TrriKfb |Hf jphriítiw ios prorerbÍM U 1 19 [cap. 3.") it Salumw
ha sobre a terra tambí
que tem mais sabedoria
do que os meamos sábios lem.
O governo das formigas,
povo fraco, mas comente,
que trabalha de Terão
porque é sábio e previdente.
bem pequenas Dos coelhos a débil tropa,
quepor caatella, c
busca morada, e refugio
nos baraços do rochedo.
Sem ter chefe os gafanhotos
em bandos marcham fieis ;
a lagar lixa co'as mios
sobre ao palácio dos reis,
José Eloi Ottoni.
CHARADA XXXV
De lá e ca 'stou no meio. II É passageiro, assim, á;
principio do sol, da lua. 1 dura tanto quanto a rosa;
Sem mistura, único, simples; e, se iuda mais quer saber,
se disser peiíe.. . recua ? [ — ê planta e flor venenosa.
Silva Frein '(Bahia).
M8
Porto-Sonto — Esta pequena ima 1 foi deseo-
bérta por Joio GoocalrM Zarco o Tristão Vai Teixeira,
em 1418. Esta sitnad.i a 33°, 3' latitude norte, e 7",
11' longitude oeste de Lisboa. Tem 1(1 kilometros de es-
tensio e 7 de largura, desde a Praia, ao sul, até á Ponta
da Fonte. Dista 50 kilometros da ilha da Madeira. A sua
população estí calculada em 1:761 habitantes, e 437 fogos.
É notável na historia, por ser a primeira em que Portu-
gal fundou colónia, e ser o ponto de partida para novos
e sublimes commci ti mentos, como disse Camões :
que geripLo tlgnmi alo
u hotu Ilhu rendo, a «
i .Chriítorlo Cotom
embora America Vespucio, inais tarde, lhe rçujwpsf o
direito da s«a inunorredoira gloria. Diz a tradição, que
Christovao Colombo também habitou na cidade do Funchal,
na casa que hoje denominam granel do Poça, perteneer*t#
ao sr. conde do Carvalhal.
Soffreu esta ilha, desde 1522 até 1538, o terrível fla-
gello da peste ; e em 1566 também foi devastada por cor-
sários francezes.
Ainda hoje, no Pico do Gattello, que mede 480 metros
acima do nivel do mar, se admiram as ruinas de uma
fortificação, d'onde os poucos habitantes se defendiam dos
piratas barbarescos e hespanhoes.
Tem o Porto-Santo uma só villa chamada Boieira ; duas
escolas de instrucção primaria, uma do sexo masculino e
outra do feminino, frequentadas por 63 aluirmos ; quatro
ermidas e uma egreja matriz com a invocação de Nossa
Senhora da Piedade. A primitiva egreja foi queimada por
corsários mouros em 1667, e reedificada, segundo dizem,
pelos annos de 1699 a 1712. Ha outra egreja, de Nossa
Senhora da Graça, que não chegaram a concluir ; qui-
zeram ediQcal-a pela milagrosa apparição de uma imagem,
do mesmo nome, que ainda se venera na egreja principal.
Produz esta ilha bastantes cereaes e muito vinho, calcu-
lando-se em 480 pipas a producção de 1876.
No reino animal, é muito abundante em gado bovino,
pombos bravos, perdizes, coelhos e e*cellente peixe. As
aguas, em geral, são poucas e quasi todas solòbras; po-
rém o seu clima é ameno e sadio. Seus naturaes fabricam
redes de pesca, bordados e chapéos de inferior qualidade ;
importam vários géneros de consumo e manufacturas.
nos em uma sepultura raia em Santarém I Se cada portuguez qaé tem
feito a sua fortuna na terra <|ue aqttelle navegador descobria, tivessd
contribuído com um vintém para um monumento a Pedro Alvares Ca-
bral* esse monumento podia ser de oiro 1 Verdade, verdade. É vergo*
aba, tanto para Portugal como para o Brasil, que Pedro Alvares
Oabral nlo tenba ainda um. monumento.» ....
Tem muita falta ãb combustiveL, > tanto que* queimam
estrume, de gado ema logar de lenha.
imposto sobre a pedra calcaria, que exporta para o
Funchal e Camará de. Lobos, foi desde novembro de 1875
a novembro do 1876, de 4700700 réis.
Quando o Porto-Santo tiver um pequeno barco a vapor»
de carreira regular entre o seu porto e o Funchal, verão
seus habitantes affluir ás suas praias os dilectos filhos da
Madeira, esses que anhelam a prosperidade e o bem- estar
da nossa visinha irmã. A gravura representa a Casa da
Gamara da ilha de Porto-Santo.
Joaquim Pestana (Madeira).
EXIGÊNCIAS
Gostava de saber que estavas triste !
Vê tu que estranhas coisas tem o amor (
mas eu te explico : — aonde o amor existe
existe a sua irmã — existe a dor.
A alegria é ás vezes indifrenea ;
mas a tristeza nunca ! Está contente,
è ri-se muitas vezes quem não pensa t...
soffre quem tem o coração doente.
E se ó que me amas, pallido jasmim,
quando a* saudade o seio te contriste
com certeza tu pensarás em mim t
E eis a rasão porque te quero triste t
Christovão Ayres,
CHARADA XXXVI
t (POK ANTKPOSIÇÃO)
Primeira. e segunda — animal. )~
Segunda e primeira — vestidura.)
K. M. (Porto).
291
Swmfto «em cabeça. - -Josí Mendes de
Carvalho era natural do Beja, bacharel formado em direita
e advogado noa auditórios da mesma cidade.
Era dotado de bastante erudição, i'um espirito subtil
e especialmente de muita grafa ; mas a paixão palas be-
bidas, arrastou-o quasi á loucura, inutilisando-o para todos
os effeilos.
Conta-se d'eiie a seguinte anecdota :
Vivia em Beja um padre por nome Banifacio, não muito
entendido nas matérias da sua profissão, mas que, nio
obstante a sua imperícia, ainda assim pregava.
Para ama festividade que é costume aqui fazer-se no
dia da exaltação da Santa Cruz, a 14 de Setembro, e que
se celebra na egreja de ao Pá da Cruz, foi o tal padre
convidado a pregar.
Subio o sacerdote ao púlpito, mas esqueceu-se de se ben-
zer. Proferio o thema, e foi por ali adiante como Deus foi
servido. Ão descer do púlpito, encontrou o doutor Mendes
a quem perguntou :
— EnlSo, doutor, que lai achaste o sermão?
— Assim, assim, lias, aqui baixinho que ninguém nos
ouve : Sermão da Cruz sem Cruz, .16 tu, Benifacio, na egreja
de ao Pé da Cru.
Joaquim Ignaào dai Dora Margut» (Beja).
CHARÀRA.DA-ENIGMA XXXVII (™"™«'l
Á MEMQPUA
DA
Vi-a bella ainda ; e era o meigo rosto
mimo composto de doçura e amor ;
nos lindos olhos tinha luz tão bella,
qual d'uma estreJUa o divinal fulgor.
Mas já o. sopro do lethal veneno,
viver sereno lhe toldava a espaços ;
já da tristeza a conduzia ao cumulo,
para no tumulo dejer-lhe os passos.
Na tua bella morada,
entrei um dia maguada,
ó linda flor f
Ouvi soluços, gemidos,
dos caros pães opprimidos
por crua dor.
Vi o piano fechado,
p'ra nunca mais ser vibrado,
por tua mão,
que quando as teclas corria
enlevava co'a harmonia
o coração t
Tinhas já subido ao céo,
rasgando da vida véo,
anjo querido ;
não te vi, mas sube, tal
estavas como no vali*
lyrio pendido.
Pois se me é custoso ver,
desfolhada flor pender
triste no chão t
Como podia eu, querida,
vêr-te a face já sem vida ?
Não pude, não t
Voaste^ pomba, p*ra melhor morada,
eras espiada na mansão de Deus t
Fugiste ao mundo na manhã da vida,
deixando, querida, a suspirar os teus.
Ai não te esqueçam os que sem conforto
ficam n'um horto a deplorar teu fim!
Ifessa mansão, onde tudo é gozo,
anjo formoso, pede a Deus por mim.
D. Leopoldina de jems Paet Mamede (Guarda).
*98
«0 DESVANECIMENTO DE Ult D«M«
: Pela poesia de pag. 16& do Almaoach de 1876
Vida alegre passar, e sem tormento ;
honras, respeito impor ; folgar apoz ;
ter milhões, e hão ser mudo avarento,
— attim faria por... te ouvir a voz.
Do infeliz esquecer cràel martyrío ;
doce taça esgotar, o fel transpor ;
folgar e rir em perennal delírio,
— assim faria por te ouvir... ■ amor t
O abysmo desprezar, zombar da morte,
como o que a vê diante, e não vecúa;
sentir o pranto ao invejar-me a sorte,
attim faria por te ouvir... sou tua!
M. Pereira (S. Thiago de Gabo- Verde).
A NATUREZA
Ao Ez. mo Sr. Luiz Soares de Sousa Henriques.
Emanação de Deus, obra gigante, '
do nada tu surgiste, portentosa.!
tão bella, tão soberba e deslumbrante,
que o mesmo Eterno Ser te achou formosa)
Milhões de mundos giram fulgurando
n'essa cúpula azul da immensidade,
nos quaes,. ardentes soes vSo derramando
a vida, a. luz, calor, fecundidade.
E para vós a terra é grão d'areia
sumido na amplidão d'infindo espaço )
porém n'ella a razão soletra a idéa
do myttieo $oder de um forte braço t
294 .
• A terra é vasta e foram*;
tem segredos mil e mil ;
tem a montanha alterosa, ,
o valle, e as auras d'abril ;
tem dilatadas campinas,
tem verdejantes colimas,
onde vão frescas neblinas
beijar-lhe a face gentil.
Tem escarpados rochedos,
tem da brisa almo frescor ;
nos ramos dos arvoredos
gorgeia alado cantor.
As feras soltam bramidos ;
e vae nos prados floridos .
doido insecto com zunidos
haurir o néctar da flor.
Pela encosta semeados
alvejam lindos casaes,
aqui de messes bordados
além de verdes pinhaes.
Ha mil plantas differentes,
com rubuos fructos pendentes,
entre as flores rescendentes
de aromas celestiaes.
Brota a fontinba. na serra,
serpeia em fitas no vai,
mais além rasgando a terra ;
forma a torrente caudal !
©• se» furor r Insano,
tenta lutar co'o oceano,
que triumpba- òVella ufano .
bebendo-lhe o seu crystal.
mar, a obra mais bella
das obras do Greador,
é sublime na procella
ou nos afagos d'amor.
Infinito é seu espaço,
cinge a terra n*um abraço,
e deita no seu regaço
thesouros de que é senhor.
Da noite o astro formoso
lhe vae a face oscular ;
a terra dorme em repouso
do seu continuo lidar.
Só tu, poeta, é que velas,
segredando co'as estrellas
mudas queixas, que revelas
da lyra no suspirar.
Rompe as cortinas a aurora,
luz intensa vae fulgir ;
a flor, que lagrimas chora,
vê-se nos prados sorrir,
porque o lúcido portento,
vem dar vida, dar alento
té cruzar o firmamento...
depois nas aguas dormir.
E tu, ser humano, nas horas saudosas
da tarde, que aos crentes inspiram d'amor,
admira e contempla taes obras formosas,
levanta uma prece, bemdize ao Senhor l
Francisco A. Bello de Carvalho (Camâra de Lobos).
AcLversicUicle. — É o cadinho onde se apuram
os grandes caracteres, e os pequenos se evaporam. .,
&9B
SutMrtanetas alfa»
cão, esta funoçÃo essencial ao ente vivo, pois um «11* n&o ha-
veria resistência -Tital, nem a assimilação a desassimitacao,
depende da elaboração doa alimentos na machina animal.
f|-| ■■•■ e»
tíf |||
li! ff-a
II"!
111
III
e finalmente, certa quantidade de combinifões inorgânicas
contidas no corpo ; a agua e sáes.
As experiências liem demonstrado que a privação con-
tinua de qualquer d' estas substancias, cansa a destruição
do organismo, pois que para supprir as suas faltas vae per-
dendo os princípios, que lhe davam vida.
Conforme a substancia, que exclusivamente se emprega
para a nutricio, assim a morte tem logar em varias épocas.
O individuo, que n£o usa de substancias proteínas, pode
morrer de completa inanicio.
Os cães alimentados com assucar puro, com fécula,
azeite, manteiga ou gornuta, morrem quasi tio depressa,
como quando ae lhes dá agua pura ; morrem, pode diíer-
Cloutt nio quíz alimentar-se senão de batatas, que
contèem muito pequena porção de albumina, e apenas
bebia agua. Passado um mei estava tão magro, que con-
tinuando n*ena tratamento, morreria.
ri
A mesma albumina e ftbrina, que faiem parte He varias
substancias, não nos deixariam viver por muito tempo ;
e sé a existência mais se prolonga, é porqrfe o organjfimo
animal conserva certa quantidade de gordura supérflua, de
que se pode ir alimentando.
Varias experiências se tèem feito em aves, alimentando-TO
sem saes inorgânicos,, e por ellas se vio que estes
animaes, morrendo passada muito tempo» tinham os ossos
amolecidos, delgados e com buracos. Tinha até desappa-
recido a parte terrosa d' estes mesmos ossos.
Á falta de agua, causa a morte rápida, acompanhada
de intensos phénomenos morbosos.
Vê-se, portanto, que sem a alimentação mi*ta, é im-
possível que se passe boa vida, e ao mesmo tempo que o
exame dos alimentos, sob o ponto de vista pratico, ié da
maior importância, e muito mais na actualidade, em que
vão degenerando as raças, e as vidas abreviando-se.
Muito conviria diffundir estes e outros princípios de hy-
giene, em livros e compêndios baratíssimos, ao alcance do
povo, subministrando-lhe conhecimentos que são de tanta
vantagem para o seu desenvolvimento physico e moral.
Assim imitaríamos o que se faz nos paizes mais adiantados
da Europa, e o que na Itália está praticando o celebre
Man^agarra, com tanto applauso do publico.
Dr. Lino de Macedo.
%mmm
ó vento que rumorejas
nas folhas dós sãtguèíraes,
leva comtigo bem longe
o segredo dè.meus ais.
Mas se alguém por jn^ijefeto,
for ' perguntar-tè a yerdajje,
responde-lhe em confidencia
uma^alayra : -- [ 'jftpà^e 1
(Coimbra — Lapa dbt-Estefo*.) f . ■ ■ u.
Fitrmra de
ttt
Quando em "alta noite
tu senhas, poeta,
no leito- adormido,
quem é essa virgem,
que a alma adivinha,
de traje garrido?
,'' — *É a moreninha.
Quando sósinho
meditas, mancebo,
em erma soidão,
quem é que figuras
que d'uma florinha
te ofFreee o botão ?
*-Éa moreninha.
E quando n'nm circulo
de damas gentis
respiras amor,
quem é a donzella
de quem depressinha
te lembras, cantor 1
— É a moreninha.
E quando os desgostos
te affligem constantes:
os dias da vida,
quem é essa deusa '
que amor acarinha,,
qne a torna querida ?
— É a moreninha.
Quem é essa nympha
por quem tu suspiras,
infliz trovador:
"' mas que te despreza,
sem que, coitadinha, '
eomprehendà o amor?
' — É a moreninha. i • ! ■
R. (fceniamiuco— ílécifc).
LÒGÕGRIPHO XXm
(Oferecido aos mestres)
Já vistes, caro mestre, os quadros que d'Italia
tao ricos xecebi de terna e amiga mão ?
— Stó telas de Correggiò, onde o pintor espalha (
amena t historia. Ouvi — prestae vossa atténçao : '< ' ' ' '
'Comece por este craneo-^ii, 2, íí t 12, 7 '
de imperador, se qúizér; — - 10, 12, 9, 7, 11'
e agora diga se o corpo — 12, 7, 6, 40 . <
não é íle- gentil raulhet. — 8, 5 t 11, 13, 4, 7, 8, 8, St
Esto aqui foi marinheiro, — 7, 6, 10, 44, 1%, &
que muito n f este cruzou; — 9, 5,3,4, 13, 14, 8» 10 41, IS, 7
este aqui foi magistrado, — 5, 8, 9, 7, 6, 10
que nunca essoutro deixou. — 10, 6, 5, 14, IS, 2, 14
Este foi mui celebrado — 12, 9, 2. 14, 5, 10
entre povo bem alvar, — 9, 7, J2, 12, 5, 11, 12, 7, 12, 2
e á procura d'esta planta, — 2, 3, 4, 13, 1, 7, 6, 10
n'estas plagas foi vagar. — 12, 9, 2, 7, 14
Com certeza este foi grego — 9, 5, 3, 4, 13, 11, 7
de bella figura, não? — 5, 8, 13, 11, 12, 9, 2, 14, 2
Este foi antigo sábio — 8, 9, 7 /
de grande variação. — 8, 6\ 10, 12, 9, 5, 7
Este «qui foi grão guerreiro — 8, 5» 3, 4, 43, 7
que sabias leis produzio, — 14, 10, 4, 7, 11
porque também este mesmo — 9, 5, 1, 13
tal graça lhe conferio. — 8, 9, 7, 6, 10
Veja, em summa, esta figura — 8, 6, 10, 12, 9, 5, 14, 2
ao lado d' este paiz. — -8, 2, 3, 10, 8, 7, 11, 2, 14, 7
Adeus, mestre, aqui remato, — 12, 10, 8, 7
pois não vé o qu'esta diz? — 8, 7, 11, 12, IO
CONCEITO
ó mestre, se quizer saber quem sou,
ao mytbo vá, qu'ahi por certo estou.
£ de mais a derradeira,
mas com ela se contou.
Elpidio A. do R. Lima (Rio de Janeiro).
CHARADA XXXVIII
Aottar do logogripbo » p. 139 do Almanach de 1877
Pela agua formado — 2
na agua criado — 3
no Peru achado.
D. Amélia F. (Algarve).
m
Valofr d'um MflntJffllK^lta cavittheitfó de
industria dizia a um seu collega :
— Amigo, é precioso o alfinete ejuè' trazes "na gravata.
— Achas que seja de gostd?
— Muito. Pode-se saber o seu valor?
— Homem, não t'o posso dizer, por que quando o tirei,
não havia ninguém na loja para lh'o perguntar.
Júlio Mendonça.
SSraMMÇA
Ao ur. António Xavier Rodrigues Cordeiro
Ohorae, que a. esperança rebento dM. lagrimas.
D. Ahtohxo da, Costa.
I
És d'Horeb o lume santo,
meu porvir de rósea aurora ;
és conforto no meu pranto,
doce allivio de quem chora.
És o ramo de oliveira
que annuncia amor e paz ;
és a terra hospitaleira
que a ventura sempre traz.
És de Deus o facho ardente,
que brilha na immensidade ;
cTharpa eólia o som gemente
a carpir em soledade 1...
És a virgem de meus sonhos ;
és a luz do pòr-do-sol ;
és Os meus dias risonhos ;
és a voz do rouxinol )...
II
Fagueiros momentos me dizes, bondosa,
da sorte ao rigor 1...
bem hajas, oh virgem, d'encantos saudosa,
de crenças e amor)
Eu quero na terra viver de teus sonhos,
celeste visão ;
sentir ao teu lado meus dias risonhos,
a cruz..* o perdão t
Joaquim Pestana (Madeira).
800
TJm Ijoixè fgGO&CBfclkO*- -Houve uma ordem
para que os navios procedentes do porto de Cadiz e seus
immediafos, fizessem quarentena, em consequência da febre
amarella que ali se havia manifestado;
Indo certo offlcial de sàude a bordo de uma escuna, e
perguntando ao capitão d'onde vinha, respondeu-lhe —
que de Barcelona: — Então ha de fazer quarentena, accres-
centou o official, por isso que vem de uma cidade mui
próxima á de Cadiz. — Que diz vossemecê ! exclamou o
capitão muito admirado; Cadiz fica mui longe de Barce-
lona. — Vossemecê pensa que me logra, replicou então o
outro, apontando para uma carta geographica, eu bem vejo
que de um porto ao outro não ha mais que duas polle-
gadas de distancia.
0. M. (Rio Zaire).
(versão)
Se quando durmo viesses a meu leito
como a Petrarcha Laura apparecia...
verias, que ao teu sopro carinhoso
meu lábio sequioso
s'abriria t
Se em minha fronte ardente se agitasse
um longo pesadelo, que atrophia,
e teu olhar baixasse luminoso,
o sonho pavoroso
brilharia )
Se nos meus lábios em que lavra a chamma,
fogo ardente d 'amor que Deus envia,
depozesses n*um beijo a essência d'anjo,
mmh'alma, lindo archanjo,
acordaria t
R. C. (Braiil).
801
LOGOGRIPHO XXIV
Vède-a, ampla vestidura :
é vestidura real. — i.« e *.•
Agora vede esta planta
de paii oriental. — 1 . a e 3. a
Aqui, ainda, o que temos
é do reino vegetal. — 2. a e i. a
Pode encontrar-se na egreja
ou w-ie n'algam brasio — 1* e 3/
Ha quem viva sepultado
Aqui? n'e*ta escuridão? — 3 . a e 2 a
Vede o todo : é precioso :
que brilho, que ostentação t
L. P. Borget.
JL\L«m» JLJUtti«di*
Come vtdi — ancor rum tn*abandonna.
Dahtjb.
N'esta plaga isolada que me assombra,
sem a luz de teus olhos, minha huri,
sabes tu quem eu vejo em minha sombra?
A ti!... a ti!...
Náufrago... ai ! de amor, entre os escolhos
da miragem fallaz qu'eu entrevi...
sabes tu em qu'estrella fito os olhos?
Em ti t... em ti l...
Se a viração do mar me vem piedosa
seccar na face o pranto que verti...
por quem minh'alma esteve assim chorosa ?
Por ti!... por ti!...
Lá quando a lua, á noite» em áureos rastros,
vae transpondo serena o seu zenith,
tu sabes, flor ! de quem — fallam-me os astros ?!
De ti !... de ti !...
Mas se visses, formosa, esta tristeza,
Que mata... e não tem fim...
compassiva como ós, talyez. choraras...
tiveras dó de mim,
C. Graechtu (Rio de Janeiro).
30S
CHARADA XXXIX
▲o mou amigo e hábil cEaradista Luciano
Maria da Silva Fatáça
Se a estas d'um animal
certa parte pospozeres,
terás, no meu todo, um nome
muito usado entre as mulheres. 3
Estas indicam belleza,
privilegio d'alguns seres ;
e se um nada lhe antepões
é um nome entre as mulheres. %
PVo conceito esclarecer ;
(meu Fataça) ' ,' /
é um nome de mulher, '
que tem graça.
Manuel Ignacio Jorge (Extremos).
aB@ IfiAL 9 BUIS
(VSBSXO DO HBSPANHOL)
NSo te culpo, mulher* por inconstante
desprezares altiva os meus amores;
dominado, infeliz, por teus rigores,
inda mais te adorou meu peito amante.
. Ao ler— ingratidão— -; em teu: semblante <
cresceu minha paixão com minfras. dores ; .
porque ao sopro dps ventos rugidores
se torna a brasa aecesa crepitante.
Teu desdém, se á minha alma ha arrancado»
por vezes, um ai triste e angustiado,
um consolo também lhe concedeu:
Por>elle te amo mais; porque acredita,
~^se nos salva uma- dor grande, infinita, . ,.
> com ' tua- . ingratidão rr— eu ganho o. cdo.
' f •• " « "Mm* âtâtèvêdó (Mònrto>.
Ooiisralta de vinva» — Segundo se 16 na
historia de Frei Gerúndio de Cumpazat, apresentou-se
certa. «uva em caía do sen ciira a pedir-lhe qne n aeon
selbasse sobre se devia casar novamente ; porque, dizia
1 1 1 i
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1- B ls
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Bífi
de criado se
queira fazer meu i
km», abusando
da poaicào
que lhe doa.
— Pois bem, entio nio te c
ases, volveu-lhe o bom do
— Nioiei
o que faca, porque
eu não posso .
lúsiaha com
todo o trabalho que pesava sobre meu marido, e pre-
ciso d'nm co
mpanheuo que me
— Pois bem, ent&o casa-te c
— Nas se alie degenerar, se me
i tratar, mal, se
desperdiçar
— Bem, então nao te cases.
E assim ia sempre respondendo o cura, sim ou aio,
segundo as proposições, e as replicai qae a viuva lhe
fazia; mu por Am, conhecendo que eila na realidade tinha
desejo» da. casar, com o criado, porque dava a mostrar o
m
quanto gostara d'eile, disse-lbe que attendesse bem ao que
diziam os sinos da egreja, e que procedesse segundo elles
lhe aconselhassem.
Tocaram os sinos, e pareceu a ella, que elles diziam :
casn-te com elle, casa-te com elle í Gomo isto era o que o
coração lhe pedia, casou. u
Não passou muito tempo que o marido se não* trans-
formasse em tyranno, e que ella de ama não passasse a ser
escrava, * voltando a casa do cura, queixou-se 4o conse-
lho que lhe havia dado, maldizendo a hora em que tinha
ouvido os sinos.*
— É que não ouviste bem o que diziam os sinos, respon-
deu o cura, e para que d'isto te. convenças, eu t f os vou
mandar tocar.
Tocaram os sinos, e á viuva pareceu então que elles
diziam clara e distinctamente : Nào te cases tal t Não tê
cases talt
É que os trabalhos tinham-lhe dado os ouvidos da
razão.
Os sinos eram os mesmos.
CHARADA XL
Sou lord, tenho assento
a par dos pares, oh I céos !— i
mais uma vogal posposta,
foi assim chamado Deus! — i
Desabrido, não tem- mel,
nem avesso, nem direito,
amargo mais do que fel. . .
bofetada... com efféito! — i
Templo magestoso, inda que em ruínas,
saúdo-te com respeito I
Monumento sublime, eu te contemplo
arfando-me este peito t
Filho da imaginação do immortal Phydias,
tu produzes em mim magico effeitat
. ■■>,}
Raymundo J. da S. Vianna (Maranhense — Brasil).
ti
8, & &
(ãBCJTATIVO)
deus deu á tela, em que se passa a vida,
a mais suave e deleitosa cor...
ê toda ella gentilmente urdida
dtss*anrea teia, que se chama amor)
Creanças, temos no amor paterno
doces eflhiyios dos jardins dos céos,
e os perfumes do beijar materno
sfto èomo as auras dos vergéis de Détrs !
Tem os amplexos fraternaes ainda,
povoar noss'alma de suave olor...
e nunca, nunca n'este mundo finda
o doce jugo, que se chama amor!
liais tarde surgem perfumados gosos...
eis duas vidas n'uma vida só...
eis os enlevos do amor de esposos
a encher de flores o mundano pó f
Depois?... os filhos, cujo affecto immenso
é como um 41b que nos prende aos céos,
ou como nuvens de doirado incenso,
<p& a. terra* envia reverente a Deus 1
fepftifti oa filhos» que o gelado outoact
^v^Uino*** perfumando estão,
qMPdOí nos chega o derradeiro- soma»,
amor eterno a nossos ossos dão t
Vor isso, ó filha, cujo afleeto immenso
inunda esfaima de suave olor»
acceitfci a* nuvens de doirado incenso,
que hoje te envia o paternal amor!
Rojo que todos festejamos ledos
com j«Jto orgulho' o natalício teu...
fujam da mente pensamentos trédos...
quem canta um anjo se aproxima ao céo.t
j
Deus deu á tela, em que se passa a> vida,
a mais suave e deleitai* cor...
é toda ella gentilmente urdida
dess'aurea teia, «pie se chama amor!
J. de 7. F. (*•*).
Á gentileza e fineza de um modesto e illustrado cava-
lheiro, devemos este mimo litterario, que expressamente o
prodozio (a pedido nosso), para commemorarmos um anni-
versario. Reconhecidos lh'o agradecemos.
Um admirador (Porto-Alegre — Brasil).
IBM mwmi
A M...
Hontem ainda tão brilhante estavas
á sombra amiga da folhagem vefde,
formoso emblema doa gentis amores,
flor das outras flores !
Que foi que assim te transtornou a forma?
quem o veludo te rasgou das folhas?
' quem te curvou na haste delicada,
q rosa malfadada?!
Paia matar-te as purpurinas cores,
dos teus perfumo» p-ra quebrar a urna»
bastou» ó flor, das flores a mais balia,
de. uma noite aproctilat
A nós, também, p?ra nos mudar o rosto
baeta, uma noite de pungente angustia,
quando de magnas nos inunda o peito
um temporal desfeito.
Quando o turao da desesperança *braw*
no «aio d^alma, sobre -um mar de pranto?
e n v esse abysmo nos deixou perdidas
as illuaOes queridas,..
3W
» Sulca .de rugas a mais lisa fronte,
os lábios cresta do coral mais vivo, .
desmaia a face que tornou ciosa
a mais brilhante rosa.
* •"«•••
P'ra vós, a vida c'o perfume acaba :
mas nós vivemos, sem prazer, sem risos,
, sem ter da esp'rança o doce aroma puro
sem crenças no futuro.
D. Amélia Rebello.
Ori^inaes curiosos.— «Ill. mo Ex. mo Sr. —
Inclusa remeto a Y. S. a a sobredita cuja, tenha cautella
com ella que é toda espertinéca e airoza e talvez queira
passar por uma tia qne ó bem conhecida nessa terra, pois
tem tinha na cabeça. maripozo já lhe foi buscar três gar-
rafadas á Botica de, Lagares e eu para tirar a responsabe-
Udade das minhas costas é a razão porque inclusa a re-
meto. — Deus guarde a V. S.^tl. de T. outubro de Í876.
Ill. m0 Ex. m0 Sr. administrador do Concelho de Côa —
O Juiz Eleito e Regedor substituto por alvará de 1867
«F... Parocho da freguezia de... Attesto que o mancebo
João, é filho de João L. Baptista e Ignatia Maria, d'esta
freguezia de... Tem a altura do pau que leva na mão até
á mossa que lhe foi feita, não o medi pelo metro porque
o não tinha cá. O que tudo juro in verbo sacerdotis...
Freguezia de... Agosto de 1867.
O Parocho
■ ■ * Fl..»
Os originaes d'estes documentos existem na administra-
ção do concelho de Côa, e respon&abiliso*me pela sua au-
thenticidade, *. : . . .•• .
■■ Brit* Freire (Cê,a).
308
■lf
1/
lo V L0G0GK1PH0 XXV
Amigos : primeira e sexta
sétima, segunda e prima,
é coisa qae muito agrada,
e que por isso se estima.
À segunda com a tércia,
seis e prima em união,
declaram que quem observa
o faz com muita attenção.
A sexta com cinco e sete
é alegre e é comprido :
a sexta com quarta e quinta
dizem um posto subido.
Segunda com tèrcia e prima
busca-as em certo animal ;
segunda com cinco e sete
pedem uma busca egual.
Cinco, seis, quatro e mais Ires
é um futuro imperfeito ;
um e dois, sete e mais seis
têem morada em meu peito.
Dois e um, três e mais sete
está no decurso do anno :
seis, sete, dois e mais um
é cidade, não te engano.
Sexta, quarta, ou dois e três,
ou dois e cinco também,
são tão irmãs, que parecem
ser filhas da mesma mãe.
Seis com três, e dois, e um,
encontra-se na poesia ;
dois e um, seis, cinco e um
é nome de sympathia.
A primeira, dois e sete
mostra superioridade ;
a primeira, dois, e prima
denota o mesmo em verdade.
Quarta e quinta, sexta e prima
que dá seca saberás ;
se vagares pelos campos,
segunda e quarta ouvirás.
Um, dois, sete, seis, e um
é um fructo, com certeza ;
sexta, prima, três e sete,
fere, ou mata com presteza.
Segunda, com prima e sexta
não medes, não tem medida :
sexta com um, dois e um
no campo se vê pendida.
Sexta e quarta, dois e sete
nas aguas podemos vêr ;
sexta com terceira e sexta
dão-nos provas de prazer.
Por fim direi: entr'as arvores
meu todo podes buscar,
por letras, e não por syllabas :
toca, toca a adivinhar.
M. R C. Leão Dias (Azinhal).
CHARADA XLI (NOVÍSSIMA)
1,2: — Este verbo é peccado que não "se põe [aqui.
Gaudêncio de Lemos (Rio de Janeiro).
309
O CANTO DAS AVES
L'oigeau semble le réritable emblème da
chrétíeu ici bus ; il prefere oommfl le fidèl^Jbl
solitude aa monde, le ciei à teçre* e ( 8* vQiaç
bénít sana cesser lea merveilles da Créatear.
ChATBAUBBIAYD.
r
Às geladas cavernas do polo árctico, abrem as caligino-
sas fauces, e dlo accesso ao inverno, que a passos apressa-
dos foge das regiões occidentaes.
A natureza adormecida como a crysallida, volta de novo
á vida activa e fecunda. céo, ha pouco velado por nuvens
borrascosas, ostenta de novo o seu formoso azul t as aguas
turvas voltam á sua transparência, a relva tisnada á sua
verdura, e nas veias das plantas referve de novo o sangue
vivificador.
Nos paizes longínquos, palácios ,de inverno das aves emi-
gradoras, fazem-se preparativos de jornada, e logo os nossos
campos e os nossos bosques voltam a ser povoados.
Aos hospedes alados reunem-se as aves que nos sáo con-
terrâneas, e que, como nós, se submettem aos rigores do in-
verno, o a alegre cohorte, em mysteriosa combinação, reparte
entre si as horas do dia e da noite, para n'ellâs saudar a
primavera, estação dos seus amores. Ao maior numero per-
tence o alvorecer do dia e o fenecer da tarde ; aos mais ana-
lisados na musica a calada da noite, e algumas horas no
decorrer do dia
Quando a primavera, por adiantada, vae vestindo os arvo-
redos, e as «flores vão caindo desfolhadas das plantas que
ainda ha pouco enfeitavam ; quando alguma nuvem perdida
na vastidão do céo vela a face do sol, e lhe diminue os
ardores ; ou quando as bagas de refrigerante chuva, effóitos
da trovoada que echoa ao longe, orvalbam a terra, e pen-
dem suspensas das folhas, como pérolas engastadas em verde
esmalte ; occulta nos macissos de verdura, a ave cor de
ébano, de bico dourado, a qce chamamos melro, faz resoar
no espaço o seu doce canto ; canto melodioso, como os sons
das harpas eólias, arrebatador como creacão de exímio maes-
tro, mimoso como as rosas da primavera, alegre como a
voz da infância, suave como as brisas, da tarde.
3W
Ao ouvir a ave sonora, o homem dos campos suspende o
rude trabalho, e elevando o coração a Deus, bémdiz a gran-
deza das suas obras, e bemdiz também a parte do foso, que
n'ellas lhe concedeu.
O rouxinol reserva os seus cantos inspirados para a so-
lidão das treyas, o 'gorgeador de Bernardim Ribeiro nio
quer que se lhe percam as notas nos bulícios e rumores da
terra. Quando pois se tem desdobrado a escuridão e o si-
lencio, quando a natureza, velada pelos luzeiros de Deus,
repousa na immobilidade, suspenso em ténue raminho, não
longe do ninho aonde a esposa aquece a futura prole, e não
longe também das habitações humanas, o «mago cantor da
noite,» desprende torrentes de harmonia, que são talvez a
expressão dos affectos de seu coração. «principe dos músi-
cos alados» preludia, e os gorgeios e notas agudas, que
semelham requebros e êxtases de prazer; as ternas melo-
dias que exprimem as vagas tristezas da saudade ; as pausas
e os trinados*, ou divagações phantasticas ; as notas graves,
ou hymnos de louvor e de acção de graças, a quem o creou
tão rico de sentimento-, de musica ede poesia, saem-lhe
alternadamente do peito.
Recostado nas almofadas, o homem positivo ouve, indiffe-
rente o rouxinol ; mas delicia-se o scismador, que nasceu
poéíá, ■■ stoMhe enlevo esses cantos, e Hbrando-se com elles
nas azas do pensamento, com elles devaneia nas regiões
aérias. '"*.,,. , a .~
D. Maria do Pilar Bandeira Moríttiro Otorio
(Bretiande}/
VISÃO DAMOR
A minha mulher
D. LEONOR ClfetNIA PEStOA rAMOMM
$inh'alma genie n'um soffrer intenso,
por4ue é immeríso o infortúnio meu!
Gomo dar fim a tão acerbas dores,
jLoi meus amores nto os rejo eu?!
Quando suspiro com tristeza infinda,
a imagem linda do meu «anjo vem
pura affagar-me, seductora e meiga,
qual é na veiga a oriental cecém I
Em vãq meus braços te procuram q'rida,
conforto e vida de minh'alma, em vão t
rebenta o pranto ; mas foi só delírio t
cresce o martyrio. Aonde estás visão !?
Se á tarde, ás horas cm que o sol desmaia,
no mar se espraia e desaparece alfim,
a vista eu lanço com saudade ao largo,
e então que amargo é o soffrer p'ra mim t
Lembra-me a terna desvelada amiga,
a quem me liga o mais ardente amor ;
e ao não te vêr, a desolada alma
é mar sem calma a — tempestade e a dôrt...
Victima triste de cruel ausência,
ai I que inclemência I que pungir atroz I
nauta sem rumo, caminheiro errante,
anhelo o instante de t'ouvir a voz t
José Pedro Gervásio da Bota (Moita).
LIÇÕES DE LINGUISTICA
Peralta — Fructo que não está baixo.
Brincadeira — Tecido para assento.
Prolixo — Favorável immundicia.
Beatriz — Lettra que representa.
Indolente — Professor da índia.
Capote — Lettra para guardar agua.
Paehá — Instrumento de lavoura vindo da China.
Calmaria — Pó de marisco baptisado.
Regalo — Criminosa que canta.
Pedecura ' — Charlatão que estende a mão e põe bom o
doente.
António Ignaeio Torres Bandeira (Pernambuco).
31*.
Arruela do» Vinhos. — À paginas 365 do
Almanhaeh de 1876, vem uma pequenina noticia acerca
d'esta yilla, analisando por algumas phrases bastante in-
justas. nosso fim, porém, não é oceupar-nos agora d'este
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de 1807. Em 1185, depois da batalha ferida em Santarém,
cercaram-a os mouros, que a tomaram, .abandonando-a em
seguida em completo estado de mina ; porém, no anno de
1186, D. Sancho I cuidou da sua reedifi cação, e a fez
povoar. sen foral foi reformado em 15 de janeiro de
1517, por D. Manuel. À egreja matriz tem três naves,
datando a sua fundação do reinado d* este monarcha, se
attendermos á architectura do pórtico principal. À Miseri-
córdia foi fundada em 1574 a expensas do povo. hos-
pital d'este estabelecimento de caridade, reformou-se, fa-
zendo-se-lhe consideráveis melhoramentos, em 1875.
À Arruda é pátria de alguns homens muito celebres e
e illustres, taes como os governadores da índia, Vicente
313
Pereira de Castro, e Anjçpjo de Castro Saiufô; Aptpnio
Paes de $a,n<Je, governador do Rio de Janeiro ; e Joio de
Macedo CÒrte Real, general de anityieria e governador de
Pernambuco. Às suas armas são como as representa a gra-
vura, um escudo branco, tendo no centro uma espada,
representando nos copos a cruz de S. Thiago, encimada
por uma concha de peregrino, e sobre o escudo uma coroa
de bário. Tem Commissão promotora de ensino, escolas
para ambos os sexos, Bibliotheca Popular, Sociedade Mu-
sicai, "Theatro, e Grémio Recreativo, onde os sócios encon-
tram diversão por meio de musica, jogos, e lejtura de
jornaes políticos, litterarios e satyricos.
Os seus habitantes são essencialmente laboriosos e come-
didos.
F. A. de Mattos (Arruda).
LOGOGRIPHO XXVI
(por letras)
Ao meu amigo Eduardo Mattos
Na botica. — 2, 8, 4, 10, 6, 8, 8, 10, &
Na botica. — 3, 10, 9, 10, 8, 5
Na botica.— 4, 11, 3, 4, 7, 3, 5
Na botica. —6, 2, 6, 5, 8, 11
Na botica.'— 11, 6, 6, 5, 8, 10, 2, 1, 5
Na botica. — 7, 9, B, 8, 10, 4, 5
Na botica. — 2, 3, 8, 10, 1, 11
Na botica. —4, 5, 8, 10, 1, 5
CONCEITO
Do Jogogripho o conceito
é arte de muito agrado :
se dado te for sabel-a,
logo o terás decifrado.
'i
J. Villa Nova (Português •— Pernambuco).
O Biitoaco penitente.— Visitando um dia
o venerável P. e Frei António dás Chagas, ftfndador do
notável seminário do Varatojo, o mosteiro e malta do
Bussaco, ficou de tal modo impressionado com a austeri-
dade, sifencio e penitencia dos monges d'aquelle ! eremitério,
e com o contraste Saliente que observou entre a pobreza
e humildade do convento e a riqueza e pompa da floresta,
que, mesmo debaixo d'aqtièTle déo de verdura, compoz e
dedicou ao Bussaco o seguinte
- SONETO
•N'este oCculto deserto levantado,
ditosa habitação de santa gente,
o mesmo monte as asperezas sente,
de tanto espinho duramente ornado.
De folhas veste para que enlaçado
com as cadeias de hera penitente,
e entre arvores agrestes abstinente,
'seja ifempre 'dos ventos açoutado.
A. profundo silencio se retira,
e desde a solidão a d'onde mora,
elevado chegar ao Céo aspira :
Pois remontando ao bem que humilde adora,
vozes os ventos são com que suspira,
olhos as fontes são por onde chora.»
Este soneto encontra-se na Chronica dos Carmelitas des-
calços de Fr. João do Sacramento, na parte que se occupa
do mosteiro do Bussaco, e, que nos lembre, só foi pu-
blicado pelo Jornal de Coimbra do anno passado.
Eduardo Mendes (Coimbra).
CHARADA XLII (NOVIS SIM A)
-À ex. ma sr. a D. Francisca A. C. d© Mattos
(Auctora da charada de pag. 856 do Almanach de 1877)
I, 2. — É a primeira donzella que pode ser santa.
João Carloí Mana Júnior.
alífc
O gcito © © rato. — Em uma das Tílias do
Rio de Janeiro falleceu aos 98 annos de idade, um indi-
viduo de nome José Rato, Este homem era analphabeto, mas
toda a sua conversação, a fazia em trovas e consoantes,
mal rimadas muitas vexes, demonstrando maravilhosa faci-
lidade de improviso, pelo que era sempre festejado, e pro-
curado pela melhor gente do logar.
Conta-se d'elle um episodio que tem algum chiste, e
que toda a villa registrou, pela impressão que produzio
no momento.
Havia ali um portuguez conhecido por Manoel Gato.
Quando deram a José Rato, a noticia da morte de Manoel
Gato, disse elle promptainente :
Se chora a raça felina
aloirra-se a ratazana ;
p<K'sm os ratos viver
livres de tamanha gana.
Dos ratinhos d'esta terra
o mais infeliz sou eu,
qne nao .ganho a liberdade
porque o gato ji morreu.
A. M. da Silva (Brazileiro).
Era no templo ;^o órgão lentamente
mágicos sons p'los* ares desprendia ;
o acto era solem ne e comuiovente,
e o recinto inspirava-me poesia.
Etherea e meiga voz de virgem bella
pelas naves augustas ciciava,
como o triste gemer da phiíomella,
que entre as brenhas espessas soluçava.
Era a hora sombria e silenciosa !
Já o sol no occidente estava posto,
quando visão celeste e vaporosa
me veio um pouco illuminar o rosto.
Eu vi uma crcança seductora,
conjuncto de belleza e de ternura,
tão rival de Heloísa encantadora,
quão virgem casta, immaculada e pura,
316
N'aque)l6 augusto santuário entrar
com passo delicado e andar garboso ;
vi-a junto de mim ajoelhar,
inclinando seu rosto tão formoso.
N&o sei se sonho foi, se realidade,
que meus sentidos enleiou assim ;
ella tinha o semblante de deidade,
os lábios mais vermelhos que o carmim.
Nos seus olhos fulgia a negra côr,
e a phantastica e doce languidez
que inebria, arrebata com ardor,
e nos mergulha após na embriaguez.
Eram duas alampadas ardentes '
que espalhavam no ar philtros subtis;
lavas de puro amor incandescentes
que produziam tentações febris. '
Compridas negras tranças de cabellos
cingiam sua fronte virginal,
e exhalavam de si aromas bellos,
mais bellos que os da terra oriental.
vestido no peito um pouco aberto
mostrava do seu coilo a fina alvura,
— fundo abysmo, magnético e deserto <—
para onde me attrahia a v& loucura.
seu corpo de formas delicadas
a gentileza tinha d'uma ondina,
a doçura das flores nacaradas,
e a graça genial da Fornarina.
Era a virgem creança tào formosa
que, se a visse o sublime Raphael,
a engastara, na tela esplendorosa
eriada p'la luz do seu pincel.
Cessaram afinal os doces cantos !
o templo no silencio se envolveu ;
quebraram-se também os meus encantos . u
que a visão para sempre se escondeu l * .»
8i7
Rtaou peiem j»vada no meu i peito
de temido eeaa inalem sedoetoca,
«pie desde então a.ella estou sujeito
por ardente paiião que me decora.
Aáeltno dos Santos Fernandes Vaz (Coimbra).
L0G0GR1PH0 XXVII
(novíssima reforma reformado ')
A insigne charadista e iacpiraáa poetisa
D. ANNALIA VIEIRA DO NASCIMENTO
-Amor é dom do céo, doce remédio
do seio macerado ;
em ermo árido e secco oásis mimoso ;
íris em céo cerrado.
Amor dá cor á rosa, e doce aroma
á cecém desmaiada;
doma as iras do mar, e o mar acorde
ama a areia doirada.
Ao misero sem casa, sem arrimo,
mirrado, immerso em dôr,
dá caricias o amor, soccorros, mimos ;
caridade é amor.
Em seios sem amor só mora o ódio,
ira, remorsos só ;
o mesmo rico assim, cercado d 'oiro,
ai Deus 1 merece dó t
É dom do céo,
raio de amor,
é sacro mimo
do Creador.
Uma desconhecida (Lisboa).
* Teaaam em tíiU ot menos vemdoa n*esta «specie de logogri-
efeos, que »***• fftltatti H5 d» letPM do ftl{>h»fee*o, e qae a-palavra
ia tva signlfiaaolo w eicreve com «• 9 reatent».
Jt8
O F*uA «l«s> SIwçwmu."- Qwfâ ju.wJwpOAde
oocideajal da tirania que atravessa a M$a$$a 4b lejt* e
oeste, encontrámos o maior plano que contém, a ftpoj*
ilha : 6 o Paul da Serra. Sem fontes, sem arvores, * «em
coisa alguma notável, é comtudo, em dias serenos, mui
aprazível e pittoresco.
Situado n'um logar elevado e algum tanto inclinad* p^ra
o sul, é o Paul sujeito a furiosos vendavaes, que o déixjàji
frequentemente barbeado ; e apenas, na primavera, && af-
catifa o solo o malto rasteiro, como a relva, o feto (pte-
ris aguilina, conhecido aqui pelo nome de feiteira)» eol
pequeno arbusto mui verde e odorífero, desconhecida n^u>
tra parte da ilha, denominado alecrim do Paul.
Atravessa esta vasta planície de norte a sul, ou Ío sul
ao norte (como quizerem), um caminho que, sub-ditididp
em ramificações que vão dar a differentes freguezias dè
sul da ilha, é eausa de, no inverno, se extraviarem riufitas
pessoas com a cerração. Houve ali uma casa d'abrigo,
denominada do meio Paul, cuja estructura parecia ser pró-
pria, para resistir aos temporaes que se manifestam n'aquelie.
logar ; as suas ruínas porém attestam-nos que pôde mais a
intempérie do tempo do que as mãos dos homens. A|al **-
tisfaria, porem, o fim para que foi construída,, porque, sem
pessoa que permanente prestasse os devidos soccofros aos via-
jantes que procurassem amparo n'aquelle oásis, morreriam, es-
tes, ali muitas vezes victimas do frio e da fome t Éra um
abrigo sem amparo.
Á esquerda de quem desce para o sul, fica um plano
ainda mais estéril e mais nivelado do que o resto do Éanj,
denominado campo granes, onde, diz o vulgo, se reuqem
e ensaiam as feiticeiras*, convocadas e dirigidas pelo respe-
ctivo inatructor.
Habita o Paul, especialmente no estio, muito g*4o 4*
differentes espécies, e também ali ha grande quantidade de
coelhos.
Manuel Gomei Paes (Madeira). ,
O «oorpi&o e a tartaraga (Faidla). «
— UBi scorpi&o temido pelo seu veneno, unto como pela.
tua mi índole, empreheiíden mnl viagem.
Chegou á margem d'um rio e deteve-se; vio qno lhe
i.í=
sei
|l|
Ifí
III .
'11 1
ih ;
"11 .
sS-l 4
III !
ili '
regada com elle entrou no
>, nadando para opposia mar-
gem,
No trajecto onvio a tartaruga certa bulha, parecendo -lhe
qne o scorpiio lho roia a concha,
— De d'onde vem esta bulha t perguntou ella ao seu
companheiro.
— que ta ouves, respondeu este, ê o meu ferrão que
en procuro iniroduiir na tua concha. Sei perfeitamente
qne o nao consigo, mas não posso desobedecer ' ao meu
instlnfcto, e roo.
À tartaruga Tendo a perversidade do seorpião, disse logo
de' si para si : -0 melhor que tenho a fazer é livrar eale
mau da sua própria malícia, e por os bons ao abrigo dos
seus ' «tentados. Se bem o pensou assim o fez. FTum bordo
1 Eíl» fabula -5 de Djiinl, um dm poetu mala notHeli da Pt»l«,
Mkcldo' no aano 838 da Hegir», oq 11M d* ,7. Cnrlílo.
m
Finara d'nm doido. — Em certo
10 sair da missa das ame, quando o parodio a
) adio por entre seus fregueies descobertos, afim de so
llrlgir para sua caia, loma-lhe o passo um homem doido,
i!|i ||
|-2-S g Erg *
I #- 1 S I i
c-3 ffil c-
fí -
, — i.5t I ?■
— Pois senhor padre vigário, nunca julguei que v. s.' se
enganasse com tanta facilidade.
— Oh filho, adeus, adeus ; o Senhor S. José seja o leu
advogado, para que te dê jniio na vida a na hora da
morte, diz o padre, dando dois passos para se retirar.
— Oh senhor padre, diga-me pelas chagas de Cbristo, so
pode acreditar que Domingos Armas, Domingos Coelho e
Domingos Espíndola (lavradores) sejam santos ?
821 21
— Ó ilha, a misericórdia do$«ahor desça, sobre nós* Ape-
sar de seres doido tens mais finura d? que eu suppunha.
Adeus.
Assim terminou o reverendo parodio o ctiataço, e tão
atrapalhado estará, que etrt&o é que se lembrou que «ioda
tinha na mio direita, e em posição de oortetie, © «eu
grande chapéu triangular, a que chamamos n'estas titat
chapéus de cundieiro.
João Nepomuceno de Mendonça (Ilha das Flores).
De Colley Cibber
(imitação)
Oh t dizei-me o que é a luz, a claridade,
esse bem que jamais gozar me é dado ;
da vista me contae almas venturas,
a mim que vivo em trevas, ás escuras,
céguinho desgraçado t
Fallaes-me do que vedes portentoso,
dizeis que o sol se mostra resplendente ;
eu sinto-lhe o calor : como é que o gera,
quando é dia, ou de noite, a grande espbera,
o astro refulgente?
Cada vez que repouso, ou me distraio,
eu crio para mim a noite ou dia*;
o a* eu me conservar sempre acordado,
o dia não me deixa, está-me ao lado,
de mim nao se desvia.
Gom triste suspirar ouço frequente,
que lamentaes a minha desventura ;
porém d'um bem de mim nunca sabido,
sei tolerar a perda, e quasi olvido
a minha, sorte escura t
3|2.2
Deèm ç*>is que eu powua, infcbatafrét,
d'estfalma o bom humor a que m*entiiego ;
emquanto vou cantando, sonoroso,
sou um rei, um monarcha poderoso,
embora pobre cego! *
J. Fernandes da Silva (Aveiro).
ANGÉLICA
ffeliz da que vendo estreitas
ao pôr do sol da existência,
-quando se ala t etherea esseoaa
voeja e sobe para ellas.
Bem feliz quando vidente
disse, n'hora em que morreu:
— Mãe, como chamam no céo
quem vae da terra innooente?
— Anjo, filha, o que tu és ;
mas em que penas me abrazas!
— Anjo, mãe! Olha estas azas
que eu tinha escondidas! vês?
E a mãe erguendo a cabeça
dizia ao céo tão dezerto ;
— Jesus t não queres decerto
que a pobre mãe endoideça?!
Ouve, escuta*me, Joanmta,
pois queres deixar^me só?
és tão boa e não tens dó?
— Eu era boa e bonita,
Mas a tua filha morreu ;
vês esse astro como brilha ?
— Será nos meus olhos, filhai
— Talvez, mãe, que tudo é céo;
Se as tuas lagrimas bellas
assim me alumiam tanto,
bemdito seja o teu pranto
que vale mais que as estreitas.
A mãe só disse : — Jesus !
E eila erguendo-se de leve
abrio as azas de neve,
e foi seguindo essa luz.
Thomaz Ribeiro.
i Joannita morreu na infanòia; e qnlo prometteâora de graças, de
corpo, espirito e sentimento fora aquatta infância malofrmda ! Qtfàn-
do «e aproximou do. tenso começou de ver «ma estrella ,qu* ardia
dia t notts, e mostrava*a com insistência a soa mie. Quem sabe a
qne distancia se estende a vista do moribundo ? Se todos podessem
yer astros!...
803
A moral curtida, e a. moderna. — Os
velhos, assim como costumam exaltar as coisas da sua ju-
ventude, com o intuito de depreciarem as da actualidade,
com a mesma má intenção gabam, e encarecem a pureza
de costumes do seu tempo ; quando é incontestável, que
a depravação moral nos séculos passados excede tanto a
do presente, quanto este excede aquelles na diffusão das
luzes do espirito.
Entre innumeraveis factos, que fácil me fora adduzir
para comprovar esta asserção, apenas citarei um, que li
no Promptuario Histórico de Fr. Manuel da Mealhada.
parte 4. a , pag. 285 : notem, que é um frade, quem o
conta ; diz elle :
«A ordem dos Hospitaleiros do Etpirito Santo teve vários
hospitaes em França. Innoceneio 3.°, no anno de 1198, con-
firmou-a, e entregou o cuidado do hospital de Santa Maria
in Sus$ia em Roma, fundação sua, e que ainda existe,
a Guido, filho de Guilherme de Montpellier, que em 1195
erigira um. Estando o Papa em oração, ouvio uma voz,
que lhe dizia, que fosse pescar no Tibre ; consultou ò caso
com os cardeaes ; lançou a rede, e no primeiro lanço ti-
rou 87, e no segundo 140 meninos abortivos, afogados
por suas mães!! Foi para pôr cobro a tanta maldade, que
fundou esse Hospital, cujo fim é curar os enfermos, crear
creanças, e receber peregrinos.»
S. Vicente de Paulo instituio em França os asylos para as
creanças abandonadas ; para o mesmo fim, e para evitar in-
fantecidios, foram entre nós instituídas as rodat dos expostos.
Apesar de, ha mais de três annos, se acharem fechadas
essas rodat, dão-se acaso a» atrocidades abomináveis, que
Fr. Manuel da Mealhada refere ? Não : logo a depravação
moral dos séculos passados excede tanto a do presente,
quanto este sobreleva aquelles na diffusão das luzes do
espirito, e em todos os ramos de conhecimentos úteis.
António Maria do Amaral Ribeiro (Barcellos).
324
ENIGMA. XIII
(SALTO Dfi CAVALLO)
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Desprezando o quadrado central ou d.° 25
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Quatro versos hendecasyllabos.
Começa na casa i e acaba na 48.
Oeiotoi Parvonezes.
CHARADA XL1II (DECAPITADA)
O pau que — dá — para fazer — quando o — .
Guilherme d» Carvalho (S. Thomó).
325
O eooo d 9 ti*i*a S^oac. — distincto brasileiro
Bernardo de Sousa Franco (visconde de Sonsa Franco),
quando deputado em uma oerta legislatura, teve de accnsar
só, fortemente, e por muitas vezes, ao governo (Teutão,
o que lhe valeu o appellido de unidade opposicionitta.
Certo deputado amigo do governo, e muito espirituoso,
em uma sessão proeurava de um modo sarcástico e insis-
tente ferir a unidade opposicionista, quando um espectador
das galerias o interrompeu, arremedando o latir de um
cao. presidente e toda a camará bradaram contra o
grosseiro insulto, mas o imperturbável deputado exclamou :
— Sr. presidente, foi um aparte do sr. Sousa Franco.
— Engana-se, respondeu logo este, foi o ecco da voz
do orador.
A. M. da Silva (Brazileiro — R. de Janeiro).
À CAM9A9E
(soneto)
Quando passar-te vejo* oh celeste deidade,
deixando no caminho um rasto luminoso,
sinto no coração não sei que doce goso,
e admiro pensativo, o anjo da caridade.
Mas quando em alta noite, á voz da tempestade
se junta da miséria o coro lamentoso,
e tu, archanjo bom, sorrindo-te piedoso
vaes sereno acalmar as dores da orphandade ;
É então que minha alma, idolatrando a tua,
tão sublime de amor, de peccados tão nua,
te segue jubilosa á tristonha morada :
E o orphão, que faminto anceava conforto,
repassado de dôr, de fome semi-morto,
beija-te reanimado a mão abençoada.
F. J. Ramos.
3*6
AO POETA
(tio álbum de Joaquim Peitam)
— Escuta, poeta : no horisonte vatfo,
onde vôa arrojado o pensamento,
par entre um véo formoso, tçnue. e 'casto
o que entrevês além?
— Um monumçnio.
-r-Um monumento?
— Sim. Estatua viva,
que se veste d'um brilho sem egual,
que contêm partes d'aguia e sensitiva»
que muito se assimilha ao immortal;
que repousa n'ura throno fulgurante,
que entra no campa vasto da sciencia,
que n'elle colhe flor inebriante...
— E o nome ? o nome seu ?
— A inteltigenjcia !
— E esse dom sublime e poderoso,
que tanto abranger pode, anhelos tem?
— Oh ! muitos t porque anceia um sacro gozo,
que é como os mil carinhos d'uma mãe t
— Ohl dizei dize, poeta!...
— Pois almeja
o magno apreço das irmãs que adora :
Sabedoria e Gloria ; e não se peja,
se alguma a desconhece, treme e chora !
— E depois?
— Muita vez a Estatua viva
tem-se visto luctar nos lírios seus ;
perder a parte d'aguia, e sensitiva
afrouxando pedir justiça a Deus !
D. Hermçnegilda 4& Zqwtf*. (Una 4a Fayal).
3*7
Domioltono. — Este imperador romano foi, sem
duvida, um dos perseguidores que mais estragos fizeram
nos arraiaes da religião nascente, e um dos tyrannos que
mais envergonharam a purpura dos Césares.
Subindo os degraus do poder, por morte de Tito, a
aurora do seu governo foi auspiciosa ; mas tanto se ar-
redou depois da primeira expectação, que, por suas cruel-
dades e extravagâncias, fez resuscitar os tenebrosos dias
de Nero. -
Tertuliano chama-lhe «parte d'esse monstro», e Tácito
«um vampiro que queria beber todo o sangue da repu-
blica. »
Á mais degradante laxidão de costumes, juntava a ex-
travagância mais louca.
Exigia que lhe chamassem deut nas petições que lhe
eram dirigidas. Convocou em uma occasião o senado, para
«aber em que vaso devia comer de certo peixe. Passava
dias inteiros no seu gabinete, divertindo-se a caçar moscas,
á ponta d 'alfinete.
Isto deu logar a que Yibio Prisco dissesse, uma vez em
que lhe perguntavam se estava alguém com o imperador :
— Não; nem sequer uma' mosca!...
Mattos Ferreira (Crato).
LOGOGR1PHO XXVIII (ENIGMÁTICO)
Tem leitor! muitos irmãos,
a segunda com terceira ;
e estes irmãos são tantos
como é um junto á primeira.
CONCEITO
Não desejo que tu soffras
prima, segunda e terceira
J. António dê Avetlar Júnior (Minas — Sete Lagoas).
328
T7m OOUlelbo. — Pírante o tribunal do jury
compareceu rnn individuo accusado de haver furtado um
relofio.
Repellia elle cheia de nobre indignação a accusaçSo
kpm mê
* i l à "f
I» íií lilliti
íí M illlíl!
3 I
is t ;
" I I
«i
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— Qae conselho , i
— Eu me explico
Dm relógio.
— De certo ; ma» que qacr vocemecfl dixer com is»o ?
— V. s.» prorou aos juires que nlo er» verdade, de
modo que alies ji nlo tem Dada qne ver n'este assumpto.
— Sem duvida,
8»
•J-Dfestje portanto saber se posso ágc-rt tkèâr ã>ê\\ê?
— U4àt de que? perguntou o advbfaúo.
— Do relógio, respondeu com toda a naturalidade o
ex~pretio.
— Do relógio ? repetio escandalisado o advogado. Pois
o senhor tem o relógio?
— Se o tenho t E onde estaria o mérito da defeza se
assim não fosBe?
Pela primeira vez na sua vida o honrado advogado não
encontrou que dizer, contentando-se de pôr o insolente
larapio pela porta fora.
Joté da Silva Ramos (Portuguez — Parahiba).
CHARADA XLII1
Esta agora, meus senhores,
nada tem de portugueza,
é cousa, e cousa que só
pertence á gente escocesa. — I
Bu sou cousa de casados — 2
é verdade, meus amigos,
e tanto verdade fallo
como a figueira dar figos.
Um conceito dos mais fáceis
meti leitor, te vou eu dar :
eu sou pequeno instrumento
e sou um peixe do mar.
Francisco Silva (Castell&os).
Ir t>uwo£ir la..». — Uma senhora examinava uma
gravura bo mostrador d'um livreiro. Emquanto satisfazia
á sua curiosidade, um espirituoso importuno, vendo correr
umjt aranha sobre o chalé da dama, aproximasse d'dla,
e dtft-jhe batendo-lhe no hombro:
— Minha senhora, tem nas suas costas um animal- 1 .
A dama surprebendida^ vottando-ee responde :
— Ah I perdèo, senhor, não sabia que. estava ahil...
Aúitiiiio WArtíágá* Stiliio MaiÓr
(*. Thiagode Ca»o'V#f
(romance microscópico)
Yra 4 primava na taba como a flor da urumbéba' que
ma}g me! contém em seu cálice. Tal era a doçura de sua
índole,! Eram meigos e avelludados seus olhos dà côr da
noite sem luar... Eram de mel os lábios, rubros como. tié...*
Seus braços, cor de canella, não podiam ser mais perfei-
tos... Os "cabellos negros e lustrosos desciam«lhe abaixo da
curva da perna primorosa e ser viam- lhe de manto.... Filha
do pobre Page, * não era de alta nobreza... mas os encan-
tos peregrinos de que era dotada, davam-lhe a realeza entre
os seus... Mombóre 8 , o engeitado, fora encontrado pelo velho
Pajé na cavidade d'uma cajazeira secular, em cuj9 rama a
cauan 6 pioo. Adoptou-o... Yra e Mombóre cresceram como
irmãos...
Mombóre é guapo caçador das selvas... O seu cocar de
pennas multicores, era manufacturado pelas mãos de Yra.
A sua tanga também... Yra, a joven de mel, tinha doçuras
inexgotaveis para Mombóre... E elle?
As aves mais bellas e melodiosas que podia apanhar vi
vas, eram para deleitar os ouvidos de Yra...; as flores mais
suaves eram para seu delicado olfacto...; as frucfc.3 mais
saborosas compartilhava-as com ella... Mombóre julgava-ee
um deus, quando Yra lhe acceitava as prendas....
Um dia o Emboába 7 perdido achou guarida na gruta de
Pajé, que com o seu prestigio, o livrou da fúria aotrope-
phaga dos seus companheiros.
Mombóre saudou o Emboába e offertou-lhe generosa pro-
tecção na força do seu arco... Esfprçou-se por obsequiar o
hospede, e ao lado do velho Page, á noite, junto á lareira,
contava-lhe, e a sua... irmã, emquanto esta lhes preparava
a ceia, as aventuras da excursão do dia.
* Yra— meí, Lacerda, voe. Tupy.
* Urumbéba, cactos tricolor.
* Tié, ave de plumagem rubra.
* Pajé, feiticeiro. Lac. voe. Tupi.
* Mombóre, botar fora, repudiar. Idem, idem*
* Cauan, ave tida pelos Índios como aftwaisa, quando cantam
pai» manhã,
7 Emboába, europeu, homem branco.
sai.
Um dia notou Mombóre que os extremos de Yra diminuíam
para com elie, e que a Emboába eram dispensados os seus
mais cautelosos afectos.
Uma noite o velho Page contava as lendas da tribu e pre-
sagiava catas trophes, quando de repente troveja a sussu-
rana 1 junto do penedo que lhes abrigava a gruta... Emboába
flzera-se dextro atirador, graças ás lições ao Mombóre. —
«Yra, exclama Mombóre, empunhando a aljava e o arco, olha
se o Emboába te merece que affronte a fora faminta, como
por ti vou fazer!...»
Gonçalo, o Emboába, de um salto empunha seu arco, e,
mais rápido que Mombóre, sumio-se na escuridão do um-
broso bosque ,
Um rugido infernal se seguio, similhante ao do trovão
e, minutos depois, Gonçalo apresenta a flecha ainda san-
grenta que arrancara do ventre da fora.
Mais tarde volta Mombóre cabisbaixo e sinistro e vem
participar da gloria do seu rival, que recebia das màos de
Yra a cuia de alua *, emquanto que dos seus olhos jorrava
sobre o europeu um diluvio de divinos olhares.
Mombóre estremeceu, e seus olhos injectaram-se...
O sol desdobra seu manto tépido sobre o bosque, sobre
o penedo e sobre a cabeça do velho Page, que á porta da
sua gruta aguardava a volta dos três companheiros : sua
filha, seu filho de adopção e o seu hospede protegido, que
haviam ido para conduzir a onça, que á noite fora morta.
guanumby ' pousou próximo ao velho, depois de vol-
tear três vezes em torno de sua cabeça octogenária... —
«Desgraça !... exclama o feiticeiro.» E dois gritos unisonoa
lhe feriram o ouvido apurado.... A. cauan piou n'este mo-
mento.... Dirigio o Page os trémulos passos para o lado
d'onde vinha esse grito... Junto da fonte que serpeava em
volta da gruta, sob copado e bem conhecido cajazeiro, pro-
i Susturana, onça das mais feroses.
* AloÁ, bebida fermentai*.
3 Guanumby, Colibri, consideram-o os índios como conductor daa
almas (Alencar).
332
ximo ao corpo inanimado, da sussurana, achavam~se dois ca-
dáveres traspassados por uma só flecha envenenada!...
CONCLUSÃO
Do lado opposto da annosa arvore, na cavidade onde, ha
vinte annos, encontrara o Page una creança abandonada,
o cadáver de Mombóre achava-se assentado, tendo o peito
traspassado por uma setta envenenada !
velho Pago volta horrorisado, e vem cair sem vida
sobre os dois primeiros cadáveres
O guanumby de novo esvoaçou três vezes em torno da
cabeça do velho morto.... A cauan elevan^o-se aos ares,
deixou a antiga cajazeira, em que se achava pousada, e
ao librar-se no espaço soltou três pios funerários !
António dê Sá Soares Leite (Carmo de Cantagalo).
AO ENTE SUPREMO
(soneto)
Graças te doa ó Ente incoraprehensivel )
Ó Ser dos seres, Creador dos mundos :
admirando teus cálculos profundos,
agradece teus dons a alma sensível.
Comprehender tua essência é impossível ;
são, porém, tão suaves, tão jucundos,
os teus feitos sublimes, quanlo fundos
os teus desígnios da creação vivivel.
Tiras e dás a vida, e o pensamento :
mudas a forma, não destróes a essência ;
a teu mandado se move o firmamento.
Reconhecendo a tua Omnipotência,
tranquillo espero o ultimo momento,
seguro em tua paternal clemência.
Tito Augu$to dê Carvalho.
388
CBARADA XLIV (DECAPITADA)
Na Flandres artificiosa
no tempo n'esta indicado,
um pintor assim chamado
dançou esta dança airosa. l
Jorge Guilherme Moàjen
(Lagoa Vermelha — Rio Grande do Sul).
0UTR'0RA E HOJE
Que alegre vida outr'ora a que eu passara
só ao labor votando os pensamentos !!
ignorava o que eram soffrimentos...
a alegria em meu rosto se mostrava !
Permanente ventura desfructava,
recreavam*me então divertimentos,
os dias, para mim, eram momentos...
meu Deus 1 meu Deus ! que dita a que eu gozava t!
Tudo acabou!... e só o desgosto agora,
habita na minh'alma noite, e dia!
só a negra tristeza me devora !!
Que a sorte assim mudava, quem diria.?!.
mas persiga-me o fado muito embora...
descanso inda terei na campa fria!!!..
D, Emília Adelaide Pereira Rei$ (Maiorca).
* O auctor accrescentava :
Se a decifras o auctor aqui promette
dar ffoJcropiparo banquete,
ou se preferes coita de valia
uma caixa 4'bavanoa — Begqlia.
De propósito omittfmoi.^offwte, porque, de todos os. lados lhe
pediriam, nlo o banquete opiparo, mas excellentes caixas de cha-
rutos havano* • aio haveria mios a medir. Nada promette pois.
384t
CHARADA XLV (NOVISSHBA)
4, S. -** Erguesse» e cega, gira e pousa na beira mar.
D. Maria do Pilar Atearei Ribeiro (Yilla do Conde).
c
PESCADOR DE MOÇAMBIQUE
Ela nasci em Moçambique,
de pães humildes provim,
a côr negra que elles tinham
Vou da Cabaceira ás praias,
deixo perto Mussuril,
trage embora o céo de escuro
é a côr que tenho em mim ; ou todo seja d'anil ;
sou pescador desde a infância
e no mar sempre voguei,
a pesca me dá sustento,
nunca outro mister busquei.
Antes que o sol se levante
eis que junto á praia estou ;
se ao repoiso marco as horas,
á preguiça não as dou ;
em frágil casquinha 1 leve,
sempre longe do meu lar,
ando entregue ao Tento e ás ondas
sem a morte receiar.
Ter continuo a vida em risco
é triste coisa, não é ?
mas do mar não teme as iras
quem em Deus. depõe a fé !
E singela a recompensa
da vida custosa assim !
mas se a fome não me mata,
que me importa o resto a mim ?
de Lumbo visito as aguas
a assim vou até Sancul,
chego depois ao mar alto,
sopre o norte, ou ruja o Sul.
Morre o sol ? termino a lida
para um pouco repoisar,
e ao pé da mulher que estimo
ledas horas ir passar :
da mulher doces caricias
também quer o pescador,
pois d'esta vida os pezares
faz quasi esquecer o amor I
Soa pescador desde a infância
a no mar sempre voguei,
a pesca me dá sustento,
nunca outro mister busquei ;
e em quanto tiver os braços
a pá e a casquinha ali,
viverei sempre contente
n'este lidar que escolhi.
J. P. da Silva Campot Oliveira (Moçambique).
» Peqaeaa embareaffto feita da catca À'niaa arvore.
Em flagrantei — Era bio homem muito conhe-
cido, muito sírio, muito methodicg, muito amigo de seus
criados, e que tudo fana em determinadas horas. Costu-
mava jantar is quatro da tarde, que era quando ordina-
II» [tf
Ih hl
s «l 111
Kf is?
ioquios amorosos com o criado da visinlia lenda, um me-
liante que lhe andava arrastando a aia.
— É assim, dii elle. alterando-se um pouco, que tu me
tratas do jantar? É assim que tu cuidas das tuas obriga-
ções, e correspondes a confiança que em ti deposito ?
— Ora, responde a ladina, a culpa é de v. ei. s
— De mim? Pois eu tenho culpa das tuas loneuraa?
— Certissimamente, culpa de me encontrar á janella ;
porque se viesse as quatro horas, como é o seu costume,
via-me a tazer o jantar ; mas sao apenas três.
Nio havia réplica.
-As mulli.eiresi.~-As mulheres, diz um moralista,
tem mais alma, que espirito, e mais tacto, que discernimento.
r 6l
9 5 * í
¥ s § P §■
lis civis que defendiam aos sectários o
i religião, achava-se presa nma senhora
11
res. Começou o lerminou ella a soa oracSo, fundando-a
n'uma inanidade de passagens da Escriptura, que julgou
favoráveis á sua doutrina. Begius respondeu- lhe, mostran-
do- lhe claramente o verdadeiro sentido d 'essas passagens,
que, a provarem alguma coisa, provavam o contrario do
que se pretendia.
Replicou, apresentando novos argumentos, e concilio
apostrophando-o d'esla sorte, com referencia a posiçSo em
que ambos se achavam :
• Agora, á irm&o Urbano, olhai para vús e para mim,
e vereis quio desigual é a nossa posição. Vós estaes molls
e commodamente assentado ao lado dos burgo-mestres, vos
fallaes como um oráculo, vos pronunciaes as vossas deci-
sões como na tripode de Apollo ; e eu perseguida, eu
prisioneira, en com ferros nos pás b nas mios, vejo-me
m obrigada a
%%
Esta corajosa peccadora, bem merecia que lhe perdoas-
sem, dando-lhe por expiada a culpa. Pois não perdoaram.
Por final sentença» foi expellida da cidade... Os ódios
levantados pelas questões religiosas no século xvi, não
eram para menos.
Á Ei. ma Sr. a S. Maria Amália Vaz de Carvalho
mimosa auctora de Uma Primavera de mulher
D "onde vem esta harmonia,
ate encanto, esta magia,
que me traz a viração ?
este accento de ternura,
esta melodia pura
que me falia ao coração ?
D'onde vem ? plagas remotas
atravessaram as notas
que me enleiam de prazer !
Esta tioitira divina,
só d'ttma harpa feminina
se podia desprender t
õh í sim, esta voz tão bella,
fcVVoz de uma donzella,
voz de um anjo seductor f
ê um Sentir delicado,
(JuesVespande apaixonado
com singeleza e pudor.
Ha n'ella suave enflairto,
que seduz, que causaespanto,
e commove o coração t
uma celeste cadencia,
a transpirar innocencia,
muito amor, muita paixão !
Sylpho, cherubim, ou fada,
sereia tão festejada,
quem és para assim cantar ?
quem te deu essa harmonia,
essa vaga melòdib,
que ninguém sabe imitar ?
Quem te poz o dom da graçfe
na phrase simples qde enlaça,
que subjuga o coração ?
em que fonte crystaliha,
foste beber, peregrina,
tão sublime inspiração ?
Quem pode tão meiga lyra,
quando em cânticos suspira,
. indiffef ente escutar?
quem 'jtóde mesmo sem ver-te,
deixar de ámar-te, esquecer-te,
efefo ti obóllò adorar?!
Z>. Luiza Amélia (Parahiba do Piauhy — iraxil).
TO»
LOGOÇRIPHO XXIX
(FOB I4ITEA»)
Oferecido ao meu amigo Joaquim José Gomes flogueira Jipior
Riqueza em mim só ostento. — 6, 10, 8, 8
ggm Itália foi portento. — 4, 2, 3, 3, 8
pjodos todos conquistei. — 3, 6, 9, 7, 6
jg «negando a santa lei. — 3, iâ, 4, 3, 7, 11, 3 j
inutilmente escalados. — 4, 5, 8, 10, 2 , j
g razoes nobres apagados. — 9, 6, 5, 4, 8, 3, g*
gnica, a nobre heroina. — 9, 2, 4, 5, 8, 7, 11 .*
^ minha telha domina. — 9, 11, 7, 10, 2 &
miendo a Juno consagrada, — 3, 2, 9, 6, 3 ?
Mil-a assim cognominada. — 3, 11, 9, 19, 11 '- *
m> possessão portugueza. — £, 10, 9, 6, 5 '■**"> -v
ftorre com grande destreza. — 1, 11, 9, 6 3 ^
^ bom nome está nnido. — 7, 8, 7» 6 **>•
Igelos principaes urdido. — 4, 8, 2, 9, 11 ^
►ssim gostarás de ser. — 1, 5, 11, 4, 8
HoiLo, sabes escrever? — 3, 2, 4, 10, 8, 11
Ovos, podins, creme, empadas,
lombo, bons vinhos, enguias.
O conceito já está dado :
consta (Testas ninharias.
F. Soarei Victor (Messejana).
* *
CHARADA XLVI (EM QUADRO)
Primas ordens recebeu.
Um cruel sem coração.
Esta alegra, sobe ao cio.
D'astesinha solta o gráo.
Manoel Maria Ferreira (S. Miguel).
Um latinista.. — Conheci pessoalmente um pro-
fessor de latim, que com o intuito de familiarisar os discí-
pulos na língua de Cícero exigia que elles na aula somente
lhe fallassèm em latim. Pode-se imaginar as amarguras por
que passariam os pobres rapazes para satisfazerem a uma
tal exigência, e como ella seria satisfeita. Sirva de exemplo
o seguinte. Um d'elles não desejando continuar a sentar-se
na aula ao lado d um certo condiscípulo, dirige-se um bello
dia ao magister e expCe-lhe como pode o seu desejo, pe-
dindo-lhe que lhe destinasse outro logar. Admirado com
um tal pedido, pergunta-lhe o professor a razão, o sup-
ponha-se qual seria o seu pasmo quando o rapaz lhe res-
ponde, referindo-se ao condiscípulo :
— Quod Me habet habebat.
— Quod Me habet habebat 91 repete o professor, admira-
do do barbarismo ; ora traduza.
— Sim, senhor professor, quod porque, Me elle, habet tem,
habebat tinha ; porque elle tem tinha, senhor professor, e
eu não quero estar ao lado d'um tinhoso.
Era ou não rival de Cícero?
Eduardo Roteiro de Mattos Coelho (Mação)
¥iyta#k bmâl
Formosa capital de Traz-os Montes
recostada em agrestes alcantis ;
com bellos, pittorescos horisontes,
entre campinas férteis e gentis ;
onde a vide se enrama junto ás foutes,
são os ares creadores e subtis ;
na abundância de teus vergéis floridos
gozas todos os dons appetecidos.
Nas aguas transparentes de teu rio,
modera o sol o sou calor intenso*,
abranda seu rigor o inverno frio
ira amenidade de teu leito extenso ;
340-
"1
tens fértil primavera e rico estio,
que te dão novo lustre e brilho immenso ;
os festivos rosaes bordam teu manto,
e das aves te inunda aéreo canto.
Quem por manhã formosa te divisa
banhando o pé nas aguas, donairosa,
cuidará doura o sol, bafeja a brisa,
em vaso de crystal cândida rosa ;
mas se aqui teu aspecto se ameuisa,
além surges agreste e caprichosa,
ou te ôrgas de granitos coroada
ou te mires na veia prateada.
Real villa de reis, obra dilecta,
creada e ennobrecida com desvelo,
por Diniz pae da pátria, rei-poéta,
ella rainha e santa!... Ha par mais bel lo?
pois estes que tocando á gloria a meta
seu povo amando são de reis modelo,
como a filha dilecta te quizeram,
e de Villa Real nome te deram.
E lá tens em teu seio o templo antigo
erguido a S. Diniz, para memoria,
do pio egrégio rei, o qual bem digo,
como de Portugal bem diz a historia ;
da esposa santa o singular abrigo,
ao céo aprase, a teu porvir dê gloria,
qual o prodigio de eras milagrosas
a transformar-lhe d'ouro a esmola em rosas.
Que tanto pode Deus dar luz ao cego,
no deserto fazer brotar a fonte,
dos mares enxugar o fundo pego,
a Moysés dar a lei sobre o alto monte ;
pôr as ondas fugazes' em socêgo ;
fazer parar o sol- no horisonte ;
como as flores tornar em pedras finas,
o ouro em lyrios, rosas e boninas.'
Tu da velha Panoia rude e altiva,
bel la phenix nasceste, e á prosp'ridade,
buscas erguer-te trabalhando activa,
desenvolvendo o génio e a dignidade ;
tenho a fé, que á rasfto se não aqquiva,
ha»4e tornar-te em ínclita cidade,
que nada é impossível, se comtigo
estão, vontade, génio, e santo abrigo.
Ponham em ti os olhos os governos
que os nacionaes destinos vão regendo ;
ao zelo seu direitos tens supernos,
capital da província eximia sendo ;
soprando da ventura áureos galernos -
vem já melhores dias promettendo,
e o silvo da veloz locomotiva
será de teu progresso a expressão viva.
Saúdo- te d'aqui, ó pátria amena,
de antepassados meus, ridente e linda,
só quem te não conhece te cóndemna,
quem te vê dá-te culto que não finda.
Eu faço um voto á gloria tua plena,
e d'ella espero ver-te em posse ainda,
que em te elevar teus filhos põe desvelo:
Afaste o céo de ti todo o flagello. *
D. Catharina Máxima de Figueiredo Abreu Casielío Branco
(Goiães).
Tres Domingos. — À demissão dada no mes-
mo dia, por um presidente de Provincia de nome Domin-
gos, a dois empregados públicos de egual nome, occasionon
o seguinte pasquim :
É uma couta bem rara
e bem difficil de crer:
que um $6 Domingos fizeste
a dou Domingo* toffrert
J. O. VoMonceUot (Brazil).
* Importa á prosperidade doesta provinda, alem de «adidas pro-
tector»*, o nio propagar-M o pbytasara qoe a ameaça.
CHARADA XLVH
Ao rata amigo o ni. mo Sr. Coelho d» Aranjo
Meu Deus, foi sonho ?t Recostado ao leito .
. tranquillameate dormitava... eu vi
visão celeste, com a mão no peito,
correr... cbegar-se para mim... senti: — i
Senti tocar-me, e como a um ser divino,
«u respeitoso me ajoelhei aos pés,
falla-me, e diz-me : «ouve o teu destino,
«de Deus as ordens, que d'Elle um filho és... — 1
«Soberbo humano ! quanto é grave a pena
«que para o orgulho lá dos ceos é dadaí
«YÔ que a vaidade só por si condemna,
«que, apesar d'ella, tu és zero, és nada. — I ®
«Mortal, meu filho, toma-me por guia,
teu sou — Virtude, teu fanal, teu bem!
«se a mim não buscas, no tremendo dia
«envolto em trevas, clamarás... ninguém t» — i i^
Visão sublime t eu te obedeço, eu sigo
de Deus o mando ; eu amo a ti, visão t
onde viver, tu viverás comigo,
porque andas sempre aqui no coração !
Manuel Chrytogno da S. Braga (Cearens*).
Terremoto em Uristooa» — Ha cento e
vinte e um annos que a formosa cidade de Lisboa ie aba-
teu de uma maneira estrepitosa, horrivél e sem exemplo
nos annaes da historia da Europa. Lisboa, a linda cidade
de Portugal, a nym^ha do Tejo, tão altiva então, tornou-
se no dia i.° de Novembro de 1755, a sepultura de 30
mil lisbonensest O espectáculo contristador de que foi
theatro, será eternamente lembrado, embora ós dias, os
annos e os séculos vão deixando d'elle apenas uma lem-
brança remota, como da existência do homem prehisto-
S4B
rico, que hoje tratam de veriioar. medonho cataclismo
succedido em Lisboa, teve principio por um saccudimento
terri**t; rftpiib eomo o relâmpago, abatendo casas, palácios,
templos e mas inteiras, inclusive o edifício da nefasta
Inquisição, qúe, segundo dizeiti, foi o primeiro que cahio.
Em seguida á queda da maior pane das casasj' veio o
incêndio com suas chammas devoradoras... e o vento inces-
sante e forte, que levava as chammas de casa em casa, des-
truindo-as todas t... Foi uma destruição enorme e contris-
tadora, e que está acima de toda descripção. Mas Deus,
que nunca nos desampara, inspirou' ao grande homem, ao
sábio ministro de D. Joáé i, os sagrados instinctos de ca-
ridade, fazendo-o consolar os afílictos, e socorrer as infelizes
victimas da catastrophe.
É assim que qual Santelmo na desolação da grande ci-
dade, entre ruinas e cadáveres, se vio a veneranda figura
do marquez de Pombal, que prestou relevantes serviços
á causa da humanidade, já salvando centenas de victi-
mas do terremoto, já impedindo as tentativas dos piratas
argelinos que tentavam saquear a afflicta povoação ; já
finalmente, prevenindo as cousas de modo que a peste e a
fome, tão promptas em apresentarem-se em -taes cifcums-
tancias, não invadissem os que tinham escapado com vida.
A. Marcondes (Brazil — Rio Grande do Sul).
Iriétrticção popular* no Rio Gran-
de cio Sul. — Em janeiro de 1877 existem em dif-
ferentes pontos, na província de S. Pedro do Rio Grande
do Sul, e convenientemente situadas, 229 aulas de instruc-
ç,ão primaria, sustentadas pelos cofres provinciaes.
. Tendo a província 350:000 habitantes, pouco mais ou
menos, vê>se portanto que a instruccâo publica entre nós
não é dada com . mesquinharia.
O tempo mostrará os seus benéficos influxos.
. Luz t, r . luz para o.povolt
T...G. Ferreira M<mdet (S. Leopoldo — ? Prazil). ,
O Outono. — Assim como entre ti òcedso do sol
e o fechar da noile, ha o crepuscftlo da tarde, assim entre
o esti» calmoso, e o inverno qaé, regela, ha o crepúsculo
do anno — o fructifero, o liberai, o melaneholico Outono.
> poeta das tristezas, {aliando d'elle
Todo é triste I Oi wdai montei
vão perdendo os seus matizes,
as veigas os dons felizes,
thesoiro dos seus casaes;
dos crestados arvorei! os
a folha secca e mirrada,
cae ao sopro da rajada
que annuneia os vendavaes.
Referindo-se também a ell
sas humanas, tirando d'ahi uma moralidade, que todos
devêramos ler presentes, Argutjo, poeta que honrou a
formosa língua castelhana, termina assim um dos 1 . Béus'
bellissimos sonetos : '' '"
848
Tudo é triste I e o seio triste
cumprime-se a este aspecto ;
uio sei que.pezar «çr^o
nos enlueta o coração. '
É que nos lembra ojassado
cheio de viço e frescura,
e O presente sem verdura .
comtt a folhagem no chio. ,
Pm ligeio el sol adondt mora»
ei cancro abrasador, que en sus ardores
destruye campos y maiebita flores
y el orbe de su lustre descolora»
Sigue el humedo otoõo, cuya puerta
adornar Baco de sus dones quiere :
loego el invierno en su rigor se estrema.
O variedad comun f mudanza cterta t
quien habra que en sus males j» te espere ?
quien babrá que en su» bienea no t* tema#
ENIGMA XIV
Ao meu amigo Atam da Crm
Cinco letras tem o todo,
d'ellas fio quatro vogaes;
e ás avessas, ás direitas,
formam palavras eguaes.
A consoante está 90 meio,
donde, lida para, o fftp,
e d'onde lida ás avessas
é o mesmo tempo, sim.
Ás avessas, ás direitas
uma flor, ou mesmo arbusto ;
na Gochinchina procura
que o terás sem muito custo.
Btnto Fontoura (Soledade — Rio Grande do Sul).
Lembrança d 9 am algarvio. — Tendo
el-rei D. José embarcado no cães de Belém, com direcção
a Samora, aconteceu, que por ter havido delongas no em-
barque, quando a galeota chegou ao Montijo, encalhou ;
e teve por consequência el-rei necessidade de desembarcar
ás costas dos algarvios. Indo ás cavalleiras de um dos mais
robustos, e amparado por outros, dos dois lados, começou
o que o levava a atravessar a grande extensão de lodo..
Tendo andado já grande espaço, no sitio onde o lado era
maift atoladiço, pára e diz:
— Pergunto uma coisa a Vossa Magestade : se acaso eu.
_ 3tó
por minha desgraça cair n'alguma asneira, pela qual seja
sentenciado a morrer enforcado, Vossa Magestade hade con-
sentir, qtte aonde se montou, se monte o carrasco !??...
— Não... lhe respondeu el-rei.
— Pois é o que lhe valeu f... lhe torna o algarvio ;
senão...
— Senão o que?!t... lhe pergunta el-rei.
— Senão, explicou o algarvio com a maior das semcere-
monias, batia-lhe com o espinhaço no meio d'esse lodo, que
o havia de levar um milhão de diabos...
El-rei foi a rir constantemente de similhante lembrança,
§ quando chegou á praia mandou dar-lhe uma peca' de
oiro, de gratificação.
José Vicente Cotia (Macau).
No dia em queu parti — ella chorava!...
(Ó fatídico dia t)
«Sfão! meu amor, não partas t» me dizia,
emquanto o lenço em lagrimas banhava.
«Não partas, qu'esta vida é toda tua t
«Mas o que tens, que assim te pende a fronte ?»
(Além, n'uma penumbra do horisonte,
se debuxava a lua).
«Oh t falia, dizei» (a bella repetia)
tO que te punge tanto?...
«Se te acalma a cruel melancholia,
«qual suave elixir, que amor envia, -
• a longos sorvos bebe... este meu pranto.
Raymundo Augutto 4a Rocha Lima
(Rio de Janeiro).
347
SOJXTI
Á minha amiga D. Heloísa de ia Toar Dafresne
Cara amiga, se me estimas
avec un profond amour,
dá licença que estas rimas
puisitnt entrtr dam ton séjourf
Se o mundo chamar-te
formosa e gentil,
vô bem que te cercam
beaucoup de pêriht
Sim, permute que estas phrases,
sans aucune conttruction,
possam ir agora, audazes,
atlirer ton attention.
Considera, minha amiga,
que ce monde e$t bien cruelí
quasi sempre o vicio, a intriga,
s'enveloppent dons te mielt
Eu vi muitas vezes
em linda manhã
dormir sob flores
de três laids serpents!
Quantas rosas perfumadas
aux abimes sont lombées t
pelos prantos orvalhadas
de leurs tiges detachéest
Vejas sempre na virtude
ta compagne et seule amiet
é sincera, não te illude,
ni te donne pai d'ennuit
Ai t por Qeus nunca tropeces ;
aux épines du chemint
ao Senhor envia preces,
en priant toujours te bient
Ha muito quem saiba
somente fingir I
o mundo 6 comedia,
Qui fait tressaillirt
D. Annalia Vieira do Nascimento
(Porto Alegre — Brazil).
CHARADA XLVIII (NOVÍSSIMA)
2, 2. — Este animal amarei lo é um insecto.
J). Franci$ca A. C. de Mattos (Ílhavo).
-• 348
Os cometas (SuperttiçõetJ. — Os cometas que, de
tempos a tempos, apparecem na orbita celeste, não pode-
ram escapar á perspicácia dos supersticiosos, que lhes attri-
buíram uma influencia, que não tem.
Quando um cometa apparecia no espaço, era considerado
como um prenuncio de morte em pessoas reaes, de guer-
ras, desgraças, doenças e outras calamidades mandadas por
Deus para castigo dos homens : e, ainda que a maior
parte das vezes a predicção sahia frustada ; ha, comludo,
alguns exemplos em que ella se realisára, o que bastou
para que taes prejuízos se arreigassem n'aquelles que e>tão
sempre prestes a acreditar em coincidências, que por fim
de contas não passam d'um mero acaso.
Em nossos dias já se annunciou por varias vezes, o fim
do mundo, em certo e determinado dia, e, apesar d'essas
prophecias, graças á bondade divina, o mesmo mundo mos-
trou a ' falsidade de tal asserção ; mas não sem que alguém
se convencesse de que esteve chegado ao seu termo t
Halley e outros astrónomos, foram os primeiros que mos-
traram a verdadeira natureza dos cometas, e descreveram
as terríveis consequências que poderiam resultar d'uma
collisão com a terra. Assim o terror popular chegou a
arreigar-se de tal modo, que- mal se pôde imaginar o gran-
de alarme que em differentes epochas chegaram a produzir
no espirito publico.
A astrologia, tirando partido d' estes alarmes, formara
então dos cometas um systema regular, segundo o numero
e natureza dos planetas. A côr d'elles era a marca prin-
cipal por que se distinguiam ; cada classe tinha a sua pro-
gnosticado especial ; e não somente a constellaçâo em que
appareciam tinha uma certa influencia, mas até o astrólogo
não se poupava em fazer coincidir o acontecimento com
a predicção t
Corria o anno 837, quando um cometa appareceu na
parte meridional dos céos. Toda a Europa se assustou,
e em Luiz I, rei de França, produzio tal impressão, que para
349
X
suspender um castigo imminentè fundou àlvêHòs estabele-
cimentos religiosos quê ainda hoje existem t
A renuncia que Carlos Y fizera das suas honras réàès,
foi devida á persuaçao, em que estava, de que esta lhe era
aconselhada pelo prodígio celeste t
A saudação Dominut tecum julga-sè ser devida ao co-
meta que apparecêra em 590 ; suppondo-se universalmente
que fora elle a causa da epidemia d'aquelle anno. O slgnal
mais característico da moléstia eram Os contínuos espirros
com que o doente ordinariamente morria. Quando ok eir-
cumstantes ouviam um espirro, diziam : Bofhinuê ftètík
Foi este costume conservado por séculos, todavia eaMo
hoje em completo abandono, porque a moda até d*isto tirará
partido !
Ai t moda... moda cjue avassallas tudo.
Manuel Maria Lúcio (Villa Nova de Gaya)
LOGOGRIPHO XXX
(PÔE LKTRÁS)
Ao meu amigo Bemvenuto Travassos
Eu sou arvore da índia, — 1, 6, 8, 9. 13 ; Ifc
e sou pedra preciosa, — 4, 6, 13, 14, 15, li, fc
e quadrúpede silvestre; — 2, 6, 13, 9, 4, 16
sou tajaoJbem herva cheirosa. — 14, 3, 4, 4, 9, 13, 9
N Eu sou herva no Peru — 6, 1, 15, 1", 9, 1, 12
e também ave. Que tal? — 6, 11, ,12, 4, 0, 2, 15
sou um insecto hemiptero — 1,"~15, 10, 6, 11, 2, it
e planta medicinal. — 16, 8, 7, 15, 6, 2, 15, 12
y Basta de combinações.
O que isto é saber deseja?
É scienoia e, nao das pecas,
e não duvide que o seja.
Alfredo Gomes (Paranj/ba do Norte — Ijrazil)
3*0
A tAMIlU a'ABIIl
í triste, na madrugada
ver o lyria desfplfcado,
v«r o. cfdro derrubo,
ppr, pr*malnra tufôp !
É, triste ver a ayesinha
erguer o vpo contente,
e. um tiro após, de repente,
prastral-a morta no chão)
É triste ver o poeta
na primavera da vida,
n'essa edade tão florida
em que tudo lhe sorri;
quando a auréola do génio
vem meiga; a frpnte cjjigir-lhe
e perto a gloria a sórrir-lhe,
que a morte o roube. p'ra si!
Mas a vida do pogta,
é breve como a (Ja planta:
como a rola que descanta
sósinha, sem ter ninguém,
assim o louco sublime.
i*as azas da phantasia,
cria mundos de poesia
qme a morte auiquilar vem!
Que louco t murmura o mundo
que não pôde comprehender
que belleza possa haver
n'uma noute de luar;
no estallar das folhas taccas,
no céo, n'um canto óVamores,
na. brisa, que beija as flores
ou no sussurro do mart
3Si
Para eUçjt^m a^ractiv^s,,
ao. findar de tarde bs$fo
o cauto da pbiloinellà/
que os, eccos vem acçordar;
e em noute branda e serena,-
o mar, a lua espelhando,
,e a barquinha desíisando
na superfície do mar.
Para elle, o sonhador,
o cantor das melodias,
não ha outras alegrias,
o mundo causa-lhe dói
MâiãHhlhe as ciençag mais s*nu$,
o amor e a esp'rança mais viva,
té que a fronte pensativa
vae esconder-se no pó!
Eu sobre o humilde ataúde
lio mancebo trovador
venho hoje, um canto depor j,
e uma. saudade esfolbar.
É bem mesquinha a oferta!
mas rica de sentimento,
homenagem ao talento
que mal poude sazonar!
Dorme f A chamma dp leu ftpiA
revive nas Primaveras,; .
chame-lhe o mundo chimeras,
que t 'importa o mundo já?
Junto á tua sepultura
vae cantar sobre a paftfeeira,
ou nos ramos da mangueira,
o teu querido sabiá' 1
D. Georgina de Carvalho.
OametÀ. «— E uma florescente «idade, eAuma das
principaes da província do Pará, situada na margem es-
querda do caudaloso Tocantins, um dos maiores rios
do Brazil. Foi sen primeiro fundador Feliciano Coelho, e
foi este que lhe deu o nome de Santa Craz, em 1635,
passando depois a chamar-se Vil la Viçosa de Santa Cruz
de Gametá. Em 1841, foi elevada á categoria de comarca.
Esta cidade é empório de grande commercio com a capi-
tal da província e com algumas cidades da província de
Goyaz, consistindo principalmente em cacau, borracha, óleo,
castanha, couros e gado vaccum. Contém mais de 3:000 ha-
bitantes ; mais de 500 casas, algumas muito bonit is ; 6 ruas
e IS travessas ; 4 egrejas e 5 grandes praças.
Cametá é pátria de homens illustres por seu saber,
virtudes e illustração, taes como D. Romualdo de Souza
Coelho, que foi Bispo do Pará ; D. Romualdo António de
Seixas, que foi Arcebispo da Bahia e Primaz do Brazil ;
Marquez de Santa Cruz ; Dr. Angelo Custodio Corrêa e
João Augusto Corrêa, todos de saudosa memoria.
A duas léguas, pouco mais ou menos, distante da ci-
dade, ha um pequeno rio com a denominação de Cadete,
em cujas margens, muito altas e do lado esquerdo, exis-
tem muitas pedreiras, que são exploradas para edificações
de casas, e construcção do cães de marinha, que está em
obra.
No lado da pedreira, isto é, no esquerdo, no logar de-
nominado Caveira, existe uma grande pedra, cousa ad-
mirável, que tem as seguintes caracteres :
Saberá alguém dizer, ou decifrar o que significam? Até
agora ninguém o tem conseguido.
Joaquim Sequeira (Mutuaca — Brazil),
352
EloOtfÔiiluW© 'fixo. — Eíte apparelho, des-
tinado á proâOriçSji de electricidade eslátiea, avantajai»
ao e.ectróphoro 'ibnmúm' em » desenvolver mais ' faetl-
menie, e em muito maior qdanlidadè : é egullmente'
III? .*9g
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g- ? f 1 ff 8
vidro i», de m ,S. pelo menos de altura : dando-lhe
a forme de ume mesinha redonda, coro tiro metro de ele-
vação assume um aspecto assaz elegante.
Para se faaer fooccionar approiima-se de orna braieira
853 23
ou fogareiro accesa; tom*** iyn% firfhtf4Ç'9 l PPl *l*jaaaso,
aquece** fortemente, sem comtudo se qjplipftr; colloca-se
com rapidez, sobre a folha de estapi^p. esfreg^-se com forca,
eo* toda superfície, com um pedftço de gpmma elástica, e
levanta-se de súbito, com a precaução de no momento de
o fazer, n&o tocar no disco ; fica então este carregado de
electricidade positiva, de sorte que aproxiraando-lhe um
dedo ou outro corpo conductor, despede logo uma viva
centelha : se successivamente, se collocar de novo o papel,
e, mesmo sem o friccionar, se levantar pela mesma forma»
obtem-se uma serie de faíscas, embora sempre decrescen-
tes em intensidade, que todavia se elevará ao maximum
aquecendo e friccionando a folha novamente.
A quantidade de electricidade assim desenvolvida é suf-
ficiente para carregar uma garrafa de Leyde, e mesmo
uma bateria, recebendo n'ella, até á saciedade, um certo
numera de faíscas.
BaUhazar Aprigio de Ferreira de Mello e Andrade.
(Povoa de Lanhoso).
CHARADA XLIX
A meu amigo Rocha Franco
Na primeira encontras verbo, ) .
se um accento se pozer. )
Promette Jephté cumpril-o, l -
se os louros por fim trouxer. \
Não precisavas conceito,
para o todo descobrir ;
e comtudo vae á festa,..
n'aldeia os vés afflyk .
J< J. Memdm Bar*eiA (?<ortu^u«* — Jiio de Janeiro).
m
DA
MINHA EXTREMOSA MÂE
Se sob a fria campa tu souberas
quanto choro por ti, quanto hei soffrido,
a dor que me devora, as amarguras,
as saudades qu'eu tenho aqui gemido...!
Eras, mãe, a minha esp'rança,
de bonança t
Ora, n'esta soledade
de saudade,
como a fôla cfue deplora
e que chora
sua tfíste viuvez,
assim eu
vou soffrer no isolamento
meu tormento t
e meu penar, que tu mãe
eras também
meu paraíso e meu céo.
Repousa, em paz, ó pomba quê fugiste,
e tão amada foste aqui na vida.
Tenho n'ajma gravada a tua imagem,
na morte n£o serás nunca esquecida.
José Rodrigues do Carmo Ferreira (Porto).
ENIGMA XV
Ha no alphabeto cinco letras com ás qtftés se forma em
portaguez — um appellido de família ; um nòinè de cidade ;
um peixe ; dois imperativos ; frés indicativos ; um conjun-
ctivo ; dois pluraes femininos ; e um plural masculino ?
Quaes são ellas ?
Joaquim António ie Sousa Telles de Mattos (Évora).
35tS
CHARADA- L (NOVÍSSIMA)
2, I. — Este alto magistrado governa estado.
D. Ermelinda Prata (Ílhavo).
(imitação)
Deus vos salve, do Empyreo rainha!
Deus vos salve, dos anjos senhora!
nosso amor, nossa luz, nossa mãe,
nossa doce, efficaz protectora!
Sois raiz d'esse tronco bem/)ito
que por fructo nos deu salvação ;
sois a fonte de d'onde nos veio
vida, esp'rança, calor, redempção.
Sois o céo rutilante, sem ftuyens,
onde o sol da justiça raiou;
sois aurora, manhã formosíssima
que a§ negruras do erro apagou.
Sois refugio d'afflíctos quê pedem,
da verdade fanal, sois estrelía,"
luz que brilha nas trevas do :,, mundo,
luz que salva no horror da flrocella.
Mãe piedosa, que em lagrimas vistes,
vosso Filho expirar sobre a cruz,
condoei- vos dos tristes que choram,
e mostrae-nos depois o Jesus.
Deus vos salve, do Empyreo rainha!
Deus vos salve dos anjos Senhora!
Nosso amor, nossa luz, nossa mãe,
nossa doce, efficaz protectora!
D. Guilhermina de J.M.da Coita e. Silva (Foz-Dão).
356
Precaução inútil* — Um individuo tinha por
habito embriagar- se diariamente, e quando aíguem o acon
selhava para que renunciasse tal yicio ; respondia : Nada ;
não poiso; é por cqusa da febre amarella. Mais tarde,
sendo elle accommcttido d 'esse mal, disse-lhe o médico :
— Sabe, meu caro? acha-se com a febre amarella.
— Não me admiro, respondeu o doente.
— Como? exclama o medico admirado, pois não se pre-
cavia contra eUa?
— Sim ; roas é que hoje só bebi meio litro de aguar-
dente.
Alfredo Júlio Dia» da Silva. (Rio de Janeiro).
SONETO
. . . á vecea lo que es contra el justo
* por la misma razon deleita el gasto
(Lopb de Yboa).
Qual -vária mariposa, que, enlevada
na coruscante luz da vela accesa,
gira-lhe em torno como doida, e presa,
'tá que por • gosto vê-se ahi queimada :
Tal eu, formosa estreita, ó minha amada,
rendido á tua olyropica belleza,
quasi insano a li corro com presteza,
disposto a tudo, sem temor de nada.
• E, por mais que a razão me brade, e exhorte,
na luz d'esses tens olhos incendida
abraso-me em frenético transporte.
Mas ah, formoso bem, ó doce qu'rida,
não importa encontrar n'elles a morte ;
que a morte por amor, antes é vida.
ê
Francino Citmontano (Pernambuco — Recife).
3S7
V
LOGOdRttttO XXXI (ACRÓSTICO)
fcMtna casa, eu nada omitto. — 1, 10, II, 19
passarinho, tenho dito. — 9, 5, 4, 11, 10, 3, 10
nome d*um porto ltrso. — 13, 5, 8, 2, 1
jSecoída — tudo é confuso. — 8, 18, 12, 9, 2
Pago, com certeza o digo. — 11, 7, 14, 10,3
ftjste foi um sábio antigo. — 1, 15, 11, 15, 8
£ens uma villa africana. — 13, 7, 3, 10
Recorda ser indiana, — 13, 10, 11, 1, 7, 9, 3
^gora tens rio e flor. — 11, 5, 13
aterra de grande louvor. — 15, 1, 13, 10
Beve sempre causar damno, — 14, 15, 8, 10
Rjste que é reino africano. — 6, 2, 11, 11, 5
• Qom certeza tens um rio. — 3, 5, 7, 14, 2, 8
ws to resguarda dò frio. — 13, 10, 5, 10
.. 4oi terra de muita fama. — 8, 15, 11, 10
Rio da zona africana. — 1, 2, 3, 10
animal é com certeza, — 7, 6, 10
B'este rio do Brazil. — 9, 5, 2. 4, 7
Offensivo, feio e vil» — 6, 2, 8, 9, 2
GONCEITO
f)'um doce atôecto sou filho,
ett da "honra sou parente.
Eis aqui já o conceito
do logogifyho presente.
■A. A. OrU*m (Português — Bahia).
CHARADA LI
Oferecida á «ilha amiga D. laria <la Gloria de Haapos
2, 2. — Da Grécia, vae para o mar um homem.
D. ÈlUa Albertina da Conceição Côtdeito (Taboa)
388
VjMHprlpçfM? in vttterlOMU— No século pas-
sado, nos arrabaldes de Madrid, appareceu gravada A<uma
pedra a seguinte inscripçao :
aq
UIEOC
AM1N
HODO
SBUR
RO
8
Parecia indecifrável a todo o mundo. Uma multidão im-
nwnsa rodeava aquella pedra e contemplava-a com avi-
dez, mas sem poder traduzir os caracteres mysterioaos.;
quando um viajante que passava exclamou : «Achei a tra?
ducç&ot» Todos se calaram, applicaram o ouvido, e elle
leu, deixando escapar uma risada:
— Aqui é o caminho dos burro** Adeus meus senhores,
eis-vos na estrada.
Ninguém, de facto, tinha percebido que aquellas lettras
formavam com effeito esta singular ironia, gravada sem
duvida por algum espirituoso de bom gosto.
António d'Artiaga Souto Jfctor
(S. Thiago de Gabo Verde).
Ora, amor, façamos pazes ;
com teu capricho exaspero ;
queres o que te parece,
e não queres o» qa* «a quero.
Cheio d'illusões brilhantes
vens carinhoso, e- hw afagas ;
e se o coração me accendes,
logo n'outro a chamma apagas.
m
Se aqueces em peito humano
a meu favor sympathia,
Dão sei que amaote me escolhes ;
o meu peito logo esfria.
Queima a tenda, apaga os fachos ;
imiteis moveis sio estes,
se accendes o que se gela,
se apagas o que accendestes.
Marfueza d'Alorna.
Tradncc
Quatr
ha sol
que te
do qui
O go^
povo f
que tr.
porque
- — _ X
=l a
_ *
De lá
princi;
Sem r
se dis
Fier d'un honnenr si pea comman,
On eet BurprU li §« btfóteDne
que de deux mille emplois qu'il donne
mon fila n'en puiase obteair un.
Feliz improviso, porque óVesta vez rendeu mais do que
licitamente esperara o desanimado requerente. Os últimos
quatro versos, caíram em graça, e o filho foi n'esse mesmo
dia nomeado para um emprego rendoso.
Ha por ahi tal, que nem que faça um poema, e o de-
dique ao ministro, alcançará outro tanto.
,«
irmã
Vela, vela irmã querida,
junto ao berço de teu filho ;
d'essa aurora o meigo brilho
seja o sol da tua vida.
Vela ; a ventura irradia
d'esse berço — o teu altâft
elle seja o teu sonhar,
tua santa idolatria.
Quando em teu afflicto peito
crua magoa te consuma,
busca o lyrio que perfuma
esse tão pequeno leito.
Acharas .consoladora
influencia n'esse berço :
n'elle teu ser todo immerso
viverá da luz que adora.
JTelle estãOa sonho» teus,
n'esse berço — 5bò alvo ninho !
'hi sorri o loiro anjinho
Elle encerra os teus encantos,
as delicias da tua alma :
tua dor ali se acalma,
teu gemer desfaz-se em cantos.
Nós sorrisos do innocente
tua alma se alegra e ri ;
desce n'elles sobre ti
o sorrir do Omnipotente.
É o berço o sanctuario
dá relíquia a mais sagrada,
diante a mãe está curvada
como a virgem ho calvário.
Se o filho padece e chora,
logo a mãe um canto entoa...
mas 'que magoa não resôa
n'éssa voz que a Deus implora t
Quando, a força do penar
tuas crenças adormente,
-—, ajoelha, t q, ora fervente !
junto aoberçpi — o teu altar
que te eleva para Deus.
B. Tanellat (Rio Grande — ? Brazil),
■ • «w i .
ii » »
Á Ei.* 1 Sr. a Dona I***
É poaaibil peno, che 8*611* un.giorao
udfese tai parole, non farnassè ?
(T. Tasso, LMwinto, ato i, scéna n.)
Riiolve alfln, benchò pietà non «pare,
di non morir tacendo, occulto amante.
Vuol ch'ella «appia.
(Ibid, Jerusaltmme Líberata, canto m, est. xxv.)
Divindade, ou mulher, ta és o mytho
com que sempre sonhou minha existência ;
és luz que me fulgio, e és essência
d' esta alma, remoçada, em que medito I
De cruel incerteza n'um conflicto,
não pretendo explorar tua clemência :
repugnam-me os sorrisos d*apparencia,
que um amor não traduzem — infinito...
Se, livre, o coração me podes dar,
meu ser sublimarás ; e pouco pedes,
se o céo queres em troca, terra e mar...
Só este o preço sendo porque medes
tão magnifico dom, irei jurar
que imitei o — Eureka — d'Archimedes !
J. de CaUro (Santa Valha).
CHARADA LII
Sou da noite e sou do dia. —2
Sou do homem e da mulher. — 3
Sou o que? Um instrumento.
Adivinhe quem puder.
A. J. Btzerra Cavalcanti (Brasileiro — Maranhense).
C0US4S MWICKIS
Mulher feia, que não seja escarnieadeira.
Mulher bonita, sem ser vaidosa.
Mulher de talento, que não seja pretenciosa.
Mulher tola, sem ser falladora.
Solteira de cincoenta annos, que não suspire ainda por
casar.
Mulher que se conserve viuva por vontade.
Homem casado, sempre fiel a sua mulher.
Actriz que não tenha inimigas, nem apaixonados.
Dançarina que não tenha boa perna (no theatro).
Negociante que não minta.
Palerma que não seja feliz.
Ricasso que se não chore.
Janota que não imposture.
Namorador que não seja gabarola.
Tolo que se não imagine com juízo.
A. S. G. (A?r*o>).
Offiotal poeta. — Falleceu ha poupe tempo
n'esta villa Anacleto José, official de diligencias go juizo
de direito. Este bom homem trazia sempre comtigo um
modelo feito por elle, para escrever, no verso doe respecti-
vos mandados, as certidões d'intimação a testemunhas ; e
com effeito invariavelmente as passava pela forma seguinte
«Certifico que intimei
«hoje, em mu moradaB,
<E destas intimações
«aqui doa a minha fé.
«O offioial do jutao
«éu Anacleto José.
«a (todas as testemunhas
«supra relacionadas.
Er* um íypo original.
A. Latino de Faria (Alcácer do Sal).
CHARADA UU (NOVÍSSIMA)
1, 1. — Na musica todos tem este nome. ' ' ''
D. Maria Augmta de Figueiredo (Rio de Janeiro).
348
pérola <lo fprande BopH (Fabula
\ — CatiOí uma gola. d'agua das nuvens do céo
oceano, e confundida no abysmo das suas aguas
dJier : iAi quanto eu sou pequena n'csle vasto
oceano, e como inútil v ao uoiverso ssta minha eiisien-
, cia 1 vejo-me quasi rcduiiita a nada, e considero -ow muito
abaixo das mínimas ubras de Deus, Pois que valhn euí"
Entretanto jiassava uma ostra que la seguindo o seu
caminho n que. ouvindo-lhc as lamentações, abno o seu
ih. i :■ r. r ii. lhe i- n guarida, A gola ali foi endure-
cendo puuoo a pooco. atit que furfním uma pérola que cahio
nas mãos de um mergulhador, e que por sor de muita
valia, passou a ornar o diadema do grande So[ihÍ da
— 38*
Ê
Esta pequena fabula ó uma lição. Nem a vaidade nos
deve desvairar, nem devemos crer que só á nossa habili-
dade e á nossa prudência é que somos devedores dos fe-
lizes successos d 'es te .mundo.
LOtíbGRIPHO XXXII
Ar
(POfc LETRAS)
Nome próprio. — 13, 10, 11, 5* 7, 13 , -
-"Villa de Portugal. — 13, 6, 13, 5, 13, 8, 11, 4
— Nome próprio.-- * 6, 13, 5, 11, 13 ,
^ Villa de Portugal. — 13, 6, 13, 5, 9, 10
Nome próprio. — 10, 13, 8, 1, 13
^Villa de Portugal. — 3, 9, 12, 8, 7, 10
-* Nome próprio, -n. 13, 10, 3, 13, 10, *, 13 "
^Villa de Portugal. — 10, 13, 8, 11, 13, 8, 8, 13
Nome próprio. "**
Erpesto Augusto Miranda (Covilhã). ^
A 1HA lillll ;
'(BE VICTOR HUGO)
Filha t se eu fosse rei, podes acreditar,
o meu carro, o meu sceptro, a c'roa, os banhos meus
de porphyro ; — o meu povo humilde, iria dar,
e toda a minha frota,, a quem não basta -o mar, r
por um olhar dos teus!
Se Deus eu fosse, a terra, o ar e o mar sem fundo,
os anjos, satanatf Curvado a um brado meu,
mais o profundo àbysmo e seu antro profundo,
a eternidade, o espaço, o firmamento e o mundo,
por um só beijo teuí.
! Áriiohio' José '■ Viannà (Coimbra).
365
CORAÇÃO TRISTE FALLANDQ AO SQL
(IiPTADO WS SO-TCHOW)
No arvoredo susurra o vendaval do Outono
deita as folhas á terra, onde não ha florir,
e eu contemplo sem pena esse triste abandono;
só eu as vi nascer, vejo-as só eu cair.
Como a escura montanha, esguia e pavorosa
faz, quando o sol descamba, o valle ennoitecer,
a montanha da alma, a tristeza amorosa,
também da ignota sombra enche todo o meu ser.
Transforma o frio inverno a agua em pedra dura,
mas torna a pedra em agua um raio de verão;
vem, ó sol, vem, assume o tbrono teu na altura,
vê se podes fundir meu triste coração.
Machado de Assis (Rio de Janeira).
«Jogx» cia. condessa. — Assim se appellida um
que muitas vezes vi jogar em Portugal, na villa da Povoa
de Lanhoso. Ao domingo juntam-se as creaiiças em qual-
quer casa conhecida, coUocam-se dez ou dôjze d'um lado,
todas em fileira ; e do outro lado duas, que vêem aproxi-
mando-se do grupo, entoando a seguinte cantiga:
Senhora condessa,
senhora abbadessa,
se tem multas filhas
40 cá ama d'essa*.
Respondem-lhe os do grupo :
Minhas filhas nfto as doa
nem por ouro, nem per pirata,
nem por sangue de Uga^a,
porque as hei de metter freira*
nó convento de Jesus ;
14 lhe hlo de pôr o nésne
Donas Prudanelaa da Qrjia.
Volt*m a9 dqas para traz, jnu> tristes, dizendo :
TIk>ta*Ètetktei<4tè<iiife ffcfiia
tflo tristes que já toxnftmos,
tristes filhas d> condessa !
jà. com ellás n&o casamos.
Dizem de cá outra vez as do grupo :
Volta atraz, ò cavalleiro,
entra por esses portaes,
entra, e escolhe a mais formosa
que n'este ranchinho aohaes.
Ouvindo isto voltara então contentes, e chegândo-se ao
pé d'ellas k cantam :
Quero esta
que me tira o pao da cesta,
mais o vinho da borracha.
Melhor que ella nao se acha.
Ji disse a meu pae
que quero esta.
Áquella que se escolheu, sáe da fileira e junta-se ás
duas; e logo as três seguem cantando, senhora condessa,
senhora abbadessa, etc, repetindo o jogo até tirarem a
fileira toda.
P. M. V. G. (Loanda).
m
Joaquim António Qòmes da Í>ilva Júnior
(Minas Geraes — Braiíl).
O prazer e a <JOv (doutrina de Platão). Ale-
jjor-ia. — Entre o cio e o inferno, ha uma terra habi-
tada por crestaras, que participam de boas e mis quali-
Jupiter, considerando que o homem linha bastante vir-
tude para não poder ser desgraçado, e bastantes vícios
para não poder ser feliz, ordenou que o prazir e a dor
descessem á terra para distinguir uns dos outros, promeiten-
do-lhes que (.overnariam sobre elles, apenas fizessem a
partilha.
Logo que o prazer e a dor se encontraram na morada dos
homens, accordãram entre si pnie o primeiro governaria
os bons, e que a outra dominaria sobre os maus. Mas logo
que entraram no exame dos individuos que lhes deviam
pertencer, conheceram que ambos tinham sobre lodos um
certo direito, visto que nflo. havia pessoa lio viciosa, que
nio tivesse alguma coisa de bom, nem lio virtuosa que
nio tivesse algum defeilo. ' ' "'
m
Que fazer? Como conciliar as eqnsft ? Como evitariam
entre si disputas intermináveis? Casaram ambos... D'ahi
vem que o prazer e a dor se. teem hoje um ao outro pela
mão, e fazem as suas visitas ao mesmo tempo. Ou pelo
menos andam tão próximos, que, se a dor se apodera d'al-
guem, o prazer não tarda a trazer-lhe consolações, e se ó
prazer chega primeiro,' contae, que a dar não está longe.
A ISPIBAOfti
Á minha dilecta amiga D. N. E. D. Tl
Esperançai miragem deliciosa,
porque illudes fallaz o desgraçado
que ao teu sorriso se entregou uma hora,
para n'outra gemer desenganado?
Ti?e esperança... Ira 13o bella,
tão lisongeira 1 Que é d'ella ?
Fugio-me, foi illusão ;
agora já só me resta
d'este mundo como festa
o espinho no coração.
Esperança, encanto, mentira,
illusão de quem delira,
da vida doce tormento ;
astro sem brilho e sem lume,
flor murcha sem perfume,
Esperança, imàn d'amante^
que fulges só por instantes,
senão ventura remota,
o que és tu? mar sem bonança,
um brinquedo de «reança, ' '
aurora de' luz ignota ;
És d'alma risonho arcano; 5
um triste dourado engano,
um mixto de sombra e lut;
ventura sempre inconstante,
vaga sombra vacillante ;
entre o sepulchro e a cruz ! ~
afago do pensamento 1
Esperança! esperança t mentiroso
sonhp da vida, mar encapellado, , }9
erro e sarcasmo, que nos dás ? o vacuó»,
quando voamos, ao teu céo dourado.
D. Maria Jota Ernestina ^Oliveira C. Corte Real,
(Ffeet d'Emdal).
p&9 M
'.i ■
■
doto. Quando o jesuíta fazia reappãrecer a luz que estava
occulta, o distribuidor de disciplinas ia recebei-as das mãos
dos devotos, e todos se retiravam edificados, espancados
e contentes.
/. florões (Mórretes, Paraná — Brasil)
LOGOGRIPHO XXXIV (SONETO)
A h. ma Sr.* B. Adelaide Costa
PTestes versos traçados sem preceito
' * ' soneto e logogripho encontrará,
se qnizer decifral-o o jantará
' por letras, que para isso elle foi feito.
Ê formoso, deslisa, e no seu leito — 12, 2, 5
**producto de valor se encontraria — 13, 11, 12, 5
que a bom preço vendido formaria — 6, 10, 12, 13
..^ quantia, que decerto eu não rejeito. — 10, 6, 7, 2, 9, 5.
Mas como nào possuo essa quantia, — 6,f>, 8, 9, 10
trabalho p'ra viver, é-me forçoso,— 5, 4, 1, 12, 10, 12, 2, 13
desde o nascer do sol, ao fim do dia.— 1, 13, 12, 10
Inda assim sou versado, habillidoso, — 3, 7, 12, 2, 9, 5
pois vi no diccionario de Faria
ser o toneto um monstro fabuloso.
i
Gualdino Gomes (Pará).
I HENRIQUE DQMINICI
[He beneficie do notável actor)
A tua bella fronte esplende e reverbera
o' fogo, que em ti lavra, em vividos clarões ;
tens, no olhar, a lux d'um céo de primavera,
na tos tehs o condão d'estranhms vibrações 1
*T1
Traduzes, n'um gemido, a grande dor que mata .;
n'um brando segredar, o mago encantamento ;
um gesto teu, um olhar ao céo nos arrebata,
ninguém. mais doce emfim, ninguém mais violento)
Ainda a meio só da radiosa senda, ,
e já teu nome illustra e honra uma nação !...
Que muito é que, entre nós, o enthusiasmo ascenda,
por tão audaz talento, á louca, adoração ?...
Segue o teu curso pois, ó fulgurante astro !
teu brilho em. toda a parte as multidões seduz !
Deixas, em cada peito, um luminoso rastro,
e, em cada coração, ondulações de luz I...
Alves Crespo (Ericeira).
CHARADA L1V (EM QUADRO)
Esle prostra o mais valente.
A espaços tem seu logar.
stá nos extremos somente.
Que é verdade ousa afirmar.
D. Christina M. d'A> Brenne Adrião (Queluz).
Na ponte de Itororó. (Feitos gloriosos
do exercito brazileiroj. — No dia 5 de Dezembro de 1868,
transpondo uma forte divisão do exercito, ao mando do
marechal Alexandre Gomes de Argolo Ferrão (visconde de
i tapar i ca), uma ponte sobre o regato Itororó, no Paraguay,
o general José Joaquim de Andrade Neves (barão do Trium-
pho) reproduzio ahi o feito heróico de Bonaparte na ponte
d'Arcóle sobre o Alpon, — quando vendo a sua divisão
apoderar-se de um terror indisivel, exclamou : «Camara-
das, acompanhae o vosso general t »
Andrade Neves, vendo a divisão de que fazia parte
apoderada do terror causado pela metralha que varria
tofla a ponte, exclamou : «Camaradas, acompanhem este
373
estandarte I» E collocando-se á frente " ò> seus ' bravos
companheiros, de um só impeto galgou a terrível posição
pouco antes inaccessivel ; passando toda a força sobre os
cadáveres dos nossos que entulhavam a ponte,, que tinha
sido cortada pelos paraguayos antes do combate, e desa-
bara pouco antes doeste feito heróico.
Também na occasião do desabamento da ponte, o general
Gorjão, ao cahir no precipício, exclamou: «Camaradas...
vejam como morre um soldado íf...»
São factos estes dignos dos descendentes dos heróicos
lusitanos.
Thomé Gonçalves Ferreira Mendes
(S. Leopoldo — Rio Grande do Sul).
DUAS JURAS DE PASTORES
De Lorino
Nunca a meu gado a herva lhe aproveite,
e lhe empeçam as aguas d 'este rio,
na sezão de queijar falte-lhe o leite,
e não nos aquente o sol no tempo frio,
o meu touro marel vaccas engeite
e mosque sem parar no quente estio,
se . . . •
Be Neoro
Algum raio ameace a minha vida,
e de morrinha o gado me pereça ;
não me aproveite o somno, nem comida,
e de raiva o rafeiro me adoeça ;
a planta que eu pozer verde e crescida,
nem medre, nem dê fructo, nem floreça,
S6 » » • »
Francisco Rodrigues Lobo
(O Dtêmganado).
374
A MORTE DOS TEMPLÁRIOS
(De Rajnooard)
Pilhas de lenha formam cadafalso
destinado ao supplicio dos templários.
Qualquer d'elles, porém, se crô ditoso
em tomar a dianteira no holocausto.
»
Assoma o grande mestre que os preceda,
sobe com passo firme a pyra immensa,
brilha o aspecto seu, como se raios
de gloria ou de esperança o sustivessem.
Levanta para os céos um olhar sereno, .
— óra — e n'isto a um propheta se assimelha.
De repente n'um brado exclama altisono :
•Nenhum de nós trahia seu Deus ou pátria ;
«lembrai-vos, oh ! francezes d'eslas vozes :
«Sem crimes, morreremos innocentes,
«uma sentença injusta nos eondemna ;
«mas ha no céo um tribunal augusto .
. «para onde o fraco não appella em vão *
«ahi, ahi, pontífice romano, l
«quarenta dias mais e ahi te espero.»
Coalha de susto a multidão que o escuta,
mas o assombro, o terror, o espanto sobe
quando diz : «Oh 1 Filippe, rei, meu amo,
«em vao eu te perdoo; condemnado
«no tribunal de Deus sezás este anno.»*
O povo commovido se intimidai
julga do céo baixar qualquer vingança,
e chora pelo rei, ou pelos tristes. v '
* Jacqnes lflbla?,o ultimo grilo mesftie doa temptaridíj fo1 JMtiçado
a 18 de Março de 1314, e o Papa Clemente v— a 20 d* Abril do
mesmo anno — 33 dftu depois, dava contas a Deus.
* Filippe o Bello, falleeen effectivamente a 80 de Novembro de 13U
— ainda 'dentro do anão.
tas
At! mesmo os carrascos interdictos
o facho acceso approiimar mal ousam.
Tremendo lançam fogo ao cadafalso
e lestos se desviam... fumo espesso
torneia a pyra, cresce, sobe, enrola-se,
clarêa a chamma. Próximos á morte
os templários mantêm seu sangue frio.
Já se não vêem, mas inda em coro heróico
entoavam a Deos sublime canto.
K quanto mais as chammas remontavam
mais elles em concerto piedoso
as vozes elevavam nas alturas.
Rompe a multidão um mensageiro
proclamando do rei perdão, clemência.
Todos se lançam ao cadafalso, correm,
mas ahl... já era tarde, porque os cantos
tinham cessado ao soccorrer tardio.
Alfredo de Souza Netto (Loanda).
2fe£ono0ylla,lbo* de oito letras. — A
pag. 374 do Almanaeh de 1876, menciona-sé um mono-
syllabo inglez de oito letras; em allemão posso eu desde
já indicar seis ;
Sehlacht — batalha.
Schlecht — ruim.
Schlieht — ■ liso.
Sehlueht — desfiladeiro.
Schwartz — o inventor da pólvora.
Sehwerti — espadas.
Joaquim António de Soma Telia de Mattot
(Évora).
CHARADA LV (NOVÍSSIMA)
i, 1. — No jogo e na cosinha vale- des.
G. L. P. (Guimarães).
«76
* A— —— . — Quando n'um formoso ília de primavera,
sob este céo transparente e cUaphanu, vemos um fogoso
cavallo acaba, oq um» das maia bailas e velozes eguse da
Grau-Bretaoba, equilibrando, na Boa vertiginosa carreira,
□ma joven alegante • esvelta, bafejada pelaa brisa* da
ta - ■ B"*. x.
,f | — „~~ ->.- ~ li I
produzida por nata imagem de audácia e de bellexa na impe-
tuosa corrida. Ja Bluteau nos ensinava, que amazona é o
nome de cartas mulheres bellicosaa, que cortavam o peito
direito para melhor apartar a corda do arco, a despedir
com maia torça a seita. •
A amazona do nosso século oilo ê assim ; não sacrifica a
formosura esculptural das suas formas, os contornos volu-
ptuosamente arredondados do seu cdllo, como as guerreiras
da Scythia ou da Lybia; para que a frecha atravessa o
espaço mais certeira e veloz — nSo busca, como Teleatis, os
Alexandres modernos, para hayer d'ellss prole robusta e
vn
valorosa — não consente, que os Hercules das nossas prosaicas
mythologias lhe ' vão roubando o cinto de oiro, para depois
lhe invadirem os domínios e o coração. As frechas são
hoje de oiro e os braços são de bronze. Quanto aos peitos,
reputo-os de cobre ou de zinco. Parece que a physica e a
chimica invadiram as fronteiras da poesia épica.
A. mulher da actualidade se não é a escrava do beduino
errante, a odalisca dos haréns da Ásia e a Aspasia athe-
niense, não ó, lambem, a concubina da Etruria e do Lacio,
nem a Messalina de Roma.
Á mulher de hoje ó a expressão mais vivaz e consola-
dora das nossas civilisações. Idealisou-se no período cava-
Iheiroso, ao alvorecer do christianismo na Europa. Divinisou-a
a Germânia, entoaram-lhe hymnos sagrados os druidas nas
florestas das Gallias, reboou-lbe a fama pelos bosques da
velha Armorica. Foram ellas as sagas das regiões árcticas,
as sacerdotisas das legiões dos Francos, as musas dos bar-
('08, dos trovadores, e dos cruzados — e o seu nome, o nome
da mulher, creou o ideal romântico do amor, que fez d'este
talisman a alma e a vida das gerações modernas.
O culto de Maria, a virgem da Nazareth — symbolo da
perfeição suprema — e que correspondia ao sentimento, que
os escandinavos e allemães tinham pela mulher, foi aceite
com- enthusiasmo.
O amor vasou-se m'um molde, que exprimia a bondade
infinita e toda a omnipotente magestade da misericórdia
e do perdão.
Nos jardins da França, no centro do Languedoc e da
Provença, crearam-se as cortes d'amor, e os torneios do
espirito e da gentileza. Foi d f estes focos de luz e de sen-
timento que mais tarde surgiram os poetas de Beatriz, de
Laura, de Natércia, de Margarida de Navarra, de Joanna
de Provença, de Branca de Gastella, de Ignez de Castro,
e assim se idealisou a mulher nas sumptuosidades e ma*
gnificencias do bello ideal. Eva, seduzindo Adão, foi um
mytho perdido, na transfiguração luminosa d'esta nova
crença. A assumpção da Virgem creou a apotheose da mu-
lher.
' No cyclo da effervescencia catholica, na evolução do
fervor religioso, depois de Santa Helena e Santa Mónica
terem afirmado o período christão, vieram Santa Úrsula,
878
Santa Iria, Santa Genoveva,; Santa Margarida, Santa Therera,
Santa Isabel, e tantas outras, que, assim como as monjas
das mais austeras religiões, ardiam pelo amor divino e
sacrificavam a sua vida ao ehriatianiamo, que as appellí-
dava vestaes, no formoso agiologio das suas crenças. V
-Veio, mais tarde, o abatimento, rompeu-ae o dique d'esta
catadupa, que golfava lagrimas de sangue e de entorne*
cimento pelo Christo, exangue, pregado na cruz, trasbordou
o cálix das amarguras do Golgotha, surgio a descrença,
entrou o scepticismo, com os ardis da serpente, no Éden,
com as astúcias do génio mau da cosmogonia de Zoroastro|
no paraíso terreal, e, como Vénus irrompendo das ondas
crystallinas do Hellesponto, ergueram-se Diana de Poitiers,
Montespan, Pompadour, Ninôtt de 1'Enôlos* Marion Delorme,
Dudeffant, du Gbátelet, Dubarryj • e no turbilhão do cy-
clone das revoluções levantaram-se as musas do terror a
par das megeras das barricadas, ao lado da guilhotina.
Gomo a nmlher se presta, nas suas convulsões hystericas,
e nos seus ímpetos nervosos, a ser Vénus è Lúcifer, a ser a
imagem do . be.llo, ê a eipréssào da crápula ! A ser a deusa
do Olympo pagão — a austera Juno — e em seguida a deusa
Kally, —a voragem do sangue humano!
Depois do século dezeseis foi a mulher* rollando pelo pen-
dor (Testas luctns ferozes. Quebraram o idolo-rros fragmentos
ficaram dispersos como os membros de Orpheu. Abandonara
o lar domestico— apagou-se o epitaphio romano ; «viveu em
casa e flava lã.» Quiz governar a vida politica dos povos.
Fez4e A Maria e Catharina de Módicis, duqueza de Che-
vreuse, Maintenon. Brincou com o sceptro dos homens de
adenda e das íetras. Transformou-se ém eriôyclopediáa,
foi DudefaUt, Espinasse, Georgin, e Ròlíand. Acabou em
deusa da ra-ão e heroina da liberdade. Bem fez Moliére
escrevendo as Sabichanas.
Gonta-se de Christina da Suécia, — a rainha legendaria ~r-
senhora cujos perfis masculinos lhe- davam formas de heroe
dos cantos de Homero, que ao chegar a Fontainebleau,
vestida de amazona, vieram recebe-la muitas damas da corte,
e correram, pressurosas) a beija-la. Offendida ligeiramente a
princeza, com familiaridade tão pouco acceite em paço tfto
grave e respeitoso, deixou sahir dos desdenhosos labiofl
estas irónicas phrases: «Mas que sofreguidão . é esta em
379
me beijarem ? Será porque lhes pareço um homem ?» A mu-
lher hoje é, do pseudonyrao, Georgê Saod ou Fernan Ca-
ballero; é pelo seu nome, nos estremecimentos da sua alma,
ainda quando fallecida, Girardin, Guizot, Rosa Bonheur, ou
ainda cheia de vida Maria Amália Vaz de Carvalho. A
mulher é a expressão do bello e da bondade suprema. O
homem é a imagem apagada das grandezas do Greador. '
,f Visconde de Ouguella.
Filha do céo, inspiração divina,
grato perfume da mais linda flor,
imagem pura que os poetas amam,
encanto, mimo, seducção d'amor ;
A mim que te amo, que te rendo culto
sincero e puro como rendo a Deus,
accende esta alma no teu facho ardente ;
e faz que eu sinta esses enlevos teus.
Inspira o triste, que a tua luz implora,
dá brandas notas aos seus rudes cantos,
p'ra que teu nome engrandeça um dia
e louve Aquelle jrue te encheu de encantos.
M. E. (Belém — Brazil).
O f^olpliinlio. — goiphinho commum, ou o por-
co do mar, que se encontra tão abundantemente em as nossas
costas, e especialmente na embocadura do Sena, offerece uma
particularidade notável, a de viajar periodicamente. No estio
encontrasse nos mares do norte, e no outono vêem para
as nossas costas, onde todavia alguns ficam todo o anno.
É negro sobre o dorso, com alguns reflexos esverdinhados,
e branco no ventre. Tem ordinariamente de 4 a 6 pés de
comprimento, e é, por comsequencia, o mais pequeno dos
cetáceos.
Os golphinhos vivem em bandos numerosos e nadam á
380
I
superfície das ondap, Ande gostam ck brincar. Logo que o
mar esteja em calmaria, saltam e roíam pela superfície do
mar, de modo, que se lhe descobre o corpo todo. jPor essa
mesma rasão retrahém-se, e' nunca se voem durante 1 'as tem-
pestades, porque não gostam de luctar contra o furor das
vagas. Fazem um grande consumo de peixes e dê molus-
cos, e vao procural-os até ás redes dos pescadores,' cujas
malhas damnificam ou cortam com seus agudíssimos den-
tes. Algumas vezes pôem-se de embúscada á, embocadura
dos rios para ' assaltarem á passagem os peixes que voltam
ao mar com o refluxo. Os seus inimigos chegam a perse-
guil-os pelos rios acima, e têem-se apanhado muitris vezes
em Nantes, e em Bordeaux. A fêmea nutre e protege o
seu filho com uma solicitude que mal se pode imaginar.
A espécie a que os francezes chamam epautàrd, ou
monstro marinho, é o maior dos golphinhos ; attinge br-
dinarjamente de 25 a áo pés de comprido. Q focinho é
muito curto; tem sobre o dorso uma barbatana enorme
de 4 pés de altura ; os dentes são grossos e numerosos.
Acadmic* GonmbrUmue*.
A CONCHA DA PRAIA ,
Ó concha, que á praia chegas
11 dos antros do mar profundo, •...;'.
eis-te agora em novo mundo, •■••■* •
já tens luz, sol, e matiz;
Só eu n'este mar de penas,
em que sossóbro infeliz,
e aonde a ninguém, oommovo,
não tenho uma onda amiga,
que me leve a um mundo novo! - »
Oh! concha, quanto és feliz..,,. ... .... j
,,.. , tbnuel £#rr*r».fZa fiotiflla.
381
J
Ho ilbon 4a lx. ma Sr. a D. Quitéria Arminda Gonçalves
Senhora, que pedis ao doado, ao visionário?
ao párea que caminha em busca de um calvário
aonde vá findar
o peso de uma cruz?... Martyr dos soffrimentos,
as noites do terror e os grandes desalentos,
só podem-me inspirar 1
0uizêra aqui deixar um cântico de amores
aqui, n'este jardim onde ha mimosas flores,
emblemas do prazer ;
mas eu não posso, não ; já não sorri a aurora
das santas illúsões, ao misero que chora
e se sente morrer ! x
t filorrer t e inda tão novo 1 Ahásvèro da legenda,
eu sigo noite e dia a pavorosa senda
que aos males me conduz ;
e sempre na minh'alma à voz do septicismo,
a descrença fatal ! — Oh ! quero a valia, o abysma,
por sombra a minha cruz...
Senhora, desculpae-me... ignoto de quem passa,
diffundo no meu peito o néctar cia desgraça
e. as maldições da Fé.
É por isso que eu soffro o inferno aqui, sem calma,
e sinto a pouco e pouco o esphacelar dest'alma,
e ó pobre o meu banquei.
Teixeira de Carvalho (Porto).
CHARADA LVI (NOVÍSSIMA)
1, 1. — Vai pela Itália correndo e pela America voan-
do. Que melodia t
JòSó Geàkrio Fernànãek (Pftangui— Minas Geraes).
3&
\1
X
VJ
LOGOGRIPHO XiXV . ,
(por lstrab) ' :
• • ' - . , , . . . -,
Não, Bão é de paciente— 6, &, 7
causa medo a muita gente. — 3, 6, 5, 2
A mulher assim chamada — 5, 6, 3, 7
é bem pouco ajuizada. — *"#, $, i, 7
Voa de verto irregular — 4. fc, 7
^ que a todos faz contentar. — 5, % 5
*, .Deve ser bem estudada — 7, 5, 3, 4
v - k e muito bem cultivada. — 3, 4, 8, ft, 7
h*/** % isto, que ó de rigor — 4, 4, 6
talvez o tenhas, leitor. — 3,6,1
É cousa de manducar — 7, 1, 4, 3, 5, 6, 7
que entretém posso affirmar. — i, 2, 3, 2
E sympathico vivente — 5, 2, i, 7
onde o bicho ferra o dente. — 5, 7, 3, 2
Queres saber o conceito?
Pois bem, meu leitor amigo ;
causa desgraça e ventura.
Tem paciência; mas não digo.
Anonyma Alemtejanà.
Em troca d'um amor immenso e acrisolado
teus affectos pedi sonhando áurea ventura ;
«não t» disseste-me tu ; bem cedo a minha vida
esmagal-a quizeste em trances de amargura 1
Dilaceraste-me a alma! e tu nem mesmo pensas
quanto dóe um martvrio incógnito e sem meta...
Mas não te culpo emíim ! culpo o destino apenas
que a ti te fez tão linda, e a mim me fez poeta I
/. P< da Silva Canqffl Oliveira (Moçambique).
m
A oarldarfc. — Querei» saber Mora S. Panlo, o
apoitolo dm gentio», o infatigavol propngnador do chrie-
tianismo, um do* untos qna maia avultam nos amises da
Egreja, considerara a caridade, pregando aos corinthios ?
ai *
l!f
|| s
Sejamos pois alguma cousa ; acreditemos nas pala'
de Paulo ; dêmos, demos ao pobre pelo divino amor
CHAftADA LVII (DUPLICADA)
A pen prendo irmio Eduardo Netes
As direitas — magistrado ;) _ ' ") i.t- ''
son as avessas — um rio ; y I '
aqaelle turco anafado, j
, • este russo e bem frio.
Como ate aalra ttm oaartello. — Em
1663, foi a nona província do Alemtejo invadida por
D. Joio d'Austria, que f« dai suas, «nles da memorável
batalha do Ameixial, em que foi derrotado. Tomou villa
ri - rr
i 1 l-í
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11 ii
as ff»
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enforcar o governador porque lhe resistira. Com esto sobre-
cenho, e inchado pelos triumpnos obtidos, apresenta- se
diante d' Alegre te, governada por um francei, e inlima-a
para qne se renda. A resposta foi mandar-lhe o bom do
governador dois frascos de vinho, accrescentando qne pro-
vasse da excellente pinga qne produzia aquella villa, e qne
ficasse sabendo qne por isso qne assim era, estava resol-
vido a defeodella atá a ultima gota de sangue. Ou porque
D. Joio d'Austria gostasse do vinho, ou porque gostasse
ainda mais do espirito do francei, O que é certo i qne
passon adiante, e Alegrete escapou ao furor Castelhano.
Xjtaonja. — De todos os venenos o qne mais ver-
tigens cauta é a lisonja.
888 28
mÀIXUÀÇÀU
(fim im dia de tunas)
A gloria, quando tu ousado e pequenino
corrias sem temor nos píncaros do monte,
òu ias descuidado, errante, sem destino,
mostrar o rostp alegre ao espelho d'uma fonte,
• Sorri a-se e dizia : assim pelas agruras
da vida, ó filho meu, teu génio ha de pairar,
medir sereno o abysmo, erguendo-se is alturas,
— brilhante como o céó — profundo como o marl —
• Mas sempre que o rumor dos brtrç£ calorosos
• teu seio fatigar; e anceies o repouso,
• na fonte défeu lar, teus lábios sequiosos
«virão libar éê amor o incomparável gôso.
30 de Matço áe lar?. Amélia Janny (Coimbra).
CALEMBOUR
Certa modista mostrando "*
moderna batta que fez,
disse, — querendo vender
mais esse luxo ao freguez :
— : Va, batta, em sua mulher,
fica linda a mais não ser t
— Que bata em minha mulher 1
nâo me serve, não mè apraz ;
eu não ap provo tal moda
O freguez que não ^abia,
que este batta era um casaco,
respondeu todo zangado,
e dando logo o cavaco : lque só vexames nos traz,
— Oh, meu freguez, não se zangue,
. que «isto é, moda lá da França !
— Ah t é ? Pois cá o marido
a tanto não se abalança. ,
Bento Fontoura (Soledade -r- R. G. do Sitf)
«a»
A. Formosi***^. — <Ó fotmo>ura! único objecto
cuja posse não se pôde adquirir, nem mesmo a troco dos
mais opulentos* thesouros: eternamente inaceessivel áquelies
que não logram possuirá; flor ephémera e frágil que des-
ponta, cresce, desabrocha sem haver necessidade de culti-*
val-a, puro dom do céo ! ó formosura t — a mais .valiosa"
entre todas as coroas que o acaso pôde offertar a uma
cabeçal Tu és admirável e rara como tudo que existe
fora. da iniciativa dohoinera; como. o azohda firmamento,
o ouro das estreitas e o cândido aroma dos 1 vistos t $
possível trocar um tosco banco .por. um. throno y oonquia*
tar o mundo, illudir a fúria dos elementos: 1 Porém, quem.
poderá resistir a ajoelhar diante' de ti, esplendida perso-
nificação do pensamento 4e Deus ? :
(GautierJ ' D. Guiomar Tbrrezâò.
:m
: Quem ama além de Deus, outro mortal - '
com dedicado amor, : com ié mais pura, - ' ■■ i>í!
..e. dispensa, .não exige» não procuja» w ;< . .
lhe paguem seu amor com outro igual ?
Quem almeja no coração leal
sempre o feliz porvir da creatura ;
mesmo que esta não sinta egual ternura,
e inda quando ingrata e desleal ?
Só a mãe é capaz.de tal fineza, (
sÒ .elía vendo o p'rigô se afervora, , : ,
pelo filho se arrisca sem tibieza.. 1 . '
Era lagrimas só ella em juiz se arvora,
, e intenta nas suas faltas a defeza. . " ,'
Oh t respeitem a mãe que o filho adora.
A. /. Salgueiro (Cuba).
* Tál loi a «Mia actual rainha.
ENIGMA XVI
Ás direitas na cabeça,
ás vesgas estou na cinta. ,
e d'oma ou d'outra maneira
até na praia. Consinta.
As direitas sou de panao,
ás avessas de madeira,
e ou d'nm, on d'outro modo,
sou riba, ou ribanceira. .
!'.<
Abílio Albano de Lima Duque (Coimbra).
-A. eloqnenoia. — A eloquência é um dom de
que pouquíssimos homens, sào enriquecidos, mas a sua falta
não tira o merecimento a quem o tem. O seguinte caso
historiado por 'Plutarco demonstrado evidentemente.
Apresentaram-se aos athenienses, que desejavam edificar
um templo de proporções colossaes, dois arçhilectos. Um
d'elles sendo mui ignorante na sua arte, expoz com tão
extremada elegância os seus desígnios, que chegou a ponto
d'allucinar o povo, que já era de voto que &£ lhe adju-
dicasse a obra ;; o outro, que era ejusellente architecto,
mas péssimo orador, nada soube explicar, e satisfez-se
em dizer pm face. do auditório: — «Athenienses ! Eu farei
tudo assim como esse homem falia. » . «
Fauitino de baderna e Ornellat (Ilha de S. Thomé).
«■ VOTO
Eu faço um voto, Maria,
pelo céo, pelas eslrellas,
por quantas flores singéltas
em Abril o prado tem ;
por quantos affectos íntimos
agitam teu seio inquieto,
ou antes por outro affecto :
pelo. ampr de tua mie.
Praxa a Deus que o teo espirito
jamais procure na terra
sondar as paixões que' encerra
este mar turvo e traidor.
Ê se algum dia na vida
sentires perto a pròcella,
soccòrre-te á tua èsírella,
que essa estreita, infante, ô Deus.
Bulhão Paia.
388
'» •'
A UMA WENIQÍ&I
SONETO '
Vi-te querida Helena... e de ternura »»
ficou esta mioh'aIma tão delida, • a
que cem annos daria (Testa yida ...'•;
p*ra de longe te ver em noite escura t
Vi-te sim)... e de pasmo fiquei mudo t
com taes enlevos crê que qualquer ente,
ao ver-te fica logo transparente* t
faz-se amarello, azul... até bicudo 1
Tens o canto suave da sereia,
e a par das tuas formas de deidade
anda o brilho offuscante da candeia 1
Más se não tens de Vénus a beldade,.
sê a natura te fez Horrenda e feia,
deixai... que és do teu sexo raridade 1...
Eduardo 3f. (Lisboa). .
Liç&o a. um ip.oivil. — Um medico muito ambi-
cioso, havendo prestada alguns serviços clínicos a um sujeito,
í?astapte rico n'uma grave enfermidade que este padecera,
declarou um certo dia á esposa do doente que seu marido
entrava na convalescença, e portanto que terminava n'a-
quelle dia as suas visitas. A* senhora, agradecendo-lhe
os serviços prestados a seu marido, abrio uma secretaria,,
e tirou 4'ella uma carteira delicadamente bordada, que
lhe apresentou, pedindo que lh'a acceitasse como lembrança
do seu reconhecimento.
— Minha senhora, retorquio, sem pegar na carteira, o
ambicioso « grosseiro discipulo de Esculápio, os pequenos
presentes serão muito bons para entreter as relações de
amisade, mas n$o são, a meu. ver, recompensa suficiente
para serviços como os que prestei ao esposo de v. ex. a .
—ÀhlvV. respondeu a offendida senhora, tem razão, e
389
queira perdoar. Fai então o favor .de me . dizer quanto
lhe devemos?
— Quinhentos francos 1.
— Muito bem ; n'esta carteira estão três bilhetes de mil
francos : queira ter a bondade de tirar em, « pagar-se !
A indelicadeza do medico fez-lhe perder a bagatella de
2:500 francos.
Joté A* J. da Cotia (Mafra).
© ^W Wk^kMfcS
Quando te vejo entretida
tosqueando o magerico,
horas e horas me fico,
alma em extasia perdida.
Tu defronte do balcão
em descuidada ínnocencia,
eu sentindo com vehemehcia
partir-se-me o coração 1
A brisa a daf-te dè leve :
beijos mil na casta fronte,
e d sol dó extremo horisonte
a doirar tua mao de neve t
Tu sorrindo leda e só,
e a thesoira a recortar,
eu a seguíl-a no ar
com olhos que mettem dó !
Tua mão volvendo a thesoira
por cima da verde rama,
e eu a arder na viva chamma
d' esse olhar que a sobredoira!
Tu cortando as verdes flores
que te vão cair na saia,
eu posto aqui de atalaia
a phantasiar amores 1
Tu a pipilar uma áríai, i
sonho de vaga poesia,
eu suspenso na harmonia " '
da voláta amena é' varia t
E assim ancioso me fico
alma em extasis perdida. . .
Ai 1 dias da minha vida 1
quem me fora magerico.
J. Simões Diat.
J
CHARADA LVilI (NOVÍSSIMA)
s
3, 2. — Tem grão e é redonda em geometria.
D, Mia ffenriqueta de Brito Moutinho (Thomar).
390
LOGOGRIPHO XXXVI (E|l QUADRO)
Á Ex.* fl Sr.* D. Annalia Vieira do Nascimento
Pode um dito provocar — 3, 5, 1, 7
esta que tem luzimento ; — 5, 4, 5, 6
É peixe pouco vulgar, — i, 5, 3, 5
e que mostra atrevimento. — 2, 6, 5, 7
Seria no meu inferno
de bella estreita o brilhar
se, feliz, de vós podesse
essa ventura alcançar.
Júlio Edgard (Porto).
SEU OLHAR
Na luz do seu olhar,
doce como um sorriso,
eu vejo um paraíso,
paraíso d'encantar.
Encanta-me, seduz-me )
c prende-me, fascina-me t
ao seu amor — inclina-me,
á loucura — conduz-me t
Se em meus lábios roçasse
um beijo seu. . . um dia. . .
e a vida me rogasse . . .
Oh t como eu lh'a daria,
se beijando-me olhasse
para mim noite e dia 1
Alexandre de Faria Godinlio (Pernambuco).
Legenda diurna oa^a putollea cie
logro. — A que propõe um escriptor francês é esta; í
II est trois portes à tet antre:
L'e$poir, Vinfqmie et la mort,
Cett par la première qu'on entre;
Par in demièra que Vont eort.
39i
' Vú\h.
íhãí* .
S||f|t '. S
ir ?! I 9
li í5S g »
■ «• * s s ° 5
S !■ jÊ! o
f li '3 » ■
A mulher... árduo problema t
Quem me poderá explicar
o voltear incessante
d'essa doida borboleta
quu nunca pÓde poisar I
S um eoll HCCmpf shíDliril l lo» raivosa, espumante
Foi um capricho divino d'eocontro is rochas esmaga
quem a formou, inconstante o navio palpitante
como a onda, que ora affaga dos beiJDI d'amor, IJQS íi pouci
a areia d'oiro da plaga, [lascivo Ibe dera o mar.
PEUSATTVi.
Porque tuas faces puras
palleja o roçar d'um beijo ?
Porque tua fronte branca
cora a flor casta do pejo ?
Porque, tímida, me foges
se eu ouso, oh virgem, te olhar?
e a rubra flor de léus lábios
logo yejo desmaiar ?
Porque suspiras sósinha
da tarde á doce tristeza ?
Porque gemes, repassada
de tão triste morbideza?
Porque pendes, pensativa,
a nivea fronte na mão ?
Gomo em anciãs de um delírio,
como em estos de paixão ?
Porque n'e8se olhar dormente
tua alma ingénua suspira?
Bulhão Pato.
Sentes acaso os pezares
que «os prantos d'alma derramam,
ou tens no seio innocente
afectos que á dôr se inflammam 1
Hão! que toa alma inda é paia,
dorme em seu berço infantil t
Seismas, sim, na tela cândida
da immensidade de anil t
Goras, porque pode o mundo
tua alva face enlodar ;
desmaias, porque tens medo
de as brancas asas manchar.
É por isso que contemplas
extática o azul da espheía.
Para ti o mundo é cárcere,
p'ra ti o amor é chimera.
Bêllarmino Carneiro (Nazàreth — Pernambuco).
A. ejsrtartua, cie Memnon. — Os antigos
julgaram que esta estatua, que se erguia na rfeinhança de
Thebas saudara todas as' mánhl o romper do sol. '
Diz-se que esta crença rinha da estatua ser oca e do
sol aquentar o ar que n'ella se continha, o qual, saindo
por qualquer orifício, produzia um ruido que -os. sacerdo-
tes interpretaram a seu modo. . . i
Eatrabão conta que um tremor de terra derrubou me-
tade d'esta estatua, mas Pausanias asserera que foi quer
brada por ordem de Gambyses. Gomo quer. que seja, é
certo que ainda hoje existe tal como a riram todos que
d'ella fallaram, isto ^ truncada, tendo a parte inferior
ainda erguida sobre a Bate. d a superior estendida por
terra.
O INVERNO
~É>9 feUa, ai ! feliz de o inveroo
te não diz em seu livido aspecto
que perdido o teu ultimo affecio,
da tua vida o calor se apagou.
G. D'AJfORlM.
Vem assomando a inverno!... sol véla-se a espaços;
.aqui ruge o aquilão; nos mares escarcéos!
o firmamento ha pouco azul e tão formoso
de bruma» tem agora espessos, densos véos t
Manhãs de primavera, onde vos escondestes?
calmoso, ardente estio, onde é que estás também ?
fugiram!... assim foge o riso, a mocidade!...
se um giro tem o. anno, um giro a vida tem t .
• Rodando uma só vez o cyclo da existência,
os tempos n&o renova, os annos não desfaz t,*.
Não remoçamos nós t resurgem primaveras,
succedem-se estações !... Jazemos nós em paz I...
Velhice e desconforto t as metas do futuro *
alvejam-nos tão. perto t... e tudo finda ali t.«. .,
Vem tu, ó sol da gloria, iUuminar-me a fronte,
doirar os dias meus, vividos ainda aqui t .
D. Marianna Angélica d* Andrade.
Consolação cPiiimí <sG{g&. — Asolepiades,
foi um celebre philosopho da antiguidade, que tev& a
desgraça de perder a vista nos últimos annos de vida. Um
dia" um amigo lastimou*ó : — Não me julgueis tão infeliz
como isso, respondeu-lhe elle. A perda dos meus olhos
truuxe-mé uma grande consolação, e é que eu nunca anelo
só*; sempre um mocinho me acompanha* . <».!*..
mi
As ; mulliereã ' fe o amor. — Ficam-vos
bem as flores è os diamantes ; o amor fica- vos melttof
ainda. Atravéz das nuances, que apresenta o destino da
mulher rias sociedades/ a vossa historia é sempre uma.
Nimphas seductoras dançando nos bailes, ou creaturas
modestas costurando em casa, — bacchantes desgrenhadas,
de olhar fogoso e ardente, fazendo resoar os ares pelos
seus gritos nas ceias e nas loucuras, ou escravas resigna-
das da vontade cruel do homem, — odaliskas voluptuosas
nos haréns, ou virtudes austeras nos claustros, — é o
amor, é sempre o amor, o amor sempre, que vos illumina
e vos dá poder!... Brincar com elle, tontinhas, ó uma
impiedade ? ninguém pinta um quadro no ar, nem agrupa
uma montanha com os átomos que se avistam aos raios
do sol ! Ama-se, ou não se ama : vive-se ou não se vive :
eis tudo !
Júlio César Machado.
Attributos feminis
P. Qual é a mulher mais
cruel ?
R. A Sr. a Barbara.
P. A mais pura?
R. A Sr. a Virginia.
P. A mais ingénua?
R. A Sr. a Cândida.
P. A mais socegada?
R. A Sr. a Plácida.
p. A mais cordata?
R. A Sr. a Prudência.
P. A mais alva?
R. A Sr. a Branca.
P. A mais alta?
R. A Sr. a Máxima.
395
P. A mais abençoada?
R. A Sr. a Benta.
P. A mais perfumada?
R. A Sr. a Rosa.
P. A mais compassiva?
R. A Sr. a Clemência.
P. A mais afortunada?
R. A Sr. a Felicidade.
P. A que mais espera?
R. A Sr. a Esperança.
P. A que sempre triumpha?
fl. A Sr. a Victoria.
P. A que diríamos eterna,
se alguma o fosse?
Ri A Sr* a Perpetua.
J. d Veaconcelloí (Brasil).
Inverno. --Chega, o loreno, a Macio, das iem-
pestades, do gelo e das chuvas ; .a quadra de desconforto
para o pobre; e coro tudo tem ainda belleias que faliam
á alma do poeta. Salomão Gessner, n'um.dos seus formo-
sos Idyllios apresenta o pastor Dafnis na cabana, aquecida
pelo doce calor d'utn bccco Ironco qoe ardia na chaminé 1 ;
Dafnis passeia os olhos pelo paii destroçado pelas incle-
mências da invernia, edii:
Ó inverno I apexnr dos tens rigores
quantas bellezas ainda não conservas !
que lui risonha □ claro sol espalha
atravez d'essas névoas dissipadas,
nas collinas dos frios branqueadas 1
Li ao longe, n'aquelle tosco teto,
d'onde o fumo ondeando está saindo
d'entre aqnella Seresta socegada,
la d de minha Filia a morada.
Ó minha Filia 1 pode ser qué -agora '
também sentada janto do teu lume,
sobre a mão encostando o beHo rosto
em mim pensando estejas, desejando
como eu da Primayera o tempo brando.
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Ô Inverno ! por mais cruel que sejas,
nunca farás que a frauta pendurada
fique em minha cabana empoeirada. l
É também do Inverno que falia o inspirado Zorrilla,
poeta do paiz visinho, quando na introducção dos seus
Cantos de Trovador, exclama:
Hoy ai fuego de um tronco nos sentamos
en torno de la antigua chimenéa
y acaso la ancha sombra recordamos
de aquel tizon que á. nuestros pies huméa.
y hora trás hora, tristes esperamos
que pase la estacion adusta y féa,
en pereza febril adormecidos,
y en las próprias memorias embebidos.
(Extrahido da* Focei do Ermo)
N'ella explende a belleza voluptuosa
d'uma deusa do Olympo; os hombros nus,
modelados no mármore de rosa,
banhavam-se em torrentes de áurea luz.
O cabello, que lembra na desordem
a selvática juba d'um leão,
envolve-a nas fulgentes espiraes,
serpentes que se enroscam, e que mordem
os mosaicos phantasticos do chão.
Vradttèçlo d» Joaqaffli Vrttwtoo é'Araajo Barbosa.
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Relampeja-lhe em chispas infernaes
a malícia nos olhos verde mar,
onde ha trevas e ba las que ninguém sonda,
porque todos tem medo i inquieta onda*
qne passa ás rezes no seu fundo olhar.'
Os lábios sensuaes lembram dois gômmos
de entreaberta romã; e ba no seu riso
lampejos d'nm vedado paraiso,
onde medram lethaes e estranhos pomos. i
Do Bello e da Justiça ella escarnece 1
ella que tem do archaujo despenhado
a tenebrosa e indómita altivez t
Não acredita em Deus, nunca uma prece
de sua alma no porto abandonado
veio ondular sequer uma só vez.
Mas é bellaí. . . ha volúpia, ha magnetismo
na felina indolência do seu porte t
tem caricias de fera, e na pupilla,
que ás vezes se dilata e que scintilla,
entremostra-se um mysterioso abysmo
d'essas fataes delicias que dão morte t
Somente falta á explendida bacchante
soberba estatua que deslumbra e cega,
de pompanos a c*rôa verdejante
e o fundo azul d'uma paizagem grega
D. Maria Amália Vaz de Carvalho.
m
CHARADA LIX (NOVÍSSIMA)
2, S. — Arma de cana que salvou Théseu.
J/mqMtm Tom, (Rio do Janeiro)*.
.998
j
DESPEDIDA DO CAMPO
É finda a quadra das flores;
Âs plantas amarellecem ;
Os rouxinoes emmudecem ;
Cobre a serra um denso véo ;
O valle ha pouco tão verde,
Perdido o viço mimoso,
Abre o seio sequioso
Á névoa que tolda o céo.
O mar ao longe irritado
Rebenta sobre os penedos;
As folhas dos arvoredos
Gáem alastrando o chão;
E o vento com voz plangente
Diz de entre os ramos despidos,
Que os lindos dias são idos,
Que é morta a bella estação.
Enlucta-se a natureza ;
Vóla-se o mundo sidéreo ;
Envolta em manto funéreo
A terra-mãe vae dormir :
Despio as galas formosas,
E por único atavio
Deixa o corpo húmido e frio
De aguas e neves cingir.
Digamos adeus ao campo ;
Vamos na escrava cidade
Viver de tédio e saudade
Até ao anno que vem.
Ai l quem sabe se a mortalha,
Que á minha vista se estende,
Já no meu corpo se prende
Para envolvel-o também ?!
Villa Estephania,
22 de Setembro de 1875
Quem sabe se persuadido
Que fujo ao gélido inverno,
Me impelle o braço do Eterno
Para o caminho sem fim ?!...
Se ao florir da primavera,
Àquelles que eu amei tanto,
Go'os olhos cheios de pranto,
Volverão aqui sem mim ?!
Quem sabe ?! mas se vierem
Renovem as alegrias,
Á volta dos bellos dias,
Gomo da primeira vez.
Que importa que eu me sumisse
Na pedra da sepultura ?
Qual se renova a verdura,
Renova-se a alma talvez...
Talvez os doces perfumes,
Que nós achámos nas flores,
Sejam os nossos amores,
A essência dos immortaes?...
Quem sabe se Deus nos deixa,
Entre os mysterios da vida,
Rever na planta florida
As almas de nossos pães?...
Se ellas podem transformar-se
Em flor, em estrella, em ave ;
N'alguma forma suave,
N'alguma voz musical :
A mioha fira saudosa,
Cheia de aromas divinos,
Cantar-vos celestes hymnos,
Ou dar-vos luz sideral.
F. Gomes de Amorim,
Fm
399
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