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Full text of "Obras poeticas de d. Leonor d'Almeida Portugal Lorena e Lencastre, marqueza d'Alorna, condessa d'Assumar, e d'Oeynhausen, conhecida entre os poetas protuguezes pelo nome de Alcipe"

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OBRAS  POÉTICAS 

Dl 

D.  LEOM IFALVEIDA  POBTUfiÃL  LORENA  l  LMCÃM, 

MARQVBZA  B^AIiORMA, 

CONDESSA  D'ASSUMAR,  E  D'OEYNHAUSEN, 

COKKBOZDA  KMTHX  OS  WnTAa  MKTVaiRKBa 

PELO  nOHB 

UB 

<&  1*  $  ã  ^  IBo 


LISBOA 

HA    IMPRENSA    XACIOKAL. 

{844. 


A  ARTE  POEm  DE  HORÁCIO, 


B 


O  ENSAIO  SOBRE  Â  CRITICA 


DB 


ALEXANDRE  POPE, 


POBTVeiTEZ. 


DEDICADOS  i  PBBCIOSA  UEMORIA 


D'ELREI  D.  JOÃO  IV. 


POB 


VIÇA  VGRSrjO-ISZA.  (*]■ 


(•)  Com  eite  titulo  foi  a  presente  obra  ímprena  em  Londrei  no  anno  de 
181S;  mas  por  incúria  ou  ignorância  do  encarregado  da  impresso,  sahio  com 
muitos  erros,  que  agora  v>(o  cuidadosamente  reparados. 


DEDICATÓRIA 


A 


PRECIOSA  MEMORIA 


D^ELREI  D.  JOÃO  IV 


SONETO. 

íjOHBBA  Regia  1  se  a  minha  lyra  ruda 
Quebra  da  morte  o  empedernido  muro. 
Lá  te  leve  meu  canto  incenso  puro, 
Qual  arde  na  minha  alma,  que  nlo  muda. 

Em  y8o  feroz  maldade  ardis  estuda: 
Âtraz  desse  pendão  nobre,  seguro, 
Que  os  quarerUa  guiou,  a  vós  procuro, 
Pois  n&o  ha  cá  no  mundo  quem  me  acuda, 

Basta-me  a  mim  que  dure  o  nome  vosso. 
Que  o  vosso  Neto  e  Gente  assignalada 
Os  louros  murche  ao  Gallo  e  seu  colosso. 

Co'  a  mio  affeita  ao  fuso,  n9o  á  espada, 
A  Pátria  sirvo  como  sei  ou  posso: 
Feliz,  se  aos  mortos  a  que  Taco  agrada  l 


Carminibus  çumro  miterarum  Mivia  rerum. 
Ovid.  Trisl.  liv.  5/  eleg.  7.* 


ARTE  POÉTICA  DE  HORÁCIO, 


ov 


EPISTOLA  AOS  PISOES. 


Q.  HORATII  FLACCI 


p« 


ARTE  POÉTICA 


líber. 


AD  PISONES.  (1) 


H 


UMANO  capiti,  cervícem  píctor  equinotn 
Jungcre  si  velit,  et  varias  inducere  plumas, 

« 

Uodique  coUatis  membris;  ut  turpiter  atruu) 
Desioat  io  piscem  mulier  formosa  supernè; 
Spectatum  admissi  risum  teneatis  amici^ 

Credite,  Pisones,  isti  tabute  fore  librum 
Persimilem,  cujus,  velut  aegri  somuia,  vanas 
FiDgentur  species:  ut  oec  pes,  oec  caput  uni 
Reddatur  formae.  Pictoribus  atque  poetis 
Quidlibet  audendi  semper  fuit  aequa  potestas; 
ScimuSy  et  bane  veniam  petimusque  damusque  vicissim: 
Sed  noD  ut  placidis  co^ODt  immitia ;  non  ut 
Serpentes  ayibus  geminentur,  tígribus  agni. 


ARTE  POÉTICA 


DE 


HORÁCIO. 


EPISTOLA  AOS  PISÕES. 


s 


B  um  collo  de  cavallo  ao  rosto  humano 
Juntar  quizease  alguém,  e  cravejasse 
Membros  unidos  de  aniroaes  diversos 
G>m  varias  plumas,  terminando  as  formas 
De  uma  bella  mulher  cauda  de  peixe; 
Quem  n&o  riria?  Amigos  indulgentes 
Desculpar  nSo  podiam  tal  delirío. 

Crede-me  pois,  Pisões,  isto  é  retrato 
De  um  livro  que  sem  plano  se  fabrica, 
E  qual  sonho  d'enfermo  espécies  cria 
Que  nlo  teem  coonexio,  pés  ou  cabeça 
Que  convenha  á  figura  projectada. 

Poetas  e  Pintores  tem  licença, 
(Ora  lha  damos,  ora  lha  pedimos) 
De  fingir  o  que  mais  agradar  possa: 
Excepto  se  contrários  unir  querem ; 
E  que  nasçam  as  aves  das  serpentes. 
Que  08  tigres  gerem  as  ovelhas  mansas. 


10 

■ 

Inceptis  gravibus  plerumque  et  magna  professis, 
Purpúreas,  Iate  qui  splendeat  udus  et  alter 
Assuitur  paunus:  càm  lucus  et  ara  Dianae,  (2) 
Et  properantis  aquae  per  amoenos  ambitus  agros, 
Âut  flumen  Rhenum,  aot  pluyius  describitur  arcus.  (3) 
Sed  DUDC  non  erat  bis  locus.  Et  fortasse  cupressum 
Seis  simulare;  quid  boc,  si  fractis  enatat  exspes 
Navibus  8ere  dato  qui  pingitur?  Amphora  coepít 
Institui:  currente  rota,  cur  urceus  exít? 
Denique  sit  quodvis  simples  duntaxat  et  unum. 

Máxima  pars  vatum  (pater  et  juvenes  patre  dígoi) 
Decipimur  specie  recti:  brevis  esse  laboro, 
Obscurus  (io:  sectantem  lenia,  nervi 
Deficiunt  anímique:  professus  grandia,  turget; 
Serpit  bumi,  tutus  niraiíim  tímidusque  procella;. 
Qui  variare  cupit  rem  prodigíaliter  unam, 
Delpbinum  sylvis  appingit,  iluctibas  aprum. 
In  vitium  ducit  culpaa  fuga,  si  caret  arte. 


11 

Essas  obras  pomposas  qae  promettem 
Cousas  grandes,  ás  vezes  s8o  retalhos 
De  purpura  e  brocado,  que  alinhava 
Com  arte  o  dono:  como  eiemplo  achamos 
  descrípçao  das  aras  de  Diana, 
No  sacro  bosque;  o  rápido  remanso 
Que  serpêa  nos  campos  sombreados; 
O  largo  Rheno,  e  a  luminosa  estrada 
Onde,  entre  o  sol  e  a  chuva,  íris  anda. 
Isto  porém  não  é  de  que  se  tratta. 

Tal  pinta  com  primor  raro  um  cypreste ; 
Mas  isso  de  que  serve?  se  lhe  pagam 
Para  pintar  ao  vivo  um  naufragantc, 
Salvo  da  rota  náo,  dos  bravos  mares ?..« 
Tal  quer  formar  um  vaso...  o  torno  gira: 
Por  que  razSo  lhe  sae  um  jarro  tosco? 
£  preciso  unidade  em  qualquer  obra, 
Principio,  meio,  fim,  methodo,  e  graça. 

Sabei  pois,  digno  Pae,  e  filhos  dignos, 
Que  08  mais  dos  Vates  dllIusOes  vivemos, 
E  apparencias  do  bem  nos  satisfazem: 
Se  trabalho  em  ser  breve,  escuro  fico; 
Se  busco  ser  suave,  a  força,  o  nervo 
Na  molleza  e  brandura  se  dissipam: 
O  tom  sublime,  em  túrgido  se  troca; 
E  se  nimia  cautela  as  phrases  guia, 
Vai  terra  a  terra,  abaixa-se  o  discurso. 
E  mil  vezes  aquelle  que  procura 
Variar  seus  assumptos,  com  portentos, 
Um  golfinho  me  pinta  nas  Qorestas, 
Um  javali  nas  ondas;  e  tropeça, 
Quando  foge  de  um  mal,  n'outro  mais  grave, 
Se  as  regras  necessárias  nfto  consulta. 


12 

JEmilium  circá  ludum  faber  uous  et  aogíies 
Exprimet,  et  molles  imítabitar  «ere  capíllos: 
lofelix  operis  summà;  quia  ponere  totum 
Nesciet.  Hudc  ego  me»  si  quíd  componere  curem, 
Noo  magís  esse  velim,  quàm  pravo  vivere  oaso, 
Spectandam  nigris  oculis,  nigroque  capillo. 

Sumite  materiam  vestris,  qui  scribitis»  aequam  (4) 
Viribus»  et  versate  dià  quid  ferre  recuseot, 
Quíd  valeant  huroeri :  cuí  lecta  poteoter  erit  res, 
Nec  facúndia  deseret  huoc,  nec  lucidus  ordo. 

Ordinis  hec  vírtus  erit,  et  Veous  (aut  ego  fallor) 
Ut  jam  nunc  dicat,  jam  nunc  debentia  dici 
Pleraque  differat,  et  praesens  íd  tempus  omittat; 
Hoc  amet,  boc  spernat,  promissi  carminis  auctor. 

In  verbis  etíam  tcnuis  cautusque  serendis, 
Dixeris  egregiè,  notum  si  callida  verbum 
Reddiderit  junctura  novum.  Si  forte  necesse  est 
Indiciis  monstrare  recentibus  abdita  rerum; 
Fingere  cinctutis  non  exaudita  Cethegis 
Continget,  dabiturque  licentia  sumpta  pudenter; 
Et  nova  fictaque  nuper  habebunt  verba  (idem,  si 
Grsco  fonte  cadant,  parcè  detorta.  Quid  autem 
Caecilio,  Plautoque  dabit  Romanus,  ademptum 
Virgilio,  Varioque?  Egoeur  ^cquirere  pauco 


13 

Perto  do  Circo  Emílio,  ignaro  artista 
N'uma  esitntua  fiel  em  bronze  escuipta 
Perfeitamente  as  unhas,  os  cabellos^ 
Mas  DO  desenho  desgraçado,  ignora 
.Como  deve  juntar  de  um  todo  as  partes. 
A  compor  deste  modo  antes  quizera 
Ter  disforme  o  nariz,  os  olhos  vesgos. 

Pesai  bem  a  matéria  que  trattardes, 
Quando  escreveis  medi  as  vossas  forças, 
Ensayai  com  que  podem  vossos  hombros: 
Se  o  assumpto  vos  for  proporcionado, 
Nunca  vos  faltará  phrase  eloquente, 
Ordem  lúcida,  e  graças  no  discurso. 

O  mérito  das  obras,  a  belleza 
Consiste  em  pór  no  lugar  próprio  as  cousas; 
Bizer  antes  o  que  antes  dizer  deve, 
Transpor  aquillo  que  mais  tarde  agrada ; 
Do  que  convém,  usar;  e  omittir  quanto. 
Sem  graça  ou  força,  inutilmente  occorre. 
Parco  em  palavras,  delicado,  e  cauto. 
Ha  de  sempre  agradar  o  auctor  astuto 
Que  os  termos  velhos  remoçar  com  arte. 
E  quando  carecer  de  signaes  novos 
Para  novas  idéas,  for  achá-los 
Em  thesouros  ignotos  aos  Cethegos* 
E  arriscar  sem  temor  um  termo  affouto. 
Se  a  prudência  o  conduz,  o  povo  applaude, 
E  as  palavras  de  fabrica  recente 
Ter9o  valor;  e  mais,  se  derivarem 
Com  pouca  corrupção,  da  Grécia,  ou  Lacio. 
Ndo  penseis  que  os  Romanos  concedessem 
  Cecilius,  a  Plauto,  o  que  negavam 
A  Varius,  a  Yirgilio;  e  que  a  miro  mesmo 


14 

Si  possum,  iavídeor;  cum  lingua  Catonis  et  Eool 
Sermonem  patrium  ditaverit,  et  nova  rerum 
Nomina  protulerit?  Licuit,  semperque  licebit. 
Signa  tam  presente  nota  producere  noroen. 

Ut  sylvsB  foliis  pronos  routantur  in  annos,  (5) 
Prima  cadunt;  ita  verborum  vetus  interít  setas; 
Et  juvenum  ri  tu  florent  modo  nata,  vigenlque. 
Debemur  morti  noa,  nostraque:  sive  rcceptus 
Terra  Neptunus  classes  Âquilonibus  arcet, 
Regis  opus;  sterilisve  diíi  palus,  aptaque  remis, 
Vicinas  urbes  alit,  et  grave  sentit  aratnim; 
Seu  cursum  rautavit  iniquum  frugibus  amnis, 
Doctus  iter  meliite;  mortalia  facta  peribunt: 
Nedúm  sermonum  stet  houos,  et  gratia  vivax. 
Multa  renascentur,  quse  jam  cecidêre;  cadentque 
QuiB  nunc  sunt  in  honore  vocabula,  si  volet  usus, 
Quem  penes  arbitrium  est,  et  jus,  et  norma  loquendi. 

Res  gestaB  regumque,  ducumque,  et  tristia  bella, 
Quo  scribi  poasent  numero  monstravit  Homerus. 

Yersibus  impariter  junctis  querimonia  primúm, 
Post  etiam  inclusa  est  voti  sententia  compôs. 


15 

Prohibissem  fls  honras  que  alcançaram 
Ennio»  Catão,  enriquecendo  a  língua 
De  termos  expressivos,  pintorescos. 
Sempre  licito  foi,  e  será  sempre 
Enxertar  no  discurso  uma  palavra, 
G>m  tanto  que  o  costume  a  i^o  reprove. 

As  florestas  no  anno  as  folhas  mudam ; 
As  primeiras,  primeiro  cahem  por  terra : 
Taes  as  palavras  obsoletas  morrem; 
E  no?as,  com  vigor  juvenil,  brilham. 
A  morte  nós  e  tudo  nosso  paga 
Tributo  inevitável.  Esse  lago. 
Obra  digna  de  um  Rei,  que  contra  os  ventos 
Abriga  de  Neptuno  as  largas  ondas, 
E  defende  as  esquadras  nas  procellas: 
Essa  lagoa  estéril,  que  primeiro 
Se  navegava,  e  própria  aos  remos  era ; 
Onde  hoje  o  arado,  sublevando  as  leivas, 
Celleiro  faz  das  próximas  cidades : 
Esse  rio,  que  as  messes  devastava, 
E  que  hoje  dócil,  encanado  corre: 
Dos  mortaes  essas  obras  todos  morrem. 
Mal  poderão  os  termos  durar  sempre, 
De  viveza  immortal,  e  graça  ornados: 
Muitos  renasoem,  que  esquecidos  eram, 
E  cahírSo  aquelles  que  hoje  honramos, 
Se  o  costume  assim  quer;  pois  o  costume 
£  rei.  norma  e  lei  summa  da  linguagem. 

Homero  nos  mostrou  que  versos  devem 
Cantar  Reis,  Capitães,  e  tristes  guerras. 

Distico  desigual  cantou  primeiro 
A  queixosa  Elegia ;  c  deste  metro. 
Ao  depois  o  prazer  também  fez  uso. 


16 

Quis  tamen  exíguos  Elegos  emiserít  auctor, 
Grammatici  ccrtaot»  et  adhuc  sub  judice  lis  est. 

Ârcbilochum  próprio  rabies  armaTit  iambo.  (6) 
HuDC  socci  cepére  pedem,  grandesque  cotburni, 
Alternis  aptum  sermonibus,  et  populares 
Vincentem  strepitus»  et  natum  rebus  ageodis. 

Musa  dedit  fidíbus  Di?os,  puerosque  Deonim, 
Et  pugilem  victorem,  et  equum  certamine  primum^ 
Et  juvenum  curas,  et  libera  vina  referre. 

Descriptas  servare  vices,  operumque  colores, 
Cur  ego,  si  uequeo,  ignoroque.  Poeta  salutor? 
Cur  nescire,  pudens  pravè,  quàm  discere  maio? 

Yersibus  exponi  Tragicis  res  Cómica  non  vult: 
Indiguatur  item  priyatis,  ac  propè  aocco 
Diguis  carmioibus  narrari  coena  Thyestdé. 
Siugula  quaeque  locum  teoeant  sortita  deceuter* 

Interdum  tameu  et  vocem  Comoedia  tollit; 
Iratusque  Cbremes  túmido  delitigat  ore; 
Et  tragicus  plerumque  dolet  sermoiie  pedestri. 
Telephus  et  Peleus,  càm  pauper  et  êxul  uterque, 
Projicit  ampullas,  et  sesquipedalia  verba. 
Si  curat  cor  spectantis  tetigisse  querela. 


17 

Porém  discutem  sábios,  qual  foi  delles 

Do  elegíaco  pé  auctor;  e  fica 

Inda  agora  a  quesUo  por  decidir-se. 

Atc|iiIoco  se  armou  do  próprio  jambo 
Que  a  fúria  da  vingança  lhe  inspirava; 
E  como  o  jambo  é  vencedor  da  bulha, 
Do  popular  estrépito  na  sccna, 
O  jambíco  adoptava  o  sócco  humilde, 
E  usou  delle  o  cothurno  roagestoso. 

A  Musa  confiou  das  cordas  áureas 
Que  celebrassem  os  heroes  e  os  Deoses; 
Os  que  na  pugna  e  na  carreira  vencem; 
O  cavallo  veloz  que  attinge  a  meta ; 
Ode,  que  aos  astros  o  athleta  exalta, 
Também  descanta  os  juvenis  brinquedos, 
Os  risos,  e  de  Baccho  as  vmeas  festas. 

Se  nSo  sei  consenar  do  objecto  as  cores. 
Se  ignoro  quanto  ás  cousas  convir  possa, 
Gomo  me  arrogo  o  nome  de  Poeta? 
E  com  torpe  vergonha  menos  temo 
Ignorar,  que  aprender  a  fazer  versos? 

Nao  convém  á  Comedia  altivo  estylo. 
Nem  o  banquete  horrivel  de  Thyestes 
Narrar-se  pôde  com  burlescos  versos, 
Que  o  borzeguim  desculpa,  e  quer  Thalia: 
Tudo  em  próprio  lugar  convém  que  esteja. 

Varias  vezes  a  voz  alça  a  Comedia; 
Chremes  irado  o  filho  reprehende 
Com  termos  novos,  eloquentes  lábios; 
E  na  Tragedia  a  dor,  com  simples  vozes. 
Humilde  geme.  Desterrados,  pobres, 
Telepbo  nem  Peleo,  fallando,  empreguem 
Palavras  crespas,  túrgidas  sentenças. 
Para  mover  os  corações  co'  as  queixas, 
E  enternecer  o  auditório  attento. 

Tomo  V.  « 


18 

Non  satis  «st  polcbra  esse  Poemata :  dolcia  sonfo. 
Et  quòcumque  voleot,  anirnum  auditoris  aguato. 
Ut  ridentibus  arrideot»  ílà  Qentibus  adfleDt 

Humaoi  vultus*  Si  tís  me  flere,  dolendum  est 
Primam  ipsi  tibi :  tunc  tua  me  infortunía  tedeut, 
Telephe,  vel  Peleu:  malè  si  mandata  ioqaèris, 
Aut  dormitaboi  aut  ridebo.  Tristia  mcestiua 
Yultum  verba  deceot,  iratum  plena  minarum, 
Ludentem  lasciva,  severum  seria  dictu. 
Formal  enim  natura  priús  nos  intús  ad  omnem 

Fortunarum  babitum;  juvat»  aiit  impellit  ad  iram; 
Aut  ad  humum  moerore  gravi  deducit»  et  angit^ 
Post  efiert  animi  molus  interprete  língua. 
Si  dicentis  erunt  fortunis  absona  dieta. 
Romani  tollent  equites,  peditesque  cachinnum. 
Intererit  multam  Davusne  loqoatar,  an  beros ; 

Maturusne  senex,  án  adhuc  florente  juventá 
Fervidus;  an  matrona  potens,  an  sedula  nutrix; 
Mercatorne  vagus,  cultome  virentís  agelli ; 
Golchus,  an  Assyrius;  Thebis  nutritus,  an  Argís. 


19 

Não  basta  que  um  Poema  seja  bello; 
É  preciso  que  loque»  que  disponha 
Das  almas  dos  ouvintes  a  seu  modo; 
Que  quem  ri  faça  rir,  chorar  quem  chora. 
Chorai  pois,  se  quereis  pranto  em  meus  olhos: 
Então,  Peieo,  entio,  Telepho,  as  magoas 
Que  soffreis  soffrerei:  mas  se  narrando 
Hal  o  vosso  papel,  causais  fastio, 
Rirei  ou  dormirei,  conforme  o  conto. 

Não  desmintam  palavras  os  assumptos: 
Ao  gesto  triste,  tristes  vozes  quadram, 
Ao  gesto  irado,  termos  d 'ameaço; 
Para  alegria,  as  expressões  alegres. 
As  serias,  á  severa  austeridade. 
Natureza  nos  dco  no  interno  senso 
O  que  pertence  a  cada  sentimento: 
Á  cólera  nos  move;  e  nos  abate, 
E  aperta  o  coraçio  pela  tristeza : 
G)mo  interprete,  em  fim,  a  lingua  emprega 
Para  expor  movimentos  tão  diversos. 
Porém  se  exprimis  mal  vossos  assumptos. 
Nobres  e  plebe  de  vós  zomba  em  Roma. 

Falia  diversamente  o  escravo  Davo 
Do  heróico  Agamemnon;  as  palavras 
Do  canuto  ancião  são  dififerentes 
Das  que  profere  o  flórido  mancebo 
No  fervor  juvenil  com  que  discorre: 
Não  se  exprime  igualmente  uma  criada 
Como  se  exprime  a  dama  culta  e  nobre: 
Um  mercador,  que  os  mares  atravessa, 
E  frequenta  as  nações,  distinga  a  gente 
Do  camponez  que  os  gados  apascenta, 
E  vive  no  cunal :  saiba  ^em  ouve 
Se  quem  falia  é  de  Colchos  ou  da  Assyria, 
Se  é  de  Thebas»  ou  foi  creado  em  Argos. 

Tomo  V.  2  • 


20 

Aut  famam  sequere,  aut  sibí  conveníeatia  finge» 
Scriptor:  honoratum  si  forte  repoois  Achillem, 
Impiger,  iracandus,  ioexorabilis,  acer. 
Jura  neget  sibi  nata,  nihil  Don  arroget  armis. 
Sit  Hedea  ferox,  iovictaque;  flebilis  Ino;   (7) 
Perfidus  Ixion ;  Io  vaga ;  tristis  Orestes.  (8) 

Si  quid  inexpertum  scenae  committis,  et  audes 
Personam  formare  Doyam;  senretar  ad  imam» 
Qualis  ab  incoepto  processerit,  et  sibi  constet. 
Bifficile  est  propriè  comrouDia  dicere:  tuque 
BectiOis  Iliacum  carmen  deducis  io  actus, 
Quàm  si  proferres  ignota,  índictaque  primus. 

Publica  materies  privati  júris  erit,  si 
Nec  circà  vilem,  patnlumqoe  moraberis  orbem,   (9) 
Nec  verbum  yerbo  curabis  reddere,  fidus 
Interpres:  nec  desilies  imitator  in  arctum, 
Unde  pedem  proferre  pudor  vetet,  aut  operís  lex. 

Nec  sic  incipies,  ut  scriptor  Cyclicus  ohm: 
Fartunam  Príami  canlabo,  ti  nóbile  bdlum. 
Quid  dignum  tanto  feret  hic  promissor  biatu? 
Parturient  monteSi  nascetur  ridicalus  mus. 


21 

Pintai  sq^undo  a  fama,  ou  de  maneira 
Que  o  fingido  provável  nos  pareça: 
Se  Acbilles  nos  mostrais  desaggravado, 
Seja  altivo»  colérico^  inflexivel» 
Ardente,  e  que  nenhuma  lei  conheça, 
Nenhum  outro  direito  que  o  da  espada. 
Se  Medea  feroz,  seja  indomável, 
Ino  queixosa,  fraudulento  Ixion; 
Io  assustada,  vagabunda  gema; 
Orestes  melancólico  pragueje. 

Mas  se  um  caracter  novo  em  scena  pondes. 
Em  sustentá-lo,  sem  desmentir  nunca. 
Cuidai  desde  o  principio  até  seu  termo. 

É  difficil  trattar  cousas  vulgares 
Com  certa  elevação  que  pasmo  inspire: 
Melhor  será  tirar  d'Homero  assumptos, 
E  apropriá-los  co'  a  dicção  e  o  gosto. 
Qualquer,  trattado  bem,  vos  dará  gloria, 
Vosso  fica,  se  novos  trajes  veste. 
Se  nova  essência  em  vossos  versos  ganha, 
E  se,  do  ingenho  desprendendo  as  azas. 
Desdenhais  do  modelo  a  servil  norma, 
Sem  repetir  palavra  por  palavra; 

Expondo  a  musa  a  passos  escabrosos. 
De  que  só  com  desdouro  escapar  pôde. 

Qual  Cyclico  scriptor,  antigamente, 
Não  comeceis  assim  uEu  de  Priâmo 
Cantarei  a  fortuna^  e  tióbre  gtierra. » 
Que  nos  dará,  quem  tanto  nos  promette?... 
Um  ridiculo  rato  pare  o  monte. 


22 

Quanto  rediús  hic,  qui  nil  molitar  inepto? 
Die  mihif  Musa^  virum^  capim  post  têmpora  Trojoí^ 
Qui  mores  hominum  mtdíorum  t)tdí^  et  urbes. 
Non  fumum  ex  falgore,  sed  et  fumo  dare  kicem 
Cogitai:  ut  speciosa  dehioc  miracula  promat, 
ADtiphatem,  Scyllamquet  et  cum  Cyclope  Charjbdíin. 
Nec  reditum  Diomedis  ab  interitu  Meleagrí, 
Nec  gemioQ  bellum  Trojaouin  orditur  ab  ôvo. 
Semper  ad  eventum  festinat;  et  in  medias  res 
NoD  secas  ac  notas»  auditorem  rapit;  et  quss 
Desperat  traet«(a  aitescere  poasOi  relioquít* 
Atque  ita  mentitur,  sic  yeris  falsa  remiscet. 
Primo  ne  médium»  médio  ne  discrepet  imum. 

Tu,  quid  ego,  et  popalus  mecwn  desideret»  audi. 
Si  plausoris  eges  aulaea  manentisi  et  usquc 
Sessuri,  douec  cantor»  Vos  plaudite»  dicat:  (10) 
^tatis  cujusque  notandi  sunt  tibi  mores, 
Hobilibusque  decor  naturis  dandus,  et  annis. 

Reddere  qui  yoces  jam  scit  puer,  et  pede  certo 
Signat  bumum;  gestit  paribus  eoliudere,  et  iram 
Golligit,  ac  ponit  temerè,  et  mutatur  in  horas. 

Imberbis  juvenis,  tandem  custode  reittoto, 


2d 

Quanto  me  agrada  mais  esse  poeta , 
Que  sem  esforço,  affoato  principia: 
c  Dize^fMt  6  MuiOf  os  feiíos  dêssê  heroê 
Que  tanlas  gentes  vio,  tantas  cidades^ 
Depois  que  foi  tomada  Troya»  dize. » 
Em  fumo  n8o  converte  am  grande  lume, 
Antes,  do  fumo  faz  nascer  as  luzes. 
Depois,  portentos  nascem  de  seus  verbos; 
Antbiphates,  Car^des  e  Scyllas, 
E  o  corpulento  Jd  fero  Polyphemo. 
N8o  vai  buscar  de  Meleagro  a  morte 
Se  quer  trazer  Diómedes  de  volta ; 
Nem  dos  ovos  de  Leda  tira  a  guerra 
Com  que  Troya  arrazada  quer  lanostrar-nos. 
Corre  ao  êxito,  e  leva  o  leitor  sempre 
Bapidameote  aop^o  V^r  levá**lo : 
Nao  pára,  quando  é  frívola  a  demora. 
Nos  sonhos  agradáveis  que  descreve, 
Com  tal  graça  mistura  o  falso  e  o  certo, 
Que  o  fim,  meio  e  princípio  fiRo  discrepai. 

O  que  pertendo,  e  quer  comigo  o  povo. 
Observai,  se  quereis  cheia  a  platéa, 
Té  que  desça  a  cortina  e  feche  a  scena, 
Té  que  peçam  o  actor,  findando,  os  vivas. 
De  cada  personage'  hábitos,  modos, 
A  variaçSo  da  idade,  as  circunstancias 
Que  s8o  da  natureza,  notai  sempre. 

O  menino,  que  já  falia  e  discorre. 
Que  firme  pisa  a  terra^  e  jogos  forma. 
Quer  com  iguaes  brincar;  e  sem  motivo 
Ora  se  accende  em  ira,  ora  se  applaoef 
E  a  cada  instante  o  génio  seu  varèa. 

O  mancebo,  ae  o  mestre  se  desvia, 


24 

Gaudet  equis,  canibosque,  et  apríci  gramine  campi ; 
Gereus  íq  Titium  flecti^  moDitoribus  asper, 
Utiliam  tardus  provísor,  prodigus  «ris, 
Sublimisy  cupidusque,  et  amata  relioquere  pernix. 

Conyenis  studiis  aetas  animusque  virilis 
Quflerít  opesy  et  amícitias;  inservit  bonori ; 
Commisisse  cayet,  quod  mox  mutare  laboret. 

Multa  senem  circumveniunt  incommoda ;  vel  qaòd 
Quflerit,  et  inyeDtis  miser  abstÍDet,  ac  timet  uti: 
Vel  quòd  res  omaes  tímidè»  gelidèque  miDÍstrat; 
DilatOFi  ape  longusi  ioers»  ayidusque  futuri, 
Difficih'S|  qaeruluSy  laudator  temporis  acti 
Se  puero»  censor  castigatorque  minorum. 

Multa  feruDt  aoní  venientes  commoda  secum ; 
Multa  recedentesi  adímunt.  Ne  forte  seniles  (11) 
Maudentur  juToni  partes,  pueroque  viriles; 
Semper  iu  adjuoctis»  evoque  morabímur  aptis, 

Aut  agitur  res  in  sceiíis,  aut  acta  refertur. 


25 

Os  cifallos,  08  des,  as  httas  busca ; 
Gomo  cera»  a  impressto  do  vicio  toma, 
Os  conselhos  despreza;  descaídado. 
As  cousas  que  slo  úteis,  dSo  presenra ; 
O  dinheiro  despende,  sem  contá-lo: 
Ahifo»  turbulento,  apaixonado. 
Quer  e  nio  quer  mil  cousas,  esquecendo 
Aquillo  mesmo  que  buscava  ancioso. 
Que  sollicito,  ha  pouco,  desejava. 

Tem  a  idade  viril  outros  desejos: 
Busca  o  adulto  emprego,  busca  amigos. 
Aspira  ás  honras,  com  cuidado  evita 
Acções  que  ao  depois  chore  arrependido. 

Hil  incommodos  cercam  a  velhice; 
Ou  seja  que  os  thesouros  accumule, 
E  que  tema  perdè-los;  ou  que  avaro 
Mal  se  atreva  a  tocar-lhe  o  cauto  velho. 
O  torpdr  de  seus  membros  o  retarda 
Em  qualquer  movimento;  e  tremulando. 
Vai  com  vagar  procrastinando  as  cousas. 
Esperando  sem  fim,  e  avidamente 
Vendo  o  futuro,  que  sem  fructo  invoca : 
Queixa-se,  grunhe,  e  por  costume  gaba 
O  que  vio  no  seu  tempo;  sendo  neste 
Implacável  censor  da  mocidade. 

Comsigo  trazem  mil  cousas  suaves 
Os  annos,  quando  a  certa  altura  chegam; 
Muitas  passam  com  elles,  quando  fogem. 
Fixemos  as  feicSes  de  cada  idade 
Para  não  dar  as  rugas  da  velhice 
Ao  mancebo  gentil,  nem  ás  creanças 
De  um  homem  feito  os  gestos,  as  maneiras. 

No  theatro  as  acções  se  representam; 


26 

Segnius  irritant  aoímos  demissa  per  aurem, 
Quàm  qase  sant  oculis  subjecta  fidelíbus,  et  quae 
Ipse  síbi  tradit  spectator.  Neii  tAinep  ioUis 
Digna  geri,  promes  in  scenam;  multaque  tolles 
Ex  oculisy  qôiB  mox  narret  facúndia  prsesens. 
Nec  pueros  coram  populo  Medea  truçídef;; 
Âut  bumana  palàm  coquat  eKta  nefaríus  Âtreus; 
Âut  in  a  vem  Progae  vertatu^ri  Cadmus  in  anguem. 
Quodcumque  ostendis  mibi  sic,  incredulus  odi. 

Neve  mÍDor,  neu  ajkt  quinto  productior  acta 
Fabula  quae  posei  vult,  et  apectata  reponí. 
Nec  Deus  intersit*  uisi  dignus  vindice  uodus 
luciderit;  nec  quarta  Jaqui  persona  laboret. 

Âctoris  partes  cborus  odiciumque  virile  (12) 
Defendat;  neo  quid  jBiedios  interckiat  actus, 
Quod  DOD  propósito  conducati  et  baereat  aptè. 
Ille  bonis  faveatque,  et  concilíetur  amicis. 
Et  regat  iratos,  et  amet  pacare  tumentes. 
Ille  ^dapes  laudet  mensae  brevis ;  ille  salubrem 

m 

Justitiam,  legesque»  et  aper-tis  otia  «portia: 
Ille  tegat  commissa;  Deosque  [precetur  et  oret 
Ut  redeat  miseris,  abeat  fortuna  superbis. 


97 

Ontras  rezes  somente  se  referem. 
Has  aquillo  que  só  fere  os  ouvidos 
Não  move  tanto,  quanto  move  aquilto 
Que  se  vè,  e  que  os  olhos  fielmente 
Fixam  n  alma  do  espectador  atteoto. 

,  Cousas  ha,  que  a  rftzio  prphibe  i  acena, 
E  que  mais  vale  que  se  passem  dentro: 
Escondei  quanto  basta  que  a  eloquência 
A  seu  tempo  relate  vivamente. 
Ante  o  povo  jamais  seva  Medéa 
Os  innecentes  filhos  despedace; 
Nem  o  nefando  Atreo  nas  grelhas  ponha 
As  entranhas  bumanasi  sem  disfaroe: 
Nunca  em  pássaro  Progne  se  transforme, 
Ou  Cadmo  de  cobra  a  petle  vista : 
Espectáculo  tal,  horror  tilo  grande. 
Sem  fazer-me  íUusão,  me  ofiênde  o  gosto. 

Os  actos  da  tragedia  teem  lim jt^ ; 
Nem  mais  de  cinco  devem  ser,  nem  menos. 
Só  quando  o  assumpto  seja  de  um  Deos  digno 
É  que  deve  intervir  numen  no  entrecho: 
Tâo  pouco  um  quarto  actor  na  scena  falle. 

O  cdro,  de  um  aclor  a  parte  toma, 
E  quanto  canta  se  refere  ao  todo, 
Ou  s'entretece  t^o  assumpto  inteiro. 
Os  bons  applaude,  amigos  concilia, 
Acalma  irados,  doma  os  arrogantes; 
A  frugal  meza  louva,  as  leis  respeita; 
Louva  a  justiça,  e  paz,  que  das  cidades, 
A9  portas  abre,  e  sostos  afugenta ; 
Que  o  deposito  guarda  fielmente: 
Invoca  emfim  os  Deoses,  que  dispensem 
Fortuna  aos  desgraçados,  aos  aíHíctos, 
E  que  aos  suberbos  pérfidos  a  neguem. 


28 

Tíbia  noa  ut  nnnc  orichalco  viocla,  tubffique 
iEmula;  sed  teuuis,  simplexque,  foramine  pauco, 
Aspirare  et  adesse  choris  erat  utilis,  atque 
Nondum  spissa  nimis  complere  sedilía  flatu ; 
Qaò  sane  populus  namerabílis,  atpote  parvas. 
Et  frugi,  castusqae,  Terecuadusque  colbat. 

Postquam  coepit  agroa  extendere  victor,  et  arbem 
Latior  amplecti  munis,  viaoque  diurno 
Placari  Geaios  festis  impune  diebus; 
Accessít  oumerísquei  modisque  licentía  major. 
Indoctus  quid  enim  saperet,  líberque  laboram 
Rusticus,  urbano  confusus,  turpis  honesto? 

Sic  priscs  motumque  et  luxuriam  addidit  arti 
Tibicen,  traxitque  vagus  per  pulpita  restem. 
Sic  etiam  fidibus  vocês  crevére  severis; 
Et  tulit  eloquium  insolilum  facúndia  prsceps: 
Utiliumque  sagax  rerum,  et  divina  futuri 
Sortilegís  non  discrepuít  sententia  Delphis. 

Carmine  qui  trágico  vilem  certavit  ob  hircum, 
Hox  etiam  agrestes  Satyros  nudavit;  et  asper 


29 

Nem  sempre  a  floata  foii  qaal  hoje  a  Temos» 
De  metal  guarnecida ,  e  sonorosa 
Emula  do  clarim;  porém  singellai 
Com  poucos  furos,  isso  lhe  bastava 
Para  ajudar»  e  acompanhar  os  coros, 
E  para  encher  de  som  o  amphitheatro ; 
Onde  acudia  menor  po?o  que  hoje, 
Mais  fácil  de  contar»  porém  mais  puro» 
Mais  virtuoso»  e  muito  mais  modesto. 

Mas  logo  que  este»  vencedor  dos  outros» 
Começou  a  estender  seus  territórios» 
A  alargar  da  cidade  os  vastos  muros» 
E  a  libar  sem  pudor  toneis  de  vinho» 
Durante  o  dia»  ao  Génio  dos  prazeres; 
Maior  desenvoltura  entrou  nos  versos» 
Foi  o  canto  mais  lívre«  —  Era  impossível 
Exigir  fosse  o  gosto  mui  severo 
Desse  ignorante  camponez  grosseiro 
Que  vem»  depois  de  rústicos  trabiilbos» 
Descançar»  recrear-se»  e  confundir-se 
Com  cidadios  polidos  e  illustrados. 

Ent&o  foi  que  o  flautista  unio  a  dança 
Á  prisca  e  simples  arte ;  a  solta  cauda 
Ostentaram  actores  no  theatro. 
A  lyra  séria  assim  ganhou  c'o  tempo 
Mais  numero  de  tons»  mais  variedade. 
A  insólita  eloquência  resoluta 
Arriscou  phrases  novas»  desusadas» 
Que  assumiram  d'oraculos  a  forma» 
Ficando  enigmas  quasi  as  cbans  sentenças. 

Quem  disputou  vilmente  na  tragedia 
O  bode»  que  ao  depois  ímroola  a  Baccho» 
Mostrou  sem  custo  os  Salyros  despidos; 


ao 

Incolumi  gravitate  jocum  tentavit;  eo  quòd 
Illecebris  erat»  et  gratã  novitate  morandus 
Spectator,  functusque  sacris»  et  potiia  et  «xlex. 
Verum  ità  rísores,  ità  commendare  dicaces 
Conveniét  Satyros,  ità  Yertere  seria  Indo* 
Ne,  quicumque  Deus,  quicumque  adhibebitur  heros^ 
Regali  conspectus  in  auro  nuper  et  ostro, 
Migret  in  obscuras  humíli  sermoDe  tabernas: 
Âut  duro  vitat  humum,  Dubes,  et  inania  captet. 
Effutire  leves  indigna  tragcedia  versus, 
Ut  festis  matrona  moveri  jussa  diebus, 
Intererit  Satyris  paulíim  pudibunda  protervis. 

Non  ego  inomata,  et  dominantia  uomína  solum, 
Verbaque,  Pisones,  Satyrorum  scriptor  amabo: 
Nec  sic  enitar  trágico  differre  colori,  • 
Ut  nibil  intersit  Davusne  loquatur,  an  audax 
Pythias,  emuncto  lucrata  Simone  talentam, 
An  custos  famulusque  dei  Silenus  alumni. 

Sylvis  deducti  caveant,  me  judice,  Fauni, 
Ne,  velut  inoati  triviis,  ac  poenò  forenses» 
Aut  nimium  teneris  juvenentur  versibus  unquam ; 
Aut  immunda  crçpent  ignominiosaque  dieta. 


31 

Unio  á  dignidade  do  cotfaurno 

Seus  epigrammas  rústicos,  mordazes; 

Cuidou  em  recrear  com  farça  nova 

Aquelle  que  dos  sacros  jogos  roltai 

Que  o  vinho  aquecei  quebra  ás  leis  o  freio, 

E  lhe  é  grata  a  soltura  da  linguagem. 

Mas  emfim,  convertendo  em  graça  o  serio, 
Em  soeoa  poado  Satyros  miilinost 
Ha  que  temer  que  heroes  ou  divindades, 
Tendo-se  visto  em  traje  magestoso, 
Purpura  dispam,  caiam  do  áureo  tbrooo, 
E  pelo  estylo  vdo  parar  nas  tendas. 
Morrer  na  escuridão  do  estado  humilde. 
Deffeito  igual  é  medo  de  arrastar^se. 
Subir  aos  astros,  e  tomar-se  em  nada. 

Nunca  deve  a  tragedia  degradar-se 
Fazendo  rir;  se  os  Satyros  a  cerGam^ 
Deve  mostrar-se  nobre,  comedida, 
Qual  modesta  matrona  em  Roma  vemos 
Obrigada  a  dançar  noS  sacrificios. 

Caros  Pis3es,  se  eu  fargas  escrevesse^ 
Não  havia  tirar  o  véo  aos  termos, 
Nem  tanto  da  tragedia  desviar-me, 
Que  n9o  puzesse  differença  grande 
Entre  Davo,  que  é  simplesmente  escravo, 
E  o  cafoteiro  Pythias,  que  um  talento 
Furta  a  Simão,  iiuendo  disso  gala; 
Ou  Sileno,  de  um  Deos  aio  e  seu  pagem. 

Nio  julgo  natural,  largando  as  selvas. 
Que  os  Faunos  se  apresentem  desbocados, 
E  que  sem  p^o  obscenas  {vozes  soltem, 
Quaes  habitantes  dos  immundos  becos, 
Ou  gerados  too  lodo  das  cidades. 


32 

Offenduntur  eDim,  quibus  est  equos,  et  pater,  et  res; 
Nec,  si  qaíd  frícti  ciceris  probat,  et  nacis  emptor, 
Eqais  accipiunt  animis»  donantvc  corooá. 

Ex  noto  fictum  carmen  sequar:  ut  sibi  quivis  (13) 
Speret  idem ;  sudet  multum,  frustràque  laboret 
Ausus  idem:  tantum  series,  junctaraqoe  pollet; 
Tantum  de  médio  samptis  accedit  honoris. 

Syllaba  longa  brevi  subjecta,  Tocatur  iambas, 
Pes  citus ;  UDdè  etiam  trímetrís  accrescere  jussit 
Nomen  lambeis,  cúm  senos  redderet  ictus, 
Prímus  ad  extremum  similis  sibi.  Non  ità  prídem, 
Tardior  ut  paulò  graviorque  veniret  ad  aures, 
Spondseos  stabiles  in  jura  paterna  recepit 
Commodus  et  patiens;  non  ut  de  sede  secunda 
Gederet,  aut  quarta  socialiter.  Hic  et  in  Accl 
Nobilibus  trimetris  apparet  ranis,  et  Ennl. 
In  acenam  missus  magno  cum  pondere  rersus, 
Aut  operae  celeris  nimiúm,  curáque  carentis, 
Aut  ignorats  premit  artis  crimine  turpi. 

Non  quivis  videt  immodulata  poemata  judex:  (14) 
Et  data  Romanís  vénia  est  indigna  poêtis. 
Idcirconè  vager,  scribamque  licenter?  an  omnes 
Visuros  peccala  putem  mea  tatus,  et  iotrà 


33 

Assim  faliandoí  ofiendmi  os  ouvidos 
Ao  culto  DobrOi  ao  cidadSo  polido, 
Que  as  cVoas  d'bera  distribuo  aos  yates, 
Que  jamais  gostará  do  que  recrèa 
A  estulta  plebe»  a  qual  manjar  reputa 
Ervilhas»  nozes,  disso  se  contenta. 

De  um  assumpto  sabido  eu  compuzera 
Sempre  a  minha  ficçio,  a  fim  que  os  outros 
Fácil  julgassem  competir  comigo, 
£  que  em  vSo  trabalhassem,  de  tal  obra. 
Depois  de  mil  esforços,  desistindo: 
Taoto  a  serie  e  contexto  das  idéas 
Dá  lustre  áquillo  que  vulgar  julgamos. 

Chama-se  jambo  e  pé  rápido  aquelle 
De  uma  syllaba  breve,  e  de  outra  longa; 
Jambico  o  de  seis  pés  forma  o  trimetro. 

Ha  pouco»  para  dar  mais  peso  ao  verso, 
Para  vir  aos  ouvidos  mais  sonoro, 
O  pesado  spondeo  se  unio  com  elle; 
Dócil,  fácil,  porém  nunca  cedendo 
O  segundo  lugar,  tio  pouco  o  quarto: 
Ennio  jamais  nem  Accio  consentiram 
Noa  seus  nobres  trímetros  este  alumno. 
Se  apparece  na  scena  um  verso  cheio. 
De  spondeos  carregado,  fez-se  á  pressa. 
Ou  mostra  que  o  auctor,  sem  pejo,  ignora 
As  regras  d'arte,  que  táo  mal  exerce. 

A  falta  de  medida  e  de  cadencia 
Nem  todos  sentem:  indulgentes  muitos 
Perdoam  grandes  erros  aos  Poetas, 
É  para  compor  mal,  isso  desculpa? 
Para  escrever  conforme  quer  o  acaso? 
Ou  descançar/jpor  ter  desculpa  certa? 

Tomo  V.  3 


34 

Spem  yeniae  cautus?  Vitavi  deoique  culpam; 
NoD  laudem  meruí.  Vos  exemplaria  Gr(eca 
Nocturna  versate  manu»  versate  diurna. 

At  nostri  proavi  Plautinos  et  numeroa,  et 
Laudavêre  sales:  nimium  patienter  utrumqQe, 
Ne  dícam  stuitè,  mirati;  si  modo  ego,  et  yos 
Scimus  inurbanum  lépido  seponere  dicto, 
Legitimumque  sonum  digílis  callemus,  et  aure. 

Sunt  dclícta  tamen,  quibus  ignovisse  velimus.  (15) 
Nam  neque  cborda  sonum  reddit,  quem  yult  manua  et  mens ; 
Poscentique  gravem  persspe  remitlit  acutum; 
Nec  semper  feriet  quodcumque  minabitur  arcus« 
Verúm  ubi  plura  nitent  in  carmine,  non  ego  paucis 
Offendar  maculis,  quas  aut  incúria  fudit^ 
Aut  bumana  parum  cavit  natura.  Quid  ergo? 
Ut  scriptor  si  peccat  idem  librarias  usqae^ 
Quamvis  esl  monilus,  veniá  caret;  et  citharaedus 
Ridetur,  chordá  qoi  semper  oberrat  efldem: 
Sic  mibi  qui  multum  cessat,  fit  Choerilus  ille»  (16) 
Quem  bis,  terve  bonum  cum  risu  mtror;  et  idem 
Indignor,  quandoque  bónus  dormitai  Homerus. 
Verúm  opere  in  longo  fas  est  obrepere  somnum. 


35 

Censuras  evitar,  isso  nSo  basta 
Para  alcançar  ou  merecer  louvores. 
Lançai  rnSo  dos  modelos  d 'alta  Greciat 
Ledenis  de  dia  e  noite;  meditai-os. 

Nossos  avós  gabaram  muito  Plauto, 
Celebraram  seus  raros  apotbegmas: 
Muito  bons  eram!...  d'indole  indulgente, 
Para  n&o  diíer  mais»  os  Telicito: 
Ao  menos  eu  e  vôs  não  confiindimos 
Dittos  insulsos,  verdadeiros  cbistes; 
Apontamos  aonde  mora  a  graça; 
Sente  o  tympano  o  som  errado,  ou  justo. 

Erros  ba  que  a  desculpa  encontram  logo: 
Nem  sempre  a  corda  vibra  o  som  qual  busca 
A  m8o  perita,  o  génio  sublimado; 
Por  um  som  grave  ás  vezes  fere  o  agudo; 
Nem  sempre  atinge  o  alvo  a  veloz  fleza. 
Mas  quando  n'um  poema  as  maravilhas 
Excedem  muito  a  somma  dos  defeitos, 
Nfio  me  oifendem  as  manchas  que  um  descuido 
Como  pensão  pagou  á  humanidade. 

Ao  copista  inexacto  n8o  perdoo 
Se  esquece  avisos,  e  repete  os  erros. 
Do  professor  que  desconhece  as  cordas, 
E  na  citara  quer  fazer  prodígios, 
E  permittido  rir :  zombo  igualmente 
De  um  auctor  que  os  defeitos  multiplica ; 
E  é  para  mim  Cherilo,  em  cujas  obras. 
Zombando,  approvo  só  quatro  ou  seis  versos. 
Gemo  comludo,  se  o  divino  Homero 
Por  acaso  descae  ou  se  dormita: 
Se  em  tSo  longo  trabalho  o  somno  assalta 
O  Poeta  cançado,  tem  desculpa. 

Tomo  V.  3  • 


36 

Ut  píctura,  poesis  erit;  qu^e,  si  propiíis  stes^ 
Te  capiet  magís;  et  quedam,  si  loDgius  abstes. 
H«c  amat  obscurum :  volet  hsec  sub  luce  videri» 
Judieis  argutum  quse  non  formidat  acuinen« 
H»c  placuit  semel:  haec  decies  repetita  placebit. 

O  major  juvenum»  quamvis  et  você  paterna 
Fingeris  ad  rectum,  et  per  te  sapis,  boc  tibi  dlctum 
Tolle  memor:  certis  médium  et  tolerabile  rebus 
Rectè  concedi.  Cousultus  júris,  et  actor 
Gausarum  medíocrís,  abest  virtute  diserti 
Messalse,  nec  scit  quantum  Cascellius  Âulus; 
Sed  tamen  íd  pretio  est.  Hediocribus  esse  poetis 
Non  bomines,  non  Dii,  non  concessére  columns. 
Ut  gratas  inter  mensas  symphonia  discors, 
Et  crassum  unguentum,  et  sardo  cum  melle  papaver 
Offendunt;  poterat  duci  quia  cosna  sine  istis: 
Sic  animis  natum  inventumque  poéoia  juvandis. 
Si  paulíim  à  summo  discessit,  vergit  ad  imum. 

Ludere  qui  nescit,  caropestribus  abstinet  armis; 


37 

Bem  como  na  Pintura,  ha  certos  rasgos 
Na  Poesia,  que  em  distaucía  agradara; 
Outros  que  ao  perto  muito  mais  deleitam : 
De  luz  mais  clara  aquelles  necessitam, 
Sem  temer  do  Censor  a  vista  aguda; 

Outros,  simples  crepúsculo  lhe  basta. 
Ha  cousas  que  uma  vez  só  nos  contentam ; 
Dez  vezes,  e  mais,  outras  reclamamos, 
De  seu  doce  prestigio  apaixonados. 

Ta,  dos  PisSes  morgado!  inda  que  sejas 
Por  ti  mesmo  instruído,  e  que  gostoso 
As  paternas  lições  aproveitasses; 
Com  tudo,  escuta,  e  guarda  na  memoria 
O  que  m'inspira  o  gosto,  e  dizer  quero. 

Géneros  ha,  nos  quaes  a  mediania 
Soffrer-se  pôde,  sem  desdouro  grande. 
Um  lettrado  commum  medir  nSo  pôde 
Seu  talento  ao  talento  de  Messala ; 
Nem  c'o  saber  profundo  de  Cascellio 
Seu  saber;  bem  que  preço  lhe  concedam. 
Mas  ser  poeta  mediano,  é  crime 
Que  n8o  perdoam  Deoses,  nem  humanos. 
Tal  offende  no  meio  de  um  banquete 
A  discordante  orchestra,  o  cheiro  torpe 
De  um  perfume  nocivo;  tal  enjoa 
Insípida  ptisana  entre  os  manjares, 
Quanto  desgosta  a  poesia  insulsa : 
Que  em  lugar  de  encantar  almas  sensíveis 
Descae  por  força  aò  mais  rasteiro  ponto 
Se  nSo  8'eleva  ao  ponto  mais  subido. 

Quem  não  sabe  esgrimir  nas  mareias  luttas, 
Cauteloso  das  armas  se  desvia : 
Quem  ignora  nos  jogos  a  destreza, 


38 

Indoctusque  pilflB»  discive,  trocbive  quiescit: 
Ne  spísssB  risum  tollant  impune  corooae. 
Qui  nescity  versus  tameo  audet  fingere»  Quidoi? 
Liber  et  ingenuus,  praBsertim  census  equestrem 
Suiumam  Dnmmorum,  fítioqoe  remotos  ab  omoL 

Tu  nihil  invitá  díces  faciesve  Minerva, 
Id  tibi  judicium  est,  ea  mens.  Si  quid  tamen  olim 
Scripseris,  in  Metii  descendat  judieis  aures»  (17) 
Et  patrisy  et  nostras;  Donumque  prematur  in  antiuin. 
Membranis  inlus  positis,  delere  licebit 
Quod  non  edideris.  N^scit  vox  missa  revertia 

Ignotum  Tragicae  genus  invenisse  GamoBDa; 
Dicitur,  et  plaustris  vexisse  poemata  ThespiSi 
Quffi  canerent  agerentque,  peruocti  faecibus  ora. 

Post  hunc  personae,  pallsque  repertor  bonesfae 
.AIscbylus,  et  modids  iostravit  pulpita  |tignis ; 
Et  docuit  magnumque  loqui,  nitique  cothurno. 

Successit  vetus  bis  Comoedia,  dod  sine  multa 
Laude;  sed  in  vitium  libertas  excidit,  et  vira 
Dignam  lege  regi :  \et  est  accepta ;  cborusqiie 
Turpiter  obticuit,  sublato  jure  nocendi. 

Nil  intentatum  nostri  liquere  Poet«: 


39 

A  pela,  o  disco,  a  argola  não  commette ; 
Teme  os  que  á  roda  observam,  teme  a  mofa; 
Mas,  sem  saber»  emprende  fazer  versos: 
E  por  que  nlo?  se  é  livre,  e  bem  nascido? 
Se  tem  rendas,  e  vive  nobremente? 
Se  é  cavalheiro,  honrado,  e  mui  polido?... 

Mas  \Uf  mancebo,  tu  tens  muito  senso, 
Ingenho  claro  para  empr'ender  cousas 
Que  do  próprio  talento  n&o  s9o  filhas. 
Quando  a  Musa  te  cbame  e  tente  a  vêa. 
Em  querendo  escrever»  consulta  Mecio, 
A  mim,  ao  illustre  pae  expõe  as  obras; 
Por  dez  annos  fechado  esteja  o  livro: 
Assim  podes  polir  os  teus  escriptos, 
Antes  que  os  julgue  o  Publico  severo: 
As  palavras  não  voltam  quando  escapam. 

Dizem  que  Tbespis  foi  na  prisca  idade 
Inventor  da  tragedia,  e  que  sem  gosto 
Tingio  de  mosto  as  faces  dos  actores, 
Que  em  carros  transitavam,  repetindo 
Seus  poemas  informes,  ou  cantando. 

Eschylo  depois  veio,  e  os  seus  vestindo 
A  mascara  lhes  deo,  armou  theatros, 
Ensinou-lhe  a  fallar  com  dignidade, 
E  a  segurar  os  pés  no  alto  cotbumo. 

Veio  a  antiga  Comedia  succeder«-lbe 
Com  grande  applauso;  mas  com  tal  soltura, 
Que  foi  preciso  reprimir-lhe  o  vôo, 
E  a  lei  vedar  o  sen  nocivo  excesso: 
E  não  podendo  corromper  a  sceua, 
Emmudeceo,  envergonhado,  o  coro. 

Tentaram  nossos  Vates,  e  com  gloria, 
Quanto  é  possível,  sem  seguir  o  trilho. 


40 

Nec  mioímum  meraere  decus,  vestigia  Greeca 
Ausi  deserere,  et  celebrare  domestica  facta» 

Vel  qui  pratextas,  vel  qui  docuere  togalas. 
Nec  virtute  foret»  clarisve  potentius  armis, 

Quàm  lioguá,  LatiuiDt  si  dod  offenderet  UDum 
Quemque  poetarum  limfie  labor,  et  mora.  Vos,  ô 

Pompilius  sanguis,  carmen  reprehendite,  quod  noa 

Hulta  dies,  et  multa  lítura  coercuit,  atque 

Praesectum  decies  oon  castigavít  ad  uoguem. 

Ingeiíium  miserá  quia  fortunatius  arte 

Credit  et  excludít  sanos  Helicone  Poetas 
Democritus;  booa  pars  dod  uogues  poDere  curat,  (18) 

NoD  barbam ;  secreta  petit  loca»  babea  vitat. 
NaDciscetur  eoím  pretium  nomeoque  Poetãe, 
Si  tribus  Ânticjris  caput  ÍDsaDabile  ounquam  (19) 
ToDSori  LiciDo  commiserit.  O  ego  laBvus, 

Qui  purgo  bilem  sub  veroi  temporis  horam ! 
NoD  alíus  (faceret  meliora  poOmata.  Verúm 
Nil  tauti  est.  Ergo  fuogar  vice  cotis,  acutum 
Reddere  quae  ferrum  valet,  exsors  ipsa  secaudi. 
MuDus  et  ofiBcium,  díI  scribeos  ipse,  docebo: 
Uode  paroDtur  opes;  quid  alat  formetque  Poetaih; 

Quid  deceat;  quid  dod;  qu5  virtus,  quò  ferat  error. 


41 

Servilmente,  que  os  Gregos  lhe  mostraram ; 
Bastaram-lhe  os  assumptos  só  Romanos: 
E  talvez  fosse  o  Lacio  tSo  famoso 
Nas  lettras,  qual  brilhou  sempre  oas  armas, 
Se  o  trabalho  da  lima,  se  a  demora 
NSo  fosse  tão  difficil  aos  Poetas. 

Vós,  raça  de  Pompilio,  sede  austeros; 
Não  approveis  jamais  esses  poemas 
Que  dSo  apura  o  tempo,  a  lima,  o  gosto. 
Que  não  foram  dez  vezes  castigados. 

Se  Demócrito  cré  que  é  nuUo  o  estudo, 
E  que  o  ingenho  só  produz  Poetas; 
Se  do  Parnaso  exclue  o  commum  senso; 
Por  isso  tantos,  desprezando  a  arte. 
Fogem  dos  homens,  desgrenhados,  tristes. 
Nunca  os  banhos  frequentam,  nem  se  alinham. 
Ao  estro  entregues,  que  produz  phantasmas. 
Na  verdade  que  assim  fama  adquirem, 
E  nome  de  poetas,  certos  homens, 
^Becusando  ao  barbeiro  uma  cabeça 
Que  nem  três  Anticyras  curar  podem. 

Oh  que  loucura  a  minha  I  pois  tempero 
Na  primavera  sempre  o  sangue  e  a  bile! 
Que  poemas  sublimes  nlo  faria? 
E  melhor  que  ninguém,  sendo  bilíoso!... 
Nlo  vale  a  pena;  aspiro  a  ser  somente 
A  pedra  de  amolar,  que  nSo  cortando, 
Fará  comtudo  com  que  o  ferro  corte. 
Sem  escrever,  direi  como  se  escreve. 
Como  deve  o  escriptor  juntar  seus  fundos; 
Em  que  consiste  a  essência  de  um  poeta : 
O  que  serve,  ou  nio  serve,  aonde  levam 
A  regra,  o  gosto,  os  erros,  e  a  ignorância. 


42 

ScribçDdí  rectè  sapere  est  et  priDcipium  et  fons. 
Rem  tibi  Socraticae  poterunt  ostendere  cbarts: 
Verbaqoe  provisam  rem  noa  ÍQvita  sequentur. 

Quí  didicit  patriae  quid  debeat»  et  quid  amicís; 
Quo  sit  amore  pereos,  (pio  frater  amandus,  et  beapes ; 
Quod  sit  conscríptiy  quod  judieis  officium ;  quas 
Partes  in  bellum  missi  ducis;  ille  profectò 
Reddere  personse  scit  coDvenieDtia  cuique. 
Respicere  exemplar  vitae,  morumque  jobebo 
Doctum  imitatorero,  et  veras  bine  ducere  vocês. 

Interdíim  speciosa  locis,  morataque  recto 
Fabula,  nullius  veneris,  sine  pondere  et  arte» 
Valdiús  oblectat  popolum,  meliusque  morator, 
Quàm  versus  inopes  rerum,  ougaeque  canors. 

Graiís  ingeniam,  Graits  dedit  ore  rotundo 
Musa  loqui,  praeter  laudem  nullius  avarís. 
Romani  pueri  longis  rationibus  assem 
Discunt  in  partes  ceatum  diducere.  Dicat 
FÍ1ÍII3  Âlbini:  si  de  quincunce  remota  est 
Uncia,  quid  isuperat?  poteras  dixisse...  Tríens.  Eu: 
Rem  poteris  servare  tuam.  Redit  uncia ;  quid  fit? 
Sem  is.  At  haec  ânimos  aerugo  et  cura  peculi 


43 

Ciara  ínatrucçao,  saber,  é  fonte,  origon 
D'escriptos  bons;  Socráticas  doutrinas 
Hão  de  inspirar  idéas  numerosas, 
E  as  palavras  Tirão  para  expressá-las. 

Quem  sabe  quanto  deve  ás  Leis,  á  Pátria, 
Quanto  aoa  amigos;  qual  calor  no  peito 
Cria  o  paterno  amor,  cria  o  fraterno; 
Quaes  os  deveres  sejam  da  hospedagem; 
Que  integridade  ao  senador  compete, 
Ao  cargo  de  juiz,  e  que  talentos 
De  um  general  aa  guerra  exige  o  estado; 
Hábil  imitador,  a  vista  estende. 
Vivos  modelos  topa  a  cada  passo: 
Conteraplai-lbe  a  conducta  e  seus  costumes, 
Fazei  que  fallem  no  seu  próprio  estylo. 

Quando  um  assumpto  é  grato,  e  que  se  obwnfam 
Exactamente  os  caracteres  e  usos. 
Sem  arte,  graça  ou  dignidade  escripto. 
Recreia  mais  o  publico  mil  vezes. 
Que  outros  assumptos  em  pomposos  versos. 
Correctos,  porém  nuUos  quanto  ás  cousas. 

Tinham  os  Gregos  génio,  dicçáo  tinham, 
Pois  a  gloria  somente  ambicionavam. 
O  juvenil  ardor  dos  nossos  hoje 
Outros  empregos  tem,  e  só  lhe  ensinam 
A  calcular  de  um  modo  prolongado 
Como  um  az  em  cem  partes  se  divide. 

Dizei,  Olho  d' Albino,  de  seis  onças 
Se  uma  tirais,  qoe  resta?  —  Restam  cinco. 
Bellamente!  com  isso  estais  campando. 
Ajuntai-lhe  uma  onga,  quanto  somma?... 
Sette. — Porém  passada  essa  ferrugem. 
Essa  paixão  do  ganho,  que  envilece, 


44 

Cum  semel  imbuerit;  speramos  carmina  Gngi 
Posse  linenda  cedro,  et  levi  senranda  cupresso? 

Aut  prodesse  voluDt,  aut  delectare  Poefóe: 
Aut  simol  et  jucunda,  et  idónea  dicere  vit». 

Quidquid  prscipies,  esto  brevis;  ut  cito  dieta 
Percipíant  animi  dociles,  teneantque  fideles. 
Orone  supervacuum  pleno  de  pectore  manat. 

Ficta  yoluptatis  causa  sint  próxima  veris: 
NeCy  quodcumque  volet,  poscat  sibi  fabula  C|[edi : , 
Neo  pransffi  Lamis  vivum  poerum  eztrahat  alvo* 

Centoriffi  seniorum  agitant  expertia  fnigís;  (20) 
Celsi  praetereunt  austera  pofimata  Rbamnes.  (21) 
Omni  tulit  punctnm,  qui  miscuit  utile  dulci, 
Lectorem  delectando»  pariterque  monendo. 
Hic  meret  sra  liber  Sosiis;  hic  et  maré  transit, 
Et  longum  noto  scriptori  prorogat  STum. 

SjWestres  homines  sacer,  interpresque  Deorum 
Caedibus  et  victu  foedo  deterruit  Orpheus: 
Dictus  ob  hoc  lenire  tigres,  rabidosque  leonês. 
Dictus  et  Âmpbion  Thebana;  conditor  areis. 


45 

Mal  se  pude  esperar  que  façais  versos, 
Dignos  das  Musas,  dignos  de  guardar-se 
Em  cofres  preciosos  de  cypreste, 
Nem  que  no  oleo  de  cedro  se  preservem. 

Poetas  querem  ou  diur  gosto  á  gente, 
Ou  dar-no6  instrucçio;  e  as  mais  das  vezes 
Instruir  e  agradar  ao  mesmo  tempo* 

S'instruis,  sede  breve  nos  preceitos, 
A  fim  que  brevemente  vos  percebam; 
Que  depressa  se  aprendam,  e  a  memoria 
Os  guarde  fielmente;  quando  é  muito, 
Trasborda,  qual  liquor  que  excede  o  vaso. 

Para  agradar,  precisasse  verdade; 
A  ficçSo  verosimil  só  contenta: 
NSo  tem  direito  a  scena  d'enganar-nos. 
Nem  de  arrancar  do  estômago  da  maga 
Viva  a  creança,  devorada  ha  pouco. 

O  conselho  dos  velhos  n&o  perdoa 
Os  versos  que  sem  fructo  se  lhe  ofiTrecem; 
E  os  cavalheiros  secios  não  Ih'  importara 
As  peças  onde  reina  a  seriedade. 
Toca  o  ponto  o  que  unir  útil  e  doce, 
O  leitor  ensinando  e  divertindo: 
Enriquece  o  livreiro  uma  tal  obra. 
Passa  os  mares,  a  seu  auctor  segura 
Gloria  perfeita,  fama  inalterável. 

Viviam  nas  florestas  os  humanos. 
Quando  Orpheo,  que  era  interpetre  dos  Deoses, 
Seu  sacerdote,  lhe  inspirou  piedade, 
Horror  do  sangue  e  d'alimento  impuro: 
Daqui  disseram  que  domava  os  tigres, 
E  que  acalmava  dos  leões  a  furía. 
Do  celebre  ArophiSo  também  julgaram, 


46 

Saxa  moyere  sono  testudinis,  et  prece  blandâ 
Ducere  quò  vellet.  Fuit  bffic  sapientía  quendam» 
Publica  privatis  secernere,  sacra  proranis; 
Concubitu  prohibere  vago ;  dare  jura  maritis ; 
Oppida  molírí ;  lege»  incídere  Iigno« 
Sic  honor,  et  nomen  diyinis  vatibus,  atque 
Carminibus  yenit.  Post  hos  iosignis  Homems; 
Tyrtsusque  mares  ânimos  in  Martia  bella 
Versibus  exacuit:  dicte  per  carmina  sortes; 
Et  vitae  monstrata  via  est;  et  gratia  regum 
Pieriis  tenta  ta  modís;  ludusque  repertus, 
Et  longorum  operum  6nis:  ne  forte  pudori 
Sit  tibi  Musa  lyr»  solers,  et  cantor  Âpolio* 
Natura  íieret  laudabile  carmen,  an  arte, 
Quftsitum  est:  ego  nec  stodium  sine  divite  vená, 
Nec  rude  quid  prosit  video  iogenium :  alterius  sic 
Altera  poscit  opem  res;  et  conjurat  amicè. 


47 

Qae  ao  som  da  iyra,  fundador  de  Thebas, 
Esta  Dobre  cidade  edificara; 
Que  06  seua  doces  accentos  attrahiam 
As  pedras,  as  madeiras,  e  esses  mesmos 
No  seu  próprio  lugar  as  coUQcavam. 
O  ser  sábio  em  tai  tempo  coosistia 
Em  distinguir  o  bem  geral  do  próprio, 
O  sagrado  interesse,  do  profano; 
Em  coarctar  a  desordem  dos  costumes. 
Fixar  dos  hymeneos  as  leis  suaves; 
Edificar  cidades,  e  nas  taboas 
Gra?ar  as  leis  que  a  sociedade  uniam. 
Assim  ganharam  honra  e  nome  os  Vates, 
E  seus  versos  divinos  se  exaltaram. 
Appareceo  depois  o  insigne  Homero, 
E  Tyrteo,  cujos  cantos  provocavam 
Os  ânimos  guerreiros  ao  combate: 
Em  verso  responderam  os  Orados, 
Explicou-se  a  moral  nesta  linguagem, 
Commoveram-se  os  Reis  á  voz  das  Musas: 
A  Poesia  em  fim  creou  theatros, 
E  ao  lasso  cidadão  prestou  recreio, 
Calmando  das  fadigas  o  cançasso. 
Depois  de  memorar  t8o  dignos  factos, 
Quem  haverá  que  tema  unir  seu  canto 
Á  lyra  de  Polymnia,  á  voz  de  Apollo? 
O  valor  dos  poemas  de  que  nasce? 
Ha  questões;  e  duvidam  vulgarmente 
Se  d'arte  vem,  se  vem  da  natureza. 
Sem  génio,  o  estudo  ignoro  de  que  serve» 
Nem  o  que  possa  o  génio  sem  o  estudo: 
Mutuamente  um  e  outro  se  soccorrem. 
Devem  ser  no  poeta  inseparáveis. 


48 

Qui  studet  optatam  curau  contiogere  metam. 
Multa  tulit,  fecitque  puer;  sudavit,  et  aisit; 
Abstínuit  Venere,  et  vino.  Qui  Pythia  cantat  (22) 
Tibicen,  didicit  priâs,  e]rtimuitque  magistrum. 
NuDC  satis  est  dixisse:  Ego  mira  poemata  pango: 
Occupét  extremum  scabies:  mihí  turpe  relinqui  est, 
Et  quod  ooD  didici,  sane,  nescire  fateri. 

Ut  prseco  ad  mercês  turbam  qui  cogit  emendas,. 
Assentatores  jubet  ad  lucrum  ire  poeta, 
Dives  agris;  dives  positis  in  foenore  nummis. 
Si  vero  est  unctum  qui  rectè  ponere  possit. 
Et  spondere  levi  pro  paupere,  et  eripere  atris 
Litibus  implicitum:  mirabor  si  sciet  inter 
Noscere  meudacem,  verumque  beatus  amicum. 

Tu  seu  donarisy  seu  quid  donare  Toles  cui, 
Nolito  ad  versus  tibi  factus  ducere  plenum 
Laetitiae.  Clamabit  enim:  Pulchrè,  benè,  rectè! 
Pallescet  super  bis;  eliam  stiilabit  amicis 
Ez  oculis  rorem;  saliet,  tundet  pede  terram. 
Ut  qui  conducti  plorant  in  funere,  dicunt 
Et  faciunt  propè  plura  dolentibus  ex  animo:  sic 
Derisor  vero  plus  laudatore  movetur. 


49 

Qoanto  exercido  e  esforços  desde  a  iofâticia 
Fez  qaem  aspira  ao  premio  na  carreira! 
O  calor  sapportoa»  o  firio;  sóbrio 
De  Amor  e  Baccho  rejeitou  prazeres. 
O  tocador  de  flaota,  que  ihib  festas 
D'ApolIo  Pythio  solta  os  seus  accentos, 
Foi  autes  por  um  mestre  castigado* 
Mas  os  poetas,  basta  que  oos  digam : 
Faço  ver$as  subUtne$ :  ai  daquelle 
Que  atroz  fica  dos  (nUro$t  e  lhe  toca 
O  degráo  derradeiro  nesta  escala! 
O  pqo  o  vexa^  se  úllimo  se  julga; 
E  mo  quer 9  com  effeitOf  convir  nunca 
Que  ignorOf  e  nõo  aprende  o  que  não  sábet 

Como  quem  apregoa,  e  vender  busca 
Ricas  mercadorias,  um  poeta 
De  grandes  capitães,  quintas,  palácios, 
Acossa  os  lisoogeiros  que  o  rodéam, 
Ávidos  de  ganhar,  e  na  esperança 
De  converter  em  ouro  vSos  applausos. 
Se  alem  disso  o  poeta  dá  banquetes. 
Se  dá  fiança  ao  gabador  rafado; 
Se  co'  a  bolsa  o  tirou  de  grande  aperto; 
Ent&o  dífficil  6  que  acerte  nunca 
Qual  é  o  adulador,  qual  é  o  amigo. 

Se  quizerdes  brindar  alguém,  sentido! 
Nlo  deveis  ler-lhe  entáo  os  vossos  versos: 
Se  acaso  alvoroçado  os  dons  espera, 
Absorto  exclamará:  Que  obra  divina! 
Extático,  e  de  gosto  enternecido, 
Hade  chorar  e  rir,  batter  as  palmas. 
Estes  sBo  como  aquellas  a  quem  pagam 
Para  chorar  nos  funeraes  pomposos, 
E  cl|oram  mais  que  o  verdadeiro  affliclo. 

Tomo  V.  ■* 


50 

Reges  4íeuDlur  multís  Drgere  coldlist 
Et  torquere  mero,  quem  pertpexisse  labonnti 
An  sit  amicitifl  digntt.  Si  carmiiia  omides^ 
Nunquam  te  fallant  &nimt  sob  tulpe  latentes. 
Qoíntilio  si  qoid  recitares»  Corrrge»  sodes,  (23) 
Hoc,  aiebat,  et  boc !  Meliíis  te  posse  negares, 
Bis,  terque  expertom  frustra ;  delere  jubebat, 

m 

Et  malè  tomates  incodi  reddere  versus. 

Si  defendere  delictum,  quám  yertere,  maltes: 

Nullum  ultrà  Terbum,  aut  operam  sumebat  inanem, 

Quin  sine  riyalí  teque  et  tua  solus  amares. 

Vir  bónus  et  prudens  versus  reprehendet  inertes; 

Gulpabit  duros:  ineomptis  allinet  atmm 

Transverso  calamo  signnm:  ambitiosà  reoidet 

Ornamento;  parum  claris  kicem  dare  eoget; 

Arguet  ambigoè  díeium;  mutandá  aolabít; 

Fiet  Aristarchns;  nec  dicets  Gur  ego  Bihimim  (S4) 


51 

Dizem  que  os  reis  provocam  dos  banquetes 
Os  convidados  a  esgotar  os  copos, 
A  fazer  houra  aos  vinhos  generosos; 
Tentando  assim  a  incauta  lingua  a  ponto 
De  revelar  do  animo  os  arcanos, 
E  mostrar  os  que  sSo  fieis,  ou  falsos. 
NSo  vos  deixeis  li^ar,  fazendo  versos; 
A  malicia  temei;  que  se  disfarça 
A  raposa  voraz,  que  a  toca  esconde: 
Indagai  no  louvor  o  que  é  sincero. 

Quando  alguém  a  Quintilio  consultava. 
Nas  obras  apontando,  lhes  dizia: 
lOOf  crede-mef  exige  que  $e  emende; 
Não  4  correeío  aqui:  mas  se  a  resposta 
Contras  oppunha,  e  claro  demonstrava 
Que  era  impossível  melhorar  o  objecto; 
Que  três  vezes,  e  mais,  inutilmente 
Se  trabalhara;...  instava  que  riscassem; 

Que  de  novo  os  méos  versos  aleijados 
Na  bigorna  com  forca  os  martellassem. 
Recusavam  7...  Ent&o  emmudecia, 

A  seu  maligno  fado  os  entregava. 
Era  inútil  tomar  maior  trabalho: 

Namorados  de  si,  achava  acerto 
Que  sem  rival,  a  si  se  idolatrassem. 

O  homem  bono,  o  sábio  reprebende    . 
Os  versos  frouxos,  e  reprova  os  duros ; 
Corrige  aquelles  nimiamente  ornados; 
Quer  mais  clareza  no  sentido  escuro, 

E  firme  expulsa  equivocas  palavras^ 
Implacável  serei,  novo  Aristarcho: 

Nao  hei  de  ir,  por  poupar  os  meus  amigos» 

Tono  V.  4  • 


52 

OÍTendam  ia  migís?  Hsd  ougãs  seria  ducenl 
Iq  mala  derisum  semel,  exceptumque  sioistrè* 

Ut  mala  quem  scabies,  aut  morbas  regius  urget, 
Aut  fanaticus  error,  et  iracunda  Diana; 
Yesanum  tetigisse  tíment,  fugiuntque  po6tam, 
Qtti  sapiunt;  agitant  pueri»  incautique  sequuntur. 

HiCf  dum  sublimes  versus  ructatur,  et  errat, 

» 

Siy  veluti  merulis  intentas  decidit  auceps 

In  puteuro»  foveamve;  licet,  Succurrite,  longúm 

Clamety  lo  eives:  non  sit,  qui  tonere  curet. 

Si  quis  coret  opem  ferre,  et  demittere  funem : 

Qut  seis,  an  prudens  hftc  se  dejecerit,  atque, 

Servari  nolit?  dicam,  Sicalíque  poét»^ 

Narrabo  interitum.  Deus  immortalis  haberí 

Dum  cupit  Empédocles;  ardentem  flrigidus  iEtnam  (26) 

Insiluit  Sit  jus,  liceatque  perire  poetis^ 

Invitum  qui  serva t,  idem  facit  ocddeDti, 


53 

Perdoar  bagatdlas,  eotendeodo 

Que  por  Uo  pouco  é  lastima  afiligi-los: 

Taes  bagateilas  muito  prejudicam; 

Se  ao  publico  se  expõem»  provocam  riso. 

Como  quem  foge  a  peste,  e  que  se  aparta 
De  um  homem  já  tocado  do  contagio; 
Como  quem  teme  as  fúrias  que  perseguem 
Aquelle  que  os  remorsos  desatinam ; 
Qual  se  desvia  de  um  que  perde  o  senso, 
E  que  incurso  na  cólera  de  Hecáte 
Haniaco  labuta  entre  phafitasmas: 
Taes  se  retiram  racionaes  humanos 
De  quem  toma  a  peizBo  de  fazer  versos: 
Os  rapazes,  porém,  na  rua  o  seguem, 
E  delle  zombam  sem  maior  cautela, 
Em  quanto  furioso  insulta  as  Musas, 
Seus  hymnos  magestosos  recitando. 
Mas  se  sem  tino  cae  n'uma  cisterna. 
Ou  se  despenha  d'uma  ribanceira. 
Qual  caçador  que  espera  apanhar  melros. 
Por  mais  que  exclame:  Cidadãos^  soecwrol.. 
Deixai»o  lá  ficar;  pois  se  quízessem 
Uma  corda  lançar-Ihe  por  piedade. 
Eu  dissera:  Quem  sabe  se  elle  mesmo 
Quer  que  o  tirem  de  lá?  e  se  esse  salto 
Nâo  foi  deliberado  e  heróico  empenho! 
Citarei  a  aventura  de  um  poeta. 
Que  na  Sicilia  deo  tSo  grande  brado: 
Para  ser  invocado  como  os  Deoses, 
Empédocles  saltou  nas  chammas  do  Etna. 
O  jus  não  disputemos  a  um  poeta 
De  morrer,  sem  dizer  adeos  á  gente. 
Se  quiz  morrer,  salvá-lo  é  dar-lhe  morte: 


54 

Nec  semel  boc  fecit:  oec,  si  retractus  erit,  jam 
Fíet  bomoy  et  ponet  famos»  mortís  amorem. 

Nec  satia  apparel  cur  versos  factiíet :  utràm 
Hinxerít  íd  pátrios  cineres,  an  triste  bídeotal 
Moverit  incestos;  eertè  furit;  ac  velut  uraus. 
Objectos  caves  valuit  si  frangere  dathros» 
Indoctum,  doctaiiM{ue  fagat  recitatmr  acerbos. 
Qoem  vero  arripoit»  teoet»  occiditqoe  legendo» 
NoD  missura  cotem  nisí  plena  crooris  birodo. 


55 

Escorregou  mil  vezes,  nSo  é  esta 
A  primeira;  se  o  tiram  deste  passo 
Nem  por  isso  a  joania  ha  de  passar-lhe, 
A  paixão  d'alcaDçar  morte  Tamosa. 

E  quem  sabe  este  mal  donde  lhe  oasce? 
Se  proraoou  de  um  pae  as  fírias  ciozast 
Ou  se  pisou  lugares  consagrados 
Pek»  raios  que  vibra  a  mio  de  Jove ! 
Sabemos  só  que  é  louco,  isso  nos  baste. 
Ao  vè-k),  cuidareis  que  um  urso  vedes 
Que  da  jaula  quebrou  as  férreas  barras: 
Tal  é  quando  implacável  nos  repete 
Os  versos  com  que  espanca  o  sábio,  o  néscio: 
Infeliz  o  que  apanhai  Não  o  larga 
Sem  o  esfalfar,  relendo  seus  escríptos; 
Sanguexuga  cruel,  que  não  despia 
Sem  se  fartar  do  sangue  de  quem  morde. 


NOTAS 


ARTE  Pim  DE  HORAQO. 


NOTAS 


ARTE  POÉTICA  DE  HORÁCIO.  W 


(i)  Us  PÍ80e9  a  quoB  se  dnrige  Horácio  eram  o  GoÉM 
Pifllo  e  8608  filhos,  qae  figuraraD  moito  em  Roma  pelos 
seus  eargosy  e  tiveram  grande  yaltmento  com  Aagosto,  e  Tí<- 
berío.  Desoeodíam  de  Numa  Pompílto,  2.^  Rei  de  Roma,  o 
qual  teve  por  filho  Calpo,  trooco  desta  familia  doa  PisOes»  qoe 
le  appellidavam  Ccãfumioêf  do  nome  do  seu  progenitor.  Do 
mesma  familia  era  Galpumia,  mulher  de  Jnlio  César. 

(2)  Cum  lucus  et  ara  Dianoff  —  Estes  exemplos  são  tirados 
oartamente  das  obras  ruins  daquelle  tempo,  que  Horácio  aqui 
censora  de  passagem.  O  bosque  oa  floresta  a  qne  allnde  era  a 
de  Aricía,  onde,  segundo  a  tradição  popular  doa  Romanos» 
Diana  haYia  n'outro  tempo  escondido  Hyppolilo,  depoía  de 
resQScitado  por  Esculápio;  e  onde  também  Numa  Pompilio  ia 
ter  CQDfinrencias  com  a  nympha  Egéria.  A  repolação  deste 
kgDr  tomava  interessante  a  soa  descripção;  e  por  esse  motiw 
oi  poetas  nunca  ^ieíxavam  de  enfeitar  com  eila  algum  episodio 
dis  soas  obras. 


(«)  Kslu^Mtu  nlo  vem  na  ediçiD  de  Irfmdits,  jA  oitada  ;  fonm  addtcioMdaf 
féo  editor  da  piesente»  a  ira  de  eaclareoer  algiuw  lugiBet  oUctiroa  do  poeau 
que  u  precede ;  e  o  mesmo  se  deverá  entender  dai  que  ae  «eguem  ao  Emajo 
sobre  a  Critica  por  Alexandre  Pope. 


60 

(3)  Aut  flumen  Rkenum^  aul  pluvius  dacribiíur  arcus.  — 
As  margens  do  Rheno  tinham  frequentemente  sido  theatro  das 
victorias  de  JuIio  César,  e  de  Augusto;  e  assim  é  fácil  de  co- 
nhecer o  motivo  por  que  os  auctores  inseriam  em  qualquer  parte 
a  descripç&o  delias. 

O  arco-íris  é  um  dos  mais  bellos  phenomenos  da  natureza^ 
razão  por  que  os  poetas  folgavam  de  se  espraiar  acerca  desta 
pomposa  maravilha. 

(4)  Surniíe  materiam  vesíris^  qui  scríbitiSf  CB^uatn»  etc.  — 
AijueUe  >  artista  que  nlo  sabia  fazer  seoSo  unhas  e  cabellos^ 
deveria  por  Yentura  emprehender  uma  estatua?  Eis  a  reflexio 
que  naturalmente  occorre  neste  lugar.  Horácio  applica  este 
exemplo  aos  auctores,  e  convida-os  a  consultar  primeiro  as  pro** 
prias  forcas  na  escolha  dos  assumptos  que  se  propozerem;  oqae 
lhe  depara .  uma  traosiçSo  natural  para  as  outras  duas  partes  da 
disciplina  de  que  está  fallando,  isto  é,  a  disposição  e  a  docuçSo ; 
porque  tudo  quanto  disse  até  aqui  refere-se  á  invenção. 

(5)  Ut  silviB  foliis  pronos  muiantur  in  asmoSf  —  Aqui  se 
oiferece  aaturalmente  uma  reflexão  sobre  a  sorte  das  lingoas^ 
sujeitas.  A  mudança  como  todas  as  cousas  do  mundo.  Desenvol- 
vendo este  pensamento,  aproveita-se  Horácio  desta  occasiBo 
para ; citar  como  Jeituras  do  bomem  que  deveriam  ser  immor- 
taes^  se  alguma  cousa  humana  pudesse  s6-Ío,  as  importantes 
obras  concluídas  sob  o  reinado  de  Augusto;  por  exemplo,  uns 
novo  porto  construído;  as  lagoas  Pontinas  dessetadas  e  tomadas 
férteis ;  Soma  preservada  das  inundações  do  Tíbre,  eíc.  Elogio 
delicado,  coberto  com  o  véo  de  uma  seria  moralidade. 

(6)  Archiioeum  próprio  rabies  armatit  iambo.  ^-  Este  enér- 
gico verso  exprime  o  caracter  mordaz  do  poeta  Archiloco.  O 
verso  jambo  6  t9o  susceptível  de  doçura  como  de  rispidez;  mas 


61 

é  de  crer  qae  sempre  fosse  áspero  e  Derveo  no  poeta  satirico 
inventor  dejle.  Dabi  provém  o  chamar-se  ianéa  a  medida  de 
que  foi  composto;  do  verbo  grego  que  significa  veròis  inçessOf 
mordeo. 

(7)  Sií  Medea  ferox^  invicíaque ;  ^-^  Assim  a  representa 
Gomeille,  imitando  a  Séneca,  o  qual  trattou  do  mesmo  assum- 
pto: quando»  em  um  momento  em  que  tudo  parecia  levantar-se 
contra  eila,  a  sua  aya  lhe  pergunta: 

En  cet  affreux  reter Sj  que  vaus  reste-í^ilf 
Moi^  diz  ella, 
Moif  dis-je^  et  cest  assez. 
Também  Euripides  em  uma  tragedia  pintou  o  caracter  feroz 
desta  princeza. 

Flebilis  Ino;  —  Esta  filba  de  Cadmo  e  Hermione  mal  pcH 
dia  deixar  de  ser  queixosa  e  gemebunda  no  meio  dos  desastres 
de  toda  a  sua  familia^  abandonada  ás  cruéis  vinganças  de  Jimo« 

(8)  Perfidtu  Ixion;  Io  vaga;  frístis  Oresles.  —  Ixion  fez 
morrer  sen  sogro  por  uma  traição,  que  o  poeta  Eschylo  descrê* 
veo  n'uma  tragedia,  e  Euripedes  em  outra,  como  se  colhe  de 
Plutarcho.  A  errante  vida  de  Io  representou  o  mesmo  Eschylo ; 
mas  nenhuma  destas  tragedias  chegou  até  nós,  porque  nenhuma 
delias  escapou  do  naufrágio  que  nos  séculos  bárbaros  padeceram 
as  lettras.  OresíeSf  filho  de  Agamemnon  e  de  Ciytemnestra, 
atormentado  de  ii^morsos  de  haver  morto  sua  m&e,  sem  o  saber, 
apdou  por  muito  tempo  vexado  pelas  Fúrias,  e  entregue  à  mais 
negra  tristezai  atè  que  expiou  seu  crime.  Este  assumpto  acha-> 
se  maravilhosamente  tratlado  por  Euripedes,  em  uma  tragedia 
que  ainda  existe. 

(9)  Patulum  orbem  —  Esta  expressão  refere*se  a  algum 
usoy  ou  a  algum  jogo  dos  Antigos  que  nos  é  desconhecido. 


63 

( 1 0)  Vos  phudtte^  dicai :  —  Todas  as  Comedias  de  Terêncio 
e  de  Plauto  acabam  por  esta  phrase,  ou  por  oatra  equivalentei 
que  pronunciaya  o  ultimo  actor  ou  todos  juntos. 

(11)  Mfãta  recedeníeSf  adimwU. — J.  J.  Rousseau  disse :  Ha 
nesta  vida  uma  balissi  alem  da  qual  se  retrograda  progredindo. 

(18)  Actoriê  portei  chorus^  etc. — O  coro  era  uma  parte 
essencial  do  drama  entre  os  Antigos,  servindo  para  ajudar  e 
dirigir  o  espectador  no  sen  juixo.  O  que  se  chama  Coro  nas 
nossas  operas  nenhuma  relação  tem  com  os  Coros  dos  Antigos, 
pelo  menos  com  o  seu  objecto  essencial. 

(13)  Ex  noío  fietum  carmen  sequar:  etc.  —  Este  verso  e 
06  ires  seguintes  acham-se  um  pouco  mais  acima  nas  edições 
ordinárias;  mas  collocados  como  aqui  se  encontram,  atam  me* 
Ifaor  o  fio  das  idéas,  e  desvanecem  toda  a  confusão. 

(14)  Ncn  quivis  mdet  immoduUua  poitnaía  judex:  —  Os 
formenorea  em  que  Horácio  aqui  entra  relativamente  á  versi- 
&açdo  talvex  pareçam  minuciosos  a  algumas  pessoas,  cora  o 
fundamento  de  que  ninguém  faz  caso  dessas  insigniGcantes  falhas 
de  harmonia  nos  versos:  entretanto  elle  exige  a  este  respeito  m 
maior  exactidSo;  nem  ainda  consente  que  o  aoctor  descance  m 
ignorância,  ou  mesmo  na  indulgência  dos  seus  leitores*  Esta 
summa  attençSo  é  que  dá  tanta  vantagem  aos  Gregos»  aponta-* 
dos  aqui  para  modelos: 

Vos  exemplaria  GrcBCúf  etc. 

(15)  Sunt  delicta  tamenf  quibus  ignovisse  «oItm«^.  «-^  Por 
muito  rígido  que  se  mostre  Horácio  a  respeito  da  versificaçio, 
nem  por  isso  é  illimitada  a  sua  severidade:  desculpa  certas 
faltasi  com  taolo  que  sejam  filhas  de  inadvortenciai  e  em  pe<* 


63 

qiieiio  numero.  Assíbi  como  nlo  pudera  seriamoote  admirar 
Oierife  por  alguns  yersos  bons  que  lhe  escapavam  por  acaaot 
também  se  guarda  de  menosprezar  Homero  por  algumas  oe^^ 
geucias  que  encontre  nas  suas  obras:  quer  porém  que  o  maior 
nuiMro  seja  o  das  bellesas. 


(16)  Fk  aumiluê  iUe,  etc. -- Cherilo  foi  aquefle  máo 
poeta  que  Alexandre-Magno  liberalmente  recompensou  por  vnê 
Tersos  que  tinha  feito  em  seu  louvor. 

(17)  In  MhU  decsfkto  juãieiê  aunh — Medo  Tarpa,  h»^ 
mem  de  apurado  gosto»  de  quem  Hora<áo  também  ftlla  na  Sa« 
thra  10/  do  1.**  livro,  era  um  dos  cinco  Juizes  estabelecidos 
por  Augusto  para  ezaminarem  as  obras  de  litteratuni  antes  de 
scRm  depositadas  na  Bíbfiotfaeca  do  Monte 


(18)  Demoeriíuê  —  philosopho  de  Abdera»  nlo  cesso«  de 
faser  escameo  dos  homens,  e  das  suas  loucuras;  mas  também 
foi  «Ue  o  primeiro  qite  maginou  que  o  mundo  m  formara  de 
átomos  dispersos  no  vacoe»  os  quaes  tinham  chegado  a  adherír* 
se  e  wiir^^w  de  diversos  modos.  Á  tista  de  uma  tal  descoberta^ 
parece  que  nto  era  elle  a  quem  competia  trattor  os  poetas  de 


(19)  5i  tribus  Antyciris,  etc  —  O  geographo  Strabo  nSo 
falia  leiAo  de  duas  ilhas  deste  nome:  aprouve  a  Horácio  erear 
aona  terceira,  a  favor  daquelles  poetas  a  quem  duas  íAo  ba»» 


(20)  GMurím  Mitortim,  etc  —  O  rei  Serví^  TuUio^  na 
tfirtribíriçiD  dos  cidadãos  per  Centutiaê,  liavta  Mtendido  oio 
ataeote  és  fortanasi  mas  também  é  idade;  de  sorte  que  os 
iMís  moços  formavam  a  metade  das  Centúrias,  e  os  anciãos  a 


64 

oulra  metade.  ChamavaÉD^e  aaci&as  os  ^e  tinhavi  alcançido 
a  idade  de  46  anoMi  eque  por  isso  estavam  isentos  do  serviço 
militar. 

(21)  Rhamnes  —  Esta  palavra  destgfia  aquellas  Ceotorías 
dos  mancebos  que  entre  as  mais  comprehendiam  a  joven  no- 
breza de  Roma:  era  o  nome  que  Rómulo  dera  aos  cem  cavai- 
leiros  que  compunham  a  sua  guarda. 

(22)  Qui  Pylkia  cantatf  etc. — Todos  os  babeis  tocadores 
de  flauta  concorriam  aos  jogos  de  Apollo  Pythiot'  a  6m  da  os- 
tentarem nelles  a  saa  habilidade* 

(23)  QukuUió  si  quid  rmlart$,  etc.  —  Este  era  Qulntítia 
Varo,  natural  de  Cremona»  que  reunia  a  um  grande  ingenho 
poético  um  gosto  fino  e  delicado,  que  o  Tazia  considerar  como 
o  Juiz  e  oráculo  do  seu  tempo. 

(24)  Fiei  Áristarckus:  —  Estas  duas  palavras  de  Hòraeio 
formam  um  completo  elogio  de  Aristarcho,  um  dos  mais  cele^ 
htes  Críticos  da  antiguidade,  que  tinha  revisto  as  obras  dos 
Poetas  Gregos,  o  com  especialidade  as  de  Homero,  expurgan* 
do-as  de  todos  os  erros  que  a  negligencia  dos  copistas  havia 
introduzido  nellas. 

«  » 

(25)  Dum  cvpit  Empédocles;  —  Este  Poeta  philosopho,  de 
quem  Aristóteles  Taz  honrosa  meittoria  em  muitos  lugares,  era 
natural  de  Agrigento  na  Sicilia,  e  tinha  escripto  um  poema 
ôcerca  da  Natureza.  Horácio  seguio  a  historia  de  que  elle  se 
bnçara  ims  profundezas  do  Etna  para  assim  dar  a  entenda,  que 
fdra  arrebatado  ao  Geo,  não  havendo  quem  tivesse  preseociado 
a  sua  morte;  mas  sem  embargo  disso,  ha  lugar  para  acrediUr- 
se  que  morreo  procurando  observar  de  perto  uma  erapeio  da^ 


65 

quclle  moDte,  assim  como  Plinio  o  Maior»  aproximando-se  de- 
masiadamente do  Vesúvio.  Estes  grandes  homens  não  procura- 
vam a  morte,  mas  expunham  a  yida  para  fazerem  descobri- 
mentos úteis.  Â  malicia  porém  dos  homens  tem  sabido  em  todos 
08  tempos  lançar  o  ridiculo  até  sobre  as  acções  mais  louváveis 
e  mais  generosas. 


ADVERTÊNCIA. 


A  pag.  49  os  seguinles  tersos: 

Mas  os  poetas^  basta  que  nos  digam : 
Faço  versos  sublimes:  ai  daquélle 
Que  alraz  fica  dos  outros^  e  lhe  loca 
O  degráo  derradeiro  fiesta  escala! 
O  pejo  o  vexat  se  último  se  julga ; 
E  não  quer^  com  effeiio^  corwir  nunca 
Que  ignora^  e  nao  aprende  o  que  não  sabe 

aeftaiR-se  na  edição  de  Londres  por  esta  forma : 

Mas  os  poetas,  basta  que  nos  digam : 

Faço  versos  sublimes.  Ây  daquelle 

Que  atraz  fica  dos  outros,  e  lhe  toca 

O  degráo  derradeiro  nesta  escala. 

O  pejo  o  vexa,  se  ultimo  se  julga ; 

E  nSo  quer  com  effeito  convir  nunca 

Que  ignora,  e  n&o  aprende  o  que  nSo  sabe. 

Tomo  V.  5 


66 

Mas  aquelia  primeira  licSo  é  mais  conforme  ao  texto  de 
Horácio,  ou  pelo  menos  á  interpretaçio  que  lhe  deram  os  seu» 
Traductorefi,  oomeadameute  Cândido  Lusitano»  e  o  Sr.  Doutor 
António  José  de  Lima  Leitão*  que  também  publicou  em  1827 
uma  sua  traducçlo  desta  Poética,  impressa  em  Lisboa  na  OT- 
ficina  de  Manoel  José  da  Cruz. 


ENSAYO  SOBRE  A  CRITICA , 


IK>R 


ALEXANDRE  POPE 


Este  Poema  compde^ie  de  um  §6  lifro^  mas  Uividido  em  três  |virtes :  a  1.* 
eoDtto  as  regras  para  o  Estado  da  Arte  da  Crítica ;  a  £.*  expSe  as  Causas  do 
Jniso  errado ;  e  a  3.*  tnitta  da  Moral  do  CrHIco,  que  eonsiste  na  caadmra,  mo- 
déstia, e  boa  educaçílo. 

Tovo  V.  .  5  • 


ãM  lUAT  MT  lEIXIlIt 


BY 


ALEXANDER  POPR 


I. 


L 


hard  to  say,  if  greater  want  of  skill 
Appear  ia  wtHíng  or  in  judging  íll ; 
But,  of  the  twoy  less  dang'rou9  is  th'  ofience 
To  tire  our  patience,  than  mislead  oar  sense: 
Some  few  in  that,  but  numbers  err  in  tbis, 
Ten  censure  wrong  for  one  who  "writes  amiss; 
A  fool  might  once  bimself  alone  expose, 
No^vv  one  in  verse  make»  roany  more  in  prose. 

'Tis  wíth  our  judgments  as  our  watches»  none 
Go  just  alikey  yet  each  believes  bis  owo.    . 
In  Poets  as  true  genius  is  but  rare» 
True  taste  as  seldom  is  tbe  Criticas  sbare; 
Botb  raust  alike  from  Hea?'n  derive  their  bght, 
These  born  to  judge,  as  well  as  those  to  ^ritc. 
Let  sucb  teacb  otbers  wbo  tbemselves  excel, 
And  censure  freely  vfho  bave  written  well. 
Authors  are  partial  to  tbeir  wit,  'tis  troe, 
But  are  not  Critics  to  their  judgment  too? 


nnATt  sMu  A  omiA 


POK 


ALEXANDRE  POPE. 


I. 


\x. 


lAO  sei  dizer  qual  mostra  menos  arte, 
Se  quem  escreve  mal,  se  quem  mal  julga ; 
Entre  ambos,  menos  risco  ha,  menos  damna 
O  que  me  canga  que  esse  que  me  engana : 
Dos  primeiros  ha  poucos,  muitos  destes; 
Por  um  que  escreve  mal,  dez  mal  censuram : 
Um  néscio  a  si  somente  expOe,  rimando; 
Mas  este  em  verso,  vale  dez  em  prosa. 

Gomo  os  relógios  sSio  nossos  juizos; 
Nenhum  vai  certo,  e  todos  crém  no  próprio. 
No  Vate  iogenho  gennino  é  raro; 
£  mais  raro  entre  os  Críticos  o  gosto:  (1) 
Uns  e  outros  do  Geo  precisam  luzes; 
Criticos  nascem,  bem  coroo  os  Poetas. 
Os  excellentes  só,  outros  ensinem ; 
E  só  quero  bem  compõe,  livre  censure. 
Âuctores  parciaes  do  próprio  génio 
Pôde  haver,  é  verdade;  mas  é  menos. 
Parcial  do  que  opina,  quero  critica? 


70 

Yet  if  we  look  more  closely,  we  shall  íind 
Mo6t  have  tbe  seeds  of  judgmeDt  íd  their  mind: 
Nature  affords  at  least  a  glínim'rÍDg  light; 
Ilie  línest  tbo'  toiich'd  but  faintly»  are  drawo  rigbt; 
But  as  the  slightest  sketch,  if  justly  trac'd» 
b  by  ilI->colouring  but  the  more  disgrac^d» 
So  by  false  learning  is  good  seose  defac'd: 
Some  are  bewilder'd  m  the  mtfse  of  sebeolst 
And  some  made  coxcombs  Nature  meant  but  foois, 
Id  search  of  wit  tbese  lose  their  comroon  sense» 
Aod  then  tum  Critics  in  their  own  defeoce; 
Each  buros  alike,  who  can,  or  cannot  write, 
Or  with  a  rivars,  or  an  euDuch's  spite. 
AU  fools  have  still  ao  itching  to  deride, 
And  faio  ynotíià  be  upoD  the  láogfatng  side. 
If  Maevius  scribble  is  Apollo's  spite* 
Tbere  are  >vho  judge  sliU  ^orse  thau  he  can  writc. 

Some  have  at  firat  for  Wits»  then  Poeta,  past, 
Turn'd  Crities  next,  and  prov'd  plain  fools  at  lait^, 
Some  neitber  cau  for  Wits  nor  Gritits  pass. 
As  heavy  mules  are  neitber  horse  nor  ass. 
Tbose  balf-learn^d  witlingSy  iium'rottl  ki  ouc  isld. 
As  balf4orm'd  inseeto  on  tbe  badca  of  Nile; 
Unfinish'd  things,  one  knows  no(  ivhat  to  catfi 
Their  getieration'»  so  et^uivocal; 


71 

Se  de  perto  observarmos,  acharemos 
Que  da  Critica  o  germe  D'alma  existe: 
Certo  clarão  dispeode  a  natureza ; 
Linhas  ligeiras  traça,  mas  direitas; 
Esboço  teoue,  porém  bem  traçado, 
Que  se  esperdíça  mal  illuminado* 
Falso  saber  boro  senso  desfigura :  (2) 
No  labyrintho  das  escholas  quantos 
Desvairando  se  perdem !  quantos  outros, 
Que  a  natureza  fez  tolos  somente, 
Presumindo  de  si,  mais  asnos  ficam ! 
Em  busca  de  juízo  a  razfto  perdem, 
E  por  desculpa,  em  Críticos  se  tornam : 
Igual  fogo  os  agita,  os  incendes, 
Ou  possam,  ou  nto  possam,  sempre  escrevem, 
Co'  a  raiva  de  um  ríval,  ou  c'o  ciome 
De  um  custodio  das  bellas  do  serralho. 
Teem  comichão  d'escarnecer  os  tolos, 
De  estar  da  parte  de  quem  ri,  ou  ladra. 
Se  Mevio  escreve  contra  o  jus  d^Apollo, 
Ha  quem  julgue  peor  do  que  elle  escreve. 

Alguns,  antes  de  serem  vates,  foram 
Por  homens  de  juízo  reputados; 
Deram-*se  á  Critica,  e  asnos  ser  provaram. 
Como  as  mulas,  nem  asnos  nem  cavallos. 
Outros  nem  sfio  sensatos,  nem  censores. 
Esses  pedantes,  semi-sabios,  praga 
Que  em  cardumes  abafa  nossas  ilhas, 
Quaes  nas  margens  do  Nilo  esses  insectos 
Que  encontramos  informes,  incompletos, 
De  equivoca  estructura;  ninguém  sabe 
Que  nome  dar  a  tantas  meias  cousas: 


72 

To  tell  'em  would  a  huodred  tongoes  require^ 
Or  oDe  vaÍD  wil%  Ibat  might  a  hundred  tire. 

Bui  you  who  seek  to  give  and  merit  fame. 
And  justly  bear  a  Critic's  noble  name, 
Be  sure  yourself  and  your  o^n  reacb  to  know, 
How  far  your  geDÍus»  taste,  and  learning  go; 
LauDch  not  beyond  your  deptb,  but  be  discreet» 
And  mark  that  point  where  sense  and  dullness  meet. 
Nature  to  ali  tbings  fix*d  the  limits  fit, 
And  wisely  curb'd  proud  inan'8  pretending  wit. 
As  on  the  land  while  here  the  ocean  gains, 
In  other  parts  it  leaves  wide  sandy  plaias; 
Thus  in  the  soul  while  memory  prevails, 
The  solid  pow'r  of  understanding  fails; 
Where  beams  of  warm  imagination  play» 
The  memory 's  soft  6gures  roelt  away. 
One  science  ouly  yfiW  one  gcnius  Gt; 
So  vast  is  art,  so  narrow  human  wit: 
Not  only  bounded  to  peculiar  arts, 
But  oft'  in  tbose  confin'd  to  single  parts. 
Like  Kings  we  lose  the  conquests  gain'd  before» 
By  vain  ambition  still  to  make  tbem  more: 
Each  might  bis  sev'ral  province  well  command, 
Would  ali  but  stoop  to  what  thcy  uoderstand. 

First  foUow  Nature,  and  your  judgment  frame 
By  her  just  standard,  which  is  still  the  same: 
Unerring  Nature,  still  divinely  brigbt, 
One  clear,  unchang'd,  and  universal  hght. 


73 

Nomeá-las,  requer  umas  cem  liuguas; 

Mas  a  de  um  tolo  ha  de  estafar  cem  homens. 

Ó  Yós,  que  buscais  dar»  merecer  fama. 
Alcançar  de  Censor  o  nobre  nome, 
Avistai  os  limites  até  onde  (3) 
O  génio,  o  gosto,  o  saber  vosso  chega: 
N&o  vos  lanceis  alem,  sede  prudentes; 
Fixai  bem  esse  ponto  em  que  se  encontram 
Senso  e  tolice,  transgredindo  a  meto. 
As  cousas  teem  limites  próprios,  todas, 
Com  os  quaes  sabiamente  a  Natureza 
Quebra  a  esperteza  vã  do  presumido. 

Bem  como  em  terras  onde  o  mar,  ganhando, 
Deixa  areaes  estéreis,  n'outras  charcos; 
N'alma  aonde  a  memoria  predomina, 
O  poder  do  intellecto  desfallece; 
Se  a  phantasia  cálida  vaguéa, 
Da  memoria  as  espécies  brandas  fogem. 
Uma  sciencia  pede  um  génio  inteiro :  (4) 
Tão  vasto  é  arte,  e  curto  a  mente  humana ; 
Limitoda  nSo  só  a  certas  artos, 
Uas  nessas  mesmas  só  capaz  de  partes. 
Perdemos  como  os  Reis,  essas  conquistas 
Que  fizeram  vaidosos,  só  guiados 
Pela  stulla  ambição  de  fazer  muitas: 
Manda  bem  cada  qual  sua  província, 
Se  se  accommoda  áquillo  só  que  entende. 

Pelos  marcos  que  poz  a  Natureza 
Formai  vosso  juizo,  segui  esta : 
É  sempre  a  mesma,  certo,  invariável; 
Com  luz  universal  em  tudo  brilha; 


74 

Life»  force,  and  beaaty,  muit  to  ali  impart» 

At  ODce  tbe  aource,  and  eod»  and  test,  of  Art. 

Art  from  that  fand  each  just  supply  provídes; 

Works  wíthout  show,  and  witboot  porop  presides: 

In  some  fair  body  thos  th'  ioforniiiig  soul 

With  spirits  feeds,  atid  vigor  ãlls  the  whde, 

Each  motion  guides,  and  ev'ry  nerve  sustaiiM ; 

Itself  unseen,  but  íq  th'  effocts  retnahss* 

Some,  to  whom  Heav'n  in  wit  has  been  profuse, 

Want  as  moch  more  to  tom  it  to  its  use; 

For  wit  and  judgment  often  aro  at  strife, 

Tho'  meant  each  otber's  aid,  like  man  and  wife. 

Tis  more  to  guide,  than  spur  the  Bfase  's  steed ; 

Restrain  his  fury,  than  provoke  his  speed : 

The  winged  courser,  like  a  gen'roin  horse, 

Shews  most  true  mettle  when  yoo  dieck  his  course. 

Those  Rules  of  old  dÍ8cover'd,  not  de? is'd, 
Are  Nature  still,  but  Nature  metbodis'd ; 
Nature,  like  Liberty,  is  but  restrain'd 
By  the  same  laws  whicb  first  herseK  ordam'd. 

Hear  how  leam'd  Greeee  her  «selai  rale»  inditeis, 
When  to  repress  and  wbea  indulge  oiir  fligbts: 
High  on  Parnassus'  top  her  sons  she  show*dy 
And  pointed  out  those  arduous  paths  they  trod ; 
Held  from  afar,)ak)ft|  th'  immortal  prite, 
And  urg'd  the  rest  by  equal  steps  to  ríse. 
Just  precepts  thus  from  great  examples  giv'n, 
She  drew  from  them  what  they  deriv^d  from  HeaY'n. 


75 

Vida  9  força  e  beileza  noi  reparte» 
Que  8Ío  orígemi  fim  e  prova  d'Arte. 
Esta»  8Ó  deite  fundo  se  alimenta ; 
Preside  is  obras  simples  e  singeila : 
Assim  n'ttffl  corpo  bello  uma  alma  sabia 
Nutre  d'e8piríto  e  vigor  o  todo^ 
Sustenta  o  nervo»  guta  os  movimentos; 
Nto  se  vèt  noe  efeitos  se  percebe. 
Alguns,  a  quem  o  Ceo  deo  muito  ingenho» 
Tanto  mais  devem  consultá-^lo  attentos; 
O  juizo  e  a  raxBo  is  ve^es  brigaos» 
Intentando  ajudM>4e;  assim  disputam 
Um  marido  e  mulher»  se  ambos  governam. 
Nlo  quer  esporas  o  cavalio  alado» 
A  rédea  basta ;  e  quando  á  Musa  corre. 
Contenha. a  fúria»  mas  provoque  a  pressa: 
Pégaso,  qual  ginete  generoso. 
Mais  brio  mostra,  se  o  reprime  o  freio. 

Nh)  legou,  descc^o  a  Antiguidade 
Essas  regras  que  eatte  na  Natureza; 
São  Natureza,  o  methodo  a  restringe; 
Bem  como  se  restringe  a  Liberdade 
Co'  as  mesmas  leis  que  a  Liberdade  tfria« 

Observtii  como  a  sabia  Greeia  indica  (&) 
As  suas  úteis  regras;  coroo  e  quando 
Reprimir»  animar  se  deve  o  vôo: 
Do  tope  do  Parnaso  aos  filhos  mostra 
As  difficets  veredas  que  trilharam ; 
C  os  prémios  immortaes  do  alto  acena. 
Força  a  subir  esses  degrios  quem  teme: 
Tira  preceitos  só  de  exemplos  grandes, 
£  delles  colhe  o  que  elles  do  Cco  colhem. 


76 

The  genVous  Gritic  fano^d  lhe  Poet  s  fire. 

And  taoght  the  world  with  reason  to  admire. 

TheD  Griticism  the  Mu9e's  handmaid  prov^d» 

To  dress  her  charms»  and  make  her  more  beloT'd: 

But  followiDg  wita  from  tbat  intentioo  stray'd, 

Who  could  not  win  the  mistress  woo'd  the  maid; 

Against  the  Poeta  tbeir  own  arms  they  turn^d, 

Sure  to  hate  most  the  men  from  ^hom  they  learn'd. 

So  iDodeni'  Pothecaries,  taught  the  art 

By  Doctors'  bills  to  play  the  Doctor's  part, 

Bold  in  the  pracUce  of  místaken  ruies, 

Prescribe^  apply,  and  call  (heir  masters  fools. 

Some  on  the  leaves  of  aocient  autbors  prey» 

Nor  time  nor  molhs  eer  spoil'd  so  much  as  they: 

Some  dríly  plain,  without  ÍDveDtioii's'  aid, 

Write  duU  recctpts  how  poems  may  be  made; 

These  leave  the  sense,  tbeir  learning  to  display» 

And  those  explain  the  meaning  quite  away. 

You  then  wbose  judgmeot  the  right  com^  would  steer» 
Know  well  each  Aucienfs  proper  cbaracter; 
His  fable»  subject«  soope  in  ev'ry  page; 
ReligioD»  couDtryt  genius  of  his  age: 
Without  ali  these  at  once  before  your  eyes, 
Cavil  you  may,  but  never  criticise. 
Be  Homer*8  works  your  study  and  delight, 
Read  them  by  day,  and  meditaCe  by  night; 


77 

O  generoso  Crilico  ao  Poeta 
Somente  abana  o  fogo;  ao  mundo  ensina 
A  louvar  com  razão  o  que  é  louvável. 
Serve  a  Critica  á  Musa  de  criada. 
Que  a  veste  e  adorna  e  faz  par'cer  mais  bella : 
Mas  se  desta  intençSo  alguém  se  aparta, 
Se  corteja  a  criada,  e  deixa  a  dama  ; 
Se  as  armas  viram  só  contra  os  Poetas, 
Aborrecendo  assim  quem  os  ensina, 
Sao  como  os  Boticários,  que  estudando 
A  sciencia  que  teem  pelas  receitas, 
O  papel  de  doutores  representam ; 
Atrevidos  na  praltica  dos  erros, 
Receitam,  matam,  e  diiem  mal  dos  mestres. 
Alguns  tasqoinham,  roem  folhas  antigas. 
Nem  o  tempo,  nem  traça  destroe  tanto: 
Privados  d'invençao,  na  insulsa  forma 
De  planos  pecos,  outros  nos  fabricam 
Receitas  tolas  de  compor  poemas; 
De  fofa  erudição  fazendo  alarde. 
Põem  de  parte  o  sentido  quando  explicam, 
Ou  de  tai  mkdo  explicam,  que  este  foge. 

Vós  cujo  entendiínento  bem  navega, 
Julgai  bem  dos  antigos  o  caracter; 
Em  cada  folha  discerni  com  gosto 
A  fabula,  o  assumpto,  o  fim  proposto; 
Religião,  paiz,  génio  da  idade: 
Sem  ter  nisto,  a  um  tempo,  os  olhos  fitos. 
Invectivar  podeis,  criticar  nunca. 
Vosso  estudo  e  deleite  as  obras  sejam 
Do  vate  Homero,  do  Parnaso  gloria ; 
Lede-o  de  dia,  á  noite  meditai-o; 


78 

Thence  form  your  judgment,  thence  your  maxiou  bringt 
ÂQd  trace  the  Muses  apward  to  theír  spríng. 
Stíll  M^ith  itself  coiDpar'd  fais  text  perase ; 
Aod  let  your  comment  be  lhe  Mantnan  Muse. 

WbeD  fint  youDg  Maro  in  hii  booodiess  mitid 
A  work  foutlast  ímmortal  Rome  dengn'd, 
Perbaps  be  8eem'd  abo?e  the  Critíe'6  law, 
Aod  but  from  NatQre'«  fouotan»  scora^d  to  diaw: 
But  when  t^examíoe  ev'ry  part  be  carne, 
Naturc  and  Homer  ^ere,  be  foood,  tbe  saine. 
CoDvinc'dt  amaz'd,  be  cbecka  tbe  bold  desigo: 
And  rules  as  stríct  bis  labour'd  work  oonfine* 
As  if  tbe  Stagirite  o'erlook'd  eacb  ime. 
Learn  bence  from  aocient  mies  a  jost  esteem ; 
To  copy  Nature  is  to  copy  them. 

Some  beauties  yet  do  precepts  can  declare. 
For  tbere's  a  bappiness  as  weli  as  care. 
Music  resembles  Poetry;  in  eacb 
Are  nameless  graecs  wbicb  no  metbods  teaeh, 
And  ^bicb  a  master-èand  afeoe  can  reach. 
If,  wbere  tbe  rules  not  far  enougb  extend, 
(Since  rules  were  made  but  to  promote  tfaeír  «od) 
Some  lucky  licence  Mswer  to  tbe  fuil 


79 

Por  elle  modelai  tosso  jmto. 
Tirai  máximas  delie  que  tos  lerem 
Até  á  origem  da  Gastalia  fonte. 
Lede,  relede  o  texto;  compani-<o  (6) 
Comsigo  mesmo;  e  kgo  depois  seja 
A  Maotuana  Musa  seu  commeuto. 

Quando  na  mente  immensa  o  moço  Maro  (7) 
Primeiro  desenhou  obra  tao  rara. 
Que  havia  durar  mais  que  a  immortal  Roma, 
Parecia  taltez  que  despreiando 
Da  Critica  os  preceitos,  só  queria 
As  fontes  esgotar  da  Natureza: 
Mas  depois,  quando  vio  parte  por  parte 
O  que  tinha  composto,  e  a  gentileaa, 
Vio  que  era  o  mesmo  Homero  e  Natoreea. 
Convencido,  o  designio  audac  reprime ; 
Estrictamente  és  regras  se  conforma, 
E  a  trabalhosa  empreia  continua 
Bem  como  se  presente  o  Stagirita  (8) 
Attento  presidisse  a  cada  linha. 
A  justa  estima  das  antigas  regras 
Daqui  se  aprendo ;  Natureza  imita 
Só  quem  as  segue,  quem  imita  Homero. 

Bellezas  ha  que  as  regras  nSo  declaram. 
Que  nascem  de  ventura  e  de  cuidado. 
Musica  e  Poesia  se  assemelham ; 
Graças  sem  nome  e  sem  lições  teen  ambas, 
Que  só  attinge  mio  de  mestre,  ás  vetes. 
Se  onde  as  regras  nao  chegam  quanto  basta,  (9) 
(Pois  sao  methodo  só  de  encher  assumptos) 
Uma  feliz  licença  corresponde 


80 

Th'  intent  propos'd,  that  liceuce  is  a  rule. 

Thus  Pegasus,  a  nearer  way  to  take, 

May  boldly  deviate  from  the  coromon  track« 

From  vulgar  bounds  witb  brave  disorder  part. 

And  snatch  a  grace  beyond  Ibe  reach  of  art« 

Whichy  witbout  passing  through  the  judgment,  gains 

The  heart,  and  ali  its  end  at  once  attains. 

In  prospects  thus  some  objecta  please  our  eyesi 

Whích  out  of  Nature's  common  order  rise, 

The  shapeless  rock,  or  hangiog  precipice. 

Great  Wits  soroetimes  may  gloriously  oiFend* 

And  ríse  to  faults  true  Crítics  dare  not  mend. 

But  tho'  the  Ancíents  thus  their  rules  invadot 

(As  Kings  dispense  with  laws  theinseWes  have  made) 

Modems,  bcwarel  or  if  you  must  ofieod 

Against  the  precept,  neer  transgress  its  end; 

Let  it  be  seldom»  and  compeird  by  need; 

And  have,  at  least,  their  precedent  to  plead. 

The  Critic  else  proceeds  without  remorso; 

Seizes  your  famot  and  puts  bis  laws  in  force. 

I  know  there  are,  to  whose  presumptuous  thoughts 
Those  freer  beauties»  ev'n  io  them,  seem  faults. 
Some  figures  moostrous,  and  mis-shap'd  appear» 
Consider'd  singly,  or  beheid  too  near ; 
Which,  but  proportioa'd  to  their  light  or  piacci 
Due  distance  reconciles  to  form  and  grace. 
A  prudent  chief  not  always  must  display 
His  pow'rs  ÍD  e^al  ranks,  and  fair  array» 
But  with  th'  occasion  aod  the  place  comply, 


81 

Ao  inteotOi  eotio  é  regra  a  licença. 
Pégaso  assim,  para  encurtar  caminho» 
Foge  atrevido  da  trilhada  senda. 
Do  limite  Yulgar  audaz  se  affasta, 
E  ganha  graça  alem  do  alcance  d'arte; 
A  qual,  sem  respeitar  censuras,  vence 
Os  corações,  e  chega  ao  6m  de  um  salto» 
Fora  da  ordem  natural  das  cousas 
Algumas  ha  de  que  o  prospecto  agrada ; 
Informes  rochas,  precipícios,  grutas. 
Grandes  génios  tombem  erram  com  gloria, 
Fazem  erros  que  a  Critica  respeita* 
Has  se  os  antigos  ás  leis  próprias  faltam, 
(Como  Reis  que  revogam  leis  que  fazem) 
Vós»  modernos,  sentido!  Se  é  preciso 
Peccar  contra  o  preceito,  seu  fim  sempre 
Vos  esteja  presente,  em  transgredindo: 
Sejam  raras  as  vezes,  e  forçadas, 
JustiBcadas  por  exemplos  grandes. 
De  outra  sorte,  sem  freio,  e  sem  remorso, 
Da  vossa  fama .  a  Critica  se  apossa, 
Proaegue,  e  suas  leis  com  força  allega. 

Bem  sei  que  alguns,  com  presumida  idéa. 
Esses  rasgos  sublimes  erros  chamam; 
Que  as  figuras  ao  perto,  ou  destacadas. 
Monstros  e  informes  cousas  lhes  parecem, 
Ás  quaes,  no  seu  lugar  e  luz  expostas, 
A  devida  distancia  concilia, 
Co'  a  forma  bella,  graças  e  harmonia. 
Nem  sempre  desenvolve  um  Chefe  sábio  (10) 
Igualmente  nos  rangs  poder  e  arreio; 
Com  seu  tempo  e  lugar  os  proporciona ; 

Tomo  V.  * 


82 

Conceal  his  force,  noy  seem  sometimes  to  flf. 
Tbose  o(t'are  stratagems  wbich  errors  seem; 
Nor  is  it  Homer  nods,  but  we  that  dream. 

Still  green  with  bays  each  ancíent  Altar  stands, 
Above  lhe  reach  of  sacrílegious  hands ; 
Secure  from  Flames,  froin  Eovy^s  fiercer  rage, 
Destructive  War,  and  alMnvolvíng  Age. 
See  from  each  clime  tbe  learn'd  their  incense  briog! 
Hear,  in  ali  tonguea  consenting  Pceans  ríng! 
In  praise  so  jost  let  efVy  YOice  be  join'dv 
And  fill  tbe  general  cborus  of  mankind. 
Hail,  Barda  Irinmphantt  bom  in  bappier  days; 
Immortal  beirs  of  universal  praise  I 
Whose  honours  wiih  increase  of  ages  grow. 
As  streams  roll  down,  enlarging  as  tbey  flow; 
Natíons  unbom  your  roígbty  names  sball  sound, 
And  worids  applaud  tbat  most  not  yet  be  fonndt  ' 
O  may  some  spark  of  your  celestial  fire, 
Tbe  last,  lhe  meanest  of  your  sons  inspire^ 
(That  on  weak  wings,  from  fár,  parsues  yonr  flights; 
Glows  while  be  reads,  but  trembles  as  be  writes) 
To  teach  vain  Wits  a  science  little  koowo, 
T'admire  superior  aense,  «nd  doubt  their  oym  l 


83 

£oc(d>re  a  sua  força;  e  mesmo  ós  vezes. 
Por  maia  dísatmoiari  fioge  uma  fuga. 
Eatrátageraas  bâ  que  crhM  pareoem; 
Nlo  càbecéa  Homero;  nós  aonhamod.  (11) 

De  louros  Terdes  idda  omadod  vemos  (12) 
Os  antigos  altárea;  nlo  lhes  chega 
Nem  sacrílega  rnSo,  nem  Toras  fogo; 
Da  cólera  feroi  da  InTOJa  isentos^ 
Da  Gnerra  e  Tempo  gastador  seguros. 
Vede  08  Sábios,  que  vem  traxendo  incensos 
De  cada  clima :  os  Pieans  approvadores 
Attentos  escutai  nas  linguas  varias! 
Resoe  em  cada  voz  tio  justo  applauso, 
£  do  género  humano  o  coro  so  encha. 
Salve,  ó  Bardos  sublimes,  triumphantes, 
Que  nascestes  em  dias  mais  ditosol! 
Herdeiros  immortaes  do  geral  premio! 
Cujas  honras  c'o  tempo  vão  crescendo, 
Coom  engrossam  torrentes  que  se  augmentam 
Á  medidi  que  as  terras  vio  lavando: 
Vossos  nomes  potentes,  bSo  de  ouvi**les 
Nactes  que  bio  de  nascer;  bio  de  applaudi^los 
Mundos  que  indá  nSo  foram  descobertos. 
Desse  fogo  celeste  uma  faísca 
Venha  inflammar  a  debili  triste  Alcippe, 
Qne  adejando  de  longe  quer  segutr-vos; 
Que  arde  quando  vos  lè,  treme  se  escreve 
Pará  ensinar  aos  génios  presumidos 
A  sciencia,  que  pouco  se  conhece, 
De  apreciar  talentos  superiores, 
E  com  modéstia  duvidar  dos  próprios. 

Tomo  V.  ^  • 


84 
II. 

Of  ali  the  causes  wbich  conspire  to  Mind 
Han's  erríng  jndgment»  and  misguide  tbe  mindr 
What  tbe  weak  bead  wiib  strongest  bias  rules^ 
Is  Pride^  tbe  never-failing  vice  of  foois* 
Wbateter  Natore  bas  in  vforth  denj'd« 
Sbe  gives  in  large  recruits  of  needfui  Pride  ^ 
For  as  in  bodtes,  tbas  in  soais,  /we  find 
Wbat  wants  in  blood  and  spiríts,  sweiKd  wHh  wíad; 
Príde,  wbere  Wit  faib,  steps  in  to  oor  defence. 
And  fills  up  ali  tbe  migbty  void  of  sense. 
If  once  rigbt  reason  drives  tbat  cloud  awajt 
Truth  breaks  upon  us  witb  resistiess  day. 
Trust  not  yowself;  but  your  defeets  to  knowr 
Make  use  of  evVy  fríend-end  ey'ry  foe^ 
A  Utlle  leaming  is  a  dang'rous  tbing; 
Drink  deep,  or  taste  not  tbe  Pierian  spring: 
Tbere  sballow  draugbts  intoxicate  tbe  brain. 
And  drinking  largely  sobers  us  again. 
Fir'd  at  first  sight  witb  wbat  tbe  Muse  impartSr 
In  fearless  youtb  we  tempt  tbe  betgbts  of  Arts, 
Wbile  from  tbe  bounded  levei  of  our  miod, 
Sbopt  views  we  take,  nor  see  tbe  lengths  bebind; 
But  more  adTanc'd,  bebold  witb  strange  surprise, 
New  distant  scenes  of  eodiess  science  rise ! 
So  pleas'd.  at  first  tbe  tow  n'ng  AIps  we  try, 
Hount  o'er  tbe  vales,  and  seem  to  tread  tbe  sky, 
Tb'  eternal  snows  appear  aiready  past. 
And  tbe  first  ctouda  and  niountains  seem  tbe  laat: 


85 
II. 

Das  causas  todas  que  a  cegar  conspiram 
A  meote  errante,  e  a  desgarrar  o  senso, 
A  que  domina  mais  cabeças  fracas 
Ê  Suberba,  dos  tolos  vicio  certo. 
Quanto  em  mento  nega  a  Natureza 
Supprem  remendos  de  preciso  orgulho; 
E  assim  como  nos  corpos,  n'alma  achamos  ' 
Que  onde  espirito  e  sangue  falta  ha  vento: 
Trepa  a  Suberba  onde  o  juizo  é  nuiio, 
E  se  defende  enchendo  os  vãos  que  encontra. 
Se  a  RazSo  chega,  e  este  vapor  dissipa, 
Sobre  nós  desce  e  rompe  o  dia  claro 
Da  Verdade,  com  luz  irresistível. 
NSo  nos  Bemos  de  nós  mesmos;  quando  (13) 
Quizermos  descobrir  nossos  defeitos 
Consultemos  amigos  e  inimigos. 
Saber  mesquinho  é  cousa  perigosa ; 
Saciai-vos  na  fonte  das  Caroenas, 
Ou  nKo  proveis  das  suas  aguas  nunca : 
O  miôb  embriagam  curtos  goles ; 
Só  bebendo  a  fartar  a  razão  torna; 
Sem  medo  a  mocidade  os  altos  d'Arte 
Tenta  logo  (pe  a  Musa  a  favorece; 
Quando,  ao  nivel  de.  um  animo  pequeno, 
Nem  v6  ao  longe,  nem  o  que  atrnz  fica : 
Se  se  adianta  mais,  com  pasmo  admira 
Novas  scenas  distantes,  sem  limite. 
Que  a  sciencia  levanta,  e  vai  mostrando. 
Assim  primeiro,  coromettendo  alegres  (14) 
Os  turrificos  Alpes,  nós  cuidamos 
Pisar  o  ceo;  por  ter  vencido  um  valle 
Que  a  neve  eterna  já  findou ;  e  as  nuvens. 
Montes  primeiros,  ullimos  julgamos : 


86 

Buty  those  atUiin*d,  we  tremble  to  survey 
The  growing  labours  of  the  leBgthM'd  way , 
Th'  increasing  prospect  tires  oor  wftiid  nog  eyes» 
Hills  peep  o'er  hills*  and  Alpa  on  Alpa  arise ! 

A  perfect  Judge  mW  read  each  work  of  Wít 
With  the  same  spirít  that  its  aatbor  urril: 
Survey  the  Whole,  nor  seek  ilight  fauUa  to  find 
Where  natiire  moves,  and  rapture  warais  the  niind; 
Nor  lose  for  that  malignant  duli  delight, 
The  geD'rous  pleasare  to  be  cbann'd  with  \vit, 
But  in  such  lays  as  neither  ebb  oor  flow^ 
Correctly  cold,  and  regularly  low, 
That  shunning  faults»  one  quiet  tenour  keep; 
We  caoDot  blame  indeed  -~  but  we  may  sleep* 
In  Wit,  as  Nature,  wbat  affecta  our  bearta 
b  uot  th'  exactness  of  peculiar  parts ; 
'Tis  not  a  lip,  or  eye»  we  beauty  cali, 
But  the  joiut  force  and  fuli  resuit  of  aU. 
Thus  when  we  view  some  weU'^proportion'd  domet 
(The  world'8  just  wonder»  and  ev'n  tUne,  O  Ronia !) 
No  single  parts  une^ally  surpríse, 
AU  comes  united  to  th'  admiriog  eyies; 
No  monstrous  height,  or  breadth,  or  ieiigth  appear; 
The  Whole  at  once  is  bold,  and  regular. 

Whoever  tbinks  a  faujlless  pieee  to  see. 


87 

■ 

Porém,  cbegwdo  lá»  wislo  nos  gaoha; 
CSresce  o  trabalho,  eateode-se  o  caminho ; 
Os  vagabundos  olbos  nBo  descançam 
No  crescido  prospecto  qae  apresenta 
Oateiro  sobre  outeiro,  Alpe  sobre  Alpe! 

Um  perfeito  Juís  ha  de  ler  sempre 
Aquellas  obras  qae  produz  o  ingenho 
No  espirito  do  mesmo  auctor  que  escreve: 
As  faltas  não  lhe  explora,  [o  todo  observa ; 
E,  por  esse  maligno  e  vão  deleite 
Que  os  reparos  inspira,  nunca  troca 
O  prazer  generoso  de  enoantar-se 
Co'  as  bellas  producgOes  do  ingenho  alheio. 
Mas  em  versos  sem  fluxo  nem  refluxo, 
Onrectamento  frios,  sempre  baixos. 
Que  evitam  erros,  sem  tropeio  marcham, 
Não  ha  que  criticar  —  dormir  podemos. 
O  que  em  juízo,  como  em  natureza. 
Mais  toca  os  coraçOes,  surpr'ende  aa  almas. 
Não  consiste  na  exactidão  das  partes : 
Não  chamamos  belleza  a  um  beifio,  a  um  olho; 
A  forca  junta,  o  pleno  resultado 
Das  partes  todas,  constítue  o  bello. 
Assim,  quando  um  zimbório  bem  lançado,  (16) 
(Do  mundo  admiração,  e  tua,  ó  Romal) 
Vemos  com  pasmo,  parte  alguma  vemos; 
O  todo  unido  apanham  nossos  olhos: 
A  monstruosa  altura,  o  comprimento 
Nem  a  larga  extensão,  nos  fere  a  vista ; 
O  todo  regular  e  audaz  nos  pasma. 

Quem  sem  defeitos  uma  peça  espora 


88 

Thinks  what  De'er  was,  nor  is,  nor  e'er  shall  bê, 
Io  ev'ry  work  regard  the  writer's  End, 
Since  none  can  compasa  more  tban  they  intend; 
And  if  the  means  be  just,  the  conduct  true, 
Applaose,  in  apite  of  trivial  faults,  is  dae. 
As  meo  of  breeding,  sometimea  men  of  wit» 
T'avoid  great  errors,  muat  the  les»  commit: 
Neglect  the  rulea  each  verbal  Critic  tays. 
For  Dot  to  know  some  trifles,  ia  a  praise, 
Most  Críticso  food  of  some  subservient  art» 
Still  make  the  Whole  depend  upon  a  Part: 
They  talk  of  principies,  but  notíons  prize» 
And  ali  to  ooe  lov'd  Folly  sacrifico. 

Once  00  a  time,  La  Mancha 's  Knight,  they  aay, 
A  certain  Bard  eDCoaDt'rÍDg  on  the  way, 
Discours^d  in  terms  as  just,  with  kcks  aa  aage, 
As  e'er  could  Dennis,  of  the  Grecian  stage ; 
Concluding  ali  were  deapVate  sota  and  foois, 
Who  durst  depart  from  Aristotle's  rules. 
Our  Author,  happy  in  a  judge  so  oice, 
Produc'd  bis  Play,  aod  begg'd  the  Koighfs  advices 
Made  him  observe  the  sobject,  aod  the  piot, 
The  manoers,  passions,  uoities;  what  not? 
AH  which,  exact  to  mie,  were  brought  about, 
Were  bat  a  oombat  in  the  lista  leil  oat, 


89 

Quer  imposBíveis;  sem  pensar  pertende 
O  que  nio  ha,  nem  haverá,  nem  houve. 
Olhai  pois  para  o  fim  do  auctor  das  obras; 
O  que  nSo  intentou,  ninguém  o  exija : 
Se  os  meios  foram  bons,  se  é  s8o,  correcto, 
Mesmo  apesar  de  triviaes  defeitos, 
£-lhe  devido  applauso,  applauso  alcance. 
Homens  d'ingenho,  e  os  homens  bem  criados. 
Para  evitar  ás  vezes  grandes  erros. 
Precisam  commetter  erros  pequenos: 
Desprezar  regras  que  em  palavras  mordem. 
Ignorar  bagatellas,  também  vale. 
Críticos  ha  que,  escravos  d 'alguma  arte. 
Fazem  dependa  o  todo  de  uma  parte: 
Teem  só  noções,  mas  faliam  de  principios, 
£  á  mania  que  teem  tudo  submcttem. 

Consta  que  um  dia  o  Paladim  da  Mancha  (16) 
No  caminho  encontrou  certo  Poeta, 
Com  o  qual  discorreo  com  tanto  acerto, 
Disse  em  termos  correctos  taes  sentenças 
Sobre  o  Grego  theatro,  quaes  nHo  disse 
Dennis  jamais  (conhecedor  das  artes) ; 
Deo  por  néscios  e  loucos  quem  se  atreve 
A  fugir  dos  preeeítos  d' Aristóteles. 
O  nosso  auctor,  feliz  com  tal  censura. 
Com  juiz  tSo  perito,  ao  cavalleiro 
Uma  comedia  apresentou  contente, 
E  pedio-lhe  submisso  o  seu  conselho: 
Faz  que  o  entrecho  e  que  o  assumpto  observe, 
As  maoeiras,  paixões,  as  unidades,  (17) 
Tudo,  n'uma  palavra;  e  mais,  se  houvera; 
Mas  faltava  uma  justa  nesta  peça. 


90 

«What!  leave  lhe  con^at  oul?^  exclaíms  the  Koight; 

Yesi  or  we  must  renounce  tbe  Stagirite. 

«Not  so  by  Heav^nl»  (be  answers  io  a  rage) 

«  KDÍghts,  squiresy  and  steeds,  must  enter  od  the  stage. » 

So  vast  o  throDg  tbe  stage  eao  na'er  eontain. 

« TheQ  build  a  new,  or  act  it  io  a  plaio. » 

Tbu9  Critics  of  less  JQdgment  tbao  caprice» 
Curious,  not  knowing»  oot  exact  but  nico, . 
Form  short  Ideas;  and  offeiid  io  arU 
(As  most  io  mapoers)  by  a  loye  to  parti. 

Some  to  Conc$it  alone  tbeír  taste  cooSoet 
And  glitfríng  thoughU  struck  out  at  ev'ry  lioe; 
Pleas'd  witb  a  ipvork  where  nolhÍDg's  juat  or  fit ; 
Ooe  glaring  Chãos  aod  wild  beap  of  wit, 
PoetSy  like  painters,  thus»  unskíird  to  trace 
The  oaked  nature  and  the  liviog  grace, 
With  gold  and  jewels  cover  ev'ry  part» 
And  hide  wiUi  ornameDta  their  waot  of  ort* 
True  Wit  is  Nature  to  advantage  dreas^d» 
Wbat  oft'  was  tbougbt,  but  ne'er  so  weil  expves8'd ; 
Somethingy  vfbose  truth  convinc^d  at  sight  we  fiodf 
Tbat  gives  us  back  tbe  image  of  our  mind. 
As  shades  more  sweetly  recoramead  the  ligbt^ 


91 

«rQoe  escuto  1  (ttulaiM  em  Airía  o  oivalleiro) 
tPorqoe  sopprinie  a  justa  Th-^—Súd,  supprino» 
Ou  renuDcio  ás  leis  do  Stagiríla. 
Enraivecido  grita  D.  Quixote: 
«Não  dera  ser  assim;  os  Ceos  attestol 
«Qs  cavalleiros,  pagenst  ureos,  laoças 
«  Detém  entrar  na  scena,  sem  faneoeia.  a 
— Porém  nlo  cabem  lá-*- «Outra  construa; 
« Represente  n'um  campo,  ou  bem  na  rua« » 

•  ê 

Assim  julgam  Censores  que  possuem 
Menos  bom  senso  que  capricho  e  teima; 
Curiosos  e  ignaros,  pouco  exactos» 
Mas  melindrosos»  simples  ãUeUtmieif 
Formam  curtas  idéas»  a  arte  offendera 
Tanto  am  maneiras»  que  em  paixio  por  pirtes* 

Quantos  ha  que  se  esmeram  nos  eoneeitúil 
Em  cada  verso  marchetado  estallam 
Lustrosos  pensamentos;  apresentam 
Nas  obras  cm  que  nada  é  próprio»  é  justo» 
Um  ehaos  beilo»  e  de  juiio  aos  montes. 
Poetas»  quaes  Pintores  pouco  destros» 
Que  a  Naturesa  nua»  as  Graças  vivas 
NSo  sabem  debuxar  correctamente» 
Com  douradura  e  jóias  cobrem  tudo^ 
Cos  adornos  escondem  iaka  d'artie. 
Verdadeiro  juizo  é  Natorea» 
Com  garbo  e  eom  vantagem  revestida  \ 
O  que  todos  pensaram»  ninguém  disse; 
O  quer  que  seja  que  convence  logo, 
E  reproduz  a  imagem  que  cstõ  n'alma. 
Bem  como  a  luz  resalta  mais  co'  a  sombra» 


92 

So  modest  plaÍDoess  sete  off  spríghtiy  wít 

For  works  may  bate  more  wit  thaii  does  'em  good» 

As  bodies  perish  thro'  excess  of  blood. 

Otbers  for  Language  ali  their  care  ex  preás, 
And  value  books,  as  women  men,  for  dress: 
Tbeir  praise  is  siiU,  —  The  Style  is  excellent ; 
The  Sense,  they  humbly  take  upon  content. 
Words  are  like  leaves;  and  where  tbey  most  abound, 
Much  fruit  of  sense  beneath  is  rareiy  found : 
False  eloquence,  like  the  prismatíc  glass, 
Its  gaudy  coloors  spreads  on  ev'ry  place ; 
The  face  of  Nature  we  no  more  survey, 
Ali  glares  alike,  without  distinciion  gay: 
But  true  Expression,  like  th'  unchanging  Sun, 
Clears  and  improves  vhate^er  it  shines  upon, 
It  gilds  ali  objects»  but  it  alters  none. 
Expression  is  the  dress  of  thought,  aad  still 
Appears  more  decent,  as  more  suitable; 
A  viie  conceit  in  pompons  words  express'd 
Is  like  a  cleiwn  in  regai  porple  dress^d: 
For  diCTrent  styles  \¥Ítb  difiTrent  subjects  sort» 
As  6ev'ral  garbs  with  eonntry,  town,  and  court. 
Some  by  old  words  to  bme  have  made  pretenee, 
Ancients  in  phrase,  meer  modems  in  their  sense; 
Such  labour'd  oothings,  in  so  strange  a  stylc, 
Amaze  th'  unleam'd,  and  make  the  learned  smíle. 
Unlncky,  as  Fungoso  in  the  Piay* 
These  sparks  ivith  aukward  vanity  display 
What  the  fine  gentlemari  wore  yesterday; 
And  but  so  mimic  ancient  wits  at  best, 


93 

Co'  a  singella  modéstia  brilha  o  iogenho* 
Excesso  de  juizo  as  obras  perde, 
Como  excesso  de  sangue.  00  corpos  mata. 

Outros  na  língua  põem  todo  o  cuidado; 
Estimam  livros  como  estimam  damas 
Pelo  traje  somente;  esquecem  a  alma. 
Gabara  assim:  0,e$fylo  é  muilo  Mio! 
Teeoi  ditto:  e  nada  cuidam  00  sentido; 
Seja  qual  for,  com  elle  se  contentam. 
Slo  como  as  folhas  as  palavras;  muitas, 
Dos  fructoa  da  razSo  indicam  poucos: 
É  como  o  prisma  uma  eloquência  falsa. 
Que  as  suas  cores  sobre  tudo  espalha; 
Da  Natureza  a  face  entSo  ufio  vemos, 
Tudo  brilha,  é  matiz  confuso  e  alegre : 
Mas  a  justo  expressio,  qual  Sol  constante, 
Melhora,  aclara  aquillo  qúe  aliumia. 
Doura  os  objectos  sem  q^e  altere  a  essência, 
E  das  idéas  traje  a  expreisSo  bella; 
Mas  um  conceito  vil  ditto  cora  pompa 
É  um  petoo  de  purpura  vestido: 
Pois  o  estylo  varia  em  cada  assumpto. 
Traje  ha  de  corte,  campo,  e  de  cidade^ 
Com  termos  velhos  muitos  querem  fama. 
Em  phrase  aoligosg  moços  em  bom  senso: 
TSo  trabalhoso  nada,  estranho  estylo 
Pasma  ignorantes,  mas  faz  r<r  os  sobios: 
Infeliz,  qual  Peralta  na  comedia,  (18) 
Que  desastrado  e  presumido  intentit 
Imitar  os  casquilhos  bem  fallantes: 
Arremedar  antigos  neste  tempo, 
Fallar  como  faltavam,  vale  o  mesmo 


94 

As  apes  our  grandsires^  íd  their  doublets  drest. 
In  words,  as  fashions,  tbe  same  ruie  mil  hold; 
Alíke  faotasliCt  if  too  new,  cr  old : 
Be  DOt  the  first  by  lívbom  lhe  new  are  tr]r'd 
Nor  yet  the  last  to  lay  tlie  old  aside. 

Bui  most  by  Nombers  judge  a  Poet's  soog; 
And  smoolh  or  roagh,  vrith  ihenit  is  right  or  wroog: 
In  lhe  bright  Hiise,  lho'  thoosand  charros  conspire, 
Her  Yoice  is  ali  tbese  tunerul  fools  admire; 
Who  haunt  Parnassus  biit  to  please  their  ear, 
Not  mend  their  miiMls;  as  some  to  church  repair» 
Not  for  the  doctrine^  but  the  music  therr. 
These  equal  syllables  alone  require» 
Tho'  oft  the  ear  the  open  vowels  tire ; 
While  expletives  their  feeble  aid  do  join ; 
And  ten  low  words  oft  creep  in  one  dull  líne : 
While  they  ring  roand  the  same  unfary'd  cbimes, 
With  sure  retums  of  still  expected  rhymes ; 
Where-e'er  you  find  a  lhe  cooling  weslern  breezêi » 
In  the  next  líoe,  it  icivbispers  through  the  treesiD 
tr  crystal  streans  u  with  pleasiog  mormuts  creep» » 
The  reader's  tbreaten'd  (not  in  vain)  with  «sleep!» 
Then*  at  the  last  and  only  conplet  fraiight 
With  some  nnmeaning  thing  they  call  a  tbougfaft» 
A  neediess  Alexandrine  ends  the  song^ 
That,  like  a  wounded  snake^  drags  its  akm  length  along. 
Leave  such  to  tone  their  own  ddl)  rhymes,  and  know 
Whafs  rouodly  smoolh»  or  languíshingly  alow; 
And  praise  lhe  easy  vigour  of  a  Hnei 


95 

Que  tomar  por  modelo  as  vestias  d*abas 
Com  qoe  dogsob  Avós  faziam  ateia. 
Em  tttmoa,  como  em  moda»  a  regra  é  certa; 
PhaDtastica  igualmeote ;  ae  aSo  uovoa, 
Guardai«-?08  de  usar  cedo ;  e  ae  afio  velhos, 
Ultimo  dSo  sejais  para  exclui-^los. 

A  cadoDcia  do  verso  é  quanto  basta 
Para  muitos  julgarem  de  um  Poeta; 
Suave  00  rudoí  é  máo  ou  bom  com  ella : 
A  Musa  pôde  ter  mil  attractivos, 
O  melomaue,  a  voa  ó  que  lhe  admiram. 
Quem  pelo  ouvido  o  Piado  só  Trequeáta, 
Não  aproveita ;  é  como  esses  devotos 
Que  as  igrejas  frequentam,  por  gostarem 
Da  musica  inda  mais  qoe  da  doutrine. 
Nio  querem  mais  que  syllabos  medidas, 
Bem  que  abertas  vogaes  cancem  o  ouvido, 
Quando  explectivas  n'am  máo  verso  ajudam 
A  trepar  nelle  dea  palavras  baixas: 
Em  quanto  o  carrilhão  sabido  tocam, 
Vem  sem  falleocia  a  rhima  conhecida; 
Onde  acharmos  que  o  Zepbjro  suêpirUf 
No  que  segue,  entre  as  folhas  se  relira: 
Se  vai  sereno  o  rio  que  aftâidono, 
Arrisco  o  meu  leitor  a  ganhar  iomno. 
Mas  em  6m,  uma  estrophe  é  necessária: 
Sopprem  com  certo  insulso  ditto  a  idéa. 
Que  um  escusado  Alexandrino  acaba, 
E  qual  ferida  cobra  alli  se  estira. 
Deixá-los  entoar  insulsas  rhymas, 
£  saibamos  o  que  é  suave  ou  frouxo; 
O  vigor  fácil  de  um  bom  verso  amemos, 


96 

Where  Deuháai'$  slrength,  aod  WaIIer's  sweetoess  join. 

True  ease  íd  writing  comes  froni  art»  not  chance, 

As  those  move  easiest  ivbo  have  leani'd  to  dance« 

'Tis  Dot  eoough  no  harshness  gives  offence, 

The  sotind  must  seem  an  Echo  to  lhe  sense: 

Soft  is  the  straio  ivhen  Zephy r  gentlj  blows» 

And  the  smooth  stream  in  smoother  uumbers  flows; 

But  lívhen  ioud  surges  lash  the  sounding  shore, 

The  hoarse,  rough  verse  should  like  the  torrent  roar: 

When  Ajax  strives  some  rock*s  vast  weight  to  throw, 

The  line  too  labours,  and  the  words  move  slow: 

Not  60,  when  swifl  Camiila  scours  the  plain, 

Flies  o'er  th*  unhending  coro,  and  skims  along  the  maio. 

Hear  how  Timotheus'  vary'd  lays  surpríse. 

And  hid  alternate  passions  fali  and  risel 

While  at  each  change,  the  son  of  Libyan  Jove 

Now  burns  with  glory,  and  then  melts  with  love; 

Now  his  fierce  eyes  with  sparkling  fury  glow, 

Now  sighs  steal  out,  and  tears  begin  to  flow: 

Persians  and  Greeks  like  turns  of  natore  found, 

And  the  world's  victor  stood  sobdu'd  by  soundi 

The  pow'r  of  Music  ali  oar  hearts  allow. 

And  what  Timotheus  was,  is  Drydeo  now. 

Avoid  extremes ;  and  shun  the  fault  of  such, 
Who  still  are  pleas'd  too  little  or  too  much. 


97 

Que  á  doçura  de  Waller  junta  a  força 

Com  que  Denham  faz  resoar  a  lyra. 

Vem  darte  o  escrever  bem»  nfio  vem  do  acaso; 

Quem  aprende  a  dançar*  melhor  se  move. 

NSo  basta  ao  verso  ser  brando,  innocente ; 

O  som  deve  ser  echo  do  sentido: 

£  doce  o  verso  eún  que  o  Favonío  sopra* 

Plácido  corre  o  numero  cadente 

Que  o  murmúrio  imita  da  corrente; 

Mas  quando  a  vaga  altiva  a  praia  batCi 

AflToito,  impetuoso  se  encapelle; 

Como  a  torrente  rouca»  o  verso  atroe: 

Se  com  pesadas  rochas  Ajax  tenta 

Com  violência  atirar,  forceje  o  verso» 

Os  termos  com  trabalho  vão  nascendo: 

Ndo  assim»  se  as  espigas  se  nio  vergam. 

Se  as  espumas  do  mar  se  nSo  desfazem 

Quando  Camiila  rápida  passéa. 

A  Timotheo  escutai  nos  sons  variados,  (19) 

Como  accende  as  paixões»  como  as  acalma! 

Cada  modulação  cria  um  prodigio: 

Do  Libyo  Jove  o  filho  n'alma  sente 

Ora  um  ardor  de  gloria  que  o  devora. 

Ora  de  amor  um  fogo  que  o  derrete; 

Saem  de  seus  olhos  dardos  furiosos. 

Rompem  seu  peito  os  ais,  seu  pranto  corre: 

Gregos  e  Persas  concilia  o  canto» 

Ao  vencedor  do  mundo  o  som  subjuga ! 

Da  Musica  ao  poder  ob'decem  todos; 

E  o  que  Timotheo  foi,  Drjden  imita, 

Fdra  Bocage,  que  ultrajou  Fortuna. 

Extremos  evitai»  e  as  faltas  desses 
A  quem  as  cousas  muito  ou  nada  agradam. 

Tomo  V.  7 


98 

At  evVy  triOe  scorn  to  take  i^ffence, 

That  always  shews  great  príde^  br  little  sense: 

Those  headst  as  stomachs,  «ré  not  surc  lhe  best* 

Which  nauseate  ali,  atid  notbing  can  dígest. 

Yet  let  not  each  gay  faro  thy  repture  tnove; 

For  fools  admire»  but  men  of  sense  approVe: 

As  thiogs  seem  large  wbich  we  through  mists  descry, 

Dulness  is  ever  apt  to  fnagnífy. 

Some  foreigD  writers/ soitie  our  owú  despísé; 
The  Ancients  only,  or  the  Moderns  pritó. 
Thus  Wit,  Hke  Faith,  by  t^ach  tnad  is  ápply'd 
To  one  small  sect,  and  ali  are  dalbird  beside. 
Meanly  they  seek  the  blessing  tb  «dònfine» 
And  force  that  Sun  but  on  a  part  to  shíne, 
Which  not  alone  the  soâthern  vftt  sublimes» 
But  ripens  spirits  in  cold  northefn  ciimes; 
Which  from  the  first  has  sfadoé  OA  ages  pásti 
Enlights  lhe  present,  and  shall  warm  the  tastt 
Tho'  each  roay  feel  íncr^aaea  Má  decays» 
And  see  now  clearer  and  nbW  darker  days^ 
Regard  not  then  if  Wit  be  old  br  tiew, 
But  blame  the  false»  aifd  value  stiH  the  true. 

Some  ne  er  advance  a  Judgment  of  tfaeif  owti^ 
But  catch  the  spreading  notion  of  the  To^vn  ( 
They  reason  and  condude  by  precedente 
And  oviíi  stalé  notísense  whieh  they  nQ'er  inténtv 
Some  judge  of  aiithors  names»  iot  ivorks»  and  then 
Nor  praise  nor  Mame  the  Vvrittngl^i  but  the  Ifreb. 


99 

Picar-se  com  qual^er  ligeiro  escaraeo 
Mostra  muita  suberba,  «  pouco  senso: 
Cabeçast  como  estomagosi  nBo  pi^stam 
Se  Dfio  digerem  nada,  se  oa  enjoa 
Quanto  comem,  por  bom  ou  máo  que  seja. 
Não  é  justo  Cambem  que  extasis  cause 
Qualquer  ditto  jocoso,  qualquer  phrase; 
Tolos  admiram,  o  bom  senso  appro?at 
Entre  névoas  avultam  os  objectos, 
A  ignorância  engrandece  sempre  as  cousas. 

Auctores  estrangeiros  se  reprovam, 
E  certos  homens  só  dio  preço  aos  próprios ; 
Gostam  de  antigos  seus,  ou  seus  modernos ; 
Fazem  do  mgenho  monopulio,  e  fingem 
Que  o  mundo  em  trevas  d* ignorância  dorme: 
O  Sol  nesmo  a  brilhar  forcam  n'om  canto; 
Sol,  que  nio  s6  no  sul  sublima  ingenhos. 
Mas  que  os  génios  no  frio  norte  aquece ; 
O  qual  brilhou  na  idade  já  passada. 
Luz  na  presente,  ha  de  inflammar  vindouras. 
Bem  que  umas  vezes  cresça,  outras  desosit. 
Que  hajam  mais  claros,  mais  escuros  dias. 
Ftaco  iti porta  juizo  velho  ou  novo; 
O  falso  censurai,  louvai  o  justo. 

Quantos  ha  que  nSo  teem  juizo  próprio ! 
Jalgam,  concluem  pelo  antecedente 
Cuma  asneira  sédiça,  sem  que  ao  menos 
Gozem  do  privilegio  d'inveotá-la. 
Pelo  nome  do  auctor  muitos  decidem, 
Não  pelas  obras,  não;  e  neste  caso 
Não  julgam  dos  escriptos,  mas  dos  homens. 

Tomo  V.  7  • 


100 

Of  ali  this  servíle  berd»  the  worst  is  he 
That  in  proud  duloess  joins  witb  Quality. 
A  coDstant  Critíc  at  tbe  great  man*s  board. 
To  fetcb  anã  carrj  nonsense  for  my  Lord. 
Wbat  wofui  Btuff  tbis  madrigal  would  be, 
Id  some  starv'd  backney  sonneteeri  or  me? 
But  let  a  Lord  once  own  tbe  happy  lines, 
How  tbe  wit  brigbtens !  bow  tbe  sty le  refines  I 
Before  bis  sacred  name  flies  ev*ry  fault^ 
And  eacb  exalted  stanza  teems  witb  tboogbt! 

Tbe  Vulgar  tbus  tbrough  Iroitation  err; 
As  oft  tbe  Learn'd  by  beíng  singular; 
So  mucb  tbey  scorn  the  croud,  that  if  tbe  tbrong 
By  cbance  go  rigbt»  tbey  purposely  go  wrong: 
So  Scbismatics  tbe  plain  believers  quit. 
And  are  but  damn'd  for  baving  too  mucb  wit. 
Some  praise  at  morning  wbat  tbey  blame  at  nigbt; 
But  always  tbink  tbe  last  opinion  rigbt. 
A  Huse  by  tbese  is  like  a  mistress  us'd» 
Tbis  bour  8be's  idoliz'd,  tbe  next  abu8'd ; 
Wbile  tbeir  weak  beads,  like  towns  unfortify^d^ 
^Twixt  sense  and  nonsense  daily  cbange  tbeir  side. 
Ask  tbem  tbe  cause;  tbey  're  wiser  still,  tbey  say; 
And  still  to-morrow'a  wiser  tban  to-day. 
We  tbink  our  fatbers  fools,  so  wise  we  grow; 
Our  wiser  sons»  no  doubt,  will  tbink  us  so. 


101 

Deste  rebanho  yil  o  mais  abjecto 
£  quem  fofa  tolice  ane  á  nobreza» 
E  Crítico  constante  n'uni  palácio 
Traz  e  leya  inepcías  de  um  Ministro. 
Que  tal  peca  sería  uma  cantiga. 
Se  um  poeta  rafado,  qual  me  sinto, 
A  tiyesse  composto?  —  Se  um  yalido. 
Um  Presidente  acaso  condescende 
A  dar  por  sua  a  quadra,  que  prodigiol 
Que  raro  ingenho,  que  suave  estylo ! 
Ante  o  nome  sagrado  os  erros  fogem, 
E  na  strophe  sublime  idéas  fervem. 

Erra  o  vulgo  imitando;  o  sábio,  sendo 
Em  tudo  singular,  também  tropeça ; 
Tanto  despreza  a  multidão,  que  ás  vezes 
Vai  ás  avessas,  se  ella  vai  direita: 
Scismatico,  dos  crentes  simples  zomba, 
E  á  força  de  juizo  se  condemna. 
Apologistas  e  censores,  outros 
De  manhã  louvam  o  que  á  tarde  accusam; 
Sempre  a  ultima  idéa  lhes  tem  conta. 
Trattam  a  Husa  como  a  incauta  dama 
Que  ora  idolatram,  que  depois  insultam ; 
Entre  senso  e  tolice  vacillaotes. 
Estas  cabeças  débeis  se  parecem 
G>'  as  villas  que  não  sSo  fortificadas. 
Que  a  frente  e  lado  a  cada  ataque  mudam. 
Perguntai-Ihe  o  porquê :  —  melhor  accôrdo 
Dixem  que  teem,  e  que  progressos  fazem; 
Serão  mais  sábios  amanhã  do  que  hoje. 
Tanto  cresce  o  saber  em  oós>  que  tolos 
Julgamos  nossos  pães;  filhos  mais  sábios 
Assim  nos  julgarão  quando  crescerem. 


ÍQ2 

Ooce  School-divineg  thi»  zeakms  iée  Q>r*«preadi 

Wbo  knew  most  Sentences,  w«s  deepest  reaé; 

Faith,  Gospel»  ali,  $6em'd  made  to  be  dbputâd» 

Âod  Done  had  sense  enough  to  be  confuted; 

Scotists  and  Thomist9»  Dow»  íq  peace  remain, 

Amidst  their  kiodred  cobwebs  in  Duck-lane.  (t) 

l{  Faíth  itseir  bas  diíTreot  dresses  worn, 

What  wonder  modes  in  Wit  sbould  take  tbair  turn? 

Ofty  leaving  what  is  paUiral  and  6t, 

The  current  folly  proves  the  ready  ml; 

And  authors  think  their  reputation  safe, 

Which  Hves  as  long  as  Ibob  are  pteas'd  to  laugb. 

Some  valuing  tbo$e  of  their  owo  side  or  mifid« 
Stiil  roake  themsclves  the  measure  of  iBankínd: 
Fondlv  we  thiok  we  honour  merit  tben, 
When  we  but  praise  ourselves  in  otber  nMP. 
Partíes  in  Wit  altend  oo  tbose  of  State, 
And  public  faction  doubles  private  bate. 
Príde,  Malice,  Follj,  against  Dryden  rose, 
In  various  shapes  of  Par  sons»  Critics,  Beaus ; 
But  sense  survi?'d  when  merry  jests  were  pasts 
For  rising  merit  will  buoy  up  at  last. 
Might  be  return,  and  bless  once  more  o»r  eyes, 
New  Blackmores  and  new  Milboums  must  arise; 
Nay  should  great  Homer  liR  bis  awfui  bead» 


(•)    Lugar  Junto  b  8i|iHii0elrff  ondr  anlipamente  ic  vcadiaw  Iítixm  velhos 
fm  srsrundn  mílQ. 


103 

Já  Theologp»  miU  411»!  praga,  um  dia 
Estas  ilhas  cobrioi  a  (oram  lidos 
Com  taot^  mais  aidor  qoaiito  as  setiUnoat 
Fomm  mais  numero^s,  mais  audazes; 
Parecia  quQ  a  Fé,  qiiQ  os  Evaagelbos» 
Só  para  disputá-los  wí^tiaro. 
Agora,  em  paz,  Jkomi^ifih  ScotiatoF» 
Jazem  mortos  nas  lojas  das  livreiros, 
Entre  as  téaa  d  aranha,  traça  ou  ratos. 
Se  a  Fé  mesma  trajou  roupas  da  moda. 
Que  lem  que  a  rnoda  no  juÍ20  impera? 
Pondo  de  parte  qqaqtp  é  próprio  ^  juslp, 
Mostraido  ingeqb»  prompto  em  rrioleiras, 
Auctores  taes  suppoem  salvos  seus  nomes, 
Sua  reputagUo  segara,  em  qqantp 
Agrad#  aos  asno4  celebrar  seus  ^hisim^ 

Ha  gentes  ^rtjdi^as  qiie  96  amam 
Quem  concorda  com  eliea;  de  ai  faaem 
Para  o  género  bunaao  uma  pedida; 
Aquelles  onde  a  qól  nell^s  pcb^mosi 
Approvação,  ternura,  apraço  daiaoí^ 
Estçp  partidos  s^  cop^  os  do  Slatadou 
Facçáo  pubhVa  dobrd  ocfos  sqcr^t^. 
G)ntra  Dryden  desdém,  mpiliçia«  orgulb^ 
Em  formas  Tarias,  loucas,  $t  levantas 
Mas  o  bom  senso  supervive  ás  chufai, 
£  o  mérito  por  fim  se  eleva  e  uiirge* 
Ah!  se  voltasse  Dryden,  se  benigno 
Aos  nossos  olhos  ioda  se  mostrasse. 
Nasceriam  Blackmores  e  Milbournes: 
E  se  de  Homero  a  frente  respeitável 
Levantada  do  tumulo  se  visse. 


104 

Zoilus  agaín  ^would  start  up  fWmi  lhe  dead. 
Envj  will  merit,  as  its  sbade,  pursue; 
But  like  a  shadow«  proves  the  aubatance  true: 
For  envy'd  Wit,  like  Sol  eclips'd,  makes  koown 
Th'  opposÍDg  body's  grossness,  Dot  ite  own. 
When  first  tbat  sun  too  pow'rful  beams  displays» 
It  draws  up  yapours  whicb  obscura  its  rays; 
But  ev'o  tbose  clouds  at  last  adorn  its  way, 
Beflect  new  glories  and  augmeot  tbe  day. 

Be  tbou  tbe  iirst  true  mcrit  to  befriend ; 
His  praise  is  lost,  wbo  stays  till  ali  commen^. 
Sbort  is  tbe  date,  alas!  of  modem  rbymesy 
And  'tis  but  just  to  let  them  live  betimes. 
No  longer  now  that  golden  age  appears, 
Wben  Patriarcb-wits  surviv'd  a  tbousard  years: 
Now  lengtb  of  Fame  (our  second  life)  is  lost, 
And  bare  threescore  is  ali  ev'n  tbatcan  boast; 
Our  sons  tbeir  fathers'  failing  langvage  see. 
And  sucb  as  Cbaucer  is  shall  Driden  be. 
So  wben  tbe  faítbfui  pencil  bas  design'd 
Some  brigbt  tdea  of  tbe  masUr's  mind, 
Wbere  a  new  world  Icaps  oit  at  his  commandt 
And  ready  nature  waits  ui^n  bis  band: 
When  tbe  ripe  colours  s^ften  and  unite, 
And  sweetly  meit  intojust  shade  and  ligbt; 
When  mellowing  yeffs  tbeir  full  perfection  give, 
And  cacb  bold  6gu-e  just  begins  lo  live, 


105 

D'entre  os  mortos  surgiram  Zoilos  novos; 
Seguira  a  inveja  o  mérito  qual  sombra» 
Provando  da  substancia  a  realidade. 
Génio  invejado  é  Sol  quando  s'eclipsa ; 
O  corpo  que  se  oppõe  mostra  quto  pouco 
A  sua  própria  forma  iguala  est 'outra: 
Quando  esse  Sol  potente  os  raios  darda» 
Vapor  attrabe  que  os  raios  obscurece; 
Porém  nuvens  o  seu  caminho  adornam» 
Reflectem  nova  gloria»  a  luz  se  augmenta. 

Favorecei  o  mérito  depressa» 
Sede  o  primeiro;  pouco  vale  o  applauso 
Quando  é  forcado  pela  voz  de  todos: 
£  justiça  somente  o  exige  cedo» 
Pois  teem  curto  durar  modernas  rhymas. 
Ai  de  nós!  já  fugio  a  idade  douro: 
Então»  dos  Patriarcbas  o  talento 
Mil  annos  gloriosos  excedia: 
Da  fama  (que  é  segunda  vida  nossa) 
O  comprimento  é  nullo;  doze  lustros 
£»  quando  muito»  o  que  ostentar  podemos; 
Nossos  filbos  dos  pães  notam  as  faltas 
Da  língua  decadente;  qual  foi  Ckaucer 
Será  Dryden»  e  os  Vates  que  hoje  escrevem. 
Assim»  quando  o  fiel  pincel  exprime 
D'alma  de  mestre  uma  brilhante  idéa 
De  que  resalta  um  novo  mundo»  e  surge» 
Quando  elle  ordena»  prompta  a  Natureza; 
Lá  onde  as  cores  brandas  bem  unidas 
Se  fundem  propriamente  em  luz  e  sombra» 
E  que  os  ânuos  maduros  a  completam» 
Que  a  figura  a  viver  começa  ousada» 


J06 

The  treach>Qua  coloun  \hn  f«ir  ari  beUray, 
Anel  ali  the  bríght  creQtíoQ  fades  aw^ ! 

Unhappy  Wit»  like  iDoat  ipistaken  thipgs, 
Âtones  not  for  tbat  envy  which  it  briogs. 
In  youth  alone  ita  empty  praise  yve  boaal, 
But  sooD  thç  abarNlív'4  vanity  is  loet: 
Like  some  fair  flow'r  tlie  early  spring  auppliea, 
Tbat  gaily  blooins,  bvt  ($  en  ío  bloomiog  dies. 
What  is  Uiis  WiU  ^bifib  must  our  cares  empby? 
The  owner's  wife,  tbat  oiber  men  eojoy; 
Then  most  our  troublei  still  wben  moat  Qdiiiir'd» 
Âiid  still  lhe  loore  we  give,  tbe  more  requir'd; 
Wbose  fame  Avjlh  pains  W9  g^ard,  but  iosc  wíth  ease, 
Sure  some  to  vex,  bMt  never  ali  to  plcAse; 
'Tis  what  th^  víqíous  fipar,  \h^  viríuoua  abtio» 
By  foois  'tis  batad»  ênú  by  km^^  wd^nel 

If  Wit  so  mucb  froni  JgnVaoce  tfíid^ga» 
Ah  let  not  learojpg  top  çprQpiepce  its  foe! 
Of  old,  tbose  ni^t  rf^w^rd^  who  çould  wcellt 
And  sucb  w^e  prais'd  wbo  but  endf»vpur'd  wells 
Tbough  triumpbp  were  to  gAn'raU  4)nly  dv?« 
Crowns  were  re$^rv'd  tp  grace  tbQ  ^ien  Um- 
Now,  tbey  who  reacfa  Paraas$us'  lofly  crowVf 
Employ  thcir  paios  to  ^purn  some  ptb^^  dp^Oi 
And  while  self-^lovo  w^h  jealoua  writ^  nilef;, 
Contending  wits  becpme  th9  spori  f^í  fools; 
But  still  tbo  worst  witb  fPPSt  regret  coQinepd, 


107 

Traidoras  core»  a  bella  arte  oSsiidái» 
E  a  producQiio  brilhante  murcba  e  morre  I 

Como  outraa  coiuas  tSs,  trjite  juíro  ! 
Tu  não  pagas  a  jnvejq  que  te  segue» 
Quando  noçof,  teus  premies  vios  nos  teotein; 
Has  a  breve  vaidade  cedo  acaba» 
Como  a  flor  bella  que  florece  em  Maio, 
E,  floreoeodo»  ine$mo  em  pompa  morre. 
Que  és  poisi  juizo,  que  tao  caro  custas? 
És  origem  de  pena  ao  proprietário, 
£  somente  de  ti  herdeiros  gozam  i 
Mais  nos  pertqrhas  quanto  mais  te  admiram* 
Quanto  mais  damos,  mais  de  nós  requerem; 
Tua  fama  se  alcança  com  trabalho, 
E  facilmente  a  perde  qnem  a  alcaofa; 
Dom  que  a  poucos  «grada,  e  a  muitos  canc* « 
Que  o  vicio  teme,  e  que  a  virtude  evita* 
O  estúpido  aborrecct  e  que  o  mio  perde. 

Se  os  de  juivo  aos  néscios  tanto  aturam, 
Nio  venham,  nSo,  os  sábios  persegui-los^ 
Dos  antigos  só  prémios  conseguiam 
Os  d'excel|eueia  grande;  bem  que  louvem 
Outros  que  só  tentaram  consegui-la ; 
Se  aos  Geoeraes  se  devem  os  tríumpbos, 
Croas  houve  também  para  os  Soldados, 
Hoje  os  que  genbam  o  alto  do  Parnaso 
Trabalham  em  fazer  cair  os  outros; 
£  em  quanto  a  presumpçio  conduz  a  penna 
De  um  invejoso  auctor,  estas  disputas 
Dos  sábios  vem  a  ser  riso  dos  néscios: 
O  peor  é  (com  magoa  e  dor  o  aponto) 


108 

For  each  ill  Aiithor  is  as  bad  a  Fríend. 
To  what  base  ends,  and  by  what  abject  ways, 
Are  mortais  urg'd  through  sacred  lust  of  praise ! 
Ah !  De'er  so  dire  a  thirst  of  glory  boast, 
Nor  io  tbe  Critic  let  the  Mao  be  lost. 
Good-oature  and  good  sense  must  ever  join ; 
To  err  is  humao,  to  forgÍTe,  divine. 

But  if  io  noble  minas  some  dregs  remain 
Not  yet  purg'd  off,  of  spleen  and  sour  disdaín ; 
Discbarge  tbat  rage  on  more  provoking  crimes, 
Nor  fear  a  dearth  in  tbese  flagitious  times. 
No  pardon  vtle  Obscenity  shoald  find, 
Tbo'  wit  and  art  conspire  to  move  your  mind; 
But  Dulness  with  Obscenity  must  prove 
As  sbameful  sure  as  Impotence  ín  love. 
In  tbe  fat  age  of  pleasure,  wealth,  and  ease, 
Sprung  the  rank  weed,  and  thriv*d  ^ith  lai^e  increase 
When  love  was  ali  an  easy  Honarch's  care; 
Seldom  at  council,  never  in  a  war: 
Jilts  rurd  the  state,  and  statesmen  farces  writ: 
Nay  wíts  had  pensions,  and  young  Lords  bad  wit: 
The  Fair  sat  panting  at  a  Courtíer's  play» 
And  not  a  Mask  went  unimprov'd  away: 
The  modest  fan  was  iifted  up  no  more« 
And  Virgins  smiPd  at  what  tbey  blush'd  before. 
The  foUowing  licence  of  a  Foreign  reign 
Did  ali  the  dregs  of  bold  Socinus  drain ; 


109 

Que  am  auctor  máo  é  sempre  máo  amigo. 
G)m  qae  fins  baixos»  com  qae  abjectos  meios 
Insta  aos  mortaes  o  louco  amor  da  fama  I 
Nunca  tal  sede  de  uma  glória  errada 
Na  Critica  mei^olhe  bomens  sensatos. 
Bom-senso  e  coraçSo  unidos  andem; 
Errar  é  de  homens,  perdoar,  divino. 

Porém  se  algumas  fezes  de  fastio. 
Ou  de  rancor,  contém  o  animo  nobre, 
Em  crimes  mais  picantes  descarregue 
O  seu  furor;  nao  tema  que  lhe  falte 
Em  tão  perverso  tempo  assumpto  vasto. 
Não  alcancem  perdão  obscenos  versos, 
Bem  que  nelles  conspire  arte  e  juizo 
A  seduzir  a  mente,  a  commover-nos : 
Mas  parvoice  obscena  é  vergonhosa 
Como  insultos  que  Amor  nojento  engeita. 
No  século  nutrido  dos  prazeres, 
Da  riqueza,  do  commodo,  é  que  nasce 
Viçoso  o  joio,  entr  elles  medra  e  cresce: 
Quando  um  Honarcha  todo  a  amor  se  entrega ;  (20) 
Que  a  Justiça,  o  Conselho,  a  Guerra  esquece; 
Begem  loucas  o  Beino;  os  Estadistas 
Compõem  comedias,  madrigaes,  e  farças; 
Não  só  casquilhos  teem  pensões  c  iugenho: 
Mas,  palpitando,  as  damas  no  tbeatro 
" Do  libeitino  o  drama  impuro  admiram; 
A  mascara  grangéa  adiantamento; 
O  leque  honesto  já  não  cobre  o  rosto, 
E  as  virgens  riem  do  que  antes  as  corava. 
De  um  reino  estranho  a  libertina  moda  (21) 
Seccou  do  audaz  Socíno  as  fezes  todas: 


110 

Then  unbelietiAg  Fríeftto  rerorni'd  tha  tMÍMif 

And  taught  more  pleaMDt  mdtbods  of  salvation ; 

Where  Hee?'n'8  Tree  êubjects  might  their  rtgbts  dispute, 

Lest  God  bímseir  should  seem  too  absolute: 

Pulpits  their  sacred  satire  learo^d  to  qiare. 

And  Vice  admír'd  to  find  a  flattVer  there  I 

Encourag'd  thus,  Wifs  Titana  brav'd  tbe  skíest 

And  tbe  press  groan'd  witb  ]icens'd  blasphemiea. 

These  monsters^  Gritícêl  witb  your  darts  eogage, 

Here  point  your  Ihunder»  aed  exhaost  your  ragel 

Yet  sbun  their  Taulti  who»  scandaloualy  nkn^ 

Will  needs  místalte  èn  auihor  into  vice; 

AU  seeros  infected  that  th'  infected  spy» 

As  ali  looks  yellow  to  tbd  |auiidic'd  ey e« 


til. 

Learn  theti  what  morais  Critics  otíght  to  show» 
VoT  'tis  but  half  a  Judge's  task>  l^  know» 
'Tis  not  eMHigh,  taste,  judgiMnt,  keaniing^  joífi; 
In  ali  you  speak,  let  trutb  and  candour  shine: 
That  not  alono  ivhot  to  yoar  aense  h  due 
Ali  may  altow;  bot  aeek  yoor  fríendship  too. 


Be  silent  aiways,  wfaen  you  doiibt  youf 
And  speak,  tbo'  sure,  wilh  seeming  díffidenee:: 
Some  positive^  persisting  fops  we  know, 
Wboi  ir  once  tvrongv  will  needs  be  ^Iways  so} 


J 


111 

Um  inervdaki  Cltre  ao  depois  t«io 
Reformar  a  naç&o»  e  dar*lhe  a  n«rnití 
De  salvar-se  sem  custo,  alegremente: 
Muito  absoluto  Deos  lhe  parecera 
Se  os  fassalloB  do  Ceo  bio  discutissem 
Seus  suppostos  direitos  livromenlo. 
O  púlpito  aprcndeo  a  pôr  limites 
Ás  satifés  sagradas;  nelle  acharam, 
Com  pasmo,  os  Vícios  lisongciro  amparov 
Animados  assim,  Titaneos  Génios 
Escalaram  os  ceòs;  gémeo  a  imprensa 
Com  blasphemias  louvadas^  permítlidaá. 
Destes  monstros,  ó  Critica!  Yingaí-v«s; 
Exhauri  vossas  iras,  vossos  dardos^ 
Lançai  vossos  trovSes  sobre  taes  ímpios ! 
Mas  evitai  comtudo  niraio  escrúpulo, 
Que  um  necessário  vicio  encontra  em  tudo. 
Como  a  icterícia  vè  tudo  amaretlo. 

III. 

Aprendei  qual  moral  Críticos  devem 
Ensinar,  pois  saber  é  ad  metade 
Do  ofScio  die  juiz;  tí&é  é  bastante 
Unir  sciència  ao  gosto»  arte  ao  juiao: 
Brilhe  a  candura,  brilba  a  sa  verdade 
Em  tudo  o  t|ae  se  die,  a  fim  que  todos 
A  razão  vossa  dêem  quanto  vos  devem, 
E  sollicitem  ser  também  amigos. 

Calai,  se  duvidais  do  próprio  senso; 
Fallai,  quando  estais  certos,  com  modéstia : 
Ha  pedante  teimoso  e  positivo. 
Que,  se  uma  vez  errar,  ha  de  errar  sempre. 


112 

But  you,  mih  pleasure  own  your  errors  past. 
And  make  eacb  day  a  Gritiqiie  od  the  last. 

'Tis  not  enougb  your  counsel  stíll  be  true; 
BluDt  trutbs  more  miscbier  than  oice  faishoods  do; 
Men  most  be  taugbt  as  if  you  taugbt  tbem  not* 
And  things  unknown  propos'd  as  tbings  forgot. 
Witbout  Good-Breeding,  truth  is  dÍ8approv'd; 
Tbat  only  makes  superior  sense  belov^d. 

Be  niggards  of  advice  on  no  pretence; 
For  tbe  worst  avarice  is  tbat  of  sense. 
With  mean  complacence  ne'er  betray  your  trusti 
Nor  be  so  civil  as  to  prove  unjust. 
Fear  not  tbe  anger  of  the  wise  to  raiso ; 
Tbose  best  can  bear  reproof,  wbo  merit  praise. 

'Twere  tvell  might  Critics  still  this  freedom  take^ 
But  Appius  reddens  ut  eacb  word  you  speak, 
And  stares,  tremendous,  tvitb  a  tbreat'ning  eye, 
Like  some  fierce  tyrant  in  old  tapestry. 
Fear  most  to  tax  an  bonourable  fooli 
Wbose  right  it  is,  uncensur'â  to  be  dull ; 
Sttcbt  witbout  wity  are  Poets  wben  tbey  please» 
As  witbout  leaming  tbey  can  take  Degrees. 
Leave  dangVous  trutbs  to  unsuccessfui  Satires» 
And  flattery  to  fulsome  Dedicators, 


113 

Goofessai  com  praxer  erros  passados^ 
Criticai  cada  dia  o  precedente. 

Nio  basta  ser  verdade  o  vosso  ariso: 
Fakidadea  poUdas  menos  ferem. 
As  mais  das  vezes,  qae  ásperas  verdades: 
Homeos  se  ensinam  sem  saber  que  aprendem, 
O  qoe  ignoram  suppSe«se  que  lhe  esquece. 
Sem  bom-modo  a  verdade  desagrwla, 
E  s6  bom  senso  ias  que  seja  amada. 

Com  pretexto  nenhum  negueis  conselho; 
A  peor  avareza  é  poupar  senso. 
Trahir  por  complacência  a  confiança 
£  baixeza,  é  traição;  e  nto  se  deve, 
A  fim  de  ser  polido,  ser  injusto. 
NSo  temais  accender  de  um  sábio  as  iras; 
A  correcção  severa  melhor  soSre 
Quem  mérito  pessue,  quem  o  aprecia. 

Bom  fora  criticar  com  liberdade: 
Mas  Appio  d'aqui  vejo  esbravejando,  (22) 
Tisnado  pela  raiva  em  que  se  acccnde; 
Os  espantados  olhos  em  mim  prega 
Com  farias  e  ameaços,  qual  gigante 
De. um  panno  de  raz  velho. — Que  figurai 
Não  censureis  um  louco  decorado. 
De  que  o  jus  é  ser  asno  impunemente: 
Ha  mil  loucos,  poetas  porque  querem, 
Como  sem  lettras  ha  muitos  doutores. 
Deixai  pois  as  verdades  perigosas 
Á  desditosa  Sátira ;  as  Itsoojas 
Para  os  auctores  das  Dedicatórias: 

Tomo  V.  ^ 


114 

Wliom,  when  they  praipe»  lhe  yimli  belíeves  nò  loore, 

Tban  wheD  they  promÍ8e  to  givesoribliog  o'er.  ' 

'Tis  best  sometimes  your  censure  to  restraín» 

And  charítably  let  tbê  dull  be  ?ami 

Your  sílence  there  is  better  thaa  your  spHe, 

For  i^ho  can  rail  so  tongas  they  can'\mtef 

Still  humming  on»  tfaeir  drouzy  coorse  they  keep/ 

And  Iash'd  so  loDg,  like  tops,  are  bsh'd  aslcep.    ^ ' 

False  steps  but  help  tbem  lo  renew  tbe  râ«e, 

As,  afler  stumbliog»  Jades  will  meod  their  piíde.   ' 

What  crowds  of  these,  impenitently  bold, 

lu  sounds  and  jingling  syilables  growh  old» 

Still  run  on  Poets  io  a  ragitig  v$in, 

E?'d  to  lhe  dregs  and  squeeríng  of  the  brafn^ 

Straiu  out  the  last  doll  droppings  of  tfaeir  senáe,    - 

And  rhyme  mih  ali  the  rage  of  Impoteoce. 


»  , 


Such  shameless  fiárds  we  have;  and  yet''tÍB  tráe, 
There  are  as  mad^abandon^d  Critícs  too.     -  • 
The  bookfui  blockhead,  ignorantly  read, 
With  loads  of  leamed  lomber  tu  bis  faead;  •''''- 
With  bis  own  tongue  stiR  edffies  bis  ears; .. 
And  always  linfning  to  himself  appears/ 
AU  books  be  reads,  and  ali  fae  reads  assaik,        * ' 
From  Dryden's  Fablès  ãown  toi)iirfey's  Taiés; 
With  hite  most  auibors  sted  their  works;  or  bojrí; 
Garth  did  not  wríle  bis  owo  Dispensary; 


■  I 


I. 


•) 


.1 


»    f ,' 


^15 

O  muoda  nada  cré  ao  que  elles  gabioi« 

Nem  tem  Té  nos  tscríptos  qtte  proikiet(eiii« 

Melhor  .6  itptímír  .qualquer  eensiír^  * 

E  deiat9r«  ,pot  esoMla»  aon^  asnos  faoio:' 

Vosso  sUeado  eutâo  vale  um  desprezo;     ^ 

£  qoem  pede'  igualar,  «ofnbadb»  é  mbltò 

Que  ellea  pode»  i^rrar  ooa  ^ees  escrrptos  t 

Rosnando  v8a  na  munoleiiíla  estrado » 

Qual  pião  fiístigada  que  zunindo  "''  '  ' 

Com  tropeços  a  dança  eomínáã»  .!  '  '^' 

Ou  como  «  rossa  {*)  <sae,  e  <y  pass<>  eitiénda:' 

Quantos  destes  impenitentes  vemos» 

Que  eavlHueceodo.  ao  som  do»  eonaòàntds,        * '  ^ 

De  moa  iadofliUa;véaiper8egui4os;  :     )  .>  r    ii  !!i  '< 

Do  miolo  enfezado*  ,e  siicoo  espremeiti'  >    •'  '     '  -  ^ 

Té  ás  ultimas  pingas  dd  tolice/ -'  -      .*  / 

E  rlif  mbm  !c'o  furor  de  iquenvaâi^  pAda! 


f 


Bardos.  tBo  vergonhosos  inda  Idmos;  ''  >.  •  -*    '    ^' 
Mas  é  verdade  jqoú  íguaíimeote  doidas  ' 
Críticos  misernvtts  DOS  nlo  faltam;  á 

O  leitor  cabeçudo^' que  sem  fructo'  •    '  :'. 

Traz  á  cabpga  carga  de  scieDcias»  ;  r  «i 

Co'  a  própria  liogua.  seu  ^ouvido  eocantav 
E  parece  que  a  si  somente  escuta. 
Lé  tudo^  e  qoanto  lê  affoitó' ataca:  • 
Dryden,  Pope,  Camões,  JB^erréira,  Horácio, 
Mattos,  Qqito,  MalhSo,  Medina,  e^AiSCurM':  n  -. 
Diz  que  são  roubo  du  coibpra^  soas  esoripies)     . 
£  os  diversos  auctores  todos  mede 
Por  uma  vara,  assim  que  impressos  correm. 

(•)     RoMÍn,  ou  lendeiro ;  do  francez  rosae. 

Tomo  T.  8  • 


I   < 


116 

Name  a  new  play,  and  he's  lhe  PoetV  Criendi 

Naj  show 'd  his  faults  —  but  when  would  Poeta  ménd? 

No  place  so  sapred  from  such  fops  ia  barr'd, 

Nor  is  Paurs  churcb  more  safe  iban  Paurs  churcbyard: 

Nay,  fly  to  AUars;  tbere  tbej  11  talk  you  dead; 

For  Foois  rusb  in  wbere  Angels  Tear  to  tread. 

Distrustful  senso  witb  niodest  cauUoa  speaks, 

It  still  looks  borne»  and  sbort  excursions  oiakes ; 

But  rattling  nonsense  in  full  vollies  breaks. 

And  never  shpck'd9  and  never  tani'd  aside, 

Bursts  out,  resistíeis,  witb  a  thund'ríng  tide< 

But  wbere's  Ibe  mao,  wbo  cotinsel  ean  béstow, 
Still  pleas'd  to  teacb«  and  yet  not  proad  to  know? 
Unbiass^dy  or  by  favour,  or  by  spite; 
Not  dully  prepossess'dt  nor  blindiy  right; 
Tbo'  leam'd|  well-bred;  and  tbo'  welUbred,  sincere; 
Hodestly  bold,  and  bumanly  severe; 
Wbo  to  a  friend  bis  faults  ean  freely  sbow» 
And  gladly  praise  tbe  merit  of  a  foe? 
Blest  witb  a  taste  exact,  yet  unconfin^d; 
A  knowiedge  botb  of  books  and  baman  kind ; 
Gen'rous  converse;  a  sou!  exeropt  froio  príde; 
And  love  to  praise,  witb  reason  on  bis  side? 

Sucb  once  were  Critics;  such  tbe  bappy  few, 
Athens  and  Rooie  in  better  ages  knew. 
Tbe  mighty  Stagirite  first  left  tbe  sborot 
Spread  iU  bis  sails>  and  durst  tbe  deeps  explorer; 


117 

Se  ba  drama  novo,  é  do  Poeto  amigo; 
Mas  aponta-Ihe  as  Taltas.  -^  Que  reniedio 
Podem  ter  taes  cabeças,  taes  poetas? 
Para  estes  Dão  ba  lugar  sagrado, 
NSo  Tale  a  Igreja,  nem  o  Cemitério: 
Se  foges  pVa  o  altar,  ahi  te  apaubam, 
E  á  força  de  fallar,  abi  te  matam; 
Loucos  se  atrevem  ao  que  respeitam  Anjos. 
Timido  senso  falia  acautelado; 
Entra  em  si,  e  n&o  corre  atraz  dos  outros: 
O  cascavel  dos  asnos  tine  ao  longe, 
Nada  o  contém,  de  nada  se  desvia, 
£  arraza  qual  borrasca  irresistível. 

Mas  quem  pôde,  sem  custo,  dar  conselbo, 
Que  ensina  bem,  e  sem  vaidade  é  sábio? 
Que  nlo  cega  a  fovor,  nem  turba  acinte; 
Que  sem  teima  ou  paix&o,  no  seu  dictame, 
Bem  que  sábio,  é  civil;  e  civil  sendo, 
£  sincero  e  modestamente  affoito; 
£,  com  humanidade,  bem  severo; 
Livremente  ao  amigo  os  erros  nota. 
Do  inimigo,  com  gosto,  os  dons  applaude? 
De  um  tacto  exacto,  e  sem  limito  ornado, 
Como  os  livros,  os  corações  conbece; 
Generoso  conversa;  e  sem  suberba 
Ama  hxivar,  quando  a  razio  o  approva? 

Taes  algum  dia  os  Criticos  já  foram ; 
Taes  Atbenas  e  Roma  os  vio  ditosos. 
O  grande  Stagirita,  que  primeiro  (23) 
Deixa  a  praia,  e  largando  as  velas  todas, 
Explorou  sem  temor  profundidades, 


118 

H«  steer'd  seçurdgfi^  mà  tdiacoveKd^far/  '  ^'  -^ 

Led  by  the  ligbt  or  tbe  Masooten  «lar. : 
Poets,  a  race  loog  uocon6p'd»  and  free, 
Slill  fond  and  proud  of  savage  liberty* 
Receiv^d  bis  lawd;  aod  stood  convíiic'd  'twaá  &U 
Wbo  conquer  d  NalurCi  should  preside  o'er  Wit, 

Horace  MUI  charma  m\h  groceful  oegligence^ « 
And  witbout  melbod  talks  us  ioto  sense, 
Will,  líkaa  friendu  iarniliarly  €oovfy> 
Tbe  truest  notiona  in  Ibe,  easiesi  vray. 
He,  ^bo  supremo  10  judgroont,  as  in  .wit» 
Migbt  boldly  cenai&re,  as  be  holdly  writ,    . 
Yet  judg'd  witb  cooiness,  tbo'  be  sung  witb  (ire ; 
His  PreceptSnteaob'  but  wbat  bisworks  inspire; 
Our  Critic9  teke  a  otolraty.axtrenae, 
Tbey  judge  wUb  (iiry»  hirt  they  wríte- witb  phiegni; 
Nor  suSers  H<tfac!^  more  in  wrong  traoslalions      ^ 
Sy  Wits,  Ihap  Crítica  in  as  wrong  quotatíons.  • 


See  Dionysius  Ho0ier's  ibòughts  refine» 
And  call  new  bjaauties  forth  froo)  ev  ry  iínel 


Fancy  and  art  Jn  ^y  P^tronins  pleaae, 
Tbe  scolar  's  learniog,  with  tbe  comrlier  's  ease, 

V  *    « 

I  '  «  ' 

In  grave  Quintiliaos  copious  work»  we  fiéd 
Tbe  justest  ruies,  and  clearest  metbod  join'd ; 


r  '  • 


119 

Navegava  si^urQ,  4)onduzido 

Pela  M«oiHa  estrella ;  e  vio  ao  bnge- 

Poetas,  rafça  olUva,  raça  iodociU  ' 

Qae  a  liberdade. barbara  ioda  amavam,  i 

D'elle  as  leis  receberam;  justo  acharam 

Que  quem  poude  veocer  a  Natureia, 

Reger  pudesse^  e  presidir  ae  Ingenho. 

T 

Com  doce  Be^igencia  dob  deleita,      <       '       r 
E  sem  rairtbodo  Horácio  nos  ensiiMi:  * 

Como  um  amigo,  em  familiar  discurso, 
Pelo  meio  mais  fácil  communica 
As  roais  puras  noções,  mais  verdadeiras. 
Elle,  supreoão  oo  juixo  e  seusò. 
Que  affoitd  escreve^  e  censurar  podia,  i 

Frio  crítica,  bem  qué  ardendo  canteb '. 
Seus  preceitos  eorretítos  oDo  exigem  > 
Seolo  quanto  em  seus  vecsòs  nos  inspira* 
Seguem  coi\trario  extremo  outros  Censores; 
Com  fúria  jujgam,' ;  mas  com  phleugma  escrevem ;  f, 
£  Horácio,  em  (radocoões.  mis,  taoto  aoffirev    ' 
Quanto  em  criticas  más,  om  notas  loucas. 

Como  Dioix^fsb  apura  os  pensamontos 
Do  Vate  Homero!  Como  em  cada  regra  (24) 
Faz  Tesakár  bèUezas  que  investiga !   ^    <     -  : 

.      .;     .     .  i  .  « 

Com  que  graça  Petroâio  aiegre  junia  :  *  . 
Á  phantaair  e  gosto,  áo  aabér  Vasto^     ' 
O  fácil  tom  do  cortezdo  polido! 

No  extenso  livro  de  Quintilio  grave  (2K) 
Achamos  os  preceitos  mais  exactos, 


120 

Thus  useful  arms  ín  magazines  ^e  ploce. 
Ali  raDg'd  in  order*  and  dispos^d  wítb  grace. 
But  less  to  please  the  eye»  than  ann  the  band, 
Still  íit  for  use»  and  readj  at  command. 

Tbee,  bold  Longinus!  ali  the  Nine  inspire. 
And  bless  tbeir  Critic  witb  a  Poefs  (ire. 
An  ardent  Judge»  wbo,  zealous  in  bis  trust, 
Wítb  warmtb  gives  sentence,  yet  is  aiways  just; 
Wbose  OYfn  example  strengtbens  ali  bis  laws; 
And  is  bimself  tbat  great  Sublime  be  draws. 

Thus  long  succeeding  Critics  justly  reign'd» 
Licence  repress'd,  and  useful  laws  ordain'd. 
Learning  and  Reme  alike  in  empire  grew; 
And  arts  still  fo]low'd  wbere  ber  eagles  flew; 
From  the  same  Foes,  at  last.  both  feit  their  doomi 
And  the  same  age  saw  Learning  fali  and  Rome. 
With  Tyranny,  then  Superstition  join'd, 
As  tbat  the  body,  this  ens]av'd  the  mind ; 
Much  was  believ'd,  but  little  understood. 
And  to  be  dull  ivas  constru^d  to  be  good; 
A  second  deluge  Learning  thus  o'er-runi 
And  the  Monks  íinish'd  wbat  the  Gotbs  begun. 

At  lengtb  Erasmus,  tbat  great  injiir'd  name, 
(The  glory  of  the  Priesthood*  and  the  shame !) 
Stem'd  the  ^iid  torrent  of  a  barb'rous  age, 
And  drove  those  b<dy  Vandals  off  the  sti^e. 


131 

Junto  àa  regrts  mab  clâm;  itlas  arnas 
Quê  em  deposito  temok  arraBJadaSi 
£  dispostas  com  graça ;  sempre  promptas, 
Não  para  vBo  recreio;  para  armar-nos 
Quando  seja  preciso  pegar  delias. 

Tu,  Longino  atre?ido  t  as  Musas  todas  (26) 
Com  poético  fogo  te  dotaram^ 
Inspirando*te  a  Crítica  sublime. 
Juii  ardente,  que  zelando  a  empresa, 
Com  calor  senlencèa,  e  sempre  6  justo  t 
Suas  leis  fbrti6cam  seus  exemplos ; 
Elie  é  o  mesmo  Sublime  que  descreve. 

Por  longo  tempo  assim,  e  com  justiça, 
Os  sueeessivos  Criticos  reinaram, 
Reprimindo  a  desordem,  leis  impondo. 
Roma  e  Sciencia  unidas  prosperaram; 
£  das  águias  no  rasto  as  artes  foram ; 
Ambas*  em  fim,  dos  mesmos  inimigos 
Cederam  ao  rigor;  ambas  findaram; 
A  um  tempo  Roma  e  Lettras  se  acabaram.  {27) 
Superstiçlo  uaio  co'  a  Tyrannia 
A  escravidBo  do  animo  e  dos  povos; 
Muito  se  creo,  mui  pouco  se  entendia, 
E  julgou-ee  ser  bom  ignorar  tudo: 
Caio  novo  diluvio  sobre  a  terra ; 
Dos  Godos  a  irmpçao  rematam  Frades.  (28) 

Erasmo  em  fim,  tSo  censurado  e  grande,  (29) 
(Gloria  do  Clero,  mas  também  vergonha) 
Á  torrente  selvagem  resistindo 
De  uma  barbara  idade,  audaz  expulsa 
Esses  beatos  Vândalos  da  scena. 


122 

But  seel.aMà  Hwe^.Ni  Leo's  golden.days*  <     • 
Slarts  froro  her  traôeè»  4iod  trimtf  her  ^ilhQr'4  fai^B; 
Bome's  aqoieqt.^Gepias»  o'er  Us  ruins  sppedd, 
Sbakes  off  tbe  dust,-  and  rears  bis  rev-reod  h^ad.  • 
Then  Sculpture  and  ber'  sialer^rta  revive ;  ' 

Stones  ]e8p'd  to  forro,  and  rocks  began  to  live; 
With  atreetfiir  tiotea  Mcfa.  ifiaing  Tjemplejruiig^  ' 
A  Rapbael  paiotedy  aod  aiViid&.fiung*  >  •     ^ 

Im mortal  Vida:  on  wkoEé  honoard  brow 
Tbe  Poefs  baja^sod  Griiic'!i  ji^y  groiv: 
Cremona  now  ahall  ever  beast  ,thy  tiame,     .  . 
As  next  in  place;ta  Ifafitua,  aext  in  fiamê! 


j.  j 


But  soon  by  impious  arms  from  Latiun)  cbas^d, 
Tbeir  ancientbouudstbe.baBisb^d  Moses  pása^d* 
Tbence  Arts  o'er  ali  ithe.  mrtbem  tf orid  aévaoee,  > 
But  Critic-leanHng;:ilourisb'.d  finoat  JQ  f  ráaeisa  ^  •    * 
The  ruies  a  nfition,  boro  to  sènrefobeys;  '« 

And  Boileau  stiil  iú  right  oT  HoraoeswèySi  - 
But  we,  brave  BrtCMSfifareigo  láMrd  dlsspís'd^. 
And  kcpt  uncoQquer'd>.isnd  liDeivilíz'd ;    .  •  .s     ' 
Fiérce  Cor  ihé  líbertiet  t^f  \frit^  «aiibold»       ^  «m  ^ 
We  stilI  defy^d  tbe  Bomoiis,  as  of^kL  [ 

Yet  some  tbere  iv6re,^alfeioôg  dbe^  soiíndér  4bnr     "* 
Of  tbose  wbo  lesspresnm-d/  ndhetter  'koewv' 
Wbo  durst  asserfc  Ibè  JQstcr  anttcbt  caoae^ 
And  bere  re8tor'd  Wií'é  fuoditoeiítal  hynj^ .'  *  >  ^ 
Sucb  vnii  tbe  iMiile,':^vtfbose  roles  «nd  pracUcd  teHi 


r  .        •/ 


.  .'.  V 


I  • » 


•  /; 


Mis^ade.conMrcad^MiiMi  surlfei^     '  -  '^ 
Ho»  dias  d 'Aura  de  Leio,  compond»  (30)    •• 
Na  frente  Mgusta  os  bilres,  ifoasi  oufchsBi 
D  eQire  a«  ruioas  me  também  a  Geuío^ 
Da  antiga  Roma^  ^  musgo,  o  pó  sacode,  • 
£  a  veoeraodft  faoe  is  geotea  aioitrá.         ' 
A  EsculpUira  roo'  as  artes  irmia  torna;  '' 
As  pedras  rprma  tomam,  rachai  tíimi;  -    :     •;     1 
Nos  Templos  ooffoa,  deões  âmtos  símaí';  '    '  * 

Um  Rapbaoldeseoba,  um  Vida  ceota!:  (SI)  '  * 
Immofftal  Vida !  en  cuja  booradá  tebta;  *:  •  ■- 
O  poeiíeo  louro  brota,  e  crescem  '    * 

As  beras  do  Cctiaor,  do  MestrO' .insigne:!  "  \:  - 
Teu.Maaoapfilaudirá  Gremona  sempre,'  *!  -< 

Como  perto  de  Ifaotuo,  e  perto  em  Cana {  (32)^:  «t 


Mas  cÊdo,  ptlaa  ímpias,  armas,-  cedo  - 
Expulsadas  ití  Lacto,  degradadas, 
O  limite  primeiro*  as  Musas  passasi.    ' 
O  Norte  frio  então  acolhe  as  artes, 
Mas  a  Critita  em  França  é  qMe  floreee; 
As  regras  n  nação  servil  submettem ; 
Co  sceptro  de  Venusa  Boileau  reina. 
Vós,  [Bretões !  que  zombais  de  leis  estranbas, 
Não  TOS  vence  ninguém,  nem  civilísa: 
Altivos,  por  pensar  com  liberdade, 
Dais  a  Roma  atrevido  desafio^ 
Insultais  mesmo  a  seria  antiguidade. 
Comtudo,  certos  ha,  poucos,  mas  justos. 
Que  mais  sabem,  porém  menos  presumem; 
Que  pugnar  ousam  pelo  jus  de  antigos, 
E  restaurar  as  priscas  leis  do  Ingenho. 
Tal  era  a  Musa  cujo  exemplo  e  cunlo  (33) 


*  I 


124 

«Natare'g  chief  Master^piece  is  writing  wreW.i^ 

Such  vas  Rôteomiiioay  not  more  leara^d  tban  gcNid, 

With  mamera  gen'roo8  as  bis  noble  blood ; 

To  him  tbe  Wit  of  Greece  and  Rome  was  kown, 

And  ev'ry  autbor's  merit,  but  bis  own. 

Sucb  late  was  Walsh — Ibe  Muse'8  jadge  and  friend» 

Wbo  justlj  knew  to.Uame  or  to  commend; 

To  failiogs  mild,  but  zealous.  for  desert; 

Tbe  dearest  head,  and  tbe  siocerest  heart 

Tbis  bi|it»ble  praise,  lamented  sbade!  receivet 

Tbis  praise  at  least  a  grateful  Muse  may  give: 

Tbe  Muse,  wbose  early  voice  you  toogbt  to  síng» 

Prescrib'd  ber  heigbts,  and  prun'd  ber  tender  witig, 

(Her  guide  oow  lost)  no  more  attempts  to  rise, 

But  in  low  Dumbers  sbort  excursions  tries : 

Content,  if  bence  tb'  unlearo'd  tbeir  wants  may  view, 

The  Íeam'd  rellect  on  wbat  before  tbey  knew; 

Careless  of  censure^  nor  too  fond  of  fame; 

Slill  pleas'd  to  praisoi  yet  not  afraid  lo  blame; 

Averse  alike  to  flatter,  or  offend ; 

Not  free  from  faults,  por  yet  too  vain  to  niend« 


125 

Este  axioma  docemente  exprime: 
«  Bem  compor  é  primor  da  Natureza. » 
Tal  RoscommoD,  tão  justo  como  sábio,  (34) 
Era  em  modo  t8o  nobre  como  em  sangue; 
Conhecia  de  Roma  e  Grécia  os  Génios, 
E,  excepto  o  seu,  o  mérito  de  auctores. 
Tal  foi  Walsh,  juiz  da  Musa,  e  amigo,  (36) 
Que  o  louvor  e  censura  exacto  dava; 
Brando  nas  faltas,  mas  cioso  sempre 
Da  perfeiçlo  e  graça  dos  discursos; 
Claro  d'ingenho,  e  coraçlo  sincero. 
Sombra  chorada !  este  epícedio  acceita. 
Que,  ao  menos  grata,  a  Musa  te  dedica : 
A  Musa,  cuja  fraca  voz  guiaste 
Para  cantar  em  tom  mais  levantado. 
Que  ajudaste  a  subir,  e  a  que  aparaste 
Das  tenras  azas  as  inúteis  plumas. 
Sem  mestre  agora,  já  subir  n8o  ousa. 
Vai  terra  a  terra  os  graves  tons  soltando: 
Feliz,  se  nelles  podem  ver  seus  erros 
Os  ignorantes;  e  se  encontram  sábios, 
Reflectindo,  o  que  já  sabiam  d'antes: 
Sem  sátiras  temer,  e  sem  desejo 
De  fama,  approvaçSo  comtudo  estimo: 
Pouco  receio  os  golpes  da  censura ; 
Repugna-me  offender,  ou  dar  lisonja: 
Terei  faltas  talvez;  pouco  me  custa 
Submeité-las  á  emenda,  quando  é  justa. 


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NOTAS. 


WOTAS 


AO 


ENSAYO  SOBRE  A  CRITICA. 

(1)  É  fnais  raro  eníre  os  Crkicos  o  gosto,  -*-  La  Bruyère 
dii  muito  judiciosameDle :  «Concedo  que  os  bons  escriptores 
slo  bestantemeole  raros;  mas  pergunto,  onde  estão  os  homens 
qoe  sabem  ler  e  julgar?  A  uniSo  destas  qualidades,  que  raras 
vezes  se  encontram  na  mesma  pessoa,  parece  indispensável- 
mente  neceenaria  para  formar  um  hábil  Critico;  deve  possuir 
um  senso  recto  e  vigoroso,  uma  imagioaçSo  viva,  e  uma  esqui- 
sita sensibilidade.  Destas  três  qualidades  a  ultima  é  a  mais 
importante;  porque,  digam  o  que  quiserem  sobre  a  utilidade 
ou  necessidade  das  regras  e  preceitos,  é  forçoso  confessar  que 
o  merecinaento  de  todas  as  obras  de  ingenho  decide-se  pelo 
gosto  e  sentimento.  —  Por  que  razio  vos  admirais  tanto  da 
HMena  de  Zeuxis?  (dizia  um  curioso  ao  pintor  Nicostrato)  — 
Nao  estranharieis  que  eu  a  admire  tanto,  (respondeo  o  pintor) 
se  tivésseis  os  meus  olhos. 

(2)  FaUo  saber  bom  senso  desfigura: — «Plus  sine  doctrina 
prudeotía,  quam  sine  prudentili  valet  doctrina.  —  Quintíliano. 

(3)  Atisíai  os  limiles  até  onde  —  O  genio^  o  gosto^  o  saber 
vosfo  chega :  —  Horácio  já  nos  deo  este  conselho  na  sua  Arte 

Poética : 

Sumite  fiuuertàm  vestriSf  qui  scribitis,  esquam 

ViribuSf  et  versais  diu  quid  fsrre  reeusentt 

Quid  valeanl  humeri 

Tomo  V.  ^ 


130 

(4)  Uma  scienda  pede  um  génio  inteiro:  etc. — Neste  par- 
ticular, como  em  outras  cousas,  é  notável  a  modéstia  e  bom 
juízo  dos  antigos.  Um  escriptor  de  dramas»  por  exemplo»  nunca 
se  abalançava  a  emprehender  mais  do  que  uma  espécie  de 
poesia  dramática :  um  poeta  nunca  se  intromettia  a  advogar  em 
publico»  ou  a  escrever  a  historia,  ou  alguma  obra  considerável 
em  prosa:  os  mesmos  actores  nunca  recitavam  a  tragedia  e  a 
comedia.  Isto  mesmo  j6  observara  Platio  no  terceiro  livro  da 
sua  Republica.  Estavam  persuadidos  de  que  a  diversidade»  ou 
para  melhor  dicer»  universalidade  de  excellencia,  a  que  os  mo- 
dernos frequentemente  aspiram»  é  um  dom  que  o  homem  nto 
pôde  conseguir. 

(5)  Obtertai  como  a  seAia  Greda  tndíca»  etc.  —  Na  se- 
gunda parte  do  Aviso  de  Shaftesbury  a  um  Aactor  se  encontra 
uma  relação  judiciosa  e  elegante  da  origem  e  pn^resso  das 
artes  e  sciencias  na  Grécia  antiga;  a  cuja  espécie  de  assumpto 
{ftra  para  desejar  que  este  escriptor  se  houvesse  limitado;  por- 
que indisputavelmente  o  entendia  muito  bem»  segundo  a  opi- 
nião do  Dr.  José  Warton»  que  deo  á  luz  em  1787  uma  bella 
edição  das  obras  de  Pope,  estimável  pelas  notas  e  commentarios 
que  o  editor  lhe  addicionou. 

(6)  Lede  e  relede  o  texto ;  comparais  —  comiigo  meimo  ; 
etc.  —  Ainda  que  pareça  talvez  impossível  apresentar  observa- 
çSes  novas  sobre  Homero  e  Virgilio»  depois  de  tantos  volumes 
de  critica  publicados  acerca  delles;  todavia  as  seguintes  teem 
uma  novidade  e  agudeza  em  si  que  por  ventura  poderão  inte- 
ressar o  leitor»  principalmente  sendo  summamente  raro  o  pe- 
queno Trattado  de  que  foram  tiradas: 

«cQus  variae  inter  se  notee  atque  imagines  animorum»  a 
principibus  utriusque  populi  poetis»  Homero  et  Virgilio»  míri- 
ficè  exprimuntur.  Siquídem  Homeri  duccs  et  reges  rapacitale» 


131 

iibídine»  atqoG  anílibus  questibus,  lacrymisque  puerílibus  Gr«p* 
cam  levitatem  et  inconstantiani  referuDt.  VirgiliaDÍ  vero  prin* 
cipes,  ab  eximio  poeta,  qui  Romaiue  severitatis  fastidiaro»  et 
Latinam  saperciiiam  verebatur»  et  ad  heroum  popolum  loque- 
bator,  ita  compoDuntur  ad  majestatem  cousularem ;  at  qoainvis 
ab  Asiática  mollitie  luxoqae  venerint,  inter  Furios  atque  Clau- 
dios  nati  educa^ique  videantur.  Neqoe  suam,  uilo  actu,  iEneas 
originem  prodidisset,  nisi»  a  praeractiore  aliquanto  pietate,  fu** 
disset  crebro  copiam  lacrymarum.  Qua  meliorem  expressione 
moram  hac  aBtate,  non  modo  Vírgih*us  Latinonim  poetarum 
priocepa,  aed  quivis  inflatissimas  vernaculoram,  Homero  prae- 
fertor:    cum  hic  ânimos   proceribus  indorit  suos»   ille  vero 
alienos.  Quamobrem  varietas  moram,  qui  carmine  reddebantar, 
et  hominum  ad  quos  ea  dirigebantur,  inter  Latinam  Graecam- 
que  poesin,  non  inventionis  tantum  attulit,  sed  et  elocntionis 
discrimen  iliud,  quod  prsecipue  inter  Homerum  et  Vírgilium 
deprehenditur;   cum  sententias  et  ornamenta,  quae  Homerus 
sparserat,  Virgilius,  Romanorum  aurium  causa,   contraxerit; 
atque  ad  mores  et  ingenía    retulerit  eorum,  qui  a  poesi  non 
petebant  publicam  aut  privatam  institutionem,  quam  ipsi  Marte 
soo  iovenerant;  sed  tantum  delectationem. »  (J*  VincetUii  Gror- 
tiwB  de  Poesip  ad  5.  Maffnwa.  Epist.  aecrueentada  ao  mu 
Tratiado  Delia  Ragione  Poética.  In  Ncg^if  1716,  pag.  239. 
250;.  (Nota  do  Lr.  Warton). 

(7)  Quando  na  mente  immensa  o  moço  MarOf  etc.  — É 
tradição  conservada  por  Senrío,  que  Virgilio  começara  por  es- 
crever om  poema  dos  successos  de  Alba  e  Roma ;  e  que  achan- 
do-o  superior  á  sua  idade,  se  humilhara  a  imitar  primeira- 
mente Theocrito  sobre  as^mptos  campestres,  abalançaado-se 
depois  a  copiar  Homero  na  poesia  heróica. 

(8)  Bem  como  se  presente  o  Stagirita^  etc.  —  Segundo  um 

Tomo  V.  9  • 


132 

excellente  preceito  de  Loogino»  do  cap.  14.^  do  seu  Trattado 
do  Sublime»  exhortaudo-nos,  que  quando  aspirarmos  a  expressar 
alguma  cousa  elevada  e  sublime»  perguntemos  a  dós  mesmos: 
—  Como  se  teriam  exprimido  neste  assdmpto  Homero,  ou 
PlatSo»  ou  Demosthenes?  E  ainda  melhor,  se  tornarmos  a  per- 
guntar:—  Que  pensariam  Homero  ou  Demosthenes,  se  esti- 
vessem presentes»  e  ouvissem  esta  passagem;  e  que  impressão 
lhes  teria  feito?  (Nota  de  Wartan.) 

(9)  50  ande  cu  regra»  não  chegam  quanto  basta^  etc.  — 
«Neque  enim  rogationibus  plebisve  scitis  saocta  sunt  ista  prse- 
cepta»  sed  hoc»  quicquid  est»  utilitas  excogitavít.  Non  negabo 
antem  «ic  utile  esse  plerumque;  verum  si  eadem  illa  nobis 
aliud  suadebit  utilitas»  bane»  relictis  magistrorum  auctoritati- 
bus»  sequemur.D  ( Quinlilianot  liv.  11.^  cap.  iS.^j 

(10)  Nem  sempre  desenvolve  um  Chefe  sabio^  etc.  —  Não 
será  fora  de  propósito  memorar  a  seguinte  observação  da  Ros- 
commoo  sobre  o  mesmo  objecto:  «A  maior  parte  daquelles 
trechos  que  alguDS  tomam  por  descuido  é  arte  estudada.  Quan- 
do algum  verso  de  Virgílio  vos  pareça  insignificante»  reparai 
que  não  é  mais  que  um  despertador  que  serve  de  signa  I  para 
excitar  a  vossa  phantasia»  e  preparar  a  vossa  vista  para  alcançar 
a  nobre  altura  de  algum  vôo  extraordinário.  )> 

(11)  Nào  cabeda  Homero;  nós  sonhamos.  —  «Modeste»  et 
circumspecto  judicio  de  tantis  viris  pronunciandum  est»  ne 
(quod  plerisque  accidit)  damnent  quod  non  intelligunt.  Ac  si 
necesse  est  ío  alteram  errare  partem»  omDia  eorum  legentibus 
placere»  quam  multa  displicere  maluerim.  d  (Quintiliano). 

Racine  applicou  esta  linda  passagem  a  Perrault  e  a  La 
Motte»  quando  elles  pertenderam  moDoscabar"^  antigos  na  sua 
famosa  controvérsia. 


133 

(f2)  De  louros  verdes  inda  ornados  vemos  —  os  antigos 
altares^  etc.  —  «  Todos  os  inventos  e  pensamentos  dos  antigos» 
oa  nos  fossem  transmittidos  em  estatuas»  baixos-relevos»  enta- 
lhadaras,  camafeus,  ou  cunhos»  merecem  ser  procurados  e  es- 
tudados cuidadosamente.  O  génio  què  revoa  sobre  essas  vene- 
randas relíquias  pôde  chamar-se  o  Pae  da  Arte  moderna. 

a  Do  restante  das  obras  dos  antigos  renasceram  as  Artes 
rooderaas ;  e  dessa  mesma  sorte  se  h8o  de  restabelecer  segunda 
vez.  Entretanto,  por  mais  que  se  mortifique  a  nossa  vaidade» 
vemo-nos  obrigados  a  reconhecé-los  por  nossos  mestres;  e  po- 
demos atrever-nos  a  prophetisar,  que  quando  deixarem  de  ser 
estudados,  as  Artes  cessarão  de  florecer,  e  tornaremos  a  cair 
na  barbárie.  9  (Reynold), 

(13)  Nõo  nos  fiemos  de  nós  mesmos;  qtiondo  —  quixermos 
descobrir  nossos  defeitos^  etc  — A  correcçSo  é  uma  das  mais 
árduas  tarefas  para  qualquer  auctor;  por  ser  dilBcil  conhecer 
até  que  ponto  deve  ser  levada.  Quintiliano  fei  muitas  observa- 
ções acertadas  e  úteis  sobre  esta  matéria.  Talvez  que  o  excesso 
da  correcçSo  tenha  produzido  tantos  damnos,  como  o  total  des- 
prezo delia.  A  lima  ás  vezes,  em  lugar  de  polir,  gasta  a  sub- 
stancia a  que  é  applicada.  Akenside  deteriorou  bastante  o  seu 
poema  com  a  demasiada  correcção.  Ariosto,  por  mais  fácil  e 
familiar  que  pareça,  fez  muitas  e  grandes  alterações  no  seu 
poema  encantador.  Algumas  máximas  de  Rochefoucauld  foram 
emendadas  e  escríptas  novamente  mais  de  trinta  vezes.  As 
Cartas  Provençaes  de  Pascal,  modelo  do  bom  estilo  na  lingua 
franceza,  foram  submettidas  aojuizo  de  doze  membros  dePort- 
Rojai,  que  fizeram  nellas  muitas  correcções.  Voltaire  diz — que 
em  todos  os  livros  doTelemaco  de  Fenelon,  cujo  original  tinha 
visto,  não  havia  dez  emendas  e  alterações.  Tudo  quanto  se  pôde 
dizer  a  respeito  da  correcção  contém-se  nestas  poucas,  mas 
incomparáveis,   palavras  de  Quintiliano,  no  liv.  10.^  cap.  3.^: 


134 

«Hujus  operis  est»  adjicere,  detraheret  mutare.  Sed  facilius  in 
bis  simpliciusque  judiciunit  qu8e  replenda  vel  dejicienda  sunt; 
premere  vero  turoentia,  humília  extotlere»  luxuriantia  astrin- 
gere»  inordinata  dirigere,  soluta  componere»  exultantia  coer- 
cere»  duplicis  opers. »  (Nota  de  WwrUm). 

(14)  Asêim  primeiro f  commettenio  alegres  —  os  turri ficas 
AJpeSf  etc. — ODr.  Joohson  julga  ser  este  simíle  ornais  apto» 
o  mais  próprio  e  o  mais  sublime  de  quantos  ba  na  liugua  in- 
gleza.  Eu  coufesso  d&o  ser  desta  opinião;  porque  me  parece 
ter  sido  evidentemente  suggerido  pela  seguinte  passagem  das 
obras  de  Drummond,  pag.  38»  tn  4.^ — «Qual  o  peregrino 
que  atravessa  os  Alpes,  ou  a  frente  do  Atlas,  coroada  dos  in- 
vernaes  gelos,  o  aéreo  Cáucaso,  o  Apenino,  ou  os  penbascos  dos 
Pyrenneos,  onde  nunca  raia  o  sol;  e  que  depois  de  ter  vencido 
alguns  cabeços  dos  outeiros,  começando  a  lerobrar-lbe  o  des- 
canço  por  julgar  concluida  a  jornada ;  ao  subir  de  novo  alguma 
elevada  montanba,  encontra  diante  de  si  mais  altas  serras  do 
que  atraz  deixara ; »  Veja-se  também  Silio  Itálico,  liv.  3.^  528. 

(Nota  de  WarUm). 

(15)  Assim  quando  um  zimbório  bem  lançado^  etc.  *— Pa- 
rece fallar  do  Pantbeon,  ou  talvez  da  Igreja  de  S.  Pedro  em 
Roma;  seja  porém  qual  fôr,  a  observação  é  verdadeira  a  res- 
peito de  ambos  os  monumentos. 

(16)  Consta  que  um  dia  o  Paladim  da  Mancha^  etc.  — 
Este  breve  conto  é  extrabido  da  segunda  Parte  de  D.  Quixote, 
escripta  originariamente  por  D.  Alonzo  Hemandes  de  Avella- 
nada;  e  depois  traduzida  ou  imitada  pelo  famoso  Le  Sage,  aa- 
ctor  de  Gil  Braz  de  Santillana. 

( i  7)     As  maneiras j  paixões^  as  unidades,  —  Que  as  dua» 


135 

unidades  de  tempo  e  lugar  nunca  foram  observadas  pelos  três 
Eieriptorea  gregoa  da  Tragedia,  está  sobejamente  demonstrado 
no  i.''  capitulo  da  muito  judiciosa  obra  deHetastasio  intitulada 
=s  EêtraUo  delia  Poética  d'ArisioteU ;  obra  cbeia  de  gosto  e  de 
juim,  e  ijAie  tem  dnplícaâo  valor  por  ser  de  um  homem  tSo 
hibil,  e  ha  tanto  tempo  versado  na  arte  dramática ;  sendo  mui- 
tas das  suas  composições  tragadas  com  o  maior  discernimento, 
e  die  mesmo  nm  dos  mais  elegantes  e  verdadeiros  poetas  que 
tem  prodttiido  a  Itália.  Quem  quizer  entender  perfeitamente  a 
Poética  de  Aristóteles  deve»  na  minha  opinião,  ler  attentamente 
este  seu  Extracto.  (Nola  de  WarUm). 

(18)  Infdizs  qual  Peralta  na  comediaf  etc. — Âllusio  a 
uma  comedia  de  Ben  Johnson,  intitulada  =  Um  homem  fára  do 
seu  génio. 

(19)  A  Itmoiheo  eêeuiai  nos  eons  variados f  etc.  —  Âllude 
á  Festa  de  Alexandre^  ou  o  Poder  da  lUusicat  admirável  Ode 
composta  por  Dryden. 

(20)  Quando  um  Monareha  todo  a  amor  se  entrega^  etc. 
— Allusio  ao  reinado  de  Carlos  2.^  de  Inglaterra,  que  abrio 
caminho  á  mais  descarada  lascivia,  como  diz  o  Dr.  Warburton 
no  Gommentario  que  fez  a  este  Ensayo  de  Pope. 

(21)  De  um  reino  estranho  a  libertina  moda^  etc.  —  Âllude 
ao  reinado  de  Guilherme  S."*,  Principe  d'Orange,  cujo  caracter 
foi  totalmente  oppoato  ao  do  seu  predecessor  Carlos  2.'' 

(22)  Mas  Appio  daqui  ve/o  esbravejando,  etc.  —  Aqui  âl- 
lude o  Poeta  a  um  Critico  de  profissão,  e  furioso,  chamado 
Jiâo  Diniz,  que  sem  provocação  alguma  escreveo  contra  este 
Eosayo  e  seu  auclor  como  um  louco  rematado. 


136 

(23)  O  grande  Siagiriia^  que  primeiro^  ctc.  —  Justa  «Ta- 
líaç2o  do  nobre  caracter  de  Aristóteles»  o  fwimeiro  e  o  melhor 
dos  Críticos.  Quem  observar  a  variedade  e  perreiçio  das  suas 
producções,  concebidas  no  estylo  o  mais  puro  e  na  ordem  a  mais 
clara,  com  a  mais  solida  concisto,  ba  de  forçosamente  ^pasmar 
da  grandeza  do  seu  ÍDgenbo.  A  sua  Lógica,  nio  obstante  achar* 
se  presentemente  desprezada  pelos  rudimentos  e  systemas  yer^ 
bosos  que  tiram  sua  origem  do  Ensayo  de  Locke  sobre  o  En- 
tendimento Humano»  é  um  poderoso  esforço  do  espírito»  em 
que  se  descobrem  as  principaes  fontes  da  arte  de  discorrer»  e 
a  dependência  de  uns  pensamentos  com  outros;  e  em  que  o 
philosopho»  por  differentes  combinações  que  fez  de  todas  as 
formas  que  o  entendimento  pôde  tomar  discorrendo»  o  restrín- 
gio  tao  rigorosamente»  que  se  nSo  pôde  apartar  delias  sem  se 
mostrar  inconsequente.  A  sua  Pbjsica  encerra  muitas  observa- 
ções úteis»  particularmente  a  Historia  dos  Animaes»  grande- 
mente louvada  por  Buffon :  para  o  ajudar  nesta  empreza  orde- 
nou Alexandre  que  a  todo  o  custo  se  conduzissem  producçôes 
de  differentes  climas  e  paizes»  para  elle  as  examinar.  A  sua 
Moral  é  talvez  o  systema  mais  puro  da  antiguidade.  A  sua  Po- 
litica o  monumento  mais  precioso  da  sabedoria  dos  antigos» 
Gonservando-nos  a  descripçdo  de  vários  Governos»  e  particular- 
mente de  Creta  e  Carthago»  que  de  outra  sorte  nos  seriam 
desconhecidos.  Mas  de  todas  as  suas  composições»  a  Rhetorica 
e  a  Poética  s9o  as  mais  excellentes.  Nenhum  escríptor  mostrou 
maior  penetração  nos  escoodrijos  do  cofaçio  humano  do  que 
este  philosopho  no  II.  livro  da  sua  Rhetorica»  em  que  tratta 
dos  differentes  costumes  e  paixões  que  distinguem  cada  idade 
e  condição  do  homem»  e  donde  Horácio  evidentemente  extrahio 
a  sua  famosa  descripçSo  que  começa  no  verso  158  da  Arte 
Poética.  Bruyère»  Rochefoucauld»  e  o  próprio  Montaigne»  nlo 
se  podem  comparar  com  elle  a  este  respeito.  As  suas  Poéticas» 
a  que  principalmente  se  refere  Pope  neste  lugar»  parece  terem 


137 

escripUs  para  aso  daquelie  Príncipe  (Alexandre  Magno) 
cttja  educação  lhe  fdra  confiada.  Querer  entender  de  Poesia 
sem  faater  cuidadosamente  retolvido  este  trattado,  seria  tão 
diBurdo  e  impossível  como  pertender  saber  Geometria  sem  ter 
estudado  £udides.  Os  capítulos  U.\  15A  el6.%  onde  mostra 
o  methodo  mais  próprio  de  excitar  terror  e  piedade,  bastam 
para  ccofeocer  de  que  intimamente  conhecia  os  objectos  que 
maia  poderosamente  com  movem  o  coração.  A  primeira  excellen- 
cia  deste  precioso  trattado  é  a  concisão  escholastíca,  e  a  con* 
nexio  phílosophica  com  que  o  assumpto  é  manejado»  sem  se 
dirigir  ás  paixdes  ou  á  imaginaçXo.  É  para  lamentar  que  a 
parte  da  Poética  em  que  elie  dera  os  preceitos  para  a  comedia 
não  chegasse  também  á  posteridade.        (Nota  de  Warton). 

(24)  Como  DUmgiio  apura  os  pensamentos  —  Do  Vaie 
Homero! — Falia  de  Dionysio  de  Haliearnasso,  que  comraen- 
tou  a  Homero»  e  compoz  om  admirável  livro  sobre  a  estructura 
da  oraçSo,  no  qual  desenvolveo  todas  as  artes  secretas  que  fa- 
Km  a  composição  harmoniosa.  Uma  parte  deste  livro,  isto  é, 
desde  o  principio  da  secção  21."  até  ao  fim  da  24.*,  é  talvez 
uma  das  obras  mais  ateis  que  existem  sobre  Critica. 

(25)  No  externo  livro  de  QunUilio  grave^  etc.  —  Allusao 
is  lostituiçOes  Oratórias  de  Quintiliano,  um  dos  roais  judiciosos 
e  elegantes  escriptores  da  antiga  Roma,  a  respeito  do  qual  diz 
Warton  que  nenhum  auctor  adornou  como  elle  um  trattado 
scientifico  com  tantas  metaphoras  bellas. 

(26)  7Vi,  Longino  atrevido !  etc. — Espirituosa  eviva  após- 
trophe  ao  celebre  philosopho  Longino,  mestre  de  Zenobia,  Rai- 
nha de  Palmyra,  do  qual  existe  o  Trattado  da  Dicção  Sublime^ 
qae  foi  commentado  porBoileau  Despreaux,  e  se  acha  traduzido 
por  Filinto  Elysio  na  collccção  das  suas  obras  feita  cm  Paris. 


138 

(27)  A  um  tempo  Rama  e  LMras  se  aeabareun. -^  A  Itt- 
teratura  e  as  artes,  que  floreceram  em  tão  subido  gráo  no  rei- 
nado d'Augasto,  foram  gradualmente  declinando  por  moitas 
causas  que  concorreram;  pela  vasta  extensSo  do  Império  Bch 
mano,  e  despotismo  que  se  seguio  e  sopeou  todo  e  qualquer 
esforço  nobre  do  espirito;  pelo  governo  militar,  que  tornou 
precárias  a  vida  e  a  propriedade,  e  coos^uintemente  destruio 
até  as  artes  necessárias  da  agricultura  e  fabrieaçSo;  e  pela  ir- 
rupção das  nações  barbaras,  occasionada  e  facilitada  por  seoM* 
Ihante  estado  de  cousas.  No  século  XL  o  povo  cbrístâo  preei* 
pitou-se  na  mais  baixa  ignorância  e  brutalidade ;  até  que  o 
casual  descobrimento  das  Pandectas  de  Justiniano  em  Amalfi 
na  Itália,  pelos  annos  de  1130,  principiou  a  despertar  o  a 
desenvolver  os  espíritos  dos  homens,  apresentando-lhes  uma  arte 
que  daria  estabilidade  e  s^urança  a  todas  as  outras  que  sus- 
tentam e  embellezam  nossa  vida,        (Naía  dfi  Warítm). 

(28)  Das  Godos  a  irrup!^  rematam  Frades,  —  Naquelles 
séculos  de  ignorância,  os  Frades  foram  os  únicos  que  mostra- 
ram gosto  e  amor  ás  Bellas-Lettras.  Pede  pois  o  reconheci- 
mento que  os  louvemos  pelo  trabalho  e  applicaçto  com  que  nos 
transmittiram  os  auctores  celebres  da  antiguidade;  e  requer  a 
justiça  que  attribaamos  á  infelicidade  dos  tempos  em  que  viviam 
tudo  o  que  ha  de  bárbaro  e  grosseiro  nos  seus  escriptos, 

(Nota  do  Abbade  Besnel). 

(29)  Erasmo  emfim  too  censurado  e  grande.  — *  Este  homem 
nasceo  em  Rotterdam  no  anno  de  1467,  do  commercío  illc- 
gitimo  de  um  cidadão  de  Goude,  chamado  Pedro  Gérard,  com 
a  filha  de  um  medico.  Até  á  idade  de  9  annos  foi  menino  do 
coro  na  Cathedral  de  Utrecbt:  aos  14  perdeo  seus  pães;  e  aos 
17  foi  obrigado  por  seus  tutores  a  metter-se  Gonego-regular 
de  Santo  Agostinho,  sendo  elevado  ao  sacerdócio  pelo  Bispo  de 


139 

Utrecht  logo  que  fei  os  25.  Depois»  com  o  6m  de  aperfeiçoar 
os  seas  talentos,  viajou  pela  França,  pela  Inglaterra»  e  pela 
Itália.  Besidio  qoasí  um  aono  em  Bolonha,  e  ahi  tomou  em 
1506  o  gráo  de  Doutor  em  Tbeologia.  De  Bolonha  passou  a 
Veneia,  depois  a  Pádua,  e  ultimamente  a  Boma,  onde  os  seus 
escriptos  já  eram  conhecidos.  O  Pootifice,  os  Gardeaes»  partí- 
cuiarmente  o  de  Hedicis  (depois  Lefio  X.)»  procuraram  a  sua 
coiiTÍ?eiicia,  e  o  applaudiram  muita  Naquella  cidade  poderia 
elle  ter  adquirido  uma  posic>o  feliz  e  brilhante;  mas  os  seus 
amigos  de  Inglatara,  com  a  perspectiva  das  vantagens  que  lhe 
fariam  esperar  da  parte  de  Henrique  VUI,  admirador  enthu- 
siasta  dos  seus  talentos,  o  induriram  a  preferir  a  residência  em 
Londres.  Thêmás  Maruim  Ghanceller-mór  daqnelle  Beino»  deo-* 
lhe  um  aposento  em  sua  casa.  A  universidade  de  Oxford  coo- 
ferio-^lhe  uma  cadeira  de  professor  em  lingua  grega,  a  qual 
deaon  elle  para  se  retirar  a  Bariléa,  donde  muitas  vezes  sabia 
para  ir  visitar  os  Paizes-Baixos  e  a  Inglaterra.  De  todas  as  di- 
gnidades que  lhe  offereceram  diversos -Pontifices  e  Príncipes  da 
Europa,  nlo  acceitou  senão  a  de  Conselheiro  d'Estado  que  lhe 
deo  o  imperador  Carlos  Y.  Foi  o  homem  mais' discreto  e  mais 
douto  dos  seus  tempos;  e  a  elle  principalmente  se  deve  o  re- 
nascimento das  bellas-lettras,  as  primeiras  ediçdes  de  alguns 
Padres  da  Igreja,  e  a  Critica  s&  e  illustrada.  Fui  elle  quem 
reanimou  os  illustres  mortos  da  antiguidade,  e  inspirou  aos  seus 
contemporâneos  o  amor  dos  escriptos  delles.  Das  suas  produc- 
çSes  as  que  tiveram  mais  celebridade  foram  o  Elogio  da  Lou^ 
curo,  os  CoUoquiôSf  e  os  Adagioê.  Morrco  em  Basiléa  no  onno 
de  1536,  de  idade  de  70  annos. 

(30)  Mas  vede  como  cada  Muta  surge — Nos  dias  d* ouro 
de  teaOf  etc.  —  A  Historia  recorda-se  de  cinco  idades  do  mun- 
do em  que  o  espirito  humano  se  esforçou  por  um  modo  extraor- 
dinário, e  em  que  as  suas  producções  em  lilteralura  e  beltas- 


140 

artes  chegaram  a  uma  perfeiçSo  tal  que  oão  admitte  compara- 
ç&o  nos  outros  períodos. 

Al/  foi  a  idade  deFilippe  de  Macedónia»  em  cujo  tempo 
floreceram  Sócrates»  Plal&o»  Demostheoes»  Aristóteles»  Lysippo, 
Apelles»  Pbidias»  Praxíteles»  Thucydídes»  Xcnophoute»  Eschylo» 
Euripedes»  Sophocles»  Aristophaues»  Henandro»  PbilemoD.  A 
2/»  de  que  parece  não  haver  bastante  noticia»  foi  a  de  Ptolo- 
meo  Philadelphio»  rei  do  Egypto»  na  qual  appareceram  Lyco- 
phron»  Arato»  Nicandro»  Apollonio  Rhodio»  Theocríto»  Calii- 
macho»  Eratostbenes»  Philicho,  Erasistrato  o  Medico»  Timeo  o 
Historiador»  Cleantbes»  Diógenes  o  Pintor»  e  Sostrates  o  Archi- 
tecto.  O  mencionado  Príncipe  foi  quem»  pelo  amor  que  tinha  á 
sciencia»  ordenou  que  o  Testamento  Velho  fosse  traduzido  em 
Grego.  A  3.*  foi  a  de  Júlio  César  e  Augusto»  esclarecida  com 
os  illustres  nomes  de  Laberío»  Catullo,  Lucrécio»  Cicero»  Livio, 
Yarr&o»  Virgílio»  Horácio»  Propercío»  TibuUo,  Ovidio»  Phedro, 
VitruYÍo»  Dioscorides.  A  4/  foi  a  dos  Pontífices  Júlio  H.  e 
Leio  X.»  que  produziram  Ariosto»  Tasso»  Fracastorio»  Sanna«- 
zaro»  Vida»  Bembo»  Sadolet,  Machiavelo»  Guicciardioi»  Miguel 
Angelo»  Baphael»  Ticiano.  A  B/  foi  a  de  Luiz  XIV.  em  França» 
e  do  rei  Guilherme  e  Anna  em  Inglaterra»  na  qual»  ou  por  esse 
tempo»  floreceram  Comeille,  Molíère»  Racine,  Boileau»  La  Fon- 
taine»  Bossuet»  La  Rochefoucauld»  Pascal»  Bourdaloue»  Patru, 
Mallebranche»  De  Retz,  La  Bruyère»  St.  Real»  Fenelon»  Lnlly» 
Le  Sueur»  Poussin»  Le  Brun»  Puget,  Theodon»  Gerradon»  Ede* 
linck,  Nantevill»  Perrault  oArchitecto»  Dryden»  Tillotson»  Tem* 
pie»  Pope,  Addison»  Garlh,  Congrcve,  Rowe»  Prior,  Lee»  Swift» 
Bolíngbroke»  Atterbury,  Bojie,  Locke>  Newton»  Clarke,  Knel- 
ler»  Thornhill»  Jervas»  Purcell»  Mead»  Friend. 

(Nota  de  Wàríon). 

(31)     Um  fida  canta — Marcos  Jeronymo  Vida»  nascido  em 
Cremona  em  1470»  entrou  muito  novo  ainda  na  Congregação 


141 

dos  Cooegos-regulares  de  S.  Marcos  em  Mantua»  da  qual  sahío 
algum  tempo  depois,  e  passou  a  Roma»  onde  foi  recebido  dq 
dos  CoDegos«regulares  de  Latrão.  O  Papa  LeSo  X. ,  tendo  co- 
Dhecimento  delle  por  causa  do  seu  talento  poético,  deo-lhe  o 
Priorado  de  S.  Silvestre  em  Tivoli,  onde  compoz  o  seu  poema 
da  Chritíiadaf  que  o  Pontifico  lhe  havia  pedido.  Fallecido  este 
em  1521,  seu  successor  Clemente  VII.  quiz  também  ser  pro- 
tector de  Vido,  e  nomeou-o  para  o  Bispado  d'Alba  sobre  o 
Tanaro.  Betiraodo-se  para  esta  sua  diocese,  nella  se  distioguio 
muito  pela  sua  soilicitude  pastoral,  instruindo  o  povo  tanto  pela 
soa  eloquência  como  pelo  exemplo  das  suas  virtudes.  Âbi  mor- 
reo  em  1566,  deidade  de 96  annos.  Entre  asdifferentes  peças 
de  poesia  que  lhe  devemos,  notam-se]  principalmente,  1.^  A 
Arte  Poeiicaf  impressa  em  Roma  em  1 527,  e  junta  por  Mr. 
Batteux  ás  de  Aristóteles,  Horácio,  e  Boileau,  sob  o  titulo 
das  Quatro  PoeiicaSf  em  1771,  2  vol.  in  8.^ — 2.''  Um  poema 
icbre  o$  Bichos  da  Seda^  impresso  em^y&o  em  1537.  Dizem 
que  esta  é  a  mais  perfeita  das  suas  composiçSes.  —  3.*  Um 
poema  iobre  o  Jogo  do  Xadrez  (Scacehia  Ludus)f  que  se  acha 
na  edição  da  sua  Poética,  feita  em  Boma  em  1527.-4/ 
B/mm  de  rdms  Divinis,  impressa  em  Lovaina  em  1553. — 
5.*  Chriiíiados  lÀbri  eex,  em  Cremona,  1535,  in  4.^  Este 
poema  foi  muito  applaudido;  mas  teem-se  exprobrado  a  seu 
anctor  o  misturar  frequentemente  o  sagrado  com  o  profano,  c 
as  ficções  da  mythologia  com  os  oráculos  dos  Prophetas. 

(32)  Como  perto  de  Mantuaf  e  perto  em  fama! — Allude  a 
—  ff  Mantua  vm  miseriB  nimium  vicina  Cremonm  »  de  Virgílio. 

Esta  applicação  eucontra-se  na  ediçSo  da  Poética  de  Vida 
por  Basilio  Kennet  em  Oxford. 

(33)  Tal  era  a  Musa  cujo  exemplo  e  canto,  etc.  —  Este 
encómio  grangeou  a  Pope  o  conhecimento,  e  depois  a  constante 


142 

amizade^  do  Duque  de  Buckingham,  que  no  seu  Ensayo,  a  que 
aqui  se  allude,  seguio  o  methodo  de  Boileau»  discorrendo  8d>re 
varias  espécies  de  poesia  nos  seus  differentes  gráos. 

(Noía  de  Warím). 

(34)  Tal  Roseammonf  too  justo  como  sabio^  etc.  —  Dílkxi 
Wentworthy  conde  de  Roscommon,  poeta  inglez*  filho  de  Sir 
James  Dillon,  terceiro  conde  de  Roscommon,  nasceo  em  Irlanda 
pelos  annos  de  1633,  tempo  em  que  este  reino  era  governado 
pelo  i.^  conde  de  Strafford,  seu  thio.  Morreo  em  1684»  com 
a  reputação  de  um  homem  que  soubera  misturar  as  flores  da 
poesia  com  os  fructos  da  erudiçSo.  Conhecia  perfeitamente  os 
monumentos  antigos,  conhecimento  que  havia  adquirido  em 
uma  viagem  que  fizera  á  Itália.  Os  seus  poemas,  que  sSo  — 
Uma  traducçio  em  verso  inglez  da  Arte  Poética  d'HoraeiOf  e 
um  3tíayo  sobre  o  modo  de  traduzir  em  verso^  foram  reunidos 
€om  as  Poesias  de  Boebester,  e  teem  sido  impressos  muitas 
vezes.  Fenton  colloca  Roscommon  na  1.*  classe  dos  poetas  da 
sua  naçSo,  pelo  que  respeita  ao  género  didáctico. 

(35)  Tal  foi  Walshf  etc— Guilherme  Wabh,  nasddo  em 
Abberley,  no  condado  de  Worcester,  em  1663,  e  fallecido  em 
1708,  foi  quem  ensinou  a  Pope  a  arte  da  versificação.  Dryden 
chamava-^lhe  o  melhor  Critico  da  Inglaterra.  As  suas  cartas  a 
Pope  teem  por  objecto  a  comedia  pastoril  dos  italianos,  e  sBo 
muito  bem  escriptas,  na  opinião  do  Dr.  Warton.  Pope  conser- 
vou sempre  delle  uma  lembrança  muito  honrosa,  como  bem  o 
manifestam  diversos  lugares  das  suas  obras. 


o  ROUBO  DE  PBOSEBMA. 


o  ROUBO  DE  PROSÉRPINA, 


COMPOSTO  EM  LATIM 


POR 


CLAUDIANO , 


TBADUZTDO    EM  VERSO    SOLTO   PORTUGUEZ 


FOE 


AliCIPPE 


CONDESSA  D'OEYNHAUSEN. 


Carminibu»  qwBro  mi9erarwn  Mwia  rerum. 
Ofid.  Tríst.  liv.  5.'  eleg.  7.' 


Tomo  T.  10 


Libei  db  Raptu  PBoaoipniJs 

8UNT  CANIHDI,  CtJLTI,  TBR8I, 
NIWBROa. 

J.  C.  Sealiger,  lib.  G.""  Poet.  cap.  K/ 


Si  InsUanè  Rapium  ProierpiwB  Claudianuã  reààeret,  haud  mirifieè 
eleganíòuve  redderet  quam  deeor  ille  Lmitatim  gaUiã  ã^uarumqué 
homfr,  ÂLGippBf  cognomine  Areadim,  dieta. 

Feto. 

Se  CUadiano  tradosisse  em  porluguex  o  Roobo  de  Prosérpina, 
dIo  o  faria  com  taota  perfeição  e  elegância  como  a  Ez."*  Condessa 
d'0ejnhaa8en,  denominada  na  Arcádia  Alcifpb,  brilhante  ornamento 
de  Porlogal  c  honra  das  Musas. 

Tomo  V.  10  • 


DE  RAPTU  PROSERPINiE. 


PILEFATIO. 

Inventa  secuit  qui  primus  nave  profundum. 

Et  rudibus  remis  sollicitavit  aquas: 
Qui  dubíis  ausus  commitere  Qatíbus  aliiuiDi 

Quas  natura  negat,  prsebuit  arte  vias. 
Tranquiliís  primum  trepidus  se  credidit  undís, 

Littora  securo  tramite  summa  legens: 
Mox  longos  tentare  sinus,  et  Itnquere  terras. 

Et  leni  coBpit  pandere  vela  Noto. 
Ast  ubi  paulatim  praeceps  audácia  crevit, 

Cordaque  languentem  dedidicere  metum: 
Jam  vagus  cxsultat  pélago,  ccelumque  secutus 

iEgeas  hyemes  loniasque  domat. 


o  ROUBO  DE  PROSÉRPINA. 


PREFACIO.  (1) 


Q 


DEH  primeiro  sulcou  mares  profundos  (2) 
Co'  a  náutica  invenção  do  próprio  ingenho; 
Quem  com  grosseiros  remos  rompeo  aguas, 
E  ao  capricho  do  vento  um  batel  frágil 
Atrevido  entregou,  com  arte  abrindo 
Caminho  que  vedara  a  Natureza ; 
Foi  terra  a  terra  no  principio,  dando 
A  vida  em  guarda  a  praias  sem  escolhos, 
Ventos  sem  fúrias,  sem  escárceos  ondas: 
Mas  logo  tenta  golphos,  deixa  as  terras, 
E  vai  soltando  ao  Noto  as  pandas  vellas; 
Anima  sua  audácia  co'  a  ventura, 
Do  coraçio  o  frouio  susto  expulsa, 
E  no  pélago  azul  vagando  exulta: 
A  luz^os  astros  só  consulta  e  segue, 
Do  mar  Egeo  affronta  as  tempestades,  (3) 
E  resoluto  doma  as  lonias  ondas.  (4) 


150 


líber  l 


INFBHNi  raptoris  equos,  afflataque  curru 
Sidera  Ta^Dario»  caligaotesque  profiindie 
Judodís  lha  Íamos  audací  prod«re  canta 
MeDS  congesta  jubet.  Gressus  removetet  profani, 
Jam  furor  humanoB  noatro  de  pectore  seosos 
Expulity  et  totum  spiraot  prflecordía  Phcebum, 
Jam  mihi  cernuotur  trepidís  delubra  mo¥erí 
Sedibus»  et  ciaram  dispergere  culmina  lucem, 
Adventum  testata  Dei;  jam  magnus  ab  imia 
Auditur  fremitus  terris»  templumque  remngtt 
Cecropium,  aanctasque  faces  attoUit  Eleusio, 
Angues  Triptolemi  stridunt,  et  squamea  curvis 
Colla  levant  attrita  jugis,  lapsuque  sereno 
Erecti  roscas  tendunt  ad  carmina  cristas. 


15] 


LIVRO  I. 


A  MBNTBy  cheia  de  furor  divina, 

Obriga-me  a  cootar  do  Deos  do  Averoo  (5) 

O  roubo  andazi  e  as  núpcias  de  Junouia ; 

Do  Dite  o  carro,  e  os  urcos  paforosost 

Que  assustam  as  estrelias.  Vossos  passos* 

Profauos,  dirigi  para  mui  longe. 

De  mim  sacro  delírio  se  apodera; 

Tudo  quanto  é  mortal  de  mim  se  expeHe ; 

Apollo  inteiro  abraza-me  as  entranhas. 

Luz  mais  clara  dtfiundem  as  abobadas» 

Da  presença  do  Deos  indicio  certo; 

O  frémito  da  terra  mais  distincto 

Dos  profundos  abysmos  se  apercebe; 

Dos  Cecropidas  gemem  os  altares,  (6) 

E  d'Eleusina  os  fachos  mais  se  acceodem. 

De  Triptólemo  silvam  as  serpentes,  (7) 

£  sublevam  as  conchas,  resistindo 

Ao  jugo  que  lhe  opprime  os  feros  eólios; 

O  seu  rápido  vdo  moderando 

Erguem  as  roscas  cristas  para  ouvir-me. 


15S 

£cce  procul  ternas  Hecate  variata  Bgaras 
ExoriluTy  lenisque  simul  procedit  lacchus 
Crinali  floreDS  edera,  quem  Parthica  velat 
Tigris,  et  auratos  íd  nodum  colligít  ungues. 
Ébria  Mâeooius  firmat  Yestigia  tbynos. 


Diíy  quibos  ÍD  Dumeram  vacui  famulantur  Averni 
Vulgus  iners,  opibus  quorum  donatur  avarís 
Quidquid  íd  orbe  perit,  quos  Styx  liventibus  ambit 
luterfusa  Yadis,  et  quos  fumaotia  torquen3 
iEquora  vorticibus  Pblegetbon  perlustrat  anbelis! 
Vos  mihi  sacrarum  penetralia  paudite  rerum, 
Et  Testri  secreta  poli,  qua  lampade  Ditem 
Flexit  amor,  quod  ducta  ferox  Prosérpina  raptu 
Possedit  dotale  Chãos;  quantasque  per  oras 
Sollícito  genitrix  erra?erit  auxia  cursu. 
Unde  dais  populis  leges,  et  glande  relicta 
Cesserit  inventis  Dodonia  quercus  aristis. 


153 

A  triforme  Deidade  sarge  ao  longe;  (8) 
laccbo  alegre  e  plácido  a  acompanha,  (9) 
D'hera  cingida  a  jarenil  cabeça ; 
Traz  cobertos  os  hombros  c'o  despojo 
D'uma  Parthica  tigre,  cujas  patas, 
Atraressadas,  áureo  nó  lhe  prende: 
D'arrimo  aos  ébrios  passos  serve  um  thyrso. 

Innomeraveis  Manes,  povo  inerte. 
Que  occupais  do  Tenárô  os  vácuos  paços; 
Vós,  que  cresceis  dos  restos  miserandos 
Do  que  a  morte  devora  no  Universo; 
Deoses,  que  Stfgia  circulando  abraça 
Com  as  lívidas  ondas,  que  arquejando 
£m  vórtices  de  fumo,  fogo  e  enxofre, 
D'um  mar  sulphureo  Phlegelhonte  cerca! 
Abri-me  os  penetraes  das  cousas  sacras. 
Os  segredos  lethaes  manífestai-me; 
Que  facho  Amor  usou,  incendiando 
Do  negro  Dite  o  coraçlo  de  bronze; 
Qual  feroz  roubo  concedeo  por  dote 
A  Prosérpina  o  Chãos  e  os  Infernos; 
E  quantas  plagas,  em  saudade  immersa, 
A  vagabunda  mSe  correo  no  mundo 
Em  busca  da  perdida,  amada  filha. 
Dize  a  origem  das  Leis,  da  Agricultura, 
E  como  fez  que  os  homens  preferissem 
As  espigas  aos  fructos  que  lhes  davam 
Os  antigos  carvalhos  da  Dodonia. 


154 

Dux  Erebí  quondain  túmidas  exarsif  in  iras 
Prâelia  moturos  superís,  qaod  aolua  egeret 
Connubii,  sterilesque  dia  consumeret  annoá, 
Impatiens  Descire  toiiio]«  nullasque  maríti 
liiccebrasy  Dec  dulce  patris  cognoaoere  nomen. 


Jam  qusecumque  latent  ferali  nMHistra  baratbro 
In  turmas  aciemque  ruunt,  contraque  Tonantem 
CoDJurant  Farise;  crínitaque  sontibus  hydris 
Tisiphonct  quatiens  inrausto  lomiiM)  píoum, 
Armatos  ad  castra  Yocat  pallentia  Manes. 
Pene  reluctatis  iteram  pugoantia  rebos 
Ropissent  elementa  fidem,  penitusque  revulso 
Cárcere  laxatis  pubes  Titania  vínclis 
Vidisset  celeste  jubar,  rurausque  cruentas 
;Egseon  positis  arcto  de  corpore  nodis 
Obvia  Centeno  vexasse t  fulmina  mota. 


Sed  Pare»  veluerc  minasi  orbique  (i mentes 


155 

o  Imperaole  do  Erébo,  ardeodo  em  ira, 
Quiz  declarar  aos  Deoses  nova  guerra: 
Queixava-se  de  qae  elle«  entre  os  mais  Numes, 
D'Hymeneo  os  deleites  ignorasse; 
Que  os  dias  e  annos  só  Tivesse  e  triste. 
Em  solidão  estéril  e  importuna : 
Impaciente  o  thalamo  queria 
Repartir  com  alguém ;  os  doces  nomes 
D'esposo  e  pae  tentavam-lhe  a  cubica. 

Já  quanto  monstro  o  bárathro  continha 
Em  turmas  os  abysmos  vomitavam; 
Projectavam  as  Fúrias  conjuradas 
Arrazar  do  Tonante  o  sólio  altivo ; 
Tisiphone,  com  serpes  por  cabello, 
Agita  a  infausta  luz  da  tocha,  e  chama 
As  armas  logo  as  sombras  macilentas. 
Nos  arraiaes  de  trevas  e  de  horrores. 
Entr^ues  á  discórdia  os  elementos 
G)mbater  outra  vez  premeditavam, 
E  romper  por  combates  a  harmonia ; 
Forçando  o  cárcere,  os  grilhões  quebravam 
Os  Titanos,  e  a  luz  do  Ceo  reviam ; 
Jâ  das  prisões  liberto  Egeo  pensava 
Ir  com  cem  braços  apanhar  os  raios 
Na  própria  mio  de  Jove,  antes  que  os  lance. 

As  Parcas  de  Plulão  a  raiva  appiacam, 


156 

Ante  pedes  soliumque  doeis  fudere  severam 
Caiiitiem,  geoibusque  suas  cum  supplice  vultu 
Admovere  manus,  quarutn  sub  jure  tenentur 
Omnia,  quse  seriem  fatorum  pollice  ducuDt, 
LoDgaque  ferratis  eTolvunt  sascula  peiísis. 
Prima  fero  Lachesis  clamabat  talia  regi, 
Incultas  dispersa  comas:  O  maxime  noctis 
Arbiter,  umbrarumque  potens»  cui  nostra  laborant 
Stamina;  qui  finem  cunctis  et  semina  praebes, 
Nascendique  vices  alterna  morte  rependis; 
Qui  vitam  letumque  regis,  nam  quidquid  ubique 
Gignit  materies,  hoc  te  donante  creatur, 
Debetorque  tibi,  certisque  arobagibus  (Bvi 
Rursus  corpóreos  anims  mutantur  in  artus. 
Ne  pete  firmatas  pacis  dissolvere  leges, 
Quas  dedimusy  nevitque  colus:  neu  fcedera  fratrum 
Civili  converte  tuba.  Cur  impia  tollis 
Signa?  Quid  incestis  aperis  Titanibus  auras? 


157 

Temendo  pelo  Orbe ;  ao  pé  do  throno 
Do  supremo  Juiz  alBíctas  soltam 
Os  cabellos,  por  tempo  eocaoecidos; 
Cobrem  com  elles  os  d^aos»  prostradas 
Abraçam  os  seus  pés  co'  as  roftos  potentes 
Que  sobre  todo  teem  alto  domínio, 
Que  a  tela  do  destino  humano  fiam, 
E  no  seu  fuso  os  séculos  enrolam. 
Com  supplice  semblante,  e  desgrenhada, 
Lachcsis  a  primeira  assim  dirige 
Ao  Tyranno  do  Averno  estas  palavras: 

«t  Ó  das  sombras  e  noite  Arbitro  summo, 
Que  ordenas  e  a  quem  tocam  quanto  urdimos 
Das  gerações  principio  e  termo  delias; 
Que  á  luz  chamando  um  ser,  suppres  aquelle 
Que  cessou  d'existir;  Senhor  supremo 
Da  vida  e  morte,  a  cujo  império  extenso. 
Seja  o  que  for  que  da  matéria  saia 
Por  ordem  tua,  tudo  lhe  pertence ; 
Tu,  que  depois  d*um  tempo  limitado 
Seu  mortal  vohedouro  ás  almas  tornas; 
Da  paz  as  leis  firmadas  nSo  quebrantes, 
Leis  cujos  laços  nossas  mios  formaram: 
Dos  irmSos  a  alliança  nSo  perturbe 
Fero  estridor  de  bellica  trombeta. 
De  que  serve  o  estandarte  da  revolta? 
Por  que  razão  chamar  de  novo  ao  mundo 


158 

Posce  Jovem  9  dabitur  conjox.  Vis  illa :  pepercit, 
Erubuitque  preces,  aoímusqae  reianguít  atrox, 
Quamvis  indocilis  flecti;  ceo  turbine  raoco 
Cum  gra?is  armatur  Boreas»  glacieqae  nívali 
Hiipidus  et  Getica  concretos  grandine  pennas 
Bella  cupit,  pelagus,  silvas,  camposqae  sonoro 
Flamine  rapturus;  si  forte  {adversus  aenos 
íEoIus  objecit  postes,  vanescit  inanis 
Impetus  et  fractie  redeunt  in  claustra  procella^^ 


Tum  Haja  genítnm,  qui  fervida  dieta  reportet, 
Imperat  acciri.  Cyllentas  adstitit  ales, 
Somniferam  qualiens  virgam,  tectosqoe  galero. 


Ipse  rudi  fultos  soIio,  nigraque  verendas 
Majestate  sedet,  squaleni  immania  fc^do 
Sceptra  situ;  sublime  caput  moestissima  nubes 


159 

Incestuosos  bárbaros  TitoiN»? 

Pede  a  Jove  uma  esposa,  e  a  terás  logd.  9 

Mais  nSo  dísae:  PiatSo  cohibe  a  rai?a, 
Co'  estas  preces  sentio-se  envergonhado; 
Bem  que  fosse  até^goni  ÍD«iora?el, 
A  cólera  em  seu  duro  peito  expira. 

Dos  rugidores  turbilfaSes  armado, 
Tal  freme  Bóreas  por  bater  as  azas, 
Carregadas  do  peso  das  geadas, 
De  Getícos  granizes  e  de  gelos, 
E  amotinar  com  gastadores  sopros 
Os  mares,  as  florestas,  as  planices; 
Quando  Eolo  lhe  oppOe  brônzea  barreira, 
O  furor  se  dissipa,  e  as  tempestades 
Voltam  bramindo  ao  cárcere  em  que  moram* 

Chama  o  filho  de  Maia,  e  determina 
Que  prompto  Cylleneo  calce. os  talares, 
A  somnifera  vara  empunha,  e  cubra 
A  cabeça  ingenhosa  de  um  galera 

No  tosco  sólio  a  horrivel  Magestade 
Apparece,  e  na  m9o  pesada  e  negra 
Sem  lustre  arvora  o  ferrugento  sceptro; 
Obscurece-lhe  a  face  enrerrugada 
A  mais  espessa  nuvem  de  tristeza, 


160 

Âsperat,  et  dirae  riget  inclementia  foroiffi. 
Terrorem  dolor  augebat.  Tunc  talia  celso 
Ore  tonat:  (tremeracta  silent  dicente  tyranno 
Atria;  latratum  tríplicem  compescuit  ingens 
Janitor,  et  presso  lacrymarum  fonte  resedit 
CocytoSy  tacitísque  Acheron  obmutuit  uodis, 
Et  Phiegetontese  requíerunt  murmura  ríps.) 


Atlautis  Tegeace  nepos»  commune  profundis 
Et  superis  nuroen,  qui  fas  per  limen  utrumque 
Solus  babes»  geminoque  Tacis  commercia  mundo, 
I»  céleres  proscinde  Notos,  et  jussa  superbo 
Redde  Jovi.  Tantumne  tibi,  ssevissime  fratrum, 
In  me  júris  erít?  Sic  nobis  noxia  Tires 
Cum  coelo  fortuna  tulit?  num  robur  et  arma 
Perdidimus,  si  rapta  dies?  an  forte  jacentes 
Ignayosque  putas,  quod  non  Cyclopia  tela 
StringimuSi  aut  vanas  tonitru  deludimus  aures? 


161 

E  Das  feiçSes  feroies  maniresto 
Com  todos  seos  terrores  a  incIemeDcia. 
Quanto  mais  se  enfurece  mais  assusta; 
Principia  a  fallar,  e  tudo  atroa : 
Estremecendo  calam«-se  os  abysmos; 
Do  Gerbéro  na  tríplice  garganta 
Os  ladros  esmorecem;  do  Cocyto 
Seccam  na  fonte  as  lagrimas  perennes; 
No  leito  d'Acheronte  as  ondas  mudas, 
Medrosas  lentamente  fio  correndo ; 
Do  Phlegetonte  as  rochas  nBo  repetem 
Com  aíTouteza  o  som  de  seus  rugidos. 

«Numen  progénie  do  formoso  Atlante, 
Dlnfemo  e  Geos  divino  mensageiro» 
Cujos  dous  liminares  só  franquéa 
A  ti  a  Sorte;  rápido  precede 
Os  Notos;  vai:  intima  a  Jove  altivo 
Os  meus  preceitos:  dize  ao  irmão  feríno 
Se  sobre  mim  o  seu  poder  é  tanto» 
Que  permitta  á  Fortuna  vingadora 
Que  roubando-me  o  Ceo»  me  extinga  a  forca? 
Se  a  luz  me  foi  vedada,  que  motivo 
Ha  de  do  meu  valor  e  armas  privar-me? 
Por  ventura  morri»  porque  não  vibro 
Raios  que  os  Brontes  fatigados  forjam» 
Ou  nio  assusto  a  terra  trovejando? 
Envergonha-o ;  pergunta  se  não  basta 

Tomo  Y.  11 


162 

Nonne  satis  visunii  quod  grati  kimíiiis  exper» 

Tertia  suprem®  patior  dispeodia  sort», 

Informesque  plagas;  cum  te  Istissimus  ornet 

Sígnifer,  et  vario  ciogant  spIeDdorcf  Triònes? 

Sed  thalamis  etiam  prohibes?  Nereia  glauco 

NeptuDum  grémio  complectitur  Âmphitríte. 

Te  coDsangaineo  recipit  poat  fulmina  fessom 

Juno  sinu,  quid  eoim  narrem  Latoma  furta? 

Quid  Cererem,  magnamq;  Tbemin?  tibi  tanta  crcandí 

Copia;  te  felix  natorum  turba  corooat. 

Ast  ego  deserta  mcsrens  íngloríus  aulai 

Implacidas  nullo  solabor  pígnore  curas? 

Non  adeo  toleranda  quies,  primordia  testor 

Noctis,  et  horrenda  stagpa  intemerata  paludis, 


1«3 

Qoe  eu  gema  em  dimaa  aspenos»  {irivade 

Ba  luz  celeste,  e  víclimo  da  aorlEy 

Em  quanto,  coroftdo  de  fiilgorea, 

O  Zodíaco  o  «dorna,  0  o  aUnmi«D 

As  brilhantes  Triones,  e  mais  Astros?  (10) 

Ioda  alem  disto  o  thalamo  me  veda? 

a  No  yitreo  pego,  em  gélidas  cavernas, 
Abre  contente  o  esverdinhado  seio 
A  fornwsa  «  rearitiraa  Arophitrite 
Ao  gelado  e  terrífico  Neptuno. 
Cançado  de  vftnor  sulpfaonos  raios. 
Abraça  Jove  a  •eonsanguinea  limo: 
E  se  eu  contasse  os  n«manido8  furtos, 
Que  em  tanta  copia  fructos  produziram, 
Latooa,  Ceres,  Themis,  e  mil  outras 
Que  seus  favores  pródigas  lhe  deram!... 
Prole  ditosa  o  cerca,  em  quanto  afllicto, 
N'um  deserto  palácio  envergonhado. 
Minha  dor  vidual  me  despedagi ; 
Sem  penhor  de  ternura  que  console, 
E  de  meus  males  seja  o  feliz  termo. 
Quanto  me  custa  aolidlo  tio  triste {,.» 

«Sitios  da  noite  e  horror,  sombras  quietas, 
Vós  ondas,  que  sois  susto  dos  perjuros! 
Sede  quem  horrorise  o  que  prometto, 
E  de  meus  juramentos  testemunhas. 

Tomo  V.  ^^  • 


164 

Si  dicto  parere  negas,  patefacta  cieba 
Tártara.  Satumi  veteres  laxabo  cateoas* 
Obducam  tenebris  lucem.  Compage  soluta 
Fulgídus  umbroso  miscebitur  axis  Arerno. 


Vix  ea  fatus  erat;  jam  nuntíus  astra  tenebat, 
Âudierat  mandata  pater,  seeumque  volutat 
Diyersos  ducens  ânimos,  qus  tale  sequatur 
Conjugium,  Stygiosve  velit  pro  Sole  recessus. 
Certa  requirenti  tandem  sententia  sedit. 


Hennae®  Cereri  proles  optata  vírebat 
Única;  nec  tribuit  sobolem  Lucina  secundam, 
Fessaque  post  primos  bsserunt  viscera  partus 
Infecunda  quidem;  sed  cunctis  altior  extat 
Matribus,  et  numeri  damnum  Prosérpina  pensat. 


165 

«  Diie  ao  Tonante,  dize-lhe.  Mercúrio, 
Que»8e  me  nega  o  que  os  meus  votos  pedem. 
Soltarei  do  Tenáro  quanto  encerra: 
r       As  cadéas  antigas  de  Saturno 

Quebrarei;  e  taipando  infernaes  trevas, 
O  Sol  envolverei  em  seus  horrores : 
IriLo  o  dia  e  noite  sem  barreiras 
No  tenebroso  golfo  confundir-se. » 

Apenas  isto  ditto,  jé  Mercúrio 
Tinha  rompido  os  ares,  já  sabia 
De  PlutSo  08  projectos  o  Tonante; 
Já  combatia  no  animo  divino 
D  um  tal  ajuste  o  êxito  temivel. 
Trocar  o  Sol  qual  Deosa  quereria 
Pelos  Estygios  cárceres  da  morte? 
Mas  occorreo*lhe  em  fim  um  pensamento, 
Que  fixar  veio  tantas  incertezas. 

Floreeia  em  poder  da  Hennea  Ceres 
Uma  belleza,  prole  desejada, 
Único  dom  que  obteve  de  Lucina : 
Depois  deste  producto  tfio  amável, 
Exhaurio-se  e  parou  a  Natureza; 
Deste  parto  cançadas  as  entranhas 
Nunca  mais  produziram:  mas  qu 'importa? 
Assaz  fecunda  Ceres  se  reputa, 
A  mais  feliz  das  mães;  e  Prosérpina 
Lhe  supprc  numerosos  descendentes. 


166 

Hanc  foTety  iiane  sequitur ;  nbriaa»  noD  Mandin  âmbit 
TorTa  parens ;  pedilma  qnae  nondwn  praterít  arva, 
Nec  noTa  luoats  curfarit  genuína  (máiik 


Jam  vicina  toro  pteois  adotrtenit  amns 
Yirginitas:  tenerum  jam  pronoba  flamma  pudorcm 
Sollicitat ;  mixtaque  tremit  formidíae  Totam. 
Personat  aula  procis.  Pariter  pro  firghie  eerfasl 
Mars  clipeo  mclior,  Pfaoebiis  praastaotinr  areu. 
Mars  donat  Rhodopen»  Pboeéf»  largitar  AmyúêSf 
Et  Dclon  Clariosque  Iam.  Hino  ttmiriar  Am, 
Hinc  poscit  Latona  nurunu  Bespeiít  utfamquef 
Flava  Ceres;  raptusque  tíneM  (hev  cffica  futuril) 
Gommeodat  Siculis  furtiiD  loa  gaudia  terrâ» 


167 

Esta  adora,  esta  segue  cuidadosa. 
Como  segue  a  novilha  com  termira 
A  cornigera  mie»  antes  que  possa 
Correr  só»  e  calcar  do  campo  a  relva ; 
Antes  que  a  hia  imitem  sobre  a  fronte 
As  armas  que  ioda  tenras  já  Ibe  apontam^ 

Completa  a  idade»  a  linda  Prosérpina 
Do  tempo  dliTmeaeo  já  se  aproxima : 
Doce  chamma  pungente  já  profoca 
Uma  de  amor  inoognita  anciedade» 
Que  o  tímido  podar  atemoriza; 
Mescla-se  o  medo  c'o  desejo  n'alma. 
Cm  cortejo  diamantes  a  rodéa: 

« 

Marte»  o  melhor  no  aumejar  das  armas» 
Emineate  no  arco  o  louro  Apdlo, 
Pela  yiTgna  contendem :  dá^he  Marte 
O  Rhodope;  submisso  oflTrece  Phebo  (11) 
Os  lares  d'Aniycléai  Claros,  Delos«  (12) 
De  Judo  a  Mart^  a  protecçSo  ampara; 
Latona  soUicita  paia  nora 
A  linda  virgem  neta  de  Cybelle. 
Uma  e  outra  rejeita  a  flava  Ceres : 
Teme  um  roubo  (quão  cega  do  futuro!) 
Furtivamente  ás  rochas  da  Sicília 
Confia  o  seu  thesouro,  a  filha  «ara ; 
Mais  defendida,  mais  segura  a  ]\i^n, 
A  forte  posição  Ih'  embarga  os  susUs. 


I 


168 

Ingenio  confisa  loci.  TriDacria  quoodam 
Itália  pars  uoa  fuit:  sed  poDtus  et  sstus 
Muta?ere  situm.  Rupit  confinía  Nereus 
Victor,  et  abscissos  ioteriuit  aequore  montes: 
Parvaque  cognatas  prohibent  discrimina  terras. 
Nunc  illam  sócia  raptam 'tellure  trísulcam 
Opponit  natara  mari.  Gaput  iude  Pachyni 
Respuit  lonias  praeteotis  rupibus  iras. 
Htnc  latrat  Gstula  Thetis,  Lylibsaque  pulsat 
Brachip  consurgens,  hinc  dedignata  teneri 
Concutit  objectum  rabies  Thyrrhena  Pelorom. 
In  médio  scopulis  se  porrigit  iEtna  perustis; 
iEtna  Giganteos  nuuquam  tacitura  triumphos, 
Enceladi  bustum,  qui  saucia  terga  revinctus 
Spirat  inexhaustum  flagranti  pectore  sulphur. 
Et  quoties  detrectat  ónus  ccrTÍce  rebelli 
In  dextrum^  l(Bvumve  lalus;  tunc  insula  fundo 


169 

A  Trínacría  já  foi  parte  de  Itália  (13) 
No  antigo  tempo;  mas  rompeo-lbe  o  nexo 
O  revoltoso  mar  co'  as  ondas  bravas. 
Tríomphante  Nereo  quebron-lhe  os  laços, 
E  os  montes  despegados  encheo  d  aguas. 
Que  para  sem^m  abertos,  curto  estreito 
Defendem  rocbas  duras  e  immutaveis. 
Hoje  opp9e  inflexivei  natureza 
Ao  mar  irado,  que  roubara  a  terra. 
Três  promontórios;  fica  sempre  estranha 
Áquella  de  que  foi  porçBo  outr'ora. 
Contra  os  rochedos  do  Pacbyno  quebram 
As  lonias  ondas:  acolá,  bramindo, 
Thetb  Getulea  se  levanta,  e  cae 
Ao  pé  do  Lylibeo  irresistivel : 
Do  mar  Thyrreno  a  fúria  ao  longe  bate, 
Sem  que  ceda  o  Peloro  á  impaciência 
Das  vagas  contra  o  dique  que  as  reprime. 
No  meio  dos  rochedos  calcinados 
O  Etna  se  levanta,  da  derrota 
Dos  Gigantes  eterno  monumento; 
Em  cuja  subterrânea  base  |»*e8o, 
D'asperrimas  cadèas  retalhado, 
Encélado  do  peito  ardente  exhala 
Inextinguivel  sulpburante  bafo. 
Se  acaso  move  a  frente  constrangida, 
E  procura  co'  a  mão  rebelde  um  geito 
Que  o  peso  diminua  do  que  soíTre, 


170 

Vellitur,  et  dabi»  noUnt  cum  moBnibas  orbes. 
iEtnaBos  ápices  solo  cognoseere  yisu» 
Non  aditu  teatare,  licet;  pars  csetera  frondet 
Arboribas ;  terítar  otrilo  cultore  cacumen. 
Nunc  vomit  iodigenas  nimbes^  píceaque  graratnin 
Foedat  nube  diem;  nunc  molibug  MUa  tacesát 
TerriBcis»  damnisque  sois  ioceodui  outrit. 
Sedy  quamyis  nimio  férreos  exf^ret  aestu, 
Scit  nivibus  servare  fidon»  pariterque  {avíUis 
Durescit  glacies  tanti  secura  vaporis^ 
Arcano  defensa  gelu,  fumoque  fideli 
Lambit  contíguas  iniMnua  flamrna  pruÍNs. 


Quae  scoputes  tormenta  rotant?  qv»  tmta  ctrermiv 
Vis  glomerat?  quo  fonte  ruit  Vokaiiius  antiiis? 
Sive  quod  objicibus  discurrens  yentus  opertis, 
Offenso  per  sasa  furít  rimosa  meato. 
Dum  scrutalur  iter,  libertateniqiie  repaseeos 
Putria  multivagis  populatar  iatibos  aotra. 


171 

Treme  a  Sidlia^  abaUrm-se  as  Cidades, 
Sobre  as  bases  seus  maros  estremecem* 
Os  seus  cumes  a  vista  alcança  apenas, 
Vencé-los  nSo  podendo  os  pés  cangados: 
As  faldas  da  montanha  arvores  vestem; 
Rebelde  o  teao  sempre  á  agriaritunit 
Vomita  de  betumes  prenhes  Mrens» 
De  vapores  terríBcos  inunda 
O  reluzente  Sol,  que  é  fiae  do  dia ; 
Rochas  expulsa  com  que  assusta  os  astros» 
E  de  seus  próprios  restos  outre  o  incêndio. 
Has  apesar  dos  turbtUides  ardentes» 
Aos  ge]0s  guardam  íé  igneos  vapores ; 
A  Ijmpha  se  congela,  preservada 
Pelo  secreto  frio  que  alli  mora; 
Lambe  a  cbamma  sem  damno  as  frias  aguas. 

Que  machina  é  que  tmpeDe  estas  roched0s7 
Que  forças  escavaram  taes  cavernas? 
De  que  fonte  esses  rios  inflammados 
E  torrentes  volcanicas  derivam? 
Talvez  no  centro  comprimido  o  vento 
Em  subterrâneos  cárceres  se  agita, 
E  fura  ousado,  retalhando  as  rochas; 
Quer  libertar-se,  e  rompe  o  seu  caminho 
Por  entre  os  antros  pútridos,  que  occupam 
Blultivagos,  meph}  ticos  vapores. 


172 

Seu  maré  sulfurei  ductum  per  ?iscera  moDtis 
Oppressis  ígnescit  aquis,  et  pondera  librai. 


Hic  ubi  serrandum  mater  fidissima  pignus 
Âddidit,  ad  Pbrygios  teodit  secura  penates, 
Turrigeramque  petit  Cybelen,  sinuosa  draconum 
Membra  regens,  volucri  qui  penria  nubila  tractu 
Signant,  et  placidis  humectant  Trena  venenis. 
Frontem  crista  tegit;  pingunt  maculosa  virentes 
Terga  not®:  rutilum  squamis  intermicat  aurum. 
Nunc  spiris  Zephyros  tranant:  nunc  arva  Tolatu 
Inferiore  secant,  cano  rota  pulvere  labens 
Sulcatam  fecundat  humum.  Flavescit  arístis 
Orbita.  Surgentes  condunt  vestigia  culmi. 
Vestit  iter  comitata  seges.  Jam  linquitur  JElm^ 
Totaque  decrescit  refugo  Trinacria  visu. 


173 

Talvez  do  mari  correndo  nas  entranhas 
Desses  solpburcos  montes,  aquecidas. 
Ferrem  também  as  aguas,  e  rebentam 
Go'  essas  massas  ingentes  contra  os  ares. 

Apenas  neste  sitio  deposita 
A  carinhosa  mBe  a  doce  prenda 
De  seu  materno  amor,  vai  sem  cuidado 
A  Phrjgia,  onde  o  dever  por  ella  chama, 
Onde  habita  a  turrigera  Cybelle. 
Dos  dragões  sinuosos  de  seu  carro 
Dirige  os  membros  com  que  audazes  cortam 
Por  entre  nuvens  seu  caminho  aéreo; 
E  nos  freios  auríferos,  que  mordem, 
Venenosa  impotente  espuma  alveja. 
Na  fronte  se  lhe  eleva  altiva  crista; 
Manchas  verdes  e  azues  cobrem-Ihe  o  dorso. 
Que  áureas  escamas  rutilantes  mesclam. 
Ora  os  suspiros  de  Favonio  vencem; 
Ora  abaixando  o  vAo,  v8o  sulcando 
Com  as  rodas  a  terra,  que  fecunda 
O  prolífico  gr&o  em  quanto  adejam. 
As  orbitas  da  espiga  já  se  douram. 
Ornam  as  leivas  germes  abundantes, 
Que  os  campos  e  searas  fertilizam. 

Desapparece  o  Etna;  já  de  Ceres 
Os  olhos  a  Trinacria  não  divisam. 


174 

Heu  quoties  praesaga  mali  YÍoiaTÍt  oborto 
Rore  genas !  quoties  ocabs  ad  teota  retorsib 


Talia  ?oce  movens:  Salve,  gnrliasiaio  teUui^ 
Quam  DOS  praetolimiis  ocbIo.  Tibi  gaudÍA  wsiti 
Sanguiois,  et  caros  oteri  eomoMado  Uborea. 
PraBmia  digDa  manent.  Nullas  patíere  ligonea^ 
Et  nullo  rigidí  versabere  vomerís  kta* 
SpoDte  luQs  florebit  ager,  cessante  jirrenod 
Ditior  oblatas  mirabitor  íncoia  messes. 


Síc  aity  et  fulvis  serpeotibas  attígH  Ides. 
Hic  «des  augusta  Deie,  templique  coleiídi 
Reilígiosa  silex,  densis  quam  piuus  opacat 
Froudibus,  et  nulla  locos  agitaote  procella, 
Stridula  coniferis  modulatur  carmioa  ramis. 


175 

Quantas  lagrimas»  ah!  que  pranto  amargo 
O  coração»  presago  dos  desastres» 
Solta  e  derrama  sobre  as  laces  beliail 
Quantas  vezes  atraz  os  olhos  volta» 
E  saudosa  profere  estas  palavras: 

«  Salve,  6  terra  gratíssima»  que  outr'ora 
Eu  preferi  aos  Ceos»  sitío  dos  Deoses  { 
Conserva  o  que  entrevei»  penhor  sagrado 
Do  meu  amor  e  sangue;  o  doce  fructo 
Dos  maternaes  trabalhos  te  eocommendo* 
Pagarei  d'alto  premio  o  teu  cuidado: 
Nío  sofirerás  da  enxada  os  férreos  golpes» 
Nem  rasgará  teu  seio  o  curvo  arado. 
Teus  campos  espontâneas  flores  brotem ; 
E  á  vista  da  riqueza  das  searas» 
O  lavradcn*  surpreso  nSo  duvide 
Repartir  c'os  novilhos  seu  descanço.  x> 

Disse  assim»  quando  já  iam  chegando 
Os  wm  fulvos  dragjte  ao  aonte  Ua* 
Em  capella  sagrada  a  mie  doa  Deoses 
Religiosa  pedra  a  symboliza; 
Alli  n  um  templo  augusto  lhe  dão  culto. 
Frondente  rama  de  pinheiros  altos  (14) 
Com  magestosa  e  densa  sombra  o  cobre: 
Nenhum  tempestuoso  vento  os  turba ; 
Brando  sussurro  só  diffunde  a  rama» 
Que  em  doce  consonância  fere  os  ares. 


176 

Terríbiles  intus  Thiasii  vesanaque  mixto 
GoDcentu  delubra  gemunt.  Ululatibus  Ide 
Bacchatur.  Timidas  inclinant  Gargara  silvas. 


Postquam  visa  Ceres,  mugitum  tympana  frenant, 
Conticuere  chori.  Corybas  noD  impulit  ensem. 
NoQ  buzas,  non  será  sonant;  blandasque  leonês 
Summísere  jubas.  Âdytis  gavisa  Cjbelle 
Exsiliti  et  proDas  intendit  ad  oscula  turres. 


Viderat  hsc  dudum  sainma  speculatus  ab  arce 
Júpiter,  ac  Yeneri  mentis  penetralia  nudat. 


Curarum  secreta  tibí,  Cytherea,  fatebor 


177 

Do  recinto  porém  alto  resoam 
Os  livres  djthirambos,  loucas  daocas» 
Os  bramidos  cooínsos,  os  damores 
Com  que  estremece  o  Ida,  e  intimidada 
Do  Gárgara  a  floresta  se  commove» 
E  inclina  com  respeito  a  vasta  coma. 

Apenas  se  vâ  Geres,  tudo  cala: 
Os  tambores  reprimem  seos  estrondos; 
Emudecem  os  choros,  e  retiram 
Os  Gorjbas  immoveis  as  espadas.  (16) 
Calam-se  as  flautas,  dos  clarins  o  bronie 
Mais  nlo  pôde  estrugir;  leOes  submissos 
Abaixam  sem  fereza  as  fartas  jubas* 
E  os  pés  da  Deosa  carinhosos  beijara. 

Cybelle  alegre  o  sanctuario  deixa, 
Cone  a  abraçar  a  filha  com  ternura, 
E  inclina  as  torres  com  que  cinge  a  frente. 

Jove  do  sommo  Olympo  observa  as  Deosas, 
E  qulo  próprio  o  momento  se  apresenta 
De  revelar  a  Vénus  seu  projecto: 
Eis  desnudando  a  mente  impenetrável 
O  mysterio  descobre  á  gentil  Filha : 

«  Vou,  dis  elle,  ó  Deidade  de  Cjthera, 
Meus  secretos  cuidados  revelar-te : 

Tomo  Y.  l£ 


178 

Cândida  Tartareo  Doptuai  Prosérpina  regi 
Jam  dudum  decreta  dari.  Sic  Atropos  urget: 
Sic  cecinit  longseya  Thenrís.  Nunc  matre  remota 
(Rem  peragi  tempos)  fines  invade  Sieanos, 
Et  Cererís  prolem  patalis  illudere  caaipis, 
Crastina  puniceos  cum  lux  detexerit  orbia^ 
Coge  tuis  armata  dolis ;  quibus  urere  cunctai  • 
Me  quoque  sffipe,  soles.  Cur  ultima  regna  quiescunt? 
Nulla  sit  immunia  régio,  nullumque  sub  uniria 
Pectus  inaccensum  Veneri.  Jam  triítia  Eriwys 
Sentiat  ardores;  Acheroo,  Ditisque  severi 
Férrea  lasciYÍs  mollescant  corda  sagittia. 


179 

A  lioda  Prosérpina  deve  unir-^ 
Ao  Tártaro  Hooarcha;  isto  ordenaram 
Ha  tempos  os  Destinos;  nisto  insiste 
Atropos  sem  remédio;  a  antiga  Themis 
O  determina  assim  por  seus  decretos. 
O  tempo  está  chegado:  partío  Ceres; 
Favorece  esta  ausência  o  mea  desígnio. 

«Os  campos  da  Sicilia  affoita  invade, 
B  da  prole  de  Ceres  toma  posse: 
Para  a  trawr  iilasa  ao  campo  aberto, 
Amanhi,  quando  a  luz  nascer,  seus  raios, 
E  mais  teus  artificios,  a  convidem 
A  encontrar  na  planicie  o  fresco  orvalho: 
Das  artes  com  que  arder  fazes  o  mundo, 
E  a  mim  mesmo  mil  veies  iocendéas, 
Usa,  Acidalia,  e  serve  a  mim  e  aos  Fados. 
Por  que  motivo  em  paz  deixas  o  Avenio? 
Nada  escapou  do  teu  poder  suave; 
Nem  no  seio  das  trevas  taciturnas 
Coraçlo  se  encontrou  ínaccessivel 
Aos  attractivos  da  potente  Vénus. 
A  triste  Erínnys  sinta  os  teus  ardores; 
Reina  sobre  o  Acheronte  e  seu  tyranno; 
E  pelas  deleitosas  tuas  flechas 
Os  corações  marmóreos  amollece. » 


Tomo  V.  12  , 


180 

Accelerat  prscepta  Vénus;  jussuque  pareotis 
Palias»  et  ioflezo  quie  terret  Maenala  corou, 
ÂdduDt  se  comités,  Díyído  semita  gresso 
Claruit.  Auguriílm  qualís  latunis  iniquum 
Prspes  sanguíneo  dilabitur  igne  cometes 
Prodígíale  nibens.  Non  illum  navita  tuto 
Non  impune  vident  populi :  sed  crine  minaci 
Nunciat  aut  ratibus  ventos»  aut  urbibus  hostes. 


Devenere  locum»  Gereris  quo  tecta  nitebant 
Cyclopum  firmata  manUé  Stant  árdua  ferro 
Hoenia;  ferratí  postes:  immensaque  nectit 
Claustra  chalybs.  Nullum  tanto  sudore  Pyraonon, 
Nec  Steropest  construxit  opus:  nec  talibus  anquam 
Spiravere  notis  anims:  nec  flumine  tanto 
lococtum  maduit  lassa  fornace  metallum. 


181 

Co'  este  preceito  Veaus  se  accelera ; 
De  Júpiter  as  ordens  lhe  associam 
Por  companheiras  Palias  e  essa  Deosa 
Cujo  boaz  curvado  assusta  o  Méoalo. 

VSo  diffuDdindo  luzes  nos  caminhos 
Os  passos  diYÍnaes  das  três  Deidades: 
Bem  como  a  coma  de  um  cometa  espanta. 
Quando,  presagio  d'nma  qiieda  infausta» 
De  repente  se  vê :  treme  o  Piloto ; 
Os  povos  assustados  se  consternam 
Co  sanguíneo  fulgor  do  astro  funesto, 
Co'  as  vermelhas  madeixas,  que  promettem 
Tempestades  ás  nãos,  guerra  ás  cidades« 

Chegam  em  fim  de  Ceres  ao  palácio. 
Que  os  Cyclopes  robustos  construíram 
Com  esplendido  gosto  e  segurança, 
£  deram  férrea  base  aos  altos  muros : 
De  ferro  sSo  as  portas,  que  seguram 
Com  fechaduras  d'a(o  fortes  barras. 
Nunca  tanto  suor  cobrio  as  faces 
De  Pyracmon,  nem  poz  maior  desvelo 
O  fOTÇOSO  Sterope  em  qualquer  obra: 
Nunca  o  vento  soprou  com  tanta  força 
Nos  folies  comprimido,  nem  correram 
Das  ardentes  fornalhas  fatigadas 
Os  fundidos  metoes  era  copia  tanta. 


i8â 

Atria  vestit  ebur:  trabibos  solídotiir  ateis 
Culmea,  et  in  celsas  surgunt  electra  oolomoaSi 


Ipsa  domum  tenero  molcens  Prosérpina  canta 
Irrita  texebat  redituras  monera  matriz 
Hic  elementonim  seriem  sedesqae  paternas 
losignibot  acu:  meterem  qua  iegè  tamaitom 
Discrevit  Natura  parens»  et  senina  jostis 
Discessere  locis.  Quidqaid  leret  fartar  in  altomi 
In  médium  graviora  cadunt.  Incandait  ffitber: 
Egit  flamma  polum:  fluxit  maré:  terra  pependit, 
Nec  color  unas  inest.  Stellas  accendit  in  aar0, 
Ostro  fundit  aqaas,  attollit  littora  gemmisi 
Filaque  mentitos  jamjam  c^lantia  fluctus 
Arte  tument.  Gredas  illidi  cautibus  algam. 


183 

Eram  de  broDie  as  traves ;  em  mistura 
A  prata  e  ouro  aos  ares  levantavam 
El^antes  altísaimas  columnas. 

Com  maviosos  cantos  deleitava 
Estes  sities  a  t^oa  Prosérpina ; 
E  para  a  mie,  que  em  vio  saudosa  esperai 
Um  presente  tecia,  primor  d'arte* 
Co'  a  destra  agulha  desenhava  astuta 
O  throno  de  seu  t^ae,  celeste  assento; 
Ingenhosa  na  tela  figurava 
Dos  Elementos  a  constante  serie: 
A  Natureza  o  cabos  arranjando, 
E  em  seu  justo  lugar  as  cousas  pondo; 
Fixando  onde  compete  o  que  é  mais  leive ; 
Fazendo  gravitar  o  que  nuiis  pesa : 
Encandilando  o  elber;  e  obrigando 
Sobre  um  ponto  a  girar  o  €eo  c'os  Astros : 
Fica  fluido  o  mar,  solida  a  terra. 
Suspendida  no  espaço  illimitado. 
Tinge  os  raios  da  luz  com  varias  cores, 
E  accendeo  as  estrellas  n'um  Ceo  d  ouro: 
Sobre  um  leito  azulado  as  ondas  brincam ; 
As  preciosas  pérolas  que  alvejam 
Crescem  nas  praias,  e  por  arte  os  fios 
Se  levantam  fingindo  crespas  ondas. 
Parece  que  nas  rochas  s'espedacam 
As  marítimas  plantas,  verdes  algas; 


184 

Et  raucum  bibulis  inserpere  murmar  arenis. 
Âddit  quinque  plagas.  Mediam  sobtemioe  rubro 
Obsessam  fervore  notat.  Squalebat  adoatus 
LimeSi  et  assíduo  sitiebaut  stamina  sole. 
Vitales  utrimque  duas;  quas  mitis  oberrat 
Temperies  babitaoda  viris«  Tuai  fine  supremo 
Torpentes  traxit  geminas,  brumaque  peravii 
Foedat,  et  ffiteroo  coutristat  frigcNre  telas. 
Nec  uoD  et  patroi  piugit  sacraria  DitiSt 
Falalesque  sibi  manes.  Nec  defuit  omeo. 
PrsBScia  nam  subitis  maduerunt  fletibus  ora. 
Coeperat  et  vitreis  summo  jam  margine  texti 
Oceanum  sinuare  vadis:  sed  cardine  verso 
Sensit  adesse  Deas,  imperfectumque  laborem 
Deserit»  et  níveos  infecit  purpura  vulUis 
Per  liquidas  succensa  genas,  castflBque  pudorís 
Illuxere  faces.  Non  sic  decus  ardet  eburnum» 
Lydia  Sidónio  quod  femina  tinxerit  ostro. 


185 

Que  se  oave  o  loin  das  aguas  murmuraudo, 
Quando  serp6am  pela  solta  aréa. 
Alli  bordou  também  as  cinco  Zonas; 
E  c'um  fio  de  purpura  assígnala    • 
O  sitio  onde  o  calor  mais  permanece: 
Vé-se  que  assiduo  o  Sol  diesseca  a  terra. 
Torra  do  estofo  a  trama  delicada. 
Os  dous  lados  yitaes  e  temperados 
Mais  babitaveis  sOo»  e  mais  contidam 
Aos  bumanos  seus  climas  restaurantes. 
Os  extremos  também  bordou  desertos, 
Eternas  brumas,  congeladas  neves, 
Que  a  mesma  tela  desabrida  attristam. 
NSo  lhe  esqueceo  também  do  fero  Dite 
Os  tenebrosos  sitios,  fataes  sombras. 
Que  a  Sorte  inrelizmente  lhe  promette. 
Nlo  lhe  faltam  agouros:  começando, 
Fatal  presentimento  a  atormentava. 
Súbito  pranto  lhe  humedece  o  rosto. 
Mas  quando  ia  os  contornos  submergindo 
Nas  cristalinas  aguas  do  Oceano, 
De  repente  da  porta  os  fechos  se  abrem: 
Á  vista  das  três  Deosas  o  trabalho 
Incompleto  abandona;  a  nivea  face 
Invade  a  escarlatina  cor^  modesta 
Com  todo  o  fogo  que  o  pudor  accende. 
Menos  brilha  o  marfim,  se  acaso  o  tinge 
Com  purpura  Sidónia  Lydia  escrava. 


■ 


186 

Merserat  unda  dien.  Sparso  nox  húmida  somoo 
Languida  csruleis  inyexerat  4itia  bigis. 
Jamque  viam  Pluten  superas  molitur  ad  auras 
Germaui  monitu.  Torvos  invisa  jugales 
Alccto  temone  ligat,  qui  ptiscua  mauduDt 
Cocyti»  spatiisque  Erebi  nigrantibus  erraat, 
Stagnaque  tranquilte  potautes  marcida  Letbes 
iEgra  soporatis  spumant  obHvia  linguis. 
Orphoaeus  crudele  micans,  iEtbooque  sagitta 
Ocior»  et  Stygíi  sublimis  gloria  Nycteus 
Ârmeotii  Ditisque  nota  signatus  Alastor, 
Stabant  aute  fores  juncU,  saevuroque  fremebant 
Crastiua  ventura  spectantes  gaudia  prsdãe. 


187 

No  mar  se  tinha  o  dia  mergulhado; 
Hamida  a  Noite  os  somnos  esparzia» 
E  a  cerúlea  parelha  dormitara, 
Por  ócio  6  iaiigittdex  entorpecida* 

Pelo  aviso  do  IrmBo  já  sWorçava 
Plutão  para  romper  a  nova  estrada 
Pelos  sities  que  alegra  a  biz  celeste* 
Âlecto  horrenda  conjugava  á  lança 
Os  ferozes  cavallos»  que  mascaram 
O  pasto  no  Gocyto»  e  saMos  vagam 
Nos  espaços  do  Erébo  negrejantes ; 
Que  no  Lethes  tranquilfo  bebem  tristes 
As  estagnadas  coirompidas  agaaSi 
Das  linguas  soporantei  vomitando 
Co'  a  narcótica  espuma  peV^ihenta 
O  enfermo  olvido  que  anaiqnila  tudo. 

O  cruel  Orpheneo  lampeja  e  freme; 
Mais  rápido  que  a  setta  vda  yEthonte; 
Das  manadas  Estygías,  gloria  delias, 
O  sublime  Nycteo;  e  assignalado 
Co'  a  marca  de  PlutSo  o  negro  Âlâstor: 
Subjugados  á  porta  do  palácio» 
Relinchavam,  prevendo  a  bella  presa 
Que  ao  Dite  pronrottía  a  novo  aurara. 


DE  RAPTU  PROSERPINiE, 


PRjíarATIO. 

Utia  sopitís  ageret  cam  cantibus  Orpheas, 

Neglectumque  díu  seposaisset  ebur; 
Lugebant  erepta  sibi  solatía  Nympfasey 

Lugebant  dulces  íkimina  mcosta  modos. 
Sseva  feris  natura  redit,  metuensqtte  leonam 

Implorat  citharae  vacca 'tacentís  opem. 
Illius  et  duri  flevere  silentia  montes, 

Silfaque  Bistoniam  sspe  secota  chelyn. 


Sed  postquam  Inachiis  Alcides  misaus  ab  Argía 

Thracia  pacifero  contígit  arva  pede, 
Diraque  sanguinei  vertit  praesepia  Regis, 


o  ROUBO  DE  PROSÉRPINA. 


PREFACIO. 

Am  ócio  estéril  esquecia  o  caoto 
Orpheo,  e  a  iyra  muda  repousava; 
As  Njmphos  consternadas  lamentavam 
Seu  perdido  praier;  em  pranto  os  rios 
Sopplicavam^seus  melicos  concentos. 
A  feroz  natureza  reassumiam 
Os  monstros;  e  os  bezerros  timoratos 
Á  vista  dos  leSes  sollicitavam 
Da  cithara  calada  seu  remédio. 
Que  digo!  seu  silencio  magoava 
Os  insensíveis  montes  da  Bistooia,  (1) 
As  florestast  que  tantas  vezes  foram 
Por  seus  números  doces  attrahidas. 


Mas  apenas  que  dlnacho  a 
Argos,  deixou  Alcidesi  e  seguido  (2) 
Pela  paz  veio  á  Thracio;  e  em  pó  deixando 
As  sanguinosas  manjedouras  d^Augias» 


190 

Et  Diomedeos  gramine  pavit  equos: 
Tum  patri»  festo  Istatus  tempore  vates 

Desuetffi  repetit  fila  canora  lyra, 
Et  resides  Iam  soodulatiia  pectine  nervos, 

Pollice  festino  mobile  duxit  ebur. 
Vix  auditas  erat:  venti  frenautur  et  undse. 

Pigrior  adstrictis  torpuit  Hebrus  aquis. 
Porrexit  Rhodope  sitientes  carmina  rupes» 

Excossit  gélidas  pronior  Ossa  nives. 
Árdua  nudato  descendit  populus  ^mo» 

Et  comitem  quercum  pinus  arnica  trahít« 
Cirrhseasque  Dei  quamvts  despexerit  artes* 

Orpbeís  laurus  Tocibus  acta  venit. 
Securum  blandt  lepore»  fovere  Moloasit 

Vicinumque  lupo  prasbuit  agna  latus« 
Concordes  varia  ludunt  com  tigride  damffii 

Massylam  cervi  non  timuere  jubam. 


tile  novercales  stíoduloá  actosque  canebat 
Herculis,  et  forti  monstra  subaçta  mana. 


191 

Fartou  de  grama  os  DionedeoB  uroos ; ' 
Da  ventura  da  pátria  Orpbeo  ditoso^ 
Toma  a  ferir  as  cordas  resoaotes 
Da  lyra  abandonada;  ebúrneo  arco 
O  instrumento  ocioso  reanima, 
E  08  ágeis  dedos  móveis  fios  vibram. 

Os  ventos  c'os  primeiros  sons  se  acalmam. 
Param  as  ondas,  o  Hebro  perguíçoso  (3) 
A  rapidez  das  aguas  entorpece; 
O  Rhodope  pasmado  o  cimo  inclina, 
Soltam-se  os  gelos  do  Ossa  alcantilado,  (4) 
Despe-se  o  Hoemos  dos  soberbos  olmos,  (5) 
Após  si  o  pinheiro  attrahe  o  aanbo; 
E  apesar  dos  desdéns  que  a  Daphne  inspira 
Do  Deos  de  Cirrba  o  sonoroso  ofiBcio^  (6) 
Commove  a  ?ok  d'Orpheo  a  laurea  rama. 

Presta  aflbgos  á  lebre  o  mastim  manso. 
Dorme  sem  susto  a  ovelha  ao  pé  do  lobo; 
Une  a  concórdia  os  gamos  com  os  tigres, 
Brincam  juntos ;  nem  mette  medo  ao  cervo 
A  juba  do  leão,  as  garras  feras. 

Da  raivosa  madrasta  as  iras  canta 
Orpbeo,  e  canta  dllercules  proezas; 
Os  monstros  que  debella  a  mão  terrivel: 


« 


192 

Qqí  timid»  motrí  pressos  ostenderit  aagues, 
Intrepidusque  fero  riserit  ore  puer* 


Te  oeque  Dicteas  quatiens  mugitibus  urbes 

Taanis»  Dec  Stygii  terruít  ira  canis: 
NoD  leo  sidéreos  cobU  rediturus  ad  axes, 

NoD  Erymantbei  gloria  montis  aper. 
Solvis  Ámazonios  cinctuSt  Stymphalidas  arcu 

Âppetis;  occidao  ducís  ab  orbe  greges: 
Tei^eminique  ducis  numerosos  dejicis  artus» 

Et  toties  uào  victor  ab  hoste  redis. 
Non  cadere  Ântaeo,  non  crescere  profuit  Hydrfle : 

Non  cervam  Tolucres  erípuere  pedes. 
Caci  flamma  perit:  rubait  Busiríde  Nilus: 

Prostratis  rubuit  Nubigenis  Pboloe. 
Te  Libyci  stupuere  sínus:  te  máximos  Atlas 


i 

I 


% 


193 

Dii  como  Alcmena  treme  quaodo  observa 
Os  braços  infantis  com  cjae  sea  filho 
No  berço  aflbga  horrisonas  serpentes ; 
Gomo  Toltèa  sobre  os  tenros  lábios 
Cerlo  sorriso  triomphante,  intrépido. 

«  Sem  descorar,  (disse  elle)  o  touro  viste 
Gajos  mugidos  abalaram  Creta; 
Do  stjgio  do  os  ladros  n&o  temestot 
Nem  o  leio  que  aos  Ceos  subir  devia; 
Oa  javali  feroit  que  do  Erymaotho 
Foi  terrori  e  foi  gloria  de  teu  braço. 

c  O  cinto  da  Amazónia  desataste ;  (7) 
Só  fugindo  as  Harpias  te  escaparam; 
E  dos  termos  do  mundo  conduziste 
Té  ás  portas  da  Aurora  esses  rebanhos 
Do  triple  GerylOy  cuja  derrota 
A  teu  valor  concede  três  triumphos. 

« Nem  as  quedas  de  Anteo,  premeditadas, 
Nem  da  Hydra  as  cabeças  renascentes, 
Os  pés  da  Cerva  alados,  os  livraram 
De  teus  golpes;  de  Caco  a  chamma  apagas; 
De  Busiris  o  sangue  tinge  o  Nilo, 
E  dos  Centauros  mortos  tinge  o  Phóloe  (8). 
Taes  prodígios,  façanhas  tio  sublimes. 
Da  Libya  as  praias  teem  como  assombradas:  (9) 

Tomo  Y.  13 


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194 

Horruít»  ímposito  cum  premerere  polo. 
Firmior  Hercúlea  muodus  cervice  pepenâit 
LustraruDt  humeros  Pbcebtis  et  asbra  taoa. 


Thracius  h(ec  vates;  sed  tu  Tyrínthius  alter» 
Florentine,  mihi»  tu  mea  pleetra  inoves. 

Antraque  Musarum  longo  torpentía  somno 
Excutis»  et  plácidos  dueis  in  orbe  choros. 


UBER  II. 

IMPULiT  lootos  praBmisso  loBiine  fluctos 
Nondum  pura  dies;  tremulis  rifaravit  in  undis 
Ardor,  et  errantes  luduot  per  carula  flanunOL 


Jamqae  audax  animí,  ãáaeqae  oblíta  parenlis, 


195 

Atlas  ingente  freme  e  se  horrorisa 

VeDdo  que  o  Ceo  deseança  nos  teus  hombros; 

Ás  celestes  abobadas  parece 

Que  um  mais  firme  e  melhor  apoio  prestara, 

Pois  sobre  elle  proseguem  seu  caminho 

Phebo  e  a  cohorte  dos  luzentes  astros. » 

Assim  cantava  Orpheo.  Tu,  novo  Alcides  (10), 
Tu  dás  á  minha  lyra  alento  novo: 
Á  tua  voz  o  longo  somno  foge, 
E  abandona  a  morada  taciturna. 
Que  no  silencio  as  Musas  habitavam ; 
Entre  os  mortaes  ordenas  que  desfechem 
Os  seus  choros,  que  slo  da  paz  amigos. 


LIVRO  II. 


i 


BRE  as  Iónicas  ondas  já  brilhavam 
Fogos  que  slo  do  dia  precursores; 
E  nas  treihulas  aguas  voltejava 
A  sua  incerta  luz,  que  se  confunde, 
Á  chamma  d  ouro,  c'o8  cristaes  cerúleos. 

Incauta  Prosérpina  poz  de  parte 
Da  mte  o  meigo  aviso  previdente; 

Tomo  Y.  13  « 


196 

Praude  Dionsa  riguos  Prosérpina  saUu» 
(Síc  ParcflB  Tdlaere)  petit.  Ter  cardine  yersa 
Prssagam  cecínere  fores.  Ter  cônscia  fati 
flebile  terrificis  gemuit  mugitibas  iEtoa. 
NuHis  illa  tamen  monstrist  nuUoque  tenetar 
Prodigto.  Comités  gressum  junxere  sorores^ 
Prima  dolo  gaudens,  et  tanti  callida  voti 
It  Yenús»  et  raptas  metitur  corde  futuros, 
Jam  dunim  flexura  Gbaos,  jam.  Dite  subacto^ 
Ingenti  fâmulos  Manes  ductura  triumpho. 


Illi  multifidos  crínis  sinuatur  in  orbes 
Idalia  divisus  acu.  Sadata  marito 
Fibula  purpúreos  gemma  suspendit  amictus. 
Cândida  Parrbasii  post  bane  regina  Lyciei, 
Et.  Paodionias  qu»  cúspide  protegit  arces» 
Utraque  virgo,  ruunt:  bec  tristibus  áspera  bellis; 
H»c  metuenda  feria.  Tritonia  casside  fulfa 


197 

Sem  temor  corre  ao  bosqae  humedecido» 
Onde  a  fraude  de  Vénus  a  attrabia 
(Assim  fizeram  Parcas).  Sobre  os  quicios 
Três  vezes,  oh  presagio!  a  porta  geme; 
Por  três  vezes  o  Etna  amedrentado 
Resoa  c'os  gemidos  mais  queixosos: 
Apesar  dos  prodígios,  parte  a  virgem. 

As  três  Deosas  irmBs  seus  passos  seguem: 
Dione  á  frente  goza  da  ventura 
Que  teem  seus  artificies;  dissimula, 
Mas  vé  de  longe,  com  prazer  secreto, 
Qoanto  seus  votos  cálidos  provocam; 
Qoe  o  triampho  do  Dite  lhe  submette 
O  Chãos,  PluUlo  mesmo,  e  os  Manes  todos, 
Qoe  ao  seu  carro  assim  ficam  maneatados. 

Em  mil  anneta  lhe  tinha  Idalio  ferro 
Dividido  as  madeixas  d'aureas  ondas. 
Que  airosas  diamantino  pente  ajusta. 
A  túnica  de  purpura  fixava 
Sobre  o  seio  presilha  primorosa. 
Que  Vulcano  regou  de  seus  suores. 
D' Arcádia  a  Deosa  cândida  a  seguia,  (11) 
E  a  d'Athenas  potente  protectora, 
Que  Hjmeoeo  uma  e  outra  desconhece: 
Esta  exaspera  os  ásperos  combates; 
Essa  nos  bosques  é  terror  das  feras. 


198 

Caelatum  Typhona  gerit»  quí,  sumina  peremtm^ 
Ima  parte  víget,  moriens  et  parte  superstes. 
Hastaquo  terribíli  surgeas  per  nubila  gjro 
Instar  habet  silvie.  Tantum  stridentia  colla 
Gorgonos  obteotu  pallae  fulgentis  iouaibrat. 


At  Trivíae  lenis  species,  et  multas  in  oro 
Frater  erat,  Pbcebiqae  genas  et  lumína  Phoabi 
Esse  putes»  solusque  dabat  discrimiDa  sexus, 
Brachia  nada  nitent:  levibos  projecerat  auris 
Indociies  errare  comas,  arcuque  remisso 
Otia  nervus  agit  Peadent  post  tei^ga  sagitt», 
Crispatur  gemino  vestis  Gortynia  cinctu 
Poplite  fusa  tenus,  motoqoe  in  stamine  Delos 
Errat,  et  aurato  trahitur  circumflna  poiíto. 


Quas  inter  Cereris  proles,  nuno  gloria  matris» 
Mox  dolor,  squali  tendit  per  gramina  passu, 
Nec  roembris  nec  honore  mínor;  potuitque  videri 
Palias»  si  clipeum,  si  ferret  spicula,  PhcBbe. 


199 

Traz  Minerva  no  casco  borrída  imagem 
De  Typheo»  que  a  si  mesmo  supervive; 
Esse  gigante  cajo  basto  é  presa 
Da  morte,  quan^  a  TÍda  anima  e  resto* 
A  lança  delia  sobrepuja  as  nuvens; 
£  08  olbos  assustadas  a  reputam 
Uma  floresta  altiva;  cobre  as  serpes 
Que  silvam  sobre  a  frente  de  Medusa 
Um  mantot  que  é  d'estreU8s  recamado, 

No  alvo  rosto  a  doçura  lhe  morava» 
Noa  olhos  e  na  face  era  Diana 
Qual  Phebo  seu  irmto:;  aáraente  o  sexo 
Impede  que  se  créa  aer  Apollo: 
Brilham  seus  braços  nte,  soltos  cabellos 
São  do  Zephiro  leve  alegre  ^brinco; 
O  seu  arco  descança;  a  corda  bamba 
E  as  flechas  4e  seus  alvos  hombros  pendem* 
Dobre  cinto  o  vestido  lhe  suspende 
Acima  do  joelho ;  alli  bordado 
Delos  errante  sobre  o  mar  se  via» 
Que  d*aureas  ondas  circundava  as  roupas. 

Vem  seguindo  ertas  Deosas  Prosérpina» 
Rival  delias  em  garbo  e  magestade» 
De  Ceres  gloria»  e  logo  acerba  magoa ; 
Vendo  o  broquel»  por  Palias  a  julgaram» 
E  por  Diana»  á  vista  do  arco  e  flechas. 


200 

CoIIectiB  tereti  oodantor  iaspide  yestes* 
Pectinis  ingenio  numquam  fdicior  arti 
G)Dtigit  eyeDtiis.  NuU»  sic  consona  teke 
Fila»  nec  ín  tantum  feri  duxere  figuram. 

Hic  Hyperionio  Solem  de  semine  nasoi 
Fecerat,  et  pariter,  aed  forma  dispare,  Lonam, 
ÂurofflB  noctisqui  duces.  Canabola  Tethys 
Praebety  et  infantes  grémio  solator  aobeios, 
Cffiraleusque  sinas  roseis  radiatur  alumnis, 
Invaliduin  dextro  portat  Titana  lacerto 
Noodum  luce  graveroi  nec  pubescentibos  alie 
Cristatum  radiis.  Primo  dementior  »vo 
Fingitur»  et  tenerum  vagitu  despuit  ígnem^ 
Laeva  parte  sonur  Titrei  libamina  potat 
Uberis,  et  parvo  signatur  têmpora  corou. 


Tali  luxuriat  cultu.  Comitaotur  eunlem 
Naldes,  et  sócia  stipant  utrinque  corona» 
QasB  fontesi  Crioise,  tuos»  et  saxa  rotantem 
Pantagiam,  nomenque  Gelan  qui  prsbuit  urbi, 


201 

Traz  veitesy  presas  com  polidos  jaspes» 
De  tela,  primor  d'arle  em  transpareDcia, 
Que  as  delicadas  formas  revelavam 
Com  mais  ezactidlo  do  que  encobriam. 

Nellas  bordoa  com  arte  mio  perita 
D'HyperioDÍo  a  prole,  o  Sol  e  a  Loa, 
D'Áiirora  e  Noite  os  bellos  condactores. 
Seu  cançasso  e  fadiga  acalma  Thetys 
No  cristalioo  berço  que  Ibe  oiteta; 
Doiiram-lhe  o  seio  aiul  porporeos  raios 
Dos  dois  Numes  lustrosos  que  ella  afihga: 
O  juvenil  Titan,  que  traz  na  dextra. 
Com  seu  frouxo  esplendor  Ibe  cerca  a  frente ; 
Ao  qual  a  agolba  experta  presta  as  graças 
Da  infância,  e  faz  luzir  as  puras  cbammas 
Que  da  boca  Ib'  escapam  c'os  vagidos. 
No  braço  esqiiei]^o  Cyntbía  exprime  a  Tbetys 
Do  diáfano  seio  doce  néctar, 
E  começa  na  tenra  testa  a  ver-se 
Po  crescente  argentino  a  luz  serena. 

Vai  Pfoserpina  d'esta  pompa  altiva : 
De  Nayades  um  circulo  vistoso. 
Por  toda  a  parte,  em  comitiva  a  segue. 
Deixam  as  fontes  do  Criniso,  e  os  seixos  (12) 
Que  o  Pantagio  estrondoso  inda  revolve; 
O  Gela,  que  deo  nome  a  uma  Cidade, 


202 

Coacelebrant :  quas  pigra  vado  Camarína  palaatrí, 
Quas  Arethus(BÍ  latices,  quas  advena  nutrit 
Alpheus.  Cyane  totum  supercmAinet  agmen. 


Qualis  AmazoDidom  peltis  esuHàt  adoncís 
Palcra  cohors»  quoties  Arcton  populata  virago 
Hippolyte  níveas  ducit  poat  prffilia  turmas; 
Seu  flavos  stravere  Gelas,  seu  forte  rígeotem 
Thermodootiaca  Taoalo  fregere  securt. 


Aut  quales  referuiit  Baccho  soleonia  Nyinphe 
MffiODiffi,  quas  Hermos  alit,  rípasque  paternas 
Percurrunt  auro  madídae ;  laetatur  in  f ntro 
Amnis,  et  undaotem  declinat  prodigus  urnam. 


Viderat  herboso  sacnim  de  vértice  vulgus 
Heona  parens  florum,  eurvaque  in  valle  aedentem 
Compellat  Zephyrum:  Pater  d  gratíssimo  veris, 


203 

E  as  cannas  que  embargavam  Camariíia 
Quando  o  seu  cristal  liquido  entomaTa ; 
Que  o  licor  d'Aretha8a  e  a  praia  eottilbani, 
Quando  estrangeiro  Alpheo  de  longe  a  busca:  (13) 
Cyane,  a  linda,  sobresae  a  todas.  (i4) 

Taes  Amaaonas  beliicas  agitam 
Os  convexos  broqueis  depois  da  guerra, 
Se  as  niveas  turmas  reconduz  Hippolyta 
Aos  campos  em  que  reina  Arctos  e  a  neve; 
Ou  com  seus  golpes  tenbam  morto  o  Geta, 
Ou  c'os  macbados  de  que  o  Thermodonte 
Armou  seus  braços  fortes,  invencíveis 
Os  gelos  do  Tanais  despedaçassem. 

Taes  também,  se  de  Baccho  as  festas  voltam, 
As  Nymphas  da  Meonia  ás  praias  correm 
Do  Hcrmus,  cujas  ondas  áureas  bebem; 
O  Deos,  na  gruta  ouvindo-as,  estremece, 
A  urna  inclina,  e  derrama  as  ondas  douro. 

Alcatifado  d'herva  o  fértil  Henna, 
Rico  de  flores,  apercebe  o  grupo 
Das  Deosas  e  das  Nymphas  engraçadas; 
£  o  Zephyro,  que  observa  perguiçoso 
£  sentado  n'um  valle,  á  pressa  chama. 

K  Amável  pae,  lhe  diz,  da  primavera, 


204 

Qui  mea  lascivo  réguas  per  prata  meatu 
Semper»  et  assiduis  irroras  flatíbus  annunit 
Respice  Nyinpbamm  coetos,  et  celsa  Teoantis 
Germina,  per  nostros  dignantia  ludere  campos. 
NuDc  adsis  faveasque,  preoor,  nimc  omnia  fetu 
Pubescant  ?irgulta  Telis,  ut  fertilis  Hybla 
loTideat»  yinciqne  sãos  non  abnuat  hortos. 
Quidquíd  tariferis  spirat  Panchala  silvis, 
Quidquid  odoratus  longe  blanditur  Hydaspes» 
Quidquid  ab  extremis  ales  longsTa  Sabaeis 
Colligít,  optato  repetena  exordia  busto» 
In  venas  disperge  meãs,  et  flamine  largo 
Rura  fove,  merear  divino  poUice  carpi, 
Et  nostris  cupiaot  omari  namina  sertis. 


205 

Que  em  briocadores  giros  incessantes 
Em  meu  prado  te  agitas»  que  nSo  canças 
De  humedecer  de  onralhos  bemfeitores 
Em  mea  serviço  as  estações  do  aono; 
Este  choro  de  Njmphas  f é»  repara 
Nesta  prole  celeste  do  Tonante, 
Que  em  nossos  campos  digna  recrear*se« 
Com  teu  fayor  protege  hoje  meus  votos! 
As  plantas  de  repente  to  vigorem» 
Be  novas  flores  se  matise  a  terra ; 
Envei^onhe-se  o  Hjbla»  e  reconheça  (16) 
Que  os  meus  prados  viçosos  e  abundantes 
Qs  seus  férteis  flcMridos  campos  vencem. 
Em  minhas  veias  corra  a  essência  pura 
Que  a  Panehaia  thurifera  perfuma; 
Os  vapores  suaves  com  que  as  praias 
Do  magestoso  Hydaspe  se  embalsemam ; 
Qs  cheiros  deleitosos  que  recolhe 
Lá  nas  plagas  Sabéas»  Uo  distantes» 
Immortal  ave»  e  recupera  a  vida  (16) 
No  sepulchro  e  fogueira  que  a  consome; 
Em  minhas  veias  taes  effluvios  corram» 
Taes  hálitos  me  aqueçam  as  entranhas; 
E  mereçam  então  as  minhas  flores 
Peks  mios  divinaes  o  ser  coibidas; 
Appeteçam  os  Numes  para  omar-se 
Minhas  boninas»  meus  festões  viçosos. » 


206 

Dixerat.  Ule  doyo  madídántes  nectare  peodas 
Concutit,  et  glebas  fecundo  rore  marital» 
Quaque  Yolat,  Yernas  sequitur  rubor.  Omuis  in  berbas 
Turget  húmus,  medioque  patent  convexa  sereno: 
Sanguíneo  splendore  rosas,  vaccinía  nigro 
Induít,  et  dulci  violas  ferrugine  pingit. 


Partbica  qus  tantis  varíantur  cingula  gemmis 
Regales  vinctura  sinus?  Quie  vellera  tantara 
Dítibus  Assyrii  spumis  fucantur  aGni? 
Non  tales  volucer  pandit  Junonius  alas* 
Nec  síc  innumeros  arcu  mutante  colores 
Incipiens  redimitur  byems,  cum  tramite  flexo 
Semita  discretis  intervirei  húmida  nimbis. 


Forma  loci  superat  flores:  curvata  tumore 
Parvo  planities,  et  mollibcis  edita  elívis 
Creverat  in  collem.  Vífo  de  pumíce  fontes 


\ 


207 

Disse;  e  o  Zepbyro  as  atas  sacudindo. 
Solta  Qma  chuva  de  nectareas  gotas, 
Cujo  orvalho  prolífico  e  suave 
As  leivas  namoradas  euteroece ; 
Vernal  verdura  em  quanto  vôa  o  segue: 
A  terra  entumecida  produz  hervas. 
As  flores  brotam :  lut  serena  envolve 
A  abobada  celeste;  as  rosas  coram, 
As  saudades  de  lucto  se  revestem ; 
E  a  modesta  viola  em  roxo  traje 
Com  perfumes  revela  quanto  vale. 

Os  Parthas  com  diamantes  meãos  ornam 
O  cinto  destinado  a  seus  Monarchas; 
Das  caldeiras  de  cobre  a  Assyría  gente 
Com  menos  lustre  as  l&s  tintas  tiraram; 
Nem  scintillaram  tanto  os  olhos  d'Argos 
Na  cauda  do  volátil  que  ama  Juno: 
Á  vista  cores  menos  variadas 
OS^rece  a  curva  lista  que  no  inverno 
Abrange  do  hemispherio  o  largo  espaço, 
Quando,  prenhe  de  chuva,  verdes  sulcos 
Nos  ares  divididos  assignala. 

A  bellexa  do  sitio  vence  as  flores: 
A  curvada  planicie  alli  se  eleva, 
E  em  suave  declive  ao  prado  desce ; 
Límpidas  fontes  rompem  dos  rochedos, 


208 

Roscida  mobilibus  lambebant  gramioa  rivts. 
Silfaque  torrentes  ramorum  frígore  soles 
Temperat»  et  médio  bramam  sibi  vindicat  sstu. 
Apta  fretis  abies,  bellis  accommoda  cornus, 
Quercus  arnica  Jovi,  tamulos  teclara  copressos, 
lies  plena  favis,  yenturi  prsescia  iauras4 
Fluctuat  hic  denso  crispata  cacumine  baxus, 
Hic  ederie  serpunt»  hic  pampinus  induit  ulmos. 
Haud  procul  inde  laços  (Pergum  dixere  Sicant) 
Panditur,  et  nemorum  frondoso  margine  ciuctos 
Vicinis  pallescit  aquis.  Admittit  ín  altum 
Cernentes  ocolos»  et  Iate  perrius  humor 
Docit  inoffensos  liquido  sob  gurgite  tisos» 
Imaque  perspicoi  prodit  secreta  profundi. 


Hoc  elapsa  cohors  gaodent  per  flórea  rara, 
Hortator  Cythereai  legant.  Nooc  ite,  sorores, 


209 

Refrescdndo  e  affag&ndo  a  verde  relva; 
Do  Sol  o  ardor  tempera  espessa  rama 
De  um  bosqae  abastecido,  que  no  Estio 
Guarda  a  frescura  que  reveste  o  Inverno^ 
Cresce  o  pinheiro  alli»  que  o  mar  aflrootai 
  sorveira^  que  a  Marte  tanto  serve; 
O  carvalho,  que  ostenta  com  suberba 
Ser  valido  do  Deos  que  ús  raios  vibra  2 
Cresce  o  cjpreste  alli,  que  a  sombra  escassa 
Aos  túmulos  destina ;  cresce  o  azinho. 
Das  abelhas  amado;  cresce  o  louro, 
Dos  futuros  segredos  conãdente: 
Enlaça  o  bucho  seus  espessos  ramos; 

Hera  serpêa,  a  vide  os  olmos  veste. 
Alli  perto  se  alonga  o  lago  Pergus, 
Cujas  margens  frondoso  bosque  cerca : 
Se  co'  as  alvercas  próximas  se  agita 
Seu  limpido  cristal,  as  ondas  claras 
A06  curiosos  olhos  nSo  prohibem 
Livre  passagem;  ver  essès  segredos 
Que  nas  profundas  grutas  mal  recata 
O  véo  das  aguas  argentinas,  limpas. 

Lançam-se  as  Deosas,  transportadas  correm 
Pela  Oorea  planicie;  excita-as  Vénus 
A  segar  a  odorifera  seara. 

«( Ide,  cafas  irmis,  ide,  diz  ella, 
Tono  T.  1-* 


210 

Dum  matutiiiis  pnBsodat  soiibus  aer: 
Bum  meus  humectat  flavetites  Lúcifer  agrost 
Roranti  prae^ectus  equo.  Stc  {att^  ãoloris 
Carpit  signa  sui.  Vários  tum  cetera  saltos 
Invasere  cohors.  Gredas  examina  fuodi 
Hyblaeum  raptura  thymum,  cum  cerea  reges 
Castra  movent,  fagique  cava  dimissus  ab  alvo 
Mellifer  electis  exercitus^  obstrepit  herbis. 


Pratorum  spoliatur  houos.  Hest  lília  fuscis 
totexit  violís:  bane  moliis  amaracus  ornat: 
Haec  graditur  stellata  rosís;  hmc  alba  lígustris. 
Te  quoque  flebílibus  moerens,  Hyacintbey  figuris, 
Narcissumque  metunt,  oouc  ínclita  germina  veria, 
Prestantes  olim  pueros.  Tu  natus  Amycllsr 
Hunc  Helicon  genuit.  Te  discí  perculit  error: 


211 

Em  quanto  o  Sol  da  Aurora  nHo  enxuga 
O  róseo  pranto,  e  em  quanto  os  OàyoB  sulcos 
AmoIIece  o  meu  Lúcifer  correndo 
Em  seu  cavallo,  que  humedece  o  orvalho. » 
Nisto  colhe  uma  rosa,  recordando 
Com  suspiros  a  dor  que  symbolisa  : 
As  companheiras  erram  pelos  bosques, 
Como  as  abelhas,  cQJo  enxame  aUge») 
Bo  seu  rei  o  estandarte  vai  seguindo. 
Da  faya  hospitaleira  o  seio  largam 
Que  os  favos  resguardava ;  o  vdo  tomam 
Para  as  alturas  do  Hybla,  onde  o  tomilho 
O  melifluo  esquadrão  excita  a  roubos, 
Útil  thesouro  d'hervas  escolhidas. 

Os  prados  dos  adornos  despojados 
Deixam  as  Deosas:  qual  mistura  os  lyrios 
Co'  a  pallida  viola ;  qual  se  adorna 
Da  manjerona,  que  recende  ao  longe; 
Da  rosa  a  cor  e  as  graças  une  ás  suas 
Outra,  e  colhendo  os  mogarins  se  enfeita. 
Narciso  triste,  a  ti  também  colheram, 
E  a  ti,  terno  Hyacintho,  que  conservas 
O  caracter  queixoso  de  teus  males: 
Ambos  illustres  pela  sorte  e  origem ; 
Outr'ora  um  d'Amycléa,  outro  nascido 
Nas  faldas  do  Helicon,  ambos  agora 
Brilhantes  produccões  da  Primavera. 
De  um  disco  errado  victíma  chorada 

Tomo  V.  14  , 


212 

Hunc  fontis  decepit  amor.  Te  fronte  retusa 
Delíug,  hunc  fracta  Cephíssus  arundine  loget. 


iEstuat  ante  alias  ávido  fervore  legendi 
Frugifer»  spes  una  De®.  Nunc  vimine  texto 
Ridentes  calathos  spoliis  agrestibus  implet: 
Nunc  sociat  flores»  seseque  ignara  coronat, 
Augurium  fatale  tori.  Quin  ipsa  tubarum 
Armorumque  potens,  dextram,  qua  fortia  turbat 
Agmina»  qua  stabiles  portas  et  rooenia  vellit» 
Jam  levibus  laxat  studiis,  hastamque  reponit» 
In^litisque  docet  galeam  mitescere  sertis. 
Perratus  lascivit  apex,  horrorque  recessit 
MartiuSy  et  crists  pacato  fulgure  Temant. 


213 

Hyaciotho  pereceo;  fonte  enganosa 

Por  amor  fez  morrer  de  magoa  est'outro: 

O  pae  Cepbiso  as  camias  espedaça» 

E  choroso  com  dor  alaga  as  praias ; 

Délio  enlutado  a  fronte  eDVoWe  em  sombras» 

Carpindo  do  Pierío  moço  a  sorte. 

Ardor  insano  anima  Prosérpina, 
Esperança  da  Deosa  das  colheitas: 
Os  cestinhos  de  vimes  enlaçados 
Ora  de  flores  enche,  ou  de  grinaldas 
Cinge  a  testa,  do  thoro  não  cuidosa: 
Fatal  agouro  deste,  já  visinho! 

A  mesma  Palias,  Deosa  que  da  guerra 
Quando  emboca  o  clarim  o  mundo  atroa, 
Que  preside  ao  combate,  as  mftos  que  rompem 
Os  feros  esquadrões,  que  arrombam  portas, 
Que  as  muralhas  arrasam,  hoje  as  presta 
Aos  innocentes  jogos;  wbve  a  relva 
A  lança  larga;  as  tranças,  as  madeixas, 
Mbturadas  co'  as  Dores,  menos  feio 
O  férreo  capacete  representam; 
E  o  pennacho,  c'o8  Zephyros  luttando, 
Gentil,  vernal  aspecto  aos  olhos  mostra, 
N3o  trovão  marcial,  fulgor  de  raios. 


214 

NeCy  quae  Parthenium  canibus  scnitatur  odorem, 
Aspernata  choros,  libertateiaque  comarum 
Injecta  taotum  voluit  frenare  coroiMi. 


Talia  yirgineo  passim  duos  more  {^ruDtw, 
Ecce  repens  mugire  fragor,  confligere  turres, 
Pronaque  vibratis  radicibos  oppida  Tertí, 
Caussa  latet.  Dúbios  agnovit  sola  tomuitui 
Diva  Paphi,  mistoque  metu  perterríta  gaudei. 


Jamque  per  anfractns  animanim  rector  opacos 
Sub  terris  qusrebat  íter,  gravibasque  gementem 
Enceladum  caicabat  equis.  Immania  fiadunt 
Membra  rot»,  pressaque  gigas  cervice  laborat, 
SicaDiam  cum  Dite  ferens,  tentatque  moveri 
Debilis,  et  fessis  serpentibus  impedit  axem^ 
Fumida  sulfúreo  pr^labitur  orbita  dorso. 


215 

Diaoa,  que  dú$  Nyaipbas  nada  cura» 
Que  a  matilha  conduz  investigando 
As  moutas  do  Parthenio»  essa  captiva 
Cuma  simples  grioaida  seus  eabellos. 

Em  quanto  um  }ttventl  ardor  guiava 
Os  prazeres  das  Deosas  pelos  prados» 
Um  súbito  fragor  commoYe  a  terra. 
As  torres  umas  contra  as  outras  balen, 
E  sobre  os  alicmt^s  abalados 
As  cidades,  por  causa  occuita,  tremem. 
O  mysterio  conhece-o  a  Piphia  Deosa, 
E  entre  susto  e  praier  sua  alma  goza. 

Nos  abysmos  de  terra  o  Deos  das  sombras 
Subterrâneos  caminhos  procurava: 
Seus  pesados  cavallos  já  calcavam 
O  queixoso  Enceládo ;  jã  seus  ossos 
Estalam,  pelas  rodas  deslocados; 
E  PIut9o  e  a  Sicilia  em  peso  esmagam 
Sua  cabeça  hirsuta;  em  v9o  se  esforça» 
Em  vSo  quer  revolver-se,  mas  sem  fruclo 
Trabalha;  em  vSo  cançadas  as  serpentes 
Do  carro  o  movimento  impedir  querem: 
Precipita-se,  vôa  impetuoso, 
E  no  sulphureo  dorso  rompe  sulcos 
Que  turbilhão  de  fumo  e  pó  levantam. 


216 

Ac  Yelut  occultus  securum  prodit  in  hoste» 
Miles,  et  effossi  subter  fundamioa  campi 
Traosilit  elusos  arcano  limite  muroSt 
Turbaque  deceptas  Tictrix  erompit  in  arces, 
Terrigenas  imitata  viros:  sic  tertius  heres 
Saturni  latebrosa  vagis  rimatur  habenis 
Devia,  fraternum  cupiens  exire  sub  orbem. 
Janua  nuUa  patet.  Prohibebant  undique  rapes 
Opposit»!  duraque  Deum  compage  tenebant. 
Non  tulit  ille  moras,  indígnatusque  trabali 
Saxa  ferit  sceptro.  SícoIaB  tonuere  cavems, 
Turba tur  Lipare,  stupuit  fornace  relicta 
Mulciber,  et  trepidus  dejecit  fulmina  Cyclops. 
Audiity  et  si  quem  glacies  Alpina  coGrcet» 
Et  qui  te,  Latiis  nondum  priecincte  troph«BÍs 
Tibri,  patat,  missamque  Pado  qui  reinígat  ainum. 


Sic,  cum  Thessaliam  scopulis  inclusa  tcncret, 


217 

Bem  como  y8o  oas  trevas  os  guerreiros 
Attacar  o  inimigo  descoidado, 
Disfarçando  com  muros  e  trincheiras 
Caminhos  edcubertos  que  minaram, 
Ey  quaes  gigantes  novos»  se  arremessam 
Do  escondido  recanto  na  Cidade, 
Que  a  seus  golpes  entrega  o  estratagema ; 
Tal  o  terceiro  filho  de  Saturno 
Leva  os  urcos,  que  vSo  desenfreados 
Pelas  cavernas  tenebrosas;  busca 
Para  o  reino  do  IrmSo  achar  estrada. 
As  passagens  estão  afferrolbadas, 
Poem-lhe  invencível  anteparo  as  rochas. 
Como  férreo  grílhSo  que  se  nSo  quebra  t 
Enraivece-se  o  Deos,  nSo  quer  demoras, 
E  indignado  c'o  férreo  sceptro  batte. 

Nas  grutas  da  Sicilia  o  trovfio  troa ; 
O  Lipare  se  turba;  estupefacto  (17) 
Affasta-sc  Vulcano  das  fornalhas ; 
,Das  mãos  escapa  ao  tremulo  Cyclópe 
Mal  desenhado  o  raio:  o  estrondo  assusta 
Quem  nos  Alpes  caminha  immerso  em  gelos; 
O  navegante  ignaro,  a  quem  não  constam 
Os  tropheos  que  ao  depois  o  Tíbre  adquire ; 
E  ao  que  remonta  em  seu  batel  o  Pado. 

Como  quando  os  rochedos  anteparam 


218 

Peneo  stagnante  palas»  et  mersa  negarent 
Arva  coliy  triílda  Neptunus  cúspide  montes 
Impulit  adversos.  Tum  forli  saucius  iclu 
Dissiluít  gélido  vertex  Ossabus  Olympo. 
Carceribus  laxaotur  aqu»»  fracloque  meaUí 
Bedduntur  fluviusque  marí  tdloiqae  colonis. 


Postquani  victa  roaou  duros  Trínacría  nexus 
Solvit»  et  immeDSo  late  díscessit  biatn: 
Apparet  subitus  coelo  tímor.  Astra  víarui» 
Mutavere  fidem.  Vetito  se  proluit  arctos 
iEquore.  Praecipítat  pigrum  formido  Booteii. 
Horruit  Orion.  Audito  palluit  Atlas 
Hiunitu.  Rútilos  obscurat  anbelitus]  axes 
Discolor;  et  longa  solitos  caligine  pasci 
Terruit  orbis  equos.  Pressis  hffisere  lupatis 
Attoniti  meliore  polo;  rursusque  vereoduro 
In  Chãos  obliquo  pugnaut  temone  reverti. 


219 

Na  Thessalia  as  lagoas  estagnadas 

Qae  trasborda  o  Peoeo^  e  que  se  negam  (18) 

Ao  agrícola  as  terras  alagadas» 

Neptuno  impelle  os  montes  adversos 

Com  formidarel  golpe  do  tridente; 

Que  pelo  horrível  baque  esbroa  o  Ossa 

Das  alturas  do  Olympo;  e  o  rio  quebra 

As  [oppostas  barreiras»  correj  aos  mares, 

Lhe  entrega  as  agnas»  e  ao  cultor  as  terras. 

Apenas  os  Trínacrios  laços  rompe 
Co'  a  vencedora  mSo  Flutuo»  e  que  abre 
Uma  caverna  tmmensa  no  terreno. 
De  repente  apparece,  e  os  Geos  assusta. 
Qs  astros  seu  caminho  desconhecem ; 
No  prohibido  mar  se  banha  a  Ursa; 
O  trôpego  Bootes  corre  á  pressa ; 
Estremece  Oríonte:  os  nunca  ouvidos 
Rinchos  medonhos  o  Atlds  descoram. 
Da  quadríga  infernal  sórdido  bafo 
Do  firmamento  a  cor  azul  desbota:        ^ 
Costumados  ás  téoebras  opacas» 
Com  a  luz  retroeedem  os  cavallos; 
O  Ceo  plácido  estranham,  revoltosos 
Mordem  no  freio,  eacomam,  oootra  a  iaoca 
Reviram,  e  nas  hórridas  moradas 
Com  Ímpeto  de  novo  entrar  procuram. 


220 

Mox  ubi  pulsato  Benseruot  verbera  tergo, 
Et  solem  didicere  pati:  torreotías  amne 
Hiberno,  tortaque  ruunt  peroicius  hasta. 
Quantum  non  jaculum  Parthi»  non  impetus  Austrí, 
Non  leve  sollicit®  mentis  discurrit  acamen. 
Sanguine  Arena  oalent:  comimpit  spiritus  auras 
Letifer:  iofecUe  spumis  vitíantur  aren». 
Diffugiunt  Nymphffi:  rapitur  Pro3erpina  curru» 
Imploratque  Deas.  Jam  Gorgonos  ora  revelat 
Palias,  et  intento  festinat  Delia  cornu: 
Nec  patruo  cedunt.  Stimulat  communis  in  arma 
Virginitas,  crimenque  feri  raptoris  acerbat. 


lile,  velut  stabuli  decus  armentique  juvencam 
Cum  leo  possedit,  nudataque  víscera  fodit 
UngnibuSi  et  rabiem  totós  exegit  in  armos, 
Stat  crassa  turpis  sanie,  uodosque  jubarum 
Excutity  et  viles  pastoram  despicit  iras. 


221 

Porém  logo  que  açoites  repetidos 
Sobre  o  costado  indócil  lhes  retioeni ; 
Logo  que  á  lux  do  dia  se  acostumam, 
Correm,  bem  como  vfto  no  irado  Inverno 
As  torrentes  oo'  a  chuva  arrebatadas; 
Gomo  Yoam  da  mio  ao  Partha  os  dardos. 
Como  giram  os  Áquilos  fogosos, 
E  os  pensamentos  d'anímo  inquieto. 
Os  freios  ensanguentam,  o  ar  infecta 
Seu  mortifero  bafo;  a  arèa  ensopa 
A  immunda  espuma  que  lhes  sae  da  boca^ 
Fogem  as  Nymphas  todas:  Prosérpina, 
Presa  do  roubador,  no  carro  implora 
As  irmSs ;  a  seus  gritos  Palias  mostra 
Da  Górgona  a  cabeça ;  o  arco  atesa 
Diana  austera ;  as  Deosas  empenhadas 
Disputam  a  Plutlo  da  audácia  o  preço: 
A  vii^inea  pureza,  igual  entre  ellas, 
Exacerba  o  ardor  com  que  a  defendem, 
E  muito  accresce  ao  roubador  sen  crime. 

Mas  o  Deos,  qual  le&o  que  a  fome  instiga 
Contra  a  novilha,  dos  curraes  ornato. 
Esperança  do  dono  e  das  manadas; 
Leto  que  as  garras  crava,  e  os  membros  morde, 
Fartando-^e  de  entranhas  desnudadas; 
Sem  se  lhe  dar  dos  gritos  dos  pastores, 
Sacode  a  juba  sórdida,  e  a  terra 
De  humor  saoguineo  e  sujo  asperge  e  tinge. 


222 

Ignavi  domitor  vulgi,  teterrime  frainim» 
Palia:»  ait»  qus  te  stimolis  facibosque  profania 
Euinenides  movere?  tua  cur  sede  relicta 
Audes  Tartareís  ccelam  incestare  quadrígis? 
Sunt  tibi  deformes  Oiree:  sunt  altera  Lethes 
Numina:  sunt  tristes  Furrâe  te  cônjuge  digns. 
Fratris  linque  domos:  alienam  desere  sortem: 
Nocte  tua  contentus  abi.  Quid  viva  sepultis 
Admísces?  nostrum  quid  protena  advena  mundom? 


Talia  vociferans  avídoa  transíre  mioaci 
C!omipedes  umbone  ferit»  clipeique  retardai 
Objice,  Gorgoneisque  promens  assibilat  hydris, 
Prsetentaque  operit  crista.  Librator  in  ictum 
Fraxinus,  et  nígros  illuminat  obvia  cumis. 
Missaque  pene  foret,  ni  Júpiter  «ethere  vulso 
Pacificas  rubri  torsiaset  fulminis  alas, 


223 

«De  um  poTo  ignavo  ckefe,  e  o  mais  cmeoto 
Dos  três  irmfios  celestes  I  (disse  Palias) 
Das  Eumenides  quol  lança  em  teu  peito 
Tio  profanos  estimules,  taes  fúrias? 
Como  te  atreves,  longe  de  teus  lares, 
De  teus  medonhos  e  tartarcoa  urcos 
Co  aspecto  feio  aos  Ceoa  cansar  sossobro? 
Sobre  as  margens  do  Lethes  monstros  moram, 
Fúrias  no  Avemo  tens,  Deosas  disformes» 
Dignas  de  ti,  de  teu  consorcio  dignas. 
De  teu  irmSo  o  império  prompto  deixa ; 
Não  te  pertence;  foge,  ou  te  contenta 
Da  immortal  noite,  que  te  coube  em  sorte: 
Sempre  estranho  has  de  ser  no  mondo  nosso*  )• 

Assim  Minerva  vocifàra,  e  batte 
Co'  a  égide  medonha  nos  cavallos, 
Impede-lbes  passar;  em  v9o  forcejam 
Para  romper  co'  a  foga  impetuosa: 
Manda  ás  cobras  Gorgáneas  que  sibilem 
Ao  pé  delles;  e  solta  sobre  os  monstros 
De  seu  vasto  pennacho  a  larga  sombra. 

De  funesto  clarSo  brandindo  a  lança 
O  tenebroso  carro  allumiava: 
Hia  a  ferir,  no  ponto  em  que  fusila 
Com  paci6cas  azas  rubro  raio. 
Que  da  etherea  morada  Jove  manda, 
Acceitando  por  genro  o  Deos  dos  Manes. 


224 

Gonfessus  socerum.  Nimbis  Hymenaeus  hitúci» 
iDtooaty  et  testes  firmant  connubia  flamm®. 


iDvítae  cessere  Deae^  Compescuit  arcam 
Cum  gemitu^  tatesque  dedit  Latoaia  voeeSd 


Sis  tneiDor,  ó  tongamqae  vale.  Reverentia  patri» 
Obstitit  auxilio.  Nec  nos  defendere  contra 
Possumus.  Império  yídcí  majore,  fatemor. 
In  te  conjamt  genitor»  populoque  silenti 
TraderiSy  heu,  cúpidas  non  adspectura  sorores^ 
iEqualemque  chorum.  Qus  te  fortuna  supernis 
Abstulity  et  tanto  damnavit  sidera  luctu? 
Jam  neque  Partheniis  inneetere  retia  lustris^ 
Nec  pharetram  gestare  Kbet,  securas  ubique 
Spumet  aper,  ssevumque  fremant  impune  leonês. 
Te  juga  Taygett^  posito  te  M»nala  flebunt 


225 

E  na  gretada  nuvem  de  que  parle 
Apparece  Hymeneo,  que  emprega  as  vores 
Do  trovSo,  celebrando  aquellas  núpcias. 
Que  com  fogo  e  relâmpagos  attestam. 

As  Deosas  em  silencio  se  retiram ; 
Suspirando  detém  Diana  a  Oecba, 
E  assim  se  explica  a  filha. de  Latooa: 

«Adeos,  sócia  querida,  ah!  nSo  te  esqueça 
Este  tio  longo  adeos:  puro  respeito 
Foi  só  quem  reprimio  o  dar-te  auxilio... 
Nem  contra  Jove  nossas  forças  bastam, 
Rebelde  e  desigual  fora  a  contenda. 
Conjurou  contra  ti  teu  pae;  levada 
Serás  ao  tenebroso  domicilio 
Das  taciturnas  sombras:  ai  de  nós  tristes! 
Nunca  mais  daa  irmSs  na  companhia, 
Nem  nos  choros  das  Njmpbas  tuas  sócias, 
Nunca  mais  te  verás:  qual  triste  fado 

Te  rouba  á  terra,  e  aos  astros  dá  saudade? 

O  Parthenío  nSo  mais  verás  cercado 

De  tuas  redes;  tua  aljava  inútil 

Ao  javali  concede  que  escumando 

Aa  selvas  manche,  e  corra  sem  receio; 

O  impune  leSo  affronte  os  bosques 

Cooi  seus  rugidos;  vidual  tristeza 

Cubra  o  Taigeto,  o  Ménalo  deplore 

Tomo  T.  15 


226 

VeDotUy  mcBstoque  dia  lugebere  CyDtho. 
Delphica  quin  etiam  fratris  deiabra  tacebunL 


Interea  vohicri  iertur  ProserpínA  curra 
Cffisariem  díffusa  Noto,  planctnque  laeertos 
Verberat,  et  questas  ad  nubila  rumpit  iDaoes. 


Cur  noo  tursisti  maDibus  fabríeatá  Cyclopum 
In  nos  tela,  pater?  sic  me  erudelibvs  umbiís 
Tradere,  si  totó  placuit  depettere  mando? 
Nullane  te  flectit  pietas?  nibilumne  paterne 
Mentis  inest?  Tantas  quo  crimine  movimus  iras? 
Non  ego  cam  rápido  ssvirct  Phiegra  tomaltu^ 
Signa  Deis  adversa  tali:  non  robore  nosCro 
Ossa  pruioosum  vexit  glacialis  Olympum. 
Quod  conata  nefas,  aat  cujas  cônscia  noxe 
ExuI  ad  immanes  Erebi  detrador  biatus? 


227 

O  tempo  em  que  serrío  a  oossos  jogos; 
Desconsolado  o  Cyotbo  alto  lameote 
Tua  ausência  cruel ;  DdfAos  e  Apollo 
De  dor  e  de  saudades  emudeçam, » 

Em  tanto  o  carro  ibge  velozmente: 
Prosérpina  os  cabellos  soltos  leva. 
De  a£Qif5o  lacerando  os  niveos  membros; 
E  taes  queixas  e  ais  dissipa  o  vento: 

«  Ó  Júpiter,  meu  poe !  por  que  motivo 
Nfio  consentiste  que  exhalasse  a  vida 
Pelos  raios  que  forjam  os  Cyclopes? 
Porque  ás  sombras  terríficas  me  entregas, 
E  te  agrada  de  mim  privar  o  mundo? 
N2I0  te  move  a  piedade  o  meu  tormento? 
Qaal  crime  em  mim  moveo  iras  tamanbos? 
Heas  filiaes  gemidos  não  te  abalam? 
Em  sacrílega  lutta,  accesa  em  ódio. 
Nos  campos  Phlegreanos  por  ventura 
Arvorei  o  estandarte  da  revolta? 
Ou  levantei  com  braço  criminoso 
O  nebuloso  Ossá  sobre  a  eminência 
Do  congelado,  ameaçador  Oljmpo? 
Qual  attentado  ousei,  qual  traiçSo  Terá 
Se  vinga  em  mim,  e  com  desterro  eterno 
Para  os  golphos  do  Erébo  sou  mandada  ? 

« 

Tomo  V,  15  • 


228 

O  fortunatas,  alíi  quascumquo  tulere 
Raptores!  Saltem  cominuni  sole  fruunlur. 
Sed  mihi  virginitas  pariter  cffilamque  negatur: 
Eripitur  cum  luce  pudor:  terrisque  relictis 
Servilum  Stygio  ducor  capliva  tyranDo. 
O  male  dilecli  flores,  despectaque  raatrís 
Consilia:  ô  Veneris  deprensae  serius  artes! 
Mater,  io,  seu  te  Pbrygíis  in  vallibus  Idse 
Mygdonio  buxus  circumsonat  hórrida  eantu,    . 
Seu  tu  songuineis  ululantia  Dindyma  Gallis 
Incolis,  et  strictos  Curetum  rcspicis  enses, 
Exitio  succurre  meo:  compesce  furentem: 
Comprime  Terales  torvi  prsedom's  habenas. 


Talibus  ille  ferox  dictis  Oetuque  decoro 
Vincitur,  et  primi  suspiria  sentit  amoris. 


229 

c(  Oh  quanto  roais  feKzcs  sois»  6  Nymphas 
Que  roubou  outro  amante!  A  luz  do  dia, 
Gommum  aos  mais  humanos,  vos  nSo  falta. 
Eu  perco  a  luz,  e  cesso  de  ser  virgem: 
A  luz  me  roubam  junta  co'  a  innocencía. 
Capliva,  desgraçada,  a  terra  deixo, 
£  ás  leis  submissa  vou  do  Rei  do  Inferno. 

aÓ  flores,  paiíSo  minha,  fatal  causa 
Do  funesto  descuido  que  fez  nullo 
De  minha  mSe  o  carinhoso  aviso! 
Tarde,  oh  perGda  Vénus,  teus  enganos, 
Ai  de  mim!  descobri:  Ceres  querida, 
Que  o  sêr  me  destes,. onde  quer  que  estejas 
Na  Phrygia,  pelos  valles  do  Ida,  ouvindo 
Da  Mygdonica  avena  canto  rouco; 
Ou  dos  saoguineos  íncolas  do  Gallus 
Os  brados  com  que  o  Díndjma  commovem;  (19) 
Ou  dos  Curetas  nuas  as  espadas 
Teus  olhos  com  terror  agora  observem; 
Acode-me,  sim,  voa  em  meu  soccorro. 
De  um  roubador  comprime  a  fúria  insana, 
Prende-lhe  as  rédeas,  ah,  suspende  o  carro  I » 

O  fero  Dite  resistir  não  pôde 
A  gemidos  tão  cheios  de  ternura ; 
Os  primeiros  suspiros  de  amor  solta, 
E  com  seu  manto  negro,  enfarruscado. 


230 

TuDc  ferrugineo  lacrymas  detergit  amicto» 
Et  plácida  nuBstom  solatur  você  dobrem: 


Desine  fonestis  animam»  Prosérpina,  curis» 
Et  vano  vexare  metu.  Majora  dabuntur 
Sceptra,  nec  indigni  tedas  patiere  mariti. 
llle  ego  Satumi  proles,  Cui  roachina  rerum 
Servit  et  immensum  tendit  per  inane  potestas. 
Amissum  ne  crede  diem.  Sont  altera  nobis 
Sidera;  sunt  orbes  alii;  lumenque  videbis 
PuriuSt  Elysiumque  magis  mirabere  solem» 
Cultoresque  pios.  Illic  pretiosior  setas, 
Áurea  progénies,  babitant:  semperque  tenemns» 
Quod  Superi  meniere  semel.  Nec  moltia  desunt 
Prata  tibi.  Zepbyris  illic  melioribus  halant 
Perpetui  flores,  quos  nec  taa  protulit  Henna. 


331 

As  lagrimas  da  Deosa  aQlícto  alimpa. 
Cuidando  em  consolar  com  voz  maviosa 
A  profunda  tristeza  de  que  é  causa. 

<  Deixa  os  sustos,  lhe  diz,  linda  Deidade ! 
Nada  temas  funesto,  nem  permittas 
Que  um  chymeríoo  medo  te  surpreenda. 
Heu  excelso  consorcio  te  promette 
Um  dos  maiores  sceptros,  e  ventura. 
Sou  filho  de  Saturno,  e  predomino 
Na  maquina  das  cousas,  estendendo 
Sobre  o  Chãos  immenso  meu  dominio. 
Nlo  julgues,  nSo,  perdida  a  luz  do  dia : 
Outros  sao  nossos  astros,  mais  serenos, 
Que  outros  orbes  mais  vastos  allumiam; 
Verás  luzes  mais  puras,  sol  mais  claro. 
Que  no  Elysio  a  seus  pios  habitantes 
Eternos  formam  venturosos  dias. 
Lá  progénie  feliz,  que  em  tempos  áureos 
Gozou  da  curta  vida,  eternos  gostos 
Em  mais  ditosa  idade  goza  agora. 
Quanto  aos  Numes  pertence  alli  teremos; 
Allí  nio  faltam  prados  florecentes, 
Zephyros  mais  suaves,  que  refrescara 
As  flores  immortaes,  flores  quaes  nunca 
Para  adornar-te  te  offrecera  o  Henaa. 


232 

Est  etiam  lucis  arbor  predives  opacis, 
Fulgentes  viridi  ramos  curvata  metallo. 
Hsc  tibi  sacra  datur.  Forlunatumque  tenebís 
AutumnuiDy  et  fulvis  semper  ditabere  pomis. 
Parva  loquor.  Quidquid  liquidus  complectitur  aer» 
Quídquid  alit  tellus,  quidquid  salís  squora  vemint, 
Quod  fluvii  volvunt,  quod  nutrivere  pehides, 
Cuncta  tuis  pariter  cedeut  animalia  regnis 
Lunari  subjecta  globo,  qui  septimus  auras 
Ambity  et  aelernis  roortalia  separat  astris. 
Sub  tua  purpurei  venient  Vestigia  reges, 
Deposito  luxu,  turba  cum  paupere  misti. 
Oronia  roors  aequat,  tu  damuatura  oocentes. 
Tu  requiem  latura  piis:  te  judice  sontes 
ímproba  cogentur  vil»  commissa  fateri. 
Accipe  LethaBo  famulas  cum  gurgite  Parcas. 
Sit  fatum  quodcumque  voles.  Hsc  fatus  ovantes 
Exhortatur  equos,  et  T»nora  mitior  intrat. 


2!33 

N'uiii  bo0qoe  umbroso  estende  a  vasta  rami 
Uma  arvore  pomposa  de  que  pendem 
Fructos  d'oaro  que  a  ti  o  amor  consagra. 
Gozarás  de  um  Outono  afortunado, 
Que  d'aureos  pomos  sempre  te  enriqueça : 
Que  digo!  darás  Leis  nos  leves  ares 
Ao  povo  voador;  no  mar  aos  peixes; 
E  aos  mais  sores  que  a  terra  nutre  c  cria, 
Que  no  leito  dos  rios,  nas  lagoas 
Com  lodosa  existência  se  revolve : 
E  quanto  emfim  perece,  e  se  separa 
De  eterna  duraçSo,  e  quanto  encerra 
Lá  na  settima  esphera  a  argêntea  Lua, 
Tudo  é  teu:  a  teus  pés  verás  submissos 
Os  Reis,  que  a  morte  confundio  c'os  pobres. 
Pois  tudo  iguala  a  morte:  os  criminosos 
Com  susto  hão  de  ceder  a  teus  decretos; 
E  os  bons,  que  flagellou  :a  iniqua  terra, 
Serio  por  ti  d'immortal  paz  dotados. 
Tu,  arbitra  suprema,  serás  sempre 
Quem  do  culpado  Torce  a  cauta  lingua 
A  revelar  seus  pérfidos  segredos. 
Submetto  ao  teu  poder  as  Lélheas  ondas ; 
Obedeçam-te  as  Parcas;  tua  vontade 
Seja  quem  do  Destino  as  leis  regule. » 

Assim  disse;  os  cavallos  triumphantes 
Co*  a  voz  anima,  e  com  sereno  aspecto 
No  Ténaro  sombrio  entra  sorrindo. 


234 

Ginveniunt  animaBi  quantas  truculentior  Auater 
Deculit  arboribus  frondes,  aut  nubibiis  imbres 
Colligity  aut  frangit  fluctus,  aut  torquet  arenas* 
CuQctaque  praecipiti  stipantur  saecnia  cursa 
Insignem  visura  nurum.  Mox  ipse  serenus 
Ingreditur  facili  passus  mollescero  risu» 
Dissimilisque  sui.  Dominis  intrantibus  ingens 
Ássurgit  Pblegethon.  Flagrantibus  hispida  rWis 
Barba  niadet,  totoque  fluunt  incendia  vultu* 
Occurrunt  properi  lecta  de  plebe  ministrí. 
Pars  altos  revocant  currus,  frenisque  sointis 
Vertunt  eméritos  ad  pascua  nota  jugaies. 
Pars  aulsea  tenent.  Alii  praetexere  raniis 
Limina,  et  in  tbalamis  cultas  extollere  vestes. 


235 

Logo  o  tropel  das  sombras  êé  accumula, 
Em  Duroero  qoaes  folhas  que  denrabam 
Das  arvores  frondosas  Aastros  ferod; 
Quaes  ondas  qae  elles  contra  a  praia  quebram» 
Qaal  chuva  com  que  o  Inverno  engrossa  nuvens, 
Quaes  aréas  que  o  mar  revolto  açouta. 

Vomita  o  feio  Avemo  afadigado 
Manes  que  amontoaram  nos  abysmos 
Os  séculos,  e  ficam  'stupefactos 
Vendo  de  Prosérpina  a  formosura; 
Desconhecem  PlutSo,  cuja  aspereza 
Adoça  um  riso  brando,  um  ar  sereno. 

Na  entrada  dos  Sob'ranos,  Phlegethonte 
A  forma  ingente  com  vagar  levanta ; 
Da  hirsuta  barba  escorre  ígnea  torrente, 
£  a  frente  adusta  em  labaredas  regam 
De  um  fogo  abrazador  ondas  frequentes. 
D'entre  a  plebe  dos  Manes  logo  acodem 
Escravos  escolhidos,  que  aos  cavallos 
Fazem  parar,  ou  que  do  freio  os  livram, 
E  ao  posto  usado  em  premio  os  restituem : 
Parte  a  sala  alcatifam,  parte  espalham 
As  flores  e  os  aromas  no  palácio, 
Ou  de  ornatos  o  thalamo  revestem. 


236 

Beginam  casta  cínzeraot  agmine  matres 
Elysis»  teneroque  levaot  sermooe  timores, 
Et  spnrsos  religant  crines,  et  yuItiJbus  addunt 
Flaromea  sollicitum  proevelalura  pudorem. 


Pallida  laetatur  régio,  gentesque  sepultas 
Luxuriant,  epulisque  vacant  genialibus  Umbrae. 
Grata  coronati  peragunt  convivia  Manes. 
Rumpunt  insolili  tenebrosa  silentia  cantus. 
Sedantur  gemitus.  Erebi  se  sponte  relaxat 
Squalor,  et  ãeternam  fatitur  rarescere  noctem : 
Urna  nec  incertas  versat  Minola  sortes. 
Verbera  nulla  sonant,  nulloque  frementia  luctu 
ímpia  dilatis  respirant  Tártara  poeois. 
Non  rota  suspensum  praeceps  Ixiona  torquet, 
NoQ  aqua  Tantaleis  subducitur  invida  labris. 
(Solvitur  Ixion,  iovenit  Tantalus  undas) 
Et  Tityos  tandeoi  spaliosos^  erigit  artus: 
Squalenlisque  novem  detexit  jugera  campi. 


237 

De  matronas  clysias  casto  enxame 
Attentas  rodeavam  Prosérpina ; 
Com  doce  phrase  medos  lhe  dissipam; 
Os  cabellos  lhe  arranjam ;  e  envolvendo-a 
N  um  véo  purpúreo  com  melindre  e  graça, 
O  pudor  assustado  lhe  socegam. 

No  sitio  do  terror  entra  a  alegria: 
Pallidas  sombras,  gente  sepultada, 
Eotregam-se  aos  festins,  a  frente  cercam 
De  grinaldas;  com  grata  convivência 
Em  sumptuosa  meza  se  refazem. 

Um  canto  novo,  musica  divina 
Alto  rompe  o  silencio  tenebroso : 
Relaxa-se  o  pezar  e  a  dor  no  Erébo; 
Um  clarSo  doce  rasga  a  iioite  eterna, 
E  Minos  applacado  jâ  uM  tira 
Da  fatal  urna  afFouto  incertas  sortes; 
Não  retiuem  açoutes  nem  gemidos. 
Os  supplicios  suspendem-se ;  respira 
O  Ímpio  Tártaro;  Uion  na  roda 
Suspenso  já  não  gira,  nem  padece; 
As  fugitivas  aguas  se  demoram, 
E  de  Tântalo  os  lábios  humedecem : 
Solta-se  aquelle,  est'outro  a  sede  apaga: 
O  corpo  enorme  Ticyo  alevantando. 
Livres  amostra  os  nove  astins  que  occupa; 


238 

Tantus  erat.  Laterisqua  piger  sulcator  opaci 
lavitus  trahitur  lasso  de  pectore  vultur, 
Abreptasque  dolet  jam  non  sibi  crescere  fibras. 
Oblits  scelenim  formidatique  furoris 
Eumenides  cratera  paraot,  et  vina  feroci 
Crioe  bibuDt  Flexisque  minis  jam  Iene  canentes 
Extendunt  sócios  ad  pocula  plena  cerastas, 
Ac  festas  alio  succendum  luminç  tedas. 


Tunc  et  pestiferi  pacatum  flumea  Aveini 
Innocu»  transistis  aves,  flatumque  repressit 
Amsanctus:  tacuit  fixo  torrente  Torago, 
Tunc  Acheronteos  mutato  gurgite  fontes 
Lacte  novo  tumuisse  ferunt,  ederisque  vircntem 
Cocyton  dulci  perhibent  undasse  Lyaeo. 


S39 

TBo  gigantesco  elle  era  e  tio  medonho! 
O  abutre  preguiçoso»  que  comia 
As  lividas  entranhas  sem  fartar^se» 
Constrangido  despega  as  cruas  garras, 
E  cança  de  escavar  sem  fnicto  o  peito 
Em  que  as  fibras  já  agora  nfio  renascem. 

As  Eumenides  seu  furor  esquecem, 
Preparam  taças,  c'o  licor  de  Baccho 
Do  medonho  tcrrifico  cabello 
Saciam  as  serpentes  sequiosas, 
A  face  ameigam;  com  sonoros  hjmnos 
Convidam  os  Cerastes  e  os  mais  monstros 
A  esgostar  o  almo  vinho  em  sociedade, 
E  as  tochas  com  mais  brando  fogo  acceodem. 

Sobre  as  ondas  pestíferas  do  Avemo, 
Do  ar  então,  voláteis  habitantes, 
Sem  risco  transitaste ;  logo  o  Amsancto  (20) 
Reprimio  seus  vapores  pestilentes; 
Da  torrente  do  abysmo  o  curso  pára ; 
As  fontes  do  Acheronte  lacrimosas 
Em  torrentes  de  leite  se  mudaram; 
E  de  virentes  heras  adornando 
As  denegridas  salas  do  Cocyto, 
As  inunda  Lyeo  com  doce  néctar. 


240 

StamÍDa  nec  rupit  Lachesis,  nec  túrbida  sacris 
Obstrepitant  lamenta  choris.  Mors  nulla  vagatur 
In  terris,  nullaeque  rogum  planxere  parentes. 
Navita  non  moritur  fluctu,  non  cúspide  miles. 
Oppida  funerei  pollent  immunia  leti. 
Impexamqne  senex  velavít  arundine  frontem 
Portítor»  et  vácuos  egit  cum  carmine  remos. 


Jam  suus  inferno  processerat  Hesperos  orbi. 
Ducitur  in  tbalamum  virgo.  Stat  pronuba  juxta 
Stellantes  Nox  pícta  sinus,  taogeosque  cubile 
Omina  perpetuo  genitália  federe  sancít. 
Exultant  cum  ?oce  pii,  Ditisque  sub  aula 
Talia  pervigili  sumunt  exordia  plausu. 


241 

Í)e  Lachésís  na  mio  pára  a  tesoUrai 
ftespeita  o  frágil  fio  da  existência ; 
Nem  choros,  nm  soluços  interrompem 
Os  praieres;  a  Morte  encolhe  a  fouce» 
Já  nSo  perturba  a  terra ;  os  pães  cessaram 
De  ehorar  sd[>re  as  cinzas  de  seus  filhos  t 
NSo  tragou  mais  pilotos  a  borrasca, 
Nem  se  tío  mais  no  campo  ensanguentado 
O  soldado  expirari  em  locto  as  villas 
Ao  seu  ultimo  asylo  levar  mortos: 
O  barqueiro  infernal  cercou  de  cannas 
A  enverrugada  frente,  e  ao  som  de  versos 
Navegando  moveo  os  cavos  remos* 

Hespéro  scintillava,  allumiando 
Os  tenebrosos  tectos;  Prosérpina 
No  thálamo,  de  amor  throno  ditoso, 
Já  descançava»  e  junto  delia  ornada 
De  um  manto  que  esmaltavam  as  estreitas 
Se  via  a  Noite  bella,  presidindo 
A  tSo  fausto  hymeneo;  dos  dois  esposos 
Co'  a  mto  ligeira  toca  o  ebúrneo  leito, 
E  CO*  a  esperança  de  uma  egrégia  prole 
Os  coracdes  lhe  enlaça  para  sempre. 
Do  Elysio  os  venturosos  habitantes, 
Esquecidos  do  somno,  com  applausos 
Reaoar  fazem  as  Plotoneas  salas: 


Tomo  T. 


16 


242 

Nostra  páreos  Juno,  tuque  ò  germane  Tonaatit 
Et  geoer,  unanimi  consortía  discite  8omni, 
Mutuaque  alternis  ionectite  colla  lacertis. 
Jam  felíx  oritur  proles:  jam  I«ta  futuros 
Expectat  Natura  Deos.  Nova  numioa  rebus 
Addite,  et  optatos  Cereri  proferte  nepoles. 


243 

m.  Ó  Prosérpina  1  do  sombrio  Reino 
Potente  Soberana;  e  tu,  de  Jove 
Irmllo  e  genro,  em  doce  somno  unidos 
Gozai  dessa  existência  deleitosa» 
Abraçados  no  roais  suave  laço. 
Ditosa  excelsa  prole  cedo  nasce, 
Que  será  desse  amor  feliz  producto: 
A  Natureza  alegre  novos  Deoses 
Alvoroçada  espera:  Numes  novos 
Apresentai  aos  votos  do  Universo» 
E  os  desejados  netos  dai  a  Geres.  )> 


ToMíiV.  16  i 


DE  RAPTU  PROSÉRPINA. 


líber  IlL 

«upiTER  interea  ctncUim  Thaumantida  nimbts 
Ire  jubet,  totoque  Deos  arcessere  mundo, 
ília  colorato  Zephyros  praelapsa  volatu 
Numina  conclamat  pelagi»  Nymphasque  morantei 
Increpat,  et  fluvios  liumentibus  evocat  antria. 
Âncipites  trepidique  ruunt,  qu»  caussa  quietos 
Excierit^  tanto  quse  res  agitanda  tumultu« 


tJt  patuit  stellata  domus,  considere  jussi. 
Nec  confusus  bonos.  Gaelestibus  ordine  sedes 
Prima  datur.  Tractum  próceres  tenuere  secundam 


o  ROUBO  DE  PROSÉRPINA. 


LIVRO  III. 

VUFITBR  manda  a  filha  de  Tbaumante» 
íris,  envolta  em  nuvens,  que  entretanto 
Por  toda  a  parte  vá  chamar  os  Deoses. 
Co'  as  azas  azuladas»  mais  ligeira 
Que  os  melindrosos  Zephyros,  convida 
Do  mar  os  Numes;  de  demora  argúe 
As  preguiçosas  Nympbas;  com  presteza 
Das  húmidas  cavernas  solta  os  rios» 
Que  trepidando  v8o,  pela  incerteza 
Da  causa  que  os  arranca  ao  seu  socego» 
E  que  vai  discutir^se  em  tal  tumulto, 

O  palácio  estreitado  era  patente; 
Pelas  ordens  de  Júpiter,  tomava 
Sem  confusão  as  honras  competentes 
Quem  tinha  privilégios  mais  fundados. 
Os  assentos  primeiros  occupavam 
Os  do  Olympo  celestes  habitantes: 


246 

iEquoreiy  placidus  Nereus,  et  lúcida  Phorci 
Ganities.  Glaucum  series  extrema  biformem 
Âccipity  et  certo  mansurum  Protea  Yultu. 
Neo  DOD  et  senibos  fluviis  cooeessa  seáeíidi 
Gloria.  Plebejo  stat  cetera  more  juventus» 
Mille  amnes.  Liquidis  íncumbunt  patribus  ud« 
Naldes»  et  taciti  miraotur  sidera  Fauni. 


Tum  gravis  ex  alto  genitor  sic  orsus  Oljmpo : 
Abduxere  meãs  iterum  mortalia  caraa» 
Jam  pridem  neglecta  mihi»  Saturoia  postquaa 
Otia  et  ígDavi  senium  cogaovimus  «vi; 
Sopitosque  dia  populos  torpore  paterno 


247 

O  Imperante  dos  mares  se  seguia, 

O  plácido  N^'eo»  e  o  Telho  Pbwcas, 

Cujas  lúcidas  caos  ao  longe  aWejam: 

Glauco  biforme  a  serie  coatínúat 

E  Protheo,  sem  mudar  a  incerta  forma» 

Nos  últimos  lugares  se  sentavam. 

Também  no  extremo  séquito  se  ?iam 

Co'  as  mesmas  honras  carregados  d'annos 

Os  rios  venerandos;  mil  regatos 

Em  plebe  juvenil,  irias  sem  assento. 

No  Paço  elfaéreo  entrada  também  tinham. 

Sobre  o  braço  paterno  bnmedeei^ 

A  Nayade  bellissiina  encostada 

Vinha  co'  as  mais  irmSs  e  mães  humildes, 

£  Fauno  absorto  os  astros  admirando. 

Então  do  alto  o  Pae  dos  Deoses  falia, 
E  as  divinas  palavras  assim  solta: 

«  Á  minha  indifferença  puz  um  termo ; 
£  á  terra,  que  outro  tempo  desprezava, 
Quiz  novo  alento  dar  com  meu  cuidado : 
Conheci  quSo  lethargica  existência 
Aos  povos  dava  o  tempo  de  Saturno; 
Quanto  a  inércia  e  preguiça  do  Honarcha 
As  gentes  sem  industria  entorpecia. 


248 

Sollicílffi  placuít  stímulis  impellere  vito, 
locultis  De  spoDte  seges  grandesceret  arvis, 
Uodaret  neu  silva  favis,  oeu  vina  tumereot 
FoDtibuSy  et  tobe  fremerent  in  pocula  rip». 
Haud  equidem  invideo;  (nec  enim  livescere  las  est« 
Vel  oocaisse  Deos)  sed  quid  dissuasor  honesti 
Luxusy  et  humanas  oblimat  copia  mentes? 
Provocet  ut  segnes  ânimos,  rerumque  remotas 
Ingeoiosa  vias  paulatim  exploret  egestaa? 
Utque  artes  pariat  sollertia,  nutriat  usus? 
Nunc  mibi  cum  aiagnis  instat  Natura  querdis 
Humanum  relevara  genus»  donimque  tyrannum 


249 

c  Por  estímulos  novos»  com  empenho 
Quis  que  a  vida  solUcita  por  premio 
Alcançasse  prazeres  e  abundância; 
Que  os  languidos  mortaes  nSo  mais 
Como  em  vil  inacçBo  dormio  Saturno. 
Desde  entlo  nunca  mais  brotou  nos  campos 
Espontânea  seara,  flor  ou  iructo: 
Nem  quiz  que  da  floresta  o  mel  corresse» 
Ou  que  o  vinho  das  fontes  transbordasse» 
Com  ruido  buscando  encher  os  copos. 

a  Não  foi  da  inveja  fructo  o  meu  decreto; 
(Em  animo  divino  nunca  nasce 
Malfazejo  desígnio,  ou  baiia  inveja) 
Quiz  somente  extinguir  o  estulto  luxo, 
Conselheiro  de  vicios:  quem  duvida 
Que  a  abundância  é  tyranna  dos  talentos? 

«Desejei  que  a  indigência  estimulasse  (1) 
Os  humanos  apathicos ;  queria 
Que  secretas  veredas  explorasse 
O  ingenho  cubiçoso,  e  descobrisse 
Os  thesouros  remotos  da  sciencia ; 
Que  a  industria  produzisse  novas  artes, 
E  os  progressos  fixasse  experiência. 

«A  Natureza  ingrata  hoje  me  accusa. 
Duro  me  chama,  chama-me  tyranno. 
Diz  que  abandono  a  triste  espécie  boroana; 


250 

Immitemque  vocat»  regnataque  aecula  plári 
Commemoraty  parcumque  Jovem  se  divite  damat. 
Cur  campos  horrere  situ,  dmnisque  repleri 
Rura  veliiDf  et  nuliis  exornem  froctibus  amnim? 
Se  jam,  qu®  genitriz  mortalibns  aDto  foisset, 
In  dirae  súbito  mores  transisse  novercie. 
Quid  mentem  traxisse  polo»  quid  profuit  altom 
Erexisse  caput»  pecudum  si  more  pererrant 
Avia,  si  frangunt  communia  pabula  glandes? 
Haeccine  vita  javat  silvestríbus  abdita  lostrís, 
Indiscreta  feris?  Tales  cum  s^pe  parentis 
Pertulerim  qoestus^  tandem  clementier  orbi 
Ghaonio  statui  gentes  avertere  victu. 
Atque  adeo  Cererem,  qu»  nunc  ignara  malorum^ 


251 

Recordando  do  Pae  o  reiao  aotigo. 
Quer  qae  voilem  ^  dias  de  fartara ; 
Increpa-me  de  aTaro,  pois  lhe  fedbo 
O  seu  pródigo  seio»  acautelada 

« — Por  que  razào  os  campos  entristeces? 
(Me  diz  queixosa)  Por  que  espessa  rehfa 
E  arbustos  iofecuodos  cobrem  tudo? 
E  supprímes  os  fructos  que  abundantes 
A  venturosa  terra  enriqueciam? 
Mie  do  genem  humano,  qual  fui  sempre. 
Apesar  de  mim  mesma  desgraçada, 
Em  madrasta  cruel  me  transformaste. 
De  que  serre  traaer  erguida  a  frentet 
Encarar  com  os  astros,  ter  uma  alma 
Intelligente  e  pura,  se  qual  bruto 
No  campo  se  ba  de  errar,  e  ter  por  pasto 
Do  carvalhal  a  insípida  bolota? 
De  que  serve  uma  vida  vagabunda 
Entre  os  mais  animaes,  nas  densas  selvas?  — 
Taes  SBo  as  queixas  que  Natura  aiSicta 
Ckxitra  mim  faz  chegar  a  meus  ouvidos. 

a  Cedo  clemente,  a  terra  satisfaço; 
E  da  Chaonia  os  fructos  nSo  consinto  (2) 
Que  a  fome  dos  mortaes  mais  tempo  applaquem. 

ccTacs  s9o,  ó  Ceres!  do  Destino  as  ordens, 
Ceres!  que  ignoras  inda  os  teus  pezares, 


252 

Verberai  Idsos  torva  cum  matre  leooes. 
Per  maré»  per  terras  ávido  díscurrere  loctu 
Decretum,  oat®  donec  Iietata  repertie 
Indício,  tribuat  fruges,  currusque  feratur 
AviuSt  ignotas  populis  sparsurus  aristas. 
Et  juga  c®rulei  subeant  Actaea  dracones. 
Quod  8i  quis  Cereri  raptorem  prodere  DiTftm 
Audeat:  imperii  molem,  pacemque  profundam 
Obteslor  rerum»  natus  licet  illei  sororve, 
Vei  conjux  fuerit,  natarumve  agminis  una, 
Se  licet  ille  meo  conceptum  vértice  jacteti 
Sentiet  iratam  procul  asgida,  sentiet  ictum 
Fulminis,  et  genitum  divina  sorte  pigebit, 
Optabitque  mori:  tone  vulnere  languidus  ipsi 
Tradetur  género,  passurus  predita  r^a. 


253 

£  eom  Cybelle  no  Ida  o  moote  assurtasi 
Pelos  tonros  leões  acarretada: 
Ceres!  irás  levar  ao  mar,  A  terra. 
Tuas  maternaes  dores,  té  que  achando 
A  filha  tão  querida,  na  tua  alma 
Alegria  renasça ;  e  no  teu  carro 
Correndo  iris  por  baixo  de  Ceos  novos: 
Atiico  jugo  a  teus  dragões  cerúleos 
Has  de  impor;  e  com  mfio  pródiga  e  certa 
No  campo  espalha  espigas  saborosas, 
Ao  povo  ignotas,  e  fartura  delle. 

« Se  qualquer  Deos  ousar  dizer  a  Ceres 
Qual  foi  o  roobador  da  Heonéa  virgem ; 
Pela  vasta  extensão  do  meu  império, 
Pela  concórdia  e  paz  dos  elementos. 
Juro  que  hei  de  punir  audácia  tanta: 
Quando  me  fosse  irmã,  filho,  ou  consorte, 
Té  mesmo  quando  fosse  a  sabia  filha 
Que  logrou  o  sublime  privilegio 
De  morar  no  meu  cérebro  fecundo. 
Todos  castigarei,  sem  condoer-me 
E  soffrerão  da  irada  egida  minha 
Os  feros  golpes  e  incendidos  raios. 
Em  v9o  ha  de  o  traidor  chamar  a  morte; 
Em  v9o,  se  alguma  Deosa  o  sér  lhe  desse, 
Em  vio  a  immortal  vida  deplorara: 
Logo  entregue  a  PlutSo,  em  preza  a  dores, 


254 

Et  sciet  an  própria  conspirent  Tártara  causse, 
Hoc  sanctum.  Mansura  fluaot  boc  ordioe  fata. 


Dixit,  et  horrendo  coQCussit  sidera  mota. 


At  procul  armiflont  Cererem  sob  rupibus  aotrí 
Securam  piacidamque  díu  jam  certa  peracti 
Terrebant  simulacra  mali,  ooctesque  timorem 
Ingeminaiit,  omnique  perit  Prosérpina  somno. 
Namque  modo  adversis  invadi  viscera  telis» 
Nuno  sibi  mutatas  horret  nigrescere  vestes» 
Nunc  steriles  mediis  frondere  penatibas  ornos. 
Stabat  praeterea  loco  diiectior  omni 
Laurus,  virgíneos  qu®  quondam  fronde  pudica 
Umbrabat  thalamos.  Hanc  ima  stírpe  recísam 
Vidit,  et  incomtos  fcedarí  poivere  ramos. 


S55 

Da  perfídia  victima,  apreodera 
Se  o  Tártaro  offendido  TÍngar  sabe 
Os  altrages  do  Rei  que  alli  domina. 
Assim  mando;  taes  sSo  os  meus  decretos, 
E  do  Destino  as  ordens  immutaveis. » 

Dis9e  o  Deos,  e  a  cabeça  meneando» 
Co'  a  horrenda  eommoção  tremem  oe  astros. 

Lá  na  armisona  gruta,  entre  os  rochedos 
Onde  Ceres  tranquilla  alegremente 
Passou  tempo  feliz,  súbito  sosto 
Simulacros  sinistros  de  desastres 
E  de  magoa  a  seos  olhos  apresenta : 
Dobra-lhe  a  noite  o  medo»  e  no  seu  somno 
Perdida  lhe  6gura  Prosérpina. 
Sonho  terrivell  Ah!  por  quantos  modos 
Croeis  dardos  lhe  rasgara  as  entranhas! 
Ora  em  lucto  alvas  vestes  se  lhe  tomara; 
Ora  observa  no  centro  do  palácio, 
Em  seus  jardins,  que  os  olmos  dessecados 
De  uma  verdura  nova  se  revestem. 
De  seu  cuidado  emprego  o  mais  dilecto, 
Alem  n'um  bosque  lindo  verdejava 
Um  loureiro,  do  qual  as  folhas  virgens 
Sombreavam  gentis  o  leito  ebúrneo 
Da  Deosa  juvenil ;  roas  de  repente 
O  yè  pelas  raizes  decepado: 
Os  seus  ramos  quebrados  em  pó  jazem ; 


256 

Quaerentique  nefas  Dryades  dixere  gemeiHes^ 
Tartarea  fúrias  debellaTÍsse  bipenoi. 


Sed  tunc  ipsai  soi  jam  noo  ambagibus  oHb 
NuDlia,  materno  fácies  ingesta  sopori. 
Namque  videbatur  tenebroao  obtecta  recessu 
Carceris,  et  saBvis  ProserpÍDa  víncta  catenis, 
NoD  qualem  Siculis  olím  mandayerat  arvis, 
Nec  qualem  roseis  Doper  coovaiiibus  iEtnie 
Suspexere  Des.  Squalebat  polcrior  auro 
Cssaries»  et  oox  oculoram  iofecerat  ignes« 
Exhaustusque  gelu  pailet  rubor.  Ille  superbi 
Flammeus  oris  honos,  et  dod  cessnra  proÍDÍs 
Hembra  colorantur  picei  caligioe  regni* 
Ergo  hanc  ut  dúbio  vix  tandem  agnoscere  visa 
Evaluit:  cujus  tot  poenie  criminis?  inquit. 
Uode  hiBC  informis  macies?  cni  tanta  facultas 
In  me  s«TÍtiie  est?  Rigidi  cur  Tincola  ferrí 


257 

£  parece  que  as  Dryades  chorosas 
Lhe  dizem  que^/bt  feito  Me  desiroço 
Pélas  tanareas  fauces  das  ires  Farias.  = 

Mas...  ella  mesma  (dSo  phantasmas  ouças 
Qae  a  noite  gera),  Prosérpina  chega, 
E  do  seu  infortúnio  informa  Ceres. 
N'um  tenebroso  cárcere  se  via 
Arerrolhada  com  grilhões  cruentos: 
Parecia,  nSo  qual  ornara  as  selvas 
N  outro  tempo  ditosa  na  Sicília, 
Nem  qual  oos  campos  de  Henna  surpreendia 
Pela  belleza  as  Deosas  que  a  buscaram; 
Mas  toda  transtornada»  traz  o  ouro 
De  seus  lindos  cabellos  mareado, 
De  seus  olhos  a  luz  esmorecida. 
Marchas  do  rosto  as  rosas,  convertidos 
Em  pallidez  o  colorido  e  encantos. 
Gelo  e  sombras  do  reino  somnolento 
Tinham  tudo  estragado,  cor,  e  alvura; 
E  conhecer  apenas  poude  Ceres 
As  suaves  feições,  que  em  fim  conhece. 

u  Qual  crime,  ó  filha !  (diz  ent&o  gritando) 
Attrahio  sobre  ti  um  tal  supplício? 
De  que  vem  essa  magoa  que  te  mina? 
Quem  é  que  contra  mim  se  assanha  tanto? 
Por  que  sobre  esses  braços  innocentes 

Tomo  V.  17 


258 

Vix  aptanda  feris  molles  meroere  lacerti? 
Tu,  mea  tu  proles?  an  vaua  fallimur  embrat 


liia  refert:  Heu  dirá  parens,  natoque  perembe 
Immemor»  heu  fulvas  animo  transgressa  leaenas, 
Tantaue  te  nostri  tenuere  oblivia?  Taotum 
Única  despicior?  Certc  Prosérpina  nomen 
Dulce  tibi,  tali  qu»  Bunc,  ut  cernis,  hiatu 
Suppliciis  inclusa  teror.  Ta  saeva  choreis 
Indulges,  Phrygíasque  etiamnum  mterstreps  urbes. 
Quod  si  non  omnem  pepulisti  pectore  matrenif 
Si  tu  nota  Ceres,  et  non  me  Caspia  tigris 
Edidit:  his  oro  miseram  defende  cavemis, 
Inque  superna  refer.  Prohibent  si  fatt  reverti: 
Vel  saltem  visura  vem.  Síc  ftita  trementes 
Tendere  conatur  palmas.  Vis  ímproba  ferri 
Impedit,  et  motse  somnum  excossere  caten®. 


259 

Esses  ferros?...  Os  monstros  mais  ferozes 
Co  peso  currariam.  Geos!  que  yejoT 
És  tu,  ó  Prosérpina»  ó  cara  filha  i 
Ou  serei  eu  ludibrio  de  um  vSo  sonho?» 

«  Barbara  mSe !  (lhe  exclama  a  desgraçada) 
Tua  filha  acabou...  e  nem  te  lembra... 
Uais  ferina  leoa  nSo  existe. 
Como  poode  vencer-te  a  deslembrança? 
Descuidarão  de  mim»  que  tanto  amavas?... 
Prosérpina!...  Este  nome  te  foi  caro; 
Mas  onde  estál  repara  agora;  v^me 
N'um  golplio  de  amargura  sepultada» 
Cercada  de  terror  e  de  supplicios. 
E  tu,  cruel  1  na  Phrygia  os  choros  guias; 
De  festivaes  eoncentos  as  cidades 
Betinem  por  teu  mando.  Ah!  se  com  tado 
De  materoal  amor  te  nSo  eximes; 
Se  é  Ceres  adorada  como  Deosa, 
Se  me  nio  deo  o  sèr  hyrcana  tigre, 
Destas  cavernas  hórridas  me  tira, 
A  tua  Prosérpina  á  luz  resgata: 
Uas  se  os  fados  se  oppoem  que  eu  volte  á  terra, 
Ouve  a  ternura,  vem,  vem  confortar-me. » 

Nisto  quer  levantar  as  mSos  trementes 
Que  dos  ferros  o  peso  lhe  rebate. 
Co'  a  bulha  dos  grilhões  cahindo,  acorda 
Ceres,  toda  afflicçSo,  toda  incerteza: 


260 

Obriguit  tísís.  Gaudet  non  vera  fuisse, 
Gomplexu  caruisse  dotei.  Penetralibus  amem 
Prosility  et  tali  compellat  você  Cybelleo. 


Jam  Don  ulterius  Phrygia  tellure  morabor, 
Sancta  parens.  Bevocat  tandem  coatodía  cari 
Pignoris»  et  cuoctis  objecti  fraudibus  anoi. 
Non  mihi  Cyclopum  quamvis  extnicta  caroiois. 
Culmina  Gda  satis.  Timeo,  ne  lama  latebras 
Prodiderit»  leviuaque  meum  Tríuacría  celet 
Depositam.  Terret  nimium  vulgata  locorum 
Nobilitas.  Aliís  sedes  obscarior  oris 
Exquirenda  mihi.  Gemitu  flammisque  propimjais 
Enceladi  nequeunt  umbracula  nostra  taceri. 


I 


â61 

De  sosto  a  gela  o  sonho  fonnídavel; 
Crèy  Dão  crê  o  que  vio;  vacilla,  teme. 
Espera  que  nfio  seja  o  qae  sonhara. 
Com  dor  lhe  lembra  que  ao  partir  nio  dera 
Á  filha  beijos  mil;  que  lhe  faltara 
Uma  doce  meiguice  mais  da  filha. 
De  si  mesma  vão  sabe,  e  sem  acordo 
Vai  Cybelle  buscar,  e  assim  lhe  fèlla : 

«Divina  mSe  querida!  demorei-me 
Na  Phrygia  muito  mais  do  que  convinha. 
A  custodia  do  objecto  que  mais  amo. 
Os  perigos  que  cercam  poucos  annos, 
Por  mim  chamam  depressa ;  e  não  me  bastam 
Para  descanço  as  torres  do  palácio 
Pelas  mios  dos  gigantes  construído. 
Quantos  receios  o  animo*  me  turbam ! 
Temo  a  Fama  invejosa  que  revele. 
Indiscreta,  onde  existe  Prosérpina; 
Ou  que  a  Trinacria  ingrata  me  atraiçoe 
O  penhor  que  lhe  dei  de  confiança : 
Celebres  sSo  os  sitios  da  Sicilia, 
E  é  fonte  de  mil  sustos  delia  o  nome. 
Regifio  mais  estranha,  escuro  abrigo, 
E  mais  seguro,  pôde  talvez  dar-me: 
Os  gemidos  e  as  chammas  d'Enceládo 
De  nós  ai&stam  sombras  e  silencio. 


262 

SoaiDia  quÍDetiam  Taríis  iofaugta  figuris 
Sffipe  mooentt  QuUusque  dies  dod  triste  mioatur 
Âugorium.  Qaoties  flaveotia  sertã  comanim 
Sponte  cadunt:  quoties  exuodat  ab  ubere  saogais; 
Larga  vel  invito  prorumpant  flumina  Yultu, 
Injossaeque  manos  mirantia  pectora  tundoiit 
Si  buxos  ioflare  Telim,  ferale  gemiscunt: 
Tympana  si  quatiam^  plaDCtus  mihi  tjmpana  reddunt. 
Ah  vereor,  ne  qaid  porteodaot  omiDa  veril 
Heu  loDgs  Docaere  moroe!  Procol  irrita  venti 
Dieta  ferant,  subicit  Cybele:  dod  taota  Tonaoti 
Segoities,  at  dod  pro  pignore  fulmina  mitlat. 
I  tameo,  et  nulio  turibata  revertere  caso. 


Haec  ubi»  digreditur  templis.  Sed  nolla  rueotí 
Nobilitas.  Tardos  queritor  non  ire  jugales. 


S63 

Sobre  as  ans  dos  sonhos  vem  traier^ine 
  noite  mil  spectros  que  me  assostcm ; 
E  das  aves  fooestos  pios  nutrem 
Em  minha  almai  de  dia,  mil  temores. 
Vi  marchar  meus  festSes  por  varias  vezes. 
De  meu  seio  correr  o  sangoe  em  fio, 
E  de  lagrimas  rios  espontâneos 
Sahirem  sem  motivo  de  meus  olhos. 
Co'  a  mSo  involuntária  rasgo  ás  vezes 
O  meu  peito,  o  meu  rosto,  sem  desigoio 
Impetuosa  dor  me  nasce  n'alma ! 
Se  emboco  a  flauta,  ou  toco  sobre  o  cymbalo. 
Um  geme,  outra  suspira  tristemente. 
Lúgubres  sons  de  magoa  e  dor  reflectem. 
Heu  temor  realisa  estes  presagios: 
Funesta  ausência!  origem  de  desastres!» 

a  Teus  sustos,  diz  Cybelle,  para  longe 
Leve  o  vento  e  dissipe!  Amada  filha. 
Filha  de  Jove,  oio,  nSo  lhe  supponhas 
Um  coração  gelado  de  indifTrença : 
Despedidos  verias  seus  coriscos 
Sobre  quem  te  offendesse;  nada  ternas. 
Parte,  e  volta  depressa  socegada 
Aos  braços  de  tua  mie,  que  te  idolatra. » 

Apenas  isto  disse,  sae  do  templo 
Ceres  correndo,  c  a  rapidez  das  rodas 
Mal  corresponde  ãs  anciãs  do  desejo. 


264 

Immeritasqoe  moveos  alterno  verbere  peonas 
SicaDÍam  quacrít,  cum  necdum  abscooderit  Iden« 
CuDcta  pavet,  speratque  nibíl.  Stc  aestuat  ales^  . 
Qus  teneros  humili  fetus  commiserit  orno 
Allatura  cibos,  et  plurima  cogitat  absens:   . 
Ne  fragilem  Tentas  discusserit  arbore  nidum:  • 
Ne  furtum  pateant  homini,  neo  prsda  coIírfMÍa. 


Ut  domus  excubiis  incustodita  remotis» 
Et  resupinati  neglecto  cardine  postes, 
Flebilis  et  tacit®  species  apparuit  auls; 
Non  expectato  respectu  cladis,  amíctas 


265 

De  forte  açoute  a  mSo  dítina  armada, 
Castiga  da  parelha  que  a  transporta 
O  tardo  vdo  (rápido  comtudo), 
E  as  ínnoceotes  azas  lhe  fustiga. 

Ia  aTÍstacdo  apenas  o  Ida  altivo. 
Já  c'os  olhos  buscava  da  Sicilia 
A  Henoea  terra,  as  Trioacrías  margens; 
Teme  tudo  o  que  vé,  e  nada  espera. 

Tal  entre  as  aves,  uma  que  confia 
O  ninho  e  prole  cara  aos  curtos  ramos 
De  humilde  arbusto,  se  por  um  momento 
De  vista  os  perde  em  quanto  busca  pasto. 
Treme,  e  cogita  ausente  a  quantos  riscos 
ExpoK  o  seu  thesouro;  tem  receio 
Que  o  vento  derrubasse  o  frágil  ninho. 
Mal  seguro  nos  caules  movediços; 
Ou  que  o  tyranno  caçador  lh'o  roube, 
Ou  d'inimiga  cobra  seja  presa. 

Mas,  oh  vista  cruel!...  eis  o  palácio 
Sem  custodia,  co'  as  portas  arrombadas, 
Co"  as  fechaduras  pelo  chSo  dispersas. 
Em  silencio  e  deserto  o  paço  todo: 
Isto  o  desastre  explica  á  triste  Ceres. 

N8o  quer  mais  ver,  as  vestes  despedaça, 


266 

GoDScidit,  et  fractas  cum  crine  avellit  aríitafl. 
Hffiseruot  iacryms:  doo  voXf  Don  spiritus  oris 
Bedditar,  atque  imis  vibrat  tremor  owa  medullm* 
Saccidui  titobaot  gressus,  foriboaque  recloWf 
Dum  vacaas  sedes  el  desolata  pererrat 
Atría,  semiratas  coDfaso  stamine  telas, 
Atque  interceptas  agnoscit  pectinis  artes, 
Divious  perit  iUe  labor,  spatiuinque  relíctum 
Audax  sacrílego  supplebat  araoea  texta. 
Nec  deflet,  plaDgitye  malam :  tameo  oscula  telae 
Figit,  et  abrumpit  mutas  io  fila  querelas^ 
Attritosque  maou  rádios,  projectaque  pensa, 
CuDctaque  virgiueo  sparsa  oblectamiDa  ludo, 
Geu  natam,  preasat  grémio:  castumque  cubile 
Desertosque  toros,  et,  sicubi  sederit  olim, 


267 

Os  cabellos  arranca»  e  trax  com  elles 
Da  coroa  quebradas  as  ^igas. 
As  lagrimas  nos  olhos  se  Ibe  galam ; 
Nia  tem  voz,  nio  respira,  mortal  frio 
Os  convulsivos  mambros  Ibe  entorpece. 

Ghd  passo  incerto  tenta  ver  as  salas: 
Mas  que  vè?  um  deserto  desabrido. 
Horrível  solidio  nas  galeria^; 
Um  quebrado  tear,  sedas  mescladas. 
Um  debuxo  apagado,  tristes  restos 
De  um  divino  lavor,  que  profanara 
Com  sacrílega  téa  audaz  aranba. 

A  Deosa,  sem  cborar,  pallida,  muda. 
De  ósculos  cobre  os  primorosos  restos. 
Os  instrumentos  do  lavor  que  a  filha 
Com  mSo  laboriosa  manejava; 
O  coracio  com  elles  comprínrindo. 
Cuida  abraça<»b,  cuida  que  percebem 
Quanto  em  silencio  soffire,  quantas  queixas 
Mudas  exhala  o  peito  lacerado: 
A  tela  abandonada  lhe  rocorda 
O  virgineo  prazer,  doce  recreio 
Que  á  filha  cara  outr'ora  ministravam; 
Cuida  a&gar  a  bella  Prosérpina: 
A  toda  a  parte  volve  os  tristes  olhos, 
Sobre  o  deserto  leito,  os  áureos  bancos, 
Onde  os  cândidos  membros  repousavam. 


268 

Perlegit.  Attooitus  stabalo  oeu  pastor  ioaní, 
Cui  pecos  aut  rabies  poeooram  ínopioa  leonum» 
Aut  populatrices  iofestavere  caterv®: 
Senis  at  ille  redit,  tastataque  páscoa  lustrans 
NoD  respoDsuros  ciet  imploratque  juveocos. 


Atque  ibi  secreta  tectorum  in  parte  jacentém 
Adspicit  Electramt  nat»  qus  sedola  nutrix 
Oceani  priscas  ioter  notíasima  Nymphas. 
Par  Cereri  pietas.  Haec  post  cuoabula  dolci 
Ferre  sídu,  summoqae  Jovi  dedacere  parvam 
Sueveraty  et  genibus  ludeotem  aptare  paterais. 
Haec  comes,  bsc  castos»  fase  próxima  mater  haberí. 
Tum  laceras  effusa  comas  et  polvere  canos 
Sórdida  sideres  raptos  logebat  alomns. 
Hanc  aggressa  Geres,  postquam  suspiria  tandem 
Laxavit  frenosqoe  do\or.  Quod  cernimos,  ínqoit, 


269 

Tal  um  pastor  attoDito  se  aterra 
Á  fista  de  um  curral  que  despojaram 
Doa  rebanhos  cruéis  salteadores, 
Oa  que  foi  de  leOes  ou  bbos  pasto: 
Se  a  noite  Yoltaf  em  toda  a  parte  os  busca, 
E  a  assolada  campina  em  tIo  discorre; 
Chama  os  gados  em  vio  com  toz  queixosa, 
E  surdos,  a  seus  gritos  nio  respondem. 

N'um  solitário  canto  té  deitada 
Electra,  n'outro  tempo  tio  famosa 
Entre  as  Nymphas  antigas  do  Oceano. 
Collega  foi  de  Ceres  nos  cuidados. 
Na  ternura  que  pródiga  empregava 
Na  educaçSo  da  tenra  Prosérpina : 
Seus  braços,  que  do  bergo  a  levantavam. 
Carinhosos  no  collo  a  Jove  a  punham. 
Que  se  prestava  aos  jogos  innocentes 
Da  linda  filha,  com  paterno  gosto: 
Foi  delia  quasi  mSe,  guarda  e  companha. 
Hoje  arrancados,  soltos  seus  cabellos, 
Em  pó  e  cinza  envolta,  em  dor  immersa. 
Chora  a  celeste  alumna,  triste  presa 
De  um  roubador  feroz.  Ceres  a  observa, 
E  depois  de  exhalar  temos  suspiros. 
Nestes  afilictos  termos  a  interroga : 

«Que  vejo?  que  desastres!  que  tyranno 


270 

Excidium?  cui  praeda  feror?  regnattie  marituB? 
Ao  ccelum  Títanes  habent?  Quás  taiia  vifo 
Ausa  Tonapte  manos?  RupHne  Typhoela  oenrix 
loarímeo?  Fractaoe  jogí  compage  Vesevi 
Alcyoneus  per  stagna  pedes  Tyrrhena  coeurrit? 
An  vicioa  míhi  quassatís  faocíbus  JEUm 
Protulit  Enceladum?  Nostros  an  forte  penates 
Appetiit  centum  Bríar^a  turba  lacartis? 
Heu»  ubí  nuoc,  ubi  nata  mihi?  Qoo  mille  ministrae, 
Quo  Cyane!  Volucres  qu»  vis  Sirenas  abegit? 
Haeccine  vestra  fides?  Sic  fas  aliena  tuerí 
Pignora?  Gontremuit  nutrix,  mcerorque  podori 
Cessit,  et  aspectus  iniser®  non  ferre  parentis 
Emptum  morte  yelitt  longumqae  immota  moratar 


271 

Vem  de  férreo  eaddas  maneatalvnie? 
Reioa  00  Oljmpo  o  «pO0o  meu?  fusila 
Na  mio  avermelhada  aceeso  o  raio? 
Oa  do  Olympo  oa  Titanoa  se  apoderam? 
Qae  sacrílega  ml0|  se  existe  Jove, 
A  perpretar  ousoa  toes  atteotados? 
A  cenrix  de  Typheo  rompeo  acaso 
Da  isolada  loaríme  as  duras  rochas?... 
Vio-se,  os  grilhões  Alcyoneo  quebrando 
Do  inflammado  Vesotio,  com  audácia 
Do  mar  Thyrreno  vir  pisar  o  abysmo? 
Ou  o  Etoa  fisinho  lançou  fora 
Das  rasgadas  entranhas  Eooeládo? 
Seus  irmloa,  e  Briáreo  com  cem  braços, 
Meu  domicilio  audazes  invadiram?... 

«t  Ai  de  mim !  onde  esUis,  querida  6lha ! 
Onde  te  escondes»  onde  está  Gyane? 
Onde  as  brandas  Seréas  que  a  seguiam? 
A  fé  me  preservastes  deste  modo?... 
O  penhor  que  vos  dei  assim  guardastes?...  n 

Com  tal  repreheosSo  Electra  treme, 
O  pesar  em  vergonha  se  transforma ; 
E  quizera  morrer  antes  que  visse 
De  tão  mísera  mSe  o  triste  aspecto. 

Fica  iromovel,  nSo  sabe  comX)  explique 


272 

Auctorem  dubium  certunique  expromere  fuDU8« 
Viz  taroen  hec:  Âcies  utinam  vesana  Gigantum 
Hanc  dederit  cladem !  levios  commuoia  tADguat : 
Sed  Div«,  iDuItoque  iiiídus  quod  rere,  sorores 
In  Dostras  nimium  coojuravere  ruínas. 
Insidias  Superam,  cogoate  tulnera  cernis 
InvidisB.  Phlegra  nobis  infensior  sther. 
Florebat  tranquilla  domus,  nec  limina  virgo 
Linquere,  nec  tírides  aodebat  visere  saitus 
Praeceptis  obstricta  tais.  Telae  labor  illi, 
Sirenes  requies;  sermoouoa  gratia  mecum, 
Mecum  somnos  erat,  caulique  per  alria  ludí. 
Cum  súbito  (quonam  dubium  moostrante  lakebras 
Rescierit)  Cytherea  venit,  suspectaque  nobis 


I 


273 

De  UfD  Uo  certo  infortúnio  quem  foi  causa : 
É-lhe  ÍDCoguito  o  auctor;  e  vacillando 
Em  voz  baixa  começat  9MÍm  dizeodo: 

c  Quizera  o  Geo  que  insânia  dos  Titanos, 
Deste  destroço  origem  fatal  fossei... 
Scd&rer  o  mal  de  que  outros  participam 
Menos  custara.  As  Deosas,  cujo  sangue 
É  teu  sangue,  as  irmSs  de  Prosérpina, 
Estas  slo  as  auctoras  de  teus  males. 
Por  inveja  estes  golpes  te  vibraram. 
Menos  horrível  foste,  menos,  Phlegra, 
Do  que  o  Geo  que  taes  magoas  nos  envia ! 

«FI(H*ecia  tranquilla  esta  morada; 
Prosérpina  fiel  a  teus  preceitos 
Edu  doce  segurança  prosperava ; 
NoDca  ousava  sahir  deste  retiro, 
Nem  mesmo  visitar  os  verdes  bosques. 
No  lavor  se  occupava;  aos  ledos  cantos 
Das  Seréas,  nas  horas  de  descanço, 
Pacificos  momentos  consagrava, 
E  06  meus  avisos  com  recreio  ouvia : 
Ao  pé  de  mim  á  noite  se  entregava, 
Nos  laços  de  Morpheo,  a  um  doce  somno. 

a  Um  dia  de  repente  chega  Vénus, 
(Qaal  lhe  mostrou  adverso  Deos  taes  sitios?) 
E  para  dissipar  nossas  suspeitas 

Tomo  V.  1« 


274 

Ne  foret,  htac  PboBben  comités,  hioc  Paliada  junxit. 
Protious  effuso  Istam  se  Bngere  risu, 
Nec  semel  amplectí,  nomeoque  iterare  sororis. 
Et  dura  de  matre  querí,  quae  tale  recessu 
Blaluerit  damnare  deeus«  vetitoque  Dearum 
Colloquio  patriisque  procul  mandaverit  astris. 
Nostra  radis  gaudere  malis,  et  nectare  largd 
Instaurare  dapes.  Niidc  arma  babkumqae  Diana^ 
Induítur»  digitisqae  atteotat  moUibus  arcum. 
Nane  crinita  jubis  galeam  laudante  Hinerfa 
Implet,  et  ingentem  clipeum  gestare  laborat. 
Prima  VeDus  campos  Heoneaque  run  maligno 
Ingeri  t  afilatu.  Vicioos  callida  flores 
logeminat»  meritumque  loci,  velut  inscia,  qusrit. 


275 

Traz  Phebéa  comsigo,  e  também  Palias. 
EngaDosa  alegria  ostenta,  rompe 
Em  risos,  em  transportes,  em  affiigos; 
Gom  mil  meignices  Prosérpina  engana, 
Chama-lhe  linda,  cara  irmft  lhe  chama; 
A  dura  mie  accosa,  que  recata 
Da  vista  dos  mortaes  um  tal  prodígio; 
Que  assim  deixa  murchar  taes  altractivos, 
Encubertos  aos  olhos  das  roais  Deosas, 
Longe  do  Olympo  d'onde  derivaram. 
A  virgem  sem  malícia  escuta,  e  gosta 
Dos  pródigos  applaosos  que  a  seduzem. 

« Com  lauta  mesa  hospeda  as  Deosas  logo ; 
Ferve  o  néctar  nos  vasos  cristalinos: 
A  imprudente  sorri;  ora  reveste 
De  Diana  o  armúrio;  do  arco  intenta 
Co'  as  delicadas  mãos  tomar  o  peso. 
Por  Minerva  applaudida,  agora  ensaya 
A  cabeça  no  casco,  em  que  se  exalta 
Um  pennacho  suberbo;  forcejando 
Quer  embraçar  o  escudo,  mas  nSo  pôde. 

«PerGda  Vénus  falia  entUo  com  arte 
Dos  férteis  campos,  dos  amenos  valles, 
Das  selvas  d'Henna,  e  flores  que  alli  brotam : 
I  G)mo  quem  nada  sabe,  inquire  tudo, 

Tudo  admira,  e  tem  pena  que  seus  olhos 
O  encantador  paiz  nunca  avistassem. 

ToMoY.  18  • 


L 


276 

Nec  credity  quod  bruma  rosas  innoxia  servet, 
Quod  gelidi  rubeant  alieno  germine  menses» 
Vema  nec  iratum  timeant  virgulta  Booten. 
Dam  loca  miratur,  studio  dum  flagrat  eundi, 
Persuadet.  Teneris»  heu,  lúbrica  moribus  setas! 
Quos  ego  nequidquam  planctus»  quas  irrita  fudi 
Ore  preces?  Ruit  iUa  tamen  eonfisa  sororum 
PrsBsidio.  Famuiffi  longo  post  ordíne  Nympfaa^. 
Itur  in  sterno  vestitos  gramine  campos. 
Et  prima  sub  luce  legunt,  cum  rore  serenus 
Âlbet  ager;  sparsosque  bibunt  violaria  suecos^ 
Sed  postquam  médio  Sol  inslitit  altior  axi, 
Ecce  polum  nox  keáa  rapit,  tremefactaque  nutat 


277 

4fÊ  possível!  (diz  ella)  qoe  respeite 
As  rosas  neste  sitio  o  frio  Inverno? 
Que  as  flores»  que  o  calor  só  vivifica» 
Croem  os  campos,  apesar  do  gelo? 
Que  arbustos,  que  a  vernal  sazio  fecunda» 
De  Bootes  irado  a  foria  affirontem? 
Retiro  amável!  campos  de  delicia!... 

«  Vénus  arde  em  desejos  de  corrè-los : 
Ab!  quanto  ignara  a  mocidade  escuta! 
Quantas  lagrimas»  quantas  me  custaram 
Insinuações  t9o  cbeias  de  malícia! 
Mas  apesar  de  meus  avisos  ternos» 
Fiada  nas  irmSs  que  a  acompanbavam» 
Decide-se  a  partir  a  infeliz  virgem. 

«Com  a  mais  numerosa  comitiva 
Das  Nympbas  que  a  serviam»  desce  aos  campos 
Que  sSo  d'eterna  grama  revestidos. 
A  Aurora  encontram  seus  primeiros  passos; 
A  terra  alveja»  as  plantas  resplandecem 
Go'  as  pérolas  que  solta  o  fresco  orvalbo; 
A  esparzida  humidade  apaga  a  sede 
Da  modesta  odorífera  viola. 

«Porém  logo  que  o  Sol  tinha  vencido 
Metade  da  carreira»  de  repente 
Ciosa  a  Noite  envolve  tudo  em  sombras: 


278 

Insula  cornipedum  slrepitu,  pulsuque  rotarum. 
Nosse  nec  aurigam  licuit:  seu  mortifer  sstus. 
Seu  mors  ipsa  fuit.  Luror  permauat  io  herbas. 
DeBciont  rivi.  Squalent  rabigioe  prata» 
Et  nihil  afllatom  vívit.  Pallere  iígustra» 
Expirare  rosas,  decrescera  lilia  Yidi. 
Ut  rauco  reduces  tractu  detorsit  habeoas» 
Nox  sua  prosequitur  currum ;  lux  redditur  orbi, 
Persephooe  nusquan.  Voto  rediere  peraclo, 
Nec  mausere  Deae.  Mediis  inveoimus  arvis 
Exanimem  Cyanen.  Gervix  redímita  jacebat. 
Et  caligantes  marcebaot  fronte  coroos. 
Aggredimur  subitse»  et  casus  scitamur  beriles, 
(Nam  proprior  cladi  ateterat),  quis  Tultus  equorum? 
Quis  regai?  ília  nibil:  tácito  sed  tesa  veneno 
Solvitur  in  laticem.  Subrepit  crinibus  humor. 


I 


279 

Treme  a  Sicília  ao  frémito  doa  urcos, 
E  CO  rodar  de  om  carro  estrepitoso: 
Não  se  vé  condoctor,  se  é  Génio  ou 
Oa  se  as  rédeas  dirige  a  mesma  Morte. 

a  Hurcham«-se  aa  berras,  os  ribeiroa  seccam, 
A  ferrugem  oa  pmdos  enoegrece, 
E  um  vapor  que  sufifoca  tudo  mata : 
Vimos  desfallecer  do  caule  os  lyrios, 
Descorar  a  cecém,  morrer  a  rosa. 
Surdo  rumor  indica  que  se  tiram 
As  rédeas;  com  o  carro  foge  a  Noite: 
A  luz  que  volve  á  terra  em  parte  alguma 
Nos  mostra  Prosérpina,  nem  as  Deosas, 
Que,  satisfeitas,  mais  se  não  demoram. 
Lá  no  meio  dos  campos  encontrámos 
Cyane,  cuja  languida  cabeça 
Sobre  o  peito  anciado  descabia: 
Tinba  a  c'roa,  qoe  a  frente  Ibe  adornava, 
Já  murcba  pelas  trevas  qoe  a  cubriam. 
Mais  pois  que  ao  pé  da  Deosa  estava  a  triste, 
Por  ella  perguntámos  cuidadosas; 
Que  forma  os  urcos  tinbam,  quem  guiava 
O  carro  que  estrondoso  nos  fugira? 

a  Nada  responde;  incógnito  veneno 
Lhe  prende  a  falia,  lhe  dissolve  o  corpo; 
Os  seus  cabellos  liquides  escorrem, 


280 

Liquitur,  in  roremque  pedes  et  bracbia  maoaDt, 
Nostraque  mox  lambit  vestigia  perspicuus  foas. 
Disceduot  alis.  Rapidis  Âcheloldes  alia 
Sublate  Siculi  latus  obsedere  Pelorí, 
Accensa^que  maio  jam  non  impune  canoras 
In  pestem  vertere  lyras.  Vox  blanda  carinas 
AUigat.  Audito  frenantur  carmine  remi. 
Sola  domi  luctu  senium  tractura  relinquor. 


Hseret  adbuc  suspensa  Ceres,  et  singula  demens, 
Cea  nondum  transacta  timet:  mox  lumina  torqueos 
nitro  ín  coelicolas  furiato  pectore  ferri. 


Arduus  Hyrcana  quatitur  sic  matre  NiphatcSy 
Cujus  Achaemenío  regi  ludibria  natos 
Avexit  tremebuodus  eques.  Fremit  illa  roarito 


281 

Derretem-se-lhe  os  pés,  os  braços  fuodem, 
N'ani  doce  onralho  toda  se  converte ; 
E  D'um  momento  a  terra  que  pisava 
Serpéa,  em  fonte  limpida  tomada. 
Fogem  as  outras  todas;  as  Serèas 
Com  as  rápidas  azas  se  arremessam 
Á  Sicilía,  e  na  costa  do  Peloro 
Consagram  á  vingança  as  suas  lyras. 
As  náos  prende  inhumana  melodia: 
O  attonito  remeiro  larga  os  remos, 
O  rumo  perde,  e  é  yictima  dos  mares. 

« Fiquei  só,  ai  de  mim !  neste  palácio, 
A  velhice  odiosa  abandonada. 
Para  apagar  com  pranto  estes  meus  dias. » 

Inda  Ceres  suspensa  um  pouco  fica: 
Custa-lbe  a  crer  que  o  mal  seja  presente, 
E  loucamente  no  futuro  busca 
Os  males  de  que  é  victima:  depressa 
Convencida,  revira  os  torvos  olhos; 
E  contra  as  immortaes  do  peito  acceso 
Imprecações  vomita  furibunda. 

Assim  ruge  nos  altos  do  Niphate 
Uma  tigre  a  quem  rouba  os  caros  filhos 
Um  caçador  sem  dó,  que  avidamente 
Aos  jogos  de  Achemenio  rei  destina :  (3) 


282 

Mobilior  Zephyro,  totamqoe  virentibus  iram 
Dispergit  maculis,  jamjamque  hausura  profundo 
Ore  viroiDi  vitre^e  terdatur  imagine  forme. 


Haud  aliter  totó  genitríx  bacchatur  Olympo; 
Reddite,  yociferans:  noo  me  fagos  edídit  amnís 
NoD  Dryadum  de  plebe  sumus:  torrita  Cybelle 
Me  quoque  Saturno  genuit.  Quo  jura  Deomm, 
Quo  leges  abiere  poli?  quid  Tivere  recte 
Proderit?  eo  audet  noti  Gytberea  pudoris 
Ostentare  suos  post  Lemoia  vincula  vultus. 
Hos  ânimos  bónus  ilie  sopor  castumque  cubile 
Praebuit?  amplexus  hoc  promeruere  pudici? 
Nec  mirum,  si  turpe  nihil  post  talia  ducit. 
Quid  vos  exportes  thalami?  tantumne  relictus 
Yirginitatis  honos?  tanlum  mutata  voluntas? 


283 

Cheia  de  dor,  se  yè  correr  mats  iere 

Do  que  o  Zephyro,  e  preceder-*>lhe  o  sopro; 

Co'  a  raiva  as  verdes  mácalas  aviva; 

Quer  tragar  nas  guelas  inOammadas 

O  impávido  ladrSo;  mas  pára  á  vista 

Do  espelho  que  lhe  mostra  a  própria'  imagem. 

Todo  o  Olympo  assim  Geres  amotina: 
a  Entreguem-me  a  querida  fHfaa  minha  I 
(Eiclama  a  Deosa)  Eu  oto,  nSo  fui  gerada 
Por  um  regato  humilde,  nem  na  plebe 
Das  Dryades  nasci:  também  Saturno 
E  a  lurrita  Gybelie  o  sér  me  deram. 
Já  Dio  ha  leis  no  Ceo?  n9o  ha  justiça? 
Já  da  virtude  o  mérito  não  vale? 
A  honestidade  é  vS,  nSo  recommenda? 

a  Sem  duvida  esta  audácia  é  talvez  premio 
Do  pudor  conhecido,  casto  pejo 
Da  libertina  Vénus.  NSo  me  pasma 
Que  esta  Deidade  afibuta,  sem  lembrar-se 
Da  fatal  rede  em  Lemnos  fabricada. 
Tendo  a  fé  conjugal  tanto  ultrajado, 
Mostre  assim  sem  vergonha  a  impura  face, 
Que  cessou  de  corar;  e  só  me  admira 
Que  vós,  pois  qu'  Hymeneo  não  conhecestes, 
Da  virgindade  as  honras  desprezásseis; 


284 

Jam  Veneri,  et  sociis  juactae  raptoribus  itis? 
O  tempiís  Scfthis,  atque  homiDum  sitientibus  aris 
Utraque  digna  colíl  Tanti  qus  causa  furorís? 
Quam  mea  vel  dícto  teoui  Prosérpina  Issit? 
Scilicel  aut  caris  pepulit  te.  Delia,  silvis: 
Aut  tibi  commissas  rapuit,  Tritooia,  pugnas. 
An  grayis  alloquio?  vestros  an  forte  petebat 
Importuna  choros?  Atqui  Trinacria  longe, 
Esset  ne  vobis  oneri,  deserta  colebat. 
Quid  latuisse  juvat?  rabiem  livoris  acerbí 
Nulla  potest  placare  quies.  His  íncrepat  omnes 
Vocibus.  Ast  illse  (prohibet  reverentia  patris) 
Aut  reticent,  aut  nosse  negant,  respoosaque  matrí 
Dant  lacrjmas.  Quid  agat?  rursus  se  yicta  remittit. 


J 


285 

Qoe  inseparayeis  companheiras  fosseis 
De  VeDQSy  dos  malvados  com  quem  vinha. 
Tanto  a  vontade  em  vós  foi  corrompida  I 

«  É  nos  templos  da  Scjthia»  nos  altares 
Inundados  de  sangue,  que  ora  em  diante 
Deveis  receber  cultos.  Qual  motivo 
Para  tanto  furor  tivestes,  Deosas? 
O  que  vingais  assim?  Palias,  Latona!... 
Prosérpina  jamais  lesou  direitos 
Que  alcançastes  á  gloria,  nos  combates? 
Ou  nos  bosques  no  império  de  Diana 
Pretendeo  usurpar-lhe  a  primazia? 
Nio  foram  seus  discursos  circunspectos? 
Foi  jamais  importuna  aos  vossos  choros? 
Na  Sicília  exilada,  de  vós  longe 
Habitava  desertos...  Mas  qu'  importa 
A  solidSo!  Quaes  brenhas  são  barreira 
Contra  a  inveja?  Qual  ermo,  qual  retiro 
Applaca  emulações,  furor  cioso?...» 

Taes  vozes  a  afilicçSo  inspira  a  Ceres. 
Mas  o  respeito  a  Júpiter  prohibe 
Ás  outras  Deosas  responder;  ou  negam, 
Oa  Bngem  que  n9o  sabem;  só  respondem 
Com  lagrimas  á  mde  desconsolada. 
Que  fará?...  Já  vencida  de  amargura 
Ás  supplicas  recorre,  e  se  submette 
A  deprecar  humilde  o  que  deseja. 


286 

Incpie  bumiles  demina  preees,  Ignoscite,  si  quid 
lotumuit  pietas:  si  quid  flagraolius  aetum 
Quam  decuit  miseram.  Supplex,  dejeclai|iie  wstris 
Advolvor  genibus.  Liceal  cognoscere  sortcm. 
Hoc  tantum:  Liceal  certos  habuisse  dolores. 
Scire  peto  qu«  fwma  mali:  quamcunique  dedislis 
FortuDom»  si  nota,  feram;  fatumque  putabo, 
Noo  scelus.  Adspectum,  precor»  indulgete  parentí. 
Non  repelam.  Qassita  mana  securas  habeto, 
Quisquis  es.  Affirmo  prsdam.  Desiste  Tererí. 
Quod  si  DOS  aliquo  praereuit  federe  raptor; 
Tu  certe»  Latona,  refer.  G>nfessa  Diana 
Forte  tibi.  Nosti  quid  sit  Luctna,  quis  horror 
Pro  geniliSy  et  quantus  amor :  Partusque  lulisti 


287 

«  Ó  DeonSt  perdoai  1  (dii,  solagando) 
Da  consternada  mãe  tende  piedade: 
Desculpai  expressões  que  a  dor  extrema 
Sem  regra  me  dictou:  supplice,  afflieta 
A  Tossos  pés  me  prostro:  deciarai-me 
Todo  o  meu  infortúnio;  é  quanto  imploro: 
Das  dores  conhecer  convém  a  espécie. 
Com  que  forma  excrucia  o  mal  o  peito; 
Para  chorar  quieta,  e  submetter^me 
Sem  murmurar,  soffirer  minha  desgraça, 
Victima  ent&o  do  Fado,  e  nlo  do  crime. 

«  Aos  temos  votos  desta  mãe  afflieta 
Concedei  que  outra  vez  a  filha  veja: 
Não  heide  reclamá-la,  não;  seguro 
O  roubador,  a  presa  lhe  confirmo: 
Quero  só  vè-la.  Auctor  de  minhas  penas! 
Goza  em  paz  do  teu  furto;  livre  guarda 
O  que  a  violência  injusta  te  outorgara: 
Porém,  deixa-^m^a  ver!...  Não  tenhas  medo 
Que  eu  te  prohiba  a  dita  de  gozá-la. 

«  Com  tudo,  se  ganhaste  com  presentes 
De  Diana  o  silencio,  ou  de  Minerva... 
Latona!  falia  tu,  pois  que  podia 
A  tua  filha  tudo  revelar-te. 
Bem  sabes  quão  cruel  nos  é  Lucina, 
Quantos  sustos  e  amor  nos  custam  filhos. 


288 

Tu  geminos:  bsc  ana  mihi.  Sic  crioe  fruaris 
Semper  Apollineo,  sic  me  feiicíor  sevurn 
Mater  agas.  Largis  tuDc  imbribus  ora  madescunt. 
Quid  taotum  eat  digDum  Oeri»  digDumque  tacerí? 
Hei  mihi»  disceduot  omnes.  Quid  vana  moraris 
Ulterius?  Noo  bella  palam  celestia  sentis? 
Quin  potius  Datam  pélago  terrisque  requiris? 
AccÍDgat  lustrare  diem.  Per  devia  rerum 
lodefessa  ferar.  Nulla  cessabitur  hora. 
NoD  requiesy  doo  somous  erit,  dum  pignus  ademtum 
Inveoiam,  grémio  quamvis  mergatur  Iberas 
Tethjos»  et  rubro  jaceat  vallata  profundo. 
Non  Rbeoi  glacies,  oon  me  Rhip«a  tenebunt 


289 

HymeDeo  generoso  coocedeo-te 
Dois  gémeos,  a  mim  deo-me  uma  só  filhas 
Tem  piedade  de  mim...  assim  repousem 
Nos  cabellos  d'Apollo  eternamente 
Os  teus  maternaes  olhos:  assim  possas» 
Mais  feliz  do  que  Ceres»  mde  ditosa. 
Passar  sem  nuvens  teus  serenos  dias! 
(Humedeceo  de  novo  o  pranto  as  faces 
Das  maviosas  Deosas  compassivas) 
Que  motivo  provoca  o  vosso  choro? 
(Diz  Ceres  assustada)  Que  denota 
Esse  austero  silencio?  Aí  de  miro  triste! 
Todas  me  fogem...  foi-se-me  a  esperança... 
Que  mais  procuro,  incerta,  e  me  dilato?... 
Infeliz!  Ndo  percebo  que  indignados 
Os  Ceos  de  meus  pezares  s9o  a  origem! 

«  A  terra,  os  mares  devo  explorar  todos, 
Ver  onde  a  filha  está.  Irei  affouta 
Co'  a  carreira  do  Sol  medir  meus  passos; 
Incógnitos  caminhos,  sem  cançar^me, 
Irei  investigar  e  descobri-los: 
Nem  descanço,  nem  somno  alcançar  quero. 
Em  quanto  não  descubro  a  amada  filha ; 
Sepultada  que  fosse  nos  abysmos 
Dos  mares  em  que  a  Ibéria  se  mergulha, 
Se  banha  a  costa  Arábica:  nio  temo 
Nem  os  gelos  do  Rheno,  ou*  Ripheos  climas, 

Tomo  ▼.  19 


290 

Frigora :  non  dúbio  Syriis  cunctabitur  lesta. 
Stat  fines  penetrare  Noti,  Boreaeqae  nivalem 
Vestigare  domum.  Primo  calcabitur  Atlas 
Occasu,  facibusque  méis  lucebit  Hydaspes. 
Impius  errantem  videat  per  rurá  per  urbes 
Júpiter.  Extíncta  satietur  pellice  Juno. 
Insultate.  mihi :  coelo  regnale  superbi. 
Ducite  prsclaruin  Gereris  de  stirpe  triumphuin. 


Sic  Tatur,  notaeque  jugis  illabitur  JEiniBf 
Noctívago  tedas  informatura  laborí. 


Lucus  erat  prope  flavutn  Acin,  quem  cândida  prfiefert 
Sspe  mari,  puteroque  sccat  Galatca  natatu : 
Densus,  et  innexis  iCtnaea  cacomina  ramis. 


291 

Prosérpina  buscando;  affirootar  quero 

Das  Sjrtes  o  refluxo  vagabundo, 

Os  paizes  crestados  pelo  Noto, 

As  grutas  do  Aquilão  cheias  de  neve; 

Calcar  ás  portas  do  Occidente  o  Atlas; 

E  00  berço  da  Aurora  o  claro  Hydaspe 

Ir  assustar  co'  as  tochas  iuflammad^s. 

«Júpiter  ímpio  veja  a  triste  Ceres 
Errante  pelos  campos  e  cidades: 
Farte  Juno  ciosa  a  sua  raiva. 
Insulte  a  minha  dor:  seja  theatro 
O  Oljmpo  dos  triumphos  da  suberba, 
Do  teu  furor,  ó  Juno!  Está  completa 
Tua  victoria,  Deosa;  perdi  tudo: 
Já  Ceres  infeliz,  já  não  tem  filha  1 » 

Disse,  e  ao  cume  do  Etna  se  arremessa; 
Neste  sitio  querido  é  que  prepara 
As  tochas  que  destina  angustiada 
Ás  carreiras  nocturnas  que  projecta. 

Perto  do  rio  Acide  estava  um  bosque 
Que  a  linda  Galatéa  preferia 
Ao  mar;  e  a  nado  as  ondas  dividindo, 
Buscava  a  sombra  que  as  frondosas  ramas. 
Em  qualquer  estação  entrelaçadas. 
Soltavam  sobre  o  monte  alli  visinho. 

Tomo  V.  U>  • 


\ 


292 

Qua  líbel  usque,  tcgeos.  Uli€  posuisse  craeotara 
^gida,  captivamque  pater  post  prffilia  praedam 
Advexisse  datur.  Pblegrais  silva  superbít 
Exuviisy  totumque  nemus  victoria  vestít. 
Hic  patuli  ríctus:  bic  prodigiosa  Gigantum 
Tergora  dependentt  et  adhuc  crudele  minaatur 
Afiixs  truticis  fácies»  immaniaque  ossa 
Serpentum  passim  cumulis  exanguibus  albent» 
£t  rigids  multo  suspirant  fulmine  pelles, 
Nullaque  oon  magni  se  jactai  nominis  arbor. 
Hsc  centum  geroini  strictos  iEgeonis  enses 
Curvata  vix  fronte  levat.  Liventibus  illa 
Exultat  Cffii  spolií».  H«c  arma  Mímantis 
Sustinet.  Hos  ouerat  ramos  exutus  Ophíon. 
Altior  at  cuDctis  abíes  umbrosaque  late 
Ipsius  Enceladi  famantia  gestat  opima 


293 

Júpiter  vencedor,  dizem,  puzéra 
Alii,  depois  da  lutta  c'os  Gigantes. 
A  egida  cruenta,  e  toda  a  prêsa 
Que  a  victoria  lhe  dera.  Alli  se  viam 
Os  despojos  das  selvas  PUegreanas. 
E  de  tropheos  vestido  o  bosque  inteiro; 
Das  carrancas  as  fauces  ioda  abertas, 
Couros  immensos  d^esfolados  monstros. 
Filhos  da  terra;  frentes  destroncadas, 
Que  fixas  na  cortiça,  inda  mostravam 
Nas  feições  ameaço  e  rebeldia : 
D'o8sos  enormes  alvejava  a  terra; 
Serpentes  mortas,  túrgidas  couraças. 
Que  empolaram  c'os  raios  furibundos: 
Nio  se  vê  planta  que  de  um  grande  nome 
Nito  ostente  um  tropbeo.  Alli  d'uma  arvore, 
Com  o  peso  curvada,  as  cem  espadas 
De  Egeo,  que  combatia  com  cem  braços, 
Alli  pendem :  alli  de  Cello  os  dardos. 
Tintos  de  sangue,  n'outra  se  preservam ; 
Com  o  pesado  armúrio  de  Mimante, 
E  os  massiços  arnezes  d'Ophionte. 

Altissimo  pinheiro  que  domina 
Sobre  quantos  vegetam  na  floresta, 
E  que  d*espessa  rama  os  cobre  todos. 
Das  fumegantes  gloriosas  armas. 
Despojos  d'Enceládo,  está  coberto; 


Sd4 

Summi  terrigenftm  Begis»  caderetqoe  graT&ta 
Pondere,  ni  lassam  fuiciret  próxima  quercus. 


Iode  timor  oamenque  loco,  nemorisque  senect» 
Parcitur,  aetheríisque  nefos  nocuisse  tropeeis. 
Pascere  nullus  oves,  nec  robora  Isedere  Cyclops 
Audety  et  ipse  fugít  sacra  Polyphemus  ab  umbra. 


Non  tamen  hoc  tardata  Geres.  Acceoditur  oUro 
Religione  loci»  vibratque  incerta  securim, 
Ipsum  etiam  per  itura  Jovem.  Succidere  piaus, 
£t  magís  enodes  properat  prostemerè  cedros, 
Exploratque  habiles  truncos,  rectíque  ténorem 
Stipitis,  et  certo  praetentat  bracfaia  nísu« 


Sic  qui  vecturam  longínqua  per  sequora  mercês 


29Õ 

Desse  que  aadaz  guiava  coolra  o  Oljinpo 
Os  batalhões  rebeldes:  tanto  pesam 
Estes  fúnebres  restoSt  que  um  carvalho/ 
Como  pontlOt  Ih'  impede  horrível  queda. 

Daqui  vem  o  terror  religioso 
Que  neste  bosque  reina;  sacrilégio 
Seria  profanar  sua  velhice, 
Que  as  eras  respeitaram ;  fora  crime 
Desprezar  os  tropheos  das  Divindades. 
Os  gados  com  respeito  alli  n&o  pascem» 
Os  Cyclopes  recéam  de  locar-lhe; 
O  mesmo  Polyphemo  amedrentado 
De  suas  sacras  sombras  se  desvia. 

Nada  intimida  Ceres;  deste  sitio 
A  roagestade  o  seu  furor  irrita: 
Alça  o  machado  incerto,  e  fere  affbuta; 
Júpiter  mesmo  houvera  então  ferido. 
Por  terra  logo  prostra  altivos  troncos 
Altos  pinheiros,  denodados  cedros, 
Que  suberbos  aos  Ceos  se  levantavam: 
E  entre  tanto  destroço  a  Deosa  escolhe 
Uma  haste  vigorosa,  um  tronco  forte. 
Que  mais  rijo  a  seus  golpes  resistia. 

Desfarte  o  navegante  que  deseja 
Ir  por  longiquo  mar  tentar  fortuna, 


296 

Molitur  tellure  ratem»  vilamque  procellis 
Objectare  parat;  fagos  metitur  et  aloos» 
£t  variuin  rudibus  silvis  accommodat  usum. 
Qus  longa  est,  tumidis  prsbebit  coroaa  velis: 
Qus  fortis,  maio  potior:  qu«  lenta,  favebit 
Remigío:  stagoi  paliens  aptanda  carins. 


Tollebant  gemios  capita  inviolata  cuprewus 
Cespite  vicÍDo;  quales  non  rupibiis  Ide 
Miratur  Simols;  quales  non  divíte  ripa 
Larobit  Âpollinei  nemoris  nutritor  Orontes. 
Germanas  adeo  credas:  sic  frontibus  squis 
Adstant,  et  sócio  despectant  vértice  locom. 
Hffi  placuere  faces.  Pernix  invadit  utraroque 
Gineta  sinus,  exerta  manus,  armata  bipenni: 


297 

Seus  géneros  trocar  em  climas  novos, 
E  contrastar  co'  a  vida  as  tempestades, 
Vogador  domicilio  se  fabrica ; 
A  seu  uso  na  praia  junta  faias, 
Alamos  fortes,  mede-lhe  o  tamanho, 
E  estes  filbos  informes  das  florestas 
Destina  ás  partes  varias  do  ediGcio: 
Dos  compridos  faz  vergas  que  sustentem 
Túmidas  velas;  e  transtorna  em  mastros 
Os  mais  duros,  em  remos  os  flexíveis; 
E,  curvados,  no  corpo  do  navio 
Põe  os  que  á  agua  silo  impenetráveis. 

N'um  serro  alli  visinbo  se  creavam 
Dois  cyprestes  irm&os,  que  do  machado 
Isentos  até  'li  seus  troncos  eram : 
Tinham  frondosa  rama,  hastes  suberbas, 
Quaes  o  Simois  nSo  poude  admirar  nunca  (4) 
Sobre  as  rochas  do  Ida;  nem  nos  bosques 
Apollineos  lambeo  o  farto  Orontes, 

Quem  delles  observasse  a  igual  ramagem. 
Que  parallela  cobre  a  selva  toda. 
Diria  =  s8o  irmSos,  nasceram  gémeos. »» 
Estes  de  Geres  devem  ser  as  tochas: 
E  sem  demora  a  Deosa  resoluta, 
Os  braços  nús,  a  túnica  traçada. 
Empunhando  o  machado,  o  descarrega ; 


298 

Alternasque  ferit,  totísque  obnixa  trementes 
Yiribus  impellit.  Pariter  traxere  ruÍDam, 
Et  pariter  posuere  cornam^  cainpoque  recumbunt, 
Faunorum  Dryadumque  dolor.  Complectítur  ambas^ 
Sicut  eranty  alteque  levat»  retroque  solutis 
Criníbus  adscendit  fastigia  moutis  auhelít 
Exuperatque  aestus,  et  duIIí  pervia  saxa, 
Atque  indignantes  vestigia  calcat  arenas. 


Qualis  pestíferas  animare  ad  crimioa  taxos 
Torva  Megaera  ruít;  Cndmi  seu  moenia  poscat; 
Síve  Tbyesteís  properet  saevke  Mjceois. 
Dant  tenebrse  Manesque  locum,  pUotisque  resullaot 


299 

UiD  e  Quko  còm  golpes  alternados 
Ataca,  ferCy  ab«la-Ibe  as  raiies: 
Vacillam,  pendem,  e  c'(y^  esforços  caem. 
Ambos  perecem,  ambos  depuzeram 
Em  terra  as  longas  verdejantes  comas; 
0>bre-se  o  chSo  c'os  vegetaes  despojoe» 
Que  de  lagrimas  Dryades  e  Faunos 
Enternecidos  e  saudosos  regam. 

A  61ha  de  Cybelle  toma  os  troncos, 
Levanta-08,  de  folbage'  inda  vestidos; 
O  seu  cabello,  que  ia  solto  ao  vento, 
Para  traz  deita,  e  trepa  com  presteza 
Da  montanba  ás  alturas  fumegantes; 
Com  resoluto  pé  as  lavas  calca. 
Os  hirsutos  rocbedos  sulphorosos, 
E  as  aréas  ardentes,  indignadas 
De  tanta  audácia  e  tanta  desventura. 

Assim,  bramindo,  a  túrbida  Megera 
Vai  quando  impaciente  accende  os  fachos, 
E  seus  fogos  sinistros  vasa  irada       • 
Nas  muralhas  de  Cadmo,  ou  quando  açouta 
Os  lares  de  Mycenas,  testemunhas 
Dos  hórridos  banquetes  de  Tbyestes. 
As  terrificas  sombras,  oucos  manes 
Ante  elh  lugar  ddo  a  seus  furores; 


300 

Tártara  ferratis:  donec  Pblegethootis  ad  uodam 
G)n8titít,  et  plenos  excepit  lampade  fluctos. 


Postquam  perventum  scopuli  flagrantis  in  ora; 
Protinus  arsuras  adversa  fronte  cupressus» 
Faucibus  injecit  mediisi  lateque  cavernas 
Texity  et  undatem  flammarum  obstruiít  hiaturo. 
Compresso  mons  igne  tonat,  claususque  laborat 
Mulciber.  Obductí  nequeunt  baerere  vapores. 
Coniferi  miciiere  ápices.  Crevitque  favillis 
iCtna  novis.  Stridunt  adroisso  sulfure  rami, 
Tum,  ne  deãcerent  tantis  erroribus  ignest 
Semper  inocciduos  insopitosque  manere 
Jussity  et  arcano  perfudít  robora  sueco; 
Quo  Phoeton  irrorat  equos»  quo  Luna  juvencos. 


Jamque  soporíferas  nocturna  silentia  territ 


301 

O  Tártaro  c'os  ferreot  pés  rebomba : 
Só  pára  ao  pé  das  Pbl^elhonteas  aguas» 
£  a  sede  farta  ao  sepulchral  pinheiro» 
Immergindo-o  nas  ondas  ínOammadas. 

Já  chega  Ceres  ao  cratér  sulphoreo 
Do  monte,  e  a  farta  coma  dos  cyprestes» 
Destinados  ao  fogo»  peio  seio 
Deste  golpho  mergulha;  assim  do  abysmo 
Tapa  todo  o  orificio,  nSo  ficando 
Ás  ondas  de  vapor  respiradouro. 
Nas  entranhas  do  monte  com  movido 
Booca»  troveja  o  lume  clausurado, 
Lutta  contra  as  cavernas»  que  impotentes 
Bepulsam  seus  esforços;  porém  arde 
Já  dos  cyprestes  a  tão  vasta  rama. 
Exhala  o  Etna  já  centelhas  novas; 
Saturados  d'enxofre  estalam  ramos: 
E  entUo»  por  que  entre  trevas  n&o  desvaire, 
Para  livrar  d'escoIhos  seu  caminho. 
Fortalecer  de  eterna  luz  as  tochas, 
A  Deosa  as  rega  de  unctuosos  suecos; 
Daquelles  com  que  os  urcos  seus  ungia 
Phaetoote;  coro  que  a  Lua  vigorava. 
Com  divino  poder,  também  seus  touros. 

Já  nocturno  silencio  começava 
A  convidar  o  somno  preguiçoso 


302 

Expiicuere  vices.  Laniato  pectore  longas 
lochoat  illa  viasy  et  sic  ingressa  profatur. 


Non  tales  gestare  tibi,  Prosérpina,  tedas 
Sperabam:  sed  vota  mihi  communia  matrum 
Et  tbalami  festaeque  faces,  coeloque  canendus 
Ante  óculos  Hymena^us  erat.  Sic  Numina  fatis 
Yolvimur,  et  nullo  Lacbesis  discrimine  s^evit? 
Quam  nuper  sublimis  eram,  quantisque  procorum 
Cingebar  studiis!  quce  non  mibi  pignus  ob  unum 
Cedebat  numerosa  parens?  tu  prima  voluptas, 
Tu  postrema  mibi:  per  te  fecunda  videbar. 


303 

A  vir  reger  a  terra  adormeDlado : 
Ceres  (de  dor  o  peito  retalhado) 
Entrava  na  carreira  que  lhe  abriam 
Profunda  magoa,  aspérrima  saudade* 

«Oh  Olha,  filha  minha I  (exclama  aiDicta) 
Nunca  esperei  que  taes  fossem  os  fachos 
Para  ti  destinados;  outros  eram 
Os  que»  m3e  carinhosa ,  com  meus  votos 
Te  promettiam  meu  amor  extremo: 
Dos  d'Hymeneo  as  luzes  antevia; 
O  thalamo  brilhante,  as  sacras  tochas, 
Os  festejos  pomposos,  doces  hymnos 
Que  applaudiam  teu  nome,  Prosérpina, 
Com  que  os  ecchos  do  Olympo  retumbavam. 
Meu  coraçSo  e  ouvidos  preveniam, 
lilusio  desditosa  1  fatal  sonho! 
QuSo  frágeis  Divindades  somos!  quanto. 
Quanto  zomba  o  Destino!  quanto  ás  cegas 
Lachesis  distribuo  feros  golpes!... 

a  Quanto,  ha  pouco,  ditosa  me  julgava, 
D'illustres  pertendentes  rodeada, 
Que  aspiravam  á  m9o  de  Prosérpina! 
Oh  filha,  gloria  minha  e  meu  tormento! 
Principio  e  termo  da  ventura  minha! 
A  ti  devia  tudo  —  o  meu  descanço, 
A  gloria  de  ser  mãe,  minha  alegria... 


304 

O  decus,  d  requieSf  d  grata  superbia  matrís: 
Qua  gessí  florente  Deam:  qua  sospite  Dusquam 
Inferior  Janone  fai:  nunc  squalida,  vilís. 
Hoc  placitum  patri.  Cur  autem  adscribimus  illum 
HÍ9  lacrymis?  ego  te,  fateor,  crudelis  ademit 
Quffi  te  deserui,  solamqae  instantibus  ultro 
Hostibus  exposui.  Baucis  secura  fruebar 
Nimirum  thiasis,  et  lieta  souantibus  arvís 
Jungebam  PhrygioSt  cum  tu  rapcrere,  leonês. 
Accipe,  quas  merui,  poenas.  £n  ora  faliscunt 
Vulneribus,  grandesque  rubent  in  pectore  sulcí. 
ImmeoQor  en  uterus  crebro  contunditur  ictu. 
Qua  te  parte  poli,  quo  te  sub  cardine  queram? 
Quis  monstra tor  erit?  qu»  me  vestigia  ducent? 


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305 

De  meus  olhos  eacaoto,  doce  filho, 
Cojos  dotes  altivos  me  elevaram 
Acima  das  mais  Deosas»  e  fiíeram 
Igual  a  Juno  mesma  !•«•  porém  hoje 
Desprezível...  confusa..*  assim  ordena 
Júpiter*..  Ceos!  que  horror  I  que  fera  sorte  l... 
Só  no  hkfemo  tau  planai  se  prqjeeíamf 
Só  Ímpias  Deasss  crimês  ia$s  eonsettffm* 

a  De  que  serve  o  queiur«*mef  ..•  attribuir-lhe 
Estas  lagrimas?.*.  Contra  mim  me  volto; 
Eu  fui  causa  infeliz  da  tua  morte ! 
A  minha  ausência  ás  iras  do  inimigo 
Te  entregout  cbara  filhai  Em  quanto  os  choros 
Na  Phrygia  me  cercavam»  que  tinoíam 
Em  tomo  a  mim  espadas  e  tamhores, 
Que  eu  gozata  sem  susto  alguns  prazeres. 
Ao  jogo  submettendo  os  leões  dóceis, 
Eras  de  um  roubâdor  infausta  presa! 
Do  meu  descuido  observa  a  fatd  pena. 
Meu  rosto  v6  coberto  de  feridas 
G>m  que  o  sulcaram  lagrimas  profusas ; 
Vè  meu  peito  rasgado,  que  mil  golpes 
Nos  Ímpetos  de  dor  cruéis  lhe  abriram. 

«Em  que  plagas  ou  Ceos  irei  buscar-te? 
Quem  guiará  meus  passos?...  quaes  vestigios 
Me  bio  de  mostrar  o  roubâdor  e  o  carro  ?••• 

Tomo  V.  SO 


306 

Quis  cumis?  Terus  ipse  quis  est?  Mmoe  marnrM 
íncola  ?  quffi  volucrum  depreodam  ligoa  totarom. 
IbOf  ibo  quocumque  pedes,  quooimqae  jttbebtt 
Casus.  Sic  Venerem  qoOTat  deserta  Dione. 
Efficietne  labor?  rursus  te,  oaUí  Ikebít 
Amplecti?  manet  ille  deeor?  nane  ilte  gencmol 
Fulgor?  an  infelix  talem  Tortaste  videbè, 
Qualia  nocte  Yen»?  q«alem  fet  soiDnta  tidi? 


Sic  ait,  et  prima  gfesftUB  mdMur  ab  ifitna; 
Exitiique  reos  flores,  ipsamqne  rapittte 
Detestata  locum,  aeqiiilur  dispersa  tía^rum 
Indicia,  et  pleno  timalUr  lumíiie  clonpoiv 
Inclinatque  faces.  Omnis  perlt  orbita  ^u^ 
Omnibas  admagit,  quâeumqoe  it  in  «tfaere,  safeis. 
Annatat  umbra  fretis,  extremaqiie  toeis  imago 


307 

É  Da  terrai  oo  nos  Ceds,  que  o  mooatra  babitit,.* 
Onde  ocharei  09  tra^oa  qae  formarati 
Bapidamente  aa  rodaa  que  a  levaram?.** 

« Onde  o  acaso  me  leve  irei  correndo, 
Onde  os  pés  me  levarem  sem  certeza. 

«  Possa  Dione  assim  procurar  Vénus ! 
Mas...  serSo  meus  extremos  premiados?... 
Tornario  os  meus  braços  a  abraçar-te?... 
Oh  6lba  I  ver-te-hSo  meus  tristes  olhos 
TSo  bella,  tSo  brilhante  como  d'antes« 
De  tua  mie,  e  dos  mais,  suave  encanto? 
Ou  por  ventura  qual  durante  a  noite 
Vens  magoar-me  em  meus  sinistros  sonhos?... » 

Ceres,  isto  dizendo,  se  retira 
Longe  do  monte,  e  das  culpadas  flores; 
Dos  lugares^  funestos,  causa  triste 
Da  desgraça:  seguindo  uma  vereda. 
Que  o  seu  carro  ia  sobre  a  terra  abrindo. 
Discorre  os  campos  que  lhe  mostra  a  tocha, 
Diffundindo  inclinada  um  dardo  vasto. 

Com  pranto  inunda  os  sulcos  que  traçavam 
As  rodas  do  seu  carro;  os  seus  gemidos 
Repete  o  ar  extenso;  a  sua  sombra 
Se  projecta  no  mar  esverdinhado ; 

ToMoT.  «o  • 


308 

Italiam  Lybiamqiie  Terit.  Clarescit  Etrascure 
LittuSi  et  accenso  resplendent  aequore  Syrtes. 
Antra  procui  Scyltea  pelit,  caoibusque  reductís 
Para  stupefacta  ailet,  pars  nondum  exterrita  latrat. 


Rêliqua  desideraidur* 


309 

E  08  extremos  da  luz  das  suas  tochas 
S^estendem  sobre  as  margens  AfricauaSt 
Sobre  as  praias  da  Ausooía»  e  praia  Etrusca: 
Doira  o  reflexo  as  Syrtes  lá  distaotest 
E  de  Scylla  assustada  os  antros  doira;  (5) 
Scylla«  que  pasma  e  freme  stupefacta. 
Já  do  silencio  dos  seus  cães  medrosos» 
Já  dos  uivos  terriveis  que  soltavam 
Antes  que  o  medo  todos  suffocasse. 


i7  de  Novembro  de  1815. 


NOTAS. 


MOTAS 


AO 


ROUBO  DE  PROSÉRPINA 


IiITBO   !• 

(1)  JlmepáCío. — o  prefacio  que  Pérsio  coiiocou  á  frente 
das  soas  sátiras  sérvio  de  modelo  a  Claudiano,  que  neste  par- 
ticular foi  imitado  por  todos  os  poetas  da  ultima  idade  da 
lingua  latina.  Estes  prefácios,  onde  reinam  de  ordinário  a 
discriçio  e  a  elegância,  apresentam  umas  vezes  alguma  com-* 
paraçio  faci!  de  ser  applicada,  outras  uma  felicitação  lison- 
geira,  outras  uma  confrontação  da  fabula  com  os  negócios  do 
tempo,  e  outras  finalmente  um  mero  preambulo,  destinado  a 
conciliar  a  attençSo  dos  circunstantes.  Este  do  1  .*  Livro  parece 
corroborar  a  opinião  de  quem  ajuiza  que  o  Roubo  de  Prosér- 
pina foi  um  dos  primeiros  escriptos  que  sahiram  da  penna  de 
Claudiano.  Depois  de  ter  aventurado  ao  publico  alguns  idylltos, 
recebidos  com  applauso,  parece  que  desfere  o  poeta  um  voo 
mais  audaz,  e  que  para  lançar  os  fundamentos  da  sua  immor- 
talidade  se  abalança  a  commetter  uma  empreza  que  deveria 
pAr  sen  nome  a  par  dos  mais  illustres  do  Parnaso.  Tal  é  a  idéa 
qne  nos  suggere  desta  obra  sua  a  pintura  que  nos  faz  dos  tra- 
balhos, tentativas,  receios  e  prosperidade  do  primeiro  nave- 
gante. 


314 

(2)  Quem  primeiro  svlcou  mares  profundoSf  etc.  —  A  quem 
deve  a  humaDÍdade  esta  iDveDçio,  que  lhe  sujeitou  outro  ele- 
mento? Orpheo,  Ovidio,  Maoilio,  e  Yalerio  Flacco  attribuem-na 
a  Jason;  Tibullo,  e  Pomponio  Mela  aos  Phenicios;  Diodoro 
Siculo  aos  Cretenses;  e  aos  Egypcios  Denys  o  Periegeta.  Phe* 
dro  a  adjudica  a  Minos»  e  a  opinião  mais  verosimil  a  um  neto 
de  Noé.  Seja  porém  qual  for  o  seu  auctor,  o  certo  é  que  os 
poetas  antigos  sempre  a  representaram  como  iofracção  àm  i«is 
da  natureza,  e  manancial  perenne  de  crimes  e  desastres. 

(3)  Do  mar  Egeo^  etc.  —  Os  doutos  não  concordam  acerca 
da  origem  do  nome  deste  mar,  que  uns  derivam  do  verbo  grego 
agOf  que  significa  espedaçarf  onlrof  de  um  rochedo  que  entre 
as  ilhas  de  Tenedos  e  Seio  representa  a  figura  de  uma  cabra, 
outros  de  Ega,  rainha  das  Amazonas,  que  perdei^  nelle  a  vida, 
e  outros  do  desventurado  Egeo»  rei  de  Atbenas,  o  qual,  como 
refere  Gatullo,  se  precipitou  nas  suas  ondas,  por  entender  qua 
seu  fiibo  Theseo  havia  malogrado  a  expediglo  de  Creta,  onde 
o  levara  o  desejo  do  libertar  sua  pátria  do  cruel  tributo  que 
iodos  08  annos  reclamavam  os  manes  de  Aodrogeo.  Hoje  é  o 
Arcbipelago  da  Grécia. 

(4)  As  lonias  ondaSf  etc.  —  Este  mar,  cuja  vasta  exten- 
são foi  celebrada  por  Yirgilio,  deve  seu  nooie  á  filha  de  loacbo, 
a  nympha  Io,  de  quem  Ovídio  (nas  Metamorphoae^  liv.  1.**)  e 
Hygino  (na  Fabula  145)  nos  deram  conhecimento  da  coodes- 
•cendeocia  que  tivera  com  os  desejos  de  Júpiter,  da  sua  traos^ 
íormacilo  em  novilha,  da  perseguição  que  soffirera  por  parte  de 
Juno,  de  como  Coi  libertada  da  vigilância  d'Argos,  como  passoa 
is  margens  do  Nilo,  como  voltou  à  sua  primeira  forma,  e  d^ 
lugar  distincto  que  obteve  entre  as  divindades  do  Egypto,  eom 
4^  nome  de  bis. 


315 

(S)  Do  Deos  do  Avemo  o  roubo  cmdaz,  etc.  —  De  todas 
as  noticias  iiiythologicas  nenhuma  foi  mais  divulgada  que  a  do 
roubo  de  Prosérpina.  Eocontram-se  vestigios  delia  em  todos  os 
escriptores  da  antiguidade,  poetas,  bistoriographos,  e  oradores. 
Sem  pertendermos  reforçá-la  com  o  testemunho  de  Orpheo, 
Hesiodo,  Sophocles,  Euripedes,  Aristophanes,  Pansanias,  e  ou- 
tros, citaremos  unicamente  uma  passagem  de  Cicero  (in  Verrem 
lib.  4.^j ,  que  foi  seguida  ãelmente  por  Glmidiano  nas  suas  des«- 
cripçdes  e  narrativa,  e  poderó  talvez  dar  uma  idéa  da  aotigui* 
dade  desta  tradiçfio,  e  dos  lugares  que  foram  theatro  dos  acon- 
tecimentos de  que  se  tratla. 

c(  Existe  de  remotos  tempos,  diz  elle,  uma  opiniSo  fundada 
« nas  primeiras  historias  dos  Gregos,  o  justificada  pelos  seus 
a  mais  antigos  monumentos,  que  toda  a  Sicilia  é  consagrada  a 
«Ceres,  e  a  Prosérpina....  Os  Sicilianos  acreditam  que  estas 
a  deosas  nasceram  no  seu  paiz,  que  no  seu  terreno  brotaram  os 
«  primeiros  trigos,  que  Prosérpina  foi  arrebatada  das  campinas 
a  de  Enna,  que  se  reputam  como  centro  da  Sicilia ;  que  Ceres, 
«dispondo-se  a  buscar  sua  filha  em  toda  a  parte,  accendera 
«rum  fâcho  nas  labaredas  do  Etna,  e  com  este  hime  percorrera 
«  o  universo.  Enna,  onde  pertendem  que  tiveram  lugar  os  suc- 
«  cessos  de  que  falíamos,  está  edificada  n  uma  serra  alterosa  e 
M  escarpada,  no  vértice  da  qual  se  encontra  uma  planicie  muito 
« rasa,  e  mananciaes  d  agua  pura.  Inaccessivel  por  todos  os 
«c  bdos,  e  como  isolada,  vé  a  cidade  em. torno  de  si  lagoas  e 
«  prados  esmaltados  das  mais  lindas  flores  em  todas  as  estações 
«do  anno.  N'uma  palavra,  o  sitio  mesmo  parece  attestar  esse 
«  famoso  rapto  com  que  nos  entretinham  quando  éramos  pe- 
«quenos;  por  quanto,  a  pouca  distancia  delle  existe  uma  ca- 
ce verna  de  enorme  profundez,  voltada  para  o  norte.  Por  alli 
« dizem  que  sabira  de  repente  o  Deos  dos  infernos  no  seu 
H  plaustro,  arrebatara  Prosérpina  da  planicie,  e  a  levara  com- 
«c  sigo.  Não  longe  de  Syracusa,  tornou  a  entrar  de  súbito  para 


316 

«debaixo  da  terra,  e  no  mesmo  instante  um  lago  cobrio  aquelle 
«r  lugar,  onde  depois  os  Syracusanos  annuaimente  celebram  uma 
«  festa,  que  attrahe  grande  concorrência  de  homens  e  de  mu- 
cr  Iheres. » 

(6)  Dos  Cecropidas  gemem  os  aliares^  etc.  —  Cecrope  Toi 
o  primeiro  rei  da  Attica,  chamada  Gecropia  do  seu  nome. 
Diiem  que  tendo  feito  um  decreto  pelo  qual  concedia  aos 
deoses  o  domínio  das  cidades  onde  quizessem  erigir  seus  alta- 
res, appareceram  logo  em  Athenas  Neptuno,  que  fez  sahir  um 
mar  do  seio  da  terra,  ferindo-a  com  seu  tridente,  e  Minerva, 
que  na  presença  de  Cecrope  fez  brotar  a  oliveira.  Daqui  nasceo 
entre  os  dois  uma  contenda  que  Júpiter  fez  terminar,  dando 
aos  contendores  por  juízes  doze  habitantes  dos  Ceos.  Segundo  o 
parecer  destes,  fundado  nas  informações  de  Cecrope,  foi  a  ci- 
dade adjudicada  a  Minerva.  Cecrope  desposou  Âgraule,  de  quem 
teve  quatro  fiihos,  a  saber:  Erisíchton,  Agraule,  Herse,  ePan- 
droseo.  A  estes,  que  sSo  os  Cecrópidas,  attribuiam  dever-lhe  a 
Grécia  o  uso  do  trigo,  a  cultura  da  oliveira,  o  conhecimento 
dos  deoses,  as  noções  da  justiça,  ele. 

(7)  De  Tríptolemo  silvam  as  serpentes,  etc.  —  Conta-se  na 
mythologia  que  apenas  Ceres  tivera  conhecimento  do  rapto  de' 
sua  filha,  se  encaminhara  a  Eleusis,  cidade  da  Attica,  onde 
reinava  Celeo,  pae  de  Tríptolemo,  a  quem  a  deosa,  querendo 
remunerar  o  bom  agazalho  que  havia  recebido,  fez  presente 
de  um  carro  tirado  por  serpentes  aladas,  com  destino  de  o  le- 
varem pelo  mundo,  ensinando  aos  homens  o  uso  do  trigo,  e  a 
maneira  de  o  semear.  Ficou  por  tanto  â  deosa  o  appellido  de 
Eleusina,  e  Eleusinas  se  chamavam  as  festas  que  se  faziam  em 
honra  delia. 

(8)  Á  informe  Deidade  surge  ao  longe f  etc. — Hecate,  a 


317 

Loa,  e  Prosérpina,  eram  três  nomes  que  tioha  a  mesma  De!-- 
dade,  assim  como  era  representada  coro  Ires  cabeças  diversas. 

(9)  laccho  alegre,  ele. — É  o  mesmo  que  Bacclio,  filho  de 
Júpiter  e  Semeie»  que  depois  de  conquistar  as  índias»  recebeo 
um  culto  particular  em  Thebas  e  na  Meonia»  região  da  Âsia- 
menor. 

(10)  A$  brilhatues  Triones,  etc— Triões,  na  linguagem 
vulgar»  eram  bois  destinados  ao  serviço  da  charrua»  como 
diz  Varrão.  Neste  lugar  entendem-se  pelas  selte  estreitas  que 
acompanham  a  Una  maior,  ou  por  outro  nome  o  Carro. 

(11)  OHhodope,  montanha  daThracia»  cujo  nome  Ihepro* 
veio  da  nympha  Rhodope»  iilha  do  rio  Strymon»  da  qual  Ne- 
ptuno  teve  o  gigante  Athos. 

(12)  Ámyeléa,  Claros,  De/os.  —  A  mycléa  era  uma  cidade 
da  Laconia  onde  reinava  Tindaro»  e  onde  foram  creados  os  gé- 
meos Castor  e  Poliux.  Dahi  lhes  proveio  o  nome  de  FtaHret 
ÁmyelcBí  que  lhes  dfio  muitas»  vezes  os  poetas. 

Claros,  cidade  na  lonia»  junto  de  Golophoci»  partilhava 
com  Delos»  Deiphos»  Ténedos»  Pátara  e  Amycléa  os  favores  de 
Apollo»  e  a  gloria  de  produzir  oráculos,  que  por  muito  tempo 
foram  assas  venerados. 

Ddos.  —  Eis-aqui  a  origem  que  lhe  attribue  Hygioo  na 
fabnia  LIII. :  «c  Asteria  era  filha  de  Titan.  Namorou-se  Júpiter 
da  sua  belieza;  mas  irritado  por  seus  constantes  desdéns»  me- 
tamorphoseou-a  em  codomiz»  e  iançou-a  no  mar»  onde  se  con- 
verteo  n  uma  ilha  que  se  chamou  Ortygia.  Por  largas  eras  va- 
gabunda e  fluctuante»  só  poude  firmar-se  na  terra  qiíando  nas- 
ceram Apollo  «  Diana ;  assim  foi  retribuida  da  compaixto  que 
teve  de  Latona»  contra  quem  Juno  havia  suscitado  Marte»  em- 


318 

bravecido  a  serpente  Pithon»  e  sublevado  a  terra  toda.  Desde 
entSío  cfaamou-se  Deles;  e  em  honra  sua  compoz  GalIioQaco  um 
hymnoy  justamente  considerado  como  um  poema  perfeito,  n 

(13)  A  Trinacriaf  etc. — Este  nome  deve  .a  Sicilia  aos 
seus  três  promontórios,  Pacbyno,  Peloro,  e  Lilybeo.  Se  d  algum 
tempo  ella  foi  unida  ao  continentei  e  a  causa  que  os  separou« 
s9o  questões  que  não  profundaram  os  escriptores  da  antiguidade, 
{iomero  na  sua  fabula  de  Scylla  e  Cbarybdes  parece  nSo  ter 
conhecido  nem  a  epocha  nem  o  motivo  de  tal  separação.  Pin* 
daro  a  este  respeito  guarda  o  mais  profundo  silencio  nos  versos 
que  consagrou  á  memoria  dos  heroes  sicilianos.  Eschylo  foi  o 
primeiro  que  notou  haver  analogia  entre  o  promontório  de 
Rhegium  e  o  verbo  grego  regnusíaip  separar.  Thucydides  pa- 
rece que  não  foi  feliz  nas  indagações  que  fizera  acerca  das  an- 
tiguidades desta  ilha.  Mas  o  abreviador  de  Trogo-Pompeo  diz 
que  ella  n'outras  eras  fazia  parte  do  continente;  e  Eustathio 
accrescenta  que  a  sua  desuniSo  foi  obra  de  Neptuno»  que  por 
tal  modo  quiz  segurar  a  Âcasto,  filho  d'Eolo,  uma  habitação 
mais  tranquilla.  Entretanto,  não  se  pôde  deixar  de  admirar  a 
descripção  que  neste  lugar  apresenta  Claudiano,  mesmo  a  par 
das  que  fizeram  os  cantores  d'Enéas,  das  Metamorphoses,  e 
do  Etna. 

(14)  Frondente  rama  de  pinheiros  alloSf  ele.  —  Pitys  era 
uma  joven  beldade,  igualmente  adorada  por  Boreas,  e  o  deos 
Pan;  mas  como  este  fosse  o  preferido,  o  seu  competidor,  allii- 
cinado  pelo  ciúme,  arrojou  contra  um  penhasco  a  desditosa 
nympha,  punindo  assim  de  cruel  morte  a  indifferença  com  que 
e  trattava.  No  mesmo  lugar  nasceo  o  pinheiro,  de  cuja  rama 
gostava  Pan  de  coroar-se,  e  ao  qual  o  sopro  de  Boreas  arranca 
ainda  gemidos.  Ovidio  porém  nos  conta  como  foi  transformado 
nesta  arvore  o  amador  de  Cybelle,  o  infeliz  Âtys. 


319 

(15)  Os  Coryba$j  ete.  —  Corybas»  filho  de  JasoD  e  de 
Cybelle,  foi  o  primeiro  que  iotroduzio  na  Ásia  o  culto  de  sua 
role,  e  deo  seu  nome  aos  ministros  consagrados  ao  serviço 
desta  deosa^  que  se  ficaram  chamando  Gorybas  ou  Corybautes. 


LITBO  II. 

(1)  A  Bistoniat  por  outro  nome  a  Thracia,  deve  este  epi-*> 
thetò  a  Biston,  filho  de  Uatte»  e  era  habitada  por  um  povo 
tão  guerreiro  como  sylvestre. 

(2)  ArgoSf  cidade  do  Pelopooeso»  onde  reinaram  Inacho>  o 
primeiro  que  oonduzio  é  Grécia  uma  coloDÍa  d'Egypcios;  e 
EaryslheOy  que  impot  a  Hercules  os  trabalhos  que  neste  lugar 
enumera  Claudiano. 

(3)  O  H^Of  rio  da  Thracia,  hoje  o  Mariza. 

(4)  O  Oisa  ãicantiUidOj  montanha  da  Tbessaiia,  que  foi  o 
theatro  da  audácia  e  da  derrota  dos  Gigantes. 

(5)  O  Hcemus  —  Ao  pé  desta  montanha  sitnada  entre  a 
Thessalia  e  a  Thracía»  e  á  qual  dera  seu  nome  um  filho  de 
Boreas  e  d'Orithya,  colloca  Slacio  (Theb.  iiv.  7.*  verso  42)  o 
templo  do  deos  das  batalhas. 

(6)  óirrkaf  cidade  visinha  do  Parnaso,  testemunha  da  in- 
sensibilidade de  Daphne,  e  da  sua  metamorphose  em  loureiro. 


'      820 

(7)  O  cinto  da  Amazónia  desataste f  etc.  *^  AliusSo  a  Hjp- 
polita,  rainha  das  Amazonas,  que  se  diziam  descendentes  de 
Marte,  e  habitavam  as  margens  do  Thermodoonte,  aonde  tam^ 
bem  foi  Hercules,  d>rigado  pelas  ordens  de  Eorystheo.  Apol«> 
lodoro  no  livro  2.^  refere  esta  passagem  d'Hercules,  cuja  nar- 
raçSo  todavia  faz  alguma  differenca  da  historia  que  Justino 
deixou  das  Amazonas  no  livro  2.*  cap.  4«^ 

(8)  O  Phóloef  monte  da  Arcádia,  foi  o  sitio  em  que  o» 
Centauros  succumbiram  aos  golpes  d' Hercules  e  de  Theseo;  de 
sorte  que  o  dia  das  núpcias  de  Dejanira  e  Hjppodamia  foi  para 
elles  um  dia  de  lagrimas  e  morte.  Nestor,  em  Ovidio  (Meta- 
morphoses  liv.  12.^),  conta  as  particularidades  deste  combite. 

(9)  Da  Ubya  as  praias^  etc.  —  Neste  paiz  era  a  morada 
e  o  jardim  das  filhas  d'HesperOy  Egle,  Aretbnsa,  e  HesperUiusa, 
cuja  guarda  estava  confiada  a  um  dragão,  fructo  dos  amores  de 
Typhon  e  Echidna«  Hercules  o  venceo,  e  teve  as  primícias  do 
jardim,  colhendo  os  pommos  das  Hespérides* 

(10)  TUf  novo  Alcides f  etc.  —  O  poeta  noméa  positiva- 
mente Florentino,  que  era  Prefeito  de  Roma  no  anno  de  396. 
A  darmos  credito  is  conjecturas  dos  commentadores,  este  poe- 
ma foi  composto  em  epochas  differentes.  Tendo  já  concluído  a 
primeiro  canto  no  tempo  da  sua  prosperidade,  e  sub  os  auspí- 
cios de  Stilicon,  Claudiaoo,  alvo  também  das  perseguições  que 
soíTreram  os  partidários  deste  ministro,  vio-se  obrigado  a  in- 
terromper o  fio  do  seu  trabalho.  Como  Orpheo,  guardou  sileiH 
cio  em  quanto  duraram  as  desordens  que  se  seguiram  i  morte 
do  seu  bemfeitor ;  mas,  a  exemplo  do  cantor  da  Thracia,  reas- 
sumio  as  suas  occupaçSes  quando  tornou  a  achar  em  Floreatiao 
um  admirador  e  um  amigo.  Este  novo  Mecenas,  affeiçoado  aos 
lavores  do  campo,  á  maneira  dos  Catões,  Varrões  e  Columellas, 


321 

escreveo  em  grego,  sobre  a  agricultura,  traltados  de  que  o 
tempo  ainda  respeitou  alguns  fragmentos. 

(11)  D' Arcádia  a  Deosa^  etc.  —  Diana,  a  quem  eram 
consagrados  o  Lyceo  e  o  Parrhasio»  montes  da  Arcádia»  que 
Ibe  offerecíam  abundante  eaça. 

(12)  Deixam  as  fontes  do  Críniso^  etc.  —  O  Griniso,  o 
"Pantagio,  e  o  Gela  sSo  nomes  de  rios ;  Camarina  é  o  de  uína 
lagoa  mepbytica  na  Sicilia. 

(13)  Aretkusa  e  Alpheo. — Veja^se  o  livro  6.°  das  Me- 
tamorpboses  d'Of  idio. 

(14)  CyanBf  guarda  e  satellite  de  Prosérpina,  reconheceo 
a  joten  deosa  nos  braços  de  Plutio»  e  quiz  deter  o  roubador, 
que  a  metamorphoseou  em  fonte, 

(16)  Envergonhe^se  o  Hybla^  etc.  —  Os  antigos  celebra- 
ram muito  o  mel  do  Hybla,  monte  da  Sicilia,  assim  como  os 
perfumes  da  Pancbaia  e  Sabá  na  Arábia,  e  do  Hydaspe  na 
índia. 

(16)  Immortal  aUf  etc.  —  É  a  Phoenix,  ate  fabulosa,  que 
inspirou  amenos  versos  a  Lactancio,  Claudiano,  Lermseo  e 
Ovidio. 

(17)  O  Lipare  se  (tirfra,  etc.  —  A  discórdia  removeo  Li- 
pare,  filho  d'Ausonio,  do  império  de  seu  pae;  uma  frota  o 
transportou,  com  um  exercito  numeroso,  da  Itália  para  a  ilha 
que  hoje  tem  seu  nome.  Sendo  já  velho,  casou  Cyane  sua  filha 
com  Eolo,  filho  de  Hyppotades,  o  qual  de  toda  a  parte  chamou 
habitadores  para  aquellas  regiões,  até  entio  desertas.  Lá  se 

Tomo  Y.  SI 


322 

forjavam  os  raios  de  Júpiter  oas  ferrarias  dos  Cyclopes,  sob  a 
direcção  de  Vulcano. 

I 

(18)  Que  ircabaráa  oPeneOf  etc. — Este  rio,  oaThessalia»      1 
nascia  junto  ao  Pindo,  e  atravessava  o  valle  de  Tempe.  Filbo 

do  Oceano  e  de  Thetis,  também  teve  uma  Olha,  que  foi  Da- 
phne,  primeiro  objecto  dos  amores  d'Apollo. 

(19)  0$  bradas  com  que  o  Dindytna  commotem. — O 
Dindyma,  o  Ida,  a  Mygdonia,  etc.  eram  montes  e  paizcs  da 
Phrygia,  berço  do  nascimento  e  do  culto  de  Cybelle,  O  Dia- 
dyma  lhe  deo  o  appellido  de  Dindymene. 

(20)  O  AmsanctOf  etc.  —  O  valle  d'Amsancto,  entre  a 
Apúlia  e  a  Campania,  era  guarnecido  d'espessas  florestas,  e 
atravessado  por  uma  torrente,  que  volvendo-se  com  fragor  por 
cima  de  rochedos,  ia  despenhar-se  n'um  abysmo,  que  se  repu- 
tava  como  a  boca  do  inferno.  Desta  horrível  caverna  sahiaro 
exhalaçoes  pestiferas,  que  nem  as  aves  podiam  supportar^  se 
alguma  vez  passavam  por  cima  delia. 


IiITBO   III. 

(1)  Desejei  que  a  indigência  estimulasse f  etc.  —  Os  habi- 
tantes da  Hespanha  meridional  adoravam  a  Pobreza  no  mesmo 
altar  que  a  Industria,  aquella  como  estimulo  dest  outra.  Este 
pensamento  é  também  o  de  Theocrito  no  idyllio  dos  Pescadores. 

(2)  E  da  Chaímia  os  fructos  nao  eonsinio^  etc.  —  A  Ghao* 


323 

oia,  regiio  do  Epiro,  hoje  a  Albânia  na  Turqaia  Europea, 
oootioha  extensas  florestas  de  aiinheiras,  cujas  bolotas  dizem  os 
poetas  que  ministraram  *o  alimento  dos  primeiros  homens. 

(3)  Achemeneo  Aeí»  etc.  —  Achemeneo,  ou  Achemenides, 
é  um  nome  patronímico  que  significa  um  homem  descendente 
de  Achemenes»  rei  da  Pérsia,  pai  de  Cambyses,  e  avô  de  um 
Cyro»  differente  do  grande  Cyro.  Daqui  vem  chamarem-se  os 
antigos  reis  da  Pérsia  AehetnenideSf  como  diz  Heródoto  no 
livro  1.*  cap.  125.  Os  poetas  estendem  ainda  a  significação 
deste  nome,  e  assim  como  chamam  Enneades  e  Romidides  aos 
Romanos  em  geral,  chamam  também  Achemenides  aos  Persas; 
e  dizem  AchemeneOf  para  dizer  Persa. 

(4)  O  Simoist  rio  da  Troada,  que  descia  do  monte  Ida, 
incorporava-se  no  Xanto,  e  perto  do  promontório  de  Sígeo  de- 
sembocavam no  Hellesponto. 

(5)  E  de  Scylla  assustada  os  antros  doira.  —  Allusão  ás 
duas  voragens  de  Scylla  e  Cbarybdes,  no  estreito  de  Messina, 
entre  a  Sicilia  e  a  Itália.  Sobre  esta  fabula  de  Scylla,  e  sua 
transformação,  pôde  ver-se  Ovidio  nas  Metaroorphoses  livro  14. 

Dos  escriptores  que  trabalharam  a  respeito  de  Claudiano, 
ans  altribuem  ás  devastações  do  tempo,  outros  á  morte  do 
auctor,  a  imperfeição  da  sua  obra.  O  espaço  que  ainda  lhe  res- 
tava a  percorrer,  foi  trilhado  por  dois  poetas,  igualmente  dis- 
tantes um  do  outro  no  século  e  no  merecimento.  Ovidio  nas 
8UQ8  Metamorphoses  (livro  5.*),  e  nos  seus  Fastos  (livro  4.^) 
descreveo  as  carreiras  de  Ceres,  não  com  aquella  magestosa 
pompa  que  obriga  a  admiração,  mas  com  a  ligeireza  de  phan- 
tasia  que  muitas  vezes  provoca  um  sorriso.  O  anonymo  cujo 
poema  intitulado  Ceres  legifera  Claverio  publicou  em  1619, 
para  servir  de  continuação  aos  três  livros  do  Roubo  de  Pro- 

Tono  V.  «I  • 


824 

serpiDo,  mostrou  pelo  seu  exemplo  que  Clandíano  teria  sido 
muito  mão  poeta  se  dBo  Túra  mais  que  um  geographo.  A  este 
supplemeuto,  impróprio  para  indemnisar-noa  do  canto  cuja  bita 
deploramos,  preferimos  a  modesta  escusa  do  Cavalheiro  Haríao, 
que  remata  a  sua  imitação  de  Claudiano  do  idyllio  de  Prosér- 
pina (La  Sarapogno,  idyl.  5.°]  com  os  seguintes  versos: 

"^íncíi  ai  pensier  pielo$o 
Quattío  $i  taee  imaginar  tu  Uucio; 
E  dal  Greeo  pmnella 
Imitator  novello, 
Con  Vaceorla  vdame 
D'un  silentio  faeondo 
Quel  eh'  etprimtT  mm  sò,  eopro  e  ateondo. 


VARIANTES  DO  TOMO  V. 


ARTE  POÉTICA  D'HORAGIO« 

A  paginas  11,  verso  14.^: 

Salyo  da  rota  d6o,  dos  bravos  mares?... 

Variante : 
Entre  nãos  destroçadas,  bravos  mares?... 

A  pag.  31 9  terso  IB.^: 

Subír  aos  astros,  e  tornar-se  em  nada. 

Variante : 
Sabir  ás  nuvens,  e  tornar-se  em  nada. 

A  pag,  33,  verso  22."*: 

Ennio  jamais  nem  Accio  consentiram 

Variante: 
Accio  apenas  e  Ennio  consentiram 

A  pag.  41,  verso  14.**; 

Por  isso  tantos,  desprezando  a  arte. 

Variante : 
Por  isso,  desprezando  tantos  a  arte. 


326 

A  pag.  49,  verso  34."*; 

E  choram  mais  qae  o  verdadeiro  aOlicto. 

Variante  : 
Que  choram  mais  que  o  verdadeiro  affliclo. 


ENSAYO  SOBRE  A  CRITICA  DE  POPE< 

A  pag.  73,  verso  10.**: 

As  cousas  teem  limites  próprios»  todas, 
Com  os  quaes  sabiamente  a  Natureza 
Quebra  a  esperteza  vS  do  presumido* 

Variante: 
As  cousas  teem  limites  próprios,  todas, 
Impostos  pela  sabia  Natureza, 
Que  as  presumpções  do  home'  altivo  curvam. 

A  pag.  96,  verso  7.**; 

A  cadencia  do  verso  é  quauto  basta 
Para  muitos  julgarem  de  um  Poeta; 
Suave  ou  rude,  é  máo  ou  bom  com  ella : 

Variante  : 
O  canto  numeroso  é  quanto  basta 
Para  muitos  julgarem  de  um  Poeta ; 
Suave  ou  rude,  é  máo  ou  bom  com  etie: 

Idenif  verso  13.**: 

Não  aproveita;  é  como  esses  devotos 
Que  as  igrejas  frequentam,  por  gostarem 
Da  musica  inda  mais  que  da  doutrina. 


327 

Variante: 
Nao  aproveita;  é  como  esse  devoto 
Que  as  igrejas  frequenta  onde  lhe  agrada 
A  musica  inda  mais  do  que  a  doutrina. 

Ápag.  95,  verso  20.^: 

Em  quanto  o  carrilhSo  sabido  tocam, 

Variante: 
Em  quanto  o  carrilhlo  sabido  toca, 

Á  pag.  99|  verso  8.^: 

Tolos  admiram,  o  bom  senso  approva : 

Variante : 
Tolos  admiram,  mas  bom-senso  approva : 

Ápag.  105,  verso  9.'': 

Porém  nuvens  o  seu  caminho  adornam. 

Variante : 
Porém  as  nuvens  seu  caminho  adornam, 

A  pag.  109,  verso  28.^: 

A  mascara  grangéa  adiantamento; 

Variante : 
A  mascara  sem  risco  não  se  tira ; 

Outra  :- 
NSo  sem  desdouro  a  mascara  se  tira ; 

A  pag.  117,  verso  16.*; 

Que  nSo  cega  a  favor,  nem  turba  acinte; 


328 

VariarUe: 
Que  não  cede  ao  favor,  nem  turba  áciote; 


O  ROUBO  DE  PROSÉRPINA. 

Apag.  191|  verso  íi/": 

Soltam-se  os  gelos  do  Ossa  alcantilado» 

Variante : 
Soltam-se  as  neves  do  Ossa  alcantilado, 

Idem^  verso  14.'': 

E  apesar  dos  desdéns  que  a  Daphne  inspira 

Variante: 
E  apesar  do  desdém  que  a  Daphne  inspira 

Apag.  209,  verso  11. ^* 

Das  abelhas  amado;  cresce  o  louro, 

Variante: 
Das  ^abelhas  amado;  o  louro  cresce, 

A  pag.  221,  verso  7.^: 

Gomo  giram  os  Aquilos  fogosos, 

Variante : 
Como  voam  os  Aquilos  fogosos, 

/dem,  verso  Í3J*: 

Presa  do  roubador,  no  carro  implora 


329 

Varicuiie: 
Presa  do  roubador  no  carro,  implora 

A  pag.  227,  tfrio  !•*': 

O  tempo  em  que  senrio  a  nosson  jogos; 

Varianít: 
O  tempo  em  que  sérvio  aos  nossos  jogos; 

A  pag.  233,  veno  13.^• 

Lá  na  settima  esphera  a  argêntea  Lua, 

Variante: 
Lá  na  setthna  esphera  argêntea  Lua, 

A  pag.  236,  verso  22."": 

Parte  a  sala  alcatiram,  parte  espalham 

Variante: 
Uns  a  sala  alcatifam;  alguns  espalham 

A  pag.  239,  veno  21.*": 

£m  torrentes  de  leite  se  mudaram; 

Variante : 
Em  correntes  de  leite  se  mudaram ; 

A  pag.  241,  verso  12.*: 

A  enyemigada  frente,  e  ao  som  de  versos 

Variante : 
A  enrugada  frente,  e  ao  som  de  versos 


330 

A  pag.  253»  verso  6.* : 

Alegria  renasça;  e  do  teu  carro 

Variante: 
A  alegria  renasça ;  e  no  teu  carro 

A  pag.  255»  verso  24/: 

Sombreavam  gentis  o  leito  ebúrneo 

Variante : 
Sombrèam  gentilmente  o  leito  ebúrneo 


FIM  DO  TOMO  V. 


\^i'/i*-r  'T*  V  *<, v-*%-r  *  (l)  *  V.  V  \*  -< -í'  V,  •♦*  V/.* ' 


índice 


DO  QCS  OORTÊX  O  TOMO  V.   DAS  OBEAS  VOBnCAS   D^AUIPPB. 


Pag. 

Dkdicatobu  á  PBsaosA  mnioBU  D'ELRm  D.  Joio  IV.      S 

ARTE  POÉTICA  D'HORAaO 9 

Notas. 69 

ENSÂYO  SOBRE  A  CRITICA ,  DE  POPE 69 

Notas 129 

O  ROUBO  DE  PROSÉRPINA,  DE  CLAUDIANO. ...  149 

Notas 313 

VARIANTES 32S 


ERRATA. 


PagiMs 

Versos 

Erros 

Emendas 

15 

28.* 

Ê  rei. 

Ê  rei. 

» 

32/ 

metro. 

metro 

17 

32/ 

empreguem 

empregam 

23 

9/ 

Anthiphatesy 

Antiphates, 

27 

29/ 

cidades, 

cidades 

31 

14/ 

Deffeito 

Defeito 

35 

17/ 

atinge 

altinge 

37 

6/ 

lhe 

lhes 

39 

3/ 

emprende 

empreende 

41 

1/ 

lhe 

lhes 

43 

27/ 

az 

ás 

45 

28/ 

interpetrc 

interprete 

• 

33/ 

julgaram. 

julgaram 

50 

15/ 

Ornamento ; 

Ornamenta ; 

71 

26/ 

nem 

nio 

85 

31/ 

ceo; 

ceo. 

» 

» 

Talle 

Talle ; 

95 

18/ 

ciplectÍTas 

eipletÍTas 

134  lin. 

12/el3. 

'  inTemacs  gelos. 

gelos  invernaes. 

175 

20/ 

a  mãe 

á  mie 

229 

21/ 

De  um 

D'um 

233 

10/ 

reTolve : 

revolTcm : 

234 

4/ 

8«cnla 

saecula 

235 

19/ 

aos  cavallos 

os  caTallos 

» 

21/ 

poste 

pasto 

237 

7/ 

No  sitio 

Nos  sitios 

• 

8/ 

gente  sepultada, 

gentes  sepultadas» 

239 

4/ 

despega 

desprega 

• 

9/ 

Do  medonho  terriflco 

Do  cabello  terriflco  e 

cabello 

medonho 

241 

14/ 

Hespéro 

Héspero 

249 

11/ 

da  iuTeja 

d'inTeja 

253 

21/ 

condoer-me 

condoer^me ; 

257 

11/ 

de  Henna 

d 'Henna 

SUPPLEHENTO 

ÁB 

ERRATAS  DOS  TOMOS  m.  E  IT. 


TOMO  III. 


Par  inaáif9irtmi€ui  deixaram  ii  reetificar^te  o$  êigumUi  êrrot, 
pte  podim  influir  no  ientido  dai  respicíitat  araçõn : 

À  pag»  15,    verto   2.*    existem.        dev0  Ift-êo        existe. 
•     23,       »    10.*    Yindo  tós,  •  Yinde  rós, 

9  226,       »    16.*    Mal  do  sul  »  Mas  do  sul 


TOMO  IV. 

  pag.  22,  virso  12.*    Quando        devf  hr-se        Quanto 
»   252,     »       7.*    Sois  que,  j»  Soit  que. 


;:^ 


OBRAS  POÉTICAS 

D.  lEOm  D'AIMEID4  POBTVGAl  LOBINA  l  lENCASTlE, 

HABgCEZA  B'AI4>BirA, 

CONDESSA  D'ASSDMAR,  E  DOEYNHAUSEN, 


PELO  NOVE 


&  i;  ®  s  s?  ^. 


TOMO  TI. 


LISBOA 

NA    IMPRENSA    NACIONAL. 

1844. 


PARAPHRASE 


DOS 


PSALMOS 


£M  VULGAR, 


MR 


A  li  €  I  P  P  E. 


■i*i>ate^^iM*M 


Deiu  docuuti  me  a  juveniutc  mea^  et 
usque  nunc  jxronuntiabo  tnirabilia  iuoi 

Ps.  70.  f .  18. 


Tomo  VI.  1  • 


r 


LIVRO  I. 


DOS 


PSALMOS.» 


(•)  Tem  sido  objecto  de  extensos  debates,  se  a  divisão  do  Psalterio  em 
cinco  livros,  como  está  no  Hebraico»  foi  feita  porEsdras,  ou  por  quem  primeiro 
coilígio  os  Psalmos :  que  ella  é  antiga  e  reconhecida  por  S.  Gregório  Nisseno, 
S.**  Epíphanio,  Eusébio  e  outros»  não  padece  duvida ;  mas  de  qualquer  modo 
que  se  decida  a  controvérsia »  sempre  será  de  pouco  momento.  Nós  segui- 
mos esta  divisão  unicamente  para  maior  commodidade  dos  Leitores ;  e  pelo 
mesmo  motivo  pozemos  á  margem  da  paraphrase  o  tescto  da  Vulgata,  assim 
como  08  títulos  da  mesma,  correspondentes  a  cada  psalmo,  na  interpretação 
dos  quaes  titnlos  nos  aproveitámos  do  trabalho  do  grande  litterato  Saverio  Mat- 

lei,  que  os  tradusio  do  hebraico  original. 

(O  editor). 


PSALMO  I.  (•) 


u  feliz  o  VarSo  que  h  desvie 

Dos  cooselhos  dos  impkw;  que  pnideote 

Do  peccador  evita  a  errada  via ; 
Nem  lhe  importa  a  cadeira  pestilente 

Onde  corrupto  eusioa 
O  penerso  tabèr,  falsa  doutrioa. 


(I>  Bralut  B 
ta  Mntilia  imi 
peaaUrum  nau  iletit. 


É  do  Senhor  a  lei  seu  doce  estudo; 
Noite  e  dia  a  medita  enternecido, 
Ella  Ibe  basta,  D'ella  encontra  tudoí 
E  qual  tronco  vivaz,  eEtab'lecido 

Junto  ao  regato  puro. 
Que  a  sen  tempo  produi  fmcto  maduro. 


(«)  SeánltftDtmiititaliitíã* 
tfvi,  ti  ín  Ugt  ejtu  mtMIaMur 
Me,  »c  Rwie.   . 


(3)  El  trtl  lanfurm  UgHvm  , 
fMi  pUmUIum  e$t  mu*  éenr- 
tui  «fuanun,  piod/ructum  nnm 
Jéiit  tu  Utapart  lu*. 


OMfnipte  dIo  teem  titolo,  n 


:rip^  Blguma  no  teile  hebraíM. 


8 

(4)  Etfoiium  fjuê  mm  áefiuei.   Arvore  altiva  e  bella.  sempre  verde. 

Et  omnim  quiteumpte  /a-  ' 

eiei,  frotperabuntur.  Que  80  loDge  esteode  a  sombra  magestosa ; 

Não  murcha,  nem  c  o  tempo  a  folha  perde, 
Ou  seja  a  estação  branda  oa  rigorosa: 

No  inverno  e  primavera, 
Co  Sol,  que  a  anima,  tudo  lhe  prospera. 

(5)  ^'on  He  impti,  nm  í/c:  sed   Não  são  assim,  não  são  OS  deoravados: 
tus  m/ã€ie  terra.  Miuados  pelos  vicios  O  arrogaucia, 

Das  restaurantes  aguas  apartados, 
Dessecam-i-se,  fallece^lhe  a  substancia; 

São  qual  poeira  avulsa 
Que  da  face  da  terra  o  vento  expulsa. 

Qual  rústica  silvestre  tamargueira 
Em  salgado  terreno,  o  impio  mingua. 
Entregando  ao  peccado  a  vida  inteira, 
Sem  conter  as  paixões,  domar  a  lingua; 

Sécca,  perece,  foge, 
E  á  manhã  não  será  o  que  foi  hoje. 

(6)  idep  HM  rewrgent  impii  in   Infelizcs  I  om  vSo  no  extromo  dia 

JudietOt  neque  peecatcreã  in  corp- 

eiUêjutiorum.  Hão  de  quorcr  aos  justos  aggregar->âe, 

Resurgir  para  a  pátria  da  alegria, 
E  dos  erros  antigos  retractar-se : 

Não  é  tempo;  Deos  forte 
Os  aparta,  e  condemna  á  eterna  morte. 

(7)  Quoniam  wwit   Dêminus   Com  ccIestc  affei(ão  O  Sér  Supremo 

ffiam  juit9rumf  et  iter  imptorum     .      ,.      ,       , 

periífit.  Avalia  dos  bons  a  recta  estrada. 

Premio  eterno  lhes  dá  no  dia  extremo: 
.  Mas  dos  máos  na  carreira  absurda,  errada» 
Vé  com  horror  o  vicio, 
E,  justo,  não  lhe  atalha  o  precipício. 


Fecba  sobre  dies  portas  de  diamante, 
Cujos  gomos  nem  súpplicas  nem  pranto 
Poderfio  remover  um  só  instante: 
lofníctifero  susto,  raiva,  espanto 
Lhe  abrem  golfo  horroroso. 
De  eterna  dor,  no  abjsmo  tenebroso* 


PSALMO  II. 


O 


CB  estrondo!  que  tumulto!  Porque  fremem 
As  iracundas  gentes  furiosas? 
O  que  intentam  os  povos,  meditando 
Desígnios  vSos,  cabalas  criminosas? 
Os  Reis  se  aggregam,  unem-se,  conspiram. 
Contra  Deos,  contra  Christo;  deslumbrados 
Correm  ao  precipicio,  arrebatados. 

c  Estas  pesadas  ásperas  cadéas 

Com  vigorosas  mdos  despedacemos; 

O  jogo  vil,  cruel,  que  nos  opprime. 

Para  longe  de  nós  arremessemos,  j» 

Assim  faliam.  Has  Deos,  que  nos  Ceos  mora. 

Da  louoa  audácia  plácido  escarnece, 

E  o  temerário  plano  desvanece. 

Falla-Ihe  entSo ;  nio  ouvem,  nSo  s'eroendam ; 

Até  que  em  fim  de  cólera  se  accende. 

Desata  o  seu  furor,  conturba  a  terra, 

Cheio  d'ira,  taes  erros  reprehende. 

Já,  por  decreto  eterno,  o  Templo  erguido 

Sobre  SiSo,  poder  algum  o  abala, 

£  do  alto  d*elle  assim  seu  Filho  falia : 


(1)  Quêre  fremutnmlt  gentei , 
ei  pppuli  tneditãti  i imI  i/í««i«  f 


(S)  Jttiterttnl  Re§^9  terrat^  ei 
Prineipei  cêHvemermt  in  unum 
ãdvrrtut  Daminumt  et  adpertuã 
Chriãltnn  ejuêm 


(3)  DirumpamuêriHeuUe^rum^ 
et  prtficimmtu  m  nêòit  Jugum  r>f •- 
rum. 


(4)  Qui  hMtãt  in  emlii  inide- 
hi$  eoSf  et  D§minut  tubtãnnaht 


(5)  Tvne  loquetur  «/f  eoi  in  irm 
#»«,  et  infiirúre  buo  C9nturbabit 
eêt. 


10 


(6)  Eça  mutem  cúniiituifu  êum 
Rex  ãb  eo  tuper  Sion  motUem 
êmnctum  eju9,  prmdiconM  pracC' 
pium  eJuM, 

(7)  Dominut  dixii  ai  me :  Fi< 
Uut  meut  es  tu,  ego  hodie  genui  te, 

(8)  PoMtula  a  me,  et  dãbo  tibi 
geniei  haredilmtem  /iMun,  et  poM- 
teteionem  tuãm  terminoã  terree. 


a  Eu  soa,  eu  sou  o  Rei  inaugurado 
Que  a  Lei  'stavel  dará  ao  illuso  mundo; 
A  mim  é  que  Deos  disse:  És  tu  meu  filho, 
Que  hoje  no  seio  roeu  gerei  profundo. 
Pede-me,  que  obterás  quanto  qotieres, 
Terás  império  vasto  e  permanente 
Desde  o  berço  do  Sol  té  o  Occidente. 


(9)  RegeM  eoi  in  mrgm  ferrem^ 
et  tanquam  vãi  figuli  co^fringee 
eot. 


«Recebe  um  férreo  sceptro,  rege  as  genles 
Com  profundo  sabèri  força  divina; 
Com  severo  governo,  justo  e  firme, 
Os  pérfidos,  os  impíos  extermina; 
Como  vasos  de  barro  os  despedaça ; 
E  se  a  lei  que  lhes  dás  nto  os  melhora. 
Reduz  a  pó  a  raça  peccadora. » 


(10)  Et  nime  Regei  intelligitef 
erudimini,  qui  judicatit  terram. 


(11)  Servite  Domino  in  timore^ 
et  exuUate  ei  eum  tremore. 


(12)  Apprehendite  dieeiplinam, 
ne  qvando  irtucatur  Dominui^  et 
pertatiã  de  viãjuita. 


Vós,  que  julgais  a  terra,  ó  Reis,  ouvistes? 
Aproveitai  tão  sabia  advertência ; 
Com  temor  pratticai  o  que  Deos  manda, 
N'elle  exultai,  com  timida  prudência: 
Abraçai  ternamente  a  sã  doutrina. 
Para  náo  provocar  de  Deos  o  enfado, 
E  perecer  n'algum  caminho  errado. 


(13)  Cumexarteritinbreviirm    Se  aS  irSS  do  Souhor  SC  desenvolvom, 
nus,  beati  omnes,  qui  eonfidunt    ^  i  j  i 

in  eo.  Se  rompem,  se  se  accendem  de  repente, 

Oh !  mil  vezes  feliz  somente  aquelle 
Que  sempre  humilde  foi,  pio,  innoceotel 
Que  abrazado  do  amor  do  Pae,  do  Filho, 
A  lei  cumprio  até  o  ultimo  dia, 
E  no  Senhor,  constante  se  confia! 


u 


PSALMO  ni. 


E$erípío  por  David  no  tempo  em  que  era 
perseguido  por  eeu  filho  Absàlao* 


c 


buo  aiigmeDUm,  Senhor,  os  ^e  me  afligeii  t 
Quantos  contra  mim  gritam  rebelladoal 
Qaantas  settaa  velozes  me  dirigem  I 

Cuidam  que  me  abandonas» 
Que  a  minha  alma  despreias,  e  irritado 
Me  deixas  na  ígnomíma  sepultado* 


Ptalmus  David  enm  fbferet 
«  faeie  Abialoni  filii  tui. 


(1)  Dêminej  fuid  muUtipUcHi 
êunt  pU  tribulani  me  f  muUi  in^ 
ãurgutU  mdoertum  me. 


(S)  MulU 
HM  «fl  m/im  ip9i  t'ii  D€9  ejui. 


Bradam:  «Que  espera?  emBeos?  louca  esperança! 
O  sea  Deos  lá  dos  Ceos  nelle  d9o  cuida. 
Se  atrevido  a  invocá-lo  se  abalança.  i> 

Ah  Senhor!  certo  vivo 
De  que  és  meu  sustento,  gloria  minha. 
Que  por  ti  meu  triumpbo  se  avisinha, 

Ês  para  mim  o  escudo  impenetrável 
Que  repulsa  inimigos,  que  me  exalta, 
E  que  fai  minha  frente  respeitável. 

Por  ti  fortalecido, 
Hinba  voz  levantei;  por  ti  chamando. 
Ao  teu  sagrado  monte  foi  chegando. 

Ouviste,  e  descancei;  somno  pesado 
Se  espalhou  nos  meus  olhos  lacrimosos, 
E  despertei  quieto  e  vigorado. 

Suave,  compassivo, 
He  tomaste,  Senhor,  á  tua  conta ; 
Ficou  nulla  a  calumoia,  nulla  a  afironla. 


(3)  Tlu  «fito»,  Dúminf,  guêce* 
pior  meu9  e«,  ghriã  mea,  et  ejf 
(fitmês  tojmt  meum» 


(4)  yoee  mea  ãd  Deminum  cIm* 
mmviy  et  exaudivil  me  de  mente 
iãnete  sue. 


(5)  Ego  dermini,  et  eepormtue 
«vm,  et  exturrexiy  guia  Deminue 
euMcepit  me* 


12 

(6)  NwitinuífmiUimpopuHeir'  Turba  crael  me  cinja,  dSo  iieceio; 

cumdmUU  me :  exêurge^  Dmnine^  ^ 

Eoivum  mefae.  Deu»  meu*.         Cerquem-me  poTos  barbaros,  tyraoDos: 

'  SúrgCi  6  Senhor!  desfaze-me  este  enleio; 

(7)  Quoniam   tu  pereuêtitti  Sal?a-me;  sei  que  podesy 
sMidenUiyeecaiorumconiriviiti.   Quc  08  quo  sem  causa  taoto  me  oppnmiram 

Afligiste  já  quanto  me  afiUgíram. 

To  quebraste^lhe  a  faria,  e  os  derrotaste 
Quando  mais  gloriosos  se  ufanavam; 
Do  que  soffrí,  piedoso  te  lembraste: 

(8)  Dúmini  ett  Mftit ,  ei  avper  SahaçlO  do  tOU  PoVO, 

populum  tttum  benedieti9  tua,  ^         •  ..       i  •  n  »      -. 

^  ^  Que  obsenra  a  tua  lei,  que  firme  te  ama, 

Felizes  bênçãos  sobre  nós  derrama. 


PSALMO  IV. 

In  finem  ramiinihiit  ptalmiit  Aã  polãVrOS  MO  de  DúVíd :  ã  mmca 

'P*»  ^*^**'-  do  Meure  dos  Neghinoth  {*). 

(i)  Cum  invotmrem,  exmudiHt   Ubos,  que  a  justiça  mmha  reconbeces, 

me  Deu»  Ju»tttiiB  mem :  ^     •  .  ■ 

Ouviste  os  meus  clamores, 
In  tHhuUAiime  diinUitti  mihi :   E  quaudo  te  iuToquei,  campo  me  abriste 

Para  escapar  de  meus  perseguidores: 

(2)  Mi»erere  mei ,  »t  exaudi   Tem  piedade  do  mim;  bem  que  benigno 

orationem  meam.  .  .. 

As  preces  me  acolheste. 
Torno  a  clamar,  de  ti  sempre  preciso: 
Dá-me  nova  attençao,  qual  j&  me  deste. 

(•)  Saverio  Mattei,  que  tradoiio  os  Utaloi  dos  ptalmot  legando  o  texto  Hebraico,  <in 
qne  o  Mettre  do»  Neghinoth  era  aqoelle  Meitre  de  Capella  que  presidia  á  dane  ou  cboro 
que  fatia  ura  dos  neghinoth,  inslrnmentos  músicos  dos  antigos  hebreos,  Yid.  a  Ditserta^^ 
IX.  do  mesmo  Saverio  MaUel  sobre  a  Poesia  e  a  Mmica  dos  Hebreos  e  dos  Gregos. 


13 

£  vâly  filhos  dos  homens,  até  quando 

Tereis  petrificados 
Os  corações?  Amando  a  leviandade, 
Sereis  pela  mentira  captivados? 

Ah !  como  Deos  exalta  quem  o  invoca  I 

Como  o  Senhor  me  escuta  I 
Quaddo  alço  a  voz,  pedindo-lhe  soccorro 
Cootrá  as  penas  cruéis  com  que  a  alma  lutta  I 

£  vós,  que  vos  irais  assoberbados. 

Ide  em  peccar  de  manso; 
E  das  obras  fataes  com  que  encheis  dias 
Compungi-voB  nas  horas  do  descanço. 

Reflecti  M  cttbiculo,  ás  escuras, 

De  noite  recolhidos. 
Nos  erros  que  fazeis  contra  a  innocencia, 
£  reparai  o  mal,  arrependidos. 

Sacrificai,  nSo  victimas  de  carne. 

Mas  coraçdes  lavados, 
A  Deos  submissos,  de  justiça  amantes; 
Assim  extinguireis  vossos  peccados. 

Muitos  dirSo:  «Tal  crer  de  que  nos  serve? 

Residem  na  esperança 
Esses  tardios  bens  que  Deos  proroettc. 
Que  o  home'  em  vão  procura,  e  não  alcança. » 


(3)  PiUi  hêminum,  uãpieqmo 
gmi  cordel  ut  çuid  diligitin 
vanitatem^  et  quaritU  mendã- 
eium? 


(4)  Et  icitoie^  qnoniam  mtn*- 
JicaHt  Domitws  $mnetvm  êuum: 
i)úmimii  rraudiet  me  cum  ela' 
wmoero  ãd  eum. 


(5)  Irtttcimini,  et  neUte  petem- 
re :  gtta  dieilit  in  eordibus  vra- 
trit,  in  eukUibuê  vettris  eonifun- 
gimini. 


(6)  Saerifieate  taerifteium  Jut' 
titia^  et  tperate  t«  Domino  í  mui» 
ti  dievnt  qui§  otlendit  noòit  òona  f 


Homens  loucos,  incrédulos,  ligeiros. 

Do  Senhor  deslembrados; 
Que  bens  ambicionais  e  que  venturas. 
Tendo  os  ânimos  sempre  depravados? 


14 

(7)  Sipnaium  erí  tuper  nn  /«-  Tu,  Senhofl  é  quem  fartas  a  mioha  almi: 

Mim  vfillut  M,  Domine :  dediiii  r\  ã 

Ustitimn  tfi  eêrde  meo.  Olha-IDe  COm  agradOí 

£  esta  só  vista  d'olho8  preciosa 

Mea  DeosI  basta  a  rater^^me  afortunado. 


Se  para  mim  sereno  o  rosto  voltasi 

No  peito  me  palpita 
Alegre  o  ciNraçOoi  sioto-me  immerso 
Nos  bens  que  a  aima  deseja  e  necessito* 

(8)  Afiuetufrumenti  tini,  et  Sou  mais  feliz  do  que  essos  que  possuem 

Seus  campos  adornados 
Pelas  vinhas  viçosas,  vastas  messes* 
Oliveiras  frondeoteSt  muitos  gados. 

(9)  In poeeinidfpaum  dormiam,  Conteote,  porquo  me  amas,  passo  os  disSf 

et  refuicicam,  . 

As  noites  com  socego; 
Durmo  sem  susto,  acordo  vigorado, 
E  docemente  è  paz  todo  me  entrego* 

(10)  Quoniam  tu  Domine,  sin-  Nío,  mou  Doos,  nada  temo,  nlo  me  assMla 

guluraer  in  spe  con,títuisti  me.  q  ^^^^  ^^.^g,  tormento; 

Em  ti  me  fiO|  em  ti  fundo  a  esperança, 
E  comtigo  subjugo  o  desalento. 


15 


PSALMO  V. 


Asfolaxras  $ao  dê  David;  a  nmgica  é 
do  Mestre  dos  Necbiloth  (*)• 

EisccTAy  Senhor,  as  vozes 
Qae  te  eoTÍo  enterDecidoí 
N2o  rejeites  despiedado 
O  meu  clamor^  meu  gemido* 


In  flneiD  pro  ea,  que  hereditatem 
eoniequitur.  Pialmut  David. 


(1)  Verba  meu  wribtis  petei' 
pe^  Demine^  intellige  cíamorem 
meum. 


Acolhe  as  preces  humildes, 
Qae  formo  com  santo  ardor; 
Atteode-me  favorável, 
Heu  Deos,  meu  Rei,  meu  Senhor! 


(S)  Tnifnde  voei  orútioniã  mea^ 
Rex  metity  et  DeuM  meut. 


Nos  trabalhos  mais  acerbos, 
Sempre,  quando  te  invoquei, 
O  mais  doce  refrigério 
Para  logo  experimentei. 


(3)  Queniam  ad  te  eràbe^   De^ 
miuey  maMeexaudietveeemmeãm* 


Logo  que  desponta  a  aurora 
He  escotas,  se  por  ti  chamo; 
Absorto  te  vejo,  e  enxugas 
As  lagrimas  que  derramo. 

Sei  que  affagas  sempre  o  justo, 
Regeitas  a  iniquidade; 
Que  junto  de  ti  não  dura 
Vestigio  algum  de  maldade. 


(4)  Mane  vtabe  tibi  et  videbo, 
çuoniam  nún  Deve  roient  iniqui" 
UUem  tu  et. 


(5)  Neqne  luAiteàit  Jnxtã  tê 
Molignfis,  neque  pemmntbtmt  tu- 
Jusii  ante  oeuloe  tuêe* 


(•)     JVeehileth^  segundo  a  opinÍ&o  de  Sarerio  Mattei,  era  otttro  instrumento  de  mu- 
do«  antlgoe  liebreos.  Yid.  a  nota  ao  titulo  do  paalmo  IV. 


16 

De  am  coracBo  depravado 
Não  soífres  o  aspecto  odioso ; 
Nem  perante  a  tua  vista 
Permanece  o  criminoso. 

(6)  Odiiíi  omnet^  qui  operõn-    Em  vãO  OSpera  O  Culpado 

qui  loquuníur  mendaeivm,  Âpplacar*te  a  fatal  iraf 

Se  os  seus  labiòs  080  teceram 
Contra  os  bons  senSo  mentira. 

(7)  Virum  tatiguinum,  et  dolo-    AbominaS  O  artificío 
9iim  abominahiíur  Dominu» ;  ego 

autem  in  muUiludine  mitericor-     DoS  bomons  SanguinoIeotOS ; 

Odêas  os  termos  falsos, 
Os  polidos  Bngimentos. 

Bem  sei  o  pouco  que  valho, 
Ah  Senhor!  eu  bem  conheço 
Quando  humilde  a  ti  me  chego 
Que  talvez  o  não  mereço: 

Porém  venho  confiado 
Na  tua  bondade  immensa; 
Espero  me  nSo  expulses 
De  tua  augusta  presença. 

(8)  Mrêiho  f»  domum  iuam:   Tomo  amor,  doce  esperauça 

mdormboãdiemwlumtiuíetumtuum    ...  ^         ,  , 

intimoretMê.  Ale  lova  ao  tcmplo  sagrado; 

A  tua  eàsencia  divina 
Allí  adoro  prostrado. 

(9)  Domine,  dedite  me  injvi'    LongO  de  ti  SÓ  me  VCJO 
tiiia  ffM,  propier  inimicoi  meot    •^,.   .     .  j     j 

dirige ineofupeetutwvUímmetan,    D  mimigOS  rodeado; 

(10)  Quoniom  non  ett  in  ore  Dirige-me,  nSo  me  deixes 

eorum  verilai,  cor  eorum  vanwn     .        .  111 

eêt.  A  mim  mesmo  abandonado: 


Por  piedade  o  dom  de  acerto 
Tua  graça  me  conceda. 
Para  jamais  da  justiça 
Me  desgarrar  na  vereda. 


17 


Qual  aberto  abysmo  traga 
A  bocca  do  maldizente 
A  fama  alheia,  os  talentos. 
As  virtudes  do  innocente. 


(11)  Sepulchrum  pãiens  ett  gul* 
tur  eorunif  lingui»  suii  d^lotè 
agebmU^  Judiea  iU^g  Deut, 


A  lingua  mordaz  aguça 
Muito  mais  contra  opprimidos: 
Reprime,  Senhor,  taes  erros, 
E  consola  os  affligídos. 


Desmancha  aos  máos  os  seus  planos, 
Julga  as  intenções  perversas; 
Pela  multidão  dos  crimes 
Reparte  as  penas  diversas. 


(tS)  DecidútU  a  e9§iiationibU4i 
9w'í:  ãeeundummvUiiudinemim* 
pietatum  eerum  expelle  eot,  qnú^ 
niam  irritaoeruni  te.  Domine, 


Irritaram-te,  castiga; 
Cesse  o  tempo  da  clemência, 
Do  perdfio,  que  ndo  merecem 
Por  constante  impenitencia. 


Mas  plácido  attende  os  justos, 
Para  esses  olha  affavel; 
Compensa  a  fé  com  que  invocam 
Sempre  o  teu  nome  adorável. 


(13)  Et  Mentur  omneê ,  qtn 
tperttnt  in  te,  in  atemum  êxul* 
tabunt,  et  haòitabis  in  eis. 


Gozem  ditosos  momentos 
Á  sombra  de  teus  favores; 
Com  deleitosos  concertos 
Celebrem  os  teus  louvores. 

Tomo  VI. 


(14)  Et  gloriahunlur  in  te 
omnf «,  qm  ditigunt  nomen  tuum^ 
qmnimn  tu  benedicet  Juito, 


e 


18 

(15)  Domine,  ut  nnio  bwõt  v*   £terDamente  felizes 

Faze-os  dignos  de  habitarem 
Comtigo  as  plagas  celestes. 


PSALMO  VI. 

V 

(I.   DOS  PENITENCIAES.) 
In  finem  in  hy  mnis  pro  oclava  PscUmO  de  David^  pOStO  êtn  mmcã 

Psaimus  David.  ^^/^  Mcstre  dos  Neghinotb. 

(l)  Domine,  ne  in  furore  iao     LlO  tCU  fuFOr  íãO  me  argÚas; 
argunime,  ne^ue  in  ira  tua  eor^     ^^^  ^^  casligUeS,  SenhOf, 

Quando  accendo  a  tua  cólera, 
E  provoco  o  teu  rigor. 

(S)  Mitereremei,  Domine,  quo-  Sou  enfermo^  dá  remedio 

niam  inãrmus  9um,  taname,  Do'     .,_       ,  -        «j^j^ 

mine,  '\yoniam  cinturbata  ount  A  tâo  dura  enfermidade: 

09ta  moa.  ^Q\i%  OSSOS  tremem...  vacillo... 

Meu  DeosI  tem  de  mim  piedade! 

(3)  Et  anima  mea  turbala  ett    \  tristCZa  mais  profunda 

Pouco  a  pouco  dor,  angustia, 
Minha  força  debilita. 

Meu  animo  atribulado 
Me  diz  no  peito  que  morro: 
Mas  tu,  Senhor,  até  quando 
Me  bas  de  negar  teu  soccorro? 


19 


Volta  para  mim  tea  rosto. 
Salva  mioha  alma:  conheço 
Que  isso  é  puía  mis'ricordia, 
Que  por  mim  nada  mereço. 


(4)   Cênvertere,    Dêmine,    ei 

eripe  animam  meam,  $aivnm  me 

fíie  propUr  miêerieardiam  tuam. 


Em  quanto  vivo»  celebro 
Sobre  a  lyra  teus  favores: 
Se  morro,  cantar&o  cinzas^ 
Tua  gloria,  teus  louvores?... 


(S)  Quaniem  nM  ett  in  moHe, 
fiM  memor  iit  ità:  ia  inferna 
auiem  pHt  eaafitehitw  iikif 


Que  espessa  treva  me  encobre 
A  lazy  e  me  ennoita  a  mente! 
Como  o  mal  que  soífro  apaga 
Sol  e  terra  de  repente! 


(6)  Labaravi  in  femitu  meo^ 
lavabo  per  êinguloi  noeíe»  Ueíum 
Mtftim,  lacrymi9  mei»  itraíum 
meum  tigabo. 


Choro  afllicto  dia  e  noite ; 
E  quando  os  mais  vão  dormindo, 
Vigio,  agito-me,  soflro. 
Meus  infortúnios  carpindo. 


Meus  olhos  entumecidos 
Jorram  lagrimas  ardentes, 
Que  o  meu  triste  leito  inundam 
Quaes  despenhadas  torrentes. 


(7)  Turbatuê  ett  kfurore  oew 
lus  meuSf  inveteravi  inter  omae» 
inimieo»  meo$. 


Qaanto  me  cerca  me  alDige; 
Precipícios,  laços  vários, 
Inimigos  despiedados, 
I>a  iniquidade  operários. 


Fugi,  apartai-vos,  pérfidos: 
Tomo  á  lyra,  torno  ao  canto; 
Parti,  bárbaros,  e  cessem 
Taotos  suspiros  e  pranto. 

Tomo  VI. 


(8)  Ditcedile  a  me  omnet^  çui 
aperamini  iniqwtatem;  quoniam 
exttudivit  Diminui  votem  fleiao 


me%. 


20 

(9)  ExaudiwU  DominM  depre^    O  inCU  DeOS  benigOO  8C0lhe 

nem  me^m  imicpit,  Minhas  prcccs  coDstemadas, 

Ante  o  seu  immortal  tbrono 
Submissameole  levadas. 

(10)  Erubeãcant,  et  eonlurben^    VcDCidoS  meuS  illimigOSt 
converlantur,  et  erubeiomt  vd^    Retirem-se  velozOiente, 

de,  veioeiíer.  EnvergonheiD-se  dispersos, 

E  tríumpbe  um  Deos  clemente. 


PSALMO  VII. 

pnimiiB  David,  quem  cantavit     O  argumenlo  é  incerlOé  o  psalmo  é  de  Darii 

Domino  pro  yerbii  Chusi  ^  ^^^^^  ^  g^^^j^  no  tOm  dã  CflílfO- 

filii  Jemini.  ^  .      .     / . 

nela  de  Chusi  da  tribu  de  Benjamin  [«). 
(1)  Domine  Deu$  meus,  in  te   I  uz  em  ti,  ó  meu  Deos,  toda  8  esperaDça: 

Boeravi.  êalvum  me  fae  ex  omni'     _^  ,  ,  r*      i       •   «r  •  J« 

but  pertequeníibuM  me,  et  libera  Salva-mc,  ó  mcu  Seuhor  I  Vem-mc  seguiDdo 
^^'  Inimigo  feroz,  quasi  me  alcança. 

(S)  Ne  quando  rapiat,  ut  leo,  Ab !  OâO  CODSintaS 

animam  mtam,  dum  aon  eut,  qui 
redimat,  neque  qui  talvum/aeiaL  Que  me  aCOmmetldi 

Qual  le9o  bravo, 
Que  sem  piedade 
Desinquieta 
Manso  cordeiro 


(*)  Saverio  Mattel,  discorrendo  ácerea  do  titulo  deste  psalmo,  é  de  opiniSo  que  ^ 
mencionado  Chusi  da  tribu  de  Benjamin,  (que  tanto  quer  dizer  o  flUi  Jemini)  era  alftiA 
poeta  e  mestre  de  capella  famoso  daquelles  tempos,  que  havia  composto,  e  depois  posto  ^ 
musica  alguma  cançoneta  que  se  tornou  celebre,  e  era  cantada  por  todos,  chamando-se-!he » 
cançoneta  de  Chuoi :  que  agradando  a  David  o  metro  e  a  musica  desta  cançoneta,  quis  Ub- 
bem  elle  compor  este  psalmo,  para  cantar-se  no  mesmo  tom. 


21 

Que  sem  malicia  pasce  pelo  outeiro: 
Allí  o  fere,  o  mata,  despedaça; 

E  na  cruel  batalha 
Não  acha  quem  lhe  acuda,  quem  lhe  valha. 


Mea  Deos  e  meu  Senhor!  culpas  não  tenho: 
Sâo  falsos  os  delictos  que  m'imputam 
Com  tanta  atrocidade,  tanto  empenho. 

Nte  tenho  n'alma 

Mancha  ou  resquicio 

D'íniquidade ; 

Não  quebrei  nunca 

Leis  da  amizade: 

Salvei  o  amigo. 
Mil  vezes  o  avisei  do  seu  perigo. 
Se  assim  n&o  é,  triumphem  meus  contrários, 

Rasguem-me  o  peito, 
Persigam-me  sem  dó,  que  tudo  acceito. 


(3)  Domine  Deu»  meut,  tifeei 
hiudf  ti  eti  iniquiUu  in  mmnibuã 
meit^ 


(4)  Si  reãâiii  retribuentUuê 
mihi  mãlm,  decidmm  tneritò  mb 
inimieii  meie  inmni9^ 


Essa  raivosa  turba  enfurecida 

Calque-me  aos  pés;  e  afouta  a  pó  reduza 

A  gloria  minha,  a  fama,  a  mesma  vida. 

Se  é  falso  tudo, 

Se  é  dolo  per6do, 

Surge,  ó  Senhor! 

Nos  que  me  accusam 

Solta  o  furor; 

Desfecha  as  iras, 
Arraza  esse  aggregado  do  mentiras. 
Surge,  ó  Senhor!  estende  o  braço  forte; 

O  bem  se  augmente; 
Dize  o  que  sou,  proclama-me  innocente. 


(5)  Fereeptmíur  inimieu*  ani- 
mam memmj  et  eamprehendãt,  et 
eonculeet  in  terra  vitam  meam^ 
et  gloriam  meam  in  fiUverem  de- 
dueat. 


(6)  Exyrge,  Domitte ,  in  ira 
tua^  et  exãUare  infinibtu  inimi* 
cor  um  meorum. 


(7)  Et  exurge,  Domine  Deve 
meutj  in  prepeepto,  gvod  mandaO' 
ti  y  et  tynagoga  populorum  cir' 
cumdabit  te. 


Abale,  arraza:  ah!  tu,  Senhor,  juraste 


22 


(8)  Et  propter  haue  in  altum 
regredere,  Dominus  Judicmí  po- 
puh». 


(9)  Judieã  me,  Dêmine,  setim- 
dwn  JuMtiUam  meam^  et  êeevn- 
dum  ttmoeentiam  meam  ivper  me. 


Proteger  a  innocencia  perseguida: 
Vejam  todos  cumprido  o  que  ordenaste. 

No  tribunal, 

Ó  Deos»  te  senta; 

A  turba  immensa 

Supplíca  humilde 

Que  dés  sentença: 

Juiz  Supremo! 
A  ti  somente  invoco»  a  ti  só  temo. 
Os  arcanos  conheces  de  minha  alma; 

Justiça  peço, 
E  nesta  causa  entendo  que  a  mereço. 


(10)  ConMumetur  nequitia  pec- 
emtommy  et  diriget  Justum^  tcru- 
tanê  corda  j  et  renet  Dent, 


NSo  te  peço  indulgência :  um  peito  nobre, 

Meu  puro  coração  e  lealdade 

A  teus  olhos  celestes  nHo  s'eucobre. 

Tão  pouco  os  Ímpios, 

Que  traições  tramam» 

Nuvens  sombrias 

Espalhar  podem 

Nas  perfídias: 

Tudo  conheces, 
De  outras  indagações  jamais  careces. 
Vês  minha  mansidão,  e  sua  audácia: 

Em  fim  resolve; 
O  réo  condemna,  minha  innocencia  absolve. 


(II)  Juttum  mâjutorium  meim  Não  tcmo,  uão;  que  Doos  sompro  defende 

a  DominOy  oui  sahoifaeit  rectos  ^  •  /«  •         i  •  j 

ofrde.  Os  quo  obscrvam  fieis  a  lei  sagrada, 

£  severo  castiga  quem  a  offende. 
(i£)  i)euMjudexju$tut,Mtiê,  É  sempro  justo; 

et  palientt  wumquid  írattítur  per  ^    i>*  . 

^  '^  Edmnocentes 


singido»  dieg. 


Pac  amoroso; 


â3 

Contra  malvados 

£  rigoroso; 

Desouda  a  espada» 
Sempre  a  tem  contra  os  impios  desnadada : 
Se  elies  do  mal  qae  intentam  nio  desistem» 

O  arco  tende» 
De  mortaes  settas  prenhe  a  aljava  pende. 


(13)  ^UicPtuerrí/ucriUt,  g/m- 
dium  tiium  viòraoít^  arcum  tuum 
tetcndit^  et  paravií  illum. 


<14)  Et  in  eo  pafwrii  eatm  m^r- 
</«,  iagitioê  êvag  mrdentihts  ef- 
fecit. 


Que  estragos  aos  perversos  nSo  prepara 
O  Senhor»  irritado  da  injustiça  I  , 

Com  que  estrondo  a  vingança  lhes  declara ! 

Em  vão  se  agitam» 

Ódios  concebem ; 

Seus  vãos  projectos» 

Tão  mal  tecidos»  ^ 

Tão  indiscretos» 

Nutre  a  maldade» 
E  com  dores  produz  a  iniquidade. 
Que  presumpção!  que  barbara  jactância! 

Ou  que  demência  I 
Crer  designios  humanos  sem  faliencia ! 


(15)  Eeee  parturiit  injuttitiúm: 
€oneepit  doloreM^  et  peperit  tnt- 
qw'Mem. 


Cam  simples  sopro  Deos  Ih'os  desvanece: 
Quer  sepultar-me  o  máo»  a  terra  escava» 
£  na  cova  que  fez  cae  e  perece. 

Da  minha  angustia» 

Do  mal  que  excita 

Reverte  a  dor» 

£  a  cerviz  doma 

Do  próprio  aulhor: 

Recae  sobre  elle 

Crime  e  desgraça ; 
Na  rede,  que  teceo»  a  si  se  enlaça. 
Mas  para  mim  ditosa  muda  a  sorte; 


(16)  LteuM  operuit^  et  ejfbdit 
evm,  et  incidit  in/oveéun,  quam 
,  fecit. 


(17)  Omcerteiur  doÍ9r  eju»  m 
cfiut  ejuê :  et  in  vertúem  ip$in$ 
imquitat  ejui  detctmdet. 


24 

Desponta  o  dia, 
Renasce  a  minha  paz,  minha  alegrií. 

(18)  ConjUehor  Domin»  ãecim-   Já  me  sinto  abrazar  d'estro  divino; 

dum  juttitiam  ejus,  et  pMlUtm    _,  ,  .     .  .        .  ,t-^      • 

nmnini  DomnU  M9»imi.  Trópos,  que  ÀDJ06  me  lospiram,  solto  al^e, 

E  consonância  nova  á  lyra  ensino. 

Trasborda-me  a  alma 

Nos  sons  que  formo; 

O  nome  sapto 

De  Deos  celebra 

Meu  terno  canto: 

Povos,  ouvi^me, 
N'este  concerto  angélico  segui-rae; 
Trazei  harpas,  psalterios,  trazei  Ijras, 

Ah!  sim,  cantemos, 
O  altíssimo  immortal  nome  louvemos. 


PSALMO  VIII. 


In  fliem  pro.toreoiaribu».  A$  polavros  tão  de  Davidí  a  musUa  é 

Piaimo.  David.  ^  j^g^^^  ^  CoMoros  Getháo*. 


o 


(1)  Domitíe,  Dominus  notter,   U  Senhor,  ó  Sér  Supremo! 

auam  admirabile  ett  nomen  tuum    ^i  .         .     ^  , 

in  universa  terra  /  Lomo  é  portontoso,  amavel 

Sobre  a  resgatada  terra 
Teu  santo  nome  admirável! 


(8)  QuõrUam  eleuUa  eit  magni'    G>mO  SobrO  OS  CeoS  86  eleva 
Jicentia  tua  iuper  aeht.  rw^  i  a 

Teu  poder  e  magestade, 

Que  aos  Astros  prescreve  a  marcha, 

E  veste  de  claridade  I... 


25 


Até  DOS  lábios  da  infância 
Vai  brotando  o  teu  louvor, 
Ao  vermos  como  nos  deste 
O  crescimento  e  vigor  I 

Nos  animaes  que  creaste, 
Nos  que  de  leite  nutriste, 
O  alto  dom  de  conhecer-te 
Só  no  sér  humano  existe. 

Ix)go  que  lhe  aponta  a  vida, 
Puras  graças  te  vai  dando, 
£  com  infantil  piedade 
Os  Ímpios  envergonhando. 

O  audaz  libertino  cala, 
A  ingratidão  esmorece. 
Os  inimigos  se  aterram, 
O  peccador  estremece. 


(3)  Ex  0re  inflmtium ,  et  la- 
etentium  per/ecisli  laudem  pro- 
fter  inimÍ€OM  tvo$,  ttt  detínuiM 
inimfcttifi,  et  ultêrem. 


Quando  aos  Ceos  levanto  os  olhos, 
£  em  santo  recolhimento 
Contemplo  de  jóias  tantas 
Cravejado  o  firmamento: 


(4)  Quwiam  videbo  eteht  tuet, 
êpera  digitorum  tttorum^  lunam^ 
et  tlellat,  qwe  tu  fundatii. 


Quando  vejo  lua,  estreitas 
No  immenso  espaço  marchando, 
Por  ti  dispostas  de  modo 
Que  nos  vão  allumiando: 


Eiclamo:  Senhor,  quem  somos 
Para  te  lembrarmos  tanto? 
Grato,  como  enternecido. 
As  faces  banho  de  pranto. 


(5)  Qnid  ett  homo^  çued  memor 
es  ejus?  mtttJiUus  h^mmtif  qué^ 
mam  visitai  eutnt 


26 

Qual  é  o  Glho  dos  homens 
Que  mereça  que  o  visites, 
E  com  profusão  de  graças 
Nelle  tal  transporte  excites? 

(6)  Minuníi  eum  pauh  minut   Gom  mui  tenue  differonça 
^JZÍtfTc^JlilTtreZ  Dos  Anjos  o  distinguiste; 

iuper  opera  manuum  ivurum,  jj^  ^^^^^  jg  y^^^^^  ^  ^\^^\^ 

O  c  Voaste,  o  revestiste. 

Sobre  as  mais  obras  divinas 
Tu  lhe  deste  a  preferencia; 

(7)  Omnia  tubjeciiti  sub  pedi-    A  SeUS  péS   OS  mais  viveotOS 

StV-V;Lr:Líf'"  Tributam-Ihe  obediência. 

Cedem-Ihe  todos  os  gados, 
No  campo  as  feras  errantes» 

(8)  Foluereê  cali.  et  piteei  ma-    As  aVGS  que  OS  arCS  COrtam» 
rí»  qui  perambulant  semita.  «,-     ^  ^^  ^^^  ^^  habitantes. 


r*». 


(9)  D»mme,  Ottitínu*  mtiUr,   Ó  Senhor!  ó  Sér  Supremo! 

^m  çdmirabile  »t  Mmm  tuum    ^        ^  porteotOSO,  amavel 
tn  untcena  terra !  ^-«#*mv       ^  j 

Sobre  a  resgatada  terra 
Teu  santo  nome  admirável! 


27 


PSALMO  IX. 


Psalmo  de  David  com  o  Higgaion  («),  posto 
em  muêica  por  Ben,  Mestre  das  CarUoras. 

liii  estro  dcsasado,  d  alma  acceso, 
He  agita,  meu  Senhor  I  Eu  te  confesso 
0)m  todo  o  corado:  proclamar  quero 
As  tuas  maravilhas. 


In  finem  pro  ocealtís  fllii 
psalmus  David. 


(1)  Cofifilebor  tibi.  Domine^  in 
Mo  cúrde  meo:  norrabo  omntm 
mirãbilim  !««. 


Lyra,  psalterio,  Tinde,  celebremos 
O  nosso  Deos;  seu  nome  portentoso, 
Em  ccDsonancias  novas  exaltado, 
Ouça-ae  em  toda  a  terra. 


(S)  LmUbor,  ft  exulíabo  in  U, 
ftmllam  nomini  íuê^  AUitsitne» 


Fará  retroceder  meus  inimigos... 
Como  fogem,  de  susto  espavoridos! 
Vencidos,  destrocados,  já  náo  soffrem 
Teu  irritado  aspecto. 


(3)   In   eonverUrulõ   inimíettm 

mevm  retrorstim :  infirmmbunturf 
ei peribunt  •fade  tua. 


O  campo  da  batalha  me  abandonam; 
Concedes  o  triumpho  á  minha  causa ; 
E  sentado  no  teu  divinal  throoo, 
Tu  julgaste  ds  Justiças. 

Voltaste  aos  impios  carrancuda  a  frente; 
Nas  cavernas  medrosos  se  esconderam ; 
Pereceram,  seus  noroe^k  se  extinguiram, 
Seu  fausto  anniquiiou-se. 


(4)  QHonUm  fecitii  jndicium 
mettm,  eí  cautmm  meain ;  teditti 
svper  thronum,  qui  judiou  juê' 
íitiam. 


(5)  Jnerepãiti  genies^  et  periií 
impiuK,  nometi  eorum  dtletti  in 
wternuni^  eí  in  smcuium  tieeuti. 


(•}    O  iíiggmion  é  nome  de  insirtimento  musico ;  pelo  que,  ptalmo  de  David  com  o 
Oiggmonj  é  o  meime  que  te  n6i  diMesaemoi — «ria  de  JommelU,  com  violino,   trompa,  e 

(Obtervaçdo  de  Maitei.) 


28 

(6)  Tnimiei  drfeeerunt  frmnem  Embotou-se-lhe  a  espada  fulminantet 

in  finem,  et  cioitatet  eorum  det' 

uuxiMtL  Ficaram  sempre  oppressos  os  seus  lares, 

Os  palácios  a  cinzas  reduzidos» 

Em  grilbOes  os  seus  braços! 


(7)  PeHu  tnemorim  eorum  cvm   Ah !  slm,  vossa  memoria  com  estrondo 

Momtu .  et  DominuM  ín  mternum      .  :%  ,        , 

permanet.  Arrazada  será;  só  permanece, 

Com  eterno  poder,  o  Deos  clemente 
Que  a  innocencia  restaura. 


(H)  pmmit  in  Judiei»  thrânum  Na  justiça  fundou  SOU  tbrono  oxcolso; 

ffttttffi,  et  ipse  judicabit  orkem  ter-    ^  j  %%  -  ■  .  . 

nt  in  aquilate,  judieabit  peyutê»    ^^os  acoiho,  c  julga  rectamente; 
tHjustíttm.  Infortúnio  nlo  ha  que  exclua  humanos 

De  appellar  para  o  Eterno. 
(9)  Et  fãctuã  e$t  DominuM  re-  O  Seubor  é  rofugio  dos  afflictos, 

fugium  paupen\  adjuior  in  oppúr-    ^    %  % 

tuniíatiàut,  in  tríbuiatione.  £  dos  pobros  O  asylo,  é  quom  soccorre 

o  que  submisso  implora  seus  favores, 
Na  desgraça  ou  ventura. 


(10)  Et  êperent  in  te  qui  n^e-  Ah!  com  razSo,  Seubor,  em  ti  confiam 

runt  nomen  tuum,  quonium  n^n 

dereUquitti  qumrente$  te,  Do-  Os  que  teu  grande  nomo  conhecoram; 

Nfio  desamparas  esses  que  te  buscam. 
Os  que  fieis  te  seguem. 


(11)  p$aiiite  Domin»,  qm  Ao-  Renasçam  pois  OS  sous  da  Ijra  muda, 

bitat  in  SiM,   mnnuntiate  inter    ^         ^     ■  í^»  i 

genteê  itudia  ejui.  E  ao  Seubor,  quo  em  Sifto  tem  o  seu  templo» 

Hymnos  cantemos,  revelando  ás  gentes 
Seus  immensgs  prodígios. 

(IS)  Qnoniam    requirem    êan-    Do  SeU  PoVO  fiel  O  SaUgUO  OSparSO 
quinem  eorum  reccrdaíut  e$t,  non    ...  .  •     .  .  , 

eêt  êblitus  ctwnêrem  puuperiun.      Vé  COmpaSSlVO,  C  JUStO  quCr  Vmgá-Jo: 

Dos  clamores  dos  pobres  não  se  esquece 
Se  Ih'  imploram  piedade. 


29 

I 

Ah  mea  Senhor!  de  mim  tem  misncordia;     (I3)  Miserere  mei,  Dêmine, 

pide  humiliMem  meam  de  ini- 

Olha  que  insultos»  vé' quantos  acintes 
Meus  cruéis  inimigos  me  fizeram, 
Sem  cangar  de  ai9igir-me. 


mteiê  mets. 


Levanta-me  das  bordas  do  sepulchro 
Onde  os  meus  adversários  me  arrastaram; 
Verás  como  cantando  rompo  as  turbas* 
Como  o  psalterio  affino. 


(14)  Qui  exelUiM  me  de  por  tis 
mortiit  ut  ãnnuntiem  omnei  lou' 
dationet  íuat  tu  poriiM  filia  Stan» 


To  me  destes  a  vida,  espedaçaste 
Os  pesados  grilhões  que  me  ligavam: 
Por  entre  a  plebe  de  Sião  rompendo. 
Teus  dons  farei  patentes. 


(1 5)  Exultabo  in  MoliUeri  tvOf 
i^fijta  êunt  gtnUê  in  interitUf 
fuem/eeeniní. 


Direi  como  nos  laços  cavilosos, 
Que  astuta  gente  contra  mim  formava. 
Seus  próprios  pés,  caindo,  se,  enredaram. 
Oh  sabia  Providencial 


(16)  In  laqueo  isto,  quem  abt- 
conderunt,  comprehennu  ett  pet 
eorum. 


É  dos  Ímpios  a  queda  testemunho  (17)  Cognonelur  Dominue  Ju' 

^         •  ^        .      -I            ^                      /-i        1    f  ..  dieiafaeiensyinopeributmãnwmí 

Da  existência  de  um  Deos  que  os  Ceos  habita ;  tmarunt  comprehennts  est  pec 

Que  pune  os  máos  co'  as  armas  que  fabricam,  ^'"^* 
E  vigia  a  innocencia. 


VSo  á  masmorra  eterna  os  peccadores, 
Os  que  de  Deos  s'esquecem ;  Deos  piedoso 
Dos  pobres  se  recorda,  e  lhes  converte 
Em  alegria  o  pranto. 


(18)  Converiantur  peeeahres  in 
infernum ,  omnett  gentes ,  qvte 
oblieiscuntur  Deum. 

(19)  Quoniam  non  in  finem  obli' 
rio  erit  pauperis,  patienlia  paU' 
perum  non  peribit  in  finem. 


Em  delicia  immortal,  em  paz  serena. 
Lhes  torna  a  paciência  inalterável; 
Corresponde  fiel  és  esperanças 

Que  em  Deos  funda  o  seu  servo. 


30 

{M)  Exiurge^  Domine,  iimi  Surge»  6  SenborI  com  juslo  cnfado  abate 

€9nJorteiur  homo,  judiceniur  gen-^  «        . 

teo  in  corupeetu  tuo.  A  suoerba»  a  fiducia,  a  tyranoia; 

Perante  a  tua  lei,  tua  justiça. 

Só  se  julguem  os  homens. 


(£1)  Conttilue,  Domine,  UgiO" 
latorem  $uper  eot,  ut  tciant  genr 
Itf ,  çuoniam  homineo  «vn/. 


Legislador  severo  tome  conta 
Do  bem,  do  mal  que  audazes  perpetraram; 
Conbeçam  que  são  homens,  que  Soberano 
Só  és  tu,  Deos  potente! 


PSALMO  IX. 


PARTE  II.  (o) 


(28)  Ut  qvidn  Domine,  reces- 
tis  li  longe,  despíeis  ia  opportimi" 
tatiòus,  tu  tribulatione  f 


p 


OBQUB  foges  de  nós  para  tio  longe? 
Quanto  mais,  ó  Senhor  I  atribulados, 
Opportuno  soccorro  precisamos. 
Mais  queres  occultar-te? 


(£3)  Dum  svperbii  impivs,  tu*   Qs  ferros  que  DOS  põo  impio  Tyranno 

cendiíur  pauper :  eomprehendun-'  j         «» 

tur  in  eotuiiiis,  quibus  cogitant.   Duros  sfio  de  sofireri  teu  povo  geme : 

Vem,. Senhor,  defendé-l0|  vem,  surp'rende 
O  perverso  em  seus  planos. 


(•)  Esie  pialmo  na  Vulgat^é  uma  contintiaçfto  do  antecedente,  e  começa  no  teno  K ; 
mau  nof  códigos  hebreo,  chaldeo,  e  grego  é  um  novo  psalmo,  bem  que  tem  titulo  oo  intcri- 
pçSo  alguma,  filie  certamenle  pertence  ao  captiveiro  de  Babjlonia,  ao  qual  também  se  re> 
fere  o  outro,  ni^ opinião  de  Mattei ;  mas  diz  este  sábio  que,  quando  devessem  considerar-^ 
um  psalmo  s^,  ter-se-hia  enifto  principiado  por  esta  segunda  parte,  cujo  ultimo  veno  in< 
prender  no  ConJUebor;  porquanto,  nesta  segunda  parte  pinta-se  um  afflicto  prisioneiro  qve 
pede  e  busca  soccorro ;  e  na  primeira,  um  que  está  já  próximo  a  rer-se  Une  das  cadâss. 


31 

Mais  e  mais  se  embravece  cada  dia; 
Entumecido,  o  seu  poder  ostenta: 
£-lhe  ignota  a  piedade;  rico,  avaro, 
Contenta-se  comsigo. 


(S4)  Quêniam  iaudaiur  pecea- 
tor  in  detiíleriU  anima:  tvm^  et 
iniquut  benedicilur. 


Já  nao  teme  o  Senhor,  já  080  lhe  importa 
Se  troveja  do  Ceo,  se  o  vê,  se  o  julga : 
Larga  o  freio  ás  paixões ;  em  fúria  ardendo, 
Braveja  cá  na  terra. 


(tS)  Exaeetbavít  Dominum  pre- 
catar, teeutuiutn  multUudinem  ira 
sua  non  futtret. 


De  mil  desígnios  v9os  sempre  occupado, 
Em  abjectos  prazeres  submergido. 
No  tumulto  que  tem  n'alma,  nfio  cabe 
De  Deos  uma  lembrança. 


(t6)  Nan  etiDeus  ineontpectu 
eju$:  inptinatee  Muut  via  Uliut 
in  amni  temparif. 


Marcha  contente  em  seu  caminho  errado, 
NSo  crê  nos  teus  juizos,  nem  os  teme: 
Em  si  fiado,  crê  que  aterrar  pôde 
Todos  seus  inimigos. 


(87)  jévferuntur  Judicia  /«a  a 
facie  </iM ,   omnium  inimieorum 
êuorum  daminabitur. 


« Quem  será  (diz  comsigo)  esse  atrevido 
Que  me  tome  o  lugar  que  altivo  occupo? 
Quem  me  pôde  abalar?  Imperturbável 
Gozarei  de  meus  dias. » 


(88)  Oixit  enim  in  carde  tua^ 
fiou  mavebar  a  genrratioae  in  ge- 
nerationem  tine  mala. 


AssercSes  indecentes,  lingua  impura, 
Ao  perjúrio  e  á  mentira  costumada! 
Que  não  solta  uma  voz  que  não  contenha 
Mortífero  veneno. 


(£9)  Cujut    maledieíionem  o$ 

ptenum  eil,    et  amaritvdine,  et 

dela,  iuò  lingva  eJuM  labor,  et 
dolor. 


Em  tenebrosa,  occulta  sociedade, 
Teme  a  luz,  favorável  á  innocencia; 
Seus  amigos  são  comptíces  das  tramas 
G>m  que  assassina  o  justo. 


(30)  Sedet  in  intidii$  cum  di- 
vitibui  in  accultis,  ut  inierJUiat 
inHOceutem. 


32 

(31)  Oeuii  ejM  u  pàuperem  Qual  IcSo,  na  Caverna^  ávido  e  atteoto, 

rntficiunt :  inãidiatur  in  ãbtem^    _  .   .  .    •  i. 

dif  quati  leo  in  tfeiuma  ium.      Vigia  a  iDieliz  présa.  Da  esperança 

De  ensanguentar  as  fauces  com  seus  membros, 
Que  irado  despedaça; 


(3S)  ittsidiúíur,  «I  rãpiní  pãu-  Tal  urde  insidias  contra  os  innocentes, 

perem,  rapere  pavperem,  dum  mi'  „  p,        ,     «  ,  , 

trmhií  eum.  £,  perfado,  00  Ooros  cobre  as  redes 

(33)  fn  laofteê  stto  humiliabit  .  ..     i_  i  •.  $     i 

eum:  ineiinabit  te,  etcndet,  cum  A  quo  OS  atlrahe,  quo  subito  OS  surpr  cndeiD; 

domimtuB/ucritpmuperum.  jg  ^^  ^j^^^^^  ^^^^^^^ 


(34)  DiHt  enim  ineordetw:   Taos  exccssos  bem  sei  do  dondo  nascem: 

cblitut  ett  Deut,  mvertU  fadem     •>.  •  mr  •  ^ 

«ttfli»,  ne  videat  injínem.  Discorro  assim ;  «  Nos  ceos  goza,  quieto, 

Deos  da  celeste  paz;  pouco  lhe  importam 
As  acções  dos  humanos. » 


(35)  Exturge,  Dwmine  Deug,   Surgo,  surgo»  ó  mcu  Dcosl  esteudo  0  braço, 

exaltetur  manu$  tua.  ne  eblivis*    wm     ê.  a   j       i.  a   j 

cari» pauperum.  Mostra  quo  a  tudo  chogas,  tudo  reges: 

Temos  soffrido  ipuito:  vinga  aSlictoSi 
Não  te  esqueças  dos  pobres. 

(36)  Prepter  qitid  irritmit  im-  NSo  basla  a  presumpçSo  dossos  malvados 

piut  Deumí  dixit  enim  in  cerde    ^         ,     ..       ,  ..a 

«r/o,  non  requiret.  Para  imtar-te»  e  provocar  castigos? 

Cuidam  que  tu  nSo  pensas,  ou  nlo  deves 
Punir  seus  desvarios. 


(37)  ndet,  fuenimm  tu  laborem  Eu  SCI  quom  és,  Sonhor!  quo  to  entefoece 

et  doiorem  comidera»,  ut  tmdaê    ^  , 

eo9  in  mmnue  inaê.  O  som  do  uossas  aspcras  cadêas ; 

Que  vés  os  crimes  d'etles:  mas  que  esperas? 
Por  que  tarda  o  remédio? 

(38)  Tibi  dereiietui  ett  pimper,   Para  quo  om  m9os  tSo  perGdas  nos  deixas? 

orphane  tu  eris  mdjuttfr.  ^       %  •  i    i      , 

O  pobre  a  teu  cuidado  é  que  se  entrega; 
És  quem  conforta  os  tristes  desvalidos» 
És  amparo  dos  orphSos. 


33 


D'iini  maligno,  d'uni  impio  doma  as  forç 
Verás  como  os  sequazes  delle  fogem ; 
Como  em  vão  de  seus  feitos  se  procura 
A  memoria  apagada. 

Reinará  o  Senhor  perpetuamente: 
Mas  fós,  nações  maldosas,  do  seu  Reino, 
Da  pátria  d*immortaes,  puras  delicias, 
Sereis  exterminadas. 


;  (39)  Cõntere  braehium  peetuio- 
rt«,  et  maligni :  quarelur  peteth 
tum  tíUuMy  et  HêH  invenietur. 


(40)  Dúmmu9  regnabit  inmter- 
num^  et  in  ueeulum  taeuli:  pe^ 
ribitit  genteê  de  terrm  iUiut, 


Escutaste,  ó  Senhor!  súpplicas  temas 
Do  consternado  pobre;  e  taes  affectos 
A  sen  peito  inspiraste,  que  acolheste 
Os  seus  votos  ardentes. 


(41)  Detiderivm  pmtperum  ex" 
audiwit  DominuM :  prwparmtitnem 
eardiê  iêrum  mtdivit  auris  tuã. 


Piedoso  dispendeste  os  teus  soccorros 
Aos  opprimidos,  v8o  ter  fim  seus  males: 
Co'  a  arrogância  dos  homens  supprimida, 
Terá  socego  a  terra. 


(4S)  Judiegre  pupilh,  et  humi- 
li :  ut  non  apponat  ultra  magni" 
feare  ee  hama  wper  terram. 


PSALMO  X. 


Psalmo  de  David,  pasto  em  mtmca 
pelo  mesmo  auctor. 


N 


lo  me  assusto:  calai-vos,  peccadores: 

No  meu  Senhor  espero; 
Votsos  conselhos  pérfidos  nlo  quero. 

Zombo  de  vios  temores. 
Se  dizeis:  aVès  as  settas,  o  armo  armado, 

«A  aljava  trasbordando? 
«  Vaiy  traosmigra,  qual  pássaro  espantado 

T^mo  YI. 


In  ftBem  ptalmui  David, 


(1)  /i  Domina  eonfido:  quêma- 
do  dicilie  anima  mea^  tranêm' 
gra  ia  montem,  gieut  paoier. 


(2)  Quoniam  ecee  peeeatoret  ia- 
tenderunt  arcum,  paraoerunt  mo- 
gittoi  tuoê  in  pharetra^  ut  iogit- 
tent  ia  oòtcuro  reetoM  corde. 


34 

«Para  o  monte  voando: 
aOs  ímpios  vão  chegando» 
,  a  Para  ferír*te  as  armas  apontando. 

«c  E  não  te  desafiam 
«A  brilhante  combate,  em  campo  aberto; 

«  Das  luzes  desconfiam, 

«  É  seu  plano  com  sombras  encoberto : 

«  Âttacam  de  repente ; 

(3)  Qu9niãm,  qum  ferjecitiu   «Que  pódo  coutra  tautos  O  inuocente? 

destruxerunt,  Jtt$tu9  mttem  quid 

feeiíí  «O  bem  que  obrou  passou  por  desacerto: 

«O  justo  .que  fará  em  tal  aperto?» 

Inútil  sugestão  !••• 
Firme  em  Deos,  não  a  approva  o  coração. 

(4)  Dominitt  in  templo  gancto  Q  Sonhor,  que  no  templo  seu  reside, 

9Uê,  DominuM  in  Cmlo  êedes  ^us,  *  ' 

Em  seu  throno,  fundado 
Sobre  os  astros,  na  terra  e  Ceos  preside: 

(5)  OetUi  ejuM  in  pauperem  ret-  Do  pobrp  malfadado, 

pieiwU:   palpebrm  ejus  iníerrO'    ^  ,     -  **^     ^       •         *• 

gamfiiiúê  hominum.  Gom  pálpebras  attentas  mvestiga 

A  penúria,  o  cuidado; 
£  carinhoso  as  dores  lhe  mitiga. 
(6)  DêminuB interrogai juittm.   Interroga  igualmente  o  Ímpio  e  o  justo: 

et  impium ;  qui  autem  diligit  ini'  •   •      •  i    i 

quitãtem,  odit  animam  9uam.  Quem  ama  a  miquidadc 

Aborrece  sua  alma,  e  só  com  susto 
Avista  a  eternidade. 

(7)  Pluet  enper  peeeatoreg  la^    SobrO  OS  máos  prOCOllosO  rUgO  O  VCntO, 
çii^M,  ignit,  et  tulphur^  et  spi-  ^     •  » 

ritui   proceUarum   pturo    ealicit  LbOVCm  traiÇOeS  raiVOSaS, 

^'^'"'  Fogo,  enxofre,  amaríssimo  tormento; 

Em  taças  venenosas 
Hão  de  achar  a  porção  do  seu  sustento» 
(8)  Quoniam  Juêíum  Domime,   Justo  O  Senhor,  thosouro  de  verdade, 

et  Juêtttiam  dilexit ,   (eqtiHaiem  «^    i     • 

vidit  vuUtí»  e/v9.  E  da  justiça  amante. 

Só  para  a  rectidão,  para  a  equidade 
Volta  aifavel  semblante. 


35 


PSALMO  XI. 


Àt  palavras  e  a  muriea  àao  de  Damd* 


A 


GODE-MS,  Senhor,  vem  soccorrer-me  I 
Cum  8Ó  justo  na  terra  nSo  acerto» 

O  mondo  está  deserto: 
A  impostura  triumpha,  e  quer  perder*me; 
Supprímio-se  entre  os  homens  a  verdade, 
Tudo  é  perfidia,  todo  iniquidade. 


Io  ^em  pro  octaTa  (•) 
Psalmus  Darid. 


(1)  Salvum  mefae,  Domine, 
fuaniam  drfeeU  tãnetui,  piêtiimm 
iiminutm  iwú  vtritãtei  m  filiit 
kêminum. 


Phrases  dolosas,  phrases  lisoogeiras, 
Falsos  todos,  ao  próximo  dirigem; 

Em  amigos  se  erigem: 
Com  meigos  sons,  palavras  feiticeiras, 
Encobrem  nos  discorsos  sem  defeito 
Os  dobres  corações  que  teem  no  peito. 


(8)  y^na  locuti  tuni  unuiptít- 
que  ãd  proximum  sinan;  Mim 
dôlotm  in  eordf,  et  carde  Ueuti 


Todos  OS  lábios  vis,  enganadores, 
Magoiloquazes  lingoas,  extermina; 

Justiçoso  arruina 
Tantos  enredos,  laços  impostores. 
A  que  excessos  nSo  chegam  cubiçosos 
Estes  pérfidos,  impios,  mentirosos ! 


(3)  Ditperdat  Dominug  unher- 
M  hhia  dolo9a^  et  linifuãm  mã- 
gnilcqv^. 


Justo  Deos  I  nik)  demores  o  castigo : 

Vê  com  que  audácia  os  loucos  presumidos 

Vão  bradando  atrevidos 
Quanto  pensam,  cavilam  lá  comsigo! 


(•)    Pro  ociaoã  ái%  MaUei  que  se  deve  enteoder  por  um  (empo  de  muiica  lemelbante 
ao  de  treê  por  Htê^  (tempo  ternário),  on  «m  por  oito  (lempo  binário). 

Tomo  VI.  3  • 


36 

(4)  Qui  dixeruní :  Ungvamnoi'  Dizem:  «  Nío  Icmo,  DÍo;  direi  cootentc 

tram  magnifica/» imu8,  lábia  nottra  ■         i.  •   ■ 

a  nohit  wnt :  quu  noster  Domi-   «  QuaDto  coDcebe  sfouta  3  míDoa  meote. 

fwff  ettt 

« 

«  Proezas  que  amedrentem  os  humanos 
«Farão  mais  poderosa  que  uma  espada 

«Minha  lingua  aGada; 
«Publicará  mil  Íntimos  arcanos: 
«  Nossos  lábios  sfio  nossos,  hSo  de  onvi-los; 
«E  quem  terá  poder  de  reprimi-los?» 

(5)  Prapier  miseriam  inopum,    DcOS,  do  altO  doS  CeOS,  aporcobido 
et  gemiíum  pauperum^  nvne  ex-     r^^  è.         ir  •  m. 

Murgam  dicií  Daminvs.  De  quanto  soffre  O  misoro  mnocente, 

Mais  tempo  nSo  consente- 
Que  gema,  por  aleives  combatido: 
u  Não  ha  de  ser  assim,  (diz  irritado) 
«  Nem  prevalecerá  sempre  o  malvado. 

«  VerSo  como  os  suspiros  me  enternecem 
«  Dos  que  oppríme  a  maldade  em  jugo  doro; 

((S)  Potiam  in  ialiUari ;  fidueia-  «  G)mO  em  lugar  SOgurO 

agam  in  e0,  ^  Ponho  salvos  aquellcs  que  padecem ; 

«  Onde  não  chegue  vento  procelloso, 
«  Nem  da  malicia  o  sopro  venenoso. » 

(7)  Eioguia  Domini,  eioquia   Eis  a  VOZ  do  Scnhor,  toxto  sagrado 

cofto,    argentum  igne  examifuh  ,     .  .         . 

tum,  probatum  terrm,  purgaium  Que  erro  algum  nSo  admitte,  ou  desatino; 

Mas  é  qual  ouro  fino. 
No  fogo  mais  ardente  acrisolado: 
Por  mais  que  vdo  os  séculos  fugindo 
Vai  sempre  esta  palavra  subsistindo. 

(8)  Tu,  Domine^  terwiòis  nos,   Virá  dia  em  quo  OS  tristes  desvalidos, 

et €uttodie9  no9  a generativne  hac    ^  .    ,        ,,  -  .    ,, 

inatermm,  Os  mais  bumildes,  sejam  exaltados: 

Senhor!  os  desgraçados 


37 

HSo  de  ser  por  li  mesmo  defendidos : 
Desta  geração  d'homens  sem  piedade 
Nos  ha  de  libertar  tua  bondade. 

Em  tomo  a  nossos  lares  vagueando 
Os  Ímpios  bramirBo  desesperados; 

E  por  multiplicados 
Que  na  perversa  raça  vio  durando. 
A  tua  inescrutável  Providencia 
Nio  lhes  dará  poder  sobre  a  innocencia. 


(tf)  In  tíreuitu  imfU  amèU' 
lant ;  teeundum  aliitudinem  ttiam 
multiplieagii  filioê  hêtninum. 


PSALMO  xir. 


A$  palavroê  e  a  fnusica  sào  de  Datid. 


A 


TÈ  guando,  meuDeos,  has  deesquecer-me? 

Sem  fim.  Senhor?  Té  quando 
Teu  rosto  has  de  voltar  para  nSo  ver-me? 
Até  quando,  perplexa,  suspirando, 

Luttará  na  incerteza 
Hinba  alma,  em  dissabores  abysmada? 
Todo  o  dia  submersos  ub  tristeza 
Hen  coraç8o  e  mente  atribulada?... 


Io  floem  ptalmus  David. 


(1)  UBquepsõf  Domine,  Mhiê' 
eerii  me  injinemJ  uêqvequo  aver* 
tie /meiem  ívãm  a  met 


(S)  Quamãiu  ponmn  emteiliM  in 
anima  meàt  doUrem  in  eorde  mee 
per  diem  f 


Té  quando  sobre  mim  sempre  exaltados 

TerSo  a  precedência 
Meu9  cruéis  inimigos  irritados? 
Terna  assume.  Senhor,  tua  clemência; 

Para  mim  volta  o  rosto, 
Senhor  Deos  meu!  attende-me,  olha,  escuta, 
Avalia  meus  males,  meu  desgosto; 
Pde-te  a  meu  lado  nesta  borrivel  lutta. 


(3)  U^quequo  exmUãbiiur  ini* 
mieuã  meue  euper  me  t  Retpiee, 
ti  exttudi  mef  Domine  Deue  wteus. 


38 

(4)  iihmUnm  9euio9  meo9 ,  ne  Dá-me  celeste  luz,  guia  ineos  passos» 

unfuam  obdormiam  in  morte :  ne  t\-    ' 

quando  dieat  inimieui  meuê  frw-  DlSSIpa  espeSSSS  trevaS, 

vtr9Uê  ewn.  q^^  ^^  adversario  meu  cobrem  os  laços : 

Senhor,  se  me  nSo  levas 
Como  me  salvarei,  desamparado? 
Possível  é  que  eu  fraco  desfalleca; 
Que  triste,  afllícto,  languido,  cançado 
Já  no  somno  da  morte  me  adormeça. 


Nlo  me  largues,  nSo  cuidem  meus  contrários 

Que  contra  mim  ganharam 
O  firucto  de  seus  votos  temerários; 
Digam  que  me  enlaçaram 
.  (5)  Qtti  triòtdãnt  me,  exuiim^   E  quo  prevaleceram :  se  me  abalam, 

huni,  ft  matuã  fuero :  ego  autem    ^         .     .  . .  ^  i 

in  ntuericordiatua  speravi,  Quo  glorw  para  quem  me  tyrannisa ! 

Mas  se  firme  resisto,  entlo  se  calam, 
E  perde  a  força  a  mão  que  martyriza. 

Na  tua  compaixão  ponho  a  esperança; 

Desça*me  o  allivio  n'alma. 
Esse  bem,  que  em  ti  só,  meu  Deos,  se  alcança. 

Quando  o  sossôbro  acalma, 
Meu  peito  compungido  e  dilatado 
Começa  a  respirar,  e  vai  soltando 
O  canto  agradecido  e  levantado. 
Teu  altíssimo  nome  celebrando. 

(6)  BxuUMt  eor  mewn  in  m^   Saiam  do  coração  chammas  ardentes, 

lutarituo,  cttnMo  Domino,  gui  ^  *      « l.i:«*^ 

òofM  tribuit  miki,  et  piaiiam  n4h  Nasçam  cautos  sublimcs, 

mim  DomiM  aiHiHmi.  Rompam  OS  Ccos  OS  hjmnos  meus  cadente», 

Esmoreçam  os  crimes; 
Alente  o  afilicto,  feche  a  porta  o  Inferno: 
Celebrem  com  extremos  de  ternura 
De  Deos  o  nome  excelso,  immenso,  eterno, 
Anjos,  homens,  e  toda  a  creatura* 


39 


PSALMO  xni. 


Ás  palavras  e  a  munca  sõo  de  David. 


In  finenu  Pnlmui  David. 


CANTATA. 


K 


O  intimo  de  seu  peito, 
Lattando  c'os  vicios  seus» 
Vai  dizendo  o  depravado: 
« Deoa  de  dós  não  tem  caidado» 
Oo  talvez  nlo  haja  Deos. » 


(1)  Dixitimiptem  ineardMtm^ 
ncn  ett  Dewt. 


Tal  é  o  ferino  effeito 

Doestados  abomináveis; 

Tal  nesta  corrapta  idade 

Prevalece  a  iniquidade 

Entre  os  homens  detestáveis. 
Nlo  ha  quem  faça  o  bem»  todos  ostentam 
As  artes  d  enganar;  um  só  piedoso 
NXo  se  acha  neste  tempo  desditoso. 


(€)  Cúrrufti  9inUn  et  mÒamina- 
Meê/aHi  ffofsl  in  êtudHt  nât: 
MMi  e9t  piifaeimi  bonum,  fiti»  e$i 
usque  mi  unum. 


Do  seu  throno  celeste 
Avista  Deos  a  Terra;  olha,  procura 
Se  nelle  pensa  humana  creatura ; 

Se  fallando  comsigo 
Julga  Deos  o  mais  doce  e  certo  amigo. 
Diz  então:  «Nem  um  só  mortal  avisto 
Que  me  seja  Gel ;  todos  declinam ; 
Todos»  de  vãos  projectos  occupados, 

Vagabundos,  errados, 
Da  justiça  o  caminho  desconhecem: 
Do  mal  são  todos  complices,  desdenham 
Da  virtude,  e  nos  crimes  só  se  empenham. 


(3)  DanUnu*  de  Calo  prospexii 
tuper  Jiliõs  h/êminum^  ut  videmi^ 
si  eêi  intelUgemê,  aut  reqmrem 
DeuM, 


(4)  Onmet  dedifêmferunt,  ãlmul 
inuíiU»  ftcti  iunty  hmi  est  gui 
/(ÊCiêt  benunif  non  e$i  mque  ad 


40 

(•)  (8)  Nmrneeúgnogcentomnn,  TerSo  DOIS  ODOrímido 

qui  aperonivr  iniçuiUUem^   qui  ■* 

devorãnt  pUbem  meam,  sieui  et-  Sempre  O  meu  Dovo,  e  em  ferros  constrangido? 

ean  panif.  ° 

Dou  sustento  aos  malvados, 
A  lui  da  vida  nelles  nSo  apago: 
E  de  taes  beneGcios  este  é  o  pago?  » 


(9)  D0minum  non  vuoem>e- 
rufU :  illte  trepidaverunt  timare, 
ubi  non  er4it  timêr. 


É  certo,  de  Deos  vivem  descuidados: 

Mas  virá  esse  dia 
Que  um  súbito  terror  penetre  a  todos; 

Tremerá  de  mil  modos 
Esse  que  ^>mba  agora  de  quem  geme, 
O  que  blasona,  e  que  hoje  nada  teme. 


(10)  Quoniam  Domimu  in  ^e- 
nertitione  jutia  etí^  ewuilium 
ÍH»p*t  confwtiãtíêy  quoniam  Ha- 

MinUê  tpeê  fjU9  €9Í, 


Porém  Deos  aos  seus  justos  sempre  assiste; 

Quebra  a  força  aos  delictos: 
Em  v9o  perversos  zombam  dos  afilictos; 
Ao  divino  poder  ninguém  resiste: 
É,  dos  que  soffrem,  Deos  doce  esperança; 
Os  bens  que  elle  promette  o  justo  alcança. 


(•)  Oi  Teriof  5.*,  6.<^,  1 7.*  nlo  eitilo  no  Hebraico,  nem  oi  tniem  as  venSei  Sjriaca 
e  Chaldaica,  nem  muitoi  codigoi  doi  SeUenta,  nem  a  ediçlo  Complutenae,  nem  ifto  reeo- 
nhecidoí  por  Chryaoitono,  Theodoreto,  Entimio^  Apollinario,  nem  finalmente  pela  meani 
Vulgata  no  ptalmo  6S,*,  qne  é  certamente  o  mesmo.  S.  Jeronymo  adverte,  e  eom  railo,  qoe 
foram  introdoiidos  aqui  pelos  copistas,  e  tomados  da  epistola  ãi  Bêmanêi  etp.  3.*  ten. 
IS.*,  onde  o  Apostolo,  lendo  recitado  o  Tersiculo  4.*  deste  psalmo :  Omites  deHinêvenmi, 
êimul  fnuiiUt  faeíi  stinl,  non  ett,  pd/mciãi  bonumy  non  ett  uêque  nd  unum:  accresceola: 
tepulehrum  pniem  est  gultur  corum,  HnguÍ9  ttits  doloie  ogebant :  venenum  aopiéitm  mh 
labiU  eorum:  quorum  os  moledielione^  et  mnãriíudino  pUnum  e»t:  velocot  pedet  eonmoi 
fffunáendum  êongmnem.  Contriito^  et  infelieitao  in  vii»  eorum^  et  viom  paeio  non  «ffnsv^ 
runt,  non  ent  timor  Dei  ante  oentoM  eorum.  Estes  foram  Julgados  Tersos  do  psalmo,  quando 
nio  s2o  mais  que  uma  eoliecç&o  de  sentenças  tiradas  de  diversos  lugares  da  Biblia,  pois  qee 
o  iepukhrum  pateno  é  do  psalmo  6.  yers.  1 1 . ,  o  renenum  oMpidum  do  psalmo  139,  ven. 
4. ,  o  quorum  o»  méledictione^  etc. ,  do  psalmo  11.  vers.  7. ,  o  vehce»  peden  oorum^  ^' 
dos  Provérbios  1.  vers.  16. ,  e  de  Uaias  49.  vers.  7. ,  e  o  Contritio^  et  infelicitas^  eis. 
parte  do  dillo  logar  d*Iiaias,  e  parte  do  psalmo  35.  vers.  1. 

(Observoçâo  de  Mnttei), 


41 

Vós,  que  rindo  insultais  o  povo  santo, 
Perguntais  se  ha  de  vir  seccar  seu  pranto 

De  SiSo  o  promettido 

Desejado  Redemptor? 
Ha  de  vir  d'Israel,  cheio  de  amor, 

As  afirontas  vingar, 
E  seus  vis  oppressores  castigar. 


(11)  Quiê 
Uure  Urmclf 


ex  Si0u  ««/tf* 


Cmm  tnerteHt  Dúmintiê  empti- 
ottalAM  pUHt  Wff ,  exult&Hí  Ja- 
e0èf  9t  ímlêHtur  lêrael. 


Já  desliza  a  frente  austera; 
Já  os  ais  desses  captivos. 
Seus  pezares  excessivos. 
Movem  divina  piedade: 

Vereis  como  a  estirpe  excelsa 
De  Jacob  canta  gostosa 
A  victoria  glcuriosa 
Que  lhe  firma  a  liberdade. 


PSALMO  XIV. 


Ai  palavras  e  a  musica  soo  de  David. 


Ia  finem  Pialmiu  David. 


I 


Bu  Deos,  a  quem  destinas  a  ventura 
De  habitar,  contemplando  socegado. 
No  teu  templo,  esse  bem  que  sempre  dura? 


(1)  Domintj  qvU  habitaòit  in 
iabenui€ul9  ItM?  aut  fuii  requiea* 
cet  in  monle  iancto  ttto  f 


Ah!  declara  quem  s9o  os  que  descançam 

Nesses  sitios  de  paz  onde  tu  moras. 

Os  que  buscam  teu  santo  monte,  e  aleançam  t 


A  di?ina  resposta  absorto  escuto, 
Somma  d'alta  doutrina,  guia  certa, 
Que  assim  profere  oráculo  incorrupto : 


-42 

(«)  qhí  ingfdiíur  Hm  moeu-   a  Os  quo  8610  maocba  CDOiprem  a  justiça, 

U,  et  9perãtvr  jwtítiam.  ^  •  •   b       ■ 

Quem  Tai  com  passos  cautos  cammhandot 
beoto  de  suberba  e  de  cobiça: 


a  Esses  que  andam  comigo  sempre  unidos 

GozarSo  d'immortaes  delicias  puras» 

Que  Tartam  a  alma»  e  ignoram  os  sentidos. » 

(3)  Qui  toqvitur  venuuem  in  Qucm  nlo  tem  coraçlo  falso  e  dobrado, 

eorde  êu^:  qvi  nan  egit  Mum  m    ^        ,     ,  ... 

unguã  iuã.  Que  declara  o  que  sente  sem  malícia, 

E  nunca  traz  seu  próximo  enganado: 

Quem  jamais,  com  meiguice  mentirosa, 
Ck)m  dolo  profanou  a  lingua  sua. 
Nem  no  seio  occuUou  paixfio  raivosa: 

(4)  ivee  feeit  próximo  9w  ma-  Esse  quc  ao  fido  amigo  corresponde, 
íír;r/w^tií"'Lr  '^'^  J*mai»  o  offende,  ou  soflFre  que  o  criminem; 

Ou  no  peito  a  verdade  pura  esconde: 

(5)  Jd  tMiium  dedueitu  e9t  in  Esso  quo  ovite  íuiqua  sociedado, 

conspeehí  ejuã  maligmia:  limeis    ...  ^  ,       ,  «  & 

ies  atUem  Domimum  gUrifiemt.      Mas  quo  dos  máos  é  susto,  O  uSo  se  streve 

A  avisínhar-se  delle  a  iniquidade: 

(6)  (M  /ttr«i  próximo  ovo,  H  O  quc,  se  jura,  e  ao  próximo  promette, 
"Z dêdulU^ur^^!^^^  o  juramento  cumpre;  e  o  seu  dinheiro 

Muper  innocentem  non  occepit.  ^  g^Q^^  ^^^^^  iHi^ito  submctte : 

A  Fortuna  em  vSo  lhe  abre  os  seqs  thesouroSf 
Em  v&o  quer  o  interesse  que  aproveite, 
AÍDigindo  a  innocencia  com  desdouros: 


(7)  Qui/oeit  hme,  nmí  movebi-  Quem  assim  passa  0  tempo  socegado, 

Os  devolvendos  annos  vão-lbe  abrindo 
O  eterno  templo  vosso  afortunado. 


43 

Oh  inea  Deos!  para  sempre  horas  e  dias» 
Sem  que  a  paz  se  lhe  altere,  lhe  vais  dando 
D'inextioguiveis  novas  alegrias. 


PSALMO  XV. 


Psdmo  de  Danrid.  Vma  tox^  com  surdina.        tíiuU  in^ripUo  i|»i  Umú. 


p. 


oiCHO  em  ti  toda  a  esperança, 
Conserva-me»  ah  mea  Senhor! 
A  ti  confesso;  e  com  prazer  repito 
Qae  és  meu  Deos»  e  dos  bens  supremo  aoctor. 
Sem  ti  grandeza  alguma  nSo  me  exalta; 
Tendo-te  a  ti.  Senhor»  nada  me  falta. 


(1)  Cwserva  me,  Vêmine^  quo* 
nimn  tpermvi  in  te;  dixi  Dêminê, 
Deu»  meii9  e»  tu^  funniwn  èêuê' 
twn  meorum  «Mit  egei. 


Os  perversos  que  te  fogem 
Não  mlmportam,  não  contemplo: 
Honro  só  quem  te  serve»  quem  te  adora, 
Quem  da  virtude  expende  nobre  exemplo. 
Nlo  sigo  Ídolos  vãos»  que  vfio  medrando» 
Não  vou  tropel  de  loucos  augmentando. 


(8)  Sãneti»  fui  gfint  in  terrm 
r/uff,  miriJUãvit  emnei  wduntmleê 
meê»  in  ei9. 


(3)  MultifUeatm  êtmt  infirmi^ 
Mes  eêrum,  poêíeú  neceleraoê' 
rwti. 


Seus  sanguioeos  sacriGcios 
Causam**me  horror  e  fastio^; 
Não  presto  os  lábios  meus  a  seus  louvores» 
De  seus  ritos  absurdos  me  desvio: 
É  teu  nome»  ó  meu  Deos»  esse  que  adoro» 
És  tu»  único  Sér»  que  humilde  imploro. 


(4)  Nan  engregabe  ronrentieula 
eorum  de  tnngttinióut^  nee  memor 
ero  númitium  eorum  per  labiã  men. 


Tu  me  pertences»  Senhor» 
Tu  és  meu  supremo  bem; 


(5)  Dúminttf  par»  hmreditãti» 
mea,  et  ealid»  mei;  tu  ff,  qui 
rettittte»  hareditaiem  meam  mihi. 


44 

Tu  me  nutresi  me  assistes,  me  confortas, 
E  me  outorgas  00  bens  que  me  convém : 
És  quem  me  fertilisas  a  esperança, 
És  quem  me  restitues  minha  herança. 


(6)  Fuiêe9  eecideruiít  mihi  in  Fefteís  camoos,  ffescas  aguas, 

praelarii;  etenim  hwreditat  mea  *  ^ 

pracUra  eêi  mihi.  Prados  liudos  O  abundautos, 

SSo  B  feliz  herança  que  me  toca, 

(7)  Benedieam  Dcmimum,  qui   Pela  qual  to  dou  graças  iucessantes. 

tribuit  mihi  irUelUetum,  insuper  *  ^ 

et  uãque  ãd  núcUm  inerepuerunt  Tu  moveste  meu  animo  a  acceitá-Ia, 

me  reneê  mei.  «        i     .        .  i     •      i       t  i 

E  nada  iguala  a  gloria  de  alcançá-la. 


Pelo  nocturno  silencio, 
Nas  horas  mais  tenebrosas, 
A  minha  alma  sem  paz,  atribulada. 
Se  figurava  penas  rigorosas: 
Meditou  sem  cançar,  té  que  chegasse 
O  dia  em  que  o  triumpho  completasse. 

(8)  Provideb^m   IJominum    in  gm  tj    m^u  Deos,  tinha  fitOS. 
eantpeetu  meo  ãêmper,  qvomiam  m 

dextriê  eit  mihi,  ne  eommaveãr.  MOUS  olhoS  Continuamente ; 

E  é  minha  dextra  sempre  compassivo 
Te  encontrava,  aplanando-me  clemente 
O  escabroso  caminho  desta  vida. 
Em  que  levo  a  carreira  despedida. 

• 

(9)  Propier  hoe  íalatum  eit  et  Com  taOS  doOS   Oulsa  COOteute 
mf«m,  et  exultuoit  língua  mem: 

inãttper  et  euro  mea  refweeeet  in  O  COraÇlO  UO  mCU  peitO  ; 

Os  terrores  da  morte  nSo  me  affligeni, 
Sem  susto  á  fouce  alçada  me  sujeito; 
,    A  esperança  em  minha  alma  n&o  fallece, 
Um  doce  somno  a  morte  me  parece. 


ipe. 

I 


CIO)  Queniam  nQn  dereUtifuee  Bem  SOi  qUO  uSo  mO  abandonSS, 


4õ 

Que  á  corrupção  não  me  entregas, 
Qae  o  resurgir  das  trevas  do  sepulchro 
Ao  teu  dilecto  justo  não  denegas: 
Sei  que  insólita  via  me  mostraste. 
Por  onde  a  vida  nova  me  t<»iiaste. 

Teus  raios  animadores, 

Teu  fulgido  rosto  vejo. 
Donde  dimanam  célicas  delicias 
Com  que  se  farta  todo  o  meu  desejo. 
Queres,  roeu  Deos,  que  junto  a  ti  me  sente? 
Assim  serei  feliz  eternamente. 


hi9  itmetum  tuutn  videre  earru- 
ptianem. 


(11)  Noíat  nUhi  feeitti  viat 
vfiflr,  mdimplehU  me  Imtitiã  €um 
9ultu  tuOf  deheiúiioKeê  in  dexte- 
m  inm  uêque  in  faiem. 


PSALMO  7CVI. 


Suppliea  de  Damd. 


o 


OVE,  6* meu  Deos,  o  justo  que  te  invoca: 
Os  meus  votos  attende, 
Presta  ouvidos  ás  vozes  que  singellas 

Minha  bocca  desprende; 
Qoaes  gera  o  coração  puro,  lavado. 
Que  encerro  no  meu  peito  angustiado. 


OraUo  DaTÍd. 


(1)  BxÊtudU  Dmitíne^  JuMUtimn 
memm :  intende  depreeaíiênem 
me&m» 

(S)  Auriku»  pereipe  oratÍ9nem 
meam  nan  in  iMie  dohiia. 


Tu  que  és  justo,  Senhor!  julga  minha  alma; 

Teu  saber  infinito 
Não  carece  de  provas;  manifesta 

Se  tenho  ou  não  delicto: 
Se  como  n'um  crisol  me  não  provaste, 
Se  o  meu  coração  limpo  não  achaste. 


(3)  Devultutítõjudiiífummewn 
pr9de0jtí  êeuli  <iit  vide»U  mpU" 
Mem, 


(4)  Probuiti  cor  meum^  etviei» 
iu9ti  noeie:  igne  me  examinoãti^ 
et  MH  eit  inventa  in  meimquitaB. 


46 

Cançaste-me  de  noite  coro  vigílias, 
Em  chamnias  me  puzeste 

Para  experimentar  meu  soffrímento: 
Mil  pezares  me  deste;* 

E  DO  seio  de  borrivel  tempestade 

Não  encontraste  em  mim  iniquidade. 


(5)  ut  mm  lêquaiur  os  meuM  NBo  se  me  dá  do  mundo,  n3o  m  importam 

ífperã   hãminunn:  prepter  verba  r\     f 

Uhiêrum   tvnm   ego  ewtodin  Qs  dlSCUrSOS  errsdoS 

Que  os  homens  revoltosos  vão  tecendo; 

Teus  decretos  sagrados 
Me  querem  neste  horror :  hei  de  ir-te  ouvindo; 
Nesta  caverna  escura  ir-te-hei  seguindo. 


(6)  Perfiee  groitue  meos  t»  te-   Ah !  dIo  me  desampares/  Deos  benigno! 

miiU  tuit^  ut  nmímeveantur  vei"  —  ^  ,, 

tiyiame:  P^o  sompro  em  mim  teus  olhos; 

Aplana-me  o  caminho  em  que  me  queres, 

Arranca-lhe  os  abrolhos; 
Embota  esses  espinhos  penetrantes, 
RegOt  Senhor,  meus  passos  vacillantes. 

(7)  EgoeUmuni^qwnimnexau-  ToTuo  a  invocar-te,  com  audacia  tomo 

úieti  me,  Deue.  inditui  aurem  »         j.     ._ -*  - 

tuam  mihi,  et  exaudi  verba  mea.  A  pedir-te  COUfôrtO ; 

Sei  que  me  escutas,  que  propicio  observas 

As  anciãs  que  supporto; 
Que  estas  vozes  que  solto  te  enternecem, 
E  dás  allivio  prompto  aos  que  padecem. 

(8)  Mirifie»  mUeritoriiai  tua»,  Haravílhosas  foze  8S  misVicordias 

Alento  nlo  commum  exige  a  lutta: 

A  esperança  do  aiflicto 
És  tu,  em  quanto  vive,  e  quando  morre 
Sei  que  defendes  quem  a  ti  recorre. 


47 


Defende-me  daqaélies  que  resistem 

Á  lei  que  promulgaste. 
Qual  dos  olhos  defendem  as  pupillas 

Os  ?éos  com  que  as  ornaste: 
ímpios  me  vem  seguindo  ardendo  em  fiiría, 
Põe-me  em  seguro  contra  tanta  injuria. 


(9)  Are9iêUHtihu»êextertBtutB 
cuêiúài  me,  ut  fupilimn  «criii. 


Estende  as  tuas  azas  magestosas; 

Na  sombra  protectora 
Recata-me  dos  monstros  que  me  cercam, 

Da  turba  enganadora, 
Qoe  é  surda  ao  dó,  e,  farta  d  opulência. 
Cresce  em  suberba,  em  dolo,  em  prepotência. 


(10)  Sub  vmbra  alarum  tuãrum 
ptêiege  me  ãfaeie  imfiantm,  pti 
me  ê/lixerunt. 

(11)  iuimiei  mei  animam  memn 
tireiaudedenmt,  adipem  tiram  een- 
^Hêerutít,  e$  eemm  leeuhim  ett 
títpcrbiem» 


As  entranhas  de  ferro  encadearam, 
Depois  de  rejeitar-me; 

Disfarçam  as  traiçSes  com  phrases  cultas, 
Pertendendo  enganar-me: 

NSo  levantam  os  olhos,  mas  bem  vejo 

Na  bypocrita  modéstia  o  seu  desejo. 


(12)  PrejieietUee  me  nune  eir' 
eumdeierunt  me,  õeuhs  tiunt  eta- 
iuerunt  deelinare  in  Urram, 


Qual  s'escoDde  na  toca  tenebrosa 

Devorador  leSo, 
Que  ávido  espera  a  presa,  e  se  alvorota 

Com  qualquer  commoção; 
Qoe  se  alga,  ruge  horrivelmente,  e  salta... 
Surge,  ó  Senhor!  acode-me,  e  te  exalta. 

Vem  do  Ceo  soccorrer-me,  evita  o  golpe, 
Suspende  este  combate; 

Arranca-me  das  mãos  desses  perversos, 
Os  bárbaros  abate, 

Cujas  glorias  s&o  vans  e  fraudulentas, 

E  são  do  teu  furor  armas  cruentas. 


(13)  Saeeeperunt  me,  ríatt  lea 
paratuM  ad  pradam,  et  tietU  eo- 
tului  Uoniê  habitoMê  ia  aòditis. 


(14)  Exeurge,  Demine,  prave^ 
ni  eum,  et  ettppianta  eum,  eripe 
animam  meam  ah  Ímpia,  frameam 
tuam  ab  inUnieie  manue  ItMr. 


48 

(15)  Domine,  •  pttwit  ée  ienu  Separa  esses  malvados  dos  teus  justos» 

àivUe  eoê  t«  viíã  eomm,  éê  tàt-  ,,  . , 

condUiê  tuiê  adimpletui  eit  vffi-  DoS  pOUCOS  eSCOltuaoS 


ter  eorum. 


Esses  glutdes»  amigos  da  farturat 

Escravos  dos  sentidos; 
CubiQOSos  d'aUaias  preciosas» 
De  luxo  e  de  delicias  cavilosas. 

(16)  SaiuTãH  iuntfiUiê,  et  tftf-  Fartom-se  embora»  deixem  larga  herança 

Teabam  terras»  thesouros»  quintas»  jóias, 
E  numerosos  gados: 

(17)  Egoautem  injuititia  ap-  Nfto  Ih'  invejo  a  fortuna,  só  cubica 
^IrP::;:^^^  ^Inha  alma  revestir-se  de  justiça. 

Só  pertendo»  meu  Deos»  apresentar-roe 
Com  meu  animo  puro 

Perante  a  tua  face  luminosa» 
Sem  remorsos»  seguro; 

E  só  na  gloria  eterna  satisfeito 

Serei»  quando  te  aviste»  ó  Sér  perfeito  I 


•  ••■ 


49 


PSALMO  XVII. 


Á  nuMca  i  de  Dacid^  de  quem  é  iguálmenie   in  finem  puero  Domini  David, 

«  _  ^  .^2       I < _     .  .  _ 


a  poesia^  que  compoz  o  servo  do  Senhor, 
depois  que  foi  por  Deos  libertado  das  per-- 
seguições  de  Saul,  e  de  êodos  os  seus  ini- 
migos. 


qni  loctilui  est  verba  Cantici 
hnji»  in  die,  qaa  eripuit  illum 
DomÍDus  damaDu  oranium  ioi- 
micorain  ejui,  et  demaouSaul, 
el  dixít : 


H 


BI  de  amar-te^  Senhor!  De  ti  deriva 
A  minha  fortaleza,  és  meu  alento, 

Meu  asylo  seguro; 
Se  Voa  desrallecendo,  me  despertas. 
Se  em  captiveiro  estou,  tu  me  libertas. 

Se  a  yida  me  abandona,  o  frouxo  alento 
Benigno  me  reparas  promptamente ; 

Minha  esperança  animas, 
Proteges-me  o  vigor,  e  me  sustentas 
Quando  lutto  com  rispidas  tormentas. 

Apenas  lanço  a  mSo  âs  cordas  da  harpa 
Para  a  gloria  cantar  de  Deos,  que  invoco, 

Meus  inimigos  fogem. 
Fico  salvo,  triumpho  dos  pezares, 
De  cânticos  alegres  encho  os  ares. 

íâ  da  morte  os  terrores  me  cercaram; 
Contra  mim,  qual  torrente  estrepitosa. 

Da  iniquidade  as  chusmas 
Conturbaram  meu  peito  angustiado, 
Por  dores  iofemaes  atormentado. 

ToM^  VI. 


(1)  Diligtm  U,  Domine,  ftiu 
tudo  mea :  DominutJirmameiUum 
mewn,  et  r^ugium  meum,  et  li- 
berator  meue. 


(«)  Deno  metit,  aéjiUor  meu»^ 
et  eperako  in  eum. 


(3)  Protector  meus,   et  eomu 
solutis  meig,  et  euseeptor  meue. 


(4)  Lmidan»  imoeabo  nomi- 
num,  et  ab  inimieit  meiu  snlvut 
ero. 


(5)  Cireumãederunt  me  dotores 
morti»,  et  torrentes  iniquitêtii 
conturbaverunt  me. 


(S)  DoUretif^femicireumdede' 
runt  me,  praoccupwerwU  me  /•« 
fuei  mor  tis, 

4 


50 

Ia  sem  tino  iocertos  passos  dando, 
Assustavam-me  trevas  espantosas, 
Que^tudo  me  encobriam; 
De  insídias,  de  traições  me  rodeavam, 
E  cabia  nos  laços  que  me  armavam.  • 


(7)  In  tríbuiatione  meainvoen-  Nosta  tríbulaçdo,  por  Doos  clamava; 

vi  Dominum^  et  ad  Deum  meum  •       n     ■  ^ 

eiamavú  Invoquei  0  Senfaor,  e  do  seu  templo 

(8)  Et  exaudtpit  de  templo  tan-  t?       g.  •  i. 

el9  suo  vçeem  meam,  et  clamor  ISSCatOU  mmhaS   VOZes; 

meu9  in  eonspectu  ejus,  introivit  fk -       -^  ^  ^     •  j^ 

in  aureê  ejus,  ^^^  ^^  ^^^  prescnça  OS  meus  gemidos» 

Penetrou  meu  clamor  os  seus  ouvidos* 


(9)  Commota  est,  et  contremttit  EniSo  SC  commoveo  tromula  d  tcrra ; 

terra :  fundamenta  montium  con- 

turbata  tunt,  quoniam  iratus  e$t  Os  moutos,  quo  mugiram,  se  gretaram, 

Abriram-^e  os  abysmos; 
E  Deos,  contra  a  maldade  enfurecido» 
Desceo  com  justa  cólera  incendido. 


(10)  jáseeuditfumuêiniraejus,   Fogo  dcvorador  rompoo  dos  scrras, 

et  igniê  afacle  ejus  exartit :  «ir-  ,  •  j     *^         r  ■  l 

òones  tuccensi  sunt  ab  eo.  Co  a  colera  do  Deos  lumega  O  globo; 

Accesas  brazas  luzem 

(11)  inciinamt  Caioi,  et  des-  Na  sua  face  irada,  os  Ceos  s'inclinaro, 

eendit,  et  caligo  sub  pedibus  ejus,    ^       .  .  ,       . 

Encroertos  co  as  trevas  que  os  dominam. 


(12)  Et  nseendit  super  cheru-  D  alem  dos  Cfaerubins  Deos  mesmo  desce 

bim,  et  volapitf  volavit  super  pen-    -  - 

tias  ventorum,  Soore  as  azas  dos  ventos  mcançaveis ; 

Pelo  estreitado  campo. 
Em  que  tantos  mil  mundos  apresenta. 
Rola  o  caibro  suberbo  em  que  se  senta. 


(13)  Et  púsuit  tenebras  latibw  Pára  aqui,  6  Icvanta  portentoso 

lum  suum:  in  cireuitu  ejus  ta-    -t  «ii^*      j     -  j      •      ^*^ 

bernaeulum  ejus :  tenebrosa  agua    Um  paVllfaSO  de  trOVaS,  Oudc  IgOOtO 

in  nubibus  aeris.  j^^^j^^^  ^^^^^^ 

De  um  fusco  véo  de  sombras  mysterío6as, 
Formado  de  ar  e  d'aguas  tenebrosas. 


i 


51 


Mas  aos  raios  que  solta  furibunda 
Sua  face»  em  furor  toda  abrazada* 

Se  dissipam  aa  nuveos, 
Soltam-se  as  brazas,  a  saraiva  espessa; 
E  a  tempestade  a  trovejar  começa. 


(14)  Pra  fiU§ôri  t»  ctaputu 
^UM  nHòeg  íroHêieríãni,  grimdo, 
€i  emrbúiui  igni9. 


Um  medonho  estampido  nos  Ceos  se  ouve. 
Que  do  Altíssimo  é  yot  ameaçadora; 

Desta  o  estrépito  dobram 
Carvões  accesos  com  que  a  terra  infesta, 
E  a  saraiva  que  salta  e  as  plantas  cresta. 


(15)  £1  intomuit  Í9  Otlo  Do- 
mtttiM,  et  AUi9êmu9  dedil  voeem 
ftiam,  grando,  et  earbaueê  ignii. 


As  mais  agudas,  mais  assoladoras. 
Dispara  as  suas  settas  Deos  irado; 

Vibra  raios  tremendos. 
Turba,  arraza,  dissipa  a  gente  ingrata, 
E  os  Ímpios,  que  castiga,  desbarata. 


(16)  Et  misit  êagiitúM  ffvst,  €t 
diMipamt  eo9^  fulgura  mult^pli- 
#JBl  et  €0nturkamt  eos, 

i 


Fende-se  o  chBo  com  repetidos  golpes. 
Abre  seu  seio  a  terra,  e  quasi  mostra 

As  origens  das  fontes. 
Do  orbe  os  fundamentos  abalados, 
Os  limites  dos  mares  transladados. 


(17)  Et  apfHimerunt  fmtes 
^quorum,  et  rcvelata  iunt/unda- 
meuta  orhÍ9  terrarum. 


Oh  Senhor  I  que  vmganças,  e  que  estragos  I       (13)  ^à  inerepMiêne  tm,  D^- 

«.  .    ,.  ,  «.  .  nUnej  aòinspirãtúme  tpiritu»  irm 

i^a  tua  mdignaçSo  tal  é  o  effeito;  tvm. 

Tal  é  teu  sopro  irado 
Quando  eitermina  criminosas  raças, 
E  accumulas  nos  impios  as  desgraças. 


N  um  mar  d'angustias  triste  eu  naufragava;     (i9)  mísh  de  «immw,  et 
Quando  o  Senhor  dos  Ceos  a  mSo  estende,     muuul '  ■*'"'"'"'  "^ 

E  me  colhe  entre  as  aguas, 
Com  celeste  poder  doma  a  tormenta, 
POe-me  em  seguro,  ampara-me  e  me  alenta. 

Tomo  VI,  4  • 


ofuit 


52 

(£0)  Enpuit  TM  de  inimiàt   Da  víoleocia  de  fortcs  inimigos, 

meiM  fortiêsimit,  et  ab  At>,  y««     «.  j»  ■ 

úderunt  me:  quêniãm  cot^ortati  Do  seu  odio  me  salva,  quando  audazes 

ãunt  euper  me.  w,      »  t  i. 

Já  vioham  assaltar-me; 
Quando  certos  de  sua  fortaleza 
Mais  contavam  vencer  minha  fraqueza. 

(ti)  Prcnenerunt  me  indie  af-  Nos  meus  dias  mais  trístes,  mais  amargos, 

flieiionie  mea,  eífaetui  e$t  Do*  .       »     , 

minue  protector  meu»,  Com  maior  funa  entSo  me  acommetteram; 

Foiy  Senhor!  nesses  dias 
Que  por  meu  Protector  te  declaraste, 
E  de  suas  insidias  me  livraste. 


(2<)  Bt  eduxit  me  in  latitudi-   Dcos  me  tirou  do  aperto  em  que  me  via, 

ne*n:  tahum  mefeeit,  quorUtun  ,  i-i  ^    3 

voiuit  me,  £ile  me  poz  n  um  campo  dilatado ; 

Seu  amor  generoso 
Prompto  me  subtrahío  da  adver^dade, 
E  derrotou  potente  a  iniquidade. 

(t3)  EtretribuetmihiDomime  Sim,  SOU  amor  conhece-mc  a  justiça, 

eecundum  justitiam  meam^  et  se-    „  %  *  1.  »  l 

cundum  puritatem  manuum  mea-   ^«wc  q«e  mmhas  maos  nunca  mancDaram 

rum  retribuet  mihi.  ^^  ^^^^  rOCOmpOnSaS; 

Que  as  acções  criminosas  me  aborrecem, 
Que  amo  e  prefiro  aquelles  que  o  merecem. 

(«4)  Qtiúi  euetodM  via»  Domi-  Que  uo  caminho  incerto  desta  vida 

n»,  nee  impie  ge»»i  a  Deo  meo,  .  1       •  .    1 

Jamais  me  desviei  de  seus  preceitos; 

Nem  commetti  delictos 
Contra  o  meu  Creador  e  leis  sagradas, 
Pela  verdade  e  honra  estipuladas. 


(«5)  QuMfojii  omnia  juãieta  Sem  ccssar  estudei  seus  mandamentos, 

eju»  in  eon»peetu  meo,  et  jueti" 

tia»  eju»  non  repuH  a  me.  Os  SCUS  jUStOS  dictamCS  tive  em  VlSta, 

'  N&o  repelli  seu  jugo;  j 

Seus  eternos  juizos  meditando, 
Pelo  amor  e  temor  me  fui  guiando. 


53 


Sempre  achei  Da  innoceocia  o  meu  recreio» 
Caato  evitei  manchar^me  com  maldades; 

E  alcançarei  meu  premio 
Se  justo  for»  se  livre  d'imposturas 
As  minhas  obras  forem  sempre  puras. 


(86)  Et  ero  immaettUtus  eum 
eoy  et  obiervaòo  me  ãb  iniquitate 
mea, 

(«7)  EtretribuetmihiDeminui. 
aecundum  Justitiam  meam,  et  te 
eundum  jmríUitem  mmnuum  mea- 
rum  iu  eoHspeelu  oeulomm  efir«. 


Com  08  bons  sempre  és  bom»  Senhor  piedoso; 
Nem  recée  algum  mal  quem  mal  não  faça: 

Forga-te  a  ser  severo 
O  peccador,  o  iniquo  te  constrange 
A  esfriar  o  teu  dó»  que  tudo  abrange. 


(S8)  Cum  tanetc  eanetue  erist 
et  €um  viro  innúcente  iwueent 
erie. 

(Í9)  Et  eum  electo  eleetue  erie, 
et  eum  ferverto  perverteris. 


Quantas  vezes  se  vé  que  em  v8o  rastrêa 
Do  potente  a  suberba  co'  as  deidades ! 

Seu  pedestal  derrubas» 
Com  seu  funesto  exicio  o  mundo  espantas» 
E  ao  sólio  algum  pastor  pobre  levantas. 


(30)  Quoniom  tu  populum  hu' 
milem  tuloum  fácies ,  et  óculos 
super borum  hMoniliaòis» 


Quando  pallidas  sombras  me  rodéam» 
Que  nSo  atino  com  vereda  certa, 
Vens  pela  mio  guiar-me; 
O  tenebroso  horror  fere»  illumina 
O  clarSo  dessa  tua  luz  divina. 


(31)  Quonionh  tu  illuminas  lu- 
eemam  memn.  Domine,  Deus 
meuM,  illumina  tenebras  meos. 


Com  teu  soccorro  em  mim  se  dobram  forças»     (3«)  Q^mam  in  te  eripiar  a 

teniolione,  et  in  Deo  meo  trens- 

Das  tentações  o  exercito  destroço;  gredior  murum. 

Aos  triumphos  aspiro» 
Certo  em  Deos»  e  com  elle  vou  seguro 
Derrubar  o  mais  firme  e  rijo  muro. 


Pouco  tem  que  temer  quem  n8o  transvia  (33)  Deus  meus,  impoiiutm  ma 

j.             •  ■        1    Tx                            ■  •  ^i"'»  elofuia  Domini  igne  escami- 

lios  cammhos  de  Deos»  quem  as  leis  cumpre ;  nata,  protector  est  omnium  spe- 

iu*i  j*A       II.                 Là.  rantium  in  se. 

Mil  ditas  lhe  promette 


54 

Com  palavras  em  fogo  examÍDadas, 
Fecundas»  infalliveis,  conGrmadas. 

(34)  Quoniam^viM  Deut  prmter  Outro  Deo8  d9o  existe  alem  do  oosso: 

Daminumí  úutquiM  Deu9  prmter  ■■  *•  i  «ia 

Deítmnostrumf  Quem»  86  d9o  elle,  é  lonte  de  verdade? 

(35)  Deit9 ,    qui  pracinxit  me  DeOS  é  <|Ue  me  CODCede 

virtuie ,   et  potuit  immaculatatn     ^      .  •     •     <•  •  i       • 

viam  meam.  As  mveDCiveis  íorças,  a  TioleDcia 

Com  que  domo  inimiga  resistência. 

(36)  Qui  perfecit  pedes  meos   Foi  quem  deo  a  meus  pés  agilidade 

tanquam  cervorum,  et  êuper  ex-     ^ 

celta  9tãtuens  me.  Para  voucer  OS  cervos  na  carreira. 

Transpor  ligeiro  os  montes, 
E  nos  mais  altos  serros  collocar-me, 
Longe  do  risco  e  salvo,  alli  firmar*me. 

(37)  Qui  dotet  manuM  meoM  ad  Quom  mo  adestrava  as  mfios  para  vibrarem 

pralium,  et  poiuisti ,  ut  arcum      _  #.  .     . 

wreum,  brãchia  mea.  Na  guerra  dura  a  fulmmante  espada ; 

Quem  de  forças  me  armava, 
De  tal  poder  meu  braço  revestia. 
Que  um  arco  brônzeo  aos  olbos  parecia, 

(30)  Et  deditti  mihi  proteetiú.  Que  susto  posso  ter,  86  mo  defendes, 

nem  ualutie  tum^  et  dextera  tua    ^     .  .  ^    _ 

suscepit  me,  Scubor,  quando  me  attacam  ?  Se  me  cobres 

D  escudo  impenetrável? 
Onde  n2o  chega  o  meu  vigor,  sobeja 
No  teu  poder  e  dextra  bemfazeja. 

(39)  Et  diadpiina  tua  carrexit  Qne  amparo  na  osporauça  me  nSo  deste ! 

me  infinem,  etdi»ciplinatuaip9a  , 

mêdoeebit,  Sustem-mo  a  tua  dextra  poderosa; 

Do  teu  desvelo  emprego. 
Constantemente  objecto  afortunado 
Sou  do  teu  paternal  doce  cuidado. 

(io)  Diiatatti  gret$u$  mepê  Se  caminbo,  beuiguo  me  precedes, 


55 


Os  logares  estreitos  me  dilatas. 

Dos  sitios  escabrosos 
Aplanas»  facilitas-me  o  ingresso» 
A  fim  de  me  evitar  qualquer  tropeio. 


mòtut  me,  «i  fMM  êunt  injírmêta 
veMtigiã  mea. 


Â3  armas  pois,  ás  armas»  luttar  quero» 
Destroçar  d'inimigos  o  que  resta» 

Combaté-los  no  campo; 
Por  mais  que  enfurecidos  me  resistam» 
As  costas  não  voltar  em  quanto  existam. 


(41)  Penequar  inimicou  meo»^ 
et  comprehendam  illos ,  et  non 
eenvertar^  dmtee  defieiant. 


Fartarei  de  seu  sangue  a  minha  espada» 
Em  pedaços  farei  seus  membros  todos; 

Dispersos»  abatidos 
A  meus  pés  os  que  audazes  me  insultavam» 
Perderlo  a  arrogância  que  ostentavam. 


(4S)  Cor^ringam  illou^  nee  p0- 
terunt  »twre:  eadent  iubtua  pe- 
deê  me»i. 


De  valor  me  cingiste  para  a  guerra» 
Sobjugaste-me  aquelies  que  teimosos 
Contra  mim  se  insurgiram; 
Ante  mim  por  teu  braço  derrubados, 
De  pejo  estio  cobertos»  e  prostrados. 


(43)  Et  praeinxiãii  me  virivte 
ad  bellumy  et  9vpplantfi9li  iniur- 
gentee  in  me  sublut  me. 


Os  rebeldes»   os  pérfidos  domaste»  (44)  Et  inimicoe  meoe  dedUH 

■p  i_         r  M'  ''uAt  doreum :  et  odienta  me  dis- 

tm  vergonhosa  fuga  se  retiram:  perdidisu. 

Para  longe  expulsaste 
Quem  com  ódio  me  olhava  e  perseguia, 
Qaem  com  traças  cruéis  me  acommettia. 

A  mais  triste  miséria  reduzidos,  (*5)  Clamaverunt,  necetat,  pii 

•j,  .  ealvosfaeeretf  ad  Dominum,  nee 

i^m  vSo,  Senhor»  em  vão  por  ti  clamavam ;   exwdivit  ees. 

Não  lhe  ouviste  os  clamores» 
Não  lhe  deste  uma  ta  boa  que  os  salvasse» 
Nto  lhe  prestaste  mão  que  os  segurasse. 


56 

(46)  Et  eommittuúin  eos,  uí   Desprezaste-ihe  as  preces  maviosas, 

pulverttn  ante  fãciem  veníi^  ^^     rs.  •       *  j*»  i^i»» 

iiUum  píatearum  dcUbo  eot.         Deixaste-os  dissipar  qual  pó  ligeiro 

Que  ante  a  face  dos  ventos 
Vaga,  quando  uns  e  outros  s^enfurecem, 
E  encontrados,  luttando  o  desvanecem. 


(47)  Erípie$  nte  de  eôtUradi'  Humilbaodo  OSSOS  impios,  me  livrasto 

eUombu9  populi;    eoiutituei  me 

in  caput  gentiwn,  Com  podorosa  mdo  do  sous  eurodos ; 

No  throoo  vacillante 
Irado  e  compassivo  então  me  viste, 
£  Chefe  de  Nações  constituiste. 


(48)  PôptauM,  auem  nm  cognth   Povos  dosconhecídos  virdo  dar-mo 

vi,  eerviffit  mihi,  in  audiíu  auríê  «         i      • 

ôbedivit  mihi.  Siguaos  de  submissSo  e  amor  siocero; 

Com  meus  justos  designíos. 
Com  meus  direitos  puros  e  constantes 
Concordarão  as  gentes  mais  distantes. 

(49)  FiUi  ãlieni  mentiU  tunt    EsSOS  filhoS,  OU  SubditOS  porvorSOS 
nUhit  filii  alieni  inveterati  ãunt,  -  j.  i« 

ei  elaudieauermi  a  iemiiie  mis.    QU6  á  fé  mentiram,  OSSOS  mfelizes, 

'  Quaes  exóticas  plantasi 
Para  estranho  terreno  transplantados 
HSo  de  ver-se  de  rega  e  sol  privados. 

(50)  rivii  DmninuM^  et  bene^  Tompo  é  de  gloria,  O  d'esquecer  desastres; 

dictuM  Deue  meue,  et  exaltetur    ••  ,        ^  n     i        ^ 

Deus  Miuti»  mea.  Hjmnos  alogrés  ao  Senhor  teçamos: 

Viva,  viva  o  meu  DeosI 
Da  minha  salvação  o  Auctor  se  exalte» 
A  louvá-lo  e  adorá-lo  ninguém  falte. 


(51)  Deuê,  fui  dai  vindiciãM  Reparador  de  graves  infortúnios, 

mihi,  et  tubdiê  jÊopuloi  eub  me :  . .       .  ^  ■ 

likerater  fneut  de  inimicit  méis  Mc  viogou,  com  ostrago  irroparavel 
'~"*"^"-  D'inimigo8  ferozes; 


57 


Sujeitou-me  contrários  furibundos, 
Libertou-me  de  monstros  iracundos. 


Viva  o  Senhor,  que  extrénuo  me  arrebata 
D'entre  as  iras  dos  fortes  e  teimosos; 

Que  do  pó  me  levanta, 
Faz  luzir  seu  poder  neste  seu  servo, 
AoDuIIa  os  v2os  projectos  do  protervo. 


(52)  Ei  êb  inturgentibuê  ia  tne 
0xàUM»  me,  a  viro  tnif  v«  ert- 
pi€»  m  me. 


Qoe  nobre  assumpto  entrego  ao  meu  Psalterio !     (&3)  PropUrea  cmfutbor  uòí 

.         .  1»  nãtíonibuM^  Domtntj  et  nomini 

Meus  cânticos  Ur8o  de  poio  a  polo,  Im  piotmum  diemm. 

o  nome  sacro-santo 
Do  Senhor  celebrando;  em  verso  altivo 
Se  ouvirá  de  meus  cantos  o  motivo. 


Direi  como  o  pastor  David  ao  thrqoo 
Levantaste,  ó  meu  Deos,  e  o  protegeste; 

E  tanta  misVicordia, 
De  séculos  a  séculos  passando, 
Na  sua  geraçfto  irá  durando. 


(54)  MagnUfietms  talutet  regit 
titiMj  et  faeiene  miserieordiam 
ChritU  uuo  Daoid^  tt  temini 
eJuM  uãçue  in  neculum. 


PSALMO  XVIII. 


ÁS  fáUxoras  e  a  fmuiea  são  de  Datid. 


A 


GLOBIA  do  Senhor  os  Ceos  relatam ; 
Em  pompa  o  firmamento  é  que  annuncia 
Da  mão  divina  as  obras  magestosas, 
Que  assombram  os  viventes. 


In  finem  Psalmun  David. 


(1)  Cali  enãrrant  glorimm  Dei, 
et  opera  manuum  eju$  úmnuntiat 
Jirmamentum, 


O  dia  ao  dia  diz  a  alta  palavra; 
Revela  a  noite  á  noite  a  sapiência 


(9)  Diei  diei  eruetot  verbum^ 
et  nox  nocti  indicat  scientiam. 


58 

Que  dirige  os  prodígios  do  Universo 
Que  o  seu  Auctor  declaram. 

(3)  ^0»  Mtmt  loqueim,  neque  A  lioguBgem  dos  Coos  sempro  é  distincta; 

sermone.,  quorum  nan  audiantur    j^^^  j^^  ^^^^j^^  ^^  barbarO  a  queiD  SCJa 
Toees  eorutn,  *  • 

Ignoto  o  seu  sentido,  a  phrase  obscura, 
E  Deos  nSo  reconheça. 

(4)  In  omnem  terram  exivit  Tocam  as  vozos  OS  coufins  da  terra, 
:r.'  rrU'».*"  ^  ""•  ReMa  o  som  por  toda  a  redoode»; 

Diffunde-se  por  toda  a  mente  humana 
A  convicto  sublime. 

(5)  Tn  S0ie  posuit  taberfuuu.  Dcos  prescroveo  ao  Sol  seu  aposento; 
Ír,3.;''rr^".r"  E  como  juveml  esposo  surge 
r^J^a^::!  I^ZJ^Zo  Do  thalamo,  com  passo  gigantesco 
egre»$io  eju$.  ge  abalança  a  seu  giro. 

(7)  Et  occursut  ejus  usque  ad  Em  torrontes  de  luz  sae  do  Oriente, 

summum  tjui,   nec  e$l^   ^*  '^    ^*  .  i       j 

abscandat  a  eahre  ejui.  Vai  sompro  na  Carreira  accelerado, 

DiíFundindo  o  calor  nos  seres  todos 
Té  sumir-se  no  Occaso. 

(8)  Lex  Domini  immaeuiãtã,   Tal  do  Scuhor  a  lei  immaculada, 

roHvertens  animai,  teitimonium  ^  . 

Domini  fideie,  iapientiam  proa-   Loi  que  converto  as  almas,  Tivinca 
tam  parpu  u.  Suave  as  croaturas,  aos  humildes 

Dá  sempre  inteliigencia. 

(9)  Justitia  Domini  recta  iw  Os  proccitos  do  Doos  contcutam  O  animo, 
&wrSi«=:'Z/.^  Sao  claros,  e  com  luz  6el  dissipam 

Os  erros  tenebrosos,  esclarecem 
A  nossa  fraca  vista. 

(10)  Timor  Domini  sanettu,   Como,  peusaudo  em  Deos,  no  pcito  nasce 


59 


Saoto  temor,  que  eternos  fractos  cria ! 

Gomo  são  rectos»  Deos,  os  teus  juisos 

Se  punes,  ou  consolas! 


permanem  t»  iwaUitm  Mmeuli: 
judicia  DomitU  o«ra,  jutUfieatã 
in  Memetipsê, 


Mais  do  que  ouro  ou  pedras  preciosas 
São  para  desejar  os  teus  preceitos; 
Mais  suave  que  o  favo  e  mei  fragrantes 
Ê  saber  o  que  mandas. 


(11)  Dfiiderabilia    Muper    «u- 
rum,  et  Utpidem  pretioiun  mvl' 
iMJfi,  «I  dulàera  9uper  mel,  et 
fãoum. 


O  teu  servo  fiel  exacto  observa 
O  que  ordenas,  Senhor,  e  a  recompensa 
Mais  bella,  na  observância  é  que  consiste; 
Feliz  o  que  nlo  erra ! 


(18)  Etenim  eertui  tuut  custo- 
dit  ea:  in  cuttedietidis  illis  re- 
tributio  muiia» 


Mas  quem  conhece  ao  certo  seus  delictos?...     (^3)  Oeiícta  quh  inttiiigitf  ab 

eeeuliit  meti  munda  me,   et  ab 

Purifica,  meu  Deos,  tantos  defeitos  aHems  parce  tmw  tua. 

Que  occultos  em  meu  peito  ignoro  eu  mesmo, 
Comtigo  incompativeis. 


Do  contagio  dos  máos  p9e-me  distante. 
De  influencias  perversas  me  defende; 
Se  d  erros  meus  e  alheios  me  lavares, 
Escaparei  sem  mancha. 


(14)  Si  mei  nen  fuerint  domi- 
nati,  tune  immaevlatui  ero,  et 
emundabçr  a  delicio  máximo. 


De  minha  bocca  as  vozes  innoceotes 
Âcceitas  te  serão;  acompanhadas 
Do  que  o  meu  coraçSo  medita  e  sente 
O  meu  Deos  contemplando* 

Ante  o  teu  throoo  envio  os  meus  suspiros: 
Preces  humildes  sSo,  sejam-te  gratas, 
Pois  és  sempre,  Senhor,  o  meu  refugio, 
Redemptor  de  minha  alma. 


(15)  Et  erunt,  ut  complacrant 
eloquia  oríg  mei,  et  medilnlio 
cordiê  mei  in  cowpectu  tuo  sem- 
per. 


(16)  Domine,  adjator  meus,  et 
rtdpnptor  meus» 


60 


PSALMO  XIX. 

In  finem  P^aimui  David.  A  musíca  €  OS  palovras  SOO  de  Damd. 

(1)  Exaudiat  te  i^omioMi  in   >Sm,  6  Rci,  DCSses  dias  dc  amargura, 

menlí^^':  '''''^'^ '' "^   Q"*^^^  «  tribulaçío  chcgar  ao  cume, 

Ouga-te  com  brandura 
O  Senhor  compassivo;  as  penas  dome, 
£  do  Deos  de  Jacob  te  salve  o  nome. 


(«)  Miuattiinauxiiiumdeitfn'  Da  celesto  Sião  oode  resido 

cio:  et  de  Sion  tuealur  te.  ^     .  i       ^  •■•      • 

Queira  mandar-te  auxilio  imperioso, 

Qual  da  sorte  decide; 
Qual  possa  defender-te  nos  perigos, 
Qual  bons  alenta,  e  aterra  os  inimigos. 

(3)  Memer  eit  omnis  taerifieii    BcnigUO  aCCeite  OS  purOS  SacríficioS, 
tui.  et  koheaustum  tuum  vingue      .        «.        <■  ^  ii_     r 

fiai  As  offrendas  e  votos  que  lhe  fazes; 

Penhor  de  beneficios, 
Do  Ceo  solte  essa  chamma  approvadora 
Que  as  pingues  rezes  sobre  o  altar  devora. 

(4)  Tribueu  tiòi  eecundum  cor   Quauto  O  tcu  coraçSo,  PrincipOi  anhcla 

íwttin  ;  et  emne  eomilium  tuum    ^  ,  ^i^jj* 

ronfirmet.  To  couceda  qucm  tudo  pode  dar-te; 

Clara,  propicia  estrella 
Nos  teus  justos  desejos  v6  raiando, 
E  teus  nobres  desígnios  confirmando. 

(5)  Latttbimur  in  iaiutapi  tuo :   Alogros  OS  triumphos  prcparcmos 

et  in  nomine  Dei  noitri  mogmfi'     ^        _       .  .  _.  ^^  ,     .        ^      u^.*-, 

cabimur.  Com  bandeiras,  listões,  clarins,  tambores, 

Victoria  cantaremos. 
Certos  que  com  teus  braços  reforçados 
Quer  o  Senhor  sejamos  resgatados. 


61 


Ouvio-te  o  CeOy  com  votos  fervorosos 
A  divina  piedade  commoveste; 

Signaes  prodigiosos 
Nos  attestam  que  Deos  eDternecido 
Ha  de  sempre  salvar  o  seu  Ungido. 


(6)  Impleêt  Dominus  omnea 
petiii^nes  tuai  :  nunc  eognmn , 
qu&niam  iolvum  feeit  Dominus 
Chriitvm  9uum, 


Do  estellifero  throno  os  olhos  volve, 
Nelle  attenta,  recolhe  seus  suspiros; 

Defendé-lo  resolve, 
Estende  o  braço  omnipotente,  e  pára 
Os  golpes  que  a  malícia  lhe  prepara. 


(7)  EjMudiet  illum  de  calo  ion- 
cio  suo:  in  poUniãiibus  salus 
dextera  ejus. 


Venha  a  caterva  imiga  de  repente, 
Com  exércitos,  carros,  e  cavallos 

O  seu  poder  ostente; 
Contra  tanta  Bducia,  horror,  espanto. 
De  Deos  nos  basta  o  nome  sacro-santo. 


(8)  m  in  eurribus,  ei  hi  in 
equis :  nos  autem  in  nomine  Do- 
mini  Dei  nostri  invoeabimus. 


Já  os  vemos  revoltos  na  poeira, 
Dos  cavallos  e  carros  derrubados; 

Intrépida  Gleira 
Seus  miseráveis  membros  vai  calcando, 
Nosso  vigor  e  gloria  restaurando. 


(9)  Ipsi  obligati  sunt,  et  ceei- 
derunt:  nos  autem  surreximus^ 
et  ereeti  sumuS' 


Salva,  6  meu  Deos !  o  Rei,  salva  este  povo,     (lo)  Domine,  sãivum  fae  Re- 

__,.-,..  ,  gem:  et  exaudi  nos  in  die,  gun 

No  dia  d  hoje  attende  nossas  preces:  inooeweHmus  te. 

Invocamos  de  novo 
Essa  força  divina,  á  qual  pertence 
  gloria  toda  quando  a  humana  vence. 


62 


PSALMO  XX. 


(1)  Domine^  in  viríute  tua  la- 
tabitur  Rex  ^  et  tuper  salutare 
tuum  exultabit  vehementer. 


(2)  Desiderium  eordis  eju$  tri» 
buisti  te,  et  voluntate  Ittbiorum 
eju9  non  fraudatU  eum. 


In  fiDem  p<aimui  David.  A  musica  €  OS  polavras  SOO  de  David. 

VE  atabales  o  estrondo  abala  os  montes. 
Rompem  clarins  harmónicos  os  ares; 
Vencemos,  triumphámos»  o  Rei  volta: 

Revolta  borrivel 

De  gente  ufana, 

Que  o  povo  engana, 

Vem  sopear. 
£  tu.  Senhor,  beneOco,  indulgente. 
Lhe  acodes  com  teu  braço  omnipotente. 

(3)  Quoniam  praiyeniMti  eum  in  As  mSos  alçava,  quando  a  tua  alçaudo 

benedictionibuM    dulcedinit:    j»^     ^         «         «  •  •  «. 

tuisti  in  capite  ejHi  coronam  de  Com  bençio  graciosa  0  preveuisto, 
lapide pretmo.  ^  ^^j^^^  ^„^  ^j,  ^^^^  derramaste: 

Na  frente  augusta 

Lúcida  c'roa 

Brilha,  apregoa 

Quem  a  alcançou; 
Quem  destroçou  caterva  deshumana, 
£  exomou  de  Melcom  a  testa  insana.  (*) 

(4)  yitam  petiit  a  te:  et  fri*  Tu  com  ello,  Senhor,  sempre  assim  foste: 

buisti  ei  longitudinem  d ierum  in  *     *  j» 

êíBeuium,  et  in  toícuium  sacuii.     Longa  Vida  era  quanto  te  peaia, 

£  nSo  só  lh'a  concedes  generoso. 


(•)  Vencidoí  oi  Ammoiiitas,  poi  Divld  na  lua  cabeça  o  diadema  Ur»do  a  McIcob, 
rei  daqaella  naçlo,  que  pesava  um  talento  de  ouro,  e  estava  enriquecido  de  pedrai  precío- 
sai,  como  ae  dis  no  llv.  9.^  doi  Reú,  cap.  IS."*,  veri.  30.^ 


63 

Mas  determinas 

Que  vá  durando, 

E  transplantando 

Eras  sem  fim; 
Que  a  sua  geração  séculos  vença» 
E  prospere,  gozando  gloria  ímmensa* 


Quem  pôde  numerar  os  predicados 

Que  nelle  diffundiste»  que  lhe  prestas» 

Com  que  a  par  dos  Heroes  o  exaltas  tanto? 

Nelle  bemdiltos 

Hio  de  os  vindouros 

Ricos  thesouros 

Sempre  alcançar: 
Se  alguém  soffre  por  elle  acerba  pena, 
Seu  rosto  affiivel  volta,  e  lb'a  serena. 


(5)  Magnm  e$t  gloria  ejui  m 
ialnUH  tuo :  gloriam  et  magnum 
decorem  imponee  etiper  eum. 


(6)  Quoniam  dabis  eum  in  bê- 
neáielionem  in  ioculum  itteuli: 
lalificolri*  eum  in  goudio  eum 
vullu  tuo* 


Em  ti,  Senhor,  o  Rei  poz  a  esperança; 

E  tanto  fia  em  teu  favor  celeste, 

Que  qual  penhasco  erguido  fica  immovel, 

Se  as  ondas  bravas. 

Raio  inOammado, 

Ou  vento  irado 

Lhe  vem  bater: 
Bem  sabe  que  és  benigno  a  quem  te  invoca, 
Que  só  malvado  o  teu  furor  provoca. 


(7)  Quoniam  Rex  operot  in  Do* 
mino^  et  in  mitericordim  Altitti" 
mi  non  eommovebitur. 


Caiam  pois  nessa  m9o  fulminadora 
Os  Ímpios  que  desertam  teus  altares; 
Encontre  quem  te  odéa  as  tuas  iras: 

Dispara  as  settas, 

O  traidor  tema 

Da  mBo  suprema 

Golpe  mortal; 


(8)  Invenfotur  momu  tvn  omni* 
buo  inimicie  tuie:  dcxtera  tua 
inveniãt  omnes,  gui  te  oderunt. 


64 

Em  vÍDgadoras  chaininas  accendído 
Veja»  meu  Deos,  teu  rosto  enrurecido. 

(9)  Pone$eoi,iUeUbãnumignii    luteiTOmpe  SeuS  crímes,  YoWe  06  olhoS, 
in  iempore  vultvê  tui ;   Dmninut     .  'a^     t  v         j 

inira  9Wi  emiurbabit  eo9,  ti  rfe-  A  temhca  1806  abrazadora 

varabit  tot  ignú.  ^.^^  f^^jj^  ^^j^^^^  ^  precipitC: 

Ó  Deo9,  se  irado 

A  voz  levantas, 

Ahl  como  espantas 

O  peccador! 
Sem  tino,  sem  recurso,  conturbado. 
Fica  em  sulphureo  fogo  devorado. 

(10)  Fructum  eorum  de  terra  Tudo  dostroo  do  crime  O  borrido  bafo; 

perdei,  et  temen  eomm  a  JUiiê 

hominum.  Na  terra  sem  cultura  os  fructos  seccam, 

A  descendência  mingua  entre  os  humanos; 
Ao  desamparo, 
NSo  medra  o  nome; 
Tudo  consome 
Olvido  e  dor; 

(11)  Quoniãm  deeiinavervtu  in  Assim  declinam  OSSOS  quo  couspiram, 

te  maU:  eogilaperunt  eonsiiiãy  ^i.«„f«i»:«-»«  «Urw>«  a*:»:».,i» 

çfiff  «o»  petuertmi  etabiiire.        E  phantasticos  planos  erigiram. 

(i«)  Quwiam  poneê  eú$  dor-  Tu  farás,  mou  Soubor,  quo  retrocedam, 
Wf'^w/t»m  www*  **    ^^^^f*^  j;  ge  Ih'  estagnem  perãdas  emprezas: 

Mas  se  alguns  restos  miseros  ãcarem, 
Opprobrio  os  se^ue, 
E  suspirando 
Irio  provando 
Sempre  rigor: 
Tão  infausto  ba  de  ser  seu  desatino, 
Quanto  podes,  Senbor!  sobre  o  destino, 

(13)  Exâitare  Domine  in  vir-   Exalta  a  tua  força  Omnipotente, 


65 


Dissipa  confusSes,  aterra  os  ímpios; 
Caolaremos  alegres  teus  triumphos: 

Da  lyra  aa  cordas 

Já  oa  mio  fremem, 

Nada  já  temem 

D'impio  furor: 
Volve  o  socego,  volve  a  pas  serena. 
Meu  estro  afibuto  os  cânticos  ordena. 


í$Ue  tua :  rantahimuê,  et  piatle- 
muê  virtutet  twu. 


PSALMO  XXL 


Cmtatã  de  David  para  ter  acompanhada      i»  finen  pn  tutcepiiMe  lutaUu 
«001  o  Aieleth  basbachar  (.).  »^'"""  ^•^*''- 


O 


LHA-ME  um  SÓ  momento  coro  piedade,  (l)  Deus,  Deus  meus,  respiee 

-_      _  _  •       j         *    «    »•  '^í    9^*^^  »»*  dereliquistií 

Meu  Deos,  meu  Deos,  porque  me  abandonaste?   longe  a  saiute  mea  verba  deU- 
Do  peccado  o  clamor  de  mim  te  anasta? 
Os  meus  ais  nSo  te  movem? 


Desde  que  nasce  o  dia  por  ti  chamo... 
Não  ouves  I  Em  v8o  rasgo  com  gemidos 
O  tençbroso  véo  que  enlucta  a  terra, 
O  silencio  da  noite. 


(8)  Deus  meus,  elamabo  per 
diem,  et  non  exaudies,  et  nocte^ 
et  nen  ad  insipientiam  miAt. 


(•)  loitrameiíto  maiico  doi  antigos  hebreoi,  aegundo  a  opinilo  de  Maltei.  Ai  duas 
palaTrat  hebraicas  que  o  detígnam  •igniflcam  a  cerva  da  aurora,  o  que  deo  lugar  á  ioterpre« 
tiçlo  de  pro  suseeptiane  matutina^  que  te  acha  na  Vulgata,  e  que  se  nSo  ptfde  entender.  Se 
Algaein  pergunta  a  raiSo  (aocreseenta  o  ditto  sábio)  por  que  a  este  instrumento  se  chamava 
—  a  cerva  da  aurora  — ,  responde-se  que  pela  mesma  por  que  na  Itália  se  chama  a  outros 
instnimentos^^a  violetta  dos  amores,  o  oboé  dos  bosques — e  outros  nomes  semelhantes,  de 
que  nlo  é  ftcil  espllcar  a  origem* 

Tomo  TI.  5 


66 

■ 

(3)  Tu  atitem  Hi  ioneio  habitas  Oh  Gioria  dlsrael !  no  Sanetuario, 

laui  Israel,  rx    i       «•      i         .1  ' . 

ODde  affavel  resides,  acceitavas 
Outr'ora  do  teu  poYO  os  sacrificios, 
Que  bimilde  te  offertava. 


(4)  In  te  spermenmt  patrea  De  que  ríscos  a  uossos  paes  lívraste, 

noitri,  speraverwtt,  et  liberaeti  .  .  - 

eos.  Que  esperafam  em  ti»  e  em  ti  somente! 


LÍTraste-oSy  compensando-lhe  a  esperança, 
Respondendo  a  seus  brados. 


(5)  Ad  te ciamaveruntj  et  êatci  A  ti  clamarami  saWos  foram  logo; 

faeti  sunt:  in  te  eperanerynt,  et  j»  *         *  c 

non  sunt  car^usi.  N&o  10  illudisto  a  toroa  confiaoça 

Com  qde  preces  ardentes  te  enviavam, 
Sempre  sempre  esperando* 

(6)  E90  ãutem  sum  vermu,  et  Ai  de  miffl !  em  que  estado  hoje  me  veio ! 

nen  homo:  approMum  hominumy 

et  abjectio  piebis.  Do  poccado,  qíiB  éstraga  a  terra  inteira, 

A  mascara  sanguínea  desGgura, 
EaivoWe  o  meu  sér  todo. 

Homem  já  nSo  pareço;  transformado 
Em  viva  imagem  do  peccado  mesmo, 
Sou  das  gentes  o  opprobrio,  sou  da  plebe 
Ahro  abjecto  dlnjurias. 

(7)  omnes  videntes  me,  derí-  Quom  terá  coração  para  assim  ¥er--me7 

serunt  me.  locuti  sunt  labiis,  «t    •»  a  • 

múverunt  eaput.  lu^s  quem  mo  vê  som,  murmura,  e  move 

Com  desprezo  a  cabeça,  e  m'interroga 
Com  phrases  insultantes. 

(8)  spermnt  in  Domino,  eripiat   «  Que  osporas  ?  (dizem  rindo)  iuda  nHo  chegam 

fttfii,  saloumfaaat  eum^  quoniam  »     r^     »  ^  «% 

vuu  eum.  Os  soccorros  do  Ceo?  O  teu  Deos  chama; 

Se  quizcr,  ou  se  pôde»  que  te  salve: 
Inútil  esperança ! » 


67 

Ah!  dIo,  meu  Deoi!  Tu  és  o  meu  amparo:     (9)  Qi««iío«  tu  «,  ^■ 
Ta!  do  seio  materno  me  extrahiste,  t^Ztt'T^7"  ' 

Aprendi  desde  o  berço  a  conOar^me 
Nas  tuas  misVicordias* 


í  extra- 
mea  ab 


Apenas  tí  a  luz,  foi  nos  teus  braços  (lo)  ínupr^feeiunumexute- 

Qoe  me  eutregoei  submisso :  e  em  tanta  angustia   ZL^^XZ^^.IZ^^^^^ 
Queres  abandonar-me,  ó  pae  severo, 
Dobrar  o  meu  supplicio? 


Ah!  íAo  me  deixes,  ntol  Já  se  avisinha 
O  terrivel  momento;  atribulada 
Minha  alma  por  ti  clama;  se  me  foges» 
Quem  virá  soccorrer-me? 

Os  inimigos  chegam;  já  me  cercam 
Como  bravos  novilhos,  pingues  touros 
Que  o  ciúme  estimula,  a  raiva  instiga, 
E  com  berros  me  estrugem. 

Iradas  feras,  qualquer  delles  salta» 
Co'  a  fauce  aberta;  qual  leão  faminto 
Que  á  pressa  farta  a  gula  n'um  cordeiro, 
Assim  me  despedaçam» 

Já  desfalleço ;  sinto  deslocados 
Todos  meus  ossos;  funde  como  cera 
Ueu  coração  no  peito  palpitante ; 
Foge-me  a  luz,  a  vida. 

Sécca-se  como  barro  em  fogo  ardente 
Dos  membros  o  vigor,  pega-se  ás  fauces 
A  liogua  entorpecida ;  e  quasi  ignoro 
Se  vivo,  ou  se  sou  cinza. 

Tomo  VI. 


(11)  Qwmímn  iriMaiio  proii, 
•■«  etty  fwnUam  non  ett .  gui 
adjuvei. 


(lí)  CireumdederuHt  me  vituíi 
multi:  Sauri  pingueê  ohtedcrmt 
me. 


(13)  Jperuenmt  ntper  me  oe 
9wtm :  êicut  leo  rapietu,  et  ru- 
giene. 


(14)  Sicut  aqum  effueue  tum: 
et  ditpersa  sunt  omnia  os$a  mea. 

(15)  Faettim  ett  cor  mevm  tam- 
quam  cera  Hquescertê  in  media 
ventris  meu 


(16)  Jtuit  tamptam  tee^a  vir- 
tu»  meuj  et  liugua  mea  adhwiit 
faueibue  méis :    et  in  pulverem 
martiê  deduxieti  me. 


68 

(17)  Qitímiam  cireumdêderunt  Ioda  dIo  se  conleota  a  turba  iosaDa; 

me  cana  nulti:  conciiium  maU"  .•        i    *         *  •  j 

gmntium  obsedit  me.  Quaes  mastiQS  devorantes  me  circuodaiD, 

e^XtZl  .ISr  J^i  Esperando  que  morra,  nie  traspassam 

omnia  ossa  mea.  p^^  ^  ^j^^  ^^  piedade. 

(19)  ipti  vero  eonriieraverunt,   Avidos  de  lucrar  80  contemplar-me, 
«w"S7"/«  Zm/T's7i!'^  Entre  si  repartiram  meus  testidos; 

vettcm  meam  mserunt  iortem.       g  ^   ^^^j^^  incOOStltil  COOCcderam 

A  quem  a  desse  a  sorte. 

(20)  Tu  auiem.  Domine,  ne  Taoto  martjrio,  ó  Deos!  dovo  mover-le; 

elongaverii  auxilium  tuum  ante:  ,  -j*  9 

ad  de/ensiottem  meam  eonspice.        Jb  COmO  aSSim  retaroaS  tCU  SOCCOrrOT 

^-  Não  dilates  o  auxilio;  vibra  o  golpe, 
Acaba  o  meu  tor meuto. 


(21)  Erue  a  framea ,  Deu» ,   Basta ;  desDuda  a  espada ;  se  não  posso 

animam  meam,  et  de  manu  canis  ,  .       . 

unicam  meam.  De  outro  modo  applacar  justiça  eterna, 

Co'  a  morte  me  resgata  destes  monstros^ 
I  Das  garras  destas  feras. 

Cresce  nelles  o  orgulho;  cies  sedentos 
Com  hórridos  latidos  me  atordoam, 
(2«)  Salva  me  ex  ore  leonit,  et  Como  leões  bramindo  mo  ameaçam ; 

a  cornibv»  unicornium  humiliia^  f,  ,  •     .  «     • 

umZ<m.  Salva-me  de  taes  fúrias. 

Minha  alma  consternada  já  nSo  pôde 
Supportar  tanta  afironta,  dores  tantas. 
Salva-me...  basta...  rompe  o  frágil  fia 
Que  a  Tida  me  prolonga. 

(23)  Narrabo  nomen  tuum  fra-    Na  morte  TCnCedor,  a  tua  glofia 
tribui  méis:   in  fiíedio  eeclesim    ^   .^     1    •  j  •       '^^..»^«. 

uudabote.  EntSo  hci  do  narrar  aos  mais  viventes; 

No  concurso  dos  povos  triumphante 
Louvarei  teus  prodigios. 


69 


Vós  que  temeis  a  Deos,  prole  sublimCi 
Progénie  de  Jacob,  (direi  contente) 
Formai  bymoos  que  os  Ceos  e  a  terra  alegrem. 
Glorificai  o  Excelso. 


(24)  Qui  timetit  Dominumt  law 
date  tum:  unhertum  9emen  Ja- 
cob gUrificate  eum. 


Tema  todo  o  Israel  os  seus  jtiizos; 
Reconheça  qae  assim  como  castiga, 
Também  acolhe  supplicas  humildes, 
NSo  desprega  as  dos  pobres. 


(25)  Timeai  eum  omne  sémen 
Jtrútl :  guoníam  non  tprevit,  ne- 
que  despexit  deprecationem  panh 
pcrii. 


Não  desviou  de  mim  a  face  augusta, 
£otemeceo*se  ouvindo  meus  clamores; 
Compassivo  acodio-me  no  perigo. 
Na  mais  acerba  lutta. 


(26)  Nee  avertit  faeiem  niam  a 
me:  et  eum  domarem  ad  eum, 
exaudivit  me* 


Na  grande  aggregaçSo  de  povo  immenso 
Serei  das  tuas  graças  testemunha; 
Completo  o  sacrificio  promettido 
A  redempçSo  se  cumpre. 


(27)  j4pud  te  lau$  mia  in  ee- 
detia  magna :  tota  mea  reddam 
in  cantpeetu  timentium  eum. 


Os  famintos  virdo  sentar-se  á  mesa 
Que  pródigo  lhe  apresto;  satisfeitos 
Co  manjar  que  os  vigora  eternamente, 
EscaparSo  da  morte. 


,  (20)  Edent  pauperet,  et  eatU" 
rabuntur^  et  laudahunt  Domu 
num^  qui  requirunt  eum,  vivent 
Corda  eorum  in  eeeeuíum  iotculi. 


D'ÍDcognito  hemispherio  venham  povos 
Attrahidos  dos  bens  que  distribuo; 
Venham,  venham  dos  términos  da  terra 
Abençoar  teu  nome. 


(29)  Reminiseentur,  et  conrer- 
tentur  ad  Dominum  universi  fi- 
nes  terra. 


Acertem  o  caminho  que  perderam, 
E  aprendam  dos  fieis  suaves  cantos. 
Que  unisonos  repitam  fervorosos. 
Ardendo  em  santo  fogo. 


70. 

(30)  Et  aderãhunt  í»  contpectu   Sim,  já  TCJo  submissos,  rcTerenteSf 

rjui  universa  familút  gentium. 

Na  presença  de  Deos  virem  prostrar-se 
Os  Potentados  bárbaros»  a  terra 
Besaltar  resgatada. 

(31)  Qvoniãm  Damini  ett  rf.  Convem  que  Deos,  a  quem  tudo  pertence, 

onum:  et  iaae  domitiãèitw  gen*    n   •  i.  •  i  i    . 

iium.  Reine  sobre  o  universo,  e  a  luz  celeste 

De  todo  apague  as  ténebras  dos  erros, 
Deos  6  a  Verd((^e  vençam. 

(ss)  Manduemfertmt,  et  ããta-.  GomerSo  com  delícia  O  pâo  coleste 

oeniói  omneê  pingues  terra,  in    /% » ^  ^     i     »  i-j 

amipeetu  eju,  hZnt  ^mnes,  qm    0$  riCOS  O  OpuloutOS  OOnVCrtldos; 

descendunt  <n  terram.  ^^^  ^^^^^j  grandeza  quc  nto  caia 

Perante  um  Deos  tão  grande. 


(33)  Et  anima  mea  iiii  vivets   Ob  vontura!  Em  SOU  seio  eternamente, 

et  êemen  meum  terviet  ipêi,  a    •  i  i  i 

Acima  das  espberas,  das  essências. 
Dias  ditosos,  séculos  de  gloria 

Hei  de  passar  sem  termo. 


(34)  AnnuntiaMur  Domina  ge-  Entretanto  meus  filhos  cá  no  mundo 

neratio  ventura  s  et  anntinciaòímt 

cmii  jvstiiiam  rjue  popuio ,  çui  Â  adorã^lo  e  servi-lo  as  boras  passem, 

nauatur,  qutm/e€it  Damirmê.         a   i  •   •    ^  j*   •      a  ■*&•  j 

*     *^  A  lei  justa,  os  prodígios  transmittindo 

Ás  geraçOes  futuras. 


Gentes  diversas  nos  paizes  vários, 
Illustrados  fieis,  agradecidos, 
Nas  vindouras  idades  manifesta 
A  gloria  de  Deos  façam« 


71 


PSALMO  XXII. 


A  Poesia  é  de  David. 


T 


u  me  guias,  meu  Deosl  De  que  abundância 

Gozo  oeste  (ertii  prado» 
Cheio  de  fructos,  flores,  e  fragrância! 

Tu  me  leras  com  meu  gado 
JuDto  do  freaco  e  plácido  remanso,  . 
E  chego  ao  pátrio  chio  do  meu  deicanço. 


Pfalmiu  Darid. 


(1)  Dominuz  regit  me,  et  nihil 
mihi  deerit:  in  ioeo  patcwg  iki 
me  collocúvit. 


(S )  Sfiper  ãfuam  refeeíionii  edu- 
eavit  me:  animam  meãm  eonvertU. 


L6  uo  sitio  ditoso  onde  domina 
A  justiça,  o  prazer,  a  paz  divina, 

Comtigo  vou  contente: 
Por  grutas,  por  caminhos  tenehrosos. 
Por  entre  Talles,  montes  pavorosos, 
Sossôhro  algum  comtigo  o  peito  sente: 
Quando  da  morte  as  somhras  me  cercarem 

Nem  assim  temerei. 
Pois  sempre  a  par  de  mim  te  encontrarei. 


(3)  Deiuxit  me  super  $emita$ 
juêtitim  propíer  nomen  ftwm. 


(4)  Aoffi,  et  êi  emhulatero  im 
médio  umbrm  mertiê,  non  timebo 
mala :  quaniam  tu  mecum  et. 


Este  cajado  teu,  que  tu  me  deste,  (S)  Firga  tua,  et  baculue  tuuê, 

--  ...  ipta  me  consolata  swU. 

Meus  vacillaotes  passos  assegura; 

Ao  rebanho  meu  procura 

Quantos  bens  me  concedeste. 
Que  opulento  manjar  me  preparaste!  (6)  Parasti  in  eontpeetu  meo 

■  j  r     r  ^  mensam  advertus  coí,  qui  tribu- 

Que  lauta  mesa,  em  frente  a  meus  contrários !    lant  me. 

Gomo  os  seus  projectos  vários 
E  os  meus  perseguidores  affastastel... 


Ungiste-me  de  aromas  preciosos; 
Com  generosa  mfto,  Senhor,  encheste 


(7)  ímpingvasti  in  óleo  eapvt 
meo:  et  ealix  meut  inebrianM 
qvatn  praclarus  esi ! 


72 

A  taça  que  a  meus  lábios  sequiosos 
Com  YÍDbos  aromáticos  puzeste: 

Refaz-me  de  um  novo  alento, 
De  mil  affectos  me  orna  o  pensamento! 


(8)  Et  múericordia  tua  suàse- 
quetur  me  ^mnibus  diebuê  vitte 
mete. 


Ah  meu  Deos!  quanto  piedoso 
Foste  comigo  até'gora ! 
Té  minha  ultima  hora 
Nlo  cances  de  me  amparar. 


(9)  Ut  inhnbitem  t»  domo  Do- 
mini  in  longiludinem  diewum. 


Ao  magno  templo  que  habitas 
Vai  meus  passos  conduzindo, 
Vai-me  as  portas  d  ouro  abrindo» 
Para  alli  semiH^e  habitar. 


PSALMO  XXIII. 


P$almu9  Dmoid  primm  êãbÒMti,  (•) 


(1)  Domini  eit  terra^  et  ptent^ 
tudo  ejutf  orbiê  terrarum^  Wt«ni- 
vorti,  gui  hobitoni  in  eo. 


De  Damd. 


o 


MUNDO  é  do  Senhor,  a  Deos  pertence 
A  plenidão  das  cousas  existentes; 
Os  seres  brutos,  yegetaes,  viventes 

Que  povoam  o  globo, 
Tudo  do  nada  ao  sêr  passou  de  um  jacto 


(•)  Du  Pin^  Boiãueti  e  outroi  dontof  sSo  de  opinãío  que  este  psalmo  fon  eicrtpto 
por  David  quando  a  arca  foi  transportada  da  cata  de  Obededomo  para  o  tabernáculo  de 
Sião.  A  plirase  de  primo  eebbati  foi  um  accrescentamento  feito  em  séculos  pouco  fetiies,  já 
na  decadência  do  idioma  hebraico,  pois  se  nilo  acha  no  original  Hebreo,  nem  tfto  pouco  os 
antigos  homens  deita  naçSo  numeravam  os  dias  da  semana  com  o  prima  tebbati^  secuniê 
sflM«li>  etc* ,  como  sabiamente  sustenta  MartoreUi  de  Theca  Calamaria,  t.  8.  p.  317,  318. 

(Obtervoçâo  de  Mottei.) 


73 

A  voz  de  DeOS:    dictOU  com  SUminO  império       (<)  Qw^  *p»e  9vper  marta /un- 
\      _  .  .         1    .  ^^*^  **"*  •  *'  tnper  ftúminú  prm' 

As  leis  que  o  mar,  os  nos  abaixaram»  panvu  eum, 

E  a  terra  acima  delles  exaltaram. 


Ah!  como  pasma  o  espirito,  observando 
Poder  tio  grande»  tantas  maravilhas! 
Quem  seguro  ousará  pousar  no  monte 

Onde  em  sagrado  templo 

O  Creador  reside? 
Quem  haverá  que  sem  temor  o  veja» 
E  em  tSo  sacra  presença  affouto  esteja? 


(3)  Qui9  aseendet  in  montem 
Domim  f  ayt  çuis  staòit  in  loca 
OÊkcta  rjuê  f 


Parece-me  escutar  a  voz  divina» 
E  Deos  que  diz:  «Só  puros,  só  clementes 
Neste  augusto  lugar  benigno  acolho: 
Só  quem  nSo  desprezou  os  meus  auxilies 
Comigo  terá  parte;  o  que  sem  mancha 
Trouxer  um  coraç&o  de  dolo  isento; 
O  que  mais  do  que  a  morte 
Temer  fraudar  a  língua  com  mentiras» 
Ganhar  credito  á  forca  d'impostura» 
E  trattar  os  amigos  sem  lizura. » 

Aquelle  que  abrazado  em  vivo  fogo» 
Ardendo  em  santo  amor»  humilde  e  puro» 
Offertar  reverente  a  Deos  louvores» 
Esse  é  que  ha  de  obter  bençAos  generosas 

Ditoso»  resgatado 
Entrará  nas  magnificas  moradas 

Que  o  Salvador  habita ; 
Sitio  vedado  aos  máos»  aos  delinquentes» 
£  preparado  só  para  inoocentes. 


(4)  Inno€en$  manibuêf  et  mun- 
ia  eorée,  qui  nan  aeeepit  in  vana 
animam  auam,  noejuraait  inéaêa 
fraxima  tua. 


(5)  Hie  aeeipiet  benetlietionem 
«  Domino  ^  et  miterieordiam  a 
Deo  êaluiari  sua. 


Estes  SSO  quem  Deos  quer,  são  os  que  buscam      (6)  Hac  at  generalio  quaren- 


74 

iium  eum ,  quareniium  foeiem   Ver  à»  Deos  de  Jacob  a  face  amavel  : 

Os  que  da  vida  os  ásperos  caminhos 
SaWaiD  firmes,  guiados  por  virtudes; 
Outeiros  escarpados, 
Abysmoa  insondáveis 
Vencera,  correndo  após  o  bem  sapremo, 
E  á  meta  vio  chegar  no  dia  extremo. 

J6  vem  fúlgida  a  Aurora,  já  se  avistam 
Do  sacro  templo  os  capiteis,  as  portas. 

(7)  JUeWte  portai,  prineipei,   Abrl-viM,  portss  etomaes,  abri-vos! 

veitrat,  et  elevaminiy  porta  ater"  i     ■»   •    i        i     •  » 

naiet,  et  introibit  Rex  gloria.      Entrem  c  O  Rei  da  gloria  OS  vcoccdores. 

(8)  Qiiit  o9t  iête  Rex  gloriai   Qual  Rei  da  gloria  é  eêief  —  O  Portentoso» 

DommuM  foriity  et  potenoy  Do*  /\  u^j         *       j  j 

mMttf  poioM  in  praUú.  ^  Keaemptor  do  mundo ; 

O  Senhor  que  é  forlissimo  na  guerra. 
Que  a  morte  vence,  e  toda  a  força  aterra. 

(9)  AttoiHte  portãt,  prineipr»,  Aureos  quicios,  dospreodei-vos, 

vestraSj  et  elevamini,  porta  ater*  **  •  i.   • 

naieê,  et  introibit  ãex  gloria.  Portss  immortaes,  abn-vos; 

Da  morte  os  tristes  captivos 
Veio  remir  vosso  Rei. 


(10)  QuiseêlUte  Rex  gloria  t  Os  SOUS  prodlglOS  O  altestam, 

DomiHUM  virtulem  ipte  eit  Rex  ... 

gloria.  Abri- VOS,  é  elle,  o  forte. 

Que  domina  a  vida,  a  morte, 
Que  triumpha  por  a  lei. 


75 


PSALMO  XXIV. 


Psalmo  de  David.  («) 


A 


TI,  meu  Deos»  a  ti  sómeDte  aspiro ; 
Minha  alma  a  ti  s'eleTa  enternecida: 

Minha  paz»  minha  vida 
Do  tea  poder  depende»  em  ti  descanto; 
Aos  teus  altares  corro,  sem  receio 

Que  me  falte  o  soccorro 
Qoe  sempre  dás  a  quem  de  ti  confia; 
Sem  pejo  por  ti  brado  noite  e  dia. 


In  aflem  Pialmui  Darid. 


{!)  Jíã  te.  Domine,  levãvi  ani^ 
mam  meam:  Deu»  metit,  in  te 
eonfido^  non  eruòeêemm» 


Se  zombarem  os  mãos  de  meus  clamores, 
Cobrirlo  de  yergonha  as  Ímpias  faces. 
Vendo  que  amparas  quem  fiel  te  busca; 
Que  fulminas,  confundes  os  perversos 
Que  dos  caminhos  rectos  se  extraviam, 
Os  cruéis  que  perseguem  a  innocencia. 

Ah  Senhor!  por  piedade 
Coosarva-me  ds  meus  olhos  sempre  abertos 
Para  atinar  cb'  a  estrada  dos  acertos. 


(t)  AVfve  irriãemit  me  inimiei 
mei :  etenim  univerti,  qui  susti* 
netU  te%  nen  eúttfuiulentur. 


(3 )  Cm^fundanlur  omnee  inifuo 
agente*  supervaeue. 


(4)  f7af  tuãê,  Domine,  i/e- 
monttra  mihij  et  temitag  ItMt. 
edoee  me. 


Decora-me  os  dictames  da  lei  santa 
Que  deste  aos  homens,  como  escudo  forte: 
A  cumprir  teus  preceitos 
Forca-me  quando  afrouxo; 


(5)  Dirige  me  in  verítate  tvu, 
et  doce  me:  quia  tu  e$  Deus, 
talvatêr  meus,  et  te  euêtinui  lota 
die> 


(•)  Eite  é  o  primeiro  potlmo  acroêtico,  dos  quaei  todoí  os  veraiculos  começim  por 
ama  lettra  do  alphabeto  liebraico,  coniervando-ie  a  ordem  dai  lettras  em  Ioda  acompoiiçlo. 
No  Ptalterio  achamos  aeUe  ]«aliiios  eicriptos  con  tal  artificio,  •  sSo  o  £4,  33,  35,  110, 
111,  118,  e  145  ;  alem  dos  TreDoa  ou  Lamsntaçòes  de  Jeremias.  Este  <4.*  é  elej^anlissimo, 
e  ieate*se  por  todo  elle  nma  teroura  semelhante  á  das  elegias  de  Tibullo. 

(Observação  de  Maitei,) 


76 

Refocilla-me  quando  desfalleço; 
Fixa  meu  vagabundo  pensamento 
Nos  thesouros  celestes  que  appeteço: 
Dá-me  o  Tructo  ditoso  da  esperança. 
Premio  que  o  justo,  se  trabalha,  alcança. 

Pois  que  em  ti  sempre  esperei, 
Que  és  meu  Deos,  meu  Salvador, 
Manifesta  o  teu  amor, 
N9o  me  deixes  perecer. 

(6)  Remimtcerg  ntíserationum  Lombre-te  quaota  piedade 

ft/crum,  Domine^    et  miterícâr-  __  , 

diurum  ivarum ,   qvm  a  iwatlo  U Saste  C  OS  nOSSOS  paeS ; 

NSo  queiras  recordar  mais 
O  que  te  poude  offenden 

(7)  Delicia jttventuHt  mea,  et  Ai  de  mim!  Gom  que  magoa  ioda  pecordo 

ignorantiãi  meat  ne  meminerii.     ^  .  •   ■   ««•  i      • 

Os  erros  juvenis!  Mmba  ignorância 

(8)  seeunium    miieriecrdUm  As  transgressões  dcsculpo;  applaquc  as  iras 

luam  memento  mei  tu  prõpter  ^0» 

nitatem  tuam.  Domine.  QuO  prOVOCOU  SOm  tmO  O  mOU  peccado, 

E  troque  em  misericórdia  o  teu  enfado. 

(9)  Dnleie,  etreetuM  Dominu»:    Ês  tSo  reCto,  Senbor,  COmO  piodoSO; 
propter    hoe  legem  dohit  ielin-      .  ...  .     ■        i 

quttuikuê  in  via.  Ao  mosmo  deunqueule  luz  deparas 

Gom  que  âtraz  volte,  e  acerte  co'  a  vereda 
Que  reconduz  ao  já  perdido  ponto: 

(10)  Diriget  mamuetoi  injw   Ao  mauso  dás  a  mSo,  ao  fraco  alentos; 

dicio :  docebit  mitet  viaê  iuas,        ^  j       i^        «t  i 

Se  o  peccador  humilde  a  ti  recorre. 
Se  ao  teu  jugo  submette 
Coolricto  o  coUo  indócil, 

Previdente  lhe  acodes,  não  desmaia,. 

O  teu  auxílio  impede  que  descaia. 

(11)  UniverãeB  via  Domini  má-  QuSo  felizos  s8o  essos  que  ostudando 

êericordia,  et  veritoê  requirenti'    „  *        i   •  *  /•  i 

buê  teêtamentitm  ejut,  et  toiti-  Sempre  tua  Ici  saucta,  a  seguem  Grmes! 
'^'"  '•'*"•  Misericórdia  e  verdade 


77 

É  quanto  encerra :  se  as  paixões  cohibe. 
Premio  adoça  o  rigor  dos  sacriGcios; 

Magnificas  promessas 
Cumprem-se  ã  risca ;  e  é  sempre  afortunado 
Quem  traz  no  coração,  nos  pensamentos 
Gravados  teus  sagrados  mandamentos. 


maiiftM»  etl  mm. 


Quantos  descuidos  meus,  que  deslembranças     (<<)  JPro^^  iMmefi  twm,  D#- 
He  apartaram  da  lei  por  tanto  tempo  I 

Que  iliusoes  desgraçadas 
Me  fingiram  na  terra  o  bem  supremo !..« 
Perdoa->me,  Senhor  1  N9o  s2lo  pequenos, 

Ê  certo,  os  meus  peccados: 
Grande  foi  de  meus  erros  a  demência ; 
Mas  quanto  maior  é  tua  clemência  I 


Quem  será  esse  humano  que  medite 
Profundamente  a  lei,  e  que  a  lei  cumpra? 

Que,  justo,  o  Senhor  tema? 
Venturoso!  Achará  em  qualquer  sorte 
Luz  que  sempre  o  dirija,  que  lhe  aponte 
Eotre  funestos  lances  como  acerte 

Na  escolha  mais  difficil: 
Nem  trabalhos,  nem  dias  prolongados 

O  prirarSo  da  herança 
Qoc  o  Senhor  lhe  destina,  grandiosa, 
À  qual  transmitta  a  prole  numerosa. 


(13)  Qttit  ett  hêmê,  fui  tlmet 
Dúminumt  legem  êUduit  ei  in 
v<a,  fumm  elegit  í 


(14)  Aninm  ejui  in  bonit  dc" 
mêraMur :  et  wemen  ejuw  htgrt' 
ditaHt  terrmm. 


Quem  teme  a  Deos  n8o  vacilla, 
Funda-se  em  base  segura ; 
Dos  mysterios  a  luz  pura 
Deos  lhe  vem  communicar. 

Eu,  que  meus  pés  trago  em  laços, 
Ponho  os  olhos  com  temor 


(15)  Firmmnenium  ewt  Domi- 
nwt  iimemti^ê  eum :  ei  teêlãmtn^ 
tum  ipiiuê^  ul  num(fettetur  tllie. 


(16)  Oculi  mei  temper  ãã  D»- 
mánum :  qu»nium  ip»e  tvelíet  de 
líifueç  p9dei  meo$. 


78 


(17)  Retpite  in  me,  et  miêere- 
re  mei :  guia  unicuí,  et  pauper 
tum  ego. 

(18)  Tribulatiúnet  cordiê  mei 
mvtliplieata  $vnt :  de  neceteita^ 
tibuê  mtii  erue  me. 


(19)  Fide  humilitatem  memit, 
et  tabwem  meum,  et  dinUtte  uni-' 
verta  delicia  mea» 


(£0)  Reepiee  inimieoi  meôs, 
qpOHiam  mnltipUcati  euntj  et  ódio 
iniqvo  odemnt  me, 

(81)  Custodi  animam  meam,  et 
erue  me:  non  embeteam,  giso- 
niam  eperaH  in  te. 


Sempre  Bios  no  Senhor ^ 
Qae  me  ha  de  vir  libertar^ 

Olha  para  mim»  meu  Deos!  Piedade! 
Vè  que  estou  pobre^  s6^  desconsolado; 

Em  meu  animo  afflicto 
Cresce  a  tribulação;  acode,  acode» 

Repara  tantos  damnos: 
Vé  com  que  submissão  acòeito  as  penas» 

Como  soffro  as  angustias» 
Cercado  d*inimigos  e  cuidados: 
Perdoa-^me,  Senhor»  os  meus  peccados. 

Dos  meus  inimigos  pérfidos 
ftefréa»  meu  Deos»  a  cólera; 
Os  que  me  insultam  cercam-me» 
£  me  querem  devorar. 
A  turba  iniqua 
Vai«se  augroentando: 
Ahl  quando»  quando 
He  vens  salvar  I 


(ti)  Tnnúcenieê,  et  recti  adhm- 
serunt  mihi,  guia  Butlinui  le. 


(«3)  Libera^  Deut^  Jtrael  ex 
omnibu9  tribulãtionibut  tuis. 


NSo  sou  eu  só  que  te  invoco; 
Os  rectos»  os  innocentes 
Suas  supplicas  ardentes 
Vem  com  meus  votos  unir« 
D'Israel  alegra  o  povo» 
Inspira-nos  doce  canto; 
Já  basta  de  dor  e  pranto» 
Basta  já  tanto  sentir.          ^ 


79 


PSALMO  XXV. 


Psalmo  de  Datid.  (*) 


D 


EFENDE-MB|  6  meu  Deos!  pois  me  conheces: 
Gondemoa-^me  se  errei;  mos  tu  bem  sabes 

Que  sempre  da  ionocencia 
Cauteloso  segui  o  norma  bella; 
Que  em  ti,  sem  vacillar,  sempre  esperava» 
Mesmo  quando  o  conforto  me  tirdava. 


ta  ánem  Ptalmoa  Datid« 


(1)  Judiea  me,  Domine,  quõ^ 
niam  ego  in  innoeeníia  mrã  in" 
gresavt  mm :  et  ín  Domino  tpo* 
rmna  nom  injirmabor. 


Sonda  meu  coração,  prora  minha  alma; 
Accende  fogo,  n'um  crisol  apura 
As  minhas  acções  todas: 
Achas  em  mim  residuo  de  maldade? 
Esqueci  tua  lei,  fui  descuidado? 
Soo,  OQ  n8o  soU|  meu  Deos»  puro»  ou  culpado  ? 


(f )  proba  me.  Domino,  et  ten- 
ta me:  ure  renea  meoa,  et  cor 
meum. 


Réo  não  sou;  antes  sempre  tive  em  vista 
Teus  dictames  sagrados  e  promessas; 

Fíei*me  na  piedade 
Com  que  ao  misero  amparas  e  confortasi 
Com  que  escutas  as  vozes  do  teu  povo; 
£  com  isso  cobrava  alento  novo. 


(3)  Quoniam  miaerieordia  tua 
ante  oeuloa  meoa  eat,  et  compUh 
etU  in  oeritaie  tua. 


Jámab  me  quiz  sentar  entre  os  perversos; 
Detesto  dos  idolatras  os  ritos ; 
D'bjpocritas  as  fraudes 


(4)  Non  $eii  eum  concilie  vani" 
iatia :  et  eum  iníqua  gerentibua 
non  introiòo» 


(•)    Neste  pMlmo  ploU-ie  um  Letita  prUioneiro  em  Babjlonía,  que  leguro  Ua  lua 
WDOceMia  denfoga  com  Deei,  e  Uie  pede  que  o  faça  Ter  outra  Tei  a  bella  Jermalen. 


80 

Meu.  peito»  isento  de^dobréz»  nSo  soffre; 
De  falso»  numes  o  profano  cuito 
Odéo»  e  me  parece  hórrido  insulto. 


(5)  Odivi  eceUiiam  malignan*    O  faUStO  doS  VaidoSOS  abominO, 

tium :  et  cum  imptit  tion  aedebo» 

A  par  d'iropios  nSo  quero  ter  assento: 

(6)  Lavabo  inter  innúeenteê  ma-  PermlttO  GUe  aisum  dia 
nu9  meat,  et  circumdaòo  oltãrM  .  . 

itiMi»,  Domine.  Minhas  mSos  purifique  entre  inoocentes; 

Junto  aos  altares,  grato  a  beneficioSt 
Compungido  te  offerte  sacrificios. 


(7)  zit  audiam  voeem  iêudi$^   Extatico  ouvirei  OS  córos  saotos» 

et  enarrem   univeraa   mirabilim     .      .  ,      .  ■     •  . 

iua.  As  harpas,  os  psalterios»  os  psalmistas. 

Que  com  hymnos  sublimes 
Te  celebram,  Senhor,  te  glorificam. 
Outr'ora  os  teus  altares  circundava. 
Com  teus  Levitas  cantos  alternava. 

(8)  Domine,  diUxi  deeonem  do-   Com  quo  affectos  minha  alma  enternecida 

muê  ttnB,   et  lo€um  habitnlioniê     .  j  .  j     «       a         i    i 

ghriee  tum.  Adorava  O  decoro  do  teu  templo ! 

Nesse  lugar  ditoso, 
Divina  habitaçSo  da  tua  gloria. 
As  tuas  maravilhas  se  narravam. 
Ternos,  devotos  todos  escutavam. 

(9)  Ne  perdaa  cum   impiiê.   Quebra  O  grilhão  que  pésa  inda  em  meus  braços ; 

Deva,  animam  meam.  et  eum  vi-    r\  •   u        i  «  i     j  . 

ris  êonguitaim  vitam  meam.         v^o  so  perca  mmba  alma  entre  malvados, 

Meu  Senhor,  u3o  consintas! 

Fai-me  horror  o  tamulto  em  que  anda  o  mundo ; 

Temo  acabar  com  gente  sanguinária. 
Mais  paz  á  minha  vida  é  necessária. 

(10)  In  quorum  manibui  ini-    Affasta  do  meUS  olhoS  laCfimOSOS 

^uitãtta  sunt^  dextetã  eorum  rC'     .  i    it  •  «i* 

pieta  e$t  muneribut.  As  rebeldes  paixfies  que  a  terra  aDligem; 


81 

Os  medonhos  espectros 
Sa  Aodacía,  da  ambiçUOt  da  perGdía ; 
Essas  mSos  que  em  maldades  occupadas 
ÂDdam  de  veoaes  prémios  carregadas. 

De  torbilhfto  t5o  bárbaro  escapando,  (*i)  ^90  mutem  in  iumeentu 

mea  ingreatut  tum :  redime  mty 

Mantife  o  coraçUo  sempre  inoocente»  ei  miterere  meu 

DociK  submisso  á  lei 
Que  insculpida  em  meu  peito  me  alentava» 
Sem  maochar-me  jamais  funesto  exemplo: 
Toma-mei  ó  meu  Senhor,  toma-me  ao  templo  I 

Tem  piedade  de  mim,  vem  resgatar-me. 

Se  .torno  a  ver  teu  templo  magestoso,  (it)  Pti  meu$  9tetit  im  dite* 

m«       fv  j  1*  •  ^0'   in  eeH$9Íi9  benediCÊm  le, 

Meu  Deos,  com  que  delicia  u^mine. 

Repetirei  çieus  cânticos  antigos!  v 

E  em  teu  louvor,  ao  som  dos  instrumentos, 
ResaltarSo  meus  igneos  pensamentos  I 


Tono  Vi. 


82 


PSALMO  XXVI 


Pfalmi»  Davidf  antequam 
liniretur. 


(I)  Dominut  illuminatio  mea^ 
ti  talus  wea,  quem  timfbo  f 


O  Psalmo  foi  composto  por  David  antes 
de  ser  sagrado  Rei.  (•) 

íls  minha  luz,  meu  Senhor! 
Minha  salfocSo;  que  temo?... 


(2)  DomiwttprútecíorvUameay    Proteges  a  mmha  Vida, 

h  mio  trepidabof  ^  .,,  ^ 

Para  que  vacilio  c  gemo?... 


(3)  Dum  upfrcpiant  mper  me  Quando,  para  devofarem 

Mmha  carne,  eniurecidos 
Os  máos  para  mim  se  chegam, 
Deos  confunde  os  atrevidos. 


(4.)  Qui  iribuUtnt  me  inimici   Os  mcsmos  que  me  atribulam, 

r.iri*  ipãi  infirmati  sttni,  et  ceei-  .... 

drmnt.  Os  meus  cruéis  mimigos, 

Decaem,  perdem  as  forças, 
E  fazem  seus  meus  perigos. 

(5)  Si  ean9i9iant  advertum  me     Ah !  SO  COUtra  mim  vicSSe 
ctittra,  nom  timebit  cor  tnevm. 

Um  exercito  formado, 
Nem  assim  mesmo  temera 
Meu  coraçllo  vigorado. 


(•)  MaUei  acredita  que  esle  ptalmo  foi  coiupoi»to  na  cova  de  Odolta,  na  qoii 
David  le  achava  refugiado,  e  onde  o  procuraram  teu  pae,  tua  mfte,  e  todos  os  seus  (I.  doi 
Jieit,  e.  t%.)  :  mas  elle  po»  seguranfa  foi  obrigado  a  deixá-los  em  Masfa  debaixo  da  pro- 
tecção dos  Moabítas,  inimigos  enlâo  do  povo  de  Israel  e  de  Judá,  e  voltar  sd  para  OdoIIt, 
donde  ao  depois  partio.por  insinuaç&o  do  propheta  Oad,  que  lhe  aconselhou  que  fosse  par» 
Judá.  Como  nesta  occasião  alguém  pretendesse  dittuadi-lo  de  faier  tal  movimento,  elle  res- 
pondeo  com  este  psalmo,  cii)o  versículo  16,  que  diz :  Ovoni^m  pater  mens  et  mater  me» 
derelrçnerunt  me  —  parece  ccnfiruar  a  opÍDÍ2o  de  Mattei« 


Sc  contra  mim  se  insurgisse 
De  repente  toda  a  terra. 
Pondo  em  ti  minha  esperança 
Não  receava  essa  guerra. 


83 


(6)  5í  exsttrgat  advertum   me 
prmlium^  in  hoc  ego  êperabo. 


Uma  só  delicia  anbeio» 
Meus  desejos  nesta  emprego: 
Quizera  passar  meui;  dias 
No  Sanctuario,  em  socego. 


(7)  Vnam  petii  a  Vomino,  hanc 
requtram,  vt  inhnbitem  in  domo 
Domini  omnibus  diebus  vitanua. 


Quero  em  teá  sagrado  templo 
Gozar  de  ti  meditando; 
Qoçro  que  puras  verdades 
He  vâo  para  ti  chegando. 

Tu  já  no  teu  tabernac'lo 
Nos  roâos  dias  me  escondeste, 
E  contra  forças  iniquss 
Benigno  me  protegeste. 


(H)  Ut  ridemm  roluplalem  Do' 
mini,  ei  visitem  iemplum  ejus. 


(9)  Quúniam  abgconiit  me  in 
íobemnettlo  tvo:  in  die  melonnn 
protexH  me  m  abêcondiio  taber^ 
mucídi  sni. 


Sobre  pedestal  pomposo 
Oatr  ora  me  collocaste,    - 
E  acima  de  meus  contrários 
A  frente  me  levantaste. 


(10)  Tn  pelm  erallavit  me,  et 
nune  exnltuvit  copnt  meum  super 
inimieot  meot. 


Se  de  novo  me  resgatas 
Seohor»  irei  sem  demora 
Com  solemnes  sacrifícios 
Preceder  no  templo  a  aurora» 


(II)  CiròHvi,  et  immolati  in 
UbemaetUo  ejus  hottiani  rori/e* 
rãttonit:  eantabú,  et  ptalnum 
dieom  Domino. 


Ao  som  de  clarins  e  trompas 
Te  cercarei  de  meus  hymnos. 
Rogando  aos  Anjos  que  os  unam 
Com  seus  concertos  divinos» 

Tomo  VI. 


6 


84 

(12)  Eravái  Domine  vocem   Ouve,  Senhor»  Riinlias  vozes; 

mcam^  ova  clamani  ad  te  :  mUe-  , 

rere  mei,  et  cxnudi  me.  ClamO  pOF  li,  C  CSte  gfllo 

Tua  misericórdia  altraia; 
Acode,  que  o  necessito. 


(13)  Tihi  dixit  cor  meum,  ex-   Meu  coraçfio  te  procuro, 

quhimt    te  faciès   mea:  faciem  . 

tttam.  Domine,  requiram.  Examina  Se  C  SlDCerO; 

Busco  tua  face,  busco 
Só  a  ti,  a  ti  só  quero. 


(14)   Ne  averlãs  faciem  ttmm    ^Jq  Iq  affastes,  nSo  deSVieS 
a  me :  ne  declines  in  ira  a  seno  ,  ii  •   j 

Uio.  De  mim  teus  olbos  piedosos; 

Meu  cálido  pranto  acolhe, 
E  os  meus  votos  fervoroso». 


(15)  Àdjutor  meus  esto :  ne  de-    g^  rcfugio  do  tOU  SOrvO, 
relinguas    me  ,    neque    despidas  o     l      i 

me.  Deus  saiutaris  mtíts.  Ndo  mo  abandoncs,  aentior! 

Nao  me  desprezes,  recorda 
Que  és  meu  Deos,  meu  Salvador. 


(16)  Quêniam  pater  meus,  et   Em  lastimosa  orphandade 

nuitrr    mea    dcreliquerunt    me:      .        ,  c'       • 

Dominus  atitem  assumpsit  me.      Ao  desamparo  iiquei ; 

Mas  tu,  Senhor,  me  acudiste. 
Em  ti  todo  o  abrigo  achei. 


(17)  Legemponemifu,  Domine,   pQe-mo  a  lei  ante  meus  olhos, 

in  via  tua :  et  dirige  me  in  se» 

mítam  rectam  propter   inimicos    Por  teuS  CaminhoS  mC  Icva: 

Senhor!  quando  tu  diriges 

Que  inimigo  ha  que  se  atreva?... 


(18)  Ne  tradideris  me  in  atti' 
mas  tribuiantium  me:  çuouiam 
insurrexerunt  in  me  testes  t/it- 
qui,  et  meníita  est  iniqnitas  sibi. 


É  preciso  que  conheçam 
Que  ando  na  recta  vereda, 
Que  nem  calumnias  nem  morte 
De  ti,  meu  Senhor,  me  arreda. 


85 


Observa  os  loucos  projectos 
Daquelles  que  me  perseguem; 
Ndo  me  abandones,  meu  Deos, 
Pois  já  bosta  o  que  conseguem. 

Aleives,  mentiras»  pragas, 
Que  os  malévolos  inventam, 
Se  de  todo  nio  me  abatem, 
Ao  menos  muito  atormentam. 


Espero,  é  verdade,  espero 
Lá  na  terra  dos  viventes 
Gozar  dos  bens  que  promeCles 
Aos  corações  innocentes. 


(19)  Crede  viderg  botia  Domini 
IH  terra  viventium. 


Animo  pois;  combatamos, 
SdTra-se  constante  a  dor; 
Cobre  novo  alento  o  peito, 
ConGado  no  Senhor. 


(SO)  Experta  Dominum,  viri- 
liter  age,  etconjortelur  atrtuum, 
et  suMtiue  Domittum. 


PSALMO  XXVII.  (•) 


C 


LAMO  por  ti,  meu  DeosI  NSo  ensurdeças; 
Não  te  cales;  responde: 
Desralleço,  se  em  v8o  as  mios  levanto 
Voltado,  reverente,  para  o  templo, 
E  náo  me  attendes ;  que  tormento  acerbo ! 


{\)  Jd  te  Domine  elamabe: 
Deu»  mettê,  ne  eilea»  a  me,  ne 
guando  taceaa  a  me,  et  ataimi* 
labor  deícendeniihua  in  lacum, 

(€)  Exoudi,  Domine ,  voeem 
depreeationia  mem,  dum  oro  ad 
te:  dum  extollo  manae  meae  ad 
temptvm  aaneium  tuum. 


(•)  Este  pialmo  nZo  tem  titulo.  Hattei  é  de  parecer  que  foi  eicripto  dos  dias  da  per- 
*egQiçlo  de  Saul,  se  bem  que  outros  o.  referem  á  de  Absalfto,  e  outros  ao  captiveiro  de  Ba- 
bjlonia.  O  fallar-se  no  S.<*  versículo  do  templo,  que  ainda  nfto  existia  em  tempo  de  David, 
lâo  obsta  á  conjectura  deBíattei,  porque  no  hebraico  não  se  dis  ad  templum  eanctum  tuum, 
Das  ad  oraeulum  eanctvarii  tui,  o  qne  pôde  entender-se  também  do  tabernáculo. 


86 

E  tempo  d  escuta r-me, 
E  as  supplicas  devotas  despacbar-mc. 


(3)  Ne  aitimi  trahas  me  cum   ^lao  016  confundas,  iiuo»  com  peccfldorcs; 

peccatoribus :  et  cum  operantiòus  _  o      l      i 

iniguitatem  ne  perdas  me.  Meu   SenhOF !    n9o  me  percaS 

Com  quem  sempre  praltíca  iniquidade; 
,  (4)  Qui  loqwmtvr  pacem  cum   Com  esses  que  0  seu  proximo  enganando 

próximo  tuo,  mala  autem  in  cor^    »,•./, 

dibus  eorum.  Meliuuas  palavras  vDo  dizendo, 

E  no  peito  culpado 
Mortífero  veneno  tem  guardado. 


(5)  DaiiUi  spcvnâum opera eo-   Correspondc  a  scus  baixos  artificios 

rum^etsecitndumnequiíiamadin"  c«  j  i_         j 

rentionum  ipiorum.  Segundo*  as  ooras  dcsscs ; 

(6)  Secimdum   opera    manunm    Qs  SCUS  ardis  COufunde,   DUnO  aS  CuIpaS, 
rorum  tribue  i7/i«:   redde  relri' 

buihnem  eorum  ipsis.  No  proprio  curedo  caiam  OS  traidores; 

A  sua  custa  aprendam 
Que  Deos  só  poupa  aquelles  que  s  emendam. 


(7)  Quoniam  non  intfiiexerunt   De  presumida  audacia  os  ímpios  CegOSf 

opera  Dominiy  et  in  opera  ma- 

nmm  ejus  destriies  illoa,  et  non  lusenSatOS  igUOram 


tedificabis  eos. 


As  obras  com  que  o  braço  omnipotente 
Me  reserva  â  ventura,  e  me  defende; 
Como  abate  ioGeis,  nações  perversas, 

E  para  castigá-las 
Recusa  eternamente  restaurá-las. 


(8)  Benedictuu  Dominus,  que-   Ah  mcu  DeosI  já  prcsiuto  O  teu  soccorro: 

niam  exaudivit  vocem  deprecalio'  i_        i» 

nis  meas^  Para  scmpre  bemditto 

(9)  Dominus  adjuior  meus,  et  Scjas,  pois  que  benigno  coufirmaste 

protector  meus :  in  ipso  tperavit  , 

cvr  meum,  et  adjutus  sum.  A  fé  que  UQS  borrascas  me  animava* 

Meu  Bedemptor,  conforto  de  minha  alma! 

Co'  a  paz  que  me  outorgaste 
Minha  esperança  affavel  premiaste. 


87 

ReQoreceo  meu  sêr;  tua  boodadc 
Dissipou  minhas  penas: 

Já  me  ferve  no  peito  anciã  amorosa, 

Já  se  aggregam  brilhantes  pensamentos; 

Meus  lábios  novos  hymnos  formar  querem 
Que  fixem  na  memoria 

De  todos  os  humanos  tua  gloria. 


(10)  Et  refloruU  caro  mea^  et 
ex  voluntate  mea  confitebor  ei. 


Lançarei  mão  da  lyra,  e  aos  Ceos  attentos 

Em  verso  sonoroso 
Direi  prodígios  com  que  o  orbe  assombras; 
Direi  que  és  fortaleza  do  teu  povo, 
Que  tu  só  é  quem  salvas,  quem  proteges 

Âquelle  que  escolheste, 
E  abençoas  o  sceptro  que  lhe  deste. 


(11)  Datnimis,  fortitudo  plebiã 
tua ,  et  protector  ealcationuni 
ChríUi  tui  ett 


Salva  também,  Senhor!  salva  os  teus  povos; 

Dirige-os  nas  emprezas, 
Seus  ânimos  levanta,  afraca  os  braços 
Dos  feros  inimigos  que  os  combatem ; 
Exalta-os  com  tropheos  de  Vencedores, 

Para  eterna  lembrança 
Segura-Ihes,  Senhor,  a  tua  herança. 


( 1 C)  Salimmfêc  populum  iuum , 
Domine  f  et  benedic  heereáitati 
twe :  et  rege  eoe,  et  extolle  illoa 
ueque  ia  atemum. 


PSALMO  XXVIII. 


Psalmo  de  David  pofr  ocecisião  de  uma  bor^   Ptuimua  DaTid  in  consummatione 
rcuca^  depois  de  acabado  o  tabenmculo. 


tabernaculi. 


j 


usTOs!  com  ânimos  puros 
Trazei  victimas  decentes, 
Cordeirinhos  innocentes 


(1)  Jfferte  Domino,  fUii  Dei: 
afferle  Domino  filioê  arietum» 


88 


(<)  Jfferte  Dmnino  gloriam,  et 
íionorem,  afferte  Domino  gloriam 
nomitU  ejtto,  adorate  Dominum 
ia  átrio  saneio  tjuo. 


Offertai-os  ao  Senhor. 

Apressai-vos ;  honra  e  gloria 
Dai  a  seo  nome  adorado; 
Daqui  do  átrio  sagrado 
Soe  ao  longe  o  seu  louvor. 


(3)  Vox  Domini  ouper  aquao, 
Deui  majeulatiê  intonuit;  Domi' 
nui  super  aguas  multas. 


Tolda-8e  o  ar»  ruge  o  vento. 
Já  densas  nuvens  fusilam, 
Sulphureos  fogos  scintillam, 
Vai-se  encapellando  o  mar: 

Todo  cólera  denota    . 

« 

Da  parte  de  Deos  irado; 
Depressa,  o  nosso  peccado 
Cuidemos  pois  d'expiar. 


'  (4)  yox  Domini  in  vir  lute :  vox 
Domini  in  magn^icentia. 


Applacat-o;  já  se  escuta 
A  sua  voz  trovejando, 
Co'  as  aguas  vai  começando 
A  tempestade  a  romper: 

Com  que  magestade  e  império 
A  voz  do  Senhor  assusta ! 
A  sua  vingança  é  justa. 
Os  humanos  faz  tremer. 


(5)  Fox  Domini  eot{fringeniit 
cedros:  et  confringet  Dominns 
cedros  Libani, 


Se  alça  a  voz,  gréta-se  a  terra, 
Exhalam  chammas  os  montes, 
Fervem  as  aguas  nas  fontes, 
Furioso  ronca  o  mar: 

Desarreiga  os  altos  cedros 
Esta  voz,  que  tudo  atroa; 
O  Libano  despovoa. 
Faz  as  rochas  estalar. 


(ft)  Et  comminuol   sat ,    tam' 


Com  que  voz  o  Rei  dos  astros 


89 

O  seu  furor  nos  declara! 
Como  o  mortal  desampara 
Quando  a  culpa  o  vem  manchar  I 

Commove  o  Libano»  o  Hermonte; 
As  pedras  soltas,  quebradas» 
Vão,  quaes  dispersas  manadas, 
Vão  pelo  vflle  a  saltar. 


quam  vilulitm  JJòãni,  etdilectuê 
quemaimodum  filiíu  imieomium. 


Assombrado  pelos  raios, 
Parecem-me  os  seixos  rezes; 
Figuram-se-me  outras  vezes 
Os  animaes  a  pastar: 

De  Deos  á  voz  furibunda 
Todo  o  mortal  desfallece; 
O  coração  ih'  estremece, 
E  cança  de  palpitar. 


(7)  Vêx  Domini  intereidentíg 
flàmmãm  f^t«,  vox  Domini  con- 
cuUentit  deiertum :  et  commove- 
bit  DonUnvt  deuerhtm  Cadeo, 


Ai  de  nós!  o  vento  ruge; 
De  novo  uma  nuve'  espessa 
A  ameaçar-nos  começa, 
Lança  coriscos  o  Ceo: 

Tudo  em  chammas  se  consome, 
De  Cades  arde  o  deserto; 
O  nosso  destroço  é  certo, 
O  fogo  do  ar  desceo. 


Onde,  ó  retiradas  grutas. 
Ás  corças  dareis  abrigo, 
Se  intimidadas  do  p'rigo 
Vão  de  susto  perecer? 

Sem  ramada  que  as  defenda. 
Do  difficil  seio  expulso 
De  medo  o  fructo  convulso 
Vem  á  luz  apparecen 


(8)  Fox  Domini  prapãrantiê 
cervot,  et  revelabit  eondentê :  et 
in  templo  ejua  omneo  diceni  glo- 
tiam. 


90 


Contrictos  corramos  todos 
Ao  templo  pedir  piedade; 
O  estrondo  da  tempestade 
Já  commove  o  peccador. 

Circundai  o  Sanctuario» 
Invocai  a  Deos  contrictos; 
Ouça  o  Senhor  nossos  gritos» 
E  suspenda  o  seu  rigor. 


(9)  Dominus  diluoium  inhabi- 
tare  fficit ,  et  sedebit  Vomintu 
Hex  in  aternum. 


Já  de  listões,  de  capellas 
Os  altares  circundemos. 
Novos  cânticos  soltemos 
Para  exaltar  o  Senhor: 

.  Em'  seu  throno  sobre  os  astros 
Senta-se,  e  os  seres  domina; 
Reprime  co'  a  mio  divina 
Dos  aquilôes  o  furor. 


(10)  DominuM  virtutem  popuh 
tuo  dahit:  Dominus  benedieet 
popuh  tuo  in  pace. 


A  névoa,  a  saraiva,  os  euros 
Cedem  promptos  a  seu  mando: 
Vamos  seu  poder  cantando, 
Não  cessemos  de  o  louvar. 
Já  suas  iras  cessaram... 
Já  nos  dá  forças  e  alentos; 
Applacou  nossos  tormentos, 
Graças  lhe  devemos  dar. 


91 


PSALMO  XXIX. 


O  psalmo  é  de  Davidf  e  foi  composto 
na  dedicação  do  Altar  (*]. 


s 


EMPBE  te  exaltarei.  Senhor  piedoso, 
Que  me  arrancaste  ás  mãos  dos  inimigos; 

Seus  projectos  antigos 
Contra  mim,  estragaste;  e  não  consentes 
Que  por  ver-me  sofFrer  fiquem  contentes. 


PsalintiB,  ÍD  dedicalione 
domus,  David. 


{\)^Exellabo  ie.  Domine ,  guo- 
niam  au»cepUti  me :  nee  dclectat^ 
ti  immie9$  meot  tuper  me. 


Senhor!  meu  Deos!  chamei-te,  e  respondeste 
A  meus  clamores;  logo  me  saraste; 

Minha  aima  alliviasle 
Das  trevas  infemaes  que  me  cercavam. 
Da  corrupção  dos  máos  que  m'insultavam. 


(S)  Domine,    Deua  meta,  cia- 
mavi  ad  te,  et  êonasti  me. 


(3)  Domine  deâuxiati  ab  it^fer^ 
no  animam  meam :  salvatii  me  à 
detcendentibn»  in  lacum. 


Justos!  desfechai  os  coros, 
Cantai  comigo  o  Senhor; 
Dos  fructos  do  seu  amor 
Ditosos  participais. 

Se  nos  affiige  irritado. 
Nos  consola  promptamente 
Se  se  applaca,  e  dá  clemente 
Ouvidos  a  nossos  ais. 


(4)  Paallile  Domino ,  tancti 
ejui :  tt  confitcmini  memoria  saa- 
£titalit  ejus. 


(5)  Quoniam  ira  in  indignntiO' 
ne  ejus,  tt  viia  involuntaie  ejus. 


(•)  Por  iDtiniaçi(o  do  propheta  Gad ,  erigio  David  depois  da  pe«te  um  altar  a  Deos 
na  eira  de  Oman  Jebuseo,  como  refere  o  auctor  dos  Paralipomeoos  cap,  SI,  e  o  liv.  S.® 
dos  Reis  cap.  S4.  Naquella  occasi&o  escreveo  elle  este  psalmo,  agradecendo  ao  Senhor  <> 
lê-lo  salvado  da  morte  no  commum  flagello,  e  assim  dere  in(erpre(ar<se  o  titulo  in  dedica- 
tione  domus  David,  que  se  tô  na  vulgata ;  visto  que,  segundo  a  hebraica  synlaie,  o  David' 
nfto  se  une  a  domus,  mas  a  psalmus  ;  e  domu%  sabc-se  que  também  se  usa  no  sentido  de  um 
lugar  consagrado  a  Deos. 

(Observação  de  Mullfi) 


92 

(6)   Jd  vetperum  denwrabitur     NSo  dura  IDuitO  8  Coicra  dívioa, 
fletus :  et  ad  matutinum  laiiiiê.      ^,  , 

Nem  sempre  a  dossos  erros  corresponde; 

Se  quando  o  Sol  s'esconde 
Em  lucto  e  dor  nos  deixa  atribulados» 
  manhã  nos  acorda  consolados. 

(7)  Ego  autem  dixi  in  abundan-   Nesto  estado  felíz  julguei-me  isento 

tia  mea:  no»  movebçr  in  ater»     ,,     ,     .  .■    ,     -.  i 

num,  Jâ  de  tribulações  e  de  amarguras : 

(^)  Domine ,  tu  voiuntote  tua  a  Longo  das  dosventuras» 

orattititti  decori  meo  virtiitem,        .        *  j     j     r «  ««^.«-«^««« 

'^  Apartado  de  Imguas  aggressoras, 

Verei  feliz  correr  serenas  horas. » 

(9)  Jvertitii  faeiem  tuam  a  Mas  ah»  Scnhor!  tu  rctiras 

me:  et /actue  eum  conturbatue,  jj^  ^^^^^^^  ^  ^^^  SCmblaotel... 

Como  a  esperança  inconstante 
Cruelmente  me  enganou! 

Volta-me  tua  face  amável, 
Pois  logo  que  me  fugiste 
Cessei  de  ser  qual  me  viste, 
'  Minha  alegria  acabou. 

m 

(10)  Jd  te,  Domine,  ciamabo,    Dovora-mo  8  saudado  mais  acerba ; 

et  ad    eum  epre    or.  Toma,  toma,  mcu  Dcos,  a  consolar-we! 

(u)  Qum  utiiitae  fn  eanguine  Se  chegar  a  matar-me 

meOf  dum  descendo  in  eorruptUh    -,  .        .  .     -      j  _  ^'^^ 

nenf  Esta  Violenta  dor  que  rasga  o  peito, 

Tirará  tua  gloria  algum  proveito? 

(12)  Numquid  confitebitur  tibi   Na  niudez  do  sepulchro,  em  pó  tornado, 

pulvie.  aut  onnuntiabit  veritatem  i»     ••  ^        i  *.^  J««  »«9 

£„^,„/  Que  direi?  Que  louvores  posso  dar-teT 

Como  pôde  cantar-te 
Teu  servo,  entregue  a  vermes  tragadores, 
Da  substancia  que  tenho  corruptores? 

(13)  Audivu  Domiaut^  et  mi-   Ah  mcu  Dcos!  Mas  que  vejo?...  Enternecido 


93 


Já  m^esciitas?  restauras-me  a  alegria?... 

Torna  a  raiar  o  dia 
Em  que  ?ens  applacado  em  meu  soccorro: 
A  doce  lyra  empolgo,  e  já  nSo  morro  I 


êêrtus  f<f  mH:   DominuM  Jactua 
eat  adjutõr  meua. 


Converteste-me  em  gosto  pranto  amargo, 
Em  gala  o  triste  lucto  me  trocaste; 

Benigno  me  cercaste 
De  nova  paz,  reanimador  alento; 
Accendeste-me  em  fogo  o  pensamento. 


(M)  Com>ertiatiplanctummevm 
in  gaudium  mihi :  eenêcidiati  tac* 
ctnn  nieum,  et  eircumdediiti  me 
Uttitiã. 


Não  «te  largo,  amada  Ijra;^ 
Cantarei  logo  que  aponte 
Loistroso  o  Sol  no  horizonte, 
E  quando  a  noite  cabir. 

Celebrarei  com  ternura 

« 

Do  Senhor  o  nome  santo: 
Ah!  possa  altivo  meu  canto 
Até  aos  astros  subir! 


(15)  Ut  etntft  tibi  gloria  mea, 
et  non  eompungar :  Domine  Deus 
ttirvt,  in  (gtemum  confilebar  tibi. 


PSALMO  XXX. 


A  musica  e  as  palavras  são  de  David.  («) 


E 


M  ti,  meu  Deos,  espero,  em  ti  confio: 
ImmQtavel  e  firme  na  esperança, 
A  minha  alma  descança: 


In  finem  Pfalmni  David 
pro  extati. 

(1)  Tn  te.  Domine,  aptravi^ 
non  confundar  in  atemum :  in 
Juatitia  tua  libera  me* 


(•)  1E»{t  piaino  foi  etcripto  por  Dafid  ao  relirar-te  da  corte  de  Saul,  onde  m  ma- 
cbinava  contra  a  sua  YÍda.  .O  titulo  pro  extaai,  que  «e  lé  na  Vulgata,  nfto  está  no  Hebreo 
nem  noi  mais  correctos  códigos  dos  Settenta ;  e  parece  que  foi  introduzido  por  algum  gloa- 
*>dor,  pelo  motivo  de  diíer  o  Terstculo  CS." :  Ego  antem  dixi  in  exceaau  mentia  mete. 


94 

NSo  a  confundas,  nSo,  se  a  muito  aspira; 
Justo  liberta  a  quem  por  ti  suspira. 


(«)  Inclina  ad  me  aurem  tuam :   £scuta-me,  Senbor!  a  ti  rccorro: 

accelera,  ut  cruas  me*  ou. 

Soilícito  me  acode,  me  resgata 

De  uma  cohorte  ingrata: 
Âbriga-me  em  teu  templo  sacrosanto, 
Applaca  o  meu  temor,  sécca  meu  pranto. 

(3)  Eito  mihi  in  Deum  prúte-   Em  doce  asylo,  junto  a  ti  seguro, 

ciarem,  et  in  domum  re/voii,   ut    g>  ■  â   ii       •    J  •     r    j 

êaivum  me  fadas.  Como  om  bronzeo  castello,  mda  mais  lorlc, 

(4)  Quoniam  fortiiudo  mea,  et  Zombarci  té  da  morto: 

im  mevm  es  tu :  et  propter    n  j  *  a        •     i      * 

mmen  tmm  deéucc.  me,  etenw   ^OT  onde  quer  que  vá  terei  olento, 


rtfugium  mevm  es  tu :  et  propter 
rwnien  tu 

^^^'  '"^*  Tu  serás  minha  guia,  meu  sustento. 


(3)  Edures  me  de  laqueo  hoc,   Os  eugauosos  laços  quo  me  tecem 

ouemabsconderuntmihi ;  quoniam     *   .     >  .  1*11 

tu  CS  protector  meus.  Inimigos  crucis  O  despiodados 

Por  ti  sejam  quebrados; 
Pois  és  meu  Protector,  vinga  os  insultos 
Que  me  fazem  com  dolos  vis  c  occullos. 


(6)  In  manus  tuas  eommendo   Em  tuas  mãos  entrego  a  minha  vida ; 

spirilum   meum:  redemisti  me,     ^   ,  ., 

Domine  Deus  veritatis.  Sei  quo  já  me  remistc,  me  amparaste. 

Que  a  meu  favor  mostraste 
Quão  potente  e  fiel  era  o  teu  braço, 
Como  em  breve  desatas  qualquer  laço. 

(7)  Odisti  obscrrantes  vanitales    Vé,  meu  Senhor,  que  os  ímpios  que  me  offendcm 

supcrvacue.  mi.  •-  .•   • 

Também  nos  ritos  seus  supersticiosos. 

Contra  ti  revoltosos. 
De  ti  se  affastam ;  das  paixões  captivos 
Só  nas  vaidades  acham  attractívos. 

(8)  Ego  mttem  in  Domina  spc-   Eu  com  dclicia  cm  ti  puz  a  esperança  5 


95 

Presenti  quanta  gloria  me  daria, 

Quanta  paz  e  alegria 
Meu  coração  provara»  se  somente 
Confiasse  no  braço  omnipotente. 

Logo  a  prova  alcancei  do  que  pensava: 
Observaste,  Senhor,  minha  humildade, 

E  viste  com  piedade 
Da  minha  magoa  o  doloroso  effeito; 
Entornastes  o  allivio  no  meu  peito. 


ravi :  exaliãbo,  et  Utíabor  in  mi* 
serUerdfã  tua. 


(9)  Qr/9iii«fit  reipexisU  humilú 
iãtem  meam :  fahoMti  de  neeetsi* 
tatibítt  animam  meam. 


Subtrahindo-me  ás  mSos  dos  inimigos. 
Os  ferros  que  me  punham  sobpesando. 

Me  foste  encaminhando 
A  lugar  deleitoso  e  dilatado: 
Ficou  dos  máos  o  intento  vil  frustrado. 


(10)  Nee  eonelu$i'$ti  me  in  ma- 
nibus  inimiei:  staiuieli  in  loco 
spaiioBO  pedet  meot. 


Mas  agora.  Senhor,  torno  a  invocar-te; 
Torna  a  tropa  dos  ímpios  a  ailligir^mc: 

Tentaram  opprimir-me 
Em  vdo  outrora;  e  dessas  mSos  traidoras 
Me  livraram  as  tuas,  protectoras. 

Tem  piedade  de  mim,  que  gemo  e  choro; 
De  afilicçdo  me  estremecem  as  entranhas : 

Vago  por  estas  brenhas. 
De  cólera  e  de  dor  tão  cego  e  irado. 
Que  do  risco  em  que  estou  perco  q  cuidado. 

Da  minha  vida  a  força  a  magoa  abate; 
Talvez  acabe  triste,  qual  vivia, 

Immerso  na  agonia 
Que  murchou  de  meus  dias  a  frescura. 
Que  ensopou  os  meus  annos  na  amargura* 


(11)  Mherere  mei^  Domine  ^ 
quoniam  tribulor  :  conlurbatui 
ett  in  ira  oculu»  mev«,  anima 
mea,  et  venier  meii$» 


(IS)  Quaniam  drfeeit  in  dolare 
viia  mea,  et  anm  mei  in  gemiti* 

bU9, 


96 

(13)  ínfirmaiã  ett  iu  pavperitt'  Jâ  nSo  rege  O  vigor  OBCus  fracos  roembroSf 

te  rirtui  mea :  et  úi8ã  meã  eon* 

tnrbãta  ittnt,  Heus  OSSOS,  do  terrores  cooturbados. 

Sinto  despedaçados 
Co'  a  pavorosa  idéa  de  que  vivo 
Para  ser  d'injusticas  o  motivo. 

(U)  Super omnes  iuimiiúê  meot  Olhaoi-me  como  opprobfio  meus  contraries, 

factut  sum  opprobfium,  et  viciuti    ^  •  •  i 

mei$  vaide,  et  timor  mtis  méis.   Com  magoa  OS  meuSt  com  susto  metis  visinbos; 

(15)  Qui  videbant  me,  fúraê  -w?  u  *  u  ^ 

fugerunt  ã  me ,   oòlivUmi  dãtu*  JiVltam  mOUS  CaiDIObOS 

ttim  tamqtion,  mortuv,  a  corde.     q^  ^^^  ^^  avisUm;  como  so  eu  morrcsse, 

Cada  qual,  sem  amor,  de  mim  s'esquece. 

(iff)  Factus  9um,  tamqíutm  taw   Em  seu  coraçSo  porfido  entto  dizem: 

perditnm:  guoniam  audivi  vUu'       /\     ■  • 

ptrutionem  muttomm  eomm^rmh   «Qual  morto  seja  eotreguo  aoesquecimento.» 

tium  tu  circititu,  «%  i^  a  « 

Dobram  o  meu  tormento, 
Trattam--me  como  um  vaso  já  quebrado. 
Exposto  a  ser  no  lodo  repisado. 

(17)  ín  eo  dum  com/f nirent  si-   Ouço  com  pasmo  as  vozcs  quc  me  insultam, 

tintí  adversum  me :  nreipere  uni-     -.  rL   i  j        «j   j 

mnm  metm  contiiitUi  »unt.  vuo  a  laoula  mo  toroam  da  cidade : 

Vio  com  atrocidade 
As  intrigas  a  altura  t&o  subida, 
'  Que  em  risco  põem  a  minha  própria  vida. 


(18)  Fgo  ãutem  in  te  tperam.  Que  mais  qucrcm  do  mím?...  Senhor !  socorro I 

t)omine :  dixi :  Deus  meus  es  iu^ 

in  ffimiòits  tnh  sortes  mem,  Nas  tuas  mdos  eutrogo  a  mmha  sorte ; 

(19)  Eripc  me  de  manu  inimi^  ^  ia  j  & 

rorum  mcorum,  et  ã  ptrsequefUi^  ^^  ^  ™eu  UeoS ;  da  morle 

^"^  ^'  Me  has  de  livrar ;  das  mSos  desses  traidores, 

Dos  enredos  dos  meus  perseguidores. 


(20)  niumina  faciem  tuam  «ir»  Resplandeça  o  clarto  da  tua  face 

pf-r  servum  tuum :  salcum  me fac  -  -  .  .         ^   ,  .  «!•   «i 

fn  misericórdia  tua:  Domine,  mm  SobrO  OStO  SerVO  teU,  triStO  6  alDlgldo; 
co./undar,  fU0HÍam  i.vota,i  te.  ^^^^  coodoído, 


J 


97 

Com  vasta  misVicordia,  a  quem  te  ÍD?oca; 
OoTC  o  clamor  que  solta  a  minha  bocca. 


E  pois  que  te  invoquei,  dSo  me  confundas; 
Confunde  os  impios  só;  poder  sOperno 

Lhes  patentèe  o  inferno: 
A  divina  justiça  reconheçam. 
Seus  lábios  enganosos  emmudeçam. 


(SI)  Erubeicant  impii^  et  <!<*<• 
dveanlur  iuif^fernum,  mutafiant 
lãbiã  doUêã, 


Esses  lábios  perversos,  que  faltavam 
Contra  a  ionocencia  tantas  falsidades. 

Vejam  hoje  as  verdades,. 
Que  com  suberba  e  dolo  supprimiami 
Triumphando  a  favor  dos  que  gemiam. 


(2S)  Qt/tt  hquuntur  ãdversuã 
Juitum  intquitatem  tn  nuperbia^ 
êt  t»  aàu8Í9ne. 


Seja  qual  for  a  sorte  dos  perversos. 
Que  delicias  incógnitas  e  raras 

Âos  justos  não  preparas ! 
Como  ao  teu  servo,  ó  Deos !  com  que  doçura 
Lhe  compensas  os  dias  de  amargura ! 


(£3)  Quam  magna  multituâo 
étUeedinis  tutg^  Domine^  quem 
ãbuonditti  timemiibuM  te  ! 


Entre  os  mais  fortes  lances  e  desgostos. 
Aos  que  esperam  em  ti  luzes  despedes. 

Com  que  paz  lhes  concedes; 
Mesmo  á  vista  dos  máos,  que  envergonhados 
Revolvem  na  lembrança  seus  peccados. 


(24)  Perfeeitti  eiê,  qui  speratU 
in  te,  in  íonepectu  filiorttm  A«« 
minum. 


Vão  unir-se  comtigo  os  bons  que  gemem. 
Tu  os  abrigas  no  teu  seio  amável ; 

Com  prazer  ineffavel 
Gozam  deste  ditoso  e  doce  abrigo, 
Isentos  dos  assaltos  do  inimigo* 


(S5)  Abtcwidet  eo»  in  abêcondi" 
tofaeiei  twe^  à  conturbai  ione  ho- 
minum. 


Nesse  teu  tabernáculo  suave, 

Tomo  TI. 


(S6)  Prúifget  eot  in  tabernáculo 
7 


98 

tuo,  à  eontradictione  linguanm.     Da  COOtradíCÇtO  lODge  6  de  CUÍdado», 

Não  recordam  malvados; 
Desprezam  suas  liDguas  viperinas, 
Embebidos  ero  cousas  só  díviuas. 

(27)  Benedietu$  Dêtninua,  pio-    Hojo,  bcmdittO  SejaS  I  oestas  SClvaS, 

Miiam  mihiin  cititaie  munita.       Ncsto  quieto  asjlo  quo  me  deste 

Seguro  me  puzestc; 
Farto  de  paz,  de  bens  que  n9o  mereço, 
A  tua  misericórdia  reconheço. 

(28)  Fgo  nvtem  àixi  in  fxrft-   Vim  cbcio  do  afQícção,  vim  sepultar-me, 

su  mentis  mea:  prnjeclua  sum  a     -,         j      j  .      ■         j   r        * 

facie  oeuhrum  tmrtém.  Lercado  de  martyrios,  delirante; 

Cuidei  que  fulminante 
Nem  sequer  para  mim.  Senhor,  olhavas, 
E  longe  do  teu  grémio  me  expulsavas. 

(€9)  Ideo  eraudísti  voeem  êra-     Oh  dcliriol    Este  SUStO  díSsipOQ-Se 
tionii  meir,  dum  clamarem  qd  te^  .  . 

Logo  que  te  invoquei,  logo  me  olhaste, 

Os  meus  ais  escutaste; 
E  apenas  minhas  preces  te  cercaram, 
Os  meus  temores  súbito  cessaram^ 


(30)  Diiigiie  Vomímm  omnei   Accendidos  em  chammos  de  ternura, 

ianeli  ejus  ^   çftOHiam  ver  Untem      ...j  t\  j  â»j*i 

requirt^t  Uominus ,  et  rcínbuet   Amai  todos  a  Dcos,  do  amor  tao  dignoi 

aèu^anter/acieniibussuperòium.  y^j^  ^^^^   j^^^j^^ 

S6  vos  pede  verdade,  e  só  castiga 
As  obras  da  suberba,  e  vil  intriga. 

(31)  ViriUier  agite,  et  cõn/or-    AuimO  pois!  dc  atontO  UOVO  eXultO 
tetur  cor  veglrum,  omnei  ^  qui 

speraiitití  Domino,  Em  VOSSO  pcito  O  coraçSo  valeuto; 

Pois  no  Senhor  clemente 
Se  funda  uma  esperança  tdo  segura, 
Que  vos  responde  d*immortal  ventura. 


99 


PSALMO  XXXI. 


(II.   DOS  PENITSNGIAES.) 


F 


Canção  de  David.  (*) 

ELiz  de  quem  as  culpos  perdoadas^ 
£  as  ioiquas  acçdes  no  olvido  eterno 
Tem,  por  Deos  compassivo,  acobertadas! 


Ipti  Darid  intellectus. 


(1)  Beaii  quorum  rem'8ne  tutit 
iniçuitatesy  et  quorum  teeU  iuni 
peccata. 


Feliz  o  que  sincero  e  arrependido  (S)  Beaiui  vir  eui  non  imptua^ 

^m                             O     u          »      iL     •         A  V''  Dominuê  pra:atum.   nee  e%t 

Mereceo  que  o  Senhor  u&o  lhe  imputasse  in  s^ritu  ejuídoiui. 
Os  peccados  que  tinha  comettídol 


Tardei,  muito  tardei  a  arrepender-me  I 
Calei^me  e  suspirava,  nSo  cessando 
O  remorso  pungente  de  roer-me. 


(3)  Qttoniwntoeui^  inofterave» 
runi  ostã  mea,  dum  elãmãrem 
tola  die. 


Desfallecí  de  pena,  e  mal  contricto 
Dessecava-me  o  susto,  desmaiava, 
Dia  e  noite  encarando  o  meu  delicto. 


(4)  Quoniam  die^  me  nocte  grã' 
vfíln  eit  tiipfr  me  ma*iít$  tua: 
converouÊ  sum  in  mrurnna  mea, 
dum  eonfigilur  sfina. 


A  tua  mSo  severa  noite  e  dia 

Aggravava  esta  dor,  e  eu,  como  arbusto 
*    Ao  qual  falta  o  calor  do  sol,  morria.     , 


Tarde  em  fim  dcciarei-te  meu  delicto; 
Nada  escondi,  mostrei  minha  injustiça: 
Teu  perdão,  consternado,  sollicíto. 


(5)  Delfelwn  meum  tognitum 
tibipei^  elinJuitHiam  meam  nâH 
aòscondi. 


(•)  Este  bello  pialmo  foi  composto  por  David  qnando  este  foi  resliluido  á  graça  do 
Senhor,  depois  de  coohecer  e  confessar  o  leu  peccado,  em  virtude  da  reprehensSo  do  pro* 
pbela  Nathan. 

Tono  VI.  ^  * 


100 

(6)  Dixi:  conjuebor  ttâvrr$um   Disso — Senhor,  pequcí — c  tu  mc  ouvisles; 

me  injustitiam  tneani  Domino,  et  n     r        -  m.  •  •   l  ij    j 

tu  remisisti  impietatem  peccati       CoDiessei  contra  mim  minba  maldade. 

Tu  piedoso  a  meu  pranto  não  resistes. 


mei. 


(7)  Pro  hac  orabit  ad  te  omniâ  Os  justos»  que  me  veem  arrependido» 

sanctus  in  tempore  opportuno,  t»  *       i.  o      t^  •     i 

£  te  observam,  Senhor,  menos  irado, 
Teem  para  mim  perd9o  também  pedido. 

(8)  Fervmiamen    in    diluvio   Humildos  preces  fazem  por  livrar^me 

aauarum  multar utn  ad  eum  wn  «>       n      •*      i  ^  i 

approximabunt.  Da  alluvião  das  aguas  tragadoras 

Onde  meus  erros  iam  abysmar-me. 

(9)  Tu  es  refugium  meum  à  Tu  és  O  meu  refugio,  tu  reparas 

tribulatione.quteeircumdeditme:  ^  *  «u   i     *  »  i 

exuHatio  mea,  erue  me  àctrcun^  QUO  naS  tribulaçoes  m  CnvolvO  C  gCmO, 

daniibus  me.  p^^.^  afentar-me  auxilies  me  deparas. 

Salvo  entSo,  da  barpa  as  cordas  aGoando, 
A  tua  gloria  canto  e  teus  louvores, 
E  meus  bymnos  tu  mesmo  vais  dictando. 

(10)  Tnidiectum  tibi  dabo,  et   Dizcs-me:  «  Eu  to  darei  intelligencia, 

inslruam  te  in  via  hac,  qua  gm-  t»     *       i.  •     •  •   l  «  « 

dierh ,  firtnabo  super  te  ocuioê       Eu  to  abriroi  cominho  rccto  O  santo, 

Confirmarei  teus  passos  na  innocencia. 


meos. 


«Liberto  irás  teus  cantos  proseguindo; 
Os  meus  olhos  attentos  em  ti  fixo, 
E  com  celeste  amor  te  irei  ouvindo. 

(11)  Noiitefieri  iieut  equus,  et   a  Mas  da  raz&o  nlHo  fujas,  qual  sem  tino 

muluM.  quibusnoneâtintellectus.  ,    i       .^  ,  i   •- 

Indómito  corcel  que  recalcitra, 
Animal  que  em  vSo  quer  domar  ensino.» 

(18)  In  camo  ei  freno  maxiiui   Pois  quonto  mais  OS  imptos  se  embrovecem, 
'^Zr^u'"''  '"' ""  '"""       Mais  lhes  constrange  as  fauces  duro  freio 

Com  que  os  suspende  o  Deos  que  dcKonbeccffl. 


101 


Mil  flagellos  perseguem  peccadores, 
Qae  de  justa  vingauça  procedidos 
Sdo  de  penas  eternas  precursores. 


(13)  Multa  flagellã  prccatoris : 
tperantem  aviem  in  Domino,  mi- 
sericórdia cireumdabil. 


Nas  azas  da  esperança  equilibrados. 
Os  justos  no  Senhor  a  vista  empregam, 
E  sSo  de  mis'ricordia  rodeados. 


Âlegrai-vos  em  Deos,  justos  ditosos ! 
E  gozai  das  delicias  que  elle  outorga 
Aos  rectos  corações,  aos  virtuosos. 


(14)  TuBtamini  in  Domino,  et 
fxvllatejusUy  et  gtoriamini  omneã 
recti  corde. 


PSALMO  XXXII. 


Psalmo  de  David.  {*) 


E 


NTOAi  cântico  alegre, 
Justos,  louvai  o  Senhor: 
G)nvem  aos  ânimos  rectos 
Entoar  ó  seu  louvor. 


Piftlmiu  David. 


(1)  Exiíltaie  justi  in  Domino: 
rectos  decet  coUaudatio, 


Desenvolva  um  canto  novo 
D'harmoDta  alto  mysterio; 
Forme  suave  concerto 
A  voz,  a  lyra,  o  psalterio. 


(S)  Confilemini  Domino  in  et- 
thara:  in  ptatterio  deeem  chor- 
darum  psaUite  ilU> 


\ 


(•)  Ignora<4e  em  que  occaeiio  compôs  David  eite  nobilíssimo  ptalmo,  que  em  poucos 
^erioa  encerra  bellos  e  sublimes  pensamentos,  cum  um  estilo  assas  magnlQco  e  verdadeira- 
mente Piodarico.  Do  versículo  16.*  conjecturam  alguns  que  íoise  escripto  depois  da  violoria 
ganhada  aos  Philisteos,  morto  por  Abisai  o  gigante  Jesbibenob,  irmilo  de  Golíalh,  que  já 
Unha  asfaltado  David  com  moita  efperança  d«supplantá-lo.  Nohebreo  nfto  se  lhe  acha  titulo. 


102 


<S)  Ctntate  ei  cãnlieum  núwm : 
hetie  psttUiie  ei  in  voc(/eratiúne. 


Aggreguem-se  dos  boazes 
Sem  estrondo  os  sods  pomposos; 
Formem  novas  consoDaiicias 
Os  accordes  maviosos. 


(4)  Quoniam  recium  ett  veròtim 
Dúmittíf  ei  omnia  opera  eju$  in 
Jide, 


Quanto  Deos  pensou  e  disse, 
Fixando  o  nosso  destino. 
Tudo  foi  acerto  estável, 
Tudo  foi  recto  e  divino. 


(5)  DiUgit  tnfêerieordiúm  et 
jndicium:  miieríeordia  Dêmifii 
plena  e$t  terra. 


Se  ama  severo  a  justiça. 
Sua  mis'ricordia  immensa 
O  rigor  delia  tempera, 
E  com  graças  a  compensa. 


Destes  notáveis  prodigios 
Se  acha  toda  a  terra  chéa; 
Se  irado  solta  os  flagellos, 
Logo  piedoso  os  refréa. 


(6)  Verba  Damini  eeeli  JlrmaH 
iunt :  et  $piritu  orÍ9  ejus  omni» 
viftuê  eorum. 


Que  excelso  poder  é  este 
Que  creou  d'um  sopro  o  Ceo? 
E  que  os  astros  luminosos 
Co  mesmo  sopro  acceòdeo? 


(7)  Omgregan»  9ieut  in  utre 
aquaã  marit^  ponen»  in  íhe$auriê 
aby$$09. 


As  aguas  tumultuosas 
Saem  do  seu  thesouro  immenso; 
As  ondas,  o  mar  bravio 
Encerra  tt'um  vaso  extenso. 


(8)  Timeat  Dominum  omnit  ter' 
ra^  ah  eo  tiuiem  eommoveantur 
êtnnei  inhabitantet  orbe/n. 


Tema  pois  todo  o  vivente 
Que  é  da  terra  habitador 
Aquelle  que  tudo  move, 
Que  é  dos  Senhores  Senhor; 


103 


Que  diz:  «Faça-M»  e  apparecem 
As  essências  ordenadas; 
Manda,  e  sem  tardar  existem 
Todas  as  cousas  creadas* 


(9)  Qu0itíttm  ifãe  dixit,  et  fu- 
ela  iwU :  ipãe  mandmoity  et  crem- 
iã  sunt. 


Em  v9o  calculam  os  sabiost 
A  gente  em  vio  se  anticipa; 
Se  Deos  o  plano  reprova 
O  projecto  se  dissipa. 


(10)  Dominn$  éinipat  eanêiliã 
§enlium^  repr^bat  autem  cogita' 
tioneê  pnpulorum^  et  reprobãt 
titia  principium. 


Dos  que  reinam  com  império 
O  poder  se  desvanece; 
Só  o  que  Deos  determina 
Para  sempre  permanece. 

Vão-se  06  dias  succedendo. 
Os  séculos  enrolando; 
Muitas  geraçdes  acabam, 
£  o  que  Deos  quer  vai  durando. 


(11)  Cotuilium  autem  Domini 
in  aternnm  manct:  eogilatiênei 
eordii  ejns  in  generatione  et  gf 
merationent. 


Feliz  quem  escapa  ao  erro, 
E  adora  o  Deos  verdadeiro! 
Feliz  esse  que  entre  os  povos 
Deos  escolheo  para  herdeiro!' 


(Ifi)  Beota  gens  eujus  est  D^- 

minus  Deva  ejut :  popuiut^  quem 
eiegit  in  htereditatem  $ibi* 


Do  seu  6rme  sólio  observa 
Os  habitantes  do  mundo; 
Tudo  vê,  explora  n'alma 
O  arcano  mais  piiíundo. 


(13)  JJe  calo  retpexit  Domi- 
nu$:  vidit  omnee  JUioê  hommum. 

(14)  De  praparato  habitáculo 
tuo  retpexit  tvper  omnes^  qui 
habitant  torram. 


Creador  dos  seres  todos. 
Um  por  um  olha,  examina; 
Tudo  fica  manifesto 
Á  intelligencia  divina. 


( 1 5)  Qui  finxit  iigillatim  corda 
oorum^  ftft  inteUigit  omnia  opera 
eorum» 


104 


(16)  Non  Mtãvãtur  Hex  per  mui' 
tam  virltitem :  et  gigoi  noa  »al- 
vabitur  in  mvltitudine  vifiutii 
tua. 


N8o  senem  aos  Reis  as  forças, 
Os  exércitos  possantes; 
Nem  DO  renhido  combate 
  robustez  aos  gigantes. 


(17)  Fallttx  equuM  úd  BtduUm: 
iaabundaníia  autem  virtutiã  $um 
non  ialpabitur. 


Quando  Deos  nSo  envígora 
No  campo  o  forte  guerreiro, 
O  veloz  cavallo  falha 
Ao  mais  destro  cavalleiro. 


Em  v9o  se  defende  e  lutta. 
Em  vdo  desafia  a  sorte; 
O  Senhor  omnipotente 
Ê  quem  dá  vida  e  dá  morte. 


(Ifí)  Eeee  oeuli  Domini  Buper 
meiuentfs  eum :  et  in  eis  qui  spe* 
rant  in  miterieordia  ejus» 

(19)  Ut  eruat  a  morte  animoê 
eorum^  et  alat  cot  infame. 


Lá  do  Ceo  lança  os  seus  olhos 
Sobre  todos  os  que  o  temem ; 
Soccorrc  quem  ncile  espera. 
Benigno  acode  aos  que  gemem. 


(SO)  Anima  nottra  tuttinet  Do^ 
minum :  fnoniam  adjutor,  et  pro^ 
tector  notter  ett. 


Fonte  de  pura  alegria. 
Que  as  nossas  almas  alentas! 
Só  tu.  Protector  divino. 
Nossos  males  afugentas! 


(81)  Quia  in  eo  lalahitur  ew 
nottrum :  et  in  nomine  tanclo  ejut 
tperavimut. 


Nossos  corações,  ardendo 
Em  fogo  de  amor  celeste, 
De  ti  os  mais  bens  esperam, 
Fiados  noê  que  nos  deste. 


(£8)  Fiat  miterieordia  tua.  Do- 
mine ^  .super  noty  quemadmodum 
speravimut  in  te,  « 


Seja  a  tua  misVicordia 
Sobre  nós  distribuída. 
Qual  nos  promette  a  esperança 
Nesta  e  n'outra  melhor  vida. 


105 


PSALMO  XXXIII. 


Composto  por  David^  depois  de  escapar 

da  corte  dei  Rei  ÃcMs^  onde 

se  fingio  louco. 


A 


LEGRE,  afUicto,  em  paz,  ou  perseguidot 
Hei  de  sempre,  Senhor,  abeDçoar-te; 
Grato  meu  coração  enternecido 
Meus  lábios  abrirá  para  louvar-te; 

O  meu  Deos  cantarei, 
Seu  nome  em  todo  o  tempo  exaltarei. 


David,  com  inunalarit  TuUum 
fuum  coram  Abimelech,  et  di- 
misit  eum,  et  abiit.  (o) 


(1)  Benedicam  Dominum  m 
omni  tempore :  temper  laui  eju9 
in  ore  meo. 


Vinde,  mansos,  comigo,  a  Deos  louremos; 
Participai  do  amor  em  que  m'inflammo, 
Quando  unidos  seu  nome  engrandecemos: 
Sempre  o  Senhor  me  escuta,  quando  o  chamo ; 

Se  magoas  me  aterraram, 
Os  seus  potentes  braços  me  salvaram. 


(S)  In  Domine  lauàabUur  ani- 
ma mra,  audiani  manãueti,  et 
tatentur. 

(3)  Magnijicate  Dominum  me- 
eum :  et  exaltemuo  nomeu  ejus  in 
idipeum. 

(4)  Erqttieivi  Dominum ,  et 
exaudirii  me,  et  ex  omnfbut  tri' 
bulationibuo  meio  eripuit  me. 


Eleyai-vos  a  Deos,  ide  sem  susto, 
Deos  TOS  illustrará;  nunca  a  peçonha 
Do  maldizente,  aspersa  sobre  o  justo. 


(5)  jéccedite  ad  eum^  et  t7/ftmr- 
fiamini,  et/oeieo  veotra  non  ron- 
fundentur. 


(O  No  Ur.  1.*  dêoReio  cap.  Si'  t.  10.  e seguintes  le  conta  qne  Darid,  escapando  ás 
iosidins  de  Sau],  se  refugioa  íncogoilo  na  corte  de  Achis,  Rei  de  Gelh,  onde  finalmente  foi 
reconhecido  pelos  cortes2os;  epara  livrar-w  do  perigo,  TÍo-se  obrigado  afiogir-se  louco.  Da- 
qnt  partindo  aomisiar-se  nacarerna  deOdolIa,  onde  estavam  lodos  os  teus,  coropoi  em  acção 
de  graças  este  psalmo,  no  titulo  do  qual  se  encontra  na  Vulgata  o  nome  de  Abimtleek,  de- 
Teodo  MKT  jichimeleehf  como  se  acha  na  Bíblia  de  Clemente  Ytll. ,  e  em  yaríos  manus- 
criptos,  segundo  dii  Ifattei.  Este  ultimo  nome  significa  Rei  Jchio^  porque  a  palavra  meleeh 
denota  Rei.        ' 


106 

Cobrirá  sua  face  de  vergooha: 

(6)  Tste   pmtper  dammit,    et  Pobre,  desrallecidOt 

Dmniniit  exauáirit  eum :  ^^  ^    _f^i         >  fx  •  «i 

om^bw  irihuiaUonibuã  ejus  m/-  Uamei  pof  Deos,  6  ouvio  O  mcu  geiDido. 

varii  eum, 

(7)  immiitet  jvgeiue  D&mfyu   Rasga  O  Ceo»  6  de  lá  brilhante  desce 

in  eireuitu   timentium  eum  ^  et    ^  .     .  ...  i      i. 

eripiet  eoã,  O  seu  AojOy  acudindo  ao  desditoso. 

Em  cujo  peito  um  santo  temor  cresce» 
Unido  á  fé  e  amor  mais  fervoroso; 
Cerca-o  de  luz  e  o  alenta* 
E  as  tribulações  todas  afugenta. 

(8)  Guttate  et  videte,  quamam    Vodo,  OrOVai  COmO  é  dolicioSO 
êuavi»  egi  Dominus:  betUut  ii>     ^  . 

qui  sperat  in  eo.  O  manjar  com  que  Deos  nos  alimenta ; 

Coroo  é  suave  a  lei,  e  o  jugo  honroso 
De  que  o  servo  fiel  jamais  se  isenta: 

Feliz  o  que  pondera 
Esta  verdade»  e  em  Deos  somente  espera ! 


(9)  Timete  Dominnm  9mtí99  Justos!  temei-o  todos,  ua  certoza 

êoticli  ejus :  fuoniam  fton  ett  iwh 

pia  timentibus  eum.  Quo  uunca  falta  áquellcs  que  o  temem ; 

(10)  Divites  ryuerunt,  et  esu-   Porém  OS  quo  coufiam  na  riqueza, 

riernnf^  inquirenles  autem  Do*     >^.j,,        -,  ,         ., 

mtfittfit  non  miauentur  omni  bcno,     CédO  loeS  falta  tudO,  Cédo  gemem  ; 

Cedo  o  castigo  cbega, 
E  a  illusáo  que  os  cegou  já  os  nto  cega. 


(11)  renite,  fiui,  audite  me:   Vinde,  filhos,  ouvi-mo,  ide  aprendendo 

ti  morem  Domini  dêcebe  voe,  ' 

Este  santo  temor  que  vos  ensino; 
Do  coração  me  sae'  em  fogo  ardendo 
Os.dictames  do  Espirito  Divino; 

Elles  abrem  a  estrada 
Que  nos  conduz  á  pátria  desejada. 

(i«)  QtiiB  est  home,  qui  vutt   Queres  vida,  ó  mortal?  E  quem  nSo  quer 

vitam^  diligit  diet  videre  bonêi  í 

Dias  bons»  na  celeste  habitaç&o?... 


107 


G)hibey  pois,  excessos  no  dizer, 
Á  soltura  da  lingua  põe  grilhSo; 
E  os  teus  lábios  sem  fel 
NHo  chegue  ounca  a  abrir  dolo  cruel. 


(13)  Prthihe  lindam  tmm'  à 
wuUo^  et  lábia  twu  ne  Uputnèur 
Mum, 


Faze  o  bem,  e  do  mal  põe*te  distante; 
Procura  a  paz,  inquire^lhe  a  Tereda; 
Prosegue  nella  aíTouto  caminhante. 
Pois  o  Senhor  seus  olhos  nSo  arreda 

Do  justo  que  segue  esta, 
E  ás  suas  orações  ouvidos  presta. 


(14)  Diverte  à  tiuth,  et/ae  bê- 
num:  inquire  paeem^  et  perte^ 
fuere  eam. 


(15)  Oenli  Dêmini  euper  ju»" 
toe:  et  auree  ejue  inpreeeã  eerum. 


Sua  face  porém  volta  indignada 
Para  os  perversos,  delles  extermina 
Sobre  a  terra  a  memoria  depravada; 
Co  terrivel  corisco  que  fulmina 
  gloria  lhes  consome, 
A  opulência  lhe  apaga,  risca  o  nome« 


(16)  yuHue  aut^m  Demini  eu- 
per facientee  mala :  ut  ptrdat 
de  terra  memeriam  eorum. 


Nas  quando  o  justo  o  chama,  escuta  logo, 
Cura-lhc  carinhoso  as  suas  dores, 
Infunde^lhe  no  peito  desafogo, 
Delle  affasta  os  cuidados  roedores; 

Chega-se  ao  manso,  ao  justo, 
Do  coração  do  humilde  expulsa  o  susto. 


(17)  Clamarerunt  Jueti,  et  De* 
mintte  exaudiflít  eoe^  et  ex  emni- 
bue  trfbvlationibuê  eorum  libera- 
vit  eee. 


(18)  Juxta  eet  Dominuã  iiSy  pti 
tribttlato  ãunt  eorde :  et  hnmilea 
fpiritu  eaUabit, 


Por  roais  penas  que  soflra,  nto  consente 
Que  em  tribulações  lutte  largo  espaço: 
Assim  puriBcado,  ternamente 
Toma  Deos  o  seu  servo  em  seu  regaço; 

Guardai  Deos  com  cuidado. 
Nem  um  só  dos  seus  ossos  lhe  é  quebrado. 


(19)  Mvlta  tHbtihtionee  Jue- 
torum^  et  de  omnibue  kie  Hberth 
bit  eo$  Dominue» 


(fO)  Cuitedit  Dominuã  omwa 
Oisa  eorum:  unum  ex  M$  non 
conterttur. 


Ah!   quSo  péssima  a  morte  é  dos  malvados!       (<1)  Morepeetalarumpeeeima: 


108 

et qui úderutu juttuni deiinquent.   Gomo  se  enganam  offendendo  o  justo! 
(s«)  RedSmei  Dominus  aninuu  Os  ser?os  do  Senhor  são  rcsgatadosy 

êtroorum  suor  um ,  et  non  delin-     f\  r^  j   r     j  j 

quent  omnes  qui  sperant  in  eo,        ^  tieo  mesmO  OS  defende  a  todO  O  CUSlO 

Todo  o  que  espera  alcança, 
Se  SÓ  põe  no  Senhor  Grme  esperança. 


PSALMO  XXXIV. 


David.  De  David»  {*) 

(1)  jitdiea.  Domine,  noeenteê  JuLGA,  Senhor»  aquelles  que  me  offendem! 

me :  expugna  impugnante^  me,  ^      t 

Combate  com  vigor  quem  me  combate, 
-    Pois  minhas  débeis  forças  os  nSo  rendem. 

(2)  ApprehenAe  ormã,  et  seu-  Toma  as  armas,  embraça  o  teu  escudp, 

ÍMffi,  et  exsurge  in  adjutorium 

mihi.  Surge  em  soccorro  meu,  empunha  a  espada, 

Aos  que  vem  contra  mim  fecha-Ihes  tudo : 

(3)  EifHnde  frãmeam,  et  cen-   Põc-te  entre  mim  e  OS  mcus  pcrscguidores, 

elude  adoereuê   eot,    qui  perse» 

quuniur  me :    die  anima  mea ,         Gorta-lhe  OS  passos,  Dcos !  dize  á  minha  almt : 

$alus  tua  ego  tum,  c       i  i       »  j 

^  a  Sou  tua  salvaç&o,  cessem  as  dores,  o 


(4)  Cor^undantur,  et  reoereanr    Fiquom  COnfuSOS,  tfistes,  aSSUStadoS 
tur  qu(erente$  animam  meam.  ^  i  • ,   .  •  • « 

Os  que  buscavam  já  tirar-me  a  vida; 
E  voltem  para  traz,  envergonhados. 


(•)  'O  fentido  ntteral  dcsle  pfalmo  é  uma  petiçSo  a  Deoe  feita  por  David  no  neio 
das  desgraças,  das  insidias,  e  perseguições  de  Saul,  e  mais  dos  seus  cortezSos,  qtie  espalha* 
vam  contra  elle  calumnias  junto  do  Príncipe,  se  bem  que  alguns  se  lhe  mostrassem  amigos; 
e  contém  uma  prophecia  da  ruina  de  todos  elles.  O  sentido  espiritual,  segundo  a  commuD 
sentença  de  todos  os  Padres,  deve  adaptar-M  a  Jesus  Chrislo,  accusado  de  suppostoa  delictot, 
perseguido  pelos  inimigos,  e  atraiçoado  pelos  amigos. 


109 

Confunde-os»  sim,  meu  Deos,  esses  que  urdiram     (5)  AterUntur  retwêwn ,  et 

eotifundmntuf     cogilanteã     mihi 

Troroa  em  que  eu  tropeçasse  descuidado;   mula. 
E  os  que  a  justiça  sempre  supprimiram. 


Desça  o  teu  Anjo  16  do  firmamento, 
Comprima-os,  vSo  fugindo,  qual  poeira 
Ante  a  face  d 'irado  e  rijo  vento: 


(6)  F/«iii  fãmquãm  pulvh  mnie 
faeiem  venti  :  et  Jngeluã  Domini 
eoarctãtu  eêt. 


Corra-Ibe  após  o  Espirito  celeste, 
E  seja  o  seu  caminho  tenebroso, 
Escorredio,  mal-seguro,  agreste. 


(7)  Fiat  via  iUorttm  tencbroí, 
ei  lubrieum,  et  JJngelut  Domini 
penequenê  eo9. 


Tanto  merecem,  sim,  porque  me  armaram  (8)  Quoniam  gratit  ahêfnde^ 

-         .                      j.j                                    .  rvnt  mihi  interitum  laquei  tui : 

Seus  laços  escondidos,  que  eu  nao  via,  tupervaeve   exprobravemat   ani' 

E  sem  nenhum  motivo  me  exprobraram : 


mam  meam. 


Destes  laços  cruéis  que  me  teceram,  (Q)  retuat  nu  laquem,  quem 

,  ^  0  *  ignorai,  et  eaptio  quam  okêcoa» 

Sem  que  O  ▼ejam»  também  seus  pés  se  prendam,    f^  apprehendat  eum,  et  in  la- 


E  conheçam,  caindo,  o  que  fizeram: 


queum  cadat  in  ipoum* 


É  justiça,  meu  Deos,  nSo  é  vingança. 
Salva  de  ardis  minha  alma,  e  se  deleite 
Na  salvação  que  a  ti  só  deve,  e  alcança. 


(10)  Anima  auiem  mea  exulta' 
bit  in  Domino,  et  delectabilur  tti- 
per  ãolutari  tuo. 


Todo  0  meu  sér  dirá:  «Quem  como  Deos?  (ii)  Omnia  ona  mea  diant: 

Qual  semelhante  á  mSo  que  tudo  rege,  ^"^"^^  ^"  •'"^'"  "*•' 
Ferros  tão  fortes  quebra  aos  servos  seus?» 

Tu,  Senhor,  és  quem  livras  o  indigente  (i«)  Eriphm  inoprm  de  manu 

.                                                       .  fortiornm  tju»,  egenum,   et  pau- 

Da  Violência  dos  fortes  que  o  despojam,  perem  a  diripienUbu»  eum. 

£  ao  manso  dos  dicterios  do  insolente; 


Dos  falsarios  iniquos,  que  lhe  pedem 


(13)  SurgetUen  te»teê  ittiquif 


.% 


fua  ignorabãmj  interrêgabantme. 


110 

Conta  de  assumptos  que  nem  vío  nenl  soube, 
E  que  seus  próprios  bens  lhe  nlo  concedem ; 


(u)  RetHbuehant  mihi  mela   Dos  iogratos»  quo  O  bem  com  mal  lhe  pagam, 

pro   bonit,    iterilileicm    animm         r«       .  n  i>      .  -n  ' 

fnew.  Frustram  finezas,  irustram  sacriticios, 

E  a  verdade  opportuna  nunca  indagam. 

(15)  Egú  autem,  eum  mihi  mo- .  Ah  Senhor!  quo  Gz  contra  quem  me  opprime? 

ititi  ettent.  induebar  cilicio,  ••       •■i    •  i    •  j       -i*   • 

Humilhci-^me,  cubri-me  de  cilicio. 
De  luclo  penitente  revesti-mo: 

(16)  Humiiiobaminj^junio^ni-   Lagrimas  derramava  copiosas; 

mam  menin:  etoratio  meoiminu  r\       -^  At  tê.     aé. 

meo  eomverieiur.  Orações,  por  quem  tanto  me  maltratta, 

No  meu  .seio  giravam  fervorosas. 


(17)  Qvasi proximum^  et  ptati  Como  irm&os  trattei  sompro  os  inimigos; 

fratremntulrumtiecompltrcfbam:  n  •       j   • 

çuoii  Lgem,  ei  contriitatus  ríe       Eram  crucis,  doi8m-me  seus  erros 
humiiiobor.  jl^jg  j^  ^^^  ^^  aíDigiam  meus  perigos 


(18)  Et  odversum  me  lúBtaii   Entretanto  gostosos  conspiravam, 
íííítíj/r^^^'^^^^^^^^  E,  sem  que  eu  percebesse  seus  intentos, 

'*''"'  Fiagellos  contra  mim  multiplicavam. 


(19)  Diêtipati  tunt,  nee  com» 
puticli:  tenlaotrunt  me,  nibuM' 
naveniní  me  tubmnnaiione^fren' 
duerunt  tvper  mo  deníiòuo  iuio. 


Finalmente,  Senhor!  desconcordaram ; 
Mas  sem  fechar  os  lábios  depravados. 
Inconsequentes  fabulas  armaram: 


Cobriram-me  de  aleives  criminosos, 
A  paciência  em  prova  me  puzeram. 
Os  seus  dentes  rangendo  de  raivosos. 


(«O)  Domine,  qvando respicieaf   Olha,  Scubor,  6  afracB  a  iniquidade! 
í/i!!«/7e"rZ  Quando  has  de  libertar  minha  alma  afllicta 

""''""'  Das  leoninas  garras  da  impiedade?... 


11:1 

Dos  justos  D«  assembléo»  em  magno  templo,    (si)  Cçnfiuhâr  tm  t«  ec€ie$iã 
Te  hei  de  ir  louvar  com  povo  numeroso,     te. 
Que  seguirá  contente  o  meu  exemplo. 


NSo  é  justo  que  os  farte  o  que  desejam ; 
Esses»  que  sem  razão  tanto  me  odâam. 
Mofam  de  mim»  sorrindo  pestanejam: 


(tt)  Nan  tuptrgmêieani  mMt, 
fui  adt>er*ãntur  mihi  ini/itê :  qui 
êderunt  me  graiit^  et  ãnnuuni 
oeulie. 


Vejam-me  esses  fingidos,  com  espanto, 
Desfazer-lhe  os  enredos  que  tramavam 
Com  doces  pbrases,  crocodileo  pranto. 


(S3)  Qu0niãm  miM  cuidem  pê* 
effiee  hyyebauiur,  et  in  irãettm- 
dia  terra  loquenteã,  dolê»  eêgi* 
tãbmt. 


Em  falsos  testemunhos  se  explanavam :  (S4)  Et  difãim>ervnt  euper  me 

«s         .        ,     1                     I      ,             t  9i  iuum,  diíerunt :  euge,  euge^ 

ali  certo,  é  claro,  o  mal  nós  o  sabemos»  vidermu êoiíi nêitri. 
Diziam,  attestando  o  que  inventavam. 

Tu,  meu  Deos,  é  que  viste,  e  nSo  te  cales;  í*^)  yidieti.Dãmine.neeneâs: 

*          ,  Deminej  ne  dieeeda» « me, 

Ndo  te  apartes  de  mim  em  tal  conflicto, 
Põe  diques  á  torrente  de  meus  males. 

Surge,  Senhor,  e  lavra-me  a  sentença :  (*®)  ^'«'•^'i  ''  intende  judi^ 

^  Ho  meo,  Deu$  meve,  tt  Dominue 

U eu  Deos,  meu  defensor !  na  minha  causa  meuê,  in  eauiam  meam. 
Pôr  patente  a  innocencia  a  ti  pertença. 


FiCarSo  os  perversos  confundidos,  iV)  Judiea  me  eeetmdum  Jui- 

•      !•  -A  .  titiam  tuam.  Domine  Deui  meui^ 

Nem  mais  dirão:  uE  claro,  nós  o  vimos»     et  non  tvpergoudeont  m/At'. 

c  ir        «I  '  r  ft«j  (^^)  Non  difãntiucordibue  avia: 

dUtfoCarãO  clamores  fementidos.  euge,  evge  onimtB  matrw :  needi' 

cnnt^  devonvimtia  eum. 


Cubra  seu  rosto  a  confusão  e  o  pejo. 
Cesse  nelles  a  pérfida  alegria 
De  cevar  com  meu  pranto  seu  desejo: 


(f  9)  ErubeacmU,  et  revereantur 
êimnty  qui  grmtuUtntur  malta  meia. 


Envolva-os  a  vergonha,  temam  dores, 


(30)  Induaniur  eof^futione^  Vi 


112 

I 

rererentiã,  qui  magna  loquuntur  N'uin  timído  respeitO  56  CODVCrUl 

Évper  me.  ^  vocifcraçílo  do8  falUdores. 

(31)  Exuitent  et  i(Btentur,  qui  Em  tanto,  hvmnos  mclodicos  resoem 

rotunl  Juãtiliam  mva/n,  eí  dieatU  .^  •   i       •       • 

eemper,  magwfieeivr  DominuM ,       l^os  que  a  mioba  justiça  te  requerem; 
qu  voutt  pacemeerp  ejui.  ij.^^  nomc  exalteiD»  caotem»  abençoem: 

Digam  como  ao  seu  servo  deo  socego. 

(32)  Et  língua  mea  mediíobiiur       Meditando»  Seohor,  tua  equidade, 

jnsliliam  tuam,  tota  die  laudem         ««•   ■      i*  i  .     .    i 

tnam.  Mmba  língua  em  louvar-te  toda  emprego: 

Noite  e  dia  irei  na  barpa  modulando 
As  celestes  verdades  que  m'iospiras, 
E  em  extasis  de  amor  cantos  soltando. 


PSALMO  XXXV. 


Id  fiDem  puero  ipú  David.  FettO  €  pOStO  em  mUitca  pOT  Docid 

servo  do  Senhor.  (*) 


0. 


(1)  Dixitinjuatuã,  utdeiinquat   yuANDO  ccssa  no  peito  do  malvado 

in  MemetipMo:  non  eet  timor  Dei  •      j      .^ 

ante  óculo»  ejui.  tf  receio  de  Deos»  sei  como  la  lia ; 

Como  comsigo  mesmo  determina 
Ser  sempre  depravado: 

(S)  Quamam  doloêeegit  ineonã'  AffoutO  abraça  OS  CrrOS, 

preiu  fjun^  «/  inrenialur  iniqui'     /,   .  j  .-^ 

las  cjus  ad  odium.  Luida  quo  a  Deos  tão  longe  não  compete 

Ver,  conhecer  dos  crimes  que  commette. 


(•)    Níio  se  acha  em  ven knlo  algum  deite  psalmo  conta  de  parUctilar,  por  onde  poeâ 
conhecer-ie  em  que  occasiSo  foi  compofto.  ^ 


113 


Ante  a  face  de  Deos  se  determina 
A  peccar,  sem  pudor  e  sem  receio; 
Sem  pdr  lei  és  paixões,  aos  appetiles, 

A  verdade  abomina» 

Em  fraudes  se  deleita: 
Se  dorroOt  co'  a  vingança  está  sonhando, 
£  DO  mal  que  lhe  apraz  se  vai  cevando. 

Cuida  que  lá  nos  Geos,  meu  Deos,  somente 

Reside  o  teu  poder;  que  és  justiceiro, 

Misericordioso  lá  por  cima 
Do  pavilhão  luzente 
Em  que  chammejam  astros, 

E  tSo  distante  vemos  cá  da  terra; 

E  neste  absurdo  o  seu  juizo  encerra. 


(3)  Ferha  úri$  efui  iniquUas, 
et  dêlu»^  noluit  intelligere,  ut 
btnê  ageret. 


(4)  Iniquiíalem  medilatus  ett 
in  atòili  iuo:  antitit  omni  via 
non  amue,  maliUam  mitem  non 
odioii» 

(5)  Domine  in  obíõ  miieríeer-' 
dia  tum,  et  veritae  tua  usque  ãd 
nubeã. 


«Longe  estfio  os  teus  raios,  cá  nSo  ch^m; 
(Diz  o  Ímpio  ao  Senhor)  as  nossas  obras 
São  argueiros  nos  quaes  d'immensa  altura 

Teus  olhos  n&o  s'empregam; 

Térreo  sèr  nio  t'iroporta: 
Aos  homens  dás  sustento,  pasto  ás  feras, 
E  nem  esses  nem  estas  consideras.» 

Erro  fatal  I  Em  vSo,  impio,  trabalhas 
Por  occultar  de  Deos  a  providencia : 
Como»  ó  Senhor,  as  tuas  misericórdias 
Profusamente  espalhas 
Sobre  os  mortaes  humildes! 
Como  08  acolhes,  cobres  e  defendes. 
Quando  as  azas  magnificas  estendes! 


(6)   Jvetitia  tua  tieut  múntet 
Dei :  Judicia  tua  abyuuê  muita. 


(7)  Homine»  et  jumenta  ialva- 
bit.  Domine :  qw-madmodum  mui' 
ttpUe98ti  minerieordiam  tuam , 
Deue! 


(8)  Filiiautem  kominum  in  teg^ 
mine  alarum  tuarum  eperabunt. 


Virá  tempo  em  que  fartos  de  venturas, 
No  teu  palácio  augusto  admittidos, 

Tomo  VI. 


(9)  Tnebriabuntvr  ab  ubertate 
domus  tua,  et  torrente  vúiuptO' 
íit  tua  potabii  eot. 

8 


114 

Em  torrentes  de  amor  nos  saciemos 
Das  delicias  mais  puras: 
Das  riquezas  celestes 
Gozaremos  sem  termo  nem  medida, 
Junto  de  ti,  meu  Deos»  fonte  da  vida. 

(10)  Quoniamapud  teettfont  Oh  suavo  vis9o,  prazér  celestol 

vittgj  et  in  lumine  tuo  videbimuM    ..        ,.  i.*i        «i  #.• 

lúmen.  Ver  dimanar  de  ti  da  vida  a  lontel 

Ver  em  ti  mesmo  a  luz  de  que  és  origem! 
Ver  como  esta  reveste 
De  ardente  amor  os  justos, 
E  os  abraza  em  affectos  fervorosos! 
Ver  o  Supremo  Beml...  Olhos  ditosos!... 

» 

(11)  Pratende  mUericordiam  Reserva-rme,  Sonhor,  tSo  grande  dita, 

tuam  MCientibus  te,  etjustiiiam     n  .  .  i     . 

tuam  /itf,  qui  recto  iunt  corde.     Prospéra  osta  osporança  que  me  alenta; 

Derrama  generoso  as  misVícordias 
Em  quem  as  necessita, 
Em  quem  te  reconhece; 
Faze  justiça  équelles  que  fimploram, 
.Aos  rectos  cora(|des  4I0S  que  te  adoram. 


(i£)  Non  veniat  mihi  pes  fu-   Não  constutas  em  tanto  que  atrevidos 

perbiíE :  et  manut  peccatori»  tun    ^         •      «  .  ,         . 

moveant  me,  Os  suberoos  mo  oppnmam,  me  despojem: 

(13)  Tbi  ceeiderunt,  qui  operão-   Bem  sci  que  8  iniquidade  não  prospéra, 

tur  iniquitatem :    expuUi  ãunt, 

nee  potuerunt  ãtare.  N9o  medram  fementidos 

Que  a  corrupção  devora : 
Caindo,  levantar-se  o  iropio  nllo  pode, 
Ninguém  delle  tem  dó,  ninguém  lhe  acode. 


115 


PSALMO  XXXVI. 


N, 


De  David.  [*) 

AO  queiras  emular  os  depravados, 
Não  te  deixes  arder  d'inveja,  veodo 
Loucos  felíies»  máos  affortunados: 


David. 

A1.BPH. 
(I)  Noii  amulari  in  malignan- 
Ubuiy  negue  zelmoerU  facientibui 
inipíitatem. 


Bbth. 
(3)  Spera  in  Domino,  etfac  bo' 
niiatem :  et  iahabita  terram,  et 
paiceris  in  dioitiii  ejitt. 


Brevemente  qual  feno  hão  de  seccar-se;  (C)  Ouomiam  tanquam  ftenum 

^     m  n  1  veheiter  areteenl :  et  quemadnuh 

Qual  Uor  que  sobre  o  cam  po  nasce  e  morre,   dum  úUra  herbarum  ato  deâdent. 
Dentro  em  pouco  também  bio  de  murcbar-se. 

Espera  no  Senhor,  faze  obras  santas. 
Se  na  terra  habitar  queres  contente, 
Se  queres  que  prosperem  gados,  plantas. 

Vive  prudente,  em  Deos  só  te  conGa; 
O  que  Deos  quer  contente  teus  desejos. 
Terás  quanto  desejes,  e  alegria. 

Não  perlendas  rasgar  véos  do  futuro, 
Deixa  a  Deos  o  cuidado  dos  successos, 
O  que  Deos  quer  é  sempre  o  mais  seguro: 


(4)  Deleetare  in  Domino,    et 
dabit  tibi  petitionee  cordi»  tui. 


GlMBL. 

(5)  Revela  Domino  viam  Itrom, 
et  tpera  in  eo,  et  ipsefaciet. 


(•)  Este  psalmo,  no  qual  le  expendem  óptimos  lentimentof  raoraei  para  aqnellet  que 
se  acham  opprettot  de  tribulaçSet,  e  se  discorre  por  extenso  sobre  aapparente  felicidade  dos 
peccadores,  parece  endereçado  particularmente  aos  míseros  prisioneiros  na  eicravidão  de  Ba* 
bjlonia,  tíiIo  que  tantas  vezes  nelle  se  falta  da  herança  proroettida,  da  posse  da  terra  feliz, 
eipressdes  que  ao  p^  da  lettra  nfto  podem  deixar  de  enlender-se  referi«l«8  a  Jerusalém,  posto 
que  também  nâo  p<Sde  negar-se  que  o  Psalmi»ta  em  mais  alio  sentido  tivesse  na  mente  faltar 
da  eteroa  felicidade.  É  acróstico  ou  alphabetico,  mat  cada  lettra  contém  dois  fersiculoi, 
compondo  ambos  uma  eitrofe. 

(MiUt9Í,) 
Tomo  YI.  8  • 


116 

(6)  Ei  eâueet  qunsiiumen jut-  Quaoto  mais  a  julgarem  supprimida 

iitiam  tuam,   et  judicium  tuwn  m»  n        r     «        •       *        • 

iamquam  mcridiem,  Meluor  lará  raiar  tua  innoceDcia, 

Qual  Tem  do  sol  a  luz  forte  eipedída* 

Dálbth. 

(7)  Stibditut  esto  Domino,  ei   Queres  graças?  humilha-tei  supplíca, 

ora  eum  (•)  t     «v  #, 

Os  arcanos  de  Deos  com  fé  respeita, 
£  o  teu  coraçSo  todo  a  Deos  dedica: 

Em  proporçSo  da  ardência  de  teus  Totos, 
Alcançarás  mercês,  amplos  favores 
Que  paguem  os  suspiros  teus  devotos. 

Noii  wmuiari  in  eo^  qui  prós-   Já  te  disse,  86  vírcs  quo  prospéra 

peratur  in  via  tua,  inhominefo'  -.   ,       .         ..  •  •.       i- 

ciente  injustuiãs.  O  impio  satisfcito  dias,  annos, 

N&o  te  agastes,  seu  6m  lhe  considera. 

Hb. 

(8)  Desine  ab  ira,  et  dereiin-   Pôe  dc  parte  O  furor,  suspeude  as  iras, 

que  furorem;  noU  amulari,  ut 

maiignerio.  Evila  compctir  com  máos,  se  queres 

Que  o  Geo  te  ampare,  e  ao  Ceo  somente  aspiras. 


(9)  Quoniam,  qui  mahgnantur,   Tu  gozarás  da  terra  promcttida ; 

exterminabuntur;  tusUnentra  ou»  .  j      •      j 

tem  Dominam  ipii  hareditabunt       Elles,  qual  fumo  em  oreve  dissipado, 

ietram,  *•  ^r*it.  «j 

Assim  verão  fugir-lbe  a  paz  e  a  vida. 

Vau. 

(10)  FA  adhw  puiiitum ,   et   Daqui  a  pouco  8  morto  tragadora 

non  erit  peecator:  et  quaret  lo-         .  ,  ^-.,,.«,  * 

eum  eJuM,  et  non  invenieo,  l-eva  o  máo :  —  Que  foi  delle  ?  onde  moravaT— 

N&O  se  sabe;  acabou,  é  cinza  agora. 


(11)  Mansueti  autem  hairedita-   Mos  os  mansos,  quc  injurías  supportaram, 


(•)  Estas  palavras  nas  ediçSes  communs  impropriameDte  so  nDem  ao  rersicttlo  prece- 
dente, estragando-se  a  ordem  alphabetica,  pois  aqui  começa  o  Daleth,  e  o  versículo  dere 
diridir-se  em  dois,  mesmo  no  texto  hebreo,  porqae  é  muito  longo,  e  assim  o  requer  a  eslrii- 
ctura  poética. 

(Uattei.) 


117 


Victimas  dos  penrenosi  ioda  podem 
As  delícias  gozar  de  que  os  privaram: 


bunt  terram,  et  deleetãbuntur  in 
mulíitudine  paeii. 


Esses  em  paz,  Da  herança  appetecida. 
Da  infinila  piedade  objectos  dignos, 
Alcancar&o  a  gloria  merecida. 


Na  abundância  de  paz,  dias  e  annos. 
De  magoa  isentos,  gozarlo  tranquillos; 
Mas  que  sorte  ha  de  ser  a  dos  tyrannos  1... 

nso  de,  cheios  de  cólera  e  de  susto, 
Rangendo  os  dentes,  trémulos,  convulsos 
Observar  com  pavor  ditoso  o  justo. 

Deos  do  alto  dos  Ceos  delles  zombando. 
Da  inútil  raiva  annulla  os  vSos  projectos, 
£  vai-Ihe  o  fatal  termo  avísinhando. 

O  peccador  em  vSo  desnuda  a  espada, 
Quer  ferir  o  innocente,  o  arco  estende; 
Porém  se  Deos  não  quer,  que  alcança?  nada. 

Em  pedaços  lhe  estala  o  ferro  duro. 
Ou  de  raiva  no  próprio  peito  o  crava. 
Da  mSo  lhe  escapa  o  arco  mal  seguro. 

Quanto  mais  vale  o  pouco  que  contenta 
O  justo,  que  as  riquezas  do  malvado. 
Que  o  não  fartam  por  mais  que  as  accrescenta ! 


Zain. 

(12)  ObtervnbU  peceator  Jui» 
tum,  et  ãlridebit  super  eum  den- 
tibu9  suia. 


(13)  DominuM  amtem  irrídebit 
eum,  çuoniam  protpicit,  çuod  ve- 
niet  diei  ejuê. 


Chbt. 

(14)  GMium  evaginaterunt 
peccãtoret ,  inienderunt  arctim 
Muum. 

(15)  Ut  dfjieiant  pauperem,  et 
inopettiy  ut  trucident  recto»  eorde 

(16)  Gladiui  eorum  intret  in 
corda  ipsorum:  et  arcuã  eorum 
am/ringatur. 


Tbth. 
(17)  Meliuã  eãt  modicum  Jutto 
iuper  divitias  peccatorum  multai. 


(•)    Eite  Teniciilo  vai  unido  com  o  antecedente  no  Hebreo,  e  amboi  formam  um  «S : 

mit  porque  a  Iraducçio  lahia  longa,  dl?ide-M  em  dois  na  Vulgata,  e  parece  que  a  estrofe  é 

compofU  de  Ires  Tersos. 

(Mattei.) 


118 

(18)  qumiãm  bmeMa  peeeau^   Pre^eDte  O  crimiDOso  qucda  inraosta, 
i7r/.?X«M«r^''''  "^       Q««ndo  o  justo,  que  em  Deos  sempre  cooGa, 

NSo  acha  a  Providencia  nunca  exhausta. 

(19)  Novit  Dominut  ãie»  im-  Bem  conhcce  O  SenhoF  que  a  paz  interna 
•A  aiemum  erit,  Aos  pereciveis  bens  prefere  o  justo; 

Por  isso  lhe  destina  herança  eterna: 

(20)  yon  ېnfundentitr  in  tem-  Entretanto  nSo  deixa  que  opprimido 
C^«i«;/'  *"  ^"*"'-^'"^  •-       Pelo  mal,  bem  que  o  vexe,  permaneça. 

Nem  nos  dias  da  fome  exinanido. 

« 
(SI)  Quiã  peecatêrct  peHbimt.   Tompo  virá  fuuesto  em  que  os  castigos 

Inimici  vero  Domini  mox  uí  A#-  ^,  _         i  .       .  ^    ^^_^  ^.^^  ..•IU««« 

fiorijicatifuerint.  et  exaUati,  de.       Chovcrào  sobro  OS  impios.  som  quo  valham 
"d^^e^  ^^y^«^'"«^"''rf«'»  >«•«'»       Honras,  cargos,  poder,  fortuna,  amigos. 

Inimigos  de  Deos,  abandonados, 
SerSo  qual  cera  derretida  ao  fogo, 
Depois  qual  fumo  leve  dissipados. 

(s«)  Mutuabitur  peccãtor ,  «i   Para  esmolar,  ao  sóbrio  é  que  sobeja ; 

«o/i  iolvet :  iitêtu»  aulem  misere.  ^  t  & 

íiir,  et  eammodat.  O  poccador  uom  paga  Dom  reparte, 

Se  muito  alcança  muito  mais  deseja: 

(«3)  Qttf«  bettedicentes  ei  hmre^  Tudo  consomo,  0  proprio  6  O  emprestado, 

ditabunt    terram:    maledieentei  ^  .  ...  ^       ^  '«^^ 

Miifffi  ei  ditperibmt.  Com  custo  rostitue,  e  por  seus  crimes 

É  nos  Ceos  e  no  mundo  reprovado. 

Tranquillo  o  justo  colhe  venturoso 
Os  fructos  da  virtude,  cá  na  terra 
Do  Ceo  espera  as  benç&os  fervoroso. 

(O  A  primeira  parte  desle  Ter^iculo  íl,  quia  peecatores  peribuntt  une-te  ao  ■■lei*' 
dente  na  Vulgata;  mai  a  ordem  alphabetica  demostra  que  pertence  a  cate,  o  qual  peoioqK 
no  texto  hebreo  era  antigamente  diTidido  cm  doit. 

(Mãttei.) 


119 

O  Seabor,  os  seas  paasos  dirigindo» 
Aplaoa-lhe  os  camiobos  escabrosos, 
Segura-o  se  escorrega  ou  vai  cabíndo 


Mbm. 
(24)   Jptd  Dammum  gre$»u9 
haminiã  iirigetur^  ei  viam  ejut 
voltt. 


Se  tn^ieça»  pde  Deos  é  parte  opposta» 
Benigno,  a  mSo  piedosa  que  o  defende» 
E  o  fiel»  com  amor»  nella  se  encosta. 

Fui  moço»  e  j&  sou  velbo;  inda  até'gora 
Ndo  vi  que  fosse  um  justo  abandonado» 
Nem  seu  filho  jamais  mendigo  fora : 


(25)  Cum  eeciderit,  wm  eolli- 
deiur,  qitia  DaminvM  supponit 
manum  awtm. 


NUN. 

(26)  Júnior  fui  y  etemm  i^nui: 
et  non  vidi  juttum  derelietum, 
nee  sémen  ejus  çuwrent  panem. 


Com  opportonos  dons  Deos  allivia 
O  pobre,  nem  consente  que  Ibe  falte 
Para  os  filhos  o  pão  de  cada  dia: 


(27)  Teia  die  mieeretur^  et 
cemmodat,  et  sémen  illius  in  be^ 
nedictione  erit. 


Beneficies  sobre  elles  derramando» 

Quer  o  Ceo  que  com  prémios  merecidos 
A  stirpe  abençoada  vá  durando. 

Evita  o  mal»  prattica  o  bem  constante» 
Se  queres  immortal  ser  e  ditoso» 
Nao  percas  descuidado  um  só  instante. 


Sambch. 
(28)  Declina  à  maloy  etfae  ho-^ 
num^  et  inhabitm  in  saculum 
culi. 


Ah !  nSo  sabes  que  bens  prepara  ao  justo 
O  nosso  Deos!  delicias  sempiternas» 
De  que  pôde  gozar  sem  risco  ou  susto. 


(29)  Quia  Dpminus  amctjudi* 
cium,  et  non  derelinç/uet  sonetos 
ttiM,  in  teternum  conservabunlur. 


Quanto  acima  dos  bens  que  mais  cubica 
Cá  na  terra,  são  esses  que  promette 
A  prattica  constante  da  justiça ! 

Que  tremendos  porém  sio  os  castigos 


Haih. 
(30)  Injusti  punientur,   et  se* 
men  impiorum  peribit. 


120 

(31)  Ju9tí  auiem  hmrêOiMiiní       De  que  zombaiD»  talvez,  os  líbertioos, 

Urram j  et  inhãkUabwnt  in  t«eif-  r?  &&     &  •■         •       t 

lum  H^ii  Muper  eam.  Sem  atteDUr  que  os  cercam  mil  perigos! 

Delles  se  extingue  a  raça  crimiaosa, 
VSo  morar  para  sempre  atribulados 
Na  masmorra  do  inferno  tenebrosa. 

Phb.  ,        . 

(32)  Oã  jutH  meiitàbHur  ««-  Ama  O  sílcncio  O  sabio ;  cauto,  atteoto 

mentiam^  et  língua  ejus  loqvetur  .«    i  •      i*  «  j   j 

judicium.  Mede  as  vozes,  n2o  diz  senio  verdade. 

Qual  reside  em  seu  puro  pensamento: 

(33)  Lex  Dei  ejut  in  carie  Vai  scguro,  pois  trsz  no  poito  improssa 

iptine ,    et  nan  êumlantabuntur  ai*  j         •  i 

grettus  ejui.  A  Ici  Sagrada;  risco  algum  nSo  corre. 

Jamais  perde  o  caminho,  nem  tropeça. 

Zadb. 
(34)  Caniiíterat   peeeatar  Juã-    O  pOCCador  em  V80  Ibo  toudo  laÇOS; 
tuntf  et  quarit  mortificare  eum.  __  .  _  i.  .   .  i  i     . 

Yai  por  Deos  dirigido,  uada  teme, 
Esforço  algum  faz  vacillar  seus  passos: 


(35)  Daminus  autem  non  dere-   Das  mais  porGdas  mSos,  forças  immensas 

linquet  eum  in  manibue  ejus^  nee  ¥\     o     u  i»l     * 

damnobit  eum ,  eum  judicabitur       mjo  betíbor  O  libertam ;  nao  o  attingem 
'  ''  Mentirosas  nem  ásperas  sentenças. 

COPB. 

(36)  Extpeeta  Daminum,  et  Se  soffrc,  em  tanto  no  Seohor  espera; 

euitadi  viam  ejuã ,  et  exaltabit          ^         i         v    •  ■      •  «         ^ 

If,  ut  hareditate  eapiae  Urram:          Guarda  a  Lei,  6  SUDmiSSO  a  SOUS  decrotOS, 
eum  perierint  peeeateree,  videbis.  til  a  i 

'^         '^  Julga  breves  as  magoas,  e  as  tolera. 

Soffre  assim;  e  verás  como  afBança 
O  teu  Deos,  exaItando*te  na  terra, 
A  posse  da  sublime  e  eterna  herança. 

Rsg. 

(37)  Fidi  impium  tuperextíio'  Qual  do  Libauo  0  cedro  levantado 

tum,  et  elevaium  iieut  eedrõs  IA"  *       .  i  ■ 

kani.  Já  VI  O  peceador;  chega  a  ruma. 


E  logo  cae  por  terra  desfolhado. 


121 

Passei  poaco  depois;  nlo  existia; 
Procurei,  sem  o  achar,  o  lugar  delle» 
Pessoa  alguma  o  cedro  conhecia. 

Do  paciBco  a  cinza  affaga  a  sorte; 
Quando  preserva  intacta  a  probidade, 
Á  vida  corresponde  sempre  a  morte: 


(38)  Ettrmuimeteeteiwnerat^ 
et  fvaêini  eum^  et  ue»  eet  inven» 
Itft  lõeuê  ejuã. 


ScRTfff. 

(39)  Cuêtodi  innoeentiam^  et 
vide  wqvitatem,  pteviam  eunt  re- 
liquim  honUni  pãcificê. 


A  geraçto  dos  ímpios  degradada, 

NSo  medra,  não  prospera,  não  ikirece. 
Dos  homens  e  de  Deos  desamparada. 

Justos  feliies!  vós,  que  Deos  ampara. 
Que  nas  trihulagões  salva  e  protege, 
Que  abundância  de  bênçãos  vos  preparai 

A  generosa  mSo  benigno  estende. 
Na  maior  amargura  vos  consola. 
Reprime  o  peccador  se  vos  o&nde. 

Sereno  passa  a  noite,  passa  o  dia : 
Que  fartura  de  bens  nSo  gosta  aqoelle 
Que  no  Senhor  somente  se  confia ! 


(40)  Imfuêti  ãutem  diefrièmtt 
eimul:  relifuim  im/^ierum  tule- 
ribmt. 


Thau. 
(41)  Salus  atitem  juetarum    a 
DeminOy  et  protector  eerum  in 
tempere  tribitlútiúme. 


(4f)  Et  ãdjttr&hit  eês  Demitme, 
et  Hkerabit  ee»,  et  eruet  eoe  m 
peeeãtoriònt,  etiotvaòit  eoi,  quim 
iperuverunt  in  ee. 


122 


PSALMO  XXXVII.  ( ) 


(III.   DOS  PENITENCIAES.) 


(1)  Domine,  ne  infurcre  tuê  [lio  me  argúas,  SenhoFf  em  quanto  irado; 

arguas  me,  neque  in  irm  tua  cor^ 

ripia»  me.  N2o  me  castigueSy  n^o,  em  quanto  dora 

Furor  que  te  inspirei  desacordado. 

(s)  Quoniam  Magittas  tua!  infi-  £m  mim  88  tuas  frechas  aguçádas 

xw  MVtU  mihi,  et  confirmatti  «t^  r     j       r    •  j  n 

per  me  manum  tuom.  Já  proiuodas  lendas  mo  Gzeram, 

Que  exacerbaram  tuas  mSoa  pesadas. 


(3)  N$n  ett  Monitae   in  carne  Em  mim  nlO  há  porçSÓ  qUO  St  ficaSSO 

mea  afaciê  irwtua:  non  est  pax  ^ 

otsibfts  tneh  a/aeie  peceatêrum  Peraute  a  tua  COlerV ;  DOm  OSSOS 

mtorum.  ^              •  .      i                     •             •            i 

Que  a  vista  de  meus  crimes  oSo  quebrasse. 
(4)  Quoniam  infçwtatet  mea  Como  as  oudas  do  mar  oocapelladas 

tupergrestw  tunt  eaptit  meum^  et 

eicut  onnt  grave  gravata  tunt  mu-  MiohaS  iniquidades  mO  parOCOm, 

Sobre  mim  com  gran'  peso  accomuladas. 

(5)   Putruerunt,    et   corrupta    Â  COrrupçSO  ganhoU  mOU  fraCO  pCltO, 
9unt  cicatricet  mea  a/acie  ifi«f-  .        ,  i         •   ■         i 

pirniiamta,  As  chagas  de  mraha  alma  gangrenaram; 

Das  minhas  illusões  funesto  effeito. 


(6)  MUer  f actue  êum,  et  cur^  MiserBvel  audci»  tristc,  curvado, 

ratue  eum  utçue  infinem,  totm  ^   t  . «  •■  .        « 

die  contristattts  ingrediebar.  bubmergido  na  dor,  peregrinando, 

Por  mil  loucos  vaneios  enganado. 


(•)    Depob  do  peccado  etcre?eo  David  este  bel  lo  ptalmo,  em  que  detetU  a  soa  cutpti 
memora  oi  caatigoa  recebidos,  e  pede  a  Deoi  piedade  com  TiTtnimas  expretidet. 


123 

Esperanças  faisarías  corromperam 
Com  devorante  fogo  a  minha  mente, 
E  o  vigor  da  saúde  me  abateram. 


(7)  (hfmtUm  htmèi  mH  impieii 
teff  in  carne  m««. 


Com  profunda  afilicçllo  formo  rugidos; 
Humilhado  nio  sei  onde  me  esconda. 
Nem  como  arranque  d'alma  os  çieus  gemidos. 


(8)  Jfflietui  êum^  et  humilim' 
ius  tum  nimi9 :  rugiebwn  a  ge^ 
wtítu  mrdit  mei. 


Porém  ta,  meu  Senhor,  tu  bem  conheces 
O  meu  desejo  todo;  a  ti  patentes 
EslSo  meus  ais...  E  não  me  fortaleces? 


(9)  D^mime^  ante  te  omne  de^ 
eiderittm  meum^  et  gemilus  meuã 
m  te  non  est  abiconditue. 


Meu  coraçBo  turbado  apenas  bate; 
Esvae-se-me  a  força,  perco  o  tino, 
De  meus  olhos  a  vista  se  rebate. 


(10)  Cêr  metffn  emitvrkatum 
eat^  derelifuit  me  virtue  mea,  et 
lúmen  oeulomm  mewum^  et  ipewn 
non  eêt  meeum. 


Nas  trevas  me  revolvo,  como  um  cego; 
E  se  apercebo  alguém,  sSo  os  parentes 
£  amigos,  que  me  fogem  com  despego. 


(11)  jimicimei^  etproximi  mei, 
advereum  me  apprepinquneemnt^ 
et  ãteterunL 


Aquelles  que  julguei  inseparáveis  (is)  Et  gvt  juxta  me  eront, 

1     j    I             1.  ^'  '•'•^*  eteterunt,  et  vimfaeie- 

Também  se  apartam...  lá  de  longe  observam  ^nt ,   qut  qumrebant   ãninmm 

w    1  •     .                           «       •  meum. 

Indolentes,  meus  males  mnegaveis: 


Alguns  mesmo  sem  pejo  se  arremessam 
Contra  mim,  ajudando  osr  meus  contrários, 
£  a  opprimir-me  com  fraudes  já  começam. 


Outros  me  accosam  de  erros,  nem  sonhados;     (i3)  fa  qni  inquirebant  maU 

mihi,  locuti  »unt  vanitatee ,  et 

Urdem  tramas,  de  mil  falsos  delidos  dêhe  Ma  die  meditabaMut. 


Complico,  auclor  me  chamam,  depravados. 


Contra  tanta  calumnia,  tanta  injuria, 


(14)  Ego  autem  tanjuam  eur* 


124 

tftft  iiofi  mHehmn,  et  «icwi  mutut       Mioba  bócca  afibrrolbot  calo,  e  deixo 

A  indefesa  looocencia  aWo  da  tuna* 

(15)  Etfm:tuM  9%m  iieut  homâ  Tudo  soffro;  c  poF  mais  quB  ladre  a  inveja, 

nifn  tmdienê,  et  non  httbenê  in  9re         xt»  j  • 

«ii«  re</ar^«i<«flet.  (.)  NSo  OUÇO  Dcm  Fcspondo;  assim  parece 

Que  ou  surdo  stupido,  ou  x)ual  mudo  eu  seja. 

(16)  Qumâmm  in  te,  Damine,    QuCFO  qUO  mO  dcfeodas,  DCOS  picdoSO; 
ãpermti:  tu  exaudiee  me,  Demi^         ■»%     .•         •  ■«.  -    i 

ne  Deui  mnif.  De  ii  venha,  meu  Deos,  todo  o  soccorro; 

Que  has  de  compadecer-te  espero  ancioso. 

(17)  Quia  éixi:  ne  fttãnde  tu-  J4  te  disso,  Seohor,  quo  humildo  acceito 

pergaudeant  mihi  inimiei  mei,  et  ,  * 

dum  eemmeventur  pedeê  mei,  «m-  Da  tua  mãO  CaStígOS»  SC  tu  qucres; 

per  me  mmgna  UteuH  eunt,  ^     i         i  .  •     -.         . 

Quebra  de  cootncclo  este  meu  peito. 

(18)  Quoniam  ego  in  fiageiím  Recebo  alegre  08  goIpcs  com  quo  fercs; 

paralut  itii»,  et  delor  meta  in  «^      .     .  *   i      ■  •       i»  •     i 

centpeetu  mee  temper,  São  justos :  mas  é  barbaro,  iDSoffrivel, 

Que  inimigos  assumam  teus  poderes: 

Que  me  insultem,  que  riam  cruelmente 
Das  minbas  desventuras,  e  accelerem 
Minba  queda,  que  vem  quasi  imminente. 

Âbl  Senbor,  8e  porém  tudo  isto  ordenas, 
Aqui  estott  preparado  a  soffrer  tudo, 
Accresça  este  flagello  ás  minhas  penas. 

(10)  Qttoniaminiqttitatemmeãm   Qusndo  peoso  na  minha  iniquidade, 

annuntia^,  ei  cogita  pro  pecca^  jj^^  ^^j^  pCCCadoS,  O  08  tua  graudcía, 

Muito  avulta  a  meus  olhos  tua  piedade. 


(•)    Eite  veniculo  contéoi  o  mesmo  «0111116010  do  precedente  com  divertu  palaTm; 
o  que  é  frequettUfsimo  «m  poetas  oríenliíef ,  e  em  Homero. 


125 

Reo  sou  para  comtigo,  eu  t'o  confesso; 
Em  paz  bei  de  soffrer  os  teus  rigores, 
Inda  é  pouco  a  vingar-te  o  que  padeço. 

Mas  Senhor,  ah!  perdoa»  se  exaspero  (<o)  inimiH mttem  mei vimmt, 

.  ,  tt  cênjirmaíi  iwtt  tuper  me :  et 

C  O  animo  daqueiles  que  me  ultrajam ;        muitipUeati  tyut,  qui  9derunt  me 
É  por  ventura  bom?  puro,  sincero ?..«  *''"'' 

Nlo  são  elles  os  reos  desses  delictos 

De  que  sem  dó  me  accusam,  sem  verdade  ? 
Façam  fé  do  que  digo  meus  escriplos. 

Elles  porém,  contentes  e  arrogantes. 
Vão  vivendo  seguros,  e  augmentando 
As  turbas  de  malvados  insuitantes: 

Sem  justiça,  c'o  mal  o  bem  me  pagam,  (si)  quí  retHbuunt  maim  ^r# 

E  com  opprobrios  perudos  me  infamam :   t^^ubar  bêmtãtem. 
Que  fiz?  Porque  razão  assim  me  estragam? 

Será  porque  sou  manso,  amo  o  socego? 

Porque  nunca  offendi  nenhum  vivente?         ^u)  Ne  dereUnpiM  me,  Dmni^ 
Acode-me,  meu  Dcos!  a  ti  me  entrego.     '1^!''^  "^«*'  »*  ^'•*"''''  * 


Não  me  abandones,  não,...  Se  não  me  acodes,     (f  3)  Mn^ie  tu   ãdjutúrium 

.  .  1         n-  .    a  meum.  Demine  Peuê talutii  mtm. 

A  quem  recorrerei  em  tal  conllictoí 
Salva-me  pois,  Senhor  I  pois  só  tu  podes. 


126 


PSALMO  XXXVIII.  (•) 


In  floem  ipai  Iditan  A  poestã  i  de  Dãvid;  a  míÂSíCaf 

caolicuin  David.  ^  j^^^^^  ^^^y 

(I)  Dixi:€uiMwmviÊ»mea»,   Wbterminbi  calar-mc:  férrea  mola 
ui  lum  deiinpum  m  lingtia  mea.   ^^  ^^^^  ^^^^m  poreí.  para  que  a  liogua 

NSo  vibre  um  som  que  escândalo  produza, 
Embace  alheia  fama. 

(s)  Púiui  9ri  meo  cuiMimn,   QuBudo  acceso  em  furor  Yem  a(tacar-me 

eum  eontitteret  ptceator  advtr*  ,  ,     , 

9um  mi.  Um  rebelde;  se  audaz,  se  crimmoso 

Me  insulta,  me  injuria,  freio  ponho 
As  vozes,  aos  gemidos. 


(3)  obmutui,  et  humiiiaius   Emmudecido  fico;  ninguém  me  ouve 

tttin,  et  eilui  a  bonit,  et  dolor    g\     •         j  t    a«  j     i.         ^  ii 

meuê  renatMtuã  ett.  Queixas  do  mal,  tão  pouco  do  bem  fallo: 

Humilho-me,  padeço,  e  mais  penosa 
A  dor  concentro  n'alma. 


(4)  Qmcaiuit  ear  meum  intra  No  coraçlo  a  chaga  mais  8'inflamma 

me,  et  in  meditatwne  mea  <rar«r-     r\        .  .  i>«      i 

deeeet  ignu.  Quanto  meoos  a  mostro,  e  meditando» 

Mais  arde,  mais  o  fogo  comprimido 
Desafogar  procura. 

(•)    Efle  pialmo  foi  cfitamente  eicriplo  do  tenpo  da  perieguíçlo  de  AlMalâo,  depoii 
que  David  foi  TitmeDle  injuriado  por  Semei,  e  prohibio  que  te  vingarem  deste. 

(••)    Iditun  era  um  dot  quatro  primeiroa-meitret  de  capella  que  pretídiam  a  todos,  e 
por  isso  nSo  se  declara  a  que  clasae  pertencia,  mu  (2o  sdnenle  o  seu  nome. 

(Umtteu) 


127 


NSo  posso  mais,  meu  Deos!  a  ti  recorro; 
O  Ímpeto  dos  ais  desprenda  a  lingaa: 
Mas  a  ti  só»  Senhor!  direi  as  magoas 
Que  excedem  minhas  forças. 


(5)  Lêeulttê  êism  inlinguã  meã: 
nêtum  fae  mihi.  Domine,  finem 
meum; 


A  ti  reYélo  só,  que  Já  n&o  poásò 
Soffrcr  mais  tempo  a  vida;  que  desejo 
Saber  se  inda  me  faltam  muitos  dias 
TSo  cheios  de  amargura* 


(0)  Et  níêmertim  éUmm  meo* 
mm,    ytft<  e$ti    m4  Múrm 
éetit  mihi» 


Tem  piedade  de  um  mísero;  declara 
Se  tenho  de  sofi&^r  por  largo  espaço, 
Ou  se  está  perto  o  termo  desejo 
De  tantas  desventuras. 


O  fio  de  meus  dias»  que  mediste, 
Poucos  giros  do  sol  contém;  que  importa 
Que  se  encurte?  se  é  nada  ante  teus  olhos 
Quanto  sou,  quanto  duro?... 

Nos  mais  homens  tamhem  tudo  é  vaidade; 
De  certo  passam  todos  como  sombras, 
Como  sonhos  ligeiros  se  dissipam; 
Comtudo  n9o  socegam. 


(7)  Ecee  menãvrabilee  poiuiiii 
diet  meús:  et  eubsianliã  meã 
tmnquãm  nihilum  ante  te. 


(8)  yerumtmnen  wUverem  v 
ttítãe  pmm»  h9m§  vicent, 

(9>  Ferumlamen  tu  imagine 
pertrantil  Amm,  §ed  et  fmsira 
emiturbatur. 


Trabalham  dias,* noites,  e  se  agitam; 
Enthesaurisam,  sem  saber  que  herdeiro 
Ha  de  o  fructo  colher  de  seus  suores. 
Lhe  ha  de  fechar  seus  olhos. 


(10)  Theeãurixãt^  et  ignorai, 
eui  eongregobit  ea. 


Ahl  meu  Deos,  nilo  me  occupa  esse  cuidado: 
A  ti  me  volto,  a  ti  somente  aspiro; 
Toda  a  minha  esperança  em  ti  repousa; 
Acceita  meus  suspiros. 


(II)  Et  iiiiiif,  gwB  exêfeetãtio 
meaf  nonne  Domtnmeí  et  enh* 
êtontin  men  opud  te  eat. 


128 

(18)  ^ò  §mwbu9  iniquiMihu»   Extingue  meos  delíctos,  nSo  consintas 

meie  eme  me:  epprobrium  inti'    ^  ,  . 

pieníi  deditii  me.  vue  56  ate  gora  O  louco  escamecendo 

Me  envenenava  os  dias,  sem  receio 
Continue  a  ultrajar-nae. 

(IS)  obmutui,  êinânoperíUat   Emmudeci»  julgando  que  o  castigo 

meum,  çuúmam  tu/eeitti :  amúoe    ...  ,       ,  -  o 

a  me  piagoi  tuas.  Vinha  da  tua  mdo,  severa  e  justa : 

Basta^  Senhor  I  suspende  o  mais  que  falta 
£  provoca  o  peccado. 

(14)  A  fortituâine  manuM  tua  Tremo  do  golpe,  desfalleço,  e  creio 

ego  dejeci  in  increpationibut :  pnh  j 

pter  iniquitaiem  eorripuiêii  ho-   Quo  tarde  ou  cêdo  O  quo  é  culpado  paga; 

minem,  /%  j  •         . 

(15)  Et  tttbeteere  feeiiti  ticvt  v^c  86  enreda  6  porece»  como  o  insecto 

araneam  animam  ejua :  verumta»  A  #A  I 

menraneconiurkatvrommihamú.  V^e  na  Wa  SO  CnVOlVO. 

Taes  sSo  os  teus  decretos,  Deos  potente! 
Cousa  alguma  lhe  oppõe  o  mortal  Traço; 
Todo  é  vaidade,  é  sombra,  é  ténue  fumo 
Que  um  sopro  desvanece. 

(16)  Exandi  aratianem  meam,    EsCUta  pois,  Senhor,  08  mOOS  cIam(H^; 
Domine^  et  depreeationem  meam:    ^      «  •  j       <  3 

aurièuM  percipe  laerymaa  meai.       FfCSta  OUVldoS  áS  VOZCS  quC  derramo; 

Yé  que  lagrimas  vertem  os  meus  olhos, 
Que  dor  me  despedaça. 

(17)  Ne  iiíeas,  çuoniam  adve-   NSo  me  trattos  d*estranho,  nlio  te  cales 

na  ego  êum  apud  te,   et  peregri»    ^        jl-Ux»*  u  & 

fif»  Hcut  omtiê  patreê  mei.         Quaodo  bumilde  t  invoco ;  sobre  a  terra 

Vivo  como  viveram  meus  maiores, 
Hospede,  passageiro. 

(18)  RemittemiM,  ut  re/rige-   Affiísta  já  de  mim  OS  teus  flagellos; 

rer.  pritupiom  ãbeam^  et  ampliai      .    ^  y       «.     4       . 

nenero,  A  forca  com  que  argúes  tanto  aterra, 

Que  desalento  ao  ver  como  corriges 
A  humana  iniquidade. 


129 

Uma  pausa  nas  dores  só  te  peço; 
Gmcede  refrigério  á  minha  angustia 
Antes  que  a  yida  acabe;  ialta  pouco, 
Logo  cessa  a  existência. 


PSALMO  XXXIX. 


As  palatras  $  a  tnusica  $Sú  dê  Dadd.  {*)  In  fineni  ptalmut  ípn  David. 


N 


£o  me  custa  esperar;  firme,  constante 
Creio  que  o  meu  Senhor  virá  sahar-me ; 
Que  os  meus  gemidos  tristes 
Ha  de  escutar  piedoso, 
E  de  um  pélago  undoso, 
De  um  mar  encapellado  resgatar-me. 


(1)  ExtpecUHã  extpeetmi  D0- 
mtitttm,  et  intendit  mihi, 

(S)  Et  exgudivit  precei  metu, 
et  eduxit  me  de  laeu  tniserias,  et 
de  luto/meie. 


Ah!  venha  sobre  solido  alicerce 
Firmar  meus  pés;  ou  dirigir  meus  passos 

Em  seguro  terreno; 

Dè-me  a  paz  desejada; 

Minha  lyra  afinada 
Alegre  rompa  os  célicos  espaços. 


(3)  Et  etatuit  tvper  petram  pe- 
deemeoty  et  direxit  greteue  tneoe. 


Tão  grande  assumpto  ponha  nos  meus  lábios     (4)  Et  immitit  m  oe  meum  em- 

..  .  ticum  nmíum,  carmen  Deo  noetrg. 

Um  canto  novo;  versos  numerosos 


(•)  S.  Patilo  ensina  na  epittola  aot  Hebreof  c.  10.  ▼.  5.  6.  que  eite  psalmo  deve 
entender-fe  de  Jetns  Christo ;  e  nós  poderemos  accrescentar,  que  o  próprio  David  nio  tem 
parte  al^ma  neile,  ta  Iro  a  de  propheta  e  poeta,  que  fai  assim  faltar  o  nosso  Salvador. 
Eatimío,  Theodoreto,  Beda  e  outros,  qae  vfto  baseando  no  psalmo  Jeremias  na  prisSo,  Da- 
niel entre  os  ledes,  a  Igreja  nas  perseguições,  anaturesa  humana  opprimida,  Ao  aqui  impor- 
tunos e  enfadonhos,  pertendendo  eitremar-se  com  tantas  sabtileias  onde  ha  a  expressa  an- 
thorídade  do  Apostolo  das  gentes. 

(MQtlei.) 

Tomo  VI.  9 


130 

(5)  Fidebunt  miittt,  et  time-  O  Dosso  Dcos  Celebrem  : 

buni,  ei  .perabunt  in  Domino.  j,^^  ^^  ^^^^  ^  ^^^j^ 

A  esperar  tão  sómeote 
Em  Deos,  que  paga  os  votos  ferrorosos. 

(6)  Beatu9  mr,  eujui  e$t  »•-  Quaoto  é  foliz  quem  SÓ  de  Deos  se  fia! 
men  D^ini  ^et  fi«; » j'  TJ   Quem  do  Dome  de  Deos  forma  a  esperança  I 

retpexit  tn  vantiatet,  et  tmaniaê     ^  r         * 

faiuu.  Despreza  iosaoias  falsas, 

Não  atteode  vaidades; 
Só  lhe  importam  verdades 
Que,  meditando  do  Senhor»  alcança. 


(7)  Multa  feeiiii  tu,  Domine  Quo  prodiglos,  mou  Deos !  que  maravi 

X^Z:::X'eT^t  N»o  obraste,  remindo  as  creatarasl 
tniiit  *it  ttbi.  Qu3l  QQty^  pensamento» 

Profando»  admirável. 
Com  amor  ineSavel 
Ao  homem  destinou  tantas  venturas? 


(8)  Afmuntiavi,  et  loeutui  sum,   Quero  em  vlo  intimá-las  aos  homanos; 

Eu  cançoi  desfalleço 
Se  pertendo  narrá-las; 
Ninguém  pôde  expressá-las 
Sem  que  primeiro  os  claros  Ceos  habite. 

(9)  SaeHfieium    et    oblãtionem    DcsprCZaste  holoCaOStOS,  SacríficioS, 
noluiãtL  aures  autem  perfeeieti    -. j^         i  ^  r 

^,-^,-.   '  Do  grande  mal  commum  fraco  reparo; 

Outra  victima  pura 
Mais  adequada  viste; 
De  um  corpo  a  revestiste, 
E  em  servo  converteste  o  filho  caro. 

(10)  Hoiotmttum  ft  pro  pec-  Qualquer  expiaçio  sendo  pequena, 


lhas 


131 


« Eis-me  aqui ;  (diz  a  Victima  ínDOcente) 
Gumpríreí  a  Escriptura 
Que  ao  mundo  me  promette; 
A  mim  é  que  compete 

A  cólera  applacar  do  Omnipotente. 


atto  «M  pêãtuiaMU:  time  ãixi: 

(11)  lu  capite  liM  nripium  eãt 
de  m«,  iit  faearem  volmmtatem 
firam ;  Denê  meus.,  velui,  el  ie* 
^1»  íuãm  in  medw  tordiê  mei. 


«Venho  a  seguir,  meu  Deos»  o  que  prescreves; 
Estampada  no  peito  a  lei  lhes  trago; 

Aos  povos  a  annuncío. 

Aos  fieis  congregados; 

Teus  designios  sagrados 
llBo  de  ao  mundo  impedir  o  ultimo  estrago. 


(If)  jéfmuntiamjuttitimiitvmm 
in  Beetetiã  mmgnm^  ecte  tabia  mm 
wn  prphiieèOf  Dmmm  h^  êtUti. 


«Não  lhe  occulto  em  minha  alma  essa  justiça     (is)  Juttitimntuamnonmbscom' 

_       _  ,  •  1       /»  ^  *'*  *»^^*  «^1  veritatem  ftiflm, 

Implacável,  que  exige  alta  fine» ;  h  mdutm-e  twnm  dtxt 

Declaro-lhe  a  verdade 

Da  expiaçlo  sublime 

Que  dos  damnos  do  crime 
Ha  de  vir  resgatar  a  Natureaa. 

«Quanto  és  hom,  ó  meu  Deos,  lhes  manifesto;     {u)  Ncn  abicondi  muericúr* 

,    .  .  ,  .        ■>.      ,   *     1       .  ^  **«'»  tuam^    et  verilatem  tuam 

A  tua  mis  ricofdia  á  torba  immeosft  « toneiUõ  muita. 

Exponho  Trancamente; 

E  quanto  condoido 

Ouves  o  arrependido, 
Abjsmado  em  seu  pranto  e  dor  intensa. 


«NSo  afiastes  de  mim,  que  me  encarrego 
Deste  peso,  ó  meu  Deos,  tua  piedade ! 
Adoça  a  minha  pena: 
Vés  que  me  nSo  isento 
Do  bárbaro  tormento, 
Satisfazendo  alheia  iniquidade. 


(15)  Tu  autem  Domine,  tie  lon- 
ge faeiaa  miterationea  tuoi  ame: 
mUerieardtn  tua,  et  vtritae  tua 
eemper  eueeeperunt  me. 


TeMo  YI. 


9 


132 

(16)  QMniMi  tírtumdeitnmt  «Que  terrível  aspecto  teem  meus  males! 
Z:t:pí:i::Z:^  Sem  numero  os  martyrios  me  acommettem: 
uutM  num,  H  n^n  poiui  «1  wrfe-  Encarar  c'os  flagellos, 

Fructos  de  iniquidade» 
Nlo  pôde  a  bumanidade; 
Bem  que  submisso  a  mim  é  que  competem. 

(17)  MuUipiitatm  nmt  svper  ((Em  seu  Dumero  eicedem  meus  cabelios: 

?^'ÍLí7«Í^' """' "'  "^  """"^  Nâo  resisto,  meu  Deos,  vem  confortar-me. 

(18)  cmpii^  m  Domine,  p  abaodonas? 

v«u/tiift  me  regpice.  Falta-mo  todo  O  alonto ; 

Um  terno  sentimento 
Te  applaque»  meu  Senhor  I  Tem  consolar-me. 

(19)  Coitfimittniur.etrevêrean-   c< CoofundeHw,  rotrocoda  quem  me  assalta; 

tur  stmti/,  çui  çvttrvHt  animam    ^  ,  -   •     •  j  i. 

meam,  ut  avferani  eam.  CobrO  mOUS  lOimigOS  de  YergOnha, 

/^2.S'ínir^^^^^^  Esses  que  de  mim  zombam, 

(jei)  FermU  cayesiiman^vBio-  Q^g  ^^  iosultam  foTOieS, 

nem  suam,  ^t  dteunt  mim,  eu§e,  ^ 

^«9^'  Soltando  iirfames  Tozes; 

Que  me  fartam  de  fel  e  de  peçonha. 

(«»)  Exulient,  et  Imtenínr  eu-    « MaS  esoltom  CÒnténteS  O  dítOSOS 

''Z^lZ:;:r,'ZS^t:rví  ^  fieis  que  de  ti  soccorro  esperam; 
nunut ,  qui  diiigunt  êaiutare  Cantem  soaves  bYmnlos 

tuum.  ^ 

Ao  seu  Libertador, 
Ao  supremo  Senhor, 
Pelas  graças  sublimes  que  obtiveram. 

(«3)  Bfia  muem  meniieuM  $um,    «Eu,  qoe  SOU  flageltado  6  miseravel, 
«i^Tír'  '*  ^^""^  '"^"^   »«  «^o«  pungentiss  magoas  opprimido, 

Coosoli>-mé  pensando 
Que  piedade  mereço; 
Que  o  soccorro  que  peço 
Me  has  de  dar,  do  que  sofiro  commovido. 


133 

Nao  retardes^  Senhor,  o  mea  coDforte: 
Do  mundo  desgraçado  em  beneficio 
Alenta-me  piedoso; 
Para  qae  heroicamente 
Resgate  a  humana  gente, 
E  complete  animoso  o  sacrificia » 


(f  4)  AijuUr  meii#,  etprêteetêr 
meu9  tu  es :  Deuã  wuuêy  ne  /ar» 
áãwerii. 


PSALMO  XL. 


As  palavras  e  a  musica  são  de  Damd.         lo  flnem  pnimiif  ipsi  David. 


ynio  feh'z  é  quem  piedoso 
Cuida  de  um  triste  indigente. 
Se  o  vé  n^iim  leito  de  dores, 
E  lhe  adoça  o  mal  que  sente! 


(1)  BeatUM  vir  qui  inieUigit  su- 
per egenum  et  pãuperem :  tu  die 
mala  Uberabit  eum  Uaminue. 


Nos  dias  máos»  se  elle  soffre, 
O  Senhor  Tem  consolá-lo, 
E  do  seio  das  angustias 
G)mpassi?o  libertá-lo. 


Poderoso  o  vivifica, 

O  conserva  sobre  a  terra; 

A  ventura  lhe  confere, 

E  os  bens  que  a  virtude  encerra. 


(8)  Deminue  conservet  eum,  et 
9ÍviJUet  eum ,  et  beatum  faieiat 
eum  in  terra :  et  uon  tradat  eum 
in  ammam  inimie^rum  ejue. 


Nas  mSos  de  seus  inimigos 
Nio  consente  que  se  entregue, 
Nem  jáquais  victima  seja 
Quando  injustiça  o  persegue. 


134 


(3)  Dominut^pem  ferat  iiU  su- 
per leeium  dêlorii  ejui :  univer" 
9um  9tratum  ejus  veraasli  tit  tii« 
JírmitaU  eju9. 


Se  também  o  vé  prostrada 
Com  penosa  enfermidade, 
Junto  ao  seu  leito  piedosa 
Desce  a  suprema  Deidade. 


Parece  que  a  mSo  divina 
Faz  mórbido  o  leito  duro. 
Faz  doce  o  remédio  amargo» 
O  ar  infecto  faz  puro. 


(4)  E§9  dixi :  Dêtninej  mitere' 
te  mei :  $ana  mUmam  meam,  ffii« 
peccavi  tibL 


Ah  meu  DeosI  se  no  meu  peito 
Morou  dó  com  desgraçados. 
Tem  de  mim  também  piedade. 
Esqueçam^  os  meus  peccsdos. 


Sara  minba  alma^  soccorre-a» 
Faze  que  nlo  desfalleça. 
Ainda  que  a  minba  culpa 
Menor  pena  não  mereça. 


(5)  Inimici  mei  dixerunt  ifMÍ» 
nUM :  quando  moríeivw,  et  peri* 
kit  nomen  ejus  í 


De  quanta  calumnia  e  raiva 
Me  cercou  iniqua  gente! 
Com  quanto  empenbo  se  esforçam 
Em  Gngir-roe  delinquente! 


Procuram  tirar-me  a  vida, 
Abl  com  que  ardor,  com  que  fome! 
«Cedo  morrerás,  (me  dizem) 
Ha  de  apagar^se  o  teu  nome.» 


(6)  Et  ti  ingrediebatur,  tU  vi- 
deret,  vanã  loquebatur,  cer  ejut 
tongregavit  iniqtUtatem  sibi. 


Outro,  com  malicia  occulla» 
Se  me  falia  carinbosot 
Pérfido  quer  enganar-me» 
Tece  um  laço  cavilosa 


135 


Quer  penetrar  o  que  sinto. 
Conhecer  meus  pensamentos 
Divulgar  os  meus  segredos, 
Alterar  meus  sentimentos. 


(7)  Egredieàaíur  J9rã$,  ei  U- 


Convoca  meus  adversários, 
E  com  esses  sussurrando, 
Cogita  a  minha  ruine. 
Imposturas  fabricando. 


(8)  Jdverãum  me  tusiurrabãtU 
úmmei  inimid  mei :  adverium  me 
e^giUtèmU  mala  mihi. 


Fazem  triumphar  mentira 
Que  a  vida  me  debilita: 
Mas  quem  dorme,  n8o  acorda? 
Quem  morre,  nao  resuscitaT 


(9)  Ferhêm  iniqtium  conitiíue' 
rumi  &dwer9um  me :  numquid  çui 
dermitt  nen  míjidet^  fU  reeurgat  t 


Para  completar  meus  males, 
O  amigo  em  que  eu  conBava, 
Que  em  convivência  suave 
Comigo  á  roeza  sentava, 


(10)  EierUm  homo  poete  mea, 
in  quo  eperavU  gui  edebat  panes 
meoa^  magt^ficavit  evper  me  êup- 
planlatiomem»  (•) 


Âtraiçoou-me  tyranno, 
E,  porque  mais  lhe  convinha, 
Unio-se  aos  meus  oppressores, 
Delles  a  culpa  fez  minha. 


Tem  dó.  Senhor,  do  martjrio 
Que  soffiro,  tem  compaixão; 
Levanta-me  deste  abysmo, 
Reprehende  a  ingratidão. 


(U)  Tu  Afi/ff»,  Domine,  miãe- 
rere  mei,  et  reeuedta  me,  ei  re- 
tribuam ei». 


(•)  Aqui  é  claramente  ezpresio  o  pérfido  Judai.  O  próprio  Salvador  Jauí  Chriíto  c. 
13.  V.  18.  de  S.  João  dii :  Non  de  omnibue  vobie  dico,  ego  etío,  quoe  elegerim,  oed  ut 
aãimpleatur  seriptura,  gui  mandueat  mecum  panem,  levabU  contra  me  eaieaneum  euum; 
a  ezprestão  magwfieavit  eupplantationem  no  Hebreo  é  mais  clara,  magnificava,  leoavit  cal- 
eeneum  contra  me,  como  se  tem  por  bocca  do  mesmo  nosso  Salvador. 

(Mediei,) 


(fS)  In  Am  cognmi ,  juaniam 
veluitti  me,  futmiiOn  MD  f«iHfr> 
òil  ínJnitnM  mruf  (iipír  me. 


136 

Terei  um  peabor  seguro 
Da  tua  imneosa  bondode. 
Se  dos  meus  perseguidcves 
Reprimes  a  crueldade: 


Se  nlo  coQseotes  que  exultem 
Ao  ver-me  despedaçado 
De  cuidados,  de  tristeia. 
De  todos  desamparado. 


(13)  Me  atUem  f'tfter  inm»- 
cÃJfom  tuiecpiíH,  et  mfinnatli 
mr  iit  tauftttu  (út  in  «teriium. 

(14)  Beueilictui DmUnntDeui 
hrvt  à  laeiíU,  et  uijve  in  lo- 
aibim,  fiai,  fiai.  (•) 


É  falso  quanto  me  imputam ; 
Bem  sabes  mioba  ínnoceocia; 
Recebe-me  dos  teus  braços, 
Abre  as  portas  da  clemência. 


Restaura-me,  ó  Deos  supremo  l 
Vigora-me  de  tal  modo 
Que  os  assaltos  da  maldade 
Possa  repellir  de  todo. 


(*)  Eile  ullimo  verticulo  nlo  tem  iimIb  com  o  KDtida  dopnlmoi  é  nma  foraraliq» 
cotluDUTa  pãr-K  no  Bm  doi  livrot,  e  foi  aqui  adjuata  peloi  compilailorM  ;  donde  a  Ipgi 
lomou  o  coilDiue  de  faier  recitar  no  flin  de  cada  piatmo  o  Gloria  Pttri,  que  conMpoada  i 
nemw  forninU. 

FIM  DO  LITRO  I. 


LIVRO  II 


DOS 


P3ALSIOS. 


PSALMO  XLI.  (•) 


A  mutiea  dttía  eançontía  é  do  meilre 
iot  Corila», 


lo  aDem  iatolleetiu  (■■ 
BUitCoK. 


(I)  Qtttmaámtdum  dttUerut 
etrvut  ai  /ontet  a^ittrvm  :  iU 
íeiídfrml  mniwimmea  ad  tt.  Dm. 


(S)  SiUait  nima  mn  ad  Dem 
/úritm,  vivvm:  fiicwt*  PtmitM 
<1  tfpartt»  anttfaàrm  DciJ 


UoMO  a  corça  sequiosa 
Procura  no  Estio  quente 
As  frescas  aguas  da  foote 
Para  acalmar  sede  ardente; 

Assim,  meu  Deos,  te  procura 
A  minha  alma,  e  te  deseja: 
Quando  será  que  eu  te  encontre? 
Quando  será  que  eu  te  vejs? 


(•}  Ei*-no«  chtsvIíM  M>C.*  lirro  doi  pnlmM,  e  ao  mcMao  tempo  ímaii  •meBR,  diríi 
Mia  e  elf^Rte  eomixiti^o  qne  neile  fCDero  tem  a  hebraica  poetia.  Nella  le  pinla  com 
'i>ÍMiiiiai  corei  o  ettado  íbíbIíi  doa  vÍNtanii  ptiiloDetroa  em  Babjlonia,  qua  tuipiraiam 
pelo  MU  TCfretfo,  lUoDgeaiida-ae  de  poder  em  brere  cantar  de  noro  ao  lemplo  <m  loavorM 
do  Sabor.  Eit«  é  o  nbjecto  do  Hniiilo  litleral,  donde  na«ce  eoni  muila  propriedade  o  mai* 
loblime,  pelo  qoal  loilo  o  homem  juato  doeja  «ollar-M  dai  priíSei  deile  mundo,  e  xer-H 
livra  e  ditoao  na  pátria  bemaTcnlorada. 

(•■)  Eate  inltlltclat  correiponde  ao  bobraico  trwtdUJ,  que  i  termo  próprio  de  uma- 
tipeeie  ia  compoiiçSa  tnlcc  ui  Bebreoi,  a  que  aíi  irmduiimoi  cançtHeU. 

(Maltti.) 


140 


(3)  Fuenmi  mihi  laerima  mea 
panei  àie^  ae  nocte,  dum  dieitur 
mihi  quoiiâie:  Ubi  eãt  Deu9  tuut? 


Entre  deshamana  gente. 
Em  lagrimas  passo  os  dias; 
Essa  a  minha  dor  insolta, 
Ri  de  minhas  agonias. 

Perguntam-me  os  inimigos* 
G>m  irónico  desprezo: 
«O  teu  Deos  porque  te  deixa 
Assim  afflicto»  indefezo?» 


(4)  Hae  reeordatut  tinn,  et  ef- 

fndi  in  me  animam  meam :  gu<h 

ruam  tran»ib0  in  locum  taberna" 

culi  admirabilit  u$que  ad  damum 

Dei, 


Com  tão  indignos  acceotos 
Desespero-me,  estremeço; 
Desmaio»  gemo»  suspiro, 
E  redobra  o  que  padeço. 

A  esperança  é  que  me  alenta: 
Inda  hei  de  ver-te  algum  dia; 
Hei  de  no  teu  sacro  templo 
Ir  recobrar  a  alegria. 


(5)  Tnvúce  exultaiianie,  et€on* 
/e$9Íoni9  :  iúttui  epulanii»* 


Já  do  pavimento  santo 
As  lages  cuido  pisar, 
Já  me  parece  que  avisto 
O  teu  refulgente  altar: 

Os  festivos  instrumentos 
Nas  abobadas  reboam; 
Os  harmoniosos  coros 
Os  limpos  ares  atroam. 


Já  collijo  pensamentos. 
Já  números  vou  juntando, 
Já  formo  alegre  preludio, 
A  minha  voz  levantando: 

Já  d'estro  acceso,  animado, 
Todo  me  sinto  inflammar; 


141 


Já  meus  costumados  hyamos 
Já  príDcipio  a  caDtan.. 


Mas  ta,  coraçloy  receias  1 
Qoe  infausta  trísteia  é  essa? 
N&o  palpites  consternadop 
Se  a  Yentura  nio  começa. 

Qoe  alcanças  em  perturbarão? 
No  teu  Senhor  te  confia; 
Seus  excelsos  atlribulos 
Has  de  cantar  algum  dia* 


(6)  Quãrê  triêtis  e$,  anima  meu, 
et  pmre  eanturbãê  me  t 


Espera,  pois  Deos  benigno 
Extinguirá  teu  desgosto; 
E  para  nós  compassivo 
Voltará  inda  o  seu  rosto: 

Ha  de  com  celeste  força 
As  borrascas  dissipar; 
Para  a  pátria  do  descanço 
EUe  nos  ha  de  guiar. 


(7)  ^prra  in  Deo,  pimúãm  ãdhue 
eónJUebor  ilii:  ealutãre  vultue 
fn«t,  et  Deue  meuên 


Deste  modo  suayiso 

As  magoas  que  me  atormentam; 

Assim  applaoo  os  effeitos 

Dos  infortúnios,  que  augmentam: 

Assim  passo  até  que  possa 
Sobre  o  Hermonio  celebrar-te, 
Té  que  do  Jordão  nas  margens 
Liberto  possa  cantar-te. 


(R)  Àd  meiptum  anima  mea  eon» 
turbata  eit :  propterea  memer  era 
liM  de  terra  Jardanie^  et  Hermo» 
niim  a  maníe  módica. 


Aqui  cercam-me  ondas  bratas. 
Algares  e  névoa  densa; 
Raivosos  trovões  que  rasgam 
Dos  prés  a  plaga  immensa: 


(9)  Abjfgtue  abjfêium  intaeot  in 
vace  eataraetarwn  tuarum. 


142 

A  cfaaya  em  torrentes  desce, 
Ora  aqui  e  alli  me  alaga; 
Ora  08  ventos  me  derrubam, 
Ora  irado  o  mar  me  traga. 


(10)  Omnia  exeelta  iua^  etflw 
etuê  tui  super  me  tranrierunt. 


(11)  In  die  mandãvit  DeminuM 
miêericordiam  $uãm:  etneete  em- 
tieum  fjuã. 


Todos  08  flagelk»  juntos. 
Todos  sobre  mim  baixaram; 
De  um  abysmo  a  outro  abysmo 
Furiosos  me  lançaram: 

Nem  assim,  cbeio  d'angustia. 
Do  Senhor  me  descaidei; 
Noite  e  dia  enternecido 
Os  sens  louvores  cantei. 


(]£)  Jpud  me  oratio  Deo  vilw 
mete:  Dicam  Deo^  susceptor  meut 


es. 


(13)  Quare  oblitus  es  meif  et 
çvare  eontrislaius  incede,  dtan 
affligit  me  inimieus  1 


Ouve  os  votos  meus,  escuta: 
Sae-me  d'alma  terno  accento; 
És,  meu  Deos,  minha  esperança, 
Minha  vida,  meu  sustento: 

Para  que  de  mim  te  esqueces, 
Deos  meu?  para  que  consentes 
Que  meus  dias  infelizes 
Passe  entre  pérfidas  gentes? 


(14)  Dum  eof\fringunt  ossã 
mea:  exprobraverunt  miAí,  ftit 
triMãiU  me,  inimiei  mei. 


(15)  Dum  dieuni  mihi  per  sin' 
gulos  dies :  ubi  est  Deus  íuus  f 
çvare  tristis  es,  anima  mea,  et 
quare  conturbas  meí 


Pouco  me  custa  o  que  soffro, 
Immerso  na  desventura ; 
Horror  me  uKo  causam  ferros, 
Nfio  temo  a  prisão  mais  dura: 

Custa-me  ver  como  os  ímpios 
De  ti  desconfiem  jé; 
Que  iosultando-me  perguntem: 
«O  teu  Deos  aonde  está?...» 


Mas  tu,  coraçSo,  receias! 
Que  infausto  tristeza  é  essa? 


143 


Nio  palpites  consternado. 
Se  a  venlora  dSo  começa. 
Que  alcanças  em  perturbar-te? 
No  teo  Senhor  te  con6a ; 
Seus  excelsos  attributos 
Has  de  cantar  algum  dia. 


(16)  Spera  in  Dtú^  quêmam 
adkue  €9nJUebor  illi  :  uUutare 
vuliuê  fnei,  et  Deu$  wteuê. 


Espera»  pois  Deos  benigno 
Extinguirá  teu  desgosto; 
E  para  n6s  compassivo 
Voltará  inda  o  sen  rosto: 

Ha  de  com  celeste  força 
As  borrascas  dissipar; 
Para  a  pátria  do  descanço 
Elle  nos  ba  de  guiar. 


PSALMO  XLIL 


D 


A-UE  razão,  meu  Senhor; 
Distingue  meu  justo  pleito 
Das  sera-razões  dessa  gente 
Que  encerra  o  dolo  no  peito: 
Livra-me  dos  deshumanos 
Que  se  erigem  meus  tyrannos. 


Pialmni  DhTiã  (•)• 


(1)  JFHdíea  «e,  Dettt,  et  diã- 
cerne  cútuam  meam,  de  gmte  n&n 
êaneiãt  ãò  homine  iníquo ^  et  do- 
loto  erue  me. 


Se  és  a  minha  fortaleza, 
Para  que  assim  me  rejeitas? 


(S)  Quin  tu  eê  Deus  Jortilud» 
mea :  quare  me  repulitti  J  tt  qua- 
re  triêUi  tneedêt  dum  offligit  me 
inimicust 


(•)     Este  ptalmo  é  um  compendio  do  precedente:  na  Vulgata  lé-te,  Pealmus  Dãvid^ 

mai  no  Hebreo  é  sem  titulo,  o  que  me  fas  pensar  que  nem  David,  nem  ootro  poeta  o  com- 

pox,  mas  algum  mestre  de  capella  o  resnmio  e  accommodou  aisim,  tahes  em  occaiião  que 

2o  podia  cantar-se  tfto  longo  como  estafa. 

(Maitei.) 


144 

Se  prolongas  minhas  nragoas 
Meus  inimigos  deleitas: 
Como  a  seu  rigor  me  entregas. 
Quando  o  conforto  me  negas? 


(3)  Emilte  lueem  Itiam,  eí  v§» 
riialem  tu4un :  ipta  me  deduxe' 
rtffi/,  et  údduxerunt  in  mentem 
eanctum  tuum,  et  i»  tabemãcula 
tua. 


Raie  a  luz  da  tua  face, 
Brilhe  a  fúlgida  verdade; 
Das  trevas  que  me  rodèam 
Romperei  a  escuridade: 
Essa  luz  virá  guiar-me, 
E  ao  santo  monte  elevar-me. 


(4)  Et  intreibe  ad  eltare  Dei: 
ad  Deum,  qui  lattficat  Juventu^ 
tem  mesm» 


No  teu  tabernado  augusto» 
Ante  o  teu  altar  prostrado. 
Meu  Deos»  sentirei  contente 
Meu  animo  remoçado: 
Tu  dourarás  os  meus  dias 
G>'  as  juvenis  alegrias. 


(5)  CenJUeber  tibi  in  eitham, 
Dett»t  Deue  meus:  Quare  trit" 
tii  fff,  anima  mea^  et  quare  cm- 
turbae  me  t 


Meu  Deos!  meu  Deos!  entoando 
Na  cithara  teus  louvores. 
Dissiparei  meus  pezares, 
Farei  cessar  minhas  dores: 
Se  canto  a  tua  belleza, 
Que  lugar  tem  a  tristeza? 


(6)  Spera  in  Deo,  quoniam  udhuc 
eonfiteber  illi:  talutare  vuUue 
mei,  et  Deu»  meut. 


Tu,  meu  coração,  descança. 
Que  em  verso  altivo  e  sonoro 
Has  de  fazer^me  attendivel 
Do  supremo  Deos  que  imploro; 
Sempre  á  minha  alma  presente, 
Sempre  comigo  clemente. 


145 


PSALMO  XLIII. 


A  mutica  da  canção  i  do  mMrt 
dos  Caritas.  {*) 


D 


AS  grandes  obras  de  tea  braço  excelso 
Nossos  próprios  ouvidos  informaram 
Nossos  pães,  grande  Deos !  Ab  I  quem  ignora 
Quanto  absortos,  fieis,  aos  descendentes 
Gratos  annunciaram? 


Io  finem  filiit  Core  ad 
ioteUecliim  (•»). 


(1)  Dm»,  mribuê  núttrii  ««• 
dMmuM :  patreg  nottri  mmiunlim* 
vertmt  twbiê. 


Desses  dias  antigos  a  memoria. 
Do  que  mesmo  em  seus  dias  operaste, 
A  lembrança,  insculpida  em  nossas  alnMS, 
NIC  se  pôde  apagar;  nem  é  possivel 
Que  longo  tempo  a  gaste. 


(2)  OfU9,  quod  òperalui  e$  in 
diebuã  e^rum,  et  in  dieòua  <mí<- 
ptit. 


Hervas  nocivas,  plantas  Tenenosas 
Com  tua  mHo  potente  as  arrancaste 
Da  terra,  destinada  a  melbor  sorte: 
Expulsaste  as  nações  que  a  dominaram, 
E  o  teu  povo  plantaste. 


(3)  ManuM  tim  gente*  dieper- 
didit,  et  piuntããti  eoe :  afflixiêti 
fojmht^  et  exfuUeti  eo». 


Nem  seu  valor  nem  braços  prometttam 
O  possuir  sem  lutta  um  tal  dominio: 


(4)  Nee  enim  in  gladio  euo  pot^ 
sederunt  terram,  et  braektum 
eerum  non  ialvaòit  eoe; 


(•)  S.  Batilio,  S.  ChrjBosthoino,  Theodoreto,  Beda  e  outros  referem  este  ptalmo  á 
persegniçlo  de  Antiocho  Epipbanes :  porém  Sa? erio  Mattei  dofída  que  iSo  bella  composiçSo 
sej«  obra  de  um  homem  qoe  TÍfcsse  nosinfeUies  tempos  dos  Machabeos,  qaapdo  Já  era  quasi 
perdida  a  liogua  hebraica :  quer  pois  attribui-Io  a  DaTÍd,  oo  a  outro  que  lhe  fosse  igoal, 
prophetlsando  os  lamentos  dó  po?o,  oppresso  naquella  occasilo. 

(•O    V.  a  «.»  nota  ao  P#aImo  XLI. 
Tomo  Y\,  10 


ertf. 


146 

(5)  sed  dextera  tua,  et  hra-  Nlo  foi  obra  da  espada  esta  conquista: 

ehium  luvm,  et  illuminaiio  vul-    ..  j     a       j     v       i  j 

tut  tui,  quoniam  eompiacui$ti  in   Mas  a  dextra  do  Excclso  poderosa 

Completou  o  exterminio. 

Da  tua  face  a  luz  ia  guiando 
O  teu  povo  escolhido  ao  sitio  ameno; 
E  com  amor  soliicito  lhe  outorgas. 
Por  entre  obstáculos  mil»  o  tâo  ditoso 
Promettido  terreno. 


(6)  Tu  et  ipte  Rex  meuê,  et  Tu  és  aioda  0  mosmo  Deos  e  nosso; 

Deu»  meu9.  qui  tnmidãê  taluteê  «%   •  j 

Jacob,  O  nosso  mesmo  Rei»  que  apenas  manda 

Logo  salva  Jacob:  amarás  menos  ^ 
Este  povo  infeliz?  Por  que  motivo 

Teu  furor  não  se  abranda?... 


(7)  In  te  inimieot  nogtrot  ven-   Se  acudiros,  em  nome  teu,  valentes, 

tUaÍimuseamu,etinnomineluo 

fpernemuM  ineurgentee  in  nêbi».     AudazOS,   nOSSaS  lOrçaS  medirOmOS 

Co'  as  dos  mais  furibundos  inimigos; 
Quaes  touros  bravos,  co'  as  pontudas  armas 
Por  terra  os  tangaremos. 

(8)  Non  enim  in  areu  meê  epe-   Mas  quo  aljava,  que  ospada,  qual  escudo 

ràbOj  et  gladiuM  meut  nen  sahu-    *%    i  •  -     i 

bit  me.  Poderá  defender-me  em  campo  armado? 

Com  que  posso  contar?...  se  ta  não  fores 
Quem  meus  braços  vigore,  quem  me  salve 
Das  fúrias  do  malvado? 


(9)  SiUuuti  enim  n9t  de  affli-  Já  por  vozos,  SonhoT,  expVimcntámos 

gentibui  not,  et  odientes  not  eon*    rk  ^^         ja        'jl     •  rj*j 

futíêti.  O  t^"  poder:  já  vimos  confundidos 

Os  que  vinham  afibutos  subjugar-nos. 
Cobertos  de  vergonha,  retirar-se. 
Fugir  espavoridos. 


147 


Já  na  planície,  tllesos»  consolados, 
Pelo  nosao  resgate,  lodo  o  dia 
Ficámos  toa  gloria  celebrando: 
Teu  nome  para  sempre  festejámos 
Em  suave  harmonia. 


(10)  Ih  Df  lauáMmnr  totn 
«fi>,  et  tu  ncmime  tuo  eamJUeêimur 
in  titcuia. 


Mas,  que  te  moye  agora  a  repulsar-nos? 
Como  nos  abandonas  c  reprovas? 
Porque  não  saes  ao  campo  a  defender-nos? 
Pôe-rte  á  frente  dos  teus,  vence,  derrota 
Armas  e  facções  novas. 


(II)  Nune  mulem  repuUiti^  et 
rúmfuditti  no$,  et  non  egredieri$i 
Deuêy  !«  rirtutikut  neftriê. 


Encarar  não  soubemos  c'o  inimigo: 
O  nosso  antigo  brio  dissipou-se: 
E  o  fraudulento  exercito  attacando. 
Cevou  seu  ódio  em  nós;  sua  cobiça 
De  tudo  apoderou-se. 


(112)  Jvirtiêli  no»  retrortum 
po9Í  inimieot  nottrú»^  et  qui  Mle- 
rvmi  n0«,  diripiebant  tibi. 


Ah!  que  estrago.  Senhor,  de  tiós  Bzeste!.. 
Aos  bárbaros  sem  dó  nos  entregaste; 
Qual  rebanho  de  ovelhas  miserando. 
Ludibrio  de  ferozes  insensatos. 
Dispersos  nos  deixaste. 


(13)  Dedittinútf  ianguam  ovet 
etcarum  (•),  et  in  gentibut  dit- 
pertitti  fMi . 


Talvez  os  nossos  erros  te  moveram 
A  veoder-nos  por  tão  pequeno  preço: 
Nem  ha  já  quem  lembrado  do  passado 
Em  mais  nos  avalie;  que  a  ignominia 
Chegou  a  tal  excesso. 

Opprobrio  dos  visinhos,  triste  objecto 
De  estranha  zombaria,  não  permitte 


(14)  FendidisH  populum  tuum 
niu  preli0f  et  wm/uit  muliitudo 
in  e&mmutati9nibus  eorum. 


(15)  Poêuitli   fi0ff    ppprobrium 
vieinit  nottris^  suòiúMiMtianem, 


(•)     Ovei  ezcvum  lio  u  tarmai  dos  rebanhoi  destinadai  a  comer-te,  ao  matadoiro. 
Tomo  VI.  10  • 


148 

et  deriium  hí$,  qui  êunt  in  cir-  Que  deste  abjeclo  estado  resurjamos : 

N9o  lazemos  acçdo  que  aos  outros  povo» 
O  riso  ndo  excite* 


(16)  Posuisti  nos  in  timiiitu^   Sim,  consentes,  Senhor,  que  naçõei  varias 

dinem  gentibus,  commotionem  ca- 

pUií  in  popuiií.  Em  provérbio  convertam  nossos  erros, 

Para  ludíbrio  nosso;  que  nos  cubram 
As  faces  de  vergonha;  e  que  arrastemos 
Duros  pesados  ferros. 


(17)  Teta  die  vereeundia  mea  Q  Sol  aponta,  aCÓrdo,  O  logO  O  pejO 
contra  me  ett,   et  eonfunio  faciei  *  .  »• 

mea  cooperuit  me.  Me  aquoco  O  sangue,  as  laces  incendia : 

(18)  ^  voee  exprobrantis ,    *'  /^     r    *  i  :!••*• 
oòhquentit,  afaeie  inimiet,  et  ConlUSao  UOS  absorvO  O  dia  mtOiro: 

persequentis.  ç.^^  ^  ^^jj^^  ^  ^  afflicÇÍO  qUO  nOS  agita 

Do  somno  nos  desvia. 


(19)  Heee  omniavenerunt  mpcr    Sobre  nÓS  tautoS  maloS  80  aCCUmulam. 
not,  nec  obliti  síimui  te,  et  ini-    --  •      j        /  «j       *. 

qvè  nonegimut  intettamento  ivo.     MaS  UO  SOIO  00  VÍVldOS  tOrmeutOS, 

Com  ternura  de  ti  nos  recordamos: 
Padecemos,  Senhor  l  porém  cumprindo 
Teus  santos  mandamentos. 


(80)  Et  non  reeetêit  retrè  cor  Jâmais  rotrocedomos :  O  camiobo 

noitrum,    et  declinaêti  oemitat 

nottrM  a  via  <ti«.  Quo  UOS  abristo,  com  valor  medimos: 

Nem  levemente  desvairar  puderam 
Nossos  pés  dessa  estrada  que  mostraste, 
E  que  fieis  seguimos. 

(si)  Qutniam  humaiasti  me  in  Quem  corcado  de  horrores  semelhantes, 

loco  afflietionis:  cooperuit  noã  um-  . 

bra  mortit.  Pela  pallida  morte  ameaçado, 

Por  suas  sombraà  hórridas  coberto. 
Não  perdera  coragem?  se  deixara 
Por  ti  sempre  humilhado? 


149 


Tu  bem  sabes,  Senbor,  que  nestes  Iraoses 
De  teu  nome  jamais  nos  esquecemos: 
Nunca  honrou  nosso  incenso  estranho  numen : 
Nossas  mSos  para  ti  só  levantámos, 
Pois  só  a  ti  tememos. 


(82)  Sieòliti  iumut  nomenDei 
noãiri^  et  ti  expandimus  manuM 
nosírat  ãd  Deum  alienum. 


Nunca  á  fé  te  faltámos;  examina: 
NSo  te  escapa  o  mais  ténue  pensamento; 
Dos  nossos  corações  o  arcano  sondas: 
E  a  certeza  de  tanta  sapiência 
Produz  o  nosso  alento. 


(23)  Nênne  Dtut  requiret  ittãf 
ipse  euim  novit  abteondita  coriin. 


Por  isso,  a  mil  supplicios  preparados. 
Quanto  ?ier  constantes  soffreremos; 
£  quaes  cordeiros  mansos,  sobre  as  aras, 
Victimas  voluntárias,  ao  cutello 
A  garganta  ofTrecemos. 


» 

(1B4)  QumUam  propler  te  m^ti- 
fieamur  lota  die :  e»timati  stêfnuê 
tieut  we$  occnienit. 


Porém  surge,  ó  Senhor!  Porque  adormeces? 
Salva  o  teu  povo,  surge,  pois  te  adora: 
Nio  te  movem  seus  males,  não  te  bastam 
Os  suspiros,  as  lagrimas  ardentes 

Com  que  afSicto  te  implora? 


(fiS)  Exãurge,  pmre  úbdúrmiê^ 
Dominei  exeurtfe^  et  ne  repellãt 
in  finem. 

(£6)  Qváre  fatiem  ivam  aver^ 
tist  oblivitcerit  inópia  noitraiy 
et  tribídationit  nottra  f 


Olha  envoltos  em  pó,  CO'  a  face  unida,  (S?)  Qyoniãm  humiliata  e$t  in 

^       -       -  ,  .     ,  puhere  anima  nottra:  congluti' 

ror  desalento,   ao  Cn90,   quem  por  ti  clama :     natus  e$t  in  terra  venter  noster. 

Não  te  commovem  magoas  tão  acerbas? 
Não  acodes,  Senhor,  em  tal  conilicto? 
Quando  elle  por  ti  chama? 


Surge,  ó  meu  Deos!  acode:  não  te  lembres 
Da  imperfeição  da  nossa  natureza: 
Não  ha  mérito  em  nós:  mas  sem  limite 
È  tua  misericórdia;  e  com  teus  servos 
Delia  ostenta  a  grandeza. 


(28)  ExturgCf  Domine^  adjura 
not :  et  redime  nos  proptcr  nomen 
tttuta. 


150 


PSALMO  XLIV- 


EPITHALAMIO-  W 


CORO  DE  MANCEBOS, 

CORO  DE  DONZELLAS, 

CORIPHEO. 

A  seena  representa  a  magni/iea  entrada  dos  Reaes  Esposos  em  Jerusalm. 

CORIPBEO. 

(1)  Eructãvit  cor  meum  verbnm   «Á  rompe  8  labareda,  já  trasborda 

bomtm^  dico  ego  opera  tnea  Regi.    _.  ^  t      t  ,  « 

Do  coraç80y  ardendo,  estro  sagrado: 
(s)  LingvQ  tneã  eaUmmt  êcri-  Rasga-sc  a  Yéa,  O  peosameiíto  alado 

ifm  velociler  teribenti».  n  i     i  i 

Fere.  da  lyra  a  corda ; 
E  em  puríssimas  voies  'convertido, 
Ao  canto  dá  sonoro  alto  sentido. 


Coro  de  Mancebos. 


(3)  speeiêtiu  forma  prm  jsuit  Que  encaotador  semblante  I  que  belleia ! 

hominum^  diffuta  ett  grotia  in 

iMi$  tuia,  propierea  benedixit   Que  forma  cspeciosa!...  NSo  te  igosla 

te  Deu»  in  eetemum.  _,  ,  ... 

HumaDO  algum  em  graça,  em  gentilett. 

(•)  Anim  como  aio  ha  quem  oute  pôr  em  duTÍda  que  esle  psalmo  aeja  um  ele^* 
epithalamio  pelai  núpcias  etpiritaaet  de  Jetos  Chrtsto  com  a  Ijpreja,  especialmente  peis  so- 
thoridade  de  S.  PAnlo  na  epislola  aos  hebreos  c.  1.  t.  8. ,  assim  também,  distlngniodo  o 
jentido  litteral  do  místico,  entendem  os  mais  doutos  que  no  primeiro  se  falia  aqui  das  Bopau 
de  SalomXo  com  a  filha  do  Rei  do  Egjpto,  e  que  por  essa  occasiSo  fora  composto,  MW* 
elle  e  a  sna  esposa  a  figura  da  Igreja  e  de  Jesus  Chriftu. 

(Mattei,) 


151 

Da  sonora  e  doce  falia 
De  teus  lábios  purpurinos 
Dimanam  tropos  divinos 
Que  enamoram  mesmo  a  Deos: 
£  o  Senhor  que  te  dotou 
Para  sempre  abençoou 
Esses  puros  dotes  seus. 

UuA  voz. 


Penda  a  teu  lado 
Cingida  a  espada» 
Ó  Potentado, 
K^io  Senhor! 


(4)  Aecingere  glmdio  tvo  $vper 
Jemur  iuum^  poteniUtime, 


Odtba  voz. 


Por  entre  a  adusta 
Face  da  guerra 
Teu  rosto  assusta 
£  inspira  amor. 


(5)  Speeie  tua^  et  pulchriludi' 
me  tum  tnleiuTe,  prospere  procede, 
ei  reffnm. 


Outra  voz. 

Nobre  fereza» 
Na  marcha  ultiya, 
O  Kei  distingue 
Tanto  em  belleza 
G>mo  em  valor. 

Coro. 


Prosegue  e  reina,  ó  Senhor! 


152 


(6)  Propltr  weriíatem,  et  man- 
auetudinem^  et  Juãtiliam^  et  de» 
dueet  te  miraHHter  dexícru  liM. 


(7)  Sagitlof  tum  aeutm  (pop^U 
tuà  te  eadent)  in  cêrda  inimieú-^ 
rum  regi». 


(8)  Sede$  tua.  Deus,  in  eaetí" 
lum  tmeuli,  virga  direetioni$^ 
virga  reg^i  tuú 


(9)  DiUxitti  jíutitimn,  eioii»- 
ti  itiifuitatem ,  propterea  unxit 
te  Deu$f  Deuã  tuue  óleo  Uititim 
p^^w  eonsortibui  tvitm 


(10)  Mgrrha,  et  guttm,  et  mim 
à  vestimenlie  tuit  à  domibus  ebur» 
ue/ã,  ex  quibui  deleetaventtU  te 
filia  regum  in  hmore  tuo. 


Vem,  sobe  ao  throno;  e  contigo 
Suba  amável  mansidSo, 

A  justiça,  a  rectidfio; 
E  quautos  bens  trar  consigo, 
Quantos  pôde  espalhar  prod^^osa 

Tua  mão  generosa» 
Tuas  settas  agudas,  disparadas 
Acertarão  nos  peitos  inimigos, 
E  a  teus  pés  cairSo  nações  prostradas : 

Nem  decorrendo  os  annos 
Vacillará  teu  tbrono  magestoso: 
Teu  sceptro  firme,  guia  dos  humanos. 
Expulsará  da  terra,  vigoroso. 

As  fraudes,  os  enganos. 

No  teu  Reino  ditoso 

A  justiça,  que  amaste. 
No  mais  alto  lugar  a  collocaste: 

E  pois  que  poderoso 
Agrilhoada  tens  a  iniquidade, 
Deos  te  ungio  co'  as  essências  d'alegria, 
E  te  deo  sobre  quantos  te  rodéam 

O  mando,  a  sob'rania» 
E  as  venturas  sem  fira  que  te  preméani. 
Quantas  bênçãos  o  Ceo  pródigo  entorna 

Nesse  ditoso  estado! 

Com  qu*  esplendor  te  adorna 

A  c'roa  preciosa. 
Manto  real,  em  cássia  perfumado, 

Na  lagrima  cheirosa 

Que  uma  arvore  goteja, 
E  na  Arábia  aromática  sobeja! 
Que  riquezas  encerra  o  teu  thesouro! 
Como  09  cofres  ebúrneos,  cofres  d'ouro, 

Que  estas  alfaias  guardam. 


153 

Embalsemain  as  .Virgens  do  cortejo; 
Regias  filhas,  que  te  honram,  que  nilo  tardam, 
£  seguem  a  que  farta  o  teu  desejo! 
Todas  são  lindas,  cândidas,  formosas. 
Todas  dignas  de  ser  dos  Reis  esposas. 


Porém  qual  competir  pôde 
Em  graça,  belieza,  agrado. 
Com  a  que,  junto  a  teu  lado. 
Agora  ^emos  sentar! 

O  diadema,  o  sceptro  a  mostram. 
As  alfaias  preciosas, 
Essas  roupas  primorosas. 
Que  o  gosto  soube  adornar. 


(11)  jéãíiíit  Regina  ã  ãexiriê 
iui»  in  veutítu  deauratê :  cirtum* 
data  varíeíate. 


Coro  das  Donzellas. 


Filha,  escuta,  presta  ouyido 
Ao  dictame  da  amizade: 
Não  dês  lugar  no  teu  peito 
Ao  tormento  da  saudade: 
Esquece  a  casa  paterna, 
Esquece  o  poYo  querido; 
O  teu  Rei  por  ti  suspira, 
Emprega  nelle  o  sentido. 
Do  seu  querer  dependes;  elle  adora 
Desse  teu  rosto  a  graça  encantadora; 
E  teu  senhor,  teu  nume,  fino  amante. 

Seu  amor  n&o  te  esconde: 
Somente  um  coração  fiel,  constante, 
A  tSo  ditosa  chamma  corresponde. 
Virão  as  Tyrias  Damas  ofiertar-te 
A  purpura  lustrosa; 


(IS)  Audi  filia,  et  ride,  ei  in- 
elina  aurem  ttiam,  et  obliviteere 
populum  tuum^  et  domum  patri» 
tuin 


(13)  Et  caneupiseet  Rex  dera- 
rem  tuum ;  quaniam  ipte  eêt  Do- 
minuê  Deuê  tuui,  et  adorabunt 
eum,    ' 


(14)  Et  fiUm  Tyri  in  muneri- 
kui,  vultum  tuum  deprecabuntvr 
omneê  divitet  plebis. 


154 

A  gente  poderosa 
Virá  submissa  ver-te,  e  ha  de  in?ocar-te. 


(15)  OmnÍ9  gloria  eju$  JUim 
Regii  uè  Mus,  tnjimbrtíi  mireii 
tírctímamietã  vãrietoHòtU' 


O  rico  Yéo  que  te  cobre 
Os  cabellos  preciosos 
Menos  te  orna,  Regia  filha, 
Que  os  teus  dotes  virtuosos; 

Desse  Objecto  que  te  adora 
O  maior  tbesouro  é  este; 
Tua  alma  cândida  e  pura, 
O  teu  animo  celeste. 


Cofio  iK)s  Mancbbos. 

(16)  Mdueenlur  Regi  virgínea  Soltai  OS  hymnOS  alcgrCS, 

Itõtt  eaniy  próximas  ejuê  qferen' 

tur  iibi.  Segui  a  vossa  Ramha : 

Ide  ao  Rei,  gentis  donzellas, 
Para  o  templo  s'encamioha. 
(17)  jffertntur  in  latitu,  et  Has  que  alegrcs  canções  rompem  os  ares! 

exultatione,  addueentur  in  tem-  r>        i  • 

ptum  RegiM,  Quo  doces  mstrumeutos, 

Que  applausos  singulares 
Revolvem  no  ambiente  os  mansos  ventos! 
Chega  em  fim  esse  instante  venturoso: 
Cessa  de  suspirar,  felis  Esposo. 

Coro  das  Donzbllas. 


(18)  Pro  patrikuM  tuia  nati 
sunt  tibiJUii:  eonolituee  eoê  prin* 
eipet  tvper  omnem  terram. 


Pela  pátria  e  pae  que  deixas 
Filhos  o  Ceo  te  ha  de  dar, 
Que  das  saudades  que  sentes 

« 

A  dor  hSo  de  consolar. 
Filhos  terás,  que  algum  dia 
O  mais  vasto  Império  rejam ; 


155 

Que  aos  vanallos  dem  conforto, 
E  aos  pães  os  bens  que  desejam. 

Os  DOIS  Coros. 


Teu  nome  irá  triumpbante 
Todos  os  tempos  vencendo; 
De  uma  gerac&o  a  outra 
Irá  com  gloria  descendo: 

Será  por  todos  os  povos 
Altamente  confessado; 
Té  aos  extremos  da  terra 
Por  elles  sempre  invocado. 


(19)  Memêrtê   ermU   nêminiM 
lut  i%  êmni  f Mcrfltee,  el  gemi^ 


(80)  Propterea  ptfuU  eún/Ue- 
buntur  tibi  tu  atemum^  et  in  ta^ 
€ulum  Mweuli. 


PSALMO  XLV.  (■) 


B 


A  musica  é  do  metíre  das  Cantoras 
da  eschola  de  Core. 


Aiou  da  paz  a  luz:  á  praia,  ao  porto, 
Felizmente,  depois  da  tempestade, 
Deos,  que  é  nosso  refugio,  nos  acolhe. 


In  finem  fliiif  Core  pro  arcanif. 


(1)  DeuM  notter,  refugium,  et 
virtu9f  adjtttúr  in  iribulaliúmòu9f 
pia  inoenemnt  nȐ  nmif . 


(•)  Mallei  reúne  este  psalmo  com  o  leifuinte  (XLVI.)t  pel«  rasSo  de  que  o  estilo,  o 
metro,  «  textura,  e  o  argumento  sXo  oi  mc«mo8,  e  por  outras  coniideraçdes  que  expende ;  e 
anim  reunidos,  ajuiza  qne  foram  um  bello  parto  do  grande  ingenho  de  SalomSo,   mesmo 

* 

]Mrque  não  te  lé  no  litalo  que  o  psalmo  seja  de  DaTÍd,  nem  nos  seus  tempos  existia  aquella 
perfeita  pax  que  em  ambos  se  preeonisa ;  e  conjectura  mais,  que  fossem  compostos  e  canta- 
dos na  trasladaçlo  da  arca  de  SiSo  para  o  templo,  a  qual  se  descreve  no  c.  8.*  do 3.*  livro 
áêã  Rei».  O  sentido  espiritual  dix  re»peito  á  conrerslo  dos  infleis,  á  pax  da  Igreja,  e  á  pu- 
blicaçlo  da  Fé  por  todo  o  mundo  depois  da  gloriosa  Axcens2o  de'  Jesus  Chriíto. 

Por  esta  occaiilo  seja-noa  permittido  recordar  que  qualquer  falta  on  inexaclidlo  que 
se  encontre  nas  notas  que  offerecemos  nos  de?e  ser  aUribuida,  e  nlo  k  illustre  Auctora  da 
paraphruei  que  unicamente  ee  occnpou  do  texto  dos  psalmos. 

(O  tdiiur.) 


156 

Ruge  o  vento,  o  trovão  brama,  fusila 
O  relâmpago,  a  terra  se  commove: 
Mas  que  seguro  asylo  em  Deos  achamos! 
Com  que  forças  soccorre!  e  nos  salvamos! 

(«)  Proptêrea  non  iimebimut,   ^So  tomos  quo  temer.  Se  a  terra  treme; 

diim  turòMtur  terra^  et  IrafM*  ^       *         r    •  j  i& 

ferentur  montei  in  cor  mmiê.       Se  OS  montos  transleridos  so  sepultam 

No  coraçSo  dos  mares  revoltosos; 

(3)  sonueruni,  et  iurbata  iunt   So  as  aguas  estroodosas  dosarreigam 

aqv4B    eorum  :    contvrbati    9unt    ^  .     «        i  .  a 

morUeM  in  foriitudine  ejus.  Os  rocbedos  das  serras;  que  tememos  7 

Se  Deos,  nosso  conforto,  ao  lado  temos? 

(4)  PiunUnit  impetuã  imtifieãt  Tão  ferina  borrasca  não  perturba 

cioitatem  Dei:    ganetificamt  <•-    -^     ,     .1  _  4-   ^ 

òernactiium  euum  MUnimui.       O  placido  romanso,  que  argentmo 

Banba  e  rodéa  o  sitio  levantado 
Onde  o  Senhor  fundou  a  immortal  Sede: 
Throno  sublime,  augusto  tabernacMo 
Em  que  reside  o  sacro-santo  orado. 

(5)  Deut  in  médio  ejm  fitfn   £  80  immutavol  Boos  alli  proside, 

eommovebitur  :    adjuvaiit    eam    ^  r    ■•    *  j  r     J^ 

DetíM  mane  ditucuio.  Se  osses  muros  fortissimos  derende, 

Quem  pôde  vacillar,  quem  temer  pôde? 
Antes  que  aponte  a  matutina  aurora, 
Antes  que  o  Sol  luzente  doure  o  dia, 
Deos  carinhoso  sobre  nós  vigia. 

(6)  CaniurbeAm  iunt  gentet,  et     EstremOÇa  COmtudo  a  gOOtO  iniqua. 
inclinala  ivnt  regna:  dedii  w-     ,.  ^  ■  -  l     i. 

cem  suam,  mola  esi  terra,  J*  por  terra  lançou  torros  suborbas. 

Que  ornatos  eram  de  famosos  Reinos: 
Trovejou  Deos  irado  contra  os  crimes; 
Soltou  a  voz :  as  terras  se  abalaram, 
E  os  mais  egrégios  thronos  se  arrazaram. 

(7)  uominut  virtutum  nobis-   Mas  0  Doos  de  Jacob  sempre  comnosco 


157 


O  seu  poder  e  amor  nos  manifesta: 
Qaem  deixará  de  ver  nos  seus  prodígios 
A  previdente  mSo  que  nos  protege? 
Que  aos  seus  6lbos  acode  com  piedade* 
E  em  ventura  converte  a  adversidade? 


€tmt,    iuteeptor   noiler^    Devã 


\  iode  iodos,  pasmai  das  maravilhas  (8)  yettUe,  et  ndete  opera  Do- 

m#ii#,  qy«  poêuií  prodtgta  êuper 

Que  as  obras  do  Senhor  mostram  no  mundo:   urrom,  au/eren»  mu  ««fue  md 

^  m  .  .    ^  ,  Jinem  terra. 

Como  enir&i  as  paixões  nos  nossos  lares, 


Como  a  guerra  cruel  de  nós  affasta; 
Quebra  os  arcos  do  forte,  as  armas  queima, 
E  dos  génios  audazes  doma  a  teima. 


(9)  jéreum  eonteret^  et  eo^frin- 
§et  ormãt  et  êcutã  eomèuret  igni. 


«Socegai,  Deos  nos  diz»  tomai  alento: 
Reconhecei  quem  sou;  quem  vos  defende: 
O  meu  poder  será  sempre  exaltado, 
A  terra  obediente  o  reconhece.*.» 
Deos  é  comnosco,  ó  Povos!  anima i-vos; 
De  tantos  infortúnios  coosolai-vos. 


(10)  Focãte,  et  viiete,  fuoniom 
ego  Mum  Deue :  exoUokor  in  gen- 
t0uêf  et  exoUokor  in  terra. 


(11)  DominoM  viriutum  nokii- 
etun:  êuoeoptor  notter^  peuo 
Joeob, 


PSALMO  XLVI. 


O 


GBANDE  Deos  celcbremos, 
Os  nossos  hymnos  reboem.; 
Battam  palmas  quantos  vivem* 
Flautas  e  trombetas  soem: 


In  flDem  pro  filiit  Core  (•)• 

(1)  Omneo  gentee^  plaudite  nuH 
nièut,  Jubilate  Deo  im  você  êxul* 
tationiê* 


Pois  que  o  Excelso,  o  Poderoso, 
O  tremendo  Rei  do  mundo 
No  seu  vasto  império  abrange 
Quanto  é  mais  alto  ou  profundo. 


(t)  Quoniam  Dominut  exeeltut^ 
terribilie  :  Rex  magnut  ouptr 
•ffinein  torram^ 


(•)    y.  nota  antecedenle. 


(3)  Suifeeit  ffOpulúM  nõHt ,  et 
geniet  iub  pedibut  nottrit. 


(4)  EUgit  nobis  hteredUatem 
siiani,  ^tpeciem  Jacob ^  qumm  di- 
íexii. 


158 

Ellc  é  quem  com  força  immensa 
Os  povos  nos  sujeitou; 
Quem  a  nossos  pés  vencidos 
Nossos  contrários  prostrou: 

Quem  para  a  ditosa  herança 
De  Jacob  nos  escolheo; 
Dessoi  que  Deos  tanto  amava^ 
A  stírpe  em  nós  floreceo. 


(5)  Atcendit  Devã  in  jubilo : 
et  Dominut  in  você  tubcc. 


Cantemos»  que  os  Geos  se  abrem» 
E  ascende  o  Âuctor  do  Universo; 
Para  tfio  sublime  assumpto 
Prosa  é  curta,  frouxo  é  verso. 


(6)  Ptatlite  Deo  notlrOy  ptal' 
lite;  ptallileReginottro,  paalliíe. 


Cantai  comigo»  cantai 
A  gloria  do  nosso  Rei; 
Os  seus  triumphos  da  morte» 
Yictorias  da  sua  lei. 


(7)  Quoniam  Rex  omnis  terra 
Deus,  ptallite  tãpienler. 


Elle  sobre  tudo  reina: 
Dobrai  vivas,  battei  palmas; 
Levantai  os  pensamentos, 
Inflammai  de  amor  as  almas. 


O  melhor  hymno  se  escolha, 
E  a  lyrica  melodia 
Rompa  os  ares»  celebrando 
A  eterna  Sabedoria. 


(8)  RegAabit  Den$  êuper  gen^ 
íe$:  DeuM  aedet  êvper  oedem  to»- 
dam  iuam. 


Á  dextra  do  Sér  dos  seres, 
No  immortal  sólio  sentada, 
£  por  essências  celestes, 
Pelos  astros  cortejada : 


159 

De  lá  doma  e  rege  as  geotes;  (9)  Prineipeê  púpiUrum  wn- 

*  .     1     •,  j  .  greátdi  nmt  eitm  Deo  Jkrãhmm : 

LÃ  do  J!.mp]rreo  determina  pimtimm  íH  MUm  terrm  vthe- 

Que  aos  filhos  de  Abr'am  se  aggreguem       '^"''''  "'^•'*  •^• 
Beis  e  Povos  que  domina. 

Pelos  fortes  G)nductores 
Que  lh'escoIheo  profidentet 
Se  exalta  nos  ceos»  na  terra 
O  seu  nome  omnipotente. 

Ninguém  em  poder  lhe  iguala; 
Delle  todo  o  sér  depende: 
Nem  Si8o  vacillar  pôde. 
Pois  Deos  a  ampara  e  defende. 


PSALMO  XLVII. 


Psalmú  para  cantar^se  pelos  fUhoê  de  Core.       Pnimut  Cantiei  aiííí  con? 

fecunda  Sabbati.  (•) 

Ubandb  DeosI  Tu,  que  eicedes  quanto  alcança     (i)  Magnuê  DonUnuê,  et  imu- 
Par.  loavar-te  .  humana  creatura.  ^^t;^ S ^"tjL'!^'^ 

Com  qne  piedade  attendes 

Os  hjmnos  maviosos 
Que  inspira  o  doce  fogo  em  que  me  acoendes  I 

(•)  Sf^ndo  o  nono  entender,  eite  psalmo  é  lambem  de  SSalonSo,  etcripto  e  cantado 
em  um  doi  muitos  dias  em  qne  se  celebrou  a  dedicaçio  do  templo.  No  titnio  nlo  se  acha  o 
nome  de  Da?id,  mas  t2o  s<Smenle  Psulmut  Cantici  Jiliia  Cêrtj  êeeunda  SmòÒmIí,  Estas  ulli* 
mas  palaTras  nio  se  lêem  na  fonte,  oit  naa  anttfaa  versSes,  e  sio  accrescen^menlo  de  tem- 
poa  poateriores,  como  já  adrerthnoi  em  outro  lugar.  No  sentido  espiritual  entende-se  a 
Igreja,  contra  a  qual  partm  if^feri  ifM  prwvahbuni,  como  o  próprio  Jeiuf  Christo,  sua  ca- 
beça, nos  faz  laber. 

(Matlei.) 


160 

(£)  Fundaiur  exvUaii&ne  uni-  Que  festival  coDcérto  a  terra  inteira 

verta  terra  mon»  Siên,   laterm    «^  .,    ,  *   r     j    i 

AquiUmi9,  eiviUi  Regis  magm.   t^orma  ao  ?er  a  Cidade  que  6  rondada 

Sobre  o  monte  Siito,  opposta  ao  Norte; 
Que  é  de  jardins  e  bosques  adornada, 
Em  clima  tfio  ameno  quSo  saudável; 

Inexpugnaveit  forte, 
Domicilio  suberbo,  magestoso 
Do  mais  sublime  Bei,  mais  poderoso! 

(3)  Deu$  íh  domibuM  ejuê  eo*  As  torros,  quo  ao  ceo  s'ele?am, 

gnotceiur^  cum  êutcipiet  eãm,  «    #        i  i 

A  fortaleza  dos  muros, 
Os  alicerces  seguros, 
Nlo  pôde  a  força  abalan 

Por  alli  se  reconhece 
Que  tSo  sublime  morada 
Foi  de  certo  fabricada 
Para  Deos  nella  habitar* 


(4)  QiMfiMift  ecae  Rrget  Èerrút  Mas  quo  nuvom  medonba  se  levanta ! 

tmgregMti  iunt^  e9ttv9aervnt  in  «  .     *    i 

ttfiMfii.  Que  Potentados  ímpios  nSo  se  aggregam 

mÍÍÍ/VJhíÍS^^^^  Para  attacá-la!...  Oh  pasmo!  stupefactos 

Munt,  tremor  apprehendit  epe.       Retrocedem,  de  mcdo,  OS  inscusatos: 

Conturbam-se,  admiram,  desfallecem; 
Seu  crime  reconhecem. 
Seu  propósito  muda, 
(6)  m  iútêtei  tit  parturietUiM,   E  as  entranhas  lhes  lavra  dor  aguda. 

in  tpiritu  vehementi  eoNtereê  nm-    -^.^     -  .  i  i      . 

rr«  7*Aflrtft.  Difiundc-se  O  tcrror  pelas  cohortes, 

Perde  o  credito  a  voz  dos  Commandantes: 

Só  naufrágios  e  mortes 
Compensam  seus  projectos  arrogantes: 
Ameaçam  os  Euros  furiosos 
Os  navios  de  Tharsis  alterosos. 


161 

Cresce  o  risco;  pela  eniarcia 
Raivoso  o  veoto  assobia » 
Envolve-se  em  noite  o  dia, 
OuveiD-se  as  ondas  bramar. 


Com  teu  sopro  vehemente 
Oh  DeosI  os  mares  revol?es; 
Rijas  armadas  dissolves, 
Nas  rochas  v9o  naufragar. 

Quanto  vemos  e  ouvimos  verifica 
Do  Senhor  as  promessas  inralliveis, 
Que  affastam  da  cidade  santa  os  p  rigos, 
Derrotam  sem  remédio  os  inimigos. 

Ao  Senhor  que  fabricou, 
Para  nosso  beneficio, 
Um  tao  solido  edificio, 
Devemos  o  nosso  amor* 


(7)  Sieui  mídirimus^  He  M{» 
mu9  ineiviiãte  Domini  virtuium, 
IA  eiviUUe  DH  núgtri^  Detu/tm^ 
dmvU  eajfi  i»  mtemum. 


(8)  Suice^mut^  Deu$,  miêeH- 
t^rdiãm  tuam  te  médio  templi 
tui. 


No  seu  templo  sacfo-santo 
Não  se  conhece  a  discórdia; 
Nelle  habita  a  misVicordia, 
Gessa  alli  todo  o  temor. 

Do  Senhor  dos  Exércitos  a  gloria, 
De  suas  maravilhas  a  memoria, 
A  perpetua  firmeza  de  seus  muros. 
Reconheçam  os  séculos  futuros. 

No  seu  templo,  ao  pé  do  throno 
Em  que  brilha  a  sua  gloria, 
Resoem  os  nossos  hymnos, 
Os  cânticos  de  victoria. 

Tomo  VI. 


(9)  Seevndum  nemen  tuum, 
Deut ,  sie  et  Um»  tw  in  fines 
ierree,  jtialilia  ptenm  eet  dexiera 
tua. 


II 


162 

Tanto  ao  seu  po?o  conforta 
De  Deos  o  nome  adorável, 
Quanto  os  ímpios  temer  devem 
Um  juiz  inexorável. 

(10)  Lmtetvr  numa  Siên,  etex-   Celebre  pois  SiSo  sua  justíça; 

ulUnt  filia  Judm  provier  judicia    ^  i     ^r-  .  ■ 

tua.  Domine.  .  Coros  do  Virgeos  santas,  alegrai-vos: 

Seu  decoro  será  sempre  vingado 
Nos  blaspbemos  que  o  tenham  profanado. 
(10  Cireumããie  Sion,  ei  emn*  Ahl  vinde»  Contemplai  de  Sião  santa 

pleeiimini  eam:  narrate  in  tur^     .  ,  ,     .  ,    ,. 

ribus  eju9,  A  grandeza,  os  palácios  e  obeliscos; 

No  seu  recinto  entrai,  explorai  tudo; 
As  torres  que  competem  co'  as  estrellas; 

(It)  PmUte  eordm  vegtrm  invir-  Visitai  «S  cidadellas, 

^i^íl ,^^Z' e^rltlr  Medi-Ihe  das  muralhas  essa  altura 

*''''^''  Que  a  paz  dos  moradores  assegura: 

Narrai  esse  prodígio  aos  que  vierem, 

E  pssa  o  vosso  canto 
Ser  com  ternura  ouvido,  e  com  espanlo. 
Dos  últimos  humanos  que  nascerem. 

(13)  Quoniam    hic   e»i  Deuo,  NestO  palaCÍO 
Deut  notter  in  atemum,  et  in 

aaeulum  taculif  ipêe  regei  nêo  Do  Rci  doS  RciS 

in  neeuUt*  _   • 

Reina  a  ventura, 
Reinam  as  leis. 
Os  já  nascidos, 
£  que  hSo  de  nascer, 
Tomem  alentos; 
Pois  quem  observa 
Seus  mandamentos 
A  paz  segura 
Sempre  ha  de  obter. 


163 


PSALMO  XLVIII. 


À  musica  do  psalmo  é  do  meslre 
dos  Coritas.  (*) 


i 


óSy  que  habitais  a  terra,  ouvi^^ine  todos. 
Aos  que  de  clara  stirpe  se  gloréam, 
Aos  humildes,  aos  ricos,  aos  mendigos, 
Convém  minhas  verdades. 


Io  flaem  flIUf  Core  ptalmut. 


(1)  AuãiU  htte^  pmneã  gente$^ 
auriòut  pereipUej  vmnea  qui  Ao- 
biíatis  orbem, 

(S)  QMtfve  terrigenm,  et  JUii 
himimtm :  iimul  in  vnum  diveêj 
et  pauper» 


Meditações  severas  me  ensinaram 
A  trazer  a  meus  lábios  sapiência ; 
Divina  inspiraçfio  a  bocca  me  abre 
Para  fallar  ás  gentes. 


(3)  Oe  tnewn  hquetur  eopiem' 
iimn^  et  meditatio  eordie  mei  pru- 
detUiãm. 


Melódico  instrumento!  lyra  amada! 
Em  ti  procuro  os  sons  que  mais  adocem 
As  terríveis  sentenças  qu^  meu  estro 
Ardendo  em  fogo  entoa. 


(4)  IneHnãbo  in  pwraholãm  cm* 
tem  ififam,  t^eriam  i»  p9alteri9 
propêiitionem  meam. 


No  dia  amargo,  que  tremendo  susto 
Me  virá  conturbar?  O  peso  d  erros, 
A  permanente  iniquidade  em  torno 
Do  meu  sér  vacillante. 


(5)  Cur 

imiquitãê 
bit  me. 


in  die  nuilãt 
mei  eircumda- 


Que  afflicto  dia !  Nada  entSo  nos  serve : 
O  valor,  de  que  tanto  nos  prezámos, 
As  riquezas,  a  gloria,  o  primor  d'artes, 
Tudo  se  desvanece. 


(6)  Quicú9{fldtmtiavirtuteãtiã, 
et  in  muUitudine  divitiarum  ivm' 
rum  gloriantur. 


(»)     No  titulo  dette  pialmo,  poato  que  fe  attett«  que  foife  cautado  petos  metniot  Co* 
rJtAf,  todairia  nSo  le  declara  que  fosie  David  o  auctor  delle ;  e  Mattei  Justamente  opina  que 
deve,  oomo  o  precedente,  altribuir-se  a  Salom&o.  O  estilo  é  o  mesmo  dos  Provérbios,  e  o 
atiompto  é  todo  moral,  sem  hafer  prects2o  de  procnrar-se  ontro  sentido, 
Tomo  VI.  II  • 


164 

(7)  Fraíer  non  redinút,  redi-   Nem  O  amor  frateroal,  Dem  a  amizade^ 

met  homo,  non  dabit  Deo  placã-    o        i«  i  .  i 

tionem  iuam.  Supplicas,  preço  algum,  resgatar  podem 

(8)  Et  pretium  redemptioníi   Um  amigo,  um  írmdo ;  Deos  ndo  se  applaca, 

anime  tua,  et  laborabit  in  úBter*  wr«  i         . 

num,  et  vivet  udhuc  in  finem,  ^So  revOga   O  decreto. 

Cançam-se  em  vio  de  prolongar  os  dias; 
I^or  séculos  que  dure  a  vida  humana. 
Chega  a  morte,  alça  a  fouce,  vibra  o  golpe, 
A  eternidade  spontal... 

(9)  Non  videbit  interitum,  cum   Como  é  louco  0  tnortal  quc  nSo  repara 

viderit  iopienteg  morienlet:  fí-    ^  ^  •  •  • 

mulinHfiene,etetultuiperibunt,     Que  SO  B  mOrtO  tragOU  SaOlOS  e  riCOS, 

Ao  fero  assalto  delia  em  vão  resistem 
Prazeres  e  loucuras! 


(10)  Bt  reiinqvent  miiem»  divi-  Todos  á  morte  Cedem :  OS  maís  ricos 

tioã  9uãt :  et  eepulcra  eorum  do- 

mus  iiioTum  in  atemum.  A  estranhos  doixarão  OS  seus  tbesouros; 

E  terSo  por  eterno  domicilio 
A  tetra  sepultura. 

(11)  Tabemacuh eorum  inpro-   Dalli  uSo  voltarSo  mais  sobre  a  terra: 

genie ,   et  progénie :    vocúverunt     *    .        i  i.      j  •     •  i 

nomina  sua  tn  terris  suis.  A  tenobrosa  campa  ba  de  opprimi-los, 

Mesmo  quando  seu  nome  celebrado 
Insensatos  invoquem. 


(12)  Et  homo  eum  in  honore   Ah!  se  algum  s esqueceo  durante  a  vida 

etset,  non  intellexit :  comparatus    •>.i..iii,  r^-^ 

est  jumentis  insipientibus,  et  si-   Da  dignidade  de  homcm;  se  o  fartaram 
miUsfuetus  est  Hiis.  Deleites  v5os,  inúteis  simulachros 

De  gloria,  de  grandeza; 


Se  igualando-se  aos  brutos,  o  futuro 
Lhe  nio  lembrou,  fez  mofa  do  passado; 
Foi  caminhando  ás  cegas  para  o  golpbo 
Em  que  a  morte  o  arremessa: 


165 

Que  lastimoso  exemplo  ao  mundo  lega! 
Deixa  aos  viodouros  Yenenosa  eschola» 
Onde  applaudem  doutrinas  que  os  depravam, 
E  os  submergem  nos  yícíos. 


(13)  Hme  vim  illamm  «emtfa- 
Iwn  ip9i»y  et  poêiea  in  ore  «m 
complieekiMt, 


Vão  como  vai  o  gado  ao  matadoiro; 
Como  um  rebanho  os  vai  levando  a  morte, 
£  súbito  no  inferno  os  precipita 
Em  ténebras  eternas. 


(14)  Sicut  êpeg  in  ii^erno  poni- 
ti  «tin/,  mort  dêpoMcet  eot. 


Que  pasmoso  contraste  faz,  raiando, 
Uma  luz  matinal  'que  ao  justo  cerca, 
E  o  manifesta  sobre  o  Empjrio  Sólio, 
Que  é  premio  de  virtudes  I 


(15)  £f  dominõbuntur  eorum 
Jutti  in  matutino:  et  ãuxilium 
eorum  vetemeet  in  inferno  •  gto- 
rin  eorum. 


Em  quanto,  soltas  dos  corpóreos  laços, 
Já  destinadas  a  immortal  tormento. 
Gemem  em  v8o  as  almai  dos  malvados 
Nas  perpetuas  masmorras. 


Meu  Deos,  de  um  tal  destino  me  defende! 
Quando  o  calor  que  a  vida  me  sustenta 
De  todo  se  extinguir,  ah!  nSo  permittas 
Que  eternamente  eu  pene. 


(16)  Verumtmnen  Deu$  redi- 
met  animam  meam  de  manu  iw 
feri,  eum  aceeperit  me. 


Vós,  mortaes,  que  me  ouvis,  não  vos  espante     (i?)  Ne  timueriê,  eum  divet 

^  .      .      1     j.^  ,  .     .  faetuã  fueHt  homOy  et  eum  mui- 

U  taUStO  ao  ditoso;  nao  vos  tente  tipUcataJuerit gloria  domueejut. 

Inveja  de  riquezas,  de  palácios, 

Por  mais  que  brilhe  a  gloria. 


Cá  fica  sobre  a  terra  essa  opulência;  (i8)  Quoniam  cvm  intertent, 

non  aumet  omnia,  tieque  detcen- 

Co  a  nudez  com  que  entrou  no  mundo,  á  morte   dit  eum  eo  giona  ejui. 
Se  entregará  seu  corpo,  despojado 
De  vigor,  de  belleza. 


166 

(19)  QifAi  mtimm  fjuê  in  vitã  Assaz  na  Vida,  farto  de  delicias, 
l/Aí,  tum  ben^feeeriB  ei.  Tuiba  de  aiDigos  falsos  O  adularam; 

Assaz  creo  no  prestigio  dos  prazeres 
Que  feliz  o  fingiranf: 


(to)  inirHM  tiêçMe  in  prêft^  Soffra  agora,  se  isento  de  thesouros» 
wtrrZn  nm  videbit  iumeT       Privado  de  conforto,  so  apresenta 

No  cego  mundo  a  seus  antepassados 
Em  profunda  amargura. 

(SI)  Mmê,  €um  in  hêmre  ew^    Desconheceo»  viveodo,  os  nobres  dotes 
ettjumeniiê  inêifneniibm,  ei  tj-   Com  quo  O  SOU  Crcador  O  tinha  ornado; 
miii,faciuM  e.t  iHn.  Preferindo  ser  emulo  dos  brutos, 

Acabou  como  acabam* 


PSALMO  XLIX. 


De  Átaph  {*). 

(1)  Dtuê  Dearum  Dêmimia  lo-    F  AUA  doS  altOS  COOS  0  DOOS  doS  DeOS», 

eulut  eêtf  et  voenit  terram,  /^i . 

Chama  a  juizo  a  criminosa  terra; 
(t)  A  êêiii  ortu  wque  Md  oc-   Desdo  ondo  nasce  o  Sol  a  yoz  retumba, 

niffttifi;   ex  Si9n  tpeciee  deeorii  -,,         .         ^  , 

gfua.  Té  onde  o  Sol  se  apaga. 


(•)  No  eitilo  lublime  e  heróico»  poucof  pialmoi  podem  coniftrar-ie  com  eite,  de  qot 
foi  âoclor  o  famoio  Ataph,  graode  poeta  e  mestre  de  capella  not  tempos  de  David,  eooio  i» 
collige  de  Tariot  logares  dosParalipomeDos,  onde  no  Iít.  £.  c.  S9.  ▼•  30.  te  lé  o  seguinle: 
Praeepit  Ezeehias  Leviti»,  ut  iaudarent  Deminwn  êermonibui  David,  et  Jêeph  viéinIU' 
No  sentido  litteral,  reíere-se  a  prophecia  a  dcKrerer  a  TÍnda  de  Deot  de  Sifto  a  Babjloiíat 
para  libertar  o  sen  povo,  faier  Justiça  dos  ímpios,  e  conioiar  os  bons,  qne  estavam  oppre"^ 
e  qoeiíosot,  por  não  poder-lhe  oOerecer  os  costumados  sacrifidoí:  no  sentido  anisogic*^' 
descreve-ie  a  vinda  de  Jesuii  Christo  para  Julgar  o  mando. 

(Mãitei ) 


167 


Cercado  de  fulgores,  magestoso 
De  SiSo  vem  descendo;  as  áureas  roupas» 
O  apparato  divino  o  manirestam ; 
E  Tem  desaggravar-se. 


(8)  Deui  tMHtfeitè  vffuel,  DeuM 
noêiery  et  »•»  tileòii. 


Dos  tro¥des  o  estampido,  ardentes  fogos, 
O  Tento  rugidor,  as  tempestades, 
Me  avisam  quem  é  esse  que  precedem; 
Peoetram-me  de  susto... 


(4)  Ignii  im  CÊHipeeiH  tjuM  ex- 
mrdeãeei^  et  in  eireuitH  ejue  tem* 
pe$tM$  vmlida. 


Clama  de  lá  dos  Ceos:  «Ó  terral  ó  povos! 
Venho  a  julgar-vos.  Testemunhas  sejam 
Os  ceos,  as  gentes ;  ao  juizo  assistam 
Os  numerosos  seres. 


(fi)  jédtêeMí  emlum  deeufêum, 
et  terram  diêcêrmere  pêputmm 
êWim, 


«Venham  primeiro  os  anjos,  venham  justos,     {B)  c^gregate nu emneiet ejus, 

^  .,  .  .  .,  qyi erdinãnt  teetametUum ejuã em* 

Qae  com  pureza  d  alma  ante  meu  throno        per  sacrifieia. 
Apresentavam  lúcidas  virtudes, 
Devotos  saeríficíos. 


«Os  que  a  minha  justiça  e  lei  sagrada 
Aos  mesmos  ceos,  constantes,  attestaram ; 
Confirmaram  com  viclimas  e  offrendas 
Minha  eterna  alliança. 


(7)  Et  MmmiUiãkvnt  eedijueU- 
ItfM»  ejue^  fuonimm  Deui  judex 
eet. 


aPonham-se  á  parte  os  máos;  a  vida  inteira 
Quero  explorar-lhe ;  o  ceo  e  a  terra  vejam 
Se  a  medida  que  ponho  a  meus  rigores 
Corresponde  aos  delictos. 


flí  Povo  meu  d'brael,  a  ti  primeiro 
Dirijo  com  ternura  as  minhas  falias: 
Ouve,  sou  o  teu  Deos;  assim  o  attesta 
O  teu  Deos  compassivo. 


(8)  Audi  pepulue  meu$i  et  h- 
quar :  leraei,  et  tetifficaker  tibi : 
Deue  Deítt  tuus  ego  ium. 


168 

(9)  Non  in  MãcnfcH»  tuia  ar-   a  NSo  mo  queiío  de  ti,  86  mil  cordeiít», 

ffiiam  te:  hcloeaiuta  aulem  tua    ....     ...  ,         ,      . 

til  amtpoelu  meo  Munt  Mcmper.        Mil  ▼itellos  D&O  tenS  depOSltado» 

Em  sacrificio,  sobre  meus  altares; 
Se  as  aras  Dão  fumegam. 


(10)  jvoíi  âeeipUtm  de  domo  w-  aTeus  TOtos  trago  sempre  anle  meus 

tvlon,   ntfue   de  gregiíbuÈ   tuíc  . 

hircoM.  Mo  me  s8o  necessários  teus  rebauhos; 

(11)  Quoniam  mem  iwu  cmnea  Do  campo  as  rézes,  da  flofosta  as  foFas 

fera  ríhmrum,  Jumenta  in  mên-  ,  •        ^         & 

tiòus,  et  bovet,  iodo  a  mim  so  pertence. 


(i«)  Cegnúvi  enmia  toiãiitin   ^^\  quantas  aves  Yagam  no  ambiente; 

emliy  et  futehwituda  agri  meeum  ^  ^ 

ett.  Sou  quem  reveste  os  prados  de  verdura; 

Ás  arvores  dou  fructo,  ás  plantas  flores, 
E  adorno  de  belleza. 


(13)  SieturierenendieamtiH:   a  Se  precisasse,  nada  te  pedira: 

meus  eêi  enim  erbie  terrm^   et  ^ 

plenitude  eju$,  O  que  tudo  creou  jamais  carece: 

Todo  o  orbe  da  terra  é  meu ;  possuo 
A  plenidão  dos  entes. 


(14)  Numpdd  tnandueãòo  car^  aQuem  ba  de  crer  que  bebo  sequioso 

nes  tauremm,  mui  aãnguineuí  hir*  . 

cerumfetahef  O  saugue  de  aDimaeS|  ou  que  me  farte 

A  carne  dos  bezerros  victimados 

No  templo  em  honra  minha? 


(15)  immeiã  Deo  nuirifieium  «O  sacnficio  puTo  quo  me  agrada 

latMftt,  et  redde  Miesimo  veta    ^^  , 

tua.  S8o  tuas  preces,  silo  os  teus  louvores; 

Ao  Altissimo  entrega  teus  suspiros, 
Immola-me  teus  votos. 


(16)  nt  invêca  me  in  die  tri-  «No  dia  da  afflicçSo  a  mim  recorre; 

huiatieniê :  eruam  te,  et  hmteri-     *     •       ,  ■        i    «  •  i 

jUaòie  me.  Assim  6  quo  bas  de  honrar  a  mmba  essência: 

Geme  junto  aos  altares,  hei  de  ouvir-te, 
Hei  de  enxugar  teu  pranto^.. » 


169 


Assim  fallou;  mas  logo  irado  e  torvo 
Volta-se  ao  impio,  e  deste  modo  o  increpa: 
a  Com  que  aadacia  teus  lábios  crímiaosos 
Narram  os  meus  preceitos? 


(17)  Peceatori  autem  dixii 
Dem:  fttare  tu  enarriu  JuititieM 
titeas,  et  ãêturns  tetiamentum 
mewn  per  w  tuwf  í 


«G>mo  da  lei  que  insultas  Tallar  ousas? 
NSo  sabes  que  as  promessas  d'ainaoça 
NSo  comprehendem  pérfidos  profanos 
Que  se  nutrem  de  tícíos? 


aNSo  és  tu  quem  meu  jugo  quebrantaste? 
Que  as  taboas  em  que  a  lei  gravada  tinha 
Ârremeçaste  para  traz,  zombando 
Dos  meus  sacros  dictames? 


(18)  Tu  vero  oiitti  ditcipU- 
nam,  et  projecisti  termones  meos 
retrorêum. 


a  Do  ladrSo,  do  impudico  nSo  fizeste 
Tua  mais  deleitosa  sociedade? 
Abundava  em  malicia  a  tua  boccap 
Co'  a  lingua  urdias  dolos. 


(19)  Si  frídebãt  furem^  eurre^ 
èãaeum  eo^  eteum  adulierit  por^ 
timtem  tvam  ponebãt- 

(CO)  Os  tuum  abítndãtnt  mali' 
tte,  et  lingua  tua  caneiímabat 
Moã. 


a  Contra  o  teu  própria  sangue  quantas  vezes 
Conspiraste  malévolo!  Que  aleives. 
Que  impropérios  cruéis  n9o  propagaste. 
Escândalos  fabricando! 


(SI)  Seden»  adwereus  fratrem 
tuum  lôquebariê,  et  advertus  fir 
Hum  matfit  tua  poneboM  ecanda- 
lum:  hme/eciêti,  et  taeui. 


«Contra  quem  mais  te  amava  conjuraste: 
Tudo  vi,  tudo  sei;  porém  calei-me. 
Nega,  se  podes,  tSo  culpáveis  factos, 
E  vé  se  os  desvaneces. 


«Crés,  ó  louco!  que  eu  coroo  ta  perverso 
Possa  esquecer  t9o  grandes  desatinos? 
Enganas-te ;  hei  de  ser  justo,  severo, 
Pesar  todos  teus  crimes. 


(S£)  Exigíinuuti  iniquè  quod 
ero  tui  timiliê:  arguam  te,  et 
ãtatuam  contra  faciem  tuam. 


170 

a  Hei  de  arguir-t^  hei  de  |#Dçar-te  em  rosto 
A  iofamin  de  teus  erros»  orofundir-te; 
E  fazer  resaltar  a  mioha  gloria 
Gom  a  tua  igoopiioia.» 

(«3)  iiueUigite  hae,  qui  oUi-  Ouvi  ostas  vordados,  poccadoros, 
;S1"«- «"',::?  «í^'  "  De^»^.*»  de  Deo»;  tomai  sentido. 

Para  qqa  «'  t^põ  le  «ispeoda  o  raio 
Ql^  irráza*  sem  remédio. 

(£4)  Sãcrifiiium  Umiit  hon^rí-  NSo  com  saogue;  oom  preces  e  louvores 
^L7ui  'ÁOLV^r'"  De  applacar  o  Seiih«r  é, tempo  agora; 

Pedindo-lhe  nos  mostre  compassivo 
  sua  face  augusta. 


PSALMO  L. 


(IV.   DOS  PENITENCIAES.) 


Id  finem  psalmus  David,  cam  ve-    A  mUSica  6  G  pOBSia  i  de  Doxid^    €  foi  pOT 

nit  ad  eum  NaUun  Propheto,       ^n^  composta  quondo  O  Pfopheia  Naúm 

quando  intraTit  ad  Bethiabee.  .         _  ,  _  i        j  i.     •       j    n^l 

veto  admoestado  pelo  admieno  de  iSetn' 
sabea.  («) 

(O  Miserere  mei,  Deut ,   te-    lERDOA-lIBt  Seuhor,  proporcionaudo 

tuam.  Das  tuas  mis  ncordias  á  grandeza 

Remédio  ao  mal  que  afflicto  estou  chorando: 

(•)  É  opinião  de  Abenara,  referida  por  Muii,  e  scguid»  por  Maltei  c  oalroi,  qoe  « 
dois  uUlmof  TerMcnlof  deite  pialmo  foram  addlcionado»  por  algum  Levila  no  tempo  da  «• 
cravidão  Babylonica ;  porque  noi  dias  de  David  ainda  Jerusalém  nlo  era  cingida  de  man»; 
nem  eile  prophela,  depois  de  ter  dillo  nos  versos  17.  e  IB.  que  eslava  promplo  a  ofiferecer 
sacrificios  ao  Senhor  se  elle  ot  quisesse,  mas  que  a  viclima  agradável  a  Deos  era  um  cora- 
çlo  contricto  e  humilhado,  havia  de  repente  conlradixer  o  seu  sentimento,  accreiccnliin«l<» 
que  lhe  sacrificaria  vilellos  no  seu  altar,  depois  de  edificados  os  muros  de  Jerusalém. 


171 


E  pela  lua  piedade 
Delida  fique  a  minha  iniquidade. 


(t)  Bê  seeunãum  mulMudineM 
miãeraii&mtm  ttiarum  deteiniqut' 
totem  meam. 


Amplamente  me  lava  nódoas  tantas. 
Com  qne  medonhos  erros  me  mancharam: 
PuriCquem,  meu  Deos,  lagrimas  santas 

Restos  desse  peocado 
Com  que  sinto  meu  peito  «da  Bggrafado. 


(3)  Amplinê  Utoa  me  ab  inipti- 
tute  mea,  et  à  peecãio  meo  imm- 
dã  me. 


Reconheço,  Senhor,  minha  malícia: 
O  meu  peccado  sempre  tenho  á  vista ; 
Faz-me  horror  quanto  aelie  achei  delicia. 

Ahl  contra  ti  pequei, 
Ao  mal  ante  os  teus  olhos  me  entreguei. 

Para  justificar  tuas  sentenças, 
Teus  sagrados  oráculos,  confesso 
Quantas  fiz  contra  ti  cruéis  offensas: 

E  quando  me  julgares 
Verão  justa  a  vingança  que  tomares. 


(4)  Queniam  iniquitatem  meam 
ego  eognoeeo^  et  peeeatum  meum 
eentra  me  ett  eemper. 


(5)  Tibi  soli  peceaviy  et  malum 
coram  tefeei:  ut  Juttifieeris  in 
eermonibus  tuia,  et  vimca»  eum 
Juâieariã, 


Sim,  concebido  fui  na  iniquidade; 
Na  culpa  me  gerou  quem  me  deo  vida : 
Mas  tu.  Senhor,  que  amavas  a  verdade, 
Em  minha  alma  a  estampaste, 
E  occulta  sapiência  me  ensinaste. 


(6)  Eeee  enim  in  iniqtaitatibv» 
couceptuM  f ffffi,  et  in  peecatie  eonr 
cepit  me  mater  mea. 

(7)  Eeee  enim  veri totem  diU' 
xitti:  incerta  et  occulta  eapien- 
tiet  tum  monifeetoiti  miA^. 


Recorro  a  ti:  diffunde  graça  ingente, 
Asperge-me  c'o  hyssope  saudável, 
E  puro  ficarei,  de  delinquente: 

Mais  do  que  a  neve  pura 
Luzirei,  revestido  de  candura. 


(8)  Atpergee  me  hyetopo,  et 
mundabor:  lavobiã  me,  et  euper 
nivem  dealbabor. 


Solta  essa  voz  suave  em  meus  ouvidos; 


(0)  Auditui  tneo  dahh  gaudium 


172 

et  Mitimn,  et  exuitahmt  0$ia  E  O  deleite  e  alegria  em  mim  lavrando 

hutniliotfít 

HymDOS  me  hão  de  iospirar  eaterDecidos: 

Meus  ossos  humilhados 
Exultarão  de  gosto,  reanimados. 


(10)  Averte  fadem  twm  a  pec  Nâo  olhos  para  O  crimc  já  passado; 

catU  méis ;  et  omnee  inipUtatee  .   .      .  ,    , 

mea$  dele,  Risca  as  ioiquidades  da  lembrança : 

(11)  Cor  mundum  érea  in  me,      '    .  .  , 

Deus,  et  spiritum  reetum  iwtova  t.ria  em  mim  coTaçao  Dovo  O  lavado; 

í»  visceribus  méis.  -n > 

Em  meu  animo  inuova 
Recto  senso,  que  o  bçm  somente  appro?a. 


(i£)  Ne  projieias  me  a  fade  Não  me  recuses,  nSo,  tua  face  amável: 

tuot   et  spiritum  sanclum  tuum  ...  .   „ 

fie  auferãs  a  me.  NSo  retires  de  mim  0  santo  influxo 

Do  espirito  divino;  roas  saudável 
(13)  Redde  mihi  latitiam  stdu'  Movo  em  mim  alegria, 

taris  tui:    et  tpiritu  prindpati  ,     ,  . 

confirma  me.  E  OS  teus  dous  priucipaos  de  mim  confia. 


(14)  Doeebo  iníquos  vias  tuas,   EntSo,  doutriua  sauta  promulgaudo, 

et  impii  ad  te  convertentur,  ^     •  .        .   .  j 

Ensinarei  a  iníquos  as  veredas 

Por  onde  a  Deos  hão  de  ir-se  aproximando; 

E  os  Ímpios  convertidos 
Perdão  te  irão  pedir  já  submettidos* 

(15)  Libera  me  de sangmnibus,   Perdoa-me,  ah!  meu  Deos,  OSSO  impio  facto, 

Deus,  Deus  salutis  mem,  d  ex»    ^^  .  .  j  *.     -       ■ 

uitabitiinguameajustitiamtuam.   Uue  perpetrei,  sanguineo,  detestável. 

De  um  criminoso  amor  fructo  insensato: 

Perdão!...  Direi  contente 
Quanto  a  justiça  tua  foi  clemente. 

(16)  Domine,  lábia  mea  ape-  Abre,  Seuhor,  meus  labios;  teus  louvores 

ries,  et  os  meum  annuntiabit  UtU'     a        •  «  n  .    « 

dem  tuam.  A  minha  voz  espalhe  em  toda  a  parte, 

Unisona  c'os  célicos  cantores; 
Hymnos  alti-sonantes 
Reboem  nos  contornos  mais  distantes. 


173 


Se  quizesses,  Senhor,  ao  som  da  trompa» 

SacrificioSt  também  t'os  oflTrecera: 

Mas  de  holocaustos  oSo  te  apraz  a  pompa; 

É  roais  do  teu  agrado 
Um  coração  cootricto  e  humilhado. 


(17)  Quênimn  H  vdmueB  to- 
erifidum,  dedissem  utique,  A»/0- 
eauiti»  n0n  deleetaòeria. 


(18)  Saerijinum  Deo  tpiriiut 
eêntrUMãtuM :  cor  cantritum,  et 
AfiflBflíaItMi,  Dftrt,  non  detpieiet. 


Espalha  pois  benigno,  faforafel, 
BençSos  sobre  Sifio;  repara  os  muros 
De  Jerusalém  triste  e  deplorável: 

E  nesses  dias  faustos 
Então  te  oflTreceremos  holocaustos. 


(19)  Benignè  fac  Domine,  f» 
òina  vlwUttle  lua  Sion,  ut  adi' 
fieentur  muri  Jerutalem, 


Então,  já  dissipados  os  pezares. 
Completa  a  expiação,  puras  offrendas 
Acceitarás  piedoso  em  teus  altares; 

E  as  victimas  sagradas 
De  listões  e  de  jóias  adornadas. 


(£0)  TuncaeeeplaUã  uaerifieium 
JuãMia,  9blmtÍ0He9,  ei  Mmsim- 
ta:  tune  impmient  tuper  tdtmre 
tumm  vitulo». 


PSALMO  LI. 


A  musica  e  a  poesia  é  de  Dactd»  eseripta  in  finem  inteiiectiu  (••)  David, 

par  elle  na  occasião  em  que  Doeg  Idumeo  «'"*  ^"'*  ^*^  Moin«u«,  et 

,            .             ^     ,            T\      •  ^     •  t              -a  aununtiavit  Sauli :  Tenit  David 

denunciou  a  Sam  que  David  tinha  estado  ,    ,         «w    i  u 

'  in  domam  Ábmielecli. 

em  casa  de  Abimelech»  (*) 


D 


B  QUE  te  serve,  oh  louco,  essa  vaidade? 
Que  tiras  da  malicia,  da  arrogância 
Com  que  os  crimes  comettes? 


(1)  Quid  gíariaris  in  malitia, 
pti  potem  eu  in  iniquiiate  1 


(•)  Este  pialmo  é  uma  Invectiva  contra  Doeg  Idumeo,  cnja  delaçSo  e  foat  funestai 
consequências  podem  ver-se,  no  €,  Cfi.  tfol.®  Iro.  ioi  Rei»,  Pude  servir  da  correctivo  contra 
os  murniuradores  e  intrigantes. 

(••)  Iniellectut  é  um  vocábulo  que  exprime  um  género  de  poesia,  como  ode^  elegia^ 
canção,  etc.  V.  a  nota  ao  psalmo  XLI. 


174 

És  tu  qaem  te  creaste? 
Quem  tuas  faculdades  fabricaste? 


(s)  Tota  iie  injutiiiiam  têgi*  Heditas  Dd  iDjustiÇA  O  dia  loteiro; 

tavit  língua  íua,  tieut  nooacula    ^     , 

actita  feciMti  doium.  Qual  aoiolada  fouce  a  língua  tua 

Alheia  fama  corta» 
Mentiras  apregoa, 
E  os  mais  dignos  objectos  atraiçoa. 

(3)  Diíexiãtí  maiitiam  êuper  Ingrato  a  Doos,  a  qucm  deves  as  forças^ 

benignitatem :  iniquitatem  magis^     w%     e    '  ».  ■'•  •  i.      • 

quam  loqui  teguiíãtem.  Preieriste  a  malicia  a  ser  benigno ; 

Nas  desenvoltas  phrases 
Só  presas  a  maldade; 
Âborrecem^-te  assumptos  de  equidade. 

(4)  Diíexiêii  omnia  verba  pra-   Eogauadora  lingua !  Quauto  estrago 

eipiiationiB^  lingua  dolota.  n  <  «  •■         . 

Causam  tuas  palavras  cavilosas  1 

NSo  pasmes»  se  provocam 
G)ntra  ti  mesmo  riscos» 

E  do  Deos  vingador  fataes  coriscos. 


(5)  Propterea  Deus  deãtruei  te   Cauçado  de  clemcncia»  ha  de  arraisr-te» 

in finem:  evellet  íe,  et  emigrabit 

te  de  tnbemaeuio  tuo,  et  radieem  Destruir^-te»  arrancar^o  &  própria  terra; 

tvam  de  terra  viventium.  •  i  .   •     .     . 

Longe  do  jyitrio  tecto 
Apagarás  teu  nome» 
Talvez  que  devorado  pela  fome. 

(6)  Fidebimtju8ti,ettimebunt,  Tfio  horrído  espoctado  assusta  os  jflstos: 

et  super  eum  ridebunt,  et  dieent :     „        -        .      .  -  ,  ,. 

(7)  Ecee  homo,  gui  non  posuit  Mas  dcpois»  increpando*te  os  delictos» 

Deum  adjutorem  suum,  sed  spe»  t\"  »  w  i     j 

V«ít  in  multitudine  dioitiarum  DlthOl  «IfilS  0  malvadO 

.«««.«.  .*  prwvaluit  in  vanitate  q^^  j^  ^^^  ^^  affastava, 

E  que  do  seu  podar  nada  esperava. 
«Com  avidezi  somente  nas  riquezasi 


175 

Nos  frágeis  bens,  que  s8o  todos  vaidade, 
Foz  sua  confiança: 
Suspirou  por  tfiesouros; 

Nada  alcançou,  cobrio-se  de  desdouros,  n 


Eu  porém,  no  meu  Deos  só  me  confio; 
Qual  frondente  oliveira  alli  disposta, 

Medrarei  no  seu  templo; 

E  co'  a  sua*  piedade 
Ganharei  vigoroso  a  eternidade. 


(8)  B§ê  ÊUtem  Himt  «liwi/rw- 
elifera  im  d»mo  Dei^  tperam  in 
nUserieordia  Dei  in  aternum^  et 
in  tacuium  toeuli, 

(9)  Cm^Mfr  tm  in  tmeulum^ 
fuia  fecisti^  et  exspeetúbo  ttomen 
^iftfffi,  quoniãm  bonum  eãt  ificmt- 
peeiu  Sanet^rum  tuêmm. 


PSALMO  LII. 


DixU  insipiens  in  corde  suo:  Non  esí  Deus^  etc. 


iV.lf.  Deixando,  a  exemplo  de  Mattei,  o  psalmo  LII. ,  cujos  pensamen- 
tos são  todos  os  mesmos  ^o  flU. ,  ao  fuil  me  reflro,  passemos  ao  LIII. ,  se- 
guindo a  mesma  nunarafão/por  tCo  alterar  a  ordem  da  Vulgata. 

(Da  Aneíara*) 


176 


PSALMO  LHI. 


In  finem,  in  earminibui  intellectus 
David,  cum  veniftent  Zipbaei, 
et  dixiMent  ad  Saul:  Nonne 
DaTÍd  abKonditus  est  apud  nos  ? 


(1)  Dtffif,  innomine  tuú  ialvum 
me/ac,  et  in  virtute  tua  judiem 
me. 


Ode  de  Davidf  posta  em  musica  pdo  meslre 
dos  NeghÍDoth.  Foi  composta  na  oecasiõo 
em  gue  os  Spheos  foram  dizer  a  Saiã 
gue  David  eslava  escondido  nas  suas  tium' 
tanhas.  (*) 


c 


OH  teu  nome»  ó  Deos  potentep 
Salva-me,  pois  choro  e  gemo; 
Se  julgas  a  míoba  causa 
Meus  ioímigos  nSo  temo. 


(S)  Deuã  ,  exãudi  9rutionem 
mfoirt,  QuribuM  peretpe  verba  prie 
mei. 


NSo  tardes,  Senhor!  escuta 
Os  meus  afilictos  gemidos; 
Ás  vozes  com  que  te  chamo 
Presta  attento  os  teus  ouvidos. 


Vé  a  fúria  com  que  buscam 
GoDtes  estranhas  matar-me; 
Sem  que  a  mais  pura  ioooceDcia 
Sirva  para  desculpar-me. 


(3)  Quoniam  aliem  ineurrexe' 
runt  adwereum  me,  ei  forte»  quat* 
hierunt  animam  meam^  et  non  prih 
posuerunt  Deum  ante  eonepectum 


euum. 


Vé  como  fortes  se  arrojam 
G)ntra  mim;  como  se  eximem 
De  pensar  que  os  estás  vendo. 
Quando  mais  cruéis  me  opprímem. 


(•)  Eite  aviso  dos  Zípheos  a  Saul  poi  David  em  grande  perigo,  porque  le  scbf 
omiiiado  nSo  mnito  longe  do  campo  de  Saul ;  mas  um  correio  vindo  com  a  noticia  de  qs^ 
os  Philisteos  eram  enlradof  no  pais,  obrigou  este  principe  a  deixar  David,  pira  if  W^'^ 
aos  invasores. 


177 


Vem  pois»  Senhor,  acudir-me, 
Sem  tea  soccorro  pereço; 
Coororta  minha  alma  afQicta» 
Tem  dó  de  quanto  padeço. 


(4)  BeeeenimDntê  adjuvai  me^ 
/f  Damimu  nueeptar  egt  onimA^ 


Salva  06  justos;  e  dissipa 
Os  que  o  tempo  em  crimes  gastam; 
Reverta  o  mal  sobre  os  impios. 
Que  do  bem  tanto  se  afiastam. 


(6)  Averle  maU  inimiei»  méis 
(•),  et  tfi  veritaíe  tua  disperde 

illúã. 


Entlo,  com  quanta  alegria, 
Pela  verdade  illustrado, 
Hei  de  immolar  puras  rezes 
Sobre  o  teu  altar  sagrado! 


(6)  Voluntariè  taerifieabú  tibi, 
etcmfiUkarnêmini  tw^  Domine^ 

fwmiam  bênum  eti : 


D^estro  ardente  possuido» 
O  meu  psalterio  afinando. 
Teu  nome  e  quanto  és  benigno 
Docemente  irei  cantando. 


Relatarei  nos  meus  hymnos 
De  que  afflicções  me  livraste; 
Como  de  meu»  inimigos 
Poderoso  triumphaste. 


(7)  Quamam  ex  amai  iribula- 
Uone  erípuiiti  me,  et  ntper  ini- 
nUcús  meoe  deepexit  oeulus  metít. 


Contra  os  meus  perseguidores, 
Em  teu  santo  amor  acceso, 
Nlo  tomarei,  socegado, 
Mais  vingança  que  o  despreco. 


(•)    ObtcnrameDte  te  Inidiiiio  acerte  mala  inimteiM  meie^  em  tci  de  verte  mala  à  me 
ia  inimieês  meM,  como  dii  o  Hebreo. 

(MattH.) 
Tomo  VI.  J2 


178 


PSALMO  LIV. 


Io  fluem,  inearmÍDÍbus  inteUect.i.         Ai  p<Úawa$  tSú  de  Dooid,  O  IRtlftca  / 

i^ovid.  J0  mcffrf  dos  Neghinotb.  («) 

(1)  Erauii ,  Dtui ,  trãUenem    WbSTB  estado  infdiz,  88  miobas  prCCM 

T^i  'L::L'!'Z'^' :Í^rt*  Attende,  meu  Senhor!  Os  meus  suspire*. 
e««tu/t  mi,  Qqq  iq  invocam  magoadoSi  D&o  desprezes: 

Se  me  negas  soccorro, 

No  seio  da  amargura  aSIícto  morro. 

(«)  ConiriBtatui  sfm  inexerei^  Repara  que  fataes  presentimentos 

tatione  m«i    ei  ctmturbaíuM  Mum  ^       j  j^^  ^1^,^  CjOIlturbam; 

à  voee  inimiei^  ei  à  tnbnUUtone 

peeauorii.  Quq  tropel  de  funestos  pensamentos 

Em  mim  sublevam  meus  perseguidores: 

Ouço  ao  longe  alaridos. 
Que  ameaçando  vem  o  meu  socego: 
(3)  Qumimn  dedinaverunt  in  Já  me  imputam  horrores, 

rJfrJk?*'''  '' '"  "^*  '^'""  Temem  de  mim  projectos  fementidos: 

Em  y&o  minha  alma  emprego 
Em  deveres  cumprir,  que  ímpios  admiram; 
Por  isso  mesmo  contra  mim  conspiram. 

^4)  Cor  meum  eênturbãhm  eii  McU  COraçSo  desfallece 

'•  Z^JH^"""''"^'  marti'^ecidii  Eucarando  a  minha  sorte; 

Sobre  mim  d'acerba  morte 
V,ejo  a  fouce  scintillar. 

(.)  Ao  relirar-ie  de  Jeraialem,  pcriegnido  por  teu  filho  Abiallo,  compoi  DtTÍd  ei» 
bello  palmo,  do  qual  os  Santoi  Padrei  Tlrom  qaaii  plnUdo  o  nono  Redemplor  entregue  por 
Jadai,  e  agitado  pela  eouiidera^o  da  ptoxima  ígnomiiiioia  «orle  que  Ike  prepaian»  » 
ludeoS' 


179 


Com  temor  e  tremor  Tejo 
Virem  as  trevas  descendo; 
A  borrasca  ?ai  crescendo. 
Já  começa  a  trovejar. 


(6)  Timor  et  tremor  venenmt 
^ttper  me,  et  cmUexerwU  me  le- 
fíebrm. 


Ah!  qaem  me  dera  ter  azas, 

E  como  a  pomba  voar! 

Boscara  nm  ninho  remoto, 

Alli  fora  descançar: 

Fora  aonde  nSo  se  onvisse 

Nem  o  vento  murmurar. 
Alli  aguardaria  socegado 
Quem  de  amarga  tristeza  e  de  procellas 
Me  tem  por  tantas  vezes  já  salvado. 


(6)  Et  dixi:  çuii  dMt  mihi 
*    pemmã  eieut  cúlumòm,  et  voUiòê, 
et  repUeteam  f 


(7)  Eete  elomgmii  fugiem ,   et 
Huulii  In  i9litudinem 


(6)  Expectãbãm  eum,  psi  fol- 
tntm  me  feeit  m  pueiÚmiimitate 
êpiritve,  et  tempest^Oe. 


Haa  ah  I  Senhor,  confunde  esses  perversos 

Que  tanta  iniquidade 

Espalham  na  cidade: 
A  cormpçlo  em  toda  vai  lavrando. 
Trasborda  de  seus  muros  a  maldade, 

E  a  audácia  d^insolentes. 
O  dia  nasce,  e  a  luz  faz  mais  patentes 
As  vexaçdes,  os  dolos,  a  injustiça ; 

Da  noite  com  espanto 
Iguaes  crimies  envolve  o  denso  manto. 

Desditosa  cidade! 
Trocaste  o  brio  antigo  em  perfidía, 
Prohibiste  o  ingresso  á  galhardia: 
Usura,  aleive,  sórdido  interesse 
Os  coraçSes  malvados  entumece, 
E  a  culpável  audácia  desenfrêa : 

O  crime  descarado 
As  claras  pelas  praças  pavon£a : 


(9)  Prmeipita^  Domine,  divide 
lin§moê  eorum,  quomam  vidi  cwi- 
tradiotionom  in  âoitote. 


(10)  Die  aet  noete  cirtumdMt 
eam  iuper  murot  efue  imipiitãê^ 
ti  íobor  in  médio  ejmo,  et  injuê- 
«Ml. 


(11)  £1  fi0Ji  drfeeii  dê  phteU 
^«t  U9ura,  et  doins. 


Tomo  VI. 


12 


180 


Peregrina  a  virtude  é  mal  acceita, 
E  victima  perece  da  suspeita. 


(IS)  QuMiatn.siinimieuMmeiíg    Âh!  SC  UID  IDCU   IDimigO  fUflOSO 
maledixitut  mihi,  tuttinuiMictn    .,     «  .    .  ,  .  ,     . 

tíiiqíte:  Me  labncasse  aleives,  poderia 

Gom  aoimo  pacato  e  generoso 
Soffrery  e  perdoar-lhe  a  aIei?osia. 
(13)  Et  8i  it,  çni  oderai  me,       Se  esses  que  me  perseguem  e  aborrecemp 

super  me  magnm  loeutus  fuiuet^    m       t  j     •  t.  • 

abu9ndUBem  me  fgrtitm  9b  e9.     Iiiasphemos,  Qc  improperios  me  cobrissem. 

Talvez  que  defendendo-me  gemessem, 
E  eu  tivesse  vigor  que  elles  sentissem. 

(U)  Tu  vero  homo  ufUMimie,   Mas  tu,  homem  cruel,  que  a  natureza, 

dnx  meUM.  et  notue  mevã,  g^  .  •       i* 

(15)  Qui  simvi  meeum  duieee  ^  «^0^  c  costume  a  mim  ligaram; 
í:Cr«rS:*»; ^iZ.''''  "^  Tu.  que  ».  sociedade,  que  n.  n>esa 

Nem  raz&o,  nem  pretextos  te  apartaram : 
Tu,  que  julgava  meu,  tu  meu  popillo; 
Tu,  que  terno  e  fiel  me  acompanhavas 
Quando  buscava  a  Deos  no  templo  santo. 
Hoje  rebelde  e  ingrato  te  depravas, 
E  tyranno  provocas  o  meu  pranto!... 


(16)  yeniãt  mêre  mper  iUêe,  Ah!  venha  a  morte  assustá-los, 

et  d^eeendant  tn  if^fernum  vinetir  .  ,.  ,  .   , 

tes  (•).  A  seus  olhos  se  abra  o  interno; 


(•)  Note-ie  aqui  neste  lugar,  segundo  o  a?iso  de  Mattei,  que  as  qneiías  sZo  no  lis- 
gular,  tu  homOf  qui  eapieias :  mas  quando  ▼em  ás  tmprecaçSes  falia  em  geral}  venitt  mirt 
super  eos,  et  degcendant  in  ir\femum  viterUes,  isto  é,  vivos  sejam  sepultados  debaixo  éet 
cavallos  na  guerro,  nÍo  devendo  eoleoder-se  o  infernum  senXo  no  sentido  de  sepolcbra,  poú 
que  o  Psalfflitta  nSo' desejava  certamente  (attentos  os  protestos  que  fai  nos  vers.  4.  e  5.  do 
psalmo  7. ,  e  a  ternura  que  manifesta  na  bellíssima  cantata  que  compôs  por  occssilo  às 
norte  de  Sanl  na  rota  de  Qelboé,  /..  S.  dos  HHs^  e.  1.  v.  19.)  que  fossem  para  o  iaferoo, 
mas  que  morressem :  e  n*nma  guerra  Justa,  em  relaçfto  a  David,  na  qual  podia  lidtsmate 
faier  estrago  no  campo  inimigo,  nÍo  lhe  seria  também  licito  desejar  esse  mesmo  estrigo, 
prediíé-lo,  e  pedir  a  Deos  que  o  fisesse  vencedor  com  a  mina  doe  contrários  ? 

Convém  ter  presentes  estas  reflexSes  em  todas  as  passagens  semelliantfi  a  ests  qne  le 
encontram  em  alguns  pialmoi  que  parecem  ímprecativos. 


181 


Temam  que  o  Juiz  eterno 
Seus  raios  chegue  a  accender: 
Porém  D'uma  alma  perversa 
Só  iniquidade  existe; 
A  todo  o  auxilio  resiste, 
^  nem  Deos  chega  a  temer. 


(17)  Qu9HÍam  nepUlia  in  hm* 
kiíêeuliM  earum  in  medi»  eorum. 


Mas  que  m  importam  ímpios?  A  Deos  ?otto,     (i8)  Ego  auum  nd  Deum  cia- 

iNcot,  et  DominuM  Mahaiii  me, 

Efíe  me  acudirá  em  quanto  soBro. 


Ou  desponte  o  sol  luzente. 
Ou  se  eleve  ao  meio-dia, 
Ou  o  esconda  a  noite  fria, 
Sempre  orando  me  ha  de  achar. 

Muito  embora  revoltoso 
Se  levante  quem  me  dOTende; 
Se  Deos  me  ampara  e  defende. 
Ninguém  me  pôde  aterrar. 


(19)  Feepere^  et  fiume,  ei  me- 
ridie  narrmb0j  et  annuntiabo,  et 
exmidiet  v^cem  meam. 


Por  entre  multidões  virá  trazer-me 
Deos  os  bens  que  preciso,  a  paz  serena: 

Bem  que  muitos  me  assaltem, 

He  livrará  piedoso; 

Seu  braço  poderoso 
Combaterá  por  mim  na  fera  lutta, 
Domará  do  suberbo  a  força  bruta. 
Se  o  Sér  que  antes  dos  tempos  existia 

O  máo  desconhecia, 

Agora  castigado 
Prove  o  fructo  amargoso  do  peccado. 
A  domestica  paz,  que  sobre  a  terra 
Os  celestes  prazeres  anticipa. 
Contaminou  feroz;  foi  profanada 

Por  elle  a  lei  sagrada: 


(90i)\Redimet  i»  paee  animam 
meam  ab  Atf ,  qui  apprapiaquant 
mihi^  qiianiam  inter  mult0M  erant 
meeum, 

(81)  Exaudiet  Deus,  §t  humi- 
lioHi  illês,  qui  eit  ante  teseula. 


(88)  Nan  enim  e»t  illie  eommu^ 
iatí9<t  et  nan  timuerunt  Deum; 
extendit  manum  euam  in  retri- 
èuendo. 


(SS)  Cantaminacerunt  teãtamen- 
tum  ejue :  et  diviei  sunt  ab  ira 
vultua  ejuãy  et  apfropinquãoit  cor 
illiui. 


182 

(S4)  MMíi  »imi  sermêneã  ejuê  G>Dtra  quem  mais  O  ama?» 

super  êleum,  et  ipei  iunt  j^eula.    ..  !•«       i  i 

Usou  sem  fé  palavras  oleosas* 
Mas  prenhes  de  veneoo; 
Dolos  as  perverteram, 

■ 

E  em  penetrantes  seitas  converterão). 
(£5)  Jatía  ntper  Uommm  cvh  Has  para  quo  me  deixo  ir  opprímindo 

ram  /imui,  et  ipse  te  enutriet:  «%     r        «.       i       i.  « 

nm  iêHt  in  mternum  fluntuaiê-  De  funestas  lembranças? 

nemjutÊ:  Entroguemos  a  Deoa  nossos  cuidados» 

.  Elle  ir&  reforçando  o  nosso  alento: 
N&o  deixa  para  sempre  fluctuando 
O  seu  Justo  no  abysmo  do  tormento. 

• 

(€6)  Tu  vero.  Deus,  Heduees  Temiveís  sHo,  Seobor,  as  tuas  íras: 

eos  íh  puteuta  interitús.  ^,  *x       • '  &     r    -k     J^ 

Oh  meu  Dcos!  com  que  aspecto  furibaDao 
Do  malvado  comprimes  a  insolancia! 
Nos  horrores  do  golpho  maia  profundo 
O  impelles  com  violência. 

(a?)  FiH  sanguimim^  €t  iMM  Tem  SÓ  metade  da  vida 

nên  dimidMuMt  dies  suo»:  e§9  a^  j 

mitem  sperabê  im  te,  Dêmm.  O  pCCCador  sangumano. 

Que  procura,  temerário, 
As  cruéis  paixdes  fartar: 

No  mar  que  julga  tranquillo» 
Descuidado  navegando» 
Vai-se  aoa  escolhos  chegando. 
Vai  suhito  naufragar. 

Eu  em  ti,  meu  Deos,  espero, 
Em  ti  devo  descançar. 


183 


PSALMO  LV. 


Psalmo  â$  Dwidf  condão  na  oeeariàe  em  in  floem,  pro  popuio,  qut  k  san- 


que  eteapou  da»mão$dM  Pmuteot,  <pu      ^"rr",""  "*'     ."*  " 

^^m^         j^  ^  ,  ^j^^.  injçriplioiiein,  cum  tenue- 

O    imiioSWai   em  G^h.    A    mtlMa    i  W        ruat  eum  AlIopbyU  íd  Oelh. 


mnift  dos  Jonath-elem-rechocfaim  (♦). 


T 


BM  piedadk»  de  mim»  meo  DeoSf  que  wffro 
Que  me  atropellem  ímpios  todo  o  dia : 

Sim»  meu  Senhor,  couaoh 

Tio  áspera  agboia ; 
Acceita  compassivo  meus  suspiros. 

Quando  taotoa  perversos 
Com  alarido»  feros  me  circundam, 

Mais  em  ti  me  confio. 
Não  reputes  audaz  minha  esperança, 
Pois  que  toa  bondade  jamais  cança. 


(!)  Uiêerere  mei,  Deui,  qu9- 
uUnn  eanefUeovit  me  hemêj  Uía 
diê  imfugnanz  tribuUmt  me. 


(C)  CmtuUttttrwU  me  inimUi 
mei  íetã  dée^  qveniúm  mulii  bel' 
iãntet  advertum  me. 

(3)  jêb  aUHuiine  diei  tlmehe : 
eço  vero  in  te  tperabo. 


Que  pôde  contra  mim  um  vil  composto 
De  ténue  pó,  se  Deos  é  quem  me  acode? 
Se  a  taes  intentos  pérfidos 
Se  opp9e  quem  tudo  pôde? 
Suave  distracção  de  acerbas  penas, 

Instrumentos  melódicos, 
Harpa,  cithara  doce!  vinde,  vinde. 
Abafai  oa  clamores  insensatos, 
Ao  Senhor  oflfertai  concertos  gratos. 


(4)  In  Deê  Imuáabo  termones 
meet,  iu  Deo  eperavi:  rum  time' 
ko  fuid/ãciêt  miM  car^. 


Tremam  de  raiva  os  ímpios,   escutando  (S)  Teta  die  verba  mea  exeem- 

.  j  I  •  bàntur :  advertum  me  omnes  cc- 

Hymnos  com  que  a  mmba  alma  se  deleita ;   guattones  eorum  t»  maium. 


(«)    loilruneiito  muiico  dof  anligoi  hebrew,  segundo  JMtei. 


184 

Que  applacam  meus  pezares, 
E  Deos  piedoso  acceita. 

(6)  iHhãbitabuia,Húbã€oiiéent,   Em  quauto  cautelosos  iovestigam 
'^  Meus  mooceutes  passos, 

(7)  fisínii  9u$iinueruiu  ãtUmam  De  vooeno  me  aspergem»  procurando 

meam ,  pro  nihilê  iolvêê  fadei    ^^^  .  , 

iUoê :  jfi  irã  popuicê  sêf^ifigeê.   Quo  OU  Uopece  DOS  laçoB  quo  me  tendem, 

E  estúpido  conceda  o  que  pertendem. 

Ab  Dão,  meu  Deos!  Fiel  ao  que  promeUes, 

O  que  juraste  cumprirás  sem  falta ; 
Castigando  a  impiedade. 
Tua  gloria  resalta : 

Inflammado  de  cólera,  aos  perversos 
Assustará  teu  rosto: 

Farás  sentir  a  força  de  teu  braço; 
«  Mostrarás  como  indómitos  reprimes, 

E  como  vingador  refrèas  crimes. 

(R)  Deti»,  fritam  mnm  aimun-  Os  arcanos  da  minba  vida  inteira 
fl»  emupeautuê,  A  ti  sSo  manifestos ;  o  meu  pranto 

Corre  em  toa  presença: 

(9)  Sieuieíinpramiiiiimeiíta:  Aponas  me  levantO, 

tune  €imio€rt€ntur  inimei  mei  re'    mr     ^«^  j     ^  •      •       i- 

trornm,  No  tbesouro  da  tua  misericórdia 

Deponboa  consciência; 
Tu  recolbes  as  lagrimas  que  choro, 
Ouves  os  temos  ais  com  que  te  imploro, 

Já  é  tempo,  Senhor,  já,  de  acudir-me, 
E  pôr  em  fuga  os  meus  perseguidores; 
(10)  /fi  quaeumque  die  tnvoM-  Prompto  amparo,  soccorro, 

ver*  te,  e€€9  cêgnnij  qwmiãm  ^  .  . 

Deui  m€H$  et.  Exigem  mous  clamores : 

Se  me  escutas,  e  vens  auxilio  dar-me, 
Se. as  ciladas  destramas, 


185 

Ccmbecerei,  mea  Deos,  que  és  meu»  qae  posso 
Em  teu  nome  impedir  qualquer  destroço. 


Ah !  se  Tejo  completos  os  meus  votos» 
Se  o  teu  broquel  luzente  me  defendot 

Zombarei  desses  damuos 

Que  faser-me  perteude 
O  mais  ingrato  e  vil  ã'eDtre  os  viventes. 

Para  cumprir  meu  voto» 
A  m&o  affixita  as  áureas  cordas  fira» 
Já  tenbo  piomptos  hymnos»  prompta  a  lyra. 


(11)  In  Deê  Imiãhê  verbum, 
ÈimeU  quid/êeiat  mihi  hêmo. 


(18)  In  me  «tml,  Deti«,  vota 
ttM,  fuaredimn  Imidatiúnes  UH. 


Sim»  meu  Deos»  pois  da  morte  me  livraste» 
Pois  desfiieste  as  pérfidas  ciladas» 

Pois  que  tSo  generoso 

Das  celestes  moradas 
Patentes  me  fizeste  as  áureas  portas; 

Em  versos  numerosos 
Direi  que  a  immortai  luz  me  preparaste» 
E  meu  constante  amor  me  premiaste. 


(13)  QmwSúm  erifuitíi  úmmmn 
meam  de  merte^  et  pedee  meee 
à  lãfeu^  «1  plúeemm  ceram  Dee 
in  lumú^  viven^han. 


186 


\ 


PSALMO  LVÍ. 


I  finem,  ne  disperdu,  David  in    Pioifno  CWnpMO  pOT  Dovidf  qUOnio  fugk 

tituii  iDicriptioneiD,  cum  fuge-       ^  g^^  eicoodenio^  pelos  cawrwtt.  A 

ret  à  facie  Saul  in  speluncam.  •       «   ,  «      »«       i     i   /  % 

fiitiMca  é  do  muire  dos  Thasekam  [*). 


(1)  Minrere  mH,  Deug,  mhe^ 
rere  mH,  quoniam  in  te  tonfidit 
rniima  meu. 


T 


BH,  mea  Deos,  de  mim  piedade, 
Tem  misericórdia,  Senhor; 
Pois  minha  alma  atribulada 
CooGa  no  teu  favor. 


(2)  El  in  umbra  alarum  tuarum 
sperabo,  donec  iratueat  iniquiUu, 


Á  sombra  das  tuas  aias 
Esperançado  me  alento. 
Em  quanto  passa  a  borrasca, 
B  se  nlo  amaina  o  vento. 


(3)  Oamábú  ãi  Deiim  Mtitn- 
mum,  Deum  fui  bewfeót  mihi. 


Gritarei  por  Deos  supremo, 
Sei  que  escuta  o  meu  clamor; 
Sei  que  generoso  e  affavel 
É  dos  homens  betnfeitor. 


(4)  Misit  de  calo,  et  Uberavit 
me,  et  dedit  in  opprobrium  coA- 
culcantes  me. 


Dos  Ceos  m'enviou  conforto, 
Libertou-me  o  seu  poder, 
E  os  que  intentavam  calcar-roe 
Fez  logo  retroceder. 


(•)  Instramento  de  miuica  dos  antiga  bebreos.  Já  adverti  mnitai  veiei  que  infut'^ 
corresponde  na  Vulgata  ao  lamntitzeaek  do  bebraico,  btoé,  ao  me$tre;  e  aempre  o  voabnio 
que  M  segue  denota  o  ínatrunento  motico  que  elle  tocava.  Aqui  dis-se  Unmiatt/ewh  el  ttt' 
chath,  isto  é,  a  musica  é  do  mestre  dos  Uuehath,  como  dos  neçhinêtí,  etc. 

(Mattel) 


187 


Para  libertar  minha  alma» 
Handoa  clemência  e  verdade; 
D'entre  leões  reagatoiHme, 
Cobrio  d  opprobrio  a  maldade. 


(5)  Miêit  Deuê  mi$erktriimn 
êmtm^  e$  ^eriUátm  mmi,  «I  «rt- 
fmit  mdwuan  mcam  de  w$ediú  c«« 
iviêrwn  itmitm :  iarnUvi  cvnliir- 


Respiro:  mas  conturbado 
Á  esperança  me  abandono; 
E  confortado  por  esta, 
Eotr^o-me  a  um  doce  somno. 


Se  Deos  me  acode»  que  importa 
O  mal  que  os  bomens  cogitam? 
O  ¥Ígor  que  o  Ceo  sustenta 
Hahados  n8o  debilitam. 


(6)  FUuh9imimm^denU9eanim 
«rmo,  tf I  MftU« :  H  Unpm  torum 
gUtdiuê  «ofluf . 


Embora  seus  dentes  sejam 
Armas,  settas  aguçadas; 
Suas  linguas  ultrajantes 
Sejam  agudas  espadas: 


Deos  triumpha!  Tu  te  exaltas 
Sobre  os  Geos,  ó  Deos  piedoso  I 
Tua  gloria  sobre  a  terra 
Faz  o  justo  venturoso. 


(7)  Bxtãimre  tuper  cmht  Deu9^ 
eí  in  mnnem  Umtm  ghria  Inc. 


Aos  meus  pés  teceram  laços, 
A  minha  alma  contristaram; 
Cavaram-me  a  sepultura; 
Porém  nella  se  enterraram. 


(8)  Lãfueum  perãveruni  pedi- 
ÒUÊ  mH»,  et  ineitrvaverunt  atú» 

fRtflM  ffltfMII. 

(9)  Fúderuniante/aeiemmeam 
fovemn,  eí  ineiderutU  in  eam. 


Santo  ardor  de  mim  se 
Meu  coraçio  preparado, 
Em  cadentes  psalm^s  solte 
Canto  por  Deos  inspirado. 


(10)  Paratumcúrmeum^  Dew, 
pmratum  €9r  meum^  emUabo^  et 
fêãlmum  diemn. 


(11)  Exíirge^  gttria 
ge  ft&iterium,  et 
gwn  dH/ueuU,  (•) 


eciir- 


188 

Surge,  ó  gloria  minha,  surge, 
Ljra  e  psalterio  cadente  I 
Recrearei  com  meus  hymnos 
  manbft  e  o  sol  nascente. 


(12)  CúHjUebor  OH  in  ptpuUg, 
Dmnine^  et  p%alnmm  diemm  tiH 
in  genUku»* 


Entre  os  pofos  exultando, 
Te  louvarei,  meu  Senhor: 
Espalharei  entre  as  gentes 
Meus  hymnos  em  teu  louTor. 


(13)  'Qumiiam  magn^kêtã  eit 
usgue  ad  etdçM  miseriCÊrdim  ftia, 
et  utqu€  ad  nube$  veritas  tuã. 


Direi  como  assim  se  exalta 
Sobre  os  ceos  tua  bondade; 
Como  cumpriste  as  promessas 
Com  que  honraste  a  humanidade. 


(14)  E^UuretupereaBhiDeui, 
et  iuper  amnem  terram  gloria  tua. 


Direi  como  o  que  creaste 
Teu  poder  immenso  attesta ; 
Gomo  fazem  ceos  e  terra 
Tua  gloria  maniresta* 


Santo  ardor  de  mim  se  apossa; 
Meu  coraçlo  preparado. 
Em  cadentes  psaimos  solte 
Canto  por  Deos  inspirado. 


(•)    Em  vei  de  exurgam  dilutuh^  acha*ie  no  hebreo  •xeitaèo  aunram* 

(Mittei.) 


189 


PSALMO  LVII.  W 


A  poetia  4  de  Damd;  a  mmea  do  nuttre      u  finem,  m  diipeidat,  d«tí<i 

dos  Teuehath,  '■*  titol'  intcripUoneu, 


s 


*B  approvais  a  justiça»  sede  justos» 
Filhos  dos  homens,  ou  despi  a  toga: 

Hypoeríta  linguagenit 
Fingida  compaixio  n&o  vinga  offisnsasi 
Mas  declara  execrandas  as  sentenças. 


(1)  m  9irè  utifue  Jwiiiiam  lo- 
ptimini,  reeim  JudktAe^  JUii  A«- 


Se  interna  iniquidade  em  vós  domina. 
Arrojai  a  balança  que  em  mão  tendes: 

De  que  serve,  se  inclina 
Para  onde  o  interesse  lhe  carrega? 
Se  aos  orphSos,  se  á  viuva  amparo  nega? 


(S)  £<fiiim  im  cõrée  iniqwiaUã 
õpermnini:  in  terrm  in/iuiUioã 
nmnuê  vtêtrm  eênamuint. 


Já  do  seio  materno  corrompidos 
Á  luz  viestes,  pérfidos  falsarios; 

Mil  vezes  mentirosos, 
Ao  mal  alheio  sempre  indífferentes, 
Oa  furiosos  quaes  cruéis  serpentes. 

Áspides  surdos,  que  os  ouvidos  tapam, 
Recusando-se  ás  vozes  da  verdade; 

Resistindo  aos  encantos 
Que  8  maga  persuasão  benigna  emprega. 
Com  que  os  mais  duros  ânimos  socega. 


(8)  Àliemti  nmi  pecemÈêrei  à 
vulrm,  erraoerwU  êê  «ter»,  hnU 
nmifmUm. 


(4)  Funr  UUm  tieundfm  Hmi- 
Utuéinem  terpetUiMt  êieut  tfidiê 
êwdm  et  MurwUiM  murt»  «v«t, 


(5)  Qum  non  exaudiet  vocem  in-- 
cantantium,  tt  tewjiei  inemUan" 
ti$  Mapienter. 


(•)  Aqui  deiafog«  oPnlmiBtft  contra  oi  miDÍitrM  e  conselheiros  de  Sanl,  que  em  rei 
deapplacar*  irritaYam  o  Rei  Já  indignado.  Qnalqner  outra  ezpIicaçZo  dada  pelos  interpretes 
é  fora  de  logar  e  de  tempo.  Opsalmo  é  breTO,  mas  elegante,  e  cheio  de  espiritaosas  e  títí- 
das  comparaçSes ;  o  seu  estilo  é  parecido  com  o  das  odes  Alcaicas  de  Horácio. 

(MtdUi,) 


190 

(6)  DemeonieretdênteMeêrwn  Porêiú  Dcos  domará  tanla  arrogaocia; 

/ríngJrSJ^^  ^"^  "~'  o»  "^^^^  quebrtrt,  que  tSo  ferioos 

Aos  ionocentes  mordem: 
Do  leio  mata  atroz  fractara  os  ossos» 
Faz  em  pedaços  os  grilhões  mais  grossos. 

(7)  Jd  mhiium  devement,  tau-   A  maior  opoleiicia  se  aoniquiia 
í^m^Vum,  Zi^njifínentur.   Quaodo  Dcofl  quor:  0  rio  caudaloso 

Escorre  e  se  desseea : 
(0)  sicrf  cera,  qwEfiuit,  aitfe-  Tudo  porece  quaoto  a  Deoa  desgosta, 

rentur,  iugercecidit  igmi,  eitum    ç^^^  ^  j^^j^  ^  ^^^  ^  1^^^  expoaU. 

fnderuni  oõiem.  ^ 

Poucos  aimoa  verSo  do  Sol  os  raios 
Esses  tjranuos,  sobre  quem  já  pendem 

As  fulminantes  settas 
Que  dos  ceosy  irritado»  Deos  dispara 
Sobre  oa  máos  homens,  que  dos  bons  sepan. 

(9)  ptiuêqimmimumgerentiph  Quo  ossas  fonestas  plantos  t8o  crescendo 
ZX^'llT':Zéc^.'"^  Nao  consente  o  Senhor  por  muito  teoipo; 

Em  vergonteas  as  corta, 
Antes  que  tenham  crescimento  inteiro 
Qual  frondoso  e  maléãco  espinheiro. 

(10)  i^iabitur ptãtuM,  eumvi-   A  viugança  do  Doos  consola  o  justo: 

derií  vindieiom:  mmnui  êua»  /•-    ^*  ,  i  ..J^ 

^it inianpune peccMt^M.        Do  pcccador  O  sauguo,  bem  que  immundo, 

A  innocencia  realça; 
Quando  corre  esgotado  sobre  a  terra. 
Da  expiaçSo  precisa  o  preço  encerra. 

(11)  Ei  dicei  Atfim,  »i  lOfftte  EntSo  quem  nlo  peccou  diz  lá  comsigo: 
'j:!£':T^^  '''"^   «  Da  hinocencia  e  trabalhos  certo  é  o  prciBio: 

Pune  um  Deos  justo  o  crime ; 


191 

Tal  é  da  Sapiência  a  regra  eteroa: 
Temos  ura  Deos  que  recto  nos  governa. » 


PSALMO  LVIII. 


Psalmo  de  Datidf  na  oecasião  em  que  Smã 
fez  cercar  a  eua  caea  para  maiá4o.  Ã 
musica  é  do  mestre  dos  TasduUh. 


s 


ALVA-iiBt  ó  DeoSy  da  turba  numerosa  ' 
Que  irada  vero  correndo,  e  que  me  cerca. 

Em  vão  resisto;  coIhem*me: 
Já  nos  laços  que  me  armam  caio  aflOicto: 
Acode,  que  perdido  estou,  se  grito. 


Ib  Snem,  ne  diuperdu,  DaTid  in 
tituli  inseri ptionem ,  quando 
misitSaol,  et  ciutodif  it  domum 
ejiiB,  at  eum  interflceret. 


(1)  Eripe  me  de  inimieie  meie, 
Deue  meve,  et  úb  ineurgenlibu» 
in  wie  Ubera  me. 

(8)  Bripeme  deoperaniibtttim' 
fuitãtem^  et  de  virie  ionguimtin 
9ãhm  me, 

(3)  Quiã  eeee  eeperunt  animam 
meam:  irruertmt  im  me  feriei. 


A  forças  taes,  que  forças  posso  oppor-lbe? 
Não  me  basta  a  innocencia,  a  lealdade. 

Tu,  meu  Deos^  bem  conbeces 
Que  senipre  caminhei  na  recta  estrada, 
E  que  &ca  a  innocencia  em  mim  frustrada. 


(4)  iVtffiM  inifottaãWim,  nefue 
peeeatum  meum^  Domine:  eine 
inifuitate  euatrri,  et  direxi. 


Nem  do  crime  a  isençSo  poupa  meus  dias. 
Sae,  ó  Deos  d'Israel,  sae-me  ao  encontro; 

Surge,  ó  Senhor,  defende*me: 
Deos  de  Exércitos,  mostra-te  potente. 
Derrube  os  máos  teu  sopro  vehemeote. 

Esses  que  perseveram  sempre  em  crimes 
NSo  merecem  piedade;  as  tuas  iras 

Nos  culpados  derrama: 
São  réos  dos  quaes  a  emenda  nlo  se  espera ; 
Ê  tempo  da  vingança  a  mais  severa. 


(5)  Bxwnrgeineeaureummenm^ 
eivide^  ettu^  Domine^  Deu»  tir* 
hámm^  Deue  JeraeL 


(ff)  Intende  advieitandaeamnee 
fentee,  nen  mieerearie  emnibuif 
pti  operantur  iniprttaiem. 


192 

(7)  coHvertetUw  ad  vêMpermn,   Vem  pelas  trevfts,  00  commum  silencio, 
liií^hlllu^^^^^  '^  Pela  cidade  a  uivar  quaes  cSes  famiQtos;' 

(8)  Ecce  hquentur  in  ore  muc,  gj     j    j  j     j^ 

fuam  ftrgi  audivit  í  g^yg  injjjog  s&o  cutellos  cortadores, 

Da  paz,  da  fama  alheia  gastadores. 

  sopbismas  e  a  enredos  dedicados, 

(9)  Et  tu.  Domine,  derideiu  Quem  póde  decifrá-losT  Tu,  que  abranges 

e0i:adnihildedueeêamneigente9.  ^         ^        .   .  ■■• 

Com  tua  mtelligencia 
A  multidão  de  humanos  pensamentos, 
Dissipando-os»  rirás  de  seus  intentos. 

(10)  Fortitudinem  memn  ad  te  Mou  Doos,  a  minha  forca  em  ti  consiste; 
meue  ei.  Em  ti  doscauço,  em  mim  nada  confio: 

Mas  dÍ2-me  a  fé  que  espere, 
Que  Deos  é  o  protector  que  me  defende, 
Que  a  seus  decretos  já  tudo  se  rendç. 

(11)  Deus  meui,  misericúrdiã  As  suppHcas  quo  a  Doos  humildo  eofio 

ejui  preveniet  me,  „  -ji  •       •       j* 

Tem  prevenido  a  sua  misericórdia; 

O  soccorro  prepara, 
E  d'entre  espessas  nuvens  apparece 
Quando  o  animo  quasi  desfallece.    • 

(IC)  Deue  oetendet  mihi  mtper    Sobre  OS  mOUS  íuimigOS,  DoOS  picdoSO, 
inimieoi  mee»,  ne  oceidae  eoe,  «tf    «.  j  <  •         l 

quando  obliviecantur  papuH  mei.    HO  COOCOde  O  triUmpIlO  neCOSSanO: 

Poupa-lhe  a  infame  vida; 
Basta  que  exemplo  ao  povo,  em  dor  immersos 
Lhe  dêem,  envergonhados  e  dispersos. 

(13)  JDieperge  iUo$  in  virtute  Basta-me  quo  O  tou  braço  vigoroso 

tua,  et  deponi  eoê  protector  meuo    ^  .  i         i       i 

Domine.  Os  cxpulso  O  depouba  da  eminência, 

De  que  abusam  sem  pejo; 


(14)  Delichm  oii$  e^rum  wr 
mênem  Ubiorum  ipsoritm,  et  com- 
prehtndantur  in  tuperbia  aum. 


193 

Que  as  Tozes  com  qae  ferem  lhes  reprimas, 
E  nelles  susto  de  offeoder-te  imprimas. 

Rebate-lhe  a  altivez,  puoe  os  delictos 
Que  comettem  fallando  e  discorrendo; 

Na  audácia  e  na  suberba 
De  tal  modo  se  envolvam  que  não  saibam 
Onde  as  desculpas  de  seus  erros  caibam. 


Conheçam  que  os  perjúrios,  que  as  mentiras  (is)  m  éee..ecr.iUne  etn^. 

A  perdição  provocam...  Se  os  Castiiras.  '"??  ^Mmmtiaàuntfir  in  arnsum- 

^                -                                ®    '  ^f^iane,   iu  ira  eomuminíitionii 

Quem  poderá  valer-lhesT  '*  "*•  «^w'- 
Se  te  vingas,  Senhor,  ficam  perdidos. 
Ao  pó  antigo,  ao  nada  reduzidos. 


(IS)  Et  tcient,  çwia  Deus  dú- 
minabitur  Joeob,  eíjinium  terra. 

(17)  CMverUniwadveepermm, 
ei  fmmem  patieninr^  «f  oníet,  et 
eireuibunt  civiiatem. 


Todos  então  verSo  quanto  és  potente, 
Deos  de  Jacob,  Dominador  de  tudol 

Té  aos  confins  da  terra. 
Penetrados  de  susto,  os  máos  vagando. 
Tarde  da  conversBo  se  irão  lembrando. 

As  ruas  atroando  com  latidos,  dS)  Ipei  Hepergentur  ad  man^ 

Pois  jâ  lhes  falta  a  presa;  em  raiva  accesos,   ÍX^ÍH  ^J:ZZ.t^'^''^ 

Querem  filar;  sem  fructo 
Querem  morder:  mas  ladram  sem  proveito. 
Seu  furor  nio  produz  damnoso  eflTeito. 


Então  já  caitlarei,  pulsando  as  cordas 
Do  meu  psalterio,  apenas  surda  a  aurora ; 

Direi  que  a  fortaleza 
Com  que  aos  impios  resisto,  a  Deos  pertence: 
Q'é  Deos  qaem  doma  os  máos,  Deos  é  qaem  vence. 


(19)  Efgo  autem  eçntahúfortikt' 
dinem  tvam,  etexvllabo  timnemi" 
eertcordiam  tuam : 


Só  elle  compassivo  nos  ampara: 

Tomo  vi. 


(80)  QiUa  faetue  et  efucepfr 
13 


194 

meus,  et  refugium  meum  in  die  £xtrahío-me  do  abjsmo  em  que  me  acbafa; 
(21)  AdjutormeutUbipiaiiam,  Desatou  terreos  laços: 

Ç^:.^rj  X:t:.r:'.«"'   Com  seu  auxUio  a  liberdade  alcanço; 

Já  nSo  ha  que  temer,  em  Deos  descanço. 


Deue  meu9y  misericórdia  mea. 


PSALMO  LIX. 


In  finem  pro  iis  qui  immatabun- 
tur,  in  Utuli  inscriptionem  ipti 
David  in  doclrinam,  cum  luc- 
cendít  Meiopotamiam  Sjríe  et 
Sobal,  et  conTertit  Joab,  et 
perciiMÍt  Idumsam  in  yalle  Sa- 
Unarum  duodecim  millia. 


(1)  Deu»^  repulitii  noi,  ttdes" 
iruxiili  fM«,  iruiuM  e«,  el  miêer- 

iuê  es  noHs. 


Canção  de  David f  posta  em  musica  pelo  meh 
ire  dos  Shoshanim  (*)«  quando  se  incaáio 
a  Mesopotâmia  da  Surta  e  Sobol^  e  guan- 
do Joahj  voltando  desta  eapediçàOf  (iesia- 
ratou  OS  Idumeos  no  valle  das  SdinUt 
com  o  estreio  de  doze  mil  homens. 


I 


MPtACAYBL  nio  és»  mou  Deos!  Por  fezes 
Já»  Senhor»  nos  rejeitaste; 
Já  de  ti  nos  apartaste, 
E  nos  transes  mais  hórridos  nos  vimos: 
Mas  olhando  piedoso  o  nosso  estado. 
Benigno  suspendeste  o  teu  enfado. 


(•)  Instrumento  murico  dos  antigoi  hebreot.  Já  temos  advertido  que  na  iradncçio  doi 
titules  dos  psalmos  seguimos  a  intelligencia  que  Ibes  dá  Matlei,  que  os  interpretou  sefusdo 
o  texto  hebraico,  desfaiendo  por  este  modo  a  impenetrável  obscuridade  qne  se  encontra  es 
alguns  da  Yulgata,  como  por  exemplo  neste  mesmo  que  está  presente.  Com  efleito,  quen 
poderá  entender  a  primeira  parte  delle,  cujas  palavras,  litteralmente  Iradusidas  pelo  Psdre 
António  Pereira  de  Figueiredo,  s3o  como  se  segue :  «  Para  o  fim  por  aquelles  que  ferio 
mudados,  esta  é  a  inscripçfto  do  titulo  para  servir  de  doutrina  a  David  **  ?  A  causa  de  nau 
tal  obscuridade  provém,  na  opinilo  de  Mattei,  de  pertencerem  á  musica  a  maior  parle  deslei 
tilulos,  e  serem  nulas  dos  Mnãtzeaeh  ou  Mestres  de  Capella  daquelles  tempos ;  cujas  sotas, 
ni&o  sendo  bem  entendidas  por  quem  as  trasladou  para  a  Vulgata,  foram  interpreladss  le- 
gundo  a  fignificaçlo  ordinária  das  palavras,  por  Oilta  de  noç^s  claras  do  uso  particular  que 
ellas  tinbam  na  musica  antiga. 


195 


Enfurecido  á  terra  commoveste, 

Por  algares  retalhada; 

Ora  aqui  e  alli  gretada. 
Ameaçou  tragar-oos  em  seu  seio: 
Mas  as  brechas  fataes  com  que  a  rasgaste 
Tu  mesmo  compassivo  lh'as  fechaste. 


(8)  CommoHtH  ierrmn  eí  eon- 
turbãiti  eam:  Bana  eaiUriiiones 
eJuMf  quia  eommata  est. 


Provaste  do  teu  povo  o  soffirimeoto:  m^^ 
O  calii  mais  amargoso 
Nos  forçaste  rigoroso 

A  aproximar  dos  lábios  repugnantes; 

A  tragar,  anciados,  tantas  vezes 

Delle  as  mais  hediondas  negras  fezes. 


(3)  OêtindiêUpopdo  tua  dura: 
pàUuíi  099  vmo  eemfunttianiB. 


Mas  se  vias  em  nás  um  temor  sancto» 

Se  alguns,  ternos,  te  imploravam, 
Em  vão  te  não  invocavam; 
Logo  um  signal  lhes  davas  que  bastasse 
Para  evitar  as  frechas  imminentes, 
Que  de  um  arco  fatal  vinham  pendentes. 


(4)  DedisH  meluentibui  te  «t- 
gnífieaítanâm^  ui  fugiant  àjacie 
arcuM» 


Ampara,  ó  meu  Senhor!  os  teus  dilectos: 
Tua  dextra  omnipotente 
Obre  no  tempo  presente 

Os  prodígios  que  obrou  no  tempo  antigo: 

> 

Valor,  constância,  força  em  nós  renova; 
Dá-nos  do  teu  amor  mais  esta  prova. 


(5)  Ut  liberentur  dilecH  lut, 
mivumfae  dextera  íua^  êt  exau' 
di  me. 


Mas  ah !  do  meu  Senhor  já  ouço  as  vozes. 
Já  soam  dentro  em  minha  alma; 
O  meu  receio  se  acalma. 
Mil  triumphos  a  fé  me  prognostica: 
Dividirei  Sichero,  e  nas  contendas 
Derrubarei  dos  Árabes  as  tendas. 


(6)  Deut  ioeuiu9  ett  in  mneto 
tuo;  imtaòúr,  el  partihar  Siehi^ 
ffiam,   et  eamvaUem  tãòenuÊCíUa 
rum  metibar. 


Tomo  VI. 


13  • 


196 

(7)  MeuM  i$i  GaUãd,  et  meui  GaUad  6  MaDBSsés  já  me  pertencem; 

eit  Mmuuâetn  et  Ephraim  ferii-  »         •. 

tudo  eapitii  ffU.  Exércitos  numerosos 

De  soldados  valorosos. 
Com  que  Ephraim  meu  Reino  fortifica. 
Hão  de  firmar-me  a  c'roa  na  cabeça, 
Farão  com  que  meu  sceptro  permaneça. 

(8)  juda  Rex  meiít,  Meab  eiia  Na  real  tribu  de  Judá  florente 
^  ****  Crearei  tronco  frondoso 

Em  que  o  sólio  magestoso 
Contente  bei  de  fundar.  Doce  presagio 
Me  sae  do  vaso  em  sorte,  e  me  destina 
Á  posse  de  Moab  a  mão  divina. 

(9)  In  idunuemn  estendam  <«i-   Calcarei  a  Iduméa ;  a  mim  sujeitas 

eeamentum  meum:   miM  alieni»  ««-  •    ^ 

geme  suòditi  eunt.  Hei  do  vor  estrauhas  gentes ; 

Os  Philisteos  delinquentes 
Já  vejo  por  meu  braço  derrotados: 
Será  sonho  o  que  espero,  o  que  suppooboT... 
A  verdade  translux;  não,  não  é  sonho. 

Pue-te  á  frente,  Senhor,  dos  meus  sequaies» 
Com  elles  vigor  reparte; 
Após  o  teu  estandarte 

r 

Iremos  combatendo  e  triumpbando: 
Ficarão  os  perjuros  e  atrevidos 
A  humilíaçdes  abjectas  submettidos. 

* 

(10)  Qtitf  dedueet  me  in  eivi-  Apontam  esses  días  venturosos 

UUem  mÊmitmnf  çíiiê  dedtieet  me  _,  ....      .     ^  .     . 

Mifue in idummamí  Já  no  brilhante  Oriente: 

Quem  é  que  tão  diligente 
Me  leva  a  conquistar  as  fortalezas 
Da  indómita  Iduméa?  Deos  immenso! 
Com  teus  auxilies  acommetto  e  venço. 


197 

Não  me  abandones;  a  victoria  é  certa: 
A  força  de  ti  procede; 
O  vigor  bomaDO  cede 
Ao  poder  qae  lhe  oppõe  teu  braço  forte 
Sae  ao  campo  comnosco,  e  de  salvar-se 
Em  tSo  a  ioiqua  gente  ha  de  jactar-se. 


(11)  Ncnne  tu^  Deut,  qui  re- 
puliiti  fMf,  el  M»  egredierit, 
DeuMt  in  virtutibu9  nottrig  7 


(IS)  Da  nfiiU  auxiliwn  de  itU 
buUUione^  ptia  vana  talui  hrnni' 
nit. 


Os  nossos  braços  sSo  as  tuas  armas, 
E  tua  a  nossa  Tictoría; 
A  ti  se  attribua  a  gloria 
Das  immortaes  proezas  com  que  deixas 
Os  teos  briosos  d 'honra  coroados, 
Os  campos  inimigos  arrasados. 


(18)  In  Deofaeiemuê  Hrttitem^ 
et  ipie  ad  nihilum  deductt  triòU" 
Imitet  nes. 


PSALMO  LX. 


A  poesia  é  de  Datddf  a  mmica  do  mestre 

dos  Neghinoth. 


s 


BNHORy  escuta-me,  vem  acudir-me; 
Meus  ais  te  movam,  tem  dó  de  um  misero 
Que  tanto  sofTre;  digna-te  ouvir-me. 


!■  finem,  in  hymnw  psalmus 
DaYid. 


(!)  Exaudij  Deue,  deprecatio- 
nem  tneam :  intende  oraUUmi  mea. 


No  meu  desterro,  por  ti  clamando  («)  jjmibuM  íerrm  ad  te  eia^ 

í\n^w%A^  A.*.  .MA..  w.^u^  «..-:- -.•«-  1   *A^  «a»/,  dum  aaxiaretur  €or  meum, 

guando  em  meu  peito  mais  anciãs  luttam,  ,-,  ^i^^  exaiiaiti  me. 
O  roeu  tormento  vais  adoçando. 


Sobre  um  penhasco,  firme,  seguro. 
Tu  me  exaltaste,  tu  me  h>raste 
De  um  fero  assalto,  de  um  jugo  duro. 


198 

(3)  Deduxiiíi  me,  ptim/âOuM  Bem  que  d'aDgustía8  D'uin  mar  me  achava, 

es  speg  mea,  turrii  firtiludiniê  uw       w\  t^  ^      3 

à/acie  immci.  ^^u  Deos,  bem  ceito  de  que  me  ouvias, 


Doce  esperança  me  alimentava: 

E  mesmo  á  face  dos  inimigos 

Frustraste  enredos,  quebraste  laços, 
Tua  fortaleza  desfez  meus  p'rigos. 

(4)  inhakitúb»  in  Memãcuio  Pois  que  mous  sustos  já  dissípaste, 

'Z:^  '^'í!::T  "•  ""•       ^^  «'«hJo.  J«nto  «<»  «Itares. 

G)ntentes  dias  que  me  outorgaste. 

Se  assalto  noTo  vier  turbar-me, 
Qual  avesinba  irei  voando, 
E  as  tuas  azas  hão  de  aroparar-mc. 


(5)  QiMfiiam  iu ,  Deua  meuê,  Vejo  quo  ouvisto  meus  rogos  tomos ; 

exmidUH  ormOúnem  ntemn,   d^  ^         ,  , 

diâU  htereditatem  iimentibui  nê-       U^o  SÓ  coocedes  a  quem  te  ama 
"*^  *'*^*  A  bella  herança  dos  bens  eternos. 


(r»)  DitM  super  áies  regis  ú^ji"  Dias  e  dias  ao  Roí  concede, 

eie«,  annús  efus  usque  in  diem  . 

genenUionis  et  generãiUmis.  oUa  prOgenie  SeCUlOS  VOnça, 


Dá-Ihe  as  venturas  que  amor  te  pede. 


(7)  Permanet  in  wtemum  in  D08  teus  oraculos  firme  a  Verdade 

eonspeciu  Dei:  misericerdimm,  e*  r*  _»  j  •  11     a         u-^-i-. 

veritatem  ejus  fuis  reguireín.)         CcrtoS  nOS  deiXa  qUC  ello  é  O  objCClO 

Do  teu  cuidado,  da  tua  piedade. 

Sempre  ditoso  na  tua  presença. 

Pois  que  a  lei  sancta  no  peito  esculpe, 
Cerca  seu  throno  de  gloria  immensa. 

(•)    Miserieerãiam  et  verilatem  pan,  eustoditnt  iilum,  d  is  o  hebreo,  e  é  nau  mI«P* 
lado  á  supplica  do  Psalmisla. 

(Matlei.) 


199 

Minha  alma  farta  desta  alegria:  (8)  Siep$MUmm  ãicam  nêmtM 

.     .       ,^      1  1  iuê  in  tmemlym  i9culL  ut  red- 

irei soltando  suaves  hymnOS  d^m  vota  mea  de  die  in  diem.      ' 

Apenas  nasça  ou  morra  o  dia. 


PSALMO  LXI. 


A  poesia  é  de  Dmid^  a  musica  é  de  Jdiihm.     lo  finem,  pro  idiíhuo,  ixaimus 

David. 

llio  é  Deos  por  ventura  o  meu  amparo?         (i)  NonneDeonOíeciaeritêmi' 
Qua  importa  que  eu  padeça,  se  a  minha  olma   ZJ!!^^^  ^  ***  '^"*  "'"^'' 

Com  a  esperança  acalma? 
Fiado  em  Deos,  aflbonto  mil  tormentos, 
E  revisto  de  paz  os  pensamentos. 

Se  o  mesmo  Deos  me  acode,  se  benigno  («)  Nam  etipse  Deus  mem,  et 

-mg  .  .  xj      j  r     j  stlutarii  meuê :  sutceptâr  meu9, 

Me  protege,  e  e  quem  poae  deienaer-me,       ,„^  mcvebor  ampUut. 

Venham  acommeiter-me 
Embora  mil  flagellos.  Quero  roe  agita? 
Por  que  motivo  o  coraçSo  palpita? 

Que  intentais  contra  mim,  homens  perversos?     (3)  Ououtpte  irrmti$  in  homi- 

r\         *       m*   •  j  j    «  nem?   interieitii   univerti  vm  , 

Quereis  affligir  mais  um  desgraçado?  tamquàm pirieti  inciimuo,  etmu^ 

Um  muro  arruinado  ^"*  ^'í^^*' 

Procurais  impellir  ao  precipicio? 
Louco  intento,  risivel  sacriGcioI 


Com  que  intrigas  e  audácia  procuraram  W  yerumtomenpretinmmeum 

^                °                            »           ^     ^  cogitã»erunt  repellere,  cueurri  in 

Deslustrar-me^  annullar  os  meus  direitos  I  «</,  ore  suo  benediceèani,  et  cor- 

Sdo  só  da  fraude  effeitos 
As  vozes  com  que  ás  vezes  me  abençoam, 
E  saem  de  corações  que  me  atraiçoam. 


200 

(5)  Ferumiamen  Dêo  Mvbjeeta  Has»  ó  míDha  alma  I  a  Dcos  fica  sojeiU : 

esto  mnima  mea^  avoniãm  êò  tpto    •nu       i    •  •  .% 

jMiientia  meã.  ^U®  abrirá  propicio  os  seus  thesouros : 

Contra  o  fel  dos  desdouros 
Generoso  depara  a  paciência » 
E  me  reserva  os  prémios  da  ionocencia. 

(6)  Quia  ipse  Detis  meus,  et  Cosso  O  torror,  acabem-so  08  receios: 

ãalrator  metu,  udjutor  metu ;  nem    ^         ,  n  i      i         .  i 

emigrtbo.  Doos  6  mou  SalvadoTt  é  quem  me  acode; 

Deos  é.quem  tudo  pôde: 
Quem  no  acerbo  cooflicto  me  conforta: 
Nto  devo  vacillar,  isso  é  que  importa. 

(7)  In  Deo  salutêre  meum,  et    CortO  qUO  DoOS  piedoSO  é  quom  mO  SalvB, 

S7^rí«  o7/rr"^  '"'^'  '*  Certo  que  em  Deos  consiste  a  minha  gloria, 

NBo  pereo  da  memoria 
Que  o  meu  auxilio  ê  Deos,  que  tudo  alcança 
Quem  firma  nelle  só  toda  a  esperança. 


(8)  Spernteineâ  omnii  eêngre-    POTOS  do  mundo»  em  DOOS  OSporai  SOmpre! 
gaii»  populi,  fffundite  corwn  ilio 

corda  veêtra.  Deus  adjuíor  Mi-  Derramai  Tossas  magoas  ua  presença 

ter  in  mtemum.  -rk     m#  ^    «.  j     • 

Da  Hagestade  immensa: 
Abri-lhe  os  corações;  pôde  ajudar-yos, 
E  com  perpétuos  bálsamos  curar-vos. 


(9)  Ferumiamen  vani  fiiii  ho-  De  quo  sorvo  iuvocar  soccorro  humano? 

fntnf/m,  mendaees  JilH  hominun    £,«  ^ii        j      a  j«     r  i*      • 

in  êlateHs,  nt  deeipiant  ip$i  de    SÍQ  OS  blUOS  00  AdaO  íraCOS,  llgeirOS, 

vamtate  in  idipeum.  Perfidos,  embustoiros ; 

E  postos  em  balança  co*  a  vaidade, 
Sfto  mais  leves  que  toda  a  leviandade. 

(10)  Noiite  eperare  in  iniqui-   Com  fructos  uSo  coutai  da  iniquidade» 

ta  te,  et  rapinas  notite  eaneupis*    ^  ...  i  «  .        ^ 

Se  em  lites  vos  envolve  a  desventura; 
Somente  a  paz  segura 


201 


Quem  evita  de  roubos  a  torpeia, 
E  o  coração  desprende  da  ríqueia. 


eert:  iimtím  H  ^tumí^  notUe 
.  (•) 


Somente  doas  coasas  nos  dechra 

Deos,  qae  fallou,  que  ouyi,  que  reconfaeço, 

E  que  humilde  confesso: 
Diz — que  a  elle  só  toca  a  omnipotência; 
A  nós,  de  seus  anxilios  a  clemência. 


(11)  Semel  heniíts  e^  Dêu$^ 
iuê  htee  avdioij  fuia  pêtentaê  Dei 
eiif  et  tibit  Domine,  miteneor» 
dia,  f«M  tu  reddeg  wdemque  jux- 
to  fef  9vm. 


Meu  Deos !  meu  Redemptor !  que  ardendo  em  fogo 
De  amor  celeste,  reverente  adoro; 

Bem  sei,  quando  te  imploro, 
Que  a  cada  qual  dispensas  premio  e  pena, 
Segundo  o  que  em  seus  actos  coordena. 


PSALMO  LXII. 


P  salmo  de  Ikmdf  quando  se  achaca 
fio  deêerto  da  Judéa  («*)• 


k 


ssim  que  nos  ceos  aponta 
A  primeira  luz  do  dia. 
Meu  DeosI  cheia  de  ternura 
A  minha  alma  te  vigia. 


Ptalmoa  Da?id,  cum  csiet  ia 
deierto  Idumaeae. 


(I)  Deui,   Deirt  meiít,  ad  te 
de  luee  vigih. 


(•)  Yiilha  por  vm  beUo  coaMoito  mor»!  dette  fcrticalo  o  labio  diienrM  feito  por  um 
Padre  no  coDcilio  Turonenie :  Nom  reptiritur  à  9têki$  dintiãmm  indigentim,  $ed  eomtemptuê : 
Diviiim^  tnçtiti,  $i  afflumt,  mUte  cêr  ãfponere ;  mu  dixit^  ne  offluant,  eed  ne  emr  ãffena- 
tur,  P&rrò  eúr  prehibuit  afponere,  $ed  tun  hmihuh. 

(••)  Amíd  tem  o  texto  helireo,  e  bont  codigoi  Latinoi  eGregot.  Mas  ambas. atliçSet 
regem,  porque  a  demora  de  Da?id  nos  mcutes  de  Jadá  lobre  os  conflns  da  Idnoi^,  e  por 
outros  lugares  coDvisioho»,  nlo  foi  brere. 

(MmtUi.) 


202 


(«)  SitMi   in  te  mritim  mM, 
quam  miUtiplieiter  tibi  can  meo. 


Mea  coração  sequioso 
Procura  o  mea  Greador; 
De  mil  modos  me  devora 
Este  activo  e  saocto  ardor. 


(3)  In  terra  deterta^  et  imm, 
et  inaquosa,  sic  in  Sanete  appa- 
rui  tibi,  ut  viderem  virtutem 
tuam,  et  ghriam  tuãm. 


Nos  desertos,  sem  caminho, 
Sem  agua»  sem  alimento, 
Ponho-me  em  tua  presença, 
E  com  ella  me  sustento. 


Como  DO  teu  Sanctuario, 
Adoro-te  reverente; 
Admiro  a  gloria,  a  força 
Dessa  mto  omnipotente. 


(4)  Quemimn  melior  est  ifutf- 
rieordia  tua  super  vitat,  lábia 
mea  laudabunt  te. 


Mais  vale  que  a  mesma  vida 
Tua  piedade,  6  Senhor! 
Pronunciem  os  meus  lábios 
Sem  cessar  o  teu  louvor. 


(5)  Siebenedicamteinvitatnett, 
et  in  nomine  tua  levabo  manue 
meãs. 


Louvem-te  em  quanto  eu  durar; 
E  minhas  mios  levantando 
Em  teu  nome,  dos  ceos  desce 
Paz  que  me  vai  confiurtando. 


(6)  Sieut  adipe,  et  pinguedine 
repleatur  anima  mea^  et  labiis 
exultaiianis  iaudabit  o$  meum. 


Fartem  os  teus  dons  minha  alma, 
Gomo  uncção  pingue,  cheirosa; 
Vozes  gratas  solte  affouta 
Minha  bocca  jubilosa. 


(7)  Si  memorfui  tui  super  stra- 
tum  meum,  in  matutinis  medita-' 
bor  in  tCj  fuiafuiiti  adjuter  meu4. 


Cae  a  noite,  e  no  meu  leito 
Meditar  em  ti  me  agrada; 
Também  quero  centemplar-te 
Ao  nascer  da  madrugada: 


203 


Porque  tu  és  meu  amparo» 
Tu  foste  roeu  defensor; 
DebaiiLO  das  tuas  azas 
Me  recolhe  o  teu  amor. 


(8)  Biin9elmneni9  tiUrum  tMí- 
mm  exujU9b9y  adlunit  muwug  meu 
jwsí  If ,  me  tueeepit  dexiera  tvM» 


A  ti  se  pega  minha  ahna, 
Vou-te  alegre  acompaobaudo ; 
£  a  tua  potente  dextra 
Ê  que  me  vai  segurando. 


Mas  esses  que  em  vfto  procuram 
Tirar-me  a  vida,  e  fartar-se, 
Nas  cavidades  da  terra 
Irio  cedo  sepultar^se. 


(9)  Ipsi  vero  in  vmmm  qwesif' 
rmU  ãnimmn  mtmn,  iníroibtmt 
in  i^feriâra  terra^  traâeniur  in 
numus  gladii ,  partee  vulpium 
erwit. 


Sobre  a  cerviz  criminosa 
Ja  pende  de  um  fio  a  espada; 
Talvez  que  seja  das  feras 
Sua  carne  devorada. 

A  innocencia  triumphante 
Se  alegrará  no  Senhor; 
Terão  premio  os  que  juraram 
Contra  o  culpável  rigor. 

Assim  fecha  Deos  a  bocca 
Ao  malvado  quando  falia; 
Assim  paga  o  soffirimento 
Do  justo  que  soffre  e  cala. 


(10)  RexveròlatMiurinDec, 
UuduiuiUur  emnes^  quijunml  in 
eo^  fina  •betnieium  e$í  os  ioquen- 
Hwn  itúquM» 


204 


PSALMO  LXIII. 


In  finem,  psalmus  ipii  Darid.  Á  muHea  €  ã  pOBiia  é  de  Datid. 

(n  Exaudi,  Deu$,  oratianem    EISGUTA-ME,  Seobor,  oaando  te  rogO 
meamy  cum  deprecor^  à  timore  . 

ifâmiei  eripe  animmtn  memn.  Que*dlSSipeS  OS  SUStOS  que  me  CaUSaiD 

Meus  feros  inimigos: 
-   .  Quem  melhor  do  que  tu  pôde  acodir-roe» 
E  compassivo,  quando  exclamo,  ouvir-me? 


(S)  Protexisti  me  à  eanoentu  Da  turba  dos  maiigoos  conjbrados 

malignofUium,  à  mulMudine  ope-    __  ^         ^  ,  i*         . 

rantium  iniquiíatem.  Me  protogoste  outr  ora,  me  livraste 

D  operários  iníquos; 
Contra  mim  esta  gente  vem  raivosa, 
Torna  a  assai tar-me,  volta  furiosa. 


(3)  Qfíim  fxacuerunty  ui  gia^  Affiaram  as  liuguas  como  espadas: 
arcum  rem  ammm,  tu  uigitUfU  Prenhe  de  settas  vencHosas,  armam 

Amargo  o  fero  golpe  que  disparam, 
Sem  doer-lhe  a  innocencia  que  ultrajaram. 

(4)  SMiò  Êãgitiãbunt  eum,  et  Regozíjam-se  em  ver  soffrer  quem  soffre; 

ft9fi  timebuni:  firmwserunt  eibi     .  ,  ,     »,  .     ,,  • 

eernwnem  nepiom.  A  candura  OS  irrita,  O  mais  lhe  accende 

Da  cólera  e  ciúme 
Itfovimentos  que  irados  jamais  coarctam; 
Obstinados  no  mal»  de  mal  se  fartam. 


(5)  Narrmenini,  ut  abscende-  Excogitam  sogredos  com  que  encubram 

rent  Uurveoê.  dixenml :  quit  ot-    ^    ,  ^  i      i 

deéit  eist  Os  laços  quo  mo  tecem;  e  se  applaudem, 

Julgando-os  invisiveis: 
Nas  ciladas  que  me  armam  contemplando, 
Vto  seus  pérfidos  peitos  exultando. 


205 

Mas  qa»  importam  traições,  insidias,  dolos?     (6)  Situmí  swu  iniquitatei, 
Tudo  em  um  se  descobre;  o  logo  occulto 

A  Fumegar  começa; 
Ás  golfadas  vomita  seu  veneno 
No  transe  acerbo  o  coração  terreno. 


Então  luz  a  verdade,  Deos  se  exalta ; 
A  par  do  seu  poder,  inFantil  jogo 

Parece  qualquer  golpe 
Que  a  mão  fraca  do  homem  vibra  ousada; 
Qualquer  força,  por  Deos,  fica  frustrada. 


(7)  Jecedet  homo  ãi  cor  ttltum^ 
et  exdtãUtur  Deu$. 


Se  alguns  vão  a  ferir,  descae-lhe  o  braço; 
Quando  vão  a  morder,  veloz  Ih'  escapa 

A  presa  que  procuram; 
Mordem  a  própria  lingua,  qu'  ensanguentam ; 
E  sem  que  inspirem  dó,  seu  mal  lamentam. 


(8)  SagiUm  pmrvuhrum  fada 
$unt  pUtgm  e^riim,  et  infirmam 
9mU  CMlni  en  linoum  eêrum. 


Os  mortaes  que  isto  vêem  ficam  pasmados;  <9)  c^nitrrMí  timf  omtie$,  qvi 

...                 .                    «.                      1     .  vUeèãmi  «M,    et  timmt   emnie 

A  justiça  OS  aterra,  e  a  Deos,  que  admiram,  h^ne. 
Profundamente  adoram: 

O  seu  poder  submissos  reconhecem,  (10)  Et  annuniimferunt   ejiera 

^         .  ,          ...           ■                j>    4.  I  ^^'f  ttjmtía  ehu  imtellexerunt. 

Com  tal  prodígio  os  bons  se  fortalecem. 


Com  que  fervor  taes  obras  annunciam! 
Que  pensamentos  altoa  os  deleitam  1 

Como  n'alma  do  justo 
Todo  o  ímpeto  cessa,  tudo  amansa, 
E,  qual  mimosa  flor,  brota  a  esperança! 


(11)  Lmtãhitur  juelue  in]D(h 
mtM,  et  eperãbit  t«  eê,  et  tmêdo' 
haUiit  omnet  recti  €9rde. 


206 


PSALMO  LXIV. 


In  finem  psaimus  David.  As  polavros  €  ã  musica  SOO  de  David. 

ii)  Te  deeet  hytnnus ,  Deu$ ,   i|  ti  se  deveiD  bymDos,  Deos  Sopremo! 

tft  Sion^  et  tibi  reddetur  vélum 

in  Jervsaiem.  Sacro  sileocio  cerque 

De  Silo  as  alturas; 
(s)  Exaudi ,  Deus ,  onuiênem  Em  quanto  fervorosas  creaturas 

nuam ;  ad  te  mnni9  caro  veniet.    -«      -^  •      •      ,  - 

Em  Solyma  derramain  preces»  votos» 
E  te  oBertam  seus  caóticos  devotos. 


(3)  Verba  iniquêrum  praimiue*  Peccámos,  é  verdado:  a  ti  recorrem 

runt  iuper  Mt,  et  impieiatibui  ^   , 

fiostHt  tu  prepitiãberíi.  Todos  08  quo  peccaram ; 

Pois  vences  em  piedade 
Quanto  sobeja  em  nossa  iniquidade. 

(4)  Beatuê,  çtiem  eieguti,  et  Felií  0  povo  teu,  pois  quo  O  cbamaste 
autumpMUti:in^  p^^.^  j^^j^jj^^  ^^  ^^.j^  que  fuodaste. 

(5)  Repiebimur  in  bonii  domus  Do  doHcia  é  teu  templo  clara  encbeote; 

tva :  sanctitm  est  templum  tuum^  ....  • 

mirabile  in  aquilate.  Aill  eOCOUtra  0  JUSlO 

Pura  felicidade: 
É  o  asylo  de  amor,  de  lealdade, 
Tbcsouro  de  justiça,  de  demência, 
De  quantos  bens  dimana  a  sapiência. 

(6)  Exmidi  no$,  Deiti  iaiuia-  Atténdo-me,  mou  Deos,  meu  Salvador! 

ri$  notter:  spet  amnium  finium  «       *•  *     ^  x  ^ 

terra,  et  in  niati  Umge.  Em  ti  COOStantO  emprégO 

A  minba  confiança: 
Tu  és  o  digno  objecto  da  esperança 
De  quantos  sobre  a  terra  vasta  babitam, 
Té  onde  extensos  mares  a  limitam. 


207 


Tuy  de  poder  cingido,  aos  altos  mootes 

Ora  a  raiz  abalas, 

Ora  lhe  dás  firmeza: 
A  teu  mando  sabmissa  a  Natureza 
Revolf e  o  mar ;  as  ondas  se  levantam, 
E  borrascas  horríveis  nos  espantam. 

Á  vista  dessas  obras  estupendas. 
De  um  polo  a  outro  polo. 
Quem  será  insensivel 
Aos  prodígios  da  tua  mão  terriveIT 
Quem  deixará  de  amar-te,  de  louvar-te. 
Farto  dos  bens  que  pródiga  reparte? 


(7)  Praparãni  montes  in  vir* 
Èute  IflMi,  aeeinetus  fêtentia :  pti 
conturbas  pro/undum  mortt,  $o- 
nnmfluetimm  fjus. 


(8)  Turbãbtmtur  penteo,  H  ti- 
mehtnt  gui  habUant  terminoi^  à 
signiM  tuU:  exituê  matuíiniy  el 
vespere  deleetabií. 


Nasce  alegre  a  maohS,  serena  a  tarde; 

Se  visitas  a  terra, 

Desces  a  consolá-la, 
E  com  teu  sopro  vens  fértil  ísá-la ; 
Abrefr-lhe  o  seio  afiàvel,  e  fecundo 
Enriqueces  e  adornas  todo  o  mundo. 


(9)  Vititoãti  terram,  et  inebriai- 
ti  eam:  multipliea$ti  locttplttare 


eam. 


De  novo  ai^enteo  humor  enches  os  rios; 

O  chto  humedecido 

Go'  a  prolifica  rega, 
Prepara  doce  pasto,  ao  gado  o  entrega, 
£  multiplica  fructos,  generoso. 
Dos  homens  alimento  saboroso. 


(10)  Plumen  Dei  repletttm  eat 
aquis  :  paranti  eibum  illorvm , 
quoniam  ita  est  praparatio  ejttê. 


Crescem  as  aguas  dos  regatos  limpos, 
Desenvolvem-se  os  germes. 
As  hervas  reverdecem. 

Os  arbustos,  as  plantas  reflorecem; 

E  a  humidade,  que  gelo  algum  tem  presa, 

Vem  revestir  de  gala  a  Natureza. 


(11)  Rivoe  eju$  inebria^  multi- 
plica genimina  ejus:  in  stilUci- 
dii$  eju$  Iwlabitur  gn^minans. 


208 

(1£)  Benedieeã  cêrwa  mvu  be-    Do  8000  abeDÇOado  8  c'roa  formaiD 
nismtalU  tua,  et  ewnpi  tui  rtf.  .      1?«»««»^  ft^«-^— 

piebuniur  uberiate.  As  líistacoes  fecaadas, 

Diversas  e  opulentas; 
NellaSi  mea  Deos,  o  teu  amor  ostentas» 
Quando  umas  por  outras  vais  trocando» 
E  abundância  nos  campos  derramando. 


(13)  Pingue$eeiu  tpeeicia  ie-  Bravia  selva  em  fértil  se  converte; 

ãerti,  et  exuitatioue  eoUci  neetfi- 

§entur.  De  fina  IB  vestidos 

(14)  Tnduti  ttmt  arietei  ovium,  \ÍQ  saltando  OS  COrdoirOS: 

et  vãllet  aòundabumt  frumentú :  -..  , 

eiãmãbuHt,  eteuim  h^mnum  ãi-  Pingues  mossos  alegraih  08  outeuos; 

^  '  Tudo,  todo  parece  que  se  explica, 


E  o  Creador  dos  seres  glorifica. 


PSALMO  LXV. 


In  flnem,  caoticum  pialmi 
retuirectionif  (•). 

(1)  Juhilúie  Deo,  omnie  terra, 
p$almum  tlicite  nomini  fjn$f  da- 
te  gloriam  lemdi  ejus. 


Ijoncerto  jubiloso  a  terra  inteira 
G>osagre  a  Deos»  e  delle  o  sancto  nome 
Celebrem  psalmos  d'altos  pensamentos: 

Suaves  instrumentos, 
Acompanhando  harmónicos  cantares, 
Lhe  dêem  gloria  e  louvor,  rompendo  os  ares. 


(€)  Dieite  Deo,  qvam  terribh   Digamos  pois  8  Deoâ :  « Que  pasmo  íospíram 

tía  êwit  opera  tuaf  Domiite:  in     «      •    _.•       <       •  j     a       i.  i 

'   ^  As  formidáveis  obras  do  teu  braço! 


(*)    Etie  titulo  nSo  eslá  do  Helueo,  é  um  addilamento  dos  Scholiaiitaf ;  mai  éxnfídn 

que  a  eommnm  opinião  dof  antigoi  Padres  da  Igreja  era  idaptá-Io  á  gloriosa  resimiçb  de 

Jesus  Chritto.  No  sentido  litleral  é  um  hymno  cheio  das  mais  títu  eipressOes  de  s^ndeei* 

mento  ao  Senhor,  por  ter  lit)erlado  o  sev  poTo  do  capti?eiro. 

(Mattei.) 


209 

Que  muIlídBo  de  assombros!    Ck)Ill  qae  susto    mulHtyéine  virtvUÈ iua metUieU' 

Te  Té  quem  Dão  é  justo  I 
Como  teus  inimigos  coosteroados 
Em  vio  disfarçar  querem  seus  peccados!... 


Toda  a  terra  te  adore  e  te  festeje. 

Os  teus  louvores  cante*  e  com  teu  nome 

Se  alente  e  ampare  toda  a  Natureza. 

Vinde,  e  vede  a  grandeza 
Do  nosso  Deos,  mortaes;  como  é  profundo 
Em  seus  conselhos  governando  o  mundo  I 


(8)  Ofimis  terra  adorei  te^  rt 
pBallal  tibi:  psaimum  dicat  no- 
mifií  ÍU9. 


(4)  Venite,  et  videte  opera  Dei, 
terribilis  in  eotíoUUo  ouperfiUoo 
hmninum. 


Elle  é  quem  no  conflicto  mais  terrivel 
O  mar  converte  em  atido  terreno; 
Abre  e  fecha  os  abjsroos  de  repente. 

Salva  a  escolhida  gente; 
Dissolve  as  9guas,  ora  congeladas, 
E  submerge  as  cokortes  depravadas. 


(5)  Qr#f  converlH  maré  in  ari- 
dam,  influmine  pertransibunt  pe» 
ée :  ibi  latmbimur  in  ipto* 


Que  maravilha  é  pois,  se  hoje  renovas 
Teus  prodígios  antigos?  E  que  alegres 
Comtigo,  ó  meu  Senhor,  de  ti  gozamos? 

A  ventura  encetamos 
Logo  que  nossos  votos  nSo  rejeitas, 
E  que  06  nossos  suspiros  terno  acceitas. 

Com  poder  sem  limite  tudo  reges; 
Com  teus  olhos  attentos  sobre  as  gentes 
Todo  o  vasto  Universo  discriminas; 

E  só  tu  determinas 
Quanto  aos  homens  submissos  acontece. 
Quanto  castiga  quem  te  desconhece. 


(6)  Qtti  dominatur  in  virtule 
ova  in  atemum  ;  oeuli  ejvt  oitper 
gentes  reopiciunt:  qui  exatpe' 
ront,  HOn  exaltentur  in  oemelip* 
oio. 


GloríGcado  sejas,  Dcos  Supremo! 

Tomo  VL 


(7)  Benedieite  gentes  Deum  no»' 
J4 


.  210 

Irutn,  eíauditamfaeitewocemlav'    Ah!  Ofto  tardeís,  oaçdeS  CegaS»  CStultUS, 

"  ^^*"'  Vinde  alternar  comigo  seus  louvores; 

Altissimos  clamores 
Por  toda  a  parte  alegres  espalhemos, 
E  o  nosso  Dcos  benigno  abençoemos. 


(H)  Quiposvit  animam  nifamiid  Quando  0  sepulcfaro  aborto  me  chomafa. 

Tilam,  el  non  dedit  in  commolith     ^  ,  •  i        n  •    « 

nem  pedes  m€o§.  D^os  me  salvou  a  Vida ;  Oeos  piedoso 

Impedio  que  meus  pés  escorregassem, 
Que  abysmos  me  tragassem ; 
E  se  em  lances  acerbos  me  provava, 
Que  mostras  de  piedade  então  me  dava ! 

(9)  Qwmiamprõbaêiinot,  Pfitê,   É  verdade»  meu  Deos,  os  vossos  servos 

igne  nos  ezaminatti,  tieut  exmtni'    -.      ,  .         ^     .  -  ,     . 

fia/tir  ãrgentum.  Exp  rimeotasto,  como  em  fogo  ardente 

A  prata  se  acrisola  e  purifica» 
E  mais  lustrosa  fica; 

(10)  índuxisti  nos  in  hujueum.   De  posados  grilhOcs  fomos  ligados, 

posuisli    tribulationes    in    dorso     _  ,  ,  .  l*        j 

uostro,  imposuisti  homiws  super    *-  por  homOnS  altlVOS  SUDJUgadOS. 
capita  noslra, 

(11)  Transhimvs per  ignem  et   Por  entre  aguas  O  Fogos  trausitámos; 

aguam,  et  eduxisti  nos  in  r^fri"     ...  ,.  , 

gerium.  Melancolicas  sombras  nos  cercaram; 

Nem  da  esperança  um  raio  só  luzia: 

Porém  abriste  o  dia, 
D'entre  as  espessas  trevas  nos  livraste, 
E  após  o  refrigério  nos  levaste. 


{\ft)  jntroibo  in  domum  tuam   Hoje  om  tou  domiciIio  me  aprescnlo; 

in  holocauslis^  reddam  tiòi  vota  •     •       j 

miOy  gua  dislinxerunt  lábia  mea.     Contente  CUmprirOl  todOS  OS  VOtOS 

Que  na  afilicçdo  meus  lábios  proferiam; 

(13)  Et  locnlum  est  os  meum  VotOS  qUO  SO  CCO  Subiam, 

m  libuiatione  mea.  j.  ç^ropassivo,  lá  no  eicolso  asscnto, 

Recolheste,  adoçando  o  meu  tormento. 


211 

Com  promessas  do  intimo  nascidas 
Destinei-tc  holocaustos  e  perfumes, 
E  que  as  mais  bellas  rezes  das  manadas. 

No  templo  victimadas, 
Nuvens  de  fumo  aos  ceos  levantariam, 
E  teus  sacros  altares  cercariam. 


(14)  Hoheauita  medvllata  fiff,-- 
ram  libi  eum  incenso  arietum,  qf" 
feram  íibi  hoceê  eum  hircis» 


Vós  que  temeis  a  DeoS,  ao  templo  vinde  (l^)  f^enite,  audite,  et  narra- 

.  -  bo,omnrt'/uit'metit  lJeum,guan' 

Ouvir  a  narração  das  maravilhas  ta/t^dt  anima  mtm. 

ue  Deos  fez  á  minh   alma.  A  voz  levanto;   et  exaiiaoi  sttó  Ungua  meu. 
Logo  seccou  meu  pranto 
Tanto  que  alto  gritei,  por  Deos  clamando, 
E  minha  lingua  o  foi  gloriCcando. 


Sempre  achei  Deos  disposto  a  soccorrer-me... 
Mas  se  o  meu  coração  visse  manchado, 
Minhas  deprecações  attcnderia? 
O  mal  que  eu  padecia 
NSo  desviou  de  mim?  Sua  clemência 
Foi  sempre  compativel  co'  a  innocencia. 


(17)  TniquHatem    $i  aspeii  in 
torde  meOf  nan  exQudiet  Dominut» 


( 1 8)  Proplerea  exavdivit  Dem, 
et  úttendil  coei  d^preeatienis  mea. 


Graças  vos  dou,  meu  Deos,  pois  que  acceilasle     (í^)  i^enedictut  Deus,  qni  n^n 

amovit  oratéonem  meam^  et  misc 
As  SUpplicaS  humildes  que  formava  rUordiam  suam  a  me, 

o  meu  coraç&o  terno  e  penitente: 

Se  é  puro,  se  innocente. 
Devo  a  teus  dons  esta  feliz  concórdia, 
Tudo  é  obra  da  tua  misericordio. 


Tuvo  VI. 


U 


212 


PSALMO  LXVI. 


ín  Unem,  in  hjmnis,  Psalnrofl 
canlici  David. 


(O  Devs  mitereatur  noslri,  et 
òenedieat  nobit :  illumiuet-  vtíi^ 
itttn  tuum  super  not,  et  miêerea» 
iur  nostrU 


A  poesia  i  de  David^  a  musica  do  metíre 

dos  Neghioolb. 


D 


E  nós,  Senhor,  tem  piedade. 
Os  teus  servos  abençoa ; 
Os  teus  compassivos  olhos 
Volve  a  nós,  e  nos  perdoa. 


(í)  Ul  eognoseamiis  in  terra 
riam  tvam :  in  omnibus  gtntibus 
salutare  tuum. 


Paro  que  todos  na  terra 
Teus  cominhos  conheçamos, 
E  alcancemos,  resgatados, 
A  salvaçio  que  buscamos. 


(3)  Confiteantur  tibi  populi  ^ 
Deuê:  eonJUeantur  iibi  popvlS 
êmnet, 

(4)  Latenivr  et  exvltent  gen- 
tes :  qvoniam  Jtídicas  popvlos  ia 
aiquiíale^  et  gentes  in  terra  di- 
rigis. 


A  ti  confessem  os  povos 
Como  seu  supremo  Auctor; 
As  nações  todas  contentes 
Se  abrazem  no  teu  amor. 

Os  bens  e  fructos  da  terra 
Com  ternura  te  agradeçam; 
A  equidade  com  que  julgas 
Extáticas  engrandeçam. 


(5)  Confiteantur  iibi  popvli , 
Detis:  ronfiteanlnr  ttbi  popuii 
omnts :  terra  deditjruetum  suum. 


Todos  os  povos  te  exaltem. 
Já  que  á  terra  concedeste 
O  tfio  suspirado  fructo 
Que  piedoso  prometteslc. 


J 


213 


Bíeu  Deos!  sobre  uòa  derrama 
Das  tuas  graças  a  encfaeDte; 
Com  temor  e  amor  constante 
Te  confesse  a  humana  gente. 


(6)  Btneditai  nat  Deus,  Deu9 
nõtteri  beneâieat  not  Detts:  et 
metuant  eum  omnesfiíet  ierrm. 


Julgo  que  o  psalmo  que  se  segue  é  um  cântico  que  David  compoz,  quan> 
do  foi  acompanhar  a  Arca  na  sua  trasladação  da  casa  de  Obed  para  o  taberná- 
culo em  Sião ;  e  como  era  seguido  de  Levitas,  Músicos,  e  Goros  de  Adoles- 
centes e  Donzellas»  ora  a  uns,  ora  Si  outros  se  dirigia,  ora  fallava  com  todos. 
^  assim  considerado  se  pôde  entender  bem  o  que  no  sentido  (muitas  vezes 
escuro)  o  estro  doPsalmista  com  magnificas  imagens  nos  descreve :  pouco  mais 
ou  menos  assim  o  entenderam  Calmet,  e  Mattei. 

(A  Auctora.) 


PSALMO  LXVIL 


A  poesia  e  a  musica  i  de  David. 


L 


BVAifTA-TE,  Senhor!  dissipa  os  ímpios, 

Teus  Feros  inimigos; 
Fujam  de  ti  aquelles  que  te  odêam. 

Como  esvaece  o  fumo; 
Qual  cera  que  ante  o  fogo  se  derrete, 
Ante  a  face  de  Deos  e  seus  fulgores 
Perecem  sem  remédio  os  peccadores. 


In  finem,  psalinnscantici  ipsi 
David. 

(1)  Exsurgat  Deus ,  et  disêi' 
pentvr  inimiei  ejut ,  et  fuçiant 
gui  oderunt  eum,  àfaeie  ejtís, 

(2)  Sicut  dejicitfumvi,  dejieiant, 
sicut  fiuit  cera  àfaeie  igniê,  sic 
pereaut  peccéíoret  àfaeie  Dei, 


Uesplandeçam  os  justos  de  alegria» 
Os  teus  fieis  festejem 

Na  presença  de  Deos  a  gloria  sua. 
HarpaSi  psalterios,  vipde; 


(3)  Et  justi  epulent4try  et  ex- 
ulleni  tu  eatispectu  Dei,  et  delee- 
tentur  ifi  Uttiíia* 


(4)  Caniate  Deo,  ptalmum  di- 


214 

€iíe  nõniini  ejuã,  iier  faeite  et',    HjmnoS  OriginaeS,  000(068  SUaveS 

aui  atcendit  super  oecamm:  Dú-    ivt  j  •     r  t.    *         J 

minuê  nomen  iiii,  Nasçam  do  sanlo  fogo  era  que  boje  ardemos; 

Cantemos  jubilosos»  Deos  caotemos. 

Á  summidade  do  ether  leve  o  canto 

O  nome  formidável 
Do  nosso  Deos,  Eterno»  Omnipotente» 

Que  no  carro  pomposo 
Vem  honrar  nossos  campos:  aplanemos 
Abrolhos»  rochas;  ache  o  bosque  raso» 
Fácil  via  do  oriente  até  o  occaso. 

(5)  Exuiiãte  tfi  cúntpeetu  ejw:   G)m  lovissimo  passo»  alegre  dança 

tufbabuntur  à  faeie  ejiis  patrít  _,.  . 

úrphofiúrnmj  et  Judieis  viduãrnm,  t  Igurai  geutltmente ; 

Compassados  movei  os  pés  ligeiros, 

O  Senhor  applaudindo: 
Elle  os  orphâos  ampara»  elfe  protege 
A  viuva  chorosa,  abandonada; 
Por  elle  a  afliicta  gente  é  consolada. 

(6)  Deve  in  íoeo  saneis  sue:   Eis  que  entre  VÓS  reside»  e  poderoso 

Deus,  qui  inhabitâre  facit  vnius  .     .  «       j* 

moris  in  demo.  Junta  naçôcs  dispcrsas; 

Um  rito  só»  qual  áureo  laco,  prende 

Os  homens  congregados: 
Sobem  ao  pingue  monte  onde  scintilla 
A  luz  que  vivifica  e  salva  o  mundo» 
Que  faz  gemer  o  barathro  profundo. 

(7)  Quiedueii  vínctos  inforti-   Dcos  é  quem  solta  OS  trístcs  prisioneiros, 

iudine»  similiter  eos,  aui  exaspC'  ^  .      . 

rani,  qm  hubitant  insepuUhris.  Quem  sustenta  a  esperança; 

Quem  resgata  os  captivos»  subjugados 

Pela  tenaz  demência 
Com  que  luttam  nas  ténebras  dos  erroi; 


215 

Quero  dos  máos*  justiceiro,  vinga  insultos, 
E  os  deixou  pelas  brenhas  insepultos. 


Que  portentos  Gzeste,  decorrendo 

  frente  do  teu  povo 
Pelo  longo  deserto,  e  despontando 
Do  Sinai,  Deos  immenso! 
Deos  d 'Israel,  perante  a  tua  face 
Tremeo  a  terra,  os  ceos  se  distijlaram, 
O  monte  baqueou,  trovões  bradaram. 


(8)  Deutt  ewn  egreâererit  in 
eontpeeíu  populi  lui^  cumpertraii' 
iires  in  deserto. 


(9)  Terra  mela  est ;  etenim  cmli 
élitliVaverwU  hjueie  Dei  Sinai^ 
àfacie  Dei  Israel, 


Neste  aspecto  iracundo  nfio  te  viram 
Sempre  os  Israelitas; 

Nos  teus  thesouros  tinbas  reservado 
Occulto  beneficio: 

Traossudou  de  um  rochedo  clara  v6a; 

O  teu  afilie  to  povo  recreaste, 

E  a  sede  que  o  mirrava  lhe  apagaste. 


(10)  Plutiam  voluntariam  te- 
gregabit^  Deus,  haredilati  tnas^ 
et  infirmaia  est,  tu  vero  perfecis- 


ti  eam. 


Chuva  mais  liberal  inda  mandaste. 

Que  espalhou  a  fartura, 
E  aos  famintos  deu  pasto  saboroso: 

Com  proliGcas  ondas, 
Quando  languida  a  terra  esmorecia. 
Fizeste  prosperar  a  tua  herança, 
Âbriste-lhe  os  thesouros  da  esperança. 


Alli  hão  de  nutrír-se  os  teus  rebanhos; 

E  tu,  Deos  de  bondade, 
Alimento  saudável  terás  prompto 

Aos  pobres  desprovidos: 
Nunca  mais  soffrerão  fera  indigência ; 
Em  campos  revestidos  de  verdura 
Acharão  paz,  deleites,  e  fartura. 


(11)  Animallaluahabiiahunt  in 
ea :  parasti  in  dulcedine  tua  pau- 
periy  Deus, 


216 

Ao  COBO   DAS   DONZELLASb 

(i«)  Deminut  âaòH  verhvm  Ó  Vírgcns,  exultai !  Quc  vasto  assuiDpto 

evongelizantibut  viriute  multa,  ' 

O  Senhor  vos  entrega. 
Para  em  coro  entoar  os  seus  prodígios ! 

Não  sereis  vós  quem  falle; 
O  espirito  divino  em  vossos  lábios» 
Com  termos  efficazes,  voz  sublime, 
Serã  quem  grandes  novas  nos  intime. 

Que  turbas  numerosas  confundiste! 

Que  instrumento  empregaste. 
Oh  Senhor  poderoso!  Que  milagres 

Fizeste  ver  á  terra!... 
Do  seio  da  modéstia  e  do  recato 
Deixa  débil  mulher  paterna  casa  (»), 
E  tudo  desbarata,  tudo  arrasa. 

(13)  Rex  virtutum  diterti  diU'  Reis  do  exercitos  grandos  se  congregam; 

r^t,  et  speciei  domu»  dividere  tpth 

lia.  Os  potentes,  os  fortes 

A  mais  estreita  liga  audazes  formam; 

Mas  a  femineo  braço 
Toca  o  triumpho;  heroina  honesta 
Fere,  derruba,  mata,  rompe,  vence, 
£  a  presa,  que  reparte,  lhe  pertence. 

(14)  Sidormiatis  inter  media§   Entretanto,  quaes  pombas  assustadas, 

eleroMj  penwB  columba  dfargen» 

tafa:,  et  posieriora  derti  ejus  in  locertas  da  Venturtf, 

pa  ore  auri,  Ruben,  Gaiaad,  dormistes  (*♦),  encolhendo, 

As  argentinas  azas, 
O  áureo  dorso,  dentro  em  vossos  ninhos; 
Sem  soltar  vúo  audaz,  e  ir  generosos 
Arrostar  os  combates  sanguinosos. 

(•)     AUu»2o  a  Debbora,  que  tríiinphou  do  general  Sisara,  como  se  \è  no  cap.  4.  àoêJmzeh 
(•»)    Aposlrophe  ás  duas  Irtbus  qoe  bÍo  combaleram  naqueUa  jornada. 


217 


Deos  sem  vós  poz  em  fuga  a  genle  armada; 

Afracou  os  potentes. 
Fortificou  os  braços  delicados, 

Domou  os  airogantes: 
Qual  neve  que  o  sol  funde  sobre  o  Selmon, 
Lhes  fundio  a  suberba,  a  petulância» 
Sem  consultar  dos  homens  a  jactância. 


(15)  Dum  diMCtmit  cmleMtiê  re» 
ge9  9vper  emn^  nive  dtãlbabnníur 
f  •  Selm^n :  tncng  Uei^  mont  pln- 
guie: 


Ao  Povo. 


Ó  Povos!  o  alto  monte  á  vista  temos, 

O  monte  do  Senhor; 
O  monte  fértil,  pingue,  que  rodéam 

Outeiros  deleitosos: 
Qual  com  este  compete?  Aqui  seu  tbrono 
Se  edifica,  aqui  mora,  aqui  contente 
Ha  de  permanecer  perpetuamente. 


(16)  Mmm  eoagídatvs ,  mtfits  piw 
gni9  :  ut  çuid  Muspicamvú  monUê 
coagulotot  1 


(17)  Mont^  inguo  benfpfaeitum 
est  Dco  habitare  in  e«;  eienim 
Dominuê  habitãbit  in  finem. 


Vem  multidões  de  gentes  circundando 

O  seu  carro  luzente: 
Que  milhares  de  angélicas  essências 

Se  aproximam  brilhantes! 
Nelle  assoma  o  Senhor,  qual  glorioso 
Despontou  no  Sinai,  ou  qual  preside 
No  Sanctuario  eterno  onde  reside. 


(18)  Curruê  Dei  àeeem  miW^ 
èus  mullipUxj  millia  latanHium : 
Daminuê  ineit  inSina,  intancto. 


Cortejado  de  luzes,  de  relâmpagos, 
Surgiste,  Deos  supremo! 

Rugidores  trovões  te  precederam; 
E  triumphaodo  de  alto. 

Assumiste  os  captivos  que  gemiam ; 

Os  vergonhosos  ferros  lhes  quebraste, 

E  os  sacríficios  puros  lhe  acceitaste. 


(19)  Jscenditti  inaltum^  eepie- 
li  eapttvitatem^  aeeepUti  dona  in 
homtnibui» 


218 

(so)  Etenim  n^n  ereâente$  in-   Sobre  OS  impios  incredulos,  piedoso 

habitare  Dominum  Deum*  rn  »         .      «     . 

Tua  nono  estendeste; 
E  habitando  com  eiles,  ao  teu  grémio 

Logo  os  reconduziste: 
Os  que  indóceis  o  jugo  rejeitaTam, 
Quai  pacifica  grei,  por  ti  guiados. 
Foram  felizes  quando  subjugados. 


(ei)  Benedietut  Domínuê  Me  Taos  prodiglos  rcnova  om  nossos  dias; 

quotidie  :  protperum  iter  faeiet 

uobí9  Oeuê  saiutarium  nottrorum,  Dirige-nos  na  estrada 

Que  com  tanta  piedade  nos  abriste; 

E  a  ti,  Senhor,  devotos 
Mandaremos  alegres  nossos  hyronos. 
(ss)  Deu9  noiter.  Deus  eaivos   És  tu  quem  salvas,  qucm  dás  vida  ou  morte, 

faciaidi^  et  Domini^  Domini  exí- 

tus  mortis.  Quom  rcstauras  a  paz,  reges  a  sorte. 


(«3)  FerumtamenDeMsen^nnr    VojamoS  pois,  Seuhor,  eSOmploS  grandcS 
get   eapUa  inimieontm  suerumf 
veriieem  capilli  perambulantium  NoS  quC  amaS  e  protegCS: 

Vejamos  com  pavor  como  destroças 

Pérfidos  inimigos; 
O  pouco  que  lhes  vale  alçar  a  frente. 
Zombar  da  lei,  nadar  em  seus  delictos, 
Gevar-se  em  gostos,  nio  cuidar  de  afilictos. 


iu  delictis  suis. 


Tu  bem  sabes  domar  tanta  suberba. 
Abaixar  emproados. 

Derrubá-los  de  um  sopro:  mas  se  acaso, 
Do  castigo  assustado, 

Tremebundo  o  teu  povo  entSo  te  implora, 
(«4)  Dixit  Dominus :  ex BãsM   AIlívio  dàs;  respondes-lhe  amoroso: 

(•)  convertam^  convertam  in  prih  i     **  i.     . 

fundummftris.  aQue  tcmos  de  Basau  facmoroso? 


(•)    SSo  conhecidas  as  guerras  com  Og,  rei' de  Basan,  e  com  Seoii,  rei  dos  Amorrheoii 
aijus  universum  populum^  como  dii  Mojsés,  pereusservtU  usque  ai  inlemedwem. 


219 

«Que  temest  ó  meu  povo?  N 'outro  tempo» 

Em  apertado  transe. 
Te  salvei  do  furor  das  ondas  bravas: 

Sem  nobre  confiança, 
Hoje  receias  o  iropio  Basaoita? 
Foi  meu  soccorro  outr'ora  uma  chimera. 
Ou  sou  menos  potente  que  antes  era? 

flc  Posso  salvar-te,  sim ;  teus  inimigos 

Exterminar  bem  posso: 
Posso  a  terra  ensopar  c'o  sangue  delles; 

£  vossos  pés  tingindo 
Nesta  rubra  torrente,  ireis  altivos. 
Seguidos  da  matilha  sitibunda,  (*) 
Também  dos  cães  tingir  a  língua  immunda. » 

Á  McltidIo. 


(tS)  Ui  inlingotur  pes  tuu$  in 
êmntuine,  língua  canum  tuorum 
ex  inimUii  ãb  ips: 


Mús  que  vemos!  O  séquito  pomposo 
Com  que  seguindo  vamos 

O  triumpbante  Cofre,  r.esgatado 
Dos  feros  inimigos; 

Arca  aonde  Deos  mora,  guarnecida 

Do  povo  espectador:  que  doce  vista! 

Que  aspecto  respeitável,  que  conquista ! 


(f6)  Fiierunt  ingregmt  tu0t^ 
DeuM,  ingre$$Mê  Dei  mft,  regiê 
mei^  qui  esi  ín  tanetê. 


O  coro  barmonioso  de  Cantores 

Outro  coro  precede; 
O  das  Virgens  bellissimo  concerto 
Entre  elles  rompe  alegre: 
«Ó  filhos  dlsrael,  dizem,  uni-vos 
A  louvar  o  Senhor;  ide  correndo, 
Canções  soltando,  tympanos  batendo.» 


(S7)  PrmveneruiU  principeg  con- 
juneii  ptallentibuÈ  in  médio  JU' 
vencuhrum  lympaniitriarum. 


(•)    Naf  gnerrat  aniigaf  levavam  os  generaes  malilbas  de  cSei. 


220 

Ás  Tribus  e  seus  Chefes. 
(«8)  In  eceUiiiê  benediHte  Df   ()  vós,  ooc  de  Jacob  (sublime  fonle) 

Domino  de/onitbus  lorãel.  ,  ' 

Derivais,  quaes  ribeiros 
Cujas  aguas  decorrem  cristaliaas 

Entre  viçosas  flores; 
(Sjmbolos  do  piedoso  Israelita); 

(29)  ibi  Benjamin  ndoieocentu-   Juveoíl  Beojamin,  que  extasiado 

Itíi  in  mentio  exeettu.  »  i     .  •        • 

Admiras  um  festejo  t&o  sagrado: 

(30)  Prineipeo  Judo,  dvees  eo-   Principos  de  Judá,  Chefos  sublimes 

rum^  prineipeê  Znbulon^  prineipeo 

jvepfuhaii.  Desto  povo  dítoso, 

Nephthali,  Zabulon,  todos  ornados 

De  purpurinas  vestes, 
A  vossa  comitiva  a  Deos  celebre; 
Pulsando  barmoniosos  instrumentos 
Vá  serenando  no  ar  os  rijos  ventos. 

(31)  Manda,  Deuo,  virínUiuu,   Justo  é,  meu  Deos,  que  mandes  teu  aaxilio; 

ennfirmã  koc^  Deuo,  quêd  opern-  r»         ■  *  j        l 

tu9  ei  in  nobio.  tiompleta  a  grande  obra, 

Os  prodigios  renova  com  que  bonraste 

Na  prisca  idade  aqueties 
Que  a  lei  tua  6eis  nos  transmitliram: 
Hoje  confirma  quanto  então  6zeste, 
E  d'invencivel  força  nos  reveste. 

(38)  j  templo  tuo  in  JeruM-   Quo  fcliz  dia !  squelle  que  em  teu  templo» 

lem,  iibi  offereni  regf$  mimera.  «^       *  t         '     s. 

Em  Jerusalém  juntos,     . 
Os  Reis  te  offertem  puros  sacriãcios! 

Que  seus  dons  enriqueçam 
Com  jóias  preciosas  teus  altares! 
Não  venba  interromper  acç^o  tão  pura 
Algum  negro  vapor,  ou  sombra  escura. 


221 


Mas  repara,  ó  Senhor,  naquelle  monstro 

Que  com  voxes  sentidas. 
Qual  crocodilo  occulto  entre  essas  cannas 

Que  guarnecem  a  praia, 
ConToca  de  outros  monstros  os  rd>anbos. 
Que  vão,  por  bravos  touros  dirigidos, 
Assaltar,  destroçar  teus  escolhidos. 


([33)  Inerfpa  ffrã$  ãrvnâinis : 
eongregath  taurorum  i»  vaeeit 
púpulorum,  «/  exctudaní  eoí^  qtU 
proòãU  ftffil  argeniú. 


Ah\  dissipa  as  nações  que  amam  o  sangue; 

E  o  teu  jugo  suave 
Yirio  pedir  do  Egypto  embaixadores; 

A  Elhiopia,  submissa, 
Abrazada  de  espirito  divino. 
As  mãos  levantará,  por  Deos  bradando. 
Com  fervor  sua  lei  sancta  abraçando. 


(34)  Ditsfpa  fffntetj  qvw  bflla 
v^titnt:  vetíiant  Irgaii  ex  jEgypU: 
Aítktêpia  pracenitt  manui  rjuê 
Deo. 


Reinos  da  terra,  a  Deòs  cantai  louvores; 

Rompei  com  sacros  hymoos 
Os  espaços;  não  haja  no  universo 

Sitio  que  nSo  se  alegre 
Louvando  do  Senhor  o  excelso  nome: 
Elle  nos  ouve,  elle  está  prcsenle 
Desde  onde  nasce  o  Sol  té  o  occidente. 


(35)  Regna  (erra,  Cãntate  Deo: 
p^allUe  Dúmin»  y  psallile  f)eo , 
qtti  ãteendit  tuper  etelwn  tali  aã 
úrhntem. 


Delle  a  voz,  que  rasgando  as  altas  nuvens 
Solta  o  trovão  que  atroa, 

Delle  a  voz  é  potente;  cede  o  mundo 
A  quanto  determina: 

Magnifico  nos  Ceos  e  sobre  os  astros. 

Assim  mora  entre  nós,  na  Arca  sagrada : 

A  sua  gloria  seja  celebrada. 


(36)  Eeee  iabil  v9ci  êvm  voeem 
viriuUi :  date  gloriam  f)eú  tvper 
hreei:  magnificnitia  rjut,  el  vir» 
iu9  ejuM  in  nubibus. 


Foram  sempre  assombrosos  os  favores 
Que  Israel  delle  obteve: 


â22 

Dai-Iho  gloria  por  isso;  vede  coroo 

Sua  magnificência 
Desde  as  distantes  nuvens  nos  assombrn : 
Vede  até  onde  o  seu  poder  se  estende, 
Como  do  arbilrio  seu  tudo  depende! 


(37)  MirabiUê  Deu»  in  taneth   Vede  como  rcIuz  nas  almas  justas; 

9%iU :  Detit  /foel  ipte  dabii  vir» 

Que  fortaleza  e  graça 


tulem^  et/orWudinem  plebi  9um: 
àenetlietvt  Deu», 


Communica  amoroso  a  quem  o  adora! 

Gomo  certa  a  ventura 
Tem  o  mortal,  fiel  ao  que  Deos  manda! 
Certos  de  tantos  bens»  ah!  não  tardemos: 
Rompam  os  hymnoSi  psalmos  entoemos. 


PSALMO  LXVIír. 


lafloem,  proqui  eommuUbantor,       A  potsia  i  de  Dovid,  a  muêíco  do  mtSlrt 

"»""'•  das  Shoshanim. 


( 1 )  Salvum  mefae^  Deu» :  quo» 
Hfam  intraoerunl  aqitm  tttjue  nd 
anitnam  meam. 


s 


ALVA-^ME,  Senhor!  pereço: 
Já  vem  as  aguas  subindo; 
Jâ  me  enchem  a  bocca,  o  peito, 
Quasi  me  vou  submergindo. 


(C)  Tnfixu»  »um  (n  Ihno  profun» 
dif  et  noH  e»i  »ub»tãnUa, 


As  ondas  encapelladas 
Arrojam-me  com  violência; 
Pregam^^me  immovel  e  fraco 
N'um  lodo  sem  consistência. 


(3)  Veni  in  alliludinem  mari»^ 
et  temffttu»  demertii  me^ 


Vai  crescendo  a  tempestade, 
E  d4  comigo  de  um  salto 
No  pélago  mais  profundo. 

Nos  abysmos  do  mar  alto. 


223 


Trabalho,  grito;  mas  canfo: 
Minhas  fauces  eorouquecem ; 
Meus  olhos  no  Ceo  pregados 
Perdem  a  lui,  desfallecem. 


(4)  LabúraviclãmãHSj  raucm/a» 
da  svnt/aueet  mea:  defecerunl 
êeuli  meij  áum  Mperê  tu  Deum 
meum- 


Mais  bastos  que  os  meus  cabellos 
Os  meus  im'migos  são; 
SSo  gratuitos  seus  furores» 
Gratuita  sua  aversão. 


(5)  MuUiplicali  iíPit  svper  ea» 
piilús  eapitti  mei^  qui  êderunt 
me  ffraíi9. 


Cresce  a  turba  dos  perversos, 
Furiosos  me  acommettem; 
Será  pois  justo  que  eu  pague 
Os  crimes  que  elles  commetlem? 


(6)  ConforMi  t»iil,  qui  perif 
euti  tunt  me  inimiei  mei  iniuttè: 
quw  nên  rapui,  í«ne  exêhtbum. 


Conheces  minhas  fraquezas 
Meu  Deos!  e  as  dos  mais  vivenles; 
Se  acaso  tenho  delictos 
A  teus  olhos  são  patentes. 


(7)  Dn»9  iu  teii  imipieníiam 
mrfljfi,  ei  delicia  mea  à  íc  tun 
9uni  abeeondila» 


Mas,  Senhor!  em  mim  não  cuido 
Por  causa  do  meu  tormento; 
Temo  só  -que  outros  que  esperam 
Os  assalte  o  desalento. 


(8)  K&n  eruòexrant  in  me,  qui 
exfpi^ctanl  ie.  Domine^  Domine 
virivtum. 


Que  dirão  se  me  abandonas? 
Deos  d'Israel!  não  consintas 
Que  os  que  te  buscam  vacillem, 
Temam  que  em  mim  te  desmintas: 


(9)  Naneanfundanlurnnperme^ 
ftrj  quterunt  ie.  Deu»  leraei» 


Que  afilictos»  envergonhados» 
Olhem  para  mim  com  susto; 
Duvidem  se  o  meu  dictame 
Era  recto,  ou  se  era  injusto. 


(10)  Quoniam  propter  te  êutii' 
nvi  opprobrium,  operuU  eonfusio 
faciem  mtam* 


224 

Quanto  soffro,  quantas  magoas 
O  meu  coraçBo  laceram! 
Por  ti  somente  as  padeço» 
Só  de  amar  a  lei  nasceram. 


(II)  Exlraneuifatiut  ium  fm* 
tribu*  meis^  et  peregrinuê  fitii9 
matris  meie. 


(12)  Qvimiam  ztlns  domuÊ  tua 
lomedit  me,  et  opprohria  exprih 
Untium  tibi  ceeiderunt  tuper  me. 


(13)  Et  êperwi  injejfmtê  atU* 
mnm  m«i«,  et  fãctum  ett  in  flf- 
probrium  mihi» 


(14)  Et  posHí  vetiímentim 
meum  cilicium,  et/aetuê  stm  Hliê 
in  parobolam. 


Por  ti  supportei  opprobrios, 
Gonrusão  cobrio  meu  rosto; 
Fez-me  na  pátria  estrangeiro 
O  ódio  que  me  era  opposto. 

Com  desdém  os  meus  me  olharam; 
E  sem  dó  do  meu  destino, 
Me  deixaram  ir  passando 
Como  passa  um  peregrino. 

Ah  Senhor!  por  que  motivo?... 
Porque  o  teu  templo  adorava; 
E  um  ardente  amor  e  zelo 
Da  verdade  me  abrazava: 

Prompto  a  combater  injurias» 
Que  a  ti,  meu  Deos,  se  fizeram; 
Dos  máos  a  vingança,  os  ódios 
Desta  origem  procederam. 

Eis-aqut  o  meu  delicto; 
Eis-aqui  o  que  me  resta : 
Cobrir-roe  de  cinza  e  lucto, 
E  de  pranto  a  face  mesta. 

Mas  esta  mesma  tristeza, 
Esta  acerba  penitencia, 
Provocou  novos  insultos, 
Foi  ludibrio  da  insolência. 


225. 

Ora  depravado  Escribai 
Ora  juizes  perversos, 
Me  insultaram  a  ioDocencia 
Em  seotençaSf  prosa,  ou  versos. 


(15)  jidversum  melofuebatUur^ 
pti  sedebatU  in  porta^  et  in  me 
pêalUbanit  qui  bibebant  vinum- 


£o  surdo  a  seus  vitupérios 
A  ti  meus  votos  eovio: 
Ê  tempo  de  me  escutares ; 
Em  ti,  meu  Deos,  me  cod6o. 


(16)  E§9  vero  oratiouem  memn 
mi  ie,  DumUiC :  iempue  benepla- 
eUi  Deus, 


Áccrescenta  a  teus  prodigies 
Mais  um;  escuta-me  agora: 
Sal va-me,*  cumpre  a  promessa 
Que  fizeste  a  quem  te  implora. 


(17)  /«  mulHtuiine  misericór- 
dia lu(t  exaudi  nif ,  iji  verilate 
salutiê  íuet. 


Queres,  Senhor,  por  ventura 
Que  me  trague  a  tempestade? 
Que  em  lucto  e  pranto  me  abysroem 
Esforços  da  iniquidade? 


(18)  Bripe  me  de  luío,  %t  non 
infiçãr,  libera  me  ub  iit^  qui  edi" 
runt  mcy  et  de  prejundie  aquu- 


rum. 


NSo,  meu  Deosl  tu  me  libertas 
Das  mfios  dos  perseguidores; 
Das  aguas  em  que  naufrago. 
De  um  fosso  cheio  de  horrores. 


(19)  Aon  me  demergat  tempes^ 
ia 9  0qva^  neque  absttrbeat  mepro' 
fundum,  neqne  tttgeat  super  me 
puteus  ês  suum. 


Nio  me  deixes  submeigido 
Nestes  mares  de.  amargura ; 
Nao  me  apegues  a  esperança, 
Nlo  feches  prisão  tio  ,dara. 


Dá-me  pois  algum  conforto. 
Qual  tua  bondade  immensa 
Distribuo  aos  aíDigidos, 
E  as  magoas  lhes  recompensa. 

Tom»  VI. 


(flO)  Exaudi  me,  Demine,  quo* 
nimm  benigna  esl  misericórdia  tua: 
seeundum  multiludinem  misera* 
tianum  tuarum  respice  in  me. 


15 


226 


(21 )  Etne  ttverioê  facietn  iuãtn 
a  pnero  itio^  quoniam  iriòitlor, 
velociter  exaudi  me. 


Olha  para  mhn;  não  foltes 
O  rosto  para  nlo  ver«-iiie: 
Vê  qoaoto  soffro  e  padeço; 
Isso  baste  a  soceorrer«*ine. 


(2f )  Intende  mnimaf  mea,  et  li' 
hera  eam :  propter  inimieot  meeê 
eripe  me. 


Chega-^te  a  mim ;  á  minha  alma 
Dá  saúde,  mesmo  á  vista 
Dos  inimigos;  e  rejam 
Que  a  ti  dBo  ha  quem  resista. 


(«3)  Tn  ff/í  imprêperium 
meum^  et  eonfueionem  meam,  et 
reverentiam  meam. 


Bem  YÔs  como  procuraram 
Cobrir-me  de  pejo  a  face; 
Que  não  ha  dor,  ignominia 
Que  eu  d8o  experimentasse. 


(€4)  In  eúmpeetu  tvo  ewU 
êmnet  qui  tribidont  me,  impro» 
periítm  expeettmt  ewr  meum,  et 
mi  seriam. 


Porém  na  tua  presença 
Estão  sem  véo  as  terdades; 
Qual  sou  conheces,  e  sahes 
De  quem  me  insulta  as  maldades. 


Nao  pasmo  do  que  me  facem ; 
Seu  ódio  sei,  seus  furores: 
Impropérios  esperaya. 
Crueldades  e  rigores. 


(S5)  Et  iuitinui,  fui  simul 
eontrietaretvr^  etnen/uit,  et  qui 
cMeolaretur^  et  non  inioeni. 


No  meu  desamparo  extremo 
Não  achei  quem  me  acudisse; 
Quem  me  desse  a  mão  caindo, 
Ou  que  de  mim  nlo  fugisse. 


(t6)  Et  dedermt  in  egemn 
memnfel,  et  in  eiíi  mea  p9tei$e* 
Tvni  me  aeeto. 


Para  apagar  minha  sAde 
Vinagre  e  kl  me.  offertaram : 
Será  pois  a  mesa  destes 
Como  a  que  me  prepararam? 


227 


D'e8pe«as  trevas  eeroados» 
Tropeçarão  nos  seus  laços; 
E  os  grilhões  que  me  puzeram 
Hao  de  carregar  seus  braços. 


(t7)  Fiai  menta  eorum  €9rãm 
íptit  m  laptetim,  et  in  retribu- 
timtetj  et  in  scmndalum. 


Em  Uo  mísera  cegueira, 
Privados  da  lui  divina, 
I^9o  curvados  no  jugo 
Do  peccado  que  os  domina. 


(tB)  Oiseurentur  ocuU  eorum, 
ne  videant,  et  donum  eorum  oem- 
per  tncuroa. 


Vejo  a  colero  celeste 
Já  sobre  elles  derramar-se; 
O  teu  furor,  Deos' irado, 
Vir  nos  máos  desafogar-rse. 


(C9)  Effumde  iuper  eo§  iram 
iuam^  et  furor  irm  tua  compre- 
hendat  eoe. 


Serão  seus  lares  desertos; 
Seus  palácios  abatidos; 
Seus  opulentos  dominios 
Ficarão  desconhecidos. 


(30)  Fiat  habilatio  eorum  de- 
oerta,  et  in  tabernaeulie  eorum 
uom  titf  pU  inhabitet. 


Desgarrado  o  peregrino 
Ndo  atinará  co'  a  estrada; 
De  tanta  gloria  e  suberba 
Restará  silencio»  ou  nada. 


Feridas  a  quem  feriste 
Sem  piedade  accrescentaram ; 
Por  isso  os  bárbaros  paguem 
As. dores  que  me  augmeotaram. 


(31)  Qironiam,  quem  tu  pertut- 
êtíti,  pertecuti  tunt,  et  iuper  do* 
hrem  tuítterum  meorum  aidide- 
ruttt. 


Ás  suas  iniquidades 
Irio  mais  erros  juntando; 
E  os  castigos  que  merecem 
Com  mais  erros  provocando. 

Tomo  VI. 


(32)  Appone  iniquitatem  euper 
iniquitatem  eorum,  etnon  intrent 
iãjutíitíam  tuam. 


10 


(33)  Deledntiir  de  libro  vhen- 
tittm^  et  eum  Juttis  non  scriban* 
tur. 


3â8 

E  como  a  conta  fecharam 
No  livro  fatal  da  vidat 
Da  misericórdia  divina 
Fica-Ihe  a  sua  excluída. 


Seus  nomes  serão  riscados; 
E  dos  justos  DO  congresso» 
Pois  que  auxilies  rejeitaram, 
Ser-lhc8-*ha  vedado  o  ingresso. 


(34)  Egtnumpauper,  etdõlen$: 
ãaiu*  Itfd]  De9»  suêcepU  me. 


Eu,  meu  Deos,  desconsolado, 
Afflicto,  em  penas  nutrido, 
A  ti  recorro,  bem  certo 
Que  has«de  escutar  meu  gemido. 


Salva-me,  Senhor,  se  queres; 
Suavisa  meus  tormentos: 
Hei  de  encordoar  de  novo 
Harmónicos  instrumentos. 


(35)  Laudabo  nomen  Dei  cum 
eantieo^  et  magniJUabo  eum  in 
laude. 


Acithara  abandonada. 
Do  pó,  da  mudez  tirando. 
Irei  com  métricas  vozes 
O  meu  Deos  magnificando. 


(36)  Et  placehit  Deo  super  vi- 
tulum  neveilim ,  tornua  produ- 
eentemt  et  nngulat  (•). 


Mais  te  agradará  meu  canto. 
Cheio  d'estro  e  de  ternura. 
Que  outro  qualquer  sacrifieio, 
Ou  victima  tenra  e  pura. 


(•)    Comum  prâãueentemy  et  ungulãe  diicindentemt   dU  o  Hebreo  com  w»^  P'^ 
dade,  eSjnmacho  olradiii  fielmente.  Virgílio  quasi  com  as  meimaf  votei  dix  oa  ^^  ' 

Jam  ccmu  pelat,  et  pcdibuã  qui  epargot  arenam. 


«  t 


229 


Companheiros  cCiDrortunío» 
Afiligídos,  confortai-TOS ! 
Os  prodígios  que  Deos  obra 
Cantai  coroigOi  alegrai-vos. 


(37)  ViÃemU  pgyperei,  et  le- 
taiiur :  qtimrite  Detun,  et  vhei 
wUma  vtitra; 


Deos  não  desampara  ingrato 
Quem  fiel  sempre  o  procura: 
Ouve  o  pobre;  e  n&o  consente 
Que  pereça  em  prisão  dura. 


(38)  QwMf«fft  exmudivii  paftpe 
rei  DominuMj  et  vinctci  êUO$  fwn 
deepexiL 


Louve  o  ceo,  a  terra,  os  mares, 
E  tudo  o  que  o  globo  encerra, 
O  Deos  que  aos  tristes  acode. 
Que  domina  os  ceos  e  a.  terra : 


(39)  Laudeni  illum  ceeli,  el  ter* 
ra:  mare^  et  omnia  reptilim  i» 
eiê  ; 


O  Deos  que  terá  cuidado 
De  Sião  e  de  seus  muros; 
Que  a  Judá  novas  cidades 
Dará,  e  asylos  seguros. 


(40)  QiiMJcm  Deuê  ««/vom/v- 
eiet  Sion^  et  adificabuniur  cirítã' 
te$  Jtida. 


Habitarão  lá  ditosos. 
Verificada  a  esperança. 
Esses  a  quem  Deos  entrega 
Sua  restaurada  herança. 


(41)  Etinhabihtèwtt  ièi\  etha- 
reditmte  mcfuirent  emn. 


Esta,  prosperando  fausta. 
De  filho  a  filho  passando, 
De  Deos  o  nome  supremo 
Irá  sempre  recordando. 


(4S)  Ei  iemen  tervcrum  ejue 
pouidetit  Mrm,  et  qm  diligunt 
ncmen  ejue^  habitobunt  in  ea. 


Os  que  em  sancto  amor  se  abrasam, 
Entoando  seus  louvores. 
Serão,  com  perpetua  gloria, 
De  seu  templo  habitadores. 


230 


PSALMO  LXIX. 


In  finem,  pialmus  David,  ín  re- 
memorationem,  quod  falvum  fe- 
cerit  eum  Dominut. 


(1)  Deut  in  ãdjntorium  meum 
iniende :  Domine  ãd  adjuvandum 
me  feiUnm. 


A$  palavras  e  a  musica  são  de  Uaeià. 


V 


BH«  Senhor,  em  meu  soccorro, 
Atlende  os  clamores  meus; 
Auxilia  meus  desígnios, 
N5o  te  demores,  roeu  Deos! 


(S)  Cúnfundãntur,  et  revereon- 
tur  qui  qwerwnt  animam  meam. 


Aparta,  confunde  os  impios, 
Volte  atraz  espaTorida 
A  turba  dos  que  procuram 
P6r  já  termo  á  minha  fida. 


(3)  AvertnntMr    retromvm    ei 
embeicatU,  qui  volunt  imihimala» 


Quem  se  ceva  nos  meus  males 
Retroceda,  meu  Senhor; 
Cubra-se-lhe  a  face  iniqea 
De  vergonhoso  rubor. 


(4)  Àvertantur,  tintim  trubeM- 
eentes^  qui  dieunl  mihi:  euge^ 
euge. 


De  mim  velozmente  fuja 
O  motejador  malvado; 
Em  seus  lábios  ínsoleoles 
Põe^  meu  Deos,  um  cadeado. 


(5)  Exfdtent,  et  ImtetUnr  in  te 
omnet  qui  qwerunJt  te^  et  dicant 
temper:  magnificetur  Dominuê , 
qui  diiigunt  smluife  tuum. 


Alegrem-se,  exultem  esses 
Que  a  ti  só  buscam  e  adoram 
Os  bens  que  de  ti  procedera» 
E  os  que  em  seus  hymnos  te  imploraD}* 


â31 


Soa  pobre,  soa  miseraTel; 
No  que  padeço  repara : 
Neste  deserto  em  que  choro 
Com  o  teu  favor  me  ampara. 


(6)  Ego  vnè  egem/tt  '<  ptntper 
$um :  Deu4  adjuva  me. 


Tu  vigoras  minhas  forças, 
És  o  meu  Libertador; 
O  meu  aperto  conheces, 
Nao  tardes,  n>o,  meu  Senhor! 


(7)  jédjvtar  meutj  et  lièeraUtr 
meu9  e$  tu :  Domine  ne  tnorerit. 


PSALMOLXX. 


N 


Pãdmo  de  David.» 


Xo  confundas,  meu  Deos,  perpetuamente 
A  esperança  que  sempre  em  ti  fundei: 

G>m  ternura  invoquei 
A  toa  protecção  nos  meus  perigos: 
Salva-me,  pSe^me  longe  d  mimigos. 


Pialmni  David. 


(1)  In  ie  Domino  tperatn^  non 
confundar  in  mtemum :  in  juoU- 
iim  tua  libera  me,  et  eripe  me. 


Inclioa-te  a  escutar  os  meus  clamores: 
Escolhe-me  um  lugar  fortiGcado 
Onde  eu  flque  abrigado: 
Pois  és  refugio  meu,  base  segura. 
Salva  piedoso  a  tua  creatura* 


(si)  Inclina  ad  me  aurem  iuam^ 
et  ealra  me. 

(3)  Eêto  mihi  in  Doum  prote* 
etorem,  et  in  loeum  mumtum :  ut 
M/mm  mefaeiao, 
(4)  Quomamjirmamentummeumt 
et  rejugium  meum  et  tu. 


Liberta-me  das  mios  dos  peccadores, 
Dessas  iníquas  gentes  aleivosas. 
Contra  a  lei  revoltosas; 
Já  que  desde  a  mais  tenra  mocidade 
Mioha  esperança  puz  na  tua  bondade. 


(5)  Deu8  metif,  eripe  me  de 
manu  peccatorít,  et  de  manu  eow 
tra  Ugem  ogentis,  et  inifui : 


(6)  Quoniam  tu  eopatientía  meo. 
Domine:  Domine ^  $pe$  mea  à 
Jttventute  mea. 


232 

(7)  In  te  eonjirmatuM  mm  ex   Ignoravli  a  existencia*  6  já  te  aiDa?â: 

uter» :  de  ventre  matri»  mea  tu    —,     ^         ,  ^  .     i  •  * 

eã  prêiector  meui.  Tu  Qo  scio  Riatcmo  mc  extrahiste; 

De  forças  revefflíste 
Meus  delicados  orgBos;  fui  crescendo, 
'    E  os  teus  doDS  com  ternura  agradecendo. 


(8)  In  te canfatio  mea  temper :   Progrediram  mous  días;  e  augmentaste 

tamquam  prodiginm  faetu»  ium 

Muiiit ;  et  tu  adjutorjortu.        De  tal  modo  das  graças  a  torrente, 

Que  olha  attooíta  a  gente 
Para  mim,  para  o  alto  domicilio 
Em  que  me  collocou  teu  forte  auxilio. 

(9)  Replemtur  ot  meum  iaude,     Aíllua  O  tCU  loUVOr  nOS  labioS  mCUS; 
ut  cantem  gloriam  tuam^  tota  dif    «»  t     •  rv  j 

magnitudinem  tuam,  Tua  gloria,  meu  Doos,  tua  grandeza, 

A  tua  fortaleza 
Augmenta  de  meu  canto  a  melodia: 
Que  pasmo  é  pois  que  eu  cante  noite  e  dia! 

(10)  Ne  proficiat  me  in  temph  Jô  bem  fraco,  jé  pulso  d'barpa  as  cordas: 

re  tenectutii,  cum  drfecerit  vir- 

tui  mea,  ne  dereiinqvaã  me.        Aleota  a  mmha  m9o;  bem  que  a  Telbice 

Números  desperdice,  ^ 

E  eu  sinta  desmaiar  do  estro  as  cores, 
Conforta-me,  pois  canto  os  teus  louvores. 


(II)  Quia  dixeritnt  inimici  mei   jnda  n9o  creío  as  pbrases  do  inimifio. 

mihi,  et  gui  euêtodiebant  ^animam  '  ^  ^ 

mi-am,     comilium'  feeerunt    in    Jodo  O  mCU  dcsalentO  espionaodo, 

'^'""*  Se  vSo  cruéis  jactando 

Que  chegaram  os  dias  de  perder-me; 
Que  velho  e  fraco  já  podem  veocer-me. 


(18)  Dicfnfen:  dereiiquiie^m:   «jj  Dcos  O  abandonou,  (dizem  Taidosos) 

pfrõequimini ,    et   comprehendite 

eum,  quia  non  cêt  qui  eripiat.      Nuo  tcm  já  qu6  cspcrar,  O  laço  armemos; 

£  se  neste  o  colhemos^ 


233 


Qoe  haoiana  força  poderá  livrá-lo» 
E  de  uossas  insidias  resgatá-lo?» 


Mas  ést  meu  Deos!  qual  foste  em  todo  o  tempo: 
Se  de  mim  te  suppoem  impios  distante, 

Mais  terno,  roais  constante. 
Mais  visinbo  de  mim  te  espero  e  sinto, 
E  dos  malvados  os  ardis  desminto. 


(13)  Deutf  ne  elangeriê  k  me^ 
Òemt  meu$^  m  muxilium  nuum 
respice. 


Cobre  severo,  cobre  de  vergonha 
Os  cruéis  detractores  do  meu  brio; 

Em  ti,  Senhor,  me  fio: 
Desafoguem  os  màos.  busquem  perder-me; 
N5o  temo,  certo  estou  que  has  de  valer-me. 


(14)  Confundãniur^  et  ÃffieiatU 
detrakente»  aninue  mem :  operion- 
íur  eõnfuifoiu  et  pudore  ^  qui 
çtiwmnt  tnala  mihi. 

(15)  Eff  nulem  temper  ep^fê- 
bo :  et  aéjieiãm  wper  omtum  Iam» 
dem  twan.  , 


Hei  de  ir  cantando  alegre  os  teus  louvores;     (i6)  Ot  mtum  ennwuitMi  jub- 

_,        ,'  .  .  íiiimm  tuam»   tota  dit  Mtdutute 

£m, desusado  metro,  novas  rimas,  tuwn. 

Aos  mais  remotos  climas 
Farei  constar  os  bens  que  me  outorgaste, 
E  como  o  afOicto  e  misero  salvaste. 


Arte  nfio  tenho  que  rastrée  o  assumpto; 
Porém  arde-me  em  fogo  o  pensamento, 

Quando  medito  e  intento 
Entoar  de  meus  hymnos  na  cadencia 
Tua  justiça,  tua  omnipotência. 


(17)  Qttonfam  non  eognmi  íit- 
termturam,  intr^iho  in  potrtUiaê 
Dominii  Domine,  metnornbor  juê* 
titim  tua  êoUuM. 


Digo  O  que  me  inspiraste  desde  a  aurora 
De  meus  dias,  meu  Deos:  d*alma  traslado 

O  cântico  entoado 
Que  me  nasce  do  bem  de  conhecer-te; 
E  jamais  cessarei  de  engrandecer-te. 


(18)  Dnt$  dêcuiiti  me  à  Ju* 
ventnte  mea,  rt  utqtie  nune  prê' 
nuntiabo  mirmbHia  tum. 


'   Hei  de  cantar- te  até  que  a  voz  me  falte;         (10)  Bt  uipte  tu  êencctam^  et 


234 

«efitf/m,  Deu8,  ne  dereiinptuÊ  Té  que  a  cbamma  do  estro  que  mmpelk 

Se  esfrie,  se  enregele: 
Alimenta,  Senhor,  os  meus  accentos, 
^  NSo  deises  apagar  meos  pensamentos. 

(so)  DonteatmunUembraehium  Sejam  meus  Tersos  monumento  eterno 
iura  ett.  Do  tou  podér ;  aos  séculos  iuturos, 

Contra  o  tempo  seguros, 
Do  teu  braço  os  portentos  annunciem, 
E  aos  vindouros  de  amor  puro  íoceadien. 


(£1)  Potentiam  tmm ,  Deui ,   Quem  como  tu,  meu  DeosT...  Os  Geos  attcstam, 

vtpte  in  aliitumtk^  qvm  feeitti 

magneiia:  Deut ,  qui$  timiUi  lim  magestosa  pompa  a  ^aturezs, 

.  A  tua  fortaleza : 

Nos  ânimos  dos  justos  resplandece 
A  luz  celeste,  que  te  reconhece. 


(C£)  Quffntoê  •zienduti  mihi  Quantas  tribuIaçOes  me  rodearam! 

iribulatume*  multat^  et  malas  t 

et  cúnrertut  vivificatti  me,  et  de   Com  quo  acorbos  pezares  mo  pro?aste  1 

abyuiM   terra  iterum  reduxitti  _.  n*   •     . 

nu.  Depois  me  alliviaste: 

Torna  a  vivificar-me;  o  antigo  fogo 
No  meu  peito  renova;  ouve  o  meu  rogo. 


(23)  MuitipUauH  magn^ficen-   Ah  Senhor!  do  quo  sostos  O  torroros 

tiam  tuam,  eV  convenuM  cmaola" 

tv8  eê  me,  Inda  8gora  me  sioto  acommettido ! 

Dissipa  commovido 
O  vapor  pestilento  que  nos  cerca; 
Faze  com  que  a  ínnocencia  se  dSo  perca. 


(«4)  Aam,  eiegoconfitebortibi  Vcrás,  Sonhor,  depois  como  mo  exalto; 

f*fi  va»U  ptaimi  verilattm  tuam : 

Veftt,  ptaiiam  tibi  incithara,   Com  que  modulações  teu  nomo  canto: 

iãnctuê  I$raet>  ^  •  ■      i 

Esquecido  do  pranto, 
.    Apenas  no  horizonte  aponte  o  dia 
Desbancarei  das  aves  a  harmonia. 


235 


O  Sancto  d 'Israel  a  toda  a  hora 
Celebrarei,  puhaodo  affooto  a  lyra; 

Aò  tecto  de  saphyra 
Chegarlo  minhas  Tozes  retumbaotest 
A  recrear  os  astros  scíntíllantes. 


(S5)  KmUflèwilfaMiiiM,  mm 
eàtUmaerú  Ubi^  et^nima  010,  pionà 
redePÊtêté, 


Que  nlo  direi,  Senhor,  quando  aterrados 
Vir  os  perjuros,  impios,  que  te  offeodem! 

Quando  as  tramas  que  empr'endem 
Desfizeres  potente  1  Jamais  rouca 
Cessará  de  louvar-te  a  minha  bocca. 


(C6)  Sed  et  lingua  meã  teta  die 
meditãtitíir  Juititimm  tuãm,  eum 
e9nfu9iy  et  retferiti  fuerint^  fui 
f ««rMiú  mela  miAi. 


PSALMO  LXXI.  W 


Psàlmo  sobre  Sátomoo. 


PMdmot  in  Salomonen.  (••) 


o 


PODÉE  de  julgar,  a  sapiência  (l)  Dem  judiewm  títum  Rf§i 

Concede  ao  Rei,  meu  DeosI  Prepara  o  filho   ^"'  etjy,tUiamt.amjUi.Regi.. 
A  reger  com  justiça  a  pobre  gente, 
Os  mansos  sem  ventura. 


Sobre  o  povo,  faminto  de  equidade, 
Se.  incline  magestoso  o  justo  sceptro; 
CoDÍorte  a  rectidão  os  desprovidos, 
Anime-os  a  esperança. 


(£)  Judicare  papulum  tnum  in 
Juititia^  et  pavpereê  tkot  in  Jvr 

di€i9. 


Levem  do  povo  as  vozes  té  aos  montes 
Os  applausos  da  paz;  trasborde  o  gosto 
Dos  corações,  e  suba  qual  enchente 
Dos  vades  aos  outeiros. 


(3)  Sttirípiant  montea  paeem  po- 
putêi  et  coUet  juêíttiam* 


(•)    Paraphri^ie  feila  em  6  de  Abril  de  1817.  —  (A  jáuetera-) 
(••)    Coo  vem  os  matt  sábios  que  neste  psalmo  predissera  Darid  o  relicissimo  reinado 
de  Salomfto,  que  era  uma  figura  do  espiritual  de  Jesus  Clvisto. 


236 

(4)  Jwiieêbu  ptmperet  p^ii.   Virá  salvar,  fazer  justiça  ás  gentes, 

€t  hvmiliabH  calumniaUrim.  O»  nlhoS  COnSOUr  doS  IDrellZeS; 

E  do  calumniador  a  cervls  dura 
Humilhará  puteote. 


(5)  Et  permanthil  eum  sole,  et    Em  quailtO  O  Sol  taiaf,  luzif  a  Lua, 
anfe  limam  in  genemlianem  *'«•••  i^         i  i 

generaiionem.  Suosistirá  seu  Dome;  lifto  oe  acciamá*io, 

De  geraçfto  em  geracfto*  passando. 
Os  últimos  viventes. 


(6)  Dctceudet  sicut  phwiB  in   Como  um  vcllo  do  lã  quo  ensops  chuva, 

veUui,  el  iteut  itiUictdta  itillan'  ^  ' 

lia  ivper  íerrum.  Como  as  gottas  quo  embebe  a  terra  secca, 

Provarão  seu  influxo  saudável 
Os  ânimos  das  gentes. 


(7)  OrUtur  in  diebus  ejut  jui-  Brotará  oos  sous  diss  a  justiça, 

titia,  vi  abvndantia  pacii,  dvnee  ■        «        •      i 

ãp/eratur  luna.  E  abundaucia  de  paz ;  permanecendo 

Qual  sereno  luar,  e  em  quanto  duram 
Os  muis  astros  accesos. 


(H)  Et  daminabiiur  à  mari  ««.  De  um  mar  a  outro  mar  terá  domínio; 

que  ad  maré,  et  aflumine  vtque 

»d  terminai  arbi*  terrarum.  E  dosdo  O  CSudaloSO  patrio  rÍO 

Aos  términos  da  terra,  com  império, 
Estenderá  seu  mando. 


(9)  Coram  iiio  proeident  jEihio-  Os  iusulsnos  mosmo  aute  seu  throuo 

pee,  et  iainúci  ejue  terram  lin-  i    ..      i  ■■  •      • 

gent.  Verá  prostrar,  beijando  o  cbão  submissos; 

As  barbaras  nações,  os  inimigos 
Assustará,  tremendo. 


(10)  Regeo  jharsiã,  et  intuim  Virío  OS  tnbutanos  Reis  das  índias 

ntunera   offerent:    Rtgee  Abra*  .•         «i.        j         .  j      a     l* 

hum,  el  Soba  dona  addueent,       Trazer-lbe  offrendas  ricas;  os  da  Araoiai 

£  os  de  Sabá,  trarão  dons  preciosos 
Que  adorações  indiquem. 


237 

Os  Reis  todos  da  terra,  os  Povos  todos 
O  servirão  gostosos;  pois  ^e  salta 
Do  poderoso  os  pobres,  que  nSo  tinham 
Amparo  algam  no  mundo: 


(11)  Et  mi0ra^unt  eum  mmm 
Mege$  ierrm :  omnen  gemUê  ier» 
tieni  ei : 

(IS)  Qui^  liberavit  pouperem 
à  poíente,  et  pmuperem,  tui  ma 
erat  mdjui0r» 


Pois  que  a  infelizes  coarcta  dissabores, 
£  derrama  nos  ânimos  oppressos 
Aromática  oncçdo,  que  os  cura  e  salva 
De  perpetuo  infortúnio. 


(13)  Pmrcet  pauperi  et  ifispi, 
€t  animoM  pauperwn  amlvêt  faciet. 


Vede  como  distingue  sabiamente 
A  verdade  dos  erros;  como  livra 
Da  iniquidade  e  usura  as  almas  puras, 
E  lhes  dá  oome  honroso! 


(14)  Ex  utttriê  ei  itupntata 
rtdUnêt  ãmnun  e^rnifi,  ei  homh 
rtMe  nêmen  eorum  coram  ilUt, 


Immortal  viverá:  a  Arábia  cria» 
Para  offertar-lhe  adornos,  ouro  puro: 
Os  humanos  o  adoram ;  todo  o  orbe 
O  seu  nome  abençoa. 


(15)  Et  Hoet,  et  dúàitnr  rí  de 
ÊUr9  ArMm%  et  adttrubunt  de 
ipee  eemper,  iota  die  benedieent 
ei. 


A  terra  com  vigor  produz  frumento 
Sobre  os  montes  hirsutos;  sobrepujam 
As  douradas  espigas  alterosas 

Altos  cedros  do  Libano. 


(16)  Et  erit  firmtmenti/m  (•) 
t»  terra  in  evmmiê  montittm,  «»- 
perextelletur  evper  Libantim  frw 
etuM  tjut,  etflarebunt  de  eívita" 
te,  tievt/emum  lerra. 


Nas  cidades  os  homens  opulentos 
Como  as  hervas  dos  prados  abastecem. 
Multiplicam ;  e  as  turbas  numerosas 
O  seu  nome  celebram. 


(•)  Haltei  dis,  que  nlo  é  de»propog|to  acreditar  qne  eitiTeite  Cfcripto/minaiiifiii,  e 
n%o  Jlrmamentum ,  eqnÍTooo  reconhecido  Umbem  por  Grocio  na  TenSo  doi  Seltenui.  No 
Hebreo  acha-ie  pugilluefrumenti,  e  oientido  re^  bem,  pugtVue  frumenti  ereeeel  til  eedrui 
lÀbani. 


238 

(17)  Sit  ntmen tfiu trneiuihm   Deos  immeRSoI  bemditto  sejas  sempre; 

in  ititHlt;  ttU»  Stitm  ftrmtmtt    n  <       .  .  , 

Rtfinen  rjut.  P*""  Mculos  tcu  oome  8  gtoXs  Mílte: 

.  Nome  que  aales  do  Sol  já  existia. 
Que  adora  o  Universo. 

<is)  Et  inedietnhr  fn  ifu   Por  elle  as  Iribus  todas  numerosas 

omnei  tribat  Urra:  «and  ««-    >i        -  ■      _  u  i. 

(ri  magn^bimt  mm.  Bençaos  rcceberlo;  a  elle  os  homeiu 

Hdo  de  gloriGcar  perpetuamente 
Com  incessanles  hjmDos. 

<i9)  BmtiidmVtmtnmDtM*  Seja  O  Deos  d'Israel  sempre  louvsdo; 

IirmH,  fui/acit  tniraUUm  mIm.     n  <?      i.  ,  '  .        i  -n 

U  senttor  que  é  o  anctor  dos  marovilb» 
Que  os  ceot  e  a  terra  ostentam,  com  qne  pwnan 
As  suBS  creaturas! 


(to)  Et  bfiteilicivm  namn  ma-   Cheío  O  glubo  ds  SU8  tnagcstade. 

jrtIatU  fj«l  n  ttlernum,  et  rt.  ,,. 

píeUiur  majetiate  ^tu ,  amnii   l>o  seu  Dome  sublime,  com  temiva 
terra:  fiai,  fiat.  ^^^^  lempPB  0  bemdiga  [  Amen,  Ameo, 

Cantem  Anjos,  e  homens. 


(SI)  DrfretmHt  lauiti  Darié   Aqui  fallece  a  voz  mesmo  ao  Propbcta: 
O  filbo  de  Jessé,  o  Cantor  Régio 
Aos  mais  seres  entrega  enternecido 
A  cilhara  inspirada. 


FIM  BO  LITRO  II. 


LIVRO  III. 


DOS 


PSALMOS. 


PSALMO  LXXII. 


A  poesia  i  de  Àsaj^. 


A, 


lOS  que  tem  coraçOes  6eia  e  rectos 
Quaoto  Deos  é  benigno!  como  acode 

Ao  povo  d'l3rael  [... 
Comtiulo  vacillei ;  suster  apenas 
Pude  meus  pés;  e  via-me  }h  perto 
D'escorregsr  em  chBo  solido  e  certo. 


MioaTa-me  um  cíume  desmedido 

Ao  ver  constante  a  paz  dos  peccadores; 

Florentes  e  robustos, 
SSos  na  vida,  peciGcos  na  morte, 
De  honras  cercados,  gostos  e  ventura; 
E  se  os  assalta  a  dor  pouco  lhes  duro. 


242 

(5)  In  labore  fiêminumnêntunt,    DpS  pCDSOeS  COm  que  geme  8  natUTCZa 
ela,«lu,^nítusnonflageMun.    p^^^  ^^^  ^^  ^^^^  .^^  j^^^. 

Seus  inimigos  tremem» 
Prosperam  sdbrc  a  terra  seus  projectos: 
Se  navegam  com  outros  que  naufragam. 

Sempre  encontram  alguns  que  ao  porto  os  tragam. 

(fí)  ideú  tettuii  eêi  tuperhiã ,   Por  ISSO  de  soborba  recheados, 

operti  8tttU  tnigviinte^  et  «ffUr/r-    ^  «  «•••is  ... 

íãii  «iM.  Cobrem  de  miquidade  seus  desígnios; 

Para  o  termo  nio  olham, 
Impiamente  descancam  noa  seus  crimes; 
Caminham  com  jactância  na  impiedade, 
Seus  ânimos  deleitam  na  maldade. 

(7)  Pr9diH  çfttui  ez  mdipe  t«/-   Quo  flóridos  somblantos!  Com  que  brio 
feeium  eordi9.  Ostoutam  8  sauGo  I  As  rosoas  laces 

Jamais  na  dor  descoram ; 
Brilham  seus  olhos  de  um  risonho  agrado: 
Mas  que  pasmo?  se  quanto  desejaram 
De  uma  fortuna  docil  alcançaram?... 

(«)  Câ^iíapetmi,  M  tòeuii  mu  Pensam ;  e  som  tardar,  da  lii^a  aolta 
^iSr'"''""*'*'"'''''''^  Saem  conjecturas  màs,  calumoias,  dote») 

Do  lugar  eminente 
Em  que  a  sorti  oa  colloca,  distribuem 
Rios  d'inrqaidade  e  de  torpeta 
Com  que  idtrajam  a»  leis  da  natureta. 

(9)  pot^íêrmtmtmiumêiiumn,  NSo  se  contentam  de  oSbnder  os  homenSf 

A  impara  bocca  eoMra  o  Coo  conspiri ; 

Nem  a  Deos  que  o  tolera 
Poupa  o  malvado:  os  justos  estitmecett # 
Prosperar  Vêem,  com  dor,  da  aleivosiâ 
Sempre  serena  o  noite/  claro  o  dia. 


243 

O  povor suspirando,  entlo  exclama: 
« É  possível  que  Dcos  saiba  e  despreze 

Tantos  erros  felixes! 
É  possiyel  que  soffra  indilTereote 
Ooe  o  bem,  de  que  é  auctor  com  gloria  immdnsa, 
Neste  mundo  a  malvados  só  pertença?» 

Também  comigo  disse,  sem  motivo: 
«Meu  coração  é  puro;  venaes  prémios 
Hinbas  mSos  nlo  mancharam : 
Qual  é  a  recompensa?  se  os  pezares 
Uns  a  outros  me  seguem,  me  laceram, 
E  noite  e  dia  ai%ustias  me  exasperam?» 

A  que  extremo  latal  me  reduzinim 
Taes  pensamentos!  ía  já  largando 

O  caminho  acertado, 
Cançado  de  soflfrer;  bem  que  opprimido 
Visse  o  povo  infeliz,  ia  deixá-lo, 
£  á  sorte  que  tivesse  abandoná-lo. 

Mas  neste  enleio,  percebi,  gemendo, 
Que  havia  aqui  mysterio  impenetrável 

A  meus  fracos  sentidos; 
Que  em  vfis  cogitações  me  confundia ; 
Que  era  sublime  o  enigma  que  buscava ; 
Que  de  mim  mesmo  em  vBo  me  confiava. 

Entrei  entto  no  Sanctuarío  augusto. 
Recorri  ao  meu  Deos,  luzes  pedindo 

Ao  sen  saber  profundo: 
De  meus  erros  a  nuvem  díssipou-se 
Ao  Tcr  qual  era  o  termo  dos  malvados, 
Era  que  abysmo  os  lançavam  seus  peccados. 

Tomo  VI. 


(10)  Uto  cênvertetvr  púptduM 
meu4  Me,  et  diee  pleni  inveitien- 
íur  in  eis, 

(11)  Et  dixenmt:  ptomoéú  aeit 
Deus?  et  Mi  eat  tcieniia  in  ex- 
celso  / 

(18)  Eece  ipii  peeeaiúree^  êt 
abundantes  insaculo  oHinuerunt 
divitius. 


(13)  Et  dixi:  ergo  sine  emisa 
justifieaH  cor  meum,  et  Iwri  in^ 
ter  innoetnies  numue  meãs : 


(14)  Et/uiflaçellaíustoiãdie, 
et  cnstigatio  mea  in  nmtutiais. 


(15)  Si  áUeèrnn : 
ioee  tÊãtiênemJU< 
proonoi- 


nmrrúbo  sie; 
ÍMorum  re» 


(16)  BxiêHmítèãm,  uteôgnêsee- 
rem  hoe;  iaòor  eotante  me. 


(17)  Dmiee  lufr*»  •»  nmotuã- 
num  Dei,  HinÊoUignm  in  noois-' 
simis  eorum. 


16 


244 

(18)  rerumiamen  projíter  dêh»  Na  verdade,  que  importa  que  vaidosos 

pesuigti  ei»t  dejeciati  eos,  dum    «.«  ,.  a     i>  i    • 

niievarentvr.  Na  escorrediça  área  labricassein 

Pomposos  edificios? 
Qaanto  mais  se  levantam,  mais  depressa, 
Meu  Deos,  os  precipitas!  Que  é  do  fausto! 
Dissipou-se,  cahio  por  terra  exhausto. 


(19)  Qumnodofaeíi  sunt  in  de-  Oode  estfio  csses  moDStros  giganlesoos, 

selationem?   súbito   de/ecerunt^  ,  ^ 

perierurU    propter     imquitatem    IdoloS  qUO  ioda  ha  pOUCO  86  iuVOCavam? 

Na  adiccdo  derrubado», 


Desfalleceram  súbito;  parece 

Que  os  iuiquos  jamais  á  luz  vieram. 

Ou  qual  exbalaçSo  desappar'ceram. 


(i2o)  reiui  tonmium  surgen-  G)mo  de  quom  desperta  foge  um  soube, 

Hum,    Dvmine,    iu  eivitate  tuã  ,  j  j     • 

imaginem   iptorum   ad  niMlum    ASSim,  mOU  DcoS,  80  nada  rcduZlSte 
rediges^  -rv       •       • 

Dos  ímpios  a  memona: 
Onde  estio? — Pereceram.  NSo  existe 
Mausoléo,  monumento,  insígnia,  fastos. 
Que  revele  ao  por-vir  seus  nomes  gastos. 

(SI)  Qtita  inflammatum  est  cor  Tranquillo  já  rcspiro,  O  já  doparo 

meum^  et  renes  mei  eommuiãti  , 

9unt:  et  ego  od  nihiium  redaetuÊ  Co  8  oscoudida  vordado;  meus  probleioas 

sum,  et  nfMirt. ,  vf   «    i  ■ 

Já  todos  se  resolvem: 
Minba  bumilde  ignorância  reconbeco; 
Só  começo  a  saber  que  não  sou  nada 
Perante  a  Sapiência  illimitada. 

(28)  m  jumenium  feetut  tf/m  Sou  bruto,  SOU  ímbécil,  nada  entendo 

opud  te,  et  ego  eemper  tecum,        ^    ^  •.       .      ^.    ^  f 

Se  Deos  nfto  me  allumia.  Oh  Deos  supremo i 

Tu  mesmo  me  dirige: 
Gomtigo  quero  unir-me;  amor  ardente 
Me  abraze  o  coração,  que  a  amar-te  aspira^ 
Que  só  por  ti,  meu  Creador,  suspira. 


245 


Pela  mSo  me  pegaste,  e  nestas  brenhas 
De  humanas  confosões  me  vais  levando; 

Meus  passos  encaminhas« 
De  ti  nlo  me  separo :  e  que  mais  posso 
Âppetecer  do  Geo,  que  tanto  encerra, 
Ou  desejar  com  anciã  cá  na  terra? 


(S3)  TemUtti  mantsm  dexieram 
meam,  et  in  vêluntate  tua  dedu» 
xi»ti  me,  et  efim  gloria  iueeepie» 
ti  me. 

(t4)  QaUenimwtihiêÊtimeeM 
et  à  te  ptid  mdui  tuper  terram  f 


mea  Deui  in  letemum. 


Quando  penso,   meu  DeOS,   qu'  inda  distante      (S5)  De/eeU  cara  mea,  et  e§r 
«,.        ji     ^ .        .1        1         1     <•  II  maum  Deus :  eardii  mei,  et  pare 

YiYO  de  tt,  mmba  alma  desfallece:  - 

Suave,  unico  alento 
Deste  meu  coraçSo!  ah!  quando,  quando 
Hei  de  comigo  em  doce  laço  unir-te? 
Hei  de  perpetuamente  possuir-te? 


Quem  de  ti  se  separa,  á  morte  corre: 
Castiga,  pune  os  loucos  que  te  deixam, 

4 

E  que  a  fé  te  quebrantam. 
Eu  comtigo  andarei  unido  sempre; 
Seguro  vou,  seguir-te  nlo  me  cança; 
Só  tu  jamais  confundes  a  esperança. 


(to)  Quia  eeee  qui  elangant  te 
à  te,  perièuni :  perdidieti  omnes 
qui  Jèmieantur  abe  te. 


(S7)  Mihi  autem  adhmrere  Dea 
binmm  est:  poaere  in  Domina 
Dea  êpem  meam : 


Assim  cantando  irei  por  toda  a  parte. 
Com  a  lyra  na  mHo,  os  teus  louvores: 

Vou  fabricando  os  hjmnos 
Que  as  tuas  misericórdias  annunciem; 
E  repitam-nos  coros  d^alegria 
Donde  nasce  até  onde  acaba  o  dia. 


(SB)  Ut  annuntiem  amnee  pref 
dieaiiane»  tuas  in  partis  jfUte 
Sian. 


24G 


PSALMO  LXXIII. 

InteUeetut  Aiaph.  CkífIÇOO  de  AsOfh^ 

(1)  Vt  quid,  Deiig,  repuliili    AsSIM  DOS  abandoOSS,  1)608  ífido? 
inhnemt  iratut  ett  furor  tuia  rw  il  *. 

svper  ovet  paione  twef  Qnàes  ovelhas  erraotes. 

Sem  coodactor,  sem  pasto,  em  sitio  estranho 
Ta  deixas  sem  aprisco  o  tea  rebanho? 


(«)  Memor  esto  eongregaitonio    ReCOrda*te  que  SOmOfi  O  teU  pOTO; 
tuWf  quanè  potseáisH  ab  inUio. 

Bem  que  misero,  afflícto, 
O  mesmo  poTo  somos  que  escolheste, 
Que  desde  aD|igos  dias  soccorreste. 

(3)  itedemistí  virgam  hmredu  Os  canpos  deieitosos,  que  hoje  fomos 

iatii  tua :  tnom  Sion,  tfi  qito  ha-  tw  i        •        ■ 

òitagti  in  eo.  Derrotados,  incultos. 

Para  nós  como  herança  conquistaste, 
E  em  Sião  ameníssimo  habitaste. 


Este,  Senhor,  é  o  monte  deleitoso 

Onde  tu  residias; 
Á  tua  gloria  outr'ora  consagrado, 
Hoje  calvo,  e  de  adorno  despojado. 

(4)  Leva  mmu9  tuas  m  super-   Lcvanta  O  braço  contra  06  insolentes 

bios  torum  iajinem :  quanta  mO'  •    ^  u     u       «     *       i»   ^ 

lignatus  est  inimicus  in  soneto!  VÍOC  SUOerbOS  te  mSUItam; 

Repara  com  que  arrojo  temerário 
Vem  profanar  sem  pejo  o  Sanctuario. 

(5)  Et  gioriati  sunt,  çui  ode-   Âllí  no  templo  mosmo  em  que  te  booráinos 

runti  te,   in  media  solemnitatis  „  ^        ■%         . 

tine!  Se  prezam  de  odear-te; 

•  Interrompem  solemnes  sacrifícios, 

Fazendo  pompa  e  gala  de  seus  vícios. 


247 

Sobre  o  alto  do  teinplo  tropheos  erguem 

Como  em  publica  estrada; 
Das  victerias  uboos  e  vaidosos* 
Redobram  õs  uUrages  aleivosos. 


(6)  Po$mrunt  »igna  «i/a,  ii- 
exitu  super  ãwmnnuH, 


Parece  que  com  fouc^  a  machados 

Freixos»  olmos  abatem; 
E  por  6m  «io  por  (em  espeda«idas 
Do  Saoctoario  as  portas  derrubadas. 


(7)  Quaii  ii^  $iha  iignorum  tr- 
euriUms  €í(ftíiiennU  jtuuuu  éju*  in 
idiptum :  in  $ecuri^  et  u$çim  «fc- 
jecertnU  eam. 


Começa  a  fumegar,  e  aos  ceos  s  eleva 

Um  turbilhão  de  fumo; 
O  sitio  onàa  exaltávamos  teu  non^e 
No  mais  veras  ioeendio  se  consome. 


(8)  ImeeHdertmt  igni  sanciva* 
rium  tuum :  in  ierra  polluerunt 
iaòemaeulum  nmiwtii  hti. 


Ouve,  ó  meu  Dees,  dos  impios  as  blasphem 

Uns  aos  outros  diíeodo: 
«O  NimiOD  de  brad  oto  mais  se  adore. 
Nem  nos  dias  (estivos  mais  se  implore.» 


^  (0)  DiserwU  in  €»rdê  tw  co- 
pí$ati0  eorum  9imyl:  fuienere 
faeiamus  omnet  diet  feHot  Dei 
à  Ierra, 


Qb  meu  Deos!  que  ousertal  que  desgncat 

Quem  pikle  coosolar**nos? 
Que  é  feito  dos  prodígios  de  algum  dia? 
Já  propbetas  uio  ha  como  os  que  havia ! 

Nâo  ba  quem  nos  console,  quem,  rompendo 

Densos  vAos  do  futuro. 
Com  divina  visilo  saiba  de  eerto 
Se  o  fim  de  ooasas  magoas  está  perto. 


( 10)  £^M  MH^m  non  vidimue, 
coffMMcet  ampliut. 


Até  quando,  Seiíbor,  ba  de  o  inimigo 

Improperar  teu  nome? 
Soltar  da  immunda  língua  infames  vozes, 
Blasphemias  contra  ti  as  mais  atrozes? 


(U)  UtiiUêf$/9t  Deui^   imprth 
perubit  inimiçu»  f  irritai  adwer- 

ê4iriu9  nomen  tuum  infinemí 


248 

(18)  m  quii  aperti*  »umum  Tira  do  8eio  a  mao  que  tens  immovel, 
Ír:;?,:'«í:t5rir'  "  "^  Que  comen»  ociosa; 

(13)  Deuê  auiem  Rex  nosíer  NSo  és  O  eteroo  Deos,  O  Rei  sublimc 

ante  sweula,  operatus  est  ãoltUem      .    ^  •       « 

im  médio  terra,  AdIc  quem  esmorece  e  geme  o  crimeT 

(14)  Tu  confirmoiti  in  virtn-   Nlo  és  qucDi  D  outro  tcmpo  encheste  a  tem 

te  ttfa  maré.  c&ntribuloBti  capitã  .^k,  .  ..  » 

draeonfim  in  oquiB,  D  espantosos  milagres? 

Quem,  8ó  para  salvar-nos,  reprimiste 
A  fúria  do  Dragão,  que  submergiste? 

Dividistes  o  mar,  e  o  coodeosaste 

A  favor  do  teu  povo; 
Dissolvestes  as  aguas  de  repeotCt 
E  nellas  abysmaste  a  iuiqua  gente. 

(15)  Tu  confregitti  capita  âra-    Qs  iuSOpultOS  COrpOS  déstO  Om  présa 

%Thicpfm^''^ '*"" '''"^ ^^'"  ^  fera*  d*  Ethiopia ; 

E  os  thesouros,  que  á  praia  ondas  regeitaot 

Árabes  pescadores  aproveitam. 

(16)  Tm  dimpitti  /aiUe$ ,  et  Quom  sonSo  tu,  mou  Deos,  fez  de  um  rochedo 

tarrentet  :    tu    siecatti    1tuvÍ9i  ni.ii.         i        «r     a^4 

jBí/i<w4(0.  Borbulhar  clara  fonte? 

Quem  reprimio  do  mar  a  grossa  enchente, 
Seccou  do  rio  a  rápida  corrente? 

(17)  Tuu9  est  dies,  et  tua  est  Tudo  pódos,  Senhori  tu  soparasto 

Tsi;^.-^'"'"'  "  '"'^'  Da  noite  o  claro  dia ; 

Para  nosso  conforto  generoso 
Fabricastes  a  Aurora  e  o  Sol  lustroso. 

X 

(18)  Tu/íeiM  ornitet  urminot  Que  porteotosas  obras  dHo  revestem 
Sr"**"'  "  '"■  '"  '*'*■  A  terra  que  pisamod ! 

I 

(•)    Em  ?âo  se  buscará  este  rio  Ethan:  é  um  nome  adjectivo  que  denota  Mfii^' 

lu  siceasti  Jluvios  rapides» 

(Mallei.) 


249 

Do  Âustro  ao  Boreas  tudo  corresponde, 
Desde  onde  luz  té  onde  o  Sol  8'esconde. 


Tanto  podes,  Senhor!  e  nlo  te  lembras 

Da  tua  sapiência? 
Do  teu  poder?  aos  impios  perdoando, 
Qaando  estão  do  teu  nome  blaspbemando ! 


(19)  Memêr  e$iê  hujui  :  ini- 
mku9  imj^êpermfit  Dmmno,  et 
popÊdui  iiãifiena  intíUmt  nomen 
iuum. 


Ah!  que  Tario  de  nós,  se  tanto  insultam 

A  Magestade  immensa? 
A  monstros  taes,  Senbor,  nSo  nos  entregues,  ^'^' 
Nem  teu  auxilio  a  nós  miseros  negues. 


(to)  Nê  truiãM  keãtiis  mUmas 
eanJíteiUei  tiòi,  et  aninuít  pavpe- 
rum  tvorum  ne  MioUearie   im 


Não  t*esqueça  a  alliança  com  que  bonraste 

Nossos  progenitores. 
Somos  no  mundo  a  mais  bumilde  gente. 
Sem  que  a  nossa  abjecção  impios  contente ! 

Nao  Ibes  basta  o  martyrio  em  que  YÍTemos, 

De  perversos  cercados? 
Faze  cessar,  Senbor,  nosso  tormento; 
Ouve  do  pobre  o  misero  lamento. 


(fli)  Re9piee  In  iettamentum 
fMnn,  qmm  repleii  twiif,  qui  oè- 
êeurãti  tttnt  terras  domibus  im- 
pntãium. 


(ffi)  Ne  ttvertatur  kumilie  faC' 
tui  w^fnêUÊ^  pmiper,  et  inopt  tau- 
diàunt  nomen  tuum. 


No  recôndito  seio  da  amargura. 

Somos  só  quem  te  louva ; 
Quem  no  abysmo  da  dor  e  da  tristeza 
Exalta  o  nome  teu,  tua  grandeza. 


Surge,  ó  Senbor  \  e  julga  a  causa  tua ; 

'  Vinga  tantos  ultrages ; 
k  continua  loucura  que  te  offende 
Consome,  pune,  os  raios  teus  accende. 


(S3)  Exturge^  Deu»  ^  Judiea 
cauemn  iumn :  memar  e$to  impro' 
periorvm  tuarum,  eorum^  qum  mó 
intipiente  êunt  tola  die. 


Do  quem  te  od£a  ás  vozes  temerárias 


(S4)  Ne  oblitUearii  voceo  ini- 


250 


mieorum  tu9rmn:  tuperhim  earum  FmréB  ín06Q8Ível  ? 

'-  "  •"™^'  '"*^*  "^    A  SDberb*  dos  inpio*.  «  jacUncia 

.  Opporás  sioiplesmeote  a  tolerância? 


PSALMO  LXXIV. 

iD  ancm  09  corrampM  Pkaimiif     A  poeiia  é  dê  An^f  a  muHca  é  do  metíre 
Ataph  caniici.  ^  Tawhath. 

(1)  CaufiteUmur  íiòi ,  Devt ,   jl  VISTA  da  grandeiB  desse  dia 
men  ínum.  Quo  tw9  altq^  oecretoi  avisioh»iD, 

Meu  DeoB,  celebrarenm 
Teu  poder  «em  limite: 
Os  íoiiumeros  seres  reverentes 
Hlo  de  oSertar-te  os  bymnos  seus  cadentes. 

(8)  NurraUmuã  mirabiiim  iva :   Gom  que  estroodosa  voi  soa  em  mioha  alma 

eum  ãceepero  íemmts,  egê  Juãti'      .  ■  ■•        •       w 

tiês  judieãbo.  A  resposta  siihuma  l...  Deos  severo 

Deste  modo  replica: 
«Quando  chegar  o  tempo, 

As  portas  abriraí  da  Eternidade; 

O  mundo  julgarei  eom  equidade. 

(3)  lÀquefÊciã  e»t  terruy  et   «Sou  quom  desb^o  a  terra  n'am  mooMotOt 

omnes  qui  haòilênt  in  eu:   ego  «•      ■  «    ■  • 

eanfirmuoi  eriumuãi  ejuê.  Quem  posso  dissolvor  quantos  habitam 

A  iuperficíe  delia; 
Sei  reparar  aeua  males, 
G>lumnatas  eteroas  levantando. 
Que  a  vlo  entre  ruioas  amparando. 
* 

(4)  tHtiiHífHi9:  nêiutini^è  «Caoçado  de  soffrer»  exckmei — bastai 


251 


Di96e  ao»  ioiquos:^*- Cessa  a  ÍDÍquidade; 

A  freote,  presumido^t 

Nio  realcei»  aodazea; 
Nio  vades  roÍDba  cólera  excitaodot 
Nem  coDtra  Deos  sacrílegos  fallando. 


(5)  NoUtê  exMlere  i«  altum 
emrmu  veêírum:  nQliíeUqui  advev' 
ttit  Deum  impUMêm. 


«NBo  tos  lembra,  infiéis»  qae  nada  escapa 
Á  samma  intelligeocia  ?  Qoe  oas  giutas* 

Nas  montanhas  desertas. 

Tudo  infestigo  e  vejo? 
Que,  supremo  Juiz,  dBo  ha  recanto 
Que  voa  encubra?  e  todo  o  véo  levanto? 


(S)  Quiã  nepiêjib  êrienie,  ne- 
que  ãiõceidenle,  mepit  àdtêertiê 
mmUièw :  fumiimn  DetiB  judex 
eií. 


«Do  oriente  até  onde  o  sol  s'esconde. 
Do  norte  ao  meio-dia,  manifestos 

Da  multidão  dos  seres 

Me  são  os  pensamentos: 
Preparo  ao  justo  o  premio  que  elle  alcança; 
Dos  mios  confundo  a  creduk  esperaoça* 


«Uns  humilho  Irritado,  outros  exalto; 

Tenho  na  mSo  dois  vasos  diíferentes: 
Um  de  licor  suave, 
Outro  amargo^  empestado : 

Ora  aquelle,  ora  este  derramando, 

O  que  merece  a  cada  qual  vou  dando, 

d  Inexbaustas  as  feies  peçonhentas 
No  vaso  vingador  reservo  aos  impios 
Que  a  terra  profanaram 
Por  inauditos  crioies : 
Soltando  justiceiro  meus  rigores, 
Fartarei  de  amargura  os  peccadores.  d 


(7)  Hune  humilimit  ethune  «r- 
vim  meri  fknui  mixt§. 


(8)  Et  inelinmvH  ex  hoc  in  húc^ 
vêmmtamen  fax  ejuê  non  eií 
eximtniÊm :  blUni  êimuã  peecêlo» 
reê  têfrm* 


252 

(9)  Ego  mOem  anmmiiúhú  fn  Senfaorl  aonuDciareí  ao  mundo,  és  gentes, 

Yoies  taes;  com  sublime  entbusiasmo 

(10)  Et  omniu  comum  feteatô-  ÂSSUStareí  pervcrSOS. 

rum  confringmm,  et  exaltmbuntur  ^  ,^ 

€9muãju9ti.  Cumpre  as  altas  promessas; 

Abate  os  máos,  exalta  os  virtuosos: 
Cantarei  teus  juizos  assombrosos. 

Ajudai-me  a  cantar,  Coros  celestes» 
Do  Numen  de  Jacob  as  maravilhas; 
Os  ceos,  a  terra  attonitos, 
Conhecerão  submissos 
Como  a  lei  do  Senhor  fica  immutavel, 
Quanto  a  sua  justiça  é  formidável. 


PSALMO  LXXV. 

In  finem  in  laudibui,  Pnimos       A  poeriã  é  de  Asaphf  a  musica  é  do  mêsíre 

Asaph,  canticum.  j^  Neghinoth. 

(1)  NútuM  in  Judoã  Deus,  in  liOMO  é  Deos  couhecido  na  Judéa  l 

Como  Israel  seu  grande  nome  escuta 
Submisso,  reverente  1 
O  povo  enternecido 
(S)  Eí/metus  êãt  in  pãee  toeuM  Teme,  adora  o  Senhor:  com  mais  assombro 

éjui,  et  habitutio  ejus  in  Sion.        „     ^  _.  ,     ._ 

Na  formosa  SiSo  o  glonnca, 

Na  sede  que  escolheo  e  sanctifica. 

(3)  JH  ew/regit  patentiãi  «r-   Alli  dSo  fé  maior  OS  sous  prodigios ; 

euum^  icutmm^  glãdiumy  et  bel"    -^y.  .     .  , 

lum.  D  mimigos  potentes  quebra  os  arcos, 

Despedaça  os  escudos; 
As  mais  robustas  lanças 
Espalha  esmigalhadas  sobre  a  terra: 


253 

Das  cohortes  suspende  os  movimentos, 
Paralysa  da  guerra  os  iostrumeutos. 


No  Tertice  dos  montes  quSo  terrivel 
Te  mostraste*  meu  Deos!  quio  poderoso 

Aos  fortes,  aos  suberbos! 

Stupefactos  admiram 
As  vingadoras  leis  a  que  os  sujeitas; 
O  ameaço  insculpido  em  teu  semblante. 
Em  tuas  mios  a  espada  fulminante. 


(4)  JUwninant  tu  nUrabilíterà 
nmniibus  letemis:  turègti  ftmi 
ãmnei  inuipiente»  eoráe. 


Dormiam  descançados,  presumidos, 
Na  mais  fatal  e  stulta  segurança; 

Se  assustados  despertam, 

A  fraqueza  os  aterra, 
Todo  o  antigo  valor  os  desampara; 
Nio  acham  já  nas  mBos  coro  que  resistam, 
Nem  animo  nem  forças  que  lhe  assistam. 


(6)  Dormienmt  túmmim  «utim, 
êt  nihil  invenerunt  ^mnes  viri 
éivitímntm  in  numibuã  ttfit. 


Deos  de  Jacob!  assim  que  os  increpaste. 
Esses  altivos,  que  em  corcéis  suberbos 

Campeavam  nas  praças, 

Fracos,  desfallecidos 
Por  terra  n'um  lethargo  se  prostraram. 
Quem  ba  de  resistir-te,  Deos  terrivel, 
Se  soltas  teu  furor  inexbaurivel  ? 


(6)  jik  incriptUiêne  tum,  Deu$ 
Jaeáb^  dêrmUavervni^  pii  tuetn- 
derunt  epioê. 


(7)  Tu  ierribait  et,  êtptiã  re» 
HêUt  Mi  t  ex  tune  irm  tua. 


Quando  se  ouvio  do  Ceo  que  já  marchavas        W  De  wh  mutitum  fieiiti  ju- 

,  iieium;  Urrm  tremmt^  et  piteeit^ 

A  vingar-te,  tremeo  confusa  a  terra. 
Parou  stupefacta: 

Emmudeceo  o  ether,  (9)  Cumexiutgeret  inJuHeium 

/^     .         ,     j  IP    .       Deu9,  ui  tãhoê  fiKtret  Mfuirf 

Contemplando,  com  pasmo,  com  que  affecto  mmuuetot  terrm. 
Salvas  06  bons,  com  que  vigor  tremendo  . 
Contra  os  máos  das  espheras  vens  descendo* 


5254 

(10)  Quoniam  €9ffitãtio  hominiê  Quem  raflectÍT  dtt  gwte  depravada 

eúnfitrbitur  Ubi :  et  relíquias  eo*    ^.j  ..   .^-^         «  * 

gitationiÈ  diem fettím ngentjibi.   «as  cogitaçoes  perbdas  6  crtmes, 

Tirará  argumento 
Para  com  ardor  novo 
Te  louvar,  oH  meu  Deos !  seus  pensamenUN 
Terão  só  por  objecto  celebrar-te, 
E  com  dias  festivos  sempre  hpnrar-te. 

(11)  Vm>eie^  et  reddite  Dêmi-  Con6ai,  ó  moTtaesl  Se  as  tempestades 

no  Deo  vestro,  omnet  gui  in  eit'     -,  i.      •        »  •   j 

cuitu  ejuê  iffertiê  munera.  Com  reliqoias  oas  nuvens  roda  assastam ; 

Se  as  ondas  empoladas 
Inda  o  terreno  inundam; 
Quem  é  Senhor  das  nuvens  e  dos  marei, 
Quem  poz  ao  seu  furor  outr'ora  um  freio, 
Para  domar-lb'  a  fúria  ba  de  acbar  meio. 


(lí)  TerHkiU,  et  ei  qui  a^fert  Aos  tVTamios  teTTíveU  Deos  Comprime 

e^riíum    PHneipum ,     terribili    1.        .!   .      , 

afud  regei  terrm.  Dos  Roís  da  lerra  OS  impetos  ferozes; 

o  espirito  lhes  doma: 
Abaixa»  humilha  oa  Grandest 
Da  ambicfio  lhes  confunde  os  vKoa  projectoi; 
E  n'um  instante  sopra  e  desvanece 
Os  fumos  que  a  vaidade  Ih'  encarece. 


PSALMO  LXXVI. 


In  finem  pro  idithun,  ptaimui     A  musica  i  de  IdilkMf  ã  poesia  é  de  Ât^* 

Asaph. 

(1)  Foce  meã  adDomimm  ek-    UbvORADO  de  peoaS,  e  damaodo 
nuÊoi^  você  mea  od  Deum,  ^Mn*    _       -^  _^ 

tendit  ifiiAi.  Por  Doos  qué  me  socorra,  Deos  ouvio-me; 

E  me  ibi  na  amargura  confortando. 


255 


lovocaodo  o  Sedhor,  as  mios  leunto 

No  silencio  da  noite  maia  ot»cw« ; 

E  nem  tneoa  ais  se  frastrami  nefln  meu  pranto.  '^'''"'- 


(«)  /•  éê€  triMãiimiã  nua 
naete  eouíra  ewn:   et  non  sum 


Minha  alma  consolar-^se  nBo  sabia; 
Mas  lembrado  de  Deos^  e  meditando» 
Em  suave  deleite  me  perdia. 


(S)  RemnHêotuêUrimUmãmem, 
menmrfui  Deé^  ti  dêkútÊÍHB  t tiM« 
ei  exereiUituM  swm^  Hátfêcit  9pi* 
riius  meus. 


Os  meus  olfaoa  abertos  preveniam 
A  matutina  lux;  porém»  turbado. 
De  meus  lábios  as  votes  nHo 


(4)  Âtêtíeiptpamni  tiffiliaê  ecu- 
H  meif  iutbtui  9wn^  ti  nmk  êum 
Ucuíuê, 


Pensava  noa  milagres  que  fizeram 

Esses  dias  antigos,  t8o  ramosos» 

E  nos  annos  eternos  que  se  esporam : 


(6)  C§9iimH  éi€9  mUi^wm^  it 


EnUo  meu  coraf8o  examinava ; 
Ponderava  meus  erros;  e  com  magoa» 
Assustado,  nas  trevas,  me  accusava. 


(0)  BiWêeHêãhiê  ttmnêeti  €Uin 


Meu  Deos!  será  possivel  que  rejeites 
Para  sempre  meu  animo  oontricto? 
Que  estas  lagrimas  ternas  Mo  aoeeitaa? 


(7)  Numfiád  4m  mêitnmt  p^ 
Jkfêt  Deuà^  mH  tiM  ãppmuê^  «I 
compkmtiêr  Hi  mákm  t 


Que  indisposto  sem  fim»  queiras  negar-*te 
Para  sempre  á  piedade  que  pedimos? 
Que  nSo  se  encontre  meio  de  applaear^te? 


Negarás  misericórdia  aos  que  escolheste? 
E  o  ten  niror  por  séculos  durando 
Fará  oolla  a  esperanga  que  nos  deste? 


(8)  Afã  inpun  mUerkerãiãm 
êuãm  ãkidnieí  à  generdUone  in 
ffenerêíimum  í 


Esquecerás,  Senhor»  como  perdoas? 
£,  submersa  na  Cólera  a  piedade» 
Punirás  sem  que  nunca  te  condoas? 


(9)  Aui  éhliviieetur  mitetèti 
Demit  ma  mUi»uhn  in  ira  sna 
mÍ99ricoriia$  ittítn  ? 


256 

(10)  Eidixi:  nunecê^i  hme  NSo...  Agora  começo  a  converter-me : 

Perleita  coDtricçSo  é  obra  prima 
Da  excelsa  mão  que  vem  fortalecer-me. 

(u)  Memorfui  êperum  D^mi-   És  tu»  meu  Deos,  Dor  queiD  do  abjsmo  acordo; 

fu,  cuia  memor  erê  ãb  iniiiê  mt*  i         i 

raòiiium  tvorum,  Âs  tuas  graodes  obras  se  me  antojanu, 

Das  tuas  maravilhas  me  recordo. 


(IS)  Et  meiUãhor  tu  mnnikv9   Nas  obras  que  fizosto  meditaodo, 
bui  luiê  exercebor.  Peoctrado  de  pasmo  e  de  ternura 

Irei  08  teus  conselhos  estudando. 


(13)  Deu»,  in  saneu  viã  íum:  Saoctos  sSo  teus  caminhos  e  acertados: 

guit  Deus  mãomus,  9ieut  Dtu»  ^  -rs.         ,  i       .  •    a  t 

mtUr?  tu  eê  Veuê  qui/acii  mi-  Quom  COmO  O  DOSSO  DOOS  é  grande,  é  JQStOT 

^  *^'  Como  sakou  seus  servos  consternados! 


(14)  Nêtamfeeutí  im  popuiiã  Âos  povos  tou  podér,  Sonhor,  mostraste; 

ífirluiem  tuãm:  redemiêti  inbrm»  i>     t       i.     j     t     <  •  â^  f*ti 

ehio  tuo  popuium  tuwn,  jui9ã  jà'  De  JacoDt  de  José  remiste  os  filbos, 

CO  ,  €t  ostp  .  Q^^  ^^  braço  o  leu  povo  libertaste. 

(15)  Videtunt  te  aquw,  HrM,  Os  outos  inseusívcis  se  abalaram ; 

viderutU  te  aoute :  et  timuerunt*  ••.  .  _.  .     *     . 

et  turbuat  nmt  oéytfft.  Viram-te  as  aguas,  Deosy  viram-te  as  agaas; 

E  os  profundos  abysmos  se  turbaram. 


(16)  Muititudo  êOHUui  aqua^   A  muItídSo  das  oudas  bramidoras 

rum :  voeem  dederunt  nube»,  , 

As  nuvens  seu  estrondo  levantaram, 
Com  vozes  do  ambiente  aterradoras. 


(17)  Etenim  êagitia  tuw  tran-  Qs  espaços  tuas  sottas.  atravossam; 

ieunt,  vòx  tmiitrm  tut  i»  rota. 

Do  trovSo  rasga  os  ares  o  estampido; 
Em  torrentes  as  chuvas  se  arremessam: 


(18)  lUuxerunt  eoruêcationee  Do  relâmpago  a  luz  O  globo  envolve; 

tfUB  orbi  terra,  eommota  ett,  e<     a    a  i  m.  "3 

evntremuit  terra.  A  terra,  poIo  susto  commovida, 

Parece  que  em  seus  eixos  se  revolve. 


257 


Prepararam-te  as  ondál  ama  estrada 
Solida  e  firme,  sobre  a  qual  passaste; 
£  a  passagem  aos  impioa  foi  yedada. 


(19)  Jn  nmri  viaium^eí  semiiw 
itm  m  tfftftt  mtíltiSf  et  veiiigfa 
Ima  fiaii  ioffnúitentur. 


Fechou-se-ll^'  o  caminho;  nlo  ficaram 
De  seus  passos  vestigios:  dissolvidas 
As  aguas,  aos  perversos  sepultaram. 


Só  te  segiiio,  qual  segue  manso  gado 
O  sea  pastor,  Hoysés  e  Arlo,  guiando 
O  povo,  ao  teu  serviço  consagrado. 


(SO)  DednxiaU  Heuí  ovei  pú- 
jwliim  fifiMi  í»  tiumu  Moyii^  et 


PSALMO  LXXVir 


C(mfo9ifà0  ãe  Ásapk. 


s 


iLBHCio,  ó  povos:  vou  fallar,  ouvi-me. 
Vou  explicar  a  lei:  prestai«-me  attentos. 
Dóceis  ás  minhas  vozes,  os  ouvidos. 
Em  parábolas  voo  abrir  meus  lábios, 
Bevelar-vos  recônditos  exemplos, 
Dos  mais  remotos  annos  recolhidos, 
Em  termos  claros,  versos  escolhidos. 


Intetteclot  Asiph. 


(1)  Attendite^  pêfmU  meus,  te* 
gem  meam,  ineUnate  aurem  vr«- 
tram  tn  verba  arii  mei. 


(fl)  Aperiãm    in  pãraMiê   ê$ 
meum,   lofumr  pr^oeitiênêã  ok 

itUtia. 


Quanto  ouvimos  depois  que  á  luz  viemos, 

Quanto  nossos  maiores  nos  contaram: 

Não  qoizeram  que  aos  próprios  descendentes 

Occultadas  ficassem  essas  graças 

Com  que  Deos  os  honrou  no  prisco  tempo; 

Obra  do  seu  poder,  e  maravilhas: 

Mas  que  em  canções  harmónicas  descessem 

Ás  geraçSes  futuras  que  nascessem. 

ToM<i  VI 


(3)  Qu(0»taaudivimiii,eteognO' 
vtffitit  eff,  et  paires  nastri  narra- 
verunt  nsHs. 

(4)  Am  simt  oeeultata  à  JUus 
eerum  in  generatiane  altera. 


(5)  NarraaJtes  laudes  DomitUt 
et  viríutes  ejus^  et  mirabUia  ejus, 
gva/ecit. 


17 


258 

(6)  EisuêeitãottiesUmomumin  Foimou  Dcos  com  Jacob  solemoe  pacto, 

Jae»b,  ei  legem  posuit  m  Israel,    «^iv        i         f*  ■  -  i 

D  Israel  confiou  a  lei  sagrada ; 

(7)  Quanta  numdavit  pairibuã    MandoU  a  D09S0S  paeS  ([QC  DOS  preCeítOS 
nostrit  nata /acere  eaJUiis  tuii,    ^     .     ,  .  p,,        •     *     . 

ut  eognateat  genetatio  altera.  Desta  161  OS  SCUS  lllhOS  lOStrUlSSem, 

(8)  Filii  oui  nateentur,  et  eac    ^  .  .  .... 

sirgent,  etTarrabunijUiii  iuie.   Para  quo  cstcs  aos  $6118  a  transBiittiMein, 

(9)  utpanaatinDea»pem$uam,   Nesta  divioa  lei»  pcnhor  sagrado 

et  nan  (Aliviseantur  operum  Deiy  j-   •       j     «^  n  i 

et  mandata  ejut  exqvirani.  D06  prOQIglOS  GO  De0S|  firmar-Se  dCTC 

Doa  corações  fieis  toda  a  esperança: 
Estudar  em  cumprir  o  cpie  Deos  manda. 
Em  sancto  amor  ardendo,  agradecidos: 
Vedar  á  deslembranca  criminosa 
O  passo  que  conduz  á  iniquidade: 

(10)  mfiarU,9i€uipatreãeorvm  Evitar  O  dospenbo  em  que  cairam 

generaiio  prava^  et  exaeperam» 

Os  pravos  coracSes  dos  pães  rebeldes; 

(11)  Generalia  qttig  nan  direxit    GcraçãO  CUJOS  auimOS  CrradoS 
cor  suum^  et  nan  eet  ereditus  cum    -.      -     -  i         . «    i 

Deo  ipiritui  eju9.  Do  Sonhor  se  apartaram  descuidados. 


(IS)  Filii Efhraimiatendentea,  Que  pasmo  ó  pois,  so  altivos  co'  a  deslreu 

et  mittenteg  arcum :  eanverMt  fftml    ^  .  i         «^  <» 

in  die  btUi.  £m  tender  arcos,  derrubar  as  feras. 

Esquecidos  de  Deos,  voltassem  costas 
Na  batalha ;  e  se  visse  nesse  dia 
Dos  filhos  d'Ephraim  a  cobardia? 

(13  Nan  eutiadiermt  teetamen-  Do  Senbor  desprezaram  OS  preceítos, 

tum  Deiy  et  in  lege  ejus  ndue'    •^     ,  .        ,         . 

runt  ambfiiare.  Da  lei  O  doco  jugo  arremessaudo ; 

(U)  Etabimbentfadarmnejtu,   Âs  bencSos  do  SOU  Deos  O  altos  favoros 

et  mirabilium  ejtu,  pua  ottendit    ^       ,  ,         , 

eit.  Sepultaram  n  um  louco  esquecimento; 

Seu  amor  extremoso  malograram: 
Justo  foi  que  na  forca  do  perigo 
Surpreendesse  aos  ingratos  o  castigo* 

(15)  Coram  pairihui  earum/eeit  Gom  ouo  esoauto  sous  paes  na  EgTpcia  teiny 

mirabiliainterraãígyfti.ineavv'    ••      m  #  -o^r 

pa  Taneoã,  Nos  Taueos  campo^  foram  testemunhas 


259 

De  quanto  obrou  o  braço  omnipotente 
Para  salvar  da  morte  a  Hebréa  gente ! 


Em  muros  de  cristal  o  mar  divide ; 
Depois,  como  n^um  vaso,  as  aguas  fecha, 
E  sem  risco  o  seu  povo  passar  deixa. 


(16)  Interrupit  nmre,  et  per^ 
iuxit  fM,  et  itãtuit  aquãi  pmH 
im  utre. 


Benigno  conductor  envolto  em  nuvens 
O  precede  de  dia;  e  refulgente 
Toma-se  a  nuvem  quando  o  Ceo  se  obscura ; 
E  a  estrada  duvidosa  lhe  assegura. 


(17)  Etdeiuxiteoeinnubediei, 
et  Ma  noete  in  illuminãtume  ignie» 


No  deserto,  as  arèas  esquentadas,  (is)  interrupit  petram  t»  ere- 

Que  nao  refresca  um  rio  em  que  se  apague  ^^^l^^-^^^^^^^-^^n^^^- 

Ao  consternado  e  afflicto  caminhante 
O  interno  ardor  da  sede  devorante. 
Fere  Mojsés  co'  a  vara  milagrosa 
A  superficie  d'um  penhasco  estéril ; 
E  logo,  com  suave  murmúrio, 
A  pedra  jorra  um  caudaloso  rio. 
Que  a  terra  dessecada  vai  banhando, 
E  aos  sedentos  as  forças  restaurando. 


(19)  Et  eduxit  ofumn  de  pe- 
tfãy  et  deduxii  tamquam  fiumina 
mqtutt. 


NSo  basta  ura  tal  favor  á  iníqua  gente; 
E  no  mesmo  deserto  v9o  de  novo 
Excitando  de  Deos  a  ira  infausta : 
Sem  gratidão,  seus  anrmos  rebeldes. 
Vencidos  pela  gula,  murmuravam, 
£  assim  nos  corações  Deos  increpavam: 
«Farta^nos  d'agoa  Deos,  quando  podia 
Fartar-nos  no  deserto  com  manjares! 
Que  Deos  é  este?  D'agua  nos  sustenta, 
E  julga  que  sem  p3o  nos  alimenta? 


(20)  Bt  appoeuerunt  ãdkuc  pec' 
eêre  ei:  in  iram  exettaverunt  ex^ 
eelêum  in  inmquotú. 


(81)  Et  tentãverunt  Deum  in 
cordibuÊ  iuiã,  ut  peterent  eeeoi 
animahue  tvii. 

(S«)  EtmÊlèloeuíiãmtdeDee; 
dixerunt :  nwnqtâd  poterit  Deue 
perve  memum  in  deãerte  f 

(53)  QuorUam  pereueaii  petram, 
étjlaxerunt  aqute,  ettarrentet  tu* 
wtdavenmt. 

(54)  Nnmpiid  et  panem  poterit 
dmre,  aut  parare  mentmn  popula 
ÊUêt 


Tomo  VI. 


17  • 


260 

Nao  tem  a  seu  dispor  a  Natureza? 
Cusla-lhe  muito  dar-nos  lauta  mesa?  » 

(«5)  lieo  audmi  DominuM,  ei   Deste  absurdo  clamot  os  ecchos  chegam 
jírXi/^í'«t^^^^^  Ao  throno  do  Senhor,  que  provocado 

Em  cólera  se  acccnde  contra  os  ímpios, 
De  Jacobt  dlsrael  filhos  ingratos. 
Differe-lhe  o  soccorro;  ao  fogo  manda, 
Que,  ministro  da  cólera  divina. 
Tudo  devora,  e  tudo  se  arruina. 

(€6)  Quu  non  erediderunt  tii  Miscros!  sem  razSo  desconfiavam 

Dea,  nec  ipirmverunt  in  iaiuUri  ^^  y^^^^^^  ^0  Dcos;  na  mente  obscora 

ejut» 

Nlo  penetrou  um  raio  d'esperanca 

De  salvação,  que  só  de  Deos  se  alcança! 

(87)  Et  manduvu  nuMui  rfe-  Esquecoram  que  Deos  rompia  as  nuvens, 
iuper,  ttjmuat  cmii  afermi.       g  jj^ij^y^  j^  ^eo;  quo  as  auroas  portss 

Da  misericórdia  abria  com  prodígios 
Que  aferrolharam  erros  e  prestígios! 

(M)  E<  fiuit  HUM  mamia  éd  NHo  foi  Doos  quem  abrio  do  Firmamento 
moHducandum,  et  panem  cmti  de>   ^   thesouros?  Quom  fei  chover  na  terw 

dit  et». 

o  manná  saboroso  qual  orvalnoT 

(£9)  Pmm.An9HammmmUu.    Com  píO  doS  AujOS  doO  SUStOUtO  aOShomCDS? 

Moii  hmM ,  eibaria  mieit  ei,  in  jj  jj^  nutridos,  clamam  déscoutentes, 

E  exhalam  contra  o  Ceo  blaspbemas  voícs» 
Sacrílego  clamor,  gritos  atrozes ! 

(30)  Trmiitm  Auetrum  de  O  SouboT  das  ospherss,  geucroso, 

aeh,  et  induxit  in  tirtute  ma    ^^^  poJerOSaS  Icis  SUSponde  OS  EufOS; 
AfriíMn»  *  , 

(31)  »  fi««  ««?«•  «w  »<«^  Solta  do  Austro  os  sopros  CsToroveis, 
'^^«^«.•íVnUr  "^"^  Que  d«  ates  ^  mais.  especiosas 

Cobrem  os  campos  como  o  pó  que  os  cobre- 
Como  a  arêa  que  cerca  os  rastos  mares; 


261 

A  ibme  com  volatiles  lhes  doma, 

E  a  mais  farta  porção  cada  qual  toma. 


Em  tomo  aos  arraíaes  abanda  tudo 
De  pássaros  gostosos;  todos  correm 
Ás  tendas  suas,  que  rodéa  o  pasto: 
Comem,  fartam-se;  e  sem  fartar-se  nunca. 
Gozam  da  gula.  Quando  inda  a  comida 
Entre  os  dentes  continhamt  Deos  severo 
Assume  o  seu  rigor,  e  solta  as  iras; 
As  Ígneas  settas  solta  furiosas 
Sobre  as  gentes  glotonas  e  aleivosas: 
Derruba  os  seus  mancebos  mais  robustos; 
Declara-lh'  inflexível  mortal  guerra, 
E  d'Israel  a  flor  murcbou  na  terra. 


(  3£)  Bt  eecidêrund  in  médio  oiff- 
trprum  eorum^  eirea  fãbemiacula 
eonan. 


(33)  Ei  m9Hducm>€rmUt  et  «a- 
iuraU  tunt  nimii,  et  deeiderium 
Cêrum  altulit  eiã :  nan  eunt/raU' 
dali  k  áetideriú  tuê. 

(34)  AdhueeiieBeorvmertmtin 
9re  ipeúntm :  et  ira  Dei  mieeendii 
iuper  eêê. 


(35)  I^  eetíéU  finguee  eêrum, 
et  eleetúi  lermel  imptdivii. 


Apesar  do  castigo  e  maravilhas. 
Nem  assim  o  Senhor  acreditaram ; 
Recahiram  nos  erros  castigados, 
E  aos  milagres  oppoem  novos  peccados. 


(36)  In  emitihu  hiepeeeaeerunt 
ãdhue,  et  Hêm  crediderurU  in  mi* 
fãHUòue  efut» 


Mas  qual  vento  fugio-lb'  a  fraca  vida, 
E  seus  prósperos  dias  se  apagaram. 
EotSo  entre  os  que  restam,  timoratos. 
Os  clamores  começam ;  Deos  invocam ; 
Gritam — piedade! — pedem  que  lhe  acuda: 
E  a  suberba,  a  vaidade  em  dor  se  muda. 


(37)  Et  dejeeerynt  in  vmutmte 
die$  eerum^  et  nnni  eorum  mm 
feiUmUione, 

(38)  Cum  oceideret  ees,  fumre" 
hant  enm :  et  rever teiantur,  etdir 
lucuiê  veniebant  ad  eum. 


Lembram-se  que  só  Deos  pôde  acudir-Ihes,      (39)  Et  rememornti  $unt,  qma 

^  1       •       *    1  II     ,  1     .  Deue  ãdjuter  e$t  eorum,  et  Deve 

Que  a  salvação  só  delle  é  que  denva ;  exeelsue  redemptar  eertm  eit. 

Que  o  povo  alcança  o  bem,  se  humilde  o  pede, 
Que  o  Senhor  compassivo  lho  concede. 


Mil  supplicas  humildes  e  amorosas, 


(40)  Et    dUexeruttt    enm    in 


262 

ore  «1/0,  et  lingum  9ua  meiuui  Que  suggere  O  ioteresse  6  o  susto  excitai 

Soltam  seus  lábios;  mas  somente  os  labioi: 

(41)  Cor  autem  eorum  nm  erat    Que  iofioiS  i  alHança  por  COSlume, 

rectum  cum  eo :  necfideUt  hàbiti    ^_         . 

■fftMi  ím  te»tãtneniõ  ejut.  N8o  tmbam  corações  rectos;  mentiam 

;  Suas  linguas  nas  phrases  que  diziam. 

(4fi)  ijae  wtem  eat  rniiericerM,   j)^q^  piedoso,  ignorancías  descolpando. 

et  propittui  fiet  peccati$  eorwn,  et  ■  ^^  ^  r        ^ 

iMfi  dieperdet  eo$.  Não  tomou  Q  irritar-se;  disfarçando 

As  offensas,  nio  quiz  exterminá-Iof : 
(48)  JEEi  MhtmUnit,  ut  averíeret  Nio  qui^  que  0  SOU  enfado  maíâ  soprasse 

trof»  niom,  et  mm  accendit  omnem  ... 

iram  êwm.  Da  colera  total  o  incêndio  activo: 

As  iras  uma  e  outra  tez  suspende; 
(44)  Etrecúrdainãeãt.fmaearõ  Repara  que  s3o  caroo,  e  o  pensamento 

smU^  «pirtltM  vadene  et  tion  re-    _       .  ,  ..     . 

dient.  Dos  homons  que  é  ligeiro  como  o  vento. 

Vé  com  piedade  Deos  tantas  fraquezas; 
Move  neiles  contrictos  pensamentos: 
Bem  que  de  maia  favor  indignos  fossem, 
Faz  que  as  penas  cruéis  em  fim  se  adocem. 


(45)  Quútiet      exãeerbwermt    QuantaS  VOZOS  UOS  arídoS  doSOrtOS» 
eum  in  deêertol  in  iram  eoncitO"    .         ^  -■         .*        t 

vemnt  eum  in  inafuoiof  logratos  provocaram  mU  castigos! 

Quantas  vezes  de  Deos  se  descuidaram, 
E  no  mesmo  deserto  o  abandonaram! 


(46)  Et  eatwerMi  eunt,  et  ten-  Q  Numen  d'Israel,  O  Sancto»  o  ImmeDflo 

tmerunt  Dewn,  et  eanctum  /«-  ^ 

raei  exaserbaverunt.  Sem  pojo  osquocem;  voItam  sous  affisctos 

Para  os  idolos  vftos,  abjectos»  falsos: 

(47)  Nan  fftmi  recardati  mamu  ]^So  so  lembram  da  mfto  potente,  fortCf 

ejífe  die^  quaredemii  eú9  de  maau  i  i*  i 

tribuiantiê.  Quo  OS  sslvou  de  cadèas  e  da  morte: 

(48)  sieui  poêuit  in  Mffypto  et-  Perdem  de  vista  quanto  em  lavor  delles 

gna  tvOf  et  prodigia  9ua  in  campo  i-   •         i  ^       .  t    *•• 

Taneot.  Gom  prodigios  obrou  no  Egypto,  em  ísob* 

(49)  Et  convertit  in  eangvinem  ComO  em  Saugue  iomOU  do  rÍO  aS  SgOSS, 

flumina  eorum,  et  imbree  eoritm,  .    «  ...  .   j 

ne  biòereftt.  A  um  que  OS  luimigos  assustados 


263 


Das  sanguiDOsas  ondas  nlo  provasseiB, 
£  o  sequioso  ardor  nSo  apagassem. 
De  grasoadcnras  rans,  d'avidas  moscas  . 
Enxames  voadores  os  perseguem; 
De? ora-lbe  a  ferrugem  os  seus  fractos. 
Gafanhotos  destroem  seos  trabalhos: 
Com  repetidos  golpes  mata  a  pedra 
Nas  Tides  o  pimpolho  renasceste; 
A  geada  lhes  cresta  seos  pmtoares: 
Languidos  gemem  na  malhada  os  gados. 
No  campo  desfallecem,  falta  o  pasta; 
De  Deos  a  maUKçlo  tudo  tem  gasto. 


(50)  Miiii  in  eot  canêmyiam, 
et  cêmedit  eot,  et  ranam^  et  dit- 
perdidii  eoi, 

(51)  Et  dedit  terugini  fntetut 
eorum,  et  lúkoree  eorum  Ucuita, 

(5S)  JSI  úeeidU  in  grmtdÍHe  ti- 
neme  eorum^  et  marot  eorum  in 


(53)  Bt  irmdidii  grmdím  Ju- 
menta eorum:  et  poeeeeeicncm 
eorum  igni. 


Do  sen  povo  as  iojnrias  o  estimulam: 
Qaer  Deos  vingá-lo,  e  contra  os  offensores 
Solta  das  iras  os  tremendos  raios; 
AoJQB  protervos  manda  qoe  os  affijam, 
Que  os  abysmém  na  dor,  na  desventura, 
Pois  seu  povo  brtaram  de  amargura. 


(54)  Misit  in  eot  iram  indi- 
gnatianie  eum^  indignattotêem^  et 
iram,  et  tribuUUionem :  jmmif- 
ãionet  per  AngeUo  moiof. 


Contra  os  Egypcios  sdta  Deos  o  freio 
A  todo  o  seu  furor:  contra  os  humanos 
Bem  como  contra  os  brutos  foi  severo: 
Os  seres  mais  egrégios  extermina, 
Não  lhes  poupa  nem  morte  nem  mina. 
Viram  os  pães,  as  mtes,  anaiquiladas 
As  primicias  do  amor,  os  charos  filhos: 
Sem  vacillar,  a  morte  tudo  alcança ; 
Da  terra  Egypcie  apagasse  a  esperança. 


(55)  VUm  feeit  eemitee  irm 
tirar,  non  pepereit  à  morte  animã^ 
buê  ftfftfffi,  et  jumenta  eorum  in 
morte  conclusit. 


(S6)  Et  perewiit  omne  primO' 
genilum  in  terra  JBgypti^  primi' 
tiae  owmie  htborit  eorum  in  ta- 
bemaeulie  Cham, 


Qual  benigno  pastor  conduz  seu  gado, 
Deos,  cobrando  as  cadéas  do  seu  povo, 
O  foi  levando;  e  num  deserto  estranho 
Apascenta  tranquillo  o  seu  rebanho: 


(57)  Et  abettílit  sicut  ovee  po- 
pulum  euum,  et  perduxit  eo»  tan» 
quom  gregem  in  deeerto. 


264 

(58)  Et  dedumt  ec$  in  ipe,  et    DÍ88ÍpOU-llie  08  receioS  do  ioimigO, 

operuit  mwe.  íAne  pastando  pela  selva  amena; 

Porque  oa  mares»  distantes  do  deserto, 
O  exercito  feroz  tbham  coberto. 


(59)  Et  induxit  eoi  in  mon-  Seguiram  socegados  sen  caminho: 

tem  stmctijtcattênis  «imp,  mmUem,  •  &  j 

fuem  aequiendt  dextera  efuê.  No  SaCrOSaUCtO  mOnte,  COUqUIStadO 

Pela  dextra  do  Excelso,  os  estab'lece; 

(60)  BtejeHtàfãcieemrumgen'  Repartio-lho  O  torreno,  mosmo  á  vista 

let,  et  iorte  diviiit  eii  temm  in    ^  ^  .  h.    *     •  i 

funieuiê  diêtriMiPmi.  Da  gente  expulsa :  alli  decide  a  sorte 

Uma  porçio  a  cada  Israelita. 

(61)  Bt  hMtãre/eeii  in  tãèer-  k  tribu  d'Israel,  quo  tanto  amava, 

nffcttltt  e^mm  tribuê  leraet,  _ .         ,.  » . 

Livre  d  escravidfio  e  vitupeno. 

Manda  Deos  que  alli  funde  novo  Império. 

(6«)  Bt  tenioperunt,  et  «Moer-   Has,  oh  fatal  cogueira  dos  humanos! 

èúverunt  Deum  excehum.  et  le«-    ^  .        ,  «,. 

tiwumin  ejn9  nm  euetodierunt.      Qucm  ha  do  cror  que  alli  mosmo  este  povo 

Tome  a  irritar  o  Excdso,  o  Omnipoteote!... 
Nio  guardam  a  lei  sancta  que  lhes  dera: 
(63)  Bt  nerterunt  $$,  et  nen  De  Doos  se  apartam ;  vSo  prevarícaodo, 

êervmterunt  piutnm:  piemadmú'    ri  e  -a 

dumjmtrêÊ  eorum,  cetnerei  $uni    ComO  foram  SOUS  paOS;  O  SO  COnVOrtem 
in  aram  prmmm.  ^.^^  ^^  ^^j^  j^  ^^  ^  f^^^  ^  ^^^. 

Cuja  setta  noAo  trémula  prepara, 
E  se  fere  no  ponto  em  que  a  dispara. 


(64)  In  iram  eaneitmtenmt  eum  Nesso  monto,  oh  misena !  nesse  moote, 

in  cMbuê  ftiff ,  et  in  eculptilibut  _  _  ...  ... 

tuis  ad  tewttilationem  eum  provo-  De  qUO  DOOS  estmlhOU  SOUS  mimigOS, 

^^'^''  E  lhes  deo  como  herança  grandiosa. 


Estultos,  seus  furores 
GoUocaram  nos  bosques,  nos  outeiros 
ídolos  vlos,  por  elles  esculptados; 
Em  Deos  ciúme  ardente  promovendo, 
E  da  vingança  os  raios  accendeodo. 


265 


Outío  Deos  as  blasphemias  que  exprenavani ; 
Desprezoa-as,  voltoa-lhe  irado  as  costas, 
E  humilhoa  d^Israel  a  iníqua  gente. 
Seus  impuros  incensos  nlo  acceita; 
De  Silo  os  tabernáculos  rejeita. 
Onde  entre  os  homens  de  habitar  gostava : 
Faz  que  a  gloria  do  reino,  a  Arca  sagrada 
Seja  pelo  inimigo  conquistada. 


(S5)  jiméi9U  DiUê,  et  ^revit, 
H  ad  fáhilum  rtdegii  vMè  /i- 
raeh 


(nS)  Ei  re^lU   tukenmeutum 
èiimit  im 


(67)  Et  irmdidU  incapíivitãUm 
virtutem  eortim,  ei  puUhritudtnem 
eorum  in  numui  itUmici, 


Pela  espada  perece  o  triste  povo; 
E  da  herança  ditosa  que  Ihé  dera 
Pouco  Ih'  importa  agora  despojá-lo, 
Pois  que  ingrato  esqueceo-se  este  de  ami-lo. 


(68)  Eí  €9nau»it  in  gUdiê  pa- 
fttlum  tuum^  et  hmreditatem  ttíom 
iprml. 


Onde  no  campo  ferve  a  mareia  lulta 
Devora  o  fogo  os  n)ab  gentis  mancebos; 
Caem  pela  espada  mesmo  os  Sacerdotes: 
As  virgens  aos  primeiros  promettidas, 
E  destes  as  viuvas  lamentáveis 
NSo  encontram  quem  delias  se  condoa ; 
Cada  qual  chora  o  mal  e  a  dor  que  sofire» 
Aos  clamores,  aos  gritos  d'infelizes, 
Deos,  que  até'ii  parecia  adormecido, 
Em  fim  do  longo  somoo  despertou; 
Qual  guerreiro,  a  quem  presta  vigor  novo 
Generoso  licor,  no  campo  entrou. 
Na  rectaguarda  attaca  os  inimigos, 
Derrota-lhe  as  phalaoges  e  as  dissolve, 
E  em  sempiterno  opprobrio  tudo  envolve. 


(69)  Juvenee  eçrum  ecmedit 
iffnii :  et  virginet  eorum  non  eutit 
Uunentãt»» 

(70)  Sãceriêtee  eorum  in  gladio 
eeciderunt:  et  vidwB  eorum  non 
plorttèantur. 


(71)  Et  excitàtu»  ett  tãmquam 
dormient  DominHã^  tamquoin  po^ 
tent  erapulãtut  à  vino : 


(7S)  Et  pertuêeit  inimieo»  euoã 
in  poeteriora :  opproòrium  «rmjM- 
temum  dedit  iliit. 


EntSo,  bem  que  de  novo  condoído 
Olhasse  para  o  povo,  determina 
Das  terras  dTphraim  pôr-se  distante, 
E  fixar  o  seu  templo  cm  outros  lares. 


(73)  Et  repulit  tobcmacutum 
Joteph^  et  Trikum  Ephraim  non 
elegit : 


266 

(74)  sed  eUgií  triitm  Jttda,   Deixa  a  turba  infielf  e  só  contempla 

^  Dos  nlbos  de  Judá  a  lealdade; 

E  passa  ao  monte  de  Siio  qae  preza. 

(75)  Bt  teiffieúoit  iUid  vnitar-  Alça  alli  0  edificío  magestoso, 

nitan  êoiutificium  tuum  in  Urra, 

quain fundavit  in  tmenU.  Do  qual  a  soUdoz  affronte  06  tempos; 

o  excelso  Sanctoarío-  quer  seguro 
No  presente  e  dos  dias  do  futuro. 


(76)  Bt  tiegit  David  êervum  De  tão  maravilhoso  tcmplo  escolho 

sifiim,  et  êustulil  eum  de  gregi» 

bvM  aviam:  de  peitfieiaatee  ae-    ExCCOtor  DaVld»  jUStO,  O  teU  SOrVO; 

^^*^'  Um  juvenil  pastor,  que  d'eDtre  orelhas 

(77)  poêcere   jaeaè   eervmn  Retira,  O  faz  pascer,  nlo  nuinso  gado, 

nnim,     et    lerael    htereditatem    __  ,.,     .       ..i     * 

ivam.  Mas  seu  povo  dilecto;  ilh»tre  germe 

(78)  Et  pavit  eae  ia  innaeeniia    D'Israel.  PrOSOrVOU  Candido  O  poíto, 
terdie  tMt ,  et  in  ititeUeetibui  mo-    r?  e  •  ^i^  i  r 

Rtfiim  tuarum  deduxit  eee.  ^  101  no  tUTono  qoal  nos  campos  íora, 

Innocente  pastor  e  cuidadoso. 
Mil  pnieus  obrou  seu  forte  braço: 
Da  sua  dignidade  em  desempenho, 
Quanta  gloria  alcançou  seu  vaslo  ingenbo! 


PSALMO  LXXVIII. 

Pmlmus  Aiaph.  De  Auíj^  (*). 

(1)  Deut ,  venerttnt  genUt  in  AoNDE  ostás,  mou  Deos?  Vè  com  qtie  aadscla 

htereditatem    tuam :    poltuerunt    -n  .       i  &     •        j  a       i. 

temptam  êancíum  tuum,  poene-   Mtranna  goute  luvado  8  tua  borauça: 
yjdla^!^"^^"^  m^onimr...   profanaram  do  templo  a  santidade; 

A  pomposa  cidade 
Jerusalém  !•••  seus  muros  demoliram, 
E  a  um  tugúrio  estragado  a  reduairam. 

(•)  Deicrere-se  neite  ptalmo  o  infelis  estado  do  poro  Judaico  na  pene^içZo  de  Ao* 
liocho  Epiphanes;  e  o  auctor  dot  Ifachabeoi  do  Vir.  1.*  c.  7.  ▼.  16,  fai  uma  referencia  aof 
versículos  S.®  e  3.*^,  como  prophecia  eDtflo  Tcrificada. 


267 


Sem  respeito  á  inooceDcia  de  teos  lenoit 
Os  bárbaros,  de  sangue  insaciáveis, 
O  mais  fiel  e  nobre  derramaram: 
Com  fúria  arremessaram 
Os  miseros  cadavVes,  destinados 
A  ser  por  feras  e  aves  devorados. 


(f )  Ptuenmt  wutrtieina  terf- 
mm  iiÊorum  «mm  vêhiilHuM  €teli : 
eãmet  imieiorum  twrum  bêgUis 
terra. 


Rubra,  funesta,  e  rápida  corrente 
Deste  sangue  implacáveis  diffundiram 
Em  circuito  da  mísera  cidade; 
Extincta  a  bumanidade, 
O  corpo  alli  ficava  onde  cabia, 
Quem  sepultasse  os  mortos  não  bavia. 


(3)  EffuderuHt  »an§iune/n  e0- 
rttM,  ittmfuam  optam  in  çircuitu 
JfrúêúUm^  eí  non  enU  fiM  «e/e- 

MreL 


Victimas  da  injustiça,  miseráveis, 
D'escarneo  ou  compaixio  fomos  objeotoa 
Dos  visinbos  e  povos  que  souberam 

O  mal  que  nos  fizeram 
Os  furiosos  que  nos  maltratavam, 
E  com  tanta  inépcia  nos  julgavam. 


(4)  Fãcti  ammit  új^obriwn  vi- 
€tm9  núêíriêf  êuktmntmUo  ei  t7/tt- 
<4#  Atff,  qui  in  dreuUu  nêUr^  ^unt* 


Inda  nio  se  acabou  tanta  violência. 
Até  quando,  Sénbor,  o  teu  enfado 
Ha  de  permanecer?  DÍ2e,  até  qtiaado 

Viveremos  penando? 
Tua  cólera,  accesa  como  fogo, 
Nfto  a  pôde  apagar  pranto  nem  rogo? 

Desafoga  o  furor  contra  os  rebeldes 
Que  nfto  te  reconbecem;  contra  aquelles 
Que  o  teu  nome  adorável  ndo  invocam, 

E  castigos  provocam. 
Lembra-te  de  Jacob,  que  devoraram. 
Do  templo  teu,  que  os  Ímpios  profanaram. 


(5)  Uêqueqyo,  Domine,  iratct' 
rie  infinemí  gceendetvr  velut  igma 
zeiuM  tuvel 


(6)  tiffmde  irmm  tyum  in  geu' 
tee,  fute  te  n0n  fiaoen/ni,  el  inre» 
gna,  qum  nomen  tuum  nan  iiwoea- 
vemnt. 


(7)  Qfi/a  cmneieruni  Jaeoè,  et 
loenm  ejue  deàolavenirU, 


268 

■ 

(8)  Ne  menuaeHi  iniptíMum  logratidões  aotígas  tOo  recordes; 

nÊÊÍrarum,mUipuirum :  eii0  anti"    n     .  .  •     .  /» -j 

àpeni  not  miÊeritardim  ium,  prim  Bagtc  quBDto  8  iDDOcencia  tem  8offrido: 

payperciMti  iumuB  nimii.  jf^^  ^^j^^^j^  ^  ^^^^^  j^^^  presente. 

Para  qae  promptameDte, 
Quebrando  á  tjrannia  a  espada  agada. 
A  tua  misericórdia  dos  acuda. 


(9)  J4jwa  «M,  Deut,  taiuta-  Acodo-oos,  mcu  Deos,  Salvador  nosso  I 

r/#  nofter^  et  fropter  gloriam  n»'  •     .      i 

mffi'«  ftft,  Domini,  Mera  hm,  eí  Soccorre-uos,  por  glona  do  teu  nome : 

nroBiiiui  eito  peecãtit  tiêitrit  pro-    ri         «      «  ■      i  %  i    i 

pter  nmnen  tuum,  Compõe  dos  respleudores  da  f  erdade 

A  nossa  liberdade: 
Em  nome  teu,  propicio  6  Natureza. 
Desculpa  delia  as  manchas  e  Traqueia. 

(10)  No  forte  áusaat  in  genti-  Pasmados  do  iofortunio  que  nos  cerca. 

but:  «W  eot  Demt  eorumf  et  tu-    «._  j     .j  »^        ^ 

noteicot  in  nationibue  coram  om-  Nio  coDTom  quo  dufidem  se  um  Deos  tcmos: 
he  noãirtt.  p^^^  ^j^^  ^^  gcntos  que  te  offendes 

Se  opprimem  quem  defendes; 

(11)  uitio  ionguinit  oervorum  Que  O  sauguo  dos  tous  sonfos  derramado 

tuorum,  qvi  effuãtio  rft :  introemt  .«j»       •        j 

III  eompectu  tuo  gemitue  eompeái-  bera  por  ti  com  roctidao  vingado. 

iorum. 

Subam  perante  a  tua  magestade 

Os  gemidos  dos  tristes  qu'ioda  soffirem; 

Possa  o  aspecto  das  dores  commover-te: 

Em  cera  em  fim  converte 
Os  feros  corações  empedernidos. 
Que  nSo  abrandam  prantos  nem  gemidos. 

(IS)  Seetmdum  megnUudinfm  Lofanta  OSSO  tou  braço  Omnipotente; 

bracehii  tui  poeoideJUiOM  mortífi'    c  i       j      a  ▲ 

catortm.    ^  Salva  dos  teus  OS  restos  preciosos. 

Qli'ÍDda  existem  sem  gloria  nem  Yentura 

Quanto  o  infortúnio  dura!... 
Se  tu  queres  que  a  planta  refloreça. 
Ndo  deixes  que  a  injustiça  prevaleça. 


•*• 


269 


(1 3)  £f  redde  vieinii  uêslrit  $ep- 
tuplum  in  êinu  eêrum :  imprêpe» 
rium  ipwrum^  fuêd  ex^r^aoC' 


Os  malvados  dÍo  poupes;  moltiplica 

Em  seus  ânimos  dores  e  remorsos 

Que  ás  magoas  que  causaram  correspondam : 

Nas  cavernas  s'escondam; 
Procurem  reparar  os  seus  delictos, 
E  os  corações  Ih'estalem  de  cootrictos. 


Lembra-lhes  que  a  innoceucia  victimaram; 
Que  impropérios,  bjasphemos,  proferiram 
Contra  ti,  contra  a  lei  que  Ih'  impozeste; 

Que  o  poder  lhes  nSo  deste 
Para  dispor,  sem  dó,  de  humanas  vidas, 
E  impunemente  serem  homicidas. 


Nós,  o  teu  povo,  o  teu  manso  rebanho. 
Em  sancto  amor  ardendo,  agradecidos, 
Os  cânticos  de  graças  soltaremos; 

Unidos  cantaremos 
Com  tal  enthusiasmo  e  suavidade. 
Que  os  ecchos  vSo  do  tempo  á  eternidade. 


(14)  Noi  ãuiem  p^luM  íuum, 
et  oveê  poêcum  tum  e^ifiiebimur 
tibi  in  tmculum. 


Cante  esta  geraçSo;  e  a  que  se  segue 
A  Futura  transmitia  nossos  hymnos; 
D'era  em  era  prosíga  a  melodia: 

Renascida  a  alegria, 
A  louvar-te,  oh  meu  Deos,  tudo  se  affoite, 
Quando  desperte  o  sol  ou  caia  a  noite. 


(15)  In  gemrtíiUwm  et  gene^ 
ratiMem  tumuntiãbimut  Inudem 
tuam. 


270 


PSALMO  LXXIX. 


In  finem,  pro  iii,  qní  commuUk.     A  poeua  é  dê  Atofii,  a  mutica  do  mestre 

boatar,  tesllmonium  Aiaph.  ({01  Shoshonim. 

% 

« 

D^  Pastor  dlsrael,  nSa  és  aquelle 

A  estirpe  de  Jacob?  Onde  te  eclipsas? 
(8)  Qui  9ede»  tuper  cherubim^   EphraiiD»  Maoassés  descoDSoIados 
^'ilSÍTjí^e^''''^^^  ^^  Suspirando  te  invocam.  Desce,  rompe 

Os  brônzeos  Ceos:  tea  carro  luminoso 
Os  Chembtns  te  aprestam;  toma  asseolo: 
Fulgurante  sobre  elle  desce,  corre, 
(3)  Excita  potetuiam  iuam,  et  Excita  O  tcQ  podér,  O  vem  saWar-uos: 
vmi,  ia  ffl<wt/«cf«  iw*.  Q  mundo  absorto  veja  como  quebras 

As  pesadas  cadéas  que  nos  cingem. 

(4)  Devi  converte  ne$,  et  M-  Scintllle  tua  faCO  lÚcida, 

tende  fadem  <««,  et  ealvi  eri.  y^^^  ^^  ^^^  ^^^^. 

Cessará  nosso  desgosto; 
Vem  nossos  grilbSes  quebrar. 

(5)  Demine  Deui  rirtutum,   Senhor  Doos  dos  ExcrcitosI  té  quando 
!::rr.írr''  """^  "■•'""   irado  contra  nós  bas  de  inclemente 

Rejeitar  nossas  supplicas  bumildes, 
Proseguir  no  rigor  contra  os  teus  servos? 

(6)  Cibabiê  not  pane  laeryma^  Quorcs  com  prauto  amargo  alimentar-nosí 
:^;,//jrLZ:^af  '^" '"  '^  Lagrimas  sSo  bebida,  dores  pasto?... 

Ab  meu  Deos!  que  miséria!  que  tormento! 

(7)  Poiuieiinofineontradictia-   Gouseutes  que  OS  visiobos  oos  insultem; 
rr^lZ:::::^  '«tr"""""'  O-e  .  cmel  «ombana  de  inimigos 

Nossas  pesadas  magoas  mais  aggravc? 


271 


Sciotille  tua  face  lúcida, 
Volta  para  dós  teu  rosto; 
Cessará  nosso  desgosto; 
Vem  nossos  grilhões  quebrar. 


(8)  Deui  virtulum^  eêmerte 
noã,  ét  ottende  faciem  iuam,  et 
tõhi  erimvi. 


A  tua  bella  vinha...  ah!  nSo  fesqueça I... 
Transportando-a  do  Egypto,  cuidadoso» 
Amável  Conductor,  a  transplantaste 
Neste  fértil  terreno  que  escolheste. 
Arrancando  primeiro  a  grama  estéril, 
G>m  próprio  amanho  a  terra  fecundaste: 
Brotaram  das  raizes  as  videiras. 
Que  frondosas  os  montes  sombrearam, 
Engrinaldando  os  mais  altivos  cedros: 
Os  viniferos  ramos  se  estendiam 
Até  ao  mar;  e  os  cachos  purpurinos 
Adornaram  do  Euphrates  as  ribeiras. 

Como  irado  hoje  as  cepas  desarreigas? 
Como  consentes  que  da  estrada  venham 
Ávidos  passageiros  vindimá-la?... 
O  javali  do  bosque  affouto  a  estraga ; 
E  por  fim,  sem  vallados,  indefeza, 
Delia  se  apossa  um  monstro  solitário. 
E  tu  vés  insensível  tantos  damnos. 
Senhor  Deos  dos  Exércitos!...  Repara* 

Scintille  tua  face  lúcida, 

Volta  para  nós  teu  rosto; 

Cessará  nosso  desgosto; 

Vem  nossos  grilhões  quebrar. 


(9)  Fineam  de  JEgypto  trnnt' 
íuiiiti :  ejetíiti  genieê,  et  plan' 
toiti  emm,  ^ 


(10)  Dux  itinerii  fuitti  in  cant- 
peetu  eju9 :  pUmiatti  radieet  ejusy 
et  impievét  terram. 

(11)  Operuitmanteeumbraejue^ 
et  0rbusta  fju»  eedroe  Dei, 

(18)  Extendit  palmitee  ãuot  u»' 
que  ad  nutre^  et  adjlumen  pr9ptt- 
ginee  ejus. 


(13)  Ut  piid  dettruxitli  ma- 
eeriam  ejuê  í  et  vindemiant  eam 
«mnei,  pUpratergrediunlurvimn. 


(14)  Exterminãeit  eam  aper  de 
fàvAi  et  nngulúHe  ferue  depaê* 
tut  e$t  emn. 


(15)  Deue  virtutum,  converte' 
re:  reepiee  de  calo^  et  vide^  et 
visita  vineam  ietam. 


A  vinha  é  tua.  Lá  dos  ceoa  luzentes 
Volve  sobre  eUa  os  olhos  compassivos: 
Se  o  teu  furor  prosegue,  ao  ferro,  ao  fiog» 
Exposta,  perderá  seus  tristes  restos: 


(16)  Et  perfiee  emik,  fuamptan- 
tavit  dextera  tutt^  et  euperfilium 
hominit,  quem  cét^rmatti  tibi, 

(17)  Incenea  igm^  et  euffossa  ab 
increpatione  vultui  tui  peribunt. 


272 

Vem. de  doto  piedoso  râitá-iay 
Cultor  amately  torna  a  cultivá*la« 

(18)  Fiat  mamu  tua  tuper  vi-       Estende  a  mÍo,  piedoso,  sobre  a  vioba; 

rum  dexUra  tua,  et  9uperfiium    ^  •     j-i     •  j  ii 

hominit,  çitem  eonjirmetti  tiH,      Ou  Sem  mais  Guaçao  DOS  maoda  aquelle 

Qae  para  resgatar-pos  escolheste; 
O  Salvador,  em  cojas  mSos  reside 
O  poder  de  teu  braço  omnipotente. 

(19)  Einúndi»eedimviate,vi'  Aprossa-te,  Senhor,  nlo  nos  dilates 

vihcahií  m»,  ei  nomen  tuttm  rn-     ^  .      .       ....  .,, 

focaòimm,  O  suspiraoo  allivio;  e  se  até  gora, 

Quaes  plantas  que  o  sol  cresta  e  chuva  alaga, 
O  peccado  estragou  nossas  virtudes. 
Pela  graça  alentados,  doce  emprego 
Serás,  meu  Deos,  dos  nossos  pensamentos: 
Os  nossos  corações  com  teus  auxilies 
Vida  nova  obterSo;  invocaremos 
Teu  nome  sancto,  em  quanto  respirarmos. 

(20)  Domine  Deai  virtuium.   Refreia  as  iras,  ouveHios  piedoso: 

converte  not ,  et  oatende  fadem  „  .  ^.„     ^        .         w   .j. 

tvam,  et  aalvi  erimut,  Scmtllle  tua  faCO  luCldá, 

Volta  para  nós  teu  rosto; 
Serena  o  nosso  desgosto. 
Vem  nossos  grilhSes  quebrar. 


PSALMO  LXXX. 


In  finem  pro  torcularibiM  psalmus  Ai  palaWOS  SOO  de  Asaphf  a  Mimca  i 

.A«iph,  quinta  «ibUalhi.  ^  ^^^^^  ^^  eOSÚOrOS  GtOliot. 

(1)  ExnUãte  lho  ãdjutori  «iw-    ilAIfTBlfOS  hvmUOS,  jubiloSOS  VOrSOS 
tro :  jubihte  Deo  Jãeoò.  j,  . 

A  Deos,  que  é  d  Israel  amparo  e  força; 
Ao  nosso  defensor  applausos  demos. 
(s)  sumite  pKoimum,  et  date  Eutoai  psalmos,  cithara  suave 


273 


Ao  psalterio  se  ajuste,  coDcertante 

Co  atabale  sonoro. 
Soprai  na  tuba  estridula;  que  a  festa 
Já  magoificamente  o  povo  aprompta, 
O  Dovilunio  já  dos  ceos  desponta. 


iympanum,  p$últerium  Jueundum 
cum  eithura. 


(3)  Bvecittãlff  in  neomenia  iubã^ 
in  inãigni  die  9olemnitati$  vettra* 


Deste  grande  festejo  os  sacros  ritos 
Ordenou  dlsrael  o  Deos  Supremo: 
Quiz  que  em  memoria  eterna  entre  seus  filhos 
Permanecesse  um  grande  testemunho 
Do  que  fez  a  José;  como  do  Egjpto 

A  toda  a  gente  bebréa 
Por  ermos  a  guiou;  com  que  ternura 
Por  extensos  desertos  e  entre  horrores 
A  salvo  conduzio  nossos  maiores. 


(4)  Quia  praeeptum  ín  Itrmel 
ett,  judieium  Deo  Jacob. 

(5)  Te$iimOHÍum  in  Joteph  po- 
ãuit  illud^  eum  exiret  de  terra 
jEgypíi :  linguam,  quam  non  no- 
verdi,  audivii. 


Do  alto  do  Sinai,  em  lingua  nova, 
Ao  térreo  sêr  ignota,  determina 
Que  em  memoria  de  tilo  fausto  prodígio 
Ramos  se  cortem,  tendas  se  fabriquem; 
Que  estas  se  adornem  d'elegantes  galas. 

De  flores  se  engrinaldem; 
Que  em  doce  convivência  os  povos  joguem; 
E  cada  anno»  em  transportes  de  alegria. 
Volte  festivo  um  tHo  ditoso  dia. 


cc  Ah  povo  meu !  (lhe  diz)  lembre^te  grato 
Quanto  por  ti  cumpri;  com  que  piedade 
Alliviei  teus  hombros  opprímidos 
D'injusto  peso,  e  as  mãos  do  vil  emprego 

D'accumular  as  pedras 
Que,  da  vaidade  Egypcia  monumento,  (*) 


(6)  DivertU  ab  merUnadonum 
ejuir,  f7Mifitf«  ejtts  in  eophino  ifr- 
rierunt. 


(•)     ÂUuião  ás  pjramidcf. 
Tomo  VK 


ia 


274 

Levam  .por  eotre  séculos  o  nome 

De  reis  que  a  morte  e  tempo  já  consome. 

(7)  iniribuiationeinvôcaaiime,   «Entre  aiigustiaSt  trabalhoB  e  míseríast 

et  liberaoi  te:  exaudiri  te  in  «^    «-,. 

scondito  tempestatit,  probavi  te   M  mvocaste;  apressoi-me  a  soccorrer-te: 
'^  De  tão  pesados  ferros  o  ruído 

Escutei  compassivo;  e  vigoroso 
Vossos  duros  grilhões  fiz  em  pedaços: 

GouUa  o  vosso  ioimigo 
Revolvi  furioso  as  bravas  ondas ; 
E  no  seio  de  horrivd  tempestade 
Submergi  os  auctores  da  maldade. 

(0)  Audi,  papuius  meut,  et  ean-   a,  Âtteode,  Dovo  mott,  qucro  ioslruif-te. 

testabor  te:  Israel,  êiaudieria  me, 

non  rrit  in  te  Deuê  recens,  negue     Bom  Sei  quaotO  éS  ligeirO  O  fementido: 

ndorabis  Deum  alienum.  ■»,      •  •   i        i  i»        -    i 

Já  vismho  das  aguas  disputadas. 
Já  te  vimos  incrédulo  e  agastado; 
Indócil  junto  &  fonte  sequioso 

Contra  o  ceo  murmuravas: 
Converte-le»  reprova  estranhos  numes; 
Espera  em  mim  submisso  noite  e  dia* 
Em  mim,  único  Deos,  em  mim  confia. 


(9)EgoeTiimiumDomimtt  Deu9   «Eu  86  teu  Numon  sou;  por  meu  maadado 

tuus,  qui  eduxi  te  de  terra  yEgy-  ,     «       . 

pti :  dilata  ou  tuum,  et  impiebo  Teus  grilbõos  SC  quebraram ;  eu  do  £gyp 

Potente  te  salvei:  euriquecer-te 
Posso  de  novas  grsças»  se  nas  almas 

Renascer  a  fé  pura. 
Cânticos  levantai  para  invocar-me, 
(10)  Btwnaudieitpapuiotmeue  Pagos  sorto.  Mas  oh  povo  inconstantél 

voeem  meam,  et  Israel  n9n  tnien-    _,         .  .        ,  ^ 

dit  mihi.  Tu  rejeitas  ingrato  um  pae  amante* 


••• 


a  Tu  desprezaste  a  lei ;  nem  roais  qoizeste 
Obedecer:  soltando  a  rédea  aos  erros» 


275 

O  pendor  das  paixões  te  conduzia  : 
D'iUusorias  negaças  attrahido, 
Falsos  bens  procuraste. 
Quasi  que  resolvi  abandonar-te ; 
Quasi  entregar-te  ás  tuas  phantasias. 
Que  teem  por  frueto  acerbas  agonias. 


(11)  El  dímiti  eos  teeundum  de- 
êideria  eordis  eorum :  ibvni  inmd' 
inorntioniòui  $uis. 


«Se  0  meu  povo  me  ouvisse;  se  inclinasse        (is)  si popuiut mevê audiv{$»et 

,  me,  Jarael  ti  in  viit  méis  ambu- 

A  frente  ao  que  dictei ;  se  em  meus  cammhos  htseí  ; 
Os  seus  passos  constante  dirigisse; 
Do  meu  valor  veria  a  extensa  força: 
Talvez  seus  inimigos  como  a  névoa 

Dissiparia  o  vento; 
Talvez  que  a  minha  mSo  aterradorai 
Nos  seus  perseguidores  carregando. 
Lhe  iria  o  meu  poder  e  amor  provando. 


(13)  Pro  nihilo  fÊTsitan  fWmf- 
ros  eorum  humiliaitem^  ti  sítper 
tribulatUet  eêt  misiuem  manum 
tneam. 


«Mas,  ingratos!  jamais  corresponderam 
Ao  carinhoso  pae  que  os  dirigia; 
Como  inimigos  meus  me  atraiçoaram: 
Os  séculos  virfto  mostrar-lh'  o  engano. 
Apesar  delle,  sempre  os  fiz  ditosos; 

De  alimentos  saudáveis 
Os  fui  nutrindo ;  e  onde  produziam 
As  pedras  mel,  frumento  o  prado  ameno. 
Benigno  lhes  dei  posse  do  terreno.» 


( 1 4)  Inimiei  Domini  mentiU  sun  t 
et\  et  erit  temput  eorum  in  imcula. 


(15)  Et  cièavit  eos  ex  adipefru- 
mentif  et  de  petra  melle  taturavit 


eos. 


Tomo  VI. 


18  • 


276 


PSALMO  LXXXI. 

Psaimus  Awph.  Psalfíio  de  Ásaph, 

(1)  DeutttetilintynagogaDeO'    JjXTlNGUIO-SE  a  jUStiça  SobrO  a  teiTa. 
Tumy  in  médio  aulem  Deot  diju'    «v         •     •.    i  r  • 

4icat,  Dcos  irritado  eoieixa  os  seus  coriscos, 

E  com  torvo  semblante  dos  Geos  baixa 
Ao  congresso,  onde  vê  julgar  os  homens 
Por  esses  semi-deoses  fementidos. 
Das  suas  dignidades  presumidos. 
Que  abusos  do  poder,  que  abjecta  scena!... 
Torcem  a  lei;  a  honra,  a  fé  quebrantam, 
E  á  falsidade  mil  tropheos  levantam. 
Deos  justo,  seus  juizos  condemnando, 
Aos  Ímpios  assim  falia,  trovejando: 

{V)  Vaquequo  jndicatU  iniqvita»  «ComO,  6  per6doS,  SCm  pejO, 

tem  í  et  faties  peceatorum  sumi- 

tísf  Nesses  tribunaes  sentados. 

Vindes  amparar  malvados, 
E  innocentes  condemnar? 
Não  a  lei,  mas  a  fortuna 
Inspira  as  vossas  razoes; 
£  veem-se  as  vossas  paixões 
Da  innocencia  triumphar. 

(3)  Jíidieate  egeno,  et  fuj^íh,   « Aferida  a  balança  que  em  m5o  tendes, 

humilem^    et  pattperem  justifi"    -^.11 

m/f  (•).  Pesai  do  pobre  a  causa  rectamente; 

Corrigi  as  tenções  que  fraudulentas 
Privam  o  afllicto  humilde  de  soccorro, 

(•)  Valha  por  commenlo  o  passo  de  Isaías,  c.  1.  v.  «3.  Príncipes  tui  infidelei,  wíw 
funtm,  amne»  ditigunt  munera,  neguuninr  retríbutienes.  Pttpiih  non  jftdieenf.  et  í**** 
vidua  nan  ingreditur  ml  illos. 


277 


E  a  avidez  satisfazem  do  opulento: 
Mudai,  mudai  d'estilo; 
Sede  anjos  tutelares  do  pupillo. 
É  tempo  que  das  mSos  dos  peccadores 
Com  vigor  arranqueis  os  miseráveis: 
Entre  o  dó  nesse  peito  empedernido, 
Acodi  ao  mendigo,  ao  desprovido. 


(4)  Eripite  pauperem,  et  ege» 
num  de  manu  peecalorie  liberate. 


«Mas  em  trevas  envoltos,  que  cegueira 
Vos  apaga  de  todo  o  entendimento? 
E  vai  nos  desacertos  da  ignorância 
Da  terra  transtornar  o  fundamento? 
Ingratos!  G)mo  em  filhos  meus  queridos, 
Deleguei  o  poder  que  me  compete; 
Gomo  a  filhos  do  Excelso  vos  veneram 

Os  miseros  humanos. 
Aos  quaes  injustos  encurtais  os  annos. 


(5)  Neteierunt,n^gueintellexe' 
rutU,  in  lenebri»  ambvlant:  mo- 
vebuntur  omnia/undomenta  terra. 


(6)  Sgodixi:  DHeêtiê,  etfilii 
ÉxcelH  omnes. 


«A  stridula  trombeta  com  que  a  morte  (?)  Votautemtieuthomineemo- 

/^,  ^  <       ■  #  i_  rtemifti,  et  ãieut  unut  de  Prinei' 

Chama  os  mortaes,  também  a  vós  vos  chama,  pHue  eadetie. 

Também  a  vós  da  vida  vos  reclama: 

Feroz  pisa,  desfaz  glorias  humanas. 

Calca  igualmente  as  torres  e  as  cabanas; 

E  a  vossa  tflo  vaidosa  dignidade 

Irá  sumir-se  lá  na  eternidade.» 


Ah  meu  Deos !  julga  tu  mesmo : 
Esses  bárbaros  sáo  surdos; 
Os  seus  ji/izos  absurdos 
H9o  de  o  mundo  arruinar. 

Levanta-te,  julga  a  terra; 

Tudo  é  teu,  o  mundo  e  as  gentes; 
Conheces  máos  e  ínnocentes. 
Só  tu  nos  podes  julgar. 


(6)  Surge f  Oeuã^judieaterrttm^ 
quoniam  tu  htereditmbit  in  «mnt- 
òua  gcntiòuê. 


278 


PSALMO  LXXXII. 

Caalicum  Fiaimi  Asaph.  v        D$  ÀiOph. 

(I)  Deus,  quit  aimiiii  erit  tui?  lllo  suppiíiiiM  O  enfado,  dIo  te  cales: 

fit  I  aecaSf  negue  eompeacarii  Deus.    .._     ,         . 

NSo  ba  ser  que  eomtigo  se  compare. 
Senhor  omoipoteote !  Justiceiro, 
Quem  te  offieode  corrige. 


(«)  Quoniam  ecce  inimiei  tui  «o-  Jeus  ioimigos  niidosos  bradam ; 

nueruni,  et  qui  oderunt  íe,  exíu- 

lerunt  cofut.  Levantaram  a  frente,  revoltosos, 

(3)  Super  pêpuium  iuum  nmii*  G)Qtra  ti ;  contra  o  templo  e  sacerdotes 

gimoerunt  cúntilium^  et  eogitave» 

rurU  advertut  tanctoa  ttwt.  Manifestam  SOU  odio. 


Já  tenebrosas  conferencias  formam 
Contra  o  teu  povo;  a  alhiviSo  dos  impios 
Se  aggrega  como  nuvem  trovejante 
Que  arremessa  coriscoe. 

(4)  Dixeruni:  venite,  et  diaper-     UnS  a08  OUtrOS  86  disom:    O  VamOS,  vamOS, 
damua  eoa  de  gente,  et  non  me-  t»»         ■  •         • 

morelvr  nomen  laraet  ultra,  O  OOmO  Q  Israel  nSO  maiS  OXISta  ; 

Percamos  essa  gente  sem  remédio, 
Risquem«*se  da  memoria.» 

(5)  Quúniam  eogitaverunt  vna-    AoS  vagabundoS  IdumOOS  SO  ligam, 
nimiter,  aimul  adt>eraiim  te  tea*  ^  ,         - 

Èamtníum  áUp$auerunt,  tnòema-    DoS  filhOS  Q  ismaol  aUXlIlO  aCCOltam; 
tuim  Idummúrum,  et  Jammhelitm :    -wr  a.  2  a  ». 

£  todos  anciosos  determmam 
Anniquilar  teua  sèrvoa. 

(fi)  Moab,  et  Agareni,  Geh^,   Vem  O  Agareno»  O  Moabitafe  avançam 

et  Ammon,  et  AmaUc :  àlieMgenm    -.^11  .         r    ■• 

çnm  habititniibuê  Tgrvm.  De  Gebal  08  groisoiros  babitantes; 

Ckincorre  o  Pfailisteo,  que  nlo  socega 
Sem  fartar  ódio  antigo. 


279 

Os  d'A9Sur  se  despertam,  todos  correm 
A  soccorrer  a  estirpe  vergonhosa 
Do  malfadado  Lot  (*);  o  Tyrio  destro 
Acode  ao  som  das  armas. 


(7)  Etením  Atsur  venit  mm  t7- 
/(«,  fãeti  9uni  in  aâjutorium  filUt 


Senhor!  nio  te  commote  o  atrevimento? 
Levanta-te,  renova  essas  vinganças 
Coro  que  junto  ao  Thatmr  por  frágil  braço 
Alcançaste  victorías. 


(8)  Fac  tUit  ai4íítt  Mãdian^  et 
StMarte,  sieut  Jabin  fn  torrente 
Citton. 


Faze-lhe  o  que  fizeste  aos  Madianitas, 
A  Sisara,  a  Jabin,  junto  das  mai^ens 
Da  torrente  Cissoo;  attesta  o  campo 
D*Eodor  a  top  (orça. 


(9)  DitperiermU  in  Enior)  /«- 
cti  9unt  ttt  slcrcHS  terra. 


Os  insepultos  membros  decepados, 
Pútridos,  reduziste  a  p6  ligeiro; 
E  aviltados,  nas  leivas  esparzidos, 
Estrumaram  a  terra. 


Tratta  seus  Chefes  como  jé  trattaste 
Os  tiistes  Zeb  e  Oreb;  assuste  a  sorte 
De  Salroaoa  e  Zebeo  os  revoltosos  (»*) 
Que  contra  Deos  conspiram; 


(10)  Pene  Primipfê  fnim  ti- 
cut  Orek^  et  Zeby  et  Zebee,  H 
Satnuma. 


Esses  monstros,  qne  aadacea  vio  dizendo: 
«Que  Deos  habita  aqui?  Tomemos  posse 
De  seu  templo  e  riquezas,  do  seu  culto, 
Que  a  nós  também  pertence.» 


(11)  Omnes  Prineipei  eorutn^ 
gui  dixerunt :  heBredititepossideor 
mu9  tanetuarium  Dei, 


(•)  Pela  titirpe  de  Lot  «nteBJmii-M  o«  AjnmoniUis,  seuf  de»cendenle«,  e  primeiros 
auclores  da  guerra  a  que  te  allude  neste  psalníb. 

(•#)  Salmana  e  Zebeo  eram  os  reis  Madianltas  ;  Zeb  e  Oreb  os  seus  capitSes,  Tencidos 
e  mortos  por  GedeSo  em  Eador. 


280 

(]«)  Deus  meut,  pane  iiiot,  ut   Oh  meu  Deost  Ul  suberba  Dão  toleres! 

rotam,  ei  ticut  stipulam  ante  fa-    __,         .     i  ..■  *      i  i 

ciem  venti.  N  uin  turoilbão  de  magoas  recooDeçam, 

Girando  atormentados,  quanto  distam 
Da  tua  Divindade. 


Do  teu  furor  fusile  uma  centelha; 
Desfeitos  os  veremos  como  a  palha 
Que  de  cima  da  terra  o  vento  varre, 
E  dissipa  nos  ares. 


(13)  Sicut  ignis,  gui  camhurtt  Dcsfocha  08  raíos,  dosçam  velozmeoto 

silvam f  ctiicuíJUunmaeomòurens    f,  «  ,,  •  « 

maníeê,  Sobre  ellos  teus  rigores,  e  os  devorem 

G)mo  o  fogo  consome  uma  Qoresta, 
Como  calcina  os  montes. 


(14)  !tapersegueri»iUosintrm'   Sc  outro  moio  uSo  ha  para  quo  sintam 

pe  State  tua^  ei  in  ira  tua  turbabii  .  ri 

eot.  Horror  do  crime,  apressa-te,  castiga; 

Se  avaliar  lhe  é  dado  as  tuas  iras. 
Tal  correcçSo  precisam. 


(lô)  Imple  fácies  earumignami'    NãO,  mOU  DOOS,  USO  SSO  VOtOS  de  viogflDÇa 
nia ;  et  gvarcní  namen  Ititim,  Do-     ^  ^  i* 

mine.  Que  movom  estas  supplicas  severas: 

Desejo  que  assustados  já  revertam, 
Já  para  ti,  contrictos. 

Se  as  faces  lhes  cobrires  de  ignominia, 
Talvez  se  tomem  os  seus  olhos  fontes, 
£  envergonhados  busquem  applacar-te 
Com  pezar  de  seus  crimes. 

(16)  Erube$eant,  cl  conturbe n-   Â  vista  da  vordade,  couturbados, 

lur  in  taseulum  taculi^  cl  con/un'    o        ja  *    j      j*  j* 

(iantur^  ei  percant.  ^^ua  oor  crcscerfi  06  dia  em  dia ; 

  lembrança  dos  erros  aillictiva 
Lh'  irá  gastando  a  vida. 


281 

Pôde  ser  que  entre  angustias  reconheçam 
Que  a  ti,  udíco  DeoSi  a  ti  só  toca 
Justificar  os  homens  ou  perdê-los; 
Que  és  Deos  omnipotente: 


(17)  Ei  cognúêcãtU^  qufa  nomen 
Uòi  IHminuiy  tu  ioluê  AUUiimM 
in  omni  terra» 


Que  os  numens  e  paixOes  que  idolatravam 
São  sonhos  vSos  (fue  os  homens  allucinam; 
E  na  tua  presença  só  subsiste 
'    A  virtude  sem  mancha. 

JV.  B.  A  latitude  de  uma  paraphrase  parece-me  que  pennilte  dar  um 
sentido  puramente  christão  ás  expressões  vingativas  que  encontro  em  alguns 
Psalmos,  e  attender  igualmente  ás  máximas  evangélicas. 

(À  Àuetora.) 


PSALMO  LXXXIII. 


A  musica  i  do  mestre  das  cantoras 
da  esehda  de  Core  {*). 


H 


EU  Deos!  porque  me  nSo  deixas 
Ir  no  teu  templo  viver? 
Feliz  fora,  se  podesse 
Tornar  a  vé-lo  e  morrer. 
Por  esse  asylo  agradável 
Suspiro  continuamente: 
Quando  chegaram  as  horas 
De  eu  nelle  habitar  contente! 


Io  finem,  pro  torcularibus 
filiis  Core,  Psalmtw. 


(1)  Quam  dilecta  tabernaeula 
tua  Domine  wirtuium  !  cottevpit' 
at,  et  dfjicit  anima  mea  in  atria 
Domini- 


(2)  Cormeum^  et  caro  mea  exul- 
íaoervnt  in  Deum  vivum. 


Acha  a  rôla  abrigo  certo. 
As  aves  encontram  ninhos 


(3)  Elenim  passer  invenit  êihi 
domumt  et  turtur  nidum  tibi,  ubi 
ponat  pulloa  avos. 


m 

(•)    Neste  psalmo  exprímem-ae  ternameute  oi  luipíros  c  Umcnloj  dos  miaerot  Levitas 
eaplivos  em  Baby lenia. 


282 


(4)  J liaria  tua.  Domine  virtU' 
íum,  Rex  tntuM,  et  Deu»  meu». 


Eotre  06  ramos  onde  escondem 
Os  implames  passarinhos: 
No  furor  do  mar  irado, 

No  escabroso  e  máo  caminho, 
O  teu  templo  era  o  meu  porto, 
Era  o  teu  altar  meu  ninho. 


(5)  Beaii  qui  habitant  in  domo 
tua^  Domine jinaaeulasacvUrum 

laudabuni  te. 


(6)  Beaiuê  vir^  eitjiu  ett  mtxi* 
Hum  ab»  te :  atcentione»  in  eorde 
»uo  ditpoiuit,  in  valle  UchrymO' 
rum^  in  loco  quem  potuit. 


Com  que  delicia  e  descanço 
Passam  alli  dias,  aonos, 
Espalhando  os  teus  louvores. 
Alguns  ditosos  humanos! 

Ahl  se  queres,  se  me  ajudas. 
Também  serei  venturoso; 
Com  tfto  suave  esperança 
Já  começo  a  ser  ditoso. 


Cuido  que  este  doce  instante 
Com  meu  desejo  avisinho, 
E  vou  medindo  co'  a  mente 
Os  meus  passos,  meu  caminho. 

Será  pois  esta  vereda 
Que  me  leve  á  pátria  amada? 
Será  por  entre  esses  bosques 
Do  Valie  do  Pranto  (*)  a  estrada? 


(7)  Eienim  benediclionem  dabit 
IrgiUator:  ibunt  de  virttile  in  vir- 
tutem:  videbitur  Deus  Deornm 
in  Sion. 


Denso  Valle !  cbara  Pátria ! 
Já  te  avisto,  já  te  alcanço; 
E  do  excesso  da  fadiga 
Já  nos  teus  átrios  descanço: 

Vivas  rochas  lacrimosas 
Do  declive  d'e8se  monte 
Para  apagar  minha  sede 
Formam  cristalina  fonte. 


(•)     Lugar  nas  vi^iiibaDçai  de  Jerusalém. 


283 

Restaurado  o  pasBO  apresso, 
De  coro  em  coro  passando; 
Sião  rejo,  e  o  Deos  dos  Deoses 
Vou  no  seu  templo  avistando. 

Mas  ai  de  mim  1  com  que  sonhos 
Alegro  as  minhas  idéas! 
Nada  vejo»  e  nos  meus  braços 
Ioda  pesam  as  cadèas. 


Ah  Senhor !  tem  dó  de  mim : 
Verifica  o  que  supponho ; 
Troca-me,  pois  tudo  podeSt 
£m  verdade  este  meu  sonho* 

Protector  nosso,  repara 

No  Rei  que  nos  prometteste; 
Se  em  ferros. seui  servos  deixas. 
Que  reino  é  poÍ9  que  lhe  deste? 


(8)  Domine  Deus  virtutum  ex» 
audi  êrationem  meam,  ãuribuê  per* 
cfpe,  Deut  Jacob. 


(9)  Protector  nooter  ospice , 
Deii«,  et  reipice  in  fadem  Chriati 
tw. 


Viver  assim  n&o  é  vida. 
Nem  signal  do  teu  amor; 

.  Mais  vale  um  dia  em  teu  templo 
Que  mil  annos  neste  horror. 

Na  tua  casa  antes  quero 
Ser  abjeelo  servidor. 
Que  n'um  palácio  pomposo 
Habitar  e'o  peccador. 


(10)  Quia  melior  est  diet  una 
in  alriit  tuio  ãuper  milUa. 


(II)  Elfgi  abjectut  esse  in  domo 
liW  mei  magis,  quam  habitare  in 
taòernaeulis  peecatorum. 


No  seio  de  tanta  angustia 
De  todo  nfto  desalento; 
Vem  confortar  a  minha  alma 
Um  suave  pensamento: 

Basta  só  que  eu  n8o  te  offenda. 
Que  a  lei  cumpra  fielmente. 
Para  obter  os  altos  premies 
Que  n&o  negas  ao  innocente. 


(IS)  Quia  miserieordiam,  eive' 
ritatem  diligit  Deus,  graíiam,  et 
gloriam  dabit  Dominus, 


(13)  Non  privaòit  bonis  eos  gui 
ambuimnt  in  imnocentio:  Domine 
virtutnm,  beatus  homo,  qiú  sperat 
in  te. 


284 

Feliz  quem  despreza  o  muodo/ 
Oaem,  meu  Deos»  em  ti  seguro 
CoDserva  o  animo  livre 
No  captiveiro  mais  duro! 

Esse  com  valor  affroota 
A  maior  adversidade» 
E  DO  seu  peito  tranquillo 
Abriga  a  felicidade. 


— »i 


PSALMO  LXXXIV. 


In  finem  fiiiu  Core  Psaimus.  A  tnusica  é  do  mcUre  dos  Coriíos.  («) 

(O  Benedixiâfi  Domine  ierram   uEM  sei  quo  amaste  a  tua  aotiga  terra, 

tuam :  avertiati  capíivUaiem  Jor    ^       ««         «.  .     i         ^  i       • 

cob.  Que  Ibe  ndo  negarás  bênçãos  saudáveis; 

Que  has  de  quebrar  os  ferros 
Que  opprimem  com  rigor  o  povo  inteiro, 
E  allivio  dar  ao  nosso  captiveiro. 


(s)  RemiiUti  iniquitatem  pfe-   Sei  quo  aposar  dos  crros,  compassivo 

bis  lua :  operuiili  omnia  oeecato    r\t\.  «  t  t 

Olhas  para  os  teus  servos  desgraçados; 

Que  o  perdão  nos  ofiTreces, 
E  encobrirás  de  um  véo  denso  a  maldade 
Para  não  ver  a  nossa  iniquidade. 


torum. 


(3)  MitigasHomnem iram  tuam:     Sei  qUO  um  frcio  picdoSO  pÕOS  áS  iraS; 
avertiati  ab  ira  indignationis  tua.    r\  .  «a  &  •      ■       j* 

Que  o  teu  poder,  a  tua  misericórdia 
Vai  mitigando  as  forças 


(•)  o  argumento  deite  psalmo  reflriBge.fe  a  exprimir  os  ▼oloi  dos  priíionein»  j«  li- 
sinhos a  voltar  libertos  da  escravidão  de  Babylonia :  em  mais  nobre  sentido  é  nelle  cUr*  * 
alicçoria  da  nossa  rederapçHo. 


285 


Da  taa  indignação,  dos  léus  furores, 
A  fim  de  não  perder  os  peccadores. 


Applaca  de  uma  ves  o  teu  enfado; 
Volta  já  para  nós  benigno  a  face; 

Affasta,  afias\f  as  iras. 
Cujo  effeito  é  ferino»  e  mais  se  apura 
Desalentando  a  humana  creatura. 


(4)  CaiÊ9erte  am,  Deut,  taluiã- 
rtt  HMler,  et  averU  irwn  íumm  à, 

noòit,  ' 


É  possível,  meu  Deos !  que  não  te  applaqu 
Que  o  teu  furor  prosiga  alem  da  vida» 

E  ás  gerações  futuras 
Transmitias  como  herança  aquellas  penas 
Que  contra  nós  tão  justamente  ordenas? 


7  (5)  \umqttid  in  íelemum'traf 
eerig  noUnt  mtt  extendes  iram 
iuam  à  generaiíone  in  generotiú' 
netnf 


Não»  meu  DeOSi  Se  o  peCCado  nos  foi  morte»       (6)  Deus,  tu  conver»ua  mvífiea' 
VolUndo  para  nós,  nos  darás  vida;  ki,ne.,etplebUualc^iatiturinte. 

Teu  povo  renascendo» 
Da  mais  doce  alegria  transportado, 
Despirá  as  alfaias  do  peccado. 

CoDcede-nos  a  lua  misericórdia, 

Cumpre  a  promessa»  o  Salvador  nos  manda.    (i)  Ostendewbis,  Domine,  múe' 

A ,  ^  ,  ,  rieordiam  /tiom,  et  mlutare  tuum 

Ah  quanto  se  demora !  ^a  nobte. 

Não  retardes»  Senhor,  esta  ventura, 
Que  a  nossa  escravidão  ha  muito  dura. 


Doce  pressentimento  me  transporta 
Nas  aquilinas  azas  da  esperança! 

Cedo  chega  o  resgate; 
Cedo  ouvirei  de  Deos  a  voz  sonora. 
Que  a  paz  promettc,  e  a  sorte  nos  melhora. 


(8)  Audiam  quid  loquaiur  in  me 
Dominu»  Devi,  queniam  lequtíur 
paeem  in  pleÒem  tuam. 


^86 

(9)  Et  tuper  saneíoi  tmsy  et  in  M 88  desta  paz  O  fructo  oão  pertence 

cot.  qui  cotwertuntur  ad  cor.  c     •         '     é.  l  ¥v       l 

' '  Seofio  ao  justo,  aos  homens  que  a  Deos  buscam, 

E  a  verdade  esclarece. 

(10)  Fenmuimen  p-upe  ttiften-  Quem  teme  a  DeoSt  da  salvaçSo  ?ai  perto, 

toa  *enm  talutare  ipshii.,  ut  mA«-  . 

bitet  gloria  in  terra  noatra.         £  om  seu  lar  tem  8  glona  6  premio  cefto. 
(10  Miierícordia  et  veriía»  oh-  Dosta  veotura  já  peohor  sagrado 

vittverunt  sibi,  juttitia^  et  pax  m-    _   .         .  «       •  . 

cuhta  $unt.  Baixa  dos  ceos :  no  mundo  s  encontraram 

Misericórdia  e  Verdade; 
Justiça  e  Paz  um  osculo  se  deram. 
Verdade  e  Amor  no  mundo  renasceram. 


(IS)  Feritai  de  terra  orta  est^    Já  8  iunOCOncia  8  roflorír  COmOÇa; 
et  justitia  de  atlo  protpexit,  «i,i*i  .  «  ..» 

E  lá  do  tnrono  eterno  a  observa  atteoU 

(13)  Elenim  Dominuê  dabit  be-  A  Jostiça  SUprema; 

nignitalem^  et  terra  nottra  dabii        ,  ... 

fruotum  nitifn.  D  um  Virginal  terreno  o  iructo  esponta, 

E  a  salvação  geral  assim  se  aprompta. 

(14)  Ju9titia  ante  eum  ambuiih  Caminharfto  com  pompa  ante  o  Messias 

bit,  et  ponet  in  via  greotuê  etioo,    ^     .  «     .  • 

Os  Justos,  pela. graça  conduzidos; 

Da  lei  áureos  preceitos 
Dirigirfio  seus  passos  na  carreira 
Onde  h&o  de  obter  a  gloria  verdadeira. 


PSALMO  LXXXV. 


Oratio  ipsí  David.  Otoçoo  de  Dovid. 

(1)  Inclina,    Domine,   aurem  uM  que  abysmo  de  pozares, 

tuam,  et  exaudi  me,  otioniam  in"  n  x^  i.  ^«j 

opo,  et  pauper  tum  ego,  Pobre,  misoro,  abatido 

Me  sinto,  Senhor!  Inclina 
A  meus  ais  o  teu  ouvido. 


287 


Salva-me  esta  alma,  defende 
Um  servo  a  ti  consagrado; 
Invoquei-te  em  todo  o  aperto, 
Em  ti,  meu  Deos,  cooGado. 


(S)  CuMtâdi  animam  meam,  ftí«- 
fi^ci»  tanelítê  sum  (•) ;  taloumfae 
««rrtim  f ffum,  Dettsmeuê^iperan" 
Um  in  te. 


Tem  dó  de  mim,  que  dIo  eango 
D'impIorar-te  todo  o  dia; 
Levantando  a  ti  minha  alma. 
Em  demanda  da  alegria. 


(3)  MUereremei,  Domine,  quo- 
niam  ad  te  clamari  tota  die :  la^ 
tipea  animam  servi  Itii,  quoniam 
ad  te,  Domine,  animam  meam  /r- 
ravi. 


Sei,  men  Deos,  quanto  és  suave, 
Quanto  és  brando,  e  que  ternura 
Mostras  a  quem  com  fé  viva 
Te  invoca  na  desventura. 


(4)  Quaniam  tu.  Domine,  tna' 
via,  et  miti9,  et  multm  nUtericor- 
dia  omniàui  inoocantiòut  te. 


Poderás  tu  nio  ouvir-me 
Nesta  angustia  em  que  me  vejo? 
Recusarás  o  conforto 
Que  preciso,  que  desejo? 


(5)  Jurihuo  jtereipc ,  Domine , 
orationom  meam,  et  inUnáe  voei 
depreeationiê  mea. 


Concede  attençSo  aos  votos 
Que  submisso  te  apresento; 
Do  meu  ulcerado  peito 
Faze  cessar  o  tormento. 


Já  por  vezes  me  escutaste; 
Nos  dias  atribulados. 
Quando  todo  me  fugia. 
Ouviste,  Senhor,  meus  brados. 


(6)  In   die   trtkutationit    mtee 
ciamaH  ad  te,  quia  exandiiti  me. 


(•)  Talvez  pa»^  demisiadanente  «dianUda  a  ezpremfto  de  ftimtcm  ianetuo  êum; 
mas  qaem  conhece  a  fimples  natural  sioceridade  doa  Eieriptorct  tacrof,  nio  guiados  por 
espirito  de  snberba ;  quem  compreheade  a  força  da  hebraica  toi  original,  qne  nSo  soa  çpmo 
taneiao  entre  nds,  mas  como  píui,  heneíkui,  UH  devotuOf  êineerutf  ficará  pago  da  liçSo  da 
Vulgata,  e  da  traducçlo  da  Auctora. 


288 


(7)  Xon  e$t  iimilit  iui  in  diii, 
Domine,  et jwn  eit  tecundwn 
opera  tva. 


Não  ha  poder  que  se  meça 
Com  teu  poder  e  verdade; 
Outros  numes  silo  chimeras, 
Todos  sonhos  e  vaidade. 


(8)  Omnet  gentes^  quaxatnque 
fecitU,  venieniy  et  adorabvtU  co- 
ram te,  Domine,  et  gloHjUabmt 
tiomen  timm. 


Tua,  immensa  intelligencia 
CoDstruio  todos  os  entes; 
Todos  devem  vir  prostrados 
Prestar-te  votos  ardentes. 


Quem  haverá  que  nilo  arda 
Em  amor  da  tua  essência? 
Que  entre  angustias  não  descaace, 
Meu  Deos!  na  tua  clemência? 


{9)  Quofiiam  maynua  es  tu,  et 
faciens  mirabitia:  tu  es  Deus 
solus. 


(10)  Deduc  me,  Domine,  in  via 
tva,  et  ingrediar  in  ver i tale  lua: 
iatetur  cor  meum,  ut  íiineat  Wh 
men  tuum. 


Todos  hão  de  ouvir  com  pasmo 
Os  prodigios  que  fizeste. 
Tu,  que  por  essência  existes 
E  que  fi  existência  nos  deste! 

Nos  teus  caminhos  me  leva» 
Seguindo  a  verdade  irei; 
Com  animo  satisfeito 
Só  teu  nome  temerei. 


(11)  Coufitebor  tibi ,  Domine 
Deus  meus,  in  tolo  corde  meo^ 
et  gtorijicabo  nomen  tuum  ineeter- 
num. 


Ah  roeu  Dèos!  para  cantar-te 
Anima  o  meu  coração; 
Fortalece  os  pensamentos 
Que  hão  de  compor  a  canção. 


A  minha  alma  a  ti  s'eleva, 
Calculando  teus  favores, 
Cada  pulsação,  das  véas 
Meça  um  milhar  do  louvores. 


289 


Com  que  extensa  misericórdia 
Da  perdição  me  livraste! 
E  dos  iorernaes  martyrios 
A  minha  alma  resgataste! 


(18)  Quia  miêeríeardiã  tua  mm- 
gna  nt  ntper  me :  et  erviêii  ani» 
ffiom  memn  ex  infem»  inferiori. 


Mas  a  indómita  maldade, 
Contra  o  teu  poder  opposta. 
Ciosa  de  que  me  ampares, 
O^  teus  coriscos  arrosta : 


(13)  DeusJrUçuiiiuurrexerunt 
êvper  me,  et  eynagoga  potentium 
gvwsiervnt  animam  meam,  et  non 
propQtuenmt  te  in  conspectu  »uo. 


Um  tropel  de  iniqua  gente, 

Um  congresso  de  malvados» 

NSo  temem  que,  ó  Deos,  lhes  deixes 

Os  seus  intentos  frustrados. 

Quando  assaltavam  minha  alma, 
Altivos  nfio  reparavam 
Que  a  tudo  estavas  presente, 
Julgavas  o  que  intentavam. 


Não  vêem  que  és  benevolente. 
Fonte  de  amor  e  bondade; 
Que  oppoes  ao  rigor  justiça, 
Compaix&o  á  crueldade. 


(U)  Et  tu,  Dmniney  Deui  mi- 
Meraúr^  et  mieericúre,  patiene^  et 
multíB  miseritordim,  et  verax. 


Uma  branda  vista  d'olhos 
Lança  sobre  mim.  Senhor! 
E  do  teu  benigno  amparo 
Seja  sagrado  penhor. 


(15)  Reepice  in  me,  et  miterere 
mei :  da  imperiutn  tuum  puero  iue, 
et  iolvum  Jac  JUium  ancillte  tuec. 


Salva  o  teu  servo,  e  potente 
Seu  animo  forti&ca; 
£  em  troca  de  tantas  magoas 
Os  meus  allivios  duplica. 

Toiíií»  Vf 


19 


(16)  Fêu  meeum  ãignum  in  bô- 
num,  ut  videant,  qui  oderwU  m«, 
et  canfundantur :  gtiomam  tu,  Dih 
mine,  adjuvisti  me,  et  eonsoUítus 


et  me. 


290 

Vejam  com  pasmo  os  tjraoDos 
Que  me  odéam,  quaoto  podes; 
Que  os  confundes,  me  defendes, 
Me  consolas,  e  me  acodes» 


PSALMO  LXXXVI. 


Filiís  Core  pialmus  cantici. 


A  mtmca  é  do  mestre  dos  Contas. 


F, 


(1)  Fundamenta  ejui  in  monti-    f  UNDAOA  Sobre  SOlído  alicerCO 

'Í«Z!%fí'l^ZZ^'ú,  No»  sanctos  monte,  que  o  Senhor  prefere. 

'^''^^^'  Sião,  regia  cidade,  se  levanta: 

Montes  mysteriosos,  que  Deos  ama, 

Sustentam  o  edificio, 
Thesouro  eggregio  d'immortae8  orac'ios, 
Que  vence  de  Jacob  os  tabernac'los. 


(s2)  Giúnêia  dkta  sunt  de  te,   Quautas  glorias  Prophctas  avistaram 
civitaz  Dei.  Cercando  esta  Bainha  das  Cidades! 

Com  que  franqueia  as  áureas  portas  se  abreiOt 
E  em  seu  recinto  a  multidão  se  abriga ! 

(3)  Metfior  ero  Kahab,  et  Ba-  O  Mouarcha  OpulcntO, 

bylonis  scientium  me.  f^^^  ^  ^^^^  gjj^^^  ^^^^  enriqUCCe: 

Nem  da  humilde  Rahab  o  facto  esquece. 


(4)  Eeee  alienígena,  et  TyruM,   Chama  amoroso  88  mais  estraubas  gentes; 

et^p^puluu  yEthioyum,  hi  fuerunt    ^  j^^.^^  ^  Egypcio,  0  foro  Babylouio, 

Em  suave  harmonia  com  seus  servos, 
Virão  participar  da  luz  celeste: 
M&e  fecunda  dos  povos. 
Nesta  immensa  magniãca  cidade 
Entre  os  homens  nSo  ha  desigualdade. 


291 

Pátria  do  ^abío,  eschola  do  Heroe  justo, 
O  lustre  das  virtudes  logo  indica 
Que  em  Jerusalém  teve  o  nascimento, 
E  ás  venturas  sem  termo  é  destinado. 

O  Fundador  sublime 
Deste  nobre  ediGcioi  obra  preclara, 
Que  é  Deos,  sua  grandeza  noa  declara. 


(5)  Numçuid  Sion  dieet :  homo^ 
et  hêtno  natut  ett  in  «a,  et  ipee 
funémvit  eam  Mti$9imu$t 


Dona  preciosos  pródigo  reparte, 
Qario  divino  a  todos  reanima; 
Os  que  vivem  nas  mais  espessas  trevas, 
Os  habitantes  da  regifio  da  morte 

Verio  esta  luz  magna; 
£  alegres,  os  tropheos  que  mereceram, 
O  spoHo  das  batalhas  que  venceram. 


Deos  em  seu  livro  eterno  tem  a  lista 
Dos  povos  que  acolheo,  dos  que  ditosos 
A  sua  Yoz  suave  responderam; 
Para  em  seu  grémio  residir  sem  susto, 

Honra-os  co'  as  insignias 
Com  que  o  Senhor  distingue  os  escolhidos, 
Em  SiSo  educados  ou  nascidos.       « 


(6)  Dominue  narraòit  in  icrip- 
"  turiepofulonun,  etprindfum^  hO' 
mm  fuifiterunt  in  ea. 


Em  doce  laço,  amável  convivência 
Todos  unidos,  cânticos  celestes 
Soltem  contentes;  doure  a  paz  seus  dias 
Na  esperança  dos  bens  que  nSo  acabam: 

Aspirando  a  gozar-te. 
Meu  Deost  toda  a  tristeza  se  dissipa, 
E  a  bemaventurauça  se  anticipa. 


(7)  Sieut  ktttmtium  ommum  Ao- 
bitãtio  e$t  in  te. 


Tomo  VI. 


lU  • 


292 


PSALMO  LXXXVII. 


Caniicum  psaimi,  fiUi»  Core,  in    Cantata  O  doíS  COTOS :  musica  do  mestre  dú$ 
flocm,  pro  Maheiei,  ad  refpon-        j/ofcc/eí :  poesia  de  Hemou  Ezrahita  (•) 

dendiim  intellcclus  Heman  Ez-  j       ^     % 

para  uso  dos  tontas. 

raluto;.  •* 

O)  Domine  Deut  saiutiê  meeit,    Ah  Rieu  Deos!  tão  ni'escutas?  d8o  repans 

Udíco  auxilio  roeu»  minha  esperança! 
A  ti  y8o  meus  suspiros  inflammados. 
Bem  o  sabes,  Senhor;  férvidas  preces 

Chorando  te  apresento 
Apenas  nasce  o  sol ;  e  acha-^me  orando 
Quando  se  vai  nas  aguas  mergulhando. 


precçm  meam. 


(e)  Mret  in  conspecíu  tm  ora*   Se  mcus  votos,  mcu  Deos,  não  vSo  rompeodo 

tio  mea:  inclina  aurem  itutm  ad    ^  »       i_ 

Os  ares  espaçosos;  se  não  chegam 
Onde  estás;  tem  piedade,  concedendo 
Que  vençam  tal  distancia;  acolhe  as  preces: 

(3)  Quia  repleta  ett  maliê  ani-     ImpOSSivcl  Será  tO  UãO  COOdoaS, 
ma  mea,  et  vi  ta  mea  inferno  ajh      '  ir      j  «li         ^    » 

propiuqnavH.  yenúo  minha  alma  fenlregue 

A  dores  taes,  que  á  morte  vou  correndo, 
E  sem  querer  ao  tumulo  descendo. 

(4)  jEitimaiuM  Mumcumdetcen-   Vivente  algum  de  mim  já  tem  cuidado; 

dentibUB  in  laeum :  faetuB  ií4m  ti'     •.      ^     «    .ii  ii 

eut  homo  sincadjutorio,  inter  mor*   Jâ  ufio  Dnlna  a  mcus  oluos  a  osporança; 
íuoi  líber.  '^tm  SOU  como  vivente  reputado: 

Tão  pouco  entre  os  e&tinctos  lugar  tenho; 

Sou  qual  leproso  em  separado  campo, 

(•)  Eotre  os  mais  celebres  poetas  da  era  de  David  e  Salom&o  distingne-te  o  fiBo» 
Heman,  a  respeito  do  qual  se  p<Sde  ver  o  liv.  3.®  dos  Reis,  cap.  4.  oíde  paraenltin 
sabedoria  de  Salomão  te  dis  que  valia  mais  que  Elhan  Eirabila,  que  Heman,  e  Ckako),  f 
Borda. 


293 

Longe  dos  mesmos  mortos 
De  quem  jazem  os  membros  esquecidos. 
De  passageiro  algum  apercebidos. 


Em  meu  sepulchro  assim  posto  de  parte, 
NiDguem  me  põe  lettreiro  compassivo; 
Pois  iguala  na  morte  o  esquecimento 
O  rigor  do  desdém  que  soffro  vivo. 
Estro  divino  e  nome  se  me  apaga; 

Qual  lâmpada  sem  óleo, 
Por  tua  mão  severa  repellido, 
Durmo  em  trevas  perpetuas  submergido. 


(5)  Sicut  vulnerati  dcrmientet 
in  9tpulehris,  çttârum  non  et  me' 
Mor  ãtnplivt :  et  ipsi  de  nuinu  tum 
rcffthi  9unt. 


(6)  Posuervnt  me  in  laeu  infe' 
riún\  in  tenebrosit,  et  in  ttmòra 
mêrtit. 


Ah  meu  Deos,  tu  me  vés  em  tal  estado! 
Teu  furor  sobre  mim  desafogaste; 
As  ondas  de  amargura,  vasos.  d*ira 
Sobre  minha  cabeça  derramaste: 
Bóio  qual  náo  desmantelada  e  rota, 

A  naufragar  visinha; 
Leva-me  contra  escolhos  vento  irado... 
E  vês  o  meu  naufrágio  socegado?... 


(7)  Sttper  me  conJirnãíuM  ettfu- 
r&r  tuvt :  et  omnetflactus  tuoê  in* 
duxiiti  êupcr  me. 


Volta-me  o  rosto  a  gente  desdenhosa. 
Os  mais  charos  amigos  nSo  me  abonam, 
Sou*lhe  objecto  de  horror,  medonho  spectro; 
Filho,  amigos,  parentes  me  abandonam. 
Em  transes  taes  afflicto,  agrilhoado, 

£scapar-me  não  posso; 
Mas  dissolvo^me  «m  pranto  em  tal  excesso. 
Que  pasmo...  cessa  o  choro...  desfalleço. 


(G)  Longe  feci9tí  noto$  meoê  à 
me,  potuerunt  me  ãibominationem 
êibi. 


(9)  Traditut  tum,  et  non  egre- 
àieòar :  oettU  mei  iauguerunl  prw 
inópia. 


Retrocedem  as  lagrimas,  n9o  sinto 
Allivio  algum,  encosto  algum  seguro; 
Tremulas  me  descad  desfallecidas 


(10)  Clamavi  aã  /e,  Domine, 
tota  die:  expandi  ad  te  manus 
meai. 


294 

As  mSos  que  levantar  aos  Geos  procuro. 
Clamo  por  ti,  Senhor  I  quero  invocar-le 

Tatvei  DO  extremo  dia ; 
Faze  que  o  passe  inteiro  orandot  e  alcance 
Que  o  meu  feroi  tormento  ceda  e  cance. 

(ij)  NunquidmortuitfHeietmi'  Xou  grande  nomo,  formidavel,  sancto, 

rabitiaf  aui  mediei  êuecitãburUt    -,.,.•  .  • 

ei  eonjuebtnuur  iiòif  Foi  de  mim  O  dos  meus  sempre  mvocado; 

De  nós  só  conhecido»  quando  o  mundo 
Jazia  em  treva  espessa  sepultado. 
Quem  tecerá  melhor  do  que  eu  teus  hymnosT 

Ahl  conserva«»me  a  vida. 
Cantarei  tua  gloria.  Não  s9o  mortos 
Quem  teus  milagres  cantarSo  absortos, 

(12)  yvnquidnarrabitoiiquiiin  Só  de  quem  vive  O  estfo  é  que  se  accende; 

ãepvlcfire  miterteordiom  tuam,  et    -.j  .         .  .        ,       ...  , 

veritatem  tuum  in  perditiênef         Nem  dOS  SltlOS  QO  OlvIQO  SO  levantam 

Vates  antigos,  Músicos  famosos; 

NSo  s&o  esses^  meu  Deos,  os  que  te  cantam. 

Por  ventura  nas  sombras  do  sepulchro 

SoltarSo  doces  vozes? 
E  consonancias  raras  modulando, 
Hfio  de  ir  teus  at tributos  celebrando? 

Hão  de  narrar  a  tua  misericórdia, 
i^r^^l^  A  justiça,  a  clemência  com  que  reges 

tua  in  terra  obiivianisf  Este  Uuiverso?  essa  boudado  afifavel 

Com  que  tão  compassivo  nos  proteges? 

(14)  Et  ego  adie.  Domine,  ela-    NãO,  meu  DeOS:  OU  qUO  vivO  é  qOO  tC  loUVO; 
Wffvi,  et  mane  oratio  mea  pneve'  «    i     i  i  i 

niet  te.  £  dcsde  a  madrugada. 

Cheio  de  amor  t'imploro,  te  offereço 
Em  puro  sacriGcio  o  que  padeço. 

Uno  ás  cordas  da  lyra  votos  d*alma; 


295 


Acordam  da  manhã  a  luz  primeírat 
LouYando-te,  Senhor,  os  sons  e  as  preces: 
Qoizera  assim  passar  a  vida  inteira. 
Porém  se?ero  as  orações  repulsas. 

Voltas  o  rosto  irado:     . 
Porque  de  mim  te  apartas,  e  me  deixas 
Sem  fazer  attençio  ás  minhas  queixas? 


(15)  Ut  piid,  Dâmine,  refHtíê 
0rationem  meam:  avcriit  fmciem 
tuãm  à  me? 


Eu  desde  que  nasci  lutto  com  penas: 
Jamais  me  concedeste  uma  alegria; 
Na  juvenil  idade,  sem  descanço. 
Não  pude  completar  sereno  um  dia. 
Ao  encalço  me  veio  sempre  o  susto; 

•Perseguido,  humilhado, 
Hisero  objecto  fiii  das  tuas  iras: 
Conturba-me  o  terror  qu'inda  m'insptras. 


(16)  Pttuper  $um  e§o,  et  in  /o- 
ioriitts  à  JvventuU  men :  exuliã' 
tut  autem^  immUiatut  tum^  et  cvfi* 
íurMui. 


Do  teu  furor  pareço  único  objecto; 
Já  vacillo,  já  cedo,  já  prostrado 
Supporto  a  tempestade  que  me  cerca 
De  um  revoltoso  mar  encapellado: 
Ahl  quem  me  acudirá,  se  me  não  vales? 

Meu  Deos,  tu  bem  conheces 
Que  na  terra  me  (alta  todo  o  abrigo. 
Que  me  não  resta  um  só  vivente  amigo. 


(17)  jHmêirãnHerwUirmium^ 
et  terrêrii  $vi  eoniurbãverunt  me. 


(18)  CireumãederutU  me  neuí 
aqua  teta  die :  eireumdederuni  me 
eimul. 

(19)  Ehngoiti  è  me  mnieum,  et 
p^9ximwn:  et  nâtee  meúê  à  mi» 
eeria. 


296 


PSALMO  LXXXVIII. 

inteiiectug  Ethan  Esrahitic.  Cançõo  de  flAofi  Ezrohita  («).  ' 

(1)  Miterícordias  Domini  in    lANTO  quaoto  durar  a  eternidade 

Cantarei  do  Senhor  as  misericórdias. 
Brilhará  em  meus  lábios  a  verdade. 


(S)  Jn  generationetn,  et  genera^  Do  minha  bocca  as  voEes  retumbaotes 

tionemannuntiaboverUatemtuatn  •  i-        i 

m  ore  mto.  A  Cada  geraçflo  irão  dizendo 

Como  as  suas  promessas  sfto  constantes. 


(3)  Quaniam  iixitti :  in  ater-  Estavol  misericordia  promettesto, 

num  misericórdia  adificabitur  m  «  •  ^  ,   ^ 

cali9 :  prtgparabitur  veritastuain  EstaVOl  COmO  O  CoOy  6  tal  firmeza 

ti$. 

Terão  sempre  as  palavras  que  disseste. 


(4)  DitpoÈHi  teitamentum  eig.   Assim  fallasto,  DeosI  (cFiz  aUiança 

cti9  méis  :juraoí  David  ter  90  meo:  tx     «j  il*j 

usgue  in  asternum  praparabo  ss»  Com  mOU  SOrVO  DaVid ;  6  aOS  eSCOlhldOS 

Meu  juramento  o  pacto  lhe  affiança. 


(5)  Et  adifieaba  in  generatio-   a  Juroí  de  preservar*lhe  eternamente 

nem,  et  generatianem  sedem  tuam>  a  i       -^  j       il  aI 

A  prole  virtuosa,  e  dar-lhe  um  tbrono 
Cujo  domínio  abranja  toda  a  gente.» 


(0)  Confitebuntvr  caii  mirabiiia  Os  Ceos,  taes  maravilhas  attestando, 

íwfl,  Domine:  etenhn  veriiatem  n     e  •ol  ».  jj 

tuam  in  ecciesia  sanetorum.  ContessaraOi  zienbor,  osUi  verdadep 

Que  irdo  em  coro  os  Anjos  celebrando. 


(7)  Qvoniam  quis  in  nubibus   B^m  quo  acima  dos  homens  exaltados, 

Tcf^n%iI!"SÍa^  ^^""''"  ''''       Q"«í  deíles  competir  pôde  comtigo? 

Qual  te  iguala,  se  sSo  por  ti  creados? 


(«)    Companheiro  de  Heman  ,  cujo  valor  já  vimoa  no  psalmo  precedente,  foi  Elhtf  <> 
■uctor  do  que  agora  se  apreseoDi.  DcIIe  tanbein  ae  fat  meoçlo  no  liv.  3.  doi  Reti|  csp  ^- 


297 

Sao  teat  mioiatros,  Deos,  e  a  ti  d'ein  tomo,  (e)  Deuê,pagUHjte,ivrincon. 

Veem-te  qual  és,  terrível,  magestoso,  t^  ^^'^1,::^^'^  í,^ú 

E  á  tua  gloria  servem  só  de  adorno.  ^^  *"*'• 


Deos  de  exércitos I  Deos  omnipotente! 
Qoem  semelhante  a  ti,  que  tudo  podes, 
Cercado  de  verdade  permanente? 


(9)  Domine  Deus  tirtutum,  quiê 
ãimíiit  tibi?  potena  et.  Domine, 
et  verilao  tua  in  circuitu  tuo. 


Dominaste  dos  mares  a  braveza; 
Reprimiste  das  ondas  a  insolência ; 
Deste  ás  aguas,  dos  montes  a  rfjeza. 


(10)  Tu  dominarit  potettali  mm<- 
ria:  motum  autemflucluuM  ejua 
tu  mitigas. 


Com  mortal  goipe  o  altivo  derrubaste; 
Teus  feros  inimigos  pela  força 
De  teu  robusto  braço  dispersaste. 


(II)  Tu  humiliaiti,  sieut  rui- 
neratum ,  anperbum ,  f n  braehio 
virtutiê  tuoB  dispergisti  inimicoo 

tU09. 


A  ti  pertence  o  ceo,  pertence  a  terra; 
O  norte  e  sul  fixaste,  e  plenamente 
É  teu  quanto  opulento  o  globo  encerra. 


(18)  Tui  sunt  c€Bh\  et  tua  eat 
terra,  orbem  terra^  et  pleniiudi' 
nem  ejua  tu/undaati:  aquilonem^ 
et  maré  tu  ereaali. 


O  Thabor  milagroso  tu  Creaste,  (13)  Tkabor,  ot  Hermon  in  no- 

Fnnda«eoHerHK«te;enelle.,quetee«lt.m.    ':^JZ:;:I^'  '"""*"■ 
De  teu  braço  o  poder  manifestaste. 

Tua  mSo  seja  firme,  e  celebrada 
A  tua  dextra  sqa;  tem  por  base 
O  teu  tbrono  justiça  illimitada. 

Misericórdia  e  verdade  te  annunciam: 
São  felizes  os  povos  que  se  alegram 
Em  ti,  e  de  tuas  leis  se  não  desviam. 


(14)  Firmetur  manua  tua,  et 
exaltetur  dextera  tua,  juatitia  et 
Judieium  prteparatio  aedis  tua. 


(15)  Miaericordia  et  veritaa prm- 

eedent  faeiem  tuam :  beatua  popu- 
lua,  qui  acit  jubilationem. 


Irão  sempre,  ao  clarSo  de  teu  semblante, 
O  teu  nome  louvando  noite  e  dia; 
E  por  justiça  o  seu  farás  brilhante. 


(16)  Domine^  in  Iwmine  vultua 
tui  ambulabunt,  et  in  nmniae  tuo 
exuUahunt  tota  die^  et  injnatitta 
tua  cxalfabuntur. 


298 

(17)  Quõmam  gUniam  Hrtuiit   A  p«rte  que  Ihes  dás  na  giorta  tua 
fxaiMUur  €arnu  n$9trum.  Dema  das  virtiides  que  plantaste; 

E  a  fortaleza  jM^opria  fazes  sua. 


Pelas  graças  que  aos  justos  coaunanicas 
Nosso  poder  veremos  eiaitado: 
ÊSy  Sancto  d'l8rael!  quem  fortiBcas. 


(ia)  Omã  D9mini  eit  •itump-  Fonto,  orígem  de  toda  a  saoctidade, 
nottri.  Tu,  Senhor,  és  somente  o  nosso  amparo, 


O  Sancto  d'lsrael,  e  a  Magestade. 


(19)  Tunc  lúcuiuê  et  in  vitiúne  Já  com  misticas  vozos  O  discrotas 

tãnetit  tnit,  et  dixitti :  Patui  ff^-  -n       1    x         r  «.  1  ^^ 

JfUorium  in  potente,  et  exaUttvi  RcVClastC  0  futuro;  O  COOSOlastO 

electum  de  plebe  mea.  q^^  ^^^^  SuhlimeS  08  pTOphetaS. 


a  Do  meio  do  meu  Poro  (lhes  disseste) 
Farei  surgir  um  homem  poderoso, 
E  o  vosso  Redemptor  ha  de  ser  este. 


()I0)  Inveni  David  eervfftn  meum: 
eieo  taneto  me»  unxi  eum. 


«O  meu  servo  David  ji  foi  ungido 

Com  óleo  sancto;  e  sempre  em  sen  reiudo 
Foi  por  mim  plenamente  soeoorrido. 


f  «1)  Manut  enim  mea  auxitia-     «  ESSO  qUC  dolio  VOm,  C  doS  COOS  maodo, 

fll^^eím.''"''''"'  ""^  """       Minha  mao  o  auxilia,  e  com  meu  braço 

Sempre  hei  de  ir  o  9e^  braço  contMrtaodo. 


(«)  Níhit  prefieiet  inimieut  in   « Em  porsegui-lo  O  ofto  nada  aproveiU ; 
Z\  no^J^enT'"'''''  "'"'''^^       Da  iniquidade  os  filhos  verão  sempre 


A  maligna  teoçio  nulla  ou  desfeita. 


(S3)  El  eofteidam  àfaeie  tptiut 
inímieot  ejut,  et  edientet  evm  in 
fngam  converiam. 


«Eu  lhe  hei  de  destruir  os  seus  oootraríos; 
Ante  seus  olhos  hei  de  pôr  em  fuga 
Seus  emolos,  os  seus  adversários. 


299 

«  Hei  de  com  elie  unir  miaha  verdade,  (U)  Bí  vítUm  «mu,  êt  miuri- 

E  mioba  misencordia ;  com  meu  nome       me»  exaitabitur  eorm  ^fm. 
Crescerá  seu  poder  e  dignidade. 


«Hei  de  o  braço  aloogar-Ihe  sobre  oe  mires;  (M)  bí iwmm  m  wmH mmmm 

êfuif  et  im  fiwminibu9  destermn 

Dominará  dos  nos  as  correntes,  c/ut. 
Sua  dextra  regendo  nuvens,  ares. 

« Abrazado  de  amor  e  confiança,  (ss)  ip$e  tm^eMi  mê,  Pdter 

meu9  ê»  Ih,  Deuê  «mm,  et  $uê» 

Me  clamará  ss^Tu  és  meu  Pae,  meu  Deos,  eeptor  «oímIi*  mem. 
Causa  excelsa  da  minha  segurança.  =S3 

a.Sim,  o  meu  primogénito  o  declaro,  (S7)  Bt  e§§  prímêgenttum  ^ 

Com  precedência  aos  reis  do  mundo  inleuro;  terrm. 
E  será  dos  fieis  refugio,  amparo. 

a  Hei  de  manter-Ibe  eterna  misericórdia,  (ss)  rnmtemumeervbêiUimi^ 

_          I     ii.                  1  .  eericÊrdimnmemm,  et  le$t9metUiim 

Estável  alliança ;  a  lei  perpetua  meumjueie  fpsi. 
Fixará  entre  os  homens  a  concórdia. 


« Farei  que  delle  a  raça  tanto  dure  («9)  st  jmam  im  emeuium  ««- 

^                           ,        ,                                        ..  euU  Mme»  irfM,  et  thronum  eju» 

Quanto  os  séculos  durem ;  que  o  seu  solio  euut  ãue  emu, 
Co'  a  firmeza  dos  ceos  se  lhe  segure. 

«Porém  se  os  descendentes  desertarem    .  (so)  SimitemdereUpteHntjun 

^     '     .  «       ,  .                   .               n>     %  'J^  ieoem  memm»  et  in  juâietíe 

Das  minhas  leis,  e  ingratos  me  offenderem ;  meie  rum  mbuienerini : 
Se  dos  meus  mandamentos  se  apartarem: 

«Se  violarem  meus  sanctos  documentos;  (si)  Sijusutime  meãe  fn-e/ãnã- 

r*        '    r         j            j  ^                                ■  verini^  et  numàaim  meo  nen  ciit- 

Se  proianando  os  dotes  com  que  os  honro,  tedierint: 
Não  guardarem  fieis  meus  mandamentos: 

a  Com  férrea  vara,  e  de  furor  armado,  (ss)  yieiteko  in  virga  iniquiu^ 

«r*  •.        •                 *   •      *j   j  '^'  eorum,  et  in  verberibue  pec» 

Visitarei  a  sua  iniquidade,  c«/a  eorum. 
Açoutarei  violento  seu  peccado. 


300 

(BS)  MiãerieordUimautemnuiun   «Mas  apesar  do8  erroB  fica  iotacta 

nân  ditpergam  ab eo,  neoue noeeho  a        •  i_  ■       •       j* 

m  veritmiemeã.  A  iDiDDa  misericordia ;  Dem  por  isso 

Minha  eterna  verdade  se  retracta. 


(34)  Neque  jtrofãnabê  tettamen-     a  NãO  rompO  OS  forteS  laçOS  da  allianço 
lifjit  mettm,  et  çwb  procedvrU  d€  r\       n         •  l*     j         •  i.     l 

labiti  mei9,  rum  faeiam  irrita,  (juo  ormei;  nem  sabio  da  Riinba  Docca 

Palavra  que  attingir  possa  a  mudança. 

{95)  Semei Juram  inãonctomeo,    cc  Jurei  por  minha  propría  sanctidade; 

9i  David  mmUiar :  temen  ejut  in         •,     ^     *  •.  »>     «i  i 

aternum  manebiL  E  n8o  falto  a  David ;  a  prole  sua 

Ha  de  ^urar  por  toda  a  eternidade. 

(30)  Et  thranv»  ejvg  êieut  S9i   n  Perante  mim  seu  throno  magestoso 

in  eompectu  meo^  et  ticut  Lunm  ««  mi       <  i  i  t 

perfeela  in  aternum,  et  testi»  in  Brilhará  COmO  0  Sol ;  O  a  lua  pleoa 

cmiofideiiz,  Q  attestaré  fiel  no  ceo  lustroso^» 

(37)  Tu  vero  repuUHi ,   et   Ah  Sonhor!  Tu  porém  não  rejeitaste 

deêpexiêti:    di9tuliêti   Chriêlum  r-r-^oLi»  i« 

tuum  (•).  O  teu  ChnstOy  Senhor!  nSo  o  esqueceste? 

Á  morte  mesmo  n8o  o  abandonaste?... 

(36)  Evertiãti  teatamentumêer-  O  pacto  com  tou  servo  ostà  quebrado: 

01  tui:  vrofanoêti  interram  êone»  &        •    «  ^  j*   j 

tuariumeju9,  Arrojasto  jpOT  terra  seu  diadema, 

Pisaste-Oy  e  ficou  netia  profanado. 

(39)  Deõtrwniti  omne$  sepet   Os  roparos  da  vinha  derrubasto, 

ejut:  voiuiêti  firmamentum  ejut  w^.-^ii      .i         ^.i 

formdinemM  Destruiste-lbe  toda  a  fortalezai 

Á  saraiva  e  destroços  a  entregaste. 

(40)  Diripuerunt  eum  omnet    VSo  gritando  OS  que  passam  pela  estrada: 

transeuntes  viam:/aclus  e$t  tp-  ^  l  •      z  •       u      j         '«:»ltnc« 

proirium  ticinii  êuis.  «Opprobno  é   nOSSO,   insulto   dos  VISIODOS, 

Fique  por  nossas  mãos  arruinada.  i> 

(•)    Aqui  lamenta  o  poeU  o  múero  estado  de  RoboSo  pela  perda  de  des  tribut  rebri* 
ladas ;  qaando  te  nSo  queira  acreditar  que  tinha  os  ollios  propheticamente  em  Sedeciís- 

(Mêttei.) 


301 


Deste  forças  ás  mios  que  a  destraiam ; 
Seus  cruéis  inimigos  alegraste, 
E  só  duros  espinhos  se  alti  Yiam* 


(41)  ExãUúiti  dexterum  depri- 
meniivm  eum:  latifieatti  omnet 
immíeoi  ejut. 


A  fulminante  espada  lhe  embotaste; 
Supprimiste-lhe  o  alento,  e  no  combate 
Teu  poderoso  auxilio  lhe  negaste. 


(4<)  Avertitti  M(/Ml#n'iim  ^/a- 
dH  «^ :  et  «M  tf «  ãitxiUatu9  ei 
in  òHUê. 


Destruiste-Ihe  o  alinho  do  seu  traje; 
O  seu  throno  assaltaram  temerários, 
£  foi  despedaçado  com  ultraje. 


(43)  DeêlruxUti  eum  aò  tfMWii- 
dutione:  et  êedem  ejue  in  terrum 
eelUeiiti, 


De  seus  annos  a  flor  abbreyiaste; 
De  affrontas  e  ignominias  o  cobriste, 
Ao  lucto  Q  confusão  a  abandonaste. 


(44)  ifiMivif<    diee   temporie 
ejue :  perfudUti  eum  et^fiulêne. 


Quanto  tempo.  Senhor,  has  de  escondido 
Conservar-te  implacável,  cheio  d'ira, 
Que  arde  accesa  qual  fogo  enfurecido? 


(45)  Uêquêguo^  DowUm^  aoeriiu 
injuíemt  exardescet  êieut  i§ni9 
irm  tim9 


Lembra-te  pois,  meu  Deos,  qual  ser  nos  désle ! 
Por  ventura  não  foi  de  frágeis  dotes 
Que  a  humanidade  toda  se  reveste? 


(46)  Memmrare^  qum  mem  sub- 
ãtwuna :  munquid  enim  vane  eon- 
stUuieti  omneeJUioe  hominum  t 


Qual  dos  homens  será  que  tendo  vida 
Não  perceba  visinho  o  termo  d'ella? 
Qual  achará  do  tumulo  a  sabida? 


(47)  QtUe  ett  h»mo,  qui  otve/, 
et  non  videbit  mortem  f  eruet  ani' 
mmn  stum  de  mãnu  iftferi  í 


Onde  occultas.  Senhor,  essa  bondade? 
Onde  estão  as  antigas  misericórdias, 
Quaes  juraste  a  David,  Deos  de  verdade? 


(48)  Ubí  su9U,miserieordieB  tua 
antiqua.  Domine  ?  eicut  Jurasti 
David  in  veritate  tumf 


Gondoe-te,  Senhor,  do  nosso  estado; 
Repara  como  os  impios  improperam  ^ 
Os  teus  servos,  o  teu  culto  sagrado. 


(49)  Memor  eelo.  Domine,  op- 
probrii  eervorum  tuorum,  (quod 
continui  in  sinu  meoj  muitarum 
gentium  : 


303 

No  seio  escondo  as  magoas  que  me  cortam 
Quando  escuto  os  dicterios  com  qae  taolos 
Injuriam  as  leis  que  nos  coofbrUm. 

(M)  Qutd  tsprtèTmténiHt  ini.  Repara  DOS  iocredulos,  que  tiram 

•"■■''  'lá,  Dtmine,  fuad  txfMtr»- 

■■  MmCMitiiiu.        Argumento  das  penas  que  nos  cercam, 
Para  augmentar  a  raiva  que  respírim. 

Molãm  teus  inimigos;  ilo  disendo 

Qne  o  Messias  jé  tarda,  que  do  Eoipjno 
Com  vagarosos  passos  vem  descendo. 

in  Bemdito  sejas  pois,  Senhor  supremo! 
Assim  seja  por  toda  a  eternidade; 
Assim  seja  exultando,  ou  quando  gemo. 

(O    Coilumuta  íornaU  do  fln  doi  livro*,  •egnndo  Ualteí. 


FIM  no  LIVRO  III. 


LIVRO  IV. 


DOS 


PSALMOH 


PSALMO  LXXXIX. 

Oração  de  Moyiéi,  o  homem  de  Deot  (*).         Ontia  Mofii  hominii  Dei. 

fosTB,  ó  Deos,  nosso  refíigio 
Deide  qae  nos  acolheste; 
Desde  os  séculos  remotos 
O  tea  amparo  oos  deste. 


(•)  Hm  diga  ndo  forta  pan  nlo  m  attribnir  aite  ptalBo  a  ISojtiã,  e  twi  a  ter,  o 
■dur^ie  nelle  odb  tenl«D;>  pouco  coaTcnleDla  iqoelle  tempo  —  qne  a  vida  ilo  homem  ipeoM 
chega  qnando  buíIo  ao*  80  annoa  — ;  moTÍdoa  do  que,  algnni  comBeaUdor»  nlo  t6  ím- 
pDgaaai  qne  HojWi  Ib«a  o  lea  anctor,  mai  traDiportam-iio  aoi  ullinoi  tempo*  do  cipliveira 
de  Babjloaia.  Sei  Ht  hm  ait«nij«r  (dia  a  Mbio  Hanocrfai  no  lom.  I.  do  SfieiUji»,  Ikl- 
laado  derie  pulmo),  fui  aifftimlmtit  Bat]fl*HÍca  trmfrm  elatrm  anilei  Av/m  amaiNteal. 
]Viliit  npignut  fumtiitut  è  Daside  aiuUre  prgfíeiíd  prliuril,  emjtu  cm  intru  itfltiagml» 
ti  tdajinla  ana«i  «lalwn  ftriadtu  ttndMieiatiir.  Em  tal  ijilema,  ou  Hojià  aqui  ia  ia- 
Irodin  a  fallar,  por  uma  proiopop^  ;  on  o  titalo  í  de  tempot  poileriarea,  e  da  pooca  ti ; 
00  Hojià  era  o  nome  de  quem  o  poi  em  mtuiea,  e  depoii  boi  tempo*  tegaintei,  jalpndo-«a 
qne  era  o  grande  Hojféi  legiiUdor,  ao  limplea  lilulo  antifO  Pialmui  M«gti  m  ajuntou  lu- 
mini$  Vei. 

(Matlei.) 
Tomo  n.  «O 


(í)  Priugqvam  numiet  fier(eni, 
ttut/ormaretur  terra^  et  orbis,  à 
tawlo^  et  uêque  in  êteculum  tu 
et  Deu», 


306 

Antes  que  os  montes  crescessem, 
Ou  fosse  a  terra  formada; 
ÂDtes  que  os  orbes  sahíssem 
Pelo  teu  poder  do  nada: 

Desde  a  longa  eternidade, 
Alem  do  tempo  e  dos  ceos, 
Immensa  Causa  das  causas, 
Tu  foste  e  serás,  meu  Deos! 


(3)  Ne  ãvertãt  h^minem  in  hu- 
ntiliiaíe:  et  dixisti:  cênvertimlniy 
JUii  hominum. 


\ 


Poderoso  nSo  permittas 
Que  o  homem  seja  culpado, 
E  que  na  abjecção  dos  erros 
Mereça  ser  conflemnado. 


Tu  mesmo,  tu  docemente 
Á  conversão  o  chamaste; 
Disseste-nos  «  Convertei-vus » 
E  para  o  Ceo  nos  creaste. 


(4)  Qnoniam  tnille  anni  ante 
óculos  tuoãy  tamqwim  dicÊ  heattr- 
fia,  qiMB  prateriít : 


Conforta-nos,  pois  é  curta 
Nossa  miserável  vida; 
Se  ella  fosse  de  mil  annos, 
Nem  assim  fora  comprida. 


Mil  annos,  Senhor  eterno, 
Que  são  na  tua  presença? 
São  qual  foi  o  dia  d^honlem, 
Que  já  passou  sem  detença: 


(6)  Et  cnttodiã  in  noete:  gua 
pro  niMlo  hubenlur,  ewmm  anni 
erunt. 


São  qual  vigia  nocturna 
Que  dura  mui  poucas  horas; 
As  quaes,  rápidas  fugindo, 
São  da  morte  precursoras. 


I _ 


307 


Bem  como  n'um  dia  passam 
No  campo  as  hervas  floridas, 
Endurecem,  murcham,  seccam, 
E  a  pó  ficam  reduzidas: 

Quaodo  te  irritaSt  meu  Deos, 
Nós  também  desfallecemos ; 
Tua  cólera  nos  turba» 
E  extingue  o  vigor  que  temos. 


(6)  Mrniê  êieut  herba  irtmieêt, 
mane  floreai,  ei  iranMeat :  vttpere 
decidais  indureí^  eí  areseaí. 


(7)  QuMt  df/éeimus  in  ira  tuã, 
rt  in  fur^re  tno  twboii  $tmu$. 


A  innocencía  primitiva 
Pelo  peccado  estragada. 
Fez  que  a  triste  humanidade 
Fosse  á  morte  condemnada. 


As  nossas  iniquidades 
Ante  os  teus  olhos  puzeste, 
£  ao  clarão  da  tua  face 
Tudo  patente  fizeste. 


(8)  P09ui»li  inifuitêUi  nottms 
in  competiu  tno,  oaeulum  no$tmm 
in  illwninoíione  vultvt  tui. 


Com  que  temor  te  observamos! 
As  illusões  se  esvaecem; 
Á  vista  das  tuas  iras 
Nossas  forças  desfallecem. 


(9)  Quoniam  omneg  dioê  nottri 
defeeerwUf  ei  in  ira  ttta  defeci- 
muo. 


A  uma  téa  delicada 
Que  um  misero  insecto  tece, 
Se  assemelha  a  nossa  vida, 
Que  a  um  sopro  desaparece. 

Settenta  annos  o  que  são? 
Se  se  estende  até  oitenta, 
NSo  é  mais  que  dor,  miséria, 
Peso  que  nos  atormenta. 

Tomo  VI. 


(10)  jdnni  wuiri  Hetã  anmea 
meditaòuniítr^  dies  annorum  no»- 
ironm  in  ipsis,  Meptnagintnnnni. 


(II)  Si  ttuiem  in  poleniatibus, 
oeíoginto  anni ;  et  amplius  eorvm 
iobor^  et  dolor. 


20 


308 


(IS")  Qucmam  iupervenií  man- 
tveiudo^  ei  eorripiemur. 


Mas  tao  curto  espago  mostra, 
Meu  Deos,  a  tua  bondade ; 
Para  ganhar  o  Ceo  basta» 
E  em  breve  cessa  a  maldade. 


(13)  Qidt  nmrii  pote$taiem  irm 
tum,  et  pra  timbre  ltf#  trom  tttmm 
dinumeraref 


ÂTaliar  é  custoso 
Do  teu  enfado  a  grandeza : 
Quanto  assusta  a  Divindade 
Contra  os  réos  em  ira  aecesa! 


(U)  DexUram  tumn  fie  n^Um 
fac,  et  erudiUê  C9rde  in  st^Uniia^ 


Senhor»  faze  que  entendamos 
Da  tua  dextra  o  poder; 
Nossos  corações  illustra 
Com  rectidão  e  saber. 


(15)  Cwverlere^  Domhte,  um- 
queçuo :  et  deprecaMli9  etto  auper 
aervoi  tuos. 


Volta  para  nós  teu  rosto: 
Té  quando  has  de  estar  irado? 
Sé  propicio;  lavaremos 
Com  pranto  amargo  o  peccado. 


(16)  JUpUti  Êummê  imwit  vme- 
ritérdia  tua,  et  exuUmtimua,  êt 
deieetati  êumue  omniàfn  diebut 
nostris. 


Ao  raiar  do  dia  surja 
Sobre  nós  tua  piedade; 
Alegres  esperaremos 
A  ditosa  eternidade. 


(17)  Latati  eumuã  fro  dUhm, 
guibuê  fiM  humilimMti :  mnit»  fui- 
àut  vidimu9  mato. 


(18)  JUipiee  hi  eervot  tuoe,  et 
in  opera  tua,  et  dirige  fiUêe  fo- 
rvm» 


Memorando  nossas  culpas 
Com  saudável  penitencia, 
Provaremos  consolados 
Fructos  da  tua  indulgência. 

Volve  sobre  nós  teus  olhos, 
Lustra  as  tuas  creaturas, 
Dirige  os  teus  servos  todos, 
Abre-lh*  estradas  seguras. 


309 


Brilhe  a  luz  celeste,  brilhe 
Accesa  nos  coraçites; 
GoTenia,  ó  Deos»  nossos  actos, 
Apura  nossas  accSes. 


(19)  Bi9Íi»pknâúrDmniniDêi 

nêêtrmnÊm  dirige  tuper  hm,  et 
nÊêirmrum  dirige. 


PSALMO  XC. 


Q 


Be  David. 


DEM  habita  no  asylo  que  Deos  presta, 
Quem  descança  na  protecçlo  do  Altíssimo, 
Do  Deos  dos  Ceos,  em  paz  mora  na  terra, 
Por  deserta  que  seja. 


Laus  cantici  David  (•). 


(1)  Qui  hMiãi  in  tidjui9riú  M- 
tiêsimi ,  M  proteeU^ne  Dei  emli 
eommêmòUur, 


Diz  ao  Senhor:  «Tu  és  o  meu  refugio. 
Meu  Deos,  meu  Protector;  já  desses  laços 
D'infernaes  caçadores  me  livraste, 
E  d  ásperas  sentenças: 


(fl)  Diui  HmiM:  Su$eegt9r 
meue  e$  lii,  eí  rtfugimm  meimi, 
Deue  meue  ;  epetihe  in  emn. 

(3)  Quemem  ipee  lihermit  me 
de  laqueú  venémUam^  et  à  ver^ 
meper9. 


«  Espero  em  ti. . . »  —  Responde : «  Ah !  sim,  confia ; 

Descança  á  sombra  com  que  te  defendem 
Minhas  azas  e  plumas  protectoras. 
Que  piedosas  te  encobrem.» 


(4)  SempuUe  euie  ehmirmrit  H* 
bi^  et  eúb  pemUe  ejwê  eperMe, 


Ha  de  a  verdade,  qual  um  broquel  d'ouro, 
Cercar-te,  se  inimigos  te  assaltarem ; 
Nem  virá  sossobrar-te  o  animo  affouto 
Intriga  tenebrosa. 


(6)  Seuie  eiremmdMí  te  veriiBe 
ffue:  n^H  timebie  à  timere  nee- 
twme: 


(•)  No  texto  oio  tere  titalo  ette  pialno,  a  reipeito  do  qnal  le  exprime  SimSo 
de  Muia  pela  maneira  feguiato  :  Pr^eetê  heeearmine  nihU  negue  eolidiue,  negue  eplendi- 
diuê  nm  dico  scribi^  $ed  ne  eegitoH  guidem  peteet,  Atgue  utinam  ego  Jígum^  numeree^  et 
etegmUimn  Hebrai  eermonie  exprimere  poesem!  Iterarem  prefeito  eomeeMturee  tnihi  omnee, 
Hullum  Grecimi,  eul  X.«ltipifiifi  jieeme  Atile  ette  ceiíyermMftim. 


310 

(6)  A  êõgitta  vêkmie  tu  die,  à  Nem  a  setta^  que  ousada  ás  claras  voa, 

negocio  perambuimUe  in  ienebrUj     />  •  «.^       .  ^  ^^ 

ubinlmÃu^eti^tnmiomeriduJ.   Ott  pcrigos  que  em  trevas  o  ar  empestam, 

Nem  geDÍo  máo,  do  abysmo  despachado, 
Te  ha  de  aUiogir  poteote. 

'  (7)  Cndent  à  latere  iuo  miiie,   Verás  dernibor  foíl  juDto  a  teu  lado, 

et  deeem  millia^à  dexlriê  Ititf,  «rf^ii.*  «j  «ixi.        Jj_ 

te  autem  non  appropinquabii.        Cahirao  mais  doz  mil  â  tua  dextra ; 

Defendido  por  Deos»  irás  coDteote, 
Salvo,  e  looge  da  morte. 


(8)  Verumiãmen  oevli9  tuis  eoH' 
HderMi^  et  retributionem  peeeo' 
torum  videbit. 


Talvez  que  em  troco  observes  com  tens  olbos 
Gomo  Deus  justiceiro  retribuo 
Aos  peccadores  o  furor  insano 
De  seus  iniquos  feitos. 


(9)  Qu»mom  tu  es.  Domine,  »f»e9  Dirás  eatlo:  «Sonhor!  minha  esperança! 

men:  jâiti$nmuttê  pomioii  refu*    «^  ^     .  .    «^  ^ 

ginm  hnm,  Dooo  rofugio  meu !  E  com  que  acerto 

O  Âltissimo  escolhi  para  conforto!...» 
Com  que  affecto  replica! 

(10)  Non  Qceedot  Md  te  mainm,    «A  torroute  do  mal  irá  fugindo 

etfiageltMmnonopmropinguabittH'    n       ji*  .        •      <■     .•  .  ■ 

beriZeuio  tuo.    "^     ^  Em  oistancia  de  ti :  o  teu  asylo 

Será  pelos  flagellos  respeitado, 
Nio  ousarão  tocar-lhe. 


(II)  QttottímmÀn^eHMãvumim'  «Farei  doscor  dos  ceos  brilhantes  Aojof, 

dmoit  de  te,  ut  caêtodimnt  <e  f»  /x       -  j  i  -        ^^^:,Aml* 

omnibuê  titã  tuit,  Qu^  to  guardem,  que  aplanem  teus  camiuwis, 

(IS)  In  manibus  portabunt  te,  Quo  pela  mfio  te  lovcm»  O  quc  evitem 

ne  forte  effenda»  ad  lapidem  pe-  "    t^       il  a 

dem  tuum!  Escolhos  a  tcus  passos. 


(13)  Syper  a$pidetu  et  basUis- 
rum  ambulabie,  et  concuUabii  Iro- 
ticm  et  drneonem. 


«  Amoroso  e  sollicito  cuidado 
Permittirá  que  os  basiliscos  calques; 
Que  pises  com  teus  pés  leões  e  dragos» 
Sem  que  oifeuder-te  possam. 


311 


a  Porque  esperaste  em  mim,  é  que  piedoso 
Te  livrei  cl'ÍDÍmig08  turbuleutos; 
Porque  o  meu  saocto  nome  conheceste 
Te  hei  de  proteger  sempre. 


(14)  QuêiUãm  tu  me  êpetãvit^ 
liòtraèú  eum  ;  frêUgmm  «Mn,  quê' 
nimn  eogn»vU  númen  meum» 


«Quando  a  voz  levantares,  bei  de  oovir^te, 
E  na  tribulaçio  acompanhar-te; 
Hei  de  salvar-te,  porque  em  mim  cooOas, 
Hei  de  glorificar-te. 


( 1 5)  Clamabit  Md  me,  et  ego  ex^ 
ttudiam  eum  :  cum  ip$o  sum  in  trp' 
bulatione :  eripiãm  eum,  et  glori" 
fietdto  eum* 


«  De  prolongados  dias  satisfeito. 
Te  levarei  á  pátria  afortunada, 
A  ver  o  Salvador,  gozar  da  gloria 
Aos  justos  promettida.  b 


(in)  Longitudine  áierum  repU' 
bo  eum^  et  êãtendmm  iUi  êoluUre 
meum. 


PSALMO  XCI. 


PscUmo  para  caníar-se  no  dia  de  satòado. 


c 


OMO  é  boili  festejar  o  Deos  supremo, 
Do  Altíssimo  cantar  o  sancto  nome! 
Ou  largue  o  sol  nascendo  as  ondas  trémulas, 

Ou  nas  aguas  s'e6Conda, 
Ouça-me  celebrar  tanta  piedade, 
Misericórdia,  e  lúcida  verdade. 


Ptalmaf  caotici  íd  die 
sabbathi  (•). 


(I)  Banumeêteanfitâri 
et  ftãllere  nomim  4tM,  Mtistime. 

(S)  Ad  oHfumtiandum  mane  mt- 
serieordiam  lr«am,  et  veriMem 
tuam  per  noetem» 


(»)  Aqui  obierra  Bfatteí  que  na  sefcunda  compilaçSo  depois  do  regretM  de  Bab/looia 
dutribuiram-ae  os  psalmos  pelas  varias  feslas ,  e  vários  dias  do  anno ,  porque  não  podiam 
cantar-se  no  templo  sem  alguma  ordem,  e  d*ísso  devia  haver  nm  calendário,  onde  este  psalmo 
estivesse  designado  para  tal  dia ;  sem  que  obste  o  n&o  acharmos  uma  semelhante  distincçfto 
em  todos  os  mais,  porque  nds  nSo  possuímos  o  códice  do  templo,  onde  rertaraente  se  havia 
de  encontrar,  e  donde  alguns  copistas  mais  diligentes  copiaram  os  titnios  históricos,  os  titnlos 
muiicos,  outros  os  lilhorgicos  e  rituaes,  e  outros  unicamente  o  psalmo,  poaoo  lhe  importando 
com  aqaelles  accessorios. 


312 

(3)  jHéeeaehêrd4ft0iuriê,eum  Ao  moa  psalterío  6  cUbara  saave 

Hymiios  se  ajustem  quaes  os  Aojos  cantam 


(4)  Qkúi  delecíasli  me^  Domi" 
ne,  in  factura  ttta^  d  in  êperiòus 
manuum  tuarum  exuttabo. 


Gratos,  Senhor!  Publiquem  tua  gloria; 

Publiquem  a  delicia 
Com  que  ao  ver  tuas  obras  me  deleitas» 
Obras  das  tuas  rnSos,  todas  perfeitas. 


(5)  Quam  magnífieata  aunt  «fe- 
ra  tua,  DonUne!  nimit  profwidm 
faeta  iunt  e»gitati9ne$  tutt-     ^ 


Mas  quem  pôde  sondar  a  excelsa  causa 
De  obras  tSo  grandes!  Tantas  maravilhas 
Deixam  estupefacta  a  mente  humana. 

Que  profundos  juizos 
As  leis  que  tudo  regem  combinaram, 
E  a  formaçlo  dos  miindos  decretaram! 


(fi)  yir  iH9ipitn»  non  eognaseet,   Só  ucscios  Ihes  o8o  lembra  que  a  verdura 

et  atuttut  non  intelligct  hme.  .r.  .  . 

De  seus  akioos  se  murcha,  e  breve  passa; 
Que  os  frivolos  prazeres  em  que  vivem 

(7)  Cum  exorti  fuerint  peeeaíê'  LhoS  Vio  gastaodo  a  vida; 

re«,  ticutftmum,  et  appartterint    ^  ..  ^  jrii 

mn*t,  fui  Êperantur  inifuitaum,   Uue  osta,  qual  feno  ao  fogo,  aesiailece, 

E  nunca  mais  seu  vigo  reverdece. 

•  A  verdade  indiff'rentes,  nio  Ih'  importam 

Nem  dos  astros  a  luz,  nem  da  matéria 
As  propriedades,  que  submette  á  ordem 

Divina  intelligencia : 
Desprezam  essas  leis  por  onde  existem, 
E  em  criminosa  estupidez  persistem. 


(A)  Vt  intereant  in  tuciilum  ta- 
cuti :  tu  autem  Mtiãêimua  in  wler' 
num,  DmUne, 


Tudo  perdem  os  máos,  e  só  alcançam 
Séculos  de  pezar.  A  Deos  somente 
Ndo  oífendem  os  damnos  da  mudança. 

Nem  o  tempo  consome: 
Nada  lhe  falta,  de  algum  bem  carece: 
Immutavel,  eterno  permanece. 


313 


Em  tanto  os  impios,  provocando  a  espada 
Vingadora  dos  crimes^  caem  por  terra: 
Meu  Deos!  teus  inimigos  se  dispersam. 

Aqui,  alli  perecem; 
Fugindo  sempre  á  tocha  da  verdade, 
Sfio  victímas  da  própria  iniquidade. 


(9)  Qtimdmm  ecve  ittimiei  M , 

perikuiUf  et  4$9perg€tUur  mmci, 
f«t  êfermtut  mipiUãUm. 


Eu  porém  farto  d'innocencia  exulto, 
Qual  águia  que  o  seu  vdo  a  ti  remonta, 
Vivificante  Sol  da  intelligencia ! 
Deos!  em  ti  só  confio: 
Da  juvenil  idade  o  vigor  sinto, 
E  as  rugas  da  velhice  inda  desminto. 


(10)  EiexÊOUàitwr  êieut  imi- 
cvmjf  CÊnm  mmm^  ei  teneHuê 
mea  te  miierimrêim  ti^í. 


Nos  que  me  attacam  com  desdém  reparo. 
Olho  quasi  com  dó  para  inimigos ; 
Deos  me  defende,  acode,  e  me  dá  força: 

Quem  sabe  se  em  meus  dias 
Estrugirá  terrível  meus  ouvidos 
A  queda  que  hSo  de  dar  os  atrevidos? 


(II)  Bt  ài9pexU  peulnt  meuê 
tiMmieM  M«M,  et  in  iMeurgetUi* 
bu9  in  me  mmiigmmtiàut  madiet 


murte  meM, 


Viçoso  como  a  palma  irá  crescendo 
O  Sábio;  ha  de  elevar-se  como  o  cedro 
Nos  outeiros  do  Libano  frondoso. 

Taes  arvores,  plantadas 
Na  casa  do  Senhor,  prosperam,  crescem. 
Nos  pórticos  celestes  reflorecem. 

Annos  e  annos  vencem,  mais  robustos; 
SSo  sempre  verdes,  brotam  largos  ramos; 
Tarda  e  serena  a  morte  em  fim  lhes  chega: 

Um  doce  e  brando  somoo 
Parece  o  fim  do  justo ;  aos  Ceos,  ligeiro, 
O  transporta  o  suspiro  derradeiro. 


(12)  Jueluê  w<  palmu  Jlúreèii, 
tieui  eedrue  JJèmni  multipUcabi- 
tur. 


(13)  Planta  m  d^mê  Dêmim\ 
m  mtriis  éomue  Dei  noetriflere" 
bwU, 


(14)  JéhuemultiplieabuHiur  im 
eeneeím  ukeri,  et  èeme  patientes 
eruHti  trl  «mMMl^efil. 


314 

(15)  Oiiomam  reHus  Uominus  Testemonho  Gel  que  um  Deo9  existe 
IH  g0.  Recto  e  clemeDte^  que  os  neis  ampara, 

E  09  perversos  castiga  rigoroso: 

Que  tem  os  Ceos  patentes 
Para  aquelles  que  as  leis  sempre  obserraram, 
E  magoa  eterna  aos  máos  que  as  desprezaram. 


■*■>»! 


PSALMO  XCII 


Lauí  canlici  ipf i  David  in  die  ante 
sabbathum  (•),  quando  fundata 
est  terra. 

(1)  Demimtt  regnmoii^  decorem 
indutttã  e$t :  inéuíuê  e«l  Dõmimie 
fúfiUudinem  ei  prtteinxit  ae. 


Psalmo  compotío  por  David^  para  céUbrwr-se 
a  creaçõo  do  mundo. 

Vencida  a  morte,  surge  o  Âuctor  da  vida; 
Rompe  os  espaços  do  ether,  tríumphaote, 
Toma  posse  dos  Ceos  do  Reíoo  eterno: 

De  fulgurante  veste 

Pomposamente  se  orna; 
O  sceptro  empunha,  a  rutilante  espada 
Lhe  pende  ao  lado;  e  o  cinge  a  fortaleu 
Com  que  domina  toda  a  Natureia. 


(S).  Eienim  firmatit  orbem  ter* 
ra^  çui  non  eemmooebitur. 


(3)  Parata  eedei  lua  ex  iunc  : 
à  gffcvlo  tu  et.  . 


Elle  foi  quem  firmou  o^orbe  da  terra. 
Quem  deo  és  forças  leis  com  que  impedissem 
Commover-se  e  chocar  contra  os  mais  astros. 

Aqui  fundou  seu  throno. 

Desde  entio  preparado 
Para  durar  por  séculos  immensos; 
Obra  de  um  Deos  eterno,  que  a  ventura 
Quiz  radicar  na  humana  creatura. 


(•)     No  Paçlterio  de  S.  Germano  lé-ie  in  dic  Sabbaihi, 


(MãUei) 


315 


DimaDaram  da  Summa  Sapiência 
Os  caudalosos  rios  de  doutrÍDa 
Que  leTantaram  vozes  eficazes; 

Ondas  encapelladas, 

Cujo  arruido  vence 
O  estrépito  das  aguas  numerosas 
Que  infecundas  na  terra  se  espraiaram, 
E  estas  torrentes  só  fertilísaram. 


(4)  ElevaverwU  fiwnina^  Do- 
mrne^  elevaoertaU  JÊumima  voeem 


(5)  BleraveruHÍ  Jluminaflueiut 
MU09  ã  voeibua  aqimrum  muUerum, 


Ou  seja  a  intelligencia  ou  a  matéria. 
Admirável  é  tudo  quanto  obraste: 
O  mar  tranquillo,  ou  tormentoso»  pasma; 
Ou  se  arremesse  aos  astros» 
Ou  se  rompa  em  abysmos. 
Mas  se  elevamos  a  alma  á  summa  altura 
Em  que  resides»  nada  mais  se  admira; 
E  tudo  pouco»  e  só  a  amar-te  aspira. 


(6)  Miraòiles  elaiioties  mariê, 
mirabiUi  in  alfit  Dmninuê, 


A  fé  de  teus  oráculos  attesta 

Os  factos  subsequentes;  a  fé  nasce 

Das  antigas  e  novas  maravilhas: 

Oh  quanta  sanctidade 

Teu  domicilio  exige! 
Que  harmonias»  meu  Deos»  cercá-lo  devem ! 
Que  cânticos  de  amcMr  eternamente 
Deve  o  teu  povo  repetir  contente ! 


(7)  Teslimania  tua  erediàilUí 
/acta  9unt  nimis:  domum  tuam 
deeei  tatuHtudo^  JHmmey  in  ian^ 
ffiíudinem  dierum. 


316 


PSALMO  XCIII. 


Psalmui  ipti  David,  quarta 
Sabbalhi  (•). 

(1)  Dtu9  uUumum  Hmmmim,   Ubos  das  fingaoças,  que  obras  livremente, 

Deu9  ulUmiMtm  liêerè  egiL  rr  •         ^-  j  q 

'  Teus  raios  ociosos  de  que  servem? 

Deixas  ioultos  homens  depravados 
Que  a  tua  lei  profanam, 
Qiie  uns  aos  outros  enganam? 
Que  apagaram  na  prava  humanidade 
O  fogo  animador  da  charidade? 

(S)  Exa^iare,  qtu  judicãs  ter-   Vom  mostrar-to  entre  nós,  vem  glorioso, 
^/f.  Juu  supremo,  exerce  os  teus  poderes: 

Vinga  a  innocencia  aflDicta,  e  dos  soberix» 
A  petulância  abate; 
Insolentes  combate. 

(3)  uaguequopeumtoreg,  Domi'  Té  quaudo  hSo  de  jactar«-8e  os  peccadores 
butuur}  Dos  erros  que  provocam  teus  furores? 

(4)  Effkòuruur.etioptenturiíU'  O  tou  povo  humilharam ;  .tua  herança 

quilatem:  hquentur  omnea,  fui     ^  ,  o     v      •   ¥x  »^*  t    j 

ojterantw  injusuiiamí   '  ilestruiram,  Iseniiorl  Ja  stao  queUradas 

As  taboas  em  que  a  lei  sancta  'escreveste: 

(5)  Popuium  tuum.  Domine,  hw  Quo  mais  farSo,  SC  om  taoto 

miliãverunt^  et  hmreditatem  twun  m   j     •        j  i  ^   a 

í>exavervnt.  Tudo  luuudam  de  pranto? 

(6)  Vidmmy  et  advenmn  Inter-  A  viuva,  0  estrangeiro  ospedaçaram, 

feeenmt ,  et  pupUlúM  úceiderunt.    ^  «n      x  <.      i.     j 

-    '^  Os  pupillos  á  morte  abandonaram. 

Até  quando,  Senhor!  sem  que  os  reprimas 


(•)    É  nm  tituk)  dus  tempoi  posteriorei,  que  w  nio  acha  no  texto  Hebreo.  T.  a  m(i 
ao  do  pialmo  S3. 


317 

Se  hSo  de  ir  cefando  os  impios  na  maldade? 

Té  qaando  trãò  dizendo — a  Deos  n&o  sabe» 
«NSo  Té  o  que  fazemos: 
«De  prazer  dos  fartemos» 

«Em  quanto  descuidado  em  paz  dormita 

«O  Deos  que  infoca  o  Poto  Israelita.»? 


(7)  m  áixerutU:  nmvid^t  D^ 
fnim»,  ne€  inUUifet  Deu»  Jmob. 


Estúpidos»  indignos!  Tal  cegueira 
Ha  de  sempre  durar?  O  Âuctor  das  luzes, 
O  Artífice  dos  olhos  será  cego? 
Quem  fabricou  sentidos 
HSo  de  faltar-lbe  ouyidos? 
Ha  de  escapar  á  summa  intelligencia 
Quanto  differe  o  crime  da  innocencia? 


(8)  Tnieiiigite  intífienUê  mf- 
|Mrl#,  cl  mMH  tdiqiuttkío  êmpite^ 

(9)  Qm  plmUmoit  murem  ^  mu 
muiiet  J  ãui  pdJUêxU  eeulum^  hm 
emêiderai  f 


Deos»  que  as  humanas  gentes  ameaça 
Os  raios  desfechando  e  as  tempestades» 
Que  as  montanhas  coro  rijo  vento  abala» 

Deixará  sem  castigos 

Seus  feros  inimigos? 
Quando  tudo  com  ordem  determina» 
E  a  prever  a  justiça  nos  ensina?... 


(10)  Qmeerrij^tgentei^nÊnãr' 
gueii  ^ui  deeet  kemtnem  teien- 
timmJ 


Os  pensamentos  vSos  dos  homens  loucos 
Conhece  todos»  seus  effeitos  pesa ; 
Une  aos  impios  vingança»  paz  aos  justos: 
Coro  internos  avisos 
Corrige  os  máos  juizos; 
Consolando»  preméa  o  animo  puro» 
E  o  peccador  assusta  c*o  futuro. 


(II)  Omimiii  «ciI  têffUalienet 
himhumm^  pêeniam  vãnm  nwl. 


Senhor»  como  é  feliz  o  homem  qu*  instrues»     (is)  Beaíu$  homo  quem  i»  em. 

El     I  .   j  u      ■  dieriã,  Domime^  et  de  leae  tua 

a  quem  da  lei  decoras  os  preceitos  I  doeueru  eum. 


Nos  dias  máos  as  dores  lhe  mitigas» 


(13)  Ut  mUigeê  et  à  diebus  mu* 


318 

líf ,  danee  fodiatur  peceaiorifo-  Em  quaoto  aos  peccadores 

^*-  Fo690  cheio  de  horrores 

Escavando  lhes  ?ai  a  culpa  h^renda, 
Para  abysmà-Ios,  quando  tarda  a  emenda. 

(u)  Qttt  fim  repeiiet  Dominus   Pois  Deos  DUDca  O  seu  povo  desampan, 
í:!:7eZi:i:!t':'""""""*^  Nem  deixa  em  abandono  a  sua  herança: 

(15)  Quoad  vaque  jutiitia  «ou-   Até  quo  Goalmeote  seuteucèe 

mam  amnei,  qui  reeto  aimt  carde.  A  JuStlça  OS  HumaDOS . 

Que  cessem  os  enganos» 
As  almas  rectas  junto  a  st  coUoque, 
E  aos  máos  em  penas  as  delicias  troque. 

(16)  Qtttf  consurgetmihiadver^  Nesse  tremendo  dia,  que  advogado 
Z:í!lSZl':.'o^aZ':^.  Ha  de  por  mim  fallar  contra  os  mah.dos? 
«A^*»^  Quem  ha  de  sustentar  a  minha  causa 

Em  face  dos  contrários, 
Iniquos  operários 
D'embustes,  extorsões  com  que  dominam, 
E  meus  direitos  todos  arruínam? 

(17)  mti qviaVminuM adjutit  Tu,  mcu  Sonhor!  Asylo  da  verdade, 

me,pinaiominu»habiíiiuetinm'    ^^^  ^^^  ^  j^^  ^j  ^^  sOCCOrTCSte! 

ferno  anima  mea,  ^  ■  ^  ^ 

Se  a  tua  providencia  carinhosa 
Me  nSo  fosse  alentando, 
Nao  vigiasse  quando 
Pouco  menos  que  a  morte  eu  padecia, 
Ha  muito  que  enterrado  já  seria. 

(18)  Si  dicebam:  iMtus  es  pes   Mas  so  oxclsmava  —  a  VacilUr  me  sinlo, 
ZT^aM^f^'^'^^^'*^^'^'""''^'   Acode-me,  Senhor!»  sem  mais  demora 

A  tua  misericórdia  me  acodía; 
Enc6sto  me  prestava; 

(19)  seaindummuiHUidinemdO'  Ck)nsolaçoe5  me  dava 


319 


Que  a  multidão  das  dores  igualaram, 
E  tainha  alma  sensível  alegraram. 


t&mm  mearum  t«  €9rde  meo^ 
80latiMe§  liMv  iaiifieaveruni 


ftumi  fiiMifi* 


Tuy  meu  Deos,  nada  tçns  que  se  assemelhe 
Aos  corruptos  juizes  cá  da  tenrat 
Que  formam  leis  iníquas,  trabalhosas. 

Em  que  os  justos  envolvem, 

A  innocencia  dissolvem; 
E  se  com  tempo  a  revogá-las  chegam. 
Sempre  a  reparação  ao  justo  negam. 


(SO)  Nunfuid  adJun-êt  íHi  te- 
dei  imptiiatii^  quifaígii  laborem 
f  n  prmiepiú. 


(21)  CapUiiunt  tu  aniwuun  Jum* 
It,  et  ionpiinem  iiutocentem  con- 
demnakunt» 


És  ta  SÓ  meu  refugio,  Deos  piedoso! 

Tu  só  minha  esperança,  meu  amparo. 

Darás  á  iniquidade  o  que  merece. 
Como  a  justiça  pede: 
A  mim.  Senhor,  concede 

O  bem  de  possuir-te  eternamente, 

O  premio  que  reservas  ao  innocente. 


(SS)  Etfaeluê  eet  mihi  Domi- 
niM  m  rrfíigium,  et  Deuã  meu9 
m  ãdjutorium  epei  mea. 

(S3)  EtreddetniUinifuittUem 
ipeorum,  et  tu  malitia  eorttm  die* 
perdet  eoi :  ditperdet  illo»  Domi- 
nu9  Deu»  notter. 


PSALMO  XCIV. 


V, 


iNDB,  O  Senhor  exaltemos; 
Em  coro  unidos  cantemos 
O  Deos  que  generoso  os  homens  salva : 
Perante  a  sua  face  luminosa. 
Aos  psalmos,  que  adorável  nos  inspira, 
Acompanhe  o  suave  som  da  lyra. 


Lauí  canlici  ipsi  David.  (•) 


(1)  Fenite,  exultemu»  Domino, 
Jubiiemue  Deo:  iãlutari  nottro. 


(t)  Prteoeci4pemu9  faeUm  ej¥9 
in  eof\fe$9ione,  et  in  pealmit  ju- 
biiemue  ei. 


(O    No  Hebreo  nSo  tem  titulo  algum. 


320 

Viode,  o  Senhor  adorenu», 
Em  coro  unidos  cantemos; 
(3)  Quoniam  Deut  magrmi  D^  Pois  cste  grande  Deos,  sublimCt  ii 
Dtê9.  E  d  essência  tXo  pury,  tão  divina. 

Que  excede  quanto  Gnge  a  idéa  humana 
Nos  outros  Deoses  com  que  a  si  se  engana. 


íIiUIk  I 


(4)  Quia  in  múttu  eju$  êunt 
omnetfinet  terra,  et  áUitudinet 
montium  ipnu»  ttmi. 


Nas  suas  mios  previdentes 
Dos  montes  mais  eminentes 
Repousa  a  base;  vè  do  mundo  os  termos. 
Mede  de  um  golpe  a  mais  Íngreme  altura; 
Sonda  igualmente  os  antros  mais  profuados: 
São  seus  todos  os  ceos,  s8o  seus  os  mundos. 


(5)  Quaniam  tpiiuã  eit 
et  ipãe/eeit  ilM^  et  eiccvn 
nuê  ejue  farmaoerwU» 


Quanto  a  Natureza  bella. 
Quanto  a  reflexSo  revela, 
E  apercebe  a  raz&o  que  nos  instrue. 
Derivou  da  Suprema  Intelligencia : 
Deo  fluidez  ás  aguas,  fez  os  mares, 
Formou  a  terra,  o  fogo,  e  os  vastos  ares« 


(6)  VenUe,  ml9remuâ,  et  prêd' 
damuã,  et  pUremitiê  tnUe  Demi' 
num,  pa/edt  tiM, 


Vinde,  ó  povos,  que  este  Deos, 
Que  é  dominador  dos  Ceos, 
Também  nos  deo  o  sêr;  elle  renova 
Este  sér  com  virtudes  excellentes: 
Seu  amparo  submissos  imploremosi 
Seus  altos  attributos  adoremos. 


(7)  QuiaipteeetDeminuêDeuê 
noêter,  etnotpej^uhtepaicuiBfJuêj 
et  ovei  tnanue  fjwt. 


Com  que  bondade  e  ternura 
Trattou  Deos  a  creatura ! 
Somos  o  seu  rebanho;  que  amoroso 
Nos  vai  levando  aos  saborosos  pastos; 
Se  erramos  o  caminho  e  nos  argúe. 
De  paternaes  avisos  nSo  se  exciúe. 


321 

Ah!  deste  amaYei  Pastor, 
Com  ternura  e  com  temor 
Se  a  ?(»  que  nos  argúe  hoje  escutamos, 
Nio  6que  o  nosso  peito  empedernido; 
E  quando  assim  fallar»  muito  mais  vale 
Que  o  nosso  corado  de  dor  estale. 


(8)  J9Mt«  ffi  rorem  ept%  audie^ 
ritii,  nolitc  obdurnre  e^Êãvestra, 


Que  dirá?-*- «Filhos  amados, 
Cessai  de  ser  obstinados 
Gomo  vossos  pães  foram  no  deserto. 
Quando  incrédulos  tanto  me  irritaram, 
Tentando  o  meu  poder;  e  os  confundiram 
Os  prodigios  que  fiz,  e  que  elles  firam. 


(9)  Sieui  in  irritãtiêtu  seatn- 
dum  diem  tenUUionU  m  deserto : 
«àt  tentãvenmt  me  paireM  vesêri, 
pròbaoeruiU  me,  et  vidertmi  opera 

mêa. 


«Sempre  com  eUes  clemente. 

Quarenta  annos  paciente 
Guiei,  acompanhei  vossos  maiores: 
Decorreram  os  dias,  sem  que  os  annos 
Seus  indómitos  génios  abrandassem. 
Nem  que  os  meus  beneãcios  os  mudassem. 


(10)  QuãimpntãúmdêoJjfeuêHê 
fui  genermtiári  Uli,  «<  dixi:  eem- 
per  hi  errmtlt  eorde. 


«Disse  então— Será  possivel 

Que  esta  indole  terrivel 
Resista  a  tão  insólitos  favores? 
Que  percam  sempre  a  estrada  que  Ih'  ensino  ?... 
Irritado  exclamei— ^ Em  vSo  me  canço, 
Nunca  mais  entrarBo  no  meu  descanço. » 


(11)  Eti$tin»He$§nê9erunÍ9im9 
meã$ :  utjurwn  in  iru  mea^  H  in* 
iroibunt  tu  repHem  memn. 


Touro  VI; 


SI 


322 


PSALMO  CXV. 

Caniicum  David,  i|uaiido  domun        Coniico  de  Ikmi4 ,  rêciÊãàú  ^quondo 

aedificabaliir  po«t  caplivitalem.  ^  TuUfotU  O  têinflõ  depoU 

do  eapíiveiro. 


(•) 


(1)  CmOãte  Domine  caniicum    A  TERBA  lOlelra  UOl  DOVO  OaotO  eotoe; 
n^:   cntaie   Vamin.  -mi.    ^  ^^^^  ^^  cMbreOUm. 

(3)  Cãntate  Domino,  êt  benêài-    BemdiganOB  do  II0S9D  DCOS  O  00016 ! 
die  in  diem  9nlnUrc  ejns.  AODUDCiai  69  g«tÇS 

Ob  triomplios,  a  glaria 
Do  Redemptor  excelso 
Que  tem  salvar  os  creotes. 
Ao  clario  que  magpifico  diffiiode. 
Como  as  trevas  dissifia  e  o  mal  eoofaqiie! 

(3)  Jfmuniiate  inter  gcnte$gUh    AonUDCiai  aOS  mais  rOOIOtoS  pOVOS 

;^"ií:;«''"""'*"'^'''"""  Como  da  morte  M  barrida,  cadêas 
(4)  Quomam  m»gmu  D»mim$,   AnimoM  quebrou ;  com  que  prodígios 

Com  que  força  ternvel. 
Com  que  loi  admirável» 
Oa  onmes  desvanece, 

(5)  Quoniam  omnea  dii  gentivm    Filho^  SÓ  da  iUoSlO  O  da  deHMMMl» 

damonia:  Dominui  ontem  wlos     -^      i  .     .         .   _         i ^^^  ^<«-^U 

fgcit.  Ou  demoDiosl  ae  teen  alguma  esseucu. 

O  Dosso  Deos  formou  os  ceos  c  a  terra; 


(•)  Este  c  outros  psalmos  feitos  na  dedicaçio  do  Ubermcalo,  ou  do  templo,  r* 
Da?id  ou  Salomito,  foram  opportunumente  repetidos  depois  do  regresso  de  Babjkma,  p* 
orcasiSo  de  se  reediflcar  o  nesmo  templo.  No  liv.  1.  dos  Paralipomenos,  c.  16.  ««««*> 
que  o  presente  cântico  foi  composto  por  David  quando  se  trasladou  a  Arca  de  caia  de  OW 
para  o  tabernáculo. 


323 


£  de  brilhantes  lumes  circundado 
Do  Sanctuario  seu  fez  o  edificio; 
Ornou  de  sanctidade 
GoDi  magníficos  dotes: 
Na  soa  egrégia  Corte 
CoUocou  a  verdade. 
Cuja  belleza  a  tudo  sobresae. 
Ditosos  faz  08  corações  que  attrae. 


(Cl)  Comfetaio,  et  pukhrituiú  in 
ctnãpeetu  tjut^  umUimmia^  et  hm* 
ffnífiefrUia  in  stmeiifieati&ne  ejm. 


Rasgam-se  os  Ceos,  Jehovab  ao  muAdo  desce. 
Correi,  famílias  sanetas;  e  cantando 
Honra  e  gloria  offertaí  ante  seu  throno: 

O  seu  nome  ineffiifel 

Resoe  com  applausos 

Em  toda  a  Natureza 

Por  tempo  interminável: 
Honras  Ibe  demos»  glorias  as  maiores ; 
Resoem  sem  cessar  os  seus  louvores. 


(7)  Jfferte  Domino  pátria  gen» 
f ífim,  qferle  Domino  glorimn,  et 
h&norem :  offrrte  Domino  glorimn 
nomini  ejut. 


Colbei  rosas,  tecei  frescas  grinaldu; 
£  perfumados  óleos  derramando, 
Adornai  seus  magmfieos  altares: 

Preparai  sacrificios; 

Juntai  ás  bostias  puras 

A  cândida  farinba, 

Que  egrégios  beoefieios 
SjmboUsa:  prostrados  veneremos 
O  Seobor,  e  em  seu  templo  augusto  entremos. 


(8)  Tbliite^hofttat,  et  introite 
in  otria  ejut :  adorate  Dmninnm 
in  ntrio  smteio  ejus. 


Com  temor  e  tremor  a  terra  toda 
Perante  a  sua  face  se  apresente, 
E  commovida  escute  seus  decretos  $ 
Proclame  seu  reinado, 
Em  seu  culto  se  empenhe; 

Tomo  VI. 


(0)  Commúffeaiuf  à  faeie  fjuâ 
univena  terra^  dicite  in  gentibue^ 
guia  Dominui  regnavit. 


«l 


324 


( 1 0)  Elenim  eorrêxit  õrbem  í  er' 
rr,  qiíi  jwn  eomnwvebilnr. 


Diga  aos  povos  distantes 
Que  o  Senhor  é  ch^do. 
Para  emendar  o  mundo»  e  rectamente 
Firmar  a  paz,  julgar  a  humana  gente. 


(II)  LateniuremU,  et  exuitet  OAuctor  dosCeos,  do  mondo,  vom:  festejem 

terro,  eommoveatur  mare^  et  pie-    ^       *         .    j       . »  .1 

nuwio  ejuM :  gaudebunt  campi,  et  Us  sêres  toGos  tao  pomposa  entrada, 
•.,«,«,  gua.  in  en  sunt.  Montauhas,  rios,  vallos.  e  regatos: 

Os  cristalinos  mares 
Alegres  se  revolvam; 
Os  seres  nadadores, 
Os  que  cortam  os  ares. 
Todos  exuítem  neste  grande  dia: 
Os  prados  relloreçam  de  alegria. 


(IS)  Tune  exulti^fU  omnia  li» 
grmtilvarumàfacie  Domini^  pHa 
venity  qumdwn  venit  jndicmre  ter- 
mm. 


Na  presença  do  Deos  que  vem  reger-nos, 
Da  floresta  os  robustos  moradores, 
Freixos,  alamos,  plátanos  suberbos, 

Soprados  pelo  vento, 

As  folhas  agitando, 

A  seu  modo  denotem 

Geral  contentamento; 
Pois  que  cessa  do  erro  a  injusta  guerra» 
E  Deos  mesmo  é  que  vem  julgar  a  terra. 


(13)  Juãicãbit  úrbem  terra  in 
asquitoley  et  popisht  in  veHtate 
sua. 


Violentas  pulsaçOes,  cessai  no  peito: 
Descancemos;  é  Deos  que  vem  julgar-oos; 
E  na  balança  recta,  que  aíFerira, 
Nossas  acçdes  pesando. 
Ha  de  emendar  os  damnos 
A  que  juizes  impios 
Nos  foram  condemnando: 
Entre  as  nações  a  lúcida  verdade 
Fixará  Deos  por  toda  a  eternidade. 


325 


PSALMO  XCVI. 


I 


MPEROU  O  Senhor,  exulte  a  terra; 
O  continente  e  as  ilhas  numerosas 
Com  festivaes  clamores  o  celebrem. 
Do  palácio  dos  astros 
Desce  o  Rei  do  Universo, 
Em  mysteriosa  névoa 
Inda  seu  rosto  immerso... 
Que  lúcido  apparato,  que  riqueza 
Cercam  seu  solío  augusto!  Da  direita 
A  justiça  o  sustenta ;  e  a  sapiência 
Doutro  lado  a  belleza  lhe  realça... 


Pgalfflui  David  quando  terra 
ejus  raUluta  esl  (•). 

(])  Dominuã  reptavii,  exulitt 
íerrm,  lettentur  intvim  multa. 


{t)  Nuket  et  câligo  in  eireuilu 
r/f/f :  Justitiã ,  et  judicium  cor- 
recHê  teéiê  ejut. 


Mas  qual  aterrador  globo  de  fogo 

O  precede,  vibrando 
Mil  coriscos,  e  a  cinzas  reduzindo 

Seus  inimigos  pérfidos!... 
Que  'spectado  pomposo  se  apresenta ! 
Como  o  susto  nos  ânimos  se  augmenta ! 


(3)  Tgnit  ante  ifnum  prmcedei, 
et  ittflammabit  in  circuitu  inimi» 
cos  ejut. 


Enluctam-se  os  ares  densos. 
Subterrâneo  rumor  soa; 
Rompe  o  ar  trovão  que  atroa, 
Espantoso  é  o  fusilar. 


(4)  lUuxentnt  fulgura  ejut  ar- 
bi9  terrm :  vidii^  et  commota  C8t 
term. 


(•)  Eito  pialmo,  do  qual  tt  pinU  com  Tirai  cores  a  vioda  de  Deo»  ao  mundo  para 
ajadar  o  seu  povo  e  julgar  ai  iniquai  acç9et  daquellcs  que  o  tinham  opprimido,  nSo  tem 
titulo  no  Hebreo  nem  nos  melhores  códigos  gregos ;  o  que  se  lé  na  Vulgata  é  dos  tempoa  pos- 
teriores, e  pode  applicar-M  tanto  &  pacifica  posse  do  reino  depois  da  morte  de  Saul,  como 
ú  liberdade  restituída  ao?  caplivos  em  Babylonia. 


326 

Toda  a  terra  se  allumía, 
£  estremece  de  pavor; 
Ante  a  face  do  Senhor 
Veem-se  as  rochas  estallar. 

(5)  MúrUes  siculeerafluxerml  ComO  a  COra  expOStS  80  fogO 

à  faeie  Damini,  à  facie  Domini  .  .     ,  ,         ^ 

•miH9  ierv.  As  montanhas  se  derretem, 

Medonhos  ecchos  repetem 
Sons  que  fazem  desmaiar. 

(6)  Jnnuntiaverwni  cmU  ju9ti^   Ânnunciam  OS  ceos  sua  jiutiQa ; 

IfVifft  ffiif,  et  9idenmt  omnes  vo-    «  ^  .    ■%         ^     ^  j 

puii  gloria  ejuê  '^    E  ss  naçSos  ospantadas  TerSo  todas 

,a  3;ír:rí;*^r^:;  Com  q«e  glon.  e  podèc  «^  .pp«ece 
in  nmvUeHt  muíí.  q  gQpremo  Juii  quo  á  tenra  desce. 

(n)  jédúrúíe  eum  omncs  Augeii  Vds  testemonhas  oelostes 

«yi/f,  audivit^  et  latalu  ett  Sion*  —.        ^^  •!    ^       «•  • 

Dos  «ttabutos  dif  mos, 
Anjos!  tecei  vossos  hymoos» 
Vinde^o  no  mundo  adorar. 

Sião,  que  ouvío  reverente 
Que  a  esperança  se  cumpria, 
Banhada  em  pura  alegria 
Já  começa  a  respirar. 

(9)  Et  exuitmierwu  jditt  Judte   As  Slbas  do  Jttdá,  que  tristemente 

wrepUr  judicia  tua.  Dçmine,  ^  ,. 

Suspiravam,  em  coroâ  exultaram; 
Certas  da  rectidão  dos  teus  juízos, 

Ó  meu  Deos!  já  descançam: 
Vieste  ao  mundo,  e  em  tio  ditoso  dia 
Se  extinguio  a  injustiça  e  a  tyrannia. 

(10)  Qu&niãmtuDomintis0itit'   Abrange  a  terra  inteira  o  teu  domínio, 
cxaUátuM  tê  9uper  mnes  Deot.     v^  omguem  póde  além  do  que  tu  maiwas. 


327 


Numes  e  Reis  te  cedem» 
As  tuas  perfeições  todas  excedem. 


Almas  puras,  vós  que  amais 
O  Senhor,  o  Sér  perfeito» 
Expulsai  do  vosso  peilo 
A  meiíer  sombra  do  mal. 


(11)  Qui  diligUit  DmHinum, 
odite  mulum:  cuit&dit  Domimts 
anima»  tandúrum  Muoruin;  de 
mmnu  peccatõrit  liòerabit  com. 


Deos,  qne  os  seas  fieis  defende, 
Quebra  as  ferros  passadores 
Que  na  mSo  dos  peccadores 
Preparam  gcripe  fatal. 


EDcapellem-se  as  nuvens  trovejando» 
EoDoiteca  o  universo,  o  aol  se  apague; 
Por  bebida  nos  daem  fel  ou  veneno; 
Seoipre  luz  para  o  justo  o  cea  sereno. 


(18)  Lux  •ria  etl  Jutio^  et  re- 
eti9  tordt  ImUtiu. 


Justos,  goiai  da  alegria 
Que  DOS  ânimos  derrama 
E!sta  doee  e  ardente  cbamna 
Que  acceade  o  celesle  amor : 


(13)  LaUuniniJíutiinDomiH», 
et  eoí^fUentim  memoriíg  êmctificã' 
tiêni»  fju$. 


G>nfe88aí  de  Deos  a  gloria. 
Todo  o  vosso  sér  o  exalte; 
E  não  temais  que  vos  falte 
Dos  bens  o  supremo  Auetor. 


328 


PSALMO  XCVII. 


Psalmus  ípsi  David  (•). 
(])  Cttntate    Domino   Cênlicum    ilANTAI«  PoVOS,  em  mCtrO  deWSado, 

Do  Senhor  a  justiça»  a  roíserieoraia. 
Já  que  tantas  maravilhas 
Elle  obrou  por  nos  salvar: 
Sdtaí  suavíssimas  vozes 
E  nSo  cesseis  de  cantar. 
(2)  Sahaíi  êiòi  dexiera  eju$.    Da  sua  dextra  a  salvacio  deriva, 

et  liraehium  »anctvm,ejti9.  -^  ^     i 

heu  sancto  braço  os  corações  captiva. 

(3)  Naíumfecit  Dmninut  talu^    Ao  muudo  dociarOtt  UOSSO  rCfigato; 
tare  murm,  in  eontpfciu  gentium 

reveiaoit  juêtitiam  iuam.  Na  prescoça  das  goDtes  assombiadas 

Revelou  sua  justiça, 

(4)  Reeordaiuê eit miiericordim  Fcí  monifesta  a  Verdade; 

tuw^etveritutiêtutedomui  Israel,  -r.     nv 

E,  d  Israel  condoído. 
Recordou  sua  piedade: 

(5)  ridtnmt  omnet  terminiter'  Coustou  Quanto  era  Doos  justo  e  cleiueote 

ra  taluture  Dei  noitri. 

Do  norte  ao  sul,  da  aurora  ao  sol  csdeote. 


(6)  Jutíiãte  Dep  pmniê  terra,   A  terra  uiteita  jubilosa  cante ; 

emUatc,  exultaíêj  et  puMUe.  i  i  • 

Ck>m  accordes  e  doces  instrumentos 
Festejemos  este  dia; 

(7)  Ptallite  DoniiHú  in  eithmra.  Siga  a   iyra  08  UOSSOS  hjOinOS, 

tu  ciihara,  et  v9ce  ptalmi :  in  tu-  „  ,      . 

biM  dwtiiiòuê,  et  voee  tuba  cor-  Trompas,  Oautas  O  psalterios 


nem. 


Rompam  os  ceos  cristalinos: 
Em  concerto  geral  a  Natureza 
Do  peito  expulse  as  sombras  da  tristeza. 

(•)  CoDlioiíft  O  mesmo  argumento  dos  dois  precedentes  psabnos  \  com  a  differençt  po- 
rém de  que  no  antecedente  parece  que  fe  exprime  no  mais  recôndito  sentido  a  segunda  vís<íb- 
e  neste  a  primeira  do  paciGco  Messias. 


329 


O  Senhor  veio  á  terra;  vem  salvar-oos: 
Perante  a  sua  face,  os  seres  todos 
Celebrem  sua  presença: 
Revolva-se  alegre  o  mar, 
E  nas  ondas  brincadoras 
Vejam-se  os  peides  saltar: 
Da  terra  oa  mais  remotos  habitantes 
Sejam  deste  festim  participantes. 


(8)  Juòilãiê  in  £9nspectu  Regit 
Dmmm :  m^vetdw  maré,  et  pte» 
tdímdú  ejue^  orkU  terrarum,  et 
fui  kãòitmit  in  eo. 


IrSo  correndo  e  as  margens  refrescando 
Os  rios;  seus  crístaes  mais  puros  brilhem; 
Serpeando  alegremente, 
De  novo  alentando  as  flores, 
A  seu  modo  vSo  tecendo 
Ao  Seriíor  os  seus  louvores: 
Espalhe-se  a  alegria  sobre  os  montes, 
Noa  valles  corram  mais  serenas  fontes. 


(9)  jPItfMIfM  pimêieui  NMMII,  f  I- 

mmI  NMiilet  exultabumt  à  ctÊupe- 
eíu  Dmiimi :  fumUam  venit  Juéi- 
c9Te  tertWH» 


De  um  tal  contentamento  a  causa  é  clara: 
O  Senhor  desce»  e  vem  julgar  a  terra. 

Gessa  a  funesta  incerteza; 

Julgará  como  Deos  julga ; 

E  sobre  o  orbe  terráqueo 

A  justiça  se  promulga : 
Povos  que  victimava  a  atrocidade 
Julgados  só  serSo  pela  equidade. 


(10)  Judicabit  orbem  terrmrum 
injuttitiã,  etpopiHUt  m  aptitãie. 


830 


PSALMO  XCVIII. 


Psalmus  David.  («) 

(1)  Dominuê  regwwit,  irãtean-    l/Al  AM  DOT  teiTa  OB  Ídol06  qoeliradoSy 

tur  pepuli:  çui  $edet  super  Che^ 

ruiim,  moveaiur  terra.  Tremam  raitosas  BÊ  e0tttltas  gentes ; 

o  Deos  que  sobre  OB  Cherubins  se  MseDta 

Reina  entre  nós:  a  terra 
A  seu  aspecto  toda  se  eonamova; 
Sua  lei  sancta  a  pax  nála  reoot». 


(2)  DonuMuinSianmagnui,  et    ComO  em  SiSO  magOlfitO»  potettle, 
exeelsui  tuper  onmes  pomuloe.  _  ,  .  i       .      • 

Sobre  todo  o  vivente  predomina! 
Que  grandeza !  qu«  excelsa  nagestade 

Aos  povos  apresenta! 
O  tempo  sua  gloria  nllo  consome, 
Nem  seu  nome,  maior  que  todo  o  nome. 

(3)  omjííeúniur  wmini  tM  ma-  Tenívcl»  saocto  1  Via  sempr«  a  Jnstíta, 

gnú,  quÊiíittm  terribile  et  ganetum      ^    --      ,    ,  ,  ... 

Cf I,  et  hêiior  Régie  judieium  di-  A  Verdade,  8  booceociay  que  6  deleitam, 
'^' '  Ornatos  de  seu  tbrono,  trrampliaDda. 


Ab!  ^Qto  sSo 
Teus  súbditos»  Senhor!  Quaila  ventura 
Teu  sceptro  d'equidade  Ifaes  segura! 


(4)  Tu  parãtti  direetwnet :  ju-  Rectissimos  procoitos  preparando» 

dieium  et  jvetitiam  in  Jacoh  tu    ^  _  ,  .    ,  . 

fecitti.  O  mundo  co  a  verdade  esclareceste» 

E  08  povos  de  Jacob»  que  te  esperavam. 

(5)  Exaltate  D^minum  Deum  PoVOS  agradocidos» 

fiMlmm,  et  adorate  scabelium  1*^"     «     .     .       o     •  •   j 

dum  ejue^  qiwnimn  eanetum  ett.     Exaltai  O  Scobor»  O  DOOS  picdoSO» 

Sempre  aos  seus  compassivo  e  generosa 


(*)    Sogae  o  mesmo  Bri,'uiuento ;  mai  no  Hebreo  dÍo  se  lhe  acha  titttlo. 


331 

Prostrados  adorai  seu  sólio  augusto ; 
E  a  terra  que  creou,  que  sanctífica, 
N'um  templo  immeDSO  toda  se  transforme. 

Este  Rei  portentoso. 
Estável»  sancto,  justo,  celebremos, 
Por  quantos  bens  nos  dá  graças  Ibe  demos. 


Assim  Hoysés  e  Ârto»  seus  sacerdotes» 
E  Samuel  com  elles»  kifocaram 
Sempre  o  seu  nome;  attento  oa  escutava: 

Com  ceiesles  orac'los»  . 

Da  columna  de  nuvem  que  erigia. 
Aos  seus  fieis  amante  respondia. 


áêiHut  ^9,  tt  Smumtl  imttr  «m, 
fui  íiw9€aU  mmen  ejus. 

(7)  ÍHvêcaktuU  Dmmnmm^  et  ipãe 

eMmiiebai  «m:  tu  cÊhtmiim  nuòi» 
hqmekawr  ãd  «ff. 


Reverentes  guardaram  aeua  preeettoi» 
As  cer'monia8  preseriplas  observando: 
Meu  Deos!  oa  seaa  suspina  te  enviavam» 

Bem  que  a  huma»  fraqueza 
Altere  a  perfeição  doa  sacrificios, 
£  assaz  não  corresponda  noa  beneficies. 


(8)  C9ãt9ÍkhÊmf  UilimÊMh  rfuã, 
et  prexeftumy  fuod  éeéU  iUi$. 


tidimfenthneê  ewum* 


Deos  Senhor  nosso!  apesar  disto»  ouvisle-os:     (9>  Dwumneuetmuir^tnesí^ 
Aos  teus  servos  propicio  sempre  feate ;  fuitu  Ht,  et  «ícimcm  tu  «mm* 

A  perfeiçSo  suppríste»  com  piedade 

Corrígiste-^lhe  as  bltas; 
O  frágil  barro  entlo  purificaste» 
E  generoso  oa  votos  lhe  acceitaste. 


Exaltemos  o  nosso  Deos»  subamos 
Ao  sancto  monte  de  Si9o»  gostosos» 
Para  adorado;  alU  guarda  o  thesouro 

Da  sua  sanctidade; 
AlU  se  manifesta  a  sua  essência» 
E  de  seus  attríbotos  a  excellencia. 


(10)  BxãUãU  Domimm  Dam 
n#f IriíJfi,  et  méõrute  m  we^Ue  «mc- 
tê  ejui,  quonimn  êãmtttê  Demému 
Deve  netter. 


332 


PSALMO  XCIX. 


Piftlmus  in  confeiiione. 


(1)  JMIãtê  Deo  êmnÍ9  terru, 
servite  Dcmin»  tfi  IwHHa. 


Hymno  de  hmvor  e  agradecimetUo, 


i 


ODO  aquelle  que  respira, 
E  em  sea  sêr  uma  alma  encerra. 
Solte  suavíssimo  canto» 
Âlegre-se  toda  a  terra; 
Em  transportes  de  alegria 
Sirva  o  Senhor  noite  e  dia. 


(8)  fntrêiie  in  eonspeein  ejus 
in  extiUifêimte, 


Em  ooncèrto  harmonioso. 
Que  a  melhor  musica  vença. 
Contentes,  medindo  os  passos, 
Entrai  na  soa  presença; 
Alli,  de  amor  transportados. 
Entoai  hymnos  sagrados. 


(3)  Seitéte^  fumumm  Dmmnns 
ip9e't9%  Deut:  ijne  feHt  mt,  eê 
fMfi  ipii  n9i. 


Sabei  que  o  Sêr  adorável, 
O  Senhor,  é  nosso  Deos; 
Que  nos  creou,  e  que  somos 
Todos  os  humanos  seus: 
NSo  Tomos  nós  que  nos  demos 
Esta  existência  que  temos. 


(4)  Pojmlfff  ejus,  et  otct  pat- 
cvw  e^9  introiie  portã9  rjv9  in 
confe99Íotiey  tUria  ejus  in  hymniSf 
conjitetnini  ilti. 


Povos  do  Senhor,  rebanhos 
Dos  seus  pastos  sabcHtMOs, 
No  seu  templo  e  em  seus  apriscos 
Entrai  cantando  gostosos; 
Quaes  inspirados  videntes 
Oflertai-lhe  hymnos  cadentes. 


333 


Nas  campinas  perfamadas 
Peias  mais  cheirosas  flores 
Sea  oome  saocto  celebrem 
Até  do  bosque  os  castores: 
Qoanto  é  suave  o  Senhor! 
Gomo  é  doce  o  seu  amort 


(5)  JUnutãie  nêmen  efu$,  çu»- 
fiMm  ttfflVM  est  Dominui:  m  «<er- 
nuffi  miterieordia  ejui :  ei  u$pie 
in  generatimum^  et  gemerêHtnem 
veriíãs  ejíiã. 


£  sua  essência  immutavel; 
Com  misericórdia  e  verdade 
Ás  gerações  successivas 
Prova  a  sua  eternidade: 
A  pompa  da  Natureza 
Do  que  diz  prova  a  certeza. 


PSALMO  C 


De^  Daoid. 


Plnlmnf  ipti  D«?lcl  (•). 


Ml 


S*BIGORDU   e  justiça  é   o  nobre  assumpto      (l)  Miêerieardmm,  etjudieivm 

Do  meu  canto,  Senhor!  Em  doce  metro 

O  teu  nome  recordando. 

Qualquer  diverso  motivo 

N&o  irei  jamais  cantando, 

Em  quanto  respiro  e  vivo: 
Elle  me  abre  a  carreira  immaculada  (S)  Puaimn,etinieiiigaminwa 

Por  onde  vou  buscar-te :  ah !  quando,  quando 
Virás  dar-me  a  ventura  desejada!... 

Serei  digno,  meu  Deos,  que  me  confortes?      (s)  PermnMãbmn  in  innêcen- 


(»)    SimSo  de  Muit  chama  a  e«le  paalino  —  O  etpelho  de  Principei  -*- . 


334 

tia  carpis  mti;  in  mtdh  iêmuM  E  meus  tremulos  pttssos  na  ionocencia 
'"'*  ^*^'  Compaaávo  me  dirijas? 

Euy  no  domestico  enleio. 
Vou»  de  paciência  armado, 
Oppondo  ás  paixOes  tim  freio: 

(4)  Non  propanebam  ante  oeulê9    A  mOOS  olhoS  SOrá  SOmpre  odÍ088 

varíauian€8  0divi.  Acçío  mjusto ;  expolsa  de  meus  lares 

Se  ha  de  ver  sempre  a  gente  criminosa. 

(5)  N§n  Mdhaãit  ndhi  mr  pt^  Meu  coraçâo  repugna  depravados, 
fuNi  ro^natceAoifi.  Nem  quoro  conviver  eom  libertinos; 

Por  mais  iamosos  que  sejam. 
Nem  sequer  desejo  v6-Ios; 
A  polidez  nSo  me  força 
Nem  menos  a  conhecê-los: 

(6)  iMr«A«fiim  ttcrttê  praxi-  Pois  so  trahíndo  o  próximo,  revelam 

m  mo,  Aime  peneguebar.  g^^^  ^jj^^.^ !...  Em  mim  tal  magoa  excitam. 

Que  em  vio  contra  o  castigo  se  acautelam. 

(7)  Stip0rk9  ócuu,  ii  inMf/cWit   Os  quo  olham  com  desdém,  os  que  orgulhosos 

Aspiram  sem  virtude  a  prémios  altos, 
SBo  esses  os  que  despreio; 
N&o  lhes  consulto  a  vaidade. 
Nem  como  á  mesa  eom  elles. 
Nem  lhes  soffio  a  sociedade: 
E  tanto  o  seu  aspecto  me  nausêa. 
Minados  de  uma  sede  ambiciosa. 
Quanto  o  dos  bons  me  agrada,  me  recrèa. 

(•)  o  imperador  BaBÍlio,  na  sua  parenelica  ao  filho  Leão,  dia :  VirttUy  mm  prim- 
eipatu,  mmUque  ãÊtet^rtíítte  praitmUior  e»t.  Si  ergú  dignitate  quidem  relifidt  frmHêt 
Miiiiàtit,  virtute  autem  ab  aliis  pracelleris,  Imperator  non  m,  ima  mlteriui  imperi»  «*• 

deris. 

(••)  riri  jutii  iint  tibi  coiimvw,  dii  o  EccIefiarteB,  c.  9.  y.  «S.  E  Séneca  a  propeáta 
na  epist.  104.  Hwrebit  tibi  avorttfo,  qmmdiu  warOf  iordid&fue  eanvixeriã,  Hmrebit  im^r, 
quamdiu  eutn  sitperbp  c^nvarMéerit» 


335 

Nos  mansos»  nos  fieis  que  o  Estado  adornam. 
Os  meus  olhos  se  empregam  coin  deleite; 
Esses  vSo  co'  a  luz  divina 
Em  caminho  bem  trilhado; 
Sio  de  quem  confio  a  Tida, 
Quem  ponho  junto  a  meu  lado: 
Longe  de  mini  aparto  os  maldizentes»' 
Os  suberbos,  os  falsoa»  oa  tjrannos. 
Que  compromettem  sempre  oa  innocentes. 


(8)  Oeuli  mei  aifideUs  lerra, 
«t  tedemU  meeum:  Mmhdãos  in 
9ia  immaatlatm,  hie  mihi  m/nit- 
iraèat  (•)• 


(9)  Nm  hãkiUáU  ttt  mediê  éê^ 
muB  mea  pUfaeU  $vperbiwn :  qui 
lojuitur  iniçftm,  »^n  direxii  m 
CÊmpectu  oeulorum  wtttrum. 


Mal  apontava  o  sol,  exterminava 
Co'  a  enérgica  justiça  os  peocadores; 

Nio  deve  oontaminar-se 

De  Deos  a  sancta  cidade; 

E  delia  exclui  severo 

Obreiras  de  iniquidade. 
Todas  minhas  accSei,  meu  Deos,  te  oflTreço; 
Examina  a  intengSo»  conta  nieoa  passes» 
Dâ-me  o  premio  ou  castigo  que  mereço. 


(10)  /»  matutino  ifUerJkUbom 
•«MM  ptetÊÍêreM  ttrrm^  utâiw^er- 
derem  ée  eiviiãte  Dêmim  9mne$ 
úperarUei  iniquit^em. 


(•)  Plínio  DQ  pimofiriço  de  Trujano:  B»i  magntficumy  quêd  te  ãb  êmni  côtUagiÊne 
riliúrum  reprimi»  «r  reMoat,  $ed  magniJUenUuê^  qftod  ívoi :  quaniõ  enim  mugis  arduum  ett 
aliúê  prastare^  qi/am  se  >  tanto  laudabHius,  qvod  am  ipse  sis  ppUmuSf  omnes  eirea  te  simi" 
les  tui  effechli. 


336 


PSALMO  CL 


(V.   DOS  PENITENCIAES.) 


Oralio  pauperis,  cora  allxins  fue- 
rit,  et  incoDfpectu  Domint  elTii- 
derit  preeera  suara. 


(1)  Domine,  exaudi  êratiênem 

Mteofi»,  ei  dãmêr  mem  má  te  oe- 

niãt» 

» 

(S)  iVim  mertãs  faciem  Uwm  k 

me:  in  quúetmque  die  tribnkrj 

inclina  má  me  murem  tumm. 


Oração  do  pobre^  quando  etíiver  affitio^ 

e  na  presença  do  Senhor  fxer 

a  sua  depreeaçao. 


o 


uvE»  Senhor,  minhas  preces. 
Rompam  os  Ceos  os  meus  grita; 
Não  me  apartes  dos  tens  olhos 
Apesar  dos  meus  delicta. 


Presta-me*  Senhor,  outidos. 
Quando  affliclo  e  atribulado 
Em  qualquer  dia  te  invoco, 
Lamentando  o  meu  peccado. 


(3)  In  gfmatnpie  die  invocmvero 
te,  veUeiter  exaudi  me. 


N8o  tardes,  Senhor!  depressa 
Responde  quando  te  chamo: 
Recolhe  em  tua  mfto  piedosa 
Este  pranto  que  derramo. 


(4)  Quimdêfeeerwiiieui/umus 
áiee  mei^  et  meem  mea  rieut  ere- 
nUum  mnterunt. 


Já  qual  fumo  se  evapora 
A  luz  de  meus  poucos  dias; 
E  meus  ossos  dessecados 
Vão  tornar-se  em  cinzas  frias 


Qual  combustível  madeira, 
Disposta  a  pegar-lhe  fogo, 
Senhor,  se  me  não  acodes 
Hão  de  incendiar*se  logo. 


337 


O  meu  coração  marchou-se 
Bem  como  dos  campos  berva. 
Que  os  ardwes  do  sol  cresta, 
E  só  frescura  a  coosenra. 


(5)  Percuitus  Aum  lU  fanum, 
et  aruit  cor  meum :  guia  obliiut 
lum  cemederc  panem  mtum. 


Nao  lhe  dei  o  fresco  pasto* 
O  saudável  alimento; 
N8o  o  nutri  das  virtudes 
Que  seriam  seu  sustento. 


A  minha  dor,  meus  suspiros 
As  minhas  forcas  gastaram; 
£  as  minhas  carnes  mirradas 
Aos  meus  ossos  se  pegaram. 


(6)  ^  vaee  gemitut  mei  adhetiit 
os  mtum  carni  nu<g. 


Vi?o  qual  o  pellicaoo 
Na  solidão  do  deserto; 
Qual  o  mdio  taciturno 
Que  nas  sombras  vaga  incerto. 


(7)  Similii  faelut  sum  peUieano 
iolitudinis : /aetuM  êum  êieui  iiyc- 
ticorax  i»  domicilio. 


Passo  a  noite  como  passa 
Sobre  um  tecto  abandonado 
Um  pássaro  solitário, 
Do  seu  ninho  desgarrado. 


(8)  VigiUm^  et/acív$tum$ieut 
pasicr  Êoliiarius  in  teclo. 


Com  opprobrios  todo  o  dia 

* 

Me  assaltam  meus  inimigos; 
Com  imprecações  violentas 
Os  que  foram  «neus  amigos. 


(9)  Tola  die  esprobrabant  mihi 
inimici  ffwt,  ei  qui  laudabant  me, 
adversam  mejmrabani. 


Heu  pto  misturo  com  cinzas, 
Que  mal  me  sustenta  a  vida; 
E  com  lagrimas  amargas 
Confundo  a  minha  bebida. 

Tomo  VI. 


(10)  Quia  cinerem  tanptam  pa- 
nem mandvcabam^  et  potum  meum 
cHmfletu  miseebam. 


2i 


(11)  A  façie  iras  et  indignatio- 
ftiff  tuas,  quia  elevani  allisisti  me. 


338 

Assim  passo,  rccotàando, 
Ó  meu  í)éos»  à  tuh  Irh; 
Pois  essa  me  iíBarsÒU  tiinto 
Quanto  ò  amor  \êi  niè  sdbira. 


(18)  Dies  mei  sieut  umòrm  de* 
cUnaverunt ,  et  ego  tieut  fteuvm 


arui. 


Os  meus  diaSs  déclihárbm, 
Ou  como  a  ábmUra  Turram ; 
E  como  um  Tcáo  sega&o 
Me  yeem  hoje  ós  ^(ie  me  VirUm. 


( 1 3)  Tu  atilem,  Domine^  in  ater- 
numpermanet,  etmemoHaletmtm 
in  generationem  et  generationem. 


Só  tu,  Senhor  iiiibiftavel, 
Jámâili  ie  attinge  a  mtiãançD ; 
De  teu  nome  a  glória  imínéi)!^ 
Todos  os  tenipòs  hlctifacla. 


(14)  Tu  exêitrgen»  mherejberie 
SioH :  qviatempvzmUerendiejut, 
quia  venit  tempus. 


Levanta-te,  Debs,  A&o  tiirdes. 
Tem  piedade  de  Sito; 
Chegou  o  tempo  prediéto 
De  ter  delia  compaixllo. 


(15)  Queniam  piaeuenmt  gervis 
tui$  lapides  ejm ,  et  Urree  efuê 
miserabftntur. 


SiSo,  qúe  teus  servos  èmám, 
Onde  só  YÍvèm  ségurÀs; 
Ah  Senhor!  estendera  dextra, 
E  reedifica  seus  múiri». 


(16)  Et  timebftnt  gente»  nomen 
tunm,  Dfmiine,  e  amnei  Rega 
terra  gloriam  titam. 


Então  as  toaçdés  Submissas 
Temcr&o  leu  éfóme  iiáincto, 
E  todos' os  Reis 'da  fèirra 
Hio  de  ouvi-lo  'dóm  espanto. 


(17)  Quia  adijieavit  Dominus 

Sim :  et  videbitur  in  gloria  tna. 


DirBo  que  o  Senhor  potente 
A  Siio '  reedificara : 
E  neste  grande  pròdigio 
Sua  gloria  confirmara. 


339 


Dirão  que  os  rogos  humildes 
Dos  teus  servos  escutaste; 
E  gue  as  oracSes  ardentes 
Com  larga  mão  premiaste. 

Taes  portentos^  ^trausmitti^ 
De  uma  idade  fi  oufra  j^a^e* 
FàrSo  que  as  futuras  raças 
Honrem  sempre  a  Divindade. 


(18)  Retpejií  iu  oraiianem  hv- 
mWum,  ei  non  sprecit  precem  eo* 
mm. 


(19)  SeribatUur  hme  in  generth 
tione  alíera^  et  populut^  qui  crea- 
hitur,  iauâMi  Ihminitm. 


Dirão  que  ólhpu  desde  os  Ceos 
Para  atcarrii  coosterDada ; 
Que  encarou  co'  as  iipssas  qfiagoas 
Desde  a  celeste  morfld^. 


(tO)  Qwa  jfroMpeJíU  de  excelso 
Maneio  euo:   Uominus  de  calo  in 

m  J  I  , 

Icrram  aspexiL 


Para  escutar  os  gemidos 
Dos  captivos  maneatados; 
Para  quebrac-^Ibes  seus  ferros, 
Quando  á  morte  desttfiados. 


(SI )  Ut  audirei  gemUui  eempe* 
dit^rvm^  ut  eolofr^t  filio»  itUe- 
remptorum. 


A  6m  que  seu  nome  excelso 
Vão  cont^ites  celebrando; 
E  de  Sião  as  venturas 
Em  sacros  hjmnos  çiHi^ndo. 


(j^)  Utm^mtniieut  in  Si^  no- 
mçH  P^n(m,  et  IfiOfAfP*  fjue  in 
Jerutalem. 


Povos  e  Reis  congregfidos» 
Por  tão  altos. beneficios. 
Com  jubilo  farão  juntos 
Os  mais  purus  sacrificios. 


(£3)  In  çon9enie»do,p9p¥Ue  tu 
imiim,  et  ffgeey  ut  e^rviant.Do» 
mino. 


Para  vertantQs»  jfve^içspero» 
Milagres  d'omDÍp9tençia9 
Revela-ipe  quantos  dias 
Faltam  da  minha  eiListçncía. 

Tomo  VI, 


(S4)  Reepandit  H  in  via  virtu- 
ti8  eum :  paueitãtem  diervm  meo* 
rum  nunlia  mihi. 


3fi  • 


340 


(25)  Ne  revoeet  me  in  dimidio 
dierum  meorttm:  ingentrationem, 
et  generationem  anni  tui. 


(26)  Jniiio  tUy  Dominey  terram 
fvndaitit  et  opera  manuum  tua- 
rum  iunt  cali. 


No  meio  de  curtos  dias 
N9o  cortes  miuha  carreiro: 
O  que  é,  Senhor,  a  teus  olhos 
De  um  mortal  a  vida  inteira? 

Em  quanto  teus  annos  duram, 
YSo-se  os  séculos  passando; 
Uma]geraç3o  e  outra. 
Sem  que  mudes,  acabando. 

Tu  já  fundastes  a  terra, 
Os  altos  Ceos  coostruiste; 
E  do  teu  poder  deriva 
Quanto  ha  de  existir  e  existe. 


(€7  )  ípiiperilnmíy  tu  autem per- 
ffumcf ,  e  omnet  sieut  veelimentum 
vcteraseent.    . 


Mas  sobre  esta  vasta  scena 
Corres  rápida  cortina; 
E  cessa,  logo  que  o  mandes, 
Machina  t8o  peregrina. 


(28)  Eí  eieut  opertorium  mtite- 
bii  eoêy  et  mutabufUur :  tu  autem 
idem  ip$e  es,  et  anni  tui  non  de- 
ficient. 


Só  tu.  Senhor,  permaneces 
Com  perpetua  mocidade, 
E  com  teus  annos  viçosos 
Abranges  a  eternidade. 


(S9)  FiUi  servorum  tuorum  ha- 
bitabuntj  et  eemen  eorum  in  ste- 
eulum  dirigetur. 


,  Dá  aos  61hos  dos  teus  servos 
Ao  menos  um  firme  asylo, 
Onde  a  descendência  delles 
Goze  de  um  tempo  tranquillo. 


Dos  pacs  avalia  as  penas, 
Sua  ultrajada  innocencia; 
Para  gloria  tua  e  delles 
It  esta  ura  a  antiga  opulência 


341 


PSALMO  CII. 


itUUt 


De  David. 


if  potencias  minhas,  quanto  anima 
Este  meu  sêr»  que  sente,  entende,  aspira, 
Bemdizei  o  Senhor;  seu  nome  sancto 

Inyocai  com  ternura: 
Celebre-o  toda  a  humana  creatura. 


Ipsi  David. 


(!)  Befiêdie,  anima  mea^  Domi- 
ntf,  et  amnia  gvm  intra  me  tvnt, 
namini  ioaeta  ejut. 


0 

To,  que  no  peito  meu  de  amor  te  abrazas, 
Que  da  iucreada  Essência^  participas, 
Âhna  immortal!  adora  o  Auctòr  de  tudo: 

Tece-lhe  altos  louvores, 
Nio  te  esqueçam  seus  pródigos  favores. 


(<)  Benedic,  anima  mea.  Do- 
mina ,  et  noti  oblivitei  omnes  re- 
írikuÈianêM  ejae. 


Deo8  indulgente  a  iniquidade  absolve, 
Cora  piedoso  toda  a  enfermidade. 
Arranca  á  morte  a  presa,  e  nos  dá  vida ; 

A  innocencia  apregoa. 
De  misericórdia  e  graças  nos  coroa. 


(3)  Qnij^opitiaíurommbusini' 
qfiiiatiòvs  tuie^  gtâ  ianat  omnes 
infirmitatee  tua». 

(4)  Qui  redOnit  de  inierUu  vi- 
tam  tvam,  qui  coronat  te  in  mi' 
serieerdia^  et  mieeratiambue. 


Deos  só  farta  de  bens  nossos  desejos; 
É  quem  renova  em  nós  juvenil  força, 
Bem  como  n'aguia  as  plumas  se  renovam; 

Remonta  vigorosa, 
E  vai  6tar  do  Sol  a  luz  formosa. 


(5)  Qui  rcplet  in  bom»  âeíide- 
rium  tuum :  renovabitur^  ut  aqui- 
/ff,  juventv»  tva. 


Deos  é  quem  vivifica,  quem  benigno 
Aos  que  soffirem  injurias  lb'as  repara; 
E  quando  os  prepotentes  mais  ostentam 

Contra  o  fraco  arrogância, 
Mais  lhes  coarcta  o  Senhor  a  petulância. 


(6)  Faeien»  miterieordia»  De- 
mina» ,  et  judicium  omnibu»  in- 
juriam patientiòu». 


342 

(7)  Noia$fe€itvia9  9uasM0yti,   Peohor  dos  bcDS  que  806  homeos  destínava, 

JiUi9  Itrael  voluntaiet  iuat.  ««    «.     >  .   *        m.  -  ■ 

Mostroa  éo  f^riseo  tempo  seus  caminhos 
A  MoyséSy  que  ensinou  ao  poYO  hebraico 

Como  ao  ^nhor  se  agrada, 
£  o  que  prohibe  a  sua  lei  sagrada. 


(8)  Ãiiteraior,  ei  mUeriiéri  !)^  Nesto  codigo  saMto,  grandemente 
seritm^s.  Luz  do  Sonhor  a  extensa  misericórdia: 

Quanto  é  benigno»  justo,  generoso, 
Quanto  é  paciente ; 

Gmdo  acode»  ou  castiga  o  delinquente. 

(9)  Noninperpetuuminueetur,    Som  qUO  offeoda  tXO  altOS  attributOS, 
ticque  in  atemum  comminabitur. 

O  aen  kinor  témnera  as  suas  iras: 


Não  dura  o  seu  enfado  etertiameâte : 

Adxilios  poderosos 
Purificam  humanos  criminosos. 

(10)  Nrní  9rcmdum  pccrtíÈaneM"  NSo  uos  tratta  sogúndo  oossos  crimeSt 

irn  feeil  nobiê :  neque  iecwidum  ,  ...•■■ 

inipdtute9nú9irtt*rríriMitwbi9.   Nom  pfogorcioBa  á  nossa  miqmwde 

(11)  Quúnimn  teeufidnm  altitu'    A  paga:  maS  piodoSO  COrTobOTa 
dinent  ceelí  à  terra^  corrobororit  o       j  j 

miterieordiam  tmm  svper  timen-  SM  dÓ»  O  n08  depara 

Um  temor  sancto  com  que  o  mal  Aos  sara. 

* 
(IS)  QttõHtwn  dittat  arius  ab  Quauto  dísta  do  occaso  0  sol  uasoeute, 

oceidmte^  longe  ftcit  u  mbis  inh 

quilatei  nêsirut.  Quanto  distascia  ?ai  dos  eeõs  6  terra, 

Tão  longe  de  nós  põe  nossos  peecados: 

Nos  ânimos  reprime 
A  tendência  fatal  que  tecm  ao  crime. 

(18)  Quomodo  misereiur  paicr  G)mo  Um  pac  carínhoso  quo  defende 

filiorutn^  mUerlíU  esl  Dominuê 

limerUibuã  «e :  quoniam  ipte  co-    Os  SÓUS  nlbOS  de  qUOdaS,  COltlpaSSlVO 
gnovit  figmenlvm  noilrum,  r\  a     %  ••         <•*     -i  t 

O  Senhor,  que  avalia  o  frágil  barro 


343 


De  qac  somos  formados* 
Nofif  ampara  e  defen^ç  ij^  pecçfdos. 


Recorda-se  que  ^pos  pó;  qae  os  dias 
Do  homem  sobre  a  terra  slo  qual  feno, 
Ou  cpmo  1^  floi;  ^  çaoppp,  qfie  depr^ 

Se  desfollia  e  fenece, 
E  aos  olhps  dos  niortae^  df^ppoi^c* 


(14)  RerúrdãlUM  egí,  ^twiitcm 
puhU  tummê :  home  êieutfiemum 
die$  eJuM^  Unfumn  fl9$  agri  f  ic 
ejffhrelii. 


Transita  breve  p  espirito  i)0  corpp, 
Nfto  se  demora,  fogo  como  o  vento; 
Nem  mais  onde  habitava  reconhece: 

E  só  sSo  permanentes 
Eternas  misericórdias  sq^re  cg  creqt^ 


(15)  Qu9Hiiim  9piritui  pertrant- 
ibit  in  ilh,  «I  fMfi  9ubêiiiet:  ti 
HM  €9gnoscet  ampliut  loewn  suum^ 


(16)  Mi$eríeordftt9utem  iJúmini 
db  atem» ,  et  wf fti«  in  «f ennun 
tvjper  timenteã  eum. 


Na  geraçSo  perpetua  dps  que  amaram 
A  lei,  que  mantiveram  seus  preceitos. 
Com  que  Deps  qi  ^rjndjMi,  durp.r^i  ^Jf^PT^ 

A  jwtjs?  ç  bqi|d§de 
Do  Senhogr;  supipifi  fiu,  sumuia  verdade. 


(17)  Etjmmia  íUíum  inJUiog 
filiomm  Aif ,  qui  êervani  iestamen- 
tum  ejtu. 


Exactos  em  cumprir  e^sgs  decrejtps. 
Com  que  i|s  f Imas  ^ujblimen  sp  deljeitaç, 
O  Remunerador  nos  ceos  prepara 

Seu  ihropo  radian.te, 
Junto  ao  qu)i]  gpzficão  .^e  p(iz  icpnsti^te. 


(18)  Et  mem»rei  tutU  mmídãto- 
rum  iptiuti  ad  fociendum  ca. 

( 1 9)  Daminnu  ia  ado  paravil  le- 
dem  iuam,  et  regnumipriusomHi- 
bvi  domfnabitur. 


Essências  puras.  Anjos  lumiposos. 
Em  virtude  potentes,  de  seu  mando 
E  palavra  fieis  ç;Kjecutores, 

Uoi-vos  aos  humanos, 
Cantai  seus  attributos  soberanos. 


(SO)  Benedieite  Domina,  omnet 
jingeli  ejiu,  potenteo  mrtute,  /a- 
eienteo  veròum  iWu9^  md  audien- 
dam  ooeem  iermonitm  ejttê. 


Celestiaes  phalanges,  cantai  todas, 


(21)  Henedieite  Domino,  amnei 


344 

virtuUi  ejus,  mitUêtri  ej%is,  qui  Bemdizei  O  Seohor :  tós,  que  sem  mancha 

facitiê  votwttatem  ejui. 

Cumpris  quanto  Deos  quer ;  vós,  que  sem  naTem 

Avistais  sua  essência. 
Sois  quem  podeis  cantar  a  Omnipotência. 

(22)  Benedieite  Domino  munia  Porêm  Tós,  quo  em  mais  balxo  e  humilde  estiio 

opera  ejuê :  in  omni  loco  domina^    _.        .     .  -  «  .  j 

tionis  eju$  benedic,  anima  mea,   Dcveis  bjmnos  formar,  06  qualquer  modo 

Domina.  ^  .  i         •  *    * 

Que  expresseis  vosso  amor  e  nobre  mteoto, 

Obras  de  Deos  terrenas! 
Soltai  gratas,  suaves  cantilenas. 


PSALMO  cm. 


Tpsi  David  (f).  JD«  Daxiá. 

(1)  Denedicy  anima  mea,  Do-   LouTA,  louva,  minha  alma,  0  Omnipotente. 

fHifw;  Domine  Deiu  meus,  m«-     -..    ^     ,       ,     .  ^        .  ^  t      j 

gnificatus  ea  vehemenier.  Oh  Senhor !  ob  méu  Doos !  Gomo  assomorado 

Dos  portentos,  que  tSo  profusamente 
Cheio  de  gloria  e  pompa  tens  creado, 

Contemplo  o  que  fizeste, 
E  que  'spectaculo  aos  homens  concedeste! 


(í)  Confeisionem  et  decorem  in-  De  gloría  6  d'esplendor  te  Tcvestistc; 

dvisti ;  amictui  lumifie  sieut  vet'    _      _         .      ., 

timento.  De  luz  cmgido,  em  traje  magestoso, 

(3)  Extendena  calum,  sicut  ptl^     DeseurolastO  O  COO,  qUO  COUStruistC, 
lem,quitegiiaqiii$ivperioraeju9.  i  •     . 

Como  um  rico  docél  prodigioso, 

Ornado  de  fulgores, 
E  coberto  das  aguas  supViores. 

(•)  Saverio  Mattei  dis  que  toda  a  poesia  Gnga,  Latina,  e  Italiana  cede  a  eiis  Wl» 
p»lmo,  no  qual  se  oUienrani,  reunidas  em  nm  corpo  com  admiraTd  harmonia,  a  deraçlo  de 
PÍDilaro,  a  justeia  d'Gxpre8B0ei  d*Horacio,  a  amenidade  de  Petrarcha,  a  mageitide  d«  Vif • 

eilio  e  de  Torqualo. 


345 


O  teu  carro,  de  DureDS  fabricado, 
Quaes  velozes  caTalIos  poxam  Tentos; 
Qieío  de  magestade,  ahi  vais  sentadoí 
Correodo  como  correm  pensamentos; 

Ostentando  a  excellencia 
Da  tua  immensuravel  Providencia. 


(4)  Qift  pêmt  nuàem  ãietnsum 
tuum^  pti  amhUoã  êuper  pemu» 
ventorum. 


Aos  Anjos»  que  executam  quanto  ordenas. 
De  'spiritos  lhes  dás  a  natureza, 
A  vehemencia  do  fogo,  e  as  leves  pennas 
Com  que  os  Euros  ostentam  ligeireza: 

A  tua  voz  escutam, 
E  n'um  momento  as  ordens  executam. 


(S)  OntifaeiM  AngeloêtuúM.ipiri- 
tut^  et  tnini9Íro9  Iiim  ignemurtfk- 
tem. 


Com  forças  encontradas  suspendeste 
No  espaço  a  terra;  e  finne  irá  durando, 
Em  quanto  a  lei  sublime  que  lhe  deste 
Por  séculos  se  for  manifestando: 

Nem  esta  lei  varia, 
Nem  nunca  a  terra  delia  se  desvia. 


(6)  Qiêi  fundaeti  terram  svper 
stabiUtútem  suam  t  nem  ioMuéi^ 
tur  in  Mieeulum  iweuti. 


Ao  principio,  qual  veste,  o  mar  cingia 

O  globo  todo;  o  monte  levantado 

Co  volume  das  aguas  se  encobria: 

Mas  tu.  Senhor,  mandaste,  e  com  teu  brado 

Para  logo  desceram, 
E  á  voz  do  teu  trovSo  estremeceram. 


(7)  Âbytene^eievMveetimenltmm^ 
ttmietvs  ejttSf  tuper  mêtttee  tto- 
btmt  aqtuB» 


(8)  Jhinerepaíiaiu  tum/uffimU: 
à  weee  ienitrmi  tui  fermidêHmt, 


No  lugar  que  ordenaste  appareceram 
As  montanhas,  de  aspecto  grandioso; 
Pelos  campos  os  valles  se  abateram, 
E  um  termo  o  teu  preceito  rigoroso 

As  aguas  poz :  pararam ; 
E  roais  cobrir  a  terra  n9o  ousaram. 


(9)  Jecendimt  mentee^  et  dee^ 
cendtmt  eampi,  m  loeum,  piem 
fundatti  cie. 


(10)  Terminum  poeuigtí,  quem 
ntm  transgreifientitrj  ntqtie  eoU' 
vcrtentur  operire  ttrram. 


346 

(II)  Qui  emUiitjMes  iii  fm-   Peio  seío  ájos  mQRtes  ^em  Sltvaado; 

vnUtkHs :  tnkM  médium  montitim    „  ^,     ,  j       .,  ^„  -u^.^.^ 

VBo  do  centro  doa  yalles  i^beatii^o^ 
Por  ordem  tua  em  fei4e9  tvanssIorQft^l»: 

Tea  poder  \tm  conceda 
Com  que  tpdo  o  auimal  apague  a  s^e. 


Irá  refrigerar-^  uflvi  campinas 
O  reptil,  o  yotatil,  o  p^d^tre. 
Bebendo  as  fre^ca^  éguas  cri9tailíqia : 
O  bruto  pnagrq,  ri^pido,  sUffistre, 

Alli  TÍrá  ^euto, 
Certo  d'apaxiguar  o  seu  tormeuto. 


(13)  Sttper  ea  «•Itrrtef  tmli  hç-    JuDtO  aO  ribeiro  plaCÍdo,  OfS  g|^b|9 

èuTv0Íem.  "^    '^ '  Terío  morada  w  ayes  aoopy^Mf ; 

D'eDtre  an  folbaa  do  bosque,  oa  pieohas  bni 
Soltarão  as  caocòes  melodiosas; 
Recreandp  a  eaipesiara, 
£  joviaes  gosaudo  da  rrescpra. 

(14)  Wgãna  mmUi  ée  snptriç'  Fazes  baiur  ds^  i(uiyeDS  a  humidade; 
rtZ  Mtuiabiiur  terra.  E  OS  fruclos  com  quo  outres  0^  viveole» 

Obra  sSo  tua,  e  nossa  utilidade: 

(15)  Pf9dMeen$  fmnum  jumen-  Díè  feoo  aos  aqímaes,  O  dás  semeot^ 

tis,  H  kertam  urviUUi  Imunum,  ^^  ,^^^^^  ^^^^ 

Que  as  aproveita  activo,  industrioso. 


(16)  ut  eáueae  panem  ée  terra,   O  seu  trabalho  a  terra  lhe  compensa; 

et  ^num  UUifi^t  eer  H.nUMe :       ^^  ,j^^  ^^^  ^^^^^  ^  .^^^  ^,^^^^^ 

Com  que  cessa  a  tristexa,  a  indiPreota 

(17)  vtexhUttreifaeUmineieo,  Em  quo  so  abysmam  hoiMns  pei|;uico9€ 

ei  pa^U  cer  h^née  amfirmet.  ^^  ^^^j^^  ^^^^ 

Lhe  amacia,  lhe  adoça  dores  graves. 


347 


As  nríadas  plsirtas  alimentas» 
Meu  I>90»t  ereaste  a  scÍTa  aniniadoni: 
Com  folhas,  Oate^,  friietos  aocreicent» 
A  riqueza  âa  leirra,  |Wé<hiclora 

Dos  troDCoa  que  formaste, 
E  dos  eedros  Libaneos  qat  pltotaste. 


SÊÊMnèuwim'  Upim  cMyt, 


(18) 
<l  eiàri  Ubmd^ 
mu  fãtêeres 


U: 


Os  pássaros  farte  alfi  seu  oinho; 
E  a  cegooba,  dos  mais  domiiiadora» 
Dos  astros  quererá  po*^lo  Tisíoho: 
A  moDtaDha  é  dcis  cervos  |mteclora« 

Mora  a  lebre  nas  moitas; 
Todo  o  mente  nutres,  todo  acoitas. 


(19)  Hercdii  d&mut  iux  est  c#- 
rumy  mmUei  exeelri  eervis^  pftra 
refugium  herinãeiif. 


To  fizestes  a  Lua,  esse  astro  lindo^ 
Para  os  tempos  marcar,  e  vir  sereno 
Alegrar-nos,  á  noite  presidindo: 
O  Sol  ctMSte, «  Sabe  ao  teu  aceno 

Sumir-se  no  occidente. 
Ou  vir  brilhar  de  nOvo  no  oriente. 


(fO)  Fttii  Immm  *im  tempera: 


Fizeste  a  noite,  as  ténebras  fizeste; 
E  nellas  peles  campos  vagam  liaras. 
Que  CO  ftfmínlo  instincto  que  lhes  deste 
Pedem  rugindo  o  pasto  que  Hies  deras; 

As  presas  vSo  buscando, 
A  ti  mesmo  o  alimento  deprecaado. 


(ti  Púiuim  ieneènu,  W/wto 
if$t  ««r,   im  if9ã  perirmuihÊtU 


(8S)  CmMí  leofum  rugifntei , 
ut  rapittfU^  ti  pimrmU  k  Dtê  e«- 


Mas  qâando  voUa  o  'dia,  congregadas 
Estremecem  da  hiz,  e  se  retiram 
As  cav^smosas  ríspidas  moradas, 
O  faror  eccirftande  que  respirara: 

O  campo  socegado 
Permilte  ao  lavrador  pegar  do  arado. 


(23)  Orim  t$t  Sbf,  et  emtprr^ 
§mti  eutU :  et  in  euHlihtt  suie  etl- 
lecaàiíHlur. 


348 

(94)  bmíòu  ikmnp  aâ  êfu9  tmm.    De  moDhã  volta  a  seu  trabalho  a  gente ; 
vesperum,  Forças  jhe  dás  até  qoe  a  noite  desça: 

Premêas  com  fartara  o  diligente»  * 
Para  que  o  pobre  e  fraco  olo  padeça. 

(S5)  Quatitmagnificataiuntope'  Oh  meu  Doos!  qae  graodeza 

Ittfl,  Domine!  omnia  in  Mpientia  ' 

feciêti :  impieta  est  terra  postca-  Em  tous  fèitos  DOS  mostra  a  Natureia  l 

sione  tua. 

Com  sapiência  tudo  edificaste; 

A  terra  de  teus  dons  toda  está  cheia: 

(26)  Hoc  maré  tnagnum,  et  ipa-   No  mar,  do  qual  OS  braços  alargasto, 

tiotummanibus:  illicreptiliayçuíh  •ia 

rum  non  e$t  numerus.  E  qUO  OSpaÇOSO  O  riCO  DOS  ItHiea» 

Que  multidio  de  s^es 
NSo  cooteDSy  Dfio  cousenras  como  queres! 


(S7)  Ammalia  putilla  eum  mw 
gnii :  iliéc  naveã  pertransibunt. 


Grandes,  pequenos,  animaes  diversos 
Sem  número  lá  moram,  lá  propagam» 
No  liquido  cristal  vivendo  immersos: 
As  magestosas  quilhas  no  mar  vagam; 

As  ondas  retalhando, 
IrSo  de  um  polo  a  outro  navegando. 


(23)  Draeo  itte,  qwmfêrmãtti  Briucaudo  c'os  abysmos,  alli  mora 

ad  illudendwn  ei :  omnia  à  te  es'    ^^  ,  j     j       •  *     jx^* 

pectanty  vt  deg  iUii  escam  in  tem^  ^  tremendo  (Lragao,  a  quem  ser  deste 
^^^'  Para  zombar  das  ondas,  que  devora: 

De  ti  todos  esperam,  Pae  celeste, 
O  sustento  saudável 

Que  lhes  faça  a  existência  perdurável. 


(S9)  Dante  te  Hlà ,  solHgent , 
aperiente  manuin  tuam,  omnia  itt^ 
píebuntur  honitate. 

(30)  Aver tente  aulem  tefaeiem , 
turbabuntur :  auferes  spiritum  e#- 
rtfm,  et  deficiente  et  in  pulverem 
8uum  revertentur. 


Tu  lh'o  dás;  aproveitam  teus  favores: 
Se  abres  a  mio,  mil  bens  togo  derivam 
De  ti.  Senhor.  Porôm,  se  os  peccadores» 
Ingratos,  destes  bens  em  fim  se  privam ; 

Se  irado,  furibundo 
Voltas  a  face...  treme,  cessa  o  mundo. 


349 


^0  prímitÍTO  pó  tudo  se  torna, 
Foge  o  spiritOt  a  vida  desfalloce; 
Um  locto  acerbo  o  globo  desadoma, 
E  tado  a  um  sopro  teu  desapparece : 
Has  se  o  contrario  intimas. 
Tudo  renovas,  tudo  reanimas. 


(31)  EmitUt  tpiriíum  Ittttm,  eí 
ereaíuntur ,  et  renottàU  faeUm 
terne. 


HYMNO. 


Demos  gloria  a  Deos  sem  fim. 
Perpetuamente  cantemos; 
As  maravilhas  que  vemos 
Recrêem  seu  Creador. 


(39)  Sit  gloria  Domini  in  <ér- 
culum :  Iwtttbitur  Dominui  in  úpe- 
ribuê  ivú. 


Se  olha  para  a  terra,  treme; 
Se  toca  os  montes,  fumegam : 
Todos  os  seres  se  entregam 
A  seu  doce  e  sancto  ardor. 


(33)  Qyi  retpieit  terram,  etfo' 
eil  eam  tremere :  pti  tangit  mau' 
tety  etfumiffmã. 


Cantarei  seus  attributos 
Em  quanto  a  vida  me  dura : 
Cante  toda  a  creatura 
Portentos  do  seu  amor. 


(34)  CVmlato  OmiM#  in  vita 
fmUam  Df  wteo^  qtimmdiu 


sum. 


Seja-lhe  grato  o  meu  canto; 

r 

Só  cantá-lo  me  deleita, 
Se  o  Senhor  benigno  acceita 
Meus  hymnos  em  seu  louvor. 


(35)*  Juctmifiim  sit  ei  elúprium 
meum :  ego  verá  deUctabor  in  Do- 
mino, 


Fujam  da  terra  os  malvados, 
Cesse  no  mundo  a  malícia; 
E  seja  a  nossa  delicia 
Celebrar  sempre  o  Senhor. 


(36)  DefieimU  peecatoreM  à  ter- 
ra, et  iniquif  ita  ttt  non  Mint :  be- 
neáic  anima  mca  Domino. 


350 


PSALMOCrV. 

•>VBeiuia  (•)•  Hymtio  feaical. 

(1)  Cof^emim  DmUm.  et  in-  UtORiA  8  Dcoí!  loTocai  «eu  saDCto  ooHie; 
rçenre7^':juT'^'^''^  As  magnificas  obras  de  seu  braço 

AnouDciai  aos  povos ; 
(«)  Cmtau  «,  êt  piMite  et:  •  Componde  alegfcs  hymnos, 

narrou  innnia  mirMlia  efu».  ç^  ^^j^  ^^^^^  instrumentos 

Segui  a  narraçBo  de  seus  portentos. 

(3)  Laudamini  in  númine  smitío   Exaltondo  seu  nome,  gIoriai*-vo8 ; 

eju$ :  Iwtetur  cor  quarentium  D»-    ^  .         ,         j       i^     •« 

ntinum,  Os  corações  se  inundem  de  alegria 

Dos  que  >ao  :Senbor  iproonBDi : 

(4)  Quwríte  0Miifiivm,  tt  c9<i-  Alentai  Tossasialmaft; 

fij^.mjni:  ^^ie  /.cím  eiu.    ^^^  ^  ^^^    serois .  fortalccidoS, 

E  ao  clarfto  de  seu  rosto»  esclarecidos. 


(£)  MmmêúíemirakHiumfjui,   Becordai  assombrsdos  seus  prodígios: 
tia  Jriê  efuM.  Como  O  seuiiDaodo  as  Jeis  da .Natinflsa 

« 

Submissascse  dobraram ! 

Que  difilanws  sublimes 
Pronunciou  aos  homens»  revelando 
Os  caminhes  que  aos  >  Ceos  t  bos  . vio '  leTando! 

(6)  Sémen  Jbraham  tervi  ejui :     VóS,  SOrVOS  do  Scobor»  SlfaoS  do  ÂhHk), 

juii  Jaeoè  eircii  ejui.  jj^  j^^^^  descendontes,  e  escolhidos 

(7)  Tpte  Dominvi  Deut  notterf  Do  UOSSO  DcfOS  piedoSO ! 

•"  ""•■•"-  "^^'««  '^  ManifertM  na  .terra 

Os  argumentos  do  da  soa  «sseocia, 
Do  seu  saber  da  sua  omoipotencia. 

(•)    Nu  liy.  1.  doi  ParalipomeBM,  c.  16.  v.  8.  te  atterta  que  David  eompa  ^ 
psalmo  para  a  tratladaçílo  da  Arca  de  caia  de  Obededomo  para  o  tabernáculo  cm  SiSo. 


351 


Sempre  a  sua  aliiaoça  tem  presente; 
Da  iniaHíTel  pakMrra  se  recor^ 

Qne  por  séculos  tantos 

Hil  gerafões  attestam : 
Qoe  disse  «  Alirlo,  e  Ik  do  ethereo  csseMo 
A  Isaac  coofirmoQ  com  juramento. 


(8)  MemÊT  ftiU  in  tmeulum  tes- 
tmmnií  nd :  ircrM,  fiMrf  mmiámrit 
im  miUe  §enerdíÍÊinet» 


(9)  QÊiêddispêÊuitãdjikrãkãm^ 
ei  Jtirmmenli  ãtti  md  Jmmc. 


Juramento  ^sagrado,  tniúsmittido 
Quasi  em  lei  a  Jacob^  depob  fixado 

Entre  os  Isi^elilas 

Como  penhor  sublime 
l)fei  piedade  de  um  Déos  amante  e  temo, 
E  confYértidb  em  pacto  sempiterno. 


(1Q>  SI  «tofirtt  iUmd  J0ett  i» 
prmerplum^  et  iãfmel  in  íeMimmtn- 

tmn  atrrnum. 


«Eu  ttt  deu  (disse  Deos)  em  propriedade 
De  Canallán  a  terra»  como  herabça; 
GòzaiHi,  repartindo 
Os  seUs  rertftís  contornos 
Entre  vós;  bem  que  pingue  eite  terreno. 
Vós  estranhosi  e  povo  tso  pequeno;» 


(ti)  Diernt:  'iHi  éèkê  íèrmm 
dMnÉifi,  fàtêienlum  kmreiit&iit 
teHrm. 


(18)  Cvm  egMetU  numerú  hreeí^ 
pãueittimi  ei  incaim  ejuê. 


De  naçSo  a^na^oittanda  que  passe, 
De  reino  gratulé  a  ém  pdVo  d^emigrades; 
Mas  Qtai  povo  escolhido 
Que  Dèds^aAià  e  pnotege : 
A  jinírais  offendê-lo  a  gente  obriga, 
E  se  o  éff(6ndem  Reis,  os 'Reis  caUi|ga. 


(IS)  KlptrtnmÊ^fwiideffenie 
im  §etÊtem^  ti  de  re§H0  md  fffw- 
ium  aUêfmm, 


(14)  Nmi  reliptH  kommem  Ma- 
cere eiãf  eteorrifuiifrteitregeê. 


— «Prohtbo  que  seitasdltem  mtíos  wgidos;     (i5)  Noute  longere  ehriêt&9 

r\  ^       t\^  'u.-!  i^^«  mèõêf  ei  in  pnmkeiiê  meie  ntlUe 

Que  se^teurmure  cbnti^a  meus* propheiàs,        mãUgnãri. 

Que  conferem  comigo; 

A  ^em  de  luz  celeste 
Os  raios  lumitiosos  eommunico, 
E  em  clara  voz  oráculos  Ih*  explico. » 


352 

{16)  Et9oemitfamemntperíer'  Bradou  do6  Ceos,  chamou  a  fome  á  tem; 

roÊtu  ei  onme  Jirmãmenlum  pani»     4  ^    1  1 «  « 

contrivit.  Arrazou  todo  o  cbfto  que  milre  os  homeos: 

Da  lei  os  transgressores, 
PalUdos»  semivivos» 
Aterrados  vacillam,  nlo  respiram; 
Desfallecidos  caS,  e  logo  espiram. 

(17)  MiãU  tmie  êoêvhrum:  in  Adiante  alU  manda  um  hooiem  raro» 

Vendido  como  escravo»  desprezível 
Aos  olhos  dos  humanos: 

■ 

(18)  Humilioventntincampedi'  JoSCph»  pobrO»  humilhado» 

busped€teju$:/errumperíranHit    /^         1  x      *.  1         a  j- 

awmam  ejuã :  donec  veniret  ver-  tiOm  Draga  aos  pés»  tem  a  alma  trespaswa 
*""  '^^'  Té  se  cumprir  de  Deos  a  voz  sagrada* 

(19)  mcquiwn  Dêmim  inflam-  Com  8  lei  do  SonhoT»  em  sancto  fogo 

mãvU  eum :  miãii  Rbx^  ei  sotvit    - .  ..  *        •        .     •   n 

eum ;  prinerpg  popuiarum,  et  dê-    ^^  ^XÚVBí  O  COraC&O :  IgUOtO  inllUXO 

Fez  que  o  Rei  o  soltasse; 

Que  o  Príncipe  dos  povos 
Nelle  indicies  celestes  observasse» 
E  apesar  da  calunmia  o  libertasse. 

(«0)  CúntUàmi  tmm  Demmum  De  SOU  rogío  palacio»  sous  estados 

é0aw8  MMv,  et  printípem  ommU    a  t\*       a  a** 

poêtettionii  iva:,  Supromo  Dircctor  o  constituo ; 

(8)  Ut  erudiret  prineipeM  ejtu,  Para  qUO  SeUS  OXemploS» 

ticut  ãemelipiumy  ^t  senei  ejuê  o  ,.^3  •       • 

prudeniiam  doeeret.  Scu  methoda  e  SCieUCia 

A  seus  grandes  instrua»  e  ver  lhes  laça 
Que  ignorar  e  ser  grande  é  uma  desgraça. 

Os  semi-sabios»  peste  dos  Estados» 
Os  .moços  sem  principies»  presumidos. 

Aspirantes  aos  cargos; 

Os  velhos  que  reputam 
Cans  por  estudos»  annos  por  sciencia» 
Quer  que  aprendam  dictames  de  prudência. 


353 

Jacob,  que  tioha  entrado  já  no  Egjpto, 
E  na  leira  de  Cham  peregrinado. 
Do  Seniior  protegido 
Tanto  augroentou  seu  povo. 
Que  aos  próprios  inimigos  excedia 
Em  gente,  em  robustez  e  valentia. 

Destes  os  corações  se  amotinaram, 
E  contra  os  dlsrael  em  ódio  ardendo. 

Com  mil  traiçSes  e  enredos* 

Tyrannos  os  vexaram. 
Deqs  seu  servo  Moysés  entio  Ih'  envia, 
E  A  rio,  que  sacerdote  este  elegia. 

Poz  nas  m9os  destes  homens  seijs  milagres; 
E  na  terra  de  Cbam  com  mil  prodigios 

Confirmou  quanto  disse 

O  Conductor  do  povo; 
E  os  insultos  dos  feros  inimigos 
Cohibio  c'os  mais  ásperos  castigos. 

Apagaram-4e  os  astros  luminosos; 
De  trevas  se  cobrio  a  terra  toda: 

As  aguas  escorreram 

Convertidas  em  sangue; 
Os  peixes  aturdidos  se  esconderam, 
E  nas  cavernas  lôbregas  morreram. 

Assaltaram  as  xis  os  aposentos. 
Do  próprio  Rei  as  salas  magestosas; 

Importunos  insectos 

Em  cardumes  ferinos 
Por  toda  a  parte  os  homens  insultaram; 
Fructos,  plantas,  e  tudo  devoraram. 

To.irc»  VI. 


(tt)  Ei  ifUrmil  Itruel  m  jEgp 
pium,  et  jMCêò  aecêim/uit  in  terra 
Cham. 

(«3)  Et  mtxit  populum  ettum  ve- 
Kementer,  ei  Jirmavii  eum  êuper 
ihimicot  ejut. 


(«4)  C9tnertiteoreprttm,uioai^ 
retU  pepuium  ejtu,  et  dolum/a^ 
€erent  in  êercúg  ejuê 


(Í5)   Misit    3ívyiem    sertmm 
êuum,  jíaron,  queia  eUgit  iptum. 


(«6)  /Vniíf  in  eh  verbn  eignn^ 
rum  ãuontm  tn  terra  C^am, 


(S7)  Miêit  tenebras^  n  oÒMeura* 
vit:  et  nam  exoeerhtmt  êermoneg 
ãUúã, 

(88)  Omvertit  aquat  eontm  tn 
•angfiinem^  etaceidiipieeeteúrum. 


(«9)  Edidit  terra  eortim  nman 
in  ptnetraUbuê  regum  ipicrum, 

(30)  Dixit,  et  venit  emomgia, 
et  einipheê  in  omnibuã  Jiniòue  ea^ 
rum. 


23 


354 


( 3 1 )  Posuit  pluviãt  eorum  gran- 
dinem,  ignem  comburenteminler- 
ra  tpsorum. 


(32)  Et  percussit  vineat  tpto- 
rum,  etjieulneat  eorum,  et  con- 
trivit  lignumfinium  eorum. 


Trocaram-se  em  saraiva  as  férteis  chuvas, 
Fogo  devorador  choveo  na  terra ; 
Crestaram-se  as  figueiras, 
Dessecaram-se  as  viohas; 
Em  pedaços  os  troncos  estallaram, 
Os  vegetaes  viçosos  se  marcharam* 


(33)  Dixit,.et  venit  i&euãta,  et   Chamou  sobre  as  searas  outra  praga: 

bruchuM,  eujui  nan  erut  numerus.     ^   »     .    ,        «  . 

Gafaobotosi  lagartas  devorantes 


(34)  Et  comedit  omnefanum  tn 
terra  eorum,  et  cemedit  omnem 
fruelum  terra  eõrum. 


Sem  numero  vieram ; 

Acometteram  todo, 
Os  pastos  pingaes  todos  consumiram » 
£  os  fructos  que  os  pomares  produtiraro. 


(35)  Et  percustit  amne  primo-   As  primicias  do  amof,  OS  primogenítos 

genitum  tn  terra  eorum,  primitsat    ^.^  ,  i  i«  . 

omuit  laboris  eorum.  iSSo  quiz  poupar  8  coicra  dmoa ; 

A  vingança  celeste 
Nos  coraçdes  maternos 
Fartou-se :  a  magoa  em  vão  ha  de  achar  cores 
Com  que  debuxe  a  imagem  destas  dores. 


(36)  Et  eduxit  eot  eum  argento, 
et  auro,  et  non  erai  in  triòubus 
eorum  infirmua 


(37)  Lostata  ett  Egyptue  inpro- 
fectione  eorum,  quia  incubuit  ti- 
mor  eorum  luptr  cos. 


Deos  em  fim  da  oppressUo  em  que  gemia 
Israel  libertou.  €om  seus  tbesouros 

Sãos  e  salvos  do  Egypto 

Os  retirou  piedoso. 
Desta  ausência  os  Egypcíos  se  alegravam, 
Pois  já  do  povo  a  força  receavam. 


(38)  Expandit  nubem  in  protec  O  Scnhor  estcndco,  para  encobn-los 

tionem  eorum^  et  ignem,  ut  ivrf-    mr     jí     •  :i  «.     ^ 

rct  eii  per  noctem.  Na  fugida,  uma  nuvcm  portentosa; 

De  dia  era  um  véo  denso, 
E  luminosa  á  noite: 
Para  achar  o  caminho  com  acerto 
Lhes  servia  de  (ocha  no  dc5crto. 


355 

Se  alimento  pediam,  logo  os  ares 
De  gordas  codornízes  se  cobriam: 
Âpplacaya-lhe  a  fome, 
Fartava*ihe  o  appetite 
Com  manjar  qae  do  ceo  lhes  remettia, 
E  a  sede  com  milagres  Ih'  extinguia. 


(39)  Peíierynt,  et  venii  cútur* 
««r,  cl  pani  oali  saturavit  e^t. 


Uma  rocha  quebrou  Moysés  oo'  a  tara. 
Logo  abundantes  aguas  dimanaram; 
E  no  árido  terreno 
Bébentam  fontes,  rios: 
Deos  recorda  a  promessa  que  fizera. 
Cumpre  a  seu  servo  Abrlo  quanto 


(40)  Dirupit  peíram,  ei  fluxe" 
runt  apuBf  abierunt  tu  siceoflu- 
mina. 


(41)  Qumdam  memor  fuit  verhi 
sweti  «fii,  quúd  habuit  ad  Abra' 
htam  puiTum  ffwm. 


De  tal  modo  levou  seu  povo  alegre  (4£)  Et  eduxit  popuium  suum 

^  1        I         «  j« '       .         «  *'*  extdUUíone^  et  eUctoã  suút  in 

Por  entre  as  brenhas  de  um  deserto  extenso ;   miiúi. 

Deo^lhe  as  férteis  campinas 

De  outras  nações  roais  ricas: 
As  fadigas  antigas  lhe  repara 
Com  quanto  a  industria  dessas  alcançara. 


(43)  Et  dedit  aUs  reífÍ0He9  getiF 
lium,  et  lab&reg  pepularum  p9Sie- 
derunt. 


Tantos  favores  teero  por  fim  quQ  observem. 
Sem  discrepar,  seus  sanctos  mandamentos; 

Que  n'alma  se  Ih'  imprimam 

Dogmas  da  lei  sagrada: 
Para  que  um  povo  tal,  recto  e  contente, 
Possa  honrá-*lo  e  louvá-lo  dignamente. 


(44)  Ut  euitúdiant  jitttificatio' 
nes  fjus,  et  tegetn  eju$  requiratU* 


Tomo  VI. 


«3. 


356 


PSALMO  CV. 


Alleluía,  AHeluin  (•). 


(1)  Confitemini   Domino,   quth 
niam    in    taciUum   tnUericordití 


IIloru  ao  Seohor»  que  em  factos  porteotosos 
Tão  bom  se  mostra  I  tanta  gloria  o  cerca ! 
Áquelle  que  por  séculos  estende 
As  suas  misericórdias! 
(2)  Quii  loçueiur  potentioã  Do-  Quoes  podem  competír-lho  pensamentos, 

mini,  auditat  faciet  omnes  laudet    r\       m  •  .  «     «     • 

rjttsí  Ou  pbrases  que  relatem  seus  portentos? 


(3)  Beati  qui  euttodiunt  judi-  Dltosos  OS  fiois  que  n3o  so  apartam 

etum,  etfaciuntjuãtiliaminomni    -rx  j      •     «•  •         i 

Das  regras  da  justiça;  e  em  cujas  almas 


tempore. 


(4)  Momento  nottri,  Domine^in 
beneplácito  popvli  tui :  visita  nos 
in  salntari  tvo» 


Arde  o  fogo  de  amor,  que,  ó  Deos,  acceodes! 

Lembra-te  do  teu  povo, 
Traze-lhe  a  salvação  que  prometteste; 
Meu  coração  de  méritos  reveste. 


(5)  Advidenâuminbonitateeie-   A  fim  quo  cbeguo  O  dia  om  que  alcanccDOS 

ctomm  tuontm,  ad  latandum  tn     *       i  ■-  •  .  i  .. 

iatitia  gentis  tum :  uHmdtriMCum    AS  dCllCiaS  quC  tCUS  CleitOS  gOZam, 

h^redUaie  tua.  q^  ^^^  ^^^  ^^  ^^^  ^^^  j^  destíoastc: 

E  com  eterno  applauso 
Em  nós  sejas  também  glorificado» 
Na  tua  própria  herança  celebrado. 

(fí)  Peccarímus  cum  pmiribus    É  vordado,  Scnhor»  quo  U  no  Egypto 

nostris.  injuatè  egimus,  ini guita-    <r<  <  l 

tem/ecimus.  Em  oossos  psos  peccámos;  nossas  obras, 

Cbeias  de  iniquidade,  injustas  foram: 

(7)  Potres  nostri  non  intellexe-  MoS  OS  UOSSOS  maioreS         * 

in  jEgypto  mirabilia  tua :  non    «n 
int  memores  mvWtudinis  nii-    lilUSOS  nãO  pCnsavam  UO  quo  VWm, 

Nem  tuas  maravilbas  entendiam. 


runt 
fuervnt 
scricordia  tum» 


(•)  Anlm  como  no  precedente  pnlmo  le  referem  of  prodií^of  qoa  Deot  obroa  «■ 
beneRcio  do  seu  povo  desde  Abrabam  até  á  faida  do  Egypto,  aiiiffl  nefte,  coBeçaado  d«n 
epocha,  se  continua  a  historia  até  aos  tempos  posteriores. 


35 


JuDto  á  praia  Erythréa  trepidaranir 
Vendo  as  ondas  do  mar  encapelladas, 
£  correr-lhe  do  encalço  a  Egypcia  gente: 

Morta  a  fé  na  sua  alma» 
Com  crimeza  a  Moysés  do  risco  accosaro» 
Insaltam-nOy  e  a  segui-lo  se  recusam. 


(B)  Et  irriÍMeruni  oMeendetUcã 
<«  maré,  more  rukrum. 


Irritaram-te,  ó  Deos!  Bèm  mereciam 
Que  a  tua  mlio  severa  os  castigasse: 
Mas  piedoso,  por  gloria  do  teu  nome. 

Para  que  transluzisse 
Teu  poder,  tríumphando  em  tal  conOicto, 
Nao  Ih'  imputaste  o  susto  por  delicto. 


(9)  Et  êalvavit  coa  propter  »«- 
meu  f mim,  «i  notam  fuceret  po- 
taUimm  nusm. 


O  mar  Roxo  increpaste,  e  promptameote 

As  timoratas  ondas  divididas 

Em  muros  de  cristal  se  converteram : 

Ficou  secco  o  terreno: 
No  abysmo  os  levas  por  caminho  certo. 
Como  os  guiaste  outr  ora  no  deserto. 


(10)  Et  inóTêpuii  mãre  rtibrUmy 
et  exeiecatum  eet^  et  deduxit  eot 
in  abfêêie,  eieut  in  deterte. 


Aos  raivosos,  que  audazes  os  seguiam, 
Arrancaste-os  das  mios,  puzeste  em  salvo; 
E  dissolvendo  as  aguas  de  repente 

Sobre  seus  inimigos. 
Foi  o  exercito  inteiro  submergido, 
NSo  ficou  um  só  delles  excluído. 


(11)  Et  iúlvavit  ees  de  mmiu 
odientium,  et  redemit  eoa  de  mo- 
nu  tfiimtct. 

(IS)  Et  eperuit  aqua  triòulan- 
te$  eoê :  unui  ex  ei$  nen  remansit. 


Então  acreditaram  teus  prodigios: 
Então  alçando  aos  Ceos  as  vozes  gratas 
Entoaram,  Senhor,  os  teus  louvores. 

Mas  oh  fraqueza  humana ! 
Da  lembrança  estas  graças  se  apagaram. 
Nem  da  promessa  o  êxito  esperaram. 


(13)  Etcredideruntverbisejut, 
et  iãudaeerufU  laudem  ejui» 


(14)  Cito  feeerunt,  oòliti  tunt 
operum  fjn$,  et  nen  euitinuerunt 
conailkim  eju§. 


(15)  Ei  cunai^ierunt  cõncupit- 
eenUam  in  deterio^  tt  tentMoerwU 
Deum  in  inofuúso. 


( 1 6)  J?l  dedit  eU  petitiúnem  ip$o^ 
rum,  et  tnisit  ãoitiritatem  in  ani" 
mat  eorum. 


358 

Saudosos»  00  desorto,  do  deleito 

Que  DO  porco  manja:  do  Egypto  achifaoi. 

Neste  sítio  inoquoso  a  Deos  tentaram : 

Tona  o  Seabor  beaigoo 
A  apagar-lhea  da  aéde  o  ardor  violento; 
E  do  ceo  Ih'  eavioa  iiofo  aosteoto. 


(1 7)  Et  irritaverunt  Mayêen  in  Mas  a  íoftriga  ÍDsyltanite  asBalta  o  sceatro» 

cattris,  jáarott  aanctwn  Dêmini,  , 

Attaca  a  laitm»  e  o  sunnio  sacerdócio: 
Hoysés  e  Ârto»  da  sedição  cercados» 
No  Senhor  só  confiara. 

(18)  jíperta  ett  terra,  et  degiu-  Corisco  O  coo;  a  tem  so  abre  e  abjsma 

tivit  Dathon,  etoperuittupereon-     ^*  ..  i^    i»       ^     .         m- 

gregationem  Jbiron.  Os  rOVOltOaOS  ChOleS  dOStO  SdlISma. 


(19)  Et  exarai t  ignis  in  tynih 
goga  eorwn ,  flamma  combuêsit  peC' 
eaiores  (•). 


Rompe-se  o  pavifliento,  a  Dithan  Iruga; 

D'Abiron  a  sequeUa  crirainosa 

Toda  em  cbamraas  voraies  se  consome; 

Destroe  a  aynagoga 
Fogo  devorador.  Lição  tremenda! 
Mas  inútil»  qoe  o  povo  nSo  se  emenda. 


<20)  Etfecerwuvituiuminfíô'  Aoto  um  vitollo  dottTO  so  prostomam» 

reby  et  adoruceruut  seulptUe. 

Vil  imagem  do  um  brnto  qoe  noa  campss 
Se  alimenta  de  flores  p  úe  feno: 

(SI)  Et    muittverunt    gloriam  Por  OSte  aimulochPO 

8uam^  in  êimilitudinem  vituli  e»-    __  »v  i       ^ 

medenteg  fmnum.  Trocam  O  Doos  dos  Coos»  fuo  O»  oraparWi 

A  gloria  sua»  a  fé  que  oa  resgatava. 


(•)  Core,  Dathao,  Abiron,  e  Ou  rerolUrBní-se  contra  Bloyiés  e  Ario.  O  LeriU  Core 
não  podia  foffrer  qoe  o  Pontificado  kouYease  de  contioiíar  perpetuamente  na  familia  de  Arao. 
Dathan  e  os  outroi,  que  descendiam  de  Raben,  primeiro  filho  de  Jacob,  aio  po^an  km 
á  paciência  que  o  império  estivesse  na  mSo  de  Bfioyaás.  Iidignaadoise  Deoi  por  Iva,  f»^ 
08  chefes  engolidos  pela  terra ;  e  os  mau,  em  nnmero  de  850,  qaeimados  por  una  disM» 
qiM  sahio  do  tabemacolo :  e  tal  foi  o  infeiicissimo  desfecho  'da  sua  ambiçSo,  a  qoal,  no  dii> 
de  Séneca,  iemper  4rt  ^vH,  et  non  pateH  stare,  n»n  aliter  guam  in  pnecep9  dejeetm  pÊoitrt 
qtUbu9  eundifinia  e$tjacui$se, 

(Mattei,) 


359 

Esquecem-lhe  06  piodigios  lá  do  Egy|ito,  (M)  oòuu  $uhí  De»m,  ^  m/- 
Os  da  terra  de  Cbam  já  Ikes  uBo  lembrara:  '!^u!]SJba^al^aCh^^^ 
Quáo  terrível  e  grwde  Deoa  ae  mostra  ^''"^*^*  '*  "^"  ''"*" 

Naa  agvas  do  mar  Biihfo; 
Qaanto  em  todft  a  ocaiiareMÍa  o  pof o  aieanca, 
Tudo  absorve  uma  ingrata  deslembrança. 


Deoa,  resoluto  já  a  extermioá-losy 
Ia  a  ferírt  se  o  Cooductor  sublime» 
MojséSy  oáo  expusesse  o  >peilo  ao  golpe : 

Ri$c0Hm  do  Uu  livrof 
Ou  perdM  a  eHe  podo^  M oyaés  disse, 
A  fim  que  Deos  piedoso  o  d3o  punisse. 


(S3)  EidisitffUditperdereteot, 
gi  nàn  Moy»es  eleetut  eju»  Mtelisset 
in  eo^fractione  in  amtpeclu  ejut. 


(24)  Ut  aoerteret  iram  ejus,  ne 
diêperderet  eoa,  et  pro  nihilo  ha* 
buerunt  terrmn  desiderabilem* 


InseosivQÍs  a  tanta  beroicidade» 
Da  appetaeida  terra  já  nfto  cuidam; 
Uns  com  outros  do  Chefe  murmuraram : 

Incrédulos  sem  tiao, 
Por  palavras  clmaerícas  reputam 
As  de  Moysés,  tão  pouco  a  Deos  escutam. 


(S5)  NiPneredidertmt  verbo  ejus, 
et  mttrmuraverMnt  in  tabernaemlis 
sui9 :  fwn  exmudierunt  voeem  Dê- 
mini. 


lorelizes!  assim  «baadonados 
No  tenebroso  seio  da  ignmviioia» 
A  Belphegor  sagradoSi  se  alimentam 

De  manjares  mortíferos 
Que  com  ritos  absurdos  sacrificam, 
E  ao  falso  nume  illusos  se  dedicam. 


\íi6)  Et  elevavit  manwn  iuam 
super  <05,  ut  proUemeret  eoit  in 
deserto. 

(87)  Et  ut  dejieeret  sémen  eo* 
rum  in  nationibusy  et  dispergeret 
eog  in  regionibus, 

(£8)  Et  initiati  sunt  Beelphe- 
gor  (•),  et  eomederutit  sacrifieia 
mortu&rum. 


Novo  insulto  ao  Sei^or,  novas  ruínas 


(29)  Et  irritaverunt  evm  in  uditf 


(•)  Caifflet  im  ditaerUçio  subre  o  nomen  Beelphegor  deoMNiitra  ler  ajjnciiiio  que 
Adónis,  cuja  morte  le  pnoteava  todof  os  aaDOt,  «m  memoria  do  pranlo  qae  Vénus  tioba 
feito  pelo  meimo  moli?o,  c  se  celebravam  os  fúnebres  banquetes  de  que  esl&o  cheios  os  livros 
dos  mythologos.  Este  Adónis,  segundo  observa  Calmet,  era  mais  conhecido  entre  os  orienlaes 
pelo  nome  de  Osiris,  em  cujo  culto  se  usavam  as  mesmas  cerem onias. 


360 

vêntiêmkw  $ui9,  e$  muUipUtat9   Provoca  O  8acril^[io  sobre  09  ímpios: 

(30)  Et  ãtetii  phineeg,  et  pia-   Awic  em  xolo  Phioéas;  O  irritado, 
oivit,  et  ,iMum$  ^o.t«i...  vj^g^  ^  ,^j  fendida ; 

Applaca  o  Ceo»  e  pela  exiiocta  offeosa 
Obtém  o  sacerdócio  em  recompema. 

(31)  Et  reputatum  est  eiinjus'    DeOS  Iho  imputa  8  jUStiça   O  Sacríficio, 
titiam,  tu  generationem  et  gene-  «ir  r  j«      -j  j 

rãtiênem,  utgue  in  gempUemum,   t*  em  promio  Ibe  coDiere  a  digoioide 

Que  nos  seus  descendentes  perpetua; 

Pois  d'Israel  o  crime 
Tinha  expiado»  e  dado  exemplo  ao  mundo 
Do  respeito  ípe  a  Deos  deve  profanda 

(38)  Et  irritãverunt  tum  êd   Has  oh  fatal  cogueira!  Junto  ás  aguas 

aguoM  eontrmdietiênie,  et  vexatue    «x     ««       i.  a  j 

ett  Mêy9et  yrcpter  eoê,  gvi9  ex-  De  Morao  a  poccar  tomam  de  novo; 

•c.r4«,eni»l  .pirUum  ejue.  ^^^^  „^^^  j^^^^j^  ^  COmplica, 

(33)  Et  diitinxit  ín  iMi9  »ui9 :  Respoudo  vacillanto: 

non  ditperdiderunt  gentee.  auae    ^         ..  r«  i 

dixit  Daminuê  iiiu.  Poupa  som  tino  08  quo  O  Senhor  reprova» 

E  contagioso  escândalo  renova. 

(34)  Eteommixtiiitntitaergen'  Confundem*8e  as  na^ões,  o  povo  Hebraico 

tee  et  didieenmt  úpíra  eortim,  et    »»  ■  •-        ^         .     ^j^     ••!.- 

Mervierunt  eeulptitibue  eptum]  et    Habltua-SO  aOS  OrrOS  dOS  VlSinhOS, 
fmtum  eet  iltíe  in  ecandatum,  ^^^^  ^^,,4^  ^  ^^  jj^,^  profaUOS: 

Tropèfo  escandaloso 

Se  lhe  faz  esta  estranha  companhia 

« 

Da  gente  que  frequenta  noijte  e  dia. 
(U)Etimmoia»eTUKtjUi—iUM,   Em  seu  peito  emmudece  a  natureza: 

etJUia»  9ua$  damoniie.  ,  ,  •    1    1  1  i«ii 

Immolam  sem  piedade  os  cbaros  filbos 
(36)  Et  íffudervnt  Monguinem   Nns  aras  do  demooio:  inuuda  o  sangue 

iimioceniem :  iongvinem  filiorum  tv    »       1.      •       l 

fiMnim,  etJUiarum  marum^  fwu  DcstaS  bOStiaS  bumanas 

u^crificaverunt  ,cul,taiiu,  C*«.    q  ^,j^^  ^^  f^^  ^^^  ChaDaDCOS. 

Tão  cruéis,  que  antes  o9o  tivessem  Deos. 


361 


Adulterada  a  fé  que  ao  Senhor  deram. 
Infectaram  a  terra  ensanguentada, 
£  a  corruptos  deleites  se  entregaram. 

Contra  o  perverso  povo 
Deos  agastado,  com  furor  domina 
A  sua  própria  herança,  que  abomina. 


(S7)  A  ktfíÊdm  Ml  Urra  mmm- 
fiMAnf ,  et  ۤmimmimU9  eit  in 
eperihtê  eorum^  ei/prnieãti  iunt 
in  adinvifUimitóuã  n»'«. 

(88)  Ei  irêtui  €slfur»rê  Da^ 
mfotw  in  p9pulum  Ittiím,  el  flò«- 
míMlttf  e$t  hwrêditãtem  9uam. 


Ao  poder  das  nações  por  6m  o  entrega; 
Jugo  férreo  lhe  impõe  quem  mais  o  odêa ; 
Seus  feros  inimigos  o  atribulam: 
Mas,  luttando  a  piedade 
Co'  a  justiça,  ora  alBige,  ora  mitiga 
Dores  com  que  estes  pérfidos  castiga. 


(S6f)  Bi  trmiim  tm  í« 
^enlíMii,  «f  ifffmiiMlí  «wil  ^mm, 
pti  édentnt  eo9. 

(40)  Et  tribulmttrunt  eoã  iiú". 
miei  eerum^  et  humUiati  eunt 
êub  mmUbuê  eorum,  $ape  libera 
viteêê. 


Inconsiderada  gente  I  De  que  serve 
Esta  enchente  de  tantas  misericórdias? 
Humilhados  na  sua  iniquidade, 
Nutrem-se  dos  abusos; 
E  debaixo  do  jugo  castigados. 
Renovam  sem  pudor  os  seus  peccados. 


(41)  Ipêi  mutem  exêeerhúpenmt 
eum  intÊneilie  mm,  et  humitiati 
«Mal  in  iniptitatHuê  $m$. 


Mas  OS  pezares  crescem ,  pesa  o  jugo 
Que  as  cabeças  indómitas  sopéa : 
A  celeste  piedade  entfto  desperta; 

Becordando  a  alliança. 
Escuta  sentidíssimos  clamores; 
Suppre  com  misericórdias  seus  rigores. 


(4S)  Ei  MU,  €um  trièuUren^ 
tur^  et  audivii  ermtionem  eorum* 

(43)  Et  memmr/uit  teetmmenti 
mi,  et  pmniíuit  eum  $eeHndum 
WÊÊêUitmdinem  mteeriemrdim  euw. 


Serenou  corações  que  consolassem 
No  triste  captiveiro  o  povo  aSIicto. 
Ah  Senhor!  n8o  retardes  teu  soccorro: 

Salva-nos  compaslsivo 
Da  triste  escravidão  em  que  vivemos: 
Co'  este  estado  infeliz  jh  nSo  podemos. 


(44)  Et  iedit  eee  in  mieericer^ 
diúM  in  eenêpeetu  emnium^  qui  cc- 
perãnt  eo$, 

(45)  Sãlveê  noê  fae.  Domine 
Deue  núêter^  et  eangregn  neê  de 
natiemòuM, 


362 

i.,-«M.  Somos,  SeaboTt  teus  filhos  constenudos; 
Como  Pae  nos  liberta,  e  nos  conforta: 

(4T)  Btneiieitu  DêminiuDeut    AlcotadOB,  t«U  DOPie  COUfeSUDllo, 
Itrarl  i  êacuU,  et  tujut  iaia-  ti  .  j 

nhm:  et  iOat  «MH*  rv^i»,  '^"^  lottvora  teceodo, 

Mt^M  (■)■  ggj^  [iQSjg  ventura  pemwoente, 

E  tu  glorificado  eternaiDeDte- 


•  (■>  EM«  «Uao  TCnieolo  i  o  cottaiMdo  ronalc  qnc  »  coiD|dl«doi«i  uUítaiwn  po  Ik 
<Ie  etda  Urro :  cortetpande  «o  Gtéria  Palri  de  que  unmoi  no  Dn  de  lodoí  o*  psalmoa,  e 
áqnelbi  palavra*  qDe  na*  edifçSe*  doa  Itnoi  lacnM  wt  encaptran  em  lu^ar  do  aíBpIcajUit, 
explMt. 


FIM  DO  LIVRO  IV. 


LIVRO  V. 


DOS 


PSALMOS. 


PSALMo  cvr. 


CANTATA. 


1."  LEVITA. 


UBLENIBMOS  n'um  cântico  amoroso 
Do  Senhor  a  piedade,  que  B'e9tende 
Por  séculos  sem  Gm.  Digam-no  aquelles 
Que  das  mãos  oppressivas  d'ininijg09 
Compassivo  liberta: 
Os  que  em  duro  exterminío, 
Em  regiões  distantes  espalhados, 
Rccolhco  para  os  lares  desejados: 


(l>  Cmfilemint  Dtmini,  fu». 
itíam  kniit,  fumútn  in  taevtwn 
miMrit«rdÍa  ejiu. 


366 

(3)  Â  9$iit  êrtu,  et  oeeatu,  ab   Esses  que  sem  abrígo,  ao  sol  expostos. 

Tisnava  ardor  losaoo; 
Esses  que  Àquilo  rijo  entorpecia 
Nos  congelados  climas  onde  o  dia 

Escassa  luz  dispensa: 

(4)  Errmenmt  in  toutudine  in   Nos  orpios  campos  sobro  a  sccca  arêa 

inaquoto:  viam  eioitatit  habita"    ^.  ^  , 

cuii  nan  invenemnt.  Giravam  sem  conforto,  sem  que  achassem 

Um  tecto,  uma  cidade  onde  morassem; 

Um  caminho  trilhado, 
Que  um  lugar  Ih'  indicasse  povoado: 

(5)  E$nrientei,et9itientet,ani'  Outros,  que  pela  fomo  atoTmontados, 

ma  eorum  in  iptit  defeeit-  ...        .  .       ,  , 

Pela  sede  abrazados, 
Nem  sustento,  nem  agua  achar  podiam, 
E  na  angustia  maior  desfallectam. 


Coro. 


(6)  Et  elamaverunt  aã  Domi' 
num,  ettm  tribulareniur ,  et  de 
neeesiitatibuê  eorum  erifuit  eae. 


Para  os  ceos  o  povo  aSIicto, 
Em  tanta  calamidade, 
Clama,  sopplica,  suspira, 
E  alcança  de  Deos  piedade. 


Levita* 


(7)  Et  deduxit  eos  in  viam  ree* 
Iam,  ut  irent  in  eivitatem  haòi" 
taiionit» 


Com  mio  potente  o  retira 
De  sitios  t8o  escabrosos; 
E  o  transporta  de  um  deserto 
A  lugares  populosos. 


Coro. 


(8)  CanfiteanJtur  Domine  mite» 
rieordia  ejus,  et  mirabiUm  ejus 
filiie  heminum. 


Té  aos  ceos  cheguem  os  ecchos 
De  nossos  hymnos  cadentes, 


367 


Pelas  graças  que  salvaram 
As  agradecidas  gentes. 

Levita. 


Quando  jft  desfallêcídos 
Se  Ih'  ia  extinguindo  a  vida» 
Lhes  restaurou  com  manjares 
A  forca  quasí  perdida. 


(9)  Qitíã  i9tiaoil  mimam  ina- 
nem, et  animam  eiurienUm  tatia» 
vii  búnit. 


2.*  LEVITA. 

Sentados  entre  trevas»  rodeados 
Pelas  sombras  da  morte,  submergidos 
Em  trattos  de  aiSicç&o,  |N'isOes  de  ferro. 
Que  só  da  vida  o  termo  quebrar  pôde, 
Sem  refrigério  algum  se  lamentavam. 
Neste  misero  estado  em  que  gemiam 
Maior  dor  era  ver  que  o  mereciam: 

Pois  que  as  leis  esqueceram^ 
Do  Altíssimo  os  preceitos  desprezaram, 
E  ingratos  o  Senhor  tanto  irritaram. 
Seus  corações,  por  magoas  humilhados, 
Sem  força  já,  só  fartos  d'amargura, 

Nao  tinham  quem  lhes  desse 
Soccorro  algum  em  tanta  desventura. 

Coro. 


(10)  Sedente t  in  tenebrig,  et  um- 
bra  mariii :  vinetat  in  mendieitate, 
et  ferro. 


(11)  Quia  exaeerbaverunt  elih 
quia  Dei,  et  cannlium  Mlitãimi 
irritaverunt* 


(IS)  Et  humiliatum  e$t  in  laha* 
ribui  cor  eomm,  injurmaíi  iunt, 
necfwt,  fui  aãfuvaret. 


Para  os  ceos  o  povo  afllicto, 
Em  tanta  calamidade, 
Clama,  sopplica,  suspira, 
E  alcança  de  Deos  piedade. 


(IS)  Et  clamavenmt  aã  Domi' 
num,  enm  trib^larentur,  et  dene* 
eettHatihis  eomm  tiberavit  eoe. 


368 


Levita. 


(14)  Et  eiuxit  eo8  de  Unebrít, 
et  umbra  mcrtit^  et  vincula  earum 
diervfit» 


Das  trevas  iguaes  á  morte 
Dissipou  a  escuridade; 
Quebrou  ao  seu  po?o  os  ferros, 
Restaurou-lhe  a  liberdade. 


Coro. 


(15)  ConfitemUvr  Domine  miee* 
ricordia  ejue^  et  miroMia  ejue 
filiiê  hominum. 


Té  aos  ceos  cheguem  os  ecchos 
De  nossos  bymnos  cadentes» 
Pelas  graças  que  salvaram 
As  agradecidas  gentes. 


Levita. 


(16)  Quiacõntrivitpêrtaemreaej 
et  veetet  ferrec9  coi^regit. 


Arrancou  as  brônzeas  portas 
Que  os  cárceres  defendiam: 
Mostrou-nos  a  luz  e  os  astros 
Que  nos  ceos  resplandeciam. 


3.*  LEVITA. 


(17)  Sueeefit  eee  de  via  iniqui^    Com  auillio  Celcste,  COmpaSSIVO, 
tatie  eorvm^  propler  injuetitiae    -^  .,       >  t  \*     j     ••      -jj 

enim  Buat  hvmiiiati  tunt-  Do  cammbo  inícliz  da  iniquidade 

Nos  desviou  benigno: 
A  que  infortúnio  os  erros  nos  levaram  I 
Entre  misérias  mil,  centos  de  magoas 
Consumimos  os  dias: 

(18)  Omnrjfi  efcam  aheminnta    Por  tantaS  injUStiçaS  bumilbadoS, 

eit  anima  eorum:  et appropinquu"    ^^        .,  ..    ,  ,  .     .j 

verunt  ueyue  ad  porta»  mortiê.        U  pCltO  aUgUStiadO,   a  aloia  Oppnmida, 

A  inexorável  morte  desejava 

Cada  qual  que  em  seus  erros  meditava; 

NSo  comia,  o  sustento  detestando. 


369 

Quasi  ás  porias  da  morte  ia  chegando. 

Quando  o  Senhor  piedoso 
Julgou  terem  seus  orimes  expiado, 
E  os  salfou  deste  aQlicto  e  acerbo  estado. 

COHO. 


Para  os  Ceos  o  povo  afflicto, 
Em  tanta  calamidade, 
Clama,  suppllca,  suspira, 
E  aicaD{a  de  Deos  piedade. 


(19)  £1  clwnaperunt  ãd  l}om» 
mm,  €um  iriàuUretUur,  ei  de  iie> 
'cesHtãtíbut  e§rum  Uber^vii  «m. 


Lbvita. 

Mandou  que  o  Verbo  descesse, 
E  lhes  restaurasse  a  vida ; 
Fallou,  é  recuperaram 
A  força  quasi  perdida. 


(tO)  Jfitii  9erimn  tiniffi,  et  m- 
ntuta  epi,  et  eripmU  eee  de  Me- 
ritienikuM  eerum. 


GOAO. 


Té  aos  Ceos  ch^em  os  ecchos 
De  nossos  hynmos  cadentes. 
Pelas  graças  que  salvaram 
As  agradecidas  gentes. 


(St)  CúHjUemUur  Domin»  mii. 
eeHeerdim  ejue,  ei  mirabitím  ejue 
JUiie  heminum. 


LBvyA. 


Vinde,  ó  Povos,  offertar-lhe 
Sacrificios  de  louvor; 
Com  jubilo  celebremos 
As  obras  do  Redemptor. 


(tS)  £1  taerifieent  êãeHJicium 
lãuditf  et  4MiiflMli>fi|  opera  efut 
m  exuUãtieme. 


Tomo  VL 


2é 


Ô70 


4.'  LEVITA. 


(S3)  Qut  detanduni  more  in 
nambus,  facienUi  operationem  in 
aqni9  muUit^ 

(24)  Jpti  viderunt  opera  Dominiy 
et  núrabilia  ejn$  in  pr^und; 

(85)  Dixit  et  ttetit  epiritue  pro- 
etUa,  etexattatiêuntfluctueejua. 


(S6)  Aicendunt  íuque  ad  calot, 
et  deeeendunt  usque  ad  abyetoe : 
anima  eorum  in  malie  tabeeeebat. 


(S7)  Turhatiãunt.etmctiiímt, 
iieut  ebrius,  et  amni»  aapientia 
eorum  devorata  eêt. 


Os  que  em  M»  attogMtes  «ikatn  taiaro, 
TraMhaado  entre  «b  Mim  «gitadas, 
Vêem  com  pasmo  os  prodigios  que  Deos  obri, 
Que  sceuas  apreseaUí  é  reino  undoso. 
Diz  com  império  aos  ares: 
«Sòpf^e  ^  vento  vehenente» 
Borrascas  desdiMla»  ^bedíebtei 
As  aguas  sé  leTimtMi  4itevèltoaiai 
Em  cri^tafiBOS  ttonUs  tramlMrÉMdhs, 
Ou  caê  no  abysmo  já  precipitadas. 
Embriaco  de  susto  o  oategante, 
Esyaece-lhe  a  prudeociat 
VaciHa,  trette,  e  cto  tal  aduMídade 
Entrega-M  Mrm  tino  á  tempeslade. 


GOKO. 


(88)  Et  elamaoerunt  ad  Dontí- 
num,  eum  tribuiarentur,  et  dene- 
ceBiitatibua  eorum  eduxit  eot. 


Para  os  Cees  a  gente  afliicta, 
Em  tanta  calamidade» 
Clama»  «uppUca»  snspuat 
E  sfkMça  és  Dees  piedade. 


LWITA. 


(«9)  Et  itatuU  proeettam  ejito 
in  ouram,  et  gilueruntfluctus  ejus. 


Trocou-se  aiitedto  em  bonaoç^i, 
As  ondas  emmudeceram; 
Com  tal  silenoio  dos  mares 
Todos  de  fMiAr  ae  encheram. 


(30)  BI  Uttati  tiial,  ç«»«  «/«*• 
rtmt,  et  deduxit  eos  in  portum 
voluntati»  eorum. 


Nas  fluaosas  aguas  contentes 
Docemente  nayegaram, 
E  na  praia  desejada 
Jubilosos  aportaram. 


371 


Goro. 


Té  M0  eeo$  chegne»  m  eochos 
De  DonoB  hynmos  cadaiUs, 
Pelas  graças  eom  que  sahra 
As  agradecidas  gentes. 


(31)  CéiifUeMiur  Dêtnim  misr^ 
rieêréim  eJuM^  H  mirabiíiã  ejut 
JUiii  hêmmum. 


Lrvita. 


Gorra  ao  tempb  a  plebe  gnftS; 
Os  grandes,  os  seaadoraSt 
E  entoem  agradecidas 
Ao  Senlxnr  digooa  bovot es. 


(3C)  £1  ejpoAeiíl  e»m  ia  etdt' 

tia  pleHê^  et  in  coihedra  êeid^ 
mm  imtdaU  eum. 


í:  LsvrrA. 


Que  geneirosa  serie  de 

Ao  Dosso  Dbds  devemos! 
Reluz  piedoso,  aterra  jostíccira» 
Fíxaudo  aos  actos  premies  ea  castigo: 
Ora  em  secco  deserto  Iroca  os  rios^ 
Ora  em  rios  eoaiverte  m  aeoca  arèa. 
A  froctirera  terra  faz  estoril, 
Se  a  malícia  de  seus  l^lutadoms 
De  seu  amor  despreca  os  dons  melhores. 
Has  se  contríctos»  dóceis  o  iovecafam, 

lohospitos  desertos 
Fertílissimos  lagos  se  tornaTam : 
Vestia  de  yerdura  áridos  montes. 
Das  rochas  rebentevam  daraa  fantes* 
AIIí,  da  sede  o  ardor  apasigoandoj 
Com  mais  alento  os  homens  foi  letendo 

Ao  sitio  onde  habitaisem 
E  a  sublime  Cidade  alli  fundassem^ 

Tomo  VL 


(S3)  PwmU  fiwKdm  in  detet' 
tiMN,  et  exitut  fl^nomm  in  Htim, 


ÇSi)  TerTQmfntel^efúminHtU 
9uginem^  à  moiitia  inhakitqatium 

TH  M* 


(36)  Pontit  desertum  tu  êtagnã 
mqyanim^  et  terrmm  »ine  aqua  in 
txitut  «çtttrwm. 


(36)  £1  t^Hocêvit  iliie  e$ufiin^ 
ies,  et  eonêtititemnt  €ivitntem  ha^ 
Htãtiêniê. 


ÍU 


372 

(37)  Et  seminaoerunt  agrei,  et  Neste  CaOipO  aprazível 

plantaoerunt  vineas,  et  fecerunt  «^  „ 

fructum  nativitatit  (•)•  "®^*  COlIOCa  O  SeU  pOTOt 

Destros  o  pio  semêaoit  plantam  viobas, 
A  doarada  seara  os  campos  cobre; 
Ao  gigantesco  ulmeiro  a  yide  abraça, 
E  em  vistosas  grinaldas  se  entrelaça: 

Á  industria,  á  vigilância 
Corresponde  dos  fructos  a  abundância. 

(38)  Et  benedixft  eiã,  et  muiti-  Ck)'  a  bençSo  do  Seubor  prosperou  tudo: 

plicati  tunt  liffRíff,  et  jumenta  eo-    ^  ,  .  i*         .^   i 

rum  non  minoravit.  Com  pmguos  pastos  sompro  alimentados 

Cresceram  os  rebanhos; 

(39)  st  paucifaeti  tunt,  et  ve-  E  doutro  om  brovos  aunos,  bem  que  poucos* 

xati  ãunt  à  tribulatiane  malorum,    n  j  •       •  -      • 

et  doiore.  E  voxados  por  impios  e  misenasy 

Cresceo  a  NaçSo  tanto 
Que  dos  seus  oppressores  foi  o  espanto. 

(40)  Effuia  ett  cmtemptia  eu-  Nos  Príocipes  crucis  quo  OS  perseguiam 

per  priucipeã,  et  etrare  feeit  eae  «       «  •  j 

in  inma,  et  nau  in  via,  RecahlO  O  desprezO ; 

Deos  os  largou,  de  si  se  conGaram: 
Com  desacordo  por  caminho  errado 
Correram  a  encontrar  fim  desgraçado. 

(41)  Et adjuvit pauperém dein-  Deos  SOS  humíldos  acudio  benigno; 

opia^-etpoauitsicutoveifamiliai,      .  «      .■• 

Cresceram  os  famílias  como  cresce 
Kebanbo  numeroso  e  bem  trattado. 
(4S)  Fidebunt  reeiu  etiaitabun-   Alograram-se  OS  bous  co'  osta  ventors; 

fwr,  et  omnit  iniquita»  oppilabtt    ^         .  ,         .  .  •  .  « 

Os  máos»  de  raiva  os  lábios  se  morderam, 


09  iuum. 


Ao  ver  quanto  perderam. 


Coro. 


(43)  QiMf  iapien*  et  cmtodiet  TUb  patontos  misorícordias 

haçf  et  intelliget  misericordiaa  ^  /«  •         • 

Daminif  Que  affectos  gratos  excitam!... 

Poucos  sábios  ha  no  mundo 
Que  attenlamente  as  meditam. 


(•)    o  Hebreo  t^em  fructum  pratentut;  c  a  renXo  doi  SeUenla  frucium  germinit. 


373 


PSALMO  cvn. 


Cântico  de  David. 


Canticom  Psalmus  David. 


p 


■OMPToestOQ,  ohmeuDeosI  Queres q'eu cante?     (i)  PãttAum  cor  meum,  Deui, 

Qae  .  cíth.ra  encordoe,  aocenda  o  ertro?       ^^.«1;/^:;."^'  " 
E  com  bymnos  barmoDicos  rompendo 

O  silencio  da  noite» 
A  engrandecer-te  a  minha  voz  se  aflbite? 


Sim»  cantarei,  Senhor;  nas  densas  grutas 
Acordarei  os  ecdioa;  nas  montanhas 
RetumharXo  meãs  cânticos  alegres: 

Minha  voi  entoada 
Encontrará  nos  Geos  a  madrugada. 


(£)  Exiurge gloriames^  exturge 
pêaUerium,  et  eiihara^  exturgnm 
dilucukf. 


Entre  os  po?os  do  mundo  irão  meus  versos 
Celebrar  tuas  obras  estupendas; 
Confessar  entre  as  gentes  quanto  é  grande 

O  teu  nome,  que  adoro; 
E  com  ellas  cantar-te  em  geral  coro. 

Direi  que  sobre  os  ceos,  e  sobre  a  terra 
Tua  gloria  se  estende;  que  se  iguala 
O  teu  poder  á  tua  misericwdia; 

Que  da  tua  verdade 
Da  terra  és  nuvens  chega  a  claridade. 


{3)  CwJUebor  tibi  in  poyulit , 
Dêminej  et  pnUlam  tibi  in  nmiiih 


(4)  Qui  magna  est  iuper  célo9 
miiericordia  tua^  et  iisque  ad  nv- 
^ff  verilas  tua. 


Sejas  pois  exaltado  sobre  os  astros, 

Abranja  a  gloria  tua  quanto  existe; 

Do  nosso  amor  te  cerque  a  chamma  viva : 

Em  suaves  concentos 
Transluzam  os  mais  altos  pensamentos. 


(5)  Exallare  svper  aglçt^  Deve, 
et  super  amnem  terram  gloria  tua* 


374 

r 

(6)  v%  Uberentur  diUeii  iui:   SeiDpre  te  loQvaremos;  roas  acccita 

;:::lT^^'í:is;:«;:i;':2:^:  no«.«  p«ces,  ««.hor!  Hoje  renot. 

*^'  Os  favores  antigos,  os  prodígios: 

Ah  I  àia,  já  m  seu  peito 
Deste  presentimento  alcsDço  o  effeito. 

(7)  Extdtabo,  et  dividam  SiOii-  Já  Deos  DO  tenplo  falia ;  á  fé  promette 

mam,etconvallemlabemaculorum    ^    .  .         •  ■: ii  »  •      i 

dimeiiar,  Os  triiuiiphof  que  a  sitpplica  tti  implora: 

Oufo  a  trocnpa  guerreira»  os  íostnmeDtos 

Que  applaudem  a  Yíctoría 
Que  a  Deos  e  aos  seus  dilectos  dará  gloria. 

Dos  canpos  de  Sicliain  já  me  apodero, 
Já  co'  as  tropas  reparto  a  rica  prêaa; 

(8)  Meut  €$t  GaUmd,  et  mettê  Galaad,  Haoassés  sto  meus;  augnieota 
ptio  captíie  níi.  Do  meu  roíDO  a  opulência 

Ephraim,  assegura-me  a  existeucia. 

(9)  Juda  Rex  meue,  Mmk  4f.  Na  Real  tribu  de  i«dá  floiMte 

è«t  epeimem.  g^  ^^  croar-so  0  trMco  Bsais  fraodoao 

Em  que  o  soUo  se  Orme  etemaaieote: 

Potente  a  mio  dif  faia, 
  posse  de  Moab  me  destíoa. 

(10)  inidumamnexiendãmcÊi'  Calcarei  da  Iduméa  a  fimite  altiva, 
'I^^Te^''^''^"^'"^  Os  Philisteos  femes  sujeitando; 

Domará  meu  domiob  estitolias  gentes: 

(11)  Qidt  dedueet  me  in  eMta-  VirtS,  mCQ  ItooS,  g^arnOBO: 

!S;.TKJKÍ;  *^' ""  Qaem.  aenio  tu.  Senhor,  h.  de  elentarHM? 

(1«)  Nmte  tu,  Deue,  gtd  re-    Só  tU,  Seolior!  «6  tU,  <p8  UOS  re^atSS, 

invirtutiòii  fioetríet  Viutío  á  teita  d esmtos,  fataile. 

Dos  triumphos  és  dono;  noasos  bnços 


375 


o  tett  poder  rolona: 
Proteito  6  todo  nomà,  e  tua  •  fovoi. 


Ampara-Dw»  SoAbor,  aa  lolto  aaaiba ; 
Pois  qM  toda  a  fMi|mf  HM  nos  iiiMpa«o» 
Sua  fragilidade  daivaneoe: 

Quando  por  ti  chamamoa, 
Inímigoa  aio  ba  qae  «lo  fenoaMM» 


(ia)  Dm  ná^m  mMt^  de  Iri- 
Mã^ÊHíf^  ffMi  9^;m  4çlt«  hêfuá' 
nit. 


Que  proezas,  qvo  fiaria  akaqcaraw» 
Entre  oa  eoiOiOtaa»  ^ando  Deoa  acadel... 
Âcode-Dos  benigno  a  redoaidoa 
A  cinaa  e  aimiqfiíladaa 
Flcario»  por  tea  braço»  ob  depravados. 


(14)  InDeãfiÊeiemusfrirtuiem^ 
et  ipêê  mi  nUUlwn  dedueet  tfn/mi- 
eú»  nottrúi. 


PSALMQ  CVIII. 


A$  paimnã  e  a  muica  êiê  4$  DwH» 


s 


bnhorI  falia  por  min»  nH»pt  a  aibopio; 
Sabes  com  qoe  fervor  tva  gloria  aaalos 

Já  que  a  boeea  áolaaa 

Doa  eraeia  péoeadarea 
CoDtra  mim  lio  ba  mal  qne  oio  profira* 
Pragnejaodof^me  a  eaira»  o  eaalOf  a  lyra. 


In  finem  psalmna  David. 


(1)  Bnw,  Imêàem  me^m  me  !«• 
euerii^  fuiã  ot  ^«CMU#ftM,  el  4«- 
iMt  mper  me  ãpertum  eêl. 


Noa  coDvertieloa  mèaa  eu  aaa  a  aasampto 
Daa  labulaa  mais  loacaSt  aaaia  absurdas;  . 
£  sem  que  Ih'o  meraga* 
De  raiva  me  aramdaa: 
Sem  razio  de  mim  fo^em^  me  reprovami 
E  cada  dia  as  magoas  me  renovam. 


(S)  LoeaU  i«nl  ãiiurpm  me 
lingMê  Mf«#,  et  $ermmibu9  p^U 
einumdeiertint  mr,  çt  esf^ffn^ 
verunt  me  grêtit. 


376 

(3)  ProeQutmêdiiifereni.dê'    AmO  0  todos;  dIO  861  pOT  que  IDOtifO 

«r»ftetoi«  mihi:  ep^  mOem  «m-  r^^  ^^j  ^^  eonrespondem,  me  atormcDUm: 

Oro  por  qaem  me  offisode; 

(4)  Et  patwrwu  aàoertum  me  Pagimi-me  ampr^Dom  odk>: 

meia  pro  -hênitt  «<M*m  pr^  éiUe*    ^  ,        ^     .  i  j^.^^ 

iiwnemea.  Sabos,  Senhor,  o  mal  que  me  desqam, 

Gomo  assim  sem  piedade  me  praguejam: 

(5)  cmutítue  super  eum  peeem-  «Tenha  sompre  tyrannos  •  sen  lado, 

iorem,  et  diãkelue  itet  à  dextri»    _  ^  .    j-     -4  _*..  • 

^ui.  Satanai  á  direita  o  martynse; 

Nelle  a  paz,  a  esperança 
Ge'  a  vida  se  lhe  encarte: 

(6)  Cum  judictttHr,  exemt  €•»-  So  perante  08  joises  for  lef ado» 
peeeatum.  Seja  (mosmo  mnoeente)  eondemnado. 

«Se  quizer  desculpar-^se,  nlo  o  eaeatem, 
Convertam-lhe  as  rasSes  em  maleãcío; 

(7)  Fimi  diee  ejutpauei,  et  epiê-  SOOS  diaS  aflOÍCtÍTOS 

€0píUmn  ejuê  ãceipiat  nlter  {•).  n....^  •IJ.m.;^»». 

rezares  ani)re?iem; 
Perca  em  seus  lábios  forcas  a  verdade, 
Outrem  goie  seus  bens  e  dignidade. 

(8)  FumtjUn  ejtumyhatd,  et  «Ezpulsa  dos  patomos  lares,  vagoe 
"^  ^«^  «^««-  f^  iqJj  3  1^^  g.  prole  qae  gerara; 

(9)  líutmUet  tratuferontur jíui  Saspírem  na  ofphandade 

ríuM,  et  méndieeHt :  et  ejicimUur  ^  .  p.. 

de  hnkmumiWe  mH»,  Os  8008  miseroB  Bthos: 

Contra  o  mais  duro  golpe  sem  defesa, 
Soffra  da  viofei  toda  a  tristesa. 

(10)  SeruteturfeBnerateremwm  «Usorarios  estranhos  sem  piedade 
TilSIÍT^^^^  Lh'  esgolem  qnanio.herdoa  de  seos  Biaiorei; 

Quanto  com  mil  fadigas 
Resgaton  trabalhando: 

{•)    o  episeepoium  m  Hebreo  é  termo  geral,  frmjteturany  porque  tnllo  nlo  fc«wi 
Biipot. 


377 

Do  fracto  do  qoe  kt  perca  a  espenmca, 
Veja  em  alheias  niSoa  a  soa  herança. 


«A  sua  geracio  eitincta  Bque; 
Se  pensoo  que  aigiiiii  dia  floreeente 

Qoal  arfore  frondosa 

Estenderia  os  ramos» 
Perca  a  idéa;  dos  míseros  pupiilos 
Ninguém  se  doa»  negnem-^e-lhe  asjks. 


(11)  ^Sm  til  mi  ãiJuUr,  nec 
ftl,  fmi  miãertêiur  yupillit  ejut. 


«Morram  todos  os  pais»  morram  os  filhos, 
N'oma  só  geraçlo  cesse  o  seu  nome; 

Na  prole  sem  yentura 

Recaia  a  fiital  sorte 
Dos  seus  progenitores  desgraçados; 
E  sejam  para  sempre  eiterminados. 


(It)  FimU  n^ii  eJut  in  inteH- 
f  iim,  im  generatimu  tmm  deUãiur 
nomen  ejus. 


€  N&o  só  os  seus  peccados»  mas  aquelles 
Que  os  pães  e  antepassadas  oommetleram 

Tenha  Deos  na  iembrancs; 

Da  mie  commum  o  crime 
Jamais  esqueça:  e  neste  oriminoso 
InQinja.  Deos  as  penas»  rigoroso. 


(13)  In  memoriam  redemi  êm- 
pm^a  pãirum  ejuã  «n  emupettu 
Dvmini:  et  peeoÊtmn  matrU  ^um 
iMM  ieUúíur, 


(14)  Fímú  emUra  Dêminum  «mi- 
^er,  €t  ditpereúi  de  terra  memÊrim 
e^rum^  pr9  ep  pi9d  non  eêt  ree^r- 
dãtuÊfaeere  tmserieordiam. 


«0>m  saber  falso»  pooco  Ih'  importaram 
As  bençSos  do  Senhor:  nunca  as  alcance; 

Em  maldições  lhe  troque 

Essas  bênçãos  dirinas: 
Qual  pelos  poros  filtra  uni  óleo  activo» 
Filtre  das  pragas  nelle  o  fogo  vivo. 

a  Esta  roaldiçBo  pois  o  cubra  e  cerque 
Como  o  cerca  um  vestido  que  lhe  6  justo; 
Gomo  o  aperta  uma  facha 


( 1 5)  £1  per9eaUu9  e»t  húminem 
inõpem,  et  mendieum^  et  eam^tm- 
et^fn  e^rde  mêrtificare. 


(16)  Et  diiexit  mãUdieti^nem, 
et  veniet  ef ,  et  nêluit  benedieti^ 
firm,  et  el^itgãbittir  ok  ee. 

(17)  Et  indvit  maledielionem, 
êieut  veitimentum,  et  intravit^  «i- 
eut  aqftã  in  interiern  ejui,  et  «t- 
cut  êlenm  in  euibua  ejfue. 


(18)  Fiat  ei  tietd  vestimentutUj 
quê  operitur,  et  eicut  mim,  f «« 
$emfir  frweingitwr. 


378 

Que  •  âiitiini  Ibe  cioge. 
Sem  qae  lh'a  tlurgiw  algnemif  ou  que  o  mcoira; 
E  assim  viva  apertado  até  que  morra.» 

(19)  Ho€  opuê  eonm,  qtU  de-    EÍS-aqUÍ  COIlini  mílft  COIQO  16  «^tpUOtlQ» 
irahtmt  mihi  amtd  Daminumj  et     ,  .  ... 

gtu  hquunttw  mala  aivenuM  Mt-  Accesos  em  furoT,  mtm  mmeoss 

mam  meam.  j^^  ^^^  ^^^  deSOJO» 

.  S«  exkalaoi  biribimdoa: 
(so)  Et  tu,  Domine,  Démine,  Has  til»  OMU  Omí,  roilrí«gQ  esta  maU«dc^ 
fuia niapUeitmiMerieordim tua.   Faze  em  mim  tfiumphar  tua  bondade. 

(SI)  iAherame,quia€9PmfH  Repara  M  q«Q  sofiro^  que  pobresB» 

pauper  ego  êum,  et  eor  meum  cwi-    ^^  .      .  ^      ^^  _  ^.^..^^  i..m- 

turbatumeit  uura  me.  Quc  miserias  mo  corea»;  cono  lutta 

Em  meu  peito  opprinido 
Meu  eprafilo  turbado: 
Ck)mo  a  meut  aia  éBo  auadoa  oa  famnanoSt 
Gomo  os  alegra  o  aspecto  de  meus  damoos. 

(SC)  Sicutumhra.  eumiedinai,  FogOHoae  0  vida  coBM  foge  a  aombfa: 
iieut  loeuttm.  Sem  doiQteiUo  oarto»  aem  pousada» 

Giro  orraole»  aasnstado 
D'am  titio  a  outro  salt»; 
Temendo  quanto  a  sorte  me  prepara, 
Qual  instável  locusta,  que  nto  pára. 

Ei9-4qut  o  que  abanca  qntm  me  odêa; 

Quanto  o  Seohor  permitte  áqueUaa  impios 
Que  eoDtra  mim  a'ompeaham 
Em  taear  disaaborea, 

Accumular  Iristaia  dentada 

Sempre  sobre  minha  alma  consternada. 

(S3)  Genva  mea  k^irmata  9UfU  Do  fraqoeit  ot  jocBios.  te  me  ddmmi 
êtí^íí^/ê/íi^.  "^"^  «««»•»<«<•  Q^jjj  forçada  absiiaooeia  desCsHefo; 


379 

Privado  dos  'socoorros 
Que  prolongam  a  vid«t 
Bessecam-se-me  os  membros;  carecendo 
D'oleo  qne  me  resUore»  too  morrendo. 


Os  bárbaros  ao  Ter^me  se  recréam, 
Cam  sorriso  insultante  me  atra?e8sam; 
Uns  aos  outros  acenam 
Para  que  a  moia  aogmente; 
Por  que  meus  iofortunios  todos  vejam, 
E  mais  me  custe  o  mal  de  que  motejam. 


(t4)  Ei  eg0  faehu  «mu  «yipro- 
brium  ilHê:  vidermni  me^  et 
vemni  tÊfittk  tutu 


Ajuda-met  roea  Deosl  venha  enúiMir^me, 
Yenba  salvaiwme  a  tna  miserioeidia; 

E  saibam  os  malvados 

Que  vem  esta  soocoiro 
Da  toa  mio  potente;  que  ma  aoode 
O  Senhor  qaa  os  doaMaa*  e  tudo  pôde. 


(£5)  djva  mtf,  Umnii^  Jhu9 
êiãwsm  nu  fac  êtcimdmm 
'«m  liMm. 


(tS)  JSt  9mmitt  f«í^  wmw9  Iva 
HÍbc:  et  1%  Dmme^/eaUU  mm. 


Quando  me  amaMiçaam,  doces  beacios 
Derrama  sobre  mim,  piedoso  Nnmen ! 
CoiiAíQde-Htt  quando  iradas 
Coatra  mim  se  levantam: 
G>bre  em  fim  de  verg;QBha  a  akivosia. 
Renascerá  teu  servo  na  alegria. 


(a?)  MâMimd  ilU,  et  tm  ke- 
àeiíiúã :  pUinemfuiU t» me,  otn- 
fwUeaiàtiiti  Uêwm  Miem  tmi»  Uh 
tMtur, 


Como  envoltos  ii'tmi  dobre  manto,  as  laces 
Encubram  Taigoahosas;  retrocedam 

Com  temar  de  avistar^me: 

Lançarei  ndo  da  Ijra; 
Triumphante,  cercada  de  cantares, 
Cantaremos  em  cora  os  teus  bmvores. 


<ÍS)  /iMhMNÉMT,  fmi  Mrêktmt 
«ÍAi,  pmiête^  etêferinteur^  Hmt 


(SO)  CemJU^êrDeminênimiêin 
ore  mee,  et  in  medie  mUlterwn 
laudúbeeym. 


Direi  que  aUrnste  compassivo  o  pobre; 


(SO)  QmêmMitítmécxiriepttU' 


380 

j»m'«,  uí  nhúM  faeerei  à  pene^  Que  me  esUvas  á  dextra,  se  gemia ; 

Me  livraste  amoroso; 
Me  acudiste  na  iatta  mais  reDhida« 
Me  deste  a  liberdade,  a  paz,  a  vida. 


PSALMO  CIX. 

Ftalmus  Darid.  De  David. 

(1)  DixiiDomifWêDeminofneo:  UíssB  O  Pae  ÍDcreado  ao  Filbo  etcroa: 
Bede  à  dextris  meu.  ^  Seota-te  á  mioha  dextra,  em  quanto  cnfeiío 

(«)  j}9M9  pmum  MnUeoê  ímoíj  Os  mous  accosos  raíos,  e  destruo 
'^  Todos  teus  mimigos: 

A  teus  pés  humilhados, 
Como  degráos  te  sirvam,  sobjif  ados. 

(3)  Ftrffom  viriutii  ium  emutet  a  Arvorado  em  Si5o  sorá  teu  sceptro : 
mediê  inimieonmi  itiarMm.  As  mais  distantes  plsgas  teo  dommio 

Mandarei  que  se  estenda,  que  realce 
Teus  famosos  triumpbos: 
Os  Ímpios  abatendo. 

Sobre  elles  reinarás,  todos  vencendo. 

(4)  TeeumpHneipiumindiewr'  «Sempre  loomei  d*immensa  sanctídade, 
íílí  ^'irf^f»'^^  Filbo  meu,  que  gerei  antes  dos  tempos, 
'""^  '^'  Antes  que  o  sol  s^isse  a  eatrella  d'al?a, 

Ou  que  raiasse  a  aurora : 
Teu  Império  seguro 
Foi  sempre  sem  passado  nem  futuro. » 

(6)  jurm>nDQmifíU9,€tnmptB'  Jurou  pois  0  Sonbor;  do  juramento 


381 


Não  pôde  arrepender-se,  que  inamofaiTel 
£  quanto  determina.  E  afisim  decreta: 
«Tuy  de  Melchisedech 
Na  ordem  consagrado, 
O  sacerdócio  eterno  te  foi  dado. 


fUtebit  evm :  tu  et  sêeeriúf  in  mtet' 
num  teewuium  ordinem  Mâiekiie' 
de^. 


«Certo  das  forças  do  paterno  braço» 
Parte,  attaca  os  potentes,  desbarata, 
Rompe,  confunde  as  tramas  dos  tyr 
Restrínge-Ihe  os  podares. 
As  cabeças  ibe  abate 
No  dia  da  justiça  e  do  combate. » 


(6)  Dêmimis  à  dexiriM  tui9  ean* 
fre§U  in  dU  ira  sum  Rege*, 


A  heróica  espada  empaoba,  tudo  anraia; 
Lutta,  e  doma  inimigos  indomáveis: 
Julga  os  poTos  culpados,  cobre  a  terra 

D'estragos,  de  ruínas; 

E  6cam  confundidos 
Os  projectos  dos  bomens  fementidos. 


(7)  JudieuHí  in  nãti9mhu9,  tm- 
plebit  rmnmt^  €9npt»9êèit  tapiin 
in  terra  mulíúrtftn» 


Victoria  tal,  destroço  é  tio  severo, 
Que  em  torrentes  o  sangue  dos  Vencidos 
Inunda  o  vencedor,  e  nelle  gosta 

As  delicias  da  gloria: 

Pomposa,  radiante, 
Alevanta  a  cabeça  triumphante. 


(8)  De  Urrenie  í»  via  biòrt^  pra* 
pierta  exaVakil  capui. 


382 


PSALMO  CX. 


AUelaia. 


(1)  Q^tebor  tibi.  Dmiue,  in  toM  todo  O  OQrâçSo  Bciopre  fad  de  aiMMc, 

toío  eorie  meê,  iii  camUiêJuiiC'    jj       jj^  j  jj^  lodedide  OU  M  wHrD, 

mm,  e  congrtgtAiume, 

No  templo  oo  oa  assemUèa  hâ  de  tQ?ocar4e. 

# 

(8)  ifaTiM  «rera  dmiími  expu-  Nas  tuas  gnodes  obm  seapce  inprioes 
riu  in  «m.».  vUrmuu*  eju*.      ^  ^^^^  ^^  j^^^^  omnipoteDte, 

E  o  tèlto  dn  deagMOB  nait  sdilwei. 

(3)  cmtfeuiê  et  ««jiii/SemK»  Podéi^  magnificMcia  i*>  ae  oecalta 
n^  wS?**  '^  '^*  Em  qaaDto  obrate;  joato  é  <|MiiIo  ordenis, 

E  uma  gloria  sam  tetoM  te  leailta. 

(4)  MevmumferítminMimm  VÍTO  a  memoria  do  famo»  facto 
rvomm,  «'»"•'««•»' /i-,'"!^'*^  Com  quo  «oa  ImaímaB  aUmeolo  dárte, 
»M  •«•  E  qoto  padaao  fiMte  a  om  paro  iogiato. 

(5)  liemtt  ertt  in  «r««i«m  *«•  Tem  piedade  de  oda,  como  a  tíveite 

Da  alliaoçr  e  prodigios  que  fiiesle, 

(6)  utdetillisharemaiemgew  A  fim  de  prcservar  perpetua  a  herança 
eí^íiS"^'^"^'^"' ''"'"'   Que  generoso  deste  éhumana  piole. 

E  a  verdade  e  justiça  lhe  aflBança. 

(7)  FideUaimiHiamattdata^t   Immutaveís»  fiois,  as  lois  sagradas 

Por  séculos  sem  termo  confirmadas. 


383 

Cumprir-se-ha  sempre  quanto  prometterest 
Fundado  na  verdade  e  na  justiça; 
Ditosos  nos  farlo  nossos  datèies. 


A  tua  lei  quebrou  a  prislo  dura  (8)  R*iempiiênem  muit  ftpuio 

Que  ligava  os  humanos  desgraçados,  nmhan  nmm. 

E  a  liberdade  amável  nos  segura. 


Com  vinoria  tio  forta  dqí  utiste. 

Que  em  vSo  se  Ibe  eppOe  ferfa  4iue  o  desate; 

Com  vigor  immortal  imce»  i«siite. 

Treme  o  abysiM  ^brfr-Io:;  aancbi»  augusto     (o)  &fieftiiff ,  et  terrmie  nomen 

CIO  SMOtier  o  9èíuè  iMiDidaiw>  m^. 

Que  o  inferno  estremecendo  ouve  com  susto. 

A  sciencià  éo  qniimío  é  vC  seienait  t 
Quem  teme  «  iitoa  6  sábio  nnMeinH 
Tem,  de  quanto  mais  fsit,  a  íntèDigencia. 

As  obras  que  derifam  deata  foiAe  (io)  Tnteiudvt  bonut  ammbvf 

„  ,        j  ^     I         .,  faeientibu$  eiii»,  lauihUo  ejus  ma* 

afio  puras»  ^e  Hio  de  ser  sempre  Jotrams        net  in  itecuium  êaeun. 
Em  quanto  o  Sol  luzir  sobre  o  horizonte. 


384 


PSALMO  CXI. 


AUeluia,  reTcrsionu  A|;g»i, 
et  Zacharis  (•). 

(1)  Beaiu*  vir,  fui  timet  Do-  ycfaii  miis  feliz  quo  O  josto  qoe  a  Deo8  teme? 
tUmia,  Esse  é  ditoso  SÓ,  quaDQo  se  humilba 

Ante  o  poder  immeDso  qoe  dirige 

A  extensa  Natureza ; 
Esse  que  nSo  quer  mais  que  o  que  Deos  manda, 

E  qoe  da  Lei  Divina 
Medita  e  compre  quanto  noa  ensina. 

(t)  Poíent  in  terra  erit  semm  Abonçoado  assim  na  terra,  augmenta ; 

etu$:  genermtiê  nehrum  kenedi»    ...  i»       j  a  u* 

ceittr,  Vé  prosperar  fiondoso  o  tronco  altivo 

Da  sua  geraçlo;  vA-se  cercado 

De  numerosos  filhos, 
Que  em  ramos  opulentos  se  propagam: 

E  Deos,  que  tudo  r^e, 
A  progénie  do  justo  assim  prot^. 

(3)  Gioría,  et  dUHim  in  domo  Riqueza  O  glofia  a  sua  casa  adornam, 

ejust  et  juãti tia  ejuê  manei  in  eoh     .  ..«.  ^ 

cuium  teecuii.  A  sua  roctidfio  OS  Geos  commove. 

Edifica  do  mundo  os  habitantes; 

Abrange  os  tardos  tempos 
Sua  memoria  honrada  e  gloriosa; 

Seu  nome  nBo  perece, 
Por  séculos  brilbaqte  permanece. 

(•)  Eale  titulo  é  fuapeito,  porqae  blta  no  Hebreo,  no  Cbaldeo,  no  Sjriaco,  m  ttíà^ 
pico,  e  nof  Setleola ;  Bem  foi  raeonhecido  peloi  Pkdrei  Qregoi-  Crendo-fe  qoe  o  poJaocoi- 
vinha  ao  represo  de  Bahjlfmmf  M  noi  tempoi  potterioret  attriliaido  áqueUei  doli  propMtf- 

(MêUH.) 


385 

Se  a  tenebrosa  noite  o  circungira, 
E  duvidosos  passos  move  o  josto, 
Deos  lhe  presta  uma  tocha  compassivo; 

Descobre-lhe  o  caminho 
Por  onde  acerte  á  meta  que  procura; 

Dá-lhe  um  penhor  sublime 
Do  seu  amor»  e  do  perigo  o  exime. 


(4)  Exertum  ett  in  temkriê  lú- 
men reelis,  miserieorif  et  mi$e-' 
ral0r,  et  Jutius. 


Assim  consola  Deos  esse  que  abriga  (5)  Jucunduê  homo,  qui  mitere» 

.  .  ^  -^       *  1  A  '^^^i  eleommodat,  disponet  sermo- 

A  compaixão  no  peito,   e  acode  aos  outros*,,   nes  tuot  m  judicio,  pòainater- 

Que  excogita  remédio  ao  mal  alheio,  *"**  "^  commoveèuur, 

E  com  bálsamos  puros 
Cura  as  chagas  dos  ânimos  afilictos; 

Ou  com  vozes  suaves 
Consola  os  corações  em  penas  graves. 


Eis-aqui  como  o  justo  affironta  as  magoas: 
Sua  alma  é  fortaleza  inexpugnável 
Que  nSo  derrubam  armas,  nem  COTrode 

De  má  língua  o  veneno: 
Amado  do  Senhor,  aos  homens  charo. 

Nenhum  receio  o  assalta; 
O  lustre  da  virtude  sempre  o  exalta. 


(6)  In  memoria  aierna  eritjus* 
iusj  ub  mudiiione  molm  non  Hmeòii, 


Dos  homens  os  favores  nSo  Ih'  importam; 
Abandona-se  a  Deos,  nelle  c(Mi6a: 
Sem  vacillar  prevê  o  doce  instante 

Em  que  o  Senhor  piedoso 
O  fará  triumphar  de  seus  contrários; 

E  certo  da  victoria, 
A  Deos  entrega  tudo,  fama  e  gloria. 


(7)  Parúiwneorefueeperarein 
Domino,  cotfirmatumeetcorejuã: 
Honeommooebitur,  donee  despiciui 
inimieat  $uo$. 


Vencendo,  a  gratidão  Ih'  inflamma  o  peito;     (8)  Diversa, deditpavperiòut, 


Tomo  VI. 


25 


366 

juttiiiatjuMmãHetiniaxuiumsêC'  Os  mesmos  doiD,  quo  Deos  ibe  fetf  reporte 

ruli:  cwnmejtittxêtlinbitur  inalo*    ^  ... 

Generoso»  com  quem  delles  carece: 


na. 


Apercebe  a  riqaesa 
Para  acudir  áqueiles  a  quem  Talta; 

E  cofiTerte  a  vaidade 
Em  rasgos  de  sublime  eharidade. 

(9)  PeeaUor  videbií,  et  irãtce-  G)ino9  aoesar  dos  máos,  lhe  cresce  a  gloria! 

tur,  deníibut  tuia  f remei,  et  ta- 

beteet,  deêiderinm  peeeãiorum  ye-    Como  aO  tompo  foturo  CSta  BC  alonga! 

^  ' '  Os  inpioa  se  enfurecem,  desesperam, 

Embaça-os  a  trisleta ; 

Range  de  rai?a  os  dentes  o  invejoso: 
Mas  votos  e  furores 

PerecÍTcis  serSo  das  peccadores. 


PSALMO  CXII. 


Allduia  (•)• 


L 


(1)  Laudate  ftteri  Daminnm,  UBVANTAI  SUaveS  CaotOS, 
laudate  nomen  Domini,  »■  i_  t^         i  • 

Jlanccbos,  a  Deos  loovai ; 
O  seu  sanctissimo  nome 
Com  fervor  novo  invocai. 

(2)  Sit  nomen  Damni  henedie-  £ai  auaoto  dura  este  globOf 

ium,  ex  hêc  nvne  et  utque  mta,  ^ 

euium.  E  existem  as  creaUiraa, 

Gelefarea  de  Deoa  a  gloria 
EsU  e  as  idades  futuras. 

(•)  É  tradicçSo  constante  entre  ot  Rabinos  qne  este  psaimo  e  os  cinco  soliseqvcnttf 
eram  cantados  depois  de  te  comer  o  cordeiro  paschonl ;  e  chamaTa-se  por  ímo  o  çmát 
alleluia.  Os  Padres  adaptam  o  uUímo  Tersicolo  aos  gentios,  que  por  tanto  tempo  esterni  e 
derelictos,  formaram  depois  a  Igreja  ChrisUI,  mie  fecunda  dos  homens  n  Deos  ckares  e  ieif- 


387 

Onde  aromáticas  plantas 
Vé  primeiro  o  Sol  nascendo, 
Até  onde  o  Sol  se  apaga. 
Esta  gloria  vá  crescendo. 

Assim  como  os  povos  rege, 
E  domina  o  noaso  Deo$, 
Sobre  os  Anjos,  sobre  os  astros 
Assim  impera  nos  Cèes. 

Qual  Bei  magnifico  ostenta 
Palácio  lio  mageatoao? 
Ott  qual  de  tAo  alto  assento 
Todo  avista  carinhoso? 


(3)  ^  Solis  ortu  utque  ad  mcv. 
tum  lanâabile  nomfn  Domini. 


(4)  ExcilsuM  xuper  omtiei  gen' 
ifs  Dúminut,  et  tuj^r  caslos  glo- 
ria pjus. 


(5)  Qtiii  ticut  DominuM  Deus 
ncâter,  gtH  in  aUit  habitai,  et  A»- 
miiia  retpidt  in  ceehj  et  in  terra  t 


Se  na  terra  despreiado 
Observa  o  pobre,  <qi^mido, 
Presta-lhe  piedoso  auxilio. 
Da  innoceocia  condoído. 


(6)  Suteitpít  à  terra  in/opem , 
et  de  stercore  erigem  pauperem  ; 


Que  vezes  entre  os  humildes 
'Foi  buscar  uma  alma  nobre! 
E  junto  aos  Reis  poderosos 
Goiloeou.  beniffno.  o  mhr»! 


(7)  Ut  coUocet  eum  eum  Prin* 
eipiòut,  eum  Prineipibuê  poptdi 


«tft. 


Jamais  deaampara  aqiieHes 
Que  fervoroaos  o  imphiram; 
Recolhe  as  lagrimas  temas 
Dos  afliietos  quando  choram. 

Da  estéril  que  aSlicta  geme 
Applaca  a  dor  e  agonias; 
Mde  de  numerosos  filhos, 
Cerca*lhe  de  paz  seus  dias. 

Tomo  VI. 


(8)  Qttj  habitare  fatit  tteraem 
in  domo  matrem  filiorum  twtan» 
tetn» 


83 


388 


PSALMO  CXIII. 


Alleluía. 


(l)  In  exitu  Israel  de  JBgypte^ 
damus  Jacob  de  pop^o  bárbaro : 


(£)  Faeta  est  Judaa  sanetifiem' 
tio  ejut,  lorael  potestao  ejut. 


yuANDOy  sacudindo  os  ferros, 
Israel  sahio  do  Egypto, 
Livre  de  um  bárbaro  jugo 
Que  o  Ceo  já  tinha  proscripto; 

Deos,  á  Judéa  propicio, 
Sanctificou  o  seu  poYo; 
Com  elle  quiz  se  fundasse 
Sacerdócio  e  império  novo. 


(3)  Maré  vidU,  efygit,  Jorda- 
fitf  eonoerntt  est  retrorsum. 


(4)  Montes  exultavertini^  sicui 
aríetes,  et  ealles^  sieut  agni  ovium. 


O  mar  que  vê  tal  prodígio 
Contrai  as  ondas  em  monte, 
E  o  Jordto,  que  retrocede, 
Se  acolhe  á  materna  fonte: 

De  alegria  tremulavam 
As  montanhas,  os  outeiros, 
Quaes  saltando  pelos  valles 
Brincam  nelles  os  cordeiros. 


(5)  Quid  est  tibimare,  quod/u* 
gi$tif  et  tu  Jordamsy  quia  eon- 
versvs  es  retrorsumt 


(6)  Montes,  exvltastis,  sicut  ano- 
tes, et  eolUs,  sieut  apni  ovium. 


Pergunto  ao  mar:  Porque  foges? 
Tu,  JordSo,  porque  revoltas 
Ás  cristalinas  torrentes 
Âs  cadèas  lhes  oSo  soltas? 

Que  jubilo  é  esse,  ó  montes. 
Ou  que  poder  vos  assusta, 
Commovendo  em  dança  mística 
A  vossa  base  robusta? 


(7  )  ^  faeie  Domini  mota  est  ter- 
ra, à  fade  Dei  Jacob, 


Tacita  voz  no  roeu  peito 
Me  dirige  a  interna  falia: 


389 

De  Dco8  ante  a  face  augusta 
A  terra  ioteira  se  abaia. 
Reciproca  acç8o  dos  ^eutes, 
Que  rege  iropulsdo  celeste, 
Os  mais  insensíveis  corpos 
D 'ignotas  forças  reveste. 

Para  alliviar  os  homens 
Na  mais  penosa  seccura, 
Deos  fez  estalar  a  penha, 
Da  qual  surdio  agua  pura. 

No  deserto  mais  estéril, 
Onde  o  povo  desfallece, 
Reproduz  Deos  quanto  falta ; 
Manda,  e  tudo  lhe  obedece. 

Ah  meu  Deos!  Não  merecemos 
Tanto  bem;  mas  continua: 
Prova  a  tua  omnipotência, 
Accrescenta*  a  gloria  tua : 

Dos  Ímpios  abate  o  orgulho, 
Pois  que  perguntam  sem  tino: 
«Onde  mora  o  vosso  Deos? 
Qual  é  este  Sér  Divino?» 

Mora  nos  Ceos,  e  domina 
Todo  este  globo  terreno: 
Quanto  existe  é  obra  sua, 
Tudo  creou  de  um  aceno. 

Esses  numerosos  numes, 
Que  adora  gente  insensata, 
SSo  obras  de  mão  terrena. 
Fabricadas  de  ouro  ou  prata. 


(8)  Qui  eonvertít  peiram  in  ttã' 
gnm  ofuarum,  et  rvpem  infoniet 
úquÊTum, 


(9)  N9n  HOòis,  Domine,  non  no- 
bis,  teé  nomini  tw  da  gloriam. 


(10)  Super  miMericordia  tua,  et 
veritaU  tua,  ne  quando  dieant  gen- 
tes, uòi  est  Deu»  eorum  f 


(11)  Deusautemnosterinemio, 
omnia,  pmeunque  voluit,  ferít. 


(12)  Simulaehra  gentium  argen- 
í«w,  et  aurum,  opera  manutunho' 
minttm. 


390 


(13)  0$  habentj  et  non  loquen- 
tur,  oeulú»  habent^  et  non  vide^ 
bunt. 

(14)  Auret  habent,  et  non  au- 
dient,  nareo  habent^  et  non  odO' 
rabunt. 

(15)  Manut  habent^  et  non  pai» 
pabunt,  pedes  /utbent^  et  non  am- 
bulabunt,  non  clamabunt  in  gut- 
ture  auo. 


Teem  bocca»  e  falta-^lbe  a  falia ; 
NSo  ouvem,  mas  Icem  ouvidos ; 
Olbos  toem,  faita^lbe  a  vista, 
Nullos  ato  oa  seva  aeutidoa : 

Âs  aios  que  teem  olo  lhos  servem, 
Que  aio  privadas  de  tacto; 
Nem  lhes  suavisam  aromas 
Seus  nuUoa  órgãos  do  olfacto. 


(16)  Similea  HUsJiant,  quifa- 
eiunt  M,  et  omnes,  qui  eonfidunt 
in  eit. 


Tendo  pés,  andar  nio  podem; 
Nem  da  fiogida  garganta 
Desse  artebcto  inseosivel 
O  menor  som  se  levanta. 

Os  que  em  taes  Deoses  oooãam. 
Mais  estatuas  q«e  escolptores, 
Aos  brutos,  que  ao  menos  seotem, 
Ficam  ainda  infríiares. 


(17)  Domua  Israel  speravit  in 
Domino ,  adjutor  eorum,  et  pro- 
teetor  eorum  est. 


(18)  Domus  Aaron  spertnit  in 
Domino^  adjutor  eorttm,  etprotee' 
tor  eorum  est» 


Israel  em  Deos  espera, 
Que  tudo  vô  e 
Que  nos  mais  asperea  tnoaes 
O  seu  povo  fartaiece. 

A  casa  de  Arèo  somente 
No  Senhor  se  coníkva. 
Que  para  enviar-lhe  auxilies 
Os  distantes  Ceos  rasgava. 


(19)  Qtu  timent  Dominum^  spe- 
rawerunt  in  Domino^  adjutor  eo- 
rum^  et  protector  eorum  est. 


Todos  aqueUes  que  o  temem, 
E  com  temo  amor  o  invocam, 
Nas  mais  doces  esperanças 
Os  temores  se  lhes  trocam. 

Na  maií  árdua  emproai  acode. 
Nas  trtbulaçdes  confiorta; 


391 

E  os  Défl  que  a  virtude  ohfltruem 
Com  vigorott  mio  corta. 

De  0Ó8  o  Saofer  ae  lembra» 
Açaima  o  que  nos  magoa ; 
Estende  a  mdo  bemfeHora, 
Nosfoa  votoa  abeoçoa: 

Baí]»  eotto  com  piuguca  beoffios 
Sobre  brael»  sobre  Ario, 
Sobre  pequenos  e  grandes» 
Maaífeala  profecia 

Ab  meu  Deos!  aampre  constante 
Brilhe  um  favor  tio  preclaro; 
Sobre  AÓ8  e  nossos  filbos 
Resplandeça  o  teu  amparo. 

Tua  mio  beneãceote, 
Factora  da  terra  e  ceos» 
Prodigamente  derrame 
Teus  dons  sobre  os  povos  teus. 

Lá  sobre  o  celeste  Empyreo 
Fundaste  o  teu  reino  eterno» 
E  aos  frágeis  mortaes  da  terra 
Confiastes  o  governo: 

Faze  que  o  que  rege  os  povos 
Teus  mandamentos  estude; 
Orna  seu  egr<f  io  cargo 
De  pai,  justiça»  e  saúde. 

Conserva-nos  pois  a  vida; 
E  apenas  o  Sol  raiar» 
Teu  louvor»  teus  beneGcios 
Comecemos  a  cantar. 


(tO)  Dominut  memor  fuít  no*- 
trif  et  kenedixii  noòit. 

Bemeduniaomui  Israel^  òenedi- 
xit  domui  Jar^n. 


(SI)  Benedixii  rnnmbtu,  qui  íi- 
tneni  Deminum^  pufHiit  eum  ma- 
Joriòut. 


(8£)  Aâjiciãí  Domimu  avper 
vot,  tuper  voi,  et  super  filiot  vet- 
troe. 


(83)  Beneãieti  vos  à  Dominoy 
fuiftcil  emlum,  et  terrmm. 


(S4)  Ctelum  atli  Domino ,  ier~ 
mm  mutem  dedit  JiUis  hominum. 


(S5)  iVbn  ntorlui  lauããbunt  te, 
t)omine,  nepte  oníncSy  qiti  dis- 
tindunt  in  ir\fernum. 


392 

Só  te  caDta  quem  respira: 
Ah!  se  a  ?ida  nos  faliece, 
Calam-se  os  bymDos  sagrados. 
Tudo  na  morte  emmudeee. 


(86)  Seã  nos,  qui  vivimut,  be^ 
nedirímus  Domino,  ex  hoc  fiNiic, 
et  usque  in  oígculvnè. 


Nós,  que  ainda  a  vital  aura 
Nos  sustenta,  comecemos 
A  cantar  de  Deos  a  gloria. 
Continuamente  o  louvemos: 

« 

Este  fervcHxwo  empenho 
Vá  durando,  desde  agora 
Te  que  o  derradeiro  raio 
Brilhe  da  ultima  aurora. 


PSALMO  CXIV. 


AUeluia  (•). 


(O  Dilext\   quêniãm  exaudiet 
Vominuê  vocem  oroAiomo  num. 


yuANTO  amor,  Deos,  m 'inspiraste! 
Quando  em  meus  penosos  dias 
Te  invoquei,  e  fiquei  certo 
Que  as  minhas  preces  ouvias ! 


(S)  QuioL  ineUnaoit  aurem  summ 
msAt,  et  in  diehut  meio  invooabo. 


Em  quanto  me  dura  a  vida, 
Conhecendo  que  me  escutas, 
RepetirSo  meus  clamores 
Valles,  montanhas,  e  grutas. 


(•)    Como  bem  adverte  Muif,  foi  este  pnlmo  escriplo  por  David  do  tempo  tm  qae, 
iereiíada  a  lempeitadei  obteve  a  pacifica  pone  do  reÍDo> 


393 


Dores  mortaes  me  cercaram: 
Sempre  em  sustos,  sempre  ilerta, 
O  tumalo  me  esperava, 
Ddie  a  porta  via  aberta. 


(3)  Cireíimdedertmi  me  dalâreã 
mortít^  et  pericula  iitfemi  invt» 
ueruni  me. 


Quando  assim  atribulado 
Perdia  o  valor  e  o  tíoo, 
Em  altas  voies  bradava 
Pek)  teu  nome  divino. 


(4)  TriMãtimmn^  eí  dêUren 
imettt^  et  fiMMm  D^mim  uuoemvi. 


«Liberta,  Senhor,  minha  alma! 
(Exclamei)  Tu,  que  és  piedoso. 
Que  és  justo,  has  de  tu  salvar-me 
Deste  estado  tão  penoso. 


(5)  o  Dêmmii  UèerQ  ammãm 
meam:  mtseHttr*  DêmiMu$^  et 
juetue,  et  Deue  noetermieerelur» 


«Tu,  que  os  miseros  defendes, 
Has  de,  Senhor  I  acudir-me; 
Pois  que  humilhado  t'invoco. 
Vem  compassivo  remir*me. » 


(6)  Cuêtêdieiu  pãrvmlM  Dmni- 
nu»:  kwmUaíu»  «um,  et  libera' 
vit  me. 


Toma,  minha  alma,  ao  socego, 
Descança,  meu  coração: 
O  teu  Deos  beneficente 
Te  prepara  a  redempçSo. 


(7)  G»»verlfrf,  «iiiiim  him,  in 
refuiem  liMWt,  pUm  Dominvi  òe^ 
nffeeit  íiki. 


Deos!  Preserv8ste-me  a  vida, 
As  lagrimas  me  enxugaste, 
E  meus  pés  de  precipicíos 
E  de  ciladas  livraste. 


(n)  Qtàa  erifuit  mnimam  memn 
de  morte,  oeules  meoi  à  laerjfmtê, 
pedet  meos  à  lofiu. 


Lá  onde  cessam  temores, 
Entre  justos  e  innocentes, 
Irei  gozar  bens  sem  termo. 
Lá  na  terra  dos  viventes. 


(9)  PUxthê  Domiw  in  regiene 
viv9rum. 


394 


PSALMO  CXV. 


Alleluia. 


(1)  creêídh  r^^pier  pioà  Uew  flcEBDiTBi,  fiei-me  em  ti«  meo  Deo8 ! 
iM  nmi:  «9»  ProYaram  minha  fó  minhas  pabrias: 


niffi  «iiiM. 


Por  isso  a  TOi  levanto» 
Entoo  teus  louvores,  de  ti  canto. 

(«)  Bgá  éM  f»  egetêiu  mec :  Nas  tuas  porfeiçOes  absorlo,  disse. 

Com  pejo  da  fraqueia  dos  humanos: 

«Só  em  Deos  ha  verdade. 
Só  posso  descansar  na  sua  piedade.» 

(S)  Quid  reiribnam  Vêminôfro    MsS  COmo  rotriboo  O  qoe  Uie  deVO? 

pmnlbfift  qym  retribua  tnihif  ^  i.     j       » 

Como  encaro  cobarde  c  os  pesares 

GoB  que  me  purifica 
Quando  de  amor  penhores  multiplica? 

(4)  Calieem  9aln»ari9  Míipimn,    AuimO  poís!   O  Calil  Saudavd, 

E  seu  nome  invocando. 
Irei  das  amarguras  triumphaodo. 

« 

(5)  rtta  mta  IkmiM  redJam    Oí  01608  V0to6  601  ÉíCe  801  pOfVOS  todOB 

tmruin  êjui,  Dog  jugtos,  da  ioBOcepcia 

Alto  preço  ante  Deos  tem  a  existência. 

(6)  a  Domine,  ^im  f^  êermiã  Sou  teu  servo,  SonhoT !  teos  servos  forsm 

tuut:  ego  gervus  inus,  ei  fiUuo     .         ..        «  .  .  • 

aneiíiw  tua.  Aquclles  de  quem  venho  e  o  sèr  me  deram: 

Em  doce  captivêiro, 
Serei  das  tuas  graças  pregoeiro. 


395 

• 

Quando  as  mortaes  cadéas  me  quebrares. 
Irei  sacrificar  hóstia  mais  pura, 
De  perpétuos  louvores, 
Oode  tudo  é  delicia  e  cessam  dores. 


(7)  Dimpisti  vincula  mea:  tiki 
túeri/kabo  hõêUam  Imtdis^  et  no* 
men  Dcmini  invocaòo. 


Teu  Dome  sacro-saocto  repetiodo. 
Teu  auxilio  alcançando,  Deos  supremo. 

Serei,  de  amor  guiado. 
Na  Jerusalém  sancta  collocado. 


(8)  Fúta  meã  Dêmino  redámn 
in  emiMpeetu  onmis  pvyuli  eju$t  in 
aíriii  domuÊ  IhtiwU,  in  médio  ini 
JenuaUm, 


Os  meus  votos,  em  face  aos  Geos,  aos  Anjos, 
Cumprirei  com  prazer  eternamente: 

Entretanto,  no  templo. 
Darei,  cantando,  ao  povo  egrégio  exemplo. 


PSALMO  cxvi. 


yuANTOS  desde  o  Trio  Norte 
Té  ao  polo  Austral  habitam ; 
Quantos  sobre  o  globo  faliam, 
Bespiram,  sentem,  cogitam, 
Todos  em  doce  harmonia 
Louvem  a  Deo9  noite  e 


AUeloia. 


( 1 )  Laudate  Dtfmiuvs  omnei  gen- 
frf ,  laudnte  etiin,  omne*  pêfuU. 


Pois  que  sobre  nós  confirma 
Quanto  piedoso  promette, 
E  que  os  mais  raros  prodigios 
A  nosso  favor  repete: 
Delle  a  immutavel  verdade 
Vence  a  longa  eternidade. 


(S)  Quoniam  eonfirmãto  est  ««- 
per  noe  mitcHeordia  ejuã,  et  ve» 
riins  Domini  mtmei  in  aUmnm. 


396 


PSALMO  CXVII. 


DRAMA.  (•) 


rxíXÂM 


DAVID, 

O  SACERDOTE, 

UM  LEVITA. 


GORO  DOS  COMPANHEIROS  DE  DAVID, 
CORO  DE  LEVITAS. 


A  teena  é  á  porta  do  tenyilo. 


Alelnia. 

(1)  CSM/S(cini'it(  Domi»0,  guo- 
mam  benut,  piotiiam  ín  titenlum 
miterietrdia  rju$. 


GOBO  DOS  COBIPARBEmOS  DB  DáTID. 


L 


louYAi  a  Deos  fervorosos» 
Povos  de  agora  e  vindouros; 
As  graças  de  seus  thesouros 
Para  sempre  celebrai 


Um  do  Goro. 


(2)  Dicat  nunc  Israel,  qtvmiam 
bonusj  quúniam  in  saculum  mise- 
ricórdia ejus. 


Vós,  gratos  Israelitas, 
Proclamai  sua  bondade; 
No  tempo,  na  eternidade 
Perpetuas  graças  lhe  dai. 


(•)  MaU«i  é  d*opiniÍo  que  eite  psalmo  foi  composto  para  se  cantar  em  alfODâ  du 
eslaçSei  da  Fesía  das  tendas,  ou  dos  taàernaeuios,  que  fora  iosUtoida  em  memoria  de  lu- 
verem  os  Hebreos  estanciado  debaixo  das  tendas  no  deserto,  e  quando  sahiram  da  esera? idio 
do  Egyplo,  a  qual  festa  se  celebrada  a  15  do  Tizri,  que  correspondia  ao  mes  de  Seltembro, 
por  oito  dias  successivos,  durante  os  quaes  estava  o  povo  alegremente  debaixo  daqueltei  p«* 
villides,  cantando  bymnos,  e  louvando  e  bemdizendo  o  Senhor. 


397 


Outro  do  Coro. 


A  casa  de  ArSo  declare 
Quaotos  bens  deve  ao  Senhor; 
Quanto  do  seu  temo  amor 
Podem  fieis  esperar. 


(3)  Dicat  tuine  domut  Jaran, 
qnmuam  in  taeulum  miierieoriia 


Toix)  o  Coro. 


Todos  08  que  a  Deos  respeitam» 
Todos  que  o  temem  e  adoram 
Fiquem  certos,  quando  o  imploram» 
Que  soccorro  lhe  ha  de  dar. 


(4)  Dimntmme,fmíimentlh' 
minaim,  pêanimm  m  §meulum  mi- 
sericórdia ejus. 


DAVID. 


Entre  amarguras  mil  e  anciãs  de  morte» 

Perante  o  throoo  excelso 
Do  meu  Deos  enviei  triste  um  gemido, 

Que  o  Senhor  mavioso 
Acolheo  com  piedade;  e  confortoo-me» 
Acodio-me  o  meu  Deos.  E  que  receio 
Do  que  possa  causâr-me  um  homem  frágil» 

Se  a  meu  favor  se  explica 
Um  Sér  supremo?  e  se  me  fortifica? 

Inútil  é  fiar-me 
De  humanos,  quando  um  Deos  pôde  amparar-me. 
Que  tem  que  ver  dos  Príncipes  a  força» 
Comparada  co'  a  summa  Omnipotência? 
Quanto  delia  esperar  deve  a  innocencia! 

Quanto  alcancei  outr  ora» 
Quando  tantos  potentes  me  cercavam» 
£  os  caminhos  do  allivio  me  fechavam ! 

Abandonado  e  pobre» 


(5)  De  tríbvkUione  itw&eavi  Do- 
fiwfitrm,  et  exmuKvit  me  in  lãtitu- 
Une  Dmmnui, 


(6)  DominvM  mi  At  odjutor^  ima 
timebo  quid  fadai  mihi  fumo, 

(7)  Domims  mihi  a4futor,  et 
ego  deMpitíam  inimieoê  meoe. 


(8)  Bonum  ett  eonJUere  in  Do- 
mino ^  qvam  confidere  in  homine, 

(9)  Bonum  ett  tperare  in  Do- 
mino^ quam  operare  in  Prineipi- 
but. 


(10)  Omnei  gente t  eireuierunt 
me,  et  in  nomine  Domini^  guta 
vltus  8um  in  eot. 


(11)  Cireumdantet  eireumdede- 


398 


runt  me,  et  in  namine  Domínio 
qvia  ultut  ium  in  eos. 


(12)  CircumdederwU  me,  tieiít 
apety  et  exarserunt.,  ticvt  igms 
in  tpinitt  et  in  nomime  Drnnini, 
guia  ultut  tum  in  eoã. 


(13)  IfnpmiêuM  eoertut  timi,  ut 
etiéerem,  HD9mHima  wuêeq^ime. 


(14)  Fartitudomea^etittutmea 
Damitttis,  et  faeíut  eêt  tnihi  in 
talutem. 


Perseguido  dos  homens  implacáveis. 

Sem  amparo,  sem  armas. 
Resisti  com  valor,  Deoa  invocando, 
E  fui  só  por  mim  mesmo  triutnpbaodo. 
Qual  enxame  de  abeUMs  irritado^ 
Me  assaltaram  cruéis;  oa  quti  ioeeodío 
Que  pega  em  matto  secco,  me  rodèa 
De  inimigos  feroies  tropel  danso: 
Invoco  a  Deos  affouto,  e  logo  os  yenço. 
Deos,  no  ponto  em  que  fortes  m'mipeUiam, 

Badofarau  minha  forca; 
Quando  já  <|naai  tinha  escorregado, 
Impedio  que  eu  eahisse  derrotado; 

Susteve-me  forçoso, 
Salvou-me,  libertoii*me :  esta  victoria 
A  Deos  pertence,  delle  seja  a  gloria. 


Vozes  hb  bbiitbo  bo  tniPLo. 


Gloria  a  DeosI 


DAVID. 


(15)  Vúx  exnlttOiÊmê,  et  saln- 
tis  in  tabemmulit  juêt&rum. 


Qoe  exclamaçSo  suave!... 
Vem  do  templo  estas  vozes  deleitosai: 
Meu  coraçSo  no  peito  pdpitaodo 
Me  está  este  transporte  oonfirmaado. 


Coro  m  Sacbrbotbs  nesitRO  do  tbulO' 


(16)  nextera  Dominifeeit  vir-  Gloris  a  Doos !  Viva  O  braQO  omnipotcote 

Ifftem,  dextera  Demini  exaltavft  -^  -v^  *    a     c-.  u-.- 

me:  dextera  Dõmini  feeit  virtn^  W  nOBSO  DeOS,  dO  MUDOr, 

^^^'  Que  de  tio  perversa  gente 

Assim  nos  fec  triumphar. 


399 


DAVID. 


Feliz  triampho!  sim,  que  t  Deoi  96  devo» 
Que  me  saWou  a  vida:  ioda  respiro 
Para  narrar  ao  povo  obras  tio  grandes. 

Os  petares  antigos 
Com  que  Deos  me  provou»  foram  severas: 

Mas  que  ligio  tio  utíl  I 
Apreudi  a  arrostar  rigida  sorte, 
A  soffirer,  sem  6car  presa  da  morte. 

Vós,  excelsos  Ministros 

Do  Senhor  adorável, 
Abri-me  as  portas  saoctas,  entrar  quero; 

A  Deos  agradecido, 
Quero  offertar-lhe  os  h jmnos  meus  cadentes : 
Seu  nome  todos  cantem,  abençoem, 
Delle  as  altas  abobadas  resoem. 


(t7)  Ab»  Nwrfar,  êed  vham,  et 
mrrúb9  êpera  Dumkii. 


(18)  CtuiigtmM  eoiíigwHí  me, 
IMmimUi  et  morti  fiM  tradidit 
me. 


(19)  Aperite  mihi  portas  Jtuti- 
fÚB,  ingreseuê  in  eae  eonfiteber 
Domino. 


(Abrem-se  as  parUu  do  Templo,  e  éfUram  os 
justos.) 

DAVID. 


(Hme  porta  Domini  juiti  in* 
troòuoJt  in  eam)  (•). 


Direi,  Senhor,  que  os  meus  votos 
Completamente  aoceitaste; 
Que  nos  dias  d 'amargura 
Piedade  me  nSo  negaste. 

To  és  quem  me  deste  a  vida, 
És  quem  vencer  me  ãieste; 
De  ti  somente  derivam 
Os  triomphos  que  me  deste. 


(80)  Cm^ebortíH^fuomame»' 
audieti  me^  el  /actue  ee  mtki  in 
eaiutem» 


(•)  Este  parentliMi,  que  alo  tem  coooexSo  com  o  pialno,  corrobora  a  opinião  de 
MaUei  que  deiíamoa  apontada,  isto  é^  que  efte  psalmo  é  uma  comporiçSo  dramática  para 
nranca. 

Jueti  chamaram  oi  Hebraos  em  primeiro  lugar  aof  Sacerdotes,  depois  áqnelles  que 
serviam  nas  fbneçSes  sagradas,  e  nltímameate  a  todos  os  habitantes  de  Jerusalém. 


400 

Sacbrdotr. 

{i\)  Lafidem  quem  reprabaee-    Que  profundoS  juizOS  determioaiD 

et^t  anguH.  Que  a  pedra,  por  aqaelles  que  ediGcam 

Regeitada,  depois  no  templo  sinra 
Como  pedra  angular  em  que  se  fundem 
As  roais  fortes  muralhas  do  edíficio! 
(«2)  A  Domine  factum  ett  it-  Vem,  ó  Principe  íllustre, 

tuHf  et  est  mirabile  in  eeulit  nes-    ^  ^  ,  .  ^         111 

trii.  Outrora  perseguido,  abandonado; 

Charo  objecto  de  grandes  maravilhas 
Que  Deos  obrou  perante  nossos  olhos: 

Um  tio  grande  prodígio 
De  prazer  eitasia  no^as  almas. 

Levita. 

(£3)  Ntee  e»t  itíet,  guam  feeit  Um  dia  mais  foliz,  mais  bella  aurora 

Uominvtf  exuUemMis,  et  latemttr  1^1^  1 

tu  ea,  N&o  maudou  Deos  dos  Ceos  para  aIegrar<-nos. 

Brilha  o  prazer  interno 
Dos  nossos  corações  no  nosso  rosto: 
Ouve  as  graças  que  a  Deos  damos  com  gosto. 

(<4)  o  Domine,  iohum  me  fie,  Viva  O  nOSSO  DoOS,  O  viva 

õ  Domine j  bene  nroeperore:  *e.  r\   t     *  jx   1  • 

nedidue,  fui  vemt  in  nomine  Do^  O  JUStO  qUO  nOS  da  lOlS ; 


mtm. 


Para  nosso  bem  prospere 
Um  tHò  bom  Rei  entre  os  Reis. 
Deos,  que  esta  prenda  nos  deste» 
E  por  ti  foi  restaurada! 
Desçam  sobre  ella  mil  bençSos 
L&  da  celeste  morada. 

Sacerdote. 


(S5)  Benetliximus  vobis  de  do-    NóS  VOS  abcOÇOamOS,  gratOS  filhoS, 
mo  Domini:  Deut  Dominus,  et  .      1     n     t        <•      «i- 

uiuxit  nobis.  Que  SOIS  do  Senhor  família : 


401 


Deos,  que  nos  allumia,  nos  segara 
Que  acceitou  vossas  preces. 
Distingui  este  dia  t8o  solemne. 
Fabricando  de  ramos  condensados 
Abrigo,  a  cuja  sombra  alegremente» 

Com  jogos  e  festejos, 
Todo  o  vosso  prazer  se  manifeste. 
De  frescos  ramos  e  palmas 
Á  sombra  amena  cantando, 

* 

Este  tao  prospero  dia 
Ide  alegres  celebrando. 


(£6)  Constituiie  diem  »0lemmem 
t»  condenstMi  utque  mi  camu  «/- 


DAVID. 


Divina  inspiração  move  o  ipeu  estro, 
Senhor,  enches-me  d'alma  as  faculdades! 
Heu  Deos,  quero  cantar-*te: 
Mas,  teus  dons  contemplando, 
Grato  meu  coracSo  só  sabe  amar-te.  . 
Cantemos  juntos,  cantemos, 
Já  que,  ó  Senhor,  m'escutaste 
Meus  suspiros,  e  piedoso 
De  acerbo  mal  me  salvaste. 


(£7)  Devi  meus  ei  <«,  et  r0n/i- 
tebor  tibi^  Deiti  meuê  et  1»,  ei 
exãltabo  te. 


(£8)  Cat^eb9rtibi,çuomÊmeX' 
m9idi$ti  me,  et  fiutus  ei  mihi  in 
tõiutem. 


Coro. 


Todos  06  que  a  Deos  respeitam. 
Todos  que  o  temem  e  adoram 
Fiquem  certos,  quando  o  imploram. 
Que  soccorro  lhe  ha  de  dar. 


(£9)  CênJUemini  Dpminê^  pio- 
nimn  tem»,  quowUun  in  êmculnm 
miierieordia  ejw. 


Tomo  YL 


£6 


402 


PSALMO  CXVIII. 


Alleluia.  (*) 


Albph.  I^. 


0. 


(1)  Beatiimmacuhti invta, qui  yuAO  (litosos  aquelles  quo  Sem  culpas 

amòularU  in  Uge  Domini.  i  •    i     «     i  ,  . ,    . 

VSo  na  lei  do  Senhor  passando  a  vida! 
(«)  Beati  çui  geruÈantur  iesH-   Felizes,  so  investigam  seus  preceitos ! 

morna  ejitt^  m  totó  eorde  exqtri'  ^  ^ 

runt  eum.  Se  nos  candidos  peitos 

Indagam  quonto  Deos  Ibes  communica, 
Com  que  auxilies  a  lei  sancta  Ih'  explica. 


(3)  Nonemmpiiêpertmturim-   Nosta  Vereda  Sempre  cammhaodo, 

quitatem,  in  viit  ejui  nmbvlave*    __  ,  ,  _  _. 

runt.  Nunca  podem  manchar-se  com  dehctos: 

(4)  Tu  maHdásU  mmdata  tuã  Mandaste,  ó  Deos,  e  seguem  noite  e  dia 

eustêdiri  nimii.  .    , 

A  luz  que  sempre  os  guia: 
Fiam-se  em  ti,  e  vencem  o  caminho 
Que  da  ventura  eterna  está  visioho. 

(5)  Uliftam  âirigantur  Tias  mea    BaSta  qUO  n20  Vaciilom,   qUO  te  slgaiD, 

tvi    f.uatotfiendtts    justificoUonet    ^  -  _.  ,      . 

tuas.  Que  te  agradem»  meu  Deos,  os  seus  desejos; 

Que  observem  cuidadosos  teus  vestigios, 
(  Para  evitar  prestigios; 

E  com  actos  por  ti  justificados 
Fazer  seus  dias  bemaventurados. 


(•)  Erto  psiUmo  é  acróstico,  maf  de  um  modo  mais  estricto  que  todoí  os  oolros  eonf- 
truidos  com  semelhante  artificio.  A  lettra  inicial  do  primeiro  Tersiculo  dos  psalmoa  acrostkot 
é  àleph,  a  do  segundo  beth^  ete. ;  mas  neste  todos  os  Tersiculos  da  1.*  oitara  começas  por 
alephf  todos  os  da  2.*  por  beihi  e  assim  successtFamente.  Alguns  Padres  antigos  creen  qoe 
fôra  composto  por  David  para  seu  filho  SalomSo,  a  fim  de  que  o  recitasse  e  se  inflanasffe 
de  amor  pelo  estudo  da  lei  dirina,  de  que  todo  este  psalmo  é  um  continuado  elogio. 


403 


Firma,  à  Deos  I  em  minha  alma  teus  dictames : 
Fortalecido  assim  com  taes  iofluxos» 
O  coraçlo  isento  de  tristeza» 

Formarei  com  presteza 
Hjmnos  sublimes,  caóticos  discretos; 
Ensinarei  aos  pofos  teus  decretos» 


(6)  Tune  non  etnf andar  ^  eum 
pertpexerú  tu  omnibus  mandaíig 
tuit. 

(7)  CanJUebar  tiòi  tu  direetione 
iordi*t  <A  '0*  pt^  didiei  Judicia 
fuémia  lum. 


Teus  profundos  juizos  adorando, 
Submisso  cumprirei  as  leis  divioas» 
Certo  que  affavel  nosso  amor  acceítas; 

E  que  jamais  rejeitas 
De  teus  filhos  fieis  os  votos  puros; 
Que  contra  o  desamparo  estilo  seguros. 


(8)  Juttijieatianes  íuas  eutto^ 
diam^  non  me  derelinqvai  utfve* 
qnaque. 


II« 


Bbth. 


Quem  ha  de  refrear  um  moço  altivo 
Que  em  precipicios  corre  e  se  despenha? 
Só  tua  lei,  meu  Deos!  é  que  o  reprime. 

Que  o  desvia  do  crime. 
N9o  deixes  que  de  ti  jédmís  ròe  affiíste, 
Nem  <|ue  em  loucas  paixões  a  vida  gaste* 


(d)  Ia  quo  earrigitadnleteentior 
viam  suamt  ia  euatadiendo  ter* 


(10)  In  teto  cor  de  meo  exqui- 
civi  tCy  ne  repelias  me  à  manda^ 
tis  tiU*. 


Fixa  em  meu  coração  tua  doutrina. 
Esta  estudo,  esta  guardo  no  meu  peito; 
Para  nunca  offender-te  nem  perder-me 

Has  de  fortaiecer«me : 
Ensina-me  recônditas  verdades 
Para  illustrar-roe  d  alma  as  faculdades. 


(11)  Ia  eorde  meo  aòoeoadi  elo- 
quia  tuot  ut  non  peeeem  tibi. 


(12)  BenedictuM  e$.   Domino  ^ 
doce  me  Ju$tiJieatione$  tuas. 


Da  tua  bocca  oráculos  profundos 
Repetirão  meus  lábios  docemente: 
Da  tua  lei  o  código  sagrado 
Medito  deleitado; 

Tomo  TI. 


(13)  Jfi  tabiis  meio  prommtioni 
omnia  judicia  on'$  tui. 

(14)  In  via  testimoniorum  iiuh^ 
rum  delectaius  eum,  tiaU  in  «mw- 
éfa  divitUo» 

86  • 


404 

Mioba  alma  encontra  oeile  mais  riqoeta 
Que  em  quantas  minas  cria  a  Natureza. 

(15)  Th  mawiãtu  init  exerte-  Medito  com  delicia  OS  teus  proceitos, 

bor.  et  considtrabo  ria»  tuas,  n         •  •  ^  i 

Recreio-me  em  cumprir  quanto  me  ordenas; 

(16)  ínjustifirationibuttuitme-   Só  na  justiça  ponho  O  pousameoto: 

ditabor,  non  obliviscar  sermones 

tuas.  Jamais  O  esquecimento 

Ha  de  apagar  em  mim  o  ardor  sincero 
Com  qae  me  applico  a  oavir-te,  e  amar-le  qacro* 

Ohimel.  VIV* 


(17)  Retribue  servo  tuoy  «toí-   Rctríbue,  mou  Doos,  O  qoo  mereco 

Jiea  me ,  et  custodiam  sermúties  .  . 

iuot.  O  teu  senro  ueU  e  dá-me  vida ; 

Faze  que  observe  quanto  prescreveres: 

(18)  Revelaoctitosmees,  et  €on'  ExorCO  teUS  podêrOS; 

siderabo  mitabilia  de  lege  tua,         m*  «  ti 

Tira  O  véo  a  meus  olbos,  e  verei 
Maravilhas  que  encerra  a  tua  lei. 

(19)  íncola  egn  sum  in  terra,   Infoliz  peregrino  SOU  08  terra; 

non  abtcondas  a  me  mandata  tua.     «,  .  t  i       ^  a 

£  por  ISSO  m  escondes  teus  arcanos? 
Ah!  declara-me  bem  teus  mandamentos: 

Sao  magoas,  são  tormentos 
Aspirar  sem  chegar  a  tanta  altura» 
Cheio  d 'anciãs  de  amor,  e  de  ternura. 

(20)  Concfipirit  anima  mea  de-  Hiuha  alma  suspirott  em  todo  O  tompo 

siderare  justfficationes  tuas   m     n  i     a        •     «.•  a 

omni  tempore.  P^la  tua  justiça,  amou-to  sompre. 

(«o  increpasii  superbas:  ma-    Aos  suborbos,  Sonhor,  sompre  aijguíste; 

ledicti,  qui  deciinant  à  mmdaUs  ^  ,  i.  .  .  . 

i„,-f.     *    /  Com  maldições  puniste 

Quem  de  teus  mandamentos  se  apartava, 
Quem,  no  lugar  de  amar-te,  a  si  se  amiva. 

(22)  Aufer  à  me  opprobnum,  €i    Fiel  SÓ  tUBS  lois  adorO  C  SlgO... 


405 


Põe  de  mim  longe  opprobrios  e  desprezos, 
Pois  me  Dão  eofileço  com  maldades; 

Investigo  as  verdades 
Qoe  as  palavras  divinas  nos  ensinam, 
£  os  mais  altos  mysterios  descortinam. 


eontemptumy  guia  tctlimeniã  tuã 
exquiiivi. 


Contra  mim  poderosos  se  insurgiram,  (O)  Etenim  tedcmnt principet, 

•       f  II  j       •   j   j  ^^  aévenuni  me  loquebatUur :  ter- 

£  contra  mim  fa liaram  despiedados:  wMéÊutemÈuusexereeèaturinjuê' 

Mas  qae  importa?  O  teu  servo  supportando, 

Ia  a  lei  meditando: 
Manso,  na  rectidão  se  exercitava, 
£  com  tua  justiça  se  alentava. 

O  mundo  n8o  m  engana ;  só  contemplo,  («*)  ^^"m  et  tetthnonia  tua  me- 

dUatiomeaest,  eieoftsitiummtum 

Meu  Deos  I  o  que  disseste,  e  quanto  és  justo :  justijieotianes  tute. 
Os  juízos  dos  homens  depravados 

SSo  pérfidos,  errados. 
As  tuas  perfeições  sAo  meu  espelho. 
Só  com  tuas  verdades  me  aconselho. 


IV. 


Dalkth. 


Abatida,  pegada  ao  pavimento, 

A  minha  alma  languesce  na  tristeza: 

Vivifica-me  como  prometteste. 

Meu  Deos!  tu  conheceste 
Quanto  fiz,  quantos  dei  passos  incertos; 
Guia-me  no  caminho  dos  acertos. 


(S5)  ^dhtetit  pavimenio  múma 
mea:  vivifica  me  tecvndutn  ver- 
bum  /affitn. 


(S6)  Fia*  meai  enMMtiavi^  et  ex- 
auditti  me  :  doce  me  juitifieatio' 
tiei  tuai. 


£nsina-me  a  vereda  dos  preceitos, 
G>ntemplarei  as  tuas  maravilhas: 
A  tediosa  vaidade  me  aborrece; 
A  minha  alma  adormece 
Co'  as  frívolas  razões  que  ella  m'intima: 
Confirma-me  o  que  dizes,  e  me  anima. 


(£7)  Fiam  juMÍiJUaliMum  tua- 
rum  itutrue  me,  et  exercebor  in 
mirabiliòUB  tui9. 


(S8)  Dormttavil  animameapwm 
tadio :  cunfirma  me  in  verbhtuis. 


406 

(29)  fiam  imqmtatis  mnooe  k  PSo  distante  de  mim  a  iniqaídade; 

vaey  et  ie  lege  ttiã  miserere  mei,    «       r  j  ^       i  -  i     -4>. 

'  ^  E  a  favor  dessa  lei  ijue  promulgaste 

Tem  piedade  de  mim,  que  a  sigo  e  exploro, 

(30)  Fiam  veriíatit  elegi,  judi-  Que  O  eSOOlho,  que  O  adOTO: 

cia  tua  non  sum  oblitut.  w         .      i      i  i  «• 

Da  estrada  do  que  ordeoaa  faço  apreço, 
De  teus  altos  juízos  nio  m  esqueço. 

(31)  Adhmn  te$timoniii  tniã ,  NBo  m'illudem  phautasmas  lisougeiros; 

Domine :  noH  me  amfundere*  «^^  c     i.  j  x  -    ê. 

Dá-me,  Senhor,  a  norma  do  que  é  justo: 

(32)  Viam  mandaterum  tvorun    Quando  O  qUO  msndaS  sigO,  VOU  COOtCUte; 
cttcurri*  cum  dilãtasii  cor  mtum,  __  .  ,     ^ 

Meu  aoimo  valente 
Prosegue  na  carreiro,  que  nio  mede, 
E  jamais  de  cançado  retrocede. 


Hb.  V. 

(33)  Legem pene  mihi,  Domine,   Para  que  posso  progredir  segoro 

riam  juttijicationvm  tuarum,  et    ^^       ,  _^  •       «n 

exquiram  eam  eemper.  Na  Via  Om  quO,  mOU  DOOS,  006  JUStlBCaS, 

Dá-me  uma  lei,  Senhor,  que  me  desvie 

D'erros,  e  me  allumie: 
Irei  sua  belieza  contemplando, 
E  os  tropeços  humanos  evitando. 

(34)  Da  miAt  irUeiiectum,  et   Tu  mosmo  iilustra  mou  entendimento: 

icrutaber  legem  tuam^  et  cutlo*     .     .  .  •   j     i  •       vi* 

diam  iUam  in  teto  eerde  mee.       Assim  penetrarei  da  lei  suolime 

Luminosas  verdades;  no  meu  peito. 

Com  portentoso  effeito. 
Insculpidos,  farfto  que  aooor  ardente 
Ao  que  ordenas  me  prenda  docemente. 


(35)  Deducmeineemitammãfh-   Dirige-me,  Sonhor!  vai-mo  fevaudo 

daterumtverumiptiaipiam  volvi,     »  i  m 

Por  onde  queres;  vou  com  attooteza: 
Não  me  custa  seguir-te,  nSo  m 'enfada 
Uma  escabrosa  estrada: 


407 

Mais  vale  um  teu  grilhão  que  a  liberdade; 
Na  tua  converti  miaba  voDtade. 


O  meu  aoimo  inclina  ao  que  m 'inspiram 
Tuas  immensas  graças,  teus  favores; 
As  seducções  da  pompa  e  da  avareza» 

Que  a  débil  natureza. 
Se  se  descuida,  fraquejando,  abraça. 
Dissipe  o  teu  poder,  e  amor  desfaça. 


(36)  Inclina  cor  metun  in  tesH- 
monia  ItM,  et  n9n  in  avatitiam. 


O  spectaculo  futil  da  vaidade 

Nio  quero  ver.  Senhor;  tapa-me  os  olhos: 

C*os  thesouros  da  tua  sapiência, 

Co'  as  graças  da  innocencia. 
Na  carreira  que  sigo  vivifica 
Meu  coração»  as  forças  lhe  duplica. 


(37)  Averíe  oeuU9  meõê^  nê  vi- 
demU  vm/titãtem^  in  via  hm  vim- 
fica  me. 


Arreiga  no  teii^  servo  o  que  ordenaste ; 
Se  vaciliar,  castiga-me:  mais  vaie 
Padecer  e  tremer  de  tal  castigo. 
Que  nas  mãos  do  inimigo 
Ceder  as  armas,  arrear  bandeira, 
Ou  naufragar  por  força  de  cegueira. 


(38)  Statue  tervo  tuo  eUquium 
tttum  tn  timore  tuo. 


Tremo,  Senhor!  O  mal  cruel  pre^-sinto: 
Impede  o  meu  opprobrío  e  desventura; 
Os  membros  gangrenados  fere,  corta: 

Que  eu  padeça  qu'im|>orta? 
Teus  remédios  sfto  úteis,  efficazes ; 
Resulta  o  bem  de  tudo  quanto  fiaaes. 


(3tt)  jámpuíã  Offrcbrium  meum , 
quúd  siupicatui  ftim,  quia  judicia 
tua  jucunda. 


Appeteço  somente  os  teus  preceitos, 
E  na  tua  equidade  é  que  respiro; 
Âlenta^^me  com  ella,  dá-me  vida. 


(40)  Ecce  coneufioi  mandata  fua^ 
tn  Ofuitãte  lua  vivifica  me. 


408 

Quando  já  combatida  » 
A  minha  alma  confusa  desfaliece. 
Com  teu  poder  a  ampara  e  fortalece. 

Vait.  VI. 


(41)  Et  vtniai  èuper  me  mite-   Ah!  fenha  sobre  mim  a  enchente  para 

rieordim  tua^  Domine^  Moiutare  •      •       «•  •    « 

íyum  iecundtim  êUfuium  iuum.     Da  tua  misencoroia»  Deoa  piedoao, 

Segundo  o  que  disseste:  em  quem  te  ama 
Tuas  bençflos  derrama. 
(4S)  j£t  reipondebo  exftroòrãn-  As  affrontas  O  magoas  desafio, 

tíAus  miki  verbum^  fuiã  iperavi    _.  •■•  o     «       •  o 

in  sermonihu  itits.  No  que  dizos,  Seubor !  so  me  confio. 


(43)  El  ne  avferaã  de  ore  meo  NSo  coHMntas  SO  apartem  de  mcus  labios 

verbutn    veritatii    ntquequaque , 

guiainjudiciittuisêvpersperavi.   As  vozes  da  Verdade,  SO  com  dias 

H'incumbes  d'inculcar  virtude  ás  gentes: 

SSo-me  sempre  presentes 
Teus  profundos  juizos  na  lembrança. 
Fortifico  com  elles  a  esperança. 


(44)  Et  custodiam  íegcm  tvrnn   Em  quauto  respirar  hei  de  adorá*los: 

eemper,  tu  taeulum,   et  in  swcu*    --,         -  . 

lum  iaeuU,  Tuas  Icis  seguirci  constantemente ; 

E  desta  alma  immortal  aos  pensamentos 

Eternos  documentos 
SerSo»  para  observar  essa  doutrina 
Com  que  nos  brinda  a  tua  mão  divina. 

(45)  Et  mHbuiabmn  in  intitudi'  Irei  poIo  univorso  affoutamente, 

ne :  guia  mandata  tua  exgmtivi.     ,-,,•. 

Tendo  estudado  sempre  teus  preceitos, 

(46)  Et  hquebar  de  teãtimoniis    Dizor  som  pcjo  aos  Rcis  quauto  m'ensina8: 

tuis  in  compeetu  Rrgum,  et  non 

co^fandebar  (•)•  luspirações  díunas 

(•)  Valha  por  commeoto  a  epíftola  de  Santo  Ambroiio  a  Theodono,  Iíf.  f .  cap.  17.  — 
peto  ut  palienter  sermonem  mcvm  audio» :  fiam  it  indignus  sum  fui  à  te  audiar^  inéigmu 
tum  qut  pro  te  offrnm,  cui  tua  vola,  cui  tuat  ammittas  preeeg.  Ipte  ergo  non  audiao  eim*. 


409 


Sustentam  o  valor  de  publicá-las» 
E  nunca  o  justo  teme  aonunciá-las. 


O  meu  deleite  foi  meditar  sempre 
Teus  mandamentos,  nelles  embeber-me; 
Inflammado  de  amor,  ir  pratticando 

O  que  andara  estudando: 
Pedir-te  lui,  segui-la  com  ternura^ 
E  ulo  querer  mais  bens  que  essa  ventura. 


(47)  Bi  mediitàãr  in  numdMÍÍ9 
fuit,  pim  dãexi. 


(48)  Bi  iêpãfi  wtmuiM  mMf  ãd 
mÊUíMm  liM,  pm  diUxi^  H  «cer> 
etèâr  in  juêtifittUimihuê  iui$» 


wn. 


Zkin, 


Recorda-tOt  Senhor,  dessas  palavras 
Que  ao  teu  servo  disseste,  radicando 
A  mais  doce  esperança  no  meu  peito! 

Um  coracSo  perfeito 
Com  ella  se  consola  e  fortalece, 
Adoça  os  males  todos  que  padece. 


(49)  MtmÊr  eêtê  verei  M  9er99 
liw,  íH  fiM  wUki  tpem  éeéisii. 


(50)  Hme  me  eenselaím  e»t  in 
himUiiale  mem,  qtiia  elequium 
iuum  vivijkmoit  me. 


Com  que  insultos  os  máos  me  acommelteram ! 
loiquamente  obraram;  e  eu  contente 
Da  tua  sancta  lei  nlo  declinava : 

Attento  meditava 
Nos  teus  factos  antigos  com  delicia. 
Desprezando  os  enredos  da  malicia. 


(51)  Syperbi  inifuè  ngeàani  «#• 
fueqnêpíe :  à  Uge  ontem  inn  «m 
dedinarí. 


(52)  MumÊrfmjudieiemmtuO' 
rum  à  HBCule,  Domine^  et  eeneO' 
tutu»  $um. 


Mas  á  vista  das  trevas  que  envolviam 
Os  perversos,  com  dó  dessa  miséria 


(53)  Defeetie  tennit  meprepec 
entoriòuM  deretinfuentiòne  le§em 
tnmm. 


quem  pre  te  mudiri  veli9  ?  Negue  imperiale  eet  lihertatem  dieendi  denegãre,  nepie  emeerdê^ 
tale^  qued  ientiam  non  dieere.  Nihil  enim  in  vobie  Imptmtoribue  tom  populare^  et  inm 
emMle  eit,  quem  libertntem  eti^m  in  ii»  dUigere^  pd  ékeefuiê  miUtim  veòie  euèdiii  ftml. 
Sipridem  kec  intereet  inter  bonee^  et  mtíae  Prineipee,  fued  beni  tièeriatem  mmãnt^  eeroi- 
tuiem  mali.  Nihil  etium  in  êaeerdete  tom  perieuUsum  úpud  Deum^  tmn  turpe  npnd  hêmi" 
nrt,  quam  qued  tentiatt  nen  libere  prenunliare.  Siquidem  êeriptum  etlj  El  loqiiebar  de  tet* 
timoDíU  .tuu  ia  confpectu  Regom,  et  no  n  conundetNir. 


410 

Ás  vezes  desmaiei;  horror  sentia 
Quaudo  immersoe  os  fia 
Na  torpeza  de  seus  divertimentos» 
Esquecendo  teus  sanetos  mandamentos. 

(54)  Cantúbile»  mihi  erant  jus-    Mui  divorSOS  effoítOB  produzía 
tiJUaíione»  ifta  in  loco  peregrina-    _,  .  _        ,  ■■     »  .  .  *    i 

tionis  meai.  Em  mmha  alma  da  lei  a  snsvidade: 

Ao  canto»  enlhusiasmado»  m'eetregava; 

Logo  a  lyra  empolgava. 
Teus  benefícios  ia  celebrando» 
E  meu  triste  desterro  consolando. 

(55)'  Memorfui  mtie  luwiiiiú   Com  tou  nomo»  Senhor»  rompia  os  ares; 

tui\  Offfittiie,  et  euMiodivi  Ugen      . 

tuam.  As  estrellas»  á  noite  o  repetia; 

Com  elie  a  roxa  Aarora  despertava: 
Tudo  se  abrilhantava 
«  Co'  a  luz  que  diffimdia  a  lei  sagrada» 
Por  mim  com  vivo  ardor  sempre  guardada. 

(Sfi)  Hae  fteia  esí  tnihi,  guia   Dosta  delicia  pura  foi  gozaudo: 

Juêiffieaíionee  tuae  exquiehi.  wv         .  o     •  •  i      #» 

Premiaste,  Senhor»  mmha  firmeza 
Na  exploração  da  lúcida  verdade 
Que  na  lei,  com  piedacb» 
Para  justificar*Ros  expuseste» 
Alentando  a  existência  que  me  deste. 

Chet.  l^III. 


(57)  Portio  mea.  Domine,  dixi   És»  Scobor,  muiba  berauça»  outra  não  qaero: 

cttêiodire  legem  íuem. 

Prometti  merecer-te»  exacto  sendo 
Em  cumprir  tua  lei:  vê^ine  prostrado» 

(50)  Dêfreeatui    tum   fúciem  Supplicando  bumilhado 

Imíijí»  in  ioío  eorde  tnto :  tniserere 

mei  Hcundum  cioquium  tuum.      As  graças  com  quo  aoimas  a  virtude» 

Com  que  impedes  que  um  fraco  mortal  mode. 


I 

1 


411 


Tem  piedade  de  mim»  cumpre  a  palavra 
De  ajudar-me:  sem  ti  nada  consigo. 
A  serie  de  meus  dias  examino; 

Sigo-te,  e  deiermino 
Meus  passou  dirigir^  meus  pensamentos. 
Meu  coração  conforme  os  mandamentos. 


(«(9)  C^gitmi  «mm  mm*,  ei  cm- 
fterHftáf  mt09  tu  tuUmmia  Iim. 


Prompto  estou,  não  me  «ssusta  esla  aUa  eapreia : 
No  diflBcii  caminho  irei  constante; 
Vigora-me  o  teu  braço :  a  lei  defendo 

Em  quanto  for  vivendo. 
Já  me  tenderam  laço  os  peccadores: 
NOo  deixo  a  lei;  nem  temo  seus  furores. 


(60)  Paraim  mm,  et  n&n  tvm 
twròaiuf,  ui  eusiúdiam  mandaim 
Iim. 


(Cl)  Funi9  j^eeeatõntm  dreifin- 
plexi  êunt  me,  et  legem  tuum  nrni 
nm  êblitHê. 


Quando  as  sombras  da  noite  a  terra  cobrem»     (aa)  Medim  n^u  eurgebwm  ud 

^  111  t         .  eem/Uendum  tibi  tvper  judicia  jue- 

Que  OS  malévolos  dormem,  me  levanto  tfjkativnit  tvm. 

Para  as  graças  devidas  offreoer-te; 

E  temo  agradecer«le 
A  sabia  iei  que  encerra  a  sapiência, 
Doce  penhor,  meu  Deos,  da  tua  clemência. 


G>m  esses  que  te  temem,  que  te  ad<»iim, 

Associo  meus  votos;  participo 

Dos  dotes  com  que  seu  amor  preméas: 

Uno  minhas  idéas, 
Meu  coraçto  aos  seus;  todos  guardamos 
Como  um  tbesouro  a  fé  que  professamos. 


(63)  Partieejf»  ego  tumomnium 
timentium  f«,  et  cuBlodieniium 
mandata  tua, 

(64)  Mieerieardiatmn  Domine, 
piena  èet  terra  (•) ;  jnetifieatia» 
nea  tuas  doce  me. 


(•)    Gentiliísima  é  a  refleião  cie  Santo  HJIsrlo  netle  pasio :  ffoe  in  Deo  frcBcipnm^ 

hoc  in  potente  laudandum^  nen  cmlum  feeitoe;  pd  poknê  ett :  non  terram  fundaeee,  gui 

virtus  est:  non  annum  attrie  temperatte,  qui  eapient  ê$t:  non  hominem  animaiêc,  çui  vita 

€st :  non  maré  in  acccesut  et  rccessua  movisse,  qui  ipiritu»  est :  sed  miaerieordem  e$se^  qui 

jtiMiuê  estf  sed  miserentem  esee,  qui  rex  eely  sed  dissimvlanlem  esse^  qtii  Deus  est. 


412 

Tkth.  IX< 


(06)  B9m'iÊt9mfetíêtiewn$er9o  Ostentaste,  Senhor t  tua  bondade, 

<««,  Domine^  geeundum  verêum  «         .i  i  i 

tuísm.  Derramando  mil  bens  sobre  o  teu  s^to; 

Tua  'stavel  promessa  lhe  cumpriste; 
(66)  BomMem^etiUdfUnam^  De  fé  me  roTestiste: 

et  icientiam  doce  mr ,  quiã  num»  ^ 

daíit  ittif  credidi.  Agora  as  sabías  regras  tu  m  ensma 


De  sciencia,  bondade,  e  disciplina. 


{67)  Priuiquamhumiitmrer.egú  Eogolphei-me,  é  YCrdadc,  nos  prazcres, 

deliqui :  propíereã  eloquium  tuwn     .  ,  ■        «ii 

ctístodhi.  Antes  que  os  desenganos  me  humilhassem: 

Errei,  Senhor  I  Mas  quando  no  conflicto 

Me  yi  oppresso,  afllicto, 
Logo  fiel  a  ti  voltei  sincero, 
Pois  seguir  tuas  leis  somente  quero. 

(68)  Bonu»  e$  tu:  et  in  honi-  Tu  quo  és  bom,  ó  meu  Dcos!  nessa  bondade 

tate  tua  doce  me  juitifiaUionet    _     .  ,  ,  . 

itiai.  Instrue-me  de  modo  que  me  sal?e: 

(69)  Muittpiicattt  ett  super  me  Os  máos,  quo  iniquidades  multiplicam, 

íni  quitas  Muperborum :  ego  miem  i?  «fi- 

ta tot9  eorde  meo  terutabor  mttf  £  qUC  me  Sacnficam, 

NSo  me  distraS  da  lei  que  necessito. 
Que  adoro,  estudo,  e  sobre  a  qual  medito. 

(70)  Coa^uiãtunt  est,  êieut  tac^   Dos  máos  O  coraQSo,  bom  como  o  leite, 

cor  eorum:  ego  vero  tegem  tuam  ,  1. 1        i 

meditãtu»  sum.  Cosgulado  uBS  sordidas  delicias, 

NSo  se  funde  ao  calor  da  cbaridade. 

Nem  á  voz  da  verdade: 
Entretanto  contemplo  arrependido 
Quantas  vezes  a  lei  tenho  offendido. 

(71)  Boaum  mihi,  guia  humi-   Graças  á  dor  quo  O  oeito  me  lacera! 

liaiti  me,  ut  discam  Justifieutio'  . 

nes  tuas,  Graças  a  ti,  meu  Deos,  que  purificas 

Minha  alma  c'os  pezares  que  me  opprimero ! 
Da  razio  nto  me  eximem: 


413 


Soffrcndo  aprenderei  que  só  ta  fartas 
O  coraçio  do  qual  jamais  te  apartas. 

Mais  estimo  esta  lei,  oode  sciotillam 

Qs  suUimes  arcanos  que  dictaste, 

Que  essas  pompas  que  o  mundo  tanto  preza ; 

Mais  que  toda  a  riquexa: 
Eu  nSo  cubico  jóias,  prata,  ou  ouro; 
Cumprir  a  lei,  é  todo  o  meu  thesouro. 


(7S)  Bwtim  mihi  lex  cri  tui 
Mvper  mtllia  auri  et  mrgerUi. 


IL. 


JOD. 


Deste  meu  sér.  Artífice  supremo, 

Co'  as  próprias  m&os  a  machina  formaste: 

Ignoro-roe  a  mim  mesmo;  dá-me  ingedio 

Mais  claro  do  que  tenho: 
Aprenderei  a  merecer  a  graça, 
Com  que  todo  o  que  mandas  satísfiiça. 


(73)  Manu»  iuitfeeerunt  me,  et 
plMmacenuU  me  :  da  mihi  inteU 
teetum,  et  diteam  mandata  tva. 


Esperei  só  em  ti;  e  a  confiança 
Que  observaram  em  mim  os  timoratos 
Encheo  seus  corações  de  um  prazer  sancto: 

Extático  levanto 
Para  o  ceo  minhas  mSos,  pela  certeza 
Que  teem  tuas  palavras  de  firmeza. 


(74)  Quitimentte^vidèbuntme, 
ei  latabwUur :  quia  in  verba  tua 
tupcrtperaH, 


De  teus  altos  juizos  a  equidade 

Conheci  plenamente;  vi  com  fnicto 

Que  as  dores  e  pezares  com  que  humilhas 

Slo  novas  maravilhas 
Que  attestam  sem  cessar,  no  que  padeço. 
Que  equilibram  o  mal  com  que  as  mereço. 


(75)  Cognovi^  Domine  j  quia 
asquitas  Judicia  tua^  et  iaveritate 
tua  kumiliaeti  me. 


Piedade,  meu  Senhor !  basta  o  que  soffro :       (76)  Fiat  mitericordia  tuã,  ut 


414 

coti$olettirmef9ecimdumeÍ9quittm    CoDSola-me,  pois  quasi  desfllIleÇO* 

E  fragily  d  cançada  a  natureza 
Succumbe  na  tristeza: 
Dá-me  descanço;  á  fraca  humairidade 
Só  lhe  pôde  valer  tua  piedade. 


(77)  reniaru  mihi  miierationes  ViTcrei,  se  me  acodes:  teu3  preceitos, 

íwip,  et  vivam:  quia  lex  tua  me-  , 

ditatiú  mea  est.  Tua  lei  meditei  continuamente: 

Este  sancto  cuidado  me  defenda. 
(iB)  Confundanivrêuperbi\guia  Se  desprezam  a  emenda 

injuttèiniqtUtatemfeceryntinme:    ^^  .   .  ^_ 

ego  autem  exeteebor  in  mandatis  Os  máos  que  luiquamente  me  persegueiD, 

Contra  quem  te  ama  yè  o  que  conseguem. 


(79)  ComtertoHtur  mihi  timen-  Pratticaroi  fiel  tous  mandamentos: 

tcB  te,  et  qui  naoerunt  testimania  •  •      . 

<tta.  Voltem-se  a  mim  os  bons,  venham  benignos 

Recrear-se  comigo  no  que  ensinas; 

Nas  celestes  doutrinas 
Seu  testemunho  venha  consolar-me, 
E  teu  poder  immenso  resgatar-me. 

(80)  Ffa<  cor  meum  immacuUi'   Ghoio  de  fé,  de  zclo,  O  de  verdado, 

tum  in  juMtHieatioiHbus  tuit,   fí    ^  •       »    •  -  •  i*         •  i       • 

non  canfmdar.  Opponho  á  lugratidio  minha  innocencia : 

Seja  o  meu  coração  immaculado. 

Por  ti  justificado; 
E  no  seio  de  magoas  submergido 
NSo  fique  com  perversos  confundido. 

Caph,  1E.I* 

■ 

(81)  Defecit  in  êtíuiare  luum   Dosfallece  a  minha  atma,  desejando 

anima  mea:  et  in  verbnm  tuum  .  »v       ■   cp       • 

gupertperavi^  Quo  me  acudas,  meu  DeosI  Suspiro*  gemo: 

Tardas,  sim;  nem  por  isso  desalento: 

No  que  disseste  attento, 
Percebo  das  palavras  o  sedlido; 
De  que  me  has  de  valer  jamais  duvido. 


415 


De  meus  olhos  a  luz  quasí  se  extingue 
Á  força  d'esperar9  se  vens,  se  acodes. 
Desce,  ó  Seohor!  É  tempo  de  acudir-me: 

Dígná-te  pois  de  oufír-me; 
Declara-me  em  que  dia  has  de  escutar-me, 
Quando  fírás  piedoso  coosolar-me. 


(8£)  DrfeeeruníoculimeiineU' 
quium  Uium  iUtnUê^  quÊodMCQtk' 
9olaberi$  m€Í 


De  susto,  de  saudade  penetrado, 
Contraio-me  qual  pelle  exposta  ao  gelo; 
Mina-me  a  dor  que  nasce  da  incerteza: 

Sem  perder  a  firmeza 
Com  que  apesar  de  tSo  cruéis  tormentos 
Cumpro  á  risca  teus  sanctos  mandamentos. 


(83)  QuiafmêUiã  9um9iaUuter 
in  pruina,Ju9tificatí9He»  tvmt  uúh 
ium  obUtuê. 


Quantos  dias  me  faltam  de  amargura? 
Declara-me,  ó  meu  Deos!  este  segredo. 
Quando  TÍrás  conter  meus  inimigos, 

Sahar-me  dos  perigos 
Em  que  me  arrojam  meus  perseguidores, 
Sem  dó,  sem  compaixão  das  minhas  dores? 


(84)  Quot  êutit  die»  tervi  tui, 
quando  facíêg  de  perêequeníibuj 
me  judicium  f 


Abusando  da  fé  com  que  os  trattava. 
Quantas  fabulas  vis  me  relataram ! 
Os  perversoB  perfidias  enToWeram 
£m  quanto  me  disseram. 
Não  seus  dittos.  Senhor!  toa  lei  sancta 
Me  anima,  persuade,'  e  só  m  encanta. 


(85)  Narravertmt  mihi  iniqui 
fa&uliUwê€8f  eed  nên  ul  lex  tua. 


Teus  díctames  conteem  summa  verdade: 
Os  iníquos  sem  pejo  me  atraiçoam. 
Acode-me,  Senhor!  prende-lhe  os  braços; 

Desata-lhe  esses  laços 
Que  armaram  com  intentos  de  perder*me: 
Só  tU|  meu  Deos,  só  tu  podes  valer-rae. 


(86)  Omniã  mandalã  tua  reri' 
tas:  inique  perteeuti  êuní  me, 
adjuva  me* 


416 

(87)  Pmtiò  minu»  tonsumope-  Qaasi  me  aiuiiquilarain  sobre  a  terra. 

rmU  me  tu  terra :  eao  mutem  non    -g^,  «j      o     u      •  jx  i       ■ 

dereiiqui  mandata  tua.  Dá-me  Vida,  heobor!  dá-iDe  alegna, 

Pois  fai  fiel  ás  leis  que  in'impazeste: 

(88)  Srettndum    miaerieordiam  Gom  íofloXO  Coloste 

tnam  vintfiea  me  ^  et  cuttodiam    _,.,-,  - 

UBtimania  aris  <iii.  Vivifica-me,  a  fim  que  em  toda  a  parte 

Guarde  o  que  mandas,  disso  nl^o  me  «parte. 


Lambd.  XII« 

(89)  In  aternum,  Domine^  ver-   Tuas  leis,  mou  Senhor,  alem  do  tempo 

bum  tmtm permanet  in  emlo.  .  .       •»   i 

Duram  do  Ceo,  por  toda  a  etomidade. 

(90)  In  generationem  et  jgene-    Do  geraçdO  Om  goração  fixastO 
ratiaaem  ver i tas  tua:  fundatti  wr     «  r     j     & 
terram,  et  permanet,                                      «a  lorra,  qUO  lUOdastot 

Tua  verdade:  o  mundo  a  reconhece; 
E  por  ti  quanto  existe  permanece. 

(91)  Ordinatiane  tuaperteverat    Tu  aCCOndeste  06  astrOS;  por  tOQ  mando 
die$:guaniam0mnia$erviunttibi»     ^    «.  .. 

'  O  dia  persevera^  a  noite  p  apaga: 

Os  phenomenos  todos  obedecem 

Á  ordem  que  estab'lecero 
Teus  decretos  sagrados  no  Unt?erso: 
Só  te  resiste  o  animo  perverso. 

(9<)  iVfffi  ptõd  tex  tua  medita-   So  da  tua  lei  sancta  eu  discrepasse* 

ih  meaest:  tune/orte periiêBent    f,         ..       «  .,  ..  ,. 

m  humiiitate  mea.  Se  nolla  nlo  cuidasso  noite  e  dia. 

Infeliz!  já  teria  perecido: 
Seria  submergido 
Em  um  mar  de  misérias  e  peccados, 
Como  esses  que  fesquecem,  desgraçados. 

(93)  In  mtemum  n»n  oòiiviicar  Nío,  mou  Doos  1  Cuidarei  perpetuamente 

Justificatianet  tuas :  qttia  in  ipsis  .  ,  . 

viv^easti  me.  No  que  ordenas ;  pois  quanto  determinas 

O  teu  saber  profundo  justifica, 
O  teu  amor  explica: 


417 


VivíGcas-me  quando  te  obedeço, 
Quando  a  tua  justiça  reconheço. 


Senhor!  sou  teu;  por  ti  todo  abandono:; 
Em  amar-4e  a  minha  alma  toda  emprego: 
A  ti  pertence»  meu  Senhor,  salvar-me» 

Pertence-te  animar-me; 
Pois  teus  justos  desígnios  explorando, 
Neste  exercício  os  dias  vou.  gastando. 

Obser?aram<-me  assim  os  perccadores, 
E  quizeram  perdernne:  sem  receio 
Oppui  a  paciência. a  seus  projectos. 

Teus  dí?inos  decretos 
RedobraramHiia  nalma  a  fortoiesa: 
Vence  a  nrtude  ao  vieioi  se  o  desproia. 


(94)  Tuyi  ium  ego  (*),  salvftm 
me  fac:  quêniãm  JustffieaihtUM 
fnttf  exquiihn. 


(95)  Me  expectweruiã  peecãhh 
reê^  ui  perderení  me :  tefiimonim 
ma  intethxi. 


Tudo  no  mundo  acaba:  vi  o  termo 
Das  belletas  mais  raras  e  perfeitas  c 
Mas  alem  delle  existe  a  charidade. 
Que  abrange  a  eternidade; 
E  tem  os  corações  todos  sujeitos» 
Ornando  o  mais  sublime  dos  preceitos. 


C9S)  Omm'i  anuitm  matianiê  vidi 
finem :  iMtum  mandútum  tuum  m* 
mi9^ 


XIII. 


HlK. 


Quanto  me  agrada  a  tua  lei  sublimei 
Nasce  o  dia». meu  Deos,  e  desce  a  noite» 
Nenhum  outro  recreio  necessito: 


(97)    Quomoiú    dilexi    legem 
tuam.  Domine  !  tola  die  medUati» 


(•)  JMf/f  Mbr,  (dii  SmiIo  Ag«iilfaho,  Sfmi.  IS. ,  áoercs  deste  psalmo)  et  communiê 
videiur,  9ed  paucorum  est;  $ati9  rarut  eêt  enim  qui  poieit  dicere  Deo:  twi»  ivm:  ille 
enim  dicit^  qui  aãhtgret  Deo  totit  ãentibuit  qui  aliud  togitare  non  teií,  Numquid  hãc  voee 
ftiUur  (toiduê  peeuniee^  Aotiariê,  poteãtatiê  t  JIU  dkU :  iuus  tirm,  qui  f0Í€9t  dicere :  e€ce 
reUfuimue  omniã^  ei  êteuH  êumu$  te, 

Tomo  YI  S7 


416 

Nesta  sempre  knedilo; 
Vou  com  ella  minha  alma  esclavecanda, 
E  da  verdade  os  fachos  accendeodo. 


(98)  stper  inimkét  mê09  pru-  Segoiofo  0  quo  me  mondai^  illiMrado» 

dentem  me  feeitti  mandaio  iuo:  .  .  ... 

quia  in  <ricrmmi  mMt  e»t.  Em  pfHemMa  ?eKi  meitt  mimigos: 

A  lei  me  deo  labér  oom  ^e  pudMe 
.  Domi#  qaeaa  me  uffendeNe: 
Foi  mea  eatado,  de<Miiê  ferfa  e  fida» 
Teodo-a  no  coraclo  sempre  esculjHda. 

(99)  Super  omnee  éêcenitê  me  Muito  alem  das  ésutijiias  eíevida 

itUellexi:  úuittiestimenialuami'    ^  -      ,.     .  »•     â     •    ^ 

áiiaiie  mea  etu  Com  quo  08  doutos  m  msfarsem,  m  inrtfwaia 

Teus  preceitos,  Seohi^,  «  te«i  coaselhos: 

(100)  Super  eenexiniflUxi,  çtft«  O»  maia  iCaD«tDÍ  felhoi 

manHaia  tua  auasivi  (•).  ^-^  '    ,  _-        ^_, 

N8o  me  wdederam  aoncai  expmmentaMB, 
Tendo  explorado  sempre  teus  mandados. 


(101)  Aò  omm  ma  mata  préhi^  Prohibi  a  meus  péa  9ê  4esgaita 

bui  pedes  meoe^  ut  custodiam  verba    ^  .  .  i         .  i      ■ 

tua.  Por  caminhos  ervados;  ia  andiovo 

Após  a  laa  •  regtAi  que  «e  désie: 

Com  èOKilio  celeste 
Estudei  o  tm  Oídigi^  petfeito, 
Guardei  tuas  palavras  no  meu  peito. 

(io«)  À  judiciis  tuis  nondeeii'  NSo  decHoeit  Seuhor,  das  sanctas  regras 

f,        navi,  quiatulegemposuistimihi,       -  •       .  .  .  . 

f .  Que  mb  «emastec  a  lei  que  «i  impiiM 

É  caâ6a  que  prende  «tMiamente; 
FugiMhD  nto  ooMente. 

*il03)  Quamdttlctafaueibus méis    Os  tCUS  dittOS  S30  doceS,  amorOSOS, 
eloqíiia  tua,  super  mel  ori  meo  ! 

Mais  qoe  «  md  a  «mus  lábios  aabtrosoa. 


(i)  Úttudêo  to»  eên  de  Jtchohi  itpit^inê^  ubi  òonHàtem^  et  dhetpíhmm,  et 
Useatis^  et  diettttM  euik  sbmio  Dntid:  Super  omnet  doeentet  me  iaielhxi,  Qwie  ^n/mmf 
Nunquid  quia  Platonis  argutias^  Artstotelis  versutias  HMhxf^  ãui  ^nêMpete  Uriarvn' 
Nequajuamí  »ed  quia  testitnonía  tuu  exjuisivL-r-S.  Bemard.  Serm.  3.  de  IVtilM. 


410 


Aprendi  «  sqíAmmi  qve  m'elèva 

A  conheMMet  a  mn»^f  a  obedeaei^te 

Na  posse  destes  bens,  que  ste  meneço, 

DosvkHiMf  aborreço 
Os  camiobos  faltes  da  iaiqHÍdadr, 
Os  afiEigos  do  mundo  e  da  vaidade. 


(104)  A  nmmdtAU  i^t  MeU^ 
sei:  propterem  odivi 
iniquitalit. 


KJIT. 


Nuw. 


Tua  palavra  é  ieeba  ^e  deseobie  (io5)  Lueenm  pedihu$  meit 

^  ,     ^  .  ^  .  ,  verbum  ímtm.  et  iumen  iemWi 

Com  ^fiu  claite  o  aeerto  em  meus  eaniiaaM;   mH*  (•). 
Guia  meus  pés»  «mia  as  embaraços 

Que  se  oppoem  a  meus  passos: 
Jurei  sr  da  jualiça  em  aegfumeato»  (lea)  Jwmw,  et  êíúíuí  cirtfo. 

NSo  hei  m  quelBraatar  o  jorameoto. 


Por  toda  a  parte  migoas  me  humiliam: 
Conforta-me»  Seabor,  dánne  ceoataosia; 
Para  a  vida  Mura  me  pnapara 

Com  esta  angustia  amara : 
Dá-me  os  beos  que  promettes  i  a^NM» 

o  que  a  lei  nos  aoDQBcia. 


(107)  HumiUaíut  $um  if«fif«- 
quúque.  Domine :  vivifica  me  tf - 
ctmdum  verbum  ttium. 


Acceita  o  voluntário  sacri6cio  (iob)  voiimíãriã  ori$  mei  a#« 

Que  teoffrecem  meus  lábios,  quando  provam  J^KiS^'  ^^'^'  '^^"^^ 
Na  vida  tantos  tragos  amargosos: 

Os  golpes  pavorosos 
Com  que  a  tua  justicis  me  castiga 
Ou  me  ensina  a  soffrer,  oa  «s  mitiga. 

Como  quem  traz  na  mio  jpia  que  .estij|)9^        (a  09)  Anim^  mea  m  manOut 

(•)  Mflbemuê  firmiarem  frppheUcum  Mermênmnt  €ui  benf/meitiê  êltendmLcMf  guãii 
lucema  lueenii  in  caUfiuuo  loco,  donee  dicM  eliue$caif  eí  lueifer  tri^tur  in  corUèus  weifrh» 
—  S.  Fedro  Epist.  II.  c.  1.  t.  S9«  ^ 

Tomo  VI.  Í7  • 


420 

% 

muu  temper^  et  itgem  tumn  nm  Que  recèa  perder,  trsgo  mtoha  alma 

Prompla  a  ofiTreccr-te  delia  os  peonraentos: 


Hf.  I  n  Mi;:rH  iiri 


Sto  os  teos 
Escolta  qae  a  defende  e  fortaleee: 
Jamais  a  tua  lei.  Senhor,  in'esqtiece.  («) 


(110)  Posuervnt  peeeaiorrt  im-  Os  maligoos  armaram-me  ciladas, 

gueum  mihi^  ti  de  mandalU  twe 

non  erravi.  Por  ver  se  tTopcçava,  OU  se  perdia 


o  caminho  direito  que  levava: 
Porém  nlo  tropeçava. 
Nem  errava  o  caminho  que  me  ahriste; 
De  tino  e  de  vigor  me  revestiste. 


(Ill)  fíitreéiiate  acqui8i9i tet^  Nem  msis  beraoça  quero  nem  riqueias 

tfmonia.  lua  in  aternum^  qnim  eX'  -  •■         • 

uUaiio  eordit  mH  eunt.  Quo  as  quo  Gootém  em  SI  t«a  doutnoa: 


Nella  existem  os  bens  que  só  procuro: 

Vott  felis,  voo  seguro; 
Trinmpho  dos  enredos  da  malícia. 
Farto  de  paz  minha  alma  e  de  delicia* 


(112)  incUnari eormeim adfíh  Uoi^meo  coraçlo  suaveiuento 

eienffasjuãtificatiúneêtufíiinaier'  , 

mm,  propttrretributionemi*»),   Ao  teu  quorèr;  não  caoço,  oom  desejo 

(•)  .  Variante  a  esta  estroplie : 

Continuamente  tremo  que  minha  alma, 
Gançada  de  penar,  o  alento  perca : 
Comtudo,  a  tua  lei  trago  presente ; 

E  por  mais  descontente 
Qae  me  síota,  esta  lei  nunca  m 'esquece. 
Nem  de  todo  a  minha  alma  des£illece. 

Segiindo  muitot  interpretes,  entre  outros  S.  Jeronymo,  e  Santo  Agostinho.  (JAaelên) 

(•  •)  A  vox  hebréa  nghekeb^  qae  se  tradui  propter  reinhuti^nem,  denota  a  ea^reméaie 
de  uma  eouta^  ad  calcem:  usa-ce  amas  veies  por  premia^  e  outras  por  penoã^  no  mesaom- 
tido  em  que  ás  vexes  dizemos  — que  o  fim  do  peccado  i  a  morte. — Uta-se  tamben  peb 
raxSo  flnal  d*uma  acção,  como  dizemos — fazer  uma  cousa,  para  tal  fim — .  Mas  todos  tM 
sentidos  sSo  tranilatos  a  metaphoricos :  o  sentido  nalurat  é  ad  calcem^  ad  fitem,  ad  ejirt- 
mvm  u»que,  que  é  o  mesmo  que  êcmper.  —  (ObiervaçSo  de  Saveria  Maitei.)  . 


421 

Que  ceflse  este  pendor  para  o  que  queres. 

Aeoeíto  a  que  me  deres : 
£  assim,  só  quaodo  a  lei  ienbo  cumprido» 
Aspiro  eotlo  ao  prasMO  promettido. 


XV. 


Sambch. 


Alem  da  tua  lei  nada  me  agrada. 
G)0€ebi  tal  horror  á  ioíquidadet 
Que  dos  mtes  evitei  a  eooipaidiia: 

Delles  me  defeodia 
A  promessa,  meu  Deos»  com  que  aleotavas 
Heu  coraçlo,  e  o  amparo  que  me  da?as. 


(]  13)  Imf9i99  Mtia  luàuii^  ei  U- 


(114)  jidjutaretttueeptêrmeua 
€ê  tu :  et  in  verMk  iuum  êupers- 
perapi. 


AparUii-TOS  de  mim,  homeus  perversos! 
Não  turbeis  de  minha  alma  os  pensamentos; 
Deixai-me  contemplar  a  lei  divina : 

Aquelle  que  examine 
£  cumpre  fielmente  esta  lei  sancta, 
Pacifico  se  deita  e  se  levanta. 


(116)  DettímOeàme,  nmíigm, 
ei  uruíãò^r  mandaU  Dei  mei. 


Acolhe-me  segundo  o  que  disseste. 
Meu  Deos!  e  viverei  sempre  ditoso, 
Girto  de  possuir  os  dons  que  espero: 

Nio  me  afiastes  severo 
Dos  cfiminbos  da  Bemaventurança, 
Dos  bens  que  me  promette  esta  esperança. 


(1 16)  Sueeife  me  ieeunàum  elo- 
fuiwn  Itttrm,  et  vham :  et  non  C9n- 
jfwíduM  me  ãb  extpectâiiêne  mea. 


Ajuda-me,  Senhor!  e  serei  salvo: 
Meus  dias  passarei  no  doce  emprego 
De  meditar  na  lei  que  justifica : 
No  mysterio  que  indica 
A  aboIicSo  dos  ídolos  profanos, 
E  promette  o  resgate  dos-  humanos. 


(117)  Adjuva  me^  ettalvuêere, 
et  meditêbor  in  Juetfjicatimubue 
tme  eemper. 


422 

(118)  spre9isti  omne»  diêceden-   DesprcMirte»  Setibor,  08  qoe  dAò  CreFSlB, 
cogiteis  eorum,  Esscs  qae  tetts  J0I20I  roprovaratti ; 

Suas  cogitaçuM  mais  elevadas 
Foraiii  todaB  erradas  t 
Forain  de  teus  rebanhos  excluídos, 
E  nos  seus  labyrintbos  (Sonfundidos. 

(119)  jPrwMffcmicff  rèpuDBti  Todos  OS  peceadoTes  sobre  a  tertv 
lexi  teitimMiã  tua.  Erram,  deliraitay  falsidade  «flSmaio  t 

N&o  os  siga,  Baidwrt  humilde  aiirendo 

O  que  me  estts  dkendo 
Na  toa  Isiy  qoe  adere,  é  qtte  segura 
Unidamente  aos  homens  a  vetttura. 


(i«o)  can/ígt  Hm&rt  íuo  eamcs  Nlo  ose  embarga  esto  aiDor  uiÉ  temor  jails 

ffifflff ,  à  Judkiii  tním  Mê  Umvi.     _  ,  . 

Qoè  penelfa  |ior  todos  es  aveos  memWos, 
Quando  aos*tetts  joiaos  consideny: 

Ora  teaso,  era  esfi^ro: 
Tomo  alento,  m(âu  Diwm,  ij[iiatiéd  l'implors; 
Se  penso  no  qu^  Mu,  Sttsfjfii^,  dhdro. 

NOAIW.  XVI* 


(isi)  Feei  juãicium  et  justi-  Fiz  justica;  das  tegfus  da  eMidade 

tiam :  non  trodoê  me  ealumnian' 

tumt  me.  Não  me  apartei»  mèu  Beos :  ah !  fli6  In  entregues 

Agora  aos  impèatonefs  (|ue  iM  éoMNM. 

(IM)  Sweipe  tertmm  tuum  in  So  do  «rtífiôM  USálfli 

òênwn :  rum  €atumnientur  me  su- 

ferbi.  Empenha-te,  Senhor!  salva  o  teu  serro 

Das  traições  e  eahmtias  do  preterre. 


(ISS)  Oeuli  mH  defeeerunt  in    Yai-Se-me  á  lUfe  dM  '^MlDS,  OftpefMdò 

BaliUare  tuum,  et  in  etoquiumiut-     ^        .       .      ^  .  . 

titia!  tum.  Que  lá  do  Ceò  mè  vttiha  o  tM  soooorro; 

Que  attendas  compa^ifO  quem  t'inTbca: 

(ISt4)  Fac  cum  terço  tuo  iccun'  Sofaio  da  tUa  bocea 


428 

Não  roais  aeii  «mpIfiMfitQ  a»  4ifaite. 


tificãíionet  lua»  doce  fn«. 


PrfiJg  me  to  tal  aarvicO  Mí  4flf0  lêÇO;  (1S5)  5frot<^  twu  t^m  ego:  ém 

Sou  teu»  mea  Otoal  AccoMe  na  maha  akwp  mM/a  im. 
Luz  que  esclareça  meu  euteodimeoto : 

Ceasaiá  nau  (iiniMDlfi; 
Apreadcreí  neUiaf  «  ff»  ne  Msíiiaa. 
Melhor  «atairdeni  as  Ims  ditm^* 


Tempo  é  d'ob8tar  ao  mal  que  o  munflo  anvoif  a.    (is6)  Tem^us /aeiendi,  Domi- 

Os  máo»,  SMh«r,  t«u«  tMviM  4«MÍir«ii.  -. -í*«^— "J- '— • 
As  tuas  leis  sagradas  insultaramt 

Teiis  faciwf  Afagaram: 
Para  mim  lua  lai  4  oMi  thésaufo,  (i87)  /^^  rf«^«  «««rfoia  i«. 

Preferivel  a  joíaa»  prata*  m  ouso. 


mper  «ftrtim,  el  topuziom. 


Por  isso  4  faa.Bi'erfi>roo  na dbsorf anciã 
Dos  preaaj^  aidriiaaies  qoe  etta  aneeiías 
E  o  aspecto  do  tícío»  que  m'espaQta9 

Sm  minha  akHa  levanta 
Um  terrar  tMi  qiif»  t^9  a  ímqua  m 
Enche  meu  paít^  d'adip  e  ^'a^oaia. 


(128)  ProittereM  ad  omHiamoH' 
doía  tua  dirigebar:  ommam  viam 
imguam  ódio  hakui. 


"XirwiL, 


Phb. 


_  9 

E  um  mar  d'ÍDSondaveís  marayilhas  (lag)  MirMtíaie$timoitímtua: 

A  tua  lei,  «w  Oms!  Neila  a  minha  alma     '""^  '^^^ "' "  "•"" ''^• 
Se  abysma  àfímnmU  iMditaiido: 

Vàa  \mm  dimanaodo  (laO)  DeeUrêHoMermomimtuo^ 

Dos  teus  dictams.  quanto  mais  se  explicam,  ^ZíSír""^'  '*  '*'''"^""  '"' 
E  aos  bnmíMea  iogaobo  comMunicam. 

Aohelando  cumprir  quanto  me  ordenas,  (i3i)  Ogmcumaperuiyctaíira^ 


424 

xi  spiritnm,  quia  mmtdãiã  htmée^  Despreodeiii-se-ne  OS  labÍM;  ido  reÊfm: 
**  ^^"  '"'  Estupebcto  fico...  Emniai  repm: 

(132)  Mpíce  in  me  ei  mherere  Seohorl  Quem  alcaDÇan, 

Hum  nomen  tuum.  CoiIlO  OS  l|M  OHMIII  tOtt  DOBO»  BO  ferasdSt 


Qve  tif esses  de  omib  Uunben 


(133)  Gresiut  meês  dMge  f<-   Nesta  escabrosa'  estrada  onde  eamiriío 

cftndvm  eloquium  tuum,    ei  n/m  ...  ., 

dominettir  mei  omniê  inJutHiia,      Os  ineiISpOSBOS  dll^e;  d  OVIO  OU  qoeda 


Me  defende,  «eii  Deos!  O  tempo  gaste 

Segoodo  o  qae  mandaste: 
bento  de  paiiões  e  de  cobiça, 
Nem  jamais  don^inado  dlojoslifa. 


(134)  Redime  me  à  eaiumniu  Ab!  meu  DeoB,  se  00  podesso  maJB  tranqoillo 

hominumy  ut  cutÍQdiam  mandata    ^  ,  •  ••  «v. 

ifM.  Cumpnr  a  t«a  lei!  Dá-me  sooego; 

^  De  penosas  calomnias  me  resgata : 
Eotio  minha  alma  grata 
Todos  te  offertará  seos  pensameotoa» 
E  cumprirá  as^or  os  mandamentos. 

(135)  FãciemHiMmiiiummani'  Afikvel  para  mim  volta  O  tou  rostot 

per  êervum  futim,  ei  dPee  meju9-' 

iificaiioneã  iiimu  Illumioa  O  tOQ  sorfo,  »  mo  conforta : 

Levanta  o  véo  aos  célicos  arcanos, 

Abrevia-me  os  annos; 
Se  tão  appetedda  ciaridade 
Me  é  concedida  só  na  eternidade. 


(136)  Exitus  açuarum  dednM^  Sc  na  Vida,  mou  Doos,  orroi  mil  vezes; 

ntni  ceuli  mei :  ytita  non  cueio-  -■..•..•         »     . 

dieruni  legem  inam.  Se  nSo  guêrdei  a  loi  comodem; 

Já  de  lagrimas  rios  me  inundaram: 

Já  meus  olhos  pagaram 
Com  pranto  amargo  essas  emeis  offisnsaa ; 
£  soffire  o  coraçSo  dores  intensas. 


425 


XVIII. 


TiADS* 


Jasto  éSy  Senhor  1  sio  teus  juízos  rectos. 
Mandaste  que  a  JMliça^  se  obserraasè; 
Que  a  verdade  nas  obras  transKníssã : 

Quo  nos  homens  se  ?isse 
De  tal  modo  a  observância  dos  fveceitos. 
Que  em  tudo  fosaam  poros  e  perfeílos. 


(137)  Jfi9iu9  e$,  Bêmine^  eí 

reeímm  Judidum  tuum, 

(138)  Mandoãíi  jusUtiãm  feili- 
fiMfiúi  tira,  et  veriiãíem  tuãm  ni» 
mit. 


O  meu  zelo  desseca-me,  devora-me, 
Ao  ver  como  os  humanos  prevaricam; 
Como  os  meus  inimigos  descuidados. 

Em  vícios  engelphados, 
Nilo  pensam  m»  palavras  qoe  disaestet 
Nos  sublimes  díetames  que  nos  deste. 


( 1 39)  Tâbeteere  me  feeil  telas 
mevt,  qiua  obltti  swU  verba  ttia 
inimiei  mei. 


Sao  comtodo  de  fogo  as  tuas  phrases: 
De  um  celeste  calor  todo  me  abrasam; 

De  um  sancto  amor  transporla-me  a  vehemencia  : 

Bem  que  a  minha  indigenciai 
O  meu  sèr  litritadome  eonfanda» 
Amo  e  penetro  a  tua  lei  profunda. 


(140)  fgniiftm  elaquivm  tuum 
vehementer^  et  eervu»  tuuê  dite» 
xit  itíud. 


(141)  Jéêleteentutue  eum  epê, 
ei  atUewtptuM,  JnêtiJUÊiiÊnee  tutn 
nên  iwn  oòtítue. 


Lei  de  justiça  eterna,  lei  sublime, 
Que  a  ordem  permanente  consolida ; 
Que  nas  trevas  diffunde  claridade: 

Nella  existe  a  verdade. 
Que  as  celestes  delicias  anticipa^ 
E  a  escuridio  dos  erraa  nos  dissipa. 


(14«)  Jvetitiã  tva,  Juetitia  in 
mteruum^  et  lex  l««  veritê». 


Quantas  vezes  afflicto,  atribulado. 
Me  cercavam  angustias  implacáveis! 
Mas  nos  teus  mandamentos  meditando, 
Fui  assim  alcançando 


(143)  TríòuhiiúfelâUgUêtíMiH' 
venerunl  me,  mMMá  tua  medi' 
tath  mta  esí. 


426 


G)DveDceiwme  que  «  fmua  ifãe  sol 
São  josta  tfpiaclo  do  que  fisemos. 


(144)  ^MifM  tettimonia  tw  £  d'eqiiidiidia  «tom  o  qt»  decretas: 

in  aUmum :  inteUeetum  dm  míAt, 

et  vhmm.  £  quaD(k>  nttoto  luUo  ooB  peteTes, 

G)ocede-me,  meu  Bns^  iáteBigeaeia : 

^Smbnú  paoíencía, 
Penetrarei  nifiterío  tip  jubídb. 
Viverei  confortado  e  submettido. 


COPH. 


(145)  Ctamaviintotocordemeê,     Com  todo  O  ÇQTBOloaflikn  grilAVa: 
exaudi  me.  Domine ^  juttfficatiO'       _  n     »       •      ,  »• 

« EscutaF^ne*  SeMor!  ^m  aaaidv*4iie; 


net  tua$  requiram, 


(146)  Clamavi  ad  te,  M/rtim  me 
fae,  ut  cuttediam  mandata  tum. 


Obriga-HOie  a  bttsoar-to  imiomeBfee: 

Faze  que  me  contente 
D'índagttr  a  lioiíliiiia  qw  enabaAe» 
Pois  para  eteOMlá-Ja  ine^reaste. 


(147)  PrmoenHunÉttitíritatêi»), 
et  tlamã9is  quia  in  verèa  tim  tu* 
persperavi. 


aSalvarfiiB»  menSeblMv  ^»pati«) 
Para  poder  ^«Édav  taasi4iiaiiéamciáQ8:j^ 
(Tanto  a  mUák  ítjà^ptomitm  Mmtava !) 

A  manhA  nto  raiafa. 
Quando  j&  neuá  luapicii  40  caroavMi, 
Minhas  supi^licaa  teroaa  te  iimnníam. 


(•)  Immãturitate  lia-se  dm  antigos  Psalterios  em  f  e»  da  íii  matiipMe^  O^flebreo  tea 
banneMceph*  A  toi  neweph,  como  eiplica  o  Rabino  David,  4  a  principia  da  naita,  fwrfi 
começam  ao  treva$,  e  o  principio  do  dia,  fuando  a$  trevat  te  ãettaneeem  ;  portaoto  oorrei- 
ponde  ao  qae  ndt  chamamoi  ereputeulo,  ou  aka  iã mankâ  eé^U/riam  AváUlÊm-m^iâm  al« 
da  manhS,  praveni  dilnculo,  Saoto  Ambrósio  no  Serm»  19.  a  respeito  deste  psalmo,  dii: 
Grava  «ff,  ti  te  otiotum  in  ttratit  radiut  Sotit  orieniit  invereeundo  pudor e  eanoemmt,  ei 
lux  clara  feriat  oeulot  tomnolento  adhue  torpora  deprettot,  Jrgvit  nst  tanH  taa^mia  cpt- 
tium  tine  uUiut  devotionit  muuere,  ac  tpiriUdia  aaoiifeii  oHiitm  Jknatft  IsynwwMsa- 
An  netcit,  ptod  primitiat  ttd  cordit^  ac  voeit  Dea  debeat  ?  Ocomre  ad  Sotit  ort^m^  nt  If 
orient  inueniat  Jam  paratum* 

(moera,  de  MMtei.) 


427 


Na  espéfMf^^ifiM&ilto  ^pQrtSVSV 
PreyeôiAfii  túêáê  oHm  è  %r«|i|is€%, 
Só  para  meditar  no  que  prescreves: 
A  mem  datiMW  àB99%  -  " 
Segundo  tua  piedadei  ^tr  omMés^ 
Jolgir,  para  qM  ««  tit«,  mwi  gcnídcs. 


(148)  /V00CM€r«iil«rtttfMft«< 
f «  diluculê :  Ml  tmdiêãter  tlãfukí 
hm. 


(149)  -  fretem  tneái»  mtdí  mciui- 

He,  et  Mecunáum  Juéhhm  ttmm 
nirtfiea  me. 


Siacefd  aou»  nien  Qeo»;  e  tti  iCOfibeMi 
Que  tal  Tui:  miié^,os  metia  persegm^res 
Da  iniquidade  só  sé  aproximaram : 

> 

AitdlítiM  «è  aparifensim 
Da  tua  ldi|  ^  •»  háneoâ  fttt  ditMoi, 
E  lhes  prohilM^  m  ladas  alei^oioi. 


(150)  Jfífropinqttãverwitperge- 
gueníe$  me  iMquiUUi:  à  lege  ««• 
tem  tvm  Ungejàeti  mvhí. 


Tudo,  mea  Dêds^  -«xM»  n  ti  praMntfc : 
NHo  ha  torto  oattiitito  qod  tmtcftéíi 
Dos  homens  o  mais  leve  pensamento: 

O  tnaís  secreto  inMtto 
Appare<9e,  quit  é,  «nte  a  irerèide! 
Vés  iguahftMit^  o  teiír^à  infquMhidet 


(151)  Prope  e$  tUf  Démine^  et 
•mnes  viw  tuw  veritoê. 


Conheoi  As^ie  es  Wíus  «lâf»  timnis' «iinfB 
âobrè  qual  fui«fcfo«iifiii  repMttvt   / 
Esta  tSo  sabia  lei  que  nos  governa:' 

Da  8i|fUiU»i  ikrritt, 
Meu  Dio»9  «  imnDrfsl  adb  Niè  ptneste, 
E  pata  dorar  smipra  i  «Mh'1«toeBte. 


(1 52)  Initiê  cegnovi  de  tettimo- 
niiã  tuia,  fuia  in  mternum  /uw 
d98ti  ea. 


Rksh. 


Acode-me,  Senhor!  Yé-me  humilhado^ 
Perse^id^  yor  %er*M  lei  oMstaMe» 
Porque  a  sig^,  e  jéiMis  tfatta  «m^eiqfiefo. 
Dcspt^tD  o  que  padeço; 


(153)  Vide  humilitutem  meam, 
et  eripe  me,  quim  Itgem  timm  non 
mm  otlitn$. 


(1^4)  Jítdiea  Judniinn  meum 


428 

eí  redime  me:  fr^êer elêquium    Com  teU  tOCOOTTO  CSpeTO  de  VeBefr-io: 

wm  mvtfieà  me.  Julga-mc  40f  ijue  a  ti  fl6iiieDte  appello. 


(i5â)  x.«fl^«  ÀfMMfMHit  M-  Sei  qae  dos  peccidoKS  a  niiM 
exqmsiêrutu.  Rigoroso  já  teos  determtiiado : 

Que  a  teima  oom  que  expobam  da  meinoría 

Tua  leiy  tua  gloria» 
Com  que  8'eotregam  sempre  á  iniquidade» 
Merece  que  lhe  negues  a  piedade. 

(150)  Mi9erie»rãim  tua  muiue,   ])fas  ao  tou  servo»  o-mími  quo  humilde  imploro 

Domine,  Meeundumjudieivmtuum  .      .       j*  t 

vivijica  me.  A  tua  misencoraia,  a  mim»  que  buaco 

Cumprir  a  tutelei  posto  poc  ponto» 
Dá-me  soccorro  promplo; 
Adoça  oompassiTo  meos  pecares» 
Vívifica-me  quando  me  julgares* 

(157)  MuUi,  qm  p^rsepnmiur  Muitos  ba  quo  me  afBigem»  me  perseguem; 

me,  et  tribulant  me,  à  teetimwttíe    ^  ,  , 

tui9  non  deeUnavi.  Comtudo»  'persovoTo  ua  quo  mandas ; 

Nao  declino  na  lei»  sempre  te  sigiai 

E  quando  nto  cousigig 
Com  isso  moderar  os  meus  tormentos» 
Custe  a  que  enUe,  cam|ffo  et  mandamentos. 


(158)  ndiprarãricãntee.ettã'  Os  prcVancadoros  mo  constaraam; 

beerebam ,  quiã  eloquiê  tum  nen    ^  ^.  .^ 

cuetodierwu,  Gomo»  sô  ingrttidBes  s6 


Ao  amor  com  que  trattas  os  humanos: 

Consomem-ma  oa  engaoos 
Com'  que  as  paixSes  ao  abjsmo  os  precipitsm, 
£  a  mais  pungente  dor  n'alma  me  excitam. 


(159)  Fide,  quoniam  mandata   Vê»  Seohor»  como  adoro  téus  proceítos: 

tva  dilexi  Domine :  in  mieeriear'    ^       .  •.»•••  i     . 

dia  tuã  vivifíea  me,  Por  tua  misericoroia  dA-me  alento. 


iiea)  Prinaipiumverborumíu^  S&o  as  tuas  palavras  infiiUiyeia; 


429 


Sttates,  00  terrivtis, 
Prooedem  de  justiça  e  da,  vaidade. 
Hão  de  durar  por  toda  a  eterndade. 


jnéicim  juêtiim  iiia. 


Sciw. 


Sem  dó  me  persegoiram  Potentados: 
Seu  furor  oanlta  miai  oisbon  exbalem; 
Quando  me  julgam  tamempamenle, 

Triumphante,  conteute. 
Minha  alma  hBo  de  adaurar  no  lance  extremo : 
Jalga-me  tu,  meu  Dooa,  f  ti  só]  temo. 


(161)  Prineipe$  pertetuii  suni 
me  grãtú,  et  à  veròiã  tftis  formi- 
dãvit  twr  menm. 


Gozarei  das  sentenças  que  me  deres ; 
E  qual  guerreiro  fencedor  <pie  volta 
Dos  mais  ricos  despojos  canegado» 

Voltarei  soeegado 
A  acompanhar  co'  a  eilhara  cadente 
Os  bjmnos  em  que  exprimo  oque  a  alma  sente. 


(16S)  Lmlãbêregêtupereloptim 
f iM,  sieut  pn  invetíií  9polia  muUã. 


Em  ódio  tive  sempre  a  iniquidade ; 
As  obras  tenebrosaa  do  peccado 
Do  mais  vivo  terror  me  penetraram ; 

Verdades  convidaram 
Meu  cora^  a  emprego  mais  sublime-: 
A  amar  a  toa  lei»  fugir  do  crime; 


(163)  Tniqititãtrm  oâio  habui , 
et  aò9mitÊMluê  tun :  legtm  aulem 
tvam  dilexi» 


Sette  vezes  no  dia  to  invocava ; 
E  sobre  teus  juiios  reieetindo»  . 
Ia  toa  justiça  admirando : 

PsalmOB  ia  entoando ; 
Ao  Ceoy  á  terra,  aos  homens  ensinava 
O  que  a  toa  grandeza  m'inspiniva« 


( 1 64)  SepticM  tu  die  Imidem  dixi 
Vbiy  MUftf  judicim  juMtUia  iutt. 


430 


(165)  Pm:  multa  diirrniiAiif   Ah!  quoQta  paz 4mMks  «o^  dítONS 
daium.  Que  adoraiA  lua»  ie»t  e  as OMpi»!»  Mfppm ! 

O  interno  teateasunho  ot  tiiia<iiiiliíia ; 

Jamais  os  tyrannisa 
Do  escândalo  a  suspoíta  Tergonhosa, 
Oa  medo  de  uma  estrada  duvidosa. 

(ir>6)  Exípectãbam    Maiutare  Vem  de  ii  a  tartaBa- daS'CaiMhps; 

iuum^  Domine,  et  mandata  tum    „       ^.    ,  .  , 

diíexi.  Em  ti  é  i^mfÊtmimBífn  s^lvatHM; 

(167)  cu$toáhitmiimãmeate$'  Amei  O  que  mMidiats»  e  oom  tal  anciã, 

timonia  tua,  et  dilexit  ea  vehe- 

menter.  OmO  M  MQStfMte  MWrViSQCia 

Con?erlaDH88  «m  fOBiiarl  d»  qua  me  oavía^» 
E  o  meu  ardente  amor  agradecias. 

(168)  Serram  mandata  tua,  et    So  fiel  fitt,  tnOU  DMsJ««Ii|I  htm^  «abCSS 

testimonia  tua^  guia  amnet  via    ^  t       •  •         . 

mem  in  eonepeetu  tuo,  So  com  zeb  oiísenrei  OS  jteus  ifirflaeitaii 

Aos  teus  auxílios  daivo  «na  maliira. 

fioabaei  «Mt  dofuM 
Que  ante  os  toiíS'  aliiM  fisiw  qaniiihavs» 
Que  pensamento  algum  se  te  occultava. 

r 

Tau.  J^^Kil* 

(169)  Appropinqnet   deprecatio    Suba  qual  porOiBMMO  OOta  O  (OU  ihrODO 
mea  in  conspeetu  tuo.  Domine:  *       «     i  •    i        # 
Jiixia  eloguium  tnum  da  mihi  in-    Esta  fliioha  arafillSb  MUOT  piOdoSO  I 

teiifctum.  ^1^^^  ^  thesoufo  dossA  Omoipobonola, 

£  dá-me  intelligencia 
Cujo  clar&o  aas  'vows  que  Sftltaate 

Me  mostre  .clamnixite  .f  nf^  ^llsmstf. 

(170)  Tntret  postuiatio  mea  in  Penetrem  mous  sttspífDS»  qiii|l,aroQip 

rontpeetutuo:  êecundum  eloquium    ^  ,  .  ■     , «  .  «i 

tunm  eripe  me.  Qoo  c^noa  a  Timaortal  sMe,  m  (eus  Wfwos; 

Liberta-me  logrado  ptoaietteste : 

{ni)  Eruetabunt  lábia  meã  hym*  A  abobada   COlestO 


431 


Meus  lábios  romperiio  com  doces  hymoos 
Que  inspiram  os  dietames  teus  divinos. 


«um,  cMii  iocueriê  mejuêtifietUio» 
ne$  tua». 


Minha  lingua  dirá  o  que  disseste: 
Possuído  do  fogo  que  dimanas» 
Direi  de  teus  mandados  a  bondade*: 

Nelles»  tudo  equidade, 
S'ioflammará  meu  estro  de  tal  modo. 
Que  met  cattCb  owvèrtfe  o  mundo  iodo* 


(178)  Pranuniiaòil  lingua  mea 
ehquiufd  fuffm,  ^uia  omma  man- 
data tua  aquitat. 


Eataode  a  mlo«  Softbor»  e  tm  tesgata 
Da  terrena  iHnsia  que  me  iHtieiQa : 
Tua  lei  prereti  liHa  m^  pnidda; 

Em  mim  jamais  se  accenda 
O  fogo  das  pãí^Sés;  dtt  lei  sAiMute 
Me  abraze  o  eora(;ao  «mor  vehemente. 


(198)  FM mmmâ hm^  iêttalvet 

me,  fumumm  mamíatê  UmêUfi*  - 


Cubico  a  salvação,  nada  mais  amo: 
O  que  wdiífiási  Miiito^eiitevnecido^ 
£  sendo  os  leos  pmà  meã  GOiifiM'to^ 

Pará  o  ítíMàè  já  morlo, 
Minha  alma  viverá  para  agradar-te, 
Para  abjurar  ptceados,  e  lowar^^Oi 


(174)  Conaipivi  salulare  twtm^ 
Domine,  et  lex  tua  meditatio  mta 
etf. 

(175)  ytpet  anitna  mea,  et  ioft' 
dabit  te,  et  judicia  tua  adjuva» 
bunt  me. 


Errei,  Senhor,  fugi  do  teu  aprisco, 
Como. vai  uma  ovelha  desgarrada: 
Reconduz  o  leu  servo:  se  ignorante 

Andei  confuso,  errante, 
Apesar  da  fllas^  com  que  fagia 
Dos  preceitos  da  lei  nSo  me  esquecia. 


<176)  Erravi,  sieut  oni»,  qwB 
periit :  guwre  íervum  tuum,  guia 
mandata  tua  non  8um  oblitun. 


432 


PSALMO  CXIX. 


(I.  BOI  OBAUVASS.] 


Caniícum  graduum  1.  CíMíco  da  eMola.  Primeiro  Mn  {*). 

(1)  Ad  Dêmwím  eum  Mbuia-       ivuif  oiar  deacerba  angustia  submeigido, 

Por  Deos  ciameif  e  1&  do  empyreo  aaseato 
Se  dignou  escotar^-me  coodoído. 

(s)  Domine ,  liberu  animam       Defeode-me»  Seohor  1  (Ibo  disso  afllicto) 

meam  à  hbiie  iniquis,  et  à  lin»    *    «  •       .    .  «.  «  ■ 

gim  dêUnn.  Laoios  uiiquca»  liagiias  depravadas 

Me  acoipniettem ;  soccorro  necessito. 

(3)  Qufd  detur  tibi,  ant  quid       Lloguas  engaoadorasl  que  proveito 

tipponalur  iibi  ad  iinmtam  dolê-    «vi-  i  i  i^    a 

t0mf  De  caiumnias  e  dolos  vos  resulta  7 

Quem  pôde  oppor-se  a  seu  tyranno  effeito  t 

(4)  Sagitiw  potentie  acuiw,  emn       Se  as  Dientíras  s8o  settas  penetrantes, 

carboniòui  detolaloriit.  ^  i      ^  >         «     i.  j 

As  calumnias  sSo  brazas  que  devoram, 
E  os  ânimos  perturbam  mais  constantes? 

(5)  Beu  mihi,  quia  intoiaíus       Como  este  mou  destorro  é  prolongado! 

meut  prolongatue  eall  habitavi     r\        .  r      *     j*  .j*  •   -._:^ 

tum  hibUaniLiM  Cedar:  muiinm   Q^an^o  ^  f»*  tardip  O  refrigeno^ 
ineaiafuit  anima  mta.  £  ^  instantcs  aogmontam  mou  Ctttdado!^. 


(■)  Saverio  Mattei  perioade-fe  por  mui  plaun?eif  raiSei  qne  expende,  qne  ertei 
pnlmot  tenrian  para  uio  da  «cala  musica,  «  que  dahi  provém  o  Utalo  dt  CarUitam  |M* 
rfinrf»,  que  quer  diíer  Coiflico  da  eteaíá,  a  qual  lia  moiica  aatiga  eoMiava  Jnitameate  de 
qninse  tout ,  quantos  sSo  estes  psalmof ,  qne  sendo  breres  e  faoeis,  usariam  dellet  os  mestrei  de 
ranlo  para  ensinar  a  modnlaçno  da  Toi  aos  seas  diiciputos. 


433 

Onde  estou?  No  paiz  que  vio  oascer-roe» 
Ou  fia  Arobia  deserta,  oude  irritado 
Tropel  de  salteadores  quer  perder-ae? 

Nto  ha  remédio:  os  bárbaros  rejeitam         (S)  Cum  A/«,  pti  oderutU  ptt- 
A  paz,  porqoe  pacifico  Ih  a  oflferto;  èm^nuM,  Hnptjfnêbma  ^ ^u. 

E  pois  que  ella  me  agrada,  nSo  a  acceitam; 


PSALMO  CXX. 


(II.  BOI  OtUUDVASS.) 


CarUieo  âã  eteala.  Segundo  êem. 

ffOLTEt  para  ca  altos  montes 
Os  meus  olhos,  esperando 
Que  de  lá  descesse  auxílio 
Que  me  fosse  reanimando. 


Canlicmii  gradnum  11. 


(1)  Leomn  9euU$  hmm  M  mtii- 


Este  auxilio  só  vir  pôde 
Do  Senhor,  da  mto  divina 
Que  creou  os  Geos  e  a  terra, 
E  sobre  tudo  domina. 


(1)  Âuxiiiftm  meum  à  m^»^»^^ 
pU/eeií  emlum  eí  ierrum. 


Diz-me  d'alma  a  voz  interna: 
«Nio  temas,  Deos  te  vigia; 
Nto  dorme  durante  a  noite. 
Nem  fecha  os  olhos  de  dia. 


(3)  Nen  iet  in  eommolianem  pe* 
dem  fiitim,  neqne  dormUty  fui 
oiêt^dM  ie. 


«Deos  vigilante  nSo  deixa 
Que  um  seixo  o  pé  te  moleste; 
De  vigor  e  de  firmeza 
O  teu  sér  todo  reveste. 

Tomo  VL 


(4)  Eete  non  dormitabU  $Ufue 
éirmiet,  qui  euiMii  larael. 


ts 


434 

«Nlo  dorme)  nem  é  fx)8siv«j 
Que  domite»  sem  reparo, 
£  deise  o  sèo  diaro  fOfo 
Israel  ao  desamparo. 


(5)  Dúminuê  ettêMit  f e,  iMm* 
mu  proteetio  tua  super  tnanum 
dexterom  tuam* 

(0)  Per  diem  Sol  non  uret  te, 
neque  Lima  per  noctem. 


«O  teo  ragie  manto  Miende, 
Debaixo  detta  le  ílhtiga  t  - 
Do  Sol  te  veda  os  ardores. 
Da  Loa  influxos  mitiga. 


(7)  DêminuM  euêtodit  ie  ah  amui 
maú :  eusUdiat  oMimam  iuam  D«- 
minfte. 


«De  todo  o  mal  te  defende 
O  Senhor^  e  da  tua  alma 
As  cogitações  penosas 
Com  sopro  l^nigao  acafan». 


(8)  DMi^itifff  ewtêdiiti  inif9i' 
tum  fuM»,  êi  êxUum  Imn»,  ex 
hoe  nunCy  et  usque  tu  ««evitiffi. 


«Qae  cMks  «oa  Mas,  xm  mmdè. 
Te  ha  de  á  dextra  -emMiniiidnr; 
No  tempo  oo  na  eternidade 
Te  Tai  sempre  MampmAor* » 


PSALMO  CXXI. 


(ZII.  BOS  OaADVASB.) 


CantiGum  graduum  IH. 


(I)  Lmtaiut  9um  in  his,  qua 
dieta  »unt  tnihi,  in  domum  D#- 
mini  ibimuã. 


Caníicê  da  9êeêHa.  Tettmto  Mn. 


Q 


UB  eobvesvito'!  que  «liirio 
Senti  quando  me  disseram 
Que  na  €asa  do  Senbor 
Infla  mil  iiens  nos  esperam! 
Que  á  pátria  israd  toltava, 
E  o  meu  'desterro  acabava ! 


^m 


Oh  JetfMifim  querida! 
Com  foe  «lfor.oço  e  ipasmo  \fi  cootapiplo! 
laà%  os  maus  p^  hio  .d^  ppr-se 
No  atrÍ9  afortuQikdo  do  teu  teropW^ 

Ta»  Cidade  IÍ0  (aiMsa» 
Do  degredo  .oAde  ffimo  Uo  .diwwif 
Que  aspecto  regular  dos  apresentas ! 
Os  teus  npuros  ansteotani  «  GoipK^OKdia, 
És  o  ^sylo  ida  Pax,  da  Bliacnioardia. 
E(n  ponposo  ajuolanieatQ 
As  tribos  alU  coocorcooif 
E  com  dictames  dixioos 
MuttiaiMQte  ae  soceoneoi ; 
Ao  Senhor  que  glorificam 
Morada  eterna  edificam. 
Confessando  de  Deos  o  saocto  nome^ 
As  verdades  de  seu  sublime  orac'lo 
Testifica  Israel  no  tabernac'lp. 
Alli  foram  coHocedes 
Os  thronos  donde  dimana 
A  justiça  que  preméa 
Ou  castiga  a  espécie  humana: 
Essa  de  David  governa 
Q  palácio,  a  herança  eterna. 
Bogai,  povos,  ao  Sér  benevolente 
Que  a  Jerusalém  dê  paz  e  alegria ; 
Que  aos  servos  que  a  Deos  amam  recompense 
Com  abundantes  graças  oada  dia. 

Cesse  o  turnuUo,  ia  disoordia, 
Suspenda-se  a  guerra  audaz; 
Vivam,  meu  Deos,  os  teiis  servos 
Contentes,  ifirmes,  e  em  >paz : 
Da  fraternal  concordância 
Derive  sempre  a  abundância. 

Tomo  VI. 


(t)  Sífinies  erant  pedei  noslri 
m  átriig  tuia,  Jeruêolem. 


(3)  Jer^»alem,  çum  adifieaiur^ 
ut  civitaSf  eujuã  parUcipaíio  ejut 
in  tdipsum. 


(4)  ///trc  enim  ascenderunt  tri' 
èiit,  tribut  Domini:  teftimoitium 
Itrael  ad  eonfttendum  nomini  Dih- 
mini. 


(5)  Qtf j«  illit  tederunt  tedes  in 
judicio,  iedrt  super  domum  Dm' 
vid. 


(6)  Rogate,  çum  ad  paeem  gunt 
JeruHdem :  et  abundantia  diligenr 
êHuMíe, 


(7)  Fiat  pax  m  virtute  ttui,  et 
aiundâtUia  in  turribní  tuit. 


(8)  Propterfratretmeotyetprth 
ximot  meot  hqftebar  paeem  de  te. 


n 


436 

Pois  que  os  vínculos  mais  doces 
Nos  uDem,  meu  Deos,  oonseote 
Que  unidos  sempre  vivamos. 
Que  este  bem  só  nos  contente: 
Na  tua  excelsa  morada 
Domine  a  paz  suspirada. 

(9)  Propíer  dmmm  Dômini  Dei  Em  quautO,  Ó  felis  Cidade, 

Beside  immovel  na  altura 
Desse  outeiro  o  sacro  templo, 
É  certa  a  nossa  ventura: 
Ab!  quanto  bem  lhe  deseja 
Nosso  amor,  cumprido  seja. 


PSALMO  CXXII. 


(XT.  BOI  GHAUVABS.] 


Canticum  gruduara  lY.  Cantico  dã  escola.  QuoTto  íom. 


(1)  Âd  u  levavi  oeuioê  meê$,  il  Ti|  meu  Doos,  quo  dominas 

qui  habitas  in  ealis. 


A 

A  espaçosa  terra  e  os  ceos, 
A  ti  voUo  estes  meus  olbos. 
Envio  08  suspiros  meus« 


(S)  Bcee  Mteut  oculi  $ervorwn  ComO  O  SerVO  CUidadoSO 

in  manibuM  dwninêrnm  êUêrwn, 


Depende  do  sen  patr9o, 
£  consulta  os  seus  acenos 
Se  empreende  qualquer  acçSo 


437 

Como  oas  mios  da  senhora 
Fixa  a  ?ista  a  escraya  atteiita» 
E  sem-  que  ella  o  determme 
Algum  movimento  intenta: 


(3)  Sicni  ottUi  mteilUB  in  mêni- 
hua  domina  »um^  ita  oeuli  tuutri 
ad  Domiitum  Deum  nottrum^  do» 
nee  miieremtvr  nmtri. 


Assim  eu»  cheio  de  magoas, 
A  ti  chamo  e  volto  afflicto; 
Tem  piedade  do  que  soffro, 
DA-me  a  paz  que  necessito* 

Tem»  meu  Deos,  de  nós  piedade: 
D'insulto8  fartos  estamos; 
Zombam  de  nós  os  suberbos, 
Cobertos  de  lucto  andamos. 


(4)  MUertre  mitri^  Domine  ^ 
miserere  notíri :  fuia  myUum  re- 
pleii  iumus  detpecUone, 


Já  n8o  cabe  em  nossas  almas 
Dos  opprobríos  a  abundância : 
Em  ti  confiamos;  dá-nos 
Ou  mais  allivioy  ou  constância. 


(5)  QuimmnltumrepUiêeoi  ani- 
ma naUra,  ^^obrium  akundan' 
tibut,  et  deepeetiú  tuperèi$» 


PSALMO  CXXIIÍ. 


(▼.  »oi  aaABVAss.) 


Canlito  da  escala.  QuifUo  tom. 


s 


B.Deos  nSo  fora  comnosco» 
(DigaH)  Israel  jucundo) 
Seriamos  sepultados 
No  abysmo  roais  profundo. 


CanUcum  graduum  V. 


(I)  JVM  ffffa  Dominai  erai  in 
noòiOy  dieat  nune  hrael^  nioi  quia 
Vominus  eral  in  noàii* 


(í)  Cum  cxsuriferefit  heminrs 
íh  nos^  fortitm  vivs  deglutistènt 


n0s. 


4^8 


Qiidédo  m  pérfidos  corriam 
GòMra  nós  a  deTorar-noa, 
Parecia  que  asaiiii  Yivas 
Appèteeiiam  tragàr-Éoa. 


(3)  Cum  iraucretur  furor  eê' 
rum  in  tios,  forsitan  aqva  «**«r- 
kuiatent  nos^ 


Para  etitar  os  ttratioòdv 
E  procurar  inêlhbt  sorte. 
Nas  ooáas  embratecídas 
Fomo!í  affi^dttaf  à  ÈQÍirte. 


(4)  Têrrentem  perírantivit  ani- 
ma noitra,  fnrsiian  pertratisitsfí 
anima  nostra  aptam  inioUrabU 
iotn. 


th  Tortice  teofpeMit»  . 
Qiiem  entla  mis  sàWarièt 
DèoSy  èue  etííe  as  tméSB  nos  lera, 
Mestno  alli  nès  acudia. 


(5)  fíenedietui  Dominui,  pà 
non  dtdit  nos  in  eoptionem  éenti- 
buo  eorim. 


Deos  noa  Kvrou  ooiâpassivò 
t)m  dentes  de  bomm»  corruptos; 
Traosportott-nos  d'Qiltre  às  yagas 
à praia,  sahos  e  einutos. 


(6)  Anima  noslra,  tictéi  poster, 
erepla  eoi  do  laqiíeo  oenantium. 


Escapámos  como  escapa 
Ó  pássaro  voador 
Quando  evita  apercebido 
0^  láçòi  dò  Caçador. 


(7)  Lafuefto  contrituo  e«#,  ei 
nos  liberaii  sumuo. 


Rompeo-se  o  pérfido  laço 
Ém  qííe  fôramos  envoltos; 
Rasgámos  livres  os  ares» 
Vagámos  o  bosque  É>llos. 


(a^  Jdjulorinm  nootnun  in  no» 
mine  Domini^  §ui  fecít  emlum  ei 
ierram* 


Este  poderoso  aiixilte     • 
Vem  do  nome  do  Senhor, 
Que  é  dos  Ceos,  do  mar,  e  terra 
O  supremo  Creador. 


439 


PSALMO  CXXIV. 


(▼S.  1KI8  OBADITAXS.) 


da  «leoía.  Sesno  tom. 


Co 


MO  paraiaiiece  iiRatov«i 
Be  Sião  o  iiK>iite  augvstg, 
Fi«i}do-se  em  Pega  fómeiíte 
Firme  permanece  o  jnsto: 
De  Jerii$a)em  sublime 
O  habitante,  afortunado 
Jámái9  será  conturbado. 


Caiikican  graduum  VI. 


(1)  Qui  CÊHfidunt  in  DohUho, 
iieut  mona  Sion :  non  cpmnkwebi- 
tur  in  Kternumy  qui  habitai  in 
Jeruiolem. 


O  Senhor  cinge  a  Cidade 
De  serras  alcantiladas, 
E  as  gentes  que  alli  residem 
Por  Deos  mesmo  s&o  guardadas 
Com  amor  nellas  vigia ; 
Âltento  e  compadecido 
Cerca  o  seu  povo  escolhido. 


(S)  MonUt  in  eirciiilu  ejus,  it 
Jàtminu*  r»  cireuitn  popuU  »ui 
ex  húe  hkmc,  et  uiêque  in  Moaiium. 


Elie  impede  que  a  maldade 
Âccresceote  ao  justo  dores, 
E  será  quem  quebre  as  varas 
Que  empunham  os  peccadores  : 
Suppre  dos  fracos  o  alento  $ 
Nenhum  prospero  delicto 
Tentará  o  justo  afflicto. 


(3)  Qtna  nan  relinquel  Dotni- 
nu9  virgatn  peeeatarwn  super  tor^ 
tem  juMlarum :  ut  non  exiendmU 
Juiti  ad  iniquitatem  manta  tttaf. 


Aos  bons  o  Senhor  defende, 
Consola  o  justo  se  chora ; 


(4)  BtnffãCy  Domine t  banis,  li 
fvHit  earáe. 


440 


Rectos  corações  acolhe. 
Abençoa  a  quem  o  implora : 
NSo  ha  bem  sem  sea  auxilio; 
O  mortal,  s6  nSo  vacilla 
Quando  a  sua  luz  scintilla« 


(5)  Detíinantea  mitem  in  obU' 
gationet  addueet  Deminuã  cwn 
0perantiòu9  iniqvilaíem :  pax  f  tt« 
píer  ísroeL 


Mas  os  cegos  que  transf  iam, 
E  em  suas  paixões  se  cevam, 
Perecem  como  os  mais  impios. 
Seus  passos  á  morte  os  levam : 
Cessa  o  seu  influxo,  e  alegre 
Respira  o  Povo  fiel. 
Reina  a  paz  sobre  Israel. 


PSALMO  cxxv. 


(▼ZX.  D08  OBABVASB.) 


Canlicnm  graduum  YII. 


(I)  /»  eonvertinilo  Dêminuaca- 
ptivilatem  SUfn  facli  uutnut  aicid 
consolali. 


CaMieo  da  eicàla.  Sethmo  íom. 

yiTANDO,  oh  Senhor  poderoso. 
Quebrares  grilhões  pesados 
Com  que  está'  SiSo  captiva 
Por  obra  destes  malvados. 
Tal  será  do  gosto  o  efifeito. 
Que  para  tanta  ventura 
Fique  o  coraçfio  estreito. 


(lí)  TuncrepíetumetigmtHioos 
n/ístrum,  et  lingím  ncatra  exftlUh 
tione. 


Então  em  doce  alegria 
Todo  o  pezar  se  dos  troca ; 


441 


Sabírão  como  em  torrentes 
Os  bymnos  da  nossa  bocea: 
A  oossa  língua,  exultando. 
Irá  com  pomposos  termos 
Teus  favores  celebrando. 


Attonita  a  gente»  á  vista 
Do  resgate  suspirado» 
Dirá — Como  Deos  é  grande! 
E  o  seu  povo  .afortunado ! 
Nós  de  magoas  libertados 
Daremos  6m  á  tristeza» 
Em  delicias  abysmados. 


(3)  Tvne  iieemt  inter  geniei, 
mâgni/CÊoU  Dúmbnu  fucere  cim 
eiM, 


As  desgraças  esquecendo, 
A  victoria  memorando, 
Iremos  tantos  prodigios 
Juntos  em  coros  cantando: 
O  mais  suave  instrumento 
Acompanhe  a  expressSo  doce 
Do  nosso  contentamento. 


(4)  Magni/ieÊuií  Dominuifaee» 
re  noktMenm^fmcli  nunuM  ImUnUet, 


Vem»  ó  meu  Deos»  consolar-nos 
Neste  duro  captiveíro ; 
Vem  qual  chova  que  humedece 
O  mais  árido  sequeiro; 
Como  inundaçBo  precisa» 
Que  depois  da  mangra  estéril 
Um  terreno  fertilisa. 


(5)  Cêtwertej  Domine,  tmpUvi- 
totem  nottrom,  iieut  terrenê  in 
auãtrú. 


No  frio  inverno»  choroso 
O  lavrador  semeava; 
Mas  carregado  de  messes 
No  estio  alegre  voltava: 


{B)'Qui  omiHmU  in  laerymia^ 
ín  exultntione  metent» 


442 


Suave  presentimeiítol 
Veremos  «  Pátria  livre? 
TeremoB  coDtwtanieBto? 


(7)  Eunteãibant,  etflebãiitmit' 
tetUet  tetnina  aua. 


(8)  Fenienteiauiemvementeum 
exnltaticne,  porUmte$  manipdot 

SV08. 


Israel  captivo  e  aflSícto 
Trabalha  com  dor  pungente, 
Qual  caltor  que  em  teira  estéril 
Lança  aem  fructa  a  semente. 
Se  a  Pátria  for  triumpbante» 
Vdtará  oomo  o  que  volta 
De  uma  colheita  abuudaote. 


PSALMO  CXXVI. 


{Vtn.  IKNI  OaABVABS.) 


Canticum  graduum  Vin. 


(I)  A't«i'  Daminut  eediJUaverit 
donutm,  in  vútmm  laÒormfcrunt 
qui  aidifieant  eam. 


Cântico  ia  eãoida.  Oitavo  tom. 


s 


B  o  teu  palácio»  ó  mortal, 
O  Senhor  não  edifica, 
Em  vão  para  levantá-lo 
Trabalha  quem  o  fabrica. 


(£)  Nisi  Dúminua  cuttodierit  ei- 
ritatem,  fruêtra  vigilat,  qui  cus» 
MU  eam. 


(3)  Fanum  €$t  mM«  atUe  lutem 
êurgerey  iurgUe  poslquam  sederi" 
l/«,  qui  manducatit  panem  dolorit. 


Se  desse  edificio  nobre 
Nio  é  Deos  quem  guarda  os  muros, 
Toda  a  vigilância  é  nulla. 
Ficam  sempre  mal  seguros. 

Madrugar  anies  que  douie 
O  Sol  do  Oriente  o  iriso. 
Não'  convém ;  algum  descaoço 
A  quem  trabeAa  é  preciso. 


448 

Doriiie  o  justo,  e  era  ^âilto  dorme,     (4>  Cum  àêi»it  tuieait  mi# 
bem  «dar,  Den  o  enriquece;  juii:  mercês, /rwitu$vetÊiri9. 

Dá-^lhe  heranç»,  fiifaw,F  gloifia, 
Dons  qae  a  nrtiide  merece. 


Os  filhos  sio  08  escudos 
Que  aos  pães  nas  krttas  amparam ; 
Melhores  arnsas  que  as  settas 
Que  mios  potentes  dispsralhi. 


Quando  a  fortuna  persegue, 
E  aos  tribuoaes  s9o  chamados, 
N&o  temem,  se  se  apresentam 
De  seus  filhos  rodeados. 


(6)  Beãtui  vtr,  qtd  impUvUde» 
riderhtm  tmapi  ex  ipêúf  ima  rwi- 
fundetur,  cwn  lofuetur  inimicii 
núe  in  porta. 


Ditosos  pães!  se  dos  filhos 
Encontram  quanto  desejam ; . 
Cujo  exemplo  Os  bons  animat 
E  era  ▼fto  penrwsos  íntqam. 


PSALMO  CXXVII. 


(IX.  BOB  OBABITASS.) 


CafUieo  da  eicála.  Nano  Mn. 


F 


BLizBs  OS  que  a  Deos  Mtnem ! 
Os  que  seus  passos  medindo. 
Os  vfio  sempre  dirigindo 
Pela  estrada  do  Senhor. 


Caoticiim  graduum  IX. 


(1)  BeaU  cmnes  fnl  timint  Do* 
minum,  qtti  mnèttiãnt  /n  vtít  fju9. 


(t)  Labores  mamnm  tuarum 
çuim  nitméucÊ^s ,  ieaivs  e$ ,  et 
bene  tibi  erit. 


444 

O  homem  activo  e  destro 
Da  dependência  se  isenta, 
£  o  pSo  de  que  se  alimenta 
É  fructo  do  seu  lavor. 


(3)  Uxor  tva  iieut  vitit  nbm- 
dana  in  UUeribw  dêmuã  tum. 


Em  domestico  socego 
Vè  a  consorte  formosa. 
Gomo  a  videira  frondosa 
A  seu  lado  prosperar. 


(4)  FilU  tot,  eietU  nweUa  oli- 
vArt/ifi  t»  eiraUiu  mema  tua. 


Vè  seus  filhos,  que  a  frescura 
Teem  de  aromáticas  rosas, 
Quaes  novidades  viçosas 
A  frugal  mesa  cercar. 


(5)  Ecce  He  benedieetur  hêtno, 
gui  iimet  Dominum. 


Eis-aqui  o  que  recebe 
De  Deos  benção  copiosa. 
Se  em  sua  alma  fervorosa 
Existe  um  sancto  temor. 


(6)  Benedicãt  tibi  Dominua  ex 
Sion:  et  videas  bona  Jerusalém 
omnibua  diebua  titã  tva. 


Deos,  ó  mortal,  te  abençoe 
Das  alturas  de  SiSo; 
E  ao  teu  dócil  coração 
Conforte  o  divino  amor. 


Enternecido  recolha 
Teus  patrióticos  votos; 
Com  teus  suspiros  devotos 
Mil  dons  â  Pátria  obterás. 


(7)  EtvidemifiUoaJiliorumtuO' 
rumj  pactm  auper  laraeL 


Opulenta,  socegada 
Sempre  a  verás  em  teus  dias, 
Gozando  das  alegrias 
E  bens  que  produz  a  paz. 


445 

Na  mais  serena  velhice. 
Sem  caasar-te  a  morte  susto, 
Co'  as  esperanças  do  justo 
Tua  alma  confortarás. 

Antes  que  o  momento  chegue 
De  gozar  prémios  celestes. 
Teus  filhos  e  os  filhos  destes 
Ioda  alegre  alcançarás. 


PSALMO  CXXVIII. 


(X.  B08  OaADVASSO 


D 


Cântico  da  escala.  Decimo  tom. 


BSDB  08  meus  tenros  annos  combateram 
Mil  vezes  contra  mim  pérfidas  gentes: 

A  Israel  s&o  patentes 
Casos  em  que  fui  sempre  combatido, 
Luttando  sem  cessar,  jamais  veoeido. 


Canticum  graduum  X. 


(O  StgpeexptgnavermUmeàjn-' 
venMe  mea,  dieat  nune  ítmel. 


(2)  Sape  expugnttverwU  me  à 
juoentutemea:  etenim  non  potuc' 
runt  mihi. 


O  mais  pesado  jugo  os  peccadores 
Sobre  o  dorso  ulcerado  m'impuzeram ; 

O  tormento  estenderam,     . 
E  fui  victima  delles  largos  annos: 
Mas  Deos  cohibe  os  Ímpetos  tyrannos. 


(3)  Stiprm  dersum  meum/aòri- 
coMruni  peeeatoretf  prolongavt-* 
rutU  iniquitatem  Mumm, 


Justo  o  Senhor,  a  cerviz  impia  tronca, 
Põe  malvados  em  fuga  vergonhosa; 
Da  turba  revoltosa 


(4)  Domiuttijtttiuiconcidilcer' 
ttieet  peecãiarum:  em^undantur^ 
et  emujerlantvr  reírorêum  ^mnea 
fui  oderunt  Sian» 


446 

Quebra,  dissifa  a  forca:  assin  jperecem 
Os  que  a  SiBo  insultam  e  atKwacteiD : 


(5)  Fiantiicta/mnwnieetorum,  Quaes  plaotas  que  Vegetam  sobre  os  tectos, 

gvoâ  priuiquam  evellatvr,  exa* 

ruii.  Que  seccam,  sem  que  mão  cultora  as  colha» 

(6)  De  gvõnMimplmtrrumvm  iSom  qUO  doHas  esColha 

ffifom  çui  meiií,  et  Mimtm  num 

qui  manipuiúi  toiUgii,  Avido  sogadorum  SÓ  puitliaao; 

E  em  pó  as  varre  o  veoto  arrebatado. 


(7)  Et  iwn  dixerwU  quiprmter-   Germinam,  crescem,  murcham,  sem  que  atteote 

ibant:  Benedietio  Domini  euper    mr  •  i         «,     j 

vút :  Benediximui  vobis  in  fia-   «O  scii  iffço  ^om  passa  pela  estraoa : 
"^'^  '^"*'  Oh  planta  desgraçada ! 

Nunca  «icbastes  i|(guem  que  te  dissesse 
—  Deos  te  abençoe ;  augmentat  reflorece. 


PSALMO  CXXIX. 


{VI.   DOS  PENITENCIAES.) 


(XX.  IKNI  OBABir. 


caniicum  graduum  xt.  CoÊitMo  .(fa  eãcíidá.  Uíideeimo  tom. 


(I)  De  prt^undis  etamnH  ad  te  jjo  maiS  .profiwdo  do  abvySOiP 

Domine :  Domine^  exttudi  vocem 


Do 

míáw. '  Te  dameii  Senhor,  piedade: 

Minha  .voz  cançada  e  ronca 
Attende,  ó  Ooos  de  bondade. 


(2)  Fiant  aures  tua  intendentet  PrOSta  OUvido  a  mOUâ  SUSpiroS, 

in  veeem  drprceatiwit  nua. 

Vé  meos  aceiibos  ioimentoe; 
Movam*te  as  penfisique^eidnctAin 
Meu  peitOi  meus  pensamentos. 


447 


Se  pois  cooidemnar-me  queres, 
Certo  ha  de  ser  meu  castigo; 
As  minhas  culpas  Ao  cartai, 
É  vSo  procurar  abrigo. 


(3)  Si  iniquitãtet  observavens 
Domine,  Domine^  quis  auttine' 
hit? 


Mas  de  um  Juiz  tio  «xacto 
Para  um  Pae  beoigno  appello; 
Tudo  em  Débs  é  dó,  piedade. 
Lagrimas  lilo  de  veDc£-lo. 


(4^  Quiaapudiepnpitiiitiêest, 
et  propter  legem  Íu4tm  auitinui  te 
Domine, 


Sim,  da  tua  lei  me  amparo, 
Fio-me  em  tns  i^onesM», 
Para  crer  ^pie  «s  teus  r^gwes 
Por  minhas  culpas  não  meças. 


(5)  Suttinuit  mHnrn  mea  inver- 
i9  4^1,  apermH  mtbim  mem  in  Do- 
mino. 


Coofio  nessas  'verdades 

Que  ninguém  allersr  fóde, 

E  que  ao  niortal  sSo  penhores 

De  que  um  Deos  seoipve  lhe  acode. 


Besde  que  soa  a  aherada. 
Té  que  toca  a  recolher, 
krael  em  Deos  espera, 
Descança  no  seo  poder. 


(6)  ^  euatodm  mãtutína  utfue 
ad  nodem  speret  laroel  4h  Uo- 
mino. 


Sim,  piedoso,  compassifo, 
Com  redempçSo  copiosa, 
Virá  Javar  o  seu  povo 
Da  macula  criminosa. 


(7)  Quia  úfud  Domimtm  mise' 
ricordiãj  et  eopioãa  apud  efim  re- 
demptio* 


Elle  mesmo  triomphante 
Virá  quebrar  nossos  ferros, 
E  com  torrentes  de  graça 
Apagar  antigos  erros. 


(8)  Bi  ijne  reiimot  Israel  eac 
ommé%9  intfuilêtibvi  rjne. 


448 


PSALMO  CXXX. 


(ZXX.  IKIB  OAABirASS.) 


Canticum  graduum  XII. 


(1)  Domine,  tion  e$t  exaUidum 
cor  meiím,  nefuê  elaii  $unt  oeuU 
9net» 


Cântico  da  escala.  Duodécimo  tom. 


s 


ABES»  mau  Deos,  que  em  meu  peito 
NuDca  a  soberba  acoitei. 
Nem  meus  olhos  levantei 
Para  os  outros  com  desdém. 


(2)  Neque  amòulntti  tu  magnii^ 
negue  in  mirabitíbuê  tupêr  me. 


Jamais  altivos  projectos 
Meu  espirito  occuparam : 
Fiz  o  que  pude  e  dictaram 
Os  meus  desejos  do  bem. 


(3)  Si  nm  humiliter  tenHebam^ 
ãeã  exaUwi  animam  meamé 


Sabes,  meu  Deos,  que  não  qu«t> 
Pompas  com  alhéa  offensa. 
Cargo  que  me  não  pertença, 
E  fructo  só  de  ambiçto. 


Se  humilde  nSo  reconheço 
O  que  sou,  o  que  me  falta, 
Ou  se  amor-proprio  me  exalta 
Orgulhoso  o  coração. 


(4)  Sieul  ablaetatus  eil  9uper 
matre  nm,  ita  retributatio  inam" 
ma  mea. 


Como  no  collo  materno 
Os  meninos  desleitados 
Ficam  c'os  olhos  pregados 
Com  timidez  sobre  a  mie: 


449 


Assim  para  os  ceos  voltada 
Minha  alma  de  ti  depende; 
Nada  mais  quer  nem  pertende 
Qae  o  qae  julgas  lhe  coDvem. 


Das  próprias  forças  nlo  fie 
Israel  prosperidade; 
Agora  e  na  eternidade 
Tudo  espere  do  Senhor. 


<5)  loirei  Itrmei  in  Dêminê  ex 
hoe  miiie,  eí  Wfue  4n  $meuimm. 


PSALMO  CXXXI.  (•) 


(XUX.  »08  OBADVASS.} 


Cântico  da  escala»  Trigestimo  tom. 


s 


EHHOR,  que  as  virtudes  nobres 
Guardas' na  eterna  lembrança, 
De  David  teu  fiel  servo 
Recorda  a  índole  mansa. 


CantieuDi  graduam  XIII. 


(1)  Memento  Domine  DaM,  et 
omnio  mamuetudiítio  ejuo. 


Tem  presente  a  chamma  activa 
Que  o  coraçlò  lhe  abrasava ; 
E  concederme  que  eu  cumpra 
O  que  o  sancto  Rei  jurava. 


(8)  Sieutjurmi  Domine^  votum 
tovU  Doo  Jacob : 


(•)  Bonuet  initenta  a  opintto  dot  (jiie  adaptam  ette  psalmo  á  primeira  dedi cacto  do 
templo,  e  o  aUribuem  a  Salomio.  Mattei  porém  dis  naii,  qae  o  do? idar  de  que  leja  deite 
Príncipe  é  faaer  gala  de  lepticlmo  wu  ooDWf  as  maii  clarai . 

TOMTO  Vi.  8» 


(3)  Si  introivero  in  Menutcn- 
lum  domus  mete,  ti  atcenderc  in 
lecium  itrati  mei. 


450 

«Ao  Deos  de  Jaoob  pranelto 
(Disse  David)  de  fiear 
Sem  um  tecto  que  me  ahri^ief 
Dia  e  noite  «xpestp  io  ar; 


(4)  SU  éêieré  wmmm  âéuiit 
nuia,  et  paípetri»  meii  éwrmtíã' 
iienem, 

(5)  EtrêqviemtemiMfribfísmeis, 
êotue  inventam  heum  Dmnin0^  t«t^ 
bernaenlum  Peo  Jacob. 


«Sem  dar  a  meiífi  lolbM  womw^ 
Sem  as  palpetiraa  fioehtr; 
Sem  brando  kH»  em  <{ae  fomm 
Os  meus  membms  ^doKaiKpar; 

«Em  quanto  sobre  a  montanha 
De  Sião  não  vir  erguido 
Um  Templo  tfto  magestoso 
Qual  ao  Senhor  é  devido. 

« Assaz  o  teu  servo  envolto 
Na  tristeza  mais  profunda 
Vio  que  andava  a  Arca  sagrada 
Sobre  o  terra  vagabunda. 


(6)  Eeee  audioimuM  eam  in 
Efthraía:  invenimus  eam  in  eam- 
pti  silrff* 


(7)  ínifOitifnuintÊbernaeiíium 
ejm :  adorabimu»  in  lo€9^  vbt  «le- 
kerwí  pede9  eju9. 


«Soube  que  na  selva  amena 
J^oto  a  E^4tit  P&siém ; 
Fui  reataur4*k,  e  em  meu  peito 
Augmentaste  •  v«|eitÍB. 

«Em  Si&o  pousa;  mas  Talta 

Um  mftgiQÂfim  pdifioiab 

Lugar  onda  <«  i^d^r^mw 
Com  per^twQ  s^criSoio. 

«Este  completOf  entraremos. 
Onde  os  pés,  Senhor,  puzeste; 
E  o  teu  permanente  culto 
Nossa  lê  e  «mor  «Iteite.  a 


451 


Assim  David  se  explicava; 
Assim  do  filho  oa  mente 
(Para  cumpiik*  um  tal  voto) 
O  que  disse  tem  presente. 


Surge«  ó  Seohor,  e  me  alenta  i 
O  teu  templo  suba  aos  ares; 
Incenso  e  vicUma  pura 
Fumeguem  nos  teus  altares 


(8)  Surife,,  Pvmiu^  in  repríem 
tiiflm,  ífi,  et  artã  êãneUJieaiimUs 
ftfir. 


Neste  domicilio  novo» 
£  throno  de  sanctidade» 
Descance  a  Arca  ndorada, 
£  o  teu  culto  em  toda  a  idade. 


Revestidos  de  justiça» 
Sacerdotes  puros,  sériosi 
Doutrinem  o  povo,  expliquem 
Os  teus  divinos  mysterios. 


(9)  Saeeréêteg  luiinduãuturjui* 
tltktm,  eè  Mfteti  tni  exnlteiú. 


Desassombrados  exuHem, 
Sem  que  os  assuste  a  mudança, 
Os  teus  justos,  que  allumia 
Qual  tocha  a  doce  esperança* 

Pois  que  a  David  tanto  amaste, 
Seja-te  o  filho  querido; 
Sobre  o  sólio  que  lhe  deste 
Sempre  ampara  o  teu  Ungido. 

Juraste  a  seu  pae:  c|uem  páde 
Duvidar  dessa  verdade,    « 
Que  nem  os  sccuios  frustrara, 
Nem  cohibe  a  eternidade? 

Tomo  VI. 


(10)  Prepíer  Danid  íervnmiuum 
non  «vertas  faciem  Chriati  iui. 


(II)  JnrtiHt  Diminui  DãoSdifê' 
rfíêtem^  et  núnfmwtrãbihifeam^ 
defníctu  ventrU  tnipomm  etifer 
iedem  tuam. 


S9  « 


(I«)  Sieu»t9dierintJiKitmUt- 
iãmenitm  meym,  et  Íeitim9»ia 
mea  hae^  qva  doeebê  eo8 : 


(13)  EíJUiiearumuMqueinsm- 
culum  itdebunt  super  sedem  tumm* 


452 

Por  entre  as  harpas  celestes 
A  Toz  divina  soltaste, 
E  a  David  dcísta  maneira 
Tua  promessa  explicaste: 

«Se  guardarem  (lhe  disseste) 
Os  teus  Glhos  meus  preceitos ; 
Se  os  seus  actos  quaes  Ih'  ensina 
Forem  rectos  e  perfeitos: 

«Se  Géis  os  filhos  delles 
Forem  minha  lei  mantendo. 
Sobre  o  teu  throno  sentados 
IrSo  as  eras  vencendo. 


(14)  QfMNtMt  elefU  JHmiitM 
Sian^  elegit  ean  iu  hãbitatUmem 

(15)  Jffme  requies  mea  in  smeu^ 
lum  saeuli,  hie  habiUièo,  qwniãM 
elegi  eam. 


(IG)  Viduamejuibe^dicenêbe' 
nedicãm^  pmtperes  ejus  Boiunbe 
pmnibus. 


«Firmei  em  Sito  a  sede 
Em  que  hei  de  habitar  seguro; 
Eleito  por  mim  seu  sólio. 
Será  fértil  no  futuro. 

«Searas,  caça,  mil  outros 
Hio  de  ser  os  seus  productos ; 
E  deste  abundante  Reino 
Hei  de  abençoar  os  fructos. 


« Ha  de  o  lavrador  ser  farto, 
O  povo  de  fome  isento; 
Aos  famintos,  aos  que  gemem 
Darei  paz,  darei  sustento. 


(17)  SaeerdêleBiíuaiHdftamia^ 
Itttari,  et  smeti  o»«  exultãti^ne 
exutUibunt, 


«Os  Sacerdotes  devotos, 
Sustentando  o  meu  decoro, 
He  cantarlo  doces  hymoos 
Em  melodioso  coro. 


453 


a  Do  meu  Da^id  a  progénie 
Um  socceasor  lhe  ha  de  dar, 
Que  dilate  o  seu  Império, 
Para  jamais  acabar, 

«Desse  trooco  a  Regia  Slirpe, 
Sobre  o  soiio  teu  sentada, 
Reinará  perpetuamente. 
Fiel  sendo  á  lei  sagrada. 

«Té  ás  mais  remotas  eras, 
Os  meus  preceitos  mantendo, 
De  táo  bella  planta  os  ramos 
IrSo  sempre  florecendo. 


(18)  IlUêc  pradueum  comu  (•) 
Vamd^  pÊoraoi  lueemãm  ChrUtê 


« EntSo  de  teus  inimigos 
A  multidSo  derrotada, 
Será  Yencída,  dispersa. 
Como  fumo  dissipada.» 


(19)  /niMiMs  tJuM  induam  cra- 
/ttiio»B :  iuper  iptum  avtem  ej/h' 
reèU  umeíiJkKtio  mra. 


(•)    Prpdueere  cornu  é  um  idlotifino  bem  eoalifcido,  na  figniOca^  de  dilaUr  o 
império. 


454 


PSALMO  CXXXII. 


{IKIV.  BOS  OaABVAJBS.) 


Canticuiii  graduum  XIV. 


(1)  Eece  çuam  bonym,  et  ptmn 
jvcundum  hãbitare  fratre»  íh 
uHum» 


(9)  SietU  ufifuerdum  in  trapite^ 
qíiod  descendi t  in  barbam^  barbam 
Amroti, 

(3)  Quod  deteendil  in  pramvei^ 
Umenli  rjut:  tieut  roa  Hermotky 
fui  deêceudit  in  mentem  Si9n' 


Cântico  da  escala.  Quaãragêssimo  t&m, 

Xiou  que  frafeernal  candiira 
Devemos»  irmãosi  juBlarHMís! 
E  em  âuave  sociedade 
Uoidos  sempre  slegrar«iios ! 

O  prazer  que  se  reparte 
Os  corações  nt ifica, 
E  tanto  mais  dos  agrada 
Quanto  mais  -se  multiplica. 

Qual  oleoso  perfume 
Sobre  a  cabeça  de  Arilo 
Corre  a  sacerdotal  veste. 
Unge  a  franja  até  ao  chito: 


Tal  como  do  Hermonte  desce» 
Gomo  desce  do  Si&o 
Matutino  orvalho,  e  espalha 
Nas  bervas  a  fresquidUo: 


(4)  Quoniam  ilUe  (•)  mmndMPiè 
liominui  benedicíionem,  et  vitam 
itsgue  in  smculum. 


Assim  nos  ânimos  puros» 
De  unisono  sentimento, 
Docemente  se  diffunde 
Cordoai  contentamento. 


(•)  ItUe  b3o  denota  un  lugfar  material,  como  alguna  teem  crido,  ioterpretoade-o  do 
Silo  e  do  templo,  mal  refere-ie  ao  habittnre  in  «mhn,  isto  é,  ntêta  wátn  MJicfa  e  ^me^ua 
aqui  ettá  a  benção  de  Deos  ;  e  curresponde  ao  Benlimeoto  daquell* outro  poiso,  uòi  fustl  da» 
tei  trcs  eongregati  naminv  mco,  ibi  ««to  tu  médio  eorutu.  — Matlh.  c.  10.  v.  20. 


455 

Ah  meu  Deos!  Em  doce  \9ec0 
Unanimes  nos  juntai: 
Em  coro  vos  cantaremos ;    * 
Este  coro  almiçoail 


PSALMO  CXXXIII. 


(JCT.  DOS  OaABUAXSO    (») 


Cântico  da  esdéh.  QmnquageMmiy  t&fk. 


A 


FiNtit-^E  os  ifMftrtnnentos; 
Cácitai,  sertOB  do  Senhor; 
Exakaí  nois  fossos  hymnos 
O  seu  nome,  o  seu  louvor. 
Vós,  habitantes  do  templo 
Do  âOBBo  Deos,  dai  o  exempio. 


Canlicum  graduum  XV. 


(t)  Ecce  nunt  benetUcite  Domi- 
num,  omne»  servi  Domini. 


(f)  Qui  Miúlii  i»  imn»  Domhii, 
m  •iriiê  imHU»  Dei  iMflrí. 


E  quando  soltar  sombria 
A  noite  seu  denso  véo» 
Com  extáticos  suspinos 
Levantai  as  rofios  ao  Ceo: 
Bemdizei  a  luz  preclara 
Que  tantos  bens  nos  depara. 


(3)  In  noclibite  exlelUte  tnanue 
vestraa  in  eenctã^  et  benedieite 
Demimtm. 


Toda  a  humana  creatura 
De  Deos  a  gloria  apregoe; 


(O  Bit6  pflrino  e  o  antecedente,  aMim  breret  de  quatro  vcr»icnloi  cada  um,  foram 
collocadot  nei  dois  aUrmof  toni  da  escala,  poiqoe  aendo  01  nltimoa  dotf  tom  mais  abetos, 
ii3o  p($de  a  TOS  resistir  por  mtrito  tempo,  como  nos  outros. 

(Matlei.) 


456 

(4)  Bine4i€Êt  ie  DêminMt  ex        .   Elle,  Creador  de  tudo, 

SioH.  qui  feeií  cmlum  ei  Urrem.  a    a  j  i. 

^    ''  A  todos  nos  abeoçoe: 

Cerque  o  nosso  puro  ÍDcenso 
Em  Si9o  seu  throno  immeoso. 


PSALMO  CXXXIV. 


AUeluia. 


v^ 


(1)  Lavi/tf/e  Mm^ii  dmh/km,  te-    1  ós»  sorvos  do  Senhor»  formai  coocertosy 

As  Tozes  levantai»  louvai  seu  nome: 
(«)  Qfii  síatit  in  âênw  Domiai,  \6Sf  quo  habítais  seu  templo,  . 

in  ãiriis  áomuê  Dei  nottri. 

Que  em  sacerdotaes  roupas 

Queimais  perfumes  ante  seus  altares» 

« 

Dai-lhe  gloria,  rompei»  cantando»  os  ares. 

(3)  LãudúteDomimim,  quiabo-  Celebrai  O  Senhor»  cuja  bondade 

nutDvminHê,  matute  n^minieiuu    „         .i.       t        .«         mr^ 

qvcniam  »wtve^  So  estondo  sobre  toda  a  Natureza : 

O  seu  nome  suave 
Afugenta  infortúnios; 
Conforta  os  coracSes  desconsolados» 
AGança  socego  aos  desgraçados. 

(4)  Quomam  Jacob  eitgit  iibi  O  Seohor  dentre  a  multidio  dos  povos 
9ibi  (•).  Elegeo  a  Jacob  para  adorá-lo; 

Dedicado  ao  seu  culto» 


(•)  SIo  eitai  u  cMlomadas  ezpraitSet,  que  nfto  devem  tomar-ie  estrieUiDente :  <|» 
Deo0  esteja  w6  em  JeroMlem  é  a  Smagem  de  um  Príncipe  que  efcolhe  a  cidade  maii  beU* 
para  cabeça  do  império :  que  Deot  reja  s6  o  po?o  d*Iirael,  dá-te  a  imagem  de  mi  GcMraK 
que  f  upposto  com  mande  a  todo  exercito,  tem  comtudo  o  len  regimento  parUcnkr,  «o  qnl 
prefide  efpecialmenle :  nSo  Já  qne  coro  estat  eipreisdei  le  rettrinjam  os  confins  á  Providencia 

(Obitrv.  de  MaUei.) 


457 


Alvo  de  seus  prodígios. 
Elevado  á  mais  alta  dignidade. 
Fez  dlsrael  a  aua  propriedade. 


Quanto  é  grande  o  Senhor,  como  me  assombra 
Quanto  excede  em  perfeitos  attríbutos 

Os  deoses  que  6guram 

Os  illusos  humanos! 
Elle  fez  tudo,  os  Ceos,  a  terra,  os  mares; 
Os  mais  pasmosos  seres  e  os  vulgares. 


(5)  Quiã  ego  eognovi,  qitod  mm* 
gnuM  ett  Dominms,  et  Deus  hm- 
têr  frm  omnihis  diiê. 


(6)  Omnim  ptmatmpie  votuSi^ 
IhminuB  frtU  in  emUf  «n  ierrm^ 
in  mari,  ei  in  mn/Uèuê  aáywii. 


Dos  extremos  da  terra  evoca  as  nuvens, 
Troca  em  chuva  o  relâmpago  fogoso; 

Produz  de  seus  thesouros 

Impetuosos  ventos; 
Vinga  os  crimes  do  Egypto  nos  morgados, 
£  castiga  severo  homens  e  gados. 


(7)  Bdv€eH9  nuAet  «6  extremo 
terraj  fulgwra  in  plwimm  feeit. 

(8)  QifJ  prvdticit  vent&ê  de  the-> 
êmtrtê  nt/t :  ^g  pereu$sit  prime" 
gemia  Hggp^i  oâ  hmnine  nnque  td 
peeuM. 


Bem  o  sabeis,  Egypcios!  Com  que  susto 
Pharaó  entre  vós  vio  mil  portentos: 

Foi  Deos,  que.  a  dura  teima 

Do  Honarcha  irritado 
E  seus  bárbaros  servos  destruindo. 
Aos  Hebreos  um  caminho  foi  abrindo. 


(9)  Et  mitit  êigtm  et  proáigiã 
in  médio  /ut,  ^gypte :  in  Phu- 
rwMffiN,  et  tn  omneê  êervoê  ejus. 


Foi  Deos  quem  fulminando  muitas  gentes 

Exterminou  tyrannos  Potentados: 
Sehon  sôfrego  morre. 
Os  Amorrheos  perecem ; 

Og,  o  rei  de  Basan,  é  derrotado; 

E  todo  o  Canahan  foi  conquistado. 


(10)  Qyi  pertuitit  gentes  mw/- 
ta«,  et  oceidit  reges  fortes, 

(11)  Sehon  regem  j4morrhteO' 
rfim,  et  Og  regem  fíasen,  et  om* 
niã  regna  C/uMêon, 


Ao  povo  dlsrael  deo  por  herança 
Todas  as  possessões  daquelles  impios; 


(18)  Bt  dedit  terras  eorum  ha- 
reditatem^  kmreditatem  Israel  po- 
pulo  suo. 


458 

Canabao  dividindo, 
Repartío  peiíis  tribus 

Seus  opulentos-  thmíos»  seus  estados; 

Vingou  6ei8,  e  castigou  malvados. 


(13)  Dcmine,  nêmen  tuum  tu  Ao  teu  nome,  Senborl  com  laes  prodígios 

alemum:    Domine,    memoriale  ^,     .     .  _*  i         â 

t«um  in  generutionem  ei  gentra-  ulona  immortal  perteoce :  O  esqueeimeoto 
'''^'"'  Nao  cabe  má  imsa»  ilaifl»; 

(14)  Q^m  juéitMt  Dminus  Hi9  a  grâtff  Dscmoria 
dlptetoMur.  ^^  P&^  *  "wos  setupre  ir*  pasMnda, 


Em  quanto  o  térreo  globo  for  durando. 


(15)  Simulúchragenliumttrgen-  QuantO  éS  dlgnO  de  amOf !  O  qoe  9S9 

tum  el  ãurum,  opera  manuum  ho'  —.,  ,  •  i    •      i     * 

mfmm.  D  ouro  e  prata,  por  bocieas  uèrícadosT 

(16)  o»  hmieni^  et  non  Ugue^  Toom  botscsa  sem  «6  faltett; 

iur:   oculot  habení,  et  non  vide'  «      «■ 

bvnt.  Teem  olhos^  mes  sen  vista ; 

(17)  játíres  hvbeni,  et  non  ou-  Toom  ouvidos,  portm  jáoBiais  oivriraBi; 

dient^  negue  enim  eel  ipiritut  fA  _  . 

ore  iff9orum.  Teem  seios  que  nem  sentem  nem  respiram. 


(18)  Simiiei  mêjutnt,  gui/ã^  Semelhantes  a  estes  simoiachro» 

eiunt  ea :  et  oinnea  qui  conãdunt    ci*  l  -jj  «_  i.  • 

ín  eit.  Sâo  os  bomeas  iMnsos  fae  ea  iwricam; 

Idolatram  sem  tino 
Imaginarioa  noncss, 
Que  a  fé  dos  sacrificioB  desvaneceiD, 
E  seus  nobres  destinos  envilecem. 


(lu)  Domus  Israel,  bencdicite   QuSo  foliz,  Israel^  é  tu»  creoca! 

Domino:  domut  Jaron,  benedi-     .,  *.        »v_  •     *.     . 

Cita  Domifuf,  Abeuços  O  teu  DeoB  onmpateaie: 

Vós,  de  Arlo  nobres  fihoa, 

(20)  Domut    Levi ,    bcnedicite  Vás,  Ó  BlhoS  de  Levi^ 

Domino:  qui  timetit  Dominum,     •,,  .         .         ^^  i       . 

benedicite  Domino,  VÓS  que  tomeis  a  Deos»  eograodecei-o, 

Invocai  seu  auxilio  sem  receio. 


(£1)  Benedietus  Dominus  ex   Louvsi  0  seu  podér,  soa  grandeza: 

Sion,  qui  habiíat  in  Jtrutalcm,       „,,  .        '  ,      i    ■  •* 

Ellc  quiz  entre  nós  habitar  sempre ; 


459 

Sobre  Sião  ameno 

Fundou  sua  moradAt 
Que  abrazado  em  amor  daqui  contemplo: 
Eis  a  bella  Gdade,  eis  o  seu  tempio! 


PSALMO  CXXXV. 


A 


Dn»  gloria  e  lovror  demos, 
Pois  que  cheio  de  bondade. 
Assim  como  nos  deo  vida 
Nos  destina  a  eteroidaâe. 

Quiz  05  homens  consolar; 

Sua  essência  e  misericórdia 

Para  sempre  hão  de  durar. 


AUeloÍA  (•). 


(1)  Cênfiíemini  Dmninc^  f«#- 
níãm  Ò0nu8  («Of  fVMicm  tu 
teternum  miêerieordiã  ejus. 


Âcin»  de  qaBotos  Bomens 
Fingem  os  homens  errados 
Domina  Deos;  e  a  Verdade 
Confirma  sens  predicadas. 
Quer  os  homens  Hhstrar; 
Sna  essência  e  misericórdia 
Para  seai]ire  Uo  de  durar. 


(S)  Co^fitemini  Deo  Deorum^ 
qV9nÍ9m  in  atemum  mherícordia 
rjut. 


Louf  ai  o  Beos  qae  governa 
Sobre  os  Príncipes  da  terra ; 


(3)  ConfUemini  Domino  Domi- 
ttorum^  quoniam  in  atemutn  mi- 
êerieordiã tjuo. 


(•)  Este  <  t»  dot  p«ilÉi«i  Ulteirgitos  que  tervU  pua  m  pfocMtaf,  c  p^de  diaer-ce 
uma  Ladainha  Jffoàraiea, 

(•  •)  Gentil iftima  e  a  reflexão  de  Santo  Agostinho  eap.  2\.  de  grat,  et  Uò,  arb.  Deuo 
reédit  mala  pro  malitf  guia  JuHut  est:  bona  pro  maliif  quia  bonut  eeí:  bona  pro  bonio, 
quia  bonut  et  jutíuo  est.  Solvm  non  reddit  maia  pro  bomo,  qu/a  injvttm  non  ett. 


(4)  Qni  fã€ÍÈ  mifãkiUm  ma^nM 
Molut^  quêniêtn  m  aiermim  mate- 
ricordim  ejm» 


»• 


(5)  QuifecUcmloêininteliectu, 
qvaniam  in  mtemmn  misericórdia 
ejuê. 


460 

Que  lhes-  dá  luz  quando  acertam» 
E  que  as  ilIusSes  desterra. 
Quer  os  homens  amparar; 
Sua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hão  de  durar. 

É  só  Deos  quem  faz  prodígios; 
Quem  preserva  em  seus  thesouros 
Gloria  para  as  almas  puras. 
Para  as  culpadas  desdouros. 
Quer  os  homens  ensinar; 
Sua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hão  de  durar. 

Fez  surdir  do  nada  os  Ceos; 

Com  sapiência  infinita, 

A  cada  sér,  generoso. 

Lhe  dá  quanto  necessita. 
Quer  06  homens  amparar; 
Sua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hão  de  durar. 


(6)  QêU  frmwaii  terram  wper 
mpiiUj  fumiiam  in  atemum  mUe* 
rieordia  eju$. 


(7)  QvifeeiÈ  luminÊriu  nmgnM, 
gvoniwn  in  telemum  miMerieardim 
efvs. 


Contra  a  fluidez  das  aguas 
Firmou  a  terra ;  e  suspensa 
A  tem,  por  forças  que  attestam 
Sua  sabedoria  immensa. 
Quiz  os  homens  amparar; 
Sua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hão  de  durar. 

Fez  os  astros  que  allumiam 
A  terra  e  ceos  espaçosos. 
Cuja  luz  alegra  e  rompe 
Os  ares  mais  tenebrosos. 


461 


Quiz  os  homens  consolar; 
Sua  essência  e  misaícordía 
Para  sempre  h&o  de  darar. 


Fez  o  Sol,  que  rege  o  dia. 
Que  á  planta  dá  crescimento; 
Que  pela  manhã  renova 
Tudo  com  sen  luzímento. 
Quiz  os  homens  confortar; 
Sna  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  h&o  de  durar. 


(8)  SúUm  íh  poíestãtem  éM, 
quõmam  in  atemum  miêtrUêriiã 
eju8. 


Temperou  da  noite  as  sombras 
Pelo  luar  e  as  estrellas. 
Que  instruem  a  mente  humana 
Da  gloria  de  Deos,  ao  Yé-las. 
Quiz  08  homens  ensinar; 
Sua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hlo  de  durar. 


(9)  Lunnm  9t  ãUUêt  in  poieM- 
tmiem  WÊCtem^  ptomãtn  in  teter» 
num  mi9eri»ràtã  ejn9. 


Foi  severo,  mas  foi  justo 
Quando  o  seu  povo  ultrajaram 
Os  do  Egypto;  e  acerbo  pranto 
As  mães  Egypcias  choraram. 
Quiz  seus  fieis  consolar; 
Sua  essência  è  misericórdia 
Para  sempre  hão  de  durar. 


(10)  Qtti  pereuêiit  jEçypinm , 
eum  primêgenitit  eomm,  qwf 
mnm  in  aUmum  miêerteordim 
ejtti. 


D'entre  bárbaros  liberta 
D'IsraeI  a  gente  afilicta: 
Este  sublime  resgate 
Quanto  gratidão  excitai 
Quiz  os  homens  amparar; 
Sua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hão  de  durar. 


(11)  Qni  eduxit  lêtael  de  me* 
diê  eotum^  quúniãm  in  teiernum 
mi9€rie9rdim  eju$. 


462 


(t€)  ín  manu  potenii  et  bra' 
chio  exeehoy  quoniam  inatternum 
misericórdia  ejut. 


Seu  amor,  sua  mio  potente, 
O  aeo  braço  formidaYel 
De&baratou  dos  Egjpcios 
O  projecto  dctestavej. 

Quis  os  homens  resgatar ; 

Sua  ^sseoeia  e  misericórdia 
,   Para  sam^ire  bSo  de  durar. 


(13)  Qui  divitii  more  rubmm 
in  divi»ioneê  (•) ,  quoniitm  tfi 
tEtemum  nUtericordia  ejut, 

(14)  Et  eduxit  í$rael  per  mf- 
divm  eju$^  quoniam  in  atemum 
misericórdia  ejus. 


Partio  o  mar;  e  sem  risco 

Foi  Israel  condusiodo 

Por  entre  aa  aguas  suspensas, 

Nellas  larga  estrada  abrindo. 
Quis  06  homens  amparar; 
Sua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hão  de  durar« 


(15)  Et  exeuêtit  Pharaonem^ 
et  virlutené  ejus  in  mari  rttòro, 
çvoniam  inttternum  misericórdia 
ejus. 


Sobre  Pfaaraó  e  as  turmas 
Ferozes  qoe  o  acompanharam, 
As  ondas  embravecidas 
Por  seu  mando  se  fecharam. 

« 

Quis  o  seu  povo  vingar; 
Sua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hão  de  durar. 


(16)  QuitraduxilpoptlumsMim 
per  desertum^  quúniam  in  ater' 
num  misericórdia  ejus. 


Faz  que  Jaeob  atravesse 

O  mais  árido  deserto; 

E  milagroso  alimento 

Entre  as  brenhas  ache  certo. 
Quiz  os  homens  amparar; 
Sua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hío  de  durar. 


(*)     Ditidefe  in  ditiêiontt  i  idiotismo  hebraico,  deoolando  o  ne«iDO  que  o 
dividere. 


\ 


463 


Deo-lhe  figor  qiie  vencesse 

Gigantescas  Potentados; 

Deo-jlie  cowpiistas,  deixando 

Og  e  Selion  destroçados. 
Qun  sens  6eis  illostrar; 
Saa  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hBo  de  durar. 

Do  sen  Pofo  Israelita 

Recompensa  a  confiancn; 

Dos  Doniníoi  Basaoitas 

E  Amarrbeos  lha  deo  a  herança. 
Qun  jDs  homens  amparar; 
Sua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hão  de  durar. 


(17)  Qttt  pereuiHt  reget  ma» 
gn9$,  fuoHiam  in  mtemwn  mi§e' 
rieordia  ejui. 

(18)  Et  oecidit  reges  foriet, 
queniãm  inaternum  mUerieordia 
rjuê. 

(19)  Schon  regem  Amorrhao* 
rUm^  qwmiam  in  alernmm  mtte- 
rieordia  ejut. 

(£0)  Et  Og  regem  Baatm,  gwh- 
niiun  in  aiermtm  miiêrioordiã 
ejus. 


(£1)  Eidedit  Urram  eorttm  hm* 
rediiattm^  qtnmmm  in  wáermum 
Misericórdia  eja$, 

(S2)  Hàreditatem  Israel  servo 
suo,  quoniam  in-  alernum  tnisc' 
rieordia  ejus. 


Nossa  bumiliaçBo  contempla. 
Meu  Deos!  NSo  nos  desampares; 
CompassiYO  nos  converte 
Em  paz  08  nossos  pezares. 

Vem-noSy  meu  Deos,  amparar; 
Tua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hSo  de  durar. 


(S3)  Quia  in  humilitate  nostra 
memor  ftdt  nostri ,  çuoniam  in 
eelernum  misericórdia  rjits» 


Dos  ímpios  que  nos  perseguem 

Reprime  as  usurpagdes; 

Compare  a  tua  justiça 

Seus  e  nossos  corações. 

Yem^nos,  meu  Deos,  consolar; 
Tua  essência  e  misericórdia 
Para  semprie  bio  de  durar. 


(24)  Et  redemii  nas  ak  inimi* 

eis  nostriSy  qvoniam  in  atermtm 
misericórdia  ejus* 


Todos  OS  viventes  nutres, 
Vigilante  Providencia: 


(15)  Qtif  dat  escam  omni  carni^ 
ffHoniam  in  mtermtm  misericórdia 
rjus^ 


464 

Senhor  I  distingue  a  malícia 
Da  candarat  da  innocencia* 
Vem  os  homens  amparar; 
Tua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hão  de  durar. 


(SS)  Cênfiiemim  Deo  neli,  Co- 
ntam in  mternvm  mhericordiú 
ejuê» 

(87)  ConfUemUi  D&ndno  Do- 
minorum^  gwmímn  in  aternum 
misericórdia  ejut. 


Deos  dos  CeosI  Todos  te  loatem: 
Teus  beneficies  pregoem: 
Todos  os  seres  e  voies 
Os  teus  louvores  entoem. 
Vem  os  homens  consolar; 
Tua  essência  e  misericórdia 
Para  sempre  hlo  de  durar. 


PSALMO  CXXXVI. 


leremiae  (•). 


(I)  Super  ftumina  Babylonis 
illie  oedimuê  et  flevimus ,  dum 
rtoordaremur  tui  Sion. 


s 


OBRE  OS  arenosos  braços 
Em  que  o  Euphrates  se  dÍTide; 
Lá  nas  margens  em  que  altiva 
Babylonia  é  que  preside, 

■ 

.De  Sito  nos  recordámos, 
E  alli  sentados  chorámos* 


(•)  Terno,  ameno,  elcjçinte,  e  cheio  de  inugeoi  limplicet  o  oatoraai  é  este  |Malwv 
no  qual  ao  meimo  tempo  que  os  Levitai  le  etcuiam  de  oio  laber  Já  cantmr,  e  de  i2o  ler 
tempo  de  pcniar  em  poesiai,  cantam  efiectivamente  um  dos  mais  belloa  trechos  poéticos  ^ 
na  Bíblia  se  encontram.  No  Hebreo  nSo  tem  titulo :  ém  alguns  códices  Gregos  attríbse-ce  s 
David,  em  outros  a  Jeremias. 


465 


Com  lagrimas  de  aociedadie, 
Que  desciam  quaes  chiiveirosi 
As  If  ras  humedecidas 
Pendurámos  nos  salgueiros; 
Testemunhas  sem  piedade 
Db  nossa  dor  e  saudade. 


(C)  ín  êàUHhu  in  meãh  efia 


Âfflictos  do  captiveiroi 

Da  ?exaçSo  da  injustiça. 

Rejeitávamos  o  canto 

Mais  por  dor  que  por  preguifa; 

Por  medo  que  nos  ooTtssem, 

£  que  as  cançSes  nos  pedissem. 


(3)  Quia  ilUe  interreg^veruni 
tiot,  fní  €upiivú9  duxerunt  mm 
veria  CãnÈiênum, 


Esses  que  nos  captivaram 
Importunos  as  pediam: 
Como  expor  bymnos  sagrados 
Aos  que  tão  pouco  entendiam? 
Gomo  fartar  de  ve^ades 
Profanas  curiosidades?... 


(4)  Et  qvi  nbduxettmt  tiú$:  Ay» 
miuiffi  €Êntate  nêèiã  de  eãtUÍ€Í9 


— Cantait  diziam,  cantai«-nos 
Vossos  hymnos  de  Silo — 
Incautos  1  Quanto  discordam 
Cantigas  e  escravidRol 
Como  a  bárbaros  diremos 
Cantos  que  ao  Senhor  tecemos? 


(5)  QMtnúdo  eantttbimut  eanti* 
tum  Domini  in  Urra  aliena  f 


Sem  dó  dos  nossos  pesares 
Sollicitavam  o  canto» 
Sem  lhes  lembrar  que  elies  eram 
A  causa  do  nosso  pranto: 
Cantar  com  magoa  tamanha 
É  severo  em  terra  estranha* 

Tomo  VL 


âo 


466 


(6)  Si  obliíus  /tíero  ím  Jerntih 
Jem,  ^òliviMi  âeiur  iextera  mem. 


Paralyse  o  movianenlo 

Da  mif&ha  dextra  o  Senfaor 

Se  eu  vibrar  da  lyra  aa  corda» 

Sem  qae  seja  eoi  teu  louvor, 

Oh  JerudaieiD  querida! 

Oh  morada  appetecida!  \ 


(7)  Adhartttt  lingua  meu  fmt^' 
ífut  meity  9i  mn  meminer»  tui. 


Pegue-se-me  a  liogua  &s  fauces 
Se  eu  te  riscar  da  torabrança; 
Se  n&o  buscar  restaurar-te 
Á.  ventura,  i  segurança ; 
£  se  os  meus  gostos  mais  puro» 
Buscar  fóra  de  te»  muros. 


(H)  Si  n»n  propoiuero  JfruM- 
iefítj  in  principio  Iwlitia  mem. 


Niuho  meu,  amada  Pátria, 
Tu  só  minha  alma  dominas  3 
Tudo  o  que  é  teu  idolatro^ 
E  mesmo  as  tuas  minas 
Prefiro  á  pompa  iosukante 
De  Babylonia  arrogante. 


(9)  Memor  etlo^  Domine^  filio^ 
rum  j£dom  in  die  Jerutalem  («). 


No  dia  da  fatal  queda 
Viste,  ó  Deos,  a  perãdfo 
Dos  fiihoB  daiEddm»;  e  loste 
Se  SiSo  a  mereon: 
Tu,  que  éa  jusio  e  vingador, 
Ah!  nío  t'esqueça,  Senhor! 


(10)   Qiti    dicunl:    etiwniie  i 
exinanite  yêque  ad/undamentum 


Foi  cruel  a  nossa  sorte, 
in  ea,  Iguol  a  sua  sorá; 

Deos  castigará  perversos 

(•)  Oi  Idumeot  (ou  fllíiot  de  Edom)  uiktram-sc  «os  Babylooiot,  como  se  coíbe  d'Ctf^ 
chiei,  Jeremias,  e  Abdias;  cinco  annos  depois  dadeslruiçilo  de  Jerosalem  fei  NabucbodooosDr 
Qm  grande  morticínio  dos  mesmos  IdateieoSi  como  disfinclamente  refere  Josqilio  no  liv.  X. 

c.  3.  das  Antiguidades  Judaicas. 


467 


£  aíQickM  coBSolará : 

Ha  deèumiihar  a  arrogaacia, 

E  confundir  a  jactância. 


Chaldeos,  Mumeol,  tjraniioa» 
Tremei  do  tosão  destino : 
Vossos  crimes  provocaram 
Contra  Tós  furor  difíno: 
VaiH»  a  ntrero  já  rompendo^ 
Os  raios  já  tIo  descendo. 


(11)  J'ilia  BàbyUnit  mi$erm! 
beatu$  qui  retribuet  tibi  retribua 
tiúnem  twun^  quwn  reiribuUti  n»- 
bit. 


Outros,  de  vás  trtomphando, 
Vos  darãO]O.c|«0.nos  destes; 
Esmagarlo  vossoa  filhos 
Bem  oomo  aoa  nenos  Gsestes: 
E  Babf  bnia  nialf  ada 
Será  também  atrasada. 


(Ifi)  Beaiuê  qmi  itúiUt,  H  ai- 
Udei  pmrmdoê  !«»«  tuí  petram* 


PSALMO  CXXXVIL 


DêDwM. 


C 


OH  todo  o  eoraçlo  hei  de  lonvar^e» 
Meu  Senhor,  pois  qoe  ootiste  com  piedade 
As  vozes  que  articula  a  minha  bocca. 
Cantarei  perante  os  Âojoa, 
No  tempb,  e  em  face  dos  Geos; 


Ipsi  David  (•). 


(1)  Confiiebor  tíbi.  Domine,  in 
ioto  eorde  meo :  qwmam  ãuditíi 
verba  oriê  mei. 


(£)  JnconspecluJagelonmiptal» 
Iam  tibi:  adãraboad  templum  tanC' 
tum  tuum^  et  cot{fitebor  nomini  f  t/o. 


(•)  Bctt  edv«rfH%fn  Mofler  e  Ifnii  qne  este  pialmo  foi  escrípto  por  David,  quando 
livre  já  dai  furiaa  de  SabI  e  doa  ouUof  ioiniigot,  reitituída  a  pas  ao  reino,  dava  graçai  ao 
Senhor,  convidando  ao  mesmo  oflScio  todos  os  Reis  conSnautes,  que  tinham  sido  espectadores 
dos  prodígios  divino». 

(Multei.) 
Tí)!vio   VI.  3Ò  s 


468 


Exaltarei  nos  meos  hyilioo§ 
O  nome  augusto  de  Déos. 


(3)  Super  miuneordia  iua,  et   Minha  ospcrança  augmenta  quando  penso 

verilate   tua:   quoniam   magnifi-  •       •       j- 

CMti  iupermmie  nomen  nànàtum    1*0030  6  COBStante  a.tua  nUSeriCOnita, 

^^^^^'  Como  infailivel  é  tua  verdade: 

(4)  In  quQcumque  die  invoca"  So  em  qualquef  dia  le  invoco, 

vero  /ff,  exaudi  me:  multiplica" 

bit  tn  anima  me  a  virtutetn.  Exaltas  teU  nomO,   O  apprOVas: 

Deste  modo  na  raiafaa.alnia 
Todas  as  forças  renovas. 


(6)  Canfiteaniur  tibi.  Domine,    Venham  todos  08  Rois  da  teTTa,  e  Povos 

omnes  regei  terree,    quia  audie*  .  ^       ^  ,^.     . 

runt  omnia  verba  ori9  tuú  Ante  O  tbrono  00  AitisBipo^  prostrar-se; 

(6)  Et  eantent  in  vUt  Domitu,   Agradecer-lho  a  lúÊique  os  allumía: 

guoniam  magna  eit  gloria  Domini'  ••     .  n  •  .    * 

Brotem*  qnaes .  Uoresi  wtudes ; 
Pereça  no  mando  o  crime; 

(7)  Quoniam  excelem  Dominus,  Cumora-Se  OUUIltO   OOS  dictft 

et  humilia  reapicit,  et  alta  à  lon»  iwi       ■   . 

ge  cognoicit.  Tua  lei  saucta  e  sublime. 

Senhor,  cheio  de  amor  sempre  nos  ouTes« 

(8)  Si  ambuiavero  in  médio  tri-  No  ten>po  em  qye  eu  aodava  atribulado, 

hvltttionis,  vivificabiê  me^  et  su-    „  ,  -  -. 

per  iram  inimicorum  meorum  ex-    EutrO  aUgUStiaS  aCOrbaS,-  mC  aCUOiaS: 

tendiiti  manum  tuam^  et  oalvurn  .        •   •     J»:«»«^:*v-  m^A^^A^ 

mefccit  dextera  tua.  A  mim,  d  impios  rodoado, 

A  m&o  piedosa  estendeste; 
E  com  tuá  deátra  excelsa 
V  Logo  a  "ubo  me  ptizeste. 

(9)  Domimts  reiriòuet  pro  me :   Hojc  por  Aiím  rcsponde  a  (fném  mc  afliige: 

Domine,  misericórdia  íim  in  8(t"     ^         ,   .         .     ■  ,  *      j*   • 

cnlum,  opera  manuum  tmrum  ne    Compicta  aS  Obras  dOSSa  mãO  dl?llia, 

deapieias.  p^j^  ^^^  miscricordia  jamais  cança: 

Os  bens  que  jA  m^  Gzestet 
Meu  Bflèavel  Redempter, 
São  dos  bens  que  has  de  fazer^me 
O  mais  seguro  ponhor. 


469 


PSALMO  CXXXVIIÍ. 


:."í 


Aã  pcdavrOB  è  a  'WXMa  soo  de  David. 

In  me  provaste,  ixi  me  conhecias 
Âotes  que  eu  de  miro  mesmo  suspeitasse 
O  que  sou:  tu»  roeu  Deos,  os  meus  caminhos 

Todos  patentes  vias; 

Sábias  ^  ulcerado 
Traria  o  eoraçSío,  ou  se  contente: 
Erros  é  acertos/  todo  te  6  presente. 


In  finem  psalmus  David  (•). 


(1)  Dwiine  probasti  me,  et  co» 
gnovitti  me :  tu  cognovitti  MesíiO' 
nem  meam,  et  resvrrectiot^em 
mewn. 


Antes  qtie  pense,  fés  meus  pensamentos, 
O  trilho  de  meus  passos  investigas; 
Antes  que  mova  os  pés,  ábtes  que  parta 

r 

Vês  todos  meus  mtentost 
Muito  antes  quef  meus  lábios 
Tenham  articulado  um  som  perfeito, 
Do  que  intento  dizer  sabes  o  effeito. 


Em  que  sitio  de  tíí  posio  occultâr-^me? 
Se  avistas  o  passado,  e  quanto  agora, 
E  o  nublado  futuro  conter  podem? 
-  Se  em  fim,  para  formar«me 
Este  sôr,  estes  órgãos, 
As  tuas  mHos  divinas  empregaste, 
Com  teu  bafo  sagrado  me  animaste? 


(S)  Intellexisti  cogitatione»  tneoã 
de  longe:  temitam  meam^  etfu' 
niculum  meum  inceitigatti. 


(3)  Et  amnee  vím  meãs  preni- 
dtBti,  guia  non  e$t  sermo  in  Un- 
gtia  meu. 


(4)  Ecce,  Domine,  tu  cognoviítti 
cmni^t  novíssima,  et  antiqua  i  tu 
formasti  me,  et  pcsuisti  super  me 
manvm  tuam. 


(O  Na  opinião  de  Abeneira  é  este  o  maÍ9  bel  lo  psalmo  de  todo  o  Psalterio,  mai  ao 
meimo  tempo  o  mais  obscuro,  diflicil,  e  intrincado.  Entretanto,  qnando  bem  te  medita  e 
comprekende,  é  claro,  natural,  connexo  •  fácil,  bem  que  leja  uma  clareia,  connezlto,  e 
facilidade  cheia  de  gravidade,  inblimidade,  e  majestade. 

(Maitei.) 


470 

(5)  Mirabiiis  fada  eut  sei^ntia   Como  no  que  em  mim  fazes  86  descobre 

tua  ex  ne,  eonforiaia  est.  et  non    rri       -  #     j  •       -    ■ 

poteroadeamf  -^ua  immcnsd  6  prouiDOa  sapieocia! 

Nao  te  abrange  do  faumano  entendimeoto 
O  esforço  mais  nobre: 
Vemoa  que  noa  creasteé 
Que  a  tua  mão  divioa  em  nós  pozeste : 
Todo  o  noeao  sabdr  ooosiate  neste. 

Que  paamo  se  em  mim  penso!  Que  de?adi 

Tua  sciencia  em  mim  se  maniiesta! 

Caoço-me  em  t&o:  desejo  peaetrar-te; 
Fica  a  empreya  frustrada: 
Se  me  exalto,  «le  bumilhas; 

Se  te  procuro,  yês*me,  e  eu  não  te  vejo; 

Cerca^-n^et  e  só  te  attinge  o  meu  desejo. 


(6)  Qito  ibo  à  spiriiu  tup,  et  quo  Como  irei,  ó  Seubort  onde  não  cb^^es? 

à  facie  tua  fugiam  f  ^  ..  •jj*'ii_  ■ 

Se  a  tua  immensidade  tudo  abrange! 
Fugirei  para  onde  á  tua  foce 
Algum  objecto  negues? 

(7)  .Si  aseendero  in  ealum,  tu  So  SIftbo  a06  Ce0S>  lá  moniS ; 

iÚic  et ;  si  descenderú  in  in/er*    «      i  •   i»  -        • 

num,  odes.  Se  descer  aos  iDiernos  tenebrosos. 

Lá  cbe^am  teus  jiúioa  rigorosos. 


(8)  Sisumpseropenmsmeasdi^    Sc  áS  avCS  rOUbo  fS  aiaS,  O  VOaodo 
hittilOy  et  habitavero  in  extremis    «•    «  .  i  . 

nutris:  Madrugo,  atra?e8sando  os  vastos  mares. 

Inutilmente  as  praias  mais  distantes 
Veloz  fou  procurrado: 

(9)  Etetúm  illue  manuê  tum  de'  Tu  éS  QUem  lá  me  levas; 

dueet  me,  et  tenebit  me  dextera 

ttéa.  Lá  me  conléro  o  teu  poder  supremo. 

Lá,  como  queres,  vivo  alegre,  ou  gemo. 


(IO)  Et  dixi :  fortitan  tenebra   Louco!  Peosei  que  as  trevas  m*escondiam, 

eeneuleabunt  me,  et  nox  iUumina-'  »    .    t 

tio  mra  ia  deUciu  mcis.  Encobrindo  dcIcitcs  crlminosos; 


471 


Mas  a  Dcnte  qual  luz  me  revelava, 
E  teua  olhos  nie  viam: 
As  cttlpavéis  delicias 
Nlo  as  cobriam  trevas;  noite,  dia. 
Sombra,  foz»  ifualmeote  te  servia. 


\ 


Vês  no  meu  conçto  ás  ciaras  ta 
Antes  qae  oeUe  brote  erradi»  aflReeio 
Que  o  recrèe,  ou  que  affltoto  do  remorso 

O  fira  eafMBho  agudo: 

Desde  o  seio  ttiatemo. 
De  tal  modo,  Senhor,  me  possuiste, 
Qoe  tem  que  o  aaibas  nada  em  miA  subsiste. 


(It)  Quia  ienebra  mm  úbseurm- 
bunínr  à  U^  et  nox  tieut  diet  t/- 
luminabitur,  sieut  ienebrm  ejut, 
Ua  et  lúmen  ejut. 


(iS)  Quia  tu  possedisti  rentt 
mtesj  tvscepiíti  me  de  útero  ma* 
trU  mem*. 


Que  motivo  tSo  aKo  de  kiuvar^-te 
He  fornece  esta  machioa  .terrena 
Que  me  contém!  Gonheçfrtat  e  é  destinada 

A  aervir^te,  a  adorarrte: 

Um  só  nervo,  uma  léa, 
Dos  ossos  o  mais  ténue  é  collocado 
Por  ti^  no  seu  lugar  deteminade. 


(13)  Confitebor  tibi,  ^uia  terri- 
biliter  magnificatui  et :  mirabilim 
opera  tua^  et  anima  mea  «ffgm*- 
eit  «tmtt. 


No  recôndito  centro  vèa  da  terra 
Os  occultos  metaes;  bem  como  avistas 
No  seio  maternal,  do  germe  informe 
A  substancia  qoe  encerra, 
Que  avulta  progredindo: 
Tudo  te  consta,  Artifice  excellente, 
Tudo  viram  teus  olhos  claramente. 


(14)  NmieãtoeeúUaiumoBmeum 
à  le,  fuod/eeisti  inoceuUo,  eeub- 
êtantia  mea  in  ii\ferioríbuã  terra, 

(15)  Imperfeetum  meum  vide- 
runt  oculi  tui,  et  in  Ub>o  tuo 
amnes  êcribeníur,  diet/ormabun- 
tur,  et  nema  in  ei$. 


Inda  incompleto,  apenas  desenhado, 
Já  no  livro  imraortal  em  que  s^escTevem 
Tuas  excelsas  obras  por  inteiro 
Alli  Gca  notado, 


472 

Sem  mingua,  sem  defeito: 
Dos  mais  dias  a  serie  se  conhece. 
Dos  bons,  dos  máos,  allí  tudo  apparece. 


(16)  Mihi\naem  niws  honori-  Qual  audax  peosamonto  de  Deos  p6de 

Jieati  sunt  andei  (O  tui^  Deus :  ia 

nimit  eor^ortaius  ett  yrinapatuã  Penetrar  OS  arcanos  transceodentesí 

Coroo  m?estigarei  oi  seus  juiios 

Se  o  Senhor  nlo  me  acode? 

(17)  Dinumerabo  eot,  ei  tupew  Multiplíces  JUÍIOS, 

arenam  muUiplieakuniur :  exur-       -  .  ,  ^ 

rexi,  et  adkue  swn  tecum.  Mais  quo  arêas  do  mar  inmimeraTeiSy 

Mais  profundos  que  abysmos  insonda?eis! 

(18)  Sioceideris,  Deva,  peeea*    É  pOSSifel  que  slgUCm  DO  mundo  eiista» 

teres,  viri  êonguinum  deslinate «-,,.,,«  ^       ..        .^ 

me,  £  duTide  da  Summa  Omnipotência? 

Que  á  evidencia  de  tantos  attributos 

Sacrílego  resiista? 

De  taes  impiòs  me  aparta. 
Desses  sanguin<^tos  peccadoies. 
Que  os  seus  deleites  slo  alheias  dores. 


(19)  QuM  dicitit  tu  cagitêtts^  Quantos  dostes,  meu  Deos,  inda  respiram! 

ne :  JeeipitiU  in  vamitate  àvUm-    r\       i.  «  o       ^       -  i^        ■ 

tet  tvus.  Quantos  monstros  o  Sanctuario  assaltam ! 

Quantos  o  |>Ío  dos  orphtos,  das  viuvas. 
Cruéis,  das  mios  lhes  tiram, 
E  insultam  quem  padece! 
Antes  que  estes  malvados  tudo  arrasem. 
Teus  coriscos,  meu  Deos,  no  Ceo  que  fazem? 

(«0)  Nútme  píi  êderttnt  te,  O0.  Detesto  quem  te  odéa :  por  ventura 

mine,  oderami  et  super  inimicês    ^       •     •  •.       j*  «        ja       « 

tuosUibescebamí  ^  crimmoso  este  odio,  se  te  odéam? 

Nio  vemos  profanados  teus  Sacrários 
Feia  cubica  impura? 
Qs  crimes  mais  atrozes 

(,•)    A  vos  hebrea  «inc  w\\x\  le  Terle  por  «mifi  Umbem  deaod  c9§itãti0neM, 


473 

Nfto  sSo  reaes?*..  S&o  fabalas^e  soidio? 
Ah  I  que  de  i ev  humano  me  eiiYeffgeelio  1 


Bem  sei,  Senhor,  que  deste  ódio  completo 
Cootra  mim  nasce  enxame  d^inimigos: 
Sonda  o  meu  coraçSo,  lé  na  minha  alma 
O  maia  ardente  «ffedo 
Com  qoe  o  teu  adr  m'enlèva: 
Interroga-me ;  e  oa  passos  qw  ym  dando 
Vai  compassivo  e  atteoto  examinando. 


(fll)  Perfett9êâi»9Íer&mUlo$:, 
€i  hdmkifÊcii  «uni  miki. 

(ii)  Pr9ka  Me,  Dtu»^  H  wtíU 

Êêr  «MiMH  inUrr09ã  me^  ti  cê* 
gnéêee  senUiãã  meat» 


Se  na  vereda  andei  da  iniquidade,  (ts)  Et  vide,  $i  via  iniquHatiã 

rri  •   «.      j        •  «.  -  '     ^         in  me  e$L  et  dedue  me  in  via 

Tem  compaixfto  de  mim,  a  mio  me  estende:   mtema. 
Com  suave  attrac{So  tu  me  encaminha 

Seguro  á  Eternidade, 

Á  qual  sámente  aspiro: 
\Á  sem  véo  tua  essência  contemplando, 
Entre  os  Justos  te  irei  sempre  louvando. 


PSALMO  CXXXIX. 


D 


£  um  malévolo  orgulhosa 
Quem  me  há  de  livrar.  Senhor? 
Se  com  tacita  piedade 
Emmudece  o  teu  amor? 


In  aoera  psalmiifl  David  (•). 


(1)  Erlpe  ffi«,  Demine,  ãb  A#- 
mine  maio:  à  viro  iniquo  eripe 
me. 


(•)    Esle  psalmo  parece  ter  lido  escripto  no  teupo  em  que  Doeirg  e  os  Zlpheos  secun* 
davan  as  fartas  do  trado  Saul. 


474 

FaUa,  peu  Deosl  e  reprime 
Da  peccador  a  innleiícitt; 
Vem  com  toas  mfios  forçosas 
I)oiur4he  a  fm*ia»  a  fioleoda. 


m  tarde  ^  Mã  éie  camUiimêèimt 
pralia» 

(3)  Aeueruni  Ungyat  tutu  ãietU 
serpeniU :  vene^um  ofpdum  ãub 
labiis  eorum» 


EfBei  pérfidos  corraptos 
Fazendo  inal  vBo  contentes, 
E  a  bifida  Kngua  aguçam 
Quaes  Tcoenosas  serpentes. 


Na  bocca  infame  recolhem 
O  amargo  fel  do  destino» 
E  dos  lábios  lhes  resvala 
Um  veneno  viperino. 


(4)  Citêlodimef  Domine,  de  tna' 
nu  peeeateriSt  et  aò  hominibus  tní- 
quit  eripe  me. 


Meu  Deo8,  de  cair  ni'ímpede 
Nas  mSos  de  taes  peccadores; 
Nlo  se  farte  a  iniquidade 
De  minhas  acerbas  dores. 


(5)  QuicoffitãverunituppUmimre 
grestue  mee$,  aòecêndennU  euper- 
bi  Uiqueum  miki. 


Ora  aqui  e  alli  preparam 
Ciladas  em  que  eu  tropece; 
^  da  «nadilha  qne  formam 
Nenhum  vestigio  app^rece. 


(6>  Et/unes  exienéenmlt  in  la- 
queum :  juxta  iter  acandalum  pO' 
suenmt  mihi. 


Cordas  para  me  prenderem 
No  lugar  a  mim  visinho 
Estendem»  a  fim  que  eu  caia» 
Descuidado»  no  caininho. 


(7)  Dixi  Domino y  Deus  meus 
es  tu :  exaudi,  Domine,  tpocem  de- 
precationfs  mea. 


Exclamo  entlo:  «Tu  somente 
És  meu  Deos,  de  ti  me  6o; 
Ouve»  Senhor»  estes  brados 
Que  cu  consternado  te  envio! 


475 


Senhor  1  Senhor  I  Neste  aperto 
Acode^me  sen  demora : 
Salva  o  teu  servo,  protege 
Quem  tSo  afflioto  te  implora. 


(8)  Dêmine,  DMune,  virtu*  m- 
luUt  mem :  obumbrmãH  guper  ca» 
pU  m€mm  in  diê  òellú 


Becorda*te  da  tormenta 
Que  sobre  mímrecahiai 
Quando  pai#  defeodeiMne 
O  teu  broquel  me  cobria. 


Entaot  Senhor,  me  salvnste; 
Igual  favor  nlo  me  oegoea: 
Nas  mSoB  de  i|uem  me  atormenta 
Por  piedade  nlo  me  eobreguas. . 


verwU  etntrm  me:  ne  éênêmfmm 
me,  ne  ferie  exuUeiUur* 


Se  vencem  meus  inimigos, 
Vé  a  sua  exoltacao: 
Nao.ccluinlaa  qne  prosperem 
Obras  que  ga'a  a  traiglo. 


Mas  ah!  que  tua  justiça 
Castigo  aos  crimes  unindo, 
Do  murmurador  os  lábios 
Vâo  seu  próprio  mal  urdindo. 

Tu  permittes  que  devore 
Aquelles  que  maldisseram 
Esse  mesmo  ardente  fogo 
Que  elles  cruéis  accenderam. 

Nas  cabeças  criminosas 
Dos  aoctorés  de  trapaças 
Como  accesas  brazas  descem 
Os  coriscos  das  desgraças. 


é 

* 


(10)  C^pU  eireuitua  etrwm,  /a- 
èir  iákiêrum  iptemm  eperiet  eoe» 


(II)  Caéetii  êuper  eet  caràones  : 
int§nem  Hefieitã  eee:  in  mieefiiã 
non  9uò$i»tent, 


476 

Sobverte-os  a  ferra  ás  ?eies. 
Outras  suspiía  o  malvado; 
Torturado  quando  morre* 
Com  reanorso  do  peccado. 


(Ifl)  Vir  linpiêiuã  fiM  diHge* 
iur  in  terra  (•) :  «trtim  injuêtum 
nuUa  eaj^ení  in  inleriíu. 


(13)  CêgfiÊm,  qmki fadei  DêMi- 
fMM  Judieium  imtpity  ti  mndieiam 

JHNI|NPf*IWI» 


Corre  após  eiie  o  infortúnio; 
O  maldizeute  não  dura; 
De  maldições  acossado. 
Vai  parar  lia  sepultura. 

Pois  que  iá  dos  Caos  avistas 
Quanto  iooocentes  padecem» 
Só  em  quanto  os  purificas 
Seus  contrários  permanecem. 


(14)  yerumtãnun  jutU  conJUe- 
bmUur  nomini  íuú,  êt  hakiiakwU 
recÈi  cum  vulíu  íuo. 


Mas  com  quantos  bens  esperas 
Na  célica  habitafSo 
Quem  soffre  magoas  injuatu. 
Quem  tem  puro  o  corafSo! 


PSALMO  CXL. 


Paalmiia  David. 


(1)  Domine^  elamavi  ad  te,  ex* 
audi  me :  intende  voei  mea,  cum 
clamavero  ad  te. 


De  David. 


Lá  dessa  iromensa  gloria  em  que  resides 
Olba,  Senbor  piedoso,  ouve  meus  brados; 
Volla-te  para  mim,  em  quanto  allliclo 
Te  envio  meus  suspiros  magoados. 


(•),  K/r  tingva,  dii  o  Hebreo,  nam  Jtrmakitur  in  terr^,  pirum  iiijuêtum  wtoU  teu/^ 
buntur ;  if  to  é,  o  homem  de  má  lingua  nâa  pôde  durar  muite :  a«  deêgraçoM  tSe  à  capi  per» 
matar  vm  homem  injMto :  eiU  é  a  força  da  poética  exprei^o  oritntal. 

(Maitri.) 


477 

Subi  qual  puro  inceaao  ante  o  teu  tkroQO 
Esta  minha  ora-lo,  que  himilde  faço; 
E  as  lagrimas  freqaefitiâs  que  derramo 
Âcolhe-m'as»  Senhor,  no  teu  regaço. 


(a)  DiHffãhir  9mUê  meã,  ãiati 
inetHÊum  in  e^rnepeeiu  twê:  ele* 
vãitú  manuum  memrum ,  ucriji' 
eium  veêpertinum. 


Cae  a  noite,  despoqta  a  madrugado, 
Eotio  mísero  aoa  Geos  as  mãos  lofipto ; 
Bem  como  veapertino  sacríficio 
Grato  acolhe  esta  snpplica^  este  pranto* 

Nlo  consiotaa,' SeolHUV  que  nas  {lalatrras 
Me  comprometta  errada  impaciência; 
Põe  custodia  a  meus  lábios ;  nHo  ae  abram 
SeoBo  para  in?oear  toa  clemeiicia«: 


(8)  PM*,  Dêmikf,  ttatoitam 
0ff  me«,  et  «íMimi  tireumêUmtím 
iMi9  meie. 


Defeode^me,  Sianhor,  desses  rodeios 
Que  sik)  peia  malícia  Íabrio)idos; 
NSo  quero  atenuar  oa  meus  defeitos, 
Nem  procurar  desculpas  aos  pecdsdos. 


(4)  N^m  áeeUme  cêr  meum  íh 
veria  maUiim,  aã  esxuemtdúê  e«- 
euiãtimtee  in  peeeãíit. 


NSo  permíttas  que  exemplos  criminoso^ 
Me  seduzem;  nfto  quero  a  sociedade 
Desses  que  urdem  insidias,  v8o  sem  freio 
No  carro  triumphal  da  iniquidade. 


■  -(6)  Bum  hmnimiètiM  wi^etauHhu 
itU^tÊUmêem :  et  mn  tommunieakê 
eum  eleetiê  eêrmm. 


Antes  quando  o  prudente  me  corrige, 
£  m'iocrepa  meus  erros,  com  doçura 
Isso  agradeço;  impugno  com  firmeza 
Vinda  da  mAo  dos  impioa  a  ventura« 


(6)  CarripietmeJuetuMinmiãe* 
rUeràim,  et  inerepeMt  me :  eleum 
ttutem  peeeaterie  fi0«  impinsuet 
etfut  meum. 


Rogo-te,  ó  meu  Senhor,  que  sempre  apartes     (7)  Qtieniamadhueetoratiemea 

_.  .  .  ij   j  •         L*  'I*  àeneplaeitis  eorum:   ebeerpii 

De  mim  quanto  a  maldade  mais  cubica:        eunt  juneti petrm juéicee  tensm, 
A  arrogância  dos  máos  accende  os  raios, 
E  o  fogo  que  devora  audaz  atiça. 


478 

Mas  eédo  mftior  brça  precipita 
Esses  tfio  giganlcMos  Potentados, 
Como  torrões,  que  atira  cootra  um  moro 
MSo  Tioleota,  desfazem-se  esbroados* 


(8)  Judientverkmmêa,quonUm  To  bem  sabas,  moa  Deos^  qoe  miobas  preces 

poiuerunt :  aieut  eratsiiudo  terrw  i  •  - 

ertifUt  €$t  super  ierram.  NSo  te  pedem  caatiguos  iQseosatos; 

Sim  que  poupes  aqueUes  que  me  offeadem, 
E  abraúdes  o  fiuror  desaes  iogratoa. 


(0)  DiuipÊía  Miai  mm  iiiiirs   Porêm .  tauto  me  aflQigem,  qoe  parece 
ne.  Domine,  ocuii  mHi  in  i€  tpt^   O  meu  sèf  tIo  moido  O  espodaçado 

raoL  «Mfi  auferoÊ  ammam  meam,     g^  .  ^        j       l  

'  Como  a  terra  que  a  sega  da  ebarroa 

Já  vezes  repetidas  tem  lanado. 


Pois  sempre  a  ti,  Senhor,  voltadoa  teidio 
Os  meus  olbos*  Ahl  sim,  vem  acadir^me: 
NSo  me  largues;  da  tua  lei  sagrada 
N&o  pôde  humana  fatta  dtndir-me. 


(10)  ctuiêdi  me  è  iapitm,  ptem  Dos  laçoa  que  me  armaram  meus  contrários 

nUÊtmertmi  mihi,   et  à  êeúmHiiis    n     .1  ^  -  « 

ftperamiium  imfuiMem.  buarua-me  tu;  repruBo  08  meus  iirannoa; 

A  fim  que  eu  salvo  escape  d'enredar-4ne 
Nas  obras  qué  preparam  seus  enganos* 

(it)  cadent  (n  rHtatuto  ejui  lofelizesl  Nas  redes  que  teceram 

C"::«^r'*''""*"'""^   ««<>  ^^  «Jr  Po^  fo^?»;  em  q»ioto  isento 

De  crimes,  de  temores,  d'agooias 
Da  terra  passo  alem  do 


479 


PSALMO  CXLI. 


Oraçàp  qm  Ztottd  fe*  na  eaoffno»  avpr«fM      loieiíectui  Oarid,  eum  enet 
por  ate  mtmo  <m  uaia  etàtMa.  {-)  •»  tpeíniiea,  ontio. 


E 


xHALO  a  míDha  loz,  por  ti  claoiáDda: 
Ah !  quem  me  acudirá,  se  to  oto  fores? 
Perco  a  força.  Senhor  i  yoii  desAakiido. 
Minha  fos  te  apresenta  meus  temores; 
A  ti,  Senhor,  moco  suspirando: 
Ninguém  mais  neste  transe  desabrido 
Poderá  comBHwer  o  meu  gemido. 
Meus  passoa  vio  perdernose; 
Vem,  meu  Deos,  aocoonrer-me» 
Tu  sabes  qnanto  aperta  o  meu  perigo, 
E  que  laço  me  urdio  fero  inimigo. 


(1)  Foce  ifiM  od  Domimtm  rto* 
mam,  vúee  mea  úd  Dóminum  de» 


(8)  mfundê  tfi  eanapectu  ejus 
ortUiênem  Meam,  et  tribnUUionem 
memn  ante  ipavm  yrmmntiQ* 

(3)  In  ãrfieiendo  ex  me  epiri» 
tum  meum,  et  tu  eognaviiii  eemi* 
ia»  iNeM. 

(4)  In  via  hacj  qua  amÒulabâm, 
^$eonderwU  laqueum  mihi. 


Olho  de  uma  e  d'oQtra  parte, 
Em  ¥[lo  bosco  obter  piedade; 
Ninguém  se  doe  do  que  aoffro, 
Nem  conhece  a  intensidade.     ^ 


(5)  OmÊideraèmn  ad  dêsteramt 
et  videòam,  et  nan  erat  fmi  cp^ 
gnêteeret  me» 


Se  ao  menos  fugir  pudesse  $ 
Se  piedosa  creatura 
Entre  as  sombras  me  mostrasse 
Uma  vereda  segura!... 


(6)  Periit  fuga  à  me^  et  non 
ri  I,  çui  requirat  animam  meam. 


(*)  Âlinins  iaierpretet,  e  Matlei  com  elles,  ajniiadi  <}ae  eile  ptalmo  fora  coinpoito  na 
eavema  de  Odolla,  oode  David  le  acbava  eicoDdido,  depoii  de  eacspar  da  corte  do  rei 
Achis,  qqando  ftigia  k  perieçiiiçilo  de  Saul. 


480 

Porénii  meu  Deos,  de  que  serre 
Se  acaso  fugir  consigo? 
Que  esforço  pôde  salvar-me 
Se  em  ti  não  achar  abrigo? 

(7)  Clamavi  aà  te  Domine,  di-    Pois  TOltO  a  ti,  SenhOFi  a  tí  dírijo 
ân :  tu  es  spee  mea,  waríio  mêã  in    -mm  .  .  ■  ,.  ,     ^ 

terra  viveniium.  «^"s  Totos,  miotias  supplicss  ardeotes; 

No  hmce  mais  acerbo,  no  mais  rijo 
Não  hei  de  perecer  se  o  dSo  consentes: 
Tu  és  intnha  esperança,  a  porçlio  minha 

(8)  int0nde  ad  depfemtiõium  Na  patfia  dos  ditosos.  Por  severa 

'  Que  a  morte,  que  me  assusta  e  se  atisinhâ, 


mis. 


Queira  em  pó  redozir-me,  e  dissipar-me. 
Minhas  preces  hSo  de  ir  entemecer^te, 
E  desarmar  a  mSo  que  vem  matar«me. 

(9)  Libera  me  á  pertepumtikui   Cresça  a  chusma  dos  meus  perseguidores; 

meiQuiaconfortatísuntniperme*    ^^  ..  ^    .  a         ^ 

Nos  seus  peitos  a  funa  se  desperte: 

Mas  se  alcanço  que  o  teu  poder  me  assista 

Quem  ha  que  ao  teu  poder,  Senhor,  resista? 

(10)  TSdve  áe  euãtodia  «njmam  Comprimido,  nSo  posso  cantar-te; 

meam,    ad   etmJUendum   namini  alc^lij^  a  a* 

iito:  me  ex^ntaiu  fuwti,  dmu:  ^^  Molior!  deste  aperto  me  tira: 

retribuae  mihi.  j^^y^^^  ^^^  p^^  ^gj^j^  louvar-te, 

Mmha  mio  com  vigor  vibre  a  Ijra* 

Por  ti  salvo  da  lutta  penosa. 
Comporemos  os  hymnos  sonoros: 
Ao  sair  desta  gruta  espantosa 
Doa  Levitas  me  esperam  os  coros. 


481 


PSALMO  CXLIÍ. 


(VII.   DOS  PENITBNCIAES.) 


D 


quando  leU  fUho  Absalão    Ptalmus  David,    qoaàdo  perse- 

quebatur   eum  Abaalom   filius 
pjtifl. 


O  perseguia. 


Eos  piedoso!  os  ais  sentida^, 
A  supplica  penitente 
Qae  sae  de  um  animo  afllicto, 
Não  rejeites  inclemente. 


(1)  Dêmine,  exoudi  arãtiomm 
meam:  íturibug  pereipe  obaeero-' 
tionem  meam  m  veritãte  tua :  ex- 
tnidi  me  in  ÈuaJuMÈiUa. 


Discirna  tua  justiça. 
Quando  vingar  os  peccados, 
Entre  os  crimes  meus  e  desses 
.  Que  são  pérfidos,  malvados. 


Se  bem  que,  6  Deos  d^equidade, 
Réo  me  sinta,  e  mal-seguro. 
Todos  os  mortaes  são  réos 
Perante  um  Juiz  tão  puro. 


(2)  Et  mn  intret  in  Judieium 
cum  eervo  tua:  quia  ncn  juatifi» 
eabitur  in  e&ntpeetu  tvo  omme  o/- 
venSé 


Mas  vê,  Senhor,  a  fúria  despiedada 
Com  que  meus  inimigos  me  perseguem  i 

Abl  lê  como  humilhada 
Levo  na  terra  a  vida ;  e  que  conseguem 
Força,  credito,  alento  e  paz  roubar-me, 
E  c'os  mortos  nas  covas  nivelar-me. 


(3)  Qmm  perseeutue  esi  itUmi* 
cu»  animam  meam^  humiliaoit  in 
terra  vitmm  meam. 


r(4)  CoUocoDit  me  in  obseuris  «i*- 
cut  mortuo^  saeuli:  et  anxiatu» 
eet  super  me  epiritue  meus^  in 
me  íurbatum  ett  cor  meum. 


Sinto  latejar-me  o  peito, 
Sinto  o  espirito  anciado; 
As  pulsações  desacerta 
Meu  coração  conturbado. 

Tomo  VI. 


ni 


482 


Já  no  sepulchro  gelado 
Quasi  que  o  meu  sêr  já  poisa ; 
Sobre  mim  quasi  carrega 
Fúnebre,  pesada  loisa. 


(5)  Memorfui  dierwn  antiquo- 
rumy  mediialut  sum  in  omnibus 
operihus  tuis^  in  faetis  manuum 
tfêãrum  mediiãbor. 


(6)  Expandi nmnuM meai ad te: 
anima  mea^  neut  terra  tine  aqua 
tibi. 


(7)  Velêáter  exaudi  me,  Domi- 
ne: de/eeit  epiritus  meue. 


Mas  a  doce  esperança  entSo  raiando 
Me  vai  dias  antigos  recordando: 

Medito  compungido 
Em  todas  tuas  obras,  nos  portentos 
De  tuas  mãos,  Senhor;  e  enternecido 
Voltam-me  ao  coraçlo  alguns  alentos* 
Levanto  as  mãos,  invoco-te,  supplico: 
Sem  ti,  Senhor,  na  angustia  com  que  peno, 
Minha  alma  consternada  e  secca  fica, 
Como  sem  chuva  um  árido  terreno. 

Âcode-me  velozmente; 
Tem  dó.  Senhor,  da  angustia  que  padeço: 
Ouve  os  sentidos  ais  de  um  penitente: 
NSo  tardes,  não;  se  tardas,  desfalleço. 


(8)  Nan  avertai  fatíem  tvam  à 
me:  et  simiUe  ero  deBcendentibue 
in  lacum. 


G)mo  os  que  descem  culpados 
Ao  centro  d'um  carcer  duro. 
Se  a  tua  face  me  encobres 
Caio  n'um  abysmo  escuro. 


(9)  Auditam  fac  mihi  mane  mi- 
Merieordiam  tuam,  quia  in  te  spe- 
rflrí. 


Pedi,  esperei,  meu  Deos: 
Acuda-me  sem  demora 
Tua  misericórdia  immensa 
Logo  que  apontar  a  aurora. 


(10)  Notamfae  inibi  viam  inqua  Gomo  dcsdo  qu6  nasce  8  madrugada; 

ambulem, qiiia ad te levavi animam    -^  •  «j  j  -^-^ 

J„P^„^^   '^  Vago,  lutto  em  cuidados,  em  tristeza: 

Que  faço?...  Aonde  vou?...  Dura  incerteza 
Abre-me  tu,  Senhor  piedoso,  a  estrada. 


483 

Âropara-me;  a  ti  recorro: 
Desarma  os  meus  inimigos : 
És  meu  Deos,  nSo  ha  perigos 
Qae  Ddo  vença  o  teu  soccorro. 


(11)  Eripe  me  de  inimicis  meit^ 
Domine^  ad  te  confugi :  doce  me 
f acere  voluntaíetli  tuam,  fuia  Deiu 
metta  eg  tu. 


Ensina-me  a  cumprir  os  teus  preceitos: 
Doce  aragem  dissipe  os  meus  defeitos : 
G)'  este  propicio  vento  navegando» 
Da  salvação  ao  porto  irei  chegando. 
Do  poder  do  teu  nome  amedrentados, 
Ficarlo  logo  os  impios  desarmados : 


(IS)  SpirituM  ima  òoHuê  dedu- 
cet  me  interram  reetam  (•) ;  pro- 
pter  ftêmen  tuum.  Domine^  viH* 
JieMs  me  in  mquitmle  tna. 


Verão,  meu  Deos,  como  podes 
TrihnlaçSes  applacar; 
Como  a  tua  misericórdia 
Sahe  os  impios  dispersar.  , 


(13)  Edtteei  de  triMatUue  aiU- 
mam  megm :  et  in  misericórdia  tua 
diíperdes  inimiciu  meos. 


Sim;  os  meus  perseguidores 
Deos  é  que  os  ha  de  conter ; 
E  mostrar-lbes  como  sabe 
Fieis  serros  defender. 


(14)  Et  perdes  omnes  fui  tri" 
hulant  animam  moam ,  qttmiiam 
effo  tervfts  tuus  ttini. 


(•)  Terra  recta,  ou  terra  reetitudiítiti  eoino  tem  o  Hebreo,  terra  reetêrum,  Juatarum^ 
piveniium^  sio  vjnKmimos  de  Jeniialem :  e  em  mais  alto  flentido,  ierra  recta  é  a  celate  Je- 
rusalém ;  e  S/nrs7ti«  bónus,  o  Espirito  Saoto,  cujo  lame  serre  de  guia  na  grande  viagem. 

(Mattei.) 

Tomo  VI.  31  • 


484 


PSALMO  CXLIII. 


Psalmus  David  adversus 
Goltalh  (•). 

(t)  Benedicíug  Dominuê  Deus 
meui,  qvi  dteet  numus  meus  cd 
pralium^  et  digilos  meos  ad  bel- 
lum. 

(«)  MiêeHeordia  mea^  et  refu' 
gium  meum:  susceptor  meus,  et 
liòerator  meus. 


(3)  Proteetúr  meus,  et  in  ipso 
sperãvi:  qui  suòdit  poffulum  meum 
sub  me. 


s 


ENHOR !  Bemditto  sejas,  que  adestraste 
MÍDhas  mOos  aos  combates  vigorosos; 
Que  o  manejo  das  armas  me  eusinasle: 

Meu  Protector,  e  asylo! 

De  meus  débeis  esforços 
Piedoso  8usteDtac'lo,  que  na  lutta 
Me  fizeste  vencer,  e  ao  meu  dominio 
Subjugaste  o  meu  Povo,  e  Ih*  escolheste 
Para  acudir-lhe  as  forças  que  me  deste! 


(4)  Domine,  quidesthêmo,  guia   Com  que  dons  um  mortal  favorecestc!... 

innoíuisti  «,  aut  filius  hominis,  i         ^        ,  ..  j 

O  que  vale  este  p6,  por  ti  creado. 


guia  reputas  eum^ 


(5)  Homo  vanitati  simtlis  faC' 
tus  esi:  dies  fjus  sUul  uuUtra 
preetereunt* 


Para  a  mente  occupar  do  Sér  celeste? 

A  humana  creatura, 

Do  nada  produzida. 
Ao  nada  em  seus  vanéos  se  assemelha: 
Frágil,  seus  dias  como  a  sombra  fogem: 
Mas  como  tudo  abrange  a  immensidade, 
ReQecte  neste  pó  tua  claridade. 


(6)  Domine,  inclina  calos  tuos,   Scnhor,  abaixa  OS  Ceos,  O  vem  descendo 

et  descende,  tange  montes,  et/w     ^  ,. 

migabunt.  A  acodir-mc.  Se  tocas  montes,  ardem; 


(•)  Bem  que  na  Vulgata  e  noa  Settenla  se  léa  este  titulo,  falta  no  texto  Hebreo; 
sendo  provável  que  tivpsse  origem  das  palavras  do  versículo  11.*,  ^í  redemisti  servum  luam 
à  gladio  maligno.  Mas  estas  mesmas  palavras,  e  todo  o  contexto  do  psalmo  demonstram  qoe 
nio  foi  composto  naquella  occasiiOf  mas  muito  tempo  depois,  falUndo-se  daquelle  facto  coao 
de  nma  consa  antiga. 

(Mattei) 


485 

• 

£m  fumo  se  vSo  todos  desfazendo: 
Aote  uma  tal  graadeza 
Tudo  é  teoue,  é  vaidade: 
Só  da  virtude  as  luzes,  que  repartes 
Nos  rectos  corações,  teem  subsistência : 
Dis8Ípain-*se  os  intentos  do  perverso; 
Verga  perante  Deos  todo  o  Universo. 


Sacode  os  raios  já  da  mSo  potente; 
Que  velozes  nos  ares  serpeando 
Vem  á  terra  attingir  o  delinquente, 
E  depressa  o  dissipam: 
Teus  coruscantes  fogos 
Com  Ímpeto  rasgando  a  atmosphera, 
Em  voadoras  settas  convertidos, 
Conturbem  do  suberbo  a  jmpia  proa 
Com  trovões  cujo  estalo  o  mondo  atroa. 


(7)  Fulgura  eoruteãtionem^  et 
ditstpabiê  eot :  emitte  sagíttãt 
tua*^  et  comturbaòig  eot. 


Lá  de  cima.  Senhor!  teu  braço  estende; 
Deste  lago  de  crimes,  destas  ondas 
D'estranba  inundação,  que  me  surpr'ende. 
Forçoso  me  resgata : 
Tira-me  das  mdos  pérfidas 
Que  contra  mim  traições  tyrannas  armam. 
Já  conterrâneos  meus,  ou  estranhas  gentes ; 
E  só  triumpharei,  se  tu  me  acodes: 
Àcode-me,  Senhor!  que  tudo  podes. 


(8)  Etnitte  maman  tuam  de  alto : 
eripe  me.  et  libera  me  de  aquit 
mulÈiê,  de  mtmu  JUiúrum  alietW' 
mm» 


Ba  verdade  o  candor,  a  formosura 
Esses  desaccordados  não  conhecem : 
De  aleives  carregando  a  língua  impura, 
Klentidos  juramentos 
Com  suas  mãos  profanas 
Confirmam  resolutos,  cavilosos: 


(9)  Quorum  os  loeutum  est  va- 
nitatem,  et  dextera  eorum  dex- 
lera  iniqnitaiit. 


486 

A  vida  albêat  a  fama  despedaçam. 
Laborando  dos  campos  da  maldade. 
Para  os  fructos  colher  da  iniquidade. 


( 1 0)  Deus^  cãHlicum  novum  eau' 
tttbo  íihi :  ití  psalterio  decachordo 
psallam  tibi. 


Isento  deste  horror,  com  que  deleite 

Te  cantarei,  meu  Deos!  Um  novo  psalmo, 

Tal  que  a  tua  bondade  o  nfto  rejeite. 

Tirarei  do  psalterio: 

As  dez  vozes  suaves, 
O  teu  poder,  a  tua  misericórdia, 
E  a  minha  salvaçSo,  serSo  o  assumpto 
Que  accenda  na  minha  alma  estro  divino, 
E  aos  Ceos  leve  canoro  este  meu  hvmno. 


(II)  Qui  dat  saluletn  Regibut: 
ifiU  redemisli  David  sernum  tuum 
de  gladio  maligno,  eripe  me. 


(18)  Et  erue  me  de  manuJUio- 
rum  alienorumj  quorum  os  loeU' 
tum  est  vaniíatem  :  ei  dextera  eo- 
rum^  dextera  iniquitatis. 


Tu  dás  saúde  aos  Reis:  David  remiste. 
Da  gigantica  espada  o  defendeste; 
Ao  teu  poder  mortal  algum  resiste: 

Ampara  compassivo 

Este  meu  sêr  tdo  frágil: 
Das  m&os  me  arranca  desses  que  me  ferem ; 
Cujos  lábios  d^espumas  venenosas 
Aspergem  quanto  avistam;  cujos  braços 
Rompem  da  paz,  da  natureza  os  laços. 


(13)  Quorum  ftlii,  sieutnovella:    NSo  Ih'  invojo  OS  palacioS  seuS  luzidoS: 
plantatiotteg  in  juventute  tua,  ^     *     .  ■  ■    . 

Contenta-me  o  socego  e  os  bens  modestos, 
Por  avitas  virtudes  transmittidos. 
Quaes  plantas  verdejantes. 
Desses  recem-nascidos 
Embora  os  filhos  florecentes  cresçam: 
(14)  Filia: íorum compósita:,  cif'   Trajem  gala  suberba  as  filhas  bellas; 

cumomala,  sind  si  mi  li  tudo  tem-  . ,  , 

pii.  E  quaes  templos  ou  ídolos  ornadas. 

Sejam  nos  vãos  festins  sempre  aduladas. 


487 


Seus  campos  louras  messes  enriqueçam ; 
Encham  ferieis  colheitas  seus  celleiros: 
Na  mesa  em  seus  banquetes  appareçam 
Gostosas  iguarias: 
Fecundos  seus  rebanhos, 
Por  amenas  florestas  repartidos, 
Pastore$  cuidadosos  apascentem: 
Mansas  ovelhas,  ludricos  viteilos 
No  bosque  á  sombra,  gosto  faça  o  vé-los. 


(15)  Promptuaria  eorum  fUnm^ 
ertmtaniia  ex  hoc  in  iUud» 


(16)  OvâM  ecrvm/mUntef  obun- 
ãantet  in  egressibuê  ems :  bovti  ^ 
corum  crasstg' 

( 1 7)  KoH  est  ruina  maceria,  ue- 
que  clamor  t«  plâUen  eorum. 


Effl  solido  alicerce  bem  seguros 
Pousem  seus  edifícios ;  nem  lhe  abalei 
Ligeira  commoçào  seus  altos  muros: 

Seus  palácios  adornem 

Peritas  esculpturas, 
Quadros  bellos,  alfaias  preciosas. 
Primores  d'arte,  exóticos  productos 
Da  mais  longíqua  e  vasta  natureza: 
Fujam  dalli  cuidados  e  tristeza. 


Que  loucura  é  pensar  que  são  ditosos 
Os  homens  que  estes  bens  todos  possuem! 
Felizes  sfio  somente  os  virtuosos, 

Que  a  Deos  todos  entregues 

Na  lei  acham  thesouros; 
Nella  os  preceitos  do  Senhor  estudam, 

Que  a  alma  fartam  de  bens,  e  extinguem  magoas; 
Anniquilam  prestigios  da  vaidade. 
Se  unem  de  Deos  &  lúcida  verdade. 


(18)  Beaííuniixeruni  fêpuium^ 
cui  hãfc  Munt:  beáius  pognUuij  cfi* 
jns  Dominvs  Deus  rjus* 


488 


PSALMO  CXUV. 


Laudatio  ipsi  David. 


(1)  Exaltabo  te  ^  Deus  meus 
Rex  :  et  benedicnm  nomini  tvo  in 
sígeulumf  et  in  sactdum  iactdi. 


Hymno  de  graças  à  Deos^  por  Daoid.  {*) 

llBi  dos  Ceos,  Senhor  sapremol 
Hão  de  as  eras  ir  passando, 
Sem  que  os  cânticos  devotos 
Gessem  de  te  ir  exaltando: 
O  teu  nome  abençoemos, 
Todos  unidos  cantemos. 


(2)  Per  tingulot  dies  benedicmm 
tiii :  et  laudabo  n/omefh  tuum  in  ta- 
culum,  et  in  saçulum  ««en/i. 


Cada  vez  que  a  estreita  d  alva 
Apague  as  luzes  no  mar; 
Cada  vez  que  o  dia  rompa» 
Ó  meu  Deos,  te  ouçam  louvar 
Vozes  d'eterna  harmonia 
Te  engrandeçam  cada  dia. 


(3)  Mágnut  Dominus^  et  lauda- 
hilit  nimit :  et  mognituáinis  eju9 
mn  estfiniw. 


Senhor  immenso,  quem  pôde 
Tecer-te  um  digno  louvor? 
Bastará  para  agradar-te 
O  incêndio  do  nosso  amor? 
Mas  sem  termo  tal  grandeza 
Confunde  a  nossa  fraqueza. 


(4)  Generatio  et  generalio  lau- 
dabit  opera  tua :  et  potetUiam  tuam 
prowintiabunt. 


As  geraçOes  successivas. 
Teus  prodigios  relatando. 
Ao  nosso  amor  hão  de  unir-se, 
Ir-te-hSo  sem pre  celebrando ; 


(•)     S.  Jo2o  Chrysoitomo  auegura  que  este  pialmo  noa  primeirot  teculoe  da  Igre-jj 
coBtumava  cantar-se  pc<r  aquelles  que  reoasciam  depoii  da  agua  do  baptismo. 


489 


Em  doces  sublimes  odes 
Proclamar&o  quanto  podes. 

Os  homens  dirSo  aos  homens 
De  Deos  a  magniGcencia, 
A  ^oría  da  sanctidade, 
£  da  sua  omnipotência: 
Mas  abranger  seus  portentos 
Nãò  podem  os  pensamentos. 


(5)  Múffn^Ueniiam  ghriw  êanty 
tiUUiê  iíim  hpieniur^  et  núrM- 
liã  tua  namòuiêi. 


Sol»  que  sobre  a  Natureza 
Reinas  como  Vencedor, 
Tu  és  uma  sombra  apenas 
Das  obras  do  Creador. 
Que  de  Soes  eontém  o  espaço! 
Que  mundos  em  seu  regaço! 

Esses  sons  articulados 

Que  nos  ares  se  desfazem, 

Das  divinas  maravilhas 

Uma  ténue  imagem  trazem: 

A  lingua  do  sentimento 

É  que  instruo  o  entendimento.* 


Diz  qufio  terrível  se  lança 
Do  seio  da  Eternidade 
Contra  os  ímpios  que  navegam 
Nos  golphos  da  iniquidade. 
Não  accendas  teus  coriscos: 
Poupa-nos,  meu  Deos,  taes  riscos! 


(6)  Elviríulem  íerribiliwntuth 
rum  dicentf  et  mafjniíudinem  tuam 
nmrra^fnt. 


Já  rompe  d 'alma  um  suspiro 
De  abundante  suavidade, 
Ao  ver  a  justiça  austera 


(7)  Memoriam  abimdúniite  tua- 
ftitãtiM  tua  eructaàuntf  et  Juetitia 
tua  exultãburU* 

(8)  Miserãtêr  et  miserteert  De- 


490 


miiiiif ,  patienM,  et  muUutn  mise- 
riatrs. 


(9)  Suaviê  Daminus  unhenig, 
et  miterationes  ejtu  êuper  omnia 
•perm  ejut. 


Ir  sempre  a  par  da  piedade: 
No  throDo  resplandecente 
'Se  acha  Deos  terno,  paciente. 

Tfio  benigno  como  josto. 
Para  nós  sempre  amoroso. 
Só  podem  colpas  humanas 
Forçá-lo  a  ser  rigoroso:        % 
Mas  neste  arriscado  eiilío 
Jamais  nos  recusa  auxilio. 


Se  neste  valie  de  pranto 
Sem  tino  o  caminho  erramos, 
Beneãco  Deos  nos  guia, 
Em  seus  braços  descançamos: 
Em  seu  poder  confiemos, 
Ao  seu  Reino  gloria  demos. 


(10)  CúaJUetmtur  tiòi,  Dontitie, 
omniu  opera  tua,  et  sancti  tui  be- 
nedicant  tibi. 


Deem-Ibe  gloria  as  obras  suas ; 
Em  coros  os  justos  cantem ; 
Astros,  plantas,  elementos 
Unisona  voz  levantem: 
NSo  dormitem  ociosos 
Da  harpa  os  sons  melodiosos. 


(II)  Gloriam  regni  tni  diceni, 
et  potentiam  tuam  loquentur. 

(IS)  Ut  notam  faeiant  filii9  ho- 
minum potentiam  tuam,  et  gloriam 
magnificentia  regni  tui. 


No  Sol,  que  derrama  a  vida, 
Nos  luzes,  que  Deos  creou, 
E  nas  mais  obras  divinas 
Um  sello  de  amor  firmou: 
Tudo  a  um  fim  utit  convém. 
De  tudo  deriva  o  bem. 


(J3)  Uegnum  tuum^  regnum 
omnium  eaéulorwn  :  et  dominatio 
tua  in  omni  generationo,  et  gene- 
rationevu 


Deos  ndo  submette  este  Império 

Dos  dias  á  brevidade: 

Vence  os  aonos,  veuce  os  tempos. 


491 


Compreheode  a  Eternidade: 
Seu  poder  iiBo  se  termina; 
Hoje  e  o  futuro  domina. 


Inrallivel  naa  palavras» 
Some-se  ante  Deos  o  engano; 
Sua  immutavel  verdade 
Conforta  o  género  Jiumano: 
Âllivia  o  desgraçado. 
Ampara  o  desamparado. 


(14)  FUeiU  Dêmiumi  in  Êwmi- 
èiit  verbiê  <«<«,  et  tãmeiuê  im 
omuiàuM  êperièuê  êttiêm 


(15)  AUevÍDmiUmuomneêpii 
cnrvwúy  et  eriyit  úmnes  eli99t. 


Quando  o  sopro  do  infortúnio 
Apaga  a  luz  de  meus  dias. 
Invoco  a  Deos,  e  se  calam 
Logo  as  minhas  agonias: 
O  susto  logo  se  amansa. 
Vem  consolar-me  a  esperança. 


A  quantos  em  ti  põem  olhos 
A  conGança  lhe  aogmentas, 
Senhor!  e  em  tempo  opportuno 
Os  famintos  alimentas: 
Abres  a  p&o,  e  dispensas 
Graças  e  bênçãos  immensas. 


(16)  Oemli  êmMiÊtm  im  te  êpe- 
rmUy  O^nlne,  et  tu  dãê  eêemm 
iUúrvm  Ml  temffTêPppêrtumo  (•). 


(17)  Jperi»  tu  mãnum  tuam,  et 
imples  amne  animal  òenedietiene. 


Justo  sempre  em  teus  caminhos, 
Sempre  em  toas  obras  sancto. 
Perto  estás  dos  que  te  imploram 


(18)  JvMtuM  D^minue  in  «nut- 
bue  viis  «tft«,  et  aanetwe  in  êmni" 
bu»  eperibue  $ui$» 

(19)  Prope  eêt  Daminue  êmni- 


(•)  Na  descrlpçSo  de  Jeiufl  Chrifto,  que  é  o  Rei  de  cujo  reino  tqul  le  falia  (dli 
M&tlei  neste  lagar)  deve  etpelliar-ie  todo  &  Príncipe  qaando  qaeira  achar  nm  ipvnde  mo- 
delo, para  qaanto  por  um  homem  potsa  ter  imitado.  M iiericordia,  lit>eraltdade,  deMJo  de  faier 
feliíef  01  seus  poToi,  sSo  as  virtudes  que  astemelham  a  Deos  qualquer  Reinante :  Eg^  nul' 
iam  majorem  erediderim  este  priwipum  felicitatem,  dixia  Pacato  no  panegírico  dè  Theodo- 
6Ío,  quam  fedste  ftUcem,  et  interccmsse  infipfaj  et  forlunam  vi€i$»e,  et  dedUte  homini 
núvttm  faium. 


492 


hi$  invoeantikuM  ettm,  omnibuM  m- 
vacaiUibuM  eum  in  veritatc. 


Com  terno  amoroso  pranto; 
Desse  que  a  verdade  inspira 
Quando  te  inyòca  e  suspira. 


(SO)  FòhmiaieH  íimeníiupi  Me 
fúcieíy  et  deprecatúmem  ecrum  ex- 
audieti  et  stlvên/aeiet  eot» 


De  Deos  a  vontade  immeosa 
Se  dobra  á  da  creatura; 
Tudo  alcança  se  Ih  o  pede 
Uma  alma  temente  e  pura: 
Dá-lhe  os  bens  que  lhe  supplica, 
E  salvando-a  a  justifica. 


(S I )  Custodii  Daminus  útnnes  di- 
ligentes se :  et  omnet  peceatoret* 
disperdet. 


Paga  com  amor  celeste 
O  nosso  amor  limitado; 
E  da  perdiçfto  seu^  servos 
Guarda  com  terno  cuidado: 
Mas  severa  a  m&o  divina 
O  peccador  extermina. 


(«S)  LâMdatimutm  Domini  Iú^ 
çueHtr  99  ffieiím;  et  benedicat 
omnin  carmnomini  Mmct9  ejuê  m 
saculum^  et  i»  saeulum  ewculi. 


AfQua  em  meus  lábios  canto 
Qual  nos  Ceos  a  Deos  festeja; 
Á  voz  geral  se  una  a  minha, 
E  louvado  o  Senhor  seja : 
Renovem  esta  harmonia 
Coros  d 'eterna  alegria. 


493 


PSALMO  CXLV, 


H 


El  de,  ó  meu  Deos»  com  ternura 
O  teu  nome  psalmear: 
Louva  o  Seobor,  ó  míoha  alma. 
Em  quanto  a  yida  durar. 


AUeluia  Aggaei,  et  Zacbariae  («}. 


(1)  Lauda  anima  mea^  Domi- 
num:  laudaho  Daminum  in  vila 
mea:  pioUatu  Deo  meo,  quamdiu 
fuero. 


Em  Deos  só  nos  conãemos; 
Os  Príncipes  sSo  mortaes : 
Ante  o  seu  incerto  amparo 
Não  percamos  nossos  ais. 


(i)  yolite  em^dere  in  frineipi- 
buty  injiiiis  A^mifiiim,  in  fuUnu 
Non  e$t  Mwiui. 


G)mo  nós  também  são  terra. 
Em  terra  se  bUo  de  to'm.r; 
Todos  OS  seus  ySos  projectos 
Ha  de  a  morte  dissipar. 


(3)  ExihU  tpiritus  ejut^  et  re- 
verteiur  in  ierram  $nam :  in  ilia 
die  peribuní  amneê  cogitatione» 
eorum» 


O  Deos  dlsrael  somente 
É  digno  do  nosso  amor; 
£  só  feliz  quem  consegue 
Um  t9o  alto  Protector. 


(4)  BeatuM  €vju$  Deus  Jocob 
adjuíer  ejut :  Mpes  eJuM  in  Domi' 
no  Deo  ipjtius,  qui  feeit  cedutn  et 
terram^  mare^  ei  omnia  qua  in 
eit  sunt. 


(•)  Este  titulo  encontra-M  na  VulgaU,  mai  nSo  le  acha  do  texto  Hebreo,  oem  no 
Clialdeo,  nem  deUe  fazem  mençSo  algama  Santo  Agoitinho,  S.  João  Ohrysostomo,  e  outros; 
podendo  muito  bem  ser  que  Aggeo  e  Zachariai,  de  qoem  nelle  se  falia,  n2o  fossem  os  doía 
liem  conhecidos  Prophetas,  mas  dois  músicos  dos  tempoi  posteriores,  que  talvez  o  cantassem^ 
ou  compozesiem. 

(Matlei,) 


494 

Ponho  a  esperança  naquelle 
Que  creou  a  terra  e  Ceos, 
E  quanto  nelles  existe 
Tirou  dos  thesouros  seus. 


(5)  Qui  custodit  veritatem  in 
circu/tif»,  facit  judieium  injuriam 
pttlientiòus :  dot  e$eam  entrienti' 
àus. 


(fi)^Dúmimtê  solvit  cêmpêditot, 
Dwtiniu  illuminat  cmcêt. 


(7)  Dominu9  erigit  elisêS^  Do- 
mintu  diligit  jwtoi. 


Elle  a  immutavel  verdade 
Mantém,  cumpre,  e  manifesta; 
E  é  dos  que  gemem  oppressos 
O  defensor  que  Ibes  resta. 

É  quem  dá  pSo  aos  famintos, 
Aos  presos  a  liberdade; 
É  quem  restituo  aos  olhos 
Dos  cegos  a  claridade. 

Aos  fracos,  aos  vacillantes. 
Se  os  vê  por  terra  cabidos, 
É  quem  piedoso  os  levanta, 
E  deixa  fortalecidos. 


Ama  os  justos  que  no  mundo 
Vão  por  veredas  agrestes; 

E  lhes  dá  para  animá-los 

« 

Já  parte  dos  bens  celestes. 


(8)  Domínus  custodit  advenas, 
pupillum,  et  viduam  Mustípietf  et 
viam  peccatorum  ditperdet. 


Ao  cançado  peregrino 
Depara  benigno  asylo; 
G>nsola  a  viuva  triste. 
Protege  o  infantil  pupillo. 


Severo  os  ímpios  aterra; 
E  com  leis  sabias,  sublimes, 
Refréa  o  mal,  os  flagellos 
Que  resultam  de  seus  crimes. 


495 


Alegra-te,  Sião  saacta : 
Deos  sempre  ha  de  triumpbar; 
Uraa  geração  e  as  outras 
Hâo  de  o  seu  lou?or  cantar. 


hm,  Depg  tuuê,  Si9m,  in  fe^erm- 


L 


SEGDNDA  PARAPHRASE  DO  MESMO  PSALMO. 


(l)  Lauém,  WÊhna  meã,  Domi- 
num:  laudtAo  Demimmt  in  rOti 

fnea:  p9alhmDe0me9, 
fuero. 


íouvA,  6  minha  alma,  o  teu  Senhor ;  desperta : 
Que  mais  pôde  agradar-te? 
Na  terra  tudo  é  frágil,  é  terreno: 
No  Ceo,  que  vés,  luzente. 
Os  astros  são  corpóreos,  perecíveis; 
A  teus  affectos,  surdos,  insensíveis. 

Em  quanto  me  pulsar  sangue  nas  ?êas. 

Meus  olhos  a  luz  vire^; 
Meu  peito  respirar,  e  que  entoada 

Minha  voz  vibre  os  ares, 
O  meu  Deos  louvará  enternecida : 
Cessarei  de  cantar  cessando  a  vida. 

Sapiência  increadal  Bem  supremo  I 

Meu  Deos!  Único  objecto  ' 
Digno  do  amor  de  uma  alma  intelUgentel 

£m  ti  somente  espero: 
Nao  queiramos  dos  Príncipes  Bar-nos; 
N3o  podem,  n3o,  da  morte  libertar-nos. 

Os  Reis  S30  cinza,  em  cinza  hâo  de  tornara ;     (3)  e^hí  ^ruu.  .y.,  w  .. 

rio  momento  em  que  cessa  ^ertelwr  in  terran  êvumt  in  iUa 

Telles  o  sopro  animador,  acabam,  ••"«»- 

Sepultam-se  as  grandezas; 
Grandes  cogitações  se  desvanecem, 
^*  no  dia  fatal  desapparecem. 


(8)  JVijfcle  emifiâtre  in  primUpi^ 
àut,  inJUttn  h^mtinum,  in  õuiàut 
íw»  esí  saiu». 


496 

(4)  Beattit  fí^uê  Dew  Jacob   Feliz  esse  quc  SÓ  eiD  Deos  descança ; 

uájuiãr  fpts:  9pen  eju$  in  Dwni-  /\         ^         *  e 

no  Deo  ipoiuo,  guifeeii  atltm  ei  VU^  Somente  OODDa 

terrom^mare.eiomniaçu^inei.,   j^^  g^^  ^^  eSSeOCialmente  tudo  tegC 

Qae  fez  surdir  do  nada 
Os  magestosos  Ceos,  o  mar»  a  terra, 
E  quanto  o  seu  poder  nelles  encerra. 


(5)  Qui  cuiiodit  veritatem  in  Doos,  oue  immutavel  é,  6  da  verdade 

MBCulum^  fotít  juãicium  injuriam 

patientikuM :  dat  egcam  otuHenii'  O  theSOUrO  preSOrva  ; 

Que  aos  opprimídos  livra,  ampara  os  pobres, 
Alimenta  os  famintos; 

(6)  Dominui  aoivit  eompediíoi,   As  algomas  sobtrahe  com  mio  divina, 

Uomimus  iUunUnat  cmeos. 

E  dos  cegos  os  olbos  illomina: 


(7)  Dominus  erigit  eiisos.  Do-   Doos,  quo  lovanta  aquellos  infelizes 

minus  dilitjH  ju$to9,  \ 

Que  prostrados  caíram, 
E  as  dissipadas  forças  lhes  restaura; 

Que  se  alegra  entre  os  justos 
Que  da  lei  sancta  o  código  guardaram, 
E  com  sancto  fervor  a  executaram. 

(8)  Dominus  auiodii  advenoã,   É  O  Soutior  quom  guarda  O  peregrino, 

pupillum  et  viduam  outcipiet,  et  rx  ir      j  i    • 

viam  peceatomm  dioperdei.  Quem  lhe  depara  abngo : 

Com  quanto  amor  as  lagrimas  enxuga 

Á  viuva  saudosa! 
Com  paternal  piedade  presta  asylo 
No  desamparo  ao  misero  pupillo. 

(9)  Regnabii  nominus  in  sacu-  Severo  aterra  os  Ímpios :  Sião  sancta, 

/««,  Dev9  tuus,  Sion,  in  gene- 

rationem  et  gmerationem.  Exulta,  nSo  rOCeiOS; 

Da  immutavel  justiça  o  áureo  sceptro 

Reina  perpetuamente: 
Embora  v3o  os  séculos  passando; 
Do  meu  Deos  a  justiça  irá  durando. 


497 


PSALMO  CXLVI. 


O 


5DB  chegam  do  Sol  os  raios  soe 
Aadat  o  nosso  canto; 
É  bom  com  psalmos  alternar  as  vozes: 
Lou?ai  a  Deos,  ó  povos,  agradai-lhe; 

Pois  escuta  clemente 
O  louvor  que  lhe  dais,  puro,  decente. 


Allelaia. 


(1)  LmtéãieDmiiimiim^pioiiiÊm 


Entre  as  grandes  cidades,  qual  sublima 

A  frente  magestosa 
Gomo  Jerusalém?  Nobre  edificio, 
Que  Deos  fundou ;  e  nelle  os  filhos  todos 

Convocará  piedoso. 
Para  dar-lhe  o  destino  mais  ditoso. 


(S)  ^ajlemi  Jeruêalem  Domi' 
niM,  ài$perãiúiteml»raeli9eangre* 


Deos  alli  sara  os  coragSes  cootrictos 
Com  bálsamos  divinos; 

Âlli  da  enferma  humanidade  as  chagas 

Com  brandas  faxas  liga  compassivo; 
O  mal  desapparece: 

Deos  acode  ao  mortal,  e  convalesce. 


(3)  Qui 
eíaUiffoi 


earum. 


Grande  Deos!  O  Universo  é  teu  domínio; 

Dando-lhe  o  próprio  nome. 
Sabes  a  conta  á  multidio  d'estrellas, 
E  ao8  agentes  que  a  Natureza  regem: 

És  fonte  de  evidencia; 
Não  tem  medida  a  tua  sapiência. 

Tomo  VL 


(4)  Qm  numtr&t  multiiudinem 
HeUanm^  et  mimikuM  eis  nmiUn» 


(5)  Maffmíi  DanUnuM  fMtftfr,  eí 
magna  virtuê  ejut :  et  e^fientim 
ejui  noH  eet  nwnerue. 


3S 


498 

(6)  SuseipiensmaruuetúsDmni'  Braado,  aos  mansos  afagas,  carinhoso: 

nu$  :  humiliana  auiem  peecatores  Tprrívpl  p  «PVPríi 

usque  ad  Urram,  lerriYei  e  severo^ 

Fazes  morder  a  terra  aos  depra?ados; 
A  altivez  do  suberbo  em  lodo  envolves; 

Solitário,  iodefezo, 
Acaba  em  6m  nas  garras  do  desprezo. 

(7)  PrcBduite  Vcmiw  in  «mi-  Essa  imagem  funesta  afugentando, 
cithara,  '  O  nosso  Deos  caotemos: 

Gralissimos,  rendidos,  fervorosos. 
Afinemos  a  cithara  suave: 

Do  coração,  ardendo. 
Os  hymnos  magestosos  v8o  nascendo. 

(8>  Qui  operit  caium  rwbUnu,   O  Cco  de  nuvons  O  Senhor  reveste; 

et  parat  terra  pluviam. 

E  da  terra  assummdo 
Os  vapores  aos  ares  os  condensa: 

£m  prolífica  chuva 
Á  terra  sequiosa  os  vai  mandando, 
£  a  favor  nosso  a  vai  fertilisando. 


(9)  QtdprêiueUtumoníibuêfm-  Descnvolvem-se  OS  gcrmes  que  escondidos 

num.  et  herbam  tervituti  kúm»"  mr     .  s 

num.  Na  terra  dormitavam; 

Benéficas  as  plantas  o  homem  nutrem; 
Pelos  montes  os  pingues  pastos  crescem: 

(10)  Qui  âat  jumentii  egcam  Todo  O  animal  sustenta; 

iptorum^et  puUU  eorvoruminv-    _,,    ,  .     .  ,. 

cantibus  eum.  Té  oesprezivoís  corvos  alimenta. 


(]])  Naninfôrtiifuiineeguivo-  D*ouro  6  diamantes  todo  ajaezado, 

hmkdemhaèeêitTneeíntibtíãviri  r\     •     ^        li. 

àeneplacUum  erit  ti.  <>  g»»»»©  «berbo  ; 

O  moço.  ingente,  esbelto,  destro  em  dioçtf' 
N8o  merecem  os  prémios  de  que  o  jnsto 

Humilhado  depende: 
Deos  com  quem  necessita  6  que  dispende* 


499 

Mas  nos  justos  que  o  temem»  que  o  adoram ;      (IS)  Btneplmnímn  est  Domino 
g^  -       -       j-  tuper  HmetUes  eum :  et  in  eiãf  fui 

gue  em  sua  misericórdia  sperant  ivper  misericórdia  ejus. 

Poem  toda  a  confiança»  generoso 

Se  compraz»  e  com  prémios  sem  limite  * 

Os  conforta,  os  ampara; 
Interminável  gloria  lhes  prepara. 


PSALMO  CXLVII. 


c 


ONGRBGAi-vos,  alegres  cantores; 
Langaí  mão  d'instrumentos  sonoros; 

Do  Senhor  os  louvores 
Em  Solyma  repitam  os  coros. 


Alleluia. 


( I )  Lauda  Jerusalém  Domintim: 
lauda  Deum  iuum,  Sion. 


Dá-lhe  graças,  Sião  venturosa, 
O  teu  Deos  sem  cessar  celebrando; 

Cuja  mSo  poderosa 
Férteis  bênçãos  nos  vai  sempre  dando. 


Templo  sancto!  Cidade  opulenta, 
Que  defende  o  Senhor  com  bondade, 

E  em  seus  filhos  augmenta 
Quantos  bens  produz  sempre  a  equidade. 


(12)  Quomam  eonfortavit  serás 
portarum  iuarvm:  benedixU  fi* 
liis  tuis  in  te. 


Já  da  guerra  cessou  o  alarido; 

A  paz  mora  e  consola  em  teus  muros; 

Não  se  escuta  um  gemido; 
Vivem  todos  alegres,  seguros. 

Tono  YI. 


(3)  Qttifosuitflaestuospttcem: 
et  ádipe  frumenti  satiat  te. 


38  • 


i 


500 

Na  seara  as  espigas  douradas 
Alimento  abundante  promettem ; 

Mil  cançSes  entoadas 
Na  colheita  os  campinos  repetem. 

(4)  Qiti  emittit  eloqmum  snvm    Como  COITem  ligeirOS  OS  VCntOS» 
terra:  vclocitercurrit  termo ejns.      .    ,  . 

A  lei  sancta  entre  nós  se  diffunde; 

E  lá  do  egrégio  assento 
A  verdade  a  mentira  confunde. 

Triumphante  na  terra  appar^cendo, 
A  existência  dos  homens  renova; 

Vai  sempre  o  bem  crescendo, 
Cessa  o  mal  que  a  Justiça  reprova. 

(5)  Qui  dat  nhem  síeut  lanam ;  Quo  podér  I  e  que  facil  trabalho 

Fulverisa  o  vapor  condensado! 

G)bre  as  plantas  o  orvalho. 
Dá  vigor,  medra  o  pSio  rerrescadu* 


(6)  mtui  crystaiitm  (O  twm   Já  nos  Ccos  sous  cristaes  quebrai  e  desce 

sicíã  bfteeellas:  aute  facien^ /ri»      .  ,  , 

goris  ejus,  quis  auêtinebitf  A  tormcuta  no  gclo  envolvida; 

A  luz  desapparece, 
Parte  o  raio»  ameaça-se  a  vida. 


(7)  Emitteí  verhum  suum,  et   Porêm  logo  aprauvel  mudança 

Uqwfaeietea:flabitspirittt8eju9,     _  ... 

et  fluent  aqua.  Faz  que  sopre  suavíssimo  o  vento ; 

Nasce  n'alma  a  esperança, 
£  dissolvesse  o  gelo  cruento. 


(•)    Crystallus  é  o  gelo,  como  no  Eeeleriaat.  c.  43.  getaoit  cryMtaHus  ok  «fiM.  d 
anligoi  PsalterioB  dSo  aqui  sicut  frusta  partis^  em  rei  d«  sicut  bweellasj  qae  é  o 

(Mãttei.) 


501 

Taes  portentos  aos  mais  dos  humanos 
Claramente  o  Senbor  manifesta: 

Que  sublimes  arcanos, 
Alem  destes,  a  fé  nos  attesta! 


(8)  Qtit  annuntiat  verbum  suum 
Jmcúb^  justitias,  et  judicia  sua  It' 
rael. 


Porém  esses  mysteríos  conGa 

Deos  somente  ao  seu  povo  escolhido; 

O  Verbo  lhe  annunciat 
Que  resgata  este  mundo  perdido. 


(9)  Nm  fecit  taliter  omni  no- 
tiom:  et  judicia  sua  non  manifes- 
iavit  eis. 


ADVERTÊNCIA  DA  AUCTORA. 


Judiciosamente  ajuntou  Mattei  os  Psalmos  GXLVIII. ,  CXLIX. ,  e  CL. , 
porquanto  parecem  um  s6  pelo  assumpto  continuado  nas  preces  ecclesiasticas. 
Julga  elle ,  que  os  três  Psalmos  são  três  coros  de  Levitas  que  replicam  uns 
aos  outros.  Eu  entendi  que  devia  seguir  o  mesmo  systema ,  e  fazer  a  minba 
paraphrase  na  mesma  ordem  e  repartição  com  que  aqoelle  egrégio  auctor  fez 
a  sua. 


PSALMOS  CXLVIII,  CXLIX,  e  CL. 


SACERDOTE. 


A 


Njos!  essências  celestes» 
Que  o  throno  de  Deos  cercais! 
Aos  hymoos  que  lhe  ofFertais 
Ajuntai  nosso  louvor. 


CXLVIII. 

AUeluia. 


(I)  Laudate  Dcminum  deealis, 
laudate  eum  in  exeelsis. 


(S)  Laudate  eum  anmes  Angeli 
ejuSf  laudate  eum  omnes  virlutes 
ejus. 


502 

Nas  excebas  summidades, 
Virtades  e  Potestades» 
OíTrecei-Ibe  o  nosso  amor. 

Primeiro  Levita. 


(3)  Laudaíe  eum  Sol,  e  Ímuú, 
laudate  eum  emnea  stellte^  et  /u- 
men. 


Astros  iiicidos,  brilhantes, 
Que  em  torno  do  Sol  girais; 
Sol,  que  o  mundo  allumiais, 
E  lhe  dais  força  e  vigor: 
Lua,  que  as  somhras  estragas, 
E  a  noite  serena  affagas, 
Louvai  todos  o  Senhor. 


Segundo  Levita. 


(4)  Laudate  tnm  cmli  etelãrnm, 
et  aqnte  onvies,  çua  super  calos 
sunt,  laudent  ttomen  Dornini, 


Quem  creou  do  nada  o  Ceo, 
E  nelle  estrellas  immensas; 
Que  o  cobrio  como  de  um  tecto 
De  aguas  lúcidas,  condensas; 
Louvai  Ceos,  aguas,  estrellas, 
O  Auctor  de  obras  tão  bellas. 


(5)  Quia  ipse  dixil ,  et  facta 
suHt:  ipse  mandamty  et  ereata 
sunt» 


EUe  Toi  quem  disse  aos  seres 
Que  existissem,  e  existiram: 
Mandou,  e  logo  se  viram 
Do  nada  as  cousas  surdir. 
Todos  gratos  o  engrandeçam, 
Seu  Creador  reconheçam. 


CORO  DOS  LEVITAS. 


(6)  Sêsiuit  ta  in  atemum,  et 
til  saeulum  saatti :  pratceptumpo* 
suit^  et  non  prateribil. 


Prescreveo  ordem  sublime. 
Leis  immutaveis  fixando. 


503 


Que  Dão  pódd  ir  alterando 
GoIpCt  ou  tempo  voador: 
Eterno  é  seu  nome  saneto; 
Seja  etenio  o  nosao  canto. 


(7)  Lãudête  Dmninum  de  terra 
imunet^  et  onínes  aJbyuL 


Pbimbibo  Lbvita. 


VÓS9  fogo,  saraiva»  e  neve» 
Gelo,  ventos  procellosos, 
RaíoSy  trovões  espantosos» 
Que  do  ceo  se  ouvem  bradar: 
A  sabias  leis  submettidos» 
Á  geral  ordem  cónvem; 
Todos  para  nosso  bem 
Soube  o  Senhor  ordenar. 


(8)  Igm»t  grmido^  niz,  glacies^ 
gpiríiut  proeeltarum^  qveBfaciunt 
verhtun  ejue. 


Vós»  que  o  Senhor  fez»  ó  montes; 
Vós»  outeiros  deleitosos; 
Plantas  e  bosques  frondosos» 
Ou  fructifero  pomar; 
Cedros»  arvores  sylvestres» 
Podeis  pelas  leis  agrestes 
Também  Deos  gloríficar. 


(9)  Mentes  et  ommee  cóllee :  li- 
pmfructiferUi  et  omnee  cedrL 


Gados»  caca»  e  quantas  feras. 
Vagam  livres  pela  selva; 
Serpentes»  que  sobre  a  relva 
Humildes  vos  arrastais; 
£  vós»  que  invadjp  o  ar» 
Aves  lindas»  emplumadas» 
Nas  empyricas  moradas 
Resoe  o  vosso  cantar. 


(10)  BestuB^  et  universã  peco- 
r«,  aerpenieSi  et  volveres  permuta. 


504 


SACERDOTE. 


O  racional,  adornado 

Co'  a  Dobre  luz  da  razto. 

Terá  menor  gratidão 

Que  outro  sêr  mais  inrríor? 

Descuido!...  enorme  fraqueia! 

Quando  o  Auctor  da  Natureza 

Se  empenha  em  nosso  bvor. 

CORO  DOS  LEVITAS. 


(11)  Reges  terra ^  et  omnespO' 
puli^  príncipes^  ei  omnes  judieef 
terra. 


(15B)  Juvenes,  et  virgines^  seniee 
cmn  funioribtiã  tauáentn^men  Uth 
mirUf  guia  exaltatum  est  nomen 
ejuÊ  seiiu9> 


Ah!  vamos  ao  templo,  vamos; 
Vejamos  aili  prostrados 
Príncipes  e  Potentados, 
£  os  interpretes  da  lei. 
Virgens,  donas,  moços,  velhos. 
Sede  da  virtude  espelhos, 
O  Senhor  engrandecei. 


SACERDOTE. 


(13)  Coí{fe88ÍQeJu8evpercalum^ 
et  terrom^  et  exalttmt  €omu  pê» 
puU  ««t. 


Gomo  lá  sobre  aa  espheras, 
O  sancto  nome  exaltando. 
Os  Anjos  vfto  celebrando 
De  Deos  a  gloria  e  poder, 
Cantemos;  pois  comprehende 
Esta  gloria  a  terra  e  o  Ceo; 
£  a  do  Povo  que  escolheo 
Quer  benigno  engrandecer. 


CORO  DO  POVO, 


(14)  Hymnus  êmniòua  tanclie 
ejus,  filiíM  Ttraelj  populo  apprO' 
pinqtianti  sibi. 


Convém  que  todos  unidos 
Mandemos  a  Deos  devotos 


505 


Nossos  hf BIII06,  nossos  votos, 
Nossos  amorosos  áis^ 
Mas  vós»  que  junto  aos  dtares 
Sois  Tisinhos  do  Senhor, 
Melhor  teceis  o  louvor, 
Mais  dignamente  o  louvais. 

SACERDOTE. 


cxux. 

AUeluia. 


Ao  Sekhob,  que  acima  do  ether 
Domina  todo  o  Universo, 
Voe  acceso,  altivo  o  verso, 
Vá  nos  astros  retumbar: 
Cantos  de  nova  harmonia 
Sejam  do  seu  Povo  ouvidos; 
Circundem  seus  escolhidos 
O  seu  templo,  o  seu  altar. 


(1)  Cãntaie  Dmninê  catítieum 


Pbimeiro  Levita. 


Israel  em  Deos  se  alegre. 
Pois  seus  cânticos  acceite, 
Pois  o  creoo;  gente  eleita 
Ê  quem  o  sabe  exaltar. 
Filhos  de  Silo,  cantai : 
Quem  reGrèa  os  rijos  ventos. 
Quem  d^  leis  aos  elementos, 
É  vosso  Rei;  multai. 


(S)  LtíUtur  liraei  m  eo,  qui 
fécit  eum,  et  JUii  Si9n  exultent 
in  rege  mo. 


CORO  DO  POVO. 


Invoquem  seu  nome  excelso 
Doces,  numerosos  coros; 
Vibrem  os  clarins  sonoros, 


(3)  Laudent  nomen  efus  in  eho. 
to,  in  tympanú,  el  ft^lUrio  pmiim 
ItuUei* 


506 

FlautaSff  tympaoost  o  ar: 
Ouça-fle  em  tedo  o  hemispberio 
Do  hamUHiico  psallerío 
O  claro  som  tremular. 

PaiMiSmo  Levita. 


(4)  Qtita  hiHêplii0ilum  est  Do- 
mifiú  tfi  pofulê  «tfff,  e  exalUtbii 
mantueioã  in  soluiem. 


O  Senhor  piedoso,'  ai&vel, 
Voltou  para  nós  seu  rosto; 
Suavisoa  nosso  desgosto. 
Nossas  cadéas  rompeo: 
Os  mansos,  os  pacientes. 
Resgatados  é  contentes. 
Levantem  as  mBos  ao  Geo. 


OS  DOIS  LEVITAS. 


(5)  ExultãburU  StuicU  (•)  ingh- 
ria,  UeUÊÒutUur  in  cubiliòut  «iit«. 


(6)  Exaltationgs  Deiinguiíure 
tarum^  et  gladii  antipiteê  in  nuh 
mbu9  eortim. 


Á  Pátria  já  restaurada. 
Depois  de  tanta  amargura, 
Os  seus  filhos  com  ventura 
Alegres  hSo  de  voltar: 
Aos  lares  restituidos, 
Os  psalmos  quasí  esquecidos 
Virão  de  novo  cantar. 


SmuinDO  Levita. 

As  gentes  vis,  humilhadas 
Vejam  com  susto  seus  erros, 
E  as  mtos  que  arrastavam  ferros 

(•)  Sancti  aqui  e  n*ODtroa  logarei  doa  psalnot  #So  os  Sacerdotes^  oa  Levitêt^  ^  P^ 
fomUira  lodo  o  pofo  hebreo  é  comprebendido  debaixo  do  nome  de  iSSanrtt,  para  k  díf^ 
reoçar  doa  ontroi  poYos,  que  eram  immundoai  profanoa,  e  n2o  aanctiftcadoa. 

(MêUH.) 


507 


Já  triumphaotes  e  armadas: 
Virão  com  jasto  farar. 
Vibrando  espadas  losentes, 
Atemorisar  as  gentes 
Que  Ih'  inspiraYam  terror. 

OS  DOIS  LEVITAS. 


Os  justos,  vingando  affrontasy 
Âpromptarlo  o  castigo 
Que  proTOCou  do  inimigo 
A  crueldade  feroz: 
Increparilo  os  mahados, 
Que  ouvirio  atordoados 
Do  remorso  a  interna  voz. 


(7)  Aã  fiÊBimaam  wkuMam  in 
naiimtikmtf  imerepãiipnes  tu  p9» 


CORO  DOS  LEVITAS. 


Os  tyrannos  que  insultaram 
Si9o  e  os  vasos  sagrados, 
Em  grilhSes  maneatados 
Hão  de  opprimidos  chorar: 
Os  complices  que  escolheram. 
Que  fataes  conselhos  deram. 
Hão  de  algemados  pagar. 


(8)  Ad  ãíliçttfidos  Reges  eorum 
in  compedibus,  et  noèães  eorum 
in  manieis  ferreis  (•). 


SACERDOTE. 


Já  nesses  livros  eternos. 
Com  6rm0  buril  gravada. 


(9)  m  fãeiant  in  eis  Juiidum 
eonseripium,  gloria  h«ge  est  omni" 
bus  sanclis  ejus. 


(*)  Eftaf  giierris  no  aenUdo  niaif  rabliae  defem-fe  entender  como  o  reinado  do  Mes- 
liai.  Sermo  Dei  penetrabilior  wmi  gladio  oneipiie^  dii  S.  Paolo.  Eii  a  gnerra  que  fes  o 
Messias  a  todos  os  poYos :  venceo-os,  debellou-os  com  a  prégoçdo.  Eis-aqoi  o  seu  reinado 
unifersal,  mas  reinado  de  espirito  e  relígiAO|  cono  enm  as  armas  com  que  renceo. 

(Mailei.) 


CL. 

AUelnÍA. 


508 

É  por  Deo6  mesmo  lançada 
Esta  sentença  fatal: 
Jostiça»  que  pune  o  crime» 
Á  sanctidade  sublime 
Segura  gloria  immortaL 

CORO  DO  POVO. 


(1)  Lãudmiê  JDmràMim  ta  «imt- 
líff  </ti9,  Imuâaie  eum  in  Jirnuh- 
mento  virtutis  9ir«. 


Gloria  a  Deos,  que  sobre  os  astros 
Em  throno  excelso  sentado, 
O  firmamento  estreitado 
Vê  debaixo  de  seus  pés: 
Multidões  d' Essências  Tormam 
O  seu  cortejo  ordinário. 
Que  no  immenso  Sanctuario 
O  adoram  uno  e  três. 


Pbimbiro  Lbtita. 


(8)  Laudate  eum  in  virtuUbus 
ejus,  lauMe  eum  secundum  mui* 
iiludinem  mãgmtuditiie  ejue. 


(3)  Lttudaíe  eum  in  seno  tuèa^ 
louduie  eum  in  pêúlterie,  et  ci» 
thara, 

(4)  Laudate  eum  intjfmpanú^' et 
eharo:  laudate  eum  in  ehardie^  et 
organo. 


Gloria  a  Deos,  que  as  forças  rege 
Dos  exércitos  celestes; 
OfiTreçamos-lhe  hymnos,  estes 
Lhe  dêem  sempre  honra  e  loufor. 
G)ncerte  o  som  das  trombetas 
Co  psalterio  e  doce  lyra; 
E  á  flauta,  que  suspira, 
Se  una  o  festival  tambor. 


SfiGuiino  Levita. 


(5)  Laudate  eum  in  eymbalis 
bene  tenanliòus^  laudate  eum  in 
eymbalie  Jubilationit,  omniê  spi» 
rituê  laudet  Dominum, 


Vós,  tocadores  famosos 
Da  guitarra  e  mandolino; 
Vós,  peritos  no  violino, 
Vinde  &  festa  figurar: 


509 

Com  rústicos  instrumentos 
Atroai  os  arredores; 
Vinde  do  campo,  ó  Pastores, 
Vinde  o  prazer  augmentar. 

TODOS. 

Unam-se  do  Ceo,  oa  terra 
Os  espiritas  devotos; 
Venham  de  sitios  remotos 
Todos  louvar  o  Senhor. 
De  puro  amor  exaltados, 
Os  mais  celebres  cantores 
Espalhem  justos  louvores, 
Bemdigam  seu  Creador. 


FIM  DA  PARAPHRASE  DOS  PSALHOS. 


PARAPHRASE 


DE 


ALGUNS  mm  E  HlfiíOS  SAGRADOS, 


NÃO  COMPREHENDIDOS  NOS  PSALMOS. 


CÂNTICO  DE  MOYSÉS 


BEPOI8  DA  PASSACEM  DO  MAB  TEBMELHO. 


Êxodo,  cap.  XV. 


c 


ÍANTSHOS  O  Senhor,  que  se  engrandece  (O  Tune  eedna  M^seê  et jun 

•^     - .    -  ,  1      .  1-1        Jtrael  carmen  hoc  Domino,  et  di- 

rartindo  o  mar,  um  golpbo  immenso  abrmdo,  xeruiu .-  Canumus  Domino :  gio- 

Derrubando  Ca?all06,  CavalleiroS,  et  ateetuoretn  dejeeit  in  nZe. 

o  Ímpio  submergindo 
Que  no  encalgo  do  Povo  seu  querido 
Caminha  a  destroçá-lo,  enfurecido. 


És  minha  força,  ó  Deos!  o  nobre  assumpto 
Dos  melódicos  hymnos  em  que  exhala 
Minha  voz  confortada  teus  louvores. 

Nenhum  poder  me  abala; 
A  minha  salvação  de  ti  depende, 
£  o  vigor  do  teu  braço  me  defende. 


(S)  Fortituiê  mea,  et  latts  moa 
Dofiiivuff,  et  faetus  est  mihi  in 
stthUem :  itte  Deuo  meut,  et  gh* 
rificabo  eum :  Deus  pátria  mei,  et 
exttltabo  eum. 


És  meu  Deos;  cantarei  a  gloria  tua: 
Deos  de  meus  Paes,  oh  titulo  suave! 
Quero  em  cantos  sublimes  exaltar-te. 

Em  som  agudo  ou  grave. 
Âppareça  o  Senhor  na  pugna  ingente 
Como  Heroe:  é  seu  nome  o  Omnipotente. 

Tomo  VI  . 


(3)  DonUnus  çutui  vir  pugna* 
tor^  omnipotent  nomen  cjnt. 


33 


514 

« 

t 

(4)  Currut  Píuiramiit  et  exer-   Qual  roda  Q  tespestade»  veiD  rolando 

eilum  ejus  projrcit  in  marc :  elee-    «^     «>   .   j     ti        .  i  am     * 

ti  priticipes  ejut  iftbníersi  smt  in    UO  Kei  GO  EgVptO  O  COChC  rutllaote : 

Man  ru  ro.  q  gg^^jj^,.  ^^^^  ^  ^^^^  Qg||g  ^  aircmessa 

Co  exercito  possante» 
Cos  Príncipes  distinctos  e  alliados; 
Abre  do  abysmo  a  bocca,  e  são  tragados. 


(5)  Abysti  operuervni  eçt,  dei-  Quaes  scixos,  quo  accclera  O  peso,  descem 
pis.  Ao  fundo  do  mar  Roxo:  a  fortaleza 

(6)  Dextera  tim  Domine  mogni'   Da  tua  dextra,  ó  DeosI  magnificaste. 

ficata  ett  in  fortitudine :  dextera  f^  i     i     •  l 

tm.  Domine,  percuBtitinimieum.  Com  qual  gloria  6  nobroza 

Resgatas  os  teus  servos  dos  perigos* 
Depões  com  teu  rigor  seus  inimigos! 

(7)  Et inmnititudine gloria tvie   Mandaste  a  tua  colora  qual  f<^o; 

depoBuitti  adperaarioõ  tvo»:  mi»    ^^  .  ., 

ãisii  iram  tftam,  qum  devormii   ^  perversos  arderam  como  palba: 
Te)''^/  'uTi^iu  fvrorii  tui   ^0  teu  furor  o  espirito  nas  aguas 

c^ngregatw  sunt  agua :  itetit  un-  ^  fl„j J^^  atalha  ; 

da  Jltteru,  congregata  tvnt  abytn 

in  médio  mari.  £  qq  m^fo  dos  mares  congrogadas. 

Em  dois  montes  ficaram  separadas. 


(9)  DixitifÊimiettê:  Peneguar,   Em  v9o  disso  O  mimigo:  Hei  de  segoi-los; 

et  eomprekendam,  dividam  Mpolia,    „.j       ...      .,        i.j      ■■         •,, 
implebitur  anima  mea :  evaginabo    Uei  Cie  attingl-lOS,  oei  06  despOJá-lOS; 
aiadium  meuni,  inierheiet  eot  mO"    -rj^*  j     r    i  •*     j       • 

fti/x  mea,  Hoi  de  fartar  meu  peito  de  vmganças» 

Co'  a  própria  mão  matá-los; 
Ensopar-lhes  no  seio  a  minha  espada. 
Que  arrogante  já  vai  desembainhada. 

(10)  Fiavittpiriíuttuut.eiope-   Um  ríjo  sopro  tèu  revolfo  as  ondas; 

ruit  eoi  maré :  tubmersi  8unt  qtíaêi    ^^  ,  ,  ri 

plumbum  in  aptiê  vehementibui.     ^  niar  tOdOS  Cngole :  vâo  aO  fuodo. 

Gomo  chumbo  nas  aguas  arrojado: 

Apaga-se-lbe  o  mondo; 
VSo  no  abysmo  os  audaies  aggressores 
Annultar  para  sempre  seus  furores. 


Õ15 


Senhor!  Quem  como  ta,  na  fortaleza? 
Quem  como  tu  luzeute  em  sanctidade? 
Terrível  e  pasmoso  em  maravilhas, 
Summo  Auctor  da  verdade; 
T3o  justiceiro  como  enternecido, 
Merece  ser  amado  e  ser  temido? 


(II)  Quit  HmtVi  tui  tnfortibui 
Domine :  guia  timilU  tui,  magni" 
ficuM  in  éanctUnte^  terribili»  atque 
laudabiliSf  fyeienã  mirabilia  f 


Estendestes  a  m9o,  e  logo  a  terra, 
Submissa,  devorou  os  teus  contrários; 
Conductor  do  teu  Povo,  o  subtrahiste 

  seus  adversários: 
D'immensa  misericórdia  circundado. 
Não  consentes  que  seja  atribulado. 


(12)  Extendttti  manum  íuam^ 
et  devoravit  eot  terra. 


(13)  Duxfuistiinmiiericordia 
tuapojmtoqttemredemitti:  etpor^   ^ 
tcsti  enm  in  fortitudine  tua^  ad 
habitacuium  sanctúm  tuum. 


O  teu  alto  poder  o  vai  levando 
Á  terra  promettida  e  venturosa, 
Á  sancta  habitação  em  que  descance 

Da  vida  trabalhosa; 
Sem  que  lhe  obstem  nações  enraivecidas, 
Gentes  cruas,  de  medo  espavoridas. 


(U)  AieendentntpopuU,  et  irati 
$unt :  dolor§9  oblinuenmt  habitm' 
tores  PhiliitMim, 


Serão  da  Palestina  os  habitantes 
Cortados  de  pezar  e  de  cuidado; 
£  da  Iduméa  os  Príncipes  valentes 

Temerão  pelo  Estado: 
Hão  de  ver-se  os  robustos  Moabitas 
Enfiados  com  susto  de  desditas. 


(15)  Túke  canturbati  iunt  prin' 
eipet  Edom^  robustos  Moab  obti» 
nuit  tremor:  obriguerunt  mnnes 
fmbitatores  C/huhuui, 


De  toda  a  Chanaan  os  moradores 

Se  hão  de  envolver  n  um  triste  desalento. 

Que  Ih'  enregele  o  sangue,  e  não  os  deixe 

Com  força  ou  movimento. 
Solta,  solta,  Senhor,  pavor  e  medos; 
Fiquem  immoveis  quaes  duros  penedos. 

Tomo  VI. 


(16)  Ifrtmt  ivper  cos  formidn 
et  jtttvor,  in  magnitudine  brachii 
tui :  fiant  immobiles  quati  lapie^ 

33  • 


éonec  pertramfal pepuhis  tiws  DO' 
mine,  donec  perlranseat  populuB 
iuut  istCf  qtievi  possedisli. 


516 

O  teu  Povo  querido  vai  marchando; 

£  em  quanto  marcha,  pre  todo  o  ínsolto. 

Com  respeito  ao  que  a  ti,  meu  Deos,  pertence: 

YSo  levar  o  teu  culto 
Sobre  o  monte  sagrado  d*allianca, 


(17)  Jntrodveet  fos^  et  planta" 
hig  in  vwtite  haTeâitatii  tua,  fir- 
tnisiimo  hnhitacvío  tuo  quod  ope- 
ratut  et  Domine:    tanetuarium    ^  a*        n  ^        i. 

tnum  Domine,  quod  ftrmaveruut  ^  por  ti  cpUocar-se  om  tua  herança. 

tnunnn  tua. 

Alli  tu  fundarás  o  lugar  sancto 
Que  depois  servirá  para  habitares: 
Firmarás  para  sempre  o  Sanctuario 
Onde  sem  Gm  reinares; 

(18)  Dominm  regnabit  in  ater-    ExColsO»  SaUCtO,  immCnSO,  CUJa  idadc 

S'estende  para  lá  da  eternidade. 


(19)  ingrestfu  est  enim  eguet  Pharaó  com  guorroiros  O  cavallos 

Pharao  cum  cnrribut  et  equitibut 

ejM  in  maré:  et  reduxit  tuper  Entra  uo  mar,  O  O  mar  no  centro  08  fecha: 

eoa  Dominuê  aquag  marís:  JUii     >  j   j      j     1%  ■     «.     & 

autem   hrael  ambnlavermí  ptr    Ao  mandado  dO  DOOS  OmUipOteute 

siccfim  in  médio  ejus.  ^  j^^^^  jg^^^,  j^j^^^. 

Fiados  no  Senhor,  c'os  pés  enxutos 
O  mar  Roxo  atravessam  resolutos. 


CÂNTICO  DE  DAVID, 


REFERIDO  HO  I<IT..t.°  DOS  REIS,  CAP.  13." 


Sicvt  lux  aurorcB,  oriente  Sole, 
mane  abtquc  nitbibus  ruiilat :  et 
sicut  pluviis  germinal  herba  de 
terra. 


c 


OMO  brilha  a  luz  da  aurora, 
£  sem  nuvens  no  oriente 
Apparecc  o  Sol  luzente, 
Quando  o  dia  nos  vem  dar: 


517 

Como  as  heryas  borrifadas 
Pelo  fresco  orvalho  crescenst 
E  sobre  o  caale  kpparecem 
Começando  a  germinar: 

Tal  do  meu  reino  até  gora 
A  gloria  foi  e  ha  de  ser; 
Nos  meus  filhos,  nos  meus  netos 
Ha  de  a  stirpe  florecer. 


Esses  bens,  essa  ventura 
Que  chegaste  a  prometter. 
Não  sou  digno  d'alcançá-la. 
Nem  a  posso  merecer. 


Nee  tonta  egt  domu»  mea  mpad 
Deum^  fffl  pnftum  iniret  mecum 
lelemumy  firmum  in  omnibuã^  mt- 
qiie  munitum  {•), 


Mas,  6  meii  Deos !  prometteste : 
E  no  tempo  que  ha  de  vir, 
O  decreto  que  firmaste 
Se  ha  de  em  meus  filhos  cumprir. 


Assim  queres;  e  eu  submisso 
Só  devo  em  li  confiar; 
Bem  certo  que  a  minha  planta 
Nunca  mais  ha  de  murchar. 


Cuntta  etúm  tolus  mea^  et  omniã 
vêluntoM  DominuSt  nec  eit  fjMfV- 
çvam  ex  ca  (•  •)!  qvod  non  çct" 
minet. 


(•)    AUobSo  á  promessa  do  de»ejado  Messias,  que  havia  de  sair  da  ^ii^pe  delle  David. 
(•  •)    Ex  r«,  isto  é,  dúniêf  nlo  volunjíale^  como  ccmmummeote  se  eoteifte. 


518 


CÂNTICO  DE  ZACHARIAS. 


S.  Lucas,  cap.  1 


(i)  Benedicíus  Domintit  Deu»   ijBNHOR  Deos  de  Israel,  bemditto  sejas! 

Jiraelf  guia  viõituviL  etfeeit  re»    ^^  /i  .  .  •••.«. 

dempútmem  pUbis  i^.  Q"©  <>  Cc^  Tompcste,  6  a  terra  f  isilastc. 

Para  que  a  redempção  chegasse  ao  pofo» 
Que  apesar  de  manchado  taoto  amaste! 

(«)  Et  erexii  eornu  taiuih  tio-   Bemditto  sejasl  pois  para  salfaNoos 

6«,  in  domo  David  pfieri  sui.         jj^^^^  ^  ^^^jj^  ^^^  ^^^^^^  ^^  deSCCodcole 

Que  viesse  remir  por  alto  preço 

O  mundo  ingrato»  o  mundo  delinquente. 

(3)  ^iatiioetitusetiperotiane'  E  segundo  as  palavras  proferidas 
IZ^^a^ "^'" '"'*' ^"^"^  Pela  bocca  de  teus  sanctos  Prophetas, 

Que  nos  tempos  antigos  confortavam 
Nossos  Paes»  de  quem  foram  conhecidas. 


(4)  Saiutemesifnmici9no»M$;  Promettcsto  livrar-uos  de  inimigos» 

et  de  manu  omnium  qui  ederuni    «v  .•  i  j*     vi.     a 

ii0«.  Dos  que  nos  tinham  odio  hbertar-nos; 

(5)  Jdfaciendam  miterieordiam   Recordando  a  allíança  que  fiieste, 

eum  Patribu»  nostrit :  et  memO'    r»  ã  •  i 

rarí  tettametUi  9ui  eancti,  ^^  SCUS  QOns  prCClOSOS  COnSOlar-nOS. 

(S)  Juijnranâum,  quadjuravit    O  juramCntO  SaUCtO  COm  qUO  hourastc 
ad  Abrafiam  i*atretn  Mtlrum :  dt^     •  ai.»*. 

turum  se  Mbis,  ^  nosso  pae  Aor  am  não  te  esquecia : 

A  tua  immensa  idéa  no  futuro 
O  thesouro  das  graças  diffundia. 


519 


A  fim  que,  já  libertos  d^ÍDimigos» 
Certos  fossemos  qu'  indo  progredindo 
Na  estrada  da  justiça  e  saoctidade. 
Fôramos  sem  temor  a  Deos  servindo. 


(7)  Ut  9ine  timore  de  manu  ini- 
micorum  núttrofum  liòeratiy  ter^ 
viamui  ilU, 

(8)  !h  aanctUate  et  JueMia  to* 
rwn  ipto ;  omnibue  dUbu»  noetrie* 


Sempre  em  sua  presença  deleitados» 
Teceríamos  dias  venturosos, 
Nos  braços  da  virtude  e  da  esperança» 
Té  que  os  eternos  raiem  mais  formosos. 


£  tu»  Menino  illustre,  hSo  de  chamar*te 
O  Propheta  do  Âltissimo:  appareces» 
Do  Senhor  seus  caminhos  preparando» 
E  com  dotes  sublimes  resplandeces: 


(9)  Et  /tf,  fuer^  Propktta  Al- 
tiitimi  veiíberie;  praibis  enim 
ante  /adem  Damini  parara  viae 
ejus. 


Para  ensinar  ás  gentes  a  sciencia 
Da  salvação;  mostrar  aos  desgraçados 
Que  as  entranhas  do  Deos  de  misericórdia 
Felicitam  quem  chora  seus  peccados. 


(10)  jád  dandam  êeieatimn  m- 
luiis  plebi  eju$ :  in  remieHaneM 
peccaiorum  iorum. 


Do  alto  o  Sol  que  nasce  nos  envia 
Torrentes  de  um  auxilio  generoso» 
Com  que  vigora  o  fraco»  alenta  o  forte 
Que  surge  das  paixões  victorioso. 


(11)  Per  oiseera  miterieardim 
Dei  noeirí:  t»  quibue  viêitavit 
tioíf  oriefu  ex  alio. 


Yens  para  allumiar  a  quem  habita 
Nas  ténebras  da  morte;  nossos  passos 
Guiar  á  doce  paz»  onde  as  veredas 
Não  obstruem  da  terra  os  embaraços. 


(12)  IHuminare  hie^  qui  in  le- 
i^brie  et  in  umbra  mortis  tedent : 
ad  dirigendoê  metirat  in  viam  pa» 


c/f. 


520 


HYMNO. 


Jnm  lucis  orlo  sidere, 
Deum  precemur  svpplicet^ 
Vi  in  diurnis  actibus 
Ao»  servet'à  tíocentibui. 


l 


k  Lúcifer  ?ein  fulgido; 
A  Deos  mandemos  sappHcas 
Nossos  actos  diurnos 
De  todo  o  mal  preserve. 


IJngnam  refrmnant  temperei^ 
jVe  litit  horror  ifnonet: 
Visum/ovendo  contegat^ 
Ne  vamtates  hauriaí. 


Refrée  a  lingua  indómita, 
Applaqae  lides  hórridas; 
Contenha  a  vista  esuria, 
Que*^(artam  s6  vaidades. 


Sint  pura  cordis  intima, 
jib9i»tãt  et  vecordia: 
Carnis  terat  superbiam, 
PoUu  cibique  parcitas  ; 


Do  peito  apure  o  intimo. 
Expulse  d'alma  a  insânia; 
Dome  co'  a  parcimooia 
A  suberba  da  eame. 


Ut  eum  die$  aòicesaerit, 
Noetem^uo  sors  rednxerit, 
Mutidi  per  abõtinerUiam 
Jpsi  coTtamus  gloriam. 


Fugindo  0  dia  tremulo, 
Que  a  noite  absorre  rápida. 
Cantemos  a  abstinência, 
Do  mundo  triumphante. 


Deo  Patri  ríi  gloria, 

Kjuêque  soU  Filio,  . 

Cum  Spiritu  Paráclito, 

Et  nvnc  et  in  perpetuum,  Amon. 


Ao  Pae  Creador  altíssimo, 
Ao  Filho  Bedemptor,  gloria; 
Louvor  igual  ao  Spirito 
Que  accende  em  nós  amor. 


•521 


HYMNO. 


E 


SPíRiTO  Sancto»  acode! 
E  da  tua  luz  celeste 
Soltando  raioa  piedosos^ 
Nossos  ânimos  reveste. 

Pae  carinhoso  dos  pobres» 
Distribuidor  da  riqueza. 
Vem,  oh  Luz  dos  coraçQes» 
Amparar  a  Natureza. 

Vem,  Consolador  supremo» 
Das  almas  hospede  amável, 
Suavissimo  refrigério 
Do  mortal  insaciável. 

És  no  trabalho  descanço. 
Refresco  na  calma  ardente; 
És  no  pranto  doce  ailívío 
De  um  animo  penitente. 

Suave  origem  do  beml 
Oh  fonte  de  luz  divina! 
Digna-te  encher  nossos  peitos, 
Nossas  almas  illumina. 

Sem  o  teu  celeste  influxo 
No  mortal  nada  ha  perfeito; 
A  tudo  quanto  é  nocivo 
Está  o  homem  sujeito. 

Lava  o  que  nelle  ha  d 'impuro, 
Quanto  ha  de  árido  humedece ; 
Sara-lhe  quanto  é  moléstia, 
Quanto  na  vida  padece. 


Veni,  Smeie  Spiníu», 
Et  emitte  emiiiút 
Lucis  tua  radium 


Kenij  Pater  pauperum, 
Vem^  dat0r  munerum, 
f,  luwwH  cêrdium. 


CmiÊúlator  êptSme, 
Dtdeiê  hútpeê  mmmm^ 
DuUe  re/rigeriwM, 


In  labêre  requies^ 
In  teãtu  temperiest 
Injtetu  ioUUium. 


O  lux  bealiãtima! 
Repte  eordii  itúima 
Tuorum  fidelium. 


Sine  iuo  nutiine^ 
AiMl  est  in  i*o.  tiiiff^ 
Nitíl  etl  ínnõxium. 


Lawã  quõi  ett  »0rdidum  ; 
Riga  çuod  est  aridum  ; 
Sana  quod  e$t  ioueium. 


522 


Flecle  çiiod  ett  rigidum ; 
Fove  çved  egt  f rigidum  ; 
Rege  quod  est  devium. 


Da  tuis  fidelihut 
In  te  conjidtntibu» 
Saerum  septefiarium. 


Da  virtutii  meritum, 
Da  salúlii  exitum. 
Da  perenne  gaudium. 
jámen» 


O  qae  ha  de  dureza  abranda» 
O  que  ha  de  frígido  aquece; 
Endireita  o  desvairado 
Que  o  caminho  desconhece. 

Os  sette  dons,  com  qae  alentas 
Aos  que  humildes  te  confessam, 
Aos  teus  devotos  concede; 
Sempre  fieis  t'o  meregam. 

Por  virtudes  merecidas, 

Dá-lhe  um  fim  que  os  leve  aos  Ceos; 

Dá-Ihe  as  eternas  delicias 

Que  aos  bons  promettes,  meu  Deos. 


HYMNO 


DE  SAMTO  AJHBROSIO  E  SAIVTO  ACOSTIIVH*. 


Te  Deum  laudamus :  te  Domi- 
num  confitemur. 

Te  tçtertum  Pairem  amm$  ter' 
ra  veneratur, 

Tibi  omnee  Jngeli^  tibi  CaH 
et  vniversat  Polettates, 

Tibi  Chembim  et  Seraphim  tfi- 
eeseaòili  tece  proelmnont : 

SANCTUS,  SJNCTUSf  SJ^- 
CTUS  DOMINUS,  DEUS  SA. 
HAOTH, 

Pleni  iunt  cali  et  terra  ma- 
geitatis  gloria  tute. 

Te  gloriotut  Apeetolomm  cho- 
rf/f, 

Te  Prophetarum  laudabilis  nu- 
meruÊ^ 


A 


TI,  6  Deos  excelso,  a  ti  louvamos: 
Cheios  de  fé.  Senhor,  te  confessamos. 
A  ti,  eterno  Pae  omnipotente, 
Adora  a  terra  inteira  reverente. 
As  celestes  Essências,  que  abrazadas 
Enchem  de  amor  as  célicas  moradas, 
Seraphins,  Cherubins,  Thronos  brilhantes 
Te  proclamam  com  vozes  incessantes: 
SANCTO,SANCTO,  SANCTISSIMA  DEIDADE. 
Da  gloria  tua  a  pompa,  a  magestade 
Enche  da  terra  e  ceos  o  âmbito  ingente. 
O  coro  dos  Apóstolos  fulgente 
Bemdiz  teu  sancto  Nome,  6  Deos  immenso: 
Os  Prophetas,  que  rasgam  o  véo  denso 


523 


Que  o  Verbo  SaWador  nos  encdbria. 
Te  louvam  pela  voz  da  prophecia: 
Dos  Martyres  a  cândida  cohorte 
Te  celebram  com  cânticos  na  morte. 
Âttesta  uma  só  fé  a  Igreja  sancta, 
No  orbe  inteiro  o  teu  louvor  decanta, 
D'immensa  magestade  6  Pae  celeste; 
Do  teu  único  Filho,  que  nos  deste; 
Do  Espírito  increadoy  cuja  chamma 
Nos  purifica,  alenta,  e  nos  inilamma. 

Ó  Chrísto !  Rei  da  gbria,  Luz  do  mundo ! 
Pensamento  de  Deos  alto  e  profundo! 
Filho  do  sempiterno  Pae  sublime, 
Que  sem  pejo  aggravou  humano  crime: 
Queres  benigno  desarmar  o  Eterno, 
E  a  porta  afferrolhar  do  negro  inferno; 
Da  salvação  dos  homens  ser  a  origem, 
Descendo  ao  seio  humilde  de  uma  Virgem: 
Acceitastes  a  cruz,  e  entregue  ás  dores. 
Com  teu  sangue  remiste  os  peccadores. 
Triumphando  da  morte,  ao  Geo  subiste, 
E  aos  que  em  ti  crêem  as  portas  delle  abriste. 
Á  dextra  de  teu  Pae,  resuscitado, 
Sobre  um  throno  de  gloria  estás  sentado. 
Virás  no  fatal  dia,  que  se  espera, 
Sobre  nuvens,  rompendo  a  azul  esphera. 
Virás  avaliar  terrenos  factos, 
Premiar  justos,  fulminar  ingratos; 
Quebrar  do  tempo  a  roda  passageira, 
Julgar  com  justo  sceptro  a  terra  inteira. 

Vem,  salva  os  teus,  Senhor,  que  resgataste. 
Por  quem  tão  puro  sangue  derramaste: 
Entre  esses  a  quem  deste  eterna  herança, 
Cheios  de  fé,  de  amor,  e  d'esperaoça. 


Te  Martifmm  eandidMtui  i««- 
dat  exertUuê, 


Te  per  orbem  terrarwn  ioncta 
eonfitetur  Hedeiiãf 

Pairem  immensee  nutjeslatis  ; 

Venerandum  tttum  verum  et 
tmienm  Ftlium; 

Sanetttm  çitêpte  ParmHitum 
Spiritum. 

Tu  Rex  §iarim,  Ouritte; 


Tu  Patris  eempHemu»  te  Fi- 


Tu  ad  liberandum  tuecepturue 
hêtninem^  tion  horruieti  yirginie 
uterum. 


Ty,  devido  mortis  oeuleo^  upt^ 
ruitti  credentibus  regna  eahrum. 


Tu  ad  derteram  Dei  eedee,  in 
gloria  Patrit, 


Judex  crederiõ  esse  venturvs. 


Te  ergo  çutesumus^/amulis  tui» 
subveniy  quos  pretioso  sanguine 
redemisti, 

JEUrnafac  eum  Sanetís  tuis  in 
gloria  numerari. 

Salvum/ae  populum  tvum^  Do- 
mine ^  et  bcnedic  haredituii  tuw* 


524 
El  njí  «■.  a  auli,  «ta  «..   Nm  leva  a  bemdiíiir-le  eteniametite. 

qut  in  alermint. 

Per  linguin  dia  òfneáici-   ResoB  O  DDme  teu  Suavemente, 
Et  imtdmrnui  K»mr%  ttnau  in   De  seculos  B  gcculoi  passaado. 

tatulum,  et  ín  loraJum  tacali.        .    ,  í.   i  i     ■  ,        •      i 

Dignare,  Dtmine,  dit  iiu  line   Aiitcs  que  O  Sol  lustroso  ?6  tsiando, 
,eceat>«„eu,t.dire^  Diffunde  sobte  DÓS  de  graç»  eDcbentcs; 

CoaTorta-DiM,  mantem-aos  imioeeDtes. 
Digna-te  perdoar  culpas  passadas, 
Por  lagrimas  contrictas  apagadas: 
As  misericórdias  sobre  dós  derrama. 
Como  espera  quem  temo  por  ti  chama. 

A  creatura  fraca  nada  pôde 
Se  o  teu  poder  divino  nBo  Ibe  acode : 
Uas  quem  conGa  em  ti,  mea  Deos,  alcança 
Que  sempre  Ibe  prospere  a  cooSança. 


FUtmleerktdUtiim,  Dtnlne, 
iHftr  lui,  quemaátMávm  tfra- 
vinua  in  te. 


4»»>»t8jSS8S88SI8§S8^^ 


VARIAPTTES 


DA 


PARAPHRASE  DOS  PSALMOS 


Psalmo  XYII. »  estrophe  10/,  correspondente  ao  verso  IS.**  da  Vulgata: 

Pára  aqui»  e  levanta  portentoso 
Um  pavilhfio  de  trevas,  onde  ignoto 

Reside,  rodeado 
De  um  fusco  véo  de  sombras  roysteriosas, 
Formado  de  ar  e  d'aguas  tenebrosas. 

Variante : 
Levanta  entre  elle  e  as  gentes  portentoso    • 
Um  pavilhSo  de  trevas,  onde  ignoto 

Reside,  rodeado 
De  um  fusco  véo  de  sombras  mysfriosas, 
Feito  d 'aguas  das  nuvens  tenebrosas. 

Diílo  Psalmo f  estrophe  correspondente  ao  verso  38.*  da  Vulgata: 

Que  susto  posso  ter,  se  me  defendes, 
Senbor,  quando  me  attecam?  Se  me  cobres 

D'escudo  impenetrável? 
Variante: 
Que*  susto  posso  ter,  se  «me  defendes. 
Senhor,  quando  me  attacam?  Tu  me  cobres 

D^escudo  impenetrável: 


-     .526 

P salmo  XXXIX. ,  esírophe  3/  verso  5.%  corre^ondetUe  ao  6.^  (ia  Vulgaía: 

A  esperar  t^o  somente 

Variante : 
A  esperar  reverente 

Psàlmo  LXiy . ,  estrophe  3/y  verso  tdíimo : 

De  quantos  bens  dimana  a  sapiência. 

Varianle : 
De  quantos  bens  produz  a  sapiência. 

Psfdmo  LXXVII. ,  versos  correspondentes  ao  B3.^  da  Vulgata: 

Languidos  gemem  na  malhada  os  gados» 
No  campo  desfalleceni,  falta  o  pasto; 
De  Deos  a  maldição  tudo  tem  gasto. 

Variante : 
Languidos  gemem  na  malhada  os  gados; 
•  E  sem  pasto  no  campo  desfallecem 

Numerosas  ovelhas  e  novilhos. 

Psalmo  LXXIX. ,  versos  correspondentes  ao  18.^  da  Vulgata: 

Estende  a  mão,  piedoso,  sobre  a  vinha; 

Variante : 
Estende  a  mão  piedosa  sobre  a  vinha; 

Psalmo  LXXXIX.  ^  quadra  7.",  correspondente  ao  verso  4.^  da  Vulgata: 

Mil  annos,  Senhor  eterno. 
Que  s9o  na  tua  presença? 
São  qual  foi  o  dia  d'hontem9 
Que  já  passou  sem  detença. 


t 


527      , 

■ 

Variante : 
^  Mil  annos,  Seahor  eterno. 

Que  sSo  na  tua  presença? 
Fogem  como  o  dia  d'hontem, 
Nfto  ba  vida  alguma  extensa. 

Psalmo  CVI. »  estrophe  tãlima,  veráo  3."*  e  A.^p  ccrrespondentes 

ao  43/  da  Vulgata: 

Poucos  sábios  ba  no  mundo 
Que  attentamente  as  meditam. 

Variante : 

» 

Quantos  sábios  ba  no  mundo 
Que  attentamente  as  meditam?... 

Psalmo  CXXXY. »  verso  5.^  da  eslrophe  correspondente 

ao  verso  10.^  da  Vulgata: 

,    Quiz  seus  fieis  consolar; 
Variante : 
Quiz  os  seus  fieis  vingar; 

Dilto  Psalmo f  1.^  verso  da  estrophe  correspondente 
ao  verso  15.^  da  Vulgata: 

Sobre  Pbaraó  e  as  turmas 

Variante : 
Sobre  Pbaraó  e  as  forças 


FIM  DO  TOMO  VI.  E  ULTIMO* 


índice 


hO  QUE   CONTÊM  O  TOMO  VI.  B  ULTIMO  DAS  OBRAS  POÉTICAS  D^ALGIPPB. 


PARAPHRASE  DOS  PSALM OS. 

lilTRO  I. 

Calmos  Pag. 

I.  —  Beatui  vir,  qm  non  álriU  in  eonsUio  tmptomifi» .....  é .... «  7 

11.  — -  QtÊorê  frenrnemni  gentes, 9 

III.  —  Domine,  quid  mulíiplieati  tunt  que  tribulant  me? 11 

IV.  —  Cum  invocarem, 12 

y.  —  Verba  mea  csuribue  pereipe.  Domine 15 

YV.^Domime,  ne  in  furore  ítto  arguas  me,  • • •  • . •  18 

Vil.  —  Domine  Deus  meus,  in  íe  speravi, 20 

VIII.  —  Domine,  Dominus  noster, • « • .  • .  24 

JX.  —  Cohfiiebortíln,  Domine, 27 

IX.  — 2.*  Parte —  Ut  quid.  Domine,  reeeeeisíi  longe, 30 

X. — In  Domino  eonfido: •••  33 

XI.  —  Salvum  me  fae.  Domine, *..... 35 

XII.  —  Usquequo,  Domine,  Miviseerie  me  in  finem? 37 

Xni.  —  DisHt  insipiens  in  eorde  suo, 39 

XIV.  — -  Domine,  quis  hàbUabit  tit  tabernáculo  tuo? » 41 

XV.  — >  Conserva  me.  Domine, . .  • « 43 

XVI.  ^  Exaudi,  Domine,  justitíam  meam  :••..» • 45 

\Yn.  —  DUigam  te.  Domine, 49 

XVIII.  —  CcbH  enarrani  gloriam  Dei, .••••• 5? 

XIX.  —  Exaudiaí  te  Dominus  in  die  tribulationis, . .  • 60 

XX.  —  Domine,  in  virtute  tua  Iqtàbitur  Rex, • . .  •  62 

XXI.  —  Deu»,  Deus  meus,  respiee  in  me, ..••.....  65 

XXII.  -^  DomtntM  regit  me, 71 

XXIII.  —  Domini  est  terra,  et  plenitudo  ejus, 72 

XXIV,— ildftf,  Domine,  {«oati  animam  meam :...•«. » 75' 

XXV.  — Jytfica  me.  Domine 79 

XXVI.  —  Dominus  Uluminatio  mea, 82 

XXVII.  — i4tf  te  Domine  elamaho:, «..  85 

Tomo  VI.  3* 


PSALHOS  Pag. 

XJiVUl.  —  Âffertê  Pomtfio,  filUDei: 87 

\Xn.  —  Exàttábo  te,  Dmin$, 91 

XXX.  —  In  te.  Domine,  speraíd, .  •  • 93 

XXXI.  —  Beati  ^[uorum  remUta  euni  imquUaiee, 99 

XXXII.  —  Eiculíate  Justi  in  Dtmino : 101 

XXXin.  —  Benedieam  Dominum  in  omni  tempere : 105 

XXXiy .  —  Judiea  Domine,  noeentes  m« : .  • .  • 108 

WW.  —  DixUinjwtuê,  til  deUnqnãiin  emuí^ : 113 

XXXVI.  —  Noli  amulari  in  malignaníilnu, 115 

XXXVII.  —  Domine,  ne  in  fwrore  imo  argeuie  m«, 122 

XXXVIII.  —  Dm ;  emtoãiam  viae  meae, 126 

XXXIX.  —  Extpeetane  emepeetavi  Dominum^ 129 

XL.  —  Beaiut  vir  ^  intelligit  mptr  egemtm  H  pempwem : 133 

lilTRO  II. 

XLI.  —  Qwmaãmodwm  dnidermt  eercm^ •••••• 139 

XUI.  —  Judiea  me^  Deue^  ei  ámernie  eauam  meúm^ ...» 143 

XUU.  — -  Deut,  awrUm  noetru  audioàeau : 145 

XLIY.  -*  Eru^avit  cor  meum  verbwn  homtm, 150 

XLY.  —  Deui  noêteti  refngum^  ei  otrtat, 155 

XLYI.  —  Omtitff  gentee,  plaudUe  manihu», •« 157 

XLVIL  —  ifo^iw  Dominue,  et  laudébiHe  mimie 159 

JíLYllL— Audite  hae,  mnnee  genUe, 163 

XLIX.  — Pmm  Deorum  Dominue  loemim  eeí, « 166 

L.  — Mieerere  mui,  Dene, ***,..». 170 

LI .  —  Qwid  gloríarie  in  maUtia, , , .  178 

LU.  — Dixit  intipiens  in  eordê  mo;., •••••««. .«.  175 

LIII.  —  Deue,  in  nomine  tuo  salvum  mv  fbe« • 176 

LIV.  —  Exaudi,  Deue,  oratiomm  miom, , , ,  178 

LY.  — Mieerere  mH  Dêne,pÊaiei(m  toimdeuvii  me  kam», 183 

LVI.  —  Mieerere  mei,  Dene,  mie$9>ere  mei^ • ,  • . .  186 

LYlh  — Si  verè  utique  juHUiam  iogerimim 189 

LVni.  —  Eripe  me  de  immieie  mm, 191 

LIX.  —  Deue,  r^pulieti  noe, ^,  194 

LX. -— fxatidt,  Deue,  depreeeOweum  meawt, 197 

LXI.  —  Nome  Deo  eubjecta  erit  animm  meu? , 199 

LXIL  —  Deue,  Deue  meue,  ad  te  êe  Ium  tègiU 201 

LXIII.  —  Exmàdi,  Deue,  oralíonmi  meem^ •., 204 


Pbauios  Pag. 

LXLY.  —  T9  deeethummi,  Diut,  tu  Sion, 206 

L\Y.—Mrilai0  Deo,  omnii  terra, fi08 

LXyi.  —  Dnu  mUereaiwr  fwêíri, 212 

hXYlh  —  ExtiÊTçat  Deu»,  H  dieHpeniur  MmiH  efu$, 213 

LXVlIL^Sa^omn  me  fae.  Deus: 222 

LXIX.  —  Deui  in  adJuÉcrínÊim  memm  nUenâe : •  •  • . .  230 

LXX.  —  In  te  Dmumt  $pera9( 231 

LXXI.—  Dew  fuiiekm  Imum  Êíe§i  im, 235 

I.ITRO  III. 

LXXIL— Qiiam  batiMâ  Israel  Deus  his, 241 

LXXLU.-^Utquid,  Deus,  repuHsU  im  fnêmf 246 

LWlY.  —  ConfiíMmur  tiM,  Deus, 250 

LXXV.  —  iVolii#  inJudasa  Deus, 252 

LXXVI. -*- Foee  fnea  ad  Dominum  cknuuvi, 254 

LXXVIL — ÀtUndiie,  popule  meus,  legem  mmm, 257 

LXXVIII. — Deus,  venerumt  genUe  in  heerediiatem  tuam 266 

LXXIX.  — (?yi  reffU  Israel,  intende, 270 

LXSJi.  —  ExuUate  Deo  adjuiwi  mostro : 272 

LXXXL—- Diiw  sUtU  in  eyna§o§a  Deorum 276 

lXXXn.  —  Deus,,  çuu  simiiis^rit  tm?..., 278 

VXXXm.  —  Quam  dilecta  labermaeuia  tua, 281 

LXXXTY.  —  Benedixisti  Domine  terram  Uiam : ^84 

LXXXY.  —  Inclina,  Dcmine,  aurem  tuam : 286 

LXXXVI.  <—  Fundamenta  ejus  in  motMms  santílis : «  .  •  •  290 

LXXXYU.  —  Domine  Deus  salutis  mote, 292 

LXXXVIIL  —  Misericórdias  Domini  i»  atermsm  cofiMo 296 

liIVRO  IIT. 

LXXXIX.  —  Domtne ,  refugnm  faetus  es  màtís 305 

XC.  —  Qui  habitai  in  ad^iêorío  ÉHisskm, 309 

XQ.  —  Bonum  est  eonfiieri  Dmeán», .••.  311 

XGU.  -«-  Domimu  regnanit,  decorem  énduíus  est : 314 

XQII.  —  Deus  uliumum  Donánus, •  • 316 

XCIV.  —  Yenite,  exultemsu  Domino,  .-.•.. 319 

XGV. «—  Cantate  Domino  canticum  notum «....>...  322 

XGYL  —  ZTomifUtf  regmmí,  exidíet  terra, 925 


PsAuiot  Pag, 

XCVII.  —  Caniate  Damòm  eanUeum  HOVNm, , .^  ^ .  •  •  338 

XGVIII.  —  Dmninut  regnavU,  irascaníur  pcpuli : ,  330 

XGIX.  —  JubUaU  Deo  omnU  terra 332 

C.  —  MUeriecrdiam  ii  ^ndieium  eantabo  (i&t, 333 

GI.  —  DmnxMf  exaudi  oroltofMm  meam* ^ 336 

CU.  —  BenedU,  anitna  nua,  Zkmino,  •• 341 

cm.  —  Benedie,  amma  mea.  Domino : « ,  344 

Crv.  —  Cmfi^emm  Domino,  €i  invocai*  numm  «^ : •  350 

CY.  — Còti/fl«mím  Domino,  qwmam  úi  n^ctclum  miterieorãia  efiu.  356 

GYI.  -r-  Confitmnbn  Dommo^  qmmiam  òonui»  •  • 365 

CVII.  -r-  Paratum  cor  meum,  Deus, 373 

CVIU.  —  Deut,  loMdem  meam  ne  iaeuerie, 375 

CIX. -r- DiMt  Domxnm  Domino  meo : •... •  380 

CX.  — > ConfitAor  tibi  Domine,  in  Mo  eorde  mea, ....382 

CXI.  —  Beatut  vir  qni  timet  Dottnmum, «.^ 3&4 

CXII.  —  LaMda$e  piteri  Dominum,  • «  386 

CXIIL -t-Jn  ewitu  Itrael  de  JEffUPh, 388 

CXIY  •  —  DUexi,  qwniam  exandiei  Ihmmne 39S 

CXV.  —  Credidi,  propier  quod  locutue  ttan  ;............• 394 

GXVI.  — r  Laudate  Dominus  onmes  genlee • 396 

CXVn.  -r-  Confiíemini  Domino,  çtiomam  honue, 3S6 

CWlU.  —  Beati  immaeulati  in  via, 402 

GXIX. -r- Àd  Dominum  cum  íriMarer,  •••••, 432 

GXX.  —  Levavi  oeulos  meot  in  montes, 433 

GXXI .  -r  Lmtatus  emninhU , . , « 43  4 

CXXII.  —  Âd  te  levavi  oeulos  meos, • . .  •  436 

CXXni.  —  Nisi  cuia  Domimu  erai  in  neòie, 437 

CXXIV.  — 0iit  eonfidmd  in  Domino, 439 

CXXV.  -f-/fi  convertendo  Dommus  eaptivitaíem  Sfon 440 

CXXVI.  -r-  NiH  Dominas  e^dificaverií  domum, 442 

CXXYII.  —  Beati  omnes  qui  timení  Dominum,  • . . . « 443 

CXXVIII. — Sispe  expugnaverunt  me ^ ...  ^ 443 

GXXIX.  <^  De  profundis  elamavi  ad  te  Domine : 446 

CXXX.  «-^  Domine,  non  est  exaltatum  cor  meum, 418 

CXXXh  — JíemetUo  Domine  David, 419 

CXXl^U.  «^  Ecce  quam  honum,  et  quam  juettíidum •  •  ^^ 


PsAUfos  Pag. 

CXXXIII.  —  Eeee  mne  henedieite  Domimm, 455 

CXXXI V.  —  Laudaie  namm  Drnnini, 456 

CXXXV*  —  ConfUemini  Domino,  çuoniam  homu, 459 

CXXXVI.  — Super  Ilumina  BabyUmu 464 

CXXXVII.  — ConAíeíor  ítW,  Domine, 467 

CXXXVIII.  — -Damtiií  prfíbasH  me, 469 

CXXXIX.  —  ^r4>e  me.  Domine,  ab  homine  maio : 473 

CXL.  -^  Domine,  elamaci  ad  te, , , 476 

CXLI.  «^  Você  mea  ad  Domiwum  clamam, 479 

CXLII.  —  Domine,  exaudi  oraiionem  meam  : 481 

CXLIir.  — Benedicitu  Dominus  Deus  meus, 484 

CXLIV. -^ExalUibo  te,  DeuemeuiRex: 488 

CXLV.  —  Lauda,  anima  mea,  Dominum : 493 

CXLYL  — Laudate  Dominum,  çuomam  bónus  est  psalmus : 497 

CXLVII.  <--  Lauda  Jerusalém  Dominum : 499 

CSLVllU  —  Laudate  Dominum  de  ccbIís, 

CXLIX.  —  Cantate  Domino  eanticwm  nonim,  • ^    501 

CL«  •—  Laudate  Dominum  in  sanctis  ejus, , 

PARAPHRASE  DE  AI^GUNIi  CÂNTICOS 

E  HYmíOS. 

Cântico  de  Moyséi,  depois  da  passagem  do  Mar  Vermelho 513 

Cântico  de  David — Sieut  lux  aurora, 516 

Cântico  de  lachsLrhs  ^^  Benedictus  Dominus  Deus  Israel, 518 

Hymno  —  Jam  lucis  orto  sidere, 520 

Hjmno —  Veni,  Saneie  ^ritus, •  521 

Hymno— -  Te  Deum  laudamus, 522 

VARIANTES 525 


Pag. 


ViTiOi 


ERRATA. 


Erras 


Emendas 


36 

7/ 

on?i-1os ; 

ouvi-los ; 

41 

21/ 

aleançam 

alcançam 

55 

26/ 

clamavam ; 

clamaram; 

57 

52/  da  Valgata^-ertptM  àme 

eripies  me 

64 

29/ 

destino. 

destino. 

81 

15/ 

instrumstos. 

instrumentos. 

217 

20/ 

no  Sinai, 

do  Sinai, 

222 

título  do  Psalroo  LXYIII.  —pro  qui 

pro  Us  qui 

270 

titalo  do  Psalmo  LXXIX.— 

-  eommiUabuntar, 

eommutabuntur. 

317 

verso  9/  da  Vulgata - 

^nos  etmsiderai. 

non  considerai . 

322 

PSALMO  GXV. 

PSALMO  XCV. 

323 

▼erso  10/ 

cantando 

cantando. 

325 

líuba  3/  da  noU 

códigos 

códices 

335 

linha  3/  da  nota 

oplinms. 

cptimus. 

409 

ultima  linha  da  nota        et 

non  commdehar. 

et  non  eonfundébar 

461 

verso  5/ 

á  planta 

ás  plantas 

471 

29/ 

obras 

obras. 

478 

2/ 

Potentados, 

Potentados ; 

» 

14/ 

olhos. 

olhos ; 

» 

» 

Ah! 

ah! 

iV.  B.  Nao  podendo,  por  ser  muito  extensa,  darmos  neste  lugar  a  lista 
dos  Srs.  AssignauteSy  o  que  mais  demorada  tornaria  a  preseftte 
publicação,  apreseDtá-Ia-hemos  com  a  possivel  brevidade  em 
folha  separada. 


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