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Full text of "O Arqueólogo português"

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o  AfiCHEOLOGO 
PORTUGUÊS 


Di„i„«b,Googlc 


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a  ARCHEOLOGO 
FORTXJaXJÊS 

COaECÇiO  ILLUSTBADi  DE  HATERIAES  E  NOlfCIAS 


PUS  UCA  DA  PELO 


MUSEU  ETHNOLOGICO  PORTUGUÊS 


REDICTOR— J.  Leite  de  Visconceuos 


■VOL.  ^ 


Veierum  volvem 


LISBOA 

1UFBEN3A   ITACIONAL 
1905 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


T:-:-:  i:e'.v  vork 
PH3-"  I.IEPARY 

641551A 

Aí<TOft.  LFtJOX  AND 

TILDEIS   F0'"ND*TIONa 

B  10J3  L 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


OL.  jÇ  JANEIRO  E  FEVEREIRO  DE  1B05     N.°'  1  E  2 

O  ARCHEOLOGO 

COILECÇ&O  UUJSTUDá  Ht  HATERUES  E  HOTICtAS 


PUBLICADA  PELO 


MUSEU  ETHNOLOGICO  PORTUGUÊS 


Veteruni  vaivéns  monumenta  vírorum 


LISBOA 

IMPRENSA  NACIONAL 
1906 


Di„i„«b,Googlc 


&xj:ís/l^^j^tii<d 


uua  hedalhã  portcguesa  inédita:  1. 
Antiguidades  monumentaiíis  do  Algarve:  6. 
Museu  de  Bbaga:  15. 

Antiguidades  deViansa  do  Aleutejo:  16. 
Okca  Doa  PadrOes:  28. 

IH8CRIPÇÀ0  romana  DE  MVRTILIS:  31. 

Estudos  de  numismática  colonial  portuguesa:  32. 

PbOTECÇXo  dada  PELOS  GOVERSOS,  corporações  OFI-ICIAES  E  INS- 
TITUTOS 8C1BNT1FIC0S  i  ARCHEOLOGIA:  38. 

Lista  DE  monumentos  que  pelo  seu  caracter  histokico,  akcheo- 
LOoico  ou  artístico  sXo  susceptíveis  de  se  coxsideraueu  X.A- 
C10SAE8:  38. 

MiSCELLANEA  ARCHEOLOQICA :  41. 

AcquisitÕES  DO  Museu  Ethnolooico  Português:  44. 
Mosaicos  romanos  de  Portugal:  49. 
Onomástico  medieval  vortuquês:  50. 
Registo  biuliooRapijico  »as  permutas:  &2. 


Este  fascículo  vac  ítliistrado  com  11  estampafl. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ARCHEOLOGO  PORTUGUÊS 

COLLECÇÀO  HLDSTRAOA  DK  HATEEUES  K  lOTICUS 
MUSEU  ETHNOLOGICO  PORTUGUÊS 

VOL.  X  JANEIRO  E  FEVEREIRO  DE  1906  N."  1  E  2 

Uma  medalha  portuguesa  inédita 

Da  collecglo  oivanluda  por  Joié  Ljumb 

Entre  os  exemplares  d'esta  collecção  destaca-se,  pela  sua  grandeza 
pouco  vulgar,  uma  medalha  medita,  e  até  mesmo  desconhecida,  cuja 
descripção  vae  decerto  interessar  aos  especialistas. 

No  intuito  de  a  tornarmos  conhecida,  resolvemos  descrevê-la  num 
cantinho  d-0  Arckeologo  Português,  que  amavelmente  foi  posto  k  nossa 
disposiçSo. 

Commemora  a  medalha  a  restauração  do  regimen  absoluto,  ou,  por 
outras  palavras,  a  serie  de  acontecimentos  políticos,  succedidos  no  anno 
de  1823,  que  tiveram  por  epilogo  aquella  scena  pathetica  de  família, 
passada  em  Villa  Franca,  a  que  o  vulgo  fícou  chamando  a  «Jornada 
da  Poeira»,  porque  de  facto  tudo  foi  apparente,  tudo  se  desfez. . .  em 
poeira. 

O  leitor  conhece  a  historia: 

Em  virtude  da  revolução  de  24  de  Agosto  de  1820  foi  implantado 
entre  nós  o  regimen  liberal,  e  D.  João  VI,  conformando-se  com  o  novo 
systema,  jurou,  em  1  de  Outubro  de  1822,  a  Constituição  da  monarchia, 
que  o  Congresso  acabava  de  decretar.  Â  Rainha,  porém,  não  quis  pro- 
ceder da  mesma  forma,  e,  tendo-se  recusado  terminantemente  a  acom- 
panhar o  seu  esposo  no  juramento,  foi-lhe  ordenado  que  ficasse,  como 
prisioneira,  na  sua  quinta  do  RamalhSo,  em  Cintra. 

D'este  retiro  continuou  dirigindo  o  partido  absolutista,  de  que  era 
chefe,  e  unindo-ee  a  seu  filho  querido,  o  infante  D.  Miguel,  preparou 
o  terreno  para  a  contra-revoiução. 

Em  Abril  de  1823,  Manoel  da  Silveira  Finto  da  Fonseca  Teixeira, 
Conde  de  Amarante,  e  depois  Marquês  de  Chaves,  sublevou  a  província 
de  Trás-os-Montes,  fazendo  restabelecer  ah  o  regimen  absoluto  j  em  29 


byCOO^^IC 


o  ArCHBOLOGO  POBTOQDda 


de  Maio  do  mesmo  umo  foi  proclamada  em  Santarém  a  qnéda  da  Cons- 
tituição, e  na  madrugada  de  27  de  Múo,  D.  Miguel,  fugindo  da  casa 
paterna,  foi  reunir-se  emYilIa  Franca  com  o  regimento  n."  23,  aquar- 
telado no  Castello  de  S.  Joi^  de  Lisboa. 

O  Congresso  revoltou-se  contra  este  acto  indigno  e  fez  com  qae 
D.  JoXoYI,  em  30  de  Muo,  assignaase  ama  proclamação  de  protesto: 
«Men  Filho  o  Infante  D.  Miguel  (dizia  a  proclamaçSo)  fugio  de  Meãs 
Reaes  Paços,  e  anío-se  ao  Regimento  n."  23.  Fu  já  o  abandonei  como 
Píú,  e  saberei  punillo  como  Rei**. 

Ko  dia  seguinte,  porém,  o  monarcba  mudon  de  opiniZo.  O  regi- 
mento n."  18  foi  formar  em  frente  do  palácio  real,  soltando  vivas  ao 
■rei  absolntoi  e  a  «D.  Migueli  e  morras  «á  ConstituiçXoi;  D.  João  VT, 
prudentemente,  contra  o  que  todos  esperavam,  adherín  a.  este  movi- 
mento, e,  mandando  preparar  uma  carruagem,  dirigiu-se  para  Yilla 
Franca,  em  companhia  das  infantas,  sendo  muito  acclanaado  pelo  povo 
durante  o  trajecto. 

Tinha  ido  D.  Miguel  ao  Cartaxo,  e  qaando  regressou  aVilla  Franca 
teve  a  surpresa  de  ali  encontrar  seu  pae  «  suaa  irmSs.  Logo  que  os  avis- 
tou, apeou-se  do  cavallo,  e  ímmediatamente,  de  joelhos,  beijou  a  mSo 
d'el-rei,  entregando-lhe  também  a  espada,  como  signal  de  submissão 
e  respeito.  O  pae  ajudou-o  a  levantar,  beíjou-o  e  abraçou-o,  e  as  irmSs 
imitaram-DO.  Todos  choravami 

Em  5  de  Junho  retirou  a  família  real  deVilla  Franca,  entrando 
em  Lisboa  no  meio  das  acclamaçSes  do  povo  e  ao  som  de  estrondosas 
salvas  de  artilharia,  indo  assistir  a  um  Te-Deum  na  Sé.  Concluida  esta 
cerimonia,  segniu  o  cortejo  real  para  o  palácio  da  Bemposta  e,  durante 
esse  trajecto,  os  rapazes  fidalgos  substituíram  os  cavallos  do  coche  em 
que  ia  o  monarcha*. 

No  dia  24  de  Junho  entrou  em  Lisboa  a  divisão  commandada  pelo 
Conde  de  Amarante,  sendo  este  attenciosamente  recebido  por  el-rei! 
. . .  nesse  mesmo  anno  de  1823  houve  nova  conspiraçSo  e  a  lucta  dos 
dois  partidos  só  terminou  em  1834! 


*  Esta  proclamação  foi  publicada,  em  anpplemento  ao  n.'  197  do  Diário  Ío 
Governo,  em  30  de  Haio  de  1S23. 

*  AlgUDB  àiaa  depois,  oe  liberaes  fizeram,  ardilosamente,  inserir  na  Gaxiia 
dt  Lisboa,  jomat  official,  o  eegninte  curioso  aununcio,  que  provocou  grande  es- 
cândalo: 'Para  o  dia  24  do  corrente  mez  se  ha  de  arrematar  em  hasta  publio 
umas  parelhaB  de  bestas  que  pucharlo  o  carrinho  d'El-Bei,  quando  mudou  de 
bestas  a  Arroios». 

(Gatda  de  Lithoa  n.°  138,  de  qninta-feíra,  12  de  Junho  de  182S,  pag.  1076). 


byCoO^^lc 


o  Abcheologo  Português  8 

Ka  medallia  faz-se  tuna  verdadeira  apotheose  aos  principaes  perso- 
nagens da  campanha,  rodeando-os  de  elogiosos  epithetos:  D.  JoSoVT 
é  comparado  a  Jesos  Chrísto,  e  D.  Carlota  Joaquina  é  cognominada 
a  Jodith  Lusitana.  D.  Mignel  e  o  Marqaez  de  Chaves  também  lá  fí- 
goram. 

Compridas  legendas,  com  cttaçSes  da  Bíblia,  hsbilitam-nos  a  inter* 
pretar  o  pensamento  do  auctor. 

Passemos  a  descrerS-la,  mostrando-a  também  em  photogravura  (ve- 
ja-se  a  figara),  para  que  o  leitor  possa,  mais  facilmente,  assistir  ao  de- 
senrolar d'ests  comprida  meada,  que  na  verdade  é  bastante  longa. 

Anv. — No  corpo  central  de  nma  balaustrada,  qne  é  encimada  pelas 
armas  reaes  (as  quinas  sobre  a  esfera),  ornamentadas  com  uma  coroa 
de  carvalho  e  louro,  tem  a  seguinte  legenda,  escrita  em  quinze  linbas: 

A  SENHORA 

D.  CARLOTA  JOAQUINA. 

POR  ESTA  QRANDE, 

E  IHUORT.  RAINHA,  HONBA  E 

GLOBU  DO  SEU  SEXO  £  DO  ALTO 

LOGAB,  <}TJE  OCCUPA, 

INFLAHMADOS  JUSTAMENTE 

O  8R.  DIFANTE  D.  MIGUEL  SEU  FILHO 

B  O  HONRADO  UABQUEZ  MANOEL  DA 

SILVEIRA  PINTO  DA  FONSECA  TEIXEIRA,  B 

OUTROS,  SE03  PARENTES  E  AMIGOS  FIRMES 

NA  LEALDADE  Ã  PÁTRIA,  AO  THRONO,  E  A  DE 

OS,  E  NA  VONTADE  DEL-REI  O  SB.  D.  Jo2o  VI. 

REBTAURÍrIO  a  HONARCHIA  EM 

1823  CONTRA  A  REVOL.  DE  1820. 

Do  lado  esquerdo  está  sentado  loTempo*,  personificado  na  figura 
de  imi  velho;  com  a  mâo  direita  molha  nma  penna  num  tinteiro  que 
tem  junto  de  si  e  com  a  esquerda  aponta  para  a  inscrípçSo.  Sobre  os 
joelhos  tem  um  livro  aberto,  onde,  com  difiiculdade,  se  lê  o  seguinte: 
RECLU  —  SA — NO — RAMA  —  LhIO — VENCEO  —  POIS  —  (JUE. 

Da  direita,  em  pé,  tendo  a  competente  lança  junto  a  si,  onde  está 
suspensa  uma  balança,  o  archanjo  S.  Miguel  pisa  com  o  pá  direito  um 
papel  que  tem  escrito:  24 — d'agos — TO  —  de  — 1820;  com  as  mSos 
desenrola  nm  grande  pano,  com  a  seguinte  inscripção:  michael,  et 

ANQELI  EJU8  —  PBAELIABANTUR  COM  DRACONE  —  ET  PROJECTOS  EST 


byGOí>^^IC 


o  AitcHEOLoao  Português 


—  ANGELI  EJUS  CUM  ILLO.  Ap.  12  (citaçSo  do  cap.  XU 
pse)  *. 

istrada  erguem-se  duas  pyramides,  ornamentadas  com  tro- 
i  esquerda,  assente  numa  palma  e  dentro  de  uma  coroa  de 

0  busto  de  D.  Miguel,  com  a  seguinte  legenda  por  baixo : 

■   NATUS   —  D.  JOAHNE  VI  —  ET  D.  CARLOTA  JOAQDINA  

AS  NOVEMB  180..  .  (2). 

gada  na  pyramide  está  uma  fita  com  outra  legenda:  INFAKS 
EL,  e  na  ponta  d' essa  fita,  que  está  solta,  está  escrito :  IK  FA- 
?AKENTES  AMOEE,  PIETATE,  FIDE  OMNIUU  SPECULXJM,  EXEM- 
yramide  do  lado  direito,  também  sobre  uma  palma  e  dentro 
oa  de  louro,  assenta  o  busto  do  Marquez  de  Chaves,  e  na 
;ada  nesta  pyramide  está  a  seguinte  inscripçâo:  M.  s.  p.  v.  t. 

1  nome  do  Marquês,  Manoel  da  Silveira  Pinto  da  Fonseca 
—  HARQ  DE  CHAVES.  —  AMICU8  FIDELIS  PHOTECTIO  FOETIS. 
)  ou  campo  da  medalha  é  completamente  coberto  de  follias 
I,  e  sobre  esse  fundo  assenta  um  medalhão  com  o  busto  de 
Joaquina,  enfeitado  por  cima  com  uma  palma  e  dos  lados 
ias  de  carvalho  e  uma  fita.  Este  medalhão  está  suspenso 

uma  grande  águia,  e  tem  em  volta  esta  legenda:  JUIHTH 
ILXIER  FOKTIS. 

tem  outra  legenda:  BECIAE  SXIRPIS  HOKOR  et  OLOKIA  d.  c. 
.  Carlota  Joaquina,  Rainha  Fidelíssima), 
te  superior  da  orla  ainda  tem  mais  outra  legenda:  DATAE 
IRI  ALAE  DDAE  AQUILAE  MAGNAE,  UT  VOLARET  IS  DESERTOS! 
UUM.  Ap.  12  (Apocalypse,  xn,  14). 

ibem  na  Bíblia  que  o  auctor  da  medalha  Be  inspirou  para 
Bverso:  S.  Marcos,  cap.  iv. 

ipitulo  diz  o  Evangelista  que  um  día  Jesus  Christo  foi  para 
contar  aos  seus  discípulos  a  parábola  do  semeador;  tendo-se 
ta  gente  para  o  ouvir,  teve  de  se  retirar  para  dentro  de  uma 
le  continuou,  próximo  de  terra,  a  sua  narrativa.  Terminada 
já  pela  tarde,  ordenou  que  a  barca  passasse  para  a  margem 


tido  figurado,  no  caso^resente,  o  dragão  derrotado  era  a  revolução 
le  deprehende  do  facto  de  S.  Miguel  estar  pisando  o  pape],  que  tem 
e  Agosto  de  1820. 

como  em  quasi  todos  as  outrRs  legendas  extrahidas  da  Bíblia,  o  gra- 
us frases,  omittindo  muitas  palavras.  Veja-se  o  Apocalypse,  xii,  7  e  9. 


byCOO^^IC 


o  AbCHEOLOQO  POBTUOtIÊS  5 

opposfa  (tratueamiie  contra),  e  deitou-se  a  dormir,  com  a  cabeça  apoiada 
num  travesseiro. 

A  meio  caminho  levaatou-se  grande  tempestade,  pelo  que  os  disci- 
pulos  o  despertaram  bruscamente,  pergiintando-Ihe :  iMestre,  a  ti  nSo 
se  te  àá  que  pereçamos?i  Cbristo  levaatou-se  e  mandou  cessar  a  tem- 
pestade; e  cessou  o  vento,  e  seguin-se  grande  bonança. 

Inspirado  neste  episodio,  compôs  o  auctor  da  medalha,  o  segirinte: 

1^.  Em  tomo  da  orla  tem  á  seguinte  legenda:  e  transeauuS  COll- 
TRA  ET  —  A33UMUHT  ETH  ITA  VT  EHAT  IN  N4VI  —  ET  FACTA  E8T  PKO- 
CELLA  UAQNA  —  ET  FLUCTU3  MITTEBAT  IN  NAVIU  ITA  UT  IHFLERGTUB 
—  ET  ERAT  1P8E  IN  PUPPI  8DPE«  CERVICAL  DORMIENS  ET  EXCITANT 
EUM  —   ET   EXUHGEN8  —  DIXIT  HARI  TACE  —  ET  FACTA  EST  TRAN- 

quiLUTAS  HAONA.  marc  4'. 

Mo  exergo,  escrita  em  uma  espécie  de  muralha,  toda  ornamentada, 
qne  deita  para  o  mar,  em  quatro  linhas,  tem  mais  a  seguinte  legenda: 

O  SNR.  REI  D.  ÍOlO  VI 

FELLA  SUA  PRUDÊNCIA 
VEED."  ISOTADOR  DE  JESU.  C. 
E  MODELO  DOS  LEG1I3LADORE8. 

Sobre  o  mar,  extremamente  revolto,  vagueia,  á  mercê  das  ondas, 
uma  grande  nau,  cujos 'mastros  e  velas  estão  desmantelados  e  é  tri- 
pulada pelo  rei  e  por  sete  ministros,  que  estio  todos  fardados. 

Um  dos  ministros,  que  estava  ao  leme,  abandonou-o  e  pôs  as  mãos 
no  peito  em  attitude  de  terror;  quatro  procuram  atarefadamente  re- 
parar as  avarias  nas  cordas  e  repor  as  velas  nos  seus  logares,  e  os 
outros  dois  vão  acordar  bruscamente  D.  João  VI  que  está  dormindo 
na  popa,  com  a  cabeça  apoiada  n'um  travesseiro. 

Como  se  vê,  é  a  reprodueçâo  da  scena  passada  com  Jesus  Cbristo. 

A  nau  symboliza  o  Estado,  prestes  a  naufragar;  a  prudente  inter- 
venção de  D.  João  VI  evita  o  naufrágio. 

Em  uma  comprida  flammula,  tem  ainda  mais  a  seguinte  legenda: 

tESUU  IMITATI  LETHIEERA  TEMFESTATE  PATRIÁM  LIBERTABIUUS  COORTA 
MONO  K.  SEPT.  1820. 


*  Esta  legenda  é  tirada  do  Evangelho  de  S.  Maitcos,  it,  35-39.  O  gravador 
omíttiu  moitas  palavras,  mas  teve  o  cuidado  de  coUocai  um  traço  dos  pontoa 
.    cortados. 


byGoot^lc 


o  AeCHEOLOGO  PoaTDGUÊS 

A  medalha  tem  de  diâmetro  0",1135*  e  de  espessura  CP,0055. 
está  muito  bem  conservada. 

cepgão!  Observando  o  bordo  vê-se  que  é  feita  de  duas 
Será  isso  indicio  seguro  de  que  é  uma  reproducçSo  pela 
?  NSo  queremos  indagar:  não  conhecemos  senXo  outro 
>  este,  mas  em  muito  mau  estado  de  conservaçSo  e  nSo 
i  seja  conheddo  o  original. 

a  medalha  rara,  inédita  e  até  desconhecida,  e  uma  me- 
!ondi(deB  e  com  o  valor  e  interesse  histórico  que  esta 
-se  religiosamente '. 
Dezembro  de  1904. 

ÃBTHDB  Lamas. 


Ltl^dades  momunentaes  do  Al^rarre 

APPENDICE  AO  CAPITULO  I 

(ContlDiu>[Io.  Vld.  o  Ârtli.  Fort.,  a,  tOO) 

II, —Estampas  doB  cranltM 

das  Ântig.  Mon.  ão  Algarve  recebi  da  Direcç5o  Geral  da  Ina- 
exemplares  litho^aphicoa  das  estampas  doa  vinte  e  dois  crânios 
ia  de  que  Eetacio  da  Veiga  falia  acima,  pag.  204.  Aqui  as  pa- 
iho  reduzido,  nas  estampas  juntas.  A  rednc$ão  foi  operada  pho- 

'eates  vinte  e  dois  cranioa,  acrescentarei  que,  se^ndo  informa^ 
r.  Dr.  Ferraz  de  Macedo,  ellee  vieram  do  Algarve  em  muito  mau 
eduzidos  a  fragmentos,  que  o  mesmo  senhor  teve  de  soldar  uns 
reconstituir  os  crânios  e  oa  poder  medir  e  estereographar.  Est&o 
do  Sr.  Dr.  Ferraz  de  Macedo,  que  porém  me  prometteu  enviá- 
!U  Ethnologico.  Effectivamente  os  cianioa  faaem  parte  da  collec- 
a  algarvia  organizada  por  Estacio  da  Veiga,  e  é  de  toda  a  con- 
:ifica  que  fiquem  no  Muaeu  juntos  com  as  outras  partes  d'ella.  — 


está  reproduzida  em  tamanho  natural. 

o. — Tanto  no  anverso  como  no  reverso  da  figura  da  medalha,  á 
aiio,  eetá  uma  assignatora.  Para  evitar  equivocoa,  declaramos 
'  da  pbotogravura,  que  ali  a  collocou  impensadamente,  e  nÍo  do 
[ha,  como  poderia  fiuppor-se. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


«IIíUC  U.ilí/.,,-. 


bvGooglc 


UMA  MEOILHA  POBIUGUESl  INEDIH  ' 


Di„i„«b,GoOglc 


U  Aidieologo  Po[lugue!— Vol  I— 1905 


Dl  COlLECÇtó  ORGINIZIOI  POR  JOS£  LllIlS 


Di„i„«b,GoOglc 


r*í'rV;;, 


i^^V^  '  "■■' 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheoloqo  Pobtdouês 


Snnunario 


Trftta-se  dm  eiistonua  de  uma  ra;a  humima,  de  origem  nfio  asiática,  propria- 
mente antochthone  da  Europa  Occidental,  simpleameste  comprovada  por  tei- 
toe  claaBÍcoB. — Grupos  em  que  se  propõe  dividida  esta  raça. — Largo  terri- 
tório qne  ella  foi  occupando  em  varias  regífies. — A  questBo  da  Atlântida, 
combatida  e  defendida. — PropSe-se  qne  a  raça  ibérica,  tendo  levado  o  aen 
domínio  ás  diyersaa  rejpSes  do  Mediterrâneo,  fora  combatida  e  destruída  por 
outra  raça  maia  possante,  e  obrigada  a  refugiar-se  com  a  sua  lingua  num 
recanto  dos  Ffiineus. — Gombate-se  vigorosamente  esta  infiiDdada  asserção, 
mostrando-se  que  o  predomínio  ibérico  nouca  se  extiagaiu,  e  que  a  sua  lingua 
escrita  e  a  sua  civilização  ultrapassaram  os  próprios  primeiros  tempos  his- 
tóricos atá  época  muito  adeantada. — Fondaroentas  com  qne  se  propQe  que 
a  chamada  raça  atlântica  pudesse  ter  sido  antochthone  do  solo  ibérico. — 
Provas  geológicas,  anthropologícas,  arcbeologicas  e  epigraphicas  que  coa- 
correm  em  reforço  d'esta  proposição. — Mostra-se  que  os  hierogly phos  estam- 
pados em  rochas  e  cavernas,  tanto  na  Hispanha  como  em  Portugal,  sfio  poste- 
riores â  instituição  do  systema  graphico  peninsalar. — Dá-ee  noticia  de  oma 
outra  raça  humana,  do  typo  brachjcopbalo,  ter  invadido  a  Europa  Occidea- 
tal. — Repelle-se  toda  a  ideia  de  invasão  e  mostra-se  que  este  typo  ethnico 
deve  ser  ignalmente  originário  d'esta  ultima  parte  do  Occidente. — Basòes 
e  provas  qae  levam  a  este  conceito. — Fundamentos  que  obrígama  entender 
que  as  raças  brancas,  mnito  mais  modernas  na  Aaia  qne  na  Europa,  devem 
ter  sido  originariamente  grupos  destacados  do  berço  eoropeu  Occidental  para 
povoarem  o  trato  que  occupam  an  região  asiática. 


[Vê-se  do  aammario  transcrito  a  cima  que  o  cap.  Ii  da  obra  de  Ea- 
tacio  não  versa  propriamente  sobre  arelieologia  algarbiense,  mas  sobre 
vários  problemas  de  caracter  tbeorico  e  subjectivo;  por  isso,  como  pon- 
derei a  cima,  na  Advertência  preliminar,  entendi  ser  desnecessário  pu- 
blicar n-0  Archeologo  esse  capitulo. — J.  L.  deV.]. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Ahcheologo  Poetuguês 


CAPITULO  m 


EspUca-se  como  se  operou  a  transição  dos  tempos  preliistoricos  paia  ob  histo- 
ricOB. — Indica-se  por  aproximaçio  o  termo  da  primeira  idade  do  ferro  na 
península  hispânica. — Refutam-se  muitas  doutrinas  correntes  e  prevé-se  qae 
a  eicola  moderna,  admiti iado-as  e  ainda  Bustentando-as,  será  fatalmente  re- 
foimada,  ou  antes  aabstitnida,  não  podendo  lesistir-ihe  a  maioria  dos  seus 
aphorÍBmo8. — Mostra-se  que  a  scieneia  da  historia,  neste  meio  século  mais 
próximo,  será  forçada  a  adoptar  outras  bases,  outros  moldes  c  outro  systema 
de  inquirirão. — O  divorcio  entre  a  historia  e  a  fabula  será  inevitável. — Di' 
visões  e  designações  geograpbicaa  com  que  os  escritores  gregos  e  latinos 
assinalaram  este  território,  ^fi 3o  conseguem  porém  esclarecer  a  verdadeira 
origem  das  populações,  porque  tudo  já  escapava  ao  sen  alcance.— O  moderno 
Algarve  £  então  dividido  em  dois  promontórios,  abrangendo  cada  um  d'estea 
nma  região  com  varias  populações,  a  que  chamam  Cjnetas,  Cuneos,  Lusi- 
tanos, Celtas,  etc.^SSo  citadas  algumas  cidades  de  origem  preromaua,  cujos 
nomes  não  silo  gregos  nem  latinos,  taes  como  Myrtilia,  Esuri  (V),  Balsa,  Os- 
sonoba,  Lacobríga. — Superabundam  as  lacunas  respectivas  ás  designaçues 
ethnicas  e  geographicas,  como  se  vae  ver  no  capitulo  seguinte. — Uuico  re- 
curso para  poderem  ser  sapprídas. 

Incumbido  do  estudo  das  aotiguidadee  de  toda  a  região  geogn- 
phioa  do  território  nacional,  comprehendida  entre  a  raia  meridional 
do  Oceano  e  a  linha  serrana  que  de  oeste  para  leste  liga  o  Ãlgan'e 
ao  Alemtejo,  entendi  dever  dividi-las  em  prehUUiricas  e  históricas. 
jyeste  modo  elaborei  duas  -cartas  arcbeologicas  para  com  m^or,  cla- 
reza poder  separá-las,  e  especialmente  representar  cada  um  d'e8ses 
grupos  ordenados  em  épocas  distinctas. 

A  carta  paleoethnologica,  indicando  as  antiguidades  prebistoricas 
que  descobri  naquelle  território,  acompanba  o  primeiro  volume  d'e8ta 
obra  e  rege  todos  os  critérios  archeologieos  descritos  até  o  fim  do 
quarto  volume. 

A  carta  archeologica  que  precede  o  primeiro  capitulo  d'e8te  livro, 
symboliza  os  critérios  da  transição  dos  tempos  prebistorícos,  e  sen'e 
para  indicar  as  épocas  e  os  géneros  das  antiguidades  bistoricas,  que 
descobri  em  todo  o  Algarve  e  devo  descrever  até  o  fim  d'esta  obra, 
com  excepçSo  dos  monumentos  posteriores  á  conquista  portuguesa. 

A  transição  dos  tempos  prebistorícos  para  os  históricos  nSo  se 
deve  considerar  isochrona  e  regular  como  os  solsticios,  ou  como  outros 
pbenomenos  periódicos,  determinados  pelas  leis  geraes  da  gravitação 
universal;  foi,  pelo  contrario,  geralmente  eíFectuada  nas  diversas  re- 
giSes  do  globo  em  vários  tempos,  e,  relativamente  a  algnmas  naçSes, 


byGOí>^^IC 


o  Abcheoloqo  Foktoguês 


com  a  differença  de  muitos  seculoa,  do  mesmo  modo  que  succeâeu 
cora  as  idades  que  a  precederam. 

A  transição  oa  passagem  de  uns  para  outros  tempos  nSo  se  operou 
tão  rapidamente  como  pretendem  os  theorístas  de  umas  nàgraçUes, 
não  demonstradas,  que  só  transitaram  pelos  dominios  da  sua  exaltada 
fantasia.  O  exemplo  d'esta  asserção  fomecem-no  as  invasSes  dos  tem- 
pos históricos,  as  quaes,  ainda  mesmo  implantando  logo  no  paJs  con- 
quistado os  seus  característicos  usuaes,  nunca  puderam,  todavia,  re- 
pentinamente destruir  os  da  individualidade  da  nação  subjugada. 

A  transição  da  umas  para  outras  idades,  de  uns  para  outros  tem- 
pos, efifectuou-ee  sempre  mui  lentamente,  até  ficarem  definitivamente 
estabelecidos  sobre  os  característicos  de  uma  época  os  que  passaram 
a  predominar  e  a  constituir  a  feiçSo  da  que  lhe  succedeu. 

Nos  próprios  paises  que  mais  correctamente  manifestam  a  seríe 
das  épocas  que  nelles  ficaram  assinaladas  por  característicos  especiaes 
das  civilizações  que  se  foram  ordinalmente  succedendo,  não  ha,  ou 
pelo  meuoB  não  se  pôde  achar,  um  documento  que  determine  o  fim  de 
nma  época  ou  idade,  e  o  começo  da  que  se  lhe  seguiu. 

É  o  caso  que  se  dá  com  referencia  á  zona  do  Algarve,  onde  mui 
nitidamente  ae  observa  a  passagem  lenta  de  umas  para  outras  idades, 
figurando  sempre  na  mais  moderna  a  maioria  dos  característicos  da 
anterior,  e  nunca  a  substituição  radical  e  completa,  como  devera  suc- 
ceder,  se  uma  invasão  estrangeira,  ali  chegada,  tivesse  achado  de- 
serto o  território,  ou  conseguisse  e:sterminar  os  seus  habitantes;  e,  por 
isso,  a  differença  dos  característicos  que  determinaram  as  épocas  só 
é  licito  attribuir-se,  não  ás  migrações  estrangeiras,  que  não  deixaram 
vestígios  reconhecíveis,  mas  apenas  á  natural  evolução  da  continui- 
dade do  progresso  indígena. 

Com  referencia  á  Peninsnla  Hispânica  termino  eu  a  primeira  idade 
do  ferro  naquella  phase  que  precede  as  guerras  púnicas,  porque  em- 
bora um  ou  outro  texto  clássico  possa  attingí-la,  nada  nos  ensina  do 
que  é  essencial  ao  encadeamento  dos  factos  que  constituíram  a  feição 
sociológica  das  populaçSes  então  existentes;  pois  somente  as  estaçSes 
arclieologicBs,  ainda  intactas  e  bem  caracterizadas,  podem  permittir 
om  mais  ou  menos  aproximado  julgamento  do  intuito  moral,  das  cren- 
ças, das  concepções  ideaes,  das  aptidões  praticas  e  de  alguns  usos 
e  costumes  d'es8es  indígenas,  que  mms  cuidaram  em  honrar  as  relí- 
quias dos  mortos,  do  que  em  perpetuar  a  memoria  dos  vivos. 

Quasi  toda  a  doutrina  que  constitue  a  escola  moderna  será  fatal- 
mente reformada,  ou  antes  substituída,  e  poucos  dos  seus  aphoi 


byGoí>^^lc 


o  ÃBCHEOLOGO  FOBTOaOÊS 

século  mais  prozimo,  fíc&rSo  de  pé.  Far&  a  sciencia  da 
erá  outras  bases,  outros  modelos  e  outro  systema;  outras 
iclosSes  referentes  a  cada  assunto;  os  textos  otassícos  e  as 

outrora  passarSo  a  observar-se  por  prismas  de  m»s  aper- 
or:  o  divorcio  entre  a  luBtoría  e  a  fabula  é  iaeTÍtavel. 
assim  o  determina.  Houve,  com  effeito,  a  partir  de  uma 
dSo  ultrapassa  a  primeira  idade  do  ferro,  alguns  povos, 
succede  actualmente  em  todo  o  mundo,  que  puderam  dis- 

adeantar-se  mais  do  que  outros;  o  que  deve  ter  sido  de- 
)or  diversas  causas,  que  hoje  nSo  é  possivel  averiguar, 
seja  verosímil  entender-se  que  uma  das  mais  poderosas 
nuo  emprego  do  ferro  nas  construcçÕes  e  nos  instrumentos 

idades,  hoje  arrasadas,  floresceram  nesses  tempos  na  Ásia; 
1  devera  tê-las  tido  a  Kuropa,  sendo  habitada  por  gente 
aças  superiores,  como  o  estão  indicando  vastas  necropoles, 
riamente  devem  ter  pertencido  a  grandes  centros  de  popu- 
s  d'esses  centros  povoados  teve  também  a  Hispanha  desde 
de  da  pedra  até  á  idade  do  bronze,  como  o  testificam  as 
ultimamente  effectuadas  pelos  Srs.  Siret  entre  Carthagena 
>  não  faltam  no  território  português  largos  vestigios  de  arra- 
is de  habitação,  mas  que'nunea  ninguém  explorou  até  esta 
d'isto,  sabido  é  que  as  invasões  históricas  foram  succcssi- 
nsformando  as  terras  conquistadas  á  feição  dos  seus  usos 
quando  nito  preferiam  destrui-las  com  o  incêndio  ou  o  arra- 
passo  que  os  terramotos,  as  inundaçSes  e  outros  diversos 
jraes,  a  agricultura,  os  trabalhos  públicos,  grandemente 
I  para  a  completa  ruina  de  numerosos  recintos  de  habita- 
e  datas  poderiam  remontar  as  origens  das  cidades  que  os 
25  achariam  na  peninsicla  hispânica,  cidades  cujos  nomes 
05  deturpados  principiam  a  resurgir  do  esquecimento  desde 
a  romana  apontou  a  este  rumo  a  sua  desenfreada  rapina? 
igem  mais  antiga  as  da  Ásia?  Quem  o  affirmar,  precisa 
ite  demonstrA-to. 

tores  da  antiguidade  hellenica  e  latjna,  tendo  tSo  copiosa- 
lo  do  Oriente,  pouco  todavia  quiseram  occupar-se  da  En- 
s  destacadamente,  ou  a  largos  espaços,  nos  deixam  de 
guando  lobrigar,  por  entre  os  frouxos  lampejos  de  uma  luz 
Qortecida,  uns  taes  ou  quaes  restos  de  umas  antigas  civi- 
Dpeias,  já  então  apenas  vagamente  indicadas  pelas  tradi- 
ontar  das  guerras  púnicas,  mas  principalmente  do  primeiro 


byGoí>^^lc 


o  AkCHBOLOQO  FOBTnGUÉB  11 

século  em  deaute,  que  começam  a  qaerer  delimitar  as  cÍrcunscríQ5es 
topograpliicaB  de  uumerosos  povos,  que  dístíngaem  sob  diversas  desí- 
gnaQSes  ethuicas.  Com  taes  desigoaçSea  coasegnem  porém  na  graude 
maioria  dos  casos,  nZo  esclarecer  as  verdadeiras  origens  das  popula- 
ções, porqae  tudo  isso  já  escapava  ao  alcance  dos  seus  recursos,  mas 
apenas  fundar  um  labynntho  de  tal  arte  inextricável,  que  nelle  sempre 
se  acharam  enredados  os  mais  atilados  entendimentos.  Estrabão  e  Plí- 
nio sio,  por  assim  dizer,  os  compiladores  de  tudo  qnaoto  até  es  seos 
dias  se  havia  escrito  e  corria  por  tradiçSo,  e  ao  mesmo  tempo  os  propa- 
gadores mais  conspícuos  da  vasta  sciencia  que  tínham  adquirido.  Am- 
bos se  occnparam  de  moitas  particularidades  respectivas  á  península 
hispânica,  onde  Plinio  durante  quatro  annos  exerceu  am  logar  de  auto- 
ridade superior  {procurator  Caesarig)  desde  o  anuo  69  até  o  73,  em  que 
regressou  a  Roma.  Pomponio  Mela,  emfim,  que  tinha  nascido  na  Be- 
tica,  passa  por  ter  sido  o  m^s  exacto  geographo  com  respeito  ás  cousas 
da  sua  pátria,  e  comtudo  muito  deixa  a  desejar. 

£u  tenho  á  vista  as  obras  d'eBtes  autores,  mas  nenhuma  d'ellas, 
nem  o  seu  conjunto,  me  pennitte  poder  esboçar  om  quadro  geral  das 
populações  luso-hispanicas,  das  suas  cidades,  dos  seus  usos  e  costumee, 
das  suas  crenças,  do  seu  estado  politico  e  administrativo,  das  suas  al- 
lianças,  do  grau  da  sua  cultura,  ou  finalmente  da  feição  geral  da  sua 
civilização. 

Nota-se  mesmo  a  certos  respeitos  uma  singular  discordância  entre 
estes  mui  conceituados  escritores,  tendo  ellee  vivido  no  mesmo  aeculo 
e  devendo  melhor  do  que  outros  ter  mais  perfeito  conhecimento  da 
Hispânia. 

Cabe  porém  a  EetrabSo  o  particular  mérito  de  haver  sido  um  tanto 
mus  noticioso,  principalmente  com  referencia  á  Bética,  embora  pareça 
nfto  ter  visto  .o  que  descreve  sob  o  testemunho  de  Artemidoro,  Possi- 
donio  e  Polybio,       ' 

Estrabáo  confunde  porém  o  promontório  Cunev»  com  o  Sacnan, 
dizendo  que  com  o  nome  de  Cuneus  era  designada  a  região  meridional 
entre  Sacrum  e  o  rio  Àuas.  Fazendo  ponto  de  partida  do  Sacrtan  pela 
costa  Occidental  até  o  Tejo  e  pela  costa  do  sul  até  a  foz  do  Guadiana, 
entre  estas  linhas  designa  uma  população  de  Cdtici,  pela  maior  parte, 
com  algumas  írí6««  luníanicas,  que  pouco  anieí  o»  Romanos  para  ali 
tinham  transportado  das  margens  do  T^o;  mas  Pomponio  Mela,  na- 
tural da  Bética,  descreve  de  um  modo  mais  nítido  a  região  meridional. 

■A  Lusitânia,  diz  Mela  (Líb.  III,  l),  começa  alem  do  rio  Anãs, 
forma  primeiro  uma  grande  saliência  no  Mar  Atlântico,  que  depois  se 
retrae  e  corre  no  rumo  oriental,   ultrapassando  a  Bética.  Nesta  sa- 


byGOí>^^IC 


12  O  ASCHEOLOOO  POKTUGUÊS 

tiencia  aebam-se  três  promontórios  e  dois  golfos.  O  promontório  vi- 
zinho do  rio  Anaa  chama-se  Cuneug  Ãger,  porque,  avançando  da  terra 
com  larga  base,  alonga-ac  e  vae  eelreitando  em  fónna  de  cunha;  o  se- 
gundo cbama-se  Promontorw  Sagrado,  e  o  terceiro  Grande  Promon- 
tório. No  primeiro  estSo  Myrtili,  Balsa,  Ossonoba;  no  segundo  Laco- 
*— '""  e  o  Porto  de  Annibal;  no  terceiro  Eborai*. 

línio  confirma  a  existência  dos  Lusitanos  na  região  comprebendida 
o  promontório  Sacro  e  o  Rio  Ana,  assim  como  indica  ali  três 
idades  designadas  por  Mela,  dizendo:  lAb  Ana  ad  Sacrum  Ln- 
. .  oppida:  Ossonoba,  Balsa,  Myrtilis»*.  Nessa  regiSo  designa  os 
iromontorios:  tpronwntorium  Sacrum  et  alterum  Cuneus»,  e  neste 
!  as  cidades  acima  referidas;  nada  nos  diz  porém  de  Lacobriga 
tus  Hannibalis,  de  que  falia  Pomponio  Mela,  talvez  por  não  exís- 
já  na  data  em  que  compôs  a  sua  Naturalig  Hiatoi-ia. 
ste  insigne  naturalista,  historiador  e  geographo,  parece  nXo  ter 
?gado  o  termo  Cdtici  como  designativo  etbnico  de  uma  determi- 
raça,  mas  antes  como  prenome  genérico,  qne  precedia  e  acompa- 
t  a  denominação  de  cada  povo  ou  cidade;  pois  aponta  com  o  nome 
Iticat  algumas  populações  de  nomes  diversos,  como  por  exemplo: 
icí  cognomine  Nertae,  e  Cdtici  cognomine  Presamarcit^.  E  por- 
ra nesta  aeeepção  que  o  sábio  indagador  refere  no  livro  terceiro 
10),  <qne  os  Célticos  vindos  da  Lusitânia  sSo  um  ramo  dos  Cel- 
is;  o  que  se  manifesta  por  seus  ritos  religiosos,  pela  língua,  pelos 
i  das  cidades,  que  sSo  os  mesmos  na  Bética,  excepto  nos  sobre- 
í:  Celticiie  a  Celtiberis  ex  Lusitânia  advenisse  manlfetUim  est;  sa~ 
ingua,  oppidonim  vocahuli»,  quae  cognominibus  in  Baetíca  distín- 

•  este  é  o  sentido  que  Plinio  ligou  ao  termo  Celtici,  oulro  n3o 
;alvez  o  que  EstrabSo  quis  significar,  dando  o  mesmo  nome  aos 
existentes  entre  as  linhas  que  do  cabo  de  S.  Vicente  seguiam 
■a,  do  sul  até  a  foz  do  Guadiana,  e  pela  cosfa  de  oeste  até  o  Tejo. 


At  Luait&nia  traos  Anain,  qua  mAre  Atlanticum  spectat,  prtmQtu  ingenti 
I  in  altum  abit:  demde  rceistet,  ac  Be  magis  etiam  quam  BoetícH  abducit. 
rominet,  bis  in  semet  recepta  mari,  in  tritt  promonturia  dispergttur.  Anae 
.nm,  quia  lata  sede  procurrens,  paulatim  se  ac  bua  latera  fastigat,  Cnoeus 
jicitur:  scquens  Sacrum  vocant;  Magnum,  quod  ulterius  est.  In  Cuneo 
[yrtili,  Balsa,  Ossonoba;  iu  Sacro  Lacobriga,  et  Portus  Hannibalis;  in 
Eborai. — Pomp.  Mela,  De  »itu  orbtê,  Lib.  Ill,  i). 
'lin-,  Nat.  HM.,  Lib.  IV,  ixiv,  4. 
dem.  Nat.  HͻL,  Lib.  IV,  xziiv,  3. 


byCoOglc 


o  Archeoloqo  P0RTUGUÉ8  13 

É  evidente  que  naqaella  extremidade  sul-occidental  da  península 
houve  populações  na  ultima  idade  da  pedra,  na  idade  do  cobre,  na  do 
bronze  e  na  primeira  do  ferro,  porque  tudo  isto  já  iieou  demonstrado 
1103  primeiros  quatro  livros  d'esta  obra;  mas  como  se  appellidavam 
essas  poputaçdes  em  cada  uma  das  ditas  idades?  £u  nSo  o  sei  dizer. 
Os  que  sabem  tudo,  que  o  digam.  Depois,  muito  depois  d'isto,  quando 
já  começavam  a  raiar  neste  borizonte  os  pnmeiros  crepúsculos  da  his- 
toria, mas  principalmente  quando  Phenicios,  Gregos  e  Romanos  se  suc- 
cedem  disputando  uns  aos  outros,  e  todos  aos  indígenas,  a  posse  da 
terra  peninsular,  é  por  assim  dizer  quando  o  Algarve  é  nomeado  por 
varias  designações.  É  então  que  oa  Gregos  e  os  Latinos  tomam  a  seu 
cargo  expandir  o  que  foram  apurando  acerca  d'esta  parte  da  península, 
comprehendida  entre  o  rio  Guadiana  e  o  cabo  de  S.Vicente;  mas  com 
tal  discordância  e  obscuridade,  que,  quanto  a  mim,  confesso  nSo  poder 
tirar  a  limpo  um  conceito  dígno  de  confiança.  Vários  escritores  modernos 
tentaram  designar  os  mais  antigos  povos  que  occuparam  a  regiSo  do 
Algarve ;  e  foi  Fr,  Vicente  Salgado  talvez  o  mais  escrupuloso  de  todos 
os  indagadores. 

O  P."  Salgado,  recorrendo  aos  escritores  gregos,  latinos  e  hespa- 
nhoes,  desenvolve  sobre  este  assunto  larga  enidição,  e  comtudo  mnl 
pouco  se  colhe  do  que  consegui  eu  colligir,  porque  esses  autores  nBio 
podiam  dizer-lhe  o  que  ignoravam.  Salgado,  no  cap.  v  das  Mem.  Ecdes., 
pag.  59  e  seguintes,  fatla-nos  dos  antigos  povos  Ginetas  e  Cúneos.  Eis 
aqui  o  que  refere:  «Antes  de  mostrar  o  sitio  da  Cidade  de  Ossonoba, 
que  foi  estipendiaria  no  tempo  dos  Romanos,  e  deo  título  á  antiga  Ca- 
thedral  da  nossa  Luzitania,  é  indispensável  fallar  dos  Povos  Cinétas 
e  Cúneos,  habitadores  das  suas  ribeiras,  e  margens  lithoraes.  SSo  sa- 
bidas as  prolixas  viagens  dos  Gregos  ás  Hespanhas.  Muitos  Capitães 
insignes,  acompanhados  de  diversas  gentes,  emprendião  estas  longas 
fadigas  navaes,  attrahidos  da  fama  do  commercio  das  nossas  terras. 
Alguns  homens  dos  que  compunhão  a  tripulação  dos  navios,  ou  galeras, 
c  que  erito  naturaes  da  Arábia,  ãcarão  povoando  as  costas  marítimas 
do  Algarve,  já  com  permissão  dos  seus  mandantes,  e  já  refugiados 
entre  os  mesmos  habitantes,  aos  quaes  chamavSo  Cinétas,  e  derao  nome 
ás  margens  lithoraes  desde  o  Bétis,  ou  Guadalquivir  até  ao  Sacro  Pro- 
montório, que  também  foi  chamado  naqueUes  dias  Cabo  dos  Cynétag*. 
Acrescenta  que  Polybio  falia  muitas  vezes  de  imia  cidade  com  o  nome 
de  Cyaètas,  situada  na  Ibéria,  cujos  povos  se  chamaram  Cynéthenses, 
mas  que  Heródoto  faz  dístiucção  entre  Cynétas  e  Cynésios;  e  que  o  rio 
Ana  passava  por  meio  d'esta  região  dos  Cynétas,  cujos  povos  foram 
depois  numerados  entre  os  Turditanos.  Note-se  porém  que  Salgado  diz 


byGoí>^^lc 


14  O  Abcheolooo  Pobtuqués 

qoe  Títa  Lívio,  seguindo  a  Poljbio,  j&  H  como  destruída  a  região  dos 
Cynétas.  Explica  porém  do  modo  seguinte  essa  deatruiçSo:  fÃcabada 
a  guerra  Púnica,  e  lançados  fórs  oe  Karthaginezes  por  P.  Cometio 
ScipiSo,  M.  Porcio  CatSo,  sahindo  da  Heapanha  cíteríor  desceo  á  Luzi- 
tania  na  ulterior  (como  se  lê  em  Polybio,  citado  por  Plutarco),  devas- 
tando os  logares  lithoraes,  onde  moravSo  os  antigos  Cynétas,  em  cujos 
limites  descreve  Pomponio  Mela  o  Promontório,  ou  Cabo  Ciíneo,  que 
tunbem  deo  nome  aos  Povos  seus  habitadores*. 

Do  que  diz  Salgado,  fundado  nos  textos  dos  autores  que  cita,  in- 
ue  gente  marítima  da  Arábia,  acompanhando  as  expediçBes 
iosta  merídionat  da  península  luao-hispana,  povoou  a  raia  ms- 
Algarve,  deu  aos  n&turaes  o  nome  de  Cynétas,  nome  com 
)m  designou  aquella  regiSo  até  o  Cabo  de  S.Vicente,  ao  qual 
?sbo  dos  Cjnétas;  que  anteriormente  ao  tempo  de  Polybio 
iido  devastada  a  regiSo  dos  Cynétas  por  M.  Porcio  Catão, 
indo  da  Hespanhs  Citerior,  logo  que  ScipiSo  expulsou  os  Car- 
),  desceu  á  Lusitânia,  na  Ulterior,  devastando  oa  logares  li- 
de moravam  os  antigos  Cynétas;  que  nos  limites  dos  Cynétas 
Pomponio  Alela  o  Promontório,  ou  Cabo  Cúneo,  que  também 
aos  seus  habitadores. 

'omponio  Mela,  fallando  do  território  do  actual  Algarve,  apre- 
ividido  em  Promontório  Ciineo  e  Promontório  Sacro  e  desi- 
lades  ou  populações  que  ainda  existiam  naquella  regiSo;  mas 
ínativos  primitivos  d'essas  cidades  ou  populaçSes  é  que  elle 
t,  apesar  de  que  entre  ellcs  alguns  ba  que  não  parecem  alati- 
its  oriundos  de  uma  linguagem  local. 

eipressa-se  nestes  termos  (De  sttu  orbis,  \.  IIi,  c.  l):  tAnae 
I,  quia  lata  sede  procuirens,  paulatim  se  ac  sua  latera  fastigat, 
çer  dicitur:  aequens,  Sacrum  vocant:. .  In  Cuneo  sunt,  Mjr- 
1,  Ossonoba:  in  Sacro  Lacobriga,  et  Portus  Hannibalisv. 
s  portanto  passar  a  uma  época  propriamente  histórica,  dei- 
historia  das  velhas  popuIaçESes  dVste  território  uma  infinidade 
s,  qne  só  as  sciencias  arcbeologicas,  nos  seus  futuros  descn- 
os,  poderão  ir  preenchendo. 

.  precisaremos  ter  sempre  á  vista  as  duas  cartas  arcbeologicas 
je,  a  dos  tempos  paleoethnologicos  e  a  dos  tempos  históricos, 
se  poder  perceber  quaes  foram  os  logares  de  habitação  pre- 
que  continuaram  a  ser  occupados  até  os  diversos  domínios 
que  precedem  a  instituição  politica  da  nação  portuguesa.  Será 
iunto  do  seguinte  capitulo. 

EsTACio  DA  Veiga. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  Pobtugdês 


Museu  de  Braga 

(Projecto) 

£  com  toda  a-B&tÍB&çaâ  que  ío  reproduz  o  Begrúnte  artigo,  devido  &  puma 
do  devotado  arclieologv,  e  nosso  prendo  conaborador,  o  Sr.  Albano  Bellino, 
qne  atd  advoga  a  funda^Ko  de  am  mosea  em  Braga,  ha  mnito  reclamado,  pois 
Doal  pôde  comprebender^ee  que  ama  cidade  que  é  capital  do  Hinlio,  e  qae  dentro 
de  seoB  mniM  alberga  tantos  monumentos  archeologioos,  nSo  poesna  ainda  om, 
estabelecimento  scientiitoo  d'aqnella  espécie.  Cf.  o  qne  sobre  o  aesonto  jà  se 
escreveu  a-0  Ãreh.  Port.,  viii,  298. 

J.  L.   DE  V. 

Sob  a  epigraphe  «O  abastecimento  das  aguas  e  a  remoção  da  ca- 
deia dVsta  cidade»,  pnblica  eete  jornal,  rfo  seu  numero  de  17  do  cor- 
rente, mn  curioso  artigo  da  lavra  do  conhecido  antiquário  bracarense 
o  Sr.  Jo2o  Ferreira  Torres,  no  qual  mais  uma  vez  se  faz  ver  á  illustre 
vereaçSo  a  conveniência  de  ser  aproveitado  o  castello  da  cidade  para 
netie  se  iastallar  o  mnsen  archeologíco  ha  tanto  reclamado. 

Óptima  lembrança  que  nSo  deve  ser  descurada  por  mais  tempo, 
pois  desde  1902,  em  que  a  Catoara  da  presidência  do  Sr.  Dr.  Júlio 
Sequeira  a  apresentou  numa  das  suas  sessSes  e  este  jornal  defendeu 
nnm  bem  elaborado  artigo,  nunca  mais  se  voltou  a  falar  em  semelhante 
melhoramento  que  tanta  honra  e  proveito  daria  a  Braga! 

O  castello  da  cidade,  como  monumento  de  arte  militar  antiga,  per- 
tence á  terceira  classe  dos  monumentos  nacíonaes,  não  podendo  por- 
tanto a  vereaçSo  dispor  d'elle  quando  procure,  como  geralmente  se 
deseja,  remover  o  ediScio  da  cadeia  e  alienar  o  respectivo  terreno. 

K  forçoso  conservar  ali  aquella  reliquia  da  historia  de  Braga;  e  a 
applicação  relembrada  pelo  Sr.  Ferreira  Torres  é  duplamente  vanta- 
josa: concorre  para  a  sua  restauração  e  para  o  aproveitamento  de 
tantas  outras  preciosidades  d'este  importante  Convento  Juridico  da 
província  Tarraconense  romana. 

A  torre  de  menagem  deve  ficar  isolada  doa  prédios  a  construir  no 
terreno  que  actualmente  ocoupa  o  edificio  da  cadeia,  e  a  parte  onde  se 
estabeleceu  a  guarda  será  destinada,  depois  dos  convenientes  reparos, 
á  communicaçXo  com  o  recinto  vedado. 

Honra  a  edilidade  de  Braga  o  Sr.  Vasco  Jacome  de  Sousa  Pereira 
de  Vasconcellos,  caracter  nobilíssimo,  que,  a  exemplo  dos  seus  ante- 
passados, maxime  André  Jacome  de  Sonsa,  citado  pelo  Contador  de 
Argote  no  primeiro  quartel  do  sec.  sviu,  tem  dado  sobejas  provas  de 
amor  aos  monumentos  antigos,  pondo  a  bom  resguardo,  junto  da  sua 
casa,  preciosas  inscripçSes  lapidares  descobertas  em  terreno  seu. 


byCoO^^lc 


o  ÂnCHEOLOOO  PORTOOUÉS 

Lsta  para  qne  tenhamos  confiança  no  enthasiasmo  com  que 
Lvogará  a  causa  da  fundação  de  um  museu,  quando  os  seus 
isso  se  disponham,  votando  um  subsidio  pecuniário  para  as 
la  installaçâo. 

latamente  desnecessário  encarecer  as  vantagens  doa  museus 
!,  verdadeiras  escolas  praticas  onde  se  aprende  a  amar  o 
onde  se  estuda  arte  antiga  nos  vestígios  que  nos  ficaram  do 
de  outros  que  aqui  lhe  succederam.  Alem  d'is80  o  nosso 
exame  directo  doa  objectos  expostos,  adquire  conhecimeotos 
m  acerca  do  valor  de  muitos  d'elles  que  vXo  desapparecendo. 
■tem  emquanto  é  tempo  e  convençam-se  de  que  já  hoje  nSo 

Albano  Beluno. 

rcio  do  Minho,  34  de  Fevereiro  da  1005). 


Antiguidades  de  Vianna  do  Alemtejo 

{ConHaaa^Hn.yiii.  o  ÁTCh,  Fort.,  IX,  ail] 

4.  Antiguidade  do  cemitério 

^mos  por  fim  a  questão  da  antiguidade  d'estG  cemitério. 
ipojos  inventariados  são  pobres  e  escassos.  Nenhum  metal 
lenhuma  obra  de  arte,  quer  de  bronze,  quer  de  cerâmica, 
ilro;  nenhum  vestigio  nem  indicio  de  abastança.  Rudes  indi- 
iriam  ser  os  inhumados,  Íncolas  que  comvizinhavam  a  Ebora, 
m  LíberalitoB  JuUa  (Hubncr,  Corp.  Insc.  Lat.,  II,  1 14)  a  cuja 
se  tinham  decerto  abandonado  havia  séculos, 
e  o  que  acabo  de  descrever,  vejamos  quacs  os  elementos  so- 
)sso  basear  algumas  consideraçSes  de  alcance  chronologico. 
»  de  um  factor  de  clara  significação,  toda  a  duvida  versa 
rtensão  do  periodo  de  tempo  subsequente  á  época  marcada 
a  da  sepultura  n."  1  (Arck.  Port.,  ix,  284).  Esse  pequeno 
de  Constâncio  II  (sec.  iv,  323  a  361).  E  coUocados  neste 
turalmente  o  que  nos  importa  saber  é  se  as  sepulturas  são 
cbristSs  *.  E  ciara  a  relação  que  esta  qualidade  tem  com  a 


:C.  III  j&  Imvia  igrejas  cliristís  na  Lnsitauia.  No  eec.  iv  ce)ebrou-sc 
le  Tlliberrls,  onda  eativeram  bispos  de  Eoierita,  Ossoiioba,  Ebora. 
o  e  no  T,  j&  floreBcium  á  eombra  do  cbristianismo  iiomena  como  S.  Da- 
o,  Orosio  (Sur  les  fíeltgiom,  par  J.  Leiíc  de  VaBCODcellos,  psg.  8, 
^eal  Aecvlemia  de  la  HUloria,  1903,  pag.  132).  D'este  eeculo  nos  res- 
ihes  cbrÍBtSa  em  Mcrtoia. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AUCHEOLOQO  POHTDQDÊS  17 

chroQologia  das  sepulturas.  NSo  podem  estas  ser  muito  mtús  modernas 
que  o  sec.  iv<  se  sSo  pagSs;  pelo  contrario,  podemos  distanciá-las 
d'aqueUa  era,  se  deverem  ser  consideradas  chrtstZs. 

A  presença  de  moedas  tinha  para  Estacio  da  Veiga  significaçSo 
restrictiva;  nas  sepulturas  uSo  se  collooaria  senão  o  numísma  de  um 
imperador  reinante  (Antíguidadet  de  Mafra,  pag.  33).  Parece-me  exa- 
gerada esta  opinião  e  difiicil  de  fundamentar.  Em  sepulturas  barbaras 
do  sec.  V  e  posteriores  é,  sem  duvida,  errónea'.  Logo  veremos  que 
esta  crença  deu  logar  em  Estacio  da  Veiga  a  uma  inexacta  attribuiçSo. 
Mas,  no  caso  de  que  trato,  tem  somenos  importância  ser  ou  nSo  ser 
anterior  a  361  da  era  de  C.  a  sepultura  em  que  o  pequeno  bronze 
d'este  imperador  appareceu. 

O  que  nâo  pode  deixar  de  se  acceitar  é  que  o  pequeno  bronze  do 
sec.  IV  indica  nm  limite  primário  á  antiguidade  da  sepultura  e  uma 
época  genérica  ao  cemitério.  A  balisa  opposta  vae  procurar-se  em  outra 
ordem  de  oonsíderaçSes. 

Uegistada  esta  elementar  conclusSo,  vejamos,  quanto  aos  tempos 
posteriores  ao  sec.  iv,  se  é  possivel  delimitar  o  periodo  a  que  per- 
tencem as  sepulturas  exploradas. 

A  primeira  caracteristica  que  as  sepulturas  apresentam,  é  terem 
planta  rectangular,  on  em  fórma  de  parallelogrammo,  isto  é,  os  quatro 
lados  parallelos  entre  si. 

Esta  circunstancia  é  importante.  A  forma  trapezoidal  é  apresen- 
tada pelos  investigadores  como  de  uso  mais  recente  que  a  rectangular. 
Em  Portugal  nSo  ha  ainda  estudos  publicados,  em  que  se  tenha  dado 
couta  acertada  da  época  em  que  a  sepultura  trapezoidal  começou  a  ser 
empregada*. 


'  Evidentemente  o  cemitério  procede  ainda  de  épocas  mais  antigas:  inas 
aqui  tratn-se  tipenaa  da  parte  qne  (òí  explorada.  Seria  insensato  pretender  de- 
monstrar qoe  neuhnma  inhumaçito  podia  ali  ser  anterior  a  Coastancio  II. 

*  Bastaria  para  o  provar  o  eapolio  do  tumulo  de  Childcrico  (Vid.  Le  toitAtau 
■de  Childéric,  peto  P."  Cochet,  pag.  417  a  429,  e  Le-Blaot,  Irucriplicm*  chrélicnna 
de  ta  Gaule,  a."  339).  Este  antor  diz  claramente  que,  tendo  as  moedas  romanas 
corrido  damnte  longo  tempo,  dSo  se  podem  considerar  como  meio  de  datar  aa 
sepulturas. 

'  Isto  é  devido  a  iosnfficiencia  de  observaçSes  minuciosas,  e  i  falta  de  vnl* 
gariíaçSo  de  alguns  trabalhos  que,  especialmente  em  Franya,  se  tem  publicado 
acerca  de  sepulturas  medievaes,  o  por  isso  creio  qne  n3o  poucas  attribniçSei 
de  época  Tooiaaa  a  sepulturas  e  a  cemitérios  bárbaros  se  tem  feito  entre  nós. 
A  errada  identificação  da  telha  de  rebordo  em  especial  tem  causado,  a  men 
ver,  algumas  erradas  clasúficaçOes.  Em  Portugal,  a  attribniçSo  clássica  das  se- 


byGOí>^^IC 


18  O  AkCHEOLOGO  POKTUGlIÉa 

Kão  obstante  de  uma  maneira  genérica  e  guiando-nos  pela  evolução 
que  na  Gallta  acompanhou  este  phenomeno,  pôde  dizer-se  que  a  sepul- 
tura trapezoidal  não  é  pagã  on  da  época  romana,  mas  medieval,  e  que 
«  sepultura  rectangular  é  premedieval  e  quasi  sempre  pagS  *. 

Em  um  cemitério  mjrtilense  caracterizado  por  epigraplies  clirístS»; 
do  sec.  V  a  vu,  as  sepulturas  eram  trapezoidaes  {Memoria»  ãat  Atiti- 
guidadea  de  Aíertola,  por  £stacio  da  Veiga,  paga.  119  e  120).  Temos 
pois:  idade  media  O  cbristiauismo  O  sepulturas  trapezoidaes. 


pultarâB  e  raioas  onde  aflora  a  Ugvla,  tem  sido  nina  qnaai  ídiosTiicraaia  dos 
nosBos  exploradores!  Toda  a  Itgida  ha  de  ser  como  am  rotulo  iadiscutivel  da 
antigaidade  romana...  Em  França  é  hoje  possível,  couBoaute  a  dispoeijão  on 
OB  achados  de  um  cemitério,  saber  se  a  povoa^çSo  data  do  v,  do  vi,  do  th  oq  do 
Tnisecnlo  (Opnjr''^i'^'^AAjJ,  de  fVanM,  1887,  pag.  144  sqq.).  Paula  e  Oliveira (^nít{. 
prihtsl.  et  ront.  du  eui^iront  de  Caseaft  in  Commun.  á  Com.  dot  trabalho» geolot/itOÉ, 
II,  pag.  85  aqq.)  relata  a  eiploriíção  de  varias  necropolee  cumvizinhas  de  Caa- 
caes,  e  claaaifica-aa  da  época  romana  do  eec.  ii  a.  C.  Parecem-me  bem  poate- 
riores,  medievaea  e  christSa.  Assim ;  as  de  Manique  de  Baixo,  que  b3o  orientadas 
e  trapezoides ;  as  de  Aleoulão,  idênticas  em  fónua  e  orientação,  onde,  para  maia, 
ama  lapide  romana  foi  utilizada  na  cabeceira,  nesta  um  dos  aneia  de  bronze 
tem  DO  sinete  ama  serie  de  SSSSS,  a  qual  deve  ser  considerada  como  prova  de 
iadustrianSo romana;  ( Barrière- Flavy,  £tiw!e  lur  íe«  lipuUaret  borbarcj,  pag.57); 
as  da  Aingarda,  com  a  mesma  iiirma,  e  que  deram,  alem  de  outro  espolio,  um 
anel  com  twatUka,  sinal,  nestas  sepultaras,  da  época  visigótica  (B.-Flavj,  Étude 
sur  lei  tépvUurea  barbareê,  pag.  78  e  108;  Le  BUnt,  pi.  10;  Sev.  archeol.,  lu, 
pag.  86) ;  nada  d'isto  é  romano,  mas  posterior.  Estacio  da  Veiga  considera  rO' 
manas  ornas  sepulturas  trapaoidat*  de  Mafra,  e  ama  do  sec.  i ;  o  que  julgo  ine- 
xacto. Fiel  á  sua  convicção,  baaeon-se  em  que  uma  das  moedas  era  de  Tibério, 
outra  de  Theodosio.  O  espolio  tanto  permitte  que  se  considerem  romanas,  como 
medievacs ;  não  assim  a  lorma  da  cavidade.  8Ío  da  época  barbara  ou  germânica. 
Em  todo  o  caso  aia  deram  nenhum  symbolo  chriatSo  (Antiguidade»  de  Mafra, 
pag.  84).  No  Museu  de  QnimarSea  ha  uma  pia  de  pedra,  mnmifòrme,  que  tem  no 
topo  gravada  a  swaatika;  é  de  Urgeiea  e  consequentemente  christã  e  de  tempoa 
tardos  da  meia-idade. 

'  Na  maior  parte  de  descrípçSes  de  sepulturas  e  eeroiterioa,  os  nossos  acha- 
dores  esqnecem-se  de  nos  dizer  se  a  Kima  encontrada  é  trapezoidal  ou  rectan- 
gular. É  uma  &lta.  Outras  vezes  s  deficiência  de  achados  ou  a  ambiguidade 
d'eBtea  obstam  a  uma  aprecíaç&o.  Digo  que  a  sepultura  rectangular  é  quaai 
sempre  pagS,  parque  as  sepulturas  chríst&s  da  península,  anteriores  ao  sec.  v. 
íito  £,  aos  bárbaros,  deviam  reproduzir  o  typo  romano  qne  era  o  rectangular 
Em  Boshí  {hueript.  eÁrUt.  w.  Romat)  nfio  encontrei  nenhuma  mençSo  de  septil- 
tnra  trapezoidal.  Também  das  palaTras  de  Hor.  Marncehi  sSo  me  parece  dedn- 
sir-se  senSo  que  eram  rectangulues,  como  u  dos  romanos  (EUmext*  d'anAét>L 
tkrit.,  pag.  325  e  336).  Mas  onde  foram  j&  identificadas  sepultaras  d'esta  epoe» 
em  Portugal? 


byCoOglc 


o  ÃBCHBOLOOO  FosTCGnâs  19 

Em  Peua&el  ha  umas  sepulturas  rupestres '  em  forma  de  mumia, 
isto  é,  cum  um  nicho  ou  abside  para  a  cabeça  do  inhumado,  as  quaea 
são  trapezoidaes.  Ninguém  dirá  que  são  obra  romana;  silo  posteriores 
e  não  pouco.  Como  estas  ha  muitas  {Arck.  Port.,  i,  15)  em.Fortugal. 

Em  Alviúazere  temos  também  sepulturas  em  forma  de  trapézio, 
medievaes  é  christãs  {Arck.  PoH.,  iv,  81)', 

Em  Valdevez  havia  uma  inteira  necropole  medieval,  bem  identifi- 
cada, com  sepulturas  trapezoidaes  {Areh.  Port.,  vu,  92). 

Em  Hesp&nha  temos,  do  sec.  v  a  vii,  sepulturas  trapezoidaes  {Bo- 
letin  da  Beca  Academia  àe  la  Historia,  1902,  pag.  514),  e  da  época 
romana,  rectangulares  [Ibid.,  1807,  pag.  470). 

Podendo  legitimamente  servír-me  dos  estudos  feitos  em  território 
da  G-allia  antiga,  onde  a  attençâo  dos  investigadores  tem  sido  sohci- 
tada  neste  sentido  pelos  achados  feitos  ou  estudados  desde  o  segundo 
quartel  do  sec.  XIX  em  sepulturas  da  época  franca  e  visigótica,  re- 
ferir-me-hei  in  primia  ao  que  diz  Caumont.  Segundo  este  pattiaroba 
da  archeologia  &ancesa,  os  sarcophagús  rectangulares  são  mais  anti- 
gas que  OB  trapezoídes;  estes  appareceram  no  sec.  v  (Caumont,  VI, 
pag.  232)  e  as  sepulturas  não  apparentes  seguiram  a  mesma  evoluQão 
(Ibid.,  pag.  258),  mas  sem  desapparecerem  as  rectangulares  {Ihid., 


*  Chamo  sepoltunu  rapeatres  ia  qne  b&o  abertas  em  rocha  dura  (granito 
ou  ontriis)  e  em  logar  appareote.  Dkem  alguua  pesquisadores  qne  determiaadaj 
sepulturas  b3o  abertas  na  rocha,  BÍmplesmeiíte  porqae  as  fossas  foram  escavadas 
no  saibro  ou  na  manie;  mas  estas  não  s3o  apparentes,  e  por  isso  nSo  aSo  arcbeo- 
logieamente  sepultaras  em  rocha,  embora  mineTalogicameiíte  aqnillo  também  s^a 
ama  rocha. 

1  Na  necropole  explorada  pelo  Sr.  Dr.  Santos  Rocha  em  Marateca  havia  fos- 
sas trapezoídes  no  fundo,  rectangulares  sapcriormente.  O  único  espolio  capaz  de 
aprecisçilo  é  um  vaso,  e,  salvo  melhor  jnizo,  algumas  das  formas  romanas  deviam 
conservar-se  na  idade  media,  ou  por  outra,  não  me  parece  fnndamento  segoio 
insnladamente  a  fdrma  doa  vasos,  pois  que  as  modificações  qne  soffirem  são  lentas 
e  gradnaeB,  e  ha  períodos  mixtos.  (Areh.  Fort.,  ii,  70,  e  Meta.  da  ant.,  pag.  218). 
A  sepultura  trapeioidal  de  Athe^,  classificada  romana,  é  para  mim  duvidosa 
{Areh.  Port.,  iii,  Tl) .  As  sepulturas  deacriptas  nas  Antiguidades  de  Mafra,  pag.  83, 
sSo  medievaes.  Uma  das  sepultaras  de  Marateca  é  um  duplo  trapézio  como  em 
Alvaiasere.  As  duas  sepulturas  (rapezoides  da  Graqja  do  Olmeiro  estavam  vio- 
ladas. A  sepultura  de  Montemór-o-Tetho  era  apenas  ligeiramente  trapezoidal; 
bSd  parece  f6rma  inteneional  {Porhiifalia,  m,  pag.  597,  e  Mem.  da  ant.,  pag.  22S). 
A  necropole  da  Fonte-Yelha  (Bemn&im)  tinha  recintos  trapezoidaes,  mas  coi- 
tos, porque  os  cadáveres  eram  inhumados  de  cócoras  {Mem.  da  ant.,  pag.  148). 
NSo  aio  certamente  as  sepultaras  d*esta  espécie  qne  eu  aqui  enamero.  Aa  a^ 
pultnras  da  Fonte>Telha  ser&o  propriamente  wtoã. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÂRCHEOLOQO  POBTOODÊS 


pag.  285);  eí>  no  sec.  x  é  que  foram  invaiiavelmente  trapezoides  {Ihid., 
pag.  312  e  204,  etc.). 

No  bò.°  Congresso  Archeologico  de  França,  reidizado  em  1888  em 
Daxe  Búona,  a  pag.  194  do  Relatório,  vem  um  Étude  eur  le»  tarco- 
phage»  gallo-romains  Je  l'Aire-8ur-l'Aãour,  por  F.  Lafond,  onde  pe 
apresenta  mais  vagamente  a  mesma  oonclusSo:  que  nestes  tempos  tran- 
sitorios  da  arte  antjga  do  lll  ao  V  século,  os  sepulcros  começam  tam- 
bém a  transformar-se  de  paralleJogrammos  em  trapezoidaes. 

Barrière-Flavy,  na  sn»  esplendida  obra  Étude  iur  les  séptdturés  bar- 
bares, diz  a  pag.  41:  tLes  oécropoles  du  Midi  sont  ordínairement  com- 
posées  de  fosses  creusées  dans  le  sol,  à  des  profondeurs  varíables  et 
dans  lesquelles  le  défunt  était  déposé  purement  et  simplemeot.  Farfois, 
une  ciusse  en  bois  renfermait  les  restes  des  gaeníers.  Les  cercueils 
ainsi  faits  (sarcophages  en  pierre)  et  remontant  aux  ciuquième.  sixiènie 
et  septième  slècles,  se  reconnaiseent  ftisément  k  Ia  largueur  des  denx 
extrémités  de  la  bière,  sensiblement  pluB  étroite  aux  pieds  qn'à  la  tête. 
II  3'e8t  rencontré  dans  rOuest,  peu  dans  le  Midi,  des  fosses  constmites 
avec  des  pierres  plates  posées  de  champ;  quelques  cimitières  ont  donné 
des  tombes  faites  de  tuiles  h  rebordsi.  (Pag.  41  e  42)*. 

Isto,  que  é  uma  synthesc,  dispensa-me  de  transcrever  as  referencias 
locaes  que  se  encontram  no  desenvolvimento  d'este  importante  estudo; 
sempre  sepulturas  trapezoidaes  onde  houve  inhumaçíles  de  germanos; 
assim,  pag.  l.-)4,  184,  185,  186,  109. 

Os  sarcophagos  do  iv  secido  são  ainda  rectangulares  e  Cocliet,  es- 
critor clássico  de  sepulcrologia  cm  França,  chama-lhes  do  transição 
(Cottgrès  arckêologíque  de  France,  1889,  LVi,  pag.  24õ). 

No  congresso  de  1892  descreve-se  um  cemitério  da  época  de  tran- 
sição em  que  as  sepulturas  eram  parallelogrammos,  e  as  moedas  do 
sec.  II  a  IV,  presumindo  Léon  Dumuijs  que  ao  lado  de  pagSos  possa 
haver  cbrístãos  inhumados  {Le  cimetière  franc  de  Briarret-íur-Etsone, 
Loirei)*. 

Que  foram  os  bárbaros  que  nos  tempos  históricos  introduziram  nos 
países  latinos  a  sepultura  em  forma  de  trapézio  como  systema  geral, 


>  NSo  vem  multo  ao  caso  o  ícato  das  generalidades  acSrca  das  sepulturas 
barbaras ;  mae  aempre  direi  que  ncUaa  se  encontrain  esqnetetos  com  braços  esten- 
didos, em  geral,  mas  também  dobrados,  de  costas,  de  bruços  e  até  de  cócoras. 

*  Podem  Ter-se  ainda  as  Mémoirt»  de  la  Soàité  d'hubnre,  d'archiolúffic  et  de 
iiltéralure,  1899,  pag.  230,  e  Annalet  de  la  SodéU  ÂnAéologiqfte  de  Aontir,  vi, 
pag.  846. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Akcheolooo  Pobtuquês  21 

parece-me  não  haver  duvida '.Temos  mais  sepulturas  d'esta  fórmano 
departamento  do  Tam  e  da  época  a  que  alguns  archeologos  Iranceses 
chamam  meroviogíca,  isto  é,  do  V  ao  vin  século*.  O  P.'  Cochet  nas 
suas  Sépultui^  gauloiaeg,  romainee,  franque»  et  normandea  refere  se- 
pulturas trapezoides  sempre  que  se  trata  de  bárbaros;  vid.  pag.  112, 
133,  170  e  435  e  a  mesma  observação  nas  inliumaç3es  de  La  Nor- 
mandie  ttmterraine ;  víd-  pag.  42,  340  e  343.  A  pag.  29  d'esta  obra 
diz:  iCcnx  (asruophages)  des  ages  suivanta  (an  siècle  iv)  au  contraíre, 
soitt  tons  plus  retrécis  auz  pieds  qu'à  la  tête>.  H.  Baudot  na  sua  Mé- 
moire  sur  les  sêpuUufes  dea  barbaret,  não  encontrou  de  bárbaros  senão 
sepulturas  trapezoidaes ;  vid.  pag.  109,  112,  123,  125,  127,  133  e  es^ 
pecialmente  13^  onde  refere  sepulturas  rectangulares  e  trapezoides, 
pensando  pois  que  o  respectivo  cemitério  perdurou  através  da  época 
gallo-romana  e  germânica,  sendo  até  algumas  d'aqneUas  successiva- 
mente  aproveitadas. 

Kstes  factos  tanto  de  origem  nacional  como  estrangeira,  foram  ad- 
duzidos  para  demonstrar  que,  sendo  rectangulares  as  sepulturas  do 
polyandrio  viannense,  eram  anteriores  ao  sec.  v,  e  portanto  não  eram 
de  germanos.  Km  virtude  da  moeda  de  Constâncio  II  deviam  ser  do 
período  de  transição  da  época  romana  para  a  medieval. 

Nesses  tempos  ji  o  christianismo  lauçára  raízes  na  Lusitânia,  mas 
nenhum  sinal,  nenhum  indicio  positivo  encontrei  de  que  fossem  chris- 
tãs^  aquellns  sepulturas.  Se  algumas  datarem  rigorosamente  do  que 
possa  ser  já  idade  media,  pertenceram  a  pagãos,  isto  é,  a  antigos  indi- 


1  Nas  Notine  dtglí  ttMvi  di  antiehità  (1903,  pag.  289)  vem  o  relatório  de  es- 
cavaçSeB  ouin  cemitcrio  italiano  (Carntupa)  do  sec.  viii  on  vu  a.  C.  com  lepuli 
turu  de  incineração  e  inbamafilo.  É  inter eseante  «aber^ae  qae  estaa  nltimaa 
eram  qaaai  tod&s  tmpezoidaes ;  como  appareceram  vestígios  de  tumba  ou  caiíSo 
de  madeira,  é  licito  preamnir  que  eaaa  era  também  a  fórma  do  ataúde.  E  natu- 
ralmente o  nosBO  eepirito  vae  até  aa  margens  do  Nilo  para  estabelecer  relaçAes 
muito  veroainteis  entre  os  ataúdes  das  múmias  egípcias  e  aa  archaicas  tum- 
bas italianas  de  Caracupa.  Como  neatas,  a  cabeça  do  defunto  occupava  a  parte 
mais  larga  do  cofre.  Era  a  fórma  qne  contornara  aa  linhaa  do  cadáver,  acon- 
chegando melhor  o  &rdo  precioso  ao  sícúmoro,  como  nos  sarcophagos  medievaea 
a  que  de  passo  tenho  feito  referencia,  era  a  fÓrma  em  que  maior  economia  de 
trabalho  e  qnebra  de  peão  para  o  transporte  ae  podia  obter,  tanto  nas  sepulturas 
apparentea,  como  naa  subterrâneas. 

*  Vid.  £e  Tam  et  tu  tomòeaua^  por  A.  Caraven-Cachin,  pag.  125. 

'  Pôde  razoavelmente  admlttlr-ae  que  uma  sepultura  tSo  especialÍEada  como 
a  da  criança,  se  fease  dos  primitivos  chriat&OB,  n3o  tivesae  a  caracterizá-la  al- 
gum symbolo,  0  chrisma,  por  exemplo,  de  que  tanto  ae  orgulhavam  oa  crentes 
da  nova  confisaSo? 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ASCHEOLOGO  PORTDQUÊS 


^nas  romanizados  e  aLada  uSo  conversos.  Do  espolio  recolhido  ne- 
nhuma outra  illação  poeso  com  segurança  tirar'.  Nem  em  Portugal 
se  ainda  explorou,  sepultura  chrístã  da  época  romana  com  a  forma  rec- 
tuigular. 

A  vasilha  de  uma  das  sepulturas  violadas  pelos  trabalhadores  tínha 
nm  monogramma,  como  vimos.  É  porventura  razoável  suppor-se  que, 
ao  abrir<!m-se  com  eslilete  esses  caracteres,  se  nSo  se  referissem  a  uma 
pagã,  se  deixasse  de  appõr-lhe  um  cbrtsma,  emfim  am  symbolo  dos  tSo 
mystieos  que  naquelle  tempo  se  empregavam?  > 

O  uso  do  monogramma  era  já  romano,  como  vimos  (Arch.  Port., 
DC,  286),  A  circunstancia  de  ser  monogramma  e  nSo  nome  denota, 
no  vaso,  me  parece,  época  baixa.  (Vid.  Corpus,  n,  pag.  612;  Cag- 
nat,  Cotin  d'épigraphie  latine,  pag.  27  e  Revue  archéologique,  xxiv, 
pag.  183). 

D'estes  cemitérios  do  iv  e  v  século  diz  o  P.*  Cochet:  tLa  période 
la  plus  obscure  et  la  plus  difficíle  k  definir  dans  les  sépultures  de  nos 
eòntrées,  est  celle  du  iv*  e  du  v'  siècle,  que  j'appelleríu  de  transítion, 
0'est-à-dire,  de  passage  entre  les  Eomaios  et  les  Francs,  entre  1'ume 
et  le  cercueil,  entre  Tidée  chrétienne  et  le  système  palen.  Le  passage 
ne  s'est  fait  ni  subitement,  ni  complètement» .  {La  Normandíe  souter- 
raine,  pag.  27) 

Quanto  a  outras  circunstancias,  aliás  annotadas  cuidadosamente  no 
meu  diário  de  apontamentos,  nSo  me  parece  que  possam  ter  valor  chco- 
nologico.  Refiro-me  i  orientação  das  sepulturas,  i  construcçHo  das  cai- 
xas sepnlcraes,  á  posição  dos  braços  dos  esqueletos  e  até  ú.  forma  dos 
vasos  encontrados'. 

Os  cemitérios  visigodos  localizara-se,  regra  geral,  nas  encostas  vol- 
tadas ao  sol;  é  miillo  raro  encontrá-los  em  píaioos.  Este  deViannaestá 
em  terreno  chão  ( Barri ère-FIavy,  op.  laud.,  pag.  41).  È  preciso  atten- 
der  a  que  todos  os  autores  são  accordes  em  reconhecer  identidade  de 
usos  e  costumes  na  generalidade  dos  bárbaros.  Visigodos,  Francos,  etc. 


'  Occorre-me  aqui  nm  eicerpto  de  Barrière-FIavy  (op.  laud.,  pag,  66} :  ^áuctin 
tymbole  ekritien  n'apparait  tur  ees  piieet,  tm  eaeket  cerlain  de  paganimae  g'y  mani- 
feãte  toul  au  amtraire.  £  o  caso  d'eeta8  sepulturas. 

'  A  Taailba  com  o  monogramma  tem  a.  mesma  forma  qne  a  do  Barranco  dia 
AieiU  {Antiguidadea  de  Mertola,  pag.  60,  por  Estacio  da  Veiga).  Vid.  também 
Baudot,  op.  lavd.,  pi.  iiv. 

No  cemitério  de  Viaima  havia  sepulturas  de  praocbas  de  mármore  ^>  la- 
gee,  apenas  mais  laxo;  bavia-as  de  tegnlas  e  miitaa,  de  tgolos  e  de  parede-  Qnc 
deducçSo  se  pôde  tirar  d'aqui,  quanto  a  precedoncias  chrODologicas? 


byGOí>^^IC 


o  ÃKCHEOLOQO  FORTUODÊS  2^ 

KSo  me  consta  que  em  Portugal  tenha  havido  verífícação  especial  na 
rc^io  em  que  os  Suevos  tiveram  o  seu  império  ou  em  que  os  Alanos 
habitaram. 

As  duas  espécies  de  açus  que  recolhi  são  claramente  romanas^ 
como  porém  este  cemitério  de  Víanna  se  pôde  chamar  de  transição, 
nâo  era  de  admirar  que  ainda  em  sepulturas  christãs  se  encontrassem 
aquelles  ohjectos  de  industria  romana.  A  verdade,  porém,  é  que  nas 
obras  de  aepolcrolog^a  medieval,  que  tenho  consultado,  o  que  appa- 
rece  d'esta  espécie  é  muito  diverso. 

Um  elemento  de  estudo  o  observação,  frequentemente  mal  apre- 
ciado,  é  a  tegida.  Deve  advertir-se  que  ha  tegula  na  época  romana, 
tegula  na  época  m^  tai*da,  e  tegula  medieval.  Aquella  é  plana  e  rec- 
tangular, as  outras  dão-nos  uma  forma  trapezoidal  e  muitas  vezes 
encurvada.  O  encaixe  das  tegulas  far-se-ia  diversamente  numa  época 
ou  noutra,  por  isso  mesmo  que  a  sua  forma  era  diversa.  Quando  come- 
çam a  apparecer  enti^e  nós  as  tegiãae  trape^oidcs?  Desconheço  obser- 
vações neste  sentido '.  As  tegulae  da  sepultura  de  Yianna  que  continha 
a  moeda  do  sec.  iv,  são  planas  mas  já  não  são  perfeitamente  rectan- 
galares.  A  qne  se  conserva  inteira  mede  0™,56X0°,41  o  O" ,37. 

Uma  circunstancia  revelaram  duas  sepulturas  das  que  abri,  e  essa 
considero-a  de  significação  chronologica.  Foi  o  emprego  dos  varões 
oa  barras  de  ferro  a  sustentarem  a  tampa  das  fossas  sepulcraes.  Em 
O  Arch.  Port.,  vols.  ii,  pag.  54;  lil,  pag.  248  e  vii,  pag.  11,  encon- 
tra-se  menção  de  idêntico  uso.  As  sepulturas  em  que  tal  apparcceu, 
eram  evidentemente  pagãs  e  da  época  romana  e,  o  que  é  digno  de 
registar-se,  é  que  doís  d'aqnelles  casos  pertencem  á  região  transtagana 
(o  oatro  acaso  o  será,  mas  ignoro-o).  O  cemitério  de  Vianna,  apesar 


1  Estaa  trea  espécies  de  tegida  parccem-me  divisar-ae  nos  exemplares  reco- 
lhidos no  Husea  Ethuologlco.  N2o  consegui  paréiD  ainda  o  grau  de  certesa  que 
O  bom  critério  hietorico  reclRma.  Seria  preciao  poder,  em  fitce  de  outros  eleroen- 
toa  decisivoa  por  si,  deduzir  a  época  a  que  pertencem  determinadas  ie^uíae.  Em 
todo  o  eaao,  esbocei  trea  phaaea  na  evolução  da  tegtda.  A  1.*,  a  clássica,  seria  im- 
portada; apresenta  ladoe  parallclos,  e  o  eocaiie  faz-se  por  meio  de  dois  chanfros 
na  face  inferior  da  telha.  A  2.*,  ainda  anterior  i,  idade  media,  eería  já  trapcioídal, 
mas  com  o  mesmo  sjstema  de  encaixe.  Seria  a  3.*  propriamente  medieval  c  talvez 
já  de  fabrico  local  com  fijrma  de  trapézio,  maa  nella  o  eucaiie  far-se-ia  por  dois 
entalhos  ou  dentes  em  toda  a  espessura  da  telha  e  nas  extremidades  do  lado 
menor  do  trapézio.  Nos  bordos  também  parece  haver  differençae.  Os  ooilectores 
de  antiguidadea  deviam  sempre  arcfaívar  eataa  particularidades  para  a  capitu- 
lafSo  chronologica  de  uma  espécie  de  vestígios  antigos,  tSo  commnm  no  noaao 
pais,  como  é  a  tegula.  Poderá  ainda  haver  variedades  regionaes. 


byGoot^lc 


24  O  Abcdeologo  PottTUOUÊa 

da  rápida  exploração  que  realizei,  forneceu  duas  sepulturas  com  barras 
de  ferro,  embora  talvez  uma  d'eUa3  com  ulterior  aproveitamento. 

Ãs  sepulturas  descobertas  occupavam  um  terreno  immedia temente 
contíguo  ao  actual  adro  da  igreja  de  N.*  Senhora  de  Aires  e  no  mesmo 
plano.  For  tempo  da  construcçSo  d'e5te  sanctuario,  eaooutraram-se  la- 
pides sepulcraes  romanas,  como  ficou  referido.  Esta  antiguidade  é  ar- 
gumento favorável  i,  minha  identíficaçSo  do  cemitério,  uSo  alimento 
decisivo,  confesso,  mas  muito  attendivel,  sobretudo  se  se  noter  que 
de  lapide  christS  nem  um  só  fragmento  appareceu. 

A  sepultura  da  criança  era  ôca;  este  uso  funerário  nSo  oaracterízs 
por  si  sò  uma  crença.  jÈ  certo  que  tanto  podia  dar-se  em  sepulturas 
pagãs,  como  barbaras  ou  chrístãs.  As  armas  e  utensílios  não  eram  for- 
necidos ao  defunto  senão  porque  a  terra  não  envolvia  o  defunto,  e  os 
guerreiros  germânicos  iam  para  a  cova  como  para  uma  batalha. 

Mesta  mesma  sepultura  e  noutras  entravam  alguns  materíaes  apro-* 
veitados  de  anteriores  construcç5es ;  isto  demonstra  que  sò  podiam  ser 
de  uma  época  de  decadência  e  descalabro. 

O  plinto  achava-se  no  mesmo  terreno  das  sepulturas;  já  lhe  assi- 
nalei a  antiguidade.  É  dos  mesmos  tempos  a  que  pertencem  as  se- 
pulturas do  polyandrio:  da  decadência  do  império  romano.  A  fórmula 
BONO  REI  PVBLICAE  NATO  data  o  sec.  iv.  {ÂTch.  Port.,  ix,  289 
e  290).  As  ruínas  em  que  se  recolhe  uma  inscrípçSo  d'esta  natureza, 
devem  pertencer  ao  inicio  do  período  malaventurado  da  longa  deca- 
dência dos  Césares.  Encontramo-nos  sempre  pois  na  mesma  época  de 
transição. 

Outro  factor  de  apreciação  que  deve  ser  considerado,  é  que,  nfto 
já  dentro,  como  acima  disse,  mas  fora  dos  sepulcros,  no  terreno  revol- 
vido por  mim  ou  pelos  que  me  precederam,  nenhum  objecto,  nenhum 
symbolo  que  revelasse  a  presença  do  christianismo,  ali  surgiu. 

Tempo  é  agora  de  condensar  as  illaçSes  que  resultajn  da  explo- 
ração do  cemitério  viannense  e  do  exame  do  seu  espolio. 

As  sepulturas  observadas  devem  pertencer  a  uma  época  muito 
adeantada  e  decadente  da  civilização  romana,  próxima  do  seu  occaso. 

Os  cadáveres  inhumados  pertenceram  a  asseclas  do  paganismo, 
mixto  certamente  naquella  época;  nenhum  indício  revela  que  esses 
esqueletos  fossem  de  chrístãos,  embora  a  esse  tempo  já  lucilasse  na 
região  transtagana  a  piedosa  retí^So  do  chrisma.  Não  era  pois  de 
bárbaros  invasores  o  cemitério. 

A  sciencía  anthropologica  competiria  rematar  agora  estas  iUaçSes 
e  cotejar  com  as  minhas  as  suas  próprias. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AbCHEOLOGO  POBTUOtÉB 


Em  resumo,  os  vestígios  que  constituíram  o  objecto  d'este  estado 
devem  pertencer  ao  sec.  iv  ou  v. 


Autes  de  terminar,  devo  prevenir  o  leítor  de  que  os  Índices  de 
antiguidade  que  encontrei  neste  cemitério  e  que  tenho  apreciado  nas 
minhas  consideraç<!!es,  sâo  relativos  ás  formas  de  sepultura  e  aos  oo- 
tros  vestígios  registados,  Nâo  abrangem  porém  os  despojos  osteolo- 
gicos  da  necropole,  actualmente  arrecadados  no  Museu,  e  dos  quaes 
sellecoionei  quatro  crânios  de  que  represento,  em  pbotogravura,  diffe- 
rentes  norma»^.  A  única  aflirmação  que  posso  fazer  é  que  até  ao  ap- 
parecímento  da  prova  positiva  em  contrario,  o  cemitério  de  Vianna, 
onde  se  fizeram  inhuma^Ses  durante  um  período  talvez  longo,  era,  no 
estado  em  que  o  encontrei  e  na  parte  que  explorei  um  cemitério  pagão 
da  época  romana. 

Qual  o  motivo  porém  d'esta  mínha  prevençSo?  O  motivo  procede 
das  reflexSes,  a  que  me  obrigou  a  sepultura  n."  2. 

A  lampa  d'esta  sepultura,  embora  se  encontrasse  no  seu  logar  pró- 
prio, estava  dividida  transversabnenfe  por  uma  linha  media  eni  dois 
pedaços  principaes  ou  mais  exactamente  em  dois  grupos  de  fragmen- 
tos. Conhecia-se,  em  virtude  d'essa  circunstancia,  que  tinha  havido 
um  remezimento  de  duas  metades  da  tampa,  tendo  sido  estas  inver- 
tidas e  repostas  de  forma  a  tocarcm-se,  ao  meio  da  sepultura,  pelos 
lados  que  tinham  constituído  as  suas  primitivas  extremidades.  Averi- 
guava-se  pois  um  remexímento,  pelo  menos  limitado.  Mas  confesso  que, 
a  principio  e  depois  d'esta  observação,  algum  embaraço  me  surgiu 
quando,  ao  proceder-se  ao  esvasiamento  do  tumulo,  se  ia  verificando 
que  a  iohnmagão  estava  intacta.  Pareceu-me  pouco  provável  que  uma 
tentativa  de  violação,  crime  tSo  frequente  e  tão  execrado  nas  leis  e 
nos  epitaphios  christãos  da  idade  media,  se  tivesse  limitado  ao  mero 
remexímento  da  tampa  da  sepultura,  alterando  apenas  a  disposição 
dos  seus  fragmentos.  Reflectindo  porém  no  caso  singular,  affigurou- 
se-me  que  a  única  hypothese  acceitavel  era  a  segointe:  O  primitivo 
inhumado,  o  verdadeiro  dono  d'esta  sepultura,  teria  sido  perturbado 
na  sua  ultima  jazida  com  a  exhumação  dos  seus  restos.  No  mesmo 


'  Os  numeradoB  com  2  e  4  forun  por  mim  exliuinados  {Arch.  Port,  ^x,  2d4 
e  295) ;  os  n."  O  e  00  sâo  das  vioUç3ea  anteriores  (Ibid.,  pag.  287).  Os  das  sepul- 
turas 1.'  e  3.'  dSo  foram  julgados  em  estado  de  se  photographarem. 


byGOí>^^IC 


26  O  Ahcheologo  Português 

cofre  sepulcral  intacto,  fez-se  ulterior  inhumação  de  individuo  até  de 
maior  estatura'.  Toma  mais  plausivel  a  minha  hypotfaese  a  iontiUdade 
das  barras  de  ferro  em  uma  sepultura  cheia  da  terra  procedente  do 
acto  ínhumatorío.  Essas  barras  justificam-se  melhor  numa  sepultara 
occa,  em  que  se  pretende  reforçar  a  prancha  do  tecto  contra  a  pressão 
exterior.  Parece  que  os  aproveitadores  d'esta  sepultura  nSo  quiseram, 
apesar  de  tudo,  r^eitar  aqiielles  materíaes  da  primitiva  sepultura. 
Será  esta  nova  forma  de  inhumar  directamente  em  terra  indicio  de 
mudança  de  tempos?  Parece-me  ousadia  affirmá-lo.  Da  antiguidade 
pois  do  esqueleto  retirado  d'esta  sepultura*  nada  qaero  asseverar  on 
sequer  aventurar. 

.Append  I  oe 

HBteriaea  nomlsmaldcos 

As  moedas  romanas  de  que  segue  a  lista,  foram  encontradas  em 
toda  a  área  das  ruinas,  a  que  me  tenho  referido.  Muitas  outras  me 
foram  mostradas,  mas  em  estado  inqualificável.  A  9.'  da  serie  provém 
da  sepultura  de  criança. 

l,"  Grande  bronze  de  Marco  Aurélio  (161  a  180). 

Anverso— Legenda:  M  AVREL  ANTONINVS  AVG  ■  ARM  - 
PARTII    MAX  ■  Cabeça  laureada  á  direita. 

^.—Legendai  TR  POT  ■  XX  ■  IMP  ■  IIII  ■  COS  ■  lU  ■  S  ■  C  - 
Victorta  meia  nua,  em  pé,  de  face,  olhando  á  direita,  sustentando  uma 
palma  e  ligando  a  uma  palmeira  um  escudo  em  que  se  lê  VIC  -  PAR  - 

Exemplar  deteriorado,  nSo  pelo  uso  mas  pela  oxidação. 

Cunhada  em  166  d.  C.  fCohen  n."  728t. 

2."  Grande  bronze  de  Trajano  (98  a  117  d.  C). 

Anverso.— Legenda:  IMP  ■  CÃES  ■  NERVAE  TRAIANO  AVG  • 
GER  ■  DAC  ■  P  ■  M  ■  TR  P  ■  COS  -  V  •  P  ■  P  ■  Cabeça  laureada  á 
direita. 

ft-.— Legenda:  S  ■  P  ■  Q  ■  R  ■  ÓPTIMO  PRINCÍPI  SC  Trajano 
em  pó  á  esquerda  sobre  o  throno,  sustentando  um  ramo  de  oliveira 
e  nm  seeptro,  coroado  por  uma  viotoria  que  voa;  de  cada  lado  um3 
figura  a  estender  para  elle  aa  mitos.  O  throno  assenta  numa  longa  baae, 
ornada  de  grinaldas,  sobre  a  qual  estão  quatro  águias  de  asas  abertas, 
cada  uma  das  quaes  supporta  uma  taboleta. 


>  Isso  presnppõc-no  n  circanEtaDcia,  já  referídn,  de  ter  aido  introdatido  vio- 
lentamente no  insufficisnte  eapafa  da  Bepnltara  am  cadáver  mais  comprido. 
2  £  da  outra  em  que  appareceram  também  travessões  de  ferro. 


byGOí>^^IC 


o  Abcheoloqo  PoBTcacÊs  27 

Cnnhada  de  104  a  110  d.  C.  (Cohen,  n.  479). 

O  reverso  esti  completamente  deteriorado. 

3."  Médio  bronze  de  Constantino  Magno  (306  a  337  d.  C). 

Anverso.— Legenda:  DIP  -C  -  CONSTANTINVS  P  -  F  -  AVU - 
Busto  laureado  á  direita  com  paludamentum. 

^.—Legenda:  GÉNIO  POP  ■  KOM  ■  Génio  mwo  nu  em  pé,  á  es- 
querda, torreado,  sustentando  uma  patera  e  uma  cornncopia;  á  esquerda 
altar  acceao.  No  exergo  PLC. 

Exemplar  gasto,  com  incrustaçSes  no  anverso.  (Cohen,  vi,  pag.  136, 
n."  293;  Mionnet,  7). 

4.''  Médio  bronze  de  Máximo  (383  a  388  d.  C). 

Anverso.— Legenda:  D  ■  V  -  MAG  ■  MAXIMVS  P  ■  F  ■  AVG  ■ 
Busto  diademado  á  direita  com  paludamentum. 

3-.  — Legenda:  REPARATIO  REIPVB  Máximo  com  trajo  mili- 
tar, em  pé  á  esquerda,  sustentando  um  globo  encimado  pela  Yiotoria, 
e  dando  a  mâo  a  uma  mulher  torreada  de  joelhos ;  algumas  vezes  no 
campo  C  ou  P  (gravadas).  No  exergo  tem  SCON. 

Exemplar  menos  mal  conservado.  (Cohen,  Vi-467, 14;  Mionnet,  6). 

5."  Exemplar  ignal  mas  muito  deteriorado. 

6.*  Médio  bronze  de  Graciano  (375  a  383  d.  C). 

Anverso.— Legenda:  D  ■  N  ■  GRATIANVS  P  ■  F  ■  AVG  ■  Busto 
diademado  á  direita  com  paludamentum. 

Br.— Legenda:  REPARATIO  REIPVB,  Mesmo  cnnho  que  a  ante- 
cedente. No  exergo  PCON.  Circulo  ponteado. 

Exemplar  menos  mal  conservado.  (Cohen,  vol.  vi,  437,  58 ;  o  exem- 
plar de  Cohen  tem  EEIPVBLICAE;  Mionnet,  6). 

7."  Pequeno  bronze  de  Diocleciano  (284  a  305  d.  C). 

Anverso.-Legenda:  IMP  ■  DIOCLETIANVS  AVG  ■  Busto  ra- 
diado á  direita  com  paludamentum. 

Çf.- Legenda:  ABVNDAT  AVGG.  A  Abundância  em  pé  á  di- 
reita, entornando  a  comucopía  que  segura  com  ambas  as  mios.  No 
campo  B  e  T? 

Exemplar  em  mau  estado.  (Cohen,  vol.  T,  pag.  392,  126). 

8.°  Pequeno  bronze  do  século  in.  Pude  ser  de  Tetrko,  pae  (268 
a  273  d.  C.)  de  Caro  (282  a  283  d.  O.)  ou  de  Numeriano  (283  a  284  d.  C). 

Anverso. — A  respectiva  legenda  e  cabeça  radiada  á  direita. 

Sr.— Legenda:  CONSECRATIO.  Águia  de  frente,  á  esquerda, 
com  as  asas  abertas. 

Respectivamente,  vid.  Cohen,  vol.  v,  pag.  171, 51 ;  321, 34;  335,  23. 

O  pesaimo  estado  de  conservação  do  anverso  aio  permitte  mais 
exacta  classifioaçXo. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


28  O  AitcHeoLOGO  PoBTUotiÊs 

9."  Pequeno  bronze  de  Cotutancio  //(335  a  361  d.  C). 

Anverso— Legenda:  D  ■  N  ■  CONSTANTIVS  P  ■  F  ■  AVG  ■  Baslo 
diademado  e  voltado  &  direita  com  paludamentnm ;  atrás  da  cabeça 
B,  A  ou  M. 

5r.— Legenda:  FEL  ■  TEMP  ■  BEPARATIO  ■  Soldado  em  faria 
em  pé  á  esquerda,  atravessando  com  lança  e  calcajido  com  o  pé  o  ini- 
migo que  derrubado  com  seu  cavallo,  sustenta  um  escudo  e  procura 
segurar-se  ás  crínos;  no  chSo  um  escudo.  O  cavalieiro  tem  ás  vezes 
mi  cabeça  um  barrete.  (Cohea,  vol.  vi,  pag.  313,  n."  224). 

Exemplar  coberto  de  patina  esverdeada  e  de  conservagXo  qnasi  boa. 
Appareceu  dentro  de  ama  sepultura. 

Perpassando  esta  pequena  collecçSo,  vê-se  que  o  mais  recente  nu- 
misma  é  o  de  Magno  Máximo,  3."  César  do  imperíb  do  Occidente, 
morto  em  388.  A  cnnbagem  romana  foi-se  mantendo  até  o  sec.  VI,  mas 
é  certo  que  d'aquelle  imperador  em  deante,  mesmo  os  pequenos  bronzes, 
s5o  cotados  em  Gnecchí  por  preços  relativamente  elevados,  excepto  os 
de  Honório,  o  que  denota  raridade  em  quasi  todos.  (Vid.  Franc.  Gnee- 
chi,  Montíe  romane,  pag.  225,  30.')  &qq.)<  A  este  rindo  afastado  da 
Lusitânia,  devem  ter  chegado,  dos  sec.  V  e  vi,  raros  cunbos  romanos. 

Que  vestidos  se  encontrarão  ainda  nestes  campos  da  estada  dos 
bárbaros?  Será  decerto  a  sepulcrologia  que  ha  de  dar  a  resposta  a  esto 
enunciado, 

Dezembro  de  1904. 

Félix  Alves  Peheira. 


Oroa  dos  Padrfies 
II 

A  orca  dos  Padrdeê  fica  numa  explanada,  dentro  de  um  pinhal, 
entre  o  Outeiro  e  Villa  Mova,  a  uns  11  passos,  para  leste,  de  um  marco 
geodésico '.  Consta  de  camará  e  galeria  ou  corredor,  uma  e  outra  bas- 
tante arruinadas,  como  se  vê  da  planta  (fig.  1.').  As  pedras  s3o  de 
granito,  e  apresentam-se  um  tanto  desbastadas,  ou  naturalmente,  ou 
por  o  terem  sido  com  outras  pedras.  N&o  ha  vestidos  de  mamóa. 

Camará.  Incompleta,  pois  só  restam  as  pedras  a,  b,  c,  postas  ainda 
a  pino.  Devia  ter  sido  polygoaal.  Ã  tampa  está  tombada  no  chSo. 


1  Foi-rae  indicada  pelo  Sr,  Morgado  Bernardo  Rodrlgnca  do  Amaral, 
a  quem  já  me  referi  na  1.*  parte  d'eBtc  artigo. 


byCoO^^lc 


l''""''^l 


Di„i„«b,Googlc 


o  Archíolojo  Pcrluguti— Vil.  1—190! 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ircbsologo  Potlugaèt— V(tl  1—1905 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


Di„i„«b,Googlc 


o  Ahcheolooo  Pobtuguês  29 

Galeria.  Formada  por  dois  renques  parallclos  de  pedras,  umas  ainda 
enterradas  nos  sítios  primitivos,  e  outras  tombadas.  Às  primeiras  estSo 
postas  de  cutello.  Tem  de  comprimeDto,  no  estado  actual,  4'°,36 ;  aber- 
tura l'',2Õ.  Já  sem  tampas,  mas  á  entrada  estava  ama  lage,  que  deve 
ter  sido  uma  d'e1las,  pois  nem  naqnelle  sitio  tinlia  logar  apropriado, 
nem  apresentava  vestígios  de  ter  estado  enterrada. 

As  pedras  não  provém  do  local,  porque  ali  nlo  ha  lages;  mas  po- 
(liun  ter  vindo,  como  lá  ouvi  dizer,  da  Cunha  Baixa,  que  fica  a  1  ki- 
lometro  de  distancia. 

viandei  escavar  a  anta  até  o  chão  natural,  tanto  no  recinto  da 
oamara  como  no  da  galeria.  Na  camará  a  escavação  desceu  2™, 5  a 
baixo  do  solo  actual ;  na  galeria  desceu  menos. 


A  terra  que  enchia  a  camará  constava  propriamente  de  duas  cama- 
das: uma,  de  terra  vegetal,  que  a  certa  profundidade  continha  muitas 
pedras,  grandes  e  pequenas,  que  deviam  ter  cispado  a  anta;  outra, 
de  terra  orgânica,  escura  e  com  carvSes  de  permeio.  For  baixo  estava 
o  chão  natural,  constitnido  por  saibro  duro,  que  em  alguns  sítios  pa- 
recia ter  sido  calcado,  para  ter  mais  consistência. 

A  galeria  continha  também  duas  camadas  de  terra,  mas  só  até  ao 
meio  d'eila,  a  partir  da  camará;  no  resto  só  havia  terra  vegetal. 


byGoot^lc 


o  ÃBCHEOLOQO  POSTUQUÊS 

s  apparecidos  na  orca  durante  a  escaTa(ão: 
Kos  fragmentos  cerâmicos  lisos  o  âe  pasta  análoga  á  doa 
Bídsa.  Appareceram  na  camará,  i  profundidade  de  0",44. 
aento,  mas  ornamentado,  como  se  vê  na  fig,  2/,  appareceu 
ia  galeria. 


ia  lasca  de  silex,  de  Cr,04  de  comprimento.  Com  um  dos 
oado.  Secção  triangular. 

1  setzo  rolado,  qne  pôde  considerar-se  percutor,  se  o  compa- 
I  muitos  outros  apparecidos  noutras  estaçSes,  por  exemplo, 
•fi.  Quem  vê  nm  seixo  d'estes  avulso,  dificilmente  diri  que 
priamente  instromento;  todavia,  vendo-o  numa  serie,  onde 


byGoí>^^lc 


o  ÃBCHEOLOGO  POBTUGDÊS  31 

haja  todos  os  grauB,  desde  o  mero  c&lhau  iuforme  até  o  percntor  fa- 
cetado, já  decerto  não  dirá  o  mesmo. 

4.°)  Uma  faca  de  silex,  bastante  irregular,  mais  larga  na  metade 
inferior  do  que  na  superior ;  a  metade  inferior  vae  estreitando  junto  da 
base.  Quasi  completa,  só  llie  falta  um  quasi  nada  na  extremidade  infe- 
rior. Retocada  nos  b^dos.  Secção  trapesoidal.  Yid.  a  fig.  3.*,  onde  está 
representada  em  tamanlio  nataral.—Ãpparecea  á  entrada  da  galeria. 

Ò.")  Um  machado  de  padra  muito  carcomido  nas  faces,  havendo 
porém  ainda  restos  de  polidura  nas  duas  maiores;  tem  o  gume  con* 
vexo,  irregular,  e  o  vértice  também  irregular.  A  secção  deve  ter  sido 
qnadrSngular. — Appareceu  na  galeria,  a  uns  O™ ,25  de  profundidade. 
Vid.  fig.  4.» 

6.°)  Pedaços  de  tegulas  romanas  e  de  outros  vasos  que  também 
provavelmente  sSo  romauoa.  Um  dos  pedaços  de  tegula  appareceu  na 
camará,  á  profundidade  de  0",5. 

7.°)  Um  prego  de  ferro,  cuja  data  nSo  posso  precisar,  mas  que, 
se  não  é  romano,  é  de  época  posterior. 

8.°)  Vários  fragmentos  de  louça  da  actualidade,  e  de  vidro. 

Como  se  vê,  pertencem  ao  monumento  primitivo  somente  o^  ob- 
jectos que  tem  os  n."*  I  a  5;  os  outros  bIo  posteriores  aos  tempoS 
prehistoricoB.  Estes  últimos  objectos  provam  que  o  monumento  foi  re- 
mexido varias  vezes,  a  começar,  pelo  menoa,  na  época  lusitano-romana. 

J.  L.  DE  V. 


InsoTipQão  romana  de  MTrtiUs 

Segundo  informação  que  me  deu  o  Sr.  Augusto  de  Vargas,  que  está 
sempre  pronto  a  auxiliar-me  nas  minhas  investigações  archeologicas, 
sei  qae  na  parte  da  muralha  de  Mertola  que  fica  fronteira  á  ermida  da 
Senhora  das  Neves  appareceu,  num  doa  últimos  meses  de  1904,  uma 
lapide  em  forma  de  pipa,  com  a  inscripção  que  aqui  transcrevo: 

D  M  S 
IVLIA  LUPIAN* 
VIX  ANN  XXI 
HSESTTLLI 
BVBNIVS  VICTO" 

KSo  vi  a  insoripçXo,  mas  regulo-me  por  uma  copia  que  me  foi  en- 
viada peto  Sr.  João  Manoel  da  Costa,  a  quem  o  Moseu  Etfanologico 


byCoo^^lc 


32  O  Abcbeologo  Po&toqoSs 


PortagnêB  é  devedor  da  poese  de  muitos  e  interessantes  objectos  ar- 
cheologicos. 

Traduzido  em  português,  o  texto  diz :  Consagração  aos  deuses  Manes. 
Jidia  Lupiana  viveu  21  annos  e  está  ajui  s^mltaâa.  L^mio  Victor 
^levantou  etts  monumento). 

O  Dome  Libumãis  nSo  o  conheço  em  inscripçSe&  da  Feniasula: 
elle  apparece  porém  varias  vezes  na  Mauretania'.  O  cogntune  Victor 
encontra-se  na  epigrapbia  romana,  tanto  de  Portugal  como  de  Hes- 
panha. 

Consta-me  que  a  lapide  de  que  aqui  trato  foi  offerecida  ao  Mosea 
Municipal  de  Beja. 

J.  L.  DB  V. 


Estados  de  numismática  colonial  portugmesa 

8.  o  xeraflm  dobrado  de  IflSS 

No  governo  do  Conde  de  Alvor,  D.  Francisco  de  Távora,  em  4  de 
fevereiro  de  1681  o  Conselho  de  Fazenda  de  Goa  renniu-se  em  sessio 
magna  para  tratar  de  assunto  grave.  A  moeda  de  prata  faltava  na 
circulação.  Quasi  toda  a  que  fora  emittida  por  lei  de  16  de  Janeiro 
de  1637,  que  era  do  titulo  dos  tostSes  filipinos  do  reino,  isto  é,  de 
prata  fina  de  11  dinheiros,  e  a  que  proviera  de  leis  posteriores  embora 
de  titulo  um  pouco  mais  baixo,  passava  para  o  estrangeiro,  onde  era 
transformada.  O  xerafím  era  ali  recebido  por  25  bazarncos  a  mais  do 
que  valia  em  Goa,  e  com  este  excesso  de  valor  folgavam  os  exporta- 
dores do  numerário. 

Nas  armadas  do  reino  chegavam  frequentemente  reates  de  Hes- 
panha  em  grande  quantidade,  que  podiam  fazer  face  á  penúria,  porém 
08  mercadores  esquivavam-se  de  os  levar  á  casa  da  moeda,  como  era 
preceituado  j  vendiam-nos  a  quem  os  pagasse  por  qualquer  quantia 
superior  ao  preço  estipulado  naquella  casa.  A  moeda  era  mercadejada 
e  scandaloaamcnte . 

Não  convinha  á  Fazenda  Real  competir  com  os  traficantes,  porque 
ás  despesas  da  transformação  dos  reaíes  acrescia  o  ágio  que  houvesse 
de  pagar  para  obtS-Ios,  e  assim  as  queixas  contra  a  falta  de  moeda 
repetiam-se,  incommodas  para  o  magistrado  superior  da  colónia.  Os 


'  Corp-  Inter.  Lat.,  viii-2. 


byCoOglc 


O.AeCHEOLOGO  POBTUeiTÊS  33 

documeatos  da  época  n&o  se  referem  a  medidas  de  violenta  energia 
por  elle  ordenadas  contra  a  ganância  dos  homens  de  segocío,  talvez 
porqae  dispunham  de  iafluenoia  politica  ou  pessoal.  Os  grandes  quei- 
xosos eram  os  populares,  que  possuiam  algum  ouro,  mas  de  tão  buxo 
titulo  qne  só  com  prejuízo  podia  ser  exportado,  e  bazarucos  em  grande 
laxo  de  abundância.  E  note-se  que  estes  eram  antígos,  diminuidos  pelo 
gasto;  não  provinham  todos  de  fabrico  recente,  porque  o  vedor  da  Fa- 
zenda Qeral  tinha  fechado  a  essa  em  que  os  fabricava,  obedecendo 
&  deliberação  do  Conselho  de  4  de  Janeiro  de  1680.  Para  aggravar 
a  situação  havia  bazarncos  que  vinham  de  terra  firme,  lavrados  com 
formas  falsas. 

Qaem  consulta  a  sequencia  daíi  leís  monetaiias  indo-portuguesas 
encontra  frequentemente,  como  causas  que  as  motivaram,  a  escassez 
de  moeda  boa,  a  moeda  insignificante  e  a  moeda  falsa,  principalmente 
esta.  E  não  se  pensava  que  nas  cidades  de  Goa  e  Diu  devia  cessar  o 
fabrico  do  nnmerarío,  irregular  e  mal  apropriado  á  expansão  do  seu 
commercio  exterior  e  i  permuta  de  interesses  entre  os  naturaes  da  co- 
lónia, cujas  queixas  raras  vezes  chegavam  até  o  poder  autocrático  da 
metrópole. 

Ponderando  o  que  fica  dito,  o  Conselho  resolveu  cnnhar  moeda 
□ova  aproveitando  a  importância  de  2U0:000  xerafíns  de  mahamxtdes 
e  ahacins,  que  tinha  em  deposito,  provenientes  da  pensão  que  o  rei  da 
Pérsia  pagava  annualmente  á  alfandega  da  feitoria  do  Congo.  O  titulo 
da.  prata  baixaria  de  modo  que  a  moeda  em  terra  firme  não  valesse 
mais  que  nas  ilhas  de  Qoa,  por  conseguinte  convinha  ligar  2  onças  e 
Õ  oitavas  de  cobre  a  cada  marco  de  abacins  e  1  onça  e  (>0  grãos  ao 
marco  de  mahamwles.  Assim  cunhar- se -Iiiam  padrões  de  xerafins  in- 
teiros, meios  xerafíns,  tangas  e  meias  tangas,  com  a  cruz  da  Ordem 
de  Cbristo  no  reverso,  cantonada  pela  data,  conforme  o  typo  que  era 
usado,  o  estatuído  por  lei  de  18  de  Fevereiro  de  1650  e  com  os  pesos 
nella  indicados:  211  grSos  para  o  xerafim  inteiro  e  para  os  seus  múl- 
tiplos 08  pesos  que  lhes  competissem  proporcionalmente. 

Esta  medida  produziu  lucros  para  a  Fazenda  mas  exaltou  por  novas 
causas  o  descontentamento  do  povo,  que  se  aborrecia  com  a  baixa  no 
valor  intrínseco  do  metal  e  pela  morosidade  com  que  a  casa  da  moeda 
punha  em  circulação  emissiSes,  sempre  escassas.  A  medida  era  uma 
errata  que  não  corrigia  a  doutrína  do  texto  antigo. 

Para  abreviar  os  processos  de  cunhagem  o  provedor  da  casa  da 
moeda  não  julgara  conveniente  duplicar  o  numero  dos  operários.  Eram 
de  pouca  confiança  os  que  já  tinha,  e  necessariamente  admittiría  outros 
peores.  Na  casa  havia  descaminhos  de  numerário.  Isto  era  graVe.  EHe 


byCOO^^IC 


34  O  Akchbolooo  Pobtoqdês 

podis  appHcar  penalidades  aos  operários  qae  reincidiam  na  morosidade 
do  trabidho  e  devia  organisar  fiscalizaçSo  rigorosa  doe  descaminhos, 
nomeando  apalpadorea;  mas  nlo  seria  dnpoís  necessário  qne  estes,  por 
sen  turno,  fossem  apalpados? 

Esta  desmoralização  dos  moedeiros  de  Ooa  naquelle  tempo  deve 
hoje  parecer  estranha,  porém  consta  of&cialmente  *. 

Por  taes  motivos  o  Conselho  da  Fazenda,  reanido  em  8  de  Março  de 
1685,  ordeoon  que,  para  abreviar  o  expediente,  se  cunhassem  moedas 
de  dmis  X.',  como  diz  a  lei,  isto  é,  de  dois  xerafins,  ou  xerafim  do- 
brado, admittindo  que  com  um  s^  cunho  ee  duplicava  o  valor  do  xe- 
rafim  inteiro,  sem  prejudicar  o  lavramento  d'este,  mantido  o  toque  da 
prata  lavrada  por  lei  de  4  de  Fevereiro  de  1681  e  o  typo  monetário 
que  ella  tinha.  Nesta  duplicação  cabia  ao  xerafim  dobrado  o  peso  de 
^2  grSoB. 

Contra  descatninhos  de  numerário  na  casa  da  moeda  nada  providen- 
ciaram os  conspícuos  legisladores !  A  omissão  devia  inspirar  ao  provedor 
o  desenvolvimento  da  vigilância  por  elle  próprio  exercida. 

A  lei  de  8  de  Março  de  1685  foi  cumprida.  Ha  meses  chegou  ás 
nossas  mSos  um  xerafim  dobrado,  por  obsequiosa  offerta  de  um  amigo, 
que  o  trouxe  de  Goa.  É  exemplar  inédito  e  uníco  conhecido;  vae  re- 
presentado na  fig.  1  .* 


O  escudo  de  annas  do  reino,  coroado,  entre  aa  letras  G-A  (Cloa), 
letras  de  grande  estatura,  foi  collocado  no  interior  de  um  circulo  de 
traço  continuo,  seguido  de  perto  por  um  outro  de  granitos,  desfigu- 
rados pelo  gasto.  A  depressXo  qne  abrange  o  espaço  comprehendido 
entre  a  orla  direita  da  moeda  e  a  gravura,  como  se  fdra  um  lago  em 
terreno  plano,  prov^o  da  irregular  fundiçXo  do  disco  para  o  cnnho. 


>  Teixeira  de  AragSo,  doe.  n.*  106,  toI.  m. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ASCHEOLOaO  POBTUQUÊS  3Õ 

^. — Cruz  da  Ordem  de  Cbrísto  com  um  ponto  no  centro  e  can- 
tonada  por  ItíãS;  o  algarismo  I  pontuado,  S  por  5,  ao  uso  da  época. 
Nos  braços  perpendiculares  é  ornamentada  por  traços  que  parecem 
anéis  ali  apertados  e  fixos,  e  que  denunciam  uma  ideia  de  ornamen- 
taçSo,  estranha,  nSo  repetida  nos  braços  horízontaes.  O  symbolo  eetá 
contido  entre  um  circulo  de  tra^o  e  outro  de  grânulos,  dos  quaes  apenas 
restam  vestidos. 

Diâmetro  0°',29,  espessnra  O'" ,03,  peso  20,58  grammas,  ou  413 
grãos.  Na  conformidade  da  lei  devia  pesar  422  grSos;  o  cerceio  eli- 
mínoa  9  grãos. 

I>esde  que  a  numismática  começou  a  ser  considerada  scientifica- 
mente  em  Portugal,  por  muito  tempo  se  dovidou  que  este  padrão  de 
moeda  tivesse  existido,  por  não  apparecerem  provas  materiaes,  e  por- 
qae  algmnas  leis  monetárias  do  Oriente  português  ficaram  em  letra 
morta  no  abandono  dos  registos. 

Teixeira  de  Aragão  allegou,  a  pag.  263  do  vol.  ni,  que  era  errónea 
a.  denominação  de  parados  dobrados  dada  por  Filipe  Nery  Xavier  aos 
xerafins  inteiros,  em  pag.  85  e  nota  d."  64  da  aa&  Memoria  sobre  as 
moedas  cunhadas  em  Goa  *,  moedas  que  Lopes  Fernandes  citou  a  pag. 
236  da  sua  Memoria  das  moedas  correntes  em  Portugal  com  datas  de 
16S2,  1684,  1688  e  1689,  que  pesavam  apenas  212  grãos. 

Teixeira  de  ÃragSo  argumentou  com  a  verdade.  Reconheceu  o  erro, 
commnm  a  dois  escritores  numismáticos,  e,  como  não  tivesse  visto  pa- 
drSes  de  igual  typo  com  pesos  superiores  a  212  grãos,  manteve  a  dú- 
vida acerca  da  cunhagem  de  xerafins  dobrados. 

O  primeiro  exemplar  que  appareceu  foi  cunhado  em  Diu;  não  tem 
data.  Veja-se  o  n."  5  da  estampa  u  de  Aragão  no  reinado  de  D.  Pedro  n. 
Esta  moeda  existe  na  collecção  da  Bibliotheca  Nacional  de  Lisboa.  Tem 
o  peso  de  432  grãos,  e  não  o  de  232,  como  Aragão  diz  em  pag.  263, 
certamente  por  equivoco  havido  na  pesagem  por  elle  feita.  £ste  equi- 
voco seria  a  origem  da  duvida  acima  referida?  £  provável  esta  suppo- 
sição,  que  não  abate  o  valor  do  seu  laureado  trabalho  numismaUco. 

A  moeda  foi  cunhada  em  1684,  o  primeiro  anno  em  que  a  casa 
moDetaría  de  Diu  começou  a  funccíonar,  por  deliberação  do  vice-reí 
da  índia  Portuguesa,  datada  de  24  de  Outubro. 

O  segundo  exemplar  apparecido,  lambem  de  Diu,  cunhado  em.  1688, 
cujo  typo  é  semelhante  ao  do  seu  irmão  de  Goa,  vae  aqui  represen- 


'  Comprehendida  na  Dtacripção  do  Coqueiro 
de  Nova-Goa,  1866.  ■ 


byCoO^^lc 


o  AeCHEOLOQO  POBTUdUÉS 


tado  na  fíg.  2.*,  copia  ão  n."  ^6  da  estampa  iii  de  Ineãítoê  por  Jnlioã 
Meiti'. 


Comparaado-se  os  dois  exemplares  de  Diu,  vê-se  que  no  anverso 
do  segnado  ha  traços,  obliquos  da  esquerda  para  a  direita,  successÍTOs, 
entre  a. coroa  real  e  a  parte  superior  do  escudo  de  armas  do  reino. 
A  letra  D,  invertida,  (I,  por  ter  sido  gravada  ás  direitas  na  matriz, 
está  collocada  á  direita  do  eseudo  pertence ndo-lbe  logar  á  esquerda. 
Esta  irregularidade  foi  frequente  na  oflicina  de  Bin,  sobretudo  em  pa- 
drões de  cal  ai  m. 

à  letra  O  que  existiu  ú  esquerda  do  escudo,  apagada  pelo  gasto, 
foi  substituída  por  um  carimbo  circular  e  reiutrante.  Dois  outros  ca- 
rimbos no  anverso  e  tros  no  reverso  mostram  que  a  moeda  circulou 
em  diflFerentes  estados  hindustaníeos.  Proveio  da  collecção  da  Duquesa 
de  Beanfort*.  Diâmetro  O'", 27,  espessura  O"' ,('3,  peso  429  grãos,  ou 
21,35  grammas. 

É  obvio  que  o  exemplar  do  Sr.  Meili  foi  canhado  antes  de  ser  conhe- 
cida na  índia  a  lei  que  D,  Pedro  II  expediu  de  Lisboa,  com  data  de 
17  de  Março  de  1688,  na  qual  ordenava  a  uniformidade  de  pesos  e  va- 
lores entr'&  o  dinheiro  que  fosse  cunhado  naquellas  duas  casas  mone- 
tárias^, medida  esta  que  mais  tarde  foi  de  salutar  etfeito  nas  relaçSes 
commerciaes  entre  Goa  e  Diu. 

Faltava  encontrar-se  o  xerafim  dobrado  de  Goa,  que,  felizmente, 
existe  DO  nosso  medalheiro. 


'  Portugiefitche  Mihaen  VarieUUea  uiiá  einigt  imfdirU  StSclct,  edíçlo  UDicft 
de  1890,  absolutamente  esgotada  e  hoje  rariesipia, 

1  A  collecçSo  dfi  Duiiuesa  de  Beaufort  foi  vendida  cm  Londres  pelos  leiloeiros 
Christie,  Manson  &  Wood  no  dia  1  de  Maio  de  1890,  incluldA  no  Catalogat  o/ 
tbe  valtiable  coUtctlon  of  EnglUh  and  Foreign  coin*  and  mtdalt  in  gold,  lUver  and 

>  Teiseira  de  AragRo,  doe.  n."  109,  vol.  ui. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ASCHEOLOGO  FOBTUQUÊB 


37 


SSo  mnito  raros  os  zerafins  inteiros,  e  os  padrSes  derivados  d'elles, 
desde  1681  até  1710,  anno  am  que  no  dia  19  de  Ag;osto  o  Conselho 
da  Faaeoda  elevon  o  preço  da  prata,  para  facilitar  a  amoeda;ão,~e  deu 
aos  serafins  qae  de  futuro  se  cunhassem  o  peso  de  153  gritos*. 

Para  comprovar  a  nossa  afiirmattva,  offerecemos  o  seguinte  mappa, 
oi^anizado  cuidadosamente  com  informações  obtidas  e  peio  conheci- 
mento que  temos  do  material  d'eBta  especialidade  numismática,  que  está 
pobremente  representada  em  maia  de  40  medalbeiros  de  particulares: 


Aduw  i>id  c|b«  fliruo  cnnbudol 

■ 

1 

i 

1 

i 

i 

1 

1 

1 

1 

Is 

i 

i 

1 

i 

1 

1 

l 

^ 

Caaa  monetária  de  Goa 

\ 

6 

6 

1 

7 

1 
1 

4 

2 

1 
1 

- 

2 
3 

6 

1 

1 

1 

- 

2 

1 

1 

1 

- 

- 

1 

2 

1 

Meia  tanga 

1 

Total 

2 

8 

2 

5 

7 

2 

1 

2|l 

1 

1 

1 

" 

1 

2 

- 

49 

Oaaa  monetária  de  Dia 

Xeraiim  dobrado 

Xer«am  inteiro 

HeioXenflm 

Tanga 

Meia  tanga. 

-_ 

- 

_ 

1 

~- 

1 

-_ 

1 
2 

_ 

- 

1 

1 

1 

1 

1 

J 

2 

1 

2 

to 

Total 

- 

- 

1 

- 

1 

- 

3 

_ 

- 

1 

1 

1 

1 

1 

1 

- 

1 

12 

Total  gtral.... 

G 

7 

2 

9 

2 

6 

7 

5 

' 

2 

2 

2 

2 

2 

1 

2 

2 

1 

SI 

(fxPmplKr  DÍo  leve  cUta,  &  o 


NSo  se  conhecem  presentemente  exemplares  dos  annos  de  1695, 
1697,  1698,  1701  a  1705  e  1707  a  1710. 


lisboa,  Setembro  de  1904. 


TklANOEL  Joaquim  de  Cahpob. 


■  Teixeira  de  AragSo,  pag.  376,  vol.  in. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  A&CBEOLOOO  POKTDOUÊS 


Protecção  dada  pelos  OoTemos,  corporações  offioiaes 
e  Institutos  soientifloos  á  Arolieoloffla 

2S.  ExCBTkçOei  em  Epkeso 

  respeito  das  excarx^ea  prAticadas  por  Wilberg  e  Heberdey  esn 
Epheso,  a  expeosas  do  governo  austríaco,  lê-ae  na  Revue  Critique, 
1904,  p.  100:  «Presque  toate  la  ville  antique  est  déblayée.  On  a  dé- 
gagé  deux  larges  avetines  bordées  de  monuments  et  de  stataes.  L'aT6- 
nue  de  gaúche  longe  le  Foram,  les  baíns  et  les  constractions  de  Tépo- 
qoe  romaine.  Celle  de  droite,  conpée  par  des  propylées  à  colonnes, 
ooaduit  i  l'agora  grecqae.  On  y  a  découvert  un  inimense  baa-relíef  de 
3  métres  de  haateur  sur  18  mètres  de  longneur,  représentant  des  sc&nes 
de  la  TÍe  de  Marc-Aurèle.  Les  plaques  de  marbre  viennent  d'être  en- 
voyées  au  Moaée  deViennei. 

21.  ExearaçOcs  na  Bablli»!* 

As  excavaçSes  emprehendídaa  pela  Allemanha  nn  Babilwiia  come- 
çaram em  1897  sob  a  díreeçSo  do  Dr.  Eoldewey.  O  imperador  da  Al- 
lemanha, que  havia  manifestado  interesse  por  este  emprehendimento, 
tomoii-o  sob  a  sua  protecçSo.  Víd,  Revue  Archéologique,  1904,  p.  120 
sqq.,  onde  se  dá  noticia  dos  importantes  descobrimentos  ultimamente 
feitos:  via  sacra  de  AHourschabou,  santuário  de  Ninmagk,  etc. 


lista  de  monumentos 

qae  pelo  mq  earacter  hlstorlcoí  archeoloflco  on  ■rtistico 
Bio  SBSMptireU  d«  se  eonalderarem  naolonaei 

£  mais  que  sabido  que,  nSo  obstante  a  {tropaganda  que  ultima- 
mente se  tem  feito  a  bem  da  historia,  archeologia  e  arte  nacionaes,  o 
nosso  país  ainda  não  comprobendeu  completamente  que  deve  respeitar 
os  monumentos  que  o  passado  lhe  legou,  quer  estes  sejam  meros  tes- 
temunhos de  remotas  oivilizaçSes,  que  importa  conhecer,  porque  em 
parte  provém  d'ellas  a  de  que  hoje  gozamos,  quer  denunciem  factos 
relacionados  com  o  viver  dos  nossos  mmores,  da  idade-medis  em  diante, 
quer  manifestem  formas  da  actividade  individual  nos  domínios  do  bello, 

A  cada  passo  vemos  que  os  nossos  monumentos  caem  em  minas, 
sem  acharem  mão  carinhosa  que  os  ampare,  antes  tomando-se  imme- 
diataroente  presa  das  garras  da  mnltidio,  so&ega  de  acabar  de  os  deS' 


byGoí>^^lc 


o  Akcheologo  FoBTDOcés  39 

trair;  valiosos  quadros  apodrecem  cas  paredes  das  igrejas  ou  sSo  re- 
tocados inscíeatemeute ;  as  juntas  de  parochia  e  os  parocfaos  mandam 
pintalgar  iacbadas  notabilissimas  de  edifieios  religiosos;  negociaiites  im- 
placáveis, ou  colleccionadores  deacarídosos,  deixam  ir  l&  para  fóra,  para 
museas  oo  para  serem  postas  em  almoeda  universal,  preciosidades  ra- 
ras, e  coUecçSes  inteiras  de  objectos  archeologicos  *. 

Visto  que  a  inatrocçAo  geral  e  a  educaçSo  civica  sSo  por  ora  insaffi- 
cientes  para  porem  c$bro  a  estes  desmandos,  urge  que  se  faça  execn- 
tar  as  leia-vigenteB  *,  e  se  promova  a  promulgaçXo  de  outras  que  salva- 
guardem as  nossas  antiguidades*,  porque,  se  assim  nSo  for,  dentro  em 
pouco  tempo  nSo  teremos  nada.  Algumas  pessoas  censuram  o  virem 
para  o  Husea  Etimológico  todas  as  antígualhas  que  podem  obter-se 


*  Quando  am  íudlridno  orguiixoD  qualquer  collecfão  archeologica,  de  ma- 
nnseritoB  ou  Iítto*  tsim,  de  lapides  epigraphicas,  etc.  — tndo  pertencente  a  um 
paú  determinado, —  e  cila  se  tomou  conhecida,  oa  por  catálogos  espeeiaes,  o« 
por  citaçAes  que  se  ficeruu,  aSo  me  parece  qne  elle,  posto  qne  seja  o  dono, 
t^nba  moralmente  o  direito  (salvo  condições  especialissimas)  de  a  dispersar,  e 
sobretudo  deiíi-la  sair  do  respectivo  país,  porque  essa  collecção  constitue  ipto 
fado  docnmento  da  btstoria  nacional:  e  destrui-la  on  aJiená-la  è  desfetcar  esta. 
Também  qnem  possue  uma  casa  contigua  a  outras  nilo  pôde  incendiá-la,  por  íbso 
qoe  o  fogo  se  commoDicaria  ás  casas  TÍiínhas;  e  comtudo  este  iadividuo  é  tSo 
senhor  da  casa  como  o  ontro  o  é  da  sna  collecçlo  archeologica.  Se  se  me  pon- 
dera que  quem  organiion  a  coliecçSo  podia  não  a  ter  organísado,  responderu 
qne  úm,  mas  acrescentarei  qae  ninguém  nos  diz  que  outras  peasoas,  com  diversa 
OTÍeiita{2o,  não  teriam  aproveitado  mais  convenientemente  os  mesmos  elementos 
que  entram  na  eollecf  io  de  que  se  trata. 

*  Decreto  de  24  de  Outubro  de  1901,  artigo  24.° 

'  Noutros  paises  ha  leis  importautes  para  a  protecção  dos  monumentos  ar- 
cheologicos.  Citarei  alguns  exemplos.  Na  Grécia,  a  lei  de  16  de  Fevereiro  de 
1893  pcrmitte  a  eipropriaçSo  de  bens  immoveis  por  causa  de  escavaçSes  archeo- 
logicas  e  da  cons^n-açSo  das  antiguidades.  Na  Itália,  o  decreto  de  22  de  Abril 
de  1886  regularizou  ae  escava^Aes  archeologicas  nas  minas  antígaa;  a  lei  de  14 
de  Jnlho  do  1867  trata  da  conservação  dos  monumeotos  antigos  de  Roma;  uma 
lei  promulgada  ultimamente  obsta  i  saida  de  moamnentos  archeolojpcos  (cfr- 
BaUtl.  ittterit.  de  NumUmat.,  iii,  107).  No  mesmo  pais,  e  alem  d'isso,  na  Sneeia, 
na  Noruega  e  na  Dioamarca  ha  leis  qne  impedem  escavaçScs  archeologicas  a 
qnem  nio  estiver  para  isso  devidamente  habilitado  (cfr.  Rev.  Ãrthiolog.,  3,*  serie, 
t.  xL,  pag.  405).  Na  Irlanda  existe  de«de  1861  uma  leique  obriga  os  que  desco- 
brem thesonros  arclioologieos  a  participarem-no  is  autoridades  (c&.  Rev.  Ctl- 
lique,  XXI,  76).  Na  Hespanha,  segundo  li  num  periódico,  propôs-se  ultimamente 
uma  lei  (não  sei  se  j&  passou  em  cSrles)  em  que  se  estabelece  que  o  Estado 
attenda  cuidadosamente  i  conservação  das  obras  de  arte,  c  procure  que  não  saiam 
do  pais:  eacuiptoras,  pinturas,  inscripçftes,  manuscritos,  moedas,  medalhas,  gra- 
vuras, vasos,  etc.,  que  tenham  valor  areheologico. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


40  O  Archeoloqo  Fortcoués 

nas  provincias;  ó  que,  alem  de  ea  eateoder  que  um  museu  qualquer, 
archeologioo,  artístico,  de  historia  uatural,  quando  rico  e  methodica- 
mente  orgaoizado,  é  um  grande  livro  aberto  onde  num  momento^  e  sem 
custo,  se  aprende  ò  que  de  outra  maneira  Levaria  aonos  e  custaria  sacrí- 
ficios  enormes,  parto  da  ideia  de  que  os  objectos  que  entram  no  Museu 
Etimológico  ficam  salvos  da  cubica  e  da  rapina.  N%o  é  ntil  que  se  ve- 
jam em  Belém,  expostas  convenientemente  em  mostradores,  moedas 
romanas  ou  antigas  portuguesas,  e  instrumentos  da  idade  do  bronze, 
que  andavam  por  mZos  de  ourives  e  de  caldeireiros?  NSo  vale  a  pena 
que  occupem  logar  de  honra,  numa  galeria  de  historia  e  de  arte,  la- 
pides arcbeologicaa  que  por  acaso  ee  achavam  em  muros  de  edificios  de 
caracter  muito  diverso  do  d'eUas,  e  onde  estavam  expostas  ás  pedradas 
do  rapazio  selvagem? 

N3o  quero  porém  occupar-me  agora  dos  objectos  de  pequenas  di- 
mensSes,  que  podem  ir  para  museus;  quero  referir-me  especi^mente 
aos  grandes  monumentos,  começando  hoje  a  publicar  uma  lista  de  todos 
os  que  conheço  pelo  país,  e  que  sSo  susceptiveis  de  se  considerarem 
nacionaes,  a  fim  de  que  possa  evitar-se  que  nelles  se  commettam  van- 
dalismos. Na  minha  qualidade  de  membro  do  Conselho  dos  Monumentos 
Nacionaes,  submetto  estas  listas  á  attençSo  d'elle. 

Os  factos  sSo  aqui  citados  avulsamente,  á  proporçSo  que  os  monu- 
mentos me  vierem  á  lembrança;  pôde  pois  ao  pé  de  um  monumento 
do  Norte  ficar  indicado  um  do  Sul,  ou  ao  pé  de  um  monumento  reli- 
gioso ficar  indicado  um  civil.  O  Conselho  depois  aproveitará  isto  como 
melhor  lhe  parecer.  Muitos  monumentos  serão  citados  ás  vezes  nSo 
pelo  conjunto,  mas  unicamente  porque  nelles  existe  uma  portada  oa 
uma  juiela  ^gna  de  apreço,  um  tumulo,  etc. 

I 

1.  Torre  da  Ucanha, — concelho  de  Tarouca.  Do  sec.  XV.  Muito 
bem  conservada. 

2.  Igrga  parochial  de  Salzedaa  e  minas  do  mosteiro  císterciense 
d'esse  nome, — concelho  de  Tarouca. 

3.  Igr^a  porochial  de  8.  João  de  Tarouca  e  ruinas  do  mosteiro 
cisteroiense  d'esse  nome, — concelho  de  Tarouca. 

4.  Ponie  romana  de  Mertola,  sobre  o  Guadiana. — Cf.  O  Arch. 
Pori.,  v,  235. 

5.  Todo»  os  ãolntens  do  concelho  de  Sátilo,  situados  em  terrenos 
maninhos,  sobretudo  dois,  de  grandes  dimensões,  no  sitio  do  Tanque 
e  do  Juncal,  perto  da  Queiriga. — Cf.  O  Arch.  Port.,  n,  225. 


byCOO^^IC 


o  Abcheologo  Pobtuodés  41 

6.  Um  dolmen,  de  grandes  dimensSes,  situado  em  terreno  parti- 
cular, na  Commeuda  da  Igreja,  ao  pé  de  S.  Geraldo,  concelho  de 
Montemór-Q-Novo ;  é  o  maior  dolmen  que  conheço  em  Portugal. 

7.  Igreja  parochial  ãe  Pademe,  concelho  de  Melgaço. 

B.  7%ermas  romana»  ãe  Eêtoi,  concelho  de  Faro,  em  propriedade 
particular. — Cf.  O  Arek.  Port.,  iv,  158. 

9.  Rutna»  romana»  de  Trota  ãe  Setúbal,  propriedade  particular. — 
Cf.  O  Arek.  Port.,  onde  «m  vários  volumes  se  trata  .d'ella5,  por  ex. : 
I,  54;  IV,  344. 

10.  Cattello  de  Eiva». 

11.  Igreja  parochial  de  Ferreira,  concelho  de  Paços  de  Ferreira. 

12.  Arco  romano  de  Bobadella,  na  Beira  Biúxa, — Cf.  O  ArcJt, 
Port.,  vn,  56. 

13.  Arco  rovuino  ãe  Beja,  que  existe  em  propriedade  particular, 
perto  do  castello  da  cidade,  e  daa  BatigBS  portas  de  JSvoí-a. — Cf,  O  Areh, 
Port.,vni,  165. 

14.  Recinto  romano  de  Panoias,  concelho  de  Villa  Real  de  Trás- 
os-Montea. — D-isto  se  tratou  em  rarios  números  i-0  Arch.,  por  ez.: 
lu,  177. 

15.  Tangue  rovtano  do  Quintal  do  ídolo,  em  Braga,  propriedade 
particular. — Cf.  RdigiSea  da  Luntania,  n,  239  sqq. 

16.  Igreja  parochial  ãe  Cárquere,  concelho  de  Resende. 

17.  Caátello  de  Montemór-o-Velho  e  igreja  annexa. 

18.  Cattdlo  ãe  Obido». 

19.  Pelourinho  de  Bragança,  fixo  numa  escuiptura  de  pedra  que 
representa  um  quadrúpede,  e  data  dos  tempos  protohístoricoa. 

J.  L.  DE  V. 


Ulaoellanea  aroheologloa 

1.  Fofo  eaniiado  por  nna  «pedra  de  eoriaco* 

(Dom  João  etc.  A  quamtos  esta  mjnha  carta  virem  ffaço  saber 
que  no  Liuro  das  cSfirmaçSes  a  242  folhas  delle  estoa  lamçada  hua 
carta  det  Rej  meu  senhor  que  samta  glorja  aja  de  que  o  teor  tal  he: 

It.  outra  carta  do  dito  senhor  per  que  fez  mercê  ao  dito  Jorge 
Garces  damenistraçam  da  capela  da  Rainha  Dona  Felipa  setuada  no 
TOoesteíro  dodiíielas  asy  como  a  tynha  seu  JrmZo  SymSo  Qarces  e  isto 
em  Bua  vida  somente  comprindo  os  encai^s.  Dada  em  Làxboa  a  xxiij 
dias  doatnbro  de  mjl  Vxiij 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


4S  O  ASCBMOVOQO  POKTOOrÊS 

Pedimdo  m6  o  dito  Jor^  Garçes  d^bnqnerqne  por  merçe  qae  por 
qu&mto  i  dita  carta  de  qne  o  asemto  e  Registo  delia  aqoj  vay  eiiic«r- 
porado  se  lhe  perdera  e  queimara  c3  hSa  pedra  de  coiyeoo  qne  Ibe 
cayra  em  sua  casa  e  a  nS  tyaba  por  se  lhe  asy  queimar  onnese  por 
bem  lhe  mamdar  dar  outra  tall,  polo  dito  asemto  dela  do  linro  das  couf- 
iinnaçSes  lamçada  e  per  mjm  eSfinnada  e  visto  sen  Beqnerymeoto  e 
o  asemto  dela  oo  dito  Liuro  e  como  per  mjm  esta  cSffirmada  Ibe  mS- 
dey  dar  esta  a  qnal  mando  que  se  lhe  compra  e  guarde  asy  e  da  ma- 
neira que  se  nelta  contem  sem  duujda  nem  embargo  algtí  qne  lhe  a 
elo  seja  posto  por  asj  perder  a  dita  carta  temdo  a  ja  per  mjm  confir- 
mada e  qnero  e  me  praz  qne  ele  tenha  a  dita  admioistraçS  da  dita 
capela  segundo  se  contem  nesta  dita  carta  em  sua  vida  como  dito  fae 
e  por  firmeza  delo  lhe  mandey  dar  esta  carta  per  mjm  asynada  e  se- 
lada do  meu  selo  pendente.  Ayres  fTemandez  a  fez  em  Lixboa  a  sj 
dias  de  março  de  jb''xxxbiij°  e  ea  Dsmji  Diaz  o  fiz  spreuen. 

(Archlvo  Nirlonsl,  CàsmetUaria  át,  D.  JtSo  in,  Ilr.  *i,t.St  m.). 

S.  CeMlterlo  d^  Igreja  dM  Mártires  de  Lfsboa 

•Quinta  feira  2  de  Janeiro  próximo  ha  de  prosegoir  e  finalizar 
o  leilão  de  moveis,  que  ficarlo  por  fallecimento  de  Tereta  Verani,  nas 
casas  em  que  assistío  oa  rua  da  Figueira,  defronte  do  cemitério  da 
Igreja  dos  Martyresi. 

(Gazela  de  Lisboa,  àe  31  de  Dezembro  de  1806). 

S>  Fornoi  intlfos  em  Prafavça 

«Pragança  (Cadaval),  27. — Em  23  de  Julbo  findo  chegou  da  ci 
dade  do  Olho  Preto,  do  Brasil,  António  Berthodo  [Bertholdo?],  das 
Lamas,  sede  d'esta  freguesia. 

Como  trouxesse  algum  dinheiro,  comprou  no  sitio  do  Juncal,  limite 
d'este  logar  de  Pragança,  uma  propriedade  rústica,  de  pousio,  que  anda 
actualmente  mettendo  de  bacello. 

à certa  altura,  uma  das  mantas  descobriu  paredes  de  tijolo  bas- 
tante requeimado,  sobreposto  na  maior  parte  em  sentido  obliquo,  e 
fortemente  argamassado,  que  parece  ter  servido  de  base  a  forno  de 
telha. 

A  propriedade  está  situada  no  vatle  do  Juncal,  em  plano  inclinado 
para  nascente. 

É  tradição  qne  em  tempos  remotos  havia  ali  três  fomos  de  telha, 
e  que  a.  antiga  (e  completamente,  ha  muitos  annos,  derrocada)  capella 


byGoí>^^lc 


o  Archeoumio  Poutoguês  43 

de  Nossa  Senhora  da  Luz,  a  cSrca  de  duzentos  metros  a  noroeste  ã'esta 
propriedade,  f5ra  edificada  com  tejolo  e  telha  d'e3tes  fomos! 

O  tijolo  d'eBte  forno  deve  dar  «nda  algumas  toneladas. 

Fui  hoDtem  vê-lo  e  nlo  pode  observi-lo  iateriormente,  por  ter 
á  boca  um  deposito  de  agua  pluvial  da  noite  anterior,  e  começar  a 
chover  torrencialmente;  mas,  segando  as  indicaçSes  superficíaes  do 
proprietário,  deve  occnpar  nma  área  relativainente  graqde. 

Por  estos  dias  vae  ser  destmido,  para  dar  passagem  ás  mantas 
do  bacello. 

Aviso  ao  Q0880  caro  amigo  Sr.  Dr.  José  Leite  de  Vasconcellos, 
cm  exploraçSes  srcheologicas,  estas  ferias,  pelo  sul  do  pais. 

{Diário  de  Nolieia»,  de  29  de  Deiembro  de  19M). 

4.  BqraUa>  4a  Ibeda 

•Primor  FoUt^  m— Begalia  Teroeira  Esaenolal. 
ConsiBte  em  bater  moeda. 

Introduzio  a  moeda  a  necessidade  de  facilitar  o  comercio  para  a 
vida:  porqne  vsandose  no  princípio  o  perinatar  huas  cousas  por  outras, 
era  tam  pesada  esta  difficuldade,  que  inuentou  a  industria  na  moeda 
riquezas  artificiais,  com  que  se  comprassem  estes  bens  comuns. 

Tem  esta  regalia  tanta  vníão  com  as  demais,  que  os  Romanos  coa- 
tumauSo  bater  de  hSa  parte  da  moeda  o  rostro  muj  ao  natural,  &  da 
outra  os  Rejnos  vScidos,  &  os  officioe,  que  oa  tais  tinh2o  seruído,  & 
as  leys,  que  tinbSo  foito:  depois  de  Roma  edificada  começou  Seruio 
a  as^alar  a  moeda,  &  darlhe  valor  intrinseco,  pondo  de  híia  parte 
a  figura  de  lano,.  &  da  outra  parte  a  nao,  em  que  Saturno  nauegou 
a  Itália. 

A  matéria  da  moeda  denería  ser  de  metal,  que  nSo  se  pudesse 
adulterar,  &  que  ttuesse  o  valor  pouco  mais,  ou  menos  que  as  mesmas 
cousas,  para  que  as  vendas  fossem  licitas,  &  os  contratos  legítimos. 

Não  se  pôde  chamar  moeda  a  que  costuma  bater  os  Principes  em 
caso  de  necessidade,  em  papel,  purgamiuho,  sola,  &  outras  matérias 
desta  calidade:  he  hum  empenho  authorizado  do  Príncipe  para  resti- 
tuyla  quando  esttuer  em  melhor  fortuna. 

A  diversidade  da  matéria,  mais,  ou  menos  preciosa  faz  que  se  di- 
ferenceem  três  lottes  de  moeda:  suprema,  mediana,  Ínfima,  todas  ellas 


*  O  termo  regalia  qae  tem  hoje  no»  certa  accepcio  correapoudia  utigainente 
o  qne  hq*e  se  deaomina  réf/ie. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


44  O  Abcheologo  Pobtuooés 


miiy  necessarí&s:  a  suprema  he  muy  vtil  para  os  contratos  mais  con- 
tíoBOs,  &  caminhos  largos,  antes  que  se  íniientassem  os  câmbios,  &  por 
meyo  delles  as  ganâncias  &  usuras :  esta  se  latira  em  metal  de  ouro, 
o  qual  tem  o  primeiro  lugar  em  o  valor,  &  nobreza. 

He  muy  a  propósito  a  da  prata,  que  serue  ao  mayor  golpe  dos 
coatratoa,  como  meya  enlre  a  alteza  do  ouro,  &  a  baixeza  de  outros 
metais;  a  ínfima,  que  serne  em  os  contratos  rasteyros,  &  compra  de 
cousas  miúdas  se  faz  de  met^  de  baixa  condição,  entre  os  qaaes  he 
o  cobre  de  sua  natureza  mais  a  propósito;  &  descobrindose  algu  outro 
metal  acomodado,  &  apto  pêra  ser  laurado  delle  se  deue  fazer. 

Em  a  moeda  meya  he  acertado  deitar  aigfía  liga,  ou  mistura  de 
estanbo  para  dar  firmeza  á  prata,  &  igualala  com  a  Isurada,  por  euitar 
que  08  obradores  nSo  desfaçSo  a  moeda:  lambem  na  intima  vem  bem 
a  liga  de  metal  superior,  que  a  realce,  &  sligere  do  pezo,  para  qne 
mais  facilmente  se  possa  Tzar,  tirando  com  atenção  aos  estrangeiros 
o  meyo  de  introduzila:  desta  tem  muita  necessidade  o  Reyno  para  as 
compras,  &  gasto  miado  dos  pobres,  &  se  padecem  muitos  inconiie- 
nientes  com  sua  falta. 

U  primeiro  metal  que  se  achou  foy  de  Chipre,  teue  estimação  mais 
que  a  prata,  à  alguas  vezes  que  o  ouro:  corria  por  moeda  venal,  se- 
gudo  a  cantidade,  ao  modo  de  htías  moedas  antiguas,  que  chamamos 
contos.  No  incêndio  de  Corintho  como  se  derretessem  certos  metws  se 
achou  o  misto,  que  fuy  mny  estimado  para  laurar. 

He  a  moeda  como  sangue  mús  puro,  y  espirites  vitais  da  repu- 
blica: importa  muito  que  não  saya  do  Reyno,  nem  corra  em  Reynos 
estranhos;  antes  toda  a  moeda  estrangeira  se  auia  de  quebrar,  e  bater 
de  nonoi. 

{PHmorapoUãaittngmlIaidtnioaBlItg  DomJoam  o  IV.  Dt  marmiUiata  mimaria.  Ompfle 
rtia  DiMnT  Ánlmie  4t  FnUu  (ilc)  Á/ríeaaa.  Cem  lodax  et  Hcvt^  ateaearíat.  Por  M*- 
uocl  d>  Sjlií,  uno  1««1,  a.  \t.  EionpUr  do  Archivo  Nocinntil,  ODd«  Ivm  ■  munt*» 
U-B-41. 

Pedro  A.  de  Azevedo. 


AoqtiisiQCes  do  Hasea  Ethnologloo  Português 

MalQ  de  1904 

Um  crnciãxo  metatlico  medieval,  adquirido  em  Villa  Real  de  Trás- 
os-MoDtes  por  intermédio  do  Sr.  Dr.  Henrique  Botelho. 

Seis  moedas  romanas  de  cobre  encontradas  na  freguesia  da  Mexí- 
Ihoeira,  ofFereeidas  pelo  Rev.  José  Lourenqo,  Prior  de  Odiázere. 


byGoí>^^lc 


o  Archeoloqo  Português  45 

Um  Taeinho  de  barro  romano,  offerecído  pelo  Sr.  Dr.  Hario  Mon- 
terroso. 

Vários  espécimes  etbnographioos  da  Ilha  da  Madeira,  ofFerecidos 
pelo  Sr.  Álvaro  Viauna  de  Lemos,  estudante  militar. 

Uma  moeda  de  ouro  arábiga,  comprada  para  o  Museu  por  inter 
médio  do  Sr.  Hauoel  Joaquim  de  Campos,  preparador  do  mesmo. 

Varias  moedas  portuguesas  e  verónicas,  offerecidas  pelo  Sr.  Ha- 
uoel Joaquim  Xavier,  empregado  do  Mnseu  Ethnologico. 

Vários  pondera  de  barro,  um  d'elle8  com  uma  inscrípção,  oíFere- 
c-idos  pelo  Sr.  Fraucisco  de  Tavares, 

Duas  moedas  de  onro  visigóticas,  compradas  em  Lisboa. 

Um  uQgiientario  romano  de  vidro  e  uma  estatueta  de  bronze,  que 
L-omprei  em  Lisboa. 

Jnnho  de  1904 

Uma  cabrínha  de  bronze  lusitanica,  uma  figurinha  de  bronze,  dois 
vasos,  uma  pedra  gnóstica  e  vários  pergaminhos  portugaeses  do  sé- 
culo XIII- XY,  comprados  por  mim  em  Lisboa. 

Um  machado  do  pedra,  que  me  offereceram  em  Oeiras. 

Um  machado  de  pedra  de  Alcáçovas,  trazido  pelo  Sr.  José  de  Al- 
meida Carvalhaes,  preparador  do  Museu. 

Coliecç5o  de  numerosos  objectos  das  épocas  da  pedra  e  do  bronze 
— ÍDstnimentos,  fragmentos  de  louça  ornamentada,  vasos  de  barro,  pe- 
sos de  barro  ornamentados,  etc. — ,  obtida  numa  escavaç&o  archeolo- 
gioa  pelo  Sr.  Bernardo  António  de  Sá,  funccionario  do  Museu. 

ColIscçSo  de  vários  objectos  adquiridos  por  mim  no  Alemtejo  e  na 
Ilespanha:  espécimes  de  ethnographia  moderna,  moedas  portuguesas 
e  romauas,  um  anel  de  ouro,  fragmentos  de  inscripçSes  lapidares  roma- 
nas, instrumentos  da  idade  da  pedra,  lucemas  romanas,  vasos  romanos 
(um  d'elles  com  uma  inscripçSo),  coutos  de  contar  (jetons). 

Um  machado  de  pedra,  vindo  do  Crato,  offerecido  pelo  Sr.  Dr.  Fran- 
cisco CordoTil  de  Barahoiia. 

Espécimes  de  sílices  dos  kjfekkenraceddings  do  valle  do  Tejo,  offe- 
rccidos  pelo  Sr.  Director  dos  Trabalhos  Geológicos. 

Julho  de  190i 

CoIlecfSo  de  lapides  romanas  da  Beira,  obtida  pelo  Sr.  Dr.  Félix 
Alves  Pereira,  official  do  Museu  Etimológico. 

Collecção  de  decalques  de  lapides  romanas,  executados  em  gess» 
pelo  Sr.  Guilherme  Glodomiro  Gameiro,  desenhador  do  ^luseu. 


bvCooglc 


o  Abuheolooo  PoBTirauâs 

7íaios  machados  de  pedra,  obtidos  no  concelho  de  Óbidos  pelo 

laime  Leite,  da  Columbeira. 

!7ollecç2o  doe  seguintes  objectos,  que  obtive  por  compra:  ama  Vic- 

i  de  bronze,  uma  inauriê  de  ouroj  uma  bulia  de  onro,  nma  meda- 

la  de  ouro,  tudo  da  época  romana ;  um  grande  vaso  de  barro  pre- 

iricoj  seis  vasinhos  de  barro  de  varias  épocas;  cinco  machadas  de 

a;  uma  lança  de  ferro;  vários  pondera  romanos;  um  fragmento 

joio  com  marca  ãgulioa;  fragmentos  dd  alãnetes  romanos  de  osso. 

!)  Sr.  Mário  de  Abreu  Marqnes  offereceu  um  machado  de  pedra 

1  conto  ijetún). 

)  Sr.  Joaquim  Pedro  Piato  ofiéreceu  um  pelouro  de  pedra. 

)  Sr.  Júlio  Hardel  oSéreceu  uma  gárgula  medieval  de  pedra  e  uma 

Iptura  antiga  de  madeira. 

)  Sr.  Dr.  Adriano  de  Hoara  offereceu  uma  lapide  antiga,  da  época 

iigucsa. 

)  Sr.  César  Landeiro  offereceu  duas  tegulas  romanas  inteiras. 

)  Sr.  Manoel  João  Paulo  Bocha  offereceu  uma  escuiptura  de  pedra 

;a. 

ÁKwto  4e  1»04 

!ollecç3o  de  cento  e  tantos  objectos  romanos,  gregos  e  visigóticos, 

enientes  do  Sul. 

Vea  amphoras  romanas  quasi  inteiras,  mas  reconstítuíveis,  e  gran- 

Tagmentos  de  outras, — -trazidos  do  Aleratejo  pelo  Sr.  Bernardo 

nio  de  Si,  conductor  de  obras  publicas  em  serviço  no  Musen. 

Ima  lapide  romana  da  Beira,  com  inscrlpção  inédita,  offerecida  pelo 

!>r.  Joaqnim  Manoel  Correia. 

Tm  adufe  beirSo,  offerecido  pelo  Sr.  Francisco  Tavares  Proença 

>r,  estudante  da  Universidade, 

lollecçSo  de  3:000  moedas  romanas  de  cobre,  provenientes  do  Sul. 

eis  botSes  antigos,  offerecidos  pelo  Sr.  Manoel  Joaquim  de  Cam- 

preparador  do  Museu. 

Setembro  de  lOOi 

^llecção  de  objectos  obtidos  por  num  numa  excursão  pelo  Minho 
uro:  uma  moeda  de  ouro  visigótica  de  E^tania,  um  tinteiro  e  um 
ro  de  louça  nacional  (antigos),  vários  espécimes  de  ethnograpbia 
ma  (industrias  caseiras,  instrumentos  agrários,  brinquedos  infan- 
te.), restos  cerâmicos  encontrados  num  castro  (alguns  c<Hn  oma- 
&Ç!lo),  varias  mós  lusitanicas,  nm  vaso  antigo  português,  dois  cru* 


byGoí>^^lc 


o  ÃKCHJEOLOOO  PCHtTOODÉS  47 

cifixos  meâievaes  de  metal,  um  par  de  gdhetas  de  touç&  da  antiga 
fabrica  de  Vianna,  um  vaso  de  barro  prebistoríco  omamantado,  três 
pesos  de  pedra  Insítanicos,  e  mais  o  seguinte: 

dois  anéis  antigos,  offerecidos  pelo  Sr.  Br.  António  de  Pinho ; 

um  macbado  de  bronze,  offerecido  pelo  Sr.  Dr.  Flgneiredo  da 
Guerra; 

dois  machados  de  bronze  e  dois  de  pedra,  offerecidos  pelo 
Sr.  Dr.  Luís  Xavier  Barbosa; 

ama  espada  portuguesa  antiga,  offerecida  peiaSenborá  D.  Ma- 
ria Máxima  Leite  Pereira  de  Hélio; 

dois  vasos  romanos,  que  ine  offereceram  em  Loivos; 

um  dos  caleiros  romanos  descritos  n-0  Arck.  Port.,yiu,2Q'(, 

e  outro  aoepigrapho, — offerecidos  pelo  Sr.  Vasco  Jacome  de 
Sonsa  Pereiro  eVasconcellos,  por  intermédio  do  Sr.  Albano  Bel- 
Ijno,  que  me  apresentou  a  este  illustre  cavalheiro; 

um  machado  de  bronze,  offerecido  peio  Sr.  Álvaro  de  Agniâo; 

outro  machado  de  bronze,  offerecido  pelo  Sr.  Dr.  Passos  Brito. 

Um  cavallinho  de  bronze,  encontrado  num  castro  da  Beira,  e  adqui- 
rido para  o  Museu  por  intermédio  do  Sr.  Dr.  A.  A,  Cortesão,  colla- 
borador  d-0  Archeologo. 

Uma  chave  antiga,  nm  grande  almofariz  antigo  de  bronze  com  fi- 
guras, vinte  e  seis  moedas  romanas  e  gregas  e  uma  moeda  arábiga 
de  cobre, — comprados  para  o  Museu  por  intermédio  do  Sr.  Hutoel 
Joaquim  de  Campos,  preparador  do  Museu. 

Uas  ferrinho»  (etbnographia  moderna),  comprados  em  Lisboa. 

Oitabro  <e  19M 

Uma  lucema  arábiga,  uma  libula  de  La-Tène  e  três  objectos  de 
bronze,  provenientes  da  Hespanha, — offerecidos  pelo  Sr.  César  Pires, 
coUaborador  A.-0  Ârciuologo. 

Dois  parea  de  castanhetas  ornamentadas  e  uma  caixa  artística 
feita  por  pastores  (etbnographia  beirS), — offerecidos  pelo  Sr.  Tavares 
Proença  Júnior. 

Uma  lapide  romana  do  Ãlemtejo  com  inscrípçfto  inédita,  o^recida 
pelo  Sr.  António  Maria  do  Carmo. 

Objectos  adquiridos  por  compra  qne  fiz  em  I^sboa:  duas  pias  de 
agua  benta  antigas,  de  louça;  nm  polvorinho  de  chifre,  ornamentado, 
com  «  data  de  1715;  outro  polvorinho  artístico,  mas  mais  recente. 


byGoí>^^lc 


Õ  AbchecHíOqo  Fobtuouís 

Tm  machado  neolíthíco,  uma  conta  de  vidro  aznl  romana  e  dnaa  col- 
es de  antigos  pesos  portugueaes, — offerta  do  Sr.  Álvaro  de  Lemos. 
>uas  barras  de  bronze  da  mina  de  Alte  (Algarve),  offerecida»  pelo 
jjngenheiro  Carlos  VanzeUer. 

Tma  xorca  de  ouro  antiga,  que  consta  ter  \'indo  deYilIa  do  Con- 
-obtida  por  compra  que  fiz  em  Lisboa. 

N*rflnbn>  de  lft04 

ím  antigo  peão  de  ferro  (arroba),  oITerecido  pelo  Sr.  Dr.  Frauciseo 

ovil  de  Barahona. 

Tm  dolium  romano  de  barro,  de  grandes  proporções,  offerecido  pelo 

losé  da  Costa  Passos,  por  intermédio  do  Sr.  Joaquim  Correia  Bi- 

,  collaborador  d-0  Archeologo. 

Fma  lapide  antiga,  com  um  letreiro, — offerecida  pelo  Sr.  Aulonio 

a  do  Carmo. 

Tma  verónica  portuguesa  allusiva  ao  santo  milagre  de  Santareno,  — 

uimpra  que  fiz  em  Lisboa. 

íollecçSo  de  reprodncçSes  de  antigos  ex-libris  portugueses,  offere- 

pelo  Sr.  Consolbeiro  Adolfo  Loureiro. 

Tm  machado  de  pedra,  de  Grândola,  offerecido  pelo  Bev.  Francisca 

es  de  Almeida,  professor  do  Lyceu  de  Lisboa. 

'anos  pergaminhos  dos  sec.  xv-xvi  e  livros, — por  compra  que 

n  Lisboa. 

Desenbro  de  1M4 

loUecção  de  objectos,  de  varias  épocas,  transferida  do  Museu  de 
s  Artes  para  o  Ethnologico,  com  autorização  do  Governo. 
Tm  machado  de  pedra  e  uma  medalha  reli^osa, — offerta  do  Sr.  An- 
de Jesus  e  Silva,  professor  em  Amiaes  de  Baixo. 
Tma  pulseira  da  idade  do  bronze,  adquirida  para  o  Museu  por  iater- 
D  do  Sr.  Ascensão  Valdês. 

fm  machado  de  pedra,  offerecido  pelo  Sr.  Carlos  Vaiizeller. 
■ois  modelos  de  instrumentos  prehistorícos  dentados,  offerecidos 
Sr.  A.  Thomás  Pires,  director  honorário  do  Museu  de  Elvas  e  col- 
ador  d-0  Archeologo. 

ím  machado  e  faca  de  pedra,  provenientes  de  um  dolmen  de  Kntrc- 
0-e-Miobo. 

ito  instrumentos  da  época  de  bronze  provenientes  da  Beira, — 
eidos  pelo  Sr.  Engenheiro  Aguilar  Teixeira. 

J.  L.  DB  V. 


byCOO^^IC 


o  Abcheologo  Pobtuguês 


UoBaioos  romanos  de  Portugal 

DoIh  iBMKleM  ronuM  ashadoB  ttai  proximidades  de  LetrU 

Em  1872  encontrei  no  sitio  do  Martim  Gil,  á  distancia  de  1  kilo- 
metro  de  Leiria  para  o  lado  do  KNO.,  destroços  de  diversaa  babi- 
taçSoB  romanas. 

Numa  d'eBtas  habitações,  onjos  restos  occupavam  nm  área  de  3:420 
metros  quadrados,  as  paredes  exteriores  mediam  2°',20  de  espessura 
e  nella  se  viam  os  vestígios  de  três  vastos  compartimentos  qne  es- 
tavam separados  uns  dos  outros  por  paredes  de  l^jSO  de  grossura 
e  communícav^am  entre  si  por  portas  com  0"',S2  de  largura. 

Os  pavimentos  d'estas  três  salas  eram  constituídos  por  mosaicos 
polycbromos  da  espécie  pavinteiitum  vermicidatum ',  sendo  num  dos 
compartimentos  com  doas  cores  (branco  e  preto),  como  indica  a  fig.  1.*, 
que  representa  apenas  uma  parte  do  pavimento,  e  no  outro  com  qnatro 
cores  (vermelha,  amarella,  branca  e  preta),  como  indica  a  fig.  2.* 

Estes  dois  desenhos  sSo  agora  publicados  pela  primeira  vez. 

No  terceiro  compartimento  o  mos^co  do  pavimento  tinha  cinco 
cores  e  era  o  mus  luxuosamente  ornamentado. 

Tendo  eu  dado  o  desenho  da  fig.  2.*  ao  meu  saudoso  professor  de 
latim  no  lycen  de  Iieíría,  Vietorino  da  Silva  Araújo,  este  deu  noticia 
do  achado  ao  fallecido  archeologo  Joaquim  Possidonio  Narciso  da  Silva, 
que  em  1873  foi  a  Leiria  e  fez  transportar  para  o  Museu  Archeolo- 
gieo  do  Carmo  o  bello  mosaico  de  cinco  cÔres  do  terceiro  comparti- 
mento, e  cujo  desenho  o  mesmo  Narciso  da  Silva  inseriu  no  Boletim 
da  Eecã  Associação  dos  ArchUeetos  e  Archeohgoi  Portugueses ,  vol.  i, 
pag.  24. 

Na  argamassa  signina  (opus  Signiimni),  sobre  a  qual  estavam  embu- 
tidos os  pequenos  cubos  de  porphiro  c  mármore  de  diversas  cores  que 
formavam  os  mosaicos,  enoontraram-se  duas  moedas  romanas,  uma  do 
imperador  Probo  (sec.  in  da  era  vulgar)  e  outra  do  imperador  Ma- 
gnencio  (sec.  iv  da  erji  vulgar). 

Foi  também  nas  minas  das  habitaçfjes  romanas  encontradas  em 
Martim  Qil  que  ha  poncos  annos  se  descobriu  o  bello  mosaico  com 
a  figura  de  Orpheu  a  tocar  a  lyra,  e  rodeado  de  diversos  animaes  qne 


'  DKtionnaire det aniiqviíé» Tvmainet tt grfc^uM, de A.Itieb, I.V. Pavitntntitm, 
•i. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AlCHBOLOGO  POBTDQdtS 


fthídos  pelo  encanto  da  musica.  Este  mosaico  foi  adquirido  peln 
go  o  Sr.  J.  Leite  de  Vasconcellos  para  o  Mnseu  Etbnologico 
is,  6  constitue  certamente  o  melhor  espécime  dos  mosaicos  ro-  . 
ae  até  boje  se  tem  encontrado  em  Portugal. 

A.  I.  Maeqoes  da  Costa. 


Onomástico  medieval  portugrnõs 

{ConlÍiiD>t>o.Vld,  o  Arei.  For!.,  II.MI) 

8,  castro,  1009.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  126. 

s,  monte,  1013  (?).  Dipl.  136,  1.  22. 

s,villa,  967.  L.  Preto.  Dipl.  ÕS.— Id.  69. 

n.  h.,  1096.  Dipl.  49õ,  a.'  829. 

,  geogr.,  see.  iv.  S.  143. 

,  app.  h.,  1258.  Inq.  674,  2.*  cl. 

n.  h-,  960.  Dipl.  49,  n."  79. 

I,  app.  h.,  1220.  Inq.  169,  1.'  cl.— Id.  211. 

3."  Maria  de),  geogr.,  1258.  Inq.  367,  2.»  cl. 


rio  (?),  1223.  For.  Sanguinhedo.  Leg.  598. 

S.  Pedro  de),  geogr.,  sec.  xv.  S.  190. 

»,  n.  b.,  972.  Doe.  most.  S.Vicente.  Dipl.  66. 

p.  h-,  1258.  Inq.  400,  2."  cl.— S.  147. 

ipp.  h.,  998.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  111. 

i.  Romano  de),  geogr.,  1220.  Inq.  68,  2.'  cl.— Id.  20õ. 

0.  h.  (?),  867-912.  L.  Preto.  Dipl.  3. 
app.  h.,  1220.  Inq.  353,  2.'  cl. 

,villa,  929.  Doe.  most.  S.Vicente.  Dipl.  22— Id.  115. 
19,  n.  h.,  850-866.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  2. 

app.  h.,  sec.  xv.  S.  194. 

h-,  995  (?).  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  108. 
pp.  h-,  sec.  XV.  F.  López,  Chr.  D.  Joiío  1.°,  p.  1.'  cap. 

1.  Petro  de),  geogr.,  1220.  Inq.  193,  1.»  cl. 
2  Deianes,  geogr.,  1220.  Inq.  149,  2.'  cl. 
iiore,villa,  1098.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  630,  1.  4". 
oura  de),  geogr.,  1220.  Inq.  125,  1.»  cl. 

ipp.  h.,  1034.  L.  Preto.  Dipl.  175,  n."  287.— Id.  182. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


Flg.  1.*— MoMleo  romuo  d*  I» 


KSGALA  - 


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I  âtenn,  len' -■ 


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Di„i„«b,Googlí; 


I  «m 


OBLIC  LIBKAKV 


Di„i„«b,Googlc 


o  AbCHEOLOGO  FlATUGOÊS  51 

Saildo,  n.  h.,  933.  Doe.  most.  IxirvSo.  Dipl.  25.— Id.  29. 

Dália  (AIsie?),  rio.  Foral  de  Penella.  Leg.  374. 

BaUdiri,  app.  h.,  1037.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  179. 

Dallidizi,  app.  h..,  1047.  Doe.  most.  dâ  Qraga.  Dipl.  216. 

Dalmacias,  bíspo,  1094.  Doe.  ap.  auth.  sec.  xai.  IMpl.  484. 

DalmaDça,  app.  h.,  sec.  XV.  S.  214. 

Daniianus,  n.  L,  925.  Doe.  most.  Arouca.  IMpI.  20. 

Damiro,  n.  h.,  949.  L.  D.  Uom.  Dipl.  34. 

Dani.  Vide  Casal  dani. 

Daniel,  n.  h.,  935.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  25. — Id.  6. 

Dauielit,  app.  h.,  D83.  L.  D.  Mum.  Dipl.  85. 

Danieliz,  app.  h-,  1047.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  219. 

Danielizi,  app.  h.,  1086.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  395. 

Dauielz,  app.  h.,  1097.  Doe.  ap.  see.  xiv.  Dipl.  515. 

Dauihel,  D.  h.,  949.  L.  D.  Mum.  Dipl.  34. 

Danila,  n.  h.,  933.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl..  24. —Id.  174. 

Danin  ou  Doaím  (S.  Salvatore  de),  geogr.,  1220.  Inq.  77,  2,'  cl. 

Dantas,  app.  h.,  1258.  Inq.  351,  2.*  cl. 

Danzatoris,  app.  h.,  1258.  Inq.  647,  2.'  cl.  /;    ■ 

Darqoi,  Darci  e  de  Arqui,  geogr,,  1220.  Inq^,  28,  1.'  cl, — Id.  315. 

Dárqni  Maiore,  geogr.,  1220.  Inq.  107,  l,*  el. 

Datinus,  app.  h-,  1010.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  131. 

Datiz,  app.  h.,  1093.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  474. 

Daudí,  n.  h.,  1093.  Doo.  most.  LorvSo.  Dipl.  474. 

Daui,  a.  h.,  1011.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  132.'— Id.  57. 

Dauíd,  a.  h.,  929.  Doe.  most.  S.  Vicente.  Dipl.  22. 

Daaidiz,  app.  h.,  1098.  L.  Preto.  Dipl.  521,  n."  877. 

DaDÍduici  (sic.),  app.  h.,  965.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  õ7. 

Dauit,  D.  h.,  1059.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  255.— Id.  484. 

Daoiz,  app.  h.,  907.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  9. — Id.  11. 

Dauizi,  app.  h.,  1070.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  303. 

Daat,  n.  h-,  998.  Doe.  môst.  Lorvão.  Dipl.  110. 

Danti,  a.  h.,  937,  Doe.  most.  Lort-âo.  Dipl.  27,  n."  45. 

Davis,  geogr.,  1258.  Inq.  421,  2.'  cl. 

Dayam,viUa,  1258.  Inq.  331,  1.'  cl.— Id.  326. 

Dayldo,  n.  h.,  1073.  Doe.  most.  Avè-Maria.  Kpl.  314. 

Daylu,  n.  m.,  1068.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  289. 

Deça,  app.  h-,  sec.  xv.  S.  164. 

Decus,  n.  h.,  1033.  Dipl.  171,  n."  278. 

Deela.  Vide  Lama  Deela. 

Deez,  app.  b.,  1220.  Inq.  96,  1.»  cl. 


DÍ3,l,z.cbyGOO(^lc 


o  Abcheologo  Fobtdquês 


Defraiz.  Vide  Loefreiz. 

DegaDJ,  n.  h.,  1100.  L.  B.  Mnm.  Dipl.  563. 
Degaoia,  geogr.  (?)^  1059.  L.  D.  Mam.  Dipl.  260,  1.  12. 
DegaDO  (capitellum  de),  geogr.,  1088.  L.  Preto.  Dipl.  419,  n." 
Dei  anes.  Vide  Daiaues. 

Deilam,  geogr.,  1087.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  415. 
Deii,  app.  h.,  1258.  Inq.  417,  1.'  cl.— Id.  418,  434  e  436. 
Deldemiro,  n.  ii.,  1037-1065.  L.  Preto.  Dipl.  280. 
Delsadielha,  app.  m.,  sec.  XV.  S.  200. 
Delgadilha  ou  de  Algadiela,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  151. 
Delgado,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  209.  Leg.  415,  1.'  cl. 
Delgradelim,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  177. 
DeUii,  app.  h.,  1065.  Uoc.  most.  Pendoroda.  Dipl.  282. 
Deiiis,  n.  t.,  1273.  Leg.  229  e  230. 
.Deiioiz,  app.  h.,  1258.  Inq.  436,  1.'  cl. 
Denquilo  (de  Enq«UoT),  d,  h.,  1063.  L.  Preto.  Dipl.  272. 
Dente,  app.  h.,  1258.  Inq.  504,  ,1.'  cl.— S.  351. 
Deporzeli,  geogr.,  1079  (?).  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  343. 
Derniim,  app.  h.,  sec.  XV.  S.  155. 

DerrahamauÍE,  app.  h.,  10G7.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  287. 
Derribada  iras,  geogr.,  1258.  Inq.  412,  1.*  cl. 
Descano,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  387. 
Desiderius,  n.  h.,  935.  Dipl.  25. 

Despauzo  (Villar),  geogr.,  1059.  L.  D.  Mura.  IMpl.  258,  1.  50. 
De»parili,  n.  h.,  sec.  XI.  L.  D.  Mam.  Dipl.  563. 
Desteli,  n.  h.,  1258.  Inq.  415,  2."  cl.— Id.  416. 
Desterici,  geogr.,  1059.  L.  D.  Mum.  Dípl.  259,  1.  24. 
Desterico,  n.  h.,  sec.  XI.  L.  D.  Mum.  Dipl.  562. 
Desterigo,  n.  h.,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  8, — Id.  125. 
Desteríquiz,  app.  h.,  1000.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  266. 
Desteriqnizi,  app.  h.,  1081.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  357. 
Desteriz,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  383. 
Desti-igoz,  app.  h.,  1058.  L.  D.  Mum.  Dipl.  252. 
Dena  (Portella  de),  geogr.,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  258,  1.  53. 
Devesa  mbea,  geogr.,  1258.  Inq.  594,  2.*  cl. 
Deveselam,  geogr.,  1258.  Inq.  578,  1.'  cl. 
Devesina,  geogr.,  1258.  Inq.  345,  1.*  cl. 
Deveso,  app.  t.,  1220.  Inq.  5,  1.*  cl. 
Deza,valle,  952.  L.  D.  Mum.  Dipl.  38.— Id.  46. 
Dezanos,  villa,  922.  L.  Preto.  Dipl.  16. 
Dezaos  (S."  Maria  de),  geogr-,  1220.  Inq.  20,  2.*  cl. 


byCoo^^lc 


o  Akcheoloqo  Português  53 

Ikezza,  valle,  952.  L.  D.  Mum.  Dipl.  4C. 

■tiabres,  app.  h.,  1258.  Inq.  393,  1.»  cl. 

Uiaco,   n.  h.,  1060.  L.  D.  Mum.  Dipl.  267,  n."  426.— Id.  230. 

Uiago,  n.  h-,  1220.  Inq.  2Õ5,  2.»  cl— Dipl.  142  e  553. 

Diayu,  n.  h.,  1006.  L.  Preto.  Dipl.  120.— Id.  181. 

Diahali,  app.  h.,  1115.  Leg.  141. 

Wiaz,  app.  h.,  957.  L:  Preto.  Dipl.  42.— Id.  147. 

Diazi,  app.  h.,  1080.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  350.— Id.  498. 

I>idaci,  app.  h.,  907.  Dipl.  10,  n."  15.— Id.  20,  n."  31. 

Didaco,  n.  h.,  1258.  Inq.  362,  2.»  cl. 

Didacv,  n.  h.,  995.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  108.— Id.  13. 

Didaga,  n.  h-,  882.  Doe.  moat.  da  Graça.  Dipl.  6. — Id.  75. 

Uidagooi,  n.  h.,  915.  Dipl.  14.— Id.  217. 

I>idaz,  app.  h.,  907.  Dipl.  10,  n.»  15.— Id.  21,  n."  34. 

llídazi,  app.  h-,  1086.  Doe.  most.  Arouca.  Dipi.  398,  n."  665. 

Ilides,  villa,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipi.  8,  1.  5. 

Diego,  n.  h.,  1453.  Azurara,  Chr,  da  Guiné,  p.  151. — Leg.  683. 

1>iega,  a.  h.,  sec.  xv.  S.  433. 

IKegae,  n.  h.,  1453.  Azurara,  Chr.  da  Guiné,  p.  81— S.  318. 

Dielho,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  3õ6. 

Diga],  app.  h.,  1258.  Inq.  491,  1."  d. 

IMgai-eii,  app.  h.,  1220.  Inq.  80,  2."  cl. 

Digniz,  app.  h-,  1041.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  193. 

Digno,  n.  h.,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  259. 

Digo,  geogr.  (?),  12.58.  Inq.  420,  2."  cl. 

DilLago,  n.  h.  (?),  1008.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  121. 

Dinis,  n.  h.,  1453.  Azur.,  Chr.  da  Guiné,  p.  157  e  185. 

Diuoiz  e  Diiioniz,  app.  h.,  1097.  Doe.  most.  Pcndorada.  Dipl.  504. 

Diom,  geogr.  (?),  sec.  xv.  S.  351. 

Distele,  n.  h.,  1220.  Inq.  98,  2.»  cl. 

Doadi  (S."  Maria  de),  geogr.,  1258.  Inq.  357,  2.'  cl. 

Doarte  (TiUa  de),  geogr.,  1258.  luq.  352,  2.»  cl. 

Doce,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  345.  —  Leg,  410  e  467. 

Docem,  app.  h.,  aec.  XV.  F,  Lúpez,  Chr.  D.  JoSo  1.",  p.  2.*,  c.  2. — 

Id.  14. 
Bocido,  n.  h.,  1090.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  440. 
Docinas,  geogr-,  1258.  Inq.  317,  l.»  cl. 
Dohorgon,  geogr.,  1258.  Inq.  494,  2."  cl. 
Dolcidio,  n.  h.,  1058.  Dipl.  254,  1.  4. 
Dolcina,  n.  m.,  1037.  L.  Preto.  Dipl.  180. 
DdUo,  app.  h.f  sec.  XV.  S.  368. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


54  O  Ahcheolocm)  FosTOGcâs 

Dolodenuro,  n.  h.,  1037.  L.  Prato.  Dipl.  180. 

Dolquide  e  Dolqníte,  n.  h.,  1055.  L.  Freto.  Dipl.  240. 

Dolqnito  e  Tolqnito,  n.  h.,  1040.  L.  Preto.  Dipl.  190. 

Dolzidio,  n.  b.,  972.  Doe.  moet.  S.Ticente.  I%1.  67. 

Doma,  googr.,  1258.  Inq.  378,  1.'  cl. 

Domaez  e  Domenz  (S.  Salvatore  de),  geogr.,  1220.  Inq.  24,  1."  tA. 

l>oineu  (S.  Salvstore  de),  geogr.,  1220.  Inq.  225,  2."  «l. 

Domengns,  n.  h.,  1054.  Doe.  tnost.  Penãorada.  DipL  238. 

Domenquiz,  app.  h.,  1092.  Doo.  most.  Arouca.  Dipl,  460. — H,  482. 

Domenqaizi,  app.  h.,  1085.  Doe.  most.  Aroaca.  Dipl.  380. 

Domeuz  (S.  Salvatore  de),  geogr.,  1220.  Jnq.  100,  2.*  d.— H-  399. 

Domingas,  q.  m.,  sec.  XV.  .S.  149. 

Domiugiz,  app.  h.,  1085.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  383. 

Domingo,  c.  h.,  1093.  L.  Preto.  Dipl.  470. 

Domingunas,  q.  h.,  1258.  Inq.  309,  1.*  cl. 

Domingniz,  app.  h.,  1092.  Dipl.  463. 

Dominica,  a.  m.,  1258.  Inq.  362,  2.'  cl. 

Dominícas,  n.  m.,  1258.  Inq.  308,  2.'  d. 

DominicM,  n.  h.,  1086.  L.  Preto.  Dipl.  392.  — Id.  13. 

Dominigoz,  app.  h-,  1057.  L.  D.  Mum.  Dipl.  246. 

Dominiguiz,  app.  h.,  1080.  L.  Preto.  Dipl.  351.— Id.  420. 

Dominíquii,  app.  h.,  1081.  Mpl.  360,  n."  600. 

Dominquici,  app.  h.,  1088.  Dipi.  420,  n."  701. 

Domiuquii,  app.  h.,  1092.  Dipl.  465,  n.»781. 

Dominquizí,  app.  h.,  1086.  Dipl.  394.— Id.  445. 

Domitria,  n.  m.,  991.  Doe.  most.  S.Vicente.  Dipl.  101. — Id.  137. 

Domnadeo,  n.  h.,  1037-1065.  Dipl.  280. 

Domnani,  n.  h.  {?),  1009.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  126. 

Domnaniz  e  Domnauizi,  app.  h.,  1041.  Doe.  most.  Moreira.  IHpl.  191. 

Domnega,  n.  h.  (?),  1050.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  230. 

Domnica,  a.  m.  (íÓ,  1067.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  287. 

Domnieon,  n.  h.,  974.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  71. 

Dona,  app.  m.,  1258.  Inq.  344,  2.'  cl. 

Donacalio,  n.  h.,  972.  Doe.  most.  S.  Vicente.  IHpl.  67. 

Donadeiaz,  app.  h.,  1044.  L.  D.  Mum.  Dipl.  203. 

Douadens,  n.  h.,  924.  L.  D.  Mum.  Dipl.  19. 

Donadildi,  n.  h.,  929.  Doe.  most.  S.Vicente.  Mpl.  22. 

Donadilli,  n.  h.,  1013  (?)  Dipl.  137. 

Donado,  n.  h.,  938.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  28. 

Donadoz,  app.  h.,  1045.  L.  D.  Mum.  Dipl.  208. 

Donaili,  n.  m.,  1078.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  341. 


byGoí>^^lc 


o  Abchbolooo  PoKToauAs  55 

Douais,  app.  h.,  1258.  Inq.  399,  2.'  oL 

Dona],  D.  h.,  973.  Doe.  most.  LorvSo.  IKpL  68,  d."  108. 

Doium,  n.  h.,  944.  L.  Preto.  IHpl.  31.— Id.  159. 

Donan,  n.  b.,  1061.  Doe.  most  Moreira.  DipL  369,  a."  430. 

Doaaneriqniz,  ^p.  h-,  1061.  Doe.  most.  Moreira.  Dipt.  369. 

Doiumí,  Q.  h.,  978,  Doe.  most.  Moreira.  IMpl.  77. 

D^uaiei,  app.  h-,  1069.  Doe.  most.  Moreira.  Dípf.  398. 

Donaniz,  app.  b-,  995.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  108. 

Donanisí,  app.  h.,  960.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  49. — Id.  57. 

DoDanna,  a.  h.,  773  (?).  L.  Preto.  DipL  3. 

DMao,  n.  fa.,  1258.  Inq.  353,  3.*  cl. 

Doiuit«,  n.  h..,  952.  Doe.  most.  Lorvlo.  Dipl.  38. 

Donato,  n.  h.,  sec.  xi.  L.  D.  Mum.  Dipl.  564,  1.  39. 

Donaz,  app.  h.,  1100.  Doe.  most.  LorrZo.  Dipl.  559. 

1>onasano,  d.  b.,  1001.  L.  Preto.  Dipl.  113.  — Id.  118. 

Donisão,  n.  b.,  1258.  loq.  332,  1.*  cl. 

Donazario,  n.  b.,  99Õ.  L.  Preto.  Dipl.  107. 

Donazo,  a.  b.,  990.  Doo.  most.  Moreira.  Dipl.  98,  n."  158. 

Donegas,  d.  b.,  1032.  L.  Preto.  IMpl.  168,  a."  275. 

Donego,  geogr.,  1258.  Inq.  302,  2.»  cl. 

Donuro  (Casal),  geogr.,  1258.  Inq.  342,  2.'  cl. 

Donela,  n.  m.,  1008.  L.  Preto.  Dipl.  125. 

Donelizi,  n.  b.,  773  (?).  L.  Preto.  Dipl.  1. 

Donellus,  n.  b.,  968.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  60— Id.  73. 

Donelom,  a.  b.,  1057.  L.  Preto.  Dipl.  247. 

Donim.Vídè  Danin. 

Doninga,  n.  b.  (?),  1079.  L.  D.  Mum.  Dipl.  344. 

Donino,  □.  b.,  1045.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  307. 

Donis,  D.  h.,  sec.  xv.  S.  215  e  216. 

Donisore,  n.  h.,  1044.  L.  Preto.  Dipl.  205. 

Donitria,  n.  b.,  96Õ.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  57,  o."  91. 

Doniz,  n.  h.   (?),  978.  Doe,  most.  Moreira.  Dipl.  77.— Id.  302.— 

Geogr.  Dipl.  513— loq.  533,  2.'  d. 
Donizi,  app.  h.,  1054.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  174.  — Id.  204. 
Donnan,  d.  b.,  995.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  107.— Id.  109. 
DoBBaai,  n.  h.,  924.  L.  Preto.  Dipl.  18.— Id.  57. 
Donnaniz,  app.  b.,  1038.  L.  Preto.  Dipl.  182. 
DmuuuUjj,  app.  b.,  1043.  L.  Preto.  Dipl.  199. 
Donnazanno,  n.  b.,  1013  (?).  Dipl.  136. 
DonneUú,  app.  h.,  1014.  L.  D.  Mum.  Dipl.  138.— Id.  287. 
DonneUo,  d.  b.,  1076.  Doe.  most.  Peudorada.  Dípl.  326. 


byGoot^lc 


56  O  Aachkologo  Pobtogués 


Sounici,  geogr.,  1097.  Dipl.  513,  I.  6.  .  ' 

Dounicon,  a.  b.,  1043.  L.  Preto.  Dipl.  199. 

Donnú,  geogr.,  1098.  Dipl.  518,  1.  19. 

Donnon,  n.  h..  964.  L.  Preto.  Dipl.  55.— Id.  79. 

Dobo,  n.  h.,  1053.  (?).  L.  Preto.  Dipi.  235. 

Doiion,  n.  h.,  955.  Doe.  moat.  Moreira.  Dipl-  40. — Id.  112. 

DoiioDÍ£Í,  app.  h.,  1087.  Doe.  aé  de  Coimbra.  Dipl.  411.— Id.  450. 

Uoona  ou  Daona,  app.  b-,  1220.  Inq.  127,  1.*  cl. 

Dopa  (Cabeza),  geogr.,  1199.  For.  Quarda.  Leg.  511. 

Doradea,  a.  m.,  1078.  Doe.  most.  Moreira.  Dipi.  337. 

Dordia,  n.  m.,  1033. Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  172.— Id.  201.— Inq.  532. 

Dordlz,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  159. 

Doreas,  geog^.  {?},  sec.  xv.  S.  168. 

Doredo,  n.  h.  (?),  1025.  L.  Preto.  Dipl.  159.— Id.  193.  - 

Dorgeses,  app.  b.,  sec.  XV.  S.  351. 

Dorigo,  n.  h.,  1039.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  186. 

Doriguzi,  app.  b.,  1037.  L.  Freto.  Dipl.  181. 

Dorio,  rio,  897.  Doe.  moBt.  Pedroso.  Dipl.  8,  1.  4.— Id.  16  e  18. 

Dormes,  geogr.,  sec.  xv,  F.  López,  Cbr.  D.  J.  1.',  p.  1.',  C.  160. 

Itonias,  geogr.,  1258.  Inq.  388,  1.»  d.  — Id.  431. 

Domelas  (S.  Salvatore),  geogr.,  1258.  laq.  425,  2.»  cl. — Id.  92.— 

App.  h.— Id.  526. 
Dorodea,  a.  ra.  (?),  1074.  Dipl.  316. 
Doróo,  app.  b.,  sec.  xv.  S.  318. 

Dorosede,  n.  b.,  1018. Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  146,  n."  235. 
Dorotee,  a.  m.,  1057.  L.  D.  Mum.  Dipl.  245. 
Dorraca,  app.  b.,  1258.  Inq.  319,  1.»  el. 
Dorranes,  app.  b.,  12Õ8.  Inq.  320,  2.»  ei. 
Dorrom,  villa,  1258.  Inq.  473,  2.»  cl. 
Doirou,  villa,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  258,  1.  31. 
Dorsum  Yarxeaa  (í),  geogr.,  950.  Doe.  ap.  sec.  XIU.  Dipl.  35. 
Doruaueia,  app.  b.,  sec.  XV.  S.  197. 
Dosterigo,  n.  h.,  1053  {?).  L.  Preto.  Dipl.  235. 
Dostrulfizes,  app.  h.,  973.  Doe.  ap.  sec.  xviii.  Dipl.  69. 
Dotarío,  D.  b.,  sec.  XV.  S.  253. 

Douchristi,  geogr.,  1220.  Inq.  46,  l.*cl.  — Id.  128.— App.  h.Id.  314. 
DoneUas  (Porto),  geogr.,  1092.  L.  Preto.  Dipl.  462. 
Donti-ím,  app.  b.,  sec.  xv.  F.  Lípez,  Cbr.  D.  J.  1.°,  p.  1.',  C.  161. 
Doyat,  app.  m.,  1258.  Inq.  400,  1.'  cl. 
Doyro,  rio,  sec.  xv.  S.  307. 
Doíar,  geogr.,  1258.  Inq.  493,  2.'  cl. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÃBCHBOLOQO  FOBTUOUÊS  57 

Iloíarias,  geogr.,  1258.  Inq.  369,  2.»  cl. 

Doieiro,  app.  h.,  Bec.  XV.  F.  López,  Chr.  D.  J.  V.",  p.  1.',  C.  187 

Dragoncelli,  vilia,  1100.  L.  B.  Ferr.  DipL  546. 

Uragunceli,  vilIa,  1086.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  399.— Id.  451. 

Dragaio,  app.  h^  sec.  XV.  S.  155. 

Mrimas,  n.  í.  (?),  1033.  Dipl.  170. 

Duarii  (Fontum),  geogr-,  1258.  Inq.  589,  2.»  cl. 

]>ucidia,  n.  m.,  1070.  Doe.  most.  Arouca.  Dípl.  303. 

llucidin,  n.  h.,  1070.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  303. 

l>ueiro  (Casal),  geogr.,  1258.  Inq.  599,  1.'  cl. 

Duer,  app.  h.,  1258.  Inq.  601,  2."  cl. 

MoUdii,  app.  h.,  1034.  Tombo  S.  S.  J.^Dipl.  174. 

lluiro  on  de  Crio  (S.  Andrea  de  Rio),  geogr.,  1220.  Inq.  196,  1.'  cl. 

I»uÍro,  rio,  995  (?).  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  108,  n."  175. 

Dulce,  n.  m.,  1085.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  Dipl.  379. 

l>ulcedoouia,  app.  m.,  1038.  L.  Preto.  Dipl.  182. 

Ikulcia,  rainha,  1055-1065.  For.  de  Paredes.  Leg.  347.— Id.  488. 

Ilulcioa^  n.  m.,  1009.  Boc.  most.  Moreira.  Dipl.  126. 

Dalceuida,  app.  m.  (?),  985.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  94. 

Ihilcidius,  bispo  visiense,  943.  Doe.  most.  LorvUo.  Dípl.  30. — Id.  2 

e23. 
Ilulgneses,  app.  b.,  eee.  xv.  S.  351. 
l>Dlquede,  n.  h.,  1044.  L.  D.  Mum.  Dipl.  203. 
Bulquido,  n.  h.,  1045.  L.  Preto.  Dipl.  209,  n."  341. 
Itulzuna,  n.  m.,  1060.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  268. 
Dumio,  geogr..  911.  Doe.  ap.  Academia  Olisip.  Dipl.  12. — Inq.  68 

e  205. 
Dttoceiro,  n.  h.,  1220.  Inq.-120,  1.*  cl.  . 
Dniipa,  geogr.  (?),  eee.  xv.  S.  383. 
Duque,  app.  h.,  see.  xv.  S.  305. 
Duquesa,  app.  m.,  see.  xv,  S.  305. 
Dura,  geogr.  (?),  sec.  xv.  S.  170. 
Durães,  app.  m.,  sec,  xv.  S.  171. 
Durííez,  app.  h-,  1220.  Inq.  114,  1.'  cl. 
Daraiz,  app.  b.,  1220.  Inq.  34,  2.'  cl.— Id.  114. 
Duram,  n.  h.,  1220.  Inq.  24,  2.'  cl.— Id.  34. 
Durambias,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  254. 
Darancia,  n.  m.,  1258.  Inq.  332,  1.*  cl. 

Duraucino,' geogr.,  sec.  xm.  Doe.  in  Archeúl.  port.,  t.  IX,  p.  70. 
Duraodus,  n.  h.,  1220.  Inq.  67,  1.'  cl.— Id.  327. 
Duraanns,  n.  h.,  1258.  Inq.  576,  2.'  cl. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


58  O  Aacaxohoao  Pobtdgcês 

Daranns,  n.  h.,  1220.  Inq.  200,  1.'  el.-;-Id.  85. 

Durio,  Q.  h.,  sec  xv.  S.  179. 

DanUe,  n.  m.,  12Õ8.  loq.  491,  1.*  cl. 

Durieses,  app.  h.,  sec.  XV.  S.  312. 

Duroni  {Monte  de),  geogr.,  1152.  For.  de  Freixo.  J^g.  380. 

Dnrop,  geogr.,  sec.  xv.  F.  López,  Chr.  D.  J.  1.",  p.  1.%  C.  146. 

Duros,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  171. 

Ihirosina  (Pedra),  geogr.,  1258.  Inq.  554,  2.'  d. 

Dnrrdo,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  334. 

DnsdicoE,  n.  h.,  1057.  L.  D.  Hum.  Dipl.  246. 

Duura,  geogr.,  sec.  XV.  S.  172. 

Duzaes  (S.'*  Marina  de),  g«ogr.,  1258.  Inq.  360,  2.»  d. 

Drne,  n.  m.,  1100.  Doe.  most.  Avfe-Maria.  Dípl.  561. 

Dyu  (Portela),  get^.,  1258.  Inq.  343,  1.»  cl. 


Eaues,  app.  h-,  1258.  Inq.  376,  1.»  cl. 

Eanaes,  app.  h.,  1453.  Asar.,  Chr.  da  Gainé,  pg.  56. — Id.,  Dissert. 

chron.,  t.'  5.°,  p.  266. 
Eauuez,  app.  h.,  Dissert.  chron.,  f."  5.",  p.  ? 
Eauo,  n.  h-,  1097.  Doe.  most.  Pendorada,  Dipl.  510. 
Ebani,  n.  h.  (?),  sec.  xi  (?).  L.  D.  Mum.  DipL  562. 
Ebraham,  n.  li.,  964.  L.  Preto.  Dipl.  55. 
Ebrahem,  n.  h.,  968.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  60. 
rair^imi,  n.  h.,  1018  (?).  Doe.  most.  Lorvio.  Dipl.  149. 
EbraUi,  n.  m.,  1008.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipi.  122. 
Ebraldum,  geogr.  (?).  For.  de  Coimbra.  Leg.  356. 
Ebreguldus,  n.  h.,  870.  L.  D.  Mum.  Dipl.  4. 
Ebpegulfiz,  app.  h-,  1019.  L.  Preto.  Dipl.  151. 
Ebragulfo,  n.  h.,  1027.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  162. 
EbreUeimes,  vilta,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  262,  1.  3. 
EbpiU,  n.  m.,  982  {?).  L.  D.  Mnm.  Dipl.  82. 
Ebpilli,  n.  m.,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  261.— Id.  375. 
Ecoa,  n.  h.,  1061.  Doe.  ap.  sec.  xiv.  Kpl.  269.— Id.  274. 
Ecclesiola,  villa,   1059.  L.  D.  Mnm.  DipL  262,  L  29.— Id.  447.— 

Inq.  Ô79. 
Eçeja,  geogr.,  sec.  xv.  S.  263. 

Ecenaeoo,  a.  h.,  985.  Doe  Bé  de  Coimbra.  Dipl.  92. 
Ecenrario,  geogr.,  922.  Doe.  aè  de  Coimbra.  £^1.  16,  uJt.  L 
Ecgire,  app.  h.  (?),  921.  Doe.  mo«t.Vairao.  DipL  15. 


byGoí>^^lc 


o  ASCHBOLOQO  POVTDQUflS 


Echeg»,  n.  h.,  1063.  L.  Preto.  IHpl.  272. 

Echegues,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  175. 

Eehigi,  n.  h.,  sec  XV.  S.  190. 

Echigic,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  281. 

Eclugit,  app.  b.,  sec.  xv.  S.  279. 

Echigiz,  app.  h.,  sec.  xv.  8.  190. 

EdesioU  e  Ecciesiola,  geogr.  960.  L.  D.  Mom.  IMpl.  51,  1.  11.— 

Id.  320. 
£cta  e  Eita,  d.  h.,  1063.  Doe.  ap.  sec.  xii.  Dipl.  273. 
Ecfavida,  n.  h.,  1115-  Coodlio  Ovetensé.  Leg.  140. 
Ecte,  app.  ti.,  1115.  Concilio  Ovetensé.  I^eg.  140. 
Eddeges  e  Eldeges,  n.  h-,  960.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  49. 
Edegnndie,  a.  m.,  1032.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  166. 
Edelaiz,  app.  h.,  1014.  L.  D.  Mnm.  Dipl.  139. 
Ederata  (Petra),  geogr.,  924.  L.  D.  Hum.  Dipl.  19. 
Ederoni,  geogr.  (?),  1060.  Doe  most.  Pedroso.  Dipl.  231.— Id.  334. 
Ederoaias,  n.  h-,  1062.  Doe.  most.  Arouca.  Dípl.  365. 
Ederonio,  n.  h.,  990.  Doe.  most  Moreira.  IMpl.  98.— Id.  101. 
Ederonii,  app.  h.,  1035.  L.  Preto.  Dipl.  176. 
Edero&zi,  app.  h.,  085.  Dipl.  93. 
Edironi,  app.  h.,  973.  L.  Preto.  Dipl.  69. 

Edmondo,  n.  h.,  sec.  xv.  F.  López,  Chr.  D.  J.  1.',  p.  2.',  C.  88. 
Edonia,  n.  m.  (?),  976.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipi.  75.— Iik|.  354. 
Edoronio,  n.  h.,  1004.  L.  Preto.  Dipl.  118.— Id.  127. 
Edro,  boiça,  12.58.  Inq.  586,  2.'  cl. 
Edroulo,  n.  b.,  1041.  Doe.  most.  Moreira.  Dipi.  191. 
Eduarte,  n.  h.,  1453.  Azar.,  Chr.  da  Gaíné,  p.  3  e  235. 
Edno,  n.  h.  (?),  989.  L.  Preto.  Dipl.  97. 
Eenãas,  geogr.,  1258.  Inq.  694,  2.*  cl. 
Eeroniz,  app.  h.,  1100.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  557. 
Egabediz,  app.  h.,  1049.  L.  D.  Mum.  Dipl.  227. 
Egani,  app.  b.,  911.  IKpl.  11  e  562. 
Eganíz,  app.  h.,  978.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  77. 
Egaredi,  vílla,  1075.  Doe.  raost.  Moreira.  Dipl.  322. 
Egaredici,  app.  b.,  924.  L.  Preto.  Dipl.  19.  — Id.  324. 
Egarediz,  app.  b.,  968.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  62.— Id.  180. 
Egaredo,  n.  h.,  921.  Doe.  most-VaíriU).  Dipl.  15.— Id.  199. 
Egarel,  villa,  1059.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  255. 
Egareo,  n.  b.,  1081.  Doe.  most.  Moreira.  DipL  359. 
Egarens,  n.  b.,  773  (?}.  L.  Preto.  Dipl.  2. 
Egamzl,  app.  b.,  100^.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  115. 


byGoot^lc 


o  AbCHEOLOOO  FORTUODÊa 


Egas,  a.  h.,  983.  Dipl.  40,  85  e  115. 

Egea,  n.  li.,  1258.  Inq.  ÕOI,  1.*  cl.  ' 

Egeas,  n.  h.,  1068.  IJoc.  ap.  sec.  xiil.  Dipl.  290.~Id.  316.— Geogr-, 
1220.  Inq.  32,  1.'  cl.— Id.  539. 

Egee,  app.  h.,  1220.  Inq.  129,  1.'  cl. 

Egeka,  n.  h.,  991.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  100.— Id.  109. 

Egela,  n.  L.,  922.  L.  Preto.  Dipl.  17,  1.  2. 

Egelo,  n.  in.,  991.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  100.— Id.  223. 

Egeus,  n.  h-,  1033.  Dipl.  171. 

Egica,  n.  h.,  922.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  17.— Id.  63. 

Egicat,  app.  h.,  1049.  L.  D.  Mum.  Dipl.  227  e  250. 

Egicai,  app.  h.,  1010.  L.  Preto.  Dipl.  131. 

Egidi  {?),  n.  h.,  951.  Doe.  ap.  most.  Arouca.  Dipl.  3C. 

Egídio,  n.  h.,  1258.  Inq.  496,  1.*  cl.  — Id.  591. 

Egidius,  n.  li.,  1151.  For.  da  Lousa.  Leg.  378.— Id.  347.— Inq.  611. 

Egika,  n.  h.,  1085.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  388. 

Egikaci  e  Egikazi,  app.  li.,  1085.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  388. 

Egikaz,  app.  h.,  1090.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  442. 

Egilaoes,  viUa,  1013  (?).  Dipl.  136. 

Egilo,  n.  m.,  989.  Dipl.  98.— Id.  163. 

EgiqnÍE,  app.  h.,  998  (?).  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  111. 

Egitania,  geogr.,  1258.  Inq.  608,  1."  cl. 

Egilanie,  app.  m.  (?),  1258.  Inq.  482,  2.'  cl. 

Eglesiola,  vitla,  922.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  17,  n."  26.— Id.  108. 

Egoredo,  n.  h.,  1055.  L.  Preto.  Dipl.  242. 

Egríz,  n.  h.,  954.  Doe.  most.  Lorv3o.  Dipl.  40.— Id.  132. 
•Egro,  geogr.  {?),  1006.  L.  Preto.  Dipl.  120,  n."  195. 

Egufiz,  app.  m.,  1097.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  510. 

Egjras,  app.  li.,  sec.  xv.  F.  López,  Chr.  D.  J.  1.',  p.  2.',  C.  l." 

Eicazi,  app.  h.,  1059.  Dipl.  263. 

Eichiga,  n.  h.  (?),  1042.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  196. 

Eidamiam,  geogr.,  1169.  For.  de  Linhares.  Leg.'395. 

Eidiaes  (8.'*  Maria  de),  geogr.,  1220.  Inq.  165,  2.'  cl. 
•Eidimns,  n.  h.,  953.  Doe.  most.Viniar.  Dipl.  39. 

Éidino,  n.  h.,  1045.  Doe.  moet.  Moreira.  Dipl.  207, 

Eido  e  Heído,  geogr.,  1258.  Inq.  735,  I  .*  cl. 

Eienna,  n.  m.,  951.  Dipl.  36.— Id.  300. 

Eiga,  D.  h.,  1083.  Doe.  moat.  Moreira.  Dipl.  367. 

Eigat,  app.  h.,  1057.  L.  D.  Mum.  Dipl.  246. 

Eigica,  n.  h.  (?),  924.  L.  D.  Mum.  Kpl.  19.— Id.  112. 

Eigilo,  n.  h.  (?),  1059.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  255. 


byGoí>^^lc 


o  Akcueologo  Pobtuqdés 


Eigio,  n.  m.,  1258.  Inq.  369,  2.*  cl. 
Eigo,  nrti.,  081.  Doe.  most.  Lorv9o.  Dipl.  81. 
Eigrei4k>,  geogr.,  sec.  XV.  S.  354. 
Eignltoj  B.  h.,  985.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  90. 
Eignmediade  (Uillar  de),  geogr.,  989.  Dipl.  98. 
Eika,  n.  h.,  925.  Dipl.  20. 
EUan,  n.  m.,  1033.  Tombo  S.  S.  J.  Dípl.  172. 
Eilantes,  villa,  Era  1102.  L.  Preto.  Dipl.  277. 
Eileiaa  e  Eilenna,  n.  m.,  1054.  I^pl.  239. 
EUeua,  d.  m.,  1053.  L.  D.  Mum,  Dipl.  237. 
EUena,  n.  m.,  1080.  Tombo  D.  Maior  Martioz.  Dipl.  356. 
Eileuba,  n.  m.,  1008.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  J21. 
EUeuaa,  a.  m.,  943.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  31. 
EiU«iuii,  n.  h.,  921.  Dipl.  15. 
Eilo,  u.  m.,  883.  Doe.  ap.  sec.  Xí.  Dípl.  6.— Id.  94. 
Eilon,  n.  m.,  1034.  Dipl.  173. 
Eínês,  Q.  m.,  sec.  xv.  S.  184. 
Eiqaiam,  geogr.,  1220.  loq.  103,  2.'  cl. 
Eiradelas  (mestas  das),  geogr.  (?),  1258.  Inq.  362,  2."  cl. 
Eiram  pedrazam,  geogr.,  1182.  For.  deValdigem.  L.  428. 
Eirao  e  Eiroo,  app.  h.,  1220.  Inq.  133,  2.'  cl. 
Eiras,  geogr.,  1018.  L.  Preto.  Dípl.  147.— Id.  148. 
Eirici,  app.  b.,  965.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  57. — Id.  336. 
Eirico,  n.  h.,  979.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  78. 
Eirígiiu,  D.  b.,  1061.  Dipl.  269. 

Elrigiz  e  Eirigniz,  app.  b.,  1040.  L.  Preto.  Dipl.  190. 
Eirignit,  app.  b.,  1258.  Inq.  298,  1.'  cl.— Id.  400. 
Eirigniú,  app.  b.,  1032.  L.  Preto.  Dipl.  167. 
Eirlgiu,  n.  b.,  915.  L.  Preto.  Dipl.  14. 
Eiriquici,  app,  b.,  1074.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  315. 
Eiriquiz,  app.  b.,  1075.  Dipl.  most.  Moreira.  Dipl.  323. 
Eirii,villa,  1058.  L.  D.  Mum.  Dipl.  249.  — Inq.  127. 
Eiriíi,  villa,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl,  262,  I.  38. 
Eiró,  n.  h.,  1258.  Inq.  417,  2.'  cl.— Id.  418.— S.  174. 
Eiroo.  Vide  Aeiroo. 

Eiroos,  geogr.,  1220.  Inq.  30,  I.»  cl.- Id.  316. 
Birnga,  app.  b.,  1258.  Inq.  440,  2.'  el. 
Eírugniz,  app.  b.,  1220.  Inq.  171,  2."  el. 
Eisem,  n.  b.,  951.  Dipl.  36. 
{C<míi»ia}. 

A.  A.  CobtebZo. 


byCOOglc 


0  Abcheologo  PoKTDOUÍâ 
Tobeoloffo  Português — 1906 

iflgto  blhllo^Bphlco  du  permatas 

ircitlar  {Circular  mensal  de  Domismatica);  receberam- se' 
neiro,  Fevereiro,  Março  e  Abril,  com  photograviu&e  de 
plaquetas. 

mat.  Gesellschaft  in  Wían  (Folba  mensal  da  Sociedade 
ienna);  entraram  os  fasciculos  de  Janeiro,  Fererein), 
e  Jaobo.  * 

;  numero  de  Janeiro  (i).  Um  doa  artigos  versa:  aSu  la 
fll'  A»it  Romano  e  riisiira  iii  Roma  nel  iv  e  v  «ec  ai', 
i.  Uma  plirase  consoladora,  não  d'este,  mas  de  outro  es- 
tila è  celebre,  negativamente,  per  aaper  mantencre  i  suoi 

aismatica  e  scienze  affínl,  Neata  reviata  b3o  publícadoe 

!e  nvmiíin.  rom.  O  fasciculo  i  de  IfKXi  occnpa-se  apenas 
Vaticani.  Precedendo  a  lista  d'ellea  e  algumas  bellas  pho- 
Gnecclii  conta-nos  a  triste  odjsseia  dos  ricos  medalfaSes 
3o  do  Vaticano,  levados  de  Roma  com  outras  prcciosida- 
depoia  do  tratado  deTolentino  (1797),  como  coutribniçSo 
y  feí-se  uma  restituição,  ^?na  t-í  toraarono  (i  medaglieri) 
wsi. . .  furono  ratituiti  i  medaglieri,  ma  non  le  mtdaglie; 

eonleiíulo. 

Publica-se  cm  Budapesth  esta  revista  oumísmatica  qne 
ogravuras  de  cunboB  no  FUift  i  e  ii.  InfelJzjneute  para 
ungaro,  língua  que  totalmente  ignoramoB.  £  despertava- 
a  moeda,  ao  parecer,  doe  bárbaros,  co.n  nma  awa«tika, 

A  s-clie  ol  o  ir  i  a 

ogie  (revae  de  la  Sociité  de  Saint-Jean;  LfOB,  place  Bel- 
de  Janeiro  apresenta  o  seguinte  texto:  Charles  Henri 
■d);  Lettre»  de  Marie-Charle»  Dulac;  Utie  conférence  de 
■fra  Angélico  (A.  P.)  \  Bidletin  de  la  SoeiéU  de  Saint-Jeaa 
Tote»  de  Vitranger  {Denis  Roche) ;  Bibliographie  et  Caím- 
rê  Qirodic). 

•"everelro  tem  a  continuaçSo  daa  Lettre»  de  M.-Cieirlet 
la  Sociité  de  Saint-Jean  (A.  Bichardière) ;  L'arl  puhlie 
PeiiU  «almia  ( Leroux  Cesbron).  O  penúltimo  artigo  vera» 
issociação  fundada  na  Bélgica  e  intitulada  Sociedade  da 

1  fim  é  derramar  no  pOTO  o  gosto  artístico,  muito  TÍvaz 
1  combater  o  mau  gosto  originado  pela  concepçSo  excln- 

sntaçSo,  chamando  o  país  ás  tradiçSes  aaeio- 
n  nenhuma  parte,  o  gosto  do  publico  e  do  n3o 


byGOí>^^IC 


o  AaCHEOLOGO  F(»TUOCÊS 


paUieo  &,  por  smqd  (Szer,  analfabeto.  Tal  aasociaçlo  entr»  néi  morria  de 
inanifio. 

ArchÍTO  Bíitorico  Futagnês;  a."  1  e  2  (JoBeiro  e  Fevereiro).  SamniBriD:  Ur- 
raca Machado,  áatta  de  CheltaÈ,  )>or  Pedro  A.  de  Azevedo;  Um  primo  ã* 
Praneiíeo  de  Sá  dt  Miranda,  Brito  Retiello;  Aadré  de  Setende  e  não  Ludo 
Andrí  dt  Beamde,  A.  F.  Bar&ta;  Em  votta  de  imh  caria  de  Garcia  de  Se- 
tatde,  A.  Braamcamp  Frein;  Ã  Chanedlaria  de  D.  Affoiuo  V,  pelo  mesmo; 
Caria»  de  quitação  delBei  D,  Manorl,  pelo  mesmo;  í.'  folha  da  Cnmiea  dei' 
Sei  dorn  Joam  I,  de  Fernão  Lopt*.  "Iria  trea  bellaa  photogtarnras. 

Bolstin  de  la  Socisdad  Castellua  de  Excarnonst;  n.'  25,  correspoodeote  a  Ja- 
neiro, cujo  satnmario  é :  Nueuat  noticiai  de  arte,  etc,  por  D.  José  Marti 
j  Honsó;  Noticia*  de  una  corte  literária,  por  D.  Narciso  Alonso  A.  Cortês; 
tem  ama  bell»  pbotogxavara  que  re^esenta  nm  retábulo  do  convento  de 
S.  Francisco  de  Valladotid.  O  retábulo,  dividido  em  trca  painéis  por  pilares, 
como  que  fórma  um  triptico  em  estilo  gótico,  e  nelle  se  vêem  esculpidoa  em 
alto  relevo  alguns  factos  da  vida  de  Jesus  Christo.  Parece  ser  de  madeira 
e  ter  alto  valor.  £st&  actualmente  no  Mueeo  Arqiieolof/ica  de  Valladolid. 

O  n."  26,  correspondente  a  Fevereiro,  trata,  entre  outros  assnntos,  de: 
Betloe  dei  arte  árabe  6  muáiyar  en  S."  Ciara  de  Tordetilla»,  por  D.  Juan 
Agapito  j  Revilbo;  La  cata  de  Cervantr.»  en  Valladolid,  etc.  O  autor  do  pri- 
meiro artigo  promette  tratar  mais  desenvolvidamente  do  assunto,  e  oxalá 
não  deixe  de  acompanhar  o  sen  trabaJtio  com  reprodiicções  arti^ticas  dos 
vestígios  que  descobriu.  O  segando  é  o  relatório  do  mesmo  autor  acerca 
da  humilde  casa  de  Cervantes,  a  qual  ae  pensa  em  considerar  monumento 
nacional.  D'esta  forma  se  asseguraria  a  sua  couservaçiio  e  integridade, 
ameaçada  a  cada  instante,  aliás  com  sincera  piedade,  pelos  estrangeiros 
que  querem  pagar  a  peso  de  ouro  até  os  próprios  pregoa  das  portadas. 
A  photo  gravura  d'este  numero  representa  a  torre  de  S."  Estevam  cm  Se- 
góvia, bello  exemplar,  ao  qae  parece,  das  solidas  torres  românicas,  com 
oineo  andares  de  ventanas,  algumas  em  arcatura,  outras  rasgadas- 

O  n.°  27  é  de  Março  de  1905,  e  o  aen  texto  é  :  La  capiUa  dei  palácio 
Ãrzoíiitpal  de  Valladolid,  por  D.  António  Nicolas;  no  retábulo,  que  é  consi- 
derado obra  do  principio  do  sec.  xvi,  ha  pinturas  de  alto  valor,  etc.  A  pho- 
tc^ravura  é  o  *Tra»ooro  de  la  Catedral  de  Paleucia: 

Revista  de  Eztr^adnra.  Fascicnios  de  Janeiro,  Fevereiro  e  Março  de  1905.  O  pri- 
meiro insere,  entre  outros,  nm  artigo  do  Sr.  P.  Fidel  Fita  acSrea  de  duas 
lapides  romanas  inéditas,  descobertas  em  Ibahemando;  uma  tradncçfio  para 
hespanhol,  *El  Fu>íínt«ta>,  de  um  cooto  do  dosso  António  Feliciano  de  Cas- 
tilho; Z<a  CaranUAada  dei  Acehucke  {eottumbreg  popitlart»)  por  Pnblio  Hur- 
tado:  iqué  es  una  carantoQa? . . .  un  hijo  de  Adan...  ha  estado  aaaomado 
á  las  puerias  de  la  Etenidad,  7  como  voto  6  promesa. . .  ofreció  ser  ea- 
rfnf^ta  el  dia  da  San  Sebastian,  patrono  dei  pueblo. . .  Se  viste  nn  sajon 
de  pellerjos  de  cabra,  oveja  6  bnoj,  sin  curtir,  que  le  cnbre  todo  el  cuerpo, 
desde  el  cnetlo  hasta  loe  pies,  ceOido  i  Ia  eintara  con  nua  cincha  bien  apre- 
tada,  7  M  eneasqueta  en  la  cabeza  una  espécie  de  caperuza  ó  gorro  dei  pró- 
prio pellejo  qae  el  sajo,  eon  dos  agnjeios  á  la  altura  de  los  ojos,  que  le  entra 
hasta  la  g(»ja. . .  Lleva  en  la  mauo  nn  caehillo. . .  Su  uússion. . .  la  de  re- 
correr el  pueblo. . .  amedrontando. . .  ou  el  inharmonico  gít  g&»,  etc.  Fazem 
puie  também  da  procissão  do  santo. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ArCHEOLOÍIO  POETUQUÊ3 


o  f«BCÍculo  de  Fevereiro  ioclue  um  estudo  do  Sr  Nieolia  Pérez  Jioié- 
iilado  'Hitloria  dei  Erlado  de.  Capillat,  onde  se  localiza  a  Miro- 
B&eticA,  parecer  já  perfilliado  por  HUbner  no  Corp.  Inter.  Lat.,  ti, 
.  Santiago  do  Cacem  também  seria,  no  parecer  de  HQbner,  uma 
Hl  O  Sr.  J.  Leite  de  Vasconcelloa  porém  erfi  que  aeria  mais  ao 
imo  a  "Ode-miTa'  {Vid.  MdigiSea  da  I.ugilania,  11,  pag.  236,  noU). 
publica  umas  epigraphes  que  se  encontram  naquclla  collecçio  com 
166  c  2367,  mas  com  algumas  diSerenças.  Como  nSo  ha  referencia 
]*,  sQrgem  duvidas  acerca  da  melhor  leitura.  Menciona-ae  o  appa- 
1.  de  duas  «espadas  largas  de  cobre,  celtiberica«,  hmlladas  harn 
.tro  ailoa  à'  oiillas  dei  rio  Zujar> ;  cstarSo  salvas  para  a  seienela? 
Bto,  versos  e  prosas,  e  entre  estas  a  tradução  de  um  conto  de  Al- 
aga, nLa  aceittina  seviilana»,  bordado  tobre  a  conhecida  anecdota 
ina:  «si,  pêro  empuez  de  habcrla  yo  canzaoa. 

blheto  de  Março  cootimia  o  estudo  acSrca  de  Capilla;  e  honram- 
l  tra'daçuea  'de  trovas  portuguesas  do  fado. 

l  Comiaion  frOTÍncial  de  monamentos  biitoricoa  j  artiBlicoí  de 
(Janeiro  c  Fevereiro  de  !90õ).  Contém:  Epigrafia  romana  de  la  eiu- 
atorffo,  por  Marcelo  Macias,  onde  se  dá  eonta  de  uma  inscripçSo 
i  iuedita  dedicada  a  Probo,  com  o  nome  de  um  legado  jurídico  da 
ense  ...  tu  framíníui  Priícug;  e  alem  d'esta,  de  ontra  funerária 
Ltera,  um  vaso  e  ramo:  Log  camitioa  antiguoa  y  el  itinerário  «■*  ÍS 
Uio  eh  la  pro»ineia  de  Oreiise,  por  Manuel  Diez  Sanjurjo,  em  que 
onam  muitos  castros  e  obras  ou  restos  aliundautes  da  época  ro- 
^lnsivamente  de  mineração  do  ouroj-e  Dociimentoa  kistorieog. 
tpauha  este  fascículo  uma  boa  pbotogravura  da  lapide  de  Aatorga, 
nesmo  importante  paleogrttphicameutc. 
rtngaés.  K  uma  revista  da  Commissão  Archeologica  da  índia  Por- 

0  n.°  1  e  2,  reunidos,  tem  por  summario:  I — A  índia  em  1623-1624 
^o),  por  J. -A.' Ismael  Gracias.  W-rPahneria  e  Areqneria,  por  J.  M. 

1  Nazaretfa.  III — Um  vmnuêcrilo  do  P.'  Roberto  Nobili,  pelo  P.'  Ga- 
Saldanha.  IV— Cata  doa  Catkeeamenos  em  Betim,  por  J.  B.  Amau- 
ias.  V —  Vi»  Judeu  Director  da  feitoria  jiortvgiteta  de  Surraíe,  por 
Fmdcíbco  Moniz  Júnior.  VI — A  Praça  da  Ajuda  (conclusão),  pelo 
ieves  e  Castro.  VII — Galeria  lapidar  no  Muteu  Beal  da  índia  Por- 
Kir  J.  M.  do  Caimo  Nazareth, 

)  n.°  1  (Janeiro)  de  1005  trata  do  seguinte:  Os  confiicio»  interna- 
D  principiar- O  Bfculo  ijt,  por  A.  Crua  da  Rocha  Peiíoto;  Bittorxa 
tncia  publica  em  Portugal,  por  Victor  Ribeiro;  Let  malhímatiquet 
'ai,  por  Rodolfo  Guimarães;  Phytomelrta,  por  Euseliio^Tamagnini; 
Et  hospitalar,  por  António  Arnelio  da  Costa  Ferreira;  Fmttet  dot 
pelo  Dr.  José  Maria  Rodrigues;  Lirro  dag  obediências  dos  geraea. 
'  2  (Fevereiro)  trata  do  seguinte:  Os  conflictos  intemacionat»  ao 
•  o  tecido  IX,  por  A.  Cruz  da  Rocha  Peixoto;  Hittoria  da  ben^- 
blica  em  Portugal,  por  Victor  Ribeiro;  Les  jnathéma tiques  ett  Por- 
r  Rodolfo  Guimarítes;  Subsídios  para  a  bibliographia  portuguesa, 
o  etlado  da  liiigua  no  Japão,  por  Jordão  A.  de  Freitas. 

""''■'■  F.A.P. 


bvGooylc 


-■OL.  X  MARÇO,  ABaiL  E  MAIO  DE  1905     N.°'  3  A  5 

O  ARCHEOLOGO 
T^ORTUGMJ]ÈS 

COLLECÇAO  ILLUSTRftDi  DE  lATERIAES  E  NOTICIAS 


rUIlLICAPA  PELO 


MUSEU  ETHNOLOGICO  PORTUGUÊS 


§  i 


VeleniiH  volvcns 


LISBOA 

IM1'UEXSA  KACIOSAL 
1905 


Di„i„«b,Googlc 


s  Tx  i^i  3tóc  A.m  o 


KOTICE   SOMIIAIBE   SUR   LE  MUSÉE   EtHNOLOGIQUE   PohTUGAIS,    LlS- 
BONHE:  65. 

Medaijias  de  SalvaçXo  Portuguesas,  existentes  na  collec^Ào 

ohqâmzada  for  José  Lamas:  72. 
Miscellanea  archeologica  :  02. 

EXPLOIÍAÇUES  ABCnEOLOGICAS  EM  MERTOLA:  95. 

Airros  Dl!  POSSE  de  castellos  no  secolo  xvi  :  100. 

antiqualhas  transmontanas:  106. 

Antiguidades  mosumentaes  do  Algarve:  107. 

Bracara  Augusta:  118. 

Estudos  de  numismática  colonial  portuguesa  :  120. 

Catalogo  dos  pergaminhos  existentes  no  archivo  da  Insigne 

B  Keal  Colleqiada  de  GuimarXes:  12G. 
Onomástico  medieval  português:  138. 
Noticus  vírus:  152. 
Bibliographu:  157. 
líegisto  mdliographico  das  permutas:  159. 


Esto  fascículo  vae  illustrado  com  17  estampas. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ARCHEOLOGO  PORTUGUÊS 

COLLECÇiO  ILLUSTRÍDA  DE  UTBUAIS  K  ROTICIâS 
MUSEU  ETHNOLOGICO  PORTUGUÊS 

.  X  MARÇO  A  MAIO  DE  1905  N."  S 


Notioe  sommalre  sur  le  Musée  Ethnologique  Portngals 
Llsbonne 

Le  Mosée  Ethnologiqne  PortngaÍB  occupe  une  des  ailes  de  Tancien 
monastère  doB  Jeronymoê  (HieroQymites),  dans  le  quartier  de  Belém, 
sar  la  rive  droite  duTagf.  II  se  divise  eo  troís  départemeats:  Archéo- 
logie,  Ethnographie  dii  Portngal  actuei  et  Anthropologie.  A  la  sectíon 
d'ArcIiéolo^e  eat  annexée  ime  petite  coUeetiou  d'anliquttés  étrang:ère$, 
k  titre  de  dociiments  coinparatifs,  de  mêine  qn'uQe  petite  coUectíon  com- 
prenant  des  spécímens  colonianx  est  jointe  à  la  sectioo  d'EthnogTapIiie. 

I.  Époque  ãe  la  pierre  taillée, — II  reste  en  Portngal  três  peu 
de  chose  de  cette  époqno,  la  civilísation  néolithiqne  j  ayant  presquc 
partout  fait  disparaitre  celle  de  la  pierre  taillée,  aussi  a'est-elle  repré- 
sentée  an  Musée  que  par  qiielqnes  échantiltons. 

n.  Époque  néolitkique. — L'aurore  de  cette  époque  se  manifeste 
par  dea  spécimens  d'ontil8  des  kjcekkenmeedãingê  de  la  vallée  du  Tage.  — 
Jje  néolitbique  proprement  dit  et  la  fin  de  cette  époque  sont,  au  cod- 
traire,  três  biea  représentt^s.  Les  objets  sont  disposés  par  ordre  géo- 
graphiqne,  en  commençant  par  le  Snd,  d'après  le  plan  de  Strabon. 
Je  □'en  indiqnerai  ici  que  les  principanx. 

Dans  le  prébistoríqae  de  l'aneien  royaume  de  1'Alqarve,  aujonr- 
d'hai  provÍQce,  il  y  a  líeu  de  signaler  d'abord  an  instrnment  de  pierre 
polie,  de  1",10  de  longneur  et  de  0",39  de  cireonférenee,  qui  est  un  des 
plus  grands  ínstrnments  que  ja  coonaiase.  Od  remarque  ensuite;  une 
cnríense  sculpture  en  pierre,  fignrant  une  tête;  un  grand  vase  d'argile 


byGOí>^^IC 


(Í6  O  Aecheologo  Pohtugués 

à  cannelnres  {malheureusement  incomplet)';  ]ea  mobiliers  des  sépul- 
tiires  tVAJJezuVj  d'AIcaIar,  de  Marcella,  de  Nora  (belles  pointes  de  flè- 
che  en  silcx,  lances  de  même  matíère,  plaques  d'ardoise  omementées, 
godets  en  calcaire,  ustensites  piriformes  en  pierre  polie,  objets  eu  ivoire 
avec  dessins,  etc). 

DaQS  TAlehtejo,  les  mobiliers  des  antas  oh  doiraens  des  Commen- 
das  tieiment  Ia  première  place:  on  y  voit  des  plaques  d'ardoÍBe  ome- 
mentées,  de  magnÍ6qiies  pointes  de  flèche  en  silex,  des  grains  de  col- 
,  en  outre,  une  pendeioque  en  forme  de  quadmpède,  sembtable 
iiitre  provenant  de  Marrão,  tentes  les  deux  en  pierre. 
Estremadura,  j'appellerfú  Tattention  de  l'arc)iéolog^ie  sur  les 
polies  de  Cadaval  et  A'ObÍ<hs,  três  nombreuses,  quelques-unes 
lies.  Cette  province  a  aussi  foiírni  des  gonges  en  pierre,  des 
ít  des  polissoirs. 

ns  la  province  ou  principauté  de  la  Beira,  sont  k  mentionner:  les 
Ts  des  orcas  on  dolmens  de  Sátão  (poterie  variée  à  fond  plat; 
?les  en  pierre;  meules  íi  mondre;  un  spécimen  de  peintiire  à 
lans  un  bloc  de  granit;  pointes  de  flèche  et  couteaux  en  silex; 
che  k  Tétat  nenf,  portant  un  trou  de  suspension;  une  plaque 
se,  á'Idanha,  représentant  une  téte,  oe  qui  rappelle  les  palettes 
^adah;  une  petíte  bobine  en  argile,  de  même  provenance;  tin 
íD  granit,  long  de  l",!?,  large  de  0™jl2,  aa  minimum,  et  de 
au  maxímum,  trouvé  égalenient  dans  une  orca,  et  pourvu  de  sil- 
ansversaux  sur  Tun  des  bords). 

province  d'ENTEE-DouRO-E-5[iNHO  a  donné:  des  vases  d'une 
spéciale  (serabiablos  k  des  chapeaux),  avec  des  dessins  bw  les 
des  couteaux,  des  haches  et  des  pointes  de  flèche. 
as  la  province  de  Tba3-OS-^[ontes.  sont  k  mentionner  plusieurs 
provenants  soit  des  dolmens  d'.4/tíio,  soit  d'autres  líeux. 

.  Epogue  du  bronze.  —  Le  euivre  commencc  déjà  cliez  nous 
raítre  dans  les  dobnens:  ce  sont  dabord  de  miaces  pointes  de 
ou  des  poignards. 

belle  époqne  du  bronze  est  représentée  par  des  épées  (Snd), 
trnments  d'une  forme  três  particulière  rappclant  celle  des  bro- 
íud),  des  faucilles  (Sud),  des  lances  (Sud),  des  hacbes  pUtes 


est  poesible  qne  ce  vaae  et  cem  dont  il  eat  question  plus  loin  (Entre- 
-Hinho)  appartiennent  k  une  époqne  pias  avaucée ;  ils  datent  an  moiíu 
I  dn  oéolitbiqne. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Archeologo  Portoqués  67 

(de  toiítes  régions),  dea  hschea  k  douille  (Nord  et  Sud),  dea  haches 
k  anse  latérale  d'un  des  côtós  on  des  deus  (Nord  et  Centre). 

Les  stations  de  ]'EsTaKiiADi:RA  ont  livre:  des  instrumenta,  une 
grande  quantité  de  Jragments  de  poteríe  omementée,  et,  en  oiitre, 
qnelquea  petíts  vaBes  lisses  et  des  objets  artistiques  en  os  et  en  cal- 
caire.  De  TAlgarve*  províennent  des  vases  et  de  petites  lames  en  or. 
De  TAlehtejo,  des  dalles  sf-pulcrales  porlant  sculptées  des  manches 
d'épées.  De  SaidaTem,  un  beau  collíer  (ou  braoelet?)  en  or. 

IV.  Epoque  du  ftr.  —  Les  príocipales  stationB  de  cette  époqae 
Bont  les  crasloB  on  (oppidai:  ils  remontent  quelquefuis  aux  époques 
antérieiíres  et  atteignent  an  moins  les  temps  lusitano-romains. 

PragançOj  en  ESTREMADURA,  est  le  craêto  le  mieax  veprésentó 
dans  le  Muaée,  à  cause  de  ses  ricbes  dépooíiles,  appartenant  k  toutes 
les  époqnes,  en  commençant  par  le  néolithique.  On  y  trouve :  des  poin- 
tes  de  fiècbe  en  ailex  et  en  cuívre,  des  lances  en  silex  et  en  bronze, 
des  haches  en  pierre  et  en  bronze,  des  marteaux  en  pierre,  des  meules, 
des  pendeloques  en  pierre  et  en  ivoire,  des  perles  en  pierre,  en  verre 
et  en  ambre,  des  fibulea  en  bronze,  des  vasea,  des  fragmenta  de  po- 
terie  ornementée,  des  poids  d'argile  semblables  à  ceux  d'Argar  (Espa- 
gne),  des  fnsaVoles. 

Les  erastoB  du  Haut-Minho  et  d«  Nord  de  TRAS-os-MoirrEa  ont 
livre  qnelquea  fibules  en  bronze  trfes  remarqnables,  variétés  locales  de 
celles  de  LaTène  I,  et  quelquea  apécimens  sculptnranx. 

On  pent  atiríbuer  k  cette  époque  lea  inscriptions  de  Bensa&im 
(Snd),  en  caracteres  indigènes,  et  aussi  les  monuments  de  pierre,  pro- 
venant  du  Nord,  et  représentant  grossíèrement  dea  qnadnipèdes  et  un 
guerrier;  le  guerrier,  avec  son  casque  coniqne  et  eoia  bouclíer  rond, 
reproduit  qnelques-nns  des  caracteres  signalés  par  Strabon  chez  les 
guerriers  lusitaniens. 

A  cúté  de  ces  prodnits  grossiers  de  Tart  indigène,  le  tlusée  poa- 
sède  des  vases  grecs,  trouvés  k  Alcácer  do  Sal;  aVec  ces  vaaes  se  trou- 
veut  un  sabre  en  fer  (dont  la  poignée  repréaente  une  tête  de  cheval) 
et  des  sculptures  en  ivoire,  três  fines. 

V.  Tranêition  de  1'époque  protokistorique  à  1'époque  Ím«í- 
iano-romaine. — Je  classe  dans  cette  époque:  les  fignrines  de  bronze, 
quelqnea  brauctets  en  or,  diverses  inscriptions  latines,  et  lea  monnaies 
indigènes,  parce  que,  si  plusieure  de  ces  monuments  sont  assnrément 
romaJDS,  d'antTes  maniíestent  une  influenoe  loeale,  on  sont  ^fficiles 
à  dater. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


68  O  Archboloqo  Portugdéb 

Parmi  leB  figurínes,  il  y  a  ãee  quadrúpedes  (chèvres  ou  boucs,  tau- 
reaux,  saagliers,  un  cheval),  dea  divínités  (par  exemple,  uneVíctoire 
'availlée,  un  Sérapis  avec  le  modiua),  des  sUtuetlee  huoiaines. 
acelettj  ont  été  achetés  chez  des  orfèvres:  deux  proviennent 
ent;  Tun,  le  plns  singulier,  parce  qu'íl  est  it  cannelures  et 
provient  du  Nord,  à  ce  qa'oa  in'a  dit; 
icríptiona  se  rapportent  à  des  cultes  relig^enx:  quelques  di- 
oerneat  le  dieu  Endovellicds  j  d'autres  portent  les  noms 
lUNA,  Bandoqa,  ãrentius,  Cerenaeci  {Lartt),  Bandío- 
(au  datif),  Iíbvelanganideigui  (au  datif).  A  côlé  des  íns- 
1  y  a  des  sctilptnres  en  marbre. 

i  qui  est  de  la  nutnismatiqne  indigène,  le  Musée  possède  des 
3'Eriom,  de  Myrtitís  et  d'Ebora.  Deux  des  monoaies 
lont  en  caracteres  dits  ibériqites  (inscríptíons  retrogrades). 

jpoque  lusiiano-romaine. — Cette  époque  est  três  riche. 

■ai  quelques  objets  en  partículíer: 

les  sépulcrales  en  forme  de  tonneau,  pourvues  d'inscríptíons 

icriptioD  versifiée,  de  Myrtílis; 

lie  sépulcraie  portant  en  i-elief  les  images  de  deux  defunta, 
),  une  inscription  (Mikro); 

Je  collection  d'inBcnptions  du  pays  des  Igaeditaní,  et  des 
fautres  inscríptíons  apparteoant  au  même  pays; 
iectton  de  vingt-six  inscríptíons  de  Carquere,  dont  quelques- 
des  symbolesj 

du  couvercle  d'un  sarcopbage  avec  quatre  Muses  sculptées 
>uka}; 

Tes  sépnicraux  en  piomb  (Alqarve); 
il  portant  une  inscription  grecque  (Algarve); 
um,  três  grand,  A' Alcácer  do  Sal; 
«is  amphores  (Sud); 

taines  des  petits  vases  de  diverses  provenances,  — quelques- 
du  type  dít  taguntino  ou  arretin  (terra  sigillatajf  parfois 
s  ou  inscríptíons; 

tines  de  lampes,  dont  quelques-unes  pourvues  d'inscriptions 
ents  (une  de  ces  lampes  porte  une  inscription  grecque) ; 
>r  de  denarii  de  Ia  Republique  Romiúne,  trouvé  avec  des 
argent  (Beira); 

>iliers  sépulcraux,  de  Balsa  (verres,  lampes, vases,  bíjoux); 
nho  (vases  de  verre  avec  inscriptione  ou  ornements,  inaurU 


byGoí>^^lc 


o  ABCHBOLOaO  POBTUGDÊg  69 

<l'or,  biãla  d'or);  d'JgrejinJui  (vaseg,  lances,  une  êpée  courte);  da  Ue- 
tallum  Vipasceose  (bagues  eu  or  avec  inacríptions,  vases);  de  Fax 
lalia  (qd  pugio);  de  TVota  ãe  Setj^l  (objeta  de  toilette  d'utte  femme, 
qui  s'appel»t  «Oalla»);  de  Marco  de  Canaveteê  (une  rtche  coUection 
de  vases,  dont  qQetques-uns  ponrrus  de  graffitt)^ 

deaz  stataea  gigantesqnes  eu  marbre,  provenaot  de  Myrtílts; 

de  petites  stataettes,  des  pierres  gravées,  des  bagues  en  or,  des 
fibnles  eo  cuivre,  en  ai^gent  et  en  or,  des  épingles  en  cuivre,  ea  os 
et  en  verre; 

des  balances  en  bronze  (lArae)  et  des  aequipondia; 

des  poids  (pondera)  en  bronze  et  en  argile,  parfois  aveo  des  inscríp- 
tions ; 

une  gargouille  de  bronze  i' Arcos  ãe  Vai  de  Vez; 

dea  Instruments  de  cbirurgie  (Sud);  - 

des  matériaux  de  constmction  (tegulae,  lateres),  des  frises,  des  cha- 
piteaus,  des  tuyauz  de  piomb; 

une  gouttière  d'argile,  portaat  une  inscríption,  trouvée  k  Brscar» 
Angusta; 

de  grandes  moBaTc|ues,  venant  de  Collipo  et  ^'Alcobaça  (un  bnste 
radie;  Orphée  jonant  de  la  lyre,  entouré  d'anin)aiix),  et  de  beanx  frag- 
ments  d'aatres  mosaíques  dô  TAloarve,  avec  des  poissons  figures. 

L'époque  romaine  en  Ibérie  va  du  lU*  siècle  av.  C,  jusqu'au  v* 
siècle  de  Tère  chrétienne. 

VII.  Épúque  lugitano-germanigae  ou  barbare  (Wisigoths). — 
Elte  commence  an  v*  siècle. 

Le  Mnsée  possède  de  cette  époqiie:  des  inscríptions  chrétieunes  de 
Mertola,  dont  une  en  grec,  les  autres  en  latia;  le  petit  mobiiier  du  cime- 
tière  de  S.  Qeraldo  (vases  et  une  plaque  de  ceinturon) ;  des  échantillons 
de  poterie,  da  Sud;  une  autre  plaque  de  ceinturon,  de  Leiría\  des  mon- 
tuúes  d'or;  des  grains  de  coUier;  une  liche  dalle  sépulcrale  du  MlNHO, 
et  de  beaux  fragments  d'une  autre  dalle,  de  mênie  provenance. 

VIII.  Époque  lusitano-arahe. — ISUe  commence  an  viu*  siècle. 
Le  Musée  a  de  cette  époque:  des  inscriptions;  des  mouDaies  d'or, 

d'Krgeiit  et  de  nuivre;  des  lampes  d'argile  et  de  bronze;  des  chapiteanz 
de  marbre;  qaelqnes  vases. 

IX.  Êpoque  portvgaite  (allant  da  moyen-àge  au  xviii*  siècle). 
Comme  il  y  a  à  Lisbonne  d'autres  établissements  scientifiques,  oú 


byGoí>^^lc 


TO  O  AacHEOLOOO  Português 

cette  époquc  est  parficnlièrement  représentée ',  on  ne  recueille  norma- 
lement,  dana  le  Musée  Ethnologíque,  que  ce  qu'on  lui  envoie  en  doo, 
ou  ce  qii'on  peut  acquérir  sans  grande  dépense  pécnniaire. 

J'y  eignaler^  cependant:  des  ioscriptions  lapidaires,  des  sculptn- 
grea,  dos  olijets  de  caractere  religieux,  des  bijoux,  des  casques,  des 
QonoEues  d'argent  et  de  cuivre,  des  médailles,  des  jetons 
nme  en  aneien  portugas  conto»  ãe  contar,  eontoi  pêra  con- 
ilement  conto»),  des  Bceaux,  des  parchemins  (xii*— xviii" 
manuacrits,  de  la  vaisselle. 


ion  archéologique  étrangere  se  compose  de  quelqnes 
lins,  grecs,  et  préhístoriqiies  d'Espagne,  Francc,  Suisse, 
ifriehe,  Italie,  Grêce,  Asie,  Egypte  et  Amérique:  une  épéc 
iine,  en  bron/.e,  des  vases  grecs,  une  eollection  de  fibules 
le  La  Tcne  et  romaines,  un  vase  romaiu  à'Enu-rita  avec 
ion,  une  fibule  espagnole,  quelques  objets  préhistoriqiies 
,  une  inscription  cnnéiforme,  plusieurs  baches  de  pierre 
'rance),  des  haches  de  pierre  il  manche  en  corae  de  cerf, 
es  stations  lacustres  de  la  Suisse. 

GthaoEraphin 

on  d'Ethnographie  Purlugaiso  moderne  est  maíntenant  en 
isation. 

is,  pour  le  moment,  y  slgnalcr  que  peu  do  cbose:  une  col- 
lulettes;  des  ex-voto;  des  instruments  de  musique;  des 
int;  des  ustensilea  agricoles;  des  pesons  de  fuseau  (cossoi- 
enonilles;  des  produits  de  Tinduslrle  pastorale  (poudríères 
io»  en  corne  de  btcuf,  três  artistiques;  ciiilléres  en  bóia 
dessins);  céramique  populaire;  des  écnelles  en  bois;  quel- 
les  populaires. 

on  coloniale  est  encore  extrêniemeut  modestc,  pa,roe  que 
le  de  rEthnograpIíic  est  du  ressort  spécial  du  Musée  Colo- 
ociété  de  Cíéograpliie  de  Lisboune. 


les  llcaux-Arts  (lablenux,  c6raiiiique,  rerrcrie,  orf^vrerie,  mobitier, 
ÍUEée  (VArtillerie  (aroics  et  armures);  Musée  dj  Carmo  (ecuipturc 
litecturr) ;  Dibliothèqiie  Nationale  (livres,  manuscrita,  mosoaies, 
rauí,  cstanipea);  Apadémie  dos  Sciences  {livres,  manustritB, — vt 
i  moniiaice  et  médailles,  et  dautrcs  objets  auciens). 


byCOO^^Ic 


o  Ahcheolooo  Pobtdodês 


Anthropolagje 

Cette  section  se  compose  de  quelques  oasementa  prorenant  des 
fouilles  archéologíques  (époques  wisigothique,  romaine.et  préromiúne)  *. 
Je  eompte  y  ajouter  pius  tard  des  spécbnens  modernos. 


L'^le  ocGupée  par  le  Musée  se  cooipose  de  trois  grandes  galeríes: 

1)  rez-ãe-chautsée,  oii  sont  les  vitrines  préhistoriques,  U  section 
coloniale,  nne  des  mosAÍques  romaines  (les  autres  ne  sont  pas  encore 
exposées),  les  monuments  lapida!res  de  toutes  les  époques,  les  meules 
anciennes  et  les  matériaux  de  construction  romains.  Tout  eBt  disposé 
méthodiquement,  et  par  ordre  géograpliiqne. 

2)  í""  étage,  oii  sont  les  poteries  roín^nes  et  tous  los  petits  ob- 
jets  dos  époques  protohistorique,  romaine,  wisigothique  et  árabe.  Tout 
est  aussi  disposé  méthodiquement,  et  par  ordre  cbronologique  et  géo- 
graphique. 

3)  2*  étage,  oh  sont  les  sections  d'Arcbéologie  Portugaise  (oxccp- 
tion  faite  des  monnments  lapidaires),  d'Ethnographie  Portugaise  et 
ct'Anthropologie. — Les  aections  d'ArchéoIogÍe  et  d'Etlinographie  Por- 
tagaises  sont  natnrellement  réunies,  et  disposées  d'apròs  ia  natura  spé- 
cifique  des  matériaux:  vio  agricole,  objets  de  pêebe,  industries  domes- 
tiques, relig^on,  víe  enfantine,  beaux-arts,  etc. 

La  section  étrangère  occupe  le  premier  palier  du  grand  escalier 
qui  cooduit  du  rez-de-chaussée  au  premier  étage.  An  aecond  palier  on 
voít,  dans  nne  vitrine,  une  sépulture  romaine  reconstituée  de  toutes 
pièces  et  dans  laquelle  est  couché  nn  squelette,  pourvu  de  son  mobi- 
lier  sepulcral. 

DfS  cartes  géographiques,  des  aquarelles,  des  gravures,  des  notes 
ezplicatives,  soÍt  dans  des  tableaux  suspendas  aux  murs,  soit  placées 
dans  des  écrans  à  volets,  complètent  Tinstraction  fournie  par  l'exameii 
des  objets  du  Mnsée. 

Une  petite  bibliothèque  contient,  en  outre  de  plusienrs  livres  et 
brochures  sur  la  matière,  toutes  les  revues  qui  font  Téchango  avec 
O  Ârckeologo  Português,  organe  du  Musée. 

Lisbonne,  25  Février  1905. 

'  J.  L.  DE  V. 


1  Qaelqttea  crftnes  de  rAiiCiaVE,  recueillie  par  fen  Estacio  da  Veiga,  sout  cn- 
e  chez  M,  Ic  Dr.  F.  Ferraz  de  Uacedo,  qai  m'a  promis  de  les  onvover  sm  MtȎc- 


byCOO^^IC 


o  Abcheolooo  Portdodís 


Uedalhas  de  Salvação  Portuguesas, 
existentes  na  oolleogfto  orgranizada  por  Josõ  Lamas 

ApoaUae&tM  hIatortcM 

Antes  da  publicação  do  decreto  de  3  de  Novembro  de  1852,  nSo 
bavia  em  Portugal  nenhuma  regra  para  os  governos  premiarem,  por 
forma  especial,  os  individues  que  praticassem  actos  de  philantropia. 
Esta  falta  fazia-$e  sentir,  priaoipalmente,  quando  havia  necessidade 
de  recompensar  cidadSos  estrangeiros  que,  por  occasiSo  de  naufrágios, 
salvassem  portugueses,  o  que  succedia  frequentemente. 

Tornava-se  pois  necessária  ama  medalha  para  se  conferir  em  casos 
taes,  &  imitaçSo  do  que  jA  se  fazia  em  outras  naçSes.  O  beto  que 
começaremos  por  narrar  fez  surgir  essa  ideia. 

1.  Primeira  medalha  de  salva^to 

Eiin  Dezembro*  de  1842  saiu  a  barra  do  Porto'  a  goleta  portu- 
guesa «S.  JoSo  Batista*,  tripulada  por  José  Pereira  Qarcia,  c^itSo 
do  navio,  José  Maria  de  Almeida,  José  António,  piloto,  Joaquim  Coe- 
lho, Manoel  dos  Santos,  M.  J.  Galhardo  e  António  de  C. .  .*. 

Levava  um  carregamento  de  fruta  e  coiros  e  destinava-se  ao  porto 
de  Dieppe. 

à certa  altura  da  viagem  levantou-se  um  grande  temporal,  e  no 
dia  14  de  Janeiro  de  1843,  pelas  2  horas  e  três  quartos  da  madru* 
gada,  quando  o  navio  estava  já  muito  próximo  da  entrada  d'aqueUe 
porto,  um  pouco  ao  norte,  foi  enciUhar  nuns  bancos  de  pedras,  para 
onde  tJnha  sido  violentamente  impellido  por  uma  forte  rajada  de  vento, 
que  soprava  do  quadrante  WNW. 

As  ondas  batendo-lhe  fortemente  no  casco  ameaçavam  destrui-lo, 
e  nesta  horrivel  situaçSo,  tendo  os  desgraçados  tripulantes  comprehen- 
^do  que  a  morte  se  nSo  faria  esperar,  abraçaram-se  uns  aos  outros 
para  morrerem  todos  juntos. 


)  Para  que  o  navio,  qne  era  de  vela,  chegasse  a  Dieppe  em  11  de  Janeiro, 
deveria  ter  saído  do  Porto  no  mgs  antecedente. 

*  No  officio  do  Conanl  para  o  Ctorerno,  de  23  de  Janeiro  de  1843,  dii-a«  que 
tinha  partido  do  Lisboa,  mas  de  nm  doramento  aatentico,  aaaínado  peloa  próprio* 
naufragoi,  que  adeante  citaremos,  consta  que  tiaba  saido  do  Porto. 

1  Do  documento  citado  na  nota  3  tiramos  os  nomes  dos  tripalantes,  nBo  no 
sendo  posaivel  decifrar  o  appellido  do  nltimo,  por  estar  em  breve. 


byCOí)l^lC 


o  ABCHEOLOOO  FOBTUQUÊg  73 

Logo  que  em  Dteppe  constou  este  triste  acoatecimento,  correu 
iDuita  ^nte  ás  muralhas  e  cães,  na  ânsia  de  poder  prestar  soccorro 
áqnelles  infelizes. 

Neste  momento  afllíctÍTo,  dois  corajosos  pilotos  d'BqiielU  barra, 
Jeaa  Louis  Degrouz  e  Nioolas  VÍDoent  Gutg^ery,  auxiliados  por  três 
remadores  da  «Barca  da  Saudei,  Jean  Baptiãte  Radouz,  Jnst  Meliot 
e  I^erre  Joseph  Carpentíer,  tendo  preparado  uma  pequena  canoa,  dirí- 
giram-se  para  o  local  onde  estava  a  goleta  <S.  JoSo  Batista*,  afl&on- 
tando  o  enorme  perigo  qae  corriam,  porque  o  mar  estava  agitadiasimo. 

Com  grande  difficuldade  conseguiram  salvar  toda  a  tripulaçSo  do 
navio,  e,  com  grande  risco  de  perecerem,  entraram  a  barra  na  pequena 
canda,  que  vinha  sobrecarregada  com  12  homens. 

Foi  grande  a  BatisfaçSo  de  todos  quando  oa  náufragos  puseram  fé 
em  terra,  sendo  nessa  occssiSo  os  salvadores  eztremamento  TÍctoríados 
por  toda  a  grande  multidSo  que  ansiosamente  os  esperava. 

OVice-Cousnl  de  Portugal  em  Dieppe,  Qeorges  Chspman,  imme- 
diatamente  participou  este  facto  ao  seu  supenor  bierarchico,  Nuno 
Barbosa  de  Figueiredo,  que  entSo  estava  servindo  como  encarregado 
do  Consulado  Geral  em  Paris,  e  este,  por  sua  vez,  o  participou  ao 
Governo,  pedindo  que  fossem  dadas  aos  salvadores  recompensas  ho- 
norificas, lembrando  logo  que,  a  exemplo  do  que  se  fazia  em  França, 
essas  recompensas  poderiam  consistir  em  medalhas. 

O  Governo,  respondendo' ao  encarregado  do  Consolado,  ordenou- 
Ihe  que  informasse  se  nSo  seria  mais  conveniente  conceder  o  habito 
de  S.  Tiago*  aos  dois  pilotos  e  dinheiro  aos  remadores,  visto  que  em 
Portugal  nSo  havia  o  costume  de  conceder  taes  prémios. 

Nuno  Barbosa  de  figueiredo  insistiu  na  sna  ideia  e,  por  fim,  o 
Governo,  em  officio  de  2  de  Outubro  de  1843,  resolveu-se  a  enviar- 
lhe  autorizaçSo  para  mandar  fazer  as  medalhas,  que  depois  de  con- 
cluídas foram  remettidaa  na  diligencia  de  Paris  para  Dieppe,  em  18 
de  Março  de  1844,  a  fim  de  serem  eotregues  aos  salvadores  peloVice- 
Consul. 

Ia  cada  medalha  em  estojo  separado  e  acompanhada  de  nm  do- 
cumento passado  e  assinado  pelo  Cônsul  Geral,  que  neste  tempo  era 
o  BarJk)  de  Alcochete. 

Podemos  mostrar  ao  leitor  a  photogravura  de  uma  d'e8sas  meda- 
lhas, tirada  do  exemplar  da  nossa  collecção  (fig.  1.'). 


'  Esta  ordem,  antes  dit  refonoa  de  SI  de  Outubro  de  1 
it  premiar  serviços  de  mérito  civil. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


74  O  ÃBCUEOLOGO  PORTUQUÉS 

Anv. — Armas  reaes  portuguesas  com  ornatos,  e,  em  volta  da  orla, 
1  seguinte  legenda,  que  começa  em  baixo,  do  lado  esquerdo,  e  é  inter- 
rompida em  cima  pela  coroa;  DÉCERNÉE  PAR  SA  MAJESTK— 
LA  REÍNE  DE  PORTUGAL. 

S.&V. — Dentro  de  uma  coroa  de  louro  a  seguinte  legenda,  escrita 
em  seis  linhas: 

NAUFRAGE 

DU  NAVIRE 

SÃO  JOÃO  BAPTISTA 

LE  14  JANVIER  1843 


AOTE 
DE  DÉVOUEMENT 


Por  baixo  dVsta  legenda  fica  ainda  um  pequeno  espaço  era  branco. 

Estas  medalhas  foram  feitas  na  Casa  da  iVloeda  de  Paris,  tendo 
custado  ao  Cônsul,  qué  as  mandou  fazer,  C47,r:iO  francos,  quantia  que 
lhe  foi  satisfeita  peio  Governo  Português,  por  intermédio  da  agencia 
financial  em  Londres,  na  importância  de  109^^211  réis. 

Ounharam-se  apenas  onze  medalhas.  Duas  de  ouro.  para  os  dois 
pilotos;  três  de  prata  para  os  três  remadores;  e  seis  de  cobre,  qne 
tiveram  o  seguinte  destino:  quatro  ficaram  na  Casa  da  Moeda  de  Paris, 
que  guardou  duas  e  remetten  as  outras  duas  para  o  Museu  da  Biblio- 
tbeea  Real;  ficou  uma  no  Consulado  Geral  em  Paris  e  a  ultima  devia 
ter  vindo  para  o  Ministério  dos  Negócios  Estrangeiros, 

As  que  foram  entregues  aos  salvadores  tinham  uma  argola  na  parte 
superior,  para  serem  suspensas  por  uma  fita  aznl  e  branca,  e,  alem 
d'isso,  tinham  também  o  nome  do  agraciado,  que  certamente  foi  posto 
no  bordo  ou  no  pequeno  espaço  em  branco  que  ha  no  reverso,  como  no- 
támos na  de8criç5o.  Como  este  espaço,  porém,  é  muito  pequeno  é  pro- 
vável que  apenas  gravassem  algum  monogramma  ou  somente  as  ini- 
ciaes. 

As  medalhas  sSo  pequenas,  como  é  de  uso  em  condecoraçSes,  tendo 
de  diâmetro  O'",037  e  de  espessura  0"',003. 

SZo  simples,  mas  bonitas,  e  qualquer  coUeecionador  que  as  tenha 
visto,  deve  ter  notado  que  para  as  armas  do  anverso  foi  aprovei- 
tado o  poDção  feito  para  uma  outra  medalha  muito  vulgar,  dedicada 
a  D.  Maria  II,  que  também  tinha  sido  cunhada  na  mesma  Casa  da 
Moeda,  cnja  estampa  se  pôde  ver  na  obra  de  Lopes  Fernandes,  onde 
tem  o  n,"  103. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  Poetugdês  75 

Foi  já  publicada  em  photogravura  no  tGstalogó  de  uma  impor- 
tante collecçio  de  moedas . .  medalhas . .  i  para  serem  vendidas  em 
leiloes  em  1903,  pela  Casa  Liquidadora  de  D.  Maria  Quilliermina  de 
Jesus,  onde  tem  o  u."  1357. 

Tanto  a  nossa,  como  as  dos  outros  eoUeccionadores,  o  que  nâo  po- 
di&  deixar  de  ser,  sSo  reproducç3es  feitas  na  própria  Casa  da  Moeda 
de  Paris,  que,  como  é  sabido,  reproduz,  mediante  o  pagamento  de 
preços  fixos  indicados  cm  uma  tabeliã,  todas  as  medalhas  cujos  cunhos 
li  estejam  guardados  e  cuja  rcproducçâo  lhe  seja  permittida  por  con- 
trato. 

Consta-nos  que  as  poucas  reprodiicçSes  actualmente  existentes  fo- 
ram mandadas  fazer  pelo  fallecido  coUeceionador  Sr.  Barbosa,  que  as 
distribuiu  pelos  seus  amigos.  Nenhuma  d'estas  tem  argola'. 

2.  Medalha  para  dlstlnOQão  e  premio,  conferido  ao  mérito, 
pbil  as  tropia  e  generosidade 

No  officio  de  30  de  Março  do  1844  do  Cônsul  de  Portugal  em 
Paris,  espécie  de  relatório,  em  que  dá  conta  ao  Governo  do  que  linha 
feito  cm  relação  áquellas  medalhas,  está  escrita  a  lápis  a  seguinte 
nota,  sem  assinatura,  mas  que  certamente  ali  foi  posta  pelo  Ministro 
dos  Negócios  Estrangeiros,  que  então  era  José  Joaquim  Gomes  de 
Castro:  «Este  methodo  de  agraciar  deve  ficar  servindo  de  norma  na 
Secretaria  para  casos  d'esta  natureza. . .  > 

As  grandes  lutas  que  por  esta  época  se  desencadeavam  entre  os 
diversos  partidos  politicos,  determinando  mudanças  de  ministérios,  fize- 
ram com  que  aquella  recommendação,  cuidadosamente  ali  escrita,  fosse 


'  Qaerpudo  evitar  a  rttpctiçilo  ãe  citaçScs,  maa  tendo  de  iiKlicar  ao  leitor 
a  serie  dos  docmncntos  oude  fomos  estudar  todo  este  assunto,  paia  que,  quereodo 
íe  possa  certificar  ilo  que  adinnamos,  reservAmos  para  este  lognr  a  indicação. 

Todos  08  docnmcntoa  cst.lo  no  ardiivo  do  Ministério  dos  Nrgocios  Estran- 
geiros e  são  os  seguintes;  OfBcio  de  33  de  Janeiro  de  l&tH  do  cucarrcgado  do 
Consulado,  Kuno  Barbosa  de  Figueiredo,  ^que  nellc  participa  o  naufrágio.  Caii» 
a.°  1  do  Consulado  de  Portugal  em  Paris,  anno  de  1843. 

Officio  de  6  de  yevcreiro  de  1813  do  mesmo,  em  additamento  ao  antecedente, 
lembrando  as  medallias.  Na  mesma  caiia.  Juntamente  com  este  officio,  cslSo  os 
seguintes  documentos:  a)  Copia  de  um  officio  que  em  1  de  Fevereiro  oVice- 
consul  tinha  enviado  no  sen  superior,  e  b)  o  importante  documento  que  nos  mi- 
nistrou os  elementos  para  a  narração  dn  naufrágio.  Este  documento  é  uma  cer- 
tidão, escrita  em  francês,  que  os  jiaufragos  assinaram  no  próprio  dia  do  nau- 
frágio, a  fim  de  comprovarem  e  enaltecerem  o  acto  de  coragem  e  humanidade 
prestado  peloB  salvadores.  Está  autenticado  cOra  um  eêllo  e  eom  certidues  do 


byCOO^^IC 


76  O  ÃBCHEOLOOO  POBTOGUÊS 

votada  ao  esquecimento.  Mas  a  ideia,  que  na  realidade  era  boa,  tomoa 
ft  surgir  algans  aimoa  depois,  como  ramos  ver. 

Em  23  de  Outubro  de  1850  saiu  de  Lisboa,  dirigindo-se  paraViUa 
Nova  de  Portimão,  o  hiate  português  «Dito  e  Feito*. 

Durante  a  viagem  desencadeou-se  uma  grande  tempestade,  e  do  dia 
30  pelas  7  horas  da  manhft  foi  o  barco  invadido  por  uma  onda,  que 
arrastou  para  o  mar  o  capitão,  Alberto  Joaquim  de  Macedo,  e  parte 
da  carga,  que  por  felicidade  era  de  cortiça. 

Empregaram  os  outros  marinheiros  grandes  esforços  para  salva- 
rem o  seu  mestre,  mas  não  o  podendo  conseguir,  porque  a  força  do 
mar  o  não  permittia,  seguiram  o  seu  rumo,  deixando  o  pobre  Joaquim 
de  Macedo  aó  a  abandonado  no  alto  mar.  Este  desgraçado,  que  tinha 
conseguido  agarrar-se  a  dois  pedaços  de  cortiça,  permaneceu  nesta 
horrível  situação  por  espaço  de  mais  de  trinta  horas,  e,  durante  parto 
d'e3te  tempo,  como  se  o  seu  martyrio  nSo  fosse  já  grande,  esteve  muito 
importunado  por  um  bando  de  pássaros,  que  em  torno  d'elle  esperavam 
o  momento  de  se  poderem  apossar  do  eeu  cadáver. 

Jã  quasi  completamente  frio  e  exhauslo  de  forças,  poucos  momen- 
tos lhe  poderiam  restar  de  vida.  Mas  a  sorte,  que  até  ali  se  lhe  tinha 


preaidente  da  Cama»  do  Commcrcio  de  Díeppc,  do  ctipitSo  do  mesmo  porto  e  do 
Vice-coniol. 

Oflicio  de  20  de  Fevereiro  de  IStí,  do  Governo  para  o  Conaal.  Liv.  ii  doi 
Cônsules  Portugueses,  2.*  repartiçilo,  pag.  109  v  c  110. 

Of!icio  de  17  de  Abril  de  1843,  do  Conaal  para  o  Governo.  Caiia  n.*  1  do 
ConaulaiJo  de  Portugal  em  Paris. 

Oflicio  do  Governo  pnrn  oquclle,  de  2  de  Outubro  de  1843.  Lív.  it  doa  Cod- 
aulea  Portugueses,  2.'  repartiçiío,  pag.  129. 

Officio  importante,  de  30  de  Março  de  1844,  eepecie  de  relatório.  Cniia  n.'  1 
do  Conanlado  de  Portugal  em  Paris.  Addo  de  1844.  Vioha  cate  officio  acompa- 
nhado de  três  documentos :  a)  Copia  do  officio  que  o  Cônsul  enviou  ao  vea  Viee* 
consnl  reroettendo-ltie  as  medalhas;  &)l{espoBtad'eate.  O  terceiro  documento,  que 
era  a  conta  da  despesa  feita  com  as  medalhas,  foi  enviado  para  a  repartição  de 
coatabilidade. 

Oflicio  do  Oúvemo  para  o  Cônsul,  do  21  de  Maio  de  1844,  regiatado  no  Liv.  u 
dos  Ctrasnles  Fortugneaes,  2.*  rcpartíçio,  pag.  162. 

OSicio  de  15  de  Janeiro  de  1845.  LdV.  ii  dos  Cônsules  Portugueses,  2.*  repar> 
tlçSo,  pag.  201. 

É  possível  que  aleui  d'esteB  oflicios  ainda  h^a  mais  alguns  que  ulo  desço» 
brissemos;  contudo,  com  taes  elementos  pudemos  faaer  a  historia  d'esta  interes- 
■ante  medalha. 

A  noticia  do  naufrágio  também  foi  dada  no  Diário  do  Goeemo  a."  33,  de 
quarta-feira  8  de  Fevereiro  de  1843 — 1.*  pag.  Parte  officiat.  Secretaria  dos  Ne- 
gócios Estrangeires. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheolooo  PoRTDonÊa  77 

mostrado  tão  adversa,  quis  protegê-lo  no  momento  de  suprema  angus- 
tia, fazendo  surgir  no  horizonte  um  navio,  a  barca  inglesa  (Esmeraldi, 
nníoa  e  derradeira  esperança  de  salvação  l 

Aproximoa-se  lentamente  o  navio  até  que  o  naufrago  foi  avistado 
de  bordo.  O  capitSo,  James  Rali,  itnmediatamente  mandou  arriar  um 
escaler  e  conseguiu  salvar  aqnelle  desgraçado,  que  estava  de  tal  modo 
enfraquecido,  qne,  ao  teutar  saltar  a  primeira  vez  para  o  escaler,  caiu 
novamente  ao  mar'. 

O  capitão  Hall  tratou-o  com  extraordinário  carinho,-  conduzindo-o 
para  Londres. 

Quando  se  tratou  de  premiar  este  benemérito,  repetiu-se,  em  parte, 
a  scena  passada  com  o  caso  anteriormente  narrado,  mas  d'esta  vez 
houve  resolução  definitiva, 

Joaquim  Inácio  de  Wan-Zeller,  Cônsul  de  Portugal  em  Londres, 
participando  o  facto  ao  Conde  do  Tojal,  Ministro  dos  Negócios  Es* 
trangeiros,  em  officio  do  26  de  Kovembro  de  1850,  pediu  que  fosse 
conferida  uma  medalha  ao  generoso  marinheiro. 

Em  resposta  ordenou-Ihe  o  ministro  que  agradecesse  ao  capitão 
Hall  em  nome  de  S.  M.,  e  que  publicasse  uma  noticia  do  aconteci- 
mento no  jornal  inglês  o  Times,  declarando  qne  a  Soberana  se  re- 
servava dar-lhe  um  publico  testemunho  da  sua  real  benevolência. 

O  pedido  feito  pelo  Cônsul  foi  bem  acceite  pelo  Conde  do  Tojal, 
que  não  descurou  mais  o  assunto.  Aproveitando  a  lembrança  de  Joa- 
quim Inácio  de  Wan-Zeller,  officiou  ao  Conde  de  Thomar,  que  era  o 
mimstro  do  reino,  cm  13  de  Dezembro  de  1850,  narrando-lhe  o  facto 
saccedido  e  expondo-lhe  a  conveniência  qne  lla^'ia  de  se  seguir  em 
Portugal  o  exemplo  das  nações  mais  cultas,  que  costumavam  conferir 
nestes  casos  medalhas  de  ouro  ou  prata. 

Em  16  do  mesmo  m€a  respondeu-lbe  o  Ministro  do  Reino  pedindo- 
lhe  que  o  informasse  do  modo  pratico  como  se  poderia  seguir  esse 
exemplo  neste  pais,  tanto  a  favor  do  mencionado  capitão  Hall,  como 
de  quaesquer  outros  beneméritos. 


'  Tirámoa  a  narracSo  d'e3tc  focto  de  vftríoB  offieloa  qne  adeanto  citaremos 
e  de  um  artigo  qne  por  ordem  do  G«Tenio  foi  pnblicRdo  pelo  Cônsul  no  jornal 
mglís  o  Tina»,  coja  tradncçfto  vem  publicada  no  Diário  da  Governo  n.°  24,  de 
28  de  Janeiro  de  18Õ1,  pag.  lOi.  A  data  do  naufrágio  indicada  nos  officioe  não 
condiz  com  a  do  artigo,  e  a  meema  divergência  ciiste  em  relação  ao  nnmero 
de  hone  qne  o  naufrago  permaneceu  no  mar;  comtudo,  parece  que  foi  por  maJB 
de  trinta,  n2o  obstante  vir  indicado  o  nnmero  de  28  no  decreto  que  agraciou 
o  capitSo  Halt. 


byGoot^lc 


78  O  Archeologo  Português 

O  assunto  foi  de  certo  díscntído  e  estudado  pelos  dois  mioistroa, 
e,  por  fim,  de  acordo  com  a  Soberana,  resolveram  criar  a  medalha 
para  ser  conferida  ao  Mérito,  PMIantropia  e  Generosidade. 

O  gravador  Gerard  foi  ent&o  chamado  pelo  Conde  do  Tojal  á  saa 
secretaria,  sendo  encarregado  de  fazer  os  desenhos  e  provas  das  me- 
dalhas, que  foram,  depois  de  prontos,  apresentados  ao  ministro,  junta- 
mente com  um  relatório  on  informação  feita  em  22  de  Maio  de  1852 
por  Jorge  César  de  Figanifere,  qne  era  chefe  de  repartição  no  Minis- 
tério dos  Negócios  Estrangeiros. 

E  sahido  que  Figanière  era  am  distincto  colleceionador  de  moedas 
e  medalhas,  que  publicou  vários  trabalhos  sobre  numismática,  e  por 
isso  é  muito  natural  que  a  sua  opiniSo  fosse  escutada  pelo  ministro 
na  apreciação  das  provas*. 

Em  uma  carta,  sem  data  nem  endereço,  mas  que  devia  ter  sido 
dirigida  a  Jorge  César  de  Figanière,  por  ser  esto  o  autor  do  relatório 
que  mencionámos,  a  que  a  carta  allude,  diz  Gerard  o  seguinte:  Ilotive 
alguma  duvida  a  retpe.ito  da  legenda  do  reverso,  ficou  approvada  a  que 
vai.  porem  levibrando-me  que  talvez  não  fotse  própria  para  todos  oa 
cazos,  e  que  o  principal  trabalho  do  cunho  do  reverso  he  a  crõa  de 
louro,  gravei  hum  ponção  da  dita  crõa,  para  quando  »e  quizér  kam 
novo  cuvho  do  reverso,  o  poder  fazer  com  muita  facilidade  e  prom- 
ptidSo. 

O  mesmo  artista  dirigiu  outra  carta,  sem  data,  a  Emílio  Achilles 
Monteverde,  director  geral,  dizendo-lhe  qae  desejava  combinar  a  fdrma 
de  entregar  os  cunhos,  visto  qne  tinha  o  seu  trabalho  concluído,  e  que 
tinha  ido  ao  Arsenal  do  Exercito  cunhar  alguns  exemplares  em  cobre 
(provas),  dos  quaes  remettia  um. 

Ora  d'estas  duas  cartas  de  Gerard,  julgamos,  talvez  com  ponco 
fundamento,  on  que  a  seguinte  medalha  de  cobre,  que  possuimos,  seja, 
um  ensaio  cuja  legenda  foi  reprovada  e  que  suscitou  as  taes  duvidas, 
ou  que  o  artista,  com  o  ponção  que  diz  que  tinha  feito,  viesse  a  fazer 
os  cunhos  e  com  elles  esta  prova,  Veja-se  a  fig,  2.* 

Anv.  —  Busto  da  Rainha,  á  esquerda,  com  diadema  e  com  o  ca- 
bello  enrolado  atrás,  com  litas.  Por  baixo  a  assinatura  do  gravador: 
Geeakd  F.,  e  em  volta  a  legenda:  D.  MARIA  II  RAINHA  DE  POR- 
TUGAL. 


'  Com  reípeito  a  este  colleceionador  veja-ae  o  livra  d«  Arag3o:  De»erípç3o 
grrat  e  hitíorica  da»  moedas. . .,  tomo  i,  pag.  118;  e  o  Díocirmario  de  Namisma- 
tiea  on  Nwnismatioa  Portvgntãa  de  Amaral,  no  índice  doa  CoUeccionadores  ua- 
miamaticos  portoguesea,  a  pag.  243. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Archeologo  Poetdquês 


Rev.  —  Dentro  de  uma  coroa  de  louro  a  se^tnte  legenda  era  cinco 
linluLs: 

AO 

MÉRITO 

A  RAINHA 

DE 
PORTUGAL 

A  orla  é  lisa.  Tem  de  diâmetro  0",04  e  de  espessura  O^jOOô. 
Não  tem  argola. 

Comparando  esta  medalha  com  a  que  foi  approvada  (veja-se  a 
fig.  3.*)  nota-se  que  foram  elimiaadas  nesta  as  palavras  da  legenda 
(lo  reverso:  PHIL A NTHROPI A— GENEROSIDADE. 

Da  primeira  carta  de  Gerard,  onde  o  artista  diz:  porém  letiâran- 
ito~7n£  que  talvez  nSo  fv»se  própria  (a  legenda)  j)ara  todot  ot  cato». , ., 
parece  deprehender-se  que  queria  eliminar  aquellas  palavras,  para  que 
a  medalha  servisse  para  diversos  casos.  Mas  a  que  casos  diversos  se 
quereria  referir  o  artista,  se  o  intuito  da  medalha  era  precisamente 
premiar  actos  d'aquella  natureza? 

Com  tão  poucas  bases  nSlo  podemos  desvendar  o  mysterio,  e  para 
conjecturas  já  bastam  as  que  ficam  apontadas. 

Depois  de  redigido  o  respectivo  projecto  no  Ministério  dos  Negó- 
cios Estrangeiros  e  de  ter  sido  approvado  pelo  Ministro  do  Reino,  que 
o  devolveu  em  25  de  Outubro,  foi  finalmente  assinado,  em  3  de  No- 
vembro de  1852,  o  decreto  que  criou  a  medalha  para  ser  conferida 
ao  Herito,  Philantropia  e  Generosidade. 

£ste  diploma,  cujo  original  está  no  Ministério  dos  Negócios  I^- 
trangeiros  •,  é  assinado  pela  rainha  D.  Maria  II  e  referendado  pelo 
Ministro  do  Reino,  Rodrigo  da  Fonseca  MagathSes  e  peto  da  Marinha, 
iVntonio  Aluisio  Jervis  de  Ãthouguia.  Este  referendou-o  na  sua  quali- 
dade de  Ministro  Interino  dos  Negocies  Estrangeiros,  visto  que,  como 
titular  d'aquella  pasta,  nada  tinha  com  o  assunto. 

Annexas  ao  decreto,  estão  as  tlnstrncçSes*  respectivas  e  o  desenho 
da  medalha  que  foi  approvada.  Veja-se  a  fig.  3.* 

Anv. — Busto  da  Rainha,  á  esquerda,  com  diadema  e  com  o  ca- 
bello  enrolado  atrás,  com  fitas.  For  baixo  a  assinatura  do  gravador : 
Geeabd  F.,  e  em  volta  a  legenda:  D.  MARIA  U  RAINHA  DE  POR- 
TUGAL. 


•  No  arcbivo  respectivo.  Decreto» — Caixa  n."  6,  maço  4,  doe.  n.*  61. 

Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


SO  o  Abcheolooo  Pdrtugcês 

Rg7. — Dentro  de  uma  coroa  de  louro  a  aegnintc  legenda  em  cinco 
linhas : 

AO 

MÉRITO 

A  RAINHA 

DE 
PORTUGAL 

Em  volta  da  orla  mais  a  seguinte  legenda:  PHILANTHEOPIA— 
GENEROSIDADE. 

Tem  de  diâmetro  O", 04,  de  espessura  O"' ,005  e  na  parte  superior 
uma  argola  para  poder  ser  stispensa. 

Conforme  dispSe  o  decreto,  estas  medalhas  são  destinadas  a  ser 
conferidas  tanto  a  nacionaes  como  a  estrangeiros,  que  por  magnânimo 
e  heróico  esforço  prestem  serviços  importantes  em  benoficin  da  huma- 
nidade, por  occasião  de  naufrágios,  salvando  a  vida  a  vários  infelizes 
que  se  julguem  irremediavelmente  perdidos,  c  bem  assim  para  pre- 
miar outras  nSo  menos  pbtlantropicas  acçSes. 

As  medalhas  são  conferidas  em  ouro  ou  prata,  conforme  a  impor- 
tância dos  serviços.  As  de  oaro  usam-se  pendentes  ao  pescoço  por  uma 
fita  bipartida,  azul  e  branca,  e  as  de  prata,  com  fita  ignal,  são  sus- 
pensas do  lado  direito  do  peito. 

Os  diplomas  s5o  passados  pelo  Ministério  do  Reino,  mencionando-se 
nelles  todas  &s  circunstancias  que  derem  logar  i  concessão. 

Cada  uma  das  primeiras  medalhas  de  prata  que  se  cunharam  tinha 
de  peso  2^275  réis,  sendo  a  prata  de  onze  dinheiros,  e  a  primeira  do 
ouro  pesava  três  onças,  no  valor  aproximado  de  45  a  48|9ÍOOO  réis, 
sendo  o  ouro  de  22  quilates. 

Estas  primeiras  medalhas  foram  mandadas  cunhar,  nKo  sabemos 
aonde,  pelo  Ministério  dos  Negócios  Estrangeiros,  onde  estavam  guar- 
dados 03  cunhos'. 

Em  9  de  Novembro  de  1855  foram  os  cnnlios  enviados  para  a 
Casa  da  Moeda,  por  ordem  do  ministro,  onde  ficaram  á  disposição 
de  cada  um  dos  ministérios'. 


1  Vejam-Be  no  archívo  da  Casa  da  Moeda  os  «fficioa  para  ali  enviados  do 
Miuiaterio  dos  Negócios  Estrangeiros,  de  19  de  Fevereiro  de  1856  e  de  24  du 
Novembro  de  1855. 

>  Vuja-se  no  arcliivo  da  Cnsa  da  Moeda  o  oBicio  que  para  ali  foi  enviado 
do  Ministério  dos  Negócios  Estrangeiros  cm  9  de  Novembro  de  1Í156. 


byGOí>^^IC 


o  ABCHBou>ao  PcHrroauÊs  81 

O  capitXo  Hall,  cujo  acto  de  philuitropía  tínha  sido  a  caasa  deter- 
miuaate  da  críaçSo  d'eaU  medalha. . .  foi  esqaecido ! 

Só  foi  condecorado  depoia  de  repelidas  instancias  do  CoqsqI,  a 
qoem  o  capítXo  Hall  se  queixava  da  demora,  dizMido-lhe  que,  se  nSo 
tivesse  sido  publicada  a  noticia,  nada  pediíia,  por  decreto  de  7  de 
Março  de  1860*,  isto  é,  dez  annoa  depois  de  ter  praticado  o  acto. 
A  medalha  e  o  diploma  reapectÍTO  foram-lhe  enviados  em  16  de  Junho 
do  mesmo  anno. 

Depois  da  morte  da  rainha  D.  Maria  II,  a  medalha  precisava 
qnalqaer  modificaçSo,  visto  qne  nella  se  declarava  que  era  conferida 
pela  Rainha  de  Portugal.  Assim  succedeu,  e  a  medalha,  depois  de  mo- 
dificada, ficou  sendo  da  seguinte  forma  (veja-se  a  Jig.  4.*): 

Anv. — Busto  de  D.  María  II,  í  esquerda,  com  diadema  e  com 
o  cabetlo  enrolado  atrás  com  fitas,  cujas  pontas  estSo  caidas.  Por 
baixo  a  assinatura  do  gravador:  Oebaud  F.  e  em  volta  a  legenda: 
D.  MARIA  II  RAINHA  DE  PORTUGAL. 

Rev. — Dentro  de  uma  coroa  de  louro,  em  duas  linhas: 

AO 
MÉRITO 

Na  orla  PHILANTHROPI A— GENEROSIDADE,  e  no  exergo, 
em  duas  linhas  curvas: 

INSTITUÍDA  POR  S.  M.  F. 
A  RAINHA  A  S.*  D.  MARIA  II 

Na  parte  superior  tem  uma  argola. 

O  diâmetro  das  primeiras  medalhas  que  se  cunharam  d'este  novo 
typo  foi  a  principio  igual  ao  das  antigas,  (y",Oi  (Lopes  Fernandes, 
D."  IIÕ  e  Leitão,  n."  163),  mas  depois  foi  reduzido  e  passou  a  ter 
0",029. 

Vê-sCj  pois,  que  durante  o  reinado  de  D.  Pedro  V  (1853—1861) 
a  medalha  sofTren  duas  importantes  modificaçffea :  uma  no  typo,  outra 
DO  módulu. 

Não  conseguimos  encontrar  os  diplomas  em  que  foram  ordenadas 
estas  alteraçttes,  nSo  obstante  termos  trabalhado  nesse  sentido;  com- 


'  O  original  d'e8ta  docamento  cstd  no  archivo  do  Ministério  do  Reina,  no 
logar  competente.  Veja-ae  também  o  Diário  de  Litboa  de  quarta-feira  16  de 
Abril  de  1860,  u.>  88. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


38  O  Abcbeologo  FoKTDOuâs 

tndo  achámos  um  documento  qn«  alguma  luz  derriúna.  sobre  o  caso. 
Foi  o  ofBcio  de  29  de  Março  de  1860*  dirigido  pelo  Secretario  Genl 
do. Ministério  da  Fazenda  ao  Director  da  Casa  da  Moeda,  oade  ooDSta 
•  segiiiute : 

«Sua  Magestade  El-Eei  Houve  por  bem  Determinar  por  Despacko 
de  hoje,  que  a  Medalha  creada  por  Decreto  de  3  de  Novembro  de 
1852  para  disHncç&o  e  premio  concedido  ao  mento,  philantropia  «- 
generosidade  seja  d'ora  em  diante  fabricada  pelo  novo  cunho  qa«  por 
cats  occasiSo  se  lhe  remette;  na  intelligencia  de  que  os  exemplares 
da  referida  medalha,  que  de  futuro  se  promptificarem  na  Casa  da 
Moeda,  devem  sempre  ser  enviados  a  esta  secretaria  d'Estado  dentro 
de  caixas  apropriadas  e  com  as  necess^as  argolas  e  fitas,  nos  termos 
do  sobredito  Decreto». 

Diz  este  documento  que  por  despacho  de  29  de  Março  de  1860 
foi  ordenado  que  a  medalha  fosse  fabricada  com  um  novo  cutiia,  mas 
nSo  diz  se  a  innovação  consistia  no  typo  oa  no  módulo. 

A  nossa  opinião,  porém,  é  que  o  documento  se  refere  á  modifioaçXo 
no  typo.  É  verdade  que  essa  modificação  se  impunha  como  uma  neces- 
sidade logo  depois  do  fallecimento  de  D.  Maria  II,  1853,  mas  como 
ha  sempre  umas  pequenas  cousas  que  passam  despercebidas  durante 
muito  tempo,  não  admira  que  o  Governo,  só  em  1860,  se  lembrasse 
de  a  ordenar. 

É  também  certo  que  em  9  de  Novembro  de  1855,  como  ji  dis- 
semos, tinham  sido  enviados  uns  cunhos  para  a  Casa  da  Moeda,  mas 
da  redacção  do  offido  que  os  acompanhava  deprehende-se  que  eram 
os  primitivos. 

Sc  assim  é,  ficamos  ainda  sem  saber  quando  foi  ordenada  a  mo- 
dificação no  módulo,  assunto  de  capital  importância  para  a  historia 
d'esta  medalha. 

Os  novos  cunhos  foram  ainda  feitos  por  Gerard,  e  serviram  até 
ha  cerca  de  seis  annos.  Por  esta  época  partiu-se  o  do  anverso,  tendo 
por  isso  o  distincto  gravador,  Sr,  Venâncio  Alves,  de  fazer  outro  que 
apenas  differe  do  antigo  na  assinatura,  que  actualmente  é  a  d'este 
artista. 

Várias  vezes  se  tem  requisitado  á  Casa  da  Moeda  algumas  d'estas 
medalhas  de  cobre.  Certamente  tem  sido  conferidaa  illegalmente,  visto 
qne  o  decreto  de  3  de  Novembro  de  1852  apenas  se  refere  a  medalhas 
de  ouro  ou  prata. 


>  Archivo  da  Casa  da  Moeda  no  logar  competente. 


byCoOglc 


o  ÃBciiEOiA>QO  Português  83 

Tftmbem  existem  algumas  miniaturas  para  serem  nsadas  com  ca- 
saca 011  farda,  mas  como  não  são  oficialmente  ínstitnidas,  ponco  va- 
lor tem. 

Na  concessão  d'e8ta5  medallias  tem  sempre  havido  certo  escrúpulo 
por  parte  dos  Governos,  como  bem  o  demonstra  a  portaria  de  11  de 
Maio  àe  1875,  <pie  recomme&dou  a  todas  autoridades  administrativas 
e  policiaes  que  tivessem  o  maior  cuidado  em  mencionar  nas  partiei- 
paçSes  relativas  a  naufrágios,  incêndios  e  outros  desastres,  todas  as 
pessoas  que  por  essas  occasiSes  se  distingam  pela  sua  phitantropia  e 
abnegação,  a  fim  de  serem  devidamente  premiadas. 

È  esta  uma  das  condecorações  portuguesas  m^s  respeitáveis  e 
nâo  é  raro  vê-la  a  figurar  no  peito  de  muitos  indivíduos  da  classe  do 
povo;  nílo  podemos  deixar  de  recordar  que  com  ella  é  condecorada 
S.  M.  a  Rainha  a  Senhora  D.  Maria  I^a,  por  ter  salvo  os  seus  pró- 
prios fithoB. 

Deu-se  este  facto  em  Cascaes,  onde  a  família  real  estava  passando 
o  outono,  no  dia  2  de  Outubro  de  1ST3.  Neste  dia  foi  a  Rainha  pas- 
sear com  seus  filhos  até  o  sítio  denominado  Jlexilhoeíra.  Attrahidos 
pelo  magcBtoso  espectáculo  das  ondas  a  desfazerem-se  de  encontroaos 
rochedos,  aprozimaram-sc  do  mar  um  pouco  mais  do  que  a  prudência 
aconselharia,  quando  uma  onda  veiu  e  arrebatou  oe  dois  principes,  que 
estavam  brincando  descuidadamente.  A  Rainha,  não  perdendo  o  sangue 
frio,  lançou-se  ao  mar  e,  auxiliada  pelo  faroleiro  António  de  Almeida 
Neves,  conseguiu  livrar  seus  filhos  de  uma  morte  certa. 

El-rei  D.  Luia,  por  este  motivo,  premiou  sua  Esposa  com  a  me- 
dalha de  ouro,  conferida  ao  Mérito,  Philantropia  e  Generosidade,  por 
carta  regia  de  3  de  Ontabro  de  1873  '. 

Nola.  Seguindo  o  mesmo  ejstema  qae  adoptámos  para  a  primeiro  meilalha, 
ináicaraos  neste  logar  os  documentos  que  consultámos  para  fazer  a  historia  da 
medalha  de  pbilautropia,  que  também  estão  no  archivu  do  Ministério  dos  Ne- 
gócios Estrangeiros: 

Officio  de  S6  de  Novembro  de  1850,  do  consnl  para  o  ministro.  Caiia  do  Con- 
sabido em  Londres-  Oflicio  do  ministro  par*,  o  conaul,  de  i  Ae  Dezembro  de  IHití. 
Lít,  III  doa  Consoles  Portagueses,  S.'  repartição,  png.  tí'2  i;  in  fine  e  6â.  Officia 
de  18  de  Dciembro,  em  additamento  ao  antecedente,  'Ko  mesmo  livro,  pag.  64. 


<  Esta  concessiio  consta  do  processo  q.°  574,  lív.  v,  (Ia  1.'  repartirão  da  Ad- 
minístra^íto  Geral  Politica  e  Civil  do  Ministério  do  Beino.  Arcliivo  do  Minis- 
tério do  ReÍQO. 

A  caits  regia  vem  pobtícada  no  Diário  do  Qovernc  n.*  229,  de  9  de  Ontabro 
de  1873. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  Pobtdqdês 


Officio  do  Condo  do  Tojal  para  a  Ministro  do  Reino,  d«  IS  de  Dezembro  de 
1850.  Reino,  ]iv.  \it,  pi^.  175  v. 

Officio  do  Ministro  do  Reino,  de  16  de  Dcxembro  de  1850,  em  respoata  ao 
antecedente.  Corres  ponde  nc  ia  do  kliaisterio  do  Reino.  Caixa  n."  11. 

Officio  de  36  de  Deiembro  de  ISãO,  do  coneulparao  ministro.  Caixa  do  Con- 
sulado em  Londrea. 

Officio  do  ministra  para  o  cônsul,  de  6  de  Janeiro  de  1861.  Lir.  in  dos  Con- 
sulei  Portugueses,  3.*  repartiçSo,  png.  6G  v. 

Officios  do  conitil,  de  6  de  Janeiro  de  1861.  Caixa  do  Consulado  em  Londres. ' 

Relatório  on  informaçZo  feita  para  o  ministro  por  Jorge  Ccsar  de  Figaníère. 
Assuntos  diversos,  medalhas.  Caixa  n.*  1,  ma^o  õ. 

Officio  do  Ministro  do  Reino,  de  25  de  Outubro  de  1852.  Caixa  a.'  12  da  Cor- 
respondência do  Mioistcrto  do  Reino.  Com  este  ofHcio  estSo  juntos  os  seguintes 
documentos :  projecto  do  decreto  c  as  duas  importantes  cartas  de  Gcrard. 

Officio  do  CoQsul,  de  26  de  Janeiro  de  1650.  Caixa  do  Consulado  em  Londres. 

Officio  do  ministro  para  o  cônsul,  de  16  de  Fevereiro  de  1859.  Lir.  ir  ilo» 
Cônsules  Portugnescs,  3.*  repartiçiio,  pag.  58. 

Officio  do  çonsiil.  de  26  de  Dezembro  do  1859.  Caixa  do  Consulado  em 

Officio  de  25  de  Janeiro  de  1860,  do  ministro  para  o  cônsul.  Liv.  iv  dos  Côn- 
sules Portugueses,  3.'  reparti-lo.  pag,  89  v. 

Officio  de  26  de  Julho  de  1860,  do  cônsul.  Caixa  n.°  3  do  Consulado  em  Londres. 

8.  Medalha  áa  Sooledade  Humanitária  do  Porto 

Poucos  meses  antes  de  ter  sido  criada  a  medalha  para  distiucçXo 
e  premio  concedido  ao  mérito,  philantropia  e  generosidade,  instituio- 
se  no  Porto  uma  sociedade,  que  tambent  confere  medalhas  por  motivos 
de  salvação.  Foi  fundada  em  consequência  de  um  triste  acontecimento 
ali  succedido. 

Antes  de  haver  caminho  de  ferro  em  Portugal,  as  commtinicaçSes 
entre  as  duas  primeiras  cidades  do  reino,  Lisboa  e  Porto,  eram  feitas, 
principalmente,  pelo  mar,  por  se  tornarem  mais  commodas  e  rápidas. 
Para  esse  fim  havia  uns  pequenos  vapores  que  habitualmente  faziam 
cBsas  carreiras. 

'  No  dia  29  de  Março  de  1852,  um  d'esses  vapores,  chamado  «Forto»^ 
s^u  a  barra  do  Douro,  cheio  de  gente,  dirigindo-se  para  Lisboa,  como 
de  costume. 

O  tempo  estava  mau  e,  nessas  condições,  a  suda  do  barco  era 
imprudente.  Apesar  de  tudo,  caminhou  até  certa  altura,  mas,  como 
o  temporal  redobrasse  de  violência,  o  commandante,  para  fugir  ao 
perigo  que  se  tornara  imminente,  resolveu  retroceder,  a  fim  de  nova- 
mente ir  procurar  abrigo  no  ponto  de  partida. 

NSo  permittia  a  força  do  mar  metter  piloto  a  bordo,  e  a  manobra 
para  a  entrada  da  barra  era  bastante  dͣScil,  por  causa  do  grande  na- 


byGoí>^^lc 


o  Archeologo  Pobtoqdês 


mero  de  cachopos  que  nells  abuniUvun.  Dea-se  o  naufrágio.  O  vapor 
enoalh&ndo  num  d'es8fls  cachopos,  fioou  eerviuão  de  joguete  das  ondas, 
que  o  arremessavam  com  violeoda  de  encontro  aos  rochedos. 

FaasoD-se  entlto  nma  scena  horrorosa.  De  bordo  ^tavam  afflicti- 
ramente  pedindo  soccorro,  e  de  terra  ninguém  lh'o  podia  prestar! 

ProlongoD-se  por  muito  tempo  esta  horrível  sceaa,  que  era  pre- 
senciada por  milhares  de  espectadores,  e  só  a  altas  horas  da  noite 
é  que  deixaram  de  se  ouvir  em  terra  os  gritos  dos  náufragos,  indicio 
segaro  de  que  todos  quantos  estavam  a  bordo  haviam  perecido. 

B^te  triste  acontecimento  devia  ter  mostrado  aos  Governos  a  sna 
incúria  na  organizaçSo  de  serviços  para  soccorros  a  náufragos.  Desas- 
b«H  d'esta  natureza,  senSo  todos,  pelo  menos  na  sua  grande  múoría, 
evitam-se  desde  que  esses  serviços  estSo  bem  montados,  e  em  Por- 
tugal, até  entSo,  pouco  ou  nada  se  tinha  feito  nesse  sentido. 

Mas  se  o  Governo  pouco  fez  para  remediar  males  futuros,  nSo 
succedeu  o  mesmo  á  iniciativa  particular. 

Para  commemorar  este  naufrágio  reuniram-se  37  beneméritos  e 
fundaram  no  Porto  a  Real  Sociedade  Humanitária,  com  o  fim  de  em- 
pregar os  meios  de  salvaç&o  de  pessoas  em  naufrágios  que  se  dessem 
nas  costas  do  Norte  e  Sul  da  barra  do  Douro,  desde  Caminha  ati 
Aveiro,  inclusive,  no  rio  Douro;  e,  quando  os  fundos  da  Sociedade 
o  permittiesem,  nas  outras  partes  e  costas  do  continente  de  Portugal 
e  ilhas  adjacentes.  Alem  dos  sinistros  maritiuios  também  a  Sociedade 
trata  da  salvaçSo  de  pessoas  em  epidemias,  incêndios,  inundações  e 
outras  sem^faantes  calamidades,  que  sobrevenham  na  cidade  do  Porto 
e  Buas  immediaçSes. 

A  Sociedade  Humanitária,  que  foi  instituída  em  15  de  Abril  de 
1852,  ainda  hoje  se  regula  pelos  seus  primitivos  estatutos  de  21  do 
mesmo  mês  e  anno,  que  foram  approvados  por  decreto  de  12  de  Ou- 
tubro seguinte  e  alvará  de  7  de  Fevereiro  de  18Õ4,  pelo  Ministério 
das  Obras  Publicas.  Em  12  de  Setembro  de  1881  a  direcção  fez  nm 
regulamento  e  em  1895  adoptou  algumas  dísp«siç3es  relativas  a  c«n- 
cessSo  de  prémios. 

Esta  modesta  Sociedade,  extremamente  sympathica  e  digna  de 
todo  o  respeito,  vive  hoje  dos  seus  próprios  rendimentos.  E  prote- 
^da  por  SS.  MM.,  e  d'ella  fazem  parte  as  pessoas  mais  distinctas  da 
mdade  do  Porto. 

Conta  já  53  annos  de  existência,  e  durante  este  longo  periodo  tem 
sempre  empregado  os  seus  esforços  para  realizar  o  tim  que  se  propôs, 
com  o  que  a  humanidade  muito  tem  lucrado.  Cremos  que,  neste  gé- 
nero, é  a  onica  que  existe  em  Portugal. 


byCoOt^lc 


o  Archeoloúo  Pobtuocês 


'  AdoptoQ  para  embleiaa  a  ímsgem  de  N.  S.  da  Caridade,  cercada 
de  allegorias  alluEivas  aos  seus  ãns,  no  centro  de  nm  escudo  oVat,  de 
campo  escarlate,  tendo  na  parte  superior  UBoa  fita  branca  com  as  pa- 
lavras: Caridade  com  perseverança,  em  côr  verde,  e  em  volta,  ao  ca- 
racteres dourados:  Real  Sociedade  Humamtaria,  Porto.  1852  (art.  17.-* 
do  ^g.). 

Os  sócios,  como  insígnia,  podem  usar  nas  suas  reuQtSes  e  actos 
públicos,  em  reuniSes  philantropicas  ou  caridosas,  de  instmcçSo  ob 
de  beneficeneia,  uma  medalha  circular,  com  3&  míllimetros  de  dia- 
-metro,  dourada,  que  tem  no  centro  do  anverso. um  pelicano,  e  em  volta 
a  legenda:  REAL  SOCIEDADE  HUMANITÁRIA,  cercada  de  or- 
natos, raiada  ctHU  eetrellas ;  e  no  reverso  a  coroa  real  entre  louros 
e  palmas  com  a  legenda  em  volta:  INSTITUIÇÃO  NO  ANNO  DE 
1852.  PORTO  (art.  18."  do  Reg.}-  ■     ' 

E^ta  insígnia  era  usada  pendente  de  trancelím  de  seda  de  várias 
cores,  conforme  os  cargos  que  os  sócios  desempenhavam.  Pelas  dw- 
poai^s  de  1895  o  trancclim  foi  substituído  por  fita  de  seda  e  as  cores 
foram  alteradas. 

A  fim  de  estimular  a  pratica  dos  serviços  humanitários,  esta  Real 
Sociedade  confere  medalhas  aos  indivíduos  que  se  distingam  por  actos 
notáveis  de  abnegaç&o  e  coragem,  praticando  importantes  serviços  de 
salvação. 

Na  fig.  5."  mostramos  a  photogravura  de  uma  d'essas  medalhas, 
que  foram  gravadas  primorosamente.  ,-  -     : 

Aqv. — Este.  lado  é  todo  oeenpado  pelo  emblema  da  Sociedade: 
Imagem  de  N.  S.  da  Caridade,  com  o  Menino  Jesus  ao  coUb,  de  pé 
sobre  nuvens  de  onde  saem  quatro  cabeças  de  seraphins.  Na  esquerda 
ha  três  prédios,  estando  o  do  centro  a  arder  e  nelle  encostada  uma 
escada  a  uma  janella.  Vários  indivíduos  tratam  de  atalhar  o  incêndio. 
A  direita  uma  muralha  e  por  detrás,  o  mar  revolto  com  dois  navioB 
a  naufragarem;  um  pequeno  escaler  dirige-se  para  esses  navies,  a  fitn 
de  os  soccorrer.  Na  parte  superior  da  orla  a  legenda:  CHARIDADE 
COM  PERSEVERANÇA;  e  no  eiergo:  PORTO.  Na  muralha  tem 
a  assinatura  do  gravador,  Mobaes.  F.,  que  julgamos  ser  do  gravador 
Uanoel  Moraes  da  Silva  Ramos. 

Rev. — Ao  centro  as  armas  da  cidade  do  Porto  e,  em  volta,  na 
parte  superior  da  orla,  a  legenda:  A  REAL  SOCIEDADE  HUHA- ' 
NITARIAj  e  no  exergo,  em  duas  linhas: 


AO  MÉRITO 
18Õ2 


byGoot^lc 


o  ASCBEOLOGO  FOBTUflUÊS  OT 

■  Tem  axgohi,  e  no  hordo  o  nome  do  individuo  que  cmd  eUa  foicon- 
d^corado,  Franciseo  Lima — 1856.  ' : 

É  de  prata,  tendo  de  diâmetro  O" ,042  e  de  espessara  (ffiO&à. 
Vem  descrita  no  art.  17,°  do  Reg.  de  1881. 

Esta  medalha,  segfundo  a  regra  estabelecida  no  art.  11."  das  d«- 
posi^a  de  1895,  nsa-se  ao  peito  pendente  de  fíta  branca,  listada  de 
verde;  pwém,  se  o  agraciado  ttajar" casaca  oii  farda  poderá-  pr^á-la 
no  lado  esquerdo,  e  se  for  condecorado  com  mais  de  uma  élhe  còn^ 
oedido  servir-se  de  uma  só,  devendo  aesse  caso  collocá-la  do  lado  di* 
rato.  .      . 

As  medalhas  s3o  de  ouro,  de  prata  e  de  cobre.  > 

Áfi  de  cobre  e  prata  são  concedidas  para  premiar  actos  de  valor) 
com  dedicação  e  risco  de  vida  no  salvamento  de  pessoas  em  incen- 
sos, naufrágios  e  outras  grandes  calamidades  e  desastres  (art.  Q." 
das  ditpon^õet  de  1895).  As  de  prata  distingncm^se  das  de  cobre  pela 
superioridade  dos  actos  praticados  (art.  7.°). 

.  A  medalba  de  ouro  só  é  conferida  por  accumulaçSo  de  serviços 
prestados  na  salvação  de  vidas  com  risco  da  própria  vida  ou  por  um 
conjunto  de  factos  de  que  resultem  manifestas  vantagens  em  benefício 
ds  humanidade.  ■       '  ■     . 

-  Tanto  umas  como  outras  são  sempre  acompanhadas  de  um  diploma 
e  no  bordo  levam  o  nome  do  agraciado. 

Em  1896  mandou  a  Sociedade  fazer  novos  cnnhos,  sendo  encar^ 
regado  3'essc  trabalho  o  gravador  do  Porto,  Sr.  Carvalho  Figueira. 

Foi  conservado  o  mesmo  typo,  mas  o  diâmetro  passou  a  ser  de 

A  medalha  de  ouro  tem  sido  conferida  muito  poucas  vezes.  Duráiité 
50  annos  apenas  se  distribuíram  onze  exemplares.  Entre  os  agraciados 
contam-se  El-reÍ  D.  Pedro  V*,  que  foi  condecorado  pelos  serviços  que 
prestou  durante  a  epidemia  da  febre  amarella,  e  que  a  foÍ  receber  aõ 
Fwto,  El-rei  D.  Luís  e  as  duas  riúnhas,  Senhora  D.  Maria  Pia  e  Se- 
nhora D.  Amélia.  -  '  ' 

A  distribuição  dos  prémios  é  feita  em  sessão  solemne  e  appárã'- 
tosa,  e  são  concedidas  em  media  cem  medalhas  de  cobre  e  prata  cada 
aono.  .1 


*  Vçjase  a  Nwmitmatiea  de  LeitSe,  ■.•  168, 

-  *  Esta  DKdslka,  jantuBente  com  b  qoe  b  Camará  Municipal  de  IJebori  con- 

iieeoraa  o  eandoao  mooRrcha,  foi  snspensa  no  a.taude  por  occasiioidoB  sene  fune- 

^s«a  e  depMS  guaidada  aexpoeta  ao  Gabiaete  Nunienutico  de  Et-reL  D.  Lnia. 

Teja-M  o  livra  de  AragSo,  tomo  u,  pag.  310. a  211  e.note  l  .'.,:.■■'  ..  .. 


byCOO^^IC 


88  O  Abcheologo  Fobtuodês 

Este  numero  corresponde,  pouco  miÚB  on  menos,  ao  das  concea- 
sSes  da  medalha  oiGeial  de  philantropia,  pois  que  regula  por  cem  o 
numero  das  requisições  feitas  por  anno  á  Casa  da  Moeda*. 

4.  Xedallui  do  Instituto  de  Soooorros  a  Hanftaíoa 

A  carta  de  lei  de  21  de  Abril  1892*  instituiu  um  fundo,  com  á^ 
ministraçSo  especial,  destinado  á  compra  de  material  de  soccorros  a 
,  náufragos,  e  o  regulamento  de  9  de  Junho  do  mesmo  anno,  dando 
execução  áquella  carta  de  lei,  criou,  no  art.  1.",  o  Instituto  de  SoC' 
corroa  a  Naufragoa,  sociedade  que,  na  dependência  directa  do  Eistado, 
e  sob  a  protecção  e  presidência  de  S.  M.  a  Rainha,  4  formada  por 
todas  as  pessoas  que  queiram  contribuir  para  aqnelle  fundo. 

Os  sócios  do  Instituto  usavam  como  distinctivo  uma  roseta  azai 
e  branca  no  lado  esquerdo  do  peito,  e  os  vogaes  das  commissSes  outra 
igual  sobre  um  laço  de  fita  das  mesmas  cores  (art.  61.**). 

No  art.  55."  foi  instituída  uma  medalha  de  cobre,  de  prata  e  de 
ouro,  semelhante  ás  medalhas  militares,  que  tem  de  um  lado  gravado 
um  galeão,  circundado  da  legenda:  CORAQEAI,  ABNEGAÇÃO  E 
HUMANIDADE,  e  do  outro,  um  ramo  de  oliveira  circundado  da  le- 
genda: SOCCORRO  A  NÁUFRAGOS.  Por  baixo  do  galeSo  (nSo  se 
notando  na  estampa)  tem  a  assinatura  do  gravador,  C.  Maia,  e  na 
parte  superior  uma  argola.  Veja-se  a  fig.  n."  6. 

Tinham  direito  á  medalha  de  cobre  todos  os  sócios  qne*  durante 
dez  annos  concorressem  com  as  respectivas  quotas ;  todos  os  que  pres- 
tassem bons  serviços  nas  commissSes  durante  cinco  annos,*  e  qualquer 
individuo  que  prestasse  um  serviço  importante  na  salvaçio  de  náufra- 
gos (art.  66,  n."  1,  2  e  3). 


'  Para  a  historia  d'eBta  medalha,  «ervimo-uos  dos  estatutos  c  regnlamento 
da  Beal  Sociedade  Humanitária  e  de  vários  relatórios  feitos  pelo  presidente, 
o  8r.  Conde  de  Samodiles. 

*  Para  o  estudo  da  proposta  d'eBta  carta  de  lei,  sn»  discasaiio  c  approvacSo, 
V^a-se  o  Diário  da»  leuõa  da  Camará  do*  Deputadaê,  anoo  de  1892.  No  d.*  39, 
sesalo  de  7  de  Março,  {onde  se  \è  a  proposta  feita  pelo  Ministro  da  Marinha, 
Ferreira  do  Amaral),  pag.  iS;  no  o."  53,  sess9o  de  28  de  Marp,  pag.  14  e  sqq., 
onde  o  leitor  poderA  apreciar  nm  primoroso  discurso  do  deputado  Alves  Uatena, 
defendendo  o  projecto;  e  so  a."  &4,  sessSo  de  29  de  Março,  pag.  6. 

Ne  Diário  d<u  umSt»  da  Cantara  do»  Pare»,  a&no  de  1892.  N.°  85,  pag.  6. 

Esta  carta  de  lei  foi  publicada,  jantamente  com  o  regulamento  respectivo, 
no  Diário  do  Governo  u.°  131,  de  11  de  Junfao  de  1892.  Saiu  com  «Iguus  erros, 
que  vieram  emendados  no  Diário  n."  132,  dc  14  de  Junho  do  mesmo  anno. 


byGOí>^^lC 


o  Abcseolooo  PoBTcaoís 


lanham  direito  &  med&Uia  de  prata,  os  sócios  que  dnrsnte  viate 
aonos  contribnissem  com  as  respectivas  quotajs,*  todos  os  que  prea- 
taasem  bons  serviços  nas  oominissSes  durante  dez  annos;  qualquer 
pessoa  que  prestasse  um  serviço  relevante  na  salvaçSo  de  náufragos; 
entendendo-se  por  serviço  relevante  a  satvaçSo  de  vidas  com  risco  da 
própria;  e  os  parocboa,  commandantes  e  capitles  ou  mestres  de  navios, 
qae,  nnm  .prazo  de  três  annos,  tivessem  entregado  qnanlia  igual  ou  sn- 
períor  a  l.OOO/KMX)  réis,  producto  de  donativos  que  promovessem  em 
beneficio  do  Instituto  (art.  67.",  n."  1,  2,  3  e  4). 

A  concessão  das  medidhas  podia  repetir-se  tantas  veses  quantos 
os  serviços  prestados,  devendo  o  agraciado  nsar  na  fivela  o  algarismo 
indicativo  correspondente  (§  único  do  art.  õ7.°). 

A  medalha  de  ouro  sd  era  conferida  por  substítuiçSo  de  três  de 
prata  (art.  Õ8.'). 

Nenhuma  das  medalhas  era  conferida  sem  que  precedessem  certas 
formalidades  (art.  ÕO."),  e  quando  se  destinavam  a  premiar  serviços 
a  náufragos,  a  sua  concessSo  era  feita  por  um  decreto  em  que  era 
narrado  o  serviço  prestado  (art.  60.<*). 

Segundo  o  disposto  no  §  iinico  do  art.  50.',  as  medalhas  eram 
asadas  suspensas  de  uma  fita  azul  ferrete. 

'  Como  se  vê  d'estas  disposiçSes,  eram  recompensados  com  a  mesma 
medalha  duas  espécies  differentes  de  serviços:  serviços  prestados  di- 
rectamente ao  Itutituto  (art.  56.',  n."*  1  e  2  e  art.  57.',  n."  1,  2 
e  4),  e  serviços  prestados  directamente  aos  náufragos  (art.  06.°,  n."  3, 
e  art.  57.",  n."  3), 

Com  o  fim  de  estabelecer  uma  distincçSo  entre  esses  serviços,  e 
também  porque  a  cõr  da  fita,  azul  ferrete,  era  igual  á  que  é  usada 
com  a  insignia  da  Torre  e  Espada,  foi  publicado  o  decreto  de  26  de 
Maio  de  1898,  que,  alterando  o  §  único  do  art.  55."  do  Reg.  de  9  de 
Jnnho  de  1892,  determinou  qne  as  medalhas  se  usassem  do  lado  direito 
do  peito,  suspensas  de  uma  fita  azul  ferrete  com  faixa  branca  ao  cen- 
tro, quando  fossem  destinadas  a  premiar  serviços  de  salvação,  e  de 
uma  fita  branca  com  faixa  azul  ferrete,  quando  fossem  destinadas  a 
recompesar  serviços  prestados  ao  Jtutituto. 

As  fitas  das  medalhas  ji  distribuídas  tinham  de  ser  trocadas  pelas 
do  Dovo  padrão. 

O  decreto  de  18  de  Junho  de  1901,  que  reorganizou  os  serviços 
de  soccorros  a  náufragos,  instituindo-lhe  um  novo  fundo,  determinou 
no  artigo  10."  que  para  a  sua  execução  o  tíovemo  modificaria  o  re- 
gulamento de  9  de  Junho  de  1892.  Este  novo  regulamento  foi  publi- 
i^ado  em  7  de  Maio  de  1903  e  é  o  que  ainda  hoje  vigora. 


byCoO^^lc 


90  O  Abcbiíoloqo  Fobtdodês 

A  Sociedade  passou  a  asar  um  titulo  que  até  en^o  não  linha — tSeal 
Instituto  de  Soccotros  a  Náufragos*,  e  o  seu  6m  é  prestar  soctxirros 
«os  indivíduos  que  oaiifrsgarem  nas  costas  do  reino  e  ilhas  adjacentes,^ 
propagar  os  príncipios  e  processos  teDdeDt«s  a  salvar  a  vida  dos  sa- 
veganies  em  perigo  e  estudar  as  causas  dos  sinistros  marítimos  bem 
coiho  as  medidas  a  pôr  em  pratica  para  lhes  restringir  o  numercf 
(«rt.  1,°).  Ã  presidência  continua  sendo  de  S.  M..a  Rainha. 

O  distinctivo  dos  sócios  passou  a  ser  uma  estreita  eam&ltada,  me- 
tade azul  metade  branca,  qite  é  usada  na  lapella  (art.  27.'). 

No  art.  14."  do  cap.  iv  foi  determinado  que  a  med^ha  que  havia 
sido  criada  por  decreto  de  9  de  Junho  de  1992,  que  já  descrevemos 
(fig.  6.'),  seja  destinada  exclusivamente  a  premiar  serviços  de  soccorros 
a'  náufragos,  devendo  ser  usada  suspensa  de  uma  fita  azul  com  faixa 
branca.  Este  artigo,  que  faz  novamente  a  descrição  da  medalha,  nada 
lhe  alterou  no  typo  descrito  no  art.  5õ."  do  regulamento  anterior; 
comtudo,  estos  medalhas  são  hoje  um  pouco  ditferentes  d'aqueUa8. 

Tendo  fallecido  o  gravador  Haia,  foi  encarregado  de  as  fornecer  o 
conhecido  fabricante  de  condecorações,  Sr.  Frederico  Qaspar  da  Costa^ 
que,  certamente  para  que  se  não  julgasse  que  oa  cunhos  eram  os  mes- 
mos, passou  a  fabricá-Us  da  seguinte  forma  (veja-se  a  fig.  7.*): 

Anv.  — Ao  centro  nm  galeSo,  e  em  volta:  CORAGEM,  ABNE- 
GAÇÃO E  HUMANIDADE.  Na  oria,  em  baixo,  tem  mais:  •  9  DE 
JUNHO  DE  1892  •  Não  tem  assinatura. 

Rev. — Ao  centro  um  ramo  de  oliveira,  e  em  volta  a  legenda: 
SOCCORRO  A  NÁUFRAGOS.  Na  parte  superior  a  competente  ar- 
gola. 

Como  se  vc,  aa  únicas  alterações  consistem  na  eliminação  da  assi- 
oatura  do  antigo  gravador  e  indicação  do  regulamento  que  criou  a  in&- 
dalha.. 

Estas  medalhas  são  de  cobre,  de  prata  e  de  om-o. 

Tem  direito  á  de  cobre  todos  os  indivíduos  que  prestem  nm  ser- 
viço importante  na  salvação  de  náufragos  (art.  15.").  i 

Tem  direito  á  de  prata  todos  os  indivíduos  qae  prestem  nm  ser- 
viço relevante  na  salvação  de  náufragos,  entendendo-se  por  Berviço 
relevante  a  salvação  de  vidas  com  risco  da  própria  vida  (art.  16.°). 

A  concessão  das  medalhas  pôde  repctir-se  tantas  vezes  quantos 
08  serviços  prestados,  sendo  esse  numero  indicado  por  nm  alg^ismo 
collocado  na  fivela  (art.  17."). 

Nenhum  serviço  só  por  si  ãá  direito  á  medalha  de  ouro,  qm  só 
é  concedida  por  sabstitniçSo  de  três  de  prata  (§  imico  do  art.  17.'), 
A  concessão  dd  três  de  cobre  também  ik  direito  a  ama  de.prata.' 


byGoí>^^lc 


o  ÃRCIIEOLOaO  FORTOGUÊS 


No  art.  20.'  foi  institaids  UDia  oova  medalha,  semelhante  á  ante^ 
cedente,  destinada  exèlosivamente  a  recompensar  serviços  prestados 
directamente  ao  iTiêHtuto. 

Vè-se  assim  que  a  separação  das  .duas  espécies  de  serviços. que 
havia  sido  reconhecida  pelo  decreto  de  26  de  Maio  de  1898,  foi  le- 
vada mais  longe  por  este  regulamento.  Por  aquelle  decreto  distingni- 
ram-se  os  serviços  por  fitas  dííFerentes,  e  neste  regulamento  por  me- 
dalhas diversas. 

Estas  novas  medalhas  (veja-se  a  fig-  8.*)  tem  no  anverso  um  ga- 
leão, de  dimensSes  um  pouco  inferiores  ao  da  medalha  antecedente, 
6  em  volt»  a  legenda:  PHILANTROPIA  E  CARIDADE.  No  reverso 
tem,  em  volta,  a  legenda:  REAL  INSTITUTO  DE  SOCCORROS 
  NÁUFRAGOS,  e,  ao  centro,  em  duas  linhas,  a  palavra:  SÓCIO— 
segnida  de  outra  indicativa  da  classe  respectiva.  Ha  quatro  classes 
da  Bocios:  honorários,  bemf«itoree,  doadores  e  subscritores  (art.  IJ,"). 
SSo,  por  conseguinte,  quatro  as  variedades  â'e8ta  medalha,  conforme 
tiverem  a  designaçSo  de  SÓCIO -HONORÁRIO,  SÓCIO— BEM- 
FEITOR,  SÓCIO— DOADOR  ou  SOCIO—SUBSCBITOR.  É  çsta 
ultima  variante  qne  apresentamos  na  estampa. 

Estas  medalhas  sâo  de  cobre  ou  prata.  NSo  ha  d'estd  typo  me-, 
-dalhas  de  ouro. 

Tem  direito  i  medalha  de  cobre:  1."  Os  sócios  doadores,  os  sub- 
scritores com  dez  annos  de  sócio,  e  os  remidos.  2.'  Os  individues  qne 
prestem  bons  serviços  nas  commlssilea,  como  membros  eSectivos,  du- 
rante cinco  annos  consecutivos. 

Tem  direito  á  medalha  de  prata;  l.<*  Os  sócios  honorários,  os  bem- 
feitores  e  os- subscritores  com  vinte  6  cinco  annos  de  eocio.  2."  Os  indi- 
vidues que  prestem  bons  serviços,  nas  commissSès,  como  membros  ef-  - 
fecttvos,  durante  dez  annos  oonsecativos.  .<;<  : 

A  concessZo  daa  medalhas  destinadas  a  prenuar  serviços  de  soct 
cerros  a  náufragos,  preeedando  várias  formalidades,  é  feita  por  um 
decreto  em  qne  é  relatado  o  serviço  prestado  (arts.  18."  è  19.°),  e  a 
(xtncessSo  das  outras  é  feita  por  uma  portaria,  sob  proposta  da  oom- 
misaZo  central  (art.  23.°). 

Os  cunhos  para  estas  duas  ultimas  medalhas  (Sgs.  7.*  e  8.*)  foram 
mandados  fazer  pelo  fabricante,  em  Paris,  ao  gravador  Emest  Le- 
moine,  que  os  nXo  assinou. 

Manda  a  verdade  que  ee  diga  que  nSo  foi  feliz  a  pessoa  qne  eà- 
colheu  os  typos  para  estas  medalhas.  Destinadas  a  ostentar  vaidade 
ou  provocar  ambiçSes,  as  medalhas  condecorativas  devem  ser  objectos 
^e  arte  que  atb-uam  pela  sna'  belleza,  e  nestas  e  galeSo  (talvez  ali 


byCOO^^IC 


93  O  ARCBEOLoao  PobtugdÉs 

oollocado  por  ser  o  emblema  da  cidade  de  Lisboa),  abandonado  nt» 
alto  mar  e  traçado  com  linhas  rectas,  dá.  uma  ideia  de  desolaçZo,  qne 
decerto  n&o  provoca  aquelles  sentimeotos. 
Junqueira,  Março  de  1900. 

Artbub  Lamas. 


Ulsoellanea  arolieoloerioa 

1.  Os  areklToi  de  G«a 

£  muito  sensato,  muito  justo  e  muito  verdadeiro,  o  artigo  que  o 
Sr.  Herculano  de  Moura,  distinctissimo  official  da  nossa  armada  e  ac- 
tualmente ^v«rnador  de  Diu,  escreve  nas  Novidade»  sob  aquella  epí- 
graphe. 

Aqui  e  ahi  ninguém  desconhece  a  actividade,  o  amor,  a  dedicaçSo, 
(jue  esse  illustre  funccionarío  emprega  em  todos  os  seus  actos,  quer 
na  arma  que  professa,  quer  no  distrícto  que  governa,  quer  nos  estudos 
a  que  se  dedica.  O  artigo  O»  arcbivos  de  Goa  é  mús  uma  exuberante 
prova  do  seu  devotado  zelo  pelas  cousas  d'e3ta  terra,  e  se  o  Governo, 
como  é  de  suppor,  o  tomar  na  consideração  devida,  salvando  a  tempo 
08  preciosos  mannscrítOB  que  representam  uma  riqueza  da  nação,  muito 
se  deverá  ao  distincto  oíEcial,  que,  como  verdadeiro  português,  deseja 
e  quer  que  a  historia  da  índia,  ainda  bastante  confusa,  se  consulte  nos 
valiosos  documentos  que  ainda  possuímos,  sem  necessidade  de  qne 
sobre  o  assunto  os  estranhos  nos  dêem  liçSes,  nem  sempre  favoráveis, 
nem  sempre  sinceras,  nem  sempre  exactas. 

Ha  porém  nesse  artigo  uma  lacuna  que  convém  preencher,  e  que 
o  8r.  Herculano  de  Moura  deixou  em  branco,  certamente  á  mingua  de 
informação,  visto  a  honestidade  do  seu  caracter,  sempre  evidenciada, 
repellir  por  completo  tado  que  possa  classificar-se  de  injustiça. 

Já  houve,  e  não  ha  muitos  annos,  quem  pensasse  na  construcçãu 
de  um  edifício  especial,  com  todos  os  requisitos  relativos  e  indispen- 
sáveis, onde  fossem  colleccionados  todos  os  documentos  e  livros  de 
importância,  que  se  relacionassem  com  a  nossa  historia  do  Oriente, 
o  qual  se  chamaria  Arcktoo  Geral  da  Lídia.  Supponho  até  qoe  a  obra 
foi  projectada,  falhando  a  execução  á  falta  dos  meios  necessários. 

O  nome  do  Sr.  Conselheiro  Joaquim  José  Macliado  está  por  tal 
fiSrma  ligado  ao  ultramar,  que  difficilmente  se  poderá  passar  sobre 
qnalqner  cousa  proveitosa  que  lhe  diga  respeito,  ainda  a  mais  insi- 
gnificante, que  por  elle  não  tivesse  sido  pensada  e  estudada.  Se  o  pro- 
jecto do  arohivo  e  de  outras  obras  importantes  não  teve  execução, 


byGoí>^^lc 


o  Aichulogo  Portupto— Vol.  1—1905 


byGoot^lc 


bvGooglc 


o  Archflolojo  Ponuguèj— Vol  1—1905 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


Di„i„«b,Googlc 


o  iicLeologo  Portogib— Vo!.  I— Í9(K 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


Di„i„«b,Googlc 


o  Archeologo  Português  93 

nlo  se  lhe  pôde  attríbuír  a  oulpsj  demais  trabalhon  elle  em  proveito 
d'esU  terra,  qae  o  ato  esquece,  que  tantos  beDeãcios  lhe  deve,  sem 
menoscabo  d'aqiielle3  que  ignal  esforço  tem  empregado,  e  a  quem  sou 
dos  primeiros  a  respeitar. 

E  feita  a  declaraçlo,  que  é  devida,  oxalá  o  Sr.  Herculano  de  Honra 
obtcaha  agora  o  que  entSo  se  nSo  pôde  conseguir,  e  mais  uma  vez 
lerA  jus  á  gratidSo  de  quem  saiba  apreciar-lhe  os  dedicados  esforços 
>'m  proveito  do  país. 

(Diário  de  ^'otieías,  de  9  do  Setembro  de  1904). 

KecebemoB  do  illuetre  official  da  armftda,  Sr.  Ueroulano  de  Moura, 
a  begiiínte  carta  que  gostosamente  inserimos  em  seguida: 

8r.  Redactor. — No  Diário  de  Noticiaa  de  hoje  deparei  com  nma 
<-orrespondencia  da  índia  em  que  se  faz  uma  ligeira  apreciação  a  uns 
recentes  artigos  meus,  escritos  nas  Novidades,  sobre  Oa  arciíivo»  da 
Índia,  salientando,  todavia,  uma  lacuna  que  o  illustrado  amável  cor- 
respondente do  apreciado  jornal  de  V.     procura  esclarecer. 

Devo  desde  já  dizer  que  ignorava,  por  completo,  a  tentativa  inlel- 
ligente  e  patriótica  feita  pelo  Sr.  CoDselheiro  Joaquim  José  Machado, 
quando  Governador  Geral  da  índia,  para  uma  condigna  installaç^ 
do  Arehivo  Geral  da  índia.  Servi  mnito  pouco  tempo  com  S.  Ex." 
nhi  (uns  três  meses)  e  longe  da  capital  d'eBse  governo;  não  admira, 
por  isso,  que  mo  passasse  despercebido  mais  esse  importante  serviço 
com  que  tio  esclarecido  e  emprehendèdor  funccionario  desejou  deixar 
vinculado  o  sen  nome  a  uma  das  mais  criteriosas  e  fecundas  adminis- 
trações da  índia.  Inteiramente  do  pensar  do  autor  da  correspondência 
no  tocante  ás  referencias  ao  Sr.  Conselheiro  Machado,  como  por  roais 
do  uma  vez  o  tenho  affirmado  em  publicações  minhas,  gostosa  e  imme- 
diatamente  faço  a  rectificação,  ou  melhor: — preencho  a  lacuna  apon- 
tada, perfilhando  a  indicação  feita  nesta  correspondência. 

A  simples  leitura  dos  meus  modestos  artigos  sobre  os  documentos 
da  historia  da  índia,  qne  se  estão  a  apodrecer  dispersos  em  vários  de- 
pósitos de  Goa,  dará  logo  a  nota  de  que  o  micróbio  da  politica  (muitas 
vezes  em  suspensSo  nas  culturas  literárias  da  índia),  nem  a  semente 
da  adulaçito  ou  o  arpéu  do  despeito,  poderiam  ter  guarida  nesses  es- 
<.-rítos.  A  propaganda  pela  palavra  e  pela  penna,  em  que  ando  agora 
empenhado,  obedece  a  um  desejo  absolutamente  sincero  de  pretender 
salvar,  a  tempo,  fontes  preciosissimas  para  a  nossa  historia  da  índia, 
que  vemos  tSo  estimadas  e  valorizadas  no  estrangeiro  e  de  que  tXo 
pouco  ou  nenhum  caso  se  tem  feito  entre  dós. 


byCoOglc 


94  O  Abchbolooo  Pobtooués 

Deixando  para  o  fim  oa  mens  agradecimontoB  pelas  captivantes  pa- 
larraa  qne  mu  .dirígs  o  correspondente  em  Goa  do  Diário  de  Notícia», 
nas  quaea  rejo  transparecer  retaçSee  de  velha  amizade  e  manifestados 
os  primores  de  caracter  e  de  educação  de  quem  se  endereça,  peço  s 
V.  que  me  releve  o  espaço  que  venho  de  tomar  no  seu  esclarecido 
diário,  e  me  creia — De  V.      . . .,  etc^y.  Herculano  de  Maura. 

Parede,  9-IX-1904. 

{Diário  de  Xotiâoê,  de  10  de  Setembro  de  1904). 

2.  àrehe«Iorla  do  >■!  de  AfHea 

Beira,  21  de  Setembro. — Immensos  e  ricos,  de  uma  riqueza  mine- 
ral, sem  outra  igual  em  toda  a  Africa  Orieutal,  os  campos  auriferos 
de  Manica  tem  historia  da  séculos,  e  as  ultimas  investigações  archeo- 
logícas  tendem  a  coUocar  a  Ophir  da  Biblia  dentro  ou  quasi  ao  pé 
d 'esta  vasta  regiSo. 

Os  melhores  ãlSes,  até  hoje  descobertos  ahi,  tem  sido,  com  raras  ex- 
cepç5es,  aquelles  onde  se  encontram  as  antigas  minas  e  subterrâneos. 
Alguns  d'estes  subterrâneos  tem  mais  de  200  pés  de  profundidade, 
e  as  explorações  ahi  feitas  tem  denotado  netles  agua  em  bastante  quanti- 
dade e  outras  vezes  as  sondagens  tem  atravessado  o  mais  duro  granito. 
'  Por  toda  a  parte  em  Manica  eucontram-se  vestígios  de  ama  raça, 
hoje  completamente  desapparecida  da  face  da  terra.  E  os  enormes 
terraplanos  com  limalha  de  ferro  que  se  vêem  por  toda  aquella  regiXo 
denotam  qne  aquelles  antigos  obreiros  conheciam  perfeitamente  a  fun- 
dição dos  metaes  e  possuíam  alfaias  de  ferro. 

Aqnelle  povo  devia  ser  evidentemente  maritimo.  Exercendo  o  com- 
mercio  do  ouro,  não  podia  deixar  de  estar  em  constantes  communíca- 
ç3es  com  Sofala,  este  antigo  e  histórico  porto  de  onde,  dizem,  sairam 
os  navios  levando  ouro  para  o  templo  de  SalomSo,  e  onde  também, 
segando  a  lenda,  embarcou  a  enamorada  rainha  Shcba  para  ver  o  rei. 

Portugal  o  Inglaterra,  que  sSo  os  únicos  senhores  de  Manica,  de- 
viam dar-se  as  mSos  para  estudar  e  conservar  devidamente  as  minas 
ã'esta  vasta  região,  onde  cada  ruina  tem  a  sua  historia,  e  cada  pedra 
tem  a  sua  lenda.  Infelizmente,  nada  está  feito,  e  é  pena  ver  desappa- 
recerem  ponco  a  pouco  com  a  acçSo  do  tempo  aquelles  vestutos  es- 
combros que  na  sua  linguagem  muda  falam-nos  das  eras  passadas. 

Suggeriram-nos  estas  considerações  quando,  durante  a  nossa  es- 
tada de  dois  annos  em  Macequece,  fomos  nm  dia  ver  de  visu  a  extensa 
região  de  Manica,  e  hoje  vemos  que  ellas  estio  mais  qne  confirmadas, 
pela  descoberta  feita  por  dois  exploradores  de  minas  de  algumas  re- 
liquias  d'aquelles  velhos  tempos,  em  15  de  Agosto  findo,  em  Umtali. 


byGoí>^^lc 


o  ASC&KOLOOO  PtWTDOOftS  96 

Umtati  é  o  antigo  Mntali  ou  Mutassa  português.  Faz  part^  da 
região  de  Maníca,  e  foi-oos  brutalmente  arrancado  pelos  ingleaes. 

Até  nio  noa  respeitaram  o  nome.  Para  se  lhe  tirar  toda  a  origi- 
nalidade portuguesa,  inverteram  aa  primeiras  duas  tetras  e  chamam 
agora  Umtali  ao  qne  foi  sempre  Mutali.  SlU>  tempos- . . 

A  mais  importante  d'estas  relíquias  6  um  vaso  de  ouro  de  fabrico 
antigo.  Tem  iuscriçi^s  hieroglyphieaa,  que  suppSe-se  ser  as  escrituras 
secretas  dos  velhos  cophtas  ou  pheoicios. 

Também  Ibram  encontrados  cerca  de  vinte  aaeis  de  ouro. 

SSo  de  differentea  feitios  e  formatos  e  todos  deixam  ver  na  sua  con- 
fecção um  grosseiro  e  rude  trabalho  nativo  próprio  d'a<]uella  época. 

Todos  estes  thesouros,  de  alta  importância  para  a  archeologia,  cn- 
contraram-se  em  nm  campo  reservado  pira  a  pastagem,  e  já  foram 
entregues  ao  administrador  de  Umtali. 

(Diário  de  Noítcia»,  de  20  de  Outubro  de  1901). 

PsDKo  A.  DB  Azevedo. 


ExploragÒes  arolieologioas  em  Mertola 

Em  16  de  Junho  de  1904,  de  manbfi,  mandoD-me  a  minha  casa  o  Sr.  Joaé 
de  Almeida  Carvalhaen,  Preparador  do  Mnseu  Etbnolugico,  a  BeguÍDte  noticia 
que  vinha  publicada  n-0  Século: 

'Mertola,  15,  t. — Foi  hoje  desDoberto  por  une  trabalhadores,  na  margem 
esquerda  do  Guadiana,  junto  d'eBta  viUa,  e  a  pequena  profiindidade,  um  graude 
deposito  de  cântaros  de  barro  de  differentes  taroanhoB  e  feitios,  tendo  alguns 
duas  asaa  e  o  &ndo  em  forma  de  bico,  e  estando  muito  cheioe  de  terra  e  cal. 
U  deposito  parece  abranger  uma  graude  área,  qne  devia  ser  explorada*. 

Como  snppns  que  os  cântaros  seriam,  e  de  facto  eram,  ampboras  romanas, 
a]>enaB  li  esta  noticia  telegraphei  ao  meu  amigo  o  Sr.  Angusto  de  Vargas,  de 
Uertula,  pedindo-lhe  qne  obtivesse  da  respectiva  autoridade  a  suspensão  dos 
trabalhos,  para  se  evitarem  vandalismos,  até  que  cu  mandasse  um  empregado 
do  Museu  &zer  escavações  metfaodicas.  O  Sr.  Yargas  responden-me  no  mesmo 
dia  á  1  hora  da  tarde  com  o  aegninte  tetegranuna:  Eiertvendo,  quando  veio 
telefframvM.  Egcaoaçôet  ordem  da  Camará.  Vou  pedir  Presidente  suêpetuõo 
fmbalhot.  E  ás  3  horas  diase-me  telegnphicamente  maia  o  seguinte:  Traba- 
lho» svgpeTiBo».  Ao  meamo  tempo  escrevia-me  uma  carta  em  que  me  relatava 
o  appBrecimento  das  amphoras  e  me  enviava  esbogos  de  dnaa,  carta  que  recebi 
em  17.  Eta  virtude  de  todo  isto,  encarreguei  o  Sr.  Bernardo  de  Sá,  Conductor 
de  Obras  Publicas  em  aervigo  no  Kuseu,  de  ir  proceder  aos  trabalhos  em  Uei> 
tola,  para  onde  partiu  no  referido  dia. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


96  O  Archeologo  Fomiaots 

O  artigo  que  vae  ler-se,  «âúnado  por  elle,  é  o  nlitorio  doa  trabalhoa  a  qne 
procedeu. 

D'ease  utigo  ee  vè  qne  bavia  oa  mar^m  esquerda  do  Guadiana,  áAoaU 
de  Uertola,  antiga  Myrtílin,  um  deposito  de  amphoraa  romanas,  qae  é  cohi- 
paravcl  ao  de  S.  Bartolomen  de  Caetro  Marim,  por  mim  deacrite  em  189S, 
D-O  Areh.  Porl.,  iv,  329  e  sqq. ;  aó,  ao  paaso  qne  jnnto  do  d«  Caatro  Harim 
ee  encontroa  o  próprio  forno  em  qne  aa  amphoras  ee  fabricaram,  no  de  Mertola 
não  se  encoDtron  nada  semelhante.  Nnm  caso  e  noutro  oa  depósitos  Scaram 
perto  do  Guadiana,  por  onde  as  amfriíoiBa  faeilneBte  ae  expedisK  paia  Ytmgf. 
Temos  assim  mais  om  testemnnho  a  respeito  das  antigoidadea  romanas  de  Jfyr- 
tUi»,  já  porém  bastante  oonbecidas  por  òntros  meios;  aqoi  mesmo  a-0  ^rcAeo* 
loffo  ae  tem  feito  nomerosas  rrferencias  a  ellas'. 

No  interesssste  trabalho  intitolado  Lm  puébUm  antigaot  dei  Qvadtdqtâvir 
y  idfarería»  romana»,  Kadrid  1902  [separata  da  iReriata  de  arch.,  bibl.  y 
maseost),  diz  o  Sr.  Jorge  Bonsor,  depois  de  descrever  varias  edfartrúi»  on 
•olariasi  romanas  das  margens  d'aqiieUe  rio:  'Antes  de  conclnír  he  de  soplicar 
á  mis  colegafl  de  las  provincias  de  Huelva  y  de  BadajoE,  asi  como  á  los  ar- 
queólogos portogueses,  qne  eraprendan  la  exploTación  <let  Guadiana;  pães  todo 
autoriza  &  saponer  qne  han  de  encontrar,  ai  ignal  qne  en  Guadalquivir,  ntune- 
roeoa  vestigíos  de  albreriast.  A  esse  appello  pôde  corresponder,  em  parte, 
o  presente  artigo;  mas  jà  antes  de  1902  O  Archeologo  se  tinha,  como  vimos, 
occnpado  do  aasnnto. 

Pena  foi  qne  das  3(>  ampboias  qne,  conforme  nota  o  Sr.  Sá,  se  poderiam 
obter  em  Hfertola,  as  qnaes  aò  por  si  constitaíríam  nm  muaen  cerâmico,  apenas 
se  salvassem  poucos  exemplares. 

Por  occastSo  de  se  proceder  por  conta  da  Ex."*  Camará  Municipal 
de  Mertola,  em  terrenos  pertencentea  á  mesma,  a  trabalhos  de  desa- 
ferro neceasarios  para  a  eonstmcçSo  de  uma  pequena  estrada  de  ser- 
ventia publica  no  bairro  fronteiro  a  esta  villa,  ua  margem  esquerda  do 
Guadiana,  os  trabalhadores  encontraram  um  deposito  de  amphoras 
romanas  situado  ao  cimo  do  caminho  que  da  praia  conduz  á  dita  po- 
voação, e  distante  uns  3  a  4  metroa  da  fonte  publica. 

O  deposito,  seginndo  informações  colhidas  dos  próprios  trabalhado- 
res, — pois  que,  logo  em  seguida  ao  descobrimento,  o  Sr.  Presidente 
da  Camará  de  Mertola  iniciou  ahi,  maia  ou  menos  ao  acaso,  uma  ex- 
ploração arclieologíca,  depois  continuada  metbodicameate  sob  a  minha 
direcção — ,  era  auperiormentc  revestido  de  uma  camada  de  opus  Si^ai- 
num,  com  uma  mão  travessa  de  espessura,  formada  de  alvenaria  com- 
posta de  tijolo  triturado  e  taliscas  de  schisto.  Este  revestimento  só 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Ahchbolooo  Poetuodês 


97 


modenUHDente  cobria  nma  parte  do  deposito;  a  parte  restante,  atra- 
vessada por  uma  Berrentia  publica,  tinha  desapparecido,  natarabnente 
por  causa  do  desgaste  provenieote  da  continua  passagem  pela  mesma. 
O  deposito  apresentava  a  forma  de  quadrilátero  irregular,  aberto 
na  rocha  (schísto),  limitado  ao  poente  (lado  do  rio)  por  uma  parede 
de  alvenaria  ordinária  com  l'',50  de  profundidade  e  (y^90  de  espes- 


l\\ 

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\  M 

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1  i  \ , 

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sura;  no  sentido  da  largura  uma  parede  com  1  metro  de  espessura  feita 
de  pedra  basáltica  e  lages  de  schisto  argamassada  com  barro  dividia 
a  escavação  em  duas  secçSes  distinctas,  e  formava  com  a  parede  de 
alvenaria  um  corredor  afiinilado  de  forma  trapezoidal,  em  que  as  bases 
tinham  respeotivamenf©  as  dimeneSes  de  l^jSO  e  0",20.  As  restantes 


byGoí>^^lc 


o  AkCHEOLOOO  FOBTDOUta 

(Ics  eram,  como  acimA  refiro,  abertas  Da  rocha:  a  do  norte,  cor- 
A  prumo;  a  do  sal  com  leve  inclínaçlto  para  o  interior;  a  do  nas- 
cente com  idêntico  jomunento  terminava 
nuM  socalco  de  1  metro  de  altura  e  0",8O 
de  largura  media.  As  restantes  dimensões 
v3o  indicadas  na  %.  1.*,  planta  e  corte  loia- 
^tudinal  da  escavação. 

Â8  amphoras  começaram  a  apparecer 
a  O™, 50  de  profuodidade.  O  aterro  que  as  co- 
bria era  formado  pela  agglomeração  de  terra 
e  taliscas  de  schísto,  dispostas  etn  camadas. 
As  primeiras  amphoras  poetas  a  descoberto 
mantinham  a  mesma  orientaç&o,  com  a  boca 
voltada  para  KE. ;  estavam  deitadas,  pos- 
loque  ligeiramente -inclinadas  — inclinação 
que  se  pôde  explicar  pela  provável  depres- 
são do  aterro  sobre  as  mesmas — :  tinham 
encostadas  aos  bocaes  grossas  pedras  de  ba- 
salto, eram  mantidas  em  equilíbrio  por  ta- 
liscas de  schisto  que  serviam  de  cunhas,  e 
assentavam  em  delgadas  lages  de  schisto 
que  as  dividiam  em  três  camadas  bem  de- 
finidas. 

As  amphoras  que  seguidamente  foram 
apparecendo  nlo  mantinham  nem  orientação 
fixa  nem  disposição  particular;  algumas  en- 
contrei eu  com  a  boca  para  baixo. 

Muitas  amphoras  estavam  cheias  de 
areia  e  lodo,  em  que  se  notavam  pintas  de 
carvão,  o  que  aliás  lambem  se  podia  veri- 
ficar externamente.  Julgo  qne  ellas  tinham 
sido  cheias  propositadamente,  pois  que  assim 
aa  encontrei,  mesmo  as  que  estavam  dis- 
postas com  a  boca  para  baixo. 

Nem  toda  a  escavação  era  occupada  pelas 
amphoras,  mas  tão  somente  o  quadrilátero 
indicado  na  fig.  1."  pelas  letras  a,  h,  c,  ã. 

No  corredor  a  que  já  me  referi,  só  se 
encontraram  duas  amphoras  deitadas  a  par 
no  solo,  no  sentido  da  largura,  e  com  os  bo- 
«f-  <■•  cães  invertidos. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


U  AioiBXOLoâo  PoBTUGtâa  Od 

A  parte  restante  da  escavaçlki  tinha  sido  entiilbadn  com  terra' e 
Bcbisto,  disposto  sobretudo  para  o  fundo  em  grandes  lages  e  em  ca- 
madas, o  que  parece  indicar  que  o  aterro  tinha  sido  feito  com  cnidado; 
disseminados  por  este  aterro  en- 
contrei bicos  fundeiros,  asa: 
galos  e  pedaços  de  oatras  a 
ras,  assim  como  alguns  os 
animaes,  mas  nSo  colhi  ne: 
moeda  que  lançasse  luz  si 
data  precisa  d'esta  estaçSo 
As  amphoras  pareciam  i 
d'etl8s  ser  novas;  na  sua  n 
estavam  quebradas,  o  que 
bretudo  devido  ao  assenti 
e  pressão  das  terras.  O  a 
que  se  obteria,  caso  a  expl 
tivesse,  desde  começo,  sid 
com  caidado,  posso  comj 
pelo  menos  em  trinta. 

Neste  deposito  appare 
dois  typos  de  amphoras  be 
tínctos:  um  esguio  (lig.  2. 
(r,95  de  altora,  Cr,28  de  i 

tro  no  bocal,  e  O" ,40  de  alt 

gargalo;  o  outro,  bojudo  (líj 

com  as  seguintes  dimensõ 

tura  0^,85,  largura  mazL 

bojo  ©""jSô,  diâmetro  do 

0"',15,  altura  do  gargalo 

De  unbos  estes  typos 

eu  trouxe  para  o  Museu 

Etimológico  exemplares 

fracturados,  qne  porém 

se  recompuseram:  dois, 

do  typo  esguio,  e  três, 

do  typo  bojudo;  apenas  a  um  d'estes  últimos  falta  o  gargalo, 

Ãs  amphoras  bojudas  apresentavam  dimensões  muito  aproximadas: 

as  esguias  é  qne  differiam  um  pouco  entre  si. 

A  pasta  é  formada  de  barro  avermelhado  ou  de  barro  amarello, 

mais  ou  menos  accentuado  em  ambos  os  typos.  As  amphoras  bojadas 

aão  de  paredes  mais  espessas  do  que  aa  esguias;  nestas  a  espessura 

641551A 

Di„i„«b,GtK)ylc 


100  o  Archeolooo  Português 

aio  excede  em  média  iim  centímetro,  emquanto  nas  primeiras  se  eleva 
a  centímetro  e  meio. 

Algumas  d'estas  vasillias  tinham  como  ornamentação  simplicíssima 
cm  volta  do  bojo  duas  ou  nuús  series  <le  sulcos,  gravados  paralleU- 
mente. 

NSo  pude  obter  para  o  Museu  Ethnologico  nenbum  dos  exempla- 
res ornamentados,  pois  que  o  Sr.  Presidente  António  da  Silva  Fer- 
nandes os  havia  destinado  ao  Museu  de  Beja  — ^onde  segundo  sei  ainda 
todavia  nSo  deram  entrada — ;  os  outros  exemplares  reservava-os  o 
mesmo  Sr.  para  um  problemático  Museu  que  elle  projectava  fundar 
em  Mertola. 

Bernardo  ãmtokio  de  Sá 


Autos  *  de  posse  de  oastellos  no  seoulo  XVI 

N-0  Ãreheologo  foram  já  impresBOB  três  antos  de  posec  de  caBtellpB,  no  sé- 
culo XVI,  relativos  a  Nondar*  [v,  146),  Mertola  (vi,  206)  e  Aljezur  (vi,  171), 
com  as  data«  respectivos  de  1516,  1535  e  15G5.  Agora  efio  impressos  outros 
tantos  autos  relatívos,  um  fi  Sinee,  commenda  que  em  tempos  teve  o  illnstre 
Yaseo  da  Gama,  datado  de  1533  e  dois  a  Aljustrel  de  1565  e  1586.  Pela  leitura 
d'e8teB  documentos  se  nos  depara  o  beto  das  poBses  mais  antigas  serem  as  maia 
intereseanteB  e  as  modernas,  pelo  contrario,  serem  despidas  de  interesse  quanto 
á  inventaríaç&o.  A  decadência  do  logar  dealcaides-menorea  em  carcereiros  tam- 
bém é  interessante  notar  nos  dois  autos  de  Aljustrel,  bem  como  o  estado  de 
mina  em  que  gradualmente  ia  caindo  este  castello. 

Pkdko  a.  na  Asktioki. 

i.  Auto  de  poíse  do  cistello  de  Sines.  21  de  Novembro  de  168S 

Ano  do  nacimento  de  noso  senhor  Jhesu  Christo  de  mill  e  quy- 
nhentos  e  trynta  e  três  anos  aos  xxiiij**  dias  do  mes  de  novembro  em 
a  vylla  de  Synes  no  castello  e  fortaleza  dela  estando  hy  diogo  calema 


'  Auío,  do  latim  actas,  corresponde  no  francês  prodi-verbal  c  so  allemilo 
ProtokoU.  O  nosso  aaloar  é  o  fr»ncfls  verbaliaer. 

*  Doa  Juan  Bsrroao  y  Uomingriez,  súbdito  heapanhol,  que  tínbii  comprado 
c<w)  vAntagem  ao  Ministério  da  Ouerrn  o  castello,  ainda  muito  bem  conservndoí, 
de  Nondar,  falleceu  receutemente.  Pnrcce  que  pensava  em  restaurá-lo,  pelo  uienoa 
chegou  ^pars  cometo —  a  mandar  arrancar  a  inscripção  commemorativa  da  fun- 
dação, a  qaal  guardava  no  seu  cscritortn  em  Barranco!!.  Nesta  povonçSo  coiríii 
a  lenda  de  se  encontrar  na  velha  fortificação  um  grande  thesouro ;  ignoro,  porém, 
■O  01  trabalhos,  a  qno  procedeu  ali  o  ultimo  proprietário,  lograram  desvanecer 
no  espírito  publico  a  tradicio. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AbCHBOLOOO  POBTUGUÊa  101 

cavalleiro  da  bordem  dè  sandaguo  e  antonío  Femandez  prior  da  vylla 
dos  oollos  vesytadores  per  autoridade  e  mandado  do  mestre  e  duqae 
etc.  DOSO  senhor  e  pelos  defyndores  do  capitulo  gerall  que  se  celebrou 
no  convento  de  pallmella  a  ziij  dias  do  mes  dojtabro  do  ano  paaado 
de  j  b*  xxxii  pelloa  quaes  forSo  emleytos  pêra  ello  e  estando  hy  ou- 
trosj  o  senhor  Joi^  furtado  de  mendoça  comendador  e  alcayde  mor  da 
dita  vílla  loguo  pellos  ditos  vesjtfidores  lhe  foy  feita  pei^^ta  se  tyoha 
algnm  auto  da  eutregua  da  dita  fortaleza  e  das  cousas  delia  afora  o  que 
elleB  vesytadores  trazySo  ou  se  tynha  o  trelado  delia  e  por  o  dito  co- 
memdador  foy  dito  que  nfto  tynha  nenhum  auto  da  dita  entregna  so- 
mente o  qne  elles  Tesytadores  trazyão  da  pose  que  lhe  fora  dada  por 
Jo3k>  Oodynbo  contador  qne  foy  deste  mestrado  a  quall  os  ditos  vflsyr 
tadores  mandarão  ler  a  mym  escripv&o  da  dita  vesytaçSo  e  por  em  ella 
n£o  decrarar  as  casas  da  dita  fortaleza  mandar&o  que  fizesse  este  auto 
com  s  decraraçZo  das  ditas  casas  que  a  dita  fortaleza  tem  as  quaes  elles 
It^no  vyrSo  e  sam  as  seguintes  item  he  bum  castello  dentro  da  cerqua 
da  vylla  cerrado  sobre  sy  com  muro  «  redor  e  tem  bum  portal!  de  pe- 
draria com  nm  baluarte '  de  fora  dameas  c  bonbardeyras  e  btías  portas 
novas  d  fortes  com  sen  fernflho  grande  e  fechadura  e  bua  tranqua  forte 
e  grosa  metyda  no  muro  per  bonde  corre  e  entrando  pela  dita  porta 
esta  bum  pateo  com  hum  poço  de  agua  nadívell  e  bi}a  pêra  beber  e  por 
riba  esta  hum  arquo  sobre  que  esta  armada  bua  camará  e  pelovUo 
debaixo  deste  arquo  o  camará  vXo  ter  a  hSa  porta  de  bua  casa  térrea 
grande  em  qne  eetSo  h3as  grades  de  pao  do  porlall  per  bonde  se  entra 
e  entrando  pella  porta  do  dito  castello  ha  mSo  ezquerda  esta  bula  escada 
de  pedra  per  honde  sobem  os  casas  do  apousentamento  do  dito  castello 
que  he  a  primeira  casa  hiia  salla  pequena  com  chomine  e  ladrylhada 
com  hSa  janella  metyda  no  muro  sobre  a  porta  do  dito  castello  e  he 
madeyrada  dasnas  e  de  telha  vãa  encaiada  per  riba  e  da  dita  salla  vay 
hfia  porta  pêra  hSa  antecâmara  grande  que  tem  hfla  chemine  e  hiia 
janella  grande  peguada  com  a  chemine  sobre  o  pateo  rasa  e  dalvaneria 
com  bSas  portas  novas  de  castaiiho  trancadas  e  outra  janella  da  banda 
da  vylla  metyda  no  muro  de  sedas  e  hum  peytorill  da  pedraria  com 
hum  mármore  no  meo  com  buas  portas  de  castanho  novas  e  a  m&o 
ezquerda  da  porta  da  dita  camará  vay  hua  escada  de  madeyra  pêra 
bayxo  pêra  biía  casa  que  esta  debayxo  da  salla  que  tem  hfía  chemine 


I  O  temo  baluarte  tem  origem  estrangeira.  A»iin  em  francês  diz-se  boiíle- 
'•ard  e  em  allemSo  BoUxetrl:  Bmdevard  tomou  ainda  oolra  «cepçilo  mais  geral- 
mente coDhecida  do  qne  a  de  battion. 


byGoot^lc 


102  O  Archeologo  Pobtdgcés 

e  serve  de  cozynha  e  desta  cozynha  v&j  hSs  porta  pêra  ontra  casa  qiie 
serve  de  despensa  que  fiqua  deb&yxo  da  antecâmara  a  qnall  «oteca- 
mara  Le  madeyrada  de  quatro  agoas  de  madeyra  de  castanho  e  forrada 
de  cortiça  per  cyma  das  asnas  e  ripa  e  no  cabo  desta  antecâmara  vay 
hila  porta  pêra  liila  camará  no  andar  delia  que  be  tSobem  madeyrada 
de  quatro  agoas  e  forrada  de  cortiça  e  tem  h3a  ehemine  e  bua  janella 
sobre  o  pateo  e  dalij  vay  h^a  porta  pêra  bus  quintaes  e  desta  camará 
vay  bua  escada  pêra  bnixo  pêra  a  logea  desta  camará  que  fae  tadry- 
Ibada  pêra  molberes  e  sobre  esta  escada  estão  hSs  almareos  de  bordos 
cS  sua  porta  E  da  dita  antecâmara  vay  outro  portal!  per  onde  vay  bua 
escada  de  pedra  metyda  pcllo  muro  que  vay  ter  a  porta  da  torre  da 
menagem  com  eua  aboboda  per  riba  o  quall  portall  da  dita  torre  tem 
hiíae  portas  fortes  e  bSas  per  bomde  entrSo  a  bua  camará  grande  qoe 
be  no  meo  da  dita  torre  sobradada  e  nesta  camará  esta  bua  janella 
da  banda  do  Itesyo  e  a  emtrada  da  porta  desta  camará  esta  bua  escada 
com  seus  almari?os  de  bayxo  çarrados  per  bonde  vSo  he  outra  camará 
de  cyma  desta  que  he  na  dita  torre  a  quall  camará  he  de  quatro  agoas 
e  forrada  de  tavoado  de  pynho  e  sobre  a  dita  escada  tem  hus  almareos 
com  Buas  portas  çarrados  e  bTtos  e  tem  bua  obemine  e  duas  janellas 
hita  pêra  a  banda  do  norte  e  outra  pêra  ho  sull  e  esta  casa  tem  buía 
porta  per  bonde  vSo  per  bua  escada  ao  cymo  da  dita  torre  e  ao  pee 
desta  escada  esta  híía  janella  da  baq^da  da  vylla  e  a  emtrada  da  prí- 
meira  porta  da  dita  torre  esta  metida  outra  porta  no  muro  da  dita  torre 
per  bonde  v&o  per  hum  corredor  a  hum  cobedello  no  qnati  corredor  esta 
hua  janella  da  banda  do  norte  e  a  emtrada  do  dito  cubello  esta  bua 
porta  por  homde  entrfio  ao  dito  cubello  e  dentro  no  dito  cubello  esta 
hQa  janella  da  banda  da  vylta  e  tem  ontra  camarynba  pequena  çarrada 
sem  janella  o  quall  corredor  e  cubello  sam  çarrados  de  hSa  banda  e  da 
outra  do  muro  e  telhados  e  argamasados  per  ríba,  e  de  bayxo  da  pri- 
meira camará  da  emtrada  da  torre  da  menagem  vay  da  dita  camará  bSa 
CFcada  de  pao  com  sua  porta  de  alçapam  pêra  oatra  camará  de  bayxo 
desta  tam  grande  como  ella  çarrada  com  bua  fresta  e  de  bayxo  desta 
esta  outra  casa  no  andar  do  cb&o  com  bãa  porta  pêra  ho  pateo  honde 
estSo  as  grades  de  bayxo  do  arquo  e  da  dita  maneira  estSo  quatro  casas 
na  dita  torre  da  menagem  E  a  emtrada  da  dita  fortaleza  no  pateo  delia 
a  mSo  direita  esta  hila  escada  estreyta  de  pedra  per  bonde  vão  a  bom 
cnbello  redondo  abobedado  e  argamasado  que  tem  bua  janella  sobre 
a  porta  do  castello  da  banda  de  fora  as  qnaes  casas  dise  o  dito  senhor 
Jorge  furtado  per  ante  os  ditos  vesytadores  e  homSs  muitos  da  dita 
vylla  que  elle  fizera  de  novo  a  saber  a  escada  de  pedrana  e  madeyrara 
e  ladrylhara  a  dita  salta  e  lhe  mandara  fazer  bs  janella  do  mnro  e  fizera 


byGoí>^^lc 


o  ÂfiCHEOLOQO  POBTUGUÊS  103 

a  dita  antecâmara  e  camará  aey  como  «stavSo  decraradas  com  a  escada 
qne  vaj  pêra  a  torre  e  chemines  e  escadas  que  vSo  pêra  baixo  asy  como 
esta  todo  decrarado  a  sua  propya  custa  e  os  guarnecera  e  concertara 
de  lodo  £  defr(»ite  da  porta  do  dito  castello  esta  bfía  ca^a  torre  que 
be  estrebaria  com  suas  mSgedoyras  em  qoe  caberSo  dez  ou  doze  ca- 
valloa  com  oatra  casa  dentro  pêra  palheiro  e  dormirem  escravos  que 
dise  o  dito  comendador  que  mandara  tSobem  fazer  e  detrás  das  ditas 
estrebarias  esta  buí  quyntall  çarrado  que  he  das  propyas  casas  de  que 
se  serve  o  alcayde  que  esta  na  dita  fortalleza  £  dise  o  dito  Jorge  fur- 
tado que  Qunqaa  lhe  entregarão  armas  nenhilas  da  dita  fortaleza  nem 
as  avya  nella  E  de  todo  os  ditos  vesytadoree  mandarSo  fazer  este  auto 
e  acostar  ao  outro  auto  que  era  feyto  pello  dito  contador  e  outro  tall 
como  este  asynádo  per  elles  que  o  dito  Jorge  furtado  pedyo  pêra  fi- 
quar  em  sua  mSo  e  elle  asjnou  este  pêra  se  levar  pêra  ho  cartório 
do  convento  testemunhas  que  estavSo  presentes  Francisco  do  Rego  e 
Fernio  lopez  juiz  ordinário  e  luis  diaz  moradores  no  dita  vylla  e  eu 
Joam  domingues  escripvSo  da  dita  vesytaySo  o  escrepvi.  ^^on/e /ur- 
todo  Mendoca. 

S.  Anto  de  poate  do  csstello  de  AUastrel.  13  de  FeTcrelro  de  ISCfi 

Auto  da  pose  que  se  deu  ao  senbor  dom  Ãffonso  das  casas  da  co- 
menda e  castello. 

Ano  do  nacimento  de  Nosso  Senbor  Jhesa  Christo  de  mill  e  qui- 
ohemtos  e  aasemta  be  cimco  anos  aos  dezasctc  dias  do  mes  de  feve- 
reiro do  dito  ano  nesta  villa  daljustre  nas  pousadas  omde  hora  pousa 
o  senbor  dom  Rodriguo  de  meneses  ijdallgno  da  casa  delRey  no^o  se- 
nhor e  comendador  das  comendas  da  Vylla  de  caeella  be  da  Igreja  do 
sallvador  da  vylla  de  santarem  e  treze  e  estando  elle  a  bv  presente 
c  asim  Joam  femandez  bareguam  pryoll  da  Igreja  de  samta  maria  do 
castello  da  vylla  dallcasere  do  saatl  ambos  vysytadores  da  bordem  de 
samtiaguo  cmleytos  em  capitólio  jerall  delia  loguo  os  ditos  vizitadores 
mandaram  a  my  tabelifto  que  fose  entreguar  as  casas  da  comemda 
desta  vylla  e  o  castello  a  Ruy  gnaguo  feitor  e  mordomo  do  dito  senhor 
dom  aSbnso  comendador  da  comemda  desta  vylla  E  logno  no  dito  dia 
mes  he  bera  atras  escripto  eu  tabeliam  fuy  ao  cham  omde  estyueram 
as  casas  da  comemda  desta  vylla  que  ora  eBtam  de  todo  derybadas 
que  nSo  tem  paredes  somente  hus  pequenos  de  paredes  de  taypa  que 
ficaram  por  acabar  de  cayr  o  quall  cham  parte  de  biia  parte  com  casas 
das  Jorges  e  quintall  de  luys  coelho  e  do  outro  com  diguo  que  parte 
da  banda  do  ponemie  com  casas  das  Jorges  e  quintall  de  luys  coelho 


byGoí>^^lc 


104  O  ABCBBtHXHSO  POBTDOtlÊS 

Q  da  banda  do  levamte  com  ferejall  da  ordem  e  do  norte  com  Kacyo 
do  concelho  e  de  deamte  com  rua  pubríqaa  e  nesta  demarqnaçani  fica 
h8a  casa  qu«  lie  de  Rqy  carvalho  he  estas  casas  eetam  da  rna  qae  vem 
da  Igreja  pêra  bamda  do  norte  e  astm  foy  com  o  dito  feitor  e  mordomo 
a  hum  cham  que  foram  casas  qae  esta  na  dita  rua  pêra  bamda  do  aiill 
que  parte  com  casas  de  lais  Rodrigues  da  bamda  do  levamte.e  de  todas 
as  outras  com  cham  de  Inys  coelho  e  asim  iomos  mnys  a  outras  casju 
da  dita  bordem  ~qne  estun  na  dita  rua  da  mesma  bamda  que  sãm  hfla 
casa  deamteira  com  duas  camarás  he  hu  quintall  com  laramgeiraa  e  as 
ditas  casas  e  estam  diguo  sam  feitas  de  taypa  he  estam  telhadas  de 
telha  vam  e  tem  suas  portas  ferolhos  e  fechaduras  e  aàm  a  outra  casa 
que  foy  adogua  que  eataa  a  mor  parte  do  telhado  caydo  e  as  paredes 
írguydas  e  asim  a  hSa  estrebaria  descuberta  he  hum  balfaeiro  (oíío* 
palheiro)  cuberto  pegnados  na  degua  e  outro  cham  qoe  está  no  quintall 
que  vay  por  detrás  destas  casas  que  também  he  da  ordem  que  Soy 
casa  e  a  sim  fomos  ao  castello  desta  vylla  e  honde  esta  hua  hermida 
de  nosa  Senhora  e  o  dito  castello  he  a  mor  parte  delle  taypas  he  en- 
tulho e  em  algãaa  partes  de  pedra  e  barro  e  tem  omde  esteve  a  porta 
hum  mármore  comprido  metydo  no  cham  a  parte  direita  a  entrada  da 
porta  o  quall  castello  a  mor  parte  delle  esta  deryhado  e  sem  portas 
he  loguo  eu  tabeliam  ouve  ao  dito  feitor  e  mordomo  do  oomemdador 
por  eratregne  das  ditas  chaaves  e  casas  e  castello  he  elle  tomoa  delles 
entregue  e  se  ouve  por  emtregue  do  que  dito  he  por  parte  do  comem- 
dador  e  por  todo  asim  pasar  na  verdade  fíz  eu  tabeliam  este  auto  de 
emtregua  pelo  dito  feitor  e  mordomo  asinado  semdo  presemtes  por  tes- 
temunhas ho  licenciado  JoSo  martinz  Cardoso  e  o  padre  affonso  Rodri- 
gues coelho  creleguo  da  dita  ordem  e  Joam  Raposo  todos  moradores 
nesta  villa  eu  díoguo  loureiro  pubriquo  tabelliam  das  notas  e  jndiciall 
nesta  villa  dalljustre  por  ell  Rey  noso  senhor  que  o  escrevi.^fíu^ 
Guago^Afomêo  Ruyz  Coelko=^Joam  Rapo»o=diogo  Loureiro=Li- 
cenciaia»  João  Martinz  Cardoso. 

(CsItKfA)  eqwial.  caiu  lU). 

t.  Into  de  poise  do  castello  de  Âljnstrel.  87  de  Oitnbr»  de  1Í89 

Auto  da  pose  que  tomou  Rnj  G-uaguo  daUcajdarja  mor  peio  senhor 
dom  Alluro  dAllemcrasto. 

Ano  do  nasimento  de  Koso  Senhor  Jhesa  Christo  de  mill  e  qui- 
ohemtos  e  hojtemta  e  seis  anos  aos  vinta  sete  dias  do  mes  de  outubro 
deste  dito  ano  em  esta  villa  dAlljustrel  na  caza  da  cadeja  e  prisSo 
desta  dita  villa  estamdo  ahy  prezemte  Inosenaio  Coelho  juiz  ordinário 
em  esta  dita  villa  presemte  e  outrosi  estamdo  prezemte  Ruj  Guaguo 


byGoí>^^lc 


o  Abcheologo  Pobtugués  105 

morador  em  ho  termo  desta  vílla  llogoo  lio  [dito]  Ruj  Crnaguo  dise  ao. 
dito  juiz  que  ele  era  procurador  bastante  do  Senhor  dom  AUnro  dAl- 
lemcrasto  per  híia  procnraeão  que  linha  dele  e  que  ho  dito  Senhor  he 
qtKHnendador  desta  villa  e  allcaide  mor  dela  por  virtude  de  hfla  meraee 
qae  lhe  fez  sua  magestade  que  ele  tinha  em  seu  poder  que  aprezem- 
taaa  e  loguo  ho  dito  Ruj   Guagno  apresentou  ao  dito  juiz  peramte 

mim  tabelliam  hum  prequatorjo nas  cauzas  toqoantes  ao  Senhor 

dom  Alluro  e  hàa  prouisSo  da  mersee  de  Sna  magestade  per  ele  asi- 
nada  e  que  fez  dallquajdarja  mor  ao  Senhor  doraAllaro  e  a  procuraslo 
bastante  do  Senhor  dom  Alluro  pêra  poder  em  sen  nome  tomar  pose 
da  dita  allcajdarja  mor  e  apresentadas  asim  como  dito  he  ho  dito  juis 
ho  dito  prequatorjo  e  procurasão  e  merseo  e  aistos  pos  no  dito  prequa- 
torío  hum  cumprase  e  llogno  bo  dito  Ruj  Guaguo  procurador  do  dito 
Senhor  dom  Allvaro  dise  ao  dito  juiz  que  lhe  requiría  da  parte  delRej 
noso  Senhor  bo  metese  de  pose  dallcajdarja  mor  desta  uiJla  per  virtude 
da  precurasSo  que  tem  do  dito  Senhor  conforme  ao  dito  prequatorjo 
e  nisto  pelo  dito  juiz  lloguo  fuj  eeii  tabelliam  em  ssua  companhia  ao 
castello  deata  uilla  himdo  ho  dito  Ruj  Quag-no  prezemte  c  ho  dito  Rnj 
Guaguo  entrou  demtro  no  dito  castello  e  tomon  a  sair  e  não  fechou 
portas  e  abrjo  pellas  não  ter  e  lloguo  ujerão  a  caza  da  cadeja  e  prísSo 
desta  vílla  omde  mora  Joam  Rodriguez  allcaide  e  quasirejro  desta  villa 
ei  bo  dito  Joam  Rodriguez  diguo  juiz  mandou  ao  dito  Joam  Rodriguez 
allcaide  e  quasirejro  ^ne  presente  estaua  que  entreguase  todos  os  ferros 
e  cadejas  que  na  dita  cadeja  ouvese  ao  dito  Rnj  Guaguo  e  lloguo  ho. 
dito  allcaide  e  quasirejro  entregou  ao  dito  Ruj  Guaguo  huu  ferolho 
e  hum  preguam  e  hiia  quorremte  e  sete  trauelhos  e  hum  grilham  e  llo- 
guo bo  dito  juiz  dise  que  auja  ao  dito  Ruj  Guaguo  procurador  do  dito 
senhor  dom  Allu&ro  per  metido  de  pose  da  dita  allcajdarja  desta  uilla 
e  ho  meteo  de  pose  reall  e  autuall  corporall  siuell  e  natural  da  dita 
allcaidarja  mor  desta  villa  pelo  senhor  dom  Alluro  dAlIemcrasto  o  de 
todas  as  couzas  pertensentes  a  ella  e  da  dita  allcaidarja  mor  podese 
auer  os  proes  e  percallsos  e  as  mais  couzas  a  ella  pertensentes  e  o  ou- 
vese por  em  posse  dela  como  dito  tem  e  ho  dito  Ruj  Guaguo  pro- 
curador do  Senhor  dom  AUuaro  tomon  pose  da  dita  allcaidaija  mor 
e  se  ouve  por  entregee  dela  e  dos  feros  atras  declarados  da  dita  cadeja 
e  castello  e  dise  ao  dito  juiz  lhe  requtrta  mais  lhe  entreguase  a  uara 
do  allcaide  e  lloguo  bo  dito  juiz  a  entregou  ao  <Uto  Rui  Gaguo  e  lha 
ouue  per  entregue  e  ho  díto  Rui  Guaguo  tomou  entregue  dela  e  se  deu 
dela  per  entregue  asi  e  da  manejra  que  se  deu  per  entregue  da  dita 
allcaidarja  e  castello  e  feros  e  asi  e  da  manejra  que  o  dito  juiz  lha 
entregou  e  dela  ho  meteo  de  pose  e  per  uírtnde  da  dita  prouisam  de 


byGoí>^^lc 


106  O  ARCBE01.0Q0  POBTUOUÊS 

mersee  e  prequatorjo  e  procurasS  do  seahor  dom  Ãlluro  aquitll  pose 
foi  tomada  mansa  paeifíqua  sem  contradisam  de  pesoa  altgõa  e  o  pre- 
quatorjo  e  pronisam  e  procnrasam  fiquam  per  uirtade  das  co^s  se  den 
•>  ■*'•*".  pose  em  poder  do  dito  Ruj  Guaguo  e  per  tado  asi  pasar  na  ver- 
bo dito  juiz  mandou  fazer  este  auto  de  pose  qu 
tuj  Guagao  testemunhas  que  a  todo  foram  presei 
£  Bertollamen  Hrez  e  Manuell  Liiis  todos  moradc 
Ouomes  Fraguoso  tabelliam  do^  jecdisiall  em  esi 
N080  Senhor  ho  sobscreai.         'c  yj 

0  quall  auto  de  pose  eu  sobre  difo  tabelliam  do 
ita  dita  uilla  per  elRej  noso  Senhor  trelladej  di 

Doder  fiqna  bem  e  fielmente  e  elle  o  consertej  em  esta  dita  uilla 
imta  dons  dias  do  mes  de  janeiro  de  mill  e  quinhentos  e  ojtemta 

1  anos  e  que  ele  tenha  pêra  maie  fe  aquj  fiz  meu  pubriquo  sinall 
Ul  he.=Loj)'<n'  th  signal  pubUi"". 

le.  deste  estromento.  L.  reaes. 


Anti^alhas  transmontanas 

B  fibulas  apparecidas  em  Trás-os-Montes,  e  mencionadas  n-O^rcA. 
,  vol.  V,  pags.  336  e  337,  junta-se  agora  raws  uma,  encontrada 
voação  do  Castro,  concelho  deVinhaes. 

ae  representada  em  tamanho  natural  na  estampa  junta  (fíg.  1.*), 
.  mostra  de  diiFcrentes  lados.  A  exactidXo  do  desenho  dispensa 
^açSes;  só  acrescentarei  que  ella  está  rfl^'estida  de  bella  patina 

Bta  fibula  é  análoga  ás  que  vem  figuradas  na  obra  de  Cartailbac 
lada  Les  âyee jM-éhUtoriqu^s  de  VEspagiie  et  ãu  Portugal,  pags.  298 
,  e  que  elle,  de  acordo  com  Oscar  Mojg^ljativA^tcibue  ao  2."  pe- 
de La  Tène  (2,'  idade  do  ferro).  A  no*sa.írt)nIa  (listing^-se  porém 
B  Cartailhac  em. o  pé  estar  ligado  ci^m  o  arco,  '-^ 

imo  diz  o  director  d'esta  revista  no  citado  volume  d'ellaf  Hig.  33V, 
Museu  Elhnologíco  nfia  exemplar  hespanhol  semelhantejkqnelleã 
Cartailhac*  se  refere.  ;^  'V 


s  dois  objectos  que  se  representam  também  na  estampa  junta 
2.*  e  3.*)  foram  encontrados  no  concelho  deVinhaes,  um  (fig.  2.*) 
stro  do  Amado,  freguesia  de  Soeira,  o  outro  (fig.  3,*)  no  Castre- 


byGoí>^^lc 


o  AnhHlofc  Pstagiilt— Tol.  X— 190G 


I 
Pl«.  I.*— nbda  d*  Tiá 


Oo 


ikTW  d*  flrelu  da  Titi-o»ttontM 


Di„i„«b,Googlc 


Di„i„«b,Googlc 


o  Akcueolooo  Fdbtdquís  107 

1íj2d  de  Quintella,  freguesia  de  Fftçoj  constituem  aros  de  fivelas  (sobre 
estas  vid.  o  artigo  do  Sr.  José  Forles  a-0  Arch.  Port.,  vol.  ix,  pag,  4 
sqq.):  infelizmeDÍe  estão  quebrados  nas  extremidades,  e  fattam-Ibes 
os  fusilSes. 

Todos  estes  objectos  os  offereci  ao  Sr.  Leite  de  Vasconcellos  para 
o  Museu  Etbnologico  Português'. 
Bragança. 

Celestiko  Be^a. 

Antiguidades  monumentaes  do  Algarve 

|CDalliini{io.Vldo  Jrdt.  Fart.,  i,  Si 

CAPITULO  IV 

Sununorio 

Revista  geral,  perante  as  carttu  arclieologicas  do  AlgRire,  dos  característicos 
que  abonam  a  oiistencia  das  populações  que  era  díflèreutes  idades  occupa- 
ram  aqaelle  território. — Começn-se  pelo  concelho  de  Aljflxnr  e  termina-M 
no  de  Alcoutim.— Oa  ritoe  religioso»  do  Promontório  Sagrado  (Cabo  de  S.Vi- 
cente); a  lenda  referida  por  EstrabSo. — Dnvidaa  que  occorrem  acerca  do 
sentido  que  deve  ter  a  ínterpretaçilo.^  Declara- se  a  regido  do  Cabo  Sagrado 
como  estação  humana  desde  tempos  remotíssimos. — Nota-ee  em  toda  a  cir- 
eanscrifio  de  Lagos  grande  diSusSo  de  caracteristicos  neolithicos,  das  sue- 
cessivaa  idades  prehiatoricas,  os  da  serie  das  sociedades  históricas.^  Com 
os  mesmos  característicos  se  desenvolve  o  mesmo  tracto  de  terra  entre  a  ri- 
beira de  Odiaiire  e  a  do  Boina,  comprehendendo  as  do  ArSo,  do  Farelloi 
do  Verde,  e  as  aguas  do  Alvor. — Notam-se  doia  grandes  centros  de  popn- 
laçSo  prehistorica,  OL-ciipndos  pelas  invasões  históricas  — DerivaçSo  que  fes 
nnia  parte  da  popnlaçio  Hegnindo  o  rumo  das  minas  cupriferas. — Necropoles 
que  ali  fundaram. — Hiiaa  indígena  de  uma  cidade,  que  ainda  existia  no  pri- 
meiro século. — IgDOra-se  o  notne  dos  outros  centros  povoados  jA  em  tempos 
históricos. — Nota.ge  qne  as  primitivas  invasões  phenicias  e  gregas  nada 
actuaram  na  feifSo  geral  industrial  das  populações  do  Algarve. — Falta  de 
característicos  espeeiaes  para  se  poderem  distinguir  eseas  invasSes. — Mos- 
tra-se  que  a  transiç&o  dos  tempoa  prehistoricos  para  os  históricos  foi  lenta, 
consecutiva  e  insensivel. 

O  men  processo  de  inquirição  para  o  reconhecimento  dos  mais  im- 
portantes centros  outrora  povoados,  baseia-se  nas  duas  cartas  archeo- 
lo^cas  do  Algane. 


'  Os  desenhos  que  serviram  para  as  estampas  foram  feitos  pefo  Sr.  Guilherme 
Gameiro,  desenhador  do  Museu  Ethnologico. 


byGoot^lc 


o  ABCHEOLOQO  POBTOQUfiS 


Começarei  pelo  concelho  de  Aljezur. 

Desconhego  a  etymologia  da  palavra  Aljezur:  parece  qne  o  prefixo 
ta  é  árabe.  Â  este  respeito  diz  Fr.  João  de  Sousa  (VeH.  da  ling.  arab.): 
«O  artigo  íd  he  uma  particula  inseparável,  isto  hó,  nanca  se  acha  só 
na  oração,  mas  sempre  prefixa  a  algum  nome  substantivo,  ou  adjec- 
tivoj  e  serve  para  todos  os  géneros,  números  e  casosi.  Fr.  JoSo  de 
Sousa  escreve  Algesur  e  diz  significar  «arcadai,  ou  carcos».  O  nome, 
emlim,  pode  ser  árabe,  mas  também  poderá  ter  sido  desfigurado  e  ag«i- 
tado  á  língua  arábica,  como  succedeu  a  todos  os  outros  nomes  geo- 
graphicos  do  Algarve. . . .'.  O  caso  é  que  os  Árabes  já  acharam  mnitas 
povoaçSes  e  vestígios  de  outras  em  toda  a  circunscrição  de  Aljezur, 
como  em  suas  respectivas  épocas  irei  mostrando.  Konve  portanto  ali 
um  seguimento  de  populaç5es  em  varias  idades  desde  os  tempos  prehis- 
toricos.  Como  se  appellidavam? 

Só  algum  monumento  epigraphico,  semelhante  aos  qne  descobri  em 
Bensafrim,  poderia  talvez  esclarecer  esta  questSo  geogr^pliica,  se  hou- 
vesse a  fortuna  de  se  descobrir  naquelles  terrenos  em  alguma  futura 
exploração,  e  chegasse  a  ser  lido  de  modo  que  não  deixasse  davidas; 
e  eu  creio  que  não  deixará  de  as  haver. 

Parece  ter  havido  naquelle  tracto  de  terra  uma  nSo  interrompida 
snccessão  de  povoações. 

Lá  temos  o  grandioso  monumento  neolithíco  já  estampado  e  des- 
cripto  no  primeiro  volume  d'e3ta  obra,  assim  como  figurados  os  sens 
preciosos  e  abundantes  instramentos  de  pedra,  as  suas  bellissimas  pla- 
cas de  schisto  local  ornadas  de  gravuras*,  os  seus  ornatos  de  osso, 
famosas  facas,  frechas  e  serras  de  sílex,  núcleos  de  cristal  de  rocha, 
admiráveis  pontas  de  lança  triangulares  de  silex,  louças  e  outros  arte- 


•  [A  respeito  áa  etimologia  de  Ãljtxur  vid.  os  artigos  dos  Sra.  Se^bold  e 
David  Lopes  n-0  Ãrch.  Porí.,  nu,  123  sqq.— J.  L.  de  V.J. 

*  No  verão  de  ama  das  grandes  placas  lia  udir  planta  topographica  repre- 
Bcnttmcío  um  acampamcDto  com  cabanas,  defendido  por  palissadas  c  cotnmuDi- 
cado  por  vários  caminhos.  Por  lapso  deixei  de  meneionar  esta  importantiasima 
gravara  quando  tratei  das  placas  de  schisto.  Tal  era  o  estado  de  cultura  intellec- 
tual  a  que  tinha  chegado  aqaellc  povo! 

[Esta  placa  de  schisto  o3o  a  encoutro  ua  collecf  2o  algarvia  do  Mnsea  Etimo- 
lógico. Supponho  que  é  a  mesma  de  que  se  lãlla  n-0  Ardi.  Porí.,  vii,  157  (nota), 
deaapparecida  do  Cabanas.  Pena  foi  que  d'ella  nSo  deixasse  Estacio  ao  menos 
um  desenho. — J.  L.  deV.], 


Dig,l,z.cbyG0OíílC 


o  Archeologo  PoRTuanÊs  109 

factos;  miús  adeante  cavernas  artiãcíaes  de  habitação,  já  revelando  a 
industria  da  exploração  do  cobre  com  duas  excellentes  lanças;  a  pouca 
distancia  as  minas  cupriferas  que  os  homens  neolithicos  ali  explora- 
vam, o  finalmente  as  bancadas  de  schísto  ardosiano  em  Cortes-Cabretra, 
exploradas  pelos  homens  que  já  viviam  na  idade  do  cobre,  e  de  que 
extrahiram  todo  o  lageado  das  sepulturas  com  que  formaram  as  suas 
necropoles  na  Arregala  e  nas  Ferrarias.  Essa  população,  embora  qXo 
appanwesse  caracterizada  na  idade  do  bronze  e  na  primeira  do  ferro, 
não  se  extinguiu,  porque  ainda  na  época  romana  ali  se  acham  os  ex- 
ploradores que  andaram  sempre  no  rasto  dos  anti^s  centros  povoados 
para  utilizarem  tudo  quanto  pudesse  caplivar  a  sua  desordenada  cubica. 

Nas  ruínas  da  antiga  igreja  matriz,  destmida  pelo  terremoto  de 
1755,  miúe  de  uma  vez  se  tem  achado  restos  de  aonstrucçSes  romanas 
e  moedas  de  vários  povos.  Outros  pontos  são  citados  pela  Chorograpkia 
do  Algarve  com  largos  vestigios  de  habitação,  sendo  um  d'e]leB  em  sítio 
alto,  sobranceiro  ao  mar.  Kaquelle  sítio  ainda  se  reconhecem  as  mas, 
ruínas  de  muitos  edificios  e  uma  larga  parede  de  ai^smassa  que  pro- 
tege ò  regime  das  aguas  de  uma  famosa  nascente,  ao  passo  que  no  sitio 
do  Vidigal  ha  igualmente  largos  vestigios  de  grande  povoação;  mas 
como  não  era  possível  ahi  chegar  a  exploração  archeologioa,  ficaram 
essas  minas  sem  reconhecimento,  e  por  classificar. 

Lá  chegaram  também  os  Bárbaros  do  Norte,  porque  numa  esca- 
vação particular  appareceram  numerosas  moedas  visigóticas,  que  logo 
foram  compradas  por  um  ourives  de  Lagos,  por  este  transmittidas  a 
outro  do  Porto,  sendo  finalmente  vendidas  em  Paris. 

A  irrupção  árabe,  on  autes  mahometaua,  foi  a  que  mais  assinalada 
ficou.  Um  castello  de  robustas  muralhas,  de  forma  octogonal,  occupou 
o  cabeço  de  um  serro,  tendo  por  defesa  e  vigias  duas  torres  fronteiras. 
Dentro  do  casteflo  foi  construída  uma  espaçosa  e  perfeita  cisterna,  assim 
como  casaria  de  habitação  de  encosto  is  muralhas. 

Tudo  será  representado  e  descripto  quando  especialmente  se  tratar 
da  época  mahometuia. 

Mas  que  nome  indígena  acharam  os  Romanos  quuido  ali  chegaram 
e  logo  depois  os  Wiaigodos  e  finalmente  os  Mahometanos?  A  cidade 
d*aquellea  Cdtaa  havia  de  ter  um  designativo  qiialqner.  Seria  o  de  Al- 
jezur?. . . :  Emquanto  as  provas  archeolo^cas  não  surgem,  a  philologia 
que  resolva  este  problema,  se  para  tanto  chegam  os  seus  poderosos 
recursos. 

Advirta-se  desde  já  que  os  crânios  observados  no  grande  monu- 
mento aeolithico  de  Aljezur  eram  dolicocephalos,  como  preveni  no  pri- 
meiro volume. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Aecheologo  PORTUWUâa 


Desçamos  a^ra  de  Âljezar  até  o  concelho  de  VtUa  do  Bispo, 
passando  pelo  Monte  Amarello. 

Escusado  é  oítar  as  terras  indicadas  nas  cartas.  O  qne  serve  á  nm- 
plesmente  observar  os  mesmos  característicos  e  sobretudo  o  ^ande  in- 
centivo da  industria  cuprífera  que  ali  manteve  uma  popnla^,  igaai- 
mente  dolicooephala,  como  a  do  norte,  segundo  aa  mais  escrupulosas 
tnformaçSes  a  eete  respeito  recebidas.  Era  pois  o  mesmo  povo,  com 
o  mesmo  t;po  etbníco,  que  habitava  toda  aquella  faixa  litoral  desde 
Odeseixe  até  o  Promontório  Sagrado. 

Todo  aqiieile  território  teve  sempre  habitadores,  pelo  menos,  desde 
a  ultima  idade  da  pedra,  com  excepçXo  dos  escampados  mais  agrestes 
e  batidos  das  tempestades  do  mar,  ainda  hoje  desertos  e  abandonados. 

É  mui  provável  ter  ali  havido  am  importante  centro  de  populaçSo, 
como  em  Aljezur;  pois  assim  o  persuadem  os  numerosos  instrumentos 
ueolitlúcos  e  uns  certos  vestígios  de  habitação  de  base  circular,  que 
tem  manifestado  o  Monte  Amarello. 

Além  d'isto,  ninguém  deixará  de  perceber  que  a  vasta  necropole 
da  primeira  idade  do  ferro  nos  campos  de  Bensafrim  deve  ter  corres- 
pondido a  uma  população  assas  numerosa. 

NSo  percamos  porém  de  vista  a  ultima  extremidade  de  terra  Occi- 
dental, a  que  deram  o  nome  de  Promontório  Sagrado,  talvez  em 
razão  de  uns  antígos  ritos  religiosos  que  ali  eram  praticados. 

A  lenda  correspondente  a  esses  ritos  refere  EstrabXo  *.  Já  noutro 
logar  d'esta  obra  falei  neste  assunto.  O  caso,  segundo  o  pintam,  é  muito 
simples.  Estrabão  diz  que  Artemidoro  nega  como  testemunha  ocular 
a  existência  de  um  templo  naquelles  logares,  consagrado  a  Hercules 
ou  a  qualquer  outra  divindade,  como  falsamente  Ephoro  tinha  affir- 
mado.  O  que  Artemidoro  ali  viu  eram  grupos  isolados  de  três  a  quatro 
pedras,  que  os  visitantes,  para  obedecer  a  um  preceito  local,  votiavam 
ora  de  um  lado,  ora  do  outro,  depois  de  sobre  ellas  terem  feito  certas 
libações.  A  isto  acrescenta  EstrabSo  não  serem  perraittidos  sacrifícios 
naquelles  sitios  nem  visitantes  durante  a  noite  por  ser  entSo  que  os 
deuses  ali  se  reuniam,  e  por  isso  os  visitantes  eram  obrigados  a  per- 
noitar num  povoado  próximo,  porque  antes  do  raiar  do  dia  não  podiam 
entrar  no  Cabo  Sagrado. 


byCoOglc 


O.Abchgoloqo  Português  111 

Das  Darrativas  do  geographo  grago  nXo  se  pode  deduzir  a  que  época 
se   refere  essa  instituição  relig^oBa,  nem  até  que  tempo  permaneceu. 

£u  tenho  muitas  duvidas,  como  já  noutro  logar  expresBei  *,  acerca 
do  sentido  que  se  deu  ao  costume  de  voltar  as  pedrat  ora  de  um  lado 
ora  do  outro,  nSo  obstante  as  interpretaçSes  de  UúDer,  e  outros;  pois 
é  o  próprio  iraductor  de  Estrabâo,  Amédée  Tardieu,-  quem  nos  adverte 
de  nSo  ter  seguido  oa  textos  maonscrítos,  declarando  aSo  saber  explicar 
o  sentido  de  um  tal  uso. 

Com  effeito,  para  os  concorrentes  áquelle  sitío  sagrado  poderem  tão 
facilmente  dar  volta  completa  ás  três  ou  quatro  pedras  de  cada  grupo, 
é  indispensável  admtttir  que  mui  pouco  volumosas  e  pesadas  deviam 
ellas  ser. 

Occorre  neste  caso  considerar  que,  ou  a  narrativa  de  Artemidoro 
empregou  algum  t«riiio  de  sentido  duvidoso,  ou  que  algum  manuscrito 
grego  nSo  fosse  a  este  respeito  sufficíentemente  explicito. 

Ninguém  pode  affirmar  que  nSo  existiram  outras  copias  da  geogra- 
phia  de  EstrabSo. 

Esses  grupos  de  três  a  quatro  pedras,  que  continuamente  andavam 
nas  mãos  de  todos  os  visitantes,  não  deixam  presumir  uma  alta  con- 
cepção religiosa,  apesar  do  grande  isolamento  em  que  o  seu  culto  era 
praticado.  O  que  toda  a  gente  pode  sem  custo  perceber,  é  que  esse 
oulto,  como  é  narrado,  nada  tinha  que  ver  com  os  mortos. 

Alguns  dietinctos  escritores  modernos  entenderam  que  os  grupos 
de  três  a  quatro  pedras  nÍo  eram  mais  nem  menos  que  dolmeus  ou 
antas,  e  foi  o  sábio  Barão  de  Bonstettem  o  primeiro  que  aventurou  esta 
proposição,  seguindo-se  logo  posteriormente  mais  alguns  escritores  dos 
que  não  admíttem  a  infallibilidade  dos  textos  gregos  e  das  suas  inter- 
pretações. 

Eu  nSo  affirmo  cousa  alguma;  e  comtudo  não  impugna  a  interpre- 
tação de  monolithos  dada  aos  grupos  de  três  a  quatro  pedras:  neste 
caso  as  pedras  não  seriam  movidas  i  vontade  dos  visitantes,  mas  ro- 
deadas* por  elleB'ora  num  ora  noutro  sentido,  como  sinal  de  veneração. 

A  região  não  podia  ser  mais  apropriada  ao  asylo  dos  mortos.  Os 
homens  que  ali  deixaram  os  seus  instrumentos  de  pedra  seriam  mui 
verosimilmente  os  coastructores  dos  monumentos  consagrados  aos  que 
cessavam  de  existir.  Não  podia  haver  um  trato  de  terra  mais  resguar- 
dado. O  constante  bravejar  das  ondas  que  se  arremessam  com  pasmoso 


'  Veja-ae  o  qne  disse  no  toI.  t  de  pag.  96  em'  deaute. 
*  [No  original  esti  ndeadas,  poi  eagano. — J.  L,  de  V.]. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


112  O  AscHEOLOao  Portuooês 

estampido  contra  as  rochas  firmes;  o  desabrímento  inveáctvel  d'aquelle 
agreste  escampado.  Aquella  solidilo  aspérrima  s^n  o  minimo  abrigo  em 
parte  alguma,  seria  porventura  muito  apta  para  uma  oecropotfr  dolme- 
nica,  mas  nSo  para  pousada  dos  vivos.  A  populaçio  correspondente 
deve  ter  vívido  em  sítío  mais  apartado  e  provido  de  beaignas  condiçSes. 

Se  julgam  que  me  aparto  um  tanto  da  sígnidoaçlo  da  versSo  de 
Tardieu,  qSo  deve  isso  causar  assombro,  porque  o  próprio  Tardíea  e 
outros  interpretes  do  texto  sempre  tiveram  duvidas  acerca  do  sentido 
que  deve  ter  este  pouco  verosímil  trecho  referido  por  EstrabXo  •. 

Seja  porém  como  fôr,  6  certo  que  a  regiSo  do  Promontório  Sagrado 
tem  de  ser  considerada  como  estação  humana  desde  tempos  remotís- 
simos. Ksta,  ao  meno;,  transmittiu  á  posteridade  o  nome  que  lhe  deram. 

Cumpre-me  finalmente  advertir  que,  visitando  cuidadosamente  a  re- 
gião do  Cabo,  não  descobri  um  único  vestido  de  construcçSo  megiUi- 
tbica.  Não  me  causou  admiração.  Os  terremotos  c  as  outras  causas  que 
destacaram  da  terra  firme  enormes  penedias,  de  que  ainda  se  obser- 
vam não  poucas  espalhadas  no  mar,  poderiam  ter  destruído  e  arrasado 
qualquer  construcçSo  dolmenica,  e  quanto  material  estivesse  por  ali  es- 
parso, seria  sem  duvida  alguma  aproveitado  nas  baterias,  na  igreja  e  no 
convento,  que  ha  poucos  séculos  se  construíram. 


Passando  agora  para  a  circunscrição  de  Lagos,  em  toda  a  parte 
vemos  o  elemento  neolíthíco,  o  das  cidades  prehístoricas  posteriores, 
e  a  serie  não  interrompida  dos  invasores  históricos. 

Nada  porém  de  hypotheses:  forçoso  é  dizer  que  a  vasta  circuns- 
crição de  Lagos  não  foi  explorada  em  devida  regra,  como  com  tanta 
utilidade  scíentifica  devera  ter  sido;  apenas  fiz  um  reconhecimento  de 
inspecção  nos  legares  que  levava  indicados  como  sedes  de  varias  anti- 
guidades; pois  só  essa  exploração,  querendo-se  levar  até  o  flanco  direito 
do  rio  de  Portimão,  tomaria  Ires  a  quatro  vezes  mais  tempo  do  que 
levou  o  reconhecimento  geral  para  o  levantamento  da  carta  arcbeolo- 
gica  do  Algarve. 

£u  não  posso  designar  o  appetlido  d'e83e3  Celtas  que  de  Lagos 
chegaram  á  Serra  de  Monchique,  nem  mesmo  d'aquelles  que  se  alas- 
traram com  muita  densidade  até  ao  flanco  direito  do  rio  de  Portimão. 


>  [Nas  Religiãet  da  Lutitania,  vol.  n,  pag.  199-211,  me  occupo,  com  algum 
desenvolvimeoto,  das  lendas  do  Cabo. — J.  L.  deV.j. 


byGoot^lc 


OÀBCHEOLOGO  POBTOQUlS  113 


XKzem  que  os  cramds  por  ahí  encontrados  em  sepnltoras  aSo  compridos ; 
o  que  apenas  deixa  presumir  que  tjpo  dolicocepbalo  seiia  6  da  grande 
população  que  ali  vivia  nos  tempos  prehístoricos  •. 

NSo  me  causaria  porém  a  mínima  admiraçSo,  se  nas  sepulturas  ap- 
parecesse  o  typo  bracbycephalo,  já  antiquíssimo  nesta  zona  de  terra 
portuguesa,  cuja  ascendência,  neste  território,  perde-se  por  entre  as 
trevas  dos  tempos  qnartenarios ;  pois  chego  a  convencer-me  de  que 
os  dois  typoe  etbaicos,  propiiamente  ocndentaes,  seriam  ■  observados 
com  frequência,  se  as  escavações  tivessem  tomado  outras  porporçiles 
mais  amplas.  Nos  monumentos  neolithicos  da  Torre  dos  Frades  (Ca- 
cella)  appareoeram  três  crânios  com  os  seguintes  índices  cephalicos: 
77.83,  75.80,  80.59.  J4  se  vê  que  o  Algarve  nlto  estava  absolutamente 
privado  do  typo  brachycephalo. 


É  mister  agora  indicar  um  largo  trato  de  terra  sobremaneira  pas- 
moso  pela  densidade  de  característicos  prehietoricos  que  o  oocupam. 
É  todo  aquelle  que  fica  entre  a  ribeira  de  Odiaxere  e  a  ãe  Boina, 
comprehendendo  as  de  ÃrSo,  do  Farello,  do  Verde,  e  as  aguas  de  Al- 
vor. Abi  se  encontra  a  seríe  prebistorica,  succedida  das  iuvasSes  his- 
tóricas. 

Parece  poderem-se  ali  entrever  dois  grandes  centros  de  população, 
um  occupando  todo  o  trato  litoral  maritimo,  e  outro,  muito  mais  ao 
norte,  caracterizado  por  uma  sumptuosa  necropole  de  notabilisaimos 
monumentos  (veja-ae  o  vol.  iii  d'esta  obra),  no  sitio  de  Alcalá,  onde 
ao  mesmo  tempo  ainda  se  distinguem  certas  cavernas  artificiaes  deno- 
tando recintos  de  habitarão. 

Basta  observar  as  cartas  para  prontamente  se  perceber  qne  desde 
a  ultima  idade  da  pedra  até  á  época  mahometana  a  população  foi  cons- 
tante entre  aquellas  fertílissitnas  ribeiras,  que  não  sú  seriam  o  encanto 
doa  olhos  dos  seus  moradores,  como  perenne  mauancial  dos  confortos 
da  vida. 

Aquelles  architectos  dos  monumentos,  que  viviam  retirados  bas- 
tantes kilometroB  da  raia  marítima,  recebiam  ainda  assim  abundantes 
mariscos,  certamente  em  troca  de  outros  productos  das  suas  industrias. 
Deve  ter  havido  entre  elles  alguns  de  grande  abastança  e  alta  bierar- 
chis,  se  tivermos  em  vista  os  enormes  monumentos  em  que  foram  de- 


1  [Comprefaende-se  quo  esta  otiaervaçilo  nSo  tenlia  nenhum  valor,  pois  qae  SQ 
baseia  em  infoimaç^tea  dadas  aEatacio  por  pessoas  iocompe tentes. — J.  L.  de  V.]. 


byGOí>^^IC 


0>  Archeolooo  Pobtdguês 


poffltados  com  suas  excellentes  armas  de  gaerra,  instrumentos  de  tm- 
balho,  tanto  de  silez  como  de  cobre,  e  varies  adornos. 

Elles  oolligism  tudo  quanto  naqnelles  tempos  se  pudera  considerar 
melhor;  alem  das  numerosas  e  variadissímas  frechas,  possniam  as  mais 
robustas  facas  de  silex,  entre  as  qaaes  appareoeu  «ma  qne  é  a  maior 
de  que  ha  noticia  na  Eoropa,  e  alem  d'Í8to  já  se  adornaram  com  en- 
feites de  ouro  e  contas  de  calaite.  (Yejam-se  as  estampas  e  desoríçSes 
no  vol.  m). 


A  população  compacta,  qne  já  vimos  entre  a  ribeira  de  Odiaxeve 
e  a  do  Boina,  segundo  parece,  nSo  se  limitava  a  viver  estacionaria, 
tanto  mús  havendo  a  curta  distancia  poderosos  incentivos  de  trabalho 
e  riqueza. 

Basta  ter  presente  a  carta  paleoethnologíca  para  immedlatamente 
BB  ver  a  direcçSo,  eseencialmente  signiiicativa,  que  aquelle  povo  traçou, 
abrindo  nm  novo  trajecto.  Tudo  foi  correndo  no  sentido  de  Silves  e 
da  Serra  de  S.  Bartolomeu  de  Messines  em  busca  do  cobre,  qae 
aqueltes  mineiros  e  fundidores  já  sabiam  explorar  e  fabricar,  como  se 
viu  na  necropole  de  Alcalá. 

A  corrente  exploradora  foi  sempre  acompanhando  a  mina  de  Santo 
Estevam  e  a  do  Ficalto:  ahi  estanciou  c  com  tal  fixidez,  que  a  curta 
distancia  foi  também  construindo  as  suas  necropoles,  advertindo  qne 
tudo  isto  se  passava  numa  época  em  que  aiuda  imperava  o  uso  dos 
instrumentos  de  pedra,  como  bem  o  indica  a  carta  dos  tempos  pre- 
historicos.  Confronte-se  agora  esta  com  a  dos  tempos  históricos,  e  ver- 
se-ha  que  novas  populações  ali  afHuiram,  a  contar  da  época  romana. 


Temos  em  seguida  nm  outro  centro  mineiro  de  attracçSo,  a  que 
acodem  os  braços  exercitados  com  os  instrumentos  de  pedra. 

É  a  famosa  mina  de  cobre  da  Atalaia,  mais  geralmente  conhe- 
cida por  mina  de  Alte,  já  descrita  no  volume  terceiro  d'esta  obra, 
onde  mostrei  que  começou  a  ser  lavrada  na  ultima  idade  da  pedra. 
Lá  se  descobriu  também- a  necropole  dos  mineiros  no  sitio  da  Fonte 
Santa;  e  d'^i  amda  foram  marchando  até  á  outra  mina  daVendiuha, 
onde  se  pôde  agora  parar  um  pouco  para  se  poderem  traçar  duas  cor- 
rentes de  população,  seguindo  nma  a  nordeste  por  toda  a  regiSo  mi- 
neira do  alto  Algarve  e  permanecendo  a  outra  em  todo  o  litoral  mari- 
timo. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


0'Abcheolooo  FobtdodAs  115 

É  nesta  zona  inferior  qne  deve  ler  havido  um  grande  centro  de 
popalaçSo,  como  deixam  perceber  03  critérios  locaesj  pois  ahi  algures 
Tem  tunda  dos  tempos  romanos  um  nome  de  cidade,  que  entSo  ainda 
existia,  mas  que  não  é  latino  nem  grego,  e  sim  indígena.  Antonino 
.chama-lhe  Esuri  e  en  li  num  meio-bronze,  pertencente  á  núnha  col- 
lecçlo*,  em  vez  de  ESVRI, — B^SVRI,  escrito  em  pouco  aprimo- 
rados caracteres  romanos. 

É  sobremodo  significativa  esta  moeda  de  dupla  simbologia,  apre- 
sentando no  anverso,  entre  duas  espigas,  o  nome  da  cidade,  e  no  re- 
verso, sobre  um  peixe,  porventura  as  abreviaturas  do  nome,  ou  nomes 
dos  magistrados  que  a  mandaram  cunhar.  Ajusta-se  pois  de  um  modo 
assaz  especial  tanto  uma  coma  outra  sjmbologia,  por  isso  que  a  cidade, 
pela  soa  situação  (?),  participava  ao  mesmo  tempo  das  riquezas  da 
terra  e  do  mar.  O  Sr.  de  Lauriere  apresentou  estampas  perfeitas 
d'esta  medalha  &  Sociedade  Nacional  doa  Aatiquarioê  de  França^  e  foi 
estampada  no  Bulletin  do  2."  trimestre  de  1883,  pag.  101. 

Resta  ainda  saber  se,  chegando  o  nome  de  Baesuri  ao  tempo  ro- 
mano e  sendo  escrito  em  caracteres  latinos,  nSo  soifreu  ^uma  alte- 
ração, únda  peor  da  que  lhe  fez  Antonino,  chamando-lhe  Esuri  no 
Itinerário*. 

Alguma  cousa  jA  tenho  feito  na  grande  área  que  vae  do  litoral  ma- 
rítimo desde  as  praias  de  Cacella  até  A  vitla  de  Castro  Marim; 
mas,  com  referencia  ao  que  falta,  póde-se  dizer  que  ainda  está  quasi 
tado  por  fazer.  Deve-se  esperar  que,  se  para  a  govemaçXo  d'este  pais 
forem  no  futuro  preferidos  aos  políticos  furibundos  verdadeiros  homens 
de  scíencia,  os  estudos  archeologicoe  começarão  a  adquirir  a  importân- 
cia que  lhes  hSo  usurpado  até  hoje,  e  d'e5te  modo  muito  ha  a  esperar 
das  exploraçfSes  srcheologicas. 


■  Esta  preciosa  moeda  mostrei  eu  em  Faro  ao  Dr.  Justino  CúmaDO,  insigne 
collector  de  muitos  milhares  de  padrões  numismáticos,  em  occasiSo  de  retirada 
para  a  minha  casa  de  campo.  Mostroa-ae  o  Dr.  Cúmnno  maito  ioteieasado  por  mn 
tSo  raro  exemplar,  e  snppds  qne  com  algum  trabalho  poderia  decifrar  as  ahrevia- 
toraB  do  anverso :  instei  com  clle  para  deixar  a  moeda,  a  fim  de  poder  estudi-la 
á  soa  vontade,  e  retirei. me.  Qnando  voltei  a  Faro  estava  o  Dr.  Cúmano  mnito 
doeote,  e  a  doença  cresceu  a  ponto  de  lhe  cortar  ávida.  Passado  mnito  tempo  fiz 
esta  esposiçSo  a  sen  filho,  actual  collector,  reclamando  a  meu  exemplar,  mas  até 
esta  data  nSo  obtive  resposta.  [Empregnei  todos  os  esforços  possíveis  para  evi- 
tar que  esta  nota  se  poblfcasse;  mas  nada  consegui.  Voltarei  brevemente  ao  aa- 
mnto,  em  artigo  especial. — J.  L.  de  V]. 

>  [Acerca  da  moeda  de  Batâurit  vid.  O  Ardi.  Port.,y,U-2i.—3.  L.  deV.]. 


byCoO^^lc 


lltí  o  ÃBCHEOLOGO'  POBTDGDÊS 

EntSo  O  apparecimento  de  monnmentos  virá  resolver  muitas  ãn- 
vidas  e  esclarecer  a  verdade,  qne  os  scísmaticos  julgam  ter  já  at^iadú 
na  sua  imagiuaçlo. 

Já  se  reconhece  pois  a  importância  que  acompanha  toda  a  reg:iSo 
que  corre  do  litoral  marítimo  de  Cacella  até  ao  norte  de  Castro  Marim. 


Quanto  ao  resto  da  populaçXo,  olhe-se  para  a  carta  e  ver-se-ha  que 
seguiu  qaasi  ngorosamente  no  rumo  das  minas  até  os  confins  do  con- 
celho de  Alcoutim,  e  que  é  nessas  estaçSes  mineiras  que  se  acham  as 
necropoles  da  idade  do  cobre. 


Fdta  esta  revista,  fica-se  entendendo  que  desde  a  ultima  idade  de 
pedra  até  a  primeira  idade  do  ferro  o  território  do  Algarve  esteve 
sempre  habitado.  InvasSes  estrangeiras  nXo  as  houve,  porque  os  càrac- 
teristícoa  industriaes  são  os  mesmos  em  toda  a  parte.'  Houve  apenas 
a  innovaçSo  da  industria  do  cobre,  inta^nzida  pelos  mesmos  habitantes 
que  viviam  na  ultima  idade  da  pedra.  O  typo  dos  mais  antigos  instru- 
mentos de  cobre  é  de  tal  modo  original,  que  uSo  ha  vê-lo  noutro  qual- 
quer ponto  da  Europa  ou  dn  Ásia '. 

Finalmente,  chega-se  i  conclusão  de  ter  havido  entre  as  popnla- 
(;5es,  desde  o  neotithico  até  á  primeira  idade  do  ferro,  um  certo  nu- 
mero de  centros  de  habitação,  mais  ou  menos  importantes,  que  na  lin- 
guagem indígena  teriam  certamente  o  nome  de  cidades  ou  qualquer 
outro. 

Que  esses  nomes  existiram,  não  ha  duvida  alguma,  e  quando  pu- 
desse havê-la,  relativamente  a  alguns,  bastaria  citar  Lacohriga,  Omo- 
noba  e  Baturi,  que  ninguém  affirmará  que  sejam  de  origem  grega  ou 
latina,  mas  de  todo  o  ponto  local.  Já  se  vê  que  cada  um  dos  grandes 
centros  de  população  tinha  um  nome  pelo  qual  se  distinguia  dos  ouíros; 
muitos  d'es8eB  nomes  perderam-se  e  de  outros  restam  incompletas  remi- 
□iscencias,  que  só  poderiam  salvar-se  e  recompor-se  se  futuras  explo- 
raçSes  archeologicas  produzissem  monumentos  que  os  patenteassem 
á  luz  da  historia.  A  philologia  não  tem  aqui  entrada. 


•  [Claro  ostá  qne  por  eu  publicar  esto  trabalho  de  Eatacio  d«  Veiga,  em- 
bora, como  declarei,  snpprímindo  trechos,  nSo  tomo  a  responsabilidade  daa  affir- 
maçSes  que  elle  fax. — J.  L.  de  V,]. 


byGooglc 


o  Abcheoloqo  Portdquês  117 

Vamos  a^ra  fa/er  umas  apurações  relativamente  aos  príncipaes 
lograres  iodicados  como  habitação  nos  tempos  preliistorícos,  para  se  ver 
que  sobre  todos  elles  pesa  o  audacioso  elemento  romano,  e  d'este  modo 
reconhecer-se  qne,  não  obstante  já  imperar  a  época  histórica,  nem  por 
isso  ficAmos  sabendo  mais  algnpia  cousa,  porque  muitos  logares  ba 
liH'ga[neDte'  occupados  pelos  Roí^anos,  como  se  observam  na  carta  de 
aroheolo^a  histórica,  cujos  nomes  inteiramente  se  perderam,  sendo 
depois  exuberantemente  suppridos  por  nma  chusma,  a  que  dizem  ter-se 
desencadeado  da  Ásia  com  diversas  denominaçSes,  que  se  lançou  fa- 
minta e  arrogante  sobre  esta  ameníssima  terra  do  Occideote,  onde 
nunca  tanto  selvagem  tinha  penetrado.  £u  é  que  tenho  a  satisfaçSo 
de  nSo  querer  nomeá-los,  porque  apenas  julgo  dignos  de  fé  perante 
a  historia  os  que  se  podem  compro^'ar  com  monnmeutos  á  vista.  As 
moedas  indigenas,  quando  cheguem  a  ser  lidas  de  modo  que  nSo  sof- 
fram  duvidas,  poderio  contribuir  um  tanto  para  restituir  á  geograpbia 
antiga  da  Península  muitas  revelações  geograpbicas. 

Eu  julgo  que  as  mais  antigas  mesclas  so&idas  pela  ethnologia  per 
ninsuiar  seriam  as  phenitnas  e  gregas,  mas  isso  numa  data  superior 
&  de  1:500  annos  antes  de  Christo;  o  que  equivale  a  inscrevê-las  numa 
phue  adeantada  da  primeira  idade  do  ferro  em  relação  ás  naçSes  medi- 
terrâneas. 

A  lição  dos  autores  antigos  de  mMor  conceito  parece  abonar  a  exis- 
tência na  península  d'esseB  dois  elementos  ethnicos,  e  do  mesmo  sentir 
são  quasi  todos  os  escritores  modernos. 

A  este  respeito  expende  Alexandre  Herculano  as  suas  opini5es  nes- 
tes termos: 

(Quando  os  Carthagineses  entraram  na  Península,  não  só  as  duas 
raças  mais  antigas,  os  Iberos  e  Celtas,  se  achavam  confundidas  nos 
territórios  centráes,  mas  os  das  orlas  de  mar,  e  ainda  os  Ceifas  e  Celti- 
beros do  sertão,  se  tinham  misturado  com  os  Fheoicios  e  Gregos,  prin- 
cipalmente com  os  primeiros,  cuja  influencia  na  população  foi  tamanha, 
que  ficou  predominando  até  hoje  no  país  o  nome  Sepania  de  Sepan  que 
elles  lhe  puseram.  De  feito,  os  Phenicios  se  haviam  apossado  da  melhor 
parte  da  Hespanha  em  tempos  anteriores  a  Homero,  emquanto  as  coló- 
nias gregas  se  estabeleciam  em  diversos  pontos  maritimos,  nomeada- 
mente nas  margens  do  Minho  e  do  Douro,  subindo  pelas  suas  fozes*'. 


>  Biêtoria  de  Portugal,  tomo  i,  pag.  16-17.  Alexandre  Herculano  confoudiu 
08  primeiros  Phenicios  com  os  de  Carthago.  Esta  cidade  wS  muitos  séculos  depois 
foi  fiiadada. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


118  O  Abcheologo  Pobtoodés 

J&  Be  Tê  qne  tal  gente,  trazendo  nma  feição  especial  nas  coneas  da 
vida,  deve  ter  ficado  caracterizada  nas  regiSes  da  sna  habitaçSo.  As  ex- 
plorações archeologicae  porSo  um  dia  á  vista  os  sens  caracteristicos. 

EsBes  estranhos  elementos  parece-me  porém  nSo  terem  actnado  no 
Algarve,  porque  em  nenhuma  das  minhas  ezploraçSes  achei  objecto 
de  feição  estranha  A  do  conjunto  geral.  É  certo  que  nSo  pouco  reparo 
fiz  sobretudo  numas  louças  grosseiras  de  grande  espessura,  de  que  acbei 
fragmentos  em  vários  sítios,  e  únda  enterrada,  mas  feita  pedaços,  nma 
grande  talha  num  serro  de  Silves. 

O  que  nSo  deixa  dnvída  de  ter  havido  mai  antigas  e  sumptaosss 
coQStrucçSes  anteriormente  á  definitiva  occupaçSo  romana,  é  ter  ea 
achado  em  paredes  romanas  algum  material  faceado  de  regular  appa- 
relho,  de  entre  o  qual  extrahí,  do  centro  de  uma  parede,  um  fragmento 
bastante  pesado  de  uma  columna  de  mármore  lanelar  azulado,  como 
se  pode  ver  no  Museu  do  Algarve. 

Parece-me  ter  mostrado,  quanto  ao  meu  alcance  estava,  a  lenta  e 
quasi  imperceptível  evolução  que  houve  na  passagem  de  umas  para 
outras  idades,  e  que  a  transição  dos  tempos  prehistoricos  para  os  his? 
toricos  não  se  operou  de  outro  modo. 

Registados  estes  apontamentofi,  pelos  quaes  se  reconhece  em  toda 
a  zona  do  Algarve  uma  civilização  antiga  e  vigorosa,  vou  agora  oc- 
cupar-me  dos  tempos  históricos. 

(Contínua).  ESTACIO  DÁ  YbIGA. 


Braoara  Augusta 

Dos  abundantes  frutos  colhidos  nos  meus  trabalhos  de  investiga- 
ção archeologica,  dão  testemunho  seguro  numerosas  inscripçSes  lapi- 
dares inéditas  que  nos  meus  pobres  escritos  tenho  denunciado  a<»  es- 
tudiosos da  especialidade;  mais  productivos  seriam,  por  certo,  estes 
meãs  trabalhos  se,  da  parte  de  quem  pôde,  eu  tivesse  recebido  os 
estimules  que  em  casos  d'esta  ordem  se  não  dispensam. 

Gastar  o  tempo,  a  saúde  e  o  dinheiro  e  não  encontrar  ao  cabo  de 
tantos  sacríficios  quem  se  disponha  a  proteger  esta  obra  de  renasci- 
mento do  mundo  antigo,  é  triste,  profundamente  triste! 

Valha-nos  ao  menos  este  prazer  que  se  experimenta  com  a  leitura 
e  estudo  dos  caracteres  antigos  reveladores  de  factos  curiosos  succe- 
didos  em  tempos  assaz  remotos. 

íío  próximo  passado  Agosto  appareceram  duas  inscripç5es  roma- 
nas no  rebaixo  do  pavimento  térreo  da  loj     do  lagar  da  Quinta  do 


byGoí>^^lc 


o  Abcheou>00  Pobtuguês  119 

Sr.  Conde  de  S.  Martinho,  a  sul  do  Largo  das  Carvalheiras '.  São  duas 
lapides  cyliiidrícas  de  pequenas  dimensões.  Ã  primeira  tem  gravada, 
em  caracteres  elegantes  de  traço  fino,  a  seguinte  inscripção: 

SAECVLO  FELICIS 

SIMO  IMPP 
M*  AURELI  ANTONI 

NI  ET 

L«  AVRELI  COMMO 

Dl  AVGG 

Lieitara: — Saeculo  feliciasimo  Imperatonint  Marci  Aurelií  Ân 
tiini  et  Lucii  Aurelii  Commoãi  Auguêtorum. 

Altura  do  monumento  0^,67,  diâmetro  O" ,47  e  altura  da  letra  0'",( 

Teve  esta  consagração  o  século  muito  feliz  do  governo  do  pat 
do  filho. 

A  segunda  lapide  é  um  troço  de  columna  de  pequeníssimas  dimi 
sSes:  altura  O" ,47,  diâmetro  O" ,31  e  altura  da  letra  0'",12. 

A  inscripção,  pessimamente  gravada,  é  como  segue : 

DD  NK 

VALEN(í)I 

NIANO 

ET  VALENTI 

Leitora: — Dominiê  Nostrú  Valentíniano  et  Valenii. 

Na  epigraphe  nSo  se  descortina  o  T  da  segunda  linha,  nem  o  > 
paço  que  devia  occupar  entre  o  N  e  o  I.  Ficou,  com  certeza,  no  c 
zel  do  gravador,  porque  a  ultima  haste  do  N  jamais  o  possuiu  ligai 

Estes  noeaoe  senhores  Valentiano  e  Valente  eram  irmãos.  Aque 
associou  este  ao  império,  entregando-lhe  o  governo  oiíental  da  Thra 
e  da  Grécia. 

O  primeiro  fallecen  em  375,  na  occasião  de  mover  guerra  con 
os  Sarmatas  na  Pannonia. 

No  meu  pequeno  museu  recolhi  mais  estas  duas  reliquias  epig 
phicas,  esperançado  na  cedência  que  a  Camará  Municipal  virá  a 
zer-me  de  uma  casa  apropriada  para  dar  conveniente  disposição 
tudo  o  que  já  possuo. 


Albako  Bellino. 


'  DepoÍB  da  extracção  de  um  intereBSftnte  caleiro  com  marca  fígulina. 
Quinta  do  Avéllar,  acompaitliOQ-me  ao  local  o  meu  amigo  Sr.  Dr.  Leite  de  V 
codccUm,  qoe  então  le  achava  em  Braga,  numa  das  auas  Tbitai  awiaaes 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ArCHEOLOGO  FORTDQirÊS 


Estudos  de  numlsmatloa  colonial  portuguesa 

9.  A  InTeoçXo  do  uktlioiBé  de  12  xerafiiB  de  1!S1 

De  conformidade  com  o  qne  se  lè  a  pag-  291  do  vol.  ill  de  Tei- 
xeira de  Aragão,  em  2.de  Setembro  de  1728  o  Conselho  da  Fazenda" 
de  Goa  resolveu  que  fossem  cunhadas  moedas  de  ouro  com  o  valor 
de  12  xerajim,  OU  3^00  réis  coloniaes,  e  outros  valores  menores  crni* 
a  cruz  de  Chi-isto  numa  face  e  na  outra  as  armas  do  reino.  Segtiida- 
mente  Aragão  diz  que  nSo  viu  tal  cruz  nestas  moedas,  porém,  a  pro- 
pósito da  deliberação  do  Conselho,  apresenta  na  estampa  u  do  mesmo 
volume,  sob  o  n."  1,  a  gravura  que  se  vê  na  figura  seguinte: 


A  apresentação  graphica  d'esta  moeda,  que  ninguém  viu  cunhada 
ainda,  é  uma  invenção  de  José  do  Amaral  Bandeira  de  Toro,  que  a 
incluiu  a  pag.  140  da  sua  incompleta  obra,  que  tem  por  titulo  Nu- 
mismática Portugiiega.  Teixeira  de  Aragão,  illudido  na  sua  boa  fé, 
copiou  a  invenção  e  acceitou-à,  porque  não  chegou  a  conhecer  quanto 
Incorrectamente  fora  extrahida  a  summula  d'aquella  resolução  legal. 

Com  a  coragem  do  lutador  que  não  teme  a  luta,  provaremos  de 
modo  absoluto  a  nossa  afirmativa,  que  parecerá  talvez  revolucionaria 
aos  partidários  da  rotina,  que  consideram  suspeitas  certas  alSrmaçues 
modernas  acerca  de  assuntos  antigos.  Falaremos  com  o  desassombro 
que  a  convicção  inspira. 

Cumpre  que  o  leitor  conheça  o  texto  integral  da  resolução  citada, 
o  qual  o  Sr.  José  Maria  do  Carmo  Nazareth,  numismata  e  funcciona- 
río  civil  em  Nova  Goa,  copiou  da  fl.  81  do  livro  xxu  dos  assentos 
do  Conselho  da  Fazenda  e  nos  remetteu  em  28  de  Kovembro  de  1904, 
a  nosso  pedido.  É  do  teor  seguinte: — Atteiitouse  em  Concelho  tht 
Faz.'  que  o  D."  Ckr.''  do  Estado  Paulo  José  Corrêa  mande  Lavrar 
Samthomés  de  des  parâaos ',  de  cinco,  e  meyos  Santhomés  com  o  cunho 


1  NSo  hftvU  dífferençft  de  signific&do  entre  as  pnlavras  parddo  e  xtrafim  pRra 
Be  designar  o  valor  de  300  réis,  ou  5  taogas.  A  palavra  pardáo  era  mais  antiga 
e,  por  conseguinte,  consagrada  em  theoria.  A  respeito  da  origem  do  termo  xe- 


byCoOglc 


o  Abcebolugo  Portugdêb  121 

tjuê  apretentou.  da  Cnu  da  Santhomé  em  Lugar  da  Jtnagem  do  Santo 
g.  ante»  tioAa  por  indecente  e  empolida  e  q.  te  farão  do  m«tmo  peto 
e  toque  §.  oa  antigos  de  que  se  fez  ette  aa."  oêin.'  peUo  Ex."  Snor  V 
liey  e  Mmiãtrot  do  d."  Con».'  Manoel  Gonstdvet  o  fez.  Gòa  doutde 
7òro  de  mSsetecentos  e  vinte  outo.  Ant."  Nolaeco  Pacheco  a  fiz  etcre- 
ver.^:=ScUda>iha= Corrêa^  Mesquita, 

D'esta  leitura  se  conclue  que  as  novas  moedas  exhibiríam  a  cniz 
de  S.  Thomé,  qSo  a  de  Christo ',  e  que  seriam  valorizadas  em  10,õ 
e  2  V*  serafins,  on  respectivamente,  3j$000  réis,  1)9500  réis,  750  réis, 
oomo  aqueltas  que  o  alvará  de  9  de  Setembro  de  1713  criara  com  a 
figura  do  santo  no  reverso. 

A  lei  de  1728  oSo  alterou  pesos  nem  valores;  acceitou  o  nqvo  typo 
monetário  que  o  coronel  Corrêa  offereoeu  i  apreciação  dos  seus  coUegas 
no  ConselIiD,  typo  qne  José  do  Amaral  modificou  na  invençSo  de  1731, 
dando-lhe  o  valor  de  12  serafins,  marcado  na  face  do  reverso,  bem 
visível,  &  imitação  do  typo  que  appareceu  pela  primeira  vez  no  reinado 
de  D.  José,  em  1766*.  O  inventor  apresentou  a  novidade  em  condi- 
ções de,  no  seu  entender,  ser  acceite  pelos  numísmalas.  NXo  teve  pre- 
occupaçdes  e  não  previu  que  alguém  no  futuro  levantaria  o  guantQ  por 
^le  arremessado  na  arena.  Fantasiou  o  typo,  a  data,  o  valor,  e  até 


rajim  Gersnn  cta  Cunlta,  a  pag.  36  do9  Contribution»  to  Iht  »t»dy  of  indo-portiigiine 
mttmitmatiet,  diz  o  segaiute ;  'The  word  xerafim  ia  evidently  derived  froni  tbc  Pcr- 
Bian  ^Jj^'  athraft,  which-wasagold  croin,  weighingnbontfifty  graius,  KDdbeing 
equal  in  thia  respect,  if  not  fineness,  to  the  Veuetiau  aeqain  or  Dntcli  ducat.  Al- 
thougli  OTÍginallj  Peraiau  money,  it  becamc  in  coursc  of  time  current  in  the  Gulf 
of  Cambay  and  ia  tbe  coaatries  along  the  Malabar  coast.  The  Portuguese  wore 
tbe  fint  to  adopt  thia  designation  for  one  of  tbcir  coiuB. 

'  A  pag.  63  da  nosaa  monograpbia  Namiemalica  Indo-PoHugveta,  a  propósito 
d'eBte  assnnto,  dissemoB  quo  a  cruz  de  Christo  fora  Adoptada  como  symbolo  em 
moedas  mais  antigas  e  qae,  por  tanto,  não  podia  ser  snbatitoida  por  cila  pró- 
pria aa  lei  de  2  de  Setembro  de  1728.  Isto  é  iDcontestavel,  como  se  acaba  de  ver. 
Suppnsemos  qne  o  burocrata  encarregado  do  registo  mencionara  esta  cruz  por 
distracção.  £  é  possivel  que  não  conhecesse  os  typos  de  cruzea  de  diversas 
ordens,  professas,  militares  <iu  civia.  D'eata  ignorância  ainda  hoje  comparticipam 
peMoas  ponco  illnatradaa.  Em  abono  d'Í8to  ha  um  exemplo  cnrioso  e  bem  patente 
em  Lisboa.  A  pharmacia  do  Largo  do  Chafariz  de  Dentro,  n.*  36,  intitula-ae 
Da  CrvM  de  Malta:  como  emblema  justificativo  do  título  vâ-ae  a  ernz  de  Christo, 
pintada  cora  vermelho  vivo  em  fundo  branco  no  lado  esquerdo  da  porta.  Jnlga-se 
que  o  pintor  só  conhecia  a  cmz  qne  se  ostenton  no  velame  das  caravelas  no  tempo' 
doa  nossos  mais  gloriosos  descobrimentos. 

*  Veja->e  a  fíg.  2.*  âa  estampa  ni  do  AragSo,  qne  mostra  o  santhomé  de  12 
zerafins  de  1768,  igual  ao  de  1766. 


byCoOt^lc 


122  O  ÂRCHBOLOQO  FOBTUQUÊS 

a  forma  cónica  do  algarismo  I,  qne  nunca  foi  assim  visto  em  moedas 
portuguesas,  continentaes  ou  coloniaes.  NSo  declaroH  a  quem  a  moeda 
pertencia.  Esta  falta  é  mais  que  suspeita,  por  quanto  alie  citava  nomes 
dos  possuidores  de  vanos  numismas  raros  estampados  na  sna  obra, 
affirmando  por  tal  modo  a  authenticidade  <l'estes,  como  é  da  praxe 
quando  se  trata  de  mostrar  ou  discutir  novidades  numismáticas  de 
sensação.  O  Becker  português  deixou  a  descoberto  a  primeira  contra- 
riedade para  o  bom  êxito  do  invento.  Ãbsteve-se  de  apresentá-lo  como 
cousa  nunca  vista,  para  não  sobreaaltar  os  preliminares  da  investiga- 
ção oiiriosa.  Eatendeu  que  era  perigoso  aproximí-lo  demasiadantmte 
da  celebridade,  a  qual  impressionaria  a  attenção  dos  estudiosos  pro- 
pensos a  receber  a  desconfiança,  bospede  ideal  que  cbega  .e  se  íostalla, 
sem  maior  esforço,  mas  que  difficilmente  se  despede. 

E  positivamente  certo  que  no  reinado  de  D.  JoãoY  não  houve  moe- 
das de  12  xeraSns.  Isto  prova-se  do  modo  mais  concludente  com  o  t«or 
principal  da  lei  de  11  de  Fevereiro  de  1743  (Aragão,  doe,  n."  120). 
Ella  diz  que  o«  Santhomé»  do  Cunho  da  Cruz  yue  corrião  por  dez  xe- 
rafinê,  de  boja  em  dianta  corrSo  por  onze  leraflns;  e  rui  mesma  forma 
08  Santhomé»  de  sinco,  por  cinco  xehifint  e  meio,  e  o%  meia»  Santhmtté». 
por  dom  xerafina  e  três  tangas  e  quarcTda  e  cinco  res. 

Esta  disposição  beneficiava  somente  os  santhomés  do  tjpo  cnado 
em  1728.  O  aumento  do  preço  do  ouro  em  pasta  e  o  premio  com  que 
corria  amoedado  motivaram  a  sensata  providencia.  Em  vista  d'Ísto  pôde 
por  ventura  admittir-ae  que  um  exemplar  do  anno  de  1731  mostre  o 
valor  de  12  xerafiusí* 

No  rol  que  Aragão  via  na  casa  da  moeda  de  Lisboa,  ao  qual  se 
refere  a  pag.  308,  vem  mencionados  saathomés  de  24,  de  12  e  de  6 
xerafins.  O  documento  tem  a  data  de  1755.  E  fácil  explicar  estas  valo- 
rizações. Os  primeiros  eram  os  santhomés  dobrados,  ou  de  20  xerafins, 
que  existiram  não  obstante  a  lei  de  1728  os  não  mencionar.  Os  parti- 
culares que  entregavam  na  casa  da  moeda  onro  immobiUzado  ordina- 
riamente reqoeriíun  que  o  applicassem  na  cunhagem  de  valores  altos, 
e  assim  cunhado  o  recebiam.  Para  as  operações  do  commercio  convinha 
o  santhomé  de  20  xerafins.  E  comprehende-se  que  fosse  bem  acceite 
em  pagamentos  avantajados,  alem  das  fronteiras  portuguesas,  apesar 
da  sua  grandeza  e  espessura.  Os  valores  de  12  e  de  6  xerafins  eram 
os  primitivos  de  10  e  de  5.  Tímto  estes  como  os  de  20  xerafins  tinhun 
^sido  beneficiados  pela  lei  de  1743,  e  por  outra,  anterior  a  1755,  qne 
nKo  é  conhecida.  Aragão  refere-se  a  esta,  em  pag.  309.  Elle  acceitou-a 
bypotheticamente  por  nSo  ter  encontrado  nos  archivos  da  índia  o  mo- 
tivo legal  da  sua  existência. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  Pobtuguês  123 

Apeoas  foi  conhecida  a  resolução  de  2  de  Setembro  de  1728  pro- 
cedeu-se  á  primeira  cunliagem,  depois  de  afinado  o  oaro  na  razSo  de 
43  poQtos.  Na  collecção  qae  foi  organizada  por  José  Lamas  existe  o 
exemplar  de  10  zerafíns  com  aqnella  data,  não  mencionada  no  respec- 
tivo catalogo  porque  o  algarismo  8  está  atrofiado  e  passa  despercebido. 
Esta  causa  obsta  a  que  o  exemplar  seja  figurado  aqui.  Em  compensa- 
ção apresentamos  nas  figa.  2.',  3.*,  4.^  e  5.*  exemplos  de  productos 
monetários  a  que  presidiu  a  resolução  citada,  datados  de  1729,  1732 
e  1737,  e  ficará  provado,  sem  contestação  possível,  qite  o  reverso  do 
santhomé  de  10  xerafius  que  fosse  cunhado  em  1731  seria  muito  dife- 
rente d'aquelíe  que  se  vê  no  invento  de  José  do  Amaral. 


O  exemplar  de  1729,  fig.  2.',  pertence  ao  Sr.  João  Carlos  da  Silva, 
residente  em  Angra  do  Heroísmo.  Obteve-o  no  leilão  que  se  realizou  em 
lisboa  a  28  de  Agosto  de  1904.  Pesa  5,70  grammas  ou  114  grãos. 
No  local  onde  foi  encontrado  soffreu  pressão  entre  corpos  de  dureza 
permanente,  o  que  originou  a  falta  que  se  nota  de  três  letras  na  legenda 
[CR-S-pS-T-M  E-,  que  significava  CR(V)S  D(E)  S.  T{HO)ME, 
lendo-se  da  esquerda  para  a  direita.  A  baste  inferior  da  cruz 
é  desenvolvida  em  excesso,  contra  o  preceito,  e  assim  foi         Sp 
gravada  até  á  emissão  do  santhomé  de  12  xerafius  de  1776.     ^~^^ 
Be  1777  até  1841  acompanhou  com  alguma  regularidade         é^ 
as  dimensões  das  outras  hastes.  Pertence  a  um  santhomé 
d'este  ultimo  anno  o  exemplo  que  se  mostra  aqui  em  tamanho  natural. 

O  exemplar  de  1732,  fig.  3.',  guardava-se  na  nossa  coUecçSo.  Foi 
descrito  sob  o  n."  53  da  nossa  monographia  jí  citada.  Ali  lhe  attri- 
buimos  o  valor  d«  12  serafins,  porque  ainda  estava  fechada  a  porta 
por  onde  a  verdade  entraria  para  denunciar  o  seu  verdadeiro  valor 
primitivo  de  10  xerafins.  Pesa  5,72  grammas  ou  114'/»  grãos.  Note- 


byGoí>^^lc 


124  O  ÃBUHEOLOGO  POBTDGDÊS 

se  qne  dififere  do  exemplar  anterior,  e  do  seguinte,  pela  falta  de  pontos 
divisórios  entre  as  letras  e  ainda  pela  inversão  da  letra  S. 
'  O  exenãplar  de  1737,  fig.  4.',  está  collocado  na  collecçSo  do  Sr.  Ju- 
liiis  Meili,  de  Zârich.  Pesa  5,67  grammas  ou  113  '/i  grios.  A  primeira 
vista  dnvida-se  que  o  algarismo  da  unidade  seja  7,  aproximado  como 
está  da  letra  E  é  com  ella  confundido.  O  Sr.  Carmo  Nazareth  possoe 
outro  exemplar  de  igual  data,  em  que  ae  observa  a  mesma  anomalia. 

Em  1737  houve  outra  emissão  do  santhomé  de  10  zerafins  com  a 
legenda  IH— CRV-S-P-S-,  interpretada  por  IH(ESVS)-C(H)R(IS- 
TVS)  V(ENIT)  S(ALVARE)  P(OPVLVM)  S(VVM).  Vae  representado 
na  fig.  5.*,  copia  do  a."  7  da  estampa  xv  do  vol.  iii  de  AragSo.  £. 
moeda  nnica.  Pertence  actualmente  ao  Dr.  Francisco  Inácio  de  Mira, 
que  a  mencionou  no  catalogo  da  sna  coUecção  monetária,  publicado 
cm  Beja  no  anno  de  1898.  Pesa  5,56  grammas  ou  111  grSos. 

Em  nenhuma  outra  moeda  da  índia  portuguesa  se  lê  aquelle  ou 
outro  pensamento  religioso,  apesar  de  o  chrístianismo  ter  ali  solidas 
raises,  frntos  das  missSes  de  outros  tempos  e  da  propaganda  clerical 
da  actualidade. 

N3o  lográmos  saber  se  existem  outras  datas  gravadas  em  santho- 
més  de  10  xerafins  lavrados  nos  24  annoa  decorridos  de  1738  a  1761, 
c  não  consta  que  qualquer  medalheiro  tenha  recolhido  o  santbomé  de 
5  xerafins  e  o  meio  santhomé  on  2  '/j  xeraSns.  Se  estas  moedas  dSo 
foram  cunhadas  pôde  attribuir-se  a  nSo  existência  d'ella$  ao  auxilio  da 
dobra  de  4  escudos,  do  reino,  largamente  admittida  na  colónia  pela  sua 
excellente  natureza,  que  o  commercio,  como  bom  entendedor,  apre- 
ciava. A  dobra,  circulante  ati,  interromperia  a  actividade  fabril  na  casa 
da  moeda  de  Goa,  se  é  certo  que  nSõ  foram  promulgadas  novas  leis 
para  cunhagem  de  ouro  até  1761.  Inutilmente  as  procuraremos  na  obra 
de  Aragão.  Não  existiram?  Não  foram  registadas?  Fiquem  de  remissa 
as  interrogardes  até  que  a  perseverança  do  indio,  pesquisador  intelli- 
gente,  encontre  aíRrmaçSes  positivas,  dignas  de  inteiro  credito,  exhn- 
madas  do  solo  comprehendido  na  área  da  Velha  Qoa  de  Afonso  de  Al- 
buquerque, mansão  de  ruinas  históricas. 

Temos  demonstrado  que  no  reinado  de  D.  João  V  não  houve  mo- 
tivos que  pudessem  de  algum  modo  justificar  a  existência  da  moeda 
que  se  mostra  ná  £g.  1.*  Não  existem  argumentos  que  a  protejam  se- 
riamente em  contrario.  ■     '  ■ 

Os  primeiros  santhomés  emittidos  com  valores  de  12,  8,  4  e  2  xe- 
rafins, valores  fixos  mas  não  marcados  nas  suas  faces,  appareceram 
em  1762,  em  obe^encia  á  lei  de  11  de  Novembro  do  mesmo  anno. 
O  seu  toque  é  de  43  Y*  pontos,  isto  é,  de  21 '/i  quilates,  ou  911,11 


byCOO^^IC 


o  Aroibologo  PoRTrouÊs 


1SÍ5 


ipiUessiDos.  Feia  tabeliã  seguinte  ver-se-ha  qne  os  de  12  xerafins  {le- 
sam  de  97 '/t  a  98  grios.  Em  relação  aos  aoteriores  subiram  pelo 
titulo  e  valor,  porém  baixaram  quaoto  ao  peso,  como  convinha. 


*;;;■ 

Pe 

«. 

EiniTloi 

KsempUr  da  coUe««ao  de  Carmo  Nuaretb, 

17(i2 
1763 

nu 

17fô 

4,88 

i,m 

4,811 

4,m 

Idem  de  Meili,  n.-  Itiã  do  catalogo  manuecríto 

!>8 

Teixeira  de  Aragio,  d.<>  1  da  est  iii  dovol.  iii 

!W(a)  ' 

Xos  exemplares  de  1766  a  1775  os  valores  são  marcados  com  al- 
garismos, porém  de  1776  a  1780  apparecem  indicados,  por  extenso, 
dose  xerafins.  De  1781  a  1841  novamente  foram  adoptados  algarismos 
para  o  mesmo  fim.  . 

Convém  apresentar  atjui,  nas  lige.  6.*  e  7.',  as  moedas  que  a  lei 
de  9  de  Setembro  de  1713  autorizou,  cunhadas  na  ofScina  monetária 
de  Goa,  visto  que  a  de  1728  a  ellas  se  referiu,  e  porque  são  inéditas. 


#      •# 


A  figura  6.'  refere-se  ao  exemplar  que  pertence  ao  Dr,  Francisco 
Cordovil  de  Barahona.  Tem  no  anverso  as  armas  do  reino  entre  as 
letras  O  á  esquerda  e  Ã  á  direita.  Junto  d'esta  foi  applicado  o  carimbo 
O.  Ma  orla  são  visivei?  as  letras  NN  e  ha  restos  de  outras.  Todas 
completariam  a  legenda  lOANNES  V.  No  reverso,  entre  a  data 
17-17,  avulta  a  figura  de  S.  Thomé  voltado  á  esquerda,  de  pé,  com  o 
bordão  erguido  e  apoiado  sobre  o  hombro  esquerdo. 

Esta  figura,  mal  definida,  é  a  mesma  que  oe  legisladores  goenses 
cm  1728  entenderam  que  era  indecente  e  empoíida  nos  cunhos  do  nu- 
merário. Vê-se  que  foi  gravada  barbaramente.  Certos  estragos,  deri- 
vados da  circulação,  tem  is  vezes  caprichos  singulares.  Aqui  o  braço 

que  abençoa  está  reduzido  á  figura  '\  que  nada  significa.  Entre  a 


(a)  O  exemplar  a  que  se  refere  Cite  peso  deve  estar  cerceado. 


byGoot^lc 


126  O  AbCHEOLOGO  POBTUQUftS 

curvatura  do  bordão  e  o  algariemo  7  ha  um  carimbo  estrellario,  •^. 
Circundando  a  orla  existiram  letras  dispostas  simetri- 
camente, com  lai^s  intervalloB,  como  se  vê  do  desenlio 
junto. =S.  T(HO}ME.  Apenas  a  letra  M  está  completa. 
Este  exemplar,  único,  pesa  3,80  grammas,  ou  56  grSos. 
]^ão  está  cerceado. 

A  moeda  vagamente  esboçada  na  fig.  7.*  é  o  meio 
santhomé  de  2 '/»  xerafins.  Pelo  qtie  resta  dos  cunhos  vô-se  que  tem 
o  tjpo  da  anterior  com  módulo  mejior.  E  visível  o  millesimo  17-14. 
Vem  mencionada  pelo  possuidor,  o  Sr.  Carmo  Nazareth,  que  nos  envion 
o  desenho,  8ob  o  n.°  305,  na  2.*  edição  do  catalogo  do  seu  monetário. 
Pesa  l,40grammas,  ou  28  grãos,  como  devia  pesar  segundo  a  leidtada. 
No  término  d'eBta  exposição  analytica  o  santhomé  de  12  xerafins 
de  1731  ficará  considerado  crime  numismático,  sem  defesa  possível,  e 
como  tal  deve  passar  á  historia.  É  lamentável  que  José  do  Amaral,  nn- 
mismata  intelligente,  nos  deixasse  uma  fantasia  do  seu  espirito  inven- 
tivo para  ser  acceite  como  realidade,  fantasia  que  acaba  de  ser  aggre- 
dida  e  . . .  condemnada. 
lisboa,  Maio  de  1905. 

Manoel  Joaquim  de  Campos. 


Catalogo  dos  pergaminhos  existentes 
no  arolxlTO  da  Insigne  e  Real  Colleglada  de  OnimarAes 


Arei,.  Perl.,  ii,  SIJ 


12  de  fevereiro  de  1273 


Doaçilo  de  umas  casas  sitas  no  Sabugal,  feita  pelo  cónego  Estevam 
Pires  aos  clérigos  do  coro  da  igreja  de  Santa  Maria,  com  obrigaçSo  de 
três  anniversarios  na  festa  de  Santa  Maria  d'ago8to,  na  de  Santa  Mana 
de  março  e  na  de  Santo  Estevam,  com  todos  os  officios  d' estas  festas. 

Escrita  em  QnímarSes  pelo  tabelliio  Vicente  Annes  a  12  de  feve- 
reiro da  era  de  1311. 

Escrito  em  latim. 

XXXVII 
19  de  fevereiro  de  1273 

Venda  de  uma  casa  sita  na  rua  de  S.  Hago,  que  confronta  com 
a  casa  que  foi  de  D.  Urraca  Nunes,  feita  por  Domingos  Gomes  e  mu- 


byGoí>^^lc 


o  Abchbologo  POBTDOUfiS  127 

Iher  Florença  Anões  aoa  clerígoe  do  coro  pelo  preço  de  50  libras  por- 
tuguesas e  por  robora  uns  bons  çoqoê. 

Escrita  a  19  de  Fevereiro  da  era  de  1311  pelo  tabelliSo  Vicente 
Annes. 

Esorito  em  latim. 

xsxvni 

,  8  de  maio  de  1282 

Instrumento  publico  de  renuncia  da  igreja  de  S.  JoXo  deVilIa  do 
Conde,  que  em  8  de  maio  da  era  de  1320  fez  em  Évora  Domingos 
Gnilfaerme,  clérigo  de  el-rei,  oriundo  de  Lisboa,  apresentado  na  dita 
igreja  pela  infanta  D.  Sancha,  filha  de  D.  ÂiTonso,  outrora  rei  de  Por- 
tugal e  do  Algarve. 

Foi  escrito  este  instrumento  por  Domingos  Martins,  publico  ta- 
belliXo  da  cidade  de  Évora,  sendo  testemunhas:  Affonso  Soeiro,  sobre- 
juiz  de  el-rei;  Pedro  Paes,  advogado  do  rei;  Mestre  JoSo,  advogado 
do  rei;  Fernando  Mendes,  cavalleiro;  Mateus  Xnnes,  cónego  de  Gui- 
marães; JoSo  Esteves  e  Fernando  Pires,  clérigos  do  prior  de  Guima- 
rSes.-Tem,  pendente  de  um  cordlk)  vermelho,  o  séllo  de  cera  vermelha, 
em  oval,  do  bispo  de  Évora  Durando,  posto  a  pedido  do  renunciante, 
o  qual  tem  no  campo  ama  figura  de  bispo  e  na  orla  DVRA^NDVS 
DEI . . .  ELBORENSIS  E . . . 

Esta  renuncia  foi  feita  em  virtude  de  uma  carta  da  dita  infanta 
D.  Sancha,  escrita  em  Badalhouce  a  1  de  maio  da  era  de  1320  por 
Pedro  Vicente  conforme  o  mandato  da  mesma  ao  chancelier  da  rainha 
S{artim  Paos.  Nesta  carta,  em  português,  inserida  no  documento,  di- 
rigida ao  arcebispo  de  Braga  D.  Frei  Tello,  a  infanta  reconhece  que 
o  padroado  da  dita  igreja  pertence  á  igreja  de  Santa  Maria  de  Guima- 
rães, como  se  certíficoa  por  uma  carta,  com  sêllo  pendente,  de  D.  Maria 
Paes  Ribeira,  apresentada  pelo  prior  de  Guimarães  Affonso  Soeiro,  na 
qual  esta  confessa  que,  depois  de  muitos  trabalhos,  se  convencera  que 
não  tinha  direito  ao  dito  padroado,'  mas  sim  elle  era  da  igreja  de  Gui- 
marães. 

Escrito  em  latim. 

XXXIX 
20  de  marco  de  1284 

Carta  de  venda  de  uma  herdade  e  almuinha,  sita  no  logar  da  Cor- 
redoira  abaixo  da  porta  flenaria  do  castello  de  Guimarães,  a  qual  em 
tempo  foi  de  Pedro  Garcia,  pedreiro,  feita  por  Domingos  Annes  e  mu- 
lher Maria  Annes  ao  cabido  da  igreja  de  Guimarães. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheolooo  Fobtdgdês 


Escrita  a  20  <Íe  março  da  era  de  1322  por  Vicente  Ãnnes,  tabelliio 
de  Gnitnarães. 

XL 
20  de  março  de  1384 
Publica- forma  da  sentença  do  arcebispo  de  Braga,  proferida  a  9 
de  muo  de  1238,  acerca  do  padroado  de  S.  Gena,  questionado  por 
D.  Rodrigo  Oomee  de  Briteiros  (veja-se  doe.  d."  xxii),  passada  a  re- 
querimento de  Payo  Martins,  reitor  d'eata  igreja,  por  Pedro  Durando, 
publico  tabettiSo  de  Montelongo,  em  20  de  março  da  era  de  1322. 

XLI 

38  de  m&rço  de  1286 

Carta  de  el-rei  D.  Dinis,  expedida  pelo  sobrejuiz  Payo  Domingues 
a  requerimento  de  Payo  Martins,  abbado  de  S.  Gens  de  Montelongo, 
dirigida  a  Çarcia  Rodrigues,  meirinlio  de  Alem-Douro,  ordenaiido-lhe 
que  faça  cumprir  a  sentença  do  arcebii^po  D.  Silvestre  acerca  do  pa- 
droado, que  D.  Rodrigo  Gomes  de  Briteiros  pretendia  ter  nesta  igreja, 
a  qual  era  actualmente  violada  por  D.  JoSo  Rodrigues  de  Briteiros, 
que  novamente  pousava  na  dita  igreja  e  lhe  fazia  mal  e  força. 

Dada  em  Lisboa  a  28  de  marco  da  era  de  1324. 

XLII 

5  de  janeiro  de  128U 

Carta  de  èl-reí  D.  Dinis,  dirigida  aos  juizes  de  Guimaríles,  a  re- 
querimento do  cabido,  ordenando-lhes  que  façam  cumprir  a  sentença 
proferida  pelos  juízes  anteriores  na  qual  se  mandou  que  os  homens 
de  Moreira  e  ViUa  Cova  povoassem  os  caeaes  reguengos  possuidos  ali 
pelo  cabido,  salvo  havendo  razSo  bastante  opposta  pelos  ditos  mora- 
dores, e  permittindo  o  auxilio  do  meirinho  se  assim  fosse  mister. 

Dada  em  Montemor-o-Novo  por  João  Soares,  ouvidor  da  corte,  por 
mandado  de  el-rei,  a  5  de  janeiro  da  era  de  132G. 

XLIII 
27  de  junho  de  128» 
Carta  de  doação  da  terça  de  um  casal  em  Villar  de  Murzellos,  fre- 
guesia de  TeliSes,  feita  por  Fernlo  Martins,  filho  de  Martim  Erraiges, 
a  Ruy  Gonçalves. 

Escrita  em  BevordSes  a  3  dias  por  andar  de  junho  da  era  de  1336 
por  Estevam  Martins,  publico  tabelliSo  de  el-rei  de  Portngí^  e  do  Al- 
garve em  Celorico  de  Basto. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AbCBEOLOGO  POBTDGDfia  120 

XLIV 

10  de  outubro  de  1289 
Troca  de  bens,  feits  pâlo  cabido  de  Guim&rSea,  com  autoridade 
e  consentimento  do  prior  D.  Payo  Domingues,  com  o  guardião  Frei 
Affonso  Rodrigues  e  convento  dos  frades  menores,  com  antorídade  e 
asseoso  do  míoislro  provincial  e  do  procurador  geral  da  provineia  de 
de  S.  Tiago,  a  qne  pertence  o  conv^ito,  o  Mestre  Domingos,  arce- 
diago bracharense. 

SstSo  inseridos  neste  documento  os  seguintes:  —  1."  Bulia  do  Papa 
Martinho  lY,  dada  em  Civita  Veccbia  a  15  das  kalendas  do  anno  se- 
gundo do  pontificado  (18  de  janeiro  de  1283),  concedendo  que  os  fradei 
menores  possam  nomear  um  procurador  geral  da  província  para  tratar 
dos  negócios  temporaes;  —  2."  Carta  do  ministro  provincial  da  pro- 
víncia de  S.  Tiago,  Frei  Gonçalo  Qomes,  dada  em  Lisboa  nas  kalendas 
de  fevereiro  (1  de  fevereiro)  de  12S5,  nomeando  procurador  o  referido 
mestre  Domingos,  arcediago  de  Braga;  —  3.°  Carta  do  ministro  pro- 
vincial Frei  Pedro  Vasques,  dada  em  Lisboa  a  16  das  kalendas  de  se- 
tembro (17  de  agosto)  d©  1288,  autorizando  a  troca. 

Os  bens  que  o  Cabido  deu  aos  frades  s3o  os  seguintes:  um  campo 
acima  de  um  pelame;  um  herdamento,  que  divide  pelo  rio  de  Corii» 
contra  a  villa  e  com  uma  almainha  e  com  um  campo  acima  do  palum- 
barium  (pombal)  e  toca  no  viridario  (pomar)  e  d'ahi  vae  á  Carccrvam 
e  fecba  por  Rejuitn  e  d'abi  á  Quinta,  confrontando  aqui  com  os  ditos 
frades,  suas  casas  e  qnintS.  Neste  herdamento  bavia  casas,  pombal 
e  poço. 

Os  frades  cederam  ao  Cabido:  ama  almuínha  que  lhes  fora  doada 
por  D.  Orraca  Manteiga;  outra  doada  por  D.  Constança  Pires,  genro 
e  filhos;  outra  e  uma  vinha  doada  por  Martim  Pires  e  mulher  Flvira 
Pires;  outra  doada  por  Domingos  Ãnnes  Mouro;  outra  doada  por  Ge- 
raldo Mendes;  outra  doada  por  D.  Marinha,  viuva  de  Geraldo  Didaco, 
e  filhos;  outra  com  sua  caea,  que  foi  do  hospital  do  concelho,  como 
divide  pelo  Campo  da  Feira  e  pelo  Coucinum  e  d'aqiii  ao  ribeiro,  menos 
a  agua  se  d'ella  os  frades  carecerem;  o  casal,  que  foi  do  hospital  do 
concelho,  sito  em  Riba  de  Ave,  parochia  de  S.  João  de  Brito;  a  almuí- 
nha que  está  abúxo  da  do  Rei  e  confronta  com  o  rio;  um  casal,  que 
foi  do  hospital  do  concelho,  sito  em  S.  Vicente  de  Oleiros  e  S.  Payo 
de  Lanhas. 

Foi  escrito  o  instrumento  de  troca  em  Guimarães  a  10  de  setembro 
da  era  de  1326  por  Pedro  Martins,  tabellião  publico,  sendo  testemunhas 
Martim  Martins,  tabelliSo;  Martim  Rodrigues  Badim,  cavalleiro;  Ma- 


byCOO^^IC 


o  ASCHEOLOGO  FOBTOGCAS 

Des,  cónego  de  6iiiinari«sj  Domiagos  Fins,  capelUo  Aa  igreja 
narSes;  João  Pires  Ven'a;  mestre  Domingos,  cónego  de  Gui- 
e  muitos  outros  bomens  bons. 


?  d«  novembro  de  1288 

(So  da  terça  de  nm  casal  em  Villar  de  Marzellos,  freguesia  de 

feita  por  Lourenço  Martins,  filho  de  Martim  Ermiges,  »  Kny 

'es. 

ríta  em  norembro  da  era  de  1326  por  Estevam  Uartinfl,  tsr 

le  Celorico  de  Basto. 


5  de  novembro  de  1389 

fomento  publico  feito  em  Guimarães  a  5  de  novembro  ds  era 
',  lavrado  pelo  tabelliSo  Fedro  Domingges,  sendo  testemanhas 
Annes  e  Pedro  Martins,  tabellíSes,  e  Marti nbo  Villa-Cb&,  reitor 
.má,  e  outros,  pelo  qual  D.  Maria  Egas,  mulher  de  D.  Gonçalo 
'es,  caraileiro,  de  Erosa,  outorga  a  doação  feita  por  sen  marido 
]o  de  Guimarães  do  seu  herdamento  de  Erosa,  renunciando 
a  direito  que  nelle  tem,  com  reserva  do  nsnfruto  em  sua  vida 
seis  covados  de  gantoane. 

'  documento  não  é  original,  mas  sim  pnblica-forma  passada  em 
les,  na  igreja  de  Santa  Maria,  no  logar  chamado  a  Via-Sacra, 
novembro  da  era  de  1330,  pelo  tabellião  de  GuimarSes  Vicente 
sendo  testemunhas  Estevam  Lupi  e  Vicente  Annes,  juízes  de 
les;  Martim  Ãffuoso  e  João  Domingues,  tabelliães;  e  Estevam 
reitor  da  igreja  de  Fervença,  e  outros. 

XLVII 
8  de  junho  de  1290 

irazamento  em  três  vidas  de  um  casal  em  Paredes,  feito  por 
<  Martins,  reitor  da  igreja  de  S.  Gens,  a  Mendo  Annes  e  mulher, 
stes  haviam  povoado  e  nelte  feito  casas,  impondo-lbes  o  encargo 
tier  o  mordomo  da  igreja  e  pagar  annualmente:  a  1.*  vida  um 
,i  e  as  direituras  costumadas;  a  2.',  alem  das  direituras  inteiras, 
nma  vez  no  anão  e  fazendo  vinha,  a  quinta  parte  do  vinho  com 
■ito ;  a  3.'  a  terça  parte  do  vinho  com  o  cabrito  e  um  bácoro, 
ito  a  8  de  junho  da  era  de  1328. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcbeologo  Poktdqdêb  131 

XLvni 

17  de  «gosto  de  1290 

CompoaiçSo  amigável  entre  o  prior  de  S.  Toreade  D.  Durão  Eane, 
e  os  herdeiros  de  M&rtim  CKas,  que  foi  sepultado  do  mosteiro  de  Orijó, 
acerca  do  terço  e  qainto  dos  bens,  que  este  legou  a  D.  Pedro  Noness 
prior  que  foi  de  S.  Toreade,  os  qnaes  ficaram  por  este  contrato  em 
asa&uto  dos  filhos  e  depois  em  propriedade  «o  mosteiro. 

Foi  feito  o  instrumento  a  17  dias  andados  de  agosto  da  era  de  1328 
por  João  Esteves,  tabelIiSo  do  julgado  da  Feira,  sendo  testemunhas, 
entre  outros,  D.  Pedro  Martins,  prior  da  Costa. 

XLIX 
8  dejalhode  1292 

Testamento  de  Gonçalo  Gonçalves,  cavaUeíro,  de  Erosa,  feito  com 
consentimento  de  sua  mulher  D.  Maria  Egas  a  8  de  julho  da  era  de  1330. 

Determina  a  sua  sepultura  na  igreja  de  GuimarZes  á  qnal  lega  o  sea 
leito,  culcetra,  almucela  o  dois  chumaços,  e  a  terça  do  casal  de  Outeiro- 
Mau,  freguesia  de  Vinhos,  para  seu  anniversario.  Entre  outros,  deixa 
legados  ao  mosteiro  de  S.  Geus  de  Houtelongo;  ao  mosteiro  de  S.  Do- 
mingos de  Guimarães  para  estar  acceãa  uma  lâmpada  deaote  do  altar 
de  S.  Domingos;  á  confraria  de  Leatoso  onde  tem  o  herdamento  de 
Sangainfaedo;  uma  quarta  de  pSo  ao  voto  de  Deus  que  se  faz  junto 
de  S.  Christovam;  aos  clérigos  de  S.  Clemente;  a  um  seu  crtentulo  três 
maravidÍB  com  obrigação  de  servira  D.  Maria;  aos  leprosos  de  Bouças; 
á  arca  da  Cruzada;  á  ponte  de  Bouças;  aos  leprosos  de  Guimarães; 
á  confraria  dos  alfaiates;  á  confraria  dos  clengos  de  Celorico. 

Foi  escrito  em  Erosa  por  Martim  Damingues,  tahellião  publico  na 
terra  de  Celorico  de  Basto.  Está  partido  por  A,  B,  C. 


1  de  BgOBto  de  1292 

Carta  de  el-rei  D.  Dinis,  dirigida  aos  juizes  de  Guimarães,  jul- 
gando a  favor  do  cabido  a  questão  que,  entre  este  e  os  mordomos  da 
villa,  se  levantara  acerca  de  soldadas  impostas  em  casas  da  igreja  de 
Santa  Maria  e  de  S.  Fayo. 

Dada  em  Guimarães  por  mandado  da  el-rei  a  1  de  agosto  da  era 
de  1330  por  João  Soares  e  escrita  por  Francisco  Annes. 

Conserva,  pendente  de  cordão  vermelho,  o  sêllo  régio  de  cera  ver- 
melha, em  parte  partido,  o  qnal  tem  no  centro  as  armas  do  retuo,  vendo- 
se  na  orla  ainda:  +  S :  DNI :  DIONISII :  RE GARBU. 


byGoot^lc 


o  AbCHBOLOGO  P(»tTOQtlAs 


23  de  maio  de  1293 

Articulados  apresentados  a  10  das  calendas  de  junho  da  era  de 
1331  em  Braga  nos  claustros  da  Sé,  no  logar  denominado  Audiência, 
a  Sancho  Pires,  deXo  do  Porto,  a  Mestre  Domingos  e  D.  Pedro  Egas, 
arcediagos  e  vigários  bracarenses,  respeitantes  á  demanda  entre  Payo 
Rúmundo,  reitor  de  S.  Salvador  de  Enfesta,  e  Pa;o  Martins,  reitor  de 
S-  Gens  de  Montelongo,  que  versava  sobre  herdades  sitas  na  freguesia 
de  S.  Martinho  de  Vai  de  Bouro,  e  o  casal  de  Ordli  em  S.  Tiago  de 
Orelli,  e  herdades  no  logar  de  RuivSes,  freguesia  de  S.  Gíens. 

Foram  procuradores  do  reitor  de  S.  Gens  o  advogado  de  Braga, 
JoSo  Martins  e  o  reitor  da  igreja  de  Cavez,  JoSo  Lourenço,  em  virtude 
de  procuração  passada  pelo  tabellião  de  Braga.  Affouso  Paes,  na  qual 
foi  testemunha,  entre  outros,  JoSo  Domingues,  reitor  de  S.  Vicente  de 
Paços. 

A  questSo  foi-se  protelando  com  alIegaçOes  de  nma  e  outra  parte 
êm  diversas  andieneias  e  ainda  continuava  a  24  de  dezembro.  D'aqui 
em  deante  ignoro  os  tramites  e  resultado  da  pendência,  por  quanto  o 
documento,  apesar  de  conter  cinco  folhas  de  pergaminho  cosidas  pela 
parte  superior,  nSo  está  completo:  falta  uma  ou  mais  folhas. 

LII 
?  de  julho  de  1293 

Instrumento  de  restitniçXo  de  posse  ds  quint&  d'£rosa,  que  fora 
de  Qonçalo  Gonçalves,  da  qual  o  juiz  de  Celorico  de  Basto  empossara 
a  mulher  d'este.  Foi  restituída  a  quinta  a  Martjm  Gonçalves,  inuSo 
d'aquelle,  pelo  juiz  de  Celorico  Gonçalo  Martins,  nos  fins  de  julho 
da  era  de  1331,  em  virtude  da  carta  de  sentença  de  el-rei  D.  Dinis, 
dada  em  Lisboa  á  3  de  julho,  passada  pelo  ouvidor  Estevam  Pires 
e  escrita  por  Francisco  Eanes,  com  resaiva  do  direito  que  ahi  pudesse 
ter  o  cabido  de  GuimarSes,  que  o  faria  valer  pelos  meios  legaes. 

O  instrumento  de  posse  foi  escrito  pelo  tabelliXo  de  Celorico,  Martim 
Domingues.  O  meirinho,  que  esbulhara  Martim  Gonçalves  e  empossara 
a  viuva  por  mandado  do  juiz,  occupava  o  cargo  da  mio  de  Gonçalo 
Fernandes  (o  donatário  de  Celorico?).  Assistiram  a  este  acto  três  có- 
negos de  GuimarSes  como  procuradores  do  cabido,  porque  assim  o  or- 
denava a  sentença. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AacHEOLoao  PortuodAs 


11  de  setembro  de  1293 

Composição  amigável,  feita  peraote  o  vigário  da  igreja  de  Braga, 
o  cónego  D.  Vicente  Annes,  sede  vacante,  entre  D.  Durando  Ânnes, 
prior  de  S.  Torquato,  e  diversos  moradores  da  fregnesía,  acerca  d(i 
agua  e  presa  do  Carvalho  e  respectivo  rego.  Foi  rAconhecido  ao  mos- 
teiro a  propriedade  da  agna,  conservando  porém  a  ontra  parte,  em 
suas  vidas,  metade  d'ella  menos  aos  domingos,  revertendo  depois  toda 
para  o  mosteiro. 

Feito  pelo  tabelliSo  bracarense  Qeraldo  Esteves  a  3  dos  idos  de 
setembro  da  era  de  1331,  sendo  testemunha,  entre  ontros,  SimSo  Es- 
teves, reitor  da  igreja  de  Navarra. 

LIV 
II  de  março  de  1294 
Outorga  de  Berengaria  Esteves,  mulher  de  Mendo  Gonçalves,  dada  A 
composiçSo  anúgavel,  feita  por  este  com  o  cabido  de  GuimarSes  acerca 
dos  bens  e  herança  do  cavalleiro  Gonçalo  Gonçalves,  seu  cunhado. 
Escrito  o  instrumento  em  Lobella  a  11  de  março  da  era  de  1332 
pelo  tabelliSo  de  Cabeceiras  de  Basto  Lourenço  Ânnes,  sendo  teste- 
munha, entre  outros,  JoSo  Esteves,  reitor  de  S.  Tiago  de  Ourilhe. 

LV 

16  de  abril  de  1294 

Composição  entre  o  cabido  de  Braga  e  D.  Durando  Annes,  prior 
de  S.  Torquato,  acerca  da  observância  de  uma  composição  anterior, 
pela  qual  o  mosteiro  não  pagaria  taxaçSo  ao  cabido,  mas  aím  dativa 
e  mortuária,  Boando  o  capellão  obrigado  a  mandar  annualmente  a  re- 
lação das  mortuárias. 

Escrita  por  João  Esteves,  tabellião  bracharense,  a  16  das  kalendas 
de  maio  da  era  de  1332. 

LVI 
13  de  jnnho  de  1295 

Confissão  feita  por  Hartim  Pires,  dito  Poveiras,  e  mulher  Maria 
Paes,  em  que  se  declara  que  a  agua  da  fonte  do  Veeiro  era  do  mosteiro 
de  S.  Torquato. 

Feita  em  S.  Torquato  a  dez  e  três  dias  andados  de  junho  da  era 
de  1333,  por  Fero  Lourenço,  tabellião  da  terra  de  Freitas. 


byGoot^lc 


1S4  O  ÃBCHEOLOOO  FoBTuéuâs 

LVII 
IS  de  msrço  de  1998 
ConfirmaçSo  e  instituição  canónica  de  Marcos  Martina,  reitor  da 
igreja  de  S.  JoSo  de  Fonte,  apresentado  pela  maioria  do  cabido  de  Gui- 
marães, feita  por  Fedro  Martins  e  Domingos  Anões,  cónegos  de  Braga 
e  vigários  do  arcebispo  D.  M(artÍDho)  a  3  dos  idos  de  março  da  ers 
de  1336. 

A  minoria  do  cabido  havia  apresentado  Domingos  Esteves,  oonego 
de  Guimarães,  cuja  apresentação  foi  declarada  nulla. 

LVIII 

28  de  março  de  1298 
Confirmação  e  instituição  canónica  de  Lourenço  Pires,  cónego  de 
Guimarães,  reitor  de  Santa  Maria  de  Silvares,  apresentado  pelo  cabido 
de  Guimarães,  feita  por  Mestre  Domingos,  arcediago,  Fedro  Martins 
e  Domingas  AnneS,  cónegos  de  Braga,  vigários  do  arcebie^  D^  U(ar- 
tiaho)  a  õ  das  calendas  de  abril  da  era  de  1336. 

LIX 

12  de  abri)  de  1398 
ConfínnaçSo  e  instituiçSo  canónica  de  Francisco  Julião,  reitor  de 
S.  Martinho  de  Conde,  apresentado  pelo  cabido  de  Guimarães,  feita 
pelo  arcebispo  D.  M(artinho)  a  2  dos  ídos  de  abril  da  era  de  1336. 

LX 
19  de  abril  de  1801 
Doaijão  TÍtalicia  do  nsufmto  do  quarto  de  um  casal  sito  em  Paredes, 
feita  por  Orracha  Mendes,  dona  de  Paredes,  a  sua  sobrinha  Maria  Fer- 
nandes. 

Escrita  em  Ribeiros  a  19  dias  andados  de  abril  da  era  de  1389  por 
Pedro  Lourenço,  tabellião  na  terra  de  Montelongo,  sendo  testemunhas, 
entre  outros,  João  Domingues,  reitor  de  S.Viciente  de  Paços,  Fernão 
Domingues,  reitor  de  Ribeiros,  Domingos  Annes,  juiz  de  Moreira  de 
Rei. 

LXI 
2B  de  agosto  de  1302 
Revisão  do  inventario  das  alfúas  e  mús  objectos  existentes  no  tlie- 
souro  da  igreja  de  Santa  Maria  de  Guimarães,  feita  em  23  de  agosto  dft 


byGoí>^^lc 


o  Abcheou)go  PoBTUonfis  135 

era  de  1340  ná  presença  do  chantre  Martim  Qarcia,  qne  representava 
o  prior  D.  Kuy  Pires,  e  do  tbesoareiro  Domingos  Âones,  recebendo-as 
este  da  mSo  de  Domingos  Hres,  capelIXo  e  cónego,  cuja  guarda  lhe  es- 
tava confiada,  SMido  testemanhas  Martim  Annes  e  Miguel  Pires,  tabeU 
liZes;  Hartím  MartÍDe,  abbade  de  Serzedello  e  cónego,  e  outros. 

à  revisão,  ou  conferencia,  foi  feita  á  Face  do  inventario  organizado 
a  2  de  julho  da  era  de  1324  (Ch.  1286)  em  presença  do  príoi'  D.  Pa^ 
Domingues  e  do  chantre  D.  Mendo  Soares. 

Ambos  estes  docainentos  foram  exarados  pelo  tabelliSo  Pedro  Sal- 
gado, o  de  1286  èm  latim  e  o  de  1302,  no  qual  o  piímeiro  está  incluído, 
em  português.  Copiamos  textualmente  a  dèeoripçáo  dos  objectos  feita 
por  estes  documentos. 

Inventario  de  1286: 

■Hoc  est  inuentarium  de  librís  cruoihus  calioibus  et  archia  úesti- 
mentis  et  de  omuibus  áliis  quaeíiiuenta  fnerunt  in  thesauro  vimara- 
neusis  ecclesise  prasente  domno  Pelagiò  domtnièi  priori  ejusdem.  In 
prímo.  Libri  neteres  maiores  et  minores  sunt  víginti  duo.  Item  Bríbiõ- 
teca  et  Passionarinm.  Omnes  isti  de  littera  antica.  Item  Bribioteca  nona 
aed  Don  correcta  quorum  cateras  snnt  tresentum  quiuqbaginta  septem 
'et  nott  sunt  Ugati.  Item  alia  Bribioteca  in  dnobus  noluminibus.  Item 
Lâber  cronicorum.  Item  duo  crónica  ín  duobus' noluminibus.  Item  doo 
officialiá  de  cantu  et  alia  dno  olGcúalia  mistíca.  Item  nnum  antiffona- 
rium  de  cantu.  Item  unum  lejcionanutú  dominicale  et  aliud  santale. 
Item  Liber  sacramentorum  et  duo  Libri  euangeliornm  ét  tria  Salte- 
ria.  Líber  ignomm  (?)  et  dno  libri  bautiziíudii  Líber  epistoIarum.Trez 
colleclanhos.  Item  Liber  exposicionnm  euangeliorUm.  Liber  Capiiuli. 
Làber  euangelíorum  cum  tábulis  argentús.  Item  trez  crhcei  srgentee 
quarum  una  est  deanrata  tenens  en  se  cmcem  paruam  de  Ligno  domini 
cum  magíia  petra  calcedonia  in  médio  et  cum  riiultis  lapidibns  pretiosis 
et  cum  camafeo  a  parte  superiori.  Et  alia  aemiliter  deaurata  cum  multis 
lapidibns  pretiosis.  Unam  in  parte  fracta.  Item  quaedam  crux  pama 
cum  casula  sua  et  cum  oseibus  sanctorum  Petri  et  Pauli  ibi  tizis.  Item 
alia  crux  stmíliter  deanrata  cum  multis  lápidibus  pretiosis.  Item  quae- . 
dam  crni  argêntea  deaíirata  cum  crucifixo  argênteo.  Item  due  cruces 
de  cristallo  quarum  uiia  habet  crucifixum  eboreuin.  Item  unum  calicem 
anreum  cum  sua  patena  et  com  multis  lapidibús  pretiosis.  Item  quínque 
cálices  argentei  dequibus  dno  sunt  dèaurati  et  unum  eet  sine  patena. 
Item  IIII*^  corone  cum  lapidibús  pretiosis  et  elinnm  (?).  Item  quinque 
lampade  ai^ntee  três  inaJores  et  due  minores.  Item  alia  lampade  ar- 
gêntea quae  est  coram  altari.  Item  quator  turibnli  de  quibus  sunt  duo 
dèaurati.  Itení  duo  castiçales  argenti.  Item  duo  cantarini  de  prata.  Item 


byCOO^^IC 


136  .  O  ÂKCBEOLOCIO  POBTDGUÊS 

tiDam  calicem  nounnt  non  sacratum.  Item  IIII'"'  castiçales  Ae  alimoges. 
Item  nna  arqneta  in  qna  snot  due  empole  ín  quibus  est  Lac  beate  oir- 
g^is.  Item  una  arca  de  alimoges  parua  cum  reliquiíe.  Item  uns  arca 
de  almafl  com  qoiDqne  zonis  et  cum  d^obns  pectoralíbus.  Item  una 
alcoffa  de  Corso  cum  daobas  stolis  cum  alioSar  et  cum  duobuB  colaríbas 
de  quibus  unam  est  cnm  petris.  Item  IIIP'  arquete  de  almafi  una  maior 
et  três  minores  et  una  arca  que  dicítur  scrínhom  (?)  fi-ançes.  Item  sep- 
tem  faceiróos  de  siríco.  Item  qnedam  Boceta  de  almafi  et  alia  paj-na 
argêntea.  Item  quedam  baoeta  parua  de  almafi  in  qua  est  quedam  sor- 
tellia  et  quidam  lápis  preIJosus.  Item  sex  crucee  de  alimoges.  Item  doas 
arcas  francesas.  Item  quedam  arca  ín  qua  sunt  VIU"  capas  et  nnnm 
pallium  et  1111"'  datmatice.  Item  onam  panum  de  facetróo  de  alfola. 
ItemV  frontalia  de  panno  sirioo.  Item  V  dalmatíce.  Item  tríginta  capa 
de  sirico  inter  nonas  et  mediooríter  ueteres.  Item  X  pallia  inter  notia 
et  uelia.  Item  quidam  paanus  de  sirico  cum  cintas  áureas.  Item  nnum 
frontale  de  prata.  Item  qnedam  arca  cum  dnabus  clansurís  que  una 
ctane  apperuitur  (?)  in  qua  sunt  quidam  lapides  et  reliquie  pauce  et 
quedam  ornunenta  spectantia  ad  cruces.  Item  IIII"  cus  de  Oíú&.  Item 
quedam  taça  de  metal.  Item  X  albe  et  uonm  pallium  de  linno  et  aliad 
de  lana.  Item  XIIII  amitos.  Item  V*  stole  et  manipotí  et  duo  pamii 
pro  ad  manipolos.  Item  IIIP'  zone.  Item  duas  façigees.  Item  XVII 
uela  inter  uetera  et  nona.  Item  unnm  façeírdo  pequeno  de  sirico.  Item 
duo  paria  de  mantees.  Item  três  obradeiras*. 

Inventario  de  1302: 

iltem.  Este  é  o  enuentario  das  outras  cousas  qne  ora  de  nouo  forom 
dadas  aa  Egreja  de  Santa  Maria  de  Guimaraens  que  seem  en  o  the- 
zouro.  Primeiramente  hnom  calez  grande  dourado  qae  hj  deu  Femam 
Paaez  e  pesa  dons  marcos  eVII  onças  e  meia.  Item  outro  calez  pequeno 
qne  hj  leyxou  Maria  de  Lago  e  pesa  noue  onças  menos  quarta.  Item 
huma  boceta  pequena  de  prata  que  by  mandou  dar  doa  Jnyfto.  Item 
ontrp  calez  dourado  que  hj  deu  o  abbade  deVilIa  Coua  que  pesa  dous 
marcos  e  II  onças  e  meia.  Item  uma  vestímenta  de  ezamete  uermelha 
V  com  sinaes  de  ouro  toda  uestimenta  comprida  e  duas  dalmaticas  e  huma 
capa  com  hunm  cano  de  prata  e  esto  deu  hy  dom  Paay  domingniz  que 
foy  priol  dessa  Egreja.  Item  deu  by  esse  priol  hunm  manto  de  sirgo 
e  outro  pauo  de  baldoquim  e  buma  stola  e  huum  manipolo.  Item  hnom 
pano  de  peso  que  deu  by  a  Rainba  que  tem  cruçifiços.  Item  bunm  ta^ 
bardo  de  pano  de  peso.  Item  buma  cortinba  de  pano  de  sirgo  que  by 
deu  a  Rainha  e  quatro  panos  de  linbo  pers  cortinba  começados  de  lauor. 
Item  huma  lâmpada  de  prata  que  see  aa  porta  do  tbezouro  que  by  pos 
dom  Romaon  e  pesa  sex  onças.  Item  huum  pano  de  sirgo  usado  qne 


byGoí>^^lc 


o  ÂBCHEOLOGO  POBTCODÊS  137 

h^  ddo  dom  JuySo.  Item  dea  hy  Domingos  Coyra  hnuina  copa  de  prata 
por  honui  lâmpada  qne  lenon  qne  hy  dera  e  pesa  I[  onças  e  oytaua. 
Item  haam  livro  official  qne  hy  don  o  chantre.  Item  liuro  qna  chamam 
pasaioiiario  qne  hy  leyxou  o  príol  dom  Faay  Dominguiz.  Item  huum 
Salteiro  qne  deu  Fere  Steaez  ocoonigo  e  huma  arqneta  pequena  de 
madeiro  com  religas.  ItemVIIP  panos  pêra  as  mag:estades.  Item  XIII 
«tolas  antre  nouas  e  nelhae.  Item  huum  pano  de  façeiróo.  Item  huom 
pano  laarado  de  syrgo  qne  semelha  pendom  e  é  nono.  Item  htinm  pano 
de  syrgo  qne  ficou  da  cortinha  da  Rainha.  Item  XIII  ueos  de  seda 
nODos.  Item  três  atados  de  prata  e  seem  ende  os  dous  aa  mag^stade 
e  hanin  é  dourado.  Item  humas  tenazes  dallotom  pêra  speuitar  as  can- 
deas.  Item  huum  atado  francês.  Item  hum  pano  de  syrgo  nerde  nono. 
Item  hnma  alua  e  huum  amito  de  lenço  com  ornamento  dourado.  Item 
huma  alua  e  huum  pano  com  algodom.  Item  duas  stolas  e  três  maoi- 
polos  de  syrgo  forrados  de  cendal.  Item  huma  çiota  de  syrgo.  Item 
três  ramos  de  pao.  Item  huum  spelho  grande  e  sete  meores  franceses. 
Item  outra  alua.' Item  sete  palas  e  sete  corporaes.  Item  cadernos  de 
Corpore  Chríati  e  Sancti  Dominící  e  Sancte  C&tarine  e  Sancte  Anna. 
Ttem  hnma  arca  pintada.  Item  IIII**'  neos  de  sed^  rotos  e  dois  panos 
pera  calizes.  Item  hnnm  destalho  e  trez  tapetes.  Item  huns  orgSos. 
It«m  hnna  mantees  e  huum  lençol  que  see  no  altar.  Item  huum  anel 
que  see  na  Magestade  e  huum  castiçal  grande  de  ferro.  Item  oa  torre 
dous  sinos  grandes  e  dons  meores  e  dons  mais  pequenos  e  huum  destes 
pequenos  é  hrítado.  Item  no  coro  duas  campaas.  Item  duas  portas  de 
ferro  que  foram  dante  Santa  Catalina.  Item  trez  certinhas  en  os  altares 
e  duas  bacinhas*. 

LXII 
11  de  jatho  de  1803 

ConfirmaçSo  e  instítuiçSo  canónica  de  JoSo  Gonçalves,  dito  Velho, 
reitor  da  igreja  de  S.  Tiago  de  Candaozo,  apresentado  pelo  cabido  de 
Ouimarles,  conferida  pelo  arcebispo  D.  Martinho,  sendo  o  coUando 
apresentado  pelo  sen  procurador  Martím  Garcia,  chantre  de  Quima- 
rSea. 

A  carta  foi  passada  apuã  cameram  noitram  Sancti  Petri  de  honore  (?) 
a  14  de  jnlbo  de  1303. 

LXIII 
18  de  Betembro  de  1801 

Carta  de  confirmação  e  instituição  canónica  de  JoSo  Domingues, 
reitor  da  igreja  de  Santa  Maria  de  Silvares,  vaga  pela  promoçSo  de 
Lourenço  Pires,  cónego  de  Gnimartes  e  reitor  d'ella,  A  igreja  de  Santa 


byGoí>^^lc 


138  O  ÃBCBEOLOQO  POBTU€ÍUÊS 

Hartha  de  Bouro,  conferida  pelti  arcebispo  D.  Uardnho  em  Cotiobrà 
a  18  de  setembro  de  1304. 

Este  documento  nSo  é  original,  mas  pnblioa-forma  passada,  pcw 
mandado  de  0.  Rodrigo  Peres,  deSo  de  Erora  e  ptior  de  Gnímarites, 
á  requerimento  do  dito  reitor,  pelo  tabelliSo  vimaranebie  Pedro  Sal- 
gado em  GnimarSes  a  6  de  março  da  bra  de  1348  (Cb.  1310). 

LXIV 

7  de  fevereiro  de  1806 
DosçSo  de  um  berdamento  sito  em  Coonbi,  fúta  por  Joio  Uartínç, 
do  Forcado,  freguesia  de  TelSes,  e  mulher  Teresa  Qomes,  a  GoDçalo 
Migueis,  clérigo  de  TelSes. 

Escrita  em  Amarante  a  7  dias  andados  de  fevereiro  da  era  de  1343 
por  Qoa(;alo  Gonçalves,  tabelIiSo  de  Amarante,  sendo  testemunhas^ 
entre  outros,  Domingos  Lourenço  e  Domingos  Martins,  juizes  de  Ama- 
rante. 

LXV 
12  de  abril  de  IB4« 
Carta  de  conãrmajSo  e  instituição  canónica  de  Lourenço  Paaez, 
reitor  de  S.  Martinho  de  Conde,  apresentado  pelo  cabido  de  GuimarSes, 
conferida  pelo  arcebispo  D.  Martinho. 

Dada  em  GuimarXes  a  12  de  abril  de  1305. 

{Conímúá). 

O  abbade  J.  G.  de;  Oli\'eiiia.  GuihábXes. 


Onomaetioo  medieval  português 

(ContlauitlD.Vid.  o  Ãnk.  Puri.,  i,  90 

Eisemeno,  n.  h.,  1085.  Doe.  most.  Pendorada.  DÍpl.  388. 

Eita,  n.  h.,  773  (?).  Dipl.  2.  — Id.  72  e  241.— Inq.  147. 

Eitaci,  app.  b.,  1073.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  313. 

Eitai,  app.  h.,  1013  (?).  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  134.— Id.  173.- 

Inq.  77. 
Eitazi,  app.  h.,  1077.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  334. 
Eitiz,  app.  m.,  1100.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  560. 
Eitor,  n.  h.,  sec.  xv.  S.  171.— Dipl.  2,  1.  13. 
Eiu,  n.  h.  {?),  1081.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  358. 
Eivonnm  e  Vóiím,  villa,  1220.  Inq.  128,  2.*  d. 


byCOO^^IC 


o  ABCHEOLOâO  PoBToacÊs  180 

Eixa,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  356. 

Eíxunem,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  287. 

Eixares  e  Xsres,  geogr.,  sec.  XT.  S.  156. 

Eixatí  e  Eúiati,  geogr.,  1220.  Inq.  103,  2.*  cl.— Id.  27. 

Eixatones,  rio,  1060  (?).  Doe.  most.  Moreira,  Dipl.  264. 

Eixea,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  3â8. 

Eiiflineo,  n.  h.,  1258-  Inq.  415,  2.*  cl. 

Eixeito,  geogr.  (?),  1258.  Inq.  382,  "2.'  cl. 

Eixo,  app.  b.,  sec.  xv.  S.  152. 

Eixadreiro,  geogr.,  1220.  laq.  39,  2.*  cl. 

Eú,  app.  h.,  1220.  Inq.  78,  2.*  cl. 

Eiia,  n.  h.,  1037.  L.  Preto.  Dipl.  181.— Id.  215  e  454. 

Eiion,  n.  h.,  984.  Doe.  most.  LorvKo.  Dipl.  88. 

Ekaredo,  n.  h.,  921.  Doe.  most.  VairSo.  Dipl.  15. 

Elaes  (S.  Salvatore  de),  geogr.,  1220.  Inq.  65,  2.'  cl. 

Elanci  e  Eleanci,  villa,  939.  L.  D.  Mnm.  Dipt.  46. 

Elanzi,  geogr.,  1014.  L.  D.  Mam.  Dipl.  138. 

Elarinn,  n.  h-,  950.  Doe.  most.  Moreira.  Dipt.  34. 

Elbora,  geogr.,  1166.  For.  de  Evor».  Leg.  392.— Id.  430.— Inq.  223. 

e  238. 
Elehe,  n.  h.  (?),  sec.  xn*.  Doe.  in  Mem.  das  rainhas  de  P-,  de  Figán., 

p.  246. 
Eldara  e  Eldura,  n.  m.,  1041.  L.  Preto.  Dipl.  193. 
Eldebredns,  n.  h-,  915.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  14. 
Eldega,  n.  h.,  106õ.  Doo.  most.  Pendorada.  Dipl.  278. 
£ldég«B.  Vide  Eddeges. 

Eldegundia,  q.  m-,  960.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  49. 
Eldeiizi,  app.  h.,  1002.  Doo.  most.  Moreira.  Dipt.  115. 
Eldemini,  n.  h.,  983.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  84.  — Id.  198. 
Eldequina  e  Eldequine,  n.  h.  (?),  946.  Doe.  most.  Morúra.  IHpl.  33. 
Eldericas,  n.  h.,  1054.  Dipl.  239. 
Elderigo,  a.  h.,  995.  L.  Preto.  Dipl.  107.— Id.  888. 
Elderii  (uilar  de),  geogr.,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  8,  I.  4. — 

Id.  126. 
Eldesinda  e  ndexinda,  n.  m.,  1009.  L.  Preto.  Dipl.  128. 
Eldigio,  Q.  h.  (?),  1050.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  230. 
Eldlris,  vilU,  1096.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  501. 
Eldinerto,  n.  h.,  1009.  L.  D.  Mum.  Dipl.  129. 
Eldo^a,  n.  m.,  1095.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  488. 
EldoigÍDs,  n.  h.,  924.  L.  D.  Mum.  Dipl.  19. 
Eldoimiro,  n.  b.,  985.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  90. 


byGoot^lc 


o  Abcbeoloqo  Pobtoqdês 


Eldolca,  u.  m.,  1098.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  520. 

Eldouca,  n.  m.,  1078.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  335, 

Eldauça,  n,  m.,  1079.  Doe.  ap.  sec.  xu.Dipl.  344. 

Eldoiiia,  n.  m.,  1009.  L.  Preto.  Dipl.  129.— Id.  132. 

Eldora,  n.  m.,  1002.  L.  Preto.  Dipl.  116,  n."  190— Id.  190. 

Eldosiudo,  n.  h.,  lÓõS.  L.  D.  Mum.  Dipl.  260. 

Eldoza,  n.  m.,  1009.  L.  Preto.  Kpl.  128. 

Eldretii,  app.  h.,  982.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  84. 

Eldreaedo,  n.  h.,  1073.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  313. 

Elduar,  villa,  1041.  L.  Preto.  Dipl.  193,  n."  316. 

Elduara,  a.  m.,  933.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  24.— Id.  27. 

Eldaario,  d.  h.,  1100.  L.  D.  Mom.  Dipl.  Õ63,  1.  3. 

Eldura.  Vide  Eldara. 

Eleanci.  Vide  Elanei. 

Elelias,  n.  h.,  10Õ8.  L.  D.  Mnm.  Dipl.  253. 

Elenida,  n,  m.  (?),  1047.  L.  Preto.  Dipl.  217. 

Eleua,  n.  m.,  952.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl,  37. 

Eleuua,  n.  m.,  933.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  24. 

Elgariz,  app.  h.,  lOõs.  L.  D.  Uum.  Dipl.  279. 

Elgiam,  geogr.,  1220.  For.  Touro.  Leg.  589. 

Elho,  n.  m.,  aee.  xv.  S.  257. 

Elias,  n.  h.,  955.  Dipl.  40.~Id.  5. 

Eliclus,  n.  h.,  992.  Doe.  most.  Lorvio.  Dipl.  102.— Id.  110. 

Eligioo,  geogr.,  1220.  Inq.  234,  1.'  cl. 

Elisanet,  d.  m.,  972.  Doe.  most.  S.  Vicente.  Dipl.  66  e  67. 

Ellscaría  (Esgueira?),  villa,  1050.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  231. 

Elisoii,  n.  h.  (?),  867-912.  L.  Preto.  Dipl.  3. 

Elldoi-a,  n.  m.,  1018.  L.  Preto.  Dipl.  148,  n."  239. 

Elleogauda,  n.  m-,  sec.  XV.  S.  353. 

EUeuna,  n.  m.,  1087.  Dipl.  407. 

Elmoris,  app.  b-,  1033.  Doe.  ap.  sec.  xvili.  IMpl.  171. 

Elo,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  2Õ7. 

Eloito,  n.  h.,  1038.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  182,  I.  11. 

EloriUz,  app.  h.,  981.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  82. 

Elozjtiii,  app.  b.,  1002.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  115. 

EIrigu,  n.  h.,  924.  L.  Preto.  Dipl.  19. 

Elsinda,  D.  m.,  1044.  L.  D.  Mum.  Dipl.  203. 

Eluas  e  Eluis,  villa,  1229.  For.  Elvae.  Leg.  619  e  620,  I.  33. 

Elnerlo,  n.  h.,  1009.  L.  D.  Mum.  Dipl.  129. 

Eittira,  D.  m.,  1077.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  332.— Id.  212. 

EiTiche,  n.  h.  (?),  sec.  XV.  S.  150. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheolooo  Pobtuqdês  14 

Elvira,  n.  m.,  1033.  Doe.  ap.  sec.  xvm.  Dipl.  170.— Inq.  688. 

Enunianniz,  app.  h.,  1076.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  528. 

llmdería,  n.  m.,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  261. 

Ktn«reBtiaDe,  n.  m.,  959.  L.  D.  Mum.  Dipl.  45. 

Enierim,  app.  h.,  1258.  Inq.  340,  2.*  cl. 

Emiaz,  app.  h.,  1220.  Inq.  98,  1.'  cl.— Id.  419. 

Emigildos,  geogr.,  12Õ6.  Inq.  326,  1.'  ci. 

Emila,  n.  h.,  946.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  33,  o."  57.— Id.  76. 

Emilan,  n.  h.,  1018.  L.  Preto.  Dipl.  148,  d."  239. 

lUmlanes,  viUa,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  262,  1.  1. 

KmUaz,  app.  h.,  985.  Dipl.  92.— Id.  114. 

Eànilazi  e  Omilaci,  app.  h.,  1045.  L.  Preto.  Dipl.  211. ~Id.  379. 

Emílo,  D.  m.,  974.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  70. 

Emiso,  Q.  m.,  985.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  90.— Id.  112. 

Enunalizi,  app.  fa.,  1037.  L.  Preto.  Dipl.  181. 

Emofaes  e  Ermofaes  (S.  Felice  de),  geogr.,  1220.  Inq.  66,  1.*  cl. 

Emaeuandns  e  Enuenando,  n.  h.,  1041.  Dipl.  191. 

Emulaz,  n.  h.,  980.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  79. 

EmuDdÍDO,  n.  h.  (?),  867-912.  L.  Preto.  Dipl.  3. 

Eoalsi,  app.  t.,  1115.  Concilio  Ovet.  Leg,  140,  2.'  cl. 

Eucoirados  (S.  Jacobo  de),  geogr.,  122U.  Inq.  16. — Id.  88. 

EncmzUada,  geogr.,  1258.  Inq.  698,  2.*  et. 

Enderkina,  n.  m.,  976.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  74. 

Enderqoiaa,  a.  m.,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  7. — Id.  74. 

Eneco,  n.  h.,  946.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  33. 

Enego,  n.  h.,  924.  Doe.  ap.  sec.  xiu.  Dipl.  18.  — S.  175- 

Enegon,  app.  b.,  964.  Doe.  most.  S.Vicente.  Dipl.  54. 

Etiega  e  Ennega,  n.  h.,  983.  Dipl.  87. 

Enegnis,  app.  h.,  983.  Dipl.  87. 

Eneguis  e  Enigniz,  app.  h.,  1018.  L.  Preto.  Dipl.  146.— Id.  604. 

Eneque,  n.  h.,  1045.  L.  Preto.  Dipl.  209,  n."  341. 

Enes,  n.  m.,  seo.  xv.  S.  224, 

Enfesta,  geogr-,  1258.  Inq.  357,  1.'  cl. 

Enfestas,  geogr.,  1258.  Inq.  312,  1.*  cl. 

Enfeste,  geogr.,  1258.  Inq.  576,  2.»  cl. 

Enfestela,  geogr.,  1258.  Inq.  529,  2.*  cl.— Id.  384,  2.'  cl. 

Enfestelas,  geogr.,  1258.  Inq.  413,  1.*  cl. 

Enfias  (S.  Maria  de),  geogr.,  1220.  Inq.  75,  2.'  cl.— Id.  169. 

Engazo,  app.  b.,  12Õ8.  Inq.  672,  2.*  el. 

Engo,  n.  li.,  1037.  L.  Preto.  Dipl.  181. 

Enheguei,  n.  h.,  see.  xv.  S.  259. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


142  O  ÂBCHEOLOGO  FOBTDODÍS 

Enigoiz.  Vide  Enegaiz. 

Enneconi,  app.  b.,  968.  L.  D.  Mnm.  Dipl.  61. 

Ennegot,  app.  h.,  957.  L.  D.  Mum.  Dipl.  41.— Id.  138. 

Ennegoz,  app.  b.,  983.  L.  D.  Mum.  Dipl.  87.— Id.  185. 

Ennegniz,  app.  h.,  1039.  L.  Preto.  Dipl.  187. 

Eanegns,  n.  h.,  957.  L.  D.  Mnm.  Kpl.  41.— Id.  58. 

Ennekiz  e  Eneguiz,  app.  h.,  1111.  For.  de  Sonre.  Dipl.  358. 

Enneqaiz,  app.  h.,  1070.  Doo.  most.  Fendorada.  Dipl.  304. 

Eunhegues,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  259. 

Enniqoiz,  app.  h.,  976.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  74 

Eiiperíz,  app.  h.  (?),  1258.  Inq.  344,  1.'  d. 

Enproa,  geogr.,  1258.  Inq.  321,  1.'  cl. 

Enppoas,  geogr.,  1258.  Inq.  369,  2.*  cl. 

Enquiam,  geogr.,  1258.  Inq.  306,  2.»  cl, 

Enradas  (Anta  da),  geogr.,  1258.  Inq.  414,  2.*  cl. 

Enrichns,  conde,  1098.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  528. 

Enriqniz,  app.  h.,  sec.  xi.  Leg.  351. 

Enseqneíros,  geogr.,  1258.  Inq.  331,  2.*  cl. 

Ensoa,  geogr.,  1258.  Inq.  331,  2.'  cl. 

Ensoela,  geogr.,  1258.  Inq.  331,  2.»  cl. 

EnSQcIa,  geogr.,  1258.  Inq.  404,  1.'  cl. 

Entença,  castello,  sec.  xv.  S.  193. 

Entrada  de  Cauto,  geogr.,  1220.  Inq.  133,  1."  cl. 

Enaenamdici,  app.  h.,  1080.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  348. 

Enneuando.  Vídè  Emaeuandus. 

Envoadi,  geogr.  (?),  1258.  Inq.  434,  1.»  cl. 

Enxabregas,  geogr.,  1494.  Inéd.  de  hist.  port.,  t.  3.",  p.  578. 

Enxemena  e  Exemena,  n.  m.,  1063.  Dipl.  273. 

Enxobregas  (Xabregas),  geogr.,  sec.  xv.  F.  López,  Chr.  D.  J.  1.* 

p.  1.»,  C.  139  e  148. 
Eo,  n.  h.  (?),  922.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  17. 
Eocrizi,  app.  h.,  1079.  L.  D.  Mum.  Dipl.  344. 
Eodemlr,  villa,  1021.  L.  Preto.  Dipl.  154. 
Eogeiíia,  n.  m.,  1059.  Dipl.  257  e  345. 
EolaUa,  n.  m.,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipi.  7.  — Id.  33. 
Eomedota,  n.  m.,  soo.  xv.  S.  190. 
Eomeldola,  n.  m.,  see.  xv.  S.  277. 
Eoralgii,  geogr.,  950.  Doe.  ap.  sec.  Xlii.  Dipl.  35. 
Eraldez,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  201. 
Erbosa  e  Ervosa,  geogr.,  1097.  Dipl.  513. 
Eri>ozaDo,  u.  b.,  907.  Doe.  most.  Morara.  Dipl.  10. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AacHEOLoao  PoktdouAs  143 

Eredo,  n.  h.,  956.  L.  D.  Mam.  Dipl.  40.— Id.  49. 

Ereú,  *pp.  h.,  1220.  Inq.  89,  2."  cl. 

EreoDÍs,  spp.  b-,  1098.  Doe.  most.  Moreir».  Dipl.  522. 

Eres,  app.  m-,  sec,  xv.  S.  168. 

Ei-esulãz,  &pp.  h.,  984.  Doe.  moet.  Moreira.  Dipl.  88. 

Ergemiro,  n.  h.,  1038.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  182. 

Ergesenda,  n.  m.,  1100.  L.  D.  Hum.  IMpl.  564. 

Ei-gonza,  n.  m.  (?),  10Õ7.  L.  Preto.  Dipl.  245. 

Ena,  app.  m.  (?),  1068.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  288. 

Erias.  B.  h.,  1063  (?).  Doe.  ap.  antb.  seo.  XIV.  Dipl.  274. 

Eriblo,  villa,  1085.  Dipl.  385,  u."  643. 

Eribo,  castro,  1258.  Inq.  591,  1/  ol. 

Erigio,  n.  b.  (?),  1067.  Doe.  most.  Pendorad».  Kpl.  287. 

Erigiquici,  app.  b.,  1059.  Doe.  moet.  Moreira.  Dipl.  255. 

Eriga,  n.  h.,  1026.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  161. 

Erigoizi,  app.  b.,  1032.  L.  Preto.  Dipl.  167. 

Eriuias,  n.  h.,  1033.  Doe.  ap.  sec.  xvm.  IHpl.  171. 

Erinins,  n.  b.,  1081.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  358. 

Eris  e  Orís,  app.  b.,  1220.  Inq.  181,  2.*  cl. 

Erit,  app.  h-,  1043.  L.  D.  Mom.  Dipl.  199. 

Eriz,  app.  k,  1018.  Doe.  sec.  ini.  Dipl.  147.— Inq.  13. 

Erizi,  app.  h.,  1068.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  291,  n."  465. 

Ermamar,  geogr.,  1182.  For.  deValdigem.  Leg.  428.— S.  377. 

Enneal,  geogr.,  1258.  Inq.  32Õ,  1.*  cl. 

Ermeconza,  n.  m.,  1047.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  218. 

Ermecnndia,  n.  m.,  982  (?).  L.  D.  Mom.  Dipl.  82. 

Ermelrety,  geogr.,  924,  Doe.  ap.  sec.  xiii.  Dipl.  18, 

Ermegildez,  app.  b.,  1162.  For.  de  Covas,  Leg.  388. 

Ermegíldiz,  app.  b.,  1051.  Doe.  most.  LorrSo.  Dipl.  232. 

Enuegildos,  geogr.,  1258.  Inq.  326,  1,*  cl. 

Ermegildus,  bispo,  883.  L.  Preto.  Dipl.  7.— Id.  20  e  53. 

Ermegodo,  n.  m.,  1023.  L.  Preto.  Dipl.  156.— Id.  222. 

Emiegonza,  n.  m.,  1047.  Dipl.  220.— Id.  407.— Inq.  347. 

Ermegoto,  n.  m.,  1036,  L.  D.  Mnm.  Dipl.  178. 

Ermegniz,  app.  b-,  1082.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  366. 

Ennegandia,  n.  m.,  1067.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  287.  — Id.  327. 

Ermegnnza,  n.  m.,  1220.  Inq.  130,  2.*  el. 

Ermeiro,  n.  b.,  985.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  92.— Id.  152. 

Ermello,  geogr.,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  262,  1.  5. 

Ermelo  ou  Hermelo,  geogr.,  1220.  Inq.  130,  1.»  cl.— Id.  413. 

Ermemirn,  n.  b.,  929,  Doe.  most.  S.Vioente.  Dipl.  22.— Id.  101.      ■- 


byCoO^^lc 


144  O  ÃKCHEOLOQO  POBTUADÍa 

Ermenegíldl,  n.  h.,  1088.  Doe.  ap.  sec.  xvin.  DipE.  426. 

ErmeDgro,  n.  m.,  1014.  L.  Pretor  Dipl.  139; 

Ermeato,  d.  m.,  10&6.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  242. 

Ermentro,  n.  m.  (?},  989.  Dipl.  98.— Id.  166. 

Ermerigo,  n.  b.,  1053.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  236. 

Ermeriz,  geogr.,  1258.  Inq.  438,  2.'  cl. 

Ei-merot«,  n.  h.,  943.  Doo.  most.  Arouca.  Dipl.  31. 

Ermesenda,  n.  m.,  1018.  L.  Preto.  Dipl.  148.— Id.  214. 

Emiesinda,  d.  m.,  897.  Doe.  moat.  Pedroso.  Dipl.  7. — Id.  19. 

Ermiario,  n.  h.,  949.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  33.— Id.  103. 

Ermiariz,  app.  b.,  952.  L.  D.  Mam.  Dipl.  38.— Id.  99. 

Enuiami,  app.  b.,  993.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  103. 

Ermides,  app.  h.,  sec.  XV.  S.  182. 

Ennieiro,  n.  h.,  1064.  Dipl.  275.— Id.  294. 

Ermisic,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  184. — Id.  279. 

Ermigíci,  app.  b.,  1079.  Doe.  most.  1'endorada.  Dipl.  345. — Id.  &&1. 

Emigida,  geogr.,  1258.  Inq.  732,  2."  cl. 

Ermigii,  d.  m.,  1258.  Inq.  637,  2."  cl. 

Ermigildi,  geogr.,  1258.  Inq.  434,  2."  ol. 

Ermigildiz,  app.  h.,  1220.  Inq.  86,  2.'*  cL— Id.  135. 

Ermigildo,  n.  b.,  1092-1098.  L.  Preto.  Dipl.  632,  a."  897. 

Ermigilli,  app.  b.,  973.  L.  Preto.  Dipl.  69. 

Erniigio,  n.  h.,  883.  Doe.  ap.  sec.  XI.  Dipl.  6.— Id.  72. 

Ermiglt,  app.  h.,  1258.  Inq.  428,  1.*  cl. 

Ermigius,  a.  b.,  1220.  Inq.  39,  2."  cl.— Id.  637. 

Eraiigiz,  app.  b.,  10Õ8.  Doe.  most   da  Graça.  Dipl.  252.— Id.  341.— 

Inq.  192. 
Ermigoii,  app.  b.,  1220.  Inq.  192,  2.*  cl. 
Ermilalva,  n.  m.  {?),  122U.  Inq.  86,  1.»  el. 
Erruilaz,  app.  m.,  1067.  Doe.  most.  Ãvè-María.  Dipl.  284. 
Emildizi,  app.  m.,  1036.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  178; 
Ermili,  n.  b.,  973.  Doe.  ap.  sec.  xvui.  Dipl.  70. 
Ermilli,  villa,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  8,  I.  8.— Id.  98. 
Ermio  e  Ermeo,  serra,  1186.  For.  de  CovilhS.  Leg.  459,  1.  5. 
Ermionda,  d.  m-,  1065.  Doe.  most.  Peodorada.  IMpl.  282. 
Ermiseiida,  n.  m.,  1046.  L.  Preto.  Dipl.  214. 
Enuisiuda  e  llermesinda,  n.  ni.,  983.  Dipl.  87. 
Ermiz,  app.  m.,  1098  (?).  Dipl.  534. 
Ermofaes.  Vide  Emofaes. 

Ermolães  (S.  Feliee  de),  geogr.,  1220.  Inq.  254,  1.'  ol. 
Emiogenea,  geogr.,  922.  L.  Preto.  Dipl.  17,  l.  7. 


byGoot^lc 


o  Archeologo  FOBTOatlâB 


Ernkogiiu^  B.  h.,  1041.  Doe.  most.  Moreira.  IMpl.  193. 
Rrmolfo,  d.  h.,  1045.  I>oo.  most.  Fendorada.  Dipl.  212. 
Enuorici,  vilía,  1077.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  334. 
ErmoricDs,  n.  h.,  1061.  Doo.  ap.  soe.  XIV.  IMpl.  269. 
Ennoriyo,  n.  h.,  1074.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  31õ. 
Emàoriga,  n.  h.,  973.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  67. 
Erraorígus  (Casal  doe),  geogr.,  1258.  Ih^.  360,  1."  cl, 
Ei-nioríquiz,  app.  h.,  1001.  L.  Preto.  Dipl.  114. 
Eraioriz,  villa,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  8,  1.  22. — Id.  108. 
Erniorizi,  villa,  1013  (?).  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  134. 
Erniosinda,  n.  m.,  982  (?).  L.  D.  Mum.  Dipl.  82.— Id.  20. 
Erniyes,  n.  h.  (.?),  1080.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  347. 
Eriíezer,  n.  h.,  985.  Doe.  most.  da  Graga.  Dipl.  92. 
Ero,  n.  h.,  922.  L.  Preto.  Dipl.  16.— Id.  33.— Inq.  157. 
Eroino,  n.  h.,  1081. Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  358. 
Eroiii,  app.  m.,  960.  L.  D.  Mum.  Dipl.  50.— Id.  121. 
Eronius,  n.  h.,  954.  Doe.  most.  Lorvão.  Dípl.  40. 
Eronizi,  app.  h.,  1091.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  453. 
Erosa,  geogr.,  1220.  Inq.  78,  2."  cl.— S.  381. 
Erotei,  app.  h.,  1053.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  234. 
Rrotiz,  app.  h.,  919.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  14.— Id.  82. 
Efotiii,  app.  h.,  1025.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  158. 
Eroylgi,  app.  t.,  959.  L.  D.  Mum.  Dipl.  48. 

Ei-oz,  app.  fa.,  1049.  L.  D.  Mum.  Dipl.  227. 

Ersenda,  n.  m.,  1059.  L.  D.  Mum.  IHpl.  258. 

Ersurio,  n.  h.,  1034.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  174,  n.^'  285. 

Eruedal,  geogr.,  1249.  For.  de  Ervedal.  Leg.  633. 

Eruedosa,  lagoa,  1142.  For.  de  Leiria.  Leg.  377. 

Eruigiii,  app.  h.,  965.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  57. — Id.  378. 

Eruilhado,  ^p.  h.,  sec.  zv.  S.  154. 

Erailhida,  n.  m.,  sec.  sv.  S.  336. 

Erailhido,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  336. 

Ernilhoa,  app.  m.,  sec.  XV.  8.  145, 

Eruilhom,  app.  h.,  sec.  XV.  S.  205. 

Erniliaca,  geogr.,  1099.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  536,  1.  3. 

Enuntani,  geogr.,  968.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  62,  1.  17. 

Epus,  n.  h.,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  7.- Inq.  82. 

Ervas-teuras,  geogr.,  sec.  XV.  S.  173. 

Ervedarii,  geogr.,  1258.  Inq.  651,  1.*  cl. 

Ervedeiros,  geogr.,  1258."  Inq.  415,  2.'  el. 

ErviUeosa,  geogr-,  1258.  Inq.  721,  2.»  cl. 


byCoOglc 


146  O  Abcheolooo  Pobtugdês 

ErrUoiii,  app.  fa.,  1258.  Inq.  645,  1.'  cl. 

Ervosa.Vidè  Erbosa. 

Eryzeira,  villa,  1229.  For.  da  Ericeira.  Leg.  620. 

Erzilom  e  BersUom,  spp.  h.,  sec.  ^v.  S.  182. 

Esatones,  villa,  1068.  Doe.  most.  Moreira.  Kpl.  291,  n.*  465. 

Escacha,  app.  h.,  sec.  XT.  S.  lõO.— Id.  166. 

Escacho,  app.  h.,  1258.  loq.  329,  2.*  cl. 

Escaeiro,  geogr.,  1258.  Inq.  344.  2.'  cl.— Id.  436. 

Escalavrado,  app.  h.,  sec.  XV.  S.  173. 

Escaldado,  app.  h.,  1258.  Inq.  349,  1."  cl.— Id.  404— S.  333. 

Escallanrado,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  266.— Id.  362. 

Escampado  de  Valcova,  geogr.,  1258.  Inq.  626,  2.*  cl. 

Escanario,  geogr.,  1258.  Inq.  722,  2.^  cl. 

Eseapaes,  geogr.,  1258.  Inq.  578,  2.*  cl. 

Escaraneliaaes,  geogr.,  1099.  L.  Preto.  IKpl.  545,  1.  10. 

Escoiroso,  geogr.,  1258.  Inq.  413, 1.*  cl. 

Escolla,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  338. 

Escoregadoira,  geogr.,  1258.  Inq.  593,  2.»cl.— Id.  331. 

Eseorigatoríam  (Petram),  geogr.,  1258.  Inq.  504,  1.'  cl. 

Escasa,  geogr.,  1258.  Inq.  474,  1.*  ol. 

Esdnifo,  D.  h.,  773  (?).  L.  Preto.  Dipl.  1. 

Esemeo,  n.  h.,  1079.  L.  Preto.  Kpl.  343. 

Esgali,  app.  h.,  1258.  Inq.  465, 1.'  cl. 

Esgaramluha,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  321. 

Esgarananha,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  152. 

Esgaranhnnha,  app.  h-,  sec.  xv  S.  192. 

Eskapa,  n.  h.,  938.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  28. 

Esmenal,  geogr.,  sec.  xv.  S.  160. 

Esmeriz  (S.  Petro  de),  geogr.,  1220.  Inq.  64,  2.*  cl.— H.  155. 

Esniiildiz,  app.  h.,  1220.  Inq.  17,  2.'  cl. 

Esmorigaes,  geogr.,  1258.  Inq.  439,  2.'  cl. 

Esmorigo,  n.  h.,  1021.  L.  Preto.  Dipl.  154. 

Esmorii,  geogr.,  1033.  Doe.  ap.  sec.  xviu.  Dipl.  171. 

Espada,  geogr.,  sec.  xv.  S.  374. 

Espadaoal,  geogr.,  1258.  Inq.  343,  2.'  cl.— Id.  395. 

Espadarona,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  164. 

Espalo,  n.  h.  (?),  1068.  Doe.  most.  Avè-Maria.  IHpl.  293. 

Espanarigo,  n.  li.,  1094.  Doe.  Arch.  Publico.  Dipl.  477. 

Espannia,  geogr.,  1091.  L.  Prelo.  Dipl.  449. 

Espansando,  n.  h.,  1032.  Doe,  most.  Moreira.  IMpl.  168. — Id.  3 

Esparada,  geogr.,  125S.  laq.  413,  1.*  cl. 


byGoot^lc 


o  AitcBEOLOGO  PoBTnaDÈs  147 

EspariUi  e  SparíUi,  a.  m.  (?),  1080.  L.  B.  Feir.  Dipl.  351.— Id.  562; 

Espartida  (Casal  da),  geogr.,  1258.  Inq.  409,  l.''cl. 

E^spasandiz,  app.  h.,  959.  L.  D.  Mum.  Dipl.  47.— Inq.  426. 

EspasJudo,  n.  h.,  991.  Doe.  most.  da  QraçA.  IHi^.  100. 

Espasandos,  n.  h.,  993.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  103. 

Espaxo  (campum  de),  1268.  Inq.  690,  2.*  cl. 

Espelio,  app.  h.,  1258.  Inq.  376,  1."  cl. 

Espesade,  app.  h.,  sac.  zv.  8.  367. 

Espineira.  Vide  Geesteira  de. 

Espinhei,  app.  h..  sec.  xv.  S.  14Õ. 

Espinn,  vilta,  1055.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  342. 

Esplendida,  geogr.  (?),  1010.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  130. 

Espoesendif  geogr.,  1258.  Inq.  312,  1.'  ol. 

Esporom,  rio,  1258.  Inq.  356,  2.»  cl.~Id.  411. 

Esposade,  geogr.,  sec.  XV.  S.  381. 

Esposadi,  Tilla,  1002.  L.  Pieto.  Dipl.  115.— loq.  462. 

Espolmiriz,  app.  m.,  1220.  Inq.  144,  1.*  cl. 

Esqaeeiro,  geogr.,  1220.  Inq.  11,  2.*  cl.  . 

Estaciuho,  n.  h.,  sec.  xv.  F.  López,  Chr.  D.  J.  1.',  p.  2.*,  C.  90. 

Estariam,  geogr.,  1^8.  Inq.  568,  1.*  ol. 

Este  (S.  Petro  de),  geogr.,  1220.  Inq.  257,  t.'  cl.— Id.  69  e  246. 

Esteba,  geogr.,  1258.  Inq.  317,  2.*  cl. 

Esteiro,  geogr.,  1258.  Inq.  331.  1.*  cl. 

Estellis,  app.  h.,  1036.  L.  Preto.  Dipt.  178. 

Ester  (S.  Johanne  de),  geogr.,  1258.  Inq.  314,  2."  ol. 

Esteualnha,  n.  m.,  sec.  XV.  S.  151. 

Esteue,  n.  h.,  sec.  XV.  S.  337. 

Esteueez,  app.  h.,  sec.  XV.  S.  296  e  374. 

Estenez  e  Steuaiz,  app.  h.,  1272.  For.  da  Azambnja.  Leg.  727. 

Estivada,  geogr.,  1258.  Inq.  348,  1.»  cl. 

Estoruio,  app.  h.,  1258.  Inq.  398,  1."  cl.— Id.  401. 

Estosadoria,  geogr.,  1258.  Inq.  729,  1.'  cl. 

Estrada,  geogr.,  sec.  xv.  S.  367. 

Estramtmz,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  346. 

Estrangolido,  geogr.,  1258.  Inq.  338,  1.*  ol. 

Estraugntiosa,  geogr.,  1258.  Inq.  294,  1.*  cl. 

Estranhores,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  360. 

Estrauio,  app.  h.,  1258.  Inq.  349,  1.'  cl. 

Estreito.  Yidè  Cortina  do  Estreito. 

Estrema,  app.  h.,  1258.  Inq.  519,  2.*  cl.— Id.  522. 

Estremadoiro,  geogr.,  1258.  Inq.  411,  2.'  ol.— Id.  426. 


byGoot^lc 


148  O  Archeolooo  Fobtoooês 

Estreuia,  app.  h.,  1286.  For.  de  Mós.  Leg.  391. 

Estroveo,  geogr.,  1258.  Inq.  362,  1/  cl. 

Esturas  (AstaríasT),  geogr.,-  sec.  xv.  S.  367. 

Etldnara  e  Etlldaara,  n.  m.,   1058.  Doe.  aiost.  Moreira.  Dípl.  253 

e  2Ó4. 
Etliana,  n.  h.,  1008.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  122. 
EUias,  n.  h.,  1070.  Doe.  moat.  Moreira.  Dipl.  303. 
Etragili,  app.  h.,  1044.  Doe.  most.  Moroira.  Dipl.  202. 
Etualo,  n.  m.,  989.  Dipl.  98. 
Eua,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  254. 

Eodo,  n.  h.  (?),  1024  (?).  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  158.  — Id.  270. 
Eaelso,  n.  h.,  998.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  110. 
Eaeuando,  n.  h.,  908.  Doo.  most.  Moreira.  Dipl.  11. — Id.  SI. 
Enenendo,  n.  h.,  1004.  L.' Preto.  Dipl.  118. 
Euenauto,  n.  h.,  1038.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  185. 
Eufemie,  n.  m.,  1057.  L.  D.  Miim  Dipl.  245. 
Eafemiua  (Sancta),  geogr.,  1258.  Inq.  601,  2.*  cl.   - 
Eugenia,  b.  m.,  1024  (?).  Doe.  most.  Pendorada.  Dípl.  158. 
Eulália  (Saoota),  villa,  906.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  8. 
Eulalins,  n.  h.,  1115.  Concilio  Ovet.  Leg.  141,  1."  el. 
Euoriguiz,  app.  h.,  1092-1098.  L.  Preto.  Dipl.  632. 
Eaoriqniei,  app.  h.,  1088.  Tombo  D.  Maior  Martínz.  Dipl.  425. 
Euoríqniz,  app.  b.,  1091.  Doo.  most.  Arouca.  Dip].  445. 
Enoriqoiíi,  app.  h.,  1086.  Tombo  D.  Maior  Marttnz.  Dipl.  394. 
Eaorino,  n.  b.,  sec.  XI.  L.  D.  Mum.  Dipl.  564. 
Eaosiudo,  n.  h.,  955.  Doo.  most.  Moreira.  Dipl.  40. 
Earacini,  villa,  953.  Doe.  most.  Vimar.  Dipl.  39,  I.  4. 
Enrignii  e  Eiriguiz,  app.  b.,  1220.  Inq.  158. 
Eurobas,  villa,  773  (?).  L.  Preto.  Dipl.  1. 
Eusébio,  n.  h.,  995.  L.  Preto.  Dipl.  107. 
Eusebiz,  app.  h.,  1097.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  508. 
Entres,  geogr.  (?),  1258.  Inq.  698,  2.'  cl. 
Enva,  n.  m.,  1258.  Inq.  431,  2.»  el. 
Evauta,  geogr-,  1258.  Inq.  513,  1.»  cl. 
Exacaffe,  app.  h.,  1258.  Inq.  681,  2;»  cl. 
Exalaba,  app.  b.,  Era  1102.  L.  Preto.  Dipl.  277. 
Examea,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  153. 

Exames,  geogr.,  1090.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  .437. 
Exaram,  app.  b.,  1258.  Inq.  620.  1."  cl. 
Exati  e  Eixati,  geogr.,  1220.  Inq.  Ilt5,  1.»  cl.  — Id.  310. 
Exati  fi-io,  (S.  Jacobo  de),  geogr.,  1258.  laq.  319,  2.»  cl. 


byGoí>^^lc 


o  Abcbeouwo  Portdguês  149 

Exatones,  rio,  territ.  portuc^.,  1081.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  358, 

n.*  597. 
Exatomes,  geogr.,  1031.  Doe.  moat.  Moreira.  Dipl.  16Õ. 
Exemea,  n.  m.,  1080.  Doe.  moBt.  Graça.  Dipl.  350. 
Exnneendú,  app.  h.,  1258.  Inq.  360,  2.*  cl. 
Exemeiz  e  Exentiniz,  app.  h.,  1220.  Inq.  lÕO,  1."  cl. 
Exeinena,  raiolia,  883.  L.  Preto.  Dípl.  7.— Id.  174. 
Exenieuio,  n.  h-,  1095.  L.  D.  Mum.  Dipl.  474. 
Exemenit,  app.  h.,  I(fó0.  L.  D.  Mum.  Dipt.  229. 
Exemeniz,  app.  h-,  1050.  L.  D.  Mum.  Dipl.  229.— Id.  474. 
Exememi  e  Oxomensi,  d.  h.  (?),  1220.  Inq.  60,  2.*  cl. 
Exemeous,  n.  h.,  907.  Doo.  most.  Lorvão.  Dipl.  10.— Id.  21. 
Exemeo,  app.  h-,  1258.  Inq.  416,  1.*  cl. 
Exemiua,  a.  m.,  1040.  L.  Preto.  Dipl.  188. 
Exemoso  e  Eximoso,  app.  h-,  1258.  Inq.  416,  1.*  et. 
Exetinia,  app.  h.,  1258.  Inq.  351,  1.*  cl. 
Exertados,  geogr.,  1258.  Inq.  347,  1.»  d.— Id.  430. 
Exime,  n.  m.,  1009.  L.  Preto.  Dipl.  129. 
Eximenizi,  app.  h.,  988.  Doe.  most.  Moreira.  Dipt.  97. 

Eximiui,  n.  Ii.,  1094.  Doe.  most.  Fendorada.  Dípl.  483. 

Eximinos,  n.  h.,  1065.  Boc.  most.  Fendorada.  Dipl.  282. 

Exo  (ílixo),  villa,  1095.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipt.  488. 

Exoiee  e  Exoize,  app.  Ii.,  1258.  Inq.  419,  2.*  et. 

Exeru,  app.  h.  (?),  1068.  Doe.  most.  Moreira.  Dipt.  289. 

Exso,  geogr.,  1050.  Doe.  most:  Pedroso.  Dipl.  230. 

Exn  (Eixo),  geogr.,  1081.  Tombo  S.  J.  J.  Dipt.  357. 

Exymene,  n.  m.,  12.58.  Inq.  604,  1.*  ol. 

Eydiiguit,  app.  li.,  1959.  Dipl.  263. 

Eydauia,  geogr.,  1258.  Inq.  333,  1.*  cl. 

Eylo,  n.  h.  (?),  1069.  Doe.  most.  Moreira.  Dipt.  297,  n."  478. 

Eyna  (Saneta),  geogr.,  1258.  Inq.  437,  1.'  cl. 

Eyras,  geogr.,  966.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipt.  Òfi. 

Eyrea,  n.  m.,  sec.  XV.  S.  350. 

Eyres  (S."  Colnmba  de),  geogr.,  1258.  Inq.  384,  1."  et. 

Eyria,  n.  m.,  sec.  XV.  S.  164. 

Eyrigo,  n.  h.,  1258.  Inq.  384,  2.'  et. 

EjTiz,  geogr.,  12Õ7.  For.  Tinlieta.  Leg.  676. 

Eyroo,  geogr.,  sec.  Xlll.  For.  de  CorvelaB.  Leg.  594. — S.  373. 

Eyta,  monte,  geogr.,  1258.  Inq.  356,  2.»  et. 

Eyxamea,  n.  m.,  sec.  XV.  S.  272. 

Eyxom  (Outeiro  de),  geogr-,  1258.  Inq.  432,  1.*  et. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


150  O  Akcheologo.  Pobtdocês 

Ezebrarío,  geogr.,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dípl.  8,  I.  22.— Hv  310. 
Eiebreiro,  geogr.,  1072.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  310,  n.*  502. 
Eziln,  n.  m.,  968.  Doe.  most.  Moreira.  INpl.  61. 
Ezinum,  geogr.,  1220.  Inq.  126,  2.'  ol. 
Eiareira,  geogr.,  1258.  Inq.  362,  1.*  cl. 


Faarom  (S."  Maria  de),  geogr.,  1264.  Leg.  253. 

Fabaios  (S.  Georgio  de),  geogr.,  1220."^ Inq.  190,  2."  cl.— Leg.  5báà 

Fabayos,  Tilla,  1270.  For.  Favaioe.  Leg.  719. 

Fabo,  app.  h.,  1258.  Inq.  303,  2.'  cl. 

Fabrica  (Casale  de),  geogr.,  1258.  Inq.  703,  2.'  cl. 

Facaes,  geogr.,  1258.  Inq.  401,  2.*  cl. 

Facame,  n.  h.,  773  (?).  L.  R-eto.  Dipl.  2.— Inq.  311. 

Fa^nha,  app.  h-,  sec,  xv.  F.  López,  Chr.  D.  J.  l-",  p.  1.*,  C.  159. 

Facebona,  n.  h.,  961.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  53.— Id.  339. 

Facha,  app.  h-,  sec.  xv.  S.  144. 

Faciesbona,  n.  h.,  1082.  L.  Pr«to.  Dipl.  363. 

Faeildii,  app.  h.,  1099.  Doe.  most.  Fendorada.  Dipl.  540. 

Facadi  e  Facondi,  n.  h.,  959.  L.  D.  Mnm.  Dípl.  45. 

Facundiz,  app.  h.,  1220.  Inq.  170,  1.»  cl. 

Fadas,  app.  h.,  1258.  Inq.  297,  2.»  cl. 

Fadriqne,  app.  m.,  aec,  XV.  S.  172.— Id.  361. 

Falaiz,  app.  h.,  1258.  Inq.  428,  1.'  cl. 

Fafalon,  a.  h-,  927.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  21,  n."  33. 

Falei,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  215.— Id.  346. 

Faffianis,  geogr.,  1258.  Inq.  500,  2.»  cl.— Id.  501. 

Fafia,  n.  h.,  1043.  L.  Preto.  Dipl.  199.— H.  378.— Inq.  51. 

Fafiain,  geogr.  (?),  sec.  XV.  S.  346. 

Fafiani,  geogr.,  1258.  Inq.  554,  1.'  cl. 

Fafiai,  app.  h.,  1220.  Inq.  50,  2.*  cl.— Id.  92. 

Fafiiz,  app.  h.,  1258.  Inq.  602,  2.'  d.— Id.  507. 

Fafila,  n.  h-,  915.  Doe.  most.  Moreira.  Kpl.  14.— Id.  41. 

FaGlaet,  app.  h.,  1084.  Doo.  most.  Morúra.  Dipl.  376.— Id.  422. 

Fafilanes,  geogr.,  1085.  Dipl.  384. 

Fafilas,  app.  h.,  1085.  Dipl.  384. 

Fafilax  e  Fafilaz,  app.  m.,  1047.  L.  D.  Mnm.  Dipl.  215. 

FaBIaii,  app.  h.,  1041.  L.  Preto.  Dipl.  192. 

Fafiz,  app.  h.,  1258.  Inq.  426,  2.'  cl. 

Fagenía  (Canalle),  geogr.,  1258.  Inq.  514,  2.*  cl. 


byGoot^lc 


o  ÀBCHEOLOOO  POBTUGOés  l&l 

Fagiam,  app.  h.,  1220.  Inq.  340,  1.'  cl. 

Fagadaes,  geogr.,  1220.  laq.  137,  2.'  cl. 

FagUdi  (Linar  de),  geogr.,  1258.  Inq.  343,  2.»  cl. 

Fagildici,  app.  h.,  1083.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  370. 

FagUdit,  app.  h.,  sec.  XI.  L.  D.  Hum.  Dipl.  563. 

FagUdiz,  app.  h.,  1088.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  429,  n."  717.— 

Inq.  82  e  104. 
FagOdízi,  app.  h.,  1033.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  171.  — Id.  225. 
Fagildo,  n.  h.,  907.  Doe.  most,  Moreira.  Dipl.  10.— Ia.  50. 
FagOlo,  n.  b.,  991.  Doe.  most.  Oraça.  Dipl.  100. 
FagUo,  n.  h.,  995.  Doe.  most.  Graça.  Dipl.  109. 
Fagiones,  vílU,  1068.  Doe.  most.  Avè-Maria.  Dipl.  293.— Id.  381. 
Fagoo  on  Fagioo,  geogr.,  1220.  Inq.  145,  2.'  cl. 
Fagadus,  n.  b.,  999.  L.  D.  Mam.  Dipl.  112.' 
Fagnlfiz,  app.  b.,  1086.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  399. 
Fagnndo,  n.  h.,  1039.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  188:— Inq.  92. 
Fagnndii,  app.  h.,  1220.  Inq.  125,  2.*  cl.— Id.  192.— S.  367. 
Faia,  geogr.,  1220.  Inq.  52,  1.»  cl.  — Id.  195. 

Faião,  app.  b.,  sec.  xv.  F.  Lòpez,  Chr.  D.  J.  1.",  p.  2.»,  C.  152. 

Fainzado,  geogr.,  1258.  Inq.  724,  2.»  cl. 

Faísca,  app.  h.,  1258.  Inq.  314,  1.»  cl. 

Pajoo,  geogr.,  1258.  Inq.  672,  1.*  cl. 

Fajozes,  geogr.,  1258.  Inq.  479,  2.'  el.— Id.  481. 

Fakilo,  n.  h.  (?),  1099.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  544. 

Falagarii,  n.  h.  (?),  1258.  Inq.  694,  2.'  el, 

Falagueira,  n.  m.  (?),  1258.  Inq.  322,  1."  cl. 

Falagneiro,  app.  b.,  1220.  Inq.  64,  1.'  oL— Id.  183  e  27. 

Faial,  n.  b-,  1035.  L.  Preto.  Dipl.  176. 

FaWe,  n.  h-,  1040.  L.  Prato.  Dipl.  189. 

Falaph,  n.  h-,  1037.  L.  Preto.  Dipl.  179. 

Falcon,  n.  b-,  926.  L.  D.  Mum.  Dipl.  20.— Id.  108. 

Faldegiaes,  geogr.,  1258.  Inq.  338,  2.»  cl. 

F^Oejaes,  geogr.,  1258.  Inq.  339,  1.*  cl. 

Falderedo,  n.  h.,  995  (?).  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  108. 

Faldropo,  app.  b.,  1258.  Inq.  352,  2.»  cl.— Id.  353. 

Faledo,  app.  h.,  sec.  xv.  F.  López,  Cbr.  D.  J.  1.°,  p.  1.*,  C.  43. 

Falgido,  geogr.,  1258.  Inq.  555,  l.»  el. 

FalgoD,  n.  h.,  1086.  Doe.  mosh  Pendorada.  TUpl.  391,  t.  2. 

FaUla,  n.  h.,,1037.  L.  Preto.  Dipl.  180.— Id.  211. 

Falifaz,  app.  b.,  966.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  50. 

Faloo,  app.  h.,  1220.  Inq.  216,  2.'  ci. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


.  152  O  Archeologo  Português 

Falorca,  app.  h.,  1258.  loq.  297,  l.»  cl 

Fímelcos  (Uilla  plana  de),  geogr.,  922.  L.  Preto.  Dipl.  16. 

Famelgas,  geogr.,  1258.  Inq.  513,  2.*  cl. 

Fauielicam,  geogr.,  1258.  Inq.  549,  2.*  cl. 

Fandila,  n.  h.,  1008.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  121. 

FandUaues,  villa,  1054.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipt.  238. 

Fandilaz,  app.  h.,  1086,  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  396. 

FaudUn,  n.  h.  (?),  927.  Doe.  most.  Lorvílo.  Dipl.  21,  n.'  33. 

Fanicaes,  geogr.,  1220.  Inq.  133,  1."  el. 

Fanui,  app.  h.,  1115.  Concilio  Ovet.  Leg.  141. 

Fantaes,  geogr.,  1258.  Inq.  614,  2.*  cl. 

Famaranes,  geogr.  (?),  1032.  L.  Preto.  Dipl.  167,  n."  273. 

Fanzares,  villa,  1258.  Inq.  522,  2.»  el.— Id.  523. 

Fauieres,  geogr.,  1258.  Inq.  518,  2.'  cl. 

Fano,  villa,  959.  L.  D.  Mum.  Dipl.  48.— Id.  258. 

Fao,  geogr-,  1220.  Inq.  107,  1.»  el.— Id.  116  e  188. 

FaorU,  geogr.,  1089.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  433. 

Faquiam,  geogr.,  1258.  Inq.  434,  1.*  cl.— Id.  675. 

Faquiua,  n.  m.,  1065.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  282. 

Farache,  n.  h.,  937.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  27. 

Farachi,  n.  h.,  1088.  L.  Preto.  Dipl.  420. 

Fai-amontanetlo8,  geogr.,  1050.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  231. — Id. 

334. 
Faramontanos,  geogr.,   1050.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  231. — Id, 

334. 

'        "    '■  A.  A.  Cortesão. 


Noticias  várias 
1.  Moíalco  achado  en  C«IUr» 

Cintra,  17. — Próximo  do  logar  de  Santo  André,  na  freguesia  de 
Cutlares,  nas  escavaçSes  que  se  estSo  fazendo  para  a  constnicçSo  da 
estrada  de  Almosagemc  ao  Rodisío,  foram  descobertas  umas  minas 
de  edificações  antigas,  as  quaee,  segundo  nos  informam,  devem  contar 
alguns  séculos. 

Tivemos  occasiã»  de  observar  um  fragmento  do  solo  de  uma  d'essas 
edifícaçScs,  o  qual  é  formado  por  quadrados  de  pedra  e  tijolo,  de  um 
decimetro  quadrado  de  superfície  cada  um,  e  dispostos  simetricamente. 

(Diário  de  Koíicia»,  do  16  de  fevereiro  do  1905}. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Akcheolooo  Foktugdês 


2.  A  lepoltarâ  4o  AlfKS«ine  4e  Saatiren 

Pelo  que  se  crê,  acaba  de  ser  easiialmente  descoberta  nas  ruínas 
do  mosteiro  do  Carmo  a  sepultura  do  celebrado  Alfageme  que  Almeida 
Garrett  immortalizoii  no  seu  primoroso  drama  tSo  conhecido  e  apre- 
ciado. 

Ka  semana  passada,  ao  íazer-se  a  picagem  da  alvenaria  de  uma  das 
g^rossas  paredes  interiores  do  edificio  do  quartel  da  guarda  municipal, 
paredes  das  escadas  do  claustro,  para  fazer  ali  o  deposito  do  armamenti 
de  cavallaria,  o  pedreiro  José  Fernandes  notou  que  algumas  letras  ap- 
pareciam  do  sob  a  camada  de  cal  e  areia,  que  revestia  a  parede, 
H  breve  trecho,  descobriu  uma  pequena  lapido,  da  qual  fez  pouco  caso, 
Hontem  de  tarde,  porem,  o  tenente  Vasconcellos  deu  com  a  lapidí' 
e,  mandando  lavá-la,  conseguiu  ler  a'  seguinte  inscripçSo,  que  apenas 
occnpa  duas  linhas: 

ESTA  :  SEPULTURA  :  HE  :  DE  :  V  ;  DE  : 
GUIMARÃES  ;  ALFAGEME. 

Em  segaida  á  inscripçSo  vê-se  um  desenho  que  representa  uma 
lança  com  ama  estrella  na  parte  superior,  e  ao  meio  algumas  espa- 
das cruzadas. 

Á  lapide  está  cravada  numa  parede  que  communica  com  o  interior 
da  igreja  e  que,  pelo  lado  opposto,  se  encontra  toda  coberta  de  musgo, 
-ãnppondo-se  que  nunca  houvesse  soÉFridn  qualquer  modificação. 

O  Sr.  tenente  Vasconcellos  participou  a  muitos  outros  officiaes  da 
g^uarda  o  achado  que  fizera  e  que  parece  confirmar  a  lenda,  segimdo 
a  qual,  D.  Nuno  Alvares  Pereira  promettera  ao  alfageme  condigna 
sepultura  no  Carmo. 

{Século,  de  16  de  fevereiro  de  1905). 

Conforme  noticiamos,  parece  fora  de  duvida  que  a  lapide,  ultima- 
mente encontrada  em  uma  parede  das  ruinas  do  convento  do  Carmo, 
pertence  ao  tumulo  do  dedicado  companheiro  de  armas  do  heróico 
c  destemido  Nnii'AIvares  Pereira.  Comquanto  os  nomes  agora  deci- 
frados da  inscripçSo — «Esta  :  sepultura  :  he  :  de :  Vasco  :  Guimarães  : 
Alfagi^emei — diffiram  um  pouco  do  que  se  encontra  escrito  nas  *Chro- 
nicas*  do  imprímidor  Qermain  Galhardo  e  do  frade  José  Pereira  de 
SaofAnna,  tudo  leva  a  crer,  pela  descripgíío  que  este  faz  dos  túmulos 
do  mosteiro  do  Carmo,  que  esta  lapide  nSo  pode  ser  outra  senão  a  de 
fFemão  Vazi  do  drama  de  Garrett  ou  de  tjoâo  de  GuimarSes»  do 
frei  José  Pereira  de  Sant'Anna.  De  facto,  este  frade,  ns  sua  Chronica 


byCOO^^IC 


154  O  AfiCHEOLOOO  Po&TDGDãB 

doê  C<yrmdita«,  indica  que  a  sepultnra  de  João  de  OuimarSes,  qne 
sempre  acompanhou  o  Condestavel,  antes  e  depois  de  professar,  fie» 
na  parede  immediata  á  porta  que  dá  entrada  para  o  claustro  que  vem 
da  igreja,  á  altura  de  uma  vara. 

Não  ha  duvida  alguma  que  é  esta  a  mesma  lapide.  Surge,  no  en- 
tanto, uma  difficuldade  a  resolver:  e  é  se  a  substituição  do  nome  de 
VoBco  peio  de  João  foi  ou  nBo  propositado,  on  se  errónea  interpreta- 
ção dos  caracteres  gothicos.  Katuralmente  nos  inclinamos  a  esta  ultima 
hypotbese,  que  nos  parece  ser  perfeitamente  admissível. 


5UtraaiâByaifâSBinpe 

k 


Vtin  «  iDKrlpf  to  (umiilaT  do  Allkgeme  da  Biutuem 

Seja  como  for,  foi  este  um  bello  descobrimento,  porque  nos  evoca 
ao  espirito  gloriosas  tradiçSes  da  nossa  historia,  dignas  de  serem  re- 
lembradas, e,  mais  do  que  isto,  gravadas  em  todos  os  nossos  coraçSes. 

{Saailo,  de  17  de  fevamro  de  1905). 

Parece  estarem  desfeitas  as  duvidas  que  porventura  existissem 
acerca  da  lapide  ha  dias  descoberta  na  galeria  do  claustro  do  quartel 
do  Carmo. 

A  lapide  designa  effectivamente  a  sepultara  d'esse  personagem  da 
nossa  historia  antiga. 

Hontem  pela  I  hora  da  tarde  esteve  alli  novamente  o  Sr.  Gabriel 
Pereira,  conservador  do  Museu  Ãrcheologico,  que  ficara  de  ti  voltar 
para  mús  detidamente  examinar  a  lapide. 

Notara  elle  a  diffcrença  que  ha  entre  a  profundidade  de  traços  do 
desenho,  que  está  por  baixo  da  inscripçSo,  e  a  das  letras  d' esta,  diffe- 
rença  qne  á  primeira  vista  o  induzia  á  snpposiçSo  de  que  esse  desenho 
nSo  fora  obra  do  mesmo  canteiro.  SuppÕs-so  ao  principio  que  o  des- 
cobrimento se  limitara  apenas  á  lapide,  e  qne  a  sepultara,  embora 
tivesse  estado  encostada  á  parede,  houvesse  desapparecido,  talvez  com 


byCoOglc 


o  ÀRCnEOLOQO  Português  IÕ5 

o  terramoto  de  1775,  ou  aioda  com  o  de  1734,  que  (ambem  fora  muito 
violento  e  cansara  grandes  estragos  no  antigo  mosteiro  do  Carmo. 
O  tumulo,  porém^  deve  est^  entaipado  na  grossa  parede,  mettido 
pelo  espaço  que  a  lapide  occupa,  que  tem  as  dimensSes  próprias  para 
o  comportar,  entrando  do  lado  da  cabeceira. 

A  lapide  já  no  século  xvu  fôra  dissimulada  por  um  painel  de  azu- 
lejo, de  que  agora  se  não  encontrou  o  menor  vestígio.  O  local  em  que 
hoje  se  encontra  é,  no  entanto,  o  mesmo  onde  nesse  século  ella  estava 
coltocada. 

Xambem  não  ha  vestígios  de  ter  sido  removida  d'alí,  nem  era  na- 
taral  que  assim  acontecesse. 

A  Chronica  da  Ordem  de  Kossa  Senhora  do  Carmo,  escrita  em 
1745  por  Fr.  Joseph  Pereira  de  SanfAnna,  diz  isto: 

«Feio  que  respeita  ás  sepulturas  notáveis  do  claustro  deve  terlogar 
primeiro  uma  que  está  na  parede  immcdiata  á  porta  que  para  o  mesmo 
claustro  dá  entrada  aos  que  vem  da  igreja.  Fica  em  altura  de  uma 
vara  levaStada  do  ^pavimento,  hoje  encoberta  com  o  painel  de  azulejo 
em  qoe  se  representa  o  nosso  padre  S.  Cyrillo,  presidindo  no  concilio 
Efesino  e  nelle  condemnando  ao  Heresiarca  Nestbrio.  Quando  se  as> 
sentou  o  dito  azulejo  appareceu  um  letreiro  gotbico  que  diz:  «Esta 
sepultara  he  de  JoSo  Guimarães.  Alfageme.»  O  padre  Fr.  Jerónimo 
da  Encarnação  affirma  que  este  fôra  o  Espadeiro,  o  qual  não  quis  em 
Santarém  receber  dinheiro  paio  concerto  que  fez  na  espada  do  nosso 
invicto  condestavel,  segurando-lhe  que  tudo  lhe  satisfaria  quando  por 
aU  voltasse  feito  conde  de  Ourem.  Assim  aconteceu,  porque  passando 
o  dito  conde  por  aquelia  villa,  condecorado  com  este  titulo  achou  o 
Espadeiro  preso  com  todos  os  seus  bens  confiscados,  por  se  haver  incli- 
nado ao  séquito  de  Castella;  o  que  sabido  logo  lhe  deu  liberdade  e 
lhe  mandou  restituir  os  bens.  Obrigado  a  tanta  clemência  o  dito  JoSo 
de  Guimarães  sempre  acompanhou  ao  santo  condestavel,  não  s6  no 
século,  mas  também  que  tomou  o  habito  e  viveu  na  religião.  Morrendo 
pois  neste  convento  o  mesmo  fundador  lhe  destinou  aquella  honrada 
sepultura,  onde  por  annos  lhe  mandou  esculpir  a  marca  de  que  usava 
Tias  espadas  e  por  epitaphio  lhe  fez  lavrar  no  mármore,  como  de  pes- 
soa virtuosa,  a  occupação  e  o  nome». 

(Diário  de  Noticiai,  de  16  de  fevereiro  de  1905). 

Sola.  Sendo  o  v  g-otico  facilmente  coufandivel  com  o  ^,  é  de  EUpfir  que  na 
inBcrlpçSo  eativesae  p  que  significa  yoam  ou  João.  Se  o  pedreiro  tivesse  preten- 
^do  gravar  vatea  teria  dado  em  aWviatiira  o"  e  nSo  v°,  abreviatura  qae  vae 
contra  o  ueo  geral.  Do  que  fica  dito  se  colltge  qne  a  nome  do  alfageme  era  da 
verdade  «Joloi. 


byCoO^^lc 


o  Abcheologo  Portuodês 


8.  Rulau  e  edlfleloB  em  Álno{affenifl 

Almoçageme,  19. — Em  escavações  nuns  terrenos  pertencentes  a<> 
Sr.  Matheús  Coelho,  entro  Santo  André,  antiga  freguesia  e  o  FetAJ. 
á  entrada  de  Almoçageme  e  onde  se  está  principiando  a  nova  estrada 
d'esta  localidade  ao  Rodisio,  foram  encontradas  as  ruinas  de  sntiqaiii- 
simas  edifícaçSos,  revestidas  em  parte  de  ricos  azulejos  e  quadrados 
symetrieos  de  tijolo  e  pedra,  realmente  interessantes  e  de  valor. 

Isto  tem  sido  admirado  por  bastante  gente  dVstes  sítios. 

{Diário  de  Noticia*,  de  22  de  fevereiro  de  1905.) 

1.  Teitiniento  do  Coade  de  8.  Hlfael 

O  Sr.  Conde  de  S.  Miguel,  Sebastião  Guedes  BrandSo  de  Mello. 
fallecido  na  nitima  segunda-feira,  deixou  testamento,  em  que  fez  as 
seguintes  disposiçCes: 

Declara  ser  filho  legitimo  de  Fraacisco  Brandão  de  Mello,  Slho 
dos  segtmdos  Condes  de  Torena,  e  de  sua  mulher  D.  Maria  de  Nati- 
vidade Guedes  de  Portugal  e  Meneses,  filha  dos  primeiros  Viscondes 
da  Costa,  viuvo  de  D.  Mariana  da  Madre  Deus  José  Paulino  de  No* 
ronha,  filha  primogénita  e  herdeira  dos  décimos  Condes  dos  Arcos  de 
Val-de-Vez  e -Condessa  de  S.  Miguel, 

Lega  a  sua  sobrinha  D.  Mariana  Geraldes  de  Koronha  e  Meneses 
Costa,  neta  materna  do  Conde  dos  Arcos,  D.  Nuao  José  de  Noronha 
e  Brito,  e  casada  com  Harío  Tavares  Costa,  o  palácio  da  sua  residên- 
cia, no  largo  do  Salvador,  pedíndo-Ihe  que  reserve  para  sua  residência 
ou  para  pessoa  de  familia  d'ella  o  andar  nobre  do  mesmo  palácio,  que 
lhe  deixa  com  toda  a  mobília,  que  coube  a  sua  tia  materna,  a  Con- 
dessa de  S.  Miguel,  na  partilha  dos  bens  mobiliários  de  herança  de 
seu  pae  o  referido  Conde  D.  Nuno,  e  bem  assim  a  louça  da  índia,  jar- 
ras grandes  e  vidros  provenientes  da  mesma  herança,  os  retratos  de 
seus  ascendentes,  a  mobília  que  guarnece  a  galeria  que  dá  accesso  á 
capella  e  todos  os  moveis  d'esta,  paramentos  e  mais  objectos  destinados 
ao  culto,  lâmpada,  santos  e  quadros,  devendo,  porém,  a  dita  legatária 
dar  a  seus  irmãos  a  parte  que  lhes  competir  na  dtvÍRXo  dos  objectos 
arrecadados  no  bahu  de  ferro,  que  está  na  sacristia,  o  na  divisSo  da 
livraria  da  herança  de  seu  avô,  se  estas  divisSes  nSo  estiverem  já  ef- 
fectuadas. 

Kecommenda  a  conservação  do  cartório  e  pergaminhos  da  casa  de 
seus  avós  maternos,  no  logar  onde  se  achem,  devendo  dar  aos  outros 


byGoí>^^lc 


o  ABCUEOLOaO  POBTUODâS  1Õ7 

herdeiros  on  legatários  os  títulos  dos  bens  qne  lhes  pertençam,  quando 
nSo  preferirem,  conservá-los  no  mesmo  cartório,  onde  <1evérilo  continuar 
archivados  os  docnmentos  communs  a,  todos  os  seus  herdeiros». 
{Século,  de  SI  de  dezembro  de  1904). 

5.  O  arcblro  notarial  de  Tlnlelro 

Segundo  se  lê  no  Diário,  de  19  de  janeiro  de  1905,  foram  destia- 
minHados  oa  destruídos  2!)  livros  pertencentes  ao  archivo  do  notariado 
do  julgado  de  Vimieiro  (Alemtejo).  O  auctor  d'e8te  crime  foi  preso  e 
condemnado. 

Pedro  A.  de  Azevedo. 


BibllograpMa 

Btasio  kiatorlca  <•  ceoerMl  C«rIo«  Mlbelro.  por  Joaquim 
Filippe  Nery  Delgado,  làsboa  1905,  65  pogs.,  com  nm  re^to  de  Carloa  Ribeiro. 

INesta  substanciosa  memoria,  qne  foi  lida  em  bobr'  .,olemne  da  Associado 
dos  Engenheiros  Ciria  Fortagueaes,  tra^a  o  Sr. 'Joaquim  Filippe  I^ery  Belgado 
com  mSo  de  mestre  nm  quadro  biograpbico  de  Carlos  Bibeiro,  considerando 
todas  as  phasee  da  ena  vida  de  homem  pnblico.  E  sabido  que  Carlos  Kibeirofoi 
nfio  só  o  fundador  dos  estudos  geológicos  em  Portugal,  mas  também  um  dos  ini- 
ciadores, entre  nds,  dos  estados  prebistoricos,  em  que  teve  como  companheiros 
o  fíallecido  Dr.  Pereira  da  Costa  e  o  próprio  Sr.  Delgado,  autor  do  Elogio  hts- 
torieo;  a  elle  se  deve  alem  d'Í8so  o  ter  o  Congresso  de  Anthropologia  Prehisto- 
rica  podido  realizar  em  Lisboa,  em  1660,  uma  das  suas  sessSes.  No  campo  da 
archeoiogia  prehistorica  publicou  Carlos  Eibeiro  o  seguinte: 

Degeripção  de  alguns  giUx  e  quartzite»  Umeado»,  1871 ; 

Relaiorio  do  Congresso  de  Braxellas,  1673; 

Bvr  It»  gClex  taillés,  nas  Actas  do  mesmo  Congresso,  1872; 

Sur  la  pontion  gèologique  de»  coucheg  mioehie*  et  pUocene»  du  Portugal, 
ibidem ; 

Queí^ues  mota  sitr  1'âge  da  cuivre  et  dufer  en  Portugal,  ibidem; 

Estudos preldstoricos,  2  vol.,  1878-1880; 

Qiulques  mote  sur  l'âge  de  lapterre  en  Portugal,  nas  Actas  do  Congresso 
de  Paris,  1676; 

L'homme  tertiaire  en  Portugal,  nas  Actas  do  Congresso  de  Lisboa,  1680; 

Lea  kjoekkenmoeãdings  de  la  valide  du  Tage,  ibidem. 

As  noticias  necrologicasebiographicas  citadas  pelo  Sr.  Delgado  a  pags.  54- 
55  do  sen  interessante  opuscate  acrescentarei  mais  uma :  Camillo  Castello  Branco 
publicon  em  1884,  no  Porto,  um  folheto  que  denominou  O  general  Carlos  Jii- 


byCOO^^IC 


158  O  ÂSCHEOLOOO  POBTOGCÉS 

fieira  (folheto,  porém,  de  caracter  romântico).  Paru  terminar.  Dotarei  t 
que  no  Porto  honve  orna  sociedade  intitulada  (Carlos  Bibeiro>,  em  Iioinuu- 
gem  ao  nosso  geólogo  e  t>aleoethiiologo ;  esta  sociedade  tere  por  oigío  a  &-■ 
vista  ãe  sciencias  naturaeg  e  tociafs,  5  vola.,  1889-1898. 

Arcklvo  ■iMlwrle*  IN>r(iisMea.  toI.  i,  Lisboa  1903. 

Ha  muito  qae  devia  O  Archeologo  Portuguâi  ter  dado  noticia,  nm  tanto  d£- 
MnTolTÍda,  d'esta  excellente  pablicaçSo  emprehendida  pelos  Srs.  Braamcamp 
Freire  e  D.  José  Pessanha ;  nEo  tem  isso  porém  sido  poBsiTel,  por  Ekl ta  de  tempo. 

O  melhor  modo  de  patentear  aos  leitores  toda  a  importância  d*^a,  é  apre- 
aentor-lhe  aç|ai  o  anoimario  dos  12  fascícnlos  que  coastitaem  o  voL  i: 

Carta  a  Herculano, — por  J.  B.  de  Almeida  Garrett. 

A  Companhia  da  Ilha  do  Corisco,  Culpas  de  David  Negro,  Os  escravo», 
O  Fidei-commisM  de  Ãffonao  de  Albuquerque  (Na  Graça  de  Lisboa],  Lem- 
branças num  códice  do  cartório  de  Palmella,  Projectos  lobre  Madagancar  e 
Cabo  da  Boa  Esperança  em  1566,  S^Mãtiao  de  Macedo  (o  Moço),  O  Testa- 
mento da  Excellente  Senhora, — por  Pedro  A.  de  Asevedo. 

Duarte  Fernandes  (iltnminador), — por  António  Bai&o. 

Vma  carta  iTiediía  de  D,  Sebastião,  Carias  dos  Qovemaãores  do  rtíno  em 
lôSO,  Cartas  da  Rainha  D.  Catarina  em  1544,  Frandseo  Xavier  de  OUveira 
(o  GaTalleiro  de  Oliveira),  Regimento  da  Gente  da  Ordenaça  e  das  vinie  lanças 
da  Qxrnrda, — por  António  Francisco  Barata. 

O  Almiratiíado  da  índia  (Data  da  ena  críaçSo),  Auto  do  conselho  havido 
no  Espinheiro  em  1477,  Cartas  de  quitação  dei  Rei  D.  Manuel,  Compromisso 
de  confraria  em.  1346,  As  cmtspirações  no  reinado  de  D.  João  II  { DocomeuUM), 
Introdueção  ao  Regimento  da  Oente  da  Ordenaça  e  das  mnle  lanças  da  Gttor- 
da, — por  A.  Braamcamp  Freire. 

António  Dinis  da  Cruz  e  Silva  (Um  episodio  da  sua  vida).  Cartas  de  An- 
tónio Ferreira  e  de  Diogo  Bernardes  a  António  de  Castilho,  Miguel  Leitão  de 
Andrade  (Apontamentos  biographicoB  e  testamento),  Vasco  ífemonde»  tGrõo 
Vasco'  (Breve  apontamento  para  a  eua  biographia),  — por  Brito  Kebello. 

Lettre  portugaise  du  premier  ministre  de  8iam  en  1687, — por  Cardoso  de 
Bethenconrt. 

A  ertinda  Irmandade  do  Espirito  Santo  do  Lumiar  (Estado  do  sen  antigo 
compromisso),  — por  Júlio  de  Castilho. 

Infanta  D.  Maria  *  Princesa  de  Castella*  (RecommendagSes  de  seus  pús 
por  occasiSo  do  seu  casamento),  — por  A.  Costa  Lobo. 

A  Symmicta  Lusitana,  — por  Alexandre  Herculano. 

Um  esboceto  de  Vieira  Lusitano  (Noticia  histórica), — por  António  César 
Hèna  Júnior. 

O  pintor  Affimso  Sanches  Coelho  e  o  ourives  Diogo  Fernandes,  A  porcelana 
em  Portugal  (Primaras  tentativas),  — por  D.  José  Pessanha. 

O  primeiro  Marquez  de  Niza  (Noticias), — por  Ramos  Coelho. 


byGOí>^^IC 


o  ÃBCHEOLOQO  POBTUQDÊS 


A  aoó  maUma  de  Afftmto  de  Albuqv^tytu  (Os  penboiisb»  do  século  xv), 
Uina  expedição  portugueta  ás  Canaríaa  em  ItíO,  Uma  filha  de  SebattiSo 
iStoeliaater,  OU  Vicente  ( Dois  traijoB  pan  a  roa  biographte),  Itabel  Carreira,  — 
A  mãe  de  Fr.  Sarthoiomeu  Ferreira,  — A  vmOter  de  Ãnítmio  Sygy  de  Velaeco, 
Jorge  de  Montemor,  Mensageiro»  reaes,  A  petea  do  coral  no  leaUo  ly,  O  thea- 
tro  na  cSrie  de  Filippe  II  (Dnaa  ortasdeB.  Bernarda  Gontinha), — por  Sonsa 
■\lterbo. 

Ob  artigos  s3o  &eqDentemeiite  acanipanbados  de  oopios  fieis  de  docmueiitos 
antigos,  o  que  lhes  realga  o  valor,  pois  que  estes  attiogem  por  vezes  os  fins  da 
idade-media,  mirnstrando  asúm  abundante  material  de  estndo  tanto  ao  histo- 
riador propriamente  dito,  como  ao  ethnographo  e  ao  philologo. 

MoDtrofl  ntuneros  Í-0  Archeologo  se  dará  notida  dos  fucicnloe  do  Arehivo 
Hiitorieo  subsequentemente  publicados. 

J.  L.  Dl  V. 


O  Archeologo  Fortngiiô8~1906 

Be^sto  blbUofraphleo  das  permntu 

|0on1lsDS{Io.  Vld.  o  Ardi.  PtL,  i,  N) 

L'AnthropolagÍe,  1905,  tome  xvi,  n."  I  (JaDviei  et  Févríer). — Lea  ieríturei  de 
fàge  gt]/ptique,  por  Ed.  Piette.  Este  artigo  é  o  viu  dos  Études  ifetíinogra- 
jjftie  prihittoriqite.  O  autor  examina  as  figuras  gravadas  em  fragmentos  de 
chifres  de  renna  de  cavemas  de  Lourdes  e  de  Arud^,  e  crê  que  nSo  s3o 
meros  ornatos,  mas  hierogljphos,  que  constitaem  escrita  primitiva  e  tio 
primitiva,  se  assim  se  pode  diser,  que,  affirma  eite  a  respeito  d'estfts  gra- 
vuras pleistocenicas,  ellas  'Bont  les  pios  ancienues  qui  soieut  conuuea  de 
nouBi.  (Pag.  9).  Esta  escrita  STmbolica  teria  talvez  nascido,  segundo  o 
autor,  em  Lourdes  e  Arady  e  d'ahi  é  que  irradiaria  para  outras  regi9es. 
(Pag.  5).  No  decurso  do  seu  iotereBaantissimo  estudo,  occupa-se  do  circulo, 
do  losango,  da  espiral,  e  fas  confrontações  com  o  mthadeo  indiauo  e  com  fi- 
gDias  análogas  doe  megalitos,  da  época  do  brome  e  da  primeira  idade  do 
fbrro,  do  Egypto,  de  Chipre,  etc-,  entrando  mesmo,  embora  com  prudência, 
na  questão  chronologica.  Hals  ooBadkmente  diz  o  Sr.  Ed.  Piette:  «bi  noua 
donc  tronvons  leurs  caracteres  daus  d'aatres  écritures,  ce  ne  sont  paa  les 
hommes  glyptiques  qui  les  ont  prie  à  des  peuples  mauifestement  vénus 
aprèa  em;  ce  sont  cenx-ci  qui  les  ont  empruntés  í  ta  civilisation  glypti- 
que>.  E  uma  contríbniçfio  digna  de  meditnr-se  para'  a  historia  ou  autes 
.a  prehistoria  da  escrita,  isto  t,  das  tentativas  realizadas  pelo  homem  para 
materializar  e  perpetuar  a  fiigacidade  do  pensamento.  ~£a  itation  palio- 
Uthique  de  Krapitta,  por  Hugues  Obermayer.  —  ZiC*  peíií»  brome»  ibirxque», 
por  J.  Déchelette.  Este  artigo  ^  um  estudo  critico  d'eBte  illastre  escritor 
acerca  de  alguns  pontos  especiaes  da  obra  recente  do  Sr.  Pierre  Paris, 
Euai  tur  l'art  et  Vindtitlrie  de  VEapagnt ^mitive.  Muitas  ofaservafSes  jus- 


byCOO^^Ic 


JO  o  Abcueologo  POBTUauÉ» 

tsi  reuniu  o  Sr.  J.  Díchelette:  o  exórdio  da  ana  aprcciaçilo  coutem  ver- 
dades <)uc  lios  bSo  censura,  al^m  tanto  cabida,  embora  seja  bem  certo  tfoe 
nílo  chega  a  baver  utna  vintenado  aunos  que  na  nossa  arcbeologia  »e  ac- 
centux  auspicioso  resurgimento.  As  palavras  do  Sr.  J.  Décbeletttii  b«  nos 
tocam,  6  um  pouco  por  espontânea  confíssSo  uossa,  pois  que  ua  verdade  o  ti- 
tulo da  obrs.  do  Sr.  P.  Paris  refere-se  apenas  í  Hapatt/ia;  a  epigrapbe  es- 
colhida pelo  Sr.  Décheictto  6  poròm  um  pouco  mais  justa  6  exacta  tambeni. 
porque  certamente  a  Ibéria  era  para  os  gregos  a  peninsula  inteira.  Mas  diz 
o  Sr.  J.  Déchclette:  <iOn  sait  combiou  Títude  de  Tantiquitó  cst  pen  Aé- 
vetopp£c  dana  la  pêoinsule  ibériquo.  Loa  monograpbies  locales  demcarent 
clair-semées.  Des  fbuilles  mftbodíques,  k  Texception  de  quelques  eiplonl' 
tions  célebres,  commo  cellcs  des  frères  Siret,  ont  raremeot  procnré  anx  ar- 
chéologucs  les  documenta  súrs  et  prêcis,  iudíspeiisables  &  ravancemcat  de 
la  ecieuce.  Eu  revauebe,  il  est  peu  de  pays,  oú  lea  faussaires  aíeut  exercó 
Icnr  industrie  avee  autant  d'Rclivilé>.  Assim,  tão  cruamente  dita,  parece-oie 
exagerada  esta  accusaçtlo,  porque  não  julgo  que  o  Sr.  J.  Déchelotte  se  queira 
referir,  pouco  a  propósito,  aos  autiquarios  de  pasaadas  eras,  prolíficos  na 
iuveufão  de  epigraphes  romanas.  Não  se  pode  uegar  que  tctn  sido  de  ca- 
trangeiros  alguns  dos  melhores  trabalhos  acerca  da  archeologia  pcninsnl&r: 
bastará  lembrar  Cartailhac,  HQbner  (na  sua  La  Argueologia  ni  Eãpafia  e  no 
Corpus),  03  Siret,  Bonsor;  mas  quanto  a  nós  portugacses,  uma  compensaçSn 
encontro  cu  para  a  apreciagSo  genérica  do  S.  J.  Déchclette;  é  qne  os  unicoa 
escritores  citados  por  este  senhor,  pela  utilidade  dos  seus  trabalhos,  são  dois 
portugueses:  o  Sr.  Dr.  Leito  da  Vaaconcellos  e  o  Sr.  Dr.  José  Fortea.  Di; 
resto,  não  são  as  palavras  de  UÃntliropologie  que  nos  Tem  acordar ;  it  arcfaeo- 
logia  portuguesa  está  inquestionavelmente  renascendo,  graças  aos  esforros 
de  meia  dúzia  de  eleitos;  infelizmente  o  povo  (intellectnaea  o  nio  íntel- 
lectuaes),  ainda  nlo  abriu  bem  os  olhos.  —  Nota  tur  quelqutê  crânt*  rfu  2" 
terriíoire  mililaire  de  VÃfriqtie  oeeidentaU  fran^Ue,  por  Dr.  L.  ^'enean. — 
Noteê  êar  les  Maaaagnei  ou  Brama,  por  M.  Leprince.  Estas  tribus,  que  ba- 
bitatn  nas  margens  do  Cachoo,  desde  Cacheo  a  Farini  (Guiné),  constituiritiu 
objecto  do  estudo  ethnographico  do  Sr.  Leprince,  admiuistrador  das  colonias- 
Do  seu  artigo  aó  separo  o  que  respeita  a  usos  funerários  e  são:  inhnma' 
çSo  do  cadáver,  depois  de  flammejado  com  archotes  e  exciaada  a  epiderme, 
em  galeria  aberta  uo  fundo  de  uma  fossa,  na  direcçito  Este-Oeste,  fieaado 
o  cadáver  com  a  cabeça  voltada  para  o  Poente;  encerramento  da  pelle  eoi 
uma  uma  que  ae  colloca  no  fundo  da  cova;  vedação  d'esta  superionnenle  4 
nma  jtoc  meio  de  nma  divisória  ilc  ramos ;  cleva^So  de  um  tumulus  prismá- 
tico no  local  onde  se  deixa  a  pyra  c  as  cabaças  do  rito. — Mouvemeail  seteii- 
fifiqtie  en  Franet  et  à  Vétraiiger,  em  que  coUsboram  M.  Boule,  E.  Cartailhac, 
L.  Laloy,  A.  Drzewina,  H.  Mansuy,  M.  Rcclus,  E.  Uenchat,  S.  Verneau. — 
NoaveUf  et  corretpondance,  em  que  noticia  a  inauguração  de  um  armário  no 
Muteitm  com  os  esqueletos  dos  carnívoros  quaternários  em  posições  variadas; 
dí  a  figura  de  um  instrumento  de  ferro  de  LaTène  i:i,  análogo  a  outros  de 
bronse  prehistoricos;  di  conta  do  descobrimento  de  uma  piroga  lacustre  uo 
lago  de  Chalain,  acompanhada  de  objectos  de  pedra  e  osso,  etc. — BvUtíin 
bibliogra^iqrte,  em  qne  le  reftre,  entre  o  de  outras,  reviatas,  o  snmmario  da 
Fortvgalia,  n.°  4. 

F.  A.  P. 


byCoOglc 


;i.  X  JUNHO  A  SETEMBRO  DE  1905       N."  6  A  ! 


O  ARCHEOLOGO 
PORTUGUÊS 

CUECÇiO  ILLUSIIIIDI  DE  ilTERIiES  E  N0TIC1IS 


MUSEU  ETHNOLOGICO  PORTUGUÊS 


Vetenim  vofvens 


I.ISBOA 

IMmiENSA  KAC10N'AL 
1905 


Di„i„«b,Googlc 


s  xr  3sá:  3i^  .A.  m  o 

Noticia  ds  amtas,  junto  de  Lisboa,  no  século  xvii:  161. 

Necropole  romama  de  Pax  Iuua  (Beja):  16õ. 

signification  líellgiedse,  en  lusitaxie,  de  quelqces  mossaies 

PEaCÉblS  d'l'S  TfiOU;   169. 

A  LEI  DE  13  DE  Março  de  1473  sooke  as  libras:  176. 

Estações  prehistoricas  dos  arredores  de  Setcbal:  185. 

Modança  do  nível  do  Oceano:  193. 

O  MEIO  tornes  do  Porto:  194. 

InscripçÃo  romana  do  concelho  de  Arraiolos:  198. 

Antiguidades  do  concelho  do  Sabugal:  199. 

Catalogo  dos  pergasukhos  existentes  no  ârchivo  da  Issigxe 

B  Real  Cúllegiada  de  Guimarães:  208. 
O  desacato  na  Igreja  de  Santa  Engracu  e  as  insígnias  dos 

«Escravos  do  Santíssimo  Sacramento>:  2'2i. 
Archeologu  dií  Trás-os-IIontes :  237. 

Fraga  da  íMouba»  em  Villa  Nova  da  Torre  de  D.  Chama:  230. 
Moeda  inédita  de  D.  Affonso  V:  241. 

O  CA8TELL0  DE  BRAGA:   244. 

Um  erro  de  amanuense  nas  InquiriçOes  de  D.  Affonso  III  (C. 

Sancti  Salvatoris  d'Arcus):  246. 
Onomástico  medieval  português:  260. 
Noticias  várias:  278. 
BlBLlOGRAPHIA :  284. 
liEOISTO  DIBLIOGRAPHICO  DAS  PERMUTAS:  28Õ. 


Esto  fasoioulo  vae  illustrado  com  43  estampas. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ARCHEOLOGO  PORTUGUÊS 

coaecçio  illiistr«da  de  mmm  t  ioticias 
MUSEU  ETHNOLOGICO  PORTUGUÊS 

VOL.  X  JUNHO  A  SETEMBRO  DE  1905  N."  6  A  9 

Noticia  de  antas,  junto  de  Lisboa,  no  seo.  xvn 

A  vida  prehistorica  de  Lisboa  b  corapletamente  desconhecida,  porquanto  ne- 
nhnns  monomentos  d'aquellas  eras  ae  tem  até  agora  recatado ,  sendo  certo  qae  a 
Bzcellente  sitnaçSo  de  Lisboa,  e  do  valle  foimado  pelos  montes  do  Castello  e  do 
Carmo,  attraliiria  as  famílias  nómadas  a  estabelecerem- se  periódica  on  definiti- 
vamente ali.  Ha9  as  profondas  transformaijSes  que  Lisboa  tem  soffrido  e  os  ater- 
ros propositadoa  on  natoraes  snbverteram  por  completo  os  grosseiros  ediâcio» 
r.  instromentoa  dos  antigos  povos  qne  estes  deixaram  sempre  disseminados, 
como  qae  marcando  a  ena  passagem.  Mesmo  os  arredores  da  cidade  sfio  quasi 
desertos  de  coriaco»  ou  pedras  de  raio,  e  os  mais  próximos  monumentos  eit  ap- 
parecem  em  Bellas,  Liceia  e  Campolide.  Esta  carência  de  instrumentos  deve-sc, 
talvez,  mais  ú  ignorância  e  desprezo  do  povo  que,  em  geral,  se  encontra  sempre 
mais  mde  junto  dos  grandes  centros,  do  que  á  lalta  dos  referidos  objectos. 

Servindo  de  marcos  divisórios  do  antigo  termo  de  Lisboa  com  os  de  Cintra  e 
Torres  Vedras,  encontram-se  varias  antas,  qne,  sendo  posaivel  ainda  existirem, 
pois  estavam  algumas  das  suas  pedras  ornados,  e  portanto  protegidas,  com  a 
naveta,  divisa  da  cidade,  aumentarão  a  carta  dos  monumentos  prehbtoríoos  de 
Portugal,  quando  exploradas.  As  antas  indicadas  num  documento  de  1610  fica- 
vam :  ama  defronte  do  togar  do  Jormello,  e  a  outra  ao  pé  do  casal  de  Kalfomo, 
ambas  na  Serra,  e  tão  bem  descritas  ellas  estão,  qne  mesmo  sem  o  nome  ellas 
se  identificariam  com  dolmens.  Estavam  na  linha  divisória  de  Torres  Vedras. 

Na  demarcação  de  Cintra  encontram-se  varias  menqOes  de  lagoas,  provável' 
mente  hoje  sacas,  e  qne  demonstram  as  transformações  por  qne  tem  passado  phy- 
aicomente  os  concelhos  próximos  de  Lisboa. 

O  tombo  do  termo  de  Lisboa  é  muito  provável  que  ainda  hoje  se  conserve  no 
archivo  da  Camará  Unnicipal  de  Lisboa,  sendo  d'ali  que  em  1610,  a  requeri- 
mento  do  Beitor  do  Collegio  de  Santo  Antão  de  Lisboa,  se  passou  a  certidão  que 
adeante  vae  impressa.  Em  seguida  a  este  documento,  também  Juntei  a  copia  de 
um  pergaminho,  de  1423,  onde  se  encontra  o  nome  da  povoação,  boje  chamada 
Jnromello,  com  a  fóima:  a  do  germello. 


byGoot^lc 


162  O  ÂKCHEOLOOO  POBTUODÈS 

Para  concluir  direi  qn*',  a  ^fc^iaena  distancia  das  povoa^t^ea  referidas,  no  lútio 
do  Bocal,  em  Lousa  de  Cima,  foram  encontrados  doía  instnunantoa  de  fibrolítbe 
ijoe  en  obtive  e  oSereço  a»  Mnsen  Ethnologico,  como  instituto  apropriado  para 
conservar  com  a  nota  de  ori^m  atineites  inetra mentos. 

Pkdbo  'a.  d>:  Azevedo. 
I 

Uiz  II  Padre  lícitiT  d"  colltrgiu  de  Santu  .Vntílo  desta  cidade  de 
Lisboa,  que  a  elle  lhe  he  necessário  peru  bem  de  ;jua  justiça,  hSa  cer- 
tidSn  de  Domingos  da  Cimha  oscríiiSo  do  tombo  da  cidade,  em  que 
diga  por  oude  partia  o  termo  de  Lisboa  uom  n  <le  Sintra  por  a  Chanca 
ate  a  Maliieira  — 1*.  aV.  S.  lha  mande  dar — E  R.  il. 

Paçese  do  que  constar,  a  4  de  feut-reiro  de  610  ^^O  prezideote^^ 
4  rubricas--  luacio  Nunes^  -Francisco  Joa<>-=^Benehyor  Vyceate. 

Certeífico  eu  Domingos  da  Cunlia  escriuSu  do  tombo  desta  cidade 
de  Lixboa  que  em  meu  poder  estSo  os  autos  da  demarcação  que  se 
fez  antre  o  termo  desta  cidade  com  o  tomio  da  villa  de  Sintra,  pellu 
Licenciado  Luis  Lourenço  que  foy  Juiz  do  tombo  da  cidade  e  da  dita 
demarcaçíki  consta  que  o  tenno  desta  dita  eidade  parte  com  o  da  dita 
viUa  de  Sintra  no  luguar  conteúdo  na  petiçSo  per  esta  maneira: 

de  huS  mai-co  quç  se  meteo  a  portella  das  corças  entre  as  pedras 
das  corças  e  o  caminho  que  vay  pella  dita  portella  daqui  partiudo 
direyto  pello  ^■alIe  abaixo  e  líibein)  que  vay  per  antre  its  outeyros 
djreyto  o  per  cima  do  laguo  atee  cheguar  a  estrada  que  vay  da  cidade 
pêra  Torres  Vedras  e  mitras  partes  bonde  se  meteo  hiiíí  marco  de  pedra 
com  a  ditiisa  da  cidade  na  borda  da  dita  estrada  entre  ella  a  o  dito 
laguo  e  (leste  marco  que  tiqua  junt'i  da  estrada  volta  por  ella  jndo 
contra  o  noroeste  atee  cheguar  ao  caminho  que  vay  da  dita  cidade 
pêra  a  Jíaluejra  c  daqui  vay  partindo  por  este  caminho  da  Maluejra 
huu  teimo  com  outro  atoe  ehegiiar  a  lagoa  da  Maluejra  que  estaa 
junto  deste  eaiiúnho  que  per  outro  nome  se  chama  a  lagoa  d»  Machim, 
honde  per  eonscntimi^nto  de  todos  se  meteo  huS  marco  de  pedra  la- 
drado pcra  no  luguar  delle  se  meter  outro  com  a  diuisa  da  cidade  o  qiial 
marco  tiqua  antre  a  dita  lagoa  e  o  caminho  que  vay  pêra  a  Maluejra 
e  do  dito  mareo  e  lagoa  volta  pcUo  valle  acima  pello  mejo  delle  e  pasa 
pella  alagoa  grande  que  estaa  acima  junto  do  caminho  que  vay  pêra 
Torres  ficando  o  caininlio  na  testada  desta  alagoa  no  termo  de  Sintra 
e  pasando  a  dita  lagoa  pollo  mejo  do  mesmo  valle  quasi  defronte  da 
fonte  da  Rouca  faz  volta  e  cortando  a  dita  estrada  de  Torres  vay  atee 
o  monte  do  tagnarro  honde  ao  pee  delle  se  achou  hum  mai-co  de  pedra 
antiguo  que  estaua  eml>oreado  no  chilo  o  qnall  se  mandou  loguo  en- 


byGOí>^^IC 


o  Akchkolooo  PoitTCGUÊS  163 

(lircjtar  f  jiiiito  di'llt'  se  miitcci  nutr»  marco  de  pudra  com  ;i  iliiii^a 
cl;i  cídadi'  *:  deste  marcn  que  fiqua  ao  jjui!  do  monte  do  tagiiarro  vay 
partindo  direyto  por  cima  da  pedra  furada  c  dahjr  diruyto  pelio  valle 
<Ui!>  canos  abaixo  atco  dar  nu  caniinlio  que  vay  díreyto  a  Chanqimiha 
f  vay  o  dito  caminho  diuidindu  hufl  tenno  do  outm  tm  voltas  i:  a  ffeiçSo 
ilolle  atet-  cheguar  a  hum  marco  de  pedra  aotiguu  que  estaa  peruado 
a  htia  nogueira  uoua  que  lic  o  sej^undu  marco  do;i  doas  que  oslSo  de- 
frttnt«  da  fonte  d«  dito  luguar  da  (J^hanquinlia  ao  longuo  do  Reguatu 
afastado  da  fonte  obra  de  hum  tiro  de  malhão  pcra  o  pm^nti?  honde 
se  acaba  o  termo  de  Sintra  com  o  de  Lizboa.   - 

E  asy  lenho  em  meu  pfnler  outros  autos  da  demareação  que  se  tez 
antre  M  termo  desta  cydade  e  o  termo  da  villa  de  Torres  Vedras  a  quall 
demarcação  eomeça  lionde  aea)>ou  de  partir  o  termo  da  villa  de  Sintra 
eom  I)  desta  cidade 

começando  do  KÍo  da  mesma  Clianquinlia  honde  entre  nelle  o  Rjo 
que  vem  da  Uiiarda  junto  da  vinha  de  Amador  Fernaudez  daTojeira 
e  voltando  por  este  Rjo  qoe  vem  da  Guarda  aeima  contra  o  norte  vay 
M.dito  Rio  diuidindo  hml  termo  do  outro  atoe  pasar  o  dito  luguar  da 
Guarda  judo  em  voltas  e  a  fteiçSo  do  dito  Rju  fícando  ■>  dito  luguar 
da  tíuarda  no  termo  de  Torres  Vedras  honde  no  eabc)  do  dito  Rio  e 
Ríbi-in>  acima  da  Gíuanla  hondc  chamSo  a  Vinha  Vciha  se  meteo  bud 
marco  de  pedra  eom  hi[a  nauotta  que  he  diuisa  da  eidade  e  deste  marco 
que  fiqua  honde  se  ehama  a  Vinha  Velha  parti'  direyto  pêra  cima  con- 
tra o  ntirte  pello  mejo  da  portella  da  Relua  de  (iiâo  honde  no  niejo 
delia  junto  do  eaminho  se  meteo  hui!  mareo  de  pedra  com  a  diuisa  da 
cydade  I'  deste  marido  que  tiqna  na  dita  portella  dele  pêra  baixo  pello 
mesmo  Rumo  agoas  vertentes  atee  chegiiar  a  Rigueira  da  Reina  da 
fliSo  bonde  si-  meteo  outr»  mareo  de  pedra  eonio  «s  atras  e  deste  marco 
volta  pella  RigTieira  abaixo  atee  chegar  a  Rigueira  do  Forno  lionde  se 
chama  o  Porto  honde  junto  da  Rigueira  se  meteo  outro  mareo  de  pedra 
eom  a  diuisa  da  cidade  uo  canto  da  parede  de  pedra  emçosa  da  terra 
de  Fernão  do  Soueral  e  deste  marco  volta  e  vay  partindo  contra  o  le- 
nante  pella  serra  acima  direyto  atraiu-sando  a  estrada  de  Torres  di- 
ri^yto  as  pedras  das  Antas  que  estão  na  terra  lauradía  dv,  Domingnos 
Ribeiro  laurador  defronte  do  lugiiar  do  Jormelio  honde  estio  cinco  pe- 
dras grandes  em  Redondo  que  fazem  hu3  moronço  de  pedras  honde 
na  pedra  mayor  se  fez  hiia  nauetfa  que  he  diuisa  da  cidade  em  hua 
jlhargua  delia  pêra  liear  por  mareo  e  deste  marco  grande  honde  tiqua 
feyto  a  diuisa  da  cidade  vay  partindo  direyto  pello  viso  da  serra  jndo 
ao  longno  das  paredes  at<'e  «■  eabo  da  Cabeça  de  Dona  honde  se  meteo 
outro  marco  de  pedra  com  a  diuisa  da  eydadc  e  deste  mareo  que  fiqua 


byCoO^^lc 


164  O  Archeolooo  PoKToaufis 

na  Cabeça  de  Dona  vay  partindo  pêra  b^xo  direyto  ao  Rjo  da  I^uS- 
deira  ao  looguo  da  parede  de  pedra  emçosa  da  viaba  de  FeroSo  Mai- 
tinz  morador  no  Jormello  e  daqui  vay  partindo  palio  lUbeiro  acima  em 
voltas  e  a  ffeiçSo  delle  atee  ohegnar  ao  Kbeiro  de  Matfomo  e  daqui 
faz  volta  direyto  pelo  viso  da  serra  que  vay  antre  as  terras  i»iradias 
e  matos  que  estSo  nella  atee  chegar  ao  casal  de  Malforno  o  qual  casal 
fiqua  no  termo  de  Torres  Vedras  e  o  caminbo  que  vay  ao  longuo  das 
casas  do  dito  casal  fiqua  diuidindo  o  termo  desta  cydade  com  o  termo 
de  Torres  Vedras  e  deste  caminho  vay  partindo  direyto  as  outras  pe- 
dras das  antas  que  est&o  mais  acima  do  dito  casal  contra  o  leuaute 
honde  estão  sete  pedras  grandes  de  Redondo  e  hua  deytada  no  ohSo 
antre  ellas  e  outras  pedras  piquenas  as  quais  fícão  por  marco  e  destas 
pedras  das  Antas  que  fícSo  por  marco  vay  partindo  direyto  contra 
o  leiiante  atee  chegar  honde  se  chama  o  Barro  honde  no  comaro  da 
terra  do  Casal  da  Atallaya  estaa  huii  marco  de  pedra  piqueno  metido 
que  afirmarão  os  homSs  antíguos  ser  marco  da  diuisSo  destes  dons 
termos  e  estaa  junto  do  caminho  da  Enxara  do  Bispo  honde  se  meteo 
outro  marco  de  pedra  grande  com  a  dinisa  da  cydade  e  deste  marco 
que  fiqua  no  comaro  atras  vay  partindo  hufi  termo  com  outro  contra  o 
sul  direyto  a  Portella  dos  Ontejros  atee  cheguar  a  hum  marco  piqueno 
que  estaa  do  mejo  da  dita  portella  junto  do  caminho  que  vay  da  Enxara 
pêra  a  cydade  honde  junto  delle  se  meteo  outro  marco  grande  como 
o  atras  ficando  o  termo  de  Lixboa  entre  estes  doas  marcos  da  banda 
do  poente  e  o  termo  de  Torres  Vedras  da  banda  do  leuante  e  deste 
marco  que  fiqua  atras  junto  do  caminho  faz  volta  direito  contra  o  le- 
iiante a  Cabeça  dAtalaya  que  estaa  em  cima  e  vay  partindo  pello  mejo 
delia  o  termo  de  Lixboa  com  o  de  Torres  Vedras  e  desta  Cabeça  dAta- 
laya vay  partindo  direito  contra  o  leuante  haa  estrada  que  ray  da  En- 
xara pêra  a  cydade  em  direyto  do  luguar  de  Limois  onde  se  meteo  outro 
marco  de  pedra  como  os  atras  antes  de  cheguar  a  dita  estrada  sobre 
o  comaro  da  terra  de  Alluaro  Diaz  laurador  e  deste  marco  corta  di- 
reyto abaixo  a  fonte  de  Oliuejra  bonde  acaba  por  esta  banda  de  partir 
o  termo  de  Lixboa  com  o  termo  de  Torres  Vedras 

porquanto  a  dita  fonte  diuide  o  termo  de  Torres  Vedras  do  termo 
da  villa  da  Enxara  dos  Canaleiros  segundo  que  todo  milhor  consta  dos 
autos  das  ditas  demarcações  que  estSo  asinados  pellas  partes  dos  quais 
pasey  a  presente  com  o  treslado  da  parte  das  ditas  demarcaçttes  que 
me  foy  pedida  a  que  em  todo  me  Reporto  e  os  concertey  bem  e  fiell- 
mente  em  Lixboa  aos  vinte  e  três  dias  do  mes  de  dezembro  de  mill 
seiscentos  e  dez  anos,  antrelinhey,  que,  por  verdade— pg.  deste  nada= 
Domingos  da  Cunha  lArcMvoHieionii-^piiHiijdoí j«iiiua,m>tDei,D.<íT). 


byCOO^^IC 


o  AbCUEOLOGO  FOKTUQUÊ3 


U 

SabhSm  qnuitos  este  estormenlo  de  Encanpaçom  biram  que  no  Ado 
do  naçymento  de  nosso  senhor  Jhesu  xpo  de  mjl  e  iíij"  E  bjnte  e  três 
triata  djas  do  mes  doutubro  Em  Ijxboa  no  paço  dos  tabaljraes  pres- 
sente mym  Âffomso  goterrez  tabalyom  delRey  en  essa  meesma,  e  tes- 
temunhas Jiisso  scriptas  estando  h;  Bodrigne  Anes  coonigo  e  conrreeiro 
E  procurador  do  moesteiro  de  ssan  byçente  de  fibra  da  dita  cjdade  E 
outrossy  Lourençe  Anes  Lavrador  fTjIbo  de  Johane  escudeiro  morador 
na  do  germello  termo  da  dita  ^dade  freygujsja  do  núlbarado  o  dito 
Lourençe  Anes  djse  que  ell  traz  denprazamento  do  dito  moesteiro  bilu 
cassai  uaicaynça  termo  [de]  syntra  por  certo  ffboro  E  penssom  E  que 
ora  elle  nom  podja  manteer  o  díto  Enprazamento  E  qiie  bo  encanpaua 
Ao  dito  moesteiro  Em  pessoa  do  dito  Rodrigue  Anes  como  seu  procu- 
rador E  o  dito  Rodrigue  Anes  Reçebeo  a  dita  encanpaçom  E  ouue 
por  qaite  e  Ijure  pêra  senpre  o  dito  Lourençe  Anes  da  penssom  e 
pam  e  tributo  que  Abya  de  dar  Ao  dito  moesteiro  E  mandou  que  sseia 
daquy  en  deante  eu  paz  do  dito  moesteiro  E  esto  lonuaron  E  outorgaron 
E  pedirou  senhos  stormentos.  testemunhas  Johan  de  bragaa  tabaliam, 
E  Jobaue  Anes  alvemaz  E  alvare  Anes  partydor  do  concelho  E  Âf- 
fomso stevez  tabaliam  E  outros  E  en  Affomso  goterrez  tab^iam  dElRey 
na  dita  cidade  que  este  stormento  screpuy  pêra  o  dito  moesteiro  en  no 
qual  meu  sjgnal  Qz  que  tall  -\-  be. 


Keoropole  romana  de  Paz  Inlia  (Beja) 
I 

Em  fins  de  Janeiro  de  1905  participou-me  o  digno  Director  dos 
Caminhos  de  Ferro  do  Sul,  Sr.  Engenheiro  António  Lourenço  da 
Silveira,  que  o  Chefe  da  4.'  SecçSo  de  Via  e  Obras  dos  mesmos  Ca- 
minhos de  Ferro  o  infonnára,  em  officios  de  29  de  Dezembro  de  1904 
e  de  26  de  Janeiro  de  190Õ,  que  tinham  apparecido  junto  da  estaçSo 
de  Beja,  por  occasi&o  de  desaterros,  muitas  ossadas  humanas,  restos 
de  sepulturas  antigas  c  alguns  objectos  archeologicos.  O  referido  Sr, 
fianha  ao  mesmo  tempo  tudo  isto  A  minha  disposição,  para  o  Mnseu 


Encarreguei  o  Sr.  Bernardo  António  de  Sá,  Conductor  de  Obras 
Publicas  ao  serviço  do  Museu,  de  ir  ao  local,  nlo  s6  para  colher  in- 


byCOO^^IC 


ititi 


o  ArCHEOLOOO  POKTfGOÉS 


foiíaaçucs  iuinucto:4aH,  mas  para  proceder  ás  esoa\'ações  arclieologica.s 
que  julgasse  necessárias.  Do  modo  como  se  desempenhou  da  commi»- 
^ílo  dá  conta  o  relatório  que  coostitue  a  2.^  parte  d'eBte  artíg'o. 

Os  objectos  archcolo^eos  que  vieram  para  o  Museu  sâo  os  si- 
guintes: 

1.")  ITma  arma  de  ferro,  que  consta  de  lamina  triangular  c  catio. 
O  cabo  devia  ter  sido  revestido  de  uma  substancia  menos  resistente  qu- 


o  ferro;  resta  ainda  parte  de  três  pregos,  também  de  ferro,  que  a  fixa- 
vam. A  extremidade  do  cabo  é  formada  de  laminas  que  se  ligam  entrA 
si,  deixando  vazio  um  espaço  losanguico.  Esta  arma  creio  corresponder 
ao  ptigio  dos  Romanos:  vid.  tig.  1.*,  em  metade  do  tamanbo  natural. 
2.')  Um'  fragmento  de  inscripçSo  gravada  em  uma  placa  d«  már- 
more: vid.  fig,  2.',  em  metade  da  grandeza  natural.  A  inscripçilo  cons- 
tava ajienas  de  três  linbas;  comtí  se  vê  da  iígiira,  resta  ainda  parte 
dos  frisos  i^ue  a  limitavam  superior  e  inferiorriteníe.  '  ■■   *  ' 


byCOO^^IC 


o  iiUMÍogo  Fonngnêi— Vol.  I— 1S05 


ÀL 


Fie.i.'iV.t-A™ 


rui.,===,CAK)ylc 


Di„i„«b,Googlc 


o  Archeologo  Português  lfi7 

O  que  apenas  pôde  tlccifrar-se  é  o  que  tem  meno:^  iinp«rtaDuia : 
an(nornm)  na  2."  linha,  e  e{íí),  í(it),  í(íii)  na  3/  Na  2.*  linha  as  pa- 
lavras estavam  separadas  por  uma  folha  de  hera,  na  linlia  3."  por  pontos 
triangulares. 

Apesar  de  muito  fragmentada,  esta  inscripçao  tem  certa  impor- 
tância,  porque  as  cinco  primeiras  letras  estio  em  jtarte  revestidas 
de  massa  colorida.  Devia  pois  ter  sido 
toda  elia  pintada  primitivamente  *. 

íi.")  Um  unguentimo  de  vidro  de 
^ar^alo  estreito  com  bocal  mais  largo, 
e  bojo  globular:  vid.  fig,  íl,''.  cn)  tamii- 
iiliii  natural. 

4.')  A  parte  inferior  de  um  vaso  de 
Itarro  avermelhado;  tem  algumas  estrias 
rirciilares,  particularidade  que  também 
se  nota  noutras  vasilhas  archaioas  acha- 
das no  Sul;  vid.  íig.  4,''  em  metade  du 
tamanho  natural. 

Consta  que  o  unguentado  tiuUa  ap- 
parecido  dentro  do  vaso  de  barro,  em 
cujo  fundo  ha  efíeetivaniente  restos  de  fíb.  l' C/.i 

vidro  (laminas  tinas,  d'estas  que  se  sol- 
tam a  cada  passo  de  certos  vasos  de  \'idro  romanos,  muito  finos  e  já  em 
editado  de  decomposição);  mas  nilo  ousarei  alfirmar  nada  a  tat  respeito, 

Kstes  objectos  ficam  representando  no  Jlluseu,  embora  modesta- 
mente, a  cidade  de  Pax  Iitlta  ("Beja").  Ainda  dessa  localidade  não 
havia  nelle  cnusa  de  vulto,  por  isso  que  o  que  lá  appai-eee  d'esse 
tempo  vae  gcralnientc  para  o  Museu  Municipal. 

J.  L.  DE  V. 
II 

O  local  onde  foram  oneontradas  as  sepulturas  confina  com  a  <'S- 
trada  que  liga  a  ostaçiío  de  Beja  com  a  cidade,  num  terreno  adjacente 
íio  armazém  de  adubos  e  onde  se  ]irocedia  a  fundos  trabalhos  de  es- 
éavaçío. 


'  Cfr.  O  Ardi.  Port.,  ix. '281.— 'No  Miistu  ha  vários  nioituiQCntost-pÍKra|thii?OH 
tiCaiidos  dft,  Idanha  pelo  Sr..  Dr.  Ahes  Pereira,  nos  quae.-:  se  dvuotauí  lambem 
vfntigiofl  de  as  rrspeclivRs  letras  liaverem  aidu  pintadas;  aqui,  poréoi,  a  piutura 
<'ra  dada  dirfctatnculc  nas  letras,  si>m  n  interiiiedio  <Ie  massa  (pelo  meuM  eata 
nflo  Piístef.  *  .     ■       '  ■  ' 


byCOOglc 


lt>8 


O  Akcueologo  Português 


A  unícA  sepultura  encontrada  intacta  tinha  sido  cautelosamente 
resguardada;  iDÍciei  portanto  os  trabalhos  pondo  a  descoberto  esta 
sepultara,  que  tinha  forma  de  cabca  rectangular  oom  as  segatntes  di- 
mensõea:  J^.SD  de  comprimento,  0",5G  de  altura  e  0",[JO  do  lai^ura. 
i:  era  constituída  por  delgadas  laminas  de  mármore  que  formavam  os 
lados,  tampa',  fundo  e  cabeceiras.  A  tampa  achava~se  totalmente  frac- 
turada, bem  como  as  laminas  lateraes,  que  se  tinham  quebrado  verti- 
calmente. A  sepultura  estava  orientada  no  sentido  de  nascente  par» 

poente,  e  aO",80de 
profundidade,  numa 
escavação   feita  na 
rociía;  cinco  ordens 
de  grossas  tejoleiras 
dispostas  pela  forma 
"f    quese  vênafig.  5.*, 
■      — corte  transversal 
I     da  sepultura —  de- 
fendiam  superior- 
mente esta  da  pres- 
-sSo  do  terreno. 

Dentro  da  sepul- 
tura encontrei  um 
esqueleto  completo, 
com  H  caveira  para 
o  poente,  mas  in- 
vertída;  igualmente 
encontrei  desloca- 
p,^  „,  dos  outros  ossos, 

taes  como  o  cubttwi 
direito,  que  se  achava  atravessado  sobre  as  costellas.  A  desIocaçSo  dos 
ossos  explica-se  pelo  facto  de  a  sepultura  ter  sido  por  diversas  vezes 
inundada,  sobrenadando  os  ossos  que  pelo  assentamento  teriam  tomado 
outras  posiçSes.  Os  vestígios  de  inundaçSo  erau]  evidentes,  nSo  só  pelos 
sedimentos  que  cobriam  os  ossos  como  também  pelos  diversos  traços 
de  lama  que  havia  a  varias  alturas  nas  laminas  lateraes.  Entretanto 
póde-se  aflírmar  que  o  cadáver  foi  iuhumado  de  costas  oom  os  braços 
estendidos  ao  longo  do  corpo,  pois  que  á  altura  da  bacia  encontrei  d<> 
um  e  de  outro  lado  os  ossos  completos  das  mãos. 

A  exploração  no  terreno  proseguiu  durante  uns  quatro  dias,  uão 
app&recendo  nada  digno  de  nota  a  nSo  serem  pedaços  de  telhas  de 
rebordo,  tijolos  e  laminas  de  pedra  fracturadas,  que  deviam  tercõnf- 


byGoot^lc 


o  AKCHEOLOaO  POHTUaUÊS  169 

tituido  o  fando  de  antigas  sepultaras.  Isto  mostrava  ter  sido  o  terreno 
já  revolvido,  o  qae  também  foi  conârmado  por  todas  as  pessoas  qne 
intfirroguei,  as  quaes  me  affirmaram  terem-se  por  ali  encontrado  varias 
sepnlturas,  quando  se  procedeu  aoa  trabalhos  para  a  construcçXo  da 
linha  férrea  e  da  estação.  Aa  referidas  sepulturas  foram  todas  des- 
truídas, sendo  aproveitadas  as  laminas  para  uaos  diversos,  inclninâo 
o  de  lageamento  de  pateos. 

Segundo  parece,  a  necropole  era  vasta;  aa  sepultaras,  idênticas 
umas  ás  outras,  eram  de  inhuoiação,  matendo  sensivelmente  a  mesma 
orientação.  Raros  foram  os  objectos  ali  encontrados. 

Ouvi  também  vagas  referencias  a  panellas  de  barro,  apparecidas 
neste  campo,  com  cinzas  e  ossos  calcinados  dentro  d'ella$. 

Eis  aqui  todas  as  informações  que  pude  oolher  sobre  eate  assunto. 
Bernardo  db  8á. 


Signlfloation  reliffieuse, 
en  Lnsitanie,  de  quelqnes  monnaies  peroões  d.*Tin  troa 


Dti  tous  temps  les  monnaies  ont  été  dana  un  rapport  plus  ou  moins 
étroit  avec  la  religion.  En  outro  qu'elles  portent  fréqaemment  des  ima- 
ges  de  divinit^s,  des  symboles,  des  formulea  pieuaes,  et  qu'on  les  offre 
dana  les  temples  comme  ex-voto,  olles  sont  quelquefoís,  à  cause  de 
leurs  types,  ntilis^es  par  les  dévots  à  titre  d'amulette8  ou  de  porte- 
bonheur,  voire  même  de  médailles  religieuses. 

En  parlant  des  graffiti  monétaire»,  Françoia  Lenormant  dit:  tUn 
didrachme  de  Tarento,  au  Oabinet  de  Berlin,  offre  le  dessin  d'un  pen- 
tagramme  k  la  pointe.  La  même  fígure,  k  laquelle  on  attribuait  une 
valenr  talismanique,  a  été  tracée  aa  revers  de  deux  tétradrachmea 
ptolém^ques  de  l'atelier  de  Racotisi'. 

Pllne  raconte,  d'après  le  rérat  que  le  vieux  Messala  lui  a  fait:  <rSer- 
▼iliorum  família  habet  trientem  sacrum  cuí  aumma  cum  cura  magni- 
ficentíaque  sacra  quodannÍB  faciunt,  quem  ferunt  alias  crevisse  aiiaa 
decrevisae  videri  pt  ex  eo  ant  honorem  aut  deminutionem  familiae  si- 
gnificari»*. 


<  Rfoue  Sumitmatique,  2*  térie,  sv,  343. 

*  NaÍHraiu  Huturia,  sntv,  1S7  (ed-  de  DetlefiwD).  Cfr.  Babelmi,  JlfomKiíct  de 
ia  répubUqut  romaine,  ii,  448 ;  et  TraiU  dn  vtomaiu  grteqvt»  ti  r. 


byGOí>^^IC 


o  ASCHEOLOGO  POBTUGUÉS 


Au  111*  siècle  après  J.  C  >m  a  attach^  une  grande  importaoce  sa- 
persticieust  à  1'eftigíp  (l'Alexan<Íro  le  Qrand,  et  on  a  même  frappé  des 
monnaies  avt-t;  son  iurni.  TrebeUius  PoHion  écrit  sur  ce  injet:  «IHcnn- 
tur  ínvarí  iu  muni  uctu  suo  qui  Aícxandrum  espresaum  ve\  auro 
gestitant  vel  argcntoi '.  La  vénérati<m  pnur  le  roÍ  mac^donieD  a  per- 
sista clicz  les  Chrétiens*.  CVst  à  i-et  tirdre  d'idées  qu'oii  pourra  attri- 
buer  une  monnaie  anrienui',  avfL-  tniu,  décrite  en  détaíl  au  xvni"  siècle 
par  le  ponseiller  Terrin';  il  la  rapporte  à  Alexaadre,  maia,  quoiqu'elle 
figure  la  tètc  de  ce  hérnK,  elle  appartient  à  la  Maeédi>ine  romaine, 
pan'0  qu'ijn  y  lit  le  nom  du  questeur  aesili^S*. 

€  A  partir  du  inoment,  dit  Fr.  Lenumiant,  du  reste  asaez  tardtf.  - , 
<ià  la  eroix  s'ímplanta  définitivomcnt  eomme  type  principal  sur  une 
des  faeea  d'iinf  bcnae  partie  des  monnaies  frappées  pnur  la  circulation, 
numbre  de  ohrétiena,  au  liou  de  eherchor  à  se  prneurec  des  médaíllea 
spécialement  de  dévotion,  prirent  cnmme  tflk-s  doe  pièces  de  mounaiu 
marquées  <lu  signe  saeré  sotis  la  protection  duquel  ils  se  plaçaient.  Ce 
furent  d<mc'  des  monnaie«  au  type  de  la  eroix  qu'ils  suspendircnt  à  leor 
crtl  nu  eimsnrenl  à  Icura  vêtoments,  après  les  avoir  perforées»^, 

Áu  mcven-Sge  i>n  jilaçait  sur  les  reliquaires  les  monnaies  dfint  lea 
figures  étaient  ctnsées  représenter  des  images  religieuBes ••. 

IVaprès  Fernão  Lopez.  !e  penple  portngaís  regardait  au  xiv'  aiècle 
les  rea^  d'argf-nt  de  Jean  1*'  eomme  ])ussédant  des  vertus  merveillea- 
ses,  et  pogr  ee  motif  il  le»  purtait  suspendue  au  coi;  ^ 

Un  écri\ain  du  xvii"  si^ele,  D.  Francisco  Manoel  de  Jlello,  parle 
du  vitttent  (le  S'  Louis.  toujours  cliéri  des  gene  du  peuple,  et  )>itrté 
soit  au  mu  dos  enfants,  soit  au  poi^ot  dee  jounes  filies*. 

II  existe  actuellement  en  Portugal  une  amulette  três  répandne, 
qu'on  nomme  êino-mimSt/,  c'est-à-diro  signum  Sal&moniê  ou  penta- 
gramme.  On  la  fabrique  ea  or,  cn  argent,  en  piomb.  en  03,  cn  bnia. 
Le  penple  en  fait  un  grand  usage,  surtout  eontre  le  mauvais  cdíI  et  lea 


2'riyiiit.  lyroH.,  U— Ce  texte  n  étí  citú  i>luBÍeurs  fi>Ís.  Cfr.  I.eiiormaiit,  La 
dtim  1'antiqiiili,  1,  40:  Babelon.  Tnxilé  ík»  monnoie»  grecqnet  ri  romainf, 
588, 

*  Cfr.  Leuomiaut,  op.  cil.,  i,  12. 

»  JHftnoírM  áe  Tm-oui,  Mara-ITU,  p.  484  et  sí. 

*  L'exeinplaire  de  Terrin  correspoud  à  la  deseriptioii  que  faít  de  eette  moa- 
ie  Bcad,  Húloria  ^lumortim,  1887,  p.  210. 

''  La  monnaie  dant  Vantiqatté,  1,  48-49. 
«  Mely,  in  Rtimc  Nmuiamatiqnr,  1897,  p)>.  383-388. 
1  CliTtynieadén.Joao  T,  i,  W  (I'  ed.). 
'•■.fpoíoíS*  7)t'i(íf)jWfi-,'p-.'08.  '•''  ' 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AscHEOLOOO  Pobtugíiês  171 

somares:  on  la  vuit  á  cliaqae  iustant  au  e«u  dea  pctÍLí  oiifaiits,  ísol^t! 
ou  mélangéc  á  d'autres  amulettes  et  k  dcB  nródaillcs  chrétúmnvs,  dans 
iin  ouríeiíx  syncretisme.  Or,  cummc  Íl  y  a  des  munDaiefi  du  Mame,  en 
cuiiTC,  avec  It'  pentagramme,  oh  avec  deux  triangles  entrelaces,  quo 
Ic  penple  portngais  nommc  aiissi  «ino-salmSo,  et  que  ces  monnaies  so 
trnuvent  parfois  en  Portugal, — il  arrive  smivent  qu'i>n  y  pratique  un 
trou  sur  le  bord,  et  qifon  s'en  sert  cosiiito  comme  d'iinniic'ttcs.  En  voieí 
(tes  exemples: 


Le  peuple  en  Portugal  noiíiiiu'  encurc,  qiiujque  trts  i m jirop remou t, 
ahw-saÍ7não  ia  aphère  armillaire  qn'on  figiirait  ani  xviu'  et  xix"  siècie» 
sur  les  reverá  lic  nos  monnaies;  pdur  ec  iiiolif  il  los  iinployi'  ausai 
etímme  amulettes.  En  voini  dea  f •xeni])les : 


La  fig.  6  niontre  cn  mèiw  tenips  !■■  dr..it.  ■lii  est  rcpréaontée  une 
(Toix,  qiii  a  pour  le  poupii-  la  niôme  valour  religieust'  que  le  psotido- 
peotagraninie. 

Beaueoup  d'autre9  exemples  de  rempioi  supersticieux  des  monnaioa 
poDiraient  íítre  piUs.  Eh  Franco,  «n  ci>n8Í<l*Tf  eomme  |>.)Ft!«it  bonheur, 


byCOO^^IC 


172  O  Abcokologo  PoETcauÉs 


le  fait  d'avoir  conetanunent  sur  soí  un  écu  de  Louia  XVI,  ou  de  possêder 
des  éctts  à  la  vacke  *.  J'ai  vn  h  Paris,  dans  le  médaillÍGr  de  M.  P- 
Bordeaux,  un  gros  de  Pise  à  Ia  legende  protegk  virgo  pisas,  avee 
na  troii  au-dessus  de  la  têfe  de  Timage;  le  même  numismate  m'a  mcm- 
tré  des  reproductiona  modernes  des  groB  t<nir>ioÍê  de  S'  Loub,  qni  sont 
portées  par  les  gens  dévots.  Kn  Italie,  on  f;út  des  amnlettes  de  pio- 
sieurs  monnaies,  byzantiaes,  papales  etc.^.  En  Allemagne,  les  mon- 
naies  au  type  de  la  croix  ou  de  la  clef  sont  particulièrement  dotéea 
(le  puissance  magique^.  £n  Ecossl-,  le  Fameux  Leepenny  est  mont^ 
BUr  un  groal  d'Êdouard  IV,  de  la  Monnaie  de  Lotidres*. 

Cependaut,  ce  n'est  pas  aur  ce  aujet  en  general,  que  je  me  anis 
proposé  <le  parler  icj,  mais  sur  un  fait  particulier  qui  concerne  l'ar- 
chéologie  lusítaníenne. 

On  trouve  souvent  dana  mu n  pays  des  monnaies  de  Tépoque  ru- 
maine  aux  types  de  la  vache  on  du  taureau,  préaentant,  aur  les  bords, 
dea  trous,  faits  postéríeurement  á  ta  frappe,  et  ponrtant  anciens  (ce 
qu'on  reconnaít  par  la  patino  et  par  l'u9ure).  Je  reproduis  ieí  les  revers 
de  sept  de  cea  pÍ6ces. 

Honnaie  de  brouze,  írappée  à  Ovippo  (Ibérie).  Taareau  debont  à  droite. 
Ân-dessuB  du  dos  de  ranímal  devaSt  exíeter  dd  croiseant,  dont  la  place  est  oc- 
cupée  par  le  troii  (fíg.  7).  Cfr.  Heiss,  Deneription  géiiérale  deu  monnaipii  anti- 


quei de  VEnpagtu,  Paris  1870,  p.  390.  —Monnaie  tronvée  ã  Tróia  de  Setúbal 
(Portngal),  oii  íl  y  a  de  rcmarqnables  veetigea  do  Tépoqae  romMne>.  Anjonr- 
d'bni  an  Cabinet  des  médfúlles  de  Ia  Bibliothèque  Nationale  de  Liabonne. 


>  Meusignau,  Reehereheii  ithnographiqites  sw  la  talive  et  Ir.  nrachat,  Bordeai» 
1892,  p.  65  u. 

2  Bellucci:  Cat4UogodtílacolUnotiedÍamuletiinviataaIl'eÊpottiioaenea)ioHaU 
di  Milano,  Penigia  1881,  n'  148;  Availeti  italútm  eontemporanâ,  Perugia  1898, 
pp.  90  et  91. 

>  Wuttke,  Der  deitUcke  VoUttaberglaubr  der  GegenwaH,  Berlin  1900,  |  179. 
*  Blaek,  ScoOUk  aimtltí*,  Édlmbourg  1894,  p.  495. 

>  Toir  sur  cei  vertlgea  O  Arck.  Port.,  i,  54;  iii,  156;  iv,  228,  344;  t,  7,  «te. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  Português  173 

HoDnaie  de  bronze,  frappée  à  Celsa  (Ibéríe).  Taurean  debout  à  droite. 
Legende:  C{ol<mia)  Y{ictrix)  l{utia)  CsL{sa);  L.  Svm,  L.Bvcco  iiv[b(í).  Cfr. 
HeisB,  op.  tít.,  p.  142.  Le  tron  est  an-deseas  dn  doe  de  ranimal.  — Cette  mon- 
naie  (fig.  8)  est  an  Cabínet  dee  médailles  de  la  BibliotbèqDo  de  Liabonae. 

Monnaie  de  bronze  frappée  à  VasUtlo  (Ibéríe).  Tanrean  debont  à  droite 
[fig.  9).  11  dev&it  y  avoir  un  croÍBaant  aa-dewus  da  doa  de  ranimal,  mais  sa 
place  est  occnpée  par  le  tron.  La  legende  est  complétenient  effacée.  C&.  Heiao, 
op.  cit.,  p.  385.  —  Au  Cabínet  deN  médailleB  de  la  Bíbliothéque  de  LUbonne. 


Mounaie  de  bronze  &appúe  a  Calagtei-rU  luUa  (Ibéríe).  Le  revers  contient 
la  fignre  d' un  tanrean  tonmé  àibroite  (fig.  10).  Legende:  L.  Balb(i0)  FKISCO, 
G.  GRif[io)  Brog(cAo)  iivin(t«).  J'ai  vn  cette  monnaíe  dana  nu  musée,  maia  elle 
eat  perdne,  et  on  n'en  conserve  qn'nne  photograpbie  du  droit,  oíi  l'on  voit  la 
téte  d'Angnste,  entonrée  de  la  legende  Avgvstvs  JiV  {nicipium)  CAL{agtirrii) 
IvLiA.  Cfr.  Heiaa,  oò.  cU.,  p.  165.  Comme  le  trou  concorde  surle  droit  avec  les 
demières  lettrea  dn  mot  Ivlia,  il  eat  probable  qn'jl  corresponde  à  la  place  que 
j'indique  par  un  cercle  pointUlé  dans  la  rtproductíon  dn  revers  d'un  autre  eneni- 
plaire  de  la.  même  monnaie,  non  tronée,  qui  est  figure  à  cóté.  — La  monnaie  dont 
il  eat  qneetion  a  été  tronv^c  dans  la  province  dn  Minho. 


Uonnaie  de  bronze  de  reoipereur  Julien  II.  Le  boenf  Apis  debout  ã  droite; 
au-deâsns  de  l'aDÍmal  deux  étoiles;  devant  lui  nne  aigle  anr  nne  couronne,  en 
tenant  nne  autre  plus  petite  par  le  bec.  Legende:  eecvbitas  rkiíve  -  Exergne: 
p  CONST.  Cfr.  Cohen,  Description  historique  des  monnaiea  frappies  aou»  Vem- 
pire  Tomain,  tome  vi,  p,  368,  n"  74  (1*"  ed.).  Le  trou  eat  au-dessus  du  dos 
de  1' animal.  ^  Cette  monnaie  (fig.  11)  a  íté  trouvée  à  Mertola,  Tancieune  Myr- 
tUitt.  Anjonrd'hní  an  Mnsée  Etbnologique  (don  de  M.  J.  M.  da  Costa). 


byCoO^^lc 


o  Abcheologo  Pohtuoués 


'^ 


I)eux  denarii  àe  la  famille  Thoriu.  Taurean  bondissant  k  droite.  Legende : 
L-  Thouvs  Balbvs.  Ctr.  Babelon,  líefrripíion  biatorígue  el  ehrmiologique  d» 
morniaiai  de.  la  republique  ntmaíite,  ii,  488.  L'nne  de  cee  monn&iee  porte  dans  ie 
chamiila  lettre  N,  et  Tautrela  lettre  B.  Daos  tBpreiiii«re(fig.  12j,  letroncoupr 
Ih  queac  ile  ranimal;  dauH  la  seconde  (fig.  13)  il  a  ité  pratiqaé  an-dessns  dn 
duB. — Cvn  monnaiea  sont  au  Cabinet  des  médaillee  de  la  Bibliothèque  de  lix^ 
bonne. 

hns  (lusuíiiH  niuiitrfiit  qiit^  lus  truus  oiit  été  pratiques  de  maoière 
à  ce  que  Timímai  restât  à  ^n^u  prés  debout,  quand  ves  pièces  étaient 
8nspciidue:j  par  mi  tíl.  II  ii'y  a  que  la  pièce  n'  12,  ou  Tanimal  serait 
três  incline.  La  monnaie  n"  10  tait  parfaitement  ToÍr  que  toote  sun 
imptirtance  rúside  smf  le  ix-vers,  ut  nun  sur  le  droit;  autrement  le  tron 
n'aurait  pas  été  pratique  an-dessuus  du  cou  de  la  figure,  qui  restait 
rcnvers<5(;  lorsque  la  píéce  était  suiípendue. 

Si  nous  appliquons  à  I 'interprétation  de  ees  muDumeii  et  de  beau- 
cuiip  d'autros,  que  je  pourrai^  déeríre  ici,  les  Idées  que  j'ai  exposées 
plus  haut,  il  ne  será  pas  déraisi>Dnal>lc  de  supposer  que  dana  fies  cas 
les  vaches  et  It-s  tauruauz  jouiúeut  un  role  rcligieux  chez  les  Lusi- 
taniens,  de  múme  que  chez  d'autru:j  peuples.  Eti  effet,  toua  les  ttuas 
ont,  eiminif  je  Tai  dit,  uii  caractí-re  ancieii;  quelques-nnes  de  ces  mon- 
nait:»  oiit  été,  mi  l'a  vu,  tmuvées  dana  des  stations  arctéoiog^qaes, 
Bien  que  je  ne  cunnai^se  paa  de  teite»  aucíens  qui  parlent  spé- 
cíalemeiít  du  culte  de  la  vache  ou  dn  taureau  chez  les  habitíuits  de 
la  Lusit»nie,  je  puis  en  citer  un  de  Diodore  de  Sicile,  mentionnant 
ce  culte  chez  les  Ibériens.  Oet  auteur,  après  avoir  raconté  une  legende 
locale,  iiíi  il  est  questiun  des  vaches.  dit;  rx;  ds  |3c-j;  Tnpwfievíc;  ovw&b 
Ufciç  dtxutivxi  Tíxri  tAv  'ISvipíav  f^éxpi  t&iv  xaB'  TifMíí  xxi^ '. 

J'avais  déjà  fait  alliísiun  à  ce  passage  daus  un  article  publié  en 
1880*.  >[,  Piern!  Paris,  qui  dans  stin  Essai  êur  l'art  et  Vindustrie  de 
VEsjHtgni-  in-imitive  [eí  du  PoHugàl  prbiúlif],  Paris  1903-1904,  cite 
aussi  ce  passago,  ajuute:  iQuoi  que  vaille  la  legende,  il  est  certain 
que  les  bceufs  mi  les  taurcaux,  sons  fwmie  de  plaques  eslampées  pour 
appliques.  de  petits  ei-voto  de  bronze,  de  tesséres,  se  rencontreut 
presque  partout  en  Espagne  et  en  grand  nombre  . .  Quanl  aux  mon- 
D«es,  le  taureau  est  un  des  types  preferes  par  les  villes  de  TEspagne. 
Dans  le  seul  ouvrage  de  Delgado  j'ai  note  trente  cites  éparses  sur  le 
sol  de  1'lbérie,  depuis  Gades  jusqu'à  Indica  (Emporiae),  depuis  Car- 
thagii  Nova  jusqu'à  Clunia,  qui  ont  adopte  le  taureaa,  debout  ou  age- 


'  ISiUiotheai  ílittorica,  iv,  18. 

*  DaiiB  le  périodique  A  Vanguarda  (Lisbouni-),  n-  17. 


byCOO^^IC 


o  Archkolooo  Pobtuguês  175 

nuuillé,  inimubik-  ou  galupíiiit,  roprésfiitó  toiít  iiiticr  «ii  réduit  à  la 
tête,  p«ur  «rner  It;  revers  de  lenrs  pièces»'. 

Poiír  ma  part,  je  dírai  qii'(;ji  Portugal  im  tiiunt?  égaleiíient,  un  pi;u 
partoiít,  de»  liguriíioa  roínaim-s  mi  pré-nimiuiics,  de  bninze,  représen- 
tHDt  áas  hoÉuiá.  11  y  cu  it  <U-s  Mpéciíiicns  aii  Cabíiiit  nu  mis  ma  tique 
do  la  Bibliotlif-que  Nationalc  de  IJsbimnc',  au  Mii-sér  Ethmílugitjiie 
Portugais',  au  Muáéc  ai-eliéologiiiuc  de  Guimarães*  et  dans  dcs  ei>l- 
lectioDs  partieHlii-iTíi,  La  tri»itvaillt'  df  les  fíguríiic::  ust  tout-à-fait  pa- 
rallele  k  celie  dcs  iiioiinaiis  trituécs.  Ji;  diiis  iibsen'(;r,  cn  outre,  que 
le  b<Buf  a  (íncoFf  une  graiule  impurtaiu-o  dans  les  iniutumes  et  les 
eroyauces  de  nus  paysaus';  mal^ré  qu'on  puissc  y  Triir  une  certaine 
inâuence  des  legendes  on  rapport  avce  la  nativité  dn  Christ,  la  plupart 
rpmnntent  sans  doute  ii  un  passe  pUis  éluígnO. 


II  me  sembie  quo  si  les  L-iilloi^tiomKurs  dt^  niunuaieíi  anciennea 
av^eat  tonjonrs  ígard  aux  trona  dcs  pièces,  et  aux  conditioos  ar- 
chéologiques  dcs  tnmvaillcs,  un  ponrrait  peut-être  dcterminer,  docu- 
mentar, ou  du  moiíi.s  cimjecturer  l'existence  d'antres  enltes*'.  J'appe))e 
donc  sur  ce  sujet  Tattontion  d(-  ceux  q«i  m'ont  ace<irdí  Thonneur  de 
m'écoutor. 

J.  L.  DB  V. 


I  T.  1,  pp.  13r.-18li.  Ufr.  aiissi,  t  ii,  pp.  196-200. 

*  Voir  mes  Religiões  da  LaeUanta,  t.  ii,  pp.  280  et  288. 

^  Hdiffiõei  lia  ÍMfiUiiiia,  t.  ii,  p.  286.  J'ai  acquiB  poor  ci3  Musée  une  figuriue, 
encore  inédite,  qui  eat  parfaíti^ment  sfiiiblable  h  niie  autre  que  j'al  vue  en  1904 
au  Hasée  Provincinl  de  Badajoz. 

*  Voir  O  Archeologo  Pitrlugiiè»,  i,  313. 

'  Voir  mon  Ettiiilo  elhiiograp/iica  mhr  -tjayoê  e  ae  imíiii/oh,  Porto  1881,  pp.  18- 
21»;  et  mes  Tradições  pnjm/am  de  Pnrtugal,  Porto  18K2,  pj).  177-180. 

*  An  Cabinet  lies  raéilailles  de  la  Bibliothi-que  Nationalc  de  Lísbouue  il  eiiute, 
pftr  exemple,  une  iiucia  romano^uampnnienne  doiit  Ic  droit  porte  cotnme  tvpe  la 


t^te  radiée  da  soleil,  et  dont  le  revers  porte  ia  figure  U'un  croisBoiít  avec  deux 
útoiles  an-dessQS  (fig.  14) ;  cette  piéce  est  trouée  wn  ie  l>or(l,  sur  uue  lígne  per- 


byCOO^^IC 


o  Archrolooo  PoBTuauâs 


A  lei  de  13  de  Março  de  1473  sobre  as  libras 

'  Em  13  de  Harfo  àe  147S  foi  lavrado  em  Évora,  pur  Uartim  Lopes,  o  ori- 
ginal de  ama  ordenaçSo  (™  lei)  Bobre  as  libras,  a  qual  o  Bispo  de  Coimbra, 
Coade  de  Arganil,  pnblicou  (=  apresentoa  ao  poblico)  no  mosteiro  de  S.  Fran- 
daco  d*aqnella  cidade  aos  procuradores  (=>  deputados)  dos  fidalgos  (como  senho- 
res de  terras),  das  cidades  e  das  villas  reunidos  em  cortes,  em  20  do  mesmo 
mês  e  anno. 

A  lei  encorporada  depois  nas  Ordenações  Manuelinas  foÍ  registada  no  livro 
segundo  das  Ordena^Ses  ique  anda  em  a  nosa  chancellariat.  Observarei,  porém, 
que  nio  se  deve  entender  o  termo  de  ordenações  aqui  empregado  no  sentido  de 
código,  mas  unicamente  no  de  leis  soltas  transcritas  á  medida  que  se  iam  pro- 
mulgando. Só  depois  se  entendeu  no  sentido  que  se  lhe  dá  agora,  quando  a  uma 
commissfio  de  homens  de  leis  foi  distribuído  o  encargo  de  compilar,  escolher  e  en- 


pendtculaire  au  milten  du  croissant,  comme  le  moutre  le  dessiu  ci-joint,  et  elle  a  ea 
évideuiment  nne  application  rcligiense  quelconque,  de  caractere  astral,  bien  qae 
je  ne  puisse  pas  préciaer  si  cela  est  arrivé  en  Lnsitanie  on  eu  dchors. — U  est  í 
propôs  de  Tftppeler  que  dani  lo  Btãlelin  iiitemational  de  NtimUmatique,  ui,  135, 
M.  Blanchet,  d'Bprèa  M.  Oohl,  parle  des  monnaies  des  Sannates,  imítées  dei 
bronzes  romaiiis  du  iii^  siòcle,  avec  nn  croissant  et  qd  astre,  et  qu'il  les  conú- 
dère  en  rapport  avec  des  cultea.  Cest  une  coincidencc  puré  et  simple  avec  Tini- 
cia  trouÉe;  mais  elle  eet  suggcative.  San>j  vouloir  m'cugager  dans  le  tcrrain  glis- 
sant  des  hypothèscs,  je  ne  puis  pas  m'empficher  de  citei  encore  ici  les  revers  de 
deux  monnaies  de  bronze,  Tune  de  Segoeia,  au  type  du  cavalier  (fig,  15),  Vautn- 


de  SaeiU,  an  type  du  cbeval  (fig.  16),  cbacuuo  d'elIeB  pourvue  d'ua  trou  de  sm- 
pension.  Ces  monnaies  sont  au  Cabinet  Nutnismatique  du  Palais  Rdyal  d'Ajadt, 
à  Lisbonnc.  Je  les  cite,  parce  que  noas  avons  un  texte  de  Strabon  [Giogr.,  111, 
III,  T),  d'HprÈs  lequel  les  Lusitaníens  sacrifiaient  des  chevaux  à  Ares,  c'est-à- 
dire,  à  nnc  divinité  indigène  de  la  guerre,  et  parce  qu'il  n'est  pas  rare  de  trou- 
ver  cn  Ibérie  des  figurinos  de  bronze  reprúsentant  des  chevaux,  aniquelles  on 
ne  rcfnsera  pas,  du  nioius  quelquefoie.  un  caractere  religieux.  Voir  mes  Rtligiíki 
da  Ltuilania,  ii,  305-306. 


byCOO^^IC 


o  Archkologo  Portuoués 


i-uq)onr  methodicamente  imui  todo  a»  leis  DecesHaxias.  Ã  (.'iicoi-porai^u  d^u-se, 
todaria,  imperfeitamente,  poie  ficon  Leui  apparente  a  origem  das  que  foraiu 
aproveitadaB,  caso  que  se  não  d&  hil  organisa^ã^  dos  modernoB  códigos.  Kxposto 
isto, remos  qnc  havia  eatfio  doiu  livros  de  i-egistos  de  leis. 

Ma&  í  lei  acima  menciouadu,  datada  de  13  de  Mai'ço  de  1473,  cstevi:  aem 
•^ffeito  atf  1483 ',  no  qual  anno  aos  26  de  Abril,  a  requerimento  de  JoSo  IxipeB 
lie  Almeida,  do  conselho  do  rei,  se  passou  o  traslado  ou  copia  em  publica  forma 
(la  ordena^ãu.  A  publica  forma  foi  expedida  pelo  doutor  em  leis,  cavalleiro, 
■■onde  palatino  e  chaiiceller-nior  Hui  Gomes  de  Alvarenga,  iior  intermédio  du 
<lu  escrivno  e  iidalgo  da  casa  real  Fcr»3o  KodrÍgn<-n. 

O  livro  original  das  ordenações  não  existe,  uo  que  pai'cce;  mas  da  lei  au- 
icita  encontram-se  duas  copias:  uma  nura  cadei-no  que  pei-teuceu  á  camará  de 
Santarém  e  que  hoje  se  acha  no  Ãrchivo  da  Torre  do  Tombo  (Ilcmetna  tle  Snn- 
tamn,  n.°  16,  fl.  100)*;  e  outra  no  Livm  do  RfgMo  de  Próprios  do  Almoxa- 
riftulo  da  oilta  de  Ton-es  Novas  que  ke  da  doação  tia  Sfrenigima  (.'aza  de 
Areiro.  O  qual  se  refoniiori  no  anno  de  Í712  nendo  AdminMfadoí-  da  cana 
Manoel  Liipes  de  Smisa  fidalgo  da  coxa  dKl  Hei  nowo  Smtho};  e  canaUeiív 
fiivfefo  da  m-deiii  de  CIcrisfo  deputado  da  Junta  do  tahaeo  e  do  da  Rainlia  nossa 
Senhora  e  títenoureií-o  da  una  cam,  Alcayde  wor  da  viUn  de  Monte  nun-  o  velho, 
a  fl.  3õ.  Kiita  ultima  copia  completa  nos  logares  que  vSo  indicados  na  sua  altura, 
a  da  Remessa  de  Santarém.  Benclo  esta  talvez  do  século  xv  tem  a  pi-eferencia 
Nobre  a  do  livro  do  almoxarifado  de  Torres  Novas,  onde  os  erros  de  leitura  pui 
tnlam  ao  lado  do  desprezo  pela  orthographia  antiga. 

I)a  parte  especulativa  da  lei  trata  largamente  o  Sr.  Costa  Lobo  na  obra 
titulada  Hixtoria  da  Sociedade  em  Portugal  no  secvlo  xv,  secção  i,  capítulo  iv, 
jiag.  334  sqq.,  onde  vem  transcrito  o  começo  do  mesmo  d<iRamento,  assim  como 
por  Teixeira  de  Aragão  na  Dencripção  Qeval,  vol.  i,  pags.  2€9  e  389,  foi  dis- 
cutido e  impresso  o  que  se  encontra  nau  Ordeaa^òen  ManueUiiax. 

Fedro  A.  i>k  Azkvkdu. 


Ler  ^**  iiiocdH  qi«  fes(  eIRej-  d«  aforaM  6  em  a  era  de  UxlU 

Dom  Afonso  per  (iraça  de  Dcos  líey  de  Portugall  e  dos  Âlgarues 
da  quem  e  da  lem  mar  cm  Afriqua  a  quantos  esta  nosa  carta  virem 
fazemos  saber  qno  no  segundo  liuro  das  ordeiia^^Ses  igue  anda  em  a 


'  Assim  SC  eiplícH  eucoutrarem-í^c  aiud»  em  147D  Hi<  eontageiís  siipprimi' 
tias  (Cfr.  Costa  Tjobo,  Hittoria  da  Sociedadf  em  Portugal  no  sec.  »v,  pag.  ^39, 
nota).  Todavia  nito  seria  de  estraukar  que  assim  saccede^sc,  pois  todo  o  legisla- 
iloT  portagaés,  por  maiores  qnc  sejam  as  penalidade.»,  tem  de  contar  com  feitas 
<te  cumprimento  da  sua  obra. 

'  Indicada  por  Jos6  Anastasio  de  Figiieircdo,  Synopêit  Vhrwologiea,  vol.  i, 
l.ag.  106. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


1 78  O  Abcheologo  PoktuouAb 

iiosa  clianee liaria  hu  escritA  liua  urdcuaçam  que  ora  uoiiamcnte  tizemus 
em  as  cortes  qiie  jkt  nos  foroiii  feytas  t'in  esta  cidade  deiiora  açen^na 
das  liuras  e  acrecentamento  delias  da  quall  o  tehor  lie  este  que  se  «o 
diaDte  se^iic. 

Dom  Atloiiso  etc.  a  quantos  esta  ordeiiaçauí  virem  fazemos  saber  qur 
tempos  ha  que  fomos  requerido  per  alguns  yrandes  de  nosos  Reynos 
(í  per  outras  jeiítes  deiles  que  quiseaomos  proueer  a  ^'rando  per<Ia 
e  dapno  que  recebiam  cm  suas  reiídaM  por  eausa  dalguas  nosas  ordo- 
naçSes  as  quaes  lhes  douyam  de  scer  pagadas  per  liuras  da  moe<la 
antygiia  ou  per  ouro  praia  ou  per  reaes  brancos',  ou  quallqiier  iiosa 
moeda  ora  coUeiite  em  sua  venladeyra  e  intrisíqua  \'allya,  e  llie  quy- 
sesemos  fazer  justiça  loino  os  líeys  pasados  da  boa  momorea  Dom 
Johã  meu  Avoo,  e  Dom  Duarte  m<ju  senlior  e  padre  que  Deus  aja  em 
ou  taaes  o  semelhantes  caijos  tizerS  e  eulíegescmos  as  ditas  ordenaçiíes 
naquellas  partes  per  onde  Uies  o  dilto  mall  e  injustiça  vinlia,  seguudo 
os  tempos  <|ue  viorõ  e  moedas  que  se  depois  fizeríí  e  eursarSo  a  res- 
peyto  da  vallya  do  ouro  e  prata  e  ci^eçimeiítos  dos  preços  das  outras 
causas  que  por  causa  das  ditas  moedas  sobrevierÕ//  E  nos  por  iiioor 
abastança  ainda  que  neçesarío  nõ  fose  \-istos  oa  ditos  Requerimentos 
ante  que  cousa  nlgiia  detennynasemos  tízcmos  requerer  certas  cidades 
e  villas  pnneipaaes  de  nosos  líeynos  (jue  emviasem  a  nos  seua  pro- 
curadores |)era  dizerem  as  i-ezòes  que  tinesem  a  se  esto  nò  fazer//  os 
quaes  a  nos  vwrõ  e  uõ  dison')  cousa  algua  ([ue  enbarfrase  uem  contra- 
disese  ao  que  asy  crânios  lícquerido//  K  porc  visto  todo  [ler  nos  c 
como  os  ditos  líeys  o  fizenT  |)or  algilas  vezes  asy  c  como  somos  per 
deus  obrigado  a  todos  jecrallmente  fazer  justiça.  C  ordenamos  com  o 
conselho  de  nosa  Corte  e  poemos  por  Ley  coKogendo  as  ditas  ordena- 
ções*//, que  todos  os  foros,  trabutos,  çensoaees.  portajens,  pensões,  de 
tabailyies.  chançeil árias,  ençerajens  medições,  moyaçiTes//  aforadas  per 
liuras  ou  per  outra  maneyra  e  quaes  quer  outros  Irabutos  de  qiiall  quer 
calidade  aiitre  quaes  quer  pesoag*antre  quaes  quer  pesoas  que  torom 
contratados  eslabellieidos  per  liuras  anti^'x>as  ou  eolíentes,  ou  per  ouro. 


'  Ein  allemrni  u  iiictiil  ilinia-si;  Weiníupffr,  em  up]nisiirâo  ao  que  cm  latim  ei 
cliamava  argetUam  iiii/riiiii  qiiu  se  usava  uoh  iiuseos  reacs  |iret«ij  com  pouca  dif- 
fereu^ft-  Cfr-  Luscliin  vou  Klien^reutti,  ÁUijetueine  MUmknndt  uud  GfldgtMkiehl': 
ilea  Mtílela/ler»  tmá  rfer  Xeiu-ivtt  Zril,  1904,  pag.  3S.  O  tt?al  começou  a  UKar-ee  em 
l'ortU)*al  mi  tcnijio  do  rei  D.  Fernaiulo.  A  <leaoininaçiIo  iiilo  ora  exclnuiva  •!<■ 
VartMgtíl  ucin  de  Hoapaiiha.  Fora  da  peainHula  liavia  a  moneta,  dvftirx  rrga/à. 

*  De  H'|ui  por  deante  est-á  transcrito  ou  resumido  nas  Onlrnaçõt* ManuHinat, 
livro  .V,  til-  [  Si  -2.'  a  8° 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AbCHEOLOGO  PíMtTUQUÊS  179 

ou  prata  ou  reaes  de  três  Liuras  e  meia  ou  brancos  maraiiydis  ou  moeda 
outra  quallqiier  que  seja  de  quaes  quer  tempos  tee  primeiro  dia  de  ja- 
neiro do  naçimento  de  Koso  Senlior  Jhesu  Chrísto  do  j  iiij'Iíbj//.  Os 
cjuaees  foros  yensoaecs  paguem  por  cada  bilu  Keall  branco  que  pagauam 
xbiij"  pretos  que  vem  aa  liura  que  por  ordenaçS  do  dito  Hey  meu  Se- 
nhor oii  per  conuença  das  partes  posta  em  os  contractos  pagauã  a  bij' 
Horas,  por  lnía  xxxbj  Keaes  braticos.  e  a  liura  porque  paga\-X  b*^  libras 
por  hfia  xxb  reaes  e  bij  pretos  c  ao  uiarco  da  prata  j  ijHx  reaes.  e  a 
dobra  vailatba,  ou  da  banda  coroa  velha  a  ij''xbi  u  ao  escudo  da  nosa 
mueda  ij*liiij"  reaes  dobra  cruzada  ij°Ixx  fi  e  no  contrato  dos  afora- 
mentos feytos  ou  cnonados  em  pesoas  ou  em  pensões  de:<  o  primeiro  dia 
do  janeyro  do  iiij'^Rbj  atec  primeiro  dia  de  jaueyro  do  iiij'"liij  pa^nie  por 
cada  hSu  Keall  liranco  que  pagauã  a  xiiij  pretos  por  Iteall  df  que  vem 
[liura  que  por  convenha  das  partes  ])0Sta  nos  contractos  se  paga  a  set- 
tccentos  por  biima  vinte  e  outo  reaes]'  aa  liura  de  que  se  pagauX  b*" 
por  hiia  xx  reaes,  e  dobra  valledia  dobra  da  banda  coroa  velba  c'°lxbiij" 
reaes  e  o  escudo  àn.  nosa  moeda  c'"lKl)j  reaes,  dobra  cruzada  ij'x  reaes 
marco  da  prata  ix'lxxx  reaes//  E  ista  mudança  do  anno  de  iiij''líbj 
atee  o  anno  de  iiij^liij.  e  asy  nos  tempos  seguynfcs  fezemos  por  que 
no  dito  anuo  de  iiij''Rbj  esteue  o  ouro  e  prata  casy  em  Iiiiu  estado  e  asy 
os  panos  como  as  outras  cousas  se  costumauà  comprar  e  vender//  e  des 
ho  dito  anno  de  líbj  pêra  qua  começarõ  de  creçer  asy  ouro  como  prata 
e  como  as  outras  cousas//  E  os  que  esto  quiserem  entender  poderã  veer 
quanto  em  estas  pagas  somos  fiuoravell  aos  [lasadoi-os  se  liem  acata- 
rem os  preços  e  creçiment»  do  ouro  e  prata  e  das  outras  cousas  se- 
gundo os  tempos  p  deferèça  da  infnsiqua  vallia  das  moedas  que  entauí 
coBiam  e  ora  cuBem.  ([  E  nos  contractos  daforamenlos  feytos  ou  èno- 
uados  em  pesoas  ou  em  penaílcs  ete,  des  o  dito  primeiro  dia  de  janeiro 
de  iiij^liij  atee  primeiro  dia  de  janeiro  de  iiij^lsij  pague  por  cada  hííu 
líeail  que  pagauS  xij  pretos  de  que  vem  aa  linra  que  per  cõiicnça  das 
partes  posta  nos  contractoa  pagã  a  liij'^  por  bua  xxiiij"  reaes  e  a  liura 
de  que  pagauS  b'  por  Ima  xbij  reaes  e  liííu  preto  e  a  dobra  valladia 
e  coroa  velha  c"'Riiij"  reaes,  e  ho  escudo  da  nosa  moeda  c"'Ixiiij"  reaes 
E  a  dobra  cruzada  e"'lxxx  reaes  e  ho  marquo  da  prata  l)iij*R  reaes 
C  E  os  contractos  daforamentos  feytos  ou  PnouadoB  em  pesoas  ou  em 
penaSoB  des  o  primeiro  dia  de  janeiro  do  iiij'^lxij  pêra  qua  ajuda  que 
sejam  feytos  per  liuras  ouro  prata  mandamos  que  estem  como  cstam 
.8.  X  pretos  por  Reall.  V.  queremos  que  se  os  ditos  foreyros  emfatiotas 


s  enbre  colchelus  porten 


byCOO^^IC 


18t)  O  Archeologo  Poetogcês 

cousoaes  ctc  ou  seus  anteoesorcs  que  pugauam  luydiçS  de  pam  rinLo 
outros  foros  tinerS  avenças  cíjposiçSes  ou  trasauç5ees  de  pagarem  certas 
liuras  a  dinheiros  prata  ou  ouro  e  quiserem  a^ora  ante  pagar  a  diU 
mydiçam  e  foros  que  as  ditas  liuras  e  dinheiros  prata  ou  ouro  com  ho 
iicrecentamento  que  ora  fizemos  que  o  posam  fazer//  E  per  semelhante 
queremos  que  se  os  ditos  jnfstiotas  trabutarioE  Reguegueyros  çensoaes 
que  trazem  quintãas  casas  ou  outras  posisSea  por  liuras  dinheiros  prata 
ou  ouro  parte  delias  ou  parte  por  mydíçam,  E  quyflerein  ante  leyxar  ou 
encan|>ar  as  ditas  posisões  qui'  pagar  como  ora  mandamos  que  o  posa 
fazer  com  tanto  que  as  entreguem  no  ponto  e  estado  em  que  as  elle^ 
ou  ecus  anteçesores  ouuerô  ou  em  melhor  se  as  eltes  melhor  tinerem 
e  n3  sejam  dapayficadas  depois  que  as  ouuer5//  E  se  o  depois  forii 
que  paguem  os  danyficamentos  delias//  E  estes  dapnyfícamentos  pagari 
os  ditos  foreyros  jnfatiotas  etc  se  as  ditas  posysSes  forem  enprazadas 
ou  aforadas  des  o  primeiro  dia  de  Janeiro  de  noso  senhor  iiij^xixL  pêra 
qua  por  que  do  dito  tenpo  se  podem  bem  saber  quijandasas  ditas  posi- 
sSes  ouuer3//  e  se  ante  do  dito  tenpo  forS  aforadas  uu  enprazadas  aos 
ditos  foreyros  enfatiotas  as  posam  encanpar  tacee  como  as  posoyriJ  sem 
pagar  outros  danyficaDientos  porque  ha  longura  dos  tempos  faz  as  cou- 
sas asy  incertas  duuydosas  que  adur  se  podem  saber  e  far  se  ara  mnytas 
demandas  sem  se  em  ellas  poder  dar  certa  determynaçã. 

C  E  se  hfiu  foreyro  ou  jnfatiota  etc.  tiuer  de  hiiu  senhorio  hflu 
enprazamento  em  duas  on  em  niays  pesoas  e  em  hSa  ou  em  alguas 
tiuer  feytas  bem  feytorias  e  em  outra  ou  em  outras  tiuer  feytos  dap- 
nyficamentos//  os  dapnyficamentos  se  conpensem  com  as  bemfeytorías 
atc<'  onde  ellas  chegarem,  e  se  os  danyfic amentos  nS  chegarem  os 
ditos  foreyros  e  jnfatiotas  etc  paguem  o  que  mygoar//  E  se  as  bem 
feytorias  forem  mays  que  os  senhorios  as  ajam  sem  por  ellaa  algSa 
cousa  pagarem/  porque  os  que  encanpam  ou  engeytam  nS  pod^n  por 
bem  feytorias  algua  cousa  aver//  E  se  o  dito  foreyro  ou  enfatiota  etc. 
tiuer  duas  e  mays  posis5es,  cada  hfla  apartada  por  seu  contracto  e  em 
híia  tiuer  feytos  dapnyfícamentos,  e  em  outras  tyuer  feytas  bem  feyto- 
rias e  anbas  quiser  eucaupar  no  avera  hi  cdpensaçam,  e  pagara  os 
dapnyfic amentos  diía//  E  da  outra  com  suas  bem  feytorias  entregara 
por  que  aay  como  som  os  dons  contractos  e  duas  pesoas  asy  som  daas 
encanpaçSes  sem  ha  hSa  aa  outra  aver  respeyto  de  bem  feytorias  nem 
dapoyfícamcntos// 

C  E  se  os  senhorios  as  ditas  encaupaçSes  nõ  quiserem  receber  os 
ditos  foreyros  jnfatiotas  Rcguenguevros  etc.  paguem  soomente  o  que 
ante  pagauS  e  estas  cncanpaçSes  asy  de  mydiçSes  como  de  foros  se 
posa  fazer  do  dia  que  esta  ordenaçam  for  pobricada  atee  vj  meses. 


byGoí>^^lc 


o  Akcheolooo  P0HTU6UÊ8  181 


e  03  ditos  seys  meses  correrá  do  dia  que  os  senhorios  ou  os  que  am 
<le  lt«çeber  declararem  e  notificarom  aos  que  am  de  pagar  ho  que  por 
psta  ordenaçam  he  acreçentado//.  e  como  se  qiij-serem  podem  por  ella 
encanpar  ([  e  os  que  quyserem  encanpar  se  dapnefycaraentos  em  suas 
p0BÍs?Ses  tinerem  o.  as  quiserem  coUeger  c  trazer  ao  estado  em  que  as 
ulles  ou  seus  anteçesores  ounerS  ou  compridameute  pagar  os  ditos  dap- 
nyfícameDtus  que  em  ellas  ouuer  que  ajam  hitu  anno  despaço  om  quc 
o  posara  fazer  aalem  dos  aeys  meses  que  pêra  cucanpar  Uic  som  ou- 
lorgados//  e  de  todo  o  tempo  que  tardarem  em  eucanpar  pafTuem  os 
toros  e  Rendas  segundo  que  per  esta  ordena^tS  som  acreçentadas. 

fi  E  se  per  foraes  ou  ordenações  ou  determynaç8es  ou  Judeus  ou 
outros  alguns  pagar  trybntos  ou  outros  direitos  segundo  as  contias  de 
liuras  ou  de  reaes  que  em  seus  bens  ajam  como  se  acreçcntani  os  reaes 
dos  tributos,  a  xbiij"  pretos  por  Reall,  asy  «e  acreeentem  os  reaes  de 
euntia  per  cujo  Respeito  se  am  de  pagar//  Asy  que  se  os  bens  de  híiu 
judeu  chegar  8  contía  de  bj  reaes  e  dy  pêra  cima  page  cento  e  vinte 
n>aes  e  de  bj  reaes  pêra  fundo  pague  segundo  o  qnc  ouuer  eonio  se 
acreçeiitam  os  reaes  fli>  tributo  que  som  c'"xx  reaea  asy  se  aerecentem 
os  da  contia. 

(L  K  mandamos  que  nas  portajens  e  quaes  quer  outros  tributos 
e  direitos  em  que  se  fizerem  pagas  tanto  peito  myudo  que  ciluenhS  de 
teer  pretos  e  que  elles  per  conto  se  parta  e  que  paga  que  cliegar  a 
dous  terços  de  preto  todo  o  preto  se  leue//  e  onde  a  elies  nd  chegar 
que  se  nom  leue  e  fique  com  aquelle  que  ouuer  de  pagar//  E  por  que 
polia  ordenaçã  dei  Key  Dom  Aftbnso  ho  quarto  feyta  ante  do  anno  de 
Xoso  Senhor  de  iij'^lRb '  he  posta  pena  de  morte  aos  que  furtarem  • 
cousa  ou  cousas  que  valham  xx  livras  da  moeda  antígoa  mandamos 
que  as  ditas  liuras  se  entendam  naquella  verdadeyra  e  jntrínsiea  vallya 
que  vallyam  ao  tempo  que  a  dita  ordenaçã  foy  feyta//  A  quall  vallia 
declaramos  que  he//  que  xx  livras  da  moeda  antjgoa  \aliyam  entam 
e  T^lem  ora  hSu  marco  de  prata  de  ley  de  xj  dinheiros,  ou  tanto  em 
ntoeda  que  coRe  como  a  prata  senpre  valler  de  \endedor  a  conprador 
sem  embargo  de  quallquer  vallya  que  Die  per  QrdenaQã  seja  posta. 

C  E  por  que  muytos  em  nosos  Reynos  tem  jurdiçtíes  per  foraes 
e  ordcoaçSeB  e  cartas  espiçiaes  asy  como  concelhos  e  corregedores 
juizes  e  outras  pesoas  que  jnllgam  sem  appellaçS  e  sem  agrano  atoe 
certa  contía.  E  asy  penas  per  foraes  e  ordcnaçTfes  e  leys  em  quaes 


'  Deve  enteoder-sc  por  era  de  1395,  que  ilú  reiliiziíla  o 
fallcceu  D.  Affoneo  IV. 


byCoOglc 


IS-J  o  ÃKCHEOLOOO  POBTUaD£S 

quer  casoa  e  de  quac-s(|uer  tempos  atee  príineiro  dia  de  janeiro   du 
aiino  de  Noso  Senbur  Jhesuu  Christo  <le  j  iij''Rbj  (aU)  atras  postas  ora 
sejiim  per  liuras  ara  per  reaes  mandamos  que  estes  se  paguem  a  xbiij* 
pretos  por  Reall//  E  tanbem  nos  ditos  jullgadores  do  que  podem  joligar 
nem  apellaçam  e  sem  agrauo//  Mandamos  que  por  cada  Reall  dae  ditaâ 
coutias  se  contem  a  ibiij"  pretos//  Asy  que  onde  os  coRegedores  das 
comarquas  e  ouuydores  que  tem  coReyçam  e  juizes  atee  ora  jiUIgarú 
Si'm  apellaçam  e  sem  agrauo  atee  iíj^  reaes  juUguem  daquy  cm  dianti' 
tee  b'^R''''  reaes//  e  houde  o  coRegedor  da  corte  e  ouuydores  da  casa  da 
sobpricaçam  jullgam  sem  dar  agrauo  atee  mill  reaes  segundo  ba  orde- 
nada a  qiiall  maiulamos  que  se  guarde  pois  he  de  mays  pequena  coatia// 
posto  que  no  Regimento  do  dito  coRegedor  se  diga  atee  des  escudos, 
jullguem  daqui  en  diante  sem  receber  agrauo  ataa  mil!  e  oytocenUw 
Kcaes//  E  onde  os  sobr^  juizes  jullgam  agora  sem  Receber  agrauo 
atee  jb°  reaes  jullguem  daqdy  em  diante  atee  dous  mjU  e  bij'  reaes 
£j  onde  os  desenbargadores  da  casa  do  çiuell  conheciam  dos  agrauos 
dos  sobre  juizes  tee  iij  reaes  conbeçam  daquy  em  diante  tee  b  iiij' 
Tcaes//  E  onde  bo  juiz  das  sysas  julgava  sem  apellaçam  e  sem  agrauo 
atee  íj'lxxxlij  reaes  jullguem  daqui  en  diante  tee  b^xiiij  reaes  e  bíij" 
pretos//  E  onde  os  contadores  das  comarquas  julgauS  toe  agora  san 
apellaçam  e  sem  agravo  ateo  bij^xiiij  reaes  jullguem  daquy  em  diante 
tee  jij^  i-oacs  ij  pretos  E  quanto  lie  ao  contador  moor  da  cidade  de 
Lisboa  t?  ao  veador  da  ^'idade  do  Porto  e  ao  Provedoí  do  Beyno  do 
Atgarue  jullguem  sem  apellaçam  e  sem  agrauo  tee  ij  reaes  como  ora 
julgam  sem  mays  acreçcntamenlo//  porque  de  poneo  tempo  aqua  foy 
por  nos  determynado   que  toa  os  ditos  dous  mill  reaes  jallgassem// 
E  onde  os  coRegedores  juizes  e  outros  oficiacs  recebiam  proaa  de  tee- 
temunlias  tee  iij'  reaes  Recebam  daquy  em  diante  testemunhas  tee  b^^R 
Réaes  senpre  a  xbiij°  pretos  }>or  Reall/  e  a  soma  das  coutias  que  di- 
semos  atee  que  se  aja  de  juUgar  agrauos  e  Receber  teslemunhas  tomar 
senpre  se  entenda  que  ataa  ellas  seja  e  ellas  fiquem  de  fora,  porque 
asy  foy  entendido  nas  ordenaçSes  onde  erf!  as  cStias  que  por  esta  or- 
denaçã  ora  bi<  acreçeutadas. 

([  E  quanto  he  aas  custas  )iesóaes  dos  litigantes  mandamos  qiie  se 
contem  segundo  be  contelmdo  na  oi-deuaçS  qne  ora  uouamente  fizemo» 
G  asy  mandamos  que  se  contem  a  xbiij°  pretos  por  reall  os  reaes  que 
polia  ordenaça  leuam  os  procuradores  taballiaes  e  escríuSes  contadores 
porteyros  pregoeiros  e  outros  ofiçiaes  dante  nosas  justiças. 

C  E  08  outros  deuedores  per  quaes  quer  outros  contractos  ou  casy 
contractos  trasauçSes  estlpuUaçSes  sentenças  compras  vendas  testamen' 
tos  escanybos  onde  bouuer  tornas  do  dinbeiros  prata  ou  ouro  ou  quaes 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Akcheoumjo  Português  183 

quer  avenças  outras  obrigações  forças  oii  tausadas  atce  o  tempo  desta 
ordenaçã  em  que  08  ditos  deuedores  som  obrigados  em  liur»B  da  moeda 
anti^>a  ou  em  liiiras  de  reaes  de  três  liuras  e  meia  boas  ou  em  os  ditos 
rcaes  ou  em  reaes  brancos  ou  em  ouro  ou  em  prata//  paguem  os  ditos 
<\infaeiros  ouro  prata  segundo  nos  contractos  dos  aforamentos  ou  empra- 
zamentos e  determinadas  teemos/  segundo  as  deferenças  e  dedaraçites 
q\ie  ein  elles  dos  tempos  fizemos,  saliio  nos  deuedores  que  forem  obri- 
gados per  contractos  de  jnprestídos  onde  o  senhorio  das  cousas  enpres- 
tadas   n5  pasou  aos  (jne  receberom  e  yso  mesmo  pasou  ho  vso  delles 
4|ae   em  direito  se  chama  coniodatum  que  prata  ou  ouro  receberS// 
£  nos  d<-uedores  que  em  guarda  ou  em  sobcresto  ou  em  consinaçam 
ou  em  penhor  prata  ou  ouro  receberom,  e  nos  que  de  furto  prata  ou 
ouro   receberom  ou  ouverom  e  aos  tutores  curadores  moordomos  pro- 
curadores feytores  que  prata  on  ouro  receberom//  Por  que  estes  que 
prata  ou  ouro  receberom  em  esjiecia  em  psa  cspeçia  sejam  cogtrangidos 
qae  entreguem//  E  se  a  nom  tixierem  que  paguem  tanto  ouro  ou  prata 
e  feytio  e  douramento  e  interese  que  nas  ditas  cousas  ouverom//  E  se 
em  moeda  douro  ou  prata  líeceberom  cm  moeda  douro  ou  prata  en- 
treguem outro  tanto  como  valler  comílmente  de  vendedor  a  conprador// 
E  nos  deuedores  que  prata  ou  onro  receberom  enprestados  e  em  que 
o  senliorio  das  <^ousas  pasou  aos  que  receberom '/  E  os  maridos  que  em 
seus  dootes  prata  ou  onro  receberom// E  os  erdeyros  ou  testamenle^TOS 
dos  finados  que  prata  ou  ouro  em  seus  testamentos  leyxarom  e  aos 
tempos  de  suas  mortos  prata  ou  ouro  tiuerora//  E  os  que  per  eBo  prata 
ou  ouro  receberom  dos  que  pensauam  que  lhos  devyani  e  nom  era  dy- 
«ydo//  E  nos  que  prata  ou  ouro  receberom  por  bom  dalgilus  contractos 
qae  per  direito  ou  per  conuença  das  partes  forom  jullgados  por  n^uns 
ou  qnc  se  desfizerom//  paguem  em  ouro  ou  em  prata  o  que  asy  Keçe- 
Wrom  ou  tanto  ouro  ou  tanta  prata/,  como  líeçeherom  e  S  na  maneyra 
feytio  ou  douramento  em  que  ns  reçeberS//  e  se  cm  moeda  douro  ou 
de  prata  Receberom  em  moeda  douro  ou  de  prata  paguem  outro  tanto 
oomo  valler  de  vendedor  a  comprador  e  se  em  Heaes  receberom  em 
reaes  paguem  segundo  nos  contractos  dos  enprazamentos  e  aforamentos 
decrarados  teemos  .s.  a  xbiij"  pretos,  e  a  xiiij  pretos  e  a  doze  pretos  c 
a  Keall  por  reall  segando  as  deferenças,  que  dos  tempos  lizemos//  pêro 
se  algils  ereedores  que  sens  dinheiros  cnprestarom  prata  ou  ouro  Rece- 
berom cm  penhor  avera  se  quyser  ou  descontara  tanta  prata  on  ouro 
do  dito  penhor  e  em  pagamento  dos  dinheiros  que  enprestarfi  quanto 
)>oUoB  dinheiros  enprestados  aver  poderiam  aos  tempos  que  enprestarõ. 
d  E  canto  aas  diuydas  dos  dotes  e  casamentos  que  nos  deuemos 
c  tenças  que  prometidas  tenliamos  em  dinheiro  prata  on  ouro  ha  hom?» 


byCoO^^lc 


1«4  O  Archeologo  Português 

OH  a  mollieres  nosos  moradores  oii  da  liaynha  miulia  mollier  que  Deus 
aja  ou  da  Ifantc  minlia  íilha  c  as  diuydas  dos  outros  senhores  fidalgos 
prellados  c  de  outras  quaeaquer  pescas  que  cm  dinheiro  prata  ou  •■m  ouro 
per  semelhante  niaiieyra  deuera  de  dotes  e  casamentos  etc.  aaqiielleí- 
que  com  elles  vinerom//  e  as  dynydas  que  nos  oh  elles  deueraos  yso 
mesmo  em  clinheyros  prata  ou  ouro  de  puras  merçees  e  doações  que 
nos  ou  elles  aquaes  quer  pesoas  atee  qny  fízeinos//  determyn.imos  que 
se  num  faça  mays  aerccentamento  nem  emnonaçam  nos  reaes  prata  e 
oiu-o  do  que  se  tee  aquy  fez,  c  asy  se  paguem  as  ditas  diuydas  comn 
as  taaes  e  as  semelliantes  se  dante  pagarom  sem  se  mays  por  elias 
pagar  por  vallya  douro  ou  de  prata  ou  hayxura  de  moedas  porque  nos 
ditos  casos  nom  seria  cousa  onesta  nem  de  Itazaiu  ante  seria  espe<-ia 
de  engratidam  e  nom  hSo  l^o^h6çer  que  nos  ou  os  sobreditos  fosemos  por 
mays  demandados  per  acjuelles  que  a  bem  fazer  cS  nosco  od  com  elies 
viiierom  do  que  scnpre  tiuemos  vontade  que  elles  ouuesem  aos  qiiaes 
per  direito  nos  nem  elles  nom  éramos  obrigados  de  lhes  os  ditos  dotts 
e  casamentos  prometer  nem  que  os  donatários  mays  quisessem  aver 
do  que  prouue  a  nos  ou  aaquelles  quo  lhe  tam  libernllmente  as  ditas 
doações  c  mereces  fizerom//  nem  yso  mesmo  se  faça  cnouaçaiii  nem  mu- 
dança na  ^'aIlya  dos  reaes  ouro  prata  no:;  dotes  e  casamentos  tengas 
que  nos  ou  os  sobreditos  daqui  em  diante  iirometenuos//  nem  nas  doa- 
ções e  puras  merçees  que  ao  diante  fizermos  satuo  se  per  nos  ou  per 
etles  õ  as  escrituras  que  fizermos  outra  cousa  eyxpresamente  for  de- 
clarado// por  que  a=y  fby  per  noa  e  per  nosos  anteçesores  miiyto  vsado 
e  praticado// 

C  K  finaitmentc  mandamos  e  defendemos  que  do  dia  qne  esta  or- 
denaçà  for  pubrtcada  a  dous  meses  pesoa  algíia  de  quallquer  estado 
e  condíçam  que  seja  nÕ  faga  contracto  daforamento  nem  de  empraza- 
mento nem  daRendamento  nem  de  venda  nem  de  compra  nem  de  eni- 
prystido  nem  dote  nem  casamento  nem  doaçani  nem  de  trasauçam  n? 
de  estipuUaçã  nem  de  permudaçS  uem  doutra  quallquer  oonuença  que 
antre  liomSes  se  posa  fazer  de  quaes  quer  cousas  que  sejam//  per  linras 
de  moeda  antigoa  nem  per  liuras  de  outra  quallquer  moeda  que  ante 
coRese  ou  agora  coRe  ou  ao  diante  colter//  E  os  que  os  ditos  con- 
tractos quiserem  fazer  qne  os  façam  per  ouro  ou  prata  ou  reaes  ou  per 
quallquer  moeda  que  em  nosos  reynos  coRer//  E  os  que  taaes  con- 
tractos fyzerem  sejam  obrígados  ao  ouro  ou  ha  prata  que  se  obrigarem 
ou  sua  verdadeyra  e  dereyta  vallia  como  valer  de  vendedor  a  compra- 
dor sem  embargo  da  dita  ordenaçam  dei  Rcy  Dom  Eduarte  meu  Senhor 
e  Padre//  nem  de  quaes  quer  ordenações  que  nos  fize8emos//As  qoafs 
queremos  que  daquy  em  diante  nom  ajam  lupar  nem  tenham//  <■  asy 


byCOO^^IC 


o  Akcheologo  Português  18ó 

ífejam  obrigados  Jc  paíjar  quallquer  moeda  em  qm-  se  obrigarem//, 
saluo  nos  dotes  e  casamentos  e  tenças  e  puras  doaçSes  e  merçees  que 
nos  ou  as  sobreditas  pesoaí;  fizermos  como  ja  declarado  teemos//  E  os 
i-ontractos  o  quaces  qner  outras  convenças  que  per  liura»  contra  esta 
ordenaçam  forem  f<'ytas  sejam  nebuas  e  defendemos  aos  taballySes 
qne  as  nfí  façam  e  os  que  as  fizerem  per  ese  feyto  percam  os  offiçios// 
fevta  cm  a  yidade  deuora  a  xiíj  dias  de  março  Martim  Lopez  a  fez 
ãno  de  noso  Senhor  Jhesu  Cristo  do  j  iiij'^lxxiij  anos. 

Foy  pobricada  esta  ordenaçam  pollo  Senhor  Bispo  de  Coinbra  (Jonde 
darganvll  aos  sx  dias  do  mes  de  março  de  j  iíij^lxxiij  era  ho  moesteyro 
de  Sam  Francisco  aos  procuradores  dos  tidalgos  e  aos  das  cidades  e 
villas  que  vierom  aas  cortes  eu  Afonso  garçes  que  esto  escreuy '  [por 
mandado  do  ditto  Senhor. 

lia  qual  ordenaçam  Joam  Lopes  de  Ahneida  do  nosso  concelho 
nos  pedio  por  mercê  que  lhe  mandássemos  dar  u  treslado  delia  em 
publica  forma  em  hiía  nossa  Carta  para  hauci-  de  ter  e  lhe  ser  com- 
prida e  guardada  e  nos  visto  seu  dizer  e  pedir  lhe  mandamos  dar  a 
ditta  ordenaçam  toda  encorporada  em  estn  nossa  carta  assim  e  pella 
giiísa  como  no  ditto  segundo  livro  se  i-ontbeni  e  porem,  mantbimos  a  to- 
dolos  nossos  corregedores  juizes  c  justiças  officíaes  e  pessoas  de  nossos 
líeynos  que  em  todo  lhe  cumpram  o  guardem  a  ditta  ordenaçam  assim 
e  por  a,  guisa  como  aqni  em  esta  nossa  carta  lie  escripla  e  decrarada 
s<'m  outro  algum  embargu  que  lhe  sobre  ello  jionham  c  iil  nom  fa- 
cades.  Dada  em  a  nossa  cidade  dEnora  a  vinte  e  seis  dias  do  mes 
dabril  FA  Rey  o  mandou  por  Rny  gomes  daluarenga  Doutor  em  leis 
cavaleiro  Conde  pelatino  do  seu  Concelho  c  seu  chanceler  mor  Fernara 
Rodrigues  por  Fernauí  dAlmeida  fidalgo  da  casa  do  ditto  Senhor  e 
eserivam  da  chancellaria  a  fes  anno  do  Nascimento  de  Nosso  Senhor 
Jesus  Christo  de  mil  e  quatro  centos  e  ontenta  e  tros  annos]. 


Estações  prehistoricas  dos  arredores  de  Setúbal 
Hâbltaçftes  prebiitorlcu  ao  Eongo  da  oosta  naritlma 

Ifoiílliiuntào.VW.  »  Arth.  yrt.,  ii,  U3| 

A  bahia  de  Setúbal,  furmada  na  reintrancia  da  costa  cutre  os  Cabos 
Espichel  e  de  Sines,  c  um  dos  logares  m^s  propicies  para  a  pesca,  nSo 


I  A  parte  ijuc  "i:  segue  entre  colchetes  Hclia-se  apenas  n  As.  41  v.  e  4ã  ilo 
■o  do  JiegUto  d'.  PrnprU)»  do  Alninxnrifiido  de  Tarre»  Xnrait. 


byCOOglc 


18ti  O  Abcheologo  Português 

só  pi-lus  abrig'os  que  lhe  dSu  aa  suas  costas  c.  a  S«rra  da  Arrábida,  que 
.1  prutegc  <lus  venttks  preddminnntes  ãv  norte,  mas  ainda  pela  abundân- 
cia e  variedade  de  peixes  que  ahi  tSo  attrabidos  quer  peU  qnalidadr 
de  alimento,  que  encontram  no  plancUm  em  suspensSo  nas  aguas  dn 
o(.-cano,  quer  pelos  bons  cumedonros  existentes  nas  areias  e  lodos  do 
fundo  dt'  mar. 

Para  a  existência  das  muitas  espécies  de  peixes,  que.  vivem  na  babU 
de  yetubal,  eoneitire  também  a  variedade  de  zonas  batbymetricas,  que 
sh>  ahi  de  todas  a&  espécies. 

Na  direcção  SO.  <l<i  Cabo  Kspic-hel,  e  cumo  que  continuando  cm 
sentido  inverso  a  configuração  da  Serra  da  Arrábida,  eucontra-se  * 
zona  abyssal  cujo  fundo  orça  por  1:0IN)  metros  e  onde  os  pescadores 
do  alto  vão  ha  muito  com  its  seus  espinheis  colher  n  pcixe-ltxa'- 

Nas  proximidades  da  costa,  c  em  profundidades  de  JM)  a  60  metros, 
vem  a  sardinha  aos  cardumes  cair  tanto  nas  amiaçi^es  fixas  como  nos 
apparctlios  volantes  chamados  cercos  de  galrSes. 

Nas  cabeças  e  baixos,  tanto  da  costa  como  do  estuário  do  Sado,  va*- 
o  varino  e  o  marisqueini  apanhar  os  peixes  e  moiluscos,  que  puUulam 
na  zona  litoral  de  pouca  profundida<Ic. 

Quando  o  vento  sopra  do  sudoeste,  o  que  é  frequente  na  estaçlo 
hiliernal,  e  põe  cm  tumulto  furioso  as  ondas  <lo  tK'eauo,  não  pôde  o  pes- 
cador da  costa  cm  do  alto  sair  do  estuário  Sado;  mas  os  varinos  e  ma- 
risqueiros, mesmo  dentro  d'este  estnario  c  nos  esteiros  e  albufeiras  em 
que  se  ramifica  o  estuário,  continuam  a  colher  o  i>eixe  e  marisco»  qne 
aht  abundam. 


'  Foi  tLcalHB  profiiDiliiUilca  abvBSHCS  qiip  os  )>escadorce  do  alto  eDcontnnun 
a  espécie  ile  capouja  chamaila  chicote  do  mar  (Hj/alonema  Lutilaiiica)  e  de  que  ^e 
nZo  conheciam  exemplares  sitnfto  jirovenientc»  do  innr  (lo  Jap2o. 

Antea  de  1BG4,  anuo  em  que  o  Sr.  José  Viueoto  Barbosa  dii  Bocage  pnblicou 
sobre  o  chicote  do  mar,  achado  no  oceano  proiimo  de  Setúbal,  a  saa  Ndiàa 
aeèrea  da  degcoberia  vai  cotttu  dt  Portugal  de  iim  Mop/iilo  dafamilin  hyaloeiat- 
tidfg.  Itrandl,  sugiiin-se  n  opiníilD  de  EdM-nrd  Forbes,  que,  apoiado  no  ftct«  de 
a  luz  solar  ntio  pasenr  alem  de  200  metros  de  profundidade  no  mar  c  de  nSolisvcr 
planta*  abaiio  do  400  metros,  suppiínha  que  oa  abysmos  alem  de  500  metro? 
eram  soliduea  deshabitadas,  onde  as  trevas  e  as  grandes  pressões  não  pcrmittiain 
a  eiiatencia  de  nenhum  ser  vivo.  Por  isso  a  noticia  apresentada  pelo  Sr.  Bocsgi' 
impressionou  tanto  o  mundo  scicutifico,  quu  desílc  eiitilo  eomeçaram  aa  oiplo. 
raçSes  oceanograjiliicas,  que  tanto  tem  ndeantado  o  couheeiínento  dos  pkenoine- 
nos  que  se  passam  no  seio  dos  marca. 

Tnrabem  desde  18!)«  S.  M.  El-Eei  o  Senhor  D.  Carlos  tem  feito  doUtcIs  m- 
ploraçues  nos  mari>s  que  banham  as  costas  portuguesas,  dando  a  conhecer  melhor. 
a  fauuH  d'essrs  mares,  especialmente  entre  o  Calio  da  Itoca  e  o  de  Sines. 


byGOí>^^IC 


o  Abcseoumo  PqbtcouAb  ItiT 

Quaudo  porém  o  vento  sopra  do  noroeste,  o  que  ú  habitual  uo  estio, 
;ts  ag'ua8  do  mar,  abrigadas  pela  Serra  da  Arrábida,  apresentam-se  tran- 
qDÍIlas  como  unm  lago,  e  então  o  pescador  vae  afoito  á  vasta  baliia  de 
Setúbal  collier  as  myriadeã  de  peixes,  que,  sendo  actualmente  expor- 
tados e  consumidos  em  larga  osoala,  constituem  uma  das  melhores 
fontes  de  riqueza  da  localidade. 

Setúbal  ti  a,  piscosa  Cezimbra ',  que  são  as  principais  poToaç3es  que 
fícauí  nas  costas  d'csta  bahía,  devem  a  sua  existência  e  prosperidade 
A  industria  da  pesca. 

Desde  os  tempos  mais  remotos,  a  colheita  de  peixes  e  molhiseos  tem 
sido  aotiva  nesta  bahia,  cujas  costas  foram  sempre  habitadas  por  abun- 
dante população  piscatória. 

Du  tempo  dos  Rontanos  lia  na  margem  esquerda  dt<  estuário  do  8ado 
as  ruiuas  de  uma  povoação  em  Tróia,  otide  se  encontra  grande  quan- 
tidade de  pesos  de  redes  c  iunumeras  ceturiag,  que  segimdo  André  de 
Resende*  serviam  para  a  salga  de  peixe.  Nas  proximidades  de  S.'"  Ca- 
tbarina  (Moinho  Novo  e  Pitnta  da  Areia),  na  Sr.'  da  Graça,  Cachofarra, 
Pedra  Furada,  Commeiída  e  Creiro,  todos  situados  iia  mar^'m  direita  do 
estuário  do  Sado  e  costa  do  lado  do  norte  da  bahia  de  Setúbal,  também  tc- 
nlio  encontrado  muitos  vestígios  de  cetarias  e  numerosos  fragiaeutos  de 
ntensilios,  que  pelos  seus  caracteres  attestam  o  muito  desenvolvimento 
que  tinha  nesta  localidade  a  industria  da  pesca  no  tempo  dos  Romanos. 
Dos  tempos  prcbistoricos  tenho  encontrado  restos  de  liabitaçiíes  junto 
da  costa  maritima  no  sopé  d<i  Monte  Vaqueiro  próximo  da  Coramenda, 
em  Out3o  e  em  Oalapos.  Em  todos  estes  legares  encontrei  fragmentos 
de  louça  mnito  grosseira  trabalhada  sem  o  auxilio  da  roda  de  oleiro, 
machados  de  pedra  polida,  profusa  quantidade  d<'  valvas  de  mulluscos, 
cascas  de  crustáceos,  ossos  de  peixes,  etc.,  objectos  estes  que  se  podem 
considerar  como  vestígios  da  industria  humana  ua  época  neolithíca. 

Os  restos  de  peixes,  que  encontrei  nestas  estaçSes  prehlstoricas, 
pertencem  quasi  totlos  ás  espécies  que  tem  o  seu  habitat  em  zonas  ba- 
thymetricas  pouco  profundas  e  que  pouco  se  afastam  da  costa  como: 
a  dourada,  o  sargo,  a  tainha,  o  mugem,  etc. 

Nem  sempre  pois  seria  necessário  aos  pescadores  primitivos  defron- 
tarem as  ondas,  nem  correrem  os  perigos  das  aventuras  em  mares  afas- 
tados da  costa,  para  poderem  fazer  abundante  colheita  de  peixes,  muitos 
dos  quaes  sem  receio  se  introduziriam  pelas  partes  mais  i-econditas 
das  reintranoias  do  litoral  e  albufeiras  das  proximidades  do  Setuhal. 

.    I  (.'omo  lhe  chama  Camucs  noa  Liuiadaa,  m,  Gõ. 
*  Vid.  Df  Ãnqwialibta  Ltititanine,  vol.  ii,  pag^.  2r>3. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


188  O  Archeologo  Poetcquês 

Mesmo  sem  appiírclhos  de  pesca  de  grande  engenho,  bastaría  para 
apanhar  o  pt-íxo  que,  depois  de  elle  ter  entrado  nos  esteiros  com  a  maré 
enchente,  se  impedisse  a  sua  saída  na  corrente  da  yasantc. 

K  o  que  se  faz  ainda  liojc  aapesra  0<;  traresea,  que  os  marisqueiros 
empregam  nos  esteiros  do  Carvão  o  da  Tróia.  A  ti-cn-easa  é  um  appa- 
relhu  de  estacada,  isto  é,  uma  rede  sem  pesos  nem  bóias,  segura  por 
meio  de  estacas  postas  no  fundo  do  mar  em  linha,  que  atravessa  a 
boca  do  estoiro.  Emquanto  dura  o  fluxo  da  maré,  a  rede  está  pros- 
trada no  fundo  c  deíxa  eutrar  o  peixe.  Logo  porem  que  começa  o  rf- 
ãuxo  da  mar(5,  os  pescadores  levantam  a  orla  da  rede,  suspendendo-a 
nas  estacas  e  impedem  assim  a  saida  do  peixe. 

De  modo  semelhante  c  com  os  mais  rudes  apparelhos  de  pesca 
poderia  o  homem  primitivo,  por  assim  dizer  instigado  pelas  circims- 
tancias  locaes,  fazer  larga  colheita  de  })eixes,  e  para  mais  commodidade 
formaria  povoaçííes  junto  da  costa  da  bahia  de  Setúbal  e  estuário  do 
Sado  onde  exercia  a  industria  da  pesca. 

Seria  talvez  assim  a  origem  das  estações  prehistoricas  da  Com- 
menda,  de  OutSo  e  de  Galapos,  que  passamos  a  descrever. 

Eataçio  prehUtoFloi  da  Connenda 

Arttvil  é  o  nomo  de  uma  ribeira,  que  depois  de  ter  percorrido  « 
valle  do  Picheleiro,  entre  as  serras  da  Arrábida  e  as  de  Azeitão,  S.  Lnis 
c  Viso,  vae  lançar-se  no  estuário  do  Sado  junto  a  um  alcantil  da  sua 
margem  direita,  graciosamente  coroado  pela  casa  v.  forte  de  S.  João,  qoe 
para  defesa  do  porto  de  Setúbal  foi  edificado  em  1C50 '  na  Conunenda 
de  Mouguellas  pertencente  á  ordem  de  S.  Tiago  (figs,  181."  e  182.'). 

Próximo  d'esta  casa  ficava  a  ermida  de  N.  S.*  da  Ajuda,  que  desde 
1573  até  1845*  ficou  sendo  a  egreja  parochial  de  uma  freguesia  ins- 
tituída naquelle  anno  com  os  povos  da  Rasca,  Ribeira  de  Alcube  e 
Gralhai '. 


■  Segundo  a  iuscriySo  lapidar  qiic  tunda  existe  no  forte  de  HongueUaa- 
'  O  nltimo  baptismo  que  ee  effcctuou  nesta  igreja  foi  «m  1  de  jnnbo  de  1845. 
Km  ISõ^)  a  igreja  fbi  abandonada  c  hoje  acha-se  convertida  em  adega  da  quinta 
da  Commenda,  propriedade  do  Sr,  Conde  de  Armand. 

)  Segundo  o  (livro  da  visitação  da  ordem  de  Santiago  da  freguesia  de  nonsa 
SAra  da  Jada  cita  no  termo  de  Satubali,  que  se  conaerva  no  arcliivo  da  firegueúa 
da  Annunciada  de  Setúbal,  fai  D.  Diogo  de  Gouveia,  Prlor-mór  do  eoaveato  de 
Palmella  da  ordem  de  S.  Tiago  que  deu  licença  aos  moradores  dn  Uasca,  Ribeira 
de  Alciibe  e  Gralhai,  que  residiam  distante  da  matriz  (em  Palmella)  adoas  léguas 
de  serras  e  de  mao  caminho  e  áspero  e  no  meo  a  ditta  ribeira  d'alcnbe>,  npara  se 
dcsmembrarT  da  Matri/>. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


Di„i„«b,Googlc 


LEGENDA 

ÍÍIi  -Vcítluior,  ,U  tiulii-lrl"  i.itli[i.l-.rlca  iia  sop.;  ú^  Moi 
—  Pr.-a  ou  loiíqnu  lio  Ii^nii»  Ooi  roínanoí. 
„  U«  Ki,  — Vcmlicl'»  da  íann!li!»cin  romana  d»  agua  J 
.CcUrla>  romana Kjnntii  i  foi  da  ribeira  d>  Ajailn. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AkCHEOLOQO  POKTUGUÈa 


Por  esta  ciruiinstaaciii  a  ribeira  <\e  Aravil  tainliem  tommi  a  <lesigna- 
*;Sn'<lii  Ajuda,  ni>iim  porque  é  mais  eunliccida. 

O  valle  pnr  oiule  (.-(.irrc  a  ribeira,  ao  abrir-se  im  e.sluariíi  dti  Sado, 
ílá  logar  a  um  petiiieim  esteiro  por  onde  entra  o  oceano  na  preamar. 

Xa  baixamar  porém  o  leito  d»  pequeno  est«íro  íica  completamente 
acima  do  uivei  d»  mar,  bera  foino  um  pequeno  delta  formado  junto 
(la  foz  pelo  deposito  das  areiam  arrastadas  pela  ribeira. 

Na  margejii  esquerda  e  nu  leitu  deste  e.steiro  (figs.  181,*  e  IKá.*) 
encontrei  as  minas  do  ceíai-iV/e  rnmanas,  if^tiacs  ás  de  Tróia  e  como 
elias  destinadas  á  .salga  de  peixo  e  mulluscos  para  exportação.  Também 
alii  encontrei  muitos  fragmentos  de  objectos  da  industria  romana,  como 
IV.-tgmmtos  de  amphoras,  de  t<^i}ii}ii»,  de  imbrire»,  moeda.s  de  imperadu- 


rus  do  século  IV,  bem  como  imia  iiifinidaile  de  valvas  de  molluscus  ma- 
rinhos, que  attestam  que  ns  lii>manos  exploravam  neste  logar  a  pesca 
e  ctmscrva  de  peixe  e  marisens. 

Para  a  lavagem  das  cetnrinH  nu  salgadeiras  os  Romanos  serviam-se 
da  agua  da  Von  te  Velha,  que  repre.sa\'am  no  sitio  da  Presa  i»>r  um  dique 
de  alvenaria,  apoiado  jior  um  gigante  de  argamassa  signína  {opus  SÍ- 
gnãmm),  que  ainda  existe  mascarado  com  um  rebiKio  de  data  muito  re- 
cente. Da  Presa  a  agua  era  condiizidji  para  as  cotarias  por  uma  ca- 
nalização de  argamassa  signina,  de  qno  também  ainda  restam  vestígios 
nas  bases  dos  montes  dn  Carvalhal  e  Cruz. 

Na  margem  direita  da  ribeira,  uns  400  metros  a  montante  das  ee- 
tarías  romanas  e  no  sopé  di>  monte  Vaqueiro,  encontrei  os  destroços 
de  Mma  estaçíht,  os  quaos,  a  julgar  pelos  seus  caracteres,  .se  pmlem 
classiticar  de  neolitliicos. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Archeologo  Português 


natureza  d'estes  vestijíios  e  a  proximidade  do  estuário  e  bahia 
lo  levam-me  a  crer  que  hrmve  aqui  um  petiueno  jjorto  e  povna- 

pescadiircs. 

!m  de  muitas  pedras  de  subslaiioia  differentc  da  nicha  locai,  e 
ovavelmenle  foram  trazi<la8  para  este  li>gar  para  a  coostrucçãn 
edes  das  liabitaçiíes,  havia  einzas.  carvão  e  muitos  destmç<>ii 
?ct(is  onde  se  exerceu  a  actividade  do  homem. 
tstes  destroços  os  mais  dignos  du  nota  sfio  os  seguint&s: 

Uma  serra  de  silex  de  secção  triangular,  que  se  acha  reprcswi- 
a  fig.  18;i/ 

\  instrumento  ponfeagud"  de  silex,  talvez  destinado  a  furjtdor, 
4." 

Diversos  machados  de  pedra  polida,  dois  dos  quaes  twm  o  gum-- 
bem  atiado,  como  representam  as  figs.  ÍHÒ."  e  186.* 


Fragmentos  de  louça  igual  pelo  seu  fabrico  á  da  Rotura. 

d'estcs  fragmentos  conser^'a  uma  das  asas  que  eram  em  fur- 
mamillos,  como  se  vê  na  fig.  187." 

Um  fragmento  de  vast>  de  louça  a  que  pelo  atrito  na  orla  se 
brma  de  disco  (fig.  188.").  Apesar  d'este  disco  .não  estar  perfii- 
alvoz  fosse  o  esboço  de  un»  peso  destinado  a  sen'ir  de  volante 

(fusaiolu)  ou  cossoiro. 

Vértebras  e  outros  ossos  de  peixes.  A  maior  parte  d'estes  ossos 
n  pela  sua  forma  perteneer  &  familia  Sparidae,  cujos  indiví- 
juco  se  afastam  do  litoral  e  se  alimentam  de  molluscos,  cnis- 
í  plantas  marinhas,  .\iguns  intormaxillares  e  dentes,  que  colhi, 
grandes  dimeusSes  e  julgo  serem  da  grande  dourada  (Chry- 


byCOO^^IC 


o  AsCHEOLOaO  PORTUQUÉâ  191 


sophrie  aurata),  que  fui  muito  apreciada  pelos  Gregos  e  Romanos. 
Esta.  espécie  de  peixes  ainda  hoje  é  colhida  no  estuário  do  Sado  e  lagoa 
de  Melides. 

Para  obter  estes  peixes  não  tinham  os  pescadores  da  antiga  estaçSu 
«la  Commenda  necessidade  de  sair  do  esteiro  da  Ajuda,  que  noutros 
tempos  era  menos  assoreado  do  que  é  hoje.  Bastava  por  qualquer  mei» 
impedir  que  o  peízc  saísse  do  esteiro  com  a  corrente  da  maré  vasante 
para  se  obter  peixe  em  abundância. 

Nosta  estação  n2o  encontrei,  como  na.  Rotura,  ossos  de  pescada 
{Merluccius  mUgarii)  e  de  ontros  peixes,  que  vivem  cm  zonas  profundas 
(zonas  dos  coracs  cem  »  cota  bathymetríca  de  70  a  500  metros)  e  só 
podem  ser  colhidas  com  o  an7.ol,  como  fariam  os  habitantes  da  Rotura 
que  empregavam  para  isso  anznes  <le  cobre  da  grandeza  dos  que  hoje 
se  usam  uos  espinheis. 

Por  este  motivo  e  ainda  por  nSo  encontrar  nenhum  objecto  de  co- 
bre, snpponho  que  a  estação  da  Commenda  nSn  ohegou  á  época  eomo- 
tallica  como  a  da  Rotura. 

F)  Grande  quantidade  de  valvas  de  molluscos  das  mesmas  espécies 
achadas  na  Rotura.  Alguns  <t'eBtes  molhiscos,  como  as  navalhas  {Solen 
vagina)  e  berbigSes  (Cardium  eãule,  L.),  ainda  hoje  se  podem  colher 
em  abundância  sob  a  areia  do  delta  da  Otimmenda  e  na  próxima  praia 
de  Albarquel  na  baixa  maré. 

O)  Dois  pedaços  de  barro  cru  com  cauacs  de  forma  cónica.  Estes 
pedaços  de  barro  são  os  estilliaços  de  um  banco  onde  viviam  os  mol- 
luscos  chamados  languciròts  ou  calampanas  [Pknlag dattylu».  L.),  ma- 
risco muito  apetecido,  que  ainda  hoje  os  marisqueiros  colhem  partindo 
á  picareta  os  bancos,  que  se  encontram  na  baixamar  das  próximas 
praias  de  Albarquel  e  Rasca.  Os  canaes  são  perpendiculares  á  super- 
fície superior,  que  tinha  o  barro  quando  fazia  parte  do  banco,  snper- 
Kcio  na  qual  se  abriam  os  orifícios  por  onde  os  pholax  faziam  sair  os 
seuB  syfSes. 

Estes  fragmentos  de  barro  parecem-se  á  primeira  vista  com  os  acha- 
dos na  lapa  da  Rotura  de  que  já  falleij  porém  um  exame  mus  attentii 
leva-me  a  concluir  que  sSo  de  origem  differente.  Com  ofiéito,  emquantu 
<>s  canaes  feitos  nas  estilhas  de  barro  achadas  na  Commenda  são  cónicos 
c  perpendiculares  á  superfície  lisa  do  barro,  uos  fragmentos  achados 
na  Rotura  são  cyfindricos  e  parallelos  á  superfície,  que  tinha  o  barro 
•  antes  de  ser  partido.  Alem  d'isto  nos  fragmentos  achados  na  Rotura 
a  superfície  plana  foi  alisada  cem  as  mãos,  como  se  deprobende  dos  ves- 
tidos deixados  pelos  dedos,  o  que  não  auecede  com  os  estilhaços  achados 
na  Commenda,  que  são  de  um  producto  perfeitamente  natural. 


byGoot^lc 


o  Abcueologo  Fobtugdês 


EHtaçOes  d«  OnlSo  e  UalBpos 


Quem  de  Setúbal  qnisor  fazer  uma  excursão  á  Anabkla  pela  mar- 
gem do  Sado  segiie  a  pittorcsca  estrada  macadamizada  de  OutSo.  que 
passa  pela  Coinmenda  e  praia  da  Rasca. 

Esta  estrada  termina  eui  Outãn,  e  é  pena,  pois  que,  se  continuas^*^ 
para  o  portinho  da  Arrábida,  imdc  tia  uma  pequeua  povoação  de  pes- 
cadores, puderiamos  com  facilidade  revelar  tanto  aos  nacionaes  coinu 
aos  estrangeiros  um  dos  pontos,  onde  no  pais  o  l>ello  se  manifesta  da 
maneira  mais  impressionante. 

Para  continuar  o  itinerário  para  a  Arrábida  lia  dois  caminhos :  ani 
mandado  construir  a  meia  encosta  da  serra  pelos  frades  da  Arrábida, 
o  ouiro  é  uma  estreita  e  tortuosa  vereda  por  onde  6  preciso  ora  trepar 
pelos  rochedos,  que  se  debruçam  sobre  as  ondas,  ora  descer  até  à  al- 
i  areia  da  ])raia. 


) 


Se}juindo  por  esta  viTeda  uns  400  metros  alem  de  Outão,  tica-nus 
do  lado  direitjj  a  lapa  dos  Morci^gos,  formada  pelo  afastamento  de  duas 
camadas  do  ealcareo  jurássico,  e  ende  os  pastores  da  serra  enstumaiu 
afilhar  o  fjado. 

Km  diffei-entes  pontos  nas  proximidades  d'esla  lapa  acliei,  atloraudu 
A  suptrficie  da  terra,  differentes  vestiyios  da  industria  humana,  tacs 
como;  fragmentos  do  lonça  grosseira  de  barro,  mal  escolhido  e  não 
afeiçoado  eoin  o  auxilio  da  roda  de  oleiro,  fragmentos  de  machados  do 
pedra  polida,  easeas  de  mollusoos,  etc,  os  quaes  pela  sua  natureza  c 
fabrico  julgo  serem  da  época  iieolitliica. 

Continuando  pela  vereda,  c  depois  de  passar  junto  de  diversas  grutas 
ainda  não  exphiradas  uns  2:000  metros  alem  de  OutSo,  a  costa  deixa 
de  ser  escarpada  e  depara-se  uma  líraiasinha  chamada  de  Galapos,  pró- 
ximo da  qual  ha  uma  locauda  cronstruida  recentemente  o  onde  se  ven- 
dem géneros  para  eonsiiiiio  jlos  habilaiites  do  l'ortiuho. 


byCOO^^IC 


o  Abcheoloqo  Português  193 

l'ara  a  conatrueçUo  dV'ste  casal  foi  preciso  explorar  unia  pedreira 
<le  calcareo  nííocenico  que  está  próxima,  e  na  occasiSo  da  exploração 
foram  encontrados,  entre  os  entulbos  que  preenchiam  as  cavidades  da 
rocha,  grande  quantidade  de  caseas  de  molluscos  das  mesmas  espécies 
que  encuQtrei  na  Rotura,  caseas  de  crustáceos,  principalmente  do  cir- 
ropode  chamado  vulgarmente  craca  (Halanus  tíHtinnabidum.  L.),  nm 
machado  de  pedra  (fig.  189.")  com  o  gume  muito  atiado  e  fragmentos 
de  grandes  potes,  feitos  sem  o  auxilie  de  roda  de  oleiro  com  a  grossura 
de  0",02,  e  de  barro  tão  mal  escolhido  que  se  encontram  no  seu  inte- 
rior pedaços  de  quartzo  da  grandeza  do  grSos  de  milho. 

Julgo  que  estes  potes  eram  destinados  á  salga  e  conservaçSo  de 
peixe  e  niolluscos. 

Também  foram  achados  diversos  dentes  de  javardo,  um  dos  quacs 
foi  cortado  transversalmente  talvez  com  destino  a  amuleto  (fig.  190.*), 
e  uma  valva  perfurada  (fig.  191.*)  talvez  para  servir  de  lucerna. 

{Continua).  ,     r    ,,  n 

A.  I.  Marques  da  Costa. 


Mudança  do  nivel  do  Ooeano  * 

8.  Cabo  de  Espichel 

No  Boletim  da  Sociedade  (jeologica  do  França  publicou  o  Sr.  G, 
DoUfus  o  o  signatário  d'estaB  linhas  um  artigo  sobre  areias  congluti- 
nadas  em  gr4s  rijo,  eom  conchas  marinhas  aetuaes,— que  se  acham 
na  escarpa  de  ií,"  S.'  dos  Navegantes  e  taml>em  ao  pé  do  semapho- 
rico  do  Cabo  do  Espichel*. 

Os  pontos  onde  as  conchas  foram  colhidas  acham-se  a  (i,  IT),  fí2 
e  70  metros  acima  di)  nivel  actual  do  Oceano. 

Elias  apparecem  geralmente  partidas,  eomo  acontece  nas  praias; 
as  que  estão  em  estado  de  conservação  que  permitia  determinação 
certa  são  naturalmente  mais  raras  nos  niveis  superiores  que  nos  mfe- 
riores,  visto  a  erosão  ter-se  exercido  durante  mais  tempo  nos  jazigos 
que  estão  mais  altos. 


'  Vfja-se  O  Arch.  I'ort.,vo\.  ii,  ji.  301,  — convite  iiiiia  se  enviarem  jiara  istit 
periódico  elementos  refereutc.s  a  estu  tiastinto ;  e  o  '2."  artigo,  vol.  iv,  p.  tiJ. 

'  «Quciques  cordoua  Itttoraux  inaTinH  da  Ploiatocéiie  du  Portugal»,  iii  Boi. 
Soe.  Géol.  France.  tomo  iv,  1904,  pp.  73K-T,")2.  ^Reproduzido  nas  fmnnmnieaçSeg 
da  Cominissão  do  Serviço  Geológico,  tomo  vi. 


byCOO^^Ic 


194  O  Akcreolooo  Poktuglés 

<.>  nosso  Ulustre  geólogo  Carlos  Ribeiro  já  tinba  indicado  a  prc- 
aonça  de  conchas  actuaes  nestas  alturas,  ma^  não  as  lendo  descrito, 
havia  duvida  se  ellas  pertenciam  ao  quaternário  ou  aos  terrenoa  plio- 
cenicos.  O  estudo  que  fez  o  profundo  conhecedor  das  faunas  inarínhaâ 
actuaes,  Gustavo  Dolifus,  dissipou  todas  as  duvidas. 

líeconlicceu  ]4  espécies  da  altitude  de  6  metros,  10  da  altitude 
de  15  c  (i  da  de  <>0  metros.  O  ja^-igo  do  70  metros  nSo  deti  .senSo 
fragmentos  indetermináveis. 

Estas  espécies  uSo  apreseutani  relação  com  as  do  plioceno;  (odas 
pertencem  &  fauna  actual  do  Oceano  Atlântico.  O  modo  do  jazigo, 
a  mistura  da  areia  com  calhaus  rolados,  não  deixam  duvida  de  qoc 
estes  depósitos  são  os  restos  de  antigas  praias.  Imp5e-se  portanto  » 
admissão  de  uma  mudança  de  7'^  metros  no  ni\'el  do  mar  desde  a  época 
quaternária. 

O  artigo  lembra  a  presença  de  conchas  análogas  á  altitude  de  lU 
metros  ao  pé  da  foz  do  Uoaro,  já  indicadas  pelos  Srs.  Frederico  de 
Vast:onccllos  e  jVugusto  ííobro. 

Chamaremos  também  a  atteação  para  um  artigo  do  Sr.  A.  I.  Mar- 
ques da  Costa '  em  que  se  mencionam  movimentos  ascendente  e  descen- 
dentc  do  solo  <le  Tróia  de  Setúbal,  provado  pelas  minas,  o  que  parece 
indicar  que  o  movimento  acima  mencionado  continuava  ainda  na  época 
romana. 

4.  Trafaria 

No  lado  opposlo  da  1'eninsulu  de  Setúbal  citaremos  a  povoação  da 
Trafaria,  cnjas  casas  mais  próximas  do  mar  foram  destruidas  pela  inva- 
são das  aguas,  haverá  uma  dúzia  de  annos,  e  o  facto  de  existir  a  ponca 
distancia  da  horda  actual  do  mar  o  bocal  de  um  poço  que  não  fica 
a  descoberto  senão  nas  grandes  marés. 

É  uma  prova  Íncontcsta\'c1  da  movimento  ascendente  da  linha  da 
costa,  o  qual  se  dá  talvez  ha  mais  de  um  século. 

Paul  Choffat. 


O  meio  toniõs  do  Porto 

Na  collecção  monetária  do  fír.  Kobert  A.  Sbore  existe  um  interes- 
sante exemplar  da  época  medieval,  inédito,  muito  notável  pela  marca 
monetária  que  o  distingue,  pelo  diâmetro,  impróprio  do  valor  que  rc- 

'  "ECitudoa  Hobri:  Tróia  de  SetubaU,  ia  O  Areh.  Porl.,  ir,  1896,  p.  34. 


byGOí>^^IC 


o  Abcheologo  Pobtuqués  19r> 

presentou,  e  aímla  pyr  outros  predicados,  mas  estes  de  importantita 
secundaria.  Sem  que  mostre  um  typo  monetário  desconhecido,  vem 
preencher  uma  lacuna  até  lioje  notada  na  serie  de  moedas  que  foram 
trunhadas  na  cidade  do  Porto  durante  o  reinado  de  D.  Fernando,  nono 
rei  cio  Portaga).  É  o  meio  tornSs  de  busto. 

Apesar  tle  fabricado  írregiilarmcnfe,  como  no  século  xiv  se  fabri- 
travam  moedas  em  quasí  todos  os  países  da  £uropa  central,  apresenta, 
■■nmparado  com  qualquer  padrão  de  moeda  branca  do  mesmo  reinado, 
aspecto  manifestamente  agradável,  de  soffrível  esthetien,  como  so  mos- 
tra na  figura  sefruinte: 


Busto  de  D.  Fernando  com  a  eabelleira  oudeanff,  luroado, voltado 
para  a  esquerda,  dentro  de  um  circulo  de  pontos.  A  marca  monetária 
P,  significativa  de  PORTO,  é  o  distinctivo  que  i-la.ssifica  a  moeda.  Em 
seguida  á  oníz  da  Ordom  de  Christo,  "í")  lê-sc  na  orla  as  primeiras  pala- 
vras do  conhecido  versiculo  SI  :  DOJIIXVS  :  ÍIICHI  :  AIVTOlí  : 
NO  :  A  palavra  MICHI,  por  ilIHI,  é  corrente  no  latim  medieval. 

1^,  —  Cinco  escudetes  i-om  quinas,  disp"Stos  cnicíalninntf,  desta- 
cam-se  com  nitidez  expressiva.  Qualquer  sinal  occulto  que  alii  hou- 
vesse n3o  é  hoje  visivel  no  campo  da  moeda.  Os  gravadores  de  enl3o 
pur  vezes  se  dispensavam  de  assinalar  os  seus  trabidhos  com  qualquer 
distinctivo.  A  legenda*  FERNANDVS  :  RKX  :  PORTUGÁLIA 
'.  A  ;  occupa  a  orla  em  circulo,  ifodulo  de  25  niillimefros.  Peso — 
1,71  grammas,  ou  -M^/i  grãos.  Bolhão  de  baixo  titulo,  provavelmente 
com  liga  de  ;í  dinheiros  de  prata.  Para  ser  tornes  inteiro  devia  pesar, 
pelo  menos,  entre  6Í)  c  Til  '/i  grãos. 

É  conhecido  outro  exemplar,  igual,  que  pertence  ao  Sr.  !)lauoel 
Rufino  de  Assis  de  Carvalho.  Foi  encontrado  em  Évora,  na  quinta  da 
Belia  Vista. 

Parece  que  o  desenho  do  busto  mostra  o  princípe  ua  quadra  juve- 
nil, na  idade  inolvidável  das  illusòcs  acariciadoras ;  mus  nSo  se  trata 
de  um  retrato,  que  o  gravador  pretendesse  i)fterecer  A  contemplarão 
do  povo,  como  se  fosse  exemplo  comprovativo  da  sua  pericía  artística, 
coratudo  vê-se  algo  de  expressí\'o  e  .sympathico  no  pei-fil  d'aqueIlo 
rosto  imberbe. 


byGoot^lc 


196  O  Akcheologo  Poetdouês  1 

A  moeda  \hjA\ix  ser  dobrada  cm  duas  mctadc-s  aem  grande  escorço, 
tão  delgada  é  a  sua  espoíisura.  Este  motivo,  porém,  nSo  lhe  deu  do 
anverso  a  impressão  do  cunlio  do  reverso,  ou  vice-versa.  Ha  espécies 
monetárias  de  reinados  anteriort»,  e  ainda  do  poslfríores,  com  esta 
qnasi  dupla  manifestação  de  symbolos. 

É  provável  que  o  exagerado  diâmetro  do  meio  toniês  fosse  cod- 
fundido  com  o  do  tornes  inteiro  de  typo  igual,  portuense  também,  que 
se  mostra  sob  o  n."  3.")  da  estampa  vi  do  1."  vol.  de  AragSo,  o  que, 
portanto,  n5o  fosse  repetida  a  sua  emissSo,  K  assim  pode  ser  justifi- 
cada a  sua  alta  raridade.  Ha  apenas  a  differcnça  diametral  de  2  milli- 
metros  entre  estas  moedas,  ao  passo  qne  entre  o  t>iriiês  e  o  meio  tomes 
de  Lisboa,  n."'  ;[4  e  37,  ella  é  de  8  millimetros,  e  relativamente  a 
iguaes  padrões  cunhados  em  Corunha,  n."*  'ò^i  e  38,  é  quasi  a  mesma, 
levado  em  conta  o  cerceio  que  os  respectivos  desenhos  revelam, 

É  seguramente  errónea  a  classiticação  chronologica  dos  tomeses 
de  busto  em  época  ulterior  á.  das  barbudas,  graves  e  pilartes,  classi- 
ficação geralmente  adoptada,  por  que  estos  padrões  de  baixo  titulo  mo- 
netário foram  emittidos  depois  d'aquelles,  como  vamos  demonstrar. 

A  leitura  do  capitulo  lv  da  Chronira  de  EhRvi  D.  Fernando,  por 
Fernão  .Lopes,  dá  a  conhecer  que,  por  oceasião  da  guerra  contra  Cas- 
tella,  o  monarcha  mudou  as  moedft»  todas,  assi  douro  como  âe  prata  efrz 
outras  novas  quegendas  Iki:  prouffue  com  typos  e  nomes  diversos,  de 
cuja  senhoríageni  e  outros  lucros  eventuacs  houve  recursos  á  altura 
de  sustentar  a  luta,  como  lhe  convinha,  embora  á  custa  de  sacrificios 
impostos  ao  povo,  motivados  pela  transformação  da  moeda  boa  ein 
moeda  febre,  onerada  com  valores  escandalosos,  como  eram  os  das 
barbudas  de  todas  as  proveniências,  que  correram  por  20  soldos,  ou 
1  libra.  O  chronista  cita  estas,  os  graves,  os  pilartes,  os  fortes  de 
prata,  que  eram  certamente  roaes,  fortes  pela  excellencia  do  meta), 
cujo  titulo  era  de  11  dinheiros,  aqnelles  qne  tem  no  anverso  a  letra 
F,  únicos  padnlcs  que  de  tão  boa  lei  foram  cunhados  neste  reinado, 
e  em  seguida  menciona  tornesea  primeiros,  com  o  valor  de  8  soldos, 
assun  denominados  para  se  differençarem  de  outros  cimhados  no  tempo 
tia  guerra  e  que  depois  d'elta  passaram  a  valer  2  soldos'',  cujo  symbolo 
principal  foi  a  cruz,  tomeses  petites,  ou  meios  tomeses,  o  dinheir09 
novos,  iguaes  aos  que  os  reis  anteriores  mandaram  baler. 

Fernão  Lopes  citou  quasi  em  ultimo  logar  tomeses  e  meíos  tome- 
ses, que  eram  os  de  busto,  quando  lhes  devia  dar  a  prioridade  na  rese- 


AragHO,  a  i)a(í.  Vil  do  vol.  i 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Aecheologo  Português  197 

nha,  t:  seguidamente  citana  as  inocdan  novas  quo  se  fabricaram  á  casta 
(l"eUes  dnrantf  a  guerra,  isto  depois  de  se  ter  referido  aos  reaes  fortes 
cie  prata  fína,  como  fidalgos  que  eram  na  genealogia  monetária. 

É  positivo  que  a  depreciação  da  moeda  conieçou  pelos  tomeses  de 
bustii ';  portanto  já  existiam  quando  a  guorra  teve  principio.  Os  raros 
que  aiuda  se  encontram  sâo  de  melhor  lei  que  a  das  novidades  mone- 
tárias a  que  deram  origem.  Estas  novidades,  em  cujas  gravuras  se 
vêem  viseiras,  escudos  e  lanças,  mostram  caracter  accentuadamentc 
guerreiro,  como  n  caracter  ohristílo  se  manifesta  nas  gravuras  de  moe- 
das bizantinas,  pontilicaes  e  outras. 

Os  forneses  de  busto  eram  antigos;  datavam  dos  primeiros  annos 
da  realeza  de  1).  Fernando.  O  seu  typo  foi  repetido  apenas  na  Corunha, 
durante  as  primeiras  fases  da  campanha,  com  o  peso  de  70 '/j  grãos*, 
peso  inferior  ao  dn  tomes  do  Porto,  que  tem  7;t  '/j  grSos*.  Pensamos 
que  sSo  obra  de  moedciros  que  manchavam  na  retaguarda  da  solda- 
desca, talvez  já  militarizados  então. 

Os  torneses  de  busto  com  as  marcas  V  —  ,V  ((/AMORA),  T  (TUY), 
M  (MIltANDA),  e  V,  ou  V- A*  (VALENrA),  ainda  nín  foram  vis- 
tos; porque  nSo  existiram?  E  evidente  qiie  os  de  Lisboa  c  do  Porto 
não  foram  fabricados  como  tributos  de  guerra;  os  pesos  dos  exemplares 
existentes  e  a  sua  liga  de  melhor  lei  assim  o  attentam. 

'  Aragão.  H  iiag.  189  do  rol.  i. 
»  IJcm,  a  pag.  163  cio  vol.  i. 

*  Tem  sido  negnilan  exÍMcn('iadnofKciiiainouctaria(leValenç!i,iii!o  obstante 
FemSo  Lo|)es  ter  nllmlido  a  ella  (porque  Teixeira  de  Aragão  aDSocltanosquadro!* 
da  pag.  €8  e  6n  do  vol,  i,  ou  cni  qualijuer  outra  jiassagem  da  sua  obra),  c  ainda 
porqac  os  namismatas.  em  ger»!.  nSo  tem  visto  iooi;(laa  cunhadas  ali.  Para  que 


uesscm  de  vez  negativas  e  duvidas,  vac  aqui  reproduzido  uui  grave  com  a  uiarca 
V — A  no  HDverso,  inédito.  É  de  bolh&o  e  pesa  1,91  grammaa,  ou  38  grãos.  Estr. 
eieraplar  foi  incluido  sob  o  d."  23  no  catalogo  para  o  leililo  que  teve  cffeito,  em  18 
de  Janeiro  de  1903,  na  Casa  Liquidadora,  Avenida  da  Liberdade,  Lisboa.  Foi  adju- 
dicado ao  Sr.  Jalius  Mcili,  em  eajo  medalheiro  exiete'. 

'  Cf.  nutro  riempliir,  iiiin  rxlftf,  m  m1li'c;ín  <lii  Ullilfolrc*  NncLuii*!.  citadu  111  glaelie  <U  UfVi 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Akcbeologo  Português 


1 


Estas  moedas  já  nilo  vXistiam  na  círculaçãu  quaudu  FemSu  Lupes 
escreveu  :i  olirunica  citada,  c  eis  purquo  as  tratou  com  menos  eooside- 
ração,  arriimando-as  ou  ultimo  quadro  das  suas  informaçSes  munetarías, 
^liie  fazem  íú  como  theorias  doutrinarias  indiscutíveis,  excepto  neste 
caso  particular  de  deslucaçSo  chrouologica,  viviam  apenas  na  sua  lem- 
brança e  na  do  povo,  quc  jis  estimara  com  melhor  justiça  que.  por 
exemplo,  as  barbudas,  representativas  do  20  soldos  no  tempo  da  guerra 
e,  terminada  cila,  dadas  por  boas  somente  nu  valor  de  2  soidirs  i-  4 
dinheiros. 

O  meio  turnez  du  .Sr.  Shure  é  ti  metade  do  tornes  prímeim,  ou  pri- 
mitivo; ó  1»  tofiii-z  prtiU- ,  ('limo  lhe  <-hamou  KernSo  Lopes.  Teve  o  valor 
de  4  soldos.  .Vpesar  da  sua  origem  portuense  iiSo  é  de  peor  lei  que 
o  seu  irmão  de  Lisboa. 

Tiveram  má  fama  as  moedas  cunbadiís  no  Porto,  mas  não  todas. 
Houve  ali  prevarieailiires  que  c-unharam  )>arbudas  falsas,  que  D.  Fer- 
nando eondeiiuiiiu  aos  cadinhos,  attingidas  pelo  regimento  e  lei  de  y 
de  fevereiro  de  1H7H.  .\  uivada  das  justiças  uSo  eh<'go«  até  os  rceessws 
mysterinsos  dos  laboratórios  particulares,  ondi'  era  preparada  com  ele- 
mentos ordinários  a  moeda  que  empobrecia  o  povo.  EI-ReÍ,  eutrctid" 
no  principio  do  reinado  com  torneios,  nxuilarias  e  outros  denitnfada- 
meJ4tvg.  só  muito  tarde  viu  u  imvem  negra,  que  de  algum  modo  podia 
ter  "bscuri-<-ido  o  (réu  da  sua  mais  belia  cidad»!  do  ni)rte. 

Lisboa,  .\bril  de  l!l(l.-|. 

SIaNOKI,  JoAQCtSl  DE  CaMPOS. 


Insoripç&o  romana  do  oonoelho  de  Arraiolos 

No  sitio  do  Pego  da  Ponte,  junto  do  açude  do  moinho  da  .Sr.* 
I).  Brigida  do  Carmo  Pinheiro,  na  herdade  do  Marmeleiro,  freguesia 
<le  VidigSo,  concelho  de  .iiTaiolos,  a  .">  kilometros  de  Évora  Monte, 
na  margem  da  ribeira  de  T6r,  appareceu  ha  tempo  uma  tosca  lapide, 
de  rjfiT  de  altura,  (^,28  a  ir',33  de  largura  e  O^lá  a  0^,33  de  espes- 
sura, em  que  se  lê  o  .seguinte  fragmento  de  inscrípi,'2o  romana: 

KlíBEIDí. 
B.A_A^;i 
í;F  HS 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Akcheologo  Pobtuocês  ld9 

No  cumcQo  da  linha  1.*  e  2.'  creio  que  nSo  fiilia  letra  nenhuma, 
purqae  a  faço  esquerda  da  pedra  está  no  seu  estado  natural,  embora 
mais  ou  menos  informe. 

No  começo  do  'ò.*  Holia  a  pedra  tem  uma  lasca  de  menos,  e  pude 
pois  faltar  alguma  letra. 

A  foce  direita  da  lapide  está  muito  quebrada,  e  faliam  letras  d'esse 
lado,  pelo  menos  na  linha  1.'  e  2.%  pois  a  H.'',  como  contém  uma 
uonhecida  formula  ou  clausula,  tanto  podia  tenninar  no  S,  como  seguir; 
ê  porém  provável  que  terminasse  no  S,  porque  nSo  se  vê  adeante  ves- 
tígio de  ponto,  posto  que  houvesse  suficiente  espaço  para  elle,  a  julgar 
(lo  espaço  que  existe  depois  das  letras  antecedentes.  Â  ultima  tetra  da 
2."  linha  está  reduzida  a  uma  haste  obliqua.que  pôde  ser  I  ou  começo 
tle  L  ou  de  V. 

É  evidente  que  estamos  deaute  de  uma  inscrip^ão  funerária,  pois 
que  HS  significa  li(ic)  ííííj").  No  meu  entender  havia  nas  duas  pri- 
meiras linhaíj  duas  palavras,  representando  a  1.'  o  nome  do  morto, 
c  a  2."  o  do  pae;  o  F  do  começo  da  linha  ít.*  significa /Ifi7í}"V 

O  sentido  é:  J*'.,  filho  (filha)  rfc  F.,  está  aqui  sepultado  (geptdtada). 

Apesar  do  seu  laconismo  enigmático,  esta  inseripçSo  tem  sua  im- 
portância, porque  é  um  testemunho  da  dhminaçSo  romana  no  local  em 
que  appareceu,  c  preenche  uma  lacuna  no  Museu  Ethnologico,  onde 
a  epigraphia  lusitano-romana  do  concelho  de  Arraiolos  estava  repre- 
sentada apenas  por  algumas  inscripções  tigulinas. 

A  lapide  foi  por  intermédio  do  Sr.  Henrique  Loui-eli-o,  desenhador 
de  Obraa  Publicas,  iiflferecida  graeiosamente  ao  ^luseu  Ethnologico 
pelo  Sr.  .\iitoiiío  Maria  do  Carmo,  funceionario  da  Repartição  dos  i^n- 
ininhos  de  Ferro  do  Sul  e  cavalheiro  digno  de  todo  o  applauso  e  agra- 
decimento pela  sua  generosidade. 

J.  L.  DE  V. 


Anti^dadea  do  oonoelbo  do  Sabugal 

Em  vários  pontos  do  concelho  do  Sabugal  existem  ainda  vestígios 
da  passagem  de  difterentes  povos  que  mais  ou  menos  se  demoraram 
no  sen  território,  p  actual  concelho  é  formado  dos  extínctos  concelhos 
de  Sortelha,  ViUa  Touro,  Villar  Maior.  .Mfaiate.s  e  algumas  freguesias 
de  Castello  Mendo. 

Tem  actualmente  quarenta  freguesias.  Apenas  farei  aqui  menção 
das  que  encerram  ainda  alguns  veatigios  que  revellem  a  existência 
do  homem  nos  tempos  mais  remotos.  Dos  tempos  prehistorieos  minis- 


byCoO^^lc 


200  O  AaCHEouMJO  Pobtuqdês 

tram  bastantes  clomcntiis  Aldeia  Velha,  Aldeia  da  Ribeira,  Ruivôii. 
Sortelha  e  Pena  Lobo,  sohretiidu  estas  ultimas,  cum  os  nionumentM> 
gigantesco»  de  graiiitu,  dolmens  e  instrumentos  de  pedra,  da  epiK-.i 
ncnlithica. 

De  tempus  menos  remotos  talvez,  que  abrangem  já  a  época  <la  *1<»- 
miuação  i-umana,  existem  sepulturas,  lapides  sepulcrraes,  tijolos  e  te- 
llias  em  Villa  Touro,  Kurtelha.  Lomba  dos  Palheiros,  Alfaiates,  Aldeia 
Velha,  Ruvina,  Valle  das  Egnas,  Rendo,  Villa  Boa,  Ruivos,  Rebolosa. 
Villar  Jlaior,  Badamalos  c  ainda  noutras  freguesias. 

Infelizmente  vão  dosappai-ecendo  esses  vestígios,  e  ainda  não  se  pro- 
cedeu a  um  estudo  rigoroso  do  pouco  que  ainda  existe,  sendí>  de  lamon- 
.tar  q»e  se  nSo  tenha  feito  uma  exploração  demorada  no  Sabugal  Vciho, 
em  Ruivos,  nos  Villares,  sitio  pertencente  á  Villa  Touro. .  .Nointuil»  de 
corresponder  aos  desejos  do  Director  do  Archeoloyo  Portuguí»,  mani- 
festados em  vários  números,  von  dar  uma  succinta  noticia,  que  será  an- 
tes um  começo  de  inventario,  das  antiguidades  do  concelho  do  Sabugal. 

1.  O  Stbusal  Velho 

K  pouco  mais  de  tim  kilometro  a  SO.  da  Aldeia  V^elha,  ergue-se 
um  elevado  outeiro,  onde  alveja  a  ermida  de  N.*  Sr.*  dos  Prazeres. 
No  alto  d*esse  outeiro,  que  do  N.  e  SE.  í  de  difficilimo  accesso,  exis- 
tem ainda  as  ruinas  de  uma  antiquíssima  povoação,  c.onliecendo-se  bem 
oa  alinhamentos  das  ruas,  uma  das  quaes  tinha  quinhentos  passos  de 
comprimento,  á  qual  dão  o  nome  do  Rua  Direita.  Não  só  pela  appa- 
rencia,  mas  conforme  á  tradição,  parece  ter  sido  castro,  e  nSn  di>s 
inferiores,  attendendo  á  sua  área  e  a  que  era  cercado  de  um  fosso  e. 
noutros  tempos,  do  muros,  ao  que  parece.  Doe  muros  nada  resta  a 
descoberto,  mae  o  fosso  é  ainda  bem  patente.  As  casas  eram  de  pe- 
quenas dimensões,  as  paredes  de  alvenaria,  não  se  notando  já  barro 
ou  cat,  nem  cantaria  alguma,  que,  no  dizer  de  um  pastor  que  ali  pasto- 
reava o  rebanho,  sentado  nos  restos  da  maior  casa,  «fora  toda  para 
Aldeia  Velha,  ou  empregada  na  capellai. 

Em  vários  pontos  appareciam  profimdas  escavações,  feitas  em  pro- 
cura de  thesouros. 

■  Aqui  ha  grandes  riquezas,  disse  o  pastor;  os  Mouros,  pelos  modos, 
prometteram  uma  serra  de  trigo  a  Portugal  se  lhe  deixassem  esbarrun- 
dar  este  cabeço.  Ê  cá  nunca  précurei,  mas  diz-que  stá  aqui  enterrada 
uma  custodia  douro,  quo  bota  um  resplindor  que  inté  cega  á  gente 
que  le  quer  botar  as  unhas.  K  uns  sinos  grandes,  presos  nas  raízes 
dos  carbalhos»? 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ASCHEOLOGO  POKTUOUÊS  201 

Pergiiutei-llic  se  nunca  fichara  ali  moedas,  c  o  Jusé  Alves  rospundcu : 
— NS  ae  vá  sem  resposta,  home,  ê  cá  nunca  enxerguei  mais  qn'as 
«•oiitas  de  brido,  »m  dia  (iu.e  me  niubíram  uma  capada  (rebanho)  de 
chibos  o  pri)  scutro  dia,  cando  andaba  a  repastar  as  cabras  e  tomar 
as  bácas,  a  modos  que  achei  um  chavo,  mas  avíntei  co'elle  e  mê  pri- 
uKi,  no  dia  que  trogueram  a  santa  p'ra  môr  de  chover,  achou  aqui  uma 
cunha,  nSii  vi  se  era  raio  se  corisen . . .  Ora,  continuou  i>  pastor,  minha 
a^-ó  contava  que  estava  aqui  uma  moura  encantada  que  na  noite  de 
S.  Joãn  e  já  p'ra  minh^sinba,  botava  mutiximas  pessas  d' ouro  a  curar, 
mas  i'  cá  nunca  lhe  pus  os  olhns  em  riba.  O  que  alem  há  são  chuchnr- 
rões:  se  quer  be-los.  ■  .,  disse  aptmtando  um  niontão  de  escoria. 

Fielmente  cupiada  a  informação  que  o  pastor  forneceu,  dá  ideia 
tia  linguagem  da  Aldeia  Velha  e  mostra  também  que  ao  Sabugal  Ve- 
lho andam  ligadas  as  historias  de  Mouras  encantadas  e  ainda  que  ali 
appareciam  niacliados  de  pedra  polida,  jjorque  um  me  foi  offerecido, 
ali  achado. 

Levado  pela  curiosidade,  liii  examinar  um  montSo  de  petlr<'gnlhos 
que  o  pastor  me  indicou,  e  que  era  escoria  (chuchurruee,  dizia)  ha- 
vendo indícios  de  ler  ali  havido  algum  forno  para  derreter  minério, 
o  que  se  explica  porque  a  pequena  distancia  ha  ura  iilSo,  não  sei  de 
que  minério,  dando-sc  ao  sitio  o  nome  de  Ferrarias. 

Ttiuitas  são  as  lendas  associadas  ao  Sabugal  Velho,  que  por  brevi- 
dade omitto,  sendo  uma  a  que  se  refere  a  Pedro  Coelho,  um  dos  as- 
sassinos de  Inôs  de  Castro  ique  ali  se  refuglon  c  que  por  isso  foi 
arrasada  a  povoaçSoi.  Esse  Pedro  Coelho,  que  alguns  da  Aldeia  Velha 
dizem  ser  d'ahi,  em  opposiçSo  ao  que  dizem  os  de  Jarmello,  teria  mo- 
tivado, no  dizer  do  povo,  a  destruição  d'aquelta  villa,  como  consta  da 
seguinte  quadra: 

Adens  vilU  de  Jarmello, 
Adeus  pedra  ile  inonturl 
Emqnanto  o  muodo  fi>r  mundo 
Tributo  Iifts  de  pagar. 

Sem  querer  falei  no  Jarmello,  cujas  minas  são  dignas  de  visita, 
assim  como  o  preciosíssimo  dolmen  que  fica  nessa  região,  freguesia 
de  Pêra  do  Moço,  ao  que  consta,  propriedade  d(»  Miiseit  da  Sociedade 
(>[artin8  Sarmento».  (Vid,  fig.  l.*|. 

Creio  que  não  seria  infrutífera  uma  exploração  no  Sabugal  Velho, 
emquanto  «  arado  e  o  alvião  não  destruírem  os  restos  das  casas  e 
apagarem  os  vestígios  claros  das  diflFereiítes  ruas.  Nisto  pensava  eu 
ha  poucos  annos,  contemplando  o  bello  e  majestoso  horizonte  que  d'ali 
se  descortina,  e  que  abrange  immensos  territórios  de  Heepanba  e  Por- 


byCOO^^IC 


202  O  Akcheologo  Poetugués 

togai,  ÍDcliiindu  as  ruinas  do  c:u»tello  dv  .Ufaíates,  a  iJestacar-se  eutrt- 
08  casebres,  num  outeiru  que  o  CisarSo  círcumda  o  a  puucos  passos  d" 
campo,  onde  em  1811  o  exercito  francês  suffreu  grave  derrota. 

A  lenda  de  Pedro  Coelho  surgiu  na  mente  do  povo  sem  razã>> 
plausivc-l,  o  talvez  nascesse  do  facto  de  ae  chamar  castro  ao  aitio  c 
d'iihi  (juerer  justificar  o  nome,  ]Ígando-o,  associando-o  ao  tragicu  5u<-- 
cesso  de  Inês  de  (lastro.  I4ão  merecerá  a  pena  pensar  na  lenda,  nm^ 
merece  louvores  <jitem  revolver  as  rniuas,  onde  talvez  appareçau) 
objectos  que  indiquem  ou  desvendem  n  mystorio  em  que  está  envol- 
vida aquella  povoação. 

Chamo  a  atlençSo  do  Director  do  Museu  Kthnologico  para  essa 
empresa;  podia  suceessivamente  proeeder-se  ii  escavações  em  Ruivos, 
V.  Jlourisca  e  Pena  Lobo. 


Do  aspecto  do  Sabugal  Velho  faz-se  ideia  pelas  noticias  seguintes. 

N3o  me  demoro  em  descrições  maia  minuciosas,  que  julgo  desne- 
cessárias, nem  da  visita  ao  local  tenho  notas  mais  circunstanciadas. 
O  sitio  é  bem  cimhecido  u  nada  se  lucra  cm  niinueiosidades,  que  pouoo 
adeantíim.  Os  restos  de  muitas  casas,  bom  alinhadas,  o  terem  ali  ap- 
parecido  instrumentos  de  pedra  polida  e  moedas,  e  o  aspecto  geral  do 
Sabugal  Velho,  e,  a  não  grande  distiiucia.  a  existência  de  sepulturas 
abertas  em  rochedos  graníticos,  são  já  iiidicios  suflicientés  para  bavor 
probabilidades  de  bom  êxito  numa  cxploraç3n  a  que  presida  o  verda- 
deiro (Titerio. 

Na  freguesia  de  Pena  Lobo,  na  .Serra  da  Vinha  e  sitio  da  Lapa 
de  Urso,  também  no  concelho  do  Sabugal,  existem  indicins  de  antigas 
habitações  e  mesmo  de  uma  pequena  fortificação,  embora  mais  tosca 
e  rude  qui'  a  do  Sabugal  Velho. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Arcueologo  PoktuguAs 


Na  vertente  sudoeste,  entre  rocliedos  escarpados  e  de  difficilimo 
nccesso,  existe  a  Lapa  do  Urso,  gruta  natural  e  espaçosa,  que  tem  uma 
comprida  galeria,  eotre  rochedos  graníticos.  Ali  ee  refugiaram  muitos 
tios  habitantes  de  Pena  Lobo  no  tempo  da  invasão  francesa.  Díz-se 
Hue  a  galeria  tem  Baida  no  alto  da  serra,  o  que  nHo  me  foi  posaivel 
verificar. 

A  parte  mais  t^levada  da  Serra  da  \'ÍDÍía,  míde  existem  restos  de 
casas,  cliamam  ainda  lioje  Cabeço  dos  Mouros.  Ali  abundam  restos  de 
\ouça  cozida,  á  superfície  do  terreno,  entre  os  destroços  de  muros  dos 
(Casebres,  e  sobre  o  lagedo  granilico  notam-se  multas  pias  de  differen- 
teii  dimensões,  nalgumas  das  qtiaes  cabe  um  homem  deitado,  como  ve- 
rifícou  o  guia,  tendo,  porém,  pouca  altura j  mas  nlo  me  parece  que 
fossem  feitas  para  sepulturas,  já  por  serem  diferentes  das  que  tem 
propriamente  a  denominação  de  aeindtunis  aíiertas  em,  rocha  e  que  abun- 
dam em  Sortelha,  Rnírós,  Valle  das  Éguas,  etc;  já  por  serem  pouco 
profundas  e  terem  um  sulco  que  impedia  a  reteiisSo  das  aguas  pluviaes. 
Uma  d'ellas,  de  muito  maiores  dimensões,  denota  ter  sido  lagar.  Al- 
gumas ha  circulares  v  de  pequenas  dimensões.  Não  só  peta  seme- 
lhança, mas  peto  numero  e  disposição  se  vê  que  não  foram  obra  do 
acaso.  Creio  que  devo  ter  sido  antiga  povoação  ou  estação  prehisto- 
rica,  succedendo  as  casaK  á  gruta,  o  que  está  ainda  de  harmonia  com 
"  nome  do  sitio  e  o  facto  de  terem  perto  apparecído  instrumentos 
de  silex.  •  - 

O  aspecto  é  o  mais  selvático  possível,  não  obstantu  gozar-ae  d'ali 
vastissimo  horizonte.  Recolhi  vários  cacos,  alguns  com  asa  e  espessos, 
percebendo-se  que  pertenciam  a  vasilhas  de  differentes  dimensSes. 


S.  AiititiiMa4«s  de  S«rt«lba 

A  antiga  Villa  de  Sortelha  fôra  reedificada  por  D.  Sancho,  pois 
que  tinha  sido  já  povoada  no  tempo  dos  Romanos,  e  depois  arrasada, 
como  é  tradição  constante,  confirmada  pelo  apparecimento  de  moedas 
e  sepulturas  abertas  em  rochas  graníticas,  que  abundam  mesmo  intra- 
muros, havendo  algumas  que  eram  destinadas  a  crianças,  única  |>o- 
voaçlo  onde  as  tenho  visto  d'aqnellas  dimensões. 

Junto  da  igreja  parochial  havia  quatro  sepulturas  grandes,  do  lado 
oriental  da  mesma,  iiavendo  uma  que  não  tinha  nem  um  metro  de  com- 
primento. Muito  resumidamente  farei  menção  das  elevadas  muralhas 
e  do  Castello,  onde  existe  ainda  a  torre  de  menagem  sobre  um  eteva- 
disBÍmo  rochedo,  parecendo  verdadeiramente  inexpugnável  de  qual- 
qner  dos  lados.  As  muralhas  estão  na  mór  parto  solidas  e  capazes  de 


byCoO^^lc 


204  O  Aecueologo  Portuqcé8 

resistirem  durante  miiitoií  séculos,  uío  havendo  o  risco  de  serem  des- 
truídas, porijuc  La  muito  que  em  Sortelha  se  não  edíticam  casas,  caiado 
em  minas  as  existentes,  e  pnr  isso  aa  muralhas  não  servem,  como  em 
Alfaiates  o  outras  víllas,  de  pedreiras  aos  habitantes. 

Xãi>  me  occuparei  do  pelourinho,  nem  de  outras  cousas  de  >Surte- 
lha  c  Amíbalde,  porque  «Vísso  fallei  já  uuma  Memoria  a  respeito  do 
concelho  do  Sabugal. 

Vou,  porém,  occupar-me  da  anta  dos  Vieiros,  existente  na  Quiatâ 
d'este  nome,  pertencente  ao  Sr.  (.'onde  de  Tarouca,  perto  da  estrada 
que  liga  Sortelha  a  Bendada,  no  sitio  da  Pedra  Furada.  K  formada 
P«r  um  coliossal  monolito  granítico,  differento  de  quantos  tenho  v-isto 
e  semelhante  a  muitos  da  França,  que  representa  a  mesa,  se  assim 
posso  chamar-lhe. 

Assentes  sohre  lages  graníticas,  supportam  pelo  lado  oeeidental 
dois  postes,  aquelle  collosso  que  dos  imtros  lados  assenta  sobre  rocha 
firme,  havendo  uma  pequena  cavidade  por  baixo  da  grande  raoUe  e 
entre  as  toscas  columnas  e  rochedos  em  que  se  apoía.  A  terra  desappa- 
receu  se  esteve  coberta,  o  que  nem  sempre  saccedia,  mas  a  poucos 
passos  a  E.  m>lei  terem  feito  uma  escavação  no  terreno  accomulado 
entre  uns  rochedos  parallelos. 

A  primeira  \ista  repugna  admíttír  que  naquella  posição  fosse  eol- 
loeado  aquelle  pesadíssimo  c  collossíd  penedo,  mas  um  exame  demo- 
rado leva  a  crer  que  tudo  alí  foi  inteucional.  Na  França  e  Inglaterra 
existem  alguns  cnonnes,  de  cumprimento  de  vinte  metros  c  mais.  X3o 
faltam  na  anta  as  fossaszinhas  tão  características  e  vulgares,  pequenas 
e  uniformes,  mas  simples  e  reveladoras  ainda  de  atraso,  se  as  com- 
pararmos com  os  trabalhos  do  dolmen  de  Gavr'inís,  que  passava  pelo 
mais  notável  do  mundo,  ttnde  appareceni  no  interior  grosseiras  ins- 
culpturas,  desenhos  de  instrumentos  de  pedra,  feitos  com  relativa  pe  ■ 
ricia  e  correcção. 

Não  tenho  as  dimensões  doesta  anta  coliossal,  que  como  acabei  de 
notar,  oíferoce  certas  particularidades.  Dolle  remetto  um  desenho,  que 
dá  bem  a  ídoía  da  sua  forma  c  tamanho. 

A  pouca  distancia  d'ella  passa  a  ribeira  da  Quarta  Feira  e  nos 
terrenos  marginaes  appareceram  fornos  de  fundição,  como  affirmou  o 
arrendatário  da  Quinta  dos  Vieíros. 

A  pequena  distancia  do  Sortelha  existe  perto  do  caminho  que  liga 
o  Arrabalde  á  Ribeira  da  Azenlia  c  á  esquerda  de  quem  desce  a  200 
metros  pouco  mais  ou  menos  das  muralhas  da  viUa,  ao  norte  d'estas 
uma  espaçosa  lapa  sob  um  enonnÍssÍmo  penedo  granitico,  que  devo 
ter  sido  um  holln  abrigo  ou  habitação  do  homem  prebistorico. 


byCOO^^IC 


o  ÀKCHGOLOGO  PORTUGUÊS  20Õ 

O  que  turuu  notável  este  abrigo,  asisim  como  iiutro  que  está  um 
pouco  mais  abaixo,  c  á  direita  do  referido  caminho,  é  a  ezisteucia  de 
cavidades  a  imi  metro  de  altura,  pouco  mais  ou  menos,  na  parede  da 
lapa  e  A  esquerda  quando  se  entra  na  primeira,  abertas  sinuosamente 
no  granito,  tcmlo  cinco  ou  seis  deeimctros  de  profundidade.  A  que 
examinei  começava  numa  fossa  pouco  profimda,  d'onde  partiam  duas 
aberturas  em  direcção  opposta,  ambas  igualmente  sinuosas. 

Qual  o  íim  a  que  eram  destinadas  sorá  objecto  de  conjecturas; 
mas  parece  natural  que  fossem  feitas  para  servirem  de  esconderijos, 
otide  guardassem  os  machados,  as  settas,  os  rascadores  e  talvez  os 
restos  das  reses  mortas,  e  as  jóias  mais  estimadas. 

D'estes  buracos,  onde  cabe  um  braço  ã  vontade,  havia  muitos  cm 
toda  a  encosta  de  Sortelha,  vendo-se  vestígios  de  alguns  em  penedos 
fendidos,  que  d3o  a  ideia  da 'sinuosidade  que  di^screvem. 

Parece  fora  de  duvida  que  foram  praticados  por  mSo  dti  humem 
nos  tempos  prchis  to  ricos,  pois  que  mal  pode  admittir-se  a  hypothcse 
de  terem  sido  feitas  por  aves  para  servirem  de  ninhos.  Xo  rochedo 
que  forma  a  lapa  existem  também  pequenas  fossas,  talvez  começo  de 
outras  iguaes  ás  primeiras  de  cuja  continuação  o  artista  desistisse, 
porque  o  perfurador  ou  o  machado  e  escopro  de  silex  náo  vencessem 
a  resistência  dji  pedra. 

NSo  conheço  nada  igual,  nem  tenho  visto  noticia  de  obra  seme- 
lhante e  por  isso  nilo  sei  se  taes  cavidades  teriam  ou  nilo  a  appIicaçSn 
que  eu  presumo'. 

Fossas  pequenas  existem  em  vários  penedos,  que  vulgarmi-ntc  cha- 
mam barrocos  em  todo  o  concelho  do  Sabugal,  sobi-etudo  em  Pena 
Lobo,  Sortelha  o  Kuvina,  assim  como  cúpulas,  algumas  de  grandes 
dimensões  c  de  fabrico  intencional;  mas  nada  se  pare(;ein  <!0in  estes 
esconderijos  que  chamarei  escaninhos  do  homem  prebislorieo. 


'  Já  depois  de  impreasa  rsta  noticia,  vi  uo  vol,  iv  ilo  Arr/ieohgn  um  artigo 
devido  á  peuna  do  meu  iliuBtrc  amigo  i!  aiitjgo  condi ocipulo,  Dr.  Alves  Pereira, 
onda  fala  de  cavidades  semelhantes  is  do  Sortellia,  eendci  de  opiniilo  que  a3o 
uaturaes.  NSo  ousarei  dízer  o  contrario:  mas  julguei  taça  cavidades  obra  do 
liODieiu  :  1.*,  porque  eiistiudo  nos  rochedos  que  forniam  o  abrigo,  e  no  interior 
d'eRteB,  nSo  poderão  ser  atCribuidad  á  ae^So  dar"  cliiivaa,  nem  dri.i  ageutcs  atmos- 
phcricos,  como  algumas  eavitladee  que  coulicro  nas  margens  do  Coa  e  outras 
jtmto  do  mar;  '2.",  porque  obedeceu)  ao  mesmo  ilesrnho  o  andam  associadas  a 
outras  cavidades  (fossazinbas) ;  'à.',  porc(ne  as  tenho  visto  etu  sitios  onde  a  pas- 
sagem do  homem  preliiatorico  ficou  assinalada  e  onde  ha  vestígios  de  outras 
cavidades  que  foram  deslrnidas.  Se  foi  temeniriu  tal  opiniSo,  trouxe-uic  eiii  coiii- 
]>ciisaeão  o  gozo  do.-^  onsinauieiitos  do  meu  qiieri<lo  amigo. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


306  O  Archbolooo  Português 

Até  hoje  creio  que  nâo  foi  dada  a  solução  ao  problema  das  fos- 
sas e  cúpulas,  que  parece  ligado  com  o  buraco  ou  esconderijo  a  qut: 
acabo  de  me  referir.  Concluirei  esta  noticia  a  respeito  de  Sortelha  di- 
zendo que  tem  no  seu  limite  apparecido  muitos  instrumentos  de  pedra 
polida,  de  pequenas  dimensiUes,  naturalmente  instrumentos  votivos,  e 
um  machado  de  bntnze,  que  foi  remettído  para  o  Museu  de  Jesas 
pelo  Sr.  Villas  Boas,  natural  do  loji^ar  de  QiiartA-feíra. 

S.  BnlTiit 

Pobre  freguesia  do  concelho  de  Sabugal,  de  que  dista  13  kilometros, 
Kuítós  é  das  mais  ricas  archeologicamenle  falando,  pois  que  fornece 
n2o  só  restos  de  antiquíssimas  casas,  sepulturas  abertas  em  rochas 
de  granito  ou  s'jum  da  época  romana,  medievaes  ou  prehistorícas, 
sendo  esta  ultima  hypothcse  a  menos  presumivel,  apesar  de,  a  pequena 
distancia,  tahc7  20  metros,  da  pia  que  está  na  Tapada  das  Crnzes 
claros,  Gvidcntcb  vestígios  de  uma  anta,  cujo  desenho  enviei  já. 

Sipulturas  ainda  existem  a  da  Tapada  das  Cruzes,  próximo  da 
Igreja  antiga  de  ^.  Paulo,  itma  no  Curral  dos  Freixo»,  outra  na  Tapada 
da  Lage,  uma  na  Terra  do  Senhor,  outra  na  Horía 
Cabeira  <■  outra,  um  tanto  damnificada,  no  lameiro 
ilo  Pombal,  todas  estas  semelhantes  ás  do  Jarmello 
e  que  constam  do  Relatório  da  expedição  á  Serra  da 
Estrella,  o  muitas  d'este  concelho,  Valle  das  Éguas, 
Sortelha,  Aldeia  de  Santo  António  e  Badamallos,  etc. 

Todas  são  do  tj'po  representado  no  desenho  da  fig.  2," 

Nenhuma  tem  cohcrturas,  nem  ha  memoria  de  quando  fossem  le- 
vantadas, e  todas  são  abertas  em  granito.  A  do  lameiro  do  Pombal, 
creio  que  está  orientada  de  norte  a  sul,  e  a  da  Tapada  das  Cruzes  tem 
orientação  diífercnte. 

Das  antas  de  Ruivos  ha  restos  apenas  da  que  existiu  na  Tapada 
(las  Cruzes,  e  nem  dos  sities  haveria  hoje  notícia  se  não  fSra  o  bene- 
mérito padre  Gaspar  Simões,  que  parochiou  a  igreja,  como  consta  das 
Memorias  Parochiues  e  do  Archeologo,  vir,  pag.  76. 

Quando  ha  poucos  annos  visitei  aquella  freguesia  s6  um  homem  me 
deu  noticias  das  antas,  tqtie  serviam  para  ali  queimarem  os  dízimos», 
affirmara  o  Venâncio,  indicando-me  o  sitio  onde  estiveram  e  as  paredes 
onde  foram  empregadas  as  pedras  de  tão  antigos  monumentos. 

Perto  da  igreja  de  S.  Paulo,  que  dista  da  povoação  uns  600  metros, 
fica  a  Tapada  das  Cruzes,  onde,  como  fica  dito,  ha  restos  de  um  dol- 
men  ou  anta,  para  me  servir  do  nome  português  e  não  recorrer  ao 


byGoí>^^lc 


o  AkCUEOLOOO  PORTCCiUÍS  ^7 

uome  dado  pelo  sábio  francês  Legrand  <l'Aii33y,  aos  monumentos  mi' 
galithieos,  em  1799.  (Fig.  3.'). 

A  Tapftda  das  Cruzes  fornece  aíada  material  bastante  jMtra  om  «es- 
tudo da  antiguidade  em  Ruivos,  com  a  sua  sepultura  num  monolitho 
de  granito,  restos  de  uma  anta,  tijolos  e  telhas  a  cobrirem  ainda  u 
terreno,  sendo  de  presumir  que  muitos  objecto»  antigos  ali  jazam  a 
maior  ou  menor  profundidade.  A  própria  capella  dSo  os  naturaes  de 
Buívós  uma  grande  antiguidade,  querendo  que  tenha  sido  mesquita. 
-V  simples  inspeeçSo  leva  ao  convencimento  de  que  era  templo  antigo, 
mas  simples,  sem  a  menor  sumptuosidade,  se  é  que  lhe  nSo  dosappa- 
receu  com  as  reconstrucçSes  que  tem  sof^do,  como  se  prova  por  uma 
lapide  com  iuscripçSo  insculpida  na  parede  lateral.  Tem  dois  arcos,  um 
d'elles,  o  cruzeiro,  em  o^va  simples,  se  assim  posso  exprimir-me,  e  am- 


PlR.  t.*  — Me^KlbixUTspwla  d»  Cnur>  IKutiús-UubnKntl 

boa  de  dnro  gruiito.  A  porta  é  redonda,  e  nu  exterior  nota-s«,  alem  doa 
contrafortes,  os  característicos  modilhScs,  que  se  observam  na  Igreja 
<U  Ifisericordia  de  Alfaiates  c  Santa  Maria  de  Villar  Maior,  Senhora 
(lo  Honte  na  Cerdeira  e  Misericórdia  da  villa  do  Sabugal,  em  cuja 
parede  existe  também  nma  lapide,  cuja  inseripçfto  nXo  consegui  únda 
Iftr,  e  de  que  me  occuparei  a  respeito  de  antiguidades  do  Sabugal. 

Perto  da  fonte  existem  uns  muros  de  quintais  que  deveriam  ter 
pertencido  a  casas,  sendo  provável  que  umas  escavações  feitas  ali 
dessem  algum  proveito. 

Junto  da  igreja  paroebial,  que  é  moderna,  existe  o  antigo  reducto, 
que  revelia  i^erta  antiguidade. 

Foi  o  que  consegui  colher  a  respeito  da  freguesia  de  Ruivos. 

Caldas  da  Rainha,  4  de  Maio  de  1905. 

JOAqUIH  MáKOBL  COBBKrÁ. 


byCOO^^IC 


o  Arcueologo  Poktuquês 


Catalogo  dos  pergaminhos  existentes 
ohivo  da  Insigne  e  Real  Colleglada  de  Qnlmarftes 


LXVI 
2»  de  oiltiibro  i?)  iIc  13l>6 
posição  Hulre  o  arcebispo  âc  Brag^a  D.  Martinho  <■  u  cabido 
narSes,  p<!la  qual  este  cedi'ii  áqiielle  o  padroado  c  rendas  da 
t  S.  Payo  de  FSo  e  d  arci;bispo  annexoii  á  mesa  do  prior  a  igreja 
3o  de  Ponte  c  á  mesa  capitular  ãs  de'  Santa  .Maria  de  .Silvares, 
•  de  Gaiidoso,  S,  Martinho  de  Conde  e  Negrellos,  que  eram  da 
açilo  do  (;al)ido,  i^oni  rtíserva  da  oongrua  sufliciente  para  um 
perpetuo,  que  o  cabido  apresentaria  e  o  arcebispo  cuntirmaria. 
ito  o  instniaxmtu  om  Santarcm  a  28  de  outubro  (ou  novembro ,i 
pelo  tabelliío  brachareiísc  Martim  Annes,  o  qual  por  autori- 
igia  podia  exen^cr  as  suas  funcçiles  em  todo  o  reino  nos  ne- 
o  arcebispo,  sendo  tesfcniuiihas,  entru  outros,  Pedro  Ferraz, 
le  Guimarães  e  reitor  da  igreja  dcVilla  Boa  de  Quirix,  e  Goií- 
evez.  reitor  de  S.  Pedro  de  Maximino». 

G  contrato  foi  procurador  do  cabido  de  <juimar3ies  o  chantre 
<ÍHiH;ia  em  virtudt^  de  procuraçSo  passada  em  Giiiiuarãcs  a  4 
dl-  outubro  da  t-ra  de  1344  (12  de  outubro  de  1306). 
10  de  julho  da  era  de  13S4  (Ch.  1340)  o  chantre  de  Guimarães 
íngos  Annes  apresentou,  na  praça  da  villa,  o  instrumento  retro 
lo  Guiniar3es  Vasco  Ft;niandes,  que  dVile  mandou  passar  pu- 
[na  pelo  tabelliãu  Martim  Anues,  sendo  testemunhas,  entre  oii- 
rtim  Pires,  ahbade  do  Barqueiros. 
3  de  agosto  de   134l>  Martinho  Beijto,  cuneg-o  c  procurador 

0  de  Guimarãt-s,  apresentou  a  D.Vasco  Martins,  chantre  de 
publica-fonna  referida,  de  cuja  apresentaçío  foi  lavrado  o  res- 

nstrumento  pelo  tabelliío  bracarense  Thomás  Martins,  no  tjual 
leritos  todos  os  mencionados  documentos. 

LXVII 
23  tie  março  dn  líHI" 
i  de  confirmacjão  ii  ÍustÍtuÍçíto  canónica  de  Mig'uel  Martins, 
perpetuo  da  igreja  do  S.  Joílo  de  Ponte,  apresentado  pelo 
e  OuimarSes,  conferida  pelo  arcebispo  D.  Martinho. 

1  no  mosteim  de  Porabciru  a  4  das  kalendas  de  abril  de  1307. 


byCOO^^IC 


o  Abcheologo  Português 


30  de  ago«to  de  in07 

íjeiíteuça,  proferida  pelo  juiz  de  G-uimarSes  JofUi  Affonso,  jiilgfutdu 
valido  o  prazii  que  do  c&ssl  de  Villa  Verde,  fre^esía  de  Santa  Maria 
(los  Oemeos,  possuis  JoSo  Pires  e  mulher  Maria  Martins,  o  qual  lhe 
era  questionado  por  Domingos  Gonç^ves. 

Dada  em  Guimarães  a  30  de  agosto  da  era  de  134Õ  e  escrita  pelo 
t&bellilío  Martim  Martins,  sei^do  testemunha,  entre  outros,  João  Do- 
míngnes,  tabdlíltd. 

LXIX 
30  de  Hbrtl  de  l;tll 

Doaç3o  de  propriedades  no  logar  de  Villar  de  Mui^zellos,  com  re- 
serva do  usufruto  para  o  doador  e  de  dons  marividis  pagos  pelo  doador 
em  vida  d'elle  e  impostos  em  casas  de  Amarante,  feita  por  Estevam 
Rodrigues,  filho  de  Ruy  Gonçalves,  a  Pedro  Annes,  filho  de  Jo3o  Paes 
e  Maria  Filha. 

Escrita  em  Amarante  nu  postumeiro  día  de  abril  da  era  de  134^ 
pelo  tabelliSo  Vicente  Martins,  sendo  testemunha,  entre  outros,  Gon- 
çalo Gonçalves,  tabellião. 

LXX 

30  de  abril  de  1^11 

Documento  idêntico  ao  antecedente,  em  que  figuram  as  mesmas 
partes  e  mais  Marinha  Martins,  mulher  de  Ruy  Gonçalves  e  mSe  de 
Gonçalo  Rodrigues  e  versa  sobre  doação  no  mesmo  local  e  com  as 
mesmas  condiç8es  e  escrito  no  m(?smo  dia  e  pelo  mesmo  tabelli&o. 

LXXI 

2  de  ni&io  de  1311 

.  Doação  de  um  maravidil  velho  de  dinheiros  portugueses,  imposto 
na  almaiaha  do  Pinheiro,  freguesia  de  S.  Payo  de  Guhnarães,  feita 
4  confraria  dos  clérigos  por  Vicente  Domingues,  escrivão  do  almoxa- 
rifado de  Guimarães,  por  o  haverem  admittido  confrade. 

Escrita  no  Alpewire  da  Claata  da  igreja  de  Santa  Maria,  a  2  de 
maio  da  era  de  134i>,  pelo  tabellião  Francisco  Vicente,  estando  pre- 
sentes, entre  outros,  o  chantre  D.  I^mingos  Annes,  c  Álvaro  Kres, 
abbade  de  Mascotellos. 


byCooglc 


o  Arcukolock)  PoRTuanÊs 


LXXII 

to  de  julho  de  1315 

Sentença  sobre  a  moradia  e  povoaçSo  do  casal  de  Lamella,  sit» 
)uto  de  Moreira,  freguesia  de  S.  Payo  de  Vílla  Cova,  com  ter- 
nas freguesias  de  Ouardisella  e  S.  JoSo  de  Calvos,  proferida 
raga  por  Estevam  Vicente,  porotonario  da  igreja  de  Braga  e  an- 
de D.  Uonçalo  Annes,  deão  e  vigário  geral  do  arcebispo  eleito 
finoado  D.  J(oXo),  julgando  que  o  dito  casal  pertencia  ao  c&bido 
límarSea  ao  qual  devia  ser  entregue  pelos  occupadores  sem  titulo 
no.  O  procurador  d'estes  appellou  da  sentença  para  a  Santa  Sé 
Mlica. 
Bcrita  por  Gonçalo  Annes,  tabelliXo  bracharcnse. 

Lxxni 

tí  de  setembro  de  1317 

mprszamento  em  três  vidas  de  umas  casas  sitas  á  porta  da  Torre 
.,  onde  mora  a  CototJm,  feito  pelo  cabido  a  Domingos  Annes  e 
sr  Froloza  Annes,  com  o  foro  annual  para  estes  de  3  maravidia 
a  o  enccessor  3  c  meio,  pagos  pelo  natal,  entrado  e  paschoa. 
scrtto  na  Crasta  de  GuimarSes  a  9  de  setembro  da  era  de  13õ5 
abelIiSo  Hartím  Affonso. 

LXXIV 

4  de  janeiro  de  1318 

ístamento  de  Martim  I^rea,  de  Aldeia,  feito  pelo  tabelliXo  Fero 
dó,  em  Guimarães,  a  4  de  januro  da  era  de  13õ6,  sendo  tea- 
iha,  entre  outros,  JoBlo  André,  abbade  de  S.  Pedro  (Asurey?), 
isentado  ao  tabelliSo  Martim  Affonso,  que  d'eUe  passou  traslado 
lã  dezembro  da  era  de  1357. 
is  as  principaes  disposições : 

etennina  a  sua  sepultura  na  igreja  de  Santa  Maria  de  GuimarSes 
a  altar  de  Santa  Catarina  e  lega  2  maravidis  por  aoniversario 
t«s  no  seu  herdamento  de  Aldeia;  6  libras  aos  cónegos  para  n 
:arem  nas  oraçSes;  3  aos  clérigos  do  coro  para  cada  um  dizer 
nisaa  no  dia  do  enterro;  três  libras  de  cera  para  ob  altares  no 
1  enterro;  8  libras  á  confraria  dos  clérigos;  8  libras  á  confraria 
ba  de  Vizella;  8  libras  á  de  Konfe;  1  maravidi  á  de  Santo  Es-- 
i;  2  aos  confrades  que  vierem  de  longe  á  sepultura;  manda  pelo 


byGoí>^^lc 


o  Abgheolooo  PoBTuautg  ãll 

seu  haver  ir  nm  homem  í  cidade  de  Santarém,  o  qual  deve  levar  50  li- 
bras e  «e  lhe  mottrarem privilégio  verdadeiro  do  Papaporipte  mt; pogaam 
í^olver  e  me  absolverem  ãei-lke  ettat  .50  làhraB  e  se  Iht:  }iclo  mostrarem 
aSo  a»  dê  e  vá  alibi  onde  está  o  Papa  r.  le  me  ahiolverem  de,  hi  eu  50 
libras;  á  igreja  de  Santo  Estevam,  onde  é  freguês,  um  e  meio  mara- 
ravidi  aDDualmente  imposto  no  herdamentu  de  Aldeíaj  ao  mosteiro  de 
UIveira  o  herdamento  de  Lovegildi;  ao  mosteiro  deTibães  o  quinhão 
(lo  herdamento  de  Laíniias  no  logar  de  Trás  Lagea ;  a  S.  Vicente  de 
Oleiros  a  casa  que  tem  em  Çeide;  ao  mosteiro  de  Carvoeiro  um  e  meio 
maravidi  para  sempre  imposto  no  herdamento  de  Aldeia  e  deseinbarga- 
the  uma  quinta  que  traz  em  prestamo  na  quinta  de  Argufe;  ao  mos- 
teiro de  Raudufe  2  aunaalmente  para  anniversario  impostos  na  Aldeia 
«  ficana-lhe  desembargados  três  casaes  que  traz  emprazados;  pede  per- 
dAo  pelo  amor  de  Deus  aos  abbades  «restes  mosteiros  se  nelles  fez  al- 
guma cousa  contra  as  suas  vontades;  aos  frades  menores  dp  GuimarSes 
4  libras  e  o  mesmo  aos  pregadores.  Nomeia  seu  testamenteiro  Martim, 
eeu  homem  c  criado,  a  quem  lega  30  libras,  e  mais  todo  o  seu  movll 
e  de  raiz  para  cumprir  por  ellc  o  testamento  e  pagar  as  dividas  e  se 
depois  de  pagar  estas  puder  ainda  manter  alguns  pobres  pelo  herda- 
mento de  Aldeia  o  fará,  e  pagas  todas  dará  o  herdamento  par  sua  alma 
aos  mosteiros  a  quem  deixa  legados.  Roga  a  João  Raimundo,  abbade 
de  Santo  Estevam,  que  seja  vedor  do  cumprimento  do  testameuto  c  ter- 
miaa  com  a  relaçSe  das  dividas. 

LXXV 

24  de  outubro  de  i:il8 

Carta  do  arcebispo  D.  JoSo,  dada  em  Braga  a  9  dae  halendas  de 
novembro  do  anno  de  1318,  annexando  in  perpetuum  ao  mosteiro  de 
Santa  Clara  de  Villa  do  Conde  as  igrejas  do  Salvador  de  Fervença, 
cujo  padroado  pertencia  in  tolidum  ao  mosteiro  por  doaçAo  dos  funda- 
dores D.  Affonso  Sanches  e  mulher  D.  Theresa,  de  8.  Tiago  de  Murça, 
S.  Vicente  da  CfaS,  e  Santa  Cruz  de  Lamas,  cujos  padroados  perten- 
ciam ao  mosteiro  por  doação  de  el-roi  D.  Dinis,  cora  obrigaçSo  de  que 
ellas  fossem  governadas  por  oapelUes  perpétuos  e  com  reserva  dos  di- 
reitos archiepiscopaes  e  do  cabido  bracharense. 

Em  seguida  acba-se  cosido  a  este  outro  pergaminho,  que  é  a  pro- 
unraçSo  do  deão  D.  D.  Domingues  e  cabido  de  Braga,  passada  a  2  das 
kalendaa  de  junho  do  mesmo  wmo,  autorizando  os  proonradorcs  a  con- 
■entircni  ua  referida  uniXo  se  por  ventura  se  effectaasse. 

Estes  documentos  nSo  sfto  onginaes,  mas  copias  nXo  autenticadas. 


byGoí>^^lc 


o  AECHKOLOaO  POBTDQUÉS 


5  de  maio  de  131» 


trta  de  compra  dos  casaos  de  Froj^es,  de  Penacova  e  de  Ceia, 
em  Riba  davigella,  nas  freguesias  de  S.  Martinho  de  Penacova, 
irge  e  S.  Nomede.  feita  pelo  cabido  de  GuimarXes  a  Martim 
3  e  mulher  Margarida  Kstevcs,  mereadorí'3  de  (iiiimarSes,  por 
ibras  de  Portugal. 

itn  eompra  foi  feita  com  parte  da  somma  <le  ]:ú(K>  libras,  que 
i  homens  bons  de  Guimarães  deram  ao  cabido  para  ser  celebrada 
uííwí  vi-z  no  anno  ao  Corpo  ih:  Deus  e  para  anniversarios,  com 
zaçSú  de  el-rei  D.  Dinis,  dada  por  carta  datada  de  Fredat  a  21 
lho  da  era  de  135(1  (cli.  Iítl8),  expedida  a  requerimento  do  ca- 
qae  allegon  ter  recebido  damno  nos  herdamentos  da  villa  por 
do  muro,  quo  o  liei  aqui  mandou  fazer,  e  ter  recebido  e  ainda 
receber  damno  e  perda  nos  outros  lierdamentos  porque  trazem 
ra  e  madeira  para  rsfc  lavor, 

ita  carta  regia,  inserida  no  documento  de  i-ompi-a,  foi  apresen- 
ui  tabellião  por  SimSo  Martins,  oonepo  de  Guimarães  e  abbade 
anUdi. 

scrita  a  carta  de  compra  pelo  tabelliBo  Pedro  Salgado,  em  Gui- 
s,  a  5  de  maio  da  era  de  1357. 

LXXVII 

\1  de  jimho  de  1321 

ntença  proferida  pelo  juiz  de  Montelungo.  JoSo  Fernandes,  con- 
idro,  mordomo  d'esta  terra,  julgando  que  este  não  podia  tomar 
ros  no  iogar  da  Povoação  pertencente  a  S,  Gens,  i;omo  já  íora 
.0  pelo  juiz  seu  antecessor,  I>omingos  Martins,  c  mandando  res 
os  que  elle  havia  tomado. 

icrita  no  Quervabrall  (?)  por  Asenço  Esteves,  tabellião  de  Mon- 
0,  a  17  de  junho  da  era  de  1359. 

LXXVlir 
8  dP  janeiro  do  13J3 

uprazamento  de  uma  casa  sita  na  rua  de  Gatos,  feito  pelos  de- 
do coro  a  Domingos  André,  seu  companhmH,  com  o  foro  de  am 
I  de  maravidi. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AbCUEOLuGO  POKTfUUÊS  213 

Escrito  a  8  de  janeiro  da  era  de  liíGl  ('íj  pelo  tabelli&o  Affoaso 
Pires,  seodo  testemunhas,  entre  outros,  Estevam  Paes  «  Francisco  An- 
nes,  tabelliSes. 

LXXIX 
24  de  abril  de  1324 

Sentença  deis  juizes  de  Guimarííes,  Domingos  Longo  e  Marlini  Ro- 
meu, proferida  a  24  de  abril  da  era  de  1362,  Julgando,  depois  de  in- 
quirtçXo  testemunhal  a  que  mandaram  proceder  (autorizados  por  carta 
de  el-rei  T).  Dinis  apresentada  pelo  chantre  e  cabido)  pelo  fabellifto  Qi- 
raldo  Esteves  e  por  Martim  Samp^o,  que  servia  em  logar  do  alcaide, 
que  o  couto  de  Moreira  de  Riba  de  Vizella  estava  legitimamente  em 
posse  do  dito  cabido. 

Entre  as  testemunhas  inquiridas  apparecem:  Martim  Paes,  juiz  do 
Couto  de  Negrellos;  Domingos  IJomingues,  abbade  de  Santo  Isidro, 
que  trazia  emprazsdas  da  mXo  do  cabido  as  rendas  do  dito  couto. 

LXXX 

26  de  abril  de  1325 

Testamento  de  Martinho  Annes.  dito  Barrosas,  eonej^  bracharense 
fe  reitor  da  igreja  de  S.  Pedro  de  Alutf,  feito  por  seu  mandado  peio 
tabelliSo  de  Braga,  Lourenço  Domingues,  a  26  de  abril  de  1325. 

Manda  ser  sepultado  na  Sé  de  Braga,  na  nave  em  que  está  enter- 
rado o  an«bÍ8po  D.  Martinho  de  OUvarkt,  defronte  do  altar  de  S,  Bar- 
tholomeu.  Deixa  todos  os  seus  bens,  que  são  a  quinta  de  Matamá  e 
outros  nos  jnlgados  de  GiiimarSes  e  ile  Freitas,  com  reserva  vitalicia 
para  tim  dos  testamenteiros,  ao  cabido  de  Braga,  com  obrigaçSo  de 
cumprir  os  suffragios  e  outras  obras  pias,  que  determina. 

Entre  estes  ha  os  seguintes:  dez  missas  ofticiadas  para  sempre  no 
convento  da  Costa;  uma  capella  perpetua  neste  mosteiro;  um  anui- 
versario  perpetuo  por  sua  alma  e  outro, pelo  referido  arcebispo  na  Sé 
de  Braga;  procissão  com  responso  sobre  a  sua  sepultura  e  sobre  a  do 
arcebispo  nos  primeiros  onze  dias  de  junho  e  na  metade  dos  seguintes; 
imia  oapella  perpetua  no  dito  altar  de  S.  Bartholomeu,  da  qual  deve 
ser  encarregado  clérigo  seu  parente,  sendo  o  primeiro  Gonçalo  Oalçom, 
seu  clientulo,  se  for  promovido  ao  presbyterato  dentro  de  três  annos; 
uma.  lâmpada  a  arder  perpetuamente  na  igreja  do  Santa  Eulália  de 
Barrosas;  um  annivcrsario  na  Sé  imposto  pelo  rendimento  de  um  forno, 
que  possue  na  rua  Verde :  duas  missas  .offieiadas  perpetuamente  na 
igreja  de  Santa  Maria  de  Guimarães;  uma'  officí&da  no  mosteiro  de 
Yillarinho;  legados  para  anníversarios  aos  mosteiros  de  Pombetro,  Ro- 


byCOO^^IC 


314  O  AegMEOLOGO  POKTUGtlÊS 

1-tz,  S.  Torquato  e  Souto;  duas  missas  offioiadas  na  í^eja  de  S.  Pedro 
d'Alitte,  Celebradas  pelos  clérigos  d'esta  igreja;  aimiversaríoe  oa  igreja 
de  Carrazedo  de  Montenegro  e  nos  mosteiros  de  Kandim  e  Arnoia  e  nas 
igrejas  de  S.  Pedro  da  Líxa  e  Santa  Enlalía  de  Valles ;  lega  uma  colcha 
de  cardinig  veterUme;  a  um  primo  co-írmão  o  seu  livro  (/#  Innocencio; 
legados  ás  albergarias  de  Braga  da  Rua  Nova,  de  Maximinos,  de  Souto, 
de  S.  Tia^o,  de  Santos,  de  Paradito,  e  á  nova  de.  civitate;  aos  leprosos 
e  leprosas  de  Guimaríles  e  de  Braga;  Á  ponte  de  Barcellos;  ás  alber- 
garias de  OaimarSes. 

Este  documento  não  é  original,  mas  uma  copia  nSo  autenticada. 

LXXXI 

22  dl',  maio  de  13'iõ 

iJoaçâo  de  um  herdamento  sito  em  Villar  de  Murzellos,  freguesia 

de  TellSes,  feita  por  Lourenço  Gonçalves,  ti!ho  de  Ray  Gonçalves  e 

Marinha  Martins,  a  Pedro  Annes,  abbade  de  Borua  de  Godin,  com 

reserva  dii  usufruto  para  o  doador,  sua  mulher  e  ainda  outrem. 

Escrita  em  Paradela,  a  22  de  inalo  da  era  de  1363,  por  Lourenço 
Feriiaudes,  tabellíZo  de  Celorico  de  Basto. 

LXXXII 
:»)  de  janeiro  de  132ti 
Composição  sobre  a  usurpação  de  frutos  e  damnos,  feitos  nas  her-' 
dades  de  Riba  de  Ave,  entre  o  cabido  de  GnímarSes  e  Gonçalo  Paes 
e  mulher  Maria  Pires,  em  virtude  da  qual  estes  ficaram  pagando  annula- 
mente  ao  cabido  dous  maravidis  vellios  de  Portugal,  impostos  no  easal 
de  Curveíras,  sito  em  Riba  de  Ave. 

Escrita  a  20  de  janeiro  da  ora  de  1364  pelo  tabellião  de  Guimarães 
Francisco  Lourenço. 

LXXXin 
13  de  dezembro  de  1326 
■Sentença,  proferida  por  Pedro  de  Osem  e  Vasco  Hres,  execntores 
da  ordenaçSo  de  el-reí  sobre  as  igrejas  e  mosteiros. cm  virtude  da  carta 
regia  datada  de  Santarém  a  4  de  fevereiro  da  era  de  1364,  mandando 
restituir  ao  prior  de  S.  Tqrquato,  D.  Payo  Rrca,  e  seu  mosteiro  di- 
versas rendas,  que  andavam  em  prcstamo.  Um  d'rstes  preslameiroB  era 
Ituy  Paes,  abbade  de  Enfias. 

Dada  no  Porto  a  13  de  dezembro  da  era  de  1864. 

A  assinatnra  do  executor  é':  PeU-ua  de  Centii  (oii  Cnuni)  viilit. 


.r,Oi)^[c 


o  AbCHBOLOOO  POBTOOtjfiS 


6  de  maio  de  13ÍÍ7 

Traslado  do8  seguintes  documentos  referentes  ao  casal  de  Calvellos, 
p&ssado,  a  requerimento  do  mestre-escola  do  Porto  e  abbade  de  S.  Gene, 
em  Guimarães,  na  casa  dos  tabelliães  a  6  de  maio  da  era  de  1365: 
1 ."  Resposta  de  Affonso  Annes,  juiz  de  Montelongo,  sobre  a  entrega 
do  dito  casal,  escrita  pela  tabelIiSo  de  Montelongo  Giraldo  Esteves  a 
1 9  de  outabro  da  era  de  1344. 

2."  Sentença  de  Jo5o  Fernandes,  juiz  de  Montelongo,  sobre  de- 
manda acerca  do  dito  casal,  escrita  pelo  mesmo  tahelIiSo  a  4  de  maio 
da  era  de  1346. 

3."  DecIaraçSo  de  Lourenço  Rodrigiies,  porteiro  de  Moutelongo, 
acerca  da  entrega  do  dito  casal,  escrita  em  Ancabral  (?)  a  8  de  outubro 
da  era  de  1347  pelo  tabelliSo  Estevam  Paes. 

LXXXV 

17  dejnlhode  lSã7 

Outorga,  dada  pelo  procurador  dos  clérigos  do  coro,  autorizado  pela 
procuração  feita  a  2  de  junho  da  era  de  1365,  sendo  prioste  doa  clé- 
rigos Gonçalo  Annes,  pelo  tabelliSo  Giraldo  Esteves,  a  um  empraza- 
mento de  campos  sitos  na  rua  Cabreira,  que  foram  casas,  feito  pelo 
chantre  e  cabido  a  Pedro  Annes  e  mulher  Constança  Gonçalves  oom 
o  foro  annual  de  40  soldos,  pagos  por  meogóo  de  maio,  dos  qnacs  9 
seriam  pagos  aos  ditos  clérigos. 

Escrita  a  17  de  jnlho  da  era  de  1365  na  Via  sagra,  onde  se  faz 
cabido,  pelo  tabcllilo  Gil  Eanes,  sendo  testemunha,  entre  outros,  Fer- 
nando Pires,  abbade  de  Pinheiro. 

LXXXVI 

7  de  agosto  de  1328? 

Posse  de  umas  casas  sitas  na  rua  de  Santa  Maria,  que  tomou  Gon- 
çalo Fernandes,  ^bade  de  Gondomar,  em  nome  dos  clérigos  du  coro 
a  quem  foram  legadas  por  Affonso  Vieira,  alfaiate,  e  mulher. 

Foi  lavrado  o  instnmenlo  pelo  tabelliSo  Vasco  Martins  em  ...  de 
agosto 'da  era  de  ...  A  data  é  illegivel,  mas  nas  costas  do  perg«ninho: 
lê-se  anno  de  1328  por  letra  diversa. 


byGoot^lc 


o  ArCHGOUMK)  POBTfGDÊS 


1!)  dejanhodc  1329 

Composição  feita  entre  o  cabido  e  João  Paes  e  mulliiT  Clara  Annus, 
do  Sabugal,  «otre  uma  casa  e  fonio,  que  estes  fizeram  á  porta  Frt^yra, 
e  Bobre  outras  casas  que  vão  fa7,er  num  campo  junto.  Por  morte  d'es(e8 
f  de  uma  pessoa  depois  delles  iica  tudo  pertencendo  ao  cabido  com 
obrigação  de  duas  missas  perpetuamente  por  alma  dos  referidos,  aos 
quaes  o  cabido  deu  logar  na  Crasta  para  alu  collocarem  os  seus  mtttf- 
ment-oa. 

Escrita  pelo  tabellião  de  (juimarSes,  Gonçalo  Fernandes,  na  Crasta 
de  Santa  Maria  a  19  de  junho  da  era  do  1367,  sendo  testemunha, 
entre  outros,  Martim  Bayom,  pintor.  E  partido  por  A.  B.  C. 

LXXXVIII 
■2-2  <lc  outubro  de  13211 

Apresentação  de  Torquato  Mendes,  clérigo  de  IJ.  Miguel  Vivaa, 
bispo  eleito  de  Viseu,  na  igrtja  de  S.  Tiago  de  Murça,  feita  pelo  c^ido 
de  Guimarães,  represenlailo  por  procuradores,  em  o  domingo  22  de 
outubro  da  era  de  1367  na  presença  do  arcebispo  D.  Gonçalo,  estando 
este  á  mesa  mas  já  levantadan  as  toalhas. 

Escrita  em  Castro  Roupas  por  AÍFonso  Martins,  tabellião  da  cidade, 
couto,  diocese  e  província  bracharense, 

LXXXIX 

18  de  outubro  de  1330 

Posse  da  quintX  do  Crasto  e  do  casal  do  Escoríscado  tomada  pelo 
procurador  de  D.  Gonçalo  Martins,  mestre-eeoola  do  Porto  e  abbade 
de  S.  Gens,  em  virtude  de  uma  carta  de  JoSo  Annes,  corregedor  por 
el-rei- 

£}scrita  por  Gonçalo  Pires,  tabellião  de  Montclongo,  no  Crasto,  a  18 
de  outubro  da  era  de  1308. 

XC 

22  ile  novembro  de  I33(' 

Emprazamento  em  três  vidas  de  uma  casa  c  eixido  no  logar  do 
Sabugal,  feito  pelos  clérigos  do  coro  a  JoSo  de  Ponte,  seu  companhoiro,- 
com  o  foro  de  quatro  maravidis  c  meio  velhos. 


byGoot^lc 


o  Abchbouwo  Poetdguês  217 

Eecrilo  na  Orast&  de  Saota  Maris,  pelo  tabelliSo  Francisco  Ueral- 
des,  a  22  de  novembro  cia  era  de  1368,  sendo  testemunhas,'  entre  ou- 
tros, Martim  Pires,  abbade  de  Barqueiros,  e  Gonçalo  Garcia,  abbade 
de  Pentieiros. 

XCI 
15  áe  fevereiro  de  1331 

Doitção  de  uma  almuinha  no  Pinheiro  e  de  um  lierdamento  em  Nes- 
pereira, feita  ao  cabido  por  Hem  Martins,  piliteiro,  e  Joito  Mendes, 
mercador,  seu  filho,  como  testamenteiros  de  Maria  Dominguea  Fara- 
zoma,  viuva  do  Farazom,  com  obrigação  de  duas  missas  oflicíadas  ao- 
Bualmente  por  alma  d'estes  e  pela  eomposiçSlo  que  tinham  feito  com 
o  cabido  sobre  os  seus  moimentos. 

Escrita  em  Guimarães,  pelo  tabellíSo  Thomé  Aãbnso,  a  15  de  feve- 
reiro da  era  de  1369,  sendo  testemunhas,  entre  outros,  JoSo  Bordio,' 
juiz,  c  Síartira  Pires,  abbadc  de  Barqueiros. 

XCTI 

4  <1c  abril  de  13:)! 

Posse  de  umas  casas  sitas  na  Rua  de  Dona  Najs,  que  Simão  Mar- 
tins, abbade  de  Ta^Ide,  entregou  aos  clérigos  do  coro  para  estes  ha- 
verem por  ellas  dous  maravidis  e  meio  annualmente. 

Escrita  a  4  de  abril  da  era  de  1369  pelo  tabelliXo  Francisco  Ge- 
raldes, sendo  testomtmlia  Joílu  Martins,  abbade  de  S.  Pedro  de  Aznrey. 

XCIII 
aõ  du  abril  de  1331 
Posse  de  uma  casa  sita  na  Rua  de  Santa  Maria,  que  tomou  Martim 
Pires,  abbade  de  Barqueiros,  procurador  dos  clérigos  do  coro,  pela 
qual  estes  Itaveríam  annualmente  meio  maravidil,  que  Gonçalo  Fer- 
nandes 6  Buas  irmXs  reconheceram  ser-thcs  devido  como  constava  do 
livro  dos  anniversarios. 

Escrito  em  Guimar&es,  a  2õ  de;  abril  da  era  de  1369,  pelo  tabelliito 
Francisco  Annea. 

XCIV 
15  de  janeiro  de  1382 
Procuração  passada  por  JoSo  Duraes,  cónego  e  procurador  do  mos- 
teiro da  Costa,  e  por  Martim  Pires,  abbade  de  Barqueiros,  procurador 
dos  cónegos  e  clérigos  do  cfiro  de  Guimarilcs,  autorizando  que  os  indi- 


byGoí>^^lc 


218  O  Abcheologo  Pobtuguês 

nduos  por  elles  nomeados  demarcassem  e  partissem  um  eixido  sito  no 
8abug:al,  que  pertencia  aos  seas  constitaintes. 

Escrita  a  15  de  janeiro  da  era  de  1370  pelu  tabelliXo  Fmnãaco 
Geraldes,  sendo  testemunhas  Affonso  Pires,  abbade  de  Gsrfe;  Fran- 
cisco Peres,  vogado;  Gonçalo  Fernandes,  tabellíSo,  etc. 

XCV 

11  <le  maio  de  133;! 

Doação  de  uma  almuinha  «  casa,  sitas  no  fundo  da  Kua  de  Qatos. 

feita  por  Maria  Boroa  k  confraria  dos  clérigos  de  Santa  Maria  por  ser 

eonfrada  d'ella.  Martím  Pires,  abbade  de  Barqueiros  e  procurador  ds 

confraria,  tomou  logo  posse  das  propriedades  doadas. 

Kacríta  em  Guimarães,  a  14  de  maio  da  era  de  1370,  pelo  tabelliSo 
Thomé  Affonso,  sendo  testemunha  um  criado  de  Miguel  Domingues, 
abbade  que  foi  de  Santa  Maria  deVermuy. 

XCVI 

9  de  juDha  de  1833 

Posse  de  herdades  sitas  em  Paçâ)  freguesia  de  Itibas,  tomada  pelo 
cabido  de  Guimarães  por  as  haver  comprado  a  Martin)  Pires  e  mulher 
Maria  Pires. 

Esorita  no  mesmo  logar,  a  9  de  junho  da  era  de  1370,  por  Martim 
Gonçalvia,  tabellião  de  Celorico  de  Basto,  sendo  testemunha,  entre  ou- 
tros, Martim  Lourenço,  abbade  de  Chorense  (?). 

XCVJI 
21  de  fevereiro  de  1334 

Sentença,  proferida  em  Santarém  por  Affonso  Esteves  e  Aires  Ea- 
nes, ouvidores  dos  feitos  de  el-rei,  a  21  de  fevereiro  de  1372,  julgando 
que  a  procuração  conferida  aos  seus  procuradores  pelo  cabido  de  Gui- 
marães não  continha  poderes  bastantes  para  dirimir  a  questão  sobre  os 
contos  do  S,  João  de  Ponte,  Villa  Cova  e  Bibas,  c  assinando-lhes  o 
domingo  de  Paschoela  para  novamente  se  apresentarem  em  juízo. 

XCVIII 
~i  de  maio  d(!  13S4 
Entrega  de  Iodas  as  herdades  c  possessSes  legadas  por  Eatevam 
Vasques  para  a  dotação  e  fabrica  do  altar  e  capella  de  Santo  Estevsm, 


byGoí>^^lc 


o  Archeolooo  Português  2ia 

feita  por  Florença  Aunes,  viuva  e  testamenteira  do  meamo,  ao  cliantre 
D.  Viceute  Domingues  na  Crasta  da  igreja  de  Santa  Maria  a  2  de  maio 
da  era  de  1372.  Esta  capella  foi  instituída  c  mandada  erigir  pt'     ^  ' 
Estevam  Vasques  na  dita  igr^a  de  Santa  Mana  de  OuimarXe 
seu  testamento  escrito  pelo  tabelliSo  OoDçalo  Fernandes  com  au 
çlo  du  arcebispo  D.  Gonçalo,  dada  por  carta  datada  de  Fonte 
a  19  de  janeiro  da  era  de  1372. 

Do  docnineato  de  entrega,  fette  pelo  tabellUo  Aflonao  Pires, 
tcmnnha,  ealre  outros,  Vasco  Domingues,  almoxarife  de  Quin 

XCIX 

23  de  junho  de  1334 

Doação  de  dez  suldos,  impostos  na  quictZ  do  Chão  e  da  Na 
guesia  de  Santa  Christina  de  Ca^i,  feita  pelo  cónego  Martim 
á  confraria  dos  clérigos  de  Santa  Maria  de  Guimarães  para  se 
sado  da  meygoada  ãti  confrade  ou  da  coitfrada. 

Escrito  no  cabido  de  GnimarXcs,  a  23  de  junho  da  era  de 
pelo  tabelliSo  Geraldo  Esteves. 

Em  seguida:  l>oaçJlo  de  dez  soldos,  impostos  em  uma  casi 
por  Ayres  Vaeques  á  mesma  confraria  e  pelo  mesmo  lim.  Esc 
mesmo  dia  o  pelo  mesmo  tabelliSo. 

C 
20  de  fereroiro  de  1335 

Doação  de  um  maravidi,  imposto  no  casal  do  Pinheiro,  fn 
do  Salvador  de  Pinheiro,  feita  por  JoXo  Raimundo,  abbade  de 
Estevam  d'Ulge*e9,  k  confraria  dos  clérigos  de  Santa  Maria  pel« 
V  amor  que  lhe  fizeram,  que  não  viease  doiiair  com  coi^radit  ru 

E^rita  na  Crasta  de  Santa  Maria  a  20  de  fevereiro  da  era  df 
faz«ndo  a  confraria  cabido,  pelo  tabelliSo  Thomé  AfTonso. 

Cl 

22  de  fevereiro  de  1385 

Posse  do  casal  Rnheiro  (doe.  antecedente;  conferida  por  Fn 
^res,  abbade  de  Pinheiro,  como  procurador  do  abbade  de  U 
ao  procurador  da  eonfraria  dos  clérigos  e  aos  mordomos  da  i 
Gonçalo  Annes  e  Martim  Domingues. 

Escrito  pelo  tabellilo  Martim  Annes  a  22  de  fevereiro  da 
1373. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Archeologo  Poktdguês 


9  de  abril  de  1335 
ArrcmataçSo  em  hasta  publica  de  meio  casal  do  Monte^  freguesia 
de  S.  Torquato,  em  virtude  de  âxecuçílo  por  dividas  a  cl-rei,  constantes 
do  rol  dado  pelo  almoxarife  de  Guimarães,  Vasco  I>omiu^es,  e  pelu 
seu  escrivão,  JoSo  de  Santarém,  ao  porteiro  do  almoxarifado  Martim 
Pariz.  Foi  aiUorizada  esta  arrematação  por  carta  regia,  dada  cm  Coim- 
bra a -2  de  janeiro  da  era  de  137S  c  passada  por  Jo2o  Vicente,  clerígxi 
d«  el-rei,  o  por  FemSo  Gonçalves  Cogominho,  seu  vassalo;  feito  e  pas- 
sado o  titulo  a  Jo3o  Paes,  do  Sabugal,  arrematante  do  casal,  a  9  de 
abril  da  era  de  1373,  ao  qual  foi  apposto,  pendente  de  cordão  ver- 
melho, o  sêllo  do  concelho,  que  já  não  existe. 

VIU 
'2<j  ili:  agosto  de  1335 

Sentença,  proferida  em  Quimar&cs  a  áfi  de  agosto  da  era  de  líf7y 
por  Lourenço  Martins,  dito  Calado,  vedor  dos  Coutos  e  Honras  de 
Kntre-Douro  c  Minho,  cargo  para  que  foi  nomeado  por  carta  re^a 
datada  de  Lisboa  a  (>  de  abril  da  era  de  1373,  mandandu  conservar  à 
igreja  de  S.  Gens  de  Monteiongo  tiertas  honrns  nas  freguesias  de  Ar- 
mil,  Sauta  Ovaya  a  Antiga,  EstorSos,  Ribeiros,  IjuincliSes  c  S.  G«ns. 
A  sentença  foi  precedida  de  inquirição  testemunhal  em  que  foram  ou- 
vidos Pedro  Ijopes,  juiz  de  Monteiongo;  Acenço  Esteves,  tabellião  de 
Monteiongo,  Travassos  e  Freitas,  e  outi-os  homens  bons. 

Este  documento  não  c  o  original,  mas  um  traslado  passado  na 
dita  igieja  de  S.  Gena,  a  requerimento  de  D.  Gonçalo  Martins,  mestre 
escola  do  Porto  e  abbade  d'clla,  por  mandado  do  juiz.  de  Monteiongo 
Vicente  Martins,  c  do  dito  Lourenço  Calado,  a  12  de  setembro  da 
era  de  lít77,  dia  era  que  a  sentença  foi  publicada  em  S.  Gens,  pelo 
referido  tabelliSo  Acenço  Esteves,  sendo  testemunha,  entre  outros, 
Gonçalo  Durães  (?),  abbade  de  (^uinohães. 

CIV 

I  <le  setembro  de  I{t35 

DoaçXo  do  meio  casai  do  Monte,  freguesia  de  S.  Toreadt,  feita 
por  João  Paes,  morador  na  Rua  do  Sabugal,  do  termo  do  Castello  de 
GnimarSes,  a  Martim  Alvelo,  cónego  de  Guimarães. 

Escrita  a  1  de  setembro  da  era  de  1373  pelo  tabellião  Thomé 
Affonso. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Archeologo  Português 


OV 

18  de  jaodro  de  1336 

DoaçXo  do  foru  dit  um  e  meio  maravidi  imposto  tio  casal  de  Arca 
cm  Rio  de  Moiohoa,  freguesia  de  S.  Salvador  de  lenheiro,  feita  por 
Florença  Annes,  mulher  de  JoSo  Aftbnso,  mercador. 

Escrita  em  UuimarSes,  a  18  de  janeiro  da  era  de  1374,  pelo  ta- 
belliSo  Thomé  Atfouso. 

£m  aeguida:  Fosse  do  dito  casal  conferida  no  mesmo  dia  e  perante 
o  mesmo  tahclliílo. 

CVI 
24  de  janeiro  dt;  1336 

Outorga  dos  tillios  e  genros  de  Florença  ^Vunes  á  doação  feita  por 
usta  á  coniraria  dos  clérigos  (doe.  antrcedentn),  com  declaraçSo  de  que 
este  encargo  somente  pesaria  sobre  a  metade  dos  bens,  que  pertenciam 
á  doadora. 

Escrita  em  Gíuimaraes,  nas  casas  onde  morou  o  fallecido  marido 
da  doadora,  a  24  de  janeiro  da  era  de  1374,  pelo  tabellíão  Thomé 
Aãonso. 

CVII 
2^  de  jiuieiro  <le  183IJ 

Doação  de  nicío  maravidi,  imposto  em  uma  casa  da  Kua  de  Santa 
Maria,  feita  por  Domingos  Annes  Boroa  e  mulher  Joana  Guedelha  á 
confraria  dos  clérigos  por  os  haverem  admittido  confrades,  e  confe- 
rindo logo  a  posse  d'elia  a  ^lartim  Pires,  abbade  de  Barqueints,  mor- 
domo da  confraria. 

Escrita  a  28  de  janeiro  da  era  de  1374  peto  tahelliSo  Thomé  Af- 
onso. 

cvm 

•27  de  março  ãe  ViSfi 

Procuração  de  Gomes  Lourenço,  cónego  do  GuiDiaríles,  conferida 
a  Martim  Pires,  abhade  de  Barqiieiroii,  a  tim  de  dar  posse  do  casal 
de  Pena  Redonda,  freguesia  de  S.  Thomé  dauençH,  á  confraria  dos 
clérigos  de  Santa  Maria,  á  qual  elle  doou  dez  soldos,  impostos  neste 
casal,  por  o  fscn»arem  das  wi/i/omlas  '/iw  nom  raa  ilormir  com  os  cm- 
fraãrs. 

Escrita  em  Santa  Maria  de  Guimarães,  uo  logar  onde  os  cónegos 
fazem  cabido,  a  27  de  março  da  era  de  1374,  pelo  tahcUiSo  Martim 
Annes. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abchsoumo  POBTUaDAS 


Em  seguida:  Posse  do  dito  casal  dada  a  4  de  abril  da 
aa  presença  do  mesmo  tabelliSo. 


15  de  maio  de  18SC 

Protesto,  feito  pelo  procarador  do  pnor  D.  Eatevam  Dade  e  do  ca- 
bido perante  o  jniz  de  Guimarães,  Martim  Romeu,  para  salvaguarda 
da  sua  juríadicçSo  no  Couto  de  S.  JoSo  da  Ponte,  porque  alguns  mo- 
radores vieram  pleitear  perante  o  juiz  quimdo  o  deviam  fazer  perante 
o  prior. 

Escrito,  a  ir»  de  maio  da  era  de  1374,  pelo  tabelliSo  Thonaé  Af- 
fonso. 

CX 
IO  de  setembro  de  1886 

Sentença,  proferida  por  JoSo  Annes  Mellom  e  Domingos  Paes,  ou- 
vidores dos  feitos  de  el-rei,  julgando  que  a  jurisdicçXo  civil  do  Couto 
de  Codeçoso  pertencia  ao  abbade  de  TollSes,  que  ontSo  era  Martím  do 
Monte,  o  qual  fôra  citado  por  Martim  Calado  para  o  provar  perante 
os  ditos  ouvidores. 

Dada  em  Lisboa  a  10  de  setembro  da  era  de  1374. 

Conserva  ainda  o  aêlio  reg^o,  pendente  de  cordSo  vermelho  e  res- 
guardado em  uma  bolsa  de  coiro,  o  que  nXo  é  bastante  para  o  ter 
inteiro;  está  partido. 

CXI 
10  de  outubro  de  133i> 

Duplicado  do  documento  antecedente,  mas  nlo  original  e  sim  tras- 
lado passado  por  mandado  do  juiz  de  Guimarães,  Gil  Fernandes  de 
Freitas,  escudeiro,  a  3  de  maio  de  1485  pelo  tabellião  Laia  do  Valle, 
vasaallo  de  el-rei,  sendo  testemunha,  entre  outros,  Álvaro  Kres,  es- 
crivão dos  besteiros  do  conto  da  villa  de  GaimarXes. 


GXII 

21  d»  novembro  de  1337 

Fosse  de  uma  casa  da  Kua  Nova  do  Muro,  conferida  aos  clérigos 
do  coro  por  f^tevam  Martins,  abbade  de  S.  Miguel  de  Gémeos  de 
Basto,  como  testamenteiro  de  seu  irmão  Martím  Martins,  cónego  de 
Guimarães,  pela  qual  este  deixou  um  maravidi  Á  confraria  dos  ditos 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ABCHBOLOQO  PORTtOCÊS  223 

clerigoB  com  obrigação  de  um^  missa  oi&oiAda  por  sua  alma  em  dia  de 
S.  Martinho,  como  consta  do  seu  testwnento  feito  a  24  de  setembro 
da  era  de  1374  pelo  tabelIiSo  de  Amarante  Gonçalo  Domingues  Oi- 
tinho  (?). 

E^scrito  o  documento  no  dia  da  posse,  a  21  de  novembro  da  era 
de  1376,  pelo  tabelliSo  Tbomé  AfFonso. 

CXIII 

12  de  Hbril  de  1339 

Venda  de  umas  casas  sitas  na  rua  de  Qatos,  feita  por  Aãbnso  Pires, 
abbade  de  Garfe,  a  Pêro  ÇimSes  e  mulher  Domiogas  Martins,  por  14 
libras  e  meia  de  dinheiros  portnguesee. 

Escrita  a  carta  em  Guimarães,  a  12  de  abril  da  era  de  1337,  pelo 
tabelliSo  Francisco  Geraldes,  sendo  testemunha  JoSo  (?)  Gonçalves, 
abbsde  de  S.  Cremente  de  Saivli. 

Em  seguida:  Paga  e  quitação  do  pre^  da  dita  venda,  dada  a  13 
do  mesmo  mês  e  perante  o  mesmo  tabelliSo. 

(!XIV 

:-t  de  fevereiro  do  IStl 

Doação  de  meio  maravidi  imposto  no  casal  do  Outeiro  de  Paredes, 
freguesia  da  Costa,  feita  por  Ayres  Juyães  e  mulher  Florença  Anões 
aos  clérigos  do  c6ro,  com  obrigação  de  uma  missa  officjada  por  ahna 
de  Maria  Armes,  filha  da  dita  Florença  Annes  e  de  seu  primeiro  marido 
JoSo  Annes,  cujos  bens  os  doadores  herdaram. 

Escrita  em  Guimarães,  a  3  de  fevereiro  da  era  de  1379,  pelo  ta- 
bellião  Thomé  Affonso. 

Em  seguida:  Posse  do  mesmo  casal  no  mesmo  dia  e  perante  o 
mesmo  tabellião. 

cxv 

18  de  Abril  de  134t 

Emprazamento  do  Conto  de  Moreira,  feito  pelo  chantre  e  cabido 
em  18  de  abril  da  era  de  1379  a  Domingos  Domingues  do  Quitestal  (?), 
abbade  de  S.  Mamede,  e  a  uma  pessoa  depois  d'eUe  que  seja  clérigo, 
com  a  renda  annual  de  360  libras  de  dinheiros  portugueses  para  a  pri- 
meira vida,  e  para  a  segunda  de  365  libras,  40  homens  de  geira  para 
o  serviço  do  cabido,  plantar  dez  carvalhos  cada  anuo  e  pagar  duas 
colheitas  a  dois  cónegos. 


byCoO^^lc 


224  O  Akcukolooo  PoetuguÉs 

Nâu  é  original,  mas  iraslado  passado  do  livro  de  prazos  a  '2A  do 
janeiro  da  itra  de  lSá8,  por  mandado  do  juiz  de  tiuímarSes  Affbnsu 
Domingues,  pelo  tabelHAo  Gonçalo  Martins,  sendo  testemunhas,  entre 
outros,  Andri^  AfToníío  e  Antoninho  Loorenço,  tabcllilos. 

OXVI  . 

5  de  outubro  áx.-  1841 

osse  do  iiasal  do  Bairro,  fregtiesia  de  Atiles,  no  qual  Loureni,-o 

lus  e  mullier  Maria  Rres  impuseram  o  encargo  àc  15  soldos  an- 

I  para  os  vlerigos  do  coro. 

scríta  pelo  tabellíSo  Francisco  Geraldes  a  .')  de  outubro  d«  era 

179. 

'JontiiAa). 

i)  ahitade  J.  tí.  dk  Olivkiba  (jumaraes. 


O  desacato  na  Igreja  de  Santa  Engraoia 
insígnias  dos  «Esoravos  do  Santíssimo  Sacraniento> 

I 

a  maiihil  de  16  de  Janeiro  de  XiYi^i  acordou  a  cidade  de  Lisboa 
lada  com  a  noticia,  que  rapidamente  se  espalhou,  de  que,  durante 
te,  tinha  sido  arrombado  o  sacrário  da  igreja  de  Santa  Eiigracia, 
li  roubadas  as  sagradas  Formulas.  Juntamente  com  tim  cofre  de 
Dga,  onde  estavam  guardadas'. 

indescríptivel  a  impressão  que  esta  noticia  e.iiisou;  as  mas  ou- 
m-se  de  gente,  >■  dentro  em  breve  furmou-se  uma  enorme  c  com- 

inassa  de  povo.  Cada  qual  manifestada  de  maneira  diffcrentc  o 
esan  un.s  íiemiam,  muitcs  gritavam  e  choravam,  outros  lainen- 

mas  todos  pediam  vingança  rontra  •>  autor  ou  autore;^  do  saerí- 
;rimc  *. 

poderou-so  de  Ioda  aquella  gente  uni  verdadeiro  terror,  e  pôde 
se  que  a  revtduçSo  que,  dez  ânuos  mais  tarde,  sacudiu  o  jugo 
nhol,  nSo  impressionou  mais  fortemente  n  população  da  capital. 


Tanibciii  forniu  roubado»  nlgutix  objectos  <lo  culto  e  quebrada»  aa  mios 
i  Imagem  de  b-  FructuoHO.  Eiita  Imagem.  aHxim  mutitaila,  ainda  hcge  nisie 
juenÍB  de  Santa  Eugracía. 

Btatorúl  da  fundação  do  Htol  i  ''tiirailo  dn  l.oiiriçul.  pelo  P.'  Manoel  Muu- 
Liaboa  tT50,  p.  H. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


U  Abcbbologo  Portuquês 


O  terror  era  aiuds  maior  porque  oa  astrólogos  haviam  prugnosti- 
('a<Io,  haêeaãoB  em  obiervaçõet  mathemotíca»,  que  o  anuo  de  1630  seria 
tatal  ao  mundo';  e  como  naquella  noite,  por  coincidência,  se  tivesse 
desencadeado  sobre  a  cidade  uma  grande  tempestade,  o  povo  julgava 
talvez  que  ora  sinal  de  qne  a  cólera  divina,  exaltada  por  cansa  do  desa- 
cato, ia  tudo  destruir. 

As  touradas,  mascaradas  e  outras  festas  cjue  estH\'»ni  para  se  rea- 
lizar, em  sinal  de  regozijo  pelo  nascimento  do  principe  D.  Balthasar 
Uarlos,  foram  ímmediatamente  adiada»  por  causa  do  desaoato'*. 

Era  enorme  o  empenbo  que  havia  em  descobrir  o  criminoso ;  muitos 
fidalgos,  titulares  e  outras  pessoas,  annunciavam  pelas  portas  das  Ígi'e- 
jas  que  se  obrigavam  a  dar  grandes  quantias  á  pessoa  que  o  desco- 
brisse; alguns  chegavam  a  ofterecor  2:0(M'>  cnizados,  alem  de  pmmet- 
terem  também  ofticios  rendosos^. 

A  igreja  de  Santa  Kngracia  em-beu-sc  a  transbordar  e  os  sinos 
dobravam  com  força. 

Pela  tarde  appareceram  nas  esquinas  editaes  aitixados  cm  nume 
de  el-rei,  que  ordenavam  que  no  dia  seguinte  ninguém  saísse  de  suas 
casas,  tob  j*e»a  de  morte,  para  que  as  autoridades,  mais  &  vontade, 
pudessem  proceder  a  rigorosa  devassa. 

Logo  que  as  justiças  de  el-rei  tomaram  couta  do  caso,  puseram-se 
Ímmediatamente  em  campo  os  seus  terríveis  agentes. 

Algumas  foram  as  pessoas  presas  e  postas  a  tratos  sem  que  nada 
se  descobrisse,  mas  no  dia  18  foÍ  preso,  como  autor  do  desacato,  um 
desgraçado  chamado  Sinifio  I^res  Solis. 

Depois  de  soffrer  as  mais  horríveis  torturas,  foi  julgado  por  um 
tribunal  em  que  era  juiz  o  Dr.  Gabriel  Pereira  de  Castro,  o  celebre 
poeta,  autor  da  UlyMÍa,  que  lavrou  a  seguinte  sentença:  • . .  em  ba- 
raço, e  pregSo  pelas  ruas  publicas,  c  costumadas,  seja  o  dito  Keu  amos- 
trado, »•  levado  ao  campo  do  Santa  ('Iara.  aonde  está  a  dita  Igreja 


'  Trotado  hUtoricu  r.  jurídico  tobre  o  tacriUyo  furto  iseteraoel  êaoriUgio  que 
tt  ft*  wx  fataúiial  igrga  de  Odivellat,  termo  da  vidade  de  Litboa,  tiA  noite  de  de* 
para  o»*e  do  met  de  Maio  de  i€lí,  pelo  licenciado  Mauoel  Alvares  fêj^as.  Mh- 
ilrid,  uuio  de  IfíTS,  p.  33,  Existe  eito  livro  na  Biblioteca  Nacional, 

*  Vqja-si;  a  consulta  da  uamKra  ao  governo,  têita  em  39  de  Abril  de  1G3U, 
nn«  Elementoê para  a  hiiioria  do  mtmiVnpvo  de  fJêboa,  parto  i,  tomo  iii,  p.  It35. 

>  A^reedario  militar  da  que  n  mlãado  deee  fater  ti  dieffar  a  ser  oapilào,  e  «ar' 
gento-mór,  recompilado  de  graves  auctores  pelo  alferes  JoSo  de  Bríto  de  Le- 
mos.. Dedicado  ao  Ucohor  D.  TheodoBio  segundo  d'uBte  nome  Duqne  do  Bra- 
gança. Anuo  de  163[.  Em  Lisboa,  na  officina  de  Pedro  Cmcsbpeek.  Vol.  i,  p.  Aj 
Eiistf^  na  Biblioteca  Nanional.  Q.  11  — 5— fl.  Secçdo  3.* 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AbCH1£OLOOO  l^HTDGUâB 


dp  Santa  Eoi^racia,  e  alll  lhe  serão  decepadas  ambas  as  mios,  qat 
serão  queimadas  &  sna  vista,  o  em  bum  mastro  alto  á  vista  de  todos 
será  posto,  aonde  será  Queimado  vivo,  e  seus  bens,  que  se  lhe  acha- 
rem, serSo  applicados  á  Confraria  do  Saotissimo  Sacramento  da  mesma 
Igreja  de  Santa  Engracia  *,  para  que  o  Juiz,  e  Confrades  da  Confraria, 
que  novamente  se  instítuhio,  a  sen  arbitrio  gastem  os  ditos  bens  ao  qne 
parecer  para  mais  ornato  do  Sacrário,  e  Capella  mór,  e  outras  obraa 
do  culto  do  dito  Senhor;  e  mandão,  que  sendo  o  dito  Reo  levado  ao 
dito  lugar,  e  &íto  por  fogo  em  pó,  soas  cínsas  serão  lançadas  no  mar, 
para  que  de  todo  se  extíngiia  sua  memoria,  e  pague  as  cnstasi*. 

Toda  esta  horrível  sentença  se  executou  á  rísca  no  dia  3  de  Feve- 
reiro de  1631,  apesar  de  ser  extremamente  rígorosa  e  de  haver  fortes 
presunçSes  de  que  o  Reu  estava  innocente. 

Diz-se  que  quatro  annos  depois,  um  gallego  que  havia  sen'ido  Qimi 
convento  de  Lisboa,  ao  ser  conduzido  para  a  forca,  em  Orense,  por 
um  críme  de  furto,  confessou  ser  o  autor  do  desacato. 

O  desgraçado  Solis  era  chrístão-novo  e,  segundo  a  opiníSo  corrente, 
estava  ennamorado  de  uma  freira  do  oonvento  de  Santa  Clara,  que  fi- 
cava próximo  da  igreja  de  8anta  Engracía. 

Repetidas  vezes,  a  horas  mortas,  ia  o  apaixonado  mancebo  falar  á 
freira,  e,  para  abafar  o  rnido  qne  o  sen  ginete  produzia  com  as  patas 
na  calçada,  tinha  o  cuidado  de  as  cobnr  com  trapos. 

Na  noite  em  que  se  pratícou  o  desacato  teve  a  infelicidade  de  ser 
visto  por  aqnelles  sitios,  fora  de  horas.  Foi  por  isso  denunciado  e  preso. 

Mas,  apesar  de  lhe  infiingirem  as  maia  horriveis  torturas,  nunca, 
para  não  expor  a  freira,  declarou  o  motivo  porque  se  achava  áquella 
hora  em  tal  logar,  caindo  em  varias  contradiçSes  que  serviram  de  piin- 
cipal  pretexto  para  a  sua  condemnação  ^. 


'  Por  Alvará  de  12  de  JudIio  dn  1631  foi  nomeado  o  Licenciado  l 
de  Figueiredo,  jnic  do  eivei,  para  tratar  da  arrecadaçSo  d'e8tet  beua  a  &Tor 
da  Con&aria  dos  EBcravoR.Veja-ae  na  Torre  do  Tombo  o  Ur.  29  da  ChanceUaria 
de  Filipe  III,  fl.  32  «. 

I  Tianscrereilaog  esta  Hentença  da  HUtoría  dafandaçãú  do  Convento  do  Lom- 
riçal,  pp.  24  e  25. 

'  Uma  cnriosa  lenda  anda  ligada  a  este  beto.  Conta-sa  qne  ■  freira,  com 
receio  de  qne  o  namorado  a  deaunciasee,  lhe  enviou  á  prislo,  por  uma  velha 
criada,  doÍ9  melões,  dos  quaea  nm  ia  calado.  Num  simples  bilhetinho  estavam  ea- 
critas  estas  palavras:  «O  calado  é  o  melhor..  Este  assunto  inspirou  uma  poesia 
a  J.  da  Costa  Caacaes,  que  vem  publicada  no  Panorama,  vol.  i,  2."  «erie,  a.'  26 
ia  de  Junho  de  1M2,  a  p.  197  e  sqq.  Intitula-sc :  .0  desacato,  oq  ocalado  é  q  me-' 
Ihor.  Romance  histórico,  1680-1631 -. 


byCoOt^lc 


o  AnCHfSOLOaO  PORTUQUÉB  ^27 

A  julgar  pelos  «uousideraotlosi,  a  sentença  foi  injusta,  por  falta 
de  provas  e  d'alú  a  origem  de  uma  grave  accnsaçXo  que  pesa  sobre 
o  juiz  que  a  proferin.  Como  porém  essa  acciísaçSo  nSo  está  su£Sciente- 
mente  provada,  nSo  a  podemos  perfilhar  sem  reservas,  tratando-se,  de- 
mais a  mais,  de  imi  vulto  tSo  importante  dx  nossa  literatura,  cujas 
virtudes  e  boas  qualidades  sÍo  enaltecidas  por  um  dos  seus  biogra- 
phos '. 

Por  isso  limitamo-nos  a  repetir,  com  essas  reservas,  o  que  d'eíisa 
aceusaçSo  consta  de  um  livro  que  adeante  citamos. 

Segando  o  que  ahi  se  lê,  parece  que  houve  certas  razSes  occultas 
«jae  determinaram  a  coudenmaçílo.  Rapaz  travesso  e  aventureiro,  nSo 
muito  sympathico,  pois  que  se  dizia  que  tinha  batido  no  pae,  SimSo 
Solis  passava  a  sua  vida  em  conquistas  amorosas.  Alem  dos  seus  amo- 
res com  a  freira  e  com  varias  outras,  teve  a  infeliz  lembrança  de  fazer' 
a  corte  i  própria  mniher  do  Dr.  fíabriel  Pereira  de  (lastro,  D.  Joanna 
de  Sonsa. 

Por  isso  o  poeta,  altamente  ofTeudido  na  sua  honra,  logo  què.u  seu 
rival  lhe  caiu  debuxo  do  poder,  resolveu  vingar-se  cruelmente. 

Não  lhe  foi,  porém,  muito  fácil  o  intento,  porque,  dentro  do  pró- 
prio tribunal  foram  levantadas  muitas  duvidas  acerca  da  culpabilidade 
do  reu;  o  poeta,  com  desejo  de  vingança,  tudo  removeu,  e,  por  iim, 
olle  próprio  lavrou  a  sentença. 

Ao  proferi-la,  varias  vezes  se  atrapalhou  na  leitura,  e  isso  nSo 
passou  sem  reparo  ao  vico-rei,  que  era  o  Conde  de  Basto,  que  lhe 
observou:  «ainda  não  sabe  lerVi. 

Um  dos  juízes  que  fazia  parte  do  tribunal,  disse  ulteriormente  que, 
depois  da  sentença  de  Chrísto,  era  aquella  a  mais  injusta. 

A  opiniito  publica  também  se  manifestou  contrária  á  cundemuaçào. 
Durante  a  execução  o  povo  conser\'Ou-3e  sereno  e  quieto,  quaado  era 
costume,  em  outros  casos  idênticos,  dirigir  chufas,  impropérios  e  pe- 
dradas aos  suppliciados.  .  . 

D'e8ta  vez,  os  corregedores  é  que  ouviram  alguns  insultos. 
Tinha  o  Solis  três  irmãs  que  estavam  freiras  no  convento  de  >Sauta 
Clara,  das  quaes  duas  endoideceram  no  próprio  dia  do  supplicid  c  um 
irooSo  d'elle,  que  era  padre  em  Lisboa,  renegou  e  fugio  para  a  Hol- 
laoda  onde  veio  a  casar  ^'. 


I  Barbosa  Machado,  tíibliolheca  LutitatM,  tomo  ii,  p.  311.- 
*  Com  respeito  í  vingança  do  Dr.  Gabriel  Pereira  de  -Caetro,  veja-ae-  a  Col- 
iMçâo  dat  moí*  eeUbrt»  ttnlença*  da»  Inquitiçõet  de  lAtboa,  £iwra>  Coimbra  t  Goa, 
alguma»  irdlat  originar*  e  outra*  curiotamfntt  annotaâat.,  ttc:,  por  AntoOio  Joa- 


byCOO^^IC 


22S  O  Akcheoi.000  Fobtikhi£8 

Cominemoraado  u  desacato  foi  levantada  uma  crus  de  pedra  no 
local  da  exeougXo,  que  a  camará  municipal  entendeu  maadar  destruir 
depois  de  1834!  • 


<.>s  desacatos  d'esta  uatureza  nAo  eram  raros  nas  épocas  de  fana 
tismu.  Hoiive-os  em  Odivellas^,  Coimbra',  Setúbal*.  Porto*.  S.  JoXo 
da  Pesqueira",  e  em  muitas  outras  terras  do  reino. 

Kram  quasi  sempre  os  chrístAos-novos  ou  os  judeus  que  os  pa^- 
vam  iia  fogueira,  e  seguia-se  depois  o  desaggravo  por  meio  de  procís- 
,s8es,  jejuns,  missas,  instítuiçSes  de  confrarias,  fundaçíies  de  conven- 
tos, etc,  e  havia  luto  ofiicial. 

(Começou  o  desaggravo  por  este  desacato  com  um  lausperenne  na 
Sé,  ordenado  pelo  arcebispo  de  J^isboa,  D,  Afonso  furtado  de  Men- 
donça', o  qual  dnrou  oito  dia^s. 

A  igreja  estava  ornamentada  ocm  os  *pannos  reaes  da  tomada  de 
Tunisi^,  e  havia  missas,  officios  e  sermSes. 

Terminando  este  oitavario  em  um  domingo,  fez-se  nesse  dia  uma 
solemnissíma  procissXn  a  que  ninguém  bltou. 


iiuiin  Moreira,  Lisboa  lMi3,  i>.  2i4.  e  Bqij.  Este  livro,  maunacrito,  está  na  Biblio- 
teca Nacional  de  Lisboa,  na  secção  de  manuscritos.  «Collecçilo  Moreira.  Ool- 
lecf-lo  de  sentenças  don  InquÍHÍç3es~L — B — -g. 

Deve  notar-8c  que  a  seuteuça  do  Solis  n3o  foi  proferida  pelo  Inquiúçilo,  por 
t.ss'i  <|ae  o  crime  por  elle  contmettido  nSo  era  da  competência  d'aqtte)le  tribuna. 

<  Elemailo*  para  a  hittoria  dú  muntòípín  de  TJtboa,  parte  i,  tomo  nt,  p.  SW. 

'   Tratado  hialoríco  e  jurídico,  já  citado. 

^  Aginlogio  fjiintano,  toinn  iii,  p.  SSi. 

*  Ehffi"  fviir.brc  e  hittorÚM  de  1).  Joãn  V,  |(or  ITritucisco  Xavier  da  Silv», 

],. ». 

^  Aafui  Hiãlnrien,  11  de  Maio,  ii.°  5. 

*  MtmorUu  para  a  hittorta  de  l>.  Sebattião,  tonto  m,  p.  125. 

Damos  eeta  lista  apenas  para  exemplo,  pois  que  o  uamero  de  desacatos  i 
miiItÍB-timn  superior.  Num  manuscrito  intitulado:  Carta  em  forma  de  Gtada  tu- 
cripta  em  lAtbiia,  com  aã  notieia»  da  terra,  r.  dr  fera  d'eUà  reunida»  deede  o  /.*  de 
Janeiro  do  aimo  de  1704,  de  pag.  '2T0  a  21ò  o  vera  uma  lista  do  desacatos  em  Por- 
tugal desdu  126fi  até  17l."i.  BiblioUea  Nacional  B— 8— 25,  neceSo  de  mtnn»- 

^  )>Í2-se  que  este  arcebispo,  que  neslc.  tempo  também  era  governador  dn 
reino,  morreu  ponco  tempo  depois  (3  de  Jnnho  de  1680),  em  conaeqnancis  do 
desgosto  qne  teve  por  causa  do  tlesanato.  Pinho  Leal,  Portuf/at.  atttigo  e  modemu, 
vo).  IV,  p.  374,  in  fine. 

*  Abto»dario  citado. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AKCHEOLOtíO  POKTUaUÉS  329. 


I>o  clero,  da  uobreza  c  do  povo,  todos  uoQCorreram ;  e  era  tanta  a 
KCnte,  t)ue,  eomeçando  a  sair  da  Sé  ao  meio  dia,  »>  á  noite  chegoit  ao 
teFmQ.  Segiiiu  pelas  nias,  da  Padaria,  Pelourinho,  Terreiro  do  Paço, 
lUbçira,  Ilua  Direita  da  Alfama  e  Porta  da  ('rnz,  até  a  igreja  de 
Santa  Engracla. 

Mesta  igreja  conservou-sc  o  lausperenne  durante  outros  qito  dias, 
sendo  a  festa  ic  cada  dia  á  custa  de  differentes  iidalgos.  Por  exem- 
plu.  1>.  António  da  Silva,  thesoureiro  da  alfandega,  pagou  a  de  quinta 
feira,  c  Á  noite  )ioiive  arraial,  com  ifogo  de  arvores,  rodas,  montantes 
e  fioguetes».  A  <le  sexta  feira  foi  feita  por  conta  do  conde  de  Sabugal, 
qne  se  conservou  todo  o  dia  sem  comer.  A  de  domingo,  e  ultima,  fS-la 
o  arcebispo,  que  disse  missa  de  pontifical '. 


Outra  tbrma  do  desaggravo  foÍ  a  iustítuiçSo  de  uma  grande  confra- 
ria de  fídalgos,  intitulada  dos  lEscravos  do  Santissimo  Sacramentoi*. 

O  compromisso  ou  estatutos  d'esta  irmandade,  que  em  vio  procurá- 
n^os  110  cartprio  da  freguesia  de  Santa  Engracia,  na  Torre  do  Tombo 
c  no  archivo  da  Camará  Ecciesiastica,  foi  assinado  no  dia  19  de  Maio. 
de  1630'. 

O  presidente  era  o  rei,  c  eram  trniSos  apenas  cem  fidalgos  que  se 
obrigavam,  debaixo  de  juramento,  a  nSo  consentir  que  para  ella  en- 
trasse quem  tivesse  raça,  on  sequer  fama,  de  christSo-novo. 

Todos  os  annos,  nos  dias  16, 17  e  18  de  Janeiro,  por  ser  o  primeiro. 
d'estes  dias  anuiversario  do  desacato,  fa/.iam  uma  festa  ao  Santissimo 
Saersmento,  na  capella  do  paço  ^,  com  assistência  e  á  custa  da  família 
real  no  primeiro  dia,  e  &  custa  da  própria  irmandade  no.i  outros  dois 
dias.  Terminava  a  fe^ta  por  uma  procisBilo,  em  que  iam  as  pessoas 
reaes  segurar  ás  varas  do  palio.  Todos  os  annos  se  nomeavam  os  fidal- 
^s  qne  ficavam  encarregados  de  dirigir  as  festas  do  anno  immediato. 
Em  1631  eram  os  seguintes:  marques  de  Castello  Rodrigo,  T).  Gonçalo 


■  Tndo  isto  se  fteha  descrito  iio  Abecedari"  miliUir,  qne  ji,  citáiiios,  a  p.  84 
e  Hjq. 

^  Veja-se  o  livro  que  cit&iu<«  na  nota  ttotecedeute, « também  o  .^>ifio  Hittorico, 
16  de  jaoetro.  Estn  irmandade  era  iiidej)cnil«utc  d»  do  Santissimo  que  eiiatia  na 
mesma  freguesia. 

'  Abtctdario,  p.  8i'). 

•  AnteH  do  terramoto  fazia-wj  om  S.Vicenti',  c  dcpoiK  na  Aja<la. 


byCoOglc 


o  Abchbolooo  P0BTDQUÊ8 

lho,  I>.  Martinho  de  Mascarenhas,  capitão  dos  ginetes,  conde 

nta  Cruz,  D.  Liiis  de  Noronha,  conde  de  S.  Joio,  JoSo  Mendes 

ivora,  conde  dos  Arcos,  Pêro  da  Silva  de  H.  Payo,  conde  da 

ta,  D.  António  da  8itva,  visconde  da  Ponte  de  Lima,  D.  Loa- 

de  Lima. 

papa  Urbano  VIII  concedeu  jubileu  plenissimo  a  todas  as  pes- 

[ue,  «^ntessadas  e  eommungadas,  assistissem  á  festa  em  qaalqaer 

es  dias,  c  autorização  para  que  pudesse  haver  lausperenoe  mesmo 

ias  de  trabalho  e  sermão  de  manhã  e  á  tarde. 

^solveu  a  irmandade  dos  Escravos  fundar  uni  majestoso  templo 

io  aonde  havia  a  antiga  igreja,  o  qual,  estando  quasi  ooncluido. 

minado. 

>  anno  de  1682  foi  fomeçado  o  outro  que  ainda  hoje  esti  por 

primeira  pedra  do  uovo  templo  foi  lançada  solemnemeate  por 
idro,  príncipe  regente,  o  tinha  a  seguinte  inscrípçSo: 
!7am  ineunte  trigésimo  supra  milesimum  sexcentesimnm  saluti^ 
ex  I>.  Engratiae  Acde  quidam  nefarius  homo  per  tenebras  pro- 
&<■  noctis  Sanctissimum  Corpus  Domini  furatus  esset,  Nohilita:> 
ma  in  tanti  sacrilegii  expiatiouem  centiimvirale  sodalitiiim  cons- 

et  oodem  in  low  niagniScum  Tempium  propriis  sumptibus  cons- 
•  decrevit,  ut  ubi  impia  manus  sacrosanctam  Eucharistiam  (eme- 
fucrat  ausa,  ibi  a  piis  animis  aeteriium  colenda  foret.  At  opere 
icrfiK-tioiíi  próximo  forte  colapso,  iteram  Nobilitas  Lusitana  im- 
te,  ae  magnitite  adjuvante  SereniHsimo  Petro  Portugalliae  Prin- 
et  Moderalore,  aliud  Tempium,  sed  elegantioris  structurae,  eri- 
(tatuit,  cujiis  priínum  fundamentorum  lapidem  idem  Serenissimus 
eps  pro  ínsita  Lu.sitanis  Kegibns  pietate  própria  manu  jecit.  Ann. 
M.DC.LXXXII*. 
ste  cdificio  é  grandioso  e  pouco  falta  para  a  sua  conclusSo^,  mas 


à  lou^  dciiiorii  U'uHt^i  obras  deu  origem  a  luii  dito  popular,  luuito  uanb«- 
itntigo.  Seniprr  ([ue  algiuiiae  obras  dnnoraiii  mais  do  qiic  O  tempo  devido, 
ar  dizer-sc:  aparecem  as  obras  de  Santa  Engracia». 
TraDSC revemos  esta  ÍDScripçio  do  Mappa  de  Portngal,  do  1'.*  Joilo  Itau- 
[e  Castro,  3.*  cdiçlo,  ritvisla  p  acrescentada  por  Manoel  Bernardes  Branco, 
I,  p.  ICO. 

Quando  o  dt^sgrnçado  Solía  eatnva  já -oollocado  uo  mastro  ]iflra  ser  quei- 
jA  as  obrss  da  primeira  igreja  nova  haviam  principiado,  e  conta  a  lenda 
lie,  olhando  para  ellag,  disaera:  «tilo  certo  é  eu  estar  innocente,  como  r 
le  que  aquellas  obras  nuoca  se  hílo  <Ie  acabar».  Veja-sc  LMoa  antíf/a 
oa  mi-dfrna,  por  Argelina  Vidal,  tomo  ii,  pp.  101  e  102. 


byCOO^^IC 


o  Archeologo  PortdquÊb  231 

as  obras  crê-se  que  cessaram  por  completo,  visto  que  cl'ellc  se  faz  agora 
deposito  de  material  para  o  exercito. 

Parece  que  a  irmandade  dos  Escravos  se  dissolveu  iio  tempo  das 
lotas  entre  D.  Pedro  c  D.  Miguel;  a  festa  do  deBaggravo  contiana  po- 
rtam a  fazer-se  todos  os  annos  na  Sé. 


(>  Kesl  Convento  do  Lonriçal,  de  cuja  fimdação  a  historia  é  bas- 
tante curiosa,  também  foi  instituído  com  o  fím  de  desa^^avar  o  mesmo 
célebre  desacato. 

Na  occasíSo  em  que  este  se  commetteu,  vivia  no  Louriçal,  em  com- 
panhia de  seus  pães,  uma  rapariga  nova,  chamada  Maria  de  Brito, 
nome  que  ulteriormente  substituiu  pelo  de  Maria  do  Lado,  por  que 
licoa  sendo  conhecida. 

Era  confessada  do  P.*  Fr.  Bernardino  das  Chagas,  que  tinha  lido 
artes  e  que  estava  entSo  no  Convento  de  8anto  António  da  Figueira, 
e  ia  de  vez  em  quando  confessar  e  pregar  áquella  vílla'. 

A  prodigiosa  mulher  tinha  muitas  visSes,  e  suceedeu  que  em  uma 
delias  lhe  quiseram  attríbuir  a  revelação  milagrosa  do  desacato  que 
na  mesma  hora  se  estava  praticando  em  8anta  Engracia. 

■  Ficando  a  esta  hora  cm  hum  traspasso  espiritnal,  vio  em  espi- 
rito junto  a  si  a  Chrísto  pregado  em  dous  madeiros,  com  huma  corda 
ao  pescoço,  todo  pizado  aos  couces,  derramando  muito  sangue ;  e  com 
os  olhos  nella,  mui  sentido,  e  magoado  dizendo:  Filha,  compadece-te 
de  mim,  que  agora  me  tomam  a  crncificar  de  novo  em  Portugal:  e  ou- 
via vozes  de  escárnios,  dando  risadas,  e  fazendo  grandf^s  rugidos  de 
armas  i*. 

NSo  sabendo  interpretar  as  enigmáticas  visScs;  recorria  ao  confes- 
sor qae  lb'as  explicava:  «Mostrou-lhe  Deus,  âlha  minha,  que  nessa 
hora  o  roubaram,  para  de  novo  o  crucificarem  n^. 

Fr.  Bernardino,  visto  tratar-se  de  uma  mulher  tão  protegida  pela 
graça  divina,  teve  a  luminosa  ideia  de  a  aconselhar  a  <{ne  pedisse  a  Deus 
se  dignasse  inspirar-lhe  o  melhor  modo  de  se  fazer  o  desagravo.  D'ahi 
a  dias,  Maria  do  Lado  communícou  ao  confessor  que  o  Senhor  lhe  in- 


'  Veja-Be  o  Compendio  da  adinirOefl  vida  da  itnerarel  madre  Maria  do  I^do, 
p.  22,  e  Hittoría  da/mtdaçâo  do  Real  í'<imtnlo  do  ÍMuri^l,  p.  Si*. 
)  Coutpendio  citado,  p.  50. 
*  No  m^tmo  livro.  p.  52. 


byCoOglc 


'232  O  Abcubologo  Pobtoouêb 

fiiDdira  iit»  ardente  desejo  de  viver  em  retiro  com  mais  companheiras, 
em  uniSo  espiritual,  dedicando-se  ao  fsulto  do  Santíssimo  SacramçntOt . 
«  institiiiado  iim  lauspereuDe  permanente. 

Em  12  de  Abril  de  1630  foi  posta  em  pratíca  a  ideia,  que  tinha 
sido  approvada  pelo  confessor.  Maria  do  Lado,  com  mais  algumas  com-i 
panheíras  que  se  lhe  tinham  reunido,  ia  entSo  passar  os  dias  para  a 
igreja,  e  só  á  noite  recolhia  a  casa. 

No  anno  seguinte  tomaram  habito  e  foram  viver  em  cummunidAde 
para  umas  casas  do  pae  de  Maria  do  Lado,  mas  esta  pooco  tâmp» 
pôde  gozar  de  tão  santa  paz,  pois  que  falteceii  em  28  de  Abril  <le  1632,. 
com  fama  de  santa. 

Empregaram-se  grandes  esforces  para  obter  a  sua  canonização,  mas 
nada  se  conseguiu '.. 

A  communidade  continuou  vivendo  como  pôdt^.  c  no  annu  de  1640 
foi  lançada  a  primeira  pedra  para  a  construcçllo  de  nma  igreja,  que 
doze  annos  depois  estava  concluída. 

Com  grande  pompa  para  U  foram  trasladados  os  restos  de  Míuia 
do  Lado. 

Em  16ÍKI,  com  6:O0U  cruzados  offerecidos  por  D.  Pedro  II,  come- 
çaram os  trabalhos  para  a  edificação  de  um  convento  grande. 

Esgotada  aquella  verba,  o  P."  Francisco  da  Cruz,  irmão  de  Maria 
de  Lado,  protector  do  convento  e  ao  mesmo  tempo  confessor  do  prín- 
cipe D.  João,  que  foi  depois  D.  JoãoV,  tomou  á  sna  conta  o  encai^ 
d«  levar  a  empresa  a  bom  termo. 

Em  princípios  do  anno  de  170('  adoeceu  o  priucipe  gravemente, 
tinha  então  11  annos,  e,  (chamando  a  si  o  P.'  Oruz,  qnis-se  confessar, 
dispondo-se  para  morrer. 

A  occasião  era  boa  e  o  pa<lre  soube  aproveitá-la.  Misturou  com 
agua  uma  porção  de  terra  da  sepultura  de  Maria  do  Lado  e  deu-a 
a  beber  ao  joven  príncipe*. 

No  dia  seguinte  a  doença,  que  até  então  nSo  estava  definida,  ma' 
nifestoií-se  claramente;  era  um  benigno  ataque  d©  bexigas.  E  claro 
que  o  padre  Cruz  attríbniu  logo  a  benignidade  da  moléstia  a  milagre 
da  virtuosa  mulher,  e  por  isso,  como  recompensa,  pediu  ao  príncipe 
a  sua  alta  protecção  para  o  convento. 


'  ^''eja-se  o  Agiologiu  Luiitaao,  npK  dias  28  de  Abril,  letra  G, « 
respectivo;  e  4  de  Agosto,  letrtt  Ai  o  respectivo  coinmeatario. 

*  Vqa-8C  o  Elogifí  fúnebre  f  hiOorieo  rfe  /*.  João  V,  por  FraBciaeo  Xttvier 
dn  Silva,  p.  30. 


byCoOglc 


o  Akcheolooo  Poutuguks  ^33. 

NSu  so  Gonteatoii,  porém,  uool  a  simpl«»;  protnessii  verbal,  exigin 
t^ue  elle  assinasse  um  voto,  miiitu  em  segredo,  deplariindo  qu^  se  obrí- 
g'a.va  a  concluir  as  obras  do  convento  do  Louríçal'. 

O  príncipe  veiu  a  ser  rei  e  teve  de  cumprir  o  voto.  Em  1708  es- 
títva  o  convento  já  em  estudo  de  ser  liabitado.  Dotou-o  com  6:00(X 
cruzados  de  renda  e  nnchen  a  igreja  de  «oxcellento  prata  c  bons  or- 
namentos i-. 

As  piimeiras  quatro  freiras  que  nelle  eutraram,  vieram  do  convento 
tio  Calvário,  de  Évora,  c  fizeram  a  viagem,  com  todas  as  commodida- 
<les,  por  conta  do  rei,  desembarcando  em  Lisboa  na  mesma  ponte  que 
tinha  sido  armada  para  a  chegada  de  D.  Mariana  de  Áustria. 

A  família  real  estovu  nas  Janellas  do  paço  assistindo  ao  deseoibar- 
4jue,  ('  na  ponte  eram  aguardadas  pelo  veador  da  rainha,  D.  GastXo 
José  da  Camará  Coutinho,  por  sua  mulher  I>.  Teresa  de  Noronha,  e 
p«la  Condessa  de  Assumar. 

Estiveram  as  freiras  hospedadas  durante  três  meses  no  convento 
«la  Esperança  e  seguiram  depois  para  <i  Louriçal,  onde  chegaram  em 
8  de  Maio  de  1708,  sondo  ali  recebidas  pelo  bispo-conde,  cabido,  fi- 
dalgos e  confrarias  de  Coimbra. 

A  regra  adoptada  no  convento  ora  a  de  Santa  Clara.  As  freiras 
eram  om  numero  de  33,  cm  homenagem  á  idade  de  Christo,  c  tinham 
por  obrigação  estar  em  laueperenne  permanente,  qut^  de  dia,  quer  de 
noite,  para  desaggravo  do  desacato  de  Santa  Engracia. 

Tambeui  so  appellidavam  «escravas  do  Santíssimo  Sacramento». 


A  infanta  D.  J^Iaiiana,  segunda  filha  de  I).  José,  mandou  construir 
um  pequeno  convento,  junto  das  obras  de  Santa  Engracia,  a  Santa 
Clara,  também  para  desaggravar  o  mesmo  desacato.  É  conhecido  este 
convento  por  Conoentiiiho  do  desaggravo,  e  nelle  se  faz  todos  os  annos 
uma  festa,  nos  dias  16,  17  c  18  de  Janeiro,  com  bastante  solemnidade, 
para  desaggravo  do  desacato  do  Santa  Engracia*. 

Foi  construido  este  convento  no  mesmo  local  onde,  por  tradiçSo, 
se  dizia  que  haviam  sido  escondidos  o  cofre  do  tartaniga  e  as  parliculas 


■  Este  voto  vem  trunacrito  na  fiutorta  da/imdação  do  (Jonoenío,  p.  65  e  «qq 
«  também  no  Agiologio  Ijimíano,  i  de  Agosto,  Commentarjo,  p.  426. 

»  Elogio  fnntbre,  p.  101. 

>  Veja^se  o  Sfcvlo,  n."  8:280,  de  terça  foira  17  de  Jftneiro  di^  l'JO&,  p. 
eol.  8.' 


byCoOglc 


234  O  Aecbeologo  PobtuguÍs 


consagradas  'j  por  isso  a  rainha  D.  Maria  I,  a  instancias  da  fnndadorx, 

£ua  inuS,  ordenou  &  innandade  dos  Escravos,  de  que  era  presidente, 

egasse  o  referido  cofre  ao  conventinho,  onde  ainda  hoje  se  con- 

om  troca  oflereceu-íhe  outro  também  de  tartaruga  e  praU 

aberta  a  buril,  que  está  no  sacrário  da  freguesia  de  imanta 

a». 

rreno  onde  está  situado  o  convenlinlio,  pertencia  ao  Marquês 
ja,  que  o  cedeu  gratuitamente. 

fanta  D.  Mariana,  fundadora  do  convento,  nasceu  em  Liebua 
:  Outubro  de  1736  e  faileceu  no  Rio  de  Janeiro  a  16  de  Maio 
I.  O  seu  cadáver  foi  trazido  para  Portugal  em  1831,  ficando 
do  por  algum  tempo  em  S.  José  de  Ribamar,  e  no  dia  'à  de 
de  1822  foi  trasladado  para  este  convento  onde  ainda  está. 

ir 

ado  os  fidalgos,  escravos  do  Santissimo  Sacramento,  assistiam 
i  que  faziam  para  desaggravo  do  desacato  de  Santa  Engracia, 
vam  usar,  suspensas  ao  peito  por  uma  fita  encarnada,  umas  in- 
,  cujo  desenho  com  a  descriçiUi  das  duas  que  possuimos  vamos 
ao  leitor. 
i-se  a  fig.  l.^" 

. — Assente  sobre  imveu»,  nni  ;>3crario  com  a  purta  arrombada, 
^stá  descaída  desamparadamente  para  a  direita, 
cima  do  sacrário,  sobre  um  fundo  do  raios  luminosos,  uma 
.  contendo  o  Santissimo  Sacramento. 

lados  do  sacrário  estão  dois  anjos.  O  do  tado  esquerdo  do  obser- 
jne  está  descalço,  tem  a  milo  esquerda  sobre  o  peito,  e  com 
L  mostra  o  arrombamento  feito  no  sacrário.  OUia  para  o  Ssn- 
Sacramento  em  altitude  de  quem  lamenta  o   desacato  com- 

1  direita,  de  joelhos  .sobre  «s  nuvens,  está  de  mãos  postas,  em 
de  oração. 


|a-sc  o  livro:  Jenu  Vlititto  iio  SaiilUtiiiw  Saerameiíío  da  Etidiarittia, 
?T.  Miguel  de  Azevedo  Eborense,  tomo  i,  p.  198,  nota. 
ta-Bc  DO  cartório  da  fregaesia  de  Saotft  Engracia  o  Iitrvnlarío  da  Fa- 
Irmaiidade  do  Sanlitêimo  Sacramento  de  Santa  Engracia,  p.  13,  nota  í 
teita  em  16  de  Janeiro  de  1785,  pelo  eacrivão  José  Cândido  Branco. 
a-Be  o  ítnni)  Histórico,  15  de  Janeiro,  e  Memoria  dai  laednlhat,  por  Lo- 
andeB,  p.  11. 


byCoOglc 


o  ARCHKOLOaO  POKTUQDÊB 


Por  detrás  d'estes  dois  anjos  prolongam-se  para  cima  duas  nuvens, 
e  de  cada  uma  d'ellas  apparece  uma  cabeça  de  anjo.  Outras  duas  ca- 
beças também  apparecem  entre  o  pedestal  da  custodia  e  a  cimalha  do 
sacrário. 

Rev. — Tem  a  seguinte  legenda,  em  quatro  linhas:  LOUVADO. — 
SEJA.— O  SANTÍSSIMO— SACRAMENTO,  o  na  orla  uma  cerca- 
ilnra  ornamentada. 

Esta  medalha  tem  na  parte  superior  uma  argola  fixa,  com  ornatos, 
onde  gira  outra  que  serve  para  a  snspender.  É  de  prata,  com  toque 
de  840  millesimos,  e  está  dourada.  Pesa  100  grammas. 

A  sua  forma  é  oval,  medindo  o  eixo  muor  0^,077  e  o  menor  0^,062, 
É  fimdida  em  duas  peças  que  correspondem  a  dois  lados,  sendo  por 
isso  €ca. 

O  lado  do  anver^io  tem  muito  relevo.  Nti  seu  conjunto  é  de  bonito 
aspecto. 

O  reverso  é  liso,  polido  e  convexo. 

Veja-se  a  fig.  2." 

Aqv. — Envolvido  por  espessas  nuvens,  um  sacrário  arrombado, 
uuja  cimalha  assenta  em  duas  columnas  ornamentadas  aos  lados. 

A  porta  está  encostada  á  columna  do  lado  esquerdo,  e,  por  estar 
fiira  do  seu  logar,  deiía  ver  dentro  do  sacrário  uma  cortina  franjada 
na  parte  superior. 

De  joelhos  sobre  as  nuvens,  de  um  e  de  outro  lado,  doas  grandes 
figuras  de  anjos  amparam  cuidadosamente  um  cálix,  que  está  oollocado 
por  cima  do  sacrário. 

O  cálix  tem  em  cima  uma  hóstia,  e  assenta  em  um  fimdo  de  grossos 
raios  luminosos. 

Entre  o  pedestal  db  cálix  e  a  cimalha  do  sacrário  ha  uma  nuvem 
disposta  em  forma  de  S. 

Rev.^Em  cinco  linhas  a  seguinte  legenda:  LiOUVADO — SKIA — 
O  SANTÍSSIMO— SACRAMEN— TO. 

Esta  medalha  tem  também  aa  parte  superior  uma  argola  fixa,  na 
qual  gira  outra,  e  é  de  prata  dourada  com  o  mesmo  toque  da  antece- 
dente. Pesa  64  grammas.  A  forma  é  oval,  medindo  o  eixo  m^or  (y,067 
e  o  menor  C^jOÓG. 

Ê  fundida  em  uma  só  peça  e  tem  muito  relevo  no  anverso.  O  reverso 
é  liso  e  plano.  O  trabalho  artístico  é  inferior  ao  da  antecedente. 

Destinadas  a  principio  para  servirem  de  insígnia  aos  «Escravos 
do  Santíssimo  Sacramento»,  estas  medalhas  podem  considerar-se  hoje 
como  oommemorativas   do   célebre   desacato.   São  muito  raras  e  in- 


byGoí>^^lc 


236  O  ÀBCHEOLOOO  PoRTUGUfiS 

tereesantcs,   c  íssu  bnsta  para  qne  os  col tecei onadures  as  aprecit-m 
muito. 

No  quadro,  que  adeaittc  se  aogae,  indicamos  o  numero  d'a(]uelUi 
de  que  temos  conhecimento: 

CollecçSto  líeal ' -. . .  1 

CollecçSo  da  Biblioteca  Nacional 1 

Coliecção  do  Sr.  JuUus  Meili  * 1 

Collecçao  do  tir.  Conde  de  Penha  Longa  ^-  -  •  1 

(^ollecçâo  do  Sr.  Ferreira  Braga 1 

('oilecçSo  do  Sr.  Leitão  (do  Porto)  * 3 

('oUecçSo  do  Sr.  ('yro  Augusto  de  Carvalho'  1 

Estampada  na  obra  de  Lopes  Fernandes'.. . .  1 

Na  nossa  collecçãi) 2 

Total 12 

K  natural  que  existam  mais  algumas,  ina^  não  podem  ser  em  grande 
numero. 

Das  que  indicamos,  abím  das  uossaa,  só  vimos  quatro:  a  da  Bi- 
bliotecíi  Nai^ional,  a  do  Sr.  ('onde  de  Penha  Iiouga^  a  do  Sr.  Cy^ro  do 
Carvalho  c  a  do  Sr.  Ferreira  Braga.  Uas  restantes  só  temos  conheci- 
mento indirecto  pelas  descriçSes.  ('umtudo,  quasi  que  podemos  affirmar 
que  com  estas  medalhas  se  dá  a  particularidade  de  serem  todas  m^s  ou 
menos  differentes  T.  Seria  por  isso  biistãnte  útil  que  os  seus  possuidores 
se  resolvessem  a  publicá-las  em  estampas  ou,  pelo  menos,  que  as  des- 
crevessem minuoiosameiíte. 

Entre  as  variedades  curiosas  devem  uotar-sc  as  do  Sr.  Conde  da 
Penha  Longa  e  a  do  Sr.  Cyro  de  Car^'allio,  pois  que,  tanto  uma  como 
ontffi,  sito  de  typo  difFercnte  do  das  outras. 

Em  que  época  tf^ria  começado  o  uso  dVstas  iusigniasy 


*  Aragão,  Hitlmredu  Trarail,  u.°  1:871. 

*  InformacILo  que  noa  foi  dada  em  cartn  por  este  distiocto  nunusinstâ.  Mais 
nOB  informou  8.  Ei.»  qup  posaue  rnprodiicRSes  daa  três  qne  eziatem  na  collecçlo 
LeitSo. 

'  Catalogo  da  CaBa  Liquidadora,  do  auuo  de  1*J04,  d.°  1:150. 

*  NnmimuUiea,  por  LeitSo,  n."  8,  9  e  10. 

'  Catalogo  publicado  pelo  negociante  lioUandée  Schiilmau,  aCollection  Cyio 
Augusto  de  Carvalho»,  n."  1:326.  Vem  eatampada. 

*  Lopes  Fernandes,  n.°  12. 

'  A  da  Biblioteca  é  muito  semelhante  &  muis  peqncnn  das  uosBas,  fig.  a.'  3, 
mas  unila  assim  é  díffercuti-. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  iictíologo  Pmajnii— Tol.  I— IfltB 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


bvGooglc 


o  Aecheoiooo  Pobtuquês  237 

Foi  A  irmandade  instituída  ainda  no  anno  de  1630,  e  os  Eurravou 
uornèçaraiA  logo  de  principio  a  usar  as  insígnias? 

A  falta  do  «compromisso*  ou  «ostatutos*  inhtl>e-iiuii  de  re^iponder 
a  esta  interrogação.  É  verdade  que  u  trabalho  tosuo  das  duas  varianteí< 
curiosas  que  notámos  nos  poderia  talvez  levar  á  conclusão  de  que  essa» 
seriam  usadas  na  primitiva  e  que  as  outras  mais  perfeitas  fossem  usa- 
das posteriormente,  mas  nSo  nos  &  liuíto  fazer  tal  aftirmaçSo. 

O  que  é  positivo  é  que  estas  medalhas  já  eram  usadas  pelos  Ks- 
eravos  no  tempo  de  D.  JoSu  V,  porque  dois  livros  d'aqnella  época  no-lo 
attestam:  i>  Anno  Hiitorico,  escrito  em  1713  e  o  Diccionario  do  padre 
D.  Eaphael  Bluteau,  do  mesmo  anno,  que  na  p^avra  «insígnia*  nos 
diz :  também  aasim  «e  chama  a  nietla/hn  rias  Irmandades,  partictdarmentt 
■em  Lishoa  a  de  Santa  Engracia. 

K  curioso  notar  que  na  medalha  descripta  oom  o  ii."  2  está  repro- 
duzida orna  das  visctes  de  Maria  do  Lado  {Compendiu  da  sun  vida, 
pag.  f>4):  <vio  a  deus  Anjos  mui  formosos  e  gloriosos,  que  iam  levan- 
tando da  terra  para  o  (?eo  o  Santíssimo  Sacramento;  pegando  cada 
qaal  da  sua  parte  em  hum  cálix,  e  hóstia  do  tamanho,  e  forma  d'aqueU 
les,  que  depois  trouxe  no  peito,  c  suas  companheiras). 

Segundo  a  regra  do  convento  do  Luuriçal,  que  foi  mUagrosamentf, 
revelada  n  Maria  do  Lado  (Historia  iia  fundação  citada,  pag.  190,  19.t 
e  sqq.),  as  freiras  também  usavam,  no  e.seapulario,  uma  insígnia  bor- 
dada, de  grandes  dimensões,  que  represen,tava  iim  nalix  e  hóstia. 

Junqueira,  .lulho  de  1905. 

Arthur  Lamas. 


Arolieolo^a  de  Trás-^s-Montes 

CuiiHlh*  de  AlUtí 
InstnimeutoB  do  período  neoUtUioD  e  oastros  luso- romanos 

((ioiillmmtJli).  Viil.  O  Ardi.  J^lrt„  II.  «Ml 

I>epoísdas  minhas  informaç3es  n-OÁreh.  Port.,  iv,  180,  acCircados 
objectos  de  Paralita,  foi-me  offerecido  um  objecto  de  pedra  com  as- 
pecto marínoreo  de  côr  rosa,  espalmado,  tendo  de  comprimento  O", 120, 
de  maior  largura  0"',0Õ0  e  de  0^,012  de  espessura,  com  uma  falha  no 
vértice,  devida  a  uma  fractura  por  qualquer  choque  de  instrumentos 
agrários,  que  lhe  tirou  quasi  metade  da  largura  e  entrou  pelo  corpo 
do  instrumento  na  extensão  de  0",O26. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


238  O  Abcheologo  Português 

E  um  lindo  instrumento,  perfeit^nente  alisado  e  polido,  com  uma 
depressAo  natural  da  grandeza  e  forma  de  uma  amâudoa  numa  da^ 
faces,  do  que  resulta  ser  muito  fácil  a  preheoBão  e  segurança  d'elle. 

NSo  conheço  outro  objecto  d'e$ta  pedra  que  parece  fibrolitlio. 

Appareceu  na  Balça,  freguesia  de  Afilia  Verde,  num  campo  culti- 
vado, e  foi  levado  para  Alijó  ao  meu  amigo  Torquato  de  Magalhães, 
que  m'o  cedeu  ha  aunos  já. 

De  Villa  Verde  também  obtive,  por  interveaçfto  do  negociante  Joa- 
quim Rodrigues,  nm  machado  de  diorite,  semelhante  na  pedra  e  con- 
figuração aos  de  Moncorvo,  cuja  noticia  saiu  n-0  Archeologo. 

Foi  encontrado  por  uns  trabalhadores,  ao  abrirem  um  poço,  a  bas- 
tante profundidade,  perfeitamente  conservado.  É  de  dimeneSes  regu- 
lares, e  está  hoje  em  poder  do  professor  da  Escola  Industrial  de  Vianna, 
o  meu  muito  bom  amigo  Serafim  das  Neves,  um  dos  m»s  felizes  col- 
teccionadores  de  moedas,  estofos  e  moveis  nas-  províncias  do  norte. 

A  freguesia  de  ViUa  Verde,  a  que  pertence  a  necropole  de  Parafita, 
tem  situados  ua  sua  área  três  castros  luso-romanos  (?),  denominados 
Oêrca,  Ãscra  e  Castello  da  Murada. 

D'estcs  o  mais  importante,  e  muito,  4  o  da  Balça,  que  os  habi- 
tantes chamam  o  caateUo  da  Murada. 

Está  situado  numa  coUina  que  domina  uma  grande  área  para  os 
quatro  pontos  cardeaes  e,  para  a  época,  devia  ser  um  ponto  estrate^ 
gico  de  graude  importância. 

É  da  forma  do  vértice  da  oollina,  mais  ou  menos  arredondada,  com 
três  fossos  para  o  NW.  apenas,  porque  os  outros  lados  são  quasi  aproma- 
dos ;  apresenta  trincheiras  bem  conservadas  e  solidas,  uma  única  porta  e 
bastante  larga,  para  a  qual  se  subia  por  uma  calçada  de  leve  inclinaçio. 

Em  vários  pontos  da  área  do  castro  eucontram-se  penedos  oom 
buracos  redondos  de  varias  dimensSes  e  a  NE.  um  grande  bnrsco  cir- 
cular, que  parece  ser  a  boca  e  porta  de  uma  cisterna  obstruída  pelo 
desabamento  das  paredes. 

Chamo  a  atteução  dos  competentes  para  este  monumento,  a  que 
se  pôde  chegar  sem  grandes  sacrifícios,  porque  está  situado  junto  da 
estrada  de  Villa  Real  a  Bragança. 

A  poucos  kilometros  d'este  castro  existe  o  de  Souto  de  Escario, 
freguesia  da  Torre,  que  me  dizem  ser  também  grande,  mas  que  nSo 
vi  ainda.  Está  situado  num  outeiro  e  vê-se  a  graude  distancia. 

Ao  poente,  por  cima  de  PinhSocéle,  na  serra,  ha  ontros  também 
que  nunca  pude  visitar. 

Villa  Keal,  31  janeiro  de  1902. 

HENR[<it;E  Botelho. 


byCOO^^IC 


o  Abcheolooo  Fortuqués 


Fraga  da  (Houra> 
em  Villa  Nova  da  Torre  de  D.  Chama 

Já  falíamos  ii-O  Aixii.  Port.,  m,  288-289  e  vni,  252,  tanto  dos 
■lagares  dos  Mourosi  encontrados  no  distrícto  de  Bragança,  particular- 
mente nas  margens  do  TueUa  e  entre  este  rio  e  o  Rabaçal  e  a  serra  de 
Xc^iieíra,  em  termos  das  povoações  vizinhas  da  Torre  de  D.  Chama, 
•.'omo  dos  de  Vallc  de  Telhas,  concelho  de  Mirandella,  e  dos  de  Lama- 
longa,  concelho  de  Macedo  de  Cavalleíros.  Ultimamente  deparei  com 
ims  vestígios  numas  fragas  de  granito  junto  e  a  poente  do  pequeno  po- 
voado de  Villa  Nova,  que  dista  3'"",5  para  poente  de  Lamalonga  e  que 
é  atravesBado  pela  estrada  real  que  vae  para  a  Torre  de  D.  Chama,  que 
devem  ser  também  de  um  d'esses  lagares.  A  fig.  1.'  representa  as  for- 


mas e  as  grandezas  d'esses  vestígios  na  devida  reducçSo.  Como  se  vê  as 
fragas  onde  elles  se  encontram  estão  aos  lados  de  uma  outra  mais  alta 
a  que  chamam  a  «Fraga  da  Mourai,  como  indica  a  fig.  2.^  que  é  uma 
photographia  do  local  tirada  de  sul.  Posto  que  muito  deteriorados  e  gas- 
tos, destingue-se  nelles  ainda  bem  qae  a  obra  A  da  fig.  1.*,  que  agora 
faz  parte  de  uma  eira  de  malhar  pão,  era  um  «lagar  dos  Mouros*  em 
qae  tive  a  surpresa  de  reconhecer  que  as  paredes,  em  vez  de  terem  sido 
todas  formadas  pelos  lados  da  cavidade,  como  são  em  todos  os  mais  que 
tenho  encontrado,  tinham  a  da  parte  a  ligada  &  fraga  por  meio  de  ci- 
mento, de  que  eztrabi  alguns  pedaços,  de  uma  dureza  como  a  do  gra- 


byCOO^^IC 


240  O  Aeciieolckío  Português 

uito.  A  sua  uonfíguraçSo  ú  de  rectângulo  c  a  sua  profundidade  aotual 
é  pe(|ueQÍ5sima,  mesmo  dos  lados  niais  salientes.  No  fundo,  em  n,  ha 
veios  ou  fendas  do  contacto  das  roclias  que  parece  terem  sido  também 
tapados  com  cimeuto.  Uma  pequena  oseavação  feita  do  lado  do  escoa- 
mento mostrou  a  existência  de  um  tanque,  receptáculo  de  líquidos,  ii» 
qual  se  empregou  também  o  cimento.  Em  s  ha  um  pequeno  bnra4.ío  cir- 
cular evidentemente  destinado  a  introduzir  nelle  qualquer  cousa  para 
o  serviço  do  lagar.  Da  resto  encontra-se  tudo  muito  destruido,  devido 
ao  terem  apropriado  o  local  para  eira,  como  íi/.oram  cm  Panoias,  janto 
"  "'"■■  Heal;  estes  vestígios  parecem-sc  muito  com  alguns  que  vi  -^m 
e  que  se  consideram  sagrado». 


,vado  Ji  ícm  :is  paredes  tSo  gustas,  que  o  fundo  está  quasi  do 
■n  a  superfície  da  rocha,  destingiiindo-se  apenas  um  sulco  eoii- 
dicá  a  figura,  não  deixando  ver  sinaes  de  cscoantc.  Esta  cir- 
:ia,  a  sua  configuração  c.  ter  o  seu  fundo  sido  talhado  iigeira- 
m  declive,  fez-me  parecer  que  teve  destino  diverso  do  «lagar». 
o  das  rochas  deixam  ver  as  fendas  ",  e  em  í  notam-se  indícios 
m.  Ao  lado,  numa  saliência  da  fraga,  está  a  pequena  cavi- 
com  bico  para  escoante  e  um  rebaixozínho  o  levemente  incli- 
ra  o  interior.  E  o  trabalho  mais  distincto  e  completo  que  st- 
tra  nesta  fraga. 

ro  o  uso  d'estes  trabalhos  c  a  cpoea  cm  que  foram  feitos,  sendo 
e  neste  local,  como  por  todos  estes  sítios,  abundam  os  vesti- 
homcm  ter  por  aqui  estacionado  em  tempos  remotíssimos,  como 
bados  de  pedra  e  outros  a  qne  O  Arrheologo  já  se  tem  referido; 


byCOO^^IC 


o  ÀHCHeOLOOO  POHTUQUÊB 


dAo  falando  nos  da  época  luso-romana,  porque  esses  appareuem  a  eada 
pnsso.  O  que  é  verdade  é  que  por  grande  numero  de  circunstanciai 
teem  semelhanças  com  os  já  referidos  de  Panoias,  e  que  a  ideia  que 
nos  suggere  logo  ao  vÂ-los  é  que  foram  construídos  para  igual  iim,  isto 
é  para  serviço  religioso.  O  sinal  em  cruz  e  os  indícios  de  outras  que 
apresenta  o  fraglo  mais  alto  com  estas  obras  devem  ter  relação,  e  como 
que  attestam  que  a  «Fraga  da  Moura»  foi  porventura  um  santuário 
dedicado  a  qualquer  divindade  que  o  tempo  levou,  como  actualmente 
o  canteiro  vae  levando  o  de  Panoias,  destruindo-o,  e  arrancando-lhe 
as  cantarias  para  os  muros  daa  casas  ou  das  propriedades. 
Bragança,  Junho  de  1905. 

ArjiiNo  Pi-:rkira  Lopo. 


Hoeda  Inédita  de  D.  AfEbnso  V 

Tem  sido  geral  a  supposição  de  que  a  officina  monetária  do  Porto', 
como  independente  ou  subalterna  da  de  Lisboa,  não  cunhou  moeda 
de  ouro  durante  o  reinado  de  D.  Aâbnso  V,  por  não  tet  apparecidp 
qualquer  prova  material  em  contrario.  O  chronista  Rui  de  Pinn  deixou 
de  alludír  a  esta  material 

As  marcas  monetárias  gravadas  nas  moedas  tinham  importância 
alem  d'aquella  que  lhes  davam  as  casas  emissoras.  Em  consequência 
de  terem  circulado  no  reinado  de  D.  Fernando  barbudas  de  baixa  con- 
dição metallica,  fabricadas  no  Porto,  o  publico  acautelava-se  e  asse- 
gurava os  seus  interesses  servindo-sc  dos  melhores  padriies  monetários, 
quer  nos  contratos  de  aluguer  de  dinheiro,  quer  nos  de  compra  e  venda., 
e  não  era  indifferente  ao  conhecimento  de  marcas  monetárias. 

NSo  censuramos  o  chronísta  peia  omissão.  Ser-lhe-hia  impossível 
completar  a  resenha  dos  acontecimentos  de  uma  época,  e  muito  menofi 
alludir  a  factos  de  ordem  secundaria,  na  falta  de  motivo  especial  que 
os  tomasse  dignos  de  memoria. 

A  omissão  parece-nos  uma  prova  certa  de  que  todo  o  ndmerario 
corrente  no  reinado  de  D.  ASonso  V,  o  numerário  nacion^,  era  de 
boa  lei  e  cuidadosamente  fabricado. 

Hoje  a  sciencía,  incansável  como  é,  sempre  solicita  em  devassar 
o  passado,  procura  encher  vácuos,  de  maior  ou  menor  grandeza,  que 


<  Cluroniea  de  D.  Affonto  V,  t.  i,  cap.  ixxviit,  noB  Inediíoê  da  Academia  Real 
du  Sdettciaa. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


242  O  Abchkommjo  Pohtoouês 

os  escritores  antigos,  pouco  diligentes  ou  mal  orienUdos,  deixuam 
em  tantos  togares  da  historia  portuguesa;  por  isto  é  de  interesse  scien 
tifico  saber-se  que  a  casa  monetária  do  Porto  era  uma  instituição  im- 
jportante  neste  reinado.  Oomprova-sr  a  asserção  com  a  moeda,  inediu, 
figurada  aqui. 


+  ALFQ  :  REIS  :  PORTUGALIAE  DELA.  Escudo  de  armas 
do  reino  entre  4  arcos.  O  escudo  contém  cinco  escudetes  menores, 
em  cada  um  dos  quaes  ha  um  só  ponto,  e  assenta  aobre  a  cruz  da 
jli}rdem  de  Avis.  K  notável  esta  substituição  das  quinas  propriamente 
ditas,  que  figuravam  desde  longa  data  nos  cunhos  da  moeda  portu- 
guesa. 

It.  4-  AlUTORIUN  :  DONS  :  QUI  :  FECI  :  CE.  Entre  4  arcos 
a  cruz  de  S.  Jorge,  em  cujo  exergo  se  v6  a  letra  oncial  P  (PORTOj 
muito  nifida.  Ouro  de  23  ^t  quilates.  Peso  3,48  graminas,  ou  69 '/s 
grilos. 

Analysada  a  legenda  do  anverso,  vê-se  que  falta  separação  entre 
as  letras  V  e  Q,  para  ficarem  independentes  as  palavras  ALF(OX- 
SU8>  Q(UINTUS).  A  palavra  REIS  está  em  vez  de  REX,  que  em 
legendas  monetárias  da  mesma  época  apparece  nas  formas  RES,  RE, 
RX,  e  simplesmente  R.  Ko  final  da  frase  temos  DELA,  em  que  DE 
estará  por  ED=:ET,  tendo  o  D  a  pronuncia  latina  do  T  final.  Certa- 
mente LA  representará  AL(GARBII).  Haveria  inversão  na  posição 
das  letras  em  ambas  as  ))alavras. 

A  legenda  do  reverso  é  comprehensivel,  não  obstante  as  faltas  que 
contém;  dispensa  analyse  especial. 

Em  14Õ7  chegou  a  Lisboa  a  bulia  da  Santa  Cruzada,  que  o  papa 
Calixto  111  expediu  repleta  de  indulgências  e  perddes.  Era  o  con%'ite 
para  ({ue  El-Rei  ergucase  entre  os  Portugueses  o  facho  da  guerra  santa 
contra  os  Turcos,  cuja  influencia  e  poderio  se  desenvolviam  a  pontu 
de  srrcm  fataes  ao  christiaiiisiiio.  D.  Afifonso  V,  para  commcmorar 
e  levar  a  bom  caminho  um;i  emjtrcsa  de  tal  ordem,  mandou  cunhar 
nesse  mesmo  anno  cruzados  iIj  ouro  euhido,  com  2  grãos  a  mius  que 
os  ducados  estrangeiros  de  nuilior  acceítação.  Calculou  que  a  influen- 


byGoí>^^lc 


o  ÃBCHl!»L060  PORTUOLÉB  243 

via  ponderal  d'e3ta  moeda,  que  devia  representar  c[uasi  uma  oitava 
de  ouro,  ou  71  */»  grSos,  venceria  li  fóra  resistências  que  ás  proprías 
armas  de  combate  não  seria  dado  vencer.  Mas  qual  a  causa  por  que 
teve  a  moeda  portuense  apenas  69  ^/s  grãos,  se  por  ventura  foi  cunhada 
nesta  occasiSo  de  grandes  aprestos  militares?  Ignora-so, 

A  ordem  regia  foi  quasi  cabalmente  cumprida  na  officina  monetá- 
ria de  Lisboa,  como  o  provam  alguns  exemplares  perfeitos  e  menos 
cerceados,  recolhidos  em  colIecçSes  de  vulto.  Convém  citar  os  seguin- 
tes: um,  que  existe  no  medalheiro  do  Sr.  Robert  A.  Shore,  com  o 
peso  de  3,50  grammas,  ou  70  grãos;  outro,  que  pertence  ao  tír.  Ge- 
noral  Jaime  Agnello  dos  Santos  Convreur,  que  pesa  3,53  gramnias, 
ou  70^5  grãos;  outro,  pertencente  ao  Sr.  Julius  Meili,  ijue  pesa  3,54 
grammas,  ou70y5  grãos;  finalmente  o  exemplar  collocado  na  collecção 
do  Hr.  Dr.  Francisco  Cordovil  de  Barabona,  que  tem  3,55  grammas, 
ou  71  grãos,  é  o  que  mais  se  aproxima  do  peso  legal. 

Apresentamos  na  fig.  2."  o  desenho  do  cruzado  <lo  Sr.  Couvreur. 
para  que  seja  comparado  com  o  do  Porto. 


Nas  legendas  de  ambos  os  exemplares  não  se  Ic  a  palavra  com 
que  foram  denominados,  a  palavra  ci-vzatvn,  o  são  estes  os  únicos  em 
que  temos  uotado  a  falta.  Ella  suggere-nos  a  ideia  de  que  seriam  emit- 
tidos  era  época  posterior  ás  conquistas  de  Arzila  c  Tanger,  depois  de 
1471,  ou  talvez  quasi  no  término  do  reinado  de  D.  Affonso  V.  Con- 
vém meditar  acerca  d'eata  ideia,  embora  seja  fraco  o  motivo  em  que 
se  estriba.  Certos  indicios,  apparentementc  insignificantes,  resolvem 
duvidas  no  campo  da  numismática,  onde  ellas  se  amontoam  quando 
faltam  leis  que  a  incúria  não  soube  guardar,  como  no  caso  presente. 

O  cruzado  portuense  não  foi  achado  em  Portugal;  appareceu  cm 
Hespanha.  No  dia  27  do  Abril  próximo  passado  o  Sr.  E.  Dias  Serras, 
de  Ijsboa,  teve  occasião  de  ottê-lo  em  Sevilha.  Estava  exposto  no 
mostrador  de  um  ourives,  estabelecido  na  Calle  de  Ckican-eros.  Fazia 
parte  de  um  lote  de  moedas  de  ouro  heepanholas,  mai»  ou  menos  an- 
tigas. 


byCoOglc 


244  O  ÃBCUBOLOOO  POBTIFOUÊS 

O  apparecimeDto  d'e8ta  moeda  habilita  o  numismata  curioso  a  oo- 
nhecer  que  a  casa  monetária  do  Porto  estavK  A  altiira  da  sua  missia 
artística. 

Não  é  conhecido  o  texto  da  lei  que  se  refere  ao  fabrico  dos  <;ru- 
zados  no  reinado  de  B.  AfTonso  V.  João  Bell  *  diz  que  foram  cunhados 
por  lei  de  14Õ7  com  o  valor  de  253  reaes  brancos.  O  que  poBitivamente 
se  sabe,  por  documentos  coevos,  é  que  a  carestia  do  marco  de  onro 
Ibes  deu  O:  valor  de  255-  reaes  em  1460,  c.  que  a  lei  de  16  de  Se- 
tembro de  1472  os  v^orízou  em  324  reaes  brancos.  Foram  cunhados 
abundantemente  com  o  ouro  que  Portugal  importava  da  sua  nascente 
Qolonia  da  Guiné.  No  sec.  xvn  ainda  havia  muitos;  Manotl  Severim 
de  Faria  assim  o  declara  na  sua  obra  Noticias  de  Portugal.  Nesta 
época  eram  destinados  particularmente  á  preparação  do  ouro  em  fo- 
lha, que  se  applicava  á  escultura  de  madeira,  essa  veneranda  arte  que 
florescia  principalmente  no  organismo  interno  dos  templos  sumptaosos. 
E  a  ourívezaria  estimava-os  como  excellente  matéria  prima  para  arte- 
facto de  grande  luxo  artiatico.  Hoje  são  muito  raros,  sobretudo  aqnel- 
les  cuja  belleza  primitiva  seja  comparável  á  do  cruzado  que  já  vimos 
na  fig.  2." 

Lisboa,  Julho  de  lOOõ. 

Manoel  Joaquim  de  Campos. 


O  oastello  de  Braga 

Onrlo  dirigido  ao  Presidente  da  CoDimissAo  Exeoatha  dv  Conselho 
dos  MoiinmentoB  S«oion>e§ 

€lil.™e  Ex."""  Sr. — Cumpre-me  informar  aV.  Ei.*  que  se  projecta 
uommetter  mais  um  vandalismo  nos  nossos  monumentos  nacionaes,  Já 
hoje  tSo  desfalcados  por  cansa  da  ignorância  do  publico,  que,  em  logar 
de  ver  nelles  padrSes  de  gloria  e  documentos  educativos,  os  julga 
apenas  merecedores  de  desprezo. 

D'e5ta  vez  o  desacato  não  parte,  porém,  da  populaça  anónima; 
parte  da  Ex."'  Camará  Municipal  de  Braga!  É  etla  qnem  busca  der- 
ruir o  histórico  castello  da  cidade,  ainda  tão  bem  conservado,  com 
suas  muralhas  ameadas,  dois  rubelloe,  e  a  torre  de  menagem  majes- 
tosamente erguidat 


1   Taboa  do  valor  das  moedas,  ele.,  t.  iii,  parte  ii,  das  Memorias  da  Academia 
Real  das  Scieneiai'. 


byGOí>^^IC 


o  ÂBCHKOLOQU  PORTUOOÊS  245 

Ousta  a  erei'  que  a  cidade  que  se  intitula  com  orgulho  capital  do 
Alinho,  e  se  hoara  de  descender  da  Bracara  Augusta  dos  Romanos, 
consinta,  nSo  direi  d^  braços  cruzados,  porque  alguns  patrióticos  ci- 
dadSos  verberam  asperamente  o  desastrado  projecto,  mas  sem  enei^co 
levantamento  total,  nesta  maiicba  que  se  jiretende  lançar  em  seus 
pi>rg;aniinbos! 

Já  que  assim  é,  c  cjue,  apesar  de  haver  iio  seio  da  eamara  três 
doutores,  que  parece  que  deviam  conhecer  a  Historia,  e  antepor  as  li- 
ções d' esta  a  todas  e  qnaesqaer  considerações  de  ordem  politica  ou 
administrativa,  tomo  a  liberdade  de  pedir  a  V,  Ex.*  a  sua  intervenção 
rápida  neste  assunto,  a  tim  de  evitar  que  o  CTOverno  (o  que  todavia 
nâo  ê  de  esperar)  autorize,  por  mal  informado,  a  demoliçSo  quer  com- 
pleta, quer  mesmo  parcial,  do  eostello. 

Comprehende-se  que  nos  séculos  mediuvicos  se  destruíssem  estu- 
pidamente os  primores  da  arte  legados  pela  antiguidade;  comprehende- 
se  que  ainda  no  aec.  xvi,  o  cardeal-rei,  eivado  de  fanatismo,  mandasse 
demolir  em  Kvora  um  arco  romano  para  no  sitio  d'elle  levantar  uma 
igreja;  comprehende-se  que  as  nossas  populações  ruraes,  por  incons- 
cientes, destruam  a  cada  passo  as  preciosidades  archeologicas  que 
encontram:  mas  o  que  u5o  se  eomprehende  é  que  em  pleno  sec.  xx, 
numa  época  em  que  universalmente  se  dá  apreço  c  valor  aos  monu- 
mentos nacionaes,  a  terceira  cidade  do  reino  mande,  pela  voz  dos 
seus  edis,  aniquilar  um  dos  poucos  ediiicios  antigos  que  lhe  restam, 
c  o  único  que  possue  d'esta  espécie,  quando  elle  a  nobilita  com  os  seus 
betios  ntãchecmãis,  que  contam  séculos  de  existência,  c  até  lhe  imprime 
certa  feição  heráldica,  erecto,  com  seu  ar  vetusto,  em  meio  do  casario 
moderno,  tSo  desengraçado  e  informemente  alinhado. 

Eu,  que  ainda  ha  bem  pouco  vi,  em  uma  viagem  de  estudo  que 
realizei  pelos  paises  clássicos,  o  desvelo  com  que  se  conserva  e  res- 
taura o  menor  vestido  histórico  ou  artístico  do  passado;  que  vi  museus 
archeologicos  em  todas  as  cidades  de  alguma  importância;  que  vi  como 
Koma  admira  ciosa  as  ruínas  dos  palácios  dos  césares,  e  tudo  o  que  lhe 
ficou  da  grandeza  antiga,  o  Colosaeo,  a  Pantbeon,  os  arcos,  os  túmulos, 
as  columnas,  e  até  As  vezes  os  simples  panus  de  muralha;  que  vi  com 
que  devoção  os  Gregos  contemplam  a  Acrópole,  o  Theseion,  a  via  dos 
sepulcros,  as  basilicas  byzantinas,  e,  longe  de  quererem  desapossar-se 
do  qne  os  Turcos  lhes  deixaram,  tentam,  pelo  contrario,  tornar-se  so- 
lidários, cada  vez  mais,  com  a  antiguidade,  já  fomentando  a  celebração 
de  congressos  archeologicos  c  a  fundação  de  museus,  já  reproduzindo 
uas  construcçSes  modernas  os  caracteres  da  velha  arte  nacional,  já 
identificando  succcssivamente  eom  a  lingoa  de  Homero  a  que,  ura 


byGoí>^^lc 


24tí  O  Akcheoloqo  Pohtuguês 

tantu  modificada,  fallain  hoje:  contesao,  £x."'°  Sr.,  que  me  sinto  cor- 
rido de  vergonha  ao  ter  de  relatar  que  a  Camará  Munic^l  de  Braga, 
«■aquecida  dos  seus  deveres  de  guardadora  das  tra^çSes  da  cidade 
augusta,  e  desvairada  pelo  fulgor  de  um  punhado  de  pintos  de  prata 
que  a  venda  (proh  pudorf)  do  terreno  e  das  pedras  do  castello  lhe 
renderia,  ])roeura  traçar  um  risco  de  tinta  negra  no  brasão  da  cidade, 
no  qual  precisamente  se  vô,  era  duas  torres,  uma  allosão  ao  monu- 
mento ameaçado! 

Maia  vale  prevenir  a  tempo  um  desvario,  do  que  por  fim  ter  de 
chorar  peto  que  já  não  tem  remédio.  Não  possue  Braga  tantos  monu- 
mentos, que  não  necessite  de  zelar  a  integridade  d'este.  NSo  esti 
Portugal  tão  miserável,  que  se  veja  forçado  a  pôr  em  almoeda  as  ve- 
nerandas folhas  da  sua  Historia.  Obstemos  a  que  os  estrangeiros  mús 
nma  vez  nos  acoimem  de  bárbaros,  e  que  os  nossos  vindouros  tenham 
mais  um  motivo  para  se  queixarem  de  que  nós  lhes  transmittimos  por 
herança  destroços  e  labéus. 

Braj^a,  17  de  Agosto  de  11)05. 

Dit.  J.  Leitk  de  Vascokcellos, 

tirrritr  b  ■(»■  IlbtlajKt  Ptrlijirfs.  Irah*  U  CmitIIh  Iw  Imanlit  bóNit»'. 


Um  erro  de  amanuense  nas  Inquirições  de  D.  Affbnso  m 
(C.  Sanoti  Salvatoris  d'APOua) 

I 

(.^uem,  conhci-.cudu  a  respectiva  topouimta  loeal,  for  ler  ao  aoti^ 
Tombo  de  Santa  Comba  de  fruUkafoiíwe  (julgado  de  Valdevez)  as  con- 
frontaçSes  d'esta  freguesia  no  anno  de  1541,  notará  qne  a  contigui- 
dade das  suas  balisas,  minuciosamente  descritas,  com  as  da  freguesia 
de  S.  Pato  dos  Areog,  foÍ  rota  em  tempos  posteriores  pela  interpol- 
iação  de  outra  freguesia  denominada  do  Salvador  da  ViUa.  O  porímetro 
d'esta  desenrola-se  hoje  por  terras  a  que,  ainda  em  1541,  os  fregueses 
de  Gruilhafonxe  podiam  chamar  todas  ou  quasi  todas  suas.  O  burgo  ahi 
na.seente,  que  já  em  1518  merecia  o  foro  de  villa  (Carta  de  D.  Ma- 
noel de  4  de  julho  de  ir>18,  Liv.  5."  dalém  Douro,  fls.  120  v)  e  qne 
aumentara  rapidamente  cm  jjoeoraçavi,  teria  sido  depois  motivo  bas- 
tante para  a  sua  emancipação  eccle.siastiea  da  velha  matriz  de  QuUha- 
foDze,  que  lhe  ficava  de  mais  a  mais  afastada  para  alem  de  2  kilome- 
tros  por  encosta  acima. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheoix>go  Pohtuguès  247 

Folheando  porém  os  Portugaliae  MonuTueiita  Hutorica  encontra-se, 
nas  Inquiri^ueê  de  D.  Ãffonso  III  (A.  1258)  e  julgado  de  Valdevez, 
uma  collatioiíe  Sancti  Salvatoris  d'Arctu,  e  f&cil  ílla^ão  é  tomar  esta 
como  directa  ascendente  da  actual  do  Salvador  da  Villa,  taoto  mais 
que  com  nenhuma  oatra  invocaçSo  parochial  do  moderno  concelho  pôde 
acertar  aquelle  título. 

Sabendo-se  que  já  antes  de  D.  Manoel  o  legar,  onde  agora  é  o  .Sal- 
vador, se  chamava  dos  Ãreo»  e  que  aht  mesmo  é  hoje  a  villa  e  o  Sal- 
vador da  Villa,  aqnella  relacionação  parece  saltar  aos  olhos. 

A  contradiçSo  entre  as  duas  fontes  diplomáticas  é  patente. 

A  face  do  Tombo  de  Guilhafonxe,  em  1541  não  existia,  como  hoje, 
situada  entre  os  limites  d'esta  e  os  de  S.  Paio,  a  freguesia  do  Sal- 
vador da  Villa,  pois  que  aqueltas  duas  eram  contíguas;  em  1258  a 
Inquirição  encontrou  no  Judicato  de  Valdevez  uma  coUatione  Sancti 
Salvatoris  d'Areu8,  que  arrolou.  Cotejando  a  serie  de  denominações 
de  coUatione»  do  antigo  julgado  de  Valle  de  Vice  com  a  correspondente 
iísta  das  freguesias  do  moderno  concelho  dos  Arcos  de  Valdevez,  cujas 
froateiras  em  ambos  se  confundem  e  sobrepõem,  com  ezcepçSo  de  pe- 
queno retalho,  nSo  se  encontra  para  identificar  sob  esse  aspecto  com 
a  antiga  Sancti  Stdvatoris  ã'Arcus  senão  a  actual  do  Salvador  da  Villa 
(dos  Arcos).  E  comtudo,  a  dar  fé  ao  Tombo  parochial,  em  1541  ainda 
bSo  existia  o  Salvador;  a  jnlgar  pelas  Inquirições,  em  1258  já  havia 
esta  Sancti  Salvalorig.  Que  soluçSo  tem  pois  esta  discrepância? 

II 

Vejamos  em  primeiro  logar  o  grati  de  fi.'  histórica  que  merecem 
as  duas  fontes  de  informação. 

Os  tombamentos  das  freguesias  eram  feitos  por  individues  nellas 
residentes,  e  os  primeiros  interessados  na  verdade  o  na  exacçSo  da  em- 
presa, precedendo  citação  dos  fregueses  confinantes  e  dos  respectivos 
parochos;  os  togares  eram  descritos  com  toda  a  minueiosidade,  as  dis- 
tancias medidas  com  maior  ou  menor  rigor  e  em  muitos  logares,  oti 
iicavam  solidamente  collocados  marcos  íi^nteiros  com  as  designações 
das  freguesias  limitrophes,  ou  na  rocha  e  ate  cm  megalitos  se  abriam 
sinaes  indeléveis;  de  tudo  o  que  se  fazia  menção  no  auto  do  tomba- 
mento.  Ora  o  original  d'este  Tombo  de  1541  exiHte  e  pôde  ainda  com- 
pulsar-se  por  estar  appenso  ao  Tombo  da  actual  freguesia  d»  Salvador, 
com  o  qual  se  conserva  no  cartono  d'esla  igreja. 

O  valor  diplomático  do  que  hoje  nos  Jícou  das  Inquirições  nSo  é  in- 
contestável. Aquellas  a  que  me  refiro  foram  feitas  no  tempo  de  T>.  Af- 


byCoO^^lc 


MH  O  ARCUEOLOQO  POHTUOUâS 

foQSo  lU  e  confiada  a  sua  execuçlo  a  varias  commissSes  ou  alçadas, 
das  qiiaes  a  primeira  inquiriu  Entre- Cavado-e-Minlio,  No  prologo  do 
vol.  I,  fase.  Ill,  dos  Port  Mo».  Hist.  (laquísitiones),  lê-se:  lO  que  nos 
resta  dos  seus  trab^hos  encontra-se  no  liv.  ix  das  Inquirições  de  D.  Af- 
fonso  III  desde  fl.  48  até  o  fim  do  volume.  Infelizmente  porém  o  texto 
que  elle  nos  fornece,  copia,  sem  duvida,  de  outro  exemplar  mais  an- 
tigo, attento  o  grande  numero  de  additamentos  marginaes  de  palavras 
e  phrases,  que  o  copista  ommittiria  por  inadvertência  ou  outras  uausas, 
nSo  pôde  de  maneira  nenhuma  consíderar-se  como  fiel  transcrição  das 
actas  primitivasa. 

E  logo  abúxo:  «a  primeira  redacção  soífreu  profundas  alteraçSes 
e  largos  cortes,  quer  de  uma  sô  vez,  quer  passando  de  copia  para 
copiai . 

Os  eminentes  redactores  doa  Portitifaliae  Monumiuta  previnem-nos 
pois  das  inexactidões  que  os  textos  publicados  acaso  contenham,  intro- 
duzidas pelos  copistas  e  amanuenses,  para  quem  a  exacção  toponímica 
era  impossível. 

Na  hypothese  especial,  de  qne  me  oceupo,  haverá  erro  de  texto? 
K  o  que  vamos  ver. 

III 

Nas  Inquirições  de  D.  Affoitso  III  (Inquisitiones,  pag.  388)  lê-se, 
na  parte  que  trata  áo  judUato  de  valle  de  vice: 

*Item,  in  eollatioue  Sancti  Salvatoru  d'Arrut jurati  dixeruat: 

que  el  Rey  non  é  padrom.  Item,  que  é  Couto  per  padrões,  et  que  o  cou- 
tou Rey  don  Alfonso  o  primeiro,  (et  aqui  seive  primeiramente  o  moes- 
teiro  à.'Armelo,  et  dixerunt  que  aqui  o  coutou  el  Rey  don  Alfonso  Vy 
et  o  abbade  et  os  fratres  sacarom  no  daqui  et  poserom  no  in  aquel 
logar  qne  chamam  Armelo).  Item,  dixenmt  que  a  quiniana  de  Vilarino 
que  era  do  Chanceler  don  Stephano  Johannis,  et  qne  a  coutara  el  Rey 
don  Aiphonso  de  Portugal  et  Conde  de  Bolonia  a  seu  amo  Johanne  Gar- 
cia padre  deste  davandito  chanceler,  item,  diserunt  que  fora  destes 
coutos  a  uno  logar  que  chamam  aldri/a,  et  dam  em  cada  ano  a!  Rey  de 
fossadeira  pro  Januário  j.  cabra.  Item,  da  erdade  do  Porto  j.  soldo. 
Item  do  Guieiro  j.  soldo.  Et  pectam  voz  et  caomia,  et  vam  in  anu- 
duva*. 

Na  actual  ^eguesia  do  Salvador  n&o  existem  logares  com  aqaellas 
denominaç5es  de  quintct  de  vUarim,  aldeia,  herdade  do  Porto  e  Outeiro; 
ao  contrario,  pelo  menos  um  nome  designativo  de  um  logar  e  o  mais 
importante  de  S."  Columbe  de  Guilifonie  ainda  se  encontra  no  âmago 
da  freguesia  do  Salvador,  como  veremos. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  PoitTuauÉ8  249 

Por  uiitru  ladu,  se  procurarmos  entre  a»  collatUme»  das  InqiiirtçSes 
uma  igreja  ou  fregnesia  de  que  ha  menção  ao  tempo  de  D.  Taroja,  a  de 
S.  Pedro  do»  Arcos,  baldada  será  a  possa  pesquisa^  mas  poderemos 
notar,  conhecendo  o  comparando  as  topon^mias,  qite  os  Jogares  dados 
nas  rnqtiiriçSes  como  de  S.  Salvador  d'Arcits,  e  nSo  conhecidos  boje 
no  Salvador  daVilIa,  pertencem  á  tal  freguesia  ommissa  de  S.  Pedro 
dos  Arcos,  e  ainda  se  conservam  com  as  designações  respectivas. 

A  pronta  conchisão  que  d'aqui  emerge,  ^  ter  havido  um  en'o  de 
amanuense  na  copia  das  primitivas  actas  das  Inquirições  de  D.  Af- 
fonso  III,  escrevendo-se  tíancíi  Salvatoríe  d'A}-cttSj  aonde  estaria  San^ 
Pftri  (}'Arcus:  equivoco  que  teve  até  agora  a  velã-lo  a  coincidência 
síngidar  de  existir  no  concelho  dos  Arcos,  desde  o  sec-  xvr,  uma  fre- 
guesia denominada  S.  Salvador  o»  do  Salvador  da  Villa,  formada  na 
sua  quasi  totalidade  com  parte  da  área  da  antiga  Ouilhafonxe.  E  é  por 
esta  causa  que  alguns  logares  (Arcos  e  Salzeda),  pertencentes  a  esta 
freguesia  ainda  no  sec.  xvi  e  com  mús  razSo  no  tempo  das  Inquiri- 
çiles  de  1258,  estão  presentemente  na  área  de  S.  Salvador. 

Este  c  o  resumo  da  questão  e  a  maneira  de  a  resolver.  Vamos  agora 
As  provas. 

IV 

Parece-me  que  o  processo  mais  lógico  é  ordená-las  chronologica- 
mente.  Temos  pois: 

1."  (1114-1128) 

Estas  datas  representam  <>  anno  da  viuvez  de  D.  Tareja  e  aquelle 
em  que  D.  Affonso  Henrique»  começou  a  ser  considerado  rei. 

Um  docnmento  de  1388  demonstra  que  no  tempo  d'aquella  rainha, 
isto  é,  muito  anteriormente  ás  Inquirições  de  D.  Affonso  III,  uma 
igreja  «h  fregnesia  de  S.  Pedro  d'Arcos  já  existia  no  julgado  de  Val- 
devez. É  uma  carta  de  D.  João  I,  na  qual  se  faz  ao  mosteiro  de  Er- 
mello  (vizinho  de  S.  Pedro  d'Arcos)  doação  das  igrejas  de  Soajo  e  de 
Itritello  para  o9  frades  se  poderem  manter  nelle.  Nessa  carta  se  diz 
que  a  rainha  D.  Theresa  fiindára  o  dito  mosteiro,  dotando-o  com  rendas 
e  herdades  e  o  deixara  incompleto,  no  estado  em  que  ainda  se  achava 
ao  tempo  de  D.  João  I,  mas  dispusera  que,  se  elle  se  não  pudesse  man- 
ter, «se  tornasse  a  S.  Pedro  Darcos  que  hé  no  julgado  de  Valdevez». 
Esta  carta  é  datada  de  Braga,  em  õ  de  janeiro  da  era  de  1426  (A.  1388) 
(Veja-se  no  Archivo  Nacional  o  liv,  1."  de  D.  JoSo  I,  fl.  178,  e  liv.  2.* 
do  mesmo,  fl.  60). 

Ainda  hoje  Ermello  ou  Santa  Maria  de  Ermello  não  fica  distante 
de  S.'*  Maria  do  Valle  (S.  Pedro  dos  Arcos),  e  a  arohitectnra  da  igreja 


byGoí>^^lc 


2Õ0  O  AitCHEUi^oao  Pobtuquês 

em  estilo  românico,  da  qual  me  hei  de  occupar,  nSo  desdic  da  notida 
que  a  carta  fornece*.  Comtudo  nas  Inquirições  de  1258,  no  jalgado 
de  Valdevez,,  omitte-se  esta  freguesia,  que  é  por  assim  dizer,  central. 

2.°  (1258) 

Data  das  Inquirições.  Segundo  estas,  existia  i:nt3o  uma  collatione 
S.  Salvatorts  ã'Arctu.  No  próprio  texto  das  InquiríçSes,  acima  trans- 
crito, se  pôde  venficar  o  equivoco  do  copista,  que  por  inadvertência 
escreveu  S.  SalvaturU  d'Ârciie  aonde  no  original  devia  estar  S.  Petri 
d'Arctts. 

Na  freguesia  actual  de  S.  Pedro  d'Arcos  (lioje  designada  S.^  Maria 
do  Valle)  ha  os  logarea  de  VUlarinko,  Aldeia,  Porto  e  Outeiro,  que  cor- 
respondem aos  descritos  nas  InquiriçBes,  nSo  existindo  pelo  contrario 
na  actual  do  Salvador  nem  memoria  d'elles. 

Alem  d'ísto  o  território  da  presumida  S.  Salvatorts  d'Arcu8,  se  esta 
fosso  a  antecessora  do  Salvador  da  Villa,  estava  já  abrangido  pela  de 
Guilifonxi.  K  embora  não  haja  documento  das  confrontações  d'eijta, 
proveniente  doesta  época,  ha  o  Tombo  autentico  d'esta  freguesia  de 
1541  e  por  ellc  se  vè  qiip  o  território  de  Oiiilifonxi  ainda  incluía  o  qu* 
poderia  ser  attribuido  á  C.  S.  Salvatorig  d'Areu». 

Em  1258  esta  coUatio,  considerada  como  predecessora  do  Salvador 
daVilla,  devia  occupar  o  seu  actual  assento,  isto  é,  intorcallada  a  Gui- 
lifonxi e  S.  Pclagius  d'Arcu»;  ora  nessa  época,  como  em  IMl,  {e  au- 
tos, em  15l5~'foral)  estas  duas  freguesias  eram  limítrofes.  Um  togar 
ou  sitio  pelo  menos  de  GinUfavxi,  dentre  os  referidos  nas  InquiríçSes 
de  1258  e  ainda  hoje  reconhecível,  pertencia  ainda  em  1541  á  mesma 
freguesia,  estando  comtudo  num  ponto  que  devia  pertencer  ao  núcleo 
da  collatione  de  S.  Salvador  d'Arcus,  se  esta  existisse,  e  ser  limítrophe 
da  vizinha  S.  Pelagius.  Esse  sitio  era  já  provavelmente  um  povoado 
e  chamava-se  Arcot;  ali  tinha,  no  dizer  das  Inquirições.  El-Rei  «m 


■  A  pequen»  divergem; ia  de  infonniiyíEo  que  ^e  juide  notar  eutre  an  Inquiri- 
ções, que  adcaute  transcrevo,  e  a  carta  ncSrca  da  fnnilação  do  Ennello  nSo  tem 
importanda  para  o  nosso  caso.  que  vcma  Homente  sobre  k  eiialeDcia  de  S.  Pedro 
d'Arcos  em  1358.  Em  Antiga  necro|Mili!  junto  ú  actual  igreja  d'eata  iregnesia  en- 
controu-sc  uma  loBcrípçSo  sepulcral,  ao  parecer  do  eec.  xii  ou  xi,  qne  di  já  a  eu- 
teuder  a  existência  do  mosteiro  ali.  (Vid.  OAich.  Port.,\o\.yit,  a  pag.  81).  Devr 
examinar-He  a  carta,  qne  é  uma  amplíaçílo  do  parte  do  mappa  n.°  4  da  commisBSo 
geodésica.  Ermello  era  nesse  tempo  do  julgado  di^  Soi^o,  freguesia  que  )he  Sca 
a  jusante,  sobre  a  margem  diruita  de  Lima, 


byCoOglc 


o  Archeologo  Fobtdouês  251 


reguengo,  composto  de  varias  leiras  demarcadas  '■  Hoje  a  víUa  assenta 
abi  mesmo  e  por  isso  é  que  conservou  o  seu  nome. 

Em  summa,  sendo  como  eram  confinantes  em  1258  Guãifotixi  & 
•S'.  fdagius,  visto  que  aquelle  logar  estava  na  fronteira  de  uma  com 
a  outra,  não  havia  espaço  para  a  de  8.  Salvatorie,  que  a  existir,  devia 
ter  sido  ali. 

Quem  não  conhece  os  legares,  deve  lançar  os  olhos  á  carta.  Mo 
togar  onde  se  vê  a  villa,  está  a  actual  freguesia  do  Salvador  que  se 
formou  de  um  bocado  de  Guilhafonxe,  assim  pois  cerceada.  Ahi  mesmo 
eram  em  1258  as  estremas  de  GuUifonxi  c  S.  Pdagiu»  e  hoje  sSo 
as  do  Salvador  e  Sampaio,  proximamente  concordantes.  O  limite  di-r 
visorio  não  era  o  natural,  o  rio,  mas  uma  linha  que  cortava  ao  meío 
o  povoado,  de  norte  a  su),  como  hoje. 

Alem  d'tsto  ha  um  argumento  indirecto,  a  que  já  me  referi,  para 
mostrar  o  equivoco  da  copia  das  Inquirições.  É  a  omissão  oo  julgado 
<le  VaUe  de  VUe  da  freguesia  de  S.  Pedro  dos  Arcos,  já  então  exis- 
tente, como  se  deduz  do  documento  n."  1.  Como  é  que  esta  freguesia 
não  apparecia  nas  Inquirições? 

8."  (ISO!) 

O  argumento  fornecido  pelas  Inqniriçdes  do  anuo  1307  (E.  1345) 
é  primordial.  Beferem-se  ellaa  ás  freguesias  de  Guj/lhyfoay  (sic)  e  Som 
payo  dos  Arco»,  incluindo  também  a  de  S.  Pnãro  Darcos.  Não  se  en- 
contra porém  a  de  S.  Salvatorís. 

Em  Gtiylhijfoo^  nomeiam-se  os  iogares  do  Poniar  e  do  Geestal  e  os 
casaes  de  Siizedello  e  do  Outeti-o  (o  1."  e  o  4."  são  reconhecidos),  o  em 
S,  Pedro  Darcos:  quinta  do  Penedo,  casal  de  Sutriias  (ou  So-ribaeí), 
Sudros,  Riba-fontaa,  Souto,  Trcutora,  Soadevesa*,  Tora,  Traveasat  de 
Juaaas,  logar  do  Outeiro,  VãTzea  e  Penacova  (d'estes,  todos  se  con- 
servam na  mesma  freguesia,  excepto  Sudros  (?)  que  não  se  reconhece 
e  duvidosamente  Travessa»  de  Jusaas).  Isto  é  bastante  para  identificar 


'  A  viiiuha  Collatíone  Saneti  Pelagii  do4  Arcos  occupava  parte  d'e6se  po- 
voado, a  jnlgar  da  sua  denominaçKo.  Hoje  ainda  assim  é. 

I  É  ainda  hoje  a  pronuncia  popular.  Na  linguagem  de  gente  qualificada 
diz-se  j4  Sabdecesa.  Como  demonstrou  o  Sr.  Dr.  J.  Leite  de  Vasconcelloa,  em 
O  Areoense,  n,°  857,  a  decomposiçílo  é  to-a-devega,  qiie  ina  ti  dc  ti  vãmente  traduzem 
por  gjib-devfaa  (quando  muito  devia  ser  mb-a-devesa).  Mas  evidentemente  o  me- 
lhor é  dizer  toadeí-esa:  qncm  assim  o  nSo  faz,  teria  que  ser  colierente  e  dizer 
também  Sublevada,  Sublerre,  SitbvitiJia  e  não  Soahvada,  Soatorre,  Hoaoinka,  como 
é  geral,  a  respeito  d'eBte!i  legares. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


252  O  ARCUEOLOOO  POBTUGUâS 


a  regi&o  e  demonstrar  a  omíssílu  das  Inquirições  de  1258.  âb  Inqui- 
ríç8es  d«  1307  estão  inéditas,  mas  podem  ver-se  nu  Archivo  Naoional, 
liv-  IX  (tas  Inqiiiriçi^(>s  de  D.  Dinis. 

4."  (1&16> 

É  a  data  do  furai  de  D.  !Manoei  dado  á  terra  e  cdçelko  d/i  valdeveif. 

Deste  documento  consta  a  existência  das  freguesias  de  tíuilha- 
fonxe  e  de  S.  Pedro  dos  Aremos,  ambas  já  muito  mais  antigas,  como 
lemos  visto.  Do  Salvador  porém  nâo  se  faz  mençSo  alguma.  Isto  ji 
era  importante  para  a  minha  questão;  mas  o  melhor  argumento  não 
é  este.  O  foral,  pois,  não  só  omitte  o  Salvador,  mas  localiza  jJgtui.i 
nomes  tópicos  de  Guilhafonxe,  nomes  ainda  hoje  em  vigor,  e  que  se 
acham  no  território  da  moderna  freguesia  do  Salvador,  pertencendo 
então  á  área  de  Gnilhafonxe. 

Transcrevo : 

«Freguesia  de  OUkafoiíisse. 

«Item  alvaro  soeiro  traz  muitas  herdades  e  easaes  que  lhe  furam 
apegados  s.  tem  na  balleta  hua  leira,  que  vay  topar  ao  Ryo  e  entra 
no  campo  de  vasquo  amtã  e  trazem  Joham  Vaaz  paga  cadano  hum  al- 
queire de  trigo. 

Item  na  balleta  liiia  leira  que  traz  trõpeta  paga  hua  galinha.  Item, 
hua  leira  a  cabo  do  tdlo  que  parte  de  hil  cabo  com  a  Igreia  e  do  outro 
com  lourèço  damtas  c  entesta  na  Ryba  degima  e  do  ontro  no  Ryo. 
Item  hiia  peça  om  calzeãa  c  parte  com  lourSço  damtas  dambos  os  i^a- 
bos  e  vae  topar  ao  Ryo>. 

£sta  parte  é  a  que  me  interessa. 

A  balleta  (mais  abaixo  escreve  balkêta  (que  é  ainda  a  prouuuçia 
local)  é  hoje  um  pequeno  bairro  da  villa,  contíguo  á  igreja  da  freguesia 
do  Salvador,  embora  em  nível  bastante  inferior  e  marginal  do  rio.  Km 
1515  (como  aliAs  já  antes)  chegava  ahi  o  território  de  Guilhafonxe^ 
á  qual  pertencia  a  balleta.  Alem  d'isto,  este  sítio  está  no  que  já  nti 
tempo  das  Inquirições  de  12r)H  se  chamava  o  loi/ar  dos  arco»;  s3o  pois 
inseparáveis. 

Caheda  é  erro  de  amanuense ;  diz-se  hoje,  como  em  1258,  Salzeda  • ; 
é  um  sitio  que  nSo  podia  deixar  de  pertencer  a  S.  Salvador,  se  esta 
existisse  e  existindo  também  S.  Pelagim  (Sam  Payo  dos  Arcos)  como 
freguesia  contigua;  aliás,  nSo  haveria  cabimento  para  S.  Salvador. 
Alem  d'isto  Salzeda  está  situada  entre  a  balhêta  e  a  sede  de  Guílha- 


^lt«iii,  ia  Salznta  j..leii-ti>. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Akchkolooo  Pobtuql-ês  20^ 

foDxe;  pertencendo  este  logar  a  esta  freguesia)  era  absurdo  que  a(|nelle 
u2o  pertencesse  tombem. 

Estes  alimentos  são  porém  i-eforçados  pelo  seguinte,  ainda  mais 
explicito  e  posterior  em  data. 

5."  (IMl) 

O  dia  14  dt!  uuvumbru  de  1541  «  o  qnc  data  o  Tombo  antigo  da 
fre^esia  de  Santa  Comba  de  GuiUiafonxt;.  códice  <]ae  ainda  se  con- 
serva DO  cartório  da  igreja  do  Salvador*. 

Neste  documento  faz-se  a  minuciosa  descrição  dos  limites  d'aquella 
parochia.  £sta  descrição  não  deisa  duvidas  acêi-ca  do  dosso  caso.  Santa 
Comba  de  Quilhafonxe  abrangia  o  actual  território  do  Salvador*.  Esta 
ainda  não  existia,  quanto  mais  no  tempo  das  Inquiiiçdes.  A  freguesia 
límilrophe  de  Giiilhafonxe,  na  arca  onde  hoje  é  o  Salvador,  era  S.  Paio. 

Assim  pois,  a  Unha  de  limite  por  este  lado  começava  no  rio  subindo 
mais  ou  menos  direita  ao  Pelourinho,  que  então  ac  erguia  a  meio  da 
viUa,  continuando  na  direcção  do  sul,  paralle  Iam  ente  ao  rio.  Tudo  isto 
era  já  naquelle  tempo  villa  (como  vimos),  o  antigo  logar  dos  Arcos, 
das  Inquiríçdes,  e  por  mera  coincidência  casual  é  ahi  hoje  a  freguesia 
do  Salvador.  Não  pMe  portanto  ser  a  '^aíietl  Salvatoris  das  Inqui- 


'  Eate  Toinbo  ostá  uppeDso  ao  do  Salvador  feito  em  17HU,  ao  qual  serviu  de 
base.  Ouilhafbnxe,  freguesia  mnito  aotiga,  veio  a  ser  ua  sua  áccadcncia  annexads 
ao  Salvador,  erecta  s<^  no  meio  do  sec.  xrt,  como  veremos,  depois  dtt  ter  sido 
uinA  das  duHs  qae  insere  viam  a  villa,  já  como  tal,  em  seu  perímetro. 

•  Palavras  teituaes ;  n . . .  Da  pedra  da  Garça  pelo  rio  abaixo  á  villa  ao  Pel- 
lame  do  Corceeiro  (correeiro?)  pela  vallc  arriba  ao  marco  qui:  está  detrás  da 
ermida  de  8.  Sebastião,  d'afai  pelo  Pelourinho,  direito  para  a  rua  u  estrada  para 
Ponte,. .  '  •  cte.  O  pellame  já  não  existia  no  sec.  iviii ;  no  logar  da  ermida  de 
8.  SebaatiSo  6  desde  o  século  ivii  a  sacristia  da  igreja  dn  Kspirito  Santo,  pró- 
xima da  de  S.  Salvador-,  o  Pelourinho  estava  então  (1541)  no  centro  da  villa.. 
Eata  linha  recta  da  ermida  de  8.  Sebastião  ao  Pelourinho  é  descrita  asaiui  em 
1786  (data  do  mais  moderno  Tombo) :  'E  dahi  a  face  do  mesmo  Rio  Vez  vai  dar 
ademarCBÇ&o  em  hum  penedo  qae  fica  cm  pouca  distancia  do  Moinho  chamado  do 
Espirito  Santo  para  aparte  do  Sul  no  qual  penedo  que  serve  de  marco  cata  gra- 
vado na  face  que  faz  para  o  Ceo  humas  letras  que  dizem  nS.  Payoii  sitio  a  que 
'chamavSo  o  Pellame  de  Corceeiro  por  haver  tradiçSo  que  ahi  o  ouvcra;  e  sitin 
-finalmente  em  que  ospedem  os  lemites  de  Giello  e  principia  eata  daVilla  do» 
Arcos  ademarcar  e  confrontar  com  a  de  S3o  Pajo  da  mesma  Villa.  Do  ditto  pe- 
nedo vai  partindo  ademarcac&o  e  medi-lo  do  Maseentc  para  o  Poente  c  em  linha 
recta  agoas  vertentes  para  esta  ireguezia  vai  dar  ademareação  no  cunhal  da 
Sacristia  da  Igreja  do  Espirito  Santo  (que  algum  dia  foi  a  Ermida  de  Sam  Se- 
baatiSo)  aim  no  cunhal  que  fica  para  o  Norte  c  Kahc  na  mesma  direitnra  huma 
vara  adiante  do  cunhal  da  capella  mor  ila  dítta  Egreja  digo  Capella  mor  da 


byCOO^^IC 


2Õ4  O  Akchboukio  PoRTDQOâS 

ríçSes,  orsgo  inventado  por  incúria  de  um  escriba.  Se  esta  fregoesis 
jã  existisse,  o  sen  território,  único  presumirei,  oomo  já  vimos,  nZo  fa- 
ria parte  de  Guilhafonxe;  devia  ser  descrito  oomo  tal,  isto  é,  s^ars- 
damentc. 

6.*  (164») 

Um  dos  melhores  templos  da  villa,  pelas  dímensSes  e  pela  rica 
obra  de  talha  do  ãm  do  sec.  xvii,  é  o  do  Espirito  Santo,  onde  se  aclis 
iustallada  oma  notável  confraria,  originariamente  só  de  clérigos.  No 
seu  cartório  existe  um  volume  doa  Estatutos,  de  onde  se  anfereio  no- 
ticias de  historia  local',  noticiai  que  nos  interessam  agora,  porque 
nos  revelam  as  datas  entre  as  qitaes  deve  coUocar-se  a  fnndaçSo  do 
Salvador*. 

A  instituição  da  Confraria  do  Espirito  Santo  tinha-se  dado,  segundo 
referencia  da  acta  de  oma  reunião  celebrada  em  7  àe  junho  de  1593, 
proximamente  44  annos  anfes,  isto  é  poís,  em  1549  c  ainda  em  1624 
se  diz  que  esta  irmandade  se  achava  estabelecida  na  igreja  do  Sal- 
vador, inferindo-se  dos  documentos  que  em  1678  já  tinha  igreja  pm- 
pria.  Já  pois  existia  em  1549  a  parochía  do  Salvador,  no  território  qu«! 
fôra  de  Gtutlhafonxe,  tendo  assim  realizado  uma  qiiasi  profecia  incons- 
ciente o  copista  das  InquiriçCes. 


mesma  Igr^a  de  sorte  que  vem  a  ficar  dentro  dos  lemitea  de  Êam  Payo  a  eapeUf 
mor  da  ditta  Igreja  do  Espirito  Ijauto  a  hana  vaia  do  Corpo  da  mesma  Igrcjf 
e  todo  o  mais  resto  dentro  da  desta  ^gaezia  da  Villa  dos  Arcos  sem  qae  o  Ab- 
bade  de  Sam  Payo  tenha  porta  alguma  por  ondo  poça  entrar  na  mesma  Igrpjs. 
E  do  ditto  sitio  vai  partindo  ademarcaçSo  e  medirão  pello  Campo  da  feira 
adianta  em  direitura  ao  Poente  aface  da  Cappella  mor  da  Ignga  Hatria  desta 
fregnezia  que  toda  fica  dentro  em  seus  lemites  e  em  linba  recta  vai  dar  ao  ntte 
oode  antigamente  esteve  o  Pellourinho  com  treientas  e  quarenta  «  doas  varas 
qae  tanto  há  de  distancia  do  ditto  penedo  que  serve  de  marco  tho  este  sitie 
oqual  qne  serve  do  marco  por  ainda  nelle  existirem  os  indícios  do  Alicerce  àD 
mesmo  Pellourinho  iicao  estes  fronteiros  a  Columna  qne  devido  Oa  dois  arcos 
da  entrada  do  paçn  do  Concelho  e  distão  da  mesma  Columna  para  o  Noite  oito 
varas  e  quatro  palmos  ficando  dentro  dos  lemites  de  Sam  Payo  toda  a  referida 
extencilo.  E  do  ditto  sitio  onde  esteve  o  Pellourinho  vai  partindo  da  amedifio 
e  demarcação  em  direitura  ao  Poente  a  procurar  a  rua  direita  e  pello  mey» 
<leUa  vai  partindo  admarcaçSo  dar  a  estrada  publica  qne  vai  para  Ponte  ds 
Lima. ..'  etc. 

1  Ao  sen  bondosíiisimo  commissBrio  agradeço  a  facilidade  da  consulta  d'cste 
curioso  documento  n  mais  recentemente  um  extracto  do  Tombo.  É  o  Rev>  Jori 
Pereira  Hodrigues  da  Silva. 

I  Certamente  haverá  noutros  archivos  noticia  mais  yecisa  d'cs(e  factA;  por 
agora  nio  preciso  recorrer  a  elles. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  PoHTrocÊs  255 

O  sínodo  rcfonmsta  dos  clérigos  de  1593  renniu-ae  em  casa  do  rev." 
Salvador  Fernandes,  cMaãe  da  viUa  dos  Arcos,  que  nSo  era  certamente 
abbade  de  Gnílhafonxe ;  ó  eata  a  primeira  referencia  que  conheço  á  nova 
parochia,  que  se  chamava  do  Salvador  da  villa  dos  Arcos. 

Eatre  pois  1541  e  1549  deve  collocar-se  a  fundaçSo  do  Salvador'; 
não  existia  portanto  era  1258*. 


Vejamos  agora  para  qual  freguesia  arranjou  o  amanuense  a  invoca- 
ção de  S.  Salvatoris  d'Arcns.  Leve  referencia  já  íiz  a  esta  questão. 
K  o  exame  dna  nomes  topícos  que  me  vae  guiar.  Como  atrás  se  pód« 
ver,  s5o: 

Quintana  de  vilarinho, 

Aldeya, 

Erdade  do  Porto, 

Outeiro. 

Ora,  segundo  informações  que  colhi  de  moradores  da  actual  fre- 
guesia de  Nossa  Senhora  do  Valle  (antiga  S.  Pedro  dos  Arcos),  estes 
logares  ainda  lá  subsistem  '. 


■  Creio  que  desde  Ic^o  a  igreja  (te  OuilliafoDxe  foi  annexa  do  Salvador,  como 
de  menor  importância.  É  provável  qae  o  aumento  da  popnlaçSo  do  logar  onde 
já  cnt3o  era  a  villa,  u  o  facto  d'eBte  logar  ser  um  doa  extremos  de  GuilhafoDie, 

distanciado  ila  sétie,  foram  os  motivos  da  fundação  da  nova  parochia. 

'  Quando  eu  revia  os  graueis  d'este  artigo,  Tcio>me  tis  mãos,  por  zelo  de  uui 
amigo,  o  fascículo  31-32  {Julho -Agosto,  1905)  do  Archivo  Hietorico  Portagues. 
Puhlicft-se  ali  um  documento  (p.  213)  que  coDtirma  indirectamente  a  minha  ave- 
riguação, provando  que  em  15*27  existia  Sam  Pedro  dÃrquoe.  £  um  recensea- 
mento de  Eiitre-Douro-e-Miuho,  ordenado  por  D.  JoSo  III.  No  paragrnpbo  de 
Vali  de  fez  eaunieraui-se  as  freguesias  respectivas  com  os  seus  moradores.  Lê-so 
ahi :  v . . .  a  povoaçom  doa  Ãrcõs  de  Vez  (gíc)  cn  i%ie  faztm  tit  aiidiateiaê  que  ha 
vtía  eom  a  mais  ••frcgitetiat  per  todos  moTadora,  36  morad^/reêK,  E  certo  quo  aSo 
nomeia  a  frcgiiesin  de  Guilhíifonchc,  que  aliás  já  e:cistia,  mas,  destacando  a  pO' 
voação  dos  Arcos  (a  esse  tempo  já  1  illa)  e  maii*  freguesia  com  o  censo  de  36  mo- 
radores (fiira  mancebos  solteiros)  deve  entender-se  que  o  recenseador  só  cuidou 
do  nome  com  que  era  conhecido  ii  local  da  povoaçSu,  despregando  o  da  sédi' 
da  freguesia,  a  que  aliás  se  referiu. 

^  Entre  os  jurados,  nas  luquíri^Ses,  de  S.  Pedro  dos  Arcos  e  da  sua  vizinha 
^'  Jorge,  v€eiii-Be  alguns  nomes  das  mesmas  pessoas,  o  que,  á  Falta  de  outras  ra- 
7ÀÍCB,  SC  harmoniza  com  a  contiguidade.  Assim  o  prelado  (prior)  de  S  Jorge  foi 
Pelnie  moiiaeuB,  mougc  que  também  jurou  em  S.  Fedro;  Martinus  Pcirie  Pelniã 
PelH  e&o  também  testemunhas  que  juraram  em  ambas  as  eollatioíiei  vizinhas, 
tí.  Jorge  e  8.  Pedro  (ftita  a  emenda  de  8.  Salvatoris,  que,  a  existir,  nunca  seria 
vizinha  de  S.  Jorge). 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


'JúG  O  Abcheoukío  Foktcgubs 

O  facw  de  se  averiguar  quo  a  fngaemz  áa  Salvwlor  i^  de  eme*' 
recente',  nlo  podendo  •-sistir  no  (empo  de  D.  Affonso  III,  foi  positiva' 
mente  u  indicio  que  me  revelon  o  erro  das  InqniriçSes,  cramnettid^» 
pelo  aaianiienst'  numa  época  <|ac  não  pôde.  secundo  o  concito  dos  en- 
ditos  eompiladore»  do  l'ort.  Mon.  Bit.,  ser  anterior  a  D.  AAodso  IV. 

Depois  r»ta  mínha  suspeita  i-nnlirmon-sc  i:oia  3s  razSes  qne  tcnbo 
exposto  e  ainda  i-om  a  •ireiínstancia  seguinte: 

Faliam  as  Inquirições  nestr  Iteui  litiposo.  que  <:  o  'Jtí.",  no  niostein< 
de  Armelo  (diz-st-  hoje  Enni"lloj.  informando  que  foi  na  cotlatiotté'  3.  Sal- 
iiitori»  laliás  S.  Prtt-it  que  1).  AlTons»  I  ■>  eonton  e  que  mais  tarde  •■ 
abbade  e  os  monges  se  foram  para  o  «legar  que  ehamam  Armelo». 
Como  já  vimos,  o  doi-umenio  diz  que  este  mosteiro  fora  fhndado  e  do- 
tado pela  mâe  do  D.  Alfonso  I.  mas  fieara  incompleto  e  no  estado  «n 
que  SC  encontrada  no  lem]>o  <le  I>.  João  I.  Estabelecera  a  rainha  qnc 
se  o  mosteiro  se  «nom  podosse  manter  asy  por  guerras  como  por  mor- 
tindade,  eotno  por  outra  qualquer  guisa,  qne  seja  que  se  tomasse  a  Ssm 
Pedro  Darcos  que  he  no  julgado  de  Val-de-vez»  '. 

Ora  sabe-sr-  pelos  do(;umontos  e  noticias  que  se  encontram  noTombu 
da  igreja  de  N.'  Senhora  do  Va!le  {olii»  S.  Pedro  Darcos),  qne  estas 
duas  freguesias,  Crmellu  c  \'allo,  andaram  sempre  onidas,  nma  an- 
nexa  da  outra;  ora  pois  para  suspeitar  qne  as  Inquirições,  tratando 
do  primitivo  assento  do  mosteiro  de  Ermello,  quisessem  referír-se  a 
S.  Pedro  Dareos  e  não  ao  presupposlo  S^vador,  qni'  aliás  encimava 
o  paragrapho,  mas  que  nem  ''xistia*. 

A  disIracçZo  do  copista  que,  em  tempos  não  anteriores  a  D.  Affinn- 
so  IV,  trasladou  as  InquiricScs  de  1258,  explicar-se-ha  talvez  pela 
frequência  com  qne  apparecia  nas  caheças  dos  depoimentos  o  ora^ 
Saneti  Salvaloris.  Mas  qne  liouvo  erro  de  copia,  não  soflre  duvida. 

VI 
Considerações  gráficas 
Prefiro  a  gratia  Guilhafom-e  a  Quilhafonche,  porque  a  pronuncia 
popular  não  dá  neste  caso  som  explosivo,  como  daria  se  devesse  es- 


I  Eniicllo  ficava  já  iw  julgado  Jo  fíoajo,  vizinho  de  VaMevO):. 

'  A  referencia  k  fundarílo  de  Krmcllo  por  D.  Tenga  no  documculo  ilu  I36fi 
É  A  qae  me  parece  mais  cxact»,  ii3o  en  porqne  esse  docnmeuto  i  uma  carta  de 
V.  JoSo  I  a  D.  Ft.  Jo3')  Martins,  nbbadc  de  S."  MaiJa  de  Eruiclto,  carta  em  que 
n:  referem  as  palavroe  c  allegnçucs  d'aqnelle  monge,  qne  pretendia  o  annieutv 
ilii  pi-ii  iiiOBteiro  com  ne  i^rijas  do  Snajo  i-  Britolto,  ]i!ira  iiio  acabar  A  niingna 


byGOí>^^IC 


o  AKCHEOLOtiO  PORTUliUÊS  -Jiu. 

crever-ae  com  ck;  utó  me  parece  ter  já  ouvido  OitUhafSeg;  pelo  menos 
o  €  final  é  muito  pouco  perceptível,  c.  a  o»  dá-se  o  valor  de  <íe. 

Quauto  Á  etimologia  da  palavra,  não  tenho  eompeloncia  que  me 
purmittã  eipor  opiniSo  fundada  na  glottologia.  Nestes  assuoioii,  em  que 
t3o  fácil  é  deixarmo-nos  levar  nos  vuos  da  fantasia,  como  a  cada  passo 
a  gente  a<lmira,  o  bom  critério  aconselha  cautela  e  prudência.  Os  com- 
petentes dirSo  coro  autoridade.  Ao  que  devo  pois  limitar-me,  ó  a  con- 
frontos com  palavras  aparentadas  c  á  historia  do  termo. 

No  nosso  onomástico  não  são  raros  os  denotninatívoa  que  começam 
por  Guilh-,  e  a  esses  é-Uies  assinada  etimologia  sciejitifiea.  lia  por 
exemplo:  GuiUiado,  de  FiVíaíí  (Viliatus);  Guilhufe,  de  Viliutfi  (Yilml- 
fus);  Guilhabreu,  de  VUÍabre<lu  (gen,?l,  1'ixlcm  vor-se  no  Ârdi.  Port., 
V,  297;  IV,  208;  ii,  261 ;  Guilhamil  c  Uuilhomil,  de  VUiamiri  fViliami- 
rus).  (Vid.  Nomes  rfe  pe»»oat  «  nonies  df.  logare»,  por  Pedro  A.  de  Aze- 
vedo, pp.  3  6  õ).  São  nomes  pessoaes  de  natureza  germânica,  em  ge- 
nitivo,  por  designarem  a  posse  ou  dominio  de  determinado  território. 
{VUlag  do  tiorte  df.  Portuga},  por  A.  Sunpaio,  in  PoHugalia,  p.  28"). 

No  nosso  caso,  é  evidente  que  se  trata  do  mesmo  facto  etimológico; 
a  origem  de  GuUhafonxi'  poderá  ser  um  VUiaf- . 

Quanto  á  segunda  parte :  si^  a  terminação  é  realm<'nt(;  e  mudo,  pôde 
corresponder  a  luna  terminação  em  i,  o  que  se  pôde  verificar  nos  dois 
primeiros  exemplos,  alem  de  outros,  e  então  teriamos  um  nome  de  Ger- 
mano, VUiafomi;  se  porém  a  pronuncia  exacta  é  ChtilhafSes,  a  syllaba 
tinal  explioar-se-hia  por  -onet,  ou  -onis  <assim  de  Qwí^ojieí-Guifiíes; 
o  Aixh.  Port.,  IV,  itiíO);  esta  ultima  hypothesc  parece  porém  menos 
provável,  porque  do  que  deve  tratar-se,  neste  caso,  é  de  um  genitívo 
(|ue  denote  dominio  na  época  da  reconquista.  <>  erudito  investigador, 
Sr,  Pedro  A.  de  Azevedo,  no  escrito  supracitado  diz  que  Vilifomui, 
nome  germânico,  dá  Galifonxe,  Guilhafonce  e  Guilhafonso  (p,  n)*. 

No  «Catalogo  dos  pergaminhos  existentes  no  Archivo  da  R.  e  I. 
CoUegiada  de  Guimarães»  (Arch.  Port.,  ix,  88)  vem  o  nome  de  Gu- 
frre  Wiiifons!  (1158),  português  de  linhagem  neo-go(Íc»,  cujo  homo- 


ile  mungee,  mas  ainila  porque  é  concorde  udas  InquiriçuusdcD.  AUbnaolI  (1220) 
noa  Port.  Moit.  Higl.,  nos  Bens  das  Ordene,  pag.  286:  De  Sancto  MartÍDo  de  Brí- 

tclo Et  istft  ccclesia  habct Monasterium  de  Ennelo  ij  casaliaet  ijiinn- 

tiun  regaleo^u)  ibí  cst,  quia  dcdit  et  Begiaa  drnnna  TaToMa  de  Vftero. 

'  No  docuineato  de  data  certa  main  antiga,  rncrito  em  portuguO»,  o  «  alUirua 
com  x:  aaDÍiii  Creiteiml  e  Creiximil.  O  documento  é  da  E.  1280  c  do  cartório 
de  Viúr3o.  (Vid.  Doit  lextm  portvgueiet  da  idade  media,  por  J.  Lcile  de  Vaacon- 
cellos,  p.  3). 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


208  O  AKcuEOLoeo  Pobtcgdês 

nimo  possuiu  uma  villa  lá  para  as  moatanhas  de  Valle  de  Vice.  Creio 
que  phoDeticamente  não  haverá  que  oppor  a  estar  neste  onomasticfi 
a  etimologia  ào  tópico  Guilbafoaxe  <■  £  nUa  falta  bo  termo  da  antiga 
freguesia  um  legar  de  Fundevilla*  a  demonstrar  que  alli  existia  tuna 
villa  (no  sentido  medieval)  pertencente  a  um  WUtJxmsug.  Como  em  to- 
dos os  outros  casos,  o  genitivo  WUifonai  ou  talvez  WUútfonxi  trans- 
formar-se-hia  em  Guilbafonxe,  subent«ndendo-se  villa. 

Na  Beira-Alta  ha  também  (iuílkafonso. 

Guilhafonxe  também  tem  a  sua  etimologia  literária  ou  Ut«rarii>- 
popular,  mas  inacceitavel,  como  aliás  qnasí  sempre.  Desde  o  sec.  x\lll 
pelo  menos  (cm  1768  é  o  primeiro  oaao  que  conheço)  começou  de  adup- 
tar-se  a  grafia  Villafonche,  assim  commentada: 

VLllafonche  de  VUla-foi-»e,  pois  que  é  tradição  que  a  villa  foi  cni 
tempos  antigos  naquclta  freguesia  e,  porque  veio  mais  tarde  a  aban- 
donar o  primeiro  ninho,  quiseram  as  bocas  que  se  perpetuasse  n  snc- 
cesso  nesta  concisa  apostrofe  da  Historia:  A  villa  foi-»e.'  Tanto  assim 
se  bradou  em  lamentos  de  saudade,  que,  como  um  epitalio  indelével, 
a  histórica  nomeada  estampou-sc  uos  áditos  da  região.  Falam  em  v3la, 
é  claro,  no  sentido  que  hoje  tem.  Ora  o  caso  verdadeiro  c  que  a  villa 
não  se  foi  de  onde  era,  nem  de  -parte  alguma,  mas  í^cnas  mudaram 
de  parochia  os  seus  fregueses,  isto  é,  cerceada  a  Guilhafonxe,  cnja 
sede  lhe  ficava  distante,  passou  a  pertencer  entre  1Õ41  o  1543  &  uma 
nova  parochia:  a  do  Salvador.  Este  é  o  obicc  histórico  para  aqnetla 
etimologia;  agora  o  óbice  phonetico  c  que,  appareccudo  conformemente 


'  Viliforuut  taiubcm  nSo  escapa  à  {lecoinpiitiiçao  pliilologica.  Eui  o  fascí- 
culo ciLix  dou  Stízungtberichle  der  Haia-  Ãkad.  der  WiageoKkaftea  in  Witn  (llKMj 
tndicou-mc  o  erudito  conservador  da  T'irre  do  Tombo,  o  Sr.  Pciiro  lic  Aícvrdo, 
nm  pHtudo  de  Wilh.  Mcyer-LUbkt'  Bobre  Die  cUíportiigiraitlien  Pergonamamen  gtr- 
manuchea  Urspriinga  (Oh  antigos  nonicM  portugucReB  de  poBSonx,  Oe  origem  ger- 
mânica) onde  Be  lê  que  o  primeiro  elemento  d'aqne11e  nome  próprio  é  li^a, 
qae  no  alIemSo  moderno  correBpond<-  a  teiUe  (vontndo),  e  o  segundo  prifcede  df 
Jvn»,  que  ttignitica  berrit  (pronto).  E  eis  eomo  a  llumildl^  pnmchia  do  Guilba- 
fouxe  guarda,  na  sua  linhagem  dBi  niaÍH  remota  e  distincta  ascendência,  aa  der- 
radeiras rccordaçSi-a  de  algum  guerreiro  das  selvas  da  Germânia,  em  o  nom>' 
do  qual  rcsoava  a  íunia  do  seu  próprio  valimento  "prouto  de  vontadei,  ■vontade 
pronta»  e  que  de  século  em  século  perpetuou  a  sua  memoria  até  ao  mcdíevic» 
descendente,  que,  agradaudo-Ke  d'aquellas  nossas  férteis  encosta»,  eueamon  para 
sempre  nellas  a  gloriosa  alcunha  da  sua  ('stirpe !  É  a  historia  escrita  por  si  mesma 
na  infallibilidade  das  cousas. 

'  Ab  Inquirições  de  1238  falam  quui  casal  de  Cima  de  Villa,  que  hoje  per- 
tence a  Proiello.  O  outro  logar  h(ye  é  de  Parada,  freguesia  mais  moderna,  mas 
também  bastante  antiga. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Akcbbologo  Português  259 


nus  documentos  mais  antigos  Guilifonxi,  em  caso  algum  viJla  podia 
transmadar-sc  em  guilha  (Arch.  PoH.,  tv,  208),  cr«io  eu,  ainda  mesmo 
que  houvesse  memoria  <Ie  vUla  no  sentido  de  casal  ou  quinta  com  mo- 
radia, que  é  o  sentidt/  em  que  se  encontra  aqiielle  termo,  quando  asso- 
ciado ao  nome  de  um  possuidor  noo-godo. 

Devemos  pois  considerar  errada  grafia  a  de  ViUafonche  (pois  nSo 
se  explica /oncA<?  awfUee  ftorfoi-sé)  c  muito  mais  a  de  VUlafoitae,  como 
alguns  praxistas  contemporâneos  querem  por  ainda  mais  afinada. 

Gomo  illnstr&çSo  do  assunto,  devo  acrescentar  que,  entre  os  tópicos 
portogueses,  ha  mais  um  logar  de  Guilifonxi  cm  S.  Tiago  de  CepSes 
(InqniriçSes  de  Affonso  III,  p.  312)  c  nm  casal  de  Fotuii  em  S.  JoSo 
de  Villa  Cha. 

Quanto  ao  nome  da  villa,  é  indubitável,  pela  prova  dos  documentos 
Iranscrítos,  que  este  niicleo  de  povoação  se  chamou  logar  dos  Arcos 
ou  Arquos,  pelo  menos  desde  ISftS ',  e  o  nome  pois  ticou  á  villa  de  lõlâ, 
como  vimos.  Arco  e  Arcos  sSo  muito  frequentes  cm  o  nosso  onomás- 
tico ;  não  parecem  mais  qne  singular  e  plural  do  nome  commum  deri- 
vado do  iat.  arctts.  Segundo  o  parecer  D'Arbois  de  Jubaínville,  Arcos 
porém  já  era  nome  preromano  de  Iiomcm,  exempliãcado  em  inscrip- 
çiles  da  Hispânia^.  Seria  esta  uma  alta  linhagem  para  a  minha  terra, 
se  lh'a  dSo  disputasse,  com  melhor  razão,  o  facto  de  se  empregar  sempre 
o  artigo  OB  antes  de  Arcos,  o  que  indica  qne  se  trata  de  um  nome 
originariamente  commum,  e  não  próprio. 

A  segunda  parto  Valdevez  appareec  nos  documentos  mais  antigos 
Valle  ãe  Vice,  e  diz  Viterbo  {Elucid.,  s.  v.  Valdei-eis)  que  viu  também 
Vale-  de  Viço.  NSo  haverá  erro  de  leitura?  Aqui  não  ouso  relacionar 
o  vice  com  «ící  (de  vicus)  (Vid.  Du-Cange,  s.  v,  Viciis)  que  daria  viz 
(-  não  vrz.  Foi  este  mesmo  ctimo,  que  das  bandas  de  lá  do  Minhis, 


t  A  (Inaçao  i!p  D.  TiTesa  (iv)  fala-ji  cm  S.  Pedro  Uaivou;  vftn  frfgucMÍA 
era  contigua  ft  Sampaú>  Dareos.  Portaoto  Arens  era  nome  localizado  naqncDn 
ri^giito.  Parte  do  logar  propriamente  dos  Arros  pertencia  a  Sampaio.  Notc-sr 
ninila  que  .<luaH  fregucnaK  limltrofen  tinham  c^te  restrictivo  Darcot.' DeuntK 
iristo,  caem  as  varias  oiplicaçSe!>  que  ee  tem  arraqjado,  .olgumaa  até  eifi  con- 
flicto  com  a  historia.  Nob  limiteB  de  S.  Paio  e  S.  Pedro  (Vàlle)  lia  um  fitio  elia- 
inniio  Chã  d'Ároa*,  onde  topei  mamôaB  (Arch.  Fort.,  vm,  8  e  9). 

'  Foi  este  Arcos  que  entrou  como  elemento  de  Areobriga  (eastell'!  ou  forta- 
leza de  Arca»),  com  o  qual  nome  se  conhecem  duas  povoações  na  geografia  ro- 
mana da  península :  uma  na  Celtiberia  de  Ptolcmeo  (hoje  Arcoa-de-Meilina-  CtUj  i 
outra,  nSo  identificada  na  mesopotâmia  estraboniana  do  Tejo  e  Guadiana.  ('LeB 
Celtes  en  Espagiie>,  par  D'Arhois  de  Juhainville  in  Rei-ve  Cdtique,  xv,  j».  17, 
e  fídigiõa  da  Lusitânia,  por  J.  Leite  de  Vasconcellos,  ii,  pp.  V)  e  249). 


byCoOt^lc 


2tiO  O  Abcbeoloqo  Fobtuodéb 

deii  Viffo.  Do  asseutu  da  villa,  embora  por  ser  um  pequeno  e  tentador 
cabeço,  qne  o  rio  de  Vêz  (assim  leio  nos  papeis  velhos)  abraça  nnni 
graciosissímo  flexo,  nunca  emergiram  restos  archúcos  de  primitiva  ha- 
bitação, mas  quem  sabe  dos  que  os  alíccroos  da  casaria  occultam?. . . 

Sobre  a  proferci.icia  dv  Vaíiievêz  a  Valie  do  Vez,  isso  é  para  me 
acotovelar  com  os  antigos  que  Bompre  assim  osoreveram  e  com  Tít-r 
culauu,  qui!  os  lia  com  i)lhos  atteutos. 

For  fim,  sendo  Arcos  uma  denoniinaçilt)  vulgar  na  toponímia,  tor- 
nava-se  necessária  a  restricçSo  de  Valdevez,  nome  que  designava  o 
que  territorial  e  administrativamente  se  chamava  fnÍ!o  ti;rra$)  terra  li' 
VnJtfewx,  isto  V.  jufiicato  ilr  Vath'  dr  Vin. 


Km  eouclusilo,  creio  ter  demonstrado  o  setfuinte: 

!■■  A  freguesia  do  íialeador  ní<i  existia  no  tempo  das  Inqtiiri^Ztã 
de  I>.  Affonso  III,  iKirqae  foi  criada  no  século  xvi; 

2."  A  menç3<i  delia |quc  naquellc  documento  se  faz,  é  errada,  que 
rendo  referir-sc  as  Inquirições  n  fregaesia  do  S.  Pedro  ãArroê.  exis- 
tent«  dl'  mais  antigns  tempos; 

3,"  A  frpgnesia  do  Salvador  é  uni  desmembramento  da  antiga  Gui- 
Ikafonxe,  desmembramento  que  incluiu  a  villa  dos  Arcos  de  Valdevez: 

4."  Antes  d'esttí  facto,  GuUliafoiíxi^  e  Sampaio  eram  limítrofes;  de- 
pois d'ollc,  interpôs-se-llies  o  Salvador,  que  lícou  limítrofe  de  Sampun. 
onde  o  ora  Guilhafonxo:  é  a  esta»  duas  freguesias  qne  pertenec  a  villa 
';  sede  actual  do  conccUio: 

5."  As  etimolo^as  até  agora  dadas  para  (fuiUut/onxe  c  Arco»  d^ 
Vahhvez  sâo  todas  inexactas,  á  luz  da  moderna  onoinatologia  e  dos  fai'- 
tos  históricos. 

Junho  de  lltfí». 

Fki,ix  Alvks  Pkkkika. 


Onomastioo  medieval  portu^õs 

lCniitiiiu»vin.  Vi.l.  n  Arrh.  Pari.,  X,  IM 

Paraná,  geogr.,  Era.  1282.  Doe.  apud.  Figaniérc,  Memor.  das.  K.  d^; 

Portugal,  p.  247. 
FarSo,  villa.  Chr.  da  conq.  do  Algarve.  S.  42(>. 
Faraies,  app.  fauiilia,  sec.  xv.  S.  345. 
Farnioui,  geogr.,  12r»8.  Inq.  532,  2."  cl. — S.  il46. 


byGoot^lc 


o  lidatloii  PMigili— Til.  t— IXS. 


~^m 


Di„i„«b,Googlc 


bvGooglc 


o  AruH£OLOGO  l^OBTUtíUÉS  261 

Farazoiíe,  freofrr.,  050.  líoc.  ap.  sec.  xili.  Dipl.  ;t5, 

Faitlu  c.  Sopdo,  app.  h.,  122(>.  liiq.  80,  1."  el. 

Fai-erha  (S.  Martbo  de),  geopr.,  1220.  Inq.  13,  ±^  <■!.— Id.  173. 

Farega,  n.  m.,  'Xytl  L.  D.  Mum.  l)Ípi.  -«».  — Id.  -Í9.— Inq.  84. 

Fareganes,  geogr.,  1050.  l)oc.  niost.  Pedroso.  Dipl.  231. 

Fai-egia,  u.  m.,  97)».  l>oc.  inosl.  Lon-So.  Dipl.  74. — Id.  \'2'2. 

Fareja  (S,  Marti  no  de),  f^cogv.,  1220.  Inq.  84,  1,"  cl, 

Fai>ejo  (S.  Martino  do),  googr.,  1258.  Inq.  704,  2.*  cl. 

Farelanes,  gcogr.,  1077.  Doe.  moBt.  1'edroso.  Dipl.  334. 

Fareleira,  «'^Oíí''-  1258,  Inq.  036,  1."  et, 

Fareloes,  geogr.,  sec.  xv.  S.  183. 

Farlalo,  app-  m,,  1258,  Inq.  íl2(J,  2."  cl. 

Farfon,  n.  h.,  1(H8  {?).  Doe.  most.  Ix-nSo.  Dipl.  140. 

Farh,  n,  h.,  1016.  Dipl.  143. 

Farbon,  n.  li.,  1172,  Dot-,  most,  Lorvão.  Dipl.  06, 

Faria,  geogr-,  1050.  L.  D.  Miim.  Dipl.  258.— Id,  542.  — Itiq.  234. 

Faiiua,  app.  h-,  1258.  Inq.  310.  1.»  <■!. 

Farinha,  app.  li.,  .sec.  xv.  S.  367, 

Fariuqiiel  e  Tarríiiquel,  app.  h,,  sec.  x%'.  S.  Itíl.  —  Id.  311'. 

Karipas  de  burel,  app.  h.,  sw,  xv.  S.  211. 

Fut-iKeu,  app.  li.,  sec,  xv.  !•',  López,  Clir.  I).  J.  1,",  p.  1,',  C.  125. 

Farizado,  geogr.,  1258,  Inq.  724,  1."  cl. 

Farleredit,  app.  h.,  968.  L.  D.  Mum.  Dipl.  63. 

Faraaya,  geogr.,  1258.  Inq.  086,  2."  cl. 

Faro,  monte,  1027.  Doe.  most.  Moreira.  Dij'1.  101, — Id.  I>3. 

Farou|>ini,  app.  li,,  sec.  XV.  S.  375. 

Farraniundanes,  geogr.,  1014.  L.  D.  Mmn.  Dipl.  138. 

Farrompim,  app.  Ij-,  sec.  xv,  S.  334. 

Far|iada,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  338, 

Farpai  de  burel,  app.  li,,  ser.  XV.  S.  211. 

Farrapo,  app,  h-,  1258.  Inq.  366,  1.^  el. 

Faru,  monte,  1061,  Doe.  most,  Moreira.  Dipl,  269,  n."  430. 

Farueu  o  Faneu,  app.  h.,  122(í.  laq.  144,  í."  cl. 

Famnidos,  app.  família,  sec.  xv.  S.  31S. 

Fascha  (S.  Michaele  de),  geogr,  1221.1,  Inq.  131,  2."  cl.— Id.  193. 

FascboN,  Frasclias  e  Fraclia»,  app.  h,,  1258,  Inq.  530,  2.*  cl. 

Fasiou,  app,  h,,  1170.  For.  de  Liaboa.  Leg.  39ti.— Id.  415,  1."  cl. 

Fatalom,  geogr.,  1270.  For.  Vi  Ha  Viçosa.  Leg.  717. 

Fateliom,  n.  h.,  970.  Doe.  most,  LorvJto,  Dipl,  74. 

Fatorro,  app.  h.,  1257.  For.  de  R.  Jlartinho.  Leg.  673. 

Fauariza,  geogr.  f?l,  1089.  L.  Preto,  Dipl.  430. 


Dig,l,z.cbyG0Oglc 


•262  O  ÀRCHEOLoao  Português 

FauUaci,  app.  h-,  1088.  Tombo  D.  Maior  Martínz.  Dipl.  425. 

Fanilaz,  app.  h.,  1077.  Doe.  most.  <Ia  Graça.  Dipl.  330. 

Fnustro  e  Fi-austo  (Sanoto),  geogr.,  1220.  loq.  77,  1."  cl— Id.  17u. 

Faujia,  11.  h.,  924.  Doe.  ap.  aiith.  scc.  xiii.  Dipí.  18. 

Faiizem,  app.,  h.,  1258.  Inq.  522,  1.*  cl. 

Fava,  app.  h.,  1358.  Inq.  IÍ3Õ,  1."  ol. 

Faval,  geogr.,  1258.  Inq.  408,  1.''  cl. 

Favascal,  geofjr.,  1258.  Inq.  594,  1."  el. 

Faveií-o,  app.  li.,  1258.  Inq.  294,  2.*  el. 

Favel,  geogr.,  1258.  Inq.  317,  2.»  el. 

Faya  (S.  Jacob  de),  geogr.,  1258,  Inq.  602,  2."  d.  — S.  1.50. 

Faial,  geogr.,  1258.  Inq.  6i;6,  1.'  cl. 

Fazalamir,  geogr.  (?),  Kra  1229.  Dissert.  chrou.,  t.  2.",  p.  229. 

Fasboua,  n.  h.,  973.  Doe.  most.  I.*rvâo.  Dipl.  G7.— Id.  110. 

Fpãaos,  geogr.,  sec.  xv.  S.  36G. 

Feaes,  geogr.,  1258.  Inq.  ;J4;í,  1.*  el.— Id.  3Ttí. 

Feal,  gnogr,,  1258.  Inq.  U3,  1,'  cl. 

Ffberos,  rio,  922.  L.  Preto.  Dipl.  16. 

Fws,  geogr.,  1258.  Inq.  347,  2.*  el. 

Fpei,  app.  m.,  1258.  Inq.  .380,  2.'  el. 

Feiehor,  n.  h.,  1258.  Inq.  37(Í,  1.»  cl. 

Feigioal,  geogr.,  1258.  Inq.  4;(0,  1.'  el.— Id.  312. 

Feigiom,  n.  h-,  1220.  Inq.  12li,  1."  cl— Id.  373. 

Feigiosa,  geogr,,  1258.  Inq.  314,  2.*  el. 

Feijó  e  Feixo,  app.  h.,  sec.  xv,  S,  ItiO. 

Feira  (Crucem  de),  geogr.,  1258.  Inq.  í>52,  I,"  e  2.*  el. 

Feison,  app.  li.,  1089.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  435. 

Feitas,  viila,  1258.  Inq.  533,  1.*  cl. 

Feilosa,  geogr.,  1258.  Inq.  323,  1."  el. 

Fejouale,  geogr.,  1258.  Inq.  G15,  1."  el.— Jd.  1177. 

Felanoso,  monte,  1122.  L.  Preto.  Dipl.  10. 

Felegizi,  app.  h.,  905.  Doe.  inost,  Moreira.  Dipl.  57,  n."  91. 

Felgaría,  geogr.,  974.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  71,  I.  (í.  —  Id.  9. 

Felgaria  de  Souto,  geogr.,  1258.  Inq.  G90,  1."  el. 

Felgarias,  geogr,,  sec.  xi.  L.  D.  Mum.  Dipl.  50;í,  I.  20, 

Fclgarie  e  Felgariis,  geogr.,  1258.  Inq.  570,  2."  cl. 

Felgarlis.  Vide  Felgaríe, 

Felgeiras  (agro),  geogr.,  1079  (?).  L.  B.  Ferr,  Dipl.  341. 

FelgeiíTis  rubeas  (S.  Felice  de),  monte,  10.59.  L.  D.  Slum.  Dipl.  201. 

I.  3.— Id.  40,  I.  2(t. 
Felgipiíi,  app.  Ii..  1010.  Doe,  most.  Moreira.  Dipl.  130. 


byCoOglc 


o  Abcheologo  Português  26£ 

Feltiis  (santus  de),  geogr-,  1258.  Inq.  712,  1.*  cl. 

Felgosa,  villa,  1081.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  357.-13.  395. 

Felgosas,  geogr.,  1258.  Inq.  339,  1.'  cl. 

Felgosinas,  geogr.,  108G.  Tombo  D.  Mmor  Martinz.  Dipl.  394. 

Felgosin»,  geogr.,  11C9.  Por.  de  Linhares.  Leg.  395, 

Fetgosio,  geogi-.,  1186.  For.  de  Gouveia.  Leg.  455. 

Felguariis,  geogr,,  1258.  Inq.  550,  1.'  cl, 

Felgueiras,  geogr.,  1258.  Inq.  380,  1."  cl. 

Felgueií-oo,  geogr.,  1258.  Inq.  404,  2."  cl. 

Felgaeiroas,  geogr.,  1258.  Inq.  614,  1,'  cl. 

Feliee  fSaneto)  de  ripa  taraice,  geogr.,  1042.  L.  D.  Mum.  Dipl.  197, 

Felici,  villa,  1059,  L.  D.  Mum.  Dipl.  200,  1.  5  e  14, 

Felícia,  n.  m.,  1044.  L.  D.  Mum.  Dipl,  203.  — Id.  70. 

Felicis,  n.  h.,  982  (?).  L.  D.  Mum.  Dipl.  83. 

Feligaria  Rabiaues,  geogr.,  959.  L.  D.  Mum.  Dipl.  46. 

Felix,  n.  h.,  973.  L.  Preto.  Dipl.  09. 

FeUz,  n.  li.,  1090.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  439. 

Felize  (Sancto),  viila,  1070.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  327. 

FelJEes  (S.)  (la  Haya,  geogr.,  sec.  xv,  S.  200. 

Fellali,  geogr.,  984.  Doe,  mosl.  Moreira.  Dipl.  89. 

FelloM,  n.  h.,  984.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  89. 

Felmir,  n.  h.  {?),  1258.  Inq.  053,  1."  cl.— Id.  098. 

Felorza,  geogr.,  1258.  Inq,  034,  1,*  cl, 

Felotiz,  app.  h.,  1094.  Doe.  Arcli.  IHiblieo.  Dipl.  477. 

Feltrarius,  n.  h.,  1258.  Inq.  598,  1.*  cl. 

Feltreira,  app.  m.,  1258.  Inq.  321,  1."  ol, 

Fenalí,  geogr.  (?},  950.  Doo.  ap.  sec.  Xlil.  Dipl.  35. 

Fenar,  app.  h.,  aeo.  xv.  S.  259. 

Fentoyra,  geogr-,  1258.  Inq.  571,  2."  cl. 

Feimliedo,  villa,  1059.  L.  D.  S[iim.  Dipl.  257. 

Feo,  app.  li.,  1258,  Inq.  472,  1.*  el.  — Id.  13.— S.  207  e  296. 

Feracibns,  geogr.,  1258.  Inq.  087,  1."  cl. 

Ferar,  rio,  102í>.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  103. 

Ferari,  rio,  1043.  Doe,  most.  Moreira.  Dipl.  197. 

Ferai,  app.  li.,  1258.  Inq.  092,  1.»  cl. 

Ferazes,  geogr.,  1258.  Inq.  594,  2."  el. 

Ferazibus,  geogr,,  12.^8.  Inq.  681,  1."  el. 

Feregiiiale,  geogr,,  1258,  Inq,  545,  I."  el.  —  Id.  555. 

Fereiriam,  geogr.,  1258,  Inq.  518,  1."  cl. 

Fereirim,  geogr,,  1258,  Inq.  594,  1,*  cl. 

Fereiroo,  geogr.,  1258.  Inq.  502,  2.*  el. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


•Jtii  o   AkCHEOLOGO  POBTUGUfiB 


Fei-eií-ooSj  app.  h.,  12r)8.  Inq.  (i3õ,  2,*  ti. 

Fcrezani,  ptogi-.,  12Õ8.  Jnq.  318,  2."  cl. 

Ferhe,  n.  Ii.,  %7.  Doe.  most.  Lorvilo.  DipI,  00. 

Ferigeoali,  ^eogr.,  1258.  loq.  fi98,  2."  et. 

F«rmpdo,  geogr.,  105ÍÍ.  L.  D.  Mum.  Uipl.  261,  l.  42. 

F^niiHUna,  villa,  1078.  Doe.  só  Viseu.  IHpI.  ;i3S. 

FfrDioto,  villn,  !t22.  L.  Preto.  DÍpl.  111. 

FcrmoKellir,  geogr,,  scc.  xv,  S.  Ibíy. 

Fci-nioseli,  {reoyr.,  1258.  luq.  C90,  1.-'  el. 

Fennospiidi,  peogr.,  12.'>8.  luq.  527,  1.'  cl. 

Feruaiu,  n.  li.,  seu.  xui.  For.  do  Freixo.  TíOg.  ítíH. 

Feniaudvz,  app.  li.,  stc.  xv,  S.  184. 

Fcriiandici,  app,  li.,  1078.  I)w.  Univ.  de  Coimbra.  Dipl.  ''úW. 

Fpmaudíiitin  e  Fcrnaitdio,  u.  h.,  1220.  Inq.  172,  1."  ti. 

Feftiaiidino  on  Fi'rnaiidio,  n.  h..  122(1.  Inq.  Hi4,  1."  cl, 

Feniandil,  app.  Ii.,  ÍI2(Í,  L.  I).  Mum.  Dipl.  20.— Id.  l&l. 

FcniaiuUz,  app.  li.,  1>15.  L.  Treto.  Dipl.  14.~Id.  193. 

Fernando,  ii.  li..  1024  {?).  Doe.  most.  Pcndorada.  Dipl.  158. 

Feruaiidiis,  n.  li.,  931-950.  L.  D.  Miim.  Dipl.  23. 

Feroginetfs,  í.n^i^gr.,  1258.  Inq.  573,  1.'  el. 

Fprpaiiioudaiiofi,  villa,  10.59.  L.  D.  Mum.  Dipl.  201,  I.  5. 

Ferrai-ia,  geo;,'r.,  991.  Do*^'.  most.  Moreira.  Dipl.  10li.--Id.  201. 

Fen-aria,  villa,  985..  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  91.— Id.  HX)  e  2<i|. 

Ferrarias  (S.  Petro  das),  ffeogr.,  1220.  Inq.  142,  1.*  cl. 

Feií-ai-iolos  o  Feri-firolos,  vilIa,  976.  I>o<',  most.  IjOrv-So.  Dipl.  74.— 

Id.  .■)4  e  279. 
Ferrarios,  villa,  995  ('í).  Doi-.  most.  Pendurada.  Dipl.  108. 
FeiTarins,  villa,  1019.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  151.  —  Id.  42"!. 
Fei-rat  e  Ferraz,  app.  li.,  1258.  Inq.  527,  1."  cl. 
Ferreira,  t^tíogr.,  10.^)9.  L.  D.  Mum.  Dipl.  260,  1.  45. 
Ferreiria  ou  Freiria,  í,'00gr.,  1220.  Inq,  143.  1.''  el. 
Ferreiro,  app.  li.,  1220.  Inq.  HM,  1."  ol. 
Fei-reirolos.  Vidíí  FeiTariolos, 
FerreiroOB,  f,'eogr.,  IIOO.  L.  Preto.  Dipl.  553. 
Ferreiros,  {^cogr.,  12.'>8.  Iiiq.  413,  1."  el. 
FeiTejTia,  geogr.,  1258.  Inq.  518,  2.'  cl. 
Ferre.vroos,  peogr.,  1258.  Inq.  494,  2,"  el. 
Ferro,  app,  li,,  1258.  Inq.  715,  1."  el. 
Fcrrocinti,  ffeoírr.,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl,  2*iO,  1.  9. 
Ferrom,  app.  li.,  1258.  Inq.  3»W,  2.*  el. 
Ferronio,  geogr..  901.  Doe.  most.  Lorvilo.  Dipl,  53, 


byGoí>^^lc 


o  Arcukoloqo  Poktuguês 


Peri-oniuin,  ctistello,  see.  xui.  For.  de  Freixo,  Leg.  380,  1.  4."). 

Vem  (Femandez),  app.  h.,  1463.  Aíiir.,  Chr,  da  Guiné,  p.  171. 

Fertom,  geogr.*,  1258.  Inq.  437,  2.»  cl. 

Femenea,  geogr.,  territ.  port,,  !'98  (?).  Doe,  most.  Moreira.  l>ipl.  111. 

Feruilnm,  d.  m.,  921.  Doe.  most.  VairSo.  Dipl.  15. 

Ferveucia  (S.  Saivatore  de),  geogr.,  1220.  Inq.  196,  2.»  cl.  — Id.  632. 

Fervenia,  geogr-,  1220.  Inq.  13,  1.*  ol. 

Fesla,  n.  h.,  1258.  luq.  461,  1."  cl. 

Festela,  geogr.,  1258.  Inq.  6ít5,  1.*  cl. 

Fethe,  n.  h.,  9tí7.  Doe.  most.  Lorv-ao.  Dipl.  60. 

Fí>treir«,  app.  li,  1258.  Inq.  326,  1."  cl. 

Ffuepos,  rio,  lOOÍX  L.  B;  Ferr.  Dipl.  126.  — [d.  258. 

Fexe  e  Feixe,  geogr.,  1220.  Inq.  .'>4,  1."  cl. 

Fesionali,  geogr.,  1258.  Inq.  677,  1.'  el. 

Feyiom,  app.  Ii.,  see.  xv.  S.  378. 

Peyióo,  app.  h.,  see.  xv.  S-  226. 

Feyjonali,  geogi-.,  1258.  Inq.  514,  l.''  el. 

Feyjóo,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  318. 

Fianes,  geogr-,  1079  (?),  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  it43. 

Fibros,  rio,  1081.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  359, 

Fibuluea  Telera,  geogr.,  1258.  Inq,  626,  2,"  ol. 

Fjcaritu,  geogr,,  1077.  Doe.  most.  Arouca.  Dípt.  332. 

Ficheireto,  villa,  1082.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  366. 

Ficulnea  ladal,  geogr.,  1258.  Inq.  732,  1."  cl. 

Ficutnea  velem,  geogr.,  1258.  Inq- 732.  l."  cl. 

Ficnraeam,  geogr.,  1258.  Inq.  666,  1.*  cl. 

Fidalgo,  app.  h-,  1258,  Inq.  297,  1."  cl. 

Fidelii,  app.  li.,  999,  L.  D,  Mnm.  Dipl.  113. 

Fidila,  n-  li.,  1094.  Doe.  ap.  auth.  sec.  xni.  Dipl.  485. 

Fiel,  n.  h.,  1258.  Inq.  308,  1.'  el. 

Fifiii,  app.  h.,  1258.  Inq.  495,  1."  cl. 

Figaretnni,  geogr.,  924.  L.  D-.  Mum.  Dipl.  19. 

Figaria,  villa,  !(67,  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  59. — Id.  73, 

Figarito,  geogr.,  1081.  Tombo  D.  Maior  Martioz.  Dipl.  360.  — Id.  380. 

Figeiroa,  geogr.,  1139,  For.  de  Penella.  I-eg.  374. 

Figeipola,  geogr.,  1059.  L.  D,  Mum.  Dipl.  261,  I.  32. 

Figiafri,  geogr.,  1258.  Inq.  404,  1.''  cl. 

Figueira  de  Frade,  geogr.,  1220.  Inq.  43,  1,^  cl. 

Figneireto  (S.  Miehael  de),  geogr.,  1258.  Inq.  316,  2.'''  cl. 

Figneiro,  n.  t.,  1258.  Inq.  371,  1."  cl. 

Fignerldo  e  Figaeirido,  geogr.,  977.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  75. 


byCOO^^IC 


2<>0  O  AsCHEOLoao  POBTUauÊS 


Fiii,  app.  h.,  995.  L.  Preto.  Dipl.  107.—' Id.  369,  1.*  cl. 

Fikeiredo,  geogr.,  1065.  ]>oc.  most.  Pendorada.  Pipl.  282. 

Fikeirola,  iHlla,  10:^0.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  348. 

Pikeirosa,  geogr.,  1030.  Doe,  most.  Pedroso.  Dipl.  164. 

Fikiredo,  googr.,  106Õ.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  282. 

FUiaria,  n.  m.  {?),  1258.  Inq.  648,  2.*  cl. 

rUio,  app.  h.,  1220.  Inq.  104,  2.»  cl. 

Faistin,  monte,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  257. 

Fincalo,  app.  h.,  1258.  Inq.  576,  2."  cl. 

Fine  de  Heíriz.  Yidé  Heiriz. 

Fines,  castello,  sec.  xv.  S.  38!!. 

Finijoza  e  Fínoiosa,  g^ogr.,  seo.  xv.  S.  144. 

Fiais  Agre,  geogr.,  1258.  Inq.  ÒHò,  l.'  d. 

Finojosa,  geogr-,  sce.  XV.  S.  172. 

Fios,  geogr.,  1258.  Inq.  675,  1.*  cl. 

Fiqueireto,  vília,  1082.  Doo,  most.  Arouca.  Dipl.  365. 

Fiqueirola,  geogr.,  985.  Doe.  moat.  Moreira.  Dipl.  94. 

Fiqneírolo,  villa,  1056.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  344. 

Pisca  ou  Francisca,  n.  m.,  sec.  xv.  S.  183. 

Fiscaia  (S.  Martino  de  Villa),  geogr.,  1220.  Inq.  26,  1.»  el.— W.  103. 

Fiscaina  (Villa),  geogr.,  1258.  Inq.  307,  2.*  cl. 

Fiscal  {S.  Michaei  de),  geogr.,  12Õ8.  Inq.  427,  .1.'  cK— Id.  19. 

Fisgo.  Vide  Seyxuiii  de  F. 

Fisga  de  pena,  geogr.,  1258.  Imi.  695,  2."  cl. 

Fitada  (Petra),  geogr.,  994.  Dipl.  lOT),  I.  5. 

Fiteií-o,  geogr.,  sec.  xv.  S.  197. 

Finza,  geogr.,  12.')8.  Inq.  708,  2."  cl. 

Flagiauo,  n.  h.,  1009.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  128. 

FlagUdu,  n.  Ii.,  924.  L.  Preto.  Dipl.  19. 

Flagiiiu,  II.  h.,  1047.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  219. 

Ftaiiiez,  app.  h-,  1182.  For.  df^Valdigem.  Leg.  428. 

Flaiiiiz  <!  Fraiiiiz,  app.  h.,  1014.  L.  D.  Mmn.  Dipl.  139. 

Flaíuo,  n.  h.,  91.5.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  14.— Id.  87. 

FUio,  n.  h.,  1098.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  521. 

Flniro,  a.  li.,  987.  L.  Preto.  Dipl.  9G. 

Flamianes  e  Fi-auiianes,  villa,  969.  L.  Preto.  Dipl.  64. 

Flamlla  e  Franiila,  n.  m.,  982.  L.  Preto.  Dipl.  83. 

Flanioliiia,  n.  ra.,  982.  L.  Preto.  Dipl.  8.% 

Flaniu,  n.  h.,  1059.  Dipl.  263. 

Flamna,  n.  m.,  1162.  For.  de  Covas.  Leg.  387. 

Flamnia,  n.  m.,  913.  Doe.  most.  Lonito.  Dipl.  30.  — Id.  5(»  e  95. 


byCOO^^IC 


o  AllfHEOLOGO  POKTUOUÈS  21 

FlamnUna,  n.  m.,  9(>4.  Dipl.  54.— Td.  bl. 

FlamaliDi,  viUa,  1013  (?).  Dipl.  136,  I.  36. 

Flanninns,  n.  h.,  1059.  Dípl.  '263. 

Flareguíi,  n.  h.,  924.  L.  Freto.  Dipl.  19. 

Flanano,  n.  h.,  1009.  L.  Preto.  Dipl.  128. 

Flaaianit,  «pp.  h.,  sec.  xi.  L.  D.  Mum.  Dipl.  .')63. 

Flauiano,  n.  h.,  1016.  L.  Preto.  Dipl.  142. 

Flaui,villa,  1094.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  483,  I.  4.— Id.  534. 

Flaiino,  n.  h.  {?),  960.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  49. 

Fleitaa,  geogr.,  1014.  L.  D.  Mum.  Dipí.  138.— Id.  259,  1.  47. 

Floianes  c  Floilanes,  villa,  102S.  L.  D.  Mum.  Dipl.  162. 

Floíaniz  e  Froianix,  app.  h.,  959.  L.  D.  Mum.  Dipl.  45. 

Floiai  e  Froilanis,  app.  h.,  959.  L.  D.  Mum.  Dipl.  47. 

Floila,  n.  h.,  952.  L.  D.  Mum.  Dipl.  38.— Id.  227  e  Õ63. 

Floilaues.  Vide  Floianes. 

Floilai,  app.  h.,  1026.  L.  D.  Mum.  Dipl.  160.— Id.  423. 

FIoíh,  q.  h.,  1088.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  Dipl.  422. 

Flomaricí,  app.  b.,  1057.  L.  D.  Mum.  Dipl.  246. 

Flomarico,  n.  h-,  870.  L.  D.  Mum.  Dipl.  3.— Id.  83. 

Ftomarígoz,  app.  h.,  1038.  L.  D;  Mum.  Dipl.  185. 

Flomarigaii,  app.  ii.,  1022.  L.  Preto.  Mpl.  115.— Id.  532. 

Flomariquiz,  app.  h.,  1094.  Doe.  ap.  autli.  sec.  xill.  DÍpI.  485. 

Flora,  n.  h.,  1073.  Dipl.  314.  n."  508. 

Florenciz,  app.  m.,  1086.  Doe.  most.  Fcndorada.  Dipl.  396. 

Floreniz,  app.  b.,  1010.  L.  Preto.  Dipl.  131. 

Ftoreasendo,  n.  h.,  989.  L.  Preto.  Dipl.  97. 

Florentius,  n.  b.,  911.  Dipl.  12,  u."  17. 

Rorentiz,  app.  b.,  1014.  L.  D.  Mum.  Dipl.  141. 

Florenzo,  n.  h.,  957.  Doe.  most.  S.  Tieente.  Dipl.  41.— Id.  66. 

Floper,  n.  b.  1018.  L.  Preto.  Dipl.  148,  n."  238. 

Flores,  ii.  h.,  937.  Doe.  most.  Lorvlio.  Dipl.  27,— Id.  36. 

Floresindi,  villa,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  258,  I.  42. 

Ftoresindo,  n.  b.,  882.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  6. — Id.  60. 

Floríde,  n.  b.,  973.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  67.— Id.  79. 

Floridia,  n.  m.,  1012.  Doe.  most.  Lorvlo.  Dipl.  133. 

Floridlum,  a.  b.,  965.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  57,  n."  91. 

Florídiz,  app.  h.,  1092.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  469. 

Florido,  n.  b.,  1041.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  194. 

Fiorit,  app.  h.,  980.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  HO.— Id.  110. 

Florite  o  Florito,  1053.  L.  Preto.  Dipl.  238.  — Id.  53. 

Klosendiz,  app.  m.,  1092.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  46U. 


byGoot^lc 


268  O  Akcheologo  Poetuouís 

Fioscndus,  n.  li.,  lOâS.  Doe.  mosl.  Pendorada.  Dipl.  372. 

Flostiido,  n.  h.,  1088.  Doe.  ap.  siBt-.  xvm.  Dipl.  426. 

Floyla,  n.  h.,  1057.  L.  Preto.  Dipl.  245. 

Fluviíun  luei^arii.  12r>8.  Inq.  710. 

Foaaues,  f;eogr.,  sec.  xv.  S.  3Ij6. 

Foam,  Q.  h.,  1258.  loq.  401,  1."  cl. 

Foce  de  Leia,  villa,  1081.  Tomlio  H,  S.  J,  Dipl,  Sõ7. 

Foce  de  Rei,  geo{j:r.,  1220.  Inq.  39,  2.'  c-l. 

Focem  c  Foiítem  de  Galos,  geogr.,  1220.  Tnq.  40,  1.'  cl, 

Fodaz,  app.  h.,  1258.  Inq.  r>30,  2."  c!. 

Fudeegon,  gcogr.,  1258.  Inq.  534,  2."  cl, 

FofaoN,  geogr.  1258,  Inq.  SyS,  1.'  el. 

Folalo,  n.  h-,  1258.  Inq.  635,  1."  cl. 

Foffi,  gíogr.,  1258.  Inq.  738,  1.''  cl. 

Foffií,  app.  h.,  1070.  Doe.  most.  Peudorada.  Dipl.  304. 

Fofinu,  n.  h.,  870.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  4,— Id.  250. 

Fofiz,  app.  li-,  964.  Dipl.  54.— Id.  99. 

Foto,  n.  h.,  946.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  33.— Id.  41. —Inq.  695. 

Fogaça,  app.  m.,  soe.  xv.  S.  165. 

Fogia,  geogi'.,  1258.  Inq,  i!48,  1.*  cl. 

Fogíaco,  geogr.,  1258.  Inq.  321,  1.*  cl. 

Fogiaeos,  geogr.,  1258.  Inq.  358,  1."  cl. 

Fogiacns  (Couto  de),  geogr.,  1258.  Inq.  361,  2.*  cl. 

Fogioo,  gcogr-,  1220.  Inq.  143,  2.'  cl— Id.  145. 

Fogios,  geogr.,  1258.  Inq.  312,  1.'  cl.— Id.  363.— Leg.  489. 

Fogo  lobal,  gcogr.,  sec.  xi.  L.  D.  Mam.  Dipl.  563. 

Fogo  lopare,  geogr.,  994,  L.  Preto.  Dipl.  106. 

Fogoo,  geogr.,  1258.  Inq.  696,  2.'  cl.— Id.  556, 

Foioatiim,  geogr-,  1258.  Inq.  626,  2."  cl, 

Foitellio,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  337. 

Fojo,  geogr.,  1258.  Inq,  721,  2.''  cl. 

Fojoo,  geogr-,  1258.  Inq.  556,  2."  cl.— Id.  696. 

Fojum  lobale,  gcogr.,  1258.  Inq.  592,  1.*  cl. 

Foleca,  geogr.  (?),  1220.  Inq.  145,  1.'  cl. 

Polegada  (Bouza),  geogr-,  1258.  Inq.  313,  2.'  cl. 

Folegado,  app.  li„  1258.  Inq.  700,  1."  ol- 

Folegali,  app.  h-,  1258.  inq.  699,  2.'  el. 

Foleuzo,  n-  h-,  1220.  Inq.  147,  2.'  cl. 

Folgosa,  gcogr.,  1258.  Inq.  312,  1.'  cl.— Id.  509- 

Fólía,  app.  b.,  1220.  Inq.  169,  2.*  cl. 

Foliadal,  geogp.,  10G5.  Doe.  most.  Pendorada-  Dipl-  282. 


byCOO^^IC 


o  AeCHEOLOOO  POBTfGUÊS  26!f 

Folie,  app.  h.j  1258.  Inq.  695,  2.*  ol, 

Folieiíli,  geogr.,  1268.  Inq.  324,  1.*  cl. 

Folíenzi,  Folieiíz,  Fnlieiíz  e  Fulienzi,  app.  li.  1045.  L.  D.  ^Iinn.  Dípl. 

207. 
Folhete  e  de  Folhent,  app,  li,,  eee,  xv.  H.  141'. — Id.  219. 
Folhoo  ou  Foloo,  npp.  h-,  122(>-  Inq.  173,  2."  cl. 
Folofo,  n.  h.  (?),  1098.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  527. 
Fom  de  villn,  geogr.,  1258.  Inq.  540,  2."  cl. 
Fondom  (Monte  de),  geogr.,  1258.  Inq.  ;t()3,  l."  et. 
Fons,  geogr.,  1258.  Inq.  510,  2."  cl. 
FoDsam,  geogr.,  1258.  Inq.  385,  2.*  ol. 
Fons  armena,  geogr.,  12.58.  Inq.  505,  2.*  c). 
Pous  Canalis,  geogr.,  1258,  Inq.  699,  2.»  cl. 
Fons  de  agoesteva,  peogr-,  1258.  Inq.  557,  1."  ol. 
Fons  de  arpquili.  Vidi'  ,\reqiiili. 
Fonseca,  app.  li.,  1258.  Inq.  604,"  1.*  cl.  — S.  1G2. 
Fousim,  geogr.,  950.  Doe.  ap.  sec,  xm.  Dipl.  35. — Id.  55.  — Inq.  126. 
Fonsin,  geogr.,  1224.  For,  de  Cidadelhe.  Leg.  599.— Id.  672. 
Fonsiai,  geogr.,  959.  L.  D.  Mum.  Dipl.  46,  I.  32. 
Fonso,  n.  h.,  977.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  76.— Id.  292. 
Fons  perarie,  geogr.,  12Õ8.  Inq.  512,  2.*  cl. 
Fons  regine,  geogr.,  1093.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl,  474. 
Fous  ville,  geogr.,  1258.  Inq.  ,592,  2."  cl. 
Fontaelo,  geogr.,  1220-  Inq.  155,  2.'  cl. 
Fontaina,  geogr.,  1258.  Inq.  403,  2."  cl.— Id.  42». 
Fonlaino,  geogr.,  1258.  Inq.  429,  2."  cl. 
Foutaleili,  geogr.,  1258.  Inq,  537  1."  cl, 
FoBtaleyce,  villa,  1258.  Inq.  509,  2.'  cl. 
Fontanela,  geogr.,  1044.  L.  Preto,  Dipl.  205.— Id.  492. 
Fontanello,  villa,  960.  L.  D.  Mum.  Dipl.  50.— Id.  138. 
Fontaniata  de  avellauali,  gcugr.,  1258.  Inq.  504,  2."  cl. 
Fontaninnm,  geogr.  (?),  1092-1098.  L.  Preto.  Dipl.  .">31.  — Id,  382, 

n."  611. 
Foatano,  villa,  1098.  Doe.  luost.  floreira.  Dipl.  525. 
Fontauo  couo,  geogr,  936.  Doe.  most,  LorvSo.  Dipl,  2l>, 
Fontano  peiínoso,  geogr.,  922.  L.  Freto.  Dipl.  16. 
Fontanum  frigíduni,  geogr.  1258.  Inq.  525,  2."  el. 
Fontao,  geogr,,  1220.  Inq.  142,  2."  cl. 
Fontao  de  Noste,  geogr.,  1258.  Inq.  406,  1."  cl. 
Fontayna,  geogr.,  1258.  Inq.  429,  2."  cl. 
Fontearcada  o  Fonte  .\rcade,  geogr,,  soe.  xv.  S.  170.  —  Id,  .'(43. 


byCOO^^IC 


270  O  Abcbeoloqo  Português 

Foute  areata,  geogr.,  952.  L.  D.  Mum.  Dipl.  38. 

Foate  auria,  geogr.,  933.  Dot-.  most.  LonJlo.  Dipl.  24. — Id.  29  e  (íO. 

Fonte  bestie,  geogr.  109C.  Tombo  S.  8.  J.  Dipl.  497. 

Fonte  coperta,  geogr.,  1054.  Dipl.  239.— Id.  9. 

Foute  coua,  geogr.,  960,  Ij.  D.  Mum.  Dípl,  51,  1.  6. 

Foute  da  Dona,  geogr.,  1258,  luq.  365,  1."  cl. 

Fonte  da  lougal,  geogr.,  1258.  Inq.  359,  2.'  cl- 

Foute  das  alias,  geogr.,  1258.  Inq.  341,  2.'  cl. 

Fonte  de  ameueiro,  geogi.,  9(17.  Doe.  most.  Lor\'So.  Dipl.  10,  n."  15. 

Fonte  de  Barco,  geogr.,  1258.  Inq.  345,  1.'  cl. 

Foute  de  Cabanas,  geogr.,  12i'i8.  Inq.  359,  2.'  cl. 

Foute  de  col.nbro,  geogr.  1224.  For.  Murça.  Leg,  600. 

Fonte  de  couello,  geogr.,  907.  Doe,  most.  Lor\'So.  Dipl.  10,  n.*  15. 

Foute  de  Dona,  geogr.,  1258.  Inq.  529,  1.*  cl. 

Fonte  de  gavion,  geogr.,  1258.  Inq.  4.38,  2,"  cl. 

Foute  de  geuido.  Vide  tieuido. 

Foute  de  fionia,  geogr.,  1258.  luq.  388,  1."  cl. 

Foute  de  Iodares.  Vide  Lodares. 

Fonte  de  Inuis,  geogr.,  1258.  Inq.  042,  1.'  cl. 

Foute  de  piisco  ou  piisquiz,  geogr..  1220.  Inq.  39,  2.*  cl. 

Foute  de  poldt-íii.  Vide  Poldriu. 

Foute  de  raneada,  geogr.,  1258.  Inq.  385,  1.*  cl. 

Fonte  de  Rio,  geogr.,  1258.  Inq,  435,  1.'  cl. 

Font«  destralo,  geogr.,  1258.  Inq.  550,  1.'  cl. 

Fonte  do  Peso,  geogr-,  12.")8.  Inq.  385,  1.*  cl. 

Fouteelas,  geogr-,  1258,  Inq.  403,  1.*  d.— Id.  410. 

Fouteelo,  geogr.,  1220.  Inq.  1.55,  2.»  cl.— Id-  340  e  428. 

Foute  frigida,  geogr.,  109G.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  Dipl.  494. 

Foute  kalala,  geogr,.  1088.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  423,  n."  707. 

Foute  mala,  geogr.,  1059,  L.  1).  Mum-  Dipl.  258- 

Foute  Mala,  viila,  1220.  Inq.  116,  1."  et.— Id.  36. 

Fontemauha,  villa,  121(1.  Log.  r>46. 

Foutem  de  Jupo,  geogr.,  1223.  For.  Sanguinliedo.  Leg.  598. 

Fouteuasco,  geogr.,  1079.  L.  1).  Mum.  Dipl.  345,  1,  2.* 

Fonte  penelas,  geogr.  1048-  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  222. 

Foute  Peti-e,  geogr.,  1258.  Inq.  663,  2.*  el, 

Foute  rotunda,  geogr-,  1258-  Inq.  044,  1.'  el. 

Fontes,  villa,  1258.  Inq.  510,  1."  cl. 

Fonte  tincta,  geogr.,  952.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  37- 

Fonte  tinia,  geogr.,  12.">8.  Inq.  620,  2.*  cl. 

Fontilina,  geogr-,  1258.  Inq.  460,  2\  cl. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheoloqo  Pohtugués  271 

Foutoíra,  geogr.,  1258.  Inq.  364,  2/  cl. 

Fontoyra  (S.  Miohael  de),  geogr.,  1258.  Inq.  365,  1."  cl. 

Foutnaria,  campo,  967.  Doe.  raoat.  Lorvão.  Dipl.  59. 

Fouxi  (Caaal  de),  geogr.,  1258.  Inq.  413,  1.*  el. 

Foragozas,  geogr.,  12.38.  Inq.  718,  1.'  cl. 

Foramontanos,  geogr-,  1037-1 06Õ.  L.  Preto.  Dipl.  279. 

Fora  niontaos,  geogr.,  1258.  Inq.  531,  1.*  cl. 

Foraria  Rivoli  Ti ii ti,  geogr.,  1258.  Inq.  523,  2.»  cl. 

Forca,  geogr.,  1258.  Inq.  695,  2.'  cl.  — Id.  154  e  201. 

Forcada,  geogr.,  Iá58.  Inq.  299,  1.*  cl. 

Forcadis,  geogr.,  1258.  Inq.  501,  2.*  cl. 

Forcado,  geogr.,  1258.  Inq.  628,  1."  cl. 

Forgiaes  e  Fi-ogíaes,  geogr.,  1258.  Inq.  319,  1.'  cl. 

Foriolnm,  rio,  1088.  L.  Preto.  Dipl.  419.— Id.  486. 

Forjaz,  h.,  app.  1258.  Inq.  696,  1.'  cl.~Id.  735. 

Forma,  vil  Ia,  977.  Doe.  must.  I^orvão.  Dipl.  76.  — 16.  59. 

Foinuali,  geogr.,  12.58.  Inq.  716,  2.'  el. 

Formarão  (Casal  de),  geogr-,  1258.  Inq.  408,  2.*  cl. 

Formaregaiz  e  Frainigiiís,  app.  li.,  aec.  xv.  S.  143. 

Formarigoiz,  app.  h.,  1220.  Inq.  77,  2.'  el. — Id.  144 

Formoutanos,  geogr-,  1258.  Inq.  660,  2.*  cl. 

Fornel,  villa,  1052-  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  232- 

Fornello,  geogr-,  1088.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  Dipl.  425. — Inq. 

614. 
Fornellos  (pausada  de),  geogr-,  1065.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipt. 

282.  — Id.  304.— Villa,  A.  946.  Dipl.  33. 
Fomella,  geogr.,  974.  Doe.  sé  de  Coimbra-  Dipl.  70. 
Fornia,  geogr.,  12Õ8.  Inq.  382,  1.'  cl- 

Fornos,  viila,  1066-  Doe-  most-  Pendorada.  Dipl.  283.  — Id.  45. 
Forno  telliario,  geogr.,  see.  xi.  L.  D.  Mum.  Dipl.  563,  1.  40. — Id. 

75. 
Forozos,  geogr.,  911.  Dipl.  12.— Id.  299.— Inq.  69. 
Forramondauo  (S."  Ovaye  de),  geogr.  1258.  Inq.  720,  2."  cl. 
Forraiaos  (Casal  de),  geogr.,  1258.  Inq.  376,  1.'  cl. 
Forsit  e  Forfii,  app.  h.,  959.  L-  D.  Mum.  Dipl.  46- 
Fortale,  geogr.,  1258-  Inq.  595,  1.*  cl. 
Fortes,  app.  h.,  1220.  Inq.  83,  2.'  cl. 
Fortunio,  app.  h.,  1080.  L.  Preto.  Dipl.  353.  — Id.  562. 
Fos  Sanse,  viUa,  1258.  Inq.  516,  1.'  cl. 
Fosim,  geogr.,  1258.  Inq.  712,  1.'  cl. 
Foslios,"  villa,  1095.  Tombo  D.  M«or  Martinz.  Dipl.  490. 


byGoot^lc 


272  O  AeCHEOLOOO  POETUGUftS 

Foubas,  n.  h.,  12Õ8.  Inq.  344,  1.'  cl. 

Foubra,  app.  m.,  1Í58.  Inq.  347,  1.*  cl. 

Foucina,  app.  h.,  1258.  Inq.  373,  2.*  cl. 

Foni,  geogr.,  906.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  9,  l.  16. 

Foyam,  app.  h.,  sec  xiv.  For.  de  Lisboa.  Leg.  415,  2.*  cl. 

Foiam.  Viâè  Snbius  foínm. 

Frachas.  Vide  Faschas. 

Fracoai,  n.  h.,  1258.  Inq.  583,  1.'  cl. 

Fracsino,  vilU,  1013  (?).  Dipl.  137,  1.  3G. 

Fradaríque,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  342. 

Frade,  n.  h.  (?),  sec.  xv.  S.  288. 

Fradegondia,  n.  m.,  973.  L.  D.  Mom.  Dipl.  70.— Id.  171. 

Fradelos  (S.  Martino  de),  geogr.  1220.  Inq.  15,  1.»  cl.  — Id.  IGO. 

Fradíla,  n.  h.,  927.  Doe.  most.  Lorvlo.  Dipl.  20,  n."  32. 

FradUani,  n.  h.,  907.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  10. 

Fradimiu,  n.  h.,  991.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipi.  100,  a."  162.— Id. 

109,  n.»  176. 
Fradinandi,  o.  h.,  933.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  23. 
Fradique,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  156. 
Fradiulfus,  n.  h.,  965.  Doe.  most.  Moreira.  IMpl.  57. 
FradliiUo,  n.  b.,  1086.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  pipi.  391. 
Frados,  app.  h.,  1258.  Inq.  325,  2.'  cl. 
Fraeugo,  n.  h.,  1220.  Inq.  45,  1.'  cl.— Id.  127. 
Fraestada,  geogr-,  sec.  iv.  S.  181. 
Fragauoso,  geogr.,  1258.  Inq.  355,  1.*  cl. 
Fragelas  e  Fragelos,  geogr.,  1258.  Inq.  339,  1.*  cl. 
Fragiaro,  n.  li.,  922.  L.  Preto.  Dipl.  16. 
Fragioa  e  Fragino,  geogr.  (?),  1220.  Inq.  81,  1.'  cl. 
Fragosus,  app.  h.,  1258.  Inq.  318,  1.*  el. 
Fragulfi,  n.  h.,  867-912.  L.  Pr«to.  Dipl.  3. 
Fraiat,  app.  b.,  1033.  Doe.  ap.  sec.  xvni.  Dipl.  171. 
Frainis,  app.  h,,  1006.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  120. 
Frainii.  Vide  Flainiz. 

Fraiao,  n.  h.,  982.  L.  Prelo.  Dipl.  83.— Id.  139. 
Fraiaenario,  villa,  965.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  57,  a."  90. 
Fraiulfiz,  app.  h.,  989.  L.  Preto.  Dipl.  97. 
Fraiulío,  n.  h.,  1098.  L.  Preto.  Dipl.  524. 
Fralengo,  n.  h-,  964.  L.  Preto.  Dipl.  55.— Id.  71. 
Framarii,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  346. 
Framiam,  villa,  1089.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  433.— Id.  526. 
Franúaues.  Vide  Plamianes. 


Dig,l,z.cbyG0Oglc 


o  AbCHEOLOOO  PoRTUGUãS  273 

Framiuguiii.  Vide  Formaregniz. 

Framila.  Vide  FlaiuQa. 

Fi-amilM,  app.  h.  (?),  1081.  líoc.  most.  Moreira.  Dipl.  ;i58,  n."  597. 

Fnmilli,  n.  m.,  988.  Doe.  most,  Moreira.  Dipl.  97, 

Framira,  n.  li..  l(Mi5.  I>oc.  most  1'endorada.  Dipl.  282. 

Ffamiildo,  n.  lu,  973.  L.  Preto.  Dipl.  69. 

Franca,  app.  m.,  1258.  Inq.  352.  2.*  cl. 

Fraucelos  (S.  .Taeol)o  de),  geogr.,  1258.  Iiiq.  297,  2.'  cl. 

Francemir  e  Fi-anciniir  (S.  Salvatore  de),  geogr.,  1220.  Tnq.  206,  2.*  cl. 

Franchimirus,  n.  h.,  959.  L.  D.  Hum.  Dipl.  48. 

Francisca.  Vldu  Fisca. 

Fraaciaci,  app.  h.,  1258.  Inq.  73l>,  2.'  cí. 

FraDcisqQe  e  Frauxísqiie,  n.  li.,  1272.  For.  Azambuja.  Leg.  727. 

Franco,  app.  h.,  1099.  L.  Preto.  Dipl.  538.~Inq.  352.— S.  380. 

Francolino,  n.  h.,  1(137.  L.  Preto.  Dipl.  181. 

Francos,  inontc,  1258.  Inq.  397,  1.*  el. 

Fraudes,  app.  li.,  1258.  Inq.  698,  1."  cl. 

Fraiidino,  app.  h.,  soe.  xv.  F.  López,  Chr.  D.  J.  1.°,  p.  2.',  C.  159. 

Fraudii,  app.  lu,  1220.  Inq.  13,  1.'  el. 

Frantia,  víUa,  1085.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  Dipl.  381. 

Franielos  (S.  Jscobo  de),  geogr.,  1220.  Inq.  17,  1.'  cl. — Id.  89. 

Franzo,  villa,  1258.  Inq.  529,  1.'  cl. 

Frareugot,  app.  h.,  1043.  L.  D.  Mum.  Dipl.  199. 

Frareoquiz,  app.  h.,  1083.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  372. 

Frarígn,  n.  h.,  10(i8.  Doe.  most.  Avè-Maria.  Dipl.  292. 

Frarique,  app.  m.,  1258.  Inq.  613,  1.*  cl. 

Fmríulfus,  n.  h.,  882.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  6. 

Frasckas,  app.  h-,  1258.  Inq.  530,  2/  cl. 

Fratrissa,  n.  m.,  1258.  Inq.  465,  2.'  cl.— Id.  47(1. 

Frauegas,  geogr.,  1100.  L.  Preto.  Dipl.  553,  n."  935. 

FraurengoR,  bispo,  906.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  9,  I.  5. 

Frausto.  Vidi'  Faustro. 

Fraustro  (Santo),  geogr.,  1220.  Inq.  3,  2.»  cl.— H.  170. 

Fravega,  geogr.,  1258.  Inq.  402,  2.»  cl.— Id.  3(X),  404  c  434. 

Fraregas,  geogr.,  1258.  Inq.  511,  2.'  el. 

Fraxinarlo,  geogr.,  1258.  Inq.  639,  1.'  cl. 

Frailneti,  viUa,  1094.  Doe.  sé  do  Coimbra.  Dipl.  480,  n."  809. 

Frayl,  geogr.,  1258.  Inq.  466,  2.*  cl. 

Frayz,  geogr.,  1258.  Inq.  699,  2.»  cl. 

Frazio,  app.  h.,  sec.  Xv.  F.  López,  Clir.  D.  J.  1.%  p.  1.',  C.  147. 

Freandi,  geogr.,  1220.  Inq.  58,  2.'  cl.— Id.  147. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


274  O  ÁKGH£OLOOO  FORTUQUÊS 

Freaiidiz,  app.  h.,  1100.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  557. 

Freandu,  ii.  h.,  1089.  L.  B.  Ferr.  DÍpl.  433. 

Frçnrii,  geogr.,  1065.  Doe,  most.  Pendorada.  Dipl.  282. 

Frechas,  ribeira,  scc.  xv.  F.  López,  Chr.  D.  J.  1.",  p,  2.',  C.  21. 

Frecta  (Terra),  geogr.,  1220.  Inq.  146,  2.'  cl. 

Frectas  (S.  Petro  de),  geogr.,  1220.  Inq.  170,  1.'  cl.— Id.  22. 

Fredaliz,  app.  h-,  1080.  L.  Preto.  Dipl.  350. 

Fredamil,  geogr.,  10ti2.  Doe.  ap.  sec.  xvin.  Dipl.  270. 

Fredario,  n.  h.,  1009.  Doe.  moet.  Moreira.  Dipl.  128. 

Fredaril,  app.  li.,  1083.  Doe.  sé  de  Viseu.  Dipl.  371,  1.  2.— Id.  4ia 

Fredaie,  ii.  h.,  10;19.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  186.— Id.  226. 

Fredegnmdia,  □.  m.,  1033.  Doe.  ap.  sec.  xvm.  Dipl.  171. 

Fredeiro,  n.  li.,  907.  Doo.  most.  Moreira.  Dipl.  10,  1.  14. 

FredemondÍE,  app.  h.,  995.  L.  Preto.  Dipl.  107. 

Fredftnanda,  n.  m.,  00r>.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  57.^  Id.  251. 

Fredeuandí,  villa,  1012.  Doe.  most.  .da  Qraça.  Dipl.  134. 

Fredenaiidíz,  app.  h.,  960.  L.  D.  Mum.  Dipl.  61.— H.  9!. 

Fredeuaudizl,  app.  li.,  993.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  103. — Id.  189. 

Fredenando  e  FeruaiidiiM,  ii.  h.,  9tí6.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  58, 

ii.«92.  — Id.  H.-l. 
Fi-edenaudus,  n.  li.,  981.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  82.  — Id.  13. 
Frwii  ou  Frede,  viila,  9.')9.  L.  D.  Mum.  Dipl.  46,  1.  3. 
Fredili,  n.  m.,  1047.  Dipl.  220,  n."  359. 
Fredoía,  app.  h.,  1008.  L.  Preto.  Dipl.  125,  ii."  203. 
Fredoii,  app.  h.,  1008.  D.  Preto.  Dipl.  125,  n."  204.— Id.  131. 
Fredohi,  app.  li.,  1037-1065.  L.  Preto.  Dipl.  280. 
Fredamir,  geogr.,  1024  (?).  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  158. 
Freego,  villa,  1258.  Inq.  541,  1.*  el. 
Freei,  geogr,,  1258.  Inq.  340,  1."  cl. 
Freeií-ii,  geogr.,  1^58.  Inq.  404,  1."  el.  — H.  ;í78. 
Freeris,  geogr.,  sec.  xv.  S.  145. 
Freerii,  geogr.,  1220.  Inq.  101,  1.'  cl. 

Freestelas  (S.  Martino  de),  geogi-.,  1220.  Inq.  44,  l.*  cl. — Id.  125. 
Freestelo,  geogr.,  see.  xv.  S.  330. 
Freezi,  geogr.,  1258.  Inq.  736,  1."  cl. 
Fregím,  geogr.,  1258.  Inq.  606,  1.*  cl. 
Freigio,  geogr.,  1258.  Inq.  388,  1,*  cl. 
Frellenoa,  n.  m.,  1085.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  Dipl.  381. 
Freimondo,  n.  h.,  1253.  Inq.  427,  2."  cl. 
Freiria  ou  Ferreiria,  geogr.,  1220.  Inq.  143,  1."  ol. 
Freiria  de  Elbora,  geogr-,  1220.  Inq.  250,  2.»  cl. 


byGooglc 


o  Abchkolooo  PoaTueuâs  275 

Freirú,  geogr.,  1258.  Inq.  294,  2."  cl.— Id.  300. 

Freiseno,  villa,  907.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  9,  nlt.  Í. 

Freisinel  oti  Freixeuei,  geogr.,  1055-1065.  For.  de  AnsiSea.  Leg.  347. 

Freitas,  viUa,  1258.  Inq.  673.— Id.  4. 

Freiti  muiidí,  rio,  1258.  Inq.  044,  1.*  cl, 

Freial,  geogr.,  12Õ8.  Inq.  661,  1.*  cl. 

Fi>eÍxeeÍro  ou  Frexeeiro,  geogr.,  1220.  Inq.  159,  1."  cl. 

Freixenede,  villa,  Era  1102.  L.  Preto.  Dipl.  277. 

Freixeno,  villa,  1096.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  495. 

Freixeo  {S.  Michael  de),  geogr.,  1220.  Inq.  54,  1.*  cl.— Id.  137. 

Freixet,  geogr.,  sec.  xv.  S.  330. 

Freixio,  geogr.,  sec.  xv.  S-  349. 

Freixo  de  Espodaciuta,  geogr.,  sec.  xv.  F.  Ldpez,  Chr.  D.  J.  1.", 

p.  1.%C.  162,  c  p.  2.»,  C.  202. 
Frejufe,  geogr.,  1220.  Inq.  157,  1.'  cl. 

Frelisio  e  Frelissio,  n.  h.,  1073.  Doe.  moet.  Pendorada.  Dipl.  312. 
Freniariz,  app.  h.,  1041.  L.  Preto.  Dipl.  lí)3,  a."  316. 
Fremosa,  app.  ra.,  1258.  Inq.  351,  2."  cl. 
Frenioselhi,  geogr.,  sec,  xv.  8.  329. 

Fremoseli,  geogr,,  1258.  Inq.  602,  1.»  cl.  — Dipl.  13,  A.  915. 
Fretuosendit,  app.  h.,  1100.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  546. 
Fremosendo,  n.  h.,  1100.  Doe.  most.  Aronca.  Dípl.  546. 
Fremosinda,  n.  m.,  994.  Doe.  most.  Moreira.  Dípl.  106. 
Fremosiiidiz,  app.  h.,  1088.  Doe.  ap.  sec.  xviii.  Dipl.  426. 
Freniosiudo,  n.  h-,  1013  (V).  Dipl.  136.— Id.  34õ. 
Fremoaino,  u.  li.,  1053.  L.  D.  Miini.  Dipl.  237,  n."  388. 
Freiuoso,  app.  h..  12Õ8.  Inq.  366,  1."  cl. 
Fremandi,  geogr.,  1258.  Inq.  562,  2.*  cl. 
Freuandiz,  app.  li.,  981.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  80. 
Frenandus  e  Fernaiidus,  n.  h..  943.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  30. — 

Id.  122. 
Freseno  c  Fi-esiio,  villa,  1152.  For.  de  Freixo.  Lcg.  379- 
Frestes,  n.  h.,  1036.  L.  Preto.  Dipl.  178. 
Fretu,  ?,  1070.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  304. 
Freafe,  geogr.,  1220.  Inq.  128,  2."  cl. 
Freuffi,  geogr.,  V2bS.  Inq.  323,  1."  cl, 
Freseueiro  e  Freixeno,  geogr.,  1220.  Inq.  159. 
Frexeneda,  villa,  972.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  66,  a."  J04. 
Freyre,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  302. 
Freytas,  app-  li-,  see.  xv.  S.  312. 
Freyxiuel.  Vídè  Freisinel. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


27(i  O  ARC1UÍOI.OQO  Português 

Frias,  geogr.,  1258.  loq.  587,  1.'  cl, 

Fridinaiido,  n.  h.,  971.  Doe.  most.  S.  Vicente.  Ttipl.  05. 

Fridi\ille,  n.  li.,  1070.  Tombo  D.  Mwor  Martinz.  Dipl.  301. 

Friítixilo  ou  Frodisillo,  1060.  Tombo  D.  Maior  Jilartinz.  Dipl.   26ò, 

Frieido,  rio,  1059.  L.  I).  Mum.  Dipl.  257,  d."  410. 

Frigida  (Villa),  geogr.,  1081.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  357. 

Fríjoffi,  geogr.,  1258.  luq.  497,  1."  cl. 

Fríoes,  geogr.,  1258.  loq.  300,  í."  cl. 

Frison,  app.  h.,  1220.  Inq.  2,  1."  cl.  — Id.  I(i9  e  097. 

Friíoni,  n.  h.,  1258.  Inq.  695,  2.»  cl. 

Froarengus,  bispo,  850—866.  Doe.  most.  Loi'vXo.  Dipl.  'ò,  l.  6. 

Frochini  ou  Frogim,  geogr,  1220.  Inq.  200,  l.*  cl. — Id.  2ÒO. 

Froeliin,  geogr.,  1220.  Inq.  152,  1.'  cl. 

FrodisUlo.  Vide  Fridisilo. 

Froes,  app.  h.,  sec.  xv.  F.  López,  Chr,  D.  J.  1.',  p.  1.',  O.  140. 

Froga,  app.  h.,  1089.  L.  Prelo.  Dipl.  4;U. 

Frogay,  geogr.,  1258.  Inq.  646,  I.'  cl. 

Frogai  e  Frogoii,  app.  h.,  1091.  Doe.  most.  Pedroso.  I)Íf4.  4.Õ6. 

Frogendo,  n.  h-,  1258.  Inq.  357,  1.'  cl, 

Frogeua,  a.  h.,  !)46.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  it3,  u."  57. 

Frogia,  n.  h.,  995  (?).  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  108.— W.  124. 

Frogiaes.  Vide  Fofgiaes. 

Frogiaoi,  n.  h.,  1(K)2.  L.  Preto.  Dipl.  115,  n."  187. 

Frogianus,  n.  h.,  1098.  Doe.  most.  Lorvílo.  Dipl.  529. 

Frogiai,  app.  h.,  10í)7.  Doo.  most.  Jloreira.  Dipl,  503.  —  Id.  554, 

Fpoflildo,  n.  h.,  sec.  xi.  L.  D.  Mum.  Dipl.  .'>64. 

Frogim.  Vidc^  Fi*ochim. 

Frogiuos,  n.  li.,  J220.  Inq.  163,  2."  ri. 

FrogiuUo,  n.  h-,  986.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  95.  — Id.  118. 

Frogulfu,  n,  h,.  867-912.  L.  Preto.  Dipl.  3.— Id.  31. 

FrohiSes,  geogr-,  1258.  Inq.  533,  2."  cl. 

Fi-oia,  n.  h.,  983.  Doe.  acc.  xviii.  Dipl.  87.— Id,  15. 

Froiaes,  geogr.,  1220,  Inq,  228,  1.'  cl.— Id,  10, 

Froialozi,  app.  h.,  1093.  L.  Preto.  Dipl.  475,  n."  801. 

Froian,  ii,  li.,  1221).  Inq.  lO,  2."  cl. 

Fpoiani,  villa,  1059.  L,  D,  Mum.  Dipl.  260,  1.  2, 

Froianiz,  app.  h-,  957.  L.  D.  Mum.  Dipl.  41. 

Fpoiai,  app.  h.,  1064.  Doe.  most.  VaÍr5o.  Dipl.  275.— Id.  15. 

Froigeudu,  u.  h.,  92.").  Doe.  most.  Arouca.  Dipl.  20.  ^-Id.  26. 

Froila,  n.  h.,  882.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  6.  — Id.  20. 

Froilaci,  app.  h.,  1040.  L.  Preto.  Dipl.  190. 


Dig,l,z.cbyG00(^lc 


o  Aecheolooo  Poetugués  277 

FroUae,  app.  h.,  1085.  Doe.  sé  deCoimbra.  Dipl.  386. 

FroUam,  vUla,  1059.  L.  D.  Jlmn.  Dipl.  258,  I.  34. 

Froilanes,  geogr.,  1086.  Doe.  most.  Arouca.  Dipl,  398. — Itl,  456. 

FroiUni,  vilta,  1086.  Doe.  most.  Arouca.  Dípl.  598. 

Froilaniz,  app.  h.,  968.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  62. 

Froilaz,  app.  h.,  985.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  91. — Id.  15. 

Froilui,  app.  h.,  1085.  Tombo  D.  Maior  Martjnz.  Dipl.  378. 

Froili,  n.  m.,  883.  Doe.  ap.  sec.  xi.  Dipl.  li. 

FroUi^i,  app.  h.,  1094.  Dipl.  484. 

Froiliz,  app.  h.,  984.  Doe.  most,  Moreira.  Dipl,  89,  ii."  142. 

Frailla,  a.  h.,  960.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  49. 

Fpoilo,  11.  m.,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl.  7.— Id.  22. 

FroilOBÍ,  Q.  h.,  897.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipl,  8. 

Froilonia,  n.  m.,  1017,  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  144. 

FroiloDÍx,  app-  m.,  1027.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipl.  162. 

Froiní,  app.  li.,  1115.  Concilio  Ovet.  Le^.  141. 

Froinli,  n.  h.,  12Õ8.  Inq.  586,  1.»  cl. 

Froiola  e  Froíula,  n.  h.,  1098.  L.  Preto.  Dipl.  528,  n."  890. 

FroiscenáiK,  app.  m.,  1038.  L.  D.  Miim.  Dipl.  185, 

Froiseodo,  n.  h.,  1056.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  243, 

Froisendus,  n.  h.,  952.  L.  D.  Mum,  Dipl.  38.— Id.  89, 

Froinla.  Vide  Froiola. 

Froialiici,  app.  h.,  993.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  103. 

Fruiulãz,  app.  h.,  1002.  L.  l^rcto,  Dipl.  117. 

Froinlfti,  n.  li.,  968.  Doe,  most.  Moreira.  IJipl.  62. 

Froja  p  Fi-ojani,  n.  h.,  1220.  Inq.  79,  1,*  cl. 

Frojaz,  app.  h.,  Bec.  XV.  S.  172.— Id.  363. 

Fi-ojolfas,  n,  h.,  1088.  Doe.  ap.  see.  xviil.  Dipl.  427. 

Frola,  11.  h.,  964.  Doe.  most.  S.Vicente.  Dipl.  54.  — Id,  222  e  467. 

Frolauiz,  app.  h.,  1045.  L.  D.  Mnm.  Dipl.  208. 

Frolaí,  app.  h.,  1036.  L.  D.  Mum.  Dipl.  178. 

FroUenza,  n.  h.,  1004.  L.  I*reto.  Dipl.  118. 

Frolimii,  app.  li.,  1039.  h.  Preto.  Dipl.  186. 

Fromarica,  n.  m.,  1009.  L.  D.  Mum.  Dipl.  129. 

Fromarici,  villa,  953.  Doe.  most.  (íuimarães.  Dipl.  39,  1.  7. 

Fromaricus,  n.  h,,  870,  L,  D.  Mum.  Dipl.  4. 

Fromarigiz,  app.  h.,  1037.  L.  Preto.  Dipl.  180. 

Fromangnir,  app.  li.,  1087,  L.  B.  Ferr.  Dipl.  40;}.— Id.;^459. 

FrODiariguii,  app,  h.,  10<I2.  L.  Preto.  Dipl.  114. 


(  Contin&a), 


A.  A.  Cortesão. 


byCoo^^lc 


o  Archeolooo  Poetoqdés 


Noticias  várias 


1.  Castello  de  Torre§  Vedras 


Um  dos  pensamentos  da  nossa  Camará  Municipal  é  o  dotar  a  villa 
com  agua  suãicientc  para  o  consumo  dos  seus  habitantes.  Para  ta)  s« 
conseguir  tem  se  procedido  a  serias  experiências. 

Lembrou-se  a  remara  <lc  mandar  sondar  o  castello  para  ver  se  era 
possivel  descobrirem -se  algumas  cisternas  construídas  pelos  Mouro». 
Appareceu  a  primeira,  dentro  dos  muros  da  praça,  tem  18  metros  de 
comprimento,  H  de  largura,  ignorando-se  por  emquanto  a  profundidade. 
Esta  era  a  que  sorvia  para  guarda  das  aguas  dos  telhados  das  casas 
do  castello. 

É  opinião  de  que  devera  existir  maiores  depósitos,  creiído-se  mesmi) 
haver  commuDÍcaç3o  entre  a  praça  e  o  rio,  pois  os  Mouros,  para  resis- 
tirem aos  muitos  e  prolongados  cercos  que  sofíroram,  haviam  forçosa- 
mente de  vir  buscar  a  agua  aos  baixos  da  villa  ', 

Era  um  estudo  curioso,  mesmo  uma  necessidade  que  a  encosta  do 
castello  fosse  sondada  em  vários  pontos.  Nos  altos  já  se  tem  encon- 
trado galerias  que  os  antigos  taparam,  mas  que  nSo  são  exploradas 
por  faltar  a  licença  du  jlinisterio  da  Guerra. 

{Diari»  d'-  Nitir-m»,  ile  8  de  Abril  de  1905). 

3.  Tapetes  perslooa 

A  fím  de  comprarem  um  tapete  persa,  antiquíssimo,  de  que  é  fm- 
prietaria  a  junta  de  parochia  de  S.  Martinho  de  Cintra,  estiveram  hojf 
nesta  villa  os  Srs.  Hamburger  Frères,  de  Paris,  que  nSo  realizaram 
a  transacção  por  nílo  attingirem  a  importância  que  a  junta  exige. 

{Diário  de  Notieifu,  lU  1  de  Haio  de  1905), 

<j'iNTRA. — Despertou  verdadeiro  interesse  a  nossa  noticia,  publicada 
no  Século  de  hoje,  acerca  da  venda  do  tapete  persa  pertencente  ajunta 
de  parochia  de  S.  Martinho,  tendo  ido  muitas  pessoas  ezamíná-Io. 

O  tapete  estava  muitíssimo  usado. 

Depois  de  examinado  por  um  enviado  da  Academia  Real  de  Belias 
Artes,  foi  ajunta  autorizada,  conforme  notici&mos,  a  veudc-lo. 

Pela  nossa  noticia,  o  Sr.  Emilie  Pares,  importante  negociante  do 
objectos  de  arte  e  antiguidades  na  Praça  dei  Principe  Alfonso,  em 
Madrid,  teve  conhecimento  da  existência  do  tapete,  vindo  hoje  acom- 
panhado do  Sr.  Joaquim  Moraes  da  Cunha,  proprietário  da  joalharia 


'  [Simplei^  lenda  popuittr. — J.  L.  dbV.J 

Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Akcheologo  PoaTUGUto  279 

Ciiaha,  da  Rua  Xova  da  Palma,  106,  e  José  Leal,  proprietário  ã»  Li- 
quidadora das  Portas  de  Santo  AntSo,  de  Lisboa. 

Estavam  presentes  os  Rev.  Amaro  Ferreira  de  Azevedo,  presi- 
dente, Manuel  Ramos  Ferreira  de  Cairaliio,  Augusto  Reis  Barreto  e 
José  Nnnea  Rodrigues  da  Silva,  vogaes  da  junta  de  parocMa. 

A  junia,  apreciando  as  propostas  apresentadas  para  a  compra  do 
tapete,  preferiu  a  mais  vantajosa,  apresentada  pelo  Sr.  José  Leal,  na 
importância  de  460)51000  réis,  sendo  a  acquisiçSo  feita  para  o  Sr.  Pares. 

r>'es8e  acto  foi  lavrado  uma  auto  assinado  pela  junta  e  o  arrema- 
tante, que  depositou  na  thesouraria  da  junta  o  preço  da  arremataçSo, 
entrando  na  posse  do  tapete. 
■  {Secit/o,  de  2  de  Maio  de  1905). 

A  mesa  a<lministrativa  da  Real  Irmandade  do  Santíssimo  Sacra- 
mento da  Capella  Real,  freguesia  de  Santa  Justa  e  Rufína  d'esta  ci- 
dade, superiormente  autorizada,  vae  brevememte  proceder  &  venda  em 
hasta  publica,  e  com  as  formalidades  tegaes,  de  alguns  paramentos  an- 
tigos e  de  cinco  tapetes  da  Pérsia,  também  antigos  de  grande  valor 
artístico.  A  venda  será  opportunamente  annunciada,  bem  como  as  res- 
pectivas condições.  Chama-se  para  a  referida  venda  a  attençSo  das  pes- 
soas A  ({liem  possa  interessar  a  aqnisiçXo  de  taes  objectos,  os  quaes, 
com  a  devida  prevenção  do  andador  da  Irmandade,  que  se  encontra 
na  igr^a,  podem  ser  examinados  em  todos  os  dias  da  semana,  depois 
do  meio  dia,  exceptuando  a.s  sextas  feiras,  ou  quando  na  igreja  se  ce- 
lebrem festividades. 

{Secuh,  de  22  de  Març..  de  1!M».J). 

Foi-nos  enviada  pelo  illustrc  juiz  da  irmandade  d<i  Santissimn  dá 
freguesia  do  Santa  Justa  a  seguinte  carta: 

5  de  Abril  de  1905  —  Sr.  redactitr. — No  seu  numero  de  hoje  vem 
uma  noticia  referente  aos  tapetes  persas,  que  a  irmandade  do  Santis- 
aimo  da  freguesia  de  Santa  Justa  tem  para  vender  em  Icilfio  no  dia  29 
de  corrente,  e  cujo  teor,  pelo  ejfeito  que  produz,  en,  na  lionro.sa  qua- 
lidade de  juiz  da  irmandade  nSo  posso  deixar  de  rectificar,  para  o  que 
soUcito  de  V.     a  inserção  das  presentes  linhas. 

Biz  a  local  que  «visto  os  objectos  annunciados  para  a  venda  não 
terem  valor  artístico,  não  devem  figurar  no  Museu  Nacionali. 

O  facto  de  lá  não  deverem  figurar  obedece  porventura  a  outro  cri- 
tério, que  nada  tem  que  ver  com  o  referido  valor  dos  objectos,  nem 
com  os  interesses  da  irmandade,  que  impensadamente,  quero  cr@-lo, 
assim  foram  feridos. 


;vCoOglc 


280  O  ARCHEOLOão  Português 

Não  procurei,  porém,  saber  d'oiide  provém  tão  ímprevi!>ta  infor- 
mação, e  o  (]ae  apeuas  a  acho  é,  pelo  menos,  inopportuaa,  e,  como  ta] 
de  bem  «menor  valor  artístico»  que  os  próprios  objectos  a  qne  allode. 

OoDvem  todavia  que  se  saiba  qne,  não  obstante  o  depreciativo  juizo 
que  o  noticiarista  d'elles  fórma  poderia  a  irmandade,  realizada  a  venda 
particularmente,  baver  recebido  já  alguns  contos  do  réis,  se  não  pre- 
ferisse cumprir  a  lei,  anmmciando  leilão,  e  buscando,  como  buscou, 
embora  sem  resultado,  o  parecer  ofticial  dos  competentes  no  assunto. 

De  resto,  o  leilão  está  proximu,  e  elle  provará,  espero-o,  que  ape- 
sar da  noticia,  a  importância  dos  objectos  a  vender  sempre  será  de 
natureza  a  trazer  algum  benelicío  para  a  irmandade,  que  tanto  carece 
de  recursos,  para  dignamente  se  desempenhar  dos  seus  encargos.  unici> 
fim  que,  tanto  os  meus  collegas  como  eu,  temos  cm  vista  conseguir. 

Agradecendo  desde  já,  sou  com  toda  a  consideração ---!>e  V,  , 
etc,  Poli/carpo  Anjos,  jniz  da  irmandade. 

{/tiarío  ih  Noticias,  de  6  <le  Abril  de  líKB). 

A  irmandade  do  Hantiasimu  da  freguesia  da  .Vmcixoeira,  próximo 
do  Lumiar,  vende  em  leilão  no  dia  2»  de  junho  c<irrente.  pelas  12  ho- 
ras da  manliã,  alguns  tapetes  persas,  conforme  as  condições  dos  an- 
nnncios  já  publicados  e  as  que  se  aeliam  patentes  na  respectiva  igreja. 

(J)iario  de  Nolteint,  de  U\  de.  Junho  de  VMU). 

S.  CastellD  de  Eiras 

O  illustrado  general,  governador  desta  cidade,  Hr.  João  Carlos  Ro- 
drigues da  ('osta,  attentas  antigas  autorizaçSes  superiores,  agora  re- 
validadas a  instancias  de  S.  Ex.*,  fez  publicar,  em  ordem  de  praça, 
que  c  permittido,  a  quem  so  apresente  decentemente,  visitar  cm  todas 
as  quintas  feiras  e  domingos,  das  10  da  manhã  ás  'ii  da  tarde,  o  an- 
tigo Castello  Mourisco  de  Privas,  no  qual  existem  as  ruínas  da  resi- 
dência dos  alcaídes-móres  d'esta  povoação,  edificio  assaz  digno  de  ser 
conhecido  e  que  pelas  suas  gloriosas  tradiçRen  e  architectura  ha  muito 
devia  estar  incluído  na  lista  dos  nossos  monumentos  nacionnes,  a  fim 
de  se  obstar  á  sua  completa  derrocada. 

{Ititirio  de  -VoíícHM,  de  3  de  Maio  de  I9U5|. 

4.  Minas  de  S.  Doihíbrob 

l'iira  alargamento  dos  cortes,  proceder-se  ha  aqui,  dentro  em  pouco, 

a  escavações  em  terreno  não  mexido  em  nossos  dias,  podendo  isto  dar 

talvez  logar  a  que  mais  algumas  antigualhas  sejam  encontradas,  como 

suecedeu  ha  quasi  meio  século,  quando  começou  a  exploração  moderna 


byCOO^^IC 


o  Abcheoloso  Português  281 

d'este  importante  jazigo  mineiro,  onde  tanto  laboraram  alguns  povos 
da  autignidade. 

Parece  ser  o  Sr.  Feliz  o  chefe  dos  novos  trabalhos.  Este  cavalheiro, 
como  todos  os  sens  compatriotas  hoje  aqni  ao  serviço  d'esla  empresa, 
é  também  homem  bastante  activo  e  intelligeote. 

{SwUo,  de  2ú  de  Fevereiro  de  1905). 

Ainda  com  respeito  á  escavação  a  que  se  tem  procedido  e  cremos 
5C  procede  ainda  no  sitio  dos  Barriaes,  para  os  lados  de  Chança,  consta 
já  terem  sido  encontradas  algumas  amphoras  e  tijolos,  tudo  em  bom 
estado  do  conservação,  comqtianto  se  siipponha  que  muitos  seoulos  te- 
nham decorrido  sobre  taea  antiquidades,  qne  muito  bem  poderilo  ser 
(-ontemporaneas  das  que  nesta  mina  foram  encontradas  no  princípio 
da  nova  exploração,  e  mesmo  já  depois  d'isso,  haverá  uns  O  annos. . 

{Seenh,  de  1  de  Junho  de  l'J05). 

S.  O  (.'astello  do  Zrsere 

CoKSTANCrA. — Por  conta  da  Camará  Municipal  deste  concelho  an- 
lUm-se  demolindo  as  ruinas  do  «Castello  do  Zêzere*,  m^s  conhecido 
pida  «Torre»,  e  que  sSo  propriedades  do  Ooude  de  Caparica. 

Mais  uns  restos  históricos  que  desnpparecem,  não  sabemos  para 
qae  timi 

A  coustrucção  do  Castello  do  Zêzere  data  de  1172,  sendo  seu  edi- 
ficador o  mestre  da  Ordem  do  Templo,  D.  (jualdim  Paes.  Tem,  por- 
tanto, 733  annos  de  existência. 

(O  Xrrulo,  ilo  21  de  Maio  tlc.  19a"i). 

6.  A  artilliariâ  antifa  4e  Zanslbar 
Zanzibar,  20  de  Abril  de  1905, — Sr.  director  do  Diário  de  Xoti- 
<Ía9 — ].<isboa. — Kum  interessante  artigo,  publicado  eom  a  opigraphe 
4l'alestras  Navaeai  no  n.*  14:112,  de  14  de  Março  p.  p,,  do  Diário 
que  V.  diijtinctamente  dirige,  referc-se  o  meu  vclhn  amigo  Contra- 
Almirante  Augusto  de  ('astílho  a  algumas  peças  de  artilharia  antiga, 
fundidas  no  Arsenal  de  Goa,  c  existentes  em  Zanzibar  ao  tempo  em 
quo,  ha  mais  de  vinte  aunos,  adci^u  de  aqui  passar  c  de  as  ver  ja- 
zendo, despn'zadas,  estendidas  por  terra,  num  velho  barracão.  K  as- 
sim ;  sendo  de  «entir,  porém,  que  o  seu  artigo  não  tivesse  apparecidn 
muitos  annos  antes,  e  com  elle  a  sua  solicitação  aos  Ministros  dos  Es- 
trangeiros, da  Guerra  e  da  Marinha  a  que  buscassem  rehaver,  mediante 
os  bons  ofiicios  da  Inglaterra,  alguns  d'aqiiolles  preciosos  documentos 
da  nossa  passada  grandeza;  que  se  não  houvesse  antecipado,  quando 


byGoí>^^lc 


2Si2  O  Abcheolooo  Pobtuoués 

menos,  essa  publicação  ao  bombardeamento  de  Zanzibar,  snccedido 
em  Agosto  de  1896. 

Quando,  depois  do  bombardeameuto,  em  1897,  eu,  como  cônsul, 
atjui  cheguei,  nilo  encontrei  já  senão  restos  de  toda  easa  artílhaiú  que 
o  meu  ilinstre  amigo  descreveu.  Mas,  ainda,  com  respeito  ao  aprová- 
tamento  d'aqnelles  restos,  tardou  de  annos,  sem  ser  eUc  a  arrecadar, 
o  seu  aviso. 

NZo  me  cumpre  insinuur,  e  muito  menos  affirmar,  qual  o  destinu 
que  tiveram  as  peças  deaappaiTcidae,  muito  legal,  atiás,  porqne  niu 
foram  levadas,  de  certo,  sem  o  consentimento  de  quem  estava  na  sua 
poí>se;  como  foi  com  esse  consentimento  que  eu,  chegado  apenas  na 
respiga  do  que  outros  haviam  ceifado,  obtive  d'es8es  restos  o  que,  do 
já  menos,  havia  mais  aproveitável. 

Foi  a  Sir  Artur  Harding,  oonsul  geral  e  agente  diplomático  d<! 
S.  M.  Britannica.  hoje  seu  ministro  na  Pérsia,  que  eu  manifestei  o  de- 
sejo de  alcançar  para  o  nosso  Museu  de  Artilharia  algumas  das  res- 
tantes peças;  c  foi  ellc  tSo  amável,  que  anos*  presenteou  desde  logo 
com  duas  de  bronze,  muito  boas  e  muito  bem  conser\adas,  que,  mon- 
tadas em  seus  respectívus  R'paros,  enfeitavam  a  frente,  lado  do  mar, 
do  consulado  de  Inglaterra. 

Não  contente  com  isso,  trouxe-me  de  Mombaça,  quando  pouco  de- 
pois ali  foi,  uma  pequena  colubrina,  de  linhas  muito  elegantes,  quo 
ali  descobrira  e  logo  cm  mente  me  offereccra.  Essas  três  bocas  de  fogo 
seguiram  para  Lisboa  pelo  paquete  «Herzog»,  em  Outubro  de  1899, 
c  deram  entrada  no  Museu  de  Artilharia. 

As  quatro  grandes  peças,  de  valentes  arganeus,  com  as  armas  reaes 
e  esphera  armilar  resaltadas,  de  que  nos  fala  o  íUustre  Almirante,  ainda 
aqui  as  encontrei,  c  não  me  descuidei  cm  pedir. .  .duas.  Haver  todas 
quatro  seria  demasiada  c  indiscreta  ambição.  E  de  artilharia  antiga, 
de  bronze,  era  o  que  existia  e  que  valesse.  Tudo  mais  era,  e  é,  a  su- 
cata de  ferro  de  umas  caronadas,  de  que  nem  mesmo  se  conhece  a  na- 
cionalidade, havendo,  apenas,  a  prcsumpção  de  que  sejam  portuguesas 
ou  bespanliolas  algumas  dVIlas. 

Como  disse,  pedias,  c  foram-me  graciosamente  concedidas  pelo  fai- 
lecido  sulino  Seyd  Hamiid  bin  Mahomed,  por  amável  intervenção  dn  já 
também  fallecido  primeiro  ministro  de  S.  A.  Sir  William  Matfaews. 

Kssas  duas  peças,  de  muito  difBcil  transporte,  pois  são  do  peso  àf- 
algumas  toneladas,  fíearam  esperando  o  ensejo  favorável  da  passagem 
por  aqui  de  algum  navio  de  guerra  que  pudesse  levá-las  para  Lisboa. 

8ó  em  1902,  quando  succedeu  aqui  sur^r  o  cruzador  *S.  Gabriela, 
o  seu  commandante,  Sr.  Capitão  de  Mar  e  Querra  Azevedo  Gomes, 


byCOO^^IC 


o  AHCBE0L06O  Português  2Sfi 

solicitado  por  miai  para  as  tomar  a  sen  bordo,  da  melhor  voutade 
e  com  o  maior  interesse  se.  prestou  a  transportá-las,  e  pôs  á  minlia  dis- 
posição um  troço  d^  mariíiheiroa  quo,  dirigidos  pelo  Segimd o  Tenente 
Nunes  Ribeiro,  e  trabalhando  debaixo  de  um  sol  ardente,  coadjuvados 
por  gente  das  Obras  Publicas,  guiada  pelo  seu  engenheiro  director, 
conseguiratn  levar  as  peças  ao  cães  da  alfandega  e  passá-las  a  um 
lanchSo  e  iça-las  para  bordo  do  aS.  Gabriel»,  com  muito  trabalho, 
mas  sem  nenhum  desconcerto. 

I>emorou-ae  a  remessa,  mas  não  era  faina  aqiiella  que  eu  coniiaase 
do  pessoal  de  uni  navio  mercante; 

£  as  duas  peças  lá  estSo  tigiirando,  a  par  das  tros  primeiras,  do 
Hiisen  de  Artilharia. 

Desculpe  Y.  que  tanto  tempo  lhe  haja  tomado  com  esta.historia, 
que  como  reclamo  nunca  fíz,  nem  faria  conhecida;  mas  que  hoje  se 
torna  necessário  fazer  publica,  para  que  se  não  pense  que  a  tanto  ha- 
viam chegado  o  meu  desleixo  e  desamor  pelas  cousaH  vetustas  mas 
gloriosas  do  meu  país,  que,  deparando-se-me  ellas  mais  ou  menos  aban- 
donadas, nem  o  minimo  cstiirço  empregara  para,  no  todo  ou  em  parte, 
as  resgatar  do  desprecio  e  do  olvido. 

Com  a  publicação  d'esta  carta  no  seu  Diarlu  e  que  solicito  espero, 
me  confesso  desde  já,  com  a  maior  consideração  e  estima,  de  V. 
ete.,  António  d.  Ferreira  de  Castro. 

(Diário  de  NMícim,  ilo  2  iie  Juuho  de  1'JOÕ). 

7.  Mnseu  do  Porto 

Fechou  hoje  o  museu  da  Rua  da  líestauraçSo,  tendo  sido  removidas 
todas  as  collecçSes  para  as  novas  dependências  da  Biblioteca  Publica, 
onde  se  trata  da  respectiva  installação.  Vem  a  propósito  recordar  que 
foi  o  inglês  João  Allen  quem,  em  1838,  mandou  construir  o  edificio  da 
Rua  da  Restauração  para  ali  installar  as  suas  coUecçSes.  Em  1858, 
quando  a  Camará  comprou  o  mnseu  aos  herdeiros  do  fundador,  eêrca 
de  duas  centenas  de  quadros  tiveram  de  ser  recolhidos  no  edifício  dos 
Paços  do  Concelho,  onde  ainda  existem.  Em  18Õ2  abriu-se  o  museu  ao 
publico,  e  só  agora,  volvidos  Õ3  annos,  se  conseguiu  a  sua  transferencia. 

Pensa-se  em  restringir  o  museu  ás  secções  das  bellas-artos,  artes 
decorativas,  archeologia,  ethnographia  e  reproducçítes,  visto  que  em 
breve  serão  franqueados  ao  publico  os  gabinetes  da  historia  natural, 
no  edifício  da  Academia  Polytcchnica. 

{Diário  de  Natidat,  de  21  de  Julho  de  1900). 

Pedro  A,  de  Azevedo. 


byCoo^^lc 


o  ArCHEOLOGO  POHTUGUfiS 


Biblio^rapliia 

■ellfltfe*  d«  L.u»IUtBl«.  por  J.  Leite  de  TasconcelloH,  rol.  )i,  lÀn- 
boa,  1905. 

O  vol,  I  d'esta  obra,  como  «e  disse  n-0  ArcA.  Port.,  ni,  272,  refere-se  mm 
temiioB  prehistoricoB. 

(.)  vol.  it,  que  saiu  agora  <lo  prelo,  refere-se  aos  tempos  protohistoricu, 
isto  é,  aos  que  decorrem  desde  a  época  prehistoríca  até  &  época  romana  exdasi- 
vamente.  Consta  do  segninte : 

Preliminares: 

DefinÍQfio  de  Protohistoria.  Methodo  seguido  nesta  obra. 
Â)  Elementos   de  investigaçSo  (autores  antigos,  monomentoii,  tra- 
diçío); 

B]  Cíeographia  da  Lusitânia  protohistorica; 

C)  Etbnologia  lusitana:  ethnogenia  e  etlmograpbia. 

SecçÀo  i;  Divindades,  crenças  e  cultos. 
I.  Phenomenoi  c^stM  e  attnospherieos. 
n.  &  tarra;  montai,  mataei  a  pedrai. 
m.  Botfnes  «agradei:  plantas  em  geral. 
IV.  EndorelUens. 
T.  Atégina. 
VI.  Danaaa-Màas. 

TU.  Larei,  Hymphae,  nomina,  dii  deaaqna. 
Vm.  Ganioi,  Tntala. 
IX.  Beira-Diar  a  ilhas. 
X.  Rios  santos. 
XI.  Fontes  lantas. 
XH.  Havia. 

xm.  Animaes  sagrados. 
XIT.  Trebamna. 
XT.  Rnnesocasiiii. 

XVI.  DiTindadei  gaerreírai.  Usai  religiaioi  na  gnarra. 
XVn.  Divindades  de  caracter  incerto. 

O  resto  da  secção  i  (coito  dos  mortos)  e  a  secção  ii  (diversos  actos  reli- 
giosos e  formas  cultuaes)  passarão  para  o  vol.  iii,  que  vai  entrar  no  prelo. 

O  vol.  II  consta  de  xx-376  paginas,  tem  um  indíce  metbodico  no  principig, 
c  vários  Índices  alfabéticos  no  fim,  e  está  adornado  de  dois  mappas  e  três  estam- 
pas, e  82  gravuras  no  texto. 

Casta  2tOCIO  réis,  e  vende-se,  com  o  vol.  t,  na  Antiga  Casa  Betlrand, 
Chiado  75,  Lisboa. 


Dig,l,z.cbyG0í>3lC 


o  Akcheolooo  FortcquÊs 


o  Arclieologo  Portaguôs — 1905 
Br^ifto  blbllofraphlco  das  permutas 

(ContluuntlD.VIil.  u  Arth.  PtH..  I,I39) 

L'Aiili  dea  Honamonta  «t  áM  Arta;  vol.  m,  1.*  parto,  ii."  106.  Entro  outros  ar- 
tigos traz  os  Rcgnintcs :  La  fontaint  de  Nima  rin  1744  (i-oin  imia  planta) ; 
Subêtrueíiotu  du  fjourrt  fiodal:  l)e»erÍption  du  grand  monument  rnmaiii  du 
CoUège  de  Franee,  por  Ch.  Normanil.  Este  artigo  licsctrcvc  an  vcatigios  1)0 
um  grande  cUifieio  romano  porcularineutu  explorado  debaixo  daii  niaa  du 
Paris,  naN  CL'ri^aaia!<  do  Colíège  ife  Fraiice,  por  ineio  de  poços  de  sondagem 
e  algumas  galeria"  abertas  entre  aqiieltes,  com  o  propósito  ll<^  consertar 
intacto  o  piso  das  mus.  Assim,  por  ilK^io  de  plantas  parciaeR,  conseguiram 
ver-Bu  as  substmeçíSeR  de  uma  grande  sala  eircidnr  eom  17  metros  do  ilia- 
metro,  eonstantes  de  pilares  de  hypoeaiístoi',  de  tubos  ôeos  de  barro  cozido, 
emfim,  de  variou  outros  materiaes  da  epoea  romana,  que  tornavam  provável 
a  existenria  naquellc  sitio  de  um  extabeleeiuiento  de  banhos.  O  autor,  em 
&vor  da  importância  de  todos  os  achados,  na  apparcneia  rnixlcstiis,  diz  que : 
•ancnn  établissomeut  thermal  n'étant  intact  claos  TEmpire  romaia,  on  ue  peut 
se  faire  idée  du  ee  genro  d'é(lífieeK  qu'eii  raprochant  les  dlspositions  d'é<li- 
fices  do  divcTses  régions».  Uma  das  autigualhas  recolhitlas  é  um  capitel  ile 
caracter  jónico,  mas  que  nilo  dujxâ  <le  lembrar  os  composit<is  pela  omanien- 
taçXu.  Tem  as  volutas,  no  olho  d'estn»  uma  ro.sacea;  os  balaustres  »io  im- 
bricadiis  na  su|)erficie,  11  que  ê  frequente  na  omameutaçilo  gallo-romana. 
Has  debaixo  das  volutas,  o  cesto  u  as  molduras  são  cobertos  de  ornatos  era 
qne  me  parece  vci  <>  acanto  em  fidha.  E  isto  é  commum  eui  épocas  baixa.'!. 
Ora  di>  que  eu  me  lembrei  cm  face  <risto,  fi>i  do  capitel  doVíanna  do  Alem- 
tejo  {ArtA.  Port.,  ii,  p.  291),  c  n&o  para  o  desclassificar  da  espeeie  em  que 
o  introduzi.  Effeoti vãmente  o  capitel  de  Vianna  é  jónico. 

Retalhando  um  bocadinho  da  bibliograpbia :  O  Arehtologo  1'ortii^ta,  vol.  11, 
«.*  a  aS.  On  pablie  ãan»  V ArehéiAogut  Porhigai»  Vinventaire  deã  monumtnt*  et 
anliquiUg  de  Portugal,  avec  grande  loxnt  et  une  nobie  eoHãlanc*.  Na  nossa  cara 
pátria  só  44  pessoas  dSo  algnma  coisa  por  este  conceito  d-0  Arehtologo. 
RsTUta  de  ArchiToa,  Biblioteca!  rHaaeoi;  N.ol.%  Janeiro  de  190õ.  Summarin: 
I — lÀbro  de  la  Cofradia  de  Caballerot  de  Santiago  <le  la  Fuenlr,  por  el  M^ 
de  Lanrencin.  II — La  e:epediei4n  à  Granada  de  los  infante»  D.  Jitan  y  D.  Pe- 
dro em  1319,  por  Andrés  Gimencz  Soler.  III — Tms  eteuUurtu  dei  Cerro  de 
le*  Sanloê,  por  José  Bamón  Melida  IV — Relaàáa  deterittca  de  lot  mapa», 
■  plano»,  etc.,  de  la»  antigua»  audiência»  de  Paiuuná,  Santa  Fé  y  Quilo,  {lor 
Pedro  Torres  Lanzas.  V — Rodrigo  Alfotuo  y  sus  hijot,  por  Narciso  Hcrgueta. 
VI — El  cronúta  de  Herrera  y  ri  Ârchidvqne  AUterto,  por  Alfrcd  Morei  Fati». 
VII  a  XII — Notat  bibliographiea»,  cariedade»,  etc.  Traz  cinco  folhas  soltas 
com  reprodncçSes  das  illuminuras  do  Livra  da  Confraria  dos  Cavalleiros  de 
Santiago  de  la  Puentc,  e  uma  photogravnra  de  cabeça  do  Cerro  de  los  Santos. 

N."  2,  Fevereiro  de  1905.  Snmmario:  I — Lot  Vela»quex  de  la  casa  de  Villa- 
iermota,  por  J.  Ramón  Melida.  II — Leyenda»  dei  ultimo  rey  godo,  por  J.  Me- 
néndez  Pidal.  III — Doe.  dei  tnona»t.  de  S-"  Otu  de  Valrárcd,  por  L.  Serrano. 
\X— Endecha»  de  lo»  judio»  etpt&ole»  en  Tanger,  por  &.  Hcnéndcz  Pidal  e 


byCoOglc 


280  O  Abcheologo  Pobtdouís 

J.  Bi^unlicl,  V — Libro  de  la  cnfradia,  ctu-,  como  acima.  VI  —  Vida  y  voiíat 
de  IJ.  J.  António  Coiidf,  por  Puilro  Rouit.  VII  a  XI — Documento»,  nota»  bíUio- 
grapkica»  (Eetai  vir  VÃrt  tt  l'Indu»tríe  ek  l'Espague  prànUioe,  por  Pierre 
Paris),  ctc.  Vidorixam  ente  faeeií^ulo  seis  magnificas  phototypiaB  de  quadror 
(Ic  Velásquei 

S.*  3  i;4,  Março  e  Abril  de  1905.  Summario:  I — Monumatto»  de  la  eiudaá 
de  Jaen,  por  D.  R.  Amador  de  loe  Rios;  eacrito,  em  que  ee  descreve  o  ca»- 
tello  arruinado  de  Jaen  e  partlcidarmente  uma  capella  que  ae  conaerva  ihi 
meio  d'aqueIlaB  ruiiiHH,  itigna,  BCgundo  o  autor,  de  ser  classificada  monu- 
mento nacional.  O  tecto  da  ciijiula  í  interiormente  ornado  com  estuque» 
trabalhador  por  artietae  mudejaree  que,  certamente,  apesar  de  reconquis- 
tada a  cidade  poloa  chrititãos,  coatiunaram  exercendo  nella  livremente  a  í'Qa 
arte  e  em  trato  contínuo  com  os  granadinos,  de  quem  recebiam  múnos  de 
toda  a  eepecie.  O  autor  attribue  pois  esta  decoração  ao  tempo  do  rei  saUn, 
Afonso  X.  A  par  d'iiit(i,  outra  capella  ha  na  cidade  pela  conservação  da  qual 
bradaram  generosamente  os  membros  da  ConunissSo  FrOTÍncial  de  Honn- 
mentoH,  a  Real  Academia  de  Bcllas  Artes  de  Villa  Fernando,  e  interpfis 
a  sua  rccommendaçilo  a  Real  Academia  de  Bistoria,  couseguindo-ee  a^sim 
a  intervenção  do  Sr.  Romcro  Robledo,  cntilo  ministro  do  reino,  para  m anila t 
suspender  a  rctiolufilo  municipal,  por  ciya  força  ia  ser  destruída  a  capella 
chamada  do  Arco  df,  S.  Lourenço.  A  seguir  a  estes  esforços,  foi  declarada 
monnmento  nacional,  entendendo  porém  o  Sr.  Amador  de  los  Rios  que  o  mé- 
rito d'eBta  ermida  de  Jesus  Nazareno,  muito  inferior  á  da  outra  de  SaoM 
Catariua,  ac  cifra  no  pouco  que  tem  de  mudejar.  O  autor  suppSe  do  fim  d» 
do  Bee.  XV  eitta  eonítrucção.  Do  meio  d'eBte  século  é  ainda  o  palácio  do  con- 
destavcl  D.  Miguel  I.ucas  de  Iranzo,  palácio  em  que  «hnbieron. . .  de  extre- 
mar BUS  primores  segun  el  tiempo,  cl  estilo  ojival  j  el  mudejara.  Quatro  pfao- 
togravuras  illustrain  este  artigo.  II — El  maravedi,  por  D.  Narciso  Sentenach- 
III~Z>e  la  eiieuademaciàii,  pelo  Conde  de  las  Navas.  IV — ZlocunicRtoj  dtl 
lao/tumenlo  de  S.'"  Cru!  de  Valeárcel,  por  L.  Serrano.  V — Legenda»  dei  ultimo 
rey  godo,  por  J.  Menéndez  Pidal.  Yl~Medaliat  dei  principe  D.  Felipe  y  de 
Juacelo  Tun-iaiio,  por  A.  Herrera.  VII  a  XII— Docamenios,  Bibliographia. 
títc.  Atem  daK  photogravuras  a  que  nic  refiro  acima,  tem  as  que  acompa- 
nham os  segundo  e  eexto  artigo. 
Hotes  d'an  et  d'arGhóologie ;  d."  3,  Março  de  IdOii.  Texto :  Une  vinte  dons  te* 
iglUe»  de  Pari»  {André  Hallays).  O  autor  demonstra  que  «chaque  époqne 
de  Tart  français  est  rcpri^Benté  à  Paris  d'une  façon  plus  ou  moina  complete, 
par  un  ou  pliisieurR  ódificee  rcligieux>.  O  primeiro  corpo  de  edificio  por  or- 
dem de  antiguidade  6  du  sec.  ii;  são  a  torre  e  portal  de  Saint  Gennain  de» 
Prés.  DevaEtações  e , . .  re st aurações- devas taçSes  encontram-se  por  li  nome- 
rosas.  Deux  ttatuette»  de  VAmionciation  à  AUnnne  (EugÉne  MfiUer),  otc.Tem 
as  figuras  das  duas  imagens  que  o  autor  reputa  do  sec.  xt. 

N.*  4,  Abril  do  1005.  Texto:  Uiie  expotition  ritrogpeeíive  à  Ijyon  (Saiute 
Mari<;  Perrin);  Une  visite  dant  let  igliie»  áe  Pari»  (A.  Hallafs);  BuUvtin,  «o- 
te»,  calendrier,  ctc.  Tem  onze  photogravuras. 

N."  5,  Maio  do  1905.  Texto;  Écwtít,  ton  dtaiwu  a  toa  égU»e  (A,  KeUer); 
Imprettiom  êur  Ilrugee  (M.  D.  de  Monchaux);  Vne  vittie  dan»  lu  íglitet  de 
Pari»  (A.  Hallajs);  Bihliographie,  notes,  eaUndrler,  ete. 

P.  A.  P. 


byCOO^^IC 


rOL.  X  OUTUBRO  A  DEZ.  DE  1905         N."  10  A  12 

O  ARCHEOLOGO 
PORTUGUE:© 

COILBCÇXO  ILLUSTRADA  DE  lATERMES  E  KOTICIiS 


PUBLICADA  PELO 


MUSEU  ETHNOLOGICO  PORTUGUÊS 


Velefwn  votvens  monumeiíta 


LISBOA 

IMPRENSA  NACIONAL 

1906 


Di„i„«b,Googlc 


e-cns/cn^j^TtXQ 


Ob  GR0VIO3:  287. 

ToKRE  DE  Qdintella  :  292. 

BEOIUENTO    das    marcas    da   moeda    NAS    CIDADES    DE    MlBAXDA   £ 

Lagos:  295. 
Medalhas  dedicadas  i  Infanta  D.  Catharina  de  Bragança, 

Raisha  de  Inglaterra:  301. 
Antiguidades  prehistoricas  da  Beira:  312. 

AlOCNS  DOCUMKNTOS  para  a  historia  da  AGBICLXTURA  E  da  NA- 
VEGAÇÃO: 314. 

FiBULA  transtagana:  320. 

Museu  do  patriakchado  :  322. 

Dolmens  no  concelho  de  Murça:  335. 

O  Santuário  de  Terena:  3í8. 

Catalogo  dos  pergaminhos  existentes  no  archivo  da  Insigxe 
E  Real  Colleoiada  de  &uiharIes;  344. 

Contos  para  contar:  358. 

O  castello  de  Braga:  375. 

AcquisiçOes  do  Museu  Ethnologico  Português  :  379. 

Onouastico  medieval  português:  383. 

MiSCELLANEa:  396. 

BiBLinGRAPHiA:  405. 

Registo  bioliograpuico  das  permutas:  407. 


Este  fascículo  vae  Ulustrado  com  30  estíUDpas. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ARCHEOLOGO  PORTUGUÊS 

COLLECgiO  ILLUSTRADÍ  DE  lATERIAES  E  HOTICliS 

MUSEU   ETHNOLOGICO  PORTUGUÊS 

VOL.  X  OUTUBRO  A  DEZEMBRO  DE  190B         N."  10  A  19 

Os  Grovios 

Entre  os  povos  que  noB  tempos  protobistorícos  habitaram  o  NE, 
da  Ibéria  contam-ee  os  «Groviosi,  mencionados  nas  obras  de  Pom- 
ponío  Mela  (meados  do  sec.  i  da  E.  C),  Plínio  o  Antigo  (23--f  79  da 
E.  C),  Silio  Itálico  (25-i-  101  da  E.  C.)  e  Ptolemeu  (princípios  do 
sec.  II  da  E.  C). 

De  todos  estes  AÃ.  o  qne  dá  noticias  miús  minueiosas  é  Mela.  EKz 
elle  que  os  Grovii  se  estendiam  pelo  território  que  vai  desde  o  Diiriu» 
tDonro»  até  o  primeiro  dos,^e;cus  que  elle  assinala  ao  longo  da  costa 
gallega,  a  partir  d'aqneUc  rio,  e  no  qual  desagoam  os  rios  Laerot  ou 
Iterou  «Lerez»  e  UUa  «Ulla».  Todavia  apenas  diz  que  nesse  terri- 
tório corriam  os  rios  Avus  lAven,  Celadui  tCavadò>,  NaebÍ8  «Neiva», 
Lhnia  cLima*  e  Minius  tMiaho*'.  Na  concepção  geographica  de  Pom- 
ponio  Mela,  os  Grovios  occupavam  conseguintemente,  pelo  menos,  parte 
das  regiSes  que  depois  se  denominaram  Galliza  e  Entre-Douro- 
e-Minho. 

Para  Plinio,  que  é  um  pouco  menos  antigo  que  Mela,  os  Grovios 
estendiam-se  também  até  alem  do  rio  Minho.  Numa  enumeração  ethno- 
graphica  que  elle  faz,  do  Norte  para  o  Sul,  menciona  os  Grovios  antes 
do  castello  de  Tifãe:  a  CilenU  conventus  Btticarum,  Helleni,  Grovi, 


'  Mela,  III,  I,  ao  enumerar  os  tíos,  colloca  ÍDexactameQte  o  Limia  depois 
do  Mimu»,  ao  paoBO  que  todos  ob  outros  oa  colloca  na.  snccessSo  natural,  do  Sul 
paia  o  Norte:  Avut,  Celadu»,  Naebit,  Minius  et  eui  oblivúmit  cognomen  eM  Limia. 
Fei  iato,  nlo  por  Crro,  oias  por  ter  de  juntar  nm  epitheto  a  lAmia  ('cui  oblivionia 
cognomen  eati),  e  ficar  poia  melhor  no  fim  a  menção  do  rio,  parn  so  arredondar 
oratoríamente  o  período.  Se  elle  adoptaaae  a  ordem  natural,  a  escrevesse  Minins 
depois  de  Limia  e  da  fraae  qac  lhe  está  adjunta,  o  período  nSo  eeris  tSo  eonoro. 


byCOO^^IC 


288  O  Aecheologo  PoaTuôuÉs 

castellum  7\/ãe,  isto  ê:  <a  partir  dos  Cilenos  fica  o  convento  joriâico 
dos  Bracaros,  com  os  Helenos,  os  Grovios  e  o  castello  de  Tuy»*. 

Quanto  a  Ftolemen,  este  autor,  depois  de  citar  os  Bracaros,  ramo 
dos  Call^cos,  e  antes  de  citar  os  Vacceus,  cita  vagamente  ama  serie 
de  povos,  nm  dos  quaes  é  o  dos  rpcuíbw',  isto  é,  GrOviobch,  gene- 
tivo  de  Gkovii  ^  Tfoòioi. 

Silío  Itálico  diz  qae  os  Grovios,  nome  qae  elle  altera  em  Gravii 
tGravios*,  ãcavam  para  lá  do  rio  Limia  «Limai^  A  aJteraçXo  do 
nome  provém  de  Silio  suppor  falsamente  que  os  Grovios  provém  dos 
Graios  ou  Graii  «Gregos»*.  Todavia,  como  refere  que  entre  as  tropas 
reunidas  por  Haunibal  contra  os  Romanos  iam  os  Oraeii  (lede  Grovií) 
mandados  pela  cidade  de  Tuy",  vê-ee  que  elle  atttibue  também  a  este 
povo,  como  era  natural,  territórios  na  Galliza. 


Curioso  é  notar  que  na  toponímia  moderna,  tanto  do  Entre-Donro- 
e-Minho  e  da  Beira  como  da  G&iliza,  ha  uma  serie  de  nomes  qae, 
segundo  todas  as  apparencias,  se  relacionam  etjmologicameute  com 
o  nome  ethnico  OROVlt.  £i-los: 

Gróvia,  nome  de  uma  povoação  (S.  JoSo)  na  freguesia  de  Labrnja, 
concelho  de  Fonte-de-Lima,  e  de  um  sitio  na  freguesia 
de  Linhares,  concelho  de  Paredes- de-Coura; 
Grobia  e  Grobea,  nomes  de  povoagSes  ua  província  gallega  da 

Corunha; 
Groiva,  nome  de  uma  herdade  no  concelho  de  Fafe; 
Qróvos,  nome  de  uma  povoação  no  concelho  de  Amares; 
Grova,  nome  de  povoaçSes  nos  concelhos  dos  Arcos,  de  Melgaço, 
de  Amares  (duas),  de  Povoa-de -Lanhoso,  do  Marco-de- 
Canaveses  e  de  Santo  Tirso,  e  na  província  gallega  de 
Orense;  e  nome  de  uma  leira  na  freguesia  da  Arosa, 


*  NaL  Hút;  iT,  112. 

'  GMffrapkia,  II,  6,  44. 

'  , .  super  Graviot  luoentii  volvit  harenaê.  Vide  Punieorum  lib.  i,  t.  23i>. 

*  . .  Graviot  viotalo  mnaine  Graium.  Vide  Punieorum  líb.  iii,  336,— Cf.  Plínio, 
Nat.  Bití.,  IV,  112  (•Graecorum  sobolis  oiniiia>). 

*  Oeneae  miscre  domua  Âetolaqae  Tydt. 

Vide  Punicormn  lib.  tii,  v.  377.— Silio  Itálico  attribue  a  l^de  urigem  gre^, 
baseado  ua  fortuita  semelhança  phonetica  qne  existe  entre  Tyde  on  Tuãr.,  nome 
local,  isto  é,  •Tuja  (cfr.  HUbner,  Mon.  Ung.  fber.,  Índice,  s.v.)  e  Tt/dau,  filho  de 
Oeneue  e  pae  de  Diontédeê,  rei  da  Aetolia. — Sobre  esta  &ln  noçto  cfr.  BdigiSt* 
da  Luritania,  n.  56. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÂBCHEOLOGO  PORTDOtlAs 


ooDoeLho  de  ÕnimarJles,  de  um  casal  uo  coocelho  de 
Melgaço,  de  uma  quinta  ou  habitaçíLo  no  concelho  de 
SinfSes,  e  de  um  BÍtío  no  logar  de  Albergaria,  freguesia 
de  S.  João  de  Sá,  concelho  de  Monção  (ha  também  no 
concelho  de  HonçXo  pessoas  com  este  appellido,  o  qual 
tem  evidentemente  origem  geographioa) ; 

Groba,  nome  de  povoações  nas  proviacias  gallegas  da  Corunha 
e  Orense; 

Grovas,  nome  d6  povoaçSes  nos  concelhos  deVianna  do  Castello 
e  Felgueiras,  e  na  província  gallega  de  Orense ; 

Orobas,  nome  de  povoações  nas  províncias  gallegas  de  Ponteve- 
dra  e  Corunha; 

Qrove,  nome  de  poToaç3es  no  concelho  de  Valença,  e  na  província 
gallega  de  Pontevedra  ',■ 

Qrobe,  nome  de  povoaçSes  nas  províncias  gallegas  da  Corunha  e 
Lugo; 

Groves,  nome  de  mna  povoaçAo  na  provinda  gallega  de  Ponte- 
vedra. 

Com  aspecto  de  diminutivo  temos: 

Grovellas,  nome  de  uma  povoação  no  concelho  de  Ponte-da- Barca, 
e,  com  a  pronuncia  de  Gorvellas  ^sto  é,  gurv-),  nome 
de  um  sitio  na  freguesia  de  Formariz,  concelho  de  Pa- 
redes de  Coura. 
Notarei  que  em  gsWego  alterna  na  escrita  v  com  b;  por  isso  os 
nomes  que  ha  pouco  representei  com  b,  segundo  a  maneira  como  os 
a<^ei  escritos,  podiam  também  representar-se  com  v^  de  acordo  com 
a  graphia  dos  nomes  portugueses  que  lhes  correspondem.  Por  outro 
lado,  como  no  português  interamnense  e  beirão  o  ti  soa,  ou  pode  soar, 
5,  também  eu  nSo  erraria  se  escrevesse  com  b,  i  maneira  gallega, 
todos  os  nomes  portugueses  citados  acima*. 

Quando  digo  que  ha  razSes  para  crer  que  os  nomes  modernos  se 
relacionam  com  os  antigos,  não  quero  affirmar  que  todos  aqnelles  pro- 


1  Conata-me  qae  em  vec  de  Grove  (Valouça)  se  diz  também  Gróvia. 

>  As  minhas  fontM  de  iufbrmaçSo  foram:  p&ra  a  toponjmia  portuguesa,  pría- 
dpalmente  a  Chorograpkia  moderna  do  reino  de  Portugal,  de  J.  M.  B&tÍBtii,Tol.Ti, 
Lisboa  1878  (digo  príndpalmeatt,  porque  algnns  nomes  outí-ob  eo  próprio  pro- 
DOnciar,  e  ootros  devo-os  á  indicaçlo  de  pessoas  fidedignas) ;  para  a  topoaymia 
gallega  as  segaintes  obras :  NomaiekUor  de  Galieia,  por  D.  Emílio  Flatas  y  Borde, 
lia  CotQua  1873,  e  Dioe.  gtogr.  y  pottal  de  Etpaha,  pablicado  por  la  DirecciÓD 
General  d«  Correos  y  Telégrafos,  Madrid  1880. 


byGoot^lc 


290  O  Abcheologo  Pohtuqdês 

Venham  ítnmediatamente  de  Grovii,  pois  os  nomes  modernos  apre- 
sentam quatro  typos,  abstraíiindo  dos  snppostos  pluraes,  do  demÍQDtivo 
e  das  variantes  phonetico-orthographicas :  Gróoia  (e  Groioa),  Gfrova, 
Grove  e  Gr  ovos. 

Sem  dúvida  as  fórmas  minhotas  Orovia  e  Groiva  podem  explicar- 
se  pelo  feminino  singular  de  Qrovii,  isto  é,  por  Grovia,  fónoa  b&> 
mophona  cora  a  primeira  d'aqtielias,  e  que  realmente  apparece  como 
nome  de  mulher  numa  inscripçSo  galleco-romana '.  Qaanto  aos  ontros, 
isto  é,  a  Grova,  Grove,  e  Grovos,  posto  que,  com  algnm  esforço,  fosse 


'  Corp.  InKT.  Lai.,  ii,  2550. — CouTein  prevenir  uma  objecf&o.  Pôde  pergon- 
tar-ae  potqne  é  qae  devendo,  nama  eipIicaçSo  etimológica,  reparar-oe  ee  eU« 
obedece  od  oSo  ia  leis  pboneticaB,  nos  apparece  a  forma  Orória,  qnando  temos, 
a  par,  Groiva,  o  na  liogua  commuin  temos  noiva,  do  lat.  *DOTÍa  (deriv-  de 
novos),  e  goiva,  do  lat.  gubia. 

A  resposta  £  fácil-  Grávia  é  do  Alto-Minho,  e  nesta  regiSo,  em  certas  loca- 
lidades, o  fallar  portnguès  apresenta  algons  caracteres  qae  sSo  eonamoiiB  ao  g»l- 
lego.  Assim,  no  coocelbo  de  Coura,  vizinho  do  de  Ponte-de-Lima,  a  que  pertence 
Qrávia,  ouvi  dizer: 

mito  ou  ruflo  (a  par  do  mtt»,  ou  com  b),  como  em  gallego  moderno  nábio, 
ant.  rucio,  que  vem  na  Crónica  Troiana,  texto  do  sec.  xiv,  publicado  por  Hat- 
tÍDCz  Salaiar,  t.  n,  La  ComBa  1900,  glossário; 

chuhia  ou  ckuvia  (a  par  de  chuva,  ou  com  6),  como  em  gallego  modem»  eili»- 
bia,  ant.  chtvia,  ehuvea  e  chovea,  que  vem  na  citada  Crónica  Troiana; 

rabia  on  rávia  (a  par  de  ratva,  ou  com  b),  que  creio  ee  encontra  também  na 
expressão  gatlega  ariol  d-a  rabia,  citada  por  Valladaiea  y  NoSez  no  Dieàmuirio 
gaUego-catt.,  Santiago  1884,  p.  479. 

No  próprio  concelho  de  Ponte-de-Lima  se  diz  chtAia  ou  ehuoia,  que  contrasta 
com  ehuiva  (are.  e  pop.  noutras  regiões)  e  cAum.'  vid.  os  meus  Dialecto»  Inte- 
ramnente»,  iv,  8.  Na  linguagem  de  outros  concelhos  do  Alto-Hinho  se  encontra 
também ;  rabiar,  em  Melgaço,  e  chabia  em  Soi^o,  como  mostrei  nos  Diaieeto* 
Inttrammnetê,  ii,  11,  e  ii,  18. 

8e  estes  &ctos  do  fallar  alto-minhoto  concordam  com  os  que  se  observam  em 
gallego,  temos  no  portnguSs  commum  factos  discordantes  dos  qae  se  observam 
aqui:  port.  goiva,  gall.  gubia;  port.  Loivo  e  Loivoã  (nomes  geograpfaicos,  talvez 
derivados  do  lat.  loba  ou  *Iobus  =  gr.  XoSic),  gall.  Lobio  e  IjAio», 

De  tudo  resulta  que  o  dltongo  crescente  ia  se  mautem  no  fallar  gallego, 
e  tem  ignalmente  tendência  a  manter-ae  ao  fallar  alto-minhoto,  ao  passo  que  no 
baiio-mínhoto  e  no  fallar  commum  ou  litterario,  que  tanta  influencia  exerce  nas 
linguagens  provincianas,  esse  ditongo  »e  desfiu,  paasando  o  í  a  formar  ditongo 
decrescente  com  a  vogal  tónica  anterior;  isto  é:  vog.  ton. -j-cons.  4'ú>dit, 
de  Bubjnnctiva  t  -|-  cons.  -{-  a,  por  ei.  rávia  >  raiva. 

Por  tanto  comprehende-se  que  no  Alto-Minho  (em  Pont«-de-l4ma  e  Coura) 
se  diga  Qrávia,  e  qae  no  Baixo-Minho  (em  Fafe)  se  diga  Groiva. 

Mesmo  que  no  Alto-Minho  nos  apparecesee  ama  fótma  sem  ditongo  crescente, 
isso  uSo  seria  estranho,  em  virtude  da  acçBo,  que  acima  notei,  da  língoa  coita. 
Em  tal  caso  estaria  *GroiveUa»,  de  que  fállo  mús  adeante. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  Pobtdgués  291 

ainda  possível  reduzi-los  phoneticamente  a  Grovii,  nSo  tentarei  isso, 
o  prefiro  dizer  que  elles  provém  do  mesmo  radical  de  que  provém 
Grovii,  que  tem  apparencia  adjectival  (sing.  masc.  Grovius,  fsm, 
Grrovia,  pi.  masc.  Grovii). 

O  facto  de  haver  Grovaa  e  Qrovea  a  par  de  Grova  e  Qrove  faz  crer 
que  as  duas  primeiras  formas  são  meros  pluraes  das  duas  ultimas;  por 
outro  lado  a  forma  Grovos  presuppSe  o  sing.  *Grovo,  que  estaria  para 
GVotwj  na  relação  de  masculino  para  feminino.  Da  QrovdlaB  de  Ponte- 
da-Barca  ha  a  forma  antiga  Grouvelas,  do  sec.  xiu,  que  se  lê  três 
vezes  nas  Inquirirdes  de  D.  Affonso  II',  a  par  de  Grovdaa,  que  ahi 
se  lê  uma  vez^;  se  nSo  ha  erro  de  transcrípçSo,  e  parece  não  o  haver, 
por  isso  que  a  palavra  se  repete  três  vezes,  Grouvelaa,  isto  é,  Grou- 
vellas,  está  por  *Grotvellag  (com  a  conhecida  equivalência  antre  oi  e 
ou,  como  em  Doiro  <  >  Douro,  do  ant.  Dorius=Durius},  e  ^Grm- 
vellas  é  deminutivo  de  Groiva  ou  Groivas;  se  ha  erro,  e  Grovelas,  isto 
é,  GfroveUoê,  é  a  forma  legitima,  esta  é  deminutivo  de  Grova  ou  Grovaa. 
Mas  o  mais  provável  é  que  Grouvelat  seja  forma  anterior  a  Grovdas, 
posto  que  eu  julgue  insólita,  no  fallar  do  Minho,  a  substituição  do  di- 
tongo  ou,  embora  antes  de  v  (<  >  i),  por  o*. 

Tanto  esta  variedade  de  nomes,  como  a  sua  área  geographica  e  as 
differenças  grammaticaes  de  número  (singular  e  plural)  e  os  deminu- 
tivos,  mostram  que  a  palavra  fundamental  era  na  origem  substantivo 
commum;  pena  é  que  não  se  suba  a  sua  significação. 


Se  por  um  lado  o  nosso  espirito  se  compraz  de  observar  como  do 
nome  de  um  povo,  que  viveu  em  eras  remotas  no  Noroeste  da  Lusitânia 
e  cuja  existência  nos  é  apenas  revelada  por  algumas  noticias  respigadas 
em  emmaranhados  textos  de  autores  greco-romanos,  resta  ainda,  em 
virtude  da  tenacidade  da  tradição,  um  eco  tão  vivaz  no  onomástico  mo- 


'  Port.  Moa.  Hial.,  •Inquiaitiones*,  pp.  37,  117  e  335.  Segando  as  Inquiri- 
ções, Grouvda»  âcava  na  terra  de  Ãnovrf.ga  ou  Anobrega,  a  que  boje  correspon- 
dem varias  freguesias  dos  concelhos  de  Ponte-da- Barca  eVilIa- Verde:  TJd-  Port. 
Mon.  Sitl.,  alaquisitiones»,  p.  279 ;  por  isso  é  que  digo  que  a  Grocelltu  de  Ponte- 
da-Barca  é  a  mesma  das  Inquirições. 

*  Port.  Moa.  Hitt.,  ■Inquiaitionesa,  p.  188. 

í  Talvez  GrovtUoê  tenha  <Je  se  explicar,  ii9o  propriamente  por  alteraçilo 
phonetica  de  QrouveUa»,  mas  de  modo  independente.  Assim  como  na  lingoa  usual 
coexistiam  Groiva  ^  *Grouva,  e  Grova,  ttunhem  aqaelle  deminntivo  foi  ora  com 
o«  >E  oi,  ora  com  o, — isto  é  GrouceUaa  =  «Groiveiia»,  c  Grovetiat. 


byGoot^lc 


292  O  ÃBCHEOLOOO  POBTUODÊS 

demo, — por  outro  lado  ficamos  comprebendeudo  porque  é  qoe,  tanto 
qaanto  pude  averiguar,  os  nomes  modernos  de  que  se  frata  spparecem 
unicamente  na  Galliza,  no  Entr«-Douro-e-Minho  e  na  parte  da  Beira 
(Siniães)  que  confina  com  o  Douro. 

Já  Isaac  Voss,  nas  suas  Obtervationet  aã  Pomponium  Melam  notou 
de  passagem  que  o  nome  Grovii  «remanet  . .  hodie  in  insula  et  pro- 
muntorio  ad  ostíum  Ullae  fiiiminís  sito,  Orove  enim  vocatnn*,  ideia 
apresentada  também  por  Cortês  y  López  no  sen  Dice.  geogr.-hiat.  de 
la  Esparla  antigua*;  mas  nenhum  d'estes  AÃ.  levou  mais  longe  a  com- 
paração, nem  a  estendeu,  como  fiz,  por  outras  regiífes  da  Galliza  e  pelo 
Norte  de  Portugal,  mostrando  que  com  o  território  attribuido  pelos 
Qregos  e  Romanos  aos  Grovii  coincide  pouco  mais  ou  menos,  ainda 
agora,  a  área  occupada  pelos  vocábulos  tópicos  Gnmos,  Grvvia  e  con- 
géneres, como  se  vê  nos  dois  mappas  que  junto  aqtii  (est.  i  e  n). 

Fica  implicitamente,  nas  linhas  precedentes,  confirmado  mtús  ama 
vez  '  que  Gravii  é  grapbia  errónea,  e  que  a  única  verdadeira  é  Grovii. 

J.  L.  DE  V. 


Torre  de  Qnlntella 

A  5  kilometros  de  Villa  Real,  ao  sudoeste,  na  povoaçío  de  Quin- 
tella,  ba  nma  antiga  torre  de  que  se  encontram  noticias  no  Portugal 
antigo  e  moderno,  de  Pinho  Leal,  copiadas  em  vários  jomaes,  com 
considerações,  cujo  valor  histórico  não  sabemos  qual  seja. 

Ultimamente  tivemos  em  nosso  poder  um  tombo  com  os  prazos, 
que  eram  muitos,  dentro  do  districto  e  fora  d'elle,  e  obtivemos  do  nosso 
bom  amigo,  e  photographo  distincto,  António  Lopes  Martins,  uma  pho- 
tographia  da  torre,  a  qual  acompanha  este  artigo. 

Em  que  época  foi  construida  a  torre? 

A  quem  pertenceu  antes  do  sec.  svu?  Nada  se  deprehende  do 
tombo. 

Escrito  numa  calligrapbia  pouco  facil  de  decifrar,  diz-nos  que  aos 
27  de  Junho  de  1695  houve  uma  reforma  do  tombo,  em  que  figura 
como  jiúz  do  tombo  o  corregedor  Dr.  Gaspar  de  Macedo  da  Cunha,  e, 
como  escrivão  do  publico  e  honra  de  Ovelha,  Manoel  Cerqueira. 


'  PompoDÍi  Mela  De  ritu  orbit,  vol,  ii,  Lugduni  Batavorum  1748,  p.  78& 
I  'dei  nontbre  Oraviot  se  ha  derivado  él  dei  promontório  y  paeblo  de  Qrove* 
(na  Galliza).  Vol.  iii,  Madrid  1836,  p.  23.— Eete  A.  adopta  a  errada  Ijf  9o  GravH 
>  Cf.  IlvligiSe»  da.  lamtania,  n,  74,  n.  j. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


Di„i„«b,Googlc 


Áreu  geographica  doa  Gbotii,  HCgiindo  sb  iadicaçSes 
dos  ÃA.  greco-romiuioB 


Dig,l,z.cbyG0O^^IC 


Área  geographicft  das  palavras  Gròvia,  Gruva,  Qroae,  Groeos 
e  congéneres 


A  nuv  pcrti-D^vm  A»  povofif  ^i 


D,.i,„ob,Googlc 


Di„i„«b,Googlc 


o  ÃRCHEOLOGO  FOBTUODÊS 

No  tempo  em  que  se  fez  a  reforma  do  tombo  estavam  de  po3s( 
foros  pertencentes  á  torre  Pedro  Carvalho  e  sua  mnlher  Francisca 
reia  da  Uesqnita,  e  anteriormente  a  elles  D.  Simão  Correia  e  saa 
Iher  D.  Luisa  Silva.  No  reinado  de  Filipe  II  os  prazos  da  torre  fi 
possuídos,  depois  de  confiscadas,  por  D.  João  de  Portugal,  bisp 
Guarda. 

Na  reforma  do  tombo  figura,  como  senhor  do  morgado,  o  c 
do  Vimioso  D.  Francisco  de  Portugal,  sobrinho  da  condessa  D.  M 
Margarida  de  Castro  e  Albuquerque,  sua  tia  tutora  e  administra 
na  sua  menoridade. 

No  frontispício  do  tombo  encontra-se : 

TONBO 

DO  MORGADO  DA  TORRE  DE  QVINTELA 

SICTA  NO  TERMO  DE  V*  RIAL 

DE  QVE  HE  DIREITO  SENHOR 

O  CONDE  DO  VIMIOSO 
DON  FRANCISCO  DE  PORTVGAL 

Por  baixo  fignra-se  uma  torre  mal  desenhada,  com  uma  oli^ 
de  grandeza  mediana  no  telhado. 

Inferiormente  &  figura  leem-se  dez  versos,  repartidos  em  dois 
po9,  de  cinco  cada  um,  postos  em  frente  um  do  outro;  dizem  as: 

Junto  a  Villa  Bial  Dita  torre  de  Quintella 

Se  vS  hiíit  toTxe  antiga  Inda  hoje  toda  aqaella 

Q'  contra  gente  inimiga:  vesiuhança  reconhece 

Vez  hú  Conde  Portugal :  Dos  foros  o  tombo  hé  este 

Com  mil  foros  para  a  qunl  e  desta  maneira  ella. 

O  tombo,  antes  de  identificar  centenas  de  prazos,  descreve  a  t( 
uma  capella  que  existia  nesse  tempo  e  junto  da  mesma  um  tern 

tltem  bua  Thorre  forte  e  bem  obrada  de  cantaria  s  qnoal  he  i 
drada  c  tem  de  nassente  a  poente  nove  varas  e  de  norte  a  sul  se 
meya.  Item  eíncoenta  e  dua^  fiadas  até  onde  tem-has  amejas  e 
he  em  redondo  de  ameyas  e  tem  dos  coatro  cantos  cada  hum  sua 
rita  e  Varandas  e  tem  mais  a  dita  Thorre  coatro  Genellas  cada 
em  sua  fasse  com  barandas  de  pedra  esta  quadra  pêra  fora,  nSi 
pode  medir  a  altura-della  por  não  ter  sobrados  nem  se  poder  sut 
hella  a  vista  por  dentro  mostrava  ser  antigamente  de  trez  sobra 
porqnoanto  tem  Gatos  de  Pedra  metidos  na  parede  pêra  isso,  tem  i 


byGoí>^^lc 


o  Archeoloqo  Poktdqdês 


a  dita  Tliorre  quoatro  friestas  por  baixo  das  ditas  genellas  tem  hua 
porta  de  Arco  ha  entrada  a  qtioal  anttguoamente  tinha  hiJa  escada 
de  pedra  por  que  se  sobia  e  disse  Pedro  Caraalho  que  qiioando  com- 
prara as  propriedades  desta  quinta  de  qutotella  a  Guaspar  de  Seixas 
de  Afoiíseca  ia  hera  desfeita  a  dita  escada  por  Guaspar  de  Seixas  ba 
desfazer  eseaproaeitar  da  dita  pedra;  esta  Thorre  be  cabessa  de  mor- 
gado e  como  tal  perteDSse  insolidum  e  he  liure  de  Dom  Fraocisco  de 
Portugal  possuidor  do  dito  morgado  e  dos  mais  que  lhe  suecederem 
como  vay  declarado  do  auto  de  Reconhecimento  atras  £  do  mesmo 
modo  he  tSo  hem  linre  insolidu  do  dito  Conde  a  Capella  da  invocação 
de  Santa  Maria  Magdallena  que  he  a  que  sesegue.  Item  bua  capella 
de  invocação  de  Santa  Maria  Magdallena  que  tem  de  comprido  de  nas- 
sente  a  poente  cinco  varas  e  de  larguo  de  norte  a  sul  coatro  varas 
esta  dita  capella  de  dentro  da  dita  quinta  tem  bua  sella  para  dentro 
para  a  parte  do  sul.  Item  um  terreyro  aporta  da  capella  que  fica  entre 
a  capella  e  tborre  e  tem  de  comprido  de  nassente  a  poente  vinte  e 
sínco  varas  e  de  larguo  de  norte  a  sul  dose  varas,  parte  do  nascente 
com  o  caminho  que  vay  para  a  freguezia  (?)  de  Quintella  e  do  poente 
com  outro  caminho  e  do  sul  com  o  portal  antiguo  da  mesma  qnintat. 

A  torre  com  os  respectivos  foros  pertence  actualmente  a  Joaquim 
Dinis  da  Costa,  da  Pena,  concelho  de  Villa  Real,  que  a  comprou  a  José 
Guedes  Pereira  de  Castro  Alcoforado  e  sua  mulher  D.  Margarida  Cân- 
dida Pereira  de  MagalbSes,  da  freguesia  de  S.  Miguel  de  Lobrígos. 

Se  nSo  estlhi  as  snas  paredes  em  perfeito  estado  de  conservação, 
por  apresentar  a  face  voltada  para  o  norte  duas  fendas  que  a  cortam 
de  alto  a  baixo,  não  ameaça  mina  immediata,  porque  a  solidez  das 
paredes  é  grande,  em  razSo  da  sua  largura  e  da  maneira  como  estSo 
travadas  umas  com  as  outras  as  pedras. 

Nas  vigias  das  quatro  faces  ha  falta  de  ameias  em  alguns  dos  pa- 
rapeitos das  mesmas,  o  que  se  vê  bem  na  pbotograpbia. 

O  telhado  é  que  está  em  muito  mau  estado,  para  o  que  nlo  con- 
correu pouco  a  oliveira  a  que  a  cima  vimos  allude  o  desenho,  a  qual 
nasceu,  cresceu  e  acabou  ba  poucos  annos  ainda,  sustentando-se  á  casta 
d'elle. 

A  destruiçSo  d'este  monumento  arcbeologico,  que  a  Camará  Mu- 
nicipal de  Villa  Real  devia  comprar  e  tratar  de  conservar,  esteve  por 
pouco  a  ser  levada  a  effeito  ba  dois  annos. 

O  novo  possuidor  vendia  por  1005000  réis,  a  wm  pedreiro,  a  velha 
torre. 

Este  nSo  realizou  a  compra,  por  ver  grandes  difficuldades  no  apea- 
mento  das  pedras,  sem  grandes  despesas,  attendendo-se  á  altura  d'ella, 


byGoí>^^lc 


bvGooglc 


Di„i„«b,Googlc 


o  ÃSCHEOLOQO  POBTUQDÊS  295 

que  se  páde  calcular  sem  erro  notarei  em  30  metros.  Da  capella  des- 
uríta  no  tombo,  com  a  invocaçSo  de  Santa  Mana  Magdaleua,  nada 
existe  já.  Foi  desfeita  ha  annos  e  arrematados  os  materiaes,  uma  tri- 
buna de  boa  talha  e  os  santos,  por  um  proprietário  de  Villa  Marim 
chamado  António  Fmctuoso  Dias.  Duas  columnas  de  madeira  muito 
bem  douradas  e  ornamentadas  foram  compradas  pelo  meu  amigo  Sera- 
fim das  Neves,  muito  distincto  professor  da  Escola  Industrial  de  Víanna 
do  Castello,  o  qual  com  ellas  foi  aumentar  &  sua  grande  e  ^'aliosa  col- 
lecçSo  de  antiguidades. 


ParroehU  Sanete  Marte  de  Ferra  de  Coitantl 

■Incipit  Parrochia  Sancta  Maria  de  Feyra  de  Constauti 

Donus  Vivas  tabellon  de  Panonijs,  Juratus  et  interrogatus  dixit. . 

E(  audivit  dicere  hominibus  qui  sciebant  quod  turrís  que  stat 

in  quintella  Conpezada  (?)  et  unam  peciam  de  ipsis  casis  et  de  ipsa 
quíntana  contra  fundum  que  stant  ín  fiegalengum.  Et  ita  audivit  quod 
oanpam  quod  Jacet  sub  ipsa  quintana  quod  fecit  Regalengum  Regis. 
Et  modo  habent  totum  iatud  Regalengum  filij  donni  et  nepoti  Elvira 
Vallasquiz  et  Ordo  hospital  et  non  faduot  inde  fórum  Reg^i. 

.Invo  e  Avo  e  Birro»  e  Cbumu,  oto.,  na  eri  do  IMO,  fl.  !8ã  |fj|. 

Henrique  Botelho. 


Beglmentos  das  marcas  da  moeda  nas  oldades 
de  Miranda  e  Lagos 

O»  documentos  que  publico  adeante  acaram  deeconhecidoit  a  Teixeira  de 
Aragão,  qne  nem  sequer  os  cita  no  sea  monumental  trabalho  sobre  as  moedas 
portuguesas. 

K&o  são  documestos  de  alta  importância  os  agora  extrahidoa  de  um  códice 
do  Archivo  Nacional,  mas  sempre  serfio  estimados  j>elos  investigadores  das  duas 
cidades  coUocadas  no  estremo  norte  e  no  extremo  aul  de  Portugal,  por  lhes  offe- 
recerem  peqnenaa  pedras  para  a  ediãca^So  da  historia  regional,  a  única  qne 
pode  interestiar  os  habitantes  mraes  e  os  daa  pequenas  povoaçOes.  Para  os  nu- 
mismatas  o  valor,  que  estes  documentos  poderio  ter,  ó  medíocre,  porque  já 
d'elle8  tinham  conhecimento  em  traços  geraes  nas  leis ;  aó  o  mecanismo  do  pro- 
cesso segnido  na  oontra-marca  lhes  poderá  prender  um  pouco  a  attençSo. 
Pkdko  a.  de  Akztedu. 


byGOí>^^IC 


o  Abcheologo  Fobtdodêb 


Ke^meiíta  dâ  mirea  du  paUcu  e  mw  pataesi  qa«  ka  ie  aner 
Dâ  AlfaodcKa  da  ci4a4«  d«  Mlraada 

Dom  AfTonso  por  graça  de  Deos,  Eey  de  Portugal  e  doa  Ãlgarnes 
daqaem  e  dalém  mar  em  Africa,  Senhor  de  Q-iiiné,  ettc.  Faço  saber 
aos  que  este  Regimento  uirem  que  eu  fay  s«riiÍdo  mandar  leuantar 
nestes  meus  Reyaos  uinte  e  sinco  por  cento  no  ualor  extrínsico  a  moeda, 
ficando  os  uinte  para  as  despesas  da  guerra,  e  os  siaco  para  os  donos 
do  dinlieyro  para  o  que  mandey  signalar  tempo  conueníente  por  Al- 
uaraz  meus';  que  já  be  acabado;  E  porque  as  patacas  e  meãs  patacas 
nâo  podem  ter  certa  limitação  por  ser  moeda  que  uem  de  fora,  e  a 
todo  o  tempo  se  deue  marcar  para  terem  as  patacas  o  ualor  de  seis- 
centos reis,  e  as  meãs  de  trezentos  reis  que  lhe  mandey  dar;  fuy  ser- 
uido  resoluer  que  em  todas  as  alfandegas  dos  portos  secos  deste  Reyno 
se  marcacem  sempre;  e  para  se  poder  executar  esta  resoluçSo;  mando 
ao  Juiz  da  Alfandega  da  Cidade  de  Miranda  que  guarde,  e  faça  guardar 
o  disposto  neste  Regimento  na  forma  que  nelle  se  coutem  e  que  sirtis 
de  superintendente  da  mesma  na  forma  seguinte: 

Oap.  1.' 
Primeiramente  receberá  os  ferros  da  marca,  que  se  bílo  de  remeter 
da  Caza  da  moeda  desta  Cidade;  os  quais  entregará  a  hum  offidal 
daquella  alfandega,  que  mais  fidedigno  lhe  parecer;  e  este  seruirá  de 
fiel,  e  os  contará  prezente  o  Juiz,  o  Recebedor  da  mesma  Alfandega 
e  o  escriíião  de  sua  Receyta,  e  os  meterá  em  bua  arca  de  trcs  chaues, 
de  que  terá  hua  o  Juiz,  outra  o  Recebedor,  e  outra  o  Fiel. 

Oap.  2." 
Tanto  que  qualquer  pessoa  leuar  a  marcar  as  patacas  ou  meãs 
patacas,  as  contará  o  Recebedor  prezeute  a  parte  que  as  der,  e  o  es- 
criuáo  de  sua  receyta ;  e  podendo  marcarse  logo  se  marcarão  por  esta 
maneira. 

Oap.  3.* 

Abrirá  o  dito  Fiel  a  cayxa  e  tirará  os  ferros  necessários  e  os  le- 
uará  a  hum  emnhador  (que  também  buscará  o  Juiz)  e  lhe  entregará 
os  ferros  e  o  dinheyro  por  conta,  o  qual  marcará  logo  o  crunhador 


>  Deve  talvez  ser  a  Iei  de  22  de  Março  de  1663,  publicada  por  Teiíeira 
de  Aragão,  Descripção  Geral,  ii,  299. 


byGoot^lc 


o  Archeolooo  Português  297 

prezente  o  Fiel  em  hSa  caza,  que  para  isso  auerá  ceparada,  em  que 
nKo  entre  mais  outra  algua  pessoa;  e  marcado  o  tornará  a  entregar 
ao  Recebedor,  e  meterá  os  ferros  na  cayxa,  e  o  Kecebedor  entregará 
á  parte  o  principal,  e  os  ananços  qne  lhe  tocarem  a  rezão  de  sinco 
por  cento,  e  os  que  ficarem  a  minha  fazenda  lhe  carregará  logo  em 
receyta  o  escriaão  do  seu  cargo  em  hum  liuro  ceparado  em  que  se  não 
fará  carga  de  outro  recebimento. 

Oap.  4." 
E  sendo  cazo  que  o  dinheyro  se  nSo  possa  marcar  em  hua  manham, 
ou  em  hum  dia;  o  fiel,  tanto  que  o  crunhador  acabar  o  trabalho  da 
manham  leuará  os  ferros  que  fechará  na  arca,  e  as  horas  conuenièntes 
da  tarde  lhos  tornará  a  entregar,  e  os  recolherá  á  noyte  na  mesma 
forma  estando  sempre  prezente  em  quanto  marcar  o  crunhador. 

Cap.  6.» 
NSo  podendo  as  partes  ieuar  logo  o  sen  dinheiro  e  ficando  de  hum 
para  outro  dia,  tomará  em  hum  canhenho  de  fora  o  escríuXo  da  Re- 
ceyta  do  Recebedor  o  dinheiro  que  cada  pessoa  lhe  entregar,  e  a  cada 
hSa  dará  escrito  do  que  den  e  do  que  montão  os  anansos  que  lhe  to- 
oão,  e  pello  dito  escrito  se  dará  a  cada  hum  o  que  lhe  couber,  rom- 
pendose  o  tal  escrito,  e  logo  fará  o  dito  escriuSo  receyta  ao  Recebedor 
do  que  couber  a  mynha  fazenda. 

Oap.  6.» 
Haucrá  o  Crunhador  quatro  centos  réis  de  cellario  por  conto  de 
reis  que  marcar,  que  lhe  pagará  o  Recebedor  do  procedido  da  marca, 
que  ficar  para  mynha  fazenda  e  com  certidão  do  Juiz  de  que  conste 
quanto  uenceu  ao  dito  respeyto,  e  conhecimento  do  Crunhador  feyto 
pello  escriuSo  da  receyta  do  Recebedor  se  lhe  leuará  em  conta  o  que 
assy  pagar. 

Cap.  7.' 

Quando  as  partes  entregarem  o  dinheiro  para  a  marca  se  uerá 
com  toda  a  atenção  prezentes  ellas,  e  achando-se  que  nem  algum  falço 
se  cortará,  e  se  dará  cortado  a  seu  dono. 

Oap.  8.« 
Não  se  marcarão  patacas,  nem  meãs  patacas  do  rosário,  nem  as 
míús  que  estão  probibidas  por  meus  Aluaraz;  e  só  se  porá  a  marca 
nas  Mexicanas,  seuilhanas,  sagonianas,  e  de  duas  colunas  que  são  as 
que  onue  por  bem  correcem  nestes  meus  Reinos. 


byGoot^lc 


o  Akcheolooo  Pobtuguês 


Oap.  B.' 


)  Recebedor  não  despenderá  o  procedido  da  marca  se  nSo  por 
QS  por  my  assiaadiís,  cobrando  conhecimentos  em  forma  ao  pé 
s  da  pessoa  ou  pessoas  a.  que  fizer  as  entregas  sendo  Tbezouretros, 
izarifes,  ou  Recebedores;  e  não  o  sendo  cobrará  conhecimentos 
3  íejlos  pello  Escríuão  de  sua  receyta,  e  por  híja  e  ontra  couza 
le  leuará  em  despesa  o  que  assy  entregar. 

Cap.  IO." 

rindo  o  Recebedor  dar  conta  nos  contos  de  seu  recebimento  a.  dará 
>em  cflparada  deste  da  marca,  com  rellaçâo  jurada,  para  o  que 
i  a  copia  deste  Regimento  assinada  pello  Juiz;  os  Liuros  com  as 
ssas  feytas;  e  os  papeis  da  despeza.  E  este  dito  Regimento  fícará 
elia  alfandega  para  se  gouernar  o  Recebedor  que  seruir  em  quanto 
der  a  dita  conta;  porquanto  a  marca  em  nenbum  tempo  ha  de 
r. 

Cap.  Il.° 

le  tiuer  algum  dinheiro  em  seu  poder  procedido  dos  auanços  da 
■A  quando  uier  a  dar  sua  conta,  o  trará  comsigo,  e  dará  conta  no 
iellio  de  mynha  fazenda,  declarando  a  quantia,  para  lhe  ordenar 
lem  dene  entregalo,  e  lhe  dar  conhecimento  em  forma  para  sua 

Oap.  12.° 

iendo  cazo  que  na  marca  se  quebre  algum  dinheiro  o  trará  também 
ligo  quando  uier  dar  a  dita  conta  com  certidão  do  Juiz  feyta  pello 
uão  de  sua  receyta  em  que  declare  quanto  he,  e  em  que  moeda, 
rá  conta  no  mesmo  Conselho  para  se  lhe  ordenar  a  que  pessoa 
ue  dar  a  qual  lhe  dará  conhecimento  em  forma  para  sua  despesa. 

Oap.  IS." 

Tanto  que  alguns  ferros  se  quebrarem,  ou  amassarem  de  modo  que 
possão  seruir,  o  Juiz  da  Alfandega  os  remeterá  á  caza  da  moeda 
i  cidade  em  hum  saco  lacrado  com  certidão  de  quantos  são  para 
muiarem  outros,  e  fará  isto  de  modo  que  não  pare  a  marca  por 
de  ferros. 

C  portanto  mande  ettc.  Manoel  Guedes  Pereira  o  fez  escrever.  Eey. 

[Arcr-iK  .Vodonol.  TOID.  VIll  E  dm  vniín  n.>  18,  d>  Llmrim,  p.  SIS). 


byGOí>^^IC 


o  ÃBCHEOLUGO  FOSTUQUÊS 


Instmeçlv  para  a  Cua  em  qae  se  bio  de  marear  as  moedas  de  «aro 
Da  etdade  de  Iiagoi,  Belno  do  Algarae 

Dom  Affonso  por  grftça  de  Deus  Rey  de  Portitgal  dos  Algarnes 
daquem  e  dalém  mar  em  Africa  Senhor  de  Guine,  ettc.  Faço  saber  aos 
que  esta  iostrucçSo  virem  qne  tendo  respeito  a  estarem  as  moedas 
de  ouro  mais  baixas  que  as  da  prata  e  por  essa  causa  as  leuarem  para 
fora  do  Reyno  com  grande  danno  de  meus  vassalos  e  querendo  ata- 
lhar este  prejuízo  fui  seruido  mandar  por  aluara  de  12  de  abril  deste 
prezente  anno'  que  as  moedas  de  ouro  que  oie  correm  no  valor  ex- 
trínseco por  quatro  mil  reis  subSo  a  quatro  mil  e  quatrocentos  e  as 
meyas  moedas  e  quartos  ao  respeito  para  deste  modo  terem  igualdade 
com  as  da  prata  e  que  para  esse  effeito  se  lhes  pozesse  marca  do  dito 
valor  ficando  decrecimento  hum  tostSo  para  os  donos  das  moedas  e  três 
para  minha  fazenda.  E  porquanto  será  impossiuel  virem  todas  do  Reyuo 
á  Caza  da  moeda  desta  Cidade  sem  grande  detrimento  de  meus  vas- 
salos e  querendo  lhe  euitar  esta  moléstia  fui  seruido  resoluer  que  na 
cidade  de  Lagos  Reino  do  Algarve  se  abra  caza  de  marca  em  que 
se  guardará  o  disposto  nesta  instnicção  e  no  aluará  pela  maneira  se* 
gninte : 

Hauerá  na  dita  Caza  hum  superintendente  a  cujo  cargo  estará 
a  marca  e  suas  dependências,  e  os  ofliciaes  delia  lhe  obedecerão  e 
guardarão  suas  ordens  como  pessoa  que  sobre  elles  ha  de  ter  toda 
a,  JnrisdicçSo  no  tocante  a  eate  negocio  somente. 

Fará  o  dito  superintendente  que  a  caza  da  marca  se  abra  todos 
oa  dias  as  sete  horas  da  manham  e  se  feche  as  onze  e  as  duas  e  meya 
de  tarde  e  se  fechará  as  cinco  e  meya. 

Tanto  que  as  partes  leuarem  as  moedas  se  contarão  e  maroarXo 
pelo  modo  que  ao  diante  se  dispõem  e  se  entregarão  logo  as  partes 
de  modo  que  as  que  se  leuarem  de  manham  e  tarde  se  lhes  entreguem 
marcadas  na  mesma  tarde  e  manham  com  o  auanço  que  lhes  toca  de 
tostão  por  cada  moeda  e  os  três  que  pertencem  a  minha  fazenda  fi- 
carão togo  na  mão  do  Thezoureiro. 

Hauera  na  dita  caza  hum  EscriuSo  o  qual  terá  em  sen  poder  o  Li- 
vro da  Receita  rubricado  pelo  superintendente  e  hum  canhenho  tam- 
bém rubricado  por  clle  os  quais  terá  fechados  de  sua  mão  em  parte 
segura. 


•  Publicado  por  Teixeira  de  AtagSo,  Daeripçãa  Geral,  ii,  801. 


byGoot^lc 


300  O  Abcheolocio  Pobtugcês 

Assi  como  as  partes  leuarem  as  moedas  o  Tbesoureiro  ss  contará 
prezente  o  Escríuão  para  dar  fe  da  quantia  e  o  díto-  eseriulo  as  lan- 
çará no  canhenho  refferído,  declarando  quantas  sito  e  depois  de  lança- 
das se  entregarão  por  conta  ao  fiel  da  caza  que  será  pessoa  á  satís- 
façSo  do  thezoureíro  e  o  ditto  fiel  as  leuará  á  caza  aonde  se  marcarein 
e  as  entregara  ao  Crunhador  tomando  as  cUe  fiel  em  Lembrança  em 
outro  canhenho  que  para  isso  terá  rubricado  também  pelo  dito  super- 
intendente. 

Todas  as  tardes  depois  de  acabadas  as  horas  que  por  esta  instruc- 
çSo  signalo  para  se  receberem  e  entregarem  as  moedas  as  partes 
o  EacríuSo  da  dita  Caza  em  prezeuca  do  superintendente  e  Tbesou- 
reiro uerá  pelo  Crunho  quantas  moedas  entrarão  oaquelle  dia  e  quanto 
montão  os  auanços  para  minha  fazenda  e  os  carregara  em  receita 
sobre  o  Tbezonreiro  na  forma  seguinte  ([  Carrego  aqui  em  receita 
sobre  o  Tbezonreiro  na  forma  seguinte  ([  Carrego  aqui  em  receita 
sobre  o  Thezoureiro  desta  caza  fulano  tantos  mil  reis  procedidos  de 
tantas  moedas  que  se  marcarão  nesta  Caza  a  razZo  de  300  reis  cada 
bua  ^  Aduirtindo  que  dentro  no  assento  da  receita  ha  de  por  a  quan- 
tia em  letra  a  sair  cm  margem  per  garismo  («íc). 

Hauerá  na  dita  caza  hum  Thezoureiro  sobre  quem  hSo  de  carregar 
os  Auanços  que  ficarem  para  minha  fazenda,  o  qual  finda  a  marca 
será  obrigado  a  vir  dar  conta  nos  Contos  do  Reino  e  Caza  de  seu 
recebimento  com  relação  jurada  e  lhe  signalo  dous  mezes  depois  de 
acabada  a  marca  para  por  seus  papeis  correntes. 

Todo  o  rendimento  que  couber  a  minha  fazenda  da  dita  marca  irá 
remettendo  a  entregar  ao  Juis  e  Tbesoureiro  da  caza  da  moeda  desta 
cidade  assi  como  for  caindo  sem  nisso  hauer  dilaçSo  de  quem  cobrará 
conhecimentos  em  forma  para  sua  conta  e  não  poderá  fazer  outra  en- 
trega algua  por  ordem  ou  deoreto  meu  sem  particular  derogaçSo  de 
outro  Decreto  de  26  de  Abril  deste  anno  de  que. lhe  uay  a  copia  com 
esta  instrução. 

O  dito  Thezoureiro  não  fará  despeza  algua  por  ordem  do  superin- 
tendente do  dinheiro  dos  auanços  mais  que  em  papel,  tinta,  petuias, 
e  área,  nos  dous  canhenhos  e  Livro  de  receita  que  se  declarSo  nesta 
ÍDstrucçSo,  e  na  arca  em  que  se  bSo  de  fechar  os  ferros  da  marca  e  nos 
ordenados  que  nomeo  nesta  instmcção  aos  officiíús  da  Caza. 

As  despezas  de  papel,  tinta,  e  mus  couzas  serão  por  mandados 
do  superintendente  e  certidão  do  escriuão  de  seu  cargo  em  que  decla- 
ram o  quanto  montão  a  dinheiro  e  ae  despezas  que  fizer  dos  ordenados 
c  solários  serão  também  por  mandados  do  superintendente  com  conhe- 
cimentos da  parte  a  quem  pagar  feitos  pelo  escriuão  do  seu  cargo. 


byGoí>^^lc 


o  ÃBCHEOUMIÒ  FORTOOUta  301 

Na  caza  em  que  se  marcar  uSo  entrará  pessoa  algSa  maís  qae  o 
Cninhador  e  fiel  e  03  ferros  estu-So  fecliados  em  hSa  cíuxa  de  qae 
terá  hSa  chane  o  superíatendeate  e  ontra  o  Escríaão,  e  tanto  que  es- 
tenerem  na  Caza  abrirSo  a  dita  caixa  dos  ferros  que  entregarão  ao  fiel 
o  qual  os  leiiará  ao  Cranhador  e  acabada  a  marca  daquella  manhã 
os  trará  outra  vez  ao  superintendente  e  se  fecharSo  na  dita  caixa  e  a 
tarde  e  nos  mais  dias  se  procederá  na  mesma  forma. 

Todos  os  sábados  a  tarde  depois  de  acabada  a  marca  corregados 
os  aoanços  daqueile  dia  oouferirá  o  Hscriaão  com  o  Fiel  os  canhenhos 
em  que  tomarão  as  moedas  que  entrarão  aquella  somana  para  se  ver 
se  está  ajustada  com  a  marca. 

O  escriuSo  hanerá  de  ordenado  por  aono  quarenta  mil  reis  e  o  The- 
soureiro  por  anno  oincoenta  mil  reis  e  o  Fiel  quatrocentos  reis  por  dia, 
e  o  crunbador  trezentos  reis  por  dia. 

E  portanto  mando  a  todas  as  pessoas  a  que  o  conhecimento  desta 
inatrucção  tocar  e  sea  direito  pertencer  a  oumprão  e  guardem  como 
nella  se  conthem  sem  duvida  ou  contradicção  algua  posto  que  não  seja 
passada  pella  minha  chancelearia  sem  embargo  da  \ej  em  contrario 
que  para  este  effeito  somente  derrogo  e  hey  por  derrogada  como  se 
delia  fizera  expressa  e  declarada  menção.  El  Rey  nosso  senhor  o  man- 
dou peito  Marquez  Almirante  de  seus  conselhos  do  Estado  e  guerra 
e  veador  de  sua  fazenda.  Manoel  Diaz  de  Amaral  a  fez  em  Lisboa 
a  õ  de  mayo  de  1668.  Manuel  G-uedez  Pereira  o  fez  escr6uer=0  Mar- 
quez Almirante. 

^  (JrcMca  VMlaiial.  Tora.  Tm  E  ds  mlu  IS,  dii  Livnrii,  p.  U1|. 


Medallias  dedicadas  &  Infanta  D.  Catharina  de  Bra^rança, 
Ralnlia  de  Inglaterra 

Colleeçlo  or^anliada  por  losé  Lanas 

A  Infanta  D.  Catharina,  filha  de  D.  João  IV,  nasceu  em  Vilia  Vi- 
çosa DO  dia  25  de  Korembro  de  1638,  dia  de  Santa  Catharina,  sendo-Ihe 
por  isso  dado  este  nome. 

Em  1656  recebeu,  por  doação  do  rei  sen  pae,  numerosas  terras, 
e,  pouco  tempo  depois,  serviu  de  instrumento  da  nossa  politica,  que 
por  essa  occasião  estava  bastante  agitada. 

A  conjuração  de  1640  não  tinha  criado  raízes  bastante  solidas  para 
quô  o  país  se  pudesse  julgar  completamente  livre  de  nova  invasSo  hes- 
psnhola,  e  a  falta  de  forças  próprias  para  a  defesa  obrigava  a  ir  buscá- 
las  ao  estrangeiro.  Fensou-se  por  isso  em  recorrer  a  uma  alliança,  por 


byCOO^^IC 


302  O  ÂRCHEOLÚGO  PoBTDOuâa 

meio  do  casamento  d'6sta  Infanta,  systema  muito  adoptado  e,  em  rt- 
gtí,  de  bons  effeitos  naquella  época. 

Algumas  naçSes  protegiam  esta  alliauça,  por  lhes  convir  a  deslnii- 
çSo  do  poder  da  Hespanha,  mas  outras,  e  esta  principalmente,  trataTam 
de  evitar  que  tal  se  realizasse;  com  as  suas  intrigas,  o  ^vemo  de 
Madrid  consaguiu  desfazer  alguns  projectos  feitos  nesse  sentido. 

D.  JoSo  IV  Iiavia  fallecido  em  6  de  Novembro  de  16ã6,  e  regia 
o  reino,  em  nome  de  D.  AfTonso  VI,  a  rainha  D.  Lnisa  de  G-nsmão. 
Era  esta  uma  das  pessoas  que  mais  trabalhavam  na  realização  do  ca- 
samento da  Infanta,  por  julgar  que  a  firmeza  do  tbrono  de  seu  filho 
ficava  assim  ass^urada. 

Depois  de  algumas  tentativas  mallogradas,  dirigiram-se  as  atten- 
çÕes  para  o  rei  Carlos  II  de  Inglaterra,  que  acabava  de  sncceder  ao 
usurpador  Cromwell.  Tratou  das  negociações  o  embaixador  Francisco 
de  Mello,  que  depois  foi  Conde  da  Ponte  e  Marquês  de  Sande. 

Besolvido  o  casamento,  redi^u-se  um  tratado  entre  as  duas  naçSes, 
o  qual,  depois  de  approvado  em  Inglaterra  pelo  Conselho  de  Estado 
e  Parlamento,  foÍ  assinado  em  23  de  Junho  de  1661.  E^te  contrato 
foi  para  nós  bastante  oneroso,  pois  que  tivemos  de  dar  em  dote  á  In* 
fanta  dois  milhSeB  de  cruzados  (800:000(Í000  réis),  e  Iw  cidades  de 
Tanger  e  Bombaim.  A  Inglaterra  obrígou-se  a  dar  á  sua  futura  rainha 
uma  pensão  de  trinta  mil  libras  por  anno,  e  a  defender-nos  em  caso 
de  guerra'. 

A  10  de  Março  de  1662  chegou  ao  porto  de  Lisboa  uma  esquadra 
inglesa,  de  vinte  navios,  que  trazia  o  Conde  de  Sandwich,  embaixador 
encarregado  de  conduzir  a  Infanta  para  Inglaterra. 

No  dia  23  de  Abril,  depois  de  ter  assistido  a  uma  missa  eolemne 
na  Sé,  embarcou  D.  Catharina  no  Terreiro  do  Paço,  num  bergantim 
que  a  conduziu  para  bordo  da  nau  fíreat  Charlee,  levando  na  sua  com- 
panhia multas  damas  e  fidalgos.  A  esquadra  só  pôde  sair  no  dia  25 
por  causa  do  tempo,  que  se  conservou  sempre  mau  durante  toda  a 
viagem . 

Próximo  de  Portsmouth  o  Duque  de  York,  irmSo  do  rei,  agnai-dava 
a  lufanta  em  outra  esquadra;  foi  visitá-la  a  bordo  e,  pouco  depois, 
entraram  as  duas  esquadras  naquelle  porto,  fazendo-se  ali  o  desem- 
barque, no  meio  de  estrondosas  salvas  de  artilharia.  Ao  chegar  a  terra 
teve  a  Infanta  de  ficar  de  cama,  por  causa  de  ama  forte  constipação; 


■  Ob  ilocumentos  referentes  ds  ncgociaçJtes  do  casamento  vem  transcritos  d 
tomo  IV  da«  Protoã  da  Sitiaria  Gentalogica,  p.  820  c  eqq.,  o  o  tratado,  no  meBm 
livro,  p.  827  e  sqq. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AbCHEOLOGO  POETDQDfiS  303 

mas  d'^i  a  alguns  dias,  acbando-se  um  pouco  melhor,  piide  realizar- 
se  a  cerimonia  do  casamento,  que  se  effectuou  ao  dia  31  de  Maio 
de  1662. 

Para  festejar  este  acto  houve  grande  banquete  e,  em  seguida,  uma 
z-euciSo  de  toda  a  alta  nobreza,  a  quem  o  bispo  de  Londres,  Gilberto 
Sheldon,  fez  a  apresentação  official  da  rainha,  dizendo  que  era  aquella 
a  mulher  com  quem  o  rei  tinha  casado. 

Terminada  esta  cerimonia,  a  rainha,  por  conselho  dos  médicos, 
voltou  novamente  para  a  cama,  por  se  achar  ainda  bastante  doente. 
Ali  lhe  foi  servida  a  ceia;  o  rei,  sentou-se  sobre  a  cama  de  sua  esposa 
e  também  ceou,  na  presença  das  damas  e  ao  som  da  musica  que  to- 
cava num  quarto  próximo. 

S<í  a  3  de  Setembro  fizeram  os  reis  a  sua  entrada  solemne  em 
Londres;  durante  o  verão  couservaram-se  em  Hampton-Court,  vivendo 
em  certa  harmonia.  Mas  a  paz  conjugal  veio  depois  a  alterar-se  bas- 
tante, em  consequência  dos  escandalosos  amores  de  Carlos  II. 

Por  esta  época  a  quest&o  religiosa  em  Inglaterra  provocava  graves 
discórdias  entre  os  diversos  partidos,  e  a  rainha,  em  vez  de  se  conser- 
var independente,  quis  entrar  na  luta,  contribuindo  assim  para  acirrar 
03  animoa,  já  bastante  exaltados. 

O  embaixador,  Marquês  de  Sande,  e  o  irlandês  Belling  eram  os 
seus  auxiliares. 

Com  autorização  do  rei  seu  esposo  enviou  a  este  ultimo  a  Koma, 
com  uma  carta  para  o  Papa,  a  fím  de  tratar  de  negócios  referentes 
á  religião.  Nessa  carta  gabava-se  a  rainha  de  que,  nos  poucos  meses 
que  residia  em  Londres,  vira  manifeatadoe  effeito»  que  maia  pareciam 
mUagroao»  do  que  naturaea.  Tal  era  a  sua  interferência  na  questão  reli- 
giosa. 

Este  procedimento  da  rainha  criou-lhe  uma  situação  bastante  cri- 
tica: foi  accusada  de  tomar  parte  numa  conspiração  para  matar  o  ma- 
rido e  de  converter  o  Duque  de  York;  no  parlamento  cenearavam-na 
por  qnerer  introduzir  o  catholicismo  em  Inglaterra.  Yale n-lhe  o  marido, 
que,  para  a  salvar,  teve  de  a  defender  com  energia. 

A  16  de  Fevereiro  de  1685  falleceu  Carlos  II,  suooedeudo-lhe  seu 
irmão  Jacques  II,  visto  que  do  casamento  d'aquelle  com  D.  Catharina 
não  tinha  havido  filhos. 

Pouoo  tempo  governou  este  monarcha,  ultimo  dos  Stuarts,  pois  que, 
logo  em  1688,  foi  desthronado  pelo  príncipe  de  Orange,  que  tomou  o 
titnlo  de  Guilherme  IH. 

Decerto  que  a  rainha  D.  Catharina  não  podia  ser  feliz  continuando 
a  viver  em  Inglaterra;  não  tinha  ali  familia  e,  alem  d'ÍBso,  pela  sua 


byGoí>^^lc 


304  O  Abcheomkk)  Pobtuodès 

interferência  na  questão  religiosa,  tinha  contra  si  forte  corrente  de 
antipathia.  Por  isso,  logo  nos  primairoa  uinos  do  reinado  de  Gui- 
lherme III,  resolveu  retírar-se  para  Lisboa,  aonde  chegou  em  20  de 
Janeiro  de  1693,  tendo  feito  a  viagem  por  terra. 

Foi  muito  bem  recebida  por  seu  irmío,  D.  Pedro  II,  qae  a  foi  «»- 
perar  ao  Lumiar. 
,  A  principio  foi  a  rúnha  residir  para  o  palácio  de  Alcântara;  ha- 
bitou depois  vários  outros  e,  por  fim,  fizon  a  sua  residência  ao  palácio 
da  Bemposta,  que  eUa  própria  mandara  construir  e  onde  se  conservou 
até  a  morte. 

Coufonne  dispunha  o  tratado  de  casamento,  recebeu  sempre  a  sua 
pensSo  de  trinta  mil  libras  annuaes,  que  lhe  dava  o  governo  inglês. 

Em  Maio  de  1704,  quando  D.  Pedro  II  teve  de  partir  para  a  Beira, 
para  combater  com  o  exercito  commandado  por  Berwick,  foi-lhe  en- 
tregue a  regência  do  reino,  que  novamente  assumiu  durante  a  perigosa 
enfermidade  de  que  foi  atacado  el-rei  seu  irmSo. 

No  dia  31  de  dezembro  de  1705,  na  idade  de  67  annos,  faUeceu 
a  rainha  D.  Catharina,  victima  de  uma  cólica,  no  sen  palácio  da  Bon- 
posta. 

O  seu  corpo  foi  depositado  em  Belem. 

Deixou  testamento  *  no  qual  instituiu  aniversal  herdeiro  a  el-rei 
D.  Pedro  II,  e  em  uma  carta  determinou  muitos  legados*. 


Muitas  medalhas  foram  cunhadas  em  Ii^Iaterra  p<H'  occasiSo  do  ca- 
samento da  infanta-runha  D.  Catharina,  e  outras  ha  que  lhe  sXo  lUtn- 
sivas  e  que  se  cunharam  posteriormente. 

lio  livro  MedaUic  Ulustratiotu  oftke  Hiatory  ofGrtat  Britait»,  etc., 
vol.  I,  de  p.  480  a  493,  vem  descritas  nada  menos  de  vinte  e  oito. 
Esta  aerie  ê  pois  bastante  longa,  e  como  as  medalhas,  na  sua  grande 
miúoría,  sio  muito  raras,  é  diíBcil  de  completar.  Assim,  nSo  admira 
que  na  nossa  coUecçSo  apenas  tenhamos  sete,  que  passamos  a  des- 
crever, publicando-as  também  em  photogravnra. 


'  Elste  testamento  vem  transcrito  naa  Provat  da  Saloria  Gt^ealogUa,  to- 
mo iT,  p.  838  e  aqq. 

*  Biographia  mais  desenvolvida  da  infanta  D.  Catfaarioa  eueontra-se  na  J3u- 
toria  Qenealogica  da  Cata  Real,  tomo  vii,  p.  281  e  aqq.  É  também  muito  interes- 
sante um  eiteneo  artigo,  publicado  uo  tomo  ii  do  Archivo  PiOoretco,  finnado  por 
A.  da  Silva  Tollio.  Este  artigo  é  acompanhado  de  estainpas. 


byCoOglc 


o  Aecheoloqo  P0HTUGUÊ8 


Figura  1.» 


Aav. — BuBto  de  Carlos  II,  i  direita,  com  grande  cabelleira,  cujas 
pontas  veta  cair  sobre  os  hombros.  Tem  coroa  de  lottro,  atada  com  um 
laço  juato  da  nuca.  Está  vestido  com  armadura,  sobre  a  qual  tem  o 
manto,  qoe  prende  no  hombro  direito.  Neste  sitio  apparece  uma  cabeça 
de  leão,  c,  por  baixo  d'esta,  estão  as  seguintes  letras:  Gt,  B.,  assinatura 
do  gravador  George  Bower.  Leg. :  CAROLVS  II  DG  ■  MAG  BIUT  ■ 
FRAN  ■  ET  ■  HIB    EEX. 

Rev. — Busto  de  D.  Cathsrina,  i  direita,  com  um  peQt< 
no  alto  da  cabeça  é  liso,  mas,  atrás,  fórma  pequena  saliei 
está  mettida  uma  coroa  com  cinco  pootas.  Comprido9'caracoes 
pelo  pescoço,  em  volta  do  qual  está  um  collar  de  pérolas,  a 
orna  fita. 

A  rainba  está  decotada,  tendo  sobre  os  hombros  um  m 
se  prende  na  frente  com  um  broche.  Leg. :  ■  CATHARINA 
MAG    BRIT    FRAN  ■  ET  ■  HIB  ■  EEG. 

Em  torno  do  bordo  tem  maisaeeguinte  legenda:  -•:••  SIC 
FINE  ■  DVOS  AMBIAT  ■  VNVS  ■  AMOR. 

Esta  medalha  é  de  boa  prata;  pesa  52''',29;  tem  de  diam 
millimetros  e  de  espessura  2  millimetros.  Está  muito  bem  co 
e  é  rara. 

Vem  descrita  no  livro  que  ji  citámos,  Med.  lUuatr.,  vol.  : 
n."  93. 

Segundo  este  livro,  existem  três  variedades  d'estas  medalh 
meíra  tem  o  bordo  liso,  a  segunda  é  esta  que  descrevemos,  e  ; 
tem  outra  inscripçSo  no  bordo '. 

George  Bower  ou  Bowers,  autor  d'esta  medalha,  foi  ni 
que  trabalhou  em  Londres  desde  1650.  Em  1664  entrou  c 
vador  para  a  casa  da  moeda  de  Londres,  vindo  a  fallecer 
on  1690.  Gravou  grande  quantidade  de  medalhas  durante  os 
de  Carlos  II,  de  Jacques  II  e  de  Guilherme  III.  Commemor 
casamento  gravou  seis  typoa  diversos.  Àssinava-ae  umas  vei 
e  outras  G.  B.  F.  (fecit),  e  também  G.  Bower  F.* 


■  No  referido  livro,  na  mesma  pagina,  d."  94.  Essa  inscrípção  é  a 
HINC  PROGENIEM  VIRTVTE  FVTVRAM  EGREGIAM  ET  TOT 
VtBIBVS  OCCVPET  OBBE.M. 

C<Hiheeia  o  autor  um  exemplar  qne  tinha  ORBVM  em  vei  de  ORl 
t  A  biographia  d'este  gravador  vem  no  Biographieal  Dktúmary  «tf 
lie  L.  Forrer,  e  no  livro  Jíéd.  lUuêtr^  tomo  11,  pp.  721  e  7é6. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AacHEOLoGO  Português 


FigaiSk  2.' 


Abv. — Busto  laureado  de  Carlos  II,  i  direita,  de  grande  cabelieírs. 
vestido  com  armadura ;  sobre  esfa  tem  um  manto  que,  dando  volta  peloc 
hombros,  vem  prender,  com  um  nó,  no  bombro  direito,  onde  se  dis- 
tingue uma  parte  da  cabeça  de  um  leXo.  Leg. :  CÃKOLVS  -  II  -  DEI  - 
G  ■  MAG  ■  BRI '  FRAN  •  ET  ■  HIB  ■  REX. 

Rev. — Busto  de  T>.  Catbarina,  á  direita,  com  bello  penteado  ador- 
nado com  pérolas.  Dois  caraooes  lhe  caem  para  nm  e  oatro  lado  du 
pescoço.  Tem  um  vestido,  meio  decotado,  que  prende  no  bombro  di- 
reito, e,  por  cima  do  vestido,  está  lançado  artisticamente  um  manto. 
Leg.:  CATHARINA  D  ■  O  •  MAG  ■  BRI  ■  FRAN  -  ET  ■  HIBER  * 
REGINA. 

Esta  medalba  é  de  prata;  pesa  41'',74;  tem  de  diâmetro  43  mil- 
limetros  e  de  espessura  3  millimetros.  Está  muito  bem  conservada  e 
é  rara. 

Vem  descrita  no  livro  Med.  lUustr.,  vol.  I,  p.  489,  d.*  111,  e  em 
Van-Loon,  onde  também  vem  estampada,  no  vol.  u,  p.  471,  n.'  1. 

Seguindo  os  commentaríos  feitos  pelo  autor  do  livro  Med.  JUiutr., 
parece  que  esta  medalha  foi  a  celebrada  pelo  poeta  Waller,  que  a  de- 
nominou iMedalha  Aureai. 

Os  cunhos  estSo  no  Museu  Britannico.  Apesar  de  não  estar  assi* 
nada,  é  considerada  como  sendo  obra  do  celebre  gravador  John  Roet- 
tier.  Este  habíl  artista  era  filho  de  um  ourives  de  Antuérpia.  No  tempo 
de  Carlos  II  entrou  como  gravador  para  a  casa  da  moeda  de  Londres, 
onde  succedeu  a  Rawlíns  no  logar  de  chefe  de  gravadores.  Em  1697 
perdeu  o  logar,  vindo  a  fallecer  em  1703.  É  considerado  como  um  dos 
melhores  gravadores  ingleses  d'aquella  época.  Soando  o  sea  nome  logo 
abúxo  dos  celebres  irmSos  Simons.  Pena  é  que  tSo  celebre  gravador 
n&o  tivesse  assinado  esta  medalha,  como  ás  vezes  fazia  em  outras. 
A  sua  assinatura  era  um  mooogramma  fonnado  pelas  duas  iniciaes 
do  seu  nome  J.  R.  (John  Roettier)  *. 

Foi  a  Infanta  D.  Catharina  maito  religiosa,  como  dissemos,  e,  como 
tal,  tomou  para  sua  protectora  a  Santa  cujo  nome  lhe  haviam  dado 
seus  pães,  por  ter  nascido  no  dia  em  que  a  igreja  celebrava  a  sua 
festa. 


'  Coroo  o  Diecionario  de  Forrer,  já  citado,  ainda  não  chegou  á  lettra  K,  ti- 
vcmoB  de  tioB  restringir,  para  a  biographia  d'eate  gravador,  ás  soticiae  biogra- 
pbicas  de  gravadores  quo  vem  no  livro  Meã.  Ill»uir.,\ol.  ii,  p.  7S7  e  748. 


byCOO^^IC 


o  ÀaCHEOLOQO  POBTUQUÊS  307 

Esta  circunstancia  levou  alguns  gravadores  a  cunharem  umas  me- 
<lalhaâ  allusivas  ao  facto,  collocando  nellas  a  imagem  de  Santa  Catha- 
rina  •. 

D'e3sas  temos  a  seguinte: 

Figura  3,' 

Anv, — Foi  aproveitado  para  este  lado  o  mesmo  cunho  que  tinha 
servido  para  o  reverso  da  medalha  anteriormente  descrita. 

Rev. — Imagem  de  Santa  Catharina,  de  pé  e  quasi  de  frente,  com 
vestido  e  manto  lisos,  graciosamente  dispostos.  A  mão  esquerda  está 
apoiada  nos  copos  de  uma  espada,  e  a  direita  sustenta  uma  palma. 
Jimto  dos  pés,  que  estão  descalços,  está  a  roda  quebrada  que  serviu 
ao  sen  martyrio.  Da  direita  ergue-se  uma  montanha,  sobre  a  qual  se 
divisa  uma  pequena  ermida;  o  chão  é  coberto  de  hervas,  havendo  á 
esquerda  um  pequeno  arbusto  e  um  tronco  velho  de  uma  arvore. 

Sobre  a  cabeça  da  Santa  estão  projectados  raios  luminosos,  que 
rompem  por  entre  nuvens.  Na  orla,  da  esquerda,  a  leg. :  PIETATE, 
6  da  direita:  ISSIGNIS*. 

Esta  medalha  é  de  prata;  pesa  37^^,50;  tem  de  diâmetro  43  miU 
limetros  e  de  espessura  3  millímetros.  Está  muito  bem  conservada  e 
é  rara. 

Vem  descrita  no  livro  Meã.  lUvstr.  vol.  i,  p.  490,  n."  113;  na  Me- 
moria das  medalhas  de  Lopes  Fernandes,  n.°  18  (estampada)';  na  Hitt. 
Cren.  da  Casa  Real,  tomo  iv,  p.  491;  vem  também  estampada  neste 
livro  nas  taboas  FF. 

Segundo  este  nltímo  autor,  também  vem  descrita  no  livro  de  John 
Evelyn,  A  Discourse  of  Meãals  antíent  and  modem,  etc.,Jjondres  1697. 
É  provável  que  o  autor  do  reverso  d'esta  medalha  tivesse  sido  o  mesmo 
do  anverso,  que  como  dissemos  foi  Roettier. 

Figura  4.' 

Anv. — Busto  laureado  de  Carlos  II,  á  direita,  sem  vestuário  e  com 
grande  cabelleira. 


<  Med.  IUuitr.,vo\.  i,  p.  490,  n."  112  c  118,  e  p.  491,  n.-  114, 

í  Este  reverBo  também  foi  combinado  com  outro  anverso;  vide  livro  c: 


'  Parece  qae  esta  assim  como  a  da  HúL  Gen.  aio  as  variantes  a  qne  noa 
rrférimos  na  nota  antecedente  e  que  se  diatiuguem,  principalmente  por  o  busto 
da  rainha  t«r  maior  nnmcro  de  oaracoes  caídos  pelo  pescoço. 


byCoOglc 


308  O  ÃSCHEOLOOO  POKTDQDÍS 

Por  bsixo  do  busto  um  monograioina  formado  pelas  lettraa  JB,  as- 
sinatura do  gravador  John  Roettisr.  Leg.:  OÃBOLVS  ■  II  -  D  -  G  - 
MAG  -  BRIT  ■  FEAN  •  ET  ■  HIB  •  EEX. 

Rev. — Buato  mnito  gracioso  de  D.  Catfaaruia, voltado  á  direita,  com 
um  penteado  á  inglesa. 

Ma  parte  de  trás  da  cabeça,  o  cabello  está  atado,  e  dois  caracoes 
caem  sobre  as  costas.  Tem  um  vestido  muito  simples,  com  um  broche 
Bobre  o  hombro  direito.  Leg. :  CATHEK  DG  MAG  ■  BRIT  -  — 
FRAN  -  ET  ■  HIB  -REGINA  ■ 

Esta  medalha  é  de  prata;  pesa  24^,29;  tem  de  diâmetro  35  mil- 
limetros  e  de  espessura  2,5  miilimetros.  Esti  muito  bem  conservada 
e  é  rara. 

Vem  descrita  no  livro  Meã.  Ulustr.,  vol.  I,  p.  489,  n,*  110;  na  Me- 
moria de  Lopes  Fernandes,  n."  20;  na  Bíst.  Oen.  tomo  iv,  pp.  491— 
492  e  taboa  FP,  n."  3;  emVan-Loon,  tomo  u,  p,  471,  n.*2.  Segando 
citam  alguns  d'esteB  autores  também  vem  descnta  no  livro,  já  citado, 
de  Evelyn. 

Conforme  a  assinatura  indica,  foi  gravada  por  John  Roettier,  cuja 
noticia  biographica  já  dêmos. 

Esfa  medalha  é  variante  de  outra  que  se  dififerenceia  pelo  facto  de 
não  ter  assinatura,  e  de  no  busto  da  rainha  nSo  estarem  os  caracoes 
caidoe. 

Fiptra  B.' 

Anv. — Bustos  conjugados  de  Carlos  II  e  de  D.  Catbarina  voltados 
i  direita.  O  d'6Ue,  que  está  no  primeiro  plano,  tem  grande  cabelleira 
e  o  pescoço  nu;  o  d'ella,  que  se  vê  só  em  parte,  por  estar  encoberto 
com  o  do  marido,  tem  um  leve  vestuário.  Leg.:  ■  CAROLVS  -11- 
ET-  CATHARINA  DG  MAG  —BRIT  FR  ET  HIBREX  ET 
REGINA. 

Eev. — A  direita,  voltado  para  a  esquerda,  Júpiter  sentado,  nu  da 
cintura  para  cima,  com  grandes  barbas  e  cabelleira  espessa;  com  a 
mXo  esquerda,  que  está  apoiada  qa  cabeça  de  orna  águia  que  tem  junto 
de  si,  segara  um  feixe  de  raios.  Na  sna  frente  está  Vénus,  em  com- 
pleto estado  de  nudez,  a  quem  Júpiter  estende  a  mão  direita.  Sobre 
as  costas  de  Vénus  está  Cupido.  Todas  estas  figuras  estão  entre  nn- 
vens,  e,  por  cima,  na  orla,  tem  a  seguinte  legenda:  MAIESTAS  ET 
AMOR. 

Esta  medalha  é  de  prata;  tem  de  diâmetro  27  miilimetros  e  de  es- 
pessura 1  millimetro  nalguns  pontos  e  2  ndllimetros  nontroS,  pois  que 
é  irregular.  Pesa  7^',97  e  nSo  é  commum. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÀSCHEOLOOO  POKTnQUÊS  309 

Existe  nma  variante  d'e3ta  medalha  em  que  as  figuras  do  reverso 
estSo  em  posiçKes  contrarias  ás  d'esta,  ficando  Júpiter  á  esquerda, 
voltado  á  direita,  e  Venns  á  direita,  voltada  á  esquerda.  O  anverso 
é  igual. 

Vem  descrita  no  livro  Med.  Jlluãtr.,  vol.  i,  p.  481,  a."  92. 

A  variante  vem  descrita  no  mesmo  livro,  com  o  n."  91,  e  descrita 
e  estampada  emVan-Loon,  tomo  ii,  p.  471,  n."  3. 

Foi  gravada,  segando  parece,  por  George  Bower,  de  quem  já  fat- 
iámos. 

A  legenda  é  extrahida  de  nps  versos  de  Ovtdio  (Metamorphoteã, 
liv.  II,  V.  847): 

Non  beoe  conveniDot,  oec  in  una  sede  morantur 
Maiestas  et  amor, 

Flíorae.' 

Anv.  —  Busto  de  Carlos  II,  voltado  á  esquerda,  com  grande  cabel- 
leíra,  coroa  na  cabeça  e  traje  real:  arminho  e  rendas.  Aos  lados  do 
busto  tem,  da  esquerda  um  C,  e  da  direita  um  R  [Carolus  Rex),  e,  por 
cima  de  cada  uma  d'eslaB  letras,  uma  coroa  real.  Em  baixo,  na  orla, 
a  legenda:  PACE  TRIVMPHANS. 

Rev, — Busto  de  D.  Catharina,  voltado  á  esquerda,  com  grande 
penteado  caido  pelas  costas  em  forma  de  rolos  e  muito  saliente  no 
alto  da  cabeça  j  nelle  está  mettida  uma  coroa  com  cinco  pontas.  Ã  In- 
fanta está  decotada,  e  o  vestido  é  enfeitado  com  renda.  Na  frente  do 
busto  ha  uma  coroa,  e  na  parte  superior  da  orla  a  legenda:  FVTVRI  — 
SPES. 

Tanto  de  um  lado  como  de  outro,  os  bustos  estão  no  meio  de  uma 
cercadura  ornamentada,  que  forma  uma  espécie  de  moldura.  A  medalha 
tem  a  fíírma  oval,  medindo  o  eiso  maior  32  millimetros  e  o  menor 
27.  Na  parte  superior  tem  estas  medalhas  uma  pequena  argola,  para 
poderem  ser  suspensas  (a  da  nossa  já  lhe  caiu). 

Esta  medalha  é  de  prata  e  pesa  4^,59.  É  rara  e  vem  descrita  no 
livro  Med.  lUuãlr.,  vol.  i,  p.  483,  n."  96. 

Parece,  segundo  este  livro,  que  estas  medalhas  eram  vendidas  nas 
mas,  por  occasião  do  casameuto,  e  que  o  povo  se  adornava  com  ellaa. 
SSo  de  trabalho  bastante  grosseiro. 

Figura  7.' 

Anv. — Bustos  conjugados  de  Carlos  11  e  de  D.  Catharina,  vol* 
tados  á  direita,  estando  o  do  rei  no  primeiro  plano.  O  d'elle,  com 


byGoí>^^lc 


310  O  ArCHEOLOGO  POBTDQUâS 

o  pescoço  nu,  tem  grande  cabelleíra  que  cae  para  as  cosias,  e  está 
vestida  com  rica  armadura,  com  vários  ornatos,  entre  os  quaos  se  des- 
taca, na  frente,  ama  cabeça  de  leSo.  Leg.:  CAEOLVS  -  ET  CATHA- 
RINA  REX  -  ET  ■  REGINA. 

Rev. — Occupando  todo  o  campo,  o  globo  terrestre,  onde  estSo  gra- 
vadas aa  diversas  partes  em  que  se  divide.  Leg. :  ^  DIPFVSVS  - 
IN  ■  ORBE  ■  BRITANNVS  ■  1670. 

Esta  medalha  é  de  prata;  pesa  S&',27;  tem  de  diâmetro  43  mil- 
limetros  e  de  espessura  3,5  millimetros;  está  bem  conservada.  KSo 
sendo  muito  oommum,  não  deve  contudo  ser  considerada  rs^ridade;  sio 
conhecidas  bastantes,  e  apparecem  com  frequência  á  venda  dos  mer- 
cados estrangeiros.  De  todas  as  da  serie  é  talvez  esta  a  mais  conhe- 
cida em  Portugal. 

Vem  descrita  no  livro  Med.  IUustr.,voí.  i,  p.  546,  n."203;  ena  Ah- 
miematica  de  Alexandre  Leitão,  a."  13.  Vem  descrita  e  estampada  na 
Hist.  Gen.,  tomo  IV,  p.  491  e  táboa  F  F,  n.**  2;  aa  obra  de  Lopes 
Fernandes,  n."  19  e  p.  17;  e,  (reproduzindo  citação),  na  obra  de  Eve- 
lyn,  n."  131. 

Esta  medalha,  que  não  está  assinada,  parece  ser  obra  do  gravador 
Boettier,  a  quem  já  nos  re&rtmoe. 

Entre  outras,  o  autor  do  livro  MeãaUtc  lUusíratíotu  formãla  orna 
hypothese  que,  alem  de  ser  muito  cariosa,  é  perfeitamente  admissível. 
Diz  que  nesta  medalha  pôde  eiústir  uma  allusão  ao  célebre  dote  que 
D.  Catharina  levou  para  Inglaterra.  Na  verdade,  parece  que  houve 
essa  intenção,  pois  que  de  um  lado  foram  coUocados  em  conjugação  os 
bustos  dos  reis,  que  recordam  assim  o  casamento,  e  do  outro  o  globo, 
com  a  legenda  que  se  refere  á  expansão  da  Inglaterra.  Ora  o  principio 
da  expansão  da  Inglaterra  na  índia  começou  pela  cidade  de  Bombaim, 
que  fazia  parte  do  referido  dote ;  é  pois  provável  que  na  medalha  se 
quisesse  alludir  ao  dote. 

Uma  leve  observação  é  preciso  apresentar  com  referencia  a  esta 
medalha:  as  estampas  que  citámos,  que  vem  nas  obras  de  Lopes  Fer- 
nandes e  na  Historia  Genealógica,  não  estão  conformes  com  o  original. 
As  principaes  diãerenças  consistem  no  seguinte:  nas  estampas  as  le- 
tras da  legenda  do  anverso  são  maiores,  foi  alterado  o  V  para  U  e  a 
ultima  palavra  é  RGG-.  (abreviatura)  quando  no  onginal  está  REGINA. 

No  reverso,  alem  da  transformação  dos  V  V  em  U  U,  foi  substi- 
tuída a  palavra  BRITANNVS,  do  original,  por  BRITANICUS. 

Alem  d'isso,  coUocando  a  medalha  em  posiç&o  natural  para  ser 
observada,  e  comparando-a  com  a  estampa,  vê-se  que  neBta  o  globo  foi 
invertido  em  relação  á  legenda. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


Di„i„«b,Googlc 


o  tobtílojo  ParwjuÈi 


ESTAMPA  I 
-  ^    "'■"    ^  I 


V.l  s-*- 


Di„i„«b,Googlc 


o  Archeclogo  hiuigiiíj 

KTAMPA  II 


Di„i„«b,Googlc 


Di„i„«b,Googlc 


o  Archboloqo  Portuquêb  311 

Xenhnma  dúvidft  nos  resla  que  estas  âifferenças  nXo  indicam  a 
existência  de  uma  variante  d'estas  medalhas,  Lopes  Fernam 
guado  parece,  nSo  viu  nenhuma,  e  por  isso  teve  de  a  mandai 
da  Historia  Genealógica '. 

D.  António  Caetano  de  Sousa,  por  sua  vez,  fallaodo  de  n 
dalha  que  descreve  antes  d'esta,  diz:  lAchej-a  em  hum  Liv 
posto  na  lingua  Ingleza. .»  (é  o  livro  de  Evelyn);  e  ao  refe 
medalha  de  que  estamos  tratando,  que  descreve  logo  a  segi 
■Anda  no  dito  Livro»*.  Isto  é,  mandou  também  copiar  »  esti 
referido  livro,  que  foi  feito  em  1697.  Ora,  nesta  época,  e  ben 
que  os  gravadores  copiavam  detestavelmente  tanto  as  moedi 
as  medalhas,  defeito  que  se  prolongou  por  muitos  annos,  e  qi 
hoje  existiria  se  a  photogravura  não  viesse  em  auxilio  doB  nt 
tas.  Julgamos  pois  não  ser  preciso  dizer  mais  para  que  se 
a  certeza  de  que  não  existe  nenhuma  variante,  mas  simplesm 
copia. 

As  primeiras  seis  medalhas  que  deserevemoB,  como  comm< 
vas  do  casamento,  deveriam  ter  sido  cunhadas  em  1662,  a 
que  este  ee  realizou.  A  ultima,  que  já  não  commemora  preci. 
o  mesmo  facto,  tem  a  data  gravada — 1670. 

Em  quasi  todas,  o  busto  de  Carlos  11  está  voltado  á  direit 
isso  é  curioso  saber-se  que  o  costume  de  collocar  o  busto  de 
narcha  em  posição  contraria  á  do  antecessor  começou  em  In 
no  tempo  d'e5te  monarcha,  sendo  decretada  esta  ordem  para  a 
monetária  de  1663.  Parece  que  esta  ideia  foi  suggerida  pela 
aversão  que  Carlos  II  deveria  ter  a  Cromwell,  seu  predecesso 
isso  desejaria  estar  como  que  de  costas  voltadas  ^ 

Temos  assim  descrito  as  medalhas  dedicadas  á  Infanta  D 
rina  de  Bragança,  Rainha  de  Inglaterra,  as  quaes  possuimos  i 
coUecção,  tendo-nos  servido  de  principal  guia  para  este  estudo 
que  por  vezes  citámos,  Medallic  lUustrationa. 

Como  pouco  ou  nada  pudemos  acrescentar  ao  que  ahi  se  ( 
nosso  trabalho  ficaria  completamente  inútil  se  não  fosse  va 
pelas  estampas  que  o  acompanham.  E  um  simples  catalogo  íl 
de  uma  serie  de  medalhas. 

Junqueira,  Novembro  de  1905. 

Arthub  Lam 


'  Memoria  deu  tnedalkat,  p.  16. 

*  SM.  Gen.,  tomo  iv,  p.  491. 

>  The  Coin  ColUetor"»  Manual,  by  H.  Noel  Hunjphreys,  vol.  ii,  p.  < 


byGoot^lc 


o  ASCH£0L000  POBTDOCfiS 


Antigruldades  prehlstoiicas  da  Beira 

III 
Ore*  d«  CanalUBka 

No  sitio  de  Cairalhinha,  entre  as  Carvallas  e  S.  JoSo  do  Monte, 
concelho  de  Nellas,  ba  uma  vinha  chamada  Orca  ãa  CamalhinAa.  Em 
tempos,  como  o  nome  ainda  o  revela,  existiu  ahi  nma  ona  ou  dolmen; 
o  Sr.  Bernardo  Kodri^ues  do  Amaral,  meu  prestante  ami^,  que 
foi  quem  me  deu  esta  noticia,  viu-a  ainda  de  pé.  O  dono  da  vinha 
destruiu  a  orca  para  aproveitar  as  pedras  em  nma  parede. 

Estive  no  local  em  29  de 
Dezemhro  de  1894.  Nem  se- 
quer um  esteio  ahi  já  se  encon- 
trava; BÓ  alguns  cacos  prehis- 
torícos  &  superãcie  do  terreno. 
Ho  dia  3  de  Janeiro  seguinte 
mandei  excavar  no  sitio  em  que 
o  Sr.  Rodrigues  do  Amaral  me 
dissera  qne  estava  o  monu- 
mento; excavon-se  na  profun- 
didade, pouco  mais  ou  menos, 
de  1  metro,  até  o  ponto  em 
que  SC  acharam  varias  pedras 
assentes  no  saihro  natural,  as 
quaes  deviam  ter  feito  parte 
de  um  ladrilho  que  cobrisse 
o  chão  da  orca  *.  Mas  nem  da 
camará,  nem  do  corredor,  se 
descobriu  o  minimo  vestígio 
material. 

Foi  tudo  mnito  bem  cavado 

Pig.  ij,  e  mexido,  e  crivada  a  terra 

extrahida.  No  entulho  appa- 

receram  muitos  carvões,  que  estavam  dispersos  por  todo  elle.  Quanto 

a  objectos  prehtstoricos,  encontraram-se  os  seguintes: 

1)  Dois  machados  de  pedra,  representados  na  fig.  l.*  e  2.'  ("/j  do 
tamanho  natural); 


'  Cf.  SfligiStt  da 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Akcbeologo  Poetuquês 


313 


2)  Uma  lamina  de  faca,  de  silex,  representada  em  tamanho  natural 
U2t  %.  3.'; 

3)  Uma  folha  de  serra,  de  silex,  representada  em  tamanho  natural 
na.  fig,  4.'; 

i)  Fragmentos  cerâmicos,  de  pasta  grosseira  (cuja  côr  é  ora  preta, 
ora  vermelha)  e  com  pedacitos  de  quartzo  e  feldspatho  pelo  meio,  e  a  su- 
perficie  polvilhada  de  finíssimas  palhetas  de  mica.  Sâo 
fundos  de  vasos  e  restos  de  bojos.  Infelizmente  nenhum 
vaso  se  pôde  restituir. 

O  <jne  resta  mostra  que  os  vasos  foram  fabricados 
á  mao,  sem  o  emprego  de  roda  de  oleiro. 


Com  estes  objectos,  de  caracter,  como  ^sse,  prehistorico,  appa- 
receu  um  fragmento  de  ferro,  de  forma  indeterminavel,  e  certamente 
moderno;  e  vários  cacos  que  talvez  sejam  de  procedência  romana. 

IV 
Soticia  de  daag  'orcu> 

1.  Entre  Lapa  de  Lobos  e  Fiaes,  ao  pé  de  Cannas  de  Senhorim, 
havia  uma  orca  que  foi  destruída  por  occasiSo  de  se  fazer  a  estrada  nova. 

2.  Ao  pé  de  Villar  Seco,  concelho  de  Nellas,  ha  um  campo  com 
o  Dome  de  Orca.  De  certo  existiu  ahi  um  dolmen,  ma  já  não  restam 

vestígios  d'elle. 

®  J.  L.  DE  V. 


byCOO^^IC 


o  ÂRCSEOLOGO  POBTUGUfiS 


Algrans  dootunentos  para  a  Ustoria  da  aeriooltnra 
e  da  navegação 

Doa  seis  docnmentos  agora  publicados,  ob  n."*  i,  ii,  iii  e  v  tem  relaçfio  com 
a  agricDltura  e  ob  n.**  iv  e  vi  com  a  navegagiUi  maritima  e  flavial.  Com  excep- 
çfio  do  nitímo  docamento,  todoB  ob  demaÍB  peTtenoeram  ao  coavento  de  AIco* 
baça  e  referem-se  a  propriedades  situadas  na  Granja  da  Da  Oorda,  AlTominba, 
e  Leiria,  sendo  interesBant«  o  doe.  i  por  aos  inrentariar  ama  granja  tanto  hm 
moveis,  como  nos  gados. 

O  doe.  IV,  datado  de  1340  (E.  de  C.  1376)  indica  o  nao&agio  de  um  baixel 
(vaúseau)  na  Fedemeiro,  ponto  de  importância  na  Idade-UedJa,  no  qual  se  per- 
deu o  haver  de  dois  mercadores  da  cidade  do  Forto.  O  nltimo  docamento,  perten- 
cente ao  mosteiro  de  Chellas  e  datado  de  1378  (1416),  trata  da  qaestío  qne  se 
levantou  por  um  individao  de  Almada  nSo  ter  satisfeita  a  outro  de  Santarém 

o  preço  de  uma  barca  que  lhe  comprara. 

Pedbo  a.  de  Azevedo. 

I. — Sabham  todos  que  Era  de  Mill  e  trezStos  e  seteSta  e  liiin  anos 
três  dias  Doytubro,  Rodrigo  £anes,  almoxarife  Del  Rey  E  eu  Lourenço 
pirez  escriuS  e  TabelliS  da  dita  vila  cB  elle  cii  omèes  boos  fomos  Aa 
grUia  Dalcobaça  que  ha  a  par  da  de  Gorda  da  par  da  villa  e  o  dito 
almoxarife  per  carta  Del  Rey  que  mostrou  ffilhou  a  dita  gríia  e  pela 
grãia  filhou  todalas  cousas  que  a  ella  erã  perteesStes  convém  a  saber 
vias  e  herdades  e  pS  e  vío  e  gaados  come  outras  cousas  que  s3  per- 
teeaStes  aa  dita  grãia.  E  defSdeu  ao  dito  flPrey  martto  da  parte  Del 
Rey  que  per  sy  nS  per  seu  cSç^^lbo  nS  amoore  nS  hua  cousa  da  dita 
'gr&in  E  estas  b3  as  cousas  que  achamos  na  dita  grSia  primeyra  Trijnta 
e  dous  alqueires  [de]  cBteo  Ãueasso  e  víjntí  alqueires  de  trigo  guyento 
E  dous  alqueires  de  trigo  velho  e  três  alqueires  de  trigo  sementai 
e  dez  alqueires  de  ceuada  E  de  Milho  três  quarteiros  e  dez  alqueires 
de  dez  e  sex  alqueires  o  quarteiro  e  quatro  alqueires  de  legumha, 
e  de  lyaça  Item  quatro  arcas  em  que  see  o  dito  píl  E  duas  tthas  eS 
aquela  que  see  no  lagar  E  duas  cubas  c5  vlo  e  huu  tonhel  que  erõ  cbSas 
as  quaaez  dizia  o  ífrade  qoe  daua  a  cuba  may6r,  sex  moyos  de  vto  Iv- 
pho  e  a  meor  huu  Moyo  Item  hua  pouca  de  Madeyra  velba  que  foy  de 
tonbet  Item  huu  tonhel  velho  em  que  see  o  Mylho  Item  hOa  Messa 
e  huu  escano  Item  duas  tanoas  velhas  que  forS  de  mesas.  Item  hua 
.caldeyra  velba  ([  Item  de  gaado  vacaril  quatro  vacas  com  seus  fi- 
lhos que  forS  ogano  tenreiros  Item  duas  vacas  darado  Item  três  boys 
darado  Item  hiía  Jovenca  e  liiiu  botS  Item  hiia  vaca  anelba  c5  sa 
lilba  E  asy  s3  per  todas  dez  «  sete  cabesas  Item  disse  o  ffrade  que 
tilha  na  Âideya  de  sS  Momede  três  couas  c8  pã  a  hiia  dizia  que  iaua 


byGoí>^^lc 


o  Abcheolooo  PoimiouãB  315 


oÃi  cevada  e  a  outra  c3  trigo  tremez  e  outra  c3  trigo  mourisco  pregun- 
tado  se  sabia  quanto  era  disse  que  uS  Item  na  adega  da  vila  hna  cuba 
que  hy  séé  e  doaa  toneez  cheos  de  vto  todo  que  be  ayda  pêra  atestar 
ao  tempo  e  hfia  tyba  que  hy  see  vazia  e  huu  dos  cascos  dos  toneez 
dise  que  era  alhSo  Item  bnu  Rocy  c8  sa  sela  e  c5  seu  ffrco  Das  quaaez 
coussas  o  dito  ãrade  pydio  a  my  TabellíS  huu  testemSyo  S  eu  Ibe  dey 
c3  e^te  meu  sinbal  -{-  que  tal  he  Ts.  Vicente  escudeyro  da  Tapeleyra 
e  Joft  mateus  omen  qne  foy  do  Alcayde. 

I&rUvo  Naekinil.  CoUwfla  Mfpatal,  Miu  n.*  S9,  mafo  t). 

II. — SabhS  todos  que  na  Era  de  Mill  e  trezentos  e  satêta  e  dous 

anos  treze  dias  de  NouSbro  S  na  Grania  da  da  gorda  3  presença  de  my 

Liourenço  Dominguez  TabelijSn  dobidos  e  das  testemunhas  que  adiante 

son  scriptas  Domjngos  Lourenço  almoxarife  de  Torres  uedras  meteu 

S  poase  e  S  corporal  possíson  frey  Migeel  Príol  dalcobaça  procurador 

do  abbade  e  conuento  dalcobaça  da  dita  grEUa  e  de  todalas  cousas  que 

a  ela  perteeciS  c8  alfayas  que  hy  sijã  as  quaes  forS  lendas  per  my 

dito  Tabellyon  que  as  escrevera  no  tempo  que  meterS  em  posse  Dura 

martijnz  procurador  de  Pêro  do  Sen  da  dita  grSia  e  fezerS  pregfita 

a  martim  anes  qne  hy  estaua  por  caseeyro  se  sijS  na  dita  grSia  as 

ditas  alfayas  e  gãado  e  o  p3  que  hy  colherS  E  o  dito  Martim  anes 

dise  que  as  ditas  alfayas  que  sijS  na  dita  grSia  e  que  as  cousas  que 

ende  myguauã  eril  estas  hua  ejzóó,  e  buas  turqueses  e  huu  almaffaçe 

e  dhuas  argáás  nelbas  e  quinze  cabeças  de  gãado  uacaril  das  quaees 

dise   o   dito  Martim  anes  que  erS  sex  vaccas  de  parir  e  três  boys 

e  bQu  almalho  e  cinqui  beçerros  e  disse  que  pS  nS  sija  na  dita  grSia  uS 

buS.  E  o  dito  príot  frStou  ao  dito  Domingos  Lourenço  que  o  entregase 

das  ditas  cousas  que  myguauã  como  lhe  £1  Rey  mãdaua  per  sa  carta. 

E  o  dito  Domingos  Lourenço  dise  que  lhas  entregaria  de  grado  sas 

achase  £  o  dito  pnot  dise  e  frouton  ao  dito  almoxarife  que  pois  n5 

achaua  os  nonos  nS  os  gãados  que  lhos  entregase  das  outras  cousas 

que  achase  de  pêro  do  sen  como  El  Rey  mãdaua.  E  o  dito  almoxarife 

dise  que  o  ffeito  cSmo  o  achaua  que  o  mSdaria  dizer  a  El  Key  e  c3mo 

lhe  el  mandase  que  assy  o  faria  Das  quaes  cousas  o  dito  príol  pedio 

ende  a  my  dito  Tabellyon  híiu  estormSfo  (Feito  foy  na  dita  griia  no 

dia  e  na  Era  sobre  dita  testemunhas  Lourenço  perez  tabellyon  DurS 

martijnz  clérigo  de  pêro  do  sen  Martim  anes  alho  de  Johane  abril  da 

Koyiriça  Martim  esteuez  homS  de  DnrS  martijnz  Martim  steuez  bomS 

do  dito  Domingos  Lourenço  e  outros.  E  eu  sobre  dito  Tabellyon  aa 

pitiçom  do  dito  Priol  este  stromento  screuy  Sele  este  meu  signa)  pugy 

qne  tal  -|-  he. 

^  '  {AnblvD  Nielonsl.  CMee^  Xq>«e<iil,  ulin  n.°  89,  mifo  1). 


byCOO^^Ic 


316  O  ÃBCuBOLoao  Pobtoodés 

III.  —  SabhS  todos  qne  na  Era  de  MÍ1  e  trezentos  e  SalSeta  e  Seú 
Anos  quatro  dias  doytnbro  na  Alvornlba  Conto  dalcobaça  estldo  oo 
adro  em  presença  de  myn  Martin  domtngiz.  Tabaiiyon  dei  Rey  no 
ctto  Couto  e  das  testemunhas  que  adeante  sam  sentas  frcy  Pen> 
martíJQz  monge  dalcobaça  e  Celareiro  da  adega  da  Alvomlbs  disse 
e  ffrontou  A  AfFonsso  domingiz  vigajro  do  <Uto  logo  da  Alvomíba  que 
el  auia  de  tiéér  as  dezimas  do  pau  e  do  vtbo  do  julgado  da  Alromiha 
assy  polo  abade  e  conuento  do  Moestejro  datcobaça  que  as  auia  dauer 
come  Poto  Cabidóó  de  LixbSa  que  ania  dauer  a  terça  poatifical  c  que 
o  dito  AfFonsso  domingiz  tijaha  vihas  e  herdades  no  dito  julgado  quc 
adubana  e  lauraua  e  que  nS  daua  ende  o  dezimo  e  affrontaua  ao  ditti 
Affonsso  domingiz  que  Iby  desse  o  dezimo  do  pan  e  do  vlho  das  ditas 
vlbas  e  herdades  pêra  auer  ende  os  ditos  Moesteyro  e  CH.bidóó  o  seu 
dereyto  E  o  dito  Affonsso  domingiz  disse  que  el  detijnha  a  dita  de~ 
zima  pêra  o  dizer  Ao  bispo  de  LijcbSa  e  que  se  Iby  o  dito  Sêhor  bispo 
mandasse  que  a  desse  que  a  daria  e  se  nom  nom  e  qne  per  ontra 
guissa  que  a  n3  embargaua  das  qnaes  cousas  o  dito  frey  Pêro  martijnz 
pedio  a  mym  dito  Tabelyon  que  Ihy  desse  hSu  stromento  Testemunhas 
Domingos  Gregorez  e  SteuJ  domingiz  seu  filho  moradores  na  Aluor- 
nlha  e  Domingos  Lourenço  alcayde  do  dito  logo  e  oatros  E  eu  dito 
Tabllíon  que  a  esto  presente  ffuy  este  stromento  escreuy  áá  petiçon 
do  dito  ffrey  Pêro  Martijnz  e  en  el  meu  synal  pugj  qne  a  tal  -J-  be  en 
testemuho  de  uerdade  -•- 

(Archivo  Hndonal.  CvUtetlii  Ejectai,  ul»  n.*  «9,  huço  I}. 

IV. — Sabhã  quantos  este  stromSto  vyrS  que  na  Era  de  mjl  e  tre- 
zentos e  satSeta  e  oito  anos  dez  e  noue  dias  de  Março  Sna  pederneira 
sSedo  en  Concelho  Domingos  lohaoes  juiz  desse  logo  disse  qne  ní  que- 
ria ouuir  homS  de  deos  e  fernã  pirez  moradores  no  dito  logo  que  dezia 
que  mandara  prender  per  rrazS  dua  bucha  com  dez  conodos  de  bm- 
neta  em  que  dizi&  que  os  cuIpS  que  Ihjs  dizS  qne  acharX  na  malhada 
da  Pederneira  que  andaua  em  huu  bayxel  que  sse  perdeu  no  porto 
da  Pederneira  por  que  dezia  que  erã  arrozes  e  tragiS  priuile^os  dos 
Reys  que  os  onuise  o  alcayde  do  mar  E  mandouos  pêra  JohS  pequeno 
alcaide  do  mar  no  dito  logo  que  ssija  presente  E  entregou  lhos  que 
os  ouça  e  dezenbarge  c5  seu  dereito  E  o  dito  alcayde  do  mar  se  den 
delles  por  entrege  E  disse  que  os  queria  ouuir  e  dezenbargar  e  fazer 
dellcs  dereito  segundo  lhe  mandado  pelo  almjrante  E  logo  o  dito  al- 
cayde do  mar  mandou  a  afonso  Martijnz  e  Johã  das  tendas  mercado- 
res do  porto  qne  ssijâ  presentes  que  deziS  que  erS  Senhores  do  auer 
que  se  contra  elles  entendiil  a  auer  alguu  dereito  que  os  demandasse 


byGoí>^^lc 


o  AWCBEOIÂMO  FOBTUGDãS  317 

per  ianto  el  e  que  el  os  ontiem  com  elles  e  dezenbsrgaría  como  acb&se 
qae  era  dereíto  £  írej  vícente  monje  do  moesteiro  da]i!<d>aça  pedio 
ao  <tito  Domingos  íohaues  e  a  Mtg«l  stenez  Jaizes  qae  per  sa  autori- 
dade lhes  mandassem  dar  l^uu  stromento  daa  ditas  cousas  E  os  ditos 
jaizes  lho  raandarS  dar  testemulias  Rodríge  anes  Martim  anes  pedre 
anes  e  ontros  £  eu  JobS  Oonçaluez  tabeiyS  por  El  Rei  S  na  £ta  villa 
da  Pederneira  que  este  stromento  per  mandado  dos  ditos  juizes  es- 
creay  e  em  elle  meu  sinal  pngj  qne  tal  ~\-  este. 

(AichlTo  NkIodiU.  CeUtcflo  SQwtal,  cilxa  aMO,  mnjo  S). 

V. — Sabbl  todos  que  eu  fifrey  Bernaldo  M3ge  dalcobaça  S  Nome 
de  Don  firej  Johã  martijnz  aBade  do  Moesteiro  do  dito  logo  dalcobaça 
e  do  Conuento  do  dito  togo  cuio  procurador  s3o  dou  a  uos  Steue  anes 
sobrinho  de  flrey  Steu!l  que  foy  aBade  do  dito  logo  dalcobaça  hBu 
Olival  que  a  ffrey  Johãne  <  JobSne  >  MSge  do  dito  Moesteiro  aCaeçeo 
da  parte  daETonso  Martijnz  seu  padre  que  o  tenbades  pêra  aquelo  que 
uos  o  dito  aBade  e  Conueoto  dei  mãdar  fazer  E  eu  dito  Steue  anes 
confeso  que  Reçeby  o  dito  Olinal  de  maão  do  díto  flrey  Bernaldo  e  &co 
que  o  tenha  pêra  aquelo  que  o  díto  aBade  e  Conuento  dei  mãdarem 
fazer  e  que  o  de  e  entregue  ao  dito  abade  e  Conuento  ou  a  saeu  certo 
mSdado  feito  e  Leyrèa  ante  cas  Martim  uíçente  da  ponte  Onze  dias 
de  Junho  Era  de  míl  e  trezentos  e  oyteenta  e  Çinque  anos.  testemu- 
nhas Jobãae  anes  carpenteyro  e  Martim  oiçente  daponte  e  Srej  JohSne 
MSge  dalcobaça.  E  eu  Staçe  anes  Tabelli5  dEl  Rey  S  LeyrSa  a  rrogo 
das  ditas  partes  este  stromento  scríuj  e  meu  signal  pugi  que  tal  he  -|~ 
en  testemunho  de  uerdade. 


VI. — Sabham  tod^os  Como  na  Era  de  Mill  e  quatrocentos  e  dez 
e  sseys  Anos  ConuS  A  ssaber  Oyto  djas  de  KouSbro  en  Santaren  no 
Alpender  de  santispiritus  per  ante  Qonçallo  rrodrigiz  daAureu '  Es- 
cudeiro Aluazil  do  Ciujl  na  dita  vílla  aseendo  no  dito  Logo  en  Concelho 


'  EBt«  indÍTÍclno  era  proravelmente  casado  com  uma  irmS  do  Condeatarel 
Nuno  Ãlvareg  Pereira.  Cfr.  Joeé  Angnato  Carneiro,  Notieia  Butoriea  e  Qauaio- 
gica  do*  Ábr^u»  de  Jtegaladot,  1905,  p.  67.  A  etimologia  inventada  pelos  genealo- 
gistas de  que  Abren  vem  do  nome  da  cidade  francesa  de  Avreas  6  insustentável. 
O  nome  provém  com  toda  a  probabilidade  de  Auiirã,  freg.  de  Hemfe  [Porl.  Mon. 
Hitt  Inq.,  S72).  Ha  ainda  outros  nomes  que  mndaram  o  -et  em  -eu  como  por  ex. : 
Guilhabren. 


byGoot^lc 


318  O  ÂBCBEOLOOO  POBTOGCÊS 

ouQJodo  OS  feitos  preseate  mjn  Lourenço  jitig^eez  tabelliS  na  dita  tíIU 
e  ts.  A  deante  scritas  Patx:eo  («te)  Luys  6onçatuez  morador  na  diu 
vilia  o  qual  mostroa  bua  carta  do  Concelho  da  dita  villa  e  seellsda  d» 
SBeu  seello  dA  qual  carta  o  teor  tal  he: 

A  todalas  Justiças  dos  Reynos  de  Fortngid  e  do  Algarue  que  esu 
carta  virdes,  uída  cS  bSa  iientujra  nos  de  dens  quanta.  Eu.  Vaasco 
uycente  Ouuydor  eu  Logo  de  6oinez  Eanes  Aluazil  do  Ciajl  en  San- 
taren  pêra  mjn  qnerrya  ffaçouos  ssaber  que  Luys  GoDçaluez  viúnbo 
e  morador  en  esta  villa  mostron  per  Ante  mjn  huu  stonnento  dolni. 
gaçom  íFeito  e  Assynaado  per  SimhS  Steuez  tabelliS  da  cidade  de  Lix- 
b&a  aegudo  parecya  que  contaua  que  ffora  feito  na  dita  cidade  vijnte 
e  huu  dias  de  Junho  da.  Era  de  mill  e  quatrocentos  e  dez  e  seys 
Anos  que  ora  Anda  no  qual  Era  contheudo  Antre  Às  outras  consas 
que  JohS  Louçãao  morador  en  Almadáá  obrigou  todos  seus  bSes  Mooys 
e  Raiz  Auuãos  e  por  Auer  A  dar  e  pagar  Ao  dito  Loys  Goncalnei 
saseenta  libras  de  Fortugueeses.  desta  Moeda  que  ora  Corre  en  paz 
e  en  saluo  Aco  na  dita  vitla  Ãtáá  dja.  de  san  Migeel  de  Setonbro 
que  ora  ffoy  per  BazS  de  conpra  dbfia  barca  c5  seus  Aparelhos  que 
dei  conprara  e  Recebera  E  que  nH  lhos  dando  Ao  dito  dja  qne  dj  en 
deante  IhoB  desse  e  pagasse  c3  as  Custas  e  despesas  que  sobre  esto 
fezesse  e  c5  dez  soldos  en  cada.  hfiu  dja.  de  pea  e  pela  dita  diojda 
se  obrigou  A  Responder  e  sséér  citado  per  Ante  de  Aluazíjs  desta  villa 
Renufiando  todos  priuilegios  e  liberdades  e  graças  e  merçees  dEI  Rey 
e  da  Kaynha.  e  doutros  qnaes  quer  Senhores  todo  outro  derejto  que  por 
ssy  poderia  poer  e  Alegar  pela  dita  Raz3  segundo  no  dito  stonnento 
majs  compridamente  he  contbeudo.  E  mostrado  o  dito  atormento  o  dito 
Luys  Gonçaluez  me  disse  qne  pêro  o  tenpo  A  que  Ihj  os  ditos  dinheiros 
ouuerom  A  sséér  pagados  e  mujto  majs  Era  Ja.  pasado  que  o  dito  Johl 
Louçãao  lhos  n3  pagara  nS  querrya  pagar  E  Fediune  que  Ihj  desemha 
carta  de  Rogo  pêra  uos  Justiças  pêra  Ihj  Enprazardes  o  dito  JobS  Lou- 
çãao E  eu  visto  o  dito  stonnento  e  ou  como  me  pedio  dereito  e  Agny- 
sado  Rogouos  por  dereito  que  sodes  tbeudos  de  fazer  que  bu  quer  que 
uos  o  portador  desta  carta  mostrar  o  dito  JohS  LouQ&ao  en  uosas  nil- 
tas  e  Julgados  que  o  Enprazedes  ou  Mandedes  Enprazar  e  Ihj  Assy- 
needes  htiu  dja  conneubauyl  A  que  paresca  per  Ante  mjn  Responder 
e  íazeir  de  ssy  dereito  Ao  dito  Luys  G-onçaluez  per  RazS  dos  ditos  di- 
nheiros ou  per  Ante  os  Aluazijs  do  Ciujl  da  dita  villa  e  per  Raz3  das 
penas  que  encorrerS  e  encorresem  Ao  deante  das  quaes  o  dito  Luys 
Gonçaluez  protestou  per  Ante  mjn  E  enuiandeme  dizer  o  dia  do  parecer 
per  uosa  carta  ou  per  stormento  de  tabelliS  pêra  Eu  néér  todo  e  dar 
A  cada  hSa  das  partes  o  sseu  dereyto  E  en  esto  faredes  dereito  que 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÀRCHEOLOaO  POBTUQDÊS  319 

saodes  theudos  de  fazer  E  o  que  £a  Sarey  por  uoBsas  cartas  de  Rogo 
c3  dereíto  C[uaado  per  Ante  mjn  veerem.  feita  en  Santarém  seys  dias 
de  Outubro  Lourenço  mjgneez  tabelliS  da  dita  vills  À  ffez  Era  de 
Míll  e  quatrocentos  e  dez  e  sseys  Anos. 

A  qual  carta  aaey  mostrada  nas  Costas  delia  Era  scrito  huu  stor- 
mento  feito  e  Ãssynaado  per  Martim  anes  tabeliS  da  cidade  de  Lixb3a 
segundo  parecya  pelo  qual  se  mostraua  que  o  dito  JobS  Louçãao  ffora 
citado  per  poder  da  dita  carta  e  per  Mandado  de  Nuno  ffemandea  es- 
cudeiro Alaazil  dos  feitos  Ciuys  na  dita  cidade  e  tempo  certo  Assinaado 
A  que  parecese  per  Ante  o  dito  Gomez  Eanes  Aluazyl  contbeudo  na 
dita  carta  per  Razt!  das  cousas  en  Ella  contbeudas  E  mostrada  A  dita 
carta  e  stormento  o  dito  Luys  Qonçalaez  dysse  que  o  termho  da  dita 
citaçS  e  do  dja  de  parecer  A  que  o  dito  Johã  LouçUao  ouuera  de  pa- 
recer Era  Ja  pasado  e  majs  e  que  nS  parecya  per  ssy  nS  per  outrem 
E  pedia  Ao  dito  Aluazil  que  lho  mandasse  Apregoar  E  o  dito  Aluazil 
visto  o  dizer  e  pedir  do  dito  Lujs  gonçaloez  e  o  dito  stormento  do 
dja  de  parecer  e  como  o  tenpo  Era  Ja  pasado  do  dja  de  parecer  maudou 
Apregoar  o  dito  JobX  LonçSao  per  Gonçallo  Domingiz  porteiro  da  Con- 
celho desta  viUa  o  qual  disse  e  deu  en  ffe  que  pêro  ho  Apregoara  que 
o  nS  Achara  nS  outrem  por  el  poren  o  dito  Aluazil  Julgou  por  Reuel 
e  Ãa  ssa  Reuelia  mAdou  que  o  dito  Lujs  Gonçaluez  fosse  metudo  en 
posse  de  tãtos  bSes  do  dito  JohS  Louçãao  en  logo  de  Reuelia  que  valham 
sasSeta  libras  de  oaboe  vijnte  de  peas  do  tempo  que  ouuera  A  ffazer 
A  paga  Atáá  o  dja  que  guaanhou  esta  Reuelia  protestando  o  dito  Lujs 
Qoncalnez  por  As  peas  que  ReoressesS  Ao  deante  E  outrossy  en  vijnte 
libras  que  disse  ffezera  de  despesas  quandóó  forom  Cítar  e  da  penhora 
que  Ihj  ora  Anjã  dir  ffazer  e  das  Custas  por  que  Jurou  Aos  Euãgethos 
que  tanto  Ibj  demandara  sseo  presente  cura  (?)  E  flBcou  por  ffiador 
Ao  mouyl  Lourenço  Pirez  procurador  no  Concelho  da  dita  vílta  E  i>  dito 
Aluazil  deu  por  porteiro  A  Eizecuçom  qual  quer  Porteiro  do  Concelho 
"E  o  dito  Luys  Clonçaluez  protestou  das  Custas  e  pedio  buu  stormento 
testemunhas  que  fforom  presentes  Steue  affomso  Steue  anes  Steuam 
Domingiz  Vasco  Uicente  Affomso  Martijnz  tabelliSes  e  outros  E  eu 
ssobre  dJto  Tabelliom  que  este  stormento  screuy  e  en  el  meu  sinal  ffiz 
que  tal  -j-  he.^pagoa  xij  soldos. 

yo  dorto.:  Sabh&  todos  que  em  presença  de  myn  Lourenço  Migeez 
tabelíS  dei  Rey  e  Steuao  Martijnz  ta  adeante  soríptas  ffernS  CastellSao 
porteiro  do  Concelho  disse  e  deu  en  ffe  que  el  por  poder  desta  sentença 
de  Reuelia  desta  outra  parte  scrita  Andara  buscando  pela  dita  villa 
bèes  do  dito  JohS  Louçâao  pêra  conprlr  en  ellas  A  dita  Reuelia  e  que 
os  nS  Achara  das  qaaes  cousas  Luys  Gonçaluez  en  este  stormento 


byGoí>^^lc 


320  O  ÃBCHEOLOGO  POBTUQUÊS 

desta  outra  parte  cootbendo  pidio  A  mJQ  dito  TabelliS  hãa  stormenb) 
ffeito  ffoj  en  Santaren  en  Seserigo  vijnte  e  dona  djas  de  Noneiibro  ISn 
de  Mill  e  quatro  centos  e  dez  e  saeys  ÃnoB  ts.  que  ffoiít  presentei 
Gonçalo  Martíjnz  de  Marinha  anes  eVaasco  Mjnatos  (?)  e  Lopo  e  ob- 
tros  E  eu  eobredito  TabeUiS  que  este  stormento  screnj  e  en  el  mes 
smal  ffiz  que  tal  -p  te. 


Flbula  transtaguna 

O  adjunto  desenho  de  ama  fibula  de  arco  semicircular  vem  acom- 
panhado de  um  officio  do  distincto  engenheiro  José  Abecassis,  enviado 
para  a  DirecçSo  Geral  de  Obras  Publicas.  É  um  nobre  exemplo,  qne 
é  preciso  p8r  em  evidencia,  a  solicitude  com  que  o  iUnstre  funccionario 
procurou  collocar  em  salvaguarda  uma  antignalha  de  modesto  sem- 
blante. 

A  fibula  representada  na  figura  pertence  ao  7.**  ^o  do  Sr.  Dr.  José 
Fortes.  Chronologícamente  coincide  com  a  influencia  romana  na  Pe- 
nínsula. A  semelhança  d'este  exemplar  com  os  das  figs.  37  e  38  da 
Portugcdia,  l,  p.  31  e  32, 
é  inteira.  Mais  do  qoe  isto: 
a  proveniência  dos  três  é 
idêntica — o  sul  doTejo,  mas 
o  typo  nXo  é  também  estra- 
nho ao  norte  do  pais  (Pof- 
tugaUa,  i,  23). 

O  estado  de  conservaçSo 
da  presente  fibula  é  qussi 
perfeito;  ha  uma  parcial  mutilação  que  destruía  um  dos  aros  da  char- 
neira e  o  respectivo  tornei.  A  patina,  que  cobre  apenas  as  saperficiee 
reintrantes,  é  verde-musgo  e  sem  brilho. 

Nas  saliências  o  aspecto  é  ferru^noso,  e  comtudo  a  peça  é  de  latio 
ou  bronze. 

Parece-me  que  descrever  o  exemplar  da  fig.  38  (PortugaUa,  i,  32) 
e  descrever  este  das  margens  do  Sado  seria  repetir  os  dizeres.  A  re- 
giSo  do  achado  é  rica  em  despojos  da  civilizaç&o  romana  {Arch.  Porí., 
n,  7).  A  fibula  offerecida  ao  Museu  tem  um  pequeno  ornato  que  em 
verdade  me  faz  inclinar  a  attribQÍ-la  ás  offioinas  itálicas.  No  ponto  de 
contacto  entre  a  curva  convexa  do  arco  e  a  concava  rematada  pelo 
botão  ha  um  escudete  minúsculo  preenchido  pela  delicada  gravura  de 
uma  palmeta  clássica.  Não  4  perceptível  na  gravura. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÂBCHEOLOaO  POBTOODâS  321 

Confrontada  esta  com  a  fibula  argentina  do  Mogadouro,  represeo- 
tada  no  Ârch.  Port.,  ix,  1,  encontra-se  algama  dífferença:  na  jóia 
trasmootana  o  arco  é  notavelmente  abatido  e  o  descanso  do  atãnete 
nma  fita  enrolada;  na  peça  transtagana  o  arco  é  semicircnlar  e  o  des- 
ouiso  uma  espécie  de  estipula  adherente,  de  bordo  encurvado.  Mas 
em  ambas  a  forma  terminal  do  pé  é  int«)ramente  idêntica:  om  grosso 
bot&o  cónico  que  foi  implantado,  pelo  mesmo  processo,  na  extremidade 
livre  do  arco.  Seria  difficil  nSo  ver  em  ambos  estes  ntensilioB  pro- 
dactos  da  mesma  industria,  com  superioridade  esthetica  porém  para 
o  modesto  exemplar  transtagano.  Segundo  Reinaoh  {Dict.  dei  arOiq. 
rom.  de  Saglio  et  Daremberg,  s.  v.  FUmla)  a  placazinha  de  descanso 
é  om  dos  oarscteristicos  da  fibula  romana;  e  o  botSo  terminal  é  o 
que  a  distingue  da  de  La  Tène. 

F.  Alves  Febeisa. 


Extracto  do  offiâo  do  Sr.  Engenheiro  Joaé  Âbecaasis  Juniw, 
de  12  de  Agoêto  de  1905 

Tenho  a  honra  de  fazer  chegar  ás  mãos  de  Y.  £x.'  uma  JBmla,  da 
época  da  dominação  romana  na  Península,  que  foi  encontrada,  em  Julho 
ultimo,  na  escavação  para  uma  trincheira  do  lanço  em  construcção  na 
Estrada  Districtal  n.°  180,  da  Fyramide  das  Encruzilhadas  a  Santa 
Margarida  do  Sado.  Foi  achada  por  um  trabalhador,  á  profundidade 
de  O™ ,40  abúxo  da  superGcie  do  solo,  e  a  50  metros,  proximamente, 
ao  norte  d'aquella  pyramide. 

Este  local  fica  cerca  de  8  kilometros  ao  nascente  da  mina  de  cobre 
da  serra  da  Caveira*,  na  freguesia  dos  Bairros,  concelho  de  Grândola, 
mina  aonde  tive  occasiSo  de  verificar,  ha  alguns  aonos,  a  existência 
de  antigos  escoriaes,  que  são  vestidos  da  exploração  romana.  É  pro- 
vável que  o  mesmo  local  fosse  também  um  ponto  de  passagem  do 
Algarve  em  direcção  ao  norte,_poÍ9  qne,  pela  disposição  topographíca 
da  região,  se  presta  a  uma  fácil  communicação  do  termo  de  Odemira 
com  o  de  Santa  Margarida  e  Alcácer  (antiga  Salacia)*. 

A  fibula  que  junto  remetto  a  V.  Es.*  é  do  typo  que  predomina  entre 
as  que  tem  ^do  encontradas  naqaella  província,  e  no  Museu  Archeo- 
logico  do  Carmo  existem  duas  semelhantes,  mas  sem  o  fiísilhão  qne 
esta  leva,  com  a  charneira  já  deteriorada. 


>  Vid.  Árch.  Port.,  Ill,  268  (nota  da  R.)- 

*  Vid.  Jrcft.  Fort.,  ii,  7  e  ti,  88,  e  HUbner,  NoCictiu  árcheotogicat  de  Portugal 
(uoU  da  K.). 


.vCcx)i^lc 


o  ABCHBOLOao  POETDODÊ8 


Huseu  do  patriarohado 


I 

lOtivimos,  6  como  simples  boato  o  registamos,  qne  o  Sr.  Cardeal 
Fatríarcha  maaisfestara  o  intento  de  fnndar  no  paço  episcopal  um  mu- 
seu de  arte  religiosa,  que  viesse,  para  assim  dixer,  ampliar  e  completar 
o  que  ha  pouco  se  estabeleceu  numa  das  dependências  da  vestuta  Sé, 
graças,  principalmente,  á  illustrada  iniciatíva  do  Sr.  Cónego  Botto. 

Neste  O07O  repositório  artistico,  seriam  recolhidas  todas  as  alfiúas  e 
objectos  qne  se  acham  disseminados  pelas  igrejas  do  patriarchado  e  qne 
se  tomaram  menos  indispensáveis  para  o  Inzimento  do  culto  divino, 
podendo  por  este  motivo  eztraviar-se,  arruinar-se,  ou,  pelo  menos, 
ficar  em  completo  abandono  e  desprezo,  sem  utilidade  para  ninguém, 
em  absoluto  prejuizo  dos  que  apreciam  o  bello  e  dos  que  procnnun 
instruir-ae  no  conhecimento  do  passado. 

As  festas  do  catholicismo  tem  perdida  muito  do  seu  antigo  esplen- 
dor, e  é  raro  ver  hoje  os  templos  mais  grandiosos  enfeitados  com 
aquellas  sumptuosas  galas,  que  tanto  maravilhavam  os  olhos  dos  fieis. 

Se  no  recinto  sagrado  já  não  assistimos  com  frequência  a  festas 
deslumbrantes,  fora  d'e]le  com  menos  frequência  se  observam  aquelles 
cortejos  fauatuosos,  aquellas  procíseSes  solemnes,  qne  qnasi  deixavam 
a  perder  de  vista  o  que  tem  inventado  a  miús  fértil  imaginação  dos 
scenographos. 

O  catholicismo  é  a  reli^So  que  mais  tem  inspirado  a  esthetica,  a  que 
mus  profundamente  impulsionou  o  desenvolvimento  de  todas  as  artes 
e  industrias.  O  architecto  consorcia  barmonicameate  a  força  e  a  deli- 
cadeza das  linhas  na  ogiva  das  cathedraes  gothicas,  nas  curvas  arro- 
jadas do  zimbório  de  S.  Fedro.  O  pintor  representa  com  a  vivacidade 
do  colorido  o  que  ha  de  pathetico  e  d»  mTsterioso  ua  vida  humana, 
nos  passos  de  Christo,  nas  dores  da  Virgem,  no  mart^o  dos  santos, 
DOS  gozos  da  bemaventurança.  O  esculptor  traduz  na  pedra  modelada 
as  aspiraçSes  mais  intimas,  os  sentimentos  da  mais  pura  dedicaçlo. 
Todas  as  outras  artes  e  industrias  fazem  honrosa  companhia  aos  grandes 
mestres  que  se  chamaram  Rafael,  Miguel  Ângelo  e  Donatello. 

Os  metaltistas,  desde  os  ourives,  como  Q\i  Vicente,  até  os  modes- 
tos forjadores  de  ferro  e  os  fundidores  de  sinos,  os  organeiros  e  cons- 
tructores  de  instrumentos  músicos,  os  babeis  tecelSes  de  sedas  raras, 
08  bordadorea  insignes,  as  pacientes  rendeiras,  os  arrasistas  e  tape- 
ceiroe,  os  entalbadoree,  os  peritissimoa  artífices  do  mosajco  romano 


byGoí>^^lc 


o  Archeologo  Pobtdgcêb  323 

e  âoreotiao,  os  admiráveis  pintores  de  vidraças  e  taotoe  outros  traba- 
lhadores engenhosos,  que  seria  longo  enumerar,  prestaram  o  seu  con- 
curso á  Igreja,  que  d'elles  se  sonhe  valer  para  melhor  consolidar  a  sua 
obra,  para  mais  fadlmente  fascinar  e  attrahir  as  multidSes. 

Avalia-se  qual  seja  a  superabundante  riqueza  do  thesouro  oatfaolico 
e  oomo  ainda  é  estupendo  o  seu  espolio  artístico.  Quem  exerceu  tflo 
salutar,  tilo  grandiosa  e  tfto  extraordinária  influencia  no  espirito  hn- 
tnano,  n&o  pode  assistir  impassivel  á  oxidação  constante  da  sua  tradi- 
cional cadeia  secular.  Assim  o  tem  comprehendido  diversos  bispos  es- 
panhoes,  sobretudo  na  Catalunha,  onde  ultimameote  se  tem  organizado 
alguns  museus  de  arte  religiosa,  que  fazem  a  maravilha  dos  visitantes, 
obrigando-os  a  reconhecer  a  divida  enorme  em  que  a  civilização  está 
para  cora  o  catholicismo. 

Mão  é,  porém,  preciso  citar  exemplos  alheios,  quando  os  temos  tio 
honrosos  de  casa.  Já  no  sec.  xviil,  o  famoso  Cenáculo,  bispo  de  Beja 
e  arcebispo  de  Évora,  formava  as  suas  preciosas  colleoç5es  bibliogra- 
pbicas,  artísticas  e  archeolo^cas.  Recentemente,  o  Sr.  Bispo-Conde 
reuniu  na  Sé  Nova  de  Coimbra  uma  serie  de  objectos,  que  se  recom- 
mendam  pela  sua  variedade,  riqueza  e  primor  de  forma.  Os  proce- 
dentes dos  extinctos  mosteiros  freiraticos  de  Lorvão  e  de  Santa  Clara 
são  talvez  oe  de  maior  valia. 

O  Sr.  Cardeal  Patriarcba  tem  já  ao  seu  dispor  um  núcleo  de  pri- 
meira ordem,-  em  redor  do  qual  se  irZo  agrupando  e  collocando  com 
methodo  outros  de  não  somenos  importância.  Referimo-nos  á  numerosa 
collecção  de  quadros,  que  enche  de  alto  a  baixo  e  de  principio  a  fim 
um  dos  intermináveis  corredores  do  vastissimo  edificio,  que  outrora  foi 
mosteiro  dos  cónegos  regrantes  de  Santo  Agostinho.  Num  desvão  de 
janela,  avultam  quatro  púneis  do  sec.  xv,  reinado  de  D.  Afonso  V, 
nOm  dos  qnaes  se  destaca  o  vulto  do  infante  D.  Henrique,  em  con- 
formidade perfeita  com  o  seu  retrato  na  illuminura  da  Ckronica  ãa 
Ouiaé. 

Cremos  que  ainda  se  não  determinou  com  exactidão  o  assunto  d' es- 
tes quadros,  que  são  indubitavelmente  bistorico-religiosos  e  nos  quaes 
se  agrupam  numerosas  e  expressivas  cabeças,  que  reproduzem  ao  vivo 
as  physionomias  de  personagens  da  epooa. 

Não  sabemos  como  e  quando  se  formou  esta  galeria,  mas  é  de  crer 
que  se  organizou  com  os  despojos  conventuaes,  depois  de  extinotas 
as  ordens  monásticas.  Muitos  d'eB3e8  quadros,  debtúxo  do  ponto  artis- 
tico,  só  se  recommendam  pelas  suas  qualidades  negativas,  de  uma  fac- 
tura e  concepção  extravagantes.  Todavia  não  se  devem  desprezar  ao 
mais  ligeiro  exame,  antes  se  deve  estudar  com  o  maior  cuidado  o  pa- 


byCOO^^IC 


324  O  Abcheolooo  Portcooês 

pel  que  elles  podem  representar  sob  qualquer  aspecto,  independente 
do  artístico. 

Quando  porventura  nSo  se  tome  viável  o  pensamento  attríbiiido 
ao  Sr.  Cardeal  Patriarcha,  ao  Conselho  dos  Montun^itos  e  ao  Sr.  Di- 
rector do  MusoD  de  Bellas  Artes  inoiunbe  o  imminente  e  indeclinável 
encargo  de  analysar  aquella  collecçio,  valorizando-a  competentemente, 
fazendo  com  que  o  publico  conheça  um  deposito  artistâco,  qaasi  vedado 
até  hoje  aos  seus  olhos  e  apenas  conhecido  de  um  on  outro  cnrioso*. 

(Diário  de  Noticiai,  de  22  de  Bctetnbro  de  19(0). 

u 

•Ã  propósito  do  artigo  que  com  este  titulo  ha  dias  publicámos,  rece- 
bemos do  Sr.  D.  José  Pessanha,  illnstre  professor  na  Escola  de  BsUas 
Artes  e  distinctissimo  vice-secretario  da  commissio  executiva  da  Aca- 
demia, a  seguinte  carta: 

«Men  caro  Dr.  Alfredo  da  Cunha. — Com  o  vivo  interesse  que  sem- 
pre em  mim  despertam  os  assuntos  de  arte,  li  o  artigo  qne,  sob  o  ti- 
tulo (Museu  do  Fatríarchado»,  ha  dias  appareceu  no  seu  Diário. 

O  autor,  que  supponho  ser  o  meu  erudito  collega  e  amigo  Dr.  Soasa 
Viterbo,  regista  e  commenta  a  noticia,  qne  tem  corrido  com  insistên- 
cia, de  que  o  Sr.  Cardeal  Patriarcha,  seguindo  o  bello  exemplo  dado 
pelo  Sr.  Bispo-Conde  de  Coimbra,  tenciona  organizar  em  Lisboa  um 
museu  de  arte  religiosa;  e,  ao  alludir  ás  preciosidades  que  se  encon- 
tram no  paço  patriarohal  e  que  naturalmente  constituiriam  o  núcleo 
d'esse  museu,  refere-se  aos  quatro  notabilissimos  quadros  do  sec.  zv 
que  ali  se  vêem  num  corredor  do  ultimo  pavimento,  chamando  para 
elles,  e  para  os  outros  (aliás,  muito  menos  valiosos)  que  revestem  as 
paredes  d'essa  extensa  galeria,  a  attenção  do  Conselho  dos  Monumen- 
tos, — cujas  attribuiçSes  se  confundem,  em  grande  parte,  com  as  da 
Academia, —  e  do  Sr.  Director  do  Museu  Nacional. 

Seja-me  permittido  observar  que,  desde  que  em  Julho  de  1895  es- 
sas preciosas  tábuas,  das  qaaes,  segundo  creio,  ninguém  fallara  funda, 
foram  casualmente  descobertas  pelos  Srs.  Ramalho  OrtigSo,  Joaquim 
de  Vasconcellos  e  José  Queiroz,  numa  visita  artística  a  S.  Vicente,  por 
mús  de  uma  vez  essa  extraordinária  serie  tem  oocupado  a  attençlo 
dos  que  entre  nés  se  dedicam  a  estudos  de  arte. 

Descreveu-a  e  apreciou-a  o  Sr.  Joaquim  de  Vasconcellos,  no  Com^ 
mercto  do  Porto,  logo  em  seguida  ao  feliz  descobrimento;  fallon  d'ella, 
numa  sessSo  da  commi.q8So  executiva  da  Academia  de  Bellas  Artes, 


byGoí>^^lc 


o  ÀBCHBOLOOO  PoBToaoãs 


o  Sr.  Salgado;  a  ella  se  refere  ttma  das  propostas  qae  apresentei,  ha 
meses,  a  essa  commíss&o  (de  que  tenho  a  honra  de  fazer  parte),  e  qne 
espero  serão  discutidas  broTemeDte. 

Quereria  eu  qae  esses  quadros,  — verdadeiras  iUastraçSea  do  rei- 
nado de  D.  Duarte,  como  os  qualificou  o  Sr.  Vasconcellos, —  fossem 
entregues  ao  Museu  Nacional,  ou,  pelo  menos,  que  o  Sr.  Patiiarcba  os 
mandasse  transferir  para  \og^T  mais  propicio  á  sua  coaservaçSo,  porque 
o  não  pôde  ser  menos  aquelle  em  que  se  encontram — um  curto  braço 
de  corredor,  terminado  por  nma  ampla  janela,  quasi  sempre  aberta. 
Organizado  o  Museu  Patriarchal,  ficariam,  provavelmente,  satis- 
fútos  os  meus  desejos,  porque  é  de  crer  que  esses  quadros,  apesar 
do  seu  caracter  profano,  da  sna  natureza  lústonco-allegoríca,  fossem 
nelle  encorporados,  e  eu  estou  longe  de  ser  partidário  de  uma  centra- 
lização absoluta. 

O  Sr.  J.  de  Vasconoellos  conjectura  que  essas  quatro  valiosas  ti- 
buas  constituam  frag^nento  de  nma  serie  e  tenham  pertencido  a  algum 
paço  regío,  — porventura  o  da  Alcáçova,  em  Lisboa, —  e  suppSe  qne 
o  sen  autor  seja  nm  dos  portugueses  que  acompanharam  a  Flandres 
a  Duquesa  de  Borgonha,  filha  de  D.  JoSo  I,  e  lá  estudaram  a  arte. 
O  que  é  inquestionável,  é  que  esses  quadros  representam,  não  obs- 
tante a  sna  feiçSo  allegorica,  a  pintura  histórica,  a  ilIustraçSo  da  his- 
toria e  da  vida  nacional  no  período  qne  se  seguiu  ao  facto  culminante, 
demsivo,  da  acclamaçSo  do  Mestre  de  Avis,  pintura  que  nos  faltava, 
porque  todos  os  outros  quadros  portugueses  já  conhecidos  e  eatndados, 
oomo,  por  exemplo,  os  de  Viseu,  representam  assuntos  religiosos,  sob 
forma  tradicional. 

Por  outra  parte,  esses  interessantíssimos  documentos,  e  mais  alguns 
que  posteriormente  se  tem  encontrado,  vem  preencher  a  soIuçSo  de 
continuidade  que  a  historia  da  nossa  pintura  oiferecia,  entre  a  saida 
de  Jean  Van  Eyck  de  Portugal  (1429)  e  o  apparecimento  dos  primei- 
ros quadros  da  época  manoelina  (1500-1520). 

For  outro  lado  ainda,  tomam  essas  qnatro  admiráveis  tábuas  dignas 
da  máxima  solicitude,  por  parte  de  quantos,  por  dever  da  sua  posí<;ão 
ou  por  simples  pendor  do  seu  espirito,  se  interessam  pelas  cousas  de 
arte,  as  anãs  notabilissimas  qualidades  technieas.  Nos  quatro  quadros, 
vêem-se  nSo  menos  de  sessenta  figuras,  quasi  do  tamanho  natural,  de 
nma  caracterização  perfeita,  que  as  toma  inconfundiveis  e  lhes  di  o 
cunho  de  verdadeiros  retratos,  e  de  um  desenho  seguro  e  firme. 

É,  portanto,  jnstificadissimo  o  appello  qne  o  esclarecido  autor  do 
artigo,  que  me  suggerin  estas  linhas,  nelle  faz  aos  que  entre  nós  supe- 
ritendem  na  arte^  e  oxalá  que,  ou  no  Museu  Nacional  ou  no  Museu  do 


byGoí>^^lc 


o  AbCHBOLOGO  F<»IT0Q0É8 


Patrtarchado,  a  serie  de  S.  Vicente  encontre  em  breve  a  collocação  a 
que,  pelo  seu  alto  valor  documental  e  artístico,  tem  incontestável  direito. 

Creia-me  sempre  amigo  e  coUega  eto.,  Joté  Peetanha. 

28-IX-905.. 


(DiWío  (k  Notíciat,  de  30  de  Setembro  de  1905.) 


iir 


tSr.  —  Li  com  todo  o  interesse  a  carta  que  o  Ex."*^  Sr.  D.  José 
Pessanha  dirigiu  a  V.  ,  em  28  de  Setembro  ultimo,  acerca  do  pro- 
jectado Museu  do  Patriarchado,  ou,  melhor,  da  Mitra  Patriarchal,  e  que 
Y.  se  dignoQ  publicar  no  eeu  mui  antigo,  lido  e  conceituado  joroal, 
Diário  de  Noticias,  de  30  do  mesmo  mês. 

Concordando  plenamente  com  a  necessidade  da  fundação  do  Museu 
da  Mitra  Patriarchal,  e  a  dos  museus  de  todas  as  mitras  que  possuí- 
rem objectos  importantes,  nílo  só  porque  se  tomam  conhecidos  esses 
objectos  e  podem  ser  estudados  o  apreciados  pelos  artbtas  e  amado- 
res, mas  também  porque  mais  facilmente  se  evita  que  desappareçam 
por  qualquer  circunstancia  imprevista,  ou  que  sejam  substituídos  por 
outros,  devo,  em  abono  da  verdade,  dizer  o  seguinte,  acerca  dos  quatro 
grandes  quadros  notabilísstmos  a  qae  se  refere  o  mesmo  Ex.'*"  Sr. 
D.  José  Pessanha. 

Quando,  em  Setembro  de  1883,  tive  a  honra  de  ser  nomeado  secre- 
tario do  Em.°"  e  Rev.""  Sr.  Cardeal  Patriarca  D.  José  III,  dei-me  ao 
trabalho  de  passar  revista  a  todos  os  cantos  do  paço  de  S.  Vicente;  em 
muitos  moveis,  e  até  nos  nichos  das  janelas,  encontrei  documentos,  com 
os  quaes,  durante  cinco  ânuos  consecutivos,  organizei  o  archivo  a  que  dei 
o  nome  de  «Arcliivo  da  Secretaria  Patriarchal*,  e  colloqaei-o  numa  sala 
próxima  da  Relação  Patriarchal,  no  segando  andar,  onde  ainda  existe. 

Numa  casa  escura  do  primeiro  andar,  encontrei  muitos  quadros, 
cobertos  de  uma  grande  camada  de  poeira:  mandei  pendurá-los  nas 
salas  e  corredores;  entre  elles,  estavam  os  quatro  quadros  referidos. 

Kotando  a  sua  excellencia,  mandei  colocá-los  junto  da  janela,  onde 
ainda  estão,  para  receberem  melhor  luz. 

Quando  apparecia  no  paço  de  S.  Vicente  alguma  pessoa  entendida, 
ou  amiga  das  artes,  chamava  a  sua  attenção  para  os  quadros;  nenhuma 
soube  explicar  o  contendo  dos  mesmos. 

Num  dia  que  ali  appareceu  o  Sr.  Visconde  de  Castilho,  mostreí-lhe 
os  quadros:  apenas  olhou,  exclamou,  muito  enthusiasmado:  Ali  ettá 
0  retrato  ão  tmmo  grande  infante  D.  Senriqae! — KSo  se  enganou,  ao 
que  parece. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÃBCHEOLOfiO  POBTUUtrÊS  327 

NSo  me  lembrei  de  examinar  o  inventario  da  Mitra  Patriarchat ; 
páde  ser  que  figurem  em  tal  inventario  e  que  se  possa  conhecer  a  sua 
origem.  Deve  existir  no  paço  de  S.  Vicente  o  inventario  da  Mitra 
Patríarchal;  e  na  Administraç&o  do  1.°  bairro  deve  existir  utna  copia 
do  mesmo;  quando  o  prelado  toma  posse  do  Patriarohado,  comparece 
o  administrador  do  1."  bairro  e  veriãca  o  inventario  da  Mitra. 

Pôde  também  ser  que  viessem  do  pai;o  patriarchal  da  Junqueira 
para  o  paço  de  S.  Vicente,  assim  como  vieram  panos  de  Arras  e  outros 
quadros,  ou  que  pertencessem  a  algum  dos  conventos  extinctos. 

Alem  dos  quatro  quadros  notabilissímos,  ha  outros  dignos  de  meu- 
çSo,  taes  como:  os  dos  Apóstolos,  de  Zurbaran,  o  de  Nossa  Senhora, 
de  Van  Eyck,  os  de  alguns  arcebispos  de  Lisboa,  a  que  se  refere  o 
erudito  P.*  Baptista  de  Castro  no  seu  Mappa  de  Poriagal  e  estão  na 
Relação  Patriarchal,  e  um  de  D.  Nuno  Alvares  Pereira,  que  se  en- 
contra na  s^a  contigua  á  dos  patriarchas. 

Não  me  consta  que  alguém  tenha  falado  neste  ultimo  quadro;  de- 
nota muita  antiguidade. 

Os  quadros  da  sala  dos  patriarohas  não  tem  merecimento  artístico; 
não  estavam  collocados  pela  ordem  chronologica;  fui  eu  que  mandei 
oollocÃ-los  como  estão  actualmente. 

Concordando  com  a  fundação  do  Museu  da  Mitra  Patriarchal,  sou 
de  opinião  que  nenhum  objecto  deve  sair  do  paço  de  S.  Vicente. 

Nos  claustros  d'este  paço,  ha  salas  onde,  com  commodidade  e  se- 
gurança, se  pôde  installar  o  Museu;  o  Sr.  Cardeal  Patríarcba  não  fica 
privado  do  que  lhe  pertence  por  usufruto,  e  os  artistas,  os  amadores 
e  o  publico  podem  gozar  sem  grave  incommodo,  tanto  mais  que  actual- 
mente ha  carros  eléctricos  que  param  em  frente  do  paço  de  S.  Vicente. 

Peço  a  V.  se  digne  dar  publicidade  a  esta,  no  que  julgo  não  ha- 
ver inconveniente,  e  desde  já  me  confesso  agradecido. 

Sou,  com  toda  a  consideração — De  V.  etc.,  Moraenhor  Alfredo 
Elvira  dos  Santos. 

Lisboa,  Beal  e  Parochial  Igreja  de  Santa  Engracia,  2  de  Outubro 
de  1905.. 

(Diário  de  Nolicitu,  de  4  de  Ontubro  de  1905). 

IV 

iMeu  caro  Dr.  Alfredo  da  Cunha. — Muito  folguei  com  a  carta  que 
Mgr.  Alíredo  Elviro  dos  Santos  hoje  publica  no  Diário  de  Noticiai, 
8  propósito  d'aqaella  que  V.  me  fez  a  honra  de  inserir  em  o  numero 
de  30  do  mês  fíndo. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  PoetuquÊs 


Traz-Qos  esaa  carta  mus  um  elemento  para  a  historia  dos  qaabu 
notáveis  quadros  do  sec.  XT,  que  se  encontram  no  paço  de  S.  Víccaite, 
e  indica-nos  uma  fonte  — a  qne  brevemente  procurarei  recorrer —  pan 
a  averiguação  da  proveniência  e  origem  d'es8a8  preciosíssimas  obras 
de  arte: — o  inventario  da  Mitra. 

Tinba  noticia  de  que  Mgr,  Elviro  dos  Santos,  quando  secretario 
do  Sr.  Cardeal  Patriarcha,  organizara,  com  o  vms  louvável  empenho, 
o  Archivo  da  Secretaria  Patríarchal,  e  conhe<;o,  ha  mnito,  o  interesse 
que  a  S.  Ex.*  merecem  os  assuntos  históricos  e  archeologicos.  NSo 
sabia,  porém,  que  fora  iniciativa  sua  a  distribuição,  pelas  salas  e  cor- 
redores do  paço  patriarchal,  dos  quadros  que  desde  muitos  annos  ali 
se  acumulavam,  cobertos  de  pó,  numa  casa  escura,  ignorando,  por- 
tanto, que  a  historia  ds  arte  em  Portugal  devesse  a  S.  Ex.'  o  conhe- 
cimento da  preciosa  serU  de  S.  VicetOe.  Ignorava  também  qne  o  meu 
querido  e  erudito  amigo  Visconde  de  CasUlho  a  houvesse  examinado. 
Por  isso  escrevi  (embora,  mui  de  propósito,  o  aio  affirmasse  catego- 
ricamente) que,  até  Julho  de  1895,  haviam  esses  quadros  passado  des- 
percebidos. 

Diz  Mgr.  Elviro  dos  Santos  que,  t«ndo  notado  a  sua  importância, 
os  mandou  collocar  junto  de  uma  janela,  para  receberem  melbor  Inz. 
Quer-me  parecer  que,  ali,  se  encontram  perigosamente  expostos  á  acção 
do  sol,  convindo  por  isso  transfE^ri-loa  para  logar  mais  adequado,  como 
alvitrei  na  minha  carta  de  28. 

Applaude  o  illustrado  sacerdote  o  pensamento  da  fundaç&o  do  Mu- 
seu da  Mitra  Patriarchal,  e  entende  que  nenhum  objecto  de  arte  deve 
saÍT  do  paço  de  S.  Vicente. 

Já  declarei  que  não  sou  partidário  de  uma  centralização  completa, 
absoluta;  e  acrescentarei  agora  que  penso,  ha  muito,  que,  entre  as 
pro\'idencias  com  que  é  necessário  e  urgente  defender  (é  o  termo)  o 
qne  ainda  resta  do  nosso  incomparável  património  artístico,  deve  fi- 
gurar a  criação  dos  museus  das  diffcrentes  mitras.  Nada  mtus  perigoso, 
sob  todos  os  pontos  de  vista,  do  que  as  arrecadações,  como  aquella 
em  que  Mgr.  Elviro  doa  Santos  foi  encontrar  os  quadros  de  S.Vicente, 

Importa  muito  que  todos  os  objectos  de  arte,  de  mitras,  cabidos, 
juntas  de  parochia,  irmandades,  misericórdias,  etc.,  sejam  estudados, 
inventariados,  expostos,  e  confiados  a  pessoas  que  por  elles  possam 
e  devam  responder.  Ã  exposição  d'es5es  documentos,  alem  de  ser  con- 
dição indispensável  para  o  desenvolvimento  dos  nossos  estados  de  ar- 
cheologia  artística,  representaria,  para  os  artistas,  um  meio  poderoso 
e  insubstituível  de  educação  technica,  e  entravaria  efficazmente,  como 
é  obvio,  o  successivo  empobrecimento  artístico  do  pais. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheolooo  PosinavÉs 


Oxalá,  qne  essa  e  ontrae  medidas  sejam  tomadas  sem  demora,  e 
não  depois  de  completamente  roubada  a  casa- .  . 

Muito  obrigado  Ibe  ficará  pela  publicação  dVstas  linhas  o  seu  am." 
e  coll.'  muito  ded,"  e  obg.™*,  José  Pessanha. 

4-X-1905.. 

(Diário  <k  Notícioã,  de  5  de  Outubro  de  1906). 


■Sr. — Agradeceodo,  mnito  penhorado,  a  publicação  da  minha  de  2 
do  corrente,  relativa  ao  Museo  Patríarchal,  volto  a  adi^tar  o  seguinte: 
Pôde  ser  que  os  quatro  quadros  notabi  lisa  imos  pertencessem  ao 
extincto  convento  de  S.  Vicente  de  Pura,  o  qual,  tendo  sido  fundado 
pelo  nosso  primeiro  rei,  foi  restaurado  pelos  reis  intrusos,  a  fim  de 
se  tomarem  agradáveis  aos  portugueses. 

Kos  patins  do  primeiro  e  segundo  andar  da  escada  principal  do 
paço  de  S.Vicente,  encontram-se,  se  bem  me  recordo,  pelo  menos  dois 
quadros  de  dímensites  iguaes,  ou  quasi  iguaes,  ás  dos  quatro  referidos; 
a  pintura  é  também  em  madeira;  mas  o  seu  merecimento  ê  muito  in- 
ferior ao  d'aquelles. 

Parece  nSo  haver  duvida  qne  pertenceram  ao  extincto  convento, 
principalmeate  porqne  se  referem  ao  martyr  S.Vicente;  será  bom  que 
os  entendidos  e  amadores  estudem  esses  quadros,  que  contém  inscríp- 
çSes  em  latim. 

Poucos  objectos  restam  do  extincto  convento,  alem  dos  que  estilo 
na  igreja. 

Kum  dos  corredores,  escuros  e  húmidos,  do  paço  de  S.  Vicente, 
encontrei  um  grande  numero  de  livros  de  cantochSo,  rituaes,  proces- 
sionaee,  etc. 

Alguns  livros  de  cantochão  eram  de  pergaminho,  oom  excellentes 
illuminuras;  a  m^or  parte  dos  rituaes,  processionaes,  etc.  estavam 
ruidos  pela  traça;  não  sei  se  ali  se  conservam,  ou  foram  removidos 
para  outro  logar;  limitei-me  a  apartar  os  bons  dos  maus. 

É  provável  que  já  não  se  conservem  no  mesmo  logar,  porque  o 
referido  corredor,  segundo  me  informam,  foi  applicado  para  o  Pequeno 
Seminário  Patriarehal,  que  acabou  em  30  de  Setembro  ultimo. 

Depois  da  eztincçSo  do  convento,  muitos  objectos  do  culto,  qne 
passaram  para  a  Irmandade  do  Santíssimo  Sacramento  da  freguesia 
de  S.  Vicente,  que  é  administradora  da  fabrica  da  igreja,  foram  ven- 
didos em  leilão,  como  inúteis  (!);  ainda  ha  poucos  annos  foram  ven- 
didos os  caatiçaes  de  bronze  do  throno,  que  era  enorme,  e  se  armava 


byGoí>^^lc 


330  O  Abcbeoloqo  Poetuguês 

ao  altar  do  crazeiro,  àt>  lado  da  epistola,  assim  como  se  arma  o  tliT4»o 
da  Sé  Patríarchal. 

ÃproTeitando  a  oceasíSo,  embora  me  afaate  do  assunto  principal, 
direi  mais  alguma  cousa  acerca  do  paço  de  S.  Vicente. 

Ninguém  me  poderá  alcunhar  de  denuDciante,  porquanto  nSo  trato 
de  objectos  particulares,  mas  de  objectos  que  são  da  Igreja  e  do  Es- 
tado, e  que  por  isso  todos  os  fieis  e  cidadãos  são  interessados  nos 
mesmos;  pôde  ser  que  num  futuro  mais  ou  menos  próximo  as  minhas 
indicaçSes  sejam  proveitosas. 

O  quadro  do  Summo  Pontífice  Pio  IX,  que  se  encontra  na  sala  da 
Relação  Patriarchal,  debaixo  de  um  docel,  foi  offerecido  pelo  mesmo 
Summo  Pontífice  ao  Tribunal  da  Secção  Pontificia  de  Lisboa;  consta 
do  livro  das  actas  das  sessSes  do  mesmo  Tribunal;  n&>  tem  mered- 
mento  artistico,  tem  o  merecimento  do  illustre  offertanfe^ 

Quando  procedi  á  organização  do  Archivo  da  Secretaria  Patriar- 
chal, encontrei  alguns  documentos  e  livros  pertencentes  áe  dioceses  de 
Coimbra,  Évora,  etc;  taes  documentos  e  livros  foram,  sem  davida, 
trazidos  para  Lisboa  pelos  prelados  que  foram  transferidos  d'essas 
dioceses  para  o  Patríarch&do. 

Encontrei  a  provisão  orí^^al  da  fundação  da  Biblioteca  de  Évora. 
Com  autorização  do  Sr.  Cardeal  Patriaroba,  mandei  os  documentos 
e  livros  para  as  suas  dioceses,  e  a  provisão  para  a  Biblioteca  de  Évora. 

Entre  outros  documentos  dignos  de  menção,  encontrei  o  processo 
de  beatificação  e  canonização  de  S.  Gonçalo  de  Lagos,  cujas  reliquias 
se  encontram  na  igreja  da  Graça  em  Torres  Vedras;  o  breve  de  PíoVI, 
se  bem  me  recordo,  em  virtude  do  qual  o  Sr.  Cardeal  Patriarcba,  como 
capellão-mór,  pôde  conceder  jurisdicçfto  a  todos  os  capellães  militares 
para  exercerem  as  suas  ordens  em  qualquer  diocese  do  reino,  ilhas 
adjacentes  e  ultramar;  o  breve  de  Bento  XIV,  que  concede  aos  pres- 
byteros  portugueses  a  faculdade  de  celebrarem  três  missas  no  dia  2 
de  Novembro  de  cada  anno. 

Só  os  presbyteros  portugueses  e  espanhoes  gozam  de  tal  facaldade: 
03  presbyteros  de  outros  p^ses,  apesar  das  instancias  feitas  pelos  sens 
prelados,  ainda  a  não  conseguiram. 

Encontrei  a  resposta  dos  parochoe  do  Patriarchado  a  nma  circular, 
que  o  Prelado,  em  ISll,  expediu,  a  perguntar  o  estado  em  que  tinham 
ficado  as  suas  freguesias  depois  das  invasSes  dos  franceses,  e  uma 
coUecção  de  descrições  de  batalhas  da  guerra  peninsular,  assinadas 
pelos  próprios  generaes  que  dirigiam  as  batalhas! 

Coincidia  este  encontro  oom  a  época  em  que  o  íallecido  e  erudito 
General  Cláudio  de  Chaby  andara  escrevendo  a  historia  da  guerra  pe- 


byGoí>^^lc 


o  Abcheologo  Pobtoouês  331 

tiinsular;  estava  inquieto  por  nSo  ter  elementos  para  descrever  a  his- 
toria de  uma  batalha,  quando,  chamado  por  mim,  os  foi  encontrar  no  ' 
paço  de  S.Vicenle! 

Com  autorizaçAo  do  Sr.  Cardeal  Patrtarcha,  entregnei  ao  referido 
Oeneral  as  respostas  dos  parochos  e  descrições  das  batalhas;  agora, 
qne  é  fallecido,  bom  será  que  ob  seus  herdeiros  entreguem  ao  Sr.  Car- 
deal Patrisrcba  amas  e  outras,  para  servirem  a  quem  continuar  a  es- 
crever a,  historia;  é  provável  que  ignorem  o  que  eu  afiirmo. 

Como  foram  parar  ao  paço  de  S.  Vicente  as  descrições  originaes 
das  batalhas? 

Nâõ  será  fácil  descobrir  o  motivo. 

Quando  procedi  á  arrumaçSo  e  ampliação  da  livraria  da  Mitra  P»- 
tríarchal,  hoje  collocada,  por  causa  do  extincto  Pequeno  Seminário 
Fatriarchal,  numa  sala  húmida,  encostada  Ás  paredes  da  igreja,  encon- 
trei maitas  musicas  religiosas,  manuscritas  e  encadernadas;  seria  bom 
que  os  entendidos  e  amadores  as  examinassem;  talvez  sejam  do  tempo 
da  antiga  Fatriarchal. 

Desculpe  V.     a  extensão  d'esta.  Pela  publicação  da  mesma,  desde 
já  me  confesso — De  V.     etc-,  Mon$enhor  Alfredo  Elviro  doê  Santos. 
Liaboa,  Real  e  Farocbial  Igreja  de  Santa  Engracia,  5  de  Outubro 
de  190&>. 

{Diário  de  Nottoiai,  de  6  ãe  Outnbro  de  1905}.' 

VI 

«Sr. — E^tou  muito  grato  aV.  pela  publicação  das  minhas  duas 
cartas,  e  ao  Ex.™"  Sr.  D.  José  Fessanha  pelas  referencias  feitas  á 
núnba  pessoa,  na  sua  delicada  carta  de  4  do  corrente. 

NSo  desejo  abusar  da  bondade  de  V.  ;  entretanto,  como  se  trata 
de  um  assunto  interessante,  e  como  dos  alvitres  apresentados  pôde  de- 
rivar a  resultante  desejada,  isto  é,  o  conhecimento  da  origem  dos  quatro 
quadros  notabilissimos  que  se  encontram  no  paço  de  S.  Vicente,  no 
logar  em  que  os  mandei  collocar,  por  não  haver  outro  melhor,  venho 
únda  hoje  lembrar  o  s^;mnte: 

Direi,  porém,  antes,  de  passagem,  que  o  convento  de  S.  Vicente 
de  Fora,  hoje  adaptado  a  paço  patriarchal,  não  estava  concluído,  do 
mesmo  modo  qne  o  convento  do  Coração  de  Jesus,  vulgo  «Estrella», 
d'eBta  oapital. 

à  parte  construida  era  metade  do  edíScio,  a  qual,  apesar  de  ser 
mui  vasta,  tem  poucos  commodos  e  poucas  salas;  de  duas  e  três  cellas 
fizeram  uma  sala;  ha  apenas  as  salas  da  Relação  Patriarchal,  do  tbrono, 


byGoí>^^lc 


332  O  ÃscHEOLOOo  PoBTDao£s 

amarella,  onde  o  ^llecido  Patríarcha  D.  Goilheime  rennia  i  nnte  o 
clero,  nobreza  e  povo  em  doce  convívio,  doa  patriarchas,  da  c^idU, 
a  de  jantar  e  uma  oatra  contigna  a  esta. 

O  paço  de  S.  Vicente  é  lúgubre,  como  Ingubre  foi  o  domínio  dos 
r^  intrusos  e  como  lúgubre  é  o  som  dos  sinos  da  igreja;  e,  apesar 
de  ter  vivido  ali  perto  de  dez  snnos,  ainda,  quando  ali  voa,  o  oorsçSo 
sente  nma  impressão  lúgubre. 

Se  o  Sr.  D.  José  Fesauba  nSo  encontrar  descritos  os  qoadroa  no 
inventario  da  Uitra  Patriarcbal,  n!to  deve  desanimar;  deve  proceder 
a  bascas  no  archivo  da  Mitra  Patriarcbal. 

Este  não  é  muito  grande;  consta  de  escrituras  de  propriedades 
msticas  e  urbanas,  foros,  contas  de  concertos  de  varias  propriedades 
e  objectos,  etc. ;  pode  ser  que  ali  encontre  algum  documento  oo  noticia 
aproveitável. 

NSo  consegui  organizar  tal  archivo;  mas,  quando  organizei  o  da 
Secretaria  Patriarcbal,  encontrei  muitos  docomentos  qae  perteiunam 
ao  mesmo,  e  lá  os  fui  pôr  no  seu  logar. 

Se  nada  encontrar,  nSo  deve  ainda  desanimar;  deve  recorrer  ao 
maço  — iConventosi —  que  se  encontra  no  Archivo  da  Secretaria  Pa- 
triarcbal, ou  ir  ao  Ministério  da  Fazenda  examinar  os  inventários  dos 
conventos  de  religiosas  extioctoa  no  Patríarchado  até  o  anno  de  1883; 
nSo  sSo  muitos,  porque  a  maior  parte  dos  conventos  foram  eztinctos 
depois  da  minha  ida  para  o  paço  de  S.  Vicente,  em  18S3. 

NSo  me  consta  que  no  Ministério  da  Fazenda  se  encontrem  inven- 
tários dos  conventos  de  religiosos  extinctos;  entretanto,  será  bom  in- 
vestigar. 

Aproveitando  a  occasiSo,  direi  mais  alguma  cousa  acerca  do  pa(0 
de  S.  Vicente. 

E  digna  de  mençSo  a  pintura  do  tecto  da  s^a  onde  está  actual- 
mente a  capella  particular  do  Sr.  Cardeal  Patriarcba;  parece-me  que 
o  pintor  era  ítaliaDo;  nSo  me  recordo  do  nome,  mas  está  escrito  no 
mesmo  tecto,  se  bem  me  recordo,  a  um  canto  da  sala, 'junto  de  uma 
janela,  que  dá  para  um  qnintal  que  serviu  de  cemitério  e  tem  portSo 
gruide,  encimado  por  uma  cruz,  para  o  Lat^  de  S.  Vlcento. 

A  pintura  foi  mandada  caiar  pelos  religiosos,  cónegos  regrantes  de 
Santo  Agostinho,  antigos  moradores  do  paço  de  S.Vicente,  por  occa- 
sião  da  invasSo  francesa,  a  fim  de  escapar,  como  escapou,  ao  génio 
da  destniíçSo! 

Os  balaustres,  on  pilares,  de  pedra  de  Itália,  com  mos^cos,  e  a  teia 
de  ébano,  que  se  encontram  na  mesma  capella,  pertenceram  á  demolida 
igreja  do  convento  denominado  das  «Qríltas»,  ao  Beato,  que  era  da  Or- 


byGoí>^^lc 


o  Abcheologo  Pobtoguâs 


dem  de  Santo  Agostinho,  e  foi  fundado  pela  Rainha  D.  Luisa  de  Gus- 
mão, mulher  de  Ki-Hei  D.  Jo&o  IV,  tronco  da  actãal  djuastia. 

Os  terrenos  da  igreja  e  da  maior  parte  do  convento  estio  hoje 
occupados  pelo  edificio  da  Manutenção  Militar. 

A  R^nha  fundadora  estava  depositada  atrás  do  altar-mor;  hoje  en- 
contra-se  no  Pantheon  Real. 

A  maior  parte  dos  pertences  da  referida  igreja  foram,  por  inflnenoia 
do  fitllecido  Marquês  de  Bio  Maior,  levados  para  a  villa  de  Alhandra,  a 
fim  de  serem  empregados  na  reconstrucção  da  igreja  parocbíãl  d'aqQella 
TiUa,  que  ha  annos  foi  destruída  por  um  violento  incêndio. 

Alem  dos  archivos  da  Secretaria  e  da  Mitra  Patriarcfaal,  ha  únda 
no  paço  de  S.Vicente  os  seguintes  archivos: — «Arcliivo  dos  Tribnnaes 
da  Relação  Patriarchal  e  SecçSo  Pontificia  de  Lisboa;  Arcbivo  dos  Re- 
siduosj  Archivo  da  Camará  Patriarchal;  Arcbivo  do  Juízo  Apostólico, 
e  Arcbivo  do  Registo  Parochíal». 

Os  três  primeiros  encontram-se  no  segundo  andar  e  os  três  segun- 
dos no  primeiro  andar. 

Todos  elles  bSo  importantes:  contém  elementos  valiosos  para  a  his- 
toria ecclesiaatíca  e  civil  do  país. 

Nos  archivos  da  Relação  Patriarchal  e  Secção  Fontiãcia  de  Ijsboa, 
encoQtram-se  processos  muito  variados  e  dignos  de  estudo. 

Tentei  p3-los  pela  ordem  chronologica  e  fazer  um  índice,  mas  tive 
de  desistir  porque,  como  a  maior  parte  do  trabalho  tinha  de  ser  feito 
de  noite,  porque  o  expediente  da  Secretaria  Patriarchal  pouco  tempo 
deixava  disponível  durante  o  dia,  comecei  a  sentir-me  mal  da  vista; 
cheguei  a  ter  contracçBes  nervosas  na  vista,  como  tinha  o  fallecído  Be- 
neâciado  e  primeiro  Mestre  de  cerimonias  da  Sé  Patriarchal,  D.  Po- 
lycarpo  Félix  Ribeiro  da  Costa. 

O  Arcbivo  dos  Resíduos  pertenceu  ao  extinoto  juizo  ecclesiastico 
qne  tomava  conta  do  cumprimento  dos  legados  pios,  como  hoje  toma 
o  juizo  denominado  das  «capellas»,  com  sede  no  edificio  do  Real  Hos- 
pital S.  José;  o  oargo  de  juiz  compete  ao  administrador  do  primeiro 
b^rro  d'e8fa  capital. 

Parece-me  t^e  o  Juízo  dos  Resíduos  deixou  de  funccionar  em  1834; 
entretanto,  ainda  de  longe  em  longe  é  necessário  proceder  a  buscas  em 
tal  arcbivo. 

O  Arcbivo  da  Camará  Ecclesiastíca  encontra-se  em  muito  boa  or- 
dem, devido  ao  zeloso  trabalho  do  fallecido  secretario  da  Camará  Pa- 
triarchal, Monsenhor  Cónego  Daniel  Ferreira  de  Matos,  tio  do  dis- 
tincto  lente  da  faculdade  de  medicina  da  Universidade  de  Coimbra, 
Dr.  Daniel  de  Matos,  e  do  dístíncto  advogado  d'âsta  comarca  de 


byCOO^^IC 


334  O  Arcbeologo  Pobtdoiiês 

Lisboa,  Br.  Alfredo  Ferreira  de  Matos,  e  ainda  ao  ex-Becretarío  ds 
mesma  Camará,  Monsenhor  Carlos  Alberto  Martins  do  Kego,  actoal 
Cónego  da  Sé  Patríarchal. 

Nesse  archivo  se  encontram  os  processos  de  ordenaçSo,  provimento 
de  thesourarías,  igrejas  parocbiaes  e  canonicatos,  processos  do  jnizo 
ecclesiastico  dos  matrimónios,  etc.,  etc. 

No  Archivo  do  Juízo  Apostólico,  encontram-se  todos  os  processos 
relativos  a  dispensas  matrimoniaes  e  á  execução  de  todos  os  restantes 
breves  emanados  da  Santa  Sé  Apostólica. 

O  Archivo  do  Registo  Parochial  encontra-se  muito  bem  installado 
e  em  boa  ordem,  devido  ao  zeloso  trabalho  do  referido  Monsenhor 
Cónego  Carlos  Alberto  Martins  do  Rego. 

Nesse  archivo  se  encontram  os  livros  duplicados  e  documentos  do 
re^sto  parochial  de  todas  as  freguesias  do  Patriarchado,  desde  o  anuo 
de  1862. 

Quando  procedi  á  organização  do  Archivo  da  Secretaria  Patriar- 
chal,  encontrei  uma  grande  porção  de  documentos  e  processos  rela- 
tivos ao  Padroado  Real,  isto  é,  ao  provimento  das  igrejas  parocbiaes 
pelo  Real  Padroeiro,  anteriores  ao  anuo  de  1834;  entendi  que  estavam 
melhor  no  Archivo  da  Camará  Patriarchal,  e  para  ]á  os  mandei  em 
devido  tempo. 

Encontrei  também  muitos  documentos,  livros,  que  pertenceram  ao 
eztincto  juizo  ecclesiastico  denominado  da  (CoIIectai,  juízo  que  foi 
estabelecido  depois  do  terremoto  de  1755,  para,  por  meio  de  collectas, 
se  angariarem  meios  para  restaurar  as  igrejas  de  Lisboa,  como  de 
facto  se  restauraram. 

Funccionou  com  muita  regularidade  e  a  sua  escriptnraçSo  era  apri- 
morada. 

Nos  documentos  e  livros,  encontram  os  artistas  e  amadores  muitos 
esclarecimentos  preciosos  acerca  dos  architectos,  escuiptores,  pintores, 
etc,  que  tomaram  parte  nos  trabalhos,  e  o  custo  d'estes. 

O  meu  Ez.'""  amigo  Sr.  Comes  de  Brito,  distiocto  archeologo,  já 
tem  bebido  em  tal  fonte. 

Não  tinha  espaço  dísponivel  no  Archivo  da  Secretaria  Patriarchal, 
e  por  isso  mandei  os  referidos  documentos  e  livros  para  o  Archivo 
da  Camará  Patriarchal. 

Desculpe  V,  ser  tSo  maçador.  Pela  publicação  d'esta,  desde  ji 
me  confesso — De  V.     etc,  Monsenhor  Alfredo  Elviro  doa  Saniot. 

Lisboa,  Real  e  Parochial  Igreja  de  Santa  Engracia,  10  de  Outubro 
de  1905.. 

{Diarío  ãe  Notídai,  de  II  de  Outubro  de  1905). 


byGoot^lc 


o  Abcheoloqo  Pobtdguês 


VII 


Deve  ser  applaudida  por  todos  os  c[ue  tomam  a  peito  a  defesa  dos 
nossos  monumentos  e  preciosidades  archeologícas  a  ideia  da  fundaçSo 
de  um  Museu  do  Fatríarchado. 

Oxalá  que  a  mesma  ideia  se  propague  a  outros  bispados  onde  únda 
não  ha  museus  semelhantes!  Só  assim  se  evitaria  que  andassem  pelas 
lojas  dos  adeleiros  e  pelas  mãos  dos  colleccionadores  particulares  ob- 
jectos que  de  direito  pertencem  á  nação,  considerada  corpo  coUectivo. 
Se  ha  muitos  parochos  e  juntas  de  parochia  zelosos  dos  seus  deve- 
res, ha  outros  que  deixam,  sem  escrúpulo,  sair  da  sua  guarda  as  al- 
£úas  religiosas,  as  imagens,  etc,  que  lhes  estão  confiadas.  Já  uma 
vez  vi  um  çapateíro,  que  ao  mesmo  tempo  era  sacristão,  empregar  no 
seu  mister  industrial  tiras  de  pergaminho  arrancadas  de  um  antigo  livro 
de  câroj  tenho  visto  em  algumas  sacristias  cruzes  do  sec.  XV  ou  XTI 
tidas  por  objectos  desprezíveis;  sei  de  uma  igreja,  onde  a  troco  de 
une  míseros  vinténs  dados  ao  guarda,  quem  quer  arranca  magnifícoa 
azulejos  do  eslylo  chamado  hispano-araliico.  £  outros  factos  eu  podia 
aqui  citar.  Não  indico  os  logares,  porque  não  é  meu  intuito  offender 
ninguém.  Mas  urge  pôr  cobro  quanto  antes  a  estes  e  análogos  desvarios. 

Os  Srs.  Bispos  estão  realmente  no  caso  (e  alguns  já,  por  honra  sua, 
isso  tem  feito)  de  prestarem,  a  este  respeito,  grandes  serviços  á  pátria, 
fundando  junto  dos  seus  paços,  das  suas  cathedraes  ou  dos  seus  semi- 
nários, museus  de  arte  e  archeologia  chrístãs  em  que  se  guardem  as 
preciosidades  que,  sem  prejuízo  do  culto,  puderem  ser  retirada»  das 
igrejas  e  de  outros  edifícios  de  caracter  ecclesiastico,  por  exemplo,  pa- 
ramentos, imagens,  quadros,  cruzes,  turíbulos,  cálices,  pergaminhos, 
missaes,  rítuaes  (ha  ás  vezes  missaes  e  rítuaes  muito  raros),  véus,  to- 
cheiros. . .  Seria  um  nunca  acabar  se  se  fosse  a  mencionar  tudo  o  que, 
com  um  pouco  de  atteoção  e  de  amor,  é  susceptível  de  se  tornar,  em 

nm  instante,  elemento  de  museu.  .    -  .r 

'  J.   L.  »E   v . 


Dolmena  no  oonoellio  de  Hurça 

(OoBtlDaafta.Vld.  O  Jreh,  Perl,,  ii,  108) 

Na  povoação  do  Sobredo,  freguesia  de  Nonra,  em  uma  plantação  de 
bacellos  do  proprietário  José  Caetano  Gomes  Teixeira,  qnando  abriam 
uma  vallada,  encontraram  os  trabalhadores  quatro  instrumentos  de 


byCoo^^lc 


336 


O  AbCHKOLOQO  POBTUQOtS 


pedra,  dos  quaes  três  apresentam  fónúa  ínteirameate  differente  da  de 
todos  os  que  tem  apparecido  noub'03  pontoa  do  distrícto. 

1."  Um  instrumento  de  schisto  ardosiano,  de  fórma  cónica  bastante 
irregular,  com  uma  concavidade  muito  pronunciada  de  um  lado  e  uma 
convexidade   no   lado  opposto,   terminando  na 
íiin  f  w  ^^^^  P**^  ^^  gume  cortante  de  forma  convexa, 

ÍÊòi  [  *\  formado   pelo  desengrossamenfo   do  tronco  da 

li   U  ^   'a\         pyramide,  tendo  de  comprimento  o  instrumento 

*  "  '''1  O^jaO,  de  largura  na  parte  mais  larga  0",05  e 
de  espessura  0^,25,  e  o  vertíce  de  forma  de 
uma  pyramide  triangular  com  o  apíce  quebrado. 
Pela  eonfiguraçito  parece  que  se  serviam  d'eDe 
segurando-o  com  a  mão,  e  nSo  por  meto  de  um 
gastalho  (fig.  1.*). 

2.'  Um  instrumento  de  schisto  ardosiano  de 
configuraçSo  muito  semelbante  á  do  n.°  1.°,  mas 
difTerindo  d'este  principalmente  cm  ter  o  vértice 
rombo,  nio  ser  polido  senio  no  gnme,  e  dimen- 
sões menores:  O**, 12  de  comprimento,  (y",04  de 
largura  e  0",035  de  espessura. 

Pela  configuração  parece  que  tanto  este  ins- 
trumento como  o  outro  eram  próprios  para  pres- 
1  auxilio  de  qualquer  cabo  ou  gastalho  (fig.  2.*). 
3.<*  Um  machado  de  schisto  ardosiano,  espalmado,  de  quatro  iaces 
rLomboidaes  perfeitamente  polidas,  terminando  a  base  e  vértice  em 


tarem  serviços  s 


gume,  um  ponco  convexo,  tendo  de  comprimento  0°°,12,  de  múor  lar- 
gara O"  ,05  e  de  maior  espessura  0",036. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ABcnEOu)ao  Fobtuodês 


337 


Bsta  fórma  ãe  instrumeiítos  é  rara  nos  maoliados  encontrados  nos 
concelhos  de  Villa  Pouca  e  Alijó,  mas  idêntica  á  de  alguns  que  me 
foram  offerecidos  pelo  meu  bom  amigo  P.*  Adnano  Guerra,  de  Mon- 
corvo, e  encontrados  na  Lousa  (fig.  3.*). 

4."  Um  instrumento  de  schisto,  como  os  três  descritos,  mal  polido, 
de  O™,!?  de  comprimento,  de  Cr,05  na  maior  Iarg;nra  e  de  O", 045  na 
maior  espessura,  de  forma  semelhante  á  dos 
n."'  1.*  e  2.°,  terminando  em  ponta  aguda,  e 
de  base  de  fónna  convexa,  que  me  parece 
poder  denominar-se  picão  por  lhe  achar  se- 
melhança, e  grande,  com  o  mstnmiento  figu- 
rado numa  estampa  do  vol.  n  da  obra  de 
E^stacio  da  Veiga. 

£ste  instrumento,  de  forma  mais  ou  me- 
nos roliça  como  as  dos  n."'  l."  e  2.",  apresenta 
como  elies  uma  face  sensivelmente  convexa  e 
uma  curvatura  pronunciada  na  opposta,  indi- 
cando esta  configuração  que  estes  instrumen- 
tos eram  manejados  sem  o  auxilio  de  qualquer 
outro  meio  e  que  nos  dos  n,"'  1."  e  4."  podia 
ser  aproveitada  tanto  a  base  como  o  vértice,  pir.  *.• 

que  termina  numa  ponta  aguda  no  do  n."  4." 

A  extremidade  opposta  á  base  do  instrumento  n."  2."  é  arredon- 
dada. 

Todos  estes  três  instrumentos  tem  grande  semelhança  com  as  pontas 
de  um  bezerro. 

Da  mesma  configuração  d' estes  instrumentos,  que  foram  os  primei- 
ros que  vi  em  Trás-os-Montes,  possuía  o  meu  amigo  Abbade  de  S.  Pe- 
dro, d'esta  viila,  dois  instrumentos  encontrados  em  Jou,  concelho  de 
Murça,  por  um  lavrador  na  occasiSo  em  que  lavrava  um  campo  para 
semear  centeio. 

Achou-os  quaai  ao  mesmo  tempo  qae  appareceram  oa  mens. 
Os  de  Jou  são  de  dímensSes  um  pouco  maiores  do  que  os  dos  que 
eu  obtíve. 

A  propósito  d'estes  instrumentos  aproveito  a  occasião  para  chamar 
a  attençSo  para  alguns  dolmens  que  me  informam  existirem  em  Zebras, 
freguesia  de  Jou,  e  de  muitos  outros,  situados  a  pequena  distancia  da 
estrada  municipal  de  Carrazedo-Monte-Negro  a  Jou,  do  lado  esquerdo, 
seguindo-se  de  Carrazedo  para  Jeu. 
Viila  Real,  25  de  Fevereiro  de  1901. 

Hehbiqce  Botelho. 


byCoo^^lc 


o  ÃBCHEOLOOO  POBTUGUÊS 


O  Santuário  de  Terena 


A  Senhora  da  Bm  ITorâ 

O  Archeologo  Portttgui»,  viii,  77,  dá  uma  noticia  sumioaría  ii'e3te 
templo,  extractada  da  Memoria  Parochicd  de  1758.  O  antigo  templo 
da  Senhora  da  Boa  Nova,  especial  Patrona  da  vílla  de  Terena,  está 
situado  Duma  planície,  no  meio  de  um  montado,  no  local  em  que  se 
diz  ter  sido  primitivamente  o  da  villa  de  Terena,  nas  proximidades 
da  margem  esquerda  da  ribeira  do  Luçafecc,  a  1:Õ00  metros  da  viUa 
actual,  com  a  qual  se  liga  por  uma  boa  estrada. 

Este  templo  tem  a  forma  de  um  forte  casteUo  de  alvenaria  com 
cunliaes  de  cantaria,  fortalecidos  por  contrafortes  também  de  cantaria. 


Boa  NoTs  iKgnnda  uma  pliotognphla  do  8r.  Hijor  Heinllei) 

coroado  de  ameias,  com  seteiras.  Ã  sua  forma  interior  é  a  de  cmz. 
Tem  trcs  portas:  duas  lateraes  e  mna  central  voltada  para  o  occidente. 
As  portas  correspondem  superiormente  umas  construcçSes,  salientes 
e  em  falso,  dotadas  de  seteiras  horizontaes  (machtcoulii),  destinadas 
a  defesa  das  entradas;  as  abobadas  dos  tectos  são  também  dotadas 
de  aberturas,  que  podem  ou  poderiam  funccionar  como  machicoulU, 
em  caso  de  necessidade. 

Na  capella-mór  está,  á  esquerda,  uma  pequena  casa,  que  faz  parte 
da  construcQão  e  serve  de  sacristia,  e  á  direita  está  a  entrada  para 
uma  escada  de  caracol,  que  pSe  o  interior  da  igreja  em  communicação 
com  a  parte  superior  da  construcçSo. 

Na  fachada  principal  se  acham  as  armas  reaes,  com  quinze  castellos, 
e  com  03  cinco  escudos,  sendo  os  transversaes  deitados  ou  horizontaes. 


byGoí>^^lc 


o  Abcbeoloqo  Portcocêb  339 

A  igreja  tem,  meãída  exteriormente,  23"',55  de  comprimento  por 
22'°,55  de  largura.  Alem  do  altar-mór  tem  dois  altares  —  um  dedicado 
a  S.**  Catharina  e  outro  a  S.  Brás,  que  para  ali  foram  mudados  de 
algum  outro  templo,  quando  esta  igreja  servia  de  matriz.  As  paredes 
sSo  guarnecidas  de  pintaras  feitas  modernamente,  talvez  em  substitui- 
ção de  outras  que  ali  houvessem  existido.  No  alto  das  paredes  lateraes 
da  capella-miir  acham-se  representados  os  nossos  oito  primeiroa  monar- 
chás,  cujos  quadros  foram  restaurados  por  um  curioso.  O  fundo  da 
capella-mór  tem  a  parede  forrada  de  quadros  de  pintura  em  madeira. 
Aos  lados  da  escada  que  dá  accesso  para  o  altar-mór  ha  dois  tocheiros 
de  mármore,  de  pequena  altura,  que  tem  cada  um  o  seu  cirio,  de  20 
centimetros  de  diâmetro,  protegido  por  um  envolucro  de  latão;  ob 
cirios  denotam  grande  antiguidade  e  parece  qne  nunca  se  accendem. 


O  envolucro  de  lata  é  para  a  conservação  dos  círios,  pois  os  devotos 
arrancavam  pedaços  de  cera,  como  reliquia. 

A  tradição,  única  fonte  onde  se  pôde  colher  qualquer  informaçáo 
a  respeito  d'esta  igreja,  diz-nos  que  ella  foi  mandada  edificar  pela 
rainha  D.  Maria,  mulher  de  D.  Affonso  XI,  rei  de  Castella,  e  filha 
de  D.  Affonso  IV,  depois  da  batalha  do  Salado,  em  cumprimento  do 
voto  que  fizera  na  oecasíSo  em  que,  relirando-se  para  Castella,  naquelle 
logar  recebera  a  boa  nova  de  que  o  pae  iria  soccorrer  o  marido,  con- 
fonne  lhe  viera  pedir '. 


'  Veja-BB  Sanetuario  Mariano,  tomo  vi ;  Portugal  antigo  t  moderno,  por  Pinho 
Leal;  O  Panorama,  vol.  ii;  Ficheiro  Chagas,  Diecionario ;  Lugiadae,  canto  in. 


byCoO^^lc 


840  O  ASCHBOLOQO  FoBTUGnes 

Ka  parede  exterior  do  templo  (lado  direito),  e  ao  lado  do  attar-mór, 
exietem  encravadas  duaa  pedras  com  inscrípçSes  qu«  devem  ter  Tindi> 
do  templo  pagSo  do  deus  Endovelico  *. 

Esta  igreja  está  bem  conservada,  tem  readimentos  próprios,  e  está 
aos  cuidados  de  uma  ermitoa,  do  parocho  da  fre^eaia  e  de  nnui  junta 
que  administra  a  sna  fazenda. 

Annaalmente  ha  uma  festa  qae  dará  dois  dias  e  que  é  muito  eon- 
corrida,  á  qual  costumavam  outrora  assistir  também  os  Serenisãmos 
Duques  de  Bragança,  quando  se  acharam  em  Villa  Viçosa. 

Caetano  da  Cauaha  Manoei.. 

II 
Saata  Maria  de  Tereaa  no  seciilo  XUl 

à actaal  igreja  da  Senhora  da  Boa-Nova,  que  data  do  sec.  xiv-^ 
deve  ter  substituído  um  santuário  miús  antigo,  pois  nas  Cantiga»  gal- 
egas de  D.  AfiFonso  X,  o  Sábio,  ré  de  Castella  e  Leio  (1252- 1284). 
publicadas  em  2  volmnes,  Madrid  1889,  celebram-se  ji  milagres  ope- 
rados por  Santa  Maria  de  Terena*:  vid.  vol.  u,  pp.  279,  280,  281, 
296,  312,  317,  385,  395,  443,  463  e  464,  onde  as  respectivas  cantigas 
tem  os  n."  197,  198,  199,  213,  224,  228,  275,  283,  319,  333  e  334. 

O  rei  Sábio  falia  expressamente  do  santuário,  por  ex.  ap.  296: 

E  d«  tal  lazOD  »  Uirgen 
fez  milagre  couoofudo 

na  ElOSELÁ  DBTBKeiU.  .. 

Tomando  o  continente  pelo  contido,  isto  é  Terena  pelo  santuário, 
diz  a  p.  385: 

.  ,  .  .  Terena 

que  logar  wte*  de  mui  graa  deaoçon. 


'  Veja-Be  Leite  de  VaBConcellos,  ReligiÕe»  da  Lutitania,  vol.  ii,  pp.  112  el2S. 

1  Vid.  G.  Pereira  in  UtvUta  Arehei^gioa,  iii,  148,  onde  poblfca  uma  noticia 
da  igreja  da  Boa-Nova. 

3  Assim  é  que  dis  o  rei.  Também  dos  CottiaiK»  ãt  Terena  do  ace.  xiii,  pnUi- 
cados  por  Gabriel  Pereira  oos  Documento»  húlorieot  da  cidade  de  Évora,  toL  i, 
p.  30,  se  diz  «concelho  de  Santa  Maria  de  Terenat.  Ainda  em  1635,  na  StlajSo 
do  bigpado  de  Elcat,  fl.  'ii,  diz  o  Ur.  António  Gonçalves  de  Novaes;  «igreja  àt 
Nossa  Senhora  de  Terenaa.  —  A  doaigníLçSo  de  Doa-Nova  parece  ser  mais  reeentf, 
O  que  combina  eom  a  tradição  da  fundação  do  santuário,  mencionada  pelo  St. 
Dr.  Camará  Manoel. 

*  Aqui  este  significa  *é:CÍ.  os  meãs  Eiludo»  de  Philoloffia  Mirandeaa, i,2bó, 
onde  citei  ontro  exemplo  doetU, — do  CaaeioMiro  daÃjuia  (v.  t&). 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÃBCBEOLOaO  FOKTDQOÊB  341 

Ha  outros  versoa  no  mesmo  Bentído,  que  omitto  por  brevidade. 
A  situação  do  sautuario  ê  indicada  de  modo  geral  nos  eeguiotes 
"versos  de  p.  312: 

en  riba  d'Agaadiana< 

á  an  logar  muit'  oumâo 

et  TaBssí  chamiu  j, 

logai  mui  santificado* 

i  muitos  miragres  fai 

aVfrgeu  ssutA  et  pnra^ 

e  nos  seguintes  de  p.  443: 

Biba  d'Qd!aii'  á 
hua  asa  eigrela 
i^ast»  UÍTg«n  santa 
qae  bê«ita  sei  a, 
que  chamau  Taasa'  e . . . 

Em  ambos  estes  passos  a  palavra  rtba  «margem»  tem  signiãcaçSo 
bastante  lata,  pois  o  santuário  fica  ainda  um  tanto  afastado  do  no. 
A  situaçSo  exacta  do  santuário  é  indicada  nestes  versos  de  p.  298: 

DW  rio  qae  per  j  corre, 
de  que  seu  nome  nou  digo. . . 


'  Tanto  se  pôde  entender  d'AgMaMana,  como  da  Ouadiana,  pois  o  povo  dii 
no  Alemtejo  •&  ribeira  da  Guadianat  (eda  (ruifíana),  precedendo  de  artigo  o  nome 
do  rio;  e  em  documentos  antigos  encontrei  Agoa  Í>ianna.  Vid.  Sei^a  IJutitana, 
Tl,  46-4T.  (O  pOTo  tem  tendência  para  fazer  começar  por  Âipia-  certos  nomes  pró- 
prios qae  começam  por  Gwt-;  cf.  Agyadeliipr»  =  Gitadalape,  na  Tradiçã/J,  i,  50). — 
Outra  forma  do  nome  do  rio  empregada  pelo  rei  Sábio,  como  Teremos  maia 
adeante,  é  OdúiTta.  D'estas  duas,  a  primeira  é  origiuariametite  heapanbola,  a  se- 
gunda genuinamente  portuguesa.  Como  o  rio  é  eta  grande  parte  raiano,  nSo  ad- 
mira esta  duplicidade  de  fUrmas. 

'  No  texto  lê-se  aan^afeado,  e  o  editor  faespaabol  interpretov  (rid.  vol.  it,  617, 
Gloaaaiio)  afieado  por  ■fiime*,  >Begaro*,  ■empefiado*,  ■teatasa.  Mas  esta  inter- 
pretaçSo  nlo  &2  sentido;  alem  d'Í8so  esperar -ee-bia  a  conjuacfXo  e  entre  os  dois 
adjectivos.  Portanto,  apesai  de  noutros  togares  das  Cantiga»  se  ler  mn/iu^ar 
(rid.  Glossário,  s.  v.),  aqui  tem  de  se  admittir  wantafica^,  tamt^ieado,  natíofieado 
on  Êantifieado.  Ksta  correcçSo  é  cocfirmada  pelo  qae  se  lè  na  p.  396:  El-rei,  fal- 
lasdo  de  Tereua,  cbama-ihe  aa»to  logar. 

>  Este  Terso  É  addiçJlo  minha,  pois  falta  no  original.  NSo  ha  dúvida  qne  elle 
terminava  em  -ura,  como  se  vê  das  eatropLes  seguintes  (os  versoa  finaes  da> 
eatrophes  d'eeta  poeeia  terminam  todos  assim).  NSo  ha  dúvida  também  qae  o  su- 
jeito de/iu  é  Vírgtn,  como  se  vê  dos  passos  BÍmílarea.  Portanto  proponho  a  Vir- 
gtn  santo  et  pura,  que  se  lÉ  também,  assim  mesmo,  a  p.  419;  of.  saitía  et  pura 
(porém  sem  a  palavra  Virgen)  a  p.  330,  e  Viiyeapura  (porém  sem  a  palavra  santa) 
a  p.  280,  354,  132,  413,  etc. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


342  O  ÃKCHEOIXrao  POBXDOnÊH 

onde  ha  manifestA  allusão  ao  viúnbo  ribeiro  de  Lnçafece '.  A  p.  3fô 
diz  o  poeta: 

a  Tereha,  qne  iac  en  meo  d'nii  uai . . . 

mas  aqui  a  indicaçSo  nSo  corresponda  á  realidade,  pois  o  templo  está  â- 
taado  numa  planície.  Que  o  rei  teve  conhecimento  directo  ou  indirecto 
do  local,  nSo  ha  dnvída.  Os  dois  versos  de  cima  o  provam.  Também 
elle,  a  p.  298,  cita  nma  particularidade,  que  bó  pôde  provir  d'aqn^e 
conhecimento: 

ca  íicnoa'  chantoa  toda 

per  hSa  graod'  oiínAríra. . . 

A  palavra  azinheira  applica-se  a  uma  arvore  muito  commnm  no  sitio. 

Os  milagres  cantados  por  D.  Aãonso  X  s&o  niimeroBOS  e  de  diversa 
espécie:  resurreiçllo  de  mortos,  pacificação  de  bulhentos,  libertaçSo 
de  innocentes  e  cura  de  doenças,  tanto  de  homens  como  de  animaes*. 
Os  perogrinos  vinham  de  longe,  de  Elvas,  de  Kcja,  da  Hespanha.  . . 

O  rei  também  não  se  esquece  de  se  referir  ás  festas  da  Virgem. 
A  p.  281  menciona  a  romaria  de  Março,  em  uma  poesia  que  tem  este 
cabeçalho:  lOomo  un  peliteiro  que  non  guardava  as  festas  de  Santa 
>MarÍa  et  começou  a  laurar  no  seu  dia  de  Março,  et  tranessou-sse-lle 
*a  agulla  na  garganta,  que  a  non  podia  deitar;  e  foi  a  Santa  Maria 
ide  Terena  et  foi  logo  gnaridoi.  A  p.  395  menciona  a  romaria  de 


)  Pena  foi  que  o  rei  nSo  disaesse  o  nome  d'este  ribeiro,  pois  podeiiamos 
auíni  conhecer  algumas  daa  fúnnas  antigas  d'eUe. 

*  O  texto  t«m  azeuna,  que  nSo  sei  se  é  erro  typographico  poi  aicoita,  qoe 
se  \é  nontio  passo,  e  qae  é  a  onica  fónna  archivada  no  Glossário  final.  Todavia, 
se  atmiM  é  também  palavra  hespanhola,  atcana  é  fiirma  conhecida  doe  nossoa 
lesicographos  (poi  es.  áeJeToaymoCatdoeo,  DietLutilanico-LeUítúim^ã.  14,oqnal 
a,  traduz  pelo  lat.  hatlile,  isto  é  «dardoí,  etc);  poi  ímo,  na  impôs sibilidade  de  eon- 
snltar  agora  o  ms.  original,  conservei  o  texto  gallego.  Apenas  escrevi  aicana,  com 
coronis,  para  indicar  que  corresponde  a  azeuna,  poie  que  o  editor  daa  Cemlifiai 
snppSs  inexactamente  que  era  o  substantivo  simples,  sem  artigo.  OntT'ora  deixava 
mnitas  veies  de  se  representar  o  artigo  em  casos  semelhantes,  mas  hoje,  qnan& 
publicamos  textos  antigos,  devemos  assinalai  esta  fusSo  ou  crase,  como  o  Sr,  Epi- 
fânio Dias  já  fez  na  sua  óptima  ediçSo  do  Eítmeraldo  de  Pacheco  Pereira  (Lisboa 
1906:vid.p.  11). 

1  Hoje  a  Senhora  da  Boa-Nova  continua  a  faier  ponco  mais  ou  menos  a  mes- 
mo. Tanto  o  Sr.  G-.  Pereira  na  RevUta  Archeoloffica,  iii,  148,  como  en  na  Bevitla 
LiuUana,  ii,  29,  dos  referimos  aos  ex-votos  ou  relábalo»  qae  abundam  na  igreja, 
commemorativos  de  milagres  em  que  as  almas  simples  ainda  acreditam,  como 
na  idade-media. 


byCOOÍ^IC 


o  AnCHEOtOaO  PoHT0GtIÉ8  343 

Agosto  nestes  versos  postos  por  elle  na  boca  de  um  clérigo  de  longe, 
que  prohibe  os  seus  fregueses  de  saírem  da  própria  parochia  para  irem 
em  peregrinação  aTerena: 

Et  ae  per  ueutura  anén 
que  en  esta  feeta  que  uen, 
d'AgoatO,  per  aúeea  mal  Mn 
fordes  f  per  nebúii  ren, 
eBcomnngar-Dog-ei  poiéa. 
£t  ú  él  eato  dizer  queria 
l0Tcea-se-U'a  boca ' 

A  grande  importância  do  culto  Sa  Virgem  de  Terena,  tanto  nos 
tempos  medievaes  como  nos  modernos,  não  nos  deve  causar  estra- 
nheza,  porque  toda  aquella  re§^o,  — Redonda,  Bencatel,  Alandroal, 
Terena — ,  era  sagrada  desde  remotas  eras. 

Não  longe  de  Terena,  no  monte  de  S.  Miguel  da  Mota,  erguia-se 
o  santuário  do  deus  lusitano  Endovelltcua,  um  dos  mais  célebres  da 
antiguidade  (em  países  bárbaros),  a  julgar  da  variedade  dos  ex-votos 
que  ahi  se  tem  descoberto,  e  que  eu  estudei  nas  Religiões  da  Lusitânia, 
II,  111  sqq.  Em  Beucatel  tinham  seu  culto,  na  época  lusitano -romana, 
os  deuses  Fortíanua  e  Fontana,  segundo  consta  de  uma  inscripção  pu- 
blicada no  Corp.  Inecr.  Lai.,  ii,  150.  Perto  do  Redondo  fica  a  Fonte 
Santa,  muito  venerada  dos  âeis,  e  ao  pé  do  Alandroal  houve  também 
uma  Fonte  Santa,  actualmente  porém  sem  culto,  conservando-se  ape&as 
o  nome;  a  designação  de  Fonte  Santa,  com  quanto  se  refira  a  cultos 
chrístSos,  ascende  a  cultos  pre-chrÍstSos. 

As  ideias  religiosas  tem  sempre  grande  tenacidade.  Na  implantAQllo 
do  Cbristianismo  nSo  se  apagaram  completamente  as  antigas  crenças: 
umas  continuaram  a  existir  como  superstições;  outras  chrístianizaram- 
se.  O  cnlto  da  Senhora  de  Terena  ou  da  Boa  Nova  pertence  certamente 
Á  ultima  classe,  posto  que  eu  não  creia  que  elle  provenha  directamente 
do  de  Endovellicuê:  o  herdeiro  directo  de  EndoveUicut  foi  S.  Miguel 
da  Mota';  o  culto  da  Virgem  deve  neste  caso  ter  como  protótypo  o  de 
uma  divindade  pagX,  que,  como  tantissimas  outras  vezes  acontece, 
não  sabemos  qual  era,  mas  que  nem  por  isso  é  menos  reconhecível 
na  sua  feição  geral. 

^  J.  L.  DE  V. 


1  Actualmente  aa  Boa-Nova  ha  nma  bò  festa  por  anuo,  a  qual  bo  realiza  no 
primeira  domingo  depois  do  de  Paacoa.  O  povo  canta  por  essa  occasiSo  rarias 
cançiics  devotas,  de  que  publiquei  tf  es  na  Seoiêla  Lutitana,  rv,  286. 

■  Vid.  RdigiStt  da  LutUania,  n,  146. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AKt»EOLOaO'FOKCOGIIÊS 


Catalogo  dos  pergaminliOB  existentes 
no  arobivo  da  Insigne  e  Real  Collegiada  de  Guimarães 

(Conlbloiçta.Vid.  O  AnJ..  Parf.,  I,  HM) 

cxvn 

90  de  janeiro  de  1S4S 

Consigaação  da  renda  de  um  maravidi  ao  cabido  de  Guimaries, 
imposta  em  uma  herdade  da  freguesia  de  Polvoteira,  feita  por  Florença 
Ânnes,  viuva  âe  JoSo  Affonso,  e  por  Qil  Martias,  como  testamenteiros 
do  dito  Joio  Affonso. 

Escrita  no  respectivo  livro  dos  contratos,  a  20  de  janeiro  da  era 
de  1380,  pelo  tabellião  Jo3io  de  Braga. 

I^ste  documento  é  um  traslado  passado  pelo  tabellito  Vasco  Mar- 
tína,  em  GuimarSes,  a  18  de  dezembro  da  era  de  1415. 

CXVIII 

30  de  agosto  de  tStí 

Outorga  da  renda  de  um  maravidi  e  meio,  imposto  numas  casas 
da  Rua  de  Don  Anays,  dado  aos  clérigos  do  coro  por  SimSo  Martins, 
abbade  que  foi  dcTagilde,  com  obrigação  de  anniveraarío  por  sua  alma 
e  de  Már  Gonçalves,  feita  por  FemXo  Gonçalves,  mercador,  morador 
na  Rua  Sapateira,  irmão  da  dita  Mór  Gonçalves. 

Escrita  na  via  sagra  de  Santa  Maria,  a  30  de  agosto  da  era  de  1380, 
pelo  tabelUão  Fero  Bravo,  sendo  testemunhas  Affonso  Martins,  abbade 
de  Gondar,  e  Martim  Pires,  abbade  de  Barqueiros. 

CXIX 

18  de  ootabro  de  1342 
DoaçSo  de  uma  herdade  em  Laveriz  (a  qual  íSra  de  Ermigo  Garcia 
e  mulher  D.  Maria,  avós  de  Martim  Alvelo,  cónego  de  Guimarães,  e 
adquirida  por  este  por  troca  que  fez  com  o  testamenteiro  de  seu  primo 
Rodrigo  Affonso,  filho  de  Affonso  Ermigues,  seu  tio  materno,  e  depois 
por  ello  cónego  doada  a  Domingos  Fernandes  Correiro  e  mulher  Do- 
mingas Domingas),  e  de  outra  herdade  no  Outeiro,  freguesia  de  S.  Ma- 
mede de  Caniçada  (que  o  mesmo  eonego  ganhou  aos  filhos  de  Euy 
I^res,  cavalleíro,  de  .  . . ,  e  mulher  Maria  Esteves,  e  doara  aos  mesmos), 
feita  pelos  ditos  Domingos  Fernandes  e  mulher  ao  mesmo  cónego  Mar- 
tim Alvelo. 


byCOOglc 


o  Abcbbolooo  P0BTDGUÊ8  S4& 

Escrita  «m  Guimarites,  a  18  de  outubro  da  era  de  1380,  pelo  ta- 
bellião  Affonao  Rres,  sendo  testemniihas,  entre  outros,  Rodrigo  Esteves 
Lagarto  e  Pedro  Àlvelo,  escudeiros. 

cxx 

13  de  agosto  de  1843 

Traslado  da  clausula  testamentária  de  Domingos  Annes,  pela  qnal 
deixa  um  maravidí  aiumal  aos  clerí^s  do  coro,  imposto  bo  sen  casal 
de  Adegaaha,  com  obrigação  de  duas  missas  offioiadas  em  honra  de 
Santa  Yera  Cruz,  ditas  oa  primeira  B^uada-ieira  da  quaresma,  com 
oraçSes  e  agna  benta  sobre  a  sua  sepoltura. 

Passado,  por  mandado  do  juiz  de  GuimarSes  Ayres  JuyleB,  pelo 
tabellião  Affonso  Pires  a  13  de  agosto  da  era  de  1381,  dia  do  enterro 
do  testador. 

CXXI 

13  de  outubro  de  1344 

Emprazamento  em  três  vidas  de  ama  casa,  sita  no  termo  do  Cas- 
tello  acima  da  Rua  do  Gado,  -feito  pelos  clérigos  do  coro  a  Martim 
Annes,  peliteiro,  e  mulher  Maria  Pires,  com  o  foro  de  um  maravidi 
velho. 

Escrito  em  Guimarães  na  via  sagra  de  Santa  Maria,  ante  o  altar 
de  S.  Braz,  estando  ahi  alguns  clérigos  do  coro  &  missa  da  mulher 
daknotl  a  12  de  outubro  da  era  de  1382,  pelo  tabellião  Martim  Annes, 
sendo  testemunha  Martim  Pires,  abbade  de  Barqueiros,  etc. 

CXXII 
4  do  julbo  de  1545 

Doação  de  um  maravidi,  imposto  na  herdade  de  Paaçoo,  freguesia 
de  Santa  Ovaia  de  ForamontaaSs,  feita  por  Guiomar  Esteves  á  con- 
fraria dos  clérigos  do  coro,  por  a  admittirem  por  confrada  sem  outra 
entrada. 

Escrita  na  Crasta  de  Santa  Maria,  a  4  de  julho  da  era  de  1383, 
pelo  tabellião  Pêro  Bravo,  sendo  testemunhas  Thomé  Affonso,  tabel- 
lião; Martim  Pires,  abbade  de  Barqueiros;  etc. 

Em  seguida:  Posse  da  dita  quinta  de  Paaçoo  a  5  do  mesmo  mês 
e  perante  o  mesmo  tabeliiSo,  sendo  testemunha  Gonçalo  Annes,  abbade 
de  S.  Lourenço  de  Selho;  etc. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÁBCHEOLOOO  FOBTUOnâfi 


cxxm 

1»  de  setembro  de  1345 


DoaçXo  de  um  e  meio  maravidi,  imposto  no  casal  da  Canceltar  fre- 
guesia de  Peasello,  feita  por  Gervaz  Eanes  e  mulher  Maria  Mendes 
Sarraziuha  á  confraria  dos  clérigos,  por  oe  admittirem  confrades  e  por 
graça  que  ihea  fazem  de  não  dormirem  em  tua  vida  com  confrade  ne- 
nhum. 

Escrita,  a  19  de  setembro  da  era  de  1383,  pelo  tabellíão  Thomé 
AffoQso,  sendo  toBtemunhas  Qil  Vicente,  abbade  de  Santa  Xiogriça; 
Hartim  Pires,  abbade  de  Barqueiros;  etc. 

Em  seguida:  Posse  do  dito  casal  a  20  do  mesmo  mês  e  perante 
o  mesmo  tabelliUo. 

CXXIV 
7  de  jutho  de  1346 

Fosse  da  igreja  de  Santa  Maria  de  Silvares,  tomada  a  7  de  Jnlho 
da  era  de  1384  pelo  cabido  de  Guimarães,  representado  pelo  seu  pro- 
curador o  cónego  Martim  Lourenço,  estando  já  enterrado  o  corpo  de 
JoSo  Domingues,  abbade  que  d'ella  foi. 

Escrito  o  instrumento  dentro  da  dita  igreja  pelo  tabelliâo  Martim 
Ãnnes. 

cxxv 

T  de  julho  de  1346 
Duplicado  do  numero  antecedente,  mas  lavrado  pelo  tabelIíXo  Es- 
te vam  Ãnnes. 

CXXVI 
30  de  julho  de  1346 
Venda  de  umas  casas,  sitas  na  Rua  de  S.  Tiago,  feita  por  Gervaz 
Martins  e  mulher  Margarida  Esteves  a  Domingos  Vieira  e  mulher  Mar- 
garida Geraldes,  pelo  preço  de  5  libras  portuguesas  e  sua  revora,  que 
se  não  declara  em  que  consiste. 

Escrito  o  documento  por  Martim  Ãmies  Loomar,  escrivSo  jurado, 
dado  por  el-rei  a  Francisco  Geraldes,  sen  tabelliâo  em  Guimarães,  e 
por  este  subscrito  com  o  seu  sinal  a  30  de  julho  da  era  de  1384. 

CXXVII 

30  de  julho  de  1S46 
Posse  das  casas  de  que  trata  o  documento  antecedente,  tomada 
no  mesmo  dia  e  perante  o  mesmo  tabelIiSo. 


byGoot^lc 


o  Ahcheoloqo  P0BTPGUÊ8 


lãd«jiinbodeI349 

Traslado  da  olansnla  testamentária  de  Margaríi^a  Pires,  mulher 
qne  foi  de  Gonçalo  Martins,  pela  qual  deixa  aos  clérigos  do  c5ro  20 
soldos,  impostos  em  umas  casas  da  Bua  de  Vai  de  Donas,  com  obri- 
gação de  uma  missa  officiada  á  qual  elles  deviam  assistir. 

Passado,  por  mandado  do  Juiz  de  QuimarSes,  Nicolau  Domingues, 
estando  em  audiência  no  concelho,  a  12  de  junho  da  era  de  1387,  pelo 
tabeliiXo  Gonçalo  Ãunes,  sendo  testemunhos  Vasco  Lourenço,  André 
Ãffonso,  Antoninho  Lourenço,  tabelliães,  etc. 

Sm  seguida :  Posse  da  dita  caaa  conferida  pelo  testamenteiro  da  dita 
Marganda  Pires  Risca,  perante  o  mesmo  tabelIiSo,  a  16  do  mesmo  mês. 

CXXIX 

26  de  maio  de  1850 

Sentença,  proferida  por  Jo2o  Kres,  juiz  de  Montelongo,  acerca  de 
aguas  do  casal  de  Pardelhas. 

Lavrada  em  BinhSes,  a  26  de  maio  da  era  de  1388,  por  Vasco  Es- 
teves, tabellifto  de  Montelongo,  sendo  testemunha,  entre  outros,  Martim 
AffoDso,  tabelliZo  do  mesmo  julgado. 

cxxx 

15  de  dezembro  de  1350 
Posse  de  metade  de  uma  casa  sita  a  fiindo  do  Sabugal,  conferida 
pelo  cónego  Gomes  Gonçalves,  como  testamenteiro  do  cónego  Martim 
Alvelo,  aos  clérigos  do  coro  representados  por  Domingos  MJgueis,  ab- 
bade  de  Santa  Margarida,  e  pela  qual  elles  haveriam  2  maravidis  an- 
nualmcnte  legados  pelo  dito  cónego. 

Escrita,  a  15  de  dezembro  da  era  de  1388,  pelo  tabelUSo  Gonçalo 
Annes. 

CXXXI 
15  de  fevereiro  de  1351 
Emprazamento  em  uma  vida  do  casal  de  Margaride,  feito  pelo 
chantre  D.  Domingos  Annes  e  cabido  a  Estevam  Pires,  clérigo,  com 
o  foro  annual  de  12  maravidis  velhos  de  moeda  portuguesa. 

Escrito,  a  15  de  fevereiro  da  era  de  1389,  pelo  tabellilo  Gonçalo 
Martins,  sendo  testemunha,  entre  outros,  Nicolau  Rres,  thesoureiro 
da  igreja  de  Santa  Maria. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  Pobtuquès 


CXXXII 
2  ie  fevereiro  de  1364 


Traslado  das  clausulas  testamentárias  de  áires  JuySees  pelas  qnaes 
lega  ao  cabido  2  maravídís  impostos  no  casal  de  Carcavellos,  sito  na  fre- 
guesia de  Nespereira,  para  arder  uma  lâmpada  na  igreja  de  Santa  Ma- 
ria, e  40  soldos  impostos  em  umaa  casas  da  rua  Çapateira  para  nina  missa 

úr  sua  alma  com  procissão  e  oração  sobre  o  seu  moimento. 

lo,  por  mandado  do  juiz  de  Guimarães,  Nicolau  Domingues, 

rereiro  da  era  de  1392,  pelo  tabelUão  Ãntoninho  Lourenço, 

emunha  Gonçalo  Martins,  tabellião;  etc. 

CXXXIII 

5  de  fevereiro  de  1354 
do  casal  de  Via  Cova  de  Fomellos,  que  Harttm  Lourenço, 
ccnferíu  ao  cabido  na  qualidade  de  testamenteiro  do  cónego 
lurenço,  que  o  legou  pelo  seu  testamento  feito  a  5  de  feve- 
ra  de  1392  com  obrigação  de  uma  capella  de  missas  e  12 
ios  por  soa  alma, 
rumento  de  posse  foi  lavrado  pelo  tabettião  de  Monteloogo, 

Pires. 

CXXXIV 
30  de  nuúo  de  1355 
iça  proferida  por  D.  Estevam  Annes,  cónego  de  Lisboa,  vi- 
I  do  arcebispo  de  Braga,  D.  Guilherme,  homologando  a  com- 
ita  entre  o  Dr.  D.  Affonso  Vasques,  prior  de  Guimarães,  e 

e  cabido,  (representados  por  procuradores  pela  procuração 
n  Guimarães  no  Cabido  novo  de  Santa  Maria,  onde  se  coS' 
r  cabido,  a  29  de  maio  da  era  de  1393,  pelo  tabelliZo  Fran- 
ale),  acerca  da  divisão  das  rendas  entre  si,  na  fonoa  da  di- 
ora  feita  entre  o  prior  D.  Diogo  Alvares  e  o  mesmo  cabido, 
'espeita  a  raçSes,  distribuiçSes  e  anniversarios,  ficando  per- 
netade  ao  prior  para  os  encargos  da  fabrica. 
)m  Braga  a  30  de  maio  do  anno  de  1355,  estando  presentes, 
)s,  D.  Estevam  Annes,  chantre  de  Braga;  D.  Vasco  Martins, 
I  Coimbra;  Nicolau  Domingues,  abbade  do  mosteiro  benedi- 

Salvador  de  Vlllar;  Francisco  (?)  Martins,  reitor  de  S.  Mi- 
ado; Martim  Lourenço,  reitor  de  S.  Julião  de  Parada, 
miento  é  em  latim,  e  somente  a  procuração  em  portugoès, 
ginal,  mas  traslado,  passado  por  ordem  do  ajcebispo  D.  Jorge 


byGoí>^^lc 


o  Abcheologo  P(»tuoijê8  M& 

da  Costa,  com  citaçSo  do  procarador  de  D.  Henrique  Coatinho,  prior 
da  igreja  de  GuimarSee,  a  27  de  outnbro  de  1496.  Está  assinado  pelo 
arcebispo  e  foi  escrito  por  Martim  de  QuimarZes,  escrivEto  da  camará 
ecclesiastica,  que  declara  ficar  uma  gentia  em  branco  por  senão 
ler  no  original. 

cxxxv 

6  de  agosto  de  1355 

Posse  de  umas  casas  sitas  na  Rua  de  Dona  Nays,  em  virti 
sentença,  que  os  clérigos  do  coro  obtiveram  contra  Geraldo  Qon 
e  mulher,  conferida  pelo  mordomo  do  concelho  a  Gil  Martins,  s 
do  Inferno,  procurador  d'ene3. 

Escrito,  a  6  de  agosto  da  era  de  1393,  pelo  tabelUão  Anti 
Lourenço. 

Em  seguida:  Posse  de  umas  casas  e  eixido,  sitas  no  logar  de 
freguesia  de  S.  Salvador  de  Pinheiro,  tomada  por  Lourenço  I 
guês,  priosle  dos  clérigos  do  coro  a  5  de  novembro  da  era  de 

Escrito  pelo  mesmo  tabelliSo. 

CXXXVI 
23  do  maio  de  1356 

Traslado  da  clausula  testamentária  de  Domingos  Annes  '. 
pela  qual  deixa  aos  cónegos  de  GuimarSes  o  seu  casal  de  Adej 
com  obrigação  de  pagarem  annualmente  por  elle  dois  maravi 
mosteiro  da  Costa,  para  duas  missas  por  sua  alma,  e  aos  clerij 
cdro  um  maravidi  para  duas  missas  ofBciadas  no  primeiro  e  se 
dia  de  quaresma  com  oraçScs  e  agua  benta  sobre  elle. 

Passado,  a  requerimento  de  Gil  Martins,  abbade  do  Inferot 
curador  dos  clérigos,  por  mandado  do  juiz  de  Guimarães,  Gonçi 
tevês,  pelo  tabellião  Vasco  Lourenço,  no  concelho,  a  23  de  m 
era  de  1394,  sendo  testemunhas  Ruy  da  Maia,  alcaide  do  Ca 
João  Pires,  João  Annes  e  Francisco  Vicente,  tabelliães. 

CXXXVII 

16  de  novembro  de  1359 
Escambo  ou  troca,  feita  entre  o  cónego  Vicente  Domingue 
clérigos  do  coro  (sendo  prioste  Álvaro  ASbnso  e  fazendo  parte 
Qonçalo  Martins,  capellão  de  S.  Payo),  pela  qual  foi  tranaferid 
a  altnninha  do  Pinheiro,  sita  a  par  das  gafas  de  Santa  Luzia) 
cargo  annual  de  meio  maravidi  imposto  no  casal  de  Kba  de 


byGoot^lc 


350  O  Abcheolooo  FoRTnoiíêa 

Escrito  na  Craete  de  Santa  Haría  de  GaimarSes,  a  16  de  novembro 
da  era  de  1397,  pelo  tabeUiSo  Qonçalo  Martins. 

Em  seguida:  FrocnraçSo  do  cónego  Vicente  Domingues,  a  fim  de 
eer  dada  aos  ditos  clérigos  a  posse  da  referida  almainha.  Fãta  pelo 
mesmo  tabelliSo,  a  7  de  outubro  da  era  de  1400. 

Em  seguida:  Fosse  da  dita  almuinha,  sita  trai  a  porta  de  Fa7  de 
DonoB  a  par  de  a  carreira  que  voe  para  Santa  Lima.  Escrito  pelo 
mesmo  tabelli&o  a  9  do  mesmo  mês  de  outubro. 

CXXXVIII 

12  de  abril  de  1362 

Traslado  de  nm  recibo  de  40  libras  de  dinheiros  portugueses  que, 
em  21  de  abril  da  era  de  1390  (Ch.  1352),  foi  entregue  pelos  testa- 
menteiros de  Vasco  Fagundes  ao  cabido  para  pagamento  de  um  mara- 
vidi  para  elles  e  de  meio  para  os  clérigos  do  caro,  com  obrigaçSo, 
cada  um,  de  uma  missa  officiada  por  alma  do  testador. 

Passado,  a  requerimento  de  Lourenço  Domingues,  príoste  dos  clé- 
rigos do  cdro,  por  mandado  do  juiz  de  GuimarSes,  Fernlo  Anaes,  pelo 
tabelliSo  Vasco  Lourenço,  a  12  de  abril  de  1400,  sendo  testemunhas, 
entre  outros,  D.  Lourenço  Martins,  prior  de  S.  Torcade,  e  André  Af- 
fonso,  tabelliSo. 

CXXXIX 
25  de  outubro  de  1363 

Sentença,  proferida  pelo  arcebispo  D.  JoSo,  julgando,  depois  de 
previa  citação  por  éditos  quaesquer  interessados  e  nSo  apparecer  nin- 
guém, que  a  apresentação  da  igreja  ou  ermida  de  S.  Tiago  da  villa 
de  GuimarSes  pertencia  ao  D.  Frior  e  cabido  de  Guimarães. 

Dada  em  Braga  pelo  dito  arcebispo,  na  saa  camará  de  S.  Vttoiro, 
a  25  de  outubro  da  era  de  1401. 

Nesta  pendência  o  prior  de  Guimarães,  Gonçalo  Telez,  foi  repre- 
sentado pelo  chantre,  Vicente  Domínguez,  por  virtude  da  procnração 
passada  ao  portal  da  igreja  de  Santa  Maria,  a  21  (?)  de  junho  da  era 
de  1401,  pelo  tabelliSo  André  Affonso,  sendo  testemunha,  entre  oatros 
D.  João  Aflfonso,  Conde  de  Barcellos. 

O  cabido  nomeou  seus  procuradores  o  dito  chantre,  o  thesoureiro 
Martím  Beeitez,  o  cónego  Gil  Eanes  de  Fenela,  por  procuração  passada 
na  Crasta,  oode  fazem  cabido,  a  10  de  agosto  da  era  de  1401,  pelo 
tabellião  Gonçalo  Martins,  sendo  testemunha  Affonso  Gil,  abbade  de 
S-  Romão  de  Mesão  Frio;  etc. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AbCHEOLOQO  FOttTDOIIÊS  351 

CXL 

13  de  junho  de  1364 

Sentença,  proferida  em  Santarém,  a  13  de  junho  da  era  de  1402, 
por  Fernão  Martins  e  JoSo  Airas  (?),  vassallos  de  el-rei  e  ouvidores 
dos  seus  feitos,  absolvendo  o  cabido  de  âuimarZes  da  demanda,  <jue 
ihe  movia  o  procurador  da  coroa  acerca  dos  casaes  de  Adeganba,  Can- 
tonha  e  outro,  que  lavra  Martim  Fouço. 

Não  é  original,  mas  traslado  passado,  a  requerimento  do  chantre 
João  Lourenço,  por  mandado  do  juiz  de  Guimarães,  Martim  Gomes, 
na  praça  da  villa  a  10  de  novembro  da  era  de  1437. 

CXLI 
27  de  abril  de  1365 
Posse  de  umas  casas  sitas  na  Rua  do  Gado,  que  Affonso  Martins, 
pouBodeiro  do  infante  D.  Fernando  (representado  por  procurador  em 
virtude  de  procuração  passada  em  Lamarosa,  onde  elle  vivia,  pelo  ta- 
betlíão  Egas  Nogueira,  a  22  de  outubro  da  era  de  1402),  restituiu  aos 
clérigos  do  coro,  que  provaram  pertencer-lhes. 

Dada  perante  o  tabelliSo  JoSo  Gonçalves  a  27  de  abríl  da  era  de 
1403. 

CXLII 
•  13  de  jnaho  de  1365 
Traslado  das  olausnlas  do  testamento  de  Jo&o  Lourenço,  o  qual 
foi  apresentado  por  seu  irmão  e  testamenteiro  Martim  Lourenço,  celor- 
giom,  pelas  quaes  lega  aos  cónegos  de  Guimarães  dois  maravidis,  im- 
postos em  umas  casas,  com  obrigação  de  duas  missas  oãiciadas  por 
saa  alma  e  de  sua  mulher  Mana  Pires,  e  de  Sancha  Fernandes;  e  aos 
clérigos  do  cSro  um  maravídi  com  obrigação  de  uma  missa  oiiiciada 
pela  mesma  intenção. 

Passado,  a  requerimento  de  G.  Vicente,  abbade  de  S.  Lourenço 
de  Riba  de  Selho,  procarador  dos  ditos  clérigos,  por  mandado  do  jniz 
de  Guimarães,  João  Lourenço,  a  13  de  junho  da  era  de  1403,  pelo 
tabellião  Vasco  Lourenço,  sendo  testemunha  Fernão  Ãnnes,  vassallo 
de  el-rei;  etc. 

CXLm 


Emprazamento  em  três  vidas  de  uma  almuinba,  sita  atrás  do  mos- 
teiro de  S.  Domingos,  feito  pelos  clérigos  do  cÕro,  a  quem  foi  legada 


byGoí>^^lc 


o  Abcheologo  Pohtuquês 

)  chantre  J).  Martim  Garcia,  a  Gonçalo  Martics,  clérigo,  capelllo 

3.  Payo,  com  o  foro  aimual  de  20  soldos. 

Escrito,  a  6  de  maio  da  era  de  1404,  pelo  tabetlíSo  Joio  Âimes. 

CXLIV 
29  de  setembro  de  1368 
Emprazamento,  em  três  vidas,  de  umas  casas  sitas  na  qnintS  dos 
ateiros,  que  partem  com  o  forno  do  Roixo  e  foram  de  JoSo  Martins, 
ade  de  Tagilãe,  feito  pelos  clérigos  do  coro  (dos  quaes  fazia  parte 
a  Domingues,  abbade  de  Aueçam,  e  AfFonso  Gil,  abbade  d©  S.Bo- 
i),  a  Diogo  Gil  Faraçom,  escudeiro,  e  mulher  Beatriz  Rodrigues, 
moravam  junto  d'ellas,  com  o  foro  de  25  soldos. 
Escrito  na  Crasta  de  Santa  Maria,  a  29  de  setembro  da  era  de 
6,  pelo  tabellião  João  Lourenço. 

CXLV 
14  de  janeiro  de  1369 
Carta  de  el-rei  D.  Fernando,  a  pedido  de  Beltrom  Beltares  (?), 
ade  de  ToUSes,  cónego  de  Braga,  doutor  em  leis,  confirmando  a  sen- 
;a  de  D.  Aãbnso  IV,  que  lhe  mantém  a  JurisdicçXo  eivei  no  Couto 
Uoleçozo. 
Dada  em  Évora,  a  14  de  janeiro  da  era  de  1407,  por  Fernão  Mar- 

e  Rodrigo  Esteves,  vassallos  de  el-rei. 

Conserva  pendente  de  cordão  vermelho  o  sêllo  de  el-rei,  em  cera 
íca,  já  partido  e  com  falta  de  parte  d'alle. 
Nas  costas  ha  estes  documentos: 
1."  Notificação  da  carta  referida  a  Fernão  Fernandes,  jniz  de  Celo- 

de  Basto  por  Fernão  Vasques  da  Cunha,  a  4  de  setembro  da  era 
L457. 

2."  Notificação  da  mesma  carta  a  Gil  Affonso,  juiz  de  Celorico  de 
to,  a  12  de  muo  de  1432,  sendo  esse  instrumento  lavrado  por  Roj 
renço,  tabellião  por  Fernão  Vasques  da  Cunha. 

CXLVI 
25  (?)  de  agosto  de  1369 
Emprazamento  de  umas  casas,  sitas  na  rua  de  S.  Tiago,  feito  pelos 
igos  do  coro  a  Gonçalo  Fernandes,  com  o  foro  de  30  soldos. 
í"eito  em  Guimarães,  a  25  (?)  de  agosto  da  era  de  1407,  pelo  ta- 
lão João  Gonçalves. 


byCoOglc 


o  ÃBCHEOLooo  PoBToaaâs 

CXLVU 

9  d«  marf  o  de  1371 

Testamento  de  Vicente  Domingues,  chantre  de  Guim&rSi 
de  Braga,  feito  por  elle  a  9  de  março  da  era  de  1409,  a 
por  Gonçalo  Romeu,  prebendeiro  do  cabido,  ao  juiz  de  Guim 
nio  Annes  Missa,  a  18  de  maio  da  era  de  14tl,  a  fim  de  o 
bUcar  nas  casas  do  mesmo  chantre  estando  este  ahi  finado, 
fez  e  o  mandou  inserir  na  nota  do  tabelIiSo  João  Ãffonso. 

Por  este  testamento  o  chantre  determina  ser  sepultadi 
de  Santa  Maria  de  Guimarães,  ante  o  altar  da  Trindade  e 
tinho,  onde  (para  esto  está  estabelecida  sepultura  mettida  I 
de  pedra  branoai,  e  deixa  vários  bens  ao  cabido  com  obrigaç, 
e  orações  por  sua  atma;  e  m^s  um  legado  a  Constança  Pai 
casamento ;  e  nomeia  seu  herdeiro  Vasco  Vicente,  abbade 
passando  depois  a  seu  fílho  maie  velho,  ou  filha  mais  velhs 
filhos,  e  nSo  os  havendo  este  tudo  será  para  o  cabido  de  ' 

Este  documento  nSo  é  original,  mas  traslado  passado 
mento  do  cabido,  em  22  de  dezembro  da  era  de  1414,  pe 
João  AfTonso,  com  auctorização  de  Pedro  Martins,  ouvido 
nho-mor  de  el-rei  em  Entre  Douro  e  Minho,  dada  por  c; 
de  Guimarães  a  12  de  maio  da  era  de  1414,  sendo  já  fal 
bellião  João  AfTonso,  que  publicara  o  testamento,  e  sendo 
isto  Constança  Paios,  manceba  do  chantre  fallecido  e  mS 
Vicente,  abbade  de  Tagilde,  que  também  já  era  fallecido. 

CXLVIII 
29  de  setembro  da  1371 

Posse  de  umas  casas,  sitas  na  rua  de  Santa  Maria,  ] 
João  Lourenço,  çolorgiom,  deixou  aos  clérigos  do  coro  ui 
com  obrigaçXo  de  uma  missa  officiada  por  sua  alma,  por  £ 
nandes,  e  por  sua  mulher  Maria  Pires,  que  tomaram  os  di 
(dos  quaes  faziam  parte  Fero  Domingues,  abbade  de  S.  Tho 
çam,  e  Gonçalo  Fernandes,  abbade  de  Gondomar),  jazend 
sua  casa  a  dita  Maria  E^res,  a  29  de  setembro  da  era  de 

Escrito  pelo  tabellião  JoSo  ASbneo. 

CXLIX 
16  de  março  de  1973 
Commissão  dada  por  D.  Estevam  Pires,  deão  de  Braga 
bido,  Bcdc  vacante,  a  16  de  março  da  era  de  1411,  a  Rodri 


byGoot^lc 


tCHEOLOGO  POBTUGDÉS 

conferir  a.  instituição  canónica  na  igreja  de 
Gonçalo  Domingues,  vigário  de  S.  Tiago  de 

cliantre  de  QuimarZes,  Vicente  Domingues, 

D.  Martim  Annes. 

eoto,  a  requerimento  de  FernSo  Domingues, 

dor  do  apresentado,  pelo  tabellião  de  Braga, 

1  instituiylo  canónica  na  dita  igreja  de  Cal- 
I  JoSo  Annea,  conferida  pelo  dito  arcediago 

!  cordSo  vermelho  o  sêllo  da  cúria  bracha- 
'avado  em  baixo  relevo  preto,  cujo  centro  já 
ndo-se  na  oria:  S.  BRÀCHABÊSIS  ECLE- 


CL 

28  de  março  de  1K73 

s  testamentárias  de  João  Eanes,  cónego  de 
Thomé  de  Caldellas,  pelas  quaes  deixa  meio 
iposto  numa  herdade  de  Riba  de  Selho,  fre- 
meio  maravidi  aos  clérigos  do  coro  com  obri- 
iiada  por  sua  alma  e  de  sua  irmS  Theresa 

mento  do  príoste  Lourenço  Domingues,  por 
larães,  Fernão  Eanes  Missa,  a  28  de  março 
liXo  João  Esteves,  sendo  testemunha  Affonso 


27  de  maio  do  1ST5 

n  Avinhâo  a  27  de  maio  de  1375  pelo  au- 
)berto  de  Otratton,  julgando  valida  e  cano- 
•■  da  igreja  de  Santa  Maria  de  Guimarães, 
I  pelo  cabido  por  óbito  de  D,  Vicente  Do- 
sentiição  de  Gonçalo  Raimnndo  feita  pelo 
]ue  abusivamente  introduzira  no  chantrado 
uanto  a  apresentação  pertencia  ín  totiãum 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  AaCHEOLOOO  POBTDQUÊa 

No  verso  está  a  notificação  d'esta  sentença  feitt 
de  janeiro  da  era  de  1416  (13  de  janeiro  de  137 
Santa  Clara  de  Coimbra,  na  corte  e  paços  onde 
prior  Qonçalo  Vasques,  licenceado  em  direito,  com  li 
mnnicada  pelo  bispo  de  Silves  D.  Martinho.  A  se 
pelo  dito  chantre  JoSo  Lourenço,  e  lida  e  notificada 
Brosset,  da  diocese  de  San  Flor,  notário  apostolici 

Tem  pendente  de  cordão  de  seda  verde  o  sêUo 
poBto  sobre  cera  branca,  do  auditor  romano,  mi 
no  todo. 

CLn 

3  de  jnlho  de  1375 

Bulia  do  Papa  Gregório  XI  diri^da  ao  arceb' 
tada  de  Avinhão  a  5  das  nonas  de  julbo  (3  de  jal 
nando  o  sequestro  das  rendas  do  chantrado  de  Ss 
marães,  a  requerimento  de  D.  João  Lourenço,  em 
interposta  a  sppellação  da  sentença  que  julgou  v 
para  diantre. 

Tem  pendente  de  cordão  branco  o  sêllo  pontifica 
na  face  e  no  campo,  entre  uma  orla  de  pontos 
GREQORIUS  PP  XI  — e  no  verso,  no  campo, 
pontos,  os  bustos  dos  apóstolos  e  por  cima  d'estes 

CLIII 
14  de  maio  de  ISTG 

Sentença,  proferida  em  AvínhSo  a  14  de  múc 
ditor  da  cúria  romana  Galhardo  de  Nonecchia, 
Iraetada  sob  n."  CLI,  da  qual  appellara  Gonçalo  I 

Tem  pendente  de  cordSo  vermelho  o  sêllo  do  aii 
melha  sobre  cera  branca,  mas  inutilizado  quasi  no 

CLIV 

16  de  maio  de  137G 

Posse  de  umas  casas  sitas  na  rua  Escura,  lega 
chantre  Vicente  Domingnes,  effectuada  a  16  de  mi 
na  presença  do  tabellião  Vasco  Martins. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  PoBmaoís 


26  de  maio  de  1S76 

Sentença,  proferida  em  ÀviohSo  s  28  de  mMO  de  1376  pelo  andí- 
tor  da  curía  romana  Galliai-do  de  NoDecchia,  cODfinuaudo  a  sentença 
eztractada  sob  o  n."  CLI,  da  qual  appellara  o  pnor  Gonçalo  Vas- 
qaes. 

No  verso ;  NotificaQSo  d'esta  sentença  ao  dito  prior,  do  mesmo  legar, 
dia,  mês  e  anno,  e  nos  mesmos  termos  da  notificação  que  consta  do 
u."  CLI. 

CLVI 
15  de  aetembro  de  1376 

Sentença,  proferida  em  Avinh&o  a  15  de  setembro  de  1376  pelo 
auditor  da  cúria  romana  Bertrando  de  Álamo,  confirmando  a  sen- 
tença sobre  o  ch&ntrado  eztractada  no  numero  antecedente,  da  qoal 
appellaram  o  prior  Gonçalo  Vasqaes  e  Gonçalo  Raimundo. 

Conserva,  pendente  de  cord&o  de  seda  branca,  o  sêllo  do  anditor 
ainda  quasi  completo.  É  em  baixo  relevo,  de  lacre  vermelbo  posto  sobre 
cera  branca,  e  no  centro  a  toda  a  altura  da  oval  a  fachada  da  igreja, 
ou  altar  gothico,  com  três  baldaquinos  e  em  cada  um  sua  imagem. 
Na  orla  S  BERTRÃDI.... 

No  verso:  NotíficaçSo  d'esta  sentença  ao  prior  Gonçalo  Vasques, 
no  mesmo  logar,  dia,  mês  e  anno,  e  nos  mesmos  termos  da  notificação 
do  n."  CLI. 

CLVU 
27  de  dezembro  de  1376 

DoaçSo  da  pensSo  annual  de  20  soldos,  imposta  em  nmas  casas, 
feita  por  Maria  de  Sonsa  aos  clérigos  do  coro,  com  obrigaçSo  de  nma 

Escrito  a  27  de  dezembro  da  era  de  1414  na  presença  do  Veris- 
simo  Martins,  juiz  de  Guimarães,  pelo  tabellião  Vasco  Martins,  sendo 
testemunhas  dois  ourives. 

CLVIII 
25  de  maio  de  1377 

Mandado  de  execuçRo  das  sentenças  sobre  o  chanfrado,  estracta- 
das  nos  nwmeros  antecedentes,  expedido  de  Roma  a  25  de  maio  de 


byGoí>^^lc 


o  Archeolooo  Pobtdqdês 


1377  por  Francisco  Femanâes,  cónego  Ispalense,  ao  oua!  e  a  ontros 

foi  commetlido  o  seu  cumprímento,  e  que  elle,  por  < 

delega  nos  seguintes:  Affonso  Annes,  thesoureiro 

Maria  de  GaimarSes;  Vasco  Martins,  Gonçalo  Anu 

cato  Domingues,  Gonçalo  Vieira,  cónegos  da  mesmi 

renço,  reitor  da  igreja  do  Salvador  de  Pinheiro;  Di< 

da  de  S.  Martinho  de  Candoso;  Gonçalo,  reitor  da  c 

Tem  pendente  de  cordão  vermelho,  em  baixo  i 
melho  sobre  cera  branca,  o  sêllo  do  executor.  E  ■ 
uma  portada  gothica  e  na  oria:  S.  FRANCISCI.  PE 
NICI.  ECLESIE.  H.... 

No  verso:  Notiãeação  feita  ao  prior  Gonçalo  ^ 
logar,  dia,  mês,  anno  e  termos  da  do  numero  CLI 

CLIX 
31  de  outnbro  de  1378 

Doação  de  casas  sitas  na  viella,  que  vae  da  i 
a,  ma  da  Ferraria,  feita  por  Gonçalo  Romeu  e  mu 
gnes  aos  clérigos  do  cfiro,  com  obrigação  de  duas  : 
tares  por  alma  de  seus  pães  e  das  suas. 

Feito  na  capella  de  S.  João,  a  31  de  outubro  da 
tabellíão  Vasco  Martins. 

Em  seguida:  Posse  das  mesmas  casas  perante 
a  15  (?)  de  novembro  da  mesma  era. 

CLX 
14  de  abril  de  1382 

Posse  de  umas  casas  sitas  na  rua  de  Vai  de 
Gonçalo  Fernandes,  abbade  de  Gondomar,  como  f 
rigos  do  coro,  em  virtude  de  sentença  proferida  coi: 
que  as  questionava,  por  Gomes  Fernandes,  cónego 
geral  do  arcebispo  D.  Lourenço,  em  GuimarSes  a 
de  1420. 

A  posse  foi  conferida  a  17  do  mesmo  mês  e  eri 
mingues,  homem  de  Gonçalo  Pires  Coelho,  alcaide  ( 
marães. 

Feito  pelo  tabellião  Vasco  Affouso,  sendo  test< 
Estevez,  prioste  dos  clérigos,  e  JoSo  Annes,  abbade 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abchbolooo  Pobtuqdês 


25  de  abril  de  1362 

Procuração  de  Vasco  Domiogues,  mercador,  como  testamentóro 
de  sua  sogra  Maria  de  Sousa,  manceba  que  foi  do  cónego  Crii  £aiuieSk 
dando  poder  a  Lourenço  Estevez,  prioste  dos  clérigos,  ©  a  ontro,  para 
tomarem  posse  do  logar  da  Curveira,  freguesia  de  Silvares,  em  tfoe 
ella  impôs  por  seu  testamento  três  libras  perpetuamente  a  &vor  dos 
clérigos  do  coro. 

Feito  a  25  de  abril  da  era  de  1420  pelo  tabellião  Affonso  Fernan- 
des. £m  seguida:  Posse  do  dito  logar  em  14  de  janeiro  da  era  de 
1421. 

CLXII 

5  de  setembro  de  1882 

Emprazamento,  em  três  vidas,  de  um  campo  sito  na  rua  dos  Mer- 
cadores, em  que  hoave  casas  que  arderam  com  mais  outras  «quando 
ora  aqui  fora  a  queima  em  esta  ^tlat,  pertencente  á  ca«a  de  Santa 
Luzia,  feito  pelo  juiz  de  Quimariles  Gonçalo  Romen  e  pelos  vereado- 
res Affonso  Pires,  Martim  Domingues,  Affonso  Lourenço  e  Pálios  Do- 
mingues e  pelo  procurador  do  concelho  Qil  Pires,  a  Affonso  de  Freitas, 
mercador,  e  mulher  Maria  Martins,  com  o  foro  annual  de  5  maravidis 
velhos  psgos  á,  dita  casa  de  Santa  Luzia  e  um  í  MadaneUa,  qoe  está 
na  Igreja  de  S.  Tiago,  d'esta  villa,  e  com  obrigaçZo  de  ali  edificarem 
casas  á  sua  custa. 

Feito  no  Paço  do  concelho,  pelo  tabelliXo  JoSo  Pires,  a  5  de  setem- 
bro da  era  de  1420,  sendo  procurador  da  casa  de  Santa  Luúa,  Vasco 
Gonçalves  Missa. 

{Coatin&a).  ç^  ^^^^^  j    q    ^^  OUVEIBA  GdimABÍES. 


Contos  para  contar 

V 

Exemplares  iaedltos 

Ainda  nSo  está  esgotado  o  assunto,  nem  o  propósito  que  nos  move 
a  nlo  perdê-lo  de  vista. 

Depois  de  termos  manifestado  n-0  Âreh.  PoH.,  de  pag.  289  a  30i 
do  vol.  vn,  algumas  ideias  conducentes  a  defender  os  cotdoB,  ou  cal- 
culadores, contra  a  indifferença  de  que  eram  victimas,  exaltando  o  tri- 


byGoí>^^lc 


o  Archeolooo  Português  359 

buto  de  veneraçSo  que  lhes  é  devido,  como  documentos  srcheologicos 
de  valor,  nSo  descurámos  de  patrociná-los  aov&mente.  Keste  intuito 
recorremos  aoe  m«teríaes  arrecadados  nas  nossas  pastas  de  trabalho, 
c  visitámos  piedosamente  os  medalheiros  dos  colleccionadores. 

Foram  escolhidos  14  exemplares,  inéditos,  que  certamente  hão-de 
prender  a  atteoçSo  dos  entendidos.  A  colheita  é  como  a  reserva  do 
pobre,  peia  exiguidade,  mas  distingue-se  pelo  que  de  novo  apresenta. 

A  perseverança  com  que  nos  temos  abstido  de  liquidar  o  assunto, 
ainda  hoje  sem  historia  conhecida,  authenticada  por  escritos  coevos, 
nasceo  da  própria  importância  d'elle  perante  a  archeologia. 

£m  revistai  periódicas  qne  tratam  de  numismática,  e  em  boletins 
de  assooiaçSes  scientificas  estrangeiras,  o  estudo  dos  jetons  tem  tomado 
proporçSes  de  verdadeira  consagração  j  por  tanto  nSo  ha  motivo  para 
que  deixe  de  proseguir  o  estudo  dos  eonioa  para  contar,  que  repre- 
sentam aquelles  em  Portugal.  No  passado  imitámos  a  natureza  da  es- 
pécie; imitemos,  poie,  no  presente  o  empenho  com  que  lá  fóra  se  de- 
fine e  ezhibe  srâentlãcamente  qualquer  antígualha  de  tal  ordem. 

Ha  livros  especiaes,  vulgiu-izadores  dos  Jdotu  e  dos  méreavx.  Esta 
literatura,  de  grande  valor,  qiie  teve  inicio  na  HoManda  no  primeiro 
qnartel  do  sec.  xvil,  tem  aumentado  gradualmente  no  andar  dos 
tempos  *.  De  ha  annos  a  esta  parte  é  notável  o  seu  desenvolvimento. 


I  Os  livroH  que  iiobre  a  especialidade  coabecemoa,  nna  directa  oatroa  indire- 
ctamente, bKo  ob  HCgnintCH : 

EminaDael  de  Meteren,  Bíitoire  dm  Pat/i-Bat,  La  Hayc  1618. 

P.  Ménestrier,  Hutoire  tU  LuoU  U  Grana,  Paríg  1688. 

Bieot,  Bittoire  mtíoUigue  de  Ia  liépabligue  de  HoUandt,  Paria  1689. 

Van  IiOOD,  Berehryotjig  der  ííedertaitdtehe  hitloriepenningeH,  La  Hayc  1723- 
1731. 

FranB.  Vau  Miéria,  Hietoire  der  Nederlandtehtoorgteti  mel  meer  dan  duitend 
hitloripenningett  opgddderd.  Qraavenh,  La  Haye  1732-1735. 

Snelling,  Ã  vitw  of  tie  origm,  noAire,  attd  vee  ofjeUoM  or  eotmler$,  LondoQ 
1767. 

G-.Van  Orden,  Brydragen  totpenniugktmdvattktíkoaderNtderla7iden,Zaa3i- 
dun  1830. 

H.  Hermand,  Sechercha  aur  kt  numnate*,  médaiUe»  et  jebm»  dont  la  ville 
de  Saint-Omôr  a  éU  Vobjet,  Saint-Omer  1835. 

H.  M.  Dsncoisno  et  Delanoy,  Rtcueil  de»  monnaie»,  midaille»  etjetont  de  Doaai 
ftdeton  arrondutenetU,  Donai  1836. 

H.  Desaina,  ííotiee  tur  quelquei  monnatei,  mériaux  ou  jeloiu  da  taoj/en  âge, 
(La  Bevue  NumiBmatiqae  1842). 

M.  Rosaignol,  Du  liberU»  de  la  Bourgogite  d't^rrit  levjfioui  de  tea  ÉtaU,  Antnn 
1851. 


byCOO^^IC 


360  O  AbCHBOLOOO  POBTOOUitS 

Compulsando  o  Bulletin  International  de.  Numiamatiqtíe,  que  foi  cin- 
gido pelo  Sr.  Adrien  Blanchet,  respigámos  52  artigos  qae  ali  se  men- 
cionam, publicados  por  autores  de  varias  nacionalidades  no  peiiodo 
decorrido  de  1901  a  1904.  O  Sr.  Atphoose  de  Witte,  niunismata  belga, 
tem  a  primssia  eatre  os  monograpliistaB  que  tanto  prodaúram  em 
três  anãos  apenas.  E  basta  só  a  influencia  d'estd  recente  desenroM- 
mento  literarío  para  que  o  amador  do  conto  não  ee  abstenha  de  o  pos- 
suir e  estudar,  salv»ido-o  da  destruição,  inevitável  no  caso  contrario, 
e  da  indifferença. 

Também  é  preciso  notar  que  U  fora,  nos  leilSea,  o  preço  dojetou 
qnasi  excede  o  da  moeda  menos  vulgar,  progresso  este  nSo  calculado 
antígamente  pelos  numismatas  nem  pelos  commerciantes  ganaDciosos. 
E  a  onda  crescerá  mais  brava;  pôde  affirmar-se  isto. 

A  insistência  pelo  brilho  d&j^onUtique,  ou  disciplina  que  se  occnpa 
do  jeton,  não  provém  da  falta  de  assuntos  novos  no  campo  do  av.- 


P.  Charle»  Robert,  Becherche»  tur  ht  monnake  tíjrtoru  de  mailret-ieierttit 
de  la  viUe  de  JíeU,  Meti  1853, 

J.  de  FoDtenaj,  Maiiud  de  faiaaleur  de»jetciii,  Paris  1851. 

Jnles  Rottycr  et  Eugèno  Uucher,  Hatoirt  dajetoju  au  moytn  âge,  Paria  1%8. 

Van  Hende,  Namúmatique  lilloiae  ou  descri^ion  deã  moimaiet,  midaiUet,  tné- 
reaitx,  jeíoiu,  etc,  de  Lille,  1638. 

li.  Dancoiane,  Jleciteil  hiiloriqve  de  monnaiet,  nUreaux,  midailie»  eljeUmt  de 
la  viUe  et  de  rarnmdisKment  de  Béthvme,  Arras  1859. 

Loir,  Beeherehe»  sur  la  monoaie»,  mireaux,  tceaiix  eiJeíoBM  de  Manta,  Paria 
1859. 

Forgeais,  Méreaux  dea  eorporatiotu  de  méiiert  (Irouréã  dans  la  Stint),  1862. 

L.  DcschampB  de  Pas,  Notiee  «ur  lesjetoni  d'ÃrUm,  BmxelleB  186S. 

A.  Dnrand,  iíédaille$  ttjetoas  de*  numiêmaiet,  Senève  1865. 

Soultrait,  Notiee  aur  tetjtíoru  de  plomb  deã  archeviquei  de  Liyon,  Lyon  1869. 

DeechampB  de  Pas,  Note  deteripliiie  dei  méreaax  trouvé»  à  Thirvuamu,  Bra- 
xetles  1872. 

Maurin  Nabn^s,  MidaiUe»  d  jeton»  inidite»  relativa  à  1'hutoire  det  xni  jm- 
vineeg  ancimnes  det  Pays-lSa»,  Bmielles  18T3-I8T7. 

De  Sebodt,  Méreaux  de  bienfaitanee  ecelétiattíquet  et  rdigieux  de  la  vilie  de 
Brugeê,  Bruiellea  1873-1878. 

De  Sebodt,  Le  diapitre  de  la  cathédral  de  S.  Lambert  à  LAge  et  «e*  méreauss, 
BnuelleB  1875, 

Dt.  L.  F-  Dogniolle,  Le  jeton  higtorique  deã  dix-ãept  provinee*  det  Payt-Bat, 
Bmzelles  1876-1880. 

L.  Hinard  van  Hoorebeke,  Deãcription  deã  máreaia:  eí  jHoita  de  préatMe  deã 
gildea  et  coiy*  de  métiere,  iglite»,  etc,  de  la  ville  de  Gatid,  Gand  1877-1879. 

AfFrj  de  la  Monnoye,  JeUm»  de  Vichevinage  paríeiat,  amwtí*  tt  ptMUi  fV 
le  geraiee  hUtoriqae  de  la  ville  de  Pari»,  Paris  1678. 


byGoot^lc 


o  Archeolooo  Portuqdês 


misma  antigo.  Oatra  é  a  causa: — o  Jeton,  é  muit; 
mente  mais  expresairo  que  a  moeda.  Qnasi  se  co 
quando  commemora  acontecimentos,  nem  sempre  < 
cnndaría.  Reíere-se  ordinariamente  a  factoa  da  vida 
dos  grandes  senhores,  factos  denunciados  nos  met 
duráveis  que  o  livro,  com  o  qnal  hoje  vivemos  na  i 
conquistando  ideias,  como  os  antigos  viveram  com 
lando  povos. 

Deve  insistir-se  no  estudo  do  conto,  genuinameT 
nSo  viveu  laboriosamente  no  estrangeiro,  embora  ap< 
sSo  para  qne  foi  criado.  A  sua  inferioridade,  em  comp 
que  foi  calculista  e  historiador,  é  compensada  pela  oi 
fundivel,  que  o  caracteriza.  Sabemos  que  os  numis 
interessam-Be  por  conhecer  os  conto»;  certamente  a< 
cioná-Ios. 


J.  Diiks,  De  Noord-Nederlandiche  Gildtpenningen,  Welett 

en  a/gebrdd,  Haalem  1878-1879. 

J.   Cbautard,  Kotice  lur  U»  JtCojia  da  galkrts  /roppit 

dt  Louiê  Jottph,  duc  de  Vendôme,  Vcndôme  1881-18^. 

Poncet,  Beekerchu  tur  Ift  jdon»  oontulairt»  de  la  ville 
L.  Quintard,  Jetona  dt  VHÒtel  de  Ville-de-Nancy,  Naucj 
Robtfit  et  £.  Sermrc,  Monnaiea  et  médaillu  det  iciquet 
J.  BethnDe,  Mireaux  det  famiUe»  brugeoiaes,  Bruges  18Í 
Cb.  Préau,  Jeton»  de*  duct  de  Vetidõme  de  branche  légiCin 
Ch.  Préaa,  Jeton»  inédile»  de  Ni«ola»  Dupri  (í  Jean  Jont 
Chantard,  Étude»  niT  le»  jeton»  ou  pomí  de  vue  de  la 

du  rever»,  Bniiellea  1891. 

J.  Roman,  Le»  jeton»  du  Daupkini,  GreQoblc  1891. 
De  Lespinasse,  Jetona  ri  armoiríe»  de»  nUtier»  de  Pari», 
B.  Gillet,  Jeton»  de  pré»ence  de»  compagnie»  de  notavre» 

1897. 

Van  G«niiep,  Jdon»  de  Saooie,  Paris  1897. 

Léopnld  van  den  Bergh,  Catalogue  de»cript\f  de»  mont 

et  médaUle»  frappé»  à  Maline»,  Malinea  1899, 

Emile  Bonnet,  Ijetjeion»  de»  Éial»  géniraux  de  Langues 
Henri  de  la  Four,  Jeton»  de»  roi*  et  reine»  de  France,  Pt 
Conte  Ch.  de  Beanmont,  Le»JeUma  Toitrangeau,  ChUon 
Planchenault,  Lt»  jeton»  angeoin»,  CfaflloDe-enr-SaSne  1! 
J.  FloTSngc,  Memorial  dujetonophile;  guxde  de  Vamateu, 

PariB  1902. 

Edouard  van  den  Broeck,  Le»  jeton*  de»  Seigneur»-Tr 

ou  sTiT*  *iiele,  BrOsBel  1905, 

Georges  Cumont,  Méreaux  de  la  Maieon  de  Forte  à  C 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


362  O  Abchbologo  POBToaoÉs 

Pelos  motivos  expostos,  reunimos  grande  copia  de  elementos  pan 
nm  trabalho  vasto,  e  apenas  bem  poooos  sSo  agora  offerecídos  á  be- 
nevolência dos  leitores. 

Em  resposta  a  sollicitaçSes  instantes  e  bem  recommendadas,  re- 
cebemos dezenas  de  decalqnes  de  cotitoB,  provenientes  de  exemplares 
que  existem  nos  medalheíros  de  numisraatas  residentes  em  pjúses  Ica- 
g^nquos;  porém  na  maior  quantidade  dos  que  se  apresentaram  havia 
legendas  mal  impressas,  ou  apagadas,  e  symboloa  sacrificados  pela 
acção  do  tempo.  A  percentagem  da  rejeiçSo  neste  caso  não  podia 
deixar  de  exceder  enormemente  a  da  escolha. 

Para  confirmar  esta  declaração,  verdadeiramente  despretenciosa, 
que  patenteia  o  receio  de  entrai 
em  estudos  erríçaâos  de  difficul- 
dades  de  grande  vulto,  derivadas 
da  quasi  inutilização  de  materíaes 
para  trabalho,  examine-se  o  de- 
calque reproduzido  na  fíg.  A. 
Trata-se  do  exemplar  mais  re- 
''  conhecivel  na  serie  dos  exempla- 

res rejeitados.  O  característico  da  sua  pagina  de  honra,  a  do  anverso, 
parece  denunciar  nova  e  surprehendente  afiirmaçSo. 

No  campo  avulta  o  contorno  de  um  busto,  como  se  fosse  desenhado 
levemente  a  esfuminho,  coberto  de  férrea  armadura;  rosto  occnito  pela 
viseira  calada;  punhos  em  descanso  na  cniz  do  pesado  montante,  que 
lhe  sobe  até  a  região  do  peito.  Estará  ali  patente  a  figura  do  íntr^ido 
D.  João  I  com  toda  a  sua  arrogância  medieval,  em  attitude  de  energia 
physica,  apesar  de  nas  moedas  coevas  não  haver  feiçSes  ds  sua  per- 
sonalidade, como  avultam  nos  tomeses  e  barbudas  de  D.  Fernando? 
Não  o  duvide  quem  examinar  o  que  resta  da  legenda,  em  que  as  letras 
I  H  S  (abreviatura  de  lOUANES)  apparecem  nítidas  na  orla  direita. 
Haverá  aqui  a  imitação  do  typo  de  certos  jetons,  em  que  d^de  o  sec.  xv 
app^ecem  retratos,  como  os  do  archiduque  Maximiliano  de  Áustria, 
ulteriormente  imperador,  e  de  seu  filho  Rlipe,  o  Bello?' 

No  reverso  ha  clareza  no  typo  e  obscuridade  na  legenda.  Cinco 
escudetes  em  cruz,  com  um  só  ponto  no  centro,  são  cantonados  por 
quatro  grupos  de  três  discos  dispostos  em  triangulo.  O  todo  é  contido 
em  quatro  arcos  de  circulo  duplos,  cujas  ligaçSes,  em  angnlos  agudos, 


>  Veja-se  a  p.  26  da.  BUtoire  dv  jttoii  au  moyen  áge,  ■yat  Jiilea  Ronyer  et  En- 
gène  Uiiclier,  Paria  1858. 


byCoO^^lc 


o  Abcheoloqo  Pobtugdèb  365 

são  ladeadas  por  discos.  Estes  sSo  numerosos,  de  expressão  fatigante, 
como  a  de  círculos  eni  rotação  permanente,  de  insistência  tSo  fecunda 
qae  o  observador  julgará  ver  miniaturas  de  moedas,  ali  patentes  como 
causas  que  foram  do  mester  em  que  intervinha  a  competência  do  conto. 
De  conformidade  com  a  communicação  que  nos  foi  feita  pelo  Sr.  An- 
tónio Pedro  de  Andrade,  actual  possuidor  do  conto,  Lopes  Fernandes 
mencionou  as  legendas  pelo  modo  seguinte: 

A.— +  I  HS....  +  ET  +  PO  + AL. ... 

^.  — +  AR  + A  +  M+  I ET  + A  +  AD 

O  exemplar  é  de  cobre  com  fraca  espessura.  Foi  oomprebendido 
nnm  dos  lotes  de  moedas  e  medalhas  portuguesas  da  collecção  d'este 
escritor,  distribuídas  entre  diversos  numismatas  no  Rio  de  Janeiro '. 

Viato  mencionarmos  o  nome  de  Lopes  Fernandes,  convém  saber- 
se  que  procurámos  com  o  máximo  empenho  oonhecer  exemplares  doa 
nossos  jetons  com  nome»  de  Santos,  como  elle  diz  a  p.  139  da  Memoria 
das  moeda»  corrente».  Alem  dos  de  Gaspar,  Melchior  e  Salthazar  (os 
Beis  Magos),  nomes  que  foram  gravados  nos  conto»  n."*  3  e  12  da  es- 
tampa que  illustra  o  artigo  do  Sr.  Julius  Meili',  não  vimos  outros. 

O  assunto  foi  por  elle  tra- 
tado com  brevidade,  portanto 
ha  razão  para  esperar  a  con- 
firmação da  nossa  suspeita. 

O  conto  n.°  13  a  que  acima 
nos  referimos  é  de  estrema  ra- 
ridade, porém  mais  raro  é  um 

exemplar  variante  d'elle  pelo  an-  *^'*'  ° 

verso,  nnico  até  hoje  visto,  o  qual  existe  na  coUecçZo  do  Sr.  Conde 
dos  OlivaeB  e  de  Penha  Longa.  Yae  representado  na  fig.  B. 

+  lASPAR  +  MELCHIOR  +VALTCASAR).  No  centro  de  qua- 
tro arcos  ogivaes,  contbnados  por  quatro  aneís,  destoca-se  a  figura  de 
um  leSo  em  attitude  de  caminhar  com  velocidade.  Entre  esta  allegoría 
e  a  legenda  deseuvolve-se  a  ornamentação  de  quatro  castellos,  entre 
círculos,  divididos  pelas  extremidades  da  cruz  de  Avís,  cuja  parte  prin- 
cipal está  occulta. 


*  Leia-se  n  breve  historia  da  diaperaZo  completa  do  muito  notável  meda- 
llieiío  de  Lopes  FeruandeB,  inserta  a  p.  4Õ1  do  vol.  ii  de  Teixeira  de  Aragão. 

*  Veja-se  a  estampa  em  seg^uida  á  p.  64  do  toI.  t  do  Ár^eoloffo  Português. 


bX'00^[Q 


364  O  Archeologo 

^. — Roda  de  moinho  espadanando  agua.  Cobre.  Feso  4*^,41.  Iha- 
metro  26  millimetros. 

à  figura  do  leSo  neste  conio  é  BÍguificativa. 

A  guerra  que  D.  Affonso  V  foi  levar  a  terras  de  Hespanha,  para 
se  apossar  da  herança  de  seu  sogro,  Henrique  IV,  á  qual  julgara 
ter  incontestável  direito,  começon 
em  1475  e,  pelo  tratado  de  paz 
firmado  em  Alcântara,  terminoa 
à  14  de  Setembro  de  1478,  Ora 
como  neste  periodo  foram  cunha- 
das moedas  portuguesas,  denonú- 
P,    Q  nadas  reaes  grossos  de  prata,  em 

que  figura  o  escudo  heráldico  de 
Hespauha,  oomo  se  mostra  na  fig.  C  *,  copia  do  exemplar  da  coUecçio 
monetária  do  Sr.  Conde  do  Ameal,  deprehende-se  que  o  conto  é  da 
mesma  época.  O  leSo  é  neste  caso  o  revelador. 

O  reverso  do  conto  nXo  é  menos  expressivo  com  a  roda  de  moinho, 
que  era  a  divisa  de  D.  AffoDso  V. 

As  peças  metallicas  de  que  vamos  tratar,  sobreviventes  de  estra- 
gos maiores,  foram  escolhidas  em  doze  coUecçSes.  A  resenha  começa 
no  sec.  XIV  e  vae  até  o  sec.  xvi,  abrangendo  pois  o  período  em  que 
os  contos  exerceram  activa  preponderância  na  contabilidade,  indepen- 
dentemente das  liçSes,  na  maior  parte  enigmáticas,  dadas  pelas  suas 
legendas,  admittindo  que  anteriormente  ao  reinado  de  D,  Fernando 
as  operaçSes  de  arithmetica  pratica  fossem  auxiliadas  por  objectos  de 
naturezas  diversas,  absolutamente  estranhos  á  gravura  e  ao  cadinho. 
É  de  crer  que  os  contos  fossem  numerosos  na  gaveta  do  oommer- 
ciante,  como  os  aoontiados  de  villas  provincianas  na  dependência  da 
realeza;  portanto  aguardaremos  que  appareçam  outros  exemplares, 
inéditos  e  de  boa  feiçSo. 

A  analjse  critica  e  descritiva  do  material  figurado  na  estampa  que 
acompanha  este  artigo  vae  desenvolvida  pelo  modo  seguinte. 


I  Esta  moeda  é  muito  notável,  por  ter  em  ambas  as  pag^as  a  letra  monft- 
taria  P  entre  arruelas. 

Parece  que  a  letra  áo  anverso,  encimando  o  escudo  português,  dere  signi- 
ficar PORTVGA.L;  porém  a  do  reverso  não  aeiá  uma.  repetiçSo,  desnecessária, 
ou  significará  PORTO?  Trata-se  de  erro  ou  de  distracção  do  gravador,  on  àen 
snppor-se  que  elle  ji  considerasse  português  o  território  tteapanhol? 

Ha  exemplares  de  grossos  de  prata  com  a  letra  C  no  reverso,  onde  está  ra- 
cionalmente bem  coUocada  para  siguificai  CASTELLÃ. 

Seiia  interessante  que  a  duvida  fosse  inteiramente  resolvida. 


byCOO^^IC 


o   ASCHEOLOGO  FOBTDGUÉS 


SeoaloB  XIV  a  XV 

i>.  João  I 


N.»  1.—*  AVE  ô  MARIA  H  GRACCIA)  i?  PLENA.  No  e, 
1^,  ioicial  de  JoZo,  entre  duaa  estrellaa  de  oinco  pontaa,  dentro  d 
circolo.  A  letra  é  protegida  pela  coroa  real,  guardada  por  oatrj 
trelUs,  ig^imes  áqnellas. 

Br.  *  ADIVTORIVM  ir  NOSTRV(M).  Cinco  escadetes  co 
quinas,  cantoaados  por  quatro  estrellas,  dentro  de  nm  circulo.  C 
Peso  3',02.  Diâmetro  26  millimetros. 

Este  conto  pertence  ao  Sr.  João  Nunes.  É  igual  ao  qne  vem  de: 
sob  o  n."  1520  na  Histoire  du  Travail,  por  Teiíeira  de  AragS( 
anverso  ha  o  typo  da  moeda  de  bolhZo  de  1  maravedi,  que  D.  Jc 
rei  de  Castdlla  (1379-1390),  mandou  cunhar  com  a  denomtaaçi 
<i^nus  dei  blanco,  por  ter  no  reverso  o  Cordeiro  de  Deus '.  Esta  n 
foi  corrente  em  Portugal,  e,  portanto,  é  provável  que  servisse  d< 
delo  ao  gravador  do  conto. 

N.^a.— IAN-S  =  REX:— POR(TVGALIAE):— ALQ(AR 
Cinco  escudetes  com  as  quinas,  cantonados  por  estrellas,  sSo  sepa 
por  quartos  de  circulo  em  sequencia  de  traços  que  convergem  p 
centro  do  disco. 

fr.  ^  ADIVTORIVM  ■:•:■  NOSTRVN.  Cruz  da  Ordem  de  Ch 
estreita,  entre  dois  circules  parallelos,  cantonada  por  quatro  b 
tes.  A  haste  perpendicular  inferior  é  ladeada  pelas  letras  F(OR'] 
Cobre.  Peso?  Diâmetro  21  millimetros. 

Pertence  ao  Sr.  António  Pedro  de  Andrade. 


»  Vcja-ae  o  desenho  d'eUa  na  estampa  u,  n."  1,  de  Dtterieián  genertU 
moiiedat  htapano-chritíianat,  por  AIoíbs  Hei». 

>  Na  collecçlo  monetária  do  P--.  Joaquim  José  Jndice  doe  Santoa  < 
outro  exemplar,  levemente  Tarin'.      no  re- 
verso, em  qae  a  cruz  está  contida  nnm  cir- 
cnlo  de  pontos,  como  se  vé  na  ãg.  D,  a  qual 
é  copia  do  desenho,  feito  pelo  venerando  de- 
cano dos  nnmismatas  portugueses,  compre- 
hendido  entre  outros  desenhos  de  um  volu- 
moso manuscrito  de  apontamentos,  canhenho  P,g_  ^ 
qne  o  acompanhon,  como  elemento  indispen- 
sável em  pesquisas  de  moedas  e  medalhas  antigas,  nnm  periodo  pouco  ii 
a  50  aunoB ! 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


S66  O  Abch 

Notamos  qae,  relativamente  á  legenda  do  anverso,  a  forma  IAN>S, 
para  designar  lOHANES,  é  qnasi  desconliecida  nas  moedas.  Apenaã 
temos  noticia  de  qae  foi  assim  gravada  num  dinheiro  de  cobre '  de 
D.  JoSo  I,  que  tem  a  marca  da  casa  monetária  do  Porto.  N3o  pudémas 
obler  o  desenho.  O  exemplar  vem  mencicaado,  sob  o  n."  75,  no  ca- 
talogo que  o  Sr.  J.  Schnlman  distribuiu  com  o  titulo  de  CoGectiou 
Cyrú  Augusto  ãe  Carvalho — Mounaieê  et  médaiUet  portugaiae» — Ventt 
á  Âmtterdam.  Septembre  1905. 

Nas  moedas  de  D.  JoSo  I  lê-se  em  abreviaturas  o  nome  do  aobe- 
rano,  lOHÃNES.  Ã  mais  vulgar  é  IHNS,  qne  nalguns  padrSes  ap- 
parece  transformada  em  IHS  e  IHES.  Outra  forma  sem  a  tetra  H. 
a  de  lOANES,  deo  as  variantes:  lOANIS,  lOANS,  lONS,  INÊS, 
INS  e  ainda  lANS.  E  é  provável  haver  mais  variedades.  Esta  ultima 
vem  gravada  no  dinheiro  ãe  cobre  portuense  a  qae  nos  referimos. 

Seria  adoptada  no  conto,  porqae  se  admitte,  como  asserção  evi- 
dente, que  aos  gravadores  do  numerário  nâo  era  probibido  qae  exer- 
citassem para  uso  par.ticular  o  seu  mester  artistico  fora  das  casas  da 
moeda,  ou  até  mesmo  nellas. 

Ha  outro  conto  originário  do  Porto,  mas  de  typo  diverso  do  que 

descrevemos.  Cumpre  que  seja  conhecido,  apesar  de  moito  deteriorado. 

Proveio  do  leilão  das  collecções  de  moedas  portuguesas  e  outras  de 

^^^k^       ^^^^      J.  Van  Kuyk  e  M.  A.  Scfaellens,  realizado  em 

^^^^^   ^^^D\    Amsterdam  no  dia  20  de  Setembro  de  1901. 

^Hjj^B    ^^^^^   ^0  respectivo  catalogo  tinha  o  n."  28  e  fôn 

^•1^^      ^^^B"    classificado  como  real  de  10  soldos,  pela  se- 

''  melhança  qne  o  seu  anverso  tem  com  o  do  real 

de  ignal  valor  de  D.  JoSo  I,  n."  28  de  Teixeira  de  Aragfio,  sem  que 

o  catalogador  attendesse  á  falta  absoluta  de  legendas,  a  qual  colloca 

o  exemplar  na  ultima  classe  dos  metaes  canhados  outrora.  A  fig.  E 

represenla-o  no  rigor  da  verdade. 

No  campo  a  letra  Y,  coroada,  entre  P — O. 

J^.  Cruz  com  as  extremidades  em  curvas  agudas,  dentro  de  arcos 
d9  círculo.  Bolhão.  Peso  0^,7(>.  Diâmetro  em  oval  irregular,  na  raz3o 
de  14  X  15  millimetros. 

1  A  moeda  que  assim  denominamoB,  oa  folta  de  denominacSa  mais  ncional 
OD  exacta,  £  a  qne  paaeou  por  etitU  oa  opiniSo  de  escritores  ooiniBmatícos, 
a  emittida  nos  dois  reinados  anteriores  a  D.  Aãbneo  V. 

A  denominação  manteve-se  até  que  o  Sr.  Ferreira  Braga  provon  que  era 
errónea.  Leiam-se  as  considerações  judiciosas  que  elle  desenvolveu  no  artigo 
inserto  de  p.  24  a  29  do  vol.  vii  do  Areheologo  Porluguíi.  CoDVBm  nSo  deixar 
no  eaquecimento  a  solução  demonstrada. 


byGoot^lc 


o  Abcheoloqo  Português 


Pertence  ao  Sr.  Dr.  Francisco  Cordovil  de  Barahona. 

Pôde  argomeDtar-se  que  esta  interessante  ruína  teve  legeu 
vestígios  re^mente  nSo  existem),  destruídas  pelo  cerceio... 
tlr-se  isto,  o  sen  diâmetro  seria  consideravelmente  maior  qui 
de  10  soldos  já  citado,  «  o  peso  regularia  qaaei  pelo  dobro  d< 
muito  aproximado  ao  d'aqufilla  moeda.  Attenda-se  á  forma 
mente  ovóide  e  i  pobreza  ornamental  dos  symbolos,  para 
tigaalha  seja  classiãcada  na  família  dos  contos.  Estas  prov 
para  condemnar  a  opinião  irreflectida  do  catalogador. 

É  pois  certo  que  os  contos  na  sua  infância  foram  ane] 
como  os  objectos  nsuaes  da  vida  caseira.  O  n."  1  da  collecção  à 
reira  Braga*,  mais  antigo,  não  é  menos  revelador  do  facb 
se  generalizaram,  chegada  a  sua  época  floreecente,  revesti 
importância  e  adoptaram  alguns  symbolos  monetários,  pela  ci 
com  as  moedas,  como  se  d'ellas  descendessem  em  linha  de 
e  o  abuso  manteve-se  imprudentemente. 

X.»  3.  — *  AVE  í^  MARIA  ft  GBACIA  ir  PLENA  *  ^ 
tro  de  dois  círculos,  ornamentada  com  glóbulos  junto  ás  exl 
c  cantonada  por  quatro  estreitas,  cujas  caudas  são  pequeni 

íír.  ===DOM=o  =  INVS=  =  oTECVoo=[M]  BE(NEDICT 
escudetes  com  as  quinas,  divididos  por  um  circulo.  O  escudi 
está  contido  entre  quatro  glóbulos  num  quadrado  formado  ] 
estrellas.  Latão.  Peso  1^,95.  Diâmetro  22  millimetros. 

Pertence  ao  Sr.  José  de  Ascensão  Guimarães. 

Este  eonto  é  de  singular  belleza.  A  ornamentação  da  ci 
a  de  quatro  cravos,  que  é  característica  no  reverso  de  un 
muito  conhecido,  de  D.  Sancho  IL  A  legenda,  no  sentido  qu< 
transita  em  sequencia  immediata  para  o  reverso.  Os  grup 
glóbulos  são  de  absohita  novidade  na  parte  superior  dos 
entre  estes  e  a  orla,  onde  seria  impossível  gravar  letras  dt 
igual  á  das  da  legenda. 

N.»  4— •=&  AVE  ^  MARIA  *  GRACIA  íi  PLENAD(Í 
Cruz  contida  num  circnlo  de  traço  contínuo,  antecedido  de 
tuado,  cantonada  por  grupos  de  três  estrellas  em  triangnlos  < 
com  nm  anel  no  centro. 


'  VeJB-ae  a  estampa  coUocoda  entre  pp.  30é  «  305  do  vol.  y: 
Português. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


368  O  ÃBCHEOLOOO  POBTOQDÊg 

Sr.  *  EN  Ji  LATON  :ír  D  ô  BO  *  l-OR  íi  GALA.  CSnco  escnde- 
tes  com  as  quinas  collocados  em  dois  ãrcolos.  LatSo.  Peso  S*,??. 
Diâmetro  23  millimetros. 

Pertence  ao  Sr.  Pedro  Ferreira. 

O  anverso  foi  ornamentado  a  capricho  para  libertá-lo  do  caracter 
monetário?  Esta  razfio  também  dob  occorren  ao  aspecto  do  conto  an- 
terior. É  de  presumir  que  ambos,  e  os  dois  seguintes,  denominadoB 
convencionalmente  contos  ãe  Ave  Maria,  pertencessem  a  mosteiros  oa 
a  confrarias.  Quanto  á  legenda,  nota-se  que  faltasse  o  espaço  para 
GoUocar  mais  uma  estrella  entre  o  final  da  palavra  PLENA  e  a  Ie< 
tra  D.  Eis  porque  a  junç&o  de  taes  letras  dá  PLENAB,  em  vez  de 
PLENA  ^  DCOMINVS). 

Também  sSo  frequentes  as  irregularidades  d'e3ta  ordem  nas  legen- 
das do  numerário  coevo,  e  ainda  apparecem  em  épocas  vizinhas  do 
reinado  de  D.  SebastiSo. 

Ko  reverso  lê-se  LATON,  e  nSo  LATOR.  A  forma  terminada  em 
B  vem  na  descríçSo  de  um  conto  análogo,  o  n.**  1522  da  Histoire  du 
Travail.  Eotenda-se  que  a  semelhança  entre  K  e  R  aaciaes  origiuon 
o  equivoco. 

Em  POR  ^  QALA  a  estrella  divisória  teria  collocaçSo  racional 
entre  L  e  o  A  final  e  subentender-se-hia  POR(TV)GAL(IAE  ET)  * 
A(LGARBII).  Dada  como  certa  esta  tnterpretaçlo,  o  conto  foÍ  desti- 
nado para  bom  aervtço  em  Portugal  é  no  Algarve,  mesmo  de  laiSo,  EíS 
LATON,  a  mais  económica  das  ligas  metallicas  que  ent&o  eram  des- 
tinadas a  cunhos.  Dir-se-hia  que  houve  intenção  de  condemuar  o  luxo 
dos  contos  mús  antigos,  que  na  maior  parte  eram  de  bolhSo,  on  de 
cobre,  salvas  rarissimas  eioepçSes  conhecidas,  apesar  de  no  sec.  xiv 
nSo  ser  mjsterio  saber-se  que  a  resistência  do  latSo  contra  o  gasto, 
em  comparaçSo  com  a  dos  metaes  que  snppomos  criticados  pela  le- 
genda, era  pouco  vigorosa  para  o  fabrico  de  espécies  destinadas  a 
grande  movimentaçSo,  que  houvessem  de  resistir  por  muito  tempo, 
como  convinha. 

N.°  5. — O  anverso  é  perfeitamente  igual  ao  do  exemplar  supra 
descrito. 

^.  EN  í  LAlír  TON  ir  t^t  COMO  A  ADOR  ô  Cinco  esoudetes 
com  as  quinas,  cantonados  por  quatro  estrellas,  dentro  de  um  circulo 
pontuado.  LatSo.  Peso  2'',10.  Diâmetro  22  millimetros. 

Pertence  ao  Sr.  JoSo  Manoel  da  Costa,  de  Mertola. 

A  leitura  da  legenda  começa  da  esquerda  para  a  direita  na  orla 
inferior;  a  disposiçSo  das  quinas  vertícaes  assim  o  indica. 


byCOO^^IC 


o  AbCHBOLOGO  POBT0GUÊS 


!Mão  foi  possível  achar  o  sentido  da  p^avra  on  palavras  COMO 
^  ADOR.  Se  aqui  nSo  ha  abreviaturas,  temos  de  admittir  ignorância 
ou  distracção  do  gravador. 

K.°  6. — O  aaverso  é  igual  ao  do  exemplar  anterior. 

Br.  *  EN  ft  LATON  ú  DE  El  BON  SERVIÇO  ft  ^  Dentro  de  mn 
eirculo  pontuado  cinco  esoudetes  com  as  quinas,  cautonadoa  por  qua- 
tro anéis  e  ligados  por  quartos  de  circulo  em  traço  continuo.  Latão. 
Peso  2«,32.  Kameíro  23  millimetros. 

Pertence  ao  Sr.  Dr.  Arthur  Lamas. 

A  gravura  é  maia  harmónica  e  melhormente  delineada  que  as  duas 
gravuras  anteriores.  Pelo  seu  caracter  lembra  o  estilo,  grave,  de  cer- 
tas moedas  de  bolhão  do  tempo  de  D.  JoSo  I. 

Nota-se  que  entre  este  numero  e  os  números  4  e  5  foi  repetido 
o  typo  do  anverso.  A  invocação  á  Virgem  denota  o  caracter  religioso 
d'este8  conto$.  Qualquer  autoridade  ecclesiastica  approvaria  um  typo 
norma,  concedendo  que  de  algum  modo  pudesse  õonter  sinaes  ou  pa- 
lavras indicativas  de  applicaçSes  diversas?  Lembra-nos  que  as  varie- 
dades contassem  e  registassem  o  numero  de  sacerdotes  assistentes 
a  missas,  a  novenas,  a  exéquias  e  a  outras  frases  do  culto  catholico. 
Finalmente  nada  pôde  dizer-se  positivamente  a  este  respeito. 

SeouloZV 
X>.  A.etoam*>'V 

TS."  7.  -  ft  ALfONSCS  t  DEI  8  GRACIA  S(R)EX  ;P(ORTUGA- 
LIAE)  *  Dentro  de  Ires  arcos  o^vaes,  duplos,  unidos  por  três  trian- 
gatos  ornamentados  de  anéis,  ha  três  escudetes  com  quinas,  collooa- 
dos  em  triquetra  e  convergentes  para  nm  florão  rosáceo,  central. 

5r.  «  ft  «  ADIUTORIUM  !  NOST[R]UM  !  IN  S  No  campo  um 
grande  M  uncíal,  coroado,  entre  três  letras  idênticas,  porém  semi- 
uaòaes,  em  cujos  intervalos  ha  quatro  estrellas.  O  florão  central  da 
coroa  é  ornamentado  de  quatro  aoeis.  Cobre.  Peso  3^,99.  Diâmetro 
28  millimetros. 

Pertence  ao  Sr.  Ferreira  Braga  este  conto,  notável  e  interessan- 
tíssimo. Se  a  legenda  fosse  indecifrável  pelos  estragos  do  tempo,  jiUgar- 
se-hia  que  elle  foi  contemporâneo  de  D.  Manoel.  A  grande  letra  coroada 
induziria  ao  erro. 

E  singular  a  posição  dos  escudetes  em  tnquetra.  Presumimos  que 
Q  gravador  se  inspiraria  no  anverso  dos  florins  de  ouro  de  WiUram 
de  Moerurs,  bispo  de  Baer  (141&-1456).  Numa  d'estas  moedas,  datada 


byGoí>^^lc 


870  O  ASCHEOLOOO  POBTDGCÊS 

de  144Õ,  ha  trea  escudos  heráldicos  na  mesma  poúç&o:  o  -de  Baer, 
o  de  Utrecht  e  o  de  Lathem '. 

Foi  considerável  a  quantidade  de  moedas  de  onro  estrangrâras  qne 
circularam  em  Portugal  no  reinado  de  D.  Àffonso  V,  em  virtude  das 
necessidades  commerciaes;  por  isto  nSo  é  descabida  a  supposiçSo. 

É  para  admirar  que  ainda  hoje  se  conserve  em  tSo  perfeito  estado 
senil  este  exemplar,  de  insignificante  espessura.  O  modulo,  pela  am- 
plid&o,  é  comparável  ao  dos  reaes  de  cobre.de  D.  Manoel,  que  o  povo 
rejeitou. 

D.  João  H 

N."  8.—  •¥•  CONT  •?-  VS['?]N  -í-  [?]OíJS  •?■  WOTR  I  Dentro  de  um 
circulo  duplo  ha  cinco  escudetes  cantonados  por  quatro  anéis  e  quatro 
SS,  que  estSo  contidos  num  hexágono  apparente  de  oito  pontos.  Como 
ornamento,  outras  quatro  letras  iguaes,  porém  maiores,  se  destacara 
dentro  de  semi-circuios,  precedidos  e  seguidos  por  grupos  de  três  anéis. 

Br.  +  CONTVS  :  ERV[?jIORCS  l  DVITR.  Escudo  com  a  cmz  de 
S.  Jorge  entre  quatro  anéis,  que  separam  quatro  S  S  oollocados  em 
poeiçSes  obliquas.  £st«  quadro  tem  por  moldura  ornamental  qnatie 
arcos,  fechados  por  anéis  e  unidos  por  triângulos  entre  anéis.  Cobre. 
Peso  4^88.  Diâmetro  27  millimetros.  BeHa  patina. 

Pertence  ao  Sr.  Dr.  Artur  Lamas. 

A  descrição  d'este  conio  nSo  é  de  fácil  comprehensão  para  qnem 
dXo  veja  o  original  ou  gravura  que  o  represente. 

Na  legenda  do  anverso  ha  dois  espaços  em  claro,  que  notamos  com 
interrogaçSes.  Ko  primeiro  é  impossível  presumir  que  letra  existia. 
No  segundo  haveria  C,  que  agregado  ás  três  letras  seguintes  desse 
CONS,  abreviatura  de  COKTVS?  Esta  palavra  na  orla  direita  é  a 
única  legível.  A  letra  M,  invertida,  tem  o  aspecto  de  W,  letra  que 
nSo  pertence  ao  alfabeto  português. 

£  cansa  de  reparo  que  na  época  de  D.  JoSo  II  honvesse  taes  ano- 
malias em  espécies  cunhadas,  filhas  de  uma  arte  já  soffiivelmente  de- 
senvolvida em  Portugal,  a  arte  da  gravura. 

Este  conto  devia  fallar  portuguesmente,  visto  qne  dispensara  o  la- 
tim, a  lingua  nsual  dos  seus  congéneres  nesse  tempo. 

A  presença  das  letras  unciaes  E  e  C,  de  mistura  com  as  restantes, 
que  tem  caracter  francamente  latino,  parece  representar  o  inicio  da 
reforma  havida  na  configuração  do  alfabeto  no  tempo  de  D.  JoXo  II. 


>  Veja-ie  o  n.*  4:481,  estampa  s,  do  CtUalogw  de  Fredtrik  MtíUr,  de  Ama- 
terdam.  VenU  íe  13  Décembre,  1304.  Monmak»  du  oabtma  de  Joh.  W.  St^hamt. 


bX'OO^W 


o  AncuEOLOao  Fortdouês  371 

A  leitara  dit  orla  do  reverso  é  absolutameDte  obacura  de  sentído, 
exceptuada  a  palavra  CONTVS,  não  dividida. 

£ste  typo  não  é  inteirameate  novo.  Já  o  vimos  no  exemplar  n.°  13 
da  collecçlo  do  Sr.  Jolíns  Meili,  porém  as  diãerenças  entre  ambos  sSo 
notáveis.  No  anverso  d'este,  que  é  o  reverso  d'aquelle,  falta  a  letra  S 
representada  oito  vezes.  Igual  letra  no  reverso,  três  vezes  repetida, 
conserva  posiçSes  perfeitamente  verticaes.  Alem  d'Í3to  as  legendas  di- 
zem CONTVS  :  CONT  ^  GON  -^^  e  nada  mais. 

CoDSoltem-se  também  as  gravuras  dos  n.'*  8  e  10  da  coltecçSo  do 
Sr.  Ferreira  Braga, 

Seoalo  XVI 

X>.  João  XU 

N."  9.— CO[N]TOS  -í-  PÊRA  -í-  CONTAK.  Escudo  de  armas  do 
reino  com  coroa  entre  dois  grupos  de  cinco  arruelas  em  cruz. 

9-.—  S3  CONTqS]  a  pêra  o  contar.  No  campo  a  esfera  ar- 
millar  com  o  globo  no  centro.  Na  ecliptica,  bandada  da  direita  para 
a  esquerda,  sSo  representados  por  pequeninos  glóbulos  sete  dos  signos 
zodíacaes.  LatXo.  Peso  14^,76  (!)  Diâmetro  31  míUimetros. 

Pertence  ao  Museu  Etimológico  Português. 

Este  conto,  que  é  uma  variedade  do  n."  50  da  coUecçSo  do  Sr.  Fer- 
reira Braga,  mostra  no  anverso  caracter  monetário;  é  semelhante  ao 
dos  tostíies  de  D.  JoXo  III  cnabados  pela  ordenação  de  10  de  Junho 
de  1555,  e  d'Í8to  poderíamos  inferir  que  seria  fabricado  desde  entSo 
até  1557,  anno  este  em  que  o  monarcha  falleceu;  mas  n&o  pôde  as- 
segurar- se-lhe  data  certa.  As  palavras  da  legenda  são  divididas  por 
ornatos  ou  symbolos  que  tem  a  configuração  de  estrepes,  ou  puas  de 
ferro,  a  que  os  franceses  chamam  chmtese-trapes*.  E  provável  que  os 
estrepes  figurados  representem  uma  ideia,  embora  nlo  façam  parte 
do  typo,  onde  nSo  teriam  logar  no  campo  occupado  pelas  armas  do 
reino,  se,  como  é  de  suppor,  houve  contos  especiaes  para  uso  dos  juizes 
on  dos  seus  subordinados  no  seio  das  corporações  de  artes  e  oflícios. 

Nem  só  nos  contot  apparece  a  esfera  armillar  durante  o  reinado 
de  D.  Jo5o  m.  Vê-se  num  sêllo  anepigrapho  do  tempo  d'e8te  rei. 


■  No  Traité  eomplet  dt  la  teimee  da  blattm,  por  Jouffroy  de  Eschavajines,  a 
p.  149,  vem  o  desenho  de  um  escnilo  heráldico  em  qae  este  synibolo  é  represoo- 
iado  por  três  vezes.  A  definoçSo  qae  ali  ee  dá  de  chautte-trapei  é;  Piictt  defer 
oÁ  quatre  poiítUt  dont  futte  tit  Untjourt  droiU,  taadii  qae  la  troU  íudrt»  la  nnUiat- 
vaU.  On  let  time  aux  atdroiit  oà  doil  pauer  ta  eavalerie,  por  Uewer  It»  pitda  de» 
heoava:. 


byCOO*í' 


372  O  Akcheoloqo  Pobtuouês 

sêUo  que  está  pendente  de  uma  carta  por  elle  assinada  e  remettída  ao 
Duque  de  Bragança  D.  Theodosio,  em  20  de  Maio  de  1538  *,  e  ainda 
em  certas  moedas  de  calúm  cunhadas  em  Malaca,  as  qaaes  tem  as 
legendas  IOANM£SRPETALDO,  sem  pontos  divisoiios  de  palavras, 
e  lOA  :  III  :  POR  :  ET  :  AL  :  R  :,  recolhidas  no  Raffles  Museum  por 
W.  Egerton». 

N.»  10.— «>  o  D(OMINVS)  -  N(OSTER)  <>  lOANES  H  » I  - 1  -  (REX) 
PORT(VGALIAE  ET)  A(LGARBII).  Escudo  de  fantasia,  na©  coroa- 
do, entre  grupos  de  três  anéis  em  vertical.  No  centro  contém  as  quinas 
dentro  de  cinco  escudetes,  cantonados  com  a  letra  E  invertida. 

Sr.  <&  OMNIS  'l'  SPES  •:=  EIVS  =:"  IN  <-  a(EO)  ->  No  campo  a  es- 
fera armillar,  deformada,  com  o  globo  no  centro.  LatSo.  Peso  6*,80. 
Diâmetro  30  miitimetros. 

Pertence  ao  Sr.  Julius  Meili. 

As  letras  E  E  invertidas  nos  dominios  dos  escudetes  semelham-se 
áquellas  que  foram  gravadas  em  padrSes  de  moedas  de  prata  canhadas 
em  Évora  no  reinado  de  D.  João  IV.  NSo  queremos  dizer  que  os  moe- 
deiros  eborenses  pensassem  na  adopção  de  quaesquer  symbolos  ou  r&- 
miniscencias  dos  contos,  cuja  decadência  então  já  era  muito  antíga, 
para  que  certas  moedas  se  distinguissem  melhor.  Convém  saber-se  que 
até  hoje  não  tem  sido  possível  auhar  a  causa  de  taes  irregularidades 
propositadas  em  Évora'. 


■  Veja-se  a  gravara  lxixiv  da  estampa  P  no  vol.  iv  da  HUtoria  Geneàlogiea 
da  Cata  Real. 

^  Veja-se  as  figs.  8,  9  e  10,  da  estampa  ii,  do  Journal  of  lhe  Straitt  Brcateà 
ofOie  Boj/al  Attalie  Soeíely,  bsciculo  n."  39. 

^  O  emprego  de  letras  invertidas  nas  moedas  contíncntaes  fiii  muito  coirenta 
em  certas  épocas,  até  o  fim  do  scc.  ivii.  Mesmo  os  grandes  padi9es  de  liuo  mo- 
netário, os  portuguutê  de  ouro,  não  foram  exceptuados.  Ha  um  exemplo  de  letra 


inicial  de  nome  de  monarcha  invertida  no  campo  reverso  de  om  real  de  cobre  de 
D.  Sebastião  (vide  a  fig.  F),  o  qual  eiisto  ua  collccçSo  que  foi  organiiada  pelo 
tallecido  numismata  o  Sr.  Joaquim  José  Collaço,  ultimamente  encorporada  na  do 
8r.  Robcrt  A.  Shore. 


■Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÃBCHEOLOQO  POKTUGUÊS  373 

Ko  reverso  appsrece  a  letra  D  invertida. 

Este  conto  Dão  perteocea  á  contabilidade  do  real  erário,  apesar  de 
ter  o  Dome  do  rei;  a  falta  da  coroa  real  e  a  forma  caprichosa  do  es- 
cudo de  armas  assim  o  ã2o  a  entender. 

N.-  11.  —  *  TEN  *  TVS  11  *  PORT  *  (V)GALaAE) 
com  castello  de  três  torres  banhadas  pelo  mar,  dentro  de  doL 
parallelos,  entre  dois  anéis.  Três  ornatos  semelhantes  a  floi 
occopam  a  parte  superior,  como  se  fossem  symholos  de  im 
especial. 

^.  *  oMNis :  SPES :  eivs  i  m ;  aE(0) :  No  campo,  i 

de  om  circulo  granulado,  avulta  a  esfera  armillar,  deformi 
o  globo  no  centro.  Latão.  Feso  8^,58.  Diâmetro  31  millimeti 

Pertence  ao  Sr.  Dr.  Artur  Lamas. 

Este  exemplar,  de  muito  elevado  valor  estimativo,  é  d< 
importante  para  a  apreciação  da  época  em  que  começou  a  deg 
dos  contos.  A  palavra  TENTVS  poderá  ler-se  TENTVSl,  á 
vista,  porque  o  ornato  baixo  e  largo,  em  forma  de  pilastra 
quente  á  letra  S,  n  parece  I.  Tem  por  fim  preencher  o  espaçi 
hejana  entre  a  mesma  e  o  florão.  Para  idêntico  effeíto  foram 
dados  dois  pontos,  quasi  desnecessários,  entre  o  final  da 
PORTfV) :  GAL  e  o  florão  que  se  lhe  segue. 

O  castello  de  três  torres  não  parece  ter  significação  herald 
sideramo-lo  reminiscência  do  typo  principal  do  ceitil,  cujo  £ 
estava  em  decadência  no  reinado  de  D.  João  III. 

Pensamos  que  quando  este  conto,  ou  (para  melhor  dizi 
saiu  da  pressão  dos  cunhos,  ainda  não  estava  em  plena  ei 
sentença  de  morto  moral  lavrada  pelo  progresso  contra  os  £ 
generes  anteriores,  dispensados  de  intervir  no  calculo,  è  por 
duvidamos  que  elle  exercesse  tal  mester  quando  na  posse  de  i 
conservador  de  hábitos  inveterados;  porém  é  evidente  que  a  sii 
era  outra.  A  simples  palavra  TENTVS  bem  a  indica. 

Era  crença  geral  entre  numismatas  que  os  contos  tinha 
nerado  numa  época  próxima  ao  termino  do  sec.  xvin,  e  esta 
ntttitiva,  não  carecia  de  provas  materiaes  para  viver.  Sabia 
posteriormente  a  noção  exacta  dos  contoa  se  perdera  na  mea 


'  íioajtlfmê  ÍDgleBes  poatcriorcs  a  Eduardo  III  (1337-1377)  appa 
natos  ignaes  e,  ente.  VeJA-ae  as  figa.  n."'  134  a  136,  estampa  sti,  da  Súfoi': 
au  moi/en  ãgt,  por  Julcs  Raujer  et  Eiigène  Huchcr.  Paris  1856. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


374  O  Ahcheologo  Pobtugdês 

nossos  ascendentes,  que  os  consideraram  como  inutilidades  sem  historia 
própria,  aparte  aquelles  a  que  erradamente  deram  valores  monetários  j 
porém  na  realidade  nSo  presnmiramos  que  na  época  de  D.  JoSo  III 
já  tivessem  derivado  para  os  jogos'. 

O  Sr.  Dr.  Lamas  conserva  religiosamente  este  conto,  qae  faz  recuar 
muitas  dezenas  de  annos  o  inicio  de  um  facto,  não  contestado  na  sciencia 
archeologica  da  actualidade. 

O  Sr,  Conde  de  Sabugosa,  a  pp.  84-85  da  sua  obra  O  Paço  dt 
Cíntraj  quando  trata  de  jogos  antigos,  arma  e  quasi  realça  a  parte 
que  netles  tomaram  os  conto»,  mas  não  se  refere  á  época  em  que  pas- 
saram da  actividade  do  trabalho  para  a  dos  recreios  palacianos,  certa- 
mente  porque  os  valiosos  documentos  antigos  que  o  escritor  consoltou 
nada  lhe  disseram  positivo  a  tal  respeito. 

Lisboa,  Novembro  de  1905. 

MAIfOBL  JOAQUIH  DE  CaHPOS. 


1  £  nova  para  hób  outra  appHcaçIo  (antiga?),  dada  aoB  cotdo».  Serviram  de 
amnletoB !  Eiiete  ama  piova  d'isto  nn  Museu  Ethnologico  Portugnés ;  é  am  exem- 
plar, do  tempo  (ie  D.  JoSo  II,  com  o  typo  de  pelicano  (veja-se  o  □.<■  14  da  collec- 
çSo  do  Meilí).  Tem  um  oriBcio  junto  á  orla.  Ã  imagem  do  pelicano  seria  acaso 
considerada  na  superstição  popular  como  eicellente  meio  de  afugentar  euférmi- 
dades  que  assaltam  as  aves  domesticas,  quando  os  conto*  que  o  representam  fos- 
sem  pendurados,  por  exemplo,  numn  capoeir»?  Também  para  intaitoe  análogos 
dependuram  nas  casas  de  habitaçSo,  nos  curraea,  ctc.,  feiradurns  e  chavelhos. 


No  mesmo  Museu  bn  outro  eiemplar,  ignal  ao  n."  40  de  Meili,  que  tem  um 
carimbo,  em  fórma  de  cruz,  dentro  de  um  quadrado  reentrante,  como  se  vê  na 
fig.  6.  D'Í3to  coDclue-se  que  os  conto»  recebessem  marcas  especiaes,  poeteriore< 
i  cunhagem,  quando  aproveitados  por  quem  os  tidoptasse,  á  ialta  da  ontros  pro- 
priamente sensf  Este  cago,  isolado,  exemplificará  uma  ideia? 

Um  caso  da  mesma  natureza,  relativamente  a  senhas  de  cobre  valorixadas, 
sncceden  na  Ilha  da  Madeira,  onde  a  firma  commercial  Ferras  &  Irmios  carim- 
bou senhas  de  outras  firmas  com  as  iniciacs  F.  I.  Recebia  e  pagava  quantias  in- 
significantes com  pseudo-moedas  alheias. 

Mostra-se  um  exemplo  da  asserção  na  fig.  H. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


OMetlogoPonuguti 


CONTOS  PARA  CONTAR 


Di„i„«b,Googlc 


bvGooglc 


o  Abcheologo  Português 


O  oastello  de  Brag^a 


Projecto  it  oonserTSÇio  e  restanraçlo 

■NSo  passava  despercebido  a  nioguem,  que  fosse  á  formosa  capital 
ào  Minho,  o  grave  e  vetusto  castello,  com  as  suas  amoi&s  e  a  sua  torre 
de  menagem,  no  ponto  mais  central  da  cidade,  olhando  para  o  jardim 
e  para  a  Rua  do  Souto,  e  que,  após  as  fases  históricas  por  que  passou, 
de  defesa  da  cidade  no  tempo  dos  Romanos,  oom  as  snas  pontes  leva- 
diças  que  o  communicavam  com  duas  das  portas  principaes  da  velha 
Bracara,  servia  de  prisSo  e  cadeia  civil. 

Era  um  velho  monumento,  digno  de  respeito  pela  grave  ansteridade 
das  soas  torres  quadrangulares,  dos  seas  terraços  e  da  sua  significação 
histórica  através  das  geraçSeÈ. 

A  camará  de  Braga  resolveu  ultimamente  demolir  a  sentinella  de 
granito  do  passado.  Houve,  porém,  protestos  vehementes  contra  essa 
profanaçSo  monumentaria;  e  a  tal  ponto,  que  foi  consnltada  a  Commis- 
sSo  dos  Monumentos  Nacionaee,  sobre  se  o  castello  deveria,  ou  nSo, 
ser  conservado  nas  suas  linhas  severas,  no  seu  arcabouço  de  pedra, 
que  o  tempo  respeitara,  b  que,  do  alto  das  ameias,  recordava  a  luta 
antiga,  o  esforço  e  a  tenacidade  dos  habitantes  da  linda  cidade  do 
Minho,  os  lances  maís  intensos  e  as  pugnas  mais  accesas  na  conquista 
ou  na  defesa  das  suas  hberdades. 

A  resposta  a  essa  consnlta,  e  qne  é  uma  memoria  modelar  assinada 
pelo  Sr.  Conselheiro  Augusto  Fuschini,  presidente  da  commissão  exe- 
cutiva do  Conselho  dos  Monumentos  Nacíonaes,  e  pelo  Sr.  D.  Fer- 
nando Eduardo  de  Serpa  Pimentel,  secretario  da  mesma  commissão, 
considera  e  revindica  como  monumento  nacional,  e  portanto  digno  de 
coaservar-se  intacto,  o  velho  castello  de  Braga. 

a)  OonatmogBes  mâdlevaes. — Boinas  do  oastello 

Na  Memoria  alludida  dizem  os  seus  autores  que,  pelas  constmcçSes 
ainda  existentes,  o  monumento  deve  datar  do  sec.  xni,  sendo,  aliás, 
muito  provável  que  várias  reconstrucçÕes  aproveitassem  trabalhos  ro- 
manos, visto  que  Brag'a  foi  um  centro  militar  importante  no  tempo 
do  domínio  romano  na  península  ibérica. 

Das  antigas  muralhas  do  castello  restam  ainda  algumas  torres,  mais 
ou  menos  arruinadas  ou  perdidas  e  disfarçadas  entre  a  casaria  moderna. 
Ka  muralha  peripherica  é  natural  que  existissem  virias  portas,  embora 


byGoí>^^lc 


376  O  Aecheologo  Portdqdês 

os  vestígios  d'ellas  tenham  desaparecido  pel»  acção  do  tempo  e  ik 
ignorância  vandalíca  das  gerações  qne,  a  partir  principalmente  do 
sec.  XVI,  se  encarniçaram,  por  toda  a  parte  e  em  qnasi  todoe  os  países, 
em  destruir  as  construcç3es  medievaes. 

Das  portas  da  cidade,  as  duas  principaes  deviam  ser  a  do  Souto 
e  de  S.  FraneiêcOj  ambas  no  extremo  oriental  da  <údade,  distando  entre 
si  oftrca  de  65  metros.  Neste  espaço  se  encontrava,  encostado  á  ma- 
ralha da  cidade,  um  recinto  fortificado,  independente,  oa  castello,  qne 
foi  provavelmente  destinado  a  reforçar  a  defesa  d'estas  diiaa  portas 
da  cidade. 

Em  regra,  as  portas  das  cidades  medievaes  eram  constitnidaa  por 
duas  torres,  entre  as  quaes  um  espesso  lanço  de  muro  menos  elevado 
offerecia  larga  entrada  abobadada  para  o  interior  da  povoaçSo.  Fortes 
portas  de  madeira,  reforçadas  por  grandes  e  complicados  lemes  de 
ferro,  fechavam  durante  a  noite  ou  em  caso  de  guerra  essas  entradas, 
bem  defendidas,  alem  d'isao,  pelas  torres  lateraes  e  pelos  mãchecotãi» 
que  na  muralha  ficavam  superiores  ás  portas.  Muitas  vezes,  em  frente 
das  portas,  pelo  menos,  um  fosso  profundo  era  vencido  pela  ponte  le- 
vadiça,  que,  levantada,  difficultava  a  passagem  do  fosso  e  constituia 
Mnda  ontra  defesa,  alem  das  portas  de  madeira  chapeadas  de  ferro 
e  grossa  pregaria. 

O  terraço  da  muralha  permittta  a  ligaçSo  entre  as  duas  torres  e 
facultava  a  defesa  contra  os  assaltantes. 

Exceptuando  talvez  o  fosso  e  a  ponto  lovadiça,  assim  foram  cons- 
truidas  as  portas  das  velhas  muralhas  romauas  e  medievaes  da  cidade 
de  Braga. 

Depoie  de  várias  consideraçSes  juiUciosas,  a  Memoria  accentua  a 
desconfiança  de  que  a  torre  de  menagem  pertencesse  a  outro  recinto 
fortificado,  anterior  naturalmente  ao  castello,  e  por  elle  simplesmente 
aproveitada. 

A  elegância  da  torre  e  a  sua  excellente  oonstrncçSo  fazem  suppor 
a  hypothese  de  nma  obra  r 


b)  Slgnoa  ou  deaenhos.— Restos  aotoaes 

A  existencna  de  lavrados  nos  silhares  nSo  prejudica  esta  hypothese, 
porque  estes  signos,  sendo  caracteristicos  nas  constrncçSes  da  idade 
média,  apparecem  também  nas  construcç^es  romanas;  alem  d'Í8S0,  a 
velha  torre  romana  soffreu  restaurações  successívas. 

Assim  as  janelas  do  norte  e  do  poente  sSo  pequenas,  simples  e  de 
volta  inteira,  ou  de  ogiva  muito  abatida,  emquanto  as  duas  outras, 


byGoí>^^lc 


o  Akcheoloqo  FoRTUQDÊs  377 

as  do  nascente  e  do  sul,  são  geminadas  e  maiores.  NXo  é  nada  pro- 
vável que  o  constructor  primitivo  da  torre  sem  razão  estheti        '      '     ' 
fizesse  as  jauelaa  desíguaes.  Foram  condÍç5es  e  necessid 
TÍOres  que  exigiram  esta  transformação. 

A  Memoria  descreve  depois  as  actnaes  ruínas,  o  castel 
as  soas  íaces,  frisa  as  coDstrucçSes  que  o  mascararam  e  p3e 
como  maia  importante,  a  torre  que  faz  parte  da  antiga  pc 
As  suas  espessas  muralhas  estSo  bem  conservadas.  Exterii 
enlta  em  parte  por  algnmaa  construcç5es  que  lhe  encosti 
ellas  uma  pequena  capella  ou  paço,  como  a  torre  as  excede 
deixa  ver  de  longe  o  coroamento  ameado  numa  grande  exte 
fácil  e  económico  demolir  estas  pequenas  coastrucçSes,  dei 
a  torre  na  sua  qnasi  totalidade. 

O  lanço  da  maralha  está  quasi  todo  descoberto  e  oãêrei 
cunho  da  antiguidade.  Ê  um  valioso  trecho  das  antigas  f< 
que,  alem  d'is80,  conservará  as  torres  das  suas  portas  pr 
Braga  da  idade  média. 

c)  OonolosSes.— O  oastollo  deve  oonservar-se 

A  Memoria  da  Commissão  Executiva  doB  Monumentos 
p&e  em  relevo  a  necessidade  das  pequenas  cidades  se  cc 
de  que  devem  conservar,  tanto  quanto  possivel,  o  seu  cari 
e  histórico. 

Quando  os  vestígios  antigos,  históricos  ou  artisticos  nSo 
salvos,  ao  menos  existe  a  compensação  de  uma  nova  arte 
caracteres  estbeticos,  e,  muitas  vezes,  razSes  de  saneameni 
cnlpun  destruição. 

Ainda  assim,  as  grandes  cidades  preferem  sempre  criar 
ros,  deixando  intactos  esses  vestigios,  que  lembram  passada: 
e  lhes  dão  um  bello  caracter  de  antiguidade. 

Roma,  por  exemplo,  está  semeada  de  ruínas.  O  grande 
Palácio  dos  Césares  occupam  uma  superfície  immensa  em 
lente  para  abertura  de  novas  avenidas  e  construcçlo  de  p. 
demos,  e  ninguém  se  lembroa  de  as  destmirj  pelo  contrari( 
on  pensou-se,  em  arrasar  as  novas  edificações  círcumvizi 
ceroar  as  ruínas  de  vastos  jardins. 

Certamente  não  sofíre  comparação,  nem  histórica  nem 
modesto  castello  de  Braga  com  as  imponentes  ruínas  do  For% 
mas  também  a  pequena  cidade  de  Braga  não  soãre  confn 
grande  Roma,  cujas  necessidades  sociaes  crescem  de  dia  p 


byGoot^lc 


378  O  ASCHEOLOOO  POBTDGUÊS 

Assim  seria  um  attentado  histórico  e  artístico  eacrificar 
08  restos  do  velho  castello,  ideia  oaaoida  do  erro  em  que  labora- 
ram 08  que  suppSem  alcançar  um  beneficio  pecuDÍarío,  que  em  caso 
algum  é  licito  esperar  em  attendivel  importância. 

A  CommissSo  &  de  parecer: 

i."  Que  o  edifício  âa  cadeia  actual  deve  ser  iimnedíatamente  con- 
demnado  e  substituído.  O  edifício  oondemnado  pôde  ser  vendido  para 
OQtras  applicaçSes,  ou  demolido  e  demolido  o  respectivo  terreno. 

2."  As  torres  n."  2  e  n."  3,  que  fízeram  parte  respectivamente  das 
Fartas  de  S.  Francisco  e  do  Souto,  bem  como  o  lanço  da  muralha  entre 
ellas  intercallada,  devem  ser  conservadas  e  quanto  posaivel  limpas  de 
construcçSes  modernas. 

3.**  O  interior  d'esta8  torres,  assim  como  as  salas  da  residência  do 
alcaide,  devem  Ber  restauradas,  applicando-aa  a  camará  para  museu 
distríctal. 

4.°  O  pateo  interior  do  recinto  deve  ser  limpo  e  ajardinado,  ap- 
plicando-o  para  museu  das  grandes  peças  que  nXo  possam  ser  com- 
prehendidas  nas  salas. 

5."  A  torre  de  menagrem  deve  ser  restaurada  interiormente  e  aber- 
tas as  respectivas  janelas. 

É  evidente  que  a  camará  de  Braga  nSo  possue  meios  para  estas 
obras;  pôde,  todavia,  realizá-las  successivamente,  nXo  prejudicando  a 
fínal  unidade. 

Se  assim  praticar,  a  camará  terà  feito  um  serviço  relevante  A  ci* 
dade  de  Braga,  conaervando-lhe  os  restos  das  suas  antigas  fortificsçSes 
romanas  e  medievaea,  e  apropriando-as  a  uma  institniçSo  digna  da  an- 
tiquíssima e  histórica  Bracara  Augusta*. 

(Do  Seado,  de  27  de  Novembro  de  1905). 

II 
Demollçlo  da  morallia  d«  oastello 

«Realizou-se  hoje  a  manifestação  de  agradecimento  e  synipathia 
que  a  direcçSo  do  Montepio  de  S.  José  promoveu  em  honra  do  par  do 
reino  Kodrígues  de  Carvalha,  Visconde  de  Kespereira  gover- 
nador civil,  Dr.  Soares  presidente  da  camará,  Dr.  Artur  Soares 
administrador  do  oonoelbo,  e  Lopes  Beis  presidente  da  commissZo 
da  defesa  dos  interesses  de  Braga. 

Tomaram  parte  na  imponente  manifestação  todas  as  associações 
de  classe,  acompanhadas  por  quatro  bandas  de  musica,  e  muito  povo. 


byGoí>^^lc 


o  ÃRCHEOLOGO  F0STCQUÊ8  379' 

Os  tnaniféstantea,  percorrendo  a£  roas,  aoclatnavám  delírantemeste 
os  cavaibeiros  citados,  chegando  ao  delírio  quando  principion 
s,  demolição  da  muralha*. 

(Do  Diário  de  Notidat,  de  17  Novembro  d«  1906.  Correapondencía  de  Braga, 

(latada  do  dia  15). 

Em  que  mãos  caiu  a  tua  gloria,  Brocara  Auguata! 

J.  L.  DE  V. 


AoqalsigSes  do  Museu  Ethnologioo  Fortaíuõs 
Janeiro  de  1906 

Numa  excursSo  pela  Estremadura  Transtagana  obteve  o  Diréotòr 
do  Museu  08  seguintes  objectos: 

meio  vaso  de  barro  prebistorico,  com  caneluras,  um  vaso  romano 
de  barro,  e  onze  instrumentos  prehistoricos  de  pedra, — tudo  offereàdo 
pelo  Sr.  Francisco  Ignacio  da  Costa  Palma; 

um  anelinho  romano  de  ouro  e  onze  moedas  romanas  de  oobre, 
offereoidos  pelo  Sr.  Augusto  Ernesto  Teixeira  de  Aragão; 

vários  objectos  ethnographicos  (modernos):  dois  testos  de  barro 
ornamentados,  um  arrimador,  seis  fasoa,  três  coesoiroê  ornamentados, 
um  chocalho  metallico,  sete  guisos,  uma  agulha  de  coser  alcofas,  um 
ÍQStrumento  metallioo  de  marcar  doce,  um  molde  metallico  de  faeer 
doce,  ama  colher  de  chifre,  um  zum^-zum  de  madeira; 

um  agulheiro  grande  (ethnographia  moderna),  offerecido  pelo  Sr. 
Dr.  Manoel  Hateus; 

varias  medalhas  portuguesas  e  contos  de  contar; 

varias  moedas  portuguesas,  e  entre  ellas  um  cinquinfao  de  D.  Ma- 
noel; 

cinco  pesos  de  rede,  seis  pesos  de  tear,  um  disco  de  barro,  tudo 
romano,  dois  fragmentos  de  louça  grega,  e  um  objecto  de  ferro,  talvez 
romana, — offereoidos  pelo  Sr.  Joaquim  Correia  Bitísta; 

um  tinteiro  romano  de  bronze,  obtido  por  compra; 

uma  placa  marmórea  romana; 

varias  moedas  romanas  offerecidas  pelos  Srs.  José  Haria  DurSes 
e  Carlos  Soares; 
.    uma  moeda  de  MyrtUU; 

um  rehcario  metallico,  uma  moleta  em  miniatura  (ez-voto)  e  dois 
amuletos ; 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


380  O  ÃSCHBOLOOO  PoffTOQUâS 

dois  machados  de  bronze  e  nma  foice  também  de  bronze,  offereci- 
do3  pelo  Sr.  Joaquim  Gamito; 

um  escopro  e  nm  machado  da  epooa  de  bronze; 

um  vaso  de  barro,  parte  de  outro,  e  ossos  humanos,  tudo  achado 
em  sepulturas  da  época  do  bronze,  e  offerecido  pelo  Sr.  Joaquim  dos 
Santos  Coelho^ 

sete  machados  de  pedra  apparecidos  em  duaa  antas  (excavaçlo 
archeologica) ; 

vrnte  e  dois  iostrumentos  neolithicos,  sete  rebolos  de  pedra  e  nma 
amoladeira  prehistorica, — offerecidos  pelo  Sr.  P,'  Francisco  Galamki, 
Joaqnim  Correia  Batista,  Dr.  Manoel  Mateus,  Jorge  de  Vascoucellos 
Nunes,  JoSo  Rodrigues  Pablo,  Freire  de  Andrade  e  António  Henrique 
de  Meneses. 

N.B.  Adquinram-se  muitos  outros  objectos,  que  só  entraram  no 
Maaea  em  Abril,  e  que  serão  pois  mencionados  miús  adeante. 


O  Sr.  Paulo  Choffat  offereceu  dois  machados  de  pedra  de  Buarcos 
o  Mafra,  e  uma  estatueta  egypcía. 

O  Sr.  Dr.  Alfredo  Bensaude  -offereceu  uma  seta  de  pedra,  om 
fragmento  de  faca  de  pedra,  e  metade  de  um  disco  de  barro,  tudo 
proveniente  do  Lago  de  Constança,*  e  nm  machado  e  punhal  de  bronze 
prebistorícos,  da  Estremadura. 

O  Sr.  Manoel  Joaquim  de  Campos,  Preparador  do  Museu,  offereceu 
uma  medida  de  barro  do  anno  de  1831,  nm  rosário  antigo,  Tarios  bo- 
tSes  antigos  e  nm  sarilho  ornamentado. 

Fererelro  de  l&OS 

A  Sr.*  D.  Maria  Masima  Leite  Cardoso  Pereira  de  Mello  offarecea 
nma  rede  cabaceira  do  Biúxo-Douro. 

O  Sr.  Mário  de  Abreu  Marques  offereceu  onze  machados  de  pedra, 
do  Sul. 

Obteve-se  por  compra  o  seguinte:  duas  moedas  de  Eviom,  uma 
de  Ebora,  uma  de  Myrtilia  e  quatorze  contos  de  contar,  dois  azulejos, 
uma  caixa  de  rapé  da  época  de  D.  Miguel,  nm  copo  de  chifre,  nma 
chapa  melatlioa  do  tempo  de  D.  JoSo  VI,  um  pingente  antigo  de  ca- 
deia de  relo^o,  uma  concha  com  o  desenho  da  soena  do  Natal,  vários 
livros  de  numismática,  uma  nrna  de  pedra,  um  gmpo  de  jaspe,  nm 
grande  vaso  de  barro  vidrado  antigo. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÃKCUEOLOaO  FOBTDOCâS 


De  nma  necropole  romana  de  Beja  proveio:  um  fragmento 
pide  com  ínscripçfto,  um  unguentario  de  vidro,  nm  vaso  de  bar 
pugio  de  ferro.  Vid.  O  Arck.  Port.,  X,  165  sqq. 

Adquiriram-se  por  compra  duas  lucemas,  sendo  uma  roman: 
tra  vÍEÍgotica. 

O  Sr.  Manoel  Joaquim  de  Campos  offereceu  um  peso  de 
com  argola  de  ferro. 

O  Sr.  Ferreira  Braga  offereceu  quatro  moedas  português 
séculos  xviii-xix,  que  serviram  de  amuleto,  varias  moedas  de  I 
Dando  e  outras. 

O  Sr.  Pedro  Ferreira  offereceu  treze  moedas  romanas  de 

Adqniríram-se  por  compra:  vinte  moedas  e  medalhas  com  oi 
o  que  mostra  terem  servido  de  amuletos;  dois  percutores  prehis 
de  pedra;  três  pratos  de  estanho  com  as  inioiaes  jesuíticas  iI.  I 
um  quadro  de  ferro  com  a  imagem  da  Virgem. 


Numa  «zcurstlo  que  o  Dr.  Félix  Alves  Pereira,  Official< 
sen,  fez  em  Entre-Douro-e-MÍnho,  em  janeiro-fevereiro  de  19( 
teve  o  seguinte: 

Do  Sr.  Leopoldino  José  da  Silva  (Alvarelhos),  nmpon^í»  àt 
do  castro; 

Do  Sr.  António  Ferreira  Hilreus  (Guilhahren),  uma  peqaen 
de  bronze  de  forma  anular  com  pá  6co,  proveniente  da  sua  qoi: 
Vilia-Boa; 

Do  mesmo  Sr.,  licença  para  ser  escavada  uma  estaçSo  an 
l^ca  em  terreno  sen,  da  qual  em  tempo  opportuno  se  fallará; 

Do  Sr.  Bernardino  Dias  Ferreira,  autorizaçXo  para  ser  ez 
tuna  mamõa  em  Alvarelhos,  ao  lado  da  estrada,  trabalho  que  d 
cópia  de  objectos; 

Do  Sr.  Bernardino  Rodrigues  de  Oliveira,  um  pequeno  pr 
bronze,  encontrado  no  logar  do  Crasto; 

Do  Bev.****  Abbade  de  Canidello,  Manoel  Domingues  de  Sousi 
um  machado  de  bronze  com  dupla  argola,  do  thesouro  do  Mc 
Saia  (Barceilos);  nm  fragmento,  de  forma  especial,  pertencente 
a  algum  vaso  do  castro  de  Alvarelhos;  um  vasinho  inteiro  e 
mais  ou  menos  mutilados,  de  um  cemitério  (de  incineração)  de  £ 
tovSo  do  Muro  (Santo  Tirso);  vasos  votivos  em  fragmentos, 
cemitério  (de  incineraçSo)  de  Quilhabrefi  (Villa-do-Conde);  un 
triangular,  do  sitio  dos  Milreua  (Guilhabreu) ;  um  capitel  romt 


byGoot^lc 


382  O  AfiCHEOLOGO  POBTUGOÉS 

castro  de  Alvarelhos;  um  pequeno  capitel  romano,  conservado  em  Ca- 
nidello;  um  macliado  de  pedrft  avulso,  de  Quílhabreu;  um  macliado 
de  pedr&f  do  castro  de  Alvarelbos;  um  denarío,  d'este  mesmo  castro, 
e  uma  moeda  de  cobre  biepanica;  vários  pesos  de  barro,  de  Alvarelbos; 
um  cabo  de  bronze,  pertencente  a  algum  grande  recipiente,  dos  Uil-  , 
réus;  um  cadinho  (?)  de  barro,  do  mesmo  logar;  um  ponãttê,  do  monte 
da  Saia;  uma  asa  de  barro,  de  Canidello;  um  fundo  de  passador  e  nm 
bico  de  bilha  de  barro,  de  Alvarelhos;  nm  bordo  de  vaso  omamenlado 
com  folhas,  de  Mílreus;  nm  bordo  de  vaso  com  incisSes,  de  AJvare- 
Ihos;  nm  chocalho  de  bronze,  de  S.  Cristóvão  de  Muro;  uma  medida  de 
cobre  antiga,  e,  por  depósito,  uma  ara  votiva,  do  castro  de  Alvarelhos, 
«  um  vaso  ritual  com  confetti,  do  cemitério  romano  de  Guilbabren. 
For  compra  obteve  um  machadinho  votivo  do  castro  de  Alvarelhos. 

Marco  de  1905 

O  Sr.  Manoel  Joaquim  de  Campos,  Preparador  do  Museu,  oSerecen 
08  segaintes  objectos  para  a  secçBo  etbnographica :  uma  dobadoira, 
vinda  de  Lousa;  um  peso  de  pedra;  um  par  de  jarras  de  barro,  para 
flores,  vindas  de  Lagoa;  uma  colher  de  pau,  feita  pelos  pastores  da 
•Serra  do  CaldeírSo;  uma  harrenha  para  azeite,  de  barro  vidrade,  fa- 
bricada em  Loulá.  E  olfereceu  para  a  secção  numismática:  18  moedas 
antigas  (uma  arábica,  outra  celtiberica  e  as  restantes  romanas). 

O  Sr.  Engenheiro  Arthur  Hendes  offereeeu:  seis  moedas  romanas; 
um  unguentario  de  vidro,  romano;  uma  lucerna  romana,  com  figura. 

O  Sr.  Dr.  Xascimento  Trindade  offereeeu  vinte  e  sete  moedas  ro- 
manas. 

O  Sr.  Bernardo  António  de  Sá,  Conduotor  de  Obras  Publicas,  em 
serviço  no  Museu,  adquiriu  numa  escavação  archeologica  dezenas  de 
objectos  das  epoeas  da  pedra  e  do  bronze:  pontas  de  seta,  folhas 
de  lanças,  laminas  de  facas,  mós,  martelos,  vasos,  pesos,  placas. 

Compraram-se :  uma  figurinha  de  latão  representativa  de  nm  ca- 
vallo  ajaezado;  onze  pesos  de  bronze,  portugtieses,  antigos;  nm  grande 
punhal  emb^nhado  (ethnographia  africana);  uma  candeia  (?)  de  latão. 

O  Sr.  Antouio  Maria  Garcia  ofíerecen  os  seguintes  objectos:  oito 
machados  de  pedra;  uma  goiva  de  pedra;  nove  fragmentos  cerâmicos 
ornamentados;  quatro  cossoiros  de  barro;  quatro  laminas  de  silex; 
vários  utensílios  de  bronze;  um  percutor  de  pedra;  s^s  contas. 

O  Sr.  Tavares  Proença  Júnior  offereeeu  para  a  secção  de  ethno- 
graphia uma  vasilha  de  barro. 

Adquiriu-se,  por  compra,  uma  ara,  vinda  do  Norte  do  reino  e  quatro 
objectos  de  ouro,  annlares. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abchmhaoo  PmtoguAs 


Onomastioo  medieTal  portngaãs 

(CobUbu^Io.  Va.  o  ÀrtÀ.  PoH.,  i,  MO) 

]>mnarigiu,  d.  h.,  922.  L.  B.  Ferr.  DipL-17. 

Fronuriqaiei,  ft}Hp.  m.,  1078.  Doe.  Univ.  de  Coimbra.  Dipl.  336.- 

Id.  352. 
Fromariqoix,  app.  h.,  1060.  Doe.  most.  Pedroso.  Dipt.  267. 
,  spp.  h.  1074.  Doe.  most.  da  Oraça.  Dipl.  318. 
íris,  app.  h.,  1088.  Doe.  most.  da  Graça.  Dipt.  418.— Id.  511.- 

Inq.  187. 
Fromasnario,  n.  h.,  1079  (?).  L.  B.  FeiT.  Dipl.  341. 
FromegUdo,  a.  h.,  957.  L.  Preto.  Dipl.  42. 
Fromigo,  app.  h.,  1258.  loq.  308,  1.'  cl. 
Fromigosa,  gwgr.,  1358,  Inq.  710,  2.*  ol. 
FromiBaeiro,  geogr.,  1258.  laq.  343,  2.*  ol. 
FroBosiU,  a.  h.  (?),  1068.  Doe.  most.  Moreira.  IKpl.  288^ 
('romosindo,  n.  h.,  1061.  Doe,  most.  Peodorada.  Dipl.  268. 
Fromosino,  a.  h.,  1008.  L.  D.  Mum.  Dipl.  123. 
Froaerigiu,  n.  h.,  1075.  L.  Preto.  IMpl.  323. 
Fronili  e  FronUli,  n.  m.»  1018.  L.  Preto.  Dipl.  148. 
Fronimosendo,  n.  h.,  1065.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  282. 
Froaimto,  n.  h.,  998  (?).  Doe.  most.  Moreira.  IMpl.  111. 
Fronmma,  app.  h.,  936.  Doe.  most.  S.  Vieeate.  Dipl.  25. 
Fronosindo,  n.  h.,  1014.  L.  D.  Mum.  Dipl.  138.— Id.  154. 
Frosendiz,  a^p.  h.,  1136.  For.  de  Seia.  Leg.  372. 
Froseodiíl,  app.  h.,  988.  Doe.  most.  Moreira.  INpl.  97. 
Fronila,  n.  m.,  Era  1102.  L.  Preto.  Dipl.  277. 
Fronlhe,  n.  m.,  aec.  zv.  S.  170. 
Froya,  d.  h.,  959.  L.  D.  Mnm.  Dipl.  46. 
Frofâes,  geogr.,  1258.  Inq.  682,  1.'  el. 
Froyam,  geogr.,  1258.  Inq.  548,  2.*  cl. 
Froyaniz,  app.  h.,  924.  Doe.  ap.  auíh.  aee.  xm.  IHpL  18. 
Froyla,  n.  h.,  915.  Doe.  ap.  auth.  seo.  xiv.  Dipl.  13. 
Froyli,  geogr.,  1258.  Inq.  413,  1.*  cl. 
Froyulia,  n.  h.,  1088.  Doo.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  423. 
Fructini,  app.  h.,  1115.  Condlio  Ovet.  Leg.  141. 
Fmetosns,  n.  h.,  1220.  Inq.  24,  2.*  d. 
Frnella,  a.  h.,  sec.  xv.  S.  270. 
Fragiaes,  geogr.,  1220.  Inq.  183,  1.'  ol. 
Frugalfns,  bispo,  915.  Doe.  ap.  aath.  see.  XIV.-  IHpl.  13. 


byCOOl^lc 


384  O  ASCHEOLOQO  POBTDQCÊS 

Frnhelas,  app.  b.,  sec.  xm  (?).  Figanière,  Mem.  das  B.  de  Portugal, 

p.  247. 
Fpuila,  n.  h.,  938.  Dipl.  28. 
FmilM,  spp.  h.,  1081.  L.  B.  Ferr.  Djpl.  362. 
Frnillie,  n.  m-,  sec.  XV.  S.  287. 
Fmitoso,  n.  h-,  1220.  Inq.  10,  2.'  cl.— Id.  22  e  35. 
Frojnfi,  geogT.,  1258.  Inq.  298,  2.'  cl. 
Frnniarigaiz,  app.  h-,  1098.  U  B.  Ferr.  Dipl.  526. 
Fnunariz  (S.  Petro  de),  geop-.,  1220.  Inq.  113,  2."  cl.— Id.  187. 
Framigosa,  geogr.,  1258.  Inq.  681,  2.'  cl. 
Framinins,  D.  b.,  915.  Doe.  ap.  auth.  sec.  xiv.  Dipl.  13. 
Fmrtamio,  «pp.  h.,  1079.  L.  Preto.  Dipl.  343. 
Frvgnfa,  n.  h.,  1100.  L.  Preto.  Dipl.  553. 
Faberte,  app.  h.,  1220.  Inq.  103,  1.'  c!. 
Fnbertiz,  app.  h.,  1258.  -Inq.  308,  2.'  cl. 
Fachel,  app.  h.,  1220.  Inq.  120,  1.'  cl. 
Fofili,  app.  h.,  1100.  L.  B.  Ferr.  Dipl.  557. 
Fufilia,  n.  h.,  982.  L.  Preto.  Dipl.  83. 
Fnga^a,  app.  h-,  1220.  Inq.  2,  2.'  cl. 
Fugioo,  geogr.,  1258.  Inq.  298,  2.»  cl.— Id.  422. 
Fogioos,  geogr.,  1258.  Inq.  388,  1.'  ci. 
Foioln  (Caaal),  geogr.,  1258.  Inq.  320,  2.'  cl. 
Folderone,  n.  h.,  922.  L.  Preto.  Dipl.  16. 
Folgidaes,  geogr.,  1258.  Inq.  328,  1.'  cl. 
Folienz  e  FolieuzI.  Vide  Folienzl. 

FultB,  n.  h.  (?),  1070.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  304. 
Famas,  geogr.,  1258.  Inq.  686^  2."  cl. 

Fundila,  viUa  (?),  976.  Doe.  most.  Lorvio.  Dipl.  73.  .    . 

Fundo  de  Vassalo,  geogr.,  1258.  Inq.  647,  2.*  cl. 
FanUrqnada,  geogr.,  1055-1065.  For.  de  Paredes.  Leg.  347. 
Fura,  app.  b.,  1258.  Inq.  530,  1,»  cl. 
Fura-conas,  app.  Ii.,  sec.  xv.  S.  333. 
Furas,  n.  h.  (?),  1258.  Inq.  620,  1.'  cl. 
Fnrgia,  rio,  1068.  Doe.  most.  Moreira.  Kpl.  289. 
Fumelus,  villa,  946.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  32,  utt.  1. 
Furozos  (Onteiro  de),  geogr.,  1220.  Inq.  104,  2.*  d. 
Furtado,  app.  h.,  1152.  For.  de  Banho.  Leg.  383.— Inq.  208. 
Furtaes  ou  Furtanoes,  geogr.,  1220.  Inq.  100,  2.*  el. 
Furtnnio,  n.  h.,  987.  L.  Preto.  Dipl.  96.. 
Furtunis,  geogr.,  1258.  Inq.  651,  1.*  cl. 
Fortunius,  n.  h.,  957.  L.  Preto,  Dipl.  42. 


byCooglc 


o  Abcseologo  FoBTUQDÉa 

Furtnniz,  app.  h-,  1013  {?).  Dipl.  136.— Inq.  123. 

Fnrtauizi,  app.  h.,  989.  Dtpl.  98. 

Furunm  tegnlaríam,  geogr.,  1088.  L,  Preto.  Bipl.  419. 

Piuarii,  app.  h.,  1258.  Inq.  692,  2.'  cl. 

Faseíro,  app.  h.,  1220.  laq.  130,  2.»  cl. 

FaselUs,  geogr.,  1092.  L.  Preto.  Dipl.  461. 

Furtam,  app.  h.,  1258.  luq.  618,  1.*  cl. 

Fuete,  monte,  951.  Doe.  most.  Arouca.  Bipl.  36. — Id.  129. 

FntaUa,  app.  h.,  1258.  Inq.  475,  2.»  cl. 

Fntaniz  e  Fartanú,  app.  h.  1220.  Inq.  123,  2.»  cl. 


Gaadroy  (Vilar  de),  geogr.,  1268.  Inq.  323,  2.»  el. 

Gaaendiz,  app.  m.,  1258.  Inq.  558,  2.*  cl. 

Caamaio,  n.  h.,  1037-1066.  L.  Preto.  Dipl.  280. 

GaamU,*  googr.,  1358.  Inq.  532, 1.^  cl. 

Gaamir,  geogr.,  1258.  Inq.  532,  1."  cl. 

Gaandl,  app.  h.,  1268.  Inq.  560,  1.'  cl. 

Gaansa  ou  Gaanzia,  app.  h.,  1220.  Inq.  130,  2.*  cl. 

Gabado,  app.  li.,  1258.  Inq.  406,  1.*  cl. 

Gabaire,  app.  h.,  sec.  XV.  S.  165. 

Gabairfls  ou  Gabaises,  app.  h.,  1220.  Inq.  155,  1.*  cl. 

Gabare,  app.  h.,  sec.  XV.  S.  167. 

Gabaye,  app.  h.,  1258.  Inq.  647,  1.'  ol. 

Gabdelia,  n.  h.,  967.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  59. 

Gabeiro  e  Gabaise,  app.  h.,  1220.  Inq.  157. 

Gabere,  app.  h.,  sec.  XV.  S.  333.— Id.  360. 

Gaberi,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  201. 

Gabro,  monte,  964.  L.  Preto.  Dipl.  55.— Id.  116. 

Gacim,  villa,  971.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  66— Id.  163. 

Gacina,  n.  m.,  955.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  40. 

Gaeini,  viUa,  1038.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  182. 

Gadafes,  geogr.,  sec.  xv.  S.  167. 

Gadanis,  geogr.,  1268.  Inq.  658,  1.'  cl. 

Gadea  (Santa),  geogr.,  sec.  xv.  S.  260. 

Gademiro,  n.  h.,  1092.  Tombo  D.  Maior  Martttiz.  Dipl.  468. 

Gadineiro,  geogr.,  1258.  Inq.  643,  2.»  cl. 

Gafaues  (Outario  de),  geogr.,  1258.  Inq.  503,  2.*  cl. 

Galarim,  geogr.,  1258.  laq.  340,  2.'  cl. 

Gafildo,  n.  b.,  1099.  Doe.  ap.  sec.  xii  ou  xin.  IMpl.  538. 


byGoot^lc 


886  O  Abctioloqo  PoBToauts 

Gags,  iq>p.  m-,  1258.  Inq.  42d,  1.*  cl. 

Gago,  app.  h.,  1220.  Inq.  187,  2.Vcl.— Geogr-,  1258.— Id.  589.— 

S.  162. 
Gagnis  (S.  Jacobo  de),  gdogr.,  1258.  Inq.  655,  1."  cL-^Id.  652. 
Gaiatí,  valle,  1020.  Doo.  most.  Moreira.  Dipl.  151.— Id.  366. 
Gaiatit,  geogr-,  1081.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  ^7. 
Gaidii  e  Gardii,  app.  h.,  1220.  Inq.  96,  2.*  cl.— Id.  149. 
Gaitar  (S.<*  EolaIia.de),  geogr.,  1220.  loq.  23,  2.^  d.— Id.  181. 
Gaindaoes,  villa,  1258.  Inq.  493,  1.'  cl. 
Gaindit  ou  Galindíi,  spp.  b.,  1018.  L.  Preto.  Dipl.  146.— Id.  56.— 

Inq.  69. 
Gaindos  (Casal  dos),  geogr.,  1258.  loq.  435,  2.*  cl. 
Gaíno,  monte,  1220.  Inq.  18,  1.*  cl. 
Gaiom,  n.  h.,  1258.  Inq.  566,  2.*  cl. 
Gala,  app.  m.,  1258.  Inq.  649,  2.*  cL 
Galacia,  geogr.,  959.  L.  D.  Mom.  Dipl.  46,  1.  32. 
Galamar,  rio,  1154.  For.  de  Sintra.  L«g.  385,  I.  22. 
Galamirus,  n.  h.,  sec.  XL  L.  D.  Hom.  Dipl.  563. 
Galardo,  app.  h.,  1220.  Inq.  85,  1.'  ol. 
Galardos,  app.  h.,  1258.  Inq.  727,  2.*  cl.     . 
Galdim,  n.  b.,  sec.  XV.  S.  201. 
Galdiuo,  n.  h.,  1156.  For.  de  Ferreira.  Leg.  385. 
Goldom  e  Goldom,  geogr.,  1258.  Inq.  404,  2.'  cl. 
Galea,  app.  h.,  1258.  Inq.  346,  2.»  cl. 
Galee,  app.  h.,  1258.  Inq.  346,  2.'  cl. 

Galegano,  geogr.,  1258.  Inq.  588,  1."  cl.  «** 

Galegas,  geogr.,  1064.  Doe.  sec.  xrm.  Dipl.  276. 
Galendiz,  app.  h.,  952.  L.  D.  Mum.  Dipl.  38. 
Gales,  geogr.,  1213.  For.  de  Campo.  Leg.  565. 
Gnlfararia,  geogr.,  1258.  Inq.  723,  2.'  d. 
Galhinato.  Vide  GaUnhato. 
Gália,  geogr-,  922.  L.  Preto.  IMpl.  16. 
Galib,  n.  h.,  1016.  Doe.  most.  Lorvito.  Dipl.  143.— Id.  480. 
Galicia,  geogr.,  1096.  Doe.  most.  Arouca.  IHpl.  498,  1.  2. 
Galieira  ou  Galieis,  geogr.,  1220.  Inq.  37,  1.*  e  2.'  ol. 
Galilea  (campo  de),  geogr.,  1258.  Inq.  728,  2.'  cl. 
Galinario,  geogr.,  1098.  Doo.  most.  Fendorada.  INpl.  527. 
Galinato,  app.  h,  1258.  Inq.  699,  1.'  cl. 
Galindici,  app.  b.,  1026.  Doo.  most.  Pedroao.  Dipl.  161. 
Galindíz.  Tidh  Gaindiz. 
Galindizi,  app.  b.,  1078.  Doe.  Univ.  de  Coimbra.  'Dipl.  336. 


byCcX)i^lc 


I 


o  AxCHIOLOaO  F<»tT0âDâ8 


«alindo,  n.  B.,  976.  Doe.  most.  Lorvio.  Dipl.  73.— Id.  108. 

Galinhâto,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  161. 

Calinhoto,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  167. 

Calimiz,  app.  h.,  A.?  For.  de  Jermello.  Leg.  433. 

«aUecb,  geogr.,  1258.  Inq.  583,  2.»  cl. 

Calleciu,  iq>p.  h.,  1220.  Inq.  2  e  3. 

Gallega,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  377. 

Gallesns,  vUla,  1081.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  357. 

GaUeU,  n.  h.,  1050.  L.  D.  Mmn.  Dipl.  228. 

GaUetibns,  geogr.,  1258.  Inq.  302,  2.'  cl. 

GaUieia,  geogr.,  1098.  Doe.  most.  Arouca.  IHpl.  525.— H.  30 

GaUina,  rio,  875.  I^pl.  5. 

Gallitia,  geogr.,  1092.  Tombo  D.  Miuor  Martinz.  IHpl.  470. 

Galliza,  geogr.,  1258.  Inq.  470,  2.'  cl. 

Galmarius,  n.  h.,  1033.  Doe.  ap.  sec.  xvm.  Dipl.  171. 

Gaitar  (S.  Míchaele  de),  geogr-,  1220.  Inq.  161,  1.'  cl.— Id.  2 

Galter,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  321. 

Galteri,  app.  h.,  1258.  laq.  706,  2.'  cl. 

Galvam,  u.  h.,  1220.  Inq.  165.  1.»  cl. 

Gamareliz,  app.  b.,  1086.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  396. 

Gamazauos,  geogr.,  1220.  Inq.  49,  1.'  cl. 

Gamazao,  geogr.,  1258.  Inq.  529,  1.'  cl. 

Gamaxaos  e  Gamazoos,  geogr.,  1220.  Inq.  49,  1.*  cl. 

GamereUe,  n.  h.  908.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  11. 

Gamoflda,  monte,  1220.  Inq.  18,  1.*  cl. 

Ganço,  app.  b.,  sec.  xv.  S.  145. 

Gandalarí,  geogr.,  1014.  L.  D.  Mnm.  Dipl.  138. 

Gaadara  (S.  Michaele  de),  geogr.,  1258.  Inq.  571,  1.*  e  2.'  cl. 

Gandarela,  geogr.,  1258.  Inq.  702,  1.'  cl. 

Gandarey,  geogr.,  sec.  XV.  S.  179, 

Gandera  (S.  Martino  de),  1220.  Inq.  25,  1."  d.— Id.  578. 

Ganderali,  geogr.  (?),  1258.  Inq.  578,  1.'  cl. 

Gandereda,  geogr.,  1258.  Inq.  643,  2.*  cl, 

Ganderei,  geogr.,  1220.  Inq.  85,  1.*  cl. 

Ganderela,  geogr.,  1258.  Inq.  404,  1.*  cl.  — Id.  67. 

GandereUa,  viUa,  1038.  L.  D.  Mum.  Dipl.  185. 

GandUa,  n.  b.,  924.  Doe.  ap.  antb.  sec.  XIU.  IMpl.  18.— Id.  5 

Gandilaz,  app.  b.,  924.  Doe.  ap.  antb.  sec.  xin.  Dipl.  18. 

Gandio,  n.  b.,  1174.  For.  Tomar.  Leg.  399  e  401. 

Gandnfi.  Vide  Gundafi. 

Ganfei,  geogr.,  1258.  Inq.  350,  2.'  cl.— S.  193. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


388  O  AbCBEOLOGO  PORTOODãS 

Ganley,  geogr.,  1268.  Inq.  351,  1.'  cl.  — S.  290. 

Gangalfas,  n.  h.,  1071.  Dipl.  306. 

Gansso,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  299. 

Gao,  geogr.,  1258.  Inq.  346,  2.'  cl.— Id.  130. 

Garapa,  geogr.,  1258.  Inq.  697,  1.'  cl. 

Garavelas  ou  Garavelos,  geogr.,  1220.  Inq.  40,  2.*  cl. — Id.  121. 

Garbes,  geogr.,  967.  Doe.  most.  LorvSo.  DÍpI.  69. 

Garceazi,  app.  h.,  1025.  Doe.  ap.  most.  Homra.  Dipl.  168. 

Garceú,  app.  h.,  1006.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  120. 

Garcese,  app.  h-,  11  lõ.  Concilio  Oret.  Leg.  141. 

Garcíam  e  Garcias,  d.  h.,  1016.  L.  Preto.  Dipl.  142.— Id.  163. 

Garcias,  app.  h.,  1070.  Doo.  most.  Arouca.  Dipl.  303. 

Garciis,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  262. 

Garciiz,  app.  h.,  1220.  Inq.  243,  1.'  cl.— Id.  51. 

Garda,  geogr.,  1258.  Inq.  731,  2.'ol.— Id.  589. 

Gardalia,  app.  h.  (?),  976.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  73.— Id.  132. 

GardaUa,  app.  h.,  1077.  Doo.  most.  Pedroso.  Dipl.  334. 

Garda  vaUes,  app.  h.,  1220.  Inq.  103,  1.*  cl. 

Cárdia,  villa,  1258.  Inq.  474,  1.»  cl.— Id.  497. 

GArdíauas,  casal,  1220.  Inq.  9,  2."  cl. 

Gardidos,  campo,  1258.  Inq.  587,  1.»  cl. 

Gardiz.Vidà  Gaídií. 

Gardom,  app.  h.,  1256.  Inq.  546,  1.*  el. 

Cardos,  geogr.,  1258.  Inq.  698,  2.'  cl. 

Garey,  geogr.,  1258.  Inq.  732,  l.»cl. 

Garíaes,  villa,  1072.  Doe.  ap.  aec.  xm.  Dipl.  132,  I.  7. 

Garffi  ou  Garfi,  geogr.,  1258.  Inq.  714,  L'  e  2.'  el.— Id.  214. 

Garganta,  app.  h.,  sec.  xv.  F.  López,  Chr.  D.  J.  1.°,  p.  1,*,  C.  159. 

Garganta  d  eiroo,  geogr.,  1258.  Inq.  380,  2.'  cl. 

Garida,  geogr.,  1258.  loq.  732,  1.'  el. 

Garra,  n.  h.  (?),  1099.  Doe.  ap.  auth.  most.  Pendorads.  IMpl.  543. 

Garaea,  n.  h.,  915.  Doe.  ap.  auth.  sec.  xiv.  Dipl.  12.— Id.  72. 

Garaeanns,  n.  h.,  850-866.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  2.— Id.  72. 

Garseas,  n.  h.,  977.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  76.— Id.  77. 

Garseaz,  app.  h.,  108Õ.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  380. 

Garsias,  n.  h.,  946.  Doe.  most.  Moreira.— Leg.  383  e  401. 

Garsiií,  app.  h.,  1152.  For.  do  Banho.  Leg.  383.— Id.  421. 

Gartia,  n.  h.,  1017.  Doo.  most.  Pendorada.  IHpl.  144.— Id.  252. 

Gartianiz,  app.  h.,  976.  Doe.  most.  Lorvío.  Dipl.  74,  n.°  117. 

Garna,  geogr.  (?),  see.  xv.  S.  372. 

Garues,  geogr.,  968.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  60, 


byGoot^lc 


o  AbCHEOLOQO  FOKTUGDfia  389 

Gsnas,  geogr.,  1258.  Inq.  473,  2.'  cl. 

Ganei,  app.  h.,  974.  Doe.  sé  de  Coimbra.  Dipl.  73. 

Gania,  n.  h.,  974.  Doe.  8é  de  Coimbra.  Dipl.  72.— Id.  128. 

Gbsco,  app.  h.,  see.  XT.  S.  163. 

Gaseom,  app.  h.,  12Õ8.  Inq.  526,  2.*  cl. 

Gaasla.  Vide  Cássia. 

Gasto,  app.  h.,  sac.  xv.  S.  280. 

Gasaes,  geogr.,  968.  Doo.  ap.  see.  xui.  Dipl.  61,  1.  4. 

Gata,  app.  m.,  1258.  Inq.  665,  1.'  cl. 

Gateira,  geogr.,  1258.  Inq.  671,  1.»  cl.— Monte.  Id.  732,  1.*  cf. 

Gato,  app.  h.,  see.  XV.  S.  149. 

Gatom,  geogr.,  1258.  Inq.  438,.2.'  cl.— Id.  435. 

Gaton,  n.  h.,  870.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  4.— Id.  92. 

Gatone,  n.  h.,  968.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  62.— Id.  377. 

Gatones,  villa,  1032.  L.  Preto.  Dipl.  169,  n."  277. 

Gatoniz,  app.  h.,  1008.  L.  Preto.  Dipl.  I2õ,  n."  203.— W.  187. 

Gatoniii,  app.  h.,  994.  L.  Preto.  Dipl.  106,  n."  170. 

Ganano,  monte,  952.  L.  D.  Mum.  Dipl.  38. 

Candeia  (Oonveia),  villa,  1169.  For.  Linhares.  Leg.  39Õ.— Id.  453. 

Gandemiro,  d.  h.,  1092.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  IMpl.  470. 

Gaadengn,  d.  h.,  1091.  L.  Preto.  Dipl.  451. 

Gandesindo,  n.  h.,  994.  L.  D.  Mum.  Dipl.  104. 

GandUa,  u.  h.,  994.  L.  D.  Mum.  Dipl.  104.— Id.  204. 

Gandili,  D.  m.,  1017.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  144.— Id.  184. 

Gaodilizi,  app.  h.,  1032.  L.  Preto.  Dipl.  167,  n.«  273. 

Gandilli,  n.  m.  (?),  1083.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  Dipl.  371.— 

Id.  378. 
Gandinaa,  n.  h.,  976.  Doe.  most.  LorvJto.  Dipl.  73.— Id.  78. 
Gaadinii,  app.  h.,  946.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  33,  n."  56. 
Gandiuns,  n.  h.,  992.  Doe.  most.  LorvSo.  Dipl.  102.— Id.  532. 
Gaadlo,  n.  h.,  1020.  L.  Preto.  Dipl.  102,  n."  24Õ.— Id.  21. 
Gandiosa,  n.  b.,  994.  L.  Preto.  Dipl.  152.— Id.  131. 
Gaudioso,  n.  b.,  995  (?).  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  108. 
Gandiosi  (Portela  de),  geogr.,  1058.  L.  D.  Mnm.  Dipl.  252.—  Id. 

402. 
Gandiosom,  monte,  1071.  Doo.  ap.  antb.  see.  XIV.  Dipl.  306. 
Gaudiíi,  app.  m.,  1086.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  Dipl.  390. 
Ganduuia,  n.  h.  (?),  867-912.  L.  Preto.  Dipl.  3. 
Ganfo  (Souto  de),  geogr.,  1258.  Inq.  430,  1.'  c!. 
Ganielo,  rio,  1055-1065.  For.  Paredes.  Leg.  347. 
GaailU,  n.  h.,  1083.  Doe.  most.  Graça.  Dipl.  374. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


390  O  AacBmxjoao  Pittirooiíâi 

Gaulaius,  a.  h.,  1013  (?).  Dípl.  136.— Id.  239. 

Gininis  app.  h.,  lOU.  L.  D.  Mnm.  Bipl  140.— Id.  386. 

GauiDÍzi,  app.  h.,  1085.  Tombo  D.  Maior  Haitius.  1^1.  378. 

Gaoino,  n.  h.,  1085.  Tombo  D.  Uúor  Martinz.  IKpl.  379. 

Gaainns,  n.  h.,  863.  L.  Freto.  DÍpl.  7.— Id.  41. 

Ganladria,  n.  h.,  1068.  Doe.  most.  Moreira.  INp).  291. 

GaoDla,  n.  h.,  1100.  L.  B.  Feir.  Dipl.  546. 

Ganvioa  (Casal  de),  geogr.,  1258.  Inq.  733,  2.*  ol. 

Gaviaes  (Fonte  de),  geogr.,  1258.  tnq.  314,  2.*  cL 

Gavim  (S.  Jacobo  de),  geogr.,  1220.  Inq.  63,  2.'  cl.— -Id.  201. 

Gavianco,  villa,  1258.  Inq.  432,  1.»  cl. 

Gavilz,  app.  h.,  1220.  Inq.  157,  2.*.ol. 

Gavim,  geogr-,  1258.  loq.  679,  2.»  d.— Id.  713,  2.'  cl. 

Gavineiras  e  Gaviueiru,  geogr-,  1258.  Inq.  666,  2.*  cl. 

Gavino  (Casal),  geogr.,  1258.  Inq.  402,  1.'  cl. 

Gavio,  app.  h.,  1220.  Inq.  201,  2.*  ol. 

Gaviom,  geogr.,  1258.  Inq.  332,  1.*  cl. 

Gavya,  geogr.,  1258.  Inq.  356,  2-*  cl. 

Gaya,  geogr-,  1258.  Inq.  617,  1.'  cl. 

GayfaaeB,  geogr-,  1258.  Inq.  604,  1."  cl. 

Gayndii,  app.  h.,  1258.  Inq.  673,  1.'  cl. 

Gayndo,  geogr.,  1258.  Inq.  727,  I.'  cl. 

Gayo,  app.  h.,  1258.  Inq.  392,  2.'  cl.— Id.  651- 

Gaiim,  D,  b.,  967.  I»oc.  most.  LorvSo.  Dipl.  60,  I.  2.— Id.  215.- 

Geato  (Trás),  geogr-,  1258-  Inq-  294,  1.'  d. 

Gebir,  n.  b.,  1018  (?).  Doc-  most.  LorrSo.  Dipl.  149. 

Gebre,  n.  h.,  1088.  L.  Preto.  Dípl.  418,  1.  5. 

Geda,  n.  b.,  946.  Doc-  most-  Moreira.  IHpl-  33.— Leg.  347. 

Geesia,  geogr.  (?),  1258.  Inq.  439,  2.*  d. 

Geela  (S.Vicente  de),  geogr.,  1258.  Inq.  381,  1.'  cl.— Id.  387. 

Geendez,  app.  b-,  sec-  xv.  8.  277. 

Geens,  villa,  1258.  Inq.  516,  2.*  cl. 

Geenstali,  geogr.,  1258.  Inq-  472,  2*  cl. 

Gees  (San),  geogr.,  1258.  Inq-  294,  2.'  cl. 

Geesca  (Outeiro  de),  geogr-,  1268.  Inq.  619,  1.»  d. 

Geestaes,  geogr-,  1258.  Inq.  397,  1.'  d. 

Geestali,  geogr.,  1258.  Inq.  646,  1.*  d. 

Geesteira  d  espiueira,  geogr.,  1220.  Inq.  365,  2.*  cl. 

Geesto,  geogr.,  1258.  Inq.  393,  1-'  el. 

Geestoso,  geogr.,  1258.  Inq.  346,  I.*  d. 

GeUanes,  geogr.,  1034.  L-  Preto.  Dipl.  175,  n.'  287.  . 


byCoOglc 


o  ÂscaaNjOQO  Fovrootifis 


<;eilo,  n.  m.,  1086.  Tombo  D.  Maior  Martinz.  Dipl.  391. 

Geinzo,  vilU,  1208.  Inq.  535,  1/  cl.    ' 

Gelbira,  n.  m.,  1043.  Doo.  most.  Moreira.  Dipl.  198. 

Geldemiro,  n.  b.,  1045.  L.  D.  Mnm.  IMpI.  208.  — Id.  376. 

Gelia,  geogr.,  1258.  Inq.  314,  2.'  d. 

GeUa,  Q.  h.,  989.  IKpt.  98. 

Gelmerixi,  ^p.  h.,  1085.  Tombo  D.  Haior  Martinz.  Dipl.  381. 

Gelndr,  viUs,  1066.  Doe.  most.  Pondorada.  Dipl.  283. 

Gelmiria,  villa,  1070.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  304. 

Gelmirizi,  spp.  h.,  1094.  Doe.  ap.  antb.  sec.  xiii.  Dipl.  484. 

Gelaiiro,  n.  h.,  1059.  Doe.  most.  MOTeira.  Dip.  254. 

Ceio,  D.  m.,  1075.  Doo.  *p.  sec.  xu.  Dipl.  322. 

Geleira  e  Geloíra,  núnba,  915.  Doc.  sec.  XIV.  IXpl.  13 — Id.  SIO. 

G«ÍTÍra,  D.  m.,  1258.  Inq.  402,  !.■  oL 

Gemecios  (S.  Michaet  de),  geogr.,  1220.  Inq.  29,  2.*  cl.— Id.  180. 

Gemeeira,  geo^.,  1220.  Inq.  24,  1.'  d.— Id.  181. 

Gémeo,  geogr.,  1258.  Inq.  586,  2.*  cl. 

Gemi  (S.  Croio  de^  geogr.,  1258.  Inq.  429,  2."  ol. 

Gemili,  monte,  1093  (?).  L.  Preto.  Dipl.  475.— Id.  495. 

GemÍDalibns  (Casal  de),  geogr.,  1258.  Inq.  735,  2.*  cl. 

Geminis  (S."  Maria  de),  geogr.,  1220.  Inq.  3,  1.'  cl.— Id.  32. 

Gemlo,  n.  m.,  1086.  Tombo  D.  M«or  Martína.  Dipl.  390. 

Gemnadio,  bispo,  915.  Doc.  ap.  sec.  xiv.-  Dipl.  12. — Id.  13. 

GemOBdo,  n.  b.,  1004.  L.  Preto.  Dipl.  118.— Id.  202. 

Gemnodi,  villa,  879.  Doc.  most.  Morrâra.  Dipl.  78.— Id.  164. 

Gemniidia,  app.  b.,  1023.  L.  D.  Mum.  IHpl.  156. 

Gendiz,  n.  b.,  978.  Doc.  most.  Lorvio.  Dipl.  78. 

Gendo,  n.  b.,  972.  Doc.  most.  S.  Vicente.  Dipl.  66.— Id.  84. 

Gendon,  n.  b.,  1095.  Doc.  most  Lorvto.  Dipl.  489. 

Gendonú,  app.  b.,  1050.  Doc.  most.  Pedroso.  Dipl.  230. 

Geuéa,  geogr.  (?).  For.  de  Jermêllo.  Leg.  433,  1.  33. 

Geneceo,  n.  b.  (?),  9Õ0.  Doc.  ap.  sec  XUI.  Dipl.  35. 

Genele,  app.  m.,  1258.  laq.  638,  2.*  cl. 

Genesi  (Sancti),  1058.  L.  D.  Mum.  Dip!.  252.— Id.  335. 

Genesio  (Sancto),  geogr.,  1220.  Inq.  17,  1.*  cl.— Id.  242. 

Genestaclolo,  geogr.,  959.  L.  D.  Mum.  Dipl.  46,  l.  IS. 

Genestacolo,  monte,  1068.  Doc.  most.  Fendorada.  IKpl.  295. 

GenesUli,  geogr.,  1258.  Inq.  504. 

Genestaxo,  moate,  875.  Dipl.  5. 

Genestazo,  monte,  1059.  L.  D.  Mam.  Dipl.  262,  1.  3.— Id.  285. 

Genestazolnm,  monte,  1054.  Doc.  most.  Fendorada.  Dipl.  238. 


byGoot^lc 


o  Abcbeologo  Português 


GenestoM,  villa,  974.  Doo.  Bé  de  Coimbra.  Dipl.  72.— Id.  80. 

Genidi,  n.  h.  (?),  1061.  Doe.  most.  Pendorads.  Dipl.  268. 

Geoido  (Font«  de),  geogr.,  1258.  Iat{.  635,  1.'  cl. 

GeuUli,  Q.  h.  (?),  953.  Doo.  most.  Goimarles.  Dipl.  39. 

Genilo,  n.  h.  (?),  1016.  L.  Preto.  Kpl.  142. 

Geuixo  (S.  Salvatore  de),  geogr.,  1220.  Inq.  28,  2.'  cl.— Id.  107. 

Genio,  n.  m.,  1070.  Doe.  ap.  sec.  xii.  Dipl.  301.— Id.  370. 

Gennadins,  bispo,  915.  Doo.  ap.  anth.  sec.  zir.  Dipl.  13. 

Genoa  (Génova),  geogr.,  sec.  IV.  F.  López,  Chr.  D.  J.  1.",  p.  2.*, 

C.  94. 
Genoi,  n.  h.  (?),  1065.  Doe.  most.  Peadorada.  Dipl.  282.— Id.  483. 
Genopreda,  a.  m.,  1046.  L.  Preto.  IHpl.  212. 
Gentonix,  app.  h-,  1095.  Doe.  most.  liorvlo.  Dipl.  488. 
Genulfo,  u.  h.,  sec.  XI.  L.  D.  Hmn.  Dipl.  562. 
Geolnira,  n.  m,,  1083.  Doo.  most.  Moreira.  Dipl.  367. 
Georgeo  (Sancto),  geogr.,  1220.  Inq.  195,  2.*  cl. 
Georgio  (Sancto),  geogr.,  1220.  Inq.  5,  1.*  cl. 
Georgiofl,  bispo,  1070.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  304. 
Geraldíz,  app.  b-,  1257.  For.  de  Tinella.  Leg.  677. 
Gerai,  geogr.,  1220.  Inq.  145,  2.'  cl— Id.  246. 
Geremias,  n.  b.,  1041.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  193. 
Gerey,  geogr.,  1258.  Inq.  381,  1.'  cl. 
Genuauello  (Jermêllo),  villav  For.  de  Jermêllo.  Leg.  432. 
GermaoB  (Casal  de),  geogr.,  1^8.  Inq.  409,  2."  cl. 
GermíBs,  n.  b.,  974.  Doe.  sá  de  Coimbra.  Dipl.  71.— Id.  113. 
Germondo,  n.  b.,  1052.  L.  Preto.  Dipl.  168. 
Germaudi,  geogr.,  1258.  Inq.  715,  1.*  cl. 
Geroucii,  geogr.,  1100.  Doe.  most.  Lorvão.  Dipl.  554. 
Geroutio,  geogr.,  1076.  Doo.  most.  Pendorada.  Dipl.  327. 
GeroDio,  monte,  925.  Doo.  most.  Aroues.  IMpl.  20,  1.  2. — Id.  544. 
Gemas,  app.  b.,  sec.  XV.  S.  155. 
Geruasia,  n.  h.,  1237.  For.  de  Cedofeita.  Leg.  627. 
Geruira,  n.  m.,  1085.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  381. 
Gervaz,  app.  b-,  sec.  xv.  S.  170. 
Geserigns,  n.  b.,  955.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  40. 
Gesíli,  n.  b.  (?),  1065.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  282. 
Ge8iUi,villa,  1059.  L.  D.  Mum.  Dipl.  260,  1.  52. 
Gesmondi,  geogr.,  1220.  Inq.  112,  1.*  cl. 
GesmoDdo,  n.  b.,  1018.  L.  Preto.  Dipl.  147.— Id.  297. 
Gesmondi  (S."  Maria  de),  geogr.,  1220.  Inq.  32,  2.'  cl. 
Gesta,  geogr.  sec.  xv.  S.  389. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  Portuquês  3 

Gesulfo,  D.  h.,  993.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  103. 

Gesalfns,  n.  h-,  773  {?).  L.  Preto.  Dipl.  2. 

Getina,  n.  m.  (?),  989.  Dipl.  98. 

Getoa,  n.  h.,  994.  L.  D.  Mum.  Dipl.  103. 

GetonU,  app.  h.,  94(5.  Doo.  most.  Moreira.  Dipl.  33. 

Cia  (Porto  de),  geogr.,  1258.  Inq.  384,  2.»  cl. 

Giam  e  Joam  (Sam),  1272.  For.  de  Azambuja.  Leg.  727. 

Giarah,  n.  h.,  tOI6.  Doe.  most.  Lorvtlo.  Dipl.  143. 

Gibaltar  (Gibraltar),  geogr.,  sec.  xv.  F.  López,  Cbr.  D.  J.  1.",  p. 

C.  87.— Aziír.,  Chr.  da  Guioé,  p.  28. 
Giehoi,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  288. 
Gicoi,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  190. 
Cidemiro,  n.  h.  1037-1065.  Dipl.  280. 

Gidisliz,  app.  h.,  1083.  Doe.  sá  de  Coimbra.  Dipl.  373.— Id.  41: 
Giela,  n.  h.,  965.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  57,  n."  90. 
Giis,  app.  b.,  12Õ8.  laq.  432,  I.'  cl. 
CUw»,  geogr.,  1220.  Inq.  107,  I.«  cl.-Id.  301. 
Gfl,  app.  h.,  1220.  Inq.  181,  1.'  cl.— Id.  318.— Leg.  140  e  34 
GilatoDso,  D.  h.,  sec.  xi.  L.  D.  Mum.  Dipl.  564. 
Gilde,  geogr.,  1258.  Inq.  338,  1.'  cl. 
Gildo,  u.  h.,  951.  Doo.  most.  Arouca.  Dipl.  36. 
Gilf-mlras,  n.  h.,  924.  L.  D.  Mam.  Dipl.  19. 
GilidarSes,  app.  m.,  sec.  xv.  S.  204. 
Cill,  app.  h.,  sec.  xv.  8.  paesim. — Leg.  727. 
GUmir,  n.  h.,  1258.  Inq.  344,  2.»  cl.— Id.  415. 
Gilmiriz,  app.  h.,  1220.  Inq.  78,  2.'  cl. 
GUniiro,  n.  h.,  971.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  66.— Id.  166. 
Cito,  n.  h.  (?),  sec.  XI.  L.  D.  Mum.  Dipl.  564. 
Giloira,  rainbs,  915.  Doe.  ap.  auth.  sec.  XIV.  Dipl.  13. 
Ciloira,  n.  m..  931-950.  L.  D.  Mum.  Dipl.  23.— Id.  385. 
Gilvira,  geogr-,  1220.  Inq.  50,  1.'  cl. 

Gimaemims,  n.  h.,  1054.  Toiubo  de  D.  Maior  Martinz.  Dipl.  23í 
Gimara,  n.  h.,  1047.  L.  Preto.  Dipl.  220. 
Cindi,  n.  h-,  927.  Doo.  most.  LorvSo.  DÍpl.  20.— Id.  374. 
Gimil,  monte,  1098.  L.  Preto.  Dipl.  523. 
Gino  (Agro  de),  geogr-,  1258.  Inq.  326,  1.»  cl. 
Girai,  n.  h.,  1258.  Inq.  401,  2.»  cl.  — Leg.  229. 
Giralda,  n.  m.,  1258.  Inq.  278,  2.»  cl. 
Giralde,  n.  h.,  seo.  XV.  S-  226. 
Giraldet,  app.  h-,  sec.  XV.  S.  329. 
Giraldit,  app.  h.,  1258.  Inq.  342,  1.'  cl. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


394  O  ABCKBOLOGO  FDBTDeilÉS 

Ciraldii,  app.  h.,  1220.  Inq.  113,  2.»  d.— Id.  43  e  125. 

Ciraldns,  bispo  bracar.,  1097.  Dipl-  Õ13.— Id.  525. 

Girardas,  n.  h.,  1086  {?).  Doe.  most.  Lorvio.  Dipl.  402. 

Ciroa,  app.  m.,  sec.  iv.  S.  153. 

GiroDzo,  geogr..  946.  Doe.  most.  Morúrs.  Dipl.  33,  1.  2. 

Gismonda,  d.  h-,  949.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  34. 

Gistola,  n.  h.,  1258.  Inq.  532,  1.'  cl. 

Gitasinde,  n.  li.,  875.  Dipl.  6. 

GiastUanis  e  Gostelanis,  geogr-,  1220.  Inq.  8,  1.*  cl. 

GllZ  (Gonçálvez),  sec.  xv.  Ãznr.,  Chr.  da  Qaiaé,  72  e  151. 

Gôa,  app.  h.,  seo.  xv.  F.  López,  Chr.  D.  J.  1.%  p.  1.',  C.  114. 

Goab,  a.  li-,  1039.  Tombo  S.  S.  J.  Dipl.  186. 

Goacin»,  n.  h.,  1091.  Doe.  most.  da  Qraça.  IMpl.  446. 

Goaens,  geogr.,  1258.  Inq.  399,  2.*  cl. 

Goaes  e  Guaes,  geogr.,  1220.  Inq.  181,  1.»  cl.— Id.  100. 

Goatoaraes,  geogr.,  1258.  Inq.  582,  2.*  ol. 

Goamir,  Gnamir  e  Gaamir,  ge<^.,  1220.  Inq.  111,  2.*  cl. — Id.  355. 

Goandinns,  n.  h.,  1002.  L.  Preto.  Dipl.  116,  n."  191. 

Gobaise.  Vide  Gabeiro. 

Gocheriz,  app.  h.,  1220.  Inq.  76,  1.'  cl. 

Goçoi,  app.  h.,  sec.  xv.  S.  288. 

Goda  e  Goda,  n.  m.,  994.  L.  Preto.  Dipl.  106.— Id.  176.— Inq.  388. 

Godda,  n.  m.,  1018.  L.  Preto.  Dípl.  148. 

Godegena,  n.  m.,  1078.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  337. 

Godegia,  n.  h.  (?),  1056.  Doe.  most.  Uoreira.  Dipl.  244.— Id.  246 

e  490. 
GodeUa  e  GnteUa,  n.  m.,  1008.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  121. 
Godemeri,  villa,  1013.  Dipl.  136,  I.  28. 
Goderedus,  n.  h.,  999.  L.  D.  Mam.  Dipl.  112. 
Godesindii,  app.  h.,  1097.  L.  Preto.  Dipl.  506. 
Godestedeo,  n.  h.,  1048.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  222. 
Godestediíz,  app.  h.,  1088.  Doe.  ap.  sec.  xvm.  Dipl.  ^6. 
Godesteiz,  app.  h.,  985.  Doe.  most.  LorrSo.  Dipl.  93. 
'^"■•esteiM,  app.  h.  1061.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  268. 

gia,  n.  li.  (?),  1047.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  219. 

iaza  on  Godiíiau,  geogr.,  1220.  Inq.  101,  1.*  cl. 

idi,  app.  h.,  1258.  Inq.  421,  2.'  cl. 

ido,  n.  h.,  12Õ8.  Inq.  423,  1.'  cl. 

iga,  geogr.,  1258-  Inq.  493,  1.*  cl. 

iii,  app.  h.,  1220.  Inq.  23,  2.'  cl.— Id.  35.  — S.  307. 

im  (Borva  de),  geogr.,  1220.  Inq.  243,  1.*  cl.  — Id.  631. 


byCOO^^IC 


o  ÂBCBBOLOGO  PobtcqdSs  395 

Godina,  D.  m.,  964.  L.  D.  Mum.  Dipl.  56. 

Godinau.  Vide  Godúsa. 

Godinaxos,  app.  h.,  1258.  Inq.  401,  2.*  d. 

Godiniz,  app.  h.,  1220.  Inq.  59,,2.Vcl..— H.  95. 

Godinizi,  app.  h.,  1060.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  26â.— Id.  353. 

Godinag,  n.  h.,  951.  Doe.  most.  Ãroaca.  Di])l.  36.— Id.  138. 

Godio,  n.  h.,  1220.  Inq.  16,  1.»  cl— Id.  19. 

GodUalnii,  app.  h.,  1096.  L.  Preto.  Dipl.. 496. 

Godisteo,  n.  h.,  994.  L.  D.  Mum.  Dipl.  103. 

Godis,  app.  h.,  1006.  Doo.  most.  Moreira.  Dipl.  122. 

Goda,  app.  h.,  1220.  Inq.  21,  1.'  cl. 

Godo,  n.  m.,  960.  L.  D.  Mum.  Dipl.  50— H.  99. 

Godomira  e  Gondimira,  n.  m.,  1220.  Inq.  23,  1.*  cl. 

Godou,  n.  h.,  949.  L.  D.  Mum.  Dipl.  34.— Id.  287. 

Go«mir,  geogr.,  1088.  Doo.  aé  de  Coimbra.  Dipl.  423. 

Goera,  geogr.,  1258.  Inq.  686,  2.'  cl. 

Goeriga,  n.  h.,  1076.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  327. 

Goesendi,  geogr.,  1258.  Inq.  728,  2.'  cl. 

Goesteiz,  app.  h-,  951.  Doo.  most.  Arouca.  Dipl.  36. — Inq.  98. 

Goesteo,  n.  L.,  1055.  L.  Preto.  Mpl.  240.— Inq.  81. 

Goestei  e  GoesUs,  app.  h.,  1220.  Inq.  148,  2.*  cl. 

Goeyçoy  e  Goyçoy,  n.-  h,,  sec.  xv.  S.  190. 

Gogidiz,  app.  h.,  1017.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  144. 

GogiUi,  a.  m.,  978.  Doe.  most.  LorvSo.  IXpl.  78. 

Gogín,  n.  h.  (?),  1258.  Inq.  387,  2.'  cl. 

GogÍDa,  n.  m.,  1039.  L.  Preto.  Dipl.  186.— Id.  202. 

Gogino,  n.  h.,  1258.  Inq.  419,  2.*  cl. 

Gogio,  n.  h.,  sec.  xv.  L.  D.  Muip.  Dipl.  564. — Inq.  335. 

Gogito,  n.  L,  1012.  Doe.  most.  da  Oraça.  Dipl.  134. 

Gogominho,  app.  h-,  sec.  xv.  S.  182. 

Goiaes,  geogr.,  1220.  Inq.  95,  2.»  cl.— Id.  179. 

Goiam,  D.  h.,  984.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  89.— -Inq.  153. 

Goido,  D.  b.,  1092.  Doe,  moet.  Moreira.  Dipl.  467.— S.  194. 

Goimiriz  e  Gnimíriz,  app.  b.,  1025.  L.  Preto.  Dipl.  159. 

Goimirlzi,  app.  b.,  1068.  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  289. 

Goimirns,  n.  h.,  964.  L.  D.  Mum.  Dipl.  56.— Id.  127. 

Goin,  geogr.,  1258.  Inq.  593,  2-'  cl. 

Goina,  n.  m.  (?),  1024.  Doe.  most.  Pendorada.  Dipl.  157.— Inq.  157. 

Goinha,  n.  m.,  sec.  XV.  S.  175. 

Goioi,  n.  b.  (?),  1040.  L.  Preto.  Dipl.  189. 

Goios,  app.  m.,  .1220.  Inq.  114,  2.»  cl.— Id.  233. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


396  O  ÀBCm»LOGO  PoBTDâuAs 

GoiM,  B.  h.,  1258.  Inq.  312,  1.'  cl. 

Goirígo,  n.  h.,  993.  Doe.  moBt.  Moreira.  Dipl.  103. 

Goivas  e  Gonvas,  geogr.,  1200.  Inq.  128,  2.'  cl. 

GoUaee,  geogr.,  1014.  L.  D.  Mum.  Dipl.  138.— Id.  334. 

Goldara,  n.  m-,  »ec.  xv.  S.  299. 

GokUrw  e  Goldws,  app.  h.,  sec.  zv.  S.  164. 

GoMarez,  app.  h.,  «ec.  xv.  S.  299. 

GoUenffoi»,  B.  m.,  1100.  L.  Preto.  Dipl.  553. 

GoUmw,  app.  h.,  989.  Dipl.  98. 

G^Umo»,  n.  h.,  1089  (?).  Doe.  most.  Moreira.  Dipl.  433. 

(Contbia). 

A.  A.  CosTBslo. 


Ulsoellanea 
I 

1.  Vmn  rari4a4e  taim«aekle* 

«O  sr.  António  Luís  Oongalves  envíou-nos  um  billiete  de  touros, 
da  antiga  praça  do  Salitre,  que  tem  um  século,  pois  data  de  1805^ 


I  TOUROS  * 

S' pra(;adosautbe,* 

para  ser  vendido  a  qnem  mais  der,  e  o  preço  oiferecido  ser  appUcado 
em  beoeficio  da  viuva  de  um  major  do  exercito,  que  nXo  tinha  monte- 
pio, por  exceder  a  idade  quando  foi  promovido  a  ciliciai. 


bvGooylc 


o  Abchboloqo  PoKPaavÈs  397 

Aqui  damOB  hoje  o  fac-simile  do  bilbate,  ficando  o  original  nesta 
redacção  para  ser  visto  e  adjudicado  a  quem  der  maior  lançoi. 
(Diário  áe  Ifotida»,  de  37  de  Agosto  de  1905} 

2.  CaiteUo  da  Feira 
Importants  devoqtiriínento 

«O  caetello  da  villa  da  Feira  é  um  dos  maia  característicos  monu- 
mentos do  nosso  pais. 

Ko  dia  6,  andando  a  passear  no  oastelio,  dois  apaixonados  â'eUe, 
os  Srs.  Drs.  Oonçalves  Coelho,  autor  de  nma  importante  mooographia 
em  parte  inédita  sobre  os  condes  da  Feira,  e  Vaz  Ferreira,  que  soli- 
citoa  do  Sr.  Conde  de  Faço  Vieira,  quando  Ministro  das  Obras  Pu- 


Cutsllo  da  F«rn  A  inicHpçia 

blicas,  um  subsidio  para  reparaçSea  urgentes  na  cortina  externa  do 
castello,  conseguiram  ler  as  inscripçSes  lavradas  na  cantaria  da  porta 
de  saída  do  caminho  coberto. 

Parece  que  eSo  as  assinaturas  de  dois  architeotos  que  trabalharam 
na  ultima  reconstmcçSo  do  castello  e  que  devem  dizer: 

FYLYPO  DIAZ 
DOMIGO 

seguida  esta  nltima  palavra  de  um  monogramma  indecifrado  por  em- 
quanto. 

Sobre  a  porta  chamada  dos  campos  ou  da  traiçXo  também  desco- 
briram os  mesmos  senhores  a  data  de  13âõ,  em  pedra  que  se  afigura 
miús  antiga  do  qne  a  cantaria  adjacente.  Deve  ser  a  data  da  tomada 


byGoí>^^lc 


398  O  Abchbologo  PtHcrOQUâfl 

do  câsteUo  pelos  do  Porto,  qasDdo  se  ftlutnTS  pelo  psis  »  oeoaeqaen- 
cia  da  heróica  btíalha  de  Aljuburota. 

Ka  recoustrucçSo,  sem  duvida  posterior,  foi  muita  pedra  ãfto- 
veitada  e  por  certo  conservada  no  seu  próprio  lagar  essa  data  tus- 
toríca. 

Bom  será  advertir  que  formulamos  simplesmente  hjpotbeaes. 

Consta-nos  também  que  se  está  otganisando  na  viUa  da  Feira  uma 
sociedade  com  o  fim  de  reunir  iniciativas  particulares  para  fomentar 
e  coadjuvar  a  conservação  do  Castello  da  Feira,  chamando  assim  a 
attenç&o  dos  ^vernos  para  esses  padrSes  gloriosos  da  nossa  lústoría 
e  das  passadas  grandezas  que  sSo  a  oonsnbstanciaçXo  das  tradiçSes 
patrióticas  I. 

(Diário  dt  líotíeia*,  ds  9  de  Agosto  de  1905). 

Nota. — Ab  inscripfSeB  traçadas  em  letras  de  cnriiro  gótico  do  sec  xti  de- 
vem ler-se /yíjipe  diat  (oq  dominguet)  e  domingoê  talvez  ^onpi/ixi.  SBo  evidente- 
mente tinaee  de  doíe  caoteiros. 

8.  Achado  de  Moedai  portagietas 

t Achado  valioso. — Uns  farazes  (casta  Ínfima)  encoqtraram  numas 
escavaçSes,  em  Pemem  (índia  Portuguesa],  algumas  moedas  de  ouro, 
que  passaram  aos  ourives  da  localidade,  os  qaaes  nSo  tardariam  por 
certo  em  transformar  o  precioso  achado  em  brincos  e  pulseiras,  se  a 
autoridade  não  interviesse  a  tempo  de  apprehender  seis  d'essaa  moedas, 
que  hão  de  ser  de  incalculável  valor  histórico  e  muito  apreciada  pelot 
apaixonados  pela  numismatíoai. 

(JontcU  dat  Colomat,  de  83  de  Setembro  de  1905). 

i.  «O  Henorlal  das  moedas»  de  Fr.  Fraaelseo  de  Santa  Maria 

No  Archivo  Nacional  encontra-se  um  códice,  que  ali  tem  hoje  o 
numero  823,  o  qual  se  intitula:  Obras  do  Padre  Mestre  Fr.  Frtateuco 
de  Santa  Maria  Lisbonense  Âugustiniano  Provincial  gii«  fitg  desta 
Provinda  e  acabou  em  9  de  Novembro  de  1743  efaUeceu  em  12  de  Ja- 
tieiro  de  1745  annos.  Entre  os  trabalhos  que  naquelle  códice  se  ea 
centram,  relativos  na  m^or  parte  á  ordem  dos' Agostinhos,  e  que  nSo 
aponto,  menciono  o  Memorial  das  moedas  de  ouro,  prabt  e  eobn  ju 
tem  corrido  neste  nosso  Reyno  desde  a  sua  origem  athe  agora  (Fl.  209 
'  a  218).  Esta  memoria  encontra-se  impressa  na  Hiatoria  Oenealogica 
da  Casa  Real  Portuguesa,  tomo  iv,  publicado  em  1738,  ainda  em  rida 
portanto  de  Fr.  Francisco  de  Santa  Maria.  O  texto  manuscrito  é  tra- 


byGoí>^^lc 


o  Abcheologo  Fobtuquês 


çado  com  letra  elegante  e  de  fácil  leítutaj  as  notas,  por^tn,  que  o  acom- 
panham e  que  me  parecem  da  mão  do  augustioiaDO,  sSo  de  leitura 
mais  demorada,  devido  em  parte  á  mendeza  dos  caracteres  e  em  parte 
á  tinta  amarellada,  de  qne  se  serviu.  O  texto  mannscrito  aSo  repre- 
senta inteiramente,  o  qne  está  impresso,  por  isso  que  algumas  palavras 
foram  substituídas  e  algumas  constmoçSes  grammaticaes  foram  trans- 
formadas. Também  no  impresso  entraram  algumas  das  notas,  que  acha- 
mos no  exemplar  manascrito.  Em  geral  a  memoria,  que  vem  impressa 
na  Historia  Genealógica,  é  mais  completa  e  mais  abundante  em  noticias 
de  moedas,  do  qne  a  de  qne  dou  conta. 

Claramente  se  vê  que  o  manuscrito  é  o  trabalho  primitivo,  que, 
refundido  e  ampliado  com  as  noticias  que  ia  colligindo  Fr.  Francisco 
de  Santa  Maria,  foi  por  este  depois  ofFerecido  a  D.  António  Caetano 
de  Sousa  para  a  vasta  obra,  que  o  douto  académico  levou  a  cabo. 


Fedro  ã.  de  Azevedo 


1.  A  deisa  NabU 

N-O  Arch.  Port.,  vi,  105  e  134,  fala-se  de  ama  inscripçio  consa- 
grada á  densa  Nabu,  apparetnda  em  Fedróg&o  Pequeno,  concelho 
da  Sertã.  EUa  tinha  já  sido  publicada 
no  Corp.  Inter.  Lai.,  u,  5623,  e  tor- 
non-o  a  ser  por  mim  nas  HeligiSes  dft 
Lutiíania,  H,  277. 

Ima^nava  eu  perdida  a  lapide  res- 
pectiva, mas  felizmente  não  o  está. 

Tendo  ido  a  Pedrógão  o  Sr.  José 
de  Almeida  Carvalbaes,  Preparador  do 
Museu  Ethnologico,  o  Sr.  Dr.  F.  Alves 
Pereira,  Official  do  mesmo,  incumhiu-o 
de  ahi  a  procurar,  o  que  elle  fez  com 
tanto  desvelo,  que  não  só  lhe  desco- 
briu o  paradoiro,  mas  a  adquiriu  para 
o  Museu  Ethnologico,  onde  hoje  occupa 
logar  entre  ostras  lapides  consagradas 
a  divindades  lusitanicas. 

Como  ainda  nSo  havia  desenho  da 
pedra,  aqui  a  represento  na  figura  junta, 
da  qnal  se  vê  que  as  liçSes  dadas  até  agora  estio  correctas.  Na  3.* 


ÇlCEROl 
AAAA/Cl 

A/ABÍAÉ 


||V 


< 


||''  í! 


I'  y. 


b,GtK)ylc 


400  O  ÃSCHEOLOQO  FO&TDQDÊB 

linha  ha  realmente  os  pontos  que  se  vêem  no  original,  e  que  já  foram 
indicados  num  dos  citados  passos  d-0  Arckeologo. 

A  inscripçSo  está  gravada  em  uma  arazíolia  de  granito  de  0*,70 
X  0",28  X  0",20;  a  altura  das  letras  oscilla  entre  0",06  e  0",07. 
à  parte  superior,  ou  cornija,  está  quebrada  em  alguns  pontos;  ftn  res- 
taurada ao  Museu  com  gesso  e  pintada  da  cdr  do  granito. 

2.  Pátera  de  prata 

Lembrar-se-hio  acaso  os  leitores  de  haverem  lido  n-0  ÂtcH.  Port., 
IX,  136,  nota  3,  que  o  Dr.  Teixeira  de  Aragão  possuia  um  bellissin» 
fundo  de  pátera  lositano-romana,  no  qual  ae  via  esculpida  ama  figura, 
e  gravada  uma  inscrípçSo, — objecto  appareddo  ao  pé  do  castro  de 
Alvarelhos,  em  terra  da  Maia '. 

No  artigo  em  que  se  diz  isto,  dizia-se  também  qne  AragSo  o  cedera 
a  um  antiquário  de  Paris,  em  ouja  casa  eu  o  procurara  em  v3o,  ptns 
que  elle,  quer  por  equivoco,  quer  por  conveniência  própria,  me  affir- 
mAra  tê-lo  enviado  para  a  America  do  Norte. 

Havia  eu  perdido  completamente  a  esperança  de  o  rehaver,  ou  ao 
menos  de  o  tornar  a  ver,  quando  se  me  deparou  o  bom  ensejo  de  o 
encontrar  em  Madrid,  em  Março  de  1905,  em  casa  de  um  archeologo 
amigo  meu,  por  occasíSo  de  este  me  mostrar  alguns  objectos  archeo- 
logicos  que  ultim«nente  adquirira. 

O  mesmo  illustre  archeologo  levou  a  sua  amabilidade  a  ponto  de 
me  ceder  para  o  Museu  Ethnolo^co  o  cubicado  objeoto  pelo  preço 
qne  por  elle  dera. 

De  modo  que  Portugal  foi,  por  assim  dizer,  reembolsado  de  um 
notável  documento  da  sua  historia  antiga  (documento  que  andava  ex- 
traviado), e  o  Museu  Etimológico  fícou  possuindo  mais  uma  jóia  ar- 
cheologica. 

S.  Á  clíterna  Ío  Castello  de  Lamego 

tÉ  fora  de  duvida  que  tende  a  desapparecer  sob  a  acçSo  e  cubica 
particulares  tudo  quanto  pertencia  á  antiga  fortaleza  do  Castello,  d'essas 
soberbas  e  extensas  muralhas  de  Lamego. 

Semelhante  abandono  tem  muito  de  criminoso,  e  bom  seria,  para 
nSo  ficar  de  nós  uma  memoria  tristíssima,  que  se  dispensasse  um 


■  Cf.  também  Edigiòei  da  Laaitama,  ii,  310,  onde  ae  publica  um  desenho 
d'eatc  objecto,  estraliido  i&t  Notidoê  de  Portugal  de  HQbner. 


..Googlc 


o  Abcheologo  Poktuquès  401 

poQco  de  carinhosa  attençSo  a  tudo  quanto  atteste  a  origem  d'esta 
cidade. 

Salte- se  á  frente  da  destruição  e  salve-se  ao  menos  e  conserve-se 
o  pouco  que  resta  d'esse  vasto  monumento  de  pedra. 

Uma  camará  qualquer,  de  tempos  que  se  perdem  na  memoria  pu- 
blica, praticou  o  gravissimo  erro  de  consentir  que  um  P 
cbasse  a  cisterna  num  sen  quintal!  Com  eondifSes,  sim,  p 
vedada  a  entrada  ao  publico,  mas  permittindo  ao  mesmo 
daçSo  de  um  alto  muro,  com  porta,  fechadura  e  chave, 
na  exclusiva  posse  do  dono  do  prédio. 

Isto  com  o  andar  dos  tempos  esquece,  e  a  prova  é  i 
moderna  desconhece  quasi  por  completo  que  a  cisterna 
e  que  cada  qual  a  pôde  ir  ver  quando  muito  bem  quiser, 
dever  favores  a  ninguém. 

Mais  um  geito  do  tempo,  e  aquella  soberba  obra,  na  e 
ros  donos  do  prédio,  arríaca-se  a  ficar  perdida,  sem  have 
contas  de  tamanha  barbaridade. 

O  qne  a  cistertis  lucrou  de  estar  ha  tantos  annos  sol 
guarda  de  um  particular  é  ter  servido  para  deposito  de  < 
obras  de  toda  3  casta. 

G  ninguém  se  resolveu  até  hoje  a  olhar  por  isto  e  a  e 
dalísmo ! 

à  camará  praticaria  um  acto  altamente  sympathico  s 
por  completo  a  asneira,  feita  em  tempos  remotos. 

A  cisterna  é  obra  para  ser  mostrada  aos  que  visitem  L 
nXo  emqnanto  a  abobada  lhe  servir  de  malhadouro  e  o  int 
posito  de  entulho. 

Já  qne  muito  se  deixou  perder,  ao  menos,  — :pQr  am< 
d' esta  terra, —  defenda-se  e  conserve-se  o  pouco  que  rest 

Para  isso  só  a  camará  tem  força  e  competência,  e  se 
cisterna,  pondo-a  em  condiçSes  de  ser  visitada  sem  desdou 
fará  um  serviço  do  agrado  de  toda  a  gente  e  especialmei 
soas  que  tem  no  maior  apreço,  por  saberem  quanto  valem  i 
gia,  estes  restos  que  atteetam  a.  remotíssima  infância  de  ] 

D-0  Proffrato  (Lamego)  n."  1:066,  de  9  de  Setembro  de  1905. 

4.  Mnien  de  Artilbaria 

«Neste  Museu  deram  ha  pouco  entrada  duas  soberbas  t< 
deixa,  que  nSo  somente  honram  o  seu  autor,  como  aquel 
contribuído  para  auxiliar  os  artistas  portugueses. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


402  O  ÃBCHEOLOQO  POBTUGUÊS 

Bom  seria  que  a  inici&IJva  particular  secundasse  os  esforços  dos 
que  tentam  toraar  conhecidos  não  s6  os  nossos  artistas,  como  as  pre- 
ciosidades históricas,  qne  representam  épocas  brilhantes  do  nosso  pas- 
sado. 

Dirigindo  o  Museu  acha-se  o  Sr.  General  Fedro  de  Alcântara 
Gomes,  que  é  um  dedicado  successor  do  general  Castel-Branco  e  qoe, 
com  igual  perseverança,  continua  a  valiosa  obra  do  sea  antecessor  e 
dedicado  amigo. 

O  governo  hespanhol  acaba  de  louvar  por  ordem  real  o  antigo  offi- 
cial  de  infantaria  D.  Affonso  de  Borboa  y  Borbon,  gr3-cruz  de  Cbristo 
e  Avis  de  Portugal,  por  ter  offerecido  ao  Museu  de  Artilharia,  ã'aqQelle 
pais,  valiosos  espécimes  de  uniforme  e  armamento  qne  pertenceram 
a  seu  pae  o  infante  de  Hespanba  e  capitão  general  dos  seus  ezerútos, 
D.  Sebastião  de  Borbon  j  Bragança. 

Oxalá  este  exemplo  servisse  de  incentivo,  no  nosso  pais,  a  tantos 
que  poderiam  amnentar  o  esplendor  do  nosso  Museu  de  Artilbaiia». 

{Diário  de  NoHàa»,  de  1  d«  Outubro  de  1905). 

S.  Dnas  raridades  MbUofrapU«aB 

Adquiri  ultimamente  dois  opúsculos  numismáticos  qne  se  referem 
ao  nosso  pais,  e  que  supponho  raros.  Eis  os  seus  titulos: 

1)  Estai  ã'attr3mtion  de  qudgues  monnaUs  ibériennee  à  la  vUle  de 
Salacia,  par  J.  Zobel  de  Zangróniz,  16  p.,  e  uma  estampa.  No  fim 
da  p.  16  tem  a  seguinte  indicação:  Paria. — Imprime  par  E.  Tkunot 
et  C,  26,  rtie  Racine, 

2)  Attribution  ã'une  monnaie  inédUe  à  Serpa  (Etpagne  UUérieuTe), 
12  p.,  com  uma  vinheta  a  p.  2,  assinado  pelo  mesmo  autor  no  fim,  e 
com  a  referida  indicação  tj^ograpbica. 

Ambos  estes  folhetos  são  separatas  da  Revtie  Ntimmnatigue,  respec- 
tivamente do  t.  vin  (1863),  p.  369-382,  e  do  t.  ix  (1864),  p.  237-248. 
à  sua  raridade  está  nisso,  pois  de  certo  foi  pequena  a  edição  que  se 
fez  d'elles;  como  porém  nem  toda  a  gente  dá  apreço  á  bibliographia 
numismática,  já  se  vê  que  esta  raridade  é  meramente  relativa. 

Ao  assunto  tratado  nos  dois  trabalhos  supramencionados  corres- 
ponde o  de  que  me  occupei  n-0  Archeologo,  ti,  83-84  (moedas  de 
Salacia)*,  e  88  (moeda  attribuida  a  Serpa),  com  as  respectivas  es- 
tampas. 


>  Aproveito  a  ocoaaiSo  para  &ser  uma  conecçSo  ao  texto  da  p.  83:  UdI 
onde  Be  lê  -<m  leia-ae  -om;  e  linha  20,  oude  Be  lê  Evion,  leia-Be  Eviot». 


byGOí>^^IC 


o  AficnEOLOGO  Português 


S.  Congretw  de  PériSHeu 


cEm  nm  congresso  archeolo^co,  recentemente  realizado  em  Férí- 
gaeaz,  França,  foi  Fortngal  dignamente  representado  pelo  nosso  com- 
patriota Sr.  Tavares  de  Froenç»JuDÍor,  delegado  do  Instituto  de  Coim- 
bra, DO  mesmo  congresso. 

O  Sr.  Tavares  Proença  apresentou  uma  iotercssante  memoria  so- 
bre dois  monumentos  megalithicos  que  encontrou  nas  proximidades 
de  Castello  Branco,  que  pelo  congresso  foram  consideradas  verdadei- 
ras preciosidades  «rcheologicas,  apreciando-as  pelas  photogravuras  que 
acompanham  o  trabalho  do  nosso  joven  e  illustrado  compatriota,  e  con- 
cordando com  as  conclusSes  que  o  mesmo  expunha. 

Um  outro  trabalho  que  o  mesmo  senhor  apresentou  ao  congresso, 
com  referencia  a  nm  illustre  homem  de  sciencia  que  foi  uma  das  glo- 
rias da  França,  provocou  dois  brilhantes  discursos  de  sábios  franceses 
presentes,  que,  tendo  já  visitado  Portugal,  conservam  grata  recordação 
da  forma  cavalheirosa  porque  aqui  foram  tratados,  e  calorosamente  se 
referiram  a  Portugal,  ás  suas  glorias,  &  sua  civilização  actual  e  á  fi- 
dalguia ionata  dos  seus  habitantes. 

Keg^stamos  com  satisfação  este  facto,  nSo  somente  como  honroso 
para  nós,  mas  principalmente  como  digno  de  louvor  para  aqnelles  que 
concorrem,  como  o  Sr.  Tavares  de  Proença  acaba  de  fazer,  para  que 
lá  fora  sejamos  conhecidos  e  apreciados  por  esta  forma*. 

(Diário  ãt  Notidíu,  de  6  de  Outubro  de  1905). 


Os  trabalhos  que  o  Sr.  Tavares  Proença  apresentou  ao  congresso 
intitulam-se  respectivamente : 

Notice  sur  deux  monumentg  épigraphtques,  Coimbra  190Õ,  14  p., 
e  2  estampas. 

CamtUo  Caatdlo  Branco  e  Gabriel  MortiUet,  Coimbra  1905,  14  p. 

Na  primeira  d'estas  monographias  dá  o  Ã.  notícia  de  dois  interes- 
santes monólithos  ínscnlpturados,  qtie  appareceram  nos  arredores  de 
Castello-Branco,  um  dos  quaes  mede  l^jôS  de  altura  e  o  outro  2",22. 
O  A.  pergunta  a  que  época  pertencem  e  o  que  significam.  A  resposta 
é  certamente  difficil  de  dar  com  exactidão;  mas  talvez  não  se  erre  muito 
oomparando-os  com  alguns  dos  monumentos  de  Kõrõsbánya,  Croizard, 
ÉpííQe,  DampmeBuil,  Kivik,  Bohuslán,  Gavr'inis,  Collorgues,  Calmels- 
et-le-Viales,  Saínt-Semín  e  outros  congéneres.  Vid.  a  respeito  d'elles : 
Hoemes,  Urgeichichte  der  bOdettãen  KunHfWsana,  1898,  pp.  218,  243, 


byCOO^^IC 


404  O  ASCHEOLOQO  FOBTUGDÊS 

371,  379,  389;  e  G.  &  A.  de  Mortillet,  Muté^  PrékUtoriqm,  2.*  ed., 
Paris  1903,  est.  Lxiv  e  lxv. 

Na  segunda  monograpliía,  o  Sr.  Tavares  Proença  reproduz  o  qae 
acerca  de  Gabriel  de  Mortillet.  dissera  Camillo  Castello  Branco  no  opas- 
culo  que  escreveu  em  1884  sobre  o  geiferal  Carlos  Ribeiro  (cf.  O  Areh. 

Ill 

Buinu  netHevaet 

A  gravura,  que  acompanha  estas  breves  palavras,  foi  aberta  por 
um  desenho  que  alg^m  amigo  do  Arckeologo  nos  enviou,  mas  de  que 
se  extraviou  o  respectivo  titulo.  Não  tem  sido  possível,  por  qaaesqner 
documentos  particulares,  descobrir  a  que  edificío  ou  sequer  província 
pertencem  aquellas  ruínas. 


L- 


Vêem-se  dois  corpos  de  edificio,  um  d'el]es  com  duas  portas  ogivaes 
e  encimado  por  sineira,  de  época  recente. 

K  pouco  crivei  que  esta  parte  das  minas  seja  transepto  de  igreja, 
como  poderia  parecer  em  consequência  do  angulo  recto  que  a  soa 
planta  faz  com  o  outro  corpo  mais  extenso  e  apparentemente  desco- 
roado. Keste  v§-se  o  trasfogueíro  saliente  do  que  presumo  ser  uma 
chaminé,  ponsada  em  três  cachorros.  Seria  acaso  habitação  transfor- 
mada em  templo.  A  construcção  é  certamente  medieval. 


byCOO^^IC 


o  ÃRCHBOLOQO  POBTDQUÊS  405 

Se  algum  leitor  do  Archeologo  acaso  reconhecer  estaa  ruínas,  mais 

alguma  cousa  poderemos  dizer,  que  agora  ficou  desgraçadamente  na 

lista  das  possibilidades.  Para  os  nossos  amigos  pois  appellamos. 

Novembro  de  190Õ.  „    ,  „ 

F.  ÃLVE8  Pereiba. 


BibliogTapMa 

Deax  mota  A  propoa  dv  livre  de  Mr.  Ceorges  Bncerrand. 

Six  Uçont  de  Prthistoire,  — por  J.  F.  Sery  Delgado.  Estrait  dn  tome  vi  dee 
Commimicações  du  Service  Géologiqne  dn  Portngal, 

Neste  seu  opaeculo  defende-ae,  com  toda  a  razfio,  o  nosso  íllnstre  geólogo 
das  accneaçSeB  que  o  Sr.  Engerraad,  baseado  em  palavras  do  Sr.  Hervé,  indi* 
rectamente  fizera  ao  noBso  pais,  de  que  os  restos  ósseos  achados  na  grnta  pre- 
hUtorica  da  Furainha,  de  Peniche,  pertencentes  a  cento  e  quarenta  individnos, 
tinham  sido  perdidos  para  a  sciencia.  Diz  o  Sr.  Delgado: 

t hl  grotte  de  Fumínha  c'eet  moi  qni  Tai  eiplorée  et  en  ontre  je  Vai 

décrite,  et  à  ma  connaiseance  personne  avant  moi  n'j  avait  &it  des  foníltee; 
lúnsi,  les  amabilités  qni  précèdent  me  aont  directement  adreBséea,  bien  que, 
j'aime  ã  le  croire,  à  Tinsu  de  eelui  quí  les  a  éorites.  Je  conserve,  ponrtant,  une 
vagae  idée  que  Timpreesion  prodnite  parmi  lous  les  membres  du  Congrès  pré* 
histoiique  de  Lisbonne,  par  la  lecture  que  j'ai  faite  de  um  description  de  For- 
ninha,  a  été  bien  différente  de  celle  qu'a  reijae  Ur.  Hervé  et  à  oe  qn'il  paraít 
aussi  JILt.  Engerrand.  Cest  une  faible  compensation  pent-être,  mais  elle  me 
snffit,  car  je  garde  ta  conviction  qae  j'at  tonjoars  travaillé  honnêtement  et 
conseien  cieneement . 

La  biblíothèqne  dn  Service  géologique,  qni  est  à  ma  disposítion  comme 
directeur  de  ce  Service,  n'est  pas  assez  riche  en  publications  du  Fréhistori- 
qne  ponr  que  j'aie  réussi  à  déconvrir  la  citation  de  Mr.  Hervé  dane  les  volumes 
qne  j'ai  pn  consulter,  de  sorte  que  je  ne  sais  pae  si  o'eet  à  Kr.  Hervé  ou  bien 
à  Kr.  Engerrand  que  je  dois  adresaer  mes  remerclments. 

Toutefbis,  oomme  dans  la  description  de  la  grotte  de  Fnminlia,  j'ai  indique 
'  Texistence  dn  même  uombre  de  140  individue  dans  le  dépôt  Bupéríenr  de  la  grotte, 
il  ne  me  reste  point  de  doute  qne  c'eet  dans  cette  description  que  Mr.  Hervé, 
et  après  lui  Mr.  Engerrand,  ont  pnisé  les  ar^ments  qu'ils  gardent  dans  lenr 
poche,  pour  m'adresBer  des  reproches  si  durs. 

En  effet,  j'fti  écrit  {Compte-rendu  de  la  9^'íesíion  du  Cffigrhs préhisto- 
rique  ò  Liabonne,  JSãO) : 

<U  fiiut  avant  tont  savoir  qne  le  dépôt  snpéríeur  de  cette  grotte  fui  entière- 
>ment  extrait,  et  la  grotte  elle-mème  presque  complètement  vidée;  tous  les  os 
•qn'elle  contemut  ayant  donc  pu  ètre  pris  en  coneidératlon,  j'ai  pn  dreeser  nn 
itablean  donnant  le  nombre  d'exemplBÍreB  de  chacnn  des  différents  os  recneil- 
.lÍ8..(Pag.  216). 


byCoOglc 


40C  O  ÃSCHEOLOOO  PORTDGDÂB 

( Cepeodant,  oomme  la  terre  a  été  aoigneuaemeiít  foaillée  et  paiaqne  la  grotíe 

•  ae  paralt  pae  avoir  étò  explorée  antérienrement  en  grand  (il  n'eBt  paa  aêmte 
iprobable  qu'elle  Tait  étó,  vn  Ia  difficnlté  i'K(xa)  nona  poavonaiegarder  «mune 
iBnffisaminent  anthentiqneB  les  données  qae  noas  avons  obtennesi.  (Pag.  216). 

cNona  ne  nona  aoniities  pas  aperçae  que  le  dépõt  ut  été  fouJllé  profondé- 

•  ment  depnie  sou  accamalation,  noiu  ii'aT0i)8  non  pios  décosvert  ancnn  vestige 
iqQt  nona  fit  soupçonner  renterrement  d'iui  corps  entier  eu  quelqae  point  de  la 
.grottei.  (Pag.  217). 

f  Ce  tableau  noue  montre  qne  la  qbantité  de  mãchoírea  inféríemes  est  )oin 
>de  toote  relation  avec  les  mftclioiree  snpérienres,  qai  ne  isprésentent  pas  le 
>BÍzième  dea  individua  dont  lea  aatrea  nona  révélent  Teiiatence  dana  le  dépõt. 
■Effectivement,  on  reconnatt  par  les  mãchoiree  infSrietures  resúatence  in^ibi- 
itable  de  140  individaa  dana  le  dépãt,  tandis  que  lea  maxillaires  siqtérieiírB 
•dénoteraient  tont  an  pltis  22  individns. .  .> 

•  11  fant  enfin  remarqoer  qne  la  totolité  des  pièoee  obtenaes  est  três  loin  de 
■représenter  antant  de  sqnelettea  qne  Tindiqaent  lea  mâcboirea  inférienrea,  les 
•astragales,  malgré  lenr  stracture  spongieuse,  étant  par  une  aisgulière  anoina* 
*lie  les  pièces  relativement  les  plus  nombreuses  apiéa  les  màchoires  InféricDree 
>et  les  cnbitns;  tandia  qne  les  as  les  plns  résistaiite,  comme  les  corps  des  fórnura 
■  et  des  tibiaa,  sont  ceax  qoi  se  présentent  en  moindre  qnantíté,  bien  que  lea 
tpetits  fragmente  et  les  éclats  de  cea  os  soient  três  abondants».  (Pag.  221). 

Mr.  Hervé,  qni  a  certainement  )u  ces  lignea,  n'a  pas  fait  attention  à  ce 
qn'elleB  Toolaíent  aignifier  et  il  a  immédiateiDent  concln  qoa  140  individiis 
avaient  été  inhnmés  dana  la  grotte  et  qne  le  manque  dea  oa  provenait  dn  chtHx  qne 
le  collectíonnenr  en  avait  fait,  en  méprísant  cenx  qni  n*étaieiit  pas  de  son  goãt. 

Db  la  sorte,  moi,  qni  ai  tu,  qni  ai  ntiré  de  la  grotte  tont  ce  qn'elle  conte- 
nait,  je  n'ai  pu  découvrir  les  prenves  de  Texistence  des  140  individue  qne  par 
kfl  fragments  dea  màchoires  inft-rieureB ;  et  Mr.  Hervé,  qni  ne  connatt  la  grotte 
de  Fnminha  qne  par  la  descriptlon  qne  j'en  ai  faite,  aflBrme  péremptoirement 
que  les  140  squelettes  étaient  là  et  qu'ils  ont  été  détmits  par  les  ravagee  des 
collectionueurs,  en  un  mot  par  moi  qui  ai  surveillé  continoellement  lea  fonilles ! 

Senlement  il  a  oublié  nne  circonetance :  c'e8t  qne  j'ai  ramaasé  indistiDete- 
meut  les  instenments  et  les  os,  méme  les  petíts  éclats,  et  heureneement  ila  eiis- 
tent  encore  dana  les  armoires  de  notre  mnsée  géologiqne  et  penvent  être  vns  par 
qniconque  venille  bien  ae  donner  la  peina  de  faire  nn  Toyage  à  Liabonne  et  exa- 
miner  les  piécea  dn  procèe  avant  de  prononcer  eon  verdict>. 

A  respeito  da  dúvida  apresentada  acima  pelo  Sr.  Delgado,  sobre  se  a  pater- 
nidade da  accnsag&o  pertence  realmente,  em  primeira  mSo,  ao  Sr.  Engerrand 
on  ao  Sr.  Hervé,  notarei  que  ella  pertence  ao  segundo:  vid.  ma  artigo  pnblioado 
por  elle  na  Eevue  mettmielle  de  1'ÉcoU  d'Antkropologie,  ix  (1899),  pag.  274. 

Xeste  artigo  o  Sr.  Hervé  n&o  só  dirige  a  Portugal  accugagCes  a  propósito 
da  gruta  da  Fuminha,  mas  também  a  propósito  dos  ossos  da  grata  de  Lioeia 
e  doe  da  ciypta  megaliúiica  de  UonfAbrSo,  nma  e  outra  exploradas  por  Carlos 
Bibeiro. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ASOREOLOQO  FoRToanÊs 


Escusado  seria  ponderar  qne  as  ultimas  accusaçSes  alo  t&o  infundadas  como 


Com  relftçío  a  Liceia  veja-ee  a  obra  de  Carloe  Ribeiro,  Etinãos prehintoricos 
em  Portugal,  vol.  i,  Lisboa  1878,  pag.  12  e  54-63;  ahi  diz  elle  que  effeotiva* 
mente  encontrou  todos  ou  a  maior  parte  dos  ossos  que  podem  constituir  um 
esqueleto  humano,  mas  pertencentes  a  índividoos  differentes,  e  sem  qne  hou- 
vesse inteiro  um  único  crânio. 

Com  relação  a  Uont'ÃbrSo  veja-se  a  obra  citada,  vol.  ii,  IJsboa  1880, 
pag.  14  e  57-61.  Carlos  Ribeiro  diz  muito  claramente  qae  sd  encontrou  vários 
ossos,  geralmente  em  muito  mau  estado,  e  algumas  centenas  de  dentes,  sendo 
do  exame  dos  dentes  que  oonclniu  que  no  monumento  teriam  sido  inhnmados 
uns  oitenta  indivíduos. 

Todos  os  restos  hamanos  de  Mont'Ã.bi^,  de  Liccia  e  da  Fuminha,  estfio 
actualmente  guardados  no  Museu  da  Direcção  dos  Trabalhos  Geológicos.  Ahi 
os  pôde  o  Sr.  Hervé  examinar.  A  critica  d'este  autor  é  tanto  mais  estranhavel, 
quanto  é  certo  que  o  trabalho  em  que  o  Sr.  Delgado  descreveu  a  sua  exploração 
da  gruta  da  Fnminha  foi  publicada,  em  francSs,  nas  Actas  do  Congresso  Pre- 
historico,  e  que  na  mesma  lingoa  foram  publicadas  traducções  dos  trabalhos 
de  Carlos  Ribeiro  sobre  Liceia  e  MonfAbrfto. 

J.L.DBV. 


O  Aroheologo  Portugruôs— 1905 

B^lato  blbliosi'*^^^  d*i  permatas 

CoDtlDuatlo.VId.  o  Anli.Pon.,!,  MS 

Bnlletini  et  memoirei  de  la  Sociéte  d'A]itliroiKilogi«  de  Paris,  tome  vi,  fascl- 
cnle  l*'.  D"  1  (190.)),  Séance  da  5  jaavier :  Becherchei  êur  la  capacita  vitale, 
par  U,  le  Dr.  E.  Demonet.  K'  S,  Séance  du  5  janvier:  Reehereha  eur  la  ca- 
paciU  oitalt,  par  le  mfime,  Séance  ia  19  janvier ;  Nota  sur  rhiraldiíaiíon  de 
la  marqat  de  propriété  et  lee  origmea  du  hUuott,  par  M.  Amold  van  Gennep; 
EoUlhe*  et  atUre  tHex  iaUU*,  par  A.  Tfaienllen.  Nesta  conferencia,  o  orador 
esquadrinha  as  opiniOes  do  illastre  geólogo  belga,  H.  Bntot,  acerca  da  in- 
tecpretaçSo  que  este  entende  se  deverá  dar  aos  retoqnes  dos  sílices,  a  qnal 
é  que  estes  retoqnes  não  são  mais  do  que  o  resultado  da  utilísaçBo  d'aquelles 
nteneilioB,  sem  fórma  premeditada,  e  da  necessidade  de  avivar  o  gume  pri- 
mitivo e  nataral,  que  é  sempre  o  mais  cortante  e  perfeito',  ao  cabo  de  uma 
serie  consecutiva  de  retoqnes  e  atiliza;Ses,  a  peça  tomava-se  imprópria  para 
a  sua  fimcção,  adquiria  a  forma  que  até  hoje  temos  considerado  nos  moseus 
como  a  ultima  phaae  de  acabamento,  antes  de  servir.  N&o  obstante,  H.  Thienl- 
len  reconhece  qne  todo  o  grande  mérito  de  M.  Rutot  consiste  em  ter  assina- 
lado a  presença  exclusiva  dos  eolithoa  em  estratos  anteriores  ao  dilnvium 
de  Chellea.  Mas  quanto  a  estes,  em  todas  as  épocas  da  prehtstoria  se  fabrica- 
ram eolithos,  isto  6,  peças  que  apresentam  um  miniroum  de  talha  intencional. 
Os  siuaes  clássicos  do  trabalho  homano  dos  espólios  paleolithicos  conatítuem 
excepção  e  não  regra;  ao  lado  das  íónxuu  clássicas,  são  innnraeraveis  oa  ves- 


byGOí>^^IC 


o  Abcheoloqo  Portogdês 


tigios  da  mXo  do  bomeDi  em  excuplaTes  de  aspecto  apparentemente  fortaito. 
Portanto,  diz-nos  H.  Thíeulleu :  •  Procurem  aempre  l  •  E  d'aqiii  eu  tomo  o  ccm- 
eellio;  arcbívemos  os  espolioa  litliologieos  inteiroa,  ainda  o  qoe  parece  esti- 
lhaço on  rebotalho,  dSo  tendo  olhos  s6  paia  aa  peças  típicas;  a  prelÚBtorta, 
embora  tilo  mo^a,  ji  tem  de  voltar  atrás^  revei  o  qae  d<^^atisoa  e  investigar 
de  novo.  NSo  resisto,  pois,  ás  ultimas  palavras  d'este  discnrso:  cLesconclu- 
sions  prímatnrées,  bnsées  snr  dcs  documenta  inauffisanta  on  interpretes  frop 
à  la  légère,  aont  les  pires  obatacles  aai  progrès  d'une  seienee.  Aossi,  le  role 
des  préhisturiena  aemble-t-il  Atre,  à  cett«  heme,  d'entuser  pierres  sor  pier- 
res,  de  les  dasser,  de  les  étndier,  de  les  comparer  eans  cesse,  avee  TespoiT 
que  do  ces  matéríauí  Bccnmulés,  se  dégagerout  peut-4tre  ud  joui  certunes 
lueuTS  capables  d'éclairer  qnelqae  coin  obscur  du  passé  mjst^eas  de  rHn- 
mauité.  Hais  en  sttendant,  ayons  au  moios  la  bonne  foi  et  le  bon  sens  de 
confesaer  bautement  notrc  ignorance,  sans  chercher  plns  longtempa  à  la 
simuler  aous  de  vaias  propôs*.  Déeouverte  d'iiii  menhir  tombe  lur  Ua  ébote» 
f.t  d'iiite  ttation  mmaine,  par  M.  Ic  Dr.  Maicel  Bandouin.  O  logar  onde  jazia 
o  menhir,  aliás  ir  reconhecido,  cbaiuava-se  a  «cova  de  dinheiro*  (ereux  iTar- 
ffeiU).  Bapporl  de  3Í-  Jáanouvrier;  Note  inr  le  nora  de  Maurt»,  par  M.  le 
Dr.  Bertholon;  Note  tur  let  iwmi  de  Ibkrea,  Berbires  et  ÃfrKoi»*,  par  M.  Ic 
Dr.  Bertholon;  Nioroiogie;  Sepultam  nioiUhique»  de  Moiúignyl' Engr^M, 
par  O.  Vanvillé;  Note  elhnograpkiq\ie  tur  les  peupladet  du  Saut-To/Udu,  ptr 
M.  le  Dr.  P.  Roai.  fja  population  el  Itê  gub$ittanMs,  par  H.  Y.  Gayot;  La 
plaee  de  1'hmnme  daiu  fjinioerã  et  doTt»  la  tirie  toologigue,  par  Ch.  Lcjeane; 
Coiitributioii  á  Vanthropologie  phytiqve  de  la  Sicilt  eneolilUqve,  pai  H.  ZabO' 
rowaki ;  Sur  let  pierrei  taUUê  antúJatmgues,  par  M.  Thienllen ;  La  prottituée 
japouaiie  nu  Tonkii',  par  le  Dr.  Roui. 
Boletín  da  la  Real  Aoalomia  de  la  Historia,  tomo  xlvi,  Enero,  1905.— £í  Empe- 
rador  Carlot  V  (A.  Rodriguez  Villa) ;  De  Jliberri  á  Granada  (M.  Gômei- 
Moreno);  Napoléoii  ly  Napolèon  III,  de  D.  Joeé  BaTiaret  y  Magan  (J.  Suare* 
Inclan) ;  Exploraeionei  archeologíeat  en  Ipomtba  (Fidel  Pita) ;  DocHmtntot 
inedilot  dei  carttdario  de  S.  Toribio  de  Liibana  (E.  Jusué)-,  ^tieifiê  tiucrip- 
chne»  romaiM»  {F.  Fl(a) ;  Matará  hiOorica  (F.  Píts). 

Febrcro,  1905.— Eí  Empcrador  Carlot  V(A.  Rodrigues  Villa);  Za  marina 
tíi  el  bloqueio  de  la  itla  de  Lion,  de  D.  F.  Obanot  Alctdd  det  Olmo  {3.  G.  de 
Arteche) ;  El  palácio  ducal  de  Gandia  (P.  F.  de  Uéthencourt) ;  ReprodMiòn 
de  carta»  natUicat  veneainna»  ineditai  (C.  F.  Duro) ;  El  catlillo  y  la  nuuía 
de  Montall  (P.  Fita) ;  Ántigvedadet  njuwnas  de  Ãndalumi  (F.  V.  j  Peraies); 
Ntiera»  intcripeiotiet  (P.  Pita) ;  Memoriae  hittoricat  de  Medina  dei  Campo  (C- 
de  Anta] ;  Noticiai. 

Marzo,  1905.— £/  Bmperador  Carloi  V  (A.  R.  Villa) ;  Geagrajuifiti«a  y  et- 
feriaa  de  las  provineiai  dei  Paraguai/  (C.  F.  Duro) ;  Boccanio:  FnenteMpara. . , 
la  hi$toria  de  la»  itlat  Canariat  (Manuel  de  Ossma);  lia  capilla  de  lat  Ur- 
binai  en  Guadalqjara  (J.  C.  Garcia) ;  7Ve«  hittoriadoret  de  Síediaa  dei  Campo 
(F.  Fita) ;  Sobre  la  bibliografia  de  D.  Pedro  Faieual  (E.  M.  Pidal) ;  S.  Pedro 
Pateual  ( P.  Pita) ;  Nolicias. 

Abril,  19m.— Informe  tobre  el  libro  dd  Sr.  B.  Villa,  titulado  An^rotio  Spí- 
nola (J.  8.  Inclan.  M.  Danvila);  El  Seal  moHOiUro  de  FUera  (V.  L.  y  Ro- 
mea) ;  El  jubileo  dei  ano  imo  (F.  Pita) ;  Leceionario  ntigolico  de  ta  igktia 
de  Toledo  (D.  M.  Pérotin) ;  Loi  eastiUo»  de  MmtoU,  Ça  Creu  y  Maia  (te.  u] 


byGOí>^^IC 


'  o  Archeologo  Português  409 

(F.  C.  yCandi);  ButUr  Clarkê  ( W.  Wobater);  El  memtmal  hhtoríeo  de  Me- 
dirM  dd  Campo  (P.  Fita) ;  IfoUeiat. 

Aiuialei  da  la  SociéU  d'Arcliéologifl  de  Brnxalles.  Aonéo  1905.  LivmisoQH  i  et 
II.  Contém:  Nolet  eur  leg  ineeureê  à  blé  dant  la  Paj/»-Ba$,  par  Q.  Bigwood; 
Cfrand  vate  m  va^re  avec  aigle,  par  Eoi.  Hublard;  curioaissima  noticia  com 
photograTora,  por  onde  se  vê  qoe,  quer  no  Brigium,  qaer  na  Ltuitania,  o  mo- 
delo d'estee  belloa  frascos  era  o  mesmo,  o  que  é  argumento  em  favor  da  iden- 
tidade de  origem :  no  Huseu  Etbnologico  Portagaés  ha  vasos  de  vidro  em 
mkravilboso  estado  de  conaervaçio,  porém  menores  qne  o  de  Mont,  e  pro- 
cedentes de  ama  sepultuia  próximo  a  Santarém  (Pombalinho);  Vettiqe»  deê 
ágea  aneit»»  emx  eniiironã  de  Cotivin,  par  £.  Maillieux.  A  notar:  a  menção 
de  um  sitio  chamado  Champ  de»  Sarratint,  e  a  observaçHo  de  qae  esto  ono- 
mástico é  indicio,  na  Bélgica,  de  jazigo  de  antiguidades;  cfr.  os  nossos 
Afotirot;  Uhabitalion  de»  niolilhique»,  par  J.  Claerboat;  Mireau  de  lanmiaon 
de  force  à  Gcmd,  par  G.  Cjmont;  Le  eongrkt  arehioiogique  de  Balh,  par  P. 
Hameltiia;  Momuiiea  trauviei  à  Astehe-la-Chatttaíe,  et  IrUaille  rontaint  trou- 
vié  à  AtBcke,  par  G.  Camont;  Rapport  ginéral  tur  U*  reeherehetet  Utfoitille» 
exicuUe»  par  la  Sociéli  pendartl  1908,  par  le  Baron  A.  de  LoB;  no  qnal  se 
toca  em  antiguidades  de  todas  as  epocaa;  a  Sociedade  anorteia  os  seus  tra- 
balhos em  grande  parte  pela  toponímia.  Do  descrito  registarei:  um  recinto 
insulado  de  fossos,  sem  restos  do  substmcçSo  qaalqner;  cerâmica  de  iim 
cemitério  franco;  cbarcoa  (marãdJ-tí)'  com  lendas  de  castellos  engolidos; 
am  oppidum  de  origem  preromana,  onde  se  encontron  um  bailo  parattmium, 
e,  como  alguns  dos  nossos  castros,  logar  de  refugio  em  época  mais  recente; 
um  poeto  romano,  num  cabeço,  a  que  se  liga  hoje  a  lenda  de  um  gato  negro 
a  guardar  um  theaouro;  motaa  feudaes  e  prebiatoricae  (cfr.  na  regiSo  do 
Soajo  chamam  amoltu  ás  mamSaa,  segando  informaçilo  inédita) ;  ás  quaes 
por  veees  se  prende  a  lenda  de  castello  tragado  com  sinos  que  se  tangem 
&  meia  noite  do  Natal;  palalilas;  nm  cemitério  romano  por  cremação,  de 
onde  se  retirou  cerâmica  qne  tem  análoga  na  coeva  da  Lusitânia,  e  enja  des- 
crição é  valorÍEada  por  pbotograpbias  directas  das  fossas,  que  são  um  mo- 
delo de  documentação  arcbeologica;  Lee  fouil-Ut  de  Tíhoi,  par  H.  Demoulin; 
Procka  verbaux  deê  tianet». 

Bnlletán  (Académie  Royale  d'ArcbâoIogie  de  Belgique),  1905,  i.  Séance»,  Rap- 
porii,  de  entre  os  quaes  se  destacam  dois  sobre  Le  genre  satiriqae  daru  ta 
teidpture  (et  data  la  peitUure)  flamande  et  waUone,  memoria  de  M.  L.  Macter- 
Itnck;  os  quaes  dois  se  oppOem  &  publicaçilo  nos  Aniudet  do  iii  e  iv  capi- 
toIoB  d'aquella  obra-,  Note  lonvnatre  «ur  UifouiUet  de  Tkidode;  La  tUeropoh 
par  inet7iiralian  de  Grobbendonck,  par  L.  Stroobant;  estudo  de  um  cemitério 
com  tumuli,  doa  cinco  primeiros  séculos  da  era  chriatil,  no  qoal  repousariam 
as  cinzas  dos  Francos  primitivos  tleã  ancttrei  de  cetfarouchet  giterrien  qvi, 
à  la  dicadence  de  Romt,  s'tíanehnut  dea  plainet  de  la  Taxandrie  pour  oonqui- 
rir  1'Europe*,  etc. 

1905,  II ;  Sianee»,  Rapport»,  etc.;  3Vot«  eloehei  flamanda  du  Límoutiii,  par 
F.  Dounet;  Une  note  d'art  datu  la  vie,  par  E.  J.  Soil  do  Horiamé. 

RsTaa  épigraphiqne,  tome  v,  n°  116,  Janvier,  Février  et  Mars  de  1905.  Avultam 
neste  fascicnlo  a  continuação  das  Remarque»  ipigrapkiqua,  de  Héroa  deVil- 
lefosse,  e  nm  erndito  artigo  de  Em.  Espérandieu'  acerca  de  Medalhõti  de 
barro  com  figtirai  e  epigrapke»,  espeiúalmente  sobre  nm  de  assunto  erótico. 


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o  Abcheolooo  Fobtdodês 


Aiuulas  de  rAcadémie  Royola  d'ArcliiolagÍe  de  Balgiqne,  lth,  ã*  série,  tone  tu, 
livraisoos  i  et  11  (1905):  Parac  et  Cobergher  (J.Van  den  Ghejn,  8.  J.};  Tn 
ocMlute  gallo-Tomain  (A.  Blomme);  Le»  cíocAe*  At  Totimai  (Dr.  F.  Desmoaa). 

Ballfltino  dl  Faletnologia  Italiana,  tomo  i,  n.*  1-3. — Armi  di  adee  troetUe  nã  din- 
lomi  di  Uona  e  íomia  tneoliliea  di  GiAU  Saimila  (Q.  Ã,  Colioi).  Soma,  qae, 
areheologieameDte  conatitne  uma  região  excepcional  e  privil^iada,  como 
é  obvio,  paleethDolagícametite  encoatra-ee  confundida  Da  vnlgaridade  em 
qae  se  accamulam  quaeaquer  outras  estaçíSes  contemporâneas,  fornecendo  es- 
polioB  da  idade  de  pedra  e  de  bronze.  Bem  indicio  algum  de  que  eram  desti- 
nados a  anteceder  o  assento  de  ama  civilizaçSo  que  dominaria  qu&si  o  mondo 
inteiro.  E  aaaím  vemos  numa  sepultura  do  Iiacio  objectos  de  silex,  como 
pontas  de  setta,  laminas  de  punhal,  que  o  autor,  de  acordo  com  a  classi- 
ficação de  Chlerici,  attribne  á  época  eaeolitíca.  Outra  sepoltnra  de  inhn- 
maçSo  com  três  esqueletos  continha  também  rasos,  nm  dos  qnaes  se  dic 
comparável  á  cerâmica  dos  mais  antigos  estratos  de  Hissariik.  Este  l  da 
provincia  de  Benevento.  Pont  di  bronto  da  fondert  teoperii  ndP  Alta  Mami 
(Utgo  Bellini) ;  La  eiviltà  dei  bronto  tii  Itália.  Este  artigo  é  ama  continna- 
çlo,  e  refere-se  i  Sicilia.  Descreve  a  architectura  fúnebre  da  necropole  de 
Caltagirone,  cnjas  sepulturas  de  inbumaçSo  uSo  deixam  de  revelar  pireo' 
tesco  com  algumas  ibéricas.  O  espolio  continha  armas,  utensílios,  aneia  de 
Ottro,  fibnlas  e  vasos.  Abrange  também  a  necropole  de  Pentalica,  onde  5:000 
criptas  invioladas  deram  abnndancia  de  objectos  de  ouro,  prata,  bronse  e  ce- 
râmica, e  raros  siliccs.  Naquella  os  cadáveres  tinham  apenas  dobradas  as 
pernas,  nesta  muitos  foram  postos  de  cócoras,  mas  predominavam  realmente 
os  de  pernas  dobradas,  dos  qnaea  algnns  tinham  também  na  mesma  posi;So 
os  braços.  Em  quasi  todo  o  espolio  se  adivinham  influencias  otíentaes.  Notixie. 
N.»  4-6.  —  Tipologia  e  tfrminiúogia  dei  pugnali  di  êelee  itaUani  (G-  Pa- 
trooi);  Necropoli  e  ríationi  licule  di  iTamitione  (P.  OrsiJ.  Copia  de  fibolas 
e  enfeites  de  bronae  com  desenhos  geométricos,  sepultaras  de  firma  desu- 
sada para  a  epoea  a  qae  pertencem,  maa  determinadas  pelo  meio  geológico, 
Objectos  indetermináveis,  taes  sito  os  factores  analyeadoe,  em  virtnde  doe 
qaaes  o  aator  attribue  esta  necropole  prehellenica  ao  2.*  período  siculo  do 
bronze.  Seíci  lavorate  di  Breoaio  Veroneêt  ffiudieale  falte  (I^goriui) ;  Con- 
ffreâMo  ,  . .  .  in  Monaeo  «ri  J90S  (Programma);  Notízit. 

Annalfls  da  la  Sodété  Archéologiqne  da  Hamnr,  tome  ixv,  1*  lívniSson,  1906.— 
Le»  icheriíit  de  Namur,  par  H.  de  Radigaès. 

ReTtie  das  étndai  andannea,  tome  vii,  W  1,  Janvier-Mars,  1X6.'— Ba»  rdief 
mionien  (R.  Radeí) ;  T^  Flame»  Dialit  et  la  virgo  vettaU*  (G.  Maj);  AVe 
êUT  UM  iateription  <le  Pompii  (M.  Besnier);  Ob»ereatíntit nr  le  OareuUo  (Ph. 
E.  Legrand) ;  D'vne  eroyanee  da  Celtes  T&atim  aux  morU  (P.  Perdrizet); 
refere-se  ao  costame  dos  Celtas  n9o  fecharem  as  portas  das  suas  moradas, 
para  deixarem  entrada  livre  aos  espíritos  famUiares;  La  langue  de»  aitcieu» 
Celtes  (6.  Dottin).  Uma  das  ft-asea  finaes:  'rétude  dea  restes  du  ccltiqse 
eoatinental  ne  noas  rívfele  que  de  misírables  débris*.  Note»  galio-romaineã: 
XXV  —  VlyMe  et  lei  Pkoeéeit»;  SUpamu  et  Sãrana;  Vuleain  et  Apolion  (C.  Jol- 
lian);  Epiacopia  ecdetiae  Boiorum  —  imcription  de  Awderito»  (C"  A.  de  Sar- 
rau) ;  BMiographie. 

N*  2,  Avril-Juin,  1905. — HypoOiise  tur  la  1'  pariie  da  Dionytalexandr»» 
de  Cratino»  (P.  PerdrizetJ;  Eludet  tur  tes  parliculet  greequa  (O.  Navarre); 


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o  ÃSCHEOLOGO  POETUOUâS 


£ís  Patdqua  eí  la  Thebaíde  (L.  Legras)^  Nate* gaUo-roiaainti:  xivi — Vori- 
gint  de  Bayonne;  ApoUon  et  Martya»  (C.  JuUian);  Un  nouvtaa  Juptttr  ffou- 
loiã  (C.  de  Mensignnc);  Anlffixei  gaiiloittê  (O.  Gassiea);  Ckroniqae  gaUo- 
romaiite  (C.  Jullian);  Cknmiqut.  deê  PapyruM  (P.  Jouguot);  CAromgvA  (Q. 
R&det) ;  Le  eungrlã  arddologique  d'Athinea  (G.  Radet)',  BibUographif.. 

N°  3,  Juillet-Septembre,  1905. — Kainet  de  la  plaiiu  dit  Caytbre  (E.  Jor- 
danidès);  Li  mariage  de  SéiAque  (R.  Waltx);  IfoU»  gaUo-romaine» :  xxvii  — 
Thetipompe  et  ia  Gaule  (C.  Jullian).  Era  nma  nota  (p.  233)  hs-ae  referencia 
í  opiniio  de  Martins  Saimento  acerca  daa  imcoraSeB  dos  Celtas  e  do  refiigio 
dos  Ligares.  Une  nouvelle  Épona  (Ch.  Dangibeaud);  Chronique  gallo-rontaine 
(C.  Jallían) ;  Chranique  da  Papyrut  (P.  Jongnet) ;  Bibliographie,  Chroitique. 

L'Allthropologie,  1905,  tome  zvr,  ii°  2,  JauTier-AvriL  — i>  latouage..  chet  le* 
populatio/ig  du  Soudan  (Dr.  J.  Decorse) ;  L'ãge  de  broate  datu  le  boMÍn  de 
,ParU  (L'abbé  Breuil),  em  que  se  menoiona  um  machado  de  bronze  com  duas 
argolas,  proveniente  de  dragagens  no  Sena.  A  abundância  dos  tjpoa  de  a,ãe- 
roíu  contrasta  com  a  absoluta  falta  d'elles  em  Portugal,  t-es  perle*  detxTTe 
(J.  Déchelette).  £  um  interessantíssimo  resumo  da  2.*  parte  de  uma  memoria 
de  P.  Beineckc  sobre  as  Glatperlen  vorrõmither  Zeiien  aiu  Fanden  uõrdlich 
der  Alpea,  extrabida  dos  Altertãmer  umerer  heidaUchen  Forzeií,  t,  iii,  1901 
(Moguncia).  Le  terpent  et  lafemrae  (L.  ReiuBcL).  É  uma  nova  esplicaçfio  da 
inimizade  entre  a  mulher  e  a  serpente.  Mouoement  teientifiqtie,  etc. 

N"  3,  Mai-Jnin. — L'origine  dee  eolilket  (Uarc.  Boule)  Convicto  da  exis- 
tência do  homem  terciário,  M.  Boule  contesta,  com  cnrioau  experieoeias, 
que  noB  eolithoe  respigados  em  vários  países,  se  revele  o  trabalho  inten- 
eioual  humano;  a  prova  tem  de  procurar-se  em  melhores  origens  e  nada 
demonstra  a  impossibilidade  de  o  homem  dos  tempos  qnatemarios  ser  um 
immigradc  nas  regi5<!9  de  que  se  trata,  ao  lado  da  fauna  mauimifera  que 
o  acompanha  e  que  é  muito  diversa  da  outra  fauna  pliocenica.  Elude  tvr 
un  itouoeau  chim  priMtlorique  de  la  Btuaie  (M.  Studer) ;  La  mutiqtie  ehe» 
Um  Pahouim,  etc.  (R.  Avelot);  Le*  engini  de  piche  des  andetu  Pavmottt  (L.  G. 
Senrat) ;  Le*  tipúUure*  de  Fãge  dit  bronte  et  la  grotte  de  Courchapon  (Dr.  Bou- 
chet) ;  Mouvement  tcientifique,  etc. 

Bnlietin  Arcbéologiqne.  Números  de  Janeiro,  Fevereiro  e  Março  de  1905. 

KÍTÍsta  ArchBQloglca  Lombarda  (Milano),  auno  i,  bsúculo  1,  Gennúo-Harzo, 
1905. — Pr^aeione;  H  programma  ddla  Direxione  (Serafiuo  Ricci) ;  Gli  noafi 
alia  GaUisia  [S.  Ricci) ;  La  neeropoli  di  Verdetiaeum  (La  Direiione)  \  L'atti- 
vità  delia  Soe.  Arch.  Comente  (S.  Ricci) ;  Seam  e  ritrooameati  neUa  Pnwiniea 
di  Milano  (G.  Agnelli);  La  ehieia  di  S.  Maria  delia  Paet  (La  Direxione). 
Esta  igreja  milanesa  foi  fundada  pelo  cavalleiro  português  beato  Amaden 
«m  1466,  e  6  attríbuida  a  Ouiniforte  Solari.  Enriquecida,  no  andar  dos  tem- 
pos, com  frescos  magiatraes,  foi,  desde  o  principio  do  sec.  xii  até  agora: 
defrosito  de  artilharia,  hospital,  picadeiro,  e  por  fim,  depois  de  restaurada 
a  todo  o  custo  para  Saíone  Peroai,  declarada  monumento  nacional.  Estava, 
porém,  em  risco  de  ser  arrematada  poi  fallencia  da  respectiva  empresa.  D'ella 
diz  o  professor  Serafiuo  lUcci  que  é  uma  gemma  de  architectura  lombarda 
anterior  á  influencia  toscana  e,  feita  a  restauraçfio,  flor  dos  fins  do  sec.  ir 
desabrochada  no  principio  do  sec.  ix;  II  priorato  di  San  NicoU  in  Síona 
{ D.  Sant'  Ambrogio) ;  I^gitlaaUme  antiquaria;  Notitiario  areheologieo,  Soti- 
*it  carie;  BxbUograpkia. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ARCH3iOLOaO  PORTCGUÉS 


Fascículo  2,  Aprile- Minguo,  1905.— ií  tareofago  ái  Ltmbrate  (S.  Bicci): 
Magnifico  sepulcro  cbristio  de  um  ntgõoiator  vetliaruti,  r«c«iit«inente  des- 
coberto junto  a  Hilão.  O  eradíto  artigo  vem  acompanhado  com  &rtaa  illns- 
trafSeB;  Notúie;  B^iografia. 
Atti  dalla  R.  Academia  dei  Linoei-,  fascicnlo  2, 1905.— I.  Legnaro:  Scoperta di  ita 
aarcofago  Tota.  {Qt.  Glúrardiní).  II.  Frreido:  Nteropoli  etnaeo-rvtn.  lulpoggio 
dei  Talone  (L.  Pemier).  Hjpogeus  do  aec.  iii-ii  a.  U.  com  belloa  vasoa  etnts- 
C09,  flkyphoi  de  barro,  oonoclioe  de  brome;  no  pavimento  acharam-se  lar- 
cofagos  rectangulares  com  tatnpa  tectifbnne,  uao  que  vae  evolucionanilo  atra- 
vés de  idades  mais  recentes.  III.  Roma:  Ntume  teopaie  ntíla  città  t  nd 
lubarbio  (Q.  Oatti).  IV.  Velltirt!  Avatai  dt  gtipc  votína  (O.  Nardini).  V.  Na- 
poU:  InBcriptSo.  VI.  Cagliari:  SeoperU  di  rati  di  edifiâ  e  di  mtdtttrt  di  età 
romana  (A.  Taramelli). 

Fascículo.  3. — I.  Fenetia:  Tetorttlo  nton.  rom.  11.  Pteenwn.-  Teita  diatatita. 
\\1.  EtTiâría:  Degli  oggHti  eeoperti  negli  êcavi  eUuideitini  di  Populonia  (Loigi 
A.  Hilani).  Em  Itália  ha  uma  lei,  cm  virtude  da  qual  o  Estado  intervém  nas 
escavações  particulares  onde  surjam  objectos  archeologicos,  de  onde  resulta 
o  facto  de  se  bserem  achados  clandestinos.  Neste  artigo  descreve-ae  mu  es- 
polio do  sec  iv-iii  a.  C.  de  arte  etrusca, — barro,  bronse,  ferro  e  ouro,  que  é 
uma  maravilha  archeologica.  IV.  Roma:  Nuove  teoptrU. . .  [G.  Gattí).  V.  Apt- 
lia:  Scoperla  d\  v»'  urna  cineraria  (A,  Ueomartini). 

Fascículo  4. — I.  T^anapadana:  Moneleiínperiaii. . .  (E.  Ferrero).  II.  Lam- 
braie:  Di  tm  gratule  tai-oofago  arigtiano. . .  (P.  Castol franco).  III.  Elntria: 
Di  una  tomòa  ttnitea  dipinla. , .  IV.  Pavimtnti  a  mtuaieo.  V.  Botaa:  Nnort 
$eoptrte. . .  (G.  Gattí).  VI.  Ottia:  fitbi  aquarii. . .  (Q.  Qatti).  VII.  Poatpà: 
Sttaiione  dtgli  leavi. . .  {A.  Sogliaoo).  É  a.  descrição  de  uma  casa  pompeana 
com  frescos,  etc. 

Fascículo  5. — I.  Saverma;  Marmi  itcriíli. . .  (S.  Bicci).  II.  Roma:  Nuove 
KOperlt.  . .  (Ed.  Gattí);  Sool-í  neUe  eaiaeombt  romanc  (O.  Uarucchi).  III.  Gtn- 
tano  di  Boma:  Sepulcri. .  .  (Ed.  Oatti).  IV.  PaUotrina:  Antiehilà  leoperte  i» 
vocabtAo  ColmnbtUa  (G.  Gatti).  V.  Pompei:  ítelaxione  dtgli  tearifattí  dal  Di- 
cembre  1902  a  tuUo  Mano  Í905  (A.  SoglUuo}.  VI.  Sardiniaí  Naova  lomba  dl 
giganti.  ..  [A.  Taramelli). 

Fascículo  6.  I.  Vriitsíai  Lapide  com  ucrúfone  romana. . .  II.  Soma:  Hmoet 
êooperte. . .  (G.  Gatti).  III.  Foro  romano:  Etplorazione  dd  lepolcrelo  (O.  Boni). 
A  prodigalidade  das  illnstraçòea  em  photographia,  em  desenho  a  traço,  cem 
plantas,  com  cortes,  com  o  aspecto  das  phsseH  da  exploração  daa  fbtwas;  a  re- 
prodiicção  de  cada  objecto  em  particular ;  arepresentaçSo  ideal  ou  eschemstíca 
do  cadáver  enjoreado  com  o  espolio  completo,  e  a  mÍDUciosidade  da  descrição, 
faiem  d'eBte  magnifico  relatório  modelo  de  trabalhos  no  g-enero.  O  ccnuterio 
era  assaz  complicado,  pois  que  fossas  de  inhumaçSo  efossas  de  cremaçlo  sobre- 
pdem-se  e  enclavínham-se  de  modo  a  fazerem  delicadíssima  a  tarefa  do  explo- 
rador. IV.  Apolia:  Diun  tuorttto  di  monetc greehe  di argenlo  (k,  Meomartini). 
Riviíta  itorica  italiana  (Toríno);  Gcnnaío-MarEo,  1905.— I.  Rteeiuioni  e  ntnt 
bibliografiehe.  II.  Spoglio  di  4.°  rivitla.  III.  ífoliiie  e  comatUcaiioni. 

Aprile-Giugno,  1905. — Idem. 

Luglio-Settembre,  1905.— /dím, 
Atti  delia  I.  R.  Accademla  di  sciense,  lettere  ed  arti  dagli  ogiati  in  RoTarati^ 
fascículo  1,  Gennaio-Marso  e  fascículo  2,  Aprile-Giugno,  1905. 


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o  Abcheolooo  PoETcauÊa  413 

ROTua  de  l'£Gola  d'aiiUiropologie  de  Paria;  ii.°  1,  Janeiro  de  1903. Texto:  André 
lAfhort  (Michel  BrÉal);  /.'airfocAtonúme des aíarei «i  £urope  (S.  Zaboroirski) ; 
Etuàt  aaíhropologiqta  et  archêologigue  de  1'Égffpte  (MM.  Manouvrier  et  Capi- 
tan};  registo  duas  coaclusSes  de  Chantre  de  cuja  obra  este  artigo  é  a  apre- 
«iação,  são  ellas:  1.*,  a  antiguidade  da  ciTilÍEaçilo  do  Eg-ypto  aobe,  eem 
duvida,  alem  dos  tempos  históricos.  8ó,  poi-ém,  os  vestígios  das  industrias 
primitivas  da  idade  da  pedra  revelam  a  presença  do  homem  antes  da  ].*  dj- 
nastia;  2.*,  a  civilizatSo  eg^pciaca  é  aatocbtone  dobo  o  poro  que  a  criou, 
c  o  maravilhoso  doscnrolvimento  que  attingin  tXo  r^damente,  só  se  deve 
ao  seu  génio  incomparável.  O  estudo  archeologico  e  sobretudo  o  prehietorico 
do  Egypto  é  assunto  qne  nSo  deve  passar  com  despreio  da  part«  d'aquelle3 
qne  se  sentein  aguilhoadoa  por  intensa  curiosidade  deaute  das  quest^s  de 
chronologia  relativa;  Orotte»  à  peiniureê  de  1'Ámiriqw  du  Sud  (A.  de  Mor- 
ttllet) ;  NoUs  et  matiriavx. 
RsTiie  do  rÊcole  d'AiitropologÍe  (Paris);  n,  Pévrier,  1905.— I,a  Troie  hamiríque 
et  lea  réeentet  deeouveTttM  en  Crtte  (R.  Dnssand).  Hchliemann,  com  a  ideia  fixa 
de  encontrar  os  vestígios  dos  heroes  de  Homero,  levou  o  seu  generoso  alvião 
áa  minas  de  Tróia,  de  Micenns  e  de  Tirins.  Mas  desde  que  com  elle  collabo- 
TOn  Doerpfeld,  o  &uto  dos  seus  trabalhos  admiráveis  redobrou  de  valor,  por- 
que começou  de  obedecer  a  methodo.  Às  mais  antigas  camadas  da  acrópole  de 
Tróia,  na  colliua  de  Hirsallik  datam  de  alguns  séculos  anteriores  ao  millena- 
rio  2:500  a,  C.  D'ahi  para  cima  slo  nove  os  periodos  em  que  Doerpfeld  divide 
esta  civilização.  O  1.°  nSo  ainda  bom  explorado,  seria  oeolítbico  puramente? 
É  davidoBO;  abundam  utensílios  de  pedra,  que  aliás  se  conservam  até  o  5.° 
período,  e  ossos ;  a  cerâmica  é  grosseira  e  primitiva.  No  2."  ba  já  o  bronze- 
Numa  e  noutra  ha  muralhas  argamassadas  con  terra;  na  Tróia  d'eete  pe- 
ríodo (2:500  &  2:000  a.  C.)  ba  grandes  edifícios  em  que  se  encontram  analo- 
gias com  as  descriçJSes  de  Homero  na  Ilíada.  A  cerâmica  ã  torneada,  e  imíta- 
vam-se  de  longe  as  fónnas  vivas.  D'aqui  6  o  theaouro  de  Priamo.  Empregam-se 
ao  lado  da  pedia  (qne,  facto  curioso,  servia  também  para  replicas  das  armas 
de  bronze)  o  ouro,  a  prata,  o  bronze  e  o  chumbo.  Apparecem  ídolos  de  as- 
pecto snmmarío  e  como  que  fictício.  Ãlgnns  recordam  as  nossas  placas  de 
schísto.  O  celebre  idolo  de  chumbo  era  esculpido  coin  protuberâncias,  que  tra- 
duziam OB  relevos  por  nm  processo  por  que  na  minha  infância  me  ensinavam 
a  modelar  bonecos  com  a  cera  virgem  do  tempo  pascal.  Nesta  collina  de  His- 
sarlik  succederam-se  depois  três  instalIaçSes,  três  periodos  até  qne  a  civili- 
zaçlo  micenense  se  estabelecesse  com  a  cidade  que  a  Ilíada  celebrizou  (1:500 
a  1000  a.  C).  Esta  Tróia  Homérica  nZo  foi  exactamente  identificada  por 
Schliemann,  mas  por  Doerpfeld.  Os  pólipos,  coraes  e  algas  inspiravam  os 
artistas  ceramicoe  de  Micenas  ao  lado  de  ostros  motivos  geométricos,  como 
a  espiral,  as  linhas  parallelas  rectas  e  ondeadas.  Relativamente  á  historia 
da  industria  humana  nas  margens  do  Egêo,  as  épocas  minosense  e  micenense 
constitnem  a  idade  de  cobre  c  de  bronze.  O  fim  da  época  micenense  é  trazido 
pela  invasXo  dórica  que  introduziu  o  ferro  na  Grécia.  A  civiliiaçSo  homérica 
pertence  ao  período  de  traneiçfio.  Km  Minos,  a  arte  adquiriu  grande  desen* 
volvimento.  Tinham  lá  escrita,  e  talvez  algum  dia,  mais  estudado  este  as- 
sunto, a  origem  do  alfabeto  fenício  se  possa  estabelecer  melhor  em  Minos 
do  que  no  Egypto;  Z.'auroi^j  eí  íe  biton  {P.  G.  Maboudeau);  UKommr,  le 
utanunouth  et  le  rhitweéroi  à  1'ipoqite  quaternaire  datu  Paria  (L.  Capitan). 


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o  Archeolooo  Pobtugoês 


Temos  aqai  o  pttrisieiíM  prchistorico  que  se  aproveita  do  primeiro  ealhftn 
de  silei  de  qne  tem  necessidade  momentânea  e,  aproveitado  elle,  o  >avfliita>. 
legando  incongcíeD  tem  ente  ao  paleethnologo  do  sec.  zi  d.  C.  mn  mj-sterioM 
eolitho.  Paia  nós  o  primeiro  problema  é  poder  dogmatizar  a  ntilixafSa  do 
rébo  pelo  homrm.  Se  estes  líliceH  rudes  uio  aão  coeToa  dos  veitigioB  do 
mammnUk  e  do  rinoceronte,  n3o  podem  deixar  de  ser  maia  antigog,  soando 
o  il]u£tre  autor. 

tii,  Mars. — L«  monde  ruue  (P.  Schrader) ;  Let  Lolot  eC  let  popuialioat  rfu 
«uij  de  la  Chine  (S.  Zaborowski) ;  Étvde  pítrograpkiqtie  àe*  meiíHrea  emptoj/éa 
poar  la  fabrication  da  vata  en  pierre  prihittoriquea  ^yptieiu  (Capítan  et 
Cajeni);  ÊvoliUion  dt  l'idée  reUgieuse  data  1'hidr. 

IV,  ksiW.  — La  folie  et  legénie  (Et.  Eabaad);  La  groUe  Niceia»  {W\.  Du- 
mas). Os  ornatos  da  cerâmica  d'esta  gruta  sSo  bastante  cnriosoa;  temoe  as 
linhas  parallelaa  ondeadas,  que  nds  conheeeinoB  de  estaçSes  protobiatoricas, 
os  escaques  em  relevo,  bem  como  triângulos  eombíuadoe  ainda  em  relevo, 
parece  que  com  vestígios  de  massa  branca  nos  fundos ;  Daix  crâtitã  niandrr- 
íAaloida;  Vn  crãne  lithuanien  du  zv  riède;  Naíea  tt  matiriavx;  lÀvrea  eí  mtm. 

V,  Mai. — La  caradiret  de  la  dent  camivore  (A.  Lifire);  Novi-tíUt  figura- 
i(on>  dii  mamovih  grauie»  turoã  (H.  Breuil);  Nole  «urun  erânehumain  anãt» 
(A.  Schenk) ;  Pivrres  percéa  dei  cimtíierai  Talara  (E.  Pittard). 

VI,  Juin. — Doeumtnt»  pour  unir  à  Vélhogéne  de  la  Carte  (P.  G.  líobcra- 
deau).  O  tjpo  etbuico  mais  antigo  da  Córsega,  o  que  mala  predominante- 
mente arraça,  £  o  pleistoceno  de  Cro-Hagnon ;  Lr  pay»  de  Laghoual  (J.  Hn- 
guet) ;  /^  commerx  et  te»  nona  de  Vamhre  |S.  Zaborowski) ;  Ètude  d'mu  térie 
dep&ees  TecueiUiei. . .  ian». . .  Ãbydoê  (L.  Capitan). 

IX,  Septcmbre. — Le*  aUaeieni  lou»  le  rapport  moral  et  iutdieebiA  (G.  Her- 
vé);  RappoTtê  de  VÉgjfple  et  de  la  Gavle  à  1'ípoque  néoUlhíçat  (Capitan  et 
A.  D'Aquel).  Este  importante  artigo  merecia  longo  e  commentado  extracto 
de  que  a  falta  de  espaço  nos  obriga  a  prescindir.  Tanto  maii  qne  tencio- 
namos escrever  alguma  cousa  sobre  o  assunto  em  melhor  oecatáBo.  Foi  numa 
ilha  prosima  de  Marselha  que  os  AA.  encontraram  vm  precioso  espolio  neo- 
lithico,  presumindo  que  nessa  época  o  continente  alcançaria  ease  logar  e  que 
alem  dos  rebotalhos  dos  indígenas,  os  navegadores  do  Egypto  ali  tíveasem 
deixado  também  objectos  do  sen  uso. 

X,  Octobre.  —  Lei  aUacietu  toat  le  rapport  moral  et  inteUtetatl  (G.  Uervé); 
La  írouvaille  raorgienne  de  Glamtí  (A.  de  Mortillet).  Este  achado  comp5e-se 
de  13  punhaes  e  nm  machado  de  bordas  ou  alhStas  de  bronca.  As  laminas, 
que  tIo  desde  0,390  até  0,12i)  de  comprido,  recordam  as  noesas  algarvias 
de  cobre  de  um  dos  monumentos  de  Alcalar,  consideradas  lanças  por  Estado 
da  Veiga.  E  importante  poder  estabelecer-se  esta  relaçSo,  cujos  pontos  de 
contacto  s3o  ainda  mais  variados;  L'abri  tou»  roeke  et  le»  quarit  latilét  de 
St.  Laureat-tar-Shíre  (Charbúnoeau-LassayJ.  É  nma  estaçilo  neolittúca  em 
regifio  grauitica,  onde,  embora  nilo  h^ja  as  proAindas  cavidades  dos  terrenos 
jurássicos  e  cretáceos,  nem  por  isso  deixaram  de  existir  habitaenloe  do  ho- 
mem prehistorico ;  Livrei  et  reviiei,  iL'origine  des  bohemiens». 

Hot«B  d'art  at  d'aTchõologie ;  n."  6,  Junho  de  1905.  Texto:  Frontenade  à  trat-ers 
lei  êaloni  (Leroui-Cesbron);  i>  eoneert  de  la  loeiéti  Saint-Jean,  w4a,  pttíii 
salemi,  ealendritr. 

P.  A.  P. 


byCOO^^IC 


VOLUME    X 
índice  analítico 


AaRlGULTfBAt 

AlgUDS  documentos  para  a  historia  da  agricultura: 


Alfaias  do  thesouro  de  Santa  Maria  du  Guiioaràcs :  liii. 
('olcha  de  carditiia  vtt^lint:  211. 
Vi  d.  MMliarin. 


No  Promontório  sacrii:  111. 

Oruiidos  PadrOes:  28. 

DolmeDs  do  concelho  de  Sátão:  16. 

Dolmen  da  Commeuda  da  Igreja:  41. 

Noticia  de  antas,  juuto  de  Lisboa,  no  skk.  xvii:  161. 

Dolmeu  da  Fera  do  Movo  (Jannello) :  201. 

Anta  dosVieiros:  SOi. 

Aatai  em  Buivós:  306. 

ANTHBOPOLOfilAi 

Vid.  Antiguidade*  loeae»  (Algarvi;),  Archeotagia  lvttlani>-romana 
(Vianna  do  Alemtqo),  Afuteu  (uotice  somuiaire,  otc.). 

AMIOUIDADES  LOCAESi 

Vid.  .UuMii  (uotice  !<ominaire,  etu.). 

A)  AUmttJOt 

Aljustrel  (^caatellos) i  lOU. 

Arraiolofl  (inscripçfio  [omana) :  198. 

B^a  (arco  TOmono):  4t;  (necropole  romana)  i  165. 

Elvas  (castello) :  41  e  280. 

Hertola (inticripçtto  romana);  31;  {amphoras):  95; (ponte  romana):  4U. 

Hina  de  S.  Domingos  (amphoras  e  tijolos):  261. 

Hontemdr-o-Novo  (dolmen):  41. 

Terena  (igrtjja  da  Boa  Nova) :  888. 

Vianna  do  Alemtejo  (cemitério  romano):  16. 


byGoot^lc 


o  Akchuologo  POKTUUUbi 


Ãutiguidades  monumeutkes  do  Algarve:  Alje«UT,Viltft  do  Bí«po,H(Mite 
Amarello,  Oduscixc,  Sagrea,  BcnsaMiu,  Lagoi,  Odiasere,  Boioa,  Al- 
cslar,  Silves,  Meseiuee,  Atalwa  a  Altc  (uiiuaB  de  t^obre),  Foatc  SaoU, 
Vcudinha  (mioa  de  cobre),  Cacella,  Castro  Marim,  Alcontim :  6,  lOT 
a  116. 


Faro  (thetnuu  de  Estoí) :  11. 
Vid.  Niunitmatiea. 


BobadelU  (arco  romano):  41. 

Cannae  de  Senhorim  (noticia  de  orca) : : 

Convento  de  Louriçal:  231. 

Feira  (castello) :  897. 

Montemór-o- Velho  (eaatello) :  11. 

Nellas  (orca  da  CarTalhioba) :  312. 

Fadrõea-Mangualde  (orca) :  38. 

Sabugal  (antiguidades  varias);  ISD. 

Sátlo  (dolmens) :  40. 

Tarouca  (torre  e  igrejas  antigas) :  40. 


Collares—Almoçageme  (moBaico):  153  e  166. 

Constância  (castello  do  Zeiere) :  381. 

Leiria  (mosaicos):  49. 

Lisboa  (cemitério  da  igr^a  dos  Martjres):  i2;  (sepultara  do  Ãl&gemc 
de  Santarém  no  Carmo) :  158 ;  (noticia  de  antas) :  161 ;  (convento  de 
Santa  Clara) :  233 ;  ( paramentos  antigos  e  tapetes  da  P«reia) :  Í^J ; 
(muscn  do  iiatriarchado) :  332. 

Lumiar  (tapetes  pérsicos) :  260. 

Óbidos  (castello):  41. 

Pragança  (fomos  antigos) :  43. 

Santa  Margarida  do  Sado  (fibula):  331. 

Scrtil  (ara  votiva) :  81)9. 

Setúbal  (estações  prehisloricas  da  Commenda,  OntAo  c  Guapos):  ISi. 

Sines  (castello) :  100. 

Sintra  (tapete  pérsico) :  218. 

Torres  Vedras  (castello):  218. 

Tróia  de  Setúbal  (minas  romanas) :  41. 
Vid.  Nimitmalica. 

E)  EDtre-Dtaro-e^Mlahdi 

Alvarelboa— Mua  (pátera):  40a 

Arcos  (erro  das  Inqniriç&es) :  246. 

Bracara  Augusta:  116;  (tanque  romano):  41;  (eastello):  244  e  875. 

fíiiimaries  (pergaminhos  da  collegiada):  136,  306  e  344. 

Lamego  (cisterna  do  eaatello) :  400. 


byGOí>^^IC 


o  ÃBCHEOLOGO  P0BTUOUÊ8 


Melgaço  (igr^K  românica) :  41. 
Pkços  de  Ferreira  (i^eja  românica) :  41. 
Porto  (meio  tornêsj :  l'J5. 
Resende  (igr^a  de  CiU^uere) :  41. 
TtiloDcia  (offieina  moDetaria)  1  197  (nota). 
Vid.  Geogrofhia  hitUmea. 

P)  TrAt<oB<Mo«te8*. 

Alijó  (íoBtramentoe  neoUthicoe  e  caatroa):  237. 

Bragança  (pelonrinlio) :  41. 

Murça  (dolmena) :  816. 

Fanoias  (recinto  romano) :  41. 

Villa  Nova  da  Torre  de  D.  Chama,  cosc«UkO  de  Macedo  de  Caralleitoa 

(fraga  da  moura);  S39. 
ViUa  Boal  (Torre  de  QoiuteUa) :  292. 
Vinhaes  (libola  e  fivelas) :  106. 
Tid.  Nimiêmatiea. 


Goa  (arcUvos):  92. 
Maoica  (veatigioa  de  miuerajSo) ;  94. 
Femem — índia  (moedas  de  ouro):  398 
ZaniJbar  (artilharia  antiga);  281. 
Vid.  MoiMtttertloê,  Nmiiitnatiea. 


ABCHEOLQttUt 

PrehlstortM: 


Antiguidades  prehistoríeas  da  Beira: 
I  Orçados  PadrSea:  28. 
II  Oroft  da  Carralhinha :  S12. 
in  Noticia  de  dnae  orcaa :  813. 
EetaçSei  prehistoricaa  doi  arredorea  de  Setúbal:  185. 
InstTQmentoa  neolitlueoa  de  Alijó:  337. 
Dolmena  no  concelha  de  Horça:  836. 

Vid.   Aniiffiiiáada  monumeataet  do  Algarve,  A^itceliane 
Ania*,  Octano,  o  Mpecies  occorrentea- 


0»  Grovios:  387. 

Tid.  Ferro,  PhaàeiíM,  e  espécies  occorreutes. 


LKBlfaUO-rOMUOI 


Autignidadei  de  Viaima  do  Alemtejo:  16. 
MoBMcoB  romamis  de  PortDgal:  49> 
Explorações  arcbeologicaa  em  Hertola :  9ã. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheologo  FoRTuaufis 

Uusaico  acluulo  eu  Culltu-ua  (AloioçiigoiDe) :  152  o  156. 
Kecinto  rotnuia  de  Pauoiu:  41. 
Tanqu«t  nvoano  do  ídolo:  41. 
Necropole  ronuna  de  Pax  lalia;  lti5. 
Apparecíineutoa  de  ampliorae:  381. 
FibuU  tnnMtagRDA :  320. 
A  dcQM  Nabin:  390. 
PiileradeprRU:  40(i. 

Vid.  Epigrapliía,  Miueu,  Arektítcítira,  Ponlt,  Thtrma»,  Buímoè, 
Aalignidadft  Ineaea  (Setúbal,  Terena). 


Hoedtu  viaígotícas :  109. 

Sepultura  do  Alfageme  de  Santarém:  153. 

Vid.  Onomiutirfi,  líuteu,  Caêtelto,  Cataloi/o,  Al/aia,  Moliiítario, 
ArehUeetitra,  Tom,  Arekeologia  porliigtifta,  JffTrja,  Sepvl- 


Vid.  Miiitu,  Etymtiloyia». 


OaHl>;Jlos  do  WC.  :tvi:  101. 

Ccuiitcrio  da  igreja  dos  Hartyreií :  42. 

O  caatello  de  Braga:  375. 

Kuinas  incdievacs:  401. 

Sauta  Maria  dcTcreoano  iicc.  xiii;  340. 

Vid.  Ituptlri^k»,  Elxtraetos  do  JrcAti-ti  Sacioual,  Aríc  rdigiota, 
Ardultctnra,  fgrfjtt,  E^grúfhia. 

Eatrtngeini; 

CougrcsM)  de  Pérígueux :  403. 

Vid.  Proletfão,  llibUographia,  Mum,  MMtiarío,GeegraplUa 
huloriea,  Mina. 


IndetcrMlsadat 


Vid.  1'rolecção,  iloiiutntnto»,  MitctUanca,  J/uwu  (notjce  soan- 
maire,  etc),  Bibliúgraphia,  Antiguidadeê  taomimetlaa  da 
Algarit,  Pia*,  e  cspeciea  occorrentes. 


AMCHITECTUEA; 


Igreja  e  ruinas  do  mosteiro  cistercieuse  de  Salzcdaa:  40. 

Igreja  e  ruinaa  do  mosteiro  eistcrcieiíBe  de  S.  Joio  de  Taioat 

Igreja  românica  de  Paderne:  41. 

Igreja  de  Paços  de  Ferreira:  41. 

Arco  romano  de  Bobadella:  41. 

Arco  romano  de  Beja :  41. 

Igrtya  de  Cárquere:  41. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheoloqo  Poktuouês 

IgF^a  antiga  com  ínscrípfSo  em  Ruivos :  206  e  3< 
Igrejas  antigas  do  Sabugal:  307. 
O  santuário  do  Terena ;  388. 
Vid.  Catttlto,  Torre,  PotUe- 

ARCHIVOt 

Archiyo  e  cartório  dos  pergaminhos  >\n  casa  do  Con<1o  di 
Arcbivo  notarial  de  Vimieiro:  157. 
Ou  archivos  do  fíoa :  92. 

Viíl.  Cataingn,  Muêoi  di  Palríarehndo,  Extracto*. 
ARCO: 

Viil.  Archilecliira. 

ARTE  NAVAL; 

Vid.  Extiitetoê  do  ArtAívn  Xaeii>»al. 
ARTE  RELlOIOSAi 

Vid.  Museu  do  Palriarchado. 
ARTE  TXPOORAPHICAl 

Uma  raridade  tanromaehien :  <)%. 
ARTILHARIA! 

Artilliarta  antiga  de  Zanzibar:  281. 

BIBLIOORAPHIA: 

Registo  bibliographico  das  permutas:  62, 159,  285,  407 
Elogio  histórico  do  general  Carlos  Ribeiro:  ir)7. 
ReligiSes  da  Lusitânia:  284. 
Hiicellanca  (n."  4) :  398. 
Daas  raridades  bibiiograpliicaa :  402. 
Deni  mots  k  propôs  du  livre  de  M.  G.  Engerrand:  40õ 
Vid.  NumitmoHca,  Antignidadet  l^icatt  (Algarve). 


Figuriuhaa  de  brome:  175 
Machado  de  bronze;  2flfi. 
Vi.l-  3f"W". 


Autos  de  posse  de  castellos  no  sec.  < 
Castello  de  Elvas :  41  e  260. 
Castello  de  Montenn5r-o- Vplho :  41. 
CaMello  de  Óbidos:  41. 
Caatello  de  Alfaiates:  203. 
Reflneto  em  Ruivos:  207. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcbeolooo  Pobttooês 

Cutello  da  Munda:  238. 
O  caitello  de  Braga:  15,  2i4  e  876. 
Castello  de  Taires  Vedraa :  878. 
Castello  do  Zesere:  261. 
Castello  da  Feira:  397. 
A  cisterna  do  castello  de  Lamego :  400. 
Vid.  Tom,  Muralha»,  CaHrv,  Igr^a. 


DePragBDça:  «7. 
Do  Hinho  e  iTis-oA-tíoatc»:  67. 
EoiVinhaes:  106. 
Do  Amado :  106. 
Mo  CaatrelySo  de  QainteUa:  106. 
Do  SabngalTetho:  300  e  2Q2. 
Em  Pena  Lobo  (oa  fortiãcafio):  S03. 
Cabeço  dos  Mouros  (Sabagal) :  203. 
Tiei  eaatTOB  em Villa Verde  (Alijó):  2S 
Castro  de  SoaUí  de  Eecniito  (Ãlijú):  23 
Vid.  Ferro. 


Dos  pergaminhos  existentes  do  archivo  da  Insigne  e  Real  Collegiadi 
de  animaracs :  126,  207,  844. 


De  fórmi«  aínnOBas :  205. 

Circulares  em  castro :  238. 

Vid.  Jnteidpturtu. 

CERÂMICA  E  TUOU>Sl 

Vaso  e  tyolos  de  necropole  romana:  167  e  166. 
Nnm  caitro  do  Sabugal:  203. 
Tijolos  c  telhas  esparsas  do  ehSo:  207. 
Amphoru  e  tijolos:  281. 

Víd..Aní[^í(la(ie«Ioca««(Braga,MertoIa,Pragfliiça,Setiibal),Jii'w 

CONfiKESSO: 

Mimoire  lu  au  Conffrkã  Inttmatioual  d'Ãrchioh>yie,  BísBÍon  d'AthèiieB: 

169. 
Congresso  de  Periguem;  408. 

EPIOBAPHIA: 

A)  LaslUao-romau : 

IiiscripçSo  romana  de  Myrtilis:  31. 

Duas  inscripçAes  romanas  de  Urncara:  119. 

Fragmento  de  iuscripçfto  de  Beja:  166. 


byGoot^lc 


o  Archeolooo  Pobtdquês 


InBCripçSo  romnoa  dn  concelho  de  Arraiolos:  198. 
Ara  da  deusa  Nabia:  399. 

B|  NedlevKli 

Sepultura  do  Altágumo  de  Santarrm:  154. 
Lapides  cm  igrejas  antigas :  207. 
ABsinaturaH  de  canteiros:  3!IT. 

C)  lQdet«rnlu4at 

Vid.  Antigiiidadfii  locat»  (Arrira). 
BTHNOGRAPHIÁ: 

Sigmfication  rtligieatt,  en  Lutiíanie,  ãf  qurígi 
Irou:  169. 

Vid.  Aníiffttiãadtt  Ukck»  (Tcrcua),  Artf  typfigraplii 
t,  etc.),  Lenda. 


ETHNOLWilA  (DA  LUSITÂNIA): 


Vid.  j4nít^'dade8Íoc<ie*  (Algarve),  Ârcheohgiaprolnh 
1  graphia  hietoriea. 

emOLOOIAS: 

AljeiLir:  108. 
âuilhafÓDXC :  256. 
Arcos  de  Valdevez:  2">!f. 
Abreu  (e  nomes  em  eu) :  317. 

EXTRACTOS! 

A)  Ur  Jornada; 

Commofeio  tio  Minho:  Vi. 

Diário  de  Noiiciaã:  43,  93,  94,  152,  IM,  l.W,  278,  2fi0,  2 

397,  398,  402,  403. 
Qeaúa  de  Liiboa:  42. 
Seado:  163,  156,  279,  281,  378. 
Jornal  âaã  Colónia»;  398. 
O  Progreuo  (Lamego):  401. 

Vid.  Anligttidaáet  liKan  (Algarf'e). 

B)  Do  AreklTo  7f«l*nal: 

Instruef  Só  para  a  Casa  em  que  se  hão  de  marcar  as  moedas 

AlganB  documentos  para  a  historia  da  itgrienltura  o  da  na\ 

Pas  liujuíriçõft  de  D.  AlTonso  III;  295. 

Noticia  de  aiitns  junto  a  Lieboa  (Papeis  dos  jp-iuitan) :  U 

Antos  de  posse  de  cnetellos  no  sec.  zri:  100. 

IjBv  dss  moedas  que  fez  el  Bey  dõ  afornso  5  em  a  era  dfl  1 

Regimento  da  marca  das  patacas  e  meia»  patacas,  etc:  ' 


byGoot^lc 


o  AitcoEOLoeo  P08TU6UÊ8 


C)  De  MtrM  araklTM  1 

Ferguninhoa  da  CoUegimda  de  G«Ímar3e«:  126,  207,  344. 
De  um  tombo  de  prazoi :  293. 

Vid.  InqviriçSeã,  Ifmnitnialica,  MUfàlanta. 


FEBRO  <epMa4a)t 


Armif  de  fmo:  166. 

Vid.  -VtMC»,  FVmfa,  Antigaidadt»  mommmUtn  tia  Algarre,  Mintit. 


Antigoallias  trsnHmonUiiu:  lOTi. 
FíbiiU  truutagana :  320. 


6E0GR1PH1A  HI8T0BICA: 

Oi  Orovioe:  287. 

Vid.  Antiguidade*  monvmattatt  do  Algarrf. 


Mudança  do  nível  do  Oceano:  1!*3. 
Vid.  Caridadei. 

HBDTAi 

Laptdn  Urw:  20S. 

HABITAÇlOi 

Habitueuca  prchistorieita  ao  limpi  da  eo^ta  marítima  (Setúbal) :  166. 

lOBUAt 

Igreja  com  fúrma  de  castello.'  338. 
Vid.  Architeehira. 

HDVMENTABIA: 

Vid.  Mobiliaria,  Miiir*Uanfa. 
INqCIBIÇOESt 

t'm  erro  de  amanuense  nas  Inqiiiri(3«B  de  D.  ASotnm  Ilf:  246. 
Vid.  Extrado». 

IN8  CULTURAS  t 

Em  roeha  ou  fosiazinhas:  204  c  SOS. 

LAfiABi 

No  Sabugal:  203. 
Vid.  Pia,. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  ÀBCHEOLOGO  FORTOGOÊS 


LENDAS: 

Do  Promontório  Sacro:  110. 
No  SabQgal  Velho:  200  e  sqq. 
No  Caetello  de  Torres  Vedras 

:278<oot<»). 

LUSITÂNIA: 

Vid.  espécie»  occor 
logia. 

leafa 

e  Oeogiaphi 

I  hiríúrica,  tídigião  e  Ethnt 


Apparecimeuto  de  machados  de  pedra:  201. 
Vid.  Arehr.otogia  prekiâtoriea,  Pedra. 

MEDALHA: 

Vid.  Nmíiiimalirii. 
HlNAi 

Minas  de  cobre:  114. 
VeatigioB  du  laboração:  201. 
Fomoa  de  fundirão:  201. 
Minas  de  S.  Domingos:  280. 

Vid.  Antiffuidadei  loeaet  (Afrka). 

MISCELLASEA  ABCHEOLOCIICA: 

1,  Fogo  causado  por  uma  pedra  de  coriscoí  41. 

2.  Cemitério  da  ígr^a  doe  Martyrea  de  Lisboa:  IS. 
S.  Fomoa  antigos  cm  Pragança:  12. 

1.  Begalía  da  moeda:  13. 

1.  Os  archivos  de  Qoa:  92. 

'2.  Archeologia  do  aol  de  Africa:  91. 

1.  Mosaico  achado  em  OoUarcB:  152. 

2.  Sepultura  do  Ãlfageme  de  Santareui:  lò'ò. 

3.  Bninaa  o  edificlos  cm  Almoçageme:  166. 
1.  Testamento  do  Conde  de  S.  Mignel:  I5i;. 
ii,  O  archivo  notarial  de  Vimieiro:  167. 

1.  Castello  de  Torres  Vedras:  378. 

2.  Tapetes  pérsicos:  978. 

3.  Castello  de  Elvas:  280. 

1.  Minas  de  S.  Domingos:  280. 

5.  Castello  do  Zêzere:  281. 

6.  Artilharia  antiga  de  Zanzibar:  281. 

7.  Museu  do  Porto:  283. 

1.  Uma  raridade  tauromachica:  396. 

2.  Castello  da  Feira:  397. 

3.  Achado  de  moedas  portuguesas:  398. 

4.  O  «Memorial  das  moedas»  de  Fr.  Francisco  de  Santa  Maria:  iJ98. 


byCOO^^IC 


o  Abchbologo  Pobtcouéb 


1.  A  deusa  Nabia:  399. 

2.  PÂtera  de  prata:  400. 

3.  A  cisterna  do  Castelio  de  Lamego;  400. 

4.  Mnsea  de  Artilharia:  401. 

j.  Daas  laridades  bibliographieas:  402. 
6.  Congresso  de  Périgneni-.  403. 
Ruínas  medieraes:  4(H. 


MOBILIÁRIO  I 


Medieval:  131. 

Do  Conde  de  S.  Miguel:  156. 

Tapetes  pérsicos:  278,  279,  280. 


liista  dos  DionumeatOB  que  pelo  seu  caractei  biatorice,  archeolo^ca 
artístico  afio  susceptíveis  de  se  considerarem  lUkciodaes:  38. 
Vid-  Casldlo. 


Mosaicos  romanos  de  Portugal:  49. 

Mosaico  achado  em  Collares  (Almof  ageme] :  152  e  156. 

HDBALHáSi 

Em  Sortelha  (Sabugal):  áU3. 
■USEDi 

Museu  de  Braga:  13. 

Museu  Municipal  de  Beja:  32,  lUO. 

Museu  do  Algarve  (eztincto):  118. 

Muicu  archeologico  de  OuimarSes:  176,  201. 

Museu  da  CommissSo  Geológica:  206. 

Museu  de  AitUharia:  282,  401. 

Museu  do  Porto:  288- 

Musea  do  patriarebado:  322. 

Acqaisiçõeti  e  objectos  do  Museo  Ethnologico  Português :  29,  44,  stí, 

95,  107,  162,  165,  166,  173,  175, 199,  871,  374,  879,  400. 
Notice  sommaire  snr  le  Mnsée  Etbnologique  Portngaii:  65. 
Vid.  Ãntiguidadei  loeaa  (Mertola). 

MATEHAÇlOi 

Viã.  Extracto»  do  ÃrtAivo  Nacional. 


A)  De  dlrindade*  UiltanieMi 
EndoTellicus:  348. 
Nabia:  399. 
Tontanus:  343. 

Vid.  Mvteu  (notice 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcheolooo  Fobtu< 


B)  D«  pMMM  (em  inicripçSes  liuitano-TOmai: 
Jalia  Lupiana 
Ltbnrniua  Victor 
H.  Anreli  Antoniui:  119- 
Ii.  Aureli  Commodi:  119. 
Valentiniano:  119. 
Valepti:  119. 
Etbeid...:  198. 
BaUv...:  198. 
(Sceio:  899. 
Uaooi:  899. 

C>  SeorrâpUeoa  (aatigot) : 

Da  Ibéria:  p.  11  «  sqq.,  38T. 

Baestiri:  115. 

Lacobríga  c  Ossonoba:  116. 

Sepania:  117. 

GroTii:  287. 

Vid.  AntiçHÍdada  monumêntaeê  do  Al 

D)  De  aitoreH  (antigos) : 

Dos  qne  se  occapam  da  Ibéria:  11  e  aqq 

EBtrabXa:  110. 

Artemfdoro:  IIU. 

Ephoro:  110. 

Pomponio  Heta :  287. 

Plinioo  Antígo:  281. 

Antonino ;  llõ. 

Silio  Itálico :  287. 

Ptolomeu :  387. 

Vid.  Ononxutú»,  Ãrthtologia  rMdievc 

X0T1CIA8  TÍBIAS: 

Vid.  Múcellanea. 


NtllISlUTICA : 

Appareciínento  de  moedas:  49,  201,  398. 
O  desacato  na  igreja  de  Santa  Bngracia 

do  SB.  Sacramento:  224. 
Moeda  inédita  do  D.  Affonso  V :  241. 
Regimentos  das  marcas  da  moeda  nas 

got:  295. 
Medalhas  dedicadas  á  infanta  D.  Catha 

Inglaterra:  301. 
Contos  para  contar :  358. 
O  Memorial  das  moedas  de  Fr.  Franciec4 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Abcueolooo  Portuouís 


Duos  rtuidadeí  blbliogiAphicu :  402. 

Uma  medalhn  portagneBa  inédita;  1. 

Mtteriaoii  numismáticos :  26, 

Efitudos  de  numismática  colonial  portuguetta.  {O  lerafim  dobrado  <l( 

1685) :  S2;  (A  inveoflo  do  saotomé  de  12  lerafina  de  1731):  1». 
Regalia  da  moeda:  43. 
Medalhas  de  salvaçio  portuguesas:  72. 
A  lei  de  13  de  março  de  IÍ78  sobre  a«  libras:  17lí. 
O  meio  tornfie  do  Porto:  lã4. 

Vid.  Mitctílanta,  BiiAiographia,  Aidigviiaãt*  mommailaft  ie  Aí- 
gariv,  Ethni>gra.phia. 


Mudança  de  niTel :  198. 
ONOMÁSTICO: 

Medieval  PortUjfaèe:  50,  138,  260,  3R8. 
Vid.  Catalogo,  fírovw». 

OUBO: 

^'id,  Autiffiudadr»  toeaet  (Africa). 

PALEOETHTiOLOtílA: 

Vid.  Ârckedogia  prthitíoriea,  ÃtUiffufdadtt  momaaenlaei  de  álgtrrt 
e  espécies  occorrentes. 

FALBORTOLOOIA: 

Vid.  Antiffuidadei  loeaa  (Setúbal),  Gtxilogia. 
rEDRA: 

Utensílios  de  pedra:  30. 
Pedra  de  corisco:  41. 
Instrumentos  de  pedra :  206,  ti3S. 

Vid.  Antiguidade»  locatê  (Setúbal),  MatAaão,  Mitetllanea- 

PEI^UBIUHO: 

Pelourinho  de  Bragaupa:  41. 
De  Sortelha:  204. 

PHESICIOSi 

SuppostoB  vestigios:  95. 
PIAS: 

Ko  Sabugal :  203. 
Fraga  da  Moura:  SSU. 
Vid.  Cavidade. . 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Akcheoloqo  Pobtuquês 


PBOTBCÇÂO  Á  ABUUEOLOeiA  i 

EdcavaçSes  em  Epheso :  38- 
Escavaçãee  na  Babilónia:  38. 
Vid.  Monamentot,  Cattetln. 

RELlflliO: 

Vid,   EAnoffraphim,   Piai,  BíWtoyropSio,   Noma 


Ruma»  romanaB  de  Troia  Hr  Setúbal:  41. 
Ruioas  medicTaes :  404- 
Tid.  Caatdlo,  Motaieo. 

HEPCLCBOLOeiA  t 

Cemitério  da  época  romana  no  Aiemtejo :  U 
Sepultura  do  Alfageme  de  Santarém :  153. 
Necropole  romana  de  Pax  Júlia'-  1C6  o  168. 
Sepultaras  rupestres;  202,  203  (liu.  14,  30  e 
Vid.  MiiofUanta  arrAeologica. 


Instrumentos  de  silei:  ' 
Vid.  Anta. 


SIKAE8  DECASTEIBO: 

No  Castello  de  Braga:  376. 
NoCaatellodaFeira:  391. 


TAIIBOHACHIA: 

Uma  raridade  tauromachiua :  396. 


Thermau  romanas  de  Estoi :  41 
Vid.  ArtAfologia  lufUano-r 

TOBRE: 

Do  sec.  XV :  40. 
De  menagem :  203. 
De  Quintella:  292. 
Vid.  Caittllo. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


bvGooglc 


índice  dos  actoees 


Á.  Á.  c«rt«aot 

OnomoBtico  medieval  portuguSe :  50,  138,  860,  S83. 

A.  J.  Karqnea  da  CobUi 

Mosaicos  romaaos  de  Portugal :  49. 

EstaçSes  prehÍBtoricas  doa  arredorea  de  Setúbal:  185. 

Alban»  BellUo : 

Museu  de  Braga  (prqjecto) :  16. 
Braeara  Augusta:  118. 

AlblDo  Pereira  Lopo  t 

Fraga  da  Moum  em  VUla  Mova  da  Torre  de  D.  Cbama:  839. 
IrUiar  Laina§t 

Uma  medalha  portuguesa  inédita:  1. 

Medalhas  de  salvaçio  portuguesas:  72. 

O  desacato  na  igreja  de  Santa  Engracia  e  as  insignía.^  dos  Escravo*  do  Saii- 
tissimo  Saciamento:  2ãt. 

Medalhas  dedicadas  í  fnlanta  D.  Cathariua  de  Bragança,  raiotia  de  Ingla- 
terra: 801. 

Bernardo  Ántoulo  de  Sát 

EzploiaçSes  archeologicas  em  Mertola  (relatório) :  9C. 
NecTOpoIe  romaDa  de  Paic  Jnlia  (Beja),  ii :  167. 

CaettHo  da  Camará  Manoel; 

O  santuário  de  Terena,  i  (a  ijenhora  da  Boa  Nova) :  SUS. 

Celestino  Be^at 

Antigualhas  transmontanas :  106. 
Ertaelo  da  Telga: 

Antígoidades  monumeotaes  do  Algarve:  6,  107. 
Feliz  AlreB  Pereira  i 

Antiguidades  deVianna  do  Alemtejo:  16. 

Registo  bibliographico  das  permutas:  62, 159,  285,  407. 

Um  erra  de  amanuense  nas  InqniriçSes  de  D.  Affoneo  IIT:  246. 

Fibnla  trajutagana:  3S0. 

Hiscellanea,  tii :  40é. 


byCoO^^lc 


o  Ahcheologo  Poetdoués 


Heoriqne  Bot«Uw : 

Aichcologia  de  Trie-os-Montefi :  237. 

Torre  de  QaiDtelIa:  392. 

Dolmens  do  coDcelho  de.  Miirf  fl  :  33ri. 

J.  e.  4e  OUfelra  eilmarleii 

ffltAlogo  doB  pergamiulioe  existentes  no  archivo  da  Insigne  e  Rpal  ('«lle- 
gi!ula  de  (luinaritcs:  126,  20t<,  344. 

Jotqnini  Mk&mI  CorreUt 

Antiguidades  do  concelho  do  iíabugal :  199. 

Joié  Leito  de  TueoacellM: 

Antiguidades  prcliistoricas  da  Beira ;  28,  312. 

iDHcripçilo  roíiuma  de  Hyrtílis:  31. 

I.ista  de  monumentua  que  pcln  acu  caracter  histórico,  archeologico  ou  artis- 

tíco,  bSo  auaceptivcis  de  nc  con.-iíderHrem  naeionaes :  38. 
AcquisifSes  do  Museu  Ethuologico  Português:  14,  iÍT9. 
Notiec  sommaire  sur  Ic  Musi^e  Ethnologique  Portugnis:  tifi. 
Biploraçòcs  arcbeologicax  em  Mertola  (prologo) :  ST). 
Bibliographia :  IDT,  406. 
Neuropole  romana  de  Pai  Jiilia  (Beja),  ::  165. 
SignificatioQ   rcligiense  en  Lusltanie  de  quelqtten  monnaies   pereées   d'uu 

trou:  169. 
lojcripçao  romana  do  concelho  de  Arraiolos:  198. 
O  castelio  de  Braga :  244  e  875. 
Oa  Groviofl :  287. 
Museu  do  Patriarchado ;  322, 

O  santuário  dcTereuH,  ii  (Santa  Maria  deTerena  nu  aec.  tiii):  340. 
Miseellauea,  ji :  399. 

HtmMl  Joiqaln  de  GmapM : 

Estudos  do  numismática  colonial  portuguesa :  32,  120. 
O  meio  tomAs  do  Porto;  194. 
Moeda  inédita  de  D.  Affouso  V :  241. 
Contos  para  coutar :  358. 

Paul  ChoDitt 

Mudança  do  nível  do  Oceano;  198. 
Pedro  de  Aseredo: 

Miscollanca  Archeologica;  41,  92. 

Autos  de  posse  de  castellos  no  ser.  xvi ;  100. 

Noticias  varias ;  152,  278. 

Noticia  de  autas,  junto  de  Lisboa,  nu  aec.  ivi;  161. 

A  lei  de  13  de  março  de  1473  sobre  as  libras;  ÍT(1. 

Regimentos  das  marcas  da  moeda  nas  cidades  de  Mirimda  e  Lagos:  295. 

Alguns  documentos  para  a  historia  da  agricultura  e  da  navegado:  814. 

MiscelUnea,  i;  3%. 


byCOí)l^lC 


índice  das  geavubas  e  bstampas 


Uma  medalha  portuguesa  inodita  3  (photõgravnraa) :  6-7. 

^onoat  de  1  crânios  do  ccniitprío  dpViftnna  do  Alcmt«jo  (2  poicinas  oom  13pho- 

tograraraa):  28-29. 
Orca  dos  Padries : 

Kg.  1.':  29. 

Pig.  2,':  29, 

Fig.  8.':30. 

Fig.  4.":  80. 
Xerafios  dobra(lr>«i : 

Fig.  1.':  84. 

Fig.  2.' :  36. 
Mosaicos  romanos  tic  Leiria: 

Fig.  1.'  (lithograpbia) :  50-.51. 

¥1g-  2.'  (lithographia) :  50-51. 
Medalhas  de  salva^So  portiigaesns  (3  pnginns  com  ^  figuras  em  photogranira) ; 

92-93. 
Explorações  archeologicas  em  Hertola: 

Rg..l.':97. 

Amphoras  de  Mortola,  fig.  2.'  (photogravura) :  98. 
Fig.  8.*  (photograTiira} :  99. 
Fibala  de  T  ris -os -Montes,  fig.  1.*  (1  chromolithograpbía  e  4  lithograpbias) : 

106-107. 
Aros  de  fivelas  de  Trás-os-Motites  (2  chromolithograpbias),  figs.  2.*  e  3.*;  lOC-107. 
Santliomé  apocrípho,  fig.  1.*  (photogravnra) ;  120. 
Saathomés  da  índia  (4  photogravurae),  figa.  2.*,  8.>,  4.-  e  5.' :  123. 
Cruz  de  um  Mnthoiné  de  1811 :  123. 
Santhomâ  de  1718,  fig.  6.*  (photogravura) :  135. 
Meio  aanthomé  de  1741,  fig.  7.*  (pbotngravnra) :  125. 
Bererso  do  saathomé  de  1713:  126. 

Pedra  e  inserípf  3o  tumalar  do  Alfageme  de  Santarém  i  164. 
Neeropole  romana  de  Pai  Júlia  (lapide),  fig.  2.*:  106. 
Unguentariura,  fig.  3.';  166. 

Arma  romana  achada  em  Beja  (chromolíthograpbia),  fig.  1.':  166-167. 
Necropole  romana  de  Pai  Julia  (íaso),  fig,  4.':  167. 
Corte  de  sepultura,  fig.  5.> :  168. 
Moedas  de  Marrocos,  furadas,  figs.  1.*  e  3.*  (2  pbatogramrfts) :  171. 


byCoOglc 


o  Archeolooo  Poktdquês 


Moectau  com  eRphera  annillar,  furadas,  figs.  3.',  i.',  5.*  e  &'  (4  pbott^avms) : 

171. 
Moedas  da  época  romana,  com  bovideo,  furadas,  figs.  7."  a  13.*  (7  photogran- 

rae):  172-178. 
Uncia  romauo-campaiiinna,  furada  (pfaotogravura),  6g.  14, ■ :  175. 
Moeda  de  Srgoiia,  fiirada,  fig.  lã.*  (pliotograviira):  176. 
Moeda  de  Sacili  (photogravnra),  fig.  16.':  176. 
Esbofo  da  planta  do  terreno  adjacente  á  Cnmmenda  da  ribeira  da  Ajuda  (lítbo- 

graphla),  fig.  181.' :  168-169. 
Forte  de  S.  JoSo  (Setúbal)  fig.  162.'  (photogravnrn):  189. 
Siliccs,  machadoB  e  cerâmica  da  ribeira  da  Ajuda,  figa.  183.'  a  187.'  {ti  pbotogra- 

vnras):  190. 
Machado  polido  da  eataçio  de  Gralapoa  (Setúbal)  (pbotogravnra),  fig.  189.*  :  19-i. 
Dente  de  javardo  da  mesma  (photograTura),  fig.  190.* :  192. 
Valva  perfiirada  da  mesma,  fig,  191.>:  192. 
Meio  tOTuAi  do  Porto :  195. 
Grave  de  Valença:  197. 

Mcgalitho  da  Pêra  do  Moço  (Guarda),  fig.  l.>:  203. 
Schema  de  sepulturas  rupestres,  fig.  2.':  206. 
Megalitho  da  Tapada  das  Cruxes  (Sabugal):  207. 
Ineignias  dos  Encr&vos  do  Sanlissimo  Sacramento,  figs.  1.'  e  2.*  (4  pbotogrmvn- 

ras):  286-237. 
Fraga  da  Honra: 

Fig.  !-•:  239. 

Pig.  2."  (pbotogravura):  240. 
Cruzado  de  oiiro  de  ASonso  V  (Porto),  fig.  l.':  242, 
Cruzado  de  ouro  de  Afl'onso  V  (Lisboa),  fig.  2.':  348. 
Planta  de  Arcos  de  ValdevSz  e  arredores  (lithographia):  360-261. 
Área  geograpbica  dos  Qrovii  (litbographia) :  i,  293-293. 
Arca  geograpbica  das  palavras  Grovia,  etc.  (lithograpbia):  ii,  292-393. 
Torre  de  Quintella  (phntogravura) :  294-296. 
Medalhas  dedicadas  á  lufíiuta  D.  Catharina  de  Bragança: 

Estampa  i,  figs.  1.'  e  3.'  (3  photogravuras) :  310-311. 

Estampa  ii,  figs.  3.*  a  7.'  (õ  pbotogravuraa) :  810-811. 
Orca  Carvalhinha: 

Fig.  1,*  (machado):  812. 

Fig,  2,*  (machado) :  313. 

Fig.  3.'  (faca) :  813. 

Fig.  4.' (serra):  313. 
Fibula  transtagana :  320, 
Dolmena  no  concelho  de  Mnrça: 

Fig.  1.'  (machado):  aW. 

Fig.  2.>  (machado):  336. 

Fig.  3.'  (machado):  .^36. 

Fig.  4.'  (machado) :  337. 
A  Senhora  da  Boa  Nova  (photogravura) :  388. 
A  Senhora  da  Boa  Nova  (pbotogravnra) :  339. 
Contos: 

Fig.  A  (pbotogravnra):  363. 


Dig,l,z.cbyG0O(^lc 


o  Archeologo  Portcguês 

flg.  B:869. 

Real  grosso  de  prata,  fig.  C:  864. 

Ck>iito  do  Porto,  fig.  D:  S65. 

Conto  lio  Porlo,  fig.  E  (pliotogravnra) :  366. 

Real  de  cobre  de  D.  SebastiSo  (photogravura),  fig.  P:  372. 

Couto  carimbado  (photogravura),  fig.  G :  374. 

Senha  de  cobre,  carimbada  (pbotograviira),  fig,  H ;  374. 

Contos  para  contar  (fblbs  cooi  11  zlncograpbias) ;  874-375. 
Bilhete  tauromacbico  (lincograpbia):  3%. 
Caatello  da  Feira  (zincograpbi») :  397. 
Lapide  da  deaaa  Nabia:  399. 
Ruídbb  medievABR:  404. 


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o  AbCHEOLOGO  PORTUGUâB 


Francisco  Oalamba  (P.*) :  380. 

Francisco  Inácio  da  Costa  l'alina:  379. 

Francisco  SimAes  de  Almeida  (P.*):  48. 

Fraocisco  de  Tavares ;  45. 

Francisco  Tavares  Proença:  46  e  47. 

Freire  de  Andrade :  380. 

Jaime  Liãte :  46. 

Joio  Rodrigues  Pablo:  38&. 

Joaquim  Correia  Baptista:  379  e  880. 

Joaquim  Filipe  Ner^  Delgado ;  4&. 

Joaquim  Gamito:  380. 

Joaquim  Manoel  Correia  (pr.) :  46, 

Joaquim  Pedro  Pinto ;  46. 

Joaquim  dos  Santos  Coelho :  3SU. 

Jorge  de  VaMoncellos  Nunes:  380. 

Josí  Abecaesii  Jnnior:  321. 

José  da  Costa  Passos :  48. 

José  Lourenço  {P.') :  44. 

José  Maria  Duries :  379. 

Júlio  Hardel:  4G. 

Leopoldino  José  da  Silva:  381. 

Luís  Xavier  Barbosa  (Dr.) :  47. 

Manoel  Domingues  do  Sousa  Haia  (P.') :  381. 

Manoel  JoSo  Paulo  Kocha:  46. 

Manoel  Joaquim  de  Campos-.  46,  380,  381  e  382. 

Manoel  Joaquim  Xavier:  45. 

Manoel  Mateus  (Dr.) :  379  e  380. 

Maria  Uaiima  Leite  Pereira  de  Mello  (D.) :  47  o  880. 

Mário  de  Abreu  Marques:  46  e  380. 

Morio  Monterroso  (Dr.):  46. 

Nascimento  Trindade  (Dr.) :  382. 

Passos  Brito  (Dr):  47. 

Paulo  Choffat-  380. 

Pedro  A.  de  Azevedo:  162. 

Pedro  Ferreira;  381. 

VoBCO  Jacome  de  Sousa  Pereira  e  Vasconcelloa ;  47. 

S.— PesiOM  qae  liteirieraai  ladlrectaneiite  u  m^mUIçIo» 
renotto  e  lnform{l« 


A.  A,  CortesSo  (Dr.) :  47, 

Albano  Bel  Uno :  47. 

Ascensão  Valdez :  48. 

Augusto  de  VargBs:  9ó. 

Bernardino  Dias  Ferreira:  381. 

Bernardo  Rodrigues  do  Amaral :  28  e  812. 

HcDríqae  Botelho  (Dr.) :  44. 

Henrique  Loureiro:  199. 

Joaquim  Correia  Baptista :  48, 


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EXPEDIENTE 


O  Archeoloffo  PoHugmê  public&r-se-ha  nieasalmeiit«.  Cada  número 
Bera  sempre  ou  quasí  sempre  illusírado,  e  nÍo  conterá  menos  de  16 
paginas  in— 8.**,  podendo,  quando  a  affluencia  dos  assumptos  o  esigir, 
conter  32  paginas,  sem  que  por  isso  o  preço  augmente. 

PKEÇO  DA  ASSIGNATURA 

Anuo 1)S500  réis. 

Sámestre 750     i 

Numero  avutao IGO     * 


Estabelecendo  este  módico  pre^fo,  julgamos  facilitar  a  propn^anila 
das  sciencias  arcliuotogicas  entre  nós. 


Toda  a  correspondência  á  cerca  da  parte  litteraria  desta  revista 
dtverá  ser  dirigida  a  J.  Leite  de  Vasoonoellos,  para  a  BlBLio- 
THKCA  Nacional  de  Lisboa. 

Toda  a  correspondência  respectiva  a  compras  e  assignaturns 
deverá,  acompanhada  da  importância  em  carta  registada  ou  em  vales 

de  correio,  ser  dirigida  a  Manoel  Joaquim  de  Campos,  Mcseu 

EriiSOLOOico,  Belém  (Lisboa). 


à venda  nas  principaes  livrarias  de  Lisboa,  Porto  e  Coinabra. 


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JAN  2  6  1933 


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