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Di„i„«b,Googlc
í — 1
Di„i„«b,Googlc
Di„i„«b,Googlc
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bvGooglc
Di„i„«b,Googlc
o AfiCHEOLOGO
PORTUGUÊS
Di„i„«b,Googlc
bvGooglc
a ARCHEOLOGO
FORTXJaXJÊS
COaECÇiO ILLUSTBADi DE HATERIAES E NOlfCIAS
PUS UCA DA PELO
MUSEU ETHNOLOGICO PORTUGUÊS
REDICTOR— J. Leite de Visconceuos
■VOL. ^
Veierum volvem
LISBOA
1UFBEN3A ITACIONAL
1905
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
T:-:-: i:e'.v vork
PH3-" I.IEPARY
641551A
Aí<TOft. LFtJOX AND
TILDEIS F0'"ND*TIONa
B 10J3 L
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
OL. jÇ JANEIRO E FEVEREIRO DE 1B05 N.°' 1 E 2
O ARCHEOLOGO
COILECÇ&O UUJSTUDá Ht HATERUES E HOTICtAS
PUBLICADA PELO
MUSEU ETHNOLOGICO PORTUGUÊS
Veteruni vaivéns monumenta vírorum
LISBOA
IMPRENSA NACIONAL
1906
Di„i„«b,Googlc
&xj:ís/l^^j^tii<d
uua hedalhã portcguesa inédita: 1.
Antiguidades monumentaiíis do Algarve: 6.
Museu de Bbaga: 15.
Antiguidades deViansa do Aleutejo: 16.
Okca Doa PadrOes: 28.
IH8CRIPÇÀ0 romana DE MVRTILIS: 31.
Estudos de numismática colonial portuguesa: 32.
PbOTECÇXo dada PELOS GOVERSOS, corporações OFI-ICIAES E INS-
TITUTOS 8C1BNT1FIC0S i ARCHEOLOGIA: 38.
Lista DE monumentos que pelo seu caracter histokico, akcheo-
LOoico ou artístico sXo susceptíveis de se coxsideraueu X.A-
C10SAE8: 38.
MiSCELLANEA ARCHEOLOQICA : 41.
AcquisitÕES DO Museu Ethnolooico Português: 44.
Mosaicos romanos de Portugal: 49.
Onomástico medieval vortuquês: 50.
Registo biuliooRapijico »as permutas: &2.
Este fascículo vac ítliistrado com 11 estampafl.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ARCHEOLOGO PORTUGUÊS
COLLECÇÀO HLDSTRAOA DK HATEEUES K lOTICUS
MUSEU ETHNOLOGICO PORTUGUÊS
VOL. X JANEIRO E FEVEREIRO DE 1906 N." 1 E 2
Uma medalha portuguesa inédita
Da collecglo oivanluda por Joié Ljumb
Entre os exemplares d'esta collecção destaca-se, pela sua grandeza
pouco vulgar, uma medalha medita, e até mesmo desconhecida, cuja
descripção vae decerto interessar aos especialistas.
No intuito de a tornarmos conhecida, resolvemos descrevê-la num
cantinho d-0 Arckeologo Português, que amavelmente foi posto k nossa
disposiçSo.
Commemora a medalha a restauração do regimen absoluto, ou, por
outras palavras, a serie de acontecimentos políticos, succedidos no anno
de 1823, que tiveram por epilogo aquella scena pathetica de família,
passada em Villa Franca, a que o vulgo fícou chamando a «Jornada
da Poeira», porque de facto tudo foi apparente, tudo se desfez. . . em
poeira.
O leitor conhece a historia:
Em virtude da revolução de 24 de Agosto de 1820 foi implantado
entre nós o regimen liberal, e D. João VI, conformando-se com o novo
systema, jurou, em 1 de Outubro de 1822, a Constituição da monarchia,
que o Congresso acabava de decretar. Â Rainha, porém, não quis pro-
ceder da mesma forma, e, tendo-se recusado terminantemente a acom-
panhar o seu esposo no juramento, foi-lhe ordenado que ficasse, como
prisioneira, na sua quinta do RamalhSo, em Cintra.
D'este retiro continuou dirigindo o partido absolutista, de que era
chefe, e unindo-ee a seu filho querido, o infante D. Miguel, preparou
o terreno para a contra-revoiução.
Em Abril de 1823, Manoel da Silveira Finto da Fonseca Teixeira,
Conde de Amarante, e depois Marquês de Chaves, sublevou a província
de Trás-os-Montes, fazendo restabelecer ah o regimen absoluto j em 29
byCOO^^IC
o ArCHBOLOGO POBTOQDda
de Maio do mesmo umo foi proclamada em Santarém a qnéda da Cons-
tituição, e na madrugada de 27 de Múo, D. Miguel, fugindo da casa
paterna, foi reunir-se emYilIa Franca com o regimento n." 23, aquar-
telado no Castello de S. Joi^ de Lisboa.
O Congresso revoltou-se contra este acto indigno e fez com qae
D. JoXoYI, em 30 de Muo, assignaase ama proclamação de protesto:
«Men Filho o Infante D. Miguel (dizia a proclamaçSo) fugio de Meãs
Reaes Paços, e anío-se ao Regimento n." 23. Fu já o abandonei como
Píú, e saberei punillo como Rei**.
Ko dia seguinte, porém, o monarcba mudon de opiniZo. O regi-
mento n." 18 foi formar em frente do palácio real, soltando vivas ao
■rei absolntoi e a «D. Migueli e morras «á ConstituiçXoi; D. João VT,
prudentemente, contra o que todos esperavam, adherín a. este movi-
mento, e, mandando preparar uma carruagem, dirigiu-se para Yilla
Franca, em companhia das infantas, sendo muito acclanaado pelo povo
durante o trajecto.
Tinha ido D. Miguel ao Cartaxo, e qaando regressou aVilla Franca
teve a surpresa de ali encontrar seu pae « suaa irmSs. Logo que os avis-
tou, apeou-se do cavallo, e ímmediatamente, de joelhos, beijou a mSo
d'el-rei, entregando-lhe também a espada, como signal de submissão
e respeito. O pae ajudou-o a levantar, beíjou-o e abraçou-o, e as irmSs
imitaram-DO. Todos choravami
Em 5 de Junho retirou a família real deVilla Franca, entrando
em Lisboa no meio das acclamaçSes do povo e ao som de estrondosas
salvas de artilharia, indo assistir a um Te-Deum na Sé. Concluida esta
cerimonia, segniu o cortejo real para o palácio da Bemposta e, durante
esse trajecto, os rapazes fidalgos substituíram os cavallos do coche em
que ia o monarcha*.
No dia 24 de Junho entrou em Lisboa a divisão commandada pelo
Conde de Amarante, sendo este attenciosamente recebido por el-rei!
. . . nesse mesmo anno de 1823 houve nova conspiraçSo e a lucta dos
dois partidos só terminou em 1834!
* Esta proclamação foi publicada, em anpplemento ao n.' 197 do Diário Ío
Governo, em 30 de Haio de 1S23.
* AlgUDB àiaa depois, oe liberaes fizeram, ardilosamente, inserir na Gaxiia
dt Lisboa, jomat official, o eegninte curioso aununcio, que provocou grande es-
cândalo: 'Para o dia 24 do corrente mez se ha de arrematar em hasta publio
umas parelhaB de bestas que pucharlo o carrinho d'El-Bei, quando mudou de
bestas a Arroios».
(Gatda de Lithoa n.° 138, de qninta-feíra, 12 de Junho de 182S, pag. 1076).
byCoO^^lc
o Abcheologo Português 8
Ka medallia faz-se tuna verdadeira apotheose aos principaes perso-
nagens da campanha, rodeando-os de elogiosos epithetos: D. JoSoVT
é comparado a Jesos Chrísto, e D. Carlota Joaquina é cognominada
a Jodith Lusitana. D. Mignel e o Marqaez de Chaves também lá fí-
goram.
Compridas legendas, com cttaçSes da Bíblia, hsbilitam-nos a inter*
pretar o pensamento do auctor.
Passemos a descrerS-la, mostrando-a também em photogravura (ve-
ja-se a figara), para que o leitor possa, mais facilmente, assistir ao de-
senrolar d'ests comprida meada, que na verdade é bastante longa.
Anv. — No corpo central de nma balaustrada, qne é encimada pelas
armas reaes (as quinas sobre a esfera), ornamentadas com uma coroa
de carvalho e louro, tem a seguinte legenda, escrita em quinze linbas:
A SENHORA
D. CARLOTA JOAQUINA.
POR ESTA QRANDE,
E IHUORT. RAINHA, HONBA E
GLOBU DO SEU SEXO £ DO ALTO
LOGAB, <}TJE OCCUPA,
INFLAHMADOS JUSTAMENTE
O 8R. DIFANTE D. MIGUEL SEU FILHO
B O HONRADO UABQUEZ MANOEL DA
SILVEIRA PINTO DA FONSECA TEIXEIRA, B
OUTROS, SE03 PARENTES E AMIGOS FIRMES
NA LEALDADE Ã PÁTRIA, AO THRONO, E A DE
OS, E NA VONTADE DEL-REI O SB. D. Jo2o VI.
REBTAURÍrIO a HONARCHIA EM
1823 CONTRA A REVOL. DE 1820.
Do lado esquerdo está sentado loTempo*, personificado na figura
de imi velho; com a mâo direita molha nma penna num tinteiro que
tem junto de si e com a esquerda aponta para a inscrípçSo. Sobre os
joelhos tem um livro aberto, onde, com difiiculdade, se lê o seguinte:
RECLU — SA — NO — RAMA — LhIO — VENCEO — POIS — (JUE.
Da direita, em pé, tendo a competente lança junto a si, onde está
suspensa uma balança, o archanjo S. Miguel pisa com o pá direito um
papel que tem escrito: 24 — d'agos — TO — de — 1820; com as mSos
desenrola nm grande pano, com a seguinte inscripção: michael, et
ANQELI EJU8 — PBAELIABANTUR COM DRACONE — ET PROJECTOS EST
byGOí>^^IC
o AitcHEOLoao Português
— ANGELI EJUS CUM ILLO. Ap. 12 (citaçSo do cap. XU
pse) *.
istrada erguem-se duas pyramides, ornamentadas com tro-
i esquerda, assente numa palma e dentro de uma coroa de
0 busto de D. Miguel, com a seguinte legenda por baixo :
■ NATUS — D. JOAHNE VI — ET D. CARLOTA JOAQDINA
AS NOVEMB 180.. . (2).
gada na pyramide está uma fita com outra legenda: INFAKS
EL, e na ponta d' essa fita, que está solta, está escrito : IK FA-
?AKENTES AMOEE, PIETATE, FIDE OMNIUU SPECULXJM, EXEM-
yramide do lado direito, também sobre uma palma e dentro
oa de louro, assenta o busto do Marquez de Chaves, e na
;ada nesta pyramide está a seguinte inscripçâo: M. s. p. v. t.
1 nome do Marquês, Manoel da Silveira Pinto da Fonseca
— HARQ DE CHAVES. — AMICU8 FIDELIS PHOTECTIO FOETIS.
) ou campo da medalha é completamente coberto de follias
I, e sobre esse fundo assenta um medalhão com o busto de
Joaquina, enfeitado por cima com uma palma e dos lados
ias de carvalho e uma fita. Este medalhão está suspenso
uma grande águia, e tem em volta esta legenda: JUIHTH
ILXIER FOKTIS.
tem outra legenda: BECIAE SXIRPIS HOKOR et OLOKIA d. c.
. Carlota Joaquina, Rainha Fidelíssima),
te superior da orla ainda tem mais outra legenda: DATAE
IRI ALAE DDAE AQUILAE MAGNAE, UT VOLARET IS DESERTOS!
UUM. Ap. 12 (Apocalypse, xn, 14).
ibem na Bíblia que o auctor da medalha Be inspirou para
Bverso: S. Marcos, cap. iv.
ipitulo diz o Evangelista que um día Jesus Christo foi para
contar aos seus discípulos a parábola do semeador; tendo-se
ta gente para o ouvir, teve de se retirar para dentro de uma
le continuou, próximo de terra, a sua narrativa. Terminada
já pela tarde, ordenou que a barca passasse para a margem
tido figurado, no caso^resente, o dragão derrotado era a revolução
le deprehende do facto de S. Miguel estar pisando o pape], que tem
e Agosto de 1820.
como em quasi todos as outrRs legendas extrahidas da Bíblia, o gra-
us frases, omittindo muitas palavras. Veja-se o Apocalypse, xii, 7 e 9.
byCOO^^IC
o AbCHEOLOQO POBTUOtIÊS 5
opposfa (tratueamiie contra), e deitou-se a dormir, com a cabeça apoiada
num travesseiro.
A meio caminho levaatou-se grande tempestade, pelo que os disci-
pulos o despertaram bruscamente, pergiintando-Ihe : iMestre, a ti nSo
se te àá que pereçamos?i Cbristo levaatou-se e mandou cessar a tem-
pestade; e cessou o vento, e seguin-se grande bonança.
Inspirado neste episodio, compôs o auctor da medalha, o segirinte:
1^. Em tomo da orla tem á seguinte legenda: e transeauuS COll-
TRA ET — A33UMUHT ETH ITA VT EHAT IN N4VI — ET FACTA E8T PKO-
CELLA UAQNA — ET FLUCTU3 MITTEBAT IN NAVIU ITA UT IHFLERGTUB
— ET ERAT 1P8E IN PUPPI 8DPE« CERVICAL DORMIENS ET EXCITANT
EUM — ET EXUHGEN8 — DIXIT HARI TACE — ET FACTA EST TRAN-
quiLUTAS HAONA. marc 4'.
Mo exergo, escrita em uma espécie de muralha, toda ornamentada,
qne deita para o mar, em quatro linhas, tem mais a seguinte legenda:
O SNR. REI D. ÍOlO VI
FELLA SUA PRUDÊNCIA
VEED." ISOTADOR DE JESU. C.
E MODELO DOS LEG1I3LADORE8.
Sobre o mar, extremamente revolto, vagueia, á mercê das ondas,
uma grande nau, cujos 'mastros e velas estão desmantelados e é tri-
pulada pelo rei e por sete ministros, que estio todos fardados.
Um dos ministros, que estava ao leme, abandonou-o e pôs as mãos
no peito em attitude de terror; quatro procuram atarefadamente re-
parar as avarias nas cordas e repor as velas nos seus logares, e os
outros dois vão acordar bruscamente D. João VI que está dormindo
na popa, com a cabeça apoiada n'um travesseiro.
Como se vê, é a reprodueçâo da scena passada com Jesus Cbristo.
A nau symboliza o Estado, prestes a naufragar; a prudente inter-
venção de D. João VI evita o naufrágio.
Em uma comprida flammula, tem ainda mais a seguinte legenda:
tESUU IMITATI LETHIEERA TEMFESTATE PATRIÁM LIBERTABIUUS COORTA
MONO K. SEPT. 1820.
* Esta legenda é tirada do Evangelho de S. Maitcos, it, 35-39. O gravador
omíttiu moitas palavras, mas teve o cuidado de coUocai um traço dos pontoa
. cortados.
byGoot^lc
o AeCHEOLOGO PoaTDGUÊS
A medalha tem de diâmetro 0",1135* e de espessura CP,0055.
está muito bem conservada.
cepgão! Observando o bordo vê-se que é feita de duas
Será isso indicio seguro de que é uma reproducçSo pela
? NSo queremos indagar: não conhecemos senXo outro
> este, mas em muito mau estado de conservaçSo e nSo
i seja conheddo o original.
a medalha rara, inédita e até desconhecida, e uma me-
!ondi(deB e com o valor e interesse histórico que esta
-se religiosamente '.
Dezembro de 1904.
ÃBTHDB Lamas.
Ltl^dades momunentaes do Al^rarre
APPENDICE AO CAPITULO I
(ContlDiu>[Io. Vld. o Ârtli. Fort., a, tOO)
II, —Estampas doB cranltM
das Ântig. Mon. ão Algarve recebi da Direcç5o Geral da Ina-
exemplares litho^aphicoa das estampas doa vinte e dois crânios
ia de que Eetacio da Veiga falia acima, pag. 204. Aqui as pa-
iho reduzido, nas estampas juntas. A rednc$ão foi operada pho-
'eates vinte e dois cranioa, acrescentarei que, se^ndo informa^
r. Dr. Ferraz de Macedo, ellee vieram do Algarve em muito mau
eduzidos a fragmentos, que o mesmo senhor teve de soldar uns
reconstituir os crânios e oa poder medir e estereographar. Est&o
do Sr. Dr. Ferraz de Macedo, que porém me prometteu enviá-
!U Ethnologico. Effectivamente os cianioa faaem parte da collec-
a algarvia organizada por Estacio da Veiga, e é de toda a con-
:ifica que fiquem no Muaeu juntos com as outras partes d'ella. —
está reproduzida em tamanho natural.
o. — Tanto no anverso como no reverso da figura da medalha, á
aiio, eetá uma assignatora. Para evitar equivocoa, declaramos
' da pbotogravura, que ali a collocou impensadamente, e nÍo do
[ha, como poderia fiuppor-se.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
«IIíUC U.ilí/.,,-.
bvGooglc
UMA MEOILHA POBIUGUESl INEDIH '
Di„i„«b,GoOglc
U Aidieologo Po[lugue!— Vol I— 1905
Dl COlLECÇtó ORGINIZIOI POR JOS£ LllIlS
Di„i„«b,GoOglc
r*í'rV;;,
i^^V^ ' "■■'
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheoloqo Pobtdouês
Snnunario
Trftta-se dm eiistonua de uma ra;a humima, de origem nfio asiática, propria-
mente antochthone da Europa Occidental, simpleameste comprovada por tei-
toe claaBÍcoB. — Grupos em que se propõe dividida esta raça. — Largo terri-
tório qne ella foi occupando em varias regífies. — A questBo da Atlântida,
combatida e defendida. — PropSe-se qne a raça ibérica, tendo levado o aen
domínio ás diyersaa rejpSes do Mediterrâneo, fora combatida e destruída por
outra raça maia possante, e obrigada a refugiar-se com a sua lingua num
recanto dos Ffiineus. — Gombate-se vigorosamente esta infiiDdada asserção,
mostrando-se que o predomínio ibérico nouca se extiagaiu, e que a sua lingua
escrita e a sua civilização ultrapassaram os próprios primeiros tempos his-
tóricos atá época muito adeantada. — Fondaroentas com qne se propQe que
a chamada raça atlântica pudesse ter sido antochthone do solo ibérico. —
Provas geológicas, anthropologícas, arcbeologicas e epigraphicas que coa-
correm em reforço d'esta proposição. — Mostra-se que os hierogly phos estam-
pados em rochas e cavernas, tanto na Hispanha como em Portugal, sfio poste-
riores â instituição do systema graphico peninsalar. — Dá-ee noticia de oma
outra raça humana, do typo brachjcopbalo, ter invadido a Europa Occidea-
tal. — Repelle-se toda a ideia de invasão e mostra-se que este typo ethnico
deve ser ignalmente originário d'esta ultima parte do Occidente. — Basòes
e provas qae levam a este conceito. — Fundamentos que obrígama entender
que as raças brancas, mnito mais modernas na Aaia qne na Europa, devem
ter sido originariamente grupos destacados do berço eoropeu Occidental para
povoarem o trato que occupam an região asiática.
[Vê-se do aammario transcrito a cima que o cap. Ii da obra de Ea-
tacio não versa propriamente sobre arelieologia algarbiense, mas sobre
vários problemas de caracter tbeorico e subjectivo; por isso, como pon-
derei a cima, na Advertência preliminar, entendi ser desnecessário pu-
blicar n-0 Archeologo esse capitulo. — J. L. deV.].
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Ahcheologo Poetuguês
CAPITULO m
EspUca-se como se operou a transição dos tempos preliistoricos paia ob histo-
ricOB. — Indica-se por aproximaçio o termo da primeira idade do ferro na
península hispânica. — Refutam-se muitas doutrinas correntes e prevé-se qae
a eicola moderna, admiti iado-as e ainda Bustentando-as, será fatalmente re-
foimada, ou antes aabstitnida, não podendo lesistir-ihe a maioria dos seus
aphorÍBmo8. — Mostra-se que a scieneia da historia, neste meio século mais
próximo, será forçada a adoptar outras bases, outros moldes c outro systema
de inquirirão. — O divorcio entre a historia e a fabula será inevitável. — Di'
visões e designações geograpbicaa com que os escritores gregos e latinos
assinalaram este território, ^fi 3o conseguem porém esclarecer a verdadeira
origem das populações, porque tudo já escapava ao sen alcance.— O moderno
Algarve £ então dividido em dois promontórios, abrangendo cada um d'estea
nma região com varias populações, a que chamam Cjnetas, Cuneos, Lusi-
tanos, Celtas, etc.^SSo citadas algumas cidades de origem preromaua, cujos
nomes não silo gregos nem latinos, taes como Myrtilia, Esuri (V), Balsa, Os-
sonoba, Lacobríga. — Superabundam as lacunas respectivas ás designaçues
ethnicas e geographicas, como se vae ver no capitulo seguinte. — Uuico re-
curso para poderem ser sapprídas.
Incumbido do estudo das aotiguidadee de toda a região geogn-
phioa do território nacional, comprehendida entre a raia meridional
do Oceano e a linha serrana que de oeste para leste liga o Ãlgan'e
ao Alemtejo, entendi dever dividi-las em prehUUiricas e históricas.
jyeste modo elaborei duas -cartas arcbeologicas para com m^or, cla-
reza poder separá-las, e especialmente representar cada um d'e8ses
grupos ordenados em épocas distinctas.
A carta paleoethnologica, indicando as antiguidades prebistoricas
que descobri naquelle território, acompanba o primeiro volume d'e8ta
obra e rege todos os critérios archeologieos descritos até o fim do
quarto volume.
A carta archeologica que precede o primeiro capitulo d'e8te livro,
symboliza os critérios da transição dos tempos prebistorícos, e sen'e
para indicar as épocas e os géneros das antiguidades bistoricas, que
descobri em todo o Algarve e devo descrever até o fim d'esta obra,
com excepçSo dos monumentos posteriores á conquista portuguesa.
A transição dos tempos prebistorícos para os históricos nSo se
deve considerar isochrona e regular como os solsticios, ou como outros
pbenomenos periódicos, determinados pelas leis geraes da gravitação
universal; foi, pelo contrario, geralmente eíFectuada nas diversas re-
giSes do globo em vários tempos, e, relativamente a algnmas naçSes,
byGOí>^^IC
o Abcheoloqo Foktoguês
com a differença de muitos seculoa, do mesmo modo que succeâeu
cora as idades que a precederam.
A transição oa passagem de uns para outros tempos nSo se operou
tão rapidamente como pretendem os theorístas de umas nàgraçUes,
não demonstradas, que só transitaram pelos dominios da sua exaltada
fantasia. O exemplo d'esta asserção fomecem-no as invasSes dos tem-
pos históricos, as quaes, ainda mesmo implantando logo no paJs con-
quistado os seus característicos usuaes, nunca puderam, todavia, re-
pentinamente destruir os da individualidade da nação subjugada.
A transição da umas para outras idades, de uns para outros tem-
pos, efifectuou-ee sempre mui lentamente, até ficarem definitivamente
estabelecidos sobre os característicos de uma época os que passaram
a predominar e a constituir a feiçSo da que lhe succedeu.
Nos próprios paises que mais correctamente manifestam a seríe
das épocas que nelles ficaram assinaladas por característicos especiaes
das civilizações que se foram ordinalmente succedendo, não ha, ou
pelo meuoB não se pôde achar, um documento que determine o fim de
nma época ou idade, e o começo da que se lhe seguiu.
É o caso que se dá com referencia á zona do Algarve, onde mui
nitidamente ae observa a passagem lenta de umas para outras idades,
figurando sempre na mais moderna a maioria dos característicos da
anterior, e nunca a substituição radical e completa, como devera suc-
ceder, se uma invasão estrangeira, ali chegada, tivesse achado de-
serto o território, ou conseguisse e:sterminar os seus habitantes; e, por
isso, a differença dos característicos que determinaram as épocas só
é licito attribuir-se, não ás migrações estrangeiras, que não deixaram
vestígios reconhecíveis, mas apenas á natural evolução da continui-
dade do progresso indígena.
Com referencia á Peninsnla Hispânica termino eu a primeira idade
do ferro naquella phase que precede as guerras púnicas, porque em-
bora um ou outro texto clássico possa attingí-la, nada nos ensina do
que é essencial ao encadeamento dos factos que constituíram a feição
sociológica das populaçSes então existentes; pois somente as estaçSes
arclieologicBs, ainda intactas e bem caracterizadas, podem permittir
om mais ou menos aproximado julgamento do intuito moral, das cren-
ças, das concepções ideaes, das aptidões praticas e de alguns usos
e costumes d'es8es indígenas, que mms cuidaram em honrar as relí-
quias dos mortos, do que em perpetuar a memoria dos vivos.
Quasi toda a doutrina que constitue a escola moderna será fatal-
mente reformada, ou antes substituída, e poucos dos seus aphoi
byGoí>^^lc
o ÃBCHEOLOGO FOBTOaOÊS
século mais prozimo, fíc&rSo de pé. Far& a sciencia da
erá outras bases, outros modelos e outro systema; outras
iclosSes referentes a cada assunto; os textos otassícos e as
outrora passarSo a observar-se por prismas de m»s aper-
or: o divorcio entre a luBtoría e a fabula é iaeTÍtavel.
assim o determina. Houve, com effeito, a partir de uma
dSo ultrapassa a primeira idade do ferro, alguns povos,
succede actualmente em todo o mundo, que puderam dis-
adeantar-se mais do que outros; o que deve ter sido de-
)or diversas causas, que hoje nSo é possivel averiguar,
seja verosímil entender-se que uma das mais poderosas
nuo emprego do ferro nas construcçÕes e nos instrumentos
idades, hoje arrasadas, floresceram nesses tempos na Ásia;
1 devera tê-las tido a Kuropa, sendo habitada por gente
aças superiores, como o estão indicando vastas necropoles,
riamente devem ter pertencido a grandes centros de popu-
s d'esses centros povoados teve também a Hispanha desde
de da pedra até á idade do bronze, como o testificam as
ultimamente effectuadas pelos Srs. Siret entre Carthagena
> não faltam no território português largos vestigios de arra-
is de habitação, mas que'nunea ninguém explorou até esta
d'isto, sabido é que as invasões históricas foram succcssi-
nsformando as terras conquistadas á feição dos seus usos
quando nito preferiam destrui-las com o incêndio ou o arra-
passo que os terramotos, as inundaçSes e outros diversos
jraes, a agricultura, os trabalhos públicos, grandemente
I para a completa ruina de numerosos recintos de habita-
e datas poderiam remontar as origens das cidades que os
25 achariam na peninsicla hispânica, cidades cujos nomes
05 deturpados principiam a resurgir do esquecimento desde
a romana apontou a este rumo a sua desenfreada rapina?
igem mais antiga as da Ásia? Quem o affirmar, precisa
ite demonstrA-to.
tores da antiguidade hellenica e latjna, tendo tSo copiosa-
lo do Oriente, pouco todavia quiseram occupar-se da En-
s destacadamente, ou a largos espaços, nos deixam de
guando lobrigar, por entre os frouxos lampejos de uma luz
Qortecida, uns taes ou quaes restos de umas antigas civi-
Dpeias, já então apenas vagamente indicadas pelas tradi-
ontar das guerras púnicas, mas principalmente do primeiro
byGoí>^^lc
o AkCHBOLOQO FOBTnGUÉB 11
século em deaute, que começam a qaerer delimitar as cÍrcunscríQ5es
topograpliicaB de uumerosos povos, que dístíngaem sob diversas desí-
gnaQSes ethuicas. Com taes desigoaçSea coasegnem porém na graude
maioria dos casos, nZo esclarecer as verdadeiras origens das popula-
ções, porqae tudo isso já escapava ao alcance dos seus recursos, mas
apenas fundar um labynntho de tal arte inextricável, que nelle sempre
se acharam enredados os mais atilados entendimentos. Estrabão e Plí-
nio sio, por assim dizer, os compiladores de tudo qnaoto até es seos
dias se havia escrito e corria por tradiçSo, e ao mesmo tempo os propa-
gadores mais conspícuos da vasta sciencia que tínham adquirido. Am-
bos se occnparam de moitas particularidades respectivas á península
hispânica, onde Plinio durante quatro annos exerceu am logar de auto-
ridade superior {procurator Caesarig) desde o anuo 69 até o 73, em que
regressou a Roma. Pomponio Mela, emfim, que tinha nascido na Be-
tica, passa por ter sido o m^s exacto geographo com respeito ás cousas
da sua pátria, e comtudo muito deixa a desejar.
£u tenho á vista as obras d'eBtes autores, mas nenhuma d'ellas,
nem o seu conjunto, me pennitte poder esboçar om quadro geral das
populações luso-hispanicas, das suas cidades, dos seus usos e costumee,
das suas crenças, do seu estado politico e administrativo, das suas al-
lianças, do grau da sua cultura, ou finalmente da feição geral da sua
civilização.
Nota-se mesmo a certos respeitos uma singular discordância entre
estes mui conceituados escritores, tendo ellee vivido no mesmo aeculo
e devendo melhor do que outros ter mais perfeito conhecimento da
Hispânia.
Cabe porém a EetrabSo o particular mérito de haver sido um tanto
mus noticioso, principalmente com referencia á Bética, embora pareça
nfto ter visto .o que descreve sob o testemunho de Artemidoro, Possi-
donio e Polybio, '
Estrabáo confunde porém o promontório Cunev» com o Sacnan,
dizendo que com o nome de Cuneus era designada a região meridional
entre Sacrum e o rio Àuas. Fazendo ponto de partida do Sacrtan pela
costa Occidental até o Tejo e pela costa do sul até a foz do Guadiana,
entre estas linhas designa uma população de Cdtici, pela maior parte,
com algumas írí6«« luníanicas, que pouco anieí o» Romanos para ali
tinham transportado das margens do T^o; mas Pomponio Mela, na-
tural da Bética, descreve de um modo mais nítido a região meridional.
■A Lusitânia, diz Mela (Líb. III, l), começa alem do rio Anãs,
forma primeiro uma grande saliência no Mar Atlântico, que depois se
retrae e corre no rumo oriental, ultrapassando a Bética. Nesta sa-
byGOí>^^IC
12 O ASCHEOLOOO POKTUGUÊS
tiencia aebam-se três promontórios e dois golfos. O promontório vi-
zinho do rio Anaa chama-se Cuneug Ãger, porque, avançando da terra
com larga base, alonga-ac e vae eelreitando em fónna de cunha; o se-
gundo cbama-se Promontorw Sagrado, e o terceiro Grande Promon-
tório. No primeiro estSo Myrtili, Balsa, Ossonoba; no segundo Laco-
*— '"" e o Porto de Annibal; no terceiro Eborai*.
línio confirma a existência dos Lusitanos na região comprebendida
o promontório Sacro e o Rio Ana, assim como indica ali três
idades designadas por Mela, dizendo: lAb Ana ad Sacrum Ln-
. . oppida: Ossonoba, Balsa, Myrtilis»*. Nessa regiSo designa os
iromontorios: tpronwntorium Sacrum et alterum Cuneus», e neste
! as cidades acima referidas; nada nos diz porém de Lacobriga
tus Hannibalis, de que falia Pomponio Mela, talvez por não exís-
já na data em que compôs a sua Naturalig Hiatoi-ia.
ste insigne naturalista, historiador e geographo, parece nXo ter
?gado o termo Cdtici como designativo etbnico de uma determi-
raça, mas antes como prenome genérico, qne precedia e acompa-
t a denominação de cada povo ou cidade; pois aponta com o nome
Iticat algumas populações de nomes diversos, como por exemplo:
icí cognomine Nertae, e Cdtici cognomine Presamarcit^. E por-
ra nesta aeeepção que o sábio indagador refere no livro terceiro
10), <qne os Célticos vindos da Lusitânia sSo um ramo dos Cel-
is; o que se manifesta por seus ritos religiosos, pela língua, pelos
i das cidades, que sSo os mesmos na Bética, excepto nos sobre-
í: Celticiie a Celtiberis ex Lusitânia advenisse manlfetUim est; sa~
ingua, oppidonim vocahuli», quae cognominibus in Baetíca distín-
• este é o sentido que Plinio ligou ao termo Celtici, oulro n3o
;alvez o que EstrabSo quis significar, dando o mesmo nome aos
existentes entre as linhas que do cabo de S. Vicente seguiam
■a, do sul até a foz do Guadiana, e pela cosfa de oeste até o Tejo.
At Luait&nia traos Anain, qua mAre Atlanticum spectat, prtmQtu ingenti
I in altum abit: demde rceistet, ac Be magis etiam quam BoetícH abducit.
rominet, bis in semet recepta mari, in tritt promonturia dispergttur. Anae
.nm, quia lata sede procurrens, paulatim se ac bua latera fastigat, Cnoeus
jicitur: scquens Sacrum vocant; Magnum, quod ulterius est. In Cuneo
[yrtili, Balsa, Ossonoba; iu Sacro Lacobriga, et Portus Hannibalis; in
Eborai. — Pomp. Mela, De »itu orbtê, Lib. Ill, i).
'lin-, Nat. HM., Lib. IV, ixiv, 4.
dem. Nat. HͻL, Lib. IV, xziiv, 3.
byCoOglc
o Archeoloqo P0RTUGUÉ8 13
É evidente que naqaella extremidade sul-occidental da península
houve populações na ultima idade da pedra, na idade do cobre, na do
bronze e na primeira do ferro, porque tudo isto já iieou demonstrado
1103 primeiros quatro livros d'esta obra; mas como se appellidavam
essas poputaçdes em cada uma das ditas idades? £u nSo o sei dizer.
Os que sabem tudo, que o digam. Depois, muito depois d'isto, quando
já começavam a raiar neste borizonte os pnmeiros crepúsculos da his-
toria, mas principalmente quando Phenicios, Gregos e Romanos se suc-
cedem disputando uns aos outros, e todos aos indígenas, a posse da
terra peninsular, é por assim dizer quando o Algarve é nomeado por
varias designações. É então que oa Gregos e os Latinos tomam a seu
cargo expandir o que foram apurando acerca d'esta parte da península,
comprehendida entre o rio Guadiana e o cabo de S.Vicente; mas com
tal discordância e obscuridade, que, quanto a mim, confesso nSo poder
tirar a limpo um conceito dígno de confiança. Vários escritores modernos
tentaram designar os mais antigos povos que occuparam a regiSo do
Algarve ; e foi Fr, Vicente Salgado talvez o mais escrupuloso de todos
os indagadores.
O P." Salgado, recorrendo aos escritores gregos, latinos e hespa-
nhoes, desenvolve sobre este assunto larga enidição, e comtudo mnl
pouco se colhe do que consegui eu colligir, porque esses autores nBio
podiam dizer-lhe o que ignoravam. Salgado, no cap. v das Mem. Ecdes.,
pag. 59 e seguintes, fatla-nos dos antigos povos Ginetas e Cúneos. Eis
aqui o que refere: «Antes de mostrar o sitio da Cidade de Ossonoba,
que foi estipendiaria no tempo dos Romanos, e deo título á antiga Ca-
thedral da nossa Luzitania, é indispensável fallar dos Povos Cinétas
e Cúneos, habitadores das suas ribeiras, e margens lithoraes. SSo sa-
bidas as prolixas viagens dos Gregos ás Hespanhas. Muitos Capitães
insignes, acompanhados de diversas gentes, emprendião estas longas
fadigas navaes, attrahidos da fama do commercio das nossas terras.
Alguns homens dos que compunhão a tripulação dos navios, ou galeras,
c que erito naturaes da Arábia, ãcarão povoando as costas marítimas
do Algarve, já com permissão dos seus mandantes, e já refugiados
entre os mesmos habitantes, aos quaes chamavSo Cinétas, e derao nome
ás margens lithoraes desde o Bétis, ou Guadalquivir até ao Sacro Pro-
montório, que também foi chamado naqueUes dias Cabo dos Cynétag*.
Acrescenta que Polybio falia muitas vezes de imia cidade com o nome
de Cyaètas, situada na Ibéria, cujos povos se chamaram Cynéthenses,
mas que Heródoto faz dístiucção entre Cynétas e Cynésios; e que o rio
Ana passava por meio d'esta região dos Cynétas, cujos povos foram
depois numerados entre os Turditanos. Note-se porém que Salgado diz
byGoí>^^lc
14 O Abcheolooo Pobtuqués
qoe Títa Lívio, seguindo a Poljbio, j& H como destruída a região dos
Cynétas. Explica porém do modo seguinte essa deatruiçSo: fÃcabada
a guerra Púnica, e lançados fórs oe Karthaginezes por P. Cometio
ScipiSo, M. Porcio CatSo, sahindo da Heapanha cíteríor desceo á Luzi-
tania na ulterior (como se lê em Polybio, citado por Plutarco), devas-
tando os logares lithoraes, onde moravSo os antigos Cynétas, em cujos
limites descreve Pomponio Mela o Promontório, ou Cabo Ciíneo, que
tunbem deo nome aos Povos seus habitadores*.
Do que diz Salgado, fundado nos textos dos autores que cita, in-
ue gente marítima da Arábia, acompanhando as expediçBes
iosta merídionat da península luao-hispana, povoou a raia ms-
Algarve, deu aos n&turaes o nome de Cynétas, nome com
)m designou aquella regiSo até o Cabo de S.Vicente, ao qual
?sbo dos Cjnétas; que anteriormente ao tempo de Polybio
iido devastada a regiSo dos Cynétas por M. Porcio Catão,
indo da Hespanhs Citerior, logo que ScipiSo expulsou os Car-
), desceu á Lusitânia, na Ulterior, devastando oa logares li-
de moravam os antigos Cynétas; que nos limites dos Cynétas
Pomponio Alela o Promontório, ou Cabo Cúneo, que também
aos seus habitadores.
'omponio Mela, fallando do território do actual Algarve, apre-
ividido em Promontório Ciineo e Promontório Sacro e desi-
lades ou populações que ainda existiam naquella regiSo; mas
ínativos primitivos d'essas cidades ou populaçSes é que elle
t, apesar de que entre ellcs alguns ba que não parecem alati-
its oriundos de uma linguagem local.
eipressa-se nestes termos (De sttu orbis, \. IIi, c. l): tAnae
I, quia lata sede procuirens, paulatim se ac sua latera fastigat,
çer dicitur: aequens, Sacrum vocant:. . In Cuneo sunt, Mjr-
1, Ossonoba: in Sacro Lacobriga, et Portus Hannibalisv.
s portanto passar a uma época propriamente histórica, dei-
historia das velhas popuIaçESes dVste território uma infinidade
s, qne só as sciencias arcbeologicas, nos seus futuros descn-
os, poderão ir preenchendo.
. precisaremos ter sempre á vista as duas cartas arcbeologicas
je, a dos tempos paleoethnologicos e a dos tempos históricos,
se poder perceber quaes foram os logares de habitação pre-
que continuaram a ser occupados até os diversos domínios
que precedem a instituição politica da nação portuguesa. Será
iunto do seguinte capitulo.
EsTACio DA Veiga.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo Pobtugdês
Museu de Braga
(Projecto)
£ com toda a-B&tÍB&çaâ que ío reproduz o Begrúnte artigo, devido & puma
do devotado arclieologv, e nosso prendo conaborador, o Sr. Albano Bellino,
qne atd advoga a funda^Ko de am mosea em Braga, ha mnito reclamado, pois
Doal pôde comprebender^ee que ama cidade que é capital do Hinlio, e qae dentro
de seoB mniM alberga tantos monumentos archeologioos, nSo poesna ainda om,
estabelecimento scientiitoo d'aqnella espécie. Cf. o qne sobre o aesonto jà se
escreveu a-0 Ãreh. Port., viii, 298.
J. L. DE V.
Sob a epigraphe «O abastecimento das aguas e a remoção da ca-
deia dVsta cidade», pnblica eete jornal, rfo seu numero de 17 do cor-
rente, mn curioso artigo da lavra do conhecido antiquário bracarense
o Sr. Jo2o Ferreira Torres, no qual mais uma vez se faz ver á illustre
vereaçSo a conveniência de ser aproveitado o castello da cidade para
netie se iastallar o mnsen archeologíco ha tanto reclamado.
Óptima lembrança que nSo deve ser descurada por mais tempo,
pois desde 1902, em que a Catoara da presidência do Sr. Dr. Júlio
Sequeira a apresentou numa das suas sessSes e este jornal defendeu
nnm bem elaborado artigo, nunca mais se voltou a falar em semelhante
melhoramento que tanta honra e proveito daria a Braga!
O castello da cidade, como monumento de arte militar antiga, per-
tence á terceira classe dos monumentos nacíonaes, não podendo por-
tanto a vereaçSo dispor d'elle quando procure, como geralmente se
deseja, remover o ediScio da cadeia e alienar o respectivo terreno.
K forçoso conservar ali aquella reliquia da historia de Braga; e a
applicação relembrada pelo Sr. Ferreira Torres é duplamente vanta-
josa: concorre para a sua restauração e para o aproveitamento de
tantas outras preciosidades d'este importante Convento Juridico da
província Tarraconense romana.
A torre de menagem deve ficar isolada doa prédios a construir no
terreno que actualmente ocoupa o edificio da cadeia, e a parte onde se
estabeleceu a guarda será destinada, depois dos convenientes reparos,
á communicaçXo com o recinto vedado.
Honra a edilidade de Braga o Sr. Vasco Jacome de Sousa Pereira
de Vasconcellos, caracter nobilíssimo, que, a exemplo dos seus ante-
passados, maxime André Jacome de Sonsa, citado pelo Contador de
Argote no primeiro quartel do sec. sviu, tem dado sobejas provas de
amor aos monumentos antigos, pondo a bom resguardo, junto da sua
casa, preciosas inscripçSes lapidares descobertas em terreno seu.
byCoO^^lc
o ÂnCHEOLOOO PORTOOUÉS
Lsta para qne tenhamos confiança no enthasiasmo com que
Lvogará a causa da fundação de um museu, quando os seus
isso se disponham, votando um subsidio pecuniário para as
la installaçâo.
latamente desnecessário encarecer as vantagens doa museus
!, verdadeiras escolas praticas onde se aprende a amar o
onde se estuda arte antiga nos vestígios que nos ficaram do
de outros que aqui lhe succederam. Alem d'is80 o nosso
exame directo doa objectos expostos, adquire conhecimeotos
m acerca do valor de muitos d'elles que vXo desapparecendo.
■tem emquanto é tempo e convençam-se de que já hoje nSo
Albano Beluno.
rcio do Minho, 34 de Fevereiro da 1005).
Antiguidades de Vianna do Alemtejo
{ConHaaa^Hn.yiii. o ÁTCh, Fort., IX, ail]
4. Antiguidade do cemitério
^mos por fim a questão da antiguidade d'estG cemitério.
ipojos inventariados são pobres e escassos. Nenhum metal
lenhuma obra de arte, quer de bronze, quer de cerâmica,
ilro; nenhum vestigio nem indicio de abastança. Rudes indi-
iriam ser os inhumados, Íncolas que comvizinhavam a Ebora,
m LíberalitoB JuUa (Hubncr, Corp. Insc. Lat., II, 1 14) a cuja
se tinham decerto abandonado havia séculos,
e o que acabo de descrever, vejamos quacs os elementos so-
)sso basear algumas consideraçSes de alcance chronologico.
» de um factor de clara significação, toda a duvida versa
rtensão do periodo de tempo subsequente á época marcada
a da sepultura n." 1 (Arck. Port., ix, 284). Esse pequeno
de Constâncio II (sec. iv, 323 a 361). E coUocados neste
turalmente o que nos importa saber é se as sepulturas são
cbristSs *. E ciara a relação que esta qualidade tem com a
:C. III j& Imvia igrejas cliristís na Lnsitauia. No eec. iv ce)ebrou-sc
le Tlliberrls, onda eativeram bispos de Eoierita, Ossoiioba, Ebora.
o e no T, j& floreBcium á eombra do cbristianismo iiomena como S. Da-
o, Orosio (Sur les fíeltgiom, par J. Leiíc de VaBCODcellos, psg. 8,
^eal Aecvlemia de la HUloria, 1903, pag. 132). D'este eeculo nos res-
ihes cbrÍBtSa em Mcrtoia.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AUCHEOLOQO POHTDQDÊS 17
chroQologia das sepulturas. NSo podem estas ser muito mtús modernas
que o sec. iv< se sSo pagSs; pelo contrario, podemos distanciá-las
d'aqueUa era, se deverem ser consideradas chrtstZs.
A presença de moedas tinha para Estacio da Veiga significaçSo
restrictiva; nas sepulturas uSo se collooaria senão o numísma de um
imperador reinante (Antíguidadet de Mafra, pag. 33). Parece-me exa-
gerada esta opinião e difiicil de fundamentar. Em sepulturas barbaras
do sec. V e posteriores é, sem duvida, errónea'. Logo veremos que
esta crença deu logar em Estacio da Veiga a uma inexacta attribuiçSo.
Mas, no caso de que trato, tem somenos importância ser ou nSo ser
anterior a 361 da era de C. a sepultura em que o pequeno bronze
d'este imperador appareceu.
O que nâo pode deixar de se acceitar é que o pequeno bronze do
sec. IV indica nm limite primário á antiguidade da sepultura e uma
época genérica ao cemitério. A balisa opposta vae procurar-se em outra
ordem de oonsíderaçSes.
Uegistada esta elementar conclusSo, vejamos, quanto aos tempos
posteriores ao sec. iv, se é possivel delimitar o periodo a que per-
tencem as sepulturas exploradas.
A primeira caracteristica que as sepulturas apresentam, é terem
planta rectangular, on em fórma de parallelogrammo, isto é, os quatro
lados parallelos entre si.
Esta circunstancia é importante. A forma trapezoidal é apresen-
tada pelos investigadores como de uso mais recente que a rectangular.
Em Portugal nSo ha ainda estudos publicados, em que se tenha dado
couta acertada da época em que a sepultura trapezoidal começou a ser
empregada*.
' Evidentemente o cemitério procede ainda de épocas mais antigas: inas
aqui tratn-se tipenaa da parte qne (òí explorada. Seria insensato pretender de-
monstrar qoe neuhnma inhumaçito podia ali ser anterior a Coastancio II.
* Bastaria para o provar o eapolio do tumulo de Childcrico (Vid. Le toitAtau
■de Childéric, peto P." Cochet, pag. 417 a 429, e Le-Blaot, Irucriplicm* chrélicnna
de ta Gaule, a." 339). Este antor diz claramente que, tendo as moedas romanas
corrido damnte longo tempo, dSo se podem considerar como meio de datar aa
sepulturas.
' Isto é devido a iosnfficiencia de observaçSes minuciosas, e i falta de vnl*
gariíaçSo de alguns trabalhos que, especialmente em Franya, se tem publicado
acerca de sepulturas medievaes, o por isso creio qne n3o poucas attribniçSei
de época Tooiaaa a sepulturas e a cemitérios bárbaros se tem feito entre nós.
A errada identificação da telha de rebordo em especial tem causado, a men
ver, algumas erradas clasúficaçOes. Em Portugal, a attribniçSo clássica das se-
byGOí>^^IC
18 O AkCHEOLOGO POKTUGlIÉa
Kão obstante de uma maneira genérica e guiando-nos pela evolução
que na Gallta acompanhou este phenomeno, pôde dizer-se que a sepul-
tura trapezoidal não é pagã on da época romana, mas medieval, e que
« sepultura rectangular é premedieval e quasi sempre pagS *.
Em um cemitério mjrtilense caracterizado por epigraplies clirístS»;
do sec. V a vu, as sepulturas eram trapezoidaes {Memoria» ãat Atiti-
guidadea de Aíertola, por £stacio da Veiga, paga. 119 e 120). Temos
pois: idade media O cbristiauismo O sepulturas trapezoidaes.
pultarâB e raioas onde aflora a Ugvla, tem sido nina qnaai ídiosTiicraaia dos
nosBos exploradores! Toda a Itgida ha de ser como am rotulo iadiscutivel da
antigaidade romana... Em França é hoje possível, couBoaute a dispoeijão on
OB achados de um cemitério, saber se a povoa^çSo data do v, do vi, do th oq do
Tnisecnlo (Opnjr''^i'^'^AAjJ, de fVanM, 1887, pag. 144 sqq.). Paula e Oliveira (^nít{.
prihtsl. et ront. du eui^iront de Caseaft in Commun. á Com. dot trabalho» geolot/itOÉ,
II, pag. 85 aqq.) relata a eiploriíção de varias necropolee cumvizinhas de Caa-
caes, e claaaifica-aa da época romana do eec. ii a. C. Parecem-me bem poate-
riores, medievaea e christSa. Assim ; as de Manique de Baixo, que b3o orientadas
e trapezoides ; as de Aleoulão, idênticas em fónua e orientação, onde, para maia,
ama lapide romana foi utilizada na cabeceira, nesta um dos aneia de bronze
tem DO sinete ama serie de SSSSS, a qual deve ser considerada como prova de
iadustrianSo romana; ( Barrière- Flavy, £tiw!e lur íe« lipuUaret borbarcj, pag.57);
as da Aingarda, com a mesma iiirma, e que deram, alem de outro espolio, um
anel com twatUka, sinal, nestas sepultaras, da época visigótica (B.-Flavj, Étude
sur lei tépvUurea barbareê, pag. 78 e 108; Le BUnt, pi. 10; Sev. archeol., lu,
pag. 86) ; nada d'isto é romano, mas posterior. Estacio da Veiga considera rO'
manas ornas sepulturas trapaoidat* de Mafra, e ama do sec. i ; o que julgo ine-
xacto. Fiel á sua convicção, baaeon-se em que uma das moedas era de Tibério,
outra de Theodosio. O espolio tanto permitte que se considerem romanas, como
medievacs ; não assim a lorma da cavidade. 8Ío da época barbara ou germânica.
Em todo o caso aia deram nenhum symbolo chriatSo (Antiguidade» de Mafra,
pag. 84). No Museu de QnimarSea ha uma pia de pedra, mnmifòrme, que tem no
topo gravada a swaatika; é de Urgeiea e consequentemente christã e de tempoa
tardos da meia-idade.
' Na maior parte de descrípçSes de sepulturas e eeroiterioa, os nossos acha-
dores esqnecem-se de nos dizer se a Kima encontrada é trapezoidal ou rectan-
gular. É uma <a. Outras vezes s deficiência de achados ou a ambiguidade
d'eBtea obstam a uma aprecíaç&o. Digo que a sepultura rectangular é quaai
sempre pagS, parque as sepulturas chríst&s da península, anteriores ao sec. v.
íito £, aos bárbaros, deviam reproduzir o typo romano qne era o rectangular
Em Boshí {hueript. eÁrUt. w. Romat) nfio encontrei nenhuma mençSo de septil-
tnra trapezoidal. Também das palaTras de Hor. Marncehi sSo me parece dedn-
sir-se senSo que eram rectangulues, como u dos romanos (EUmext* d'anAét>L
tkrit., pag. 325 e 336). Mas onde foram j& identificadas sepultaras d'esta epoe»
em Portugal?
byCoOglc
o ÃBCHBOLOOO FosTCGnâs 19
Em Peua&el ha umas sepulturas rupestres ' em forma de mumia,
isto é, cum um nicho ou abside para a cabeça do inhumado, as quaea
são trapezoidaes. Ninguém dirá que são obra romana; silo posteriores
e não pouco. Como estas ha muitas {Arck. Port., i, 15) em.Fortugal.
Em Alviúazere temos também sepulturas em forma de trapézio,
medievaes é christãs {Arck. PoH., iv, 81)',
Em Valdevez havia uma inteira necropole medieval, bem identifi-
cada, com sepulturas trapezoidaes {Areh. Port., vu, 92).
Em Hesp&nha temos, do sec. v a vii, sepulturas trapezoidaes {Bo-
letin da Beca Academia àe la Historia, 1902, pag. 514), e da época
romana, rectangulares [Ibid., 1807, pag. 470).
Podendo legitimamente servír-me dos estudos feitos em território
da G-allia antiga, onde a attençâo dos investigadores tem sido sohci-
tada neste sentido pelos achados feitos ou estudados desde o segundo
quartel do sec. XIX em sepulturas da época franca e visigótica, re-
ferir-me-hei in primia ao que diz Caumont. Segundo este pattiaroba
da archeologia &ancesa, os sarcophagús rectangulares são mais anti-
gas que OB trapezoídes; estes appareceram no sec. v (Caumont, VI,
pag. 232) e as sepulturas não apparentes seguiram a mesma evoluQão
(Ibid., pag. 258), mas sem desapparecerem as rectangulares {Ihid.,
* Chamo sepoltunu rapeatres ia qne b&o abertas em rocha dura (granito
ou ontriis) e em logar appareote. Dkem alguua pesquisadores qne determiaadaj
sepulturas b3o abertas na rocha, BÍmplesmeiíte porqae as fossas foram escavadas
no saibro ou na manie; mas estas não s3o apparentes, e por isso nSo aSo arcbeo-
logieamente sepultaras em rocha, embora mineTalogicameiíte aqnillo também s^a
ama rocha.
1 Na necropole explorada pelo Sr. Dr. Santos Rocha em Marateca havia fos-
sas trapezoídes no fundo, rectangulares sapcriormente. O único espolio capaz de
aprecisçilo é um vaso, e, salvo melhor jnizo, algumas das formas romanas deviam
conservar-se na idade media, ou por outra, não me parece fnndamento segoio
insnladamente a fdrma doa vasos, pois que as modificações qne soffirem são lentas
e gradnaeB, e ha períodos mixtos. (Areh. Fort., ii, 70, e Meta. da ant., pag. 218).
A sepultura trapeioidal de Athe^, classificada romana, é para mim duvidosa
{Areh. Port., iii, Tl) . As sepulturas deacriptas nas Antiguidades de Mafra, pag. 83,
sSo medievaes. Uma das sepultaras de Marateca é um duplo trapézio como em
Alvaiasere. As duas sepulturas (rapezoides da Graqja do Olmeiro estavam vio-
ladas. A sepultura de Montemór-o-Tetho era apenas ligeiramente trapezoidal;
bSd parece f6rma inteneional {Porhiifalia, m, pag. 597, e Mem. da ant., pag. 22S).
A necropole da Fonte-Yelha (Bemn&im) tinha recintos trapezoidaes, mas coi-
tos, porque os cadáveres eram inhumados de cócoras {Mem. da ant., pag. 148).
NSo aio certamente as sepultaras d*esta espécie qne eu aqui enamero. Aa a^
pultnras da Fonte>Telha ser&o propriamente wtoã.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÂRCHEOLOQO POBTOODÊS
pag. 285); eí> no sec. x é que foram invaiiavelmente trapezoides {Ihid.,
pag. 312 e 204, etc.).
No bò.° Congresso Archeologico de França, reidizado em 1888 em
Daxe Búona, a pag. 194 do Relatório, vem um Étude eur le» tarco-
phage» gallo-romains Je l'Aire-8ur-l'Aãour, por F. Lafond, onde pe
apresenta mais vagamente a mesma oonclusSo: que nestes tempos tran-
sitorios da arte antjga do lll ao V século, os sepulcros começam tam-
bém a transformar-se de paralleJogrammos em trapezoidaes.
Barrière-Flavy, na sn» esplendida obra Étude iur les séptdturés bar-
bares, diz a pag. 41: tLes oécropoles du Midi sont ordínairement com-
posées de fosses creusées dans le sol, à des profondeurs varíables et
dans lesquelles le défunt était déposé purement et simplemeot. Farfois,
une ciusse en bois renfermait les restes des gaeníers. Les cercueils
ainsi faits (sarcophages en pierre) et remontant aux ciuquième. sixiènie
et septième slècles, se reconnaiseent ftisément k Ia largueur des denx
extrémités de la bière, sensiblement pluB étroite aux pieds qn'à la tête.
II 3'e8t rencontré dans rOuest, peu dans le Midi, des fosses constmites
avec des pierres plates posées de champ; quelques cimitières ont donné
des tombes faites de tuiles h rebordsi. (Pag. 41 e 42)*.
Isto, que é uma synthesc, dispensa-me de transcrever as referencias
locaes que se encontram no desenvolvimento d'este importante estudo;
sempre sepulturas trapezoidaes onde houve inhumaçíles de germanos;
assim, pag. l.-)4, 184, 185, 186, 109.
Os sarcophagos do iv secido são ainda rectangulares e Cocliet, es-
critor clássico de sepulcrologia cm França, chama-lhes do transição
(Cottgrès arckêologíque de France, 1889, LVi, pag. 24õ).
No congresso de 1892 descreve-se um cemitério da época de tran-
sição em que as sepulturas eram parallelogrammos, e as moedas do
sec. II a IV, presumindo Léon Dumuijs que ao lado de pagSos possa
haver cbrístãos inhumados {Le cimetière franc de Briarret-íur-Etsone,
Loirei)*.
Que foram os bárbaros que nos tempos históricos introduziram nos
países latinos a sepultura em forma de trapézio como systema geral,
> NSo vem multo ao caso o ícato das generalidades acSrca das sepulturas
barbaras ; mae aempre direi que ncUaa se encontrain esqnetetos com braços esten-
didos, em geral, mas também dobrados, de costas, de bruços e até de cócoras.
* Podem Ter-se ainda as Mémoirt» de la Soàité d'hubnre, d'archiolúffic et de
iiltéralure, 1899, pag. 230, e Annalet de la SodéU ÂnAéologiqfte de Aontir, vi,
pag. 846.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Akcheolooo Pobtuquês 21
parece-me não haver duvida '.Temos mais sepulturas d'esta fórmano
departamento do Tam e da época a que alguns archeologos Iranceses
chamam meroviogíca, isto é, do V ao vin século*. O P.' Cochet nas
suas Sépultui^ gauloiaeg, romainee, franque» et normandea refere se-
pulturas trapezoides sempre que se trata de bárbaros; vid. pag. 112,
133, 170 e 435 e a mesma observação nas inliumaç3es de La Nor-
mandie ttmterraine ; víd- pag. 42, 340 e 343. A pag. 29 d'esta obra
diz: iCcnx (asruophages) des ages suivanta (an siècle iv) au contraíre,
soitt tons plus retrécis auz pieds qu'à la tête>. H. Baudot na sua Mé-
moire sur les sêpuUufes dea barbaret, não encontrou de bárbaros senão
sepulturas trapezoidaes ; vid. pag. 109, 112, 123, 125, 127, 133 e es^
pecialmente 13^ onde refere sepulturas rectangulares e trapezoides,
pensando pois que o respectivo cemitério perdurou através da época
gallo-romana e germânica, sendo até algumas d'aqneUas successiva-
mente aproveitadas.
Kstes factos tanto de origem nacional como estrangeira, foram ad-
duzidos para demonstrar que, sendo rectangulares as sepulturas do
polyandrio viannense, eram anteriores ao sec. v, e portanto não eram
de germanos. Km virtude da moeda de Constâncio II deviam ser do
período de transição da época romana para a medieval.
Nesses tempos ji o christianismo lauçára raízes na Lusitânia, mas
nenhum sinal, nenhum indicio positivo encontrei de que fossem chris-
tãs^ aquellns sepulturas. Se algumas datarem rigorosamente do que
possa ser já idade media, pertenceram a pagãos, isto é, a antigos indi-
1 Nas Notine dtglí ttMvi di antiehità (1903, pag. 289) vem o relatório de es-
cavaçSeB ouin cemitcrio italiano (Carntupa) do sec. viii on vu a. C. com lepuli
turu de incineração e inbamafilo. É inter eseante «aber^ae qae estaa nltimaa
eram qaaai tod&s tmpezoidaes ; como appareceram vestígios de tumba ou caiíSo
de madeira, é licito preamnir que eaaa era também a fórma do ataúde. E natu-
ralmente o nosBO eepirito vae até aa margens do Nilo para estabelecer relaçAes
muito veroainteis entre os ataúdes das múmias egípcias e aa archaicas tum-
bas italianas de Caracupa. Como neatas, a cabeça do defunto occupava a parte
mais larga do cofre. Era a fórma qne contornara aa linhaa do cadáver, acon-
chegando melhor o &rdo precioso ao sícúmoro, como nos sarcophagos medievaea
a que de passo tenho feito referencia, era a fÓrma em que maior economia de
trabalho e qnebra de peão para o transporte ae podia obter, tanto nas sepulturas
apparentea, como naa subterrâneas.
* Vid. £e Tam et tu tomòeaua^ por A. Caraven-Cachin, pag. 125.
' Pôde razoavelmente admlttlr-ae que uma sepultura tSo especialÍEada como
a da criança, se fease dos primitivos chriat&OB, n3o tivesae a caracterizá-la al-
gum symbolo, 0 chrisma, por exemplo, de que tanto ae orgulhavam oa crentes
da nova confisaSo?
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ASCHEOLOGO PORTDQUÊS
^nas romanizados e aLada uSo conversos. Do espolio recolhido ne-
nhuma outra illação poeso com segurança tirar'. Nem em Portugal
se ainda explorou, sepultura chrístã da época romana com a forma rec-
tuigular.
A vasilha de uma das sepulturas violadas pelos trabalhadores tínha
nm monogramma, como vimos. É porventura razoável suppor-se que,
ao abrir<!m-se com eslilete esses caracteres, se nSo se referissem a uma
pagã, se deixasse de appõr-lhe um cbrtsma, emfim am symbolo dos tSo
mystieos que naquelle tempo se empregavam? >
O uso do monogramma era já romano, como vimos (Arch. Port.,
DC, 286), A circunstancia de ser monogramma e nSo nome denota,
no vaso, me parece, época baixa. (Vid. Corpus, n, pag. 612; Cag-
nat, Cotin d'épigraphie latine, pag. 27 e Revue archéologique, xxiv,
pag. 183).
D'estes cemitérios do iv e v século diz o P.* Cochet: tLa période
la plus obscure et la plus difficíle k definir dans les sépultures de nos
eòntrées, est celle du iv* e du v' siècle, que j'appelleríu de transítion,
0'est-à-dire, de passage entre les Eomaios et les Francs, entre 1'ume
et le cercueil, entre Tidée chrétienne et le système palen. Le passage
ne s'est fait ni subitement, ni complètement» . {La Normandíe souter-
raine, pag. 27)
Quanto a outras circunstancias, aliás annotadas cuidadosamente no
meu diário de apontamentos, nSo me parece que possam ter valor chco-
nologico. Refiro-me i orientação das sepulturas, i construcçHo das cai-
xas sepnlcraes, á posição dos braços dos esqueletos e até ú. forma dos
vasos encontrados'.
Os cemitérios visigodos localizara-se, regra geral, nas encostas vol-
tadas ao sol; é miillo raro encontrá-los em píaioos. Este deViannaestá
em terreno chão ( Barri ère-FIavy, op. laud., pag. 41). È preciso atten-
der a que todos os autores são accordes em reconhecer identidade de
usos e costumes na generalidade dos bárbaros. Visigodos, Francos, etc.
' Occorre-me aqui nm eicerpto de Barrière-FIavy (op. laud., pag, 66} : ^áuctin
tymbole ekritien n'apparait tur ees piieet, tm eaeket cerlain de paganimae g'y mani-
feãte toul au amtraire. £ o caso d'eeta8 sepulturas.
' A Taailba com o monogramma tem a. mesma forma qne a do Barranco dia
AieiU {Antiguidadea de Mertola, pag. 60, por Estacio da Veiga). Vid. também
Baudot, op. lavd., pi. iiv.
No cemitério de Viaima havia sepulturas de praocbas de mármore ^> la-
gee, apenas mais laxo; bavia-as de tegnlas e miitaa, de tgolos e de parede- Qnc
deducçSo se pôde tirar d'aqui, quanto a precedoncias chrODologicas?
byGOí>^^IC
o ÃKCHEOLOQO FORTUODÊS 2^
KSo me consta que em Portugal tenha havido verífícação especial na
rc^io em que os Suevos tiveram o seu império ou em que os Alanos
habitaram.
As duas espécies de açus que recolhi são claramente romanas^
como porém este cemitério de Víanna se pôde chamar de transição,
nâo era de admirar que ainda em sepulturas christãs se encontrassem
aquelles ohjectos de industria romana. A verdade, porém, é que nas
obras de aepolcrolog^a medieval, que tenho consultado, o que appa-
rece d'esta espécie é muito diverso.
Um elemento de estudo o observação, frequentemente mal apre-
ciado, é a tegida. Deve advertir-se que ha tegula na época romana,
tegula na época m^ tai*da, e tegula medieval. Aquella é plana e rec-
tangular, as outras dão-nos uma forma trapezoidal e muitas vezes
encurvada. O encaixe das tegulas far-se-ia diversamente numa época
ou noutra, por isso mesmo que a sua forma era diversa. Quando come-
çam a apparecer enti^e nós as tegiãae trape^oidcs? Desconheço obser-
vações neste sentido '. As tegulae da sepultura de Yianna que continha
a moeda do sec. iv, são planas mas já não são perfeitamente rectan-
galares. A qne se conserva inteira mede 0™,56X0°,41 o O" ,37.
Uma circunstancia revelaram duas sepulturas das que abri, e essa
considero-a de significação chronologica. Foi o emprego dos varões
oa barras de ferro a sustentarem a tampa das fossas sepulcraes. Em
O Arch. Port., vols. ii, pag. 54; lil, pag. 248 e vii, pag. 11, encon-
tra-se menção de idêntico uso. As sepulturas em que tal apparcceu,
eram evidentemente pagãs e da época romana e, o que é digno de
registar-se, é que doís d'aqnelles casos pertencem á região transtagana
(o oatro acaso o será, mas ignoro-o). O cemitério de Vianna, apesar
1 Estaa trea espécies de tegida parccem-me divisar-ae nos exemplares reco-
lhidos no Husea Ethuologlco. N2o consegui paréiD ainda o grau de certesa que
O bom critério hietorico reclRma. Seria preciao poder, em fitce de outros eleroen-
toa decisivoa por si, deduzir a época a que pertencem determinadas ie^uíae. Em
todo o eaao, esbocei trea phaaea na evolução da tegtda. A 1.*, a clássica, seria im-
portada; apresenta ladoe parallclos, e o eocaiie faz-se por meio de dois chanfros
na face inferior da telha. A 2.*, ainda anterior i, idade media, eería já trapcioídal,
mas com o mesmo sjstema de encaixe. Seria a 3.* propriamente medieval c talvez
já de fabrico local com fijrma de trapézio, maa nella o eucaiie far-se-ia por dois
entalhos ou dentes em toda a espessura da telha e nas extremidades do lado
menor do trapézio. Nos bordos também parece haver differençae. Os ooilectores
de antiguidadea deviam sempre arcfaívar eataa particularidades para a capitu-
lafSo chronologica de uma espécie de vestígios antigos, tSo commnm no noaao
pais, como é a tegula. Poderá ainda haver variedades regionaes.
byGoot^lc
24 O Abcdeologo PottTUOUÊa
da rápida exploração que realizei, forneceu duas sepulturas com barras
de ferro, embora talvez uma d'eUa3 com ulterior aproveitamento.
Ãs sepulturas descobertas occupavam um terreno immedia temente
contíguo ao actual adro da igreja de N.* Senhora de Aires e no mesmo
plano. For tempo da construcçSo d'e5te sanctuario, eaooutraram-se la-
pides sepulcraes romanas, como ficou referido. Esta antiguidade é ar-
gumento favorável i, minha identíficaçSo do cemitério, uSo alimento
decisivo, confesso, mas muito attendivel, sobretudo se se noter que
de lapide christS nem um só fragmento appareceu.
A sepultura da criança era ôca; este uso funerário nSo oaracterízs
por si sò uma crença. jÈ certo que tanto podia dar-se em sepulturas
pagãs, como barbaras ou chrístãs. As armas e utensílios não eram for-
necidos ao defunto senão porque a terra não envolvia o defunto, e os
guerreiros germânicos iam para a cova como para uma batalha.
Mesta mesma sepultura e noutras entravam alguns materíaes apro-*
veitados de anteriores construcç5es ; isto demonstra que sò podiam ser
de uma época de decadência e descalabro.
O plinto achava-se no mesmo terreno das sepulturas; já lhe assi-
nalei a antiguidade. É dos mesmos tempos a que pertencem as se-
pulturas do polyandrio: da decadência do império romano. A fórmula
BONO REI PVBLICAE NATO data o sec. iv. {ÂTch. Port., ix, 289
e 290). As ruínas em que se recolhe uma inscrípçSo d'esta natureza,
devem pertencer ao inicio do período malaventurado da longa deca-
dência dos Césares. Encontramo-nos sempre pois na mesma época de
transição.
Outro factor de apreciação que deve ser considerado, é que, nfto
já dentro, como acima disse, mas fora dos sepulcros, no terreno revol-
vido por mim ou pelos que me precederam, nenhum objecto, nenhum
symbolo que revelasse a presença do christianismo, ali surgiu.
Tempo é agora de condensar as illaçSes que resultajn da explo-
ração do cemitério viannense e do exame do seu espolio.
As sepulturas observadas devem pertencer a uma época muito
adeantada e decadente da civilização romana, próxima do seu occaso.
Os cadáveres inhumados pertenceram a asseclas do paganismo,
mixto certamente naquella época; nenhum indício revela que esses
esqueletos fossem de chrístãos, embora a esse tempo já lucilasse na
região transtagana a piedosa retí^So do chrisma. Não era pois de
bárbaros invasores o cemitério.
A sciencía anthropologica competiria rematar agora estas iUaçSes
e cotejar com as minhas as suas próprias.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AbCHEOLOGO POBTUOtÉB
Em resumo, os vestígios que constituíram o objecto d'este estado
devem pertencer ao sec. iv ou v.
Autes de terminar, devo prevenir o leítor de que os Índices de
antiguidade que encontrei neste cemitério e que tenho apreciado nas
minhas consideraç<!!es, sâo relativos ás formas de sepultura e aos oo-
tros vestígios registados, Nâo abrangem porém os despojos osteolo-
gicos da necropole, actualmente arrecadados no Museu, e dos quaes
sellecoionei quatro crânios de que represento, em pbotogravura, diffe-
rentes norma»^. A única aflirmação que posso fazer é que até ao ap-
parecímento da prova positiva em contrario, o cemitério de Vianna,
onde se fizeram inhuma^Ses durante um período talvez longo, era, no
estado em que o encontrei e na parte que explorei um cemitério pagão
da época romana.
Qual o motivo porém d'esta mínha prevençSo? O motivo procede
das reflexSes, a que me obrigou a sepultura n." 2.
A lampa d'esta sepultura, embora se encontrasse no seu logar pró-
prio, estava dividida transversabnenfe por uma linha media eni dois
pedaços principaes ou mais exactamente em dois grupos de fragmen-
tos. Conhecia-se, em virtude d'essa circunstancia, que tinha havido
um remezimento de duas metades da tampa, tendo sido estas inver-
tidas e repostas de forma a tocarcm-se, ao meio da sepultura, pelos
lados que tinham constituído as suas primitivas extremidades. Averi-
guava-se pois um remexímento, pelo menos limitado. Mas confesso que,
a principio e depois d'esta observação, algum embaraço me surgiu
quando, ao proceder-se ao esvasiamento do tumulo, se ia verificando
que a iohnmagão estava intacta. Pareceu-me pouco provável que uma
tentativa de violação, crime tSo frequente e tão execrado nas leis e
nos epitaphios christãos da idade media, se tivesse limitado ao mero
remexímento da tampa da sepultura, alterando apenas a disposição
dos seus fragmentos. Reflectindo porém no caso singular, affigurou-
se-me que a única hypothese acceitavel era a segointe: O primitivo
inhumado, o verdadeiro dono d'esta sepultura, teria sido perturbado
na sua ultima jazida com a exhumação dos seus restos. No mesmo
' Os numeradoB com 2 e 4 forun por mim exliuinados {Arch. Port, ^x, 2d4
e 295) ; os n." O e 00 sâo das vioUç3ea anteriores (Ibid., pag. 287). Os das sepul-
turas 1.' e 3.' dSo foram julgados em estado de se photographarem.
byGOí>^^IC
26 O Ahcheologo Português
cofre sepulcral intacto, fez-se ulterior inhumação de individuo até de
maior estatura'. Toma mais plausivel a minha hypotfaese a iontiUdade
das barras de ferro em uma sepultura cheia da terra procedente do
acto ínhumatorío. Essas barras justificam-se melhor numa sepultara
occa, em que se pretende reforçar a prancha do tecto contra a pressão
exterior. Parece que os aproveitadores d'esta sepultura nSo quiseram,
apesar de tudo, r^eitar aqiielles materíaes da primitiva sepultura.
Será esta nova forma de inhumar directamente em terra indicio de
mudança de tempos? Parece-me ousadia affirmá-lo. Da antiguidade
pois do esqueleto retirado d'esta sepultura* nada qaero asseverar on
sequer aventurar.
.Append I oe
HBteriaea nomlsmaldcos
As moedas romanas de que segue a lista, foram encontradas em
toda a área das ruinas, a que me tenho referido. Muitas outras me
foram mostradas, mas em estado inqualificável. A 9.' da serie provém
da sepultura de criança.
l," Grande bronze de Marco Aurélio (161 a 180).
Anverso— Legenda: M AVREL ANTONINVS AVG ■ ARM -
PARTII MAX ■ Cabeça laureada á direita.
^.—Legendai TR POT ■ XX ■ IMP ■ IIII ■ COS ■ lU ■ S ■ C -
Victorta meia nua, em pé, de face, olhando á direita, sustentando uma
palma e ligando a uma palmeira um escudo em que se lê VIC - PAR -
Exemplar deteriorado, nSo pelo uso mas pela oxidação.
Cunhada em 166 d. C. fCohen n." 728t.
2." Grande bronze de Trajano (98 a 117 d. C).
Anverso.— Legenda: IMP ■ CÃES ■ NERVAE TRAIANO AVG •
GER ■ DAC ■ P ■ M ■ TR P ■ COS - V • P ■ P ■ Cabeça laureada á
direita.
ft-.— Legenda: S ■ P ■ Q ■ R ■ ÓPTIMO PRINCÍPI SC Trajano
em pó á esquerda sobre o throno, sustentando um ramo de oliveira
e nm seeptro, coroado por uma viotoria que voa; de cada lado um3
figura a estender para elle aa mitos. O throno assenta numa longa baae,
ornada de grinaldas, sobre a qual estão quatro águias de asas abertas,
cada uma das quaes supporta uma taboleta.
> Isso presnppõc-no n circanEtaDcia, já referídn, de ter aido introdatido vio-
lentamente no insufficisnte eapafa da Bepnltara am cadáver mais comprido.
2 £ da outra em que appareceram também travessões de ferro.
byGOí>^^IC
o Abcheoloqo PoBTcacÊs 27
Cnnhada de 104 a 110 d. C. (Cohen, n. 479).
O reverso esti completamente deteriorado.
3." Médio bronze de Constantino Magno (306 a 337 d. C).
Anverso.— Legenda: DIP -C - CONSTANTINVS P - F - AVU -
Busto laureado á direita com paludamentum.
^.—Legenda: GÉNIO POP ■ KOM ■ Génio mwo nu em pé, á es-
querda, torreado, sustentando uma patera e uma cornncopia; á esquerda
altar acceao. No exergo PLC.
Exemplar gasto, com incrustaçSes no anverso. (Cohen, vi, pag. 136,
n." 293; Mionnet, 7).
4.'' Médio bronze de Máximo (383 a 388 d. C).
Anverso.— Legenda: D ■ V - MAG ■ MAXIMVS P ■ F ■ AVG ■
Busto diademado á direita com paludamentum.
3-. — Legenda: REPARATIO REIPVB Máximo com trajo mili-
tar, em pé á esquerda, sustentando um globo encimado pela Yiotoria,
e dando a mâo a uma mulher torreada de joelhos ; algumas vezes no
campo C ou P (gravadas). No exergo tem SCON.
Exemplar menos mal conservado. (Cohen, Vi-467, 14; Mionnet, 6).
5." Exemplar ignal mas muito deteriorado.
6.* Médio bronze de Graciano (375 a 383 d. C).
Anverso.— Legenda: D ■ N ■ GRATIANVS P ■ F ■ AVG ■ Busto
diademado á direita com paludamentum.
Br.— Legenda: REPARATIO REIPVB, Mesmo cnnho que a ante-
cedente. No exergo PCON. Circulo ponteado.
Exemplar menos mal conservado. (Cohen, vol. vi, 437, 58 ; o exem-
plar de Cohen tem EEIPVBLICAE; Mionnet, 6).
7." Pequeno bronze de Diocleciano (284 a 305 d. C).
Anverso.-Legenda: IMP ■ DIOCLETIANVS AVG ■ Busto ra-
diado á direita com paludamentum.
Çf.- Legenda: ABVNDAT AVGG. A Abundância em pé á di-
reita, entornando a comucopía que segura com ambas as mios. No
campo B e T?
Exemplar em mau estado. (Cohen, vol. T, pag. 392, 126).
8.° Pequeno bronze do século in. Pude ser de Tetrko, pae (268
a 273 d. C.) de Caro (282 a 283 d. O.) ou de Numeriano (283 a 284 d. C).
Anverso. — A respectiva legenda e cabeça radiada á direita.
Sr.— Legenda: CONSECRATIO. Águia de frente, á esquerda,
com as asas abertas.
Respectivamente, vid. Cohen, vol. v, pag. 171, 51 ; 321, 34; 335, 23.
O pesaimo estado de conservação do anverso aio permitte mais
exacta classifioaçXo.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
28 O AitcHeoLOGO PoBTUotiÊs
9." Pequeno bronze de Cotutancio //(335 a 361 d. C).
Anverso— Legenda: D ■ N ■ CONSTANTIVS P ■ F ■ AVG ■ Baslo
diademado e voltado & direita com paludamentnm ; atrás da cabeça
B, A ou M.
5r.— Legenda: FEL ■ TEMP ■ BEPARATIO ■ Soldado em faria
em pé á esquerda, atravessando com lança e calcajido com o pé o ini-
migo que derrubado com seu cavallo, sustenta um escudo e procura
segurar-se ás crínos; no chSo um escudo. O cavalieiro tem ás vezes
mi cabeça um barrete. (Cohea, vol. vi, pag. 313, n." 224).
Exemplar coberto de patina esverdeada e de conservagXo qnasi boa.
Appareceu dentro de ama sepultura.
Perpassando esta pequena collecçSo, vê-se que o mais recente nu-
misma é o de Magno Máximo, 3." César do imperíb do Occidente,
morto em 388. A cnnbagem romana foi-se mantendo até o sec. VI, mas
é certo que d'aquelle imperador em deante, mesmo os pequenos bronzes,
s5o cotados em Gnecchí por preços relativamente elevados, excepto os
de Honório, o que denota raridade em quasi todos. (Vid. Franc. Gnee-
chi, Montíe romane, pag. 225, 30.') &qq.)< A este rindo afastado da
Lusitânia, devem ter chegado, dos sec. V e vi, raros cunbos romanos.
Que vestidos se encontrarão ainda nestes campos da estada dos
bárbaros? Será decerto a sepulcrologia que ha de dar a resposta a esto
enunciado,
Dezembro de 1904.
Félix Alves Peheira.
Oroa dos Padrfies
II
A orca dos Padrdeê fica numa explanada, dentro de um pinhal,
entre o Outeiro e Villa Mova, a uns 11 passos, para leste, de um marco
geodésico '. Consta de camará e galeria ou corredor, uma e outra bas-
tante arruinadas, como se vê da planta (fig. 1.'). As pedras s3o de
granito, e apresentam-se um tanto desbastadas, ou naturalmente, ou
por o terem sido com outras pedras. N&o ha vestidos de mamóa.
Camará. Incompleta, pois só restam as pedras a, b, c, postas ainda
a pino. Devia ter sido polygoaal. Ã tampa está tombada no chSo.
1 Foi-rae indicada pelo Sr, Morgado Bernardo Rodrlgnca do Amaral,
a quem já me referi na 1.* parte d'eBtc artigo.
byCoO^^lc
l''""''^l
Di„i„«b,Googlc
o Archíolojo Pcrluguti— Vil. 1—190!
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ircbsologo Potlugaèt— V(tl 1—1905
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
Di„i„«b,Googlc
o Ahcheolooo Pobtuguês 29
Galeria. Formada por dois renques parallclos de pedras, umas ainda
enterradas nos sítios primitivos, e outras tombadas. Às primeiras estSo
postas de cutello. Tem de comprimeDto, no estado actual, 4'°,36 ; aber-
tura l'',2Õ. Já sem tampas, mas á entrada estava ama lage, que deve
ter sido uma d'e1las, pois nem naqnelle sitio tinlia logar apropriado,
nem apresentava vestígios de ter estado enterrada.
As pedras não provém do local, porque ali nlo ha lages; mas po-
(liun ter vindo, como lá ouvi dizer, da Cunha Baixa, que fica a 1 ki-
lometro de distancia.
viandei escavar a anta até o chão natural, tanto no recinto da
oamara como no da galeria. Na camará a escavação desceu 2™, 5 a
baixo do solo actual ; na galeria desceu menos.
A terra que enchia a camará constava propriamente de duas cama-
das: uma, de terra vegetal, que a certa profundidade continha muitas
pedras, grandes e pequenas, que deviam ter cispado a anta; outra,
de terra orgânica, escura e com carvSes de permeio. For baixo estava
o chão natural, constitnido por saibro duro, que em alguns sítios pa-
recia ter sido calcado, para ter mais consistência.
A galeria continha também duas camadas de terra, mas só até ao
meio d'eila, a partir da camará; no resto só havia terra vegetal.
byGoot^lc
o ÃBCHEOLOQO POSTUQUÊS
s apparecidos na orca durante a escaTa(ão:
Kos fragmentos cerâmicos lisos o âe pasta análoga á doa
Bídsa. Appareceram na camará, i profundidade de 0",44.
aento, mas ornamentado, como se vê na fig, 2/, appareceu
ia galeria.
ia lasca de silex, de Cr,04 de comprimento. Com um dos
oado. Secção triangular.
1 setzo rolado, qne pôde considerar-se percutor, se o compa-
I muitos outros apparecidos noutras estaçSes, por exemplo,
•fi. Quem vê nm seixo d'estes avulso, dificilmente diri que
priamente instromento; todavia, vendo-o numa serie, onde
byGoí>^^lc
o ÃBCHEOLOGO POBTUGDÊS 31
haja todos os grauB, desde o mero c&lhau iuforme até o percntor fa-
cetado, já decerto não dirá o mesmo.
4.°) Uma faca de silex, bastante irregular, mais larga na metade
inferior do que na superior ; a metade inferior vae estreitando junto da
base. Quasi completa, só llie falta um quasi nada na extremidade infe-
rior. Retocada nos b^dos. Secção trapesoidal. Yid. a fig. 3.*, onde está
representada em tamanlio nataral.—Ãpparecea á entrada da galeria.
Ò.") Um machado de padra muito carcomido nas faces, havendo
porém ainda restos de polidura nas duas maiores; tem o gume con*
vexo, irregular, e o vértice também irregular. A secção deve ter sido
qnadrSngular. — Appareceu na galeria, a uns O™ ,25 de profundidade.
Vid. fig. 4.»
6.°) Pedaços de tegulas romanas e de outros vasos que também
provavelmente sSo romauoa. Um dos pedaços de tegula appareceu na
camará, á profundidade de 0",5.
7.°) Um prego de ferro, cuja data nSo posso precisar, mas que,
se não é romano, é de época posterior.
8.°) Vários fragmentos de louça da actualidade, e de vidro.
Como se vê, pertencem ao monumento primitivo somente o^ ob-
jectos que tem os n."* I a 5; os outros bIo posteriores aos tempoS
prehistoricoB. Estes últimos objectos provam que o monumento foi re-
mexido varias vezes, a começar, pelo menoa, na época lusitano-romana.
J. L. DE V.
InsoTipQão romana de MTrtiUs
Segundo informação que me deu o Sr. Augusto de Vargas, que está
sempre pronto a auxiliar-me nas minhas investigações archeologicas,
sei qae na parte da muralha de Mertola que fica fronteira á ermida da
Senhora das Neves appareceu, num doa últimos meses de 1904, uma
lapide em forma de pipa, com a inscripção que aqui transcrevo:
D M S
IVLIA LUPIAN*
VIX ANN XXI
HSESTTLLI
BVBNIVS VICTO"
KSo vi a insoripçXo, mas regulo-me por uma copia que me foi en-
viada peto Sr. João Manoel da Costa, a quem o Moseu Etfanologico
byCoo^^lc
32 O Abcbeologo Po&toqoSs
PortagnêB é devedor da poese de muitos e interessantes objectos ar-
cheologicos.
Traduzido em português, o texto diz : Consagração aos deuses Manes.
Jidia Lupiana viveu 21 annos e está ajui s^mltaâa. L^mio Victor
^levantou etts monumento).
O Dome Libumãis nSo o conheço em inscripçSe& da Feniasula:
elle apparece porém varias vezes na Mauretania'. O cogntune Victor
encontra-se na epigrapbia romana, tanto de Portugal como de Hes-
panha.
Consta-me que a lapide de que aqui trato foi offerecida ao Mosea
Municipal de Beja.
J. L. DB V.
Estados de numismática colonial portugmesa
8. o xeraflm dobrado de IflSS
No governo do Conde de Alvor, D. Francisco de Távora, em 4 de
fevereiro de 1681 o Conselho de Fazenda de Goa renniu-se em sessio
magna para tratar de assunto grave. A moeda de prata faltava na
circulação. Quasi toda a que fora emittida por lei de 16 de Janeiro
de 1637, que era do titulo dos tostSes filipinos do reino, isto é, de
prata fina de 11 dinheiros, e a que proviera de leis posteriores embora
de titulo um pouco mais baixo, passava para o estrangeiro, onde era
transformada. O xerafím era ali recebido por 25 bazarncos a mais do
que valia em Goa, e com este excesso de valor folgavam os exporta-
dores do numerário.
Nas armadas do reino chegavam frequentemente reates de Hes-
panha em grande quantidade, que podiam fazer face á penúria, porém
08 mercadores esquivavam-se de os levar á casa da moeda, como era
preceituado j vendiam-nos a quem os pagasse por qualquer quantia
superior ao preço estipulado naquella casa. A moeda era mercadejada
e scandaloaamcnte .
Não convinha á Fazenda Real competir com os traficantes, porque
ás despesas da transformação dos reaíes acrescia o ágio que houvesse
de pagar para obtS-Ios, e assim as queixas contra a falta de moeda
repetiam-se, incommodas para o magistrado superior da colónia. Os
' Corp- Inter. Lat., viii-2.
byCoOglc
O.AeCHEOLOGO POBTUeiTÊS 33
documeatos da época n&o se referem a medidas de violenta energia
por elle ordenadas contra a ganância dos homens de segocío, talvez
porqae dispunham de iafluenoia politica ou pessoal. Os grandes quei-
xosos eram os populares, que possuiam algum ouro, mas de tão buxo
titulo qne só com prejuízo podia ser exportado, e bazarucos em grande
laxo de abundância. E note-se que estes eram antígos, diminuidos pelo
gasto; não provinham todos de fabrico recente, porque o vedor da Fa-
zenda Qeral tinha fechado a essa em que os fabricava, obedecendo
& deliberação do Conselho de 4 de Janeiro de 1680. Para aggravar
a situação havia bazarncos que vinham de terra firme, lavrados com
formas falsas.
Qaem consulta a sequencia daíi leís monetaiias indo-portuguesas
encontra frequentemente, como causas que as motivaram, a escassez
de moeda boa, a moeda insignificante e a moeda falsa, principalmente
esta. E não se pensava que nas cidades de Goa e Diu devia cessar o
fabrico do nnmerarío, irregular e mal apropriado á expansão do seu
commercio exterior e i permuta de interesses entre os naturaes da co-
lónia, cujas queixas raras vezes chegavam até o poder autocrático da
metrópole.
Ponderando o que fica dito, o Conselho resolveu cnnhar moeda
□ova aproveitando a importância de 2U0:000 xerafíns de mahamxtdes
e ahacins, que tinha em deposito, provenientes da pensão que o rei da
Pérsia pagava annualmente á alfandega da feitoria do Congo. O titulo
da. prata baixaria de modo que a moeda em terra firme não valesse
mais que nas ilhas de Qoa, por conseguinte convinha ligar 2 onças e
Õ oitavas de cobre a cada marco de abacins e 1 onça e (>0 grãos ao
marco de mahamwles. Assim cunhar- se -Iiiam padrões de xerafins in-
teiros, meios xerafíns, tangas e meias tangas, com a cruz da Ordem
de Cbristo no reverso, cantonada pela data, conforme o typo que era
usado, o estatuído por lei de 18 de Fevereiro de 1650 e com os pesos
nella indicados: 211 grSos para o xerafim inteiro e para os seus múl-
tiplos 08 pesos que lhes competissem proporcionalmente.
Esta medida produziu lucros para a Fazenda mas exaltou por novas
causas o descontentamento do povo, que se aborrecia com a baixa no
valor intrínseco do metal e pela morosidade com que a casa da moeda
punha em circulação emissiSes, sempre escassas. A medida era uma
errata que não corrigia a doutrína do texto antigo.
Para abreviar os processos de cunhagem o provedor da casa da
moeda não julgara conveniente duplicar o numero dos operários. Eram
de pouca confiança os que já tinha, e necessariamente admittiría outros
peores. Na casa havia descaminhos de numerário. Isto era graVe. EHe
byCOO^^IC
34 O Akchbolooo Pobtoqdês
podis appHcar penalidades aos operários qae reincidiam na morosidade
do trabidho e devia organisar fiscalizaçSo rigorosa doe descaminhos,
nomeando apalpadorea; mas nlo seria dnpoís necessário qne estes, por
sen turno, fossem apalpados?
Esta desmoralização dos moedeiros de Ooa naquelle tempo deve
hoje parecer estranha, porém consta of&cialmente *.
Por taes motivos o Conselho da Fazenda, reanido em 8 de Março de
1685, ordeoon que, para abreviar o expediente, se cunhassem moedas
de dmis X.', como diz a lei, isto é, de dois xerafins, ou xerafim do-
brado, admittindo que com um s^ cunho ee duplicava o valor do xe-
rafim inteiro, sem prejudicar o lavramento d'este, mantido o toque da
prata lavrada por lei de 4 de Fevereiro de 1681 e o typo monetário
que ella tinha. Nesta duplicação cabia ao xerafim dobrado o peso de
^2 grSoB.
Contra descatninhos de numerário na casa da moeda nada providen-
ciaram os conspícuos legisladores ! A omissão devia inspirar ao provedor
o desenvolvimento da vigilância por elle próprio exercida.
A lei de 8 de Março de 1685 foi cumprida. Ha meses chegou ás
nossas mSos um xerafim dobrado, por obsequiosa offerta de um amigo,
que o trouxe de Goa. É exemplar inédito e uníco conhecido; vae re-
presentado na fig. 1 .*
O escudo de annas do reino, coroado, entre aa letras G-A (Cloa),
letras de grande estatura, foi collocado no interior de um circulo de
traço continuo, seguido de perto por um outro de granitos, desfigu-
rados pelo gasto. A depressXo qne abrange o espaço comprehendido
entre a orla direita da moeda e a gravura, como se fdra um lago em
terreno plano, prov^o da irregular fundiçXo do disco para o cnnho.
> Teixeira de AragSo, doe. n.* 106, toI. m.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ASCHEOLOaO POBTUQUÊS 3Õ
^. — Cruz da Ordem de Cbrísto com um ponto no centro e can-
tonada por ItíãS; o algarismo I pontuado, S por 5, ao uso da época.
Nos braços perpendiculares é ornamentada por traços que parecem
anéis ali apertados e fixos, e que denunciam uma ideia de ornamen-
taçSo, estranha, nSo repetida nos braços horízontaes. O symbolo eetá
contido entre um circulo de tra^o e outro de grânulos, dos quaes apenas
restam vestidos.
Diâmetro 0°',29, espessnra O'" ,03, peso 20,58 grammas, ou 413
grãos. Na conformidade da lei devia pesar 422 grSos; o cerceio eli-
mínoa 9 grãos.
I>esde que a numismática começou a ser considerada scientifica-
mente em Portugal, por muito tempo se dovidou que este padrão de
moeda tivesse existido, por não apparecerem provas materiaes, e por-
qae algmnas leis monetárias do Oriente português ficaram em letra
morta no abandono dos registos.
Teixeira de Aragão allegou, a pag. 263 do vol. ni, que era errónea
a. denominação de parados dobrados dada por Filipe Nery Xavier aos
xerafins inteiros, em pag. 85 e nota d." 64 da aa& Memoria sobre as
moedas cunhadas em Goa *, moedas que Lopes Fernandes citou a pag.
236 da sua Memoria das moedas correntes em Portugal com datas de
16S2, 1684, 1688 e 1689, que pesavam apenas 212 grãos.
Teixeira de ÃragSo argumentou com a verdade. Reconheceu o erro,
commnm a dois escritores numismáticos, e, como não tivesse visto pa-
drSes de igual typo com pesos superiores a 212 grãos, manteve a dú-
vida acerca da cunhagem de xerafins dobrados.
O primeiro exemplar que appareceu foi cunhado em Diu; não tem
data. Veja-se o n." 5 da estampa u de Aragão no reinado de D. Pedro n.
Esta moeda existe na collecção da Bibliotheca Nacional de Lisboa. Tem
o peso de 432 grãos, e não o de 232, como Aragão diz em pag. 263,
certamente por equivoco havido na pesagem por elle feita. £ste equi-
voco seria a origem da duvida acima referida? £ provável esta suppo-
sição, que não abate o valor do seu laureado trabalho numismaUco.
A moeda foi cunhada em 1684, o primeiro anno em que a casa
moDetaría de Diu começou a funccíonar, por deliberação do vice-reí
da índia Portuguesa, datada de 24 de Outubro.
O segundo exemplar apparecido, lambem de Diu, cunhado em. 1688,
cujo typo é semelhante ao do seu irmão de Goa, vae aqui represen-
' Comprehendida na Dtacripção do Coqueiro
de Nova-Goa, 1866. ■
byCoO^^lc
o AeCHEOLOQO POBTUdUÉS
tado na fíg. 2.*, copia ão n." ^6 da estampa iii de Ineãítoê por Jnlioã
Meiti'.
Comparaado-se os dois exemplares de Diu, vê-se que no anverso
do segnado ha traços, obliquos da esquerda para a direita, successÍTOs,
entre a. coroa real e a parte superior do escudo de armas do reino.
A letra D, invertida, (I, por ter sido gravada ás direitas na matriz,
está collocada á direita do eseudo pertence ndo-lbe logar á esquerda.
Esta irregularidade foi frequente na oflicina de Bin, sobretudo em pa-
drões de cal ai m.
à letra O que existiu ú esquerda do escudo, apagada pelo gasto,
foi substituída por um carimbo circular e reiutrante. Dois outros ca-
rimbos no anverso e tros no reverso mostram que a moeda circulou
em diflFerentes estados hindustaníeos. Proveio da collecção da Duquesa
de Beanfort*. Diâmetro O'", 27, espessura O"' ,('3, peso 429 grãos, ou
21,35 grammas.
É obvio que o exemplar do Sr. Meili foi canhado antes de ser conhe-
cida na índia a lei que D, Pedro II expediu de Lisboa, com data de
17 de Março de 1688, na qual ordenava a uniformidade de pesos e va-
lores entr'& o dinheiro que fosse cunhado naquellas duas casas mone-
tárias^, medida esta que mais tarde foi de salutar etfeito nas relaçSes
commerciaes entre Goa e Diu.
Faltava encontrar-se o xerafim dobrado de Goa, que, felizmente,
existe DO nosso medalheiro.
' Portugiefitche Mihaen VarieUUea uiiá einigt imfdirU StSclct, edíçlo UDicft
de 1890, absolutamente esgotada e hoje rariesipia,
1 A collecçSo dfi Duiiuesa de Beaufort foi vendida cm Londres pelos leiloeiros
Christie, Manson & Wood no dia 1 de Maio de 1890, incluldA no Catalogat o/
tbe valtiable coUtctlon of EnglUh and Foreign coin* and mtdalt in gold, lUver and
> Teiseira de AragRo, doe. n." 109, vol. ui.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ASCHEOLOGO FOBTUQUÊB
37
SSo mnito raros os zerafins inteiros, e os padrSes derivados d'elles,
desde 1681 até 1710, anno am que no dia 19 de Ag;osto o Conselho
da Faaeoda elevon o preço da prata, para facilitar a amoeda;ão,~e deu
aos serafins qae de futuro se cunhassem o peso de 153 gritos*.
Para comprovar a nossa afiirmattva, offerecemos o seguinte mappa,
oi^anizado cuidadosamente com informações obtidas e peio conheci-
mento que temos do material d'eBta especialidade numismática, que está
pobremente representada em maia de 40 medalbeiros de particulares:
Aduw i>id c|b« fliruo cnnbudol
■
1
i
1
i
i
1
1
1
1
Is
i
i
1
i
1
1
l
^
Caaa monetária de Goa
\
6
6
1
7
1
1
4
2
1
1
-
2
3
6
1
1
1
-
2
1
1
1
-
-
1
2
1
Meia tanga
1
Total
2
8
2
5
7
2
1
2|l
1
1
1
"
1
2
-
49
Oaaa monetária de Dia
Xeraiim dobrado
Xer«am inteiro
HeioXenflm
Tanga
Meia tanga.
-_
-
_
1
~-
1
-_
1
2
_
-
1
1
1
1
1
J
2
1
2
to
Total
-
-
1
-
1
-
3
_
-
1
1
1
1
1
1
-
1
12
Total gtral....
G
7
2
9
2
6
7
5
'
2
2
2
2
2
1
2
2
1
SI
(fxPmplKr DÍo leve cUta, & o
NSo se conhecem presentemente exemplares dos annos de 1695,
1697, 1698, 1701 a 1705 e 1707 a 1710.
lisboa, Setembro de 1904.
TklANOEL Joaquim de Cahpob.
■ Teixeira de AragSo, pag. 376, vol. in.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o A&CBEOLOOO POKTDOUÊS
Protecção dada pelos OoTemos, corporações offioiaes
e Institutos soientifloos á Arolieoloffla
2S. ExCBTkçOei em Epkeso
 respeito das excarx^ea prAticadas por Wilberg e Heberdey esn
Epheso, a expeosas do governo austríaco, lê-ae na Revue Critique,
1904, p. 100: «Presque toate la ville antique est déblayée. On a dé-
gagé deux larges avetines bordées de monuments et de stataes. L'aT6-
nue de gaúche longe le Foram, les baíns et les constractions de Tépo-
qoe romaine. Celle de droite, conpée par des propylées à colonnes,
ooaduit i l'agora grecqae. On y a découvert un inimense baa-relíef de
3 métres de haateur sur 18 mètres de longneur, représentant des sc&nes
de la TÍe de Marc-Aurèle. Les plaques de marbre viennent d'être en-
voyées au Moaée deViennei.
21. ExearaçOcs na Bablli»!*
As excavaçSes emprehendídaa pela Allemanha nn Babilwiia come-
çaram em 1897 sob a díreeçSo do Dr. Eoldewey. O imperador da Al-
lemanha, que havia manifestado interesse por este emprehendimento,
tomoii-o sob a sua protecçSo. Víd, Revue Archéologique, 1904, p. 120
sqq., onde se dá noticia dos importantes descobrimentos ultimamente
feitos: via sacra de AHourschabou, santuário de Ninmagk, etc.
lista de monumentos
qae pelo mq earacter hlstorlcoí archeoloflco on ■rtistico
Bio SBSMptireU d« se eonalderarem naolonaei
£ mais que sabido que, nSo obstante a {tropaganda que ultima-
mente se tem feito a bem da historia, archeologia e arte nacionaes, o
nosso país ainda não comprobendeu completamente que deve respeitar
os monumentos que o passado lhe legou, quer estes sejam meros tes-
temunhos de remotas oivilizaçSes, que importa conhecer, porque em
parte provém d'ellas a de que hoje gozamos, quer denunciem factos
relacionados com o viver dos nossos mmores, da idade-medis em diante,
quer manifestem formas da actividade individual nos domínios do bello,
A cada passo vemos que os nossos monumentos caem em minas,
sem acharem mão carinhosa que os ampare, antes tomando-se imme-
diataroente presa das garras da mnltidio, so&ega de acabar de os deS'
byGoí>^^lc
o Akcheologo FoBTDOcés 39
trair; valiosos quadros apodrecem cas paredes das igrejas ou sSo re-
tocados inscíeatemeute ; as juntas de parochia e os parocfaos mandam
pintalgar iacbadas notabilissimas de edifieios religiosos; negociaiites im-
placáveis, ou colleccionadores deacarídosos, deixam ir l& para fóra, para
museas oo para serem postas em almoeda universal, preciosidades ra-
ras, e coUecçSes inteiras de objectos archeologicos *.
Visto que a inatrocçAo geral e a educaçSo civica sSo por ora insaffi-
cientes para porem c$bro a estes desmandos, urge que se faça execn-
tar as leia-vigenteB *, e se promova a promulgaçXo de outras que salva-
guardem as nossas antiguidades*, porque, se assim nSo for, dentro em
pouco tempo nSo teremos nada. Algumas pessoas censuram o virem
para o Husea Etimológico todas as antígualhas que podem obter-se
* Quando am íudlridno orguiixoD qualquer collecfão archeologica, de ma-
nnseritoB ou Iítto* tsim, de lapides epigraphicas, etc. — tndo pertencente a um
paú determinado, — e cila se tomou conhecida, oa por catálogos espeeiaes, o«
por citaçAes que se ficeruu, aSo me parece qne elle, posto qne seja o dono,
t^nba moralmente o direito (salvo condições especialissimas) de a dispersar, e
sobretudo deiíi-la sair do respectivo país, porque essa collecção constitue ipto
fado docnmento da btstoria nacional: e destrui-la on aJiená-la è desfetcar esta.
Também qnem possue uma casa contigua a outras nilo pôde incendiá-la, por íbso
qoe o fogo se commoDicaria ás casas TÍiínhas; e comtudo este iadividuo é tSo
senhor da casa como o ontro o é da sna collecçlo archeologica. Se se me pon-
dera que quem organiion a coliecçSo podia não a ter organísado, responderu
qne úm, mas acrescentarei qae ninguém nos diz que outras peasoas, com diversa
OTÍeiita{2o, não teriam aproveitado mais convenientemente os mesmos elementos
que entram na eollecf io de que se trata.
* Decreto de 24 de Outubro de 1901, artigo 24.°
' Noutros paises ha leis importautes para a protecção dos monumentos ar-
cheologicos. Citarei alguns exemplos. Na Grécia, a lei de 16 de Fevereiro de
1893 pcrmitte a eipropriaçSo de bens immoveis por causa de escavaçSes archeo-
logicas e da cons^n-açSo das antiguidades. Na Itália, o decreto de 22 de Abril
de 1886 regularizou ae escava^Aes archeologicas nas minas antígaa; a lei de 14
de Jnlho do 1867 trata da conservação dos monumeotos antigos de Roma; uma
lei promulgada ultimamente obsta i saida de moamnentos archeolojpcos (cfr-
BaUtl. ittterit. de NumUmat., iii, 107). No mesmo pais, e alem d'isso, na Sneeia,
na Noruega e na Dioamarca ha leis qne impedem escavaçScs archeologicas a
qnem nio estiver para isso devidamente habilitado (cfr. Rev. Ãrthiolog., 3,* serie,
t. xL, pag. 405). Na Irlanda existe de«de 1861 uma leique obriga os que desco-
brem thesonros arclioologieos a participarem-no is autoridades (c&. Rev. Ctl-
lique, XXI, 76). Na Hespanha, segundo li num periódico, propôs-se ultimamente
uma lei (não sei se j& passou em cSrles) em que se estabelece que o Estado
attenda cuidadosamente i conservação das obras de arte, c procure que não saiam
do pais: eacuiptoras, pinturas, inscripçftes, manuscritos, moedas, medalhas, gra-
vuras, vasos, etc., que tenham valor areheologico.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
40 O Archeoloqo Fortcoués
nas provincias; ó que, alem de ea eateoder que um museu qualquer,
archeologioo, artístico, de historia uatural, quando rico e methodica-
mente orgaoizado, é um grande livro aberto onde num momento^ e sem
custo, se aprende ò que de outra maneira Levaria aonos e custaria sacrí-
ficios enormes, parto da ideia de que os objectos que entram no Museu
Etimológico ficam salvos da cubica e da rapina. N%o é ntil que se ve-
jam em Belém, expostas convenientemente em mostradores, moedas
romanas ou antigas portuguesas, e instrumentos da idade do bronze,
que andavam por mZos de ourives e de caldeireiros? NSo vale a pena
que occupem logar de honra, numa galeria de historia e de arte, la-
pides arcbeologicaa que por acaso ee achavam em muros de edificios de
caracter muito diverso do d'eUas, e onde estavam expostas ás pedradas
do rapazio selvagem?
N3o quero porém occupar-me agora dos objectos de pequenas di-
mensSes, que podem ir para museus; quero referir-me especi^mente
aos grandes monumentos, começando hoje a publicar uma lista de todos
os que conheço pelo país, e que sSo susceptiveis de se considerarem
nacionaes, a fim de que possa evitar-se que nelles se commettam van-
dalismos. Na minha qualidade de membro do Conselho dos Monumentos
Nacionaes, submetto estas listas á attençSo d'elle.
Os factos sSo aqui citados avulsamente, á proporçSo que os monu-
mentos me vierem á lembrança; pôde pois ao pé de um monumento
do Norte ficar indicado um do Sul, ou ao pé de um monumento reli-
gioso ficar indicado um civil. O Conselho depois aproveitará isto como
melhor lhe parecer. Muitos monumentos serão citados ás vezes nSo
pelo conjunto, mas unicamente porque nelles existe uma portada oa
uma juiela ^gna de apreço, um tumulo, etc.
I
1. Torre da Ucanha, — concelho de Tarouca. Do sec. XV. Muito
bem conservada.
2. Igrga parochial de Salzedaa e minas do mosteiro císterciense
d'esse nome, — concelho de Tarouca.
3. Igr^a porochial de 8. João de Tarouca e ruinas do mosteiro
cisteroiense d'esse nome, — concelho de Tarouca.
4. Ponie romana de Mertola, sobre o Guadiana. — Cf. O Arch.
Pori., v, 235.
5. Todo» os ãolntens do concelho de Sátilo, situados em terrenos
maninhos, sobretudo dois, de grandes dimensões, no sitio do Tanque
e do Juncal, perto da Queiriga. — Cf. O Arch. Port., n, 225.
byCOO^^IC
o Abcheologo Pobtuodés 41
6. Um dolmen, de grandes dimensSes, situado em terreno parti-
cular, na Commeuda da Igreja, ao pé de S. Geraldo, concelho de
Montemór-Q-Novo ; é o maior dolmen que conheço em Portugal.
7. Igreja parochial ãe Pademe, concelho de Melgaço.
B. 7%ermas romana» ãe Eêtoi, concelho de Faro, em propriedade
particular. — Cf. O Arek. Port., iv, 158.
9. Rutna» romana» de Trota ãe Setúbal, propriedade particular. —
Cf. O Arek. Port., onde «m vários volumes se trata .d'ella5, por ex. :
I, 54; IV, 344.
10. Cattello de Eiva».
11. Igreja parochial de Ferreira, concelho de Paços de Ferreira.
12. Arco romano de Bobadella, na Beira Biúxa, — Cf. O ArcJt,
Port., vn, 56.
13. Arco rovuino ãe Beja, que existe em propriedade particular,
perto do castello da cidade, e daa BatigBS portas de JSvoí-a. — Cf, O Areh,
Port.,vni, 165.
14. Recinto romano de Panoias, concelho de Villa Real de Trás-
os-Montea. — D-isto se tratou em rarios números i-0 Arch., por ez.:
lu, 177.
15. Tangue rovtano do Quintal do ídolo, em Braga, propriedade
particular. — Cf. RdigiSea da Luntania, n, 239 sqq.
16. Igreja parochial ãe Cárquere, concelho de Resende.
17. Caátello de Montemór-o-Velho e igreja annexa.
18. Cattdlo ãe Obido».
19. Pelourinho de Bragança, fixo numa escuiptura de pedra que
representa um quadrúpede, e data dos tempos protohístoricoa.
J. L. DE V.
Ulaoellanea aroheologloa
1. Fofo eaniiado por nna «pedra de eoriaco*
(Dom João etc. A quamtos esta mjnha carta virem ffaço saber
que no Liuro das cSfirmaçSes a 242 folhas delle estoa lamçada hua
carta det Rej meu senhor que samta glorja aja de que o teor tal he:
It. outra carta do dito senhor per que fez mercê ao dito Jorge
Garces damenistraçam da capela da Rainha Dona Felipa setuada no
TOoesteíro dodiíielas asy como a tynha seu JrmZo SymSo Qarces e isto
em Bua vida somente comprindo os encai^s. Dada em Làxboa a xxiij
dias doatnbro de mjl Vxiij
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
4S O ASCBMOVOQO POKTOOrÊS
Pedimdo m6 o dito Jor^ Garçes d^bnqnerqne por merçe qae por
qu&mto i dita carta de qne o asemto e Registo delia aqoj vay eiiic«r-
porado se lhe perdera e queimara c3 hSa pedra de coiyeoo qne Ibe
cayra em sua casa e a nS tyaba por se lhe asy queimar onnese por
bem lhe mamdar dar outra tall, polo dito asemto dela do linro das couf-
iinnaçSes lamçada e per mjm eSfinnada e visto sen Beqnerymeoto e
o asemto dela oo dito Liuro e como per mjm esta cSffirmada Ibe mS-
dey dar esta a qnal mando que se lhe compra e guarde asy e da ma-
neira que se nelta contem sem duujda nem embargo algtí qne lhe a
elo seja posto por asj perder a dita carta temdo a ja per mjm confir-
mada e qnero e me praz qne ele tenha a dita admioistraçS da dita
capela segundo se contem nesta dita carta em sua vida como dito fae
e por firmeza delo lhe mandey dar esta carta per mjm asynada e se-
lada do meu selo pendente. Ayres fTemandez a fez em Lixboa a sj
dias de março de jb''xxxbiij° e ea Dsmji Diaz o fiz spreuen.
(Archlvo Nirlonsl, CàsmetUaria át, D. JtSo in, Ilr. *i,t.St m.).
S. CeMlterlo d^ Igreja dM Mártires de Lfsboa
•Quinta feira 2 de Janeiro próximo ha de prosegoir e finalizar
o leilão de moveis, que ficarlo por fallecimento de Tereta Verani, nas
casas em que assistío oa rua da Figueira, defronte do cemitério da
Igreja dos Martyresi.
(Gazela de Lisboa, àe 31 de Dezembro de 1806).
S> Fornoi intlfos em Prafavça
«Pragança (Cadaval), 27. — Em 23 de Julbo findo chegou da ci
dade do Olho Preto, do Brasil, António Berthodo [Bertholdo?], das
Lamas, sede d'esta freguesia.
Como trouxesse algum dinheiro, comprou no sitio do Juncal, limite
d'este logar de Pragança, uma propriedade rústica, de pousio, que anda
actualmente mettendo de bacello.
à certa altura, uma das mantas descobriu paredes de tijolo bas-
tante requeimado, sobreposto na maior parte em sentido obliquo, e
fortemente argamassado, que parece ter servido de base a forno de
telha.
A propriedade está situada no vatle do Juncal, em plano inclinado
para nascente.
É tradição qne em tempos remotos havia ali três fomos de telha,
e que a. antiga (e completamente, ha muitos annos, derrocada) capella
byGoí>^^lc
o Archeoumio Poutoguês 43
de Nossa Senhora da Luz, a cSrca de duzentos metros a noroeste ã'esta
propriedade, f5ra edificada com tejolo e telha d'e3tes fomos!
O tijolo d'eBte forno deve dar «nda algumas toneladas.
Fui hoDtem vê-lo e nlo pode observi-lo iateriormente, por ter
á boca um deposito de agua pluvial da noite anterior, e começar a
chover torrencialmente; mas, segando as indicaçSes superficíaes do
proprietário, deve occnpar nma área relativainente graqde.
Por estos dias vae ser destmido, para dar passagem ás mantas
do bacello.
Aviso ao Q0880 caro amigo Sr. Dr. José Leite de Vasconcellos,
cm exploraçSes srcheologicas, estas ferias, pelo sul do pais.
{Diário de Nolieia», de 29 de Deiembro de 19M).
4. BqraUa> 4a Ibeda
•Primor FoUt^ m— Begalia Teroeira Esaenolal.
ConsiBte em bater moeda.
Introduzio a moeda a necessidade de facilitar o comercio para a
vida: porqne vsandose no princípio o perinatar huas cousas por outras,
era tam pesada esta difficuldade, que inuentou a industria na moeda
riquezas artificiais, com que se comprassem estes bens comuns.
Tem esta regalia tanta vníão com as demais, que os Romanos coa-
tumauSo bater de hSa parte da moeda o rostro muj ao natural, & da
outra os Rejnos vScidos, & os officioe, que oa tais tinh2o seruído, &
as leys, que tinbSo foito: depois de Roma edificada começou Seruio
a as^alar a moeda, & darlhe valor intrinseco, pondo de híia parte
a figura de lano,. & da outra parte a nao, em que Saturno nauegou
a Itália.
A matéria da moeda denería ser de metal, que nSo se pudesse
adulterar, & que ttuesse o valor pouco mais, ou menos que as mesmas
cousas, para que as vendas fossem licitas, & os contratos legítimos.
Não se pôde chamar moeda a que costuma bater os Principes em
caso de necessidade, em papel, purgamiuho, sola, & outras matérias
desta calidade: he hum empenho authorizado do Príncipe para resti-
tuyla quando esttuer em melhor fortuna.
A diversidade da matéria, mais, ou menos preciosa faz que se di-
ferenceem três lottes de moeda: suprema, mediana, Ínfima, todas ellas
* O termo regalia qae tem hoje no» certa accepcio correapoudia utigainente
o qne hq*e se deaomina réf/ie.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
44 O Abcheologo Pobtuooés
miiy necessarí&s: a suprema he muy vtil para os contratos mais con-
tíoBOs, & caminhos largos, antes que se íniientassem os câmbios, & por
meyo delles as ganâncias & usuras : esta se latira em metal de ouro,
o qual tem o primeiro lugar em o valor, & nobreza.
He muy a propósito a da prata, que serue ao mayor golpe dos
coatratoa, como meya enlre a alteza do ouro, & a baixeza de outros
metais; a ínfima, que serne em os contratos rasteyros, & compra de
cousas miúdas se faz de met^ de baixa condição, entre os qaaes he
o cobre de sua natureza mais a propósito; & descobrindose algu outro
metal acomodado, & apto pêra ser laurado delle se deue fazer.
Em a moeda meya he acertado deitar aigfía liga, ou mistura de
estanbo para dar firmeza á prata, & igualala com a Isurada, por euitar
que 08 obradores nSo desfaçSo a moeda: lambem na intima vem bem
a liga de metal superior, que a realce, & sligere do pezo, para qne
mais facilmente se possa Tzar, tirando com atenção aos estrangeiros
o meyo de introduzila: desta tem muita necessidade o Reyno para as
compras, & gasto miado dos pobres, & se padecem muitos inconiie-
nientes com sua falta.
U primeiro metal que se achou foy de Chipre, teue estimação mais
que a prata, à alguas vezes que o ouro: corria por moeda venal, se-
gudo a cantidade, ao modo de htías moedas antiguas, que chamamos
contos. No incêndio de Corintho como se derretessem certos metws se
achou o misto, que fuy mny estimado para laurar.
He a moeda como sangue mús puro, y espirites vitais da repu-
blica: importa muito que não saya do Reyno, nem corra em Reynos
estranhos; antes toda a moeda estrangeira se auia de quebrar, e bater
de nonoi.
{PHmorapoUãaittngmlIaidtnioaBlItg DomJoam o IV. Dt marmiUiata mimaria. Ompfle
rtia DiMnT Ánlmie 4t FnUu (ilc) Á/ríeaaa. Cem lodax et Hcvt^ ateaearíat. Por M*-
uocl d> Sjlií, uno 1««1, a. \t. EionpUr do Archivo Nocinntil, ODd« Ivm ■ munt*»
U-B-41.
Pedro A. de Azevedo.
AoqtiisiQCes do Hasea Ethnologloo Português
MalQ de 1904
Um crnciãxo metatlico medieval, adquirido em Villa Real de Trás-
os-MoDtes por intermédio do Sr. Dr. Henrique Botelho.
Seis moedas romanas de cobre encontradas na freguesia da Mexí-
Ihoeira, ofFereeidas pelo Rev. José Lourenqo, Prior de Odiázere.
byGoí>^^lc
o Archeoloqo Português 45
Um Taeinho de barro romano, offerecído pelo Sr. Dr. Hario Mon-
terroso.
Vários espécimes etbnographioos da Ilha da Madeira, ofFerecidos
pelo Sr. Álvaro Viauna de Lemos, estudante militar.
Uma moeda de ouro arábiga, comprada para o Museu por inter
médio do Sr. Hauoel Joaquim de Campos, preparador do mesmo.
Varias moedas portuguesas e verónicas, offerecidas pelo Sr. Ha-
uoel Joaquim Xavier, empregado do Mnseu Ethnologico.
Vários pondera de barro, um d'elle8 com uma inscrípção, oíFere-
c-idos pelo Sr. Fraucisco de Tavares,
Duas moedas de onro visigóticas, compradas em Lisboa.
Um uQgiientario romano de vidro e uma estatueta de bronze, que
L-omprei em Lisboa.
Jnnho de 1904
Uma cabrínha de bronze lusitanica, uma figurinha de bronze, dois
vasos, uma pedra gnóstica e vários pergaminhos portugaeses do sé-
culo XIII- XY, comprados por mim em Lisboa.
Um machado do pedra, que me offereceram em Oeiras.
Um machado de pedra de Alcáçovas, trazido pelo Sr. José de Al-
meida Carvalhaes, preparador do Museu.
Coliecç5o de numerosos objectos das épocas da pedra e do bronze
— ÍDstnimentos, fragmentos de louça ornamentada, vasos de barro, pe-
sos de barro ornamentados, etc. — , obtida numa escavaç&o archeolo-
gioa pelo Sr. Bernardo António de Sá, funccionario do Museu.
ColIscçSo de vários objectos adquiridos por mim no Alemtejo e na
Ilespanha: espécimes de ethnographia moderna, moedas portuguesas
e romauas, um anel de ouro, fragmentos de inscripçSes lapidares roma-
nas, instrumentos da idade da pedra, lucemas romanas, vasos romanos
(um d'elles com uma inscripçSo), coutos de contar (jetons).
Um machado de pedra, vindo do Crato, offerecido pelo Sr. Dr. Fran-
cisco CordoTil de Barahoiia.
Espécimes de sílices dos kjfekkenraceddings do valle do Tejo, offe-
rccidos pelo Sr. Director dos Trabalhos Geológicos.
Julho de 190i
CoIlecfSo de lapides romanas da Beira, obtida pelo Sr. Dr. Félix
Alves Pereira, official do Museu Etimológico.
Collecção de decalques de lapides romanas, executados em gess»
pelo Sr. Guilherme Glodomiro Gameiro, desenhador do ^luseu.
bvCooglc
o Abuheolooo PoBTirauâs
7íaios machados de pedra, obtidos no concelho de Óbidos pelo
laime Leite, da Columbeira.
!7ollecç2o doe seguintes objectos, que obtive por compra: ama Vic-
i de bronze, uma inauriê de ouroj uma bulia de onro, nma meda-
la de ouro, tudo da época romana ; um grande vaso de barro pre-
iricoj seis vasinhos de barro de varias épocas; cinco machadas de
a; uma lança de ferro; vários pondera romanos; um fragmento
joio com marca ãgulioa; fragmentos dd alãnetes romanos de osso.
!) Sr. Mário de Abreu Marqnes offereceu um machado de pedra
1 conto ijetún).
) Sr. Joaquim Pedro Piato ofiéreceu um pelouro de pedra.
) Sr. Júlio Hardel oSéreceu uma gárgula medieval de pedra e uma
Iptura antiga de madeira.
) Sr. Dr. Adriano de Hoara offereceu uma lapide antiga, da época
iigucsa.
) Sr. César Landeiro offereceu duas tegulas romanas inteiras.
) Sr. Manoel João Paulo Bocha offereceu uma escuiptura de pedra
;a.
ÁKwto 4e 1»04
!ollecç3o de cento e tantos objectos romanos, gregos e visigóticos,
enientes do Sul.
Vea amphoras romanas quasi inteiras, mas reconstítuíveis, e gran-
Tagmentos de outras, — -trazidos do Aleratejo pelo Sr. Bernardo
nio de Si, conductor de obras publicas em serviço no Musen.
Ima lapide romana da Beira, com inscrlpção inédita, offerecida pelo
!>r. Joaqnim Manoel Correia.
Tm adufe beirSo, offerecido pelo Sr. Francisco Tavares Proença
>r, estudante da Universidade,
lollecçSo de 3:000 moedas romanas de cobre, provenientes do Sul.
eis botSes antigos, offerecidos pelo Sr. Manoel Joaquim de Cam-
preparador do Museu.
Setembro de lOOi
^llecção de objectos obtidos por num numa excursão pelo Minho
uro: uma moeda de ouro visigótica de E^tania, um tinteiro e um
ro de louça nacional (antigos), vários espécimes de ethnograpbia
ma (industrias caseiras, instrumentos agrários, brinquedos infan-
te.), restos cerâmicos encontrados num castro (alguns c<Hn oma-
&Ç!lo), varias mós lusitanicas, nm vaso antigo português, dois cru*
byGoí>^^lc
o ÃKCHJEOLOOO PCHtTOODÉS 47
cifixos meâievaes de metal, um par de gdhetas de touç& da antiga
fabrica de Vianna, um vaso de barro prebistoríco omamantado, três
pesos de pedra Insítanicos, e mais o seguinte:
dois anéis antigos, offerecidos pelo Sr. Br. António de Pinho ;
um macbado de bronze, offerecido pelo Sr. Dr. Flgneiredo da
Guerra;
dois machados de bronze e dois de pedra, offerecidos pelo
Sr. Dr. Luís Xavier Barbosa;
ama espada portuguesa antiga, offerecida peiaSenborá D. Ma-
ria Máxima Leite Pereira de Hélio;
dois vasos romanos, que ine offereceram em Loivos;
um dos caleiros romanos descritos n-0 Arck. Port.,yiu,2Q'(,
e outro aoepigrapho, — offerecidos pelo Sr. Vasco Jacome de
Sonsa Pereiro eVasconcellos, por intermédio do Sr. Albano Bel-
Ijno, que me apresentou a este illustre cavalheiro;
um machado de bronze, offerecido peio Sr. Álvaro de Agniâo;
outro machado de bronze, offerecido pelo Sr. Dr. Passos Brito.
Um cavallinho de bronze, encontrado num castro da Beira, e adqui-
rido para o Museu por intermédio do Sr. Dr. A. A, Cortesão, colla-
borador d-0 Archeologo.
Uma chave antiga, nm grande almofariz antigo de bronze com fi-
guras, vinte e seis moedas romanas e gregas e uma moeda arábiga
de cobre, — comprados para o Museu por intermédio do Sr. Hutoel
Joaquim de Campos, preparador do Museu.
Uas ferrinho» (etbnographia moderna), comprados em Lisboa.
Oitabro <e 19M
Uma lucema arábiga, uma libula de La-Tène e três objectos de
bronze, provenientes da Hespanha, — offerecidos pelo Sr. César Pires,
coUaborador A.-0 Ârciuologo.
Dois parea de castanhetas ornamentadas e uma caixa artística
feita por pastores (etbnographia beirS), — offerecidos pelo Sr. Tavares
Proença Júnior.
Uma lapide romana do Ãlemtejo com inscrípçfto inédita, o^recida
pelo Sr. António Maria do Carmo.
Objectos adquiridos por compra qne fiz em I^sboa: duas pias de
agua benta antigas, de louça; nm polvorinho de chifre, ornamentado,
com « data de 1715; outro polvorinho artístico, mas mais recente.
byGoí>^^lc
Õ AbchecHíOqo Fobtuouís
Tm machado neolíthíco, uma conta de vidro aznl romana e dnaa col-
es de antigos pesos portugueaes, — offerta do Sr. Álvaro de Lemos.
>uas barras de bronze da mina de Alte (Algarve), offerecida» pelo
jjngenheiro Carlos VanzeUer.
Tma xorca de ouro antiga, que consta ter \'indo deYilIa do Con-
-obtida por compra que fiz em Lisboa.
N*rflnbn> de lft04
ím antigo peão de ferro (arroba), oITerecido pelo Sr. Dr. Frauciseo
ovil de Barahona.
Tm dolium romano de barro, de grandes proporções, offerecido pelo
losé da Costa Passos, por intermédio do Sr. Joaquim Correia Bi-
, collaborador d-0 Archeologo.
Fma lapide antiga, com um letreiro, — offerecida pelo Sr. Aulonio
a do Carmo.
Tma verónica portuguesa allusiva ao santo milagre de Santareno, —
uimpra que fiz em Lisboa.
íollecçSo de reprodncçSes de antigos ex-libris portugueses, offere-
pelo Sr. Consolbeiro Adolfo Loureiro.
Tm machado de pedra, de Grândola, offerecido pelo Bev. Francisca
es de Almeida, professor do Lyceu de Lisboa.
'anos pergaminhos dos sec. xv-xvi e livros, — por compra que
n Lisboa.
Desenbro de 1M4
loUecção de objectos, de varias épocas, transferida do Museu de
s Artes para o Ethnologico, com autorização do Governo.
Tm machado de pedra e uma medalha reli^osa, — offerta do Sr. An-
de Jesus e Silva, professor em Amiaes de Baixo.
Tma pulseira da idade do bronze, adquirida para o Museu por iater-
D do Sr. Ascensão Valdês.
fm machado de pedra, offerecido pelo Sr. Carlos Vaiizeller.
■ois modelos de instrumentos prehistorícos dentados, offerecidos
Sr. A. Thomás Pires, director honorário do Museu de Elvas e col-
ador d-0 Archeologo.
ím machado e faca de pedra, provenientes de um dolmen de Kntrc-
0-e-Miobo.
ito instrumentos da época de bronze provenientes da Beira, —
eidos pelo Sr. Engenheiro Aguilar Teixeira.
J. L. DB V.
byCOO^^IC
o Abcheologo Pobtuguês
UoBaioos romanos de Portugal
DoIh iBMKleM ronuM ashadoB ttai proximidades de LetrU
Em 1872 encontrei no sitio do Martim Gil, á distancia de 1 kilo-
metro de Leiria para o lado do KNO., destroços de diversaa babi-
taçSoB romanas.
Numa d'eBtas habitações, onjos restos occupavam nm área de 3:420
metros quadrados, as paredes exteriores mediam 2°',20 de espessura
e nella se viam os vestígios de três vastos compartimentos qne es-
tavam separados uns dos outros por paredes de l^jSO de grossura
e communícav^am entre si por portas com 0"',S2 de largura.
Os pavimentos d'estas três salas eram constituídos por mosaicos
polycbromos da espécie pavinteiitum vermicidatum ', sendo num dos
compartimentos com doas cores (branco e preto), como indica a fig. 1.*,
que representa apenas uma parte do pavimento, e no outro com qnatro
cores (vermelha, amarella, branca e preta), como indica a fig. 2.*
Estes dois desenhos sSo agora publicados pela primeira vez.
No terceiro compartimento o mos^co do pavimento tinha cinco
cores e era o mus luxuosamente ornamentado.
Tendo eu dado o desenho da fig. 2.* ao meu saudoso professor de
latim no lycen de Iieíría, Vietorino da Silva Araújo, este deu noticia
do achado ao fallecido archeologo Joaquim Possidonio Narciso da Silva,
que em 1873 foi a Leiria e fez transportar para o Museu Archeolo-
gieo do Carmo o bello mosaico de cinco cÔres do terceiro comparti-
mento, e cujo desenho o mesmo Narciso da Silva inseriu no Boletim
da Eecã Associação dos ArchUeetos e Archeohgoi Portugueses , vol. i,
pag. 24.
Na argamassa signina (opus Signiimni), sobre a qual estavam embu-
tidos os pequenos cubos de porphiro c mármore de diversas cores que
formavam os mosaicos, enoontraram-se duas moedas romanas, uma do
imperador Probo (sec. in da era vulgar) e outra do imperador Ma-
gnencio (sec. iv da erji vulgar).
Foi também nas minas das habitaçfjes romanas encontradas em
Martim Qil que ha poncos annos se descobriu o bello mosaico com
a figura de Orpheu a tocar a lyra, e rodeado de diversos animaes qne
' DKtionnaire det aniiqviíé» Tvmainet tt grfc^uM, de A.Itieb, I.V. Pavitntntitm,
•i.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AlCHBOLOGO POBTDQdtS
fthídos pelo encanto da musica. Este mosaico foi adquirido peln
go o Sr. J. Leite de Vasconcellos para o Mnseu Etbnologico
is, 6 constitue certamente o melhor espécime dos mosaicos ro- .
ae até boje se tem encontrado em Portugal.
A. I. Maeqoes da Costa.
Onomástico medieval portugrnõs
{ConlÍiiD>t>o.Vld, o Arei. For!., II.MI)
8, castro, 1009. Doe. most. Moreira. Dipl. 126.
s, monte, 1013 (?). Dipl. 136, 1. 22.
s,villa, 967. L. Preto. Dipl. ÕS.— Id. 69.
n. h., 1096. Dipl. 49õ, a.' 829.
, geogr., see. iv. S. 143.
, app. h., 1258. Inq. 674, 2.* cl.
n. h-, 960. Dipl. 49, n." 79.
I, app. h., 1220. Inq. 169, 1.' cl.— Id. 211.
3." Maria de), geogr., 1258. Inq. 367, 2.» cl.
rio (?), 1223. For. Sanguinhedo. Leg. 598.
S. Pedro de), geogr., sec. xv. S. 190.
», n. b., 972. Doe. most. S.Vicente. Dipl. 66.
p. h-, 1258. Inq. 400, 2." cl.— S. 147.
ipp. h., 998. Doe. most. LorvSo. Dipl. 111.
i. Romano de), geogr., 1220. Inq. 68, 2.' cl.— Id. 20õ.
0. h. (?), 867-912. L. Preto. Dipl. 3.
app. h., 1220. Inq. 353, 2.' cl.
,villa, 929. Doe. most. S.Vicente. Dipl. 22— Id. 115.
19, n. h., 850-866. Doe. most. LorvSo. Dipl. 2.
app. h., sec. xv. S. 194.
h-, 995 (?). Doe. most. Pendorada. Dipl. 108.
pp. h-, sec. XV. F. López, Chr. D. Joiío 1.°, p. 1.' cap.
1. Petro de), geogr., 1220. Inq. 193, 1.» cl.
2 Deianes, geogr., 1220. Inq. 149, 2.' cl.
iiore,villa, 1098. Doe. most. Lorvão. Dipl. 630, 1. 4".
oura de), geogr., 1220. Inq. 125, 1.» cl.
ipp. h., 1034. L. Preto. Dipl. 175, n." 287.— Id. 182.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
Flg. 1.*— MoMleo romuo d* I»
KSGALA -
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
I âtenn, len' -■
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
Di„i„«b,Googlí;
I «m
OBLIC LIBKAKV
Di„i„«b,Googlc
o AbCHEOLOGO FlATUGOÊS 51
Saildo, n. h., 933. Doe. most. IxirvSo. Dipl. 25.— Id. 29.
Dália (AIsie?), rio. Foral de Penella. Leg. 374.
BaUdiri, app. h., 1037. Tombo S. S. J. Dipl. 179.
Dallidizi, app. h.., 1047. Doe. most. dâ Qraga. Dipl. 216.
Dalmacias, bíspo, 1094. Doe. ap. auth. sec. xai. IMpl. 484.
DalmaDça, app. h., sec. XV. S. 214.
Daniianus, n. L, 925. Doe. most. Arouca. IMpI. 20.
Damiro, n. h., 949. L. D. Uom. Dipl. 34.
Dani. Vide Casal dani.
Daniel, n. h., 935. Doe. most. LorvSo. Dipl. 25. — Id. 6.
Dauielit, app. h., D83. L. D. Mum. Dipl. 85.
Danieliz, app. h-, 1047. Doe. most. Pendorada. Dipl. 219.
Danielizi, app. h., 1086. Doe. most. Arouca. Dipl. 395.
Dauielz, app. h., 1097. Doe. ap. see. xiv. Dipl. 515.
Dauihel, D. h., 949. L. D. Mum. Dipl. 34.
Danila, n. h., 933. Doe. most. Arouca. Dipl.. 24. —Id. 174.
Danin ou Doaím (S. Salvatore de), geogr., 1220. Inq. 77, 2,' cl.
Dantas, app. h., 1258. Inq. 351, 2.* cl.
Danzatoris, app. h., 1258. Inq. 647, 2.' cl. /; ■
Darqoi, Darci e de Arqui, geogr,, 1220. Inq^, 28, 1.' cl, — Id. 315.
Dárqni Maiore, geogr., 1220. Inq. 107, l,* el.
Datinus, app. h-, 1010. Doe. most. Moreira. Dipl. 131.
Datiz, app. h., 1093. Doe. most. LorvSo. Dipl. 474.
Daudí, n. h., 1093. Doo. most. LorvSo. Dipl. 474.
Daui, a. h., 1011. Doe. most. Pedroso. Dipl. 132.'— Id. 57.
Dauíd, a. h., 929. Doe. most. S. Vicente. Dipl. 22.
Daaidiz, app. h., 1098. L. Preto. Dipl. 521, n." 877.
DaDÍduici (sic.), app. h., 965. Doe. most. Moreira. Dipl. õ7.
Dauit, D. h., 1059. Doe. most. Moreira. Dipl. 255.— Id. 484.
Daoiz, app. h., 907. Doe. most. Moreira. Dipl. 9. — Id. 11.
Dauizi, app. h., 1070. Doe. most. Arouca. Dipl. 303.
Daat, n. h-, 998. Doe. môst. Lorvão. Dipl. 110.
Danti, a. h., 937, Doe. most. Lort-âo. Dipl. 27, n." 45.
Davis, geogr., 1258. Inq. 421, 2.' cl.
Dayam,viUa, 1258. Inq. 331, 1.' cl.— Id. 326.
Dayldo, n. h., 1073. Doe. most. Avè-Maria. Kpl. 314.
Daylu, n. m., 1068. Doe. most. Pedroso. Dipl. 289.
Deça, app. h-, sec. xv. S. 164.
Decus, n. h., 1033. Dipl. 171, n." 278.
Deela. Vide Lama Deela.
Deez, app. b., 1220. Inq. 96, 1.» cl.
DÍ3,l,z.cbyGOO(^lc
o Abcheologo Fobtdquês
Defraiz. Vide Loefreiz.
DegaDJ, n. h., 1100. L. B. Mnm. Dipl. 563.
Degaoia, geogr. (?)^ 1059. L. D. Mam. Dipl. 260, 1. 12.
DegaDO (capitellum de), geogr., 1088. L. Preto. Dipl. 419, n."
Dei anes. Vide Daiaues.
Deilam, geogr., 1087. Doe. most. Pendorada. Dipl. 415.
Deii, app. h., 1258. Inq. 417, 1.' cl.— Id. 418, 434 e 436.
Deldemiro, n. ii., 1037-1065. L. Preto. Dipl. 280.
Delsadielha, app. m., sec. XV. S. 200.
Delgadilha ou de Algadiela, app. m., sec. xv. S. 151.
Delgado, app. h., sec. xv. S. 209. Leg. 415, 1.' cl.
Delgradelim, n. m., sec. xv. S. 177.
DeUii, app. h., 1065. Uoc. most. Pendoroda. Dipl. 282.
Deiiis, n. t., 1273. Leg. 229 e 230.
.Deiioiz, app. h., 1258. Inq. 436, 1.' cl.
Denquilo (de Enq«UoT), d, h., 1063. L. Preto. Dipl. 272.
Dente, app. h., 1258. Inq. 504, ,1.' cl.— S. 351.
Deporzeli, geogr., 1079 (?). Doe. most. Pedroso. Dipl. 343.
Derniim, app. h., sec. XV. S. 155.
DerrahamauÍE, app. h., 10G7. Doe. most. Pendorada. Dipl. 287.
Derribada iras, geogr., 1258. Inq. 412, 1.* cl.
Descano, app. h., sec. xv. S. 387.
Desiderius, n. h., 935. Dipl. 25.
Despauzo (Villar), geogr., 1059. L. D. Mura. IMpl. 258, 1. 50.
De»parili, n. h., sec. XI. L. D. Mam. Dipl. 563.
Desteli, n. h., 1258. Inq. 415, 2." cl.— Id. 416.
Desterici, geogr., 1059. L. D. Mum. Dípl. 259, 1. 24.
Desterico, n. h., sec. XI. L. D. Mum. Dipl. 562.
Desterigo, n. h., 897. Doe. most. Pedroso. Dipl. 8, — Id. 125.
Desteríquiz, app. h., 1000. Doe. most. Pendorada. Dipl. 266.
Desteriqnizi, app. h., 1081. Doe. most. Moreira. Dipl. 357.
Desteriz, app. h., sec. xv. S. 383.
Desti-igoz, app. h., 1058. L. D. Mum. Dipl. 252.
Dena (Portella de), geogr., 1059. L. D. Mum. Dipl. 258, 1. 53.
Devesa mbea, geogr., 1258. Inq. 594, 2.* cl.
Deveselam, geogr., 1258. Inq. 578, 1.' cl.
Devesina, geogr., 1258. Inq. 345, 1.* cl.
Deveso, app. t., 1220. Inq. 5, 1.* cl.
Deza,valle, 952. L. D. Mum. Dipl. 38.— Id. 46.
Dezanos, villa, 922. L. Preto. Dipl. 16.
Dezaos (S." Maria de), geogr-, 1220. Inq. 20, 2.* cl.
byCoo^^lc
o Akcheoloqo Português 53
Ikezza, valle, 952. L. D. Mum. Dipl. 4C.
■tiabres, app. h., 1258. Inq. 393, 1.» cl.
Uiaco, n. h., 1060. L. D. Mum. Dipl. 267, n." 426.— Id. 230.
Uiago, n. h-, 1220. Inq. 2Õ5, 2.» cl— Dipl. 142 e 553.
Diayu, n. h., 1006. L. Preto. Dipl. 120.— Id. 181.
Diahali, app. h., 1115. Leg. 141.
Wiaz, app. h., 957. L: Preto. Dipl. 42.— Id. 147.
Diazi, app. h., 1080. Doe. most. da Graça. Dipl. 350.— Id. 498.
I>idaci, app. h., 907. Dipl. 10, n." 15.— Id. 20, n." 31.
Didaco, n. h., 1258. Inq. 362, 2.» cl.
Didacv, n. h., 995. Doe. most. Moreira. Dipl. 108.— Id. 13.
Didaga, n. h-, 882. Doe. moat. da Graça. Dipl. 6. — Id. 75.
Uidagooi, n. h., 915. Dipl. 14.— Id. 217.
I>idaz, app. h., 907. Dipl. 10, n.» 15.— Id. 21, n." 34.
llídazi, app. h-, 1086. Doe. most. Arouca. Dipi. 398, n." 665.
Ilides, villa, 897. Doe. most. Pedroso. Dipi. 8, 1. 5.
Diego, n. h., 1453. Azurara, Chr, da Guiné, p. 151. — Leg. 683.
1>iega, a. h., sec. xv. S. 433.
IKegae, n. h., 1453. Azurara, Chr. da Guiné, p. 81— S. 318.
Dielho, n. m., sec. xv. S. 3õ6.
Diga], app. h., 1258. Inq. 491, 1." d.
IMgai-eii, app. h., 1220. Inq. 80, 2." cl.
Digniz, app. h-, 1041. Doe. most. Moreira. Dipl. 193.
Digno, n. h., 1059. L. D. Mum. Dipl. 259.
Digo, geogr. (?), 12.58. Inq. 420, 2." cl.
DilLago, n. h. (?), 1008. Doe. most. Moreira. Dipl. 121.
Dinis, n. h., 1453. Azur., Chr. da Guiné, p. 157 e 185.
Diuoiz e Diiioniz, app. h., 1097. Doe. most. Pcndorada. Dipl. 504.
Diom, geogr. (?), sec. xv. S. 351.
Distele, n. h., 1220. Inq. 98, 2.» cl.
Doadi (S." Maria de), geogr., 1258. Inq. 357, 2.' cl.
Doarte (TiUa de), geogr., 1258. luq. 352, 2.» cl.
Doce, n. m., sec. xv. S. 345. — Leg, 410 e 467.
Docem, app. h., aec. XV. F, Lúpez, Chr. D. JoSo 1.", p. 2.*, c. 2. —
Id. 14.
Bocido, n. h., 1090. Doe. most. Moreira. Dipl. 440.
Docinas, geogr-, 1258. Inq. 317, l.» cl.
Dohorgon, geogr., 1258. Inq. 494, 2." cl.
Dolcidio, n. h., 1058. Dipl. 254, 1. 4.
Dolcina, n. m., 1037. L. Preto. Dipl. 180.
DdUo, app. h.f sec. XV. S. 368.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
54 O Ahcheolocm) FosTOGcâs
Dolodenuro, n. h., 1037. L. Prato. Dipl. 180.
Dolquide e Dolqníte, n. h., 1055. L. Freto. Dipl. 240.
Dolqnito e Tolqnito, n. h., 1040. L. Preto. Dipl. 190.
Dolzidio, n. b., 972. Doe. moet. S.Ticente. I%1. 67.
Doma, googr., 1258. Inq. 378, 1.' cl.
Domaez e Domenz (S. Salvatore de), geogr., 1220. Inq. 24, 1." tA.
l>oineu (S. Salvstore de), geogr., 1220. Inq. 225, 2." «l.
Domengns, n. h., 1054. Doe. tnost. Penãorada. DipL 238.
Domenquiz, app. h., 1092. Doo. most. Arouca. Dipl, 460. — H, 482.
Domenqaizi, app. h., 1085. Doe. most. Aroaca. Dipl. 380.
Domeuz (S. Salvatore de), geogr., 1220. Jnq. 100, 2.* d.— H- 399.
Domingas, q. m., sec. XV. .S. 149.
Domiugiz, app. h., 1085. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 383.
Domingo, c. h., 1093. L. Preto. Dipl. 470.
Domingunas, q. h., 1258. Inq. 309, 1.* cl.
Domingniz, app. h., 1092. Dipl. 463.
Dominica, a. m., 1258. Inq. 362, 2.' cl.
Dominícas, n. m., 1258. Inq. 308, 2.' d.
DominicM, n. h., 1086. L. Preto. Dipl. 392. — Id. 13.
Dominigoz, app. h-, 1057. L. D. Mum. Dipl. 246.
Dominiguiz, app. h., 1080. L. Preto. Dipl. 351.— Id. 420.
Dominíquii, app. h., 1081. Mpl. 360, n." 600.
Dominquici, app. h., 1088. Dipi. 420, n." 701.
Domiuquii, app. h., 1092. Dipl. 465, n.»781.
Dominquizí, app. h., 1086. Dipl. 394.— Id. 445.
Domitria, n. m., 991. Doe. most. S.Vicente. Dipl. 101. — Id. 137.
Domnadeo, n. h., 1037-1065. Dipl. 280.
Domnani, n. h. {?), 1009. Doe. most. Moreira. Dipl. 126.
Domnaniz e Domnauizi, app. h., 1041. Doe. most. Moreira. IHpl. 191.
Domnega, n. h. (?), 1050. Doe. most. Pedroso. Dipl. 230.
Domnica, a. m. (íÓ, 1067. Doe. most. Pendorada. Dipl. 287.
Domnieon, n. h., 974. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 71.
Dona, app. m., 1258. Inq. 344, 2.' cl.
Donacalio, n. h., 972. Doe. most. S. Vicente. IHpl. 67.
Donadeiaz, app. h., 1044. L. D. Mum. Dipl. 203.
Douadens, n. h., 924. L. D. Mum. Dipl. 19.
Donadildi, n. h., 929. Doe. most. S.Vicente. Mpl. 22.
Donadilli, n. h., 1013 (?) Dipl. 137.
Donado, n. h., 938. Doe. most. Lorvão. Dipl. 28.
Donadoz, app. h., 1045. L. D. Mum. Dipl. 208.
Donaili, n. m., 1078. Doe. most. Pedroso. Dipl. 341.
byGoí>^^lc
o Abchbolooo PoKToauAs 55
Douais, app. h., 1258. Inq. 399, 2.' oL
Dona], D. h., 973. Doe. most. LorvSo. IKpL 68, d." 108.
Doium, n. h., 944. L. Preto. IHpl. 31.— Id. 159.
Donan, n. b., 1061. Doe. most Moreira. DipL 369, a." 430.
Doaaneriqniz, ^p. h-, 1061. Doe. most. Moreira. Dipt. 369.
Doiumí, Q. h., 978, Doe. most. Moreira. IMpl. 77.
D^uaiei, app. h-, 1069. Doe. most. Moreira. Dípf. 398.
Donaniz, app. b-, 995. Doe. most. Moreira. Dípl. 108.
Donanisí, app. h., 960. Doe. most. Moreira. Dípl. 49. — Id. 57.
DoDanna, a. h., 773 (?). L. Preto. DipL 3.
DMao, n. fa., 1258. Inq. 353, 3.* cl.
Doiuit«, n. h.., 952. Doe. most. Lorvlo. Dipl. 38.
Donato, n. h., sec. xi. L. D. Mum. Dipl. 564, 1. 39.
Donaz, app. h., 1100. Doe. most. LorrZo. Dipl. 559.
1>onasano, d. b., 1001. L. Preto. Dipl. 113. — Id. 118.
Donisão, n. b., 1258. loq. 332, 1.* cl.
Donazario, n. b., 99Õ. L. Preto. Dipl. 107.
Donazo, a. b., 990. Doo. most. Moreira. Dipl. 98, n." 158.
Donegas, d. b., 1032. L. Preto. IMpl. 168, a." 275.
Donego, geogr., 1258. Inq. 302, 2.» cl.
Donuro (Casal), geogr., 1258. Inq. 342, 2.' cl.
Donela, n. m., 1008. L. Preto. Dipl. 125.
Donelizi, n. b., 773 (?). L. Preto. Dipl. 1.
Donellus, n. b., 968. Doe. most. Lorvão. Dipl. 60— Id. 73.
Donelom, a. b., 1057. L. Preto. Dipl. 247.
Donim.Vídè Danin.
Doninga, n. b. (?), 1079. L. D. Mum. Dipl. 344.
Donino, □. b., 1045. Doe. most. Moreira. Dípl. 307.
Donis, D. h., sec. xv. S. 215 e 216.
Donisore, n. h., 1044. L. Preto. Dipl. 205.
Donitria, n. b., 96Õ. Doe. most. Moreira. Dípl. 57, o." 91.
Doniz, n. h. (?), 978. Doe, most. Moreira. Dipl. 77.— Id. 302.—
Geogr. Dipl. 513— loq. 533, 2.' d.
Donizi, app. h., 1054. Tombo S. S. J. Dipl. 174. — Id. 204.
Donnan, d. b., 995. Doe. most. Moreira. Dípl. 107.— Id. 109.
DoBBaai, n. h., 924. L. Preto. Dipl. 18.— Id. 57.
Donnaniz, app. b., 1038. L. Preto. Dipl. 182.
DmuuuUjj, app. b., 1043. L. Preto. Dipl. 199.
Donnazanno, n. b., 1013 (?). Dipl. 136.
DonneUú, app. h., 1014. L. D. Mum. Dipl. 138.— Id. 287.
DonneUo, d. b., 1076. Doe. most. Peudorada. Dípl. 326.
byGoot^lc
56 O Aachkologo Pobtogués
Sounici, geogr., 1097. Dipl. 513, I. 6. . '
Dounicon, a. b., 1043. L. Preto. Dipl. 199.
Donnú, geogr., 1098. Dipl. 518, 1. 19.
Donnon, n. h.. 964. L. Preto. Dipl. 55.— Id. 79.
Dobo, n. h., 1053. (?). L. Preto. Dipi. 235.
Doiion, n. h., 955. Doe. moat. Moreira. Dipl- 40. — Id. 112.
DoiioDÍ£Í, app. h., 1087. Doe. aé de Coimbra. Dipl. 411.— Id. 450.
Uoona ou Daona, app. b-, 1220. Inq. 127, 1.* cl.
Dopa (Cabeza), geogr., 1199. For. Quarda. Leg. 511.
Doradea, a. m., 1078. Doe. most. Moreira. Dipi. 337.
Dordia, n. m., 1033. Tombo S. S. J. Dipl. 172.— Id. 201.— Inq. 532.
Dordlz, app. h., sec. xv. S. 159.
Doreas, geog^. {?}, sec. xv. S. 168.
Doredo, n. h. (?), 1025. L. Preto. Dipl. 159.— Id. 193. -
Dorgeses, app. b., sec. XV. S. 351.
Dorigo, n. h., 1039. Tombo S. S. J. Dipl. 186.
Doriguzi, app. b., 1037. L. Freto. Dipl. 181.
Dorio, rio, 897. Doe. moBt. Pedroso. Dipl. 8, 1. 4.— Id. 16 e 18.
Dormes, geogr., sec. xv, F. López, Cbr. D. J. 1.', p. 1.', C. 160.
Itonias, geogr., 1258. Inq. 388, 1.» d. — Id. 431.
Domelas (S. Salvatore), geogr., 1258. laq. 425, 2.» cl. — Id. 92.—
App. h.— Id. 526.
Dorodea, a. ra. (?), 1074. Dipl. 316.
Doróo, app. b., sec. xv. S. 318.
Dorosede, n. b., 1018. Tombo S. S. J. Dipl. 146, n." 235.
Dorotee, a. m., 1057. L. D. Mum. Dipl. 245.
Dorraca, app. b., 1258. Inq. 319, 1.» el.
Dorranes, app. b., 12Õ8. Inq. 320, 2.» ei.
Dorrom, villa, 1258. Inq. 473, 2.» cl.
Doirou, villa, 1059. L. D. Mum. Dipl. 258, 1. 31.
Dorsum Yarxeaa (í), geogr., 950. Doe. ap. sec. XIU. Dipl. 35.
Doruaueia, app. b., sec. XV. S. 197.
Dosterigo, n. h., 1053 {?). L. Preto. Dipl. 235.
Dostrulfizes, app. h., 973. Doe. ap. sec. xviii. Dipl. 69.
Dotarío, D. b., sec. XV. S. 253.
Douchristi, geogr., 1220. Inq. 46, l.*cl. — Id. 128.— App. h.Id. 314.
DoneUas (Porto), geogr., 1092. L. Preto. Dipl. 462.
Donti-ím, app. b., sec. xv. F. Lípez, Cbr. D. J. 1.°, p. 1.', C. 161.
Doyat, app. m., 1258. Inq. 400, 1.' cl.
Doyro, rio, sec. xv. S. 307.
Doíar, geogr., 1258. Inq. 493, 2.' cl.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÃBCHBOLOQO FOBTUOUÊS 57
Iloíarias, geogr., 1258. Inq. 369, 2.» cl.
Doieiro, app. h., Bec. XV. F. López, Chr. D. J. V.", p. 1.', C. 187
Dragoncelli, vilia, 1100. L. B. Ferr. DipL 546.
Uragunceli, vilIa, 1086. L. B. Ferr. Dipl. 399.— Id. 451.
Dragaio, app. h^ sec. XV. S. 155.
Mrimas, n. í. (?), 1033. Dipl. 170.
Duarii (Fontum), geogr-, 1258. Inq. 589, 2.» cl.
]>ucidia, n. m., 1070. Doe. most. Arouca. Dípl. 303.
llucidin, n. h., 1070. Doe. most. Arouca. Dipl. 303.
l>ueiro (Casal), geogr., 1258. Inq. 599, 1.' cl.
Duer, app. h., 1258. Inq. 601, 2." cl.
MoUdii, app. h., 1034. Tombo S. S. J.^Dipl. 174.
lluiro on de Crio (S. Andrea de Rio), geogr., 1220. Inq. 196, 1.' cl.
I»uÍro, rio, 995 (?). Doe. most. Pendorada. Dipl. 108, n." 175.
Dulce, n. m., 1085. Tombo D. Maior Martinz. Dipl. 379.
l>ulcedoouia, app. m., 1038. L. Preto. Dipl. 182.
Ikulcia, rainha, 1055-1065. For. de Paredes. Leg. 347.— Id. 488.
Ilulcioa^ n. m., 1009. Boc. most. Moreira. Dipl. 126.
Dalceuida, app. m. (?), 985. Doe. most. Moreira. Dipl. 94.
Ihilcidius, bispo visiense, 943. Doe. most. LorvUo. Dípl. 30. — Id. 2
e23.
Ilulgneses, app. b., eee. xv. S. 351.
l>Dlquede, n. h., 1044. L. D. Mum. Dipl. 203.
Bulquido, n. h., 1045. L. Preto. Dipl. 209, n." 341.
Itulzuna, n. m., 1060. Doe. most. Moreira. Dípl. 268.
Dumio, geogr.. 911. Doe. ap. Academia Olisip. Dipl. 12. — Inq. 68
e 205.
Dttoceiro, n. h., 1220. Inq.-120, 1.* cl. .
Dniipa, geogr. (?), eee. xv. S. 383.
Duque, app. h., see. xv. S. 305.
Duquesa, app. m., see. xv, S. 305.
Dura, geogr. (?), sec. xv. S. 170.
Durães, app. m., sec, xv. S. 171.
Durííez, app. h-, 1220. Inq. 114, 1.' cl.
Daraiz, app. b., 1220. Inq. 34, 2.' cl.— Id. 114.
Duram, n. h., 1220. Inq. 24, 2.' cl.— Id. 34.
Durambias, n. m., sec. xv. S. 254.
Darancia, n. m., 1258. Inq. 332, 1.* cl.
Duraucino,' geogr., sec. xm. Doe. in Archeúl. port., t. IX, p. 70.
Duraodus, n. h., 1220. Inq. 67, 1.' cl.— Id. 327.
Duraanns, n. h., 1258. Inq. 576, 2.' cl.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
58 O Aacaxohoao Pobtdgcês
Daranns, n. h., 1220. Inq. 200, 1.' el.-;-Id. 85.
Durio, Q. h., sec xv. S. 179.
DanUe, n. m., 12Õ8. loq. 491, 1.* cl.
Durieses, app. h., sec. XV. S. 312.
Duroni {Monte de), geogr., 1152. For. de Freixo. J^g. 380.
Dnrop, geogr., sec. xv. F. López, Chr. D. J. 1.", p. 1.% C. 146.
Duros, app. h., sec. xv. S. 171.
Ihirosina (Pedra), geogr., 1258. Inq. 554, 2.' d.
Dnrrdo, app. m., sec. xv. S. 334.
DnsdicoE, n. h., 1057. L. D. Hum. Dipl. 246.
Duura, geogr., sec. XV. S. 172.
Duzaes (S.'* Marina de), g«ogr., 1258. Inq. 360, 2.» d.
Drne, n. m., 1100. Doe. most. Avfe-Maria. Dípl. 561.
Dyu (Portela), get^., 1258. Inq. 343, 1.» cl.
Eaues, app. h-, 1258. Inq. 376, 1.» cl.
Eanaes, app. h., 1453. Asar., Chr. da Gainé, pg. 56. — Id., Dissert.
chron., t.' 5.°, p. 266.
Eauuez, app. h., Dissert. chron., f." 5.", p. ?
Eauo, n. h-, 1097. Doe. most. Pendorada, Dipl. 510.
Ebani, n. h. (?), sec. xi (?). L. D. Mum. DipL 562.
Ebraham, n. li., 964. L. Preto. Dipl. 55.
Ebrahem, n. h., 968. Doe. most. LorvSo. Dipl. 60.
rair^imi, n. h., 1018 (?). Doe. most. Lorvio. Dipl. 149.
EbraUi, n. m., 1008. Doe. sé de Coimbra. Dipi. 122.
Ebraldum, geogr. (?). For. de Coimbra. Leg. 356.
Ebreguldus, n. h., 870. L. D. Mum. Dipl. 4.
Ebpegulfiz, app. h-, 1019. L. Preto. Dipl. 151.
Ebragulfo, n. h., 1027. Doe. most. da Graça. Dipl. 162.
EbreUeimes, vilta, 1059. L. D. Mum. Dipl. 262, 1. 3.
EbpiU, n. m., 982 {?). L. D. Mnm. Dipl. 82.
Ebpilli, n. m., 1059. L. D. Mum. Dipl. 261.— Id. 375.
Ecoa, n. h., 1061. Doe. ap. sec. xiv. Kpl. 269.— Id. 274.
Ecclesiola, villa, 1059. L. D. Mnm. DipL 262, L 29.— Id. 447.—
Inq. Ô79.
Eçeja, geogr., sec. xv. S. 263.
Ecenaeoo, a. h., 985. Doe Bé de Coimbra. Dipl. 92.
Ecenrario, geogr., 922. Doe. aè de Coimbra. £^1. 16, uJt. L
Ecgire, app. h. (?), 921. Doe. mo«t.Vairao. DipL 15.
byGoí>^^lc
o ASCHBOLOQO POVTDQUflS
Echeg», n. h., 1063. L. Preto. IHpl. 272.
Echegues, app. h., sec. xv. S. 175.
Eehigi, n. h., sec XV. S. 190.
Echigic, app. h., sec. xv. S. 281.
Eclugit, app. b., sec. xv. S. 279.
Echigiz, app. h., sec. xv. 8. 190.
EdesioU e Ecciesiola, geogr. 960. L. D. Mom. IMpl. 51, 1. 11.—
Id. 320.
£cta e Eita, d. h., 1063. Doe. ap. sec. xii. Dipl. 273.
Ecfavida, n. h., 1115- Coodlio Ovetensé. Leg. 140.
Ecte, app. ti., 1115. Concilio Ovetensé. I^eg. 140.
Eddeges e Eldeges, n. h-, 960. Doe. most. Moreira. Dipl. 49.
Edegnndie, a. m., 1032. Doe. most. da Graça. Dipl. 166.
Edelaiz, app. h., 1014. L. D. Mnm. Dipl. 139.
Ederata (Petra), geogr., 924. L. D. Hum. Dipl. 19.
Ederoni, geogr. (?), 1060. Doe most. Pedroso. Dipl. 231.— Id. 334.
Ederoaias, n. h-, 1062. Doe. most. Arouca. Dípl. 365.
Ederonio, n. h., 990. Doe. most Moreira. IMpl. 98.— Id. 101.
Ederonii, app. h., 1035. L. Preto. Dipl. 176.
Edero&zi, app. h., 085. Dipl. 93.
Edironi, app. h., 973. L. Preto. Dipl. 69.
Edmondo, n. h., sec. xv. F. López, Chr. D. J. 1.', p. 2.', C. 88.
Edonia, n. m. (?), 976. Doe. most. da Graça. Dipi. 75.— Iik|. 354.
Edoronio, n. h., 1004. L. Preto. Dipl. 118.— Id. 127.
Edro, boiça, 12.58. Inq. 586, 2.' cl.
Edroulo, n. b., 1041. Doe. most. Moreira. Dipi. 191.
Eduarte, n. h., 1453. Azar., Chr. da Gaíné, p. 3 e 235.
Edno, n. h. (?), 989. L. Preto. Dipl. 97.
Eenãas, geogr., 1258. Inq. 694, 2.* cl.
Eeroniz, app. h., 1100. L. B. Ferr. Dipl. 557.
Egabediz, app. h., 1049. L. D. Mum. Dipl. 227.
Egani, app. b., 911. IKpl. 11 e 562.
Eganíz, app. h., 978. Doe. most. Moreira. Dipl. 77.
Egaredi, vílla, 1075. Doe. raost. Moreira. Dipl. 322.
Egaredici, app. b., 924. L. Preto. Dipl. 19. — Id. 324.
Egarediz, app. b., 968. Doe. most. Moreira. Dipl. 62.— Id. 180.
Egaredo, n. h., 921. Doe. most-VaíriU). Dipl. 15.— Id. 199.
Egarel, villa, 1059. Doe. most. Moreira. Dipl. 255.
Egareo, n. b., 1081. Doe. most. Moreira. DipL 359.
Egarens, n. b., 773 (?}. L. Preto. Dipl. 2.
Egamzl, app. b., 100^. Doe. most. Moreira. Dipl. 115.
byGoot^lc
o AbCHEOLOOO FORTUODÊa
Egas, a. h., 983. Dipl. 40, 85 e 115.
Egea, n. li., 1258. Inq. ÕOI, 1.* cl. '
Egeas, n. h., 1068. IJoc. ap. sec. xiil. Dipl. 290.~Id. 316.— Geogr-,
1220. Inq. 32, 1.' cl.— Id. 539.
Egee, app. h., 1220. Inq. 129, 1.' cl.
Egeka, n. h., 991. Doe. most. da Graça. Dipl. 100.— Id. 109.
Egela, n. L., 922. L. Preto. Dipl. 17, 1. 2.
Egelo, n. in., 991. Doe. most. Moreira. Dipl. 100.— Id. 223.
Egeus, n. h-, 1033. Dipl. 171.
Egica, n. h., 922. L. B. Ferr. Dipl. 17.— Id. 63.
Egicat, app. h., 1049. L. D. Mum. Dipl. 227 e 250.
Egicai, app. h., 1010. L. Preto. Dipl. 131.
Egidi {?), n. h., 951. Doe. ap. most. Arouca. Dipl. 3C.
Egídio, n. h., 1258. Inq. 496, 1.* cl. — Id. 591.
Egidius, n. li., 1151. For. da Lousa. Leg. 378.— Id. 347.— Inq. 611.
Egika, n. h., 1085. Doe. most. Arouca. Dipl. 388.
Egikaci e Egikazi, app. li., 1085. Doe. most. Arouca. Dipl. 388.
Egikaz, app. h., 1090. Doe. most. Pendorada. Dipl. 442.
Egilaoes, viUa, 1013 (?). Dipl. 136.
Egilo, n. m., 989. Dipl. 98.— Id. 163.
EgiqnÍE, app. h., 998 (?). Doe. most. Moreira. Dipl. 111.
Egitania, geogr., 1258. Inq. 608, 1." cl.
Egilanie, app. m. (?), 1258. Inq. 482, 2.' cl.
Eglesiola, vitla, 922. L. B. Ferr. Dipl. 17, n." 26.— Id. 108.
Egoredo, n. h., 1055. L. Preto. Dipl. 242.
Egríz, n. h., 954. Doe. most. Lorv3o. Dipl. 40.— Id. 132.
•Egro, geogr. {?), 1006. L. Preto. Dipl. 120, n." 195.
Egufiz, app. m., 1097. Doe. most. Pendorada. Dipl. 510.
Egjras, app. li., sec. xv. F. López, Chr. D. J. 1.', p. 2.', C. l."
Eicazi, app. h., 1059. Dipl. 263.
Eichiga, n. h. (?), 1042. L. B. Ferr. Dipl. 196.
Eidamiam, geogr., 1169. For. de Linhares. Leg.'395.
Eidiaes (8.'* Maria de), geogr., 1220. Inq. 165, 2.' cl.
•Eidimns, n. h., 953. Doe. most.Viniar. Dipl. 39.
Éidino, n. h., 1045. Doe. moet. Moreira. Dipl. 207,
Eido e Heído, geogr., 1258. Inq. 735, I .* cl.
Eienna, n. m., 951. Dipl. 36.— Id. 300.
Eiga, D. h., 1083. Doe. moat. Moreira. Dipl. 367.
Eigat, app. h., 1057. L. D. Mum. Dipl. 246.
Eigica, n. h. (?), 924. L. D. Mum. Kpl. 19.— Id. 112.
Eigilo, n. h. (?), 1059. Doe. most. Moreira. Dipl. 255.
byGoí>^^lc
o Akcueologo Pobtuqdés
Eigio, n. m., 1258. Inq. 369, 2.* cl.
Eigo, nrti., 081. Doe. most. Lorv9o. Dipl. 81.
Eigrei4k>, geogr., sec. XV. S. 354.
Eignltoj B. h., 985. Doe. most. Moreira. Dipl. 90.
Eignmediade (Uillar de), geogr., 989. Dipl. 98.
Eika, n. h., 925. Dipl. 20.
EUan, n. m., 1033. Tombo S. S. J. Dípl. 172.
Eilantes, villa, Era 1102. L. Preto. Dipl. 277.
Eileiaa e Eilenna, n. m., 1054. I^pl. 239.
EUeua, d. m., 1053. L. D. Mum, Dipl. 237.
EUena, n. m., 1080. Tombo D. Maior Martioz. Dipl. 356.
Eileuba, n. m., 1008. Doe. most. Moreira. Dipl. J21.
EUeuaa, a. m., 943. Doe. most. Arouca. Dipl. 31.
EiU«iuii, n. h., 921. Dipl. 15.
Eilo, u. m., 883. Doe. ap. sec. Xí. Dípl. 6.— Id. 94.
Eilon, n. m., 1034. Dipl. 173.
Eínês, Q. m., sec. xv. S. 184.
Eiqaiam, geogr., 1220. loq. 103, 2.' cl.
Eiradelas (mestas das), geogr. (?), 1258. Inq. 362, 2." cl.
Eiram pedrazam, geogr., 1182. For. deValdigem. L. 428.
Eirao e Eiroo, app. h., 1220. Inq. 133, 2.' cl.
Eiras, geogr., 1018. L. Preto. Dípl. 147.— Id. 148.
Eirici, app. b., 965. Doe. most. Moreira. Dípl. 57. — Id. 336.
Eirico, n. h., 979. Doe. most. Moreira. Dipl. 78.
Eirígiiu, D. b., 1061. Dipl. 269.
Elrigiz e Eirigniz, app. b., 1040. L. Preto. Dipl. 190.
Eirignit, app. b., 1258. Inq. 298, 1.' cl.— Id. 400.
Eirigniú, app. b., 1032. L. Preto. Dipl. 167.
Eirlgiu, n. b., 915. L. Preto. Dipl. 14.
Eiriquici, app, b., 1074. Doe. most. Moreira. Dipl. 315.
Eiriquiz, app. b., 1075. Dipl. most. Moreira. Dipl. 323.
Eirii,villa, 1058. L. D. Mum. Dipl. 249. — Inq. 127.
Eiriíi, villa, 1059. L. D. Mum. Dipl, 262, I. 38.
Eiró, n. h., 1258. Inq. 417, 2.' cl.— Id. 418.— S. 174.
Eiroo. Vide Aeiroo.
Eiroos, geogr., 1220. Inq. 30, I.» cl.- Id. 316.
Birnga, app. b., 1258. Inq. 440, 2.' el.
Eírugniz, app. b., 1220. Inq. 171, 2." el.
Eisem, n. b., 951. Dipl. 36.
{C<míi»ia}.
A. A. CobtebZo.
byCOOglc
0 Abcheologo PoKTDOUÍâ
Tobeoloffo Português — 1906
iflgto blhllo^Bphlco du permatas
ircitlar {Circular mensal de Domismatica); receberam- se'
neiro, Fevereiro, Março e Abril, com photograviu&e de
plaquetas.
mat. Gesellschaft in Wían (Folba mensal da Sociedade
ienna); entraram os fasciculos de Janeiro, Fererein),
e Jaobo. *
; numero de Janeiro (i). Um doa artigos versa: aSu la
fll' A»it Romano e riisiira iii Roma nel iv e v «ec ai',
i. Uma plirase consoladora, não d'este, mas de outro es-
tila è celebre, negativamente, per aaper mantencre i suoi
aismatica e scienze affínl, Neata reviata b3o publícadoe
!e nvmiíin. rom. O fasciculo i de IfKXi occnpa-se apenas
Vaticani. Precedendo a lista d'ellea e algumas bellas pho-
Gnecclii conta-nos a triste odjsseia dos ricos medalfaSes
3o do Vaticano, levados de Roma com outras prcciosida-
depoia do tratado deTolentino (1797), como coutribniçSo
y feí-se uma restituição, ^?na t-í toraarono (i medaglieri)
wsi. . . furono ratituiti i medaglieri, ma non le mtdaglie;
eonleiíulo.
Publica-se cm Budapesth esta revista oumísmatica qne
ogravuras de cunboB no FUift i e ii. InfelJzjneute para
ungaro, língua que totalmente ignoramoB. £ despertava-
a moeda, ao parecer, doe bárbaros, co.n nma awa«tika,
A s-clie ol o ir i a
ogie (revae de la Sociité de Saint-Jean; LfOB, place Bel-
de Janeiro apresenta o seguinte texto: Charles Henri
■d); Lettre» de Marie-Charle» Dulac; Utie conférence de
■fra Angélico (A. P.) \ Bidletin de la SoeiéU de Saint-Jeaa
Tote» de Vitranger {Denis Roche) ; Bibliographie et Caím-
rê Qirodic).
•"everelro tem a continuaçSo daa Lettre» de M.-Cieirlet
la Sociité de Saint-Jean (A. Bichardière) ; L'arl puhlie
PeiiU «almia ( Leroux Cesbron). O penúltimo artigo vera»
issociação fundada na Bélgica e intitulada Sociedade da
1 fim é derramar no pOTO o gosto artístico, muito TÍvaz
1 combater o mau gosto originado pela concepçSo excln-
sntaçSo, chamando o país ás tradiçSes aaeio-
n nenhuma parte, o gosto do publico e do n3o
byGOí>^^IC
o AaCHEOLOGO F(»TUOCÊS
paUieo &, por smqd (Szer, analfabeto. Tal aasociaçlo entr» néi morria de
inanifio.
ArchÍTO Bíitorico Futagnês; a." 1 e 2 (JoBeiro e Fevereiro). SamniBriD: Ur-
raca Machado, áatta de CheltaÈ, )>or Pedro A. de Azevedo; Um primo ã*
Praneiíeo de Sá dt Miranda, Brito Retiello; Aadré de Setende e não Ludo
Andrí dt Beamde, A. F. Bar&ta; Em votta de imh caria de Garcia de Se-
tatde, A. Braamcamp Frein; Ã Chanedlaria de D. Affoiuo V, pelo mesmo;
Caria» de quitação delBei D, Manorl, pelo mesmo; í.' folha da Cnmiea dei'
Sei dorn Joam I, de Fernão Lopt*. "Iria trea bellaa photogtarnras.
Bolstin de la Socisdad Castellua de Excarnonst; n.' 25, correspoodeote a Ja-
neiro, cujo satnmario é : Nueuat noticiai de arte, etc, por D. José Marti
j Honsó; Noticia* de una corte literária, por D. Narciso Alonso A. Cortês;
tem ama bell» pbotogxavara que re^esenta nm retábulo do convento de
S. Francisco de Valladotid. O retábulo, dividido em trca painéis por pilares,
como que fórma um triptico em estilo gótico, e nelle se vêem esculpidoa em
alto relevo alguns factos da vida de Jesus Christo. Parece ser de madeira
e ter alto valor. £st& actualmente no Mueeo Arqiieolof/ica de Valladolid.
O n." 26, correspondente a Fevereiro, trata, entre outros assnntos, de:
Betloe dei arte árabe 6 muáiyar en S." Ciara de Tordetilla», por D. Juan
Agapito j Revilbo; La cata de Cervantr.» en Valladolid, etc. O autor do pri-
meiro artigo promette tratar mais desenvolvidamente do assunto, e oxalá
não deixe de acompanhar o sen trabaJtio com reprodiicções arti^ticas dos
vestígios que descobriu. O segando é o relatório do mesmo autor acerca
da humilde casa de Cervantes, a qual ae pensa em considerar monumento
nacional. D'esta forma se asseguraria a sua couservaçiio e integridade,
ameaçada a cada instante, aliás com sincera piedade, pelos estrangeiros
que querem pagar a peso de ouro até os próprios pregoa das portadas.
A photo gravura d'este numero representa a torre de S." Estevam cm Se-
góvia, bello exemplar, ao qae parece, das solidas torres românicas, com
oineo andares de ventanas, algumas em arcatura, outras rasgadas-
O n.° 27 é de Março de 1905, e o aen texto é : La capiUa dei palácio
Ãrzoíiitpal de Valladolid, por D. António Nicolas; no retábulo, que é consi-
derado obra do principio do sec. xvi, ha pinturas de alto valor, etc. A pho-
tc^ravura é o *Tra»ooro de la Catedral de Paleucia:
Revista de Eztr^adnra. Fascicnios de Janeiro, Fevereiro e Março de 1905. O pri-
meiro insere, entre outros, nm artigo do Sr. P. Fidel Fita acSrea de duas
lapides romanas inéditas, descobertas em Ibahemando; uma tradncçfio para
hespanhol, *El Fu>íínt«ta>, de um cooto do dosso António Feliciano de Cas-
tilho; Z<a CaranUAada dei Acehucke {eottumbreg popitlart») por Pnblio Hur-
tado: iqué es una carantoQa? . . . un hijo de Adan... ha estado aaaomado
á las puerias de la Etenidad, 7 como voto 6 promesa. . . ofreció ser ea-
rfnf^ta el dia da San Sebastian, patrono dei pueblo. . . Se viste nn sajon
de pellerjos de cabra, oveja 6 bnoj, sin curtir, que le cnbre todo el cuerpo,
desde el cnetlo hasta loe pies, ceOido i Ia eintara con nua cincha bien apre-
tada, 7 M eneasqueta en la cabeza una espécie de caperuza ó gorro dei pró-
prio pellejo qae el sajo, eon dos agnjeios á la altura de los ojos, que le entra
hasta la g(»ja. . . Lleva en la mauo nn caehillo. . . Su uússion. . . la de re-
correr el pueblo. . . amedrontando. . . ou el inharmonico gít g&», etc. Fazem
puie também da procissão do santo.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ArCHEOLOÍIO POETUQUÊ3
o f«BCÍculo de Fevereiro ioclue um estudo do Sr Nieolia Pérez Jioié-
iilado 'Hitloria dei Erlado de. Capillat, onde se localiza a Miro-
B&eticA, parecer já perfilliado por HUbner no Corp. Inter. Lat., ti,
. Santiago do Cacem também seria, no parecer de HQbner, uma
Hl O Sr. J. Leite de Vasconcelloa porém erfi que aeria mais ao
imo a "Ode-miTa' {Vid. MdigiSea da I.ugilania, 11, pag. 236, noU).
publica umas epigraphes que se encontram naquclla collecçio com
166 c 2367, mas com algumas diSerenças. Como nSo ha referencia
]*, sQrgem duvidas acerca da melhor leitura. Menciona-ae o appa-
1. de duas «espadas largas de cobre, celtiberica«, hmlladas harn
.tro ailoa à' oiillas dei rio Zujar> ; cstarSo salvas para a seienela?
Bto, versos e prosas, e entre estas a tradução de um conto de Al-
aga, nLa aceittina seviilana», bordado tobre a conhecida anecdota
ina: «si, pêro empuez de habcrla yo canzaoa.
blheto de Março cootimia o estudo acSrca de Capilla; e honram-
l tra'daçuea 'de trovas portuguesas do fado.
l Comiaion frOTÍncial de monamentos biitoricoa j artiBlicoí de
(Janeiro c Fevereiro de !90õ). Contém: Epigrafia romana de la eiu-
atorffo, por Marcelo Macias, onde se dá eonta de uma inscripçSo
i iuedita dedicada a Probo, com o nome de um legado jurídico da
ense ... tu framíníui Priícug; e alem d'esta, de ontra funerária
Ltera, um vaso e ramo: Log camitioa antiguoa y el itinerário «■* ÍS
Uio eh la pro»ineia de Oreiise, por Manuel Diez Sanjurjo, em que
onam muitos castros e obras ou restos aliundautes da época ro-
^lnsivamente de mineração do ouroj-e Dociimentoa kistorieog.
tpauha este fascículo uma boa pbotogravura da lapide de Aatorga,
nesmo importante paleogrttphicameutc.
rtngaés. K uma revista da Commissão Archeologica da índia Por-
0 n.° 1 e 2, reunidos, tem por summario: I — A índia em 1623-1624
^o), por J. -A.' Ismael Gracias. W-rPahneria e Areqneria, por J. M.
1 Nazaretfa. III — Um vmnuêcrilo do P.' Roberto Nobili, pelo P.' Ga-
Saldanha. IV— Cata doa Catkeeamenos em Betim, por J. B. Amau-
ias. V — Vi» Judeu Director da feitoria jiortvgiteta de Surraíe, por
Fmdcíbco Moniz Júnior. VI — A Praça da Ajuda (conclusão), pelo
ieves e Castro. VII — Galeria lapidar no Muteu Beal da índia Por-
Kir J. M. do Caimo Nazareth,
) n.° 1 (Janeiro) de 1005 trata do seguinte: Os confiicio» interna-
D principiar- O Bfculo ijt, por A. Crua da Rocha Peiíoto; Bittorxa
tncia publica em Portugal, por Victor Ribeiro; Let malhímatiquet
'ai, por Rodolfo Guimarães; Phytomelrta, por Euseliio^Tamagnini;
Et hospitalar, por António Arnelio da Costa Ferreira; Fmttet dot
pelo Dr. José Maria Rodrigues; Lirro dag obediências dos geraea.
' 2 (Fevereiro) trata do seguinte: Os conflictos intemacionat» ao
• o tecido IX, por A. Cruz da Rocha Peixoto; Hittoria da ben^-
blica em Portugal, por Victor Ribeiro; Les jnathéma tiques ett Por-
r Rodolfo Guimarítes; Subsídios para a bibliographia portuguesa,
o etlado da liiigua no Japão, por Jordão A. de Freitas.
""''■'■ F.A.P.
bvGooylc
-■OL. X MARÇO, ABaiL E MAIO DE 1905 N.°' 3 A 5
O ARCHEOLOGO
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MUSEU ETHNOLOGICO PORTUGUÊS
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LISBOA
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1905
Di„i„«b,Googlc
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KOTICE SOMIIAIBE SUR LE MUSÉE EtHNOLOGIQUE PohTUGAIS, LlS-
BONHE: 65.
Medaijias de SalvaçXo Portuguesas, existentes na collec^Ào
ohqâmzada for José Lamas: 72.
Miscellanea archeologica : 02.
EXPLOIÍAÇUES ABCnEOLOGICAS EM MERTOLA: 95.
Airros Dl! POSSE de castellos no secolo xvi : 100.
antiqualhas transmontanas: 106.
Antiguidades mosumentaes do Algarve: 107.
Bracara Augusta: 118.
Estudos de numismática colonial portuguesa : 120.
Catalogo dos pergaminhos existentes no archivo da Insigne
B Keal Colleqiada de GuimarXes: 12G.
Onomástico medieval português: 138.
Noticus vírus: 152.
Bibliographu: 157.
líegisto mdliographico das permutas: 159.
Esto fascículo vae illustrado com 17 estampas.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ARCHEOLOGO PORTUGUÊS
COLLECÇiO ILLUSTRÍDA DE UTBUAIS K ROTICIâS
MUSEU ETHNOLOGICO PORTUGUÊS
. X MARÇO A MAIO DE 1905 N." S
Notioe sommalre sur le Musée Ethnologique Portngals
Llsbonne
Le Mosée Ethnologiqne PortngaÍB occupe une des ailes de Tancien
monastère doB Jeronymoê (HieroQymites), dans le quartier de Belém,
sar la rive droite duTagf. II se divise eo troís départemeats: Archéo-
logie, Ethnographie dii Portngal actuei et Anthropologie. A la sectíon
d'ArcIiéolo^e eat annexée ime petite coUeetiou d'anliquttés étrang:ère$,
k titre de dociiments coinparatifs, de mêine qn'uQe petite coUectíon com-
prenant des spécímens colonianx est jointe à la sectioo d'EthnogTapIiie.
I. Époque ãe la pierre taillée, — II reste en Portngal três peu
de chose de cette époqno, la civilísation néolithiqne j ayant presquc
partout fait disparaitre celle de la pierre taillée, aussi a'est-elle repré-
sentée an Musée que par qiielqnes échantiltons.
n. Époque néolitkique. — L'aurore de cette époque se manifeste
par dea spécimens d'ontil8 des kjcekkenmeedãingê de la vallée du Tage. —
Jje néolitbique proprement dit et la fin de cette époque sont, au cod-
traire, três biea représentt^s. Les objets sont disposés par ordre géo-
graphiqne, en commençant par le Snd, d'après le plan de Strabon.
Je □'en indiqnerai ici que les principanx.
Dans le prébistoríqae de l'aneien royaume de 1'Alqarve, aujonr-
d'hai provÍQce, il y a líeu de signaler d'abord an instrnment de pierre
polie, de 1",10 de longneur et de 0",39 de cireonférenee, qui est un des
plus grands ínstrnments que ja coonaiase. Od remarque ensuite; une
cnríense sculpture en pierre, fignrant une tête; un grand vase d'argile
byGOí>^^IC
(Í6 O Aecheologo Pohtugués
à cannelnres {malheureusement incomplet)'; ]ea mobiliers des sépul-
tiires tVAJJezuVj d'AIcaIar, de Marcella, de Nora (belles pointes de flè-
che en silcx, lances de même matíère, plaques d'ardoise omementées,
godets en calcaire, ustensites piriformes en pierre polie, objets eu ivoire
avec dessins, etc).
DaQS TAlehtejo, les mobiliers des antas oh doiraens des Commen-
das tieiment Ia première place: on y voit des plaques d'ardoÍBe ome-
mentées, de magnÍ6qiies pointes de flèche en silex, des grains de col-
, en outre, une pendeioque en forme de quadmpède, sembtable
iiitre provenant de Marrão, tentes les deux en pierre.
Estremadura, j'appellerfú Tattention de l'arc)iéolog^ie sur les
polies de Cadaval et A'ObÍ<hs, três nombreuses, quelques-unes
lies. Cette province a aussi foiírni des gonges en pierre, des
ít des polissoirs.
ns la province ou principauté de la Beira, sont k mentionner: les
Ts des orcas on dolmens de Sátão (poterie variée à fond plat;
?les en pierre; meules íi mondre; un spécimen de peintiire à
lans un bloc de granit; pointes de flèche et couteaux en silex;
che k Tétat nenf, portant un trou de suspension; une plaque
se, á'Idanha, représentant une téte, oe qui rappelle les palettes
^adah; une petíte bobine en argile, de même provenance; tin
íD granit, long de l",!?, large de 0™jl2, aa minimum, et de
au maxímum, trouvé égalenient dans une orca, et pourvu de sil-
ansversaux sur Tun des bords).
province d'ENTEE-DouRO-E-5[iNHO a donné: des vases d'une
spéciale (serabiablos k des chapeaux), avec des dessins bw les
des couteaux, des haches et des pointes de flèche.
as la province de Tba3-OS-^[ontes. sont k mentionner plusieurs
provenants soit des dolmens d'.4/tíio, soit d'autres líeux.
. Epogue du bronze. — Le euivre commencc déjà cliez nous
raítre dans les dobnens: ce sont dabord de miaces pointes de
ou des poignards.
belle époqne du bronze est représentée par des épées (Snd),
trnments d'une forme três particulière rappclant celle des bro-
íud), des faucilles (Sud), des lances (Sud), des hacbes pUtes
est poesible qne ce vaae et cem dont il eat question plus loin (Entre-
-Hinho) appartiennent k une époqne pias avaucée ; ils datent an moiíu
I dn oéolitbiqne.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Archeologo Portoqués 67
(de toiítes régions), dea hschea k douille (Nord et Sud), dea haches
k anse latérale d'un des côtós on des deus (Nord et Centre).
Les stations de ]'EsTaKiiADi:RA ont livre: des instrumenta, une
grande quantité de Jragments de poteríe omementée, et, en oiitre,
qnelquea petíts vaBes lisses et des objets artistiques en os et en cal-
caire. De TAlgarve* províennent des vases et de petites lames en or.
De TAlehtejo, des dalles sf-pulcrales porlant sculptées des manches
d'épées. De SaidaTem, un beau collíer (ou braoelet?) en or.
IV. Epoque du ftr. — Les príocipales stationB de cette époqae
Bont les crasloB on (oppidai: ils remontent quelquefuis aux époques
antérieiíres et atteignent an moins les temps lusitano-romains.
PragançOj en ESTREMADURA, est le craêto le mieax veprésentó
dans le Muaée, à cause de ses ricbes dépooíiles, appartenant k toutes
les époqnes, en commençant par le néolithique. On y trouve : des poin-
tes de fiècbe en ailex et en cuívre, des lances en silex et en bronze,
des haches en pierre et en bronze, des marteaux en pierre, des meules,
des pendeloques en pierre et en ivoire, des perles en pierre, en verre
et en ambre, des fibulea en bronze, des vasea, des fragmenta de po-
terie ornementée, des poids d'argile semblables à ceux d'Argar (Espa-
gne), des fnsaVoles.
Les erastoB du Haut-Minho et d« Nord de TRAS-os-MoirrEa ont
livre qnelquea fibules en bronze trfes remarqnables, variétés locales de
celles de LaTène I, et quelquea apécimens sculptnranx.
On pent atiríbuer k cette époque lea inscriptions de Bensa&im
(Snd), en caracteres indigènes, et aussi les monuments de pierre, pro-
venant du Nord, et représentant grossíèrement dea qnadnipèdes et un
guerrier; le guerrier, avec son casque coniqne et eoia bouclíer rond,
reproduit qnelques-nns des caracteres signalés par Strabon chez les
guerriers lusitaniens.
A cúté de ces prodnits grossiers de Tart indigène, le tlusée poa-
sède des vases grecs, trouvés k Alcácer do Sal; aVec ces vaaes se trou-
veut un sabre en fer (dont la poignée repréaente une tête de cheval)
et des sculptures en ivoire, três fines.
V. Tranêition de 1'époque protokistorique à 1'époque Ím«í-
iano-romaine. — Je classe dans cette époque: les fignrines de bronze,
quelqnea brauctets en or, diverses inscriptions latines, et lea monnaies
indigènes, parce que, si plusieure de ces monuments sont assnrément
romaJDS, d'antTes maniíestent une influenoe loeale, on sont ^fficiles
à dater.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
68 O Archboloqo Portugdéb
Parmi leB figurínes, il y a ãee quadrúpedes (chèvres ou boucs, tau-
reaux, saagliers, un cheval), dea divínités (par exemple, uneVíctoire
'availlée, un Sérapis avec le modiua), des sUtuetlee huoiaines.
acelettj ont été achetés chez des orfèvres: deux proviennent
ent; Tun, le plns singulier, parce qu'íl est it cannelures et
provient du Nord, à ce qa'oa in'a dit;
icríptiona se rapportent à des cultes relig^enx: quelques di-
oerneat le dieu Endovellicds j d'autres portent les noms
lUNA, Bandoqa, ãrentius, Cerenaeci {Lartt), Bandío-
(au datif), Iíbvelanganideigui (au datif). A côlé des íns-
1 y a des sctilptnres en marbre.
i qui est de la nutnismatiqne indigène, le Musée possède des
3'Eriom, de Myrtitís et d'Ebora. Deux des monoaies
lont en caracteres dits ibériqites (inscríptíons retrogrades).
jpoque lusiiano-romaine. — Cette époque est três riche.
■ai quelques objets en partículíer:
les sépulcrales en forme de tonneau, pourvues d'inscríptíons
icriptioD versifiée, de Myrtílis;
lie sépulcraie portant en i-elief les images de deux defunta,
), une inscription (Mikro);
Je collection d'inBcnptions du pays des Igaeditaní, et des
fautres inscríptíons apparteoant au même pays;
iectton de vingt-six inscríptíons de Carquere, dont quelques-
des symbolesj
du couvercle d'un sarcopbage avec quatre Muses sculptées
>uka};
Tes sépnicraux en piomb (Alqarve);
il portant une inscription grecque (Algarve);
um, três grand, A' Alcácer do Sal;
«is amphores (Sud);
taines des petits vases de diverses provenances, — quelques-
du type dít taguntino ou arretin (terra sigillatajf parfois
s ou inscríptíons;
tines de lampes, dont quelques-unes pourvues d'inscriptions
ents (une de ces lampes porte une inscription grecque) ;
>r de denarii de Ia Republique Romiúne, trouvé avec des
argent (Beira);
>iliers sépulcraux, de Balsa (verres, lampes, vases, bíjoux);
nho (vases de verre avec inscriptione ou ornements, inaurU
byGoí>^^lc
o ABCHBOLOaO POBTUGDÊg 69
<l'or, biãla d'or); d'JgrejinJui (vaseg, lances, une êpée courte); da Ue-
tallum Vipasceose (bagues eu or avec inacríptions, vases); de Fax
lalia (qd pugio); de TVota ãe Setj^l (objeta de toilette d'utte femme,
qui s'appel»t «Oalla»); de Marco de Canaveteê (une rtche coUection
de vases, dont qQetques-uns ponrrus de graffitt)^
deaz stataea gigantesqnes eu marbre, provenaot de Myrtílts;
de petites stataettes, des pierres gravées, des bagues en or, des
fibnles eo cuivre, en ai^gent et en or, des épingles en cuivre, ea os
et en verre;
des balances en bronze (lArae) et des aequipondia;
des poids (pondera) en bronze et en argile, parfois aveo des inscríp-
tions ;
une gargouille de bronze i' Arcos ãe Vai de Vez;
dea Instruments de cbirurgie (Sud); -
des matériaux de constmction (tegulae, lateres), des frises, des cha-
piteaus, des tuyauz de piomb;
une gouttière d'argile, portaat une inscríption, trouvée k Brscar»
Angusta;
de grandes moBaTc|ues, venant de Collipo et ^'Alcobaça (un bnste
radie; Orphée jonant de la lyre, entouré d'anin)aiix), et de beanx frag-
ments d'aatres mosaíques dô TAloarve, avec des poissons figures.
L'époque romaine en Ibérie va du lU* siècle av. C, jusqu'au v*
siècle de Tère chrétienne.
VII. Épúque lugitano-germanigae ou barbare (Wisigoths). —
Elte commence an v* siècle.
Le Mnsée possède de cette époqiie: des inscríptions chrétieunes de
Mertola, dont une en grec, les autres en latia; le petit mobiiier du cime-
tière de S. Qeraldo (vases et une plaque de ceinturon) ; des échantillons
de poterie, da Sud; une autre plaque de ceinturon, de Leiría\ des mon-
tuúes d'or; des grains de coUier; une liche dalle sépulcrale du MlNHO,
et de beaux fragments d'une autre dalle, de mênie provenance.
VIII. Époque lusitano-arahe. — ISUe commence an viu* siècle.
Le Musée a de cette époque: des inscriptions; des mouDaies d'or,
d'Krgeiit et de nuivre; des lampes d'argile et de bronze; des chapiteanz
de marbre; qaelqnes vases.
IX. Êpoque portvgaite (allant da moyen-àge au xviii* siècle).
Comme il y a à Lisbonne d'autres établissements scientifiques, oú
byGoí>^^lc
TO O AacHEOLOOO Português
cette époquc est parficnlièrement représentée ', on ne recueille norma-
lement, dana le Musée Ethnologíque, que ce qu'on lui envoie en doo,
ou ce qii'on peut acquérir sans grande dépense pécnniaire.
J'y eignaler^ cependant: des ioscriptions lapidaires, des sculptn-
grea, dos olijets de caractere religieux, des bijoux, des casques, des
QonoEues d'argent et de cuivre, des médailles, des jetons
nme en aneien portugas conto» ãe contar, eontoi pêra con-
ilement conto»), des Bceaux, des parchemins (xii*— xviii"
manuacrits, de la vaisselle.
ion archéologique étrangere se compose de quelqnes
lins, grecs, et préhístoriqiies d'Espagne, Francc, Suisse,
ifriehe, Italie, Grêce, Asie, Egypte et Amérique: une épéc
iine, en bron/.e, des vases grecs, une eollection de fibules
le La Tcne et romaines, un vase romaiu à'Enu-rita avec
ion, une fibule espagnole, quelques objets préhistoriqiies
, une inscription cnnéiforme, plusieurs baches de pierre
'rance), des haches de pierre il manche en corae de cerf,
es stations lacustres de la Suisse.
GthaoEraphin
on d'Ethnographie Purlugaiso moderne est maíntenant en
isation.
is, pour le moment, y slgnalcr que peu do cbose: une col-
lulettes; des ex-voto; des instruments de musique; des
int; des ustensilea agricoles; des pesons de fuseau (cossoi-
enonilles; des produits de Tinduslrle pastorale (poudríères
io» en corne de btcuf, três artistiques; ciiilléres en bóia
dessins); céramique populaire; des écnelles en bois; quel-
les populaires.
on coloniale est encore extrêniemeut modestc, pa,roe que
le de rEthnograpIíic est du ressort spécial du Musée Colo-
ociété de Cíéograpliie de Lisboune.
les llcaux-Arts (lablenux, c6raiiiique, rerrcrie, orf^vrerie, mobitier,
ÍUEée (VArtillerie (aroics et armures); Musée dj Carmo (ecuipturc
litecturr) ; Dibliothèqiie Nationale (livres, manuscrita, mosoaies,
rauí, cstanipea); Apadémie dos Sciences {livres, manustritB, — vt
i moniiaice et médailles, et dautrcs objets auciens).
byCOO^^Ic
o Ahcheolooo Pobtdodês
Anthropolagje
Cette section se compose de quelques oasementa prorenant des
fouilles archéologíques (époques wisigothique, romaine.et préromiúne) *.
Je eompte y ajouter pius tard des spécbnens modernos.
L'^le ocGupée par le Musée se cooipose de trois grandes galeríes:
1) rez-ãe-chautsée, oii sont les vitrines préhistoriques, U section
coloniale, nne des mosAÍques romaines (les autres ne sont pas encore
exposées), les monuments lapida!res de toutes les époques, les meules
anciennes et les matériaux de construction romains. Tout eBt disposé
méthodiquement, et par ordre géograpliiqne.
2) í"" étage, oii sont les poteries roín^nes et tous los petits ob-
jets dos époques protohistorique, romaine, wisigothique et árabe. Tout
est aussi disposé méthodiquement, et par ordre cbronologique et géo-
graphique.
3) 2* étage, oh sont les sections d'Arcbéologie Portugaise (oxccp-
tion faite des monnments lapidaires), d'Ethnographie Portugaise et
ct'Anthropologie. — Les aections d'ArchéoIogÍe et d'Etlinographie Por-
tagaises sont natnrellement réunies, et disposées d'apròs ia natura spé-
cifique des matériaux: vio agricole, objets de pêebe, industries domes-
tiques, relig^on, víe enfantine, beaux-arts, etc.
La section étrangère occupe le premier palier du grand escalier
qui cooduit du rez-de-chaussée au premier étage. An aecond palier on
voít, dans nne vitrine, une sépulture romaine reconstituée de toutes
pièces et dans laquelle est couché nn squelette, pourvu de son mobi-
lier sepulcral.
DfS cartes géographiques, des aquarelles, des gravures, des notes
ezplicatives, soÍt dans des tableaux suspendas aux murs, soit placées
dans des écrans à volets, complètent Tinstraction fournie par l'exameii
des objets du Mnsée.
Une petite bibliothèque contient, en outre de plusienrs livres et
brochures sur la matière, toutes les revues qui font Téchango avec
O Ârckeologo Português, organe du Musée.
Lisbonne, 25 Février 1905.
' J. L. DE V.
1 Qaelqttea crftnes de rAiiCiaVE, recueillie par fen Estacio da Veiga, sout cn-
e chez M, Ic Dr. F. Ferraz de Uacedo, qai m'a promis de les onvover sm MtȎc-
byCOO^^IC
o Abcheolooo Portdodís
Uedalhas de Salvação Portuguesas,
existentes na oolleogfto orgranizada por Josõ Lamas
ApoaUae&tM hIatortcM
Antes da publicação do decreto de 3 de Novembro de 1852, nSo
bavia em Portugal nenhuma regra para os governos premiarem, por
forma especial, os individues que praticassem actos de philantropia.
Esta falta fazia-$e sentir, priaoipalmente, quando havia necessidade
de recompensar cidadSos estrangeiros que, por occasiSo de naufrágios,
salvassem portugueses, o que succedia frequentemente.
Tornava-se pois necessária ama medalha para se conferir em casos
taes, & imitaçSo do que jA se fazia em outras naçSes. O beto que
começaremos por narrar fez surgir essa ideia.
1. Primeira medalha de salva^to
Eiin Dezembro* de 1842 saiu a barra do Porto' a goleta portu-
guesa «S. JoSo Batista*, tripulada por José Pereira Qarcia, c^itSo
do navio, José Maria de Almeida, José António, piloto, Joaquim Coe-
lho, Manoel dos Santos, M. J. Galhardo e António de C. . .*.
Levava um carregamento de fruta e coiros e destinava-se ao porto
de Dieppe.
à certa altura da viagem levantou-se um grande temporal, e no
dia 14 de Janeiro de 1843, pelas 2 horas e três quartos da madru*
gada, quando o navio estava já muito próximo da entrada d'aqueUe
porto, um pouco ao norte, foi enciUhar nuns bancos de pedras, para
onde tJnha sido violentamente impellido por uma forte rajada de vento,
que soprava do quadrante WNW.
As ondas batendo-lhe fortemente no casco ameaçavam destrui-lo,
e nesta horrivel situaçSo, tendo os desgraçados tripulantes comprehen-
^do que a morte se nSo faria esperar, abraçaram-se uns aos outros
para morrerem todos juntos.
) Para que o navio, qne era de vela, chegasse a Dieppe em 11 de Janeiro,
deveria ter saído do Porto no mgs antecedente.
* No officio do Conanl para o Ctorerno, de 23 de Janeiro de 1843, dii-a« que
tinha partido do Lisboa, mas de nm doramento aatentico, aaaínado peloa próprio*
naufragoi, que adeante citaremos, consta que tiaba saido do Porto.
1 Do documento citado na nota 3 tiramos os nomes dos tripalantes, nBo no
sendo posaivel decifrar o appellido do nltimo, por estar em breve.
byCOí)l^lC
o ABCHEOLOOO FOBTUQUÊg 73
Logo que em Dteppe constou este triste acoatecimento, correu
iDuita ^nte ás muralhas e cães, na ânsia de poder prestar soccorro
áqnelles infelizes.
Neste momento afllíctÍTo, dois corajosos pilotos d'BqiielU barra,
Jeaa Louis Degrouz e Nioolas VÍDoent Gutg^ery, auxiliados por três
remadores da «Barca da Saudei, Jean Baptiãte Radouz, Jnst Meliot
e I^erre Joseph Carpentíer, tendo preparado uma pequena canoa, dirí-
giram-se para o local onde estava a goleta <S. JoSo Batista*, afl&on-
tando o enorme perigo qae corriam, porque o mar estava agitadiasimo.
Com grande difficuldade conseguiram salvar toda a tripulaçSo do
navio, e, com grande risco de perecerem, entraram a barra na pequena
canda, que vinha sobrecarregada com 12 homens.
Foi grande a BatisfaçSo de todos quando oa náufragos puseram fé
em terra, sendo nessa occssiSo os salvadores eztremamento TÍctoríados
por toda a grande multidSo que ansiosamente os esperava.
OVice-Cousnl de Portugal em Dieppe, Qeorges Chspman, imme-
diatamente participou este facto ao seu supenor bierarchico, Nuno
Barbosa de Figueiredo, que entSo estava servindo como encarregado
do Consulado Geral em Paris, e este, por sua vez, o participou ao
Governo, pedindo que fossem dadas aos salvadores recompensas ho-
norificas, lembrando logo que, a exemplo do que se fazia em França,
essas recompensas poderiam consistir em medalhas.
O Governo, respondendo' ao encarregado do Consolado, ordenou-
Ihe que informasse se nSo seria mais conveniente conceder o habito
de S. Tiago* aos dois pilotos e dinheiro aos remadores, visto que em
Portugal nSo havia o costume de conceder taes prémios.
Nuno Barbosa de figueiredo insistiu na sna ideia e, por fim, o
Governo, em officio de 2 de Outubro de 1843, resolveu-se a enviar-
lhe autorizaçSo para mandar fazer as medalhas, que depois de con-
cluídas foram remettidaa na diligencia de Paris para Dieppe, em 18
de Março de 1844, a fim de serem eotregues aos salvadores peloVice-
Consul.
Ia cada medalha em estojo separado e acompanhada de nm do-
cumento passado e assinado pelo Cônsul Geral, que neste tempo era
o BarJk) de Alcochete.
Podemos mostrar ao leitor a photogravura de uma d'e8sas meda-
lhas, tirada do exemplar da nossa collecção (fig. 1.').
' Esta ordem, antes dit refonoa de SI de Outubro de 1
it premiar serviços de mérito civil.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
74 O ÃBCUEOLOGO PORTUQUÉS
Anv. — Armas reaes portuguesas com ornatos, e, em volta da orla,
1 seguinte legenda, que começa em baixo, do lado esquerdo, e é inter-
rompida em cima pela coroa; DÉCERNÉE PAR SA MAJESTK—
LA REÍNE DE PORTUGAL.
S.&V. — Dentro de uma coroa de louro a seguinte legenda, escrita
em seis linhas:
NAUFRAGE
DU NAVIRE
SÃO JOÃO BAPTISTA
LE 14 JANVIER 1843
AOTE
DE DÉVOUEMENT
Por baixo dVsta legenda fica ainda um pequeno espaço era branco.
Estas medalhas foram feitas na Casa da iVloeda de Paris, tendo
custado ao Cônsul, qué as mandou fazer, C47,r:iO francos, quantia que
lhe foi satisfeita peio Governo Português, por intermédio da agencia
financial em Londres, na importância de 109^^211 réis.
Ounharam-se apenas onze medalhas. Duas de ouro. para os dois
pilotos; três de prata para os três remadores; e seis de cobre, qne
tiveram o seguinte destino: quatro ficaram na Casa da Moeda de Paris,
que guardou duas e remetten as outras duas para o Museu da Biblio-
tbeea Real; ficou uma no Consulado Geral em Paris e a ultima devia
ter vindo para o Ministério dos Negócios Estrangeiros,
As que foram entregues aos salvadores tinham uma argola na parte
superior, para serem suspensas por uma fita aznl e branca, e, alem
d'isso, tinham também o nome do agraciado, que certamente foi posto
no bordo ou no pequeno espaço em branco que ha no reverso, como no-
támos na de8criç5o. Como este espaço, porém, é muito pequeno é pro-
vável que apenas gravassem algum monogramma ou somente as ini-
ciaes.
As medalhas sSo pequenas, como é de uso em condecoraçSes, tendo
de diâmetro O'",037 e de espessura 0"',003.
SZo simples, mas bonitas, e qualquer coUeecionador que as tenha
visto, deve ter notado que para as armas do anverso foi aprovei-
tado o poDção feito para uma outra medalha muito vulgar, dedicada
a D. Maria II, que também tinha sido cunhada na mesma Casa da
Moeda, cnja estampa se pôde ver na obra de Lopes Fernandes, onde
tem o n," 103.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo Poetugdês 75
Foi já publicada em photogravura no tGstalogó de uma impor-
tante collecçio de moedas . . medalhas . . i para serem vendidas em
leiloes em 1903, pela Casa Liquidadora de D. Maria Quilliermina de
Jesus, onde tem o u." 1357.
Tanto a nossa, como as dos outros eoUeccionadores, o que nâo po-
di& deixar de ser, sSo reproducç3es feitas na própria Casa da Moeda
de Paris, que, como é sabido, reproduz, mediante o pagamento de
preços fixos indicados cm uma tabeliã, todas as medalhas cujos cunhos
li estejam guardados e cuja rcproducçâo lhe seja permittida por con-
trato.
Consta-nos que as poucas reprodiicçSes actualmente existentes fo-
ram mandadas fazer pelo fallecido coUeceionador Sr. Barbosa, que as
distribuiu pelos seus amigos. Nenhuma d'estas tem argola'.
2. Medalha para dlstlnOQão e premio, conferido ao mérito,
pbil as tropia e generosidade
No officio de 30 de Março do 1844 do Cônsul de Portugal em
Paris, espécie de relatório, em que dá conta ao Governo do que linha
feito cm relação áquellas medalhas, está escrita a lápis a seguinte
nota, sem assinatura, mas que certamente ali foi posta pelo Ministro
dos Negócios Estrangeiros, que então era José Joaquim Gomes de
Castro: «Este methodo de agraciar deve ficar servindo de norma na
Secretaria para casos d'esta natureza. . . >
As grandes lutas que por esta época se desencadeavam entre os
diversos partidos politicos, determinando mudanças de ministérios, fize-
ram com que aquella recommendação, cuidadosamente ali escrita, fosse
' Qaerpudo evitar a rttpctiçilo ãe citaçScs, maa tendo de iiKlicar ao leitor
a serie dos docmncntos oude fomos estudar todo este assunto, paia que, quereodo
íe possa certificar ilo que adinnamos, reservAmos para este lognr a indicação.
Todos 08 docnmcntoa cst.lo no ardiivo do Ministério dos Nrgocios Estran-
geiros e são os seguintes; OfBcio de 33 de Janeiro de l&tH do cucarrcgado do
Consulado, Kuno Barbosa de Figueiredo, ^que nellc participa o naufrágio. Caii»
a.° 1 do Consulado de Portugal em Paris, anno de 1843.
Officio de 6 de yevcreiro de 1813 do mesmo, em additamento ao antecedente,
lembrando as medallias. Na mesma caiia. Juntamente com este officio, cslSo os
seguintes documentos: a) Copia de um officio que em 1 de Fevereiro oVice-
consul tinha enviado no sen superior, e b) o importante documento que nos mi-
nistrou os elementos para a narração dn naufrágio. Este documento é uma cer-
tidão, escrita em francês, que os jiaufragos assinaram no próprio dia do nau-
frágio, a fim de comprovarem e enaltecerem o acto de coragem e humanidade
prestado peloB salvadores. Está autenticado cOra um eêllo e eom certidues do
byCOO^^IC
76 O ÃBCHEOLOOO POBTOGUÊS
votada ao esquecimento. Mas a ideia, que na realidade era boa, tomoa
ft surgir algans aimoa depois, como ramos ver.
Em 23 de Outubro de 1850 saiu de Lisboa, dirigindo-se paraViUa
Nova de Portimão, o hiate português «Dito e Feito*.
Durante a viagem desencadeou-se uma grande tempestade, e do dia
30 pelas 7 horas da manhft foi o barco invadido por uma onda, que
arrastou para o mar o capitão, Alberto Joaquim de Macedo, e parte
da carga, que por felicidade era de cortiça.
Empregaram os outros marinheiros grandes esforços para salva-
rem o seu mestre, mas não o podendo conseguir, porque a força do
mar o não permittia, seguiram o seu rumo, deixando o pobre Joaquim
de Macedo aó a abandonado no alto mar. Este desgraçado, que tinha
conseguido agarrar-se a dois pedaços de cortiça, permaneceu nesta
horrível situação por espaço de mais de trinta horas, e, durante parto
d'e3te tempo, como se o seu martyrio nSo fosse já grande, esteve muito
importunado por um bando de pássaros, que em torno d'elle esperavam
o momento de se poderem apossar do eeu cadáver.
Jã quasi completamente frio e exhauslo de forças, poucos momen-
tos lhe poderiam restar de vida. Mas a sorte, que até ali se lhe tinha
preaidente da Cama» do Commcrcio de Díeppc, do ctipitSo do mesmo porto e do
Vice-coniol.
Oflicio de 20 de Fevereiro de IStí, do Governo para o Conaal. Liv. ii doi
Cônsules Portugueses, 2.* repartiçilo, pag. 109 v c 110.
Of!icio de 17 de Abril de 1843, do Conaal para o Governo. Caiia n.* 1 do
ConaulaiJo de Portugal em Paris.
Oflicio do Governo pnrn oquclle, de 2 de Outubro de 1843. Lív. it doa Cod-
aulea Portugueses, 2.' repartiçiío, pag. 129.
Officio importante, de 30 de Março de 1844, eepecie de relatório. Cniia n.' 1
do Conanlado de Portugal em Paris. Addo de 1844. Vioha cate officio acompa-
nhado de três documentos : a) Copia do officio que o Cônsul enviou ao vea Viee*
consnl reroettendo-ltie as medalhas; &)l{espoBtad'eate. O terceiro documento, que
era a conta da despesa feita com as medalhas, foi enviado para a repartição de
coatabilidade.
Oflicio do Oúvemo para o Cônsul, do 21 de Maio de 1844, regiatado no Liv. u
dos Ctrasnles Fortugneaes, 2.* rcpartíçio, pag. 162.
OSicio de 15 de Janeiro de 1845. LdV. ii dos Cônsules Portugueses, 2.* repar>
tlçSo, pag. 201.
É possível que aleui d'esteB oflicios ainda h^a mais alguns que ulo desço»
brissemos; contudo, com taes elementos pudemos faaer a historia d'esta interes-
■ante medalha.
A noticia do naufrágio também foi dada no Diário do Goeemo a." 33, de
quarta-feira 8 de Fevereiro de 1843 — 1.* pag. Parte officiat. Secretaria dos Ne-
gócios Estrangeires.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheolooo PoRTDonÊa 77
mostrado tão adversa, quis protegê-lo no momento de suprema angus-
tia, fazendo surgir no horizonte um navio, a barca inglesa (Esmeraldi,
nníoa e derradeira esperança de salvação l
Aproximoa-se lentamente o navio até que o naufrago foi avistado
de bordo. O capitSo, James Rali, itnmediatamente mandou arriar um
escaler e conseguiu salvar aqnelle desgraçado, que estava de tal modo
enfraquecido, qne, ao teutar saltar a primeira vez para o escaler, caiu
novamente ao mar'.
O capitão Hall tratou-o com extraordinário carinho,- conduzindo-o
para Londres.
Quando se tratou de premiar este benemérito, repetiu-se, em parte,
a scena passada com o caso anteriormente narrado, mas d'esta vez
houve resolução definitiva,
Joaquim Inácio de Wan-Zeller, Cônsul de Portugal em Londres,
participando o facto ao Conde do Tojal, Ministro dos Negócios Es*
trangeiros, em officio do 26 de Kovembro de 1850, pediu que fosse
conferida uma medalha ao generoso marinheiro.
Em resposta ordenou-Ihe o ministro que agradecesse ao capitão
Hall em nome de S. M., e que publicasse uma noticia do aconteci-
mento no jornal inglês o Times, declarando qne a Soberana se re-
servava dar-lhe um publico testemunho da sua real benevolência.
O pedido feito pelo Cônsul foi bem acceite pelo Conde do Tojal,
que não descurou mais o assunto. Aproveitando a lembrança de Joa-
quim Inácio de Wan-Zeller, officiou ao Conde de Thomar, que era o
mimstro do reino, cm 13 de Dezembro de 1850, narrando-lhe o facto
saccedido e expondo-lhe a conveniência qne lla^'ia de se seguir em
Portugal o exemplo das nações mais cultas, que costumavam conferir
nestes casos medalhas de ouro ou prata.
Em 16 do mesmo m€a respondeu-lbe o Ministro do Reino pedindo-
lhe que o informasse do modo pratico como se poderia seguir esse
exemplo neste pais, tanto a favor do mencionado capitão Hall, como
de quaesquer outros beneméritos.
' Tirámoa a narracSo d'e3tc focto de vftríoB offieloa qne adeanto citaremos
e de um artigo qne por ordem do G«Tenio foi pnblicRdo pelo Cônsul no jornal
mglís o Tina», coja tradncçfto vem publicada no Diário da Governo n.° 24, de
28 de Janeiro de 18Õ1, pag. lOi. A data do naufrágio indicada nos officioe não
condiz com a do artigo, e a meema divergência ciiste em relação ao nnmero
de hone qne o naufrago permaneceu no mar; comtudo, parece que foi por maJB
de trinta, n2o obstante vir indicado o nnmero de 28 no decreto que agraciou
o capitSo Halt.
byGoot^lc
78 O Archeologo Português
O assunto foi de certo díscntído e estudado pelos dois mioistroa,
e, por fim, de acordo com a Soberana, resolveram criar a medalha
para ser conferida ao Mérito, PMIantropia e Generosidade.
O gravador Gerard foi ent&o chamado pelo Conde do Tojal á saa
secretaria, sendo encarregado de fazer os desenhos e provas das me-
dalhas, que foram, depois de prontos, apresentados ao ministro, junta-
mente com um relatório on informação feita em 22 de Maio de 1852
por Jorge César de Figanifere, qne era chefe de repartição no Minis-
tério dos Negócios Estrangeiros.
E sahido que Figanière era am distincto colleceionador de moedas
e medalhas, que publicou vários trabalhos sobre numismática, e por
isso é muito natural que a sua opiniSo fosse escutada pelo ministro
na apreciação das provas*.
Em uma carta, sem data nem endereço, mas que devia ter sido
dirigida a Jorge César de Figanière, por ser esto o autor do relatório
que mencionámos, a que a carta allude, diz Gerard o seguinte: Ilotive
alguma duvida a retpe.ito da legenda do reverso, ficou approvada a que
vai. porem levibrando-me que talvez não fotse própria para todos oa
cazos, e que o principal trabalho do cunho do reverso he a crõa de
louro, gravei hum ponção da dita crõa, para quando »e quizér kam
novo cuvho do reverso, o poder fazer com muita facilidade e prom-
ptidSo.
O mesmo artista dirigiu outra carta, sem data, a Emílio Achilles
Monteverde, director geral, dizendo-lhe qae desejava combinar a fdrma
de entregar os cunhos, visto qne tinha o seu trabalho concluído, e que
tinha ido ao Arsenal do Exercito cunhar alguns exemplares em cobre
(provas), dos quaes remettia um.
Ora d'estas duas cartas de Gerard, julgamos, talvez com ponco
fundamento, on que a seguinte medalha de cobre, que possuimos, seja,
um ensaio cuja legenda foi reprovada e que suscitou as taes duvidas,
ou que o artista, com o ponção que diz que tinha feito, viesse a fazer
os cunhos e com elles esta prova, Veja-se a fig, 2.*
Anv. — Busto da Rainha, á esquerda, com diadema e com o ca-
bello enrolado atrás, com litas. Por baixo a assinatura do gravador:
Geeakd F., e em volta a legenda: D. MARIA II RAINHA DE POR-
TUGAL.
' Com reípeito a este colleceionador veja-ae o livra d« Arag3o: De»erípç3o
grrat e hitíorica da» moedas. . ., tomo i, pag. 118; e o Díocirmario de Namisma-
tiea on Nwnismatioa Portvgntãa de Amaral, no índice doa CoUeccionadores ua-
miamaticos portoguesea, a pag. 243.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Archeologo Poetdquês
Rev. — Dentro de uma coroa de louro a se^tnte legenda era cinco
linluLs:
AO
MÉRITO
A RAINHA
DE
PORTUGAL
A orla é lisa. Tem de diâmetro 0",04 e de espessura O^jOOô.
Não tem argola.
Comparando esta medalha com a que foi approvada (veja-se a
fig. 3.*) nota-se que foram elimiaadas nesta as palavras da legenda
(lo reverso: PHIL A NTHROPI A— GENEROSIDADE.
Da primeira carta de Gerard, onde o artista diz: porém letiâran-
ito~7n£ que talvez nSo fv»se própria (a legenda) j)ara todot ot cato». , .,
parece deprehender-se que queria eliminar aquellas palavras, para que
a medalha servisse para diversos casos. Mas a que casos diversos se
quereria referir o artista, se o intuito da medalha era precisamente
premiar actos d'aquella natureza?
Com tão poucas bases nSlo podemos desvendar o mysterio, e para
conjecturas já bastam as que ficam apontadas.
Depois de redigido o respectivo projecto no Ministério dos Negó-
cios Estrangeiros e de ter sido approvado pelo Ministro do Reino, que
o devolveu em 25 de Outubro, foi finalmente assinado, em 3 de No-
vembro de 1852, o decreto que criou a medalha para ser conferida
ao Herito, Philantropia e Generosidade.
£ste diploma, cujo original está no Ministério dos Negócios I^-
trangeiros •, é assinado pela rainha D. Maria II e referendado pelo
Ministro do Reino, Rodrigo da Fonseca MagathSes e peto da Marinha,
iVntonio Aluisio Jervis de Ãthouguia. Este referendou-o na sua quali-
dade de Ministro Interino dos Negocies Estrangeiros, visto que, como
titular d'aquella pasta, nada tinha com o assunto.
Annexas ao decreto, estão as tlnstrncçSes* respectivas e o desenho
da medalha que foi approvada. Veja-se a fig. 3.*
Anv. — Busto da Rainha, á esquerda, com diadema e com o ca-
bello enrolado atrás, com fitas. For baixo a assinatura do gravador :
Geeabd F., e em volta a legenda: D. MARIA U RAINHA DE POR-
TUGAL.
• No arcbivo respectivo. Decreto» — Caixa n." 6, maço 4, doe. n.* 61.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
SO o Abcheolooo Pdrtugcês
Rg7. — Dentro de uma coroa de louro a aegnintc legenda em cinco
linhas :
AO
MÉRITO
A RAINHA
DE
PORTUGAL
Em volta da orla mais a seguinte legenda: PHILANTHEOPIA—
GENEROSIDADE.
Tem de diâmetro O", 04, de espessura O"' ,005 e na parte superior
uma argola para poder ser stispensa.
Conforme dispSe o decreto, estas medalhas são destinadas a ser
conferidas tanto a nacionaes como a estrangeiros, que por magnânimo
e heróico esforço prestem serviços importantes em benoficin da huma-
nidade, por occasião de naufrágios, salvando a vida a vários infelizes
que se julguem irremediavelmente perdidos, c bem assim para pre-
miar outras nSo menos pbtlantropicas acçSes.
As medalhas são conferidas em ouro ou prata, conforme a impor-
tância dos serviços. As de oaro usam-se pendentes ao pescoço por uma
fita bipartida, azul e branca, e as de prata, com fita ignal, são sus-
pensas do lado direito do peito.
Os diplomas s5o passados pelo Ministério do Reino, mencionando-se
nelles todas &s circunstancias que derem logar i concessão.
Cada uma das primeiras medalhas de prata que se cunharam tinha
de peso 2^275 réis, sendo a prata de onze dinheiros, e a primeira do
ouro pesava três onças, no valor aproximado de 45 a 48|9ÍOOO réis,
sendo o ouro de 22 quilates.
Estas primeiras medalhas foram mandadas cunhar, nKo sabemos
aonde, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde estavam guar-
dados 03 cunhos'.
Em 9 de Novembro de 1855 foram os cnnlios enviados para a
Casa da Moeda, por ordem do ministro, onde ficaram á disposição
de cada um dos ministérios'.
1 Vejam-Be no archívo da Casa da Moeda os «fficioa para ali enviados do
Miuiaterio dos Negócios Estrangeiros, de 19 de Fevereiro de 1856 e de 24 du
Novembro de 1855.
> Vuja-se no arcliivo da Cnsa da Moeda o oBicio que para ali foi enviado
do Ministério dos Negócios Estrangeiros cm 9 de Novembro de 1Í156.
byGOí>^^IC
o ABCHBou>ao PcHrroauÊs 81
O capitXo Hall, cujo acto de philuitropía tínha sido a caasa deter-
miuaate da críaçSo d'eaU medalha. . . foi esqaecido !
Só foi condecorado depoia de repelidas instancias do CoqsqI, a
qoem o capítXo Hall se queixava da demora, dizMido-lhe que, se nSo
tivesse sido publicada a noticia, nada pediíia, por decreto de 7 de
Março de 1860*, isto é, dez annoa depois de ter praticado o acto.
A medalha e o diploma reapectÍTO foram-lhe enviados em 16 de Junho
do mesmo anno.
Depois da morte da rainha D. Maria II, a medalha precisava
qnalqaer modificaçSo, visto qne nella se declarava que era conferida
pela Rainha de Portugal. Assim succedeu, e a medalha, depois de mo-
dificada, ficou sendo da seguinte forma (veja-se a Jig. 4.*):
Anv. — Busto de D. María II, í esquerda, com diadema e com
o cabetlo enrolado atrás com fitas, cujas pontas estSo caidas. Por
baixo a assinatura do gravador: Oebaud F. e em volta a legenda:
D. MARIA II RAINHA DE PORTUGAL.
Rev. — Dentro de uma coroa de louro, em duas linhas:
AO
MÉRITO
Na orla PHILANTHROPI A— GENEROSIDADE, e no exergo,
em duas linhas curvas:
INSTITUÍDA POR S. M. F.
A RAINHA A S.* D. MARIA II
Na parte superior tem uma argola.
O diâmetro das primeiras medalhas que se cunharam d'este novo
typo foi a principio igual ao das antigas, (y",Oi (Lopes Fernandes,
D." IIÕ e Leitão, n." 163), mas depois foi reduzido e passou a ter
0",029.
Vê-sCj pois, que durante o reinado de D. Pedro V (1853—1861)
a medalha sofTren duas importantes modificaçffea : uma no typo, outra
DO módulu.
Não conseguimos encontrar os diplomas em que foram ordenadas
estas alteraçttes, nSo obstante termos trabalhado nesse sentido; com-
' O original d'e8ta docamento cstd no archivo do Ministério do Reina, no
logar competente. Veja-ae também o Diário de Litboa de quarta-feira 16 de
Abril de 1860, u.> 88.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
38 O Abcbeologo FoKTDOuâs
tndo achámos um documento qn« alguma luz derriúna. sobre o caso.
Foi o ofBcio de 29 de Março de 1860* dirigido pelo Secretario Genl
do. Ministério da Fazenda ao Director da Casa da Moeda, oade ooDSta
• segiiiute :
«Sua Magestade El-Eei Houve por bem Determinar por Despacko
de hoje, que a Medalha creada por Decreto de 3 de Novembro de
1852 para disHncç&o e premio concedido ao mento, philantropia «-
generosidade seja d'ora em diante fabricada pelo novo cunho qa« por
cats occasiSo se lhe remette; na intelligencia de que os exemplares
da referida medalha, que de futuro se promptificarem na Casa da
Moeda, devem sempre ser enviados a esta secretaria d'Estado dentro
de caixas apropriadas e com as necess^as argolas e fitas, nos termos
do sobredito Decreto».
Diz este documento que por despacho de 29 de Março de 1860
foi ordenado que a medalha fosse fabricada com um novo cutiia, mas
nSo diz se a innovação consistia no typo oa no módulo.
A nossa opinião, porém, é que o documento se refere á modifioaçXo
no typo. É verdade que essa modificação se impunha como uma neces-
sidade logo depois do fallecimento de D. Maria II, 1853, mas como
ha sempre umas pequenas cousas que passam despercebidas durante
muito tempo, não admira que o Governo, só em 1860, se lembrasse
de a ordenar.
É também certo que em 9 de Novembro de 1855, como ji dis-
semos, tinham sido enviados uns cunhos para a Casa da Moeda, mas
da redacção do offido que os acompanhava deprehende-se que eram
os primitivos.
Sc assim é, ficamos ainda sem saber quando foi ordenada a mo-
dificação no módulo, assunto de capital importância para a historia
d'esta medalha.
Os novos cunhos foram ainda feitos por Gerard, e serviram até
ha cerca de seis annos. Por esta época partiu-se o do anverso, tendo
por isso o distincto gravador, Sr, Venâncio Alves, de fazer outro que
apenas differe do antigo na assinatura, que actualmente é a d'este
artista.
Várias vezes se tem requisitado á Casa da Moeda algumas d'estas
medalhas de cobre. Certamente tem sido conferidaa illegalmente, visto
qne o decreto de 3 de Novembro de 1852 apenas se refere a medalhas
de ouro ou prata.
> Archivo da Casa da Moeda no logar competente.
byCoOglc
o ÃBciiEOiA>QO Português 83
Tftmbem existem algumas miniaturas para serem nsadas com ca-
saca 011 farda, mas como não são oficialmente ínstitnidas, ponco va-
lor tem.
Na concessão d'e8ta5 medallias tem sempre havido certo escrúpulo
por parte dos Governos, como bem o demonstra a portaria de 11 de
Maio àe 1875, <pie recomme&dou a todas autoridades administrativas
e policiaes que tivessem o maior cuidado em mencionar nas partiei-
paçSes relativas a naufrágios, incêndios e outros desastres, todas as
pessoas que por essas occasiSes se distingam pela sua phitantropia e
abnegação, a fim de serem devidamente premiadas.
È esta uma das condecorações portuguesas m^s respeitáveis e
nâo é raro vê-la a figurar no peito de muitos indivíduos da classe do
povo; nílo podemos deixar de recordar que com ella é condecorada
S. M. a Rainha a Senhora D. Maria I^a, por ter salvo os seus pró-
prios fithoB.
Deu-se este facto em Cascaes, onde a família real estava passando
o outono, no dia 2 de Outubro de 1ST3. Neste dia foi a Rainha pas-
sear com seus filhos até o sítio denominado Jlexilhoeíra. Attrahidos
pelo magcBtoso espectáculo das ondas a desfazerem-se de encontroaos
rochedos, aprozimaram-sc do mar um pouco mais do que a prudência
aconselharia, quando uma onda veiu e arrebatou oe dois principes, que
estavam brincando descuidadamente. A Rainha, não perdendo o sangue
frio, lançou-se ao mar e, auxiliada pelo faroleiro António de Almeida
Neves, conseguiu livrar seus filhos de uma morte certa.
El-rei D. Luia, por este motivo, premiou sua Esposa com a me-
dalha de ouro, conferida ao Mérito, Philantropia e Generosidade, por
carta regia de 3 de Ontabro de 1873 '.
Nola. Seguindo o mesmo ejstema qae adoptámos para a primeiro meilalha,
ináicaraos neste logar os documentos que consultámos para fazer a historia da
medalha de pbilautropia, que também estão no archivu do Ministério dos Ne-
gócios Estrangeiros:
Officio de S6 de Novembro de 1850, do consnl para o ministro. Caiia do Con-
sabido em Londres- Oflicio do ministro par*, o conaul, de i Ae Dezembro de IHití.
Lít, III doa Consoles Portagueses, S.' repartição, png. tí'2 i; in fine e 6â. Officia
de 18 de Dciembro, em additamento ao antecedente, 'Ko mesmo livro, pag. 64.
< Esta concessiio consta do processo q.° 574, lív. v, (Ia 1.' repartirão da Ad-
minístra^íto Geral Politica e Civil do Ministério do Beino. Arcliivo do Minis-
tério do ReÍQO.
A caits regia vem pobtícada no Diário do Qovernc n.* 229, de 9 de Ontabro
de 1873.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo Pobtdqdês
Officio do Condo do Tojal para a Ministro do Reino, d« IS de Dezembro de
1850. Reino, ]iv. \it, pi^. 175 v.
Officio do Ministro do Reino, de 16 de Dcxembro de 1850, em respoata ao
antecedente. Corres ponde nc ia do kliaisterio do Reino. Caixa n." 11.
Officio de 36 de Deiembro de ISãO, do coneulparao ministro. Caixa do Con-
sulado em Londrea.
Officio do ministra para o cônsul, de 6 de Janeiro de 1861. Lir. in dos Con-
sulei Portugueses, 3.* repartiçSo, png. 6G v.
Officios do conitil, de 6 de Janeiro de 1861. Caixa do Consulado em Londres. '
Relatório on informaçZo feita para o ministro por Jorge Ccsar de Figaníère.
Assuntos diversos, medalhas. Caixa n.* 1, ma^o õ.
Officio do Ministro do Reino, de 25 de Outubro de 1852. Caixa a.' 12 da Cor-
respondência do Mioistcrto do Reino. Com este ofHcio estSo juntos os seguintes
documentos : projecto do decreto c as duas importantes cartas de Gcrard.
Officio do CoQsul, de 26 de Janeiro de 1650. Caixa do Consulado em Londres.
Officio do ministro para o cônsul, de 16 de Fevereiro de 1859. Lir. ir ilo»
Cônsules Portugnescs, 3.* repartiçiio, pag. 58.
Officio do çonsiil. de 26 de Dezembro do 1859. Caixa do Consulado em
Officio de 25 de Janeiro de 1860, do ministro para o cônsul. Liv. iv dos Côn-
sules Portugueses, 3.' reparti-lo. pag, 89 v.
Officio de 26 de Julho de 1860, do cônsul. Caixa n.° 3 do Consulado em Londres.
8. Medalha áa Sooledade Humanitária do Porto
Poucos meses antes de ter sido criada a medalha para distiucçXo
e premio concedido ao mérito, philantropia e generosidade, instituio-
se no Porto uma sociedade, que tambent confere medalhas por motivos
de salvação. Foi fundada em consequência de um triste acontecimento
ali succedido.
Antes de haver caminho de ferro em Portugal, as commtinicaçSes
entre as duas primeiras cidades do reino, Lisboa e Porto, eram feitas,
principalmente, pelo mar, por se tornarem mais commodas e rápidas.
Para esse fim havia uns pequenos vapores que habitualmente faziam
cBsas carreiras.
' No dia 29 de Março de 1852, um d'esses vapores, chamado «Forto»^
s^u a barra do Douro, cheio de gente, dirigindo-se para Lisboa, como
de costume.
O tempo estava mau e, nessas condições, a suda do barco era
imprudente. Apesar de tudo, caminhou até certa altura, mas, como
o temporal redobrasse de violência, o commandante, para fugir ao
perigo que se tornara imminente, resolveu retroceder, a fim de nova-
mente ir procurar abrigo no ponto de partida.
NSo permittia a força do mar metter piloto a bordo, e a manobra
para a entrada da barra era bastante dͣScil, por causa do grande na-
byGoí>^^lc
o Archeologo Pobtoqdês
mero de cachopos que nells abuniUvun. Dea-se o naufrágio. O vapor
enoalh&ndo num d'es8fls cachopos, fioou eerviuão de joguete das ondas,
que o arremessavam com violeoda de encontro aos rochedos.
FaasoD-se entlto nma scena horrorosa. De bordo ^tavam afflicti-
ramente pedindo soccorro, e de terra ninguém lh'o podia prestar!
ProlongoD-se por muito tempo esta horrível sceaa, que era pre-
senciada por milhares de espectadores, e só a altas horas da noite
é que deixaram de se ouvir em terra os gritos dos náufragos, indicio
segaro de que todos quantos estavam a bordo haviam perecido.
B^te triste acontecimento devia ter mostrado aos Governos a sna
incúria na organizaçSo de serviços para soccorros a náufragos. Desas-
b«H d'esta natureza, senSo todos, pelo menos na sua grande múoría,
evitam-se desde que esses serviços estSo bem montados, e em Por-
tugal, até entSo, pouco ou nada se tinha feito nesse sentido.
Mas se o Governo pouco fez para remediar males futuros, nSo
succedeu o mesmo á iniciativa particular.
Para commemorar este naufrágio reuniram-se 37 beneméritos e
fundaram no Porto a Real Sociedade Humanitária, com o fim de em-
pregar os meios de salvaç&o de pessoas em naufrágios que se dessem
nas costas do Norte e Sul da barra do Douro, desde Caminha ati
Aveiro, inclusive, no rio Douro; e, quando os fundos da Sociedade
o permittiesem, nas outras partes e costas do continente de Portugal
e ilhas adjacentes. Alem dos sinistros maritiuios também a Sociedade
trata da salvaçSo de pessoas em epidemias, incêndios, inundações e
outras sem^faantes calamidades, que sobrevenham na cidade do Porto
e Buas immediaçSes.
A Sociedade Humanitária, que foi instituída em 15 de Abril de
1852, ainda hoje se regula pelos seus primitivos estatutos de 21 do
mesmo mês e anno, que foram approvados por decreto de 12 de Ou-
tubro seguinte e alvará de 7 de Fevereiro de 18Õ4, pelo Ministério
das Obras Publicas. Em 12 de Setembro de 1881 a direcção fez nm
regulamento e em 1895 adoptou algumas dísp«siç3es relativas a c«n-
cessSo de prémios.
Esta modesta Sociedade, extremamente sympathica e digna de
todo o respeito, vive hoje dos seus próprios rendimentos. E prote-
^da por SS. MM., e d'ella fazem parte as pessoas mais distinctas da
mdade do Porto.
Conta já 53 annos de existência, e durante este longo periodo tem
sempre empregado os seus esforços para realizar o tim que se propôs,
com o que a humanidade muito tem lucrado. Cremos que, neste gé-
nero, é a onica que existe em Portugal.
byCoOt^lc
o Archeoloúo Pobtuocês
' AdoptoQ para embleiaa a ímsgem de N. S. da Caridade, cercada
de allegorias alluEivas aos seus ãns, no centro de nm escudo oVat, de
campo escarlate, tendo na parte superior UBoa fita branca com as pa-
lavras: Caridade com perseverança, em côr verde, e em volta, ao ca-
racteres dourados: Real Sociedade Humamtaria, Porto. 1852 (art. 17.-*
do ^g.).
Os sócios, como insígnia, podem usar nas suas reuQtSes e actos
públicos, em reuniSes philantropicas ou caridosas, de instmcçSo ob
de beneficeneia, uma medalha circular, com 3& míllimetros de dia-
-metro, dourada, que tem no centro do anverso. um pelicano, e em volta
a legenda: REAL SOCIEDADE HUMANITÁRIA, cercada de or-
natos, raiada ctHU eetrellas ; e no reverso a coroa real entre louros
e palmas com a legenda em volta: INSTITUIÇÃO NO ANNO DE
1852. PORTO (art. 18." do Reg.}- ■ '
E^ta insígnia era usada pendente de trancelím de seda de várias
cores, conforme os cargos que os sócios desempenhavam. Pelas dw-
poai^s de 1895 o trancclim foi substituído por fita de seda e as cores
foram alteradas.
A fim de estimular a pratica dos serviços humanitários, esta Real
Sociedade confere medalhas aos indivíduos que se distingam por actos
notáveis de abnegaç&o e coragem, praticando importantes serviços de
salvação.
Na fig. 5." mostramos a photogravura de uma d'essas medalhas,
que foram gravadas primorosamente. ,- - :
Aqv. — Este. lado é todo oeenpado pelo emblema da Sociedade:
Imagem de N. S. da Caridade, com o Menino Jesus ao coUb, de pé
sobre nuvens de onde saem quatro cabeças de seraphins. Na esquerda
ha três prédios, estando o do centro a arder e nelle encostada uma
escada a uma janella. Vários indivíduos tratam de atalhar o incêndio.
A direita uma muralha e por detrás, o mar revolto com dois navioB
a naufragarem; um pequeno escaler dirige-se para esses navies, a fitn
de os soccorrer. Na parte superior da orla a legenda: CHARIDADE
COM PERSEVERANÇA; e no eiergo: PORTO. Na muralha tem
a assinatura do gravador, Mobaes. F., que julgamos ser do gravador
Uanoel Moraes da Silva Ramos.
Rev. — Ao centro as armas da cidade do Porto e, em volta, na
parte superior da orla, a legenda: A REAL SOCIEDADE HUHA- '
NITARIAj e no exergo, em duas linhas:
AO MÉRITO
18Õ2
byGoot^lc
o ASCBEOLOGO FOBTUflUÊS OT
■ Tem axgohi, e no hordo o nome do individuo que cmd eUa foicon-
d^corado, Franciseo Lima — 1856. ' :
É de prata, tendo de diâmetro O" ,042 e de espessara (ffiO&à.
Vem descrita no art. 17,° do Reg. de 1881.
Esta medalha, segfundo a regra estabelecida no art. 11." das d«-
posi^a de 1895, nsa-se ao peito pendente de fíta branca, listada de
verde; pwém, se o agraciado ttajar" casaca oii farda poderá- pr^á-la
no lado esquerdo, e se for condecorado com mais de uma élhe còn^
oedido servir-se de uma só, devendo aesse caso collocá-la do lado di*
rato. . .
As medalhas s3o de ouro, de prata e de cobre. >
Áfi de cobre e prata são concedidas para premiar actos de valor)
com dedicação e risco de vida no salvamento de pessoas em incen-
sos, naufrágios e outras grandes calamidades e desastres (art. Q."
das ditpon^õet de 1895). As de prata distingncm^se das de cobre pela
superioridade dos actos praticados (art. 7.°).
. A medalba de ouro só é conferida por accumulaçSo de serviços
prestados na salvação de vidas com risco da própria vida ou por um
conjunto de factos de que resultem manifestas vantagens em benefício
ds humanidade. ■ ' ■ .
- Tanto umas como outras são sempre acompanhadas de um diploma
e no bordo levam o nome do agraciado.
Em 1896 mandou a Sociedade fazer novos cnnhos, sendo encar^
regado 3'essc trabalho o gravador do Porto, Sr. Carvalho Figueira.
Foi conservado o mesmo typo, mas o diâmetro passou a ser de
A medalha de ouro tem sido conferida muito poucas vezes. Duráiité
50 annos apenas se distribuíram onze exemplares. Entre os agraciados
contam-se El-reÍ D. Pedro V*, que foi condecorado pelos serviços que
prestou durante a epidemia da febre amarella, e que a foÍ receber aõ
Fwto, El-rei D. Luís e as duas riúnhas, Senhora D. Maria Pia e Se-
nhora D. Amélia. - ' '
A distribuição dos prémios é feita em sessão solemne e appárã'-
tosa, e são concedidas em media cem medalhas de cobre e prata cada
aono. .1
* Vçjase a Nwmitmatiea de LeitSe, ■.• 168,
- * Esta DKdslka, jantuBente com b qoe b Camará Municipal de IJebori con-
iieeoraa o eandoao mooRrcha, foi snspensa no a.taude por occasiioidoB sene fune-
^s«a e depMS guaidada aexpoeta ao Gabiaete Nunienutico de Et-reL D. Lnia.
Teja-M o livra de AragSo, tomo u, pag. 310. a 211 e.note l .'.,:.■■' .. ..
byCOO^^IC
88 O Abcheologo Fobtuodês
Este numero corresponde, pouco miÚB on menos, ao das concea-
sSes da medalha oiGeial de philantropia, pois que regula por cem o
numero das requisições feitas por anno á Casa da Moeda*.
4. Xedallui do Instituto de Soooorros a Hanftaíoa
A carta de lei de 21 de Abril 1892* instituiu um fundo, com á^
ministraçSo especial, destinado á compra de material de soccorros a
, náufragos, e o regulamento de 9 de Junho do mesmo anno, dando
execução áquella carta de lei, criou, no art. 1.", o Instituto de SoC'
corroa a Naufragoa, sociedade que, na dependência directa do Eistado,
e sob a protecção e presidência de S. M. a Rainha, 4 formada por
todas as pessoas que queiram contribuir para aqnelle fundo.
Os sócios do Instituto usavam como distinctivo uma roseta azai
e branca no lado esquerdo do peito, e os vogaes das commissSes outra
igual sobre um laço de fita das mesmas cores (art. 61.**).
No art. 55." foi instituída uma medalha de cobre, de prata e de
ouro, semelhante ás medalhas militares, que tem de um lado gravado
um galeão, circundado da legenda: CORAQEAI, ABNEGAÇÃO E
HUMANIDADE, e do outro, um ramo de oliveira circundado da le-
genda: SOCCORRO A NÁUFRAGOS. Por baixo do galeSo (nSo se
notando na estampa) tem a assinatura do gravador, C. Maia, e na
parte superior uma argola. Veja-se a fig. n." 6.
Tinham direito á medalha de cobre todos os sócios qne* durante
dez annos concorressem com as respectivas quotas ; todos os que pres-
tassem bons serviços nas commissSes durante cinco annos,* e qualquer
individuo que prestasse um serviço importante na salvaçio de náufra-
gos (art. 66, n." 1, 2 e 3).
' Para a historia d'eBta medalha, «ervimo-uos dos estatutos c regnlamento
da Beal Sociedade Humanitária e de vários relatórios feitos pelo presidente,
o 8r. Conde de Samodiles.
* Para o estudo da proposta d'eBta carta de lei, sn» discasaiio c approvacSo,
V^a-se o Diário da» leuõa da Camará do* Deputadaê, anoo de 1892. No d.* 39,
sesalo de 7 de Março, {onde se \è a proposta feita pelo Ministro da Marinha,
Ferreira do Amaral), pag. iS; no o." 53, sess9o de 28 de Marp, pag. 14 e sqq.,
onde o leitor poderA apreciar nm primoroso discurso do deputado Alves Uatena,
defendendo o projecto; e so a." &4, sessSo de 29 de Março, pag. 6.
Ne Diário d<u umSt» da Cantara do» Pare», a&no de 1892. N.° 85, pag. 6.
Esta carta de lei foi publicada, jantamente com o regulamento respectivo,
no Diário do Governo u.° 131, de 11 de Junfao de 1892. Saiu com «Iguus erros,
que vieram emendados no Diário n." 132, dc 14 de Junho do mesmo anno.
byGOí>^^lC
o Abcseolooo PoBTcaoís
lanham direito & med&Uia de prata, os sócios que dnrsnte viate
aonos contribnissem com as respectivas quotajs,* todos os que prea-
taasem bons serviços nas oominissSes durante dez annos; qualquer
pessoa que prestasse um serviço relevante na salvaçSo de náufragos;
entendendo-se por serviço relevante a satvaçSo de vidas com risco da
própria; e os parocboa, commandantes e capitles ou mestres de navios,
qae, nnm .prazo de três annos, tivessem entregado qnanlia igual ou sn-
períor a l.OOO/KMX) réis, producto de donativos que promovessem em
beneficio do Instituto (art. 67.", n." 1, 2, 3 e 4).
A concessão das medidhas podia repetir-se tantas veses quantos
os serviços prestados, devendo o agraciado nsar na fivela o algarismo
indicativo correspondente (§ único do art. õ7.°).
A medalha de ouro sd era conferida por substítuiçSo de três de
prata (art. Õ8.').
Nenhuma das medalhas era conferida sem que precedessem certas
formalidades (art. ÕO."), e quando se destinavam a premiar serviços
a náufragos, a sua concessSo era feita por um decreto em que era
narrado o serviço prestado (art. 60.<*).
Segundo o disposto no § iinico do art. 50.', as medalhas eram
asadas suspensas de uma fita azul ferrete.
' Como se vê d'estas disposiçSes, eram recompensados com a mesma
medalha duas espécies differentes de serviços: serviços prestados di-
rectamente ao Itutituto (art. 56.', n."* 1 e 2 e art. 57.', n." 1, 2
e 4), e serviços prestados directamente aos náufragos (art. 06.°, n." 3,
e art. 57.", n." 3),
Com o fim de estabelecer uma distincçSo entre esses serviços, e
também porque a cõr da fita, azul ferrete, era igual á que é usada
com a insignia da Torre e Espada, foi publicado o decreto de 26 de
Maio de 1898, que, alterando o § único do art. 55." do Reg. de 9 de
Jnnho de 1892, determinou qne as medalhas se usassem do lado direito
do peito, suspensas de uma fita azul ferrete com faixa branca ao cen-
tro, quando fossem destinadas a premiar serviços de salvação, e de
uma fita branca com faixa azul ferrete, quando fossem destinadas a
recompesar serviços prestados ao Jtutituto.
As fitas das medalhas ji distribuídas tinham de ser trocadas pelas
do Dovo padrão.
O decreto de 18 de Junho de 1901, que reorganizou os serviços
de soccorros a náufragos, instituindo-lhe um novo fundo, determinou
no artigo 10." que para a sua execução o tíovemo modificaria o re-
gulamento de 9 de Junho de 1892. Este novo regulamento foi publi-
i^ado em 7 de Maio de 1903 e é o que ainda hoje vigora.
byCoO^^lc
90 O Abcbiíoloqo Fobtdodês
A Sociedade passou a asar um titulo que até en^o não linha — tSeal
Instituto de Soccotros a Náufragos*, e o seu 6m é prestar soctxirros
«os indivíduos que oaiifrsgarem nas costas do reino e ilhas adjacentes,^
propagar os príncipios e processos teDdeDt«s a salvar a vida dos sa-
veganies em perigo e estudar as causas dos sinistros marítimos bem
coiho as medidas a pôr em pratica para lhes restringir o numercf
(«rt. 1,°). Ã presidência continua sendo de S. M..a Rainha.
O distinctivo dos sócios passou a ser uma estreita eam<ada, me-
tade azul metade branca, qite é usada na lapella (art. 27.').
No art. 14." do cap. iv foi determinado que a med^ha que havia
sido criada por decreto de 9 de Junho de 1992, que já descrevemos
(fig. 6.'), seja destinada exclusivamente a premiar serviços de soccorros
a' náufragos, devendo ser usada suspensa de uma fita azul com faixa
branca. Este artigo, que faz novamente a descrição da medalha, nada
lhe alterou no typo descrito no art. 5õ." do regulamento anterior;
comtudo, estos medalhas são hoje um pouco ditferentes d'aqueUa8.
Tendo fallecido o gravador Haia, foi encarregado de as fornecer o
conhecido fabricante de condecorações, Sr. Frederico Qaspar da Costa^
que, certamente para que se não julgasse que oa cunhos eram os mes-
mos, passou a fabricá-Us da seguinte forma (veja-se a fig. 7.*):
Anv. — Ao centro nm galeSo, e em volta: CORAGEM, ABNE-
GAÇÃO E HUMANIDADE. Na oria, em baixo, tem mais: • 9 DE
JUNHO DE 1892 • Não tem assinatura.
Rev. — Ao centro um ramo de oliveira, e em volta a legenda:
SOCCORRO A NÁUFRAGOS. Na parte superior a competente ar-
gola.
Como se vc, aa únicas alterações consistem na eliminação da assi-
oatura do antigo gravador e indicação do regulamento que criou a in&-
dalha..
Estas medalhas são de cobre, de prata e de om-o.
Tem direito á de cobre todos os indivíduos que prestem nm ser-
viço importante na salvação de náufragos (art. 15."). i
Tem direito á de prata todos os indivíduos qae prestem nm ser-
viço relevante na salvação de náufragos, entendendo-se por Berviço
relevante a salvação de vidas com risco da própria vida (art. 16.°).
A concessão das medalhas pôde repctir-se tantas vezes quantos
08 serviços prestados, sendo esse numero indicado por nm alg^ismo
collocado na fivela (art. 17.").
Nenhum serviço só por si ãá direito á medalha de ouro, qm só
é concedida por sabstitniçSo de três de prata (§ imico do art. 17.'),
A concessão dd três de cobre também ik direito a ama de.prata.'
byGoí>^^lc
o ÃRCIIEOLOaO FORTOGUÊS
No art. 20.' foi institaids UDia oova medalha, semelhante á ante^
cedente, destinada exèlosivamente a recompensar serviços prestados
directamente ao iTiêHtuto.
Vè-se assim que a separação das .duas espécies de serviços. que
havia sido reconhecida pelo decreto de 26 de Maio de 1898, foi le-
vada mais longe por este regulamento. Por aquelle decreto distingni-
ram-se os serviços por fitas dííFerentes, e neste regulamento por me-
dalhas diversas.
Estas novas medalhas (veja-se a fig- 8.*) tem no anverso um ga-
leão, de dimensSes um pouco inferiores ao da medalha antecedente,
6 em volt» a legenda: PHILANTROPIA E CARIDADE. No reverso
tem, em volta, a legenda: REAL INSTITUTO DE SOCCORROS
 NÁUFRAGOS, e, ao centro, em duas linhas, a palavra: SÓCIO—
segnida de outra indicativa da classe respectiva. Ha quatro classes
da Bocios: honorários, bemf«itoree, doadores e subscritores (art. IJ,").
SSo, por conseguinte, quatro as variedades â'e8ta medalha, conforme
tiverem a designaçSo de SÓCIO -HONORÁRIO, SÓCIO— BEM-
FEITOR, SÓCIO— DOADOR ou SOCIO—SUBSCBITOR. É çsta
ultima variante qne apresentamos na estampa.
Estas medalhas sâo de cobre ou prata. NSo ha d'estd typo me-,
-dalhas de ouro.
Tem direito i medalha de cobre: 1." Os sócios doadores, os sub-
scritores com dez annos de sócio, e os remidos. 2.' Os individues qne
prestem bons serviços nas commlssilea, como membros eSectivos, du-
rante cinco annos consecutivos.
Tem direito á medalha de prata; l.<* Os sócios honorários, os bem-
feitores e os- subscritores com vinte 6 cinco annos de eocio. 2." Os indi-
vidues que prestem bons serviços, nas commissSès, como membros ef- -
fecttvos, durante dez annos oonsecativos. .<;< :
A concessZo daa medalhas destinadas a prenuar serviços de soct
cerros a náufragos, preeedando várias formalidades, é feita por um
decreto em qne é relatado o serviço prestado (arts. 18." è 19.°), e a
(xtncessSo das outras é feita por uma portaria, sob proposta da oom-
misaZo central (art. 23.°).
Os cunhos para estas duas ultimas medalhas (Sgs. 7.* e 8.*) foram
mandados fazer pelo fabricante, em Paris, ao gravador Emest Le-
moine, que os nXo assinou.
Manda a verdade que ee diga que nSo foi feliz a pessoa qne eà-
colheu os typos para estas medalhas. Destinadas a ostentar vaidade
ou provocar ambiçSes, as medalhas condecorativas devem ser objectos
^e arte que atb-uam pela sna' belleza, e nestas e galeSo (talvez ali
byCOO^^IC
93 O ARCBEOLoao PobtugdÉs
oollocado por ser o emblema da cidade de Lisboa), abandonado nt»
alto mar e traçado com linhas rectas, dá. uma ideia de desolaçZo, qne
decerto n&o provoca aquelles sentimeotos.
Junqueira, Março de 1900.
Artbub Lamas.
Ulsoellanea arolieoloerioa
1. Os areklToi de G«a
£ muito sensato, muito justo e muito verdadeiro, o artigo que o
Sr. Herculano de Moura, distinctissimo official da nossa armada e ac-
tualmente ^v«rnador de Diu, escreve nas Novidade» sob aquella epí-
graphe.
Aqui e ahi ninguém desconhece a actividade, o amor, a dedicaçSo,
(jue esse illustre funccionarío emprega em todos os seus actos, quer
na arma que professa, quer no distrícto que governa, quer nos estudos
a que se dedica. O artigo O» arcbivos de Goa é mús uma exuberante
prova do seu devotado zelo pelas cousas d'e3ta terra, e se o Governo,
como é de suppor, o tomar na consideração devida, salvando a tempo
08 preciosos mannscrítOB que representam uma riqueza da nação, muito
se deverá ao distincto oíEcial, que, como verdadeiro português, deseja
e quer que a historia da índia, ainda bastante confusa, se consulte nos
valiosos documentos que ainda possuímos, sem necessidade de qne
sobre o assunto os estranhos nos dêem liçSes, nem sempre favoráveis,
nem sempre sinceras, nem sempre exactas.
Ha porém nesse artigo uma lacuna que convém preencher, e que
o 8r. Herculano de Moura deixou em branco, certamente á mingua de
informação, visto a honestidade do seu caracter, sempre evidenciada,
repellir por completo tado que possa classificar-se de injustiça.
Já houve, e não ha muitos annos, quem pensasse na construcçãu
de um edifício especial, com todos os requisitos relativos e indispen-
sáveis, onde fossem colleccionados todos os documentos e livros de
importância, que se relacionassem com a nossa historia do Oriente,
o qual se chamaria Arcktoo Geral da Lídia. Supponho até qoe a obra
foi projectada, falhando a execução á falta dos meios necessários.
O nome do Sr. Conselheiro Joaquim José Macliado está por tal
fiSrma ligado ao ultramar, que difficilmente se poderá passar sobre
qnalqner cousa proveitosa que lhe diga respeito, ainda a mais insi-
gnificante, que por elle não tivesse sido pensada e estudada. Se o pro-
jecto do arohivo e de outras obras importantes não teve execução,
byGoí>^^lc
o Aichulogo Portupto— Vol. 1—1905
byGoot^lc
bvGooglc
o Archflolojo Ponuguèj— Vol 1—1905
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
Di„i„«b,Googlc
o iicLeologo Portogib— Vo!. I— Í9(K
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
Di„i„«b,Googlc
o Archeologo Português 93
nlo se lhe pôde attríbuír a oulpsj demais trabalhon elle em proveito
d'esU terra, qae o ato esquece, que tantos beDeãcios lhe deve, sem
menoscabo d'aqiielle3 que ignal esforço tem empregado, e a quem sou
dos primeiros a respeitar.
E feita a declaraçlo, que é devida, oxalá o Sr. Herculano de Honra
obtcaha agora o que entSo se nSo pôde conseguir, e mais uma vez
lerA jus á gratidSo de quem saiba apreciar-lhe os dedicados esforços
>'m proveito do país.
(Diário de ^'otieías, de 9 do Setembro de 1904).
KecebemoB do illuetre official da armftda, Sr. Ueroulano de Moura,
a begiiínte carta que gostosamente inserimos em seguida:
8r. Redactor. — No Diário de Noticiaa de hoje deparei com nma
<-orrespondencia da índia em que se faz uma ligeira apreciação a uns
recentes artigos meus, escritos nas Novidades, sobre Oa arciíivo» da
Índia, salientando, todavia, uma lacuna que o illustrado amável cor-
respondente do apreciado jornal de V. procura esclarecer.
Devo desde já dizer que ignorava, por completo, a tentativa inlel-
ligente e patriótica feita pelo Sr. CoDselheiro Joaquim José Machado,
quando Governador Geral da índia, para uma condigna installaç^
do Arehivo Geral da índia. Servi mnito pouco tempo com S. Ex."
nhi (uns três meses) e longe da capital d'eBse governo; não admira,
por isso, que mo passasse despercebido mais esse importante serviço
com que tio esclarecido e emprehendèdor funccionario desejou deixar
vinculado o sen nome a uma das mais criteriosas e fecundas adminis-
trações da índia. Inteiramente do pensar do autor da correspondência
no tocante ás referencias ao Sr. Conselheiro Machado, como por roais
do uma vez o tenho affirmado em publicações minhas, gostosa e imme-
diatamente faço a rectificação, ou melhor: — preencho a lacuna apon-
tada, perfilhando a indicação feita nesta correspondência.
A simples leitura dos meus modestos artigos sobre os documentos
da historia da índia, qne se estão a apodrecer dispersos em vários de-
pósitos de Goa, dará logo a nota de que o micróbio da politica (muitas
vezes em suspensSo nas culturas literárias da índia), nem a semente
da adulaçito ou o arpéu do despeito, poderiam ter guarida nesses es-
<.-rítos. A propaganda pela palavra e pela penna, em que ando agora
empenhado, obedece a um desejo absolutamente sincero de pretender
salvar, a tempo, fontes preciosissimas para a nossa historia da índia,
que vemos tSo estimadas e valorizadas no estrangeiro e de que tXo
pouco ou nenhum caso se tem feito entre dós.
byCoOglc
94 O Abchbolooo Pobtooués
Deixando para o fim oa mens agradecimontoB pelas captivantes pa-
larraa qne mu .dirígs o correspondente em Goa do Diário de Notícia»,
nas quaea rejo transparecer retaçSee de velha amizade e manifestados
os primores de caracter e de educação de quem se endereça, peço s
V. que me releve o espaço que venho de tomar no seu esclarecido
diário, e me creia — De V. . . ., etc^y. Herculano de Maura.
Parede, 9-IX-1904.
{Diário de Xotiâoê, de 10 de Setembro de 1904).
2. àrehe«Iorla do >■! de AfHea
Beira, 21 de Setembro. — Immensos e ricos, de uma riqueza mine-
ral, sem outra igual em toda a Africa Orieutal, os campos auriferos
de Manica tem historia da séculos, e as ultimas investigações archeo-
logícas tendem a coUocar a Ophir da Biblia dentro ou quasi ao pé
d 'esta vasta regiSo.
Os melhores ãlSes, até hoje descobertos ahi, tem sido, com raras ex-
cepç5es, aquelles onde se encontram as antigas minas e subterrâneos.
Alguns d'estes subterrâneos tem mais de 200 pés de profundidade,
e as explorações ahi feitas tem denotado netles agua em bastante quanti-
dade e outras vezes as sondagens tem atravessado o mais duro granito.
' Por toda a parte em Manica eucontram-se vestígios de ama raça,
hoje completamente desapparecida da face da terra. E os enormes
terraplanos com limalha de ferro que se vêem por toda aquella regiXo
denotam qne aquelles antigos obreiros conheciam perfeitamente a fun-
dição dos metaes e possuíam alfaias de ferro.
Aqnelle povo devia ser evidentemente maritimo. Exercendo o com-
mercio do ouro, não podia deixar de estar em constantes communíca-
ç3es com Sofala, este antigo e histórico porto de onde, dizem, sairam
os navios levando ouro para o templo de SalomSo, e onde também,
segando a lenda, embarcou a enamorada rainha Shcba para ver o rei.
Portugal o Inglaterra, que sSo os únicos senhores de Manica, de-
viam dar-se as mSos para estudar e conservar devidamente as minas
ã'esta vasta região, onde cada ruina tem a sua historia, e cada pedra
tem a sua lenda. Infelizmente, nada está feito, e é pena ver desappa-
recerem ponco a pouco com a acçSo do tempo aquelles vestutos es-
combros que na sua linguagem muda falam-nos das eras passadas.
Suggeriram-nos estas considerações quando, durante a nossa es-
tada de dois annos em Macequece, fomos nm dia ver de visu a extensa
região de Manica, e hoje vemos que ellas estio mais qne confirmadas,
pela descoberta feita por dois exploradores de minas de algumas re-
liquias d'aquelles velhos tempos, em 15 de Agosto findo, em Umtali.
byGoí>^^lc
o ASC&KOLOOO PtWTDOOftS 96
Umtati é o antigo Mntali ou Mutassa português. Faz part^ da
região de Maníca, e foi-oos brutalmente arrancado pelos ingleaes.
Até nio noa respeitaram o nome. Para se lhe tirar toda a origi-
nalidade portuguesa, inverteram aa primeiras duas tetras e chamam
agora Umtali ao qne foi sempre Mutali. SlU> tempos- . .
A mais importante d'estas relíquias 6 um vaso de ouro de fabrico
antigo. Tem iuscriçi^s hieroglyphieaa, que suppSe-se ser as escrituras
secretas dos velhos cophtas ou pheoicios.
Também Ibram encontrados cerca de vinte aaeis de ouro.
SSo de differentea feitios e formatos e todos deixam ver na sua con-
fecção um grosseiro e rude trabalho nativo próprio d'a<]uella época.
Todos estes thesouros, de alta importância para a archeologia, cn-
contraram-se em nm campo reservado pira a pastagem, e já foram
entregues ao administrador de Umtali.
(Diário de Noítcia», de 20 de Outubro de 1901).
PsDKo A. DB Azevedo.
ExploragÒes arolieologioas em Mertola
Em 16 de Junho de 1904, de manbfi, mandoD-me a minha casa o Sr. Joaé
de Almeida Carvalhaen, Preparador do Mnseu Etbnolugico, a BeguÍDte noticia
que vinha publicada n-0 Século:
'Mertola, 15, t. — Foi hoje desDoberto por une trabalhadores, na margem
esquerda do Guadiana, junto d'eBta viUa, e a pequena profiindidade, um graude
deposito de cântaros de barro de differentes taroanhoB e feitios, tendo alguns
duas asaa e o &ndo em forma de bico, e estando muito cheioe de terra e cal.
U deposito parece abranger uma graude área, qne devia ser explorada*.
Como snppns que os cântaros seriam, e de facto eram, ampboras romanas,
a]>enaB li esta noticia telegraphei ao meu amigo o Sr. Angusto de Vargas, de
Uertula, pedindo-lhe qne obtivesse da respectiva autoridade a suspensão dos
trabalhos, para se evitarem vandalismos, até que cu mandasse um empregado
do Museu &zer escavações metfaodicas. O Sr. Yargas responden-me no mesmo
dia á 1 hora da tarde com o aegninte tetegranuna: Eiertvendo, quando veio
telefframvM. Egcaoaçôet ordem da Camará. Vou pedir Presidente suêpetuõo
fmbalhot. E ás 3 horas diase-me telegnphicamente maia o seguinte: Traba-
lho» svgpeTiBo». Ao meamo tempo escrevia-me uma carta em que me relatava
o appBrecimento das amphoras e me enviava esbogos de dnaa, carta que recebi
em 17. Eta virtude de todo isto, encarreguei o Sr. Bernardo de Sá, Conductor
de Obras Publicas em aervigo no Kuseu, de ir proceder aos trabalhos em Uei>
tola, para onde partiu no referido dia.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
96 O Archeologo Fomiaots
O artigo que vae ler-se, «âúnado por elle, é o nlitorio doa trabalhoa a qne
procedeu.
D'ease utigo ee vè qne bavia oa mar^m esquerda do Guadiana, áAoaU
de Uertola, antiga Myrtílin, um deposito de amphoraa romanas, qae é cohi-
paravcl ao de S. Bartolomen de Caetro Marim, por mim deacrite em 189S,
D-O Areh. Porl., iv, 329 e sqq. ; aó, ao paaso qne jnnto do d« Caatro Harim
ee encontroa o próprio forno em qne aa amphoras ee fabricaram, no de Mertola
não se encoDtron nada semelhante. Nnm caso e noutro oa depósitos Scaram
perto do Guadiana, por onde as amfriíoiBa faeilneBte ae expedisK paia Ytmgf.
Temos assim mais om testemnnho a respeito das antigoidadea romanas de Jfyr-
tUi», já porém bastante oonbecidas por òntros meios; aqoi mesmo a-0 ^rcAeo*
loffo ae tem feito nomerosas rrferencias a ellas'.
No interesssste trabalho intitolado Lm puébUm antigaot dei Qvadtdqtâvir
y idfarería» romana», Kadrid 1902 [separata da iReriata de arch., bibl. y
maseost), diz o Sr. Jorge Bonsor, depois de descrever varias edfartrúi» on
•olariasi romanas das margens d'aqiieUe rio: 'Antes de conclnír he de soplicar
á mis colegafl de las provincias de Huelva y de BadajoE, asi como á los ar-
queólogos portogueses, qne eraprendan la exploTación <let Guadiana; pães todo
autoriza & saponer qne han de encontrar, ai ignal qne en Guadalquivir, ntune-
roeoa vestigíos de albreriast. A esse appello pôde corresponder, em parte,
o presente artigo; mas jà antes de 1902 O Archeologo se tinha, como vimos,
occnpado do aasnnto.
Pena foi qne das 3(> ampboias qne, conforme nota o Sr. Sá, se poderiam
obter em Hfertola, as qnaes aò por si constitaíríam nm muaen cerâmico, apenas
se salvassem poucos exemplares.
Por occastSo de se proceder por conta da Ex."* Camará Municipal
de Mertola, em terrenos pertencentea á mesma, a trabalhos de desa-
ferro neceasarios para a eonstmcçSo de uma pequena estrada de ser-
ventia publica no bairro fronteiro a esta villa, ua margem esquerda do
Guadiana, os trabalhadores encontraram um deposito de amphoras
romanas situado ao cimo do caminho que da praia conduz á dita po-
voação, e distante uns 3 a 4 metroa da fonte publica.
O deposito, seginndo informações colhidas dos próprios trabalhado-
res, — pois que, logo em seguida ao descobrimento, o Sr. Presidente
da Camará de Mertola iniciou ahi, maia ou menos ao acaso, uma ex-
ploração arclieologíca, depois continuada metbodicameate sob a minha
direcção — , era auperiormentc revestido de uma camada de opus Si^ai-
num, com uma mão travessa de espessura, formada de alvenaria com-
posta de tijolo triturado e taliscas de schisto. Este revestimento só
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Ahchbolooo Poetuodês
97
modenUHDente cobria nma parte do deposito; a parte restante, atra-
vessada por uma Berrentia publica, tinha desapparecido, natarabnente
por causa do desgaste provenieote da continua passagem pela mesma.
O deposito apresentava a forma de quadrilátero irregular, aberto
na rocha (schísto), limitado ao poente (lado do rio) por uma parede
de alvenaria ordinária com l'',50 de profundidade e (y^90 de espes-
l\\
c
.
\ M
\- k
1 i \ ,
\/
sura; no sentido da largura uma parede com 1 metro de espessura feita
de pedra basáltica e lages de schisto argamassada com barro dividia
a escavação em duas secçSes distinctas, e formava com a parede de
alvenaria um corredor afiinilado de forma trapezoidal, em que as bases
tinham respeotivamenf© as dimeneSes de l^jSO e 0",20. As restantes
byGoí>^^lc
o AkCHEOLOOO FOBTDOUta
(Ics eram, como acimA refiro, abertas Da rocha: a do norte, cor-
A prumo; a do sal com leve inclínaçlto para o interior; a do nas-
cente com idêntico jomunento terminava
nuM socalco de 1 metro de altura e 0",8O
de largura media. As restantes dimensões
v3o indicadas na %. 1.*, planta e corte loia-
^tudinal da escavação.
Â8 amphoras começaram a apparecer
a O™, 50 de profuodidade. O aterro que as co-
bria era formado pela agglomeração de terra
e taliscas de schísto, dispostas etn camadas.
As primeiras amphoras poetas a descoberto
mantinham a mesma orientaç&o, com a boca
voltada para KE. ; estavam deitadas, pos-
loque ligeiramente -inclinadas — inclinação
que se pôde explicar pela provável depres-
são do aterro sobre as mesmas — : tinham
encostadas aos bocaes grossas pedras de ba-
salto, eram mantidas em equilíbrio por ta-
liscas de schisto que serviam de cunhas, e
assentavam em delgadas lages de schisto
que as dividiam em três camadas bem de-
finidas.
As amphoras que seguidamente foram
apparecendo nlo mantinham nem orientação
fixa nem disposição particular; algumas en-
contrei eu com a boca para baixo.
Muitas amphoras estavam cheias de
areia e lodo, em que se notavam pintas de
carvão, o que aliás lambem se podia veri-
ficar externamente. Julgo qne ellas tinham
sido cheias propositadamente, pois que assim
aa encontrei, mesmo as que estavam dis-
postas com a boca para baixo.
Nem toda a escavação era occupada pelas
amphoras, mas tão somente o quadrilátero
indicado na fig. 1." pelas letras a, h, c, ã.
No corredor a que já me referi, só se
encontraram duas amphoras deitadas a par
no solo, no sentido da largura, e com os bo-
«f- <■• cães invertidos.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
U AioiBXOLoâo PoBTUGtâa Od
A parte restante da escavaçlki tinha sido entiilbadn com terra' e
Bcbisto, disposto sobretudo para o fundo em grandes lages e em ca-
madas, o que parece indicar que o aterro tinha sido feito com cnidado;
disseminados por este aterro en-
contrei bicos fundeiros, asa:
galos e pedaços de oatras a
ras, assim como alguns os
animaes, mas nSo colhi ne:
moeda que lançasse luz si
data precisa d'esta estaçSo
As amphoras pareciam i
d'etl8s ser novas; na sua n
estavam quebradas, o que
bretudo devido ao assenti
e pressão das terras. O a
que se obteria, caso a expl
tivesse, desde começo, sid
com caidado, posso comj
pelo menos em trinta.
Neste deposito appare
dois typos de amphoras be
tínctos: um esguio (lig. 2.
(r,95 de altora, Cr,28 de i
tro no bocal, e O" ,40 de alt
gargalo; o outro, bojudo (líj
com as seguintes dimensõ
tura 0^,85, largura mazL
bojo ©""jSô, diâmetro do
0"',15, altura do gargalo
De unbos estes typos
eu trouxe para o Museu
Etimológico exemplares
fracturados, qne porém
se recompuseram: dois,
do typo esguio, e três,
do typo bojudo; apenas a um d'estes últimos falta o gargalo,
Ãs amphoras bojudas apresentavam dimensões muito aproximadas:
as esguias é qne differiam um pouco entre si.
A pasta é formada de barro avermelhado ou de barro amarello,
mais ou menos accentuado em ambos os typos. As amphoras bojadas
aão de paredes mais espessas do que aa esguias; nestas a espessura
641551A
Di„i„«b,GtK)ylc
100 o Archeolooo Português
aio excede em média iim centímetro, emquanto nas primeiras se eleva
a centímetro e meio.
Algumas d'estas vasillias tinham como ornamentação simplicíssima
cm volta do bojo duas ou nuús series <le sulcos, gravados paralleU-
mente.
NSo pude obter para o Museu Ethnologico nenbum dos exempla-
res ornamentados, pois que o Sr. Presidente António da Silva Fer-
nandes os havia destinado ao Museu de Beja — ^onde segundo sei ainda
todavia nSo deram entrada — ; os outros exemplares reservava-os o
mesmo Sr. para um problemático Museu que elle projectava fundar
em Mertola.
Bernardo ãmtokio de Sá
Autos * de posse de oastellos no seoulo XVI
N-0 Ãreheologo foram já impresBOB três antos de posec de caBtellpB, no sé-
culo XVI, relativos a Nondar* [v, 146), Mertola (vi, 206) e Aljezur (vi, 171),
com as data« respectivos de 1516, 1535 e 15G5. Agora efio impressos outros
tantos autos relatívos, um fi Sinee, commenda que em tempos teve o illnstre
Yaseo da Gama, datado de 1533 e dois a Aljustrel de 1565 e 1586. Pela leitura
d'e8teB documentos se nos depara o beto das poBses mais antigas serem as maia
intereseanteB e as modernas, pelo contrario, serem despidas de interesse quanto
á inventaríaç&o. A decadência do logar dealcaides-menorea em carcereiros tam-
bém é interessante notar nos dois autos de Aljustrel, bem como o estado de
mina em que gradualmente ia caindo este castello.
Pkdko a. na Asktioki.
i. Auto de poíse do cistello de Sines. 21 de Novembro de 168S
Ano do nacimento de noso senhor Jhesu Christo de mill e quy-
nhentos e trynta e três anos aos xxiiij** dias do mes de novembro em
a vylla de Synes no castello e fortaleza dela estando hy diogo calema
' Auío, do latim actas, corresponde no francês prodi-verbal c so allemilo
ProtokoU. O nosso aaloar é o fr»ncfls verbaliaer.
* Doa Juan Bsrroao y Uomingriez, súbdito heapanhol, que tínbii comprado
c<w) vAntagem ao Ministério da Ouerrn o castello, ainda muito bem conservndoí,
de Nondar, falleceu receutemente. Pnrcce que pensava em restaurá-lo, pelo uienoa
chegou ^pars cometo — a mandar arrancar a inscripção commemorativa da fun-
dação, a qaal guardava no seu cscritortn em Barranco!!. Nesta povonçSo coiríii
a lenda de se encontrar na velha fortificação um grande thesouro ; ignoro, porém,
■O 01 trabalhos, a qno procedeu ali o ultimo proprietário, lograram desvanecer
no espírito publico a tradicio.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AbCHBOLOOO POBTUGUÊa 101
cavalleiro da bordem dè sandaguo e antonío Femandez prior da vylla
dos oollos vesytadores per autoridade e mandado do mestre e duqae
etc. DOSO senhor e pelos defyndores do capitulo gerall que se celebrou
no convento de pallmella a ziij dias do mes dojtabro do ano paaado
de j b* xxxii pelloa quaes forSo emleytos pêra ello e estando hy ou-
trosj o senhor Joi^ furtado de mendoça comendador e alcayde mor da
dita vílla loguo pellos ditos vesjtfidores lhe foy feita pei^^ta se tyoha
algnm auto da eutregua da dita fortaleza e das cousas delia afora o que
elleB vesytadores trazySo ou se tynha o trelado delia e por o dito co-
memdador foy dito que nfto tynha nenhum auto da dita entregna so-
mente o qne elles Tesytadores trazyão da pose que lhe fora dada por
Jo3k> Oodynbo contador qne foy deste mestrado a quall os ditos vflsyr
tadores mandarão ler a mym escripv&o da dita vesytaçSo e por em ella
n£o decrarar as casas da dita fortaleza mandar&o que fizesse este auto
com s decraraçZo das ditas casas que a dita fortaleza tem as quaes elles
It^no vyrSo e sam as seguintes item he bum castello dentro da cerqua
da vylla cerrado sobre sy com muro « redor e tem bum portal! de pe-
draria com nm baluarte ' de fora dameas c bonbardeyras e btías portas
novas d fortes com sen fernflho grande e fechadura e bua tranqua forte
e grosa metyda no muro per bonde corre e entrando pela dita porta
esta bum pateo com hum poço de agua nadívell e bi}a pêra beber e por
riba esta hum arquo sobre que esta armada bua camará e pelovUo
debaixo deste arquo o camará vXo ter a hSa porta de bua casa térrea
grande em qne eetSo h3as grades de pao do porlall per bonde se entra
e entrando pella porta do dito castello ha mSo ezquerda esta bula escada
de pedra per honde sobem os casas do apousentamento do dito castello
que he a primeira casa hiia salla pequena com chomine e ladrylhada
com hSa janella metyda no muro sobre a porta do dito castello e he
madeyrada dasnas e de telha vãa encaiada per riba e da dita salla vay
hfia porta pêra hSa antecâmara grande que tem hfla chemine e hiia
janella grande peguada com a chemine sobre o pateo rasa e dalvaneria
com bSas portas novas de castaiiho trancadas e outra janella da banda
da vylla metyda no muro de sedas e hum peytorill da pedraria com
hum mármore no meo com buas portas de castanho novas e a m&o
ezquerda da porta da dita camará vay hua escada de madeyra pêra
bayxo pêra biía casa que esta debayxo da salla que tem hfía chemine
I O temo baluarte tem origem estrangeira. A»iin em francês diz-se boiíle-
'•ard e em allemSo BoUxetrl: Bmdevard tomou ainda oolra «cepçilo mais geral-
mente coDhecida do qne a de battion.
byGoot^lc
102 O Archeologo Pobtdgcés
e serve de cozynha e desta cozynha v&j hSs porta pêra ontra casa qiie
serve de despensa que fiqua deb&yxo da antecâmara a qnall «oteca-
mara Le madeyrada de quatro agoas de madeyra de castanho e forrada
de cortiça per cyma das asnas e ripa e no cabo desta antecâmara vay
hila porta pêra liila camará no andar delia que be tSobem madeyrada
de quatro agoas e forrada de cortiça e tem h3a ehemine e bua janella
sobre o pateo e dalij vay h^a porta pêra bus quintaes e desta camará
vay bua escada pêra bnixo pêra a logea desta camará que fae tadry-
Ibada pêra molberes e sobre esta escada estão hSs almareos de bordos
cS sua porta E da dita antecâmara vay outro portal! per onde vay bua
escada de pedra metyda pcllo muro que vay ter a porta da torre da
menagem com eua aboboda per riba o quall portall da dita torre tem
hiíae portas fortes e bSas per bomde entrSo a bua camará grande qoe
be no meo da dita torre sobradada e nesta camará esta bua janella
da banda do Itesyo e a emtrada da porta desta camará esta bua escada
com seus almari?os de bayxo çarrados per bonde vSo he outra camará
de cyma desta que he na dita torre a quall camará he de quatro agoas
e forrada de tavoado de pynho e sobre a dita escada tem hus almareos
com Buas portas çarrados e bTtos e tem bua obemine e duas janellas
hita pêra a banda do norte e outra pêra ho sull e esta casa tem buía
porta per bonde vSo per bua escada ao cymo da dita torre e ao pee
desta escada esta híía janella da baq^da da vylla e a emtrada da prí-
meira porta da dita torre esta metida outra porta no muro da dita torre
per bonde v&o per hum corredor a hum cobedello no qnati corredor esta
hua janella da banda do norte e a emtrada do dito cubello esta bua
porta por homde entrfio ao dito cubello e dentro no dito cubello esta
hQa janella da banda da vylta e tem ontra camarynba pequena çarrada
sem janella o quall corredor e cubello sam çarrados de hSa banda e da
outra do muro e telhados e argamasados per ríba, e de bayxo da pri-
meira camará da emtrada da torre da menagem vay da dita camará bSa
CFcada de pao com sua porta de alçapam pêra oatra camará de bayxo
desta tam grande como ella çarrada com bua fresta e de bayxo desta
esta outra casa no andar do cb&o com bãa porta pêra ho pateo honde
estSo as grades de bayxo do arquo e da dita maneira estSo quatro casas
na dita torre da menagem E a emtrada da dita fortaleza no pateo delia
a mSo direita esta hila escada estreyta de pedra per bonde vão a bom
cnbello redondo abobedado e argamasado que tem bua janella sobre
a porta do castello da banda de fora as qnaes casas dise o dito senhor
Jorge furtado per ante os ditos vesytadores e homSs muitos da dita
vylla que elle fizera de novo a saber a escada de pedrana e madeyrara
e ladrylhara a dita salta e lhe mandara fazer bs janella do mnro e fizera
byGoí>^^lc
o ÂfiCHEOLOQO POBTUGUÊS 103
a dita antecâmara e camará aey como «stavSo decraradas com a escada
qne vaj pêra a torre e chemines e escadas que vSo pêra baixo asy como
esta todo decrarado a sua propya custa e os guarnecera e concertara
de lodo £ defr(»ite da porta do dito castello esta bfía ca^a torre que
be estrebaria com suas mSgedoyras em qoe caberSo dez ou doze ca-
valloa com oatra casa dentro pêra palheiro e dormirem escravos que
dise o dito comendador que mandara tSobem fazer e detrás das ditas
estrebarias esta buí quyntall çarrado que he das propyas casas de que
se serve o alcayde que esta na dita fortalleza £ dise o dito Jorge fur-
tado que Qunqaa lhe entregarão armas nenhilas da dita fortaleza nem
as avya nella E de todo os ditos vesytadoree mandarSo fazer este auto
e acostar ao outro auto que era feyto pello dito contador e outro tall
como este asynádo per elles que o dito Jorge furtado pedyo pêra fi-
quar em sua mSo e elle asjnou este pêra se levar pêra ho cartório
do convento testemunhas que estavSo presentes Francisco do Rego e
Fernio lopez juiz ordinário e luis diaz moradores no dita vylla e eu
Joam domingues escripvSo da dita vesytaySo o escrepvi. ^^on/e /ur-
todo Mendoca.
S. Anto de poate do csstello de AUastrel. 13 de FeTcrelro de ISCfi
Auto da pose que se deu ao senbor dom Ãffonso das casas da co-
menda e castello.
Ano do nacimento de Nosso Senbor Jhesa Christo de mill e qui-
ohemtos e aasemta be cimco anos aos dezasctc dias do mes de feve-
reiro do dito ano nesta villa daljustre nas pousadas omde hora pousa
o senbor dom Rodriguo de meneses ijdallgno da casa delRey no^o se-
nhor e comendador das comendas da Vylla de caeella be da Igreja do
sallvador da vylla de santarem e treze e estando elle a bv presente
c asim Joam femandez bareguam pryoll da Igreja de samta maria do
castello da vylla dallcasere do saatl ambos vysytadores da bordem de
samtiaguo cmleytos em capitólio jerall delia loguo os ditos vizitadores
mandaram a my tabelifto que fose entreguar as casas da comemda
desta vylla e o castello a Ruy gnaguo feitor e mordomo do dito senhor
dom aSbnso comendador da comemda desta vylla E logno no dito dia
mes he bera atras escripto eu tabeliam fuy ao cham omde estyueram
as casas da comemda desta vylla que ora eBtam de todo derybadas
que nSo tem paredes somente hus pequenos de paredes de taypa que
ficaram por acabar de cayr o quall cham parte de biia parte com casas
das Jorges e quintall de luys coelho e do outro com diguo que parte
da banda do ponemie com casas das Jorges e quintall de luys coelho
byGoí>^^lc
104 O ABCBBtHXHSO POBTDOtlÊS
Q da banda do levamte com ferejall da ordem e do norte com Kacyo
do concelho e de deamte com rua pubríqaa e nesta demarqnaçani fica
h8a casa qu« lie de Rqy carvalho he estas casas eetam da rna qae vem
da Igreja pêra bamda do norte e astm foy com o dito feitor e mordomo
a hum cham que foram casas qae esta na dita rua pêra bamda do aiill
que parte com casas de lais Rodrigues da bamda do levamte.e de todas
as outras com cham de Inys coelho e asim iomos mnys a outras casju
da dita bordem ~qne estun na dita rua da mesma bamda que sãm hfla
casa deamteira com duas camarás he hu quintall com laramgeiraa e as
ditas casas e estam diguo sam feitas de taypa he estam telhadas de
telha vam e tem suas portas ferolhos e fechaduras e aàm a outra casa
que foy adogua que eataa a mor parte do telhado caydo e as paredes
írguydas e asim a hSa estrebaria descuberta he hum balfaeiro (oíío*
palheiro) cuberto pegnados na degua e outro cham qoe está no quintall
que vay por detrás destas casas que também he da ordem que Soy
casa e a sim fomos ao castello desta vylla e honde esta hua hermida
de nosa Senhora e o dito castello he a mor parte delle taypas he en-
tulho e em algãaa partes de pedra e barro e tem omde esteve a porta
hum mármore comprido metydo no cham a parte direita a entrada da
porta o quall castello a mor parte delle esta deryhado e sem portas
he loguo eu tabeliam ouve ao dito feitor e mordomo do oomemdador
por eratregne das ditas chaaves e casas e castello he elle tomoa delles
entregue e se ouve por emtregue do que dito he por parte do comem-
dador e por todo asim pasar na verdade fíz eu tabeliam este auto de
emtregua pelo dito feitor e mordomo asinado semdo presemtes por tes-
temunhas ho licenciado JoSo martinz Cardoso e o padre affonso Rodri-
gues coelho creleguo da dita ordem e Joam Raposo todos moradores
nesta villa eu díoguo loureiro pubriquo tabelliam das notas e jndiciall
nesta villa dalljustre por ell Rey noso senhor que o escrevi.^fíu^
Guago^Afomêo Ruyz Coelko=^Joam Rapo»o=diogo Loureiro=Li-
cenciaia» João Martinz Cardoso.
(CsItKfA) eqwial. caiu lU).
t. Into de poise do castello de Âljnstrel. 87 de Oitnbr» de 1Í89
Auto da pose que tomou Rnj G-uaguo daUcajdarja mor peio senhor
dom Alluro dAllemcrasto.
Ano do nasimento de Koso Senhor Jhesa Christo de mill e qui-
ohemtos e hojtemta e seis anos aos vinta sete dias do mes de outubro
deste dito ano em esta villa dAlljustrel na caza da cadeja e prisSo
desta dita villa estamdo ahy prezemte Inosenaio Coelho juiz ordinário
em esta dita villa presemte e outrosi estamdo prezemte Ruj Guaguo
byGoí>^^lc
o Abcheologo Pobtugués 105
morador em ho termo desta vílla llogoo lio [dito] Ruj Crnaguo dise ao.
dito juiz que ele era procurador bastante do Senhor dom AUnro dAl-
lemcrasto per híia procnraeão que linha dele e que ho dito Senhor he
qtKHnendador desta villa e allcaide mor dela por virtude de hfla meraee
qae lhe fez sua magestade que ele tinha em seu poder que aprezem-
taaa e loguo ho dito Ruj Guagno apresentou ao dito juiz peramte
mim tabelliam hum prequatorjo nas cauzas toqoantes ao Senhor
dom Alluro e hàa prouisSo da mersee de Sna magestade per ele asi-
nada e que fez dallquajdarja mor ao Senhor doraAllaro e a procuraslo
bastante do Senhor dom Alluro pêra poder em sen nome tomar pose
da dita allcajdarja mor e apresentadas asim como dito he ho dito juis
ho dito prequatorjo e procurasão e merseo e aistos pos no dito prequa-
torío hum cumprase e llogno bo dito Ruj Guaguo procurador do dito
Senhor dom Allvaro dise ao dito juiz que lhe requiría da parte delRej
noso Senhor bo metese de pose dallcajdarja mor desta uiJla per virtude
da precurasSo que tem do dito Senhor conforme ao dito prequatorjo
e nisto pelo dito juiz lloguo fuj eeii tabelliam em ssua companhia ao
castello deata uilla himdo ho dito Ruj Quag-no prezemte c ho dito Rnj
Guaguo entrou demtro no dito castello e tomon a sair e não fechou
portas e abrjo pellas não ter e lloguo ujerão a caza da cadeja e prísSo
desta vílla omde mora Joam Rodriguez allcaide e quasirejro desta villa
ei bo dito Joam Rodriguez diguo juiz mandou ao dito Joam Rodriguez
allcaide e quasirejro ^ne presente estaua que entreguase todos os ferros
e cadejas que na dita cadeja ouvese ao dito Rnj Guaguo e lloguo ho.
dito allcaide e quasirejro entregou ao dito Ruj Guaguo huu ferolho
e hum preguam e hiia quorremte e sete trauelhos e hum grilham e llo-
guo bo dito juiz dise que auja ao dito Ruj Guaguo procurador do dito
senhor dom Allu&ro per metido de pose da dita allcajdarja desta uilla
e ho meteo de pose reall e autuall corporall siuell e natural da dita
allcaidarja mor desta villa pelo senhor dom Alluro dAlIemcrasto o de
todas as couzas pertensentes a ella e da dita allcaidarja mor podese
auer os proes e percallsos e as mais couzas a ella pertensentes e o ou-
vese por em posse dela como dito tem e ho dito Ruj Guaguo pro-
curador do Senhor dom AUuaro tomon pose da dita allcaidaija mor
e se ouve por entregee dela e dos feros atras declarados da dita cadeja
e castello e dise ao dito juiz lhe requtrta mais lhe entreguase a uara
do allcaide e lloguo bo dito juiz a entregou ao <Uto Rui Gaguo e lha
ouue per entregue e ho díto Rui Guaguo tomou entregue dela e se deu
dela per entregue asi e da manejra que se deu per entregue da dita
allcaidarja e castello e feros e asi e da manejra que o dito juiz lha
entregou e dela ho meteo de pose e per uírtnde da dita prouisam de
byGoí>^^lc
106 O ARCBE01.0Q0 POBTUOUÊS
mersee e prequatorjo e procurasS do seahor dom Ãlluro aquitll pose
foi tomada mansa paeifíqua sem contradisam de pesoa altgõa e o pre-
quatorjo e pronisam e procnrasam fiquam per uirtade das co^s se den
•> ■*'•*". pose em poder do dito Ruj Guaguo e per tado asi pasar na ver-
bo dito juiz mandou fazer este auto de pose qu
tuj Guagao testemunhas que a todo foram presei
£ Bertollamen Hrez e Manuell Liiis todos moradc
Ouomes Fraguoso tabelliam do^ jecdisiall em esi
N080 Senhor ho sobscreai. 'c yj
0 quall auto de pose eu sobre difo tabelliam do
ita dita uilla per elRej noso Senhor trelladej di
Doder fiqna bem e fielmente e elle o consertej em esta dita uilla
imta dons dias do mes de janeiro de mill e quinhentos e ojtemta
1 anos e que ele tenha pêra maie fe aquj fiz meu pubriquo sinall
Ul he.=Loj)'<n' th signal pubUi"".
le. deste estromento. L. reaes.
Anti^alhas transmontanas
B fibulas apparecidas em Trás-os-Montes, e mencionadas n-O^rcA.
, vol. V, pags. 336 e 337, junta-se agora raws uma, encontrada
voação do Castro, concelho deVinhaes.
ae representada em tamanho natural na estampa junta (fíg. 1.*),
. mostra de diiFcrentes lados. A exactidXo do desenho dispensa
^açSes; só acrescentarei que ella está rfl^'estida de bella patina
Bta fibula é análoga ás que vem figuradas na obra de Cartailbac
lada Les âyee jM-éhUtoriqu^s de VEspagiie et ãu Portugal, pags. 298
, e que elle, de acordo com Oscar Mojg^ljativA^tcibue ao 2." pe-
de La Tène (2,' idade do ferro). A no*sa.írt)nIa (listing^-se porém
B Cartailhac em. o pé estar ligado ci^m o arco, '-^
imo diz o director d'esta revista no citado volume d'ellaf Hig. 33V,
Museu Elhnologíco nfia exemplar hespanhol semelhantejkqnelleã
Cartailhac* se refere. ;^ 'V
s dois objectos que se representam também na estampa junta
2.* e 3.*) foram encontrados no concelho deVinhaes, um (fig. 2.*)
stro do Amado, freguesia de Soeira, o outro (fig. 3,*) no Castre-
byGoí>^^lc
o AnhHlofc Pstagiilt— Tol. X— 190G
I
Pl«. I.*— nbda d* Tiá
Oo
ikTW d* flrelu da Titi-o»ttontM
Di„i„«b,Googlc
Di„i„«b,Googlc
o Akcueolooo Fdbtdquís 107
1íj2d de Quintella, freguesia de Fftçoj constituem aros de fivelas (sobre
estas vid. o artigo do Sr. José Forles a-0 Arch. Port., vol. ix, pag, 4
sqq.): infelizmeDÍe estão quebrados nas extremidades, e fattam-Ibes
os fusilSes.
Todos estes objectos os offereci ao Sr. Leite de Vasconcellos para
o Museu Etbnologico Português'.
Bragança.
Celestiko Be^a.
Antiguidades monumentaes do Algarve
|CDalliini{io.Vldo Jrdt. Fart., i, Si
CAPITULO IV
Sununorio
Revista geral, perante as carttu arclieologicas do AlgRire, dos característicos
que abonam a oiistencia das populações que era díflèreutes idades occupa-
ram aqaelle território. — Começn-se pelo concelho de Aljflxnr e termina-M
no de Alcoutim.— Oa ritoe religioso» do Promontório Sagrado (Cabo de S.Vi-
cente); a lenda referida por EstrabSo. — Dnvidaa que occorrem acerca do
sentido que deve ter a ínterpretaçilo.^ Declara- se a regido do Cabo Sagrado
como estação humana desde tempos remotíssimos. — Nota-ee em toda a cir-
eanscrifio de Lagos grande diSusSo de caracteristicos neolithicos, das sue-
cessivaa idades prehiatoricas, os da serie das sociedades históricas.^ Com
os mesmos característicos se desenvolve o mesmo tracto de terra entre a ri-
beira de Odiaiire e a do Boina, comprehendendo as do ArSo, do Farelloi
do Verde, e as aguas do Alvor. — Notam-se doia grandes centros de popn-
laçSo prehistorica, OL-ciipndos pelas invasões históricas — DerivaçSo que fes
nnia parte da popnlaçio Hegnindo o rumo das minas cupriferas. — Necropoles
que ali fundaram. — Hiiaa indígena de uma cidade, que ainda existia no pri-
meiro século. — IgDOra-se o notne dos outros centros povoados jA em tempos
históricos. — Nota.ge qne as primitivas invasões phenicias e gregas nada
actuaram na feifSo geral industrial das populações do Algarve. — Falta de
característicos espeeiaes para se poderem distinguir eseas invasSes. — Mos-
tra-se que a transiç&o dos tempoa prehistoricos para os históricos foi lenta,
consecutiva e insensivel.
O men processo de inquirição para o reconhecimento dos mais im-
portantes centros outrora povoados, baseia-se nas duas cartas archeo-
lo^cas do Algane.
' Os desenhos que serviram para as estampas foram feitos pefo Sr. Guilherme
Gameiro, desenhador do Museu Ethnologico.
byGoot^lc
o ABCHEOLOQO POBTOQUfiS
Começarei pelo concelho de Aljezur.
Desconhego a etymologia da palavra Aljezur: parece qne o prefixo
ta é árabe. Â este respeito diz Fr. João de Sousa (VeH. da ling. arab.):
«O artigo íd he uma particula inseparável, isto hó, nanca se acha só
na oração, mas sempre prefixa a algum nome substantivo, ou adjec-
tivoj e serve para todos os géneros, números e casosi. Fr. JoSo de
Sousa escreve Algesur e diz significar «arcadai, ou carcos». O nome,
emlim, pode ser árabe, mas também poderá ter sido desfigurado e ag«i-
tado á língua arábica, como succedeu a todos os outros nomes geo-
graphicos do Algarve. . . .'. O caso é que os Árabes já acharam mnitas
povoaçSes e vestígios de outras em toda a circunscrição de Aljezur,
como em suas respectivas épocas irei mostrando. Konve portanto ali
um seguimento de populaç5es em varias idades desde os tempos prehis-
toricos. Como se appellidavam?
Só algum monumento epigraphico, semelhante aos qne descobri em
Bensafrim, poderia talvez esclarecer esta questSo geogr^pliica, se hou-
vesse a fortuna de se descobrir naquelles terrenos em alguma futura
exploração, e chegasse a ser lido de modo que não deixasse davidas;
e eu creio que não deixará de as haver.
Parece ter havido naquelle tracto de terra uma nSo interrompida
snccessão de povoações.
Lá temos o grandioso monumento neolithíco já estampado e des-
cripto no primeiro volume d'e3ta obra, assim como figurados os sens
preciosos e abundantes instramentos de pedra, as suas bellissimas pla-
cas de schisto local ornadas de gravuras*, os seus ornatos de osso,
famosas facas, frechas e serras de sílex, núcleos de cristal de rocha,
admiráveis pontas de lança triangulares de silex, louças e outros arte-
• [A respeito áa etimologia de Ãljtxur vid. os artigos dos Sra. Se^bold e
David Lopes n-0 Ãrch. Porí., nu, 123 sqq.— J. L. de V.J.
* No verão de ama das grandes placas lia udir planta topographica repre-
Bcnttmcío um acampamcDto com cabanas, defendido por palissadas c cotnmuDi-
cado por vários caminhos. Por lapso deixei de meneionar esta importantiasima
gravara quando tratei das placas de schisto. Tal era o estado de cultura intellec-
tual a que tinha chegado aqaellc povo!
[Esta placa de schisto o3o a encoutro ua collecf 2o algarvia do Mnsea Etimo-
lógico. Supponho que é a mesma de que se lãlla n-0 Ardi. Porí., vii, 157 (nota),
deaapparecida do Cabanas. Pena foi que d'ella nSo deixasse Estacio ao menos
um desenho. — J. L. deV.],
Dig,l,z.cbyG0OíílC
o Archeologo PoRTuanÊs 109
factos; miús adeante cavernas artiãcíaes de habitação, já revelando a
industria da exploração do cobre com duas excellentes lanças; a pouca
distancia as minas cupriferas que os homens neolithicos ali explora-
vam, o finalmente as bancadas de schísto ardosiano em Cortes-Cabretra,
exploradas pelos homens que já viviam na idade do cobre, e de que
extrahiram todo o lageado das sepulturas com que formaram as suas
necropoles na Arregala e nas Ferrarias. Essa população, embora qXo
appanwesse caracterizada na idade do bronze e na primeira do ferro,
não se extinguiu, porque ainda na época romana ali se acham os ex-
ploradores que andaram sempre no rasto dos anti^s centros povoados
para utilizarem tudo quanto pudesse caplivar a sua desordenada cubica.
Nas ruínas da antiga igreja matriz, destmida pelo terremoto de
1755, miúe de uma vez se tem achado restos de aonstrucçSes romanas
e moedas de vários povos. Outros pontos são citados pela Chorograpkia
do Algarve com largos vestigios de habitação, sendo um d'e]leB em sítio
alto, sobranceiro ao mar. Kaquelle sítio ainda se reconhecem as mas,
ruínas de muitos edificios e uma larga parede de ai^smassa que pro-
tege ò regime das aguas de uma famosa nascente, ao passo que no sitio
do Vidigal ha igualmente largos vestigios de grande povoação; mas
como não era possível ahi chegar a exploração archeologioa, ficaram
essas minas sem reconhecimento, e por classificar.
Lá chegaram também os Bárbaros do Norte, porque numa esca-
vação particular appareceram numerosas moedas visigóticas, que logo
foram compradas por um ourives de Lagos, por este transmittidas a
outro do Porto, sendo finalmente vendidas em Paris.
A irrupção árabe, on autes mahometaua, foi a que mais assinalada
ficou. Um castello de robustas muralhas, de forma octogonal, occupou
o cabeço de um serro, tendo por defesa e vigias duas torres fronteiras.
Dentro do casteflo foi construída uma espaçosa e perfeita cisterna, assim
como casaria de habitação de encosto is muralhas.
Tudo será representado e descripto quando especialmente se tratar
da época mahometuia.
Mas que nome indígena acharam os Romanos quuido ali chegaram
e logo depois os Wiaigodos e finalmente os Mahometanos? A cidade
d*aquellea Cdtaa havia de ter um designativo qiialqner. Seria o de Al-
jezur?. . . : Emquanto as provas archeolo^cas não surgem, a philologia
que resolva este problema, se para tanto chegam os seus poderosos
recursos.
Advirta-se desde já que os crânios observados no grande monu-
mento aeolithico de Aljezur eram dolicocephalos, como preveni no pri-
meiro volume.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Aecheologo PORTUWUâa
Desçamos a^ra de Âljezar até o concelho de VtUa do Bispo,
passando pelo Monte Amarello.
Escusado é oítar as terras indicadas nas cartas. O qne serve á nm-
plesmente observar os mesmos característicos e sobretudo o ^ande in-
centivo da industria cuprífera que ali manteve uma popnla^, igaai-
mente dolicooephala, como a do norte, segundo aa mais escrupulosas
tnformaçSes a eete respeito recebidas. Era pois o mesmo povo, com
o mesmo t;po etbníco, que habitava toda aquella faixa litoral desde
Odeseixe até o Promontório Sagrado.
Todo aqiieile território teve sempre habitadores, pelo menos, desde
a ultima idade da pedra, com excepçXo dos escampados mais agrestes
e batidos das tempestades do mar, ainda hoje desertos e abandonados.
É mui provável ter ali havido am importante centro de populaçSo,
como em Aljezur; pois assim o persuadem os numerosos instrumentos
ueolitlúcos e uns certos vestígios de habitação de base circular, que
tem manifestado o Monte Amarello.
Além d'isto, ninguém deixará de perceber que a vasta necropole
da primeira idade do ferro nos campos de Bensafrim deve ter corres-
pondido a uma população assas numerosa.
NSo percamos porém de vista a ultima extremidade de terra Occi-
dental, a que deram o nome de Promontório Sagrado, talvez em
razão de uns antígos ritos religiosos que ali eram praticados.
A lenda correspondente a esses ritos refere EstrabXo *. Já noutro
logar d'esta obra falei neste assunto. O caso, segundo o pintam, é muito
simples. Estrabão diz que Artemidoro nega como testemunha ocular
a existência de um templo naquelles logares, consagrado a Hercules
ou a qualquer outra divindade, como falsamente Ephoro tinha affir-
mado. O que Artemidoro ali viu eram grupos isolados de três a quatro
pedras, que os visitantes, para obedecer a um preceito local, votiavam
ora de um lado, ora do outro, depois de sobre ellas terem feito certas
libações. A isto acrescenta EstrabSo não serem perraittidos sacrifícios
naquelles sitios nem visitantes durante a noite por ser entSo que os
deuses ali se reuniam, e por isso os visitantes eram obrigados a per-
noitar num povoado próximo, porque antes do raiar do dia não podiam
entrar no Cabo Sagrado.
byCoOglc
O.Abchgoloqo Português 111
Das Darrativas do geographo grago nXo se pode deduzir a que época
se refere essa instituição relig^oBa, nem até que tempo permaneceu.
£u tenho muitas duvidas, como já noutro logar expresBei *, acerca
do sentido que se deu ao costume de voltar as pedrat ora de um lado
ora do outro, nSo obstante as interpretaçSes de UúDer, e outros; pois
é o próprio iraductor de Estrabâo, Amédée Tardieu,- quem nos adverte
de nSo ter seguido oa textos maonscrítos, declarando aSo saber explicar
o sentido de um tal uso.
Com effeito, para os concorrentes áquelle sitío sagrado poderem tão
facilmente dar volta completa ás três ou quatro pedras de cada grupo,
é indispensável admtttir que mui pouco volumosas e pesadas deviam
ellas ser.
Occorre neste caso considerar que, ou a narrativa de Artemidoro
empregou algum t«riiio de sentido duvidoso, ou que algum manuscrito
grego nSo fosse a este respeito sufficíentemente explicito.
Ninguém pode affirmar que nSo existiram outras copias da geogra-
phia de EstrabSo.
Esses grupos de três a quatro pedras, que continuamente andavam
nas mãos de todos os visitantes, não deixam presumir uma alta con-
cepção religiosa, apesar do grande isolamento em que o seu culto era
praticado. O que toda a gente pode sem custo perceber, é que esse
oulto, como é narrado, nada tinha que ver com os mortos.
Alguns dietinctos escritores modernos entenderam que os grupos
de três a quatro pedras nÍo eram mais nem menos que dolmeus ou
antas, e foi o sábio Barão de Bonstettem o primeiro que aventurou esta
proposição, seguindo-se logo posteriormente mais alguns escritores dos
que não admíttem a infallibilidade dos textos gregos e das suas inter-
pretações.
Eu nSo affirmo cousa alguma; e comtudo não impugna a interpre-
tação de monolithos dada aos grupos de três a quatro pedras: neste
caso as pedras não seriam movidas i vontade dos visitantes, mas ro-
deadas* por elleB'ora num ora noutro sentido, como sinal de veneração.
A região não podia ser mais apropriada ao asylo dos mortos. Os
homens que ali deixaram os seus instrumentos de pedra seriam mui
verosimilmente os coastructores dos monumentos consagrados aos que
cessavam de existir. Não podia haver um trato de terra mais resguar-
dado. O constante bravejar das ondas que se arremessam com pasmoso
' Veja-ae o qne disse no toI. t de pag. 96 em' deaute.
* [No original esti ndeadas, poi eagano. — J. L, de V.].
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
112 O AscHEOLOao Portuooês
estampido contra as rochas firmes; o desabrímento inveáctvel d'aquelle
agreste escampado. Aquella solidilo aspérrima s^n o minimo abrigo em
parte alguma, seria porventura muito apta para uma oecropotfr dolme-
nica, mas nSo para pousada dos vivos. A populaçio correspondente
deve ter vívido em sítío mais apartado e provido de beaignas condiçSes.
Se julgam que me aparto um tanto da sígnidoaçlo da versSo de
Tardieu, qSo deve isso causar assombro, porque o próprio Tardíea e
outros interpretes do texto sempre tiveram duvidas acerca do sentido
que deve ter este pouco verosímil trecho referido por EstrabXo •.
Seja porém como fôr, 6 certo que a regiSo do Promontório Sagrado
tem de ser considerada como estação humana desde tempos remotís-
simos. Ksta, ao meno;, transmittiu á posteridade o nome que lhe deram.
Cumpre-me finalmente advertir que, visitando cuidadosamente a re-
gião do Cabo, não descobri um único vestido de construcçSo megiUi-
tbica. Não me causou admiração. Os terremotos c as outras causas que
destacaram da terra firme enormes penedias, de que ainda se obser-
vam não poucas espalhadas no mar, poderiam ter destruído e arrasado
qualquer construcçSo dolmenica, e quanto material estivesse por ali es-
parso, seria sem duvida alguma aproveitado nas baterias, na igreja e no
convento, que ha poucos séculos se construíram.
Passando agora para a circunscrição de Lagos, em toda a parte
vemos o elemento neolíthíco, o das cidades prehístoricas posteriores,
e a serie não interrompida dos invasores históricos.
Nada porém de hypotheses: forçoso é dizer que a vasta circuns-
crição de Lagos não foi explorada em devida regra, como com tanta
utilidade scíentifica devera ter sido; apenas fiz um reconhecimento de
inspecção nos legares que levava indicados como sedes de varias anti-
guidades; pois só essa exploração, querendo-se levar até o flanco direito
do rio de Portimão, tomaria Ires a quatro vezes mais tempo do que
levou o reconhecimento geral para o levantamento da carta arcbeolo-
gica do Algarve.
£u não posso designar o appetlido d'e83e3 Celtas que de Lagos
chegaram á Serra de Monchique, nem mesmo d'aquelles que se alas-
traram com muita densidade até ao flanco direito do rio de Portimão.
> [Nas Religiãet da Lutitania, vol. n, pag. 199-211, me occupo, com algum
desenvolvimeoto, das lendas do Cabo. — J. L. deV.j.
byGoot^lc
OÀBCHEOLOGO POBTOQUlS 113
XKzem que os cramds por ahí encontrados em sepnltoras aSo compridos ;
o que apenas deixa presumir que tjpo dolicocepbalo seiia 6 da grande
população que ali vivia nos tempos prehístoricos •.
NSo me causaria porém a mínima admiraçSo, se nas sepulturas ap-
parecesse o typo bracbycephalo, já antiquíssimo nesta zona de terra
portuguesa, cuja ascendência, neste território, perde-se por entre as
trevas dos tempos qnartenarios ; pois chego a convencer-me de que
os dois typoe etbaicos, propiiamente ocndentaes, seriam ■ observados
com frequência, se as escavações tivessem tomado outras porporçiles
mais amplas. Nos monumentos neolithicos da Torre dos Frades (Ca-
cella) appareoeram três crânios com os seguintes índices cephalicos:
77.83, 75.80, 80.59. J4 se vê que o Algarve nlto estava absolutamente
privado do typo brachycephalo.
É mister agora indicar um largo trato de terra sobremaneira pas-
moso pela densidade de característicos prehietoricos que o oocupam.
É todo aquelle que fica entre a ribeira de Odiaxere e a ãe Boina,
comprehendendo as de ÃrSo, do Farello, do Verde, e as aguas de Al-
vor. Abi se encontra a seríe prebistorica, succedida das iuvasSes his-
tóricas.
Parece poderem-se ali entrever dois grandes centros de população,
um occupando todo o trato litoral maritimo, e outro, muito mais ao
norte, caracterizado por uma sumptuosa necropole de notabilisaimos
monumentos (veja-ae o vol. iii d'esta obra), no sitio de Alcalá, onde
ao mesmo tempo ainda se distinguem certas cavernas artificiaes deno-
tando recintos de habitarão.
Basta observar as cartas para prontamente se perceber qne desde
a ultima idade da pedra até á época mahometana a população foi cons-
tante entre aquellas fertílissitnas ribeiras, que não sú seriam o encanto
doa olhos dos seus moradores, como perenne mauancial dos confortos
da vida.
Aquelles architectos dos monumentos, que viviam retirados bas-
tantes kilometroB da raia marítima, recebiam ainda assim abundantes
mariscos, certamente em troca de outros productos das suas industrias.
Deve ter havido entre elles alguns de grande abastança e alta bierar-
chis, se tivermos em vista os enormes monumentos em que foram de-
1 [Comprefaende-se quo esta otiaervaçilo nSo tenlia nenhum valor, pois qae SQ
baseia em infoimaç^tea dadas aEatacio por pessoas iocompe tentes. — J. L. de V.].
byGOí>^^IC
0> Archeolooo Pobtdguês
poffltados com suas excellentes armas de gaerra, instrumentos de tm-
balho, tanto de silez como de cobre, e varies adornos.
Elles oolligism tudo quanto naqnelles tempos se pudera considerar
melhor; alem das numerosas e variadissímas frechas, possniam as mais
robustas facas de silex, entre as qaaes appareoeu «ma qne é a maior
de que ha noticia na Eoropa, e alem d'Í8to já se adornaram com en-
feites de ouro e contas de calaite. (Yejam-se as estampas e desoríçSes
no vol. m).
A população compacta, qne já vimos entre a ribeira de Odiaxeve
e a do Boina, segundo parece, nSo se limitava a viver estacionaria,
tanto mús havendo a curta distancia poderosos incentivos de trabalho
e riqueza.
Basta ter presente a carta paleoethnologíca para immedlatamente
BB ver a direcçSo, eseencialmente signiiicativa, que aquelle povo traçou,
abrindo nm novo trajecto. Tudo foi correndo no sentido de Silves e
da Serra de S. Bartolomeu de Messines em busca do cobre, qae
aqueltes mineiros e fundidores já sabiam explorar e fabricar, como se
viu na necropole de Alcalá.
A corrente exploradora foi sempre acompanhando a mina de Santo
Estevam e a do Ficalto: ahi estanciou c com tal fixidez, que a curta
distancia foi também construindo as suas necropoles, advertindo qne
tudo isto se passava numa época em que aiuda imperava o uso dos
instrumentos de pedra, como bem o indica a carta dos tempos pre-
historicos. Confronte-se agora esta com a dos tempos históricos, e ver-
se-ha que novas populações ali afHuiram, a contar da época romana.
Temos em seguida nm outro centro mineiro de attracçSo, a que
acodem os braços exercitados com os instrumentos de pedra.
É a famosa mina de cobre da Atalaia, mais geralmente conhe-
cida por mina de Alte, já descrita no volume terceiro d'esta obra,
onde mostrei que começou a ser lavrada na ultima idade da pedra.
Lá se descobriu também- a necropole dos mineiros no sitio da Fonte
Santa; e d'^i amda foram marchando até á outra mina daVendiuha,
onde se pôde agora parar um pouco para se poderem traçar duas cor-
rentes de população, seguindo nma a nordeste por toda a regiSo mi-
neira do alto Algarve e permanecendo a outra em todo o litoral mari-
timo.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
0'Abcheolooo FobtdodAs 115
É nesta zona inferior qne deve ler havido um grande centro de
popalaçSo, como deixam perceber 03 critérios locaesj pois ahi algures
Tem tunda dos tempos romanos um nome de cidade, que entSo ainda
existia, mas que não é latino nem grego, e sim indígena. Antonino
.chama-lhe Esuri e en li num meio-bronze, pertencente á núnha col-
lecçlo*, em vez de ESVRI, — B^SVRI, escrito em pouco aprimo-
rados caracteres romanos.
É sobremodo significativa esta moeda de dupla simbologia, apre-
sentando no anverso, entre duas espigas, o nome da cidade, e no re-
verso, sobre um peixe, porventura as abreviaturas do nome, ou nomes
dos magistrados que a mandaram cunhar. Ajusta-se pois de um modo
assaz especial tanto uma coma outra sjmbologia, por isso que a cidade,
pela soa situação (?), participava ao mesmo tempo das riquezas da
terra e do mar. O Sr. de Lauriere apresentou estampas perfeitas
d'esta medalha & Sociedade Nacional doa Aatiquarioê de França^ e foi
estampada no Bulletin do 2." trimestre de 1883, pag. 101.
Resta ainda saber se, chegando o nome de Baesuri ao tempo ro-
mano e sendo escrito em caracteres latinos, nSo soifreu ^uma alte-
ração, únda peor da que lhe fez Antonino, chamando-lhe Esuri no
Itinerário*.
Alguma cousa jA tenho feito na grande área que vae do litoral ma-
rítimo desde as praias de Cacella até A vitla de Castro Marim;
mas, com referencia ao que falta, póde-se dizer que ainda está quasi
tado por fazer. Deve-se esperar que, se para a govemaçXo d'este pais
forem no futuro preferidos aos políticos furibundos verdadeiros homens
de scíencia, os estudos archeologicoe começarão a adquirir a importân-
cia que lhes hSo usurpado até hoje, e d'e5te modo muito ha a esperar
das exploraçfSes srcheologicas.
■ Esta preciosa moeda mostrei eu em Faro ao Dr. Justino CúmaDO, insigne
collector de muitos milhares de padrões numismáticos, em occasiSo de retirada
para a minha casa de campo. Mostroa-ae o Dr. Cúmnno maito ioteieasado por mn
tSo raro exemplar, e snppds qne com algum trabalho poderia decifrar as ahrevia-
toraB do anverso : instei com clle para deixar a moeda, a fim de poder estudi-la
á soa vontade, e retirei. me. Qnando voltei a Faro estava o Dr. Cúmano mnito
doeote, e a doença cresceu a ponto de lhe cortar ávida. Passado mnito tempo fiz
esta esposiçSo a sen filho, actual collector, reclamando a meu exemplar, mas até
esta data nSo obtive resposta. [Empregnei todos os esforços possíveis para evi-
tar que esta nota se poblfcasse; mas nada consegui. Voltarei brevemente ao aa-
mnto, em artigo especial. — J. L. de V].
> [Acerca da moeda de Batâurit vid. O Ardi. Port.,y,U-2i.—3. L. deV.].
byCoO^^lc
lltí o ÃBCHEOLOGO' POBTDGDÊS
EntSo O apparecimento de monnmentos virá resolver muitas ãn-
vidas e esclarecer a verdade, qne os scísmaticos julgam ter já at^iadú
na sua imagiuaçlo.
Já se reconhece pois a importância que acompanha toda a reg:iSo
que corre do litoral marítimo de Cacella até ao norte de Castro Marim.
Quanto ao resto da populaçXo, olhe-se para a carta e ver-se-ha que
seguiu qaasi ngorosamente no rumo das minas até os confins do con-
celho de Alcoutim, e que é nessas estaçSes mineiras que se acham as
necropoles da idade do cobre.
Fdta esta revista, fica-se entendendo que desde a ultima idade de
pedra até a primeira idade do ferro o território do Algarve esteve
sempre habitado. InvasSes estrangeiras nXo as houve, porque os càrac-
teristícoa industriaes são os mesmos em toda a parte.' Houve apenas
a innovaçSo da industria do cobre, inta^nzida pelos mesmos habitantes
que viviam na ultima idade da pedra. O typo dos mais antigos instru-
mentos de cobre é de tal modo original, que uSo ha vê-lo noutro qual-
quer ponto da Europa ou dn Ásia '.
Finalmente, chega-se i conclusão de ter havido entre as popnla-
(;5es, desde o neotithico até á primeira idade do ferro, um certo nu-
mero de centros de habitação, mais ou menos importantes, que na lin-
guagem indígena teriam certamente o nome de cidades ou qualquer
outro.
Que esses nomes existiram, não ha duvida alguma, e quando pu-
desse havê-la, relativamente a alguns, bastaria citar Lacohriga, Omo-
noba e Baturi, que ninguém affirmará que sejam de origem grega ou
latina, mas de todo o ponto local. Já se vê que cada um dos grandes
centros de população tinha um nome pelo qual se distinguia dos ouíros;
muitos d'es8eB nomes perderam-se e de outros restam incompletas remi-
□iscencias, que só poderiam salvar-se e recompor-se se futuras explo-
raçSes archeologicas produzissem monumentos que os patenteassem
á luz da historia. A philologia não tem aqui entrada.
• [Claro ostá qne por eu publicar esto trabalho de Eatacio d« Veiga, em-
bora, como declarei, snpprímindo trechos, nSo tomo a responsabilidade daa affir-
maçSes que elle fax. — J. L. de V,].
byGooglc
o Abcheoloqo Portdquês 117
Vamos a^ra fa/er umas apurações relativamente aos príncipaes
lograres iodicados como habitação nos tempos preliistorícos, para se ver
que sobre todos elles pesa o audacioso elemento romano, e d'este modo
reconhecer-se qne, não obstante já imperar a época histórica, nem por
isso ficAmos sabendo mais algnpia cousa, porque muitos logares ba
liH'ga[neDte' occupados pelos Roí^anos, como se observam na carta de
aroheolo^a histórica, cujos nomes inteiramente se perderam, sendo
depois exuberantemente suppridos por nma chusma, a que dizem ter-se
desencadeado da Ásia com diversas denominaçSes, que se lançou fa-
minta e arrogante sobre esta ameníssima terra do Occideote, onde
nunca tanto selvagem tinha penetrado. £u é que tenho a satisfaçSo
de nSo querer nomeá-los, porque apenas julgo dignos de fé perante
a historia os que se podem compro^'ar com monnmeutos á vista. As
moedas indigenas, quando cheguem a ser lidas de modo que nSo sof-
fram duvidas, poderio contribuir um tanto para restituir á geograpbia
antiga da Península muitas revelações geograpbicas.
Eu julgo que as mais antigas mesclas so&idas pela ethnologia per
ninsuiar seriam as phenitnas e gregas, mas isso numa data superior
& de 1:500 annos antes de Christo; o que equivale a inscrevê-las numa
phue adeantada da primeira idade do ferro em relação ás naçSes medi-
terrâneas.
A lição dos autores antigos de mMor conceito parece abonar a exis-
tência na península d'esseB dois elementos ethnicos, e do mesmo sentir
são quasi todos os escritores modernos.
A este respeito expende Alexandre Herculano as suas opini5es nes-
tes termos:
(Quando os Carthagineses entraram na Península, não só as duas
raças mais antigas, os Iberos e Celtas, se achavam confundidas nos
territórios centráes, mas os das orlas de mar, e ainda os Ceifas e Celti-
beros do sertão, se tinham misturado com os Fheoicios e Gregos, prin-
cipalmente com os primeiros, cuja influencia na população foi tamanha,
que ficou predominando até hoje no país o nome Sepania de Sepan que
elles lhe puseram. De feito, os Phenicios se haviam apossado da melhor
parte da Hespanha em tempos anteriores a Homero, emquanto as coló-
nias gregas se estabeleciam em diversos pontos maritimos, nomeada-
mente nas margens do Minho e do Douro, subindo pelas suas fozes*'.
> Biêtoria de Portugal, tomo i, pag. 16-17. Alexandre Herculano confoudiu
08 primeiros Phenicios com os de Carthago. Esta cidade wS muitos séculos depois
foi fiiadada.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
118 O Abcheologo Pobtoodés
J& Be Tê qne tal gente, trazendo nma feição especial nas coneas da
vida, deve ter ficado caracterizada nas regiSes da sna habitaçSo. As ex-
plorações archeologicae porSo um dia á vista os sens caracteristicos.
EsBes estranhos elementos parece-me porém nSo terem actnado no
Algarve, porque em nenhuma das minhas ezploraçSes achei objecto
de feição estranha A do conjunto geral. É certo que nSo pouco reparo
fiz sobretudo numas louças grosseiras de grande espessura, de que acbei
fragmentos em vários sítios, e únda enterrada, mas feita pedaços, nma
grande talha num serro de Silves.
O que nSo deixa dnvída de ter havido mai antigas e sumptaosss
coQStrucçSes anteriormente á definitiva occupaçSo romana, é ter ea
achado em paredes romanas algum material faceado de regular appa-
relho, de entre o qual extrahí, do centro de uma parede, um fragmento
bastante pesado de uma columna de mármore lanelar azulado, como
se pode ver no Museu do Algarve.
Parece-me ter mostrado, quanto ao meu alcance estava, a lenta e
quasi imperceptível evolução que houve na passagem de umas para
outras idades, e que a transição dos tempos prehistoricos para os his?
toricos não se operou de outro modo.
Registados estes apontamentofi, pelos quaes se reconhece em toda
a zona do Algarve uma civilização antiga e vigorosa, vou agora oc-
cupar-me dos tempos históricos.
(Contínua). ESTACIO DÁ YbIGA.
Braoara Augusta
Dos abundantes frutos colhidos nos meus trabalhos de investiga-
ção archeologica, dão testemunho seguro numerosas inscripçSes lapi-
dares inéditas que nos meus pobres escritos tenho denunciado a<» es-
tudiosos da especialidade; mais productivos seriam, por certo, estes
meãs trabalhos se, da parte de quem pôde, eu tivesse recebido os
estimules que em casos d'esta ordem se não dispensam.
Gastar o tempo, a saúde e o dinheiro e não encontrar ao cabo de
tantos sacríficios quem se disponha a proteger esta obra de renasci-
mento do mundo antigo, é triste, profundamente triste!
Valha-nos ao menos este prazer que se experimenta com a leitura
e estudo dos caracteres antigos reveladores de factos curiosos succe-
didos em tempos assaz remotos.
íío próximo passado Agosto appareceram duas inscripç5es roma-
nas no rebaixo do pavimento térreo da loj do lagar da Quinta do
byGoí>^^lc
o Abcheou>00 Pobtuguês 119
Sr. Conde de S. Martinho, a sul do Largo das Carvalheiras '. São duas
lapides cyliiidrícas de pequenas dimensões. Ã primeira tem gravada,
em caracteres elegantes de traço fino, a seguinte inscripção:
SAECVLO FELICIS
SIMO IMPP
M* AURELI ANTONI
NI ET
L« AVRELI COMMO
Dl AVGG
Lieitara: — Saeculo feliciasimo Imperatonint Marci Aurelií Ân
tiini et Lucii Aurelii Commoãi Auguêtorum.
Altura do monumento 0^,67, diâmetro O" ,47 e altura da letra 0'",(
Teve esta consagração o século muito feliz do governo do pat
do filho.
A segunda lapide é um troço de columna de pequeníssimas dimi
sSes: altura O" ,47, diâmetro O" ,31 e altura da letra 0'",12.
A inscripção, pessimamente gravada, é como segue :
DD NK
VALEN(í)I
NIANO
ET VALENTI
Leitora: — Dominiê Nostrú Valentíniano et Valenii.
Na epigraphe nSo se descortina o T da segunda linha, nem o >
paço que devia occupar entre o N e o I. Ficou, com certeza, no c
zel do gravador, porque a ultima haste do N jamais o possuiu ligai
Estes noeaoe senhores Valentiano e Valente eram irmãos. Aque
associou este ao império, entregando-lhe o governo oiíental da Thra
e da Grécia.
O primeiro fallecen em 375, na occasião de mover guerra con
os Sarmatas na Pannonia.
No meu pequeno museu recolhi mais estas duas reliquias epig
phicas, esperançado na cedência que a Camará Municipal virá a
zer-me de uma casa apropriada para dar conveniente disposição
tudo o que já possuo.
Albako Bellino.
' DepoÍB da extracção de um intereBSftnte caleiro com marca fígulina.
Quinta do Avéllar, acompaitliOQ-me ao local o meu amigo Sr. Dr. Leite de V
codccUm, qoe então le achava em Braga, numa das auas Tbitai awiaaes
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ArCHEOLOGO FORTDQirÊS
Estudos de numlsmatloa colonial portuguesa
9. A InTeoçXo do uktlioiBé de 12 xerafiiB de 1!S1
De conformidade com o qne se lè a pag- 291 do vol. ill de Tei-
xeira de Aragão, em 2.de Setembro de 1728 o Conselho da Fazenda"
de Goa resolveu que fossem cunhadas moedas de ouro com o valor
de 12 xerajim, OU 3^00 réis coloniaes, e outros valores menores crni*
a cruz de Chi-isto numa face e na outra as armas do reino. Segtiida-
mente Aragão diz que nSo viu tal cruz nestas moedas, porém, a pro-
pósito da deliberação do Conselho, apresenta na estampa u do mesmo
volume, sob o n." 1, a gravura que se vê na figura seguinte:
A apresentação graphica d'esta moeda, que ninguém viu cunhada
ainda, é uma invenção de José do Amaral Bandeira de Toro, que a
incluiu a pag. 140 da sua incompleta obra, que tem por titulo Nu-
mismática Portugiiega. Teixeira de Aragão, illudido na sua boa fé,
copiou a invenção e acceitou-à, porque não chegou a conhecer quanto
Incorrectamente fora extrahida a summula d'aquella resolução legal.
Com a coragem do lutador que não teme a luta, provaremos de
modo absoluto a nossa afirmativa, que parecerá talvez revolucionaria
aos partidários da rotina, que consideram suspeitas certas alSrmaçues
modernas acerca de assuntos antigos. Falaremos com o desassombro
que a convicção inspira.
Cumpre que o leitor conheça o texto integral da resolução citada,
o qual o Sr. José Maria do Carmo Nazareth, numismata e funcciona-
río civil em Nova Goa, copiou da fl. 81 do livro xxu dos assentos
do Conselho da Fazenda e nos remetteu em 28 de Kovembro de 1904,
a nosso pedido. É do teor seguinte: — Atteiitouse em Concelho tht
Faz.' que o D." Ckr.'' do Estado Paulo José Corrêa mande Lavrar
Samthomés de des parâaos ', de cinco, e meyos Santhomés com o cunho
1 NSo hftvU dífferençft de signific&do entre as pnlavras parddo e xtrafim pRra
Be designar o valor de 300 réis, ou 5 taogas. A palavra pardáo era mais antiga
e, por conseguinte, consagrada em theoria. A respeito da origem do termo xe-
byCoOglc
o Abcebolugo Portugdêb 121
tjuê apretentou. da Cnu da Santhomé em Lugar da Jtnagem do Santo
g. ante» tioAa por indecente e empolida e q. te farão do m«tmo peto
e toque §. oa antigos de que se fez ette aa." oêin.' peUo Ex." Snor V
liey e Mmiãtrot do d." Con».' Manoel Gonstdvet o fez. Gòa doutde
7òro de mSsetecentos e vinte outo. Ant." Nolaeco Pacheco a fiz etcre-
ver.^:=ScUda>iha= Corrêa^ Mesquita,
D'esta leitura se conclue que as novas moedas exhibiríam a cniz
de S. Thomé, qSo a de Christo ', e que seriam valorizadas em 10,õ
e 2 V* serafins, on respectivamente, 3j$000 réis, 1)9500 réis, 750 réis,
oomo aqueltas que o alvará de 9 de Setembro de 1713 criara com a
figura do santo no reverso.
A lei de 1728 oSo alterou pesos nem valores; acceitou o nqvo typo
monetário que o coronel Corrêa offereoeu i apreciação dos seus coUegas
no ConselIiD, typo qne José do Amaral modificou na invençSo de 1731,
dando-lhe o valor de 12 serafins, marcado na face do reverso, bem
visível, & imitação do typo que appareceu pela primeira vez no reinado
de D. José, em 1766*. O inventor apresentou a novidade em condi-
ções de, no seu entender, ser acceite pelos numísmalas. NXo teve pre-
occupaçdes e não previu que alguém no futuro levantaria o guantQ por
^le arremessado na arena. Fantasiou o typo, a data, o valor, e até
rajim Gersnn cta Cunlta, a pag. 36 do9 Contribution» to Iht »t»dy of indo-portiigiine
mttmitmatiet, diz o segaiute ; 'The word xerafim ia evidently derived froni tbc Pcr-
Bian ^Jj^' athraft, which-wasagold croin, weighingnbontfifty graius, KDdbeing
equal in thia respect, if not fineness, to the Veuetiau aeqain or Dntcli ducat. Al-
thougli OTÍginallj Peraiau money, it becamc in coursc of time current in the Gulf
of Cambay and ia tbe coaatries along the Malabar coast. The Portuguese wore
tbe fint to adopt thia designation for one of tbcir coiuB.
' A pag. 63 da nosaa monograpbia Namiemalica Indo-PoHugveta, a propósito
d'eBte assnnto, dissemoB quo a cruz de Christo fora Adoptada como symbolo em
moedas mais antigas e qae, por tanto, não podia ser snbatitoida por cila pró-
pria aa lei de 2 de Setembro de 1728. Isto é iDcontestavel, como se acaba de ver.
Suppnsemos qne o burocrata encarregado do registo mencionara esta cruz por
distracção. £ é possivel que não conhecesse os typos de cruzea de diversas
ordens, professas, militares <iu civia. D'eata ignorância ainda hoje comparticipam
peMoas ponco illnatradaa. Em abono d'Í8to ha um exemplo cnrioso e bem patente
em Lisboa. A pharmacia do Largo do Chafariz de Dentro, n.* 36, intitula-ae
Da CrvM de Malta: como emblema justificativo do título vâ-ae a ernz de Christo,
pintada cora vermelho vivo em fundo branco no lado esquerdo da porta. Jnlga-se
que o pintor só conhecia a cmz qne se ostenton no velame das caravelas no tempo'
doa nossos mais gloriosos descobrimentos.
* Veja->e a fíg. 2.* âa estampa ni do AragSo, qne mostra o santhomé de 12
zerafins de 1768, igual ao de 1766.
byCoOt^lc
122 O ÂRCHBOLOQO FOBTUQUÊS
a forma cónica do algarismo I, qne nunca foi assim visto em moedas
portuguesas, continentaes ou coloniaes. NSo declaroH a quem a moeda
pertencia. Esta falta é mais que suspeita, por quanto alie citava nomes
dos possuidores de vanos numismas raros estampados na sna obra,
affirmando por tal modo a authenticidade <l'estes, como é da praxe
quando se trata de mostrar ou discutir novidades numismáticas de
sensação. O Becker português deixou a descoberto a primeira contra-
riedade para o bom êxito do invento. Ãbsteve-se de apresentá-lo como
cousa nunca vista, para não sobreaaltar os preliminares da investiga-
ção oiiriosa. Eatendeu que era perigoso aproximí-lo demasiadantmte
da celebridade, a qual impressionaria a attenção dos estudiosos pro-
pensos a receber a desconfiança, bospede ideal que cbega .e se íostalla,
sem maior esforço, mas que difficilmente se despede.
E positivamente certo que no reinado de D. JoãoY não houve moe-
das de 12 xeraSns. Isto prova-se do modo mais concludente com o t«or
principal da lei de 11 de Fevereiro de 1743 (Aragão, doe, n." 120).
Ella diz que o« Santhomé» do Cunho da Cruz yue corrião por dez xe-
rafinê, de boja em dianta corrSo por onze leraflns; e rui mesma forma
08 Santhomé» de sinco, por cinco xehifint e meio, e o% meia» Santhmtté».
por dom xerafina e três tangas e quarcTda e cinco res.
Esta disposição beneficiava somente os santhomés do tjpo cnado
em 1728. O aumento do preço do ouro em pasta e o premio com que
corria amoedado motivaram a sensata providencia. Em vista d'Ísto pôde
por ventura admittir-ae que um exemplar do anno de 1731 mostre o
valor de 12 xerafiusí*
No rol que Aragão via na casa da moeda de Lisboa, ao qual se
refere a pag. 308, vem mencionados saathomés de 24, de 12 e de 6
xerafins. O documento tem a data de 1755. E fácil explicar estas valo-
rizações. Os primeiros eram os santhomés dobrados, ou de 20 xerafins,
que existiram não obstante a lei de 1728 os não mencionar. Os parti-
culares que entregavam na casa da moeda onro immobiUzado ordina-
riamente reqoeriíun que o applicassem na cunhagem de valores altos,
e assim cunhado o recebiam. Para as operações do commercio convinha
o santhomé de 20 xerafins. E comprehende-se que fosse bem acceite
em pagamentos avantajados, alem das fronteiras portuguesas, apesar
da sua grandeza e espessura. Os valores de 12 e de 6 xerafins eram
os primitivos de 10 e de 5. Tímto estes como os de 20 xerafins tinhun
^sido beneficiados pela lei de 1743, e por outra, anterior a 1755, qne
nKo é conhecida. Aragão refere-se a esta, em pag. 309. Elle acceitou-a
bypotheticamente por nSo ter encontrado nos archivos da índia o mo-
tivo legal da sua existência.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo Pobtuguês 123
Apeoas foi conhecida a resolução de 2 de Setembro de 1728 pro-
cedeu-se á primeira cunliagem, depois de afinado o oaro na razSo de
43 poQtos. Na collecção qae foi organizada por José Lamas existe o
exemplar de 10 zerafíns com aqnella data, não mencionada no respec-
tivo catalogo porque o algarismo 8 está atrofiado e passa despercebido.
Esta causa obsta a que o exemplar seja figurado aqui. Em compensa-
ção apresentamos nas figa. 2.', 3.*, 4.^ e 5.* exemplos de productos
monetários a que presidiu a resolução citada, datados de 1729, 1732
e 1737, e ficará provado, sem contestação possível, qite o reverso do
santhomé de 10 xerafius que fosse cunhado em 1731 seria muito dife-
rente d'aquelíe que se vê no invento de José do Amaral.
O exemplar de 1729, fig. 2.', pertence ao Sr. João Carlos da Silva,
residente em Angra do Heroísmo. Obteve-o no leilão que se realizou em
lisboa a 28 de Agosto de 1904. Pesa 5,70 grammas ou 114 grãos.
No local onde foi encontrado soffreu pressão entre corpos de dureza
permanente, o que originou a falta que se nota de três letras na legenda
[CR-S-pS-T-M E-, que significava CR(V)S D(E) S. T{HO)ME,
lendo-se da esquerda para a direita. A baste inferior da cruz
é desenvolvida em excesso, contra o preceito, e assim foi Sp
gravada até á emissão do santhomé de 12 xerafius de 1776. ^~^^
Be 1777 até 1841 acompanhou com alguma regularidade é^
as dimensões das outras hastes. Pertence a um santhomé
d'este ultimo anno o exemplo que se mostra aqui em tamanho natural.
O exemplar de 1732, fig. 3.', guardava-se na nossa coUecçSo. Foi
descrito sob o n." 53 da nossa monographia jí citada. Ali lhe attri-
buimos o valor d« 12 serafins, porque ainda estava fechada a porta
por onde a verdade entraria para denunciar o seu verdadeiro valor
primitivo de 10 xerafins. Pesa 5,72 grammas ou 114'/» grãos. Note-
byGoí>^^lc
124 O ÃBUHEOLOGO POBTDGDÊS
se qne dififere do exemplar anterior, e do seguinte, pela falta de pontos
divisórios entre as letras e ainda pela inversão da letra S.
' O exenãplar de 1737, fig. 4.', está collocado na collecçSo do Sr. Ju-
liiis Meili, de Zârich. Pesa 5,67 grammas ou 113 '/i grios. A primeira
vista dnvida-se que o algarismo da unidade seja 7, aproximado como
está da letra E é com ella confundido. O Sr. Carmo Nazareth possoe
outro exemplar de igual data, em que ae observa a mesma anomalia.
Em 1737 houve outra emissão do santhomé de 10 zerafins com a
legenda IH— CRV-S-P-S-, interpretada por IH(ESVS)-C(H)R(IS-
TVS) V(ENIT) S(ALVARE) P(OPVLVM) S(VVM). Vae representado
na fig. 5.*, copia do a." 7 da estampa xv do vol. iii de AragSo. £.
moeda nnica. Pertence actualmente ao Dr. Francisco Inácio de Mira,
que a mencionou no catalogo da sna coUecção monetária, publicado
cm Beja no anno de 1898. Pesa 5,56 grammas ou 111 grSos.
Em nenhuma outra moeda da índia portuguesa se lê aquelle ou
outro pensamento religioso, apesar de o chrístianismo ter ali solidas
raises, frntos das missSes de outros tempos e da propaganda clerical
da actualidade.
N3o lográmos saber se existem outras datas gravadas em santho-
més de 10 xerafins lavrados nos 24 annoa decorridos de 1738 a 1761,
c não consta que qualquer medalheiro tenha recolhido o santbomé de
5 xerafins e o meio santhomé on 2 '/j xeraSns. Se estas moedas dSo
foram cunhadas pôde attribuir-se a nSo existência d'ella$ ao auxilio da
dobra de 4 escudos, do reino, largamente admittida na colónia pela sua
excellente natureza, que o commercio, como bom entendedor, apre-
ciava. A dobra, circulante ati, interromperia a actividade fabril na casa
da moeda de Goa, se é certo que nSõ foram promulgadas novas leis
para cunhagem de ouro até 1761. Inutilmente as procuraremos na obra
de Aragão. Não existiram? Não foram registadas? Fiquem de remissa
as interrogardes até que a perseverança do indio, pesquisador intelli-
gente, encontre aíRrmaçSes positivas, dignas de inteiro credito, exhn-
madas do solo comprehendido na área da Velha Qoa de Afonso de Al-
buquerque, mansão de ruinas históricas.
Temos demonstrado que no reinado de D. João V não houve mo-
tivos que pudessem de algum modo justificar a existência da moeda
que se mostra ná £g. 1.* Não existem argumentos que a protejam se-
riamente em contrario. ■ ' ■
Os primeiros santhomés emittidos com valores de 12, 8, 4 e 2 xe-
rafins, valores fixos mas não marcados nas suas faces, appareceram
em 1762, em obe^encia á lei de 11 de Novembro do mesmo anno.
O seu toque é de 43 Y* pontos, isto é, de 21 '/i quilates, ou 911,11
byCOO^^IC
o Aroibologo PoRTrouÊs
1SÍ5
ipiUessiDos. Feia tabeliã seguinte ver-se-ha qne os de 12 xerafins {le-
sam de 97 '/t a 98 grios. Em relação aos aoteriores subiram pelo
titulo e valor, porém baixaram quaoto ao peso, como convinha.
*;;;■
Pe
«.
EiniTloi
KsempUr da coUe««ao de Carmo Nuaretb,
17(i2
1763
nu
17fô
4,88
i,m
4,811
4,m
Idem de Meili, n.- Itiã do catalogo manuecríto
!>8
Teixeira de Aragio, d.<> 1 da est iii dovol. iii
!W(a) '
Xos exemplares de 1766 a 1775 os valores são marcados com al-
garismos, porém de 1776 a 1780 apparecem indicados, por extenso,
dose xerafins. De 1781 a 1841 novamente foram adoptados algarismos
para o mesmo fim. .
Convém apresentar atjui, nas lige. 6.* e 7.', as moedas que a lei
de 9 de Setembro de 1713 autorizou, cunhadas na ofScina monetária
de Goa, visto que a de 1728 a ellas se referiu, e porque são inéditas.
# •#
A figura 6.' refere-se ao exemplar que pertence ao Dr, Francisco
Cordovil de Barahona. Tem no anverso as armas do reino entre as
letras O á esquerda e à á direita. Junto d'esta foi applicado o carimbo
O. Ma orla são visivei? as letras NN e ha restos de outras. Todas
completariam a legenda lOANNES V. No reverso, entre a data
17-17, avulta a figura de S. Thomé voltado á esquerda, de pé, com o
bordão erguido e apoiado sobre o hombro esquerdo.
Esta figura, mal definida, é a mesma que oe legisladores goenses
cm 1728 entenderam que era indecente e empoíida nos cunhos do nu-
merário. Vê-se que foi gravada barbaramente. Certos estragos, deri-
vados da circulação, tem is vezes caprichos singulares. Aqui o braço
que abençoa está reduzido á figura '\ que nada significa. Entre a
(a) O exemplar a que se refere Cite peso deve estar cerceado.
byGoot^lc
126 O AbCHEOLOGO POBTUQUftS
curvatura do bordão e o algariemo 7 ha um carimbo estrellario, •^.
Circundando a orla existiram letras dispostas simetri-
camente, com lai^s intervalloB, como se vê do desenlio
junto. =S. T(HO}ME. Apenas a letra M está completa.
Este exemplar, único, pesa 3,80 grammas, ou 56 grSos.
]^ão está cerceado.
A moeda vagamente esboçada na fig. 7.* é o meio
santhomé de 2 '/» xerafins. Pelo qtie resta dos cunhos vô-se que tem
o tjpo da anterior com módulo mejior. E visível o millesimo 17-14.
Vem mencionada pelo possuidor, o Sr. Carmo Nazareth, que nos envion
o desenho, 8ob o n.° 305, na 2.* edição do catalogo do seu monetário.
Pesa l,40grammas, ou 28 grãos, como devia pesar segundo a leidtada.
No término d'eBta exposição analytica o santhomé de 12 xerafins
de 1731 ficará considerado crime numismático, sem defesa possível, e
como tal deve passar á historia. É lamentável que José do Amaral, nn-
mismata intelligente, nos deixasse uma fantasia do seu espirito inven-
tivo para ser acceite como realidade, fantasia que acaba de ser aggre-
dida e . . . condemnada.
lisboa, Maio de 1905.
Manoel Joaquim de Campos.
Catalogo dos pergaminhos existentes
no arolxlTO da Insigne e Real Colleglada de OnimarAes
Arei,. Perl., ii, SIJ
12 de fevereiro de 1273
Doaçilo de umas casas sitas no Sabugal, feita pelo cónego Estevam
Pires aos clérigos do coro da igreja de Santa Maria, com obrigaçSo de
três anniversarios na festa de Santa Maria d'ago8to, na de Santa Mana
de março e na de Santo Estevam, com todos os officios d' estas festas.
Escrita em QnímarSes pelo tabelliio Vicente Annes a 12 de feve-
reiro da era de 1311.
Escrito em latim.
XXXVII
19 de fevereiro de 1273
Venda de uma casa sita na rua de S. Hago, que confronta com
a casa que foi de D. Urraca Nunes, feita por Domingos Gomes e mu-
byGoí>^^lc
o Abchbologo POBTDOUfiS 127
Iher Florença Anões aoa clerígoe do coro pelo preço de 50 libras por-
tuguesas e por robora uns bons çoqoê.
Escrita a 19 de Fevereiro da era de 1311 pelo tabelliSo Vicente
Annes.
Esorito em latim.
xsxvni
, 8 de maio de 1282
Instrumento publico de renuncia da igreja de S. JoXo deVilIa do
Conde, que em 8 de maio da era de 1320 fez em Évora Domingos
Gnilfaerme, clérigo de el-rei, oriundo de Lisboa, apresentado na dita
igreja pela infanta D. Sancha, filha de D. ÂiTonso, outrora rei de Por-
tugal e do Algarve.
Foi escrito este instrumento por Domingos Martins, publico ta-
belliXo da cidade de Évora, sendo testemunhas: Affonso Soeiro, sobre-
juiz de el-rei; Pedro Paes, advogado do rei; Mestre JoSo, advogado
do rei; Fernando Mendes, cavalleiro; Mateus Xnnes, cónego de Gui-
marães; JoSo Esteves e Fernando Pires, clérigos do prior de Guima-
rSes.-Tem, pendente de um cordlk) vermelho, o séllo de cera vermelha,
em oval, do bispo de Évora Durando, posto a pedido do renunciante,
o qual tem no campo ama figura de bispo e na orla DVRA^NDVS
DEI . . . ELBORENSIS E . . .
Esta renuncia foi feita em virtude de uma carta da dita infanta
D. Sancha, escrita em Badalhouce a 1 de maio da era de 1320 por
Pedro Vicente conforme o mandato da mesma ao chancelier da rainha
S{artim Paos. Nesta carta, em português, inserida no documento, di-
rigida ao arcebispo de Braga D. Frei Tello, a infanta reconhece que
o padroado da dita igreja pertence á igreja de Santa Maria de Guima-
rães, como se certíficoa por uma carta, com sêllo pendente, de D. Maria
Paes Ribeira, apresentada pelo prior de Guimarães Affonso Soeiro, na
qual esta confessa que, depois de muitos trabalhos, se convencera que
não tinha direito ao dito padroado,' mas sim elle era da igreja de Gui-
marães.
Escrito em latim.
XXXIX
20 de marco de 1284
Carta de venda de uma herdade e almuinha, sita no logar da Cor-
redoira abaixo da porta flenaria do castello de Guimarães, a qual em
tempo foi de Pedro Garcia, pedreiro, feita por Domingos Annes e mu-
lher Maria Annes ao cabido da igreja de Guimarães.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheolooo Fobtdgdês
Escrita a 20 <Íe março da era de 1322 por Vicente Ãnnes, tabelliio
de Gnitnarães.
XL
20 de março de 1384
Publica- forma da sentença do arcebispo de Braga, proferida a 9
de muo de 1238, acerca do padroado de S. Gena, questionado por
D. Rodrigo Oomee de Briteiros (veja-se doe. d." xxii), passada a re-
querimento de Payo Martins, reitor d'eata igreja, por Pedro Durando,
publico tabettiSo de Montelongo, em 20 de março da era de 1322.
XLI
38 de m&rço de 1286
Carta de el-rei D. Dinis, expedida pelo sobrejuiz Payo Domingues
a requerimento de Payo Martins, abbado de S. Gens de Montelongo,
dirigida a Çarcia Rodrigues, meirinlio de Alem-Douro, ordenaiido-lhe
que faça cumprir a sentença do arcebii^po D. Silvestre acerca do pa-
droado, que D. Rodrigo Gomes de Briteiros pretendia ter nesta igreja,
a qual era actualmente violada por D. JoSo Rodrigues de Briteiros,
que novamente pousava na dita igreja e lhe fazia mal e força.
Dada em Lisboa a 28 de marco da era de 1324.
XLII
5 de janeiro de 128U
Carta de èl-reí D. Dinis, dirigida aos juizes de Guimaríles, a re-
querimento do cabido, ordenando-lhes que façam cumprir a sentença
proferida pelos juízes anteriores na qual se mandou que os homens
de Moreira e ViUa Cova povoassem os caeaes reguengos possuidos ali
pelo cabido, salvo havendo razSo bastante opposta pelos ditos mora-
dores, e permittindo o auxilio do meirinho se assim fosse mister.
Dada em Montemor-o-Novo por João Soares, ouvidor da corte, por
mandado de el-rei, a 5 de janeiro da era de 132G.
XLIII
27 de junho de 128»
Carta de doação da terça de um casal em Villar de Murzellos, fre-
guesia de TeliSes, feita por Fernlo Martins, filho de Martim Erraiges,
a Ruy Gonçalves.
Escrita em BevordSes a 3 dias por andar de junho da era de 1336
por Estevam Martins, publico tabelliSo de el-rei de Portngí^ e do Al-
garve em Celorico de Basto.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AbCBEOLOGO POBTDGDfia 120
XLIV
10 de outubro de 1289
Troca de bens, feits pâlo cabido de Guim&rSea, com autoridade
e consentimento do prior D. Payo Domingues, com o guardião Frei
Affonso Rodrigues e convento dos frades menores, com antorídade e
asseoso do míoislro provincial e do procurador geral da provineia de
de S. Tiago, a qne pertence o conv^ito, o Mestre Domingos, arce-
diago bracharense.
SstSo inseridos neste documento os seguintes: — 1." Bulia do Papa
Martinho lY, dada em Civita Veccbia a 15 das kalendas do anno se-
gundo do pontificado (18 de janeiro de 1283), concedendo que os fradei
menores possam nomear um procurador geral da província para tratar
dos negócios temporaes; — 2." Carta do ministro provincial da pro-
víncia de S. Tiago, Frei Gonçalo Qomes, dada em Lisboa nas kalendas
de fevereiro (1 de fevereiro) de 12S5, nomeando procurador o referido
mestre Domingos, arcediago de Braga; — 3.° Carta do ministro pro-
vincial Frei Pedro Vasques, dada em Lisboa a 16 das kalendas de se-
tembro (17 de agosto) d© 1288, autorizando a troca.
Os bens que o Cabido deu aos frades s3o os seguintes: um campo
acima de um pelame; um herdamento, que divide pelo rio de Corii»
contra a villa e com uma almainha e com um campo acima do palum-
barium (pombal) e toca no viridario (pomar) e d'ahi vae á Carccrvam
e fecba por Rejuitn e d'abi á Quinta, confrontando aqui com os ditos
frades, suas casas e qnintS. Neste herdamento bavia casas, pombal
e poço.
Os frades cederam ao Cabido: ama almuínha que lhes fora doada
por D. Orraca Manteiga; outra doada por D. Constança Pires, genro
e filhos; outra e uma vinha doada por Martim Pires e mulher Flvira
Pires; outra doada por Domingos Ãnnes Mouro; outra doada por Ge-
raldo Mendes; outra doada por D. Marinha, viuva de Geraldo Didaco,
e filhos; outra com sua caea, que foi do hospital do concelho, como
divide pelo Campo da Feira e pelo Coucinum e d'aqiii ao ribeiro, menos
a agua se d'ella os frades carecerem; o casal, que foi do hospital do
concelho, sito em Riba de Ave, parochia de S. João de Brito; a almuí-
nha que está abúxo da do Rei e confronta com o rio; um casal, que
foi do hospital do concelho, sito em S. Vicente de Oleiros e S. Payo
de Lanhas.
Foi escrito o instrumento de troca em Guimarães a 10 de setembro
da era de 1326 por Pedro Martins, tabellião publico, sendo testemunhas
Martim Martins, tabelliSo; Martim Rodrigues Badim, cavalleiro; Ma-
byCOO^^IC
o ASCHEOLOGO FOBTOGCAS
Des, cónego de 6iiiinari«sj Domiagos Fins, capelUo Aa igreja
narSes; João Pires Ven'a; mestre Domingos, cónego de Gui-
e muitos outros bomens bons.
? d« novembro de 1288
(So da terça de nm casal em Villar de Marzellos, freguesia de
feita por Lourenço Martins, filho de Martim Ermiges, » Kny
'es.
ríta em norembro da era de 1326 por Estevam Uartinfl, tsr
le Celorico de Basto.
5 de novembro de 1389
fomento publico feito em Guimarães a 5 de novembro ds era
', lavrado pelo tabelliSo Fedro Domingges, sendo testemanhas
Annes e Pedro Martins, tabellíSes, e Marti nbo Villa-Cb&, reitor
.má, e outros, pelo qual D. Maria Egas, mulher de D. Gonçalo
'es, caraileiro, de Erosa, outorga a doação feita por sen marido
]o de Guimarães do seu herdamento de Erosa, renunciando
a direito que nelle tem, com reserva do nsnfruto em sua vida
seis covados de gantoane.
' documento não é original, mas sim pnblica-forma passada em
les, na igreja de Santa Maria, no logar chamado a Via-Sacra,
novembro da era de 1330, pelo tabellião de GuimarSes Vicente
sendo testemunhas Estevam Lupi e Vicente Annes, juízes de
les; Martim Ãffuoso e João Domingues, tabelliães; e Estevam
reitor da igreja de Fervença, e outros.
XLVII
8 de junho de 1290
irazamento em três vidas de um casal em Paredes, feito por
< Martins, reitor da igreja de S. Gens, a Mendo Annes e mulher,
stes haviam povoado e nelte feito casas, impondo-lbes o encargo
tier o mordomo da igreja e pagar annualmente: a 1.* vida um
,i e as direituras costumadas; a 2.', alem das direituras inteiras,
nma vez no anão e fazendo vinha, a quinta parte do vinho com
■ito ; a 3.' a terça parte do vinho com o cabrito e um bácoro,
ito a 8 de junho da era de 1328.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcbeologo Poktdqdêb 131
XLvni
17 de «gosto de 1290
CompoaiçSo amigável entre o prior de S. Toreade D. Durão Eane,
e os herdeiros de M&rtim CKas, que foi sepultado do mosteiro de Orijó,
acerca do terço e qainto dos bens, que este legou a D. Pedro Noness
prior que foi de S. Toreade, os qnaes ficaram por este contrato em
asa&uto dos filhos e depois em propriedade «o mosteiro.
Foi feito o instrumento a 17 dias andados de agosto da era de 1328
por João Esteves, tabelIiSo do julgado da Feira, sendo testemunhas,
entre outros, D. Pedro Martins, prior da Costa.
XLIX
8 dejalhode 1292
Testamento de Gonçalo Gonçalves, cavaUeíro, de Erosa, feito com
consentimento de sua mulher D. Maria Egas a 8 de julho da era de 1330.
Determina a sua sepultura na igreja de GuimarZes á qnal lega o sea
leito, culcetra, almucela o dois chumaços, e a terça do casal de Outeiro-
Mau, freguesia de Vinhos, para seu anniversario. Entre outros, deixa
legados ao mosteiro de S. Geus de Houtelongo; ao mosteiro de S. Do-
mingos de Guimarães para estar acceãa uma lâmpada deaote do altar
de S. Domingos; á confraria de Leatoso onde tem o herdamento de
Sangainfaedo; uma quarta de pSo ao voto de Deus que se faz junto
de S. Christovam; aos clérigos de S. Clemente; a um seu crtentulo três
maravidÍB com obrigação de servira D. Maria; aos leprosos de Bouças;
á arca da Cruzada; á ponte de Bouças; aos leprosos de Guimarães;
á confraria dos alfaiates; á confraria dos clengos de Celorico.
Foi escrito em Erosa por Martim Damingues, tahellião publico na
terra de Celorico de Basto. Está partido por A, B, C.
1 de BgOBto de 1292
Carta de el-rei D. Dinis, dirigida aos juizes de Guimarães, jul-
gando a favor do cabido a questão que, entre este e os mordomos da
villa, se levantara acerca de soldadas impostas em casas da igreja de
Santa Maria e de S. Fayo.
Dada em Guimarães por mandado da el-rei a 1 de agosto da era
de 1330 por João Soares e escrita por Francisco Annes.
Conserva, pendente de cordão vermelho, o sêllo régio de cera ver-
melha, em parte partido, o qnal tem no centro as armas do retuo, vendo-
se na orla ainda: + S : DNI : DIONISII : RE GARBU.
byGoot^lc
o AbCHBOLOGO P(»tTOQtlAs
23 de maio de 1293
Articulados apresentados a 10 das calendas de junho da era de
1331 em Braga nos claustros da Sé, no logar denominado Audiência,
a Sancho Pires, deXo do Porto, a Mestre Domingos e D. Pedro Egas,
arcediagos e vigários bracarenses, respeitantes á demanda entre Payo
Rúmundo, reitor de S. Salvador de Enfesta, e Pa;o Martins, reitor de
S- Gens de Montelongo, que versava sobre herdades sitas na freguesia
de S. Martinho de Vai de Bouro, e o casal de Ordli em S. Tiago de
Orelli, e herdades no logar de RuivSes, freguesia de S. Gíens.
Foram procuradores do reitor de S. Gens o advogado de Braga,
JoSo Martins e o reitor da igreja de Cavez, JoSo Lourenço, em virtude
de procuração passada pelo tabellião de Braga. Affouso Paes, na qual
foi testemunha, entre outros, JoSo Domingues, reitor de S. Vicente de
Paços.
A questSo foi-se protelando com alIegaçOes de nma e outra parte
êm diversas andieneias e ainda continuava a 24 de dezembro. D'aqui
em deante ignoro os tramites e resultado da pendência, por quanto o
documento, apesar de conter cinco folhas de pergaminho cosidas pela
parte superior, nSo está completo: falta uma ou mais folhas.
LII
? de julho de 1293
Instrumento de restitniçXo de posse ds quint& d'£rosa, que fora
de Qonçalo Gonçalves, da qual o juiz de Celorico de Basto empossara
a mulher d'este. Foi restituída a quinta a Martjm Gonçalves, inuSo
d'aquelle, pelo juiz de Celorico Gonçalo Martins, nos fins de julho
da era de 1331, em virtude da carta de sentença de el-rei D. Dinis,
dada em Lisboa á 3 de julho, passada pelo ouvidor Estevam Pires
e escrita por Francisco Eanes, com resaiva do direito que ahi pudesse
ter o cabido de GuimarSes, que o faria valer pelos meios legaes.
O instrumento de posse foi escrito pelo tabelliXo de Celorico, Martim
Domingues. O meirinho, que esbulhara Martim Gonçalves e empossara
a viuva por mandado do juiz, occupava o cargo da mio de Gonçalo
Fernandes (o donatário de Celorico?). Assistiram a este acto três có-
negos de GuimarSes como procuradores do cabido, porque assim o or-
denava a sentença.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AacHEOLoao PortuodAs
11 de setembro de 1293
Composição amigável, feita peraote o vigário da igreja de Braga,
o cónego D. Vicente Annes, sede vacante, entre D. Durando Ânnes,
prior de S. Torquato, e diversos moradores da fregnesía, acerca d(i
agua e presa do Carvalho e respectivo rego. Foi rAconhecido ao mos-
teiro a propriedade da agna, conservando porém a ontra parte, em
suas vidas, metade d'ella menos aos domingos, revertendo depois toda
para o mosteiro.
Feito pelo tabelliSo bracarense Qeraldo Esteves a 3 dos idos de
setembro da era de 1331, sendo testemunha, entre ontros, SimSo Es-
teves, reitor da igreja de Navarra.
LIV
II de março de 1294
Outorga de Berengaria Esteves, mulher de Mendo Gonçalves, dada A
composiçSo anúgavel, feita por este com o cabido de GuimarSes acerca
dos bens e herança do cavalleiro Gonçalo Gonçalves, seu cunhado.
Escrito o instrumento em Lobella a 11 de março da era de 1332
pelo tabelliSo de Cabeceiras de Basto Lourenço Ânnes, sendo teste-
munha, entre outros, JoSo Esteves, reitor de S. Tiago de Ourilhe.
LV
16 de abril de 1294
Composição entre o cabido de Braga e D. Durando Annes, prior
de S. Torquato, acerca da observância de uma composição anterior,
pela qual o mosteiro não pagaria taxaçSo ao cabido, mas aím dativa
e mortuária, Boando o capellão obrigado a mandar annualmente a re-
lação das mortuárias.
Escrita por João Esteves, tabellião bracharense, a 16 das kalendas
de maio da era de 1332.
LVI
13 de jnnho de 1295
Confissão feita por Hartim Pires, dito Poveiras, e mulher Maria
Paes, em que se declara que a agua da fonte do Veeiro era do mosteiro
de S. Torquato.
Feita em S. Torquato a dez e três dias andados de junho da era
de 1333, por Fero Lourenço, tabellião da terra de Freitas.
byGoot^lc
1S4 O ÃBCHEOLOOO FoBTuéuâs
LVII
IS de msrço de 1998
ConfirmaçSo e instituição canónica de Marcos Martina, reitor da
igreja de S. JoSo de Fonte, apresentado pela maioria do cabido de Gui-
marães, feita por Fedro Martins e Domingos Anões, cónegos de Braga
e vigários do arcebispo D. M(artÍDho) a 3 dos idos de março da ers
de 1336.
A minoria do cabido havia apresentado Domingos Esteves, oonego
de Guimarães, cuja apresentação foi declarada nulla.
LVIII
28 de março de 1298
Confirmação e instituição canónica de Lourenço Pires, cónego de
Guimarães, reitor de Santa Maria de Silvares, apresentado pelo cabido
de Guimarães, feita por Mestre Domingos, arcediago, Fedro Martins
e Domingas AnneS, cónegos de Braga, vigários do arcebie^ D^ U(ar-
tiaho) a õ das calendas de abril da era de 1336.
LIX
12 de abri) de 1398
ConfínnaçSo e instituiçSo canónica de Francisco Julião, reitor de
S. Martinho de Conde, apresentado pelo cabido de Guimarães, feita
pelo arcebispo D. M(artinho) a 2 dos ídos de abril da era de 1336.
LX
19 de abril de 1801
Doaijão TÍtalicia do nsufmto do quarto de um casal sito em Paredes,
feita por Orracha Mendes, dona de Paredes, a sua sobrinha Maria Fer-
nandes.
Escrita em Ribeiros a 19 dias andados de abril da era de 1389 por
Pedro Lourenço, tabellião na terra de Montelongo, sendo testemunhas,
entre outros, João Domingues, reitor de S.Viciente de Paços, Fernão
Domingues, reitor de Ribeiros, Domingos Annes, juiz de Moreira de
Rei.
LXI
2B de agosto de 1302
Revisão do inventario das alfúas e mús objectos existentes no tlie-
souro da igreja de Santa Maria de Guimarães, feita em 23 de agosto dft
byGoí>^^lc
o Abcheou)go PoBTUonfis 135
era de 1340 ná presença do chantre Martim Qarcia, qne representava
o prior D. Kuy Pires, e do tbesoareiro Domingos Âones, recebendo-as
este da mSo de Domingos Hres, capelIXo e cónego, cuja guarda lhe es-
tava confiada, SMido testemanhas Martim Annes e Miguel Pires, tabeU
liZes; Hartím MartÍDe, abbade de Serzedello e cónego, e outros.
à revisão, ou conferencia, foi feita á Face do inventario organizado
a 2 de julho da era de 1324 (Ch. 1286) em presença do príoi' D. Pa^
Domingues e do chantre D. Mendo Soares.
Ambos estes docainentos foram exarados pelo tabelliSo Pedro Sal-
gado, o de 1286 èm latim e o de 1302, no qual o piímeiro está incluído,
em português. Copiamos textualmente a dèeoripçáo dos objectos feita
por estes documentos.
Inventario de 1286:
■Hoc est inuentarium de librís cruoihus calioibus et archia úesti-
mentis et de omuibus áliis quaeíiiuenta fnerunt in thesauro vimara-
neusis ecclesise prasente domno Pelagiò domtnièi priori ejusdem. In
prímo. Libri neteres maiores et minores sunt víginti duo. Item Bríbiõ-
teca et Passionarinm. Omnes isti de littera antica. Item Bribioteca nona
aed Don correcta quorum cateras snnt tresentum quiuqbaginta septem
'et nott sunt Ugati. Item alia Bribioteca in dnobus noluminibus. Item
Lâber cronicorum. Item duo crónica ín duobus' noluminibus. Item doo
officialiá de cantu et alia dno olGcúalia mistíca. Item nnum antiffona-
rium de cantu. Item unum lejcionanutú dominicale et aliud santale.
Item Liber sacramentorum et duo Libri euangeliornm ét tria Salte-
ria. Líber ignomm (?) et dno libri bautiziíudii Líber epistoIarum.Trez
colleclanhos. Item Liber exposicionnm euangeliorUm. Liber Capiiuli.
Làber euangelíorum cum tábulis argentús. Item trez crhcei srgentee
quarum una est deanrata tenens en se cmcem paruam de Ligno domini
cum magíia petra calcedonia in médio et cum riiultis lapidibns pretiosis
et cum camafeo a parte superiori. Et alia aemiliter deaurata cum multis
lapidibns pretiosis. Unam in parte fracta. Item quaedam crux pama
cum casula sua et cum oseibus sanctorum Petri et Pauli ibi tizis. Item
alia crux stmíliter deanrata cum multis lápidibus pretiosis. Item quae- .
dam crni argêntea deaíirata cum crucifixo argênteo. Item due cruces
de cristallo quarum uiia habet crucifixum eboreuin. Item unum calicem
anreum cum sua patena et com multis lapidibús pretiosis. Item quínque
cálices argentei dequibus dno sunt dèaurati et unum eet sine patena.
Item IIII*^ corone cum lapidibús pretiosis et elinnm (?). Item quinque
lampade ai^ntee três inaJores et due minores. Item alia lampade ar-
gêntea quae est coram altari. Item quator turibnli de quibus sunt duo
dèaurati. Itení duo castiçales argenti. Item duo cantarini de prata. Item
byCOO^^IC
136 . O ÂKCBEOLOCIO POBTDGUÊS
tiDam calicem nounnt non sacratum. Item IIII'"' castiçales Ae alimoges.
Item nna arqneta in qna snot due empole ín quibus est Lac beate oir-
g^is. Item una arca de alimoges parua cum reliquiíe. Item uns arca
de almafl com qoiDqne zonis et cum d^obns pectoralíbus. Item una
alcoffa de Corso cum daobas stolis cum alioSar et cum duobuB colaríbas
de quibus unam est cnm petris. Item IIIP' arquete de almafi una maior
et três minores et una arca que dicítur scrínhom (?) fi-ançes. Item sep-
tem faceiróos de siríco. Item qnedam Boceta de almafi et alia paj-na
argêntea. Item quedam baoeta parua de almafi in qua est quedam sor-
tellia et quidam lápis preIJosus. Item sex crucee de alimoges. Item doas
arcas francesas. Item quedam arca ín qua sunt VIU" capas et nnnm
pallium et 1111"' datmatice. Item onam panum de facetróo de alfola.
ItemV frontalia de panno sirioo. Item V dalmatíce. Item tríginta capa
de sirico inter nonas et mediooríter ueteres. Item X pallia inter notia
et uelia. Item quidam paanus de sirico cum cintas áureas. Item nnum
frontale de prata. Item qnedam arca cum dnabus clansurís que una
ctane apperuitur (?) in qua sunt quidam lapides et reliquie pauce et
quedam ornunenta spectantia ad cruces. Item IIII" cus de Oíú&. Item
quedam taça de metal. Item X albe et uonm pallium de linno et aliad
de lana. Item XIIII amitos. Item V* stole et manipotí et duo pamii
pro ad manipolos. Item IIIP' zone. Item duas façigees. Item XVII
uela inter uetera et nona. Item unnm façeírdo pequeno de sirico. Item
duo paria de mantees. Item três obradeiras*.
Inventario de 1302:
iltem. Este é o enuentario das outras cousas qne ora de nouo forom
dadas aa Egreja de Santa Maria de Guimaraens que seem en o the-
zouro. Primeiramente hnom calez grande dourado qae hj deu Femam
Paaez e pesa dons marcos eVII onças e meia. Item outro calez pequeno
qne hj leyxou Maria de Lago e pesa noue onças menos quarta. Item
huma boceta pequena de prata que by mandou dar doa Jnyfto. Item
ontrp calez dourado que hj deu o abbade deVilIa Coua que pesa dous
marcos e II onças e meia. Item uma vestímenta de ezamete uermelha
V com sinaes de ouro toda uestimenta comprida e duas dalmaticas e huma
capa com hunm cano de prata e esto deu hy dom Paay domingniz que
foy priol dessa Egreja. Item deu by esse priol hunm manto de sirgo
e outro pauo de baldoquim e buma stola e huum manipolo. Item hnom
pano de peso que deu by a Rainba que tem cruçifiços. Item bunm ta^
bardo de pano de peso. Item buma cortinba de pano de sirgo que by
deu a Rainha e quatro panos de linbo pers cortinba começados de lauor.
Item huma lâmpada de prata que see aa porta do tbezouro que by pos
dom Romaon e pesa sex onças. Item huum pano de sirgo usado qne
byGoí>^^lc
o ÂBCHEOLOGO POBTCODÊS 137
h^ ddo dom JuySo. Item dea hy Domingos Coyra hnuina copa de prata
por honui lâmpada qne lenon qne hy dera e pesa I[ onças e oytaua.
Item haam livro official qne hy don o chantre. Item liuro qna chamam
pasaioiiario qne hy leyxou o príol dom Faay Dominguiz. Item huum
Salteiro qne deu Fere Steaez ocoonigo e huma arqneta pequena de
madeiro com religas. ItemVIIP panos pêra as mag:estades. Item XIII
«tolas antre nouas e nelhae. Item huum pano de façeiróo. Item huom
pano laarado de syrgo qne semelha pendom e é nono. Item htinm pano
de syrgo qne ficou da cortinha da Rainha. Item XIII ueos de seda
nODos. Item três atados de prata e seem ende os dous aa mag^stade
e hanin é dourado. Item humas tenazes dallotom pêra speuitar as can-
deas. Item huum atado francês. Item hum pano de syrgo nerde nono.
Item hnma alua e huum amito de lenço com ornamento dourado. Item
huma alua e huum pano com algodom. Item duas stolas e três maoi-
polos de syrgo forrados de cendal. Item huma çiota de syrgo. Item
três ramos de pao. Item huum spelho grande e sete meores franceses.
Item outra alua.' Item sete palas e sete corporaes. Item cadernos de
Corpore Chríati e Sancti Dominící e Sancte C&tarine e Sancte Anna.
Ttem hnma arca pintada. Item IIII**' neos de sed^ rotos e dois panos
pera calizes. Item hnnm destalho e trez tapetes. Item huns orgSos.
It«m hnna mantees e huum lençol que see no altar. Item huum anel
que see na Magestade e huum castiçal grande de ferro. Item oa torre
dous sinos grandes e dons meores e dons mais pequenos e huum destes
pequenos é hrítado. Item no coro duas campaas. Item duas portas de
ferro que foram dante Santa Catalina. Item trez certinhas en os altares
e duas bacinhas*.
LXII
11 de jatho de 1803
ConfirmaçSo e instítuiçSo canónica de JoSo Gonçalves, dito Velho,
reitor da igreja de S. Tiago de Candaozo, apresentado pelo cabido de
Ouimarles, conferida pelo arcebispo D. Martinho, sendo o coUando
apresentado pelo sen procurador Martím Garcia, chantre de Quima-
rSea.
A carta foi passada apuã cameram noitram Sancti Petri de honore (?)
a 14 de jnlbo de 1303.
LXIII
18 de Betembro de 1801
Carta de confirmação e instituição canónica de JoSo Domingues,
reitor da igreja de Santa Maria de Silvares, vaga pela promoçSo de
Lourenço Pires, cónego de Gnimartes e reitor d'ella, A igreja de Santa
byGoí>^^lc
138 O ÃBCBEOLOQO POBTU€ÍUÊS
Hartha de Bouro, conferida pelti arcebispo D. Uardnho em Cotiobrà
a 18 de setembro de 1304.
Este documento nSo é original, mas pnblioa-forma passada, pcw
mandado de 0. Rodrigo Peres, deSo de Erora e ptior de Gnímarites,
á requerimento do dito reitor, pelo tabelliSo vimaranebie Pedro Sal-
gado em GnimarSes a 6 de março da bra de 1348 (Cb. 1310).
LXIV
7 de fevereiro de 1806
DosçSo de um berdamento sito em Coonbi, fúta por Joio Uartínç,
do Forcado, freguesia de TelSes, e mulher Teresa Qomes, a GoDçalo
Migueis, clérigo de TelSes.
Escrita em Amarante a 7 dias andados de fevereiro da era de 1343
por Qoa(;alo Gonçalves, tabelIiSo de Amarante, sendo testemunhas^
entre outros, Domingos Lourenço e Domingos Martins, juizes de Ama-
rante.
LXV
12 de abril de IB4«
Carta de conãrmajSo e instituição canónica de Lourenço Paaez,
reitor de S. Martinho de Conde, apresentado pelo cabido de GuimarSes,
conferida pelo arcebispo D. Martinho.
Dada em GuimarXes a 12 de abril de 1305.
{Conímúá).
O abbade J. G. de; Oli\'eiiia. GuihábXes.
Onomaetioo medieval português
(ContlauitlD.Vid. o Ãnk. Puri., i, 90
Eisemeno, n. h., 1085. Doe. most. Pendorada. DÍpl. 388.
Eita, n. h., 773 (?). Dipl. 2. — Id. 72 e 241.— Inq. 147.
Eitaci, app. b., 1073. Doe. most. Moreira. Dipl. 313.
Eitai, app. h., 1013 (?). Doe. most. Pedroso. Dipl. 134.— Id. 173.-
Inq. 77.
Eitazi, app. h., 1077. Doe. most. Pedroso. Dipl. 334.
Eitiz, app. m., 1100. L. B. Ferr. Dipl. 560.
Eitor, n. h., sec. xv. S. 171.— Dipl. 2, 1. 13.
Eiu, n. h. {?), 1081. Doe. most. Moreira. Dipl. 358.
Eivonnm e Vóiím, villa, 1220. Inq. 128, 2.* d.
byCOO^^IC
o ABCHEOLOâO PoBToacÊs 180
Eixa, n. m., sec. xv. S. 356.
Eíxunem, n. m., sec. xv. S. 287.
Eixares e Xsres, geogr., sec. XT. S. 156.
Eixatí e Eúiati, geogr., 1220. Inq. 103, 2.* cl.— Id. 27.
Eixatones, rio, 1060 (?). Doe. most. Moreira, Dipl. 264.
Eixea, n. m., sec. xv. S. 3â8.
Eiiflineo, n. h., 1258- Inq. 415, 2.* cl.
Eixeito, geogr. (?), 1258. Inq. 382, "2.' cl.
Eixo, app. b., sec. xv. S. 152.
Eixadreiro, geogr., 1220. laq. 39, 2.* cl.
Eú, app. h., 1220. Inq. 78, 2.* cl.
Eiia, n. h., 1037. L. Preto. Dipl. 181.— Id. 215 e 454.
Eiion, n. h., 984. Doe. most. LorvKo. Dipl. 88.
Ekaredo, n. h., 921. Doe. most. VairSo. Dipl. 15.
Elaes (S. Salvatore de), geogr., 1220. Inq. 65, 2.' cl.
Elanci e Eleanci, villa, 939. L. D. Mnm. Dipt. 46.
Elanzi, geogr., 1014. L. D. Mam. Dipl. 138.
Elarinn, n. h-, 950. Doe. most. Moreira. Dipt. 34.
Elbora, geogr., 1166. For. de Evor». Leg. 392.— Id. 430.— Inq. 223.
e 238.
Elehe, n. h. (?), sec. xn*. Doe. in Mem. das rainhas de P-, de Figán.,
p. 246.
Eldara e Eldura, n. m., 1041. L. Preto. Dipl. 193.
Eldebredns, n. h-, 915. Doe. most. Moreira. Dipl. 14.
Eldega, n. h., 106õ. Doo. most. Pendorada. Dipl. 278.
£ldég«B. Vide Eddeges.
Eldegundia, q. m-, 960. Doe. most. Moreira. Dipl. 49.
Eldeiizi, app. h., 1002. Doo. most. Moreira. Dipt. 115.
Eldemini, n. h., 983. Doe. most. Moreira. Dipl. 84. — Id. 198.
Eldequina e Eldequine, n. h. (?), 946. Doe. most. Morúra. IHpl. 33.
Eldericas, n. h., 1054. Dipl. 239.
Elderigo, a. h., 995. L. Preto. Dipl. 107.— Id. 888.
Elderii (uilar de), geogr., 897. Doe. most. Pedroso. Dipl. 8, I. 4. —
Id. 126.
Eldesinda e ndexinda, n. m., 1009. L. Preto. Dipl. 128.
Eldigio, Q. h. (?), 1050. Doe. most. Pedroso. Dipl. 230.
Eldlris, vilU, 1096. L. B. Ferr. Dipl. 501.
Eldinerto, n. h., 1009. L. D. Mum. Dipl. 129.
Eldo^a, n. m., 1095. Tombo S. S. J. Dipl. 488.
EldoigÍDs, n. h., 924. L. D. Mum. Dipl. 19.
Eldoimiro, n. b., 985. Doe. most. Moreira. Dipl. 90.
byGoot^lc
o Abcbeoloqo Pobtoqdês
Eldolca, u. m., 1098. Doe. most. da Graça. Dipl. 520.
Eldouca, n. m., 1078. Doe. most. Pedroso. Dipl. 335,
Eldauça, n, m., 1079. Doe. ap. sec. xu.Dipl. 344.
Eldoiiia, n. m., 1009. L. Preto. Dipl. 129.— Id. 132.
Eldora, n. m., 1002. L. Preto. Dipl. 116, n." 190— Id. 190.
Eldosiudo, n. h., lÓõS. L. D. Mum. Dipl. 260.
Eldoza, n. m., 1009. L. Preto. Kpl. 128.
Eldretii, app. h., 982. Doe. most. LorvSo. Dipl. 84.
Eldreaedo, n. h., 1073. Doe. most. Moreira. Dipl. 313.
Elduar, villa, 1041. L. Preto. Dipl. 193, n." 316.
Elduara, a. m., 933. Doe. most. Lorvão. Dipl. 24.— Id. 27.
Eldaario, d. h., 1100. L. D. Mom. Dipl. Õ63, 1. 3.
Eldura. Vide Eldara.
Eleanci. Vide Elanei.
Elelias, n. h., 10Õ8. L. D. Mnm. Dipl. 253.
Elenida, n, m. (?), 1047. L. Preto. Dipl. 217.
Eleua, n. m., 952. Doe. most. Arouca. Dipl, 37.
Eleuua, n. m., 933. Doe. most. Arouca. Dipl. 24.
Elgariz, app. h., lOõs. L. D. Uum. Dipl. 279.
Elgiam, geogr., 1220. For. Touro. Leg. 589.
Elho, n. m., aee. xv. S. 257.
Elias, n. h., 955. Dipl. 40.~Id. 5.
Eliclus, n. h., 992. Doe. most. Lorvio. Dipl. 102.— Id. 110.
Eligioo, geogr., 1220. Inq. 234, 1.' cl.
Elisanet, d. m., 972. Doe. most. S. Vicente. Dipl. 66 e 67.
Ellscaría (Esgueira?), villa, 1050. Doe. most. Pedroso. Dipl. 231.
Elisoii, n. h. (?), 867-912. L. Preto. Dipl. 3.
Elldoi-a, n. m., 1018. L. Preto. Dipl. 148, n." 239.
Elleogauda, n. m-, sec. XV. S. 353.
EUeuna, n. m., 1087. Dipl. 407.
Elmoris, app. b-, 1033. Doe. ap. sec. xvili. IMpl. 171.
Elo, n. m., sec. xv. S. 2Õ7.
Eloito, n. h., 1038. Tombo S. S. J. Dipl. 182, I. 11.
EloriUz, app. h., 981. Doe. most. LorvSo. Dipl. 82.
Elozjtiii, app. b., 1002. Doe. most. Moreira. Dipl. 115.
EIrigu, n. h., 924. L. Preto. Dipl. 19.
Elsinda, D. m., 1044. L. D. Mum. Dipl. 203.
Eluas e Eluis, villa, 1229. For. Elvae. Leg. 619 e 620, I. 33.
Elnerlo, n. h., 1009. L. D. Mum. Dipl. 129.
Eittira, D. m., 1077. L. B. Ferr. Dipl. 332.— Id. 212.
EiTiche, n. h. (?), sec. XV. S. 150.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheolooo Pobtuqdês 14
Elvira, n. m., 1033. Doe. ap. sec. xvm. Dipl. 170.— Inq. 688.
Enunianniz, app. h., 1076. Doe. most. Pendorada. Dipl. 528.
llmdería, n. m., 1059. L. D. Mum. Dipl. 261.
Ktn«reBtiaDe, n. m., 959. L. D. Mum. Dipl. 45.
Enierim, app. h., 1258. Inq. 340, 2.* cl.
Emiaz, app. h., 1220. Inq. 98, 1.' cl.— Id. 419.
Emigildos, geogr., 12Õ6. Inq. 326, 1.' ci.
Emila, n. h., 946. Doe. most. Moreira. Dipl. 33, o." 57.— Id. 76.
Emilan, n. h., 1018. L. Preto. Dipl. 148, d." 239.
lUmlanes, viUa, 1059. L. D. Mum. Dipl. 262, 1. 1.
KmUaz, app. h., 985. Dipl. 92.— Id. 114.
Eànilazi e Omilaci, app. h., 1045. L. Preto. Dipl. 211. ~Id. 379.
Emílo, D. m., 974. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 70.
Emiso, Q. m., 985. Doe. most. Moreira. Dipl. 90.— Id. 112.
Enunalizi, app. fa., 1037. L. Preto. Dipl. 181.
Emofaes e Ermofaes (S. Felice de), geogr., 1220. Inq. 66, 1.* cl.
Emaeuandns e Enuenando, n. h., 1041. Dipl. 191.
Emulaz, n. h., 980. Doe. most. LorvSo. Dipl. 79.
EmuDdÍDO, n. h. (?), 867-912. L. Preto. Dipl. 3.
Eoalsi, app. t., 1115. Concilio Ovet. Leg, 140, 2.' cl.
Eucoirados (S. Jacobo de), geogr., 122U. Inq. 16. — Id. 88.
EncmzUada, geogr., 1258. Inq. 698, 2.* et.
Enderkina, n. m., 976. Doe. most. LorvSo. Dipl. 74.
Enderqoiaa, a. m., 897. Doe. most. Pedroso. Dipl. 7. — Id. 74.
Eneco, n. h., 946. Doe. most. Moreira. Dipl. 33.
Enego, n. h., 924. Doe. ap. sec. xiu. Dipl. 18. — S. 175-
Enegon, app. b., 964. Doe. most. S.Vicente. Dipl. 54.
Etiega e Ennega, n. h., 983. Dipl. 87.
Enegnis, app. h., 983. Dipl. 87.
Eneguis e Enigniz, app. h., 1018. L. Preto. Dipl. 146.— Id. 604.
Eneque, n. h., 1045. L. Preto. Dipl. 209, n." 341.
Enes, n. m., seo. xv. S. 224,
Enfesta, geogr-, 1258. Inq. 357, 1.' cl.
Enfestas, geogr., 1258. Inq. 312, 1.* cl.
Enfeste, geogr., 1258. Inq. 576, 2.» cl.
Enfestela, geogr., 1258. Inq. 529, 2.* cl.— Id. 384, 2.' cl.
Enfestelas, geogr., 1258. Inq. 413, 1.* cl.
Enfias (S. Maria de), geogr., 1220. Inq. 75, 2.' cl.— Id. 169.
Engazo, app. b., 12Õ8. Inq. 672, 2.* el.
Engo, n. li., 1037. L. Preto. Dipl. 181.
Enheguei, n. h., see. xv. S. 259.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
142 O ÂBCHEOLOGO FOBTDODÍS
Enigoiz. Vide Enegaiz.
Enneconi, app. b., 968. L. D. Mnm. Dipl. 61.
Ennegot, app. h., 957. L. D. Mum. Dipl. 41.— Id. 138.
Ennegoz, app. b., 983. L. D. Mum. Dipl. 87.— Id. 185.
Ennegniz, app. h., 1039. L. Preto. Dipl. 187.
Eanegns, n. h., 957. L. D. Mnm. Kpl. 41.— Id. 58.
Ennekiz e Eneguiz, app. h., 1111. For. de Sonre. Dipl. 358.
Enneqaiz, app. h., 1070. Doo. most. Fendorada. Dipl. 304.
Eunhegues, app. m., sec. xv. S. 259.
Enniqoiz, app. h., 976. Doe. most. Lorvão. Dipl. 74
Eiiperíz, app. h. (?), 1258. Inq. 344, 1.' d.
Enproa, geogr., 1258. Inq. 321, 1.' cl.
Enppoas, geogr., 1258. Inq. 369, 2.* cl.
Enquiam, geogr., 1258. Inq. 306, 2.» cl,
Enradas (Anta da), geogr., 1258. Inq. 414, 2.* cl.
Enrichns, conde, 1098. Doe. most. Arouca. Dipl. 528.
Enriqniz, app. h., sec. xi. Leg. 351.
Enseqneíros, geogr., 1258. Inq. 331, 2.* cl.
Ensoa, geogr., 1258. Inq. 331, 2.' cl.
Ensoela, geogr., 1258. Inq. 331, 2.» cl.
EnSQcIa, geogr., 1258. Inq. 404, 1.' cl.
Entença, castello, sec. xv. S. 193.
Entrada de Cauto, geogr., 1220. Inq. 133, 1." cl.
Enaenamdici, app. h., 1080. Doe. most. Moreira. Dipl. 348.
Enneuando. Vídè Emaeuandus.
Envoadi, geogr. (?), 1258. Inq. 434, 1.» cl.
Enxabregas, geogr., 1494. Inéd. de hist. port., t. 3.", p. 578.
Enxemena e Exemena, n. m., 1063. Dipl. 273.
Enxobregas (Xabregas), geogr., sec. xv. F. López, Chr. D. J. 1.*
p. 1.», C. 139 e 148.
Eo, n. h. (?), 922. L. B. Ferr. Dipl. 17.
Eocrizi, app. h., 1079. L. D. Mum. Dipl. 344.
Eodemlr, villa, 1021. L. Preto. Dipl. 154.
Eogeiíia, n. m., 1059. Dipl. 257 e 345.
EolaUa, n. m., 897. Doe. most. Pedroso. Dipi. 7. — Id. 33.
Eomedota, n. m., soo. xv. S. 190.
Eomeldola, n. m., see. xv. S. 277.
Eoralgii, geogr., 950. Doe. ap. sec. Xlii. Dipl. 35.
Eraldez, app. h., sec. xv. S. 201.
Erbosa e Ervosa, geogr., 1097. Dipl. 513.
Eri>ozaDo, u. b., 907. Doe. most. Morara. Dipl. 10.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AacHEOLoao PoktdouAs 143
Eredo, n. h., 956. L. D. Mam. Dipl. 40.— Id. 49.
Ereú, *pp. h., 1220. Inq. 89, 2." cl.
EreoDÍs, spp. b-, 1098. Doe. most. Moreir». Dipl. 522.
Eres, app. m-, sec, xv. S. 168.
Ei-esulãz, &pp. h., 984. Doe. moet. Moreira. Dipl. 88.
Ergemiro, n. h., 1038. Tombo S. S. J. Dipl. 182.
Ergesenda, n. m., 1100. L. D. Hum. IMpl. 564.
Ei-gonza, n. m. (?), 10Õ7. L. Preto. Dipl. 245.
Ena, app. m. (?), 1068. Doe. most. Moreira. Dipl. 288.
Erias. B. h., 1063 (?). Doe. ap. antb. seo. XIV. Dipl. 274.
Eriblo, villa, 1085. Dipl. 385, u." 643.
Eribo, castro, 1258. Inq. 591, 1/ ol.
Erigio, n. b. (?), 1067. Doe. most. Pendorad». Kpl. 287.
Erigiquici, app. b., 1059. Doe. moet. Moreira. Dipl. 255.
Eriga, n. h., 1026. Doe. most. Pedroso. Dipl. 161.
Erigoizi, app. b., 1032. L. Preto. Dipl. 167.
Eriuias, n. h., 1033. Doe. ap. sec. xvm. IHpl. 171.
Erinins, n. b., 1081. Tombo S. S. J. Dipl. 358.
Eris e Orís, app. b., 1220. Inq. 181, 2.* cl.
Erit, app. h-, 1043. L. D. Mom. Dipl. 199.
Eriz, app. k, 1018. Doe. sec. ini. Dipl. 147.— Inq. 13.
Erizi, app. h., 1068. Doe. most. Moreira. Dipl. 291, n." 465.
Ermamar, geogr., 1182. For. deValdigem. Leg. 428.— S. 377.
Enneal, geogr., 1258. Inq. 32Õ, 1.* cl.
Ermeconza, n. m., 1047. Doe. most. Moreira. Dipl. 218.
Ermecnndia, n. m., 982 (?). L. D. Mom. Dipl. 82.
Ermelrety, geogr., 924, Doe. ap. sec. xiii. Dipl. 18,
Ermegildez, app. b., 1162. For. de Covas, Leg. 388.
Ermegíldiz, app. b., 1051. Doe. most. LorrSo. Dipl. 232.
Enuegildos, geogr., 1258. Inq. 326, 1,* cl.
Ermegildus, bispo, 883. L. Preto. Dipl. 7.— Id. 20 e 53.
Ermegodo, n. m., 1023. L. Preto. Dipl. 156.— Id. 222.
Emiegonza, n. m., 1047. Dipl. 220.— Id. 407.— Inq. 347.
Ermegoto, n. m., 1036, L. D. Mnm. Dipl. 178.
Ermegniz, app. b-, 1082. Doe. most. Pendorada. Dipl. 366.
Ennegandia, n. m., 1067. Doe. most. Pendorada. Dipl. 287. — Id. 327.
Ermegnnza, n. m., 1220. Inq. 130, 2.* el.
Ermeiro, n. b., 985. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 92.— Id. 152.
Ermello, geogr., 1059. L. D. Mum. Dipl. 262, 1. 5.
Ermelo ou Hermelo, geogr., 1220. Inq. 130, 1.» cl.— Id. 413.
Ermemirn, n. b., 929, Doe. most. S.Vioente. Dipl. 22.— Id. 101. ■-
byCoO^^lc
144 O ÃKCHEOLOQO POBTUADÍa
Ermenegíldl, n. h., 1088. Doe. ap. sec. xvin. DipE. 426.
ErmeDgro, n. m., 1014. L. Pretor Dipl. 139;
Ermeato, d. m., 10&6. Doe. most. Moreira. Dipl. 242.
Ermentro, n. m. (?}, 989. Dipl. 98.— Id. 166.
Ermerigo, n. b., 1053. Doe. most. Moreira. Dipl. 236.
Ermeriz, geogr., 1258. Inq. 438, 2.' cl.
Ei-merot«, n. h., 943. Doo. most. Arouca. Dipl. 31.
Ermesenda, n. m., 1018. L. Preto. Dipl. 148.— Id. 214.
Emiesinda, d. m., 897. Doe. moat. Pedroso. Dipl. 7. — Id. 19.
Ermiario, n. h., 949. Doe. most. Moreira. Dipl. 33.— Id. 103.
Ermiariz, app. b., 952. L. D. Mam. Dipl. 38.— Id. 99.
Enuiami, app. b., 993. Doe. most. Moreira. Dipl. 103.
Ermides, app. h., sec. XV. S. 182.
Ennieiro, n. h., 1064. Dipl. 275.— Id. 294.
Ermisic, app. m., sec. xv. S. 184. — Id. 279.
Ermigíci, app. b., 1079. Doe. most. 1'endorada. Dipl. 345. — Id. &&1.
Emigida, geogr., 1258. Inq. 732, 2." cl.
Ermigii, d. m., 1258. Inq. 637, 2." cl.
Ermigildi, geogr., 1258. Inq. 434, 2." ol.
Ermigildiz, app. h., 1220. Inq. 86, 2.'* cL— Id. 135.
Ermigildo, n. b., 1092-1098. L. Preto. Dipl. 632, a." 897.
Ermigilli, app. b., 973. L. Preto. Dipl. 69.
Erniigio, n. h., 883. Doe. ap. sec. XI. Dipl. 6.— Id. 72.
Ermiglt, app. h., 1258. Inq. 428, 1.* cl.
Ermigius, a. b., 1220. Inq. 39, 2." cl.— Id. 637.
Eraiigiz, app. b., 10Õ8. Doe. most da Graça. Dipl. 252.— Id. 341.—
Inq. 192.
Ermigoii, app. b., 1220. Inq. 192, 2.* cl.
Ermilalva, n. m. {?), 122U. Inq. 86, 1.» el.
Erruilaz, app. m., 1067. Doe. most. Ãvè-María. Dipl. 284.
Emildizi, app. m., 1036. Tombo S. S. J. Dipl. 178;
Ermili, n. b., 973. Doe. ap. sec. xvui. Dipl. 70.
Ermilli, villa, 897. Doe. most. Pedroso. Dipl. 8, I. 8.— Id. 98.
Ermio e Ermeo, serra, 1186. For. de CovilhS. Leg. 459, 1. 5.
Ermionda, d. m-, 1065. Doe. most. Peodorada. IMpl. 282.
Ermiseiida, n. m., 1046. L. Preto. Dipl. 214.
Enuisiuda e llermesinda, n. ni., 983. Dipl. 87.
Ermiz, app. m., 1098 (?). Dipl. 534.
Ermofaes. Vide Emofaes.
Ermolães (S. Feliee de), geogr., 1220. Inq. 254, 1.' ol.
Emiogenea, geogr., 922. L. Preto. Dipl. 17, l. 7.
byGoot^lc
o Archeologo FOBTOatlâB
Ernkogiiu^ B. h., 1041. Doe. most. Moreira. IMpl. 193.
Rrmolfo, d. h., 1045. I>oo. most. Fendorada. Dipl. 212.
Enuorici, vilía, 1077. Doe. most. Pedroso. Dipl. 334.
ErmoricDs, n. h., 1061. Doo. ap. soe. XIV. IMpl. 269.
Ennoriyo, n. h., 1074. Tombo S. S. J. Dipl. 31õ.
Emàoriga, n. h., 973. Doe. most. Lorvão. Dipl. 67.
Erraorígus (Casal doe), geogr., 1258. Ih^. 360, 1." cl,
Ei-nioríquiz, app. h., 1001. L. Preto. Dipl. 114.
Eraioriz, villa, 897. Doe. most. Pedroso. Dipl. 8, 1. 22. — Id. 108.
Erniorizi, villa, 1013 (?). Doe. most. Pedroso. Dipl. 134.
Erniosinda, n. m., 982 (?). L. D. Mum. Dipl. 82.— Id. 20.
Erniyes, n. h. (.?), 1080. Doe. most. Pedroso. Dipl. 347.
Eriíezer, n. h., 985. Doe. most. da Graga. Dipl. 92.
Ero, n. h., 922. L. Preto. Dipl. 16.— Id. 33.— Inq. 157.
Eroino, n. h., 1081. Tombo S. S. J. Dipl. 358.
Eroiii, app. m., 960. L. D. Mum. Dipl. 50.— Id. 121.
Eronius, n. h., 954. Doe. most. Lorvão. Dípl. 40.
Eronizi, app. h., 1091. Doe. most. Moreira. Dipl. 453.
Erosa, geogr., 1220. Inq. 78, 2." cl.— S. 381.
Erotei, app. h., 1053. Doe. most. Pedroso. Dipl. 234.
Rrotiz, app. h., 919. Doe. most. Lorvão. Dipl. 14.— Id. 82.
Efotiii, app. h., 1025. Doe. most. Moreira. Dipl. 158.
Eroylgi, app. t., 959. L. D. Mum. Dipl. 48.
Ei-oz, app. fa., 1049. L. D. Mum. Dipl. 227.
Ersenda, n. m., 1059. L. D. Mum. IHpl. 258.
Ersurio, n. h., 1034. Tombo S. S. J. Dipl. 174, n.^' 285.
Eruedal, geogr., 1249. For. de Ervedal. Leg. 633.
Eruedosa, lagoa, 1142. For. de Leiria. Leg. 377.
Eruigiii, app. h., 965. Doe. most. Moreira. Dipl. 57. — Id. 378.
Eruilhado, ^p. h., sec. zv. S. 154.
Erailhida, n. m., sec. sv. S. 336.
Erailhido, app. h., sec. xv. S. 336.
Ernilhoa, app. m., sec. XV. 8. 145,
Eruilhom, app. h., sec. XV. S. 205.
Erniliaca, geogr., 1099. L. B. Ferr. Dipl. 536, 1. 3.
Enuntani, geogr., 968. Doe. most. Moreira. Dipl. 62, 1. 17.
Epus, n. h., 897. Doe. most. Pedroso. Dipl. 7.- Inq. 82.
Ervas-teuras, geogr., sec. XV. S. 173.
Ervedarii, geogr., 1258. Inq. 651, 1.* cl.
Ervedeiros, geogr., 1258." Inq. 415, 2.' el.
ErviUeosa, geogr-, 1258. Inq. 721, 2.» cl.
byCoOglc
146 O Abcheolooo Pobtugdês
ErrUoiii, app. fa., 1258. Inq. 645, 1.' cl.
Ervosa.Vidè Erbosa.
Eryzeira, villa, 1229. For. da Ericeira. Leg. 620.
Erzilom e BersUom, spp. h., sec. ^v. S. 182.
Esatones, villa, 1068. Doe. most. Moreira. Kpl. 291, n.* 465.
Escacha, app. h., sec. XT. S. lõO.— Id. 166.
Escacho, app. h., 1258. loq. 329, 2.* cl.
Escaeiro, geogr., 1258. Inq. 344. 2.' cl.— Id. 436.
Escalavrado, app. h., sec. XV. S. 173.
Escaldado, app. h., 1258. Inq. 349, 1." cl.— Id. 404— S. 333.
Escallanrado, app. h., sec. xv. S. 266.— Id. 362.
Escampado de Valcova, geogr., 1258. Inq. 626, 2.* cl.
Escanario, geogr., 1258. Inq. 722, 2.^ cl.
Eseapaes, geogr., 1258. Inq. 578, 2.* cl.
Escaraneliaaes, geogr., 1099. L. Preto. IKpl. 545, 1. 10.
Escoiroso, geogr., 1258. Inq. 413, 1.* cl.
Escolla, app. h., sec. xv. S. 338.
Escoregadoira, geogr., 1258. Inq. 593, 2.»cl.— Id. 331.
Eseorigatoríam (Petram), geogr., 1258. Inq. 504, 1.' cl.
Escasa, geogr., 1258. Inq. 474, 1.* ol.
Esdnifo, D. h., 773 (?). L. Preto. Dipl. 1.
Esemeo, n. h., 1079. L. Preto. Kpl. 343.
Esgali, app. h., 1258. Inq. 465, 1.' cl.
Esgaramluha, app. h., sec. xv. S. 321.
Esgarananha, app. h., sec. xv. S. 152.
Esgaranhnnha, app. h-, sec. xv S. 192.
Eskapa, n. h., 938. Doe. most. Lorvão. Dipl. 28.
Esmenal, geogr., sec. xv. S. 160.
Esmeriz (S. Petro de), geogr., 1220. Inq. 64, 2.* cl.— H. 155.
Esniiildiz, app. h., 1220. Inq. 17, 2.' cl.
Esmorigaes, geogr., 1258. Inq. 439, 2.' cl.
Esmorigo, n. h., 1021. L. Preto. Dipl. 154.
Esmorii, geogr., 1033. Doe. ap. sec. xviu. Dipl. 171.
Espada, geogr., sec. xv. S. 374.
Espadaoal, geogr., 1258. Inq. 343, 2.' cl.— Id. 395.
Espadarona, app. m., sec. xv. S. 164.
Espalo, n. h. (?), 1068. Doe. most. Avè-Maria. IHpl. 293.
Espanarigo, n. li., 1094. Doe. Arch. Publico. Dipl. 477.
Espannia, geogr., 1091. L. Prelo. Dipl. 449.
Espansando, n. h., 1032. Doe, most. Moreira. IMpl. 168. — Id. 3
Esparada, geogr., 125S. laq. 413, 1.* cl.
byGoot^lc
o AitcBEOLOGO PoBTnaDÈs 147
EspariUi e SparíUi, a. m. (?), 1080. L. B. Feir. Dipl. 351.— Id. 562;
Espartida (Casal da), geogr., 1258. Inq. 409, l.''cl.
E^spasandiz, app. h., 959. L. D. Mum. Dipl. 47.— Inq. 426.
EspasJudo, n. h., 991. Doe. most. da QraçA. IHi^. 100.
Espasandos, n. h., 993. Doe. most. Moreira. Dipl. 103.
Espaxo (campum de), 1268. Inq. 690, 2.* cl.
Espelio, app. h., 1258. Inq. 376, 1." cl.
Espesade, app. h., sac. zv. 8. 367.
Espineira. Vide Geesteira de.
Espinhei, app. h.. sec. xv. S. 14Õ.
Espinn, vilta, 1055. Doe. most. Moreira. Dipl. 342.
Esplendida, geogr. (?), 1010. Doe. most. Moreira. Dipl. 130.
Espoesendif geogr., 1258. Inq. 312, 1.' ol.
Esporom, rio, 1258. Inq. 356, 2.» cl.~Id. 411.
Esposade, geogr., sec. XV. S. 381.
Esposadi, Tilla, 1002. L. Pieto. Dipl. 115.— loq. 462.
Espolmiriz, app. m., 1220. Inq. 144, 1.* cl.
Esqaeeiro, geogr., 1220. Inq. 11, 2.* cl. .
Estaciuho, n. h., sec. xv. F. López, Chr. D. J. 1.', p. 2.*, C. 90.
Estariam, geogr., 1^8. Inq. 568, 1.* ol.
Este (S. Petro de), geogr., 1220. Inq. 257, t.' cl.— Id. 69 e 246.
Esteba, geogr., 1258. Inq. 317, 2.* cl.
Esteiro, geogr., 1258. Inq. 331. 1.* cl.
Estellis, app. h., 1036. L. Preto. Dipt. 178.
Ester (S. Johanne de), geogr., 1258. Inq. 314, 2." ol.
Esteualnha, n. m., sec. XV. S. 151.
Esteue, n. h., sec. XV. S. 337.
Esteueez, app. h., sec. XV. S. 296 e 374.
Estenez e Steuaiz, app. h., 1272. For. da Azambnja. Leg. 727.
Estivada, geogr., 1258. Inq. 348, 1.» cl.
Estoruio, app. h., 1258. Inq. 398, 1." cl.— Id. 401.
Estosadoria, geogr., 1258. Inq. 729, 1.' cl.
Estrada, geogr., sec. xv. S. 367.
Estramtmz, app. h., sec. xv. S. 346.
Estrangolido, geogr., 1258. Inq. 338, 1.* ol.
Estraugntiosa, geogr., 1258. Inq. 294, 1.* cl.
Estranhores, app. h., sec. xv. S. 360.
Estrauio, app. h., 1258. Inq. 349, 1.' cl.
Estreito. Yidè Cortina do Estreito.
Estrema, app. h., 1258. Inq. 519, 2.* cl.— Id. 522.
Estremadoiro, geogr., 1258. Inq. 411, 2.' ol.— Id. 426.
byGoot^lc
148 O Archeolooo Fobtoooês
Estreuia, app. h., 1286. For. de Mós. Leg. 391.
Estroveo, geogr., 1258. Inq. 362, 1/ cl.
Esturas (AstaríasT), geogr.,- sec. xv. S. 367.
Etldnara e Etlldaara, n. m., 1058. Doe. aiost. Moreira. Dípl. 253
e 2Ó4.
Etliana, n. h., 1008. Doe. most. Moreira. Dípl. 122.
EUias, n. h., 1070. Doe. moat. Moreira. Dipl. 303.
Etragili, app. h., 1044. Doe. most. Moroira. Dipl. 202.
Etualo, n. m., 989. Dipl. 98.
Eua, n. m., sec. xv. S. 254.
Eodo, n. h. (?), 1024 (?). Doe. most. Pendorada. Dipl. 158. — Id. 270.
Eaelso, n. h., 998. Doe. most. LorvSo. Dipl. 110.
Eaeuando, n. h., 908. Doo. most. Moreira. Dipl. 11. — Id. SI.
Enenendo, n. h., 1004. L.' Preto. Dipl. 118.
Euenauto, n. h., 1038. Doe. most. Moreira. Dipl. 185.
Eufemie, n. m., 1057. L. D. Miim Dipl. 245.
Eafemiua (Sancta), geogr., 1258. Inq. 601, 2.* cl. -
Eugenia, b. m., 1024 (?). Doe. most. Pendorada. Dípl. 158.
Eulália (Saoota), villa, 906. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 8.
Eulalins, n. h., 1115. Concilio Ovet. Leg. 141, 1." el.
Euoriguiz, app. h., 1092-1098. L. Preto. Dipl. 632.
Eaoriqniei, app. h., 1088. Tombo D. Maior Martínz. Dipl. 425.
Euoríqniz, app. b., 1091. Doo. most. Arouca. Dip]. 445.
Enoriqoiíi, app. h., 1086. Tombo D. Maior Marttnz. Dipl. 394.
Eaorino, n. b., sec. XI. L. D. Mum. Dipl. 564.
Eaosiudo, n. h., 955. Doo. most. Moreira. Dipl. 40.
Earacini, villa, 953. Doe. most. Vimar. Dipl. 39, I. 4.
Enrignii e Eiriguiz, app. b., 1220. Inq. 158.
Eurobas, villa, 773 (?). L. Preto. Dipl. 1.
Eusébio, n. h., 995. L. Preto. Dipl. 107.
Eusebiz, app. h., 1097. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 508.
Entres, geogr. (?), 1258. Inq. 698, 2.' cl.
Enva, n. m., 1258. Inq. 431, 2.» el.
Evauta, geogr-, 1258. Inq. 513, 1.» cl.
Exacaffe, app. h., 1258. Inq. 681, 2;» cl.
Exalaba, app. b., Era 1102. L. Preto. Dipl. 277.
Examea, n. m., sec. xv. S. 153.
Exames, geogr., 1090. Doe. most. Pendorada. Dipl. .437.
Exaram, app. b., 1258. Inq. 620. 1." cl.
Exati e Eixati, geogr., 1220. Inq. Ilt5, 1.» cl. — Id. 310.
Exati fi-io, (S. Jacobo de), geogr., 1258. laq. 319, 2.» cl.
byGoí>^^lc
o Abcbeouwo Portdguês 149
Exatones, rio, territ. portuc^., 1081. Doe. most. Moreira. Dípl. 358,
n.* 597.
Exatomes, geogr., 1031. Doe. moat. Moreira. Dipl. 16Õ.
Exemea, n. m., 1080. Doe. moBt. Graça. Dipl. 350.
Exnneendú, app. h., 1258. Inq. 360, 2.* cl.
Exemeiz e Exentiniz, app. h., 1220. Inq. lÕO, 1." cl.
Exeinena, raiolia, 883. L. Preto. Dípl. 7.— Id. 174.
Exenieuio, n. h-, 1095. L. D. Mum. Dipl. 474.
Exemenit, app. h., I(fó0. L. D. Mum. Dipt. 229.
Exemeniz, app. h-, 1050. L. D. Mum. Dipl. 229.— Id. 474.
Exememi e Oxomensi, d. h. (?), 1220. Inq. 60, 2.* cl.
Exemeous, n. h., 907. Doo. most. Lorvão. Dipl. 10.— Id. 21.
Exemeo, app. h-, 1258. Inq. 416, 1.* cl.
Exemiua, a. m., 1040. L. Preto. Dipl. 188.
Exemoso e Eximoso, app. h-, 1258. Inq. 416, 1.* et.
Exetinia, app. h., 1258. Inq. 351, 1.* cl.
Exertados, geogr., 1258. Inq. 347, 1.» d.— Id. 430.
Exime, n. m., 1009. L. Preto. Dipl. 129.
Eximenizi, app. h., 988. Doe. most. Moreira. Dipt. 97.
Eximiui, n. Ii., 1094. Doe. most. Fendorada. Dípl. 483.
Eximinos, n. h., 1065. Boc. most. Fendorada. Dipl. 282.
Exo (ílixo), villa, 1095. Doe. most. Lorvão. Dipt. 488.
Exoiee e Exoize, app. Ii., 1258. Inq. 419, 2.* et.
Exeru, app. h. (?), 1068. Doe. most. Moreira. Dipt. 289.
Exso, geogr., 1050. Doe. most: Pedroso. Dipl. 230.
Exn (Eixo), geogr., 1081. Tombo S. J. J. Dipt. 357.
Exymene, n. m., 12.58. Inq. 604, 1.* ol.
Eydiiguit, app. li., 1959. Dipl. 263.
Eydauia, geogr., 1258. Inq. 333, 1.* cl.
Eylo, n. h. (?), 1069. Doe. most. Moreira. Dipt. 297, n." 478.
Eyna (Saneta), geogr., 1258. Inq. 437, 1.' cl.
Eyras, geogr., 966. Doe. most. LorvSo. Dipt. Òfi.
Eyrea, n. m., sec. XV. S. 350.
Eyres (S." Colnmba de), geogr., 1258. Inq. 384, 1." et.
Eyria, n. m., sec. XV. S. 164.
Eyrigo, n. h., 1258. Inq. 384, 2.' et.
EjTiz, geogr., 12Õ7. For. Tinlieta. Leg. 676.
Eyroo, geogr., sec. Xlll. For. de CorvelaB. Leg. 594. — S. 373.
Eyta, monte, geogr., 1258. Inq. 356, 2.» et.
Eyxamea, n. m., sec. XV. S. 272.
Eyxom (Outeiro de), geogr-, 1258. Inq. 432, 1.* et.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
150 O Akcheologo. Pobtdocês
Ezebrarío, geogr., 897. Doe. most. Pedroso. Dípl. 8, I. 22.— Hv 310.
Eiebreiro, geogr., 1072. Doe. most. Moreira. Dipl. 310, n.* 502.
Eziln, n. m., 968. Doe. most. Moreira. INpl. 61.
Ezinum, geogr., 1220. Inq. 126, 2.' ol.
Eiareira, geogr., 1258. Inq. 362, 1.* cl.
Faarom (S." Maria de), geogr., 1264. Leg. 253.
Fabaios (S. Georgio de), geogr., 1220."^ Inq. 190, 2." cl.— Leg. 5báà
Fabayos, Tilla, 1270. For. Favaioe. Leg. 719.
Fabo, app. h., 1258. Inq. 303, 2.' cl.
Fabrica (Casale de), geogr., 1258. Inq. 703, 2.' cl.
Facaes, geogr., 1258. Inq. 401, 2.* cl.
Facame, n. h., 773 (?). L. R-eto. Dipl. 2.— Inq. 311.
Fa^nha, app. h-, sec, xv. F. López, Chr. D. J. l-", p. 1.*, C. 159.
Facebona, n. h., 961. Doe. most. Lorvão. Dipl. 53.— Id. 339.
Facha, app. h-, sec. xv. S. 144.
Faciesbona, n. h., 1082. L. Pr«to. Dipl. 363.
Faeildii, app. h., 1099. Doe. most. Fendorada. Dipl. 540.
Facadi e Facondi, n. h., 959. L. D. Mnm. Dípl. 45.
Facundiz, app. h., 1220. Inq. 170, 1.» cl.
Fadas, app. h., 1258. Inq. 297, 2.» cl.
Fadriqne, app. m., aec, XV. S. 172.— Id. 361.
Falaiz, app. h., 1258. Inq. 428, 1.' cl.
Fafalon, a. h-, 927. Doe. most. LorvSo. Dipl. 21, n." 33.
Falei, app. h., sec. xv. S. 215.— Id. 346.
Faffianis, geogr., 1258. Inq. 500, 2.» cl.— Id. 501.
Fafia, n. h., 1043. L. Preto. Dipl. 199.— H. 378.— Inq. 51.
Fafiain, geogr. (?), sec. XV. S. 346.
Fafiani, geogr., 1258. Inq. 554, 1.' cl.
Fafiai, app. h., 1220. Inq. 50, 2.* cl.— Id. 92.
Fafiiz, app. h., 1258. Inq. 602, 2.' d.— Id. 507.
Fafila, n. h-, 915. Doe. most. Moreira. Kpl. 14.— Id. 41.
FaGlaet, app. h., 1084. Doo. most. Morúra. Dipl. 376.— Id. 422.
Fafilanes, geogr., 1085. Dipl. 384.
Fafilas, app. h., 1085. Dipl. 384.
Fafilax e Fafilaz, app. m., 1047. L. D. Mnm. Dipl. 215.
FaBIaii, app. h., 1041. L. Preto. Dipl. 192.
Fafiz, app. h., 1258. Inq. 426, 2.' cl.
Fagenía (Canalle), geogr., 1258. Inq. 514, 2.* cl.
byGoot^lc
o ÀBCHEOLOOO POBTUGOés l&l
Fagiam, app. h., 1220. Inq. 340, 1.' cl.
Fagadaes, geogr., 1220. laq. 137, 2.' cl.
FagUdi (Linar de), geogr., 1258. Inq. 343, 2.» cl.
Fagildici, app. h., 1083. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 370.
FagUdit, app. h., sec. XI. L. D. Hum. Dipl. 563.
FagUdiz, app. h., 1088. Doe. most. Moreira. Dipl. 429, n." 717.—
Inq. 82 e 104.
FagOdízi, app. h., 1033. Tombo S. S. J. Dipl. 171. — Id. 225.
Fagildo, n. h., 907. Doe. most, Moreira. Dipl. 10.— Ia. 50.
FagOlo, n. b., 991. Doe. most. Oraça. Dipl. 100.
FagUo, n. h., 995. Doe. most. Graça. Dipl. 109.
Fagiones, vílU, 1068. Doe. most. Avè-Maria. Dipl. 293.— Id. 381.
Fagoo on Fagioo, geogr., 1220. Inq. 145, 2.' cl.
Fagadus, n. b., 999. L. D. Mam. Dipl. 112.'
Fagnlfiz, app. b., 1086. L. B. Ferr. Dipl. 399.
Fagnndo, n. h., 1039. Doe. most. Moreira. Dipl. 188:— Inq. 92.
Fagnndii, app. h., 1220. Inq. 125, 2.* cl.— Id. 192.— S. 367.
Faia, geogr., 1220. Inq. 52, 1.» cl. — Id. 195.
Faião, app. b., sec. xv. F. Lòpez, Chr. D. J. 1.", p. 2.», C. 152.
Fainzado, geogr., 1258. Inq. 724, 2.» cl.
Faísca, app. h., 1258. Inq. 314, 1.» cl.
Pajoo, geogr., 1258. Inq. 672, 1.* cl.
Fajozes, geogr., 1258. Inq. 479, 2.' el.— Id. 481.
Fakilo, n. h. (?), 1099. Doe. most. Pendorada. Dipl. 544.
Falagarii, n. h. (?), 1258. Inq. 694, 2.' el,
Falagueira, n. m. (?), 1258. Inq. 322, 1." cl.
Falagneiro, app. b., 1220. Inq. 64, 1.' oL— Id. 183 e 27.
Faial, n. b-, 1035. L. Preto. Dipl. 176.
FaWe, n. h-, 1040. L. Prato. Dipl. 189.
Falaph, n. h-, 1037. L. Preto. Dipl. 179.
Falcon, n. b-, 926. L. D. Mum. Dipl. 20.— Id. 108.
Faldegiaes, geogr., 1258. Inq. 338, 2.» cl.
F^Oejaes, geogr., 1258. Inq. 339, 1.* cl.
Falderedo, n. h., 995 (?). Doe. most. Pendorada. Dipl. 108.
Faldropo, app. b., 1258. Inq. 352, 2.» cl.— Id. 353.
Faledo, app. h., sec. xv. F. López, Cbr. D. J. 1.°, p. 1.*, C. 43.
Falgido, geogr., 1258. Inq. 555, l.» el.
FalgoD, n. h., 1086. Doe. mosh Pendorada. TUpl. 391, t. 2.
FaUla, n. h.,,1037. L. Preto. Dipl. 180.— Id. 211.
Falifaz, app. b., 966. Doe. most. LorvSo. Dipl. 50.
Faloo, app. h., 1220. Inq. 216, 2.' ci.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
. 152 O Archeologo Português
Falorca, app. h., 1258. loq. 297, l.» cl
Fímelcos (Uilla plana de), geogr., 922. L. Preto. Dipl. 16.
Famelgas, geogr., 1258. Inq. 513, 2.* cl.
Fauielicam, geogr., 1258. Inq. 549, 2.* cl.
Fandila, n. h., 1008. Doe. most. Moreira. Dipl. 121.
FandUaues, villa, 1054. Doe. most. Pendorada. Dipt. 238.
Fandilaz, app. h., 1086, Doe. most. Moreira. Dipl. 396.
FaudUn, n. h. (?), 927. Doe. most. Lorvílo. Dipl. 21, n.' 33.
Fanicaes, geogr., 1220. Inq. 133, 1." el.
Fanui, app. h., 1115. Concilio Ovet. Leg. 141.
Fantaes, geogr., 1258. Inq. 614, 2.* cl.
Famaranes, geogr. (?), 1032. L. Preto. Dipl. 167, n." 273.
Fanzares, villa, 1258. Inq. 522, 2.» el.— Id. 523.
Fauieres, geogr., 1258. Inq. 518, 2.' cl.
Fano, villa, 959. L. D. Mum. Dipl. 48.— Id. 258.
Fao, geogr-, 1220. Inq. 107, 1.» el.— Id. 116 e 188.
FaorU, geogr., 1089. L. B. Ferr. Dipl. 433.
Faquiam, geogr., 1258. Inq. 434, 1.* cl.— Id. 675.
Faquiua, n. m., 1065. Doe. most. Pendorada. Dipl. 282.
Farache, n. h., 937. Doe. most. LorvSo. Dipl. 27.
Farachi, n. h., 1088. L. Preto. Dipl. 420.
Fai-amontanetlo8, geogr., 1050. Doe. most. Pedroso. Dipl. 231. — Id.
334.
Faramontanos, geogr., 1050. Doe. most. Pedroso. Dipl. 231. — Id,
334.
' " '■ A. A. Cortesão.
Noticias várias
1. Moíalco achado en C«IUr»
Cintra, 17. — Próximo do logar de Santo André, na freguesia de
Cutlares, nas escavaçSes que se estSo fazendo para a constnicçSo da
estrada de Almosagemc ao Rodisío, foram descobertas umas minas
de edificações antigas, as quaee, segundo nos informam, devem contar
alguns séculos.
Tivemos occasiã» de observar um fragmento do solo de uma d'essas
edifícaçScs, o qual é formado por quadrados de pedra e tijolo, de um
decimetro quadrado de superfície cada um, e dispostos simetricamente.
(Diário de Koíicia», do 16 de fevereiro do 1905}.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Akcheolooo Foktugdês
2. A lepoltarâ 4o AlfKS«ine 4e Saatiren
Pelo que se crê, acaba de ser easiialmente descoberta nas ruínas
do mosteiro do Carmo a sepultura do celebrado Alfageme que Almeida
Garrett immortalizoii no seu primoroso drama tSo conhecido e apre-
ciado.
Ka semana passada, ao íazer-se a picagem da alvenaria de uma das
g^rossas paredes interiores do edificio do quartel da guarda municipal,
paredes das escadas do claustro, para fazer ali o deposito do armamenti
de cavallaria, o pedreiro José Fernandes notou que algumas letras ap-
pareciam do sob a camada de cal e areia, que revestia a parede,
H breve trecho, descobriu uma pequena lapido, da qual fez pouco caso,
Hontem de tarde, porem, o tenente Vasconcellos deu com a lapidí'
e, mandando lavá-la, conseguiu ler a' seguinte inscripçSo, que apenas
occnpa duas linhas:
ESTA : SEPULTURA : HE : DE : V ; DE :
GUIMARÃES ; ALFAGEME.
Em segaida á inscripçSo vê-se um desenho que representa uma
lança com ama estrella na parte superior, e ao meio algumas espa-
das cruzadas.
Á lapide está cravada numa parede que communica com o interior
da igreja e que, pelo lado opposto, se encontra toda coberta de musgo,
-ãnppondo-se que nunca houvesse soÉFridn qualquer modificação.
O Sr. tenente Vasconcellos participou a muitos outros officiaes da
g^uarda o achado que fizera e que parece confirmar a lenda, segimdo
a qual, D. Nuno Alvares Pereira promettera ao alfageme condigna
sepultura no Carmo.
{Século, de 16 de fevereiro de 1905).
Conforme noticiamos, parece fora de duvida que a lapide, ultima-
mente encontrada em uma parede das ruinas do convento do Carmo,
pertence ao tumulo do dedicado companheiro de armas do heróico
c destemido Nnii'AIvares Pereira. Comquanto os nomes agora deci-
frados da inscripçSo — «Esta : sepultura : he : de : Vasco : Guimarães :
Alfagi^emei — diffiram um pouco do que se encontra escrito nas *Chro-
nicas* do imprímidor Qermain Galhardo e do frade José Pereira de
SaofAnna, tudo leva a crer, pela descripgíío que este faz dos túmulos
do mosteiro do Carmo, que esta lapide nSo pode ser outra senão a de
fFemão Vazi do drama de Garrett ou de tjoâo de GuimarSes» do
frei José Pereira de Sant'Anna. De facto, este frade, ns sua Chronica
byCOO^^IC
154 O AfiCHEOLOOO Po&TDGDãB
doê C<yrmdita«, indica que a sepultnra de João de OuimarSes, qne
sempre acompanhou o Condestavel, antes e depois de professar, fie»
na parede immediata á porta que dá entrada para o claustro que vem
da igreja, á altura de uma vara.
Não ha duvida alguma que é esta a mesma lapide. Surge, no en-
tanto, uma difficuldade a resolver: e é se a substituição do nome de
VoBco peio de João foi ou nBo propositado, on se errónea interpreta-
ção dos caracteres gothicos. Katuralmente nos inclinamos a esta ultima
hypotbese, que nos parece ser perfeitamente admissível.
5UtraaiâByaifâSBinpe
k
Vtin « iDKrlpf to (umiilaT do Allkgeme da Biutuem
Seja como for, foi este um bello descobrimento, porque nos evoca
ao espirito gloriosas tradiçSes da nossa historia, dignas de serem re-
lembradas, e, mais do que isto, gravadas em todos os nossos coraçSes.
{Saailo, de 17 de fevamro de 1905).
Parece estarem desfeitas as duvidas que porventura existissem
acerca da lapide ha dias descoberta na galeria do claustro do quartel
do Carmo.
A lapide designa effectivamente a sepultara d'esse personagem da
nossa historia antiga.
Hontem pela I hora da tarde esteve alli novamente o Sr. Gabriel
Pereira, conservador do Museu Ãrcheologico, que ficara de ti voltar
para mús detidamente examinar a lapide.
Notara elle a diffcrença que ha entre a profundidade de traços do
desenho, que está por baixo da inscripçSo, e a das letras d' esta, diffe-
rença qne á primeira vista o induzia á snpposiçSo de que esse desenho
nSo fora obra do mesmo canteiro. SuppÕs-so ao principio que o des-
cobrimento se limitara apenas á lapide, e qne a sepultara, embora
tivesse estado encostada á parede, houvesse desapparecido, talvez com
byCoOglc
o ÀRCnEOLOQO Português IÕ5
o terramoto de 1775, ou aioda com o de 1734, que (ambem fora muito
violento e cansara grandes estragos no antigo mosteiro do Carmo.
O tumulo, porém^ deve est^ entaipado na grossa parede, mettido
pelo espaço que a lapide occupa, que tem as dimensSes próprias para
o comportar, entrando do lado da cabeceira.
A lapide já no século xvu fôra dissimulada por um painel de azu-
lejo, de que agora se não encontrou o menor vestígio. O local em que
hoje se encontra é, no entanto, o mesmo onde nesse século ella estava
coltocada.
Xambem não ha vestígios de ter sido removida d'alí, nem era na-
taral que assim acontecesse.
A Chronica da Ordem de Kossa Senhora do Carmo, escrita em
1745 por Fr. Joseph Pereira de SanfAnna, diz isto:
«Feio que respeita ás sepulturas notáveis do claustro deve terlogar
primeiro uma que está na parede immcdiata á porta que para o mesmo
claustro dá entrada aos que vem da igreja. Fica em altura de uma
vara levaStada do ^pavimento, hoje encoberta com o painel de azulejo
em qoe se representa o nosso padre S. Cyrillo, presidindo no concilio
Efesino e nelle condemnando ao Heresiarca Nestbrio. Quando se as>
sentou o dito azulejo appareceu um letreiro gotbico que diz: «Esta
sepultara he de JoSo Guimarães. Alfageme.» O padre Fr. Jerónimo
da Encarnação affirma que este fôra o Espadeiro, o qual não quis em
Santarém receber dinheiro paio concerto que fez na espada do nosso
invicto condestavel, segurando-lhe que tudo lhe satisfaria quando por
aU voltasse feito conde de Ourem. Assim aconteceu, porque passando
o dito conde por aquelia villa, condecorado com este titulo achou o
Espadeiro preso com todos os seus bens confiscados, por se haver incli-
nado ao séquito de Castella; o que sabido logo lhe deu liberdade e
lhe mandou restituir os bens. Obrigado a tanta clemência o dito JoSo
de Guimarães sempre acompanhou ao santo condestavel, não s6 no
século, mas também que tomou o habito e viveu na religião. Morrendo
pois neste convento o mesmo fundador lhe destinou aquella honrada
sepultura, onde por annos lhe mandou esculpir a marca de que usava
Tias espadas e por epitaphio lhe fez lavrar no mármore, como de pes-
soa virtuosa, a occupação e o nome».
(Diário de Noticiai, de 16 de fevereiro de 1905).
Sola. Sendo o v g-otico facilmente coufandivel com o ^, é de EUpfir que na
inBcrlpçSo eativesae p que significa yoam ou João. Se o pedreiro tivesse preten-
^do gravar vatea teria dado em aWviatiira o" e nSo v°, abreviatura qae vae
contra o ueo geral. Do que fica dito se colltge qne a nome do alfageme era da
verdade «Joloi.
byCoO^^lc
o Abcheologo Portuodês
8. Rulau e edlfleloB em Álno{affenifl
Almoçageme, 19. — Em escavações nuns terrenos pertencentes a<>
Sr. Matheús Coelho, entro Santo André, antiga freguesia e o FetAJ.
á entrada de Almoçageme e onde se está principiando a nova estrada
d'esta localidade ao Rodisio, foram encontradas as ruinas de sntiqaiii-
simas edifícaçSos, revestidas em parte de ricos azulejos e quadrados
symetrieos de tijolo e pedra, realmente interessantes e de valor.
Isto tem sido admirado por bastante gente dVstes sítios.
{Diário de Noticia*, de 22 de fevereiro de 1905.)
1. Teitiniento do Coade de 8. Hlfael
O Sr. Conde de S. Miguel, Sebastião Guedes BrandSo de Mello.
fallecido na nitima segunda-feira, deixou testamento, em que fez as
seguintes disposiçCes:
Declara ser filho legitimo de Fraacisco Brandão de Mello, Slho
dos segtmdos Condes de Torena, e de sua mulher D. Maria de Nati-
vidade Guedes de Portugal e Meneses, filha dos primeiros Viscondes
da Costa, viuvo de D. Mariana da Madre Deus José Paulino de No*
ronha, filha primogénita e herdeira dos décimos Condes dos Arcos de
Val-de-Vez e -Condessa de S. Miguel,
Lega a sua sobrinha D. Mariana Geraldes de Koronha e Meneses
Costa, neta materna do Conde dos Arcos, D. Nuao José de Noronha
e Brito, e casada com Harío Tavares Costa, o palácio da sua residên-
cia, no largo do Salvador, pedíndo-Ihe que reserve para sua residência
ou para pessoa de familia d'ella o andar nobre do mesmo palácio, que
lhe deixa com toda a mobília, que coube a sua tia materna, a Con-
dessa de S. Miguel, na partilha dos bens mobiliários de herança de
seu pae o referido Conde D. Nuno, e bem assim a louça da índia, jar-
ras grandes e vidros provenientes da mesma herança, os retratos de
seus ascendentes, a mobília que guarnece a galeria que dá accesso á
capella e todos os moveis d'esta, paramentos e mais objectos destinados
ao culto, lâmpada, santos e quadros, devendo, porém, a dita legatária
dar a seus irmãos a parte que lhes competir na dtvÍRXo dos objectos
arrecadados no bahu de ferro, que está na sacristia, o na divisSo da
livraria da herança de seu avô, se estas divisSes nSo estiverem já ef-
fectuadas.
Kecommenda a conservação do cartório e pergaminhos da casa de
seus avós maternos, no logar onde se achem, devendo dar aos outros
byGoí>^^lc
o ABCUEOLOaO POBTUODâS 1Õ7
herdeiros on legatários os títulos dos bens qne lhes pertençam, quando
nSo preferirem, conservá-los no mesmo cartório, onde <1evérilo continuar
archivados os docnmentos communs a, todos os seus herdeiros».
{Século, de SI de dezembro de 1904).
5. O arcblro notarial de Tlnlelro
Segundo se lê no Diário, de 19 de janeiro de 1905, foram destia-
minHados oa destruídos 2!) livros pertencentes ao archivo do notariado
do julgado de Vimieiro (Alemtejo). O auctor d'e8te crime foi preso e
condemnado.
Pedro A. de Azevedo.
BibllograpMa
Btasio kiatorlca <• ceoerMl C«rIo« Mlbelro. por Joaquim
Filippe Nery Delgado, làsboa 1905, 65 pogs., com nm re^to de Carloa Ribeiro.
INesta substanciosa memoria, qne foi lida em bobr' .,olemne da Associado
dos Engenheiros Ciria Fortagueaes, tra^a o Sr. 'Joaquim Filippe I^ery Belgado
com mSo de mestre nm quadro biograpbico de Carlos Bibeiro, considerando
todas as phasee da ena vida de homem pnblico. E sabido que Carlos Kibeirofoi
nfio só o fundador dos estudos geológicos em Portugal, mas também um dos ini-
ciadores, entre nds, dos estados prebistoricos, em que teve como companheiros
o fíallecido Dr. Pereira da Costa e o próprio Sr. Delgado, autor do Elogio hts-
torieo; a elle se deve alem d'Í8so o ter o Congresso de Anthropologia Prehisto-
rica podido realizar em Lisboa, em 1660, uma das suas sessSes. No campo da
archeoiogia prehistorica publicou Carlos Eibeiro o seguinte:
Degeripção de alguns giUx e quartzite» Umeado», 1871 ;
Relaiorio do Congresso de Braxellas, 1673;
Bvr It» gClex taillés, nas Actas do mesmo Congresso, 1872;
Sur la pontion gèologique de» coucheg mioehie* et pUocene» du Portugal,
ibidem ;
Queí^ues mota sitr 1'âge da cuivre et dufer en Portugal, ibidem;
Estudos preldstoricos, 2 vol., 1878-1880;
Qiulques mote sur l'âge de lapterre en Portugal, nas Actas do Congresso
de Paris, 1676;
L'homme tertiaire en Portugal, nas Actas do Congresso de Lisboa, 1680;
Lea kjoekkenmoeãdings de la valide du Tage, ibidem.
As noticias necrologicasebiographicas citadas pelo Sr. Delgado a pags. 54-
55 do sen interessante opuscate acrescentarei mais uma : Camillo Castello Branco
publicon em 1884, no Porto, um folheto que denominou O general Carlos Jii-
byCOO^^IC
158 O ÂSCHEOLOOO POBTOGCÉS
fieira (folheto, porém, de caracter romântico). Paru terminar. Dotarei t
que no Porto honve orna sociedade intitulada (Carlos Bibeiro>, em Iioinuu-
gem ao nosso geólogo e t>aleoethiiologo ; esta sociedade tere por oigío a &-■
vista ãe sciencias naturaeg e tociafs, 5 vola., 1889-1898.
Arcklvo ■iMlwrle* IN>r(iisMea. toI. i, Lisboa 1903.
Ha muito qae devia O Archeologo Portuguâi ter dado noticia, nm tanto d£-
MnTolTÍda, d'esta excellente pablicaçSo emprehendida pelos Srs. Braamcamp
Freire e D. José Pessanha ; nEo tem isso porém sido poBsiTel, por Ekl ta de tempo.
O melhor modo de patentear aos leitores toda a importância d*^a, é apre-
aentor-lhe aç|ai o anoimario dos 12 fascícnlos que coastitaem o voL i:
Carta a Herculano, — por J. B. de Almeida Garrett.
A Companhia da Ilha do Corisco, Culpas de David Negro, Os escravo»,
O Fidei-commisM de Ãffonao de Albuquerque (Na Graça de Lisboa], Lem-
branças num códice do cartório de Palmella, Projectos lobre Madagancar e
Cabo da Boa Esperança em 1566, S^Mãtiao de Macedo (o Moço), O Testa-
mento da Excellente Senhora, — por Pedro A. de Asevedo.
Duarte Fernandes (iltnminador), — por António Bai&o.
Vma carta iTiediía de D, Sebastião, Carias dos Qovemaãores do rtíno em
lôSO, Cartas da Rainha D. Catarina em 1544, Frandseo Xavier de OUveira
(o GaTalleiro de Oliveira), Regimento da Gente da Ordenaça e das vinie lanças
da Qxrnrda, — por António Francisco Barata.
O Almiratiíado da índia (Data da ena críaçSo), Auto do conselho havido
no Espinheiro em 1477, Cartas de quitação dei Rei D. Manuel, Compromisso
de confraria em. 1346, As cmtspirações no reinado de D. João II { DocomeuUM),
Introdueção ao Regimento da Oente da Ordenaça e das mnle lanças da Gttor-
da, — por A. Braamcamp Freire.
António Dinis da Cruz e Silva (Um episodio da sua vida). Cartas de An-
tónio Ferreira e de Diogo Bernardes a António de Castilho, Miguel Leitão de
Andrade (Apontamentos biographicoB e testamento), Vasco ífemonde» tGrõo
Vasco' (Breve apontamento para a eua biographia), — por Brito Kebello.
Lettre portugaise du premier ministre de 8iam en 1687, — por Cardoso de
Bethenconrt.
A ertinda Irmandade do Espirito Santo do Lumiar (Estado do sen antigo
compromisso), — por Júlio de Castilho.
Infanta D. Maria * Princesa de Castella* (RecommendagSes de seus pús
por occasiSo do seu casamento), — por A. Costa Lobo.
A Symmicta Lusitana, — por Alexandre Herculano.
Um esboceto de Vieira Lusitano (Noticia histórica), — por António César
Hèna Júnior.
O pintor Affimso Sanches Coelho e o ourives Diogo Fernandes, A porcelana
em Portugal (Primaras tentativas), — por D. José Pessanha.
O primeiro Marquez de Niza (Noticias), — por Ramos Coelho.
byGOí>^^IC
o ÃBCHEOLOQO POBTUQDÊS
A aoó maUma de Afftmto de Albuqv^tytu (Os penboiisb» do século xv),
Uina expedição portugueta ás Canaríaa em ItíO, Uma filha de SebattiSo
iStoeliaater, OU Vicente ( Dois traijoB pan a roa biographte), Itabel Carreira, —
A mãe de Fr. Sarthoiomeu Ferreira, — A vmOter de Ãnítmio Sygy de Velaeco,
Jorge de Montemor, Mensageiro» reaes, A petea do coral no leaUo ly, O thea-
tro na cSrie de Filippe II (Dnaa ortasdeB. Bernarda Gontinha), — por Sonsa
■\lterbo.
Ob artigos s3o &eqDentemeiite acanipanbados de oopios fieis de docmueiitos
antigos, o que lhes realga o valor, pois que estes attiogem por vezes os fins da
idade-media, mirnstrando asúm abundante material de estndo tanto ao histo-
riador propriamente dito, como ao ethnographo e ao philologo.
MoDtrofl ntuneros Í-0 Archeologo se dará notida dos fucicnloe do Arehivo
Hiitorieo subsequentemente publicados.
J. L. Dl V.
O Archeologo Fortngiiô8~1906
Be^sto blbUofraphleo das permntu
|0on1lsDS{Io. Vld. o Ardi. PtL, i, N)
L'AnthropolagÍe, 1905, tome xvi, n." I (JaDviei et Févríer). — Lea ieríturei de
fàge gt]/ptique, por Ed. Piette. Este artigo é o viu dos Études ifetíinogra-
jjftie prihittoriqite. O autor examina as figuras gravadas em fragmentos de
chifres de renna de cavemas de Lourdes e de Arud^, e crê que nSo s3o
meros ornatos, mas hierogljphos, que constitaem escrita primitiva e tio
primitiva, se assim se pode diser, que, affirma eite a respeito d'estfts gra-
vuras pleistocenicas, ellas 'Bont les pios ancienues qui soieut conuuea de
nouBi. (Pag. 9). Esta escrita STmbolica teria talvez nascido, segundo o
autor, em Lourdes e Arady e d'ahi é que irradiaria para outras regi9es.
(Pag. 5). No decurso do seu iotereBaantissimo estudo, occupa-se do circulo,
do losango, da espiral, e fas confrontações com o mthadeo indiauo e com fi-
gDias análogas doe megalitos, da época do brome e da primeira idade do
fbrro, do Egypto, de Chipre, etc-, entrando mesmo, embora com prudência,
na questão chronologica. Hals ooBadkmente diz o Sr. Ed. Piette: «bi noua
donc tronvons leurs caracteres daus d'aatres écritures, ce ne sont paa les
hommes glyptiques qui les ont prie à des peuples mauifestement vénus
aprèa em; ce sont cenx-ci qui les ont empruntés í ta civilisation glypti-
que>. E uma contríbniçfio digna de meditnr-se para' a historia ou autes
.a prehistoria da escrita, isto t, das tentativas realizadas pelo homem para
materializar e perpetuar a fiigacidade do pensamento. ~£a itation palio-
Uthique de Krapitta, por Hugues Obermayer. — ZiC* peíií» brome» ibirxque»,
por J. Déchelette. Este artigo ^ um estudo critico d'eBte illastre escritor
acerca de alguns pontos especiaes da obra recente do Sr. Pierre Paris,
Euai tur l'art et Vindtitlrie de VEapagnt ^mitive. Muitas ofaservafSes jus-
byCOO^^Ic
JO o Abcueologo POBTUauÉ»
tsi reuniu o Sr. J. Díchelette: o exórdio da ana aprcciaçilo coutem ver-
dades <)uc lios bSo censura, al^m tanto cabida, embora seja bem certo tfoe
nílo chega a baver utna vintenado aunos que na nossa arcbeologia »e ac-
centux auspicioso resurgimento. As palavras do Sr. J. Décbeletttii b« nos
tocam, 6 um pouco por espontânea confíssSo uossa, pois que ua verdade o ti-
tulo da obrs. do Sr. P. Paris refere-se apenas í Hapatt/ia; a epigrapbe es-
colhida pelo Sr. Décheictto 6 poròm um pouco mais justa 6 exacta tambeni.
porque certamente a Ibéria era para os gregos a peninsula inteira. Mas diz
o Sr. J. Déchclette: <iOn sait combiou Títude de Tantiquitó cst pen Aé-
vetopp£c dana la pêoinsule ibériquo. Loa monograpbies locales demcarent
clair-semées. Des fbuilles mftbodíques, k Texception de quelques eiplonl'
tions célebres, commo cellcs des frères Siret, ont raremeot procnré anx ar-
chéologucs les documenta súrs et prêcis, iudíspeiisables & ravancemcat de
la ecieuce. Eu revauebe, il est peu de pays, oú lea faussaires aíeut exercó
Icnr industrie avee autant d'Rclivilé>. Assim, tão cruamente dita, parece-oie
exagerada esta accusaçtlo, porque não julgo que o Sr. J. Déchelotte se queira
referir, pouco a propósito, aos autiquarios de pasaadas eras, prolíficos na
iuveufão de epigraphes romanas. Não se pode uegar que tctn sido de ca-
trangeiros alguns dos melhores trabalhos acerca da archeologia pcninsnl&r:
bastará lembrar Cartailhac, HQbner (na sua La Argueologia ni Eãpafia e no
Corpus), 03 Siret, Bonsor; mas quanto a nós portugacses, uma compensaçSn
encontro cu para a apreciagSo genérica do S. J. Déchclette; é qne os unicoa
escritores citados por este senhor, pela utilidade dos seus trabalhos, são dois
portugueses: o Sr. Dr. Leito da Vaaconcellos e o Sr. Dr. José Fortea. Di;
resto, não são as palavras de UÃntliropologie que nos Tem acordar ; it arcfaeo-
logia portuguesa está inquestionavelmente renascendo, graças aos esforros
de meia dúzia de eleitos; infelizmente o povo (intellectnaea o nio íntel-
lectuaes), ainda nlo abriu bem os olhos. — Nota tur quelqutê crânt* rfu 2"
terriíoire mililaire de VÃfriqtie oeeidentaU fran^Ue, por Dr. L. ^'enean. —
Noteê êar les Maaaagnei ou Brama, por M. Leprince. Estas tribus, que ba-
bitatn nas margens do Cachoo, desde Cacheo a Farini (Guiné), constituiritiu
objecto do estudo ethnographico do Sr. Leprince, admiuistrador das colonias-
Do seu artigo aó separo o que respeita a usos funerários e são: inhnma'
çSo do cadáver, depois de flammejado com archotes e exciaada a epiderme,
em galeria aberta uo fundo de uma fossa, na direcçito Este-Oeste, fieaado
o cadáver com a cabeça voltada para o Poente; encerramento da pelle eoi
uma uma que ae colloca no fundo da cova; vedação d'esta superionnenle 4
nma jtoc meio de nma divisória ilc ramos ; cleva^So de um tumulus prismá-
tico no local onde se deixa a pyra c as cabaças do rito. — Mouvemeail seteii-
fifiqtie en Franet et à Vétraiiger, em que coUsboram M. Boule, E. Cartailhac,
L. Laloy, A. Drzewina, H. Mansuy, M. Rcclus, E. Uenchat, S. Verneau. —
NoaveUf et corretpondance, em que noticia a inauguração de um armário no
Muteitm com os esqueletos dos carnívoros quaternários em posições variadas;
dí a figura de um instrumento de ferro de LaTène i:i, análogo a outros de
bronse prehistoricos; di conta do descobrimento de uma piroga lacustre uo
lago de Chalain, acompanhada de objectos de pedra e osso, etc. — BvUtíin
bibliogra^iqrte, em qne le reftre, entre o de outras, reviatas, o snmmario da
Fortvgalia, n.° 4.
F. A. P.
byCoOglc
;i. X JUNHO A SETEMBRO DE 1905 N." 6 A !
O ARCHEOLOGO
PORTUGUÊS
CUECÇiO ILLUSIIIIDI DE ilTERIiES E N0TIC1IS
MUSEU ETHNOLOGICO PORTUGUÊS
Vetenim vofvens
I.ISBOA
IMmiENSA KAC10N'AL
1905
Di„i„«b,Googlc
s xr 3sá: 3i^ .A. m o
Noticia ds amtas, junto de Lisboa, no século xvii: 161.
Necropole romama de Pax Iuua (Beja): 16õ.
signification líellgiedse, en lusitaxie, de quelqces mossaies
PEaCÉblS d'l'S TfiOU; 169.
A LEI DE 13 DE Março de 1473 sooke as libras: 176.
Estações prehistoricas dos arredores de Setcbal: 185.
Modança do nível do Oceano: 193.
O MEIO tornes do Porto: 194.
InscripçÃo romana do concelho de Arraiolos: 198.
Antiguidades do concelho do Sabugal: 199.
Catalogo dos pergasukhos existentes no ârchivo da Issigxe
B Real Cúllegiada de Guimarães: 208.
O desacato na Igreja de Santa Engracu e as insígnias dos
«Escravos do Santíssimo Sacramento>: 2'2i.
Archeologu dií Trás-os-IIontes : 237.
Fraga da íMouba» em Villa Nova da Torre de D. Chama: 230.
Moeda inédita de D. Affonso V: 241.
O CA8TELL0 DE BRAGA: 244.
Um erro de amanuense nas InquiriçOes de D. Affonso III (C.
Sancti Salvatoris d'Arcus): 246.
Onomástico medieval português: 260.
Noticias várias: 278.
BlBLlOGRAPHIA : 284.
liEOISTO DIBLIOGRAPHICO DAS PERMUTAS: 28Õ.
Esto fasoioulo vae illustrado com 43 estampas.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ARCHEOLOGO PORTUGUÊS
coaecçio illiistr«da de mmm t ioticias
MUSEU ETHNOLOGICO PORTUGUÊS
VOL. X JUNHO A SETEMBRO DE 1905 N." 6 A 9
Noticia de antas, junto de Lisboa, no seo. xvn
A vida prehistorica de Lisboa b corapletamente desconhecida, porquanto ne-
nhnns monomentos d'aquellas eras ae tem até agora recatado , sendo certo qae a
Bzcellente sitnaçSo de Lisboa, e do valle foimado pelos montes do Castello e do
Carmo, attraliiria as famílias nómadas a estabelecerem- se periódica on definiti-
vamente ali. Ha9 as profondas transformaijSes que Lisboa tem soffrido e os ater-
ros propositadoa on natoraes snbverteram por completo os grosseiros ediâcio»
r. instromentoa dos antigos povos qne estes deixaram sempre disseminados,
como qae marcando a ena passagem. Mesmo os arredores da cidade sfio quasi
desertos de coriaco» ou pedras de raio, e os mais próximos monumentos eit ap-
parecem em Bellas, Liceia e Campolide. Esta carência de instrumentos deve-sc,
talvez, mais ú ignorância e desprezo do povo que, em geral, se encontra sempre
mais mde junto dos grandes centros, do que á lalta dos referidos objectos.
Servindo de marcos divisórios do antigo termo de Lisboa com os de Cintra e
Torres Vedras, encontram-se varias antas, qne, sendo posaivel ainda existirem,
pois estavam algumas das suas pedras ornados, e portanto protegidas, com a
naveta, divisa da cidade, aumentarão a carta dos monumentos prehbtoríoos de
Portugal, quando exploradas. As antas indicadas num documento de 1610 fica-
vam : ama defronte do togar do Jormello, e a outra ao pé do casal de Kalfomo,
ambas na Serra, e tão bem descritas ellas estão, qne mesmo sem o nome ellas
se identificariam com dolmens. Estavam na linha divisória de Torres Vedras.
Na demarcação de Cintra encontram-se varias menqOes de lagoas, provável'
mente hoje sacas, e qne demonstram as transformações por qne tem passado phy-
aicomente os concelhos próximos de Lisboa.
O tombo do termo de Lisboa é muito provável que ainda hoje se conserve no
archivo da Camará Unnicipal de Lisboa, sendo d'ali que em 1610, a requeri-
mento do Beitor do Collegio de Santo Antão de Lisboa, se passou a certidão que
adeante vae impressa. Em seguida a este documento, também Juntei a copia de
um pergaminho, de 1423, onde se encontra o nome da povoação, boje chamada
Jnromello, com a fóima: a do germello.
byGoot^lc
162 O ÂKCHEOLOOO POBTUODÈS
Para concluir direi qn*', a ^fc^iaena distancia das povoa^t^ea referidas, no lútio
do Bocal, em Lousa de Cima, foram encontrados doía instnunantoa de fibrolítbe
ijoe en obtive e oSereço a» Mnsen Ethnologico, como instituto apropriado para
conservar com a nota de ori^m atineites inetra mentos.
Pkdbo 'a. d>: Azevedo.
I
Uiz II Padre lícitiT d" colltrgiu de Santu .Vntílo desta cidade de
Lisboa, que a elle lhe he necessário peru bem de ;jua justiça, hSa cer-
tidSn de Domingos da Cimha oscríiiSo do tombo da cidade, em que
diga por oude partia o termo de Lisboa uom n <le Sintra por a Chanca
ate a Maliieira — 1*. aV. S. lha mande dar — E R. il.
Paçese do que constar, a 4 de feut-reiro de 610 ^^O prezideote^^
4 rubricas-- luacio Nunes^ -Francisco Joa<>-=^Benehyor Vyceate.
Certeífico eu Domingos da Cunlia escriuSu do tombo desta cidade
de Lixboa que em meu poder estSo os autos da demarcação que se
fez antre o termo desta cidade com o tomio da villa de Sintra, pellu
Licenciado Luis Lourenço que foy Juiz do tombo da cidade e da dita
demarcaçíki consta que o tenno desta dita eidade parte com o da dita
viUa de Sintra no luguar conteúdo na petiçSo per esta maneira:
de huS mai-co quç se meteo a portella das corças entre as pedras
das corças e o caminho que vay pella dita portella daqui partiudo
direyto pello ^■alIe abaixo e líibein) que vay per antre its outeyros
djreyto o per cima do laguo atee cheguar a estrada que vay da cidade
pêra Torres Vedras e mitras partes bonde se meteo hiiíí marco de pedra
com a ditiisa da cidade na borda da dita estrada entre ella a o dito
laguo e (leste marco que tiqua junt'i da estrada volta por ella jndo
contra o noroeste atee cheguar ao caminho que vay da dita cidade
pêra a Jíaluejra c daqui vay partindo por este caminho da Maluejra
huu teimo com outro atoe ehegiiar a lagoa da Maluejra que estaa
junto deste eaiiúnho que per outro nome se chama a lagoa d» Machim,
honde per eonscntimi^nto de todos se meteo huS marco de pedra la-
drado pcra no luguar delle se meter outro com a diuisa da cidade o qiial
marco tiqua antre a dita lagoa e o caminho que vay pêra a Maluejra
e do dito mareo e lagoa volta pcUo valle acima pello mejo delle e pasa
pella alagoa grande que estaa acima junto do caminho que vay pêra
Torres ficando o caininlio na testada desta alagoa no termo de Sintra
e pasando a dita lagoa pollo mejo do mesmo valle quasi defronte da
fonte da Rouca faz volta e cortando a dita estrada de Torres vay atee
o monte do tagnarro honde ao pee delle se achou hum mai-co de pedra
antiguo que estaua eml>oreado no chilo o qnall se mandou loguo en-
byGOí>^^IC
o Akchkolooo PoitTCGUÊS 163
(lircjtar f jiiiito di'llt' se miitcci nutr» marco de pudra com ;i iliiii^a
cl;i cídadi' *: deste marcn que fiqua ao jjui! do monte do tagiiarro vay
partindo direyto por cima da pedra furada c dahjr diruyto pelio valle
<Ui!> canos abaixo atco dar nu caniinlio que vay díreyto a Chanqimiha
f vay o dito caminho diuidindu hufl tenno do outm tm voltas i: a ffeiçSo
ilolle atet- cheguar a hum marco de pedra aotiguu que estaa peruado
a htia nogueira uoua que lic o sej^undu marco do;i doas que oslSo de-
frttnt« da fonte d« dito luguar da (J^hanquinlia ao longuo do Reguatu
afastado da fonte obra de hum tiro de malhão pcra o pm^nti? honde
se acaba o termo de Sintra com o de Lizboa. -
E asy lenho em meu pfnler outros autos da demareação que se tez
antre M termo desta cydade e o termo da villa de Torres Vedras a quall
demarcação eomeça lionde aea)>ou de partir o termo da villa de Sintra
eom I) desta cidade
começando do KÍo da mesma Clianquinlia honde entre nelle o Rjo
que vem da Uiiarda junto da vinha de Amador Fernaudez daTojeira
e voltando por este Rjo qoe vem da Guarda aeima contra o norte vay
M.dito Rio diuidindo hml termo do outro atoe pasar o dito luguar da
Guarda judo em voltas e a fteiçSo do dito Rju fícando ■> dito luguar
da tíuarda no termo de Torres Vedras honde no eabc) do dito Rio e
Ríbi-in> acima da Gíuanla hondc chamSo a Vinha Vciha se meteo bud
marco de pedra eom hi[a nauotta que he diuisa da eidade e deste marco
que fiqua honde se ehama a Vinha Velha parti' direyto pêra cima con-
tra o ntirte pello mejo da portella da Relua de (iiâo honde no niejo
delia junto do eaminho se meteo hui! mareo de pedra com a diuisa da
cydade I' deste marido que tiqna na dita portella dele pêra baixo pello
mesmo Rumo agoas vertentes atee chegiiar a Rigueira da Reina da
fliSo bonde si- meteo outr» mareo de pedra eonio «s atras e deste marco
volta pella RigTieira abaixo atee chegar a Rigueira do Forno lionde se
chama o Porto honde junto da Rigueira se meteo outro mareo de pedra
eom a diuisa da cidade uo canto da parede de pedra emçosa da terra
de Fernão do Soueral e deste marco volta e vay partindo contra o le-
nante pella serra acima direyto atraiu-sando a estrada de Torres di-
ri^yto as pedras das Antas que estão na terra lauradía dv, Domingnos
Ribeiro laurador defronte do lugiiar do Jormelio honde estio cinco pe-
dras grandes em Redondo que fazem hu3 moronço de pedras honde
na pedra mayor se fez hiia nauetfa que he diuisa da cidade em hua
jlhargua delia pêra liear por mareo e deste marco grande honde tiqua
feyto a diuisa da cidade vay partindo direyto pello viso da serra jndo
ao longno das paredes at<'e «■ eabo da Cabeça de Dona honde se meteo
outro marco de pedra com a diuisa da eydadc e deste mareo que fiqua
byCoO^^lc
164 O Archeolooo PoKToaufis
na Cabeça de Dona vay partindo pêra b^xo direyto ao Rjo da I^uS-
deira ao looguo da parede de pedra emçosa da viaba de FeroSo Mai-
tinz morador no Jormello e daqui vay partindo palio lUbeiro acima em
voltas e a ffeiçSo delle atee ohegnar ao Kbeiro de Matfomo e daqui
faz volta direyto pelo viso da serra que vay antre as terras i»iradias
e matos que estSo nella atee chegar ao casal de Malforno o qual casal
fiqua no termo de Torres Vedras e o caminbo que vay ao longuo das
casas do dito casal fiqua diuidindo o termo desta cydade com o termo
de Torres Vedras e deste caminho vay partindo direyto as outras pe-
dras das antas que est&o mais acima do dito casal contra o leuaute
honde estão sete pedras grandes de Redondo e hua deytada no ohSo
antre ellas e outras pedras piquenas as quais fícão por marco e destas
pedras das Antas que fícSo por marco vay partindo direyto contra
o leiiante atee chegar honde se chama o Barro honde no comaro da
terra do Casal da Atallaya estaa huii marco de pedra piqueno metido
que afirmarão os homSs antíguos ser marco da diuisSo destes dons
termos e estaa junto do caminho da Enxara do Bispo honde se meteo
outro marco de pedra grande com a dinisa da cydade e deste marco
que fiqua no comaro atras vay partindo hufi termo com outro contra o
sul direyto a Portella dos Ontejros atee cheguar a hum marco piqueno
que estaa do mejo da dita portella junto do caminho que vay da Enxara
pêra a cydade honde junto delle se meteo outro marco grande como
o atras ficando o termo de Lixboa entre estes doas marcos da banda
do poente e o termo de Torres Vedras da banda do leuante e deste
marco que fiqua atras junto do caminho faz volta direito contra o le-
iiante a Cabeça dAtalaya que estaa em cima e vay partindo pello mejo
delia o termo de Lixboa com o de Torres Vedras e desta Cabeça dAta-
laya vay partindo direito contra o leuante haa estrada que ray da En-
xara pêra a cydade em direyto do luguar de Limois onde se meteo outro
marco de pedra como os atras antes de cheguar a dita estrada sobre
o comaro da terra de Alluaro Diaz laurador e deste marco corta di-
reyto abaixo a fonte de Oliuejra bonde acaba por esta banda de partir
o termo de Lixboa com o termo de Torres Vedras
porquanto a dita fonte diuide o termo de Torres Vedras do termo
da villa da Enxara dos Canaleiros segundo que todo milhor consta dos
autos das ditas demarcações que estSo asinados pellas partes dos quais
pasey a presente com o treslado da parte das ditas demarcaçttes que
me foy pedida a que em todo me Reporto e os concertey bem e fiell-
mente em Lixboa aos vinte e três dias do mes de dezembro de mill
seiscentos e dez anos, antrelinhey, que, por verdade— pg. deste nada=
Domingos da Cunha lArcMvoHieionii-^piiHiijdoí j«iiiua,m>tDei,D.<íT).
byCOO^^IC
o AbCUEOLOGO FOKTUQUÊ3
U
SabhSm qnuitos este estormenlo de Encanpaçom biram que no Ado
do naçymento de nosso senhor Jhesu xpo de mjl e iíij" E bjnte e três
triata djas do mes doutubro Em Ijxboa no paço dos tabaljraes pres-
sente mym Âffomso goterrez tabalyom delRey en essa meesma, e tes-
temunhas Jiisso scriptas estando h; Bodrigne Anes coonigo e conrreeiro
E procurador do moesteiro de ssan byçente de fibra da dita cjdade E
outrossy Lourençe Anes Lavrador fTjIbo de Johane escudeiro morador
na do germello termo da dita ^dade freygujsja do núlbarado o dito
Lourençe Anes djse que ell traz denprazamento do dito moesteiro bilu
cassai uaicaynça termo [de] syntra por certo ffboro E penssom E que
ora elle nom podja manteer o díto Enprazamento E qiie bo encanpaua
Ao dito moesteiro Em pessoa do dito Rodrigue Anes como seu procu-
rador E o dito Rodrigue Anes Reçebeo a dita encanpaçom E ouue
por qaite e Ijure pêra senpre o dito Lourençe Anes da penssom e
pam e tributo que Abya de dar Ao dito moesteiro E mandou que sseia
daquy en deante eu paz do dito moesteiro E esto lonuaron E outorgaron
E pedirou senhos stormentos. testemunhas Johan de bragaa tabaliam,
E Jobaue Anes alvemaz E alvare Anes partydor do concelho E Âf-
fomso stevez tabaliam E outros E en Affomso goterrez tab^iam dElRey
na dita cidade que este stormento screpuy pêra o dito moesteiro en no
qual meu sjgnal Qz que tall -\- be.
Keoropole romana de Paz Inlia (Beja)
I
Em fins de Janeiro de 1905 participou-me o digno Director dos
Caminhos de Ferro do Sul, Sr. Engenheiro António Lourenço da
Silveira, que o Chefe da 4.' SecçSo de Via e Obras dos mesmos Ca-
minhos de Ferro o infonnára, em officios de 29 de Dezembro de 1904
e de 26 de Janeiro de 190Õ, que tinham apparecido junto da estaçSo
de Beja, por occasi&o de desaterros, muitas ossadas humanas, restos
de sepulturas antigas c alguns objectos archeologicos. O referido Sr,
fianha ao mesmo tempo tudo isto A minha disposição, para o Mnseu
Encarreguei o Sr. Bernardo António de Sá, Conductor de Obras
Publicas ao serviço do Museu, de ir ao local, nlo s6 para colher in-
byCOO^^IC
ititi
o ArCHEOLOOO POKTfGOÉS
foiíaaçucs iuinucto:4aH, mas para proceder ás esoa\'ações arclieologica.s
que julgasse necessárias. Do modo como se desempenhou da commi»-
^ílo dá conta o relatório que coostitue a 2.^ parte d'eBte artíg'o.
Os objectos archcolo^eos que vieram para o Museu sâo os si-
guintes:
1.") ITma arma de ferro, que consta de lamina triangular c catio.
O cabo devia ter sido revestido de uma substancia menos resistente qu-
o ferro; resta ainda parte de três pregos, também de ferro, que a fixa-
vam. A extremidade do cabo é formada de laminas que se ligam entrA
si, deixando vazio um espaço losanguico. Esta arma creio corresponder
ao ptigio dos Romanos: vid. tig. 1.*, em metade do tamanbo natural.
2.') Um' fragmento de inscripçSo gravada em uma placa d« már-
more: vid. fig, 2.', em metade da grandeza natural. A inscripçilo cons-
tava ajienas de três linbas; comtí se vê da iígiira, resta ainda parte
dos frisos i^ue a limitavam superior e inferiorriteníe. ' ■■ * '
byCOO^^IC
o iiUMÍogo Fonngnêi— Vol. I— 1S05
ÀL
Fie.i.'iV.t-A™
rui.,===,CAK)ylc
Di„i„«b,Googlc
o Archeologo Português lfi7
O que apenas pôde tlccifrar-se é o que tem meno:^ iinp«rtaDuia :
an(nornm) na 2." linha, e e{íí), í(it), í(íii) na 3/ Na 2.* linha as pa-
lavras estavam separadas por uma folha de hera, na linlia 3." por pontos
triangulares.
Apesar de muito fragmentada, esta inscripçao tem certa impor-
tância, porque as cinco primeiras letras estio em jtarte revestidas
de massa colorida. Devia pois ter sido
toda elia pintada primitivamente *.
íi.") Um unguentimo de vidro de
^ar^alo estreito com bocal mais largo,
e bojo globular: vid. fig, íl,''. cn) tamii-
iiliii natural.
4.') A parte inferior de um vaso de
Itarro avermelhado; tem algumas estrias
rirciilares, particularidade que também
se nota noutras vasilhas archaioas acha-
das no Sul; vid. íig. 4,'' em metade du
tamanho natural.
Consta que o unguentado tiuUa ap-
parecido dentro do vaso de barro, em
cujo fundo ha efíeetivaniente restos de fíb. l' C/.i
vidro (laminas tinas, d'estas que se sol-
tam a cada passo de certos vasos de \'idro romanos, muito finos e já em
editado de decomposição); mas nilo ousarei alfirmar nada a tat respeito,
Kstes objectos ficam representando no Jlluseu, embora modesta-
mente, a cidade de Pax Iitlta ("Beja"). Ainda dessa localidade não
havia nelle cnusa de vulto, por isso que o que lá appai-eee d'esse
tempo vae gcralnientc para o Museu Municipal.
J. L. DE V.
II
O local onde foram oneontradas as sepulturas confina com a <'S-
trada que liga a ostaçiío de Beja com a cidade, num terreno adjacente
íio armazém de adubos e onde se ]irocedia a fundos trabalhos de es-
éavaçío.
' Cfr. O Ardi. Port., ix. '281.— 'No Miistu ha vários nioituiQCntost-pÍKra|thii?OH
tiCaiidos dft, Idanha pelo Sr.. Dr. Ahes Pereira, nos quae.-: se dvuotauí lambem
vfntigiofl de as rrspeclivRs letras liaverem aidu pintadas; aqui, poréoi, a piutura
<'ra dada dirfctatnculc nas letras, si>m n interiiiedio <Ie massa (pelo meuM eata
nflo Piístef. * . ■ ' ■ '
byCOOglc
lt>8
O Akcueologo Português
A unícA sepultura encontrada intacta tinha sido cautelosamente
resguardada; iDÍciei portanto os trabalhos pondo a descoberto esta
sepultara, que tinha forma de cabca rectangular oom as segatntes di-
mensõea: J^.SD de comprimento, 0",5G de altura e 0",[JO do lai^ura.
i: era constituída por delgadas laminas de mármore que formavam os
lados, tampa', fundo e cabeceiras. A tampa achava~se totalmente frac-
turada, bem como as laminas lateraes, que se tinham quebrado verti-
calmente. A sepultura estava orientada no sentido de nascente par»
poente, e aO",80de
profundidade, numa
escavação feita na
rociía; cinco ordens
de grossas tejoleiras
dispostas pela forma
"f quese vênafig. 5.*,
■ — corte transversal
I da sepultura — de-
fendiam superior-
mente esta da pres-
-sSo do terreno.
Dentro da sepul-
tura encontrei um
esqueleto completo,
com H caveira para
o poente, mas in-
vertída; igualmente
encontrei desloca-
p,^ „, dos outros ossos,
taes como o cubttwi
direito, que se achava atravessado sobre as costellas. A desIocaçSo dos
ossos explica-se pelo facto de a sepultura ter sido por diversas vezes
inundada, sobrenadando os ossos que pelo assentamento teriam tomado
outras posiçSes. Os vestígios de inundaçSo erau] evidentes, nSo só pelos
sedimentos que cobriam os ossos como também pelos diversos traços
de lama que havia a varias alturas nas laminas lateraes. Entretanto
póde-se aflírmar que o cadáver foi iuhumado de costas oom os braços
estendidos ao longo do corpo, pois que á altura da bacia encontrei d<>
um e de outro lado os ossos completos das mãos.
A exploração no terreno proseguiu durante uns quatro dias, uão
app&recendo nada digno de nota a nSo serem pedaços de telhas de
rebordo, tijolos e laminas de pedra fracturadas, que deviam tercõnf-
byGoot^lc
o AKCHEOLOaO POHTUaUÊS 169
tituido o fando de antigas sepultaras. Isto mostrava ter sido o terreno
já revolvido, o qae também foi conârmado por todas as pessoas qne
intfirroguei, as quaes me affirmaram terem-se por ali encontrado varias
sepnlturas, quando se procedeu aoa trabalhos para a construcçXo da
linha férrea e da estação. Aa referidas sepulturas foram todas des-
truídas, sendo aproveitadas as laminas para uaos diversos, inclninâo
o de lageamento de pateos.
Segundo parece, a necropole era vasta; aa sepultaras, idênticas
umas ás outras, eram de inhuoiação, matendo sensivelmente a mesma
orientação. Raros foram os objectos ali encontrados.
Ouvi também vagas referencias a panellas de barro, apparecidas
neste campo, com cinzas e ossos calcinados dentro d'ella$.
Eis aqui todas as informações que pude oolher sobre eate assunto.
Bernardo db 8á.
Signlfloation reliffieuse,
en Lnsitanie, de quelqnes monnaies peroões d.*Tin troa
Dti tous temps les monnaies ont été dana un rapport plus ou moins
étroit avec la religion. En outro qu'elles portent fréqaemment des ima-
ges de divinit^s, des symboles, des formulea pieuaes, et qu'on les offre
dana les temples comme ex-voto, olles sont quelquefoís, à cause de
leurs types, ntilis^es par les dévots à titre d'amulette8 ou de porte-
bonheur, voire même de médailles religieuses.
En parlant des graffiti monétaire», Françoia Lenormant dit: tUn
didrachme de Tarento, au Oabinet de Berlin, offre le dessin d'un pen-
tagramme k la pointe. La même fígure, k laquelle on attribuait une
valenr talismanique, a été tracée aa revers de deux tétradrachmea
ptolém^ques de l'atelier de Racotisi'.
Pllne raconte, d'après le rérat que le vieux Messala lui a fait: <rSer-
▼iliorum família habet trientem sacrum cuí aumma cum cura magni-
ficentíaque sacra quodannÍB faciunt, quem ferunt alias crevisse aiiaa
decrevisae videri pt ex eo ant honorem aut deminutionem familiae si-
gnificari»*.
< Rfoue Sumitmatique, 2* térie, sv, 343.
* NaÍHraiu Huturia, sntv, 1S7 (ed- de DetlefiwD). Cfr. Babelmi, JlfomKiíct de
ia répubUqut romaine, ii, 448 ; et TraiU dn vtomaiu grteqvt» ti r.
byGOí>^^IC
o ASCHEOLOGO POBTUGUÉS
Au 111* siècle après J. C >m a attach^ une grande importaoce sa-
persticieust à 1'eftigíp (l'Alexan<Íro le Qrand, et on a même frappé des
monnaies avt-t; son iurni. TrebeUius PoHion écrit sur ce injet: «IHcnn-
tur ínvarí iu muni uctu suo qui Aícxandrum espresaum ve\ auro
gestitant vel argcntoi '. La vénérati<m pnur le roÍ mac^donieD a per-
sista clicz les Chrétiens*. CVst à i-et tirdre d'idées qu'oii pourra attri-
buer une monnaie anrienui', avfL- tniu, décrite en détaíl au xvni" siècle
par le ponseiller Terrin'; il la rapporte à Alexaadre, maia, quoiqu'elle
figure la tètc de ce hérnK, elle appartient à la Maeédi>ine romaine,
pan'0 qu'ijn y lit le nom du questeur aesili^S*.
€ A partir du inoment, dit Fr. Lenumiant, du reste asaez tardtf. - ,
<ià la eroix s'ímplanta définitivomcnt eomme type principal sur une
des faeea d'iinf bcnae partie des monnaies frappées pnur la circulation,
numbre de ohrétiena, au liou de eherchor à se prneurec des médaíllea
spécialement de dévotion, prirent cnmme tflk-s doe pièces de mounaiu
marquées <lu signe saeré sotis la protection duquel ils se plaçaient. Ce
furent d<mc' des monnaie« au type de la eroix qu'ils suspendircnt à leor
crtl nu eimsnrenl à Icura vêtoments, après les avoir perforées»^,
Áu mcven-Sge i>n jilaçait sur les reliquaires les monnaies dfint lea
figures étaient ctnsées représenter des images religieuBes ••.
IVaprès Fernão Lopez. !e penple portngaís regardait au xiv' aiècle
les rea^ d'argf-nt de Jean 1*' eomme ])ussédant des vertus merveillea-
ses, et pogr ee motif il le» purtait suspendue au coi; ^
Un écri\ain du xvii" si^ele, D. Francisco Manoel de Jlello, parle
du vitttent (le S' Louis. toujours cliéri des gene du peuple, et )>itrté
soit au mu dos enfants, soit au poi^ot dee jounes filies*.
II existe actuellement en Portugal une amulette três répandne,
qu'on nomme êino-mimSt/, c'est-à-diro signum Sal&moniê ou penta-
gramme. On la fabrique ea or, cn argent, en piomb. en 03, cn bnia.
Le penple en fait un grand usage, surtout eontre le mauvais cdíI et lea
2'riyiiit. lyroH., U— Ce texte n étí citú i>luBÍeurs fi>Ís. Cfr. I.eiiormaiit, La
dtim 1'antiqiiili, 1, 40: Babelon. Tnxilé ík» monnoie» grecqnet ri romainf,
588,
* Cfr. Leuomiaut, op. cil., i, 12.
» JHftnoírM áe Tm-oui, Mara-ITU, p. 484 et sí.
* L'exeinplaire de Terrin correspoud à la deseriptioii que faít de eette moa-
ie Bcad, Húloria ^lumortim, 1887, p. 210.
'' La monnaie dant Vantiqatté, 1, 48-49.
« Mely, in Rtimc Nmuiamatiqnr, 1897, p)>. 383-388.
1 CliTtynieadén.Joao T, i, W (I' ed.).
'•■.fpoíoíS* 7)t'i(íf)jWfi-,'p-.'08. '•'' '
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AscHEOLOOO Pobtugíiês 171
somares: on la vuit á cliaqae iustant au e«u dea pctÍLí oiifaiits, ísol^t!
ou mélangéc á d'autres amulettes et k dcB nródaillcs chrétúmnvs, dans
iin ouríeiíx syncretisme. Or, cummc Íl y a des munDaiefi du Mame, en
cuiiTC, avec It' pentagramme, oh avec deux triangles entrelaces, quo
Ic penple portngais nommc aiissi «ino-salmSo, et que ces monnaies so
trnuvent parfois en Portugal, — il arrive smivent qu'i>n y pratique un
trou sur le bord, et qifon s'en sert cosiiito comme d'iinniic'ttcs. En voieí
(tes exemples:
Le peuple en Portugal noiíiiiu' encurc, qiiujque trts i m jirop remou t,
ahw-saÍ7não ia aphère armillaire qn'on figiirait ani xviu' et xix" siècie»
sur les reverá lic nos monnaies; pdur ec iiiolif il los iinployi' ausai
etímme amulettes. En voini dea f •xeni])les :
La fig. 6 niontre cn mèiw tenips !■■ dr..it. ■lii est rcpréaontée une
(Toix, qiii a pour le poupii- la niôme valour religieust' que le psotido-
peotagraninie.
Beaueoup d'autre9 exemples de rempioi supersticieux des monnaioa
poDiraient íítre piUs. Eh Franco, «n ci>n8Í<l*Tf eomme |>.)Ft!«it bonheur,
byCOO^^IC
172 O Abcokologo PoETcauÉs
le fait d'avoir conetanunent sur soí un écu de Louia XVI, ou de possêder
des éctts à la vacke *. J'ai vn h Paris, dans le médaillÍGr de M. P-
Bordeaux, un gros de Pise à Ia legende protegk virgo pisas, avee
na troii au-dessus de la têfe de Timage; le même numismate m'a mcm-
tré des reproductiona modernes des groB t<nir>ioÍê de S' Loub, qni sont
portées par les gens dévots. Kn Italie, on f;út des amnlettes de pio-
sieurs monnaies, byzantiaes, papales etc.^. En Allemagne, les mon-
naies au type de la croix ou de la clef sont particulièrement dotéea
(le puissance magique^. £n Ecossl-, le Fameux Leepenny est mont^
BUr un groal d'Êdouard IV, de la Monnaie de Lotidres*.
Cependaut, ce n'est pas aur ce aujet en general, que je me anis
proposé <le parler icj, mais sur un fait particulier qui concerne l'ar-
chéologie lusítaníenne.
On trouve souvent dana mu n pays des monnaies de Tépoque ru-
maine aux types de la vache on du taureau, préaentant, aur les bords,
dea trous, faits postéríeurement á ta frappe, et ponrtant anciens (ce
qu'on reconnaít par la patino et par l'u9ure). Je reproduis ieí les revers
de sept de cea pÍ6ces.
Honnaie de brouze, írappée à Ovippo (Ibérie). Taareau debont à droite.
Ân-dessuB du dos de ranímal devaSt exíeter dd croiseant, dont la place est oc-
cupée par le troii (fíg. 7). Cfr. Heiss, Deneription géiiérale deu monnaipii anti-
quei de VEnpagtu, Paris 1870, p. 390. —Monnaie tronvée ã Tróia de Setúbal
(Portngal), oii íl y a de rcmarqnables veetigea do Tépoqae romMne>. Anjonr-
d'bni an Cabinet des médfúlles de Ia Bibliothèque Nationale de Liabonne.
> Meusignau, Reehereheii ithnographiqites sw la talive et Ir. nrachat, Bordeai»
1892, p. 65 u.
2 Bellucci: Cat4UogodtílacolUnotiedÍamuletiinviataaIl'eÊpottiioaenea)ioHaU
di Milano, Penigia 1881, n' 148; Availeti italútm eontemporanâ, Perugia 1898,
pp. 90 et 91.
> Wuttke, Der deitUcke VoUttaberglaubr der GegenwaH, Berlin 1900, | 179.
* Blaek, ScoOUk aimtltí*, Édlmbourg 1894, p. 495.
> Toir sur cei vertlgea O Arck. Port., i, 54; iii, 156; iv, 228, 344; t, 7, «te.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo Português 173
HoDnaie de bronze, frappée à Celsa (Ibéríe). Taurean debout à droite.
Legende: C{ol<mia) Y{ictrix) l{utia) CsL{sa); L. Svm, L.Bvcco iiv[b(í). Cfr.
HeisB, op. tít., p. 142. Le tron est an-deseas dn doe de ranimal. — Cette mon-
naie (fig. 8) est an Cabínet dee médailles de la BibliotbèqDo de Liabonae.
Monnaie de bronze frappée à VasUtlo (Ibéríe). Tanrean debont à droite
[fig. 9). 11 dev&it y avoir un croÍBaant aa-dewus da doa de ranimal, mais sa
place est occnpée par le tron. La legende est complétenient effacée. C&. Heiao,
op. cit., p. 385. — Au Cabínet deN médailleB de la Bíbliothéque de LUbonne.
Mounaie de bronze &appúe a Calagtei-rU luUa (Ibéríe). Le revers contient
la fignre d' un tanrean tonmé àibroite (fig. 10). Legende: L. Balb(i0) FKISCO,
G. GRif[io) Brog(cAo) iivin(t«). J'ai vn cette monnaíe dana nu musée, maia elle
eat perdne, et on n'en conserve qn'nne photograpbie du droit, oíi l'on voit la
téte d'Angnste, entonrée de la legende Avgvstvs JiV {nicipium) CAL{agtirrii)
IvLiA. Cfr. Heiaa, oò. cU., p. 165. Comme le trou concorde surle droit avec les
demières lettrea dn mot Ivlia, il eat probable qn'jl corresponde à la place que
j'indique par un cercle pointUlé dans la rtproductíon dn revers d'un autre eneni-
plaire de la. même monnaie, non tronée, qui est figure à cóté. — La monnaie dont
il eat qneetion a été tronv^c dans la province dn Minho.
Uonnaie de bronze de reoipereur Julien II. Le boenf Apis debout ã droite;
au-deâsns de l'aDÍmal deux étoiles; devant lui nne aigle anr nne couronne, en
tenant nne autre plus petite par le bec. Legende: eecvbitas rkiíve - Exergne:
p CONST. Cfr. Cohen, Description historique des monnaiea frappies aou» Vem-
pire Tomain, tome vi, p, 368, n" 74 (1*" ed.). Le trou eat au-dessus du dos
de 1' animal. ^ Cette monnaie (fig. 11) a íté trouvée à Mertola, Tancieune Myr-
tUitt. Anjonrd'hní an Mnsée Etbnologique (don de M. J. M. da Costa).
byCoO^^lc
o Abcheologo Pohtuoués
'^
I)eux denarii àe la famille Thoriu. Taurean bondissant k droite. Legende :
L- Thouvs Balbvs. Ctr. Babelon, líefrripíion biatorígue el ehrmiologique d»
morniaiai de. la republique ntmaíite, ii, 488. L'nne de cee monn&iee porte dans ie
chamiila lettre N, et Tautrela lettre B. Daos tBpreiiii«re(fig. 12j, letroncoupr
Ih queac ile ranimal; dauH la seconde (fig. 13) il a ité pratiqaé an-dessns dn
duB. — Cvn monnaiea sont au Cabinet des médaillee de la Bibliothèque de lix^
bonne.
hns (lusuíiiH niuiitrfiit qiit^ lus truus oiit été pratiques de maoière
à ce que Timímai restât à ^n^u prés debout, quand ves pièces étaient
8nspciidue:j par mi tíl. II ii'y a que la pièce n' 12, ou Tanimal serait
três incline. La monnaie n" 10 tait parfaitement ToÍr que toote sun
imptirtance rúside smf le ix-vers, ut nun sur le droit; autrement le tron
n'aurait pas été pratique an-dessuus du cou de la figure, qui restait
rcnvers<5(; lorsque la píéce était suiípendue.
Si nous appliquons à I 'interprétation de ees muDumeii et de beau-
cuiip d'autros, que je pourrai^ déeríre ici, les Idées que j'ai exposées
plus haut, il ne será pas déraisi>Dnal>lc de supposer que dana fies cas
les vaches et It-s tauruauz jouiúeut un role rcligieux chez les Lusi-
taniens, de múme que chez d'autru:j peuples. Eti effet, toua les ttuas
ont, eiminif je Tai dit, uii caractí-re ancieii; quelques-nnes de ces mon-
nait:» oiit été, mi l'a vu, tmuvées dana des stations arctéoiog^qaes,
Bien que je ne cunnai^se paa de teite» aucíens qui parlent spé-
cíalemeiít du culte de la vache ou dn taureau chez les habitíuits de
la Lusit»nie, je puis en citer un de Diodore de Sicile, mentionnant
ce culte chez les Ibériens. Oet auteur, après avoir raconté une legende
locale, iiíi il est questiun des vaches. dit; rx; ds |3c-j; Tnpwfievíc; ovw&b
Ufciç dtxutivxi Tíxri tAv 'ISvipíav f^éxpi t&iv xaB' TifMíí xxi^ '.
J'avais déjà fait alliísiun à ce passage daus un article publié en
1880*. >[, Piern! Paris, qui dans stin Essai êur l'art et Vindustrie de
VEsjHtgni- in-imitive [eí du PoHugàl prbiúlif], Paris 1903-1904, cite
aussi ce passago, ajuute: iQuoi que vaille la legende, il est certain
que les bceufs mi les taurcaux, sons fwmie de plaques eslampées pour
appliques. de petits ei-voto de bronze, de tesséres, se rencontreut
presque partout en Espagne et en grand nombre . . Quanl aux mon-
D«es, le taureau est un des types preferes par les villes de TEspagne.
Dans le seul ouvrage de Delgado j'ai note trente cites éparses sur le
sol de 1'lbérie, depuis Gades jusqu'à Indica (Emporiae), depuis Car-
thagii Nova jusqu'à Clunia, qui ont adopte le taureaa, debout ou age-
' ISiUiotheai ílittorica, iv, 18.
* DaiiB le périodique A Vanguarda (Lisbouni-), n- 17.
byCOO^^IC
o Archkolooo Pobtuguês 175
nuuillé, inimubik- ou galupíiiit, roprésfiitó toiít iiiticr «ii réduit à la
tête, p«ur «rner It; revers de lenrs pièces»'.
Poiír ma part, je dírai qii'(;ji Portugal im tiiunt? égaleiíient, un pi;u
partoiít, de» liguriíioa roínaim-s mi pré-nimiuiics, de bninze, représen-
tHDt áas hoÉuiá. 11 y cu it <U-s Mpéciíiicns aii Cabíiiit nu mis ma tique
do la Bibliotlif-que Nationalc de IJsbimnc', au Mii-sér Ethmílugitjiie
Portugais', au Muáéc ai-eliéologiiiuc de Guimarães* et dans dcs ei>l-
lectioDs partieHlii-iTíi, La tri»itvaillt' df les fíguríiic:: ust tout-à-fait pa-
rallele k celie dcs iiioiinaiis trituécs. Ji; diiis iibsen'(;r, cn outre, que
le b<Buf a (íncoFf une graiule impurtaiu-o dans les iniutumes et les
eroyauces de nus paysaus'; mal^ré qu'on puissc y Triir une certaine
inâuence des legendes on rapport avce la nativité dn Christ, la plupart
rpmnntent sans doute ii un passe pUis éluígnO.
II me sembie quo si les L-iilloi^tiomKurs dt^ niunuaieíi anciennea
av^eat tonjonrs ígard aux trona dcs pièces, et aux conditioos ar-
chéologiques dcs tnmvaillcs, un ponrrait peut-être dcterminer, docu-
mentar, ou du moiíi.s cimjecturer l'existence d'antres enltes*'. J'appe))e
donc sur ce sujet Tattontion d(- ceux q«i m'ont ace<irdí Thonneur de
m'écoutor.
J. L. DB V.
I T. 1, pp. 13r.-18li. Ufr. aiissi, t ii, pp. 196-200.
* Voir mes Religiões da LaeUanta, t. ii, pp. 280 et 288.
^ Hdiffiõei lia ÍMfiUiiiia, t. ii, p. 286. J'ai acquiB poor ci3 Musée une figuriue,
encore inédite, qui eat parfaíti^ment sfiiiblable h niie autre que j'al vue en 1904
au Hasée Provincinl de Badajoz.
* Voir O Archeologo Pitrlugiiè», i, 313.
' Voir mon Ettiiilo elhiiograp/iica mhr -tjayoê e ae imíiii/oh, Porto 1881, pp. 18-
21»; et mes Tradições pnjm/am de Pnrtugal, Porto 18K2, pj). 177-180.
* An Cabinet lies raéilailles de la Bibliothi-que Nationalc de Lísbouue il eiiute,
pftr exemple, une iiucia romano^uampnnienne doiit Ic droit porte cotnme tvpe la
t^te radiée da soleil, et dont le revers porte ia figure U'un croisBoiít avec deux
útoiles an-dessQS (fig. 14) ; cette piéce est trouée wn ie l>or(l, sur uue lígne per-
byCOO^^IC
o Archrolooo PoBTuauâs
A lei de 13 de Março de 1473 sobre as libras
' Em 13 de Harfo àe 147S foi lavrado em Évora, pur Uartim Lopes, o ori-
ginal de ama ordenaçSo (™ lei) Bobre as libras, a qual o Bispo de Coimbra,
Coade de Arganil, pnblicou (= apresentoa ao poblico) no mosteiro de S. Fran-
daco d*aqnella cidade aos procuradores (=> deputados) dos fidalgos (como senho-
res de terras), das cidades e das villas reunidos em cortes, em 20 do mesmo
mês e anno.
A lei encorporada depois nas Ordenações Manuelinas foÍ registada no livro
segundo das Ordena^Ses ique anda em a nosa chancellariat. Observarei, porém,
que nio se deve entender o termo de ordenações aqui empregado no sentido de
código, mas unicamente no de leis soltas transcritas á medida que se iam pro-
mulgando. Só depois se entendeu no sentido que se lhe dá agora, quando a uma
commissfio de homens de leis foi distribuído o encargo de compilar, escolher e en-
pendtculaire au milten du croissant, comme le moutre le dessiu ci-joint, et elle a ea
évideuiment nne application rcligiense quelconque, de caractere astral, bien qae
je ne puisse pas préciaer si cela est arrivé en Lnsitanie on eu dchors. — U est í
propôs de Tftppeler que dani lo Btãlelin iiitemational de NtimUmatique, ui, 135,
M. Blanchet, d'Bprèa M. Oohl, parle des monnaies des Sannates, imítées dei
bronzes romaiiis du iii^ siòcle, avec nn croissant et qd astre, et qu'il les conú-
dère en rapport avec des cultea. Cest une coincidencc puré et simple avec Tini-
cia trouÉe; mais elle eet suggcative. San>j vouloir m'cugager dans le tcrrain glis-
sant des hypothèscs, je ne puis pas m'empficher de citei encore ici les revers de
deux monnaies de bronze, Tune de Segoeia, au type du cavalier (fig, 15), Vautn-
de SaeiU, an type du cbeval (fig. 16), cbacuuo d'elIeB pourvue d'ua trou de sm-
pension. Ces monnaies sont au Cabinet Nutnismatique du Palais Rdyal d'Ajadt,
à Lisbonnc. Je les cite, parce que noas avons un texte de Strabon [Giogr., 111,
III, T), d'HprÈs lequel les Lusitaníens sacrifiaient des chevaux à Ares, c'est-à-
dire, à nnc divinité indigène de la guerre, et parce qu'il n'est pas rare de trou-
ver cn Ibérie des figurinos de bronze reprúsentant des chevaux, aniquelles on
ne rcfnsera pas, du nioius quelquefoie. un caractere religieux. Voir mes Rtligiíki
da Ltuilania, ii, 305-306.
byCOO^^IC
o Archkologo Portuoués
i-uq)onr methodicamente imui todo a» leis DecesHaxias. Ã (.'iicoi-porai^u d^u-se,
todaria, imperfeitamente, poie ficon Leui apparente a origem das que foraiu
aproveitadaB, caso que se não d& hil organisa^ã^ dos modernoB códigos. Kxposto
isto, remos qnc havia eatfio doiu livros de i-egistos de leis.
Ma& í lei acima menciouadu, datada de 13 de Mai'ço de 1473, cstevi: aem
•^ffeito atf 1483 ', no qual anno aos 26 de Abril, a requerimento de JoSo IxipeB
lie Almeida, do conselho do rei, se passou o traslado ou copia em publica forma
(la ordena^ãu. A publica forma foi expedida pelo doutor em leis, cavalleiro,
■■onde palatino e chaiiceller-nior Hui Gomes de Alvarenga, iior intermédio du
<lu escrivno e iidalgo da casa real Fcr»3o KodrÍgn<-n.
O livro original das ordenações não existe, uo que pai'cce; mas da lei au-
icita encontram-se duas copias: uma nura cadei-no que pei-teuceu á camará de
Santarém e que hoje se acha no Ãrchivo da Torre do Tombo (Ilcmetna tle Snn-
tamn, n.° 16, fl. 100)*; e outra no Livm do RfgMo de Próprios do Almoxa-
riftulo da oilta de Ton-es Novas que ke da doação tia Sfrenigima (.'aza de
Areiro. O qual se refoniiori no anno de Í712 nendo AdminMfadoí- da cana
Manoel Liipes de Smisa fidalgo da coxa dKl Hei nowo Smtho}; e canaUeiív
fiivfefo da m-deiii de CIcrisfo deputado da Junta do tahaeo e do da Rainlia nossa
Senhora e títenoureií-o da una cam, Alcayde wor da viUn de Monte nun- o velho,
a fl. 3õ. Kiita ultima copia completa nos logares que vSo indicados na sua altura,
a da Remessa de Santarém. Benclo esta talvez do século xv tem a pi-eferencia
Nobre a do livro do almoxarifado de Torres Novas, onde os erros de leitura pui
tnlam ao lado do desprezo pela orthographia antiga.
I)a parte especulativa da lei trata largamente o Sr. Costa Lobo na obra
titulada Hixtoria da Sociedade em Portugal no secvlo xv, secção i, capítulo iv,
jiag. 334 sqq., onde vem transcrito o começo do mesmo d<iRamento, assim como
por Teixeira de Aragão na Dencripção Qeval, vol. i, pags. 2€9 e 389, foi dis-
cutido e impresso o que se encontra nau Ordeaa^òen ManueUiiax.
Fedro A. i>k Azkvkdu.
Ler ^** iiiocdH qi« fes( eIRej- d« aforaM 6 em a era de UxlU
Dom Afonso per (iraça de Dcos líey de Portugall e dos Âlgarues
da quem e da lem mar cm Afriqua a quantos esta nosa carta virem
fazemos saber qno no segundo liuro das ordeiia^^Ses igue anda em a
' Assim SC eiplícH eucoutrarem-í^c aiud» em 147D Hi< eontageiís siipprimi'
tias (Cfr. Costa Tjobo, Hittoria da Sociedadf em Portugal no sec. »v, pag. ^39,
nota). Todavia nito seria de estraukar que assim saccede^sc, pois todo o legisla-
iloT portagaés, por maiores qnc sejam as penalidade.», tem de contar com feitas
<te cumprimento da sua obra.
' Indicada por Jos6 Anastasio de Figiieircdo, Synopêit Vhrwologiea, vol. i,
l.ag. 106.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
1 78 O Abcheologo PoktuouAb
iiosa clianee liaria hu escritA liua urdcuaçam que ora uoiiamcnte tizemus
em as cortes qiie jkt nos foroiii feytas t'in esta cidade deiiora açen^na
das liuras e acrecentamento delias da quall o tehor lie este que se «o
diaDte se^iic.
Dom Atloiiso etc. a quantos esta ordeiiaçauí virem fazemos saber qur
tempos ha que fomos requerido per alguns yrandes de nosos Reynos
(í per outras jeiítes deiles que quiseaomos proueer a ^'rando per<Ia
e dapno que recebiam cm suas reiídaM por eausa dalguas nosas ordo-
naçSes as quaes lhes douyam de scer pagadas per liuras da moe<la
antygiia ou per ouro praia ou per reaes brancos', ou quallqiier iiosa
moeda ora coUeiite em sua venladeyra e intrisíqua \'allya, e llie quy-
sesemos fazer justiça loino os líeys pasados da boa momorea Dom
Johã meu Avoo, e Dom Duarte m<ju senlior e padre que Deus aja em
ou taaes o semelhantes caijos tizerS e eulíegescmos as ditas ordenaçiíes
naquellas partes per onde Uies o dilto mall e injustiça vinlia, seguudo
os tempos <|ue viorõ e moedas que se depois fizeríí e eursarSo a res-
peyto da vallya do ouro e prata e ci^eçimeiítos dos preços das outras
causas que por causa das ditas moedas sobrevierÕ// E nos por iiioor
abastança ainda que neçesarío nõ fose \-istos oa ditos Requerimentos
ante que cousa nlgiia detennynasemos tízcmos requerer certas cidades
e villas pnneipaaes de nosos líeynos (jue emviasem a nos seua pro-
curadores |)era dizerem as i-ezòes que tinesem a se esto nò fazer// os
quaes a nos vwrõ e uõ dison') cousa algua ([ue enbarfrase uem contra-
disese ao que asy crânios lícquerido// K porc visto todo [ler nos c
como os ditos líeys o fizenT |)or algilas vezes asy c como somos per
deus obrigado a todos jecrallmente fazer justiça. C ordenamos com o
conselho de nosa Corte e poemos por Ley coKogendo as ditas ordena-
ções*//, que todos os foros, trabutos, çensoaees. portajens, pensões, de
tabailyies. chançeil árias, ençerajens medições, moyaçiTes// aforadas per
liuras ou per outra maneyra e quaes quer outros Irabutos de qiiall quer
calidade aiitre quaes quer pesoag*antre quaes quer pesoas que torom
contratados eslabellieidos per liuras anti^'x>as ou eolíentes, ou per ouro.
' Ein allemrni u iiictiil ilinia-si; Weiníupffr, em up]nisiirâo ao que cm latim ei
cliamava argetUam iiii/riiiii qiiu se usava uoh iiuseos reacs |iret«ij com pouca dif-
fereu^ft- Cfr- Luscliin vou Klien^reutti, ÁUijetueine MUmknndt uud GfldgtMkiehl':
ilea Mtílela/ler» tmá rfer Xeiu-ivtt Zril, 1904, pag. 3S. O tt?al começou a UKar-ee em
l'ortU)*al mi tcnijio do rei D. Fernaiulo. A <leaoininaçiIo iiilo ora exclnuiva •!<■
VartMgtíl ucin de Hoapaiiha. Fora da peainHula liavia a moneta, dvftirx rrga/à.
* De H'|ui por deante est-á transcrito ou resumido nas Onlrnaçõt* ManuHinat,
livro .V, til- [ Si -2.' a 8°
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AbCHEOLOGO PíMtTUQUÊS 179
ou prata ou reaes de três Liuras e meia ou brancos maraiiydis ou moeda
outra quallqiier que seja de quaes quer tempos tee primeiro dia de ja-
neiro do naçimento de Koso Senlior Jhesu Chrísto do j iiij'Iíbj//. Os
cjuaees foros yensoaecs paguem por cada bilu Keall branco que pagauam
xbiij" pretos que vem aa liura que por ordenaçS do dito Hey meu Se-
nhor oii per conuença das partes posta em os contractos pagauã a bij'
Horas, por lnía xxxbj Keaes braticos. e a liura porque paga\-X b*^ libras
por hfia xxb reaes e bij pretos c ao uiarco da prata j ijHx reaes. e a
dobra vailatba, ou da banda coroa velha a ij''xbi u ao escudo da nosa
mueda ij*liiij" reaes dobra cruzada ij°Ixx fi e no contrato dos afora-
mentos feytos ou cnonados em pesoas ou em pensões de:< o primeiro dia
do janeyro do iiij'^Rbj atec primeiro dia de jaueyro do iiij'"liij pa^nie por
cada hSu Keall liranco que pagauã a xiiij pretos por Iteall df que vem
[liura que por convenha das partes ])0Sta nos contractos se paga a set-
tccentos por biima vinte e outo reaes]' aa liura de que se pagauX b*"
por hiia xx reaes, e dobra valledia dobra da banda coroa velba c'°lxbiij"
reaes e o escudo àn. nosa moeda c'"lKl)j reaes, dobra cruzada ij'x reaes
marco da prata ix'lxxx reaes// E ista mudança do anno de iiij''líbj
atee o anno de iiij^liij. e asy nos tempos seguynfcs fezemos por que
no dito anuo de iiij''Rbj esteue o ouro e prata casy em Iiiiu estado e asy
os panos como as outras cousas se costumauà comprar e vender// e des
ho dito anno de líbj pêra qua começarõ de creçer asy ouro como prata
e como as outras cousas// E os que esto quiserem entender poderã veer
quanto em estas pagas somos fiuoravell aos [lasadoi-os se liem acata-
rem os preços e creçiment» do ouro e prata e das outras cousas se-
gundo os tempos p deferèça da infnsiqua vallia das moedas que entauí
coBiam e ora cuBem. ([ E nos contractos daforamenlos feytos ou èno-
uados em pesoas ou em penaílcs ete, des o dito primeiro dia de janeiro
de iiij^liij atee primeiro dia de janeiro de iiij^lsij pague por cada hííu
líeail que pagauS xij pretos de que vem aa linra que per cõiicnça das
partes posta nos contractoa pagã a liij'^ por bua xxiiij" reaes e a liura
de que pagauS b' por Ima xbij reaes e liííu preto e a dobra valladia
e coroa velha c"'Riiij" reaes, e ho escudo da nosa moeda c"'Ixiiij" reaes
E a dobra cruzada e"'lxxx reaes e ho marquo da prata l)iij*R reaes
C E os contractos daforamentos feytos ou PnouadoB em pesoas ou em
penaSoB des o primeiro dia de janeiro do iiij'^lxij pêra qua ajuda que
sejam feytos per liuras ouro prata mandamos que estem como cstam
.8. X pretos por Reall. V. queremos que se os ditos foreyros emfatiotas
s enbre colchelus porten
byCOO^^IC
18t) O Archeologo Poetogcês
cousoaes ctc ou seus anteoesorcs que pugauam luydiçS de pam rinLo
outros foros tinerS avenças cíjposiçSes ou trasauç5ees de pagarem certas
liuras a dinheiros prata ou ouro e quiserem a^ora ante pagar a diU
mydiçam e foros que as ditas liuras e dinheiros prata ou ouro com ho
iicrecentamento que ora fizemos que o posam fazer// E per semelhante
queremos que se os ditos jnfstiotas trabutarioE Reguegueyros çensoaes
que trazem quintãas casas ou outras posisSea por liuras dinheiros prata
ou ouro parte delias ou parte por mydíçam, E quyflerein ante leyxar ou
encan|>ar as ditas posisões qui' pagar como ora mandamos que o posa
fazer com tanto que as entreguem no ponto e estado em que as elle^
ou ecus anteçesores ouuerô ou em melhor se as eltes melhor tinerem
e n3 sejam dapayficadas depois que as ouuer5// E se o depois forii
que paguem os danyficamentos delias// E estes dapnyfícamentos pagari
os ditos foreyros jnfatiotas etc se as ditas posysSes forem enprazadas
ou aforadas des o primeiro dia de Janeiro de noso senhor iiij^xixL pêra
qua por que do dito tenpo se podem bem saber quijandasas ditas posi-
sSes ouuer3// e se ante do dito tenpo forS aforadas uu enprazadas aos
ditos foreyros enfatiotas as posam encanpar tacee como as posoyriJ sem
pagar outros danyficaDientos porque ha longura dos tempos faz as cou-
sas asy incertas duuydosas que adur se podem saber e far se ara mnytas
demandas sem se em ellas poder dar certa determynaçã.
C E se hfiu foreyro ou jnfatiota etc. tiuer de hiiu senhorio hflu
enprazamento em duas on em niays pesoas e em hSa ou em alguas
tiuer feytas bem feytorias e em outra ou em outras tiuer feytos dap-
nyficamentos// os dapnyficamentos se conpensem com as bemfeytorías
atc<' onde ellas chegarem, e se os danyfic amentos nS chegarem os
ditos foreyros e jnfatiotas etc paguem o que mygoar// E se as bem
feytorias forem mays que os senhorios as ajam sem por ellaa algSa
cousa pagarem/ porque os que encanpam ou engeytam nS pod^n por
bem feytorias algua cousa aver// E se o dito foreyro ou enfatiota etc.
tiuer duas e mays posis5es, cada hfla apartada por seu contracto e em
híia tiuer feytos dapnyfícamentos, e em outras tyuer feytas bem feyto-
rias e anbas quiser eucaupar no avera hi cdpensaçam, e pagara os
dapnyfic amentos diía// E da outra com suas bem feytorias entregara
por que aay como som os dons contractos e duas pesoas asy som daas
encanpaçSes sem ha hSa aa outra aver respeyto de bem feytorias nem
dapoyfícamcntos//
C E se os senhorios as ditas encaupaçSes nõ quiserem receber os
ditos foreyros jnfatiotas Rcguenguevros etc. paguem soomente o que
ante pagauS e estas cncanpaçSes asy de mydiçSes como de foros se
posa fazer do dia que esta ordenaçam for pobricada atee vj meses.
byGoí>^^lc
o Akcheolooo P0HTU6UÊ8 181
e 03 ditos seys meses correrá do dia que os senhorios ou os que am
<le lt«çeber declararem e notificarom aos que am de pagar ho que por
psta ordenaçam he acreçentado//. e como se qiij-serem podem por ella
encanpar ([ e os que quyserem encanpar se dapnefycaraentos em suas
p0BÍs?Ses tinerem o. as quiserem coUeger c trazer ao estado em que as
ulles ou seus anteçesores ounerS ou compridameute pagar os ditos dap-
nyfícameDtus que em ellas ouuer que ajam hitu anno despaço om quc
o posara fazer aalem dos aeys meses que pêra cucanpar Uic som ou-
lorgados// e de todo o tempo que tardarem em eucanpar pafTuem os
toros e Rendas segundo que per esta ordena^tS som acreçentadas.
fi E se per foraes ou ordenações ou determynaç8es ou Judeus ou
outros alguns pagar trybntos ou outros direitos segundo as contias de
liuras ou de reaes que em seus bens ajam como se acreçcntani os reaes
dos tributos, a xbiij" pretos por Reall, asy «e acreeentem os reaes de
euntia per cujo Respeito se am de pagar// Asy que se os bens de híiu
judeu chegar 8 contía de bj reaes e dy pêra cima page cento e vinte
n>aes e de bj reaes pêra fundo pague segundo o qnc ouuer eonio se
acreçeiitam os reaes fli> tributo que som c'"xx reaea asy se aerecentem
os da contia.
(L K mandamos que nas portajens e quaes quer outros tributos
e direitos em que se fizerem pagas tanto peito myudo que ciluenhS de
teer pretos e que elles per conto se parta e que paga que cliegar a
dous terços de preto todo o preto se leue// e onde a elies nd chegar
que se nom leue e fique com aquelle que ouuer de pagar// E por que
polia ordenaçã dei Key Dom Aftbnso ho quarto feyta ante do anno de
Xoso Senhor de iij'^lRb ' he posta pena de morte aos que furtarem •
cousa ou cousas que valham xx livras da moeda antígoa mandamos
que as ditas liuras se entendam naquella verdadeyra e jntrínsiea vallya
que vallyam ao tempo que a dita ordenaçã foy feyta// A quall vallia
declaramos que he// que xx livras da moeda antjgoa \aliyam entam
e T^lem ora hSu marco de prata de ley de xj dinheiros, ou tanto em
ntoeda que coRe como a prata senpre valler de \endedor a conprador
sem embargo de quallquer vallya que Die per QrdenaQã seja posta.
C E por que muytos em nosos Reynos tem jurdiçtíes per foraes
e ordcoaçSeB e cartas espiçiaes asy como concelhos e corregedores
juizes e outras pesoas que jnllgam sem appellaçS e sem agrano atoe
certa contía. E asy penas per foraes e ordcnaçTfes e leys em quaes
' Deve enteoder-sc por era de 1395, que ilú reiliiziíla o
fallcceu D. Affoneo IV.
byCoOglc
IS-J o ÃKCHEOLOOO POBTUaD£S
quer casoa e de quac-s(|uer tempos atee príineiro dia de janeiro du
aiino de Noso Senbur Jhesuu Christo <le j iij''Rbj (aU) atras postas ora
sejiim per liuras ara per reaes mandamos que estes se paguem a xbiij*
pretos por Reall// E tanbem nos ditos jullgadores do que podem joligar
nem apellaçam e sem agrauo// Mandamos que por cada Reall dae ditaâ
coutias se contem a ibiij" pretos// Asy que onde os coRegedores das
comarquas e ouuydores que tem coReyçam e juizes atee ora jiUIgarú
Si'm apellaçam e sem agrauo atee iíj^ reaes juUguem daquy cm dianti'
tee b'^R'''' reaes// e houde o coRegedor da corte e ouuydores da casa da
sobpricaçam jullgam sem dar agrauo atee mill reaes segundo ba orde-
nada a qiiall maiulamos que se guarde pois he de mays pequena coatia//
posto que no Regimento do dito coRegedor se diga atee des escudos,
jullguem daqui en diante sem receber agrauo ataa mil! e oytocenUw
Kcaes// E onde os sobr^ juizes jullgam agora sem Receber agrauo
atee jb° reaes jullguem daqdy em diante atee dous mjU e bij' reaes
£j onde os desenbargadores da casa do çiuell conheciam dos agrauos
dos sobre juizes tee iij reaes conbeçam daquy em diante tee b iiij'
Tcaes// E onde bo juiz das sysas julgava sem apellaçam e sem agrauo
atee íj'lxxxlij reaes jullguem daqui en diante tee b^xiiij reaes e bíij"
pretos// E onde os contadores das comarquas julgauS toe agora san
apellaçam e sem agravo ateo bij^xiiij reaes jullguem daquy em diante
tee jij^ i-oacs ij pretos E quanto lie ao contador moor da cidade de
Lisboa t? ao veador da ^'idade do Porto e ao Provedoí do Beyno do
Atgarue jullguem sem apellaçam e sem agrauo tee ij reaes como ora
julgam sem mays acreçcntamenlo// porque de poneo tempo aqua foy
por nos determynado que toa os ditos dous mill reaes jallgassem//
E onde os coRegedores juizes e outros oficiacs recebiam proaa de tee-
temunlias tee iij' reaes Recebam daquy em diante testemunhas tee b^^R
Réaes senpre a xbiij° pretos }>or Reall/ e a soma das coutias que di-
semos atee que se aja de juUgar agrauos e Receber teslemunhas tomar
senpre se entenda que ataa ellas seja e ellas fiquem de fora, porque
asy foy entendido nas ordenaçSes onde erf! as cStias que por esta or-
denaçã ora bi< acreçeutadas.
([ E quanto he aas custas )iesóaes dos litigantes mandamos qiie se
contem segundo be contelmdo na oi-deuaçS qne ora uouamente fizemo»
G asy mandamos que se contem a xbiij° pretos por reall os reaes que
polia ordenaça leuam os procuradores taballiaes e escríuSes contadores
porteyros pregoeiros e outros ofiçiaes dante nosas justiças.
C E 08 outros deuedores per quaes quer outros contractos ou casy
contractos trasauçSes estlpuUaçSes sentenças compras vendas testamen'
tos escanybos onde bouuer tornas do dinbeiros prata ou ouro ou quaes
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Akcheoumjo Português 183
quer avenças outras obrigações forças oii tausadas atce o tempo desta
ordenaçã em que 08 ditos deuedores som obrigados em liur»B da moeda
anti^>a ou em liiiras de reaes de três liuras e meia boas ou em os ditos
rcaes ou em reaes brancos ou em ouro ou em prata// paguem os ditos
<\infaeiros ouro prata segundo nos contractos dos aforamentos ou empra-
zamentos e determinadas teemos/ segundo as deferenças e dedaraçites
q\ie ein elles dos tempos fizemos, saliio nos deuedores que forem obri-
gados per contractos de jnprestídos onde o senhorio das cousas enpres-
tadas n5 pasou aos (jne receberom e yso mesmo pasou ho vso delles
4|ae em direito se chama coniodatum que prata ou ouro receberS//
£ nos d<-uedores que em guarda ou em sobcresto ou em consinaçam
ou em penhor prata ou ouro receberom, e nos que de furto prata ou
ouro receberom ou ouverom e aos tutores curadores moordomos pro-
curadores feytores que prata on ouro receberom// Por que estes que
prata ou ouro receberom em esjiecia em psa cspeçia sejam cogtrangidos
qae entreguem// E se a nom tixierem que paguem tanto ouro ou prata
e feytio e douramento e interese que nas ditas cousas ouverom// E se
em moeda douro ou prata líeceberom cm moeda douro ou prata en-
treguem outro tanto como valler comílmente de vendedor a conprador//
E nos deuedores que prata ou onro receberom enprestados e em que
o senliorio das <^ousas pasou aos que receberom '/ E os maridos que em
seus dootes prata ou onro receberom// E os erdeyros ou testamenle^TOS
dos finados que prata ou ouro em seus testamentos leyxarom e aos
tempos de suas mortos prata ou ouro tiuerora// E os que per eBo prata
ou ouro receberom dos que pensauam que lhos devyani e nom era dy-
«ydo// E nos que prata ou ouro receberom por bom dalgilus contractos
qae per direito ou per conuença das partes forom jullgados por n^uns
ou qnc se desfizerom// paguem em ouro ou em prata o que asy Keçe-
Wrom ou tanto ouro ou tanta prata/, como líeçeherom e S na maneyra
feytio ou douramento em que ns reçeberS// e se cm moeda douro ou
de prata Receberom em moeda douro ou de prata paguem outro tanto
oomo valler de vendedor a comprador e se em Heaes receberom em
reaes paguem segundo nos contractos dos enprazamentos e aforamentos
decrarados teemos .s. a xbiij" pretos, e a xiiij pretos e a doze pretos c
a Keall por reall segando as deferenças, que dos tempos lizemos// pêro
se algils ereedores que sens dinheiros cnprestarom prata ou ouro Rece-
berom cm penhor avera se quyser ou descontara tanta prata on ouro
do dito penhor e em pagamento dos dinheiros que enprestarfi quanto
)>oUoB dinheiros enprestados aver poderiam aos tempos que enprestarõ.
d E canto aas diuydas dos dotes e casamentos que nos deuemos
c tenças que prometidas tenliamos em dinheiro prata on ouro ha hom?»
byCoO^^lc
1«4 O Archeologo Português
OH a mollieres nosos moradores oii da liaynha miulia mollier que Deus
aja ou da Ifantc minlia íilha c as diuydas dos outros senhores fidalgos
prellados c de outras quaeaquer pescas que cm dinheiro prata ou •■m ouro
per semelhante niaiieyra deuera de dotes e casamentos etc. aaqiielleí-
que com elles vinerom// e as dynydas que nos oh elles deueraos yso
mesmo em clinheyros prata ou ouro de puras merçees e doações que
nos ou elles aquaes quer pesoas atee qny fízeinos// determyn.imos que
se num faça mays aerccentamento nem emnonaçam nos reaes prata e
oiu-o do que se tee aquy fez, c asy se paguem as ditas diuydas comn
as taaes e as semelliantes se dante pagarom sem se mays por elias
pagar por vallya douro ou de prata ou hayxura de moedas porque nos
ditos casos nom seria cousa onesta nem de Itazaiu ante seria espe<-ia
de engratidam e nom hSo l^o^h6çer que nos ou os sobreditos fosemos por
mays demandados per acjuelles que a bem fazer cS nosco od com elies
viiierom do que scnpre tiuemos vontade que elles ouuesem aos qiiaes
per direito nos nem elles nom éramos obrigados de lhes os ditos dotts
e casamentos prometer nem que os donatários mays quisessem aver
do que prouue a nos ou aaquelles quo lhe tam libernllmente as ditas
doações c mereces fizerom// nem yso mesmo se faça cnouaçaiii nem mu-
dança na ^'aIlya dos reaes ouro prata no:; dotes e casamentos tengas
que nos ou os sobreditos daqui em diante iirometenuos// nem nas doa-
ções e puras merçees que ao diante fizermos satuo se per nos ou per
etles õ as escrituras que fizermos outra cousa eyxpresamente for de-
clarado// por que a=y fby per noa e per nosos anteçesores miiyto vsado
e praticado//
C K finaitmentc mandamos e defendemos que do dia qne esta or-
denaçà for pubrtcada a dous meses pesoa algíia de quallquer estado
e condíçam que seja nÕ faga contracto daforamento nem de empraza-
mento nem daRendamento nem de venda nem de compra nem de eni-
prystido nem dote nem casamento nem doaçani nem de trasauçam n?
de estipuUaçã nem de permudaçS uem doutra quallquer oonuença que
antre liomSes se posa fazer de quaes quer cousas que sejam// per linras
de moeda antigoa nem per liuras de outra quallquer moeda que ante
coRese ou agora coRe ou ao diante colter// E os que os ditos con-
tractos quiserem fazer qne os façam per ouro ou prata ou reaes ou per
quallquer moeda que em nosos reynos coRer// E os que taaes con-
tractos fyzerem sejam obrígados ao ouro ou ha prata que se obrigarem
ou sua verdadeyra e dereyta vallia como valer de vendedor a compra-
dor sem embargo da dita ordenaçam dei Rcy Dom Eduarte meu Senhor
e Padre// nem de quaes quer ordenações que nos fize8emos//As qoafs
queremos que daquy em diante nom ajam lupar nem tenham// <■ asy
byCOO^^IC
o Akcheologo Português 18ó
ífejam obrigados Jc paíjar quallquer moeda em qm- se obrigarem//,
saluo nos dotes e casamentos e tenças e puras doaçSes e merçees que
nos ou as sobreditas pesoaí; fizermos como ja declarado teemos// E os
i-ontractos o quaces qner outras convenças que per liura» contra esta
ordenaçam forem f<'ytas sejam nebuas e defendemos aos taballySes
qne as nfí façam e os que as fizerem per ese feyto percam os offiçios//
fevta cm a yidade deuora a xiíj dias de março Martim Lopez a fez
ãno de noso Senhor Jhesu Cristo do j iiij'^lxxiij anos.
Foy pobricada esta ordenaçam pollo Senhor Bispo de Coinbra (Jonde
darganvll aos sx dias do mes de março de j iíij^lxxiij era ho moesteyro
de Sam Francisco aos procuradores dos tidalgos e aos das cidades e
villas que vierom aas cortes eu Afonso garçes que esto escreuy ' [por
mandado do ditto Senhor.
lia qual ordenaçam Joam Lopes de Ahneida do nosso concelho
nos pedio por mercê que lhe mandássemos dar u treslado delia em
publica forma em hiía nossa Carta para hauci- de ter e lhe ser com-
prida e guardada e nos visto seu dizer e pedir lhe mandamos dar a
ditta ordenaçam toda encorporada em estn nossa carta assim e pella
giiísa como no ditto segundo livro se i-ontbeni e porem, mantbimos a to-
dolos nossos corregedores juizes c justiças officíaes e pessoas de nossos
líeynos que em todo lhe cumpram o guardem a ditta ordenaçam assim
e por a, guisa como aqni em esta nossa carta lie escripla e decrarada
s<'m outro algum embargu que lhe sobre ello jionham c iil nom fa-
cades. Dada em a nossa cidade dEnora a vinte e seis dias do mes
dabril FA Rey o mandou por Rny gomes daluarenga Doutor em leis
cavaleiro Conde pelatino do seu Concelho c seu chanceler mor Fernara
Rodrigues por Fernauí dAlmeida fidalgo da casa do ditto Senhor e
eserivam da chancellaria a fes anno do Nascimento de Nosso Senhor
Jesus Christo de mil e quatro centos e ontenta e tros annos].
Estações prehistoricas dos arredores de Setúbal
Hâbltaçftes prebiitorlcu ao Eongo da oosta naritlma
Ifoiílliiuntào.VW. » Arth. yrt., ii, U3|
A bahia de Setúbal, furmada na reintrancia da costa cutre os Cabos
Espichel e de Sines, c um dos logares m^s propicies para a pesca, nSo
I A parte ijuc "i: segue entre colchetes Hclia-se apenas n As. 41 v. e 4ã ilo
■o do JiegUto d'. PrnprU)» do Alninxnrifiido de Tarre» Xnrait.
byCOOglc
18ti O Abcheologo Português
só pi-lus abrig'os que lhe dSu aa suas costas c. a S«rra da Arrábida, que
.1 prutegc <lus venttks preddminnntes ãv norte, mas ainda pela abundân-
cia e variedade de peixes que ahi tSo attrabidos quer peU qnalidadr
de alimento, que encontram no plancUm em suspensSo nas aguas dn
o(.-cano, quer pelos bons cumedonros existentes nas areias e lodos do
fundo dt' mar.
Para a existência das muitas espécies de peixes, que. vivem na babU
de yetubal, eoneitire também a variedade de zonas batbymetricas, que
sh> ahi de todas a& espécies.
Na direcção SO. <l<i Cabo Kspic-hel, e cumo que continuando cm
sentido inverso a configuração da Serra da Arrábida, eucontra-se *
zona abyssal cujo fundo orça por 1:0IN) metros e onde os pescadores
do alto vão ha muito com its seus espinheis colher n pcixe-ltxa'-
Nas proximidades da costa, c em profundidades de JM) a 60 metros,
vem a sardinha aos cardumes cair tanto nas amiaçi^es fixas como nos
apparctlios volantes chamados cercos de galrSes.
Nas cabeças e baixos, tanto da costa como do estuário do Sado, va*-
o varino e o marisqueini apanhar os peixes e moiluscos, que puUulam
na zona litoral de pouca profundida<Ic.
Quando o vento sopra do sudoeste, o que é frequente na estaçlo
hiliernal, e põe cm tumulto furioso as ondas <lo tK'eauo, não pôde o pes-
cador da costa cm do alto sair do estuário Sado; mas os varinos e ma-
risqueiros, mesmo dentro d'este estnario c nos esteiros e albufeiras em
que se ramifica o estuário, continuam a colher o i>eixe e marisco» qne
aht abundam.
' Foi tLcalHB profiiDiliiUilca abvBSHCS qiip os )>escadorce do alto eDcontnnun
a espécie ile capouja chamaila chicote do mar (Hj/alonema Lutilaiiica) e de que ^e
nZo conheciam exemplares sitnfto jirovenientc» do innr (lo Jap2o.
Antea de 1BG4, anuo em que o Sr. José Viueoto Barbosa dii Bocage pnblicou
sobre o chicote do mar, achado no oceano proiimo de Setúbal, a saa Ndiàa
aeèrea da degcoberia vai cotttu dt Portugal de iim Mop/iilo dafamilin hyaloeiat-
tidfg. Itrandl, sugiiin-se n opiníilD de EdM-nrd Forbes, que, apoiado no ftct« de
a luz solar ntio pasenr alem de 200 metros de profundidade no mar c de nSolisvcr
planta* abaiio do 400 metros, suppiínha que oa abysmos alem de 500 metro?
eram soliduea deshabitadas, onde as trevas e as grandes pressões não pcrmittiain
a eiiatencia de nenhum ser vivo. Por isso a noticia apresentada pelo Sr. Bocsgi'
impressionou tanto o mundo scicutifico, quu desílc eiitilo eomeçaram aa oiplo.
raçSes oceanograjiliicas, que tanto tem ndeantado o couheeiínento dos pkenoine-
nos que se passam no seio dos marca.
Tnrabem desde 18!)« S. M. El-Eei o Senhor D. Carlos tem feito doUtcIs m-
ploraçues nos mari>s que banham as costas portuguesas, dando a conhecer melhor.
a fauuH d'essrs mares, especialmente entre o Calio da Itoca e o de Sines.
byGOí>^^IC
o Abcseoumo PqbtcouAb ItiT
Quaudo porém o vento sopra do noroeste, o que ú habitual uo estio,
;ts ag'ua8 do mar, abrigadas pela Serra da Arrábida, apresentam-se tran-
qDÍIlas como unm lago, e então o pescador vae afoito á vasta baliia de
Setúbal collier as myriadeã de peixes, que, sendo actualmente expor-
tados e consumidos em larga osoala, constituem uma das melhores
fontes de riqueza da localidade.
Setúbal ti a, piscosa Cezimbra ', que são as principais poToaç3es que
fícauí nas costas d'csta bahía, devem a sua existência e prosperidade
A industria da pesca.
Desde os tempos mais remotos, a colheita de peixes e molhiseos tem
sido aotiva nesta bahia, cujas costas foram sempre habitadas por abun-
dante população piscatória.
Du tempo dos Rontanos lia na margem esquerda dt< estuário do 8ado
as ruiuas de uma povoação em Tróia, otide se encontra grande quan-
tidade de pesos de redes c iunumeras ceturiag, que segimdo André de
Resende* serviam para a salga de peixe. Nas proximidades de S.'" Ca-
tbarina (Moinho Novo e Pitnta da Areia), na Sr.' da Graça, Cachofarra,
Pedra Furada, Commeiída e Creiro, todos situados iia mar^'m direita do
estuário do Sado e costa do lado do norte da bahia de Setúbal, também tc-
nlio encontrado muitos vestígios de cetarias e numerosos fragiaeutos de
ntensilios, que pelos seus caracteres attestam o muito desenvolvimento
que tinha nesta localidade a industria da pesca no tempo dos Romanos.
Dos tempos prcbistoricos tenho encontrado restos de liabitaçiíes junto
da costa maritima no sopé d<i Monte Vaqueiro próximo da Coramenda,
em Out3o e em Oalapos. Em todos estes legares encontrei fragmentos
de louça mnito grosseira trabalhada sem o auxilio da roda de oleiro,
machados de pedra polida, profusa quantidade d<' valvas de mulluscos,
cascas de crustáceos, ossos de peixes, etc., objectos estes que se podem
considerar como vestígios da industria humana ua época neolithíca.
Os restos de peixes, que encontrei nestas estaçSes prehlstoricas,
pertencem quasi totlos ás espécies que tem o seu habitat em zonas ba-
thymetricas pouco profundas e que pouco se afastam da costa como:
a dourada, o sargo, a tainha, o mugem, etc.
Nem sempre pois seria necessário aos pescadores primitivos defron-
tarem as ondas, nem correrem os perigos das aventuras em mares afas-
tados da costa, para poderem fazer abundante colheita de peixes, muitos
dos quaes sem receio se introduziriam pelas partes mais i-econditas
das reintranoias do litoral e albufeiras das proximidades do Setuhal.
. I (.'omo lhe chama Camucs noa Liuiadaa, m, Gõ.
* Vid. Df Ãnqwialibta Ltititanine, vol. ii, pag^. 2r>3.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
188 O Archeologo Poetcquês
Mesmo sem appiírclhos de pesca de grande engenho, bastaría para
apanhar o pt-íxo que, depois de elle ter entrado nos esteiros com a maré
enchente, se impedisse a sua saída na corrente da yasantc.
K o que se faz ainda liojc aapesra 0<; traresea, que os marisqueiros
empregam nos esteiros do Carvão o da Tróia. A ti-cn-easa é um appa-
relhu de estacada, isto é, uma rede sem pesos nem bóias, segura por
meio de estacas postas no fundo do mar em linha, que atravessa a
boca do estoiro. Emquanto dura o fluxo da maré, a rede está pros-
trada no fundo c deíxa eutrar o peixe. Logo porem que começa o rf-
ãuxo da mar(5, os pescadores levantam a orla da rede, suspendendo-a
nas estacas e impedem assim a saida do peixe.
De modo semelhante c com os mais rudes apparelhos de pesca
poderia o homem primitivo, por assim dizer instigado pelas circims-
tancias locaes, fazer larga colheita de })eixes, e para mais commodidade
formaria povoaçííes junto da costa da bahia de Setúbal e estuário do
Sado onde exercia a industria da pesca.
Seria talvez assim a origem das estações prehistoricas da Com-
menda, de OutSo e de Galapos, que passamos a descrever.
Eataçio prehUtoFloi da Connenda
Arttvil é o nomo de uma ribeira, que depois de ter percorrido «
valle do Picheleiro, entre as serras da Arrábida e as de Azeitão, S. Lnis
c Viso, vae lançar-se no estuário do Sado junto a um alcantil da sua
margem direita, graciosamente coroado pela casa v. forte de S. João, qoe
para defesa do porto de Setúbal foi edificado em 1C50 ' na Conunenda
de Mouguellas pertencente á ordem de S. Tiago (figs, 181." e 182.').
Próximo d'esta casa ficava a ermida de N. S.* da Ajuda, que desde
1573 até 1845* ficou sendo a egreja parochial de uma freguesia ins-
tituída naquelle anno com os povos da Rasca, Ribeira de Alcube e
Gralhai '.
■ Segundo a iuscriySo lapidar qiic tunda existe no forte de HongueUaa-
' O nltimo baptismo que ee effcctuou nesta igreja foi «m 1 de jnnbo de 1845.
Km ISõ^) a igreja fbi abandonada c hoje acha-se convertida em adega da quinta
da Commenda, propriedade do Sr, Conde de Armand.
) Segundo o (livro da visitação da ordem de Santiago da freguesia de nonsa
SAra da Jada cita no termo de Satubali, que se conaerva no arcliivo da firegueúa
da Annunciada de Setúbal, fai D. Diogo de Gouveia, Prlor-mór do eoaveato de
Palmella da ordem de S. Tiago que deu licença aos moradores dn Uasca, Ribeira
de Alciibe e Gralhai, que residiam distante da matriz (em Palmella) adoas léguas
de serras e de mao caminho e áspero e no meo a ditta ribeira d'alcnbe>, npara se
dcsmembrarT da Matri/>.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
Di„i„«b,Googlc
LEGENDA
ÍÍIi -Vcítluior, ,U tiulii-lrl" i.itli[i.l-.rlca iia sop.; ú^ Moi
— Pr.-a ou loiíqnu lio Ii^nii» Ooi roínanoí.
„ U« Ki, — Vcmlicl'» da íann!li!»cin romana d» agua J
.CcUrla> romana Kjnntii i foi da ribeira d> Ajailn.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AkCHEOLOQO POKTUGUÈa
Por esta ciruiinstaaciii a ribeira <\e Aravil tainliem tommi a <lesigna-
*;Sn'<lii Ajuda, ni>iim porque é mais eunliccida.
O valle pnr oiule (.-(.irrc a ribeira, ao abrir-se im e.sluariíi dti Sado,
ílá logar a um petiiieim esteiro por onde entra o oceano na preamar.
Xa baixamar porém o leito d» pequeno est«íro íica completamente
acima do uivei d» mar, bera foino um pequeno delta formado junto
(la foz pelo deposito das areiam arrastadas pela ribeira.
Na margejii esquerda e nu leitu deste e.steiro (figs. 181,* e IKá.*)
encontrei as minas do ceíai-iV/e rnmanas, if^tiacs ás de Tróia e como
elias destinadas á .salga de peixo e mulluscos para exportação. Também
alii encontrei muitos fragmentos de objectos da industria romana, como
IV.-tgmmtos de amphoras, de t<^i}ii}ii», de imbrire», moeda.s de imperadu-
rus do século IV, bem como imia iiifinidaile de valvas de molluscus ma-
rinhos, que attestam que ns lii>manos exploravam neste logar a pesca
e ctmscrva de peixe e marisens.
Para a lavagem das cetnrinH nu salgadeiras os Romanos serviam-se
da agua da Von te Velha, que repre.sa\'am no sitio da Presa i»>r um dique
de alvenaria, apoiado jior um gigante de argamassa signína {opus SÍ-
gnãmm), que ainda existe mascarado com um rebiKio de data muito re-
cente. Da Presa a agua era condiizidji para as cotarias por uma ca-
nalização de argamassa signina, de qno também ainda restam vestígios
nas bases dos montes dn Carvalhal e Cruz.
Na margem direita da ribeira, uns 400 metros a montante das ee-
tarías romanas e no sopé di> monte Vaqueiro, encontrei os destroços
de Mma estaçíht, os quaos, a julgar pelos seus caracteres, .se pmlem
classiticar de neolitliicos.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Archeologo Português
natureza d'estes vestijíios e a proximidade do estuário e bahia
lo levam-me a crer que hrmve aqui um petiueno jjorto e povna-
pescadiircs.
!m de muitas pedras de subslaiioia differentc da nicha locai, e
ovavelmenle foram trazi<la8 para este li>gar para a coostrucçãn
edes das liabitaçiíes, havia einzas. carvão e muitos destmç<>ii
?ct(is onde se exerceu a actividade do homem.
tstes destroços os mais dignos du nota sfio os seguint&s:
Uma serra de silex de secção triangular, que se acha reprcswi-
a fig. 18;i/
\ instrumento ponfeagud" de silex, talvez destinado a furjtdor,
4."
Diversos machados de pedra polida, dois dos quaes twm o gum--
bem atiado, como representam as figs. ÍHÒ." e 186.*
Fragmentos de louça igual pelo seu fabrico á da Rotura.
d'estcs fragmentos conser^'a uma das asas que eram em fur-
mamillos, como se vê na fig. 187."
Um fragmento de vast> de louça a que pelo atrito na orla se
brma de disco (fig. 188."). Apesar d'este disco .não estar perfii-
alvoz fosse o esboço de un» peso destinado a sen'ir de volante
(fusaiolu) ou cossoiro.
Vértebras e outros ossos de peixes. A maior parte d'estes ossos
n pela sua forma perteneer & familia Sparidae, cujos indiví-
juco se afastam do litoral e se alimentam de molluscos, cnis-
í plantas marinhas, .\iguns intormaxillares e dentes, que colhi,
grandes dimeusSes e julgo serem da grande dourada (Chry-
byCOO^^IC
o AsCHEOLOaO PORTUQUÉâ 191
sophrie aurata), que fui muito apreciada pelos Gregos e Romanos.
Esta. espécie de peixes ainda hoje é colhida no estuário do Sado e lagoa
de Melides.
Para obter estes peixes não tinham os pescadores da antiga estaçSu
«la Commenda necessidade de sair do esteiro da Ajuda, que noutros
tempos era menos assoreado do que é hoje. Bastava por qualquer mei»
impedir que o peízc saísse do esteiro com a corrente da maré vasante
para se obter peixe em abundância.
Nosta estação n2o encontrei, como na. Rotura, ossos de pescada
{Merluccius mUgarii) e de ontros peixes, que vivem cm zonas profundas
(zonas dos coracs cem » cota bathymetríca de 70 a 500 metros) e só
podem ser colhidas com o an7.ol, como fariam os habitantes da Rotura
que empregavam para isso anznes <le cobre da grandeza dos que hoje
se usam uos espinheis.
Por este motivo e ainda por nSo encontrar nenhum objecto de co-
bre, snpponho que a estação da Commenda nSn ohegou á época eomo-
tallica como a da Rotura.
F) Grande quantidade de valvas de molluscos das mesmas espécies
achadas na Rotura. Alguns <t'eBtes molhiscos, como as navalhas {Solen
vagina) e berbigSes (Cardium eãule, L.), ainda hoje se podem colher
em abundância sob a areia do delta da Otimmenda e na próxima praia
de Albarquel na baixa maré.
O) Dois pedaços de barro cru com cauacs de forma cónica. Estes
pedaços de barro são os estilliaços de um banco onde viviam os mol-
luscos chamados languciròts ou calampanas [Pknlag dattylu». L.), ma-
risco muito apetecido, que ainda hoje os marisqueiros colhem partindo
á picareta os bancos, que se encontram na baixamar das próximas
praias de Albarquel e Rasca. Os canaes são perpendiculares á super-
fície superior, que tinha o barro quando fazia parte do banco, snper-
Kcio na qual se abriam os orifícios por onde os pholax faziam sair os
seuB syfSes.
Estes fragmentos de barro parecem-se á primeira vista com os acha-
dos na lapa da Rotura de que já falleij porém um exame mus attentii
leva-me a concluir que sSo de origem differente. Com ofiéito, emquantu
<>s canaes feitos nas estilhas de barro achadas na Commenda são cónicos
c perpendiculares á superfície lisa do barro, uos fragmentos achados
na Rotura são cyfindricos e parallelos á superfície, que tinha o barro
• antes de ser partido. Alem d'isto nos fragmentos achados na Rotura
a superfície plana foi alisada cem as mãos, como se deprobende dos ves-
tidos deixados pelos dedos, o que não auecede com os estilhaços achados
na Commenda, que são de um producto perfeitamente natural.
byGoot^lc
o Abcueologo Fobtugdês
EHtaçOes d« OnlSo e UalBpos
Quem de Setúbal qnisor fazer uma excursão á Anabkla pela mar-
gem do Sado segiie a pittorcsca estrada macadamizada de OutSo. que
passa pela Coinmenda e praia da Rasca.
Esta estrada termina eui Outãn, e é pena, pois que, se continuas^*^
para o portinho da Arrábida, imdc tia uma pequeua povoação de pes-
cadores, puderiamos com facilidade revelar tanto aos nacionaes coinu
aos estrangeiros um dos pontos, onde no pais o l>ello se manifesta da
maneira mais impressionante.
Para continuar o itinerário para a Arrábida lia dois caminhos : ani
mandado construir a meia encosta da serra pelos frades da Arrábida,
o ouiro é uma estreita e tortuosa vereda por onde 6 preciso ora trepar
pelos rochedos, que se debruçam sobre as ondas, ora descer até à al-
i areia da ])raia.
)
Se}juindo por esta viTeda uns 400 metros alem de Outão, tica-nus
do lado direitjj a lapa dos Morci^gos, formada pelo afastamento de duas
camadas do ealcareo jurássico, e ende os pastores da serra enstumaiu
afilhar o fjado.
Km diffei-entes pontos nas proximidades d'esla lapa acliei, atloraudu
A suptrficie da terra, differentes vestiyios da industria humana, tacs
como; fragmentos do lonça grosseira de barro, mal escolhido e não
afeiçoado eoin o auxilio da roda de oleiro, fragmentos de machados do
pedra polida, easeas de mollusoos, etc, os quaes pela sua natureza c
fabrico julgo serem da época iieolitliica.
Continuando pela vereda, c depois de passar junto de diversas grutas
ainda não exphiradas uns 2:000 metros alem de OutSo, a costa deixa
de ser escarpada e depara-se uma líraiasinha chamada de Galapos, pró-
ximo da qual ha uma locauda cronstruida recentemente o onde se ven-
dem géneros para eonsiiiiio jlos habilaiites do l'ortiuho.
byCOO^^IC
o Abcheoloqo Português 193
l'ara a conatrueçUo dV'ste casal foi preciso explorar unia pedreira
<le calcareo nííocenico que está próxima, e na occasiSo da exploração
foram encontrados, entre os entulbos que preenchiam as cavidades da
rocha, grande quantidade de caseas de molluscos das mesmas espécies
que encuQtrei na Rotura, caseas de crustáceos, principalmente do cir-
ropode chamado vulgarmente craca (Halanus tíHtinnabidum. L.), nm
machado de pedra (fig. 189.") com o gume muito atiado e fragmentos
de grandes potes, feitos sem o auxilie de roda de oleiro com a grossura
de 0",02, e de barro tão mal escolhido que se encontram no seu inte-
rior pedaços de quartzo da grandeza do grSos de milho.
Julgo que estes potes eram destinados á salga e conservaçSo de
peixe e niolluscos.
Também foram achados diversos dentes de javardo, um dos quacs
foi cortado transversalmente talvez com destino a amuleto (fig. 190.*),
e uma valva perfurada (fig. 191.*) talvez para servir de lucerna.
{Continua). , r ,, n
A. I. Marques da Costa.
Mudança do nivel do Ooeano *
8. Cabo de Espichel
No Boletim da Sociedade (jeologica do França publicou o Sr. G,
DoUfus o o signatário d'estaB linhas um artigo sobre areias congluti-
nadas em gr4s rijo, eom conchas marinhas aetuaes,— que se acham
na escarpa de ií," S.' dos Navegantes e taml>em ao pé do semapho-
rico do Cabo do Espichel*.
Os pontos onde as conchas foram colhidas acham-se a (i, IT), fí2
e 70 metros acima di) nivel actual do Oceano.
Elias apparecem geralmente partidas, eomo acontece nas praias;
as que estão em estado de conservação que permitia determinação
certa são naturalmente mais raras nos niveis superiores que nos mfe-
riores, visto a erosão ter-se exercido durante mais tempo nos jazigos
que estão mais altos.
' Vfja-se O Arch. I'ort.,vo\. ii, ji. 301, — convite iiiiia se enviarem jiara istit
periódico elementos refereutc.s a estu tiastinto ; e o '2." artigo, vol. iv, p. tiJ.
' «Quciques cordoua Itttoraux inaTinH da Ploiatocéiie du Portugal», iii Boi.
Soe. Géol. France. tomo iv, 1904, pp. 73K-T,")2. ^Reproduzido nas fmnnmnieaçSeg
da Cominissão do Serviço Geológico, tomo vi.
byCOO^^Ic
194 O Akcreolooo Poktuglés
<.> nosso Ulustre geólogo Carlos Ribeiro já tinba indicado a prc-
aonça de conchas actuaes nestas alturas, ma^ não as lendo descrito,
havia duvida se ellas pertenciam ao quaternário ou aos terrenoa plio-
cenicos. O estudo que fez o profundo conhecedor das faunas inarínhaâ
actuaes, Gustavo Dolifus, dissipou todas as duvidas.
líeconlicceu ]4 espécies da altitude de 6 metros, 10 da altitude
de 15 c (i da de <>0 metros. O ja^-igo do 70 metros nSo deti .senSo
fragmentos indetermináveis.
Estas espécies uSo apreseutani relação com as do plioceno; (odas
pertencem & fauna actual do Oceano Atlântico. O modo do jazigo,
a mistura da areia com calhaus rolados, não deixam duvida de qoc
estes depósitos são os restos de antigas praias. Imp5e-se portanto »
admissão de uma mudança de 7'^ metros no ni\'el do mar desde a época
quaternária.
O artigo lembra a presença de conchas análogas á altitude de lU
metros ao pé da foz do Uoaro, já indicadas pelos Srs. Frederico de
Vast:onccllos e jVugusto ííobro.
Chamaremos também a atteação para um artigo do Sr. A. I. Mar-
ques da Costa ' em que se mencionam movimentos ascendente e descen-
dentc do solo <le Tróia de Setúbal, provado pelas minas, o que parece
indicar que o movimento acima mencionado continuava ainda na época
romana.
4. Trafaria
No lado opposlo da 1'eninsulu de Setúbal citaremos a povoação da
Trafaria, cnjas casas mais próximas do mar foram destruidas pela inva-
são das aguas, haverá uma dúzia de annos, e o facto de existir a ponca
distancia da horda actual do mar o bocal de um poço que não fica
a descoberto senão nas grandes marés.
É uma prova Íncontcsta\'c1 da movimento ascendente da linha da
costa, o qual se dá talvez ha mais de um século.
Paul Choffat.
O meio toniõs do Porto
Na collecção monetária do fír. Kobert A. Sbore existe um interes-
sante exemplar da época medieval, inédito, muito notável pela marca
monetária que o distingue, pelo diâmetro, impróprio do valor que rc-
' "ECitudoa Hobri: Tróia de SetubaU, ia O Areh. Porl., ir, 1896, p. 34.
byGOí>^^IC
o Abcheologo Pobtuqués 19r>
presentou, e aímla pyr outros predicados, mas estes de importantita
secundaria. Sem que mostre um typo monetário desconhecido, vem
preencher uma lacuna até lioje notada na serie de moedas que foram
trunhadas na cidade do Porto durante o reinado de D. Fernando, nono
rei cio Portaga). É o meio tornSs de busto.
Apesar tle fabricado írregiilarmcnfe, como no século xiv se fabri-
travam moedas em quasí todos os países da £uropa central, apresenta,
■■nmparado com qualquer padrão de moeda branca do mesmo reinado,
aspecto manifestamente agradável, de soffrível esthetien, como so mos-
tra na figura sefruinte:
Busto de D. Fernando com a eabelleira oudeanff, luroado, voltado
para a esquerda, dentro de um circulo de pontos. A marca monetária
P, significativa de PORTO, é o distinctivo que i-la.ssifica a moeda. Em
seguida á oníz da Ordom de Christo, "í") lê-sc na orla as primeiras pala-
vras do conhecido versiculo SI : DOJIIXVS : ÍIICHI : AIVTOlí :
NO : A palavra MICHI, por ilIHI, é corrente no latim medieval.
1^, — Cinco escudetes i-om quinas, disp"Stos cnicíalninntf, desta-
cam-se com nitidez expressiva. Qualquer sinal occulto que alii hou-
vesse n3o é hoje visivel no campo da moeda. Os gravadores de enl3o
pur vezes se dispensavam de assinalar os seus trabidhos com qualquer
distinctivo. A legenda* FERNANDVS : RKX : PORTUGÁLIA
'. A ; occupa a orla em circulo, ifodulo de 25 niillimefros. Peso —
1,71 grammas, ou -M^/i grãos. Bolhão de baixo titulo, provavelmente
com liga de ;í dinheiros de prata. Para ser tornes inteiro devia pesar,
pelo menos, entre 6Í) c Til '/i grãos.
É conhecido outro exemplar, igual, que pertence ao Sr. !)lauoel
Rufino de Assis de Carvalho. Foi encontrado em Évora, na quinta da
Belia Vista.
Parece que o desenho do busto mostra o princípe ua quadra juve-
nil, na idade inolvidável das illusòcs acariciadoras ; mus nSo se trata
de um retrato, que o gravador pretendesse i)fterecer A contemplarão
do povo, como se fosse exemplo comprovativo da sua pericía artística,
coratudo vê-se algo de expressí\'o e .sympathico no pei-fil d'aqueIlo
rosto imberbe.
byGoot^lc
196 O Akcheologo Poetdouês 1
A moeda \hjA\ix ser dobrada cm duas mctadc-s aem grande escorço,
tão delgada é a sua espoíisura. Este motivo, porém, nSo lhe deu do
anverso a impressão do cunlio do reverso, ou vice-versa. Ha espécies
monetárias de reinados anteriort», e ainda do poslfríores, com esta
qnasi dupla manifestação de symbolos.
É provável que o exagerado diâmetro do meio toniês fosse cod-
fundido com o do tornes inteiro de typo igual, portuense também, que
se mostra sob o n." 3.") da estampa vi do 1." vol. de AragSo, o que,
portanto, n5o fosse repetida a sua emissSo, K assim pode ser justifi-
cada a sua alta raridade. Ha apenas a differcnça diametral de 2 milli-
metros entre estas moedas, ao passo qne entre o t>iriiês e o meio tomes
de Lisboa, n."' ;[4 e 37, ella é de 8 millimetros, e relativamente a
iguaes padrões cunhados em Corunha, n."* 'ò^i e 38, é quasi a mesma,
levado em conta o cerceio que os respectivos desenhos revelam,
É seguramente errónea a classiticação chronologica dos tomeses
de busto em época ulterior á. das barbudas, graves e pilartes, classi-
ficação geralmente adoptada, por que estos padrões de baixo titulo mo-
netário foram emittidos depois d'aquelles, como vamos demonstrar.
A leitura do capitulo lv da Chronira de EhRvi D. Fernando, por
Fernão .Lopes, dá a conhecer que, por oceasião da guerra contra Cas-
tella, o monarcha mudou as moedft» todas, assi douro como âe prata efrz
outras novas quegendas Iki: prouffue com typos e nomes diversos, de
cuja senhoríageni e outros lucros eventuacs houve recursos á altura
de sustentar a luta, como lhe convinha, embora á custa de sacrificios
impostos ao povo, motivados pela transformação da moeda boa ein
moeda febre, onerada com valores escandalosos, como eram os das
barbudas de todas as proveniências, que correram por 20 soldos, ou
1 libra. O chronista cita estas, os graves, os pilartes, os fortes de
prata, que eram certamente roaes, fortes pela excellencia do meta),
cujo titulo era de 11 dinheiros, aqnelles qne tem no anverso a letra
F, únicos padnlcs que de tão boa lei foram cunhados neste reinado,
e em seguida menciona tornesea primeiros, com o valor de 8 soldos,
assun denominados para se differençarem de outros cimhados no tempo
tia guerra e que depois d'elta passaram a valer 2 soldos'', cujo symbolo
principal foi a cruz, tomeses petites, ou meios tomeses, o dinheir09
novos, iguaes aos que os reis anteriores mandaram baler.
Fernão Lopes citou quasi em ultimo logar tomeses e meíos tome-
ses, que eram os de busto, quando lhes devia dar a prioridade na rese-
AragHO, a i)a(í. Vil do vol. i
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Aecheologo Português 197
nha, t: seguidamente citana as inocdan novas quo se fabricaram á casta
(l"eUes dnrantf a guerra, isto depois de se ter referido aos reaes fortes
cie prata fína, como fidalgos que eram na genealogia monetária.
É positivo que a depreciação da moeda conieçou pelos tomeses de
bustii '; portanto já existiam quando a guorra teve principio. Os raros
que aiuda se encontram sâo de melhor lei que a das novidades mone-
tárias a que deram origem. Estas novidades, em cujas gravuras se
vêem viseiras, escudos e lanças, mostram caracter accentuadamentc
guerreiro, como n caracter ohristílo se manifesta nas gravuras de moe-
das bizantinas, pontilicaes e outras.
Os forneses de busto eram antigos; datavam dos primeiros annos
da realeza de 1). Fernando. O seu typo foi repetido apenas na Corunha,
durante as primeiras fases da campanha, com o peso de 70 '/j grãos*,
peso inferior ao dn tomes do Porto, que tem 7;t '/j grSos*. Pensamos
que sSo obra de moedciros que manchavam na retaguarda da solda-
desca, talvez já militarizados então.
Os torneses de busto com as marcas V — ,V ((/AMORA), T (TUY),
M (MIltANDA), e V, ou V- A* (VALENrA), ainda nín foram vis-
tos; porque nSo existiram? E evidente qiie os de Lisboa c do Porto
não foram fabricados como tributos de guerra; os pesos dos exemplares
existentes e a sua liga de melhor lei assim o attentam.
' Aragão. H iiag. 189 do rol. i.
» IJcm, a pag. 163 cio vol. i.
* Tem sido negnilan exÍMcn('iadnofKciiiainouctaria(leValenç!i,iii!o obstante
FemSo Lo|)es ter nllmlido a ella (porque Teixeira de Aragão aDSocltanosquadro!*
da pag. €8 e 6n do vol, i, ou cni qualijuer outra jiassagem da sua obra), c ainda
porqac os namismatas. em ger»!. nSo tem visto iooi;(laa cunhadas ali. Para que
uesscm de vez negativas e duvidas, vac aqui reproduzido uui grave com a uiarca
V — A no HDverso, inédito. É de bolh&o e pesa 1,91 grammaa, ou 38 grãos. Estr.
eieraplar foi incluido sob o d." 23 no catalogo para o leililo que teve cffeito, em 18
de Janeiro de 1903, na Casa Liquidadora, Avenida da Liberdade, Lisboa. Foi adju-
dicado ao Sr. Jalius Mcili, em eajo medalheiro exiete'.
' Cf. nutro riempliir, iiiin rxlftf, m m1li'c;ín <lii Ullilfolrc* NncLuii*!. citadu 111 glaelie <U UfVi
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Akcbeologo Português
1
Estas moedas já nilo vXistiam na círculaçãu quaudu FemSu Lupes
escreveu :i olirunica citada, c eis purquo as tratou com menos eooside-
ração, arriimando-as ou ultimo quadro das suas informaçSes munetarías,
^liie fazem íú como theorias doutrinarias indiscutíveis, excepto neste
caso particular de deslucaçSo chrouologica, viviam apenas na sua lem-
brança e na do povo, quc jis estimara com melhor justiça que. por
exemplo, as barbudas, representativas do 20 soldos no tempo da guerra
e, terminada cila, dadas por boas somente nu valor de 2 soidirs i- 4
dinheiros.
O meio turnez du .Sr. Shure é ti metade do tornes prímeim, ou pri-
mitivo; ó 1» tofiii-z prtiU- , ('limo lhe <-hamou KernSo Lopes. Teve o valor
de 4 soldos. .Vpesar da sua origem portuense iiSo é de peor lei que
o seu irmão de Lisboa.
Tiveram má fama as moedas cunbadiís no Porto, mas não todas.
Houve ali prevarieailiires que c-unharam )>arbudas falsas, que D. Fer-
nando eondeiiuiiiu aos cadinhos, attingidas pelo regimento e lei de y
de fevereiro de 1H7H. .\ uivada das justiças uSo eh<'go« até os rceessws
mysterinsos dos laboratórios particulares, ondi' era preparada com ele-
mentos ordinários a moeda que empobrecia o povo. EI-ReÍ, eutrctid"
no principio do reinado com torneios, nxuilarias e outros denitnfada-
meJ4tvg. só muito tarde viu u imvem negra, que de algum modo podia
ter "bscuri-<-ido o (réu da sua mais belia cidad»! do ni)rte.
Lisboa, .\bril de l!l(l.-|.
SIaNOKI, JoAQCtSl DE CaMPOS.
Insoripç&o romana do oonoelho de Arraiolos
No sitio do Pego da Ponte, junto do açude do moinho da .Sr.*
I). Brigida do Carmo Pinheiro, na herdade do Marmeleiro, freguesia
<le VidigSo, concelho de .iiTaiolos, a ."> kilometros de Évora Monte,
na margem da ribeira de T6r, appareceu ha tempo uma tosca lapide,
de rjfiT de altura, (^,28 a ir',33 de largura e O^lá a 0^,33 de espes-
sura, em que se lê o .seguinte fragmento de inscrípi,'2o romana:
KlíBEIDí.
B.A_A^;i
í;F HS
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Akcheologo Pobtuocês ld9
No cumcQo da linha 1.* e 2.' creio que nSo fiilia letra nenhuma,
purqae a faço esquerda da pedra está no seu estado natural, embora
mais ou menos informe.
No começo do 'ò.* Holia a pedra tem uma lasca de menos, e pude
pois faltar alguma letra.
A foce direita da lapide está muito quebrada, e faliam letras d'esse
lado, pelo menos na linha 1.' e 2.% pois a H.'', como contém uma
uonhecida formula ou clausula, tanto podia tenninar no S, como seguir;
ê porém provável que terminasse no S, porque nSo se vê adeante ves-
tígio de ponto, posto que houvesse suficiente espaço para elle, a julgar
(lo espaço que existe depois das letras antecedentes. Â ultima tetra da
2." linha está reduzida a uma haste obliqua.que pôde ser I ou começo
tle L ou de V.
É evidente que estamos deaute de uma inscrip^ão funerária, pois
que HS significa li(ic) ííííj"). No meu entender havia nas duas pri-
meiras linhaíj duas palavras, representando a 1.' o nome do morto,
c a 2." o do pae; o F do começo da linha ít.* significa /Ifi7í}"V
O sentido é: J*'., filho (filha) rfc F., está aqui sepultado (geptdtada).
Apesar do seu laconismo enigmático, esta inseripçSo tem sua im-
portância, porque é um testemunho da dhminaçSo romana no local em
que appareceu, c preenche uma lacuna no Museu Ethnologico, onde
a epigraphia lusitano-romana do concelho de Arraiolos estava repre-
sentada apenas por algumas inscripções tigulinas.
A lapide foi por intermédio do Sr. Henrique Loui-eli-o, desenhador
de Obraa Publicas, iiflferecida graeiosamente ao ^luseu Ethnologico
pelo Sr. .\iitoiiío Maria do Carmo, funceionario da Repartição dos i^n-
ininhos de Ferro do Sul e cavalheiro digno de todo o applauso e agra-
decimento pela sua generosidade.
J. L. DE V.
Anti^dadea do oonoelbo do Sabugal
Em vários pontos do concelho do Sabugal existem ainda vestígios
da passagem de difterentes povos que mais ou menos se demoraram
no sen território, p actual concelho é formado dos extínctos concelhos
de Sortelha, ViUa Touro, Villar Maior. .Mfaiate.s e algumas freguesias
de Castello Mendo.
Tem actualmente quarenta freguesias. Apenas farei aqui menção
das que encerram ainda alguns veatigios que revellem a existência
do homem nos tempos mais remotos. Dos tempos prehistorieos minis-
byCoO^^lc
200 O AaCHEouMJO Pobtuqdês
tram bastantes clomcntiis Aldeia Velha, Aldeia da Ribeira, Ruivôii.
Sortelha e Pena Lobo, sohretiidu estas ultimas, cum os nionumentM>
gigantesco» de graiiitu, dolmens e instrumentos de pedra, da epiK-.i
ncnlithica.
De tempus menos remotos talvez, que abrangem já a época <la *1<»-
miuação i-umana, existem sepulturas, lapides sepulcrraes, tijolos e te-
llias em Villa Touro, Kurtelha. Lomba dos Palheiros, Alfaiates, Aldeia
Velha, Ruvina, Valle das Egnas, Rendo, Villa Boa, Ruivos, Rebolosa.
Villar Jlaior, Badamalos c ainda noutras freguesias.
Infelizmente vão dosappai-ecendo esses vestígios, e ainda não se pro-
cedeu a um estudo rigoroso do pouco que ainda existe, sendí> de lamon-
.tar q»e se nSo tenha feito uma exploração demorada no Sabugal Vciho,
em Ruivos, nos Villares, sitio pertencente á Villa Touro. . .Nointuil» de
corresponder aos desejos do Director do Archeoloyo Portuguí», mani-
festados em vários números, von dar uma succinta noticia, que será an-
tes um começo de inventario, das antiguidades do concelho do Sabugal.
1. O Stbusal Velho
K pouco mais de tim kilometro a SO. da Aldeia V^elha, ergue-se
um elevado outeiro, onde alveja a ermida de N.* Sr.* dos Prazeres.
No alto d*esse outeiro, que do N. e SE. í de difficilimo accesso, exis-
tem ainda as ruinas de uma antiquíssima povoação, c.onliecendo-se bem
oa alinhamentos das ruas, uma das quaes tinha quinhentos passos de
comprimento, á qual dão o nome do Rua Direita. Não só pela appa-
rencia, mas conforme á tradição, parece ter sido castro, e nSn di>s
inferiores, attendendo á sua área e a que era cercado de um fosso e.
noutros tempos, do muros, ao que parece. Doe muros nada resta a
descoberto, mae o fosso é ainda bem patente. As casas eram de pe-
quenas dimensões, as paredes de alvenaria, não se notando já barro
ou cat, nem cantaria alguma, que, no dizer de um pastor que ali pasto-
reava o rebanho, sentado nos restos da maior casa, «fora toda para
Aldeia Velha, ou empregada na capellai.
Em vários pontos appareciam profimdas escavações, feitas em pro-
cura de thesouros.
■ Aqui ha grandes riquezas, disse o pastor; os Mouros, pelos modos,
prometteram uma serra de trigo a Portugal se lhe deixassem esbarrun-
dar este cabeço. Ê cá nunca précurei, mas diz-que stá aqui enterrada
uma custodia douro, quo bota um resplindor que inté cega á gente
que le quer botar as unhas. K uns sinos grandes, presos nas raízes
dos carbalhos»?
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ASCHEOLOGO POKTUOUÊS 201
Pergiiutei-llic se nunca fichara ali moedas, c o Jusé Alves rospundcu :
— NS ae vá sem resposta, home, ê cá nunca enxerguei mais qn'as
«•oiitas de brido, »m dia (iu.e me niubíram uma capada (rebanho) de
chibos o pri) scutro dia, cando andaba a repastar as cabras e tomar
as bácas, a modos que achei um chavo, mas avíntei co'elle e mê pri-
uKi, no dia que trogueram a santa p'ra môr de chover, achou aqui uma
cunha, nSii vi se era raio se corisen . . . Ora, continuou i> pastor, minha
a^-ó contava que estava aqui uma moura encantada que na noite de
S. Joãn e já p'ra minh^sinba, botava mutiximas pessas d' ouro a curar,
mas i' cá nunca lhe pus os olhns em riba. O que alem há são chuchnr-
rões: se quer be-los. ■ ., disse aptmtando um niontão de escoria.
Fielmente cupiada a informação que o pastor forneceu, dá ideia
tia linguagem da Aldeia Velha e mostra também que ao Sabugal Ve-
lho andam ligadas as historias de Mouras encantadas e ainda que ali
appareciam niacliados de pedra polida, jjorque um me foi offerecido,
ali achado.
Levado pela curiosidade, liii examinar um montSo de petlr<'gnlhos
que o pastor me indicou, e que era escoria (chuchurruee, dizia) ha-
vendo indícios de ler ali havido algum forno para derreter minério,
o que se explica porque a pequena distancia ha ura iilSo, não sei de
que minério, dando-sc ao sitio o nome de Ferrarias.
Ttiuitas são as lendas associadas ao Sabugal Velho, que por brevi-
dade omitto, sendo uma a que se refere a Pedro Coelho, um dos as-
sassinos de Inôs de Castro ique ali se refuglon c que por isso foi
arrasada a povoaçSoi. Esse Pedro Coelho, que alguns da Aldeia Velha
dizem ser d'ahi, em opposiçSo ao que dizem os de Jarmello, teria mo-
tivado, no dizer do povo, a destruição d'aquelta villa, como consta da
seguinte quadra:
Adens vilU de Jarmello,
Adeus pedra ile inonturl
Emqnanto o muodo fi>r mundo
Tributo Iifts de pagar.
Sem querer falei no Jarmello, cujas minas são dignas de visita,
assim como o preciosíssimo dolmen que fica nessa região, freguesia
de Pêra do Moço, ao que consta, propriedade d(» Miiseit da Sociedade
(>[artin8 Sarmento». (Vid, fig. l.*|.
Creio que não seria infrutífera uma exploração no Sabugal Velho,
emquanto « arado e o alvião não destruírem os restos das casas e
apagarem os vestígios claros das diflFereiítes ruas. Nisto pensava eu
ha poucos annos, contemplando o bello e majestoso horizonte que d'ali
se descortina, e que abrange immensos territórios de Heepanba e Por-
byCOO^^IC
202 O Akcheologo Poetugués
togai, ÍDcliiindu as ruinas do c:u»tello dv .Ufaíates, a iJestacar-se eutrt-
08 casebres, num outeiru que o CisarSo círcumda o a puucos passos d"
campo, onde em 1811 o exercito francês suffreu grave derrota.
A lenda de Pedro Coelho surgiu na mente do povo sem razã>>
plausivc-l, o talvez nascesse do facto de ae chamar castro ao aitio c
d'iihi (juerer justificar o nome, ]Ígando-o, associando-o ao tragicu 5u<--
cesso de Inês de (lastro. I4ão merecerá a pena pensar na lenda, nm^
merece louvores <jitem revolver as rniuas, onde talvez appareçau)
objectos que indiquem ou desvendem n mystorio em que está envol-
vida aquella povoação.
Chamo a atlençSo do Director do Museu Kthnologico para essa
empresa; podia suceessivamente proeeder-se ii escavações em Ruivos,
V. Jlourisca e Pena Lobo.
Do aspecto do Sabugal Velho faz-se ideia pelas noticias seguintes.
N3o me demoro em descrições maia minuciosas, que julgo desne-
cessárias, nem da visita ao local tenho notas mais circunstanciadas.
O sitio é bem cimhecido u nada se lucra cm niinueiosidades, que pouoo
adeantíim. Os restos de muitas casas, bom alinhadas, o terem ali ap-
parecido instrumentos de pedra polida e moedas, e o aspecto geral do
Sabugal Velho, e, a não grande distiiucia. a existência de sepulturas
abertas em rochedos graníticos, são já iiidicios suflicientés para bavor
probabilidades de bom êxito numa cxploraç3n a que presida o verda-
deiro (Titerio.
Na freguesia de Pena Lobo, na .Serra da Vinha e sitio da Lapa
de Urso, também no concelho do Sabugal, existem indicins de antigas
habitações e mesmo de uma pequena fortificação, embora mais tosca
e rude qui' a do Sabugal Velho.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Arcueologo PoktuguAs
Na vertente sudoeste, entre rocliedos escarpados e de difficilimo
nccesso, existe a Lapa do Urso, gruta natural e espaçosa, que tem uma
comprida galeria, eotre rochedos graníticos. Ali ee refugiaram muitos
tios habitantes de Pena Lobo no tempo da invasão francesa. Díz-se
Hue a galeria tem Baida no alto da serra, o que nHo me foi posaivel
verificar.
A parte mais t^levada da Serra da \'ÍDÍía, míde existem restos de
casas, cliamam ainda lioje Cabeço dos Mouros. Ali abundam restos de
\ouça cozida, á superfície do terreno, entre os destroços de muros dos
(Casebres, e sobre o lagedo granilico notam-se multas pias de differen-
teii dimensões, nalgumas das qtiaes cabe um homem deitado, como ve-
rifícou o guia, tendo, porém, pouca altura j mas nlo me parece que
fossem feitas para sepulturas, já por serem diferentes das que tem
propriamente a denominação de aeindtunis aíiertas em, rocha e que abun-
dam em Sortelha, Rnírós, Valle das Éguas, etc; já por serem pouco
profundas e terem um sulco que impedia a reteiisSo das aguas pluviaes.
Uma d'ellas, de muito maiores dimensões, denota ter sido lagar. Al-
gumas ha circulares v de pequenas dimensões. Não só peta seme-
lhança, mas peto numero e disposição se vê que não foram obra do
acaso. Creio que devo ter sido antiga povoação ou estação prehisto-
rica, succedendo as casaK á gruta, o que está ainda de harmonia com
" nome do sitio e o facto de terem perto apparecído instrumentos
de silex. • -
O aspecto é o mais selvático possível, não obstantu gozar-ae d'ali
vastissimo horizonte. Recolhi vários cacos, alguns com asa e espessos,
percebendo-se que pertenciam a vasilhas de differentes dimensSes.
S. AiititiiMa4«s de S«rt«lba
A antiga Villa de Sortelha fôra reedificada por D. Sancho, pois
que tinha sido já povoada no tempo dos Romanos, e depois arrasada,
como é tradição constante, confirmada pelo apparecimento de moedas
e sepulturas abertas em rochas graníticas, que abundam mesmo intra-
muros, havendo algumas que eram destinadas a crianças, única |>o-
voaçlo onde as tenho visto d'aqnellas dimensões.
Junto da igreja parochial havia quatro sepulturas grandes, do lado
oriental da mesma, iiavendo uma que não tinha nem um metro de com-
primento. Muito resumidamente farei menção das elevadas muralhas
e do Castello, onde existe ainda a torre de menagem sobre um eteva-
disBÍmo rochedo, parecendo verdadeiramente inexpugnável de qual-
qner dos lados. As muralhas estão na mór parto solidas e capazes de
byCoO^^lc
204 O Aecueologo Portuqcé8
resistirem durante miiitoií séculos, uío havendo o risco de serem des-
truídas, porijuc La muito que em Sortelha se não edíticam casas, caiado
em minas as existentes, e pnr isso aa muralhas não servem, como em
Alfaiates o outras víllas, de pedreiras aos habitantes.
Xãi> me occuparei do pelourinho, nem de outras cousas de >Surte-
lha c Amíbalde, porque «Vísso fallei já uuma Memoria a respeito do
concelho do Sabugal.
Vou, porém, occupar-me da anta dos Vieiros, existente na Quiatâ
d'este nome, pertencente ao Sr. (.'onde de Tarouca, perto da estrada
que liga Sortelha a Bendada, no sitio da Pedra Furada. K formada
P«r um coliossal monolito granítico, differento de quantos tenho v-isto
e semelhante a muitos da França, que representa a mesa, se assim
posso chamar-lhe.
Assentes sohre lages graníticas, supportam pelo lado oeeidental
dois postes, aquelle collosso que dos imtros lados assenta sobre rocha
firme, havendo uma pequena cavidade por baixo da grande raoUe e
entre as toscas columnas e rochedos em que se apoía. A terra desappa-
receu se esteve coberta, o que nem sempre saccedia, mas a poucos
passos a E. m>lei terem feito uma escavação no terreno accomulado
entre uns rochedos parallelos.
A primeira \ista repugna admíttír que naquella posição fosse eol-
loeado aquelle pesadíssimo c collossíd penedo, mas um exame demo-
rado leva a crer que tudo alí foi inteucional. Na França e Inglaterra
existem alguns cnonnes, de cumprimento de vinte metros c mais. X3o
faltam na anta as fossaszinhas tão características e vulgares, pequenas
e uniformes, mas simples e reveladoras ainda de atraso, se as com-
pararmos com os trabalhos do dolmen de Gavr'inís, que passava pelo
mais notável do mundo, ttnde appareceni no interior grosseiras ins-
culpturas, desenhos de instrumentos de pedra, feitos com relativa pe ■
ricia e correcção.
Não tenho as dimensões doesta anta coliossal, que como acabei de
notar, oíferoce certas particularidades. Dolle remetto um desenho, que
dá bem a ídoía da sua forma c tamanho.
A pouca distancia d'ella passa a ribeira da Quarta Feira e nos
terrenos marginaes appareceram fornos de fundição, como affirmou o
arrendatário da Quinta dos Vieíros.
A pequena distancia do Sortelha existe perto do caminho que liga
o Arrabalde á Ribeira da Azenlia c á esquerda de quem desce a 200
metros pouco mais ou menos das muralhas da viUa, ao norte d'estas
uma espaçosa lapa sob um enonnÍssÍmo penedo granitico, que devo
ter sido um holln abrigo ou habitação do homem prebistorico.
byCOO^^IC
o ÀKCHGOLOGO PORTUGUÊS 20Õ
O que turuu notável este abrigo, asisim como iiutro que está um
pouco mais abaixo, c á direita do referido caminho, é a ezisteucia de
cavidades a imi metro de altura, pouco mais ou menos, na parede da
lapa e A esquerda quando se entra na primeira, abertas sinuosamente
no granito, tcmlo cinco ou seis deeimctros de profundidade. A que
examinei começava numa fossa pouco profimda, d'onde partiam duas
aberturas em direcção opposta, ambas igualmente sinuosas.
Qual o íim a que eram destinadas sorá objecto de conjecturas;
mas parece natural que fossem feitas para servirem de esconderijos,
otide guardassem os machados, as settas, os rascadores e talvez os
restos das reses mortas, e as jóias mais estimadas.
D'estes buracos, onde cabe um braço ã vontade, havia muitos cm
toda a encosta de Sortelha, vendo-se vestígios de alguns em penedos
fendidos, que d3o a ideia da 'sinuosidade que di^screvem.
Parece fora de duvida que foram praticados por mSo dti humem
nos tempos prchis to ricos, pois que mal pode admittir-se a hypothcse
de terem sido feitas por aves para servirem de ninhos. Xo rochedo
que forma a lapa existem também pequenas fossas, talvez começo de
outras iguaes ás primeiras de cuja continuação o artista desistisse,
porque o perfurador ou o machado e escopro de silex náo vencessem
a resistência dji pedra.
NSo conheço nada igual, nem tenho visto noticia de obra seme-
lhante e por isso nilo sei se taes cavidades teriam ou nilo a appIicaçSn
que eu presumo'.
Fossas pequenas existem em vários penedos, que vulgarmi-ntc cha-
mam barrocos em todo o concelho do Sabugal, sobi-etudo em Pena
Lobo, Sortelha o Kuvina, assim como cúpulas, algumas de grandes
dimensões c de fabrico intencional; mas nada se pare(;ein <!0in estes
esconderijos que chamarei escaninhos do homem prebislorieo.
' Já depois de impreasa rsta noticia, vi uo vol, iv ilo Arr/ieohgn um artigo
devido á peuna do meu iliuBtrc amigo i! aiitjgo condi ocipulo, Dr. Alves Pereira,
onda fala de cavidades semelhantes is do Sortellia, eendci de opiniilo que a3o
uaturaes. NSo ousarei dízer o contrario: mas julguei taça cavidades obra do
liODieiu : 1.*, porque eiistiudo nos rochedos que forniam o abrigo, e no interior
d'eRteB, nSo poderão ser atCribuidad á ae^So dar" cliiivaa, nem dri.i ageutcs atmos-
phcricos, como algumas eavitladee que coulicro nas margens do Coa e outras
jtmto do mar; '2.", porque obedeceu) ao mesmo ilesrnho o andam associadas a
outras cavidades (fossazinbas) ; 'à.', porc(ne as tenho visto etu sitios onde a pas-
sagem do homem preliiatorico ficou assinalada e onde ha vestígios de outras
cavidades que foram deslrnidas. Se foi temeniriu tal opiniSo, trouxe-uic eiii coiii-
]>ciisaeão o gozo do.-^ onsinauieiitos do meu qiieri<lo amigo.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
306 O Archbolooo Português
Até hoje creio que nâo foi dada a solução ao problema das fos-
sas e cúpulas, que parece ligado com o buraco ou esconderijo a qut:
acabo de me referir. Concluirei esta noticia a respeito de Sortelha di-
zendo que tem no seu limite apparecido muitos instrumentos de pedra
polida, de pequenas dimensiUes, naturalmente instrumentos votivos, e
um machado de bntnze, que foi remettído para o Museu de Jesas
pelo Sr. Villas Boas, natural do loji^ar de QiiartA-feíra.
S. BnlTiit
Pobre freguesia do concelho de Sabugal, de que dista 13 kilometros,
Kuítós é das mais ricas archeologicamenle falando, pois que fornece
n2o só restos de antiquíssimas casas, sepulturas abertas em rochas
de granito ou s'jum da época romana, medievaes ou prehistorícas,
sendo esta ultima hypothcse a menos presumivel, apesar de, a pequena
distancia, tahc7 20 metros, da pia que está na Tapada das Crnzes
claros, Gvidcntcb vestígios de uma anta, cujo desenho enviei já.
Sipulturas ainda existem a da Tapada das Cruzes, próximo da
Igreja antiga de ^. Paulo, itma no Curral dos Freixo», outra na Tapada
da Lage, uma na Terra do Senhor, outra na Horía
Cabeira <■ outra, um tanto damnificada, no lameiro
ilo Pombal, todas estas semelhantes ás do Jarmello
e que constam do Relatório da expedição á Serra da
Estrella, o muitas d'este concelho, Valle das Éguas,
Sortelha, Aldeia de Santo António e Badamallos, etc.
Todas são do tj'po representado no desenho da fig. 2,"
Nenhuma tem cohcrturas, nem ha memoria de quando fossem le-
vantadas, e todas são abertas em granito. A do lameiro do Pombal,
creio que está orientada de norte a sul, e a da Tapada das Cruzes tem
orientação diífercnte.
Das antas de Ruivos ha restos apenas da que existiu na Tapada
(las Cruzes, e nem dos sities haveria hoje notícia se não fSra o bene-
mérito padre Gaspar Simões, que parochiou a igreja, como consta das
Memorias Parochiues e do Archeologo, vir, pag. 76.
Quando ha poucos annos visitei aquella freguesia s6 um homem me
deu noticias das antas, tqtie serviam para ali queimarem os dízimos»,
affirmara o Venâncio, indicando-me o sitio onde estiveram e as paredes
onde foram empregadas as pedras de tão antigos monumentos.
Perto da igreja de S. Paulo, que dista da povoação uns 600 metros,
fica a Tapada das Cruzes, onde, como fica dito, ha restos de um dol-
men ou anta, para me servir do nome português e não recorrer ao
byGoí>^^lc
o AkCUEOLOOO PORTCCiUÍS ^7
uome dado pelo sábio francês Legrand <l'Aii33y, aos monumentos mi'
galithieos, em 1799. (Fig. 3.').
A Tapftda das Cruzes fornece aíada material bastante jMtra om «es-
tudo da antiguidade em Ruivos, com a sua sepultura num monolitho
de granito, restos de uma anta, tijolos e telhas a cobrirem ainda u
terreno, sendo de presumir que muitos objecto» antigos ali jazam a
maior ou menor profundidade. A própria capella dSo os naturaes de
Buívós uma grande antiguidade, querendo que tenha sido mesquita.
-V simples inspeeçSo leva ao convencimento de que era templo antigo,
mas simples, sem a menor sumptuosidade, se é que lhe nSo dosappa-
receu com as reconstrucçSes que tem sof^do, como se prova por uma
lapide com iuscripçSo insculpida na parede lateral. Tem dois arcos, um
d'elles, o cruzeiro, em o^va simples, se assim posso exprimir-me, e am-
PlR. t.* — Me^KlbixUTspwla d» Cnur> IKutiús-UubnKntl
boa de dnro gruiito. A porta é redonda, e nu exterior nota-s«, alem doa
contrafortes, os característicos modilhScs, que se observam na Igreja
<U Ifisericordia de Alfaiates c Santa Maria de Villar Maior, Senhora
(lo Honte na Cerdeira e Misericórdia da villa do Sabugal, em cuja
parede existe também nma lapide, cuja inseripçfto nXo consegui únda
Iftr, e de que me occuparei a respeito de antiguidades do Sabugal.
Perto da fonte existem uns muros de quintais que deveriam ter
pertencido a casas, sendo provável que umas escavações feitas ali
dessem algum proveito.
Junto da igreja paroebial, que é moderna, existe o antigo reducto,
que revelia i^erta antiguidade.
Foi o que consegui colher a respeito da freguesia de Ruivos.
Caldas da Rainha, 4 de Maio de 1905.
JOAqUIH MáKOBL COBBKrÁ.
byCOO^^IC
o Arcueologo Poktuquês
Catalogo dos pergaminhos existentes
ohivo da Insigne e Real Colleglada de Qnlmarftes
LXVI
2» de oiltiibro i?) iIc 13l>6
posição Hulre o arcebispo âc Brag^a D. Martinho <■ u cabido
narSes, p<!la qual este cedi'ii áqiielle o padroado c rendas da
t S. Payo de FSo e d arci;bispo annexoii á mesa do prior a igreja
3o de Ponte c á mesa capitular ãs de' Santa .Maria de .Silvares,
• de Gaiidoso, S, Martinho de Conde e Negrellos, que eram da
açilo do (;al)ido, i^oni rtíserva da oongrua sufliciente para um
perpetuo, que o cabido apresentaria e o arcebispo cuntirmaria.
ito o instniaxmtu om Santarcm a 28 de outubro (ou novembro ,i
pelo tabelliío brachareiísc Martim Annes, o qual por autori-
igia podia exen^cr as suas funcçiles em todo o reino nos ne-
o arcebispo, sendo tesfcniuiihas, entru outros, Pedro Ferraz,
le Guimarães e reitor da igreja dcVilla Boa de Quirix, e Goií-
evez. reitor de S. Pedro de Maximino».
G contrato foi procurador do cabido de <juimar3ies o chantre
<ÍHiH;ia em virtudt^ de procuraçSo passada em Giiiiuarãcs a 4
dl- outubro da t-ra de 1344 (12 de outubro de 1306).
10 de julho da era de 13S4 (Ch. 1340) o chantre de Guimarães
íngos Annes apresentou, na praça da villa, o instrumento retro
lo Guiniar3es Vasco Ft;niandes, que dVile mandou passar pu-
[na pelo tabelliãu Martim Anues, sendo testemunhas, entre oii-
rtim Pires, ahbade do Barqueiros.
3 de agosto de 134l> Martinho Beijto, cuneg-o c procurador
0 de Guimarãt-s, apresentou a D.Vasco Martins, chantre de
publica-fonna referida, de cuja apresentaçío foi lavrado o res-
nstrumento pelo tabelliío bracarense Thomás Martins, no tjual
leritos todos os mencionados documentos.
LXVII
23 tie março dn líHI"
i de confirmacjão ii ÍustÍtuÍçíto canónica de Mig'uel Martins,
perpetuo da igreja do S. Joílo de Ponte, apresentado pelo
e OuimarSes, conferida pelo arcebispo D. Martinho.
1 no mosteim de Porabciru a 4 das kalendas de abril de 1307.
byCOO^^IC
o Abcheologo Português
30 de ago«to de in07
íjeiíteuça, proferida pelo juiz de G-uimarSes JofUi Affonso, jiilgfutdu
valido o prazii que do c&ssl de Villa Verde, fre^esía de Santa Maria
(los Oemeos, possuis JoSo Pires e mulher Maria Martins, o qual lhe
era questionado por Domingos Gonç^ves.
Dada em Guimarães a 30 de agosto da era de 134Õ e escrita pelo
t&bellilío Martim Martins, sei^do testemunha, entre outros, João Do-
míngnes, tabdlíltd.
LXIX
30 de Hbrtl de l;tll
Doaç3o de propriedades no logar de Villar de Mui^zellos, com re-
serva do usufruto para o doador e de dons marividis pagos pelo doador
em vida d'elle e impostos em casas de Amarante, feita por Estevam
Rodrigues, filho de Ruy Gonçalves, a Pedro Annes, filho de Jo3o Paes
e Maria Filha.
Escrita em Amarante nu postumeiro día de abril da era de 134^
pelo tabelliSo Vicente Martins, sendo testemunha, entre outros, Gon-
çalo Gonçalves, tabellião.
LXX
30 de abril de 1^11
Documento idêntico ao antecedente, em que figuram as mesmas
partes e mais Marinha Martins, mulher de Ruy Gonçalves e mSe de
Gonçalo Rodrigues e versa sobre doação no mesmo local e com as
mesmas condiç8es e escrito no m(?smo dia e pelo mesmo tabelli&o.
LXXI
2 de ni&io de 1311
. Doação de um maravidil velho de dinheiros portugueses, imposto
na almaiaha do Pinheiro, freguesia de S. Payo de Guhnarães, feita
4 confraria dos clérigos por Vicente Domingues, escrivão do almoxa-
rifado de Guimarães, por o haverem admittido confrade.
Escrita no Alpewire da Claata da igreja de Santa Maria, a 2 de
maio da era de 134i>, pelo tabellião Francisco Vicente, estando pre-
sentes, entre outros, o chantre D. I^mingos Annes, c Álvaro Kres,
abbade de Mascotellos.
byCooglc
o Arcukolock) PoRTuanÊs
LXXII
to de julho de 1315
Sentença sobre a moradia e povoaçSo do casal de Lamella, sit»
)uto de Moreira, freguesia de S. Payo de Vílla Cova, com ter-
nas freguesias de Ouardisella e S. JoSo de Calvos, proferida
raga por Estevam Vicente, porotonario da igreja de Braga e an-
de D. Uonçalo Annes, deão e vigário geral do arcebispo eleito
finoado D. J(oXo), julgando que o dito casal pertencia ao c&bido
límarSea ao qual devia ser entregue pelos occupadores sem titulo
no. O procurador d'estes appellou da sentença para a Santa Sé
Mlica.
Bcrita por Gonçalo Annes, tabelliXo bracharcnse.
Lxxni
tí de setembro de 1317
mprszamento em três vidas de umas casas sitas á porta da Torre
., onde mora a CototJm, feito pelo cabido a Domingos Annes e
sr Froloza Annes, com o foro annual para estes de 3 maravidia
a o enccessor 3 c meio, pagos pelo natal, entrado e paschoa.
scrtto na Crasta de GuimarSes a 9 de setembro da era de 13õ5
abelIiSo Hartím Affonso.
LXXIV
4 de janeiro de 1318
ístamento de Martim I^rea, de Aldeia, feito pelo tabelliXo Fero
dó, em Guimarães, a 4 de januro da era de 13õ6, sendo tea-
iha, entre outros, JoBlo André, abbade de S. Pedro (Asurey?),
isentado ao tabelliSo Martim Affonso, que d'eUe passou traslado
lã dezembro da era de 1357.
is as principaes disposições :
etennina a sua sepultura na igreja de Santa Maria de GuimarSes
a altar de Santa Catarina e lega 2 maravidis por aoniversario
t«s no seu herdamento de Aldeia; 6 libras aos cónegos para n
:arem nas oraçSes; 3 aos clérigos do coro para cada um dizer
nisaa no dia do enterro; três libras de cera para ob altares no
1 enterro; 8 libras á confraria dos clérigos; 8 libras á confraria
ba de Vizella; 8 libras á de Konfe; 1 maravidi á de Santo Es--
i; 2 aos confrades que vierem de longe á sepultura; manda pelo
byGoí>^^lc
o Abgheolooo PoBTuautg ãll
seu haver ir nm homem í cidade de Santarém, o qual deve levar 50 li-
bras e «e lhe mottrarem privilégio verdadeiro do Papaporipte mt; pogaam
í^olver e me absolverem ãei-lke ettat .50 làhraB e se Iht: }iclo mostrarem
aSo a» dê e vá alibi onde está o Papa r. le me ahiolverem de, hi eu 50
libras; á igreja de Santo Estevam, onde é freguês, um e meio mara-
ravidi aDDualmente imposto no herdamentu de Aldeíaj ao mosteiro de
UIveira o herdamento de Lovegildi; ao mosteiro deTibães o quinhão
(lo herdamento de Laíniias no logar de Trás Lagea ; a S. Vicente de
Oleiros a casa que tem em Çeide; ao mosteiro de Carvoeiro um e meio
maravidi para sempre imposto no herdamento de Aldeia e deseinbarga-
the uma quinta que traz em prestamo na quinta de Argufe; ao mos-
teiro de Raudufe 2 aunaalmente para anniversario impostos na Aldeia
« ficana-lhe desembargados três casaes que traz emprazados; pede per-
dAo pelo amor de Deus aos abbades «restes mosteiros se nelles fez al-
guma cousa contra as suas vontades; aos frades menores dp GuimarSes
4 libras e o mesmo aos pregadores. Nomeia seu testamenteiro Martim,
eeu homem c criado, a quem lega 30 libras, e mais todo o seu movll
e de raiz para cumprir por ellc o testamento e pagar as dividas e se
depois de pagar estas puder ainda manter alguns pobres pelo herda-
mento de Aldeia o fará, e pagas todas dará o herdamento par sua alma
aos mosteiros a quem deixa legados. Roga a João Raimundo, abbade
de Santo Estevam, que seja vedor do cumprimento do testameuto c ter-
miaa com a relaçSe das dividas.
LXXV
24 de outubro de i:il8
Carta do arcebispo D. JoSo, dada em Braga a 9 dae halendas de
novembro do anno de 1318, annexando in perpetuum ao mosteiro de
Santa Clara de Villa do Conde as igrejas do Salvador de Fervença,
cujo padroado pertencia in tolidum ao mosteiro por doaçAo dos funda-
dores D. Affonso Sanches e mulher D. Theresa, de 8. Tiago de Murça,
S. Vicente da CfaS, e Santa Cruz de Lamas, cujos padroados perten-
ciam ao mosteiro por doação de el-roi D. Dinis, cora obrigaçSo de que
ellas fossem governadas por oapelUes perpétuos e com reserva dos di-
reitos archiepiscopaes e do cabido bracharense.
Em seguida acba-se cosido a este outro pergaminho, que é a pro-
unraçSo do deão D. D. Domingues e cabido de Braga, passada a 2 das
kalendaa de junho do mesmo wmo, autorizando os proonradorcs a con-
■entircni ua referida uniXo se por ventura se effectaasse.
Estes documentos nSo sfto onginaes, mas copias nXo autenticadas.
byGoí>^^lc
o AECHKOLOaO POBTDQUÉS
5 de maio de 131»
trta de compra dos casaos de Froj^es, de Penacova e de Ceia,
em Riba davigella, nas freguesias de S. Martinho de Penacova,
irge e S. Nomede. feita pelo cabido de GuimarXes a Martim
3 e mulher Margarida Kstevcs, mereadorí'3 de (iiiimarSes, por
ibras de Portugal.
itn eompra foi feita com parte da somma <le ]:ú(K> libras, que
i homens bons de Guimarães deram ao cabido para ser celebrada
uííwí vi-z no anno ao Corpo ih: Deus e para anniversarios, com
zaçSú de el-rei D. Dinis, dada por carta datada de Fredat a 21
lho da era de 135(1 (cli. Iítl8), expedida a requerimento do ca-
qae allegon ter recebido damno nos herdamentos da villa por
do muro, quo o liei aqui mandou fazer, e ter recebido e ainda
receber damno e perda nos outros lierdamentos porque trazem
ra e madeira para rsfc lavor,
ita carta regia, inserida no documento de i-ompi-a, foi apresen-
ui tabellião por SimSo Martins, oonepo de Guimarães e abbade
anUdi.
scrita a carta de compra pelo tabelliBo Pedro Salgado, em Gui-
s, a 5 de maio da era de 1357.
LXXVII
\1 de jimho de 1321
ntença proferida pelo juiz de Montelungo. JoSo Fernandes, con-
idro, mordomo d'esta terra, julgando que este não podia tomar
ros no iogar da Povoação pertencente a S, Gens, i;omo já íora
.0 pelo juiz seu antecessor, I>omingos Martins, c mandando res
os que elle havia tomado.
icrita no Quervabrall (?) por Asenço Esteves, tabellião de Mon-
0, a 17 de junho da era de 1359.
LXXVlir
8 dP janeiro do 13J3
uprazamento de uma casa sita na rua de Gatos, feito pelos de-
do coro a Domingos André, seu companhmH, com o foro de am
I de maravidi.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AbCUEOLuGO POKTfUUÊS 213
Escrito a 8 de janeiro da era de liíGl ('íj pelo tabelli&o Affoaso
Pires, seodo testemunhas, entre outros, Estevam Paes « Francisco An-
nes, tabelliSes.
LXXIX
24 de abril de 1324
Sentença deis juizes de Guimarííes, Domingos Longo e Marlini Ro-
meu, proferida a 24 de abril da era de 1362, Julgando, depois de in-
quirtçXo testemunhal a que mandaram proceder (autorizados por carta
de el-rei T). Dinis apresentada pelo chantre e cabido) pelo fabellifto Qi-
raldo Esteves e por Martim Samp^o, que servia em logar do alcaide,
que o couto de Moreira de Riba de Vizella estava legitimamente em
posse do dito cabido.
Entre as testemunhas inquiridas apparecem: Martim Paes, juiz do
Couto de Negrellos; Domingos IJomingues, abbade de Santo Isidro,
que trazia emprazsdas da mXo do cabido as rendas do dito couto.
LXXX
26 de abril de 1325
Testamento de Martinho Annes. dito Barrosas, eonej^ bracharense
fe reitor da igreja de S. Pedro de Alutf, feito por seu mandado peio
tabelliSo de Braga, Lourenço Domingues, a 26 de abril de 1325.
Manda ser sepultado na Sé de Braga, na nave em que está enter-
rado o an«bÍ8po D. Martinho de OUvarkt, defronte do altar de S, Bar-
tholomeu. Deixa todos os seus bens, que são a quinta de Matamá e
outros nos jnlgados de GiiimarSes e ile Freitas, com reserva vitalicia
para tim dos testamenteiros, ao cabido de Braga, com obrigaçSo de
cumprir os suffragios e outras obras pias, que determina.
Entre estes ha os seguintes: dez missas ofticiadas para sempre no
convento da Costa; uma capella perpetua neste mosteiro; um anui-
versario perpetuo por sua alma e outro, pelo referido arcebispo na Sé
de Braga; procissão com responso sobre a sua sepultura e sobre a do
arcebispo nos primeiros onze dias de junho e na metade dos seguintes;
imia oapella perpetua no dito altar de S. Bartholomeu, da qual deve
ser encarregado clérigo seu parente, sendo o primeiro Gonçalo Oalçom,
seu clientulo, se for promovido ao presbyterato dentro de três annos;
uma. lâmpada a arder perpetuamente na igreja do Santa Eulália de
Barrosas; um annivcrsario na Sé imposto pelo rendimento de um forno,
que possue na rua Verde : duas missas .offieiadas perpetuamente na
igreja de Santa Maria de Guimarães; uma' officí&da no mosteiro de
Yillarinho; legados para anníversarios aos mosteiros de Pombetro, Ro-
byCOO^^IC
314 O AegMEOLOGO POKTUGtlÊS
1-tz, S. Torquato e Souto; duas missas offioiadas na í^eja de S. Pedro
d'Alitte, Celebradas pelos clérigos d'esta igreja; aimiversaríoe oa igreja
de Carrazedo de Montenegro e nos mosteiros de Kandim e Arnoia e nas
igrejas de S. Pedro da Líxa e Santa Enlalía de Valles ; lega uma colcha
de cardinig veterUme; a um primo co-írmão o seu livro (/# Innocencio;
legados ás albergarias de Braga da Rua Nova, de Maximinos, de Souto,
de S. Tia^o, de Santos, de Paradito, e á nova de. civitate; aos leprosos
e leprosas de Guimaríles e de Braga; Á ponte de Barcellos; ás alber-
garias de OaimarSes.
Este documento não é original, mas uma copia nSo autenticada.
LXXXI
22 dl', maio de 13'iõ
iJoaçâo de um herdamento sito em Villar de Murzellos, freguesia
de TellSes, feita por Lourenço Gonçalves, ti!ho de Ray Gonçalves e
Marinha Martins, a Pedro Annes, abbade de Borua de Godin, com
reserva dii usufruto para o doador, sua mulher e ainda outrem.
Escrita em Paradela, a 22 de inalo da era de 1363, por Lourenço
Feriiaudes, tabellíZo de Celorico de Basto.
LXXXII
:») de janeiro de 132ti
Composição sobre a usurpação de frutos e damnos, feitos nas her-'
dades de Riba de Ave, entre o cabido de GnímarSes e Gonçalo Paes
e mulher Maria Pires, em virtude da qual estes ficaram pagando annula-
mente ao cabido dous maravidis vellios de Portugal, impostos no easal
de Curveíras, sito em Riba de Ave.
Escrita a 20 de janeiro da ora de 1364 pelo tabellião de Guimarães
Francisco Lourenço.
LXXXin
13 de dezembro de 1326
■Sentença, proferida por Pedro de Osem e Vasco Hres, execntores
da ordenaçSo de el-reí sobre as igrejas e mosteiros. cm virtude da carta
regia datada de Santarém a 4 de fevereiro da era de 1364, mandando
restituir ao prior de S. Tqrquato, D. Payo Rrca, e seu mosteiro di-
versas rendas, que andavam em prcstamo. Um d'rstes preslameiroB era
Ituy Paes, abbade de Enfias.
Dada no Porto a 13 de dezembro da era de 1864.
A assinatnra do executor é': PeU-ua de Centii (oii Cnuni) viilit.
.r,Oi)^[c
o AbCHBOLOOO POBTOOtjfiS
6 de maio de 13ÍÍ7
Traslado do8 seguintes documentos referentes ao casal de Calvellos,
p&ssado, a requerimento do mestre-escola do Porto e abbade de S. Gene,
em Guimarães, na casa dos tabelliães a 6 de maio da era de 1365:
1 ." Resposta de Affonso Annes, juiz de Montelongo, sobre a entrega
do dito casal, escrita pela tabelIiSo de Montelongo Giraldo Esteves a
1 9 de outabro da era de 1344.
2." Sentença de Jo5o Fernandes, juiz de Montelongo, sobre de-
manda acerca do dito casal, escrita pelo mesmo tahelIiSo a 4 de maio
da era de 1346.
3." DecIaraçSo de Lourenço Rodrigiies, porteiro de Moutelongo,
acerca da entrega do dito casal, escrita em Ancabral (?) a 8 de outubro
da era de 1347 pelo tabelliSo Estevam Paes.
LXXXV
17 dejnlhode lSã7
Outorga, dada pelo procurador dos clérigos do coro, autorizado pela
procuração feita a 2 de junho da era de 1365, sendo prioste doa clé-
rigos Gonçalo Annes, pelo tabelliSo Giraldo Esteves, a um empraza-
mento de campos sitos na rua Cabreira, que foram casas, feito pelo
chantre e cabido a Pedro Annes e mulher Constança Gonçalves oom
o foro annual de 40 soldos, pagos por meogóo de maio, dos qnacs 9
seriam pagos aos ditos clérigos.
Escrita a 17 de jnlho da era de 1365 na Via sagra, onde se faz
cabido, pelo tabcllilo Gil Eanes, sendo testemunha, entre outros, Fer-
nando Pires, abbade de Pinheiro.
LXXXVI
7 de agosto de 1328?
Posse de umas casas sitas na rua de Santa Maria, que tomou Gon-
çalo Fernandes, ^bade de Gondomar, em nome dos clérigos du coro
a quem foram legadas por Affonso Vieira, alfaiate, e mulher.
Foi lavrado o instnmenlo pelo tabelliSo Vasco Martins em ... de
agosto 'da era de ... A data é illegivel, mas nas costas do perg«ninho:
lê-se anno de 1328 por letra diversa.
byGoot^lc
o ArCHGOUMK) POBTfGDÊS
1!) dejanhodc 1329
Composição feita entre o cabido e João Paes e mulliiT Clara Annus,
do Sabugal, «otre uma casa e fonio, que estes fizeram á porta Frt^yra,
e Bobre outras casas que vão fa7,er num campo junto. Por morte d'es(e8
f de uma pessoa depois delles iica tudo pertencendo ao cabido com
obrigação de duas missas perpetuamente por alma dos referidos, aos
quaes o cabido deu logar na Crasta para alu collocarem os seus mtttf-
ment-oa.
Escrita pelo tabellião de (juimarSes, Gonçalo Fernandes, na Crasta
de Santa Maria a 19 de junho da era do 1367, sendo testemunha,
entre outros, Martim Bayom, pintor. E partido por A. B. C.
LXXXVIII
■2-2 <lc outubro de 13211
Apresentação de Torquato Mendes, clérigo de IJ. Miguel Vivaa,
bispo eleito de Viseu, na igrtja de S. Tiago de Murça, feita pelo c^ido
de Guimarães, represenlailo por procuradores, em o domingo 22 de
outubro da era de 1367 na presença do arcebispo D. Gonçalo, estando
este á mesa mas já levantadan as toalhas.
Escrita em Castro Roupas por AÍFonso Martins, tabellião da cidade,
couto, diocese e província bracharense,
LXXXIX
18 de outubro de 1330
Posse da quintX do Crasto e do casal do Escoríscado tomada pelo
procurador de D. Gonçalo Martins, mestre-eeoola do Porto e abbade
de S. Gens, em virtude de uma carta de JoSo Annes, corregedor por
el-rei-
£}scrita por Gonçalo Pires, tabellião de Montclongo, no Crasto, a 18
de outubro da era de 1308.
XC
22 ile novembro de I33('
Emprazamento em três vidas de uma casa c eixido no logar do
Sabugal, feito pelos clérigos do coro a JoSo de Ponte, seu companhoiro,-
com o foro de quatro maravidis c meio velhos.
byGoot^lc
o Abchbouwo Poetdguês 217
Eecrilo na Orast& de Saota Maris, pelo tabelliSo Francisco Ueral-
des, a 22 de novembro cia era de 1368, sendo testemunhas,' entre ou-
tros, Martim Pires, abbade de Barqueiros, e Gonçalo Garcia, abbade
de Pentieiros.
XCI
15 áe fevereiro de 1331
Doitção de uma almuinha no Pinheiro e de um lierdamento em Nes-
pereira, feita ao cabido por Hem Martins, piliteiro, e Joito Mendes,
mercador, seu filho, como testamenteiros de Maria Dominguea Fara-
zoma, viuva do Farazom, com obrigação de duas missas oflicíadas ao-
Bualmente por alma d'estes e pela eomposiçSlo que tinham feito com
o cabido sobre os seus moimentos.
Escrita em Guimarães, pelo tabellíSo Thomé Aãbnso, a 15 de feve-
reiro da era de 1369, sendo testemunhas, entre outros, JoSo Bordio,'
juiz, c Síartira Pires, abbadc de Barqueiros.
XCTI
4 <1c abril de 13:)!
Posse de umas casas sitas na Rua de Dona Najs, que Simão Mar-
tins, abbade de Ta^Ide, entregou aos clérigos do coro para estes ha-
verem por ellas dous maravidis e meio annualmente.
Escrita a 4 de abril da era de 1369 pelo tabelliXo Francisco Ge-
raldes, sendo testomtmlia Joílu Martins, abbade de S. Pedro de Aznrey.
XCIII
aõ du abril de 1331
Posse de uma casa sita na Rua de Santa Maria, que tomou Martim
Pires, abbade de Barqueiros, procurador dos clérigos do coro, pela
qual estes Itaveríam annualmente meio maravidil, que Gonçalo Fer-
nandes 6 Buas irmXs reconheceram ser-thcs devido como constava do
livro dos anniversarios.
Escrito em Guimar&es, a 2õ de; abril da era de 1369, pelo tabelliito
Francisco Annea.
XCIV
15 de janeiro de 1382
Procuração passada por JoSo Duraes, cónego e procurador do mos-
teiro da Costa, e por Martim Pires, abbade de Barqueiros, procurador
dos cónegos e clérigos do cfiro de Guimarilcs, autorizando que os indi-
byGoí>^^lc
218 O Abcheologo Pobtuguês
nduos por elles nomeados demarcassem e partissem um eixido sito no
8abug:al, que pertencia aos seas constitaintes.
Escrita a 15 de janeiro da era de 1370 pelu tabelliXo Fmnãaco
Geraldes, sendo testemunhas Affonso Pires, abbade de Gsrfe; Fran-
cisco Peres, vogado; Gonçalo Fernandes, tabellíSo, etc.
XCV
11 <le maio de 133;!
Doação de uma almuinha « casa, sitas no fundo da Kua de Qatos.
feita por Maria Boroa k confraria dos clérigos de Santa Maria por ser
eonfrada d'ella. Martím Pires, abbade de Barqueiros e procurador ds
confraria, tomou logo posse das propriedades doadas.
Kacríta em Guimarães, a 14 de maio da era de 1370, pelo tabelliSo
Thomé Affonso, sendo testemunha um criado de Miguel Domingues,
abbade que foi de Santa Maria deVermuy.
XCVI
9 de juDha de 1833
Posse de herdades sitas em Paçâ) freguesia de Itibas, tomada pelo
cabido de Guimarães por as haver comprado a Martin) Pires e mulher
Maria Pires.
Esorita no mesmo logar, a 9 de junho da era de 1370, por Martim
Gonçalvia, tabellião de Celorico de Basto, sendo testemunha, entre ou-
tros, Martim Lourenço, abbade de Chorense (?).
XCVJI
21 de fevereiro de 1334
Sentença, proferida em Santarém por Affonso Esteves e Aires Ea-
nes, ouvidores dos feitos de el-rei, a 21 de fevereiro de 1372, julgando
que a procuração conferida aos seus procuradores pelo cabido de Gui-
marães não continha poderes bastantes para dirimir a questão sobre os
contos do S, João de Ponte, Villa Cova e Bibas, c assinando-lhes o
domingo de Paschoela para novamente se apresentarem em juízo.
XCVIII
~i de maio d(! 13S4
Entrega de Iodas as herdades c possessSes legadas por Eatevam
Vasques para a dotação e fabrica do altar e capella de Santo Estevsm,
byGoí>^^lc
o Archeolooo Português 2ia
feita por Florença Aunes, viuva e testamenteira do meamo, ao cliantre
D. Viceute Domingues na Crasta da igreja de Santa Maria a 2 de maio
da era de 1372. Esta capella foi instituída c mandada erigir pt' ^ '
Estevam Vasques na dita igr^a de Santa Mana de OuimarXe
seu testamento escrito pelo tabelliSo OoDçalo Fernandes com au
çlo du arcebispo D. Gonçalo, dada por carta datada de Fonte
a 19 de janeiro da era de 1372.
Do docnineato de entrega, fette pelo tabellUo Aflonao Pires,
tcmnnha, ealre outros, Vasco Domingues, almoxarife de Quin
XCIX
23 de junho de 1334
Doação de dez suldos, impostos na quictZ do Chão e da Na
guesia de Santa Christina de Ca^i, feita pelo cónego Martim
á confraria dos clérigos de Santa Maria de Guimarães para se
sado da meygoada ãti confrade ou da coitfrada.
Escrito no cabido de GnimarXcs, a 23 de junho da era de
pelo tabelliSo Geraldo Esteves.
Em seguida: l>oaçJlo de dez soldos, impostos em uma casi
por Ayres Vaeques á mesma confraria e pelo mesmo lim. Esc
mesmo dia o pelo mesmo tabelliSo.
C
20 de fereroiro de 1335
Doação de um maravidi, imposto no casal do Pinheiro, fn
do Salvador de Pinheiro, feita por JoXo Raimundo, abbade de
Estevam d'Ulge*e9, k confraria dos clérigos de Santa Maria pel«
V amor que lhe fizeram, que não viease doiiair com coi^radit ru
E^rita na Crasta de Santa Maria a 20 de fevereiro da era df
faz«ndo a confraria cabido, pelo tabelliSo Thomé AfTonso.
Cl
22 de fevereiro de 1385
Posse do casal Rnheiro (doe. antecedente; conferida por Fn
^res, abbade de Pinheiro, como procurador do abbade de U
ao procurador da eonfraria dos clérigos e aos mordomos da i
Gonçalo Annes e Martim Domingues.
Escrito pelo tabellilo Martim Annes a 22 de fevereiro da
1373.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Archeologo Poktdguês
9 de abril de 1335
ArrcmataçSo em hasta publica de meio casal do Monte^ freguesia
de S. Torquato, em virtude de âxecuçílo por dividas a cl-rei, constantes
do rol dado pelo almoxarife de Guimarães, Vasco I>omiu^es, e pelu
seu escrivão, JoSo de Santarém, ao porteiro do almoxarifado Martim
Pariz. Foi aiUorizada esta arrematação por carta regia, dada cm Coim-
bra a -2 de janeiro da era de 137S c passada por Jo2o Vicente, clerígxi
d« el-rei, o por FemSo Gonçalves Cogominho, seu vassalo; feito e pas-
sado o titulo a Jo3o Paes, do Sabugal, arrematante do casal, a 9 de
abril da era de 1373, ao qual foi apposto, pendente de cordão ver-
melho, o sêllo do concelho, que já não existe.
VIU
'2<j ili: agosto de 1335
Sentença, proferida em Quimar&cs a áfi de agosto da era de líf7y
por Lourenço Martins, dito Calado, vedor dos Coutos e Honras de
Kntre-Douro c Minho, cargo para que foi nomeado por carta re^a
datada de Lisboa a (> de abril da era de 1373, mandandu conservar à
igreja de S. Gens de Monteiongo tiertas honrns nas freguesias de Ar-
mil, Sauta Ovaya a Antiga, EstorSos, Ribeiros, IjuincliSes c S. G«ns.
A sentença foi precedida de inquirição testemunhal em que foram ou-
vidos Pedro Ijopes, juiz de Monteiongo; Acenço Esteves, tabellião de
Monteiongo, Travassos e Freitas, e outi-os homens bons.
Este documento não c o original, mas um traslado passado na
dita igieja de S. Gena, a requerimento de D. Gonçalo Martins, mestre
escola do Porto e abbade d'clla, por mandado do juiz. de Monteiongo
Vicente Martins, c do dito Lourenço Calado, a 12 de setembro da
era de lít77, dia era que a sentença foi publicada em S. Gens, pelo
referido tabelliSo Acenço Esteves, sendo testemunha, entre outros,
Gonçalo Durães (?), abbade de (^uinohães.
CIV
I <le setembro de I{t35
DoaçXo do meio casai do Monte, freguesia de S. Toreadt, feita
por João Paes, morador na Rua do Sabugal, do termo do Castello de
GnimarSes, a Martim Alvelo, cónego de Guimarães.
Escrita a 1 de setembro da era de 1373 pelo tabellião Thomé
Affonso.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Archeologo Português
OV
18 de jaodro de 1336
DoaçXo do foru dit um e meio maravidi imposto tio casal de Arca
cm Rio de Moiohoa, freguesia de S. Salvador de lenheiro, feita por
Florença Annes, mulher de JoSo Aftbnso, mercador.
Escrita em UuimarSes, a 18 de janeiro da era de 1374, pelo ta-
belliSo Thomé Atfouso.
£m aeguida: Fosse do dito casal conferida no mesmo dia e perante
o mesmo tahclliílo.
CVI
24 de janeiro dt; 1336
Outorga dos tillios e genros de Florença ^Vunes á doação feita por
usta á coniraria dos clérigos (doe. antrcedentn), com declaraçSo de que
este encargo somente pesaria sobre a metade dos bens, que pertenciam
á doadora.
Escrita em Gíuimaraes, nas casas onde morou o fallecido marido
da doadora, a 24 de janeiro da era de 1374, pelo tabellíão Thomé
Aãonso.
CVII
2^ de jiuieiro <le 183IJ
Doação de nicío maravidi, imposto em uma casa da Kua de Santa
Maria, feita por Domingos Annes Boroa e mulher Joana Guedelha á
confraria dos clérigos por os haverem admittido confrades, e confe-
rindo logo a posse d'elia a ^lartim Pires, abbade de Barqueints, mor-
domo da confraria.
Escrita a 28 de janeiro da era de 1374 peto tahelliSo Thomé Af-
onso.
cvm
•27 de março ãe ViSfi
Procuração de Gomes Lourenço, cónego do GuiDiaríles, conferida
a Martim Pires, abhade de Barqiieiroii, a tim de dar posse do casal
de Pena Redonda, freguesia de S. Thomé dauençH, á confraria dos
clérigos de Santa Maria, á qual elle doou dez soldos, impostos neste
casal, por o fscn»arem das wi/i/omlas '/iw nom raa ilormir com os cm-
fraãrs.
Escrita em Santa Maria de Guimarães, uo logar onde os cónegos
fazem cabido, a 27 de março da era de 1374, pelo tahcUiSo Martim
Annes.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abchsoumo POBTUaDAS
Em seguida: Posse do dito casal dada a 4 de abril da
aa presença do mesmo tabelliSo.
15 de maio de 18SC
Protesto, feito pelo procarador do pnor D. Eatevam Dade e do ca-
bido perante o jniz de Guimarães, Martim Romeu, para salvaguarda
da sua juríadicçSo no Couto de S. JoSo da Ponte, porque alguns mo-
radores vieram pleitear perante o juiz quimdo o deviam fazer perante
o prior.
Escrito, a ir» de maio da era de 1374, pelo tabelliSo Thonaé Af-
fonso.
CX
IO de setembro de 1886
Sentença, proferida por JoSo Annes Mellom e Domingos Paes, ou-
vidores dos feitos de el-rei, julgando que a jurisdicçXo civil do Couto
de Codeçoso pertencia ao abbade de TollSes, que ontSo era Martím do
Monte, o qual fôra citado por Martim Calado para o provar perante
os ditos ouvidores.
Dada em Lisboa a 10 de setembro da era de 1374.
Conserva ainda o aêlio reg^o, pendente de cordSo vermelho e res-
guardado em uma bolsa de coiro, o que nXo é bastante para o ter
inteiro; está partido.
CXI
10 de outubro de 133i>
Duplicado do documento antecedente, mas nlo original e sim tras-
lado passado por mandado do juiz de Guimarães, Gil Fernandes de
Freitas, escudeiro, a 3 de maio de 1485 pelo tabellião Laia do Valle,
vasaallo de el-rei, sendo testemunha, entre outros, Álvaro Kres, es-
crivão dos besteiros do conto da villa de GaimarXes.
GXII
21 d» novembro de 1337
Fosse de uma casa da Kua Nova do Muro, conferida aos clérigos
do coro por f^tevam Martins, abbade de S. Miguel de Gémeos de
Basto, como testamenteiro de seu irmão Martím Martins, cónego de
Guimarães, pela qual este deixou um maravidi Á confraria dos ditos
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ABCHBOLOQO PORTtOCÊS 223
clerigoB com obrigação de um^ missa oi&oiAda por sua alma em dia de
S. Martinho, como consta do seu testwnento feito a 24 de setembro
da era de 1374 pelo tabelIiSo de Amarante Gonçalo Domingues Oi-
tinho (?).
E^scrito o documento no dia da posse, a 21 de novembro da era
de 1376, pelo tabelliSo Tbomé AfFonso.
CXIII
12 de Hbril de 1339
Venda de umas casas sitas na rua de Qatos, feita por Aãbnso Pires,
abbade de Garfe, a Pêro ÇimSes e mulher Domiogas Martins, por 14
libras e meia de dinheiros portnguesee.
Escrita a carta em Guimarães, a 12 de abril da era de 1337, pelo
tabelliSo Francisco Geraldes, sendo testemunha JoSo (?) Gonçalves,
abbsde de S. Cremente de Saivli.
Em seguida: Paga e quitação do pre^ da dita venda, dada a 13
do mesmo mês e perante o mesmo tabelliSo.
(!XIV
:-t de fevereiro do IStl
Doação de meio maravidi imposto no casal do Outeiro de Paredes,
freguesia da Costa, feita por Ayres Juyães e mulher Florença Anões
aos clérigos do c6ro, com obrigação de uma missa officjada por ahna
de Maria Armes, filha da dita Florença Annes e de seu primeiro marido
JoSo Annes, cujos bens os doadores herdaram.
Escrita em Guimarães, a 3 de fevereiro da era de 1379, pelo ta-
bellião Thomé Affonso.
Em seguida: Posse do mesmo casal no mesmo dia e perante o
mesmo tabellião.
cxv
18 de Abril de 134t
Emprazamento do Conto de Moreira, feito pelo chantre e cabido
em 18 de abril da era de 1379 a Domingos Domingues do Quitestal (?),
abbade de S. Mamede, e a uma pessoa depois d'eUe que seja clérigo,
com a renda annual de 360 libras de dinheiros portugueses para a pri-
meira vida, e para a segunda de 365 libras, 40 homens de geira para
o serviço do cabido, plantar dez carvalhos cada anuo e pagar duas
colheitas a dois cónegos.
byCoO^^lc
224 O Akcukolooo PoetuguÉs
Nâu é original, mas iraslado passado do livro de prazos a '2A do
janeiro da itra de lSá8, por mandado do juiz de tiuímarSes Affbnsu
Domingues, pelo tabelHAo Gonçalo Martins, sendo testemunhas, entre
outros, Andri^ AfToníío e Antoninho Loorenço, tabcllilos.
OXVI .
5 de outubro áx.- 1841
osse do iiasal do Bairro, fregtiesia de Atiles, no qual Loureni,-o
lus e mullier Maria Rres impuseram o encargo àc 15 soldos an-
I para os vlerigos do coro.
scríta pelo tabellíSo Francisco Geraldes a .') de outubro d« era
179.
'JontiiAa).
i) ahitade J. tí. dk Olivkiba (jumaraes.
O desacato na Igreja de Santa Engraoia
insígnias dos «Esoravos do Santíssimo Sacraniento>
I
a maiihil de 16 de Janeiro de XiYi^i acordou a cidade de Lisboa
lada com a noticia, que rapidamente se espalhou, de que, durante
te, tinha sido arrombado o sacrário da igreja de Santa Eiigracia,
li roubadas as sagradas Formulas. Juntamente com tim cofre de
Dga, onde estavam guardadas'.
indescríptivel a impressão que esta noticia e.iiisou; as mas ou-
m-se de gente, >■ dentro em breve furmou-se uma enorme c com-
inassa de povo. Cada qual manifestada de maneira diffcrentc o
esan un.s íiemiam, muitcs gritavam e choravam, outros lainen-
mas todos pediam vingança rontra •> autor ou autore;^ do saerí-
;rimc *.
poderou-so de Ioda aquella gente uni verdadeiro terror, e pôde
se que a revtduçSo que, dez ânuos mais tarde, sacudiu o jugo
nhol, nSo impressionou mais fortemente n população da capital.
Tanibciii forniu roubado» nlgutix objectos <lo culto e quebrada» aa mios
i Imagem de b- FructuoHO. Eiita Imagem. aHxim mutitaila, ainda hcge nisie
juenÍB de Santa Eugracía.
Btatorúl da fundação do Htol i ''tiirailo dn l.oiiriçul. pelo P.' Manoel Muu-
Liaboa tT50, p. H.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
U Abcbbologo Portuquês
O terror era aiuds maior porque oa astrólogos haviam prugnosti-
('a<Io, haêeaãoB em obiervaçõet mathemotíca», que o anuo de 1630 seria
tatal ao mundo'; e como naquella noite, por coincidência, se tivesse
desencadeado sobre a cidade uma grande tempestade, o povo julgava
talvez que ora sinal de qne a cólera divina, exaltada por cansa do desa-
cato, ia tudo destruir.
As touradas, mascaradas e outras festas cjue estH\'»ni para se rea-
lizar, em sinal de regozijo pelo nascimento do principe D. Balthasar
Uarlos, foram ímmediatamente adiada» por causa do desaoato'*.
Era enorme o empenbo que havia em descobrir o criminoso ; muitos
fidalgos, titulares e outras pessoas, annunciavam pelas portas das Ígi'e-
jas que se obrigavam a dar grandes quantias á pessoa que o desco-
brisse; alguns chegavam a ofterecor 2:0(M'> cnizados, alem de pmmet-
terem também ofticios rendosos^.
A igreja de Santa Kngracia em-beu-sc a transbordar e os sinos
dobravam com força.
Pela tarde appareceram nas esquinas editaes aitixados cm nume
de el-rei, que ordenavam que no dia seguinte ninguém saísse de suas
casas, tob j*e»a de morte, para que as autoridades, mais & vontade,
pudessem proceder a rigorosa devassa.
Logo que as justiças de el-rei tomaram couta do caso, puseram-se
Ímmediatamente em campo os seus terríveis agentes.
Algumas foram as pessoas presas e postas a tratos sem que nada
se descobrisse, mas no dia 18 foÍ preso, como autor do desacato, um
desgraçado chamado Sinifio I^res Solis.
Depois de soffrer as mais horríveis torturas, foi julgado por um
tribunal em que era juiz o Dr. Gabriel Pereira de Castro, o celebre
poeta, autor da UlyMÍa, que lavrou a seguinte sentença: • . . em ba-
raço, e pregSo pelas ruas publicas, c costumadas, seja o dito Keu amos-
trado, »• levado ao campo do Santa ('Iara. aonde está a dita Igreja
' Trotado hUtoricu r. jurídico tobre o tacriUyo furto iseteraoel êaoriUgio que
tt ft* wx fataúiial igrga de Odivellat, termo da vidade de Litboa, tiA noite de de*
para o»*e do met de Maio de i€lí, pelo licenciado Mauoel Alvares fêj^as. Mh-
ilrid, uuio de IfíTS, p. 33, Existe eito livro na Biblioteca Nacional,
* Vqja-si; a consulta da uamKra ao governo, têita em 39 de Abril de 1G3U,
nn« Elementoê para a hiiioria do mtmiVnpvo de fJêboa, parto i, tomo iii, p. It35.
> A^reedario militar da que n mlãado deee fater ti dieffar a ser oapilào, e «ar'
gento-mór, recompilado de graves auctores pelo alferes JoSo de Bríto de Le-
mos.. Dedicado ao Ucohor D. TheodoBio segundo d'uBte nome Duqne do Bra-
gança. Anuo de 163[. Em Lisboa, na officina de Pedro Cmcsbpeek. Vol. i, p. Aj
Eiistf^ na Biblioteca Nanional. Q. 11 — 5— fl. Secçdo 3.*
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AbCH1£OLOOO l^HTDGUâB
dp Santa Eoi^racia, e alll lhe serão decepadas ambas as mios, qat
serão queimadas & sna vista, o em bum mastro alto á vista de todos
será posto, aonde será Queimado vivo, e seus bens, que se lhe acha-
rem, serSo applicados á Confraria do Saotissimo Sacramento da mesma
Igreja de Santa Engracia *, para que o Juiz, e Confrades da Confraria,
que novamente se instítuhio, a sen arbitrio gastem os ditos bens ao qne
parecer para mais ornato do Sacrário, e Capella mór, e outras obraa
do culto do dito Senhor; e mandão, que sendo o dito Reo levado ao
dito lugar, e &íto por fogo em pó, soas cínsas serão lançadas no mar,
para que de todo se extíngiia sua memoria, e pague as cnstasi*.
Toda esta horrível sentença se executou á rísca no dia 3 de Feve-
reiro de 1631, apesar de ser extremamente rígorosa e de haver fortes
presunçSes de que o Reu estava innocente.
Diz-se que quatro annos depois, um gallego que havia sen'ido Qimi
convento de Lisboa, ao ser conduzido para a forca, em Orense, por
um críme de furto, confessou ser o autor do desacato.
O desgraçado Solis era chrístão-novo e, segundo a opiníSo corrente,
estava ennamorado de uma freira do oonvento de Santa Clara, que fi-
cava próximo da igreja de 8anta Engracía.
Repetidas vezes, a horas mortas, ia o apaixonado mancebo falar á
freira, e, para abafar o rnido qne o sen ginete produzia com as patas
na calçada, tinha o cuidado de as cobnr com trapos.
Na noite em que se pratícou o desacato teve a infelicidade de ser
visto por aqnelles sitios, fora de horas. Foi por isso denunciado e preso.
Mas, apesar de lhe infiingirem as maia horriveis torturas, nunca,
para não expor a freira, declarou o motivo porque se achava áquella
hora em tal logar, caindo em varias contradiçSes que serviram de piin-
cipal pretexto para a sua condemnação ^.
' Por Alvará de 12 de JudIio dn 1631 foi nomeado o Licenciado l
de Figueiredo, jnic do eivei, para tratar da arrecadaçSo d'e8tet beua a &Tor
da Con&aria dos EBcravoR.Veja-ae na Torre do Tombo o Ur. 29 da ChanceUaria
de Filipe III, fl. 32 «.
I Tianscrereilaog esta Hentença da HUtoría dafandaçãú do Convento do Lom-
riçal, pp. 24 e 25.
' Uma cnriosa lenda anda ligada a este beto. Conta-sa qne ■ freira, com
receio de qne o namorado a deaunciasee, lhe enviou á prislo, por uma velha
criada, doÍ9 melões, dos quaea nm ia calado. Num simples bilhetinho estavam ea-
critas estas palavras: «O calado é o melhor.. Este assunto inspirou uma poesia
a J. da Costa Caacaes, que vem publicada no Panorama, vol. i, 2." «erie, a.' 26
ia de Junho de 1M2, a p. 197 e sqq. Intitula-sc : .0 desacato, oq ocalado é q me-'
Ihor. Romance histórico, 1680-1631 -.
byCoOt^lc
o AnCHfSOLOaO PORTUQUÉB ^27
A julgar pelos «uousideraotlosi, a sentença foi injusta, por falta
de provas e d'alú a origem de uma grave accnsaçXo que pesa sobre
o juiz que a proferin. Como porém essa acciísaçSo nSo está su£Sciente-
mente provada, nSo a podemos perfilhar sem reservas, tratando-se, de-
mais a mais, de imi vulto tSo importante dx nossa literatura, cujas
virtudes e boas qualidades sÍo enaltecidas por um dos seus biogra-
phos '.
Por isso limitamo-nos a repetir, com essas reservas, o que d'eíisa
aceusaçSo consta de um livro que adeante citamos.
Segando o que ahi se lê, parece que houve certas razSes occultas
«jae determinaram a coudenmaçílo. Rapaz travesso e aventureiro, nSo
muito sympathico, pois que se dizia que tinha batido no pae, SimSo
Solis passava a sua vida em conquistas amorosas. Alem dos seus amo-
res com a freira e com varias outras, teve a infeliz lembrança de fazer'
a corte i própria mniher do Dr. fíabriel Pereira de (lastro, D. Joanna
de Sonsa.
Por isso o poeta, altamente ofTeudido na sua honra, logo què.u seu
rival lhe caiu debuxo do poder, resolveu vingar-se cruelmente.
Não lhe foi, porém, muito fácil o intento, porque, dentro do pró-
prio tribunal foram levantadas muitas duvidas acerca da culpabilidade
do reu; o poeta, com desejo de vingança, tudo removeu, e, por iim,
olle próprio lavrou a sentença.
Ao proferi-la, varias vezes se atrapalhou na leitura, e isso nSo
passou sem reparo ao vico-rei, que era o Conde de Basto, que lhe
observou: «ainda não sabe lerVi.
Um dos juízes que fazia parte do tribunal, disse ulteriormente que,
depois da sentença de Chrísto, era aquella a mais injusta.
A opiniito publica também se manifestou contrária á cundemuaçào.
Durante a execução o povo conser\'Ou-3e sereno e quieto, quaado era
costume, em outros casos idênticos, dirigir chufas, impropérios e pe-
dradas aos suppliciados. . .
D'e8ta vez, os corregedores é que ouviram alguns insultos.
Tinha o Solis três irmãs que estavam freiras no convento de >Sauta
Clara, das quaes duas endoideceram no próprio dia do supplicid c um
irooSo d'elle, que era padre em Lisboa, renegou e fugio para a Hol-
laoda onde veio a casar ^'.
I Barbosa Machado, tíibliolheca LutitatM, tomo ii, p. 311.-
* Com respeito í vingança do Dr. Gabriel Pereira de -Caetro, veja-ae- a Col-
iMçâo dat moí* eeUbrt» ttnlença* da» Inquitiçõet de lAtboa, £iwra> Coimbra t Goa,
alguma» irdlat originar* e outra* curiotamfntt annotaâat., ttc:, por AntoOio Joa-
byCOO^^IC
22S O Akcheoi.000 Fobtikhi£8
Cominemoraado u desacato foi levantada uma crus de pedra no
local da exeougXo, que a camará municipal entendeu maadar destruir
depois de 1834! •
<.>s desacatos d'esta uatureza nAo eram raros nas épocas de fana
tismu. Hoiive-os em Odivellas^, Coimbra', Setúbal*. Porto*. S. JoXo
da Pesqueira", e em muitas outras terras do reino.
Kram quasi sempre os chrístAos-novos ou os judeus que os pa^-
vam iia fogueira, e seguia-se depois o desaggravo por meio de procís-
,s8es, jejuns, missas, instítuiçSes de confrarias, fundaçíies de conven-
tos, etc, e havia luto ofiicial.
(Começou o desaggravo por este desacato com um lausperenne na
Sé, ordenado pelo arcebispo de J^isboa, D, Afonso furtado de Men-
donça', o qual dnrou oito dia^s.
A igreja estava ornamentada ocm os *pannos reaes da tomada de
Tunisi^, e havia missas, officios e sermSes.
Terminando este oitavario em um domingo, fez-se nesse dia uma
solemnissíma procissXn a que ninguém bltou.
iiuiin Moreira, Lisboa lMi3, i>. 2i4. e Bqij. Este livro, maunacrito, está na Biblio-
teca Nacional de Lisboa, na secção de manuscritos. «Collecçilo Moreira. Ool-
lecf-lo de sentenças don InquÍHÍç3es~L — B — -g.
Deve notar-8c que a seuteuça do Solis n3o foi proferida pelo Inquiúçilo, por
t.ss'i <|ae o crime por elle contmettido nSo era da competência d'aqtte)le tribuna.
< Elemailo* para a hittoria dú muntòípín de TJtboa, parte i, tomo nt, p. SW.
' Tratado hialoríco e jurídico, já citado.
^ Aginlogio fjiintano, toinn iii, p. SSi.
* Ehffi" fviir.brc e hittorÚM de 1). Joãn V, |(or ITritucisco Xavier da Silv»,
],. ».
^ Aafui Hiãlnrien, 11 de Maio, ii.° 5.
* MtmorUu para a hittorta de l>. Sebattião, tonto m, p. 125.
Damos eeta lista apenas para exemplo, pois que o uamero de desacatos i
miiItÍB-timn superior. Num manuscrito intitulado: Carta em forma de Gtada tu-
cripta em lAtbiia, com aã notieia» da terra, r. dr fera d'eUà reunida» deede o /.* de
Janeiro do aimo de 1704, de pag. '2T0 a 21ò o vera uma lista do desacatos em Por-
tugal desdu 126fi até 17l."i. BiblioUea Nacional B— 8— 25, neceSo de mtnn»-
^ )>Í2-se que este arcebispo, que neslc. tempo também era governador dn
reino, morreu ponco tempo depois (3 de Jnnho de 1680), em conaeqnancis do
desgosto qne teve por causa do tlesanato. Pinho Leal, Portuf/at. atttigo e modemu,
vo). IV, p. 374, in fine.
* Abto»dario citado.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AKCHEOLOtíO POKTUaUÉS 329.
I>o clero, da uobreza c do povo, todos uoQCorreram ; e era tanta a
KCnte, t)ue, eomeçando a sair da Sé ao meio dia, »> á noite chegoit ao
teFmQ. Segiiiu pelas nias, da Padaria, Pelourinho, Terreiro do Paço,
lUbçira, Ilua Direita da Alfama e Porta da ('rnz, até a igreja de
Santa Engracla.
Mesta igreja conservou-sc o lausperenne durante outros qito dias,
sendo a festa ic cada dia á custa de differentes iidalgos. Por exem-
plu. 1>. António da Silva, thesoureiro da alfandega, pagou a de quinta
feira, c Á noite )ioiive arraial, com ifogo de arvores, rodas, montantes
e fioguetes». A <le sexta feira foi feita por conta do conde de Sabugal,
qne se conservou todo o dia sem comer. A de domingo, e ultima, fS-la
o arcebispo, que disse missa de pontifical '.
Outra tbrma do desaggravo foÍ a iustítuiçSo de uma grande confra-
ria de fídalgos, intitulada dos lEscravos do Santissimo Sacramentoi*.
O compromisso ou estatutos d'esta irmandade, que em vio procurá-
n^os 110 cartprio da freguesia de Santa Engracia, na Torre do Tombo
c no archivo da Camará Ecciesiastica, foi assinado no dia 19 de Maio.
de 1630'.
O presidente era o rei, c eram trniSos apenas cem fidalgos que se
obrigavam, debaixo de juramento, a nSo consentir que para ella en-
trasse quem tivesse raça, on sequer fama, de christSo-novo.
Todos os annos, nos dias 16, 17 e 18 de Janeiro, por ser o primeiro.
d'estes dias anuiversario do desacato, fa/.iam uma festa ao Santissimo
Saersmento, na capella do paço ^, com assistência e á custa da família
real no primeiro dia, e & custa da própria irmandade no.i outros dois
dias. Terminava a fe^ta por uma procisBilo, em que iam as pessoas
reaes segurar ás varas do palio. Todos os annos se nomeavam os fidal-
^s qne ficavam encarregados de dirigir as festas do anno immediato.
Em 1631 eram os seguintes: marques de Castello Rodrigo, T). Gonçalo
■ Tndo isto se fteha descrito iio Abecedari" miliUir, qne ji, citáiiios, a p. 84
e Hjq.
^ Veja-se o livro que cit&iu<« na nota ttotecedeute, « também o .^>ifio Hittorico,
16 de jaoetro. Estn irmandade era iiidej)cnil«utc d» do Santissimo que eiiatia na
mesma freguesia.
' Abtctdario, p. 8i').
• AnteH do terramoto fazia-wj om S.Vicenti', c dcpoiK na Aja<la.
byCoOglc
o Abchbolooo P0BTDQUÊ8
lho, I>. Martinho de Mascarenhas, capitão dos ginetes, conde
nta Cruz, D. Liiis de Noronha, conde de S. Joio, JoSo Mendes
ivora, conde dos Arcos, Pêro da Silva de H. Payo, conde da
ta, D. António da 8itva, visconde da Ponte de Lima, D. Loa-
de Lima.
papa Urbano VIII concedeu jubileu plenissimo a todas as pes-
[ue, «^ntessadas e eommungadas, assistissem á festa em qaalqaer
es dias, c autorização para que pudesse haver lausperenoe mesmo
ias de trabalho e sermão de manhã e á tarde.
^solveu a irmandade dos Escravos fundar uni majestoso templo
io aonde havia a antiga igreja, o qual, estando quasi ooncluido.
minado.
> anno de 1682 foi fomeçado o outro que ainda hoje esti por
primeira pedra do uovo templo foi lançada solemnemeate por
idro, príncipe regente, o tinha a seguinte inscrípçSo:
!7am ineunte trigésimo supra milesimum sexcentesimnm saluti^
ex I>. Engratiae Acde quidam nefarius homo per tenebras pro-
&<■ noctis Sanctissimum Corpus Domini furatus esset, Nohilita:>
ma in tanti sacrilegii expiatiouem centiimvirale sodalitiiim cons-
et oodem in low niagniScum Tempium propriis sumptibus cons-
• decrevit, ut ubi impia manus sacrosanctam Eucharistiam (eme-
fucrat ausa, ibi a piis animis aeteriium colenda foret. At opere
icrfiK-tioiíi próximo forte colapso, iteram Nobilitas Lusitana im-
te, ae magnitite adjuvante SereniHsimo Petro Portugalliae Prin-
et Moderalore, aliud Tempium, sed elegantioris structurae, eri-
(tatuit, cujiis priínum fundamentorum lapidem idem Serenissimus
eps pro ínsita Lu.sitanis Kegibns pietate própria manu jecit. Ann.
M.DC.LXXXII*.
ste cdificio é grandioso e pouco falta para a sua conclusSo^, mas
à lou^ dciiiorii U'uHt^i obras deu origem a luii dito popular, luuito uanb«-
itntigo. Seniprr ([ue algiuiiae obras dnnoraiii mais do qiic O tempo devido,
ar dizer-sc: aparecem as obras de Santa Engracia».
TraDSC revemos esta ÍDScripçio do Mappa de Portngal, do 1'.* Joilo Itau-
[e Castro, 3.* cdiçlo, ritvisla p acrescentada por Manoel Bernardes Branco,
I, p. ICO.
Quando o dt^sgrnçado Solía eatnva já -oollocado uo mastro ]iflra ser quei-
jA as obrss da primeira igreja nova haviam principiado, e conta a lenda
lie, olhando para ellag, disaera: «tilo certo é eu estar innocente, como r
le que aquellas obras nuoca se hílo <Ie acabar». Veja-sc LMoa antíf/a
oa mi-dfrna, por Argelina Vidal, tomo ii, pp. 101 e 102.
byCOO^^IC
o Archeologo PortdquÊb 231
as obras crê-se que cessaram por completo, visto que cl'ellc se faz agora
deposito de material para o exercito.
Parece que a irmandade dos Escravos se dissolveu iio tempo das
lotas entre D. Pedro c D. Miguel; a festa do deBaggravo contiana po-
rtam a fazer-se todos os annos na Sé.
(> Kesl Convento do Lonriçal, de cuja fimdação a historia é bas-
tante curiosa, também foi instituído com o fím de desa^^avar o mesmo
célebre desacato.
Na occasíSo em que este se commetteu, vivia no Louriçal, em com-
panhia de seus pães, uma rapariga nova, chamada Maria de Brito,
nome que ulteriormente substituiu pelo de Maria do Lado, por que
licoa sendo conhecida.
Era confessada do P.* Fr. Bernardino das Chagas, que tinha lido
artes e que estava entSo no Convento de 8anto António da Figueira,
e ia de vez em quando confessar e pregar áquella vílla'.
A prodigiosa mulher tinha muitas visSes, e suceedeu que em uma
delias lhe quiseram attríbuir a revelação milagrosa do desacato que
na mesma hora se estava praticando em 8anta Engracia.
■ Ficando a esta hora cm hum traspasso espiritnal, vio em espi-
rito junto a si a Chrísto pregado em dous madeiros, com huma corda
ao pescoço, todo pizado aos couces, derramando muito sangue ; e com
os olhos nella, mui sentido, e magoado dizendo: Filha, compadece-te
de mim, que agora me tomam a crncificar de novo em Portugal: e ou-
via vozes de escárnios, dando risadas, e fazendo grandf^s rugidos de
armas i*.
NSo sabendo interpretar as enigmáticas visScs; recorria ao confes-
sor qae lb'as explicava: «Mostrou-lhe Deus, âlha minha, que nessa
hora o roubaram, para de novo o crucificarem n^.
Fr. Bernardino, visto tratar-se de uma mulher tão protegida pela
graça divina, teve a luminosa ideia de a aconselhar a <{ne pedisse a Deus
se dignasse inspirar-lhe o melhor modo de se fazer o desagravo. D'ahi
a dias, Maria do Lado communícou ao confessor que o Senhor lhe in-
' Veja-Be o Compendio da adinirOefl vida da itnerarel madre Maria do I^do,
p. 22, e Hittoría da/mtdaçâo do Real í'<imtnlo do ÍMuri^l, p. Si*.
) Coutpendio citado, p. 50.
* No m^tmo livro. p. 52.
byCoOglc
'232 O Abcubologo Pobtoouêb
fiiDdira iit» ardente desejo de viver em retiro com mais companheiras,
em uniSo espiritual, dedicando-se ao fsulto do Santíssimo SacramçntOt .
« institiiiado iim lauspereuDe permanente.
Em 12 de Abril de 1630 foi posta em pratíca a ideia, que tinha
sido approvada pelo confessor. Maria do Lado, com mais algumas com-i
panheíras que se lhe tinham reunido, ia entSo passar os dias para a
igreja, e só á noite recolhia a casa.
No anno seguinte tomaram habito e foram viver em cummunidAde
para umas casas do pae de Maria do Lado, mas esta pooco tâmp»
pôde gozar de tão santa paz, pois que falteceii em 28 de Abril <le 1632,.
com fama de santa.
Empregaram-se grandes esforces para obter a sua canonização, mas
nada se conseguiu '..
A communidade continuou vivendo como pôdt^. c no annu de 1640
foi lançada a primeira pedra para a construcçllo de nma igreja, que
doze annos depois estava concluída.
Com grande pompa para U foram trasladados os restos de Míuia
do Lado.
Em 16ÍKI, com 6:O0U cruzados offerecidos por D. Pedro II, come-
çaram os trabalhos para a edificação de um convento grande.
Esgotada aquella verba, o P." Francisco da Cruz, irmão de Maria
de Lado, protector do convento e ao mesmo tempo confessor do prín-
cipe D. João, que foi depois D. JoãoV, tomou á sna conta o encai^
d« levar a empresa a bom termo.
Em princípios do anno de 170(' adoeceu o priucipe gravemente,
tinha então 11 annos, e, (chamando a si o P.' Oruz, qnis-se confessar,
dispondo-se para morrer.
A occasião era boa e o pa<lre soube aproveitá-la. Misturou com
agua uma porção de terra da sepultura de Maria do Lado e deu-a
a beber ao joven príncipe*.
No dia seguinte a doença, que até então nSo estava definida, ma'
nifestoií-se claramente; era um benigno ataque d© bexigas. E claro
que o padre Cruz attríbniu logo a benignidade da moléstia a milagre
da virtuosa mulher, e por isso, como recompensa, pediu ao príncipe
a sua alta protecção para o convento.
' ^''eja-se o Agiologiu Luiitaao, npK dias 28 de Abril, letra G, «
respectivo; e 4 de Agosto, letrtt Ai o respectivo coinmeatario.
* Vqa-8C o Elogifí fúnebre f hiOorieo rfe /*. João V, por FraBciaeo Xttvier
dn Silva, p. 30.
byCoOglc
o Akcheolooo Poutuguks ^33.
NSu so Gonteatoii, porém, uool a simpl«»; protnessii verbal, exigin
t^ue elle assinasse um voto, miiitu em segredo, deplariindo qu^ se obrí-
g'a.va a concluir as obras do convento do Louríçal'.
O príncipe veiu a ser rei e teve de cumprir o voto. Em 1708 es-
títva o convento já em estudo de ser liabitado. Dotou-o com 6:00(X
cruzados de renda e nnchen a igreja de «oxcellento prata c bons or-
namentos i-.
As piimeiras quatro freiras que nelle eutraram, vieram do convento
tio Calvário, de Évora, c fizeram a viagem, com todas as commodida-
<les, por conta do rei, desembarcando em Lisboa na mesma ponte que
tinha sido armada para a chegada de D. Mariana de Áustria.
A família real estovu nas Janellas do paço assistindo ao deseoibar-
4jue, (' na ponte eram aguardadas pelo veador da rainha, D. GastXo
José da Camará Coutinho, por sua mulher I>. Teresa de Noronha, e
p«la Condessa de Assumar.
Estiveram as freiras hospedadas durante três meses no convento
«la Esperança e seguiram depois para <i Louriçal, onde chegaram em
8 de Maio de 1708, sondo ali recebidas pelo bispo-conde, cabido, fi-
dalgos e confrarias de Coimbra.
A regra adoptada no convento ora a de Santa Clara. As freiras
eram om numero de 33, cm homenagem á idade de Christo, c tinham
por obrigação estar em laueperenne permanente, qut^ de dia, quer de
noite, para desaggravo do desacato de Santa Engracia.
Tambeui so appellidavam «escravas do Santíssimo Sacramento».
A infanta D. J^Iaiiana, segunda filha de I). José, mandou construir
um pequeno convento, junto das obras de Santa Engracia, a Santa
Clara, também para desaggravar o mesmo desacato. É conhecido este
convento por Conoentiiiho do desaggravo, e nelle se faz todos os annos
uma festa, nos dias 16, 17 c 18 de Janeiro, com bastante solemnidade,
para desaggravo do desacato do Santa Engracia*.
Foi construido este convento no mesmo local onde, por tradiçSo,
se dizia que haviam sido escondidos o cofre do tartaniga e as parliculas
■ Este voto vem trunacrito na fiutorta da/imdação do (Jonoenío, p. 65 e «qq
« também no Agiologio Ijimíano, i de Agosto, Commentarjo, p. 426.
» Elogio fnntbre, p. 101.
> Veja^se o Sfcvlo, n." 8:280, de terça foira 17 de Jftneiro di^ l'JO&, p.
eol. 8.'
byCoOglc
234 O Aecbeologo PobtuguÍs
consagradas 'j por isso a rainha D. Maria I, a instancias da fnndadorx,
£ua inuS, ordenou & innandade dos Escravos, de que era presidente,
egasse o referido cofre ao conventinho, onde ainda hoje se con-
om troca oflereceu-íhe outro também de tartaruga e praU
aberta a buril, que está no sacrário da freguesia de imanta
a».
rreno onde está situado o convenlinlio, pertencia ao Marquês
ja, que o cedeu gratuitamente.
fanta D. Mariana, fundadora do convento, nasceu em Liebua
: Outubro de 1736 e faileceu no Rio de Janeiro a 16 de Maio
I. O seu cadáver foi trazido para Portugal em 1831, ficando
do por algum tempo em S. José de Ribamar, e no dia 'à de
de 1822 foi trasladado para este convento onde ainda está.
ir
ado os fidalgos, escravos do Santissimo Sacramento, assistiam
i que faziam para desaggravo do desacato de Santa Engracia,
vam usar, suspensas ao peito por uma fita encarnada, umas in-
, cujo desenho com a descriçiUi das duas que possuimos vamos
ao leitor.
i-se a fig. l.^"
. — Assente sobre imveu», nni ;>3crario com a purta arrombada,
^stá descaída desamparadamente para a direita,
cima do sacrário, sobre um fundo do raios luminosos, uma
. contendo o Santissimo Sacramento.
lados do sacrário estão dois anjos. O do tado esquerdo do obser-
jne está descalço, tem a milo esquerda sobre o peito, e com
L mostra o arrombamento feito no sacrário. OUia para o Ssn-
Sacramento em altitude de quem lamenta o desacato com-
1 direita, de joelhos .sobre «s nuvens, está de mãos postas, em
de oração.
|a-sc o livro: Jenu Vlititto iio SaiilUtiiiw Saerameiíío da Etidiarittia,
?T. Miguel de Azevedo Eborense, tomo i, p. 198, nota.
ta-Bc DO cartório da fregaesia de Saotft Engracia o Iitrvnlarío da Fa-
Irmaiidade do Sanlitêimo Sacramento de Santa Engracia, p. 13, nota í
teita em 16 de Janeiro de 1785, pelo eacrivão José Cândido Branco.
a-Be o ítnni) Histórico, 15 de Janeiro, e Memoria dai laednlhat, por Lo-
andeB, p. 11.
byCoOglc
o ARCHKOLOaO POKTUQDÊB
Por detrás d'estes dois anjos prolongam-se para cima duas nuvens,
e de cada uma d'ellas apparece uma cabeça de anjo. Outras duas ca-
beças também apparecem entre o pedestal da custodia e a cimalha do
sacrário.
Rev. — Tem a seguinte legenda, em quatro linhas: LOUVADO. —
SEJA.— O SANTÍSSIMO— SACRAMENTO, o na orla uma cerca-
ilnra ornamentada.
Esta medalha tem na parte superior uma argola fixa, com ornatos,
onde gira outra que serve para a snspender. É de prata, com toque
de 840 millesimos, e está dourada. Pesa 100 grammas.
A sua forma é oval, medindo o eixo muor 0^,077 e o menor 0^,062,
É fimdida em duas peças que correspondem a dois lados, sendo por
isso €ca.
O lado do anver^io tem muito relevo. Nti seu conjunto é de bonito
aspecto.
O reverso é liso, polido e convexo.
Veja-se a fig. 2."
Aqv. — Envolvido por espessas nuvens, um sacrário arrombado,
uuja cimalha assenta em duas columnas ornamentadas aos lados.
A porta está encostada á columna do lado esquerdo, e, por estar
fiira do seu logar, deiía ver dentro do sacrário uma cortina franjada
na parte superior.
De joelhos sobre as nuvens, de um e de outro lado, doas grandes
figuras de anjos amparam cuidadosamente um cálix, que está oollocado
por cima do sacrário.
O cálix tem em cima uma hóstia, e assenta em um fimdo de grossos
raios luminosos.
Entre o pedestal db cálix e a cimalha do sacrário ha uma nuvem
disposta em forma de S.
Rev.^Em cinco linhas a seguinte legenda: LiOUVADO — SKIA —
O SANTÍSSIMO— SACRAMEN— TO.
Esta medalha tem também aa parte superior uma argola fixa, na
qual gira outra, e é de prata dourada com o mesmo toque da antece-
dente. Pesa 64 grammas. A forma é oval, medindo o eixo m^or (y,067
e o menor C^jOÓG.
Ê fundida em uma só peça e tem muito relevo no anverso. O reverso
é liso e plano. O trabalho artístico é inferior ao da antecedente.
Destinadas a principio para servirem de insígnia aos «Escravos
do Santíssimo Sacramento», estas medalhas podem considerar-se hoje
como oommemorativas do célebre desacato. São muito raras e in-
byGoí>^^lc
236 O ÀBCHEOLOOO PoRTUGUfiS
tereesantcs, c íssu bnsta para qne os col tecei onadures as aprecit-m
muito.
No quadro, que adeaittc se aogae, indicamos o numero d'a(]uelUi
de que temos conhecimento:
CollecçSto líeal ' -. . . 1
CollecçSo da Biblioteca Nacional 1
Coliecção do Sr. JuUus Meili * 1
Collecçao do tir. Conde de Penha Longa ^- - • 1
(^ollecçâo do Sr. Ferreira Braga 1
('oilecçSo do Sr. Leitão (do Porto) * 3
('oUecçSo do Sr. ('yro Augusto de Carvalho' 1
Estampada na obra de Lopes Fernandes'.. . . 1
Na nossa collecçãi) 2
Total 12
K natural que existam mais algumas, ina^ não podem ser em grande
numero.
Das que indicamos, abím das uossaa, só vimos quatro: a da Bi-
bliotecíi Nai^ional, a do Sr. ('onde de Penha Iiouga^ a do Sr. Cy^ro do
Carvalho c a do Sr. Ferreira Braga. Uas restantes só temos conheci-
mento indirecto pelas descriçSes. ('umtudo, quasi que podemos affirmar
que com estas medalhas se dá a particularidade de serem todas m^s ou
menos differentes T. Seria por isso biistãnte útil que os seus possuidores
se resolvessem a publicá-las em estampas ou, pelo menos, que as des-
crevessem minuoiosameiíte.
Entre as variedades curiosas devem uotar-sc as do Sr. Conde da
Penha Longa e a do Sr. Cyro de Car^'allio, pois que, tanto uma como
ontffi, sito de typo difFercnte do das outras.
Em que época tf^ria começado o uso dVstas iusigniasy
* Aragão, Hitlmredu Trarail, u.° 1:871.
* InformacILo que noa foi dada em cartn por este distiocto nunusinstâ. Mais
nOB informou 8. Ei.» qup posaue rnprodiicRSes daa três qne eziatem na collecçlo
LeitSo.
' Catalogo da CaBa Liquidadora, do auuo de 1*J04, d.° 1:150.
* NnmimuUiea, por LeitSo, n." 8, 9 e 10.
' Catalogo publicado pelo negociante lioUandée Schiilmau, aCollection Cyio
Augusto de Carvalho», n." 1:326. Vem eatampada.
* Lopes Fernandes, n.° 12.
' A da Biblioteca é muito semelhante & muis peqncnn das uosBas, fig. a.' 3,
mas unila assim é díffercuti-.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o iictíologo Pmajnii— Tol. I— IfltB
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
bvGooglc
o Aecheoiooo Pobtuquês 237
Foi A irmandade instituída ainda no anno de 1630, e os Eurravou
uornèçaraiA logo de principio a usar as insígnias?
A falta do «compromisso* ou «ostatutos* inhtl>e-iiuii de re^iponder
a esta interrogação. É verdade que u trabalho tosuo das duas varianteí<
curiosas que notámos nos poderia talvez levar á conclusão de que essa»
seriam usadas na primitiva e que as outras mais perfeitas fossem usa-
das posteriormente, mas nSo nos & liuíto fazer tal aftirmaçSo.
O que é positivo é que estas medalhas já eram usadas pelos Ks-
eravos no tempo de D. JoSu V, porque dois livros d'aqnella época no-lo
attestam: i> Anno Hiitorico, escrito em 1713 e o Diccionario do padre
D. Eaphael Bluteau, do mesmo anno, que na p^avra «insígnia* nos
diz : também aasim «e chama a nietla/hn rias Irmandades, partictdarmentt
■em Lishoa a de Santa Engracia.
K curioso notar que na medalha descripta oom o ii." 2 está repro-
duzida orna das visctes de Maria do Lado {Compendiu da sun vida,
pag. f>4): <vio a deus Anjos mui formosos e gloriosos, que iam levan-
tando da terra para o (?eo o Santíssimo Sacramento; pegando cada
qaal da sua parte em hum cálix, e hóstia do tamanho, e forma d'aqueU
les, que depois trouxe no peito, c suas companheiras).
Segundo a regra do convento do Luuriçal, que foi mUagrosamentf,
revelada n Maria do Lado (Historia iia fundação citada, pag. 190, 19.t
e sqq.), as freiras também usavam, no e.seapulario, uma insígnia bor-
dada, de grandes dimensões, que represen,tava iim nalix e hóstia.
Junqueira, .lulho de 1905.
Arthur Lamas.
Arolieolo^a de Trás-^s-Montes
CuiiHlh* de AlUtí
InstnimeutoB do período neoUtUioD e oastros luso- romanos
((ioiillmmtJli). Viil. O Ardi. J^lrt„ II. «Ml
I>epoísdas minhas informaç3es n-OÁreh. Port., iv, 180, acCircados
objectos de Paralita, foi-me offerecido um objecto de pedra com as-
pecto marínoreo de côr rosa, espalmado, tendo de comprimento O", 120,
de maior largura 0"',0Õ0 e de 0^,012 de espessura, com uma falha no
vértice, devida a uma fractura por qualquer choque de instrumentos
agrários, que lhe tirou quasi metade da largura e entrou pelo corpo
do instrumento na extensão de 0",O26.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
238 O Abcheologo Português
E um lindo instrumento, perfeit^nente alisado e polido, com uma
depressAo natural da grandeza e forma de uma amâudoa numa da^
faces, do que resulta ser muito fácil a preheoBão e segurança d'elle.
NSo conheço outro objecto d'e$ta pedra que parece fibrolitlio.
Appareceu na Balça, freguesia de Afilia Verde, num campo culti-
vado, e foi levado para Alijó ao meu amigo Torquato de Magalhães,
que m'o cedeu ha aunos já.
De Villa Verde também obtive, por interveaçfto do negociante Joa-
quim Rodrigues, nm machado de diorite, semelhante na pedra e con-
figuração aos de Moncorvo, cuja noticia saiu n-0 Archeologo.
Foi encontrado por uns trabalhadores, ao abrirem um poço, a bas-
tante profundidade, perfeitamente conservado. É de dimeneSes regu-
lares, e está hoje em poder do professor da Escola Industrial de Vianna,
o meu muito bom amigo Serafim das Neves, um dos m»s felizes col-
teccionadores de moedas, estofos e moveis nas- províncias do norte.
A freguesia de ViUa Verde, a que pertence a necropole de Parafita,
tem situados ua sua área três castros luso-romanos (?), denominados
Oêrca, Ãscra e Castello da Murada.
D'estcs o mais importante, e muito, 4 o da Balça, que os habi-
tantes chamam o caateUo da Murada.
Está situado numa coUina que domina uma grande área para os
quatro pontos cardeaes e, para a época, devia ser um ponto estrate^
gico de graude importância.
É da forma do vértice da oollina, mais ou menos arredondada, com
três fossos para o NW. apenas, porque os outros lados são quasi aproma-
dos ; apresenta trincheiras bem conservadas e solidas, uma única porta e
bastante larga, para a qual se subia por uma calçada de leve inclinaçio.
Em vários pontos da área do castro eucontram-se penedos oom
buracos redondos de varias dimensSes e a NE. um grande bnrsco cir-
cular, que parece ser a boca e porta de uma cisterna obstruída pelo
desabamento das paredes.
Chamo a atteução dos competentes para este monumento, a que
se pôde chegar sem grandes sacrifícios, porque está situado junto da
estrada de Villa Real a Bragança.
A poucos kilometros d'este castro existe o de Souto de Escario,
freguesia da Torre, que me dizem ser também grande, mas que nSo
vi ainda. Está situado num outeiro e vê-se a graude distancia.
Ao poente, por cima de PinhSocéle, na serra, ha ontros também
que nunca pude visitar.
Villa Keal, 31 janeiro de 1902.
HENR[<it;E Botelho.
byCOO^^IC
o Abcheolooo Fortuqués
Fraga da (Houra>
em Villa Nova da Torre de D. Chama
Já falíamos ii-O Aixii. Port., m, 288-289 e vni, 252, tanto dos
■lagares dos Mourosi encontrados no distrícto de Bragança, particular-
mente nas margens do TueUa e entre este rio e o Rabaçal e a serra de
Xc^iieíra, em termos das povoações vizinhas da Torre de D. Chama,
•.'omo dos de Vallc de Telhas, concelho de Mirandella, e dos de Lama-
longa, concelho de Macedo de Cavalleíros. Ultimamente deparei com
ims vestígios numas fragas de granito junto e a poente do pequeno po-
voado de Villa Nova, que dista 3'"",5 para poente de Lamalonga e que
é atravesBado pela estrada real que vae para a Torre de D. Chama, que
devem ser também de um d'esses lagares. A fig. 1.' representa as for-
mas e as grandezas d'esses vestígios na devida reducçSo. Como se vê as
fragas onde elles se encontram estão aos lados de uma outra mais alta
a que chamam a «Fraga da Mourai, como indica a fig. 2.^ que é uma
photographia do local tirada de sul. Posto que muito deteriorados e gas-
tos, destingue-se nelles ainda bem qae a obra A da fig. 1.*, que agora
faz parte de uma eira de malhar pão, era um «lagar dos Mouros* em
qae tive a surpresa de reconhecer que as paredes, em vez de terem sido
todas formadas pelos lados da cavidade, como são em todos os mais que
tenho encontrado, tinham a da parte a ligada & fraga por meio de ci-
mento, de que eztrabi alguns pedaços, de uma dureza como a do gra-
byCOO^^IC
240 O Aeciieolckío Português
uito. A sua uonfíguraçSo ú de rectângulo c a sua profundidade aotual
é pe(|ueQÍ5sima, mesmo dos lados niais salientes. No fundo, em n, ha
veios ou fendas do contacto das roclias que parece terem sido também
tapados com cimeuto. Uma pequena oseavação feita do lado do escoa-
mento mostrou a existência de um tanque, receptáculo de líquidos, ii»
qual se empregou também o cimento. Em s ha um pequeno bnra4.ío cir-
cular evidentemente destinado a introduzir nelle qualquer cousa para
o serviço do lagar. Da resto encontra-se tudo muito destruido, devido
ao terem apropriado o local para eira, como íi/.oram cm Panoias, janto
" "'"■■ Heal; estes vestígios parecem-sc muito com alguns que vi -^m
e que se consideram sagrado».
,vado Ji ícm :is paredes tSo gustas, que o fundo está quasi do
■n a superfície da rocha, destingiiindo-se apenas um sulco eoii-
dicá a figura, não deixando ver sinaes de cscoantc. Esta cir-
:ia, a sua configuração c. ter o seu fundo sido talhado iigeira-
m declive, fez-me parecer que teve destino diverso do «lagar».
o das rochas deixam ver as fendas ", e em í notam-se indícios
m. Ao lado, numa saliência da fraga, está a pequena cavi-
com bico para escoante e um rebaixozínho o levemente incli-
ra o interior. E o trabalho mais distincto e completo que st-
tra nesta fraga.
ro o uso d'estes trabalhos c a cpoea cm que foram feitos, sendo
e neste local, como por todos estes sítios, abundam os vesti-
homcm ter por aqui estacionado em tempos remotíssimos, como
bados de pedra e outros a qne O Arrheologo já se tem referido;
byCOO^^IC
o ÀHCHeOLOOO POHTUQUÊB
dAo falando nos da época luso-romana, porque esses appareuem a eada
pnsso. O que é verdade é que por grande numero de circunstanciai
teem semelhanças com os já referidos de Panoias, e que a ideia que
nos suggere logo ao vÂ-los é que foram construídos para igual iim, isto
é para serviço religioso. O sinal em cruz e os indícios de outras que
apresenta o fraglo mais alto com estas obras devem ter relação, e como
que attestam que a «Fraga da Moura» foi porventura um santuário
dedicado a qualquer divindade que o tempo levou, como actualmente
o canteiro vae levando o de Panoias, destruindo-o, e arrancando-lhe
as cantarias para os muros daa casas ou das propriedades.
Bragança, Junho de 1905.
ArjiiNo Pi-:rkira Lopo.
Hoeda Inédita de D. AfEbnso V
Tem sido geral a supposição de que a officina monetária do Porto',
como independente ou subalterna da de Lisboa, não cunhou moeda
de ouro durante o reinado de D. Aâbnso V, por não tet apparecidp
qualquer prova material em contrario. O chronista Rui de Pinn deixou
de alludír a esta material
As marcas monetárias gravadas nas moedas tinham importância
alem d'aquella que lhes davam as casas emissoras. Em consequência
de terem circulado no reinado de D. Fernando barbudas de baixa con-
dição metallica, fabricadas no Porto, o publico acautelava-se e asse-
gurava os seus interesses servindo-sc dos melhores padriies monetários,
quer nos contratos de aluguer de dinheiro, quer nos de compra e venda.,
e não era indifferente ao conhecimento de marcas monetárias.
NSo censuramos o chronísta peia omissão. Ser-lhe-hia impossível
completar a resenha dos acontecimentos de uma época, e muito menofi
alludir a factos de ordem secundaria, na falta de motivo especial que
os tomasse dignos de memoria.
A omissão parece-nos uma prova certa de que todo o ndmerario
corrente no reinado de D. ASonso V, o numerário nacion^, era de
boa lei e cuidadosamente fabricado.
Hoje a sciencía, incansável como é, sempre solicita em devassar
o passado, procura encher vácuos, de maior ou menor grandeza, que
< Cluroniea de D. Affonto V, t. i, cap. ixxviit, noB Inediíoê da Academia Real
du Sdettciaa.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
242 O Abchkommjo Pohtoouês
os escritores antigos, pouco diligentes ou mal orienUdos, deixuam
em tantos togares da historia portuguesa; por isto é de interesse scien
tifico saber-se que a casa monetária do Porto era uma instituição im-
jportante neste reinado. Oomprova-sr a asserção com a moeda, inediu,
figurada aqui.
+ ALFQ : REIS : PORTUGALIAE DELA. Escudo de armas
do reino entre 4 arcos. O escudo contém cinco escudetes menores,
em cada um dos quaes ha um só ponto, e assenta aobre a cruz da
jli}rdem de Avis. K notável esta substituição das quinas propriamente
ditas, que figuravam desde longa data nos cunhos da moeda portu-
guesa.
It. 4- AlUTORIUN : DONS : QUI : FECI : CE. Entre 4 arcos
a cruz de S. Jorge, em cujo exergo se v6 a letra oncial P (PORTOj
muito nifida. Ouro de 23 ^t quilates. Peso 3,48 graminas, ou 69 '/s
grilos.
Analysada a legenda do anverso, vê-se que falta separação entre
as letras V e Q, para ficarem independentes as palavras ALF(OX-
SU8> Q(UINTUS). A palavra REIS está em vez de REX, que em
legendas monetárias da mesma época apparece nas formas RES, RE,
RX, e simplesmente R. Ko final da frase temos DELA, em que DE
estará por ED=:ET, tendo o D a pronuncia latina do T final. Certa-
mente LA representará AL(GARBII). Haveria inversão na posição
das letras em ambas as ))alavras.
A legenda do reverso é comprehensivel, não obstante as faltas que
contém; dispensa analyse especial.
Em 14Õ7 chegou a Lisboa a bulia da Santa Cruzada, que o papa
Calixto 111 expediu repleta de indulgências e perddes. Era o con%'ite
para ({ue El-Rei ergucase entre os Portugueses o facho da guerra santa
contra os Turcos, cuja influencia e poderio se desenvolviam a pontu
de srrcm fataes ao christiaiiisiiio. D. Afifonso V, para commcmorar
e levar a bom caminho um;i emjtrcsa de tal ordem, mandou cunhar
nesse mesmo anno cruzados iIj ouro euhido, com 2 grãos a mius que
os ducados estrangeiros de nuilior acceítação. Calculou que a influen-
byGoí>^^lc
o ÃBCHl!»L060 PORTUOLÉB 243
via ponderal d'e3ta moeda, que devia representar c[uasi uma oitava
de ouro, ou 71 */» grSos, venceria li fóra resistências que ás proprías
armas de combate não seria dado vencer. Mas qual a causa por que
teve a moeda portuense apenas 69 ^/s grãos, se por ventura foi cunhada
nesta occasiSo de grandes aprestos militares? Ignora-so,
A ordem regia foi quasi cabalmente cumprida na officina monetá-
ria de Lisboa, como o provam alguns exemplares perfeitos e menos
cerceados, recolhidos em colIecçSes de vulto. Convém citar os seguin-
tes: um, que existe no medalheiro do Sr. Robert A. Shore, com o
peso de 3,50 grammas, ou 70 grãos; outro, que pertence ao tír. Ge-
noral Jaime Agnello dos Santos Convreur, que pesa 3,53 gramnias,
ou 70^5 grãos; outro, pertencente ao Sr. Julius Meili, ijue pesa 3,54
grammas, ou70y5 grãos; finalmente o exemplar collocado na collecção
do Hr. Dr. Francisco Cordovil de Barabona, que tem 3,55 grammas,
ou 71 grãos, é o que mais se aproxima do peso legal.
Apresentamos na fig. 2." o desenho do cruzado <lo Sr. Couvreur.
para que seja comparado com o do Porto.
Nas legendas de ambos os exemplares não se Ic a palavra com
que foram denominados, a palavra ci-vzatvn, o são estes os únicos em
que temos uotado a falta. Ella suggere-nos a ideia de que seriam emit-
tidos era época posterior ás conquistas de Arzila c Tanger, depois de
1471, ou talvez quasi no término do reinado de D. Affonso V. Con-
vém meditar acerca d'eata ideia, embora seja fraco o motivo em que
se estriba. Certos indicios, apparentementc insignificantes, resolvem
duvidas no campo da numismática, onde ellas se amontoam quando
faltam leis que a incúria não soube guardar, como no caso presente.
O cruzado portuense não foi achado em Portugal; appareceu cm
Hespanha. No dia 27 do Abril próximo passado o Sr. E. Dias Serras,
de Ijsboa, teve occasião de ottê-lo em Sevilha. Estava exposto no
mostrador de um ourives, estabelecido na Calle de Ckican-eros. Fazia
parte de um lote de moedas de ouro heepanholas, mai» ou menos an-
tigas.
byCoOglc
244 O ÃBCUBOLOOO POBTIFOUÊS
O apparecimeDto d'e8ta moeda habilita o numismata curioso a oo-
nhecer que a casa monetária do Porto estavK A altiira da sua missia
artística.
Não é conhecido o texto da lei que se refere ao fabrico dos <;ru-
zados no reinado de B. AfTonso V. João Bell * diz que foram cunhados
por lei de 14Õ7 com o valor de 253 reaes brancos. O que poBitivamente
se sabe, por documentos coevos, é que a carestia do marco de onro
Ibes deu O: valor de 255- reaes em 1460, c. que a lei de 16 de Se-
tembro de 1472 os v^orízou em 324 reaes brancos. Foram cunhados
abundantemente com o ouro que Portugal importava da sua nascente
Qolonia da Guiné. No sec. xvn ainda havia muitos; Manotl Severim
de Faria assim o declara na sua obra Noticias de Portugal. Nesta
época eram destinados particularmente á preparação do ouro em fo-
lha, que se applicava á escultura de madeira, essa veneranda arte que
florescia principalmente no organismo interno dos templos sumptaosos.
E a ourívezaria estimava-os como excellente matéria prima para arte-
facto de grande luxo artiatico. Hoje são muito raros, sobretudo aqnel-
les cuja belleza primitiva seja comparável á do cruzado que já vimos
na fig. 2."
Lisboa, Julho de lOOõ.
Manoel Joaquim de Campos.
O oastello de Braga
Onrlo dirigido ao Presidente da CoDimissAo Exeoatha dv Conselho
dos MoiinmentoB S«oion>e§
€lil.™e Ex.""" Sr. — Cumpre-me informar aV. Ei.* que se projecta
uommetter mais um vandalismo nos nossos monumentos nacionaes, Já
hoje tSo desfalcados por cansa da ignorância do publico, que, em logar
de ver nelles padrSes de gloria e documentos educativos, os julga
apenas merecedores de desprezo.
D'e5ta vez o desacato não parte, porém, da populaça anónima;
parte da Ex."' Camará Municipal de Braga! É etla qnem busca der-
ruir o histórico castello da cidade, ainda tão bem conservado, com
suas muralhas ameadas, dois rubelloe, e a torre de menagem majes-
tosamente erguidat
1 Taboa do valor das moedas, ele., t. iii, parte ii, das Memorias da Academia
Real das Scieneiai'.
byGOí>^^IC
o ÂBCHKOLOQU PORTUOOÊS 245
Ousta a erei' que a cidade que se intitula com orgulho capital do
Alinho, e se hoara de descender da Bracara Augusta dos Romanos,
consinta, nSo direi d^ braços cruzados, porque alguns patrióticos ci-
dadSos verberam asperamente o desastrado projecto, mas sem enei^co
levantamento total, nesta maiicba que se jiretende lançar em seus
pi>rg;aniinbos!
Já que assim é, c cjue, apesar de haver iio seio da eamara três
doutores, que parece que deviam conhecer a Historia, e antepor as li-
ções d' esta a todas e qnaesqaer considerações de ordem politica ou
administrativa, tomo a liberdade de pedir a V, Ex.* a sua intervenção
rápida neste assunto, a tim de evitar que o CTOverno (o que todavia
nâo ê de esperar) autorize, por mal informado, a demoliçSo quer com-
pleta, quer mesmo parcial, do eostello.
Comprehende-se que nos séculos mediuvicos se destruíssem estu-
pidamente os primores da arte legados pela antiguidade; comprehende-
se que ainda no aec. xvi, o cardeal-rei, eivado de fanatismo, mandasse
demolir em Kvora um arco romano para no sitio d'elle levantar uma
igreja; comprehende-se que as nossas populações ruraes, por incons-
cientes, destruam a cada passo as preciosidades archeologicas que
encontram: mas o que u5o se eomprehende é que em pleno sec. xx,
numa época em que universalmente se dá apreço c valor aos monu-
mentos nacionaes, a terceira cidade do reino mande, pela voz dos
seus edis, aniquilar um dos poucos ediiicios antigos que lhe restam,
c o único que possue d'esta espécie, quando elle a nobilita com os seus
betios ntãchecmãis, que contam séculos de existência, c até lhe imprime
certa feição heráldica, erecto, com seu ar vetusto, em meio do casario
moderno, tSo desengraçado e informemente alinhado.
Eu, que ainda ha bem pouco vi, em uma viagem de estudo que
realizei pelos paises clássicos, o desvelo com que se conserva e res-
taura o menor vestido histórico ou artístico do passado; que vi museus
archeologicos em todas as cidades de alguma importância; que vi como
Koma admira ciosa as ruínas dos palácios dos césares, e tudo o que lhe
ficou da grandeza antiga, o Colosaeo, a Pantbeon, os arcos, os túmulos,
as columnas, e até As vezes os simples panus de muralha; que vi com
que devoção os Gregos contemplam a Acrópole, o Theseion, a via dos
sepulcros, as basilicas byzantinas, e, longe de quererem desapossar-se
do qne os Turcos lhes deixaram, tentam, pelo contrario, tornar-se so-
lidários, cada vez mais, com a antiguidade, já fomentando a celebração
de congressos archeologicos c a fundação de museus, já reproduzindo
uas construcçSes modernas os caracteres da velha arte nacional, já
identificando succcssivamente eom a lingoa de Homero a que, ura
byGoí>^^lc
24tí O Akcheoloqo Pohtuguês
tantu modificada, fallain hoje: contesao, £x."'° Sr., que me sinto cor-
rido de vergonha ao ter de relatar que a Camará Munic^l de Braga,
«■aquecida dos seus deveres de guardadora das tra^çSes da cidade
augusta, e desvairada pelo fulgor de um punhado de pintos de prata
que a venda (proh pudorf) do terreno e das pedras do castello lhe
renderia, ])roeura traçar um risco de tinta negra no brasão da cidade,
no qual precisamente se vô, era duas torres, uma allosão ao monu-
mento ameaçado!
Maia vale prevenir a tempo um desvario, do que por fim ter de
chorar peto que já não tem remédio. Não possue Braga tantos monu-
mentos, que não necessite de zelar a integridade d'este. NSo esti
Portugal tão miserável, que se veja forçado a pôr em almoeda as ve-
nerandas folhas da sua Historia. Obstemos a que os estrangeiros mús
nma vez nos acoimem de bárbaros, e que os nossos vindouros tenham
mais um motivo para se queixarem de que nós lhes transmittimos por
herança destroços e labéus.
Braj^a, 17 de Agosto de 11)05.
Dit. J. Leitk de Vascokcellos,
tirrritr b ■(»■ IlbtlajKt Ptrlijirfs. Irah* U CmitIIh Iw Imanlit bóNit»'.
Um erro de amanuense nas Inquirições de D. Affbnso m
(C. Sanoti Salvatoris d'APOua)
I
(.^uem, conhci-.cudu a respectiva topouimta loeal, for ler ao aoti^
Tombo de Santa Comba de fruUkafoiíwe (julgado de Valdevez) as con-
frontaçSes d'esta freguesia no anno de 1541, notará qne a contigui-
dade das suas balisas, minuciosamente descritas, com as da freguesia
de S. Pato dos Areog, foÍ rota em tempos posteriores pela interpol-
iação de outra freguesia denominada do Salvador da ViUa. O porímetro
d'esta desenrola-se hoje por terras a que, ainda em 1541, os fregueses
de Gruilhafonxe podiam chamar todas ou quasi todas suas. O burgo ahi
na.seente, que já em 1518 merecia o foro de villa (Carta de D. Ma-
noel de 4 de julho de ir>18, Liv. 5." dalém Douro, fls. 120 v) e qne
aumentara rapidamente cm jjoeoraçavi, teria sido depois motivo bas-
tante para a sua emancipação eccle.siastiea da velha matriz de QuUha-
foDze, que lhe ficava de mais a mais afastada para alem de 2 kilome-
tros por encosta acima.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheoix>go Pohtuguès 247
Folheando porém os Portugaliae MonuTueiita Hutorica encontra-se,
nas Inquiri^ueê de D. Ãffonso III (A. 1258) e julgado de Valdevez,
uma collatioiíe Sancti Salvatoris d'Arctu, e f&cil ílla^ão é tomar esta
como directa ascendente da actual do Salvador da Villa, taoto mais
que com nenhuma oatra invocaçSo parochial do moderno concelho pôde
acertar aquelle título.
Sabendo-se que já antes de D. Manoel o legar, onde agora é o .Sal-
vador, se chamava dos Ãreo» e que aht mesmo é hoje a villa e o Sal-
vador da Villa, aqnella relacionação parece saltar aos olhos.
A contradiçSo entre as duas fontes diplomáticas é patente.
A face do Tombo de Guilhafonxe, em 1541 não existia, como hoje,
situada entre os limites d'esta e os de S. Paio, a freguesia do Sal-
vador da Villa, pois que aqueltas duas eram contíguas; em 1258 a
Inquirição encontrou no Judicato de Valdevez uma coUatione Sancti
Salvatoris d'Areu8, que arrolou. Cotejando a serie de denominações
de coUatione» do antigo julgado de Valle de Vice com a correspondente
iísta das freguesias do moderno concelho dos Arcos de Valdevez, cujas
froateiras em ambos se confundem e sobrepõem, com ezcepçSo de pe-
queno retalho, nSo se encontra para identificar sob esse aspecto com
a antiga Sancti Stdvatoris ã'Arcus senão a actual do Salvador da Villa
(dos Arcos). E comtudo, a dar fé ao Tombo parochial, em 1541 ainda
bSo existia o Salvador; a jnlgar pelas Inquirições, em 1258 já havia
esta Sancti Salvalorig. Que soluçSo tem pois esta discrepância?
II
Vejamos em primeiro logar o grati de fi.' histórica que merecem
as duas fontes de informação.
Os tombamentos das freguesias eram feitos por individues nellas
residentes, e os primeiros interessados na verdade o na exacçSo da em-
presa, precedendo citação dos fregueses confinantes e dos respectivos
parochos; os togares eram descritos com toda a minueiosidade, as dis-
tancias medidas com maior ou menor rigor e em muitos logares, oti
iicavam solidamente collocados marcos íi^nteiros com as designações
das freguesias limitrophes, ou na rocha e ate cm megalitos se abriam
sinaes indeléveis; de tudo o que se fazia menção no auto do tomba-
mento. Ora o original d'este Tombo de 1541 exiHte e pôde ainda com-
pulsar-se por estar appenso ao Tombo da actual freguesia d» Salvador,
com o qual se conserva no cartono d'esla igreja.
O valor diplomático do que hoje nos Jícou das Inquirições nSo é in-
contestável. Aquellas a que me refiro foram feitas no tempo de T>. Af-
byCoO^^lc
MH O ARCUEOLOQO POHTUOUâS
foQSo lU e confiada a sua execuçlo a varias commissSes ou alçadas,
das qiiaes a primeira inquiriu Entre- Cavado-e-Minlio, No prologo do
vol. I, fase. Ill, dos Port Mo». Hist. (laquísitiones), lê-se: lO que nos
resta dos seus trab^hos encontra-se no liv. ix das Inquirições de D. Af-
fonso III desde fl. 48 até o fim do volume. Infelizmente porém o texto
que elle nos fornece, copia, sem duvida, de outro exemplar mais an-
tigo, attento o grande numero de additamentos marginaes de palavras
e phrases, que o copista ommittiria por inadvertência ou outras uausas,
nSo pôde de maneira nenhuma consíderar-se como fiel transcrição das
actas primitivasa.
E logo abúxo: «a primeira redacção soífreu profundas alteraçSes
e largos cortes, quer de uma sô vez, quer passando de copia para
copiai .
Os eminentes redactores doa Portitifaliae Monumiuta previnem-nos
pois das inexactidões que os textos publicados acaso contenham, intro-
duzidas pelos copistas e amanuenses, para quem a exacção toponímica
era impossível.
Na hypothese especial, de qne me oceupo, haverá erro de texto?
K o que vamos ver.
III
Nas Inquirições de D. Affoitso III (Inquisitiones, pag. 388) lê-se,
na parte que trata áo judUato de valle de vice:
*Item, in eollatioue Sancti Salvatoru d'Arrut jurati dixeruat:
que el Rey non é padrom. Item, que é Couto per padrões, et que o cou-
tou Rey don Alfonso o primeiro, (et aqui seive primeiramente o moes-
teiro à.'Armelo, et dixerunt que aqui o coutou el Rey don Alfonso Vy
et o abbade et os fratres sacarom no daqui et poserom no in aquel
logar qne chamam Armelo). Item, dixenmt que a quiniana de Vilarino
que era do Chanceler don Stephano Johannis, et qne a coutara el Rey
don Aiphonso de Portugal et Conde de Bolonia a seu amo Johanne Gar-
cia padre deste davandito chanceler, item, diserunt que fora destes
coutos a uno logar que chamam aldri/a, et dam em cada ano a! Rey de
fossadeira pro Januário j. cabra. Item, da erdade do Porto j. soldo.
Item do Guieiro j. soldo. Et pectam voz et caomia, et vam in anu-
duva*.
Na actual ^eguesia do Salvador n&o existem logares com aqaellas
denominaç5es de quintct de vUarim, aldeia, herdade do Porto e Outeiro;
ao contrario, pelo menos um nome designativo de um logar e o mais
importante de S." Columbe de Guilifonie ainda se encontra no âmago
da freguesia do Salvador, como veremos.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo PoitTuauÉ8 249
Por uiitru ladu, se procurarmos entre a» collatUme» das InqiiirtçSes
uma igreja ou fregnesia de que ha menção ao tempo de D. Taroja, a de
S. Pedro do» Arcos, baldada será a possa pesquisa^ mas poderemos
notar, conhecendo o comparando as topon^mias, qite os Jogares dados
nas rnqtiiriçSes como de S. Salvador d'Arcits, e nSo conhecidos boje
no Salvador daVilIa, pertencem á tal freguesia ommissa de S. Pedro
dos Arcos, e ainda se conservam com as designações respectivas.
A pronta conchisão que d'aqui emerge, ^ ter havido um en'o de
amanuense na copia das primitivas actas das Inquirições de D. Af-
fonso III, escrevendo-se tíancíi Salvatoríe d'A}-cttSj aonde estaria San^
Pftri (}'Arcus: equivoco que teve até agora a velã-lo a coincidência
síngidar de existir no concelho dos Arcos, desde o sec- xvr, uma fre-
guesia denominada S. Salvador o» do Salvador da Villa, formada na
sua quasi totalidade com parte da área da antiga Ouilhafonxe. E é por
esta causa que alguns logares (Arcos e Salzeda), pertencentes a esta
freguesia ainda no sec. xvi e com mús razSo no tempo das Inquiri-
çiles de 1258, estão presentemente na área de S. Salvador.
Este c o resumo da questão e a maneira de a resolver. Vamos agora
As provas.
IV
Parece-me que o processo mais lógico é ordená-las chronologica-
mente. Temos pois:
1." (1114-1128)
Estas datas representam <> anno da viuvez de D. Tareja e aquelle
em que D. Affonso Henrique» começou a ser considerado rei.
Um docnmento de 1388 demonstra que no tempo d'aquella rainha,
isto é, muito anteriormente ás Inquirições de D. Affonso III, uma
igreja «h fregnesia de S. Pedro d'Arcos já existia no julgado de Val-
devez. É uma carta de D. João I, na qual se faz ao mosteiro de Er-
mello (vizinho de S. Pedro d'Arcos) doação das igrejas de Soajo e de
Itritello para o9 frades se poderem manter nelle. Nessa carta se diz
que a rainha D. Theresa fiindára o dito mosteiro, dotando-o com rendas
e herdades e o deixara incompleto, no estado em que ainda se achava
ao tempo de D. João I, mas dispusera que, se elle se não pudesse man-
ter, «se tornasse a S. Pedro Darcos que hé no julgado de Valdevez».
Esta carta é datada de Braga, em õ de janeiro da era de 1426 (A. 1388)
(Veja-se no Archivo Nacional o liv, 1." de D. JoSo I, fl. 178, e liv. 2.*
do mesmo, fl. 60).
Ainda hoje Ermello ou Santa Maria de Ermello não fica distante
de S.'* Maria do Valle (S. Pedro dos Arcos), e a arohitectnra da igreja
byGoí>^^lc
2Õ0 O AitCHEUi^oao Pobtuquês
em estilo românico, da qual me hei de occupar, nSo desdic da notida
que a carta fornece*. Comtudo nas Inquirições de 1258, no jalgado
de Valdevez,, omitte-se esta freguesia, que é por assim dizer, central.
2.° (1258)
Data das Inquirições. Segundo estas, existia i:nt3o uma collatione
S. Salvatorts ã'Arctu. No próprio texto das InquiríçSes, acima trans-
crito, se pôde venficar o equivoco do copista, que por inadvertência
escreveu S. SalvaturU d'Ârciie aonde no original devia estar S. Petri
d'Arctts.
Na freguesia actual de S. Pedro d'Arcos (lioje designada S.^ Maria
do Valle) ha os logarea de VUlarinko, Aldeia, Porto e Outeiro, que cor-
respondem aos descritos nas InquiriçBes, nSo existindo pelo contrario
na actual do Salvador nem memoria d'elles.
Alem d'ísto o território da presumida S. Salvatorts d'Arcu8, se esta
fosso a antecessora do Salvador da Villa, estava já abrangido pela de
Guilifonxi. K embora não haja documento das confrontações d'eijta,
proveniente doesta época, ha o Tombo autentico d'esta freguesia de
1541 e por ellc se vè qiip o território de Oiiilifonxi ainda incluía o qu*
poderia ser attribuido á C. S. Salvatorig d'Areu».
Em 1258 esta coUatio, considerada como predecessora do Salvador
daVilla, devia occupar o seu actual assento, isto é, intorcallada a Gui-
lifonxi e S. Pclagius d'Arcu»; ora nessa época, como em IMl, {e au-
tos, em 15l5~'foral) estas duas freguesias eram limítrofes. Um togar
ou sitio pelo menos de GinUfavxi, dentre os referidos nas InquiríçSes
de 1258 e ainda hoje reconhecível, pertencia ainda em 1541 á mesma
freguesia, estando comtudo num ponto que devia pertencer ao núcleo
da collatione de S. Salvador d'Arcus, se esta existisse, e ser limítrophe
da vizinha S. Pelagius. Esse sitio era já provavelmente um povoado
e chamava-se Arcot; ali tinha, no dizer das Inquirições. El-Rei «m
■ A pequen» divergem; ia de infonniiyíEo que ^e juide notar eutre an Inquiri-
ções, que adcaute transcrevo, e a carta ncSrca da fnnilação do Ennello nSo tem
importanda para o nosso caso. que vcma Homente sobre k eiialeDcia de S. Pedro
d'Arcos em 1358. Em Antiga necro|Mili! junto ú actual igreja d'eata iregnesia en-
controu-sc uma loBcrípçSo sepulcral, ao parecer do eec. xii ou xi, qne di já a eu-
teuder a existência do mosteiro ali. (Vid. OAich. Port.,\o\.yit, a pag. 81). Devr
examinar-He a carta, qne é uma amplíaçílo do parte do mappa n.° 4 da commisBSo
geodésica. Ermello era nesse tempo do julgado di^ Soi^o, freguesia que )he Sca
a jusante, sobre a margem diruita de Lima,
byCoOglc
o Archeologo Fobtdouês 251
reguengo, composto de varias leiras demarcadas '■ Hoje a víUa assenta
abi mesmo e por isso é que conservou o seu nome.
Em summa, sendo como eram confinantes em 1258 Guãifotixi &
•S'. fdagius, visto que aquelle logar estava na fronteira de uma com
a outra, não havia espaço para a de 8. Salvatorie, que a existir, devia
ter sido ali.
Quem não conhece os legares, deve lançar os olhos á carta. Mo
togar onde se vê a villa, está a actual freguesia do Salvador que se
formou de um bocado de Guilhafonxe, assim pois cerceada. Ahi mesmo
eram em 1258 as estremas de GuUifonxi c S. Pdagiu» e hoje sSo
as do Salvador e Sampaio, proximamente concordantes. O limite di-r
visorio não era o natural, o rio, mas uma linha que cortava ao meío
o povoado, de norte a su), como hoje.
Alem d'tsto ha um argumento indirecto, a que já me referi, para
mostrar o equivoco da copia das Inquirições. É a omissão oo julgado
<le VaUe de VUe da freguesia de S. Pedro dos Arcos, já então exis-
tente, como se deduz do documento n." 1. Como é que esta freguesia
não apparecia nas Inquirições?
8." (ISO!)
O argumento fornecido pelas Inqniriçdes do anuo 1307 (E. 1345)
é primordial. Beferem-se ellaa ás freguesias de Guj/lhyfoay (sic) e Som
payo dos Arco», incluindo também a de S. Pnãro Darcos. Não se en-
contra porém a de S. Salvatorís.
Em Gtiylhijfoo^ nomeiam-se os iogares do Poniar e do Geestal e os
casaes de Siizedello e do Outeti-o (o 1." e o 4." são reconhecidos), o em
S, Pedro Darcos: quinta do Penedo, casal de Sutriias (ou So-ribaeí),
Sudros, Riba-fontaa, Souto, Trcutora, Soadevesa*, Tora, Traveasat de
Juaaas, logar do Outeiro, VãTzea e Penacova (d'estes, todos se con-
servam na mesma freguesia, excepto Sudros (?) que não se reconhece
e duvidosamente Travessa» de Jusaas). Isto é bastante para identificar
' A viiiuha Collatíone Saneti Pelagii do4 Arcos occupava parte d'e6se po-
voado, a jnlgar da sua denominaçKo. Hoje ainda assim é.
I É ainda hoje a pronuncia popular. Na linguagem de gente qualificada
diz-se j4 Sabdecesa. Como demonstrou o Sr. Dr. J. Leite de Vasconcelloa, em
O Areoense, n,° 857, a decomposiçílo é to-a-devega, qiie ina ti dc ti vãmente traduzem
por gjib-devfaa (quando muito devia ser mb-a-devesa). Mas evidentemente o me-
lhor é dizer toadeí-esa: qncm assim o nSo faz, teria que ser colierente e dizer
também Sublevada, Sublerre, SitbvitiJia e não Soahvada, Soatorre, Hoaoinka, como
é geral, a respeito d'eBte!i legares.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
252 O ARCUEOLOOO POBTUGUâS
a regi&o e demonstrar a omíssílu das Inquirições de 1258. âb Inqui-
ríç8es d« 1307 estão inéditas, mas podem ver-se nu Archivo Naoional,
liv- IX (tas Inqiiiriçi^(>s de D. Dinis.
4." (1&16>
É a data do furai de D. !Manoei dado á terra e cdçelko d/i valdeveif.
Deste documento consta a existência das freguesias de tíuilha-
fonxe e de S. Pedro dos Aremos, ambas já muito mais antigas, como
lemos visto. Do Salvador porém nâo se faz mençSo alguma. Isto ji
era importante para a minha questão; mas o melhor argumento não
é este. O foral, pois, não só omitte o Salvador, mas localiza jJgtui.i
nomes tópicos de Guilhafonxe, nomes ainda hoje em vigor, e que se
acham no território da moderna freguesia do Salvador, pertencendo
então á área de Gnilhafonxe.
Transcrevo :
«Freguesia de OUkafoiíisse.
«Item alvaro soeiro traz muitas herdades e easaes que lhe furam
apegados s. tem na balleta hua leira, que vay topar ao Ryo e entra
no campo de vasquo amtã e trazem Joham Vaaz paga cadano hum al-
queire de trigo.
Item na balleta liiia leira que traz trõpeta paga hua galinha. Item,
hua leira a cabo do tdlo que parte de hil cabo com a Igreia e do outro
com lourèço damtas c entesta na Ryba degima e do ontro no Ryo.
Item hiia peça om calzeãa c parte com lourSço damtas dambos os i^a-
bos e vae topar ao Ryo>.
£sta parte é a que me interessa.
A balleta (mais abaixo escreve balkêta (que é ainda a prouuuçia
local) é hoje um pequeno bairro da villa, contíguo á igreja da freguesia
do Salvador, embora em nível bastante inferior e marginal do rio. Km
1515 (como aliAs já antes) chegava ahi o território de Guilhafonxe^
á qual pertencia a balleta. Alem d'isto, este sítio está no que já nti
tempo das Inquirições de 12r)H se chamava o loi/ar dos arco»; s3o pois
inseparáveis.
Caheda é erro de amanuense ; diz-se hoje, como em 1258, Salzeda • ;
é um sitio que nSo podia deixar de pertencer a S. Salvador, se esta
existisse e existindo também S. Pelagim (Sam Payo dos Arcos) como
freguesia contigua; aliás, nSo haveria cabimento para S. Salvador.
Alem d'isto Salzeda está situada entre a balhêta e a sede de Guílha-
^lt«iii, ia Salznta j..leii-ti>.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Akchkolooo Pobtuql-ês 20^
foDxe; pertencendo este logar a esta freguesia) era absurdo que a(|nelle
u2o pertencesse tombem.
Estes alimentos são porém i-eforçados pelo seguinte, ainda mais
explicito e posterior em data.
5." (IMl)
O dia 14 dt! uuvumbru de 1541 « o qnc data o Tombo antigo da
fre^esia de Santa Comba de GuiUiafonxt;. códice <]ae ainda se con-
serva DO cartório da igreja do Salvador*.
Neste documento faz-se a minuciosa descrição dos limites d'aquella
parochia. £sta descrição não deisa duvidas acêi-ca do dosso caso. Santa
Comba de Quilhafonxe abrangia o actual território do Salvador*. Esta
ainda não existia, quanto mais no tempo das Inquiiiçdes. A freguesia
límilrophe de Giiilhafonxe, na arca onde hoje é o Salvador, era S. Paio.
Assim pois, a Unha de limite por este lado começava no rio subindo
mais ou menos direita ao Pelourinho, que então ac erguia a meio da
viUa, continuando na direcção do sul, paralle Iam ente ao rio. Tudo isto
era já naquelle tempo villa (como vimos), o antigo logar dos Arcos,
das Inquiríçdes, e por mera coincidência casual é ahi hoje a freguesia
do Salvador. Não pMe portanto ser a '^aíietl Salvatoris das Inqui-
' Eate Toinbo ostá uppeDso ao do Salvador feito em 17HU, ao qual serviu de
base. Ouilhafbnxe, freguesia mnito aotiga, veio a ser ua sua áccadcncia annexads
ao Salvador, erecta s<^ no meio do sec. xrt, como veremos, depois dtt ter sido
uinA das duHs qae insere viam a villa, já como tal, em seu perímetro.
• Palavras teituaes ; n . . . Da pedra da Garça pelo rio abaixo á villa ao Pel-
lame do Corceeiro (correeiro?) pela vallc arriba ao marco qui: está detrás da
ermida de 8. Sebastião, d'afai pelo Pelourinho, direito para a rua u estrada para
Ponte,. . ' • cte. O pellame já não existia no sec. iviii ; no logar da ermida de
8. SebaatiSo 6 desde o século ivii a sacristia da igreja dn Kspirito Santo, pró-
xima da de S. Salvador-, o Pelourinho estava então (1541) no centro da villa..
Eata linha recta da ermida de 8. Sebastião ao Pelourinho é descrita asaiui em
1786 (data do mais moderno Tombo) : 'E dahi a face do mesmo Rio Vez vai dar
ademarCBÇ&o em hum penedo qae fica cm pouca distancia do Moinho chamado do
Espirito Santo para aparte do Sul no qual penedo que serve de marco cata gra-
vado na face que faz para o Ceo humas letras que dizem nS. Payoii sitio a que
'chamavSo o Pellame de Corceeiro por haver tradiçSo que ahi o ouvcra; e sitin
-finalmente em que ospedem os lemites de Giello e principia eata daVilla do»
Arcos ademarcar e confrontar com a de S3o Pajo da mesma Villa. Do ditto pe-
nedo vai partindo ademarcac&o e medi-lo do Maseentc para o Poente c em linha
recta agoas vertentes para esta ireguezia vai dar ademareação no cunhal da
Sacristia da Igreja do Espirito Santo (que algum dia foi a Ermida de Sam Se-
baatiSo) aim no cunhal que fica para o Norte c Kahc na mesma direitnra huma
vara adiante do cunhal da capella mor ila dítta Egreja digo Capella mor da
byCOO^^IC
2Õ4 O Akchboukio PoRTDQOâS
ríçSes, orsgo inventado por incúria de um escriba. Se esta fregoesis
jã existisse, o sen território, único presumirei, oomo já vimos, nZo fa-
ria parte de Guilhafonxe; devia ser descrito oomo tal, isto é, s^ars-
damentc.
6.* (164»)
Um dos melhores templos da villa, pelas dímensSes e pela rica
obra de talha do ãm do sec. xvii, é o do Espirito Santo, onde se aclis
iustallada oma notável confraria, originariamente só de clérigos. No
seu cartório existe um volume doa Estatutos, de onde se anfereio no-
ticias de historia local', noticiai que nos interessam agora, porque
nos revelam as datas entre as qitaes deve coUocar-se a fnndaçSo do
Salvador*.
A instituição da Confraria do Espirito Santo tinha-se dado, segundo
referencia da acta de oma reunião celebrada em 7 àe junho de 1593,
proximamente 44 annos anfes, isto é poís, em 1549 c ainda em 1624
se diz que esta irmandade se achava estabelecida na igreja do Sal-
vador, inferindo-se dos documentos que em 1678 já tinha igreja pm-
pria. Já pois existia em 1549 a parochía do Salvador, no território qu«!
fôra de Gtutlhafonxe, tendo assim realizado uma qiiasi profecia incons-
ciente o copista das InquiriçCes.
mesma Igr^a de sorte que vem a ficar dentro dos lemitea de Êam Payo a eapeUf
mor da ditta Igreja do Espirito Ijauto a hana vaia do Corpo da mesma Igrcjf
e todo o mais resto dentro da desta ^gaezia da Villa dos Arcos sem qae o Ab-
bade de Sam Payo tenha porta alguma por ondo poça entrar na mesma Igrpjs.
E do ditto sitio vai partindo ademarcaçSo e medirão pello Campo da feira
adianta em direitura ao Poente aface da Cappella mor da Ignga Hatria desta
fregnezia que toda fica dentro em seus lemites e em linba recta vai dar ao ntte
oode antigamente esteve o Pellourinho com treientas e quarenta « doas varas
qae tanto há de distancia do ditto penedo que serve de marco tho este sitie
oqual qne serve do marco por ainda nelle existirem os indícios do Alicerce àD
mesmo Pellourinho iicao estes fronteiros a Columna qne devido Oa dois arcos
da entrada do paçn do Concelho e distão da mesma Columna para o Noite oito
varas e quatro palmos ficando dentro dos lemites de Sam Payo toda a referida
extencilo. E do ditto sitio onde esteve o Pellourinho vai partindo da amedifio
e demarcação em direitura ao Poente a procurar a rua direita e pello mey»
<leUa vai partindo admarcaçSo dar a estrada publica qne vai para Ponte ds
Lima. ..' etc.
1 Ao sen bondosíiisimo commissBrio agradeço a facilidade da consulta d'cste
curioso documento n mais recentemente um extracto do Tombo. É o Rev> Jori
Pereira Hodrigues da Silva.
I Certamente haverá noutros archivos noticia mais yecisa d'cs(e factA; por
agora nio preciso recorrer a elles.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo PoHTrocÊs 255
O sínodo rcfonmsta dos clérigos de 1593 renniu-ae em casa do rev."
Salvador Fernandes, cMaãe da viUa dos Arcos, que nSo era certamente
abbade de Gnílhafonxe ; ó eata a primeira referencia que conheço á nova
parochia, que se chamava do Salvador da villa dos Arcos.
Eatre pois 1541 e 1549 deve collocar-se a fundaçSo do Salvador';
não existia portanto era 1258*.
Vejamos agora para qual freguesia arranjou o amanuense a invoca-
ção de S. Salvatoris d'Arcns. Leve referencia já íiz a esta questão.
K o exame dna nomes topícos que me vae guiar. Como atrás se pód«
ver, s5o:
Quintana de vilarinho,
Aldeya,
Erdade do Porto,
Outeiro.
Ora, segundo informações que colhi de moradores da actual fre-
guesia de Nossa Senhora do Valle (antiga S. Pedro dos Arcos), estes
logares ainda lá subsistem '.
■ Creio que desde Ic^o a igreja (te OuilliafoDxe foi annexa do Salvador, como
de menor importância. É provável qae o aumento da popnlaçSo do logar onde
já cnt3o era a villa, u o facto d'eBte logar ser um doa extremos de GuilhafoDie,
distanciado ila sétie, foram os motivos da fundação da nova parochia.
' Quando eu revia os graueis d'este artigo, Tcio>me tis mãos, por zelo de uui
amigo, o fascículo 31-32 {Julho -Agosto, 1905) do Archivo Hietorico Portagues.
Puhlicft-se ali um documento (p. 213) que coDtirma indirectamente a minha ave-
riguação, provando que em 15*27 existia Sam Pedro dÃrquoe. £ um recensea-
mento de Eiitre-Douro-e-Miuho, ordenado por D. JoSo III. No paragrnpbo de
Vali de fez eaunieraui-se as freguesias respectivas com os seus moradores. Lê-so
ahi : v . . . a povoaçom doa Ãrcõs de Vez (gíc) cn i%ie faztm tit aiidiateiaê que ha
vtía eom a mais ••frcgitetiat per todos moTadora, 36 morad^/reêK, E certo quo aSo
nomeia a frcgiiesin de Guilhíifonchc, que aliás já e:cistia, mas, destacando a pO'
voação dos Arcos (a esse tempo já 1 illa) e maii* freguesia com o censo de 36 mo-
radores (fiira mancebos solteiros) deve entender-se que o recenseador só cuidou
do nome com que era conhecido ii local da povoaçSu, despregando o da sédi'
da freguesia, a que aliás se referiu.
^ Entre os jurados, nas luquíri^Ses, de S. Pedro dos Arcos e da sua vizinha
^' Jorge, v€eiii-Be alguns nomes das mesmas pessoas, o que, á Falta de outras ra-
7ÀÍCB, SC harmoniza com a contiguidade. Assim o prelado (prior) de S Jorge foi
Pelnie moiiaeuB, mougc que também jurou em S. Fedro; Martinus Pcirie Pelniã
PelH e&o também testemunhas que juraram em ambas as eollatioíiei vizinhas,
tí. Jorge e 8. Pedro (ftita a emenda de 8. Salvatoris, que, a existir, nunca seria
vizinha de S. Jorge).
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
'JúG O Abcheoukío Foktcgubs
O facw de se averiguar quo a fngaemz áa Salvwlor i^ de eme*'
recente', nlo podendo •-sistir no (empo de D. Affonso III, foi positiva'
mente u indicio que me revelon o erro das InqniriçSes, cramnettid^»
pelo aaianiienst' numa época <|ac não pôde. secundo o concito dos en-
ditos eompiladore» do l'ort. Mon. Bit., ser anterior a D. AAodso IV.
Depois r»ta mínha suspeita i-nnlirmon-sc i:oia 3s razSes qne tcnbo
exposto e ainda i-om a •ireiínstancia seguinte:
Faliam as Inquirições nestr Iteui litiposo. que <: o 'Jtí.", no niostein<
de Armelo (diz-st- hoje Enni"lloj. informando que foi na cotlatiotté' 3. Sal-
iiitori» laliás S. Prtt-it que 1). AlTons» I ■> eonton e que mais tarde •■
abbade e os monges se foram para o «legar que ehamam Armelo».
Como já vimos, o doi-umenio diz que este mosteiro fora fhndado e do-
tado pela mâe do D. Alfonso I. mas fieara incompleto e no estado «n
que SC encontrada no lem]>o <le I>. João I. Estabelecera a rainha qnc
se o mosteiro se «nom podosse manter asy por guerras como por mor-
tindade, eotno por outra qualquer guisa, qne seja que se tomasse a Ssm
Pedro Darcos que he no julgado de Val-de-vez» '.
Ora sabe-sr- pelos do(;umontos e noticias que se encontram noTombu
da igreja de N.' Senhora do Va!le {olii» S. Pedro Darcos), qne estas
duas freguesias, Crmellu c \'allo, andaram sempre onidas, nma an-
nexa da outra; ora pois para suspeitar qne as Inquirições, tratando
do primitivo assento do mosteiro de Ermello, quisessem referír-se a
S. Pedro Dareos e não ao presupposlo S^vador, qni' aliás encimava
o paragrapho, mas que nem ''xistia*.
A disIracçZo do copista que, em tempos não anteriores a D. Affinn-
so IV, trasladou as InquiricScs de 1258, explicar-se-ha talvez pela
frequência com qne apparecia nas caheças dos depoimentos o ora^
Saneti Salvaloris. Mas qne liouvo erro de copia, não soflre duvida.
VI
Considerações gráficas
Prefiro a gratia Guilhafom-e a Quilhafonche, porque a pronuncia
popular não dá neste caso som explosivo, como daria se devesse es-
I Eniicllo ficava já iw julgado Jo fíoajo, vizinho de VaMevO):.
' A referencia k fundarílo de Krmcllo por D. Tenga no documculo ilu I36fi
É A qae me parece mais cxact», ii3o en porqne esse docnmeuto i uma carta de
V. JoSo I a D. Ft. Jo3') Martins, nbbadc de S." MaiJa de Eruiclto, carta em que
n: referem as palavroe c allegnçucs d'aqnelle monge, qne pretendia o annieutv
ilii pi-ii iiiOBteiro com ne i^rijas do Snajo i- Britolto, ]i!ira iiio acabar A niingna
byGOí>^^IC
o AKCHEOLOtiO PORTUliUÊS -Jiu.
crever-ae com ck; utó me parece ter já ouvido OitUhafSeg; pelo menos
o € final é muito pouco perceptível, c. a o» dá-se o valor de <íe.
Quauto Á etimologia da palavra, não tenho eompeloncia que me
purmittã eipor opiniSo fundada na glottologia. Nestes assuoioii, em que
t3o fácil é deixarmo-nos levar nos vuos da fantasia, como a cada passo
a gente a<lmira, o bom critério aconselha cautela e prudência. Os com-
petentes dirSo coro autoridade. Ao que devo pois limitar-me, ó a con-
frontos com palavras aparentadas c á historia do termo.
No nosso onomástico não são raros os denotninatívoa que começam
por Guilh-, e a esses é-Uies assinada etimologia sciejitifiea. lia por
exemplo: GuiUiado, de FiVíaíí (Viliatus); Guilhufe, de Viliutfi (Yilml-
fus); Guilhabreu, de VUÍabre<lu (gen,?l, 1'ixlcm vor-se no Ârdi. Port.,
V, 297; IV, 208; ii, 261 ; Guilhamil c Uuilhomil, de VUiamiri fViliami-
rus). (Vid. Nomes rfe pe»»oat « nonies df. logare», por Pedro A. de Aze-
vedo, pp. 3 6 õ). São nomes pessoaes de natureza germânica, em ge-
nitivo, por designarem a posse ou dominio de determinado território.
{VUlag do tiorte df. Portuga}, por A. Sunpaio, in PoHugalia, p. 28").
No nosso caso, é evidente que se trata do mesmo facto etimológico;
a origem de GuUhafonxi' poderá ser um VUiaf- .
Quanto á segunda parte : si^ a terminação é realm<'nt(; e mudo, pôde
corresponder a luna terminação em i, o que se pôde verificar nos dois
primeiros exemplos, alem de outros, e então teriamos um nome de Ger-
mano, VUiafomi; se porém a pronuncia exacta é ChtilhafSes, a syllaba
tinal explioar-se-hia por -onet, ou -onis <assim de Qwí^ojieí-Guifiíes;
o Aixh. Port., IV, itiíO); esta ultima hypothesc parece porém menos
provável, porque do que deve tratar-se, neste caso, é de um genitívo
(|ue denote dominio na época da reconquista. <> erudito investigador,
Sr, Pedro A. de Azevedo, no escrito supracitado diz que Vilifomui,
nome germânico, dá Galifonxe, Guilhafonce e Guilhafonso (p, n)*.
No «Catalogo dos pergaminhos existentes no Archivo da R. e I.
CoUegiada de Guimarães» (Arch. Port., ix, 88) vem o nome de Gu-
frre Wiiifons! (1158), português de linhagem neo-go(Íc», cujo homo-
ile mungee, mas ainila porque é concorde udas InquiriçuusdcD. AUbnaolI (1220)
noa Port. Moit. Higl., nos Bens das Ordene, pag. 286: De Sancto MartÍDo de Brí-
tclo Et istft ccclesia habct Monasterium de Ennelo ij casaliaet ijiinn-
tiun regaleo^u) ibí cst, quia dcdit et Begiaa drnnna TaToMa de Vftero.
' No docuineato de data certa main antiga, rncrito em portuguO», o « alUirua
com x: aaDÍiii Creiteiml e Creiximil. O documento é da E. 1280 c do cartório
de Viúr3o. (Vid. Doit lextm portvgueiet da idade media, por J. Lcile de Vaacon-
cellos, p. 3).
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
208 O AKcuEOLoeo Pobtcgdês
nimo possuiu uma villa lá para as moatanhas de Valle de Vice. Creio
que phoDeticamente não haverá que oppor a estar neste onomasticfi
a etimologia ào tópico Guilbafoaxe <■ £ nUa falta bo termo da antiga
freguesia um legar de Fundevilla* a demonstrar que alli existia tuna
villa (no sentido medieval) pertencente a um WUtJxmsug. Como em to-
dos os outros casos, o genitivo WUifonai ou talvez WUútfonxi trans-
formar-se-hia em Guilbafonxe, subent«ndendo-se villa.
Na Beira-Alta ha também (iuílkafonso.
Guilhafonxe também tem a sua etimologia literária ou Ut«rarii>-
popular, mas inacceitavel, como aliás qnasí sempre. Desde o sec. x\lll
pelo menos (cm 1768 é o primeiro oaao que conheço) começou de adup-
tar-se a grafia Villafonche, assim commentada:
VLllafonche de VUla-foi-»e, pois que é tradição que a villa foi cni
tempos antigos naquclta freguesia e, porque veio mais tarde a aban-
donar o primeiro ninho, quiseram as bocas que se perpetuasse n snc-
cesso nesta concisa apostrofe da Historia: A villa foi-»e.' Tanto assim
se bradou em lamentos de saudade, que, como um epitalio indelével,
a histórica nomeada estampou-sc uos áditos da região. Falam em v3la,
é claro, no sentido que hoje tem. Ora o caso verdadeiro c que a villa
não se foi de onde era, nem de -parte alguma, mas í^cnas mudaram
de parochia os seus fregueses, isto é, cerceada a Guilhafonxe, cnja
sede lhe ficava distante, passou a pertencer entre 1Õ41 o 1543 & uma
nova parochia: a do Salvador. Este é o obicc histórico para aqnetla
etimologia; agora o óbice phonetico c que, appareccudo conformemente
' Viliforuut taiubcm nSo escapa à {lecoinpiitiiçao pliilologica. Eui o fascí-
culo ciLix dou Stízungtberichle der Haia- Ãkad. der WiageoKkaftea in Witn (llKMj
tndicou-mc o erudito conservador da T'irre do Tombo, o Sr. Pciiro lic Aícvrdo,
nm pHtudo de Wilh. Mcyer-LUbkt' Bobre Die cUíportiigiraitlien Pergonamamen gtr-
manuchea Urspriinga (Oh antigos nonicM portugucReB de poBSonx, Oe origem ger-
mânica) onde Be lê que o primeiro elemento d'aqne11e nome próprio é li^a,
qae no alIemSo moderno correBpond<- a teiUe (vontndo), e o segundo prifcede df
Jvn», que ttignitica berrit (pronto). E eis eomo a llumildl^ pnmchia do Guilba-
fouxe guarda, na sua linhagem dBi niaÍH remota e distincta ascendência, aa der-
radeiras rccordaçSi-a de algum guerreiro das selvas da Germânia, em o nom>'
do qual rcsoava a íunia do seu próprio valimento "prouto de vontadei, ■vontade
pronta» e que de século em século perpetuou a sua memoria até ao mcdíevic»
descendente, que, agradaudo-Ke d'aquellas nossas férteis encosta», eueamon para
sempre nellas a gloriosa alcunha da sua ('stirpe ! É a historia escrita por si mesma
na infallibilidade das cousas.
' Ab Inquirições de 1238 falam quui casal de Cima de Villa, que hoje per-
tence a Proiello. O outro logar h(ye é de Parada, freguesia mais moderna, mas
também bastante antiga.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Akcbbologo Português 259
nus documentos mais antigos Guilifonxi, em caso algum viJla podia
transmadar-sc em guilha (Arch. PoH., tv, 208), cr«io eu, ainda mesmo
que houvesse memoria <Ie vUla no sentido de casal ou quinta com mo-
radia, que é o sentidt/ em que se encontra aqiielle termo, quando asso-
ciado ao nome de um possuidor noo-godo.
Devemos pois considerar errada grafia a de ViUafonche (pois nSo
se explica /oncA<? awfUee ftorfoi-sé) c muito mais a de VUlafoitae, como
alguns praxistas contemporâneos querem por ainda mais afinada.
Gomo illnstr&çSo do assunto, devo acrescentar que, entre os tópicos
portogueses, ha mais um logar de Guilifonxi cm S. Tiago de CepSes
(InqniriçSes de Affonso III, p. 312) c nm casal de Fotuii em S. JoSo
de Villa Cha.
Quanto ao nome da villa, é indubitável, pela prova dos documentos
Iranscrítos, que este niicleo de povoação se chamou logar dos Arcos
ou Arquos, pelo menos desde ISftS ', e o nome pois ticou á villa de lõlâ,
como vimos. Arco e Arcos sSo muito frequentes cm o nosso onomás-
tico ; não parecem mais qne singular e plural do nome commum deri-
vado do iat. arctts. Segundo o parecer D'Arbois de Jubaínville, Arcos
porém já era nome preromano de Iiomcm, exempliãcado em inscrip-
çiles da Hispânia^. Seria esta uma alta linhagem para a minha terra,
se lh'a dSo disputasse, com melhor razão, o facto de se empregar sempre
o artigo OB antes de Arcos, o que indica qne se trata de um nome
originariamente commum, e não próprio.
A segunda parto Valdevez appareec nos documentos mais antigos
Valle ãe Vice, e diz Viterbo {Elucid., s. v. Valdei-eis) que viu também
Vale- de Viço. NSo haverá erro de leitura? Aqui não ouso relacionar
o vice com «ící (de vicus) (Vid. Du-Cange, s. v, Viciis) que daria viz
(- não vrz. Foi este mesmo ctimo, que das bandas de lá do Minhis,
t A (Inaçao i!p D. TiTesa (iv) fala-ji cm S. Pedro Uaivou; vftn frfgucMÍA
era contigua ft Sampaú> Dareos. Portaoto Arens era nome localizado naqncDn
ri^giito. Parte do logar propriamente dos Arros pertencia a Sampaio. Notc-sr
ninila que .<luaH fregucnaK limltrofen tinham c^te restrictivo Darcot.' DeuntK
iristo, caem as varias oiplicaçSe!> que ee tem arraqjado, .olgumaa até eifi con-
flicto com a historia. Nob limiteB de S. Paio e S. Pedro (Vàlle) lia um fitio elia-
inniio Chã d'Ároa*, onde topei mamôaB (Arch. Fort., vm, 8 e 9).
' Foi este Arcos que entrou como elemento de Areobriga (eastell'! ou forta-
leza de Arca»), com o qual nome se conhecem duas povoações na geografia ro-
mana da península : uma na Celtiberia de Ptolcmeo (hoje Arcoa-de-Meilina- CtUj i
outra, nSo identificada na mesopotâmia estraboniana do Tejo e Guadiana. ('LeB
Celtes en Espagiie>, par D'Arhois de Juhainville in Rei-ve Cdtique, xv, j». 17,
e fídigiõa da Lusitânia, por J. Leite de Vasconcellos, ii, pp. V) e 249).
byCoOt^lc
2tiO O Abcbeoloqo Fobtuodéb
deii Viffo. Do asseutu da villa, embora por ser um pequeno e tentador
cabeço, qne o rio de Vêz (assim leio nos papeis velhos) abraça nnni
graciosissímo flexo, nunca emergiram restos archúcos de primitiva ha-
bitação, mas quem sabe dos que os alíccroos da casaria occultam?. . .
Sobre a proferci.icia dv Vaíiievêz a Valie do Vez, isso é para me
acotovelar com os antigos que Bompre assim osoreveram e com Tít-r
culauu, qui! os lia com i)lhos atteutos.
For fim, sendo Arcos uma denoniinaçilt) vulgar na toponímia, tor-
nava-se necessária a restricçSo de Valdevez, nome que designava o
que territorial e administrativamente se chamava fnÍ!o ti;rra$) terra li'
VnJtfewx, isto V. jufiicato ilr Vath' dr Vin.
Km eouclusilo, creio ter demonstrado o setfuinte:
!■■ A freguesia do íialeador ní<i existia no tempo das Inqtiiri^Ztã
de I>. Affonso III, iKirqae foi criada no século xvi;
2." A menç3<i delia |quc naquellc documento se faz, é errada, que
rendo referir-sc as Inquirições n fregaesia do S. Pedro ãArroê. exis-
tent« dl' mais antigns tempos;
3," A frpgnesia do Salvador é uni desmembramento da antiga Gui-
Ikafonxe, desmembramento que incluiu a villa dos Arcos de Valdevez:
4." Antes d'esttí facto, GuUliafoiíxi^ e Sampaio eram limítrofes; de-
pois d'ollc, interpôs-se-llies o Salvador, que lícou limítrofe de Sampun.
onde o ora Guilhafonxo: é a esta» duas freguesias qne pertenec a villa
'; sede actual do conccUio:
5." As etimolo^as até agora dadas para (fuiUut/onxe c Arco» d^
Vahhvez sâo todas inexactas, á luz da moderna onoinatologia e dos fai'-
tos históricos.
Junho de lltfí».
Fki,ix Alvks Pkkkika.
Onomastioo medieval portu^õs
lCniitiiiu»vin. Vi.l. n Arrh. Pari., X, IM
Paraná, geogr., Era. 1282. Doe. apud. Figaniérc, Memor. das. K. d^;
Portugal, p. 247.
FarSo, villa. Chr. da conq. do Algarve. S. 42(>.
Faraies, app. fauiilia, sec. xv. S. 345.
Farnioui, geogr., 12r»8. Inq. 532, 2." cl. — S. il46.
byGoot^lc
o lidatloii PMigili— Til. t— IXS.
~^m
Di„i„«b,Googlc
bvGooglc
o AruH£OLOGO l^OBTUtíUÉS 261
Farazoiíe, freofrr., 050. líoc. ap. sec. xili. Dipl. ;t5,
Faitlu c. Sopdo, app. h., 122(>. liiq. 80, 1." el.
Fai-erha (S. Martbo de), geopr., 1220. Inq. 13, ±^ <■!.— Id. 173.
Farega, n. m., 'Xytl L. D. Mum. l)Ípi. -«». — Id. -Í9.— Inq. 84.
Fareganes, geogr., 1050. l)oc. niost. Pedroso. Dipl. 231.
Fai-egia, u. m., 97)». l>oc. inosl. Lon-So. Dipl. 74. — Id. \'2'2.
Fareja (S, Marti no de), f^cogv., 1220. Inq. 84, 1," cl,
Fai>ejo (S. Martino do), googr., 1258. Inq. 704, 2.* cl.
Farelanes, gcogr., 1077. Doe. moBt. 1'edroso. Dipl. 334.
Fareleira, «'^Oíí''- 1258, Inq. 036, 1." et,
Fareloes, geogr., sec. xv. S. 183.
Farlalo, app- m,, 1258, Inq. íl2(J, 2." cl.
Farfon, n. h., 1(H8 {?). Doe. most. Ix-nSo. Dipl. 140.
Farh, n, h., 1016. Dipl. 143.
Farbon, n. li., 1172, Dot-, most, Lorvão. Dipl. 06,
Faria, geogr-, 1050. L. D. Miim. Dipl. 258.— Id, 542. — Itiq. 234.
Faiiua, app. h-, 1258. Inq. 310. 1.» <■!.
Farinha, app. li., .sec. xv. S. 367,
Fariuqiiel e Tarríiiquel, app. h,, sec. x%'. S. Itíl. — Id. 311'.
Karipas de burel, app. h., sw, xv. S. 211.
Fut-iKeu, app. li., sec, xv. !•', López, Clir. I). J. 1,", p. 1,', C. 125.
Farizado, geogr., 1258, Inq. 724, 1." cl.
Farleredit, app. h., 968. L. D. Mum. Dipl. 63.
Faraaya, geogr., 1258. Inq. 086, 2." cl.
Faro, monte, 1027. Doe. most. Moreira. Dij'1. 101, — Id. I>3.
Farou|>ini, app. li,, sec. XV. S. 375.
Farraniundanes, geogr., 1014. L. D. Mmn. Dipl. 138.
Farrompim, app. Ij-, sec. xv, S. 334.
Far|iada, app. m., sec. xv. S. 338,
Farpai de burel, app. li,, ser. XV. S. 211.
Farrapo, app, h-, 1258. Inq. 366, 1.^ el.
Faru, monte, 1061, Doe. most, Moreira. Dipl, 269, n." 430.
Farueu o Faneu, app. h., 122(í. laq. 144, í." cl.
Famnidos, app. família, sec. xv. S. 31S.
Fascha (S. Michaele de), geogr, 1221.1, Inq. 131, 2." cl.— Id. 193.
FascboN, Frasclias e Fraclia», app. h,, 1258, Inq. 530, 2.* cl.
Fasiou, app, h,, 1170. For. de Liaboa. Leg. 39ti.— Id. 415, 1." cl.
Fatalom, geogr., 1270. For. Vi Ha Viçosa. Leg. 717.
Fateliom, n. h., 970. Doe. most, LorvJto, Dipl, 74.
Fatorro, app. h., 1257. For. de R. Jlartinho. Leg. 673.
Fauariza, geogr. f?l, 1089. L. Preto, Dipl. 430.
Dig,l,z.cbyG0Oglc
•262 O ÀRCHEOLoao Português
FauUaci, app. h-, 1088. Tombo D. Maior Martínz. Dipl. 425.
Fanilaz, app. h., 1077. Doe. most. <Ia Graça. Dipl. 330.
Fnustro e Fi-austo (Sanoto), geogr., 1220. loq. 77, 1." cl— Id. 17u.
Faujia, 11. h., 924. Doe. ap. aiith. scc. xiii. Dipí. 18.
Faiizem, app., h., 1258. Inq. 522, 1.* cl.
Fava, app. h., 1358. Inq. IÍ3Õ, 1." ol.
Faval, geogr., 1258. Inq. 408, 1.'' cl.
Favascal, geofjr., 1258. Inq. 594, 1." el.
Faveií-o, app. li., 1258. Inq. 294, 2.* el.
Favel, geogr., 1258. Inq. 317, 2.» el.
Faya (S. Jacob de), geogr., 1258, Inq. 602, 2." d. — S. 1.50.
Faial, geogr., 1258. Inq. 6i;6, 1.' cl.
Fazalamir, geogr. (?), Kra 1229. Dissert. chrou., t. 2.", p. 229.
Fasboua, n. h., 973. Doe. most. I.*rvâo. Dipl. G7.— Id. 110.
Fpãaos, geogr., sec. xv. S. 36G.
Feaes, geogr., 1258. Inq. ;J4;í, 1.* el.— Id. 3Ttí.
Feal, gnogr,, 1258. Inq. U3, 1,' cl.
Ffberos, rio, 922. L. Preto. Dipl. 16.
Fws, geogr., 1258. Inq. 347, 2.* el.
Fpei, app. m., 1258. Inq. .380, 2.' el.
Feiehor, n. h., 1258. Inq. 37(Í, 1.» cl.
Feigioal, geogr., 1258. Inq. 4;(0, 1.' el.— Id. 312.
Feigiom, n. h-, 1220. Inq. 12li, 1." cl— Id. 373.
Feigiosa, geogr,, 1258. Inq. 314, 2.* el.
Feijó e Feixo, app. h., sec. xv, S, ItiO.
Feira (Crucem de), geogr., 1258. Inq. í>52, I," e 2.* el.
Feison, app. li., 1089. Doe. most. Pendorada. Dipl. 435.
Feitas, viila, 1258. Inq. 533, 1.* cl.
Feilosa, geogr., 1258. Inq. 323, 1." el.
Fejouale, geogr., 1258. Inq. G15, 1." el.— Jd. 1177.
Felanoso, monte, 1122. L. Preto. Dipl. 10.
Felegizi, app. h., 905. Doe. inost, Moreira. Dipl. 57, n." 91.
Felgaría, geogr., 974. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 71, I. (í. — Id. 9.
Felgaria de Souto, geogr., 1258. Inq. G90, 1." el.
Felgarias, geogr,, sec. xi. L. D. Mum. Dipl. 50;í, I. 20,
Fclgarie e Felgariis, geogr., 1258. Inq. 570, 2." cl.
Felgarlis. Vide Felgaríe,
Felgeiras (agro), geogr., 1079 (?). L. B. Ferr, Dipl. 341.
FelgeiíTis rubeas (S. Felice de), monte, 10.59. L. D. Slum. Dipl. 201.
I. 3.— Id. 40, I. 2(t.
Felgipiíi, app. Ii.. 1010. Doe, most. Moreira. Dipl. 130.
byCoOglc
o Abcheologo Português 26£
Feltiis (santus de), geogr-, 1258. Inq. 712, 1.* cl.
Felgosa, villa, 1081. Tombo S. S. J. Dipl. 357.-13. 395.
Felgosas, geogr., 1258. Inq. 339, 1.' cl.
Felgosinas, geogr., 108G. Tombo D. Mmor Martinz. Dipl. 394.
Felgosin», geogr., 11C9. Por. de Linhares. Leg. 395,
Fetgosio, geogi-., 1186. For. de Gouveia. Leg. 455.
Felguariis, geogr,, 1258. Inq. 550, 1.' cl,
Felgueiras, geogr., 1258. Inq. 380, 1." cl.
Felgueií-oo, geogr., 1258. Inq. 404, 2." cl.
Felgaeiroas, geogr., 1258. Inq. 614, 1,' cl.
Feliee fSaneto) de ripa taraice, geogr., 1042. L. D. Mum. Dipl. 197,
Felici, villa, 1059, L. D. Mum. Dipl. 200, 1. 5 e 14,
Felícia, n. m., 1044. L. D. Mum. Dipl, 203. — Id. 70.
Felicis, n. h., 982 (?). L. D. Mum. Dipl. 83.
Feligaria Rabiaues, geogr., 959. L. D. Mum. Dipl. 46.
Felix, n. h., 973. L. Preto. Dipl. 09.
FeUz, n. li., 1090. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 439.
Felize (Sancto), viila, 1070. Doe. most. Pendorada. Dipl. 327.
FelJEes (S.) (la Haya, geogr., sec. xv, S. 200.
Fellali, geogr., 984. Doe, mosl. Moreira. Dipl. 89.
FelloM, n. h., 984. Doe. most. Moreira. Dipl. 89.
Felmir, n. h. {?), 1258. Inq. 053, 1." cl.— Id. 098.
Felorza, geogr., 1258. Inq, 034, 1,* cl,
Felotiz, app. h., 1094. Doe. Arcli. IHiblieo. Dipl. 477.
Feltrarius, n. h., 1258. Inq. 598, 1.* cl.
Feltreira, app. m., 1258. Inq. 321, 1." ol,
Fenalí, geogr. (?}, 950. Doo. ap. sec. Xlil. Dipl. 35.
Fenar, app. h., aeo. xv. S. 259.
Fentoyra, geogr-, 1258. Inq. 571, 2." cl.
Feimliedo, villa, 1059. L. D. S[iim. Dipl. 257.
Feo, app. li., 1258, Inq. 472, 1.* el. — Id. 13.— S. 207 e 296.
Feracibns, geogr., 1258. Inq. 087, 1." cl.
Ferar, rio, 102í>. Doe. most. Moreira. Dipl. 103.
Ferari, rio, 1043. Doe, most. Moreira. Dipl. 197.
Ferai, app. li., 1258. Inq. 092, 1.» cl.
Ferazes, geogr., 1258. Inq. 594, 2." el.
Ferazibus, geogr,, 12.^8. Inq. 681, 1." el.
Feregiiiale, geogr,, 1258, Inq, 545, I." el. — Id. 555.
Fereiriam, geogr., 1258, Inq. 518, 1." cl.
Fereirim, geogr,, 1258, Inq. 594, 1,* cl.
Fereiroo, geogr., 1258. Inq. 502, 2.* el.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
•Jtii o AkCHEOLOGO POBTUGUfiB
Fei-eií-ooSj app. h., 12r)8. Inq. (i3õ, 2,* ti.
Fcrezani, ptogi-., 12Õ8. Jnq. 318, 2." cl.
Ferhe, n. Ii., %7. Doe. most. Lorvilo. DipI, 00.
Ferigeoali, ^eogr., 1258. loq. fi98, 2." et.
F«rmpdo, geogr., 105ÍÍ. L. D. Mum. Uipl. 261, l. 42.
F^niiHUna, villa, 1078. Doe. só Viseu. IHpI. ;i3S.
FfrDioto, villn, !t22. L. Preto. DÍpl. 111.
FcrmoKellir, geogr,, scc. xv, S. Ibíy.
Fci-nioseli, {reoyr., 1258. luq. C90, 1.-' el.
Fennospiidi, peogr., 12.'>8. luq. 527, 1.' cl.
Feruaiu, n. li., seu. xui. For. do Freixo. TíOg. ítíH.
Feniaudvz, app. li., stc. xv, S. 184.
Fcriiandici, app, li., 1078. I)w. Univ. de Coimbra. Dipl. ''úW.
Fpmaudíiitin e Fcrnaitdio, u. h., 1220. Inq. 172, 1." ti.
Feftiaiidino on Fi'rnaiidio, n. h.. 122(1. Inq. Hi4, 1." cl,
Feniandil, app. Ii., ÍI2(Í, L. I). Mum. Dipl. 20.— Id. l&l.
FcniaiuUz, app. li., 1>15. L. Treto. Dipl. 14.~Id. 193.
Fernando, ii. li.. 1024 {?). Doe. most. Pcndorada. Dipl. 158.
Feruaiidiis, n. li., 931-950. L. D. Miim. Dipl. 23.
Feroginetfs, í.n^i^gr., 1258. Inq. 573, 1.' el.
Fprpaiiioudaiiofi, villa, 10.59. L. D. Mum. Dipl. 201, I. 5.
Ferrai-ia, geo;,'r., 991. Do*^'. most. Moreira. Dipl. 10li.--Id. 201.
Fen-aria, villa, 985.. Doe. most. da Graça. Dipl. 91.— Id. HX) e 2<i|.
Ferrarias (S. Petro das), ffeogr., 1220. Inq. 142, 1.* cl.
Feií-ai-iolos o Feri-firolos, vilIa, 976. I>o<', most. IjOrv-So. Dipl. 74.—
Id. .■)4 e 279.
Ferrarios, villa, 995 ('í). Doi-. most. Pendurada. Dipl. 108.
FeiTarins, villa, 1019. Doe. most. Pedroso. Dipl. 151. — Id. 42"!.
Fei-rat e Ferraz, app. li., 1258. Inq. 527, 1." cl.
Ferreira, t^tíogr., 10.^)9. L. D. Mum. Dipl. 260, 1. 45.
Ferreiria ou Freiria, í,'00gr., 1220. Inq, 143. 1.'' el.
Ferreiro, app. li., 1220. Inq. HM, 1." ol.
Fei-reirolos. Vidíí FeiTariolos,
FerreiroOB, f,'eogr., IIOO. L. Preto. Dipl. 553.
Ferreiros, {^cogr., 12.'>8. Iiiq. 413, 1." el.
FeiTejTia, geogr., 1258. Inq. 518, 2.' cl.
Ferre.vroos, peogr., 1258. Inq. 494, 2," el.
Ferro, app, li,, 1258. Inq. 715, 1." el.
Fcrrocinti, ffeoírr., 1059. L. D. Mum. Dipl, 2*iO, 1. 9.
Ferrom, app. li., 1258. Inq. 3»W, 2.* el.
Ferronio, geogr.. 901. Doe. most. Lorvilo. Dipl, 53,
byGoí>^^lc
o Arcukoloqo Poktuguês
Peri-oniuin, ctistello, see. xui. For. de Freixo, Leg. 380, 1. 4.").
Vem (Femandez), app. h., 1463. Aíiir., Chr, da Guiné, p. 171.
Fertom, geogr.*, 1258. Inq. 437, 2.» cl.
Femenea, geogr., territ. port,, !'98 (?). Doe, most. Moreira. l>ipl. 111.
Feruilnm, d. m., 921. Doe. most. VairSo. Dipl. 15.
Ferveucia (S. Saivatore de), geogr., 1220. Inq. 196, 2.» cl. — Id. 632.
Fervenia, geogr-, 1220. Inq. 13, 1.* ol.
Fesla, n. h., 1258. luq. 461, 1." cl.
Festela, geogr., 1258. Inq. 6ít5, 1.* cl.
Fethe, n. h., 9tí7. Doe. most. Lorv-ao. Dipl. 60.
Fí>treir«, app. li, 1258. Inq. 326, 1." cl.
Ffuepos, rio, lOOÍX L. B; Ferr. Dipl. 126. — [d. 258.
Fexe e Feixe, geogr., 1220. Inq. .'>4, 1." cl.
Fesionali, geogr., 1258. Inq. 677, 1.' el.
Feyiom, app. Ii., see. xv. S. 378.
Peyióo, app. h., see. xv. S- 226.
Feyjonali, geogi-., 1258. Inq. 514, l.'' el.
Feyjóo, app. h., sec. xv. S. 318.
Fianes, geogr-, 1079 (?), Doe. most. Pedroso. Dipl. it43.
Fibros, rio, 1081. Doe. most. Pedroso. Dipl. 359,
Fibuluea Telera, geogr., 1258. Inq, 626, 2," ol.
Fjcaritu, geogr,, 1077. Doe. most. Arouca. Dípt. 332.
Ficheireto, villa, 1082. Doe. most. Pendorada. Dipl. 366.
Ficulnea ladal, geogr., 1258. Inq. 732, 1." cl.
Ficutnea velem, geogr., 1258. Inq- 732. l." cl.
Ficnraeam, geogr., 1258. Inq. 666, 1.* cl.
Fidalgo, app. h-, 1258, Inq. 297, 1." cl.
Fidelii, app. li., 999, L. D, Mnm. Dipl. 113.
Fidila, n- li., 1094. Doe. ap. auth. sec. xni. Dipl. 485.
Fiel, n. h., 1258. Inq. 308, 1.' el.
Fifiii, app. h., 1258. Inq. 495, 1." cl.
Figaretnni, geogr., 924. L. D-. Mum. Dipl. 19.
Figaria, villa, !(67, Doe. most. Lorvão. Dipl. 59. — Id. 73,
Figarito, geogr., 1081. Tombo D. Maior Martioz. Dipl. 360. — Id. 380.
Figeiroa, geogr., 1139, For. de Penella. I-eg. 374.
Figeipola, geogr., 1059. L. D, Mum. Dipl. 261, I. 32.
Figiafri, geogr., 1258. Inq. 404, 1.'' cl.
Figueira de Frade, geogr., 1220. Inq. 43, 1,^ cl.
Figneireto (S. Miehael de), geogr., 1258. Inq. 316, 2.''' cl.
Figneiro, n. t., 1258. Inq. 371, 1." cl.
Fignerldo e Figaeirido, geogr., 977. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 75.
byCOO^^IC
2<>0 O AsCHEOLoao POBTUauÊS
Fiii, app. h., 995. L. Preto. Dipl. 107.—' Id. 369, 1.* cl.
Fikeiredo, geogr., 1065. ]>oc. most. Pendorada. Pipl. 282.
Fikeirola, iHlla, 10:^0. Doe. most. Moreira. Dipl. 348.
Pikeirosa, geogr., 1030. Doe, most. Pedroso. Dipl. 164.
Fikiredo, googr., 106Õ. Doe. most. Pendorada. Dipl. 282.
FUiaria, n. m. {?), 1258. Inq. 648, 2.* cl.
rUio, app. h., 1220. Inq. 104, 2.» cl.
Faistin, monte, 1059. L. D. Mum. Dipl. 257.
Fincalo, app. h., 1258. Inq. 576, 2." cl.
Fine de Heíriz. Yidé Heiriz.
Fines, castello, sec. xv. S. 38!!.
Finijoza e Fínoiosa, g^ogr., seo. xv. S. 144.
Fiais Agre, geogr., 1258. Inq. ÒHò, l.' d.
Finojosa, geogr-, sce. XV. S. 172.
Fios, geogr., 1258. Inq. 675, 1.* cl.
Fiqueireto, vília, 1082. Doo, most. Arouca. Dipl. 365.
Fiqueirola, geogr., 985. Doe. moat. Moreira. Dipl. 94.
Fiqneírolo, villa, 1056. Doe. most. Moreira. Dipl. 344.
Pisca ou Francisca, n. m., sec. xv. S. 183.
Fiscaia (S. Martino de Villa), geogr., 1220. Inq. 26, 1.» el.— W. 103.
Fiscaina (Villa), geogr., 1258. Inq. 307, 2.* cl.
Fiscal {S. Michaei de), geogr., 12Õ8. Inq. 427, .1.' cK— Id. 19.
Fisgo. Vide Seyxuiii de F.
Fisga de pena, geogr., 1258. Imi. 695, 2." cl.
Fitada (Petra), geogr., 994. Dipl. lOT), I. 5.
Fiteií-o, geogr., sec. xv. S. 197.
Finza, geogr., 12.')8. Inq. 708, 2." cl.
Flagiauo, n. h., 1009. Doe. most. Moreira. Dipl. 128.
FlagUdu, n. Ii., 924. L. Preto. Dipl. 19.
Flagiiiu, II. h., 1047. Doe. most. Pendorada. Dipl. 219.
Ftaiiiez, app. h-, 1182. For. df^Valdigem. Leg. 428.
Flaiiiiz <! Fraiiiiz, app. h., 1014. L. D. Mmn. Dipl. 139.
Flaíuo, n. h., 91.5. Doe. most. Moreira. Dipl. 14.— Id. 87.
FUio, n. h., 1098. Doe. most. Pendorada. Dipl. 521.
Flniro, a. li., 987. L. Preto. Dipl. 9G.
Flamianes e Fi-auiianes, villa, 969. L. Preto. Dipl. 64.
Flamlla e Franiila, n. m., 982. L. Preto. Dipl. 83.
Flanioliiia, n. ra., 982. L. Preto. Dipl. 8.%
Flaniu, n. h., 1059. Dipl. 263.
Flamna, n. m., 1162. For. de Covas. Leg. 387.
Flamnia, n. m., 913. Doe. most. Lonito. Dipl. 30. — Id. 5(» e 95.
byCOO^^IC
o AllfHEOLOGO POKTUOUÈS 21
FlamnUna, n. m., 9(>4. Dipl. 54.— Td. bl.
FlamaliDi, viUa, 1013 (?). Dipl. 136, I. 36.
Flanninns, n. h., 1059. Dípl. '263.
Flareguíi, n. h., 924. L. Freto. Dipl. 19.
Flanano, n. h., 1009. L. Preto. Dipl. 128.
Flaaianit, «pp. h., sec. xi. L. D. Mum. Dipl. .')63.
Flauiano, n. h., 1016. L. Preto. Dipl. 142.
Flaui,villa, 1094. Doe. most. Arouca. Dipl. 483, I. 4.— Id. 534.
Flaiino, n. h. {?), 960. Doe. most. Moreira. Dipl. 49.
Fleitaa, geogr., 1014. L. D. Mum. Dipí. 138.— Id. 259, 1. 47.
Floianes c Floilanes, villa, 102S. L. D. Mum. Dipl. 162.
Floíaniz e Froianix, app. h., 959. L. D. Mum. Dipl. 45.
Floiai e Froilanis, app. h., 959. L. D. Mum. Dipl. 47.
Floila, n. h., 952. L. D. Mum. Dipl. 38.— Id. 227 e Õ63.
Floilaues. Vide Floianes.
Floilai, app. h., 1026. L. D. Mum. Dipl. 160.— Id. 423.
FIoíh, q. h., 1088. Tombo D. Maior Martinz. Dipl. 422.
Flomaricí, app. b., 1057. L. D. Mum. Dipl. 246.
Flomarico, n. h-, 870. L. D. Mum. Dipl. 3.— Id. 83.
Ftomarígoz, app. h., 1038. L. D; Mum. Dipl. 185.
Flomarigaii, app. ii., 1022. L. Preto. Mpl. 115.— Id. 532.
Flomariquiz, app. h., 1094. Doe. ap. autli. sec. xill. DÍpI. 485.
Flora, n. h., 1073. Dipl. 314. n." 508.
Florenciz, app. m., 1086. Doe. most. Fcndorada. Dipl. 396.
Floreniz, app. b., 1010. L. Preto. Dipl. 131.
Ftoreasendo, n. h., 989. L. Preto. Dipl. 97.
Florentius, n. b., 911. Dipl. 12, u." 17.
Rorentiz, app. b., 1014. L. D. Mum. Dipl. 141.
Florenzo, n. h., 957. Doe. most. S. Tieente. Dipl. 41.— Id. 66.
Floper, n. b. 1018. L. Preto. Dipl. 148, n." 238.
Flores, ii. h., 937. Doe. most. Lorvlio. Dipl. 27,— Id. 36.
Floresindi, villa, 1059. L. D. Mum. Dipl. 258, I. 42.
Ftoresindo, n. b., 882. Doe. most. da Graça. Dipl. 6. — Id. 60.
Floríde, n. b., 973. Doe. most. Lorvão. Dipl. 67.— Id. 79.
Floridia, n. m., 1012. Doe. most. Lorvlo. Dipl. 133.
Floridlum, a. b., 965. Doe. most. Moreira. Dipl. 57, n." 91.
Florídiz, app. h., 1092. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 469.
Florido, n. b., 1041. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 194.
Fiorit, app. h., 980. Doe. most. Lorvão. Dipl. HO.— Id. 110.
Florite o Florito, 1053. L. Preto. Dipl. 238. — Id. 53.
Klosendiz, app. m., 1092. Doe. most. Arouca. Dipl. 46U.
byGoot^lc
268 O Akcheologo Poetuouís
Fioscndus, n. li., lOâS. Doe. mosl. Pendorada. Dipl. 372.
Flostiido, n. h., 1088. Doe. ap. siBt-. xvm. Dipl. 426.
Floyla, n. h., 1057. L. Preto. Dipl. 245.
Fluviíun luei^arii. 12r>8. Inq. 710.
Foaaues, f;eogr., sec. xv. S. 3Ij6.
Foam, Q. h., 1258. loq. 401, 1." cl.
Foce de Leia, villa, 1081. Tomlio H, S. J, Dipl, Sõ7.
Foce de Rei, geo{j:r., 1220. Inq. 39, 2.' c-l.
Focem c Foiítem de Galos, geogr., 1220. Tnq. 40, 1.' cl,
Fodaz, app. h., 1258. Inq. r>30, 2." c!.
Fudeegon, gcogr., 1258. Inq. 534, 2." cl,
FofaoN, geogr. 1258, Inq. SyS, 1.' el.
Folalo, n. h-, 1258. Inq. 635, 1." cl.
Foffi, gíogr., 1258. Inq. 738, 1.'' cl.
Foffií, app. h., 1070. Doe. most. Peudorada. Dipl. 304.
Fofinu, n. h., 870. Doe. most. Pendorada. Dipl. 4,— Id. 250.
Fofiz, app. li-, 964. Dipl. 54.— Id. 99.
Foto, n. h., 946. Doe. most. Moreira. Dipl. 33.— Id. 41. —Inq. 695.
Fogaça, app. m., soe. xv. S. 165.
Fogia, geogi'., 1258. Inq, i!48, 1.* cl.
Fogíaco, geogr., 1258. Inq. 321, 1.* cl.
Fogiaeos, geogr., 1258. Inq. 358, 1." cl.
Fogiacns (Couto de), geogr., 1258. Inq. 361, 2.* cl.
Fogioo, gcogr-, 1220. Inq. 143, 2.' cl— Id. 145.
Fogios, geogr., 1258. Inq. 312, 1.' cl.— Id. 363.— Leg. 489.
Fogo lobal, gcogr., sec. xi. L. D. Mam. Dipl. 563.
Fogo lopare, geogr., 994, L. Preto. Dipl. 106.
Fogoo, geogr., 1258. Inq. 696, 2.' cl.— Id. 556,
Foioatiim, geogr-, 1258. Inq. 626, 2." cl,
Foitellio, app. h., sec. xv. S. 337.
Fojo, geogr., 1258. Inq, 721, 2.'' cl.
Fojoo, geogr-, 1258. Inq. 556, 2." cl.— Id. 696.
Fojum lobale, gcogr., 1258. Inq. 592, 1.* cl.
Foleca, geogr. (?), 1220. Inq. 145, 1.' cl.
Polegada (Bouza), geogr-, 1258. Inq. 313, 2.' cl.
Folegado, app. li„ 1258. Inq. 700, 1." ol-
Folegali, app. h-, 1258. inq. 699, 2.' el.
Foleuzo, n- h-, 1220. Inq. 147, 2.' cl.
Folgosa, gcogr., 1258. Inq. 312, 1.' cl.— Id. 509-
Fólía, app. b., 1220. Inq. 169, 2.* cl.
Foliadal, geogp., 10G5. Doe. most. Pendorada- Dipl- 282.
byCOO^^IC
o AeCHEOLOOO POBTfGUÊS 26!f
Folie, app. h.j 1258. Inq. 695, 2.* ol,
Folieiíli, geogr., 1268. Inq. 324, 1.* cl.
Folíenzi, Folieiíz, Fnlieiíz e Fulienzi, app. li. 1045. L. D. ^Iinn. Dípl.
207.
Folhete e de Folhent, app, li,, eee, xv. H. 141'. — Id. 219.
Folhoo ou Foloo, npp. h-, 122(>- Inq. 173, 2." cl.
Folofo, n. h. (?), 1098. Doe. most. Pendorada. Dipl. 527.
Fom de villn, geogr., 1258. Inq. 540, 2." cl.
Fondom (Monte de), geogr., 1258. Inq. ;t()3, l." et.
Fons, geogr., 1258. Inq. 510, 2." cl.
FoDsam, geogr., 1258. Inq. 385, 2.* ol.
Fons armena, geogr., 12.58. Inq. 505, 2.* c).
Pous Canalis, geogr., 1258, Inq. 699, 2.» cl.
Fons de agoesteva, peogr-, 1258. Inq. 557, 1." ol.
Fons de arpquili. Vidi' ,\reqiiili.
Fonseca, app. li., 1258. Inq. 604," 1.* cl. — S. 1G2.
Fousim, geogr., 950. Doe. ap. sec, xm. Dipl. 35. — Id. 55. — Inq. 126.
Fonsin, geogr., 1224. For, de Cidadelhe. Leg. 599.— Id. 672.
Fonsiai, geogr., 959. L. D. Mum. Dipl. 46, I. 32.
Fonso, n. h., 977. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 76.— Id. 292.
Fons perarie, geogr., 12Õ8. Inq. 512, 2.* cl.
Fons regine, geogr., 1093. Doe. most. Lorvão. Dipl, 474.
Fous ville, geogr., 1258. Inq. ,592, 2." cl.
Fontaelo, geogr., 1220- Inq. 155, 2.' cl.
Fontaina, geogr., 1258. Inq. 403, 2." cl.— Id. 42».
Fonlaino, geogr., 1258. Inq. 429, 2." cl.
Foutaleili, geogr., 1258. Inq, 537 1." cl,
FoBtaleyce, villa, 1258. Inq. 509, 2.' cl.
Fontanela, geogr., 1044. L. Preto, Dipl. 205.— Id. 492.
Fontanello, villa, 960. L. D. Mum. Dipl. 50.— Id. 138.
Fontaniata de avellauali, gcugr., 1258. Inq. 504, 2." cl.
Fontaninnm, geogr. (?), 1092-1098. L. Preto. Dipl. .">31. — Id, 382,
n." 611.
Foatano, villa, 1098. Doe. luost. floreira. Dipl. 525.
Fontauo couo, geogr, 936. Doe. most, LorvSo. Dipl, 2l>,
Fontano peiínoso, geogr., 922. L. Freto. Dipl. 16.
Fontanum frigíduni, geogr. 1258. Inq. 525, 2." el.
Fontao, geogr,, 1220. Inq. 142, 2." cl.
Fontao de Noste, geogr., 1258. Inq. 406, 1." cl.
Fontayna, geogr., 1258. Inq. 429, 2." cl.
Fontearcada o Fonte .\rcade, geogr,, soe. xv. S. 170. — Id, .'(43.
byCOO^^IC
270 O Abcbeoloqo Português
Foute areata, geogr., 952. L. D. Mum. Dipl. 38.
Foate auria, geogr., 933. Dot-. most. LonJlo. Dipl. 24. — Id. 29 e (íO.
Fonte bestie, geogr. 109C. Tombo S. 8. J. Dipl. 497.
Fonte coperta, geogr., 1054. Dipl. 239.— Id. 9.
Foute coua, geogr., 960, Ij. D. Mum. Dípl, 51, 1. 6.
Foute da Dona, geogr., 1258, luq. 365, 1." cl.
Fonte da lougal, geogr., 1258. Inq. 359, 2.' cl-
Foute das alias, geogr., 1258. Inq. 341, 2.' cl.
Fonte de ameueiro, geogi., 9(17. Doe. most. Lor\'So. Dipl. 10, n." 15.
Fonte de Barco, geogr., 1258. Inq. 345, 1.' cl.
Foute de Cabanas, geogr., 12i'i8. Inq. 359, 2.' cl.
Foute de col.nbro, geogr. 1224. For. Murça. Leg, 600.
Fonte de couello, geogr., 907. Doe, most. Lor\'So. Dipl. 10, n.* 15.
Foute de Dona, geogr., 1258. Inq. 529, 1.* cl.
Fonte de gavion, geogr., 1258. Inq. 4.38, 2," cl.
Foute de geuido. Vide tieuido.
Foute de fionia, geogr., 1258. luq. 388, 1." cl.
Foute de Iodares. Vide Lodares.
Fonte de Inuis, geogr., 1258. Inq. 042, 1.' cl.
Foute de piisco ou piisquiz, geogr.. 1220. Inq. 39, 2.* cl.
Foute de poldt-íii. Vide Poldriu.
Foute de raneada, geogr., 1258. Inq. 385, 1.* cl.
Fonte de Rio, geogr., 1258. Inq, 435, 1.' cl.
Font« destralo, geogr., 1258. Inq. 550, 1.' cl.
Fonte do Peso, geogr-, 12.")8. Inq. 385, 1.* cl.
Fouteelas, geogr-, 1258, Inq. 403, 1.* d.— Id. 410.
Fouteelo, geogr., 1220. Inq. 1.55, 2.» cl.— Id- 340 e 428.
Foute frigida, geogr., 109G. Tombo D. Maior Martinz. Dipl. 494.
Foute kalala, geogr,. 1088. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 423, n." 707.
Foute mala, geogr., 1059, L. 1). Mum- Dipl. 258-
Foute Mala, viila, 1220. Inq. 116, 1." et.— Id. 36.
Fontemauha, villa, 121(1. Log. r>46.
Foutem de Jupo, geogr., 1223. For. Sanguinliedo. Leg. 598.
Fouteuasco, geogr., 1079. L. 1). Mum. Dipl. 345, 1, 2.*
Fonte penelas, geogr. 1048- Doe. most. Moreira. Dipl. 222.
Foute Peti-e, geogr., 1258. Inq. 663, 2.* el,
Foute rotunda, geogr-, 1258- Inq. 044, 1.' el.
Fontes, villa, 1258. Inq. 510, 1." cl.
Fonte tincta, geogr., 952. Doe. most. Arouca. Dipl. 37-
Fonte tinia, geogr., 12.">8. Inq. 620, 2.* cl.
Fontilina, geogr-, 1258. Inq. 460, 2\ cl.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheoloqo Pohtugués 271
Foutoíra, geogr., 1258. Inq. 364, 2/ cl.
Fontoyra (S. Miohael de), geogr., 1258. Inq. 365, 1." cl.
Foutnaria, campo, 967. Doe. raoat. Lorvão. Dipl. 59.
Fouxi (Caaal de), geogr., 1258. Inq. 413, 1.* el.
Foragozas, geogr., 12.38. Inq. 718, 1.' cl.
Foramontanos, geogr-, 1037-1 06Õ. L. Preto. Dipl. 279.
Fora niontaos, geogr., 1258. Inq. 531, 1.* cl.
Foraria Rivoli Ti ii ti, geogr., 1258. Inq. 523, 2.» cl.
Forca, geogr., 1258. Inq. 695, 2.' cl. — Id. 154 e 201.
Forcada, geogr., Iá58. Inq. 299, 1.* cl.
Forcadis, geogr., 1258. Inq. 501, 2.* cl.
Forcado, geogr., 1258. Inq. 628, 1." cl.
Forgiaes e Fi-ogíaes, geogr., 1258. Inq. 319, 1.' cl.
Foriolnm, rio, 1088. L. Preto. Dipl. 419.— Id. 486.
Forjaz, h., app. 1258. Inq. 696, 1.' cl.~Id. 735.
Forma, vil Ia, 977. Doe. must. I^orvão. Dipl. 76. — 16. 59.
Foinuali, geogr., 12.58. Inq. 716, 2.' el.
Formarão (Casal de), geogr-, 1258. Inq. 408, 2.* cl.
Formaregaiz e Frainigiiís, app. li., aec. xv. S. 143.
Formarigoiz, app. h., 1220. Inq. 77, 2.' el. — Id. 144
Formoutanos, geogr-, 1258. Inq. 660, 2.* cl.
Fornel, villa, 1052- Doe. most. da Graça. Dipl. 232-
Fornello, geogr-, 1088. Tombo D. Maior Martinz. Dipl. 425. — Inq.
614.
Fornellos (pausada de), geogr-, 1065. Doe. most. Pendorada. Dipt.
282. — Id. 304.— Villa, A. 946. Dipl. 33.
Fomella, geogr., 974. Doe. sé de Coimbra- Dipl. 70.
Fornia, geogr., 12Õ8. Inq. 382, 1.' cl-
Fornos, viila, 1066- Doe- most- Pendorada. Dipl. 283. — Id. 45.
Forno telliario, geogr., see. xi. L. D. Mum. Dipl. 563, 1. 40. — Id.
75.
Forozos, geogr., 911. Dipl. 12.— Id. 299.— Inq. 69.
Forramondauo (S." Ovaye de), geogr. 1258. Inq. 720, 2." cl.
Forraiaos (Casal de), geogr., 1258. Inq. 376, 1.' cl.
Forsit e Forfii, app. h., 959. L- D. Mum. Dipl. 46-
Fortale, geogr., 1258- Inq. 595, 1.* cl.
Fortes, app. h., 1220. Inq. 83, 2.' cl.
Fortunio, app. h., 1080. L. Preto. Dipl. 353. — Id. 562.
Fos Sanse, viUa, 1258. Inq. 516, 1.' cl.
Fosim, geogr., 1258. Inq. 712, 1.' cl.
Foslios," villa, 1095. Tombo D. M«or Martinz. Dipl. 490.
byGoot^lc
272 O AeCHEOLOOO POETUGUftS
Foubas, n. h., 12Õ8. Inq. 344, 1.' cl.
Foubra, app. m., 1Í58. Inq. 347, 1.* cl.
Foucina, app. h., 1258. Inq. 373, 2.* cl.
Foni, geogr., 906. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 9, l. 16.
Foyam, app. h., sec xiv. For. de Lisboa. Leg. 415, 2.* cl.
Foiam. Viâè Snbius foínm.
Frachas. Vide Faschas.
Fracoai, n. h., 1258. Inq. 583, 1.' cl.
Fracsino, vilU, 1013 (?). Dipl. 137, 1. 3G.
Fradaríque, app. m., sec. xv. S. 342.
Frade, n. h. (?), sec. xv. S. 288.
Fradegondia, n. m., 973. L. D. Mom. Dipl. 70.— Id. 171.
Fradelos (S. Martino de), geogr. 1220. Inq. 15, 1.» cl. — Id. IGO.
Fradíla, n. h., 927. Doe. most. Lorvlo. Dipl. 20, n." 32.
FradUani, n. h., 907. Doe. most. Lorvão. Dipl. 10.
Fradimiu, n. h., 991. Doe. most. da Graça. Dipi. 100, a." 162.— Id.
109, n.» 176.
Fradinandi, o. h., 933. Doe. most. LorvSo. Dipl. 23.
Fradique, app. m., sec. xv. S. 156.
Fradiulfus, n. h., 965. Doe. most. Moreira. IMpl. 57.
FradliiUo, n. b., 1086. Tombo D. Maior Martinz. pipi. 391.
Frados, app. h., 1258. Inq. 325, 2.' cl.
Fraeugo, n. h., 1220. Inq. 45, 1.' cl.— Id. 127.
Fraestada, geogr-, sec. iv. S. 181.
Fragauoso, geogr., 1258. Inq. 355, 1.* cl.
Fragelas e Fragelos, geogr., 1258. Inq. 339, 1.* cl.
Fragiaro, n. li., 922. L. Preto. Dipl. 16.
Fragioa e Fragino, geogr. (?), 1220. Inq. 81, 1.' cl.
Fragosus, app. h., 1258. Inq. 318, 1.* el.
Fragulfi, n. h., 867-912. L. Pr«to. Dipl. 3.
Fraiat, app. b., 1033. Doe. ap. sec. xvni. Dipl. 171.
Frainis, app. h,, 1006. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 120.
Frainii. Vide Flainiz.
Fraiao, n. h., 982. L. Prelo. Dipl. 83.— Id. 139.
Fraiaenario, villa, 965. Doe. most. Moreira. Dipl. 57, a." 90.
Fraiulfiz, app. h., 989. L. Preto. Dipl. 97.
Fraiulío, n. h., 1098. L. Preto. Dipl. 524.
Fralengo, n. h-, 964. L. Preto. Dipl. 55.— Id. 71.
Framarii, app. h., sec. xv. S. 346.
Framiam, villa, 1089. L. B. Ferr. Dipl. 433.— Id. 526.
Franúaues. Vide Plamianes.
Dig,l,z.cbyG0Oglc
o AbCHEOLOOO PoRTUGUãS 273
Framiuguiii. Vide Formaregniz.
Framila. Vide FlaiuQa.
Fi-amilM, app. h. (?), 1081. líoc. most. Moreira. Dipl. ;i58, n." 597.
Fnmilli, n. m., 988. Doe. most, Moreira. Dipl. 97,
Framira, n. li.. l(Mi5. I>oc. most 1'endorada. Dipl. 282.
Ffamiildo, n. lu, 973. L. Preto. Dipl. 69.
Franca, app. m., 1258. Inq. 352. 2.* cl.
Fraucelos (S. .Taeol)o de), geogr., 1258. Iiiq. 297, 2.' cl.
Francemir e Fi-anciniir (S. Salvatore de), geogr., 1220. Tnq. 206, 2.* cl.
Franchimirus, n. h., 959. L. D. Hum. Dipl. 48.
Francisca. Vldu Fisca.
Fraaciaci, app. h., 1258. Inq. 73l>, 2.' cí.
FraDcisqQe e Frauxísqiie, n. li., 1272. For. Azambuja. Leg. 727.
Franco, app. h., 1099. L. Preto. Dipl. 538.~Inq. 352.— S. 380.
Francolino, n. h., 1(137. L. Preto. Dipl. 181.
Francos, inontc, 1258. Inq. 397, 1.* el.
Fraudes, app. li., 1258. Inq. 698, 1." cl.
Fraiidino, app. h., soe. xv. F. López, Chr. D. J. 1.°, p. 2.', C. 159.
Fraudii, app. lu, 1220. Inq. 13, 1.' el.
Frantia, víUa, 1085. Tombo D. Maior Martinz. Dipl. 381.
Franielos (S. Jscobo de), geogr., 1220. Inq. 17, 1.' cl. — Id. 89.
Franzo, villa, 1258. Inq. 529, 1.' cl.
Frareugot, app. h., 1043. L. D. Mum. Dipl. 199.
Frareoquiz, app. h., 1083. Doe. most. Pendorada. Dipl. 372.
Frarígn, n. h., 10(i8. Doe. most. Avè-Maria. Dipl. 292.
Frarique, app. m., 1258. Inq. 613, 1.* cl.
Fmríulfus, n. h., 882. Doe. most. da Graça. Dipl. 6.
Frasckas, app. h-, 1258. Inq. 530, 2/ cl.
Fratrissa, n. m., 1258. Inq. 465, 2.' cl.— Id. 47(1.
Frauegas, geogr., 1100. L. Preto. Dipl. 553, n." 935.
FraurengoR, bispo, 906. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 9, I. 5.
Frausto. Vidi' Faustro.
Fraustro (Santo), geogr., 1220. Inq. 3, 2.» cl.— H. 170.
Fravega, geogr., 1258. Inq. 402, 2.» cl.— Id. 3(X), 404 c 434.
Fraregas, geogr., 1258. Inq. 511, 2.' el.
Fraxinarlo, geogr., 1258. Inq. 639, 1.' cl.
Frailneti, viUa, 1094. Doe. sé do Coimbra. Dipl. 480, n." 809.
Frayl, geogr., 1258. Inq. 466, 2.* cl.
Frayz, geogr., 1258. Inq. 699, 2.» cl.
Frazio, app. h., sec. Xv. F. López, Clir. D. J. 1.% p. 1.', C. 147.
Freandi, geogr., 1220. Inq. 58, 2.' cl.— Id. 147.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
274 O ÁKGH£OLOOO FORTUQUÊS
Freaiidiz, app. h., 1100. L. B. Ferr. Dipl. 557.
Freandu, ii. h., 1089. L. B. Ferr. DÍpl. 433.
Frçnrii, geogr., 1065. Doe, most. Pendorada. Dipl. 282.
Frechas, ribeira, scc. xv. F. López, Chr. D. J. 1.", p, 2.', C. 21.
Frecta (Terra), geogr., 1220. Inq. 146, 2.' cl.
Frectas (S. Petro de), geogr., 1220. Inq. 170, 1.' cl.— Id. 22.
Fredaliz, app. h-, 1080. L. Preto. Dipl. 350.
Fredamil, geogr., 10ti2. Doe. ap. sec. xvin. Dipl. 270.
Fredario, n. h., 1009. Doe. moet. Moreira. Dipl. 128.
Fredaril, app. li., 1083. Doe. sé de Viseu. Dipl. 371, 1. 2.— Id. 4ia
Fredaie, ii. h., 10;19. Tombo S. S. J. Dipl. 186.— Id. 226.
Fredegnmdia, □. m., 1033. Doe. ap. sec. xvm. Dipl. 171.
Fredeiro, n. li., 907. Doo. most. Moreira. Dipl. 10, 1. 14.
FredemondÍE, app. h., 995. L. Preto. Dipl. 107.
Fredftnanda, n. m., 00r>. Doe. most. Moreira. Dipl. 57.^ Id. 251.
Fredeuandí, villa, 1012. Doe. most. .da Qraça. Dipl. 134.
Fredenaiidíz, app. h., 960. L. D. Mum. Dipl. 61.— H. 9!.
Fredeuaudizl, app. li., 993. Doe. most. Moreira. Dipl. 103. — Id. 189.
Fredenando e FeruaiidiiM, ii. h., 9tí6. Doe. most. Lorvão. Dipl. 58,
ii.«92. — Id. H.-l.
Fi-edenaudus, n. li., 981. Doe. most. LorvSo. Dipl. 82. — Id. 13.
Frwii ou Frede, viila, 9.')9. L. D. Mum. Dipl. 46, 1. 3.
Fredili, n. m., 1047. Dipl. 220, n." 359.
Fredoía, app. h., 1008. L. Preto. Dipl. 125, ii." 203.
Fredoii, app. h., 1008. D. Preto. Dipl. 125, n." 204.— Id. 131.
Fredohi, app. li., 1037-1065. L. Preto. Dipl. 280.
Fredamir, geogr., 1024 (?). Doe. most. Pendorada. Dipl. 158.
Freego, villa, 1258. Inq. 541, 1.* el.
Freei, geogr,, 1258. Inq. 340, 1." cl.
Freeií-ii, geogr., 1^58. Inq. 404, 1." el. — H. ;í78.
Freeris, geogr., sec. xv. S. 145.
Freerii, geogr., 1220. Inq. 101, 1.' cl.
Freestelas (S. Martino de), geogi-., 1220. Inq. 44, l.* cl. — Id. 125.
Freestelo, geogr., see. xv. S. 330.
Freezi, geogr., 1258. Inq. 736, 1." cl.
Fregím, geogr., 1258. Inq. 606, 1.* cl.
Freigio, geogr., 1258. Inq. 388, 1,* cl.
Frellenoa, n. m., 1085. Tombo D. Maior Martinz. Dipl. 381.
Freimondo, n. h., 1253. Inq. 427, 2." cl.
Freiria ou Ferreiria, geogr., 1220. Inq. 143, 1." ol.
Freiria de Elbora, geogr-, 1220. Inq. 250, 2.» cl.
byGooglc
o Abchkolooo PoaTueuâs 275
Freirú, geogr., 1258. Inq. 294, 2." cl.— Id. 300.
Freiseno, villa, 907. Doe. most. Moreira. Dípl. 9, nlt. Í.
Freisinel oti Freixeuei, geogr., 1055-1065. For. de AnsiSea. Leg. 347.
Freitas, viUa, 1258. Inq. 673.— Id. 4.
Freiti muiidí, rio, 1258. Inq. 044, 1.* cl,
Freial, geogr., 12Õ8. Inq. 661, 1.* cl.
Fi>eÍxeeÍro ou Frexeeiro, geogr., 1220. Inq. 159, 1." cl.
Freixenede, villa, Era 1102. L. Preto. Dipl. 277.
Freixeno, villa, 1096. Doe. most. Moreira. Dipl. 495.
Freixeo {S. Michael de), geogr., 1220. Inq. 54, 1.* cl.— Id. 137.
Freixet, geogr., sec. xv. S. 330.
Freixio, geogr., sec. xv. S- 349.
Freixo de Espodaciuta, geogr., sec. xv. F. Ldpez, Chr. D. J. 1.",
p. 1.%C. 162, c p. 2.», C. 202.
Frejufe, geogr., 1220. Inq. 157, 1.' cl.
Frelisio e Frelissio, n. h., 1073. Doe. moet. Pendorada. Dipl. 312.
Freniariz, app. h., 1041. L. Preto. Dipl. lí)3, a." 316.
Fremosa, app. ra., 1258. Inq. 351, 2." cl.
Frenioselhi, geogr., sec, xv. 8. 329.
Fremoseli, geogr,, 1258. Inq. 602, 1.» cl. — Dipl. 13, A. 915.
Fretuosendit, app. h., 1100. Doe. most. Arouca. Dipl. 546.
Fremosendo, n. h., 1100. Doe. most. Aronca. Dípl. 546.
Fremosinda, n. m., 994. Doe. most. Moreira. Dípl. 106.
Fremosiiidiz, app. h., 1088. Doe. ap. sec. xviii. Dipl. 426.
Freniosiudo, n. h-, 1013 (V). Dipl. 136.— Id. 34õ.
Fremoaino, u. li., 1053. L. D. Miini. Dipl. 237, n." 388.
Freiuoso, app. h.. 12Õ8. Inq. 366, 1." cl.
Fremandi, geogr., 1258. Inq. 562, 2.* cl.
Freuandiz, app. li., 981. Doe. most. Lorvão. Dipl. 80.
Frenandus e Fernaiidus, n. h.. 943. Doe. most. LorvSo. Dipl. 30. —
Id. 122.
Freseno c Fi-esiio, villa, 1152. For. de Freixo. Lcg. 379-
Frestes, n. h., 1036. L. Preto. Dipl. 178.
Fretu, ?, 1070. Doe. most. Pendorada. Dipl. 304.
Freafe, geogr., 1220. Inq. 128, 2." cl.
Freuffi, geogr., V2bS. Inq. 323, 1." cl,
Freseueiro e Freixeno, geogr., 1220. Inq. 159.
Frexeneda, villa, 972. Doe. most. LorvSo. Dipl. 66, a." J04.
Freyre, app. h., sec. xv. S. 302.
Freytas, app- li-, see. xv. S. 312.
Freyxiuel. Vídè Freisinel.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
27(i O ARC1UÍOI.OQO Português
Frias, geogr., 1258. loq. 587, 1.' cl,
Fridinaiido, n. h., 971. Doe. most. S. Vicente. Ttipl. 05.
Fridi\ille, n. li., 1070. Tombo D. Mwor Martinz. Dipl. 301.
Friítixilo ou Frodisillo, 1060. Tombo D. Maior Jilartinz. Dipl. 26ò,
Frieido, rio, 1059. L. I). Mum. Dipl. 257, d." 410.
Frigida (Villa), geogr., 1081. Tombo S. S. J. Dipl. 357.
Fríjoffi, geogr., 1258. luq. 497, 1." cl.
Fríoes, geogr., 1258. loq. 300, í." cl.
Frison, app. h., 1220. Inq. 2, 1." cl. — Id. I(i9 e 097.
Friíoni, n. h., 1258. Inq. 695, 2.» cl.
Froarengus, bispo, 850—866. Doe. most. Loi'vXo. Dipl. 'ò, l. 6.
Frochini ou Frogim, geogr, 1220. Inq. 200, l.* cl. — Id. 2ÒO.
Froeliin, geogr., 1220. Inq. 152, 1.' cl.
FrodisUlo. Vide Fridisilo.
Froes, app. h., sec. xv. F. López, Chr, D. J. 1.', p. 1.', O. 140.
Froga, app. h., 1089. L. Prelo. Dipl. 4;U.
Frogay, geogr., 1258. Inq. 646, I.' cl.
Frogai e Frogoii, app. h., 1091. Doe. most. Pedroso. I)Íf4. 4.Õ6.
Frogendo, n. h-, 1258. Inq. 357, 1.' cl,
Frogeua, a. h., !)46. Doe. most. Moreira. Dipl. it3, u." 57.
Frogia, n. h., 995 (?). Doe. most. Pendorada. Dipl. 108.— W. 124.
Frogiaes. Vide Fofgiaes.
Frogiaoi, n. h., 1(K)2. L. Preto. Dipl. 115, n." 187.
Frogianus, n. h., 1098. Doe. most. Lorvílo. Dipl. 529.
Frogiai, app. h., 10í)7. Doo. most. Jloreira. Dipl, 503. — Id. 554,
Fpoflildo, n. h., sec. xi. L. D. Mum. Dipl. .'>64.
Frogim. Vidc^ Fi*ochim.
Frogiuos, n. li., J220. Inq. 163, 2." ri.
FrogiuUo, n. h-, 986. Doe. most. Pedroso. Dipl. 95. — Id. 118.
Frogulfu, n, h,. 867-912. L. Preto. Dipl. 3.— Id. 31.
FrohiSes, geogr-, 1258. Inq. 533, 2." cl.
Fi-oia, n. h., 983. Doe. acc. xviii. Dipl. 87.— Id, 15.
Froiaes, geogr., 1220, Inq, 228, 1.' cl.— Id, 10,
Froialozi, app. h., 1093. L. Preto. Dipl. 475, n." 801.
Froian, ii, li., 1221). Inq. lO, 2." cl.
Fpoiani, villa, 1059. L, D, Mum. Dipl. 260, 1. 2,
Froianiz, app. h-, 957. L. D. Mum. Dipl. 41.
Fpoiai, app. h., 1064. Doe. most. VaÍr5o. Dipl. 275.— Id. 15.
Froigeudu, u. h., 92."). Doe. most. Arouca. Dipl. 20. ^-Id. 26.
Froila, n. h., 882. Doe. most. da Graça. Dipl. 6. — Id. 20.
Froilaci, app. h., 1040. L. Preto. Dipl. 190.
Dig,l,z.cbyG00(^lc
o Aecheolooo Poetugués 277
FroUae, app. h., 1085. Doe. sé deCoimbra. Dipl. 386.
FroUam, vUla, 1059. L. D. Jlmn. Dipl. 258, I. 34.
Froilanes, geogr., 1086. Doe. most. Arouca. Dipl, 398. — Itl, 456.
FroiUni, vilta, 1086. Doe. most. Arouca. Dípl. 598.
Froilaniz, app. h., 968. Doe. most. Moreira. Dipl. 62.
Froilaz, app. h., 985. Doe. most. LorvSo. Dipl. 91. — Id. 15.
Froilui, app. h., 1085. Tombo D. Maior Martjnz. Dipl. 378.
Froili, n. m., 883. Doe. ap. sec. xi. Dipl. li.
FroUi^i, app. h., 1094. Dipl. 484.
Froiliz, app. h., 984. Doe. most, Moreira. Dipl, 89, ii." 142.
Frailla, a. h., 960. Doe. most. Moreira. Dipl. 49.
Fpoilo, 11. m., 897. Doe. most. Pedroso. Dipl. 7.— Id. 22.
FroilOBÍ, Q. h., 897. Doe. most. Pedroso. Dipl, 8.
Froilonia, n. m., 1017, Tombo S. S. J. Dipl. 144.
FroiloDÍx, app- m., 1027. Doe. most. da Graça. Dipl. 162.
Froiní, app. li., 1115. Concilio Ovet. Le^. 141.
Froinli, n. h., 12Õ8. Inq. 586, 1.» cl.
Froiola e Froíula, n. h., 1098. L. Preto. Dipl. 528, n." 890.
FroiscenáiK, app. m., 1038. L. D. Miim. Dipl. 185,
Froiseodo, n. h., 1056. Doe. most. Pendorada. Dipl. 243,
Froisendus, n. h., 952. L. D. Mum, Dipl. 38.— Id. 89,
Froinla. Vide Froiola.
Froialiici, app. h., 993. Doe. most. Moreira. Dipl. 103.
Fruiulãz, app. h., 1002. L. l^rcto, Dipl. 117.
Froinlfti, n. li., 968. Doe, most. Moreira. IJipl. 62.
Froja p Fi-ojani, n. h., 1220. Inq. 79, 1,* cl.
Frojaz, app. h., Bec. XV. S. 172.— Id. 363.
Fi-ojolfas, n, h., 1088. Doe. ap. see. xviil. Dipl. 427.
Frola, 11. h., 964. Doe. most. S.Vicente. Dipl. 54. — Id, 222 e 467.
Frolauiz, app. h., 1045. L. D. Mnm. Dipl. 208.
Frolaí, app. h., 1036. L. D. Mum. Dipl. 178.
FroUenza, n. h., 1004. L. I*reto. Dipl. 118.
Frolimii, app. li., 1039. h. Preto. Dipl. 186.
Fromarica, n. m., 1009. L. D. Mum. Dipl. 129.
Fromarici, villa, 953. Doe. most. (íuimarães. Dipl. 39, 1. 7.
Fromaricus, n. h,, 870, L, D. Mum. Dipl. 4.
Fromarigiz, app. h., 1037. L. Preto. Dipl. 180.
Fromangnir, app. li., 1087, L. B. Ferr. Dipl. 40;}.— Id.;^459.
FrODiariguii, app, h., 10<I2. L. Preto. Dipl. 114.
( Contin&a),
A. A. Cortesão.
byCoo^^lc
o Archeolooo Poetoqdés
Noticias várias
1. Castello de Torre§ Vedras
Um dos pensamentos da nossa Camará Municipal é o dotar a villa
com agua suãicientc para o consumo dos seus habitantes. Para ta) s«
conseguir tem se procedido a serias experiências.
Lembrou-se a remara <lc mandar sondar o castello para ver se era
possivel descobrirem -se algumas cisternas construídas pelos Mouro».
Appareceu a primeira, dentro dos muros da praça, tem 18 metros de
comprimento, H de largura, ignorando-se por emquanto a profundidade.
Esta era a que sorvia para guarda das aguas dos telhados das casas
do castello.
É opinião de que devera existir maiores depósitos, creiído-se mesmi)
haver commuDÍcaç3o entre a praça e o rio, pois os Mouros, para resis-
tirem aos muitos e prolongados cercos que sofíroram, haviam forçosa-
mente de vir buscar a agua aos baixos da villa ',
Era um estudo curioso, mesmo uma necessidade que a encosta do
castello fosse sondada em vários pontos. Nos altos já se tem encon-
trado galerias que os antigos taparam, mas que nSo são exploradas
por faltar a licença du jlinisterio da Guerra.
{Diari» d'- Nitir-m», ile 8 de Abril de 1905).
3. Tapetes perslooa
A fím de comprarem um tapete persa, antiquíssimo, de que é fm-
prietaria a junta de parochia de S. Martinho de Cintra, estiveram hojf
nesta villa os Srs. Hamburger Frères, de Paris, que nSo realizaram
a transacção por nílo attingirem a importância que a junta exige.
{Diário de Notieifu, lU 1 de Haio de 1905),
<j'iNTRA. — Despertou verdadeiro interesse a nossa noticia, publicada
no Século de hoje, acerca da venda do tapete persa pertencente ajunta
de parochia de S. Martinho, tendo ido muitas pessoas ezamíná-Io.
O tapete estava muitíssimo usado.
Depois de examinado por um enviado da Academia Real de Belias
Artes, foi ajunta autorizada, conforme notici&mos, a veudc-lo.
Pela nossa noticia, o Sr. Emilie Pares, importante negociante do
objectos de arte e antiguidades na Praça dei Principe Alfonso, em
Madrid, teve conhecimento da existência do tapete, vindo hoje acom-
panhado do Sr. Joaquim Moraes da Cunha, proprietário da joalharia
' [Simplei^ lenda popuittr. — J. L. dbV.J
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Akcheologo PoaTUGUto 279
Ciiaha, da Rua Xova da Palma, 106, e José Leal, proprietário ã» Li-
quidadora das Portas de Santo AntSo, de Lisboa.
Estavam presentes os Rev. Amaro Ferreira de Azevedo, presi-
dente, Manuel Ramos Ferreira de Cairaliio, Augusto Reis Barreto e
José Nnnea Rodrigues da Silva, vogaes da junta de parocMa.
A junia, apreciando as propostas apresentadas para a compra do
tapete, preferiu a mais vantajosa, apresentada pelo Sr. José Leal, na
importância de 460)51000 réis, sendo a acquisiçSo feita para o Sr. Pares.
r>'es8e acto foi lavrado uma auto assinado pela junta e o arrema-
tante, que depositou na thesouraria da junta o preço da arremataçSo,
entrando na posse do tapete.
■ {Secit/o, de 2 de Maio de 1905).
A mesa a<lministrativa da Real Irmandade do Santíssimo Sacra-
mento da Capella Real, freguesia de Santa Justa e Rufína d'esta ci-
dade, superiormente autorizada, vae brevememte proceder & venda em
hasta publica, e com as formalidades tegaes, de alguns paramentos an-
tigos e de cinco tapetes da Pérsia, também antigos de grande valor
artístico. A venda será opportunamente annunciada, bem como as res-
pectivas condições. Chama-se para a referida venda a attençSo das pes-
soas A ({liem possa interessar a aqnisiçXo de taes objectos, os quaes,
com a devida prevenção do andador da Irmandade, que se encontra
na igr^a, podem ser examinados em todos os dias da semana, depois
do meio dia, exceptuando a.s sextas feiras, ou quando na igreja se ce-
lebrem festividades.
{Secuh, de 22 de Març.. de 1!M».J).
Foi-nos enviada pelo illustrc juiz da irmandade d<i Santissimn dá
freguesia do Santa Justa a seguinte carta:
5 de Abril de 1905 — Sr. redactitr. — No seu numero de hoje vem
uma noticia referente aos tapetes persas, que a irmandade do Santis-
aimo da freguesia de Santa Justa tem para vender em Icilfio no dia 29
de corrente, e cujo teor, pelo ejfeito que produz, en, na lionro.sa qua-
lidade de juiz da irmandade nSo posso deixar de rectificar, para o que
soUcito de V. a inserção das presentes linhas.
Biz a local que «visto os objectos annunciados para a venda não
terem valor artístico, não devem figurar no Museu Nacionali.
O facto de lá não deverem figurar obedece porventura a outro cri-
tério, que nada tem que ver com o referido valor dos objectos, nem
com os interesses da irmandade, que impensadamente, quero cr@-lo,
assim foram feridos.
;vCoOglc
280 O ARCHEOLOão Português
Não procurei, porém, saber d'oiide provém tão ímprevi!>ta infor-
mação, e o (]ae apeuas a acho é, pelo menos, inopportuaa, e, como ta]
de bem «menor valor artístico» que os próprios objectos a qne allode.
OoDvem todavia que se saiba qne, não obstante o depreciativo juizo
que o noticiarista d'elles fórma poderia a irmandade, realizada a venda
particularmente, baver recebido já alguns contos do réis, se não pre-
ferisse cumprir a lei, anmmciando leilão, e buscando, como buscou,
embora sem resultado, o parecer ofticial dos competentes no assunto.
De resto, o leilão está proximu, e elle provará, espero-o, que ape-
sar da noticia, a importância dos objectos a vender sempre será de
natureza a trazer algum benelicío para a irmandade, que tanto carece
de recursos, para dignamente se desempenhar dos seus encargos. unici>
fim que, tanto os meus collegas como eu, temos cm vista conseguir.
Agradecendo desde já, sou com toda a consideração ---!>e V, ,
etc, Poli/carpo Anjos, jniz da irmandade.
{/tiarío ih Noticias, de 6 <le Abril de líKB).
A irmandade do Hantiasimu da freguesia da .Vmcixoeira, próximo
do Lumiar, vende em leilão no dia 2» de junho c<irrente. pelas 12 ho-
ras da manliã, alguns tapetes persas, conforme as condições dos an-
nnncios já publicados e as que se aeliam patentes na respectiva igreja.
(J)iario de Nolteint, de U\ de. Junho de VMU).
S. CastellD de Eiras
O illustrado general, governador desta cidade, Hr. João Carlos Ro-
drigues da ('osta, attentas antigas autorizaçSes superiores, agora re-
validadas a instancias de S. Ex.*, fez publicar, em ordem de praça,
que c permittido, a quem so apresente decentemente, visitar cm todas
as quintas feiras e domingos, das 10 da manhã ás 'ii da tarde, o an-
tigo Castello Mourisco de Privas, no qual existem as ruínas da resi-
dência dos alcaídes-móres d'esta povoação, edificio assaz digno de ser
conhecido e que pelas suas gloriosas tradiçRen e architectura ha muito
devia estar incluído na lista dos nossos monumentos nacionnes, a fim
de se obstar á sua completa derrocada.
{Ititirio de -VoíícHM, de 3 de Maio de I9U5|.
4. Minas de S. Doihíbrob
l'iira alargamento dos cortes, proceder-se ha aqui, dentro em pouco,
a escavações em terreno não mexido em nossos dias, podendo isto dar
talvez logar a que mais algumas antigualhas sejam encontradas, como
suecedeu ha quasi meio século, quando começou a exploração moderna
byCOO^^IC
o Abcheoloso Português 281
d'este importante jazigo mineiro, onde tanto laboraram alguns povos
da autignidade.
Parece ser o Sr. Feliz o chefe dos novos trabalhos. Este cavalheiro,
como todos os sens compatriotas hoje aqni ao serviço d'esla empresa,
é também homem bastante activo e intelligeote.
{SwUo, de 2ú de Fevereiro de 1905).
Ainda com respeito á escavação a que se tem procedido e cremos
5C procede ainda no sitio dos Barriaes, para os lados de Chança, consta
já terem sido encontradas algumas amphoras e tijolos, tudo em bom
estado do conservação, comqtianto se siipponha que muitos seoulos te-
nham decorrido sobre taea antiquidades, qne muito bem poderilo ser
(-ontemporaneas das que nesta mina foram encontradas no princípio
da nova exploração, e mesmo já depois d'isso, haverá uns O annos. .
{Seenh, de 1 de Junho de l'J05).
S. O (.'astello do Zrsere
CoKSTANCrA. — Por conta da Camará Municipal deste concelho an-
lUm-se demolindo as ruinas do «Castello do Zêzere*, m^s conhecido
pida «Torre», e que sSo propriedades do Ooude de Caparica.
Mais uns restos históricos que desnpparecem, não sabemos para
qae timi
A coustrucção do Castello do Zêzere data de 1172, sendo seu edi-
ficador o mestre da Ordem do Templo, D. (jualdim Paes. Tem, por-
tanto, 733 annos de existência.
(O Xrrulo, ilo 21 de Maio tlc. 19a"i).
6. A artilliariâ antifa 4e Zanslbar
Zanzibar, 20 de Abril de 1905, — Sr. director do Diário de Xoti-
<Ía9 — ].<isboa. — Kum interessante artigo, publicado eom a opigraphe
4l'alestras Navaeai no n.* 14:112, de 14 de Março p. p,, do Diário
que V. diijtinctamente dirige, referc-se o meu vclhn amigo Contra-
Almirante Augusto de ('astílho a algumas peças de artilharia antiga,
fundidas no Arsenal de Goa, c existentes em Zanzibar ao tempo em
quo, ha mais de vinte aunos, adci^u de aqui passar c de as ver ja-
zendo, despn'zadas, estendidas por terra, num velho barracão. K as-
sim ; sendo de «entir, porém, que o seu artigo não tivesse apparecidn
muitos annos antes, e com elle a sua solicitação aos Ministros dos Es-
trangeiros, da Guerra e da Marinha a que buscassem rehaver, mediante
os bons ofiicios da Inglaterra, alguns d'aqiiolles preciosos documentos
da nossa passada grandeza; que se não houvesse antecipado, quando
byGoí>^^lc
2Si2 O Abcheolooo Pobtuoués
menos, essa publicação ao bombardeamento de Zanzibar, snccedido
em Agosto de 1896.
Quando, depois do bombardeameuto, em 1897, eu, como cônsul,
atjui cheguei, nilo encontrei já senão restos de toda easa artílhaiú que
o meu ilinstre amigo descreveu. Mas, ainda, com respeito ao aprová-
tamento d'aqnelles restos, tardou de annos, sem ser eUc a arrecadar,
o seu aviso.
NZo me cumpre insinuur, e muito menos affirmar, qual o destinu
que tiveram as peças deaappaiTcidae, muito legal, atiás, porqne niu
foram levadas, de certo, sem o consentimento de quem estava na sua
poí>se; como foi com esse consentimento que eu, chegado apenas na
respiga do que outros haviam ceifado, obtive d'es8es restos o que, do
já menos, havia mais aproveitável.
Foi a Sir Artur Harding, oonsul geral e agente diplomático d<!
S. M. Britannica. hoje seu ministro na Pérsia, que eu manifestei o de-
sejo de alcançar para o nosso Museu de Artilharia algumas das res-
tantes peças; c foi ellc tSo amável, que anos* presenteou desde logo
com duas de bronze, muito boas e muito bem conser\adas, que, mon-
tadas em seus respectívus R'paros, enfeitavam a frente, lado do mar,
do consulado de Inglaterra.
Não contente com isso, trouxe-me de Mombaça, quando pouco de-
pois ali foi, uma pequena colubrina, de linhas muito elegantes, quo
ali descobrira e logo cm mente me offereccra. Essas três bocas de fogo
seguiram para Lisboa pelo paquete «Herzog», em Outubro de 1899,
c deram entrada no Museu de Artilharia.
As quatro grandes peças, de valentes arganeus, com as armas reaes
e esphera armilar resaltadas, de que nos fala o íUustre Almirante, ainda
aqui as encontrei, c não me descuidei cm pedir. . .duas. Haver todas
quatro seria demasiada c indiscreta ambição. E de artilharia antiga,
de bronze, era o que existia e que valesse. Tudo mais era, e é, a su-
cata de ferro de umas caronadas, de que nem mesmo se conhece a na-
cionalidade, havendo, apenas, a prcsumpção de que sejam portuguesas
ou bespanliolas algumas dVIlas.
Como disse, pedias, c foram-me graciosamente concedidas pelo fai-
lecido sulino Seyd Hamiid bin Mahomed, por amável intervenção dn já
também fallecido primeiro ministro de S. A. Sir William Matfaews.
Kssas duas peças, de muito difBcil transporte, pois são do peso àf-
algumas toneladas, fíearam esperando o ensejo favorável da passagem
por aqui de algum navio de guerra que pudesse levá-las para Lisboa.
8ó em 1902, quando succedeu aqui sur^r o cruzador *S. Gabriela,
o seu commandante, Sr. Capitão de Mar e Querra Azevedo Gomes,
byCOO^^IC
o AHCBE0L06O Português 2Sfi
solicitado por miai para as tomar a sen bordo, da melhor voutade
e com o maior interesse se. prestou a transportá-las, e pôs á minlia dis-
posição um troço d^ mariíiheiroa quo, dirigidos pelo Segimd o Tenente
Nunes Ribeiro, e trabalhando debaixo de um sol ardente, coadjuvados
por gente das Obras Publicas, guiada pelo seu engenheiro director,
conseguiratn levar as peças ao cães da alfandega e passá-las a um
lanchSo e iça-las para bordo do aS. Gabriel», com muito trabalho,
mas sem nenhum desconcerto.
I>emorou-ae a remessa, mas não era faina aqiiella que eu coniiaase
do pessoal de uni navio mercante;
£ as duas peças lá estSo tigiirando, a par das tros primeiras, do
Hiisen de Artilharia.
Desculpe Y. que tanto tempo lhe haja tomado com esta.historia,
que como reclamo nunca fíz, nem faria conhecida; mas que hoje se
torna necessário fazer publica, para que se não pense que a tanto ha-
viam chegado o meu desleixo e desamor pelas cousaH vetustas mas
gloriosas do meu país, que, deparando-se-me ellas mais ou menos aban-
donadas, nem o minimo cstiirço empregara para, no todo ou em parte,
as resgatar do desprecio e do olvido.
Com a publicação d'esta carta no seu Diarlu e que solicito espero,
me confesso desde já, com a maior consideração e estima, de V.
ete., António d. Ferreira de Castro.
(Diário de NMícim, ilo 2 iie Juuho de 1'JOÕ).
7. Mnseu do Porto
Fechou hoje o museu da Rua da líestauraçSo, tendo sido removidas
todas as collecçSes para as novas dependências da Biblioteca Publica,
onde se trata da respectiva installação. Vem a propósito recordar que
foi o inglês João Allen quem, em 1838, mandou construir o edificio da
Rua da Restauração para ali installar as suas coUecçSes. Em 1858,
quando a Camará comprou o mnseu aos herdeiros do fundador, eêrca
de duas centenas de quadros tiveram de ser recolhidos no edifício dos
Paços do Concelho, onde ainda existem. Em 18Õ2 abriu-se o museu ao
publico, e só agora, volvidos Õ3 annos, se conseguiu a sua transferencia.
Pensa-se em restringir o museu ás secções das bellas-artos, artes
decorativas, archeologia, ethnographia e reproducçítes, visto que em
breve serão franqueados ao publico os gabinetes da historia natural,
no edifício da Academia Polytcchnica.
{Diário de Natidat, de 21 de Julho de 1900).
Pedro A, de Azevedo.
byCoo^^lc
o ArCHEOLOGO POHTUGUfiS
Biblio^rapliia
■ellfltfe* d« L.u»IUtBl«. por J. Leite de TasconcelloH, rol. )i, lÀn-
boa, 1905.
O vol, I d'esta obra, como «e disse n-0 ArcA. Port., ni, 272, refere-se mm
temiioB prehistoricoB.
(.) vol. it, que saiu agora <lo prelo, refere-se aos tempos protohistoricu,
isto é, aos que decorrem desde a época prehistoríca até & época romana exdasi-
vamente. Consta do segninte :
Preliminares:
DefinÍQfio de Protohistoria. Methodo seguido nesta obra.
Â) Elementos de investigaçSo (autores antigos, monomentoii, tra-
diçío);
B] Cíeographia da Lusitânia protohistorica;
C) Etbnologia lusitana: ethnogenia e etlmograpbia.
SecçÀo i; Divindades, crenças e cultos.
I. Phenomenoi c^stM e attnospherieos.
n. & tarra; montai, mataei a pedrai.
m. Botfnes «agradei: plantas em geral.
IV. EndorelUens.
T. Atégina.
VI. Danaaa-Màas.
TU. Larei, Hymphae, nomina, dii deaaqna.
Vm. Ganioi, Tntala.
IX. Beira-Diar a ilhas.
X. Rios santos.
XI. Fontes lantas.
XH. Havia.
xm. Animaes sagrados.
XIT. Trebamna.
XT. Rnnesocasiiii.
XVI. DiTindadei gaerreírai. Usai religiaioi na gnarra.
XVn. Divindades de caracter incerto.
O resto da secção i (coito dos mortos) e a secção ii (diversos actos reli-
giosos e formas cultuaes) passarão para o vol. iii, que vai entrar no prelo.
O vol. II consta de xx-376 paginas, tem um indíce metbodico no principig,
c vários Índices alfabéticos no fim, e está adornado de dois mappas e três estam-
pas, e 82 gravuras no texto.
Casta 2tOCIO réis, e vende-se, com o vol. t, na Antiga Casa Betlrand,
Chiado 75, Lisboa.
Dig,l,z.cbyG0í>3lC
o Akcheolooo FortcquÊs
o Arclieologo Portaguôs — 1905
Br^ifto blbllofraphlco das permutas
(ContluuntlD.VIil. u Arth. PtH.. I,I39)
L'Aiili dea Honamonta «t áM Arta; vol. m, 1.* parto, ii." 106. Entro outros ar-
tigos traz os Rcgnintcs : La fontaint de Nima rin 1744 (i-oin imia planta) ;
Subêtrueíiotu du fjourrt fiodal: l)e»erÍption du grand monument rnmaiii du
CoUège de Franee, por Ch. Normanil. Este artigo licsctrcvc an vcatigios 1)0
um grande cUifieio romano porcularineutu explorado debaixo daii niaa du
Paris, naN CL'ri^aaia!< do Colíège ife Fraiice, por ineio de poços de sondagem
e algumas galeria" abertas entre aqiieltes, com o propósito ll<^ consertar
intacto o piso das mus. Assim, por ilK^io de plantas parciaeR, conseguiram
ver-Bu as substmeçíSeR de uma grande sala eircidnr eom 17 metros do ilia-
metro, eonstantes de pilares de hypoeaiístoi', de tubos ôeos de barro cozido,
emfim, de variou outros materiaes da epoea romana, que tornavam provável
a existenria naquellc sitio de um extabeleeiuiento de banhos. O autor, em
&vor da importância de todos os achados, na apparcneia rnixlcstiis, diz que :
•ancnn établissomeut thermal n'étant intact claos TEmpire romaia, on ue peut
se faire idée du ee genro d'é(lífieeK qu'eii raprochant les dlspositions d'é<li-
fices do divcTses régions». Uma das autigualhas recolhitlas é um capitel ile
caracter jónico, mas que nilo dujxâ <le lembrar os composit<is pela omanien-
taçXu. Tem as volutas, no olho d'estn» uma ro.sacea; os balaustres »io im-
bricadiis na su|)erficie, 11 que ê frequente na omameutaçilo gallo-romana.
Has debaixo das volutas, o cesto u as molduras são cobertos de ornatos era
qne me parece vci <> acanto em fidha. E isto é commum eui épocas baixa.'!.
Ora di> que eu me lembrei cm face <risto, fi>i do capitel doVíanna do Alem-
tejo {ArtA. Port., ii, p. 291), c n&o para o desclassificar da espeeie em que
o introduzi. Effeoti vãmente o capitel de Vianna é jónico.
Retalhando um bocadinho da bibliograpbia : O Arehtologo 1'ortii^ta, vol. 11,
«.* a aS. On pablie ãan» V ArehéiAogut Porhigai» Vinventaire deã monumtnt* et
anliquiUg de Portugal, avec grande loxnt et une nobie eoHãlanc*. Na nossa cara
pátria só 44 pessoas dSo algnma coisa por este conceito d-0 Arehtologo.
RsTUta de ArchiToa, Biblioteca! rHaaeoi; N.ol.% Janeiro de 190õ. Summarin:
I — lÀbro de la Cofradia de Caballerot de Santiago <le la Fuenlr, por el M^
de Lanrencin. II — La e:epediei4n à Granada de los infante» D. Jitan y D. Pe-
dro em 1319, por Andrés Gimencz Soler. III — Tms eteuUurtu dei Cerro de
le* Sanloê, por José Bamón Melida IV — Relaàáa deterittca de lot mapa»,
■ plano», etc., de la» antigua» audiência» de Paiuuná, Santa Fé y Quilo, {lor
Pedro Torres Lanzas. V — Rodrigo Alfotuo y sus hijot, por Narciso Hcrgueta.
VI — El cronúta de Herrera y ri Ârchidvqne AUterto, por Alfrcd Morei Fati».
VII a XII — Notat bibliographiea», cariedade», etc. Traz cinco folhas soltas
com reprodncçSes das illuminuras do Livra da Confraria dos Cavalleiros de
Santiago de la Puentc, e uma photogravnra de cabeça do Cerro de los Santos.
N." 2, Fevereiro de 1905. Snmmario: I — Lot Vela»quex de la casa de Villa-
iermota, por J. Ramón Melida. II — Leyenda» dei ultimo rey godo, por J. Me-
néndez Pidal. III — Doe. dei tnona»t. de S-" Otu de Valrárcd, por L. Serrano.
\X— Endecha» de lo» judio» etpt&ole» en Tanger, por &. Hcnéndcz Pidal e
byCoOglc
280 O Abcheologo Pobtdouís
J. Bi^unlicl, V — Libro de la cnfradia, ctu-, como acima. VI — Vida y voiíat
de IJ. J. António Coiidf, por Puilro Rouit. VII a XI — Documento», nota» bíUio-
grapkica» (Eetai vir VÃrt tt l'Indu»tríe ek l'Espague prànUioe, por Pierre
Paris), ctc. Vidorixam ente faeeií^ulo seis magnificas phototypiaB de quadror
(Ic Velásquei
S.* 3 i;4, Março e Abril de 1905. Summario: I — Monumatto» de la eiudaá
de Jaen, por D. R. Amador de loe Rios; eacrito, em que ee descreve o ca»-
tello arruinado de Jaen e partlcidarmente uma capella que ae conaerva ihi
meio d'aqueIlaB ruiiiHH, itigna, BCgundo o autor, de ser classificada monu-
mento nacional. O tecto da ciijiula í interiormente ornado com estuque»
trabalhador por artietae mudejaree que, certamente, apesar de reconquis-
tada a cidade poloa chrititãos, coatiunaram exercendo nella livremente a í'Qa
arte e em trato contínuo com os granadinos, de quem recebiam múnos de
toda a eepecie. O autor attribue pois esta decoração ao tempo do rei saUn,
Afonso X. A par d'iiit(i, outra capella ha na cidade pela conservação da qual
bradaram generosamente os membros da ConunissSo FrOTÍncial de Honn-
mentoH, a Real Academia de Bcllas Artes de Villa Fernando, e interpfis
a sua rccommendaçilo a Real Academia de Bistoria, couseguindo-ee a^sim
a intervenção do Sr. Romcro Robledo, cntilo ministro do reino, para m anila t
suspender a rctiolufilo municipal, por ciya força ia ser destruída a capella
chamada do Arco df, S. Lourenço. A seguir a estes esforços, foi declarada
monnmento nacional, entendendo porém o Sr. Amador de los Rios que o mé-
rito d'eBta ermida de Jesus Nazareno, muito inferior á da outra de SaoM
Catariua, ac cifra no pouco que tem de mudejar. O autor suppSe do fim d»
do Bee. XV eitta eonítrucção. Do meio d'eBte século é ainda o palácio do con-
destavcl D. Miguel I.ucas de Iranzo, palácio em que «hnbieron. . . de extre-
mar BUS primores segun el tiempo, cl estilo ojival j el mudejara. Quatro pfao-
togravuras illustrain este artigo. II — El maravedi, por D. Narciso Sentenach-
III~Z>e la eiieuademaciàii, pelo Conde de las Navas. IV — ZlocunicRtoj dtl
lao/tumenlo de S.'" Cru! de Valeárcel, por L. Serrano. V — Legenda» dei ultimo
rey godo, por J. Menéndez Pidal. Yl~Medaliat dei principe D. Felipe y de
Juacelo Tun-iaiio, por A. Herrera. VII a XII— Docamenios, Bibliographia.
títc. Atem daK photogravuras a que nic refiro acima, tem as que acompa-
nham os segundo e eexto artigo.
Hotes d'an et d'arGhóologie ; d." 3, Março de IdOii. Texto : Une vinte dons te*
iglUe» de Pari» {André Hallays). O autor demonstra que «chaque époqne
de Tart français est rcpri^Benté à Paris d'une façon plus ou moina complete,
par un ou pliisieurR ódificee rcligieux>. O primeiro corpo de edificio por or-
dem de antiguidade 6 du sec. ii; são a torre e portal de Saint Gennain de»
Prés. DevaEtações e , . . re st aurações- devas taçSes encontram-se por li nome-
rosas. Deux ttatuette» de VAmionciation à AUnnne (EugÉne MfiUer), otc.Tem
as figuras das duas imagens que o autor reputa do sec. xt.
N.* 4, Abril do 1005. Texto: Uiie expotition ritrogpeeíive à Ijyon (Saiute
Mari<; Perrin); Une visite dant let igliie» áe Pari» (A. Hallafs); BuUvtin, «o-
te», calendrier, ctc. Tem onze photogravuras.
N." 5, Maio do 1905. Texto; Écwtít, ton dtaiwu a toa égU»e (A, KeUer);
Imprettiom êur Ilrugee (M. D. de Monchaux); Vne vittie dan» lu íglitet de
Pari» (A. Hallajs); Bihliographie, notes, eaUndrler, ete.
P. A. P.
byCOO^^IC
rOL. X OUTUBRO A DEZ. DE 1905 N." 10 A 12
O ARCHEOLOGO
PORTUGUE:©
COILBCÇXO ILLUSTRADA DE lATERMES E KOTICIiS
PUBLICADA PELO
MUSEU ETHNOLOGICO PORTUGUÊS
Velefwn votvens monumeiíta
LISBOA
IMPRENSA NACIONAL
1906
Di„i„«b,Googlc
e-cns/cn^j^TtXQ
Ob GR0VIO3: 287.
ToKRE DE Qdintella : 292.
BEOIUENTO das marcas da moeda NAS CIDADES DE MlBAXDA £
Lagos: 295.
Medalhas dedicadas i Infanta D. Catharina de Bragança,
Raisha de Inglaterra: 301.
Antiguidades prehistoricas da Beira: 312.
AlOCNS DOCUMKNTOS para a historia da AGBICLXTURA E da NA-
VEGAÇÃO: 314.
FiBULA transtagana: 320.
Museu do patriakchado : 322.
Dolmens no concelho de Murça: 335.
O Santuário de Terena: 3í8.
Catalogo dos pergaminhos existentes no archivo da Insigxe
E Real Colleoiada de &uiharIes; 344.
Contos para contar: 358.
O castello de Braga: 375.
AcquisiçOes do Museu Ethnologico Português : 379.
Onouastico medieval português: 383.
MiSCELLANEa: 396.
BiBLinGRAPHiA: 405.
Registo bioliograpuico das permutas: 407.
Este fascículo vae Ulustrado com 30 estíUDpas.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ARCHEOLOGO PORTUGUÊS
COLLECgiO ILLUSTRADÍ DE lATERIAES E HOTICliS
MUSEU ETHNOLOGICO PORTUGUÊS
VOL. X OUTUBRO A DEZEMBRO DE 190B N." 10 A 19
Os Grovios
Entre os povos que noB tempos protobistorícos habitaram o NE,
da Ibéria contam-ee os «Groviosi, mencionados nas obras de Pom-
ponío Mela (meados do sec. i da E. C), Plínio o Antigo (23--f 79 da
E. C), Silio Itálico (25-i- 101 da E. C.) e Ptolemeu (princípios do
sec. II da E. C).
De todos estes AÃ. o qne dá noticias miús minueiosas é Mela. EKz
elle que os Grovii se estendiam pelo território que vai desde o Diiriu»
tDonro» até o primeiro dos,^e;cus que elle assinala ao longo da costa
gallega, a partir d'aqneUc rio, e no qual desagoam os rios Laerot ou
Iterou «Lerez» e UUa «Ulla». Todavia apenas diz que nesse terri-
tório corriam os rios Avus lAven, Celadui tCavadò>, NaebÍ8 «Neiva»,
Lhnia cLima* e Minius tMiaho*'. Na concepção geographica de Pom-
ponio Mela, os Grovios occupavam conseguintemente, pelo menos, parte
das regiSes que depois se denominaram Galliza e Entre-Douro-
e-Minho.
Para Plinio, que é um pouco menos antigo que Mela, os Grovios
estendiam-se também até alem do rio Minho. Numa enumeração ethno-
graphica que elle faz, do Norte para o Sul, menciona os Grovios antes
do castello de Tifãe: a CilenU conventus Btticarum, Helleni, Grovi,
' Mela, III, I, ao enumerar os tíos, colloca ÍDexactameQte o Limia depois
do Mimu», ao paoBO que todos ob outros oa colloca na. snccessSo natural, do Sul
paia o Norte: Avut, Celadu», Naebit, Minius et eui oblivúmit cognomen eM Limia.
Fei iato, nlo por Crro, oias por ter de juntar nm epitheto a lAmia ('cui oblivionia
cognomen eati), e ficar poia melhor no fim a menção do rio, parn so arredondar
oratoríamente o período. Se elle adoptaaae a ordem natural, a escrevesse Minins
depois de Limia e da fraae qac lhe está adjunta, o período nSo eeris tSo eonoro.
byCOO^^IC
288 O Aecheologo PoaTuôuÉs
castellum 7\/ãe, isto ê: <a partir dos Cilenos fica o convento joriâico
dos Bracaros, com os Helenos, os Grovios e o castello de Tuy»*.
Quanto a Ftolemen, este autor, depois de citar os Bracaros, ramo
dos Call^cos, e antes de citar os Vacceus, cita vagamente ama serie
de povos, nm dos quaes é o dos rpcuíbw', isto é, GrOviobch, gene-
tivo de Gkovii ^ Tfoòioi.
Silío Itálico diz qae os Grovios, nome qae elle altera em Gravii
tGravios*, ãcavam para lá do rio Limia «Limai^ A aJteraçXo do
nome provém de Silio suppor falsamente que os Grovios provém dos
Graios ou Graii «Gregos»*. Todavia, como refere que entre as tropas
reunidas por Haunibal contra os Romanos iam os Oraeii (lede Grovií)
mandados pela cidade de Tuy", vê-ee que elle atttibue também a este
povo, como era natural, territórios na Galliza.
Curioso é notar que na toponímia moderna, tanto do Entre-Donro-
e-Minho e da Beira como da G&iliza, ha uma serie de nomes qae,
segundo todas as apparencias, se relacionam etjmologicameute com
o nome ethnico OROVlt. £i-los:
Gróvia, nome de uma povoação (S. JoSo) na freguesia de Labrnja,
concelho de Fonte-de-Lima, e de um sitio na freguesia
de Linhares, concelho de Paredes- de-Coura;
Grobia e Grobea, nomes de povoagSes ua província gallega da
Corunha;
Groiva, nome de uma herdade no concelho de Fafe;
Qróvos, nome de uma povoação no concelho de Amares;
Grova, nome de povoaçSes nos concelhos dos Arcos, de Melgaço,
de Amares (duas), de Povoa-de -Lanhoso, do Marco-de-
Canaveses e de Santo Tirso, e na província gallega de
Orense; e nome de uma leira na freguesia da Arosa,
* NaL Hút; iT, 112.
' GMffrapkia, II, 6, 44.
' , . super Graviot luoentii volvit harenaê. Vide Punieorum lib. i, t. 23i>.
* . . Graviot viotalo mnaine Graium. Vide Punieorum líb. iii, 336,— Cf. Plínio,
Nat. Bití., IV, 112 (•Graecorum sobolis oiniiia>).
* Oeneae miscre domua Âetolaqae Tydt.
Vide Punicormn lib. tii, v. 377.— Silio Itálico attribue a l^de urigem gre^,
baseado ua fortuita semelhança phonetica qne existe entre Tyde on Tuãr., nome
local, isto é, •Tuja (cfr. HUbner, Mon. Ung. fber., Índice, s.v.) e Tt/dau, filho de
Oeneue e pae de Diontédeê, rei da Aetolia. — Sobre esta &ln noçto cfr. BdigiSt*
da Luritania, n. 56.
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o ÂBCHEOLOGO PORTDOtlAs
ooDoeLho de ÕnimarJles, de um casal uo coocelho de
Melgaço, de uma quinta ou habitaçíLo no concelho de
SinfSes, e de um BÍtío no logar de Albergaria, freguesia
de S. João de Sá, concelho de Monção (ha também no
concelho de HonçXo pessoas com este appellido, o qual
tem evidentemente origem geographioa) ;
Groba, nome de povoações nas proviacias gallegas da Corunha
e Orense;
Grovas, nome d6 povoaçSes nos concelhos deVianna do Castello
e Felgueiras, e na província gallega de Orense ;
Orobas, nome de povoações nas províncias gallegas de Ponteve-
dra e Corunha;
Qrove, nome de poToaç3es no concelho de Valença, e na província
gallega de Pontevedra ',■
Qrobe, nome de povoaçSes nas províncias gallegas da Corunha e
Lugo;
Groves, nome de mna povoaçAo na provinda gallega de Ponte-
vedra.
Com aspecto de diminutivo temos:
Grovellas, nome de uma povoação no concelho de Ponte-da- Barca,
e, com a pronuncia de Gorvellas ^sto é, gurv-), nome
de um sitio na freguesia de Formariz, concelho de Pa-
redes de Coura.
Notarei que em gsWego alterna na escrita v com b; por isso os
nomes que ha pouco representei com b, segundo a maneira como os
a<^ei escritos, podiam também representar-se com v^ de acordo com
a graphia dos nomes portugueses que lhes correspondem. Por outro
lado, como no português interamnense e beirão o ti soa, ou pode soar,
5, também eu nSo erraria se escrevesse com b, i maneira gallega,
todos os nomes portugueses citados acima*.
Quando digo que ha razSes para crer que os nomes modernos se
relacionam com os antigos, não quero affirmar que todos aqnelles pro-
1 Conata-me qae em vec de Grove (Valouça) se diz também Gróvia.
> As minhas fontM de iufbrmaçSo foram: p&ra a toponjmia portuguesa, pría-
dpalmente a Chorograpkia moderna do reino de Portugal, de J. M. B&tÍBtii,Tol.Ti,
Lisboa 1878 (digo príndpalmeatt, porque algnns nomes outí-ob eo próprio pro-
DOnciar, e ootros devo-os á indicaçlo de pessoas fidedignas) ; para a topoaymia
gallega as segaintes obras : NomaiekUor de Galieia, por D. Emílio Flatas y Borde,
lia CotQua 1873, e Dioe. gtogr. y pottal de Etpaha, pablicado por la DirecciÓD
General d« Correos y Telégrafos, Madrid 1880.
byGoot^lc
290 O Abcheologo Pohtuqdês
Venham ítnmediatamente de Grovii, pois os nomes modernos apre-
sentam quatro typos, abstraíiindo dos snppostos pluraes, do demÍQDtivo
e das variantes phonetico-orthographicas : Gróoia (e Groioa), Gfrova,
Grove e Gr ovos.
Sem dúvida as fórmas minhotas Orovia e Groiva podem explicar-
se pelo feminino singular de Qrovii, isto é, por Grovia, fónoa b&>
mophona cora a primeira d'aqtielias, e que realmente apparece como
nome de mulher numa inscripçSo galleco-romana '. Qaanto aos ontros,
isto é, a Grova, Grove, e Grovos, posto que, com algnm esforço, fosse
' Corp. InKT. Lai., ii, 2550. — CouTein prevenir uma objecf&o. Pôde pergon-
tar-ae potqne é qae devendo, nama eipIicaçSo etimológica, reparar-oe ee eU«
obedece od oSo ia leis pboneticaB, nos apparece a forma Orória, qnando temos,
a par, Groiva, o na liogua commuin temos noiva, do lat. *DOTÍa (deriv- de
novos), e goiva, do lat. gubia.
A resposta £ fácil- Grávia é do Alto-Minho, e nesta regiSo, em certas loca-
lidades, o fallar portnguès apresenta algons caracteres qae sSo eonamoiiB ao g»l-
lego. Assim, no coocelbo de Coura, vizinho do de Ponte-de-Lima, a que pertence
Qrávia, ouvi dizer:
mito ou ruflo (a par do mtt», ou com b), como em gallego moderno nábio,
ant. rucio, que vem na Crónica Troiana, texto do sec. xiv, publicado por Hat-
tÍDCz Salaiar, t. n, La ComBa 1900, glossário;
chuhia ou ckuvia (a par de chuva, ou com 6), como em gallego modem» eili»-
bia, ant. chtvia, ehuvea e chovea, que vem na citada Crónica Troiana;
rabia on rávia (a par de ratva, ou com b), que creio ee encontra também na
expressão gatlega ariol d-a rabia, citada por Valladaiea y NoSez no Dieàmuirio
gaUego-catt., Santiago 1884, p. 479.
No próprio concelho de Ponte-de-Lima se diz chtAia ou ehuoia, que contrasta
com ehuiva (are. e pop. noutras regiões) e cAum.' vid. os meus Dialecto» Inte-
ramnente», iv, 8. Na linguagem de outros concelhos do Alto-Hinho se encontra
também ; rabiar, em Melgaço, e chabia em Soi^o, como mostrei nos Diaieeto*
Inttrammnetê, ii, 11, e ii, 18.
8e estes &ctos do fallar alto-minhoto concordam com os que se observam em
gallego, temos no portnguSs commum factos discordantes dos qae se observam
aqui: port. goiva, gall. gubia; port. Loivo e Loivoã (nomes geograpfaicos, talvez
derivados do lat. loba ou *Iobus = gr. XoSic), gall. Lobio e IjAio»,
De tudo resulta que o dltongo crescente ia se mautem no fallar gallego,
e tem ignalmente tendência a manter-ae ao fallar alto-minhoto, ao passo que no
baiio-mínhoto e no fallar commum ou litterario, que tanta influencia exerce nas
linguagens provincianas, esse ditongo »e desfiu, paasando o í a formar ditongo
decrescente com a vogal tónica anterior; isto é: vog. ton. -j-cons. 4'ú>dit,
de Bubjnnctiva t -|- cons. -{- a, por ei. rávia > raiva.
Por tanto comprehende-se que no Alto-Minho (em Pont«-de-l4ma e Coura)
se diga Qrávia, e qae no Baixo-Minho (em Fafe) se diga Groiva.
Mesmo que no Alto-Minho nos apparecesee ama fótma sem ditongo crescente,
isso uSo seria estranho, em virtude da acçBo, que acima notei, da língoa coita.
Em tal caso estaria *GroiveUa», de que fállo mús adeante.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo Pobtdgués 291
ainda possível reduzi-los phoneticamente a Grovii, nSo tentarei isso,
o prefiro dizer que elles provém do mesmo radical de que provém
Grovii, que tem apparencia adjectival (sing. masc. Grovius, fsm,
Grrovia, pi. masc. Grovii).
O facto de haver Grovaa e Qrovea a par de Grova e Qrove faz crer
que as duas primeiras formas são meros pluraes das duas ultimas; por
outro lado a forma Grovos presuppSe o sing. *Grovo, que estaria para
GVotwj na relação de masculino para feminino. Da QrovdlaB de Ponte-
da-Barca ha a forma antiga Grouvelas, do sec. xiu, que se lê três
vezes nas Inquirirdes de D. Affonso II', a par de Grovdaa, que ahi
se lê uma vez^; se nSo ha erro de transcrípçSo, e parece não o haver,
por isso que a palavra se repete três vezes, Grouvelaa, isto é, Grou-
vellas, está por *Grotvellag (com a conhecida equivalência antre oi e
ou, como em Doiro < > Douro, do ant. Dorius=Durius}, e ^Grm-
vellas é deminutivo de Groiva ou Groivas; se ha erro, e Grovelas, isto
é, GfroveUoê, é a forma legitima, esta é deminutivo de Grova ou Grovaa.
Mas o mais provável é que Grouvelat seja forma anterior a Grovdas,
posto que eu julgue insólita, no fallar do Minho, a substituição do di-
tongo ou, embora antes de v (< > i), por o*.
Tanto esta variedade de nomes, como a sua área geographica e as
differenças grammaticaes de número (singular e plural) e os deminu-
tivos, mostram que a palavra fundamental era na origem substantivo
commum; pena é que não se suba a sua significação.
Se por um lado o nosso espirito se compraz de observar como do
nome de um povo, que viveu em eras remotas no Noroeste da Lusitânia
e cuja existência nos é apenas revelada por algumas noticias respigadas
em emmaranhados textos de autores greco-romanos, resta ainda, em
virtude da tenacidade da tradição, um eco tão vivaz no onomástico mo-
' Port. Moa. Hial., •Inquiaitiones*, pp. 37, 117 e 335. Segando as Inquiri-
ções, Grouvda» âcava na terra de Ãnovrf.ga ou Anobrega, a que boje correspon-
dem varias freguesias dos concelhos de Ponte-da- Barca eVilIa- Verde: TJd- Port.
Mon. Sitl., alaquisitiones», p. 279 ; por isso é que digo que a Grocelltu de Ponte-
da-Barca é a mesma das Inquirições.
* Port. Moa. Hitt., ■Inquiaitionesa, p. 188.
í Talvez GrovtUoê tenha <Je se explicar, ii9o propriamente por alteraçilo
phonetica de QrouveUa», mas de modo independente. Assim como na lingoa usual
coexistiam Groiva ^ *Grouva, e Grova, ttunhem aqaelle deminntivo foi ora com
o« >E oi, ora com o, — isto é GrouceUaa = «Groiveiia», c Grovetiat.
byGoot^lc
292 O ÃBCHEOLOOO POBTUODÊS
demo, — por outro lado ficamos comprebendeudo porque é qoe, tanto
qaanto pude averiguar, os nomes modernos de que se frata spparecem
unicamente na Galliza, no Entr«-Douro-e-Minho e na parte da Beira
(Siniães) que confina com o Douro.
Já Isaac Voss, nas suas Obtervationet aã Pomponium Melam notou
de passagem que o nome Grovii «remanet . . hodie in insula et pro-
muntorio ad ostíum Ullae fiiiminís sito, Orove enim vocatnn*, ideia
apresentada também por Cortês y López no sen Dice. geogr.-hiat. de
la Esparla antigua*; mas nenhum d'estes AÃ. levou mais longe a com-
paração, nem a estendeu, como fiz, por outras regiífes da Galliza e pelo
Norte de Portugal, mostrando que com o território attribuido pelos
Qregos e Romanos aos Grovii coincide pouco mais ou menos, ainda
agora, a área occupada pelos vocábulos tópicos Gnmos, Grvvia e con-
géneres, como se vê nos dois mappas que junto aqtii (est. i e n).
Fica implicitamente, nas linhas precedentes, confirmado mtús ama
vez ' que Gravii é grapbia errónea, e que a única verdadeira é Grovii.
J. L. DE V.
Torre de Qnlntella
A 5 kilometros de Villa Real, ao sudoeste, na povoaçío de Quin-
tella, ba nma antiga torre de que se encontram noticias no Portugal
antigo e moderno, de Pinho Leal, copiadas em vários jomaes, com
considerações, cujo valor histórico não sabemos qual seja.
Ultimamente tivemos em nosso poder um tombo com os prazos,
que eram muitos, dentro do districto e fora d'elle, e obtivemos do nosso
bom amigo, e photographo distincto, António Lopes Martins, uma pho-
tographia da torre, a qual acompanha este artigo.
Em que época foi construida a torre?
A quem pertenceu antes do sec. svu? Nada se deprehende do
tombo.
Escrito numa calligrapbia pouco facil de decifrar, diz-nos que aos
27 de Junho de 1695 houve uma reforma do tombo, em que figura
como jiúz do tombo o corregedor Dr. Gaspar de Macedo da Cunha, e,
como escrivão do publico e honra de Ovelha, Manoel Cerqueira.
' PompoDÍi Mela De ritu orbit, vol, ii, Lugduni Batavorum 1748, p. 78&
I 'dei nontbre Oraviot se ha derivado él dei promontório y paeblo de Qrove*
(na Galliza). Vol. iii, Madrid 1836, p. 23.— Eete A. adopta a errada Ijf 9o GravH
> Cf. IlvligiSe» da. lamtania, n, 74, n. j.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
Di„i„«b,Googlc
Áreu geographica doa Gbotii, HCgiindo sb iadicaçSes
dos ÃA. greco-romiuioB
Dig,l,z.cbyG0O^^IC
Área geographicft das palavras Gròvia, Gruva, Qroae, Groeos
e congéneres
A nuv pcrti-D^vm A» povofif ^i
D,.i,„ob,Googlc
Di„i„«b,Googlc
o ÃRCHEOLOGO FOBTUODÊS
No tempo em que se fez a reforma do tombo estavam de po3s(
foros pertencentes á torre Pedro Carvalho e sua mnlher Francisca
reia da Uesqnita, e anteriormente a elles D. Simão Correia e saa
Iher D. Luisa Silva. No reinado de Filipe II os prazos da torre fi
possuídos, depois de confiscadas, por D. João de Portugal, bisp
Guarda.
Na reforma do tombo figura, como senhor do morgado, o c
do Vimioso D. Francisco de Portugal, sobrinho da condessa D. M
Margarida de Castro e Albuquerque, sua tia tutora e administra
na sua menoridade.
No frontispício do tombo encontra-se :
TONBO
DO MORGADO DA TORRE DE QVINTELA
SICTA NO TERMO DE V* RIAL
DE QVE HE DIREITO SENHOR
O CONDE DO VIMIOSO
DON FRANCISCO DE PORTVGAL
Por baixo fignra-se uma torre mal desenhada, com uma oli^
de grandeza mediana no telhado.
Inferiormente & figura leem-se dez versos, repartidos em dois
po9, de cinco cada um, postos em frente um do outro; dizem as:
Junto a Villa Bial Dita torre de Quintella
Se vS hiíit toTxe antiga Inda hoje toda aqaella
Q' contra gente inimiga: vesiuhança reconhece
Vez hú Conde Portugal : Dos foros o tombo hé este
Com mil foros para a qunl e desta maneira ella.
O tombo, antes de identificar centenas de prazos, descreve a t(
uma capella que existia nesse tempo e junto da mesma um tern
tltem bua Thorre forte e bem obrada de cantaria s qnoal he i
drada c tem de nassente a poente nove varas e de norte a sul se
meya. Item eíncoenta e dua^ fiadas até onde tem-has amejas e
he em redondo de ameyas e tem dos coatro cantos cada hum sua
rita e Varandas e tem mais a dita Thorre coatro Genellas cada
em sua fasse com barandas de pedra esta quadra pêra fora, nSi
pode medir a altura-della por não ter sobrados nem se poder sut
hella a vista por dentro mostrava ser antigamente de trez sobra
porqnoanto tem Gatos de Pedra metidos na parede pêra isso, tem i
byGoí>^^lc
o Archeoloqo Poktdqdês
a dita Tliorre quoatro friestas por baixo das ditas genellas tem hua
porta de Arco ha entrada a qtioal anttguoamente tinha hiJa escada
de pedra por que se sobia e disse Pedro Caraalho que qiioando com-
prara as propriedades desta quinta de qutotella a Guaspar de Seixas
de Afoiíseca ia hera desfeita a dita escada por Guaspar de Seixas ba
desfazer eseaproaeitar da dita pedra; esta Thorre be cabessa de mor-
gado e como tal perteDSse insolidum e he liure de Dom Fraocisco de
Portugal possuidor do dito morgado e dos mais que lhe suecederem
como vay declarado do auto de Reconhecimento atras £ do mesmo
modo he tSo hem linre insolidu do dito Conde a Capella da invocação
de Santa Maria Magdallena que he a que sesegue. Item bua capella
de invocação de Santa Maria Magdallena que tem de comprido de nas-
sente a poente cinco varas e de larguo de norte a sul coatro varas
esta dita capella de dentro da dita quinta tem bua sella para dentro
para a parte do sul. Item um terreyro aporta da capella que fica entre
a capella e tborre e tem de comprido de nassente a poente vinte e
sínco varas e de larguo de norte a sul dose varas, parte do nascente
com o caminho que vay para a freguezia (?) de Quintella e do poente
com outro caminho e do sul com o portal antiguo da mesma qnintat.
A torre com os respectivos foros pertence actualmente a Joaquim
Dinis da Costa, da Pena, concelho de Villa Real, que a comprou a José
Guedes Pereira de Castro Alcoforado e sua mulher D. Margarida Cân-
dida Pereira de MagalbSes, da freguesia de S. Miguel de Lobrígos.
Se nSo estlhi as snas paredes em perfeito estado de conservação,
por apresentar a face voltada para o norte duas fendas que a cortam
de alto a baixo, não ameaça mina immediata, porque a solidez das
paredes é grande, em razSo da sua largura e da maneira como estSo
travadas umas com as outras as pedras.
Nas vigias das quatro faces ha falta de ameias em alguns dos pa-
rapeitos das mesmas, o que se vê bem na pbotograpbia.
O telhado é que está em muito mau estado, para o que nlo con-
correu pouco a oliveira a que a cima vimos allude o desenho, a qual
nasceu, cresceu e acabou ba poucos annos ainda, sustentando-se á casta
d'elle.
A destruiçSo d'este monumento arcbeologico, que a Camará Mu-
nicipal de Villa Real devia comprar e tratar de conservar, esteve por
pouco a ser levada a effeito ba dois annos.
O novo possuidor vendia por 1005000 réis, a wm pedreiro, a velha
torre.
Este nSo realizou a compra, por ver grandes difficuldades no apea-
mento das pedras, sem grandes despesas, attendendo-se á altura d'ella,
byGoí>^^lc
bvGooglc
Di„i„«b,Googlc
o ÃSCHEOLOQO POBTUQDÊS 295
que se páde calcular sem erro notarei em 30 metros. Da capella des-
uríta no tombo, com a invocaçSo de Santa Mana Magdaleua, nada
existe já. Foi desfeita ha annos e arrematados os materiaes, uma tri-
buna de boa talha e os santos, por um proprietário de Villa Marim
chamado António Fmctuoso Dias. Duas columnas de madeira muito
bem douradas e ornamentadas foram compradas pelo meu amigo Sera-
fim das Neves, muito distincto professor da Escola Industrial de Víanna
do Castello, o qual com ellas foi aumentar & sua grande e ^'aliosa col-
lecçSo de antiguidades.
ParroehU Sanete Marte de Ferra de Coitantl
■Incipit Parrochia Sancta Maria de Feyra de Constauti
Donus Vivas tabellon de Panonijs, Juratus et interrogatus dixit. .
E( audivit dicere hominibus qui sciebant quod turrís que stat
in quintella Conpezada (?) et unam peciam de ipsis casis et de ipsa
quíntana contra fundum que stant ín fiegalengum. Et ita audivit quod
oanpam quod Jacet sub ipsa quintana quod fecit Regalengum Regis.
Et modo habent totum iatud Regalengum filij donni et nepoti Elvira
Vallasquiz et Ordo hospital et non faduot inde fórum Reg^i.
.Invo e Avo e Birro» e Cbumu, oto., na eri do IMO, fl. !8ã |fj|.
Henrique Botelho.
Beglmentos das marcas da moeda nas oldades
de Miranda e Lagos
O» documentos que publico adeante acaram deeconhecidoit a Teixeira de
Aragão, qne nem sequer os cita no sea monumental trabalho sobre as moedas
portuguesas.
K&o são documestos de alta importância os agora extrahidoa de um códice
do Archivo Nacional, mas sempre serfio estimados j>elos investigadores das duas
cidades coUocadas no estremo norte e no extremo aul de Portugal, por lhes offe-
recerem peqnenaa pedras para a ediãca^So da historia regional, a única qne
pode interestiar os habitantes mraes e os daa pequenas povoaçOes. Para os nu-
mismatas o valor, que estes documentos poderio ter, ó medíocre, porque já
d'elle8 tinham conhecimento em traços geraes nas leis ; aó o mecanismo do pro-
cesso segnido na oontra-marca lhes poderá prender um pouco a attençSo.
Pkdko a. de Akztedu.
byGOí>^^IC
o Abcheologo Fobtdodêb
Ke^meiíta dâ mirea du paUcu e mw pataesi qa« ka ie aner
Dâ AlfaodcKa da ci4a4« d« Mlraada
Dom AfTonso por graça de Deos, Eey de Portugal e doa Ãlgarnes
daqaem e dalém mar em Africa, Senhor de Q-iiiné, ettc. Faço saber
aos que este Regimento uirem que eu fay s«riiÍdo mandar leuantar
nestes meus Reyaos uinte e sinco por cento no ualor extrínsico a moeda,
ficando os uinte para as despesas da guerra, e os siaco para os donos
do dinlieyro para o que mandey signalar tempo conueníente por Al-
uaraz meus'; que já be acabado; E porque as patacas e meãs patacas
nâo podem ter certa limitação por ser moeda que uem de fora, e a
todo o tempo se deue marcar para terem as patacas o ualor de seis-
centos reis, e as meãs de trezentos reis que lhe mandey dar; fuy ser-
uido resoluer que em todas as alfandegas dos portos secos deste Reyno
se marcacem sempre; e para se poder executar esta resoluçSo; mando
ao Juiz da Alfandega da Cidade de Miranda que guarde, e faça guardar
o disposto neste Regimento na forma que nelle se coutem e que sirtis
de superintendente da mesma na forma seguinte:
Oap. 1.'
Primeiramente receberá os ferros da marca, que se bílo de remeter
da Caza da moeda desta Cidade; os quais entregará a hum offidal
daquella alfandega, que mais fidedigno lhe parecer; e este seruirá de
fiel, e os contará prezente o Juiz, o Recebedor da mesma Alfandega
e o escriíião de sua Receyta, e os meterá em bua arca de trcs chaues,
de que terá hua o Juiz, outra o Recebedor, e outra o Fiel.
Oap. 2."
Tanto que qualquer pessoa leuar a marcar as patacas ou meãs
patacas, as contará o Recebedor prezeute a parte que as der, e o es-
criuáo de sua receyta ; e podendo marcarse logo se marcarão por esta
maneira.
Oap. 3.*
Abrirá o dito Fiel a cayxa e tirará os ferros necessários e os le-
uará a hum emnhador (que também buscará o Juiz) e lhe entregará
os ferros e o dinheyro por conta, o qual marcará logo o crunhador
> Deve talvez ser a Iei de 22 de Março de 1663, publicada por Teiíeira
de Aragão, Descripção Geral, ii, 299.
byGoot^lc
o Archeolooo Português 297
prezente o Fiel em hSa caza, que para isso auerá ceparada, em que
nKo entre mais outra algua pessoa; e marcado o tornará a entregar
ao Recebedor, e meterá os ferros na cayxa, e o Kecebedor entregará
á parte o principal, e os ananços qne lhe tocarem a rezão de sinco
por cento, e os que ficarem a minha fazenda lhe carregará logo em
receyta o escriaão do seu cargo em hum liuro ceparado em que se não
fará carga de outro recebimento.
Oap. 4."
E sendo cazo que o dinheyro se nSo possa marcar em hua manham,
ou em hum dia; o fiel, tanto que o crunhador acabar o trabalho da
manham leuará os ferros que fechará na arca, e as horas conuenièntes
da tarde lhos tornará a entregar, e os recolherá á noyte na mesma
forma estando sempre prezente em quanto marcar o crunhador.
Cap. 6.»
NSo podendo as partes ieuar logo o sen dinheiro e ficando de hum
para outro dia, tomará em hum canhenho de fora o escríuXo da Re-
ceyta do Recebedor o dinheiro que cada pessoa lhe entregar, e a cada
hSa dará escrito do que den e do que montão os anansos que lhe to-
oão, e pello dito escrito se dará a cada hum o que lhe couber, rom-
pendose o tal escrito, e logo fará o dito escriuSo receyta ao Recebedor
do que couber a mynha fazenda.
Oap. 6.»
Haucrá o Crunhador quatro centos réis de cellario por conto de
reis que marcar, que lhe pagará o Recebedor do procedido da marca,
que ficar para mynha fazenda e com certidão do Juiz de que conste
quanto uenceu ao dito respeyto, e conhecimento do Crunhador feyto
pello escriuSo da receyta do Recebedor se lhe leuará em conta o que
assy pagar.
Cap. 7.'
Quando as partes entregarem o dinheiro para a marca se uerá
com toda a atenção prezentes ellas, e achando-se que nem algum falço
se cortará, e se dará cortado a seu dono.
Oap. 8.«
Não se marcarão patacas, nem meãs patacas do rosário, nem as
míús que estão probibidas por meus Aluaraz; e só se porá a marca
nas Mexicanas, seuilhanas, sagonianas, e de duas colunas que são as
que onue por bem correcem nestes meus Reinos.
byGoot^lc
o Akcheolooo Pobtuguês
Oap. B.'
) Recebedor não despenderá o procedido da marca se nSo por
QS por my assiaadiís, cobrando conhecimentos em forma ao pé
s da pessoa ou pessoas a. que fizer as entregas sendo Tbezouretros,
izarifes, ou Recebedores; e não o sendo cobrará conhecimentos
3 íejlos pello Escríuão de sua receyta, e por híja e ontra couza
le leuará em despesa o que assy entregar.
Cap. IO."
rindo o Recebedor dar conta nos contos de seu recebimento a. dará
>em cflparada deste da marca, com rellaçâo jurada, para o que
i a copia deste Regimento assinada pello Juiz; os Liuros com as
ssas feytas; e os papeis da despeza. E este dito Regimento fícará
elia alfandega para se gouernar o Recebedor que seruir em quanto
der a dita conta; porquanto a marca em nenbum tempo ha de
r.
Cap. Il.°
le tiuer algum dinheiro em seu poder procedido dos auanços da
■A quando uier a dar sua conta, o trará comsigo, e dará conta no
iellio de mynha fazenda, declarando a quantia, para lhe ordenar
lem dene entregalo, e lhe dar conhecimento em forma para sua
Oap. 12.°
iendo cazo que na marca se quebre algum dinheiro o trará também
ligo quando uier dar a dita conta com certidão do Juiz feyta pello
uão de sua receyta em que declare quanto he, e em que moeda,
rá conta no mesmo Conselho para se lhe ordenar a que pessoa
ue dar a qual lhe dará conhecimento em forma para sua despesa.
Oap. IS."
Tanto que alguns ferros se quebrarem, ou amassarem de modo que
possão seruir, o Juiz da Alfandega os remeterá á caza da moeda
i cidade em hum saco lacrado com certidão de quantos são para
muiarem outros, e fará isto de modo que não pare a marca por
de ferros.
C portanto mande ettc. Manoel Guedes Pereira o fez escrever. Eey.
[Arcr-iK .Vodonol. TOID. VIll E dm vniín n.> 18, d> Llmrim, p. SIS).
byGOí>^^IC
o ÃBCHEOLUGO FOSTUQUÊS
Instmeçlv para a Cua em qae se bio de marear as moedas de «aro
Da etdade de Iiagoi, Belno do Algarae
Dom Affonso por grftça de Deus Rey de Portitgal dos Algarnes
daquem e dalém mar em Africa Senhor de Guine, ettc. Faço saber aos
que esta iostrucçSo virem qne tendo respeito a estarem as moedas
de ouro mais baixas que as da prata e por essa causa as leuarem para
fora do Reyno com grande danno de meus vassalos e querendo ata-
lhar este prejuízo fui seruido mandar por aluara de 12 de abril deste
prezente anno' que as moedas de ouro que oie correm no valor ex-
trínseco por quatro mil reis subSo a quatro mil e quatrocentos e as
meyas moedas e quartos ao respeito para deste modo terem igualdade
com as da prata e que para esse effeito se lhes pozesse marca do dito
valor ficando decrecimento hum tostSo para os donos das moedas e três
para minha fazenda. E porquanto será impossiuel virem todas do Reyuo
á Caza da moeda desta Cidade sem grande detrimento de meus vas-
salos e querendo lhe euitar esta moléstia fui seruido resoluer que na
cidade de Lagos Reino do Algarve se abra caza de marca em que
se guardará o disposto nesta instnicção e no aluará pela maneira se*
gninte :
Hauerá na dita Caza hum superintendente a cujo cargo estará
a marca e suas dependências, e os ofliciaes delia lhe obedecerão e
guardarão suas ordens como pessoa que sobre elles ha de ter toda
a, JnrisdicçSo no tocante a eate negocio somente.
Fará o dito superintendente que a caza da marca se abra todos
oa dias as sete horas da manham e se feche as onze e as duas e meya
de tarde e se fechará as cinco e meya.
Tanto que as partes leuarem as moedas se contarão e maroarXo
pelo modo que ao diante se dispõem e se entregarão logo as partes
de modo que as que se leuarem de manham e tarde se lhes entreguem
marcadas na mesma tarde e manham com o auanço que lhes toca de
tostão por cada moeda e os três que pertencem a minha fazenda fi-
carão togo na mão do Thezoureiro.
Hauera na dita caza hum EscriuSo o qual terá em sen poder o Li-
vro da Receita rubricado pelo superintendente e hum canhenho tam-
bém rubricado por clle os quais terá fechados de sua mão em parte
segura.
• Publicado por Teixeira de AtagSo, Daeripçãa Geral, ii, 801.
byGoot^lc
300 O Abcheolocio Pobtugcês
Assi como as partes leuarem as moedas o Tbesoureiro ss contará
prezente o Escríuão para dar fe da quantia e o díto- eseriulo as lan-
çará no canhenho refferído, declarando quantas sito e depois de lança-
das se entregarão por conta ao fiel da caza que será pessoa á satís-
façSo do thezoureíro e o ditto fiel as leuará á caza aonde se marcarein
e as entregara ao Crunhador tomando as cUe fiel em Lembrança em
outro canhenho que para isso terá rubricado também pelo dito super-
intendente.
Todas as tardes depois de acabadas as horas que por esta instruc-
çSo signalo para se receberem e entregarem as moedas as partes
o EacríuSo da dita Caza em prezeuca do superintendente e Tbesou-
reiro uerá pelo Crunho quantas moedas entrarão oaquelle dia e quanto
montão os auanços para minha fazenda e os carregara em receita
sobre o Tbezonreiro na forma seguinte ([ Carrego aqui em receita
sobre o Tbezonreiro na forma seguinte ([ Carrego aqui em receita
sobre o Thezoureiro desta caza fulano tantos mil reis procedidos de
tantas moedas que se marcarão nesta Caza a razZo de 300 reis cada
bua ^ Aduirtindo que dentro no assento da receita ha de por a quan-
tia em letra a sair cm margem per garismo («íc).
Hauerá na dita caza hum Thezoureiro sobre quem hSo de carregar
os Auanços que ficarem para minha fazenda, o qual finda a marca
será obrigado a vir dar conta nos Contos do Reino e Caza de seu
recebimento com relação jurada e lhe signalo dous mezes depois de
acabada a marca para por seus papeis correntes.
Todo o rendimento que couber a minha fazenda da dita marca irá
remettendo a entregar ao Juis e Tbesoureiro da caza da moeda desta
cidade assi como for caindo sem nisso hauer dilaçSo de quem cobrará
conhecimentos em forma para sua conta e não poderá fazer outra en-
trega algua por ordem ou deoreto meu sem particular derogaçSo de
outro Decreto de 26 de Abril deste anno de que. lhe uay a copia com
esta instrução.
O dito Thezoureiro não fará despeza algua por ordem do superin-
tendente do dinheiro dos auanços mais que em papel, tinta, petuias,
e área, nos dous canhenhos e Livro de receita que se declarSo nesta
ÍDstrucçSo, e na arca em que se bSo de fechar os ferros da marca e nos
ordenados que nomeo nesta instmcção aos officiíús da Caza.
As despezas de papel, tinta, e mus couzas serão por mandados
do superintendente e certidão do escriuão de seu cargo em que decla-
ram o quanto montão a dinheiro e ae despezas que fizer dos ordenados
c solários serão também por mandados do superintendente com conhe-
cimentos da parte a quem pagar feitos pelo escriuão do seu cargo.
byGoí>^^lc
o ÃBCHEOUMIÒ FORTOOUta 301
Na caza em que se marcar uSo entrará pessoa algSa maís qae o
Cninhador e fiel e 03 ferros estu-So fecliados em hSa cíuxa de qae
terá hSa chane o superíatendeate e ontra o Escríaão, e tanto que es-
tenerem na Caza abrirSo a dita caixa dos ferros que entregarão ao fiel
o qual os leiiará ao Cranhador e acabada a marca daquella manhã
os trará outra vez ao superintendente e se fecharSo na dita caixa e a
tarde e nos mais dias se procederá na mesma forma.
Todos os sábados a tarde depois de acabada a marca corregados
os aoanços daqueile dia oouferirá o Hscriaão com o Fiel os canhenhos
em que tomarão as moedas que entrarão aquella somana para se ver
se está ajustada com a marca.
O escriuSo hanerá de ordenado por aono quarenta mil reis e o The-
soureiro por anno oincoenta mil reis e o Fiel quatrocentos reis por dia,
e o crunbador trezentos reis por dia.
E portanto mando a todas as pessoas a que o conhecimento desta
inatrucção tocar e sea direito pertencer a oumprão e guardem como
nella se conthem sem duvida ou contradicção algua posto que não seja
passada pella minha chancelearia sem embargo da \ej em contrario
que para este effeito somente derrogo e hey por derrogada como se
delia fizera expressa e declarada menção. El Rey nosso senhor o man-
dou peito Marquez Almirante de seus conselhos do Estado e guerra
e veador de sua fazenda. Manoel Diaz de Amaral a fez em Lisboa
a õ de mayo de 1668. Manuel G-uedez Pereira o fez escr6uer=0 Mar-
quez Almirante.
^ (JrcMca VMlaiial. Tora. Tm E ds mlu IS, dii Livnrii, p. U1|.
Medallias dedicadas & Infanta D. Catharina de Bra^rança,
Ralnlia de Inglaterra
Colleeçlo or^anliada por losé Lanas
A Infanta D. Catharina, filha de D. João IV, nasceu em Vilia Vi-
çosa DO dia 25 de Korembro de 1638, dia de Santa Catharina, sendo-Ihe
por isso dado este nome.
Em 1656 recebeu, por doação do rei sen pae, numerosas terras,
e, pouco tempo depois, serviu de instrumento da nossa politica, que
por essa occasião estava bastante agitada.
A conjuração de 1640 não tinha criado raízes bastante solidas para
quô o país se pudesse julgar completamente livre de nova invasSo hes-
psnhola, e a falta de forças próprias para a defesa obrigava a ir buscá-
las ao estrangeiro. Fensou-se por isso em recorrer a uma alliança, por
byCOO^^IC
302 O ÂRCHEOLÚGO PoBTDOuâa
meio do casamento d'6sta Infanta, systema muito adoptado e, em rt-
gtí, de bons effeitos naquella época.
Algumas naçSes protegiam esta alliauça, por lhes convir a deslnii-
çSo do poder da Hespanha, mas outras, e esta principalmente, trataTam
de evitar que tal se realizasse; com as suas intrigas, o ^vemo de
Madrid consaguiu desfazer alguns projectos feitos nesse sentido.
D. JoSo IV Iiavia fallecido em 6 de Novembro de 16ã6, e regia
o reino, em nome de D. AfTonso VI, a rainha D. Lnisa de G-nsmão.
Era esta uma das pessoas que mais trabalhavam na realização do ca-
samento da Infanta, por julgar que a firmeza do tbrono de seu filho
ficava assim ass^urada.
Depois de algumas tentativas mallogradas, dirigiram-se as atten-
çÕes para o rei Carlos II de Inglaterra, que acabava de sncceder ao
usurpador Cromwell. Tratou das negociações o embaixador Francisco
de Mello, que depois foi Conde da Ponte e Marquês de Sande.
Besolvido o casamento, redi^u-se um tratado entre as duas naçSes,
o qual, depois de approvado em Inglaterra pelo Conselho de Estado
e Parlamento, foÍ assinado em 23 de Junho de 1661. E^te contrato
foi para nós bastante oneroso, pois que tivemos de dar em dote á In*
fanta dois milhSeB de cruzados (800:000(Í000 réis), e Iw cidades de
Tanger e Bombaim. A Inglaterra obrígou-se a dar á sua futura rainha
uma pensão de trinta mil libras por anno, e a defender-nos em caso
de guerra'.
A 10 de Março de 1662 chegou ao porto de Lisboa uma esquadra
inglesa, de vinte navios, que trazia o Conde de Sandwich, embaixador
encarregado de conduzir a Infanta para Inglaterra.
No dia 23 de Abril, depois de ter assistido a uma missa eolemne
na Sé, embarcou D. Catharina no Terreiro do Paço, num bergantim
que a conduziu para bordo da nau fíreat Charlee, levando na sua com-
panhia multas damas e fidalgos. A esquadra só pôde sair no dia 25
por causa do tempo, que se conservou sempre mau durante toda a
viagem .
Próximo de Portsmouth o Duque de York, irmSo do rei, agnai-dava
a lufanta em outra esquadra; foi visitá-la a bordo e, pouco depois,
entraram as duas esquadras naquelle porto, fazendo-se ali o desem-
barque, no meio de estrondosas salvas de artilharia. Ao chegar a terra
teve a Infanta de ficar de cama, por causa de ama forte constipação;
■ Ob ilocumentos referentes ds ncgociaçJtes do casamento vem transcritos d
tomo IV da« Protoã da Sitiaria Gentalogica, p. 820 c eqq., o o tratado, no meBm
livro, p. 827 e sqq.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AbCHEOLOGO POETDQDfiS 303
mas d'^i a alguns dias, acbando-se um pouco melhor, piide realizar-
se a cerimonia do casamento, que se effectuou ao dia 31 de Maio
de 1662.
Para festejar este acto houve grande banquete e, em seguida, uma
z-euciSo de toda a alta nobreza, a quem o bispo de Londres, Gilberto
Sheldon, fez a apresentação official da rainha, dizendo que era aquella
a mulher com quem o rei tinha casado.
Terminada esta cerimonia, a rainha, por conselho dos médicos,
voltou novamente para a cama, por se achar ainda bastante doente.
Ali lhe foi servida a ceia; o rei, sentou-se sobre a cama de sua esposa
e também ceou, na presença das damas e ao som da musica que to-
cava num quarto próximo.
S<í a 3 de Setembro fizeram os reis a sua entrada solemne em
Londres; durante o verão couservaram-se em Hampton-Court, vivendo
em certa harmonia. Mas a paz conjugal veio depois a alterar-se bas-
tante, em consequência dos escandalosos amores de Carlos II.
Por esta época a quest&o religiosa em Inglaterra provocava graves
discórdias entre os diversos partidos, e a rainha, em vez de se conser-
var independente, quis entrar na luta, contribuindo assim para acirrar
03 animoa, já bastante exaltados.
O embaixador, Marquês de Sande, e o irlandês Belling eram os
seus auxiliares.
Com autorização do rei seu esposo enviou a este ultimo a Koma,
com uma carta para o Papa, a fím de tratar de negócios referentes
á religião. Nessa carta gabava-se a rainha de que, nos poucos meses
que residia em Londres, vira manifeatadoe effeito» que maia pareciam
mUagroao» do que naturaea. Tal era a sua interferência na questão reli-
giosa.
Este procedimento da rainha criou-lhe uma situação bastante cri-
tica: foi accusada de tomar parte numa conspiração para matar o ma-
rido e de converter o Duque de York; no parlamento cenearavam-na
por qnerer introduzir o catholicismo em Inglaterra. Yale n-lhe o marido,
que, para a salvar, teve de a defender com energia.
A 16 de Fevereiro de 1685 falleceu Carlos II, suooedeudo-lhe seu
irmão Jacques II, visto que do casamento d'aquelle com D. Catharina
não tinha havido filhos.
Pouoo tempo governou este monarcha, ultimo dos Stuarts, pois que,
logo em 1688, foi desthronado pelo príncipe de Orange, que tomou o
titnlo de Guilherme IH.
Decerto que a rainha D. Catharina não podia ser feliz continuando
a viver em Inglaterra; não tinha ali familia e, alem d'ÍBso, pela sua
byGoí>^^lc
304 O Abcheomkk) Pobtuodès
interferência na questão religiosa, tinha contra si forte corrente de
antipathia. Por isso, logo nos primairoa uinos do reinado de Gui-
lherme III, resolveu retírar-se para Lisboa, aonde chegou em 20 de
Janeiro de 1693, tendo feito a viagem por terra.
Foi muito bem recebida por seu irmío, D. Pedro II, qae a foi «»-
perar ao Lumiar.
, A principio foi a rúnha residir para o palácio de Alcântara; ha-
bitou depois vários outros e, por fim, fizon a sua residência ao palácio
da Bemposta, que eUa própria mandara construir e onde se conservou
até a morte.
Coufonne dispunha o tratado de casamento, recebeu sempre a sua
pensSo de trinta mil libras annuaes, que lhe dava o governo inglês.
Em Maio de 1704, quando D. Pedro II teve de partir para a Beira,
para combater com o exercito commandado por Berwick, foi-lhe en-
tregue a regência do reino, que novamente assumiu durante a perigosa
enfermidade de que foi atacado el-rei seu irmSo.
No dia 31 de dezembro de 1705, na idade de 67 annos, faUeceu
a rainha D. Catharina, victima de uma cólica, no sen palácio da Bon-
posta.
O seu corpo foi depositado em Belem.
Deixou testamento * no qual instituiu aniversal herdeiro a el-rei
D. Pedro II, e em uma carta determinou muitos legados*.
Muitas medalhas foram cunhadas em Ii^Iaterra p<H' occasiSo do ca-
samento da infanta-runha D. Catharina, e outras ha que lhe sXo lUtn-
sivas e que se cunharam posteriormente.
lio livro MedaUic Ulustratiotu oftke Hiatory ofGrtat Britait», etc.,
vol. I, de p. 480 a 493, vem descritas nada menos de vinte e oito.
Esta aerie ê pois bastante longa, e como as medalhas, na sua grande
miúoría, sio muito raras, é diíBcil de completar. Assim, nSo admira
que na nossa coUecçSo apenas tenhamos sete, que passamos a des-
crever, publicando-as também em photogravnra.
' Elste testamento vem transcrito naa Provat da Saloria Gt^ealogUa, to-
mo iT, p. 838 e aqq.
* Biographia mais desenvolvida da infanta D. Catfaarioa eueontra-se na J3u-
toria Qenealogica da Cata Real, tomo vii, p. 281 e aqq. É também muito interes-
sante um eiteneo artigo, publicado uo tomo ii do Archivo PiOoretco, finnado por
A. da Silva Tollio. Este artigo é acompanhado de estainpas.
byCoOglc
o Aecheoloqo P0HTUGUÊ8
Figura 1.»
Aav. — BuBto de Carlos II, i direita, com grande cabelleira, cujas
pontas veta cair sobre os hombros. Tem coroa de lottro, atada com um
laço juato da nuca. Está vestido com armadura, sobre a qual tem o
manto, qoe prende no hombro direito. Neste sitio apparece uma cabeça
de leão, c, por baixo d'esta, estão as seguintes letras: Gt, B., assinatura
do gravador George Bower. Leg. : CAROLVS II DG ■ MAG BIUT ■
FRAN ■ ET ■ HIB EEX.
Rev. — Busto de D. Cathsrina, i direita, com um peQt<
no alto da cabeça é liso, mas, atrás, fórma pequena saliei
está mettida uma coroa com cinco pootas. Comprido9'caracoes
pelo pescoço, em volta do qual está um collar de pérolas, a
orna fita.
A rainba está decotada, tendo sobre os hombros um m
se prende na frente com um broche. Leg. : ■ CATHARINA
MAG BRIT FRAN ■ ET ■ HIB ■ EEG.
Em torno do bordo tem maisaeeguinte legenda: -•:•• SIC
FINE ■ DVOS AMBIAT ■ VNVS ■ AMOR.
Esta medalha é de boa prata; pesa 52''',29; tem de diam
millimetros e de espessura 2 millimetros. Está muito bem co
e é rara.
Vem descrita no livro que ji citámos, Med. lUuatr., vol. :
n." 93.
Segundo este livro, existem três variedades d'estas medalh
meíra tem o bordo liso, a segunda é esta que descrevemos, e ;
tem outra inscripçSo no bordo '.
George Bower ou Bowers, autor d'esta medalha, foi ni
que trabalhou em Londres desde 1650. Em 1664 entrou c
vador para a casa da moeda de Londres, vindo a fallecer
on 1690. Gravou grande quantidade de medalhas durante os
de Carlos II, de Jacques II e de Guilherme III. Commemor
casamento gravou seis typoa diversos. Àssinava-ae umas vei
e outras G. B. F. (fecit), e também G. Bower F.*
■ No referido livro, na mesma pagina, d." 94. Essa inscrípção é a
HINC PROGENIEM VIRTVTE FVTVRAM EGREGIAM ET TOT
VtBIBVS OCCVPET OBBE.M.
C<Hiheeia o autor um exemplar qne tinha ORBVM em vei de ORl
t A biographia d'este gravador vem no Biographieal Dktúmary «tf
lie L. Forrer, e no livro Jíéd. lUuêtr^ tomo 11, pp. 721 e 7é6.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AacHEOLoGO Português
FigaiSk 2.'
Abv. — Busto laureado de Carlos II, i direita, de grande cabelieírs.
vestido com armadura ; sobre esfa tem um manto que, dando volta peloc
hombros, vem prender, com um nó, no bombro direito, onde se dis-
tingue uma parte da cabeça de um leXo. Leg. : CÃKOLVS - II - DEI -
G ■ MAG ■ BRI ' FRAN • ET ■ HIB ■ REX.
Rev. — Busto de T>. Catbarina, á direita, com bello penteado ador-
nado com pérolas. Dois caraooes lhe caem para nm e oatro lado du
pescoço. Tem um vestido, meio decotado, que prende no bombro di-
reito, e, por cima do vestido, está lançado artisticamente um manto.
Leg.: CATHARINA D ■ O • MAG ■ BRI ■ FRAN - ET ■ HIBER *
REGINA.
Esta medalba é de prata; pesa 41'',74; tem de diâmetro 43 mil-
limetros e de espessura 3 millimetros. Está muito bem conservada e
é rara.
Vem descrita no livro Med. lUustr., vol. I, p. 489, d.* 111, e em
Van-Loon, onde também vem estampada, no vol. u, p. 471, n.' 1.
Seguindo os commentaríos feitos pelo autor do livro Med. JUiutr.,
parece que esta medalha foi a celebrada pelo poeta Waller, que a de-
nominou iMedalha Aureai.
Os cunhos estSo no Museu Britannico. Apesar de não estar assi*
nada, é considerada como sendo obra do celebre gravador John Roet-
tier. Este habíl artista era filho de um ourives de Antuérpia. No tempo
de Carlos II entrou como gravador para a casa da moeda de Londres,
onde succedeu a Rawlíns no logar de chefe de gravadores. Em 1697
perdeu o logar, vindo a fallecer em 1703. É considerado como um dos
melhores gravadores ingleses d'aquella época. Soando o sea nome logo
abúxo dos celebres irmSos Simons. Pena é que tSo celebre gravador
n&o tivesse assinado esta medalha, como ás vezes fazia em outras.
A sua assinatura era um mooogramma fonnado pelas duas iniciaes
do seu nome J. R. (John Roettier) *.
Foi a Infanta D. Catharina maito religiosa, como dissemos, e, como
tal, tomou para sua protectora a Santa cujo nome lhe haviam dado
seus pães, por ter nascido no dia em que a igreja celebrava a sua
festa.
' Coroo o Diecionario de Forrer, já citado, ainda não chegou á lettra K, ti-
vcmoB de tioB restringir, para a biographia d'eate gravador, ás soticiae biogra-
pbicas de gravadores quo vem no livro Meã. Ill»uir.,\ol. ii, p. 7S7 e 748.
byCOO^^IC
o ÀaCHEOLOQO POBTUQUÊS 307
Esta circunstancia levou alguns gravadores a cunharem umas me-
<lalhaâ allusivas ao facto, collocando nellas a imagem de Santa Catha-
rina •.
D'e3sas temos a seguinte:
Figura 3,'
Anv, — Foi aproveitado para este lado o mesmo cunho que tinha
servido para o reverso da medalha anteriormente descrita.
Rev. — Imagem de Santa Catharina, de pé e quasi de frente, com
vestido e manto lisos, graciosamente dispostos. A mão esquerda está
apoiada nos copos de uma espada, e a direita sustenta uma palma.
Jimto dos pés, que estão descalços, está a roda quebrada que serviu
ao sen martyrio. Da direita ergue-se uma montanha, sobre a qual se
divisa uma pequena ermida; o chão é coberto de hervas, havendo á
esquerda um pequeno arbusto e um tronco velho de uma arvore.
Sobre a cabeça da Santa estão projectados raios luminosos, que
rompem por entre nuvens. Na orla, da esquerda, a leg. : PIETATE,
6 da direita: ISSIGNIS*.
Esta medalha é de prata; pesa 37^^,50; tem de diâmetro 43 miU
limetros e de espessura 3 millímetros. Está muito bem conservada e
é rara.
Vem descrita no livro Meã. lUvstr. vol. i, p. 490, n." 113; na Me-
moria das medalhas de Lopes Fernandes, n.° 18 (estampada)'; na Hitt.
Cren. da Casa Real, tomo iv, p. 491; vem também estampada neste
livro nas taboas FF.
Segundo este nltímo autor, também vem descrita no livro de John
Evelyn, A Discourse of Meãals antíent and modem, etc.,Jjondres 1697.
É provável que o autor do reverso d'esta medalha tivesse sido o mesmo
do anverso, que como dissemos foi Roettier.
Figura 4.'
Anv. — Busto laureado de Carlos II, á direita, sem vestuário e com
grande cabelleira.
< Med. IUuitr.,vo\. i, p. 490, n." 112 c 118, e p. 491, n.- 114,
í Este reverBo também foi combinado com outro anverso; vide livro c:
' Parece qae esta assim como a da HúL Gen. aio as variantes a qne noa
rrférimos na nota antecedente e que se diatiuguem, principalmente por o busto
da rainha t«r maior nnmcro de oaracoes caídos pelo pescoço.
byCoOglc
308 O ÃSCHEOLOOO POKTDQDÍS
Por bsixo do busto um monograioina formado pelas lettraa JB, as-
sinatura do gravador John Roettisr. Leg.: OÃBOLVS ■ II - D - G -
MAG - BRIT ■ FEAN • ET ■ HIB • EEX.
Rev. — Buato mnito gracioso de D. Catfaaruia, voltado á direita, com
um penteado á inglesa.
Ma parte de trás da cabeça, o cabello está atado, e dois caracoes
caem sobre as costas. Tem um vestido muito simples, com um broche
Bobre o hombro direito. Leg. : CATHEK DG MAG ■ BRIT - —
FRAN - ET ■ HIB -REGINA ■
Esta medalha é de prata; pesa 24^,29; tem de diâmetro 35 mil-
limetros e de espessura 2,5 miilimetros. Esti muito bem conservada
e é rara.
Vem descrita no livro Meã. Ulustr., vol. I, p. 489, n,* 110; na Me-
moria de Lopes Fernandes, n." 20; na Bíst. Oen. tomo iv, pp. 491—
492 e taboa FP, n." 3; emVan-Loon, tomo u, p, 471, n.*2. Segando
citam alguns d'esteB autores também vem descnta no livro, já citado,
de Evelyn.
Conforme a assinatura indica, foi gravada por John Roettier, cuja
noticia biographica já dêmos.
Esfa medalha é variante de outra que se dififerenceia pelo facto de
não ter assinatura, e de no busto da rainha nSo estarem os caracoes
caidoe.
Fiptra B.'
Anv. — Bustos conjugados de Carlos II e de D. Catbarina voltados
i direita. O d'6Ue, que está no primeiro plano, tem grande cabelleira
e o pescoço nu; o d'ella, que se vê só em parte, por estar encoberto
com o do marido, tem um leve vestuário. Leg.: ■ CAROLVS -11-
ET- CATHARINA DG MAG —BRIT FR ET HIBREX ET
REGINA.
Eev. — A direita, voltado para a esquerda, Júpiter sentado, nu da
cintura para cima, com grandes barbas e cabelleira espessa; com a
mXo esquerda, que está apoiada qa cabeça de orna águia que tem junto
de si, segara um feixe de raios. Na sna frente está Vénus, em com-
pleto estado de nudez, a quem Júpiter estende a mão direita. Sobre
as costas de Vénus está Cupido. Todas estas figuras estão entre nn-
vens, e, por cima, na orla, tem a seguinte legenda: MAIESTAS ET
AMOR.
Esta medalha é de prata; tem de diâmetro 27 miilimetros e de es-
pessura 1 millimetro nalguns pontos e 2 ndllimetros nontroS, pois que
é irregular. Pesa 7^',97 e nSo é commum.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÀSCHEOLOOO POKTnQUÊS 309
Existe nma variante d'e3ta medalha em que as figuras do reverso
estSo em posiçKes contrarias ás d'esta, ficando Júpiter á esquerda,
voltado á direita, e Venns á direita, voltada á esquerda. O anverso
é igual.
Vem descrita no livro Med. Jlluãtr., vol. i, p. 481, a." 92.
A variante vem descrita no mesmo livro, com o n." 91, e descrita
e estampada emVan-Loon, tomo ii, p. 471, n." 3.
Foi gravada, segando parece, por George Bower, de quem já fat-
iámos.
A legenda é extrahida de nps versos de Ovtdio (Metamorphoteã,
liv. II, V. 847):
Non beoe conveniDot, oec in una sede morantur
Maiestas et amor,
Flíorae.'
Anv. — Busto de Carlos II, voltado á esquerda, com grande cabel-
leíra, coroa na cabeça e traje real: arminho e rendas. Aos lados do
busto tem, da esquerda um C, e da direita um R [Carolus Rex), e, por
cima de cada uma d'eslaB letras, uma coroa real. Em baixo, na orla,
a legenda: PACE TRIVMPHANS.
Rev, — Busto de D. Catharina, voltado á esquerda, com grande
penteado caido pelas costas em forma de rolos e muito saliente no
alto da cabeça j nelle está mettida uma coroa com cinco pontas. Ã In-
fanta está decotada, e o vestido é enfeitado com renda. Na frente do
busto ha uma coroa, e na parte superior da orla a legenda: FVTVRI —
SPES.
Tanto de um lado como de outro, os bustos estão no meio de uma
cercadura ornamentada, que forma uma espécie de moldura. A medalha
tem a fíírma oval, medindo o eiso maior 32 millimetros e o menor
27. Na parte superior tem estas medalhas uma pequena argola, para
poderem ser suspensas (a da nossa já lhe caiu).
Esta medalha é de prata e pesa 4^,59. É rara e vem descrita no
livro Med. lUuãlr., vol. i, p. 483, n." 96.
Parece, segundo este livro, que estas medalhas eram vendidas nas
mas, por occasião do casameuto, e que o povo se adornava com ellaa.
SSo de trabalho bastante grosseiro.
Figura 7.'
Anv. — Bustos conjugados de Carlos 11 e de D. Catharina, vol*
tados á direita, estando o do rei no primeiro plano. O d'elle, com
byGoí>^^lc
310 O ArCHEOLOGO POBTDQUâS
o pescoço nu, tem grande cabelleíra que cae para as cosias, e está
vestida com rica armadura, com vários ornatos, entre os quaos se des-
taca, na frente, ama cabeça de leSo. Leg.: CAEOLVS - ET CATHA-
RINA REX - ET ■ REGINA.
Rev. — Occupando todo o campo, o globo terrestre, onde estSo gra-
vadas aa diversas partes em que se divide. Leg. : ^ DIPFVSVS -
IN ■ ORBE ■ BRITANNVS ■ 1670.
Esta medalha é de prata; pesa S&',27; tem de diâmetro 43 mil-
limetros e de espessura 3,5 millimetros; está bem conservada. KSo
sendo muito oommum, não deve contudo ser considerada rs^ridade; sio
conhecidas bastantes, e apparecem com frequência á venda dos mer-
cados estrangeiros. De todas as da serie é talvez esta a mais conhe-
cida em Portugal.
Vem descrita no livro Med. IUustr.,voí. i, p. 546, n."203; ena Ah-
miematica de Alexandre Leitão, a." 13. Vem descrita e estampada na
Hist. Gen., tomo IV, p. 491 e táboa F F, n.** 2; aa obra de Lopes
Fernandes, n." 19 e p. 17; e, (reproduzindo citação), na obra de Eve-
lyn, n." 131.
Esta medalha, que não está assinada, parece ser obra do gravador
Boettier, a quem já nos re&rtmoe.
Entre outras, o autor do livro MeãaUtc lUusíratíotu formãla orna
hypothese que, alem de ser muito cariosa, é perfeitamente admissível.
Diz que nesta medalha pôde eiústir uma allusão ao célebre dote que
D. Catharina levou para Inglaterra. Na verdade, parece que houve
essa intenção, pois que de um lado foram coUocados em conjugação os
bustos dos reis, que recordam assim o casamento, e do outro o globo,
com a legenda que se refere á expansão da Inglaterra. Ora o principio
da expansão da Inglaterra na índia começou pela cidade de Bombaim,
que fazia parte do referido dote ; é pois provável que na medalha se
quisesse alludir ao dote.
Uma leve observação é preciso apresentar com referencia a esta
medalha: as estampas que citámos, que vem nas obras de Lopes Fer-
nandes e na Historia Genealógica, não estão conformes com o original.
As principaes diãerenças consistem no seguinte: nas estampas as le-
tras da legenda do anverso são maiores, foi alterado o V para U e a
ultima palavra é RGG-. (abreviatura) quando no onginal está REGINA.
No reverso, alem da transformação dos V V em U U, foi substi-
tuída a palavra BRITANNVS, do original, por BRITANICUS.
Alem d'isso, coUocando a medalha em posiç&o natural para ser
observada, e comparando-a com a estampa, vê-se que neBta o globo foi
invertido em relação á legenda.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
Di„i„«b,Googlc
o tobtílojo ParwjuÈi
ESTAMPA I
- ^ "'■" ^ I
V.l s-*-
Di„i„«b,Googlc
o Archeclogo hiuigiiíj
KTAMPA II
Di„i„«b,Googlc
Di„i„«b,Googlc
o Archboloqo Portuquêb 311
Xenhnma dúvidft nos resla que estas âifferenças nXo indicam a
existência de uma variante d'estas medalhas, Lopes Fernam
guado parece, nSo viu nenhuma, e por isso teve de a mandai
da Historia Genealógica '.
D. António Caetano de Sousa, por sua vez, fallaodo de n
dalha que descreve antes d'esta, diz: lAchej-a em hum Liv
posto na lingua Ingleza. .» (é o livro de Evelyn); e ao refe
medalha de que estamos tratando, que descreve logo a segi
■Anda no dito Livro»*. Isto é, mandou também copiar » esti
referido livro, que foi feito em 1697. Ora, nesta época, e ben
que os gravadores copiavam detestavelmente tanto as moedi
as medalhas, defeito que se prolongou por muitos annos, e qi
hoje existiria se a photogravura não viesse em auxilio doB nt
tas. Julgamos pois não ser preciso dizer mais para que se
a certeza de que não existe nenhuma variante, mas simplesm
copia.
As primeiras seis medalhas que deserevemoB, como comm<
vas do casamento, deveriam ter sido cunhadas em 1662, a
que este ee realizou. A ultima, que já não commemora preci.
o mesmo facto, tem a data gravada — 1670.
Em quasi todas, o busto de Carlos 11 está voltado á direit
isso é curioso saber-se que o costume de collocar o busto de
narcha em posição contraria á do antecessor começou em In
no tempo d'e5te monarcha, sendo decretada esta ordem para a
monetária de 1663. Parece que esta ideia foi suggerida pela
aversão que Carlos II deveria ter a Cromwell, seu predecesso
isso desejaria estar como que de costas voltadas ^
Temos assim descrito as medalhas dedicadas á Infanta D
rina de Bragança, Rainha de Inglaterra, as quaes possuimos i
coUecção, tendo-nos servido de principal guia para este estudo
que por vezes citámos, Medallic lUustrationa.
Como pouco ou nada pudemos acrescentar ao que ahi se (
nosso trabalho ficaria completamente inútil se não fosse va
pelas estampas que o acompanham. E um simples catalogo íl
de uma serie de medalhas.
Junqueira, Novembro de 1905.
Arthub Lam
' Memoria deu tnedalkat, p. 16.
* SM. Gen., tomo iv, p. 491.
> The Coin ColUetor"» Manual, by H. Noel Hunjphreys, vol. ii, p. <
byGoot^lc
o ASCH£0L000 POBTDOCfiS
Antigruldades prehlstoiicas da Beira
III
Ore* d« CanalUBka
No sitio de Cairalhinha, entre as Carvallas e S. JoSo do Monte,
concelho de Nellas, ba uma vinha chamada Orca ãa CamalhinAa. Em
tempos, como o nome ainda o revela, existiu ahi nma ona ou dolmen;
o Sr. Bernardo Kodri^ues do Amaral, meu prestante ami^, que
foi quem me deu esta noticia, viu-a ainda de pé. O dono da vinha
destruiu a orca para aproveitar as pedras em nma parede.
Estive no local em 29 de
Dezemhro de 1894. Nem se-
quer um esteio ahi já se encon-
trava; BÓ alguns cacos prehis-
torícos & superãcie do terreno.
Ho dia 3 de Janeiro seguinte
mandei excavar no sitio em que
o Sr. Rodrigues do Amaral me
dissera qne estava o monu-
mento; excavon-se na profun-
didade, pouco mais ou menos,
de 1 metro, até o ponto em
que SC acharam varias pedras
assentes no saihro natural, as
quaes deviam ter feito parte
de um ladrilho que cobrisse
o chão da orca *. Mas nem da
camará, nem do corredor, se
descobriu o minimo vestígio
material.
Foi tudo mnito bem cavado
Pig. ij, e mexido, e crivada a terra
extrahida. No entulho appa-
receram muitos carvões, que estavam dispersos por todo elle. Quanto
a objectos prehtstoricos, encontraram-se os seguintes:
1) Dois machados de pedra, representados na fig. l.* e 2.' ("/j do
tamanho natural);
' Cf. SfligiStt da
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Akcbeologo Poetuquês
313
2) Uma lamina de faca, de silex, representada em tamanho natural
U2t %. 3.';
3) Uma folha de serra, de silex, representada em tamanho natural
na. fig, 4.';
i) Fragmentos cerâmicos, de pasta grosseira (cuja côr é ora preta,
ora vermelha) e com pedacitos de quartzo e feldspatho pelo meio, e a su-
perficie polvilhada de finíssimas palhetas de mica. Sâo
fundos de vasos e restos de bojos. Infelizmente nenhum
vaso se pôde restituir.
O <jne resta mostra que os vasos foram fabricados
á mao, sem o emprego de roda de oleiro.
Com estes objectos, de caracter, como ^sse, prehistorico, appa-
receu um fragmento de ferro, de forma indeterminavel, e certamente
moderno; e vários cacos que talvez sejam de procedência romana.
IV
Soticia de daag 'orcu>
1. Entre Lapa de Lobos e Fiaes, ao pé de Cannas de Senhorim,
havia uma orca que foi destruída por occasiSo de se fazer a estrada nova.
2. Ao pé de Villar Seco, concelho de Nellas, ha um campo com
o Dome de Orca. De certo existiu ahi um dolmen, ma já não restam
vestígios d'elle.
® J. L. DE V.
byCOO^^IC
o ÂRCSEOLOGO POBTUGUfiS
Algrans dootunentos para a Ustoria da aeriooltnra
e da navegação
Doa seis docnmentos agora publicados, ob n."* i, ii, iii e v tem relaçfio com
a agricDltura e ob n.** iv e vi com a navegagiUi maritima e flavial. Com excep-
çfio do nitímo docamento, todoB ob demaÍB peTtenoeram ao coavento de AIco*
baça e referem-se a propriedades situadas na Granja da Da Oorda, AlTominba,
e Leiria, sendo interesBant« o doe. i por aos inrentariar ama granja tanto hm
moveis, como nos gados.
O doe. IV, datado de 1340 (E. de C. 1376) indica o nao&agio de um baixel
(vaúseau) na Fedemeiro, ponto de importância na Idade-UedJa, no qual se per-
deu o haver de dois mercadores da cidade do Forto. O nltimo docamento, perten-
cente ao mosteiro de Chellas e datado de 1378 (1416), trata da qaestío qne se
levantou por um individao de Almada nSo ter satisfeita a outro de Santarém
o preço de uma barca que lhe comprara.
Pedbo a. de Azevedo.
I. — Sabham todos que Era de Mill e trezStos e seteSta e liiin anos
três dias Doytubro, Rodrigo £anes, almoxarife Del Rey E eu Lourenço
pirez escriuS e TabelliS da dita vila cB elle cii omèes boos fomos Aa
grUia Dalcobaça que ha a par da de Gorda da par da villa e o dito
almoxarife per carta Del Rey que mostrou ffilhou a dita gríia e pela
grãia filhou todalas cousas que a ella erã perteesStes convém a saber
vias e herdades e pS e vío e gaados come outras cousas que s3 per-
teeaStes aa dita grãia. E defSdeu ao dito flPrey martto da parte Del
Rey que per sy nS per seu cSç^^lbo nS amoore nS hua cousa da dita
'gr&in E estas b3 as cousas que achamos na dita grSia primeyra Trijnta
e dous alqueires [de] cBteo Ãueasso e víjntí alqueires de trigo guyento
E dous alqueires de trigo velho e três alqueires de trigo sementai
e dez alqueires de ceuada E de Milho três quarteiros e dez alqueires
de dez e sex alqueires o quarteiro e quatro alqueires de legumha,
e de lyaça Item quatro arcas em que see o dito píl E duas tthas eS
aquela que see no lagar E duas cubas c5 vlo e huu tonhel que erõ cbSas
as quaaez dizia o ífrade qoe daua a cuba may6r, sex moyos de vto Iv-
pho e a meor huu Moyo Item hua pouca de Madeyra velba que foy de
tonbet Item huu tonhel velho em que see o Mylho Item hOa Messa
e huu escano Item duas tanoas velhas que forS de mesas. Item hua
.caldeyra velba ([ Item de gaado vacaril quatro vacas com seus fi-
lhos que forS ogano tenreiros Item duas vacas darado Item três boys
darado Item hiía Jovenca e liiiu botS Item hiia vaca anelba c5 sa
lilba E asy s3 per todas dez « sete cabesas Item disse o ffrade que
tilha na Âideya de sS Momede três couas c8 pã a hiia dizia que iaua
byGoí>^^lc
o Abcheolooo PoimiouãB 315
oÃi cevada e a outra c3 trigo tremez e outra c3 trigo mourisco pregun-
tado se sabia quanto era disse que uS Item na adega da vila hna cuba
que hy séé e doaa toneez cheos de vto todo que be ayda pêra atestar
ao tempo e hfia tyba que hy see vazia e huu dos cascos dos toneez
dise que era alhSo Item bnu Rocy c8 sa sela e c5 seu ffrco Das quaaez
coussas o dito ãrade pydio a my TabellíS huu testemSyo S eu Ibe dey
c3 e^te meu sinbal -{- que tal he Ts. Vicente escudeyro da Tapeleyra
e Joft mateus omen qne foy do Alcayde.
I&rUvo Naekinil. CoUwfla Mfpatal, Miu n.* S9, mafo t).
II. — SabhS todos que na Era de Mill e trezentos e satêta e dous
anos treze dias de NouSbro S na Grania da da gorda 3 presença de my
Liourenço Dominguez TabelijSn dobidos e das testemunhas que adiante
son scriptas Domjngos Lourenço almoxarife de Torres uedras meteu
S poase e S corporal possíson frey Migeel Príol dalcobaça procurador
do abbade e conuento dalcobaça da dita grEUa e de todalas cousas que
a ela perteeciS c8 alfayas que hy sijã as quaes forS lendas per my
dito Tabellyon que as escrevera no tempo que meterS em posse Dura
martijnz procurador de Pêro do Sen da dita grSia e fezerS pregfita
a martim anes qne hy estaua por caseeyro se sijS na dita grSia as
ditas alfayas e gãado e o p3 que hy colherS E o dito Martim anes
dise que as ditas alfayas que sijS na dita grSia e que as cousas que
ende myguauã eril estas hua ejzóó, e buas turqueses e huu almaffaçe
e dhuas argáás nelbas e quinze cabeças de gãado uacaril das quaees
dise o dito Martim anes que erS sex vaccas de parir e três boys
e bQu almalho e cinqui beçerros e disse que pS nS sija na dita grSia uS
buS. E o dito príot frStou ao dito Domingos Lourenço que o entregase
das ditas cousas que myguauã como lhe £1 Rey mãdaua per sa carta.
E o dito Domingos Lourenço dise que lhas entregaria de grado sas
achase £ o dito pnot dise e frouton ao dito almoxarife que pois n5
achaua os nonos nS os gãados que lhos entregase das outras cousas
que achase de pêro do sen como El Rey mãdaua. E o dito almoxarife
dise que o ffeito cSmo o achaua que o mSdaria dizer a El Key e c3mo
lhe el mandase que assy o faria Das quaes cousas o dito príol pedio
ende a my dito Tabellyon híiu estormSfo (Feito foy na dita griia no
dia e na Era sobre dita testemunhas Lourenço perez tabellyon DurS
martijnz clérigo de pêro do sen Martim anes alho de Johane abril da
Koyiriça Martim esteuez homS de DnrS martijnz Martim steuez bomS
do dito Domingos Lourenço e outros. E eu sobre dito Tabellyon aa
pitiçom do dito Priol este stromento screuy Sele este meu signa) pugy
qne tal -|- he.
^ ' {AnblvD Nielonsl. CMee^ Xq>«e<iil, ulin n.° 89, mifo 1).
byCOO^^Ic
316 O ÃBCuBOLoao Pobtoodés
III. — SabhS todos qne na Era de MÍ1 e trezentos e SalSeta e Seú
Anos quatro dias doytnbro na Alvornlba Conto dalcobaça estldo oo
adro em presença de myn Martin domtngiz. Tabaiiyon dei Rey no
ctto Couto e das testemunhas que adeante sam sentas frcy Pen>
martíJQz monge dalcobaça e Celareiro da adega da Alvomlbs disse
e ffrontou A AfFonsso domingiz vigajro do <Uto logo da Alvomíba que
el auia de tiéér as dezimas do pau e do vtbo do julgado da Alromiha
assy polo abade e conuento do Moestejro datcobaça que as auia dauer
come Poto Cabidóó de LixbSa que ania dauer a terça poatifical c que
o dito AfFonsso domingiz tijaha vihas e herdades no dito julgado quc
adubana e lauraua e que nS daua ende o dezimo e affrontaua ao ditti
Affonsso domingiz que Iby desse o dezimo do pan e do vlho das ditas
vlbas e herdades pêra auer ende os ditos Moesteyro e CH.bidóó o seu
dereyto E o dito Affonsso domingiz disse que el detijnha a dita de~
zima pêra o dizer Ao bispo de LijcbSa e que se Iby o dito Sêhor bispo
mandasse que a desse que a daria e se nom nom e qne per ontra
guissa que a n3 embargaua das qnaes cousas o dito frey Pêro martijnz
pedio a mym dito Tabelyon que Ihy desse hSu stromento Testemunhas
Domingos Gregorez e SteuJ domingiz seu filho moradores na Aluor-
nlha e Domingos Lourenço alcayde do dito logo e oatros E eu dito
Tabllíon que a esto presente ffuy este stromento escreuy áá petiçon
do dito ffrey Pêro Martijnz e en el meu synal pugj qne a tal -J- be en
testemuho de uerdade -•-
(Archivo Hndonal. CvUtetlii Ejectai, ul» n.* «9, huço I}.
IV. — Sabhã quantos este stromSto vyrS que na Era de mjl e tre-
zentos e satSeta e oito anos dez e noue dias de Março Sna pederneira
sSedo en Concelho Domingos lohaoes juiz desse logo disse qne ní que-
ria ouuir homS de deos e fernã pirez moradores no dito logo que dezia
que mandara prender per rrazS dua bucha com dez conodos de bm-
neta em que dizi& que os cuIpS que Ihjs dizS qne acharX na malhada
da Pederneira que andaua em huu bayxel que sse perdeu no porto
da Pederneira por que dezia que erã arrozes e tragiS priuile^os dos
Reys que os onuise o alcayde do mar E mandouos pêra JohS pequeno
alcaide do mar no dito logo que ssija presente E entregou lhos que
os ouça e dezenbarge c5 seu dereito E o dito alcayde do mar se den
delles por entrege E disse que os queria ouuir e dezenbargar e fazer
dellcs dereito segundo lhe mandado pelo almjrante E logo o dito al-
cayde do mar mandou a afonso Martijnz e Johã das tendas mercado-
res do porto qne ssijâ presentes que deziS que erS Senhores do auer
que se contra elles entendiil a auer alguu dereito que os demandasse
byGoí>^^lc
o AWCBEOIÂMO FOBTUGDãS 317
per ianto el e que el os ontiem com elles e dezenbsrgaría como acb&se
qae era dereíto £ írej vícente monje do moesteiro da]i!<d>aça pedio
ao <tito Domingos íohaues e a Mtg«l stenez Jaizes qae per sa autori-
dade lhes mandassem dar l^uu stromento daa ditas cousas E os ditos
jaizes lho raandarS dar testemulias Rodríge anes Martim anes pedre
anes e ontros £ eu JobS Oonçaluez tabeiyS por El Rei S na £ta villa
da Pederneira que este stromento per mandado dos ditos juizes es-
creay e em elle meu sinal pngj qne tal ~\- este.
(AichlTo NkIodiU. CeUtcflo SQwtal, cilxa aMO, mnjo S).
V. — Sabbl todos que eu fifrey Bernaldo M3ge dalcobaça S Nome
de Don firej Johã martijnz aBade do Moesteiro do dito logo dalcobaça
e do Conuento do dito togo cuio procurador s3o dou a uos Steue anes
sobrinho de flrey Steu!l que foy aBade do dito logo dalcobaça hBu
Olival que a ffrey Johãne < JobSne > MSge do dito Moesteiro aCaeçeo
da parte daETonso Martijnz seu padre que o tenbades pêra aquelo que
uos o dito aBade e Conueoto dei mãdar fazer E eu dito Steue anes
confeso que Reçeby o dito Olinal de maão do díto flrey Bernaldo e &co
que o tenha pêra aquelo que o díto aBade e Conuento dei mãdarem
fazer e que o de e entregue ao dito abade e Conuento ou a saeu certo
mSdado feito e Leyrèa ante cas Martim uíçente da ponte Onze dias
de Junho Era de míl e trezentos e oyteenta e Çinque anos. testemu-
nhas Jobãae anes carpenteyro e Martim oiçente daponte e Srej JohSne
MSge dalcobaça. E eu Staçe anes Tabelli5 dEl Rey S LeyrSa a rrogo
das ditas partes este stromento scríuj e meu signal pugi que tal he -|~
en testemunho de uerdade.
VI. — Sabham tod^os Como na Era de Mill e quatrocentos e dez
e sseys Anos ConuS A ssaber Oyto djas de KouSbro en Santaren no
Alpender de santispiritus per ante Qonçallo rrodrigiz daAureu ' Es-
cudeiro Aluazil do Ciujl na dita vílla aseendo no dito Logo en Concelho
' EBt« indÍTÍclno era proravelmente casado com uma irmS do Condeatarel
Nuno Ãlvareg Pereira. Cfr. Joeé Angnato Carneiro, Notieia Butoriea e Qauaio-
gica do* Ábr^u» de Jtegaladot, 1905, p. 67. A etimologia inventada pelos genealo-
gistas de que Abren vem do nome da cidade francesa de Avreas 6 insustentável.
O nome provém com toda a probabilidade de Auiirã, freg. de Hemfe [Porl. Mon.
Hitt Inq., S72). Ha ainda outros nomes que mndaram o -et em -eu como por ex. :
Guilhabren.
byGoot^lc
318 O ÂBCBEOLOOO POBTOGCÊS
ouQJodo OS feitos preseate mjn Lourenço jitig^eez tabelliS na dita tíIU
e ts. A deante scritas Patx:eo («te) Luys 6onçatuez morador na diu
vilia o qual mostroa bua carta do Concelho da dita villa e seellsda d»
SBeu seello dA qual carta o teor tal he:
A todalas Justiças dos Reynos de Fortngid e do Algarue que esu
carta virdes, uída cS bSa iientujra nos de dens quanta. Eu. Vaasco
uycente Ouuydor eu Logo de 6oinez Eanes Aluazil do Ciajl en San-
taren pêra mjn qnerrya ffaçouos ssaber que Luys GoDçaluez viúnbo
e morador en esta villa mostron per Ante mjn huu stonnento dolni.
gaçom íFeito e Assynaado per SimhS Steuez tabelliS da cidade de Lix-
b&a aegudo parecya que contaua que ffora feito na dita cidade vijnte
e huu dias de Junho da. Era de mill e quatrocentos e dez e seys
Anos que ora Anda no qual Era contheudo Antre Às outras consas
que JohS Louçãao morador en Almadáá obrigou todos seus bSes Mooys
e Raiz Auuãos e por Auer A dar e pagar Ao dito Loys Goncalnei
saseenta libras de Fortugueeses. desta Moeda que ora Corre en paz
e en saluo Aco na dita vitla Ãtáá dja. de san Migeel de Setonbro
que ora ffoy per BazS de conpra dbfia barca c5 seus Aparelhos que
dei conprara e Recebera E que nH lhos dando Ao dito dja qne dj en
deante IhoB desse e pagasse c3 as Custas e despesas que sobre esto
fezesse e c5 dez soldos en cada. hfiu dja. de pea e pela dita diojda
se obrigou A Responder e sséér citado per Ante de Aluazíjs desta villa
Renufiando todos priuilegios e liberdades e graças e merçees dEI Rey
e da Kaynha. e doutros qnaes quer Senhores todo outro derejto que por
ssy poderia poer e Alegar pela dita Raz3 segundo no dito stonnento
majs compridamente he contbeudo. E mostrado o dito atormento o dito
Luys Gonçaluez me disse qne pêro o tenpo A que Ihj os ditos dinheiros
ouuerom A sséér pagados e mujto majs Era Ja. pasado que o dito Johl
Louçãao lhos n3 pagara nS querrya pagar E Fediune que Ihj desemha
carta de Rogo pêra uos Justiças pêra Ihj Enprazardes o dito JobS Lou-
çãao E eu visto o dito stonnento e ou como me pedio dereito e Agny-
sado Rogouos por dereito que sodes tbeudos de fazer que bu quer que
uos o portador desta carta mostrar o dito JohS LouQ&ao en uosas nil-
tas e Julgados que o Enprazedes ou Mandedes Enprazar e Ihj Assy-
needes htiu dja conneubauyl A que paresca per Ante mjn Responder
e íazeir de ssy dereito Ao dito Luys G-onçaluez per RazS dos ditos di-
nheiros ou per Ante os Aluazijs do Ciujl da dita villa e per Raz3 das
penas que encorrerS e encorresem Ao deante das quaes o dito Luys
Gonçaluez protestou per Ante mjn E enuiandeme dizer o dia do parecer
per uosa carta ou per stormento de tabelliS pêra Eu néér todo e dar
A cada hSa das partes o sseu dereyto E en esto faredes dereito que
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÀRCHEOLOaO POBTUQDÊS 319
saodes theudos de fazer E o que £a Sarey por uoBsas cartas de Rogo
c3 dereíto C[uaado per Ante mjn veerem. feita en Santarém seys dias
de Outubro Lourenço mjgneez tabelliS da dita vills À ffez Era de
Míll e quatrocentos e dez e sseys Anos.
A qual carta aaey mostrada nas Costas delia Era scrito huu stor-
mento feito e Ãssynaado per Martim anes tabeliS da cidade de Lixb3a
segundo parecya pelo qual se mostraua que o dito JobS Louçãao ffora
citado per poder da dita carta e per Mandado de Nuno ffemandea es-
cudeiro Alaazil dos feitos Ciuys na dita cidade e tempo certo Assinaado
A que parecese per Ante o dito Gomez Eanes Aluazyl contbeudo na
dita carta per Razt! das cousas en Ella contbeudas E mostrada A dita
carta e stormento o dito Luys Qonçalaez dysse que o termho da dita
citaçS e do dja de parecer A que o dito Johã LouçUao ouuera de pa-
recer Era Ja pasado e majs e que nS parecya per ssy nS per outrem
E pedia Ao dito Aluazil que lho mandasse Apregoar E o dito Aluazil
visto o dizer e pedir do dito Lujs gonçaloez e o dito stormento do
dja de parecer e como o tenpo Era Ja pasado do dja de parecer maudou
Apregoar o dito JobX LonçSao per Gonçallo Domingiz porteiro da Con-
celho desta viUa o qual disse e deu en ffe que pêro ho Apregoara que
o nS Achara nS outrem por el poren o dito Aluazil Julgou por Reuel
e Ãa ssa Reuelia mAdou que o dito Lujs Gonçaluez fosse metudo en
posse de tãtos bSes do dito JohS Louçãao en logo de Reuelia que valham
sasSeta libras de oaboe vijnte de peas do tempo que ouuera A ffazer
A paga Atáá o dja que guaanhou esta Reuelia protestando o dito Lujs
Qoncalnez por As peas que ReoressesS Ao deante E outrossy en vijnte
libras que disse ffezera de despesas quandóó forom Cítar e da penhora
que Ihj ora Anjã dir ffazer e das Custas por que Jurou Aos Euãgethos
que tanto Ibj demandara sseo presente cura (?) E flBcou por ffiador
Ao mouyl Lourenço Pirez procurador no Concelho da dita vílta E i> dito
Aluazil deu por porteiro A Eizecuçom qual quer Porteiro do Concelho
"E o dito Luys Clonçaluez protestou das Custas e pedio buu stormento
testemunhas que fforom presentes Steue affomso Steue anes Steuam
Domingiz Vasco Uicente Affomso Martijnz tabelliSes e outros E eu
ssobre dJto Tabelliom que este stormento screuy e en el meu sinal ffiz
que tal -j- he.^pagoa xij soldos.
yo dorto.: Sabh& todos que em presença de myn Lourenço Migeez
tabelíS dei Rey e Steuao Martijnz ta adeante soríptas ffernS CastellSao
porteiro do Concelho disse e deu en ffe que el por poder desta sentença
de Reuelia desta outra parte scrita Andara buscando pela dita villa
bèes do dito JohS Louçâao pêra conprlr en ellas A dita Reuelia e que
os nS Achara das qaaes cousas Luys Gonçaluez en este stormento
byGoí>^^lc
320 O ÃBCHEOLOGO POBTUQUÊS
desta outra parte cootbendo pidio A mJQ dito TabelliS hãa stormenb)
ffeito ffoj en Santaren en Seserigo vijnte e dona djas de Noneiibro ISn
de Mill e quatro centos e dez e saeys ÃnoB ts. que ffoiít presentei
Gonçalo Martíjnz de Marinha anes eVaasco Mjnatos (?) e Lopo e ob-
tros E eu eobredito TabeUiS que este stormento screnj e en el mes
smal ffiz que tal -p te.
Flbula transtaguna
O adjunto desenho de ama fibula de arco semicircular vem acom-
panhado de um officio do distincto engenheiro José Abecassis, enviado
para a DirecçSo Geral de Obras Publicas. É um nobre exemplo, qne
é preciso p8r em evidencia, a solicitude com que o iUnstre funccionario
procurou collocar em salvaguarda uma antignalha de modesto sem-
blante.
A fibula representada na figura pertence ao 7.** ^o do Sr. Dr. José
Fortes. Chronologícamente coincide com a influencia romana na Pe-
nínsula. A semelhança d'este exemplar com os das figs. 37 e 38 da
Portugcdia, l, p. 31 e 32,
é inteira. Mais do qoe isto:
a proveniência dos três é
idêntica — o sul doTejo, mas
o typo nXo é também estra-
nho ao norte do pais (Pof-
tugaUa, i, 23).
O estado de conservaçSo
da presente fibula é qussi
perfeito; ha uma parcial mutilação que destruía um dos aros da char-
neira e o respectivo tornei. A patina, que cobre apenas as saperficiee
reintrantes, é verde-musgo e sem brilho.
Nas saliências o aspecto é ferru^noso, e comtudo a peça é de latio
ou bronze.
Parece-me que descrever o exemplar da fig. 38 (PortugaUa, i, 32)
e descrever este das margens do Sado seria repetir os dizeres. A re-
giSo do achado é rica em despojos da civilizaç&o romana {Arch. Porí.,
n, 7). A fibula offerecida ao Museu tem um pequeno ornato que em
verdade me faz inclinar a attribQÍ-la ás offioinas itálicas. No ponto de
contacto entre a curva convexa do arco e a concava rematada pelo
botão ha um escudete minúsculo preenchido pela delicada gravura de
uma palmeta clássica. Não 4 perceptível na gravura.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÂBCHEOLOaO POBTOODâS 321
Confrontada esta com a fibula argentina do Mogadouro, represeo-
tada no Ârch. Port., ix, 1, encontra-se algama dífferença: na jóia
trasmootana o arco é notavelmente abatido e o descanso do atãnete
nma fita enrolada; na peça transtagana o arco é semicircnlar e o des-
ouiso uma espécie de estipula adherente, de bordo encurvado. Mas
em ambas a forma terminal do pé é int«)ramente idêntica: om grosso
bot&o cónico que foi implantado, pelo mesmo processo, na extremidade
livre do arco. Seria difficil nSo ver em ambos estes ntensilioB pro-
dactos da mesma industria, com superioridade esthetica porém para
o modesto exemplar transtagano. Segundo Reinaoh {Dict. dei arOiq.
rom. de Saglio et Daremberg, s. v. FUmla) a placazinha de descanso
é om dos oarscteristicos da fibula romana; e o botSo terminal é o
que a distingue da de La Tène.
F. Alves Febeisa.
Extracto do offiâo do Sr. Engenheiro Joaé Âbecaasis Juniw,
de 12 de Agoêto de 1905
Tenho a honra de fazer chegar ás mãos de Y. £x.' uma JBmla, da
época da dominação romana na Península, que foi encontrada, em Julho
ultimo, na escavação para uma trincheira do lanço em construcção na
Estrada Districtal n.° 180, da Fyramide das Encruzilhadas a Santa
Margarida do Sado. Foi achada por um trabalhador, á profundidade
de O™ ,40 abúxo da superGcie do solo, e a 50 metros, proximamente,
ao norte d'aquella pyramide.
Este local fica cerca de 8 kilometros ao nascente da mina de cobre
da serra da Caveira*, na freguesia dos Bairros, concelho de Grândola,
mina aonde tive occasiSo de verificar, ha alguns aonos, a existência
de antigos escoriaes, que são vestidos da exploração romana. É pro-
vável que o mesmo local fosse também um ponto de passagem do
Algarve em direcção ao norte,_poÍ9 qne, pela disposição topographíca
da região, se presta a uma fácil communicação do termo de Odemira
com o de Santa Margarida e Alcácer (antiga Salacia)*.
A fibula que junto remetto a V. Es.* é do typo que predomina entre
as que tem ^do encontradas naqaella província, e no Museu Archeo-
logico do Carmo existem duas semelhantes, mas sem o fiísilhão qne
esta leva, com a charneira já deteriorada.
> Vid. Árch. Port., Ill, 268 (nota da R.)-
* Vid. Jrcft. Fort., ii, 7 e ti, 88, e HUbner, NoCictiu árcheotogicat de Portugal
(uoU da K.).
.vCcx)i^lc
o ABCHBOLOao POETDODÊ8
Huseu do patriarohado
I
lOtivimos, 6 como simples boato o registamos, qne o Sr. Cardeal
Fatríarcha maaisfestara o intento de fnndar no paço episcopal um mu-
seu de arte religiosa, que viesse, para assim dixer, ampliar e completar
o que ha pouco se estabeleceu numa das dependências da vestuta Sé,
graças, principalmente, á illustrada iniciatíva do Sr. Cónego Botto.
Neste O07O repositório artistico, seriam recolhidas todas as alfiúas e
objectos qne se acham disseminados pelas igrejas do patriarchado e qne
se tomaram menos indispensáveis para o Inzimento do culto divino,
podendo por este motivo eztraviar-se, arruinar-se, ou, pelo menos,
ficar em completo abandono e desprezo, sem utilidade para ninguém,
em absoluto prejuizo dos que apreciam o bello e dos que procnnun
instruir-ae no conhecimento do passado.
As festas do catholicismo tem perdida muito do seu antigo esplen-
dor, e é raro ver hoje os templos mais grandiosos enfeitados com
aquellas sumptuosas galas, que tanto maravilhavam os olhos dos fieis.
Se no recinto sagrado já não assistimos com frequência a festas
deslumbrantes, fora d'e]le com menos frequência se observam aquelles
cortejos fauatuosos, aquellas procíseSes solemnes, qne qnasi deixavam
a perder de vista o que tem inventado a miús fértil imaginação dos
scenographos.
O catholicismo é a reli^So que mais tem inspirado a esthetica, a que
mus profundamente impulsionou o desenvolvimento de todas as artes
e industrias. O architecto consorcia barmonicameate a força e a deli-
cadeza das linhas na ogiva das cathedraes gothicas, nas curvas arro-
jadas do zimbório de S. Fedro. O pintor representa com a vivacidade
do colorido o que ha de pathetico e d» mTsterioso ua vida humana,
nos passos de Christo, nas dores da Virgem, no mart^o dos santos,
DOS gozos da bemaventurança. O esculptor traduz na pedra modelada
as aspiraçSes mais intimas, os sentimentos da mais pura dedicaçlo.
Todas as outras artes e industrias fazem honrosa companhia aos grandes
mestres que se chamaram Rafael, Miguel Ângelo e Donatello.
Os metaltistas, desde os ourives, como Q\i Vicente, até os modes-
tos forjadores de ferro e os fundidores de sinos, os organeiros e cons-
tructores de instrumentos músicos, os babeis tecelSes de sedas raras,
08 bordadorea insignes, as pacientes rendeiras, os arrasistas e tape-
ceiroe, os entalbadoree, os peritissimoa artífices do mosajco romano
byGoí>^^lc
o Archeologo Pobtdgcêb 323
e âoreotiao, os admiráveis pintores de vidraças e taotoe outros traba-
lhadores engenhosos, que seria longo enumerar, prestaram o seu con-
curso á Igreja, que d'elles se sonhe valer para melhor consolidar a sua
obra, para mais fadlmente fascinar e attrahir as multidSes.
Avalia-se qual seja a superabundante riqueza do thesouro oatfaolico
e oomo ainda é estupendo o seu espolio artístico. Quem exerceu tflo
salutar, tilo grandiosa e tfto extraordinária influencia no espirito hn-
tnano, n&o pode assistir impassivel á oxidação constante da sua tradi-
cional cadeia secular. Assim o tem comprehendido diversos bispos es-
panhoes, sobretudo na Catalunha, onde ultimameote se tem organizado
alguns museus de arte religiosa, que fazem a maravilha dos visitantes,
obrigando-os a reconhecer a divida enorme em que a civilização está
para cora o catholicismo.
Mão é, porém, preciso citar exemplos alheios, quando os temos tio
honrosos de casa. Já no sec. xviil, o famoso Cenáculo, bispo de Beja
e arcebispo de Évora, formava as suas preciosas colleoç5es bibliogra-
pbicas, artísticas e archeolo^cas. Recentemente, o Sr. Bispo-Conde
reuniu na Sé Nova de Coimbra uma serie de objectos, que se recom-
mendam pela sua variedade, riqueza e primor de forma. Os proce-
dentes dos extinctos mosteiros freiraticos de Lorvão e de Santa Clara
são talvez oe de maior valia.
O Sr. Cardeal Patriarcba tem já ao seu dispor um núcleo de pri-
meira ordem,- em redor do qual se irZo agrupando e collocando com
methodo outros de não somenos importância. Referimo-nos á numerosa
collecção de quadros, que enche de alto a baixo e de principio a fim
um dos intermináveis corredores do vastissimo edificio, que outrora foi
mosteiro dos cónegos regrantes de Santo Agostinho. Num desvão de
janela, avultam quatro púneis do sec. xv, reinado de D. Afonso V,
nOm dos qnaes se destaca o vulto do infante D. Henrique, em con-
formidade perfeita com o seu retrato na illuminura da Ckronica ãa
Ouiaé.
Cremos que ainda se não determinou com exactidão o assunto d' es-
tes quadros, que são indubitavelmente bistorico-religiosos e nos quaes
se agrupam numerosas e expressivas cabeças, que reproduzem ao vivo
as physionomias de personagens da epooa.
Não sabemos como e quando se formou esta galeria, mas é de crer
que se organizou com os despojos conventuaes, depois de extinotas
as ordens monásticas. Muitos d'eB3e8 quadros, debtúxo do ponto artis-
tico, só se recommendam pelas suas qualidades negativas, de uma fac-
tura e concepção extravagantes. Todavia não se devem desprezar ao
mais ligeiro exame, antes se deve estudar com o maior cuidado o pa-
byCOO^^IC
324 O Abcheolooo Portcooês
pel que elles podem representar sob qualquer aspecto, independente
do artístico.
Quando porventura nSo se tome viável o pensamento attríbiiido
ao Sr. Cardeal Patriarcha, ao Conselho dos Montun^itos e ao Sr. Di-
rector do MusoD de Bellas Artes inoiunbe o imminente e indeclinável
encargo de analysar aquella collecçio, valorizando-a competentemente,
fazendo com que o publico conheça um deposito artistâco, qaasi vedado
até hoje aos seus olhos e apenas conhecido de um on outro cnrioso*.
(Diário de Noticiai, de 22 de Bctetnbro de 19(0).
u
•Ã propósito do artigo que com este titulo ha dias publicámos, rece-
bemos do Sr. D. José Pessanha, illnstre professor na Escola de BsUas
Artes e distinctissimo vice-secretario da commissio executiva da Aca-
demia, a seguinte carta:
«Men caro Dr. Alfredo da Cunha. — Com o vivo interesse que sem-
pre em mim despertam os assuntos de arte, li o artigo qne, sob o ti-
tulo (Museu do Fatríarchado», ha dias appareceu no seu Diário.
O autor, que supponho ser o meu erudito collega e amigo Dr. Soasa
Viterbo, regista e commenta a noticia, qne tem corrido com insistên-
cia, de que o Sr. Cardeal Patriarcha, seguindo o bello exemplo dado
pelo Sr. Bispo-Conde de Coimbra, tenciona organizar em Lisboa um
museu de arte religiosa; e, ao alludir ás preciosidades que se encon-
tram no paço patriarohal e que naturalmente constituiriam o núcleo
d'esse museu, refere-se aos quatro notabilissimos quadros do sec. zv
que ali se vêem num corredor do ultimo pavimento, chamando para
elles, e para os outros (aliás, muito menos valiosos) que revestem as
paredes d'essa extensa galeria, a attenção do Conselho dos Monumen-
tos, — cujas attribuiçSes se confundem, em grande parte, com as da
Academia, — e do Sr. Director do Museu Nacional.
Seja-me permittido observar que, desde que em Julho de 1895 es-
sas preciosas tábuas, das qaaes, segundo creio, ninguém fallara funda,
foram casualmente descobertas pelos Srs. Ramalho OrtigSo, Joaquim
de Vasconcellos e José Queiroz, numa visita artística a S. Vicente, por
mús de uma vez essa extraordinária serie tem oocupado a attençlo
dos que entre nés se dedicam a estudos de arte.
Descreveu-a e apreciou-a o Sr. Joaquim de Vasconcellos, no Com^
mercto do Porto, logo em seguida ao feliz descobrimento; fallon d'ella,
numa sessSo da commi.q8So executiva da Academia de Bellas Artes,
byGoí>^^lc
o ÀBCHBOLOOO PoBToaoãs
o Sr. Salgado; a ella se refere ttma das propostas qae apresentei, ha
meses, a essa commíss&o (de que tenho a honra de fazer parte), e qne
espero serão discutidas broTemeDte.
Quereria eu qae esses quadros, — verdadeiras iUastraçSea do rei-
nado de D. Duarte, como os qualificou o Sr. Vasconcellos, — fossem
entregues ao Museu Nacional, ou, pelo menos, que o Sr. Patiiarcba os
mandasse transferir para \og^T mais propicio á sua coaservaçSo, porque
o não pôde ser menos aquelle em que se encontram — um curto braço
de corredor, terminado por nma ampla janela, quasi sempre aberta.
Organizado o Museu Patriarchal, ficariam, provavelmente, satis-
fútos os meus desejos, porque é de crer que esses quadros, apesar
do seu caracter profano, da sna natureza lústonco-allegoríca, fossem
nelle encorporados, e eu estou longe de ser partidário de uma centra-
lização absoluta.
O Sr. J. de Vasconoellos conjectura que essas quatro valiosas ti-
buas constituam frag^nento de nma serie e tenham pertencido a algum
paço regío, — porventura o da Alcáçova, em Lisboa, — e suppSe qne
o sen autor seja nm dos portugueses que acompanharam a Flandres
a Duquesa de Borgonha, filha de D. JoSo I, e lá estudaram a arte.
O que é inquestionável, é que esses quadros representam, não obs-
tante a sna feiçSo allegorica, a pintura histórica, a ilIustraçSo da his-
toria e da vida nacional no período qne se seguiu ao facto culminante,
demsivo, da acclamaçSo do Mestre de Avis, pintura que nos faltava,
porque todos os outros quadros portugueses já conhecidos e eatndados,
oomo, por exemplo, os de Viseu, representam assuntos religiosos, sob
forma tradicional.
Por outra parte, esses interessantíssimos documentos, e mais alguns
que posteriormente se tem encontrado, vem preencher a soIuçSo de
continuidade que a historia da nossa pintura oiferecia, entre a saida
de Jean Van Eyck de Portugal (1429) e o apparecimento dos primei-
ros quadros da época manoelina (1500-1520).
For outro lado ainda, tomam essas qnatro admiráveis tábuas dignas
da máxima solicitude, por parte de quantos, por dever da sua posí<;ão
ou por simples pendor do seu espirito, se interessam pelas cousas de
arte, as anãs notabilissimas qualidades technieas. Nos quatro quadros,
vêem-se nSo menos de sessenta figuras, quasi do tamanho natural, de
nma caracterização perfeita, que as toma inconfundiveis e lhes di o
cunho de verdadeiros retratos, e de um desenho seguro e firme.
É, portanto, jnstificadissimo o appello qne o esclarecido autor do
artigo, que me suggerin estas linhas, nelle faz aos que entre nós supe-
ritendem na arte^ e oxalá que, ou no Museu Nacional ou no Museu do
byGoí>^^lc
o AbCHBOLOGO F<»IT0Q0É8
Patrtarchado, a serie de S. Vicente encontre em breve a collocação a
que, pelo seu alto valor documental e artístico, tem incontestável direito.
Creia-me sempre amigo e coUega eto., Joté Peetanha.
28-IX-905..
(DiWío (k Notíciat, de 30 de Setembro de 1905.)
iir
tSr. — Li com todo o interesse a carta que o Ex."*^ Sr. D. José
Pessanha dirigiu a V. , em 28 de Setembro ultimo, acerca do pro-
jectado Museu do Patriarchado, ou, melhor, da Mitra Patriarchal, e que
Y. se dignoQ publicar no eeu mui antigo, lido e conceituado joroal,
Diário de Noticias, de 30 do mesmo mês.
Concordando plenamente com a necessidade da fundação do Museu
da Mitra Patriarchal, e a dos museus de todas as mitras que possuí-
rem objectos importantes, nílo só porque se tomam conhecidos esses
objectos e podem ser estudados o apreciados pelos artbtas e amado-
res, mas também porque mais facilmente se evita que desappareçam
por qualquer circunstancia imprevista, ou que sejam substituídos por
outros, devo, em abono da verdade, dizer o seguinte, acerca dos quatro
grandes quadros notabilísstmos a qae se refere o mesmo Ex.'*" Sr.
D. José Pessanha.
Quando, em Setembro de 1883, tive a honra de ser nomeado secre-
tario do Em.°" e Rev."" Sr. Cardeal Patriarca D. José III, dei-me ao
trabalho de passar revista a todos os cantos do paço de S. Vicente; em
muitos moveis, e até nos nichos das janelas, encontrei documentos, com
os quaes, durante cinco ânuos consecutivos, organizei o archivo a que dei
o nome de «Arcliivo da Secretaria Patriarchal*, e colloqaei-o numa sala
próxima da Relação Patriarchal, no segando andar, onde ainda existe.
Numa casa escura do primeiro andar, encontrei muitos quadros,
cobertos de uma grande camada de poeira: mandei pendurá-los nas
salas e corredores; entre elles, estavam os quatro quadros referidos.
Kotando a sua excellencia, mandei colocá-los junto da janela, onde
ainda estão, para receberem melhor luz.
Quando apparecia no paço de S. Vicente alguma pessoa entendida,
ou amiga das artes, chamava a sua attenção para os quadros; nenhuma
soube explicar o contendo dos mesmos.
Num dia que ali appareceu o Sr. Visconde de Castilho, mostreí-lhe
os quadros: apenas olhou, exclamou, muito enthusiasmado: Ali ettá
0 retrato ão tmmo grande infante D. Senriqae! — KSo se enganou, ao
que parece.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÃBCHEOLOfiO POBTUUtrÊS 327
NSo me lembrei de examinar o inventario da Mitra Patriarchat ;
páde ser que figurem em tal inventario e que se possa conhecer a sua
origem. Deve existir no paço de S. Vicente o inventario da Mitra
Patríarchal; e na Administraç&o do 1.° bairro deve existir utna copia
do mesmo; quando o prelado toma posse do Patriarohado, comparece
o administrador do 1." bairro e veriãca o inventario da Mitra.
Pôde também ser que viessem do pai;o patriarchal da Junqueira
para o paço de S. Vicente, assim como vieram panos de Arras e outros
quadros, ou que pertencessem a algum dos conventos extinctos.
Alem dos quatro quadros notabilissímos, ha outros dignos de meu-
çSo, taes como: os dos Apóstolos, de Zurbaran, o de Nossa Senhora,
de Van Eyck, os de alguns arcebispos de Lisboa, a que se refere o
erudito P.* Baptista de Castro no seu Mappa de Poriagal e estão na
Relação Patriarchal, e um de D. Nuno Alvares Pereira, que se en-
contra na s^a contigua á dos patriarchas.
Não me consta que alguém tenha falado neste ultimo quadro; de-
nota muita antiguidade.
Os quadros da sala dos patriarohas não tem merecimento artístico;
não estavam collocados pela ordem chronologica; fui eu que mandei
oollocÃ-los como estão actualmente.
Concordando com a fundação do Museu da Mitra Patriarchal, sou
de opinião que nenhum objecto deve sair do paço de S. Vicente.
Nos claustros d'este paço, ha salas onde, com commodidade e se-
gurança, se pôde installar o Museu; o Sr. Cardeal Patríarcba não fica
privado do que lhe pertence por usufruto, e os artistas, os amadores
e o publico podem gozar sem grave incommodo, tanto mais que actual-
mente ha carros eléctricos que param em frente do paço de S. Vicente.
Peço a V. se digne dar publicidade a esta, no que julgo não ha-
ver inconveniente, e desde já me confesso agradecido.
Sou, com toda a consideração — De V. etc., Moraenhor Alfredo
Elvira dos Santos.
Lisboa, Beal e Parochial Igreja de Santa Engracia, 2 de Outubro
de 1905..
(Diário de Nolicitu, de 4 de Ontubro de 1905).
IV
iMeu caro Dr. Alfredo da Cunha. — Muito folguei com a carta que
Mgr. Alíredo Elviro dos Santos hoje publica no Diário de Noticiai,
8 propósito d'aqaella que V. me fez a honra de inserir em o numero
de 30 do mês fíndo.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo PoetuquÊs
Traz-Qos esaa carta mus um elemento para a historia dos qaabu
notáveis quadros do sec. XT, que se encontram no paço de S. Víccaite,
e indica-nos uma fonte — a qne brevemente procurarei recorrer — pan
a averiguação da proveniência e origem d'es8a8 preciosíssimas obras
de arte: — o inventario da Mitra.
Tinba noticia de que Mgr, Elviro dos Santos, quando secretario
do Sr. Cardeal Patriarcha, organizara, com o vms louvável empenho,
o Archivo da Secretaria Patríarchal, e conhe<;o, ha mnito, o interesse
que a S. Ex.* merecem os assuntos históricos e archeologicos. NSo
sabia, porém, que fora iniciativa sua a distribuição, pelas salas e cor-
redores do paço patriarchal, dos quadros que desde muitos annos ali
se acumulavam, cobertos de pó, numa casa escura, ignorando, por-
tanto, que a historia ds arte em Portugal devesse a S. Ex.' o conhe-
cimento da preciosa serU de S. VicetOe. Ignorava também qne o meu
querido e erudito amigo Visconde de CasUlho a houvesse examinado.
Por isso escrevi (embora, mui de propósito, o aio affirmasse catego-
ricamente) que, até Julho de 1895, haviam esses quadros passado des-
percebidos.
Diz Mgr. Elviro dos Santos que, t«ndo notado a sua importância,
os mandou collocar junto de uma janela, para receberem melbor Inz.
Quer-me parecer que, ali, se encontram perigosamente expostos á acção
do sol, convindo por isso transfE^ri-loa para logar mais adequado, como
alvitrei na minha carta de 28.
Applaude o illustrado sacerdote o pensamento da fundaç&o do Mu-
seu da Mitra Patriarchal, e entende que nenhum objecto de arte deve
saÍT do paço de S. Vicente.
Já declarei que não sou partidário de uma centralização completa,
absoluta; e acrescentarei agora que penso, ha muito, que, entre as
pro\'idencias com que é necessário e urgente defender (é o termo) o
qne ainda resta do nosso incomparável património artístico, deve fi-
gurar a criação dos museus das diffcrentes mitras. Nada mtus perigoso,
sob todos os pontos de vista, do que as arrecadações, como aquella
em que Mgr. Elviro doa Santos foi encontrar os quadros de S.Vicente,
Importa muito que todos os objectos de arte, de mitras, cabidos,
juntas de parochia, irmandades, misericórdias, etc., sejam estudados,
inventariados, expostos, e confiados a pessoas que por elles possam
e devam responder. Ã exposição d'es5es documentos, alem de ser con-
dição indispensável para o desenvolvimento dos nossos estados de ar-
cheologia artística, representaria, para os artistas, um meio poderoso
e insubstituível de educação technica, e entravaria efficazmente, como
é obvio, o successivo empobrecimento artístico do pais.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheolooo PosinavÉs
Oxalá, qne essa e ontrae medidas sejam tomadas sem demora, e
não depois de completamente roubada a casa- . .
Muito obrigado Ibe ficará pela publicação dVstas linhas o seu am."
e coll.' muito ded," e obg.™*, José Pessanha.
4-X-1905..
(Diário <k Notícioã, de 5 de Outubro de 1906).
■Sr. — Agradeceodo, mnito penhorado, a publicação da minha de 2
do corrente, relativa ao Museo Patríarchal, volto a adi^tar o seguinte:
Pôde ser que os quatro quadros notabi lisa imos pertencessem ao
extincto convento de S. Vicente de Pura, o qual, tendo sido fundado
pelo nosso primeiro rei, foi restaurado pelos reis intrusos, a fim de
se tomarem agradáveis aos portugueses.
Kos patins do primeiro e segundo andar da escada principal do
paço de S.Vicente, encontram-se, se bem me recordo, pelo menos dois
quadros de dímensites iguaes, ou quasi iguaes, ás dos quatro referidos;
a pintura é também em madeira; mas o seu merecimento ê muito in-
ferior ao d'aquelles.
Parece nSo haver duvida qne pertenceram ao extincto convento,
principalmeate porqne se referem ao martyr S.Vicente; será bom que
os entendidos e amadores estudem esses quadros, que contém inscríp-
çSes em latim.
Poucos objectos restam do extincto convento, alem dos que estilo
na igreja.
Kum dos corredores, escuros e húmidos, do paço de S. Vicente,
encontrei um grande numero de livros de cantochSo, rituaes, proces-
sionaee, etc.
Alguns livros de cantochão eram de pergaminho, oom excellentes
illuminuras; a m^or parte dos rituaes, processionaes, etc. estavam
ruidos pela traça; não sei se ali se conservam, ou foram removidos
para outro logar; limitei-me a apartar os bons dos maus.
É provável que já não se conservem no mesmo logar, porque o
referido corredor, segundo me informam, foi applicado para o Pequeno
Seminário Patriarehal, que acabou em 30 de Setembro ultimo.
Depois da eztincçSo do convento, muitos objectos do culto, qne
passaram para a Irmandade do Santíssimo Sacramento da freguesia
de S. Vicente, que é administradora da fabrica da igreja, foram ven-
didos em leilão, como inúteis (!); ainda ha poucos annos foram ven-
didos os caatiçaes de bronze do throno, que era enorme, e se armava
byGoí>^^lc
330 O Abcbeoloqo Poetuguês
ao altar do crazeiro, àt> lado da epistola, assim como se arma o tliT4»o
da Sé Patríarchal.
ÃproTeitando a oceasíSo, embora me afaate do assunto principal,
direi mais alguma cousa acerca do paço de S. Vicente.
Ninguém me poderá alcunhar de denuDciante, porquanto nSo trato
de objectos particulares, mas de objectos que são da Igreja e do Es-
tado, e que por isso todos os fieis e cidadãos são interessados nos
mesmos; pôde ser que num futuro mais ou menos próximo as minhas
indicaçSes sejam proveitosas.
O quadro do Summo Pontífice Pio IX, que se encontra na sala da
Relação Patriarchal, debaixo de um docel, foi offerecido pelo mesmo
Summo Pontífice ao Tribunal da Secção Pontificia de Lisboa; consta
do livro das actas das sessSes do mesmo Tribunal; n&> tem mered-
mento artistico, tem o merecimento do illustre offertanfe^
Quando procedi á organização do Archivo da Secretaria Patriar-
chal, encontrei alguns documentos e livros pertencentes áe dioceses de
Coimbra, Évora, etc; taes documentos e livros foram, sem davida,
trazidos para Lisboa pelos prelados que foram transferidos d'essas
dioceses para o Patríarch&do.
Encontrei a provisão orí^^al da fundação da Biblioteca de Évora.
Com autorização do Sr. Cardeal Patriaroba, mandei os documentos
e livros para as suas dioceses, e a provisão para a Biblioteca de Évora.
Entre outros documentos dignos de menção, encontrei o processo
de beatificação e canonização de S. Gonçalo de Lagos, cujas reliquias
se encontram na igreja da Graça em Torres Vedras; o breve de PíoVI,
se bem me recordo, em virtude do qual o Sr. Cardeal Patriarcba, como
capellão-mór, pôde conceder jurisdicçfto a todos os capellães militares
para exercerem as suas ordens em qualquer diocese do reino, ilhas
adjacentes e ultramar; o breve de Bento XIV, que concede aos pres-
byteros portugueses a faculdade de celebrarem três missas no dia 2
de Novembro de cada anno.
Só os presbyteros portugueses e espanhoes gozam de tal facaldade:
03 presbyteros de outros p^ses, apesar das instancias feitas pelos sens
prelados, ainda a não conseguiram.
Encontrei a resposta dos parochoe do Patriarchado a nma circular,
que o Prelado, em ISll, expediu, a perguntar o estado em que tinham
ficado as suas freguesias depois das invasSes dos franceses, e uma
coUecção de descrições de batalhas da guerra peninsular, assinadas
pelos próprios generaes que dirigiam as batalhas!
Coincidia este encontro oom a época em que o íallecido e erudito
General Cláudio de Chaby andara escrevendo a historia da guerra pe-
byGoí>^^lc
o Abcheologo Pobtoouês 331
tiinsular; estava inquieto por nSo ter elementos para descrever a his-
toria de uma batalha, quando, chamado por mim, os foi encontrar no '
paço de S.Vicenle!
Com autorizaçAo do Sr. Cardeal Patrtarcha, entregnei ao referido
Oeneral as respostas dos parochos e descrições das batalhas; agora,
qne é fallecido, bom será que ob seus herdeiros entreguem ao Sr. Car-
deal Patrisrcba amas e outras, para servirem a quem continuar a es-
crever a, historia; é provável que ignorem o que eu afiirmo.
Como foram parar ao paço de S. Vicente as descrições originaes
das batalhas?
Nâõ será fácil descobrir o motivo.
Quando procedi á arrumaçSo e ampliação da livraria da Mitra P»-
tríarchal, hoje collocada, por causa do extincto Pequeno Seminário
Fatriarchal, numa sala húmida, encostada Ás paredes da igreja, encon-
trei maitas musicas religiosas, manuscritas e encadernadas; seria bom
que os entendidos e amadores as examinassem; talvez sejam do tempo
da antiga Fatriarchal.
Desculpe V. a extensão d'esta. Pela publicação da mesma, desde
já me confesso — De V. etc-, Mon$enhor Alfredo Elviro doê Santos.
Liaboa, Real e Farocbial Igreja de Santa Engracia, 5 de Outubro
de 190&>.
{Diário de Nottoiai, de 6 ãe Outnbro de 1905}.'
VI
«Sr. — E^tou muito grato aV. pela publicação das minhas duas
cartas, e ao Ex.™" Sr. D. José Fessanha pelas referencias feitas á
núnba pessoa, na sua delicada carta de 4 do corrente.
NSo desejo abusar da bondade de V. ; entretanto, como se trata
de um assunto interessante, e como dos alvitres apresentados pôde de-
rivar a resultante desejada, isto é, o conhecimento da origem dos quatro
quadros notabilissimos que se encontram no paço de S. Vicente, no
logar em que os mandei collocar, por não haver outro melhor, venho
únda hoje lembrar o s^;mnte:
Direi, porém, antes, de passagem, que o convento de S. Vicente
de Fora, hoje adaptado a paço patriarchal, não estava concluído, do
mesmo modo qne o convento do Coração de Jesus, vulgo «Estrella»,
d'eBta oapital.
à parte construida era metade do edíScio, a qual, apesar de ser
mui vasta, tem poucos commodos e poucas salas; de duas e três cellas
fizeram uma sala; ha apenas as salas da Relação Patriarchal, do tbrono,
byGoí>^^lc
332 O ÃscHEOLOOo PoBTDao£s
amarella, onde o ^llecido Patríarcha D. Goilheime rennia i nnte o
clero, nobreza e povo em doce convívio, doa patriarchas, da c^idU,
a de jantar e uma oatra contigna a esta.
O paço de S. Vicente é lúgubre, como Ingubre foi o domínio dos
r^ intrusos e como lúgubre é o som dos sinos da igreja; e, apesar
de ter vivido ali perto de dez snnos, ainda, quando ali voa, o oorsçSo
sente nma impressão lúgubre.
Se o Sr. D. José Fesauba nSo encontrar descritos os qoadroa no
inventario da Uitra Patriarcbal, n!to deve desanimar; deve proceder
a bascas no archivo da Mitra Patriarcbal.
Este não é muito grande; consta de escrituras de propriedades
msticas e urbanas, foros, contas de concertos de varias propriedades
e objectos, etc. ; pode ser que ali encontre algum documento oo noticia
aproveitável.
NSo consegui organizar tal archivo; mas, quando organizei o da
Secretaria Patriarcbal, encontrei muitos docomentos qae perteiunam
ao mesmo, e lá os fui pôr no seu logar.
Se nada encontrar, nSo deve ainda desanimar; deve recorrer ao
maço — iConventosi — que se encontra no Archivo da Secretaria Pa-
triarcbal, ou ir ao Ministério da Fazenda examinar os inventários dos
conventos de religiosas extioctoa no Patríarchado até o anno de 1883;
nSo sSo muitos, porque a maior parte dos conventos foram eztinctos
depois da minha ida para o paço de S. Vicente, em 18S3.
NSo me consta que no Ministério da Fazenda se encontrem inven-
tários dos conventos de religiosos extinctos; entretanto, será bom in-
vestigar.
Aproveitando a occasiSo, direi mais alguma cousa acerca do pa(0
de S. Vicente.
E digna de mençSo a pintura do tecto da s^a onde está actual-
mente a capella particular do Sr. Cardeal Patriarcba; parece-me que
o pintor era ítaliaDo; nSo me recordo do nome, mas está escrito no
mesmo tecto, se bem me recordo, a um canto da sala, 'junto de uma
janela, que dá para um qnintal que serviu de cemitério e tem portSo
gruide, encimado por uma cruz, para o Lat^ de S. Vlcento.
A pintura foi mandada caiar pelos religiosos, cónegos regrantes de
Santo Agostinho, antigos moradores do paço de S.Vicente, por occa-
sião da invasSo francesa, a fim de escapar, como escapou, ao génio
da destniíçSo!
Os balaustres, on pilares, de pedra de Itália, com mos^cos, e a teia
de ébano, que se encontram na mesma capella, pertenceram á demolida
igreja do convento denominado das «Qríltas», ao Beato, que era da Or-
byGoí>^^lc
o Abcheologo Pobtoguâs
dem de Santo Agostinho, e foi fundado pela Rainha D. Luisa de Gus-
mão, mulher de Ki-Hei D. Jo&o IV, tronco da actãal djuastia.
Os terrenos da igreja e da maior parte do convento estio hoje
occupados pelo edificio da Manutenção Militar.
A R^nha fundadora estava depositada atrás do altar-mor; hoje en-
contra-se no Pantheon Real.
A maior parte dos pertences da referida igreja foram, por inflnenoia
do fitllecido Marquês de Bio Maior, levados para a villa de Alhandra, a
fim de serem empregados na reconstrucção da igreja parocbíãl d'aqQella
TiUa, que ha annos foi destruída por um violento incêndio.
Alem dos archivos da Secretaria e da Mitra Patriarcfaal, ha únda
no paço de S.Vicente os seguintes archivos: — «Arcliivo dos Tribnnaes
da Relação Patriarchal e SecçSo Pontificia de Lisboa; Arcbivo dos Re-
siduosj Archivo da Camará Patriarchal; Arcbivo do Juízo Apostólico,
e Arcbivo do Registo Parochíal».
Os três primeiros encontram-se no segundo andar e os três segun-
dos no primeiro andar.
Todos elles bSo importantes: contém elementos valiosos para a his-
toria ecclesiaatíca e civil do país.
Nos archivos da Relação Patriarchal e Secção Fontiãcia de Ijsboa,
encoQtram-se processos muito variados e dignos de estudo.
Tentei p3-los pela ordem chronologica e fazer um índice, mas tive
de desistir porque, como a maior parte do trabalho tinha de ser feito
de noite, porque o expediente da Secretaria Patriarchal pouco tempo
deixava disponível durante o dia, comecei a sentir-me mal da vista;
cheguei a ter contracçBes nervosas na vista, como tinha o fallecído Be-
neâciado e primeiro Mestre de cerimonias da Sé Patriarchal, D. Po-
lycarpo Félix Ribeiro da Costa.
O Arcbivo dos Resíduos pertenceu ao extinoto juizo ecclesiastico
qne tomava conta do cumprimento dos legados pios, como hoje toma
o juizo denominado das «capellas», com sede no edificio do Real Hos-
pital S. José; o oargo de juiz compete ao administrador do primeiro
b^rro d'e8fa capital.
Parece-me t^e o Juízo dos Resíduos deixou de funccionar em 1834;
entretanto, ainda de longe em longe é necessário proceder a buscas em
tal arcbivo.
O Arcbivo da Camará Ecclesiastíca encontra-se em muito boa or-
dem, devido ao zeloso trabalho do fallecido secretario da Camará Pa-
triarchal, Monsenhor Cónego Daniel Ferreira de Matos, tio do dis-
tincto lente da faculdade de medicina da Universidade de Coimbra,
Dr. Daniel de Matos, e do dístíncto advogado d'âsta comarca de
byCOO^^IC
334 O Arcbeologo Pobtdoiiês
Lisboa, Br. Alfredo Ferreira de Matos, e ainda ao ex-Becretarío ds
mesma Camará, Monsenhor Carlos Alberto Martins do Kego, actoal
Cónego da Sé Patríarchal.
Nesse archivo se encontram os processos de ordenaçSo, provimento
de thesourarías, igrejas parocbiaes e canonicatos, processos do jnizo
ecclesiastico dos matrimónios, etc., etc.
No Archivo do Juízo Apostólico, encontram-se todos os processos
relativos a dispensas matrimoniaes e á execução de todos os restantes
breves emanados da Santa Sé Apostólica.
O Archivo do Registo Parochial encontra-se muito bem installado
e em boa ordem, devido ao zeloso trabalho do referido Monsenhor
Cónego Carlos Alberto Martins do Rego.
Nesse archivo se encontram os livros duplicados e documentos do
re^sto parochial de todas as freguesias do Patriarchado, desde o anuo
de 1862.
Quando procedi á organização do Archivo da Secretaria Patriar-
chal, encontrei uma grande porção de documentos e processos rela-
tivos ao Padroado Real, isto é, ao provimento das igrejas parocbiaes
pelo Real Padroeiro, anteriores ao anuo de 1834; entendi que estavam
melhor no Archivo da Camará Patriarchal, e para ]á os mandei em
devido tempo.
Encontrei também muitos documentos, livros, que pertenceram ao
eztincto juizo ecclesiastico denominado da (CoIIectai, juízo que foi
estabelecido depois do terremoto de 1755, para, por meio de collectas,
se angariarem meios para restaurar as igrejas de Lisboa, como de
facto se restauraram.
Funccionou com muita regularidade e a sua escriptnraçSo era apri-
morada.
Nos documentos e livros, encontram os artistas e amadores muitos
esclarecimentos preciosos acerca dos architectos, escuiptores, pintores,
etc, que tomaram parte nos trabalhos, e o custo d'estes.
O meu Ez.'"" amigo Sr. Comes de Brito, distiocto archeologo, já
tem bebido em tal fonte.
Não tinha espaço dísponivel no Archivo da Secretaria Patriarchal,
e por isso mandei os referidos documentos e livros para o Archivo
da Camará Patriarchal.
Desculpe V, ser tSo maçador. Pela publicação d'esta, desde ji
me confesso — De V. etc, Monsenhor Alfredo Elviro doa Saniot.
Lisboa, Real e Parochial Igreja de Santa Engracia, 10 de Outubro
de 1905..
{Diarío ãe Notídai, de II de Outubro de 1905).
byGoot^lc
o Abcheoloqo Pobtdguês
VII
Deve ser applaudida por todos os c[ue tomam a peito a defesa dos
nossos monumentos e preciosidades archeologícas a ideia da fundaçSo
de um Museu do Fatríarchado.
Oxalá que a mesma ideia se propague a outros bispados onde únda
não ha museus semelhantes! Só assim se evitaria que andassem pelas
lojas dos adeleiros e pelas mãos dos colleccionadores particulares ob-
jectos que de direito pertencem á nação, considerada corpo coUectivo.
Se ha muitos parochos e juntas de parochia zelosos dos seus deve-
res, ha outros que deixam, sem escrúpulo, sair da sua guarda as al-
£úas religiosas, as imagens, etc, que lhes estão confiadas. Já uma
vez vi um çapateíro, que ao mesmo tempo era sacristão, empregar no
seu mister industrial tiras de pergaminho arrancadas de um antigo livro
de câroj tenho visto em algumas sacristias cruzes do sec. XV ou XTI
tidas por objectos desprezíveis; sei de uma igreja, onde a troco de
une míseros vinténs dados ao guarda, quem quer arranca magnifícoa
azulejos do eslylo chamado hispano-araliico. £ outros factos eu podia
aqui citar. Não indico os logares, porque não é meu intuito offender
ninguém. Mas urge pôr cobro quanto antes a estes e análogos desvarios.
Os Srs. Bispos estão realmente no caso (e alguns já, por honra sua,
isso tem feito) de prestarem, a este respeito, grandes serviços á pátria,
fundando junto dos seus paços, das suas cathedraes ou dos seus semi-
nários, museus de arte e archeologia chrístãs em que se guardem as
preciosidades que, sem prejuízo do culto, puderem ser retirada» das
igrejas e de outros edifícios de caracter ecclesiastico, por exemplo, pa-
ramentos, imagens, quadros, cruzes, turíbulos, cálices, pergaminhos,
missaes, rítuaes (ha ás vezes missaes e rítuaes muito raros), véus, to-
cheiros. . . Seria um nunca acabar se se fosse a mencionar tudo o que,
com um pouco de atteoção e de amor, é susceptível de se tornar, em
nm instante, elemento de museu. . - .r
' J. L. »E v .
Dolmena no oonoellio de Hurça
(OoBtlDaafta.Vld. O Jreh, Perl,, ii, 108)
Na povoação do Sobredo, freguesia de Nonra, em uma plantação de
bacellos do proprietário José Caetano Gomes Teixeira, qnando abriam
uma vallada, encontraram os trabalhadores quatro instrumentos de
byCoo^^lc
336
O AbCHKOLOQO POBTUQOtS
pedra, dos quaes três apresentam fónúa ínteirameate differente da de
todos os que tem apparecido noub'03 pontoa do distrícto.
1." Um instrumento de schisto ardosiano, de fórma cónica bastante
irregular, com uma concavidade muito pronunciada de um lado e uma
convexidade no lado opposto, terminando na
íiin f w ^^^^ P**^ ^^ gume cortante de forma convexa,
ÍÊòi [ *\ formado pelo desengrossamenfo do tronco da
li U ^ 'a\ pyramide, tendo de comprimento o instrumento
* " '''1 O^jaO, de largura na parte mais larga 0",05 e
de espessura 0^,25, e o vertíce de forma de
uma pyramide triangular com o apíce quebrado.
Pela eonfiguraçito parece que se serviam d'eDe
segurando-o com a mão, e nSo por meto de um
gastalho (fig. 1.*).
2.' Um instrumento de schisto ardosiano de
configuraçSo muito semelbante á do n.° 1.°, mas
difTerindo d'este principalmente cm ter o vértice
rombo, nio ser polido senio no gnme, e dimen-
sões menores: O**, 12 de comprimento, (y",04 de
largura e 0",035 de espessura.
Pela configuração parece que tanto este ins-
trumento como o outro eram próprios para pres-
1 auxilio de qualquer cabo ou gastalho (fig. 2.*).
3.<* Um machado de schisto ardosiano, espalmado, de quatro iaces
rLomboidaes perfeitamente polidas, terminando a base e vértice em
tarem serviços s
gume, um ponco convexo, tendo de comprimento 0°°,12, de múor lar-
gara O" ,05 e de maior espessura 0",036.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ABcnEOu)ao Fobtuodês
337
Bsta fórma ãe instrumeiítos é rara nos maoliados encontrados nos
concelhos de Villa Pouca e Alijó, mas idêntica á de alguns que me
foram offerecidos pelo meu bom amigo P.* Adnano Guerra, de Mon-
corvo, e encontrados na Lousa (fig. 3.*).
4." Um instrumento de schisto, como os três descritos, mal polido,
de O™,!? de comprimento, de Cr,05 na maior Iarg;nra e de O", 045 na
maior espessura, de forma semelhante á dos
n."' 1.* e 2.°, terminando em ponta aguda, e
de base de fónna convexa, que me parece
poder denominar-se picão por lhe achar se-
melhança, e grande, com o mstnmiento figu-
rado numa estampa do vol. n da obra de
E^stacio da Veiga.
£ste instrumento, de forma mais ou me-
nos roliça como as dos n."' l." e 2.", apresenta
como elies uma face sensivelmente convexa e
uma curvatura pronunciada na opposta, indi-
cando esta configuração que estes instrumen-
tos eram manejados sem o auxilio de qualquer
outro meio e que nos dos n,"' 1." e 4." podia
ser aproveitada tanto a base como o vértice, pir. *.•
que termina numa ponta aguda no do n." 4."
A extremidade opposta á base do instrumento n." 2." é arredon-
dada.
Todos estes três instrumentos tem grande semelhança com as pontas
de um bezerro.
Da mesma configuração d' estes instrumentos, que foram os primei-
ros que vi em Trás-os-Montes, possuía o meu amigo Abbade de S. Pe-
dro, d'esta viila, dois instrumentos encontrados em Jou, concelho de
Murça, por um lavrador na occasiSo em que lavrava um campo para
semear centeio.
Achou-os quaai ao mesmo tempo qae appareceram oa mens.
Os de Jou são de dímensSes um pouco maiores do que os dos que
eu obtíve.
A propósito d'estes instrumentos aproveito a occasião para chamar
a attençSo para alguns dolmens que me informam existirem em Zebras,
freguesia de Jou, e de muitos outros, situados a pequena distancia da
estrada municipal de Carrazedo-Monte-Negro a Jou, do lado esquerdo,
seguindo-se de Carrazedo para Jeu.
Viila Real, 25 de Fevereiro de 1901.
Hehbiqce Botelho.
byCoo^^lc
o ÃBCHEOLOOO POBTUGUÊS
O Santuário de Terena
A Senhora da Bm ITorâ
O Archeologo Portttgui», viii, 77, dá uma noticia sumioaría ii'e3te
templo, extractada da Memoria Parochicd de 1758. O antigo templo
da Senhora da Boa Nova, especial Patrona da vílla de Terena, está
situado Duma planície, no meio de um montado, no local em que se
diz ter sido primitivamente o da villa de Terena, nas proximidades
da margem esquerda da ribeira do Luçafecc, a 1:Õ00 metros da viUa
actual, com a qual se liga por uma boa estrada.
Este templo tem a forma de um forte casteUo de alvenaria com
cunliaes de cantaria, fortalecidos por contrafortes também de cantaria.
Boa NoTs iKgnnda uma pliotognphla do 8r. Hijor Heinllei)
coroado de ameias, com seteiras. Ã sua forma interior é a de cmz.
Tem trcs portas: duas lateraes e mna central voltada para o occidente.
As portas correspondem superiormente umas construcçSes, salientes
e em falso, dotadas de seteiras horizontaes (machtcoulii), destinadas
a defesa das entradas; as abobadas dos tectos são também dotadas
de aberturas, que podem ou poderiam funccionar como machicoulU,
em caso de necessidade.
Na capella-mór está, á esquerda, uma pequena casa, que faz parte
da construcQão e serve de sacristia, e á direita está a entrada para
uma escada de caracol, que pSe o interior da igreja em communicação
com a parte superior da construcçSo.
Na fachada principal se acham as armas reaes, com quinze castellos,
e com 03 cinco escudos, sendo os transversaes deitados ou horizontaes.
byGoí>^^lc
o Abcbeoloqo Portcocêb 339
A igreja tem, meãída exteriormente, 23"',55 de comprimento por
22'°,55 de largura. Alem do altar-mór tem dois altares — um dedicado
a S.** Catharina e outro a S. Brás, que para ali foram mudados de
algum outro templo, quando esta igreja servia de matriz. As paredes
sSo guarnecidas de pintaras feitas modernamente, talvez em substitui-
ção de outras que ali houvessem existido. No alto das paredes lateraes
da capella-miir acham-se representados os nossos oito primeiroa monar-
chás, cujos quadros foram restaurados por um curioso. O fundo da
capella-mór tem a parede forrada de quadros de pintura em madeira.
Aos lados da escada que dá accesso para o altar-mór ha dois tocheiros
de mármore, de pequena altura, que tem cada um o seu cirio, de 20
centimetros de diâmetro, protegido por um envolucro de latão; ob
cirios denotam grande antiguidade e parece qne nunca se accendem.
O envolucro de lata é para a conservação dos círios, pois os devotos
arrancavam pedaços de cera, como reliquia.
A tradição, única fonte onde se pôde colher qualquer informaçáo
a respeito d'esta igreja, diz-nos que ella foi mandada edificar pela
rainha D. Maria, mulher de D. Affonso XI, rei de Castella, e filha
de D. Affonso IV, depois da batalha do Salado, em cumprimento do
voto que fizera na oecasíSo em que, relirando-se para Castella, naquelle
logar recebera a boa nova de que o pae iria soccorrer o marido, con-
fonne lhe viera pedir '.
' Veja-BB Sanetuario Mariano, tomo vi ; Portugal antigo t moderno, por Pinho
Leal; O Panorama, vol. ii; Ficheiro Chagas, Diecionario ; Lugiadae, canto in.
byCoO^^lc
840 O ASCHBOLOQO FoBTUGnes
Ka parede exterior do templo (lado direito), e ao lado do attar-mór,
exietem encravadas duaa pedras com inscrípçSes qu« devem ter Tindi>
do templo pagSo do deus Endovelico *.
Esta igreja está bem conservada, tem readimentos próprios, e está
aos cuidados de uma ermitoa, do parocho da fre^eaia e de nnui junta
que administra a sna fazenda.
Annaalmente ha uma festa qae dará dois dias e que é muito eon-
corrida, á qual costumavam outrora assistir também os Serenisãmos
Duques de Bragança, quando se acharam em Villa Viçosa.
Caetano da Cauaha Manoei..
II
Saata Maria de Tereaa no seciilo XUl
à actaal igreja da Senhora da Boa-Nova, que data do sec. xiv-^
deve ter substituído um santuário miús antigo, pois nas Cantiga» gal-
egas de D. AfiFonso X, o Sábio, ré de Castella e Leio (1252- 1284).
publicadas em 2 volmnes, Madrid 1889, celebram-se ji milagres ope-
rados por Santa Maria de Terena*: vid. vol. u, pp. 279, 280, 281,
296, 312, 317, 385, 395, 443, 463 e 464, onde as respectivas cantigas
tem os n." 197, 198, 199, 213, 224, 228, 275, 283, 319, 333 e 334.
O rei Sábio falia expressamente do santuário, por ex. ap. 296:
E d« tal lazOD » Uirgen
fez milagre couoofudo
na ElOSELÁ DBTBKeiU. ..
Tomando o continente pelo contido, isto é Terena pelo santuário,
diz a p. 385:
. , . . Terena
que logar wte* de mui graa deaoçon.
' Veja-Be Leite de VaBConcellos, ReligiÕe» da Lutitania, vol. ii, pp. 112 el2S.
1 Vid. G. Pereira in UtvUta Arehei^gioa, iii, 148, onde poblfca uma noticia
da igreja da Boa-Nova.
3 Assim é que dis o rei. Também dos CottiaiK» ãt Terena do ace. xiii, pnUi-
cados por Gabriel Pereira oos Documento» húlorieot da cidade de Évora, toL i,
p. 30, se diz «concelho de Santa Maria de Terenat. Ainda em 1635, na StlajSo
do bigpado de Elcat, fl. 'ii, diz o Ur. António Gonçalves de Novaes; «igreja àt
Nossa Senhora de Terenaa. — A doaigníLçSo de Doa-Nova parece ser mais reeentf,
O que combina eom a tradição da fundação do santuário, mencionada pelo St.
Dr. Camará Manoel.
* Aqui este significa *é:CÍ. os meãs Eiludo» de Philoloffia Mirandeaa, i,2bó,
onde citei ontro exemplo doetU, — do CaaeioMiro daÃjuia (v. t&).
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÃBCBEOLOaO FOKTDQOÊB 341
Ha outros versoa no mesmo Bentído, que omitto por brevidade.
A situação do sautuario ê indicada de modo geral nos eeguiotes
"versos de p. 312:
en riba d'Agaadiana<
á an logar muit' oumâo
et TaBssí chamiu j,
logai mui santificado*
i muitos miragres fai
aVfrgeu ssutA et pnra^
e nos seguintes de p. 443:
Biba d'Qd!aii' á
hua asa eigrela
i^ast» UÍTg«n santa
qae bê«ita sei a,
que chamau Taasa' e . . .
Em ambos estes passos a palavra rtba «margem» tem signiãcaçSo
bastante lata, pois o santuário fica ainda um tanto afastado do no.
A situaçSo exacta do santuário é indicada nestes versos de p. 298:
DW rio qae per j corre,
de que seu nome nou digo. . .
' Tanto se pôde entender d'AgMaMana, como da Ouadiana, pois o povo dii
no Alemtejo •& ribeira da Guadianat (eda (ruifíana), precedendo de artigo o nome
do rio; e em documentos antigos encontrei Agoa Í>ianna. Vid. Sei^a IJutitana,
Tl, 46-4T. (O pOTo tem tendência para fazer começar por Âipia- certos nomes pró-
prios qae começam por Gwt-; cf. Agyadeliipr» = Gitadalape, na Tradiçã/J, i, 50). —
Outra forma do nome do rio empregada pelo rei Sábio, como Teremos maia
adeante, é OdúiTta. D'estas duas, a primeira é origiuariametite heapanbola, a se-
gunda genuinamente portuguesa. Como o rio é eta grande parte raiano, nSo ad-
mira esta duplicidade de fUrmas.
' No texto lê-se aan^afeado, e o editor faespaabol interpretov (rid. vol. it, 617,
Gloaaaiio) afieado por ■fiime*, >Begaro*, ■empefiado*, ■teatasa. Mas esta inter-
pretaçSo nlo &2 sentido; alem d'Í8so esperar -ee-bia a conjuacfXo e entre os dois
adjectivos. Portanto, apesai de noutros togares das Cantiga» se ler mn/iu^ar
(rid. Glossário, s. v.), aqui tem de se admittir wantafica^, tamt^ieado, natíofieado
on Êantifieado. Ksta correcçSo é cocfirmada pelo qae se lè na p. 396: El-rei, fal-
lasdo de Tereua, cbama-ihe aa»to logar.
> Este Terso É addiçJlo minha, pois falta no original. NSo ha dúvida qne elle
terminava em -ura, como se vê das eatropLes seguintes (os versoa finaes da>
eatrophes d'eeta poeeia terminam todos assim). NSo ha dúvida também qae o su-
jeito de/iu é Vírgtn, como se vê dos passos BÍmílarea. Portanto proponho a Vir-
gtn santo et pura, que se lÉ também, assim mesmo, a p. 419; of. saitía et pura
(porém sem a palavra Virgen) a p. 330, e Viiyeapura (porém sem a palavra santa)
a p. 280, 354, 132, 413, etc.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
342 O ÃKCHEOIXrao POBXDOnÊH
onde ha manifestA allusão ao viúnbo ribeiro de Lnçafece '. A p. 3fô
diz o poeta:
a Tereha, qne iac en meo d'nii uai . . .
mas aqui a indicaçSo nSo corresponda á realidade, pois o templo está â-
taado numa planície. Que o rei teve conhecimento directo ou indirecto
do local, nSo ha dnvída. Os dois versos de cima o provam. Também
elle, a p. 298, cita nma particularidade, que bó pôde provir d'aqn^e
conhecimento:
ca íicnoa' chantoa toda
per hSa graod' oiínAríra. . .
A palavra azinheira applica-se a uma arvore muito commnm no sitio.
Os milagres cantados por D. Aãonso X s&o niimeroBOS e de diversa
espécie: resurreiçllo de mortos, pacificação de bulhentos, libertaçSo
de innocentes e cura de doenças, tanto de homens como de animaes*.
Os perogrinos vinham de longe, de Elvas, de Kcja, da Hespanha. . .
O rei também não se esquece de se referir ás festas da Virgem.
A p. 281 menciona a romaria de Março, em uma poesia que tem este
cabeçalho: lOomo un peliteiro que non guardava as festas de Santa
>MarÍa et começou a laurar no seu dia de Março, et tranessou-sse-lle
*a agulla na garganta, que a non podia deitar; e foi a Santa Maria
ide Terena et foi logo gnaridoi. A p. 395 menciona a romaria de
) Pena foi que o rei nSo disaesse o nome d'este ribeiro, pois podeiiamos
auíni conhecer algumas daa fúnnas antigas d'eUe.
* O texto t«m azeuna, que nSo sei se é erro typographico poi aicoita, qoe
se \é nontio passo, e qae é a onica fónna archivada no Glossário final. Todavia,
se atmiM é também palavra hespanhola, atcana é fiirma conhecida doe nossoa
lesicographos (poi es. áeJeToaymoCatdoeo, DietLutilanico-LeUítúim^ã. 14,oqnal
a, traduz pelo lat. hatlile, isto é «dardoí, etc); poi ímo, na impôs sibilidade de eon-
snltar agora o ms. original, conservei o texto gallego. Apenas escrevi aicana, com
coronis, para indicar que corresponde a azeuna, poie que o editor daa Cemlifiai
snppSs inexactamente que era o substantivo simples, sem artigo. OntT'ora deixava
mnitas veies de se representar o artigo em casos semelhantes, mas hoje, qnan&
publicamos textos antigos, devemos assinalai esta fusSo ou crase, como o Sr, Epi-
fânio Dias já fez na sua óptima ediçSo do Eítmeraldo de Pacheco Pereira (Lisboa
1906:vid.p. 11).
1 Hoje a Senhora da Boa-Nova continua a faier ponco mais ou menos a mes-
mo. Tanto o Sr. G-. Pereira na RevUta Archeoloffica, iii, 148, como en na Bevitla
LiuUana, ii, 29, dos referimos aos ex-votos ou relábalo» qae abundam na igreja,
commemorativos de milagres em que as almas simples ainda acreditam, como
na idade-media.
byCOOÍ^IC
o AnCHEOtOaO PoHT0GtIÉ8 343
Agosto nestes versos postos por elle na boca de um clérigo de longe,
que prohibe os seus fregueses de saírem da própria parochia para irem
em peregrinação aTerena:
Et ae per ueutura anén
que en esta feeta que uen,
d'AgoatO, per aúeea mal Mn
fordes f per nebúii ren,
eBcomnngar-Dog-ei poiéa.
£t ú él eato dizer queria
l0Tcea-se-U'a boca '
A grande importância do culto Sa Virgem de Terena, tanto nos
tempos medievaes como nos modernos, não nos deve causar estra-
nheza, porque toda aquella re§^o, — Redonda, Bencatel, Alandroal,
Terena — , era sagrada desde remotas eras.
Não longe de Terena, no monte de S. Miguel da Mota, erguia-se
o santuário do deus lusitano Endovelltcua, um dos mais célebres da
antiguidade (em países bárbaros), a julgar da variedade dos ex-votos
que ahi se tem descoberto, e que eu estudei nas Religiões da Lusitânia,
II, 111 sqq. Em Beucatel tinham seu culto, na época lusitano -romana,
os deuses Fortíanua e Fontana, segundo consta de uma inscripção pu-
blicada no Corp. Inecr. Lai., ii, 150. Perto do Redondo fica a Fonte
Santa, muito venerada dos âeis, e ao pé do Alandroal houve também
uma Fonte Santa, actualmente porém sem culto, conservando-se ape&as
o nome; a designação de Fonte Santa, com quanto se refira a cultos
chrístSos, ascende a cultos pre-chrÍstSos.
As ideias religiosas tem sempre grande tenacidade. Na implantAQllo
do Cbristianismo nSo se apagaram completamente as antigas crenças:
umas continuaram a existir como superstições; outras chrístianizaram-
se. O cnlto da Senhora de Terena ou da Boa Nova pertence certamente
Á ultima classe, posto que eu não creia que elle provenha directamente
do de Endovellicuê: o herdeiro directo de EndoveUicut foi S. Miguel
da Mota'; o culto da Virgem deve neste caso ter como protótypo o de
uma divindade pagX, que, como tantissimas outras vezes acontece,
não sabemos qual era, mas que nem por isso é menos reconhecível
na sua feição geral.
^ J. L. DE V.
1 Actualmente aa Boa-Nova ha nma bò festa por anuo, a qual bo realiza no
primeira domingo depois do de Paacoa. O povo canta por essa occasiSo rarias
cançiics devotas, de que publiquei tf es na Seoiêla Lutitana, rv, 286.
■ Vid. RdigiStt da LutUania, n, 146.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AKt»EOLOaO'FOKCOGIIÊS
Catalogo dos pergaminliOB existentes
no arobivo da Insigne e Real Collegiada de Guimarães
(Conlbloiçta.Vid. O AnJ.. Parf., I, HM)
cxvn
90 de janeiro de 1S4S
Consigaação da renda de um maravidi ao cabido de Guimaries,
imposta em uma herdade da freguesia de Polvoteira, feita por Florença
Ânnes, viuva âe JoSo Affonso, e por Qil Martias, como testamenteiros
do dito Joio Affonso.
Escrita no respectivo livro dos contratos, a 20 de janeiro da era
de 1380, pelo tabellião Jo3io de Braga.
I^ste documento é um traslado passado pelo tabellito Vasco Mar-
tína, em GuimarSes, a 18 de dezembro da era de 1415.
CXVIII
30 de agosto de tStí
Outorga da renda de um maravidi e meio, imposto numas casas
da Rua de Don Anays, dado aos clérigos do coro por SimSo Martins,
abbade que foi dcTagilde, com obrigação de anniveraarío por sua alma
e de Már Gonçalves, feita por FemXo Gonçalves, mercador, morador
na Rua Sapateira, irmão da dita Mór Gonçalves.
Escrita na via sagra de Santa Maria, a 30 de agosto da era de 1380,
pelo tabelUão Fero Bravo, sendo testemunhas Affonso Martins, abbade
de Gondar, e Martim Pires, abbade de Barqueiros.
CXIX
18 de ootabro de 1342
DoaçSo de uma herdade em Laveriz (a qual íSra de Ermigo Garcia
e mulher D. Maria, avós de Martim Alvelo, cónego de Guimarães, e
adquirida por este por troca que fez com o testamenteiro de seu primo
Rodrigo Affonso, filho de Affonso Ermigues, seu tio materno, e depois
por ello cónego doada a Domingos Fernandes Correiro e mulher Do-
mingas Domingas), e de outra herdade no Outeiro, freguesia de S. Ma-
mede de Caniçada (que o mesmo eonego ganhou aos filhos de Euy
I^res, cavalleíro, de . . . , e mulher Maria Esteves, e doara aos mesmos),
feita pelos ditos Domingos Fernandes e mulher ao mesmo cónego Mar-
tim Alvelo.
byCOOglc
o Abcbbolooo P0BTDGUÊ8 S4&
Escrita «m Guimarites, a 18 de outubro da era de 1380, pelo ta-
bellião Affonao Rres, sendo testemniihas, entre outros, Rodrigo Esteves
Lagarto e Pedro Àlvelo, escudeiros.
cxx
13 de agosto de 1843
Traslado da clausula testamentária de Domingos Annes, pela qnal
deixa um maravidí aiumal aos clerí^s do coro, imposto bo sen casal
de Adegaaha, com obrigação de duas missas offioiadas em honra de
Santa Yera Cruz, ditas oa primeira B^uada-ieira da quaresma, com
oraçSes e agna benta sobre a sua sepoltura.
Passado, por mandado do juiz de GuimarSes Ayres JuyleB, pelo
tabellião Affonso Pires a 13 de agosto da era de 1381, dia do enterro
do testador.
CXXI
13 de outubro de 1344
Emprazamento em três vidas de ama casa, sita no termo do Cas-
tello acima da Rua do Gado, -feito pelos clérigos do coro a Martim
Annes, peliteiro, e mulher Maria Pires, com o foro de um maravidi
velho.
Escrito em Guimarães na via sagra de Santa Maria, ante o altar
de S. Braz, estando ahi alguns clérigos do coro & missa da mulher
daknotl a 12 de outubro da era de 1382, pelo tabellião Martim Annes,
sendo testemunha Martim Pires, abbade de Barqueiros, etc.
CXXII
4 do julbo de 1545
Doação de um maravidi, imposto na herdade de Paaçoo, freguesia
de Santa Ovaia de ForamontaaSs, feita por Guiomar Esteves á con-
fraria dos clérigos do coro, por a admittirem por confrada sem outra
entrada.
Escrita na Crasta de Santa Maria, a 4 de julho da era de 1383,
pelo tabellião Pêro Bravo, sendo testemunhas Thomé Affonso, tabel-
lião; Martim Pires, abbade de Barqueiros; etc.
Em seguida: Posse da dita quinta de Paaçoo a 5 do mesmo mês
e perante o mesmo tabeliiSo, sendo testemunha Gonçalo Annes, abbade
de S. Lourenço de Selho; etc.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÁBCHEOLOOO FOBTUOnâfi
cxxm
1» de setembro de 1345
DoaçXo de um e meio maravidi, imposto no casal da Canceltar fre-
guesia de Peasello, feita por Gervaz Eanes e mulher Maria Mendes
Sarraziuha á confraria dos clérigos, por oe admittirem confrades e por
graça que ihea fazem de não dormirem em tua vida com confrade ne-
nhum.
Escrita, a 19 de setembro da era de 1383, pelo tabellíão Thomé
AffoQso, sendo toBtemunhas Qil Vicente, abbade de Santa Xiogriça;
Hartim Pires, abbade de Barqueiros; etc.
Em seguida: Posse do dito casal a 20 do mesmo mês e perante
o mesmo tabelliUo.
CXXIV
7 de jutho de 1346
Fosse da igreja de Santa Maria de Silvares, tomada a 7 de Jnlho
da era de 1384 pelo cabido de Guimarães, representado pelo seu pro-
curador o cónego Martim Lourenço, estando já enterrado o corpo de
JoSo Domingues, abbade que d'ella foi.
Escrito o instrumento dentro da dita igreja pelo tabelliâo Martim
Ãnnes.
cxxv
T de julho de 1346
Duplicado do numero antecedente, mas lavrado pelo tabelIíXo Es-
te vam Ãnnes.
CXXVI
30 de julho de 1346
Venda de umas casas, sitas na Rua de S. Tiago, feita por Gervaz
Martins e mulher Margarida Esteves a Domingos Vieira e mulher Mar-
garida Geraldes, pelo preço de 5 libras portuguesas e sua revora, que
se não declara em que consiste.
Escrito o documento por Martim Ãmies Loomar, escrivSo jurado,
dado por el-rei a Francisco Geraldes, sen tabelliâo em Guimarães, e
por este subscrito com o seu sinal a 30 de julho da era de 1384.
CXXVII
30 de julho de 1S46
Posse das casas de que trata o documento antecedente, tomada
no mesmo dia e perante o mesmo tabelIiSo.
byGoot^lc
o Ahcheoloqo P0BTPGUÊ8
lãd«jiinbodeI349
Traslado da olansnla testamentária de Margaríi^a Pires, mulher
qne foi de Gonçalo Martins, pela qual deixa aos clérigos do c5ro 20
soldos, impostos em umas casas da Bua de Vai de Donas, com obri-
gação de uma missa officiada á qual elles deviam assistir.
Passado, por mandado do Juiz de QuimarSes, Nicolau Domingues,
estando em audiência no concelho, a 12 de junho da era de 1387, pelo
tabeliiXo Gonçalo Ãunes, sendo testemunhos Vasco Lourenço, André
Ãffonso, Antoninho Lourenço, tabelliães, etc.
Sm seguida : Posse da dita caaa conferida pelo testamenteiro da dita
Marganda Pires Risca, perante o mesmo tabelIiSo, a 16 do mesmo mês.
CXXIX
26 de maio de 1850
Sentença, proferida por Jo2o Kres, juiz de Montelongo, acerca de
aguas do casal de Pardelhas.
Lavrada em BinhSes, a 26 de maio da era de 1388, por Vasco Es-
teves, tabellifto de Montelongo, sendo testemunha, entre outros, Martim
AffoDso, tabelliZo do mesmo julgado.
cxxx
15 de dezembro de 1350
Posse de metade de uma casa sita a fiindo do Sabugal, conferida
pelo cónego Gomes Gonçalves, como testamenteiro do cónego Martim
Alvelo, aos clérigos do coro representados por Domingos MJgueis, ab-
bade de Santa Margarida, e pela qual elles haveriam 2 maravidis an-
nualmcnte legados pelo dito cónego.
Escrita, a 15 de dezembro da era de 1388, pelo tabelUSo Gonçalo
Annes.
CXXXI
15 de fevereiro de 1351
Emprazamento em uma vida do casal de Margaride, feito pelo
chantre D. Domingos Annes e cabido a Estevam Pires, clérigo, com
o foro annual de 12 maravidis velhos de moeda portuguesa.
Escrito, a 15 de fevereiro da era de 1389, pelo tabellilo Gonçalo
Martins, sendo testemunha, entre outros, Nicolau Rres, thesoureiro
da igreja de Santa Maria.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo Pobtuquès
CXXXII
2 ie fevereiro de 1364
Traslado das clausulas testamentárias de áires JuySees pelas qnaes
lega ao cabido 2 maravídís impostos no casal de Carcavellos, sito na fre-
guesia de Nespereira, para arder uma lâmpada na igreja de Santa Ma-
ria, e 40 soldos impostos em umaa casas da rua Çapateira para nina missa
úr sua alma com procissão e oração sobre o seu moimento.
lo, por mandado do juiz de Guimarães, Nicolau Domingues,
rereiro da era de 1392, pelo tabelUão Ãntoninho Lourenço,
emunha Gonçalo Martins, tabellião; etc.
CXXXIII
5 de fevereiro de 1354
do casal de Via Cova de Fomellos, que Harttm Lourenço,
ccnferíu ao cabido na qualidade de testamenteiro do cónego
lurenço, que o legou pelo seu testamento feito a 5 de feve-
ra de 1392 com obrigação de uma capella de missas e 12
ios por soa alma,
rumento de posse foi lavrado pelo tabettião de Monteloogo,
Pires.
CXXXIV
30 de nuúo de 1355
iça proferida por D. Estevam Annes, cónego de Lisboa, vi-
I do arcebispo de Braga, D. Guilherme, homologando a com-
ita entre o Dr. D. Affonso Vasques, prior de Guimarães, e
e cabido, (representados por procuradores pela procuração
n Guimarães no Cabido novo de Santa Maria, onde se coS'
r cabido, a 29 de maio da era de 1393, pelo tabelliZo Fran-
ale), acerca da divisão das rendas entre si, na fonoa da di-
ora feita entre o prior D. Diogo Alvares e o mesmo cabido,
'espeita a raçSes, distribuiçSes e anniversarios, ficando per-
netade ao prior para os encargos da fabrica.
)m Braga a 30 de maio do anno de 1355, estando presentes,
)s, D. Estevam Annes, chantre de Braga; D. Vasco Martins,
I Coimbra; Nicolau Domingues, abbade do mosteiro benedi-
Salvador de Vlllar; Francisco (?) Martins, reitor de S. Mi-
ado; Martim Lourenço, reitor de S. Julião de Parada,
miento é em latim, e somente a procuração em portugoès,
ginal, mas traslado, passado por ordem do ajcebispo D. Jorge
byGoí>^^lc
o Abcheologo P(»tuoijê8 M&
da Costa, com citaçSo do procarador de D. Henrique Coatinho, prior
da igreja de GuimarSee, a 27 de outnbro de 1496. Está assinado pelo
arcebispo e foi escrito por Martim de QuimarZes, escrivEto da camará
ecclesiastica, que declara ficar uma gentia em branco por senão
ler no original.
cxxxv
6 de agosto de 1355
Posse de umas casas sitas na Rua de Dona Nays, em virti
sentença, que os clérigos do coro obtiveram contra Geraldo Qon
e mulher, conferida pelo mordomo do concelho a Gil Martins, s
do Inferno, procurador d'ene3.
Escrito, a 6 de agosto da era de 1393, pelo tabelUão Anti
Lourenço.
Em seguida: Posse de umas casas e eixido, sitas no logar de
freguesia de S. Salvador de Pinheiro, tomada por Lourenço I
guês, priosle dos clérigos do coro a 5 de novembro da era de
Escrito pelo mesmo tabelliSo.
CXXXVI
23 do maio de 1356
Traslado da clausula testamentária de Domingos Annes '.
pela qual deixa aos cónegos de GuimarSes o seu casal de Adej
com obrigação de pagarem annualmente por elle dois maravi
mosteiro da Costa, para duas missas por sua alma, e aos clerij
cdro um maravidi para duas missas ofBciadas no primeiro e se
dia de quaresma com oraçScs e agua benta sobre elle.
Passado, a requerimento de Gil Martins, abbade do Inferot
curador dos clérigos, por mandado do juiz de Guimarães, Gonçi
tevês, pelo tabellião Vasco Lourenço, no concelho, a 23 de m
era de 1394, sendo testemunhas Ruy da Maia, alcaide do Ca
João Pires, João Annes e Francisco Vicente, tabelliães.
CXXXVII
16 de novembro de 1359
Escambo ou troca, feita entre o cónego Vicente Domingue
clérigos do coro (sendo prioste Álvaro ASbnso e fazendo parte
Qonçalo Martins, capellão de S. Payo), pela qual foi tranaferid
a altnninha do Pinheiro, sita a par das gafas de Santa Luzia)
cargo annual de meio maravidi imposto no casal de Kba de
byGoot^lc
350 O Abcheolooo FoRTnoiíêa
Escrito na Craete de Santa Haría de GaimarSes, a 16 de novembro
da era de 1397, pelo tabeUiSo Qonçalo Martins.
Em seguida: FrocnraçSo do cónego Vicente Domingues, a fim de
eer dada aos ditos clérigos a posse da referida almainha. Fãta pelo
mesmo tabelliSo, a 7 de outubro da era de 1400.
Em seguida: Fosse da dita almuinha, sita trai a porta de Fa7 de
DonoB a par de a carreira que voe para Santa Lima. Escrito pelo
mesmo tabelli&o a 9 do mesmo mês de outubro.
CXXXVIII
12 de abril de 1362
Traslado de nm recibo de 40 libras de dinheiros portugueses que,
em 21 de abril da era de 1390 (Ch. 1352), foi entregue pelos testa-
menteiros de Vasco Fagundes ao cabido para pagamento de um mara-
vidi para elles e de meio para os clérigos do caro, com obrigaçSo,
cada um, de uma missa officiada por alma do testador.
Passado, a requerimento de Lourenço Domingues, príoste dos clé-
rigos do cdro, por mandado do juiz de GuimarSes, Fernlo Anaes, pelo
tabelliSo Vasco Lourenço, a 12 de abril de 1400, sendo testemunhas,
entre outros, D. Lourenço Martins, prior de S. Torcade, e André Af-
fonso, tabelliSo.
CXXXIX
25 de outubro de 1363
Sentença, proferida pelo arcebispo D. JoSo, julgando, depois de
previa citação por éditos quaesquer interessados e nSo apparecer nin-
guém, que a apresentação da igreja ou ermida de S. Tiago da villa
de GuimarSes pertencia ao D. Frior e cabido de Guimarães.
Dada em Braga pelo dito arcebispo, na saa camará de S. Vttoiro,
a 25 de outubro da era de 1401.
Nesta pendência o prior de Guimarães, Gonçalo Telez, foi repre-
sentado pelo chantre, Vicente Domínguez, por virtude da procnração
passada ao portal da igreja de Santa Maria, a 21 (?) de junho da era
de 1401, pelo tabelliSo André Affonso, sendo testemunha, entre oatros
D. João Aflfonso, Conde de Barcellos.
O cabido nomeou seus procuradores o dito chantre, o thesoureiro
Martím Beeitez, o cónego Gil Eanes de Fenela, por procuração passada
na Crasta, oode fazem cabido, a 10 de agosto da era de 1401, pelo
tabellião Gonçalo Martins, sendo testemunha Affonso Gil, abbade de
S- Romão de Mesão Frio; etc.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AbCHEOLOQO FOttTDOIIÊS 351
CXL
13 de junho de 1364
Sentença, proferida em Santarém, a 13 de junho da era de 1402,
por Fernão Martins e JoSo Airas (?), vassallos de el-rei e ouvidores
dos seus feitos, absolvendo o cabido de âuimarZes da demanda, <jue
ihe movia o procurador da coroa acerca dos casaes de Adeganba, Can-
tonha e outro, que lavra Martim Fouço.
Não é original, mas traslado passado, a requerimento do chantre
João Lourenço, por mandado do juiz de Guimarães, Martim Gomes,
na praça da villa a 10 de novembro da era de 1437.
CXLI
27 de abril de 1365
Posse de umas casas sitas na Rua do Gado, que Affonso Martins,
pouBodeiro do infante D. Fernando (representado por procurador em
virtude de procuração passada em Lamarosa, onde elle vivia, pelo ta-
betlíão Egas Nogueira, a 22 de outubro da era de 1402), restituiu aos
clérigos do coro, que provaram pertencer-lhes.
Dada perante o tabelliSo JoSo Gonçalves a 27 de abríl da era de
1403.
CXLII
• 13 de jnaho de 1365
Traslado das olausnlas do testamento de Jo&o Lourenço, o qual
foi apresentado por seu irmão e testamenteiro Martim Lourenço, celor-
giom, pelas quaes lega aos cónegos de Guimarães dois maravidis, im-
postos em umas casas, com obrigação de duas missas oãiciadas por
saa alma e de sua mulher Mana Pires, e de Sancha Fernandes; e aos
clérigos do cSro um maravídi com obrigação de uma missa oiiiciada
pela mesma intenção.
Passado, a requerimento de G. Vicente, abbade de S. Lourenço
de Riba de Selho, procarador dos ditos clérigos, por mandado do jniz
de Guimarães, João Lourenço, a 13 de junho da era de 1403, pelo
tabellião Vasco Lourenço, sendo testemunha Fernão Ãnnes, vassallo
de el-rei; etc.
CXLm
Emprazamento em três vidas de uma almuinba, sita atrás do mos-
teiro de S. Domingos, feito pelos clérigos do cÕro, a quem foi legada
byGoí>^^lc
o Abcheologo Pohtuquês
) chantre J). Martim Garcia, a Gonçalo Martics, clérigo, capelllo
3. Payo, com o foro aimual de 20 soldos.
Escrito, a 6 de maio da era de 1404, pelo tabetlíSo Joio Âimes.
CXLIV
29 de setembro de 1368
Emprazamento, em três vidas, de umas casas sitas na qnintS dos
ateiros, que partem com o forno do Roixo e foram de JoSo Martins,
ade de Tagilãe, feito pelos clérigos do coro (dos quaes fazia parte
a Domingues, abbade de Aueçam, e AfFonso Gil, abbade d© S.Bo-
i), a Diogo Gil Faraçom, escudeiro, e mulher Beatriz Rodrigues,
moravam junto d'ellas, com o foro de 25 soldos.
Escrito na Crasta de Santa Maria, a 29 de setembro da era de
6, pelo tabellião João Lourenço.
CXLV
14 de janeiro de 1369
Carta de el-rei D. Fernando, a pedido de Beltrom Beltares (?),
ade de ToUSes, cónego de Braga, doutor em leis, confirmando a sen-
;a de D. Aãbnso IV, que lhe mantém a JurisdicçXo eivei no Couto
Uoleçozo.
Dada em Évora, a 14 de janeiro da era de 1407, por Fernão Mar-
e Rodrigo Esteves, vassallos de el-rei.
Conserva pendente de cordão vermelho o sêllo de el-rei, em cera
íca, já partido e com falta de parte d'alle.
Nas costas ha estes documentos:
1." Notificação da carta referida a Fernão Fernandes, jniz de Celo-
de Basto por Fernão Vasques da Cunha, a 4 de setembro da era
L457.
2." Notificação da mesma carta a Gil Affonso, juiz de Celorico de
to, a 12 de muo de 1432, sendo esse instrumento lavrado por Roj
renço, tabellião por Fernão Vasques da Cunha.
CXLVI
25 (?) de agosto de 1369
Emprazamento de umas casas, sitas na rua de S. Tiago, feito pelos
igos do coro a Gonçalo Fernandes, com o foro de 30 soldos.
í"eito em Guimarães, a 25 (?) de agosto da era de 1407, pelo ta-
lão João Gonçalves.
byCoOglc
o ÃBCHEOLooo PoBToaaâs
CXLVU
9 d« marf o de 1371
Testamento de Vicente Domingues, chantre de Guim&rSi
de Braga, feito por elle a 9 de março da era de 1409, a
por Gonçalo Romeu, prebendeiro do cabido, ao juiz de Guim
nio Annes Missa, a 18 de maio da era de 14tl, a fim de o
bUcar nas casas do mesmo chantre estando este ahi finado,
fez e o mandou inserir na nota do tabelIiSo João Ãffonso.
Por este testamento o chantre determina ser sepultadi
de Santa Maria de Guimarães, ante o altar da Trindade e
tinho, onde (para esto está estabelecida sepultura mettida I
de pedra branoai, e deixa vários bens ao cabido com obrigaç,
e orações por sua atma; e m^s um legado a Constança Pai
casamento ; e nomeia seu herdeiro Vasco Vicente, abbade
passando depois a seu fílho maie velho, ou filha mais velhs
filhos, e nSo os havendo este tudo será para o cabido de '
Este documento nSo é original, mas traslado passado
mento do cabido, em 22 de dezembro da era de 1414, pe
João AfTonso, com auctorização de Pedro Martins, ouvido
nho-mor de el-rei em Entre Douro e Minho, dada por c;
de Guimarães a 12 de maio da era de 1414, sendo já fal
bellião João AfTonso, que publicara o testamento, e sendo
isto Constança Paios, manceba do chantre fallecido e mS
Vicente, abbade de Tagilde, que também já era fallecido.
CXLVIII
29 de setembro da 1371
Posse de umas casas, sitas na rua de Santa Maria, ]
João Lourenço, çolorgiom, deixou aos clérigos do coro ui
com obrigaçXo de uma missa officiada por sua alma, por £
nandes, e por sua mulher Maria Pires, que tomaram os di
(dos quaes faziam parte Fero Domingues, abbade de S. Tho
çam, e Gonçalo Fernandes, abbade de Gondomar), jazend
sua casa a dita Maria E^res, a 29 de setembro da era de
Escrito pelo tabellião JoSo ASbneo.
CXLIX
16 de março de 1973
Commissão dada por D. Estevam Pires, deão de Braga
bido, Bcdc vacante, a 16 de março da era de 1411, a Rodri
byGoot^lc
tCHEOLOGO POBTUGDÉS
conferir a. instituição canónica na igreja de
Gonçalo Domingues, vigário de S. Tiago de
cliantre de QuimarZes, Vicente Domingues,
D. Martim Annes.
eoto, a requerimento de FernSo Domingues,
dor do apresentado, pelo tabellião de Braga,
1 instituiylo canónica na dita igreja de Cal-
I JoSo Annea, conferida pelo dito arcediago
! cordSo vermelho o sêllo da cúria bracha-
'avado em baixo relevo preto, cujo centro já
ndo-se na oria: S. BRÀCHABÊSIS ECLE-
CL
28 de março de 1K73
s testamentárias de João Eanes, cónego de
Thomé de Caldellas, pelas quaes deixa meio
iposto numa herdade de Riba de Selho, fre-
meio maravidi aos clérigos do coro com obri-
iiada por sua alma e de sua irmS Theresa
mento do príoste Lourenço Domingues, por
larães, Fernão Eanes Missa, a 28 de março
liXo João Esteves, sendo testemunha Affonso
27 de maio do 1ST5
n Avinhâo a 27 de maio de 1375 pelo au-
)berto de Otratton, julgando valida e cano-
•■ da igreja de Santa Maria de Guimarães,
I pelo cabido por óbito de D, Vicente Do-
sentiição de Gonçalo Raimnndo feita pelo
]ue abusivamente introduzira no chantrado
uanto a apresentação pertencia ín totiãum
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o AaCHEOLOOO POBTDQUÊa
No verso está a notificação d'esta sentença feitt
de janeiro da era de 1416 (13 de janeiro de 137
Santa Clara de Coimbra, na corte e paços onde
prior Qonçalo Vasques, licenceado em direito, com li
mnnicada pelo bispo de Silves D. Martinho. A se
pelo dito chantre JoSo Lourenço, e lida e notificada
Brosset, da diocese de San Flor, notário apostolici
Tem pendente de cordão de seda verde o sêUo
poBto sobre cera branca, do auditor romano, mi
no todo.
CLn
3 de jnlho de 1375
Bulia do Papa Gregório XI diri^da ao arceb'
tada de Avinhão a 5 das nonas de julbo (3 de jal
nando o sequestro das rendas do chantrado de Ss
marães, a requerimento de D. João Lourenço, em
interposta a sppellação da sentença que julgou v
para diantre.
Tem pendente de cordão branco o sêllo pontifica
na face e no campo, entre uma orla de pontos
GREQORIUS PP XI — e no verso, no campo,
pontos, os bustos dos apóstolos e por cima d'estes
CLIII
14 de maio de ISTG
Sentença, proferida em AvínhSo a 14 de múc
ditor da cúria romana Galhardo de Nonecchia,
Iraetada sob n." CLI, da qual appellara Gonçalo I
Tem pendente de cordSo vermelho o sêllo do aii
melha sobre cera branca, mas inutilizado quasi no
CLIV
16 de maio de 137G
Posse de umas casas sitas na rua Escura, lega
chantre Vicente Domingnes, effectuada a 16 de mi
na presença do tabellião Vasco Martins.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo PoBmaoís
26 de maio de 1S76
Sentença, proferida em ÀviohSo s 28 de mMO de 1376 pelo andí-
tor da curía romana Galliai-do de NoDecchia, cODfinuaudo a sentença
eztractada sob o n." CLI, da qual appellara o pnor Gonçalo Vas-
qaes.
No verso ; NotificaQSo d'esta sentença ao dito prior, do mesmo legar,
dia, mês e anno, e nos mesmos termos da notificação que consta do
u." CLI.
CLVI
15 de aetembro de 1376
Sentença, proferida em Avinh&o a 15 de setembro de 1376 pelo
auditor da cúria romana Bertrando de Álamo, confirmando a sen-
tença sobre o ch&ntrado eztractada no numero antecedente, da qoal
appellaram o prior Gonçalo Vasqaes e Gonçalo Raimundo.
Conserva, pendente de cord&o de seda branca, o sêllo do anditor
ainda quasi completo. É em baixo relevo, de lacre vermelbo posto sobre
cera branca, e no centro a toda a altura da oval a fachada da igreja,
ou altar gothico, com três baldaquinos e em cada um sua imagem.
Na orla S BERTRÃDI....
No verso: NotíficaçSo d'esta sentença ao prior Gonçalo Vasques,
no mesmo logar, dia, mês e anno, e nos mesmos termos da notificação
do n." CLI.
CLVU
27 de dezembro de 1376
DoaçSo da pensSo annual de 20 soldos, imposta em nmas casas,
feita por Maria de Sonsa aos clérigos do coro, com obrigaçSo de nma
Escrito a 27 de dezembro da era de 1414 na presença do Veris-
simo Martins, juiz de Guimarães, pelo tabellião Vasco Martins, sendo
testemunhas dois ourives.
CLVIII
25 de maio de 1377
Mandado de execuçRo das sentenças sobre o chanfrado, estracta-
das nos nwmeros antecedentes, expedido de Roma a 25 de maio de
byGoí>^^lc
o Archeolooo Pobtdqdês
1377 por Francisco Femanâes, cónego Ispalense, ao oua! e a ontros
foi commetlido o seu cumprímento, e que elle, por <
delega nos seguintes: Affonso Annes, thesoureiro
Maria de GaimarSes; Vasco Martins, Gonçalo Anu
cato Domingues, Gonçalo Vieira, cónegos da mesmi
renço, reitor da igreja do Salvador de Pinheiro; Di<
da de S. Martinho de Candoso; Gonçalo, reitor da c
Tem pendente de cordão vermelho, em baixo i
melho sobre cera branca, o sêllo do executor. E ■
uma portada gothica e na oria: S. FRANCISCI. PE
NICI. ECLESIE. H....
No verso: Notiãeação feita ao prior Gonçalo ^
logar, dia, mês, anno e termos da do numero CLI
CLIX
31 de outnbro de 1378
Doação de casas sitas na viella, que vae da i
a, ma da Ferraria, feita por Gonçalo Romeu e mu
gnes aos clérigos do cfiro, com obrigação de duas :
tares por alma de seus pães e das suas.
Feito na capella de S. João, a 31 de outubro da
tabellíão Vasco Martins.
Em seguida: Posse das mesmas casas perante
a 15 (?) de novembro da mesma era.
CLX
14 de abril de 1382
Posse de umas casas sitas na rua de Vai de
Gonçalo Fernandes, abbade de Gondomar, como f
rigos do coro, em virtude de sentença proferida coi:
que as questionava, por Gomes Fernandes, cónego
geral do arcebispo D. Lourenço, em GuimarSes a
de 1420.
A posse foi conferida a 17 do mesmo mês e eri
mingues, homem de Gonçalo Pires Coelho, alcaide (
marães.
Feito pelo tabellião Vasco Affouso, sendo test<
Estevez, prioste dos clérigos, e JoSo Annes, abbade
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abchbolooo Pobtuqdês
25 de abril de 1362
Procuração de Vasco Domiogues, mercador, como testamentóro
de sua sogra Maria de Sousa, manceba que foi do cónego Crii £aiuieSk
dando poder a Lourenço Estevez, prioste dos clérigos, © a ontro, para
tomarem posse do logar da Curveira, freguesia de Silvares, em tfoe
ella impôs por seu testamento três libras perpetuamente a &vor dos
clérigos do coro.
Feito a 25 de abril da era de 1420 pelo tabellião Affonso Fernan-
des. £m seguida: Posse do dito logar em 14 de janeiro da era de
1421.
CLXII
5 de setembro de 1882
Emprazamento, em três vidas, de um campo sito na rua dos Mer-
cadores, em que hoave casas que arderam com mais outras «quando
ora aqui fora a queima em esta ^tlat, pertencente á ca«a de Santa
Luzia, feito pelo juiz de Quimariles Gonçalo Romen e pelos vereado-
res Affonso Pires, Martim Domingues, Affonso Lourenço e Pálios Do-
mingues e pelo procurador do concelho Qil Pires, a Affonso de Freitas,
mercador, e mulher Maria Martins, com o foro annual de 5 maravidis
velhos psgos á, dita casa de Santa Luzia e um í MadaneUa, qoe está
na Igreja de S. Tiago, d'esta villa, e com obrigaçZo de ali edificarem
casas á sua custa.
Feito no Paço do concelho, pelo tabelliXo JoSo Pires, a 5 de setem-
bro da era de 1420, sendo procurador da casa de Santa Luúa, Vasco
Gonçalves Missa.
{Coatin&a). ç^ ^^^^^ j q ^^ OUVEIBA GdimABÍES.
Contos para contar
V
Exemplares iaedltos
Ainda nSo está esgotado o assunto, nem o propósito que nos move
a nlo perdê-lo de vista.
Depois de termos manifestado n-0 Âreh. PoH., de pag. 289 a 30i
do vol. vn, algumas ideias conducentes a defender os cotdoB, ou cal-
culadores, contra a indifferença de que eram victimas, exaltando o tri-
byGoí>^^lc
o Archeolooo Português 359
buto de veneraçSo que lhes é devido, como documentos srcheologicos
de valor, nSo descurámos de patrociná-los aov&mente. Keste intuito
recorremos aoe m«teríaes arrecadados nas nossas pastas de trabalho,
c visitámos piedosamente os medalheiros dos colleccionadores.
Foram escolhidos 14 exemplares, inéditos, que certamente hão-de
prender a atteoçSo dos entendidos. A colheita é como a reserva do
pobre, peia exiguidade, mas distingue-se pelo que de novo apresenta.
A perseverança com que nos temos abstido de liquidar o assunto,
ainda hoje sem historia conhecida, authenticada por escritos coevos,
nasceo da própria importância d'elle perante a archeologia.
£m revistai periódicas qne tratam de numismática, e em boletins
de assooiaçSes scientificas estrangeiras, o estudo dos jetons tem tomado
proporçSes de verdadeira consagração j por tanto nSo ha motivo para
que deixe de proseguir o estudo dos eonioa para contar, que repre-
sentam aquelles em Portugal. No passado imitámos a natureza da es-
pécie; imitemos, poie, no presente o empenho com que lá fóra se de-
fine e ezhibe srâentlãcamente qualquer antígualha de tal ordem.
Ha livros especiaes, vulgiu-izadores dos Jdotu e dos méreavx. Esta
literatura, de grande valor, qiie teve inicio na HoManda no primeiro
qnartel do sec. xvil, tem aumentado gradualmente no andar dos
tempos *. De ha annos a esta parte é notável o seu desenvolvimento.
I Os livroH que iiobre a especialidade coabecemoa, nna directa oatroa indire-
ctamente, bKo ob HCgnintCH :
EminaDael de Meteren, Bíitoire dm Pat/i-Bat, La Hayc 1618.
P. Ménestrier, Hutoire tU LuoU U Grana, Paríg 1688.
Bieot, Bittoire mtíoUigue de Ia liépabligue de HoUandt, Paria 1689.
Van IiOOD, Berehryotjig der ííedertaitdtehe hitloriepenningeH, La Hayc 1723-
1731.
FranB. Vau Miéria, Hietoire der Nederlandtehtoorgteti mel meer dan duitend
hitloripenningett opgddderd. Qraavenh, La Haye 1732-1735.
Snelling, Ã vitw of tie origm, noAire, attd vee ofjeUoM or eotmler$, LondoQ
1767.
G-.Van Orden, Brydragen totpenniugktmdvattktíkoaderNtderla7iden,Zaa3i-
dun 1830.
H. Hermand, Sechercha aur kt numnate*, médaiUe» et jebm» dont la ville
de Saint-Omôr a éU Vobjet, Saint-Omer 1835.
H. M. Dsncoisno et Delanoy, Rtcueil de» monnaie», midaille» etjetont de Doaai
ftdeton arrondutenetU, Donai 1836.
H. Desaina, ííotiee tur quelquei monnatei, mériaux ou jeloiu da taoj/en âge,
(La Bevue NumiBmatiqae 1842).
M. Rosaignol, Du liberU» de la Bourgogite d't^rrit levjfioui de tea ÉtaU, Antnn
1851.
byCOO^^IC
360 O AbCHBOLOOO POBTOOUitS
Compulsando o Bulletin International de. Numiamatiqtíe, que foi cin-
gido pelo Sr. Adrien Blanchet, respigámos 52 artigos qae ali se men-
cionam, publicados por autores de varias nacionalidades no peiiodo
decorrido de 1901 a 1904. O Sr. Atphoose de Witte, niunismata belga,
tem a primssia eatre os monograpliistaB que tanto prodaúram em
três anãos apenas. E basta só a influencia d'estd recente desenroM-
mento literarío para que o amador do conto não ee abstenha de o pos-
suir e estudar, salv»ido-o da destruição, inevitável no caso contrario,
e da indifferença.
Também é preciso notar que U fora, nos leilSea, o preço dojetou
qnasi excede o da moeda menos vulgar, progresso este nSo calculado
antígamente pelos numismatas nem pelos commerciantes ganaDciosos.
E a onda crescerá mais brava; pôde affirmar-se isto.
A insistência pelo brilho d&j^onUtique, ou disciplina que se occnpa
do jeton, não provém da falta de assuntos novos no campo do av.-
P. Charle» Robert, Becherche» tur ht monnake tíjrtoru de mailret-ieierttit
de la viUe de JíeU, Meti 1853,
J. de FoDtenaj, Maiiud de faiaaleur de»jetciii, Paris 1851.
Jnles Rottycr et Eugèno Uucher, Hatoirt dajetoju au moytn âge, Paria 1%8.
Van Hende, Namúmatique lilloiae ou descri^ion deã moimaiet, midaiUet, tné-
reaitx, jeíoiu, etc, de Lille, 1638.
li. Dancoiane, Jleciteil hiiloriqve de monnaiet, nUreaux, midailie» eljeUmt de
la viUe et de rarnmdisKment de Béthvme, Arras 1859.
Loir, Beeherehe» sur la monoaie», mireaux, tceaiix eiJeíoBM de Manta, Paria
1859.
Forgeais, Méreaux dea eorporatiotu de méiiert (Irouréã dans la Stint), 1862.
L. DcschampB de Pas, Notiee «ur lesjetoni d'ÃrUm, BmxelleB 186S.
A. Dnrand, iíédaille$ ttjetoas de* numiêmaiet, Senève 1865.
Soultrait, Notiee aur tetjtíoru de plomb deã archeviquei de Liyon, Lyon 1869.
DeechampB de Pas, Note deteripliiie dei méreaax trouvé» à Thirvuamu, Bra-
xetles 1872.
Maurin Nabn^s, MidaiUe» d jeton» inidite» relativa à 1'hutoire det xni jm-
vineeg ancimnes det Pays-lSa», Bmielles 18T3-I8T7.
De Sebodt, Méreaux de bienfaitanee ecelétiattíquet et rdigieux de la vilie de
Brugeê, Bruiellea 1873-1878.
De Sebodt, Le diapitre de la cathédral de S. Lambert à LAge et «e* méreauss,
BnuelleB 1875,
Dt. L. F- Dogniolle, Le jeton higtorique deã dix-ãept provinee* det Payt-Bat,
Bmzelles 1876-1880.
L. Hinard van Hoorebeke, Deãcription deã máreaia: eí jHoita de préatMe deã
gildea et coiy* de métiere, iglite», etc, de la ville de Gatid, Gand 1877-1879.
AfFrj de la Monnoye, JeUm» de Vichevinage paríeiat, amwtí* tt ptMUi fV
le geraiee hUtoriqae de la ville de Pari», Paris 1678.
byGoot^lc
o Archeolooo Portuqdês
misma antigo. Oatra é a causa: — o Jeton, é muit;
mente mais expresairo que a moeda. Qnasi se co
quando commemora acontecimentos, nem sempre <
cnndaría. Reíere-se ordinariamente a factoa da vida
dos grandes senhores, factos denunciados nos met
duráveis que o livro, com o qnal hoje vivemos na i
conquistando ideias, como os antigos viveram com
lando povos.
Deve insistir-se no estudo do conto, genuinameT
nSo viveu laboriosamente no estrangeiro, embora ap<
sSo para qne foi criado. A sua inferioridade, em comp
que foi calculista e historiador, é compensada pela oi
fundivel, que o caracteriza. Sabemos que os numis
interessam-Be por conhecer os conto»; certamente a<
cioná-Ios.
J. Diiks, De Noord-Nederlandiche Gildtpenningen, Welett
en a/gebrdd, Haalem 1878-1879.
J. Cbautard, Kotice lur U» JtCojia da galkrts /roppit
dt Louiê Jottph, duc de Vendôme, Vcndôme 1881-18^.
Poncet, Beekerchu tur Ift jdon» oontulairt» de la ville
L. Quintard, Jetona dt VHÒtel de Ville-de-Nancy, Naucj
Robtfit et £. Sermrc, Monnaiea et médaillu det iciquet
J. BethnDe, Mireaux det famiUe» brugeoiaes, Bruges 18Í
Cb. Préau, Jeton» de* duct de Vetidõme de branche légiCin
Ch. Préaa, Jeton» inédile» de Ni«ola» Dupri (í Jean Jont
Chantard, Étude» niT le» jeton» ou pomí de vue de la
du rever», Bniiellea 1891.
J. Roman, Le» jeton» du Daupkini, GreQoblc 1891.
De Lespinasse, Jetona ri armoiríe» de» nUtier» de Pari»,
B. Gillet, Jeton» de pré»ence de» compagnie» de notavre»
1897.
Van G«niiep, Jdon» de Saooie, Paris 1897.
Léopnld van den Bergh, Catalogue de»cript\f de» mont
et médaUle» frappé» à Maline», Malinea 1899,
Emile Bonnet, Ijetjeion» de» Éial» géniraux de Langues
Henri de la Four, Jeton» de» roi* et reine» de France, Pt
Conte Ch. de Beanmont, Le»JeUma Toitrangeau, ChUon
Planchenault, Lt» jeton» angeoin», CfaflloDe-enr-SaSne 1!
J. FloTSngc, Memorial dujetonophile; guxde de Vamateu,
PariB 1902.
Edouard van den Broeck, Le» jeton* de» Seigneur»-Tr
ou sTiT* *iiele, BrOsBel 1905,
Georges Cumont, Méreaux de la Maieon de Forte à C
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
362 O Abchbologo POBToaoÉs
Pelos motivos expostos, reunimos grande copia de elementos pan
nm trabalho vasto, e apenas bem poooos sSo agora offerecídos á be-
nevolência dos leitores.
Em resposta a sollicitaçSes instantes e bem recommendadas, re-
cebemos dezenas de decalqnes de cotitoB, provenientes de exemplares
que existem nos medalheíros de numisraatas residentes em pjúses Ica-
g^nquos; porém na maior quantidade dos que se apresentaram havia
legendas mal impressas, ou apagadas, e symboloa sacrificados pela
acção do tempo. A percentagem da rejeiçSo neste caso não podia
deixar de exceder enormemente a da escolha.
Para confirmar esta declaração, verdadeiramente despretenciosa,
que patenteia o receio de entrai
em estudos erríçaâos de difficul-
dades de grande vulto, derivadas
da quasi inutilização de materíaes
para trabalho, examine-se o de-
calque reproduzido na fíg. A.
Trata-se do exemplar mais re-
'' conhecivel na serie dos exempla-
res rejeitados. O característico da sua pagina de honra, a do anverso,
parece denunciar nova e surprehendente afiirmaçSo.
No campo avulta o contorno de um busto, como se fosse desenhado
levemente a esfuminho, coberto de férrea armadura; rosto occnito pela
viseira calada; punhos em descanso na cniz do pesado montante, que
lhe sobe até a região do peito. Estará ali patente a figura do íntr^ido
D. João I com toda a sua arrogância medieval, em attitude de energia
physica, apesar de nas moedas coevas não haver feiçSes ds sua per-
sonalidade, como avultam nos tomeses e barbudas de D. Fernando?
Não o duvide quem examinar o que resta da legenda, em que as letras
I H S (abreviatura de lOUANES) apparecem nítidas na orla direita.
Haverá aqui a imitação do typo de certos jetons, em que d^de o sec. xv
app^ecem retratos, como os do archiduque Maximiliano de Áustria,
ulteriormente imperador, e de seu filho Rlipe, o Bello?'
No reverso ha clareza no typo e obscuridade na legenda. Cinco
escudetes em cruz, com um só ponto no centro, são cantonados por
quatro grupos de três discos dispostos em triangulo. O todo é contido
em quatro arcos de circulo duplos, cujas ligaçSes, em angnlos agudos,
> Veja-se a p. 26 da. BUtoire dv jttoii au moyen áge, ■yat Jiilea Ronyer et En-
gène Uiiclier, Paria 1858.
byCoO^^lc
o Abcheoloqo Pobtugdèb 365
são ladeadas por discos. Estes sSo numerosos, de expressão fatigante,
como a de círculos eni rotação permanente, de insistência tSo fecunda
qae o observador julgará ver miniaturas de moedas, ali patentes como
causas que foram do mester em que intervinha a competência do conto.
De conformidade com a communicação que nos foi feita pelo Sr. An-
tónio Pedro de Andrade, actual possuidor do conto, Lopes Fernandes
mencionou as legendas pelo modo seguinte:
A.— + I HS.... + ET + PO + AL. ...
^. — + AR + A + M+ I ET + A + AD
O exemplar é de cobre com fraca espessura. Foi oomprebendido
nnm dos lotes de moedas e medalhas portuguesas da collecção d'este
escritor, distribuídas entre diversos numismatas no Rio de Janeiro '.
Viato mencionarmos o nome de Lopes Fernandes, convém saber-
se que procurámos com o máximo empenho oonhecer exemplares doa
nossos jetons com nome» de Santos, como elle diz a p. 139 da Memoria
das moeda» corrente». Alem dos de Gaspar, Melchior e Salthazar (os
Beis Magos), nomes que foram gravados nos conto» n."* 3 e 12 da es-
tampa que illustra o artigo do Sr. Julius Meili', não vimos outros.
O assunto foi por elle tra-
tado com brevidade, portanto
ha razão para esperar a con-
firmação da nossa suspeita.
O conto n.° 13 a que acima
nos referimos é de estrema ra-
ridade, porém mais raro é um
exemplar variante d'elle pelo an- *^'*' °
verso, nnico até hoje visto, o qual existe na coUecçZo do Sr. Conde
dos OlivaeB e de Penha Longa. Yae representado na fig. B.
+ lASPAR + MELCHIOR +VALTCASAR). No centro de qua-
tro arcos ogivaes, contbnados por quatro aneís, destoca-se a figura de
um leSo em attitude de caminhar com velocidade. Entre esta allegoría
e a legenda deseuvolve-se a ornamentação de quatro castellos, entre
círculos, divididos pelas extremidades da cruz de Avís, cuja parte prin-
cipal está occulta.
* Leia-se n breve historia da diaperaZo completa do muito notável meda-
llieiío de Lopes FeruandeB, inserta a p. 4Õ1 do vol. ii de Teixeira de Aragão.
* Veja-se a estampa em seg^uida á p. 64 do toI. t do Ár^eoloffo Português.
bX'00^[Q
364 O Archeologo
^. — Roda de moinho espadanando agua. Cobre. Feso 4*^,41. Iha-
metro 26 millimetros.
à figura do leSo neste conio é BÍguificativa.
A guerra que D. Affonso V foi levar a terras de Hespanha, para
se apossar da herança de seu sogro, Henrique IV, á qual julgara
ter incontestável direito, começon
em 1475 e, pelo tratado de paz
firmado em Alcântara, terminoa
à 14 de Setembro de 1478, Ora
como neste periodo foram cunha-
das moedas portuguesas, denonú-
P, Q nadas reaes grossos de prata, em
que figura o escudo heráldico de
Hespauha, oomo se mostra na fig. C *, copia do exemplar da coUecçio
monetária do Sr. Conde do Ameal, deprehende-se que o conto é da
mesma época. O leSo é neste caso o revelador.
O reverso do conto nXo é menos expressivo com a roda de moinho,
que era a divisa de D. AffoDso V.
As peças metallicas de que vamos tratar, sobreviventes de estra-
gos maiores, foram escolhidas em doze coUecçSes. A resenha começa
no sec. XIV e vae até o sec. xvi, abrangendo pois o período em que
os contos exerceram activa preponderância na contabilidade, indepen-
dentemente das liçSes, na maior parte enigmáticas, dadas pelas suas
legendas, admittindo que anteriormente ao reinado de D, Fernando
as operaçSes de arithmetica pratica fossem auxiliadas por objectos de
naturezas diversas, absolutamente estranhos á gravura e ao cadinho.
É de crer que os contos fossem numerosos na gaveta do oommer-
ciante, como os aoontiados de villas provincianas na dependência da
realeza; portanto aguardaremos que appareçam outros exemplares,
inéditos e de boa feiçSo.
A analjse critica e descritiva do material figurado na estampa que
acompanha este artigo vae desenvolvida pelo modo seguinte.
I Esta moeda é muito notável, por ter em ambas as pag^as a letra monft-
taria P entre arruelas.
Parece que a letra áo anverso, encimando o escudo português, dere signi-
ficar PORTVGA.L; porém a do reverso não aeiá uma. repetiçSo, desnecessária,
ou significará PORTO? Trata-se de erro ou de distracção do gravador, on àen
snppor-se que elle ji considerasse português o território tteapanhol?
Ha exemplares de grossos de prata com a letra C no reverso, onde está ra-
cionalmente bem coUocada para siguificai CASTELLÃ.
Seiia interessante que a duvida fosse inteiramente resolvida.
byCOO^^IC
o ASCHEOLOGO FOBTDGUÉS
SeoaloB XIV a XV
i>. João I
N.» 1.—* AVE ô MARIA H GRACCIA) i? PLENA. No e,
1^, ioicial de JoZo, entre duaa estrellaa de oinco pontaa, dentro d
circolo. A letra é protegida pela coroa real, guardada por oatrj
trelUs, ig^imes áqnellas.
Br. * ADIVTORIVM ir NOSTRV(M). Cinco escadetes co
quinas, cantoaados por quatro estrellas, dentro de nm circulo. C
Peso 3',02. Diâmetro 26 millimetros.
Este conto pertence ao Sr. João Nunes. É igual ao qne vem de:
sob o n." 1520 na Histoire du Travail, por Teiíeira de AragS(
anverso ha o typo da moeda de bolhZo de 1 maravedi, que D. Jc
rei de Castdlla (1379-1390), mandou cunhar com a denomtaaçi
<i^nus dei blanco, por ter no reverso o Cordeiro de Deus '. Esta n
foi corrente em Portugal, e, portanto, é provável que servisse d<
delo ao gravador do conto.
N.^a.— IAN-S = REX:— POR(TVGALIAE):— ALQ(AR
Cinco escudetes com as quinas, cantonados por estrellas, sSo sepa
por quartos de circulo em sequencia de traços que convergem p
centro do disco.
fr. ^ ADIVTORIVM ■:•:■ NOSTRVN. Cruz da Ordem de Ch
estreita, entre dois circules parallelos, cantonada por quatro b
tes. A haste perpendicular inferior é ladeada pelas letras F(OR']
Cobre. Peso? Diâmetro 21 millimetros.
Pertence ao Sr. António Pedro de Andrade.
» Vcja-ae o desenho d'eUa na estampa u, n." 1, de Dtterieián genertU
moiiedat htapano-chritíianat, por AIoíbs Hei».
> Na collecçlo monetária do P--. Joaquim José Jndice doe Santoa <
outro exemplar, levemente Tarin'. no re-
verso, em qae a cruz está contida nnm cir-
cnlo de pontos, como se vé na ãg. D, a qual
é copia do desenho, feito pelo venerando de-
cano dos nnmismatas portugueses, compre-
hendido entre outros desenhos de um volu-
moso manuscrito de apontamentos, canhenho P,g_ ^
qne o acompanhon, como elemento indispen-
sável em pesquisas de moedas e medalhas antigas, nnm periodo pouco ii
a 50 aunoB !
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
S66 O Abch
Notamos qae, relativamente á legenda do anverso, a forma IAN>S,
para designar lOHANES, é qnasi desconliecida nas moedas. Apenaã
temos noticia de qae foi assim gravada num dinheiro de cobre ' de
D. JoSo I, que tem a marca da casa monetária do Porto. N3o pudémas
obler o desenho. O exemplar vem mencicaado, sob o n." 75, no ca-
talogo que o Sr. J. Schnlman distribuiu com o titulo de CoGectiou
Cyrú Augusto ãe Carvalho — Mounaieê et médaiUet portugaiae» — Ventt
á Âmtterdam. Septembre 1905.
Nas moedas de D. JoSo I lê-se em abreviaturas o nome do aobe-
rano, lOHÃNES. Ã mais vulgar é IHNS, qne nalguns padrSes ap-
parece transformada em IHS e IHES. Outra forma sem a tetra H.
a de lOANES, deo as variantes: lOANIS, lOANS, lONS, INÊS,
INS e ainda lANS. E é provável haver mais variedades. Esta ultima
vem gravada no dinheiro ãe cobre portuense a qae nos referimos.
Seria adoptada no conto, porqae se admitte, como asserção evi-
dente, que aos gravadores do numerário nâo era probibido qae exer-
citassem para uso par.ticular o seu mester artistico fora das casas da
moeda, ou até mesmo nellas.
Ha outro conto originário do Porto, mas de typo diverso do que
descrevemos. Cumpre que seja conhecido, apesar de moito deteriorado.
Proveio do leilão das collecções de moedas portuguesas e outras de
^^^k^ ^^^^ J. Van Kuyk e M. A. Scfaellens, realizado em
^^^^^ ^^^D\ Amsterdam no dia 20 de Setembro de 1901.
^Hjj^B ^^^^^ ^0 respectivo catalogo tinha o n." 28 e fôn
^•1^^ ^^^B" classificado como real de 10 soldos, pela se-
'' melhança qne o seu anverso tem com o do real
de ignal valor de D. JoSo I, n." 28 de Teixeira de Aragfio, sem que
o catalogador attendesse á falta absoluta de legendas, a qual colloca
o exemplar na ultima classe dos metaes canhados outrora. A fig. E
represenla-o no rigor da verdade.
No campo a letra Y, coroada, entre P — O.
J^. Cruz com as extremidades em curvas agudas, dentro de arcos
d9 círculo. Bolhão. Peso 0^,7(>. Diâmetro em oval irregular, na raz3o
de 14 X 15 millimetros.
1 A moeda que assim denominamoB, oa folta de denominacSa mais ncional
OD exacta, £ a qne paaeou por etitU oa opiniSo de escritores ooiniBmatícos,
a emittida nos dois reinados anteriores a D. Aãbneo V.
A denominação manteve-se até que o Sr. Ferreira Braga provon que era
errónea. Leiam-se as considerações judiciosas que elle desenvolveu no artigo
inserto de p. 24 a 29 do vol. vii do Areheologo Porluguíi. CoDVBm nSo deixar
no eaquecimento a solução demonstrada.
byGoot^lc
o Abcheoloqo Português
Pertence ao Sr. Dr. Francisco Cordovil de Barahona.
Pôde argomeDtar-se que esta interessante ruína teve legeu
vestígios re^mente nSo existem), destruídas pelo cerceio...
tlr-se isto, o sen diâmetro seria consideravelmente maior qui
de 10 soldos já citado, « o peso regularia qaaei pelo dobro d<
muito aproximado ao d'aqufilla moeda. Attenda-se á forma
mente ovóide e i pobreza ornamental dos symbolos, para
tigaalha seja classiãcada na família dos contos. Estas prov
para condemnar a opinião irreflectida do catalogador.
É pois certo que os contos na sua infância foram ane]
como os objectos nsuaes da vida caseira. O n." 1 da collecção à
reira Braga*, mais antigo, não é menos revelador do facb
se generalizaram, chegada a sua época floreecente, revesti
importância e adoptaram alguns symbolos monetários, pela ci
com as moedas, como se d'ellas descendessem em linha de
e o abuso manteve-se imprudentemente.
X.» 3. — * AVE í^ MARIA ft GBACIA ir PLENA * ^
tro de dois círculos, ornamentada com glóbulos junto ás exl
c cantonada por quatro estreitas, cujas caudas são pequeni
íír. ===DOM=o = INVS= = oTECVoo=[M] BE(NEDICT
escudetes com as quinas, divididos por um circulo. O escudi
está contido entre quatro glóbulos num quadrado formado ]
estrellas. Latão. Peso 1^,95. Diâmetro 22 millimetros.
Pertence ao Sr. José de Ascensão Guimarães.
Este eonto é de singular belleza. A ornamentação da ci
a de quatro cravos, que é característica no reverso de un
muito conhecido, de D. Sancho IL A legenda, no sentido qu<
transita em sequencia immediata para o reverso. Os grup
glóbulos são de absohita novidade na parte superior dos
entre estes e a orla, onde seria impossível gravar letras dt
igual á das da legenda.
N.» 4— •=& AVE ^ MARIA * GRACIA íi PLENAD(Í
Cruz contida num circnlo de traço contínuo, antecedido de
tuado, cantonada por grupos de três estrellas em triangnlos <
com nm anel no centro.
' VeJB-ae a estampa coUocoda entre pp. 30é « 305 do vol. y:
Português.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
368 O ÃBCHEOLOOO POBTOQDÊg
Sr. * EN Ji LATON :ír D ô BO * l-OR íi GALA. CSnco escnde-
tes com as quinas collocados em dois ãrcolos. LatSo. Peso S*,??.
Diâmetro 23 millimetros.
Pertence ao Sr. Pedro Ferreira.
O anverso foi ornamentado a capricho para libertá-lo do caracter
monetário? Esta razfio também dob occorren ao aspecto do conto an-
terior. É de presumir que ambos, e os dois seguintes, denominadoB
convencionalmente contos ãe Ave Maria, pertencessem a mosteiros oa
a confrarias. Quanto á legenda, nota-se que faltasse o espaço para
GoUocar mais uma estrella entre o final da palavra PLENA e a Ie<
tra D. Eis porque a junç&o de taes letras dá PLENAB, em vez de
PLENA ^ DCOMINVS).
Também sSo frequentes as irregularidades d'e3ta ordem nas legen-
das do numerário coevo, e ainda apparecem em épocas vizinhas do
reinado de D. SebastiSo.
Ko reverso lê-se LATON, e nSo LATOR. A forma terminada em
B vem na descríçSo de um conto análogo, o n.** 1522 da Histoire du
Travail. Eotenda-se que a semelhança entre K e R aaciaes origiuon
o equivoco.
Em POR ^ QALA a estrella divisória teria collocaçSo racional
entre L e o A final e subentender-se-hia POR(TV)GAL(IAE ET) *
A(LGARBII). Dada como certa esta tnterpretaçlo, o conto foÍ desti-
nado para bom aervtço em Portugal é no Algarve, mesmo de laiSo, EíS
LATON, a mais económica das ligas metallicas que ent&o eram des-
tinadas a cunhos. Dir-se-hia que houve intenção de condemuar o luxo
dos contos mús antigos, que na maior parte eram de bolhSo, on de
cobre, salvas rarissimas eioepçSes conhecidas, apesar de no sec. xiv
nSo ser mjsterio saber-se que a resistência do latSo contra o gasto,
em comparaçSo com a dos metaes que snppomos criticados pela le-
genda, era pouco vigorosa para o fabrico de espécies destinadas a
grande movimentaçSo, que houvessem de resistir por muito tempo,
como convinha.
N.° 5. — O anverso é perfeitamente igual ao do exemplar supra
descrito.
^. EN í LAlír TON ir t^t COMO A ADOR ô Cinco esoudetes
com as quinas, cantonados por quatro estrellas, dentro de um circulo
pontuado. LatSo. Peso 2'',10. Diâmetro 22 millimetros.
Pertence ao Sr. JoSo Manoel da Costa, de Mertola.
A leitura da legenda começa da esquerda para a direita na orla
inferior; a disposiçSo das quinas vertícaes assim o indica.
byCOO^^IC
o AbCHBOLOGO POBT0GUÊS
!Mão foi possível achar o sentido da p^avra on palavras COMO
^ ADOR. Se aqui nSo ha abreviaturas, temos de admittir ignorância
ou distracção do gravador.
K.° 6. — O aaverso é igual ao do exemplar anterior.
Br. * EN ft LATON ú DE El BON SERVIÇO ft ^ Dentro de mn
eirculo pontuado cinco esoudetes com as quinas, cautonadoa por qua-
tro anéis e ligados por quartos de circulo em traço continuo. Latão.
Peso 2«,32. Kameíro 23 millimetros.
Pertence ao Sr. Dr. Arthur Lamas.
A gravura é maia harmónica e melhormente delineada que as duas
gravuras anteriores. Pelo seu caracter lembra o estilo, grave, de cer-
tas moedas de bolhão do tempo de D. JoSo I.
Nota-se que entre este numero e os números 4 e 5 foi repetido
o typo do anverso. A invocação á Virgem denota o caracter religioso
d'este8 conto$. Qualquer autoridade ecclesiastica approvaria um typo
norma, concedendo que de algum modo pudesse õonter sinaes ou pa-
lavras indicativas de applicaçSes diversas? Lembra-nos que as varie-
dades contassem e registassem o numero de sacerdotes assistentes
a missas, a novenas, a exéquias e a outras frases do culto catholico.
Finalmente nada pôde dizer-se positivamente a este respeito.
SeouloZV
X>. A.etoam*>'V
TS." 7. - ft ALfONSCS t DEI 8 GRACIA S(R)EX ;P(ORTUGA-
LIAE) * Dentro de Ires arcos o^vaes, duplos, unidos por três trian-
gatos ornamentados de anéis, ha três escudetes com quinas, collooa-
dos em triquetra e convergentes para nm florão rosáceo, central.
5r. « ft « ADIUTORIUM ! NOST[R]UM ! IN S No campo um
grande M uncíal, coroado, entre três letras idênticas, porém semi-
uaòaes, em cujos intervalos ha quatro estrellas. O florão central da
coroa é ornamentado de quatro aoeis. Cobre. Peso 3^,99. Diâmetro
28 millimetros.
Pertence ao Sr. Ferreira Braga este conto, notável e interessan-
tíssimo. Se a legenda fosse indecifrável pelos estragos do tempo, jiUgar-
se-hia que elle foi contemporâneo de D. Manoel. A grande letra coroada
induziria ao erro.
E singular a posição dos escudetes em tnquetra. Presumimos que
Q gravador se inspiraria no anverso dos florins de ouro de WiUram
de Moerurs, bispo de Baer (141&-1456). Numa d'estas moedas, datada
byGoí>^^lc
870 O ASCHEOLOOO POBTDGCÊS
de 144Õ, ha trea escudos heráldicos na mesma poúç&o: o -de Baer,
o de Utrecht e o de Lathem '.
Foi considerável a quantidade de moedas de onro estrangrâras qne
circularam em Portugal no reinado de D. Àffonso V, em virtude das
necessidades commerciaes; por isto nSo é descabida a supposiçSo.
É para admirar que ainda hoje se conserve em tSo perfeito estado
senil este exemplar, de insignificante espessura. O modulo, pela am-
plid&o, é comparável ao dos reaes de cobre.de D. Manoel, que o povo
rejeitou.
D. João H
N." 8.— •¥• CONT •?- VS['?]N -í- [?]OíJS •?■ WOTR I Dentro de um
circulo duplo ha cinco escudetes cantonados por quatro anéis e quatro
SS, que estSo contidos num hexágono apparente de oito pontos. Como
ornamento, outras quatro letras iguaes, porém maiores, se destacara
dentro de semi-circuios, precedidos e seguidos por grupos de três anéis.
Br. + CONTVS : ERV[?jIORCS l DVITR. Escudo com a cmz de
S. Jorge entre quatro anéis, que separam quatro S S oollocados em
poeiçSes obliquas. £st« quadro tem por moldura ornamental qnatie
arcos, fechados por anéis e unidos por triângulos entre anéis. Cobre.
Peso 4^88. Diâmetro 27 millimetros. BeHa patina.
Pertence ao Sr. Dr. Artur Lamas.
A descrição d'este conio nSo é de fácil comprehensão para qnem
dXo veja o original ou gravura que o represente.
Na legenda do anverso ha dois espaços em claro, que notamos com
interrogaçSes. Ko primeiro é impossível presumir que letra existia.
No segundo haveria C, que agregado ás três letras seguintes desse
CONS, abreviatura de COKTVS? Esta palavra na orla direita é a
única legível. A letra M, invertida, tem o aspecto de W, letra que
nSo pertence ao alfabeto português.
£ cansa de reparo que na época de D. JoSo II honvesse taes ano-
malias em espécies cunhadas, filhas de uma arte já soffiivelmente de-
senvolvida em Portugal, a arte da gravura.
Este conto devia fallar portuguesmente, visto qne dispensara o la-
tim, a lingua nsual dos seus congéneres nesse tempo.
A presença das letras unciaes E e C, de mistura com as restantes,
que tem caracter francamente latino, parece representar o inicio da
reforma havida na configuração do alfabeto no tempo de D. JoXo II.
> Veja-ie o n.* 4:481, estampa s, do CtUalogw de Fredtrik MtíUr, de Ama-
terdam. VenU íe 13 Décembre, 1304. Monmak» du oabtma de Joh. W. St^hamt.
bX'OO^W
o AncuEOLOao Fortdouês 371
A leitara dit orla do reverso é absolutameDte obacura de sentído,
exceptuada a palavra CONTVS, não dividida.
£ste typo não é inteirameate novo. Já o vimos no exemplar n.° 13
da collecçlo do Sr. Jolíns Meili, porém as diãerenças entre ambos sSo
notáveis. No anverso d'este, que é o reverso d'aquelle, falta a letra S
representada oito vezes. Igual letra no reverso, três vezes repetida,
conserva posiçSes perfeitamente verticaes. Alem d'Í3to as legendas di-
zem CONTVS : CONT ^ GON -^^ e nada mais.
CoDSoltem-se também as gravuras dos n.'* 8 e 10 da coltecçSo do
Sr. Ferreira Braga,
Seoalo XVI
X>. João XU
N." 9.— CO[N]TOS -í- PÊRA -í- CONTAK. Escudo de armas do
reino com coroa entre dois grupos de cinco arruelas em cruz.
9-.— S3 CONTqS] a pêra o contar. No campo a esfera ar-
millar com o globo no centro. Na ecliptica, bandada da direita para
a esquerda, sSo representados por pequeninos glóbulos sete dos signos
zodíacaes. LatXo. Peso 14^,76 (!) Diâmetro 31 míUimetros.
Pertence ao Museu Etimológico Português.
Este conto, que é uma variedade do n." 50 da coUecçSo do Sr. Fer-
reira Braga, mostra no anverso caracter monetário; é semelhante ao
dos tostíies de D. JoXo III cnabados pela ordenação de 10 de Junho
de 1555, e d'Í8to poderíamos inferir que seria fabricado desde entSo
até 1557, anno este em que o monarcha falleceu; mas n&o pôde as-
segurar- se-lhe data certa. As palavras da legenda são divididas por
ornatos ou symbolos que tem a configuração de estrepes, ou puas de
ferro, a que os franceses chamam chmtese-trapes*. E provável que os
estrepes figurados representem uma ideia, embora nlo façam parte
do typo, onde nSo teriam logar no campo occupado pelas armas do
reino, se, como é de suppor, houve contos especiaes para uso dos juizes
on dos seus subordinados no seio das corporações de artes e oflícios.
Nem só nos contot apparece a esfera armillar durante o reinado
de D. Jo5o m. Vê-se num sêllo anepigrapho do tempo d'e8te rei.
■ No Traité eomplet dt la teimee da blattm, por Jouffroy de Eschavajines, a
p. 149, vem o desenho de um escnilo heráldico em qae este synibolo é represoo-
iado por três vezes. A definoçSo qae ali ee dá de chautte-trapei é; Piictt defer
oÁ quatre poiítUt dont futte tit Untjourt droiU, taadii qae la troU íudrt» la nnUiat-
vaU. On let time aux atdroiit oà doil pauer ta eavalerie, por Uewer It» pitda de»
heoava:.
byCOO*í'
372 O Akcheoloqo Pobtuouês
sêUo que está pendente de uma carta por elle assinada e remettída ao
Duque de Bragança D. Theodosio, em 20 de Maio de 1538 *, e ainda
em certas moedas de calúm cunhadas em Malaca, as qaaes tem as
legendas IOANM£SRPETALDO, sem pontos divisoiios de palavras,
e lOA : III : POR : ET : AL : R :, recolhidas no Raffles Museum por
W. Egerton».
N.» 10.— «> o D(OMINVS) - N(OSTER) <> lOANES H » I - 1 - (REX)
PORT(VGALIAE ET) A(LGARBII). Escudo de fantasia, na© coroa-
do, entre grupos de três anéis em vertical. No centro contém as quinas
dentro de cinco escudetes, cantonados com a letra E invertida.
Sr. <& OMNIS 'l' SPES •:= EIVS =:" IN <- a(EO) -> No campo a es-
fera armillar, deformada, com o globo no centro. LatSo. Peso 6*,80.
Diâmetro 30 miitimetros.
Pertence ao Sr. Julius Meili.
As letras E E invertidas nos dominios dos escudetes semelham-se
áquellas que foram gravadas em padrSes de moedas de prata canhadas
em Évora no reinado de D. João IV. NSo queremos dizer que os moe-
deiros eborenses pensassem na adopção de quaesquer symbolos ou r&-
miniscencias dos contos, cuja decadência então já era muito antíga,
para que certas moedas se distinguissem melhor. Convém saber-se que
até hoje não tem sido possível auhar a causa de taes irregularidades
propositadas em Évora'.
■ Veja-se a gravara lxixiv da estampa P no vol. iv da HUtoria Geneàlogiea
da Cata Real.
^ Veja-se as figs. 8, 9 e 10, da estampa ii, do Journal of lhe Straitt Brcateà
ofOie Boj/al Attalie Soeíely, bsciculo n." 39.
^ O emprego de letras invertidas nas moedas contíncntaes fiii muito coirenta
em certas épocas, até o fim do scc. ivii. Mesmo os grandes padi9es de liuo mo-
netário, os portuguutê de ouro, não foram exceptuados. Ha um exemplo de letra
inicial de nome de monarcha invertida no campo reverso de om real de cobre de
D. Sebastião (vide a fig. F), o qual eiisto ua collccçSo que foi organiiada pelo
tallecido numismata o Sr. Joaquim José Collaço, ultimamente encorporada na do
8r. Robcrt A. Shore.
■Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÃBCHEOLOQO POKTUGUÊS 373
Ko reverso appsrece a letra D invertida.
Este conto Dão perteocea á contabilidade do real erário, apesar de
ter o Dome do rei; a falta da coroa real e a forma caprichosa do es-
cudo de armas assim o ã2o a entender.
N.- 11. — * TEN * TVS 11 * PORT * (V)GALaAE)
com castello de três torres banhadas pelo mar, dentro de doL
parallelos, entre dois anéis. Três ornatos semelhantes a floi
occopam a parte superior, como se fossem symholos de im
especial.
^. * oMNis : SPES : eivs i m ; aE(0) : No campo, i
de om circulo granulado, avulta a esfera armillar, deformi
o globo no centro. Latão. Feso 8^,58. Diâmetro 31 millimeti
Pertence ao Sr. Dr. Artur Lamas.
Este exemplar, de muito elevado valor estimativo, é d<
importante para a apreciação da época em que começou a deg
dos contos. A palavra TENTVS poderá ler-se TENTVSl, á
vista, porque o ornato baixo e largo, em forma de pilastra
quente á letra S, n parece I. Tem por fim preencher o espaçi
hejana entre a mesma e o florão. Para idêntico effeíto foram
dados dois pontos, quasi desnecessários, entre o final da
PORTfV) : GAL e o florão que se lhe segue.
O castello de três torres não parece ter significação herald
sideramo-lo reminiscência do typo principal do ceitil, cujo £
estava em decadência no reinado de D. João III.
Pensamos que quando este conto, ou (para melhor dizi
saiu da pressão dos cunhos, ainda não estava em plena ei
sentença de morto moral lavrada pelo progresso contra os £
generes anteriores, dispensados de intervir no calculo, è por
duvidamos que elle exercesse tal mester quando na posse de i
conservador de hábitos inveterados; porém é evidente que a sii
era outra. A simples palavra TENTVS bem a indica.
Era crença geral entre numismatas que os contos tinha
nerado numa época próxima ao termino do sec. xvin, e esta
ntttitiva, não carecia de provas materiaes para viver. Sabia
posteriormente a noção exacta dos contoa se perdera na mea
' íioajtlfmê ÍDgleBes poatcriorcs a Eduardo III (1337-1377) appa
natos ignaes e, ente. VeJA-ae as figa. n."' 134 a 136, estampa sti, da Súfoi':
au moi/en ãgt, por Julcs Raujer et Eiigène Huchcr. Paris 1856.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
374 O Ahcheologo Pobtugdês
nossos ascendentes, que os consideraram como inutilidades sem historia
própria, aparte aquelles a que erradamente deram valores monetários j
porém na realidade nSo presnmiramos que na época de D. JoSo III
já tivessem derivado para os jogos'.
O Sr. Dr. Lamas conserva religiosamente este conto, qae faz recuar
muitas dezenas de annos o inicio de um facto, não contestado na sciencia
archeologica da actualidade.
O Sr, Conde de Sabugosa, a pp. 84-85 da sua obra O Paço dt
Cíntraj quando trata de jogos antigos, arma e quasi realça a parte
que netles tomaram os conto», mas não se refere á época em que pas-
saram da actividade do trabalho para a dos recreios palacianos, certa-
mente porque os valiosos documentos antigos que o escritor consoltou
nada lhe disseram positivo a tal respeito.
Lisboa, Novembro de 1905.
MAIfOBL JOAQUIH DE CaHPOS.
1 £ nova para hób outra appHcaçIo (antiga?), dada aoB cotdo». Serviram de
amnletoB ! Eiiete ama piova d'isto nn Museu Ethnologico Portugnés ; é am exem-
plar, do tempo (ie D. JoSo II, com o typo de pelicano (veja-se o □.<■ 14 da collec-
çSo do Meilí). Tem um oriBcio junto á orla. Ã imagem do pelicano seria acaso
considerada na superstição popular como eicellente meio de afugentar euférmi-
dades que assaltam as aves domesticas, quando os conto* que o representam fos-
sem pendurados, por exemplo, numn capoeir»? Também para intaitoe análogos
dependuram nas casas de habitaçSo, nos curraea, ctc., feiradurns e chavelhos.
No mesmo Museu bn outro eiemplar, ignal ao n." 40 de Meili, que tem um
carimbo, em fórma de cruz, dentro de um quadrado reentrante, como se vê na
fig. 6. D'Í3to coDclue-se que os conto» recebessem marcas especiaes, poeteriore<
i cunhagem, quando aproveitados por quem os tidoptasse, á ialta da ontros pro-
priamente sensf Este cago, isolado, exemplificará uma ideia?
Um caso da mesma natureza, relativamente a senhas de cobre valorixadas,
sncceden na Ilha da Madeira, onde a firma commercial Ferras & Irmios carim-
bou senhas de outras firmas com as iniciacs F. I. Recebia e pagava quantias in-
significantes com pseudo-moedas alheias.
Mostra-se um exemplo da asserção na fig. H.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
OMetlogoPonuguti
CONTOS PARA CONTAR
Di„i„«b,Googlc
bvGooglc
o Abcheologo Português
O oastello de Brag^a
Projecto it oonserTSÇio e restanraçlo
■NSo passava despercebido a nioguem, que fosse á formosa capital
ào Minho, o grave e vetusto castello, com as suas amoi&s e a sua torre
de menagem, no ponto mais central da cidade, olhando para o jardim
e para a Rua do Souto, e que, após as fases históricas por que passou,
de defesa da cidade no tempo dos Romanos, oom as snas pontes leva-
diças que o communicavam com duas das portas principaes da velha
Bracara, servia de prisSo e cadeia civil.
Era um velho monumento, digno de respeito pela grave ansteridade
das soas torres quadrangulares, dos seas terraços e da sua significação
histórica através das geraçSeÈ.
A camará de Braga resolveu ultimamente demolir a sentinella de
granito do passado. Houve, porém, protestos vehementes contra essa
profanaçSo monumentaria; e a tal ponto, que foi consnltada a Commis-
sSo dos Monumentos Nacionaee, sobre se o castello deveria, ou nSo,
ser conservado nas suas linhas severas, no seu arcabouço de pedra,
que o tempo respeitara, b que, do alto das ameias, recordava a luta
antiga, o esforço e a tenacidade dos habitantes da linda cidade do
Minho, os lances maís intensos e as pugnas mais accesas na conquista
ou na defesa das suas hberdades.
A resposta a essa consnlta, e qne é uma memoria modelar assinada
pelo Sr. Conselheiro Augusto Fuschini, presidente da commissão exe-
cutiva do Conselho dos Monumentos Nacíonaes, e pelo Sr. D. Fer-
nando Eduardo de Serpa Pimentel, secretario da mesma commissão,
considera e revindica como monumento nacional, e portanto digno de
coaservar-se intacto, o velho castello de Braga.
a) OonatmogBes mâdlevaes. — Boinas do oastello
Na Memoria alludida dizem os seus autores que, pelas constmcçSes
ainda existentes, o monumento deve datar do sec. xni, sendo, aliás,
muito provável que várias reconstrucçÕes aproveitassem trabalhos ro-
manos, visto que Brag'a foi um centro militar importante no tempo
do domínio romano na península ibérica.
Das antigas muralhas do castello restam ainda algumas torres, mais
ou menos arruinadas ou perdidas e disfarçadas entre a casaria moderna.
Ka muralha peripherica é natural que existissem virias portas, embora
byGoí>^^lc
376 O Aecheologo Portdqdês
os vestígios d'ellas tenham desaparecido pel» acção do tempo e ik
ignorância vandalíca das gerações qne, a partir principalmente do
sec. XVI, se encarniçaram, por toda a parte e em qnasi todoe os países,
em destruir as construcç3es medievaes.
Das portas da cidade, as duas principaes deviam ser a do Souto
e de S. FraneiêcOj ambas no extremo oriental da <údade, distando entre
si oftrca de 65 metros. Neste espaço se encontrava, encostado á ma-
ralha da cidade, um recinto fortificado, independente, oa castello, qne
foi provavelmente destinado a reforçar a defesa d'estas diiaa portas
da cidade.
Em regra, as portas das cidades medievaes eram constitnidaa por
duas torres, entre as quaes um espesso lanço de muro menos elevado
offerecia larga entrada abobadada para o interior da povoaçSo. Fortes
portas de madeira, reforçadas por grandes e complicados lemes de
ferro, fechavam durante a noite ou em caso de guerra essas entradas,
bem defendidas, alem d'isao, pelas torres lateraes e pelos mãchecotãi»
que na muralha ficavam superiores ás portas. Muitas vezes, em frente
das portas, pelo menos, um fosso profundo era vencido pela ponte le-
vadiça, que, levantada, difficultava a passagem do fosso e constituia
Mnda ontra defesa, alem das portas de madeira chapeadas de ferro
e grossa pregaria.
O terraço da muralha permittta a ligaçSo entre as duas torres e
facultava a defesa contra os assaltantes.
Exceptuando talvez o fosso e a ponto lovadiça, assim foram cons-
truidas as portas das velhas muralhas romauas e medievaes da cidade
de Braga.
Depoie de várias consideraçSes juiUciosas, a Memoria accentua a
desconfiança de que a torre de menagem pertencesse a outro recinto
fortificado, anterior naturalmente ao castello, e por elle simplesmente
aproveitada.
A elegância da torre e a sua excellente oonstrncçSo fazem suppor
a hypothese de nma obra r
b) Slgnoa ou deaenhos.— Restos aotoaes
A existencna de lavrados nos silhares nSo prejudica esta hypothese,
porque estes signos, sendo caracteristicos nas constrncçSes da idade
média, apparecem também nas construcç^es romanas; alem d'Í8S0, a
velha torre romana soffreu restaurações successívas.
Assim as janelas do norte e do poente sSo pequenas, simples e de
volta inteira, ou de ogiva muito abatida, emquanto as duas outras,
byGoí>^^lc
o Akcheoloqo FoRTUQDÊs 377
as do nascente e do sul, são geminadas e maiores. NXo é nada pro-
vável que o constructor primitivo da torre sem razão estheti ' ' '
fizesse as jauelaa desíguaes. Foram condÍç5es e necessid
TÍOres que exigiram esta transformação.
A Memoria descreve depois as actnaes ruínas, o castel
as soas íaces, frisa as coDstrucçSes que o mascararam e p3e
como maia importante, a torre que faz parte da antiga pc
As suas espessas muralhas estSo bem conservadas. Exterii
enlta em parte por algnmaa construcç5es que lhe encosti
ellas uma pequena capella ou paço, como a torre as excede
deixa ver de longe o coroamento ameado numa grande exte
fácil e económico demolir estas pequenas coastrucçSes, dei
a torre na sua qnasi totalidade.
O lanço da maralha está quasi todo descoberto e oãêrei
cunho da antiguidade. Ê um valioso trecho das antigas f<
que, alem d'is80, conservará as torres das suas portas pr
Braga da idade média.
c) OonolosSes.— O oastollo deve oonservar-se
A Memoria da Commissão Executiva doB Monumentos
p&e em relevo a necessidade das pequenas cidades se cc
de que devem conservar, tanto quanto possivel, o seu cari
e histórico.
Quando os vestígios antigos, históricos ou artisticos nSo
salvos, ao menos existe a compensação de uma nova arte
caracteres estbeticos, e, muitas vezes, razSes de saneameni
cnlpun destruição.
Ainda assim, as grandes cidades preferem sempre criar
ros, deixando intactos esses vestigios, que lembram passada:
e lhes dão um bello caracter de antiguidade.
Roma, por exemplo, está semeada de ruínas. O grande
Palácio dos Césares occupam uma superfície immensa em
lente para abertura de novas avenidas e construcçlo de p.
demos, e ninguém se lembroa de as destmirj pelo contrari(
on pensou-se, em arrasar as novas edificações círcumvizi
ceroar as ruínas de vastos jardins.
Certamente não sofíre comparação, nem histórica nem
modesto castello de Braga com as imponentes ruínas do For%
mas também a pequena cidade de Braga não soãre confn
grande Roma, cujas necessidades sociaes crescem de dia p
byGoot^lc
378 O ASCHEOLOOO POBTDGUÊS
Assim seria um attentado histórico e artístico eacrificar
08 restos do velho castello, ideia oaaoida do erro em que labora-
ram 08 que suppSem alcançar um beneficio pecuDÍarío, que em caso
algum é licito esperar em attendivel importância.
A CommissSo & de parecer:
i." Que o edifício âa cadeia actual deve ser iimnedíatamente con-
demnado e substituído. O edifício oondemnado pôde ser vendido para
OQtras applicaçSes, ou demolido e demolido o respectivo terreno.
2." As torres n." 2 e n." 3, que fízeram parte respectivamente das
Fartas de S. Francisco e do Souto, bem como o lanço da muralha entre
ellas intercallada, devem ser conservadas e quanto posaivel limpas de
construcçSes modernas.
3.** O interior d'esta8 torres, assim como as salas da residência do
alcaide, devem Ber restauradas, applicando-aa a camará para museu
distríctal.
4.° O pateo interior do recinto deve ser limpo e ajardinado, ap-
plicando-o para museu das grandes peças que nXo possam ser com-
prehendidas nas salas.
5." A torre de menagrem deve ser restaurada interiormente e aber-
tas as respectivas janelas.
É evidente que a camará de Braga nSo possue meios para estas
obras; pôde, todavia, realizá-las successivamente, nXo prejudicando a
fínal unidade.
Se assim praticar, a camará terà feito um serviço relevante A ci*
dade de Braga, conaervando-lhe os restos das suas antigas fortificsçSes
romanas e medievaea, e apropriando-as a uma institniçSo digna da an-
tiquíssima e histórica Bracara Augusta*.
(Do Seado, de 27 de Novembro de 1905).
II
Demollçlo da morallia d« oastello
«Realizou-se hoje a manifestação de agradecimento e synipathia
que a direcçSo do Montepio de S. José promoveu em honra do par do
reino Kodrígues de Carvalha, Visconde de Kespereira gover-
nador civil, Dr. Soares presidente da camará, Dr. Artur Soares
administrador do oonoelbo, e Lopes Beis presidente da commissZo
da defesa dos interesses de Braga.
Tomaram parte na imponente manifestação todas as associações
de classe, acompanhadas por quatro bandas de musica, e muito povo.
byGoí>^^lc
o ÃRCHEOLOGO F0STCQUÊ8 379'
Os tnaniféstantea, percorrendo a£ roas, aoclatnavám delírantemeste
os cavaibeiros citados, chegando ao delírio quando principion
s, demolição da muralha*.
(Do Diário de Notidat, de 17 Novembro d« 1906. Correapondencía de Braga,
(latada do dia 15).
Em que mãos caiu a tua gloria, Brocara Auguata!
J. L. DE V.
AoqalsigSes do Museu Ethnologioo Fortaíuõs
Janeiro de 1906
Numa excursSo pela Estremadura Transtagana obteve o Diréotòr
do Museu 08 seguintes objectos:
meio vaso de barro prebistorico, com caneluras, um vaso romano
de barro, e onze instrumentos prehistoricos de pedra, — tudo offereàdo
pelo Sr. Francisco Ignacio da Costa Palma;
um anelinho romano de ouro e onze moedas romanas de oobre,
offereoidos pelo Sr. Augusto Ernesto Teixeira de Aragão;
vários objectos ethnographicos (modernos): dois testos de barro
ornamentados, um arrimador, seis fasoa, três coesoiroê ornamentados,
um chocalho metallico, sete guisos, uma agulha de coser alcofas, um
ÍQStrumento metallioo de marcar doce, um molde metallico de faeer
doce, ama colher de chifre, um zum^-zum de madeira;
um agulheiro grande (ethnographia moderna), offerecido pelo Sr.
Dr. Manoel Hateus;
varias medalhas portuguesas e contos de contar;
varias moedas portuguesas, e entre ellas um cinquinfao de D. Ma-
noel;
cinco pesos de rede, seis pesos de tear, um disco de barro, tudo
romano, dois fragmentos de louça grega, e um objecto de ferro, talvez
romana, — offereoidos pelo Sr. Joaquim Correia Bitísta;
um tinteiro romano de bronze, obtido por compra;
uma placa marmórea romana;
varias moedas romanas offerecidas pelos Srs. José Haria DurSes
e Carlos Soares;
. uma moeda de MyrtUU;
um rehcario metallico, uma moleta em miniatura (ez-voto) e dois
amuletos ;
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
380 O ÃSCHBOLOOO PoffTOQUâS
dois machados de bronze e nma foice também de bronze, offereci-
do3 pelo Sr. Joaquim Gamito;
um escopro e nm machado da epooa de bronze;
um vaso de barro, parte de outro, e ossos humanos, tudo achado
em sepulturas da época do bronze, e offerecido pelo Sr. Joaquim dos
Santos Coelho^
sete machados de pedra apparecidos em duaa antas (excavaçlo
archeologica) ;
vrnte e dois iostrumentos neolithicos, sete rebolos de pedra e nma
amoladeira prehistorica, — offerecidos pelo Sr. P,' Francisco Galamki,
Joaqnim Correia Batista, Dr. Manoel Mateus, Jorge de Vascoucellos
Nunes, JoSo Rodrigues Pablo, Freire de Andrade e António Henrique
de Meneses.
N.B. Adquinram-se muitos outros objectos, que só entraram no
Maaea em Abril, e que serão pois mencionados miús adeante.
O Sr. Paulo Choffat offereceu dois machados de pedra de Buarcos
o Mafra, e uma estatueta egypcía.
O Sr. Dr. Alfredo Bensaude -offereceu uma seta de pedra, om
fragmento de faca de pedra, e metade de um disco de barro, tudo
proveniente do Lago de Constança,* e nm machado e punhal de bronze
prebistorícos, da Estremadura.
O Sr. Manoel Joaquim de Campos, Preparador do Museu, offereceu
uma medida de barro do anno de 1831, nm rosário antigo, Tarios bo-
tSes antigos e nm sarilho ornamentado.
Fererelro de l&OS
A Sr.* D. Maria Masima Leite Cardoso Pereira de Mello offarecea
nma rede cabaceira do Biúxo-Douro.
O Sr. Mário de Abreu Marques offereceu onze machados de pedra,
do Sul.
Obteve-se por compra o seguinte: duas moedas de Eviom, uma
de Ebora, uma de Myrtilia e quatorze contos de contar, dois azulejos,
uma caixa de rapé da época de D. Miguel, nm copo de chifre, nma
chapa melatlioa do tempo de D. JoSo VI, um pingente antigo de ca-
deia de relo^o, uma concha com o desenho da soena do Natal, vários
livros de numismática, uma nrna de pedra, um gmpo de jaspe, nm
grande vaso de barro vidrado antigo.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÃKCUEOLOaO FOBTDOCâS
De nma necropole romana de Beja proveio: um fragmento
pide com ínscripçfto, um unguentario de vidro, nm vaso de bar
pugio de ferro. Vid. O Arck. Port., X, 165 sqq.
Adquiriram-se por compra duas lucemas, sendo uma roman:
tra vÍEÍgotica.
O Sr. Manoel Joaquim de Campos offereceu um peso de
com argola de ferro.
O Sr. Ferreira Braga offereceu quatro moedas português
séculos xviii-xix, que serviram de amuleto, varias moedas de I
Dando e outras.
O Sr. Pedro Ferreira offereceu treze moedas romanas de
Adqniríram-se por compra: vinte moedas e medalhas com oi
o que mostra terem servido de amuletos; dois percutores prehis
de pedra; três pratos de estanho com as inioiaes jesuíticas iI. I
um quadro de ferro com a imagem da Virgem.
Numa «zcurstlo que o Dr. Félix Alves Pereira, Official<
sen, fez em Entre-Douro-e-MÍnho, em janeiro-fevereiro de 19(
teve o seguinte:
Do Sr. Leopoldino José da Silva (Alvarelhos), nmpon^í» àt
do castro;
Do Sr. António Ferreira Hilreus (Guilhahren), uma peqaen
de bronze de forma anular com pá 6co, proveniente da sua qoi:
Vilia-Boa;
Do mesmo Sr., licença para ser escavada uma estaçSo an
l^ca em terreno sen, da qual em tempo opportuno se fallará;
Do Sr. Bernardino Dias Ferreira, autorizaçXo para ser ez
tuna mamõa em Alvarelhos, ao lado da estrada, trabalho que d
cópia de objectos;
Do Sr. Bernardino Rodrigues de Oliveira, um pequeno pr
bronze, encontrado no logar do Crasto;
Do Bev.**** Abbade de Canidello, Manoel Domingues de Sousi
um machado de bronze com dupla argola, do thesouro do Mc
Saia (Barceilos); nm fragmento, de forma especial, pertencente
a algum vaso do castro de Alvarelhos; um vasinho inteiro e
mais ou menos mutilados, de um cemitério (de incineração) de £
tovSo do Muro (Santo Tirso); vasos votivos em fragmentos,
cemitério (de incineraçSo) de Quilhabrefi (Villa-do-Conde); un
triangular, do sitio dos Milreua (Guilhabreu) ; um capitel romt
byGoot^lc
382 O AfiCHEOLOGO POBTUGOÉS
castro de Alvarelhos; um pequeno capitel romano, conservado em Ca-
nidello; um macliado de pedrft avulso, de Quílhabreu; um macliado
de pedr&f do castro de Alvarelbos; um denarío, d'este mesmo castro,
e uma moeda de cobre biepanica; vários pesos de barro, de Alvarelbos;
um cabo de bronze, pertencente a algum grande recipiente, dos Uil- ,
réus; um cadinho (?) de barro, do mesmo logar; um ponãttê, do monte
da Saia; uma asa de barro, de Canidello; um fundo de passador e nm
bico de bilha de barro, de Alvarelhos; nm bordo de vaso omamenlado
com folhas, de Mílreus; nm bordo de vaso com incisSes, de AJvare-
Ihos; nm chocalho de bronze, de S. Cristóvão de Muro; uma medida de
cobre antiga, e, por depósito, uma ara votiva, do castro de Alvarelhos,
« um vaso ritual com confetti, do cemitério romano de Guilbabren.
For compra obteve um machadinho votivo do castro de Alvarelhos.
Marco de 1905
O Sr. Manoel Joaquim de Campos, Preparador do Museu, oSerecen
08 segaintes objectos para a secçBo etbnographica : uma dobadoira,
vinda de Lousa; um peso de pedra; um par de jarras de barro, para
flores, vindas de Lagoa; uma colher de pau, feita pelos pastores da
•Serra do CaldeírSo; uma harrenha para azeite, de barro vidrade, fa-
bricada em Loulá. E olfereceu para a secção numismática: 18 moedas
antigas (uma arábica, outra celtiberica e as restantes romanas).
O Sr. Engenheiro Arthur Hendes offereeeu: seis moedas romanas;
um unguentario de vidro, romano; uma lucerna romana, com figura.
O Sr. Dr. Xascimento Trindade offereeeu vinte e sete moedas ro-
manas.
O Sr. Bernardo António de Sá, Conduotor de Obras Publicas, em
serviço no Museu, adquiriu numa escavação archeologica dezenas de
objectos das epoeas da pedra e do bronze: pontas de seta, folhas
de lanças, laminas de facas, mós, martelos, vasos, pesos, placas.
Compraram-se : uma figurinha de latão representativa de nm ca-
vallo ajaezado; onze pesos de bronze, portugtieses, antigos; nm grande
punhal emb^nhado (ethnographia africana); uma candeia (?) de latão.
O Sr. Antouio Maria Garcia ofíerecen os seguintes objectos: oito
machados de pedra; uma goiva de pedra; nove fragmentos cerâmicos
ornamentados; quatro cossoiros de barro; quatro laminas de silex;
vários utensílios de bronze; um percutor de pedra; s^s contas.
O Sr. Tavares Proença Júnior offereeeu para a secção de ethno-
graphia uma vasilha de barro.
Adquiriu-se, por compra, uma ara, vinda do Norte do reino e quatro
objectos de ouro, annlares.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abchmhaoo PmtoguAs
Onomastioo medieTal portngaãs
(CobUbu^Io. Va. o ÀrtÀ. PoH., i, MO)
]>mnarigiu, d. h., 922. L. B. Ferr. DipL-17.
Fronuriqaiei, ft}Hp. m., 1078. Doe. Univ. de Coimbra. Dipl. 336.-
Id. 352.
Fromariqoix, app. h., 1060. Doe. most. Pedroso. Dipt. 267.
, spp. h. 1074. Doe. most. da Oraça. Dipl. 318.
íris, app. h., 1088. Doe. most. da Graça. Dipt. 418.— Id. 511.-
Inq. 187.
Fromasnario, n. h., 1079 (?). L. B. FeiT. Dipl. 341.
FromegUdo, a. h., 957. L. Preto. Dipl. 42.
Fromigo, app. h., 1258. loq. 308, 1.' cl.
Fromigosa, gwgr., 1358, Inq. 710, 2.* ol.
FromiBaeiro, geogr., 1258. laq. 343, 2.* ol.
FroBosiU, a. h. (?), 1068. Doe. most. Moreira. IKpl. 288^
('romosindo, n. h., 1061. Doe, most. Peodorada. Dipl. 268.
Fromosino, a. h., 1008. L. D. Mum. Dipl. 123.
Froaerigiu, n. h., 1075. L. Preto. IMpl. 323.
Fronili e FronUli, n. m.» 1018. L. Preto. Dipl. 148.
Fronimosendo, n. h., 1065. Doe. most. Pendorada. Dipl. 282.
Froaimto, n. h., 998 (?). Doe. most. Moreira. IMpl. 111.
Fronmma, app. h., 936. Doe. most. S. Vieeate. Dipl. 25.
Fronosindo, n. h., 1014. L. D. Mum. Dipl. 138.— Id. 154.
Frosendiz, a^p. h., 1136. For. de Seia. Leg. 372.
Froseodiíl, app. h., 988. Doe. most. Moreira. INpl. 97.
Fronila, n. m., Era 1102. L. Preto. Dipl. 277.
Fronlhe, n. m., aec. zv. S. 170.
Froya, d. h., 959. L. D. Mnm. Dipl. 46.
Frofâes, geogr., 1258. Inq. 682, 1.' el.
Froyam, geogr., 1258. Inq. 548, 2.* cl.
Froyaniz, app. h., 924. Doe. ap. auíh. aee. xm. IHpL 18.
Froyla, n. h., 915. Doe. ap. auth. seo. xiv. Dipl. 13.
Froyli, geogr., 1258. Inq. 413, 1.* cl.
Froyulia, n. h., 1088. Doo. sé de Coimbra. Dipl. 423.
Fructini, app. h., 1115. Condlio Ovet. Leg. 141.
Fmetosns, n. h., 1220. Inq. 24, 2.* d.
Frnella, a. h., sec. xv. S. 270.
Fragiaes, geogr., 1220. Inq. 183, 1.' ol.
Frugalfns, bispo, 915. Doe. ap. aath. see. XIV.- IHpl. 13.
byCOOl^lc
384 O ASCHEOLOQO POBTDQCÊS
Frnhelas, app. b., sec. xm (?). Figanière, Mem. das B. de Portugal,
p. 247.
Fpuila, n. h., 938. Dipl. 28.
FmilM, spp. h., 1081. L. B. Ferr. Djpl. 362.
Frnillie, n. m-, sec. XV. S. 287.
Fmitoso, n. h-, 1220. Inq. 10, 2.' cl.— Id. 22 e 35.
Frojnfi, geogT., 1258. Inq. 298, 2.' cl.
Frnniarigaiz, app. h-, 1098. U B. Ferr. Dipl. 526.
Fnunariz (S. Petro de), geop-., 1220. Inq. 113, 2." cl.— Id. 187.
Framigosa, geogr., 1258. Inq. 681, 2.' cl.
Framinins, D. b., 915. Doe. ap. auth. sec. xiv. Dipl. 13.
Fmrtamio, «pp. h., 1079. L. Preto. Dipl. 343.
Frvgnfa, n. h., 1100. L. Preto. Dipl. 553.
Faberte, app. h., 1220. Inq. 103, 1.' c!.
Fnbertiz, app. h., 1258. -Inq. 308, 2.' cl.
Fachel, app. h., 1220. Inq. 120, 1.' cl.
Fofili, app. h., 1100. L. B. Ferr. Dipl. 557.
Fufilia, n. h., 982. L. Preto. Dipl. 83.
Fnga^a, app. h-, 1220. Inq. 2, 2.' cl.
Fugioo, geogr., 1258. Inq. 298, 2.» cl.— Id. 422.
Fogioos, geogr., 1258. Inq. 388, 1.' ci.
Foioln (Caaal), geogr., 1258. Inq. 320, 2.' cl.
Folderone, n. h., 922. L. Preto. Dipl. 16.
Folgidaes, geogr., 1258. Inq. 328, 1.' cl.
Folienz e FolieuzI. Vide Folienzl.
FultB, n. h. (?), 1070. Doe. most. Pendorada. Dipl. 304.
Famas, geogr., 1258. Inq. 686^ 2." cl.
Fundila, viUa (?), 976. Doe. most. Lorvio. Dipl. 73. . .
Fundo de Vassalo, geogr., 1258. Inq. 647, 2.* cl.
FanUrqnada, geogr., 1055-1065. For. de Paredes. Leg. 347.
Fura, app. b., 1258. Inq. 530, 1,» cl.
Fura-conas, app. Ii., sec. xv. S. 333.
Furas, n. h. (?), 1258. Inq. 620, 1.' cl.
Fnrgia, rio, 1068. Doe. most. Moreira. Kpl. 289.
Fumelus, villa, 946. Doe. most. Moreira. Dipl. 32, utt. 1.
Furozos (Onteiro de), geogr., 1220. Inq. 104, 2.* d.
Furtado, app. h., 1152. For. de Banho. Leg. 383.— Inq. 208.
Furtaes ou Furtanoes, geogr., 1220. Inq. 100, 2.* el.
Furtnnio, n. h., 987. L. Preto. Dipl. 96..
Furtunis, geogr., 1258. Inq. 651, 1.* cl.
Fortunius, n. h., 957. L. Preto, Dipl. 42.
byCooglc
o Abcseologo FoBTUQDÉa
Furtnniz, app. h-, 1013 {?). Dipl. 136.— Inq. 123.
Fnrtauizi, app. h., 989. Dtpl. 98.
Furunm tegnlaríam, geogr., 1088. L, Preto. Bipl. 419.
Piuarii, app. h., 1258. Inq. 692, 2.' cl.
Faseíro, app. h., 1220. laq. 130, 2.» cl.
FaselUs, geogr., 1092. L. Preto. Dipl. 461.
Furtam, app. h., 1258. luq. 618, 1.* cl.
Fuete, monte, 951. Doe. most. Arouca. Bipl. 36. — Id. 129.
FntaUa, app. h., 1258. Inq. 475, 2.» cl.
Fntaniz e Fartanú, app. h. 1220. Inq. 123, 2.» cl.
Gaadroy (Vilar de), geogr., 1268. Inq. 323, 2.» el.
Gaaendiz, app. m., 1258. Inq. 558, 2.* cl.
Caamaio, n. h., 1037-1066. L. Preto. Dipl. 280.
GaamU,* googr., 1358. Inq. 532, 1.^ cl.
Gaamir, geogr., 1258. Inq. 532, 1." cl.
Gaandl, app. h., 1268. Inq. 560, 1.' cl.
Gaansa ou Gaanzia, app. h., 1220. Inq. 130, 2.* cl.
Gabado, app. li., 1258. Inq. 406, 1.* cl.
Gabaire, app. h., sec. XV. S. 165.
Gabairfls ou Gabaises, app. h., 1220. Inq. 155, 1.* cl.
Gabare, app. h., sec. XV. S. 167.
Gabaye, app. h., 1258. Inq. 647, 1.' ol.
Gabdelia, n. h., 967. Doe. most. LorvSo. Dipl. 59.
Gabeiro e Gabaise, app. h., 1220. Inq. 157.
Gabere, app. h., sec. XV. S. 333.— Id. 360.
Gaberi, app. h., sec. xv. S. 201.
Gabro, monte, 964. L. Preto. Dipl. 55.— Id. 116.
Gacim, villa, 971. Tombo S. S. J. Dipl. 66— Id. 163.
Gacina, n. m., 955. Doe. most. Moreira. Dipl. 40.
Gaeini, viUa, 1038. Tombo S. S. J. Dipl. 182.
Gadafes, geogr., sec. xv. S. 167.
Gadanis, geogr., 1268. Inq. 658, 1.' cl.
Gadea (Santa), geogr., sec. xv. S. 260.
Gademiro, n. h., 1092. Tombo D. Maior Martttiz. Dipl. 468.
Gadineiro, geogr., 1258. Inq. 643, 2.» cl.
Gafaues (Outario de), geogr., 1258. Inq. 503, 2.* cl.
Galarim, geogr., 1258. laq. 340, 2.' cl.
Gafildo, n. b., 1099. Doe. ap. sec. xii ou xin. IMpl. 538.
byGoot^lc
886 O Abctioloqo PoBToauts
Gags, iq>p. m-, 1258. Inq. 42d, 1.* cl.
Gago, app. h., 1220. Inq. 187, 2.Vcl.— Geogr-, 1258.— Id. 589.—
S. 162.
Gagnis (S. Jacobo de), gdogr., 1258. Inq. 655, 1." cL-^Id. 652.
Gaiatí, valle, 1020. Doo. most. Moreira. Dipl. 151.— Id. 366.
Gaiatit, geogr-, 1081. Tombo S. S. J. Dipl. ^7.
Gaidii e Gardii, app. h., 1220. Inq. 96, 2.* cl.— Id. 149.
Gaitar (S.<* EolaIia.de), geogr., 1220. loq. 23, 2.^ d.— Id. 181.
Gaindaoes, villa, 1258. Inq. 493, 1.' cl.
Gaindit ou Galindíi, spp. b., 1018. L. Preto. Dipl. 146.— Id. 56.—
Inq. 69.
Gaindos (Casal dos), geogr., 1258. loq. 435, 2.* cl.
Gaíno, monte, 1220. Inq. 18, 1.* cl.
Gaiom, n. h., 1258. Inq. 566, 2.* cl.
Gala, app. m., 1258. Inq. 649, 2.* cL
Galacia, geogr., 959. L. D. Mom. Dipl. 46, 1. 32.
Galamar, rio, 1154. For. de Sintra. L«g. 385, I. 22.
Galamirus, n. h., sec. XL L. D. Hom. Dipl. 563.
Galardo, app. h., 1220. Inq. 85, 1.' ol.
Galardos, app. h., 1258. Inq. 727, 2.* cl. .
Galdim, n. b., sec. XV. S. 201.
Galdiuo, n. h., 1156. For. de Ferreira. Leg. 385.
Goldom e Goldom, geogr., 1258. Inq. 404, 2.' cl.
Galea, app. h., 1258. Inq. 346, 2.» cl.
Galee, app. h., 1258. Inq. 346, 2.' cl.
Galegano, geogr., 1258. Inq. 588, 1." cl. «**
Galegas, geogr., 1064. Doe. sec. xrm. Dipl. 276.
Galendiz, app. h., 952. L. D. Mum. Dipl. 38.
Gales, geogr., 1213. For. de Campo. Leg. 565.
Gnlfararia, geogr., 1258. Inq. 723, 2.' d.
Galhinato. Vide GaUnhato.
Gália, geogr-, 922. L. Preto. IMpl. 16.
Galib, n. h., 1016. Doe. most. Lorvito. Dipl. 143.— Id. 480.
Galicia, geogr., 1096. Doe. most. Arouca. IHpl. 498, 1. 2.
Galieira ou Galieis, geogr., 1220. Inq. 37, 1.* e 2.' ol.
Galilea (campo de), geogr., 1258. Inq. 728, 2.' cl.
Galinario, geogr., 1098. Doo. most. Fendorada. INpl. 527.
Galinato, app. h, 1258. Inq. 699, 1.' cl.
Galindici, app. b., 1026. Doo. most. Pedroao. Dipl. 161.
Galindíz. Tidh Gaindiz.
Galindizi, app. b., 1078. Doe. Univ. de Coimbra. 'Dipl. 336.
byCcX)i^lc
I
o AxCHIOLOaO F<»tT0âDâ8
«alindo, n. B., 976. Doe. most. Lorvio. Dipl. 73.— Id. 108.
Galinhâto, app. h., sec. xv. S. 161.
Calinhoto, app. h., sec. xv. S. 167.
Calimiz, app. h., A.? For. de Jermello. Leg. 433.
«aUecb, geogr., 1258. Inq. 583, 2.» cl.
Calleciu, iq>p. h., 1220. Inq. 2 e 3.
Gallega, app. m., sec. xv. S. 377.
Gallesns, vUla, 1081. Tombo S. S. J. Dipl. 357.
GaUeU, n. h., 1050. L. D. Mmn. Dipl. 228.
GaUetibns, geogr., 1258. Inq. 302, 2.' cl.
GaUieia, geogr., 1098. Doe. most. Arouca. IHpl. 525.— H. 30
GaUina, rio, 875. I^pl. 5.
Gallitia, geogr., 1092. Tombo D. Miuor Martinz. IHpl. 470.
Galliza, geogr., 1258. Inq. 470, 2.' cl.
Galmarius, n. h., 1033. Doe. ap. sec. xvm. Dipl. 171.
Gaitar (S. Míchaele de), geogr-, 1220. Inq. 161, 1.' cl.— Id. 2
Galter, app. m., sec. xv. S. 321.
Galteri, app. h., 1258. laq. 706, 2.' cl.
Galvam, u. h., 1220. Inq. 165. 1.» cl.
Gamareliz, app. b., 1086. Doe. most. Moreira. Dipl. 396.
Gamazauos, geogr., 1220. Inq. 49, 1.' cl.
Gamazao, geogr., 1258. Inq. 529, 1.' cl.
Gamaxaos e Gamazoos, geogr., 1220. Inq. 49, 1.* cl.
GamereUe, n. h. 908. Doe. most. Moreira. Dipl. 11.
Gamoflda, monte, 1220. Inq. 18, 1.* cl.
Ganço, app. b., sec. xv. S. 145.
Gandalarí, geogr., 1014. L. D. Mnm. Dipl. 138.
Gaadara (S. Michaele de), geogr., 1258. Inq. 571, 1.* e 2.' cl.
Gandarela, geogr., 1258. Inq. 702, 1.' cl.
Gandarey, geogr., sec. XV. S. 179,
Gandera (S. Martino de), 1220. Inq. 25, 1." d.— Id. 578.
Ganderali, geogr. (?), 1258. Inq. 578, 1.' cl.
Gandereda, geogr., 1258. Inq. 643, 2.* cl,
Ganderei, geogr., 1220. Inq. 85, 1.* cl.
Ganderela, geogr., 1258. Inq. 404, 1.* cl. — Id. 67.
GandereUa, viUa, 1038. L. D. Mum. Dipl. 185.
GandUa, n. b., 924. Doe. ap. antb. sec. XIU. IMpl. 18.— Id. 5
Gandilaz, app. b., 924. Doe. ap. antb. sec. xin. Dipl. 18.
Gandio, n. b., 1174. For. Tomar. Leg. 399 e 401.
Gandnfi. Vide Gundafi.
Ganfei, geogr., 1258. Inq. 350, 2.' cl.— S. 193.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
388 O AbCBEOLOGO PORTOODãS
Ganley, geogr., 1268. Inq. 351, 1.' cl. — S. 290.
Gangalfas, n. h., 1071. Dipl. 306.
Gansso, app. h., sec. xv. S. 299.
Gao, geogr., 1258. Inq. 346, 2.' cl.— Id. 130.
Garapa, geogr., 1258. Inq. 697, 1.' cl.
Garavelas ou Garavelos, geogr., 1220. Inq. 40, 2.* cl. — Id. 121.
Garbes, geogr., 967. Doe. most. LorvSo. DÍpI. 69.
Garceazi, app. h., 1025. Doe. ap. most. Homra. Dipl. 168.
Garceú, app. h., 1006. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 120.
Garcese, app. h-, 11 lõ. Concilio Oret. Leg. 141.
Garcíam e Garcias, d. h., 1016. L. Preto. Dipl. 142.— Id. 163.
Garcias, app. h., 1070. Doo. most. Arouca. Dipl. 303.
Garciis, app. h., sec. xv. S. 262.
Garciiz, app. h., 1220. Inq. 243, 1.' cl.— Id. 51.
Garda, geogr., 1258. Inq. 731, 2.'ol.— Id. 589.
Gardalia, app. h. (?), 976. Doe. most. Moreira. Dipl. 73.— Id. 132.
GardaUa, app. h., 1077. Doo. most. Pedroso. Dipl. 334.
Garda vaUes, app. h., 1220. Inq. 103, 1.* cl.
Cárdia, villa, 1258. Inq. 474, 1.» cl.— Id. 497.
GArdíauas, casal, 1220. Inq. 9, 2." cl.
Gardidos, campo, 1258. Inq. 587, 1.» cl.
Gardiz.Vidà Gaídií.
Gardom, app. h., 1256. Inq. 546, 1.* el.
Cardos, geogr., 1258. Inq. 698, 2.' cl.
Garey, geogr., 1258. Inq. 732, l.»cl.
Garíaes, villa, 1072. Doe. ap. aec. xm. Dipl. 132, I. 7.
Garffi ou Garfi, geogr., 1258. Inq. 714, L' e 2.' el.— Id. 214.
Garganta, app. h., sec. xv. F. López, Chr. D. J. 1.°, p. 1,*, C. 159.
Garganta d eiroo, geogr., 1258. Inq. 380, 2.' cl.
Garida, geogr., 1258. loq. 732, 1.' el.
Garra, n. h. (?), 1099. Doe. ap. auth. most. Pendorads. IMpl. 543.
Garaea, n. h., 915. Doe. ap. auth. sec. xiv. Dipl. 12.— Id. 72.
Garaeanns, n. h., 850-866. Doe. most. Lorvão. Dipl. 2.— Id. 72.
Garseas, n. h., 977. Doe. most. LorvSo. Dipl. 76.— Id. 77.
Garseaz, app. h., 108Õ. Doe. most. Pendorada. Dipl. 380.
Garsias, n. h., 946. Doe. most. Moreira.— Leg. 383 e 401.
Garsiií, app. h., 1152. For. do Banho. Leg. 383.— Id. 421.
Gartia, n. h., 1017. Doo. most. Pendorada. IHpl. 144.— Id. 252.
Gartianiz, app. h., 976. Doe. most. Lorvío. Dipl. 74, n.° 117.
Garna, geogr. (?), see. xv. S. 372.
Garues, geogr., 968. Doe. most. LorvSo. Dipl. 60,
byGoot^lc
o AbCHEOLOQO FOKTUGDfia 389
Gsnas, geogr., 1258. Inq. 473, 2.' cl.
Ganei, app. h., 974. Doe. sé de Coimbra. Dipl. 73.
Gania, n. h., 974. Doe. 8é de Coimbra. Dipl. 72.— Id. 128.
Gbsco, app. h., see. XT. S. 163.
Gaseom, app. h., 12Õ8. Inq. 526, 2.* cl.
Gaasla. Vide Cássia.
Gasto, app. h., sac. xv. S. 280.
Gasaes, geogr., 968. Doo. ap. see. xui. Dipl. 61, 1. 4.
Gata, app. m., 1258. Inq. 665, 1.' cl.
Gateira, geogr., 1258. Inq. 671, 1.» cl.— Monte. Id. 732, 1.* cf.
Gato, app. h., see. XV. S. 149.
Gatom, geogr., 1258. Inq. 438,.2.' cl.— Id. 435.
Gaton, n. h., 870. Doe. most. Pendorada. Dipl. 4.— Id. 92.
Gatone, n. h., 968. Doe. most. Moreira. Dipl. 62.— Id. 377.
Gatones, villa, 1032. L. Preto. Dipl. 169, n." 277.
Gatoniz, app. h., 1008. L. Preto. Dipl. I2õ, n." 203.— W. 187.
Gatoniii, app. h., 994. L. Preto. Dipl. 106, n." 170.
Ganano, monte, 952. L. D. Mum. Dipl. 38.
Candeia (Oonveia), villa, 1169. For. Linhares. Leg. 39Õ.— Id. 453.
Gandemiro, d. h., 1092. Tombo D. Maior Martinz. IMpl. 470.
Gaadengn, d. h., 1091. L. Preto. Dipl. 451.
Gandesindo, n. h., 994. L. D. Mum. Dipl. 104.
GandUa, u. h., 994. L. D. Mum. Dipl. 104.— Id. 204.
Gandili, D. m., 1017. Doe. most. Pendorada. Dipl. 144.— Id. 184.
Gaodilizi, app. h., 1032. L. Preto. Dipl. 167, n.« 273.
Gandilli, n. m. (?), 1083. Tombo D. Maior Martinz. Dipl. 371.—
Id. 378.
Gandinaa, n. h., 976. Doe. most. LorvJto. Dipl. 73.— Id. 78.
Gaadinii, app. h., 946. Doe. most. Moreira. Dipl. 33, n." 56.
Gandiuns, n. h., 992. Doe. most. LorvSo. Dipl. 102.— Id. 532.
Gaadlo, n. h., 1020. L. Preto. Dipl. 102, n." 24Õ.— Id. 21.
Gandiosa, n. b., 994. L. Preto. Dipl. 152.— Id. 131.
Gaudioso, n. b., 995 (?). Doe. most. Pendorada. Dipl. 108.
Gandiosi (Portela de), geogr., 1058. L. D. Mnm. Dipl. 252.— Id.
402.
Gandiosom, monte, 1071. Doo. ap. antb. see. XIV. Dipl. 306.
Gaudiíi, app. m., 1086. Tombo D. Maior Martinz. Dipl. 390.
Ganduuia, n. h. (?), 867-912. L. Preto. Dipl. 3.
Ganfo (Souto de), geogr., 1258. Inq. 430, 1.' c!.
Ganielo, rio, 1055-1065. For. Paredes. Leg. 347.
GaailU, n. h., 1083. Doe. most. Graça. Dipl. 374.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
390 O AacBmxjoao Pittirooiíâi
Gaulaius, a. h., 1013 (?). Dípl. 136.— Id. 239.
Gininis app. h., lOU. L. D. Mnm. Bipl 140.— Id. 386.
GauiDÍzi, app. h., 1085. Tombo D. Maior Haitius. 1^1. 378.
Gaoino, n. h., 1085. Tombo D. Uúor Martinz. IKpl. 379.
Gaainns, n. h., 863. L. Freto. DÍpl. 7.— Id. 41.
Ganladria, n. h., 1068. Doe. most. Moreira. INp). 291.
GaoDla, n. h., 1100. L. B. Feir. Dipl. 546.
Ganvioa (Casal de), geogr., 1258. Inq. 733, 2.* ol.
Gaviaes (Fonte de), geogr., 1258. tnq. 314, 2.* cL
Gavim (S. Jacobo de), geogr., 1220. Inq. 63, 2.' cl.— -Id. 201.
Gavianco, villa, 1258. Inq. 432, 1.» cl.
Gavilz, app. h., 1220. Inq. 157, 2.*.ol.
Gavim, geogr-, 1258. loq. 679, 2.» d.— Id. 713, 2.' cl.
Gavineiras e Gaviueiru, geogr-, 1258. Inq. 666, 2.* cl.
Gavino (Casal), geogr., 1258. Inq. 402, 1.' cl.
Gavio, app. h., 1220. Inq. 201, 2.* ol.
Gaviom, geogr., 1258. Inq. 332, 1.* cl.
Gavya, geogr., 1258. Inq. 356, 2-* cl.
Gaya, geogr-, 1258. Inq. 617, 1.' cl.
GayfaaeB, geogr-, 1258. Inq. 604, 1." cl.
Gayndii, app. h., 1258. Inq. 673, 1.' cl.
Gayndo, geogr., 1258. Inq. 727, I.' cl.
Gayo, app. h., 1258. Inq. 392, 2.' cl.— Id. 651-
Gaiim, D, b., 967. I»oc. most. LorvSo. Dipl. 60, I. 2.— Id. 215.-
Geato (Trás), geogr-, 1258- Inq- 294, 1.' d.
Gebir, n. b., 1018 (?). Doc- most. LorrSo. Dipl. 149.
Gebre, n. h., 1088. L. Preto. Dípl. 418, 1. 5.
Geda, n. b., 946. Doc- most- Moreira. IHpl- 33.— Leg. 347.
Geesia, geogr. (?), 1258. Inq. 439, 2.* d.
Geela (S.Vicente de), geogr., 1258. Inq. 381, 1.' cl.— Id. 387.
Geendez, app. b-, sec- xv. 8. 277.
Geens, villa, 1258. Inq. 516, 2.* cl.
Geenstali, geogr., 1258. Inq- 472, 2* cl.
Gees (San), geogr., 1258. Inq- 294, 2.' cl.
Geesca (Outeiro de), geogr-, 1268. Inq. 619, 1.» d.
Geestaes, geogr-, 1258. Inq. 397, 1.' d.
Geestali, geogr., 1258. Inq. 646, 1.* d.
Geesteira d espiueira, geogr., 1220. Inq. 365, 2.* cl.
Geesto, geogr., 1258. Inq. 393, 1-' el.
Geestoso, geogr., 1258. Inq. 346, I.* d.
GeUanes, geogr., 1034. L- Preto. Dipl. 175, n.' 287. .
byCoOglc
o ÂscaaNjOQO Fovrootifis
<;eilo, n. m., 1086. Tombo D. Maior Martinz. Dipl. 391.
Geinzo, vilU, 1208. Inq. 535, 1/ cl. '
Gelbira, n. m., 1043. Doo. most. Moreira. Dipl. 198.
Geldemiro, n. b., 1045. L. D. Mnm. IMpI. 208. — Id. 376.
Gelia, geogr., 1258. Inq. 314, 2.' d.
GeUa, Q. h., 989. IKpt. 98.
Gelmerixi, ^p. h., 1085. Tombo D. Haior Martinz. Dipl. 381.
Gelndr, viUs, 1066. Doe. most. Pondorada. Dipl. 283.
Gelmiria, villa, 1070. Doe. most. Pendorada. Dipl. 304.
Gelmirizi, spp. h., 1094. Doe. ap. antb. sec. xiii. Dipl. 484.
Gelaiiro, n. h., 1059. Doe. most. MOTeira. Dip. 254.
Ceio, D. m., 1075. Doo. *p. sec. xu. Dipl. 322.
Geleira e Geloíra, núnba, 915. Doc. sec. XIV. IXpl. 13 — Id. SIO.
G«ÍTÍra, D. m., 1258. Inq. 402, !.■ oL
Gemecios (S. Michaet de), geogr., 1220. Inq. 29, 2.* cl.— Id. 180.
Gemeeira, geo^., 1220. Inq. 24, 1.' d.— Id. 181.
Gémeo, geogr., 1258. Inq. 586, 2.* cl.
Gemi (S. Croio de^ geogr., 1258. Inq. 429, 2." ol.
Gemili, monte, 1093 (?). L. Preto. Dipl. 475.— Id. 495.
GemÍDalibns (Casal de), geogr., 1258. Inq. 735, 2.* cl.
Geminis (S." Maria de), geogr., 1220. Inq. 3, 1.' cl.— Id. 32.
Gemlo, n. m., 1086. Tombo D. M«or Martína. Dipl. 390.
Gemnadio, bispo, 915. Doc. ap. sec. xiv.- Dipl. 12. — Id. 13.
GemOBdo, n. b., 1004. L. Preto. Dipl. 118.— Id. 202.
Gemnodi, villa, 879. Doc. most. Morrâra. Dipl. 78.— Id. 164.
Gemniidia, app. b., 1023. L. D. Mum. IHpl. 156.
Gendiz, n. b., 978. Doc. most. Lorvio. Dipl. 78.
Gendo, n. b., 972. Doc. most. S. Vicente. Dipl. 66.— Id. 84.
Gendon, n. b., 1095. Doc. most Lorvto. Dipl. 489.
Gendonú, app. b., 1050. Doc. most. Pedroso. Dipl. 230.
Geuéa, geogr. (?). For. de Jermêllo. Leg. 433, 1. 33.
Geneceo, n. b. (?), 9Õ0. Doc. ap. sec XUI. Dipl. 35.
Genele, app. m., 1258. laq. 638, 2.* cl.
Genesi (Sancti), 1058. L. D. Mum. Dip!. 252.— Id. 335.
Genesio (Sancto), geogr., 1220. Inq. 17, 1.* cl.— Id. 242.
Genestaclolo, geogr., 959. L. D. Mum. Dipl. 46, l. IS.
Genestacolo, monte, 1068. Doc. most. Fendorada. IKpl. 295.
GenesUli, geogr., 1258. Inq. 504.
Genestaxo, moate, 875. Dipl. 5.
Genestazo, monte, 1059. L. D. Mam. Dipl. 262, 1. 3.— Id. 285.
Genestazolnm, monte, 1054. Doc. most. Fendorada. Dipl. 238.
byGoot^lc
o Abcbeologo Português
GenestoM, villa, 974. Doo. Bé de Coimbra. Dipl. 72.— Id. 80.
Genidi, n. h. (?), 1061. Doe. most. Pendorads. Dipl. 268.
Geoido (Font« de), geogr., 1258. Iat{. 635, 1.' cl.
GeuUli, Q. h. (?), 953. Doo. most. Goimarles. Dipl. 39.
Genilo, n. h. (?), 1016. L. Preto. Kpl. 142.
Geuixo (S. Salvatore de), geogr., 1220. Inq. 28, 2.' cl.— Id. 107.
Genio, n. m., 1070. Doe. ap. sec. xii. Dipl. 301.— Id. 370.
Gennadins, bispo, 915. Doo. ap. anth. sec. zir. Dipl. 13.
Genoa (Génova), geogr., sec. IV. F. López, Chr. D. J. 1.", p. 2.*,
C. 94.
Genoi, n. h. (?), 1065. Doe. most. Peadorada. Dipl. 282.— Id. 483.
Genopreda, a. m., 1046. L. Preto. IHpl. 212.
Gentonix, app. h-, 1095. Doe. most. liorvlo. Dipl. 488.
Genulfo, u. h., sec. XI. L. D. Hmn. Dipl. 562.
Geolnira, n. m,, 1083. Doo. most. Moreira. Dipl. 367.
Georgeo (Sancto), geogr., 1220. Inq. 195, 2.* cl.
Georgio (Sancto), geogr., 1220. Inq. 5, 1.* cl.
Georgiofl, bispo, 1070. Doe. most. Pendorada. Dipl. 304.
Geraldíz, app. b-, 1257. For. de Tinella. Leg. 677.
Gerai, geogr., 1220. Inq. 145, 2.' cl— Id. 246.
Geremias, n. b., 1041. Doe. most. Moreira. Dipl. 193.
Gerey, geogr., 1258. Inq. 381, 1.' cl.
Genuauello (Jermêllo), villav For. de Jermêllo. Leg. 432.
GermaoB (Casal de), geogr., 1^8. Inq. 409, 2." cl.
GermíBs, n. b., 974. Doe. sá de Coimbra. Dipl. 71.— Id. 113.
Germondo, n. b., 1052. L. Preto. Dipl. 168.
Germaudi, geogr., 1258. Inq. 715, 1.* cl.
Geroucii, geogr., 1100. Doe. most. Lorvão. Dipl. 554.
Geroutio, geogr., 1076. Doo. most. Pendorada. Dipl. 327.
GeroDio, monte, 925. Doo. most. Aroues. IMpl. 20, 1. 2. — Id. 544.
Gemas, app. b., sec. XV. S. 155.
Geruasia, n. h., 1237. For. de Cedofeita. Leg. 627.
Geruira, n. m., 1085. Doe. most. Moreira. Dipl. 381.
Gervaz, app. b-, sec. xv. S. 170.
Geserigns, n. b., 955. Doe. most. Moreira. Dipl. 40.
Gesíli, n. b. (?), 1065. Doe. most. Pendorada. Dipl. 282.
Ge8iUi,villa, 1059. L. D. Mum. Dipl. 260, 1. 52.
Gesmondi, geogr., 1220. Inq. 112, 1.* cl.
GesmoDdo, n. b., 1018. L. Preto. Dipl. 147.— Id. 297.
Gesmondi (S." Maria de), geogr., 1220. Inq. 32, 2.' cl.
Gesta, geogr. sec. xv. S. 389.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo Portuquês 3
Gesulfo, D. h., 993. Doe. most. Moreira. Dipl. 103.
Gesalfns, n. h-, 773 {?). L. Preto. Dipl. 2.
Getina, n. m. (?), 989. Dipl. 98.
Getoa, n. h., 994. L. D. Mum. Dipl. 103.
GetonU, app. h., 94(5. Doo. most. Moreira. Dipl. 33.
Cia (Porto de), geogr., 1258. Inq. 384, 2.» cl.
Giam e Joam (Sam), 1272. For. de Azambuja. Leg. 727.
Giarah, n. h., tOI6. Doe. most. Lorvtlo. Dipl. 143.
Gibaltar (Gibraltar), geogr., sec. xv. F. López, Cbr. D. J. 1.", p.
C. 87.— Aziír., Chr. da Guioé, p. 28.
Giehoi, app. h., sec. xv. S. 288.
Gicoi, app. h., sec. xv. S. 190.
Cidemiro, n. h. 1037-1065. Dipl. 280.
Gidisliz, app. h., 1083. Doe. sá de Coimbra. Dipl. 373.— Id. 41:
Giela, n. h., 965. Doe. most. Moreira. Dipl. 57, n." 90.
Giis, app. b., 12Õ8. laq. 432, I.' cl.
CUw», geogr., 1220. Inq. 107, I.« cl.-Id. 301.
Gfl, app. h., 1220. Inq. 181, 1.' cl.— Id. 318.— Leg. 140 e 34
GilatoDso, D. h., sec. xi. L. D. Mum. Dipl. 564.
Gilde, geogr., 1258. Inq. 338, 1.' cl.
Gildo, u. h., 951. Doo. most. Arouca. Dipl. 36.
Gilf-mlras, n. h., 924. L. D. Mam. Dipl. 19.
GilidarSes, app. m., sec. xv. S. 204.
Cill, app. h., sec. xv. 8. paesim. — Leg. 727.
GUmir, n. h., 1258. Inq. 344, 2.» cl.— Id. 415.
Gilmiriz, app. h., 1220. Inq. 78, 2.' cl.
GUniiro, n. h., 971. Tombo S. S. J. Dipl. 66.— Id. 166.
Cito, n. h. (?), sec. XI. L. D. Mum. Dipl. 564.
Giloira, rainbs, 915. Doe. ap. auth. sec. XIV. Dipl. 13.
Ciloira, n. m.. 931-950. L. D. Mum. Dipl. 23.— Id. 385.
Gilvira, geogr-, 1220. Inq. 50, 1.' cl.
Gimaemims, n. h., 1054. Toiubo de D. Maior Martinz. Dipl. 23í
Gimara, n. h., 1047. L. Preto. Dipl. 220.
Cindi, n. h-, 927. Doo. most. LorvSo. DÍpl. 20.— Id. 374.
Gimil, monte, 1098. L. Preto. Dipl. 523.
Gino (Agro de), geogr-, 1258. Inq. 326, 1.» cl.
Girai, n. h., 1258. Inq. 401, 2.» cl. — Leg. 229.
Giralda, n. m., 1258. Inq. 278, 2.» cl.
Giralde, n. h., seo. XV. S- 226.
Giraldet, app. h-, sec. XV. S. 329.
Giraldit, app. h., 1258. Inq. 342, 1.' cl.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
394 O ABCKBOLOGO FDBTDeilÉS
Ciraldii, app. h., 1220. Inq. 113, 2.» d.— Id. 43 e 125.
Ciraldns, bispo bracar., 1097. Dipl- Õ13.— Id. 525.
Girardas, n. h., 1086 {?). Doe. most. Lorvio. Dipl. 402.
Ciroa, app. m., sec. iv. S. 153.
GiroDzo, geogr.. 946. Doe. most. Morúrs. Dipl. 33, 1. 2.
Gismonda, d. h-, 949. Doe. most. Moreira. Dipl. 34.
Gistola, n. h., 1258. Inq. 532, 1.' cl.
Gitasinde, n. li., 875. Dipl. 6.
GiastUanis e Gostelanis, geogr-, 1220. Inq. 8, 1.* cl.
GllZ (Gonçálvez), sec. xv. Ãznr., Chr. da Qaiaé, 72 e 151.
Gôa, app. h., seo. xv. F. López, Chr. D. J. 1.% p. 1.', C. 114.
Goab, a. li-, 1039. Tombo S. S. J. Dipl. 186.
Goacin», n. h., 1091. Doe. most. da Qraça. IMpl. 446.
Goaens, geogr., 1258. Inq. 399, 2.* cl.
Goaes e Guaes, geogr., 1220. Inq. 181, 1.» cl.— Id. 100.
Goatoaraes, geogr., 1258. Inq. 582, 2.* ol.
Goamir, Gnamir e Gaamir, ge<^., 1220. Inq. 111, 2.* cl. — Id. 355.
Goandinns, n. h., 1002. L. Preto. Dipl. 116, n." 191.
Gobaise. Vide Gabeiro.
Gocheriz, app. h., 1220. Inq. 76, 1.' cl.
Goçoi, app. h., sec. xv. S. 288.
Goda e Goda, n. m., 994. L. Preto. Dipl. 106.— Id. 176.— Inq. 388.
Godda, n. m., 1018. L. Preto. Dípl. 148.
Godegena, n. m., 1078. Doe. most. Moreira. Dipl. 337.
Godegia, n. h. (?), 1056. Doe. most. Uoreira. Dipl. 244.— Id. 246
e 490.
GodeUa e GnteUa, n. m., 1008. Doe. most. Moreira. Dipl. 121.
Godemeri, villa, 1013. Dipl. 136, I. 28.
Goderedus, n. h., 999. L. D. Mam. Dipl. 112.
Godesindii, app. h., 1097. L. Preto. Dipl. 506.
Godestedeo, n. h., 1048. Doe. most. Moreira. Dipl. 222.
Godestediíz, app. h., 1088. Doe. ap. sec. xvm. Dipl. ^6.
Godesteiz, app. h., 985. Doe. most. LorrSo. Dipl. 93.
'^"■•esteiM, app. h. 1061. Doe. most. Pendorada. Dipl. 268.
gia, n. li. (?), 1047. Doe. most. Pendorada. Dipl. 219.
iaza on Godiíiau, geogr., 1220. Inq. 101, 1.* cl.
idi, app. h., 1258. Inq. 421, 2.' cl.
ido, n. h., 12Õ8. Inq. 423, 1.' cl.
iga, geogr., 1258- Inq. 493, 1.* cl.
iii, app. h., 1220. Inq. 23, 2.' cl.— Id. 35. — S. 307.
im (Borva de), geogr., 1220. Inq. 243, 1.* cl. — Id. 631.
byCOO^^IC
o ÂBCBBOLOGO PobtcqdSs 395
Godina, D. m., 964. L. D. Mum. Dipl. 56.
Godinau. Vide Godúsa.
Godinaxos, app. h., 1258. Inq. 401, 2.* d.
Godiniz, app. h., 1220. Inq. 59,,2.Vcl..— H. 95.
Godinizi, app. h., 1060. Doe. most. Moreira. Dipl. 26â.— Id. 353.
Godinag, n. h., 951. Doe. most. Ãroaca. Di])l. 36.— Id. 138.
Godio, n. h., 1220. Inq. 16, 1.» cl— Id. 19.
GodUalnii, app. h., 1096. L. Preto. Dipl.. 496.
Godisteo, n. h., 994. L. D. Mum. Dipl. 103.
Godis, app. h., 1006. Doo. most. Moreira. Dipl. 122.
Goda, app. h., 1220. Inq. 21, 1.' cl.
Godo, n. m., 960. L. D. Mum. Dipl. 50— H. 99.
Godomira e Gondimira, n. m., 1220. Inq. 23, 1.* cl.
Godou, n. h., 949. L. D. Mum. Dipl. 34.— Id. 287.
Go«mir, geogr., 1088. Doo. aé de Coimbra. Dipl. 423.
Goera, geogr., 1258. Inq. 686, 2.' cl.
Goeriga, n. h., 1076. Doe. most. Pendorada. Dipl. 327.
Goesendi, geogr., 1258. Inq. 728, 2.' cl.
Goesteiz, app. h-, 951. Doo. most. Arouca. Dipl. 36. — Inq. 98.
Goesteo, n. L., 1055. L. Preto. Mpl. 240.— Inq. 81.
Goestei e GoesUs, app. h., 1220. Inq. 148, 2.* cl.
Goeyçoy e Goyçoy, n.- h,, sec. xv. S. 190.
Gogidiz, app. h., 1017. Doe. most. Pendorada. Dipl. 144.
GogiUi, a. m., 978. Doe. most. LorvSo. IXpl. 78.
Gogín, n. h. (?), 1258. Inq. 387, 2.' cl.
GogÍDa, n. m., 1039. L. Preto. Dipl. 186.— Id. 202.
Gogino, n. h., 1258. Inq. 419, 2.* cl.
Gogio, n. h., sec. xv. L. D. Muip. Dipl. 564. — Inq. 335.
Gogito, n. L, 1012. Doe. most. da Oraça. Dipl. 134.
Gogominho, app. h-, sec. xv. S. 182.
Goiaes, geogr., 1220. Inq. 95, 2.» cl.— Id. 179.
Goiam, D. h., 984. Doe. most. Moreira. Dipl. 89.— -Inq. 153.
Goido, D. b., 1092. Doe, moet. Moreira. Dipl. 467.— S. 194.
Goimiriz e Gnimíriz, app. b., 1025. L. Preto. Dipl. 159.
Goimirlzi, app. b., 1068. Doe. most. Moreira. Dipl. 289.
Goimirns, n. h., 964. L. D. Mum. Dipl. 56.— Id. 127.
Goin, geogr., 1258. Inq. 593, 2-' cl.
Goina, n. m. (?), 1024. Doe. most. Pendorada. Dipl. 157.— Inq. 157.
Goinha, n. m., sec. XV. S. 175.
Goioi, n. b. (?), 1040. L. Preto. Dipl. 189.
Goios, app. m., .1220. Inq. 114, 2.» cl.— Id. 233.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
396 O ÀBCm»LOGO PoBTDâuAs
GoiM, B. h., 1258. Inq. 312, 1.' cl.
Goirígo, n. h., 993. Doe. moBt. Moreira. Dipl. 103.
Goivas e Gonvas, geogr., 1200. Inq. 128, 2.' cl.
GoUaee, geogr., 1014. L. D. Mum. Dipl. 138.— Id. 334.
Goldara, n. m-, »ec. xv. S. 299.
GokUrw e Goldws, app. h., sec. zv. S. 164.
GoMarez, app. h., «ec. xv. S. 299.
GoUenffoi», B. m., 1100. L. Preto. Dipl. 553.
GoUmw, app. h., 989. Dipl. 98.
G^Umo», n. h., 1089 (?). Doe. most. Moreira. Dipl. 433.
(Contbia).
A. A. CosTBslo.
Ulsoellanea
I
1. Vmn rari4a4e taim«aekle*
«O sr. António Luís Oongalves envíou-nos um billiete de touros,
da antiga praça do Salitre, que tem um século, pois data de 1805^
I TOUROS *
S' pra(;adosautbe,*
para ser vendido a qnem mais der, e o preço oiferecido ser appUcado
em beoeficio da viuva de um major do exercito, que nXo tinha monte-
pio, por exceder a idade quando foi promovido a ciliciai.
bvGooylc
o Abchboloqo PoKPaavÈs 397
Aqui damOB hoje o fac-simile do bilbate, ficando o original nesta
redacção para ser visto e adjudicado a quem der maior lançoi.
(Diário áe Ifotida», de 37 de Agosto de 1905}
2. CaiteUo da Feira
Importants devoqtiriínento
«O caetello da villa da Feira é um dos maia característicos monu-
mentos do nosso pais.
Ko dia 6, andando a passear no oastelio, dois apaixonados â'eUe,
os Srs. Drs. Oonçalves Coelho, autor de nma importante mooographia
em parte inédita sobre os condes da Feira, e Vaz Ferreira, que soli-
citoa do Sr. Conde de Faço Vieira, quando Ministro das Obras Pu-
Cutsllo da F«rn A inicHpçia
blicas, um subsidio para reparaçSea urgentes na cortina externa do
castello, conseguiram ler as inscripçSes lavradas na cantaria da porta
de saída do caminho coberto.
Parece que eSo as assinaturas de dois architeotos que trabalharam
na ultima reconstmcçSo do castello e que devem dizer:
FYLYPO DIAZ
DOMIGO
seguida esta nltima palavra de um monogramma indecifrado por em-
quanto.
Sobre a porta chamada dos campos ou da traiçXo também desco-
briram os mesmos senhores a data de 13âõ, em pedra que se afigura
miús antiga do qne a cantaria adjacente. Deve ser a data da tomada
byGoí>^^lc
398 O Abchbologo PtHcrOQUâfl
do câsteUo pelos do Porto, qasDdo se ftlutnTS pelo psis » oeoaeqaen-
cia da heróica btíalha de Aljuburota.
Ka recoustrucçSo, sem duvida posterior, foi muita pedra ãfto-
veitada e por certo conservada no seu próprio lagar essa data tus-
toríca.
Bom será advertir que formulamos simplesmente hjpotbeaes.
Consta-nos também que se está otganisando na viUa da Feira uma
sociedade com o fim de reunir iniciativas particulares para fomentar
e coadjuvar a conservação do Castello da Feira, chamando assim a
attenç&o dos ^vernos para esses padrSes gloriosos da nossa lústoría
e das passadas grandezas que sSo a oonsnbstanciaçXo das tradiçSes
patrióticas I.
(Diário dt líotíeia*, ds 9 de Agosto de 1905).
Nota. — Ab inscripfSeB traçadas em letras de cnriiro gótico do sec xti de-
vem ler-se /yíjipe diat (oq dominguet) e domingoê talvez ^onpi/ixi. SBo evidente-
mente tinaee de doíe caoteiros.
8. Achado de Moedai portagietas
t Achado valioso. — Uns farazes (casta Ínfima) encoqtraram numas
escavaçSes, em Pemem (índia Portuguesa], algumas moedas de ouro,
que passaram aos ourives da localidade, os qaaes nSo tardariam por
certo em transformar o precioso achado em brincos e pulseiras, se a
autoridade não interviesse a tempo de apprehender seis d'essaa moedas,
que hão de ser de incalculável valor histórico e muito apreciada pelot
apaixonados pela numismatíoai.
(JontcU dat Colomat, de 83 de Setembro de 1905).
i. «O Henorlal das moedas» de Fr. Fraaelseo de Santa Maria
No Archivo Nacional encontra-se um códice, que ali tem hoje o
numero 823, o qual se intitula: Obras do Padre Mestre Fr. Frtateuco
de Santa Maria Lisbonense Âugustiniano Provincial gii« fitg desta
Provinda e acabou em 9 de Novembro de 1743 efaUeceu em 12 de Ja-
tieiro de 1745 annos. Entre os trabalhos que naquelle códice se ea
centram, relativos na m^or parte á ordem dos' Agostinhos, e que nSo
aponto, menciono o Memorial das moedas de ouro, prabt e eobn ju
tem corrido neste nosso Reyno desde a sua origem athe agora (Fl. 209
' a 218). Esta memoria encontra-se impressa na Hiatoria Oenealogica
da Casa Real Portuguesa, tomo iv, publicado em 1738, ainda em rida
portanto de Fr. Francisco de Santa Maria. O texto manuscrito é tra-
byGoí>^^lc
o Abcheologo Fobtuquês
çado com letra elegante e de fácil leítutaj as notas, por^tn, que o acom-
panham e que me parecem da mão do augustioiaDO, sSo de leitura
mais demorada, devido em parte á mendeza dos caracteres e em parte
á tinta amarellada, de qne se serviu. O texto mannscrito aSo repre-
senta inteiramente, o qne está impresso, por isso que algumas palavras
foram substituídas e algumas constmoçSes grammaticaes foram trans-
formadas. Também no impresso entraram algumas das notas, que acha-
mos no exemplar manascrito. Em geral a memoria, que vem impressa
na Historia Genealógica, é mais completa e mais abundante em noticias
de moedas, do qne a de qne dou conta.
Claramente se vê que o manuscrito é o trabalho primitivo, que,
refundido e ampliado com as noticias que ia colligindo Fr. Francisco
de Santa Maria, foi por este depois ofFerecido a D. António Caetano
de Sousa para a vasta obra, que o douto académico levou a cabo.
Fedro ã. de Azevedo
1. A deisa NabU
N-O Arch. Port., vi, 105 e 134, fala-se de ama inscripçio consa-
grada á densa Nabu, apparetnda em Fedróg&o Pequeno, concelho
da Sertã. EUa tinha já sido publicada
no Corp. Inter. Lai., u, 5623, e tor-
non-o a ser por mim nas HeligiSes dft
Lutiíania, H, 277.
Ima^nava eu perdida a lapide res-
pectiva, mas felizmente não o está.
Tendo ido a Pedrógão o Sr. José
de Almeida Carvalbaes, Preparador do
Museu Ethnologico, o Sr. Dr. F. Alves
Pereira, Official do mesmo, incumhiu-o
de ahi a procurar, o que elle fez com
tanto desvelo, que não só lhe desco-
briu o paradoiro, mas a adquiriu para
o Museu Ethnologico, onde hoje occupa
logar entre ostras lapides consagradas
a divindades lusitanicas.
Como ainda nSo havia desenho da
pedra, aqui a represento na figura junta,
da qnal se vê que as liçSes dadas até agora estio correctas. Na 3.*
ÇlCEROl
AAAA/Cl
A/ABÍAÉ
||V
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||'' í!
I' y.
b,GtK)ylc
400 O ÃSCHEOLOQO FO&TDQDÊB
linha ha realmente os pontos que se vêem no original, e que já foram
indicados num dos citados passos d-0 Arckeologo.
A inscripçSo está gravada em uma arazíolia de granito de 0*,70
X 0",28 X 0",20; a altura das letras oscilla entre 0",06 e 0",07.
à parte superior, ou cornija, está quebrada em alguns pontos; ftn res-
taurada ao Museu com gesso e pintada da cdr do granito.
2. Pátera de prata
Lembrar-se-hio acaso os leitores de haverem lido n-0 ÂtcH. Port.,
IX, 136, nota 3, que o Dr. Teixeira de Aragão possuia um bellissin»
fundo de pátera lositano-romana, no qual ae via esculpida ama figura,
e gravada uma inscrípçSo, — objecto appareddo ao pé do castro de
Alvarelhos, em terra da Maia '.
No artigo em que se diz isto, dizia-se também qne AragSo o cedera
a um antiquário de Paris, em ouja casa eu o procurara em v3o, ptns
que elle, quer por equivoco, quer por conveniência própria, me affir-
mAra tê-lo enviado para a America do Norte.
Havia eu perdido completamente a esperança de o rehaver, ou ao
menos de o tornar a ver, quando se me deparou o bom ensejo de o
encontrar em Madrid, em Março de 1905, em casa de um archeologo
amigo meu, por occasíSo de este me mostrar alguns objectos archeo-
logicos que ultim«nente adquirira.
O mesmo illustre archeologo levou a sua amabilidade a ponto de
me ceder para o Museu Ethnolo^co o cubicado objeoto pelo preço
qne por elle dera.
De modo que Portugal foi, por assim dizer, reembolsado de um
notável documento da sua historia antiga (documento que andava ex-
traviado), e o Museu Etimológico fícou possuindo mais uma jóia ar-
cheologica.
S. Á clíterna Ío Castello de Lamego
tÉ fora de duvida que tende a desapparecer sob a acçSo e cubica
particulares tudo quanto pertencia á antiga fortaleza do Castello, d'essas
soberbas e extensas muralhas de Lamego.
Semelhante abandono tem muito de criminoso, e bom seria, para
nSo ficar de nós uma memoria tristíssima, que se dispensasse um
■ Cf. também Edigiòei da Laaitama, ii, 310, onde ae publica um desenho
d'eatc objecto, estraliido i&t Notidoê de Portugal de HQbner.
..Googlc
o Abcheologo Poktuquès 401
poQco de carinhosa attençSo a tudo quanto atteste a origem d'esta
cidade.
Salte- se á frente da destruição e salve-se ao menos e conserve-se
o pouco que resta d'esse vasto monumento de pedra.
Uma camará qualquer, de tempos que se perdem na memoria pu-
blica, praticou o gravissimo erro de consentir que um P
cbasse a cisterna num sen quintal! Com eondifSes, sim, p
vedada a entrada ao publico, mas permittindo ao mesmo
daçSo de um alto muro, com porta, fechadura e chave,
na exclusiva posse do dono do prédio.
Isto com o andar dos tempos esquece, e a prova é i
moderna desconhece quasi por completo que a cisterna
e que cada qual a pôde ir ver quando muito bem quiser,
dever favores a ninguém.
Mais um geito do tempo, e aquella soberba obra, na e
ros donos do prédio, arríaca-se a ficar perdida, sem have
contas de tamanha barbaridade.
O qne a cistertis lucrou de estar ha tantos annos sol
guarda de um particular é ter servido para deposito de <
obras de toda 3 casta.
G ninguém se resolveu até hoje a olhar por isto e a e
dalísmo !
à camará praticaria um acto altamente sympathico s
por completo a asneira, feita em tempos remotos.
A cisterna é obra para ser mostrada aos que visitem L
nXo emqnanto a abobada lhe servir de malhadouro e o int
posito de entulho.
Já qne muito se deixou perder, ao menos, — :pQr am<
d' esta terra, — defenda-se e conserve-se o pouco que rest
Para isso só a camará tem força e competência, e se
cisterna, pondo-a em condiçSes de ser visitada sem desdou
fará um serviço do agrado de toda a gente e especialmei
soas que tem no maior apreço, por saberem quanto valem i
gia, estes restos que atteetam a. remotíssima infância de ]
D-0 Proffrato (Lamego) n." 1:066, de 9 de Setembro de 1905.
4. Mnien de Artilbaria
«Neste Museu deram ha pouco entrada duas soberbas t<
deixa, que nSo somente honram o seu autor, como aquel
contribuído para auxiliar os artistas portugueses.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
402 O ÃBCHEOLOQO POBTUGUÊS
Bom seria que a inici&IJva particular secundasse os esforços dos
que tentam toraar conhecidos não s6 os nossos artistas, como as pre-
ciosidades históricas, qne representam épocas brilhantes do nosso pas-
sado.
Dirigindo o Museu acha-se o Sr. General Fedro de Alcântara
Gomes, que é um dedicado successor do general Castel-Branco e qoe,
com igual perseverança, continua a valiosa obra do sea antecessor e
dedicado amigo.
O governo hespanhol acaba de louvar por ordem real o antigo offi-
cial de infantaria D. Affonso de Borboa y Borbon, gr3-cruz de Cbristo
e Avis de Portugal, por ter offerecido ao Museu de Artilharia, ã'aqQelle
pais, valiosos espécimes de uniforme e armamento qne pertenceram
a seu pae o infante de Hespanba e capitão general dos seus ezerútos,
D. Sebastião de Borbon j Bragança.
Oxalá este exemplo servisse de incentivo, no nosso pais, a tantos
que poderiam amnentar o esplendor do nosso Museu de Artilbaiia».
{Diário de NoHàa», de 1 d« Outubro de 1905).
S. Dnas raridades MbUofrapU«aB
Adquiri ultimamente dois opúsculos numismáticos qne se referem
ao nosso pais, e que supponho raros. Eis os seus titulos:
1) Estai ã'attr3mtion de qudgues monnaUs ibériennee à la vUle de
Salacia, par J. Zobel de Zangróniz, 16 p., e uma estampa. No fim
da p. 16 tem a seguinte indicação: Paria. — Imprime par E. Tkunot
et C, 26, rtie Racine,
2) Attribution ã'une monnaie inédUe à Serpa (Etpagne UUérieuTe),
12 p., com uma vinheta a p. 2, assinado pelo mesmo autor no fim, e
com a referida indicação tj^ograpbica.
Ambos estes folhetos são separatas da Revtie Ntimmnatigue, respec-
tivamente do t. vin (1863), p. 369-382, e do t. ix (1864), p. 237-248.
à sua raridade está nisso, pois de certo foi pequena a edição que se
fez d'elles; como porém nem toda a gente dá apreço á bibliographia
numismática, já se vê que esta raridade é meramente relativa.
Ao assunto tratado nos dois trabalhos supramencionados corres-
ponde o de que me occupei n-0 Archeologo, ti, 83-84 (moedas de
Salacia)*, e 88 (moeda attribuida a Serpa), com as respectivas es-
tampas.
> Aproveito a ocoaaiSo para &ser uma conecçSo ao texto da p. 83: UdI
onde Be lê -<m leia-ae -om; e linha 20, oude Be lê Evion, leia-Be Eviot».
byGOí>^^IC
o AficnEOLOGO Português
S. Congretw de PériSHeu
cEm nm congresso archeolo^co, recentemente realizado em Férí-
gaeaz, França, foi Fortngal dignamente representado pelo nosso com-
patriota Sr. Tavares de Froenç»JuDÍor, delegado do Instituto de Coim-
bra, DO mesmo congresso.
O Sr. Tavares Proença apresentou uma iotercssante memoria so-
bre dois monumentos megalithicos que encontrou nas proximidades
de Castello Branco, que pelo congresso foram consideradas verdadei-
ras preciosidades «rcheologicas, apreciando-as pelas photogravuras que
acompanham o trabalho do nosso joven e illustrado compatriota, e con-
cordando com as conclusSes que o mesmo expunha.
Um outro trabalho que o mesmo senhor apresentou ao congresso,
com referencia a nm illustre homem de sciencia que foi uma das glo-
rias da França, provocou dois brilhantes discursos de sábios franceses
presentes, que, tendo já visitado Portugal, conservam grata recordação
da forma cavalheirosa porque aqui foram tratados, e calorosamente se
referiram a Portugal, ás suas glorias, & sua civilização actual e á fi-
dalguia ionata dos seus habitantes.
Keg^stamos com satisfação este facto, nSo somente como honroso
para nós, mas principalmente como digno de louvor para aqnelles que
concorrem, como o Sr. Tavares de Proença acaba de fazer, para que
lá fora sejamos conhecidos e apreciados por esta forma*.
(Diário ãt Notidíu, de 6 de Outubro de 1905).
Os trabalhos que o Sr. Tavares Proença apresentou ao congresso
intitulam-se respectivamente :
Notice sur deux monumentg épigraphtques, Coimbra 190Õ, 14 p.,
e 2 estampas.
CamtUo Caatdlo Branco e Gabriel MortiUet, Coimbra 1905, 14 p.
Na primeira d'estas monographias dá o Ã. notícia de dois interes-
santes monólithos ínscnlpturados, qtie appareceram nos arredores de
Castello-Branco, um dos quaes mede l^jôS de altura e o outro 2",22.
O A. pergunta a que época pertencem e o que significam. A resposta
é certamente difficil de dar com exactidão; mas talvez não se erre muito
oomparando-os com alguns dos monumentos de Kõrõsbánya, Croizard,
ÉpííQe, DampmeBuil, Kivik, Bohuslán, Gavr'inis, Collorgues, Calmels-
et-le-Viales, Saínt-Semín e outros congéneres. Vid. a respeito d'elles :
Hoemes, Urgeichichte der bOdettãen KunHfWsana, 1898, pp. 218, 243,
byCOO^^IC
404 O ASCHEOLOQO FOBTUGDÊS
371, 379, 389; e G. & A. de Mortillet, Muté^ PrékUtoriqm, 2.* ed.,
Paris 1903, est. Lxiv e lxv.
Na segunda monograpliía, o Sr. Tavares Proença reproduz o qae
acerca de Gabriel de Mortillet. dissera Camillo Castello Branco no opas-
culo que escreveu em 1884 sobre o geiferal Carlos Ribeiro (cf. O Areh.
Ill
Buinu netHevaet
A gravura, que acompanha estas breves palavras, foi aberta por
um desenho que alg^m amigo do Arckeologo nos enviou, mas de que
se extraviou o respectivo titulo. Não tem sido possível, por qaaesqner
documentos particulares, descobrir a que edificío ou sequer província
pertencem aquellas ruínas.
L-
Vêem-se dois corpos de edificio, um d'el]es com duas portas ogivaes
e encimado por sineira, de época recente.
K pouco crivei que esta parte das minas seja transepto de igreja,
como poderia parecer em consequência do angulo recto que a soa
planta faz com o outro corpo mais extenso e apparentemente desco-
roado. Keste v§-se o trasfogueíro saliente do que presumo ser uma
chaminé, ponsada em três cachorros. Seria acaso habitação transfor-
mada em templo. A construcção é certamente medieval.
byCOO^^IC
o ÃRCHBOLOQO POBTDQUÊS 405
Se algum leitor do Archeologo acaso reconhecer estaa ruínas, mais
alguma cousa poderemos dizer, que agora ficou desgraçadamente na
lista das possibilidades. Para os nossos amigos pois appellamos.
Novembro de 190Õ. „ , „
F. ÃLVE8 Pereiba.
BibliogTapMa
Deax mota A propoa dv livre de Mr. Ceorges Bncerrand.
Six Uçont de Prthistoire, — por J. F. Sery Delgado. Estrait dn tome vi dee
Commimicações du Service Géologiqne dn Portngal,
Neste seu opaeculo defende-ae, com toda a razfio, o nosso íllnstre geólogo
das accneaçSeB que o Sr. Engerraad, baseado em palavras do Sr. Hervé, indi*
rectamente fizera ao noBso pais, de que os restos ósseos achados na grnta pre-
hUtorica da Furainha, de Peniche, pertencentes a cento e quarenta individnos,
tinham sido perdidos para a sciencia. Diz o Sr. Delgado:
t hl grotte de Fumínha c'eet moi qni Tai eiplorée et en ontre je Vai
décrite, et à ma connaiseance personne avant moi n'j avait &it des foníltee;
lúnsi, les amabilités qni précèdent me aont directement adreBséea, bien que,
j'aime ã le croire, à Tinsu de eelui quí les a éorites. Je conserve, ponrtant, une
vagae idée que Timpreesion prodnite parmi lous les membres du Congrès pré*
histoiique de Lisbonne, par la lecture que j'ai faite de um description de For-
ninha, a été bien différente de celle qu'a reijae Ur. Hervé et à oe qn'il paraít
aussi JILt. Engerrand. Cest une faible compensation pent-être, mais elle me
snffit, car je garde ta conviction qae j'at tonjoars travaillé honnêtement et
conseien cieneement .
La biblíothèqne dn Service géologique, qni est à ma disposítion comme
directeur de ce Service, n'est pas assez riche en publications du Fréhistori-
qne ponr que j'aie réussi à déconvrir la citation de Mr. Hervé dane les volumes
qne j'ai pn consulter, de sorte que je ne sais pae si o'eet à Kr. Hervé ou bien
à Kr. Engerrand que je dois adresaer mes remerclments.
Toutefbis, oomme dans la description de la grotte de Fnminlia, j'ai indique
' Texistence dn même uombre de 140 individue dans le dépôt Bupéríenr de la grotte,
il ne me reste point de doute qne c'eet dans cette description que Mr. Hervé,
et après lui Mr. Engerrand, ont pnisé les ar^ments qu'ils gardent dans lenr
poche, pour m'adresBer des reproches si durs.
En effet, j'fti écrit {Compte-rendu de la 9^'íesíion du Cffigrhs préhisto-
rique ò Liabonne, JSãO) :
<U fiiut avant tont savoir qne le dépôt snpéríeur de cette grotte fui entière-
>ment extrait, et la grotte elle-mème presque complètement vidée; tous les os
•qn'elle contemut ayant donc pu ètre pris en coneidératlon, j'ai pn dreeser nn
itablean donnant le nombre d'exemplBÍreB de chacnn des différents os recneil-
.lÍ8..(Pag. 216).
byCoOglc
40C O ÃSCHEOLOOO PORTDGDÂB
( Cepeodant, oomme la terre a été aoigneuaemeiít foaillée et paiaqne la grotíe
• ae paralt pae avoir étò explorée antérienrement en grand (il n'eBt paa aêmte
iprobable qu'elle Tait étó, vn Ia difficnlté i'K(xa) nona poavonaiegarder «mune
iBnffisaminent anthentiqneB les données qae noas avons obtennesi. (Pag. 216).
cNona ne nona aoniities pas aperçae que le dépõt ut été fouJllé profondé-
• ment depnie sou accamalation, noiu ii'aT0i)8 non pios décosvert ancnn vestige
iqQt nona fit soupçonner renterrement d'iui corps entier eu quelqae point de la
.grottei. (Pag. 217).
f Ce tableau noue montre qne la qbantité de mãchoírea inféríemes est )oin
>de toote relation avec les mftclioiree snpérienres, qai ne isprésentent pas le
>BÍzième dea individua dont lea aatrea nona révélent Teiiatence dana le dépõt.
■Effectivement, on reconnatt par les mãchoiree infSrietures resúatence in^ibi-
itable de 140 individaa dana le dépãt, tandis que lea maxillaires siqtérieiírB
•dénoteraient tont an pltis 22 individns. . .>
• 11 fant enfin remarqoer qne la totolité des pièoee obtenaes est três loin de
■représenter antant de sqnelettea qne Tindiqaent lea mâcboirea inférienrea, les
•astragales, malgré lenr stracture spongieuse, étant par une aisgulière anoina*
*lie les pièces relativement les plus nombreuses apiéa les màchoires InféricDree
>et les cnbitns; tandia qne les as les plns résistaiite, comme les corps des fórnura
■ et des tibiaa, sont ceax qoi se présentent en moindre qnantíté, bien que lea
tpetits fragmente et les éclats de cea os soient três abondants». (Pag. 221).
Mr. Hervé, qni a certainement )u ces lignea, n'a pas fait attention à ce
qn'elleB Toolaíent aignifier et il a immédiateiDent concln qoa 140 individiis
avaient été inhnmés dana la grotte et qne le manque dea oa provenait dn chtHx qne
le collectíonnenr en avait fait, en méprísant cenx qni n*étaieiit pas de son goãt.
Db la sorte, moi, qni ai tu, qni ai ntiré de la grotte tont ce qn'elle conte-
nait, je n'ai pu découvrir les prenves de Texistence des 140 individue qne par
kfl fragments dea màchoires inft-rieureB ; et Mr. Hervé, qni ne connatt la grotte
de Fnminha qne par la descriptlon qne j'en ai faite, aflBrme péremptoirement
que les 140 squelettes étaient là et qu'ils ont été détmits par les ravagee des
collectionueurs, en un mot par moi qui ai surveillé continoellement lea fonilles !
Senlement il a oublié nne circonetance : c'e8t qne j'ai ramaasé indistiDete-
meut les instenments et les os, méme les petíts éclats, et heureneement ila eiis-
tent encore dana les armoires de notre mnsée géologiqne et penvent être vns par
qniconque venille bien ae donner la peina de faire nn Toyage à Liabonne et exa-
miner les piécea dn procèe avant de prononcer eon verdict>.
A respeito da dúvida apresentada acima pelo Sr. Delgado, sobre se a pater-
nidade da accnsag&o pertence realmente, em primeira mSo, ao Sr. Engerrand
on ao Sr. Hervé, notarei que ella pertence ao segundo: vid. ma artigo pnblioado
por elle na Eevue mettmielle de 1'ÉcoU d'Antkropologie, ix (1899), pag. 274.
Xeste artigo o Sr. Hervé n&o só dirige a Portugal accugagCes a propósito
da gruta da Fuminha, mas também a propósito dos ossos da grata de Lioeia
e doe da ciypta megaliúiica de UonfAbrSo, nma e outra exploradas por Carlos
Bibeiro.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ASOREOLOQO FoRToanÊs
Escusado seria ponderar qne as ultimas accusaçSes alo t&o infundadas como
Com relftçío a Liceia veja-ee a obra de Carloe Ribeiro, Etinãos prehintoricos
em Portugal, vol. i, Lisboa 1878, pag. 12 e 54-63; ahi diz elle que effeotiva*
mente encontrou todos ou a maior parte dos ossos que podem constituir um
esqueleto humano, mas pertencentes a índividoos differentes, e sem qne hou-
vesse inteiro um único crânio.
Com relação a Uont'ÃbrSo veja-se a obra citada, vol. ii, IJsboa 1880,
pag. 14 e 57-61. Carlos Ribeiro diz muito claramente qae sd encontrou vários
ossos, geralmente em muito mau estado, e algumas centenas de dentes, sendo
do exame dos dentes que oonclniu que no monumento teriam sido inhnmados
uns oitenta indivíduos.
Todos os restos hamanos de Mont'Ã.bi^, de Liccia e da Fuminha, estfio
actualmente guardados no Museu da Direcção dos Trabalhos Geológicos. Ahi
os pôde o Sr. Hervé examinar. A critica d'este autor é tanto mais estranhavel,
quanto é certo que o trabalho em que o Sr. Delgado descreveu a sua exploração
da gruta da Fnminha foi publicada, em francSs, nas Actas do Congresso Pre-
historico, e que na mesma lingoa foram publicadas traducções dos trabalhos
de Carlos Ribeiro sobre Liceia e MonfAbrfto.
J.L.DBV.
O Aroheologo Portugruôs— 1905
B^lato blbliosi'*^^^ d*i permatas
CoDtlDuatlo.VId. o Anli.Pon.,!, MS
Bnlletini et memoirei de la Sociéte d'A]itliroiKilogi« de Paris, tome vi, fascl-
cnle l*'. D" 1 (190.)), Séance da 5 jaavier : Becherchei êur la capacita vitale,
par U, le Dr. E. Demonet. K' S, Séance du 5 janvier: Reehereha eur la ca-
paciU oitalt, par le mfime, Séance ia 19 janvier ; Nota sur rhiraldiíaiíon de
la marqat de propriété et lee origmea du hUuott, par M. Amold van Gennep;
EoUlhe* et atUre tHex iaUU*, par A. Tfaienllen. Nesta conferencia, o orador
esquadrinha as opiniOes do illastre geólogo belga, H. Bntot, acerca da in-
tecpretaçSo que este entende se deverá dar aos retoqnes dos sílices, a qnal
é que estes retoqnes não são mais do que o resultado da utilísaçBo d'aquelles
nteneilioB, sem fórma premeditada, e da necessidade de avivar o gume pri-
mitivo e nataral, que é sempre o mais cortante e perfeito', ao cabo de uma
serie consecutiva de retoqnes e atiliza;Ses, a peça tomava-se imprópria para
a sua fimcção, adquiria a forma que até hoje temos considerado nos moseus
como a ultima phaae de acabamento, antes de servir. N&o obstante, H. Thienl-
len reconhece qne todo o grande mérito de M. Rutot consiste em ter assina-
lado a presença exclusiva dos eolithoa em estratos anteriores ao dilnvium
de Chellea. Mas quanto a estes, em todas as épocas da prehtstoria se fabrica-
ram eolithos, isto 6, peças que apresentam um miniroum de talha intencional.
Os siuaes clássicos do trabalho homano dos espólios paleolithicos conatítuem
excepção e não regra; ao lado das íónxuu clássicas, são innnraeraveis oa ves-
byGOí>^^IC
o Abcheoloqo Portogdês
tigios da mXo do bomeDi em excuplaTes de aspecto apparentemente fortaito.
Portanto, diz-nos H. Thíeulleu : • Procurem aempre l • E d'aqiii eu tomo o ccm-
eellio; arcbívemos os espolioa litliologieos inteiroa, ainda o qoe parece esti-
lhaço on rebotalho, dSo tendo olhos s6 paia aa peças típicas; a prelÚBtorta,
embora tilo mo^a, ji tem de voltar atrás^ revei o qae d<^^atisoa e investigar
de novo. NSo resisto, pois, ás ultimas palavras d'este discnrso: cLesconclu-
sions prímatnrées, bnsées snr dcs documenta inauffisanta on interpretes frop
à la légère, aont les pires obatacles aai progrès d'une seienee. Aossi, le role
des préhisturiena aemble-t-il Atre, à cett« heme, d'entuser pierres sor pier-
res, de les dasser, de les étndier, de les comparer eans cesse, avee TespoiT
que do ces matéríauí Bccnmulés, se dégagerout peut-4tre ud joui certunes
lueuTS capables d'éclairer qnelqae coin obscur du passé mjst^eas de rHn-
mauité. Hais en sttendant, ayons au moios la bonne foi et le bon sens de
confesaer bautement notrc ignorance, sans chercher plns longtempa à la
simuler aous de vaias propôs*. Déeouverte d'iiii menhir tombe lur Ua ébote»
f.t d'iiite ttation mmaine, par M. Ic Dr. Maicel Bandouin. O logar onde jazia
o menhir, aliás ir reconhecido, cbaiuava-se a «cova de dinheiro* (ereux iTar-
ffeiU). Bapporl de 3Í- Jáanouvrier; Note inr le nora de Maurt», par M. le
Dr. Bertholon; Note tur let iwmi de Ibkrea, Berbires et ÃfrKoi»*, par M. Ic
Dr. Bertholon; Nioroiogie; Sepultam nioiUhique» de Moiúignyl' Engr^M,
par O. Vanvillé; Note elhnograpkiq\ie tur les peupladet du Saut-To/Udu, ptr
M. le Dr. P. Roai. fja population el Itê gub$ittanMs, par H. Y. Gayot; La
plaee de 1'hmnme daiu fjinioerã et doTt» la tirie toologigue, par Ch. Lcjeane;
Coiitributioii á Vanthropologie phytiqve de la Sicilt eneolilUqve, pai H. ZabO'
rowaki ; Sur let pierrei taUUê antúJatmgues, par M. Thienllen ; La prottituée
japouaiie nu Tonkii', par le Dr. Roui.
Boletín da la Real Aoalomia de la Historia, tomo xlvi, Enero, 1905.— £í Empe-
rador Carlot V (A. Rodriguez Villa) ; De Jliberri á Granada (M. Gômei-
Moreno); Napoléoii ly Napolèon III, de D. Joeé BaTiaret y Magan (J. Suare*
Inclan) ; Exploraeionei archeologíeat en Ipomtba (Fidel Pita) ; DocHmtntot
inedilot dei carttdario de S. Toribio de Liibana (E. Jusué)-, ^tieifiê tiucrip-
chne» romaiM» {F. Fl(a) ; Matará hiOorica (F. Píts).
Febrcro, 1905.— Eí Empcrador Carlot V(A. Rodrigues Villa); Za marina
tíi el bloqueio de la itla de Lion, de D. F. Obanot Alctdd det Olmo {3. G. de
Arteche) ; El palácio ducal de Gandia (P. F. de Uéthencourt) ; ReprodMiòn
de carta» natUicat veneainna» ineditai (C. F. Duro) ; El catlillo y la nuuía
de Montall (P. Fita) ; Ántigvedadet njuwnas de Ãndalumi (F. V. j Peraies);
Ntiera» intcripeiotiet (P. Pita) ; Memoriae hittoricat de Medina dei Campo (C-
de Anta] ; Noticiai.
Marzo, 1905.— £/ Bmperador Carloi V (A. R. Villa) ; Geagrajuifiti«a y et-
feriaa de las provineiai dei Paraguai/ (C. F. Duro) ; Boccanio: FnenteMpara. . ,
la hi$toria de la» itlat Canariat (Manuel de Ossma); lia capilla de lat Ur-
binai en Guadalqjara (J. C. Garcia) ; 7Ve« hittoriadoret de Síediaa dei Campo
(F. Fita) ; Sobre la bibliografia de D. Pedro Faieual (E. M. Pidal) ; S. Pedro
Pateual ( P. Pita) ; Nolicias.
Abril, 19m.— Informe tobre el libro dd Sr. B. Villa, titulado An^rotio Spí-
nola (J. 8. Inclan. M. Danvila); El Seal moHOiUro de FUera (V. L. y Ro-
mea) ; El jubileo dei ano imo (F. Pita) ; Leceionario ntigolico de ta igktia
de Toledo (D. M. Pérotin) ; Loi eastiUo» de MmtoU, Ça Creu y Maia (te. u]
byGOí>^^IC
' o Archeologo Português 409
(F. C. yCandi); ButUr Clarkê ( W. Wobater); El memtmal hhtoríeo de Me-
dirM dd Campo (P. Fita) ; IfoUeiat.
Aiuialei da la SociéU d'Arcliéologifl de Brnxalles. Aonéo 1905. LivmisoQH i et
II. Contém: Nolet eur leg ineeureê à blé dant la Paj/»-Ba$, par Q. Bigwood;
Cfrand vate m va^re avec aigle, par Eoi. Hublard; curioaissima noticia com
photograTora, por onde se vê qoe, quer no Brigium, qaer na Ltuitania, o mo-
delo d'estee belloa frascos era o mesmo, o que é argumento em favor da iden-
tidade de origem : no Huseu Etbnologico Portagaés ha vasos de vidro em
mkravilboso estado de conaervaçio, porém menores qne o de Mont, e pro-
cedentes de ama sepultuia próximo a Santarém (Pombalinho); Vettiqe» deê
ágea aneit»» emx eniiironã de Cotivin, par £. Maillieux. A notar: a menção
de um sitio chamado Champ de» Sarratint, e a observaçHo de qae esto ono-
mástico é indicio, na Bélgica, de jazigo de antiguidades; cfr. os nossos
Afotirot; Uhabitalion de» niolilhique», par J. Claerboat; Mireau de lanmiaon
de force à Gcmd, par G. Cjmont; Le eongrkt arehioiogique de Balh, par P.
Hameltiia; Momuiiea trauviei à Astehe-la-Chatttaíe, et IrUaille rontaint trou-
vié à AtBcke, par G. Camont; Rapport ginéral tur U* reeherehetet Utfoitille»
exicuUe» par la Sociéli pendartl 1908, par le Baron A. de LoB; no qnal se
toca em antiguidades de todas as epocaa; a Sociedade anorteia os seus tra-
balhos em grande parte pela toponímia. Do descrito registarei: um recinto
insulado de fossos, sem restos do substmcçSo qaalqner; cerâmica de iim
cemitério franco; cbarcoa (marãdJ-tí)' com lendas de castellos engolidos;
am oppidum de origem preromana, onde se encontron um bailo parattmium,
e, como alguns dos nossos castros, logar de refugio em época mais recente;
um poeto romano, num cabeço, a que se liga hoje a lenda de um gato negro
a guardar um theaouro; motaa feudaes e prebiatoricae (cfr. na regiSo do
Soajo chamam amoltu ás mamSaa, segando informaçilo inédita) ; ás quaes
por veees se prende a lenda de castello tragado com sinos que se tangem
& meia noite do Natal; palalilas; nm cemitério romano por cremação, de
onde se retirou cerâmica qne tem análoga na coeva da Lusitânia, e enja des-
crição é valorÍEada por pbotograpbias directas das fossas, que são um mo-
delo de documentação arcbeologica; Lee fouil-Ut de Tíhoi, par H. Demoulin;
Procka verbaux deê tianet».
Bnlletán (Académie Royale d'ArcbâoIogie de Belgique), 1905, i. Séance», Rap-
porii, de entre os quaes se destacam dois sobre Le genre satiriqae daru ta
teidpture (et data la peitUure) flamande et waUone, memoria de M. L. Macter-
Itnck; os quaes dois se oppOem & publicaçilo nos Aniudet do iii e iv capi-
toIoB d'aquella obra-, Note lonvnatre «ur UifouiUet de Tkidode; La tUeropoh
par inet7iiralian de Grobbendonck, par L. Stroobant; estudo de um cemitério
com tumuli, doa cinco primeiros séculos da era chriatil, no qoal repousariam
as cinzas dos Francos primitivos tleã ancttrei de cetfarouchet giterrien qvi,
à la dicadence de Romt, s'tíanehnut dea plainet de la Taxandrie pour oonqui-
rir 1'Europe*, etc.
1905, II ; Sianee», Rapport», etc.; 3Vot« eloehei flamanda du Límoutiii, par
F. Dounet; Une note d'art datu la vie, par E. J. Soil do Horiamé.
RsTaa épigraphiqne, tome v, n° 116, Janvier, Février et Mars de 1905. Avultam
neste fascicnlo a continuação das Remarque» ipigrapkiqua, de Héroa deVil-
lefosse, e nm erndito artigo de Em. Espérandieu' acerca de Medalhõti de
barro com figtirai e epigrapke», espeiúalmente sobre nm de assunto erótico.
byGOí>^^IC
o Abcheolooo Fobtdodês
Aiuulas de rAcadémie Royola d'ArcliiolagÍe de Balgiqne, lth, ã* série, tone tu,
livraisoos i et 11 (1905): Parac et Cobergher (J.Van den Ghejn, 8. J.}; Tn
ocMlute gallo-Tomain (A. Blomme); Le» cíocAe* At Totimai (Dr. F. Desmoaa).
Ballfltino dl Faletnologia Italiana, tomo i, n.* 1-3. — Armi di adee troetUe nã din-
lomi di Uona e íomia tneoliliea di GiAU Saimila (Q. Ã, Colioi). Soma, qae,
areheologieameDte conatitne uma região excepcional e privil^iada, como
é obvio, paleethDolagícametite encoatra-ee confundida Da vnlgaridade em
qae se accamulam quaeaquer outras estaçíSes contemporâneas, fornecendo es-
polioB da idade de pedra e de bronze. Bem indicio algum de que eram desti-
nados a anteceder o assento de ama civilizaçSo que dominaria qu&si o mondo
inteiro. E aaaím vemos numa sepultura do Iiacio objectos de silex, como
pontas de setta, laminas de punhal, que o autor, de acordo com a classi-
ficação de Chlerici, attribne á época eaeolitíca. Outra sepoltnra de inhn-
maçSo com três esqueletos continha também rasos, nm dos qnaes se dic
comparável á cerâmica dos mais antigos estratos de Hissariik. Este l da
provincia de Benevento. Pont di bronto da fondert teoperii ndP Alta Mami
(Utgo Bellini) ; La eiviltà dei bronto tii Itália. Este artigo é ama continna-
çlo, e refere-se i Sicilia. Descreve a architectura fúnebre da necropole de
Caltagirone, cnjas sepulturas de inbumaçSo uSo deixam de revelar pireo'
tesco com algumas ibéricas. O espolio continha armas, utensílios, aneia de
Ottro, fibnlas e vasos. Abrange também a necropole de Pentalica, onde 5:000
criptas invioladas deram abnndancia de objectos de ouro, prata, bronse e ce-
râmica, e raros siliccs. Naquella os cadáveres tinham apenas dobradas as
pernas, nesta muitos foram postos de cócoras, mas predominavam realmente
os de pernas dobradas, dos qnaea algnns tinham também na mesma posi;So
os braços. Em quasi todo o espolio se adivinham influencias otíentaes. Notixie.
N.» 4-6. — Tipologia e tfrminiúogia dei pugnali di êelee itaUani (G- Pa-
trooi); Necropoli e ríationi licule di iTamitione (P. OrsiJ. Copia de fibolas
e enfeites de bronae com desenhos geométricos, sepultaras de firma desu-
sada para a epoea a qae pertencem, maa determinadas pelo meio geológico,
Objectos indetermináveis, taes sito os factores analyeadoe, em virtnde doe
qaaes o aator attribue esta necropole prehellenica ao 2.* período siculo do
bronze. Seíci lavorate di Breoaio Veroneêt ffiudieale falte (I^goriui) ; Con-
ffreâMo , . . . in Monaeo «ri J90S (Programma); Notízit.
Annalfls da la Sodété Archéologiqne da Hamnr, tome ixv, 1* lívniSson, 1906.—
Le» icheriíit de Namur, par H. de Radigaès.
ReTtie das étndai andannea, tome vii, W 1, Janvier-Mars, 1X6.'— Ba» rdief
mionien (R. Radeí) ; T^ Flame» Dialit et la virgo vettaU* (G. Maj); AVe
êUT UM iateription <le Pompii (M. Besnier); Ob»ereatíntit nr le OareuUo (Ph.
E. Legrand) ; D'vne eroyanee da Celtes T&atim aux morU (P. Perdrizet);
refere-se ao costame dos Celtas n9o fecharem as portas das suas moradas,
para deixarem entrada livre aos espíritos famUiares; La langue de» aitcieu»
Celtes (6. Dottin). Uma das ft-asea finaes: 'rétude dea restes du ccltiqse
eoatinental ne noas rívfele que de misírables débris*. Note» galio-romaineã:
XXV — VlyMe et lei Pkoeéeit»; SUpamu et Sãrana; Vuleain et Apolion (C. Jol-
lian); Epiacopia ecdetiae Boiorum — imcription de Awderito» (C" A. de Sar-
rau) ; BMiographie.
N* 2, Avril-Juin, 1905. — HypoOiise tur la 1' pariie da Dionytalexandr»»
de Cratino» (P. PerdrizetJ; Eludet tur tes parliculet greequa (O. Navarre);
byGOí>^^IC
o ÃSCHEOLOGO POETUOUâS
£ís Patdqua eí la Thebaíde (L. Legras)^ Nate* gaUo-roiaainti: xivi — Vori-
gint de Bayonne; ApoUon et Martya» (C. JuUian); Un nouvtaa Juptttr ffou-
loiã (C. de Mensignnc); Anlffixei gaiiloittê (O. Gassiea); Ckroniqae gaUo-
romaiite (C. Jullian); Cknmiqut. deê PapyruM (P. Jouguot); CAromgvA (Q.
R&det) ; Le eungrlã arddologique d'Athinea (G. Radet)', BibUographif..
N° 3, Juillet-Septembre, 1905. — Kainet de la plaiiu dit Caytbre (E. Jor-
danidès); Li mariage de SéiAque (R. Waltx); IfoU» gaUo-romaine» : xxvii —
Thetipompe et ia Gaule (C. Jullian). Era nma nota (p. 233) hs-ae referencia
í opiniio de Martins Saimento acerca daa imcoraSeB dos Celtas e do refiigio
dos Ligares. Une nouvelle Épona (Ch. Dangibeaud); Chronique gallo-rontaine
(C. Jallían) ; Chranique da Papyrut (P. Jongnet) ; Bibliographie, Chroitique.
L'Allthropologie, 1905, tome zvr, ii° 2, JauTier-AvriL — i> latouage.. chet le*
populatio/ig du Soudan (Dr. J. Decorse) ; L'ãge de broate datu le boMÍn de
,ParU (L'abbé Breuil), em que se menoiona um machado de bronze com duas
argolas, proveniente de dragagens no Sena. A abundância dos tjpoa de a,ãe-
roíu contrasta com a absoluta falta d'elles em Portugal, t-es perle* detxTTe
(J. Déchelette). £ um interessantíssimo resumo da 2.* parte de uma memoria
de P. Beineckc sobre as Glatperlen vorrõmither Zeiien aiu Fanden uõrdlich
der Alpea, extrabida dos Altertãmer umerer heidaUchen Forzeií, t, iii, 1901
(Moguncia). Le terpent et lafemrae (L. ReiuBcL). É uma nova esplicaçfio da
inimizade entre a mulher e a serpente. Mouoement teientifiqtie, etc.
N" 3, Mai-Jnin. — L'origine dee eolilket (Uarc. Boule) Convicto da exis-
tência do homem terciário, M. Boule contesta, com cnrioau experieoeias,
que noB eolithoe respigados em vários países, se revele o trabalho inten-
eioual humano; a prova tem de procurar-se em melhores origens e nada
demonstra a impossibilidade de o homem dos tempos qnatemarios ser um
immigradc nas regi5<!9 de que se trata, ao lado da fauna mauimifera que
o acompanha e que é muito diversa da outra fauna pliocenica. Elude tvr
un itouoeau chim priMtlorique de la Btuaie (M. Studer) ; La mutiqtie ehe»
Um Pahouim, etc. (R. Avelot); Le* engini de piche des andetu Pavmottt (L. G.
Senrat) ; Le* tipúUure* de Fãge dit bronte et la grotte de Courchapon (Dr. Bou-
chet) ; Mouvement tcientifique, etc.
Bnlietin Arcbéologiqne. Números de Janeiro, Fevereiro e Março de 1905.
KÍTÍsta ArchBQloglca Lombarda (Milano), auno i, bsúculo 1, Gennúo-Harzo,
1905. — Pr^aeione; H programma ddla Direxione (Serafiuo Ricci) ; Gli noafi
alia GaUisia [S. Ricci) ; La neeropoli di Verdetiaeum (La Direiione) \ L'atti-
vità delia Soe. Arch. Comente (S. Ricci) ; Seam e ritrooameati neUa Pnwiniea
di Milano (G. Agnelli); La ehieia di S. Maria delia Paet (La Direxione).
Esta igreja milanesa foi fundada pelo cavalleiro português beato Amaden
«m 1466, e 6 attríbuida a Ouiniforte Solari. Enriquecida, no andar dos tem-
pos, com frescos magiatraes, foi, desde o principio do sec. xii até agora:
defrosito de artilharia, hospital, picadeiro, e por fim, depois de restaurada
a todo o custo para Saíone Peroai, declarada monumento nacional. Estava,
porém, em risco de ser arrematada poi fallencia da respectiva empresa. D'ella
diz o professor Serafiuo lUcci que é uma gemma de architectura lombarda
anterior á influencia toscana e, feita a restauraçfio, flor dos fins do sec. ir
desabrochada no principio do sec. ix; II priorato di San NicoU in Síona
{ D. Sant' Ambrogio) ; I^gitlaaUme antiquaria; Notitiario areheologieo, Soti-
*it carie; BxbUograpkia.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ARCH3iOLOaO PORTCGUÉS
Fascículo 2, Aprile- Minguo, 1905.— ií tareofago ái Ltmbrate (S. Bicci):
Magnifico sepulcro cbristio de um ntgõoiator vetliaruti, r«c«iit«inente des-
coberto junto a Hilão. O eradíto artigo vem acompanhado com &rtaa illns-
trafSeB; Notúie; B^iografia.
Atti dalla R. Academia dei Linoei-, fascicnlo 2, 1905.— I. Legnaro: Scoperta di ita
aarcofago Tota. {Qt. Glúrardiní). II. Frreido: Nteropoli etnaeo-rvtn. lulpoggio
dei Talone (L. Pemier). Hjpogeus do aec. iii-ii a. U. com belloa vasoa etnts-
C09, flkyphoi de barro, oonoclioe de brome; no pavimento acharam-se lar-
cofagos rectangulares com tatnpa tectifbnne, uao que vae evolucionanilo atra-
vés de idades mais recentes. III. Roma: Ntume teopaie ntíla città t nd
lubarbio (Q. Oatti). IV. Velltirt! Avatai dt gtipc votína (O. Nardini). V. Na-
poU: InBcriptSo. VI. Cagliari: SeoperU di rati di edifiâ e di mtdtttrt di età
romana (A. Taramelli).
Fascículo. 3. — I. Fenetia: Tetorttlo nton. rom. 11. Pteenwn.- Teita diatatita.
\\1. EtTiâría: Degli oggHti eeoperti negli êcavi eUuideitini di Populonia (Loigi
A. Hilani). Em Itália ha uma lei, cm virtude da qual o Estado intervém nas
escavações particulares onde surjam objectos archeologicos, de onde resulta
o facto de se bserem achados clandestinos. Neste artigo descreve-ae mu es-
polio do sec iv-iii a. C. de arte etrusca, — barro, bronse, ferro e ouro, que é
uma maravilha archeologica. IV. Roma: Nuove teoptrU. . . [G. Gattí). V. Apt-
lia: Scoperla d\ v»' urna cineraria (A, Ueomartini).
Fascículo 4. — I. T^anapadana: Moneleiínperiaii. . . (E. Ferrero). II. Lam-
braie: Di tm gratule tai-oofago arigtiano. . . (P. Castol franco). III. Elntria:
Di una tomòa ttnitea dipinla. , . IV. Pavimtnti a mtuaieo. V. Botaa: Nnort
$eoptrte. . . (G. Gattí). VI. Ottia: fitbi aquarii. . . (Q. Qatti). VII. Poatpà:
Sttaiione dtgli leavi. . . {A. Sogliaoo). É a. descrição de uma casa pompeana
com frescos, etc.
Fascículo 5. — I. Saverma; Marmi itcriíli. . . (S. Bicci). II. Roma: Nuove
KOperlt. . . (Ed. Gattí); Sool-í neUe eaiaeombt romanc (O. Uarucchi). III. Gtn-
tano di Boma: Sepulcri. . . (Ed. Oatti). IV. PaUotrina: Antiehilà leoperte i»
vocabtAo ColmnbtUa (G. Gatti). V. Pompei: ítelaxione dtgli tearifattí dal Di-
cembre 1902 a tuUo Mano Í905 (A. SoglUuo}. VI. Sardiniaí Naova lomba dl
giganti. .. [A. Taramelli).
Fascículo 6. I. Vriitsíai Lapide com ucrúfone romana. . . II. Soma: Hmoet
êooperte. . . (G. Gatti). III. Foro romano: Etplorazione dd lepolcrelo (O. Boni).
A prodigalidade das illnstraçòea em photographia, em desenho a traço, cem
plantas, com cortes, com o aspecto das phsseH da exploração daa fbtwas; a re-
prodiicção de cada objecto em particular ; arepresentaçSo ideal ou eschemstíca
do cadáver enjoreado com o espolio completo, e a mÍDUciosidade da descrição,
faiem d'eBte magnifico relatório modelo de trabalhos no g-enero. O ccnuterio
era assaz complicado, pois que fossas de inhumaçSo efossas de cremaçlo sobre-
pdem-se e enclavínham-se de modo a fazerem delicadíssima a tarefa do explo-
rador. IV. Apolia: Diun tuorttto di monetc greehe di argenlo (k, Meomartini).
Riviíta itorica italiana (Toríno); Gcnnaío-MarEo, 1905.— I. Rteeiuioni e ntnt
bibliografiehe. II. Spoglio di 4.° rivitla. III. ífoliiie e comatUcaiioni.
Aprile-Giugno, 1905. — Idem.
Luglio-Settembre, 1905.— /dím,
Atti delia I. R. Accademla di sciense, lettere ed arti dagli ogiati in RoTarati^
fascículo 1, Gennaio-Marso e fascículo 2, Aprile-Giugno, 1905.
byGOí>^^IC
o Abcheolooo PoETcauÊa 413
ROTua de l'£Gola d'aiiUiropologie de Paria; ii.° 1, Janeiro de 1903. Texto: André
lAfhort (Michel BrÉal); /.'airfocAtonúme des aíarei «i £urope (S. Zaboroirski) ;
Etuàt aaíhropologiqta et archêologigue de 1'Égffpte (MM. Manouvrier et Capi-
tan}; registo duas coaclusSes de Chantre de cuja obra este artigo é a apre-
«iação, são ellas: 1.*, a antiguidade da ciTilÍEaçilo do Eg-ypto aobe, eem
duvida, alem dos tempos históricos. 8ó, poi-ém, os vestígios das industrias
primitivas da idade da pedra revelam a presença do homem antes da ].* dj-
nastia; 2.*, a civilizatSo eg^pciaca é aatocbtone dobo o poro que a criou,
c o maravilhoso doscnrolvimento que attingin tXo r^damente, só se deve
ao seu génio incomparável. O estudo archeologico e sobretudo o prehietorico
do Egypto é assunto qne nSo deve passar com despreio da part« d'aquelle3
qne se sentein aguilhoadoa por intensa curiosidade deaute das quest^s de
chronologia relativa; Orotte» à peiniureê de 1'Ámiriqw du Sud (A. de Mor-
ttllet) ; NoUs et matiriavx.
RsTiie do rÊcole d'AiitropologÍe (Paris); n, Pévrier, 1905.— I,a Troie hamiríque
et lea réeentet deeouveTttM en Crtte (R. Dnssand). Hchliemann, com a ideia fixa
de encontrar os vestígios dos heroes de Homero, levou o seu generoso alvião
áa minas de Tróia, de Micenns e de Tirins. Mas desde que com elle collabo-
TOn Doerpfeld, o &uto dos seus trabalhos admiráveis redobrou de valor, por-
que começou de obedecer a methodo. Às mais antigas camadas da acrópole de
Tróia, na colliua de Hirsallik datam de alguns séculos anteriores ao millena-
rio 2:500 a, C. D'ahi para cima slo nove os periodos em que Doerpfeld divide
esta civilização. O 1.° nSo ainda bom explorado, seria oeolítbico puramente?
É davidoBO; abundam utensílios de pedra, que aliás se conservam até o 5.°
período, e ossos ; a cerâmica é grosseira e primitiva. No 2." ba já o bronze-
Numa e noutra ha muralhas argamassadas con terra; na Tróia d'eete pe-
ríodo (2:500 & 2:000 a. C.) ba grandes edifícios em que se encontram analo-
gias com as descriçJSes de Homero na Ilíada. A cerâmica ã torneada, e imíta-
vam-se de longe as fónnas vivas. D'aqui 6 o theaouro de Priamo. Empregam-se
ao lado da pedia (qne, facto curioso, servia também para replicas das armas
de bronze) o ouro, a prata, o bronze e o chumbo. Apparecem ídolos de as-
pecto snmmarío e como que fictício. Ãlgnns recordam as nossas placas de
schísto. O celebre idolo de chumbo era esculpido coin protuberâncias, que tra-
duziam OB relevos por nm processo por que na minha infância me ensinavam
a modelar bonecos com a cera virgem do tempo pascal. Nesta collina de His-
sarlik succederam-se depois três instalIaçSes, três periodos até qne a civili-
zaçlo micenense se estabelecesse com a cidade que a Ilíada celebrizou (1:500
a 1000 a. C). Esta Tróia Homérica nZo foi exactamente identificada por
Schliemann, mas por Doerpfeld. Os pólipos, coraes e algas inspiravam os
artistas ceramicoe de Micenas ao lado de ostros motivos geométricos, como
a espiral, as linhas parallelas rectas e ondeadas. Relativamente á historia
da industria humana nas margens do Egêo, as épocas minosense e micenense
constitnem a idade de cobre c de bronze. O fim da época micenense é trazido
pela invasXo dórica que introduziu o ferro na Grécia. A civiliiaçSo homérica
pertence ao período de traneiçfio. Km Minos, a arte adquiriu grande desen*
volvimento. Tinham lá escrita, e talvez algum dia, mais estudado este as-
sunto, a origem do alfabeto fenício se possa estabelecer melhor em Minos
do que no Egypto; Z.'auroi^j eí íe biton {P. G. Maboudeau); UKommr, le
utanunouth et le rhitweéroi à 1'ipoqite quaternaire datu Paria (L. Capitan).
byGOí>^^IC
o Archeolooo Pobtugoês
Temos aqai o pttrisieiíM prchistorico que se aproveita do primeiro ealhftn
de silei de qne tem necessidade momentânea e, aproveitado elle, o >avfliita>.
legando incongcíeD tem ente ao paleethnologo do sec. zi d. C. mn mj-sterioM
eolitho. Paia nós o primeiro problema é poder dogmatizar a ntilixafSa do
rébo pelo homrm. Se estes líliceH rudes uio aão coeToa dos veitigioB do
mammnUk e do rinoceronte, n3o podem deixar de ser maia antigog, soando
o il]u£tre autor.
tii, Mars. — L« monde ruue (P. Schrader) ; Let Lolot eC let popuialioat rfu
«uij de la Chine (S. Zaborowski) ; Étvde pítrograpkiqtie àe* meiíHrea emptoj/éa
poar la fabrication da vata en pierre prihittoriquea ^yptieiu (Capítan et
Cajeni); ÊvoliUion dt l'idée reUgieuse data 1'hidr.
IV, ksiW. — La folie et legénie (Et. Eabaad); La groUe Niceia» {W\. Du-
mas). Os ornatos da cerâmica d'esta gruta sSo bastante cnriosoa; temoe as
linhas parallelaa ondeadas, que nds conheeeinoB de estaçSes protobiatoricas,
os escaques em relevo, bem como triângulos eombíuadoe ainda em relevo,
parece que com vestígios de massa branca nos fundos ; Daix crâtitã niandrr-
íAaloida; Vn crãne lithuanien du zv riède; Naíea tt matiriavx; lÀvrea eí mtm.
V, Mai. — La caradiret de la dent camivore (A. Lifire); Novi-tíUt figura-
i(on> dii mamovih grauie» turoã (H. Breuil); Nole «urun erânehumain anãt»
(A. Schenk) ; Pivrres percéa dei cimtíierai Talara (E. Pittard).
VI, Juin. — Doeumtnt» pour unir à Vélhogéne de la Carte (P. G. líobcra-
deau). O tjpo etbuico mais antigo da Córsega, o que mala predominante-
mente arraça, £ o pleistoceno de Cro-Hagnon ; Lr pay» de Laghoual (J. Hn-
guet) ; /^ commerx et te» nona de Vamhre |S. Zaborowski) ; Ètude d'mu térie
dep&ees TecueiUiei. . . ian». . . Ãbydoê (L. Capitan).
IX, Septcmbre. — Le* aUaeieni lou» le rapport moral et iutdieebiA (G. Her-
vé); RappoTtê de VÉgjfple et de la Gavle à 1'ípoque néoUlhíçat (Capitan et
A. D'Aquel). Este importante artigo merecia longo e commentado extracto
de que a falta de espaço nos obriga a prescindir. Tanto maii qne tencio-
namos escrever alguma cousa sobre o assunto em melhor oecatáBo. Foi numa
ilha prosima de Marselha que os AA. encontraram vm precioso espolio neo-
lithico, presumindo que nessa época o continente alcançaria ease logar e que
alem dos rebotalhos dos indígenas, os navegadores do Egypto ali tíveasem
deixado também objectos do sen uso.
X, Octobre. — Lei aUacietu toat le rapport moral et inteUtetatl (G. Uervé);
La írouvaille raorgienne de Glamtí (A. de Mortillet). Este achado comp5e-se
de 13 punhaes e nm machado de bordas ou alhStas de bronca. As laminas,
que tIo desde 0,390 até 0,12i) de comprido, recordam as noesas algarvias
de cobre de um dos monumentos de Alcalar, consideradas lanças por Estado
da Veiga. E importante poder estabelecer-se esta relaçSo, cujos pontos de
contacto s3o ainda mais variados; L'abri tou» roeke et le» quarit latilét de
St. Laureat-tar-Shíre (Charbúnoeau-LassayJ. É nma estaçilo neolittúca em
regifio grauitica, onde, embora nilo h^ja as proAindas cavidades dos terrenos
jurássicos e cretáceos, nem por isso deixaram de existir habitaenloe do ho-
mem prehistorico ; Livrei et reviiei, iL'origine des bohemiens».
Hot«B d'art at d'aTchõologie ; n." 6, Junho de 1905. Texto: Frontenade à trat-ers
lei êaloni (Leroui-Cesbron); i> eoneert de la loeiéti Saint-Jean, w4a, pttíii
salemi, ealendritr.
P. A. P.
byCOO^^IC
VOLUME X
índice analítico
AaRlGULTfBAt
AlgUDS documentos para a historia da agricultura:
Alfaias do thesouro de Santa Maria du Guiioaràcs : liii.
('olcha de carditiia vtt^lint: 211.
Vi d. MMliarin.
No Promontório sacrii: 111.
Oruiidos PadrOes: 28.
DolmeDs do concelho de Sátão: 16.
Dolmen da Commeuda da Igreja: 41.
Noticia de antas, juuto de Lisboa, no skk. xvii: 161.
Dolmeu da Fera do Movo (Jannello) : 201.
Anta dosVieiros: SOi.
Aatai em Buivós: 306.
ANTHBOPOLOfilAi
Vid. Antiguidade* loeae» (Algarvi;), Archeotagia lvttlani>-romana
(Vianna do Alemtqo), Afuteu (uotice somuiaire, otc.).
AMIOUIDADES LOCAESi
Vid. .UuMii (uotice !<ominaire, etu.).
A) AUmttJOt
Aljustrel (^caatellos) i lOU.
Arraiolofl (inscripçfio [omana) : 198.
B^a (arco TOmono): 4t; (necropole romana) i 165.
Elvas (castello) : 41 e 280.
Hertola (inticripçtto romana); 31; {amphoras): 95; (ponte romana): 4U.
Hina de S. Domingos (amphoras e tijolos): 261.
Hontemdr-o-Novo (dolmen): 41.
Terena (igrtjja da Boa Nova) : 888.
Vianna do Alemtejo (cemitério romano): 16.
byGoot^lc
o Akchuologo POKTUUUbi
Ãutiguidades monumeutkes do Algarve: Alje«UT,Viltft do Bí«po,H(Mite
Amarello, Oduscixc, Sagrea, BcnsaMiu, Lagoi, Odiasere, Boioa, Al-
cslar, Silves, Meseiuee, Atalwa a Altc (uiiuaB de t^obre), Foatc SaoU,
Vcudinha (mioa de cobre), Cacella, Castro Marim, Alcontim : 6, lOT
a 116.
Faro (thetnuu de Estoí) : 11.
Vid. Niunitmatiea.
BobadelU (arco romano): 41.
Cannae de Senhorim (noticia de orca) : :
Convento de Louriçal: 231.
Feira (castello) : 897.
Montemór-o- Velho (eaatello) : 11.
Nellas (orca da CarTalhioba) : 312.
Fadrõea-Mangualde (orca) : 38.
Sabugal (antiguidades varias); ISD.
Sátlo (dolmens) : 40.
Tarouca (torre e igrejas antigas) : 40.
Collares—Almoçageme (moBaico): 153 e 166.
Constância (castello do Zeiere) : 381.
Leiria (mosaicos): 49.
Lisboa (cemitério da igr^a dos Martjres): i2; (sepultara do Ãl&gemc
de Santarém no Carmo) : 158 ; (noticia de antas) : 161 ; (convento de
Santa Clara) : 233 ; ( paramentos antigos e tapetes da P«reia) : Í^J ;
(muscn do iiatriarchado) : 332.
Lumiar (tapetes pérsicos) : 260.
Óbidos (castello): 41.
Pragança (fomos antigos) : 43.
Santa Margarida do Sado (fibula): 331.
Scrtil (ara votiva) : 81)9.
Setúbal (estações prehisloricas da Commenda, OntAo c Guapos): ISi.
Sines (castello) : 100.
Sintra (tapete pérsico) : 218.
Torres Vedras (castello): 218.
Tróia de Setúbal (minas romanas) : 41.
Vid. Nimitmalica.
E) EDtre-Dtaro-e^Mlahdi
Alvarelboa— Mua (pátera): 40a
Arcos (erro das Inqniriç&es) : 246.
Bracara Augusta: 116; (tanque romano): 41; (eastello): 244 e 875.
fíiiimaries (pergaminhos da collegiada): 136, 306 e 344.
Lamego (cisterna do eaatello) : 400.
byGOí>^^IC
o ÃBCHEOLOGO P0BTUOUÊ8
Melgaço (igr^K românica) : 41.
Pkços de Ferreira (i^eja românica) : 41.
Porto (meio tornêsj : l'J5.
Resende (igr^a de CiU^uere) : 41.
TtiloDcia (offieina moDetaria) 1 197 (nota).
Vid. Geogrofhia hitUmea.
P) TrAt<oB<Mo«te8*.
Alijó (íoBtramentoe neoUthicoe e caatroa): 237.
Bragança (pelonrinlio) : 41.
Murça (dolmena) : 816.
Fanoias (recinto romano) : 41.
Villa Nova da Torre de D. Chama, cosc«UkO de Macedo de Caralleitoa
(fraga da moura); S39.
ViUa Boal (Torre de QoiuteUa) : 292.
Vinhaes (libola e fivelas) : 106.
Tid. Nimiêmatiea.
Goa (arcUvos): 92.
Maoica (veatigioa de miuerajSo) ; 94.
Femem — índia (moedas de ouro): 398
ZaniJbar (artilharia antiga); 281.
Vid. MoiMtttertloê, Nmiiitnatiea.
ABCHEOLQttUt
PrehlstortM:
Antiguidades prehistoríeas da Beira:
I Orçados PadrSea: 28.
II Oroft da Carralhinha : S12.
in Noticia de dnae orcaa : 813.
EetaçSei prehistoricaa doi arredorea de Setúbal: 185.
InstTQmentoa neolitlueoa de Alijó: 337.
Dolmena no concelha de Horça: 836.
Vid. Aniiffiiiáada monumeataet do Algarve, A^itceliane
Ania*, Octano, o Mpecies occorrentea-
0» Grovios: 387.
Tid. Ferro, PhaàeiíM, e espécies occorreutes.
LKBlfaUO-rOMUOI
Autignidadei de Viaima do Alemtejo: 16.
MoBMcoB romamis de PortDgal: 49>
Explorações arcbeologicaa em Hertola : 9ã.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheologo FoRTuaufis
Uusaico acluulo eu Culltu-ua (AloioçiigoiDe) : 152 o 156.
Kecinto rotnuia de Pauoiu: 41.
Tanqu«t nvoano do ídolo: 41.
Necropole ronuna de Pax lalia; lti5.
Apparecíineutoa de ampliorae: 381.
FibuU tnnMtagRDA : 320.
A dcQM Nabin: 390.
PiileradeprRU: 40(i.
Vid. Epigrapliía, Miueu, Arektítcítira, Ponlt, Thtrma», Buímoè,
Aalignidadft Ineaea (Setúbal, Terena).
Hoedtu viaígotícas : 109.
Sepultura do Alfageme de Santarém: 153.
Vid. Onomiutirfi, líuteu, Caêtelto, Cataloi/o, Al/aia, Moliiítario,
ArehUeetitra, Tom, Arekeologia porliigtifta, JffTrja, Sepvl-
Vid. Miiitu, Etymtiloyia».
OaHl>;Jlos do WC. :tvi: 101.
Ccuiitcrio da igreja dos Hartyreií : 42.
O caatello de Braga: 375.
Kuinas incdievacs: 401.
Sauta Maria dcTcreoano iicc. xiii; 340.
Vid. Ituptlri^k», Elxtraetos do JrcAti-ti Sacioual, Aríc rdigiota,
Ardultctnra, fgrfjtt, E^grúfhia.
Eatrtngeini;
CougrcsM) de Pérígueux : 403.
Vid. Proletfão, llibUographia, Mum, MMtiarío,GeegraplUa
huloriea, Mina.
IndetcrMlsadat
Vid. 1'rolecção, iloiiutntnto», MitctUanca, J/uwu (notjce soan-
maire, etc), Bibliúgraphia, Antiguidadeê taomimetlaa da
Algarit, Pia*, e cspeciea occorrentes.
AMCHITECTUEA;
Igreja e ruinas do mosteiro cistercieuse de Salzcdaa: 40.
Igreja e ruinaa do mosteiro eistcrcieiíBe de S. Joio de Taioat
Igreja românica de Paderne: 41.
Igreja de Paços de Ferreira: 41.
Arco romano de Bobadella: 41.
Arco romano de Beja : 41.
Igrtya de Cárquere: 41.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheoloqo Poktuouês
IgF^a antiga com ínscrípfSo em Ruivos : 206 e 3<
Igrejas antigas do Sabugal: 307.
O santuário do Terena ; 388.
Vid. Catttlto, Torre, PotUe-
ARCHIVOt
Archiyo e cartório dos pergaminhos >\n casa do Con<1o di
Arcbivo notarial de Vimieiro: 157.
Ou archivos do fíoa : 92.
Viíl. Cataingn, Muêoi di Palríarehndo, Extracto*.
ARCO:
Viil. Archilecliira.
ARTE NAVAL;
Vid. Extiitetoê do ArtAívn Xaeii>»al.
ARTE RELlOIOSAi
Vid. Museu do Palriarchado.
ARTE TXPOORAPHICAl
Uma raridade tanromaehien : <)%.
ARTILHARIA!
Artilliarta antiga de Zanzibar: 281.
BIBLIOORAPHIA:
Registo bibliographico das permutas: 62, 159, 285, 407
Elogio histórico do general Carlos Ribeiro: ir)7.
ReligiSes da Lusitânia: 284.
Hiicellanca (n." 4) : 398.
Daas raridades bibiiograpliicaa : 402.
Deni mots k propôs du livre de M. G. Engerrand: 40õ
Vid. NumitmoHca, Antignidadet l^icatt (Algarve).
Figuriuhaa de brome: 175
Machado de bronze; 2flfi.
Vi.l- 3f"W".
Autos de posse de castellos no sec. <
Castello de Elvas : 41 e 260.
Castello de Montenn5r-o- Vplho : 41.
CaMello de Óbidos: 41.
Caatello de Alfaiates: 203.
Reflneto em Ruivos: 207.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcbeolooo Pobttooês
Cutello da Munda: 238.
O caitello de Braga: 15, 2i4 e 876.
Castello de Taires Vedraa : 878.
Castello do Zesere: 261.
Castello da Feira: 397.
A cisterna do castello de Lamego : 400.
Vid. Tom, Muralha», CaHrv, Igr^a.
DePragBDça: «7.
Do Hinho e iTis-oA-tíoatc»: 67.
EoiVinhaes: 106.
Do Amado : 106.
Mo CaatrelySo de QainteUa: 106.
Do SabngalTetho: 300 e 2Q2.
Em Pena Lobo (oa fortiãcafio): S03.
Cabeço dos Mouros (Sabagal) : 203.
Tiei eaatTOB em Villa Verde (Alijó): 2S
Castro de SoaUí de Eecniito (Ãlijú): 23
Vid. Ferro.
Dos pergaminhos existentes do archivo da Insigne e Real Collegiadi
de animaracs : 126, 207, 844.
De fórmi« aínnOBas : 205.
Circulares em castro : 238.
Vid. Jnteidpturtu.
CERÂMICA E TUOU>Sl
Vaso e tyolos de necropole romana: 167 e 166.
Nnm caitro do Sabugal: 203.
Tijolos c telhas esparsas do ehSo: 207.
Amphoru e tijolos: 281.
Víd..Aní[^í(la(ie«Ioca««(Braga,MertoIa,Pragfliiça,Setiibal),Jii'w
CONfiKESSO:
Mimoire lu au Conffrkã Inttmatioual d'Ãrchioh>yie, BísBÍon d'AthèiieB:
169.
Congresso de Periguem; 408.
EPIOBAPHIA:
A) LaslUao-romau :
IiiscripçSo romana de Myrtilis: 31.
Duas inscripçAes romanas de Urncara: 119.
Fragmento de iuscripçfto de Beja: 166.
byGoot^lc
o Archeolooo Pobtdquês
InBCripçSo romnoa dn concelho de Arraiolos: 198.
Ara da deusa Nabia: 399.
B| NedlevKli
Sepultura do Altágumo de Santarrm: 154.
Lapides cm igrejas antigas : 207.
ABsinaturaH de canteiros: 3!IT.
C) lQdet«rnlu4at
Vid. Antigiiidadfii locat» (Arrira).
BTHNOGRAPHIÁ:
Sigmfication rtligieatt, en Lutiíanie, ãf qurígi
Irou: 169.
Vid. Aníiffttiãadtt Ukck» (Tcrcua), Artf typfigraplii
t, etc.), Lenda.
ETHNOLWilA (DA LUSITÂNIA):
Vid. j4nít^'dade8Íoc<ie* (Algarve), Ârcheohgiaprolnh
1 graphia hietoriea.
emOLOOIAS:
AljeiLir: 108.
âuilhafÓDXC : 256.
Arcos de Valdevez: 2">!f.
Abreu (e nomes em eu) : 317.
EXTRACTOS!
A) Ur Jornada;
Commofeio tio Minho: Vi.
Diário de Noiiciaã: 43, 93, 94, 152, IM, l.W, 278, 2fi0, 2
397, 398, 402, 403.
Qeaúa de Liiboa: 42.
Seado: 163, 156, 279, 281, 378.
Jornal âaã Colónia»; 398.
O Progreuo (Lamego): 401.
Vid. Anligttidaáet liKan (Algarf'e).
B) Do AreklTo 7f«l*nal:
Instruef Só para a Casa em que se hão de marcar as moedas
AlganB documentos para a historia da itgrienltura o da na\
Pas liujuíriçõft de D. AlTonso III; 295.
Noticia de aiitns junto a Lieboa (Papeis dos jp-iuitan) : U
Antos de posse de cnetellos no sec. zri: 100.
IjBv dss moedas que fez el Bey dõ afornso 5 em a era dfl 1
Regimento da marca das patacas e meia» patacas, etc: '
byGoot^lc
o AitcoEOLoeo P08TU6UÊ8
C) De MtrM araklTM 1
Ferguninhoa da CoUegimda de G«Ímar3e«: 126, 207, 344.
De um tombo de prazoi : 293.
Vid. InqviriçSeã, Ifmnitnialica, MUfàlanta.
FEBRO <epMa4a)t
Armif de fmo: 166.
Vid. -VtMC», FVmfa, Antigaidadt» mommmUtn tia Algarre, Mintit.
Antigoallias trsnHmonUiiu: lOTi.
FíbiiU truutagana : 320.
6E0GR1PH1A HI8T0BICA:
Oi Orovioe: 287.
Vid. Antiguidade* monvmattatt do Algarrf.
Mudança do nível do Oceano: 1!*3.
Vid. Caridadei.
HBDTAi
Laptdn Urw: 20S.
HABITAÇlOi
Habitueuca prchistorieita ao limpi da eo^ta marítima (Setúbal) : 166.
lOBUAt
Igreja com fúrma de castello.' 338.
Vid. Architeehira.
HDVMENTABIA:
Vid. Mobiliaria, Miiir*Uanfa.
INqCIBIÇOESt
t'm erro de amanuense nas Inqiiiri(3«B de D. ASotnm Ilf: 246.
Vid. Extrado».
IN8 CULTURAS t
Em roeha ou fosiazinhas: 204 c SOS.
LAfiABi
No Sabugal: 203.
Vid. Pia,.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o ÀBCHEOLOGO FORTOGOÊS
LENDAS:
Do Promontório Sacro: 110.
No SabQgal Velho: 200 e sqq.
No Caetello de Torres Vedras
:278<oot<»).
LUSITÂNIA:
Vid. espécie» occor
logia.
leafa
e Oeogiaphi
I hiríúrica, tídigião e Ethnt
Apparecimeuto de machados de pedra: 201.
Vid. Arehr.otogia prekiâtoriea, Pedra.
MEDALHA:
Vid. Nmíiiimalirii.
HlNAi
Minas de cobre: 114.
VeatigioB du laboração: 201.
Fomoa de fundirão: 201.
Minas de S. Domingos: 280.
Vid. Antiffuidadei loeaet (Afrka).
MISCELLASEA ABCHEOLOCIICA:
1, Fogo causado por uma pedra de coriscoí 41.
2. Cemitério da ígr^a doe Martyrea de Lisboa: IS.
S. Fomoa antigos cm Pragança: 12.
1. Begalía da moeda: 13.
1. Os archivos de Qoa: 92.
'2. Archeologia do aol de Africa: 91.
1. Mosaico achado em OoUarcB: 152.
2. Sepultura do Ãlfageme de Santareui: lò'ò.
3. Bninaa o edificlos cm Almoçageme: 166.
1. Testamento do Conde de S. Mignel: I5i;.
ii, O archivo notarial de Vimieiro: 167.
1. Castello de Torres Vedras: 378.
2. Tapetes pérsicos: 978.
3. Castello de Elvas: 280.
1. Minas de S. Domingos: 280.
5. Castello do Zêzere: 281.
6. Artilharia antiga de Zanzibar: 281.
7. Museu do Porto: 283.
1. Uma raridade tauromachica: 396.
2. Castello da Feira: 397.
3. Achado de moedas portuguesas: 398.
4. O «Memorial das moedas» de Fr. Francisco de Santa Maria: iJ98.
byCOO^^IC
o Abchbologo Pobtcouéb
1. A deusa Nabia: 399.
2. PÂtera de prata: 400.
3. A cisterna do Castelio de Lamego; 400.
4. Mnsea de Artilharia: 401.
j. Daas laridades bibliographieas: 402.
6. Congresso de Périgneni-. 403.
Ruínas medieraes: 4(H.
MOBILIÁRIO I
Medieval: 131.
Do Conde de S. Miguel: 156.
Tapetes pérsicos: 278, 279, 280.
liista dos DionumeatOB que pelo seu caractei biatorice, archeolo^ca
artístico afio susceptíveis de se considerarem lUkciodaes: 38.
Vid- Casldlo.
Mosaicos romanos de Portugal: 49.
Mosaico achado em Collares (Almof ageme] : 152 e 156.
HDBALHáSi
Em Sortelha (Sabugal): áU3.
■USEDi
Museu de Braga: 13.
Museu Municipal de Beja: 32, lUO.
Museu do Algarve (eztincto): 118.
Muicu archeologico de OuimarSes: 176, 201.
Museu da CommissSo Geológica: 206.
Museu de AitUharia: 282, 401.
Museu do Porto: 288-
Musea do patriarebado: 322.
Acqaisiçõeti e objectos do Museo Ethnologico Português : 29, 44, stí,
95, 107, 162, 165, 166, 173, 175, 199, 871, 374, 879, 400.
Notice sommaire snr le Mnsée Etbnologique Portngaii: 65.
Vid. Ãntiguidadei loeaa (Mertola).
MATEHAÇlOi
Viã. Extracto» do ÃrtAivo Nacional.
A) De dlrindade* UiltanieMi
EndoTellicus: 348.
Nabia: 399.
Tontanus: 343.
Vid. Mvteu (notice
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcheolooo Fobtu<
B) D« pMMM (em inicripçSes liuitano-TOmai:
Jalia Lupiana
Ltbnrniua Victor
H. Anreli Antoniui: 119-
Ii. Aureli Commodi: 119.
Valentiniano: 119.
Valepti: 119.
Etbeid...: 198.
BaUv...: 198.
(Sceio: 899.
Uaooi: 899.
C> SeorrâpUeoa (aatigot) :
Da Ibéria: p. 11 « sqq., 38T.
Baestiri: 115.
Lacobríga c Ossonoba: 116.
Sepania: 117.
GroTii: 287.
Vid. AntiçHÍdada monumêntaeê do Al
D) De aitoreH (antigos) :
Dos qne se occapam da Ibéria: 11 e aqq
EBtrabXa: 110.
Artemfdoro: IIU.
Ephoro: 110.
Pomponio Heta : 287.
Plinioo Antígo: 281.
Antonino ; llõ.
Silio Itálico : 287.
Ptolomeu : 387.
Vid. Ononxutú», Ãrthtologia rMdievc
X0T1CIA8 TÍBIAS:
Vid. Múcellanea.
NtllISlUTICA :
Appareciínento de moedas: 49, 201, 398.
O desacato na igreja de Santa Bngracia
do SB. Sacramento: 224.
Moeda inédita do D. Affonso V : 241.
Regimentos das marcas da moeda nas
got: 295.
Medalhas dedicadas á infanta D. Catha
Inglaterra: 301.
Contos para contar : 358.
O Memorial das moedas de Fr. Franciec4
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Abcueolooo Portuouís
Duos rtuidadeí blbliogiAphicu : 402.
Uma medalhn portagneBa inédita; 1.
Mtteriaoii numismáticos : 26,
Efitudos de numismática colonial portuguetta. {O lerafim dobrado <l(
1685) : S2; (A inveoflo do saotomé de 12 lerafina de 1731): 1».
Regalia da moeda: 43.
Medalhas de salvaçio portuguesas: 72.
A lei de 13 de março de IÍ78 sobre a« libras: 17lí.
O meio tornfie do Porto: lã4.
Vid. Mitctílanta, BiiAiographia, Aidigviiaãt* mommailaft ie Aí-
gariv, Ethni>gra.phia.
Mudança de niTel : 198.
ONOMÁSTICO:
Medieval PortUjfaèe: 50, 138, 260, 3R8.
Vid. Catalogo, fírovw».
OUBO:
^'id, Autiffiudadr» toeaet (Africa).
PALEOETHTiOLOtílA:
Vid. Ârckedogia prthitíoriea, ÃtUiffufdadtt momaaenlaei de álgtrrt
e espécies occorrentes.
FALBORTOLOOIA:
Vid. Antiffuidadei loeaa (Setúbal), Gtxilogia.
rEDRA:
Utensílios de pedra: 30.
Pedra de corisco: 41.
Instrumentos de pedra : 206, ti3S.
Vid. Antiguidade» locatê (Setúbal), MatAaão, Mitetllanea-
PEI^UBIUHO:
Pelourinho de Bragaupa: 41.
De Sortelha: 204.
PHESICIOSi
SuppostoB vestigios: 95.
PIAS:
Ko Sabugal : 203.
Fraga da Moura: SSU.
Vid. Cavidade. .
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Akcheoloqo Pobtuquês
PBOTBCÇÂO Á ABUUEOLOeiA i
EdcavaçSes em Epheso : 38-
Escavaçãee na Babilónia: 38.
Vid. Monamentot, Cattetln.
RELlflliO:
Vid, EAnoffraphim, Piai, BíWtoyropSio, Noma
Ruma» romanaB de Troia Hr Setúbal: 41.
Ruioas medicTaes : 404-
Tid. Caatdlo, Motaieo.
HEPCLCBOLOeiA t
Cemitério da época romana no Aiemtejo : U
Sepultura do Alfageme de Santarém : 153.
Necropole romana de Pax Júlia'- 1C6 o 168.
Sepultaras rupestres; 202, 203 (liu. 14, 30 e
Vid. MiiofUanta arrAeologica.
Instrumentos de silei: '
Vid. Anta.
SIKAE8 DECASTEIBO:
No Castello de Braga: 376.
NoCaatellodaFeira: 391.
TAIIBOHACHIA:
Uma raridade tauromachiua : 396.
Thermau romanas de Estoi : 41
Vid. ArtAfologia lufUano-r
TOBRE:
Do sec. XV : 40.
De menagem : 203.
De Quintella: 292.
Vid. Caittllo.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
bvGooglc
índice dos actoees
Á. Á. c«rt«aot
OnomoBtico medieval portuguSe : 50, 138, 860, S83.
A. J. Karqnea da CobUi
Mosaicos romaaos de Portugal : 49.
EstaçSes prehÍBtoricas doa arredorea de Setúbal: 185.
Alban» BellUo :
Museu de Braga (prqjecto) : 16.
Braeara Augusta: 118.
AlblDo Pereira Lopo t
Fraga da Moum em VUla Mova da Torre de D. Cbama: 839.
IrUiar Laina§t
Uma medalha portuguesa inédita: 1.
Medalhas de salvaçio portuguesas: 72.
O desacato na igreja de Santa Engracia e as insignía.^ dos Escravo* do Saii-
tissimo Saciamento: 2ãt.
Medalhas dedicadas í fnlanta D. Cathariua de Bragança, raiotia de Ingla-
terra: 801.
Bernardo Ántoulo de Sát
EzploiaçSes archeologicas em Mertola (relatório) : 9C.
NecTOpoIe romaDa de Paic Jnlia (Beja), ii : 167.
CaettHo da Camará Manoel;
O santuário de Terena, i (a ijenhora da Boa Nova) : SUS.
Celestino Be^at
Antigualhas transmontanas : 106.
Ertaelo da Telga:
Antígoidades monumeotaes do Algarve: 6, 107.
Feliz AlreB Pereira i
Antiguidades deVianna do Alemtejo: 16.
Registo bibliographico das permutas: 62, 159, 285, 407.
Um erra de amanuense nas InqniriçSes de D. Affoneo IIT: 246.
Fibnla trajutagana: 3S0.
Hiscellanea, tii : 40é.
byCoO^^lc
o Ahcheologo Poetdoués
Heoriqne Bot«Uw :
Aichcologia de Trie-os-Montefi : 237.
Torre de QaiDtelIa: 392.
Dolmens do coDcelho de. Miirf fl : 33ri.
J. e. 4e OUfelra eilmarleii
ffltAlogo doB pergamiulioe existentes no archivo da Insigne e Rpal ('«lle-
gi!ula de (luinaritcs: 126, 20t<, 344.
Jotqnini Mk&mI CorreUt
Antiguidades do concelho do iíabugal : 199.
Joié Leito de TueoacellM:
Antiguidades prcliistoricas da Beira ; 28, 312.
iDHcripçilo roíiuma de Hyrtílis: 31.
I.ista de monumentua que pcln acu caracter histórico, archeologico ou artis-
tíco, bSo auaceptivcis de nc con.-iíderHrem naeionaes : 38.
AcquisifSes do Museu Ethuologico Português: 14, iÍT9.
Notiec sommaire sur Ic Musi^e Ethnologique Portugnis: tifi.
Biploraçòcs arcbeologicax em Mertola (prologo) : ST).
Bibliographia : IDT, 406.
Neuropole romana de Pai Jiilia (Beja), :: 165.
SignificatioQ rcligiense en Lusltanie de quelqtten monnaies pereées d'uu
trou: 169.
lojcripçao romana do concelho de Arraiolos: 198.
O castelio de Braga : 244 e 875.
Oa Groviofl : 287.
Museu do Patriarchado ; 322,
O santuário dcTereuH, ii (Santa Maria deTerena nu aec. tiii): 340.
Miseellauea, ji : 399.
HtmMl Joiqaln de GmapM :
Estudos do numismática colonial portuguesa : 32, 120.
O meio tomAs do Porto; 194.
Moeda inédita de D. Affouso V : 241.
Contos para coutar : 358.
Paul ChoDitt
Mudança do nível do Oceano; 198.
Pedro de Aseredo:
Miscollanca Archeologica; 41, 92.
Autos de posse de castellos no ser. xvi ; 100.
Noticias varias ; 152, 278.
Noticia de autas, junto de Lisboa, nu aec. ivi; 161.
A lei de 13 de março de 1473 sobre as libras; ÍT(1.
Regimentos das marcas da moeda nas cidades de Mirimda e Lagos: 295.
Alguns documentos para a historia da agricultura e da navegado: 814.
MiscelUnea, i; 3%.
byCOí)l^lC
índice das geavubas e bstampas
Uma medalha portuguesa inodita 3 (photõgravnraa) : 6-7.
^onoat de 1 crânios do ccniitprío dpViftnna do Alcmt«jo (2 poicinas oom 13pho-
tograraraa): 28-29.
Orca dos Padries :
Kg. 1.': 29.
Pig. 2,': 29,
Fig. 8.':30.
Fig. 4.": 80.
Xerafios dobra(lr>«i :
Fig. 1.': 84.
Fig. 2.' : 36.
Mosaicos romanos tic Leiria:
Fig. 1.' (lithograpbia) : 50-.51.
¥1g- 2.' (lithographia) : 50-51.
Medalhas de salva^So portiigaesns (3 pnginns com ^ figuras em photogranira) ;
92-93.
Explorações archeologicas em Hertola:
Rg..l.':97.
Amphoras de Mortola, fig. 2.' (photogravura) : 98.
Fig. 8.* (photograTiira} : 99.
Fibala de T ris -os -Montes, fig. 1.* (1 chromolithograpbía e 4 lithograpbias) :
106-107.
Aros de fivelas de Trás-os-Motites (2 chromolithograpbias), figs. 2.* e 3.*; lOC-107.
Santliomé apocrípho, fig. 1.* (photogravnra) ; 120.
Saathomés da índia (4 photogravurae), figa. 2.*, 8.>, 4.- e 5.' : 123.
Cruz de um Mnthoiné de 1811 : 123.
Santhomâ de 1718, fig. 6.* (photogravura) : 135.
Meio aanthomé de 1741, fig. 7.* (pbotngravnra) : 125.
Bererso do saathomé de 1713: 126.
Pedra e inserípf 3o tumalar do Alfageme de Santarém i 164.
Neeropole romana de Pai Júlia (lapide), fig. 2.*: 106.
Unguentariura, fig. 3.'; 166.
Arma romana achada em Beja (chromolíthograpbia), fig. 1.': 166-167.
Necropole romana de Pai Julia (íaso), fig, 4.': 167.
Corte de sepultura, fig. 5.> : 168.
Moedas de Marrocos, furadas, figs. 1.* e 3.* (2 pbatogramrfts) : 171.
byCoOglc
o Archeolooo Poktdquês
Moectau com eRphera annillar, furadas, figs. 3.', i.', 5.* e &' (4 pbott^avms) :
171.
Moedas da época romana, com bovideo, furadas, figs. 7." a 13.* (7 photogran-
rae): 172-178.
Uncia romauo-campaiiinna, furada (pfaotogravura), 6g. 14, ■ : 175.
Moeda de Srgoiia, fiirada, fig. lã.* (pliotograviira): 176.
Moeda de Sacili (photogravnra), fig. 16.': 176.
Esbofo da planta do terreno adjacente á Cnmmenda da ribeira da Ajuda (lítbo-
graphla), fig. 181.' : 168-169.
Forte de S. JoSo (Setúbal) fig. 162.' (photogravnrn): 189.
Siliccs, machadoB e cerâmica da ribeira da Ajuda, figa. 183.' a 187.' {ti pbotogra-
vnras): 190.
Machado polido da eataçio de Gralapoa (Setúbal) (pbotogravnra), fig. 189.* : 19-i.
Dente de javardo da mesma (photograTura), fig. 190.* : 192.
Valva perfiirada da mesma, fig, 191.>: 192.
Meio tOTuAi do Porto : 195.
Grave de Valença: 197.
Mcgalitho da Pêra do Moço (Guarda), fig. l.>: 203.
Schema de sepulturas rupestres, fig. 2.': 206.
Megalitho da Tapada das Cruxes (Sabugal): 207.
Ineignias dos Encr&vos do Sanlissimo Sacramento, figs. 1.' e 2.* (4 pbotogrmvn-
ras): 286-237.
Fraga da Honra:
Fig. !-•: 239.
Pig. 2." (pbotogravura): 240.
Cruzado de oiiro de ASonso V (Porto), fig. l.': 242,
Cruzado de ouro de Afl'onso V (Lisboa), fig. 2.': 348.
Planta de Arcos de ValdevSz e arredores (lithographia): 360-261.
Área geograpbica dos Qrovii (litbographia) : i, 293-293.
Arca geograpbica das palavras Grovia, etc. (lithograpbia): ii, 292-393.
Torre de Quintella (phntogravura) : 294-296.
Medalhas dedicadas á lufíiuta D. Catharina de Bragança:
Estampa i, figs. 1.' e 3.' (3 photogravuras) : 310-311.
Estampa ii, figs. 3.* a 7.' (õ pbotogravuraa) : 810-811.
Orca Carvalhinha:
Fig. 1,* (machado): 812.
Fig, 2,* (machado) : 313.
Fig. 3.' (faca) : 813.
Fig. 4.' (serra): 313.
Fibula transtagana : 320,
Dolmena no concelho de Mnrça:
Fig. 1.' (machado): aW.
Fig. 2.> (machado): 336.
Fig. 3.' (machado): .^36.
Fig. 4.' (machado) : 337.
A Senhora da Boa Nova (photogravura) : 388.
A Senhora da Boa Nova (pbotogravnra) : 339.
Contos:
Fig. A (pbotogravnra): 363.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
o Archeologo Portcguês
flg. B:869.
Real grosso de prata, fig. C: 864.
Ck>iito do Porto, fig. D: S65.
Conto lio Porlo, fig. E (pliotogravnra) : 366.
Real de cobre de D. SebastiSo (photogravura), fig. P: 372.
Couto carimbado (photogravura), fig. G : 374.
Senha de cobre, carimbada (pbotograviira), fig, H ; 374.
Contos para contar (fblbs cooi 11 zlncograpbias) ; 874-375.
Bilhete tauromacbico (lincograpbia): 3%.
Caatello da Feira (zincograpbi») : 397.
Lapide da deaaa Nabia: 399.
Ruídbb medievABR: 404.
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
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Di„i„«b,Googlc
o AbCHEOLOGO PORTUGUâB
Francisco Oalamba (P.*) : 380.
Francisco Inácio da Costa l'alina: 379.
Francisco SimAes de Almeida (P.*): 48.
Fraocisco de Tavares ; 45.
Francisco Tavares Proença: 46 e 47.
Freire de Andrade : 380.
Jaime Liãte : 46.
Joio Rodrigues Pablo: 38&.
Joaquim Correia Baptista: 379 e 880.
Joaquim Filipe Ner^ Delgado ; 4&.
Joaquim Gamito: 380.
Joaquim Manoel Correia (pr.) : 46,
Joaquim Pedro Pinto ; 46.
Joaquim dos Santos Coelho : 3SU.
Jorge de VaMoncellos Nunes: 380.
Josí Abecaesii Jnnior: 321.
José da Costa Passos : 48.
José Lourenço {P.') : 44.
José Maria Duries : 379.
Júlio Hardel: 4G.
Leopoldino José da Silva: 381.
Luís Xavier Barbosa (Dr.) : 47.
Manoel Domingues do Sousa Haia (P.') : 381.
Manoel JoSo Paulo Kocha: 46.
Manoel Joaquim de Campos-. 46, 380, 381 e 382.
Manoel Joaquim Xavier: 45.
Manoel Mateus (Dr.) : 379 e 380.
Maria Uaiima Leite Pereira de Mello (D.) : 47 o 880.
Mário de Abreu Marques: 46 e 380.
Morio Monterroso (Dr.): 46.
Nascimento Trindade (Dr.) : 382.
Passos Brito (Dr): 47.
Paulo Choffat- 380.
Pedro A. de Azevedo: 162.
Pedro Ferreira; 381.
VoBCO Jacome de Sousa Pereira e Vasconcelloa ; 47.
S.— PesiOM qae liteirieraai ladlrectaneiite u m^mUIçIo»
renotto e lnform{l«
A. A, CortesSo (Dr.) : 47,
Albano Bel Uno : 47.
Ascensão Valdez : 48.
Augusto de VargBs: 9ó.
Bernardino Dias Ferreira: 381.
Bernardo Rodrigues do Amaral : 28 e 812.
HcDríqae Botelho (Dr.) : 44.
Henrique Loureiro: 199.
Joaquim Correia Baptista : 48,
Dig,l,z.cbyG0O(^lc
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EXPEDIENTE
O Archeoloffo PoHugmê public&r-se-ha nieasalmeiit«. Cada número
Bera sempre ou quasí sempre illusírado, e nÍo conterá menos de 16
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das sciencias arcliuotogicas entre nós.
Toda a correspondência á cerca da parte litteraria desta revista
dtverá ser dirigida a J. Leite de Vasoonoellos, para a BlBLio-
THKCA Nacional de Lisboa.
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Digiliz.cbyGoOt^lc'^
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Di„i„«b,Googlc
JAN 2 6 1933
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