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OBRAS POÉTICAS
Dl
D. LEOM IFALVEIDA POBTUfiÃL LORENA l LMCÃM,
MARQVBZA B^AIiORMA,
CONDESSA D'ASSUMAR, E D'OEYNHAUSEN,
COKKBOZDA KMTHX OS WnTAa MKTVaiRKBa
PELO nOHB
UB
<& 1* $ ã ^ IBo
LISBOA
HA IMPRENSA XACIOKAL.
{844.
A ARTE POEm DE HORÁCIO,
B
O ENSAIO SOBRE Â CRITICA
DB
ALEXANDRE POPE,
POBTVeiTEZ.
DEDICADOS i PBBCIOSA UEMORIA
D'ELREI D. JOÃO IV.
POB
VIÇA VGRSrjO-ISZA. (*]■
(•) Com eite titulo foi a presente obra ímprena em Londrei no anno de
181S; mas por incúria ou ignorância do encarregado da impresso, sahio com
muitos erros, que agora v>(o cuidadosamente reparados.
DEDICATÓRIA
A
PRECIOSA MEMORIA
D^ELREI D. JOÃO IV
SONETO.
íjOHBBA Regia 1 se a minha lyra ruda
Quebra da morte o empedernido muro.
Lá te leve meu canto incenso puro,
Qual arde na minha alma, que nlo muda.
Em y8o feroz maldade ardis estuda:
Âtraz desse pendão nobre, seguro,
Que os quarerUa guiou, a vós procuro,
Pois n&o ha cá no mundo quem me acuda,
Basta-me a mim que dure o nome vosso.
Que o vosso Neto e Gente assignalada
Os louros murche ao Gallo e seu colosso.
Co' a mio affeita ao fuso, n9o á espada,
A Pátria sirvo como sei ou posso:
Feliz, se aos mortos a que Taco agrada l
Carminibus çumro miterarum Mivia rerum.
Ovid. Trisl. liv. 5/ eleg. 7.*
ARTE POÉTICA DE HORÁCIO,
ov
EPISTOLA AOS PISOES.
Q. HORATII FLACCI
p«
ARTE POÉTICA
líber.
AD PISONES. (1)
H
UMANO capiti, cervícem píctor equinotn
Jungcre si velit, et varias inducere plumas,
«
Uodique coUatis membris; ut turpiter atruu)
Desioat io piscem mulier formosa supernè;
Spectatum admissi risum teneatis amici^
Credite, Pisones, isti tabute fore librum
Persimilem, cujus, velut aegri somuia, vanas
FiDgentur species: ut oec pes, oec caput uni
Reddatur formae. Pictoribus atque poetis
Quidlibet audendi semper fuit aequa potestas;
ScimuSy et bane veniam petimusque damusque vicissim:
Sed noD ut placidis co^ODt immitia ; non ut
Serpentes ayibus geminentur, tígribus agni.
ARTE POÉTICA
DE
HORÁCIO.
EPISTOLA AOS PISÕES.
s
B um collo de cavallo ao rosto humano
Juntar quizease alguém, e cravejasse
Membros unidos de aniroaes diversos
G>m varias plumas, terminando as formas
De uma bella mulher cauda de peixe;
Quem n&o riria? Amigos indulgentes
Desculpar nSo podiam tal delirío.
Crede-me pois, Pisões, isto é retrato
De um livro que sem plano se fabrica,
E qual sonho d'enfermo espécies cria
Que nlo teem coonexio, pés ou cabeça
Que convenha á figura projectada.
Poetas e Pintores tem licença,
(Ora lha damos, ora lha pedimos)
De fingir o que mais agradar possa:
Excepto se contrários unir querem ;
E que nasçam as aves das serpentes.
Que 08 tigres gerem as ovelhas mansas.
10
■
Inceptis gravibus plerumque et magna professis,
Purpúreas, Iate qui splendeat udus et alter
Assuitur paunus: càm lucus et ara Dianae, (2)
Et properantis aquae per amoenos ambitus agros,
Âut flumen Rhenum, aot pluyius describitur arcus. (3)
Sed DUDC non erat bis locus. Et fortasse cupressum
Seis simulare; quid boc, si fractis enatat exspes
Navibus 8ere dato qui pingitur? Amphora coepít
Institui: currente rota, cur urceus exít?
Denique sit quodvis simples duntaxat et unum.
Máxima pars vatum (pater et juvenes patre dígoi)
Decipimur specie recti: brevis esse laboro,
Obscurus (io: sectantem lenia, nervi
Deficiunt anímique: professus grandia, turget;
Serpit bumi, tutus niraiíim tímidusque procella;.
Qui variare cupit rem prodigíaliter unam,
Delpbinum sylvis appingit, iluctibas aprum.
In vitium ducit culpaa fuga, si caret arte.
11
Essas obras pomposas qae promettem
Cousas grandes, ás vezes s8o retalhos
De purpura e brocado, que alinhava
Com arte o dono: como eiemplo achamos
 descrípçao das aras de Diana,
No sacro bosque; o rápido remanso
Que serpêa nos campos sombreados;
O largo Rheno, e a luminosa estrada
Onde, entre o sol e a chuva, íris anda.
Isto porém não é de que se tratta.
Tal pinta com primor raro um cypreste ;
Mas isso de que serve? se lhe pagam
Para pintar ao vivo um naufragantc,
Salvo da rota náo, dos bravos mares ?..«
Tal quer formar um vaso... o torno gira:
Por que razSo lhe sae um jarro tosco?
£ preciso unidade em qualquer obra,
Principio, meio, fim, methodo, e graça.
Sabei pois, digno Pae, e filhos dignos,
Que 08 mais dos Vates dllIusOes vivemos,
E apparencias do bem nos satisfazem:
Se trabalho em ser breve, escuro fico;
Se busco ser suave, a força, o nervo
Na molleza e brandura se dissipam:
O tom sublime, em túrgido se troca;
E se nimia cautela as phrases guia,
Vai terra a terra, abaixa-se o discurso.
E mil vezes aquelle que procura
Variar seus assumptos, com portentos,
Um golfinho me pinta nas Qorestas,
Um javali nas ondas; e tropeça,
Quando foge de um mal, n'outro mais grave,
Se as regras necessárias nfto consulta.
12
JEmilium circá ludum faber uous et aogíies
Exprimet, et molles imítabitar «ere capíllos:
lofelix operis summà; quia ponere totum
Nesciet. Hudc ego me» si quíd componere curem,
Noo magís esse velim, quàm pravo vivere oaso,
Spectandam nigris oculis, nigroque capillo.
Sumite materiam vestris, qui scribitis» aequam (4)
Viribus» et versate dià quid ferre recuseot,
Quíd valeant huroeri : cuí lecta poteoter erit res,
Nec facúndia deseret huoc, nec lucidus ordo.
Ordinis hec vírtus erit, et Veous (aut ego fallor)
Ut jam nunc dicat, jam nunc debentia dici
Pleraque differat, et praesens íd tempus omittat;
Hoc amet, boc spernat, promissi carminis auctor.
In verbis etíam tcnuis cautusque serendis,
Dixeris egregiè, notum si callida verbum
Reddiderit junctura novum. Si forte necesse est
Indiciis monstrare recentibus abdita rerum;
Fingere cinctutis non exaudita Cethegis
Continget, dabiturque licentia sumpta pudenter;
Et nova fictaque nuper habebunt verba (idem, si
Grsco fonte cadant, parcè detorta. Quid autem
Caecilio, Plautoque dabit Romanus, ademptum
Virgilio, Varioque? Egoeur ^cquirere pauco
13
Perto do Circo Emílio, ignaro artista
N'uma esitntua fiel em bronze escuipta
Perfeitamente as unhas, os cabellos^
Mas DO desenho desgraçado, ignora
.Como deve juntar de um todo as partes.
A compor deste modo antes quizera
Ter disforme o nariz, os olhos vesgos.
Pesai bem a matéria que trattardes,
Quando escreveis medi as vossas forças,
Ensayai com que podem vossos hombros:
Se o assumpto vos for proporcionado,
Nunca vos faltará phrase eloquente,
Ordem lúcida, e graças no discurso.
O mérito das obras, a belleza
Consiste em pór no lugar próprio as cousas;
Bizer antes o que antes dizer deve,
Transpor aquillo que mais tarde agrada ;
Do que convém, usar; e omittir quanto.
Sem graça ou força, inutilmente occorre.
Parco em palavras, delicado, e cauto.
Ha de sempre agradar o auctor astuto
Que os termos velhos remoçar com arte.
E quando carecer de signaes novos
Para novas idéas, for achá-los
Em thesouros ignotos aos Cethegos*
E arriscar sem temor um termo affouto.
Se a prudência o conduz, o povo applaude,
E as palavras de fabrica recente
Ter9o valor; e mais, se derivarem
Com pouca corrupção, da Grécia, ou Lacio.
Ndo penseis que os Romanos concedessem
 Cecilius, a Plauto, o que negavam
A Varius, a Yirgilio; e que a miro mesmo
14
Si possum, iavídeor; cum lingua Catonis et Eool
Sermonem patrium ditaverit, et nova rerum
Nomina protulerit? Licuit, semperque licebit.
Signa tam presente nota producere noroen.
Ut sylvsB foliis pronos routantur in annos, (5)
Prima cadunt; ita verborum vetus interít setas;
Et juvenum ri tu florent modo nata, vigenlque.
Debemur morti noa, nostraque: sive rcceptus
Terra Neptunus classes Âquilonibus arcet,
Regis opus; sterilisve diíi palus, aptaque remis,
Vicinas urbes alit, et grave sentit aratnim;
Seu cursum rautavit iniquum frugibus amnis,
Doctus iter meliite; mortalia facta peribunt:
Nedúm sermonum stet houos, et gratia vivax.
Multa renascentur, quse jam cecidêre; cadentque
QuiB nunc sunt in honore vocabula, si volet usus,
Quem penes arbitrium est, et jus, et norma loquendi.
Res gestaB regumque, ducumque, et tristia bella,
Quo scribi poasent numero monstravit Homerus.
Yersibus impariter junctis querimonia primúm,
Post etiam inclusa est voti sententia compôs.
15
Prohibissem fls honras que alcançaram
Ennio» Catão, enriquecendo a língua
De termos expressivos, pintorescos.
Sempre licito foi, e será sempre
Enxertar no discurso uma palavra,
G>m tanto que o costume a i^o reprove.
As florestas no anno as folhas mudam ;
As primeiras, primeiro cahem por terra :
Taes as palavras obsoletas morrem;
E no?as, com vigor juvenil, brilham.
A morte nós e tudo nosso paga
Tributo inevitável. Esse lago.
Obra digna de um Rei, que contra os ventos
Abriga de Neptuno as largas ondas,
E defende as esquadras nas procellas:
Essa lagoa estéril, que primeiro
Se navegava, e própria aos remos era ;
Onde hoje o arado, sublevando as leivas,
Celleiro faz das próximas cidades :
Esse rio, que as messes devastava,
E que hoje dócil, encanado corre:
Dos mortaes essas obras todos morrem.
Mal poderão os termos durar sempre,
De viveza immortal, e graça ornados:
Muitos renasoem, que esquecidos eram,
E cahírSo aquelles que hoje honramos,
Se o costume assim quer; pois o costume
£ rei. norma e lei summa da linguagem.
Homero nos mostrou que versos devem
Cantar Reis, Capitães, e tristes guerras.
Distico desigual cantou primeiro
A queixosa Elegia ; c deste metro.
Ao depois o prazer também fez uso.
16
Quis tamen exíguos Elegos emiserít auctor,
Grammatici ccrtaot» et adhuc sub judice lis est.
Ârcbilochum próprio rabies armaTit iambo. (6)
HuDC socci cepére pedem, grandesque cotburni,
Alternis aptum sermonibus, et populares
Vincentem strepitus» et natum rebus ageodis.
Musa dedit fidíbus Di?os, puerosque Deonim,
Et pugilem victorem, et equum certamine primum^
Et juvenum curas, et libera vina referre.
Descriptas servare vices, operumque colores,
Cur ego, si uequeo, ignoroque. Poeta salutor?
Cur nescire, pudens pravè, quàm discere maio?
Yersibus exponi Tragicis res Cómica non vult:
Indiguatur item priyatis, ac propè aocco
Diguis carmioibus narrari coena Thyestdé.
Siugula quaeque locum teoeant sortita deceuter*
Interdum tameu et vocem Comoedia tollit;
Iratusque Cbremes túmido delitigat ore;
Et tragicus plerumque dolet sermoiie pedestri.
Telephus et Peleus, càm pauper et êxul uterque,
Projicit ampullas, et sesquipedalia verba.
Si curat cor spectantis tetigisse querela.
17
Porém discutem sábios, qual foi delles
Do elegíaco pé auctor; e fica
Inda agora a quesUo por decidir-se.
Atc|iiIoco se armou do próprio jambo
Que a fúria da vingança lhe inspirava;
E como o jambo é vencedor da bulha,
Do popular estrépito na sccna,
O jambíco adoptava o sócco humilde,
E usou delle o cothurno roagestoso.
A Musa confiou das cordas áureas
Que celebrassem os heroes e os Deoses;
Os que na pugna e na carreira vencem;
O cavallo veloz que attinge a meta ;
Ode, que aos astros o athleta exalta,
Também descanta os juvenis brinquedos,
Os risos, e de Baccho as vmeas festas.
Se nSo sei consenar do objecto as cores.
Se ignoro quanto ás cousas convir possa,
Gomo me arrogo o nome de Poeta?
E com torpe vergonha menos temo
Ignorar, que aprender a fazer versos?
Nao convém á Comedia altivo estylo.
Nem o banquete horrivel de Thyestes
Narrar-se pôde com burlescos versos,
Que o borzeguim desculpa, e quer Thalia:
Tudo em próprio lugar convém que esteja.
Varias vezes a voz alça a Comedia;
Chremes irado o filho reprehende
Com termos novos, eloquentes lábios;
E na Tragedia a dor, com simples vozes.
Humilde geme. Desterrados, pobres,
Telepbo nem Peleo, fallando, empreguem
Palavras crespas, túrgidas sentenças.
Para mover os corações co' as queixas,
E enternecer o auditório attento.
Tomo V. «
18
Non satis «st polcbra esse Poemata : dolcia sonfo.
Et quòcumque voleot, anirnum auditoris aguato.
Ut ridentibus arrideot» ílà Qentibus adfleDt
Humaoi vultus* Si tís me flere, dolendum est
Primam ipsi tibi : tunc tua me infortunía tedeut,
Telephe, vel Peleu: malè si mandata ioqaèris,
Aut dormitaboi aut ridebo. Tristia mcestiua
Yultum verba deceot, iratum plena minarum,
Ludentem lasciva, severum seria dictu.
Formal enim natura priús nos intús ad omnem
Fortunarum babitum; juvat» aiit impellit ad iram;
Aut ad humum moerore gravi deducit» et angit^
Post efiert animi molus interprete língua.
Si dicentis erunt fortunis absona dieta.
Romani tollent equites, peditesque cachinnum.
Intererit multam Davusne loqoatar, an beros ;
Maturusne senex, án adhuc florente juventá
Fervidus; an matrona potens, an sedula nutrix;
Mercatorne vagus, cultome virentís agelli ;
Golchus, an Assyrius; Thebis nutritus, an Argís.
19
Não basta que um Poema seja bello;
É preciso que loque» que disponha
Das almas dos ouvintes a seu modo;
Que quem ri faça rir, chorar quem chora.
Chorai pois, se quereis pranto em meus olhos:
Então, Peieo, entio, Telepho, as magoas
Que soffreis soffrerei: mas se narrando
Hal o vosso papel, causais fastio,
Rirei ou dormirei, conforme o conto.
Não desmintam palavras os assumptos:
Ao gesto triste, tristes vozes quadram,
Ao gesto irado, termos d 'ameaço;
Para alegria, as expressões alegres.
As serias, á severa austeridade.
Natureza nos dco no interno senso
O que pertence a cada sentimento:
Á cólera nos move; e nos abate,
E aperta o coraçio pela tristeza :
G)mo interprete, em fim, a lingua emprega
Para expor movimentos tão diversos.
Porém se exprimis mal vossos assumptos.
Nobres e plebe de vós zomba em Roma.
Falia diversamente o escravo Davo
Do heróico Agamemnon; as palavras
Do canuto ancião são dififerentes
Das que profere o flórido mancebo
No fervor juvenil com que discorre:
Não se exprime igualmente uma criada
Como se exprime a dama culta e nobre:
Um mercador, que os mares atravessa,
E frequenta as nações, distinga a gente
Do camponez que os gados apascenta,
E vive no cunal : saiba ^em ouve
Se quem falia é de Colchos ou da Assyria,
Se é de Thebas» ou foi creado em Argos.
Tomo V. 2 •
20
Aut famam sequere, aut sibí conveníeatia finge»
Scriptor: honoratum si forte repoois Achillem,
Impiger, iracandus, ioexorabilis, acer.
Jura neget sibi nata, nihil Don arroget armis.
Sit Hedea ferox, iovictaque; flebilis Ino; (7)
Perfidus Ixion ; Io vaga ; tristis Orestes. (8)
Si quid inexpertum scenae committis, et audes
Personam formare Doyam; senretar ad imam»
Qualis ab incoepto processerit, et sibi constet.
Bifficile est propriè comrouDia dicere: tuque
BectiOis Iliacum carmen deducis io actus,
Quàm si proferres ignota, índictaque primus.
Publica materies privati júris erit, si
Nec circà vilem, patnlumqoe moraberis orbem, (9)
Nec verbum yerbo curabis reddere, fidus
Interpres: nec desilies imitator in arctum,
Unde pedem proferre pudor vetet, aut operís lex.
Nec sic incipies, ut scriptor Cyclicus ohm:
Fartunam Príami canlabo, ti nóbile bdlum.
Quid dignum tanto feret hic promissor biatu?
Parturient monteSi nascetur ridicalus mus.
21
Pintai sq^undo a fama, ou de maneira
Que o fingido provável nos pareça:
Se Acbilles nos mostrais desaggravado,
Seja altivo» colérico^ inflexivel»
Ardente, e que nenhuma lei conheça,
Nenhum outro direito que o da espada.
Se Medea feroz, seja indomável,
Ino queixosa, fraudulento Ixion;
Io assustada, vagabunda gema;
Orestes melancólico pragueje.
Mas se um caracter novo em scena pondes.
Em sustentá-lo, sem desmentir nunca.
Cuidai desde o principio até seu termo.
É difficil trattar cousas vulgares
Com certa elevação que pasmo inspire:
Melhor será tirar d'Homero assumptos,
E apropriá-los co' a dicção e o gosto.
Qualquer, trattado bem, vos dará gloria,
Vosso fica, se novos trajes veste.
Se nova essência em vossos versos ganha,
E se, do ingenho desprendendo as azas.
Desdenhais do modelo a servil norma,
Sem repetir palavra por palavra;
Expondo a musa a passos escabrosos.
De que só com desdouro escapar pôde.
Qual Cyclico scriptor, antigamente,
Não comeceis assim uEu de Priâmo
Cantarei a fortuna^ e tióbre gtierra. »
Que nos dará, quem tanto nos promette?...
Um ridiculo rato pare o monte.
22
Quanto rediús hic, qui nil molitar inepto?
Die mihif Musa^ virum^ capim post têmpora Trojoí^
Qui mores hominum mtdíorum t)tdí^ et urbes.
Non fumum ex falgore, sed et fumo dare kicem
Cogitai: ut speciosa dehioc miracula promat,
ADtiphatem, Scyllamquet et cum Cyclope Charjbdíin.
Nec reditum Diomedis ab interitu Meleagrí,
Nec gemioQ bellum Trojaouin orditur ab ôvo.
Semper ad eventum festinat; et in medias res
NoD secas ac notas» auditorem rapit; et quss
Desperat traet«(a aitescere poasOi relioquít*
Atque ita mentitur, sic yeris falsa remiscet.
Primo ne médium» médio ne discrepet imum.
Tu, quid ego, et popalus mecwn desideret» audi.
Si plausoris eges aulaea manentisi et usquc
Sessuri, douec cantor» Vos plaudite» dicat: (10)
^tatis cujusque notandi sunt tibi mores,
Hobilibusque decor naturis dandus, et annis.
Reddere qui yoces jam scit puer, et pede certo
Signat bumum; gestit paribus eoliudere, et iram
Golligit, ac ponit temerè, et mutatur in horas.
Imberbis juvenis, tandem custode reittoto,
2d
Quanto me agrada mais esse poeta ,
Que sem esforço, affoato principia:
c Dize^fMt 6 MuiOf os feiíos dêssê heroê
Que tanlas gentes vio, tantas cidades^
Depois que foi tomada Troya» dize. »
Em fumo n8o converte am grande lume,
Antes, do fumo faz nascer as luzes.
Depois, portentos nascem de seus verbos;
Antbiphates, Car^des e Scyllas,
E o corpulento Jd fero Polyphemo.
N8o vai buscar de Meleagro a morte
Se quer trazer Diómedes de volta ;
Nem dos ovos de Leda tira a guerra
Com que Troya arrazada quer lanostrar-nos.
Corre ao êxito, e leva o leitor sempre
Bapidameote aop^o V^r levá**lo :
Nao pára, quando é frívola a demora.
Nos sonhos agradáveis que descreve,
Com tal graça mistura o falso e o certo,
Que o fim, meio e princípio fiRo discrepai.
O que pertendo, e quer comigo o povo.
Observai, se quereis cheia a platéa,
Té que desça a cortina e feche a scena,
Té que peçam o actor, findando, os vivas.
De cada personage' hábitos, modos,
A variaçSo da idade, as circunstancias
Que s8o da natureza, notai sempre.
O menino, que já falia e discorre.
Que firme pisa a terra^ e jogos forma.
Quer com iguaes brincar; e sem motivo
Ora se accende em ira, ora se applaoef
E a cada instante o génio seu varèa.
O mancebo, ae o mestre se desvia,
24
Gaudet equis, canibosque, et apríci gramine campi ;
Gereus íq Titium flecti^ moDitoribus asper,
Utiliam tardus provísor, prodigus «ris,
Sublimisy cupidusque, et amata relioquere pernix.
Conyenis studiis aetas animusque virilis
Quflerít opesy et amícitias; inservit bonori ;
Commisisse cayet, quod mox mutare laboret.
Multa senem circumveniunt incommoda ; vel qaòd
Quflerit, et inyeDtis miser abstÍDet, ac timet uti:
Vel quòd res omaes tímidè» gelidèque miDÍstrat;
DilatOFi ape longusi ioers» ayidusque futuri,
Difficih'S| qaeruluSy laudator temporis acti
Se puero» censor castigatorque minorum.
Multa feruDt aoní venientes commoda secum ;
Multa recedentesi adímunt. Ne forte seniles (11)
Maudentur juToni partes, pueroque viriles;
Semper iu adjuoctis» evoque morabímur aptis,
Aut agitur res in sceiíis, aut acta refertur.
25
Os cifallos, 08 des, as httas busca ;
Gomo cera» a impressto do vicio toma,
Os conselhos despreza; descaídado.
As cousas que slo úteis, dSo presenra ;
O dinheiro despende, sem contá-lo:
Ahifo» turbulento, apaixonado.
Quer e nio quer mil cousas, esquecendo
Aquillo mesmo que buscava ancioso.
Que sollicito, ha pouco, desejava.
Tem a idade viril outros desejos:
Busca o adulto emprego, busca amigos.
Aspira ás honras, com cuidado evita
Acções que ao depois chore arrependido.
Hil incommodos cercam a velhice;
Ou seja que os thesouros accumule,
E que tema perdè-los; ou que avaro
Mal se atreva a tocar-lhe o cauto velho.
O torpdr de seus membros o retarda
Em qualquer movimento; e tremulando.
Vai com vagar procrastinando as cousas.
Esperando sem fim, e avidamente
Vendo o futuro, que sem fructo invoca :
Queixa-se, grunhe, e por costume gaba
O que vio no seu tempo; sendo neste
Implacável censor da mocidade.
Comsigo trazem mil cousas suaves
Os annos, quando a certa altura chegam;
Muitas passam com elles, quando fogem.
Fixemos as feicSes de cada idade
Para não dar as rugas da velhice
Ao mancebo gentil, nem ás creanças
De um homem feito os gestos, as maneiras.
No theatro as acções se representam;
26
Segnius irritant aoímos demissa per aurem,
Quàm qase sant oculis subjecta fidelíbus, et quae
Ipse síbi tradit spectator. Neii tAinep ioUis
Digna geri, promes in scenam; multaque tolles
Ex oculisy qôiB mox narret facúndia prsesens.
Nec pueros coram populo Medea truçídef;;
Âut bumana palàm coquat eKta nefaríus Âtreus;
Âut in a vem Progae vertatu^ri Cadmus in anguem.
Quodcumque ostendis mibi sic, incredulus odi.
Neve mÍDor, neu ajkt quinto productior acta
Fabula quae posei vult, et apectata reponí.
Nec Deus intersit* uisi dignus vindice uodus
luciderit; nec quarta Jaqui persona laboret.
Âctoris partes cborus odiciumque virile (12)
Defendat; neo quid jBiedios interckiat actus,
Quod DOD propósito conducati et baereat aptè.
Ille bonis faveatque, et concilíetur amicis.
Et regat iratos, et amet pacare tumentes.
Ille ^dapes laudet mensae brevis ; ille salubrem
m
Justitiam, legesque» et aper-tis otia «portia:
Ille tegat commissa; Deosque [precetur et oret
Ut redeat miseris, abeat fortuna superbis.
97
Ontras rezes somente se referem.
Has aquillo que só fere os ouvidos
Não move tanto, quanto move aquilto
Que se vè, e que os olhos fielmente
Fixam n alma do espectador atteoto.
, Cousas ha, que a rftzio prphibe i acena,
E que mais vale que se passem dentro:
Escondei quanto basta que a eloquência
A seu tempo relate vivamente.
Ante o povo jamais seva Medéa
Os innecentes filhos despedace;
Nem o nefando Atreo nas grelhas ponha
As entranhas bumanasi sem disfaroe:
Nunca em pássaro Progne se transforme,
Ou Cadmo de cobra a petle vista :
Espectáculo tal, horror tilo grande.
Sem fazer-me íUusão, me ofiênde o gosto.
Os actos da tragedia teem lim jt^ ;
Nem mais de cinco devem ser, nem menos.
Só quando o assumpto seja de um Deos digno
É que deve intervir numen no entrecho:
Tâo pouco um quarto actor na scena falle.
O cdro, de um aclor a parte toma,
E quanto canta se refere ao todo,
Ou s'entretece t^o assumpto inteiro.
Os bons applaude, amigos concilia,
Acalma irados, doma os arrogantes;
A frugal meza louva, as leis respeita;
Louva a justiça, e paz, que das cidades,
A9 portas abre, e sostos afugenta ;
Que o deposito guarda fielmente:
Invoca emfim os Deoses, que dispensem
Fortuna aos desgraçados, aos aíHíctos,
E que aos suberbos pérfidos a neguem.
28
Tíbia noa ut nnnc orichalco viocla, tubffique
iEmula; sed teuuis, simplexque, foramine pauco,
Aspirare et adesse choris erat utilis, atque
Nondum spissa nimis complere sedilía flatu ;
Qaò sane populus namerabílis, atpote parvas.
Et frugi, castusqae, Terecuadusque colbat.
Postquam coepit agroa extendere victor, et arbem
Latior amplecti munis, viaoque diurno
Placari Geaios festis impune diebus;
Accessít oumerísquei modisque licentía major.
Indoctus quid enim saperet, líberque laboram
Rusticus, urbano confusus, turpis honesto?
Sic priscs motumque et luxuriam addidit arti
Tibicen, traxitque vagus per pulpita restem.
Sic etiam fidibus vocês crevére severis;
Et tulit eloquium insolilum facúndia prsceps:
Utiliumque sagax rerum, et divina futuri
Sortilegís non discrepuít sententia Delphis.
Carmine qui trágico vilem certavit ob hircum,
Hox etiam agrestes Satyros nudavit; et asper
29
Nem sempre a floata foii qaal hoje a Temos»
De metal guarnecida , e sonorosa
Emula do clarim; porém singellai
Com poucos furos, isso lhe bastava
Para ajudar» e acompanhar os coros,
E para encher de som o amphitheatro ;
Onde acudia menor po?o que hoje,
Mais fácil de contar» porém mais puro»
Mais virtuoso» e muito mais modesto.
Mas logo que este» vencedor dos outros»
Começou a estender seus territórios»
A alargar da cidade os vastos muros»
E a libar sem pudor toneis de vinho»
Durante o dia» ao Génio dos prazeres;
Maior desenvoltura entrou nos versos»
Foi o canto mais lívre« — Era impossível
Exigir fosse o gosto mui severo
Desse ignorante camponez grosseiro
Que vem» depois de rústicos trabiilbos»
Descançar» recrear-se» e confundir-se
Com cidadios polidos e illustrados.
Ent&o foi que o flautista unio a dança
Á prisca e simples arte ; a solta cauda
Ostentaram actores no theatro.
A lyra séria assim ganhou c'o tempo
Mais numero de tons» mais variedade.
A insólita eloquência resoluta
Arriscou phrases novas» desusadas»
Que assumiram d'oraculos a forma»
Ficando enigmas quasi as cbans sentenças.
Quem disputou vilmente na tragedia
O bode» que ao depois ímroola a Baccho»
Mostrou sem custo os Salyros despidos;
ao
Incolumi gravitate jocum tentavit; eo quòd
Illecebris erat» et gratã novitate morandus
Spectator, functusque sacris» et potiia et «xlex.
Verum ità rísores, ità commendare dicaces
Conveniét Satyros, ità Yertere seria Indo*
Ne, quicumque Deus, quicumque adhibebitur heros^
Regali conspectus in auro nuper et ostro,
Migret in obscuras humíli sermoDe tabernas:
Âut duro vitat humum, Dubes, et inania captet.
Effutire leves indigna tragcedia versus,
Ut festis matrona moveri jussa diebus,
Intererit Satyris paulíim pudibunda protervis.
Non ego inomata, et dominantia uomína solum,
Verbaque, Pisones, Satyrorum scriptor amabo:
Nec sic enitar trágico differre colori, •
Ut nibil intersit Davusne loquatur, an audax
Pythias, emuncto lucrata Simone talentam,
An custos famulusque dei Silenus alumni.
Sylvis deducti caveant, me judice, Fauni,
Ne, velut inoati triviis, ac poenò forenses»
Aut nimium teneris juvenentur versibus unquam ;
Aut immunda crçpent ignominiosaque dieta.
31
Unio á dignidade do cotfaurno
Seus epigrammas rústicos, mordazes;
Cuidou em recrear com farça nova
Aquelle que dos sacros jogos roltai
Que o vinho aquecei quebra ás leis o freio,
E lhe é grata a soltura da linguagem.
Mas emfim, convertendo em graça o serio,
Em soeoa poado Satyros miilinost
Ha que temer que heroes ou divindades,
Tendo-se visto em traje magestoso,
Purpura dispam, caiam do áureo tbrooo,
E pelo estylo vdo parar nas tendas.
Morrer na escuridão do estado humilde.
Deffeito igual é medo de arrastar^se.
Subir aos astros, e tomar-se em nada.
Nunca deve a tragedia degradar-se
Fazendo rir; se os Satyros a cerGam^
Deve mostrar-se nobre, comedida,
Qual modesta matrona em Roma vemos
Obrigada a dançar noS sacrificios.
Caros Pis3es, se eu fargas escrevesse^
Não havia tirar o véo aos termos,
Nem tanto da tragedia desviar-me,
Que n9o puzesse differença grande
Entre Davo, que é simplesmente escravo,
E o cafoteiro Pythias, que um talento
Furta a Simão, iiuendo disso gala;
Ou Sileno, de um Deos aio e seu pagem.
Nio julgo natural, largando as selvas.
Que os Faunos se apresentem desbocados,
E que sem p^o obscenas {vozes soltem,
Quaes habitantes dos immundos becos,
Ou gerados too lodo das cidades.
32
Offenduntur eDim, quibus est equos, et pater, et res;
Nec, si qaíd frícti ciceris probat, et nacis emptor,
Eqais accipiunt animis» donantvc corooá.
Ex noto fictum carmen sequar: ut sibi quivis (13)
Speret idem ; sudet multum, frustràque laboret
Ausus idem: tantum series, junctaraqoe pollet;
Tantum de médio samptis accedit honoris.
Syllaba longa brevi subjecta, Tocatur iambas,
Pes citus ; UDdè etiam trímetrís accrescere jussit
Nomen lambeis, cúm senos redderet ictus,
Prímus ad extremum similis sibi. Non ità prídem,
Tardior ut paulò graviorque veniret ad aures,
Spondseos stabiles in jura paterna recepit
Commodus et patiens; non ut de sede secunda
Gederet, aut quarta socialiter. Hic et in Accl
Nobilibus trimetris apparet ranis, et Ennl.
In acenam missus magno cum pondere rersus,
Aut operae celeris nimiúm, curáque carentis,
Aut ignorats premit artis crimine turpi.
Non quivis videt immodulata poemata judex: (14)
Et data Romanís vénia est indigna poêtis.
Idcirconè vager, scribamque licenter? an omnes
Visuros peccala putem mea tatus, et iotrà
33
Assim faliandoí ofiendmi os ouvidos
Ao culto DobrOi ao cidadSo polido,
Que as cVoas d'bera distribuo aos yates,
Que jamais gostará do que recrèa
A estulta plebe» a qual manjar reputa
Ervilhas» nozes, disso se contenta.
De um assumpto sabido eu compuzera
Sempre a minha ficçio, a fim que os outros
Fácil julgassem competir comigo,
£ que em vSo trabalhassem, de tal obra.
Depois de mil esforços, desistindo:
Taoto a serie e contexto das idéas
Dá lustre áquillo que vulgar julgamos.
Chama-se jambo e pé rápido aquelle
De uma syllaba breve, e de outra longa;
Jambico o de seis pés forma o trimetro.
Ha pouco» para dar mais peso ao verso,
Para vir aos ouvidos mais sonoro,
O pesado spondeo se unio com elle;
Dócil, fácil, porém nunca cedendo
O segundo lugar, tio pouco o quarto:
Ennio jamais nem Accio consentiram
Noa seus nobres trímetros este alumno.
Se apparece na scena um verso cheio.
De spondeos carregado, fez-se á pressa.
Ou mostra que o auctor, sem pejo, ignora
As regras d'arte, que táo mal exerce.
A falta de medida e de cadencia
Nem todos sentem: indulgentes muitos
Perdoam grandes erros aos Poetas,
É para compor mal, isso desculpa?
Para escrever conforme quer o acaso?
Ou descançar/jpor ter desculpa certa?
Tomo V. 3
34
Spem yeniae cautus? Vitavi deoique culpam;
NoD laudem meruí. Vos exemplaria Gr(eca
Nocturna versate manu» versate diurna.
At nostri proavi Plautinos et numeroa, et
Laudavêre sales: nimium patienter utrumqQe,
Ne dícam stuitè, mirati; si modo ego, et yos
Scimus inurbanum lépido seponere dicto,
Legitimumque sonum digílis callemus, et aure.
Sunt dclícta tamen, quibus ignovisse velimus. (15)
Nam neque cborda sonum reddit, quem yult manua et mens ;
Poscentique gravem persspe remitlit acutum;
Nec semper feriet quodcumque minabitur arcus«
Verúm ubi plura nitent in carmine, non ego paucis
Offendar maculis, quas aut incúria fudit^
Aut bumana parum cavit natura. Quid ergo?
Ut scriptor si peccat idem librarias usqae^
Quamvis esl monilus, veniá caret; et citharaedus
Ridetur, chordá qoi semper oberrat efldem:
Sic mibi qui multum cessat, fit Choerilus ille» (16)
Quem bis, terve bonum cum risu mtror; et idem
Indignor, quandoque bónus dormitai Homerus.
Verúm opere in longo fas est obrepere somnum.
35
Censuras evitar, isso nSo basta
Para alcançar ou merecer louvores.
Lançai rnSo dos modelos d 'alta Greciat
Ledenis de dia e noite; meditai-os.
Nossos avós gabaram muito Plauto,
Celebraram seus raros apotbegmas:
Muito bons eram!... d'indole indulgente,
Para n&o diíer mais» os Telicito:
Ao menos eu e vôs não confiindimos
Dittos insulsos, verdadeiros cbistes;
Apontamos aonde mora a graça;
Sente o tympano o som errado, ou justo.
Erros ba que a desculpa encontram logo:
Nem sempre a corda vibra o som qual busca
A m8o perita, o génio sublimado;
Por um som grave ás vezes fere o agudo;
Nem sempre atinge o alvo a veloz fleza.
Mas quando n'um poema as maravilhas
Excedem muito a somma dos defeitos,
Nfio me oifendem as manchas que um descuido
Como pensão pagou á humanidade.
Ao copista inexacto n8o perdoo
Se esquece avisos, e repete os erros.
Do professor que desconhece as cordas,
E na citara quer fazer prodígios,
E permittido rir : zombo igualmente
De um auctor que os defeitos multiplica ;
E é para mim Cherilo, em cujas obras.
Zombando, approvo só quatro ou seis versos.
Gemo comludo, se o divino Homero
Por acaso descae ou se dormita:
Se em tSo longo trabalho o somno assalta
O Poeta cançado, tem desculpa.
Tomo V. 3 •
36
Ut píctura, poesis erit; qu^e, si propiíis stes^
Te capiet magís; et quedam, si loDgius abstes.
H«c amat obscurum : volet hsec sub luce videri»
Judieis argutum quse non formidat acuinen«
H»c placuit semel: haec decies repetita placebit.
O major juvenum» quamvis et você paterna
Fingeris ad rectum, et per te sapis, boc tibi dlctum
Tolle memor: certis médium et tolerabile rebus
Rectè concedi. Cousultus júris, et actor
Gausarum medíocrís, abest virtute diserti
Messalse, nec scit quantum Cascellius Âulus;
Sed tamen íd pretio est. Hediocribus esse poetis
Non bomines, non Dii, non concessére columns.
Ut gratas inter mensas symphonia discors,
Et crassum unguentum, et sardo cum melle papaver
Offendunt; poterat duci quia cosna sine istis:
Sic animis natum inventumque poéoia juvandis.
Si paulíim à summo discessit, vergit ad imum.
Ludere qui nescit, caropestribus abstinet armis;
37
Bem como na Pintura, ha certos rasgos
Na Poesia, que em distaucía agradara;
Outros que ao perto muito mais deleitam :
De luz mais clara aquelles necessitam,
Sem temer do Censor a vista aguda;
Outros, simples crepúsculo lhe basta.
Ha cousas que uma vez só nos contentam ;
Dez vezes, e mais, outras reclamamos,
De seu doce prestigio apaixonados.
Ta, dos PisSes morgado! inda que sejas
Por ti mesmo instruído, e que gostoso
As paternas lições aproveitasses;
Com tudo, escuta, e guarda na memoria
O que m'inspira o gosto, e dizer quero.
Géneros ha, nos quaes a mediania
Soffrer-se pôde, sem desdouro grande.
Um lettrado commum medir nSo pôde
Seu talento ao talento de Messala ;
Nem c'o saber profundo de Cascellio
Seu saber; bem que preço lhe concedam.
Mas ser poeta mediano, é crime
Que n8o perdoam Deoses, nem humanos.
Tal offende no meio de um banquete
A discordante orchestra, o cheiro torpe
De um perfume nocivo; tal enjoa
Insípida ptisana entre os manjares,
Quanto desgosta a poesia insulsa :
Que em lugar de encantar almas sensíveis
Descae por força aò mais rasteiro ponto
Se nSo 8'eleva ao ponto mais subido.
Quem não sabe esgrimir nas mareias luttas,
Cauteloso das armas se desvia :
Quem ignora nos jogos a destreza,
38
Indoctusque pilflB» discive, trocbive quiescit:
Ne spísssB risum tollant impune corooae.
Qui nescity versus tameo audet fingere» Quidoi?
Liber et ingenuus, praBsertim census equestrem
Suiumam Dnmmorum, fítioqoe remotos ab omoL
Tu nihil invitá díces faciesve Minerva,
Id tibi judicium est, ea mens. Si quid tamen olim
Scripseris, in Metii descendat judieis aures» (17)
Et patrisy et nostras; Donumque prematur in antiuin.
Membranis inlus positis, delere licebit
Quod non edideris. N^scit vox missa revertia
Ignotum Tragicae genus invenisse GamoBDa;
Dicitur, et plaustris vexisse poemata ThespiSi
Quffi canerent agerentque, peruocti faecibus ora.
Post hunc personae, pallsque repertor bonesfae
.AIscbylus, et modids iostravit pulpita |tignis ;
Et docuit magnumque loqui, nitique cothurno.
Successit vetus bis Comoedia, dod sine multa
Laude; sed in vitium libertas excidit, et vira
Dignam lege regi : \et est accepta ; cborusqiie
Turpiter obticuit, sublato jure nocendi.
Nil intentatum nostri liquere Poet«:
39
A pela, o disco, a argola não commette ;
Teme os que á roda observam, teme a mofa;
Mas, sem saber» emprende fazer versos:
E por que nlo? se é livre, e bem nascido?
Se tem rendas, e vive nobremente?
Se é cavalheiro, honrado, e mui polido?...
Mas \Uf mancebo, tu tens muito senso,
Ingenho claro para empr'ender cousas
Que do próprio talento n&o s9o filhas.
Quando a Musa te cbame e tente a vêa.
Em querendo escrever» consulta Mecio,
A mim, ao illustre pae expõe as obras;
Por dez annos fechado esteja o livro:
Assim podes polir os teus escriptos,
Antes que os julgue o Publico severo:
As palavras não voltam quando escapam.
Dizem que Tbespis foi na prisca idade
Inventor da tragedia, e que sem gosto
Tingio de mosto as faces dos actores,
Que em carros transitavam, repetindo
Seus poemas informes, ou cantando.
Eschylo depois veio, e os seus vestindo
A mascara lhes deo, armou theatros,
Ensinou-lhe a fallar com dignidade,
E a segurar os pés no alto cotbumo.
Veio a antiga Comedia succeder«-lbe
Com grande applauso; mas com tal soltura,
Que foi preciso reprimir-lhe o vôo,
E a lei vedar o sen nocivo excesso:
E não podendo corromper a sceua,
Emmudeceo, envergonhado, o coro.
Tentaram nossos Vates, e com gloria,
Quanto é possível, sem seguir o trilho.
40
Nec mioímum meraere decus, vestigia Greeca
Ausi deserere, et celebrare domestica facta»
Vel qui pratextas, vel qui docuere togalas.
Nec virtute foret» clarisve potentius armis,
Quàm lioguá, LatiuiDt si dod offenderet UDum
Quemque poetarum limfie labor, et mora. Vos, ô
Pompilius sanguis, carmen reprehendite, quod noa
Hulta dies, et multa lítura coercuit, atque
Praesectum decies oon castigavít ad uoguem.
Ingeiíium miserá quia fortunatius arte
Credit et excludít sanos Helicone Poetas
Democritus; booa pars dod uogues poDere curat, (18)
NoD barbam ; secreta petit loca» babea vitat.
NaDciscetur eoím pretium nomeoque Poetãe,
Si tribus Ânticjris caput ÍDsaDabile ounquam (19)
ToDSori LiciDo commiserit. O ego laBvus,
Qui purgo bilem sub veroi temporis horam !
NoD alíus (faceret meliora poOmata. Verúm
Nil tauti est. Ergo fuogar vice cotis, acutum
Reddere quae ferrum valet, exsors ipsa secaudi.
MuDus et ofiBcium, díI scribeos ipse, docebo:
Uode paroDtur opes; quid alat formetque Poetaih;
Quid deceat; quid dod; qu5 virtus, quò ferat error.
41
Servilmente, que os Gregos lhe mostraram ;
Bastaram-lhe os assumptos só Romanos:
E talvez fosse o Lacio tSo famoso
Nas lettras, qual brilhou sempre oas armas,
Se o trabalho da lima, se a demora
NSo fosse tão difficil aos Poetas.
Vós, raça de Pompilio, sede austeros;
Não approveis jamais esses poemas
Que dSo apura o tempo, a lima, o gosto.
Que não foram dez vezes castigados.
Se Demócrito cré que é nuUo o estudo,
E que o ingenho só produz Poetas;
Se do Parnaso exclue o commum senso;
Por isso tantos, desprezando a arte.
Fogem dos homens, desgrenhados, tristes.
Nunca os banhos frequentam, nem se alinham.
Ao estro entregues, que produz phantasmas.
Na verdade que assim fama adquirem,
E nome de poetas, certos homens,
^Becusando ao barbeiro uma cabeça
Que nem três Anticyras curar podem.
Oh que loucura a minha I pois tempero
Na primavera sempre o sangue e a bile!
Que poemas sublimes nlo faria?
E melhor que ninguém, sendo bilíoso!...
Nlo vale a pena; aspiro a ser somente
A pedra de amolar, que nSo cortando,
Fará comtudo com que o ferro corte.
Sem escrever, direi como se escreve.
Como deve o escriptor juntar seus fundos;
Em que consiste a essência de um poeta :
O que serve, ou nio serve, aonde levam
A regra, o gosto, os erros, e a ignorância.
42
ScribçDdí rectè sapere est et priDcipium et fons.
Rem tibi Socraticae poterunt ostendere cbarts:
Verbaqoe provisam rem noa ÍQvita sequentur.
Quí didicit patriae quid debeat» et quid amicís;
Quo sit amore pereos, (pio frater amandus, et beapes ;
Quod sit conscríptiy quod judieis officium ; quas
Partes in bellum missi ducis; ille profectò
Reddere personse scit coDvenieDtia cuique.
Respicere exemplar vitae, morumque jobebo
Doctum imitatorero, et veras bine ducere vocês.
Interdíim speciosa locis, morataque recto
Fabula, nullius veneris, sine pondere et arte»
Valdiús oblectat popolum, meliusque morator,
Quàm versus inopes rerum, ougaeque canors.
Graiís ingeniam, Graits dedit ore rotundo
Musa loqui, praeter laudem nullius avarís.
Romani pueri longis rationibus assem
Discunt in partes ceatum diducere. Dicat
FÍ1ÍII3 Âlbini: si de quincunce remota est
Uncia, quid isuperat? poteras dixisse... Tríens. Eu:
Rem poteris servare tuam. Redit uncia ; quid fit?
Sem is. At haec ânimos aerugo et cura peculi
43
Ciara ínatrucçao, saber, é fonte, origon
D'escriptos bons; Socráticas doutrinas
Hão de inspirar idéas numerosas,
E as palavras Tirão para expressá-las.
Quem sabe quanto deve ás Leis, á Pátria,
Quanto aoa amigos; qual calor no peito
Cria o paterno amor, cria o fraterno;
Quaes os deveres sejam da hospedagem;
Que integridade ao senador compete,
Ao cargo de juiz, e que talentos
De um general aa guerra exige o estado;
Hábil imitador, a vista estende.
Vivos modelos topa a cada passo:
Conteraplai-lbe a conducta e seus costumes,
Fazei que fallem no seu próprio estylo.
Quando um assumpto é grato, e que se obwnfam
Exactamente os caracteres e usos.
Sem arte, graça ou dignidade escripto.
Recreia mais o publico mil vezes.
Que outros assumptos em pomposos versos.
Correctos, porém nuUos quanto ás cousas.
Tinham os Gregos génio, dicçáo tinham,
Pois a gloria somente ambicionavam.
O juvenil ardor dos nossos hoje
Outros empregos tem, e só lhe ensinam
A calcular de um modo prolongado
Como um az em cem partes se divide.
Dizei, Olho d' Albino, de seis onças
Se uma tirais, qoe resta? — Restam cinco.
Bellamente! com isso estais campando.
Ajuntai-lhe uma onga, quanto somma?...
Sette. — Porém passada essa ferrugem.
Essa paixão do ganho, que envilece,
44
Cum semel imbuerit; speramos carmina Gngi
Posse linenda cedro, et levi senranda cupresso?
Aut prodesse voluDt, aut delectare Poefóe:
Aut simol et jucunda, et idónea dicere vit».
Quidquid prscipies, esto brevis; ut cito dieta
Percipíant animi dociles, teneantque fideles.
Orone supervacuum pleno de pectore manat.
Ficta yoluptatis causa sint próxima veris:
NeCy quodcumque volet, poscat sibi fabula C|[edi : ,
Neo pransffi Lamis vivum poerum eztrahat alvo*
Centoriffi seniorum agitant expertia fnigís; (20)
Celsi praetereunt austera pofimata Rbamnes. (21)
Omni tulit punctnm, qui miscuit utile dulci,
Lectorem delectando» pariterque monendo.
Hic meret sra liber Sosiis; hic et maré transit,
Et longum noto scriptori prorogat STum.
SjWestres homines sacer, interpresque Deorum
Caedibus et victu foedo deterruit Orpheus:
Dictus ob hoc lenire tigres, rabidosque leonês.
Dictus et Âmpbion Thebana; conditor areis.
45
Mal se pude esperar que façais versos,
Dignos das Musas, dignos de guardar-se
Em cofres preciosos de cypreste,
Nem que no oleo de cedro se preservem.
Poetas querem ou diur gosto á gente,
Ou dar-no6 instrucçio; e as mais das vezes
Instruir e agradar ao mesmo tempo*
S'instruis, sede breve nos preceitos,
A fim que brevemente vos percebam;
Que depressa se aprendam, e a memoria
Os guarde fielmente; quando é muito,
Trasborda, qual liquor que excede o vaso.
Para agradar, precisasse verdade;
A ficçSo verosimil só contenta:
NSo tem direito a scena d'enganar-nos.
Nem de arrancar do estômago da maga
Viva a creança, devorada ha pouco.
O conselho dos velhos n&o perdoa
Os versos que sem fructo se lhe ofiTrecem;
E os cavalheiros secios não Ih' importara
As peças onde reina a seriedade.
Toca o ponto o que unir útil e doce,
O leitor ensinando e divertindo:
Enriquece o livreiro uma tal obra.
Passa os mares, a seu auctor segura
Gloria perfeita, fama inalterável.
Viviam nas florestas os humanos.
Quando Orpheo, que era interpetre dos Deoses,
Seu sacerdote, lhe inspirou piedade,
Horror do sangue e d'alimento impuro:
Daqui disseram que domava os tigres,
E que acalmava dos leões a furía.
Do celebre ArophiSo também julgaram,
46
Saxa moyere sono testudinis, et prece blandâ
Ducere quò vellet. Fuit bffic sapientía quendam»
Publica privatis secernere, sacra proranis;
Concubitu prohibere vago ; dare jura maritis ;
Oppida molírí ; lege» incídere Iigno«
Sic honor, et nomen diyinis vatibus, atque
Carminibus yenit. Post hos iosignis Homems;
Tyrtsusque mares ânimos in Martia bella
Versibus exacuit: dicte per carmina sortes;
Et vitae monstrata via est; et gratia regum
Pieriis tenta ta modís; ludusque repertus,
Et longorum operum 6nis: ne forte pudori
Sit tibi Musa lyr» solers, et cantor Âpolio*
Natura íieret laudabile carmen, an arte,
Quftsitum est: ego nec stodium sine divite vená,
Nec rude quid prosit video iogenium : alterius sic
Altera poscit opem res; et conjurat amicè.
47
Qae ao som da iyra, fundador de Thebas,
Esta Dobre cidade edificara;
Que 06 seua doces accentos attrahiam
As pedras, as madeiras, e esses mesmos
No seu próprio lugar as coUQcavam.
O ser sábio em tai tempo coosistia
Em distinguir o bem geral do próprio,
O sagrado interesse, do profano;
Em coarctar a desordem dos costumes.
Fixar dos hymeneos as leis suaves;
Edificar cidades, e nas taboas
Gra?ar as leis que a sociedade uniam.
Assim ganharam honra e nome os Vates,
E seus versos divinos se exaltaram.
Appareceo depois o insigne Homero,
E Tyrteo, cujos cantos provocavam
Os ânimos guerreiros ao combate:
Em verso responderam os Orados,
Explicou-se a moral nesta linguagem,
Commoveram-se os Reis á voz das Musas:
A Poesia em fim creou theatros,
E ao lasso cidadão prestou recreio,
Calmando das fadigas o cançasso.
Depois de memorar t8o dignos factos,
Quem haverá que tema unir seu canto
Á lyra de Polymnia, á voz de Apollo?
O valor dos poemas de que nasce?
Ha questões; e duvidam vulgarmente
Se d'arte vem, se vem da natureza.
Sem génio, o estudo ignoro de que serve»
Nem o que possa o génio sem o estudo:
Mutuamente um e outro se soccorrem.
Devem ser no poeta inseparáveis.
48
Qui studet optatam curau contiogere metam.
Multa tulit, fecitque puer; sudavit, et aisit;
Abstínuit Venere, et vino. Qui Pythia cantat (22)
Tibicen, didicit priâs, e]rtimuitque magistrum.
NuDC satis est dixisse: Ego mira poemata pango:
Occupét extremum scabies: mihí turpe relinqui est,
Et quod ooD didici, sane, nescire fateri.
Ut prseco ad mercês turbam qui cogit emendas,.
Assentatores jubet ad lucrum ire poeta,
Dives agris; dives positis in foenore nummis.
Si vero est unctum qui rectè ponere possit.
Et spondere levi pro paupere, et eripere atris
Litibus implicitum: mirabor si sciet inter
Noscere meudacem, verumque beatus amicum.
Tu seu donarisy seu quid donare Toles cui,
Nolito ad versus tibi factus ducere plenum
Laetitiae. Clamabit enim: Pulchrè, benè, rectè!
Pallescet super bis; eliam stiilabit amicis
Ez oculis rorem; saliet, tundet pede terram.
Ut qui conducti plorant in funere, dicunt
Et faciunt propè plura dolentibus ex animo: sic
Derisor vero plus laudatore movetur.
49
Qoanto exercido e esforços desde a iofâticia
Fez qaem aspira ao premio na carreira!
O calor sapportoa» o firio; sóbrio
De Amor e Baccho rejeitou prazeres.
O tocador de flaota, que ihib festas
D'ApolIo Pythio solta os seus accentos,
Foi autes por um mestre castigado*
Mas os poetas, basta que oos digam :
Faço ver$as subUtne$ : ai daquelle
Que atroz fica dos (nUro$t e lhe toca
O degráo derradeiro nesta escala!
O pqo o vexa^ se úllimo se julga;
E mo quer 9 com effeitOf convir nunca
Que ignorOf e nõo aprende o que não sábet
Como quem apregoa, e vender busca
Ricas mercadorias, um poeta
De grandes capitães, quintas, palácios,
Acossa os lisoogeiros que o rodéam,
Ávidos de ganhar, e na esperança
De converter em ouro vSos applausos.
Se alem disso o poeta dá banquetes.
Se dá fiança ao gabador rafado;
Se co' a bolsa o tirou de grande aperto;
Ent&o dífficil 6 que acerte nunca
Qual é o adulador, qual é o amigo.
Se quizerdes brindar alguém, sentido!
Nlo deveis ler-lhe entáo os vossos versos:
Se acaso alvoroçado os dons espera,
Absorto exclamará: Que obra divina!
Extático, e de gosto enternecido,
Hade chorar e rir, batter as palmas.
Estes sBo como aquellas a quem pagam
Para chorar nos funeraes pomposos,
E cl|oram mais que o verdadeiro affliclo.
Tomo V. ■*
50
Reges 4íeuDlur multís Drgere coldlist
Et torquere mero, quem pertpexisse labonnti
An sit amicitifl digntt. Si carmiiia omides^
Nunquam te fallant &nimt sob tulpe latentes.
Qoíntilio si qoid recitares» Corrrge» sodes, (23)
Hoc, aiebat, et boc ! Meliíis te posse negares,
Bis, terque expertom frustra ; delere jubebat,
m
Et malè tomates incodi reddere versus.
Si defendere delictum, quám yertere, maltes:
Nullum ultrà Terbum, aut operam sumebat inanem,
Quin sine riyalí teque et tua solus amares.
Vir bónus et prudens versus reprehendet inertes;
Gulpabit duros: ineomptis allinet atmm
Transverso calamo signnm: ambitiosà reoidet
Ornamento; parum claris kicem dare eoget;
Arguet ambigoè díeium; mutandá aolabít;
Fiet Aristarchns; nec dicets Gur ego Bihimim (S4)
51
Dizem que os reis provocam dos banquetes
Os convidados a esgotar os copos,
A fazer houra aos vinhos generosos;
Tentando assim a incauta lingua a ponto
De revelar do animo os arcanos,
E mostrar os que sSo fieis, ou falsos.
NSo vos deixeis li^ar, fazendo versos;
A malicia temei; que se disfarça
A raposa voraz, que a toca esconde:
Indagai no louvor o que é sincero.
Quando alguém a Quintilio consultava.
Nas obras apontando, lhes dizia:
lOOf crede-mef exige que $e emende;
Não 4 correeío aqui: mas se a resposta
Contras oppunha, e claro demonstrava
Que era impossível melhorar o objecto;
Que três vezes, e mais, inutilmente
Se trabalhara;... instava que riscassem;
Que de novo os méos versos aleijados
Na bigorna com forca os martellassem.
Recusavam 7... Ent&o emmudecia,
A seu maligno fado os entregava.
Era inútil tomar maior trabalho:
Namorados de si, achava acerto
Que sem rival, a si se idolatrassem.
O homem bono, o sábio reprebende .
Os versos frouxos, e reprova os duros ;
Corrige aquelles nimiamente ornados;
Quer mais clareza no sentido escuro,
E firme expulsa equivocas palavras^
Implacável serei, novo Aristarcho:
Nao hei de ir, por poupar os meus amigos»
Tono V. 4 •
52
OÍTendam ia migís? Hsd ougãs seria ducenl
Iq mala derisum semel, exceptumque sioistrè*
Ut mala quem scabies, aut morbas regius urget,
Aut fanaticus error, et iracunda Diana;
Yesanum tetigisse tíment, fugiuntque po6tam,
Qtti sapiunt; agitant pueri» incautique sequuntur.
HiCf dum sublimes versus ructatur, et errat,
»
Siy veluti merulis intentas decidit auceps
In puteuro» foveamve; licet, Succurrite, longúm
Clamety lo eives: non sit, qui tonere curet.
Si quis coret opem ferre, et demittere funem :
Qut seis, an prudens hftc se dejecerit, atque,
Servari nolit? dicam, Sicalíque poét»^
Narrabo interitum. Deus immortalis haberí
Dum cupit Empédocles; ardentem flrigidus iEtnam (26)
Insiluit Sit jus, liceatque perire poetis^
Invitum qui serva t, idem facit ocddeDti,
53
Perdoar bagatdlas, eotendeodo
Que por Uo pouco é lastima afiligi-los:
Taes bagateilas muito prejudicam;
Se ao publico se expõem» provocam riso.
Como quem foge a peste, e que se aparta
De um homem já tocado do contagio;
Como quem teme as fúrias que perseguem
Aquelle que os remorsos desatinam ;
Qual se desvia de um que perde o senso,
E que incurso na cólera de Hecáte
Haniaco labuta entre phafitasmas:
Taes se retiram racionaes humanos
De quem toma a peizBo de fazer versos:
Os rapazes, porém, na rua o seguem,
E delle zombam sem maior cautela,
Em quanto furioso insulta as Musas,
Seus hymnos magestosos recitando.
Mas se sem tino cae n'uma cisterna.
Ou se despenha d'uma ribanceira.
Qual caçador que espera apanhar melros.
Por mais que exclame: Cidadãos^ soecwrol..
Deixai»o lá ficar; pois se quízessem
Uma corda lançar-Ihe por piedade.
Eu dissera: Quem sabe se elle mesmo
Quer que o tirem de lá? e se esse salto
Nâo foi deliberado e heróico empenho!
Citarei a aventura de um poeta.
Que na Sicilia deo tSo grande brado:
Para ser invocado como os Deoses,
Empédocles saltou nas chammas do Etna.
O jus não disputemos a um poeta
De morrer, sem dizer adeos á gente.
Se quiz morrer, salvá-lo é dar-lhe morte:
54
Nec semel boc fecit: oec, si retractus erit, jam
Fíet bomoy et ponet famos» mortís amorem.
Nec satia apparel cur versos factiíet : utràm
Hinxerít íd pátrios cineres, an triste bídeotal
Moverit incestos; eertè furit; ac velut uraus.
Objectos caves valuit si frangere dathros»
Indoctum, doctaiiM{ue fagat recitatmr acerbos.
Qoem vero arripoit» teoet» occiditqoe legendo»
NoD missura cotem nisí plena crooris birodo.
55
Escorregou mil vezes, nSo é esta
A primeira; se o tiram deste passo
Nem por isso a joania ha de passar-lhe,
A paixão d'alcaDçar morte Tamosa.
E quem sabe este mal donde lhe oasce?
Se proraoou de um pae as fírias ciozast
Ou se pisou lugares consagrados
Pek» raios que vibra a mio de Jove !
Sabemos só que é louco, isso nos baste.
Ao vè-k), cuidareis que um urso vedes
Que da jaula quebrou as férreas barras:
Tal é quando implacável nos repete
Os versos com que espanca o sábio, o néscio:
Infeliz o que apanhai Não o larga
Sem o esfalfar, relendo seus escríptos;
Sanguexuga cruel, que não despia
Sem se fartar do sangue de quem morde.
NOTAS
ARTE Pim DE HORAQO.
NOTAS
ARTE POÉTICA DE HORÁCIO. W
(i) Us PÍ80e9 a quoB se dnrige Horácio eram o GoÉM
Pifllo e 8608 filhos, qae figuraraD moito em Roma pelos
seus eargosy e tiveram grande yaltmento com Aagosto, e Tí<-
berío. Desoeodíam de Numa Pompílto, 2.^ Rei de Roma, o
qual teve por filho Calpo, trooco desta familia doa PisOes» qoe
le appellidavam Ccãfumioêf do nome do seu progenitor. Do
mesma familia era Galpumia, mulher de Jnlio César.
(2) Cum lucus et ara Dianoff — Estes exemplos são tirados
oartamente das obras ruins daquelle tempo, que Horácio aqui
censora de passagem. O bosque oa floresta a qne allnde era a
de Aricía, onde, segundo a tradição popular doa Romanos»
Diana haYia n'outro tempo escondido Hyppolilo, depoía de
resQScitado por Esculápio; e onde também Numa Pompilio ia
ter CQDfinrencias com a nympha Egéria. A repolação deste
kgDr tomava interessante a soa descripção; e por esse motiw
oi poetas nunca ^ieíxavam de enfeitar com eila algum episodio
dis soas obras.
(«) Kslu^Mtu nlo vem na ediçiD de Irfmdits, jA oitada ; fonm addtcioMdaf
féo editor da piesente» a ira de eaclareoer algiuw lugiBet oUctiroa do poeau
que u precede ; e o mesmo se deverá entender dai que ae «eguem ao Emajo
sobre a Critica por Alexandre Pope.
60
(3) Aut flumen Rkenum^ aul pluvius dacribiíur arcus. —
As margens do Rheno tinham frequentemente sido theatro das
victorias de JuIio César, e de Augusto; e assim é fácil de co-
nhecer o motivo por que os auctores inseriam em qualquer parte
a descripç&o delias.
O arco-íris é um dos mais bellos phenomenos da natureza^
razão por que os poetas folgavam de se espraiar acerca desta
pomposa maravilha.
(4) Surniíe materiam vesíris^ qui scríbitiSf CB^uatn» etc. —
AijueUe > artista que nlo sabia fazer seoSo unhas e cabellos^
deveria por Yentura emprehender uma estatua? Eis a reflexio
que naturalmente occorre neste lugar. Horácio applica este
exemplo aos auctores, e convida-os a consultar primeiro as pro**
prias forcas na escolha dos assumptos que se propozerem; oqae
lhe depara . uma traosiçSo natural para as outras duas partes da
disciplina de que está fallando, isto é, a disposição e a docuçSo ;
porque tudo quanto disse até aqui refere-se á invenção.
(5) Ut silviB foliis pronos muiantur in asmoSf — Aqui se
oiferece aaturalmente uma reflexão sobre a sorte das lingoas^
sujeitas. A mudança como todas as cousas do mundo. Desenvol-
vendo este pensamento, aproveita-se Horácio desta occasiBo
para ; citar como Jeituras do bomem que deveriam ser immor-
taes^ se alguma cousa humana pudesse s6-Ío, as importantes
obras concluídas sob o reinado de Augusto; por exemplo, uns
novo porto construído; as lagoas Pontinas dessetadas e tomadas
férteis ; Soma preservada das inundações do Tíbre, eíc. Elogio
delicado, coberto com o véo de uma seria moralidade.
(6) Archiioeum próprio rabies armatit iambo. ^- Este enér-
gico verso exprime o caracter mordaz do poeta Archiloco. O
verso jambo 6 t9o susceptível de doçura como de rispidez; mas
61
é de crer qae sempre fosse áspero e Derveo no poeta satirico
inventor dejle. Dabi provém o chamar-se ianéa a medida de
que foi composto; do verbo grego que significa veròis inçessOf
mordeo.
(7) Sií Medea ferox^ invicíaque ; ^-^ Assim a representa
Gomeille, imitando a Séneca, o qual trattou do mesmo assum-
pto: quando» em um momento em que tudo parecia levantar-se
contra eila, a sua aya lhe pergunta:
En cet affreux reter Sj que vaus reste-í^ilf
Moi^ diz ella,
Moif dis-je^ et cest assez.
Também Euripides em uma tragedia pintou o caracter feroz
desta princeza.
Flebilis Ino; — Esta filba de Cadmo e Hermione mal pcH
dia deixar de ser queixosa e gemebunda no meio dos desastres
de toda a sua familia^ abandonada ás cruéis vinganças de Jimo«
(8) Perfidtu Ixion; Io vaga; frístis Oresles. — Ixion fez
morrer sen sogro por uma traição, que o poeta Eschylo descrê*
veo n'uma tragedia, e Euripedes em outra, como se colhe de
Plutarcho. A errante vida de Io representou o mesmo Eschylo ;
mas nenhuma destas tragedias chegou até nós, porque nenhuma
delias escapou do naufrágio que nos séculos bárbaros padeceram
as lettras. OresíeSf filho de Agamemnon e de Ciytemnestra,
atormentado de ii^morsos de haver morto sua m&e, sem o saber,
apdou por muito tempo vexado pelas Fúrias, e entregue à mais
negra tristezai atè que expiou seu crime. Este assumpto acha->
se maravilhosamente tratlado por Euripedes, em uma tragedia
que ainda existe.
(9) Patulum orbem — Esta expressão refere*se a algum
usoy ou a algum jogo dos Antigos que nos é desconhecido.
63
( 1 0) Vos phudtte^ dicai : — Todas as Comedias de Terêncio
e de Plauto acabam por esta phrase, ou por oatra equivalentei
que pronunciaya o ultimo actor ou todos juntos.
(11) Mfãta recedeníeSf adimwU. — J. J. Rousseau disse : Ha
nesta vida uma balissi alem da qual se retrograda progredindo.
(18) Actoriê portei chorus^ etc. — O coro era uma parte
essencial do drama entre os Antigos, servindo para ajudar e
dirigir o espectador no sen juixo. O que se chama Coro nas
nossas operas nenhuma relação tem com os Coros dos Antigos,
pelo menos com o seu objecto essencial.
(13) Ex noío fietum carmen sequar: etc. — Este verso e
06 ires seguintes acham-se um pouco mais acima nas edições
ordinárias; mas collocados como aqui se encontram, atam me*
Ifaor o fio das idéas, e desvanecem toda a confusão.
(14) Ncn quivis mdet immoduUua poitnaía judex: — Os
formenorea em que Horácio aqui entra relativamente á versi-
&açdo talvex pareçam minuciosos a algumas pessoas, cora o
fundamento de que ninguém faz caso dessas insigniGcantes falhas
de harmonia nos versos: entretanto elle exige a este respeito m
maior exactidSo; nem ainda consente que o aoctor descance m
ignorância, ou mesmo na indulgência dos seus leitores* Esta
summa attençSo é que dá tanta vantagem aos Gregos» aponta-*
dos aqui para modelos:
Vos exemplaria GrcBCúf etc.
(15) Sunt delicta tamenf quibus ignovisse «oItm«^. «-^ Por
muito rígido que se mostre Horácio a respeito da versificaçio,
nem por isso é illimitada a sua severidade: desculpa certas
faltasi com taolo que sejam filhas de inadvortenciai e em pe<*
63
qiieiio numero. Assíbi como nlo pudera seriamoote admirar
Oierife por alguns yersos bons que lhe escapavam por acaaot
também se guarda de menosprezar Homero por algumas oe^^
geucias que encontre nas suas obras: quer porém que o maior
nuiMro seja o das bellesas.
(16) Fk aumiluê iUe, etc. -- Cherilo foi aquefle máo
poeta que Alexandre-Magno liberalmente recompensou por vnê
Tersos que tinha feito em seu louvor.
(17) In MhU decsfkto juãieiê aunh — Medo Tarpa, h»^
mem de apurado gosto» de quem Hora<áo também ftlla na Sa«
thra 10/ do 1.** livro, era um dos cinco Juizes estabelecidos
por Augusto para ezaminarem as obras de litteratuni antes de
scRm depositadas na Bíbfiotfaeca do Monte
(18) Demoeriíuê — philosopho de Abdera» nlo cesso« de
faser escameo dos homens, e das suas loucuras; mas também
foi «Ue o primeiro qite maginou que o mundo m formara de
átomos dispersos no vacoe» os quaes tinham chegado a adherír*
se e wiir^^w de diversos modos. Á tista de uma tal descoberta^
parece que nto era elle a quem competia trattor os poetas de
(19) 5i tribus Antyciris, etc — O geographo Strabo nSo
falia leiAo de duas ilhas deste nome: aprouve a Horácio erear
aona terceira, a favor daquelles poetas a quem duas íAo ba»»
(20) GMurím Mitortim, etc — O rei Serví^ TuUio^ na
tfirtribíriçiD dos cidadãos per Centutiaê, liavta Mtendido oio
ataeote és fortanasi mas também é idade; de sorte que os
iMís moços formavam a metade das Centúrias, e os anciãos a
64
oulra metade. ChamavaÉD^e aaci&as os ^e tinhavi alcançido
a idade de 46 anoMi eque por isso estavam isentos do serviço
militar.
(21) Rhamnes — Esta palavra destgfia aquellas Ceotorías
dos mancebos que entre as mais comprehendiam a joven no-
breza de Roma: era o nome que Rómulo dera aos cem cavai-
leiros que compunham a sua guarda.
(22) Qui Pylkia cantatf etc. — Todos os babeis tocadores
de flauta concorriam aos jogos de Apollo Pythiot' a 6m da os-
tentarem nelles a saa habilidade*
(23) QukuUió si quid rmlart$, etc. — Este era Qulntítia
Varo, natural de Cremona» que reunia a um grande ingenho
poético um gosto fino e delicado, que o Tazia considerar como
o Juiz e oráculo do seu tempo.
(24) Fiei Áristarckus: — Estas duas palavras de Hòraeio
formam um completo elogio de Aristarcho, um dos mais cele^
htes Críticos da antiguidade, que tinha revisto as obras dos
Poetas Gregos, o com especialidade as de Homero, expurgan*
do-as de todos os erros que a negligencia dos copistas havia
introduzido nellas.
« »
(25) Dum cvpit Empédocles; — Este Poeta philosopho, de
quem Aristóteles Taz honrosa meittoria em muitos lugares, era
natural de Agrigento na Sicilia, e tinha escripto um poema
ôcerca da Natureza. Horácio seguio a historia de que elle se
bnçara ims profundezas do Etna para assim dar a entenda, que
fdra arrebatado ao Geo, não havendo quem tivesse preseociado
a sua morte; mas sem embargo disso, ha lugar para acrediUr-
se que morreo procurando observar de perto uma erapeio da^
65
quclle moDte, assim como Plinio o Maior» aproximando-se de-
masiadamente do Vesúvio. Estes grandes homens não procura-
vam a morte, mas expunham a yida para fazerem descobri-
mentos úteis. Â malicia porém dos homens tem sabido em todos
08 tempos lançar o ridiculo até sobre as acções mais louváveis
e mais generosas.
ADVERTÊNCIA.
A pag. 49 os seguinles tersos:
Mas os poetas^ basta que nos digam :
Faço versos sublimes: ai daquélle
Que alraz fica dos outros^ e lhe loca
O degráo derradeiro fiesta escala!
O pejo o vexat se último se julga ;
E não quer^ com effeiio^ corwir nunca
Que ignora^ e nao aprende o que não sabe
aeftaiR-se na edição de Londres por esta forma :
Mas os poetas, basta que nos digam :
Faço versos sublimes. Ây daquelle
Que atraz fica dos outros, e lhe toca
O degráo derradeiro nesta escala.
O pejo o vexa, se ultimo se julga ;
E nSo quer com effeito convir nunca
Que ignora, e n&o aprende o que nSo sabe.
Tomo V. 5
66
Mas aquelia primeira licSo é mais conforme ao texto de
Horácio, ou pelo menos á interpretaçio que lhe deram os seu»
Traductorefi, oomeadameute Cândido Lusitano» e o Sr. Doutor
António José de Lima Leitão* que também publicou em 1827
uma sua traducçlo desta Poética, impressa em Lisboa na OT-
ficina de Manoel José da Cruz.
ENSAYO SOBRE A CRITICA ,
IK>R
ALEXANDRE POPE
Este Poema compde^ie de um §6 lifro^ mas Uividido em três |virtes : a 1.*
eoDtto as regras para o Estado da Arte da Crítica ; a £.* expSe as Causas do
Jniso errado ; e a 3.* tnitta da Moral do CrHIco, que eonsiste na caadmra, mo-
déstia, e boa educaçílo.
Tovo V. . 5 •
ãM lUAT MT lEIXIlIt
BY
ALEXANDER POPR
I.
L
hard to say, if greater want of skill
Appear ia wtHíng or in judging íll ;
But, of the twoy less dang'rou9 is th' ofience
To tire our patience, than mislead oar sense:
Some few in that, but numbers err in tbis,
Ten censure wrong for one who "writes amiss;
A fool might once bimself alone expose,
No^vv one in verse make» roany more in prose.
'Tis wíth our judgments as our watches» none
Go just alikey yet each believes bis owo. .
In Poets as true genius is but rare»
True taste as seldom is tbe Criticas sbare;
Botb raust alike from Hea?'n derive their bght,
These born to judge, as well as those to ^ritc.
Let sucb teacb otbers wbo tbemselves excel,
And censure freely vfho bave written well.
Authors are partial to tbeir wit, 'tis troe,
But are not Critics to their judgment too?
nnATt sMu A omiA
POK
ALEXANDRE POPE.
I.
\x.
lAO sei dizer qual mostra menos arte,
Se quem escreve mal, se quem mal julga ;
Entre ambos, menos risco ha, menos damna
O que me canga que esse que me engana :
Dos primeiros ha poucos, muitos destes;
Por um que escreve mal, dez mal censuram :
Um néscio a si somente expOe, rimando;
Mas este em verso, vale dez em prosa.
Gomo os relógios sSio nossos juizos;
Nenhum vai certo, e todos crém no próprio.
No Vate iogenho gennino é raro;
£ mais raro entre os Críticos o gosto: (1)
Uns e outros do Geo precisam luzes;
Criticos nascem, bem coroo os Poetas.
Os excellentes só, outros ensinem ;
E só quero bem compõe, livre censure.
Âuctores parciaes do próprio génio
Pôde haver, é verdade; mas é menos.
Parcial do que opina, quero critica?
70
Yet if we look more closely, we shall íind
Mo6t have tbe seeds of judgmeDt íd their mind:
Nature affords at least a glínim'rÍDg light;
Ilie línest tbo' toiich'd but faintly» are drawo rigbt;
But as the slightest sketch, if justly trac'd»
b by ilI->colouring but the more disgrac^d»
So by false learning is good seose defac'd:
Some are bewilder'd m the mtfse of sebeolst
And some made coxcombs Nature meant but foois,
Id search of wit tbese lose their comroon sense»
Aod then tum Critics in their own defeoce;
Each buros alike, who can, or cannot write,
Or with a rivars, or an euDuch's spite.
AU fools have still ao itching to deride,
And faio ynotíià be upoD the láogfatng side.
If Maevius scribble is Apollo's spite*
Tbere are >vho judge sliU ^orse thau he can writc.
Some have at firat for Wits» then Poeta, past,
Turn'd Crities next, and prov'd plain fools at lait^,
Some neitber cau for Wits nor Gritits pass.
As heavy mules are neitber horse nor ass.
Tbose balf-learn^d witlingSy iium'rottl ki ouc isld.
As balf4orm'd inseeto on tbe badca of Nile;
Unfinish'd things, one knows no( ivhat to catfi
Their getieration'» so et^uivocal;
71
Se de perto observarmos, acharemos
Que da Critica o germe D'alma existe:
Certo clarão dispeode a natureza ;
Linhas ligeiras traça, mas direitas;
Esboço teoue, porém bem traçado,
Que se esperdíça mal illuminado*
Falso saber boro senso desfigura : (2)
No labyrintho das escholas quantos
Desvairando se perdem ! quantos outros,
Que a natureza fez tolos somente,
Presumindo de si, mais asnos ficam !
Em busca de juízo a razfto perdem,
E por desculpa, em Críticos se tornam :
Igual fogo os agita, os incendes,
Ou possam, ou nto possam, sempre escrevem,
Co' a raiva de um ríval, ou c'o ciome
De um custodio das bellas do serralho.
Teem comichão d'escarnecer os tolos,
De estar da parte de quem ri, ou ladra.
Se Mevio escreve contra o jus d^Apollo,
Ha quem julgue peor do que elle escreve.
Alguns, antes de serem vates, foram
Por homens de juízo reputados;
Deram-*se á Critica, e asnos ser provaram.
Como as mulas, nem asnos nem cavallos.
Outros nem sfio sensatos, nem censores.
Esses pedantes, semi-sabios, praga
Que em cardumes abafa nossas ilhas,
Quaes nas margens do Nilo esses insectos
Que encontramos informes, incompletos,
De equivoca estructura; ninguém sabe
Que nome dar a tantas meias cousas:
72
To tell 'em would a huodred tongoes require^
Or oDe vaÍD wil% Ibat might a hundred tire.
Bui you who seek to give and merit fame.
And justly bear a Critic's noble name,
Be sure yourself and your o^n reacb to know,
How far your geDÍus» taste, and learning go;
LauDch not beyond your deptb, but be discreet»
And mark that point where sense and dullness meet.
Nature to ali tbings fix*d the limits fit,
And wisely curb'd proud inan'8 pretending wit.
As on the land while here the ocean gains,
In other parts it leaves wide sandy plaias;
Thus in the soul while memory prevails,
The solid pow'r of understanding fails;
Where beams of warm imagination play»
The memory 's soft 6gures roelt away.
One science ouly yfiW one gcnius Gt;
So vast is art, so narrow human wit:
Not only bounded to peculiar arts,
But oft' in tbose confin'd to single parts.
Like Kings we lose the conquests gain'd before»
By vain ambition still to make tbem more:
Each might bis sev'ral province well command,
Would ali but stoop to what thcy uoderstand.
First foUow Nature, and your judgment frame
By her just standard, which is still the same:
Unerring Nature, still divinely brigbt,
One clear, unchang'd, and universal hght.
73
Nomeá-las, requer umas cem liuguas;
Mas a de um tolo ha de estafar cem homens.
Ó Yós, que buscais dar» merecer fama.
Alcançar de Censor o nobre nome,
Avistai os limites até onde (3)
O génio, o gosto, o saber vosso chega:
N&o vos lanceis alem, sede prudentes;
Fixai bem esse ponto em que se encontram
Senso e tolice, transgredindo a meto.
As cousas teem limites próprios, todas,
Com os quaes sabiamente a Natureza
Quebra a esperteza vã do presumido.
Bem como em terras onde o mar, ganhando,
Deixa areaes estéreis, n'outras charcos;
N'alma aonde a memoria predomina,
O poder do intellecto desfallece;
Se a phantasia cálida vaguéa,
Da memoria as espécies brandas fogem.
Uma sciencia pede um génio inteiro : (4)
Tão vasto é arte, e curto a mente humana ;
Limitoda nSo só a certas artos,
Uas nessas mesmas só capaz de partes.
Perdemos como os Reis, essas conquistas
Que fizeram vaidosos, só guiados
Pela stulla ambição de fazer muitas:
Manda bem cada qual sua província,
Se se accommoda áquillo só que entende.
Pelos marcos que poz a Natureza
Formai vosso juizo, segui esta :
É sempre a mesma, certo, invariável;
Com luz universal em tudo brilha;
74
Life» force, and beaaty, muit to ali impart»
At ODce tbe aource, and eod» and test, of Art.
Art from that fand each just supply provídes;
Works wíthout show, and witboot porop presides:
In some fair body thos th' ioforniiiig soul
With spirits feeds, atid vigor ãlls the whde,
Each motion guides, and ev'ry nerve sustaiiM ;
Itself unseen, but íq th' effocts retnahss*
Some, to whom Heav'n in wit has been profuse,
Want as moch more to tom it to its use;
For wit and judgment often aro at strife,
Tho' meant each otber's aid, like man and wife.
Tis more to guide, than spur the Bfase 's steed ;
Restrain his fury, than provoke his speed :
The winged courser, like a gen'roin horse,
Shews most true mettle when yoo dieck his course.
Those Rules of old dÍ8cover'd, not de? is'd,
Are Nature still, but Nature metbodis'd ;
Nature, like Liberty, is but restrain'd
By the same laws whicb first herseK ordam'd.
Hear how leam'd Greeee her «selai rale» inditeis,
When to repress and wbea indulge oiir fligbts:
High on Parnassus' top her sons she show*dy
And pointed out those arduous paths they trod ;
Held from afar,)ak)ft| th' immortal prite,
And urg'd the rest by equal steps to ríse.
Just precepts thus from great examples giv'n,
She drew from them what they deriv^d from HeaY'n.
75
Vida 9 força e beileza noi reparte»
Que 8Ío orígemi fim e prova d'Arte.
Esta» 8Ó deite fundo se alimenta ;
Preside is obras simples e singeila :
Assim n'ttffl corpo bello uma alma sabia
Nutre d'e8piríto e vigor o todo^
Sustenta o nervo» guta os movimentos;
Nto se vèt noe efeitos se percebe.
Alguns, a quem o Ceo deo muito ingenho»
Tanto mais devem consultá-^lo attentos;
O juizo e a raxBo is ve^es brigaos»
Intentando ajudM>4e; assim disputam
Um marido e mulher» se ambos governam.
Nlo quer esporas o cavalio alado»
A rédea basta ; e quando á Musa corre.
Contenha. a fúria» mas provoque a pressa:
Pégaso, qual ginete generoso.
Mais brio mostra, se o reprime o freio.
Nh) legou, descc^o a Antiguidade
Essas regras que eatte na Natureza;
São Natureza, o methodo a restringe;
Bem como se restringe a Liberdade
Co' as mesmas leis que a Liberdade tfria«
Observtii como a sabia Greeia indica (&)
As suas úteis regras; coroo e quando
Reprimir» animar se deve o vôo:
Do tope do Parnaso aos filhos mostra
As difficets veredas que trilharam ;
C os prémios immortaes do alto acena.
Força a subir esses degrios quem teme:
Tira preceitos só de exemplos grandes,
£ delles colhe o que elles do Cco colhem.
76
The genVous Gritic fano^d lhe Poet s fire.
And taoght the world with reason to admire.
TheD Griticism the Mu9e's handmaid prov^d»
To dress her charms» and make her more beloT'd:
But followiDg wita from tbat intentioo stray'd,
Who could not win the mistress woo'd the maid;
Against the Poeta tbeir own arms they turn^d,
Sure to hate most the men from ^hom they learn'd.
So iDodeni' Pothecaries, taught the art
By Doctors' bills to play the Doctor's part,
Bold in the pracUce of místaken ruies,
Prescribe^ apply, and call (heir masters fools.
Some on the leaves of aocient autbors prey»
Nor time nor molhs eer spoil'd so much as they:
Some dríly plain, without ÍDveDtioii's' aid,
Write duU recctpts how poems may be made;
These leave the sense, tbeir learning to display»
And those explain the meaning quite away.
You then wbose judgmeot the right com^ would steer»
Know well each Aucienfs proper cbaracter;
His fable» subject« soope in ev'ry page;
ReligioD» couDtryt genius of his age:
Without ali these at once before your eyes,
Cavil you may, but never criticise.
Be Homer*8 works your study and delight,
Read them by day, and meditaCe by night;
77
O generoso Crilico ao Poeta
Somente abana o fogo; ao mundo ensina
A louvar com razão o que é louvável.
Serve a Critica á Musa de criada.
Que a veste e adorna e faz par'cer mais bella :
Mas se desta intençSo alguém se aparta,
Se corteja a criada, e deixa a dama ;
Se as armas viram só contra os Poetas,
Aborrecendo assim quem os ensina,
Sao como os Boticários, que estudando
A sciencia que teem pelas receitas,
O papel de doutores representam ;
Atrevidos na praltica dos erros,
Receitam, matam, e diiem mal dos mestres.
Alguns tasqoinham, roem folhas antigas.
Nem o tempo, nem traça destroe tanto:
Privados d'invençao, na insulsa forma
De planos pecos, outros nos fabricam
Receitas tolas de compor poemas;
De fofa erudição fazendo alarde.
Põem de parte o sentido quando explicam,
Ou de tai mkdo explicam, que este foge.
Vós cujo entendiínento bem navega,
Julgai bem dos antigos o caracter;
Em cada folha discerni com gosto
A fabula, o assumpto, o fim proposto;
Religião, paiz, génio da idade:
Sem ter nisto, a um tempo, os olhos fitos.
Invectivar podeis, criticar nunca.
Vosso estudo e deleite as obras sejam
Do vate Homero, do Parnaso gloria ;
Lede-o de dia, á noite meditai-o;
78
Thence form your judgment, thence your maxiou bringt
ÂQd trace the Muses apward to theír spríng.
Stíll M^ith itself coiDpar'd fais text perase ;
Aod let your comment be lhe Mantnan Muse.
WbeD fint youDg Maro in hii booodiess mitid
A work foutlast ímmortal Rome dengn'd,
Perbaps be 8eem'd abo?e the Critíe'6 law,
Aod but from NatQre'« fouotan» scora^d to diaw:
But when t^examíoe ev'ry part be carne,
Naturc and Homer ^ere, be foood, tbe saine.
CoDvinc'dt amaz'd, be cbecka tbe bold desigo:
And rules as stríct bis labour'd work oonfine*
As if tbe Stagirite o'erlook'd eacb ime.
Learn bence from aocient mies a jost esteem ;
To copy Nature is to copy them.
Some beauties yet do precepts can declare.
For tbere's a bappiness as weli as care.
Music resembles Poetry; in eacb
Are nameless graecs wbicb no metbods teaeh,
And ^bicb a master-èand afeoe can reach.
If, wbere tbe rules not far enougb extend,
(Since rules were made but to promote tfaeír «od)
Some lucky licence Mswer to tbe fuil
79
Por elle modelai tosso jmto.
Tirai máximas delie que tos lerem
Até á origem da Gastalia fonte.
Lede, relede o texto; compani-<o (6)
Comsigo mesmo; e kgo depois seja
A Maotuana Musa seu commeuto.
Quando na mente immensa o moço Maro (7)
Primeiro desenhou obra tao rara.
Que havia durar mais que a immortal Roma,
Parecia taltez que despreiando
Da Critica os preceitos, só queria
As fontes esgotar da Natureza:
Mas depois, quando vio parte por parte
O que tinha composto, e a gentileaa,
Vio que era o mesmo Homero e Natoreea.
Convencido, o designio audac reprime ;
Estrictamente és regras se conforma,
E a trabalhosa empreia continua
Bem como se presente o Stagirita (8)
Attento presidisse a cada linha.
A justa estima das antigas regras
Daqui se aprendo ; Natureza imita
Só quem as segue, quem imita Homero.
Bellezas ha que as regras nSo declaram.
Que nascem de ventura e de cuidado.
Musica e Poesia se assemelham ;
Graças sem nome e sem lições teen ambas,
Que só attinge mio de mestre, ás vetes.
Se onde as regras nao chegam quanto basta, (9)
(Pois sao methodo só de encher assumptos)
Uma feliz licença corresponde
80
Th' intent propos'd, that liceuce is a rule.
Thus Pegasus, a nearer way to take,
May boldly deviate from the coromon track«
From vulgar bounds witb brave disorder part.
And snatch a grace beyond Ibe reach of art«
Whichy witbout passing through the judgment, gains
The heart, and ali its end at once attains.
In prospects thus some objecta please our eyesi
Whích out of Nature's common order rise,
The shapeless rock, or hangiog precipice.
Great Wits soroetimes may gloriously oiFend*
And ríse to faults true Crítics dare not mend.
But tho' the Ancíents thus their rules invadot
(As Kings dispense with laws theinseWes have made)
Modems, bcwarel or if you must ofieod
Against the precept, neer transgress its end;
Let it be seldom» and compeird by need;
And have, at least, their precedent to plead.
The Critic else proceeds without remorso;
Seizes your famot and puts bis laws in force.
I know there are, to whose presumptuous thoughts
Those freer beauties» ev'n io them, seem faults.
Some figures moostrous, and mis-shap'd appear»
Consider'd singly, or beheid too near ;
Which, but proportioa'd to their light or piacci
Due distance reconciles to form and grace.
A prudent chief not always must display
His pow'rs ÍD e^al ranks, and fair array»
But with th' occasion aod the place comply,
81
Ao inteotOi eotio é regra a licença.
Pégaso assim, para encurtar caminho»
Foge atrevido da trilhada senda.
Do limite Yulgar audaz se affasta,
E ganha graça alem do alcance d'arte;
A qual, sem respeitar censuras, vence
Os corações, e chega ao 6m de um salto»
Fora da ordem natural das cousas
Algumas ha de que o prospecto agrada ;
Informes rochas, precipícios, grutas.
Grandes génios tombem erram com gloria,
Fazem erros que a Critica respeita*
Has se os antigos ás leis próprias faltam,
(Como Reis que revogam leis que fazem)
Vós» modernos, sentido! Se é preciso
Peccar contra o preceito, seu fim sempre
Vos esteja presente, em transgredindo:
Sejam raras as vezes, e forçadas,
JustiBcadas por exemplos grandes.
De outra sorte, sem freio, e sem remorso,
Da vossa fama . a Critica se apossa,
Proaegue, e suas leis com força allega.
Bem sei que alguns, com presumida idéa.
Esses rasgos sublimes erros chamam;
Que as figuras ao perto, ou destacadas.
Monstros e informes cousas lhes parecem,
Ás quaes, no seu lugar e luz expostas,
A devida distancia concilia,
Co' a forma bella, graças e harmonia.
Nem sempre desenvolve um Chefe sábio (10)
Igualmente nos rangs poder e arreio;
Com seu tempo e lugar os proporciona ;
Tomo V. *
82
Conceal his force, noy seem sometimes to flf.
Tbose o(t'are stratagems wbich errors seem;
Nor is it Homer nods, but we that dream.
Still green with bays each ancíent Altar stands,
Above lhe reach of sacrílegious hands ;
Secure from Flames, froin Eovy^s fiercer rage,
Destructive War, and alMnvolvíng Age.
See from each clime tbe learn'd their incense briog!
Hear, in ali tonguea consenting Pceans ríng!
In praise so jost let efVy YOice be join'dv
And fill tbe general cborus of mankind.
Hail, Barda Irinmphantt bom in bappier days;
Immortal beirs of universal praise I
Whose honours wiih increase of ages grow.
As streams roll down, enlarging as tbey flow;
Natíons unbom your roígbty names sball sound,
And worids applaud tbat most not yet be fonndt '
O may some spark of your celestial fire,
Tbe last, lhe meanest of your sons inspire^
(That on weak wings, from fár, parsues yonr flights;
Glows while be reads, but trembles as be writes)
To teach vain Wits a science little koowo,
T'admire superior aense, «nd doubt their oym l
83
£oc(d>re a sua força; e mesmo ós vezes.
Por maia dísatmoiari fioge uma fuga.
Eatrátageraas bâ que crhM pareoem;
Nlo càbecéa Homero; nós aonhamod. (11)
De louros Terdes idda omadod vemos (12)
Os antigos altárea; nlo lhes chega
Nem sacrílega rnSo, nem Toras fogo;
Da cólera feroi da InTOJa isentos^
Da Gnerra e Tempo gastador seguros.
Vede 08 Sábios, que vem traxendo incensos
De cada clima : os Pieans approvadores
Attentos escutai nas linguas varias!
Resoe em cada voz tio justo applauso,
£ do género humano o coro so encha.
Salve, ó Bardos sublimes, triumphantes,
Que nascestes em dias mais ditosol!
Herdeiros immortaes do geral premio!
Cujas honras c'o tempo vão crescendo,
Coom engrossam torrentes que se augmentam
Á medidi que as terras vio lavando:
Vossos nomes potentes, bSo de ouvi**les
Nactes que bio de nascer; bio de applaudi^los
Mundos que indá nSo foram descobertos.
Desse fogo celeste uma faísca
Venha inflammar a debili triste Alcippe,
Qne adejando de longe quer segutr-vos;
Que arde quando vos lè, treme se escreve
Pará ensinar aos génios presumidos
A sciencia, que pouco se conhece,
De apreciar talentos superiores,
E com modéstia duvidar dos próprios.
Tomo V. ^ •
84
II.
Of ali the causes wbich conspire to Mind
Han's erríng jndgment» and misguide tbe mindr
What tbe weak bead wiib strongest bias rules^
Is Pride^ tbe never-failing vice of foois*
Wbateter Natore bas in vforth denj'd«
Sbe gives in large recruits of needfui Pride ^
For as in bodtes, tbas in soais, /we find
Wbat wants in blood and spiríts, sweiKd wHh wíad;
Príde, wbere Wit faib, steps in to oor defence.
And fills up ali tbe migbty void of sense.
If once rigbt reason drives tbat cloud awajt
Truth breaks upon us witb resistiess day.
Trust not yowself; but your defeets to knowr
Make use of evVy fríend-end ey'ry foe^
A Utlle leaming is a dang'rous tbing;
Drink deep, or taste not tbe Pierian spring:
Tbere sballow draugbts intoxicate tbe brain.
And drinking largely sobers us again.
Fir'd at first sight witb wbat tbe Muse impartSr
In fearless youtb we tempt tbe betgbts of Arts,
Wbile from tbe bounded levei of our miod,
Sbopt views we take, nor see tbe lengths bebind;
But more adTanc'd, bebold witb strange surprise,
New distant scenes of eodiess science rise !
So pleas'd. at first tbe tow n'ng AIps we try,
Hount o'er tbe vales, and seem to tread tbe sky,
Tb' eternal snows appear aiready past.
And tbe first ctouda and niountains seem tbe laat:
85
II.
Das causas todas que a cegar conspiram
A meote errante, e a desgarrar o senso,
A que domina mais cabeças fracas
Ê Suberba, dos tolos vicio certo.
Quanto em mento nega a Natureza
Supprem remendos de preciso orgulho;
E assim como nos corpos, n'alma achamos '
Que onde espirito e sangue falta ha vento:
Trepa a Suberba onde o juizo é nuiio,
E se defende enchendo os vãos que encontra.
Se a RazSo chega, e este vapor dissipa,
Sobre nós desce e rompe o dia claro
Da Verdade, com luz irresistível.
NSo nos Bemos de nós mesmos; quando (13)
Quizermos descobrir nossos defeitos
Consultemos amigos e inimigos.
Saber mesquinho é cousa perigosa ;
Saciai-vos na fonte das Caroenas,
Ou nKo proveis das suas aguas nunca :
O miôb embriagam curtos goles ;
Só bebendo a fartar a razão torna;
Sem medo a mocidade os altos d'Arte
Tenta logo (pe a Musa a favorece;
Quando, ao nivel de. um animo pequeno,
Nem v6 ao longe, nem o que atrnz fica :
Se se adianta mais, com pasmo admira
Novas scenas distantes, sem limite.
Que a sciencia levanta, e vai mostrando.
Assim primeiro, coromettendo alegres (14)
Os turrificos Alpes, nós cuidamos
Pisar o ceo; por ter vencido um valle
Que a neve eterna já findou ; e as nuvens.
Montes primeiros, ullimos julgamos :
86
Buty those atUiin*d, we tremble to survey
The growing labours of the leBgthM'd way ,
Th' increasing prospect tires oor wftiid nog eyes»
Hills peep o'er hills* and Alpa on Alpa arise !
A perfect Judge mW read each work of Wít
With the same spirít that its aatbor urril:
Survey the Whole, nor seek ilight fauUa to find
Where natiire moves, and rapture warais the niind;
Nor lose for that malignant duli delight,
The geD'rous pleasare to be cbann'd with \vit,
But in such lays as neither ebb oor flow^
Correctly cold, and regularly low,
That shunning faults» one quiet tenour keep;
We caoDot blame indeed -~ but we may sleep*
In Wit, as Nature, wbat affecta our bearta
b uot th' exactness of peculiar parts ;
'Tis not a lip, or eye» we beauty cali,
But the joiut force and fuli resuit of aU.
Thus when we view some weU'^proportion'd domet
(The world'8 just wonder» and ev'n tUne, O Ronia !)
No single parts une^ally surpríse,
AU comes united to th' admiriog eyies;
No monstrous height, or breadth, or ieiigth appear;
The Whole at once is bold, and regular.
Whoever tbinks a faujlless pieee to see.
87
■
Porém, cbegwdo lá» wislo nos gaoha;
CSresce o trabalho, eateode-se o caminho ;
Os vagabundos olbos nBo descançam
No crescido prospecto qae apresenta
Oateiro sobre outeiro, Alpe sobre Alpe!
Um perfeito Juís ha de ler sempre
Aquellas obras qae produz o ingenho
No espirito do mesmo auctor que escreve:
As faltas não lhe explora, [o todo observa ;
E, por esse maligno e vão deleite
Que os reparos inspira, nunca troca
O prazer generoso de enoantar-se
Co' as bellas producgOes do ingenho alheio.
Mas em versos sem fluxo nem refluxo,
Onrectamento frios, sempre baixos.
Que evitam erros, sem tropeio marcham,
Não ha que criticar — dormir podemos.
O que em juízo, como em natureza.
Mais toca os coraçOes, surpr'ende aa almas.
Não consiste na exactidão das partes :
Não chamamos belleza a um beifio, a um olho;
A forca junta, o pleno resultado
Das partes todas, constítue o bello.
Assim, quando um zimbório bem lançado, (16)
(Do mundo admiração, e tua, ó Romal)
Vemos com pasmo, parte alguma vemos;
O todo unido apanham nossos olhos:
A monstruosa altura, o comprimento
Nem a larga extensão, nos fere a vista ;
O todo regular e audaz nos pasma.
Quem sem defeitos uma peça espora
88
Thinks what De'er was, nor is, nor e'er shall bê,
Io ev'ry work regard the writer's End,
Since none can compasa more tban they intend;
And if the means be just, the conduct true,
Applaose, in apite of trivial faults, is dae.
As meo of breeding, sometimea men of wit»
T'avoid great errors, muat the les» commit:
Neglect the rulea each verbal Critic tays.
For Dot to know some trifles, ia a praise,
Most Críticso food of some subservient art»
Still make the Whole depend upon a Part:
They talk of principies, but notíons prize»
And ali to ooe lov'd Folly sacrifico.
Once 00 a time, La Mancha 's Knight, they aay,
A certain Bard eDCoaDt'rÍDg on the way,
Discours^d in terms as just, with kcks aa aage,
As e'er could Dennis, of the Grecian stage ;
Concluding ali were deapVate sota and foois,
Who durst depart from Aristotle's rules.
Our Author, happy in a judge so oice,
Produc'd bis Play, aod begg'd the Koighfs advices
Made him observe the sobject, aod the piot,
The manoers, passions, uoities; what not?
AH which, exact to mie, were brought about,
Were bat a oombat in the lista leil oat,
89
Quer imposBíveis; sem pensar pertende
O que nio ha, nem haverá, nem houve.
Olhai pois para o fim do auctor das obras;
O que nSo intentou, ninguém o exija :
Se os meios foram bons, se é s8o, correcto,
Mesmo apesar de triviaes defeitos,
£-lhe devido applauso, applauso alcance.
Homens d'ingenho, e os homens bem criados.
Para evitar ás vezes grandes erros.
Precisam commetter erros pequenos:
Desprezar regras que em palavras mordem.
Ignorar bagatellas, também vale.
Críticos ha que, escravos d 'alguma arte.
Fazem dependa o todo de uma parte:
Teem só noções, mas faliam de principios,
£ á mania que teem tudo submcttem.
Consta que um dia o Paladim da Mancha (16)
No caminho encontrou certo Poeta,
Com o qual discorreo com tanto acerto,
Disse em termos correctos taes sentenças
Sobre o Grego theatro, quaes nHo disse
Dennis jamais (conhecedor das artes) ;
Deo por néscios e loucos quem se atreve
A fugir dos preeeítos d' Aristóteles.
O nosso auctor, feliz com tal censura.
Com juiz tSo perito, ao cavalleiro
Uma comedia apresentou contente,
E pedio-lhe submisso o seu conselho:
Faz que o entrecho e que o assumpto observe,
As maoeiras, paixões, as unidades, (17)
Tudo, n'uma palavra; e mais, se houvera;
Mas faltava uma justa nesta peça.
90
«What! leave lhe con^at oul?^ exclaíms the Koight;
Yesi or we must renounce tbe Stagirite.
«Not so by Heav^nl» (be answers io a rage)
« KDÍghts, squiresy and steeds, must enter od the stage. »
So vast o throDg tbe stage eao na'er eontain.
« TheQ build a new, or act it io a plaio. »
Tbu9 Critics of less JQdgment tbao caprice»
Curious, not knowing» oot exact but nico, .
Form short Ideas; and offeiid io arU
(As most io mapoers) by a loye to parti.
Some to Conc$it alone tbeír taste cooSoet
And glitfríng thoughU struck out at ev'ry lioe;
Pleas'd witb a ipvork where nolhÍDg's juat or fit ;
Ooe glaring Chãos aod wild beap of wit,
PoetSy like painters, thus» unskíird to trace
The oaked nature and the liviog grace,
With gold and jewels cover ev'ry part»
And hide wiUi ornameDta their waot of ort*
True Wit is Nature to advantage dreas^d»
Wbat oft' was tbougbt, but ne'er so weil expves8'd ;
Somethingy vfbose truth convinc^d at sight we fiodf
Tbat gives us back tbe image of our mind.
As shades more sweetly recoramead the ligbt^
91
«rQoe escuto 1 (ttulaiM em Airía o oivalleiro)
tPorqoe sopprinie a justa Th-^—Súd, supprino»
Ou renuDcio ás leis do Stagiríla.
Enraivecido grita D. Quixote:
«Não dera ser assim; os Ceos attestol
«Qs cavalleiros, pagenst ureos, laoças
« Detém entrar na scena, sem faneoeia. a
— Porém nlo cabem lá-*- «Outra construa;
« Represente n'um campo, ou bem na rua« »
• ê
Assim julgam Censores que possuem
Menos bom senso que capricho e teima;
Curiosos e ignaros, pouco exactos»
Mas melindrosos» simples ãUeUtmieif
Formam curtas idéas» a arte offendera
Tanto am maneiras» que em paixio por pirtes*
Quantos ha que se esmeram nos eoneeitúil
Em cada verso marchetado estallam
Lustrosos pensamentos; apresentam
Nas obras cm que nada é próprio» é justo»
Um ehaos beilo» e de juiio aos montes.
Poetas» quaes Pintores pouco destros»
Que a Naturesa nua» as Graças vivas
NSo sabem debuxar correctamente»
Com douradura e jóias cobrem tudo^
Cos adornos escondem iaka d'artie.
Verdadeiro juizo é Natorea»
Com garbo e eom vantagem revestida \
O que todos pensaram» ninguém disse;
O quer que seja que convence logo,
E reproduz a imagem que cstõ n'alma.
Bem como a luz resalta mais co' a sombra»
92
So modest plaÍDoess sete off spríghtiy wít
For works may bate more wit thaii does 'em good»
As bodies perish thro' excess of blood.
Otbers for Language ali their care ex preás,
And value books, as women men, for dress:
Tbeir praise is siiU, — The Style is excellent ;
The Sense, they humbly take upon content.
Words are like leaves; and where tbey most abound,
Much fruit of sense beneath is rareiy found :
False eloquence, like the prismatíc glass,
Its gaudy coloors spreads on ev'ry place ;
The face of Nature we no more survey,
Ali glares alike, without distinciion gay:
But true Expression, like th' unchanging Sun,
Clears and improves vhate^er it shines upon,
It gilds ali objects» but it alters none.
Expression is the dress of thought, aad still
Appears more decent, as more suitable;
A viie conceit in pompons words express'd
Is like a cleiwn in regai porple dress^d:
For diCTrent styles \¥Ítb difiTrent subjects sort»
As 6ev'ral garbs with eonntry, town, and court.
Some by old words to bme have made pretenee,
Ancients in phrase, meer modems in their sense;
Such labour'd oothings, in so strange a stylc,
Amaze th' unleam'd, and make the learned smíle.
Unlncky, as Fungoso in the Piay*
These sparks ivith aukward vanity display
What the fine gentlemari wore yesterday;
And but so mimic ancient wits at best,
93
Co' a singella modéstia brilha o iogenho*
Excesso de juizo as obras perde,
Como excesso de sangue. 00 corpos mata.
Outros na língua põem todo o cuidado;
Estimam livros como estimam damas
Pelo traje somente; esquecem a alma.
Gabara assim: 0,e$fylo é muilo Mio!
Teeoi ditto: e nada cuidam 00 sentido;
Seja qual for, com elle se contentam.
Slo como as folhas as palavras; muitas,
Dos fructoa da razSo indicam poucos:
É como o prisma uma eloquência falsa.
Que as suas cores sobre tudo espalha;
Da Natureza a face entSo ufio vemos,
Tudo brilha, é matiz confuso e alegre :
Mas a justo expressio, qual Sol constante,
Melhora, aclara aquillo qúe aliumia.
Doura os objectos sem q^e altere a essência,
E das idéas traje a expreisSo bella;
Mas um conceito vil ditto cora pompa
É um petoo de purpura vestido:
Pois o estylo varia em cada assumpto.
Traje ha de corte, campo, e de cidade^
Com termos velhos muitos querem fama.
Em phrase aoligosg moços em bom senso:
TSo trabalhoso nada, estranho estylo
Pasma ignorantes, mas faz r<r os sobios:
Infeliz, qual Peralta na comedia, (18)
Que desastrado e presumido intentit
Imitar os casquilhos bem fallantes:
Arremedar antigos neste tempo,
Fallar como faltavam, vale o mesmo
94
As apes our grandsires^ íd their doublets drest.
In words, as fashions, tbe same ruie mil hold;
Alíke faotasliCt if too new, cr old :
Be DOt the first by lívbom lhe new are tr]r'd
Nor yet the last to lay tlie old aside.
Bui most by Nombers judge a Poet's soog;
And smoolh or roagh, vrith ihenit is right or wroog:
In lhe bright Hiise, lho' thoosand charros conspire,
Her Yoice is ali tbese tunerul fools admire;
Who haunt Parnassus biit to please their ear,
Not mend their miiMls; as some to church repair»
Not for the doctrine^ but the music therr.
These equal syllables alone require»
Tho' oft the ear the open vowels tire ;
While expletives their feeble aid do join ;
And ten low words oft creep in one dull líne :
While they ring roand the same unfary'd cbimes,
With sure retums of still expected rhymes ;
Where-e'er you find a lhe cooling weslern breezêi »
In the next líoe, it icivbispers through the treesiD
tr crystal streans u with pleasiog mormuts creep» »
The reader's tbreaten'd (not in vain) with «sleep!»
Then* at the last and only conplet fraiight
With some nnmeaning thing they call a tbougfaft»
A neediess Alexandrine ends the song^
That, like a wounded snake^ drags its akm length along.
Leave such to tone their own ddl) rhymes, and know
Whafs rouodly smoolh» or languíshingly alow;
And praise lhe easy vigour of a Hnei
95
Que tomar por modelo as vestias d*abas
Com qoe dogsob Avós faziam ateia.
Em tttmoa, como em moda» a regra é certa;
PhaDtastica igualmeote ; ae aSo uovoa,
Guardai«-?08 de usar cedo ; e ae afio velhos,
Ultimo dSo sejais para exclui-^los.
A cadoDcia do verso é quanto basta
Para muitos julgarem de um Poeta;
Suave 00 rudoí é máo ou bom com ella :
A Musa pôde ter mil attractivos,
O melomaue, a voa ó que lhe admiram.
Quem pelo ouvido o Piado só Trequeáta,
Não aproveita ; é como esses devotos
Que as igrejas frequentam, por gostarem
Da musica inda mais qoe da doutrine.
Nio querem mais que syllabos medidas,
Bem que abertas vogaes cancem o ouvido,
Quando explectivas n'am máo verso ajudam
A trepar nelle dea palavras baixas:
Em quanto o carrilhão sabido tocam,
Vem sem falleocia a rhima conhecida;
Onde acharmos que o Zepbjro suêpirUf
No que segue, entre as folhas se relira:
Se vai sereno o rio que aftâidono,
Arrisco o meu leitor a ganhar iomno.
Mas em 6m, uma estrophe é necessária:
Sopprem com certo insulso ditto a idéa.
Que um escusado Alexandrino acaba,
E qual ferida cobra alli se estira.
Deixá-los entoar insulsas rhymas,
£ saibamos o que é suave ou frouxo;
O vigor fácil de um bom verso amemos,
96
Where Deuháai'$ slrength, aod WaIIer's sweetoess join.
True ease íd writing comes froni art» not chance,
As those move easiest ivbo have leani'd to dance«
'Tis Dot eoough no harshness gives offence,
The sotind must seem an Echo to lhe sense:
Soft is the straio ivhen Zephy r gentlj blows»
And the smooth stream in smoother uumbers flows;
But lívhen ioud surges lash the sounding shore,
The hoarse, rough verse should like the torrent roar:
When Ajax strives some rock*s vast weight to throw,
The line too labours, and the words move slow:
Not 60, when swifl Camiila scours the plain,
Flies o'er th* unhending coro, and skims along the maio.
Hear how Timotheus' vary'd lays surpríse.
And hid alternate passions fali and risel
While at each change, the son of Libyan Jove
Now burns with glory, and then melts with love;
Now his fierce eyes with sparkling fury glow,
Now sighs steal out, and tears begin to flow:
Persians and Greeks like turns of natore found,
And the world's victor stood sobdu'd by soundi
The pow'r of Music ali oar hearts allow.
And what Timotheus was, is Drydeo now.
Avoid extremes ; and shun the fault of such,
Who still are pleas'd too little or too much.
97
Que á doçura de Waller junta a força
Com que Denham faz resoar a lyra.
Vem darte o escrever bem» nfio vem do acaso;
Quem aprende a dançar* melhor se move.
NSo basta ao verso ser brando, innocente ;
O som deve ser echo do sentido:
£ doce o verso eún que o Favonío sopra*
Plácido corre o numero cadente
Que o murmúrio imita da corrente;
Mas quando a vaga altiva a praia batCi
AflToito, impetuoso se encapelle;
Como a torrente rouca» o verso atroe:
Se com pesadas rochas Ajax tenta
Com violência atirar, forceje o verso»
Os termos com trabalho vão nascendo:
Ndo assim» se as espigas se nio vergam.
Se as espumas do mar se nSo desfazem
Quando Camiila rápida passéa.
A Timotheo escutai nos sons variados, (19)
Como accende as paixões» como as acalma!
Cada modulação cria um prodigio:
Do Libyo Jove o filho n'alma sente
Ora um ardor de gloria que o devora.
Ora de amor um fogo que o derrete;
Saem de seus olhos dardos furiosos.
Rompem seu peito os ais, seu pranto corre:
Gregos e Persas concilia o canto»
Ao vencedor do mundo o som subjuga !
Da Musica ao poder ob'decem todos;
E o que Timotheo foi, Drjden imita,
Fdra Bocage, que ultrajou Fortuna.
Extremos evitai» e as faltas desses
A quem as cousas muito ou nada agradam.
Tomo V. 7
98
At evVy triOe scorn to take i^ffence,
That always shews great príde^ br little sense:
Those headst as stomachs, «ré not surc lhe best*
Which nauseate ali, atid notbing can dígest.
Yet let not each gay faro thy repture tnove;
For fools admire» but men of sense approVe:
As thiogs seem large wbich we through mists descry,
Dulness is ever apt to fnagnífy.
Some foreigD writers/ soitie our owú despísé;
The Ancients only, or the Moderns pritó.
Thus Wit, Hke Faith, by t^ach tnad is ápply'd
To one small sect, and ali are dalbird beside.
Meanly they seek the blessing tb «dònfine»
And force that Sun but on a part to shíne,
Which not alone the soâthern vftt sublimes»
But ripens spirits in cold northefn ciimes;
Which from the first has sfadoé OA ages pásti
Enlights lhe present, and shall warm the tastt
Tho' each roay feel íncr^aaea Má decays»
And see now clearer and nbW darker days^
Regard not then if Wit be old br tiew,
But blame the false» aifd value stiH the true.
Some ne er advance a Judgment of tfaeif owti^
But catch the spreading notion of the To^vn (
They reason and condude by precedente
And oviíi stalé notísense whieh they nQ'er inténtv
Some judge of aiithors names» iot ivorks» and then
Nor praise nor Mame the Vvrittngl^i but the Ifreb.
99
Picar-se com qual^er ligeiro escaraeo
Mostra muita suberba, « pouco senso:
Cabeçast como estomagosi nBo pi^stam
Se Dfio digerem nada, se oa enjoa
Quanto comem, por bom ou máo que seja.
Não é justo Cambem que extasis cause
Qualquer ditto jocoso, qualquer phrase;
Tolos admiram, o bom senso appro?at
Entre névoas avultam os objectos,
A ignorância engrandece sempre as cousas.
Auctores estrangeiros se reprovam,
E certos homens só dio preço aos próprios ;
Gostam de antigos seus, ou seus modernos ;
Fazem do mgenho monopulio, e fingem
Que o mundo em trevas d* ignorância dorme:
O Sol nesmo a brilhar forcam n'om canto;
Sol, que nio s6 no sul sublima ingenhos.
Mas que os génios no frio norte aquece ;
O qual brilhou na idade já passada.
Luz na presente, ha de inflammar vindouras.
Bem que umas vezes cresça, outras desosit.
Que hajam mais claros, mais escuros dias.
Ftaco iti porta juizo velho ou novo;
O falso censurai, louvai o justo.
Quantos ha que nSo teem juizo próprio !
Jalgam, concluem pelo antecedente
Cuma asneira sédiça, sem que ao menos
Gozem do privilegio d'inveotá-la.
Pelo nome do auctor muitos decidem,
Não pelas obras, não; e neste caso
Não julgam dos escriptos, mas dos homens.
Tomo V. 7 •
100
Of ali this servíle berd» the worst is he
That in proud duloess joins witb Quality.
A coDstant Critíc at tbe great man*s board.
To fetcb anã carrj nonsense for my Lord.
Wbat wofui Btuff tbis madrigal would be,
Id some starv'd backney sonneteeri or me?
But let a Lord once own tbe happy lines,
How tbe wit brigbtens ! bow tbe sty le refines I
Before bis sacred name flies ev*ry fault^
And eacb exalted stanza teems witb tboogbt!
Tbe Vulgar tbus tbrough Iroitation err;
As oft tbe Learn'd by beíng singular;
So mucb tbey scorn the croud, that if tbe tbrong
By cbance go rigbt» tbey purposely go wrong:
So Scbismatics tbe plain believers quit.
And are but damn'd for baving too mucb wit.
Some praise at morning wbat tbey blame at nigbt;
But always tbink tbe last opinion rigbt.
A Huse by tbese is like a mistress us'd»
Tbis bour 8be's idoliz'd, tbe next abu8'd ;
Wbile tbeir weak beads, like towns unfortify^d^
^Twixt sense and nonsense daily cbange tbeir side.
Ask tbem tbe cause; tbey 're wiser still, tbey say;
And still to-morrow'a wiser tban to-day.
We tbink our fatbers fools, so wise we grow;
Our wiser sons» no doubt, will tbink us so.
101
Deste rebanho yil o mais abjecto
£ quem fofa tolice ane á nobreza»
E Crítico constante n'uni palácio
Traz e leya inepcías de um Ministro.
Que tal peca sería uma cantiga.
Se um poeta rafado, qual me sinto,
A tiyesse composto? — Se um yalido.
Um Presidente acaso condescende
A dar por sua a quadra, que prodigiol
Que raro ingenho, que suave estylo !
Ante o nome sagrado os erros fogem,
E na strophe sublime idéas fervem.
Erra o vulgo imitando; o sábio, sendo
Em tudo singular, também tropeça ;
Tanto despreza a multidão, que ás vezes
Vai ás avessas, se ella vai direita:
Scismatico, dos crentes simples zomba,
E á força de juizo se condemna.
Apologistas e censores, outros
De manhã louvam o que á tarde accusam;
Sempre a ultima idéa lhes tem conta.
Trattam a Husa como a incauta dama
Que ora idolatram, que depois insultam ;
Entre senso e tolice vacillaotes.
Estas cabeças débeis se parecem
G>' as villas que não sSo fortificadas.
Que a frente e lado a cada ataque mudam.
Perguntai-Ihe o porquê : — melhor accôrdo
Dixem que teem, e que progressos fazem;
Serão mais sábios amanhã do que hoje.
Tanto cresce o saber em oós> que tolos
Julgamos nossos pães; filhos mais sábios
Assim nos julgarão quando crescerem.
ÍQ2
Ooce School-divineg thi» zeakms iée Q>r*«preadi
Wbo knew most Sentences, w«s deepest reaé;
Faith, Gospel» ali, $6em'd made to be dbputâd»
Âod Done had sense enough to be confuted;
Scotists and Thomist9» Dow» íq peace remain,
Amidst their kiodred cobwebs in Duck-lane. (t)
l{ Faíth itseir bas diíTreot dresses worn,
What wonder modes in Wit sbould take tbair turn?
Ofty leaving what is paUiral and 6t,
The current folly proves the ready ml;
And authors think their reputation safe,
Which Hves as long as Ibob are pteas'd to laugb.
Some valuing tbo$e of their owo side or mifid«
Stiil roake themsclves the measure of iBankínd:
Fondlv we thiok we honour merit tben,
When we but praise ourselves in otber nMP.
Partíes in Wit altend oo tbose of State,
And public faction doubles private bate.
Príde, Malice, Follj, against Dryden rose,
In various shapes of Par sons» Critics, Beaus ;
But sense survi?'d when merry jests were pasts
For rising merit will buoy up at last.
Might be return, and bless once more o»r eyes,
New Blackmores and new Milboums must arise;
Nay should great Homer liR bis awfui bead»
(•) Lugar Junto b 8i|iHii0elrff ondr anlipamente ic vcadiaw Iítixm velhos
fm srsrundn mílQ.
103
Já Theologp» miU 411»! praga, um dia
Estas ilhas cobrioi a (oram lidos
Com taot^ mais aidor qoaiito as setiUnoat
Fomm mais numero^s, mais audazes;
Parecia quQ a Fé, qiiQ os Evaagelbos»
Só para disputá-los wí^tiaro.
Agora, em paz, Jkomi^ifih ScotiatoF»
Jazem mortos nas lojas das livreiros,
Entre as téaa d aranha, traça ou ratos.
Se a Fé mesma trajou roupas da moda.
Que lem que a rnoda no juÍ20 impera?
Pondo de parte qqaqtp é próprio ^ juslp,
Mostraido ingeqb» prompto em rrioleiras,
Auctores taes suppoem salvos seus nomes,
Sua reputagUo segara, em qqantp
Agrad# aos asno4 celebrar seus ^hisim^
Ha gentes ^rtjdi^as qiie 96 amam
Quem concorda com eliea; de ai faaem
Para o género bunaao uma pedida;
Aquelles onde a qól nell^s pcb^mosi
Approvação, ternura, apraço daiaoí^
Estçp partidos s^ cop^ os do Slatadou
Facçáo pubhVa dobrd ocfos sqcr^t^.
G)ntra Dryden desdém, mpiliçia« orgulb^
Em formas Tarias, loucas, $t levantas
Mas o bom senso supervive ás chufai,
£ o mérito por fim se eleva e uiirge*
Ah! se voltasse Dryden, se benigno
Aos nossos olhos ioda se mostrasse.
Nasceriam Blackmores e Milbournes:
E se de Homero a frente respeitável
Levantada do tumulo se visse.
104
Zoilus agaín ^would start up fWmi lhe dead.
Envj will merit, as its sbade, pursue;
But like a shadow« proves the aubatance true:
For envy'd Wit, like Sol eclips'd, makes koown
Th' opposÍDg body's grossness, Dot ite own.
When first tbat sun too pow'rful beams displays»
It draws up yapours whicb obscura its rays;
But ev'o tbose clouds at last adorn its way,
Beflect new glories and augmeot tbe day.
Be tbou tbe iirst true mcrit to befriend ;
His praise is lost, wbo stays till ali commen^.
Sbort is tbe date, alas! of modem rbymesy
And 'tis but just to let them live betimes.
No longer now that golden age appears,
Wben Patriarcb-wits surviv'd a tbousard years:
Now lengtb of Fame (our second life) is lost,
And bare threescore is ali ev'n tbatcan boast;
Our sons tbeir fathers' failing langvage see.
And sucb as Cbaucer is shall Driden be.
So wben tbe faítbfui pencil bas design'd
Some brigbt tdea of tbe masUr's mind,
Wbere a new world Icaps oit at his commandt
And ready nature waits ui^n bis band:
When tbe ripe colours s^ften and unite,
And sweetly meit intojust shade and ligbt;
When mellowing yeffs tbeir full perfection give,
And cacb bold 6gu-e just begins lo live,
105
D'entre os mortos surgiram Zoilos novos;
Seguira a inveja o mérito qual sombra»
Provando da substancia a realidade.
Génio invejado é Sol quando s'eclipsa ;
O corpo que se oppõe mostra quto pouco
A sua própria forma iguala est 'outra:
Quando esse Sol potente os raios darda»
Vapor attrabe que os raios obscurece;
Porém nuvens o seu caminho adornam»
Reflectem nova gloria» a luz se augmenta.
Favorecei o mérito depressa»
Sede o primeiro; pouco vale o applauso
Quando é forcado pela voz de todos:
£ justiça somente o exige cedo»
Pois teem curto durar modernas rhymas.
Ai de nós! já fugio a idade douro:
Então» dos Patriarcbas o talento
Mil annos gloriosos excedia:
Da fama (que é segunda vida nossa)
O comprimento é nullo; doze lustros
£» quando muito» o que ostentar podemos;
Nossos filbos dos pães notam as faltas
Da língua decadente; qual foi Ckaucer
Será Dryden» e os Vates que hoje escrevem.
Assim» quando o fiel pincel exprime
D'alma de mestre uma brilhante idéa
De que resalta um novo mundo» e surge»
Quando elle ordena» prompta a Natureza;
Lá onde as cores brandas bem unidas
Se fundem propriamente em luz e sombra»
E que os ânuos maduros a completam»
Que a figura a viver começa ousada»
J06
The treach>Qua coloun \hn f«ir ari beUray,
Anel ali the bríght creQtíoQ fades aw^ !
Unhappy Wit» like iDoat ipistaken thipgs,
Âtones not for tbat envy which it briogs.
In youth alone ita empty praise yve boaal,
But sooD thç abarNlív'4 vanity is loet:
Like some fair flow'r tlie early spring auppliea,
Tbat gaily blooins, bvt ($ en ío bloomiog dies.
What is Uiis WiU ^bifib must our cares empby?
The owner's wife, tbat oiber men eojoy;
Then most our troublei still wben moat Qdiiiir'd»
Âiid still lhe loore we give, tbe more requir'd;
Wbose fame Avjlh pains W9 g^ard, but iosc wíth ease,
Sure some to vex, bMt never ali to plcAse;
'Tis what th^ víqíous fipar, \h^ viríuoua abtio»
By foois 'tis batad» ênú by km^^ wd^nel
If Wit so mucb froni JgnVaoce tfíid^ga»
Ah let not learojpg top çprQpiepce its foe!
Of old, tbose ni^t rf^w^rd^ who çould wcellt
And sucb w^e prais'd wbo but endf»vpur'd wells
Tbough triumpbp were to gAn'raU 4)nly dv?«
Crowns were re$^rv'd tp grace tbQ ^ien Um-
Now, tbey who reacfa Paraas$us' lofly crowVf
Employ thcir paios to ^purn some ptb^^ dp^Oi
And while self-^lovo w^h jealoua writ^ nilef;,
Contending wits becpme th9 spori f^í fools;
But still tbo worst witb fPPSt regret coQinepd,
107
Traidoras core» a bella arte oSsiidái»
E a producQiio brilhante murcba e morre I
Como outraa coiuas tSs, trjite juíro !
Tu não pagas a jnvejq que te segue»
Quando noçof, teus premies vios nos teotein;
Has a breve vaidade cedo acaba»
Como a flor bella que florece em Maio,
E, floreoeodo» ine$mo em pompa morre.
Que és poisi juizo, que tao caro custas?
És origem de pena ao proprietário,
£ somente de ti herdeiros gozam i
Mais nos pertqrhas quanto mais te admiram*
Quanto mais damos, mais de nós requerem;
Tua fama se alcança com trabalho,
E facilmente a perde qnem a alcaofa;
Dom que a poucos «grada, e a muitos canc* «
Que o vicio teme, e que a virtude evita*
O estúpido aborrecct e que o mio perde.
Se os de juivo aos néscios tanto aturam,
Nio venham, nSo, os sábios persegui-los^
Dos antigos só prémios conseguiam
Os d'excel|eueia grande; bem que louvem
Outros que só tentaram consegui-la ;
Se aos Geoeraes se devem os tríumpbos,
Croas houve também para os Soldados,
Hoje os que genbam o alto do Parnaso
Trabalham em fazer cair os outros;
£ em quanto a presumpçio conduz a penna
De um invejoso auctor, estas disputas
Dos sábios vem a ser riso dos néscios:
O peor é (com magoa e dor o aponto)
108
For each ill Aiithor is as bad a Fríend.
To what base ends, and by what abject ways,
Are mortais urg'd through sacred lust of praise !
Ah ! De'er so dire a thirst of glory boast,
Nor io tbe Critic let the Mao be lost.
Good-oature and good sense must ever join ;
To err is humao, to forgÍTe, divine.
But if io noble minas some dregs remain
Not yet purg'd off, of spleen and sour disdaín ;
Discbarge tbat rage on more provoking crimes,
Nor fear a dearth in tbese flagitious times.
No pardon vtle Obscenity shoald find,
Tbo' wit and art conspire to move your mind;
But Dulness with Obscenity must prove
As sbameful sure as Impotence ín love.
In tbe fat age of pleasure, wealth, and ease,
Sprung the rank weed, and thriv*d ^ith lai^e increase
When love was ali an easy Honarch's care;
Seldom at council, never in a war:
Jilts rurd the state, and statesmen farces writ:
Nay wíts had pensions, and young Lords bad wit:
The Fair sat panting at a Courtíer's play»
And not a Mask went unimprov'd away:
The modest fan was iifted up no more«
And Virgins smiPd at what tbey blush'd before.
The foUowing licence of a Foreign reign
Did ali the dregs of bold Socinus drain ;
109
Que am auctor máo é sempre máo amigo.
G)m qae fins baixos» com qae abjectos meios
Insta aos mortaes o louco amor da fama I
Nunca tal sede de uma glória errada
Na Critica mei^olhe bomens sensatos.
Bom-senso e coraçSo unidos andem;
Errar é de homens, perdoar, divino.
Porém se algumas fezes de fastio.
Ou de rancor, contém o animo nobre,
Em crimes mais picantes descarregue
O seu furor; nao tema que lhe falte
Em tão perverso tempo assumpto vasto.
Não alcancem perdão obscenos versos,
Bem que nelles conspire arte e juizo
A seduzir a mente, a commover-nos :
Mas parvoice obscena é vergonhosa
Como insultos que Amor nojento engeita.
No século nutrido dos prazeres,
Da riqueza, do commodo, é que nasce
Viçoso o joio, entr elles medra e cresce:
Quando um Honarcha todo a amor se entrega ; (20)
Que a Justiça, o Conselho, a Guerra esquece;
Begem loucas o Beino; os Estadistas
Compõem comedias, madrigaes, e farças;
Não só casquilhos teem pensões c iugenho:
Mas, palpitando, as damas no tbeatro
" Do libeitino o drama impuro admiram;
A mascara grangéa adiantamento;
O leque honesto já não cobre o rosto,
E as virgens riem do que antes as corava.
De um reino estranho a libertina moda (21)
Seccou do audaz Socíno as fezes todas:
110
Then unbelietiAg Fríeftto rerorni'd tha tMÍMif
And taught more pleaMDt mdtbods of salvation ;
Where Hee?'n'8 Tree êubjects might their rtgbts dispute,
Lest God bímseir should seem too absolute:
Pulpits their sacred satire learo^d to qiare.
And Vice admír'd to find a flattVer there I
Encourag'd thus, Wifs Titana brav'd tbe skíest
And tbe press groan'd witb ]icens'd blasphemiea.
These monsters^ Gritícêl witb your darts eogage,
Here point your Ihunder» aed exhaost your ragel
Yet sbun their Taulti who» scandaloualy nkn^
Will needs místalte èn auihor into vice;
AU seeros infected that th' infected spy»
As ali looks yellow to tbd |auiidic'd ey e«
til.
Learn theti what morais Critics otíght to show»
VoT 'tis but half a Judge's task> l^ know»
'Tis not eMHigh, taste, judgiMnt, keaniing^ joífi;
In ali you speak, let trutb and candour shine:
That not alono ivhot to yoar aense h due
Ali may altow; bot aeek yoor fríendship too.
Be silent aiways, wfaen you doiibt youf
And speak, tbo' sure, wilh seeming díffidenee::
Some positive^ persisting fops we know,
Wboi ir once tvrongv will needs be ^Iways so}
J
111
Um inervdaki Cltre ao depois t«io
Reformar a naç&o» e dar*lhe a n«rnití
De salvar-se sem custo, alegremente:
Muito absoluto Deos lhe parecera
Se os fassalloB do Ceo bio discutissem
Seus suppostos direitos livromenlo.
O púlpito aprcndeo a pôr limites
Ás satifés sagradas; nelle acharam,
Com pasmo, os Vícios lisongciro amparov
Animados assim, Titaneos Génios
Escalaram os ceòs; gémeo a imprensa
Com blasphemias louvadas^ permítlidaá.
Destes monstros, ó Critica! Yingaí-v«s;
Exhauri vossas iras, vossos dardos^
Lançai vossos trovSes sobre taes ímpios !
Mas evitai comtudo niraio escrúpulo,
Que um necessário vicio encontra em tudo.
Como a icterícia vè tudo amaretlo.
III.
Aprendei qual moral Críticos devem
Ensinar, pois saber é ad metade
Do ofScio die juiz; tí&é é bastante
Unir sciència ao gosto» arte ao juiao:
Brilhe a candura, brilba a sa verdade
Em tudo o t|ae se die, a fim que todos
A razão vossa dêem quanto vos devem,
E sollicitem ser também amigos.
Calai, se duvidais do próprio senso;
Fallai, quando estais certos, com modéstia :
Ha pedante teimoso e positivo.
Que, se uma vez errar, ha de errar sempre.
112
But you, mih pleasure own your errors past.
And make eacb day a Gritiqiie od the last.
'Tis not enougb your counsel stíll be true;
BluDt trutbs more miscbier than oice faishoods do;
Men most be taugbt as if you taugbt tbem not*
And things unknown propos'd as tbings forgot.
Witbout Good-Breeding, truth is dÍ8approv'd;
Tbat only makes superior sense belov^d.
Be niggards of advice on no pretence;
For tbe worst avarice is tbat of sense.
With mean complacence ne'er betray your trusti
Nor be so civil as to prove unjust.
Fear not tbe anger of the wise to raiso ;
Tbose best can bear reproof, wbo merit praise.
'Twere tvell might Critics still this freedom take^
But Appius reddens ut eacb word you speak,
And stares, tremendous, tvitb a tbreat'ning eye,
Like some fierce tyrant in old tapestry.
Fear most to tax an bonourable fooli
Wbose right it is, uncensur'â to be dull ;
Sttcbt witbout wity are Poets wben tbey please»
As witbout leaming tbey can take Degrees.
Leave dangVous trutbs to unsuccessfui Satires»
And flattery to fulsome Dedicators,
113
Goofessai com praxer erros passados^
Criticai cada dia o precedente.
Nio basta ser verdade o vosso ariso:
Fakidadea poUdas menos ferem.
As mais das vezes, qae ásperas verdades:
Homeos se ensinam sem saber que aprendem,
O qoe ignoram suppSe«se que lhe esquece.
Sem bom-modo a verdade desagrwla,
E s6 bom senso ias que seja amada.
Com pretexto nenhum negueis conselho;
A peor avareza é poupar senso.
Trahir por complacência a confiança
£ baixeza, é traição; e nto se deve,
A fim de ser polido, ser injusto.
NSo temais accender de um sábio as iras;
A correcção severa melhor soSre
Quem mérito pessue, quem o aprecia.
Bom fora criticar com liberdade:
Mas Appio d'aqui vejo esbravejando, (22)
Tisnado pela raiva em que se acccnde;
Os espantados olhos em mim prega
Com farias e ameaços, qual gigante
De. um panno de raz velho. — Que figurai
Não censureis um louco decorado.
De que o jus é ser asno impunemente:
Ha mil loucos, poetas porque querem,
Como sem lettras ha muitos doutores.
Deixai pois as verdades perigosas
Á desditosa Sátira ; as Itsoojas
Para os auctores das Dedicatórias:
Tomo V. ^
114
Wliom, when they praipe» lhe yimli belíeves nò loore,
Tban wheD they promÍ8e to givesoribliog o'er. '
'Tis best sometimes your censure to restraín»
And charítably let tbê dull be ?ami
Your sílence there is better thaa your spHe,
For i^ho can rail so tongas they can'\mtef
Still humming on» tfaeir drouzy coorse they keep/
And Iash'd so loDg, like tops, are bsh'd aslcep. ^ '
False steps but help tbem lo renew tbe râ«e,
As, afler stumbliog» Jades will meod their piíde. '
What crowds of these, impenitently bold,
lu sounds and jingling syilables growh old»
Still run on Poets io a ragitig v$in,
E?'d to lhe dregs and squeeríng of the brafn^
Straiu out the last doll droppings of tfaeir senáe, -
And rhyme mih ali the rage of Impoteoce.
» ,
Such shameless fiárds we have; and yet''tÍB tráe,
There are as mad^abandon^d Critícs too. - •
The bookfui blockhead, ignorantly read,
With loads of leamed lomber tu bis faead; •''''-
With bis own tongue stiR edffies bis ears; ..
And always linfning to himself appears/
AU books be reads, and ali fae reads assaik, * '
From Dryden's Fablès ãown toi)iirfey's Taiés;
With hite most auibors sted their works; or bojrí;
Garth did not wríle bis owo Dispensary;
■ I
I.
•)
.1
» f ,'
^15
O muoda nada cré ao que elles gabioi«
Nem tem Té nos tscríptos qtte proikiet(eiii«
Melhor .6 itptímír .qualquer eensiír^ *
E deiat9r« ,pot esoMla» aon^ asnos faoio:'
Vosso sUeado eutâo vale um desprezo; ^
£ qoem pede' igualar, «ofnbadb» é mbltò
Que ellea pode» i^rrar ooa ^ees escrrptos t
Rosnando v8a na munoleiiíla estrado »
Qual pião fiístigada que zunindo "'' ' '
Com tropeços a dança eomínáã» .! ' '^'
Ou como « rossa {*) <sae, e <y pass<> eitiénda:'
Quantos destes impenitentes vemos»
Que eavlHueceodo. ao som do» eonaòàntds, * ' ^
De moa iadofliUa;véaiper8egui4os; : ) .> r ii !!i '<
Do miolo enfezado* ,e siicoo espremeiti' > •' ' ' - ^
Té ás ultimas pingas dd tolice/ -' - .* /
E rlif mbm !c'o furor de iquenvaâi^ pAda!
f
Bardos. tBo vergonhosos inda Idmos; '' >. • -* ' ^'
Mas é verdade jqoú íguaíimeote doidas '
Críticos misernvtts DOS nlo faltam; á
O leitor cabeçudo^' que sem fructo' • ' :'.
Traz á cabpga carga de scieDcias» ; r «i
Co' a própria liogua. seu ^ouvido eocantav
E parece que a si somente escuta.
Lé tudo^ e qoanto lê affoitó' ataca: •
Dryden, Pope, Camões, JB^erréira, Horácio,
Mattos, Qqito, MalhSo, Medina, e^AiSCurM': n -.
Diz que são roubo du coibpra^ soas esoripies) .
£ os diversos auctores todos mede
Por uma vara, assim que impressos correm.
(•) RoMÍn, ou lendeiro ; do francez rosae.
Tomo T. 8 •
I <
116
Name a new play, and he's lhe PoetV Criendi
Naj show 'd his faults — but when would Poeta ménd?
No place so sapred from such fops ia barr'd,
Nor is Paurs churcb more safe iban Paurs churcbyard:
Nay, fly to AUars; tbere tbej 11 talk you dead;
For Foois rusb in wbere Angels Tear to tread.
Distrustful senso witb niodest cauUoa speaks,
It still looks borne» and sbort excursions oiakes ;
But rattling nonsense in full vollies breaks.
And never shpck'd9 and never tani'd aside,
Bursts out, resistíeis, witb a thund'ríng tide<
But wbere's Ibe mao, wbo cotinsel ean béstow,
Still pleas'd to teacb« and yet not proad to know?
Unbiass^dy or by favour, or by spite;
Not dully prepossess'dt nor blindiy right;
Tbo' leam'd| well-bred; and tbo' welUbred, sincere;
Hodestly bold, and bumanly severe;
Wbo to a friend bis faults ean freely sbow»
And gladly praise tbe merit of a foe?
Blest witb a taste exact, yet unconfin^d;
A knowiedge botb of books and baman kind ;
Gen'rous converse; a sou! exeropt froio príde;
And love to praise, witb reason on bis side?
Sucb once were Critics; such tbe bappy few,
Athens and Rooie in better ages knew.
Tbe mighty Stagirite first left tbe sborot
Spread iU bis sails> and durst tbe deeps explorer;
117
Se ba drama novo, é do Poeto amigo;
Mas aponta-Ihe as Taltas. -^ Que reniedio
Podem ter taes cabeças, taes poetas?
Para estes Dão ba lugar sagrado,
NSo Tale a Igreja, nem o Cemitério:
Se foges pVa o altar, ahi te apaubam,
E á força de fallar, abi te matam;
Loucos se atrevem ao que respeitam Anjos.
Timido senso falia acautelado;
Entra em si, e n&o corre atraz dos outros:
O cascavel dos asnos tine ao longe,
Nada o contém, de nada se desvia,
£ arraza qual borrasca irresistível.
Mas quem pôde, sem custo, dar conselbo,
Que ensina bem, e sem vaidade é sábio?
Que nlo cega a fovor, nem turba acinte;
Que sem teima ou paix&o, no seu dictame,
Bem que sábio, é civil; e civil sendo,
£ sincero e modestamente affoito;
£, com humanidade, bem severo;
Livremente ao amigo os erros nota.
Do inimigo, com gosto, os dons applaude?
De um tacto exacto, e sem limito ornado,
Como os livros, os corações conbece;
Generoso conversa; e sem suberba
Ama hxivar, quando a razio o approva?
Taes algum dia os Criticos já foram ;
Taes Atbenas e Roma os vio ditosos.
O grande Stagirita, que primeiro (23)
Deixa a praia, e largando as velas todas,
Explorou sem temor profundidades,
118
H« steer'd seçurdgfi^ mà tdiacoveKd^far/ ' ^' -^
Led by the ligbt or tbe Masooten «lar. :
Poets, a race loog uocon6p'd» and free,
Slill fond and proud of savage liberty*
Receiv^d bis lawd; aod stood convíiic'd 'twaá &U
Wbo conquer d NalurCi should preside o'er Wit,
Horace MUI charma m\h groceful oegligence^ «
And witbout melbod talks us ioto sense,
Will, líkaa friendu iarniliarly €oovfy>
Tbe truest notiona in Ibe, easiesi vray.
He, ^bo supremo 10 judgroont, as in .wit»
Migbt boldly cenai&re, as be holdly writ, .
Yet judg'd witb cooiness, tbo' be sung witb (ire ;
His PreceptSnteaob' but wbat bisworks inspire;
Our Critic9 teke a otolraty.axtrenae,
Tbey judge wUb (iiry» hirt they wríte- witb phiegni;
Nor suSers H<tfac!^ more in wrong traoslalions ^
Sy Wits, Ihap Crítica in as wrong quotatíons. •
See Dionysius Ho0ier's ibòughts refine»
And call new bjaauties forth froo) ev ry iínel
Fancy and art Jn ^y P^tronins pleaae,
Tbe scolar 's learniog, with tbe comrlier 's ease,
V * «
I ' « '
In grave Quintiliaos copious work» we fiéd
Tbe justest ruies, and clearest metbod join'd ;
r ' •
119
Navegava si^urQ, 4)onduzido
Pela M«oiHa estrella ; e vio ao bnge-
Poetas, rafça olUva, raça iodociU '
Qae a liberdade. barbara ioda amavam, i
D'elle as leis receberam; justo acharam
Que quem poude veocer a Natureia,
Reger pudesse^ e presidir ae Ingenho.
T
Com doce Be^igencia dob deleita, < ' r
E sem rairtbodo Horácio nos ensiiMi: *
Como um amigo, em familiar discurso,
Pelo meio mais fácil communica
As roais puras noções, mais verdadeiras.
Elle, supreoão oo juixo e seusò.
Que affoitd escreve^ e censurar podia, i
Frio crítica, bem qué ardendo canteb '.
Seus preceitos eorretítos oDo exigem >
Seolo quanto em seus vecsòs nos inspira*
Seguem coi\trario extremo outros Censores;
Com fúria jujgam,' ; mas com phleugma escrevem ; f,
£ Horácio, em (radocoões. mis, taoto aoffirev '
Quanto em criticas más, om notas loucas.
Como Dioix^fsb apura os pensamontos
Do Vate Homero! Como em cada regra (24)
Faz Tesakár bèUezas que investiga ! ^ < - :
. .; . . i . «
Com que graça Petroâio aiegre junia : * .
Á phantaair e gosto, áo aabér Vasto^ '
O fácil tom do cortezdo polido!
No extenso livro de Quintilio grave (2K)
Achamos os preceitos mais exactos,
120
Thus useful arms ín magazines ^e ploce.
Ali raDg'd in order* and dispos^d wítb grace.
But less to please the eye» than ann the band,
Still íit for use» and readj at command.
Tbee, bold Longinus! ali the Nine inspire.
And bless tbeir Critic witb a Poefs (ire.
An ardent Judge» wbo, zealous in bis trust,
Wítb warmtb gives sentence, yet is aiways just;
Wbose OYfn example strengtbens ali bis laws;
And is bimself tbat great Sublime be draws.
Thus long succeeding Critics justly reign'd»
Licence repress'd, and useful laws ordain'd.
Learning and Reme alike in empire grew;
And arts still fo]low'd wbere ber eagles flew;
From the same Foes, at last. both feit their doomi
And the same age saw Learning fali and Rome.
With Tyranny, then Superstition join'd,
As tbat the body, this ens]av'd the mind ;
Much was believ'd, but little understood.
And to be dull ivas constru^d to be good;
A second deluge Learning thus o'er-runi
And the Monks íinish'd wbat the Gotbs begun.
At lengtb Erasmus, tbat great injiir'd name,
(The glory of the Priesthood* and the shame !)
Stem'd the ^iid torrent of a barb'rous age,
And drove those b<dy Vandals off the sti^e.
131
Junto àa regrts mab clâm; itlas arnas
Quê em deposito temok arraBJadaSi
£ dispostas com graça ; sempre promptas,
Não para vBo recreio; para armar-nos
Quando seja preciso pegar delias.
Tu, Longino atre?ido t as Musas todas (26)
Com poético fogo te dotaram^
Inspirando*te a Crítica sublime.
Juii ardente, que zelando a empresa,
Com calor senlencèa, e sempre 6 justo t
Suas leis fbrti6cam seus exemplos ;
Elie é o mesmo Sublime que descreve.
Por longo tempo assim, e com justiça,
Os sueeessivos Criticos reinaram,
Reprimindo a desordem, leis impondo.
Roma e Sciencia unidas prosperaram;
£ das águias no rasto as artes foram ;
Ambas* em fim, dos mesmos inimigos
Cederam ao rigor; ambas findaram;
A um tempo Roma e Lettras se acabaram. {27)
Superstiçlo uaio co' a Tyrannia
A escravidBo do animo e dos povos;
Muito se creo, mui pouco se entendia,
E julgou-ee ser bom ignorar tudo:
Caio novo diluvio sobre a terra ;
Dos Godos a irmpçao rematam Frades. (28)
Erasmo em fim, tSo censurado e grande, (29)
(Gloria do Clero, mas também vergonha)
Á torrente selvagem resistindo
De uma barbara idade, audaz expulsa
Esses beatos Vândalos da scena.
122
But seel.aMà Hwe^.Ni Leo's golden.days* < •
Slarts froro her traôeè» 4iod trimtf her ^ilhQr'4 fai^B;
Bome's aqoieqt.^Gepias» o'er Us ruins sppedd,
Sbakes off tbe dust,- and rears bis rev-reod h^ad. •
Then Sculpture and ber' sialer^rta revive ; '
Stones ]e8p'd to forro, and rocks began to live;
With atreetfiir tiotea Mcfa. ifiaing Tjemplejruiig^ '
A Rapbael paiotedy aod aiViid&.fiung* > • ^
Im mortal Vida: on wkoEé honoard brow
Tbe Poefs baja^sod Griiic'!i ji^y groiv:
Cremona now ahall ever beast ,thy tiame, . .
As next in place;ta Ifafitua, aext in fiamê!
j. j
But soon by impious arms from Latiun) cbas^d,
Tbeir ancientbouudstbe.baBisb^d Moses pása^d*
Tbence Arts o'er ali ithe. mrtbem tf orid aévaoee, >
But Critic-leanHng;:ilourisb'.d finoat JQ f ráaeisa ^ • *
The ruies a nfition, boro to sènrefobeys; '«
And Boileau stiil iú right oT HoraoeswèySi -
But we, brave BrtCMSfifareigo láMrd dlsspís'd^.
And kcpt uncoQquer'd>.isnd liDeivilíz'd ; . • .s '
Fiérce Cor ihé líbertiet t^f \frit^ «aiibold» ^ «m ^
We stilI defy^d tbe Bomoiis, as of^kL [
Yet some tbere iv6re,^alfeioôg dbe^ soiíndér 4bnr "*
Of tbose wbo lesspresnm-d/ ndhetter 'koewv'
Wbo durst asserfc Ibè JQstcr anttcbt caoae^
And bere re8tor'd Wií'é fuoditoeiítal hynj^ .' * > ^
Sucb vnii tbe iMiile,':^vtfbose roles «nd pracUcd teHi
r . •/
. .'. V
I • »
• /;
Mis^ade.conMrcad^MiiMi surlfei^ ' - '^
Ho» dias d 'Aura de Leio, compond» (30) ••
Na frente Mgusta os bilres, ifoasi oufchsBi
D eQire a« ruioas me também a Geuío^
Da antiga Roma^ ^ musgo, o pó sacode, •
£ a veoeraodft faoe is geotea aioitrá. '
A EsculpUira roo' as artes irmia torna; ''
As pedras rprma tomam, rachai tíimi; - : •; 1
Nos Templos ooffoa, deões âmtos símaí'; ' ' *
Um Rapbaoldeseoba, um Vida ceota!: (SI) ' *
Immofftal Vida ! en cuja booradá tebta; *: • ■-
O poeiíeo louro brota, e crescem ' *
As beras do Cctiaor, do MestrO' .insigne:! " \: -
Teu.Maaoapfilaudirá Gremona sempre,' *! -<
Como perto de Ifaotuo, e perto em Cana { (32)^: «t
Mas cÊdo, ptlaa ímpias, armas,- cedo -
Expulsadas ití Lacto, degradadas,
O limite primeiro* as Musas passasi. '
O Norte frio então acolhe as artes,
Mas a Critita em França é qMe floreee;
As regras n nação servil submettem ;
Co sceptro de Venusa Boileau reina.
Vós, [Bretões ! que zombais de leis estranbas,
Não TOS vence ninguém, nem civilísa:
Altivos, por pensar com liberdade,
Dais a Roma atrevido desafio^
Insultais mesmo a seria antiguidade.
Comtudo, certos ha, poucos, mas justos.
Que mais sabem, porém menos presumem;
Que pugnar ousam pelo jus de antigos,
E restaurar as priscas leis do Ingenho.
Tal era a Musa cujo exemplo e cunlo (33)
* I
124
«Natare'g chief Master^piece is writing wreW.i^
Such vas Rôteomiiioay not more leara^d tban gcNid,
With mamera gen'roo8 as bis noble blood ;
To him tbe Wit of Greece and Rome was kown,
And ev'ry autbor's merit, but bis own.
Sucb late was Walsh — Ibe Muse'8 jadge and friend»
Wbo justlj knew to.Uame or to commend;
To failiogs mild, but zealous. for desert;
Tbe dearest head, and tbe siocerest heart
Tbis bi|it»ble praise, lamented sbade! receivet
Tbis praise at least a grateful Muse may give:
Tbe Muse, wbose early voice you toogbt to síng»
Prescrib'd ber heigbts, and prun'd ber tender witig,
(Her guide oow lost) no more attempts to rise,
But in low Dumbers sbort excursions tries :
Content, if bence tb' unlearo'd tbeir wants may view,
The Íeam'd rellect on wbat before tbey knew;
Careless of censure^ nor too fond of fame;
Slill pleas'd to praisoi yet not afraid lo blame;
Averse alike to flatter, or offend ;
Not free from faults, por yet too vain to niend«
125
Este axioma docemente exprime:
« Bem compor é primor da Natureza. »
Tal RoscommoD, tão justo como sábio, (34)
Era em modo t8o nobre como em sangue;
Conhecia de Roma e Grécia os Génios,
E, excepto o seu, o mérito de auctores.
Tal foi Walsh, juiz da Musa, e amigo, (36)
Que o louvor e censura exacto dava;
Brando nas faltas, mas cioso sempre
Da perfeiçlo e graça dos discursos;
Claro d'ingenho, e coraçlo sincero.
Sombra chorada ! este epícedio acceita.
Que, ao menos grata, a Musa te dedica :
A Musa, cuja fraca voz guiaste
Para cantar em tom mais levantado.
Que ajudaste a subir, e a que aparaste
Das tenras azas as inúteis plumas.
Sem mestre agora, já subir n8o ousa.
Vai terra a terra os graves tons soltando:
Feliz, se nelles podem ver seus erros
Os ignorantes; e se encontram sábios,
Reflectindo, o que já sabiam d'antes:
Sem sátiras temer, e sem desejo
De fama, approvaçSo comtudo estimo:
Pouco receio os golpes da censura ;
Repugna-me offender, ou dar lisonja:
Terei faltas talvez; pouco me custa
Submeité-las á emenda, quando é justa.
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NOTAS.
WOTAS
AO
ENSAYO SOBRE A CRITICA.
(1) É fnais raro eníre os Crkicos o gosto, -*- La Bruyère
dii muito judiciosameDle : «Concedo que os bons escriptores
slo bestantemeole raros; mas pergunto, onde estão os homens
qoe sabem ler e julgar? A uniSo destas qualidades, que raras
vezes se encontram na mesma pessoa, parece indispensável-
mente neceenaria para formar um hábil Critico; deve possuir
um senso recto e vigoroso, uma imagioaçSo viva, e uma esqui-
sita sensibilidade. Destas três qualidades a ultima é a mais
importante; porque, digam o que quiserem sobre a utilidade
ou necessidade das regras e preceitos, é forçoso confessar que
o merecinaento de todas as obras de ingenho decide-se pelo
gosto e sentimento. — Por que razio vos admirais tanto da
HMena de Zeuxis? (dizia um curioso ao pintor Nicostrato) —
Nao estranharieis que eu a admire tanto, (respondeo o pintor)
se tivésseis os meus olhos.
(2) FaUo saber bom senso desfigura: — «Plus sine doctrina
prudeotía, quam sine prudentili valet doctrina. — Quintíliano.
(3) Atisíai os limiles até onde — O genio^ o gosto^ o saber
vosfo chega : — Horácio já nos deo este conselho na sua Arte
Poética :
Sumite fiuuertàm vestriSf qui scribitis, esquam
ViribuSf et versais diu quid fsrre reeusentt
Quid valeanl humeri
Tomo V. ^
130
(4) Uma scienda pede um génio inteiro: etc. — Neste par-
ticular, como em outras cousas, é notável a modéstia e bom
juízo dos antigos. Um escriptor de dramas» por exemplo» nunca
se abalançava a emprehender mais do que uma espécie de
poesia dramática : um poeta nunca se intromettia a advogar em
publico» ou a escrever a historia, ou alguma obra considerável
em prosa: os mesmos actores nunca recitavam a tragedia e a
comedia. Isto mesmo j6 observara Platio no terceiro livro da
sua Republica. Estavam persuadidos de que a diversidade» ou
para melhor dicer» universalidade de excellencia, a que os mo-
dernos frequentemente aspiram» é um dom que o homem nto
pôde conseguir.
(5) Obtertai como a seAia Greda tndíca» etc. — Na se-
gunda parte do Aviso de Shaftesbury a um Aactor se encontra
uma relação judiciosa e elegante da origem e pn^resso das
artes e sciencias na Grécia antiga; a cuja espécie de assumpto
{ftra para desejar que este escriptor se houvesse limitado; por-
que indisputavelmente o entendia muito bem» segundo a opi-
nião do Dr. José Warton» que deo á luz em 1787 uma bella
edição das obras de Pope, estimável pelas notas e commentarios
que o editor lhe addicionou.
(6) Lede e relede o texto ; comparais — comiigo meimo ;
etc. — Ainda que pareça talvez impossível apresentar observa-
çSes novas sobre Homero e Virgilio» depois de tantos volumes
de critica publicados acerca delles; todavia as seguintes teem
uma novidade e agudeza em si que por ventura poderão inte-
ressar o leitor» principalmente sendo summamente raro o pe-
queno Trattado de que foram tiradas:
«cQus variae inter se notee atque imagines animorum» a
principibus utriusque populi poetis» Homero et Virgilio» míri-
ficè exprimuntur. Siquídem Homeri duccs et reges rapacitale»
131
iibídine» atqoG anílibus questibus, lacrymisque puerílibus Gr«p*
cam levitatem et inconstantiani referuDt. VirgiliaDÍ vero prin*
cipes, ab eximio poeta, qui Romaiue severitatis fastidiaro» et
Latinam saperciiiam verebatur» et ad heroum popolum loque-
bator, ita compoDuntur ad majestatem cousularem ; at qoainvis
ab Asiática mollitie luxoqae venerint, inter Furios atque Clau-
dios nati educa^ique videantur. Neqoe suam, uilo actu, iEneas
originem prodidisset, nisi» a praeractiore aliquanto pietate, fu**
disset crebro copiam lacrymarum. Qua meliorem expressione
moram hac aBtate, non modo Vírgih*us Latinonim poetarum
priocepa, aed quivis inflatissimas vernaculoram, Homero prae-
fertor: cum hic ânimos proceribus indorit suos» ille vero
alienos. Quamobrem varietas moram, qui carmine reddebantar,
et hominum ad quos ea dirigebantur, inter Latinam Graecam-
que poesin, non inventionis tantum attulit, sed et elocntionis
discrimen iliud, quod prsecipue inter Homerum et Vírgilium
deprehenditur; cum sententias et ornamenta, quae Homerus
sparserat, Virgilius, Romanorum aurium causa, contraxerit;
atque ad mores et ingenía retulerit eorum, qui a poesi non
petebant publicam aut privatam institutionem, quam ipsi Marte
soo iovenerant; sed tantum delectationem. » (J* VincetUii Gror-
tiwB de Poesip ad 5. Maffnwa. Epist. aecrueentada ao mu
Tratiado Delia Ragione Poética. In Ncg^if 1716, pag. 239.
250;. (Nota do Lr. Warton).
(7) Quando na mente immensa o moço MarOf etc. — É
tradição conservada por Senrío, que Virgilio começara por es-
crever om poema dos successos de Alba e Roma ; e que achan-
do-o superior á sua idade, se humilhara a imitar primeira-
mente Theocrito sobre as^mptos campestres, abalançaado-se
depois a copiar Homero na poesia heróica.
(8) Bem como se presente o Stagirita^ etc. — Segundo um
Tomo V. 9 •
132
excellente preceito de Loogino» do cap. 14.^ do seu Trattado
do Sublime» exhortaudo-nos, que quando aspirarmos a expressar
alguma cousa elevada e sublime» perguntemos a dós mesmos:
— Como se teriam exprimido neste assdmpto Homero, ou
PlatSo» ou Demosthenes? E ainda melhor, se tornarmos a per-
guntar:— Que pensariam Homero ou Demosthenes, se esti-
vessem presentes» e ouvissem esta passagem; e que impressão
lhes teria feito? (Nota de Wartan.)
(9) 50 ande cu regra» não chegam quanto basta^ etc. —
«Neque enim rogationibus plebisve scitis saocta sunt ista prse-
cepta» sed hoc» quicquid est» utilitas excogitavít. Non negabo
antem «ic utile esse plerumque; verum si eadem illa nobis
aliud suadebit utilitas» bane» relictis magistrorum auctoritati-
bus» sequemur.D ( Quinlilianot liv. 11.^ cap. iS.^j
(10) Nem sempre desenvolve um Chefe sabio^ etc. — Não
será fora de propósito memorar a seguinte observação da Ros-
commoo sobre o mesmo objecto: «A maior parte daquelles
trechos que alguDS tomam por descuido é arte estudada. Quan-
do algum verso de Virgílio vos pareça insignificante» reparai
que não é mais que um despertador que serve de signa I para
excitar a vossa phantasia» e preparar a vossa vista para alcançar
a nobre altura de algum vôo extraordinário. )>
(11) Nào cabeda Homero; nós sonhamos. — «Modeste» et
circumspecto judicio de tantis viris pronunciandum est» ne
(quod plerisque accidit) damnent quod non intelligunt. Ac si
necesse est ío alteram errare partem» omDia eorum legentibus
placere» quam multa displicere maluerim. d (Quintiliano).
Racine applicou esta linda passagem a Perrault e a La
Motte» quando elles pertenderam moDoscabar"^ antigos na sua
famosa controvérsia.
133
(f2) De louros verdes inda ornados vemos — os antigos
altares^ etc. — « Todos os inventos e pensamentos dos antigos»
oa nos fossem transmittidos em estatuas» baixos-relevos» enta-
lhadaras, camafeus, ou cunhos» merecem ser procurados e es-
tudados cuidadosamente. O génio què revoa sobre essas vene-
randas relíquias pôde chamar-se o Pae da Arte moderna.
a Do restante das obras dos antigos renasceram as Artes
rooderaas ; e dessa mesma sorte se h8o de restabelecer segunda
vez. Entretanto, por mais que se mortifique a nossa vaidade»
vemo-nos obrigados a reconhecé-los por nossos mestres; e po-
demos atrever-nos a prophetisar, que quando deixarem de ser
estudados, as Artes cessarão de florecer, e tornaremos a cair
na barbárie. 9 (Reynold),
(13) Nõo nos fiemos de nós mesmos; qtiondo — quixermos
descobrir nossos defeitos^ etc — A correcçSo é uma das mais
árduas tarefas para qualquer auctor; por ser dilBcil conhecer
até que ponto deve ser levada. Quintiliano fei muitas observa-
ções acertadas e úteis sobre esta matéria. Talvez que o excesso
da correcçSo tenha produzido tantos damnos, como o total des-
prezo delia. A lima ás vezes, em lugar de polir, gasta a sub-
stancia a que é applicada. Akenside deteriorou bastante o seu
poema com a demasiada correcção. Ariosto, por mais fácil e
familiar que pareça, fez muitas e grandes alterações no seu
poema encantador. Algumas máximas de Rochefoucauld foram
emendadas e escríptas novamente mais de trinta vezes. As
Cartas Provençaes de Pascal, modelo do bom estilo na lingua
franceza, foram submettidas aojuizo de doze membros dePort-
Rojai, que fizeram nellas muitas correcções. Voltaire diz — que
em todos os livros doTelemaco de Fenelon, cujo original tinha
visto, não havia dez emendas e alterações. Tudo quanto se pôde
dizer a respeito da correcção contém-se nestas poucas, mas
incomparáveis, palavras de Quintiliano, no liv. 10.^ cap. 3.^:
134
«Hujus operis est» adjicere, detraheret mutare. Sed facilius in
bis simpliciusque judiciunit qu8e replenda vel dejicienda sunt;
premere vero turoentia, humília extotlere» luxuriantia astrin-
gere» inordinata dirigere, soluta componere» exultantia coer-
cere» duplicis opers. » (Nota de WwrUm).
(14) Asêim primeiro f commettenio alegres — os turri ficas
AJpeSf etc. — ODr. Joohson julga ser este simíle ornais apto»
o mais próprio e o mais sublime de quantos ba na liugua in-
gleza. Eu coufesso d&o ser desta opinião; porque me parece
ter sido evidentemente suggerido pela seguinte passagem das
obras de Drummond, pag. 38» tn 4.^ — «Qual o peregrino
que atravessa os Alpes, ou a frente do Atlas, coroada dos in-
vernaes gelos, o aéreo Cáucaso, o Apenino, ou os penbascos dos
Pyrenneos, onde nunca raia o sol; e que depois de ter vencido
alguns cabeços dos outeiros, começando a lerobrar-lbe o des-
canço por julgar concluida a jornada ; ao subir de novo alguma
elevada montanba, encontra diante de si mais altas serras do
que atraz deixara ; » Veja-se também Silio Itálico, liv. 3.^ 528.
(Nota de WarUm).
(15) Assim quando um zimbório bem lançado^ etc. *— Pa-
rece fallar do Pantbeon, ou talvez da Igreja de S. Pedro em
Roma; seja porém qual fôr, a observação é verdadeira a res-
peito de ambos os monumentos.
(16) Consta que um dia o Paladim da Mancha^ etc. —
Este breve conto é extrabido da segunda Parte de D. Quixote,
escripta originariamente por D. Alonzo Hemandes de Avella-
nada; e depois traduzida ou imitada pelo famoso Le Sage, aa-
ctor de Gil Braz de Santillana.
( i 7) As maneiras j paixões^ as unidades, — Que as dua»
135
unidades de tempo e lugar nunca foram observadas pelos três
Eieriptorea gregoa da Tragedia, está sobejamente demonstrado
no i.'' capitulo da muito judiciosa obra deHetastasio intitulada
=s EêtraUo delia Poética d'ArisioteU ; obra cbeia de gosto e de
juim, e ijAie tem dnplícaâo valor por ser de um homem tSo
hibil, e ha tanto tempo versado na arte dramática ; sendo mui-
tas das suas composições tragadas com o maior discernimento,
e die mesmo nm dos mais elegantes e verdadeiros poetas que
tem prodttiido a Itália. Quem quizer entender perfeitamente a
Poética de Aristóteles deve» na minha opinião, ler attentamente
este seu Extracto. (Nola de WarUm).
(18) Infdizs qual Peralta na comediaf etc. — Âllusio a
uma comedia de Ben Johnson, intitulada = Um homem fára do
seu génio.
(19) A Itmoiheo eêeuiai nos eons variados f etc. — Âllude
á Festa de Alexandre^ ou o Poder da lUusicat admirável Ode
composta por Dryden.
(20) Quando um Monareha todo a amor se entrega^ etc.
— Allusio ao reinado de Carlos 2.^ de Inglaterra, que abrio
caminho á mais descarada lascivia, como diz o Dr. Warburton
no Gommentario que fez a este Ensayo de Pope.
(21) De um reino estranho a libertina moda^ etc. — Âllude
ao reinado de Guilherme S."*, Principe d'Orange, cujo caracter
foi totalmente oppoato ao do seu predecessor Carlos 2.''
(22) Mas Appio daqui ve/o esbravejando, etc. — Aqui âl-
lude o Poeta a um Critico de profissão, e furioso, chamado
Jiâo Diniz, que sem provocação alguma escreveo contra este
Eosayo e seu auclor como um louco rematado.
136
(23) O grande Siagiriia^ que primeiro^ ctc. — Justa «Ta-
líaç2o do nobre caracter de Aristóteles» o fwimeiro e o melhor
dos Críticos. Quem observar a variedade e perreiçio das suas
producções, concebidas no estylo o mais puro e na ordem a mais
clara, com a mais solida concisto, ba de forçosamente ^pasmar
da grandeza do seu ÍDgenbo. A sua Lógica, nio obstante achar*
se presentemente desprezada pelos rudimentos e systemas yer^
bosos que tiram sua origem do Ensayo de Locke sobre o En-
tendimento Humano» é um poderoso esforço do espírito» em
que se descobrem as principaes fontes da arte de discorrer» e
a dependência de uns pensamentos com outros; e em que o
philosopho» por differentes combinações que fez de todas as
formas que o entendimento pôde tomar discorrendo» o restrín-
gio tao rigorosamente» que se nSo pôde apartar delias sem se
mostrar inconsequente. A sua Pbjsica encerra muitas observa-
ções úteis» particularmente a Historia dos Animaes» grande-
mente louvada por Buffon : para o ajudar nesta empreza orde-
nou Alexandre que a todo o custo se conduzissem producçôes
de differentes climas e paizes» para elle as examinar. A sua
Moral é talvez o systema mais puro da antiguidade. A sua Po-
litica o monumento mais precioso da sabedoria dos antigos»
Gonservando-nos a descripçdo de vários Governos» e particular-
mente de Creta e Carthago» que de outra sorte nos seriam
desconhecidos. Mas de todas as suas composições» a Rhetorica
e a Poética s9o as mais excellentes. Nenhum escríptor mostrou
maior penetração nos escoodrijos do cofaçio humano do que
este philosopho no II. livro da sua Rhetorica» em que tratta
dos differentes costumes e paixões que distinguem cada idade
e condição do homem» e donde Horácio evidentemente extrahio
a sua famosa descripçSo que começa no verso 158 da Arte
Poética. Bruyère» Rochefoucauld» e o próprio Montaigne» nlo
se podem comparar com elle a este respeito. As suas Poéticas»
a que principalmente se refere Pope neste lugar» parece terem
137
escripUs para aso daquelie Príncipe (Alexandre Magno)
cttja educação lhe fdra confiada. Querer entender de Poesia
sem faater cuidadosamente retolvido este trattado, seria tão
diBurdo e impossível como pertender saber Geometria sem ter
estudado £udides. Os capítulos U.\ 15A el6.% onde mostra
o methodo mais próprio de excitar terror e piedade, bastam
para ccofeocer de que intimamente conhecia os objectos que
maia poderosamente com movem o coração. A primeira excellen-
cia deste precioso trattado é a concisão escholastíca, e a con*
nexio phílosophica com que o assumpto é manejado» sem se
dirigir ás paixdes ou á imaginaçXo. É para lamentar que a
parte da Poética em que elie dera os preceitos para a comedia
não chegasse também á posteridade. (Nota de Warton).
(24) Como DUmgiio apura os pensamentos — Do Vaie
Homero! — Falia de Dionysio de Haliearnasso, que comraen-
tou a Homero» e compoz om admirável livro sobre a estructura
da oraçSo, no qual desenvolveo todas as artes secretas que fa-
Km a composição harmoniosa. Uma parte deste livro, isto é,
desde o principio da secção 21." até ao fim da 24.*, é talvez
uma das obras mais ateis que existem sobre Critica.
(25) No externo livro de QunUilio grave^ etc. — Allusao
is lostituiçOes Oratórias de Quintiliano, um dos roais judiciosos
e elegantes escriptores da antiga Roma, a respeito do qual diz
Warton que nenhum auctor adornou como elle um trattado
scientifico com tantas metaphoras bellas.
(26) 7Vi, Longino atrevido ! etc. — Espirituosa eviva após-
trophe ao celebre philosopho Longino, mestre de Zenobia, Rai-
nha de Palmyra, do qual existe o Trattado da Dicção Sublime^
qae foi commentado porBoileau Despreaux, e se acha traduzido
por Filinto Elysio na collccção das suas obras feita cm Paris.
138
(27) A um tempo Rama e LMras se aeabareun. -^ A Itt-
teratura e as artes, que floreceram em tão subido gráo no rei-
nado d'Augasto, foram gradualmente declinando por moitas
causas que concorreram; pela vasta extensSo do Império Bch
mano, e despotismo que se seguio e sopeou todo e qualquer
esforço nobre do espirito; pelo governo militar, que tornou
precárias a vida e a propriedade, e coos^uintemente destruio
até as artes necessárias da agricultura e fabrieaçSo; e pela ir-
rupção das nações barbaras, occasionada e facilitada por seoM*
Ihante estado de cousas. No século XL o povo cbrístâo preei*
pitou-se na mais baixa ignorância e brutalidade ; até que o
casual descobrimento das Pandectas de Justiniano em Amalfi
na Itália, pelos annos de 1130, principiou a despertar o a
desenvolver os espíritos dos homens, apresentando-lhes uma arte
que daria estabilidade e s^urança a todas as outras que sus-
tentam e embellezam nossa vida, (Naía dfi Warítm).
(28) Das Godos a irrup!^ rematam Frades, — Naquelles
séculos de ignorância, os Frades foram os únicos que mostra-
ram gosto e amor ás Bellas-Lettras. Pede pois o reconheci-
mento que os louvemos pelo trabalho e applicaçto com que nos
transmittiram os auctores celebres da antiguidade; e requer a
justiça que attribaamos á infelicidade dos tempos em que viviam
tudo o que ha de bárbaro e grosseiro nos seus escriptos,
(Nota do Abbade Besnel).
(29) Erasmo emfim too censurado e grande. — * Este homem
nasceo em Rotterdam no anno de 1467, do commercío illc-
gitimo de um cidadão de Goude, chamado Pedro Gérard, com
a filha de um medico. Até á idade de 9 annos foi menino do
coro na Cathedral de Utrecbt: aos 14 perdeo seus pães; e aos
17 foi obrigado por seus tutores a metter-se Gonego-regular
de Santo Agostinho, sendo elevado ao sacerdócio pelo Bispo de
139
Utrecht logo que fei os 25. Depois» com o 6m de aperfeiçoar
os seas talentos, viajou pela França, pela Inglaterra» e pela
Itália. Besidio qoasí um aono em Bolonha, e ahi tomou em
1506 o gráo de Doutor em Tbeologia. De Bolonha passou a
Veneia, depois a Pádua, e ultimamente a Boma, onde os seus
escriptos já eram conhecidos. O Pootifice, os Gardeaes» partí-
cuiarmente o de Hedicis (depois Lefio X.)» procuraram a sua
coiiTÍ?eiicia, e o applaudiram muita Naquella cidade poderia
elle ter adquirido uma posic>o feliz e brilhante; mas os seus
amigos de Inglatara, com a perspectiva das vantagens que lhe
fariam esperar da parte de Henrique VUI, admirador enthu-
siasta dos seus talentos, o induriram a preferir a residência em
Londres. Thêmás Maruim Ghanceller-mór daqnelle Beino» deo-*
lhe um aposento em sua casa. A universidade de Oxford coo-
ferio-^lhe uma cadeira de professor em lingua grega, a qual
deaon elle para se retirar a Bariléa, donde muitas vezes sabia
para ir visitar os Paizes-Baixos e a Inglaterra. De todas as di-
gnidades que lhe offereceram diversos -Pontifices e Príncipes da
Europa, nlo acceitou senão a de Conselheiro d'Estado que lhe
deo o imperador Carlos Y. Foi o homem mais' discreto e mais
douto dos seus tempos; e a elle principalmente se deve o re-
nascimento das bellas-lettras, as primeiras ediçdes de alguns
Padres da Igreja, e a Critica s& e illustrada. Fui elle quem
reanimou os illustres mortos da antiguidade, e inspirou aos seus
contemporâneos o amor dos escriptos delles. Das suas produc-
çSes as que tiveram mais celebridade foram o Elogio da Lou^
curo, os CoUoquiôSf e os Adagioê. Morrco em Basiléa no onno
de 1536, de idade de 70 annos.
(30) Mas vede como cada Muta surge — Nos dias d* ouro
de teaOf etc. — A Historia recorda-se de cinco idades do mun-
do em que o espirito humano se esforçou por um modo extraor-
dinário, e em que as suas producções em lilteralura e beltas-
140
artes chegaram a uma perfeiçSo tal que oão admitte compara-
ç&o nos outros períodos.
Al/ foi a idade deFilippe de Macedónia» em cujo tempo
floreceram Sócrates» Plal&o» Demostheoes» Aristóteles» Lysippo,
Apelles» Pbidias» Praxíteles» Thucydídes» Xcnophoute» Eschylo»
Euripedes» Sophocles» Aristophaues» Henandro» PbilemoD. A
2/» de que parece não haver bastante noticia» foi a de Ptolo-
meo Philadelphio» rei do Egypto» na qual appareceram Lyco-
phron» Arato» Nicandro» Apollonio Rhodio» Theocríto» Calii-
macho» Eratostbenes» Philicho, Erasistrato o Medico» Timeo o
Historiador» Cleantbes» Diógenes o Pintor» e Sostrates o Archi-
tecto. O mencionado Príncipe foi quem» pelo amor que tinha á
sciencia» ordenou que o Testamento Velho fosse traduzido em
Grego. A 3.* foi a de Júlio César e Augusto» esclarecida com
os illustres nomes de Laberío» Catullo, Lucrécio» Cicero» Livio,
Yarr&o» Virgílio» Horácio» Propercío» TibuUo, Ovidio» Phedro,
VitruYÍo» Dioscorides. A 4/ foi a dos Pontífices Júlio H. e
Leio X.» que produziram Ariosto» Tasso» Fracastorio» Sanna«-
zaro» Vida» Bembo» Sadolet, Machiavelo» Guicciardioi» Miguel
Angelo» Baphael» Ticiano. A B/ foi a de Luiz XIV. em França»
e do rei Guilherme e Anna em Inglaterra» na qual» ou por esse
tempo» floreceram Comeille, Molíère» Racine, Boileau» La Fon-
taine» Bossuet» La Rochefoucauld» Pascal» Bourdaloue» Patru,
Mallebranche» De Retz, La Bruyère» St. Real» Fenelon» Lnlly»
Le Sueur» Poussin» Le Brun» Puget, Theodon» Gerradon» Ede*
linck, Nantevill» Perrault oArchitecto» Dryden» Tillotson» Tem*
pie» Pope, Addison» Garlh, Congrcve, Rowe» Prior, Lee» Swift»
Bolíngbroke» Atterbury, Bojie, Locke> Newton» Clarke, Knel-
ler» Thornhill» Jervas» Purcell» Mead» Friend.
(Nota de Wàríon).
(31) Um fida canta — Marcos Jeronymo Vida» nascido em
Cremona em 1470» entrou muito novo ainda na Congregação
141
dos Cooegos-regulares de S. Marcos em Mantua» da qual sahío
algum tempo depois, e passou a Roma» onde foi recebido dq
dos CoDegos«regulares de Latrão. O Papa LeSo X. , tendo co-
Dhecimento delle por causa do seu talento poético, deo-lhe o
Priorado de S. Silvestre em Tivoli, onde compoz o seu poema
da Chritíiadaf que o Pontifico lhe havia pedido. Fallecido este
em 1521, seu successor Clemente VII. quiz também ser pro-
tector de Vido, e nomeou-o para o Bispado d'Alba sobre o
Tanaro. Betiraodo-se para esta sua diocese, nella se distioguio
muito pela sua soilicitude pastoral, instruindo o povo tanto pela
soa eloquência como pelo exemplo das suas virtudes. Âbi mor-
reo em 1566, deidade de 96 annos. Entre asdifferentes peças
de poesia que lhe devemos, notam-se] principalmente, 1.^ A
Arte Poeiicaf impressa em Roma em 1 527, e junta por Mr.
Batteux ás de Aristóteles, Horácio, e Boileau, sob o titulo
das Quatro PoeiicaSf em 1771, 2 vol. in 8.^ — 2.'' Um poema
icbre o$ Bichos da Seda^ impresso em^y&o em 1537. Dizem
que esta é a mais perfeita das suas composiçSes. — 3.* Um
poema iobre o Jogo do Xadrez (Scacehia Ludus)f que se acha
na edição da sua Poética, feita em Boma em 1527.-4/
B/mm de rdms Divinis, impressa em Lovaina em 1553. —
5.* Chriiíiados lÀbri eex, em Cremona, 1535, in 4.^ Este
poema foi muito applaudido; mas teem-se exprobrado a seu
anctor o misturar frequentemente o sagrado com o profano, c
as ficções da mythologia com os oráculos dos Prophetas.
(32) Como perto de Mantuaf e perto em fama! — Allude a
— ff Mantua vm miseriB nimium vicina Cremonm » de Virgílio.
Esta applicação eucontra-se na ediçSo da Poética de Vida
por Basilio Kennet em Oxford.
(33) Tal era a Musa cujo exemplo e canto, etc. — Este
encómio grangeou a Pope o conhecimento, e depois a constante
142
amizade^ do Duque de Buckingham, que no seu Ensayo, a que
aqui se allude, seguio o methodo de Boileau» discorrendo 8d>re
varias espécies de poesia nos seus differentes gráos.
(Noía de Warím).
(34) Tal Roseammonf too justo como sabio^ etc. — Dílkxi
Wentworthy conde de Roscommon, poeta inglez* filho de Sir
James Dillon, terceiro conde de Roscommon, nasceo em Irlanda
pelos annos de 1633, tempo em que este reino era governado
pelo i.^ conde de Strafford, seu thio. Morreo em 1684» com
a reputação de um homem que soubera misturar as flores da
poesia com os fructos da erudiçSo. Conhecia perfeitamente os
monumentos antigos, conhecimento que havia adquirido em
uma viagem que fizera á Itália. Os seus poemas, que sSo —
Uma traducçio em verso inglez da Arte Poética d'HoraeiOf e
um 3tíayo sobre o modo de traduzir em verso^ foram reunidos
€om as Poesias de Boebester, e teem sido impressos muitas
vezes. Fenton colloca Roscommon na 1.* classe dos poetas da
sua naçSo, pelo que respeita ao género didáctico.
(35) Tal foi Walshf etc— Guilherme Wabh, nasddo em
Abberley, no condado de Worcester, em 1663, e fallecido em
1708, foi quem ensinou a Pope a arte da versificação. Dryden
chamava-^lhe o melhor Critico da Inglaterra. As suas cartas a
Pope teem por objecto a comedia pastoril dos italianos, e sBo
muito bem escriptas, na opinião do Dr. Warton. Pope conser-
vou sempre delle uma lembrança muito honrosa, como bem o
manifestam diversos lugares das suas obras.
o ROUBO DE PBOSEBMA.
o ROUBO DE PROSÉRPINA,
COMPOSTO EM LATIM
POR
CLAUDIANO ,
TBADUZTDO EM VERSO SOLTO PORTUGUEZ
FOE
AliCIPPE
CONDESSA D'OEYNHAUSEN.
Carminibu» qwBro mi9erarwn Mwia rerum.
Ofid. Tríst. liv. 5.' eleg. 7.'
Tomo T. 10
Libei db Raptu PBoaoipniJs
8UNT CANIHDI, CtJLTI, TBR8I,
NIWBROa.
J. C. Sealiger, lib. G."" Poet. cap. K/
Si InsUanè Rapium ProierpiwB Claudianuã reààeret, haud mirifieè
eleganíòuve redderet quam deeor ille Lmitatim gaUiã ã^uarumqué
homfr, ÂLGippBf cognomine Areadim, dieta.
Feto.
Se CUadiano tradosisse em porluguex o Roobo de Prosérpina,
dIo o faria com taota perfeição e elegância como a Ez."* Condessa
d'0ejnhaa8en, denominada na Arcádia Alcifpb, brilhante ornamento
de Porlogal c honra das Musas.
Tomo V. 10 •
DE RAPTU PROSERPINiE.
PILEFATIO.
Inventa secuit qui primus nave profundum.
Et rudibus remis sollicitavit aquas:
Qui dubíis ausus commitere Qatíbus aliiuiDi
Quas natura negat, prsebuit arte vias.
Tranquiliís primum trepidus se credidit undís,
Littora securo tramite summa legens:
Mox longos tentare sinus, et Itnquere terras.
Et leni coBpit pandere vela Noto.
Ast ubi paulatim praeceps audácia crevit,
Cordaque languentem dedidicere metum:
Jam vagus cxsultat pélago, ccelumque secutus
iEgeas hyemes loniasque domat.
o ROUBO DE PROSÉRPINA.
PREFACIO. (1)
Q
DEH primeiro sulcou mares profundos (2)
Co' a náutica invenção do próprio ingenho;
Quem com grosseiros remos rompeo aguas,
E ao capricho do vento um batel frágil
Atrevido entregou, com arte abrindo
Caminho que vedara a Natureza ;
Foi terra a terra no principio, dando
A vida em guarda a praias sem escolhos,
Ventos sem fúrias, sem escárceos ondas:
Mas logo tenta golphos, deixa as terras,
E vai soltando ao Noto as pandas vellas;
Anima sua audácia co' a ventura,
Do coraçio o frouio susto expulsa,
E no pélago azul vagando exulta:
A luz^os astros só consulta e segue,
Do mar Egeo affronta as tempestades, (3)
E resoluto doma as lonias ondas. (4)
150
líber l
INFBHNi raptoris equos, afflataque curru
Sidera Ta^Dario» caligaotesque profiindie
Judodís lha Íamos audací prod«re canta
MeDS congesta jubet. Gressus removetet profani,
Jam furor humanoB noatro de pectore seosos
Expulity et totum spiraot prflecordía Phcebum,
Jam mihi cernuotur trepidís delubra mo¥erí
Sedibus» et ciaram dispergere culmina lucem,
Adventum testata Dei; jam magnus ab imia
Auditur fremitus terris» templumque remngtt
Cecropium, aanctasque faces attoUit Eleusio,
Angues Triptolemi stridunt, et squamea curvis
Colla levant attrita jugis, lapsuque sereno
Erecti roscas tendunt ad carmina cristas.
15]
LIVRO I.
A MBNTBy cheia de furor divina,
Obriga-me a cootar do Deos do Averoo (5)
O roubo andazi e as núpcias de Junouia ;
Do Dite o carro, e os urcos paforosost
Que assustam as estrelias. Vossos passos*
Profauos, dirigi para mui longe.
De mim sacro delírio se apodera;
Tudo quanto é mortal de mim se expeHe ;
Apollo inteiro abraza-me as entranhas.
Luz mais clara dtfiundem as abobadas»
Da presença do Deos indicio certo;
O frémito da terra mais distincto
Dos profundos abysmos se apercebe;
Dos Cecropidas gemem os altares, (6)
E d'Eleusina os fachos mais se acceodem.
De Triptólemo silvam as serpentes, (7)
£ sublevam as conchas, resistindo
Ao jugo que lhe opprime os feros eólios;
O seu rápido vdo moderando
Erguem as roscas cristas para ouvir-me.
15S
£cce procul ternas Hecate variata Bgaras
ExoriluTy lenisque simul procedit lacchus
Crinali floreDS edera, quem Parthica velat
Tigris, et auratos íd nodum colligít ungues.
Ébria Mâeooius firmat Yestigia tbynos.
Diíy quibos ÍD Dumeram vacui famulantur Averni
Vulgus iners, opibus quorum donatur avarís
Quidquid íd orbe perit, quos Styx liventibus ambit
luterfusa Yadis, et quos fumaotia torquen3
iEquora vorticibus Pblegetbon perlustrat anbelis!
Vos mihi sacrarum penetralia paudite rerum,
Et Testri secreta poli, qua lampade Ditem
Flexit amor, quod ducta ferox Prosérpina raptu
Possedit dotale Chãos; quantasque per oras
Sollícito genitrix erra?erit auxia cursu.
Unde dais populis leges, et glande relicta
Cesserit inventis Dodonia quercus aristis.
153
A triforme Deidade sarge ao longe; (8)
laccbo alegre e plácido a acompanha, (9)
D'hera cingida a jarenil cabeça ;
Traz cobertos os hombros c'o despojo
D'uma Parthica tigre, cujas patas,
Atraressadas, áureo nó lhe prende:
D'arrimo aos ébrios passos serve um thyrso.
Innomeraveis Manes, povo inerte.
Que occupais do Tenárô os vácuos paços;
Vós, que cresceis dos restos miserandos
Do que a morte devora no Universo;
Deoses, que Stfgia circulando abraça
Com as lívidas ondas, que arquejando
£m vórtices de fumo, fogo e enxofre,
D'um mar sulphureo Phlegelhonte cerca!
Abri-me os penetraes das cousas sacras.
Os segredos lethaes manífestai-me;
Que facho Amor usou, incendiando
Do negro Dite o coraçlo de bronze;
Qual feroz roubo concedeo por dote
A Prosérpina o Chãos e os Infernos;
E quantas plagas, em saudade immersa,
A vagabunda mSe correo no mundo
Em busca da perdida, amada filha.
Dize a origem das Leis, da Agricultura,
E como fez que os homens preferissem
As espigas aos fructos que lhes davam
Os antigos carvalhos da Dodonia.
154
Dux Erebí quondain túmidas exarsif in iras
Prâelia moturos superís, qaod aolua egeret
Connubii, sterilesque dia consumeret annoá,
Impatiens Descire toiiio]« nullasque maríti
liiccebrasy Dec dulce patris cognoaoere nomen.
Jam qusecumque latent ferali nMHistra baratbro
In turmas aciemque ruunt, contraque Tonantem
CoDJurant Farise; crínitaque sontibus hydris
Tisiphonct quatiens inrausto lomiiM) píoum,
Armatos ad castra Yocat pallentia Manes.
Pene reluctatis iteram pugoantia rebos
Ropissent elementa fidem, penitusque revulso
Cárcere laxatis pubes Titania vínclis
Vidisset celeste jubar, rurausque cruentas
;Egseon positis arcto de corpore nodis
Obvia Centeno vexasse t fulmina mota.
Sed Pare» veluerc minasi orbique (i mentes
155
o Imperaole do Erébo, ardeodo em ira,
Quiz declarar aos Deoses nova guerra:
Queixava-se de qae elle« entre os mais Numes,
D'Hymeneo os deleites ignorasse;
Que os dias e annos só Tivesse e triste.
Em solidão estéril e importuna :
Impaciente o thalamo queria
Repartir com alguém ; os doces nomes
D'esposo e pae tentavam-lhe a cubica.
Já quanto monstro o bárathro continha
Em turmas os abysmos vomitavam;
Projectavam as Fúrias conjuradas
Arrazar do Tonante o sólio altivo ;
Tisiphone, com serpes por cabello,
Agita a infausta luz da tocha, e chama
As armas logo as sombras macilentas.
Nos arraiaes de trevas e de horrores.
Entr^ues á discórdia os elementos
G)mbater outra vez premeditavam,
E romper por combates a harmonia ;
Forçando o cárcere, os grilhões quebravam
Os Titanos, e a luz do Ceo reviam ;
Jâ das prisões liberto Egeo pensava
Ir com cem braços apanhar os raios
Na própria mio de Jove, antes que os lance.
As Parcas de Plulão a raiva appiacam,
156
Ante pedes soliumque doeis fudere severam
Caiiitiem, geoibusque suas cum supplice vultu
Admovere manus, quarutn sub jure tenentur
Omnia, quse seriem fatorum pollice ducuDt,
LoDgaque ferratis eTolvunt sascula peiísis.
Prima fero Lachesis clamabat talia regi,
Incultas dispersa comas: O maxime noctis
Arbiter, umbrarumque potens» cui nostra laborant
Stamina; qui finem cunctis et semina praebes,
Nascendique vices alterna morte rependis;
Qui vitam letumque regis, nam quidquid ubique
Gignit materies, hoc te donante creatur,
Debetorque tibi, certisque arobagibus (Bvi
Rursus corpóreos anims mutantur in artus.
Ne pete firmatas pacis dissolvere leges,
Quas dedimusy nevitque colus: neu fcedera fratrum
Civili converte tuba. Cur impia tollis
Signa? Quid incestis aperis Titanibus auras?
157
Temendo pelo Orbe ; ao pé do throno
Do supremo Juiz alBíctas soltam
Os cabellos, por tempo eocaoecidos;
Cobrem com elles os d^aos» prostradas
Abraçam os seus pés co' as roftos potentes
Que sobre todo teem alto domínio,
Que a tela do destino humano fiam,
E no seu fuso os séculos enrolam.
Com supplice semblante, e desgrenhada,
Lachcsis a primeira assim dirige
Ao Tyranno do Averno estas palavras:
«t Ó das sombras e noite Arbitro summo,
Que ordenas e a quem tocam quanto urdimos
Das gerações principio e termo delias;
Que á luz chamando um ser, suppres aquelle
Que cessou d'existir; Senhor supremo
Da vida e morte, a cujo império extenso.
Seja o que for que da matéria saia
Por ordem tua, tudo lhe pertence ;
Tu, que depois d*um tempo limitado
Seu mortal vohedouro ás almas tornas;
Da paz as leis firmadas nSo quebrantes,
Leis cujos laços nossas mios formaram:
Dos irmSos a alliança nSo perturbe
Fero estridor de bellica trombeta.
De que serve o estandarte da revolta?
Por que razão chamar de novo ao mundo
158
Posce Jovem 9 dabitur conjox. Vis illa : pepercit,
Erubuitque preces, aoímusqae reianguít atrox,
Quamvis indocilis flecti; ceo turbine raoco
Cum gra?is armatur Boreas» glacieqae nívali
Hiipidus et Getica concretos grandine pennas
Bella cupit, pelagus, silvas, camposqae sonoro
Flamine rapturus; si forte {adversus aenos
íEoIus objecit postes, vanescit inanis
Impetus et fractie redeunt in claustra procella^^
Tum Haja genítnm, qui fervida dieta reportet,
Imperat acciri. Cyllentas adstitit ales,
Somniferam qualiens virgam, tectosqoe galero.
Ipse rudi fultos soIio, nigraque verendas
Majestate sedet, squaleni immania fc^do
Sceptra situ; sublime caput moestissima nubes
159
Incestuosos bárbaros TitoiN»?
Pede a Jove uma esposa, e a terás logd. 9
Mais nSo dísae: PiatSo cohibe a rai?a,
Co' estas preces sentio-se envergonhado;
Bem que fosse até^goni ÍD«iora?el,
A cólera em seu duro peito expira.
Dos rugidores turbilfaSes armado,
Tal freme Bóreas por bater as azas,
Carregadas do peso das geadas,
De Getícos granizes e de gelos,
E amotinar com gastadores sopros
Os mares, as florestas, as planices;
Quando Eolo lhe oppOe brônzea barreira,
O furor se dissipa, e as tempestades
Voltam bramindo ao cárcere em que moram*
Chama o filho de Maia, e determina
Que prompto Cylleneo calce. os talares,
A somnifera vara empunha, e cubra
A cabeça ingenhosa de um galera
No tosco sólio a horrivel Magestade
Apparece, e na m9o pesada e negra
Sem lustre arvora o ferrugento sceptro;
Obscurece-lhe a face enrerrugada
A mais espessa nuvem de tristeza,
160
Âsperat, et dirae riget inclementia foroiffi.
Terrorem dolor augebat. Tunc talia celso
Ore tonat: (tremeracta silent dicente tyranno
Atria; latratum tríplicem compescuit ingens
Janitor, et presso lacrymarum fonte resedit
CocytoSy tacitísque Acheron obmutuit uodis,
Et Phiegetontese requíerunt murmura ríps.)
Atlautis Tegeace nepos» commune profundis
Et superis nuroen, qui fas per limen utrumque
Solus babes» geminoque Tacis commercia mundo,
I» céleres proscinde Notos, et jussa superbo
Redde Jovi. Tantumne tibi, ssevissime fratrum,
In me júris erít? Sic nobis noxia Tires
Cum coelo fortuna tulit? num robur et arma
Perdidimus, si rapta dies? an forte jacentes
Ignayosque putas, quod non Cyclopia tela
StringimuSi aut vanas tonitru deludimus aures?
161
E Das feiçSes feroies maniresto
Com todos seos terrores a incIemeDcia.
Quanto mais se enfurece mais assusta;
Principia a fallar, e tudo atroa :
Estremecendo calam«-se os abysmos;
Do Gerbéro na tríplice garganta
Os ladros esmorecem; do Cocyto
Seccam na fonte as lagrimas perennes;
No leito d'Acheronte as ondas mudas,
Medrosas lentamente fio correndo ;
Do Phlegetonte as rochas nBo repetem
Com aíTouteza o som de seus rugidos.
«Numen progénie do formoso Atlante,
Dlnfemo e Geos divino mensageiro»
Cujos dous liminares só franquéa
A ti a Sorte; rápido precede
Os Notos; vai: intima a Jove altivo
Os meus preceitos: dize ao irmão feríno
Se sobre mim o seu poder é tanto»
Que permitta á Fortuna vingadora
Que roubando-me o Ceo» me extinga a forca?
Se a luz me foi vedada, que motivo
Ha de do meu valor e armas privar-me?
Por ventura morri» porque não vibro
Raios que os Brontes fatigados forjam»
Ou nio assusto a terra trovejando?
Envergonha-o ; pergunta se não basta
Tomo Y. 11
162
Nonne satis visunii quod grati kimíiiis exper»
Tertia suprem® patior dispeodia sort»,
Informesque plagas; cum te Istissimus ornet
Sígnifer, et vario ciogant spIeDdorcf Triònes?
Sed thalamis etiam prohibes? Nereia glauco
NeptuDum grémio complectitur Âmphitríte.
Te coDsangaineo recipit poat fulmina fessom
Juno sinu, quid eoim narrem Latoma furta?
Quid Cererem, magnamq; Tbemin? tibi tanta crcandí
Copia; te felix natorum turba corooat.
Ast ego deserta mcsrens íngloríus aulai
Implacidas nullo solabor pígnore curas?
Non adeo toleranda quies, primordia testor
Noctis, et horrenda stagpa intemerata paludis,
1«3
Qoe eu gema em dimaa aspenos» {irivade
Ba luz celeste, e víclimo da aorlEy
Em quanto, coroftdo de fiilgorea,
O Zodíaco o «dorna, 0 o aUnmi«D
As brilhantes Triones, e mais Astros? (10)
Ioda alem disto o thalamo me veda?
a No yitreo pego, em gélidas cavernas,
Abre contente o esverdinhado seio
A fornwsa « rearitiraa Arophitrite
Ao gelado e terrífico Neptuno.
Cançado de vftnor sulpfaonos raios.
Abraça Jove a •eonsanguinea limo:
E se eu contasse os n«manido8 furtos,
Que em tanta copia fructos produziram,
Latooa, Ceres, Themis, e mil outras
Que seus favores pródigas lhe deram!...
Prole ditosa o cerca, em quanto afllicto,
N'um deserto palácio envergonhado.
Minha dor vidual me despedagi ;
Sem penhor de ternura que console,
E de meus males seja o feliz termo.
Quanto me custa aolidlo tio triste {,.»
«Sitios da noite e horror, sombras quietas,
Vós ondas, que sois susto dos perjuros!
Sede quem horrorise o que prometto,
E de meus juramentos testemunhas.
Tomo V. ^^ •
164
Si dicto parere negas, patefacta cieba
Tártara. Satumi veteres laxabo cateoas*
Obducam tenebris lucem. Compage soluta
Fulgídus umbroso miscebitur axis Arerno.
Vix ea fatus erat; jam nuntíus astra tenebat,
Âudierat mandata pater, seeumque volutat
Diyersos ducens ânimos, qus tale sequatur
Conjugium, Stygiosve velit pro Sole recessus.
Certa requirenti tandem sententia sedit.
Hennae® Cereri proles optata vírebat
Única; nec tribuit sobolem Lucina secundam,
Fessaque post primos bsserunt viscera partus
Infecunda quidem; sed cunctis altior extat
Matribus, et numeri damnum Prosérpina pensat.
165
« Diie ao Tonante, dize-lhe. Mercúrio,
Que»8e me nega o que os meus votos pedem.
Soltarei do Tenáro quanto encerra:
r As cadéas antigas de Saturno
Quebrarei; e taipando infernaes trevas,
O Sol envolverei em seus horrores :
IriLo o dia e noite sem barreiras
No tenebroso golfo confundir-se. »
Apenas isto ditto, jé Mercúrio
Tinha rompido os ares, já sabia
De PlutSo 08 projectos o Tonante;
Já combatia no animo divino
D um tal ajuste o êxito temivel.
Trocar o Sol qual Deosa quereria
Pelos Estygios cárceres da morte?
Mas occorreo*lhe em fim um pensamento,
Que fixar veio tantas incertezas.
Floreeia em poder da Hennea Ceres
Uma belleza, prole desejada,
Único dom que obteve de Lucina :
Depois deste producto tfio amável,
Exhaurio-se e parou a Natureza;
Deste parto cançadas as entranhas
Nunca mais produziram: mas qu 'importa?
Assaz fecunda Ceres se reputa,
A mais feliz das mães; e Prosérpina
Lhe supprc numerosos descendentes.
166
Hanc foTety iiane sequitur ; nbriaa» noD Mandin âmbit
TorTa parens ; pedilma qnae nondwn praterít arva,
Nec noTa luoats curfarit genuína (máiik
Jam vicina toro pteois adotrtenit amns
Yirginitas: tenerum jam pronoba flamma pudorcm
Sollicitat ; mixtaque tremit formidíae Totam.
Personat aula procis. Pariter pro firghie eerfasl
Mars clipeo mclior, Pfaoebiis praastaotinr areu.
Mars donat Rhodopen» Pboeéf» largitar AmyúêSf
Et Dclon Clariosque Iam. Hino ttmiriar Am,
Hinc poscit Latona nurunu Bespeiít utfamquef
Flava Ceres; raptusque tíneM (hev cffica futuril)
Gommeodat Siculis furtiiD loa gaudia terrâ»
167
Esta adora, esta segue cuidadosa.
Como segue a novilha com termira
A cornigera mie» antes que possa
Correr só» e calcar do campo a relva ;
Antes que a hia imitem sobre a fronte
As armas que ioda tenras já Ibe apontam^
Completa a idade» a linda Prosérpina
Do tempo dliTmeaeo já se aproxima :
Doce chamma pungente já profoca
Uma de amor inoognita anciedade»
Que o tímido podar atemoriza;
Mescla-se o medo c'o desejo n'alma.
Cm cortejo diamantes a rodéa:
«
Marte» o melhor no aumejar das armas»
Emineate no arco o louro Apdlo,
Pela yiTgna contendem : dá^he Marte
O Rhodope; submisso oflTrece Phebo (11)
Os lares d'Aniycléai Claros, Delos« (12)
De Judo a Mart^ a protecçSo ampara;
Latona soUicita paia nora
A linda virgem neta de Cybelle.
Uma e outra rejeita a flava Ceres :
Teme um roubo (quão cega do futuro!)
Furtivamente ás rochas da Sicília
Confia o seu thesouro, a filha «ara ;
Mais defendida, mais segura a ]\i^n,
A forte posição Ih' embarga os susUs.
I
168
Ingenio confisa loci. TriDacria quoodam
Itália pars uoa fuit: sed poDtus et sstus
Muta?ere situm. Rupit confinía Nereus
Victor, et abscissos ioteriuit aequore montes:
Parvaque cognatas prohibent discrimina terras.
Nunc illam sócia raptam 'tellure trísulcam
Opponit natara mari. Gaput iude Pachyni
Respuit lonias praeteotis rupibus iras.
Htnc latrat Gstula Thetis, Lylibsaque pulsat
Brachip consurgens, hinc dedignata teneri
Concutit objectum rabies Thyrrhena Pelorom.
In médio scopulis se porrigit iEtna perustis;
iEtna Giganteos nuuquam tacitura triumphos,
Enceladi bustum, qui saucia terga revinctus
Spirat inexhaustum flagranti pectore sulphur.
Et quoties detrectat ónus ccrTÍce rebelli
In dextrum^ l(Bvumve lalus; tunc insula fundo
169
A Trínacría já foi parte de Itália (13)
No antigo tempo; mas rompeo-lbe o nexo
O revoltoso mar co' as ondas bravas.
Tríomphante Nereo quebron-lhe os laços,
E os montes despegados encheo d aguas.
Que para sem^m abertos, curto estreito
Defendem rocbas duras e immutaveis.
Hoje opp9e inflexivei natureza
Ao mar irado, que roubara a terra.
Três promontórios; fica sempre estranha
Áquella de que foi porçBo outr'ora.
Contra os rochedos do Pacbyno quebram
As lonias ondas: acolá, bramindo,
Thetb Getulea se levanta, e cae
Ao pé do Lylibeo irresistivel :
Do mar Thyrreno a fúria ao longe bate,
Sem que ceda o Peloro á impaciência
Das vagas contra o dique que as reprime.
No meio dos rochedos calcinados
O Etna se levanta, da derrota
Dos Gigantes eterno monumento;
Em cuja subterrânea base |»*e8o,
D'asperrimas cadèas retalhado,
Encélado do peito ardente exhala
Inextinguivel sulpburante bafo.
Se acaso move a frente constrangida,
E procura co' a mão rebelde um geito
Que o peso diminua do que soíTre,
170
Vellitur, et dabi» noUnt cum moBnibas orbes.
iEtnaBos ápices solo cognoseere yisu»
Non aditu teatare, licet; pars csetera frondet
Arboribas ; terítar otrilo cultore cacumen.
Nunc vomit iodigenas nimbes^ píceaque graratnin
Foedat nube diem; nunc molibug MUa tacesát
TerriBcis» damnisque sois ioceodui outrit.
Sedy quamyis nimio férreos exf^ret aestu,
Scit nivibus servare fidon» pariterque {avíUis
Durescit glacies tanti secura vaporis^
Arcano defensa gelu, fumoque fideli
Lambit contíguas iniMnua flamrna pruÍNs.
Quae scoputes tormenta rotant? qv» tmta ctrermiv
Vis glomerat? quo fonte ruit Vokaiiius antiiis?
Sive quod objicibus discurrens yentus opertis,
Offenso per sasa furít rimosa meato.
Dum scrutalur iter, libertateniqiie repaseeos
Putria multivagis populatar iatibos aotra.
171
Treme a Sidlia^ abaUrm-se as Cidades,
Sobre as bases seus maros estremecem*
Os seus cumes a vista alcança apenas,
Vencé-los nSo podendo os pés cangados:
As faldas da montanha arvores vestem;
Rebelde o teao sempre á agriaritunit
Vomita de betumes prenhes Mrens»
De vapores terríBcos inunda
O reluzente Sol, que é fiae do dia ;
Rochas expulsa com que assusta os astros»
E de seus próprios restos outre o incêndio.
Has apesar dos turbtUides ardentes»
Aos ge]0s guardam íé igneos vapores ;
A Ijmpha se congela, preservada
Pelo secreto frio que alli mora;
Lambe a cbamma sem damno as frias aguas.
Que machina é que tmpeDe estas roched0s7
Que forças escavaram taes cavernas?
De que fonte esses rios inflammados
E torrentes volcanicas derivam?
Talvez no centro comprimido o vento
Em subterrâneos cárceres se agita,
E fura ousado, retalhando as rochas;
Quer libertar-se, e rompe o seu caminho
Por entre os antros pútridos, que occupam
Blultivagos, meph} ticos vapores.
172
Seu maré sulfurei ductum per ?iscera moDtis
Oppressis ígnescit aquis, et pondera librai.
Hic ubi serrandum mater fidissima pignus
Âddidit, ad Pbrygios teodit secura penates,
Turrigeramque petit Cybelen, sinuosa draconum
Membra regens, volucri qui penria nubila tractu
Signant, et placidis humectant Trena venenis.
Frontem crista tegit; pingunt maculosa virentes
Terga not®: rutilum squamis intermicat aurum.
Nunc spiris Zephyros tranant: nunc arva Tolatu
Inferiore secant, cano rota pulvere labens
Sulcatam fecundat humum. Flavescit arístis
Orbita. Surgentes condunt vestigia culmi.
Vestit iter comitata seges. Jam linquitur JElm^
Totaque decrescit refugo Trinacria visu.
173
Talvez do mari correndo nas entranhas
Desses solpburcos montes, aquecidas.
Ferrem também as aguas, e rebentam
Go' essas massas ingentes contra os ares.
Apenas neste sitio deposita
A carinhosa mBe a doce prenda
De seu materno amor, vai sem cuidado
A Phrjgia, onde o dever por ella chama,
Onde habita a turrigera Cybelle.
Dos dragões sinuosos de seu carro
Dirige os membros com que audazes cortam
Por entre nuvens seu caminho aéreo;
E nos freios auríferos, que mordem,
Venenosa impotente espuma alveja.
Na fronte se lhe eleva altiva crista;
Manchas verdes e azues cobrem-Ihe o dorso.
Que áureas escamas rutilantes mesclam.
Ora os suspiros de Favonio vencem;
Ora abaixando o vAo, v8o sulcando
Com as rodas a terra, que fecunda
O prolífico gr&o em quanto adejam.
As orbitas da espiga já se douram.
Ornam as leivas germes abundantes,
Que os campos e searas fertilizam.
Desapparece o Etna; já de Ceres
Os olhos a Trinacria não divisam.
174
Heu quoties praesaga mali YÍoiaTÍt oborto
Rore genas ! quoties ocabs ad teota retorsib
Talia ?oce movens: Salve, gnrliasiaio teUui^
Quam DOS praetolimiis ocbIo. Tibi gaudÍA wsiti
Sanguiois, et caros oteri eomoMado Uborea.
PraBmia digDa manent. Nullas patíere ligonea^
Et nullo rigidí versabere vomerís kta*
SpoDte luQs florebit ager, cessante jirrenod
Ditior oblatas mirabitor íncoia messes.
Síc aity et fulvis serpeotibas attígH Ides.
Hic «des augusta Deie, templique coleiídi
Reilígiosa silex, densis quam piuus opacat
Froudibus, et nulla locos agitaote procella,
Stridula coniferis modulatur carmioa ramis.
175
Quantas lagrimas» ah! que pranto amargo
O coração» presago dos desastres»
Solta e derrama sobre as laces beliail
Quantas vezes atraz os olhos volta»
E saudosa profere estas palavras:
« Salve, 6 terra gratíssima» que outr'ora
Eu preferi aos Ceos» sitío dos Deoses {
Conserva o que entrevei» penhor sagrado
Do meu amor e sangue; o doce fructo
Dos maternaes trabalhos te eocommendo*
Pagarei d'alto premio o teu cuidado:
Nío sofirerás da enxada os férreos golpes»
Nem rasgará teu seio o curvo arado.
Teus campos espontâneas flores brotem ;
E á vista da riqueza das searas»
O lavradcn* surpreso nSo duvide
Repartir c'os novilhos seu descanço. x>
Disse assim» quando já iam chegando
Os wm fulvos dragjte ao aonte Ua*
Em capella sagrada a mie doa Deoses
Religiosa pedra a symboliza;
Alli n um templo augusto lhe dão culto.
Frondente rama de pinheiros altos (14)
Com magestosa e densa sombra o cobre:
Nenhum tempestuoso vento os turba ;
Brando sussurro só diffunde a rama»
Que em doce consonância fere os ares.
176
Terríbiles intus Thiasii vesanaque mixto
GoDcentu delubra gemunt. Ululatibus Ide
Bacchatur. Timidas inclinant Gargara silvas.
Postquam visa Ceres, mugitum tympana frenant,
Conticuere chori. Corybas noD impulit ensem.
NoQ buzas, non será sonant; blandasque leonês
Summísere jubas. Âdytis gavisa Cjbelle
Exsiliti et proDas intendit ad oscula turres.
Viderat hsc dudum sainma speculatus ab arce
Júpiter, ac Yeneri mentis penetralia nudat.
Curarum secreta tibí, Cytherea, fatebor
177
Do recinto porém alto resoam
Os livres djthirambos, loucas daocas»
Os bramidos cooínsos, os damores
Com que estremece o Ida, e intimidada
Do Gárgara a floresta se commove»
E inclina com respeito a vasta coma.
Apenas se vâ Geres, tudo cala:
Os tambores reprimem seos estrondos;
Emudecem os choros, e retiram
Os Gorjbas immoveis as espadas. (16)
Calam-se as flautas, dos clarins o bronie
Mais nlo pôde estrugir; leOes submissos
Abaixam sem fereza as fartas jubas*
E os pés da Deosa carinhosos beijara.
Cybelle alegre o sanctuario deixa,
Cone a abraçar a filha com ternura,
E inclina as torres com que cinge a frente.
Jove do sommo Olympo observa as Deosas,
E qulo próprio o momento se apresenta
De revelar a Vénus seu projecto:
Eis desnudando a mente impenetrável
O mysterio descobre á gentil Filha :
« Vou, dis elle, ó Deidade de Cjthera,
Meus secretos cuidados revelar-te :
Tomo Y. l£
178
Cândida Tartareo Doptuai Prosérpina regi
Jam dudum decreta dari. Sic Atropos urget:
Sic cecinit longseya Thenrís. Nunc matre remota
(Rem peragi tempos) fines invade Sieanos,
Et Cererís prolem patalis illudere caaipis,
Crastina puniceos cum lux detexerit orbia^
Coge tuis armata dolis ; quibus urere cunctai •
Me quoque sffipe, soles. Cur ultima regna quiescunt?
Nulla sit immunia régio, nullumque sub uniria
Pectus inaccensum Veneri. Jam triítia Eriwys
Sentiat ardores; Acheroo, Ditisque severi
Férrea lasciYÍs mollescant corda sagittia.
179
A lioda Prosérpina deve unir-^
Ao Tártaro Hooarcha; isto ordenaram
Ha tempos os Destinos; nisto insiste
Atropos sem remédio; a antiga Themis
O determina assim por seus decretos.
O tempo está chegado: partío Ceres;
Favorece esta ausência o mea desígnio.
«Os campos da Sicilia affoita invade,
B da prole de Ceres toma posse:
Para a trawr iilasa ao campo aberto,
Amanhi, quando a luz nascer, seus raios,
E mais teus artificios, a convidem
A encontrar na planicie o fresco orvalho:
Das artes com que arder fazes o mundo,
E a mim mesmo mil veies iocendéas,
Usa, Acidalia, e serve a mim e aos Fados.
Por que motivo em paz deixas o Avenio?
Nada escapou do teu poder suave;
Nem no seio das trevas taciturnas
Coraçlo se encontrou ínaccessivel
Aos attractivos da potente Vénus.
A triste Erínnys sinta os teus ardores;
Reina sobre o Acheronte e seu tyranno;
E pelas deleitosas tuas flechas
Os corações marmóreos amollece. »
Tomo V. 12 ,
180
Accelerat prscepta Vénus; jussuque pareotis
Palias» et ioflezo quie terret Maenala corou,
ÂdduDt se comités, Díyído semita gresso
Claruit. Auguriílm qualís latunis iniquum
Prspes sanguíneo dilabitur igne cometes
Prodígíale nibens. Non illum navita tuto
Non impune vident populi : sed crine minaci
Nunciat aut ratibus ventos» aut urbibus hostes.
Devenere locum» Gereris quo tecta nitebant
Cyclopum firmata manUé Stant árdua ferro
Hoenia; ferratí postes: immensaque nectit
Claustra chalybs. Nullum tanto sudore Pyraonon,
Nec Steropest construxit opus: nec talibus anquam
Spiravere notis anims: nec flumine tanto
lococtum maduit lassa fornace metallum.
181
Co' este preceito Veaus se accelera ;
De Júpiter as ordens lhe associam
Por companheiras Palias e essa Deosa
Cujo boaz curvado assusta o Méoalo.
VSo diffuDdindo luzes nos caminhos
Os passos diYÍnaes das três Deidades:
Bem como a coma de um cometa espanta.
Quando, presagio d'nma qiieda infausta»
De repente se vê : treme o Piloto ;
Os povos assustados se consternam
Co sanguíneo fulgor do astro funesto,
Co' as vermelhas madeixas, que promettem
Tempestades ás nãos, guerra ás cidades«
Chegam em fim de Ceres ao palácio.
Que os Cyclopes robustos construíram
Com esplendido gosto e segurança,
£ deram férrea base aos altos muros :
De ferro sSo as portas, que seguram
Com fechaduras d'a(o fortes barras.
Nunca tanto suor cobrio as faces
De Pyracmon, nem poz maior desvelo
O fOTÇOSO Sterope em qualquer obra:
Nunca o vento soprou com tanta força
Nos folies comprimido, nem correram
Das ardentes fornalhas fatigadas
Os fundidos metoes era copia tanta.
i8â
Atria vestit ebur: trabibos solídotiir ateis
Culmea, et in celsas surgunt electra oolomoaSi
Ipsa domum tenero molcens Prosérpina canta
Irrita texebat redituras monera matriz
Hic elementonim seriem sedesqae paternas
losignibot acu: meterem qua iegè tamaitom
Discrevit Natura parens» et senina jostis
Discessere locis. Quidqaid leret fartar in altomi
In médium graviora cadunt. Incandait ffitber:
Egit flamma polum: fluxit maré: terra pependit,
Nec color unas inest. Stellas accendit in aar0,
Ostro fundit aqaas, attollit littora gemmisi
Filaque mentitos jamjam c^lantia fluctus
Arte tument. Gredas illidi cautibus algam.
183
Eram de broDie as traves ; em mistura
A prata e ouro aos ares levantavam
El^antes altísaimas columnas.
Com maviosos cantos deleitava
Estes sities a t^oa Prosérpina ;
E para a mie, que em vio saudosa esperai
Um presente tecia, primor d'arte*
Co' a destra agulha desenhava astuta
O throno de seu t^ae, celeste assento;
Ingenhosa na tela figurava
Dos Elementos a constante serie:
A Natureza o cabos arranjando,
E em seu justo lugar as cousas pondo;
Fixando onde compete o que é mais leive ;
Fazendo gravitar o que nuiis pesa :
Encandilando o elber; e obrigando
Sobre um ponto a girar o €eo c'os Astros :
Fica fluido o mar, solida a terra.
Suspendida no espaço illimitado.
Tinge os raios da luz com varias cores,
E accendeo as estrellas n'um Ceo d ouro:
Sobre um leito azulado as ondas brincam ;
As preciosas pérolas que alvejam
Crescem nas praias, e por arte os fios
Se levantam fingindo crespas ondas.
Parece que nas rochas s'espedacam
As marítimas plantas, verdes algas;
184
Et raucum bibulis inserpere murmar arenis.
Âddit quinque plagas. Mediam sobtemioe rubro
Obsessam fervore notat. Squalebat adoatus
LimeSi et assíduo sitiebaut stamina sole.
Vitales utrimque duas; quas mitis oberrat
Temperies babitaoda viris« Tuai fine supremo
Torpentes traxit geminas, brumaque peravii
Foedat, et ffiteroo coutristat frigcNre telas.
Nec uoD et patroi piugit sacraria DitiSt
Falalesque sibi manes. Nec defuit omeo.
PrsBScia nam subitis maduerunt fletibus ora.
Coeperat et vitreis summo jam margine texti
Oceanum sinuare vadis: sed cardine verso
Sensit adesse Deas, imperfectumque laborem
Deserit» et níveos infecit purpura vulUis
Per liquidas succensa genas, castflBque pudorís
Illuxere faces. Non sic decus ardet eburnum»
Lydia Sidónio quod femina tinxerit ostro.
185
Que se oave o loin das aguas murmuraudo,
Quando serp6am pela solta aréa.
Alli bordou também as cinco Zonas;
E c'um fio de purpura assígnala •
O sitio onde o calor mais permanece:
Vé-se que assiduo o Sol diesseca a terra.
Torra do estofo a trama delicada.
Os dous lados yitaes e temperados
Mais babitaveis sOo» e mais contidam
Aos bumanos seus climas restaurantes.
Os extremos também bordou desertos,
Eternas brumas, congeladas neves,
Que a mesma tela desabrida attristam.
NSo lhe esqueceo também do fero Dite
Os tenebrosos sitios, fataes sombras.
Que a Sorte inrelizmente lhe promette.
Nlo lhe faltam agouros: começando,
Fatal presentimento a atormentava.
Súbito pranto lhe humedece o rosto.
Mas quando ia os contornos submergindo
Nas cristalinas aguas do Oceano,
De repente da porta os fechos se abrem:
Á vista das três Deosas o trabalho
Incompleto abandona; a nivea face
Invade a escarlatina cor^ modesta
Com todo o fogo que o pudor accende.
Menos brilha o marfim, se acaso o tinge
Com purpura Sidónia Lydia escrava.
■
186
Merserat unda dien. Sparso nox húmida somoo
Languida csruleis inyexerat 4itia bigis.
Jamque viam Pluten superas molitur ad auras
Germaui monitu. Torvos invisa jugales
Alccto temone ligat, qui ptiscua mauduDt
Cocyti» spatiisque Erebi nigrantibus erraat,
Stagnaque tranquilte potautes marcida Letbes
iEgra soporatis spumant obHvia linguis.
Orphoaeus crudele micans, iEtbooque sagitta
Ocior» et Stygíi sublimis gloria Nycteus
Ârmeotii Ditisque nota signatus Alastor,
Stabant aute fores juncU, saevuroque fremebant
Crastiua ventura spectantes gaudia prsdãe.
187
No mar se tinha o dia mergulhado;
Hamida a Noite os somnos esparzia»
E a cerúlea parelha dormitara,
Por ócio 6 iaiigittdex entorpecida*
Pelo aviso do IrmBo já sWorçava
Plutão para romper a nova estrada
Pelos sities que alegra a biz celeste*
Âlecto horrenda conjugava á lança
Os ferozes cavallos» que mascaram
O pasto no Gocyto» e saMos vagam
Nos espaços do Erébo negrejantes ;
Que no Lethes tranquilfo bebem tristes
As estagnadas coirompidas agaaSi
Das linguas soporantei vomitando
Co' a narcótica espuma peV^ihenta
O enfermo olvido que anaiqnila tudo.
O cruel Orpheneo lampeja e freme;
Mais rápido que a setta vda yEthonte;
Das manadas Estygías, gloria delias,
O sublime Nycteo; e assignalado
Co' a marca de PlutSo o negro Âlâstor:
Subjugados á porta do palácio»
Relinchavam, prevendo a bella presa
Que ao Dite pronrottía a novo aurara.
DE RAPTU PROSERPINiE,
PRjíarATIO.
Utia sopitís ageret cam cantibus Orpheas,
Neglectumque díu seposaisset ebur;
Lugebant erepta sibi solatía Nympfasey
Lugebant dulces íkimina mcosta modos.
Sseva feris natura redit, metuensqtte leonam
Implorat citharae vacca 'tacentís opem.
Illius et duri flevere silentia montes,
Silfaque Bistoniam sspe secota chelyn.
Sed postquam Inachiis Alcides misaus ab Argía
Thracia pacifero contígit arva pede,
Diraque sanguinei vertit praesepia Regis,
o ROUBO DE PROSÉRPINA.
PREFACIO.
Am ócio estéril esquecia o caoto
Orpheo, e a iyra muda repousava;
As Njmphos consternadas lamentavam
Seu perdido praier; em pranto os rios
Sopplicavam^seus melicos concentos.
A feroz natureza reassumiam
Os monstros; e os bezerros timoratos
Á vista dos leSes sollicitavam
Da cithara calada seu remédio.
Que digo! seu silencio magoava
Os insensíveis montes da Bistooia, (1)
As florestast que tantas vezes foram
Por seus números doces attrahidas.
Mas apenas que dlnacho a
Argos, deixou Alcidesi e seguido (2)
Pela paz veio á Thracio; e em pó deixando
As sanguinosas manjedouras d^Augias»
190
Et Diomedeos gramine pavit equos:
Tum patri» festo Istatus tempore vates
Desuetffi repetit fila canora lyra,
Et resides Iam soodulatiia pectine nervos,
Pollice festino mobile duxit ebur.
Vix auditas erat: venti frenautur et undse.
Pigrior adstrictis torpuit Hebrus aquis.
Porrexit Rhodope sitientes carmina rupes»
Excossit gélidas pronior Ossa nives.
Árdua nudato descendit populus ^mo»
Et comitem quercum pinus arnica trahít«
Cirrhseasque Dei quamvts despexerit artes*
Orpbeís laurus Tocibus acta venit.
Securum blandt lepore» fovere Moloasit
Vicinumque lupo prasbuit agna latus«
Concordes varia ludunt com tigride damffii
Massylam cervi non timuere jubam.
tile novercales stíoduloá actosque canebat
Herculis, et forti monstra subaçta mana.
191
Fartou de grama os DionedeoB uroos ; '
Da ventura da pátria Orpbeo ditoso^
Toma a ferir as cordas resoaotes
Da lyra abandonada; ebúrneo arco
O instrumento ocioso reanima,
E 08 ágeis dedos móveis fios vibram.
Os ventos c'os primeiros sons se acalmam.
Param as ondas, o Hebro perguíçoso (3)
A rapidez das aguas entorpece;
O Rhodope pasmado o cimo inclina,
Soltam-se os gelos do Ossa alcantilado, (4)
Despe-se o Hoemos dos soberbos olmos, (5)
Após si o pinheiro attrahe o aanbo;
E apesar dos desdéns que a Daphne inspira
Do Deos de Cirrba o sonoroso ofiBcio^ (6)
Commove a ?ok d'Orpheo a laurea rama.
Presta aflbgos á lebre o mastim manso.
Dorme sem susto a ovelha ao pé do lobo;
Une a concórdia os gamos com os tigres,
Brincam juntos ; nem mette medo ao cervo
A juba do leão, as garras feras.
Da raivosa madrasta as iras canta
Orpbeo, e canta dllercules proezas;
Os monstros que debella a mão terrivel:
«
192
Qqí timid» motrí pressos ostenderit aagues,
Intrepidusque fero riserit ore puer*
Te oeque Dicteas quatiens mugitibus urbes
Taanis» Dec Stygii terruít ira canis:
NoD leo sidéreos cobU rediturus ad axes,
NoD Erymantbei gloria montis aper.
Solvis Ámazonios cinctuSt Stymphalidas arcu
Âppetis; occidao ducís ab orbe greges:
Tei^eminique ducis numerosos dejicis artus»
Et toties uào victor ab hoste redis.
Non cadere Ântaeo, non crescere profuit Hydrfle :
Non cervam Tolucres erípuere pedes.
Caci flamma perit: rubait Busiríde Nilus:
Prostratis rubuit Nubigenis Pboloe.
Te Libyci stupuere sínus: te máximos Atlas
i
I
%
193
Dii como Alcmena treme quaodo observa
Os braços infantis com cjae sea filho
No berço aflbga horrisonas serpentes ;
Gomo Toltèa sobre os tenros lábios
Cerlo sorriso triomphante, intrépido.
« Sem descorar, (disse elle) o touro viste
Gajos mugidos abalaram Creta;
Do stjgio do os ladros n&o temestot
Nem o leio que aos Ceos subir devia;
Oa javali feroit que do Erymaotho
Foi terrori e foi gloria de teu braço.
c O cinto da Amazónia desataste ; (7)
Só fugindo as Harpias te escaparam;
E dos termos do mundo conduziste
Té ás portas da Aurora esses rebanhos
Do triple GerylOy cuja derrota
A teu valor concede três triumphos.
« Nem as quedas de Anteo, premeditadas,
Nem da Hydra as cabeças renascentes,
Os pés da Cerva alados, os livraram
De teus golpes; de Caco a chamma apagas;
De Busiris o sangue tinge o Nilo,
E dos Centauros mortos tinge o Phóloe (8).
Taes prodígios, façanhas tio sublimes.
Da Libya as praias teem como assombradas: (9)
Tomo Y. 13
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194
Horruít» ímposito cum premerere polo.
Firmior Hercúlea muodus cervice pepenâit
LustraruDt humeros Pbcebtis et asbra taoa.
Thracius h(ec vates; sed tu Tyrínthius alter»
Florentine, mihi» tu mea pleetra inoves.
Antraque Musarum longo torpentía somno
Excutis» et plácidos dueis in orbe choros.
UBER II.
IMPULiT lootos praBmisso loBiine fluctos
Nondum pura dies; tremulis rifaravit in undis
Ardor, et errantes luduot per carula flanunOL
Jamqae audax animí, ãáaeqae oblíta parenlis,
195
Atlas ingente freme e se horrorisa
VeDdo que o Ceo deseança nos teus hombros;
Ás celestes abobadas parece
Que um mais firme e melhor apoio prestara,
Pois sobre elle proseguem seu caminho
Phebo e a cohorte dos luzentes astros. »
Assim cantava Orpheo. Tu, novo Alcides (10),
Tu dás á minha lyra alento novo:
Á tua voz o longo somno foge,
E abandona a morada taciturna.
Que no silencio as Musas habitavam ;
Entre os mortaes ordenas que desfechem
Os seus choros, que slo da paz amigos.
LIVRO II.
i
BRE as Iónicas ondas já brilhavam
Fogos que slo do dia precursores;
E nas treihulas aguas voltejava
A sua incerta luz, que se confunde,
Á chamma d ouro, c'o8 cristaes cerúleos.
Incauta Prosérpina poz de parte
Da mte o meigo aviso previdente;
Tomo Y. 13 «
196
Praude Dionsa riguos Prosérpina saUu»
(Síc ParcflB Tdlaere) petit. Ter cardine yersa
Prssagam cecínere fores. Ter cônscia fati
flebile terrificis gemuit mugitibas iEtoa.
NuHis illa tamen monstrist nuUoque tenetar
Prodigto. Comités gressum junxere sorores^
Prima dolo gaudens, et tanti callida voti
It Yenús» et raptas metitur corde futuros,
Jam dunim flexura Gbaos, jam. Dite subacto^
Ingenti fâmulos Manes ductura triumpho.
Illi multifidos crínis sinuatur in orbes
Idalia divisus acu. Sadata marito
Fibula purpúreos gemma suspendit amictus.
Cândida Parrbasii post bane regina Lyciei,
Et. Paodionias qu» cúspide protegit arces»
Utraque virgo, ruunt: bec tristibus áspera bellis;
H»c metuenda feria. Tritonia casside fulfa
197
Sem temor corre ao bosqae humedecido»
Onde a fraude de Vénus a attrabia
(Assim fizeram Parcas). Sobre os quicios
Três vezes, oh presagio! a porta geme;
Por três vezes o Etna amedrentado
Resoa c'os gemidos mais queixosos:
Apesar dos prodígios, parte a virgem.
As três Deosas irmBs seus passos seguem:
Dione á frente goza da ventura
Que teem seus artificies; dissimula,
Mas vé de longe, com prazer secreto,
Qoanto seus votos cálidos provocam;
Qoe o triampho do Dite lhe submette
O Chãos, PluUlo mesmo, e os Manes todos,
Qoe ao seu carro assim ficam maneatados.
Em mil anneta lhe tinha Idalio ferro
Dividido as madeixas d'aureas ondas.
Que airosas diamantino pente ajusta.
A túnica de purpura fixava
Sobre o seio presilha primorosa.
Que Vulcano regou de seus suores.
D' Arcádia a Deosa cândida a seguia, (11)
E a d'Athenas potente protectora,
Que Hjmeoeo uma e outra desconhece:
Esta exaspera os ásperos combates;
Essa nos bosques é terror das feras.
198
Caelatum Typhona gerit» quí, sumina peremtm^
Ima parte víget, moriens et parte superstes.
Hastaquo terribíli surgeas per nubila gjro
Instar habet silvie. Tantum stridentia colla
Gorgonos obteotu pallae fulgentis iouaibrat.
At Trivíae lenis species, et multas in oro
Frater erat, Pbcebiqae genas et lumína Phoabi
Esse putes» solusque dabat discrimiDa sexus,
Brachia nada nitent: levibos projecerat auris
Indociies errare comas, arcuque remisso
Otia nervus agit Peadent post tei^ga sagitt»,
Crispatur gemino vestis Gortynia cinctu
Poplite fusa tenus, motoqoe in stamine Delos
Errat, et aurato trahitur circumflna poiíto.
Quas inter Cereris proles, nuno gloria matris»
Mox dolor, squali tendit per gramina passu,
Nec roembris nec honore mínor; potuitque videri
Palias» si clipeum, si ferret spicula, PhcBbe.
199
Traz Minerva no casco borrída imagem
De Typheo» que a si mesmo supervive;
Esse gigante cajo basto é presa
Da morte, quan^ a TÍda anima e resto*
A lança delia sobrepuja as nuvens;
£ 08 olbos assustadas a reputam
Uma floresta altiva; cobre as serpes
Que silvam sobre a frente de Medusa
Um mantot que é d'estreU8s recamado,
No alvo rosto a doçura lhe morava»
Noa olhos e na face era Diana
Qual Phebo seu irmto:; aáraente o sexo
Impede que se créa aer Apollo:
Brilham seus braços nte, soltos cabellos
São do Zephiro leve alegre ^brinco;
O seu arco descança; a corda bamba
E as flechas 4e seus alvos hombros pendem*
Dobre cinto o vestido lhe suspende
Acima do joelho ; alli bordado
Delos errante sobre o mar se via»
Que d*aureas ondas circundava as roupas.
Vem seguindo ertas Deosas Prosérpina»
Rival delias em garbo e magestade»
De Ceres gloria» e logo acerba magoa ;
Vendo o broquel» por Palias a julgaram»
E por Diana» á vista do arco e flechas.
200
CoIIectiB tereti oodantor iaspide yestes*
Pectinis ingenio numquam fdicior arti
G)Dtigit eyeDtiis. NuU» sic consona teke
Fila» nec ín tantum feri duxere figuram.
Hic Hyperionio Solem de semine nasoi
Fecerat, et pariter, aed forma dispare, Lonam,
ÂurofflB noctisqui duces. Canabola Tethys
Praebety et infantes grémio solator aobeios,
Cffiraleusque sinas roseis radiatur alumnis,
Invaliduin dextro portat Titana lacerto
Noodum luce graveroi nec pubescentibos alie
Cristatum radiis. Primo dementior »vo
Fingitur» et tenerum vagitu despuit ígnem^
Laeva parte sonur Titrei libamina potat
Uberis, et parvo signatur têmpora corou.
Tali luxuriat cultu. Comitaotur eunlem
Naldes, et sócia stipant utrinque corona»
QasB fontesi Crioise, tuos» et saxa rotantem
Pantagiam, nomenque Gelan qui prsbuit urbi,
201
Traz veitesy presas com polidos jaspes»
De tela, primor d'arle em transpareDcia,
Que as delicadas formas revelavam
Com mais ezactidlo do que encobriam.
Nellas bordoa com arte mio perita
D'HyperioDÍo a prole, o Sol e a Loa,
D'Áiirora e Noite os bellos condactores.
Seu cançasso e fadiga acalma Thetys
No cristalioo berço que Ibe oiteta;
Doiiram-lhe o seio aiul porporeos raios
Dos dois Numes lustrosos que ella afihga:
O juvenil Titan, que traz na dextra.
Com seu frouxo esplendor Ibe cerca a frente ;
Ao qual a agolba experta presta as graças
Da infância, e faz luzir as puras cbammas
Que da boca Ib' escapam c'os vagidos.
No braço esqiiei]^o Cyntbía exprime a Tbetys
Do diáfano seio doce néctar,
E começa na tenra testa a ver-se
Po crescente argentino a luz serena.
Vai Pfoserpina d'esta pompa altiva :
De Nayades um circulo vistoso.
Por toda a parte, em comitiva a segue.
Deixam as fontes do Criniso, e os seixos (12)
Que o Pantagio estrondoso inda revolve;
O Gela, que deo nome a uma Cidade,
202
Coacelebrant : quas pigra vado Camarína palaatrí,
Quas Arethus(BÍ latices, quas advena nutrit
Alpheus. Cyane totum supercmAinet agmen.
Qualis AmazoDidom peltis esuHàt adoncís
Palcra cohors» quoties Arcton populata virago
Hippolyte níveas ducit poat prffilia turmas;
Seu flavos stravere Gelas, seu forte rígeotem
Thermodootiaca Taoalo fregere securt.
Aut quales referuiit Baccho soleonia Nyinphe
MffiODiffi, quas Hermos alit, rípasque paternas
Percurrunt auro madídae ; laetatur in f ntro
Amnis, et undaotem declinat prodigus urnam.
Viderat herboso sacnim de vértice vulgus
Heona parens florum, eurvaque in valle aedentem
Compellat Zephyrum: Pater d gratíssimo veris,
203
E as cannas que embargavam Camariíia
Quando o seu cristal liquido entomaTa ;
Que o licor d'Aretha8a e a praia eottilbani,
Quando estrangeiro Alpheo de longe a busca: (13)
Cyane, a linda, sobresae a todas. (i4)
Taes Amaaonas beliicas agitam
Os convexos broqueis depois da guerra,
Se as niveas turmas reconduz Hippolyta
Aos campos em que reina Arctos e a neve;
Ou com seus golpes tenbam morto o Geta,
Ou c'os macbados de que o Thermodonte
Armou seus braços fortes, invencíveis
Os gelos do Tanais despedaçassem.
Taes também, se de Baccho as festas voltam,
As Nymphas da Meonia ás praias correm
Do Hcrmus, cujas ondas áureas bebem;
O Deos, na gruta ouvindo-as, estremece,
A urna inclina, e derrama as ondas douro.
Alcatifado d'herva o fértil Henna,
Rico de flores, apercebe o grupo
Das Deosas e das Nymphas engraçadas;
£ o Zephyro, que observa perguiçoso
£ sentado n'um valle, á pressa chama.
K Amável pae, lhe diz, da primavera,
204
Qui mea lascivo réguas per prata meatu
Semper» et assiduis irroras flatíbus annunit
Respice Nyinpbamm coetos, et celsa Teoantis
Germina, per nostros dignantia ludere campos.
NuDc adsis faveasque, preoor, nimc omnia fetu
Pubescant ?irgulta Telis, ut fertilis Hybla
loTideat» yinciqne sãos non abnuat hortos.
Quidquíd tariferis spirat Panchala silvis,
Quidquid odoratus longe blanditur Hydaspes»
Quidquid ab extremis ales longsTa Sabaeis
Colligít, optato repetena exordia busto»
In venas disperge meãs, et flamine largo
Rura fove, merear divino poUice carpi,
Et nostris cupiaot omari namina sertis.
205
Que em briocadores giros incessantes
Em meu prado te agitas» que nSo canças
De humedecer de onralhos bemfeitores
Em mea serviço as estações do aono;
Este choro de Njmphas f é» repara
Nesta prole celeste do Tonante,
Que em nossos campos digna recrear*se«
Com teu fayor protege hoje meus votos!
As plantas de repente to vigorem»
Be novas flores se matise a terra ;
Envei^onhe-se o Hjbla» e reconheça (16)
Que os meus prados viçosos e abundantes
Qs seus férteis flcMridos campos vencem.
Em minhas veias corra a essência pura
Que a Panehaia thurifera perfuma;
Os vapores suaves com que as praias
Do magestoso Hydaspe se embalsemam ;
Qs cheiros deleitosos que recolhe
Lá nas plagas Sabéas» Uo distantes»
Immortal ave» e recupera a vida (16)
No sepulchro e fogueira que a consome;
Em minhas veias taes effluvios corram»
Taes hálitos me aqueçam as entranhas;
E mereçam então as minhas flores
Peks mios divinaes o ser coibidas;
Appeteçam os Numes para omar-se
Minhas boninas» meus festões viçosos. »
206
Dixerat. Ule doyo madídántes nectare peodas
Concutit, et glebas fecundo rore marital»
Quaque Yolat, Yernas sequitur rubor. Omuis in berbas
Turget húmus, medioque patent convexa sereno:
Sanguíneo splendore rosas, vaccinía nigro
Induít, et dulci violas ferrugine pingit.
Partbica qus tantis varíantur cingula gemmis
Regales vinctura sinus? Quie vellera tantara
Dítibus Assyrii spumis fucantur aGni?
Non tales volucer pandit Junonius alas*
Nec síc innumeros arcu mutante colores
Incipiens redimitur byems, cum tramite flexo
Semita discretis intervirei húmida nimbis.
Forma loci superat flores: curvata tumore
Parvo planities, et mollibcis edita elívis
Creverat in collem. Vífo de pumíce fontes
\
207
Disse; e o Zepbyro as atas sacudindo.
Solta Qma chuva de nectareas gotas,
Cujo orvalho prolífico e suave
As leivas namoradas euteroece ;
Vernal verdura em quanto vôa o segue:
A terra entumecida produz hervas.
As flores brotam : lut serena envolve
A abobada celeste; as rosas coram,
As saudades de lucto se revestem ;
E a modesta viola em roxo traje
Com perfumes revela quanto vale.
Os Parthas com diamantes meãos ornam
O cinto destinado a seus Monarchas;
Das caldeiras de cobre a Assyría gente
Com menos lustre as l&s tintas tiraram;
Nem scintillaram tanto os olhos d'Argos
Na cauda do volátil que ama Juno:
Á vista cores menos variadas
OS^rece a curva lista que no inverno
Abrange do hemispherio o largo espaço,
Quando, prenhe de chuva, verdes sulcos
Nos ares divididos assignala.
A bellexa do sitio vence as flores:
A curvada planicie alli se eleva,
E em suave declive ao prado desce ;
Límpidas fontes rompem dos rochedos,
208
Roscida mobilibus lambebant gramioa rivts.
Silfaque torrentes ramorum frígore soles
Temperat» et médio bramam sibi vindicat sstu.
Apta fretis abies, bellis accommoda cornus,
Quercus arnica Jovi, tamulos teclara copressos,
lies plena favis, yenturi prsescia iauras4
Fluctuat hic denso crispata cacumine baxus,
Hic ederie serpunt» hic pampinus induit ulmos.
Haud procul inde laços (Pergum dixere Sicant)
Panditur, et nemorum frondoso margine ciuctos
Vicinis pallescit aquis. Admittit ín altum
Cernentes ocolos» et Iate perrius humor
Docit inoffensos liquido sob gurgite tisos»
Imaque perspicoi prodit secreta profundi.
Hoc elapsa cohors gaodent per flórea rara,
Hortator Cythereai legant. Nooc ite, sorores,
209
Refrescdndo e affag&ndo a verde relva;
Do Sol o ardor tempera espessa rama
De um bosqae abastecido, que no Estio
Guarda a frescura que reveste o Inverno^
Cresce o pinheiro alli» que o mar aflrootai
 sorveira^ que a Marte tanto serve;
O carvalho, que ostenta com suberba
Ser valido do Deos que ús raios vibra 2
Cresce o cjpreste alli, que a sombra escassa
Aos túmulos destina ; cresce o azinho.
Das abelhas amado; cresce o louro,
Dos futuros segredos conãdente:
Enlaça o bucho seus espessos ramos;
Hera serpêa, a vide os olmos veste.
Alli perto se alonga o lago Pergus,
Cujas margens frondoso bosque cerca :
Se co' as alvercas próximas se agita
Seu limpido cristal, as ondas claras
A06 curiosos olhos nSo prohibem
Livre passagem; ver essès segredos
Que nas profundas grutas mal recata
O véo das aguas argentinas, limpas.
Lançam-se as Deosas, transportadas correm
Pela Oorea planicie; excita-as Vénus
A segar a odorifera seara.
«( Ide, cafas irmis, ide, diz ella,
Tono T. 1-*
210
Dum matutiiiis pnBsodat soiibus aer:
Bum meus humectat flavetites Lúcifer agrost
Roranti prae^ectus equo. Stc {att^ ãoloris
Carpit signa sui. Vários tum cetera saltos
Invasere cohors. Gredas examina fuodi
Hyblaeum raptura thymum, cum cerea reges
Castra movent, fagique cava dimissus ab alvo
Mellifer electis exercitus^ obstrepit herbis.
Pratorum spoliatur houos. Hest lília fuscis
totexit violís: bane moliis amaracus ornat:
Haec graditur stellata rosís; hmc alba lígustris.
Te quoque flebílibus moerens, Hyacintbey figuris,
Narcissumque metunt, oouc ínclita germina veria,
Prestantes olim pueros. Tu natus Amycllsr
Hunc Helicon genuit. Te discí perculit error:
211
Em quanto o Sol da Aurora nHo enxuga
O róseo pranto, e em quanto os OàyoB sulcos
AmoIIece o meu Lúcifer correndo
Em seu cavallo, que humedece o orvalho. »
Nisto colhe uma rosa, recordando
Com suspiros a dor que symbolisa :
As companheiras erram pelos bosques,
Como as abelhas, cQJo enxame aUge»)
Bo seu rei o estandarte vai seguindo.
Da faya hospitaleira o seio largam
Que os favos resguardava ; o vdo tomam
Para as alturas do Hybla, onde o tomilho
O melifluo esquadrão excita a roubos,
Útil thesouro d'hervas escolhidas.
Os prados dos adornos despojados
Deixam as Deosas: qual mistura os lyrios
Co' a pallida viola ; qual se adorna
Da manjerona, que recende ao longe;
Da rosa a cor e as graças une ás suas
Outra, e colhendo os mogarins se enfeita.
Narciso triste, a ti também colheram,
E a ti, terno Hyacintho, que conservas
O caracter queixoso de teus males:
Ambos illustres pela sorte e origem ;
Outr'ora um d'Amycléa, outro nascido
Nas faldas do Helicon, ambos agora
Brilhantes produccões da Primavera.
De um disco errado victíma chorada
Tomo V. 14 ,
212
Hunc fontis decepit amor. Te fronte retusa
Delíug, hunc fracta Cephíssus arundine loget.
iEstuat ante alias ávido fervore legendi
Frugifer» spes una De®. Nunc vimine texto
Ridentes calathos spoliis agrestibus implet:
Nunc sociat flores» seseque ignara coronat,
Augurium fatale tori. Quin ipsa tubarum
Armorumque potens, dextram, qua fortia turbat
Agmina» qua stabiles portas et rooenia vellit»
Jam levibus laxat studiis, hastamque reponit»
In^litisque docet galeam mitescere sertis.
Perratus lascivit apex, horrorque recessit
MartiuSy et crists pacato fulgure Temant.
213
Hyaciotho pereceo; fonte enganosa
Por amor fez morrer de magoa est'outro:
O pae Cepbiso as camias espedaça»
E choroso com dor alaga as praias ;
Délio enlutado a fronte eDVoWe em sombras»
Carpindo do Pierío moço a sorte.
Ardor insano anima Prosérpina,
Esperança da Deosa das colheitas:
Os cestinhos de vimes enlaçados
Ora de flores enche, ou de grinaldas
Cinge a testa, do thoro não cuidosa:
Fatal agouro deste, já visinho!
A mesma Palias, Deosa que da guerra
Quando emboca o clarim o mundo atroa,
Que preside ao combate, as mftos que rompem
Os feros esquadrões, que arrombam portas,
Que as muralhas arrasam, hoje as presta
Aos innocentes jogos; wbve a relva
A lança larga; as tranças, as madeixas,
Mbturadas co' as Dores, menos feio
O férreo capacete representam;
E o pennacho, c'o8 Zephyros luttando,
Gentil, vernal aspecto aos olhos mostra,
N3o trovão marcial, fulgor de raios.
214
NeCy quae Parthenium canibus scnitatur odorem,
Aspernata choros, libertateiaque comarum
Injecta taotum voluit frenare coroiMi.
Talia yirgineo passim duos more {^ruDtw,
Ecce repens mugire fragor, confligere turres,
Pronaque vibratis radicibos oppida Tertí,
Caussa latet. Dúbios agnovit sola tomuitui
Diva Paphi, mistoque metu perterríta gaudei.
Jamque per anfractns animanim rector opacos
Sub terris qusrebat íter, gravibasque gementem
Enceladum caicabat equis. Immania fiadunt
Membra rot», pressaque gigas cervice laborat,
SicaDiam cum Dite ferens, tentatque moveri
Debilis, et fessis serpentibus impedit axem^
Fumida sulfúreo pr^labitur orbita dorso.
215
Diaoa, que dú$ Nyaipbas nada cura»
Que a matilha conduz investigando
As moutas do Parthenio» essa captiva
Cuma simples grioaida seus eabellos.
Em quanto um }ttventl ardor guiava
Os prazeres das Deosas pelos prados»
Um súbito fragor commoYe a terra.
As torres umas contra as outras balen,
E sobre os alicmt^s abalados
As cidades, por causa occuita, tremem.
O mysterio conhece-o a Piphia Deosa,
E entre susto e praier sua alma goza.
Nos abysmos de terra o Deos das sombras
Subterrâneos caminhos procurava:
Seus pesados cavallos já calcavam
O queixoso Enceládo ; jã seus ossos
Estalam, pelas rodas deslocados;
E PIut9o e a Sicilia em peso esmagam
Sua cabeça hirsuta; em v9o se esforça»
Em vSo quer revolver-se, mas sem fruclo
Trabalha; em vSo cançadas as serpentes
Do carro o movimento impedir querem:
Precipita-se, vôa impetuoso,
E no sulphureo dorso rompe sulcos
Que turbilhão de fumo e pó levantam.
216
Ac Yelut occultus securum prodit in hoste»
Miles, et effossi subter fundamioa campi
Traosilit elusos arcano limite muroSt
Turbaque deceptas Tictrix erompit in arces,
Terrigenas imitata viros: sic tertius heres
Saturni latebrosa vagis rimatur habenis
Devia, fraternum cupiens exire sub orbem.
Janua nuUa patet. Prohibebant undique rapes
Opposit»! duraque Deum compage tenebant.
Non tulit ille moras, indígnatusque trabali
Saxa ferit sceptro. SícoIaB tonuere cavems,
Turba tur Lipare, stupuit fornace relicta
Mulciber, et trepidus dejecit fulmina Cyclops.
Audiity et si quem glacies Alpina coGrcet»
Et qui te, Latiis nondum priecincte troph«BÍs
Tibri, patat, missamque Pado qui reinígat ainum.
Sic, cum Thessaliam scopulis inclusa tcncret,
217
Bem como y8o oas trevas os guerreiros
Attacar o inimigo descoidado,
Disfarçando com muros e trincheiras
Caminhos edcubertos que minaram,
Ey quaes gigantes novos» se arremessam
Do escondido recanto na Cidade,
Que a seus golpes entrega o estratagema ;
Tal o terceiro filho de Saturno
Leva os urcos, que vSo desenfreados
Pelas cavernas tenebrosas; busca
Para o reino do IrmSo achar estrada.
As passagens estão afferrolbadas,
Poem-lhe invencível anteparo as rochas.
Como férreo grílhSo que se nSo quebra t
Enraivece-se o Deos, nSo quer demoras,
E indignado c'o férreo sceptro batte.
Nas grutas da Sicilia o trovfio troa ;
O Lipare se turba; estupefacto (17)
Affasta-sc Vulcano das fornalhas ;
,Das mãos escapa ao tremulo Cyclópe
Mal desenhado o raio: o estrondo assusta
Quem nos Alpes caminha immerso em gelos;
O navegante ignaro, a quem não constam
Os tropheos que ao depois o Tíbre adquire ;
E ao que remonta em seu batel o Pado.
Como quando os rochedos anteparam
218
Peneo stagnante palas» et mersa negarent
Arva coliy triílda Neptunus cúspide montes
Impulit adversos. Tum forli saucius iclu
Dissiluít gélido vertex Ossabus Olympo.
Carceribus laxaotur aqu»» fracloque meaUí
Bedduntur fluviusque marí tdloiqae colonis.
Postquani victa roaou duros Trínacría nexus
Solvit» et immeDSo late díscessit biatn:
Apparet subitus coelo tímor. Astra víarui»
Mutavere fidem. Vetito se proluit arctos
iEquore. Praecipítat pigrum formido Booteii.
Horruit Orion. Audito palluit Atlas
Hiunitu. Rútilos obscurat anbelitus] axes
Discolor; et longa solitos caligine pasci
Terruit orbis equos. Pressis hffisere lupatis
Attoniti meliore polo; rursusque vereoduro
In Chãos obliquo pugnaut temone reverti.
219
Na Thessalia as lagoas estagnadas
Qae trasborda o Peoeo^ e que se negam (18)
Ao agrícola as terras alagadas»
Neptuno impelle os montes adversos
Com formidarel golpe do tridente;
Que pelo horrível baque esbroa o Ossa
Das alturas do Olympo; e o rio quebra
As [oppostas barreiras» correj aos mares,
Lhe entrega as agnas» e ao cultor as terras.
Apenas os Trínacrios laços rompe
Co' a vencedora mSo Flutuo» e que abre
Uma caverna tmmensa no terreno.
De repente apparece, e os Geos assusta.
Qs astros seu caminho desconhecem ;
No prohibido mar se banha a Ursa;
O trôpego Bootes corre á pressa ;
Estremece Oríonte: os nunca ouvidos
Rinchos medonhos o Atlds descoram.
Da quadríga infernal sórdido bafo
Do firmamento a cor azul desbota: ^
Costumados ás téoebras opacas»
Com a luz retroeedem os cavallos;
O Ceo plácido estranham, revoltosos
Mordem no freio, eacomam, oootra a iaoca
Reviram, e nas hórridas moradas
Com Ímpeto de novo entrar procuram.
220
Mox ubi pulsato Benseruot verbera tergo,
Et solem didicere pati: torreotías amne
Hiberno, tortaque ruunt peroicius hasta.
Quantum non jaculum Parthi» non impetus Austrí,
Non leve sollicit® mentis discurrit acamen.
Sanguine Arena oalent: comimpit spiritus auras
Letifer: iofecUe spumis vitíantur aren».
Diffugiunt Nymphffi: rapitur Pro3erpina curru»
Imploratque Deas. Jam Gorgonos ora revelat
Palias, et intento festinat Delia cornu:
Nec patruo cedunt. Stimulat communis in arma
Virginitas, crimenque feri raptoris acerbat.
lile, velut stabuli decus armentique juvencam
Cum leo possedit, nudataque víscera fodit
UngnibuSi et rabiem totós exegit in armos,
Stat crassa turpis sanie, uodosque jubarum
Excutity et viles pastoram despicit iras.
221
Porém logo que açoites repetidos
Sobre o costado indócil lhes retioeni ;
Logo que á lux do dia se acostumam,
Correm, bem como vfto no irado Inverno
As torrentes oo' a chuva arrebatadas;
Gomo Yoam da mio ao Partha os dardos.
Como giram os Áquilos fogosos,
E os pensamentos d'anímo inquieto.
Os freios ensanguentam, o ar infecta
Seu mortifero bafo; a arèa ensopa
A immunda espuma que lhes sae da boca^
Fogem as Nymphas todas: Prosérpina,
Presa do roubador, no carro implora
As irmSs ; a seus gritos Palias mostra
Da Górgona a cabeça ; o arco atesa
Diana austera ; as Deosas empenhadas
Disputam a Plutlo da audácia o preço:
A vii^inea pureza, igual entre ellas,
Exacerba o ardor com que a defendem,
E muito accresce ao roubador sen crime.
Mas o Deos, qual le&o que a fome instiga
Contra a novilha, dos curraes ornato.
Esperança do dono e das manadas;
Leto que as garras crava, e os membros morde,
Fartando-^e de entranhas desnudadas;
Sem se lhe dar dos gritos dos pastores,
Sacode a juba sórdida, e a terra
De humor saoguineo e sujo asperge e tinge.
222
Ignavi domitor vulgi, teterrime frainim»
Palia:» ait» qus te stimolis facibosque profania
Euinenides movere? tua cur sede relicta
Audes Tartareís ccelam incestare quadrígis?
Sunt tibi deformes Oiree: sunt altera Lethes
Numina: sunt tristes Furrâe te cônjuge digns.
Fratris linque domos: alienam desere sortem:
Nocte tua contentus abi. Quid viva sepultis
Admísces? nostrum quid protena advena mundom?
Talia vociferans avídoa transíre mioaci
C!omipedes umbone ferit» clipeique retardai
Objice, Gorgoneisque promens assibilat hydris,
Prsetentaque operit crista. Librator in ictum
Fraxinus, et nígros illuminat obvia cumis.
Missaque pene foret, ni Júpiter «ethere vulso
Pacificas rubri torsiaset fulminis alas,
223
«De um poTo ignavo ckefe, e o mais cmeoto
Dos três irmfios celestes I (disse Palias)
Das Eumenides quol lança em teu peito
Tio profanos estimules, taes fúrias?
Como te atreves, longe de teus lares,
De teus medonhos e tartarcoa urcos
Co aspecto feio aos Ceoa cansar sossobro?
Sobre as margens do Lethes monstros moram,
Fúrias no Avemo tens, Deosas disformes»
Dignas de ti, de teu consorcio dignas.
De teu irmSo o império prompto deixa ;
Não te pertence; foge, ou te contenta
Da immortal noite, que te coube em sorte:
Sempre estranho has de ser no mondo nosso* )•
Assim Minerva vocifàra, e batte
Co' a égide medonha nos cavallos,
Impede-lbes passar; em v9o forcejam
Para romper co' a foga impetuosa:
Manda ás cobras Gorgáneas que sibilem
Ao pé delles; e solta sobre os monstros
De seu vasto pennacho a larga sombra.
De funesto clarSo brandindo a lança
O tenebroso carro allumiava:
Hia a ferir, no ponto em que fusila
Com paci6cas azas rubro raio.
Que da etherea morada Jove manda,
Acceitando por genro o Deos dos Manes.
224
Gonfessus socerum. Nimbis Hymenaeus hitúci»
iDtooaty et testes firmant connubia flamm®.
iDvítae cessere Deae^ Compescuit arcam
Cum gemitu^ tatesque dedit Latoaia voeeSd
Sis tneiDor, ó tongamqae vale. Reverentia patri»
Obstitit auxilio. Nec nos defendere contra
Possumus. Império yídcí majore, fatemor.
In te conjamt genitor» populoque silenti
TraderiSy heu, cúpidas non adspectura sorores^
iEqualemque chorum. Qus te fortuna supernis
Abstulity et tanto damnavit sidera luctu?
Jam neque Partheniis inneetere retia lustris^
Nec pharetram gestare Kbet, securas ubique
Spumet aper, ssevumque fremant impune leonês.
Te juga Taygett^ posito te M»nala flebunt
225
E na gretada nuvem de que parle
Apparece Hymeneo, que emprega as vores
Do trovSo, celebrando aquellas núpcias.
Que com fogo e relâmpagos attestam.
As Deosas em silencio se retiram ;
Suspirando detém Diana a Oecba,
E assim se explica a filha. de Latooa:
«Adeos, sócia querida, ah! nSo te esqueça
Este tio longo adeos: puro respeito
Foi só quem reprimio o dar-te auxilio...
Nem contra Jove nossas forças bastam,
Rebelde e desigual fora a contenda.
Conjurou contra ti teu pae; levada
Serás ao tenebroso domicilio
Das taciturnas sombras: ai de nós tristes!
Nunca mais daa irmSs na companhia,
Nem nos choros das Njmpbas tuas sócias,
Nunca mais te verás: qual triste fado
Te rouba á terra, e aos astros dá saudade?
O Parthenío nSo mais verás cercado
De tuas redes; tua aljava inútil
Ao javali concede que escumando
Aa selvas manche, e corra sem receio;
O impune leSo affronte os bosques
Cooi seus rugidos; vidual tristeza
Cubra o Taigeto, o Ménalo deplore
Tomo T. 15
226
VeDotUy mcBstoque dia lugebere CyDtho.
Delphica quin etiam fratris deiabra tacebunL
Interea vohicri iertur ProserpínA curra
Cffisariem díffusa Noto, planctnque laeertos
Verberat, et questas ad nubila rumpit iDaoes.
Cur noo tursisti maDibus fabríeatá Cyclopum
In nos tela, pater? sic me erudelibvs umbiís
Tradere, si totó placuit depettere mando?
Nullane te flectit pietas? nibilumne paterne
Mentis inest? Tantas quo crimine movimus iras?
Non ego cam rápido ssvirct Phiegra tomaltu^
Signa Deis adversa tali: non robore nosCro
Ossa pruioosum vexit glacialis Olympum.
Quod conata nefas, aat cujas cônscia noxe
ExuI ad immanes Erebi detrador biatus?
227
O tempo em que serrío a oossos jogos;
Desconsolado o Cyotbo alto lameote
Tua ausência cruel ; DdfAos e Apollo
De dor e de saudades emudeçam, »
Em tanto o carro ibge velozmente:
Prosérpina os cabellos soltos leva.
De a£Qif5o lacerando os niveos membros;
E taes queixas e ais dissipa o vento:
« Ó Júpiter, meu poe ! por que motivo
Nfio consentiste que exhalasse a vida
Pelos raios que forjam os Cyclopes?
Porque ás sombras terríficas me entregas,
E te agrada de mim privar o mundo?
N2I0 te move a piedade o meu tormento?
Qaal crime em mim moveo iras tamanbos?
Heas filiaes gemidos não te abalam?
Em sacrílega lutta, accesa em ódio.
Nos campos Phlegreanos por ventura
Arvorei o estandarte da revolta?
Ou levantei com braço criminoso
O nebuloso Ossá sobre a eminência
Do congelado, ameaçador Oljmpo?
Qual attentado ousei, qual traiçSo Terá
Se vinga em mim, e com desterro eterno
Para os golphos do Erébo sou mandada ?
«
Tomo V, 15 •
228
O fortunatas, alíi quascumquo tulere
Raptores! Saltem cominuni sole fruunlur.
Sed mihi virginitas pariter cffilamque negatur:
Eripitur cum luce pudor: terrisque relictis
Servilum Stygio ducor capliva tyranDo.
O male dilecli flores, despectaque raatrís
Consilia: ô Veneris deprensae serius artes!
Mater, io, seu te Pbrygíis in vallibus Idse
Mygdonio buxus circumsonat hórrida eantu, .
Seu tu songuineis ululantia Dindyma Gallis
Incolis, et strictos Curetum rcspicis enses,
Exitio succurre meo: compesce furentem:
Comprime Terales torvi prsedom's habenas.
Talibus ille ferox dictis Oetuque decoro
Vincitur, et primi suspiria sentit amoris.
229
c( Oh quanto roais feKzcs sois» 6 Nymphas
Que roubou outro amante! A luz do dia,
Gommum aos mais humanos, vos nSo falta.
Eu perco a luz, e cesso de ser virgem:
A luz me roubam junta co' a innocencía.
Capliva, desgraçada, a terra deixo,
£ ás leis submissa vou do Rei do Inferno.
aÓ flores, paiíSo minha, fatal causa
Do funesto descuido que fez nullo
De minha mSe o carinhoso aviso!
Tarde, oh perGda Vénus, teus enganos,
Ai de mim! descobri: Ceres querida,
Que o sêr me destes,. onde quer que estejas
Na Phrygia, pelos valles do Ida, ouvindo
Da Mygdonica avena canto rouco;
Ou dos saoguineos íncolas do Gallus
Os brados com que o Díndjma commovem; (19)
Ou dos Curetas nuas as espadas
Teus olhos com terror agora observem;
Acode-me, sim, voa em meu soccorro.
De um roubador comprime a fúria insana,
Prende-lhe as rédeas, ah, suspende o carro I »
O fero Dite resistir não pôde
A gemidos tão cheios de ternura ;
Os primeiros suspiros de amor solta,
E com seu manto negro, enfarruscado.
230
TuDc ferrugineo lacrymas detergit amicto»
Et plácida nuBstom solatur você dobrem:
Desine fonestis animam» Prosérpina, curis»
Et vano vexare metu. Majora dabuntur
Sceptra, nec indigni tedas patiere mariti.
llle ego Satumi proles, Cui roachina rerum
Servit et immensum tendit per inane potestas.
Amissum ne crede diem. Sont altera nobis
Sidera; sunt orbes alii; lumenque videbis
PuriuSt Elysiumque magis mirabere solem»
Cultoresque pios. Illic pretiosior setas,
Áurea progénies, babitant: semperque tenemns»
Quod Superi meniere semel. Nec moltia desunt
Prata tibi. Zepbyris illic melioribus halant
Perpetui flores, quos nec taa protulit Henna.
331
As lagrimas da Deosa aQlícto alimpa.
Cuidando em consolar com voz maviosa
A profunda tristeza de que é causa.
< Deixa os sustos, lhe diz, linda Deidade !
Nada temas funesto, nem permittas
Que um chymeríoo medo te surpreenda.
Heu excelso consorcio te promette
Um dos maiores sceptros, e ventura.
Sou filho de Saturno, e predomino
Na maquina das cousas, estendendo
Sobre o Chãos immenso meu dominio.
Nlo julgues, nSo, perdida a luz do dia :
Outros sao nossos astros, mais serenos,
Que outros orbes mais vastos allumiam;
Verás luzes mais puras, sol mais claro.
Que no Elysio a seus pios habitantes
Eternos formam venturosos dias.
Lá progénie feliz, que em tempos áureos
Gozou da curta vida, eternos gostos
Em mais ditosa idade goza agora.
Quanto aos Numes pertence alli teremos;
Allí nio faltam prados florecentes,
Zephyros mais suaves, que refrescara
As flores immortaes, flores quaes nunca
Para adornar-te te offrecera o Henaa.
232
Est etiam lucis arbor predives opacis,
Fulgentes viridi ramos curvata metallo.
Hsc tibi sacra datur. Forlunatumque tenebís
AutumnuiDy et fulvis semper ditabere pomis.
Parva loquor. Quidquid liquidus complectitur aer»
Quídquid alit tellus, quidquid salís squora vemint,
Quod fluvii volvunt, quod nutrivere pehides,
Cuncta tuis pariter cedeut animalia regnis
Lunari subjecta globo, qui septimus auras
Ambity et aelernis roortalia separat astris.
Sub tua purpurei venient Vestigia reges,
Deposito luxu, turba cum paupere misti.
Oronia roors aequat, tu damuatura oocentes.
Tu requiem latura piis: te judice sontes
ímproba cogentur vil» commissa fateri.
Accipe LethaBo famulas cum gurgite Parcas.
Sit fatum quodcumque voles. Hsc fatus ovantes
Exhortatur equos, et T»nora mitior intrat.
2!33
N'uiii bo0qoe umbroso estende a vasta rami
Uma arvore pomposa de que pendem
Fructos d'oaro que a ti o amor consagra.
Gozarás de um Outono afortunado,
Que d'aureos pomos sempre te enriqueça :
Que digo! darás Leis nos leves ares
Ao povo voador; no mar aos peixes;
E aos mais sores que a terra nutre c cria,
Que no leito dos rios, nas lagoas
Com lodosa existência se revolve :
E quanto emfim perece, e se separa
De eterna duraçSo, e quanto encerra
Lá na settima esphera a argêntea Lua,
Tudo é teu: a teus pés verás submissos
Os Reis, que a morte confundio c'os pobres.
Pois tudo iguala a morte: os criminosos
Com susto hão de ceder a teus decretos;
E os bons, que flagellou :a iniqua terra,
Serio por ti d'immortal paz dotados.
Tu, arbitra suprema, serás sempre
Quem do culpado Torce a cauta lingua
A revelar seus pérfidos segredos.
Submetto ao teu poder as Lélheas ondas ;
Obedeçam-te as Parcas; tua vontade
Seja quem do Destino as leis regule. »
Assim disse; os cavallos triumphantes
Co* a voz anima, e com sereno aspecto
No Ténaro sombrio entra sorrindo.
234
Ginveniunt animaBi quantas truculentior Auater
Deculit arboribus frondes, aut nubibiis imbres
Colligity aut frangit fluctus, aut torquet arenas*
CuQctaque praecipiti stipantur saecnia cursa
Insignem visura nurum. Mox ipse serenus
Ingreditur facili passus mollescero risu»
Dissimilisque sui. Dominis intrantibus ingens
Ássurgit Pblegethon. Flagrantibus hispida rWis
Barba niadet, totoque fluunt incendia vultu*
Occurrunt properi lecta de plebe ministrí.
Pars altos revocant currus, frenisque sointis
Vertunt eméritos ad pascua nota jugaies.
Pars aulsea tenent. Alii praetexere raniis
Limina, et in tbalamis cultas extollere vestes.
235
Logo o tropel das sombras êé accumula,
Em Duroero qoaes folhas que denrabam
Das arvores frondosas Aastros ferod;
Quaes ondas qae elles contra a praia quebram»
Qaal chuva com que o Inverno engrossa nuvens,
Quaes aréas que o mar revolto açouta.
Vomita o feio Avemo afadigado
Manes que amontoaram nos abysmos
Os séculos, e ficam 'stupefactos
Vendo de Prosérpina a formosura;
Desconhecem PlutSo, cuja aspereza
Adoça um riso brando, um ar sereno.
Na entrada dos Sob'ranos, Phlegethonte
A forma ingente com vagar levanta ;
Da hirsuta barba escorre ígnea torrente,
£ a frente adusta em labaredas regam
De um fogo abrazador ondas frequentes.
D'entre a plebe dos Manes logo acodem
Escravos escolhidos, que aos cavallos
Fazem parar, ou que do freio os livram,
E ao posto usado em premio os restituem :
Parte a sala alcatifam, parte espalham
As flores e os aromas no palácio,
Ou de ornatos o thalamo revestem.
236
Beginam casta cínzeraot agmine matres
Elysis» teneroque levaot sermooe timores,
Et spnrsos religant crines, et yuItiJbus addunt
Flaromea sollicitum proevelalura pudorem.
Pallida laetatur régio, gentesque sepultas
Luxuriant, epulisque vacant genialibus Umbrae.
Grata coronati peragunt convivia Manes.
Rumpunt insolili tenebrosa silentia cantus.
Sedantur gemitus. Erebi se sponte relaxat
Squalor, et ãeternam fatitur rarescere noctem :
Urna nec incertas versat Minola sortes.
Verbera nulla sonant, nulloque frementia luctu
ímpia dilatis respirant Tártara poeois.
Non rota suspensum praeceps Ixiona torquet,
NoQ aqua Tantaleis subducitur invida labris.
(Solvitur Ixion, iovenit Tantalus undas)
Et Tityos tandeoi spaliosos^ erigit artus:
Squalenlisque novem detexit jugera campi.
237
De matronas clysias casto enxame
Attentas rodeavam Prosérpina ;
Com doce phrase medos lhe dissipam;
Os cabellos lhe arranjam ; e envolvendo-a
N um véo purpúreo com melindre e graça,
O pudor assustado lhe socegam.
No sitio do terror entra a alegria:
Pallidas sombras, gente sepultada,
Eotregam-se aos festins, a frente cercam
De grinaldas; com grata convivência
Em sumptuosa meza se refazem.
Um canto novo, musica divina
Alto rompe o silencio tenebroso :
Relaxa-se o pezar e a dor no Erébo;
Um clarSo doce rasga a iioite eterna,
E Minos applacado jâ uM tira
Da fatal urna afFouto incertas sortes;
Não retiuem açoutes nem gemidos.
Os supplicios suspendem-se ; respira
O Ímpio Tártaro; Uion na roda
Suspenso já não gira, nem padece;
As fugitivas aguas se demoram,
E de Tântalo os lábios humedecem :
Solta-se aquelle, est'outro a sede apaga:
O corpo enorme Ticyo alevantando.
Livres amostra os nove astins que occupa;
238
Tantus erat. Laterisqua piger sulcator opaci
lavitus trahitur lasso de pectore vultur,
Abreptasque dolet jam non sibi crescere fibras.
Oblits scelenim formidatique furoris
Eumenides cratera paraot, et vina feroci
Crioe bibuDt Flexisque minis jam Iene canentes
Extendunt sócios ad pocula plena cerastas,
Ac festas alio succendum luminç tedas.
Tunc et pestiferi pacatum flumea Aveini
Innocu» transistis aves, flatumque repressit
Amsanctus: tacuit fixo torrente Torago,
Tunc Acheronteos mutato gurgite fontes
Lacte novo tumuisse ferunt, ederisque vircntem
Cocyton dulci perhibent undasse Lyaeo.
S39
TBo gigantesco elle era e tio medonho!
O abutre preguiçoso» que comia
As lividas entranhas sem fartar^se»
Constrangido despega as cruas garras,
E cança de escavar sem fnicto o peito
Em que as fibras já agora nfio renascem.
As Eumenides seu furor esquecem,
Preparam taças, c'o licor de Baccho
Do medonho tcrrifico cabello
Saciam as serpentes sequiosas,
A face ameigam; com sonoros hjmnos
Convidam os Cerastes e os mais monstros
A esgostar o almo vinho em sociedade,
E as tochas com mais brando fogo acceodem.
Sobre as ondas pestíferas do Avemo,
Do ar então, voláteis habitantes,
Sem risco transitaste ; logo o Amsancto (20)
Reprimio seus vapores pestilentes;
Da torrente do abysmo o curso pára ;
As fontes do Acheronte lacrimosas
Em torrentes de leite se mudaram;
E de virentes heras adornando
As denegridas salas do Cocyto,
As inunda Lyeo com doce néctar.
240
StamÍDa nec rupit Lachesis, nec túrbida sacris
Obstrepitant lamenta choris. Mors nulla vagatur
In terris, nullaeque rogum planxere parentes.
Navita non moritur fluctu, non cúspide miles.
Oppida funerei pollent immunia leti.
Impexamqne senex velavít arundine frontem
Portítor» et vácuos egit cum carmine remos.
Jam suus inferno processerat Hesperos orbi.
Ducitur in tbalamum virgo. Stat pronuba juxta
Stellantes Nox pícta sinus, taogeosque cubile
Omina perpetuo genitália federe sancít.
Exultant cum ?oce pii, Ditisque sub aula
Talia pervigili sumunt exordia plausu.
241
Í)e Lachésís na mio pára a tesoUrai
ftespeita o frágil fio da existência ;
Nem choros, nm soluços interrompem
Os praieres; a Morte encolhe a fouce»
Já nSo perturba a terra ; os pães cessaram
De ehorar sd[>re as cinzas de seus filhos t
NSo tragou mais pilotos a borrasca,
Nem se tío mais no campo ensanguentado
O soldado expirari em locto as villas
Ao seu ultimo asylo levar mortos:
O barqueiro infernal cercou de cannas
A enverrugada frente, e ao som de versos
Navegando moveo os cavos remos*
Hespéro scintillava, allumiando
Os tenebrosos tectos; Prosérpina
No thálamo, de amor throno ditoso,
Já descançava» e junto delia ornada
De um manto que esmaltavam as estreitas
Se via a Noite bella, presidindo
A tSo fausto hymeneo; dos dois esposos
Co' a mto ligeira toca o ebúrneo leito,
E CO* a esperança de uma egrégia prole
Os coracdes lhe enlaça para sempre.
Do Elysio os venturosos habitantes,
Esquecidos do somno, com applausos
Reaoar fazem as Plotoneas salas:
Tomo T.
16
242
Nostra páreos Juno, tuque ò germane Tonaatit
Et geoer, unanimi consortía discite 8omni,
Mutuaque alternis ionectite colla lacertis.
Jam felíx oritur proles: jam I«ta futuros
Expectat Natura Deos. Nova numioa rebus
Addite, et optatos Cereri proferte nepoles.
243
m. Ó Prosérpina 1 do sombrio Reino
Potente Soberana; e tu, de Jove
Irmllo e genro, em doce somno unidos
Gozai dessa existência deleitosa»
Abraçados no roais suave laço.
Ditosa excelsa prole cedo nasce,
Que será desse amor feliz producto:
A Natureza alegre novos Deoses
Alvoroçada espera: Numes novos
Apresentai aos votos do Universo»
E os desejados netos dai a Geres. )>
ToMíiV. 16 i
DE RAPTU PROSÉRPINA.
líber IlL
«upiTER interea ctncUim Thaumantida nimbts
Ire jubet, totoque Deos arcessere mundo,
ília colorato Zephyros praelapsa volatu
Numina conclamat pelagi» Nymphasque morantei
Increpat, et fluvios liumentibus evocat antria.
Âncipites trepidique ruunt, qu» caussa quietos
Excierit^ tanto quse res agitanda tumultu«
tJt patuit stellata domus, considere jussi.
Nec confusus bonos. Gaelestibus ordine sedes
Prima datur. Tractum próceres tenuere secundam
o ROUBO DE PROSÉRPINA.
LIVRO III.
VUFITBR manda a filha de Tbaumante»
íris, envolta em nuvens, que entretanto
Por toda a parte vá chamar os Deoses.
Co' as azas azuladas» mais ligeira
Que os melindrosos Zephyros, convida
Do mar os Numes; de demora argúe
As preguiçosas Nympbas; com presteza
Das húmidas cavernas solta os rios»
Que trepidando v8o, pela incerteza
Da causa que os arranca ao seu socego»
E que vai discutir^se em tal tumulto,
O palácio estreitado era patente;
Pelas ordens de Júpiter, tomava
Sem confusão as honras competentes
Quem tinha privilégios mais fundados.
Os assentos primeiros occupavam
Os do Olympo celestes habitantes:
246
iEquoreiy placidus Nereus, et lúcida Phorci
Ganities. Glaucum series extrema biformem
Âccipity et certo mansurum Protea Yultu.
Neo DOD et senibos fluviis cooeessa seáeíidi
Gloria. Plebejo stat cetera more juventus»
Mille amnes. Liquidis íncumbunt patribus ud«
Naldes» et taciti miraotur sidera Fauni.
Tum gravis ex alto genitor sic orsus Oljmpo :
Abduxere meãs iterum mortalia caraa»
Jam pridem neglecta mihi» Saturoia postquaa
Otia et ígDavi senium cogaovimus «vi;
Sopitosque dia populos torpore paterno
247
O Imperante dos mares se seguia,
O plácido N^'eo» e o Telho Pbwcas,
Cujas lúcidas caos ao longe aWejam:
Glauco biforme a serie coatínúat
E Protheo, sem mudar a incerta forma»
Nos últimos lugares se sentavam.
Também no extremo séquito se ?iam
Co' as mesmas honras carregados d'annos
Os rios venerandos; mil regatos
Em plebe juvenil, irias sem assento.
No Paço elfaéreo entrada também tinham.
Sobre o braço paterno bnmedeei^
A Nayade bellissiina encostada
Vinha co' as mais irmSs e mães humildes,
£ Fauno absorto os astros admirando.
Então do alto o Pae dos Deoses falia,
E as divinas palavras assim solta:
« Á minha indifferença puz um termo ;
£ á terra, que outro tempo desprezava,
Quiz novo alento dar com meu cuidado :
Conheci quSo lethargica existência
Aos povos dava o tempo de Saturno;
Quanto a inércia e preguiça do Honarcha
As gentes sem industria entorpecia.
248
Sollicílffi placuít stímulis impellere vito,
locultis De spoDte seges grandesceret arvis,
Uodaret neu silva favis, oeu vina tumereot
FoDtibuSy et tobe fremerent in pocula rip».
Haud equidem invideo; (nec enim livescere las est«
Vel oocaisse Deos) sed quid dissuasor honesti
Luxusy et humanas oblimat copia mentes?
Provocet ut segnes ânimos, rerumque remotas
Ingeoiosa vias paulatim exploret egestaa?
Utque artes pariat sollertia, nutriat usus?
Nunc mibi cum aiagnis instat Natura querdis
Humanum relevara genus» donimque tyrannum
249
c Por estímulos novos» com empenho
Quis que a vida solUcita por premio
Alcançasse prazeres e abundância;
Que os languidos mortaes nSo mais
Como em vil inacçBo dormio Saturno.
Desde entlo nunca mais brotou nos campos
Espontânea seara, flor ou iructo:
Nem quiz que da floresta o mel corresse»
Ou que o vinho das fontes transbordasse»
Com ruido buscando encher os copos.
a Não foi da inveja fructo o meu decreto;
(Em animo divino nunca nasce
Malfazejo desígnio, ou baiia inveja)
Quiz somente extinguir o estulto luxo,
Conselheiro de vicios: quem duvida
Que a abundância é tyranna dos talentos?
«Desejei que a indigência estimulasse (1)
Os humanos apathicos ; queria
Que secretas veredas explorasse
O ingenho cubiçoso, e descobrisse
Os thesouros remotos da sciencia ;
Que a industria produzisse novas artes,
E os progressos fixasse experiência.
«A Natureza ingrata hoje me accusa.
Duro me chama, chama-me tyranno.
Diz que abandono a triste espécie boroana;
250
Immitemque vocat» regnataque aecula plári
Commemoraty parcumque Jovem se divite damat.
Cur campos horrere situ, dmnisque repleri
Rura veliiDf et nuliis exornem froctibus amnim?
Se jam, qu® genitriz mortalibns aDto foisset,
In dirae súbito mores transisse novercie.
Quid mentem traxisse polo» quid profuit altom
Erexisse caput» pecudum si more pererrant
Avia, si frangunt communia pabula glandes?
Haeccine vita javat silvestríbus abdita lostrís,
Indiscreta feris? Tales cum s^pe parentis
Pertulerim qoestus^ tandem clementier orbi
Ghaonio statui gentes avertere victu.
Atque adeo Cererem, qu» nunc ignara malorum^
251
Recordando do Pae o reiao aotigo.
Quer qae voilem ^ dias de fartara ;
Increpa-me de aTaro, pois lhe fedbo
O seu pródigo seio» acautelada
« — Por que razào os campos entristeces?
(Me diz queixosa) Por que espessa rehfa
E arbustos iofecuodos cobrem tudo?
E supprímes os fructos que abundantes
A venturosa terra enriqueciam?
Mie do genem humano, qual fui sempre.
Apesar de mim mesma desgraçada,
Em madrasta cruel me transformaste.
De que serre traaer erguida a frentet
Encarar com os astros, ter uma alma
Intelligente e pura, se qual bruto
No campo se ba de errar, e ter por pasto
Do carvalhal a insípida bolota?
De que serve uma vida vagabunda
Entre os mais animaes, nas densas selvas? —
Taes SBo as queixas que Natura aiSicta
Ckxitra mim faz chegar a meus ouvidos.
a Cedo clemente, a terra satisfaço;
E da Chaonia os fructos nSo consinto (2)
Que a fome dos mortaes mais tempo applaquem.
ccTacs s9o, ó Ceres! do Destino as ordens,
Ceres! que ignoras inda os teus pezares,
252
Verberai Idsos torva cum matre leooes.
Per maré» per terras ávido díscurrere loctu
Decretum, oat® donec Iietata repertie
Indício, tribuat fruges, currusque feratur
AviuSt ignotas populis sparsurus aristas.
Et juga c®rulei subeant Actaea dracones.
Quod 8i quis Cereri raptorem prodere DiTftm
Audeat: imperii molem, pacemque profundam
Obteslor rerum» natus licet illei sororve,
Vei conjux fuerit, natarumve agminis una,
Se licet ille meo conceptum vértice jacteti
Sentiet iratam procul asgida, sentiet ictum
Fulminis, et genitum divina sorte pigebit,
Optabitque mori: tone vulnere languidus ipsi
Tradetur género, passurus predita r^a.
253
£ eom Cybelle no Ida o moote assurtasi
Pelos tonros leões acarretada:
Ceres! irás levar ao mar, A terra.
Tuas maternaes dores, té que achando
A filha tão querida, na tua alma
Alegria renasça ; e no teu carro
Correndo iris por baixo de Ceos novos:
Atiico jugo a teus dragões cerúleos
Has de impor; e com mfio pródiga e certa
No campo espalha espigas saborosas,
Ao povo ignotas, e fartura delle.
« Se qualquer Deos ousar dizer a Ceres
Qual foi o roobador da Heonéa virgem ;
Pela vasta extensão do meu império,
Pela concórdia e paz dos elementos.
Juro que hei de punir audácia tanta:
Quando me fosse irmã, filho, ou consorte,
Té mesmo quando fosse a sabia filha
Que logrou o sublime privilegio
De morar no meu cérebro fecundo.
Todos castigarei, sem condoer-me
E soffrerão da irada egida minha
Os feros golpes e incendidos raios.
Em v9o ha de o traidor chamar a morte;
Em v9o, se alguma Deosa o sér lhe desse,
Em vio a immortal vida deplorara:
Logo entregue a PlutSo, em preza a dores,
254
Et sciet an própria conspirent Tártara causse,
Hoc sanctum. Mansura fluaot boc ordioe fata.
Dixit, et horrendo coQCussit sidera mota.
At procul armiflont Cererem sob rupibus aotrí
Securam piacidamque díu jam certa peracti
Terrebant simulacra mali, ooctesque timorem
Ingeminaiit, omnique perit Prosérpina somno.
Namque modo adversis invadi viscera telis»
Nuno sibi mutatas horret nigrescere vestes»
Nunc steriles mediis frondere penatibas ornos.
Stabat praeterea loco diiectior omni
Laurus, virgíneos qu® quondam fronde pudica
Umbrabat thalamos. Hanc ima stírpe recísam
Vidit, et incomtos fcedarí poivere ramos.
S55
Da perfídia victima, apreodera
Se o Tártaro offendido TÍngar sabe
Os altrages do Rei que alli domina.
Assim mando; taes sSo os meus decretos,
E do Destino as ordens immutaveis. »
Dis9e o Deos, e a cabeça meneando»
Co' a horrenda eommoção tremem oe astros.
Lá na armisona gruta, entre os rochedos
Onde Ceres tranquilla alegremente
Passou tempo feliz, súbito sosto
Simulacros sinistros de desastres
E de magoa a seos olhos apresenta :
Dobra-lhe a noite o medo» e no seu somno
Perdida lhe 6gura Prosérpina.
Sonho terrivell Ah! por quantos modos
Croeis dardos lhe rasgara as entranhas!
Ora em lucto alvas vestes se lhe tomara;
Ora observa no centro do palácio,
Em seus jardins, que os olmos dessecados
De uma verdura nova se revestem.
De seu cuidado emprego o mais dilecto,
Alem n'um bosque lindo verdejava
Um loureiro, do qual as folhas virgens
Sombreavam gentis o leito ebúrneo
Da Deosa juvenil ; roas de repente
O yè pelas raizes decepado:
Os seus ramos quebrados em pó jazem ;
256
Quaerentique nefas Dryades dixere gemeiHes^
Tartarea fúrias debellaTÍsse bipenoi.
Sed tunc ipsai soi jam noo ambagibus oHb
NuDlia, materno fácies ingesta sopori.
Namque videbatur tenebroao obtecta recessu
Carceris, et saBvis ProserpÍDa víncta catenis,
NoD qualem Siculis olím mandayerat arvis,
Nec qualem roseis Doper coovaiiibus iEtnie
Suspexere Des. Squalebat polcrior auro
Cssaries» et oox oculoram iofecerat ignes«
Exhaustusque gelu pailet rubor. Ille superbi
Flammeus oris honos, et dod cessnra proÍDÍs
Hembra colorantur picei caligioe regni*
Ergo hanc ut dúbio vix tandem agnoscere visa
Evaluit: cujus tot poenie criminis? inquit.
Uode hiBC informis macies? cni tanta facultas
In me s«TÍtiie est? Rigidi cur Tincola ferrí
257
£ parece que as Dryades chorosas
Lhe dizem que^/bt feito Me desiroço
Pélas tanareas fauces das ires Farias. =
Mas... ella mesma (dSo phantasmas ouças
Qae a noite gera), Prosérpina chega,
E do seu infortúnio informa Ceres.
N'um tenebroso cárcere se via
Arerrolhada com grilhões cruentos:
Parecia, nSo qual ornara as selvas
N outro tempo ditosa na Sicília,
Nem qual oos campos de Henna surpreendia
Pela belleza as Deosas que a buscaram;
Mas toda transtornada» traz o ouro
De seus lindos cabellos mareado,
De seus olhos a luz esmorecida.
Marchas do rosto as rosas, convertidos
Em pallidez o colorido e encantos.
Gelo e sombras do reino somnolento
Tinham tudo estragado, cor, e alvura;
E conhecer apenas poude Ceres
As suaves feições, que em fim conhece.
u Qual crime, ó filha ! (diz ent&o gritando)
Attrahio sobre ti um tal supplício?
De que vem essa magoa que te mina?
Quem é que contra mim se assanha tanto?
Por que sobre esses braços innocentes
Tomo V. 17
258
Vix aptanda feris molles meroere lacerti?
Tu, mea tu proles? an vaua fallimur embrat
liia refert: Heu dirá parens, natoque perembe
Immemor» heu fulvas animo transgressa leaenas,
Tantaue te nostri tenuere oblivia? Taotum
Única despicior? Certc Prosérpina nomen
Dulce tibi, tali qu» Bunc, ut cernis, hiatu
Suppliciis inclusa teror. Ta saeva choreis
Indulges, Phrygíasque etiamnum mterstreps urbes.
Quod si non omnem pepulisti pectore matrenif
Si tu nota Ceres, et non me Caspia tigris
Edidit: his oro miseram defende cavemis,
Inque superna refer. Prohibent si fatt reverti:
Vel saltem visura vem. Síc ftita trementes
Tendere conatur palmas. Vis ímproba ferri
Impedit, et motse somnum excossere caten®.
259
Esses ferros?... Os monstros mais ferozes
Co peso currariam. Geos! que yejoT
És tu, ó Prosérpina» ó cara filha i
Ou serei eu ludibrio de um vSo sonho?»
« Barbara mSe ! (lhe exclama a desgraçada)
Tua filha acabou... e nem te lembra...
Uais ferina leoa nSo existe.
Como poode vencer-te a deslembrança?
Descuidarão de mim» que tanto amavas?...
Prosérpina!... Este nome te foi caro;
Mas onde estál repara agora; v^me
N'um golplio de amargura sepultada»
Cercada de terror e de supplicios.
E tu, cruel 1 na Phrygia os choros guias;
De festivaes eoncentos as cidades
Betinem por teu mando. Ah! se com tado
De materoal amor te nSo eximes;
Se é Ceres adorada como Deosa,
Se me nio deo o sèr hyrcana tigre,
Destas cavernas hórridas me tira,
A tua Prosérpina á luz resgata:
Uas se os fados se oppoem que eu volte á terra,
Ouve a ternura, vem, vem confortar-me. »
Nisto quer levantar as mSos trementes
Que dos ferros o peso lhe rebate.
Co' a bulha dos grilhões cahindo, acorda
Ceres, toda afflicçSo, toda incerteza:
260
Obriguit tísís. Gaudet non vera fuisse,
Gomplexu caruisse dotei. Penetralibus amem
Prosility et tali compellat você Cybelleo.
Jam Don ulterius Phrygia tellure morabor,
Sancta parens. Bevocat tandem coatodía cari
Pignoris» et cuoctis objecti fraudibus anoi.
Non mihi Cyclopum quamvis extnicta caroiois.
Culmina Gda satis. Timeo, ne lama latebras
Prodiderit» leviuaque meum Tríuacría celet
Depositam. Terret nimium vulgata locorum
Nobilitas. Aliís sedes obscarior oris
Exquirenda mihi. Gemitu flammisque propimjais
Enceladi nequeunt umbracula nostra taceri.
I
â61
De sosto a gela o sonho fonnídavel;
Crèy Dão crê o que vio; vacilla, teme.
Espera que nfio seja o qae sonhara.
Com dor lhe lembra que ao partir nio dera
Á filha beijos mil; que lhe faltara
Uma doce meiguice mais da filha.
De si mesma vão sabe, e sem acordo
Vai Cybelle buscar, e assim lhe fèlla :
«Divina mSe querida! demorei-me
Na Phrygia muito mais do que convinha.
A custodia do objecto que mais amo.
Os perigos que cercam poucos annos,
Por mim chamam depressa ; e não me bastam
Para descanço as torres do palácio
Pelas mios dos gigantes construído.
Quantos receios o animo* me turbam !
Temo a Fama invejosa que revele.
Indiscreta, onde existe Prosérpina;
Ou que a Trinacria ingrata me atraiçoe
O penhor que lhe dei de confiança :
Celebres sSo os sitios da Sicilia,
E é fonte de mil sustos delia o nome.
Regifio mais estranha, escuro abrigo,
E mais seguro, pôde talvez dar-me:
Os gemidos e as chammas d'Enceládo
De nós ai&stam sombras e silencio.
262
SoaiDia quÍDetiam Taríis iofaugta figuris
Sffipe mooentt QuUusque dies dod triste mioatur
Âugorium. Qaoties flaveotia sertã comanim
Sponte cadunt: quoties exuodat ab ubere saogais;
Larga vel invito prorumpant flumina Yultu,
Injossaeque manos mirantia pectora tundoiit
Si buxos ioflare Telim, ferale gemiscunt:
Tympana si quatiam^ plaDCtus mihi tjmpana reddunt.
Ah vereor, ne qaid porteodaot omiDa veril
Heu loDgs Docaere moroe! Procol irrita venti
Dieta ferant, subicit Cybele: dod taota Tonaoti
Segoities, at dod pro pignore fulmina mitlat.
I tameo, et nulio turibata revertere caso.
Haec ubi» digreditur templis. Sed nolla rueotí
Nobilitas. Tardos queritor non ire jugales.
S63
Sobre as ans dos sonhos vem traier^ine
 noite mil spectros que me assostcm ;
E das aves fooestos pios nutrem
Em minha almai de dia, mil temores.
Vi marchar meus festSes por varias vezes.
De meu seio correr o sangoe em fio,
E de lagrimas rios espontâneos
Sahirem sem motivo de meus olhos.
Co' a mSo involuntária rasgo ás vezes
O meu peito, o meu rosto, sem desigoio
Impetuosa dor me nasce n'alma !
Se emboco a flauta, ou toco sobre o cymbalo.
Um geme, outra suspira tristemente.
Lúgubres sons de magoa e dor reflectem.
Heu temor realisa estes presagios:
Funesta ausência! origem de desastres!»
a Teus sustos, diz Cybelle, para longe
Leve o vento e dissipe! Amada filha.
Filha de Jove, oio, nSo lhe supponhas
Um coração gelado de indifTrença :
Despedidos verias seus coriscos
Sobre quem te offendesse; nada ternas.
Parte, e volta depressa socegada
Aos braços de tua mie, que te idolatra. »
Apenas isto disse, sae do templo
Ceres correndo, c a rapidez das rodas
Mal corresponde ãs anciãs do desejo.
264
Immeritasqoe moveos alterno verbere peonas
SicaDÍam quacrít, cum necdum abscooderit Iden«
CuDcta pavet, speratque nibíl. Stc aestuat ales^ .
Qus teneros humili fetus commiserit orno
Allatura cibos, et plurima cogitat absens: .
Ne fragilem Tentas discusserit arbore nidum: •
Ne furtum pateant homini, neo prsda coIírfMÍa.
Ut domus excubiis incustodita remotis»
Et resupinati neglecto cardine postes,
Flebilis et tacit® species apparuit auls;
Non expectato respectu cladis, amíctas
265
De forte açoute a mSo dítina armada,
Castiga da parelha que a transporta
O tardo vdo (rápido comtudo),
E as ínnoceotes azas lhe fustiga.
Ia aTÍstacdo apenas o Ida altivo.
Já c'os olhos buscava da Sicilia
A Henoea terra, as Trioacrías margens;
Teme tudo o que vé, e nada espera.
Tal entre as aves, uma que confia
O ninho e prole cara aos curtos ramos
De humilde arbusto, se por um momento
De vista os perde em quanto busca pasto.
Treme, e cogita ausente a quantos riscos
ExpoK o seu thesouro; tem receio
Que o vento derrubasse o frágil ninho.
Mal seguro nos caules movediços;
Ou que o tyranno caçador lh'o roube,
Ou d'inimiga cobra seja presa.
Mas, oh vista cruel!... eis o palácio
Sem custodia, co' as portas arrombadas,
Co" as fechaduras pelo chSo dispersas.
Em silencio e deserto o paço todo:
Isto o desastre explica á triste Ceres.
N8o quer mais ver, as vestes despedaça,
266
GoDScidit, et fractas cum crine avellit aríitafl.
Hffiseruot iacryms: doo voXf Don spiritus oris
Bedditar, atque imis vibrat tremor owa medullm*
Saccidui titobaot gressus, foriboaque recloWf
Dum vacaas sedes el desolata pererrat
Atría, semiratas coDfaso stamine telas,
Atque interceptas agnoscit pectinis artes,
Divious perit iUe labor, spatiuinque relíctum
Audax sacrílego supplebat araoea texta.
Nec deflet, plaDgitye malam : tameo oscula telae
Figit, et abrumpit mutas io fila querelas^
Attritosque maou rádios, projectaque pensa,
CuDctaque virgiueo sparsa oblectamiDa ludo,
Geu natam, preasat grémio: castumque cubile
Desertosque toros, et, sicubi sederit olim,
267
Os cabellos arranca» e trax com elles
Da coroa quebradas as ^igas.
As lagrimas nos olhos se Ibe galam ;
Nia tem voz, nio respira, mortal frio
Os convulsivos mambros Ibe entorpece.
Ghd passo incerto tenta ver as salas:
Mas que vè? um deserto desabrido.
Horrível solidio nas galeria^;
Um quebrado tear, sedas mescladas.
Um debuxo apagado, tristes restos
De um divino lavor, que profanara
Com sacrílega téa audaz aranba.
A Deosa, sem cborar, pallida, muda.
De ósculos cobre os primorosos restos.
Os instrumentos do lavor que a filha
Com mSo laboriosa manejava;
O coracio com elles comprínrindo.
Cuida abraça<»b, cuida que percebem
Quanto em silencio soffire, quantas queixas
Mudas exhala o peito lacerado:
A tela abandonada lhe rocorda
O virgineo prazer, doce recreio
Que á filha cara outr'ora ministravam;
Cuida a&gar a bella Prosérpina:
A toda a parte volve os tristes olhos,
Sobre o deserto leito, os áureos bancos,
Onde os cândidos membros repousavam.
268
Perlegit. Attooitus stabalo oeu pastor ioaní,
Cui pecos aut rabies poeooram ínopioa leonum»
Aut populatrices iofestavere caterv®:
Senis at ille redit, tastataque páscoa lustrans
NoD respoDsuros ciet imploratque juveocos.
Atque ibi secreta tectorum in parte jacentém
Adspicit Electramt nat» qus sedola nutrix
Oceani priscas ioter notíasima Nymphas.
Par Cereri pietas. Haec post cuoabula dolci
Ferre sídu, summoqae Jovi dedacere parvam
Sueveraty et genibus ludeotem aptare paterais.
Haec comes, bsc castos» fase próxima mater haberí.
Tum laceras effusa comas et polvere canos
Sórdida sideres raptos logebat alomns.
Hanc aggressa Geres, postquam suspiria tandem
Laxavit frenosqoe do\or. Quod cernimos, ínqoit,
269
Tal um pastor attoDito se aterra
Á fista de um curral que despojaram
Doa rebanhos cruéis salteadores,
Oa que foi de leOes ou bbos pasto:
Se a noite Yoltaf em toda a parte os busca,
E a assolada campina em tIo discorre;
Chama os gados em vio com toz queixosa,
E surdos, a seus gritos nio respondem.
N'um solitário canto té deitada
Electra, n'outro tempo tio famosa
Entre as Nymphas antigas do Oceano.
Collega foi de Ceres nos cuidados.
Na ternura que pródiga empregava
Na educaçSo da tenra Prosérpina :
Seus braços, que do bergo a levantavam.
Carinhosos no collo a Jove a punham.
Que se prestava aos jogos innocentes
Da linda filha, com paterno gosto:
Foi delia quasi mSe, guarda e companha.
Hoje arrancados, soltos seus cabellos,
Em pó e cinza envolta, em dor immersa.
Chora a celeste alumna, triste presa
De um roubador feroz. Ceres a observa,
E depois de exhalar temos suspiros.
Nestes afilictos termos a interroga :
«Que vejo? que desastres! que tyranno
270
Excidium? cui praeda feror? regnattie marituB?
Ao ccelum Títanes habent? Quás taiia vifo
Ausa Tonapte manos? RupHne Typhoela oenrix
loarímeo? Fractaoe jogí compage Vesevi
Alcyoneus per stagna pedes Tyrrhena coeurrit?
An vicioa míhi quassatís faocíbus JEUm
Protulit Enceladum? Nostros an forte penates
Appetiit centum Bríar^a turba lacartis?
Heu» ubí nuoc, ubi nata mihi? Qoo mille ministrae,
Quo Cyane! Volucres qu» vis Sirenas abegit?
Haeccine vestra fides? Sic fas aliena tuerí
Pignora? Gontremuit nutrix, mcerorque podori
Cessit, et aspectus iniser® non ferre parentis
Emptum morte yelitt longumqae immota moratar
271
Vem de férreo eaddas maneatalvnie?
Reioa 00 Oljmpo o «pO0o meu? fusila
Na mio avermelhada aceeso o raio?
Oa do Olympo oa Titanoa se apoderam?
Qae sacrílega ml0| se existe Jove,
A perpretar ousoa toes atteotados?
A cenrix de Typheo rompeo acaso
Da isolada loaríme as duras rochas?...
Vio-se, os grilhões Alcyoneo quebrando
Do inflammado Vesotio, com audácia
Do mar Thyrreno vir pisar o abysmo?
Ou o Etoa fisinho lançou fora
Das rasgadas entranhas Eooeládo?
Seus irmloa, e Briáreo com cem braços,
Meu domicilio audazes invadiram?...
«t Ai de mim ! onde esUis, querida 6lha !
Onde te escondes» onde está Gyane?
Onde as brandas Seréas que a seguiam?
A fé me preservastes deste modo?...
O penhor que vos dei assim guardastes?... n
Com tal repreheosSo Electra treme,
O pesar em vergonha se transforma ;
E quizera morrer antes que visse
De tão mísera mSe o triste aspecto.
Fica iromovel, nSo sabe comX) explique
272
Auctorem dubium certunique expromere fuDU8«
Viz taroen hec: Âcies utinam vesana Gigantum
Hanc dederit cladem ! levios commuoia tADguat :
Sed Div«, iDuItoque iiiídus quod rere, sorores
In Dostras nimium coojuravere ruínas.
Insidias Superam, cogoate tulnera cernis
InvidisB. Phlegra nobis infensior sther.
Florebat tranquilla domus, nec limina virgo
Linquere, nec tírides aodebat visere saitus
Praeceptis obstricta tais. Telae labor illi,
Sirenes requies; sermoouoa gratia mecum,
Mecum somnos erat, caulique per alria ludí.
Cum súbito (quonam dubium moostrante lakebras
Rescierit) Cytherea venit, suspectaque nobis
I
273
De UfD Uo certo infortúnio quem foi causa :
É-lhe ÍDCoguito o auctor; e vacillando
Em voz baixa começat 9MÍm dizeodo:
c Quizera o Geo que insânia dos Titanos,
Deste destroço origem fatal fossei...
Scd&rer o mal de que outros participam
Menos custara. As Deosas, cujo sangue
É teu sangue, as irmSs de Prosérpina,
Estas slo as auctoras de teus males.
Por inveja estes golpes te vibraram.
Menos horrível foste, menos, Phlegra,
Do que o Geo que taes magoas nos envia !
«FI(H*ecia tranquilla esta morada;
Prosérpina fiel a teus preceitos
Edu doce segurança prosperava ;
NoDca ousava sahir deste retiro,
Nem mesmo visitar os verdes bosques.
No lavor se occupava; aos ledos cantos
Das Seréas, nas horas de descanço,
Pacificos momentos consagrava,
E 06 meus avisos com recreio ouvia :
Ao pé de mim á noite se entregava,
Nos laços de Morpheo, a um doce somno.
a Um dia de repente chega Vénus,
(Qaal lhe mostrou adverso Deos taes sitios?)
E para dissipar nossas suspeitas
Tomo V. 1«
274
Ne foret, htac PboBben comités, hioc Paliada junxit.
Protious effuso Istam se Bngere risu,
Nec semel amplectí, nomeoque iterare sororis.
Et dura de matre querí, quae tale recessu
Blaluerit damnare deeus« vetitoque Dearum
Colloquio patriisque procul mandaverit astris.
Nostra radis gaudere malis, et nectare largd
Instaurare dapes. Niidc arma babkumqae Diana^
Induítur» digitisqae atteotat moUibus arcum.
Nane crinita jubis galeam laudante Hinerfa
Implet, et ingentem clipeum gestare laborat.
Prima VeDus campos Heoneaque run maligno
Ingeri t afilatu. Vicioos callida flores
logeminat» meritumque loci, velut inscia, qusrit.
275
Traz Phebéa comsigo, e também Palias.
EngaDosa alegria ostenta, rompe
Em risos, em transportes, em affiigos;
Gom mil meignices Prosérpina engana,
Chama-lhe linda, cara irmft lhe chama;
A dura mie accosa, que recata
Da vista dos mortaes um tal prodígio;
Que assim deixa murchar taes altractivos,
Encubertos aos olhos das roais Deosas,
Longe do Olympo d'onde derivaram.
A virgem sem malícia escuta, e gosta
Dos pródigos applaosos que a seduzem.
« Com lauta mesa hospeda as Deosas logo ;
Ferve o néctar nos vasos cristalinos:
A imprudente sorri; ora reveste
De Diana o armúrio; do arco intenta
Co' as delicadas mãos tomar o peso.
Por Minerva applaudida, agora ensaya
A cabeça no casco, em que se exalta
Um pennacho suberbo; forcejando
Quer embraçar o escudo, mas nSo pôde.
«PerGda Vénus falia entUo com arte
Dos férteis campos, dos amenos valles,
Das selvas d'Henna, e flores que alli brotam :
I G)mo quem nada sabe, inquire tudo,
Tudo admira, e tem pena que seus olhos
O encantador paiz nunca avistassem.
ToMoY. 18 •
L
276
Nec credity quod bruma rosas innoxia servet,
Quod gelidi rubeant alieno germine menses»
Vema nec iratum timeant virgulta Booten.
Dam loca miratur, studio dum flagrat eundi,
Persuadet. Teneris» heu, lúbrica moribus setas!
Quos ego nequidquam planctus» quas irrita fudi
Ore preces? Ruit iUa tamen eonfisa sororum
PrsBsidio. Famuiffi longo post ordíne Nympfaa^.
Itur in sterno vestitos gramine campos.
Et prima sub luce legunt, cum rore serenus
Âlbet ager; sparsosque bibunt violaria suecos^
Sed postquam médio Sol inslitit altior axi,
Ecce polum nox keáa rapit, tremefactaque nutat
277
4fÊ possível! (diz ella) qoe respeite
As rosas neste sitio o frio Inverno?
Que as flores» que o calor só vivifica»
Croem os campos, apesar do gelo?
Que arbustos, que a vernal sazio fecunda»
De Bootes irado a foria affirontem?
Retiro amável! campos de delicia!...
« Vénus arde em desejos de corrè-los :
Ab! quanto ignara a mocidade escuta!
Quantas lagrimas» quantas me custaram
Insinuações t9o cbeias de malícia!
Mas apesar de meus avisos ternos»
Fiada nas irmSs que a acompanbavam»
Decide-se a partir a infeliz virgem.
«Com a mais numerosa comitiva
Das Nympbas que a serviam» desce aos campos
Que sSo d'eterna grama revestidos.
A Aurora encontram seus primeiros passos;
A terra alveja» as plantas resplandecem
Go' as pérolas que solta o fresco orvalbo;
A esparzida humidade apaga a sede
Da modesta odorífera viola.
«Porém logo que o Sol tinha vencido
Metade da carreira» de repente
Ciosa a Noite envolve tudo em sombras:
278
Insula cornipedum slrepitu, pulsuque rotarum.
Nosse nec aurigam licuit: seu mortifer sstus.
Seu mors ipsa fuit. Luror permauat io herbas.
DeBciont rivi. Squalent rabigioe prata»
Et nihil afllatom vívit. Pallere iígustra»
Expirare rosas, decrescera lilia Yidi.
Ut rauco reduces tractu detorsit habeoas»
Nox sua prosequitur currum ; lux redditur orbi,
Persephooe nusquan. Voto rediere peraclo,
Nec mausere Deae. Mediis inveoimus arvis
Exanimem Cyanen. Gervix redímita jacebat.
Et caligantes marcebaot fronte coroos.
Aggredimur subitse» et casus scitamur beriles,
(Nam proprior cladi ateterat), quis Tultus equorum?
Quis regai? ília nibil: tácito sed tesa veneno
Solvitur in laticem. Subrepit crinibus humor.
I
279
Treme a Sicília ao frémito doa urcos,
E CO rodar de om carro estrepitoso:
Não se vé condoctor, se é Génio ou
Oa se as rédeas dirige a mesma Morte.
a Hurcham«-se aa berras, os ribeiroa seccam,
A ferrugem oa pmdos enoegrece,
E um vapor que sufifoca tudo mata :
Vimos desfallecer do caule os lyrios,
Descorar a cecém, morrer a rosa.
Surdo rumor indica que se tiram
As rédeas; com o carro foge a Noite:
A luz que volve á terra em parte alguma
Nos mostra Prosérpina, nem as Deosas,
Que, satisfeitas, mais se não demoram.
Lá no meio dos campos encontrámos
Cyane, cuja languida cabeça
Sobre o peito anciado descabia:
Tinba a c'roa, qoe a frente Ibe adornava,
Já murcba pelas trevas qoe a cubriam.
Mais pois que ao pé da Deosa estava a triste,
Por ella perguntámos cuidadosas;
Que forma os urcos tinbam, quem guiava
O carro que estrondoso nos fugira?
a Nada responde; incógnito veneno
Lhe prende a falia, lhe dissolve o corpo;
Os seus cabellos liquides escorrem,
280
Liquitur, in roremque pedes et bracbia maoaDt,
Nostraque mox lambit vestigia perspicuus foas.
Disceduot alis. Rapidis Âcheloldes alia
Sublate Siculi latus obsedere Pelorí,
Accensa^que maio jam non impune canoras
In pestem vertere lyras. Vox blanda carinas
AUigat. Audito frenantur carmine remi.
Sola domi luctu senium tractura relinquor.
Hseret adbuc suspensa Ceres, et singula demens,
Cea nondum transacta timet: mox lumina torqueos
nitro ín coelicolas furiato pectore ferri.
Arduus Hyrcana quatitur sic matre NiphatcSy
Cujus Achaemenío regi ludibria natos
Avexit tremebuodus eques. Fremit illa roarito
281
Derretem-se-lhe os pés, os braços fuodem,
N'ani doce onralho toda se converte ;
E D'um momento a terra que pisava
Serpéa, em fonte limpida tomada.
Fogem as outras todas; as Serèas
Com as rápidas azas se arremessam
Á Sicilía, e na costa do Peloro
Consagram á vingança as suas lyras.
As náos prende inhumana melodia:
O attonito remeiro larga os remos,
O rumo perde, e é yictima dos mares.
« Fiquei só, ai de mim ! neste palácio,
A velhice odiosa abandonada.
Para apagar com pranto estes meus dias. »
Inda Ceres suspensa um pouco fica:
Custa-lbe a crer que o mal seja presente,
E loucamente no futuro busca
Os males de que é victima: depressa
Convencida, revira os torvos olhos;
E contra as immortaes do peito acceso
Imprecações vomita furibunda.
Assim ruge nos altos do Niphate
Uma tigre a quem rouba os caros filhos
Um caçador sem dó, que avidamente
Aos jogos de Achemenio rei destina : (3)
282
Mobilior Zephyro, totamqoe virentibus iram
Dispergit maculis, jamjamque hausura profundo
Ore viroiDi vitre^e terdatur imagine forme.
Haud aliter totó genitríx bacchatur Olympo;
Reddite, yociferans: noo me fagos edídit amnís
NoD Dryadum de plebe sumus: torrita Cybelle
Me quoque Saturno genuit. Quo jura Deomm,
Quo leges abiere poli? quid Tivere recte
Proderit? eo audet noti Gytberea pudoris
Ostentare suos post Lemoia vincula vultus.
Hos ânimos bónus ilie sopor castumque cubile
Praebuit? amplexus hoc promeruere pudici?
Nec mirum, si turpe nihil post talia ducit.
Quid vos exportes thalami? tantumne relictus
Yirginitatis honos? tanlum mutata voluntas?
283
Cheia de dor, se yè correr mats iere
Do que o Zephyro, e preceder-*>lhe o sopro;
Co' a raiva as verdes mácalas aviva;
Quer tragar nas guelas inOammadas
O impávido ladrSo; mas pára á vista
Do espelho que lhe mostra a própria' imagem.
Todo o Olympo assim Geres amotina:
a Entreguem-me a querida fHfaa minha I
(Eiclama a Deosa) Eu oto, nSo fui gerada
Por um regato humilde, nem na plebe
Das Dryades nasci: também Saturno
E a lurrita Gybelie o sér me deram.
Já Dio ha leis no Ceo? n9o ha justiça?
Já da virtude o mérito não vale?
A honestidade é vS, nSo recommenda?
a Sem duvida esta audácia é talvez premio
Do pudor conhecido, casto pejo
Da libertina Vénus. NSo me pasma
Que esta Deidade afibuta, sem lembrar-se
Da fatal rede em Lemnos fabricada.
Tendo a fé conjugal tanto ultrajado,
Mostre assim sem vergonha a impura face,
Que cessou de corar; e só me admira
Que vós, pois qu' Hymeneo não conhecestes,
Da virgindade as honras desprezásseis;
284
Jam Veneri, et sociis juactae raptoribus itis?
O tempiís Scfthis, atque homiDum sitientibus aris
Utraque digna colíl Tanti qus causa furorís?
Quam mea vel dícto teoui Prosérpina Issit?
Scilicel aut caris pepulit te. Delia, silvis:
Aut tibi commissas rapuit, Tritooia, pugnas.
An grayis alloquio? vestros an forte petebat
Importuna choros? Atqui Trinacria longe,
Esset ne vobis oneri, deserta colebat.
Quid latuisse juvat? rabiem livoris acerbí
Nulla potest placare quies. His íncrepat omnes
Vocibus. Ast illse (prohibet reverentia patris)
Aut reticent, aut nosse negant, respoosaque matrí
Dant lacrjmas. Quid agat? rursus se yicta remittit.
J
285
Qoe inseparayeis companheiras fosseis
De VeDQSy dos malvados com quem vinha.
Tanto a vontade em vós foi corrompida I
« É nos templos da Scjthia» nos altares
Inundados de sangue, que ora em diante
Deveis receber cultos. Qual motivo
Para tanto furor tivestes, Deosas?
O que vingais assim? Palias, Latona!...
Prosérpina jamais lesou direitos
Que alcançastes á gloria, nos combates?
Ou nos bosques no império de Diana
Pretendeo usurpar-lhe a primazia?
Nio foram seus discursos circunspectos?
Foi jamais importuna aos vossos choros?
Na Sicília exilada, de vós longe
Habitava desertos... Mas qu' importa
A solidSo! Quaes brenhas são barreira
Contra a inveja? Qual ermo, qual retiro
Applaca emulações, furor cioso?...»
Taes vozes a afilicçSo inspira a Ceres.
Mas o respeito a Júpiter prohibe
Ás outras Deosas responder; ou negam,
Oa Bngem que n9o sabem; só respondem
Com lagrimas á mde desconsolada.
Que fará?... Já vencida de amargura
Ás supplicas recorre, e se submette
A deprecar humilde o que deseja.
286
Incpie bumiles demina preees, Ignoscite, si quid
lotumuit pietas: si quid flagraolius aetum
Quam decuit miseram. Supplex, dejeclai|iie wstris
Advolvor genibus. Liceal cognoscere sortcm.
Hoc tantum: Liceal certos habuisse dolores.
Scire peto qu« fwma mali: quamcunique dedislis
FortuDom» si nota, feram; fatumque putabo,
Noo scelus. Adspectum, precor» indulgete parentí.
Non repelam. Qassita mana securas habeto,
Quisquis es. Affirmo prsdam. Desiste Tererí.
Quod si DOS aliquo praereuit federe raptor;
Tu certe» Latona, refer. G>nfessa Diana
Forte tibi. Nosti quid sit Luctna, quis horror
Pro geniliSy et quantus amor : Partusque lulisti
287
« Ó DeonSt perdoai 1 (dii, solagando)
Da consternada mãe tende piedade:
Desculpai expressões que a dor extrema
Sem regra me dictou: supplice, afflieta
A Tossos pés me prostro: deciarai-me
Todo o meu infortúnio; é quanto imploro:
Das dores conhecer convém a espécie.
Com que forma excrucia o mal o peito;
Para chorar quieta, e submetter^me
Sem murmurar, soffirer minha desgraça,
Victima ent&o do Fado, e nlo do crime.
« Aos temos votos desta mãe afflieta
Concedei que outra vez a filha veja:
Não heide reclamá-la, não; seguro
O roubador, a presa lhe confirmo:
Quero só vè-la. Auctor de minhas penas!
Goza em paz do teu furto; livre guarda
O que a violência injusta te outorgara:
Porém, deixa-^m^a ver!... Não tenhas medo
Que eu te prohiba a dita de gozá-la.
« Com tudo, se ganhaste com presentes
De Diana o silencio, ou de Minerva...
Latona! falia tu, pois que podia
A tua filha tudo revelar-te.
Bem sabes quão cruel nos é Lucina,
Quantos sustos e amor nos custam filhos.
288
Tu geminos: bsc ana mihi. Sic crioe fruaris
Semper Apollineo, sic me feiicíor sevurn
Mater agas. Largis tuDc imbribus ora madescunt.
Quid taotum eat digDum Oeri» digDumque tacerí?
Hei mihi» disceduot omnes. Quid vana moraris
Ulterius? Noo bella palam celestia sentis?
Quin potius Datam pélago terrisque requiris?
AccÍDgat lustrare diem. Per devia rerum
lodefessa ferar. Nulla cessabitur hora.
NoD requiesy doo somous erit, dum pignus ademtum
Inveoiam, grémio quamvis mergatur Iberas
Tethjos» et rubro jaceat vallata profundo.
Non Rbeoi glacies, oon me Rhip«a tenebunt
289
HymeDeo generoso coocedeo-te
Dois gémeos, a mim deo-me uma só filhas
Tem piedade de mim... assim repousem
Nos cabellos d'Apollo eternamente
Os teus maternaes olhos: assim possas»
Mais feliz do que Ceres» mde ditosa.
Passar sem nuvens teus serenos dias!
(Humedeceo de novo o pranto as faces
Das maviosas Deosas compassivas)
Que motivo provoca o vosso choro?
(Diz Ceres assustada) Que denota
Esse austero silencio? Aí de miro triste!
Todas me fogem... foi-se-me a esperança...
Que mais procuro, incerta, e me dilato?...
Infeliz! Ndo percebo que indignados
Os Ceos de meus pezares s9o a origem!
« A terra, os mares devo explorar todos,
Ver onde a filha está. Irei affouta
Co' a carreira do Sol medir meus passos;
Incógnitos caminhos, sem cançar^me,
Irei investigar e descobri-los:
Nem descanço, nem somno alcançar quero.
Em quanto não descubro a amada filha ;
Sepultada que fosse nos abysmos
Dos mares em que a Ibéria se mergulha,
Se banha a costa Arábica: nio temo
Nem os gelos do Rheno, ou* Ripheos climas,
Tomo ▼. 19
290
Frigora : non dúbio Syriis cunctabitur lesta.
Stat fines penetrare Noti, Boreaeqae nivalem
Vestigare domum. Primo calcabitur Atlas
Occasu, facibusque méis lucebit Hydaspes.
Impius errantem videat per rurá per urbes
Júpiter. Extíncta satietur pellice Juno.
Insultate. mihi : coelo regnale superbi.
Ducite prsclaruin Gereris de stirpe triumphuin.
Sic Tatur, notaeque jugis illabitur JEiniBf
Noctívago tedas informatura laborí.
Lucus erat prope flavutn Acin, quem cândida prfiefert
Sspe mari, puteroque sccat Galatca natatu :
Densus, et innexis iCtnaea cacomina ramis.
291
Prosérpina buscando; affirootar quero
Das Sjrtes o refluxo vagabundo,
Os paizes crestados pelo Noto,
As grutas do Aquilão cheias de neve;
Calcar ás portas do Occidente o Atlas;
E 00 berço da Aurora o claro Hydaspe
Ir assustar co' as tochas iuflammad^s.
«Júpiter ímpio veja a triste Ceres
Errante pelos campos e cidades:
Farte Juno ciosa a sua raiva.
Insulte a minha dor: seja theatro
O Oljmpo dos triumphos da suberba,
Do teu furor, ó Juno! Está completa
Tua victoria, Deosa; perdi tudo:
Já Ceres infeliz, já não tem filha 1 »
Disse, e ao cume do Etna se arremessa;
Neste sitio querido é que prepara
As tochas que destina angustiada
Ás carreiras nocturnas que projecta.
Perto do rio Acide estava um bosque
Que a linda Galatéa preferia
Ao mar; e a nado as ondas dividindo,
Buscava a sombra que as frondosas ramas.
Em qualquer estação entrelaçadas.
Soltavam sobre o monte alli visinho.
Tomo V. U> •
\
292
Qua líbel usque, tcgeos. Uli€ posuisse craeotara
^gida, captivamque pater post prffilia praedam
Advexisse datur. Pblegrais silva superbít
Exuviisy totumque nemus victoria vestít.
Hic patuli ríctus: bic prodigiosa Gigantum
Tergora dependentt et adhuc crudele minaatur
Afiixs truticis fácies» immaniaque ossa
Serpentum passim cumulis exanguibus albent»
£t rigids multo suspirant fulmine pelles,
Nullaque oon magni se jactai nominis arbor.
Hsc centum geroini strictos iEgeonis enses
Curvata vix fronte levat. Liventibus illa
Exultat Cffii spolií». H«c arma Mímantis
Sustinet. Hos ouerat ramos exutus Ophíon.
Altior at cuDctis abíes umbrosaque late
Ipsius Enceladi famantia gestat opima
293
Júpiter vencedor, dizem, puzéra
Alii, depois da lutta c'os Gigantes.
A egida cruenta, e toda a prêsa
Que a victoria lhe dera. Alli se viam
Os despojos das selvas PUegreanas.
E de tropheos vestido o bosque inteiro;
Das carrancas as fauces ioda abertas,
Couros immensos d^esfolados monstros.
Filhos da terra; frentes destroncadas,
Que fixas na cortiça, inda mostravam
Nas feições ameaço e rebeldia :
D'o8sos enormes alvejava a terra;
Serpentes mortas, túrgidas couraças.
Que empolaram c'os raios furibundos:
Nio se vê planta que de um grande nome
Nito ostente um tropbeo. Alli d'uma arvore,
Com o peso curvada, as cem espadas
De Egeo, que combatia com cem braços,
Alli pendem : alli de Cello os dardos.
Tintos de sangue, n'outra se preservam ;
Com o pesado armúrio de Mimante,
E os massiços arnezes d'Ophionte.
Altissimo pinheiro que domina
Sobre quantos vegetam na floresta,
E que d*espessa rama os cobre todos.
Das fumegantes gloriosas armas.
Despojos d'Enceládo, está coberto;
Sd4
Summi terrigenftm Begis» caderetqoe graT&ta
Pondere, ni lassam fuiciret próxima quercus.
Iode timor oamenque loco, nemorisque senect»
Parcitur, aetheríisque nefos nocuisse tropeeis.
Pascere nullus oves, nec robora Isedere Cyclops
Audety et ipse fugít sacra Polyphemus ab umbra.
Non tamen hoc tardata Geres. Acceoditur oUro
Religione loci» vibratque incerta securim,
Ipsum etiam per itura Jovem. Succidere piaus,
£t magís enodes properat prostemerè cedros,
Exploratque habiles truncos, rectíque ténorem
Stipitis, et certo praetentat bracfaia nísu«
Sic qui vecturam longínqua per sequora mercês
29Õ
Desse que aadaz guiava coolra o Oljinpo
Os batalhões rebeldes: tanto pesam
Estes fúnebres restoSt que um carvalho/
Como pontlOt Ih' impede horrível queda.
Daqui vem o terror religioso
Que neste bosque reina; sacrilégio
Seria profanar sua velhice,
Que as eras respeitaram ; fora crime
Desprezar os tropheos das Divindades.
Os gados com respeito alli n&o pascem»
Os Cyclopes recéam de locar-lhe;
O mesmo Polyphemo amedrentado
De suas sacras sombras se desvia.
Nada intimida Ceres; deste sitio
A roagestade o seu furor irrita:
Alça o machado incerto, e fere affbuta;
Júpiter mesmo houvera então ferido.
Por terra logo prostra altivos troncos
Altos pinheiros, denodados cedros,
Que suberbos aos Ceos se levantavam:
E entre tanto destroço a Deosa escolhe
Uma haste vigorosa, um tronco forte.
Que mais rijo a seus golpes resistia.
Desfarte o navegante que deseja
Ir por longiquo mar tentar fortuna,
296
Molitur tellure ratem» vilamque procellis
Objectare parat; fagos metitur et aloos»
£t variuin rudibus silvis accommodat usum.
Qus longa est, tumidis prsbebit coroaa velis:
Qus fortis, maio potior: qu« lenta, favebit
Remigío: stagoi paliens aptanda carins.
Tollebant gemios capita inviolata cuprewus
Cespite vicÍDo; quales non rupibiis Ide
Miratur Simols; quales non divíte ripa
Larobit Âpollinei nemoris nutritor Orontes.
Germanas adeo credas: sic frontibus squis
Adstant, et sócio despectant vértice locom.
Hffi placuere faces. Pernix invadit utraroque
Gineta sinus, exerta manus, armata bipenni:
297
Seus géneros trocar em climas novos,
E contrastar co' a vida as tempestades,
Vogador domicilio se fabrica ;
A seu uso na praia junta faias,
Alamos fortes, mede-lhe o tamanho,
E estes filbos informes das florestas
Destina ás partes varias do ediGcio:
Dos compridos faz vergas que sustentem
Túmidas velas; e transtorna em mastros
Os mais duros, em remos os flexíveis;
E, curvados, no corpo do navio
Põe os que á agua silo impenetráveis.
N'um serro alli visinbo se creavam
Dois cyprestes irm&os, que do machado
Isentos até 'li seus troncos eram :
Tinham frondosa rama, hastes suberbas,
Quaes o Simois nSo poude admirar nunca (4)
Sobre as rochas do Ida; nem nos bosques
Apollineos lambeo o farto Orontes,
Quem delles observasse a igual ramagem.
Que parallela cobre a selva toda.
Diria = s8o irmSos, nasceram gémeos. »»
Estes de Geres devem ser as tochas:
E sem demora a Deosa resoluta,
Os braços nús, a túnica traçada.
Empunhando o machado, o descarrega ;
298
Alternasque ferit, totísque obnixa trementes
Yiribus impellit. Pariter traxere ruÍDam,
Et pariter posuere cornam^ cainpoque recumbunt,
Faunorum Dryadumque dolor. Complectítur ambas^
Sicut eranty alteque levat» retroque solutis
Criníbus adscendit fastigia moutis auhelít
Exuperatque aestus, et duIIí pervia saxa,
Atque indignantes vestigia calcat arenas.
Qualis pestíferas animare ad crimioa taxos
Torva Megaera ruít; Cndmi seu moenia poscat;
Síve Tbyesteís properet saevke Mjceois.
Dant tenebrse Manesque locum, pUotisque resullaot
299
UiD e Quko còm golpes alternados
Ataca, ferCy ab«la-Ibe as raiies:
Vacillam, pendem, e c'(y^ esforços caem.
Ambos perecem, ambos depuzeram
Em terra as longas verdejantes comas;
0>bre-se o chSo c'os vegetaes despojoe»
Que de lagrimas Dryades e Faunos
Enternecidos e saudosos regam.
A 61ha de Cybelle toma os troncos,
Levanta-08, de folbage' inda vestidos;
O seu cabello, que ia solto ao vento,
Para traz deita, e trepa com presteza
Da montanba ás alturas fumegantes;
Com resoluto pé as lavas calca.
Os hirsutos rocbedos sulphorosos,
E as aréas ardentes, indignadas
De tanta audácia e tanta desventura.
Assim, bramindo, a túrbida Megera
Vai quando impaciente accende os fachos,
E seus fogos sinistros vasa irada •
Nas muralhas de Cadmo, ou quando açouta
Os lares de Mycenas, testemunhas
Dos hórridos banquetes de Tbyestes.
As terrificas sombras, oucos manes
Ante elh lugar ddo a seus furores;
300
Tártara ferratis: donec Pblegethootis ad uodam
G)n8titít, et plenos excepit lampade fluctos.
Postquam perventum scopuli flagrantis in ora;
Protinus arsuras adversa fronte cupressus»
Faucibus injecit mediisi lateque cavernas
Texity et undatem flammarum obstruiít hiaturo.
Compresso mons igne tonat, claususque laborat
Mulciber. Obductí nequeunt baerere vapores.
Coniferi miciiere ápices. Crevitque favillis
iCtna novis. Stridunt adroisso sulfure rami,
Tum, ne deãcerent tantis erroribus ignest
Semper inocciduos insopitosque manere
Jussity et arcano perfudít robora sueco;
Quo Phoeton irrorat equos» quo Luna juvencos.
Jamque soporíferas nocturna silentia territ
301
O Tártaro c'os ferreot pés rebomba :
Só pára ao pé das Pbl^elhonteas aguas»
£ a sede farta ao sepulchral pinheiro»
Immergindo-o nas ondas ínOammadas.
Já chega Ceres ao cratér sulphoreo
Do monte, e a farta coma dos cyprestes»
Destinados ao fogo» peio seio
Deste golpho mergulha; assim do abysmo
Tapa todo o orificio, nSo ficando
Ás ondas de vapor respiradouro.
Nas entranhas do monte com movido
Booca» troveja o lume clausurado,
Lutta contra as cavernas» que impotentes
Bepulsam seus esforços; porém arde
Já dos cyprestes a tão vasta rama.
Exhala o Etna já centelhas novas;
Saturados d'enxofre estalam ramos:
E entUo» por que entre trevas n&o desvaire,
Para livrar d'escoIhos seu caminho.
Fortalecer de eterna luz as tochas,
A Deosa as rega de unctuosos suecos;
Daquelles com que os urcos seus ungia
Phaetoote; coro que a Lua vigorava.
Com divino poder, também seus touros.
Já nocturno silencio começava
A convidar o somno preguiçoso
302
Expiicuere vices. Laniato pectore longas
lochoat illa viasy et sic ingressa profatur.
Non tales gestare tibi, Prosérpina, tedas
Sperabam: sed vota mihi communia matrum
Et tbalami festaeque faces, coeloque canendus
Ante óculos Hymena^us erat. Sic Numina fatis
Yolvimur, et nullo Lacbesis discrimine s^evit?
Quam nuper sublimis eram, quantisque procorum
Cingebar studiis! quce non mibi pignus ob unum
Cedebat numerosa parens? tu prima voluptas,
Tu postrema mibi: per te fecunda videbar.
303
A vir reger a terra adormeDlado :
Ceres (de dor o peito retalhado)
Entrava na carreira que lhe abriam
Profunda magoa, aspérrima saudade*
«Oh Olha, filha minha I (exclama aiDicta)
Nunca esperei que taes fossem os fachos
Para ti destinados; outros eram
Os que» m3e carinhosa , com meus votos
Te promettiam meu amor extremo:
Dos d'Hymeneo as luzes antevia;
O thalamo brilhante, as sacras tochas,
Os festejos pomposos, doces hymnos
Que applaudiam teu nome, Prosérpina,
Com que os ecchos do Olympo retumbavam.
Meu coraçSo e ouvidos preveniam,
lilusio desditosa 1 fatal sonho!
QuSo frágeis Divindades somos! quanto.
Quanto zomba o Destino! quanto ás cegas
Lachesis distribuo feros golpes!...
a Quanto, ha pouco, ditosa me julgava,
D'illustres pertendentes rodeada,
Que aspiravam á m9o de Prosérpina!
Oh filha, gloria minha e meu tormento!
Principio e termo da ventura minha!
A ti devia tudo — o meu descanço,
A gloria de ser mãe, minha alegria...
304
O decus, d requieSf d grata superbia matrís:
Qua gessí florente Deam: qua sospite Dusquam
Inferior Janone fai: nunc squalida, vilís.
Hoc placitum patri. Cur autem adscribimus illum
HÍ9 lacrymis? ego te, fateor, crudelis ademit
Quffi te deserui, solamqae instantibus ultro
Hostibus exposui. Baucis secura fruebar
Nimirum thiasis, et lieta souantibus arvís
Jungebam PhrygioSt cum tu rapcrere, leonês.
Accipe, quas merui, poenas. £n ora faliscunt
Vulneribus, grandesque rubent in pectore sulcí.
ImmeoQor en uterus crebro contunditur ictu.
Qua te parte poli, quo te sub cardine queram?
Quis monstra tor erit? qu» me vestigia ducent?
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305
De meus olhos eacaoto, doce filho,
Cojos dotes altivos me elevaram
Acima das mais Deosas» e fiíeram
Igual a Juno mesma !•«• porém hoje
Desprezível... confusa..* assim ordena
Júpiter*.. Ceos! que horror I que fera sorte l...
Só no hkfemo tau planai se prqjeeíamf
Só Ímpias Deasss crimês ia$s eonsettffm*
a De que serve o queiur«*mef ..• attribuir-lhe
Estas lagrimas?.*. Contra mim me volto;
Eu fui causa infeliz da tua morte !
A minha ausência ás iras do inimigo
Te entregout cbara filhai Em quanto os choros
Na Phrygia me cercavam» que tinoíam
Em tomo a mim espadas e tamhores,
Que eu gozata sem susto alguns prazeres.
Ao jogo submettendo os leões dóceis,
Eras de um roubâdor infausta presa!
Do meu descuido observa a fatd pena.
Meu rosto v6 coberto de feridas
G>m que o sulcaram lagrimas profusas ;
Vè meu peito rasgado, que mil golpes
Nos Ímpetos de dor cruéis lhe abriram.
«Em que plagas ou Ceos irei buscar-te?
Quem guiará meus passos?... quaes vestigios
Me bio de mostrar o roubâdor e o carro ?•••
Tomo V. SO
306
Quis cumis? Terus ipse quis est? Mmoe marnrM
íncola ? quffi volucrum depreodam ligoa totarom.
IbOf ibo quocumque pedes, quooimqae jttbebtt
Casus. Sic Venerem qoOTat deserta Dione.
Efficietne labor? rursus te, oaUí Ikebít
Amplecti? manet ille deeor? nane ilte gencmol
Fulgor? an infelix talem Tortaste videbè,
Qualia nocte Yen»? q«alem fet soiDnta tidi?
Sic ait, et prima gfesftUB mdMur ab ifitna;
Exitiique reos flores, ipsamqne rapittte
Detestata locum, aeqiiilur dispersa tía^rum
Indicia, et pleno timalUr lumíiie clonpoiv
Inclinatque faces. Omnis perlt orbita ^u^
Omnibas admagit, quâeumqoe it in «tfaere, safeis.
Annatat umbra fretis, extremaqiie toeis imago
307
É Da terrai oo nos Ceds, que o mooatra babitit,.*
Onde ocharei 09 tra^oa qae formarati
Bapidamente aa rodaa que a levaram?.**
« Onde o acaso me leve irei correndo,
Onde os pés me levarem sem certeza.
« Possa Dione assim procurar Vénus !
Mas... serSo meus extremos premiados?...
Tornario os meus braços a abraçar-te?...
Oh 6lba I ver-te-hSo meus tristes olhos
TSo bella, tSo brilhante como d'antes«
De tua mie, e dos mais, suave encanto?
Ou por ventura qual durante a noite
Vens magoar-me em meus sinistros sonhos?... »
Ceres, isto dizendo, se retira
Longe do monte, e das culpadas flores;
Dos lugares^ funestos, causa triste
Da desgraça: seguindo uma vereda.
Que o seu carro ia sobre a terra abrindo.
Discorre os campos que lhe mostra a tocha,
Diffundindo inclinada um dardo vasto.
Com pranto inunda os sulcos que traçavam
As rodas do seu carro; os seus gemidos
Repete o ar extenso; a sua sombra
Se projecta no mar esverdinhado ;
ToMoT. «o •
308
Italiam Lybiamqiie Terit. Clarescit Etrascure
LittuSi et accenso resplendent aequore Syrtes.
Antra procui Scyltea pelit, caoibusque reductís
Para stupefacta ailet, pars nondum exterrita latrat.
Rêliqua desideraidur*
309
E 08 extremos da luz das suas tochas
S^estendem sobre as margens AfricauaSt
Sobre as praias da Ausooía» e praia Etrusca:
Doira o reflexo as Syrtes lá distaotest
E de Scylla assustada os antros doira; (5)
Scylla« que pasma e freme stupefacta.
Já do silencio dos seus cães medrosos»
Já dos uivos terriveis que soltavam
Antes que o medo todos suffocasse.
i7 de Novembro de 1815.
NOTAS.
MOTAS
AO
ROUBO DE PROSÉRPINA
IiITBO !•
(1) JlmepáCío. — o prefacio que Pérsio coiiocou á frente
das soas sátiras sérvio de modelo a Claudiano, que neste par-
ticular foi imitado por todos os poetas da ultima idade da
lingua latina. Estes prefácios, onde reinam de ordinário a
discriçio e a elegância, apresentam umas vezes alguma com-*
paraçio faci! de ser applicada, outras uma felicitação lison-
geira, outras uma confrontação da fabula com os negócios do
tempo, e outras finalmente um mero preambulo, destinado a
conciliar a attençSo dos circunstantes. Este do 1 .* Livro parece
corroborar a opinião de quem ajuiza que o Roubo de Prosér-
pina foi um dos primeiros escriptos que sahiram da penna de
Claudiano. Depois de ter aventurado ao publico alguns idylltos,
recebidos com applauso, parece que desfere o poeta um voo
mais audaz, e que para lançar os fundamentos da sua immor-
talidade se abalança a commetter uma empreza que deveria
pAr sen nome a par dos mais illustres do Parnaso. Tal é a idéa
qne nos suggere desta obra sua a pintura que nos faz dos tra-
balhos, tentativas, receios e prosperidade do primeiro nave-
gante.
314
(2) Quem primeiro svlcou mares profundoSf etc. — A quem
deve a humaDÍdade esta iDveDçio, que lhe sujeitou outro ele-
mento? Orpheo, Ovidio, Maoilio, e Yalerio Flacco attribuem-na
a Jason; Tibullo, e Pomponio Mela aos Phenicios; Diodoro
Siculo aos Cretenses; e aos Egypcios Denys o Periegeta. Phe*
dro a adjudica a Minos» e a opinião mais verosimil a um neto
de Noé. Seja porém qual for o seu auctor, o certo é que os
poetas antigos sempre a representaram como iofracção àm i«is
da natureza, e manancial perenne de crimes e desastres.
(3) Do mar Egeo^ etc. — Os doutos não concordam acerca
da origem do nome deste mar, que uns derivam do verbo grego
agOf que significa espedaçarf onlrof de um rochedo que entre
as ilhas de Tenedos e Seio representa a figura de uma cabra,
outros de Ega, rainha das Amazonas, que perdei^ nelle a vida,
e outros do desventurado Egeo» rei de Atbenas, o qual, como
refere Gatullo, se precipitou nas suas ondas, por entender qua
seu fiibo Theseo havia malogrado a expediglo de Creta, onde
o levara o desejo do libertar sua pátria do cruel tributo que
iodos 08 annos reclamavam os manes de Aodrogeo. Hoje é o
Arcbipelago da Grécia.
(4) As lonias ondaSf etc. — Este mar, cuja vasta exten-
são foi celebrada por Yirgilio, deve seu nooie á filha de loacbo,
a nympha Io, de quem Ovídio (nas Metamorphoae^ liv. 1.**) e
Hygino (na Fabula 145) nos deram conhecimento da coodes-
•cendeocia que tivera com os desejos de Júpiter, da sua traos^
íormacilo em novilha, da perseguição que soffirera por parte de
Juno, de como Coi libertada da vigilância d'Argos, como passoa
is margens do Nilo, como voltou à sua primeira forma, e d^
lugar distincto que obteve entre as divindades do Egypto, eom
4^ nome de bis.
315
(S) Do Deos do Avemo o roubo cmdaz, etc. — De todas
as noticias iiiythologicas nenhuma foi mais divulgada que a do
roubo de Prosérpina. Eocontram-se vestigios delia em todos os
escriptores da antiguidade, poetas, bistoriographos, e oradores.
Sem pertendermos reforçá-la com o testemunho de Orpheo,
Hesiodo, Sophocles, Euripedes, Aristophanes, Pansanias, e ou-
tros, citaremos unicamente uma passagem de Cicero (in Verrem
lib. 4.^j , que foi seguida ãelmente por Glmidiano nas suas des«-
cripçdes e narrativa, e poderó talvez dar uma idéa da aotigui*
dade desta tradiçfio, e dos lugares que foram theatro dos acon-
tecimentos de que se tratla.
c( Existe de remotos tempos, diz elle, uma opiniSo fundada
« nas primeiras historias dos Gregos, o justificada pelos seus
a mais antigos monumentos, que toda a Sicilia é consagrada a
«Ceres, e a Prosérpina.... Os Sicilianos acreditam que estas
a deosas nasceram no seu paiz, que no seu terreno brotaram os
« primeiros trigos, que Prosérpina foi arrebatada das campinas
a de Enna, que se reputam como centro da Sicilia ; que Ceres,
«dispondo-se a buscar sua filha em toda a parte, accendera
«rum fâcho nas labaredas do Etna, e com este hime percorrera
« o universo. Enna, onde pertendem que tiveram lugar os suc-
« cessos de que falíamos, está edificada n uma serra alterosa e
M escarpada, no vértice da qual se encontra uma planicie muito
« rasa, e mananciaes d agua pura. Inaccessivel por todos os
«c bdos, e como isolada, vé a cidade em. torno de si lagoas e
« prados esmaltados das mais lindas flores em todas as estações
«do anno. N'uma palavra, o sitio mesmo parece attestar esse
« famoso rapto com que nos entretinham quando éramos pe-
«quenos; por quanto, a pouca distancia delle existe uma ca-
ce verna de enorme profundez, voltada para o norte. Por alli
« dizem que sabira de repente o Deos dos infernos no seu
H plaustro, arrebatara Prosérpina da planicie, e a levara com-
«c sigo. Não longe de Syracusa, tornou a entrar de súbito para
316
«debaixo da terra, e no mesmo instante um lago cobrio aquelle
«r lugar, onde depois os Syracusanos annuaimente celebram uma
« festa, que attrahe grande concorrência de homens e de mu-
cr Iheres. »
(6) Dos Cecropidas gemem os aliares^ etc. — Cecrope Toi
o primeiro rei da Attica, chamada Gecropia do seu nome.
Diiem que tendo feito um decreto pelo qual concedia aos
deoses o domínio das cidades onde quizessem erigir seus alta-
res, appareceram logo em Athenas Neptuno, que fez sahir um
mar do seio da terra, ferindo-a com seu tridente, e Minerva,
que na presença de Cecrope fez brotar a oliveira. Daqui nasceo
entre os dois uma contenda que Júpiter fez terminar, dando
aos contendores por juízes doze habitantes dos Ceos. Segundo o
parecer destes, fundado nas informações de Cecrope, foi a ci-
dade adjudicada a Minerva. Cecrope desposou Âgraule, de quem
teve quatro fiihos, a saber: Erisíchton, Agraule, Herse, ePan-
droseo. A estes, que sSo os Cecrópidas, attribuiam dever-lhe a
Grécia o uso do trigo, a cultura da oliveira, o conhecimento
dos deoses, as noções da justiça, ele.
(7) De Tríptolemo silvam as serpentes, etc. — Conta-se na
mythologia que apenas Ceres tivera conhecimento do rapto de'
sua filha, se encaminhara a Eleusis, cidade da Attica, onde
reinava Celeo, pae de Tríptolemo, a quem a deosa, querendo
remunerar o bom agazalho que havia recebido, fez presente
de um carro tirado por serpentes aladas, com destino de o le-
varem pelo mundo, ensinando aos homens o uso do trigo, e a
maneira de o semear. Ficou por tanto â deosa o appellido de
Eleusina, e Eleusinas se chamavam as festas que se faziam em
honra delia.
(8) Á informe Deidade surge ao longe f etc. — Hecate, a
317
Loa, e Prosérpina, eram três nomes que tioha a mesma De!--
dade, assim como era representada coro Ires cabeças diversas.
(9) laccho alegre, ele. — É o mesmo que Bacclio, filho de
Júpiter e Semeie» que depois de conquistar as índias» recebeo
um culto particular em Thebas e na Meonia» região da Âsia-
menor.
(10) A$ brilhatues Triones, etc— Triões, na linguagem
vulgar» eram bois destinados ao serviço da charrua» como
diz Varrão. Neste lugar entendem-se pelas selte estreitas que
acompanham a Una maior, ou por outro nome o Carro.
(11) OHhodope, montanha daThracia» cujo nome Ihepro*
veio da nympha Rhodope» iilha do rio Strymon» da qual Ne-
ptuno teve o gigante Athos.
(12) Ámyeléa, Claros, De/os. — A mycléa era uma cidade
da Laconia onde reinava Tindaro» e onde foram creados os gé-
meos Castor e Poliux. Dahi lhes proveio o nome de FtaHret
ÁmyelcBí que lhes dfio muitas» vezes os poetas.
Claros, cidade na lonia» junto de Golophoci» partilhava
com Delos» Deiphos» Ténedos» Pátara e Amycléa os favores de
Apollo» e a gloria de produzir oráculos, que por muito tempo
foram assas venerados.
Ddos. — Eis-aqui a origem que lhe attribue Hygioo na
fabnia LIII. : «c Asteria era filha de Titan. Namorou-se Júpiter
da sua belieza; mas irritado por seus constantes desdéns» me-
tamorphoseou-a em codomiz» e iançou-a no mar» onde se con-
verteo n uma ilha que se chamou Ortygia. Por largas eras va-
gabunda e fluctuante» só poude firmar-se na terra qiíando nas-
ceram Apollo « Diana ; assim foi retribuida da compaixto que
teve de Latona» contra quem Juno havia suscitado Marte» em-
318
bravecido a serpente Pithon» e sublevado a terra toda. Desde
entSío cfaamou-se Deles; e em honra sua compoz GalIioQaco um
hymnoy justamente considerado como um poema perfeito, n
(13) A Trinacriaf etc. — Este nome deve .a Sicilia aos
seus três promontórios, Pacbyno, Peloro, e Lilybeo. Se d algum
tempo ella foi unida ao continentei e a causa que os separou«
s9o questões que não profundaram os escriptores da antiguidade,
{iomero na sua fabula de Scylla e Cbarybdes parece nSo ter
conhecido nem a epocha nem o motivo de tal separação. Pin*
daro a este respeito guarda o mais profundo silencio nos versos
que consagrou á memoria dos heroes sicilianos. Eschylo foi o
primeiro que notou haver analogia entre o promontório de
Rhegium e o verbo grego regnusíaip separar. Thucydides pa-
rece que não foi feliz nas indagações que fizera acerca das an-
tiguidades desta ilha. Mas o abreviador de Trogo-Pompeo diz
que ella n'outras eras fazia parte do continente; e Eustathio
accrescenta que a sua desuniSo foi obra de Neptuno» que por
tal modo quiz segurar a Âcasto, filho d'Eolo, uma habitação
mais tranquilla. Entretanto, não se pôde deixar de admirar a
descripção que neste lugar apresenta Claudiano, mesmo a par
das que fizeram os cantores d'Enéas, das Metamorphoses, e
do Etna.
(14) Frondente rama de pinheiros alloSf ele. — Pitys era
uma joven beldade, igualmente adorada por Boreas, e o deos
Pan; mas como este fosse o preferido, o seu competidor, allii-
cinado pelo ciúme, arrojou contra um penhasco a desditosa
nympha, punindo assim de cruel morte a indifferença com que
e trattava. No mesmo lugar nasceo o pinheiro, de cuja rama
gostava Pan de coroar-se, e ao qual o sopro de Boreas arranca
ainda gemidos. Ovidio porém nos conta como foi transformado
nesta arvore o amador de Cybelle, o infeliz Âtys.
319
(15) Os Coryba$j ete. — Corybas» filho de JasoD e de
Cybelle, foi o primeiro que iotroduzio na Ásia o culto de sua
role, e deo seu nome aos ministros consagrados ao serviço
desta deosa^ que se ficaram chamando Gorybas ou Corybautes.
LITBO II.
(1) A Bistoniat por outro nome a Thracia, deve este epi-*>
thetò a Biston, filho de Uatte» e era habitada por um povo
tão guerreiro como sylvestre.
(2) ArgoSf cidade do Pelopooeso» onde reinaram Inacho> o
primeiro que oonduzio é Grécia uma coloDÍa d'Egypcios; e
EaryslheOy que impot a Hercules os trabalhos que neste lugar
enumera Claudiano.
(3) O H^Of rio da Thracia, hoje o Mariza.
(4) O Oisa ãicantiUidOj montanha da Tbessaiia, que foi o
theatro da audácia e da derrota dos Gigantes.
(5) O Hcemus — Ao pé desta montanha sitnada entre a
Thessalia e a Thracía» e á qual dera seu nome um filho de
Boreas e d'Orithya, colloca Slacio (Theb. iiv. 7.* verso 42) o
templo do deos das batalhas.
(6) óirrkaf cidade visinha do Parnaso, testemunha da in-
sensibilidade de Daphne, e da sua metamorphose em loureiro.
' 820
(7) O cinto da Amazónia desataste f etc. *^ AliusSo a Hjp-
polita, rainha das Amazonas, que se diziam descendentes de
Marte, e habitavam as margens do Thermodoonte, aonde tam^
bem foi Hercules, d>rigado pelas ordens de Eorystheo. Apol«>
lodoro no livro 2.^ refere esta passagem d'Hercules, cuja nar-
raçSo todavia faz alguma differenca da historia que Justino
deixou das Amazonas no livro 2.* cap. 4«^
(8) O Phóloef monte da Arcádia, foi o sitio em que o»
Centauros succumbiram aos golpes d' Hercules e de Theseo; de
sorte que o dia das núpcias de Dejanira e Hjppodamia foi para
elles um dia de lagrimas e morte. Nestor, em Ovidio (Meta-
morphoses liv. 12.^), conta as particularidades deste combite.
(9) Da Ubya as praias^ etc. — Neste paiz era a morada
e o jardim das filhas d'HesperOy Egle, Aretbnsa, e HesperUiusa,
cuja guarda estava confiada a um dragão, fructo dos amores de
Typhon e Echidna« Hercules o venceo, e teve as primícias do
jardim, colhendo os pommos das Hespérides*
(10) TUf novo Alcides f etc. — O poeta noméa positiva-
mente Florentino, que era Prefeito de Roma no anno de 396.
A darmos credito is conjecturas dos commentadores, este poe-
ma foi composto em epochas differentes. Tendo já concluído a
primeiro canto no tempo da sua prosperidade, e sub os auspí-
cios de Stilicon, Claudiaoo, alvo também das perseguições que
soíTreram os partidários deste ministro, vio-se obrigado a in-
terromper o fio do seu trabalho. Como Orpheo, guardou sileiH
cio em quanto duraram as desordens que se seguiram i morte
do seu bemfeitor ; mas, a exemplo do cantor da Thracia, reas-
sumio as suas occupaçSes quando tornou a achar em Floreatiao
um admirador e um amigo. Este novo Mecenas, affeiçoado aos
lavores do campo, á maneira dos Catões, Varrões e Columellas,
321
escreveo em grego, sobre a agricultura, traltados de que o
tempo ainda respeitou alguns fragmentos.
(11) D' Arcádia a Deosa^ etc. — Diana, a quem eram
consagrados o Lyceo e o Parrhasio» montes da Arcádia» que
Ibe offerecíam abundante eaça.
(12) Deixam as fontes do Críniso^ etc. — O Griniso, o
"Pantagio, e o Gela sSo nomes de rios ; Camarina é o de uína
lagoa mepbytica na Sicilia.
(13) Aretkusa e Alpheo. — Veja^se o livro 6.° das Me-
tamorpboses d'Of idio.
(14) CyanBf guarda e satellite de Prosérpina, reconheceo
a joten deosa nos braços de Plutio» e quiz deter o roubador,
que a metamorphoseou em fonte,
(16) Envergonhe^se o Hybla^ etc. — Os antigos celebra-
ram muito o mel do Hybla, monte da Sicilia, assim como os
perfumes da Pancbaia e Sabá na Arábia, e do Hydaspe na
índia.
(16) Immortal aUf etc. — É a Phoenix, ate fabulosa, que
inspirou amenos versos a Lactancio, Claudiano, Lermseo e
Ovidio.
(17) O Lipare se (tirfra, etc. — A discórdia removeo Li-
pare, filho d'Ausonio, do império de seu pae; uma frota o
transportou, com um exercito numeroso, da Itália para a ilha
que hoje tem seu nome. Sendo já velho, casou Cyane sua filha
com Eolo, filho de Hyppotades, o qual de toda a parte chamou
habitadores para aquellas regiões, até entio desertas. Lá se
Tomo Y. SI
322
forjavam os raios de Júpiter oas ferrarias dos Cyclopes, sob a
direcção de Vulcano.
I
(18) Que ircabaráa oPeneOf etc. — Este rio, oaThessalia» 1
nascia junto ao Pindo, e atravessava o valle de Tempe. Filbo
do Oceano e de Thetis, também teve uma Olha, que foi Da-
phne, primeiro objecto dos amores d'Apollo.
(19) 0$ bradas com que o Dindytna commotem. — O
Dindyma, o Ida, a Mygdonia, etc. eram montes e paizcs da
Phrygia, berço do nascimento e do culto de Cybelle, O Dia-
dyma lhe deo o appellido de Dindymene.
(20) O AmsanctOf etc. — O valle d'Amsancto, entre a
Apúlia e a Campania, era guarnecido d'espessas florestas, e
atravessado por uma torrente, que volvendo-se com fragor por
cima de rochedos, ia despenhar-se n'um abysmo, que se repu-
tava como a boca do inferno. Desta horrível caverna sahiaro
exhalaçoes pestiferas, que nem as aves podiam supportar^ se
alguma vez passavam por cima delia.
IiITBO III.
(1) Desejei que a indigência estimulasse f etc. — Os habi-
tantes da Hespanha meridional adoravam a Pobreza no mesmo
altar que a Industria, aquella como estimulo dest outra. Este
pensamento é também o de Theocrito no idyllio dos Pescadores.
(2) E da Chaímia os fructos nao eonsinio^ etc. — A Ghao*
323
oia, regiio do Epiro, hoje a Albânia na Turqaia Europea,
oootioha extensas florestas de aiinheiras, cujas bolotas dizem os
poetas que ministraram *o alimento dos primeiros homens.
(3) Achemeneo Aeí» etc. — Achemeneo, ou Achemenides,
é um nome patronímico que significa um homem descendente
de Achemenes» rei da Pérsia, pai de Cambyses, e avô de um
Cyro» differente do grande Cyro. Daqui vem chamarem-se os
antigos reis da Pérsia AehetnenideSf como diz Heródoto no
livro 1.* cap. 125. Os poetas estendem ainda a significação
deste nome, e assim como chamam Enneades e Romidides aos
Romanos em geral, chamam também Achemenides aos Persas;
e dizem AchemeneOf para dizer Persa.
(4) O Simoist rio da Troada, que descia do monte Ida,
incorporava-se no Xanto, e perto do promontório de Sígeo de-
sembocavam no Hellesponto.
(5) E de Scylla assustada os antros doira. — Allusão ás
duas voragens de Scylla e Cbarybdes, no estreito de Messina,
entre a Sicilia e a Itália. Sobre esta fabula de Scylla, e sua
transformação, pôde ver-se Ovidio nas Metaroorphoses livro 14.
Dos escriptores que trabalharam a respeito de Claudiano,
ans altribuem ás devastações do tempo, outros á morte do
auctor, a imperfeição da sua obra. O espaço que ainda lhe res-
tava a percorrer, foi trilhado por dois poetas, igualmente dis-
tantes um do outro no século e no merecimento. Ovidio nas
8UQ8 Metamorphoses (livro 5.*), e nos seus Fastos (livro 4.^)
descreveo as carreiras de Ceres, não com aquella magestosa
pompa que obriga a admiração, mas com a ligeireza de phan-
tasia que muitas vezes provoca um sorriso. O anonymo cujo
poema intitulado Ceres legifera Claverio publicou em 1619,
para servir de continuação aos três livros do Roubo de Pro-
Tono V. «I •
824
serpiDo, mostrou pelo seu exemplo que Clandíano teria sido
muito mão poeta se dBo Túra mais que um geographo. A este
supplemeuto, impróprio para indemnisar-noa do canto cuja bita
deploramos, preferimos a modesta escusa do Cavalheiro Haríao,
que remata a sua imitação de Claudiano do idyllio de Prosér-
pina (La Sarapogno, idyl. 5.°] com os seguintes versos:
"^íncíi ai pensier pielo$o
Quattío $i taee imaginar tu Uucio;
E dal Greeo pmnella
Imitator novello,
Con Vaceorla vdame
D'un silentio faeondo
Quel eh' etprimtT mm sò, eopro e ateondo.
VARIANTES DO TOMO V.
ARTE POÉTICA D'HORAGIO«
A paginas 11, verso 14.^:
Salyo da rota d6o, dos bravos mares?...
Variante :
Entre nãos destroçadas, bravos mares?...
A pag. 31 9 terso IB.^:
Subír aos astros, e tornar-se em nada.
Variante :
Sabir ás nuvens, e tornar-se em nada.
A pag, 33, verso 22."*:
Ennio jamais nem Accio consentiram
Variante:
Accio apenas e Ennio consentiram
A pag. 41, verso 14.**;
Por isso tantos, desprezando a arte.
Variante :
Por isso, desprezando tantos a arte.
326
A pag. 49, verso 34."*;
E choram mais qae o verdadeiro aOlicto.
Variante :
Que choram mais que o verdadeiro affliclo.
ENSAYO SOBRE A CRITICA DE POPE<
A pag. 73, verso 10.**:
As cousas teem limites próprios» todas,
Com os quaes sabiamente a Natureza
Quebra a esperteza vS do presumido*
Variante:
As cousas teem limites próprios, todas,
Impostos pela sabia Natureza,
Que as presumpções do home' altivo curvam.
A pag. 96, verso 7.**;
A cadencia do verso é quauto basta
Para muitos julgarem de um Poeta;
Suave ou rude, é máo ou bom com ella :
Variante :
O canto numeroso é quanto basta
Para muitos julgarem de um Poeta ;
Suave ou rude, é máo ou bom com etie:
Idenif verso 13.**:
Não aproveita; é como esses devotos
Que as igrejas frequentam, por gostarem
Da musica inda mais que da doutrina.
327
Variante:
Nao aproveita; é como esse devoto
Que as igrejas frequenta onde lhe agrada
A musica inda mais do que a doutrina.
Ápag. 95, verso 20.^:
Em quanto o carrilhSo sabido tocam,
Variante:
Em quanto o carrilhlo sabido toca,
Á pag. 99| verso 8.^:
Tolos admiram, o bom senso approva :
Variante :
Tolos admiram, mas bom-senso approva :
Ápag. 105, verso 9.'':
Porém nuvens o seu caminho adornam.
Variante :
Porém as nuvens seu caminho adornam,
A pag. 109, verso 28.^:
A mascara grangéa adiantamento;
Variante :
A mascara sem risco não se tira ;
Outra :-
NSo sem desdouro a mascara se tira ;
A pag. 117, verso 16.*;
Que nSo cega a favor, nem turba acinte;
328
VariarUe:
Que não cede ao favor, nem turba áciote;
O ROUBO DE PROSÉRPINA.
Apag. 191| verso íi/":
Soltam-se os gelos do Ossa alcantilado»
Variante :
Soltam-se as neves do Ossa alcantilado,
Idem^ verso 14.'':
E apesar dos desdéns que a Daphne inspira
Variante:
E apesar do desdém que a Daphne inspira
Apag. 209, verso 11. ^*
Das abelhas amado; cresce o louro,
Variante:
Das ^abelhas amado; o louro cresce,
A pag. 221, verso 7.^:
Gomo giram os Aquilos fogosos,
Variante :
Como voam os Aquilos fogosos,
/dem, verso Í3J*:
Presa do roubador, no carro implora
329
Varicuiie:
Presa do roubador no carro, implora
A pag. 227, tfrio !•*':
O tempo em que senrio a nosson jogos;
Varianít:
O tempo em que sérvio aos nossos jogos;
A pag. 233, veno 13.^•
Lá na settima esphera a argêntea Lua,
Variante:
Lá na setthna esphera argêntea Lua,
A pag. 236, verso 22."":
Parte a sala alcatiram, parte espalham
Variante:
Uns a sala alcatifam; alguns espalham
A pag. 239, veno 21.*":
£m torrentes de leite se mudaram;
Variante :
Em correntes de leite se mudaram ;
A pag. 241, verso 12.*:
A enyemigada frente, e ao som de versos
Variante :
A enrugada frente, e ao som de versos
330
A pag. 253» verso 6.* :
Alegria renasça; e do teu carro
Variante:
A alegria renasça ; e no teu carro
A pag. 255» verso 24/:
Sombreavam gentis o leito ebúrneo
Variante :
Sombrèam gentilmente o leito ebúrneo
FIM DO TOMO V.
\^i'/i*-r 'T* V *<, v-*%-r * (l) * V. V \* -< -í' V, •♦* V/.* '
índice
DO QCS OORTÊX O TOMO V. DAS OBEAS VOBnCAS D^AUIPPB.
Pag.
Dkdicatobu á PBsaosA mnioBU D'ELRm D. Joio IV. S
ARTE POÉTICA D'HORAaO 9
Notas. 69
ENSÂYO SOBRE A CRITICA , DE POPE 69
Notas 129
O ROUBO DE PROSÉRPINA, DE CLAUDIANO. ... 149
Notas 313
VARIANTES 32S
ERRATA.
PagiMs
Versos
Erros
Emendas
15
28.*
Ê rei.
Ê rei.
»
32/
metro.
metro
17
32/
empreguem
empregam
23
9/
Anthiphatesy
Antiphates,
27
29/
cidades,
cidades
31
14/
Deffeito
Defeito
35
17/
atinge
altinge
37
6/
lhe
lhes
39
3/
emprende
empreende
41
1/
lhe
lhes
43
27/
az
ás
45
28/
interpetrc
interprete
•
33/
julgaram.
julgaram
50
15/
Ornamento ;
Ornamenta ;
71
26/
nem
nio
85
31/
ceo;
ceo.
»
»
Talle
Talle ;
95
18/
ciplectÍTas
eipletÍTas
134 lin.
12/el3.
' inTemacs gelos.
gelos invernaes.
175
20/
a mãe
á mie
229
21/
De um
D'um
233
10/
reTolve :
revolTcm :
234
4/
8«cnla
saecula
235
19/
aos cavallos
os caTallos
»
21/
poste
pasto
237
7/
No sitio
Nos sitios
•
8/
gente sepultada,
gentes sepultadas»
239
4/
despega
desprega
•
9/
Do medonho terriflco
Do cabello terriflco e
cabello
medonho
241
14/
Hespéro
Héspero
249
11/
da iuTeja
d'inTeja
253
21/
condoer-me
condoer^me ;
257
11/
de Henna
d 'Henna
SUPPLEHENTO
ÁB
ERRATAS DOS TOMOS m. E IT.
TOMO III.
Par inaáif9irtmi€ui deixaram ii reetificar^te o$ êigumUi êrrot,
pte podim influir no ientido dai respicíitat araçõn :
À pag» 15, verto 2.* existem. dev0 Ift-êo existe.
• 23, » 10.* Yindo tós, • Yinde rós,
9 226, » 16.* Mal do sul » Mas do sul
TOMO IV.
 pag. 22, virso 12.* Quando devf hr-se Quanto
» 252, » 7.* Sois que, j» Soit que.
;:^
OBRAS POÉTICAS
D. lEOm D'AIMEID4 POBTVGAl LOBINA l lENCASTlE,
HABgCEZA B'AI4>BirA,
CONDESSA D'ASSDMAR, E DOEYNHAUSEN,
PELO NOVE
& i; ® s s? ^.
TOMO TI.
LISBOA
NA IMPRENSA NACIONAL.
1844.
PARAPHRASE
DOS
PSALMOS
£M VULGAR,
MR
A li € I P P E.
■i*i>ate^^iM*M
Deiu docuuti me a juveniutc mea^ et
usque nunc jxronuntiabo tnirabilia iuoi
Ps. 70. f . 18.
Tomo VI. 1 •
r
LIVRO I.
DOS
PSALMOS.»
(•) Tem sido objecto de extensos debates, se a divisão do Psalterio em
cinco livros, como está no Hebraico» foi feita porEsdras, ou por quem primeiro
coilígio os Psalmos : que ella é antiga e reconhecida por S. Gregório Nisseno,
S.** Epíphanio, Eusébio e outros» não padece duvida ; mas de qualquer modo
que se decida a controvérsia » sempre será de pouco momento. Nós segui-
mos esta divisão unicamente para maior commodidade dos Leitores ; e pelo
mesmo motivo pozemos á margem da paraphrase o tescto da Vulgata, assim
como 08 títulos da mesma, correspondentes a cada psalmo, na interpretação
dos quaes titnlos nos aproveitámos do trabalho do grande litterato Saverio Mat-
lei, que os tradusio do hebraico original.
(O editor).
PSALMO I. (•)
u feliz o VarSo que h desvie
Dos cooselhos dos impkw; que pnideote
Do peccador evita a errada via ;
Nem lhe importa a cadeira pestilente
Onde corrupto eusioa
O penerso tabèr, falsa doutrioa.
(I> Bralut B
ta Mntilia imi
peaaUrum nau iletit.
É do Senhor a lei seu doce estudo;
Noite e dia a medita enternecido,
Ella Ibe basta, D'ella encontra tudoí
E qual tronco vivaz, eEtab'lecido
Junto ao regato puro.
Que a sen tempo produi fmcto maduro.
(«) SeánltftDtmiititaliitíã*
tfvi, ti ín Ugt ejtu mtMIaMur
Me, »c Rwie. .
(3) El trtl lanfurm UgHvm ,
fMi pUmUIum e$t mu* éenr-
tui «fuanun, piod/ructum nnm
Jéiit tu Utapart lu*.
OMfnipte dIo teem titolo, n
:rip^ Blguma no teile hebraíM.
8
(4) Etfoiium fjuê mm áefiuei. Arvore altiva e bella. sempre verde.
Et omnim quiteumpte /a- '
eiei, frotperabuntur. Que 80 loDge esteode a sombra magestosa ;
Não murcha, nem c o tempo a folha perde,
Ou seja a estação branda oa rigorosa:
No inverno e primavera,
Co Sol, que a anima, tudo lhe prospera.
(5) ^'on He impti, nm í/c: sed Não são assim, não são OS deoravados:
tus m/ã€ie terra. Miuados pelos vicios O arrogaucia,
Das restaurantes aguas apartados,
Dessecam-i-se, fallece^lhe a substancia;
São qual poeira avulsa
Que da face da terra o vento expulsa.
Qual rústica silvestre tamargueira
Em salgado terreno, o impio mingua.
Entregando ao peccado a vida inteira,
Sem conter as paixões, domar a lingua;
Sécca, perece, foge,
E á manhã não será o que foi hoje.
(6) idep HM rewrgent impii in Infelizcs I om vSo no extromo dia
JudietOt neque peecatcreã in corp-
eiUêjutiorum. Hão de quorcr aos justos aggregar->âe,
Resurgir para a pátria da alegria,
E dos erros antigos retractar-se :
Não é tempo; Deos forte
Os aparta, e condemna á eterna morte.
(7) Quoniam wwit Dêminus Com ccIestc affei(ão O Sér Supremo
ffiam juit9rumf et iter imptorum . ,. , ,
periífit. Avalia dos bons a recta estrada.
Premio eterno lhes dá no dia extremo:
. Mas dos máos na carreira absurda, errada»
Vé com horror o vicio,
E, justo, não lhe atalha o precipício.
Fecba sobre dies portas de diamante,
Cujos gomos nem súpplicas nem pranto
Poderfio remover um só instante:
lofníctifero susto, raiva, espanto
Lhe abrem golfo horroroso.
De eterna dor, no abjsmo tenebroso*
PSALMO II.
O
CB estrondo! que tumulto! Porque fremem
As iracundas gentes furiosas?
O que intentam os povos, meditando
Desígnios vSos, cabalas criminosas?
Os Reis se aggregam, unem-se, conspiram.
Contra Deos, contra Christo; deslumbrados
Correm ao precipicio, arrebatados.
c Estas pesadas ásperas cadéas
Com vigorosas mdos despedacemos;
O jogo vil, cruel, que nos opprime.
Para longe de nós arremessemos, j»
Assim faliam. Has Deos, que nos Ceos mora.
Da louoa audácia plácido escarnece,
E o temerário plano desvanece.
Falla-Ihe entSo ; nio ouvem, nSo s'eroendam ;
Até que em fim de cólera se accende.
Desata o seu furor, conturba a terra,
Cheio d'ira, taes erros reprehende.
Já, por decreto eterno, o Templo erguido
Sobre SiSo, poder algum o abala,
£ do alto d*elle assim seu Filho falia :
(1) Quêre fremutnmlt gentei ,
ei pppuli tneditãti i imI i/í««i« f
(S) Jttiterttnl Re§^9 terrat^ ei
Prineipei cêHvemermt in unum
ãdvrrtut Daminumt et adpertuã
Chriãltnn ejuêm
(3) DirumpamuêriHeuUe^rum^
et prtficimmtu m nêòit Jugum r>f •-
rum.
(4) Qui hMtãt in emlii inide-
hi$ eoSf et D§minut tubtãnnaht
(5) Tvne loquetur «/f eoi in irm
#»«, et infiirúre buo C9nturbabit
eêt.
10
(6) Eça mutem cúniiituifu êum
Rex ãb eo tuper Sion motUem
êmnctum eju9, prmdiconM pracC'
pium eJuM,
(7) Dominut dixii ai me : Fi<
Uut meut es tu, ego hodie genui te,
(8) PoMtula a me, et dãbo tibi
geniei haredilmtem /iMun, et poM-
teteionem tuãm terminoã terree.
a Eu soa, eu sou o Rei inaugurado
Que a Lei 'stavel dará ao illuso mundo;
A mim é que Deos disse: És tu meu filho,
Que hoje no seio roeu gerei profundo.
Pede-me, que obterás quanto qotieres,
Terás império vasto e permanente
Desde o berço do Sol té o Occidente.
(9) RegeM eoi in mrgm ferrem^
et tanquam vãi figuli co^fringee
eot.
«Recebe um férreo sceptro, rege as genles
Com profundo sabèri força divina;
Com severo governo, justo e firme,
Os pérfidos, os impíos extermina;
Como vasos de barro os despedaça ;
E se a lei que lhes dás nto os melhora.
Reduz a pó a raça peccadora. »
(10) Et nime Regei intelligitef
erudimini, qui judicatit terram.
(11) Servite Domino in timore^
et exuUate ei eum tremore.
(12) Apprehendite dieeiplinam,
ne qvando irtucatur Dominui^ et
pertatiã de viãjuita.
Vós, que julgais a terra, ó Reis, ouvistes?
Aproveitai tão sabia advertência ;
Com temor pratticai o que Deos manda,
N'elle exultai, com timida prudência:
Abraçai ternamente a sã doutrina.
Para náo provocar de Deos o enfado,
E perecer n'algum caminho errado.
(13) Cumexarteritinbreviirm Se aS irSS do Souhor SC desenvolvom,
nus, beati omnes, qui eonfidunt ^ i j i
in eo. Se rompem, se se accendem de repente,
Oh ! mil vezes feliz somente aquelle
Que sempre humilde foi, pio, innoceotel
Que abrazado do amor do Pae, do Filho,
A lei cumprio até o ultimo dia,
E no Senhor, constante se confia!
u
PSALMO ni.
E$erípío por David no tempo em que era
perseguido por eeu filho Absàlao*
c
buo aiigmeDUm, Senhor, os ^e me afligeii t
Quantos contra mim gritam rebelladoal
Qaantas settaa velozes me dirigem I
Cuidam que me abandonas»
Que a minha alma despreias, e irritado
Me deixas na ígnomíma sepultado*
Ptalmus David enm fbferet
« faeie Abialoni filii tui.
(1) Dêminej fuid muUtipUcHi
êunt pU tribulani me f muUi in^
ãurgutU mdoertum me.
(S) MulU
HM «fl m/im ip9i t'ii D€9 ejui.
Bradam: «Que espera? emBeos? louca esperança!
O sea Deos lá dos Ceos nelle d9o cuida.
Se atrevido a invocá-lo se abalança. i>
Ah Senhor! certo vivo
De que és meu sustento, gloria minha.
Que por ti meu triumpbo se avisinha,
Ês para mim o escudo impenetrável
Que repulsa inimigos, que me exalta,
E que fai minha frente respeitável.
Por ti fortalecido,
Hinba voz levantei; por ti chamando.
Ao teu sagrado monte foi chegando.
Ouviste, e descancei; somno pesado
Se espalhou nos meus olhos lacrimosos,
E despertei quieto e vigorado.
Suave, compassivo,
He tomaste, Senhor, á tua conta ;
Ficou nulla a calumoia, nulla a afironla.
(3) Tlu «fito», Dúminf, guêce*
pior meu9 e«, ghriã mea, et ejf
(fitmês tojmt meum»
(4) yoee mea ãd Deminum cIm*
mmviy et exaudivil me de mente
iãnete sue.
(5) Ego dermini, et eepormtue
«vm, et exturrexiy guia Deminue
euMcepit me*
12
(6) NwitinuífmiUimpopuHeir' Turba crael me cinja, dSo iieceio;
cumdmUU me : exêurge^ Dmnine^ ^
Eoivum mefae. Deu» meu*. Cerquem-me poTos barbaros, tyraoDos:
' SúrgCi 6 Senhor! desfaze-me este enleio;
(7) Quoniam tu pereuêtitti Sal?a-me; sei que podesy
sMidenUiyeecaiorumconiriviiti. Quc 08 quo sem causa taoto me oppnmiram
Afligiste já quanto me afiUgíram.
To quebraste^lhe a faria, e os derrotaste
Quando mais gloriosos se ufanavam;
Do que soffrí, piedoso te lembraste:
(8) Dúmini ett Mftit , ei avper SahaçlO do tOU PoVO,
populum tttum benedieti9 tua, ^ • .. i • n » -.
^ ^ Que obsenra a tua lei, que firme te ama,
Felizes bênçãos sobre nós derrama.
PSALMO IV.
In finem ramiinihiit ptalmiit Aã polãVrOS MO de DúVíd : ã mmca
'P*» ^*^**'- do Meure dos Neghinoth {*).
(i) Cum invotmrem, exmudiHt Ubos, que a justiça mmha reconbeces,
me Deu» Ju»tttiiB mem : ^ • . ■
Ouviste os meus clamores,
In tHhuUAiime diinUitti mihi : E quaudo te iuToquei, campo me abriste
Para escapar de meus perseguidores:
(2) Mi»erere mei , »t exaudi Tem piedade do mim; bem que benigno
orationem meam. . ..
As preces me acolheste.
Torno a clamar, de ti sempre preciso:
Dá-me nova attençao, qual j& me deste.
(•) Saverio Mattei, que tradoiio os Utaloi dos ptalmot legando o texto Hebraico, <in
qne o Mettre do» Neghinoth era aqoelle Meitre de Capella que presidia á dane ou cboro
que fatia ura dos neghinoth, inslrnmentos músicos dos antigos hebreos, Yid. a Ditserta^^
IX. do mesmo Saverio MaUel sobre a Poesia e a Mmica dos Hebreos e dos Gregos.
13
£ vâly filhos dos homens, até quando
Tereis petrificados
Os corações? Amando a leviandade,
Sereis pela mentira captivados?
Ah ! como Deos exalta quem o invoca I
Como o Senhor me escuta I
Quaddo alço a voz, pedindo-lhe soccorro
Cootrá as penas cruéis com que a alma lutta I
£ vós, que vos irais assoberbados.
Ide em peccar de manso;
E das obras fataes com que encheis dias
Compungi-voB nas horas do descanço.
Reflecti M cttbiculo, ás escuras,
De noite recolhidos.
Nos erros que fazeis contra a innocencia,
£ reparai o mal, arrependidos.
Sacrificai, nSo victimas de carne.
Mas coraçdes lavados,
A Deos submissos, de justiça amantes;
Assim extinguireis vossos peccados.
Muitos dirSo: «Tal crer de que nos serve?
Residem na esperança
Esses tardios bens que Deos proroettc.
Que o home' em vão procura, e não alcança. »
(3) PiUi hêminum, uãpieqmo
gmi cordel ut çuid diligitin
vanitatem^ et quaritU mendã-
eium?
(4) Et icitoie^ qnoniam mtn*-
JicaHt Domitws $mnetvm êuum:
i)úmimii rraudiet me cum ela'
wmoero ãd eum.
(5) Irtttcimini, et neUte petem-
re : gtta dieilit in eordibus vra-
trit, in eukUibuê vettris eonifun-
gimini.
(6) Saerifieate taerifteium Jut'
titia^ et tperate t« Domino í mui»
ti dievnt qui§ otlendit noòit òona f
Homens loucos, incrédulos, ligeiros.
Do Senhor deslembrados;
Que bens ambicionais e que venturas.
Tendo os ânimos sempre depravados?
14
(7) Sipnaium erí tuper nn /«- Tu, Senhofl é quem fartas a mioha almi:
Mim vfillut M, Domine : dediiii r\ ã
Ustitimn tfi eêrde meo. Olha-IDe COm agradOí
£ esta só vista d'olho8 preciosa
Mea DeosI basta a rater^^me afortunado.
Se para mim sereno o rosto voltasi
No peito me palpita
Alegre o ciNraçOoi sioto-me immerso
Nos bens que a aima deseja e necessito*
(8) Afiuetufrumenti tini, et Sou mais feliz do que essos que possuem
Seus campos adornados
Pelas vinhas viçosas, vastas messes*
Oliveiras frondeoteSt muitos gados.
(9) In poeeinidfpaum dormiam, Conteote, porquo me amas, passo os disSf
et refuicicam, .
As noites com socego;
Durmo sem susto, acordo vigorado,
E docemente è paz todo me entrego*
(10) Quoniam tu Domine, sin- Nío, mou Doos, nada temo, nlo me assMla
guluraer in spe con,títuisti me. q ^^^^ ^^.^g, tormento;
Em ti me fiO| em ti fundo a esperança,
E comtigo subjugo o desalento.
15
PSALMO V.
Asfolaxras $ao dê David; a nmgica é
do Mestre dos Necbiloth (*)•
EisccTAy Senhor, as vozes
Qae te eoTÍo enterDecidoí
N2o rejeites despiedado
O meu clamor^ meu gemido*
In flneiD pro ea, que hereditatem
eoniequitur. Pialmut David.
(1) Verba meu wribtis petei'
pe^ Demine^ intellige cíamorem
meum.
Acolhe as preces humildes,
Qae formo com santo ardor;
Atteode-me favorável,
Heu Deos, meu Rei, meu Senhor!
(S) Tnifnde voei orútioniã mea^
Rex metity et DeuM meut.
Nos trabalhos mais acerbos,
Sempre, quando te invoquei,
O mais doce refrigério
Para logo experimentei.
(3) Queniam ad te eràbe^ De^
miuey maMeexaudietveeemmeãm*
Logo que desponta a aurora
He escotas, se por ti chamo;
Absorto te vejo, e enxugas
As lagrimas que derramo.
Sei que affagas sempre o justo,
Regeitas a iniquidade;
Que junto de ti não dura
Vestigio algum de maldade.
(4) Mane vtabe tibi et videbo,
çuoniam nún Deve roient iniqui"
UUem tu et.
(5) Neqne luAiteàit Jnxtã tê
Molignfis, neque pemmntbtmt tu-
Jusii ante oeuloe tuêe*
(•) JVeehileth^ segundo a opinÍ&o de Sarerio Mattei, era otttro instrumento de mu-
do« antlgoe liebreos. Yid. a nota ao titulo do paalmo IV.
16
De am coracBo depravado
Não soífres o aspecto odioso ;
Nem perante a tua vista
Permanece o criminoso.
(6) Odiiíi omnet^ qui operõn- Em vãO OSpera O Culpado
qui loquuníur mendaeivm, Âpplacar*te a fatal iraf
Se os seus labiòs 080 teceram
Contra os bons senSo mentira.
(7) Virum tatiguinum, et dolo- AbominaS O artificío
9iim abominahiíur Dominu» ; ego
autem in muUiludine mitericor- DoS bomons SanguinoIeotOS ;
Odêas os termos falsos,
Os polidos Bngimentos.
Bem sei o pouco que valho,
Ah Senhor! eu bem conheço
Quando humilde a ti me chego
Que talvez o não mereço:
Porém venho confiado
Na tua bondade immensa;
Espero me nSo expulses
De tua augusta presença.
(8) Mrêiho f» domum iuam: Tomo amor, doce esperauça
mdormboãdiemwlumtiuíetumtuum ... ^ , ,
intimoretMê. Ale lova ao tcmplo sagrado;
A tua eàsencia divina
Allí adoro prostrado.
(9) Domine, dedite me injvi' LongO de ti SÓ me VCJO
tiiia ffM, propier inimicoi meot •^,. . . j j
dirige ineofupeetutwvUímmetan, D mimigOS rodeado;
(10) Quoniom non ett in ore Dirige-me, nSo me deixes
eorum verilai, cor eorum vanwn . . 111
eêt. A mim mesmo abandonado:
Por piedade o dom de acerto
Tua graça me conceda.
Para jamais da justiça
Me desgarrar na vereda.
17
Qual aberto abysmo traga
A bocca do maldizente
A fama alheia, os talentos.
As virtudes do innocente.
(11) Sepulchrum pãiens ett gul*
tur eorunif lingui» suii d^lotè
agebmU^ Judiea iU^g Deut,
A lingua mordaz aguça
Muito mais contra opprimidos:
Reprime, Senhor, taes erros,
E consola os affligídos.
Desmancha aos máos os seus planos,
Julga as intenções perversas;
Pela multidão dos crimes
Reparte as penas diversas.
(tS) DecidútU a e9§iiationibU4i
9w'í: ãeeundummvUiiudinemim*
pietatum eerum expelle eot, qnú^
niam irritaoeruni te. Domine,
Irritaram-te, castiga;
Cesse o tempo da clemência,
Do perdfio, que ndo merecem
Por constante impenitencia.
Mas plácido attende os justos,
Para esses olha affavel;
Compensa a fé com que invocam
Sempre o teu nome adorável.
(13) Et Mentur omneê , qtn
tperttnt in te, in atemum êxul*
tabunt, et haòitabis in eis.
Gozem ditosos momentos
Á sombra de teus favores;
Com deleitosos concertos
Celebrem os teus louvores.
Tomo VI.
(14) Et gloriahunlur in te
omnf «, qm ditigunt nomen tuum^
qmnimn tu benedicet Juito,
e
18
(15) Domine, ut nnio bwõt v* £terDamente felizes
Faze-os dignos de habitarem
Comtigo as plagas celestes.
PSALMO VI.
V
(I. DOS PENITENCIAES.)
In finem in hy mnis pro oclava PscUmO de David^ pOStO êtn mmcã
Psaimus David. ^^/^ Mcstre dos Neghinotb.
(l) Domine, ne in furore iao LlO tCU fuFOr íãO me argÚas;
argunime, ne^ue in ira tua eor^ ^^^ ^^ casligUeS, SenhOf,
Quando accendo a tua cólera,
E provoco o teu rigor.
(S) Mitereremei, Domine, quo- Sou enfermo^ dá remedio
niam inãrmus 9um, taname, Do' .,_ , - «j^j^
mine, '\yoniam cinturbata ount A tâo dura enfermidade:
09ta moa. ^Q\i% OSSOS tremem... vacillo...
Meu DeosI tem de mim piedade!
(3) Et anima mea turbala ett \ tristCZa mais profunda
Pouco a pouco dor, angustia,
Minha força debilita.
Meu animo atribulado
Me diz no peito que morro:
Mas tu, Senhor, até quando
Me bas de negar teu soccorro?
19
Volta para mim tea rosto.
Salva mioha alma: conheço
Que isso é puía mis'ricordia,
Que por mim nada mereço.
(4) Cênvertere, Dêmine, ei
eripe animam meam, $aivnm me
fíie propUr miêerieardiam tuam.
Em quanto vivo» celebro
Sobre a lyra teus favores:
Se morro, cantar&o cinzas^
Tua gloria, teus louvores?...
(S) Quaniem nM ett in moHe,
fiM memor iit ità: ia inferna
auiem pHt eaafitehitw iikif
Que espessa treva me encobre
A lazy e me ennoita a mente!
Como o mal que soífro apaga
Sol e terra de repente!
(6) Labaravi in femitu meo^
lavabo per êinguloi noeíe» Ueíum
Mtftim, lacrymi9 mei» itraíum
meum tigabo.
Choro afllicto dia e noite ;
E quando os mais vão dormindo,
Vigio, agito-me, soflro.
Meus infortúnios carpindo.
Meus olhos entumecidos
Jorram lagrimas ardentes,
Que o meu triste leito inundam
Quaes despenhadas torrentes.
(7) Turbatuê ett kfurore oew
lus meuSf inveteravi inter omae»
inimieo» meo$.
Qaanto me cerca me alDige;
Precipícios, laços vários,
Inimigos despiedados,
I>a iniquidade operários.
Fugi, apartai-vos, pérfidos:
Tomo á lyra, torno ao canto;
Parti, bárbaros, e cessem
Taotos suspiros e pranto.
Tomo VI.
(8) Ditcedile a me omnet^ çui
aperamini iniqwtatem; quoniam
exttudivit Diminui votem fleiao
me%.
20
(9) ExaudiwU DominM depre^ O inCU DeOS benigOO 8C0lhe
nem me^m imicpit, Minhas prcccs coDstemadas,
Ante o seu immortal tbrono
Submissameole levadas.
(10) Erubeãcant, et eonlurben^ VcDCidoS meuS illimigOSt
converlantur, et erubeiomt vd^ Retirem-se velozOiente,
de, veioeiíer. EnvergonheiD-se dispersos,
E tríumpbe um Deos clemente.
PSALMO VII.
pnimiiB David, quem cantavit O argumenlo é incerlOé o psalmo é de Darii
Domino pro yerbii Chusi ^ ^^^^^ ^ g^^^j^ no tOm dã CflílfO-
filii Jemini. ^ . . / .
nela de Chusi da tribu de Benjamin [«).
(1) Domine Deu$ meus, in te I uz em ti, ó meu Deos, toda 8 esperaDça:
Boeravi. êalvum me fae ex omni' _^ , , r* i • «r • J«
but pertequeníibuM me, et libera Salva-mc, ó mcu Seuhor I Vem-mc seguiDdo
^^' Inimigo feroz, quasi me alcança.
(S) Ne quando rapiat, ut leo, Ab ! OâO CODSintaS
animam mtam, dum aon eut, qui
redimat, neque qui talvum/aeiaL Que me aCOmmetldi
Qual le9o bravo,
Que sem piedade
Desinquieta
Manso cordeiro
(*) Saverio Mattel, discorrendo ácerea do titulo deste psalmo, é de opiniSo que ^
mencionado Chusi da tribu de Benjamin, (que tanto quer dizer o flUi Jemini) era alftiA
poeta e mestre de capella famoso daquelles tempos, que havia composto, e depois posto ^
musica alguma cançoneta que se tornou celebre, e era cantada por todos, chamando-se-!he »
cançoneta de Chuoi : que agradando a David o metro e a musica desta cançoneta, quis Ub-
bem elle compor este psalmo, para cantar-se no mesmo tom.
21
Que sem malicia pasce pelo outeiro:
Allí o fere, o mata, despedaça;
E na cruel batalha
Não acha quem lhe acuda, quem lhe valha.
Mea Deos e meu Senhor! culpas não tenho:
Sâo falsos os delictos que m'imputam
Com tanta atrocidade, tanto empenho.
Nte tenho n'alma
Mancha ou resquicio
D'íniquidade ;
Não quebrei nunca
Leis da amizade:
Salvei o amigo.
Mil vezes o avisei do seu perigo.
Se assim n&o é, triumphem meus contrários,
Rasguem-me o peito,
Persigam-me sem dó, que tudo acceito.
(3) Domine Deu» meut, tifeei
hiudf ti eti iniquiUu in mmnibuã
meit^
(4) Si reãâiii retribuentUuê
mihi mãlm, decidmm tneritò mb
inimieii meie inmni9^
Essa raivosa turba enfurecida
Calque-me aos pés; e afouta a pó reduza
A gloria minha, a fama, a mesma vida.
Se é falso tudo,
Se é dolo per6do,
Surge, ó Senhor!
Nos que me accusam
Solta o furor;
Desfecha as iras,
Arraza esse aggregado do mentiras.
Surge, ó Senhor! estende o braço forte;
O bem se augmente;
Dize o que sou, proclama-me innocente.
(5) Fereeptmíur inimieu* ani-
mam memmj et eamprehendãt, et
eonculeet in terra vitam meam^
et gloriam meam in fiUverem de-
dueat.
(6) Exyrge, Domitte , in ira
tua^ et exãUare infinibtu inimi*
cor um meorum.
(7) Et exurge, Domine Deve
meutj in prepeepto, gvod mandaO'
ti y et tynagoga populorum cir'
cumdabit te.
Abale, arraza: ah! tu, Senhor, juraste
22
(8) Et propter haue in altum
regredere, Dominus Judicmí po-
puh».
(9) Judieã me, Dêmine, setim-
dwn JuMtiUam meam^ et êeevn-
dum ttmoeentiam meam ivper me.
Proteger a innocencia perseguida:
Vejam todos cumprido o que ordenaste.
No tribunal,
Ó Deos» te senta;
A turba immensa
Supplíca humilde
Que dés sentença:
Juiz Supremo!
A ti somente invoco» a ti só temo.
Os arcanos conheces de minha alma;
Justiça peço,
E nesta causa entendo que a mereço.
(10) ConMumetur nequitia pec-
emtommy et diriget Justum^ tcru-
tanê corda j et renet Dent,
NSo te peço indulgência : um peito nobre,
Meu puro coração e lealdade
A teus olhos celestes nHo s'eucobre.
Tão pouco os Ímpios,
Que traições tramam»
Nuvens sombrias
Espalhar podem
Nas perfídias:
Tudo conheces,
De outras indagações jamais careces.
Vês minha mansidão, e sua audácia:
Em fim resolve;
O réo condemna, minha innocencia absolve.
(II) Juttum mâjutorium meim Não tcmo, uão; que Doos sompro defende
a DominOy oui sahoifaeit rectos ^ • /« • i • j
ofrde. Os quo obscrvam fieis a lei sagrada,
£ severo castiga quem a offende.
(i£) i)euMjudexju$tut,Mtiê, É sempro justo;
et palientt wumquid írattítur per ^ i>* .
^ '^ Edmnocentes
singido» dieg.
Pac amoroso;
â3
Contra malvados
£ rigoroso;
Desouda a espada»
Sempre a tem contra os impios desnadada :
Se elies do mal qae intentam nio desistem»
O arco tende»
De mortaes settas prenhe a aljava pende.
(13) ^UicPtuerrí/ucriUt, g/m-
dium tiium viòraoít^ arcum tuum
tetcndit^ et paravií illum.
<14) Et in eo pafwrii eatm m^r-
</«, iagitioê êvag mrdentihts ef-
fecit.
Que estragos aos perversos nSo prepara
O Senhor» irritado da injustiça I ,
Com que estrondo a vingança lhes declara !
Em vão se agitam»
Ódios concebem ;
Seus vãos projectos»
Tão mal tecidos» ^
Tão indiscretos»
Nutre a maldade»
E com dores produz a iniquidade.
Que presumpção! que barbara jactância!
Ou que demência I
Crer designios humanos sem faliencia !
(15) Eeee parturiit injuttitiúm:
€oneepit doloreM^ et peperit tnt-
qw'Mem.
Cam simples sopro Deos Ih'os desvanece:
Quer sepultar-me o máo» a terra escava»
£ na cova que fez cae e perece.
Da minha angustia»
Do mal que excita
Reverte a dor»
£ a cerviz doma
Do próprio aulhor:
Recae sobre elle
Crime e desgraça ;
Na rede, que teceo» a si se enlaça.
Mas para mim ditosa muda a sorte;
(16) LteuM operuit^ et ejfbdit
evm, et incidit in/oveéun, quam
, fecit.
(17) Omcerteiur doÍ9r eju» m
cfiut ejuê : et in vertúem ip$in$
imquitat ejui detctmdet.
24
Desponta o dia,
Renasce a minha paz, minha alegrií.
(18) ConjUehor Domin» ãecim- Já me sinto abrazar d'estro divino;
dum juttitiam ejus, et pMlUtm _, , . . . . ,t-^ •
nmnini DomnU M9»imi. Trópos, que ÀDJ06 me lospiram, solto al^e,
E consonância nova á lyra ensino.
Trasborda-me a alma
Nos sons que formo;
O nome sapto
De Deos celebra
Meu terno canto:
Povos, ouvi^me,
N'este concerto angélico segui-rae;
Trazei harpas, psalterios, trazei Ijras,
Ah! sim, cantemos,
O altíssimo immortal nome louvemos.
PSALMO VIII.
In fliem pro.toreoiaribu». A$ polavros tão de Davidí a musUa é
Piaimo. David. ^ j^g^^^ ^ CoMoros Getháo*.
o
(1) Domitíe, Dominus notter, U Senhor, ó Sér Supremo!
auam admirabile ett nomen tuum ^i . . ^ ,
in universa terra / Lomo é portontoso, amavel
Sobre a resgatada terra
Teu santo nome admirável!
(8) QuõrUam eleuUa eit magni' G>mO SobrO OS CeoS 86 eleva
Jicentia tua iuper aeht. rw^ i a
Teu poder e magestade,
Que aos Astros prescreve a marcha,
E veste de claridade I...
25
Até DOS lábios da infância
Vai brotando o teu louvor,
Ao vermos como nos deste
O crescimento e vigor I
Nos animaes que creaste,
Nos que de leite nutriste,
O alto dom de conhecer-te
Só no sér humano existe.
Ix)go que lhe aponta a vida,
Puras graças te vai dando,
£ com infantil piedade
Os Ímpios envergonhando.
O audaz libertino cala,
A ingratidão esmorece.
Os inimigos se aterram,
O peccador estremece.
(3) Ex 0re inflmtium , et la-
etentium per/ecisli laudem pro-
fter inimÍ€OM tvo$, ttt detínuiM
inimfcttifi, et ultêrem.
Quando aos Ceos levanto os olhos,
£ em santo recolhimento
Contemplo de jóias tantas
Cravejado o firmamento:
(4) Quwiam videbo eteht tuet,
êpera digitorum tttorum^ lunam^
et tlellat, qwe tu fundatii.
Quando vejo lua, estreitas
No immenso espaço marchando,
Por ti dispostas de modo
Que nos vão allumiando:
Eiclamo: Senhor, quem somos
Para te lembrarmos tanto?
Grato, como enternecido.
As faces banho de pranto.
(5) Qnid ett homo^ çued memor
es ejus? mtttJiUus h^mmtif qué^
mam visitai eutnt
26
Qual é o Glho dos homens
Que mereça que o visites,
E com profusão de graças
Nelle tal transporte excites?
(6) Minuníi eum pauh minut Gom mui tenue differonça
^JZÍtfTc^JlilTtreZ Dos Anjos o distinguiste;
iuper opera manuum ivurum, jj^ ^^^^^ jg y^^^^^ ^ ^\^^\^
O c Voaste, o revestiste.
Sobre as mais obras divinas
Tu lhe deste a preferencia;
(7) Omnia tubjeciiti sub pedi- A SeUS péS OS mais viveotOS
StV-V;Lr:Líf'" Tributam-Ihe obediência.
Cedem-Ihe todos os gados,
No campo as feras errantes»
(8) Foluereê cali. et piteei ma- As aVGS que OS arCS COrtam»
rí» qui perambulant semita. «,- ^ ^^ ^^^ ^^ habitantes.
r*».
(9) D»mme, Ottitínu* mtiUr, Ó Senhor! ó Sér Supremo!
^m çdmirabile »t Mmm tuum ^ ^ porteotOSO, amavel
tn untcena terra ! ^-«#*mv ^ j
Sobre a resgatada terra
Teu santo nome admirável!
27
PSALMO IX.
Psalmo de David com o Higgaion («), posto
em muêica por Ben, Mestre das CarUoras.
liii estro dcsasado, d alma acceso,
He agita, meu Senhor I Eu te confesso
0)m todo o corado: proclamar quero
As tuas maravilhas.
In finem pro ocealtís fllii
psalmus David.
(1) Cofifilebor tibi. Domine^ in
Mo cúrde meo: norrabo omntm
mirãbilim !««.
Lyra, psalterio, Tinde, celebremos
O nosso Deos; seu nome portentoso,
Em ccDsonancias novas exaltado,
Ouça-ae em toda a terra.
(S) LmUbor, ft exulíabo in U,
ftmllam nomini íuê^ AUitsitne»
Fará retroceder meus inimigos...
Como fogem, de susto espavoridos!
Vencidos, destrocados, já náo soffrem
Teu irritado aspecto.
(3) In eonverUrulõ inimíettm
mevm retrorstim : infirmmbunturf
ei peribunt •fade tua.
O campo da batalha me abandonam;
Concedes o triumpho á minha causa ;
E sentado no teu divinal throoo,
Tu julgaste ds Justiças.
Voltaste aos impios carrancuda a frente;
Nas cavernas medrosos se esconderam ;
Pereceram, seus noroe^k se extinguiram,
Seu fausto anniquiiou-se.
(4) QHonUm fecitii jndicium
mettm, eí cautmm meain ; teditti
svper thronum, qui judiou juê'
íitiam.
(5) Jnerepãiti genies^ et periií
impiuK, nometi eorum dtletti in
wternuni^ eí in smcuium tieeuti.
(•} O iíiggmion é nome de insirtimento musico ; pelo que, ptalmo de David com o
Oiggmonj é o meime que te n6i diMesaemoi — «ria de JommelU, com violino, trompa, e
(Obtervaçdo de Maitei.)
28
(6) Tnimiei drfeeerunt frmnem Embotou-se-lhe a espada fulminantet
in finem, et cioitatet eorum det'
uuxiMtL Ficaram sempre oppressos os seus lares,
Os palácios a cinzas reduzidos»
Em grilbOes os seus braços!
(7) PeHu tnemorim eorum cvm Ah ! slm, vossa memoria com estrondo
Momtu . et DominuM ín mternum . :% , ,
permanet. Arrazada será; só permanece,
Com eterno poder, o Deos clemente
Que a innocencia restaura.
(H) pmmit in Judiei» thrânum Na justiça fundou SOU tbrono oxcolso;
ffttttffi, et ipse judicabit orkem ter- ^ j %% - ■ . .
nt in aquilate, judieabit peyutê» ^^os acoiho, c julga rectamente;
tHjustíttm. Infortúnio nlo ha que exclua humanos
De appellar para o Eterno.
(9) Et fãctuã e$t DominuM re- O Seubor é rofugio dos afflictos,
fugium paupen\ adjuior in oppúr- ^ % %
tuniíatiàut, in tríbuiatione. £ dos pobros O asylo, é quom soccorre
o que submisso implora seus favores,
Na desgraça ou ventura.
(10) Et êperent in te qui n^e- Ah! com razSo, Seubor, em ti confiam
runt nomen tuum, quonium n^n
dereUquitti qumrente$ te, Do- Os que teu grande nomo conhecoram;
Nfio desamparas esses que te buscam.
Os que fieis te seguem.
(11) p$aiiite Domin», qm Ao- Renasçam pois OS sous da Ijra muda,
bitat in SiM, mnnuntiate inter ^ ^ ■ í^» i
genteê itudia ejui. E ao Seubor, quo em Sifto tem o seu templo»
Hymnos cantemos, revelando ás gentes
Seus immensgs prodígios.
(IS) Qnoniam requirem êan- Do SeU PoVO fiel O SaUgUO OSparSO
quinem eorum reccrdaíut e$t, non ... . • . . ,
eêt êblitus ctwnêrem puuperiun. Vé COmpaSSlVO, C JUStO quCr Vmgá-Jo:
Dos clamores dos pobres não se esquece
Se Ih' imploram piedade.
29
I
Ah mea Senhor! de mim tem misncordia; (I3) Miserere mei, Dêmine,
pide humiliMem meam de ini-
Olha que insultos» vé' quantos acintes
Meus cruéis inimigos me fizeram,
Sem cangar de ai9igir-me.
mteiê mets.
Levanta-me das bordas do sepulchro
Onde os meus adversários me arrastaram;
Verás como cantando rompo as turbas*
Como o psalterio affino.
(14) Qui exelUiM me de por tis
mortiit ut ãnnuntiem omnei lou'
dationet íuat tu poriiM filia Stan»
To me destes a vida, espedaçaste
Os pesados grilhões que me ligavam:
Por entre a plebe de Sião rompendo.
Teus dons farei patentes.
(1 5) Exultabo in MoliUeri tvOf
i^fijta êunt gtnUê in interitUf
fuem/eeeniní.
Direi como nos laços cavilosos,
Que astuta gente contra mim formava.
Seus próprios pés, caindo, se, enredaram.
Oh sabia Providencial
(16) In laqueo isto, quem abt-
conderunt, comprehennu ett pet
eorum.
É dos Ímpios a queda testemunho (17) Cognonelur Dominue Ju'
^ • ^ . -I ^ /-i 1 f .. dieiafaeiensyinopeributmãnwmí
Da existência de um Deos que os Ceos habita ; tmarunt comprehennts est pec
Que pune os máos co' as armas que fabricam, ^'"^*
E vigia a innocencia.
VSo á masmorra eterna os peccadores,
Os que de Deos s'esquecem ; Deos piedoso
Dos pobres se recorda, e lhes converte
Em alegria o pranto.
(18) Converiantur peeeahres in
infernum , omnett gentes , qvte
oblieiscuntur Deum.
(19) Quoniam non in finem obli'
rio erit pauperis, patienlia paU'
perum non peribit in finem.
Em delicia immortal, em paz serena.
Lhes torna a paciência inalterável;
Corresponde fiel és esperanças
Que em Deos funda o seu servo.
30
{M) Exiurge^ Domine, iimi Surge» 6 SenborI com juslo cnfado abate
€9nJorteiur homo, judiceniur gen-^ « .
teo in corupeetu tuo. A suoerba» a fiducia, a tyranoia;
Perante a tua lei, tua justiça.
Só se julguem os homens.
(£1) Conttilue, Domine, UgiO"
latorem $uper eot, ut tciant genr
Itf , çuoniam homineo «vn/.
Legislador severo tome conta
Do bem, do mal que audazes perpetraram;
Conbeçam que são homens, que Soberano
Só és tu, Deos potente!
PSALMO IX.
PARTE II. (o)
(28) Ut qvidn Domine, reces-
tis li longe, despíeis ia opportimi"
tatiòus, tu tribulatione f
p
OBQUB foges de nós para tio longe?
Quanto mais, ó Senhor I atribulados,
Opportuno soccorro precisamos.
Mais queres occultar-te?
(£3) Dum svperbii impivs, tu* Qs ferros que DOS põo impio Tyranno
cendiíur pauper : eomprehendun-' j «»
tur in eotuiiiis, quibus cogitant. Duros sfio de sofireri teu povo geme :
Vem,. Senhor, defendé-l0| vem, surp'rende
O perverso em seus planos.
(•) Esie pialmo na Vulgat^é uma contintiaçfto do antecedente, e começa no teno K ;
mau nof códigos hebreo, chaldeo, e grego é um novo psalmo, bem que tem titulo oo intcri-
pçSo alguma, filie certamenle pertence ao captiveiro de Babjlonia, ao qual também se re>
fere o outro, ni^ opinião de Mattei ; mas diz este sábio que, quando devessem considerar-^
um psalmo s^, ter-se-hia enifto principiado por esta segunda parte, cujo ultimo veno in<
prender no ConJUebor; porquanto, nesta segunda parte pinta-se um afflicto prisioneiro qve
pede e busca soccorro ; e na primeira, um que está já próximo a rer-se Une das cadâss.
31
Mais e mais se embravece cada dia;
Entumecido, o seu poder ostenta:
£-lhe ignota a piedade; rico, avaro,
Contenta-se comsigo.
(S4) Quêniam iaudaiur pecea-
tor in detiíleriU anima: tvm^ et
iniquut benedicilur.
Já nao teme o Senhor, já 080 lhe importa
Se troveja do Ceo, se o vê, se o julga :
Larga o freio ás paixões ; em fúria ardendo,
Braveja cá na terra.
(tS) Exaeetbavít Dominum pre-
catar, teeutuiutn multUudinem ira
sua non futtret.
De mil desígnios v9os sempre occupado,
Em abjectos prazeres submergido.
No tumulto que tem n'alma, nfio cabe
De Deos uma lembrança.
(t6) Nan etiDeus ineontpectu
eju$: inptinatee Muut via Uliut
in amni temparif.
Marcha contente em seu caminho errado,
NSo crê nos teus juizos, nem os teme:
Em si fiado, crê que aterrar pôde
Todos seus inimigos.
(87) jévferuntur Judicia /«a a
facie </iM , omnium inimieorum
êuorum daminabitur.
« Quem será (diz comsigo) esse atrevido
Que me tome o lugar que altivo occupo?
Quem me pôde abalar? Imperturbável
Gozarei de meus dias. »
(88) Oixit enim in carde tua^
fiou mavebar a genrratioae in ge-
nerationem tine mala.
AssercSes indecentes, lingua impura,
Ao perjúrio e á mentira costumada!
Que não solta uma voz que não contenha
Mortífero veneno.
(£9) Cujut maledieíionem o$
ptenum eil, et amaritvdine, et
dela, iuò lingva eJuM labor, et
dolor.
Em tenebrosa, occulta sociedade,
Teme a luz, favorável á innocencia;
Seus amigos são comptíces das tramas
G>m que assassina o justo.
(30) Sedet in intidii$ cum di-
vitibui in accultis, ut inierJUiat
inHOceutem.
32
(31) Oeuii ejM u pàuperem Qual IcSo, na Caverna^ ávido e atteoto,
rntficiunt : inãidiatur in ãbtem^ _ . . . • i.
dif quati leo in tfeiuma ium. Vigia a iDieliz présa. Da esperança
De ensanguentar as fauces com seus membros,
Que irado despedaça;
(3S) ittsidiúíur, «I rãpiní pãu- Tal urde insidias contra os innocentes,
perem, rapere pavperem, dum mi' „ p, , « , ,
trmhií eum. £, perfado, 00 Ooros cobre as redes
(33) fn laofteê stto humiliabit . .. i_ i •. $ i
eum: ineiinabit te, etcndet, cum A quo OS atlrahe, quo subito OS surpr cndeiD;
domimtuB/ucritpmuperum. jg ^^ ^j^^^^^ ^^^^^^^
(34) DiHt enim ineordetw: Taos exccssos bem sei do dondo nascem:
cblitut ett Deut, mvertU fadem •>. • mr • ^
«ttfli», ne videat injínem. Discorro assim ; « Nos ceos goza, quieto,
Deos da celeste paz; pouco lhe importam
As acções dos humanos. »
(35) Exturge, Dwmine Deug, Surgo, surgo» ó mcu Dcosl esteudo 0 braço,
exaltetur manu$ tua. ne eblivis* wm ê. a j i. a j
cari» pauperum. Mostra quo a tudo chogas, tudo reges:
Temos soffrido ipuito: vinga aSlictoSi
Não te esqueças dos pobres.
(36) Prepter qitid irritmit im- NSo basla a presumpçSo dossos malvados
piut Deumí dixit enim in cerde ^ , .. , ..a
«r/o, non requiret. Para imtar-te» e provocar castigos?
Cuidam que tu nSo pensas, ou nlo deves
Punir seus desvarios.
(37) ndet, fuenimm tu laborem Eu SCI quom és, Sonhor! quo to entefoece
et doiorem comidera», ut tmdaê ^ ,
eo9 in mmnue inaê. O som do uossas aspcras cadêas ;
Que vés os crimes d'etles: mas que esperas?
Por que tarda o remédio?
(38) Tibi dereiietui ett pimper, Para quo om m9os tSo perGdas nos deixas?
orphane tu eris mdjuttfr. ^ % • i i ,
O pobre a teu cuidado é que se entrega;
És quem conforta os tristes desvalidos»
És amparo dos orphSos.
33
D'iini maligno, d'uni impio doma as forç
Verás como os sequazes delle fogem ;
Como em vão de seus feitos se procura
A memoria apagada.
Reinará o Senhor perpetuamente:
Mas fós, nações maldosas, do seu Reino,
Da pátria d*immortaes, puras delicias,
Sereis exterminadas.
; (39) Cõntere braehium peetuio-
rt«, et maligni : quarelur peteth
tum tíUuMy et HêH invenietur.
(40) Dúmmu9 regnabit inmter-
num^ et in ueeulum taeuli: pe^
ribitit genteê de terrm iUiut,
Escutaste, ó Senhor! súpplicas temas
Do consternado pobre; e taes affectos
A sen peito inspiraste, que acolheste
Os seus votos ardentes.
(41) Detiderivm pmtperum ex"
audiwit DominuM : prwparmtitnem
eardiê iêrum mtdivit auris tuã.
Piedoso dispendeste os teus soccorros
Aos opprimidos, v8o ter fim seus males:
Co' a arrogância dos homens supprimida,
Terá socego a terra.
(4S) Judiegre pupilh, et humi-
li : ut non apponat ultra magni"
feare ee hama wper terram.
PSALMO X.
Psalmo de David, pasto em mtmca
pelo mesmo auctor.
N
lo me assusto: calai-vos, peccadores:
No meu Senhor espero;
Votsos conselhos pérfidos nlo quero.
Zombo de vios temores.
Se dizeis: aVès as settas, o armo armado,
«A aljava trasbordando?
« Vaiy traosmigra, qual pássaro espantado
T^mo YI.
In ftBem ptalmui David,
(1) /i Domina eonfido: quêma-
do dicilie anima mea^ tranêm'
gra ia montem, gieut paoier.
(2) Quoniam ecee peeeatoret ia-
tenderunt arcum, paraoerunt mo-
gittoi tuoê in pharetra^ ut iogit-
tent ia oòtcuro reetoM corde.
34
«Para o monte voando:
aOs ímpios vão chegando»
, a Para ferír*te as armas apontando.
«c E não te desafiam
«A brilhante combate, em campo aberto;
« Das luzes desconfiam,
« É seu plano com sombras encoberto :
« Âttacam de repente ;
(3) Qu9niãm, qum ferjecitiu «Que pódo coutra tautos O inuocente?
destruxerunt, Jtt$tu9 mttem quid
feeiíí «O bem que obrou passou por desacerto:
«O justo .que fará em tal aperto?»
Inútil sugestão !•••
Firme em Deos, não a approva o coração.
(4) Dominitt in templo gancto Q Sonhor, que no templo seu reside,
9Uê, DominuM in Cmlo êedes ^us, * '
Em seu throno, fundado
Sobre os astros, na terra e Ceos preside:
(5) OetUi ejuM in pauperem ret- Do pobrp malfadado,
pieiwU: palpebrm ejus iníerrO' ^ , - **^ ^ • *•
gamfiiiúê hominum. Gom pálpebras attentas mvestiga
A penúria, o cuidado;
£ carinhoso as dores lhe mitiga.
(6) DêminuB interrogai juittm. Interroga igualmente o Ímpio e o justo:
et impium ; qui autem diligit ini' • • • i i
quitãtem, odit animam 9uam. Quem ama a miquidadc
Aborrece sua alma, e só com susto
Avista a eternidade.
(7) Pluet enper peeeatoreg la^ SobrO OS máos prOCOllosO rUgO O VCntO,
çii^M, ignit, et tulphur^ et spi- ^ • »
ritui proceUarum pturo ealicit LbOVCm traiÇOeS raiVOSaS,
^'^'"' Fogo, enxofre, amaríssimo tormento;
Em taças venenosas
Hão de achar a porção do seu sustento»
(8) Quoniam Juêíum Domime, Justo O Senhor, thosouro de verdade,
et Juêtttiam dilexit , (eqtiHaiem «^ i •
vidit vuUtí» e/v9. E da justiça amante.
Só para a rectidão, para a equidade
Volta aifavel semblante.
35
PSALMO XI.
Àt palavras e a muriea àao de Damd*
A
GODE-MS, Senhor, vem soccorrer-me I
Cum 8Ó justo na terra nSo acerto»
O mondo está deserto:
A impostura triumpha, e quer perder*me;
Supprímio-se entre os homens a verdade,
Tudo é perfidia, todo iniquidade.
Io ^em pro octaTa (•)
Psalmus Darid.
(1) Salvum mefae, Domine,
fuaniam drfeeU tãnetui, piêtiimm
iiminutm iwú vtritãtei m filiit
kêminum.
Phrases dolosas, phrases lisoogeiras,
Falsos todos, ao próximo dirigem;
Em amigos se erigem:
Com meigos sons, palavras feiticeiras,
Encobrem nos discorsos sem defeito
Os dobres corações que teem no peito.
(8) y^na locuti tuni unuiptít-
que ãd proximum sinan; Mim
dôlotm in eordf, et carde Ueuti
Todos OS lábios vis, enganadores,
Magoiloquazes lingoas, extermina;
Justiçoso arruina
Tantos enredos, laços impostores.
A que excessos nSo chegam cubiçosos
Estes pérfidos, impios, mentirosos !
(3) Ditperdat Dominug unher-
M hhia dolo9a^ et linifuãm mã-
gnilcqv^.
Justo Deos I nik) demores o castigo :
Vê com que audácia os loucos presumidos
Vão bradando atrevidos
Quanto pensam, cavilam lá comsigo!
(•) Pro ociaoã ái% MaUei que se deve enteoder por um (empo de muiica lemelbante
ao de treê por Htê^ (tempo ternário), on «m por oito (lempo binário).
Tomo VI. 3 •
36
(4) Qui dixeruní : Ungvamnoi' Dizem: « Nío Icmo, DÍo; direi cootentc
tram magnifica/» imu8, lábia nottra ■ i. • ■
a nohit wnt : quu noster Domi- « QuaDto coDcebe sfouta 3 míDoa meote.
fwff ettt
«
« Proezas que amedrentem os humanos
«Farão mais poderosa que uma espada
«Minha lingua aGada;
«Publicará mil Íntimos arcanos:
« Nossos lábios sfio nossos, hSo de onvi-los;
«E quem terá poder de reprimi-los?»
(5) Prapier miseriam inopum, DcOS, do altO doS CeOS, aporcobido
et gemiíum pauperum^ nvne ex- r^^ è. ir • m.
Murgam dicií Daminvs. De quanto soffre O misoro mnocente,
Mais tempo nSo consente-
Que gema, por aleives combatido:
u Não ha de ser assim, (diz irritado)
« Nem prevalecerá sempre o malvado.
« VerSo como os suspiros me enternecem
« Dos que oppríme a maldade em jugo doro;
((S) Potiam in ialiUari ; fidueia- « G)mO em lugar SOgurO
agam in e0, ^ Ponho salvos aquellcs que padecem ;
« Onde não chegue vento procelloso,
« Nem da malicia o sopro venenoso. »
(7) Eioguia Domini, eioquia Eis a VOZ do Scnhor, toxto sagrado
cofto, argentum igne examifuh , . . .
tum, probatum terrm, purgaium Que erro algum nSo admitte, ou desatino;
Mas é qual ouro fino.
No fogo mais ardente acrisolado:
Por mais que vdo os séculos fugindo
Vai sempre esta palavra subsistindo.
(8) Tu, Domine^ terwiòis nos, Virá dia em quo OS tristes desvalidos,
et €uttodie9 no9 a generativne hac ^ . , ,, - . ,,
inatermm, Os mais bumildes, sejam exaltados:
Senhor! os desgraçados
37
HSo de ser por li mesmo defendidos :
Desta geração d'homens sem piedade
Nos ha de libertar tua bondade.
Em tomo a nossos lares vagueando
Os Ímpios bramirBo desesperados;
E por multiplicados
Que na perversa raça vio durando.
A tua inescrutável Providencia
Nio lhes dará poder sobre a innocencia.
(tf) In tíreuitu imfU amèU'
lant ; teeundum aliitudinem ttiam
multiplieagii filioê hêtninum.
PSALMO xir.
A$ palavroê e a fnusica sào de Datid.
A
TÈ guando, meuDeos, has deesquecer-me?
Sem fim. Senhor? Té quando
Teu rosto has de voltar para nSo ver-me?
Até quando, perplexa, suspirando,
Luttará na incerteza
Hinba alma, em dissabores abysmada?
Todo o dia submersos ub tristeza
Hen coraç8o e mente atribulada?...
Io floem ptalmus David.
(1) UBquepsõf Domine, Mhiê'
eerii me injinemJ uêqvequo aver*
tie /meiem ívãm a met
(S) Quamãiu ponmn emteiliM in
anima meàt doUrem in eorde mee
per diem f
Té quando sobre mim sempre exaltados
TerSo a precedência
Meu9 cruéis inimigos irritados?
Terna assume. Senhor, tua clemência;
Para mim volta o rosto,
Senhor Deos meu! attende-me, olha, escuta,
Avalia meus males, meu desgosto;
Pde-te a meu lado nesta borrivel lutta.
(3) U^quequo exmUãbiiur ini*
mieuã meue euper me t Retpiee,
ti exttudi mef Domine Deue wteus.
38
(4) iihmUnm 9euio9 meo9 , ne Dá-me celeste luz, guia ineos passos»
unfuam obdormiam in morte : ne t\- '
quando dieat inimieui meuê frw- DlSSIpa espeSSSS trevaS,
vtr9Uê ewn. q^^ ^^ adversario meu cobrem os laços :
Senhor, se me nSo levas
Como me salvarei, desamparado?
Possível é que eu fraco desfalleca;
Que triste, afllícto, languido, cançado
Já no somno da morte me adormeça.
Nlo me largues, nSo cuidem meus contrários
Que contra mim ganharam
O firucto de seus votos temerários;
Digam que me enlaçaram
. (5) Qtti triòtdãnt me, exuiim^ E quo prevaleceram : se me abalam,
huni, ft matuã fuero : ego autem ^ . . . . ^ i
in ntuericordiatua speravi, Quo glorw para quem me tyrannisa !
Mas se firme resisto, entlo se calam,
E perde a força a mão que martyriza.
Na tua compaixão ponho a esperança;
Desça*me o allivio n'alma.
Esse bem, que em ti só, meu Deos, se alcança.
Quando o sossôbro acalma,
Meu peito compungido e dilatado
Começa a respirar, e vai soltando
O canto agradecido e levantado.
Teu altíssimo nome celebrando.
(6) BxuUMt eor mewn in m^ Saiam do coração chammas ardentes,
lutarituo, cttnMo Domino, gui ^ * « l.i:«*^
òofM tribuit miki, et piaiiam n4h Nasçam cautos sublimcs,
mim DomiM aiHiHmi. Rompam OS Ccos OS hjmnos meus cadente»,
Esmoreçam os crimes;
Alente o afilicto, feche a porta o Inferno:
Celebrem com extremos de ternura
De Deos o nome excelso, immenso, eterno,
Anjos, homens, e toda a creatura*
39
PSALMO xni.
Ás palavras e a munca sõo de David.
In finenu Pnlmui David.
CANTATA.
K
O intimo de seu peito,
Lattando c'os vicios seus»
Vai dizendo o depravado:
« Deoa de dós não tem caidado»
Oo talvez nlo haja Deos. »
(1) Dixitimiptem ineardMtm^
ncn ett Dewt.
Tal é o ferino effeito
Doestados abomináveis;
Tal nesta corrapta idade
Prevalece a iniquidade
Entre os homens detestáveis.
Nlo ha quem faça o bem» todos ostentam
As artes d enganar; um só piedoso
NXo se acha neste tempo desditoso.
(€) Cúrrufti 9inUn et mÒamina-
Meê/aHi ffofsl in êtudHt nât:
MMi e9t piifaeimi bonum, fiti» e$i
usque mi unum.
Do seu throno celeste
Avista Deos a Terra; olha, procura
Se nelle pensa humana creatura ;
Se fallando comsigo
Julga Deos o mais doce e certo amigo.
Diz então: «Nem um só mortal avisto
Que me seja Gel ; todos declinam ;
Todos» de vãos projectos occupados,
Vagabundos, errados,
Da justiça o caminho desconhecem:
Do mal são todos complices, desdenham
Da virtude, e nos crimes só se empenham.
(3) DanUnu* de Calo prospexii
tuper Jiliõs h/êminum^ ut videmi^
si eêi intelUgemê, aut reqmrem
DeuM,
(4) Onmet dedifêmferunt, ãlmul
inuíiU» ftcti iunty hmi est gui
/(ÊCiêt benunif non e$i mque ad
40
(•) (8) Nmrneeúgnogcentomnn, TerSo DOIS ODOrímido
qui aperonivr iniçuiUUem^ qui ■*
devorãnt pUbem meam, sieui et- Sempre O meu Dovo, e em ferros constrangido?
ean panif. °
Dou sustento aos malvados,
A lui da vida nelles nSo apago:
E de taes beneGcios este é o pago? »
(9) D0minum non vuoem>e-
rufU : illte trepidaverunt timare,
ubi non er4it timêr.
É certo, de Deos vivem descuidados:
Mas virá esse dia
Que um súbito terror penetre a todos;
Tremerá de mil modos
Esse que ^>mba agora de quem geme,
O que blasona, e que hoje nada teme.
(10) Quoniam Domimu in ^e-
nertitione jutia etí^ ewuilium
ÍH»p*t confwtiãtíêy quoniam Ha-
MinUê tpeê fjU9 €9Í,
Porém Deos aos seus justos sempre assiste;
Quebra a força aos delictos:
Em v9o perversos zombam dos afilictos;
Ao divino poder ninguém resiste:
É, dos que soffrem, Deos doce esperança;
Os bens que elle promette o justo alcança.
(•) Oi Teriof 5.*, 6.<^, 1 7.* nlo eitilo no Hebraico, nem oi tniem as venSei Sjriaca
e Chaldaica, nem muitoi codigoi doi SeUenta, nem a ediçlo Complutenae, nem ifto reeo-
nhecidoí por Chryaoitono, Theodoreto, Entimio^ Apollinario, nem finalmente pela meani
Vulgata no ptalmo 6S,*, qne é certamente o mesmo. S. Jeronymo adverte, e eom railo, qoe
foram introdoiidos aqui pelos copistas, e tomados da epistola ãi Bêmanêi etp. 3.* ten.
IS.*, onde o Apostolo, lendo recitado o Tersiculo 4.* deste psalmo : Omites deHinêvenmi,
êimul fnuiiUt faeíi stinl, non ett, pd/mciãi bonumy non ett uêque nd unum: accresceola:
tepulehrum pniem est gultur corum, HnguÍ9 ttits doloie ogebant : venenum aopiéitm mh
labiU eorum: quorum os moledielione^ et mnãriíudino pUnum e»t: velocot pedet eonmoi
fffunáendum êongmnem. Contriito^ et infelieitao in vii» eorum^ et viom paeio non «ffnsv^
runt, non ent timor Dei ante oentoM eorum. Estes foram Julgados Tersos do psalmo, quando
nio s2o mais que uma eoliecç&o de sentenças tiradas de diversos lugares da Biblia, pois qee
o iepukhrum pateno é do psalmo 6. yers. 1 1 . , o renenum oMpidum do psalmo 139, ven.
4. , o quorum o» méledictione^ etc. , do psalmo 11. vers. 7. , o vehce» peden oorum^ ^'
dos Provérbios 1. vers. 16. , e de Uaias 49. vers. 7. , e o Contritio^ et infelicitas^ eis.
parte do dillo logar d*Iiaias, e parte do psalmo 35. vers. 1.
(Observoçâo de Mnttei),
41
Vós, que rindo insultais o povo santo,
Perguntais se ha de vir seccar seu pranto
De SiSo o promettido
Desejado Redemptor?
Ha de vir d'Israel, cheio de amor,
As afirontas vingar,
E seus vis oppressores castigar.
(11) Quiê
Uure Urmclf
ex Si0u ««/tf*
Cmm tnerteHt Dúmintiê empti-
ottalAM pUHt Wff , exult&Hí Ja-
e0èf 9t ímlêHtur lêrael.
Já desliza a frente austera;
Já os ais desses captivos.
Seus pezares excessivos.
Movem divina piedade:
Vereis como a estirpe excelsa
De Jacob canta gostosa
A victoria glcuriosa
Que lhe firma a liberdade.
PSALMO XIV.
Ai palavras e a musica soo de David.
Ia finem Pialmiu David.
I
Bu Deos, a quem destinas a ventura
De habitar, contemplando socegado.
No teu templo, esse bem que sempre dura?
(1) Domintj qvU habitaòit in
iabenui€ul9 ItM? aut fuii requiea*
cet in monle iancto ttto f
Ah! declara quem s9o os que descançam
Nesses sitios de paz onde tu moras.
Os que buscam teu santo monte, e aleançam t
A di?ina resposta absorto escuto,
Somma d'alta doutrina, guia certa,
Que assim profere oráculo incorrupto :
-42
(«) qhí ingfdiíur Hm moeu- a Os quo 8610 maocba CDOiprem a justiça,
U, et 9perãtvr jwtítiam. ^ • • b ■
Quem Tai com passos cautos cammhandot
beoto de suberba e de cobiça:
a Esses que andam comigo sempre unidos
GozarSo d'immortaes delicias puras»
Que Tartam a alma» e ignoram os sentidos. »
(3) Qui toqvitur venuuem in Qucm nlo tem coraçlo falso e dobrado,
eorde êu^: qvi nan egit Mum m ^ , , ...
unguã iuã. Que declara o que sente sem malícia,
E nunca traz seu próximo enganado:
Quem jamais, com meiguice mentirosa,
Ck)m dolo profanou a lingua sua.
Nem no seio occuUou paixfio raivosa:
(4) ivee feeit próximo 9w ma- Esse quc ao fido amigo corresponde,
íír;r/w^tií"'Lr '^'^ J*mai» o offende, ou soflFre que o criminem;
Ou no peito a verdade pura esconde:
(5) Jd tMiium dedueitu e9t in Esso quo ovite íuiqua sociedado,
conspeehí ejuã maligmia: limeis ... ^ , , « &
ies atUem Domimum gUrifiemt. Mas quo dos máos é susto, O uSo se streve
A avisínhar-se delle a iniquidade:
(6) (M /ttr«i próximo ovo, H O quc, se jura, e ao próximo promette,
"Z dêdulU^ur^^!^^^ o juramento cumpre; e o seu dinheiro
Muper innocentem non occepit. ^ g^Q^^ ^^^^^ iHi^ito submctte :
A Fortuna em vSo lhe abre os seqs thesouroSf
Em v&o quer o interesse que aproveite,
AÍDigindo a innocencia com desdouros:
(7) Qui/oeit hme, nmí movebi- Quem assim passa 0 tempo socegado,
Os devolvendos annos vão-lbe abrindo
O eterno templo vosso afortunado.
43
Oh inea Deos! para sempre horas e dias»
Sem que a paz se lhe altere, lhe vais dando
D'inextioguiveis novas alegrias.
PSALMO XV.
Psdmo de Danrid. Vma tox^ com surdina. tíiuU in^ripUo i|»i Umú.
p.
oiCHO em ti toda a esperança,
Conserva-me» ah mea Senhor!
A ti confesso; e com prazer repito
Qae és meu Deos» e dos bens supremo aoctor.
Sem ti grandeza alguma nSo me exalta;
Tendo-te a ti. Senhor» nada me falta.
(1) Cwserva me, Vêmine^ quo*
nimn tpermvi in te; dixi Dêminê,
Deu» meii9 e» tu^ funniwn èêuê'
twn meorum «Mit egei.
Os perversos que te fogem
Não mlmportam, não contemplo:
Honro só quem te serve» quem te adora,
Quem da virtude expende nobre exemplo.
Nlo sigo Ídolos vãos» que vfio medrando»
Não vou tropel de loucos augmentando.
(8) Sãneti» fui gfint in terrm
r/uff, miriJUãvit emnei wduntmleê
meê» in ei9.
(3) MultifUeatm êtmt infirmi^
Mes eêrum, poêíeú neceleraoê'
rwti.
Seus sanguioeos sacriGcios
Causam**me horror e fastio^;
Não presto os lábios meus a seus louvores»
De seus ritos absurdos me desvio:
É teu nome» ó meu Deos» esse que adoro»
És tu» único Sér» que humilde imploro.
(4) Nan engregabe ronrentieula
eorum de tnngttinióut^ nee memor
ero númitium eorum per labiã men.
Tu me pertences» Senhor»
Tu és meu supremo bem;
(5) Dúminttf par» hmreditãti»
mea, et ealid» mei; tu ff, qui
rettittte» hareditaiem meam mihi.
44
Tu me nutresi me assistes, me confortas,
E me outorgas 00 bens que me convém :
És quem me fertilisas a esperança,
És quem me restitues minha herança.
(6) Fuiêe9 eecideruiít mihi in Fefteís camoos, ffescas aguas,
praelarii; etenim hwreditat mea * ^
pracUra eêi mihi. Prados liudos O abundautos,
SSo B feliz herança que me toca,
(7) Benedieam Dcmimum, qui Pela qual to dou graças iucessantes.
tribuit mihi irUelUetum, insuper * ^
et uãque ãd núcUm inerepuerunt Tu moveste meu animo a acceitá-Ia,
me reneê mei. « i . . i • i t i
E nada iguala a gloria de alcançá-la.
Pelo nocturno silencio,
Nas horas mais tenebrosas,
A minha alma sem paz, atribulada.
Se figurava penas rigorosas:
Meditou sem cançar, té que chegasse
O dia em que o triumpho completasse.
(8) Provideb^m IJominum in gm tj m^u Deos, tinha fitOS.
eantpeetu meo ãêmper, qvomiam m
dextriê eit mihi, ne eommaveãr. MOUS olhoS Continuamente ;
E é minha dextra sempre compassivo
Te encontrava, aplanando-me clemente
O escabroso caminho desta vida.
Em que levo a carreira despedida.
•
(9) Propier hoe íalatum eit et Com taOS doOS Oulsa COOteute
mf«m, et exultuoit língua mem:
inãttper et euro mea refweeeet in O COraÇlO UO mCU peitO ;
Os terrores da morte nSo me affligeni,
Sem susto á fouce alçada me sujeito;
, A esperança em minha alma n&o fallece,
Um doce somno a morte me parece.
ipe.
I
CIO) Queniam nQn dereUtifuee Bem SOi qUO uSo mO abandonSS,
4õ
Que á corrupção não me entregas,
Qae o resurgir das trevas do sepulchro
Ao teu dilecto justo não denegas:
Sei que insólita via me mostraste.
Por onde a vida nova me t<»iiaste.
Teus raios animadores,
Teu fulgido rosto vejo.
Donde dimanam célicas delicias
Com que se farta todo o meu desejo.
Queres, roeu Deos, que junto a ti me sente?
Assim serei feliz eternamente.
hi9 itmetum tuutn videre earru-
ptianem.
(11) Noíat nUhi feeitti viat
vfiflr, mdimplehU me Imtitiã €um
9ultu tuOf deheiúiioKeê in dexte-
m inm uêque in faiem.
PSALMO 7CVI.
Suppliea de Damd.
o
OVE, 6* meu Deos, o justo que te invoca:
Os meus votos attende,
Presta ouvidos ás vozes que singellas
Minha bocca desprende;
Qoaes gera o coração puro, lavado.
Que encerro no meu peito angustiado.
OraUo DaTÍd.
(1) BxÊtudU Dmitíne^ JuMUtimn
memm : intende depreeaíiênem
me&m»
(S) Auriku» pereipe oratÍ9nem
meam nan in iMie dohiia.
Tu que és justo, Senhor! julga minha alma;
Teu saber infinito
Não carece de provas; manifesta
Se tenho ou não delicto:
Se como n'um crisol me não provaste,
Se o meu coração limpo não achaste.
(3) Devultutítõjudiiífummewn
pr9de0jtí êeuli <iit vide»U mpU"
Mem,
(4) Probuiti cor meum^ etviei»
iu9ti noeie: igne me examinoãti^
et MH eit inventa in meimquitaB.
46
Cançaste-me de noite coro vigílias,
Em chamnias me puzeste
Para experimentar meu soffrímento:
Mil pezares me deste;*
E DO seio de borrivel tempestade
Não encontraste em mim iniquidade.
(5) ut mm lêquaiur os meuM NBo se me dá do mundo, n3o m importam
ífperã hãminunn: prepter verba r\ f
Uhiêrum tvnm ego ewtodin Qs dlSCUrSOS errsdoS
Que os homens revoltosos vão tecendo;
Teus decretos sagrados
Me querem neste horror : hei de ir-te ouvindo;
Nesta caverna escura ir-te-hei seguindo.
(6) Perfiee groitue meos t» te- Ah ! dIo me desampares/ Deos benigno!
miiU tuit^ ut nmímeveantur vei" — ^ ,,
tiyiame: P^o sompro em mim teus olhos;
Aplana-me o caminho em que me queres,
Arranca-lhe os abrolhos;
Embota esses espinhos penetrantes,
RegOt Senhor, meus passos vacillantes.
(7) EgoeUmuni^qwnimnexau- ToTuo a invocar-te, com audacia tomo
úieti me, Deue. inditui aurem » j. ._ -* -
tuam mihi, et exaudi verba mea. A pedir-te COUfôrtO ;
Sei que me escutas, que propicio observas
As anciãs que supporto;
Que estas vozes que solto te enternecem,
E dás allivio prompto aos que padecem.
(8) Mirifie» mUeritoriiai tua», Haravílhosas foze 8S misVicordias
Alento nlo commum exige a lutta:
A esperança do aiflicto
És tu, em quanto vive, e quando morre
Sei que defendes quem a ti recorre.
47
Defende-me daqaélies que resistem
Á lei que promulgaste.
Qual dos olhos defendem as pupillas
Os ?éos com que as ornaste:
ímpios me vem seguindo ardendo em fiiría,
Põe-me em seguro contra tanta injuria.
(9) Are9iêUHtihu»êextertBtutB
cuêiúài me, ut fupilimn «criii.
Estende as tuas azas magestosas;
Na sombra protectora
Recata-me dos monstros que me cercam,
Da turba enganadora,
Qoe é surda ao dó, e, farta d opulência.
Cresce em suberba, em dolo, em prepotência.
(10) Sub vmbra alarum tuãrum
ptêiege me ãfaeie imfiantm, pti
me ê/lixerunt.
(11) iuimiei mei animam memn
tireiaudedenmt, adipem tiram een-
^Hêerutít, e$ eemm leeuhim ett
títpcrbiem»
As entranhas de ferro encadearam,
Depois de rejeitar-me;
Disfarçam as traiçSes com phrases cultas,
Pertendendo enganar-me:
NSo levantam os olhos, mas bem vejo
Na bypocrita modéstia o seu desejo.
(12) PrejieietUee me nune eir'
eumdeierunt me, õeuhs tiunt eta-
iuerunt deelinare in Urram,
Qual s'escoDde na toca tenebrosa
Devorador leSo,
Que ávido espera a presa, e se alvorota
Com qualquer commoção;
Qoe se alga, ruge horrivelmente, e salta...
Surge, ó Senhor! acode-me, e te exalta.
Vem do Ceo soccorrer-me, evita o golpe,
Suspende este combate;
Arranca-me das mãos desses perversos,
Os bárbaros abate,
Cujas glorias s&o vans e fraudulentas,
E são do teu furor armas cruentas.
(13) Saeeeperunt me, ríatt lea
paratuM ad pradam, et tietU eo-
tului Uoniê habitoMê ia aòditis.
(14) Exeurge, Demine, prave^
ni eum, et ettppianta eum, eripe
animam meam ah Ímpia, frameam
tuam ab inUnieie manue ItMr.
48
(15) Domine, • pttwit ée ienu Separa esses malvados dos teus justos»
àivUe eoê t« viíã eomm, éê tàt- ,, . ,
condUiê tuiê adimpletui eit vffi- DoS pOUCOS eSCOltuaoS
ter eorum.
Esses glutdes» amigos da farturat
Escravos dos sentidos;
CubiQOSos d'aUaias preciosas»
De luxo e de delicias cavilosas.
(16) SaiuTãH iuntfiUiê, et tftf- Fartom-se embora» deixem larga herança
Teabam terras» thesouros» quintas» jóias,
E numerosos gados:
(17) Egoautem injuititia ap- Nfto Ih' invejo a fortuna, só cubica
^IrP::;:^^^ ^Inha alma revestir-se de justiça.
Só pertendo» meu Deos» apresentar-roe
Com meu animo puro
Perante a tua face luminosa»
Sem remorsos» seguro;
E só na gloria eterna satisfeito
Serei» quando te aviste» ó Sér perfeito I
• ••■
49
PSALMO XVII.
Á nuMca i de Dacid^ de quem é iguálmenie in finem puero Domini David,
« _ ^ .^2 I < _ . . _
a poesia^ que compoz o servo do Senhor,
depois que foi por Deos libertado das per--
seguições de Saul, e de êodos os seus ini-
migos.
qni loctilui est verba Cantici
hnji» in die, qaa eripuit illum
DomÍDus damaDu oranium ioi-
micorain ejui, et demaouSaul,
el dixít :
H
BI de amar-te^ Senhor! De ti deriva
A minha fortaleza, és meu alento,
Meu asylo seguro;
Se Voa desrallecendo, me despertas.
Se em captiveiro estou, tu me libertas.
Se a yida me abandona, o frouxo alento
Benigno me reparas promptamente ;
Minha esperança animas,
Proteges-me o vigor, e me sustentas
Quando lutto com rispidas tormentas.
Apenas lanço a mSo âs cordas da harpa
Para a gloria cantar de Deos, que invoco,
Meus inimigos fogem.
Fico salvo, triumpho dos pezares,
De cânticos alegres encho os ares.
íâ da morte os terrores me cercaram;
Contra mim, qual torrente estrepitosa.
Da iniquidade as chusmas
Conturbaram meu peito angustiado,
Por dores iofemaes atormentado.
ToM^ VI.
(1) Diligtm U, Domine, ftiu
tudo mea : DominutJirmameiUum
mewn, et r^ugium meum, et li-
berator meue.
(«) Deno metit, aéjiUor meu»^
et eperako in eum.
(3) Protector meus, et eomu
solutis meig, et euseeptor meue.
(4) Lmidan» imoeabo nomi-
num, et ab inimieit meiu snlvut
ero.
(5) Cireumãederunt me dotores
morti», et torrentes iniquitêtii
conturbaverunt me.
(S) DoUretif^femicireumdede'
runt me, praoccupwerwU me /•«
fuei mor tis,
4
50
Ia sem tino iocertos passos dando,
Assustavam-me trevas espantosas,
Que^tudo me encobriam;
De insídias, de traições me rodeavam,
E cabia nos laços que me armavam. •
(7) In tríbuiatione meainvoen- Nosta tríbulaçdo, por Doos clamava;
vi Dominum^ et ad Deum meum • n ■ ^
eiamavú Invoquei 0 Senfaor, e do seu templo
(8) Et exaudtpit de templo tan- t? g. • i.
el9 suo vçeem meam, et clamor ISSCatOU mmhaS VOZes;
meu9 in eonspectu ejus, introivit fk - -^ ^ ^ • j^
in aureê ejus, ^^^ ^^ ^^^ prescnça OS meus gemidos»
Penetrou meu clamor os seus ouvidos*
(9) Commota est, et contremttit EniSo SC commoveo tromula d tcrra ;
terra : fundamenta montium con-
turbata tunt, quoniam iratus e$t Os moutos, quo mugiram, se gretaram,
Abriram-^e os abysmos;
E Deos, contra a maldade enfurecido»
Desceo com justa cólera incendido.
(10) jáseeuditfumuêiniraejus, Fogo dcvorador rompoo dos scrras,
et igniê afacle ejus exartit : «ir- , • j *^ r ■ l
òones tuccensi sunt ab eo. Co a colera do Deos lumega O globo;
Accesas brazas luzem
(11) inciinamt Caioi, et des- Na sua face irada, os Ceos s'inclinaro,
eendit, et caligo sub pedibus ejus, ^ . . , .
Encroertos co as trevas que os dominam.
(12) Et nseendit super cheru- D alem dos Cfaerubins Deos mesmo desce
bim, et volapitf volavit super pen- - -
tias ventorum, Soore as azas dos ventos mcançaveis ;
Pelo estreitado campo.
Em que tantos mil mundos apresenta.
Rola o caibro suberbo em que se senta.
(13) Et púsuit tenebras latibw Pára aqui, 6 Icvanta portentoso
lum suum: in cireuitu ejus ta- -t «ii^* j - j • ^*^
bernaeulum ejus : tenebrosa agua Um paVllfaSO de trOVaS, Oudc IgOOtO
in nubibus aeris. j^^^j^^^ ^^^^^^
De um fusco véo de sombras mysterío6as,
Formado de ar e d'aguas tenebrosas.
i
51
Mas aos raios que solta furibunda
Sua face» em furor toda abrazada*
Se dissipam aa nuveos,
Soltam-se as brazas, a saraiva espessa;
E a tempestade a trovejar começa.
(14) Pra fiU§ôri t» ctaputu
^UM nHòeg íroHêieríãni, grimdo,
€i emrbúiui igni9.
Um medonho estampido nos Ceos se ouve.
Que do Altíssimo é yot ameaçadora;
Desta o estrépito dobram
Carvões accesos com que a terra infesta,
E a saraiva que salta e as plantas cresta.
(15) £1 intomuit Í9 Otlo Do-
mtttiM, et AUi9êmu9 dedil voeem
ftiam, grando, et earbaueê ignii.
As mais agudas, mais assoladoras.
Dispara as suas settas Deos irado;
Vibra raios tremendos.
Turba, arraza, dissipa a gente ingrata,
E os Ímpios, que castiga, desbarata.
(16) Et misit êagiitúM ffvst, €t
diMipamt eo9^ fulgura mult^pli-
#JBl et €0nturkamt eos,
i
Fende-se o chBo com repetidos golpes.
Abre seu seio a terra, e quasi mostra
As origens das fontes.
Do orbe os fundamentos abalados,
Os limites dos mares transladados.
(17) Et apfHimerunt fmtes
^quorum, et rcvelata iunt/unda-
meuta orhÍ9 terrarum.
Oh Senhor I que vmganças, e que estragos I (13) ^à inerepMiêne tm, D^-
«. . ,. , «. . nUnej aòinspirãtúme tpiritu» irm
i^a tua mdignaçSo tal é o effeito; tvm.
Tal é teu sopro irado
Quando eitermina criminosas raças,
E accumulas nos impios as desgraças.
N um mar d'angustias triste eu naufragava; (i9) mísh de «immw, et
Quando o Senhor dos Ceos a mSo estende, muuul ' ■*'"'"'"' "^
E me colhe entre as aguas,
Com celeste poder doma a tormenta,
POe-me em seguro, ampara-me e me alenta.
Tomo VI, 4 •
ofuit
52
(£0) Enpuit TM de inimiàt Da víoleocia de fortcs inimigos,
meiM fortiêsimit, et ab At>, y«« «. j» ■
úderunt me: quêniãm cot^ortati Do seu odio me salva, quando audazes
ãunt euper me. w, » t i.
Já vioham assaltar-me;
Quando certos de sua fortaleza
Mais contavam vencer minha fraqueza.
(ti) Prcnenerunt me indie af- Nos meus dias mais trístes, mais amargos,
flieiionie mea, eífaetui e$t Do* . » ,
minue protector meu», Com maior funa entSo me acommetteram;
Foiy Senhor! nesses dias
Que por meu Protector te declaraste,
E de suas insidias me livraste.
(2<) Bt eduxit me in latitudi- Dcos me tirou do aperto em que me via,
ne*n: tahum mefeeit, quorUtun , i-i ^ 3
voiuit me, £ile me poz n um campo dilatado ;
Seu amor generoso
Prompto me subtrahío da adver^dade,
E derrotou potente a iniquidade.
(t3) EtretribuetmihiDomime Sim, SOU amor conhece-mc a justiça,
eecundum justitiam meam^ et se- „ % * 1. » l
cundum puritatem manuum mea- ^«wc q«e mmhas maos nunca mancDaram
rum retribuet mihi. ^^ ^^^^ rOCOmpOnSaS;
Que as acções criminosas me aborrecem,
Que amo e prefiro aquelles que o merecem.
(«4) Qtiúi euetodM via» Domi- Que uo caminho incerto desta vida
n», nee impie ge»»i a Deo meo, . 1 • . 1
Jamais me desviei de seus preceitos;
Nem commetti delictos
Contra o meu Creador e leis sagradas,
Pela verdade e honra estipuladas.
(«5) QuMfojii omnia juãieta Sem ccssar estudei seus mandamentos,
eju» in eon»peetu meo, et jueti"
tia» eju» non repuH a me. Os SCUS jUStOS dictamCS tive em VlSta,
' N&o repelli seu jugo; j
Seus eternos juizos meditando,
Pelo amor e temor me fui guiando.
53
Sempre achei Da innoceocia o meu recreio»
Caato evitei manchar^me com maldades;
E alcançarei meu premio
Se justo for» se livre d'imposturas
As minhas obras forem sempre puras.
(86) Et ero immaettUtus eum
eoy et obiervaòo me ãb iniquitate
mea,
(«7) EtretribuetmihiDeminui.
aecundum Justitiam meam, et te
eundum jmríUitem mmnuum mea-
rum iu eoHspeelu oeulomm efir«.
Com 08 bons sempre és bom» Senhor piedoso;
Nem recée algum mal quem mal não faça:
Forga-te a ser severo
O peccador, o iniquo te constrange
A esfriar o teu dó» que tudo abrange.
(S8) Cum tanetc eanetue erist
et €um viro innúcente iwueent
erie.
(Í9) Et eum electo eleetue erie,
et eum ferverto perverteris.
Quantas vezes se vé que em v8o rastrêa
Do potente a suberba co' as deidades !
Seu pedestal derrubas»
Com seu funesto exicio o mundo espantas»
E ao sólio algum pastor pobre levantas.
(30) Quoniom tu populum hu'
milem tuloum fácies , et óculos
super borum hMoniliaòis»
Quando pallidas sombras me rodéam»
Que nSo atino com vereda certa,
Vens pela mio guiar-me;
O tenebroso horror fere» illumina
O clarSo dessa tua luz divina.
(31) Quonionh tu illuminas lu-
eemam memn. Domine, Deus
meuM, illumina tenebras meos.
Com teu soccorro em mim se dobram forças» (3«) Q^mam in te eripiar a
teniolione, et in Deo meo trens-
Das tentações o exercito destroço; gredior murum.
Aos triumphos aspiro»
Certo em Deos» e com elle vou seguro
Derrubar o mais firme e rijo muro.
Pouco tem que temer quem n8o transvia (33) Deus meus, impoiiutm ma
j. • ■ 1 Tx ■ • ^i"'» elofuia Domini igne escami-
lios cammhos de Deos» quem as leis cumpre ; nata, protector est omnium spe-
iu*i j*A II. Là. rantium in se.
Mil ditas lhe promette
54
Com palavras em fogo examÍDadas,
Fecundas» infalliveis, conGrmadas.
(34) Quoniam^viM Deut prmter Outro Deo8 d9o existe alem do oosso:
Daminumí úutquiM Deu9 prmter ■■ *• i «ia
Deítmnostrumf Quem» 86 d9o elle, é lonte de verdade?
(35) Deit9 , qui pracinxit me DeOS é <|Ue me CODCede
virtuie , et potuit immaculatatn ^ . • • <• • i •
viam meam. As mveDCiveis íorças, a TioleDcia
Com que domo inimiga resistência.
(36) Qui perfecit pedes meos Foi quem deo a meus pés agilidade
tanquam cervorum, et êuper ex- ^
celta 9tãtuens me. Para voucer OS cervos na carreira.
Transpor ligeiro os montes,
E nos mais altos serros collocar-me,
Longe do risco e salvo, alli firmar*me.
(37) Qui dotet manuM meoM ad Quom mo adestrava as mfios para vibrarem
pralium, et poiuisti , ut arcum _ #. . .
wreum, brãchia mea. Na guerra dura a fulmmante espada ;
Quem de forças me armava,
De tal poder meu braço revestia.
Que um arco brônzeo aos olbos parecia,
(30) Et deditti mihi proteetiú. Que susto posso ter, 86 mo defendes,
nem ualutie tum^ et dextera tua ^ . . ^ _
suscepit me, Scubor, quando me attacam ? Se me cobres
D escudo impenetrável?
Onde n2o chega o meu vigor, sobeja
No teu poder e dextra bemfazeja.
(39) Et diadpiina tua carrexit Qne amparo na osporauça me nSo deste !
me infinem, etdi»ciplinatuaip9a ,
mêdoeebit, Sustem-mo a tua dextra poderosa;
Do teu desvelo emprego.
Constantemente objecto afortunado
Sou do teu paternal doce cuidado.
(io) Diiatatti gret$u$ mepê Se caminbo, beuiguo me precedes,
55
Os logares estreitos me dilatas.
Dos sitios escabrosos
Aplanas» facilitas-me o ingresso»
A fim de me evitar qualquer tropeio.
mòtut me, «i fMM êunt injírmêta
veMtigiã mea.
Â3 armas pois, ás armas» luttar quero»
Destroçar d'inimigos o que resta»
Combaté-los no campo;
Por mais que enfurecidos me resistam»
As costas não voltar em quanto existam.
(41) Penequar inimicou meo»^
et comprehendam illos , et non
eenvertar^ dmtee defieiant.
Fartarei de seu sangue a minha espada»
Em pedaços farei seus membros todos;
Dispersos» abatidos
A meus pés os que audazes me insultavam»
Perderlo a arrogância que ostentavam.
(4S) Cor^ringam illou^ nee p0-
terunt »twre: eadent iubtua pe-
deê me»i.
De valor me cingiste para a guerra»
Sobjugaste-me aquelies que teimosos
Contra mim se insurgiram;
Ante mim por teu braço derrubados,
De pejo estio cobertos» e prostrados.
(43) Et praeinxiãii me virivte
ad bellumy et 9vpplantfi9li iniur-
gentee in me sublut me.
Os rebeldes» os pérfidos domaste» (44) Et inimicoe meoe dedUH
■p i_ r M' ''uAt doreum : et odienta me dis-
tm vergonhosa fuga se retiram: perdidisu.
Para longe expulsaste
Quem com ódio me olhava e perseguia,
Qaem com traças cruéis me acommettia.
A mais triste miséria reduzidos, (*5) Clamaverunt, necetat, pii
•j, . ealvosfaeeretf ad Dominum, nee
i^m vSo, Senhor» em vão por ti clamavam ; exwdivit ees.
Não lhe ouviste os clamores»
Não lhe deste uma ta boa que os salvasse»
Nto lhe prestaste mão que os segurasse.
56
(46) Et eommittuúin eos, uí Desprezaste-ihe as preces maviosas,
pulverttn ante fãciem veníi^ ^^ rs. • * j*» i^i»»
iiUum píatearum dcUbo eot. Deixaste-os dissipar qual pó ligeiro
Que ante a face dos ventos
Vaga, quando uns e outros s^enfurecem,
E encontrados, luttando o desvanecem.
(47) Erípie$ nte de eôtUradi' Humilbaodo OSSOS impios, me livrasto
eUombu9 populi; eoiutituei me
in caput gentiwn, Com podorosa mdo do sous eurodos ;
No throoo vacillante
Irado e compassivo então me viste,
£ Chefe de Nações constituiste.
(48) PôptauM, auem nm cognth Povos dosconhecídos virdo dar-mo
vi, eerviffit mihi, in audiíu auríê « i •
ôbedivit mihi. Siguaos de submissSo e amor siocero;
Com meus justos designíos.
Com meus direitos puros e constantes
Concordarão as gentes mais distantes.
(49) FiUi ãlieni mentiU tunt EsSOS filhoS, OU SubditOS porvorSOS
nUhit filii alieni inveterati ãunt, - j. i«
ei elaudieauermi a iemiiie mis. QU6 á fé mentiram, OSSOS mfelizes,
' Quaes exóticas plantasi
Para estranho terreno transplantados
HSo de ver-se de rega e sol privados.
(50) rivii DmninuM^ et bene^ Tompo é de gloria, O d'esquecer desastres;
dictuM Deue meue, et exaltetur •• , ^ n i ^
Deus Miuti» mea. Hjmnos alogrés ao Senhor teçamos:
Viva, viva o meu DeosI
Da minha salvação o Auctor se exalte»
A louvá-lo e adorá-lo ninguém falte.
(51) Deuê, fui dai vindiciãM Reparador de graves infortúnios,
mihi, et tubdiê jÊopuloi eub me : . . . ^ ■
likerater fneut de inimicit méis Mc viogou, com ostrago irroparavel
'~"*"^"- D'inimigo8 ferozes;
57
Sujeitou-me contrários furibundos,
Libertou-me de monstros iracundos.
Viva o Senhor, que extrénuo me arrebata
D'entre as iras dos fortes e teimosos;
Que do pó me levanta,
Faz luzir seu poder neste seu servo,
AoDuIIa os v2os projectos do protervo.
(52) Ei êb inturgentibuê ia tne
0xàUM» me, a viro tnif v« ert-
pi€» m me.
Qoe nobre assumpto entrego ao meu Psalterio ! (&3) PropUrea cmfutbor uòí
. . 1» nãtíonibuM^ Domtntj et nomini
Meus cânticos Ur8o de poio a polo, Im piotmum diemm.
o nome sacro-santo
Do Senhor celebrando; em verso altivo
Se ouvirá de meus cantos o motivo.
Direi como o pastor David ao thrqoo
Levantaste, ó meu Deos, e o protegeste;
E tanta misVicordia,
De séculos a séculos passando,
Na sua geraçfto irá durando.
(54) MagnUfietms talutet regit
titiMj et faeiene miserieordiam
ChritU uuo Daoid^ tt temini
eJuM uãçue in neculum.
PSALMO XVIII.
ÁS fáUxoras e a fmuiea são de Datid.
A
GLOBIA do Senhor os Ceos relatam ;
Em pompa o firmamento é que annuncia
Da mão divina as obras magestosas,
Que assombram os viventes.
In finem Psalmun David.
(1) Cali enãrrant glorimm Dei,
et opera manuum eju$ úmnuntiat
Jirmamentum,
O dia ao dia diz a alta palavra;
Revela a noite á noite a sapiência
(9) Diei diei eruetot verbum^
et nox nocti indicat scientiam.
58
Que dirige os prodígios do Universo
Que o seu Auctor declaram.
(3) ^0» Mtmt loqueim, neque A lioguBgem dos Coos sempro é distincta;
sermone., quorum nan audiantur j^^^ j^^ ^^^^j^^ ^^ barbarO a queiD SCJa
Toees eorutn, * •
Ignoto o seu sentido, a phrase obscura,
E Deos nSo reconheça.
(4) In omnem terram exivit Tocam as vozos OS coufins da terra,
:r.' rrU'».*" ^ ""• ReMa o som por toda a redoode»;
Diffunde-se por toda a mente humana
A convicto sublime.
(5) Tn S0ie posuit taberfuuu. Dcos prescroveo ao Sol seu aposento;
Ír,3.;''rr^".r" E como juveml esposo surge
r^J^a^::! I^ZJ^Zo Do thalamo, com passo gigantesco
egre»$io eju$. ge abalança a seu giro.
(7) Et occursut ejus usque ad Em torrontes de luz sae do Oriente,
summum tjui, nec e$l^ ^* '^ ^* . i j
abscandat a eahre ejui. Vai sompro na Carreira accelerado,
DiíFundindo o calor nos seres todos
Té sumir-se no Occaso.
(8) Lex Domini immaeuiãtã, Tal do Scuhor a lei immaculada,
roHvertens animai, teitimonium ^ .
Domini fideie, iapientiam proa- Loi que converto as almas, Tivinca
tam parpu u. Suave as croaturas, aos humildes
Dá sempre inteliigencia.
(9) Justitia Domini recta iw Os proccitos do Doos contcutam O animo,
&wrSi«=:'Z/.^ Sao claros, e com luz 6el dissipam
Os erros tenebrosos, esclarecem
A nossa fraca vista.
(10) Timor Domini sanettu, Como, peusaudo em Deos, no pcito nasce
59
Saoto temor, que eternos fractos cria !
Gomo são rectos» Deos, os teus juisos
Se punes, ou consolas!
permanem t» iwaUitm Mmeuli:
judicia DomitU o«ra, jutUfieatã
in Memetipsê,
Mais do que ouro ou pedras preciosas
São para desejar os teus preceitos;
Mais suave que o favo e mei fragrantes
Ê saber o que mandas.
(11) Dfiiderabilia Muper «u-
rum, et Utpidem pretioiun mvl'
iMJfi, «I dulàera 9uper mel, et
fãoum.
O teu servo fiel exacto observa
O que ordenas, Senhor, e a recompensa
Mais bella, na observância é que consiste;
Feliz o que nlo erra !
(18) Etenim eertui tuut custo-
dit ea: in cuttedietidis illis re-
tributio muiia»
Mas quem conhece ao certo seus delictos?... (^3) Oeiícta quh inttiiigitf ab
eeeuliit meti munda me, et ab
Purifica, meu Deos, tantos defeitos aHems parce tmw tua.
Que occultos em meu peito ignoro eu mesmo,
Comtigo incompativeis.
Do contagio dos máos p9e-me distante.
De influencias perversas me defende;
Se d erros meus e alheios me lavares,
Escaparei sem mancha.
(14) Si mei nen fuerint domi-
nati, tune immaevlatui ero, et
emundabçr a delicio máximo.
De minha bocca as vozes innoceotes
Âcceitas te serão; acompanhadas
Do que o meu coraçSo medita e sente
O meu Deos contemplando*
Ante o teu throoo envio os meus suspiros:
Preces humildes sSo, sejam-te gratas,
Pois és sempre, Senhor, o meu refugio,
Redemptor de minha alma.
(15) Et erunt, ut complacrant
eloquia oríg mei, et medilnlio
cordiê mei in cowpectu tuo sem-
per.
(16) Domine, adjator meus, et
rtdpnptor meus»
60
PSALMO XIX.
In finem P^aimui David. A musíca € OS palovras SOO de Damd.
(1) Exaudiat te i^omioMi in >Sm, 6 Rci, DCSses dias dc amargura,
menlí^^': '''''^'^ '' "^ Q"*^^^ « tribulaçío chcgar ao cume,
Ouga-te com brandura
O Senhor compassivo; as penas dome,
£ do Deos de Jacob te salve o nome.
(«) Miuattiinauxiiiumdeitfn' Da celesto Sião oode resido
cio: et de Sion tuealur te. ^ . i ^ •■• •
Queira mandar-te auxilio imperioso,
Qual da sorte decide;
Qual possa defender-te nos perigos,
Qual bons alenta, e aterra os inimigos.
(3) Memer eit omnis taerifieii BcnigUO aCCeite OS purOS SacríficioS,
tui. et koheaustum tuum vingue . «. <■ ^ ii_ r
fiai As offrendas e votos que lhe fazes;
Penhor de beneficios,
Do Ceo solte essa chamma approvadora
Que as pingues rezes sobre o altar devora.
(4) Tribueu tiòi eecundum cor Quauto O tcu coraçSo, PrincipOi anhcla
íwttin ; et emne eomilium tuum ^ , ^i^jj*
ronfirmet. To couceda qucm tudo pode dar-te;
Clara, propicia estrella
Nos teus justos desejos v6 raiando,
E teus nobres desígnios confirmando.
(5) Latttbimur in iaiutapi tuo : Alogros OS triumphos prcparcmos
et in nomine Dei noitri mogmfi' ^ _ . . _. ^^ , . ^ u^.*-,
cabimur. Com bandeiras, listões, clarins, tambores,
Victoria cantaremos.
Certos que com teus braços reforçados
Quer o Senhor sejamos resgatados.
61
Ouvio-te o CeOy com votos fervorosos
A divina piedade commoveste;
Signaes prodigiosos
Nos attestam que Deos eDternecido
Ha de sempre salvar o seu Ungido.
(6) Impleêt Dominus omnea
petiii^nes tuai : nunc eognmn ,
qu&niam iolvum feeit Dominus
Chriitvm 9uum,
Do estellifero throno os olhos volve,
Nelle attenta, recolhe seus suspiros;
Defendé-lo resolve,
Estende o braço omnipotente, e pára
Os golpes que a malícia lhe prepara.
(7) EjMudiet illum de calo ion-
cio suo: in poUniãiibus salus
dextera ejus.
Venha a caterva imiga de repente,
Com exércitos, carros, e cavallos
O seu poder ostente;
Contra tanta Bducia, horror, espanto.
De Deos nos basta o nome sacro-santo.
(8) m in eurribus, ei hi in
equis : nos autem in nomine Do-
mini Dei nostri invoeabimus.
Já os vemos revoltos na poeira,
Dos cavallos e carros derrubados;
Intrépida Gleira
Seus miseráveis membros vai calcando,
Nosso vigor e gloria restaurando.
(9) Ipsi obligati sunt, et ceei-
derunt: nos autem surreximus^
et ereeti sumuS'
Salva, 6 meu Deos ! o Rei, salva este povo, (lo) Domine, sãivum fae Re-
__,.-,.. , gem: et exaudi nos in die, gun
No dia d hoje attende nossas preces: inooeweHmus te.
Invocamos de novo
Essa força divina, á qual pertence
 gloria toda quando a humana vence.
62
PSALMO XX.
(1) Domine^ in viríute tua la-
tabitur Rex ^ et tuper salutare
tuum exultabit vehementer.
(2) Desiderium eordis eju$ tri»
buisti te, et voluntate Ittbiorum
eju9 non fraudatU eum.
In fiDem p<aimui David. A musica € OS polavras SOO de David.
VE atabales o estrondo abala os montes.
Rompem clarins harmónicos os ares;
Vencemos, triumphámos» o Rei volta:
Revolta borrivel
De gente ufana,
Que o povo engana,
Vem sopear.
£ tu. Senhor, beneOco, indulgente.
Lhe acodes com teu braço omnipotente.
(3) Quoniam praiyeniMti eum in As mSos alçava, quando a tua alçaudo
benedictionibuM dulcedinit: j»^ ^ « « • • «.
tuisti in capite ejHi coronam de Com bençio graciosa 0 preveuisto,
lapide pretmo. ^ ^^j^^^ ^„^ ^j, ^^^^ derramaste:
Na frente augusta
Lúcida c'roa
Brilha, apregoa
Quem a alcançou;
Quem destroçou caterva deshumana,
£ exomou de Melcom a testa insana. (*)
(4) yitam petiit a te: et fri* Tu com ello, Senhor, sempre assim foste:
buisti ei longitudinem d ierum in * * j»
êíBeuium, et in toícuium sacuii. Longa Vida era quanto te peaia,
£ nSo só lh'a concedes generoso.
(•) Vencidoí oi Ammoiiitas, poi Divld na lua cabeça o diadema Ur»do a McIcob,
rei daqaella naçlo, que pesava um talento de ouro, e estava enriquecido de pedrai precío-
sai, como ae dis no llv. 9.^ doi Reú, cap. IS."*, veri. 30.^
63
Mas determinas
Que vá durando,
E transplantando
Eras sem fim;
Que a sua geração séculos vença»
E prospere, gozando gloria ímmensa*
Quem pôde numerar os predicados
Que nelle diffundiste» que lhe prestas»
Com que a par dos Heroes o exaltas tanto?
Nelle bemdiltos
Hio de os vindouros
Ricos thesouros
Sempre alcançar:
Se alguém soffre por elle acerba pena,
Seu rosto affiivel volta, e lb'a serena.
(5) Magnm e$t gloria ejui m
ialnUH tuo : gloriam et magnum
decorem imponee etiper eum.
(6) Quoniam dabis eum in bê-
neáielionem in ioculum itteuli:
lalificolri* eum in goudio eum
vullu tuo*
Em ti, Senhor, o Rei poz a esperança;
E tanto fia em teu favor celeste,
Que qual penhasco erguido fica immovel,
Se as ondas bravas.
Raio inOammado,
Ou vento irado
Lhe vem bater:
Bem sabe que és benigno a quem te invoca,
Que só malvado o teu furor provoca.
(7) Quoniam Rex operot in Do*
mino^ et in mitericordim Altitti"
mi non eommovebitur.
Caiam pois nessa m9o fulminadora
Os Ímpios que desertam teus altares;
Encontre quem te odéa as tuas iras:
Dispara as settas,
O traidor tema
Da mBo suprema
Golpe mortal;
(8) Invenfotur momu tvn omni*
buo inimicie tuie: dcxtera tua
inveniãt omnes, gui te oderunt.
64
Em vÍDgadoras chaininas accendído
Veja» meu Deos, teu rosto enrurecido.
(9) Pone$eoi,iUeUbãnumignii luteiTOmpe SeuS crímes, YoWe 06 olhoS,
in iempore vultvê tui ; Dmninut . 'a^ t v j
inira 9Wi emiurbabit eo9, ti rfe- A temhca 1806 abrazadora
varabit tot ignú. ^.^^ f^^jj^ ^^j^^^^ ^ precipitC:
Ó Deo9, se irado
A voz levantas,
Ahl como espantas
O peccador!
Sem tino, sem recurso, conturbado.
Fica em sulphureo fogo devorado.
(10) Fructum eorum de terra Tudo dostroo do crime O borrido bafo;
perdei, et temen eomm a JUiiê
hominum. Na terra sem cultura os fructos seccam,
A descendência mingua entre os humanos;
Ao desamparo,
NSo medra o nome;
Tudo consome
Olvido e dor;
(11) Quoniãm deeiinavervtu in Assim declinam OSSOS quo couspiram,
te maU: eogilaperunt eonsiiiãy ^i.«„f«i»:«-»« «Urw>« a*:»:».,i»
çfiff «o» petuertmi etabiiire. E phantasticos planos erigiram.
(i«) Quwiam poneê eú$ dor- Tu farás, mou Soubor, quo retrocedam,
Wf'^w/t»m www* ** ^^^^f*^ j; ge Ih' estagnem perãdas emprezas:
Mas se alguns restos miseros ãcarem,
Opprobrio os se^ue,
E suspirando
Irio provando
Sempre rigor:
Tão infausto ba de ser seu desatino,
Quanto podes, Senbor! sobre o destino,
(13) Exâitare Domine in vir- Exalta a tua força Omnipotente,
65
Dissipa confusSes, aterra os ímpios;
Caolaremos alegres teus triumphos:
Da lyra aa cordas
Já oa mio fremem,
Nada já temem
D'impio furor:
Volve o socego, volve a pas serena.
Meu estro afibuto os cânticos ordena.
í$Ue tua : rantahimuê, et piatle-
muê virtutet twu.
PSALMO XXL
Cmtatã de David para ter acompanhada i» finen pn tutcepiiMe lutaUu
«001 o Aieleth basbachar (.). »^'""" ^•^*''-
O
LHA-ME um SÓ momento coro piedade, (l) Deus, Deus meus, respiee
-_ _ _ • j * « »• '^í 9^*^^ »»* dereliquistií
Meu Deos, meu Deos, porque me abandonaste? longe a saiute mea verba deU-
Do peccado o clamor de mim te anasta?
Os meus ais nSo te movem?
Desde que nasce o dia por ti chamo...
Não ouves I Em v8o rasgo com gemidos
O tençbroso véo que enlucta a terra,
O silencio da noite.
(8) Deus meus, elamabo per
diem, et non exaudies, et nocte^
et nen ad insipientiam miAt.
(•) loitrameiíto maiico doi antigos hebreoi, aegundo a opinilo de Maltei. Ai duas
palaTrat hebraicas que o detígnam •igniflcam a cerva da aurora, o que deo lugar á ioterpre«
tiçlo de pro suseeptiane matutina^ que te acha na Vulgata, e que se nSo ptfde entender. Se
Algaein pergunta a raiSo (aocreseenta o ditto sábio) por que a este instrumento se chamava
— a cerva da aurora — , responde-se que pela mesma por que na Itália se chama a outros
instnimentos^^a violetta dos amores, o oboé dos bosques — e outros nomes semelhantes, de
que nlo é ftcil espllcar a origem*
Tomo TI. 5
66
■
(3) Tu atitem Hi ioneio habitas Oh Gioria dlsrael ! no Sanetuario,
laui Israel, rx i «• i .1 ' .
ODde affavel resides, acceitavas
Outr'ora do teu poYO os sacrificios,
Que bimilde te offertava.
(4) In te spermenmt patrea De que ríscos a uossos paes lívraste,
noitri, speraverwtt, et liberaeti . . -
eos. Que esperafam em ti» e em ti somente!
LÍTraste-oSy compensando-lhe a esperança,
Respondendo a seus brados.
(5) Ad te ciamaveruntj et êatci A ti clamarami saWos foram logo;
faeti sunt: in te eperanerynt, et j» * * c
non sunt car^usi. N&o 10 illudisto a toroa confiaoça
Com qde preces ardentes te enviavam,
Sempre sempre esperando*
(6) E90 ãutem sum vermu, et Ai de miffl ! em que estado hoje me veio !
nen homo: approMum hominumy
et abjectio piebis. Do poccado, qíiB éstraga a terra inteira,
A mascara sanguínea desGgura,
EaivoWe o meu sér todo.
Homem já nSo pareço; transformado
Em viva imagem do peccado mesmo,
Sou das gentes o opprobrio, sou da plebe
Ahro abjecto dlnjurias.
(7) omnes videntes me, derí- Quom terá coração para assim ¥er--me7
serunt me. locuti sunt labiis, «t •» a •
múverunt eaput. lu^s quem mo vê som, murmura, e move
Com desprezo a cabeça, e m'interroga
Com phrases insultantes.
(8) spermnt in Domino, eripiat « Que osporas ? (dizem rindo) iuda nHo chegam
fttfii, saloumfaaat eum^ quoniam » r^ » ^ «%
vuu eum. Os soccorros do Ceo? O teu Deos chama;
Se quizcr, ou se pôde» que te salve:
Inútil esperança ! »
67
Ah! dIo, meu Deoi! Tu és o meu amparo: (9) Qi««iío« tu «, ^■
Ta! do seio materno me extrahiste, t^Ztt'T^7" '
Aprendi desde o berço a conOar^me
Nas tuas misVicordias*
í extra-
mea ab
Apenas tí a luz, foi nos teus braços (lo) ínupr^feeiunumexute-
Qoe me eutregoei submisso : e em tanta angustia ZL^^XZ^^.IZ^^^^^
Queres abandonar-me, ó pae severo,
Dobrar o meu supplicio?
Ah! íAo me deixes, ntol Já se avisinha
O terrivel momento; atribulada
Minha alma por ti clama; se me foges»
Quem virá soccorrer-me?
Os inimigos chegam; já me cercam
Como bravos novilhos, pingues touros
Que o ciúme estimula, a raiva instiga,
E com berros me estrugem.
Iradas feras, qualquer delles salta»
Co' a fauce aberta; qual leão faminto
Que á pressa farta a gula n'um cordeiro,
Assim me despedaçam»
Já desfalleço ; sinto deslocados
Todos meus ossos; funde como cera
Ueu coração no peito palpitante ;
Foge-me a luz, a vida.
Sécca-se como barro em fogo ardente
Dos membros o vigor, pega-se ás fauces
A liogua entorpecida ; e quasi ignoro
Se vivo, ou se sou cinza.
Tomo VI.
(11) Qwmímn iriMaiio proii,
•■« etty fwnUam non ett . gui
adjuvei.
(lí) CireumdederuHt me vituíi
multi: Sauri pingueê ohtedcrmt
me.
(13) Jperuenmt ntper me oe
9wtm : êicut leo rapietu, et ru-
giene.
(14) Sicut aqum effueue tum:
et ditpersa sunt omnia os$a mea.
(15) Faettim ett cor mevm tam-
quam cera Hquescertê in media
ventris meu
(16) Jtuit tamptam tee^a vir-
tu» meuj et liugua mea adhwiit
faueibue méis : et in pulverem
martiê deduxieti me.
68
(17) Qitímiam cireumdêderunt Ioda dIo se conleota a turba iosaDa;
me cana nulti: conciiium maU" .• i * * • j
gmntium obsedit me. Quaes mastiQS devorantes me circuodaiD,
e^XtZl .ISr J^i Esperando que morra, nie traspassam
omnia ossa mea. p^^ ^ ^j^^ ^^ piedade.
(19) ipti vero eonriieraverunt, Avidos de lucrar 80 contemplar-me,
«w"S7"/« Zm/T's7i!'^ Entre si repartiram meus testidos;
vettcm meam mserunt iortem. g ^ ^^^j^^ incOOStltil COOCcderam
A quem a desse a sorte.
(20) Tu auiem. Domine, ne Taoto martjrio, ó Deos! dovo mover-le;
elongaverii auxilium tuum ante: , -j* 9
ad de/ensiottem meam eonspice. Jb COmO aSSim retaroaS tCU SOCCOrrOT
^- Não dilates o auxilio; vibra o golpe,
Acaba o meu tor meuto.
(21) Erue a framea , Deu» , Basta ; desDuda a espada ; se não posso
animam meam, et de manu canis , . .
unicam meam. De outro modo applacar justiça eterna,
Co' a morte me resgata destes monstros^
I Das garras destas feras.
Cresce nelles o orgulho; cies sedentos
Com hórridos latidos me atordoam,
(2«) Salva me ex ore leonit, et Como leões bramindo mo ameaçam ;
a cornibv» unicornium humiliia^ f, , • . « •
umZ<m. Salva-me de taes fúrias.
Minha alma consternada já nSo pôde
Supportar tanta afironta, dores tantas.
Salva-me... basta... rompe o frágil fia
Que a Tida me prolonga.
(23) Narrabo nomen tuum fra- Na morte TCnCedor, a tua glofia
tribui méis: in fiíedio eeclesim ^ .^ 1 • j • '^^..»^«.
uudabote. EntSo hci do narrar aos mais viventes;
No concurso dos povos triumphante
Louvarei teus prodigios.
69
Vós que temeis a Deos, prole sublimCi
Progénie de Jacob, (direi contente)
Formai bymoos que os Ceos e a terra alegrem.
Glorificai o Excelso.
(24) Qui timetit Dominumt law
date tum: unhertum 9emen Ja-
cob gUrificate eum.
Tema todo o Israel os seus jtiizos;
Reconheça qae assim como castiga,
Também acolhe supplicas humildes,
NSo desprega as dos pobres.
(25) Timeai eum omne sémen
Jtrútl : guoníam non tprevit, ne-
que despexit deprecationem panh
pcrii.
Não desviou de mim a face augusta,
£otemeceo*se ouvindo meus clamores;
Compassivo acodio-me no perigo.
Na mais acerba lutta.
(26) Nee avertit faeiem niam a
me: et eum domarem ad eum,
exaudivit me*
Na grande aggregaçSo de povo immenso
Serei das tuas graças testemunha;
Completo o sacrificio promettido
A redempçSo se cumpre.
(27) j4pud te lau$ mia in ee-
detia magna : tota mea reddam
in cantpeetu timentium eum.
Os famintos virdo sentar-se á mesa
Que pródigo lhe apresto; satisfeitos
Co manjar que os vigora eternamente,
EscaparSo da morte.
, (20) Edent pauperet, et eatU"
rabuntur^ et laudahunt Domu
num^ qui requirunt eum, vivent
Corda eorum in eeeeuíum iotculi.
D'ÍDcognito hemispherio venham povos
Attrahidos dos bens que distribuo;
Venham, venham dos términos da terra
Abençoar teu nome.
(29) Reminiseentur, et conrer-
tentur ad Dominum universi fi-
nes terra.
Acertem o caminho que perderam,
E aprendam dos fieis suaves cantos.
Que unisonos repitam fervorosos.
Ardendo em santo fogo.
70.
(30) Et aderãhunt í» contpectu Sim, já TCJo submissos, rcTerenteSf
rjui universa familút gentium.
Na presença de Deos virem prostrar-se
Os Potentados bárbaros» a terra
Besaltar resgatada.
(31) Qvoniãm Damini ett rf. Convem que Deos, a quem tudo pertence,
onum: et iaae domitiãèitw gen* n • i. • i i .
iium. Reine sobre o universo, e a luz celeste
De todo apague as ténebras dos erros,
Deos 6 a Verd((^e vençam.
(ss) Manduemfertmt, et ããta-. GomerSo com delícia O pâo coleste
oeniói omneê pingues terra, in /% » ^ ^ i » i-j
amipeetu eju, hZnt ^mnes, qm 0$ riCOS O OpuloutOS OOnVCrtldos;
descendunt <n terram. ^^^ ^^^^^j grandeza quc nto caia
Perante um Deos tão grande.
(33) Et anima mea iiii vivets Ob vontura! Em SOU seio eternamente,
et êemen meum terviet ipêi, a • i i i
Acima das espberas, das essências.
Dias ditosos, séculos de gloria
Hei de passar sem termo.
(34) AnnuntiaMur Domina ge- Entretanto meus filhos cá no mundo
neratio ventura s et anntinciaòímt
cmii jvstiiiam rjue popuio , çui  adorã^lo e servi-lo as boras passem,
nauatur, qutm/e€it Damirmê. a i • • ^ j* • a ■*&• j
* *^ A lei justa, os prodígios transmittindo
Ás geraçOes futuras.
Gentes diversas nos paizes vários,
Illustrados fieis, agradecidos,
Nas vindouras idades manifesta
A gloria de Deos façam«
71
PSALMO XXII.
A Poesia é de David.
T
u me guias, meu Deosl De que abundância
Gozo oeste (ertii prado»
Cheio de fructos, flores, e fragrância!
Tu me leras com meu gado
JuDto do freaco e plácido remanso, .
E chego ao pátrio chio do meu deicanço.
Pfalmiu Darid.
(1) Dominuz regit me, et nihil
mihi deerit: in ioeo patcwg iki
me collocúvit.
(S ) Sfiper ãfuam refeeíionii edu-
eavit me: animam meãm eonvertU.
L6 uo sitio ditoso onde domina
A justiça, o prazer, a paz divina,
Comtigo vou contente:
Por grutas, por caminhos tenehrosos.
Por entre Talles, montes pavorosos,
Sossôhro algum comtigo o peito sente:
Quando da morte as somhras me cercarem
Nem assim temerei.
Pois sempre a par de mim te encontrarei.
(3) Deiuxit me super $emita$
juêtitim propíer nomen ftwm.
(4) Aoffi, et êi emhulatero im
médio umbrm mertiê, non timebo
mala : quaniam tu mecum et.
Este cajado teu, que tu me deste, (S) Firga tua, et baculue tuuê,
-- ... ipta me consolata swU.
Meus vacillaotes passos assegura;
Ao rebanho meu procura
Quantos bens me concedeste.
Que opulento manjar me preparaste! (6) Parasti in eontpeetu meo
■ j r r ^ mensam advertus coí, qui tribu-
Que lauta mesa, em frente a meus contrários ! lant me.
Gomo os seus projectos vários
E os meus perseguidores affastastel...
Ungiste-me de aromas preciosos;
Com generosa mfto, Senhor, encheste
(7) ímpingvasti in óleo eapvt
meo: et ealix meut inebrianM
qvatn praclarus esi !
72
A taça que a meus lábios sequiosos
Com YÍDbos aromáticos puzeste:
Refaz-me de um novo alento,
De mil affectos me orna o pensamento!
(8) Et múericordia tua suàse-
quetur me ^mnibus diebuê vitte
mete.
Ah meu Deos! quanto piedoso
Foste comigo até'gora !
Té minha ultima hora
Nlo cances de me amparar.
(9) Ut inhnbitem t» domo Do-
mini in longiludinem diewum.
Ao magno templo que habitas
Vai meus passos conduzindo,
Vai-me as portas d ouro abrindo»
Para alli semiH^e habitar.
PSALMO XXIII.
P$almu9 Dmoid primm êãbÒMti, (•)
(1) Domini eit terra^ et ptent^
tudo ejutf orbiê terrarum^ Wt«ni-
vorti, gui hobitoni in eo.
De Damd.
o
MUNDO é do Senhor, a Deos pertence
A plenidão das cousas existentes;
Os seres brutos, yegetaes, viventes
Que povoam o globo,
Tudo do nada ao sêr passou de um jacto
(•) Du Pin^ Boiãueti e outroi dontof sSo de opinãío que este psalmo fon eicrtpto
por David quando a arca foi transportada da cata de Obededomo para o tabernáculo de
Sião. A plirase de primo eebbati foi um accrescentamento feito em séculos pouco fetiies, já
na decadência do idioma hebraico, pois se nilo acha no original Hebreo, nem tfto pouco os
antigos homens deita naçSo numeravam os dias da semana com o prima tebbati^ secuniê
sflM«li> etc* , como sabiamente sustenta MartoreUi de Theca Calamaria, t. 8. p. 317, 318.
(Obtervoçâo de Mottei.)
73
A voz de DeOS: dictOU com SUminO império (<) Qw^ *p»e 9vper marta /un-
\ _ . . 1 . ^^*^ **"* • *' tnper ftúminú prm'
As leis que o mar, os nos abaixaram» panvu eum,
E a terra acima delles exaltaram.
Ah! como pasma o espirito, observando
Poder tio grande» tantas maravilhas!
Quem seguro ousará pousar no monte
Onde em sagrado templo
O Creador reside?
Quem haverá que sem temor o veja»
E em tSo sacra presença affouto esteja?
(3) Qui9 aseendet in montem
Domim f ayt çuis staòit in loca
OÊkcta rjuê f
Parece-me escutar a voz divina»
E Deos que diz: «Só puros, só clementes
Neste augusto lugar benigno acolho:
Só quem nSo desprezou os meus auxilies
Comigo terá parte; o que sem mancha
Trouxer um coraç&o de dolo isento;
O que mais do que a morte
Temer fraudar a língua com mentiras»
Ganhar credito á forca d'impostura»
E trattar os amigos sem lizura. »
Aquelle que abrazado em vivo fogo»
Ardendo em santo amor» humilde e puro»
Offertar reverente a Deos louvores»
Esse é que ha de obter bençAos generosas
Ditoso» resgatado
Entrará nas magnificas moradas
Que o Salvador habita ;
Sitio vedado aos máos» aos delinquentes»
£ preparado só para inoocentes.
(4) Inno€en$ manibuêf et mun-
ia eorée, qui nan aeeepit in vana
animam auam, noejuraait inéaêa
fraxima tua.
(5) Hie aeeipiet benetlietionem
« Domino ^ et miterieordiam a
Deo êaluiari sua.
Estes SSO quem Deos quer, são os que buscam (6) Hac at generalio quaren-
74
iium eum , quareniium foeiem Ver à» Deos de Jacob a face amavel :
Os que da vida os ásperos caminhos
SaWaiD firmes, guiados por virtudes;
Outeiros escarpados,
Abysmoa insondáveis
Vencera, correndo após o bem sapremo,
E á meta vio chegar no dia extremo.
J6 vem fúlgida a Aurora, já se avistam
Do sacro templo os capiteis, as portas.
(7) JUeWte portai, prineipei, Abrl-viM, portss etomaes, abri-vos!
veitrat, et elevaminiy porta ater" i ■» • i i • »
naiet, et introibit Rex gloria. Entrem c O Rei da gloria OS vcoccdores.
(8) Qiiit o9t iête Rex gloriai Qual Rei da gloria é eêief — O Portentoso»
DommuM foriity et potenoy Do* /\ u^j * j j
mMttf poioM in praUú. ^ Keaemptor do mundo ;
O Senhor que é forlissimo na guerra.
Que a morte vence, e toda a força aterra.
(9) AttoiHte portãt, prineipr», Aureos quicios, dospreodei-vos,
vestraSj et elevamini, porta ater* ** • i. •
naieê, et introibit ãex gloria. Portss immortaes, abn-vos;
Da morte os tristes captivos
Veio remir vosso Rei.
(10) QuiseêlUte Rex gloria t Os SOUS prodlglOS O altestam,
DomiHUM virtulem ipte eit Rex ...
gloria. Abri- VOS, é elle, o forte.
Que domina a vida, a morte,
Que triumpha por a lei.
75
PSALMO XXIV.
Psalmo de David. («)
A
TI, meu Deos» a ti sómeDte aspiro ;
Minha alma a ti s'eleTa enternecida:
Minha paz» minha vida
Do tea poder depende» em ti descanto;
Aos teus altares corro, sem receio
Que me falte o soccorro
Qoe sempre dás a quem de ti confia;
Sem pejo por ti brado noite e dia.
In aflem Pialmui Darid.
{!) Jíã te. Domine, levãvi ani^
mam meam: Deu» metit, in te
eonfido^ non eruòeêemm»
Se zombarem os mãos de meus clamores,
Cobrirlo de yergonha as Ímpias faces.
Vendo que amparas quem fiel te busca;
Que fulminas, confundes os perversos
Que dos caminhos rectos se extraviam,
Os cruéis que perseguem a innocencia.
Ah Senhor! por piedade
Coosarva-me ds meus olhos sempre abertos
Para atinar cb' a estrada dos acertos.
(t) AVfve irriãemit me inimiei
mei : etenim univerti, qui susti*
netU te% nen eúttfuiulentur.
(3 ) Cm^fundanlur omnee inifuo
agente* supervaeue.
(4) f7af tuãê, Domine, i/e-
monttra mihij et temitag ItMt.
edoee me.
Decora-me os dictames da lei santa
Que deste aos homens, como escudo forte:
A cumprir teus preceitos
Forca-me quando afrouxo;
(5) Dirige me in verítate tvu,
et doce me: quia tu e$ Deus,
talvatêr meus, et te euêtinui lota
die>
(•) Eite é o primeiro potlmo acroêtico, dos quaei todoí os veraiculos começim por
ama lettra do alphabeto liebraico, coniervando-ie a ordem dai lettras em Ioda acompoiiçlo.
No Ptalterio achamos aeUe ]«aliiios eicriptos con tal artificio, • sSo o £4, 33, 35, 110,
111, 118, e 145 ; alem dos TreDoa ou Lamsntaçòes de Jeremias. Este <4.* é elej^anlissimo,
e ieate*se por todo elle nma teroura semelhante á das elegias de Tibullo.
(Observação de Maitei,)
76
Refocilla-me quando desfalleço;
Fixa meu vagabundo pensamento
Nos thesouros celestes que appeteço:
Dá-me o Tructo ditoso da esperança.
Premio que o justo, se trabalha, alcança.
Pois que em ti sempre esperei,
Que és meu Deos, meu Salvador,
Manifesta o teu amor,
N9o me deixes perecer.
(6) Remimtcerg ntíserationum Lombre-te quaota piedade
ft/crum, Domine^ et miterícâr- __ ,
diurum ivarum , qvm a iwatlo U Saste C OS nOSSOS paeS ;
NSo queiras recordar mais
O que te poude offenden
(7) Delicia jttventuHt mea, et Ai de mim! Gom que magoa ioda pecordo
ignorantiãi meat ne meminerii. ^ . • ■ ««• i •
Os erros juvenis! Mmba ignorância
(8) seeunium miieriecrdUm As transgressões dcsculpo; applaquc as iras
luam memento mei tu prõpter ^0»
nitatem tuam. Domine. QuO prOVOCOU SOm tmO O mOU peccado,
E troque em misericórdia o teu enfado.
(9) Dnleie, etreetuM Dominu»: Ês tSo reCto, Senbor, COmO piodoSO;
propter hoe legem dohit ielin- . ... . ■ i
quttuikuê in via. Ao mosmo deunqueule luz deparas
Gom que âtraz volte, e acerte co' a vereda
Que reconduz ao já perdido ponto:
(10) Diriget mamuetoi injw Ao mauso dás a mSo, ao fraco alentos;
dicio : docebit mitet viaê iuas, ^ j i^ «t i
Se o peccador humilde a ti recorre.
Se ao teu jugo submette
Coolricto o coUo indócil,
Previdente lhe acodes, não desmaia,.
O teu auxílio impede que descaia.
(11) UniverãeB via Domini má- QuSo felizos s8o essos que ostudando
êericordia, et veritoê requirenti' „ * i • * /• i
buê teêtamentitm ejut, et toiti- Sempre tua Ici saucta, a seguem Grmes!
'^'" '•'*"• Misericórdia e verdade
77
É quanto encerra : se as paixões cohibe.
Premio adoça o rigor dos sacriGcios;
Magnificas promessas
Cumprem-se ã risca ; e é sempre afortunado
Quem traz no coração, nos pensamentos
Gravados teus sagrados mandamentos.
maiiftM» etl mm.
Quantos descuidos meus, que deslembranças (<<) JPro^^ iMmefi twm, D#-
He apartaram da lei por tanto tempo I
Que iliusoes desgraçadas
Me fingiram na terra o bem supremo !..«
Perdoa->me, Senhor 1 N9o s2lo pequenos,
Ê certo, os meus peccados:
Grande foi de meus erros a demência ;
Mas quanto maior é tua clemência I
Quem será esse humano que medite
Profundamente a lei, e que a lei cumpra?
Que, justo, o Senhor tema?
Venturoso! Achará em qualquer sorte
Luz que sempre o dirija, que lhe aponte
Eotre funestos lances como acerte
Na escolha mais difficil:
Nem trabalhos, nem dias prolongados
O prirarSo da herança
Qoc o Senhor lhe destina, grandiosa,
À qual transmitta a prole numerosa.
(13) Qttit ett hêmê, fui tlmet
Dúminumt legem êUduit ei in
v<a, fumm elegit í
(14) Aninm ejui in bonit dc"
mêraMur : et wemen ejuw htgrt'
ditaHt terrmm.
Quem teme a Deos n8o vacilla,
Funda-se em base segura ;
Dos mysterios a luz pura
Deos lhe vem communicar.
Eu, que meus pés trago em laços,
Ponho os olhos com temor
(15) Firmmnenium ewt Domi-
nwt iimemti^ê eum : ei teêlãmtn^
tum ipiiuê^ ul num(fettetur tllie.
(16) Oculi mei temper ãã D»-
mánum : qu»nium ip»e tvelíet de
líifueç p9dei meo$.
78
(17) Retpite in me, et miêere-
re mei : guia unicuí, et pauper
tum ego.
(18) Tribulatiúnet cordiê mei
mvtliplieata $vnt : de neceteita^
tibuê mtii erue me.
(19) Fide humilitatem memit,
et tabwem meum, et dinUtte uni-'
verta delicia mea»
(£0) Reepiee inimieoi meôs,
qpOHiam mnltipUcati euntj et ódio
iniqvo odemnt me,
(81) Custodi animam meam, et
erue me: non embeteam, giso-
niam eperaH in te.
Sempre Bios no Senhor ^
Qae me ha de vir libertar^
Olha para mim» meu Deos! Piedade!
Vè que estou pobre^ s6^ desconsolado;
Em meu animo afflicto
Cresce a tribulação; acode, acode»
Repara tantos damnos:
Vé com que submissão acòeito as penas»
Como soffro as angustias»
Cercado d*inimigos e cuidados:
Perdoa-^me, Senhor» os meus peccados.
Dos meus inimigos pérfidos
ftefréa» meu Deos» a cólera;
Os que me insultam cercam-me»
£ me querem devorar.
A turba iniqua
Vai«se augroentando:
Ahl quando» quando
He vens salvar I
(ti) Tnnúcenieê, et recti adhm-
serunt mihi, guia Butlinui le.
(«3) Libera^ Deut^ Jtrael ex
omnibu9 tribulãtionibut tuis.
NSo sou eu só que te invoco;
Os rectos» os innocentes
Suas supplicas ardentes
Vem com meus votos unir«
D'Israel alegra o povo»
Inspira-nos doce canto;
Já basta de dor e pranto»
Basta já tanto sentir. ^
79
PSALMO XXV.
Psalmo de Datid. (*)
D
EFENDE-MB| 6 meu Deos! pois me conheces:
Gondemoa-^me se errei; mos tu bem sabes
Que sempre da ionocencia
Cauteloso segui o norma bella;
Que em ti, sem vacillar, sempre esperava»
Mesmo quando o conforto me tirdava.
ta ánem Ptalmoa Datid«
(1) Judiea me, Domine, quõ^
niam ego in innoeeníia mrã in"
gresavt mm : et ín Domino tpo*
rmna nom injirmabor.
Sonda meu coração, prora minha alma;
Accende fogo, n'um crisol apura
As minhas acções todas:
Achas em mim residuo de maldade?
Esqueci tua lei, fui descuidado?
Soo, OQ n8o soU| meu Deos» puro» ou culpado ?
(f ) proba me. Domino, et ten-
ta me: ure renea meoa, et cor
meum.
Réo não sou; antes sempre tive em vista
Teus dictames sagrados e promessas;
Fíei*me na piedade
Com que ao misero amparas e confortasi
Com que escutas as vozes do teu povo;
£ com isso cobrava alento novo.
(3) Quoniam miaerieordia tua
ante oeuloa meoa eat, et compUh
etU in oeritaie tua.
Jámab me quiz sentar entre os perversos;
Detesto dos idolatras os ritos ;
D'bjpocritas as fraudes
(4) Non $eii eum concilie vani"
iatia : et eum iníqua gerentibua
non introiòo»
(•) Neste pMlmo ploU-ie um Letita prUioneiro em Babjlonía, que leguro Ua lua
WDOceMia denfoga com Deei, e Uie pede que o faça Ter outra Tei a bella Jermalen.
80
Meu. peito» isento de^dobréz» nSo soffre;
De falso» numes o profano cuito
Odéo» e me parece hórrido insulto.
(5) Odivi eceUiiam malignan* O faUStO doS VaidoSOS abominO,
tium : et cum imptit tion aedebo»
A par d'iropios nSo quero ter assento:
(6) Lavabo inter innúeenteê ma- PermlttO GUe aisum dia
nu9 meat, et circumdaòo oltãrM . .
itiMi», Domine. Minhas mSos purifique entre inoocentes;
Junto aos altares, grato a beneficioSt
Compungido te offerte sacrificios.
(7) zit audiam voeem iêudi$^ Extatico ouvirei OS córos saotos»
et enarrem univeraa mirabilim . . , . ■ • .
iua. As harpas, os psalterios» os psalmistas.
Que com hymnos sublimes
Te celebram, Senhor, te glorificam.
Outr'ora os teus altares circundava.
Com teus Levitas cantos alternava.
(8) Domine, diUxi deeonem do- Com quo affectos minha alma enternecida
muê ttnB, et lo€um habitnlioniê . j . j « a i i
ghriee tum. Adorava O decoro do teu templo !
Nesse lugar ditoso,
Divina habitaçSo da tua gloria.
As tuas maravilhas se narravam.
Ternos, devotos todos escutavam.
(9) Ne perdaa cum impiiê. Quebra O grilhão que pésa inda em meus braços ;
Deva, animam meam. et eum vi- r\ • u i « i j .
ris êonguitaim vitam meam. v^o so perca mmba alma entre malvados,
Meu Senhor, u3o consintas!
Fai-me horror o tamulto em que anda o mundo ;
Temo acabar com gente sanguinária.
Mais paz á minha vida é necessária.
(10) In quorum manibui ini- Affasta do meUS olhoS laCfimOSOS
^uitãtta sunt^ dextetã eorum rC' . i it • «i*
pieta e$t muneribut. As rebeldes paixfies que a terra aDligem;
81
Os medonhos espectros
Sa Aodacía, da ambiçUOt da perGdía ;
Essas mSos que em maldades occupadas
ÂDdam de veoaes prémios carregadas.
De torbilhfto t5o bárbaro escapando, (*i) ^90 mutem in iumeentu
mea ingreatut tum : redime mty
Mantife o coraçUo sempre inoocente» ei miterere meu
DociK submisso á lei
Que insculpida em meu peito me alentava»
Sem maochar-me jamais funesto exemplo:
Toma-mei ó meu Senhor, toma-me ao templo I
Tem piedade de mim, vem resgatar-me.
Se .torno a ver teu templo magestoso, (it) Pti meu$ 9tetit im dite*
m« fv j 1* • ^0' in eeH$9Íi9 benediCÊm le,
Meu Deos, com que delicia u^mine.
Repetirei çieus cânticos antigos! v
E em teu louvor, ao som dos instrumentos,
ResaltarSo meus igneos pensamentos I
Tono Vi.
82
PSALMO XXVI
Pfalmi» Davidf antequam
liniretur.
(I) Dominut illuminatio mea^
ti talus wea, quem timfbo f
O Psalmo foi composto por David antes
de ser sagrado Rei. (•)
íls minha luz, meu Senhor!
Minha salfocSo; que temo?...
(2) DomiwttprútecíorvUameay Proteges a mmha Vida,
h mio trepidabof ^ .,, ^
Para que vacilio c gemo?...
(3) Dum upfrcpiant mper me Quando, para devofarem
Mmha carne, eniurecidos
Os máos para mim se chegam,
Deos confunde os atrevidos.
(4.) Qui iribuUtnt me inimici Os mcsmos que me atribulam,
r.iri* ipãi infirmati sttni, et ceei- ....
drmnt. Os meus cruéis mimigos,
Decaem, perdem as forças,
E fazem seus meus perigos.
(5) Si ean9i9iant advertum me Ah ! SO COUtra mim vicSSe
ctittra, nom timebit cor tnevm.
Um exercito formado,
Nem assim mesmo temera
Meu coraçllo vigorado.
(•) MaUei acredita que esle ptalmo foi coiupoi»to na cova de Odolta, na qoii
David le achava refugiado, e onde o procuraram teu pae, tua mfte, e todos os seus (I. doi
Jieit, e. t%.) : mas elle po» seguranfa foi obrigado a deixá-los em Masfa debaixo da pro-
tecção dos Moabítas, inimigos enlâo do povo de Israel e de Judá, e voltar sd para OdoIIt,
donde ao depois partio.por insinuaç&o do propheta Oad, que lhe aconselhou que fosse par»
Judá. Como nesta occasião alguém pretendesse dittuadi-lo de faier tal movimento, elle res-
pondeo com este psalmo, cii)o versículo 16, que diz : Ovoni^m pater mens et mater me»
derelrçnerunt me — parece ccnfiruar a opÍDÍ2o de Mattei«
Sc contra mim se insurgisse
De repente toda a terra.
Pondo em ti minha esperança
Não receava essa guerra.
83
(6) 5í exsttrgat advertum me
prmlium^ in hoc ego êperabo.
Uma só delicia anbeio»
Meus desejos nesta emprego:
Quizera passar meui; dias
No Sanctuario, em socego.
(7) Vnam petii a Vomino, hanc
requtram, vt inhnbitem in domo
Domini omnibus diebus vitanua.
Quero em teá sagrado templo
Gozar de ti meditando;
Qoçro que puras verdades
He vâo para ti chegando.
Tu já no teu tabernac'lo
Nos roâos dias me escondeste,
E contra forças iniquss
Benigno me protegeste.
(H) Ut ridemm roluplalem Do'
mini, ei visitem iemplum ejus.
(9) Quúniam abgconiit me in
íobemnettlo tvo: in die melonnn
protexH me m abêcondiio taber^
mucídi sni.
Sobre pedestal pomposo
Oatr ora me collocaste, -
E acima de meus contrários
A frente me levantaste.
(10) Tn pelm erallavit me, et
nune exnltuvit copnt meum super
inimieot meot.
Se de novo me resgatas
Seohor» irei sem demora
Com solemnes sacrifícios
Preceder no templo a aurora»
(II) CiròHvi, et immolati in
UbemaetUo ejus hottiani rori/e*
rãttonit: eantabú, et ptalnum
dieom Domino.
Ao som de clarins e trompas
Te cercarei de meus hymnos.
Rogando aos Anjos que os unam
Com seus concertos divinos»
Tomo VI.
6
84
(12) Eravái Domine vocem Ouve, Senhor» Riinlias vozes;
mcam^ ova clamani ad te : mUe- ,
rere mei, et cxnudi me. ClamO pOF li, C CSte gfllo
Tua misericórdia altraia;
Acode, que o necessito.
(13) Tihi dixit cor meum, ex- Meu coraçfio te procuro,
quhimt te faciès mea: faciem .
tttam. Domine, requiram. Examina Se C SlDCerO;
Busco tua face, busco
Só a ti, a ti só quero.
(14) Ne averlãs faciem ttmm ^Jq Iq affastes, nSo deSVieS
a me : ne declines in ira a seno , ii • j
Uio. De mim teus olbos piedosos;
Meu cálido pranto acolhe,
E os meus votos fervoroso».
(15) Àdjutor meus esto : ne de- g^ rcfugio do tOU SOrvO,
relinguas me , neque despidas o l i
me. Deus saiutaris mtíts. Ndo mo abandoncs, aentior!
Nao me desprezes, recorda
Que és meu Deos, meu Salvador.
(16) Quêniam pater meus, et Em lastimosa orphandade
nuitrr mea dcreliquerunt me: . , c' •
Dominus atitem assumpsit me. Ao desamparo iiquei ;
Mas tu, Senhor, me acudiste.
Em ti todo o abrigo achei.
(17) Legemponemifu, Domine, pQe-mo a lei ante meus olhos,
in via tua : et dirige me in se»
mítam rectam propter inimicos Por teuS CaminhoS mC Icva:
Senhor! quando tu diriges
Que inimigo ha que se atreva?...
(18) Ne tradideris me in atti'
mas tribuiantium me: çuouiam
insurrexerunt in me testes t/it-
qui, et meníita est iniqnitas sibi.
É preciso que conheçam
Que ando na recta vereda,
Que nem calumnias nem morte
De ti, meu Senhor, me arreda.
85
Observa os loucos projectos
Daquelles que me perseguem;
Ndo me abandones, meu Deos,
Pois já bosta o que conseguem.
Aleives, mentiras» pragas,
Que os malévolos inventam,
Se de todo nio me abatem,
Ao menos muito atormentam.
Espero, é verdade, espero
Lá na terra dos viventes
Gozar dos bens que promeCles
Aos corações innocentes.
(19) Crede viderg botia Domini
IH terra viventium.
Animo pois; combatamos,
SdTra-se constante a dor;
Cobre novo alento o peito,
ConGado no Senhor.
(SO) Experta Dominum, viri-
liter age, etconjortelur atrtuum,
et suMtiue Domittum.
PSALMO XXVII. (•)
C
LAMO por ti, meu DeosI NSo ensurdeças;
Não te cales; responde:
Desralleço, se em v8o as mios levanto
Voltado, reverente, para o templo,
E náo me attendes ; que tormento acerbo !
{\) Jd te Domine elamabe:
Deu» mettê, ne eilea» a me, ne
guando taceaa a me, et ataimi*
labor deícendeniihua in lacum,
(€) Exoudi, Domine , voeem
depreeationia mem, dum oro ad
te: dum extollo manae meae ad
temptvm aaneium tuum.
(•) Este pialmo nZo tem titulo. Hattei é de parecer que foi eicripto dos dias da per-
*egQiçlo de Saul, se bem que outros o. referem á de Absalfto, e outros ao captiveiro de Ba-
bjlonia. O fallar-se no S.<* versículo do templo, que ainda nfto existia em tempo de David,
lâo obsta á conjectura deBíattei, porque no hebraico não se dis ad templum eanctum tuum,
Das ad oraeulum eanctvarii tui, o qne pôde entender-se também do tabernáculo.
86
E tempo d escuta r-me,
E as supplicas devotas despacbar-mc.
(3) Ne aitimi trahas me cum ^lao 016 confundas, iiuo» com peccfldorcs;
peccatoribus : et cum operantiòus _ o l i
iniguitatem ne perdas me. Meu SenhOF ! n9o me percaS
Com quem sempre praltíca iniquidade;
, (4) Qui loqwmtvr pacem cum Com esses que 0 seu proximo enganando
próximo tuo, mala autem in cor^ »,•./,
dibus eorum. Meliuuas palavras vDo dizendo,
E no peito culpado
Mortífero veneno tem guardado.
(5) DaiiUi spcvnâum opera eo- Correspondc a scus baixos artificios
rum^etsecitndumnequiíiamadin" c« j i_ j
rentionum ipiorum. Segundo* as ooras dcsscs ;
(6) Secimdum opera manunm Qs SCUS ardis COufunde, DUnO aS CuIpaS,
rorum tribue i7/i«: redde relri'
buihnem eorum ipsis. No proprio curedo caiam OS traidores;
A sua custa aprendam
Que Deos só poupa aquelles que s emendam.
(7) Quoniam non intfiiexerunt De presumida audacia os ímpios CegOSf
opera Dominiy et in opera ma-
nmm ejus destriies illoa, et non lusenSatOS igUOram
tedificabis eos.
As obras com que o braço omnipotente
Me reserva â ventura, e me defende;
Como abate ioGeis, nações perversas,
E para castigá-las
Recusa eternamente restaurá-las.
(8) Benedictuu Dominus, que- Ah mcu DeosI já prcsiuto O teu soccorro:
niam exaudivit vocem deprecalio' i_ i»
nis meas^ Para scmpre bemditto
(9) Dominus adjuior meus, et Scjas, pois que benigno coufirmaste
protector meus : in ipso tperavit ,
cvr meum, et adjutus sum. A fé que UQS borrascas me animava*
Meu Bedemptor, conforto de minha alma!
Co' a paz que me outorgaste
Minha esperança affavel premiaste.
87
ReQoreceo meu sêr; tua boodadc
Dissipou minhas penas:
Já me ferve no peito anciã amorosa,
Já se aggregam brilhantes pensamentos;
Meus lábios novos hymnos formar querem
Que fixem na memoria
De todos os humanos tua gloria.
(10) Et refloruU caro mea^ et
ex voluntate mea confitebor ei.
Lançarei mão da lyra, e aos Ceos attentos
Em verso sonoroso
Direi prodígios com que o orbe assombras;
Direi que és fortaleza do teu povo,
Que tu só é quem salvas, quem proteges
Âquelle que escolheste,
E abençoas o sceptro que lhe deste.
(11) Datnimis, fortitudo plebiã
tua , et protector ealcationuni
ChríUi tui ett
Salva também, Senhor! salva os teus povos;
Dirige-os nas emprezas,
Seus ânimos levanta, afraca os braços
Dos feros inimigos que os combatem ;
Exalta-os com tropheos de Vencedores,
Para eterna lembrança
Segura-Ihes, Senhor, a tua herança.
( 1 C) Salimmfêc populum iuum ,
Domine f et benedic heereáitati
twe : et rege eoe, et extolle illoa
ueque ia atemum.
PSALMO XXVIII.
Psalmo de David pofr ocecisião de uma bor^ Ptuimua DaTid in consummatione
rcuca^ depois de acabado o tabenmculo.
tabernaculi.
j
usTOs! com ânimos puros
Trazei victimas decentes,
Cordeirinhos innocentes
(1) Jfferte Domino, fUii Dei:
afferle Domino filioê arietum»
88
(<) Jfferte Dmnino gloriam, et
íionorem, afferte Domino gloriam
nomitU ejtto, adorate Dominum
ia átrio saneio tjuo.
Offertai-os ao Senhor.
Apressai-vos ; honra e gloria
Dai a seo nome adorado;
Daqui do átrio sagrado
Soe ao longe o seu louvor.
(3) Vox Domini ouper aquao,
Deui majeulatiê intonuit; Domi'
nui super aguas multas.
Tolda-8e o ar» ruge o vento.
Já densas nuvens fusilam,
Sulphureos fogos scintillam,
Vai-se encapellando o mar:
Todo cólera denota .
«
Da parte de Deos irado;
Depressa, o nosso peccado
Cuidemos pois d'expiar.
' (4) yox Domini in vir lute : vox
Domini in magn^icentia.
Applacat-o; já se escuta
A sua voz trovejando,
Co' as aguas vai começando
A tempestade a romper:
Com que magestade e império
A voz do Senhor assusta !
A sua vingança é justa.
Os humanos faz tremer.
(5) Fox Domini eot{fringeniit
cedros: et confringet Dominns
cedros Libani,
Se alça a voz, gréta-se a terra,
Exhalam chammas os montes,
Fervem as aguas nas fontes,
Furioso ronca o mar:
Desarreiga os altos cedros
Esta voz, que tudo atroa;
O Libano despovoa.
Faz as rochas estalar.
(ft) Et comminuol sat , tam'
Com que voz o Rei dos astros
89
O seu furor nos declara!
Como o mortal desampara
Quando a culpa o vem manchar I
Commove o Libano» o Hermonte;
As pedras soltas, quebradas»
Vão, quaes dispersas manadas,
Vão pelo vflle a saltar.
quam vilulitm JJòãni, etdilectuê
quemaimodum filiíu imieomium.
Assombrado pelos raios,
Parecem-me os seixos rezes;
Figuram-se-me outras vezes
Os animaes a pastar:
De Deos á voz furibunda
Todo o mortal desfallece;
O coração ih' estremece,
E cança de palpitar.
(7) Vêx Domini intereidentíg
flàmmãm f^t«, vox Domini con-
cuUentit deiertum : et commove-
bit DonUnvt deuerhtm Cadeo,
Ai de nós! o vento ruge;
De novo uma nuve' espessa
A ameaçar-nos começa,
Lança coriscos o Ceo:
Tudo em chammas se consome,
De Cades arde o deserto;
O nosso destroço é certo,
O fogo do ar desceo.
Onde, ó retiradas grutas.
Ás corças dareis abrigo,
Se intimidadas do p'rigo
Vão de susto perecer?
Sem ramada que as defenda.
Do difficil seio expulso
De medo o fructo convulso
Vem á luz apparecen
(8) Fox Domini prapãrantiê
cervot, et revelabit eondentê : et
in templo ejua omneo diceni glo-
tiam.
90
Contrictos corramos todos
Ao templo pedir piedade;
O estrondo da tempestade
Já commove o peccador.
Circundai o Sanctuario»
Invocai a Deos contrictos;
Ouça o Senhor nossos gritos»
E suspenda o seu rigor.
(9) Dominus diluoium inhabi-
tare fficit , et sedebit Vomintu
Hex in aternum.
Já de listões, de capellas
Os altares circundemos.
Novos cânticos soltemos
Para exaltar o Senhor:
. Em' seu throno sobre os astros
Senta-se, e os seres domina;
Reprime co' a mio divina
Dos aquilôes o furor.
(10) DominuM virtutem popuh
tuo dahit: Dominus benedieet
popuh tuo in pace.
A névoa, a saraiva, os euros
Cedem promptos a seu mando:
Vamos seu poder cantando,
Não cessemos de o louvar.
Já suas iras cessaram...
Já nos dá forças e alentos;
Applacou nossos tormentos,
Graças lhe devemos dar.
91
PSALMO XXIX.
O psalmo é de Davidf e foi composto
na dedicação do Altar (*].
s
EMPBE te exaltarei. Senhor piedoso,
Que me arrancaste ás mãos dos inimigos;
Seus projectos antigos
Contra mim, estragaste; e não consentes
Que por ver-me sofFrer fiquem contentes.
PsalintiB, ÍD dedicalione
domus, David.
{\)^Exellabo ie. Domine , guo-
niam au»cepUti me : nee dclectat^
ti immie9$ meot tuper me.
Senhor! meu Deos! chamei-te, e respondeste
A meus clamores; logo me saraste;
Minha aima alliviasle
Das trevas infemaes que me cercavam.
Da corrupção dos máos que m'insultavam.
(S) Domine, Deua meta, cia-
mavi ad te, et êonasti me.
(3) Domine deâuxiati ab it^fer^
no animam meam : salvatii me à
detcendentibn» in lacum.
Justos! desfechai os coros,
Cantai comigo o Senhor;
Dos fructos do seu amor
Ditosos participais.
Se nos affiige irritado.
Nos consola promptamente
Se se applaca, e dá clemente
Ouvidos a nossos ais.
(4) Paallile Domino , tancti
ejui : tt confitcmini memoria saa-
£titalit ejus.
(5) Quoniam ira in indignntiO'
ne ejus, tt viia involuntaie ejus.
(•) Por iDtiniaçi(o do propheta Gad , erigio David depois da pe«te um altar a Deos
na eira de Oman Jebuseo, como refere o auctor dos Paralipomeoos cap, SI, e o liv. S.®
dos Reis cap. S4. Naquella occasi&o escreveo elle este psalmo, agradecendo ao Senhor <>
lê-lo salvado da morte no commum flagello, e assim dere in(erpre(ar<se o titulo in dedica-
tione domus David, que se tô na vulgata ; visto que, segundo a hebraica synlaie, o David'
nfto se une a domus, mas a psalmus ; e domu% sabc-se que também se usa no sentido de um
lugar consagrado a Deos.
(Observação de Mullfi)
92
(6) Jd vetperum denwrabitur NSo dura IDuitO 8 Coicra dívioa,
fletus : et ad matutinum laiiiiê. ^, ,
Nem sempre a dossos erros corresponde;
Se quando o Sol s'esconde
Em lucto e dor nos deixa atribulados»
 manhã nos acorda consolados.
(7) Ego autem dixi in abundan- Nesto estado felíz julguei-me isento
tia mea: no» movebçr in ater» ,, , . .■ , -. i
num, Jâ de tribulações e de amarguras :
(^) Domine , tu voiuntote tua a Longo das dosventuras»
orattititti decori meo virtiitem, . * j j r « ««^.«-«^«««
'^ Apartado de Imguas aggressoras,
Verei feliz correr serenas horas. »
(9) Jvertitii faeiem tuam a Mas ah» Scnhor! tu rctiras
me: et /actue eum conturbatue, jj^ ^^^^^^^ ^ ^^^ SCmblaotel...
Como a esperança inconstante
Cruelmente me enganou!
Volta-me tua face amável,
Pois logo que me fugiste
Cessei de ser qual me viste,
' Minha alegria acabou.
m
(10) Jd te, Domine, ciamabo, Dovora-mo 8 saudado mais acerba ;
et ad eum epre or. Toma, toma, mcu Dcos, a consolar-we!
(u) Qum utiiitae fn eanguine Se chegar a matar-me
meOf dum descendo in eorruptUh -, . . . - j _ ^'^^
nenf Esta Violenta dor que rasga o peito,
Tirará tua gloria algum proveito?
(12) Numquid confitebitur tibi Na niudez do sepulchro, em pó tornado,
pulvie. aut onnuntiabit veritatem i» •• ^ i *.^ J«« »«9
£„^,„/ Que direi? Que louvores posso dar-teT
Como pôde cantar-te
Teu servo, entregue a vermes tragadores,
Da substancia que tenho corruptores?
(13) Audivu Domiaut^ et mi- Ah mcu Dcos! Mas que vejo?... Enternecido
93
Já m^esciitas? restauras-me a alegria?...
Torna a raiar o dia
Em que ?ens applacado em meu soccorro:
A doce lyra empolgo, e já nSo morro I
êêrtus f<f mH: DominuM Jactua
eat adjutõr meua.
Converteste-me em gosto pranto amargo,
Em gala o triste lucto me trocaste;
Benigno me cercaste
De nova paz, reanimador alento;
Accendeste-me em fogo o pensamento.
(M) Com>ertiatiplanctummevm
in gaudium mihi : eenêcidiati tac*
ctnn nieum, et eircumdediiti me
Uttitiã.
Não «te largo, amada Ijra;^
Cantarei logo que aponte
Loistroso o Sol no horizonte,
E quando a noite cabir.
Celebrarei com ternura
«
Do Senhor o nome santo:
Ah! possa altivo meu canto
Até aos astros subir!
(15) Ut etntft tibi gloria mea,
et non eompungar : Domine Deus
ttirvt, in (gtemum confilebar tibi.
PSALMO XXX.
A musica e as palavras são de David. («)
E
M ti, meu Deos, espero, em ti confio:
ImmQtavel e firme na esperança,
A minha alma descança:
In finem Pfalmni David
pro extati.
(1) Tn te. Domine, aptravi^
non confundar in atemum : in
Juatitia tua libera me*
(•) 1E»{t piaino foi etcripto por Dafid ao relirar-te da corte de Saul, onde m ma-
cbinava contra a sua YÍda. .O titulo pro extaai, que «e lé na Vulgata, nfto está no Hebreo
nem noi mais correctos códigos dos Settenta ; e parece que foi introduzido por algum gloa-
*>dor, pelo motivo de diíer o Terstculo CS." : Ego antem dixi in exceaau mentia mete.
94
NSo a confundas, nSo, se a muito aspira;
Justo liberta a quem por ti suspira.
(«) Inclina ad me aurem tuam : £scuta-me, Senbor! a ti rccorro:
accelera, ut cruas me* ou.
Soilícito me acode, me resgata
De uma cohorte ingrata:
Âbriga-me em teu templo sacrosanto,
Applaca o meu temor, sécca meu pranto.
(3) Eito mihi in Deum prúte- Em doce asylo, junto a ti seguro,
ciarem, et in domum re/voii, ut g> ■ â ii • J • r j
êaivum me fadas. Como om bronzeo castello, mda mais lorlc,
(4) Quoniam fortiiudo mea, et Zombarci té da morto:
im mevm es tu : et propter n j * a • i *
mmen tmm deéucc. me, etenw ^OT onde quer que vá terei olento,
rtfugium mevm es tu : et propter
rwnien tu
^^^' '"^* Tu serás minha guia, meu sustento.
(3) Edures me de laqueo hoc, Os eugauosos laços quo me tecem
ouemabsconderuntmihi ; quoniam * . > . 1*11
tu CS protector meus. Inimigos crucis O despiodados
Por ti sejam quebrados;
Pois és meu Protector, vinga os insultos
Que me fazem com dolos vis c occullos.
(6) In manus tuas eommendo Em tuas mãos entrego a minha vida ;
spirilum meum: redemisti me, ^ , .,
Domine Deus veritatis. Sei quo já me remistc, me amparaste.
Que a meu favor mostraste
Quão potente e fiel era o teu braço,
Como em breve desatas qualquer laço.
(7) Odisti obscrrantes vanitales Vé, meu Senhor, que os ímpios que me offendcm
supcrvacue. mi. •- .• •
Também nos ritos seus supersticiosos.
Contra ti revoltosos.
De ti se affastam ; das paixões captivos
Só nas vaidades acham attractívos.
(8) Ego mttem in Domina spc- Eu com dclicia cm ti puz a esperança 5
95
Presenti quanta gloria me daria,
Quanta paz e alegria
Meu coração provara» se somente
Confiasse no braço omnipotente.
Logo a prova alcancei do que pensava:
Observaste, Senhor, minha humildade,
E viste com piedade
Da minha magoa o doloroso effeito;
Entornastes o allivio no meu peito.
ravi : exaliãbo, et Utíabor in mi*
serUerdfã tua.
(9) Qr/9iii«fit reipexisU humilú
iãtem meam : fahoMti de neeetsi*
tatibítt animam meam.
Subtrahindo-me ás mSos dos inimigos.
Os ferros que me punham sobpesando.
Me foste encaminhando
A lugar deleitoso e dilatado:
Ficou dos máos o intento vil frustrado.
(10) Nee eonelu$i'$ti me in ma-
nibus inimiei: staiuieli in loco
spaiioBO pedet meot.
Mas agora. Senhor, torno a invocar-te;
Torna a tropa dos ímpios a ailligir^mc:
Tentaram opprimir-me
Em vdo outrora; e dessas mSos traidoras
Me livraram as tuas, protectoras.
Tem piedade de mim, que gemo e choro;
De afilicçdo me estremecem as entranhas :
Vago por estas brenhas.
De cólera e de dor tão cego e irado.
Que do risco em que estou perco q cuidado.
Da minha vida a força a magoa abate;
Talvez acabe triste, qual vivia,
Immerso na agonia
Que murchou de meus dias a frescura.
Que ensopou os meus annos na amargura*
(11) Mherere mei^ Domine ^
quoniam tribulor : conlurbatui
ett in ira oculu» mev«, anima
mea, et venier meii$»
(IS) Quaniam drfeeit in dolare
viia mea, et anm mei in gemiti*
bU9,
96
(13) ínfirmaiã ett iu pavperitt' Jâ nSo rege O vigor OBCus fracos roembroSf
te rirtui mea : et úi8ã meã eon*
tnrbãta ittnt, Heus OSSOS, do terrores cooturbados.
Sinto despedaçados
Co' a pavorosa idéa de que vivo
Para ser d'injusticas o motivo.
(U) Super omnes iuimiiúê meot Olhaoi-me como opprobfio meus contraries,
factut sum opprobfium, et viciuti ^ • • i
mei$ vaide, et timor mtis méis. Com magoa OS meuSt com susto metis visinbos;
(15) Qui videbant me, fúraê -w? u * u ^
fugerunt ã me , oòlivUmi dãtu* JiVltam mOUS CaiDIObOS
ttim tamqtion, mortuv, a corde. q^ ^^^ ^^ avisUm; como so eu morrcsse,
Cada qual, sem amor, de mim s'esquece.
(iff) Factus 9um, tamqíutm taw Em seu coraçSo porfido entto dizem:
perditnm: guoniam audivi vUu' /\ ■ •
ptrutionem muttomm eomm^rmh «Qual morto seja eotreguo aoesquecimento.»
tium tu circititu, «% i^ a «
Dobram o meu tormento,
Trattam--me como um vaso já quebrado.
Exposto a ser no lodo repisado.
(17) ín eo dum com/f nirent si- Ouço com pasmo as vozcs quc me insultam,
tintí adversum me : nreipere uni- -. rL i j «j j
mnm metm contiiitUi »unt. vuo a laoula mo toroam da cidade :
Vio com atrocidade
As intrigas a altura t&o subida,
' Que em risco põem a minha própria vida.
(18) Fgo ãutem in te tperam. Que mais qucrcm do mím?... Senhor ! socorro I
t)omine : dixi : Deus meus es iu^
in ffimiòits tnh sortes mem, Nas tuas mdos eutrogo a mmha sorte ;
(19) Eripc me de manu inimi^ ^ ia j &
rorum mcorum, et ã ptrsequefUi^ ^^ ^ ™eu UeoS ; da morle
^"^ ^' Me has de livrar ; das mSos desses traidores,
Dos enredos dos meus perseguidores.
(20) niumina faciem tuam «ir» Resplandeça o clarto da tua face
pf-r servum tuum : salcum me fac - - . . ^ , . «!• «i
fn misericórdia tua: Domine, mm SobrO OStO SerVO teU, triStO 6 alDlgldo;
co./undar, fU0HÍam i.vota,i te. ^^^^ coodoído,
J
97
Com vasta misVicordia, a quem te ÍD?oca;
OoTC o clamor que solta a minha bocca.
E pois que te invoquei, dSo me confundas;
Confunde os impios só; poder sOperno
Lhes patentèe o inferno:
A divina justiça reconheçam.
Seus lábios enganosos emmudeçam.
(SI) Erubeicant impii^ et <!<*<•
dveanlur iuif^fernum, mutafiant
lãbiã doUêã,
Esses lábios perversos, que faltavam
Contra a ionocencia tantas falsidades.
Vejam hoje as verdades,.
Que com suberba e dolo supprimiami
Triumphando a favor dos que gemiam.
(2S) Qt/tt hquuntur ãdversuã
Juitum intquitatem tn nuperbia^
êt t» aàu8Í9ne.
Seja qual for a sorte dos perversos.
Que delicias incógnitas e raras
Âos justos não preparas !
Como ao teu servo, ó Deos ! com que doçura
Lhe compensas os dias de amargura !
(£3) Quam magna multituâo
étUeedinis tutg^ Domine^ quem
ãbuonditti timemiibuM te !
Entre os mais fortes lances e desgostos.
Aos que esperam em ti luzes despedes.
Com que paz lhes concedes;
Mesmo á vista dos máos, que envergonhados
Revolvem na lembrança seus peccados.
(24) Perfeeitti eiê, qui speratU
in te, in íonepectu filiorttm A««
minum.
Vão unir-se comtigo os bons que gemem.
Tu os abrigas no teu seio amável ;
Com prazer ineffavel
Gozam deste ditoso e doce abrigo,
Isentos dos assaltos do inimigo*
(S5) Abtcwidet eo» in abêcondi"
tofaeiei twe^ à conturbai ione ho-
minum.
Nesse teu tabernáculo suave,
Tomo TI.
(S6) Prúifget eot in tabernáculo
7
98
tuo, à eontradictione linguanm. Da COOtradíCÇtO lODge 6 de CUÍdado»,
Não recordam malvados;
Desprezam suas liDguas viperinas,
Embebidos ero cousas só díviuas.
(27) Benedietu$ Dêtninua, pio- Hojo, bcmdittO SejaS I oestas SClvaS,
Miiam mihiin cititaie munita. Ncsto quieto asjlo quo me deste
Seguro me puzestc;
Farto de paz, de bens que n9o mereço,
A tua misericórdia reconheço.
(28) Fgo nvtem àixi in fxrft- Vim cbcio do afQícção, vim sepultar-me,
su mentis mea: prnjeclua sum a -, j j . ■ j r *
facie oeuhrum tmrtém. Lercado de martyrios, delirante;
Cuidei que fulminante
Nem sequer para mim. Senhor, olhavas,
E longe do teu grémio me expulsavas.
(€9) Ideo eraudísti voeem êra- Oh dcliriol Este SUStO díSsipOQ-Se
tionii meir, dum clamarem qd te^ . .
Logo que te invoquei, logo me olhaste,
Os meus ais escutaste;
E apenas minhas preces te cercaram,
Os meus temores súbito cessaram^
(30) Diiigiie Vomímm omnei Accendidos em chammos de ternura,
ianeli ejus ^ çftOHiam ver Untem ...j t\ j â»j*i
requirt^t Uominus , et rcínbuet Amai todos a Dcos, do amor tao dignoi
aèu^anter/acieniibussuperòium. y^j^ ^^^^ j^^^j^^
S6 vos pede verdade, e só castiga
As obras da suberba, e vil intriga.
(31) ViriUier agite, et cõn/or- AuimO pois! dc atontO UOVO eXultO
tetur cor veglrum, omnei ^ qui
speraiitití Domino, Em VOSSO pcito O coraçSo valeuto;
Pois no Senhor clemente
Se funda uma esperança tdo segura,
Que vos responde d*immortal ventura.
99
PSALMO XXXI.
(II. DOS PENITSNGIAES.)
F
Canção de David. (*)
ELiz de quem as culpos perdoadas^
£ as ioiquas acçdes no olvido eterno
Tem, por Deos compassivo, acobertadas!
Ipti Darid intellectus.
(1) Beaii quorum rem'8ne tutit
iniçuitatesy et quorum teeU iuni
peccata.
Feliz o que sincero e arrependido (S) Beaiui vir eui non imptua^
^m O u » iL • A V'' Dominuê pra:atum. nee e%t
Mereceo que o Senhor u&o lhe imputasse in s^ritu ejuídoiui.
Os peccados que tinha comettídol
Tardei, muito tardei a arrepender-me I
Calei^me e suspirava, nSo cessando
O remorso pungente de roer-me.
(3) Qttoniwntoeui^ inofterave»
runi ostã mea, dum elãmãrem
tola die.
Desfallecí de pena, e mal contricto
Dessecava-me o susto, desmaiava,
Dia e noite encarando o meu delicto.
(4) Quoniam die^ me nocte grã'
vfíln eit tiipfr me ma*iít$ tua:
converouÊ sum in mrurnna mea,
dum eonfigilur sfina.
A tua mSo severa noite e dia
Aggravava esta dor, e eu, como arbusto
* Ao qual falta o calor do sol, morria. ,
Tarde em fim dcciarei-te meu delicto;
Nada escondi, mostrei minha injustiça:
Teu perdão, consternado, sollicíto.
(5) Delfelwn meum tognitum
tibipei^ elinJuitHiam meam nâH
aòscondi.
(•) Este bello pialmo foi composto por David qnando este foi resliluido á graça do
Senhor, depois de coohecer e confessar o leu peccado, em virtude da reprehensSo do pro*
pbela Nathan.
Tono VI. ^ *
100
(6) Dixi: conjuebor ttâvrr$um Disso — Senhor, pequcí — c tu mc ouvisles;
me injustitiam tneani Domino, et n r - m. • • l ij j
tu remisisti impietatem peccati CoDiessei contra mim minba maldade.
Tu piedoso a meu pranto não resistes.
mei.
(7) Pro hac orabit ad te omniâ Os justos» que me veem arrependido»
sanctus in tempore opportuno, t» * i. o t^ • i
£ te observam, Senhor, menos irado,
Teem para mim perd9o também pedido.
(8) Fervmiamen in diluvio Humildos preces fazem por livrar^me
aauarum multar utn ad eum wn «> n •* i ^ i
approximabunt. Da alluvião das aguas tragadoras
Onde meus erros iam abysmar-me.
(9) Tu es refugium meum à Tu és O meu refugio, tu reparas
tribulatione.quteeircumdeditme: ^ * «u i * » i
exuHatio mea, erue me àctrcun^ QUO naS tribulaçoes m CnvolvO C gCmO,
daniibus me. p^^.^ afentar-me auxilies me deparas.
Salvo entSo, da barpa as cordas aGoando,
A tua gloria canto e teus louvores,
E meus bymnos tu mesmo vais dictando.
(10) Tnidiectum tibi dabo, et Dizcs-me: « Eu to darei intelligencia,
inslruam te in via hac, qua gm- t» * i. • • • l « «
dierh , firtnabo super te ocuioê Eu to abriroi cominho rccto O santo,
Confirmarei teus passos na innocencia.
meos.
«Liberto irás teus cantos proseguindo;
Os meus olhos attentos em ti fixo,
E com celeste amor te irei ouvindo.
(11) Noiitefieri iieut equus, et a Mas da raz&o nlHo fujas, qual sem tino
muluM. quibusnoneâtintellectus. , i .^ , i •-
Indómito corcel que recalcitra,
Animal que em vSo quer domar ensino.»
(18) In camo ei freno maxiiui Pois quonto mais OS imptos se embrovecem,
'^Zr^u'"'' '"' "" '""" Mais lhes constrange as fauces duro freio
Com que os suspende o Deos que dcKonbeccffl.
101
Mil flagellos perseguem peccadores,
Qae de justa vingauça procedidos
Sdo de penas eternas precursores.
(13) Multa flagellã prccatoris :
tperantem aviem in Domino, mi-
sericórdia cireumdabil.
Nas azas da esperança equilibrados.
Os justos no Senhor a vista empregam,
E sSo de mis'ricordia rodeados.
Âlegrai-vos em Deos, justos ditosos !
E gozai das delicias que elle outorga
Aos rectos corações, aos virtuosos.
(14) TuBtamini in Domino, et
fxvllatejusUy et gtoriamini omneã
recti corde.
PSALMO XXXII.
Psalmo de David. {*)
E
NTOAi cântico alegre,
Justos, louvai o Senhor:
G)nvem aos ânimos rectos
Entoar ó seu louvor.
Piftlmiu David.
(1) Exiíltaie justi in Domino:
rectos decet coUaudatio,
Desenvolva um canto novo
D'harmoDta alto mysterio;
Forme suave concerto
A voz, a lyra, o psalterio.
(S) Confilemini Domino in et-
thara: in ptatterio deeem chor-
darum psaUite ilU>
\
(•) Ignora<4e em que occaeiio compôs David eite nobilíssimo ptalmo, que em poucos
^erioa encerra bellos e sublimes pensamentos, cum um estilo assas magnlQco e verdadeira-
mente Piodarico. Do versículo 16.* conjecturam alguns que íoise escripto depois da violoria
ganhada aos Philisteos, morto por Abisai o gigante Jesbibenob, irmilo de Golíalh, que já
Unha asfaltado David com moita efperança d«supplantá-lo. Nohebreo nfto se lhe acha titulo.
102
<S) Ctntate ei cãnlieum núwm :
hetie psttUiie ei in voc(/eratiúne.
Aggreguem-se dos boazes
Sem estrondo os sods pomposos;
Formem novas consoDaiicias
Os accordes maviosos.
(4) Quoniam recium ett veròtim
Dúmittíf ei omnia opera eju$ in
Jide,
Quanto Deos pensou e disse,
Fixando o nosso destino.
Tudo foi acerto estável,
Tudo foi recto e divino.
(5) DiUgit tnfêerieordiúm et
jndicium: miieríeordia Dêmifii
plena e$t terra.
Se ama severo a justiça.
Sua mis'ricordia immensa
O rigor delia tempera,
E com graças a compensa.
Destes notáveis prodigios
Se acha toda a terra chéa;
Se irado solta os flagellos,
Logo piedoso os refréa.
(6) Verba Damini eeeli JlrmaH
iunt : et $piritu orÍ9 ejus omni»
viftuê eorum.
Que excelso poder é este
Que creou d'um sopro o Ceo?
E que os astros luminosos
Co mesmo sopro acceòdeo?
(7) Omgregan» 9ieut in utre
aquaã marit^ ponen» in íhe$auriê
aby$$09.
As aguas tumultuosas
Saem do seu thesouro immenso;
As ondas, o mar bravio
Encerra tt'um vaso extenso.
(8) Timeat Dominum omnit ter'
ra^ ah eo tiuiem eommoveantur
êtnnei inhabitantet orbe/n.
Tema pois todo o vivente
Que é da terra habitador
Aquelle que tudo move,
Que é dos Senhores Senhor;
103
Que diz: «Faça-M» e apparecem
As essências ordenadas;
Manda, e sem tardar existem
Todas as cousas creadas*
(9) Qu0itíttm ifãe dixit, et fu-
ela iwU : ipãe mandmoity et crem-
iã sunt.
Em v9o calculam os sabiost
A gente em vio se anticipa;
Se Deos o plano reprova
O projecto se dissipa.
(10) Dominn$ éinipat eanêiliã
§enlium^ repr^bat autem cogita'
tioneê pnpulorum^ et reprobãt
titia principium.
Dos que reinam com império
O poder se desvanece;
Só o que Deos determina
Para sempre permanece.
Vão-se 06 dias succedendo.
Os séculos enrolando;
Muitas geraçdes acabam,
£ o que Deos quer vai durando.
(11) Cotuilium autem Domini
in aternnm manct: eogilatiênei
eordii ejns in generatione et gf
merationent.
Feliz quem escapa ao erro,
E adora o Deos verdadeiro!
Feliz esse que entre os povos
Deos escolheo para herdeiro!'
(Ifi) Beota gens eujus est D^-
minus Deva ejut : popuiut^ quem
eiegit in htereditatem $ibi*
Do seu 6rme sólio observa
Os habitantes do mundo;
Tudo vê, explora n'alma
O arcano mais piiíundo.
(13) JJe calo retpexit Domi-
nu$: vidit omnee JUioê hommum.
(14) De praparato habitáculo
tuo retpexit tvper omnes^ qui
habitant torram.
Creador dos seres todos.
Um por um olha, examina;
Tudo fica manifesto
Á intelligencia divina.
( 1 5) Qui finxit iigillatim corda
oorum^ ftft inteUigit omnia opera
eorum»
104
(16) Non Mtãvãtur Hex per mui'
tam virltitem : et gigoi noa »al-
vabitur in mvltitudine vifiutii
tua.
N8o senem aos Reis as forças,
Os exércitos possantes;
Nem DO renhido combate
 robustez aos gigantes.
(17) Fallttx equuM úd BtduUm:
iaabundaníia autem virtutiã $um
non ialpabitur.
Quando Deos nSo envígora
No campo o forte guerreiro,
O veloz cavallo falha
Ao mais destro cavalleiro.
Em v9o se defende e lutta.
Em vdo desafia a sorte;
O Senhor omnipotente
Ê quem dá vida e dá morte.
(Ifí) Eeee oeuli Domini Buper
meiuentfs eum : et in eis qui spe*
rant in miterieordia ejus»
(19) Ut eruat a morte animoê
eorum^ et alat cot infame.
Lá do Ceo lança os seus olhos
Sobre todos os que o temem ;
Soccorrc quem ncile espera.
Benigno acode aos que gemem.
(SO) Anima nottra tuttinet Do^
minum : fnoniam adjutor, et pro^
tector notter ett.
Fonte de pura alegria.
Que as nossas almas alentas!
Só tu. Protector divino.
Nossos males afugentas!
(81) Quia in eo lalahitur ew
nottrum : et in nomine tanclo ejut
tperavimut.
Nossos corações, ardendo
Em fogo de amor celeste,
De ti os mais bens esperam,
Fiados noê que nos deste.
(£8) Fiat miterieordia tua. Do-
mine ^ .super noty quemadmodum
speravimut in te, «
Seja a tua misVicordia
Sobre nós distribuída.
Qual nos promette a esperança
Nesta e n'outra melhor vida.
105
PSALMO XXXIII.
Composto por David^ depois de escapar
da corte dei Rei ÃcMs^ onde
se fingio louco.
A
LEGRE, afUicto, em paz, ou perseguidot
Hei de sempre, Senhor, abeDçoar-te;
Grato meu coração enternecido
Meus lábios abrirá para louvar-te;
O meu Deos cantarei,
Seu nome em todo o tempo exaltarei.
David, com inunalarit TuUum
fuum coram Abimelech, et di-
misit eum, et abiit. (o)
(1) Benedicam Dominum m
omni tempore : temper laui eju9
in ore meo.
Vinde, mansos, comigo, a Deos louremos;
Participai do amor em que m'inflammo,
Quando unidos seu nome engrandecemos:
Sempre o Senhor me escuta, quando o chamo ;
Se magoas me aterraram,
Os seus potentes braços me salvaram.
(S) In Domine lauàabUur ani-
ma mra, audiani manãueti, et
tatentur.
(3) Magnijicate Dominum me-
eum : et exaltemuo nomeu ejus in
idipeum.
(4) Erqttieivi Dominum , et
exaudirii me, et ex omnfbut tri'
bulationibuo meio eripuit me.
Eleyai-vos a Deos, ide sem susto,
Deos TOS illustrará; nunca a peçonha
Do maldizente, aspersa sobre o justo.
(5) jéccedite ad eum^ et t7/ftmr-
fiamini, et/oeieo veotra non ron-
fundentur.
(O No Ur. 1.* dêoReio cap. Si' t. 10. e seguintes le conta qne Darid, escapando ás
iosidins de Sau], se refugioa íncogoilo na corte de Achis, Rei de Gelh, onde finalmente foi
reconhecido pelos cortes2os; epara livrar-w do perigo, TÍo-se obrigado afiogir-se louco. Da-
qnt partindo aomisiar-se nacarerna deOdolIa, onde estavam lodos os teus, coropoi em acção
de graças este psalmo, no titulo do qual se encontra na Vulgata o nome de Abimtleek, de-
Teodo MKT jichimeleehf como se acha na Bíblia de Clemente Ytll. , e em yaríos manus-
criptos, segundo dii Ifattei. Este ultimo nome significa Rei Jchio^ porque a palavra meleeh
denota Rei. '
106
Cobrirá sua face de vergooha:
(6) Tste pmtper dammit, et Pobre, desrallecidOt
Dmniniit exauáirit eum : ^^ ^ _f^i > fx • «i
om^bw irihuiaUonibuã ejus m/- Uamei pof Deos, 6 ouvio O mcu geiDido.
varii eum,
(7) immiitet jvgeiue D&mfyu Rasga O Ceo» 6 de lá brilhante desce
in eireuitu timentium eum ^ et ^ . . ... i i.
eripiet eoã, O seu AojOy acudindo ao desditoso.
Em cujo peito um santo temor cresce»
Unido á fé e amor mais fervoroso;
Cerca-o de luz e o alenta*
E as tribulações todas afugenta.
(8) Guttate et videte, quamam Vodo, OrOVai COmO é dolicioSO
êuavi» egi Dominus: betUut ii> ^ .
qui sperat in eo. O manjar com que Deos nos alimenta ;
Coroo é suave a lei, e o jugo honroso
De que o servo fiel jamais se isenta:
Feliz o que pondera
Esta verdade» e em Deos somente espera !
(9) Timete Dominnm 9mtí99 Justos! temei-o todos, ua certoza
êoticli ejus : fuoniam fton ett iwh
pia timentibus eum. Quo uunca falta áquellcs que o temem ;
(10) Divites ryuerunt, et esu- Porém OS quo coufiam na riqueza,
riernnf^ inquirenles autem Do* >^.j,, -, , .,
mtfittfit non miauentur omni bcno, CédO loeS falta tudO, Cédo gemem ;
Cedo o castigo cbega,
E a illusáo que os cegou já os nto cega.
(11) renite, fiui, audite me: Vinde, filhos, ouvi-mo, ide aprendendo
ti morem Domini dêcebe voe, '
Este santo temor que vos ensino;
Do coração me sae' em fogo ardendo
Os.dictames do Espirito Divino;
Elles abrem a estrada
Que nos conduz á pátria desejada.
(i«) QtiiB est home, qui vutt Queres vida, ó mortal? E quem nSo quer
vitam^ diligit diet videre bonêi í
Dias bons» na celeste habitaç&o?...
107
G)hibey pois, excessos no dizer,
Á soltura da lingua põe grilhSo;
E os teus lábios sem fel
NHo chegue ounca a abrir dolo cruel.
(13) Prthihe lindam tmm' à
wuUo^ et lábia twu ne Uputnèur
Mum,
Faze o bem, e do mal põe*te distante;
Procura a paz, inquire^lhe a Tereda;
Prosegue nella aíTouto caminhante.
Pois o Senhor seus olhos nSo arreda
Do justo que segue esta,
E ás suas orações ouvidos presta.
(14) Diverte à tiuth, et/ae bê-
num: inquire paeem^ et perte^
fuere eam.
(15) Oenli Dêmini euper ju»"
toe: et auree ejue inpreeeã eerum.
Sua face porém volta indignada
Para os perversos, delles extermina
Sobre a terra a memoria depravada;
Co terrivel corisco que fulmina
 gloria lhes consome,
A opulência lhe apaga, risca o nome«
(16) yuHue aut^m Demini eu-
per facientee mala : ut ptrdat
de terra memeriam eorum.
Nas quando o justo o chama, escuta logo,
Cura-lhc carinhoso as suas dores,
Infunde^lhe no peito desafogo,
Delle affasta os cuidados roedores;
Chega-se ao manso, ao justo,
Do coração do humilde expulsa o susto.
(17) Clamarerunt Jueti, et De*
mintte exaudiflít eoe^ et ex emni-
bue trfbvlationibuê eorum libera-
vit eee.
(18) Juxta eet Dominuã iiSy pti
tribttlato ãunt eorde : et hnmilea
fpiritu eaUabit,
Por roais penas que soflra, nto consente
Que em tribulações lutte largo espaço:
Assim puriBcado, ternamente
Toma Deos o seu servo em seu regaço;
Guardai Deos com cuidado.
Nem um só dos seus ossos lhe é quebrado.
(19) Mvlta tHbtihtionee Jue-
torum^ et de omnibue kie Hberth
bit eo$ Dominue»
(fO) Cuitedit Dominuã omwa
Oisa eorum: unum ex M$ non
conterttur.
Ah! quSo péssima a morte é dos malvados! (<1) Morepeetalarumpeeeima:
108
et qui úderutu juttuni deiinquent. Gomo se enganam offendendo o justo!
(s«) RedSmei Dominus aninuu Os ser?os do Senhor são rcsgatadosy
êtroorum suor um , et non delin- f\ r^ j r j j
quent omnes qui sperant in eo, ^ tieo mesmO OS defende a todO O CUSlO
Todo o que espera alcança,
Se SÓ põe no Senhor Grme esperança.
PSALMO XXXIV.
David. De David» {*)
(1) jitdiea. Domine, noeenteê JuLGA, Senhor» aquelles que me offendem!
me : expugna impugnante^ me, ^ t
Combate com vigor quem me combate,
- Pois minhas débeis forças os nSo rendem.
(2) ApprehenAe ormã, et seu- Toma as armas, embraça o teu escudp,
ÍMffi, et exsurge in adjutorium
mihi. Surge em soccorro meu, empunha a espada,
Aos que vem contra mim fecha-Ihes tudo :
(3) EifHnde frãmeam, et cen- Põc-te entre mim e OS mcus pcrscguidores,
elude adoereuê eot, qui perse»
quuniur me : die anima mea , Gorta-lhe OS passos, Dcos ! dize á minha almt :
$alus tua ego tum, c i i » j
^ a Sou tua salvaç&o, cessem as dores, o
(4) Cor^undantur, et reoereanr Fiquom COnfuSOS, tfistes, aSSUStadoS
tur qu(erente$ animam meam. ^ i • , . • • «
Os que buscavam já tirar-me a vida;
E voltem para traz, envergonhados.
(•) 'O fentido ntteral dcsle pfalmo é uma petiçSo a Deoe feita por David no neio
das desgraças, das insidias, e perseguições de Saul, e mais dos seus cortezSos, qtie espalha*
vam contra elle calumnias junto do Príncipe, se bem que alguns se lhe mostrassem amigos;
e contém uma prophecia da ruina de todos elles. O sentido espiritual, segundo a commuD
sentença de todos os Padres, deve adaptar-M a Jesus Chrislo, accusado de suppostoa delictot,
perseguido pelos inimigos, e atraiçoado pelos amigos.
109
Confunde-os» sim, meu Deos, esses que urdiram (5) AterUntur retwêwn , et
eotifundmntuf cogilanteã mihi
Troroa em que eu tropeçasse descuidado; mula.
E os que a justiça sempre supprimiram.
Desça o teu Anjo 16 do firmamento,
Comprima-os, vSo fugindo, qual poeira
Ante a face d 'irado e rijo vento:
(6) F/«iii fãmquãm pulvh mnie
faeiem venti : et Jngeluã Domini
eoarctãtu eêt.
Corra-Ibe após o Espirito celeste,
E seja o seu caminho tenebroso,
Escorredio, mal-seguro, agreste.
(7) Fiat via iUorttm tencbroí,
ei lubrieum, et JJngelut Domini
penequenê eo9.
Tanto merecem, sim, porque me armaram (8) Quoniam gratit ahêfnde^
- . j.j . rvnt mihi interitum laquei tui :
Seus laços escondidos, que eu nao via, tupervaeve exprobravemat ani'
E sem nenhum motivo me exprobraram :
mam meam.
Destes laços cruéis que me teceram, (Q) retuat nu laquem, quem
, ^ 0 * ignorai, et eaptio quam okêcoa»
Sem que O ▼ejam» também seus pés se prendam, f^ apprehendat eum, et in la-
E conheçam, caindo, o que fizeram:
queum cadat in ipoum*
É justiça, meu Deos, nSo é vingança.
Salva de ardis minha alma, e se deleite
Na salvação que a ti só deve, e alcança.
(10) Anima auiem mea exulta'
bit in Domino, et delectabilur tti-
per ãolutari tuo.
Todo 0 meu sér dirá: «Quem como Deos? (ii) Omnia ona mea diant:
Qual semelhante á mSo que tudo rege, ^"^"^^ ^" •'"^'" "*•'
Ferros tão fortes quebra aos servos seus?»
Tu, Senhor, és quem livras o indigente (i«) Eriphm inoprm de manu
. . fortiornm tju», egenum, et pau-
Da Violência dos fortes que o despojam, perem a diripienUbu» eum.
£ ao manso dos dicterios do insolente;
Dos falsarios iniquos, que lhe pedem
(13) SurgetUen te»teê ittiquif
.%
fua ignorabãmj interrêgabantme.
110
Conta de assumptos que nem vío nenl soube,
E que seus próprios bens lhe nlo concedem ;
(u) RetHbuehant mihi mela Dos iogratos» quo O bem com mal lhe pagam,
pro bonit, iterilileicm animm r« . n i> . -n '
fnew. Frustram finezas, irustram sacriticios,
E a verdade opportuna nunca indagam.
(15) Egú autem, eum mihi mo- . Ah Senhor! quo Gz contra quem me opprime?
ititi ettent. induebar cilicio, •• •■i • i • j -i* •
Humilhci-^me, cubri-me de cilicio.
De luclo penitente revesti-mo:
(16) Humiiiobaminj^junio^ni- Lagrimas derramava copiosas;
mam menin: etoratio meoiminu r\ -^ At tê. aé.
meo eomverieiur. Orações, por quem tanto me maltratta,
No meu .seio giravam fervorosas.
(17) Qvasi proximum^ et ptati Como irm&os trattei sompro os inimigos;
fratremntulrumtiecompltrcfbam: n • j •
çuoii Lgem, ei contriitatus ríe Eram crucis, doi8m-me seus erros
humiiiobor. jl^jg j^ ^^^ ^^ aíDigiam meus perigos
(18) Et odversum me lúBtaii Entretanto gostosos conspiravam,
íííítíj/r^^^'^^^^^^^^ E, sem que eu percebesse seus intentos,
'*''"' Fiagellos contra mim multiplicavam.
(19) Diêtipati tunt, nee com»
puticli: tenlaotrunt me, nibuM'
naveniní me tubmnnaiione^fren'
duerunt tvper mo deníiòuo iuio.
Finalmente, Senhor! desconcordaram ;
Mas sem fechar os lábios depravados.
Inconsequentes fabulas armaram:
Cobriram-me de aleives criminosos,
A paciência em prova me puzeram.
Os seus dentes rangendo de raivosos.
(«O) Domine, qvando respicieaf Olha, Scubor, 6 afracB a iniquidade!
í/i!!«/7e"rZ Quando has de libertar minha alma afllicta
""''""' Das leoninas garras da impiedade?...
11:1
Dos justos D« assembléo» em magno templo, (si) Cçnfiuhâr tm t« ec€ie$iã
Te hei de ir louvar com povo numeroso, te.
Que seguirá contente o meu exemplo.
NSo é justo que os farte o que desejam ;
Esses» que sem razão tanto me odâam.
Mofam de mim» sorrindo pestanejam:
(tt) Nan tuptrgmêieani mMt,
fui adt>er*ãntur mihi ini/itê : qui
êderunt me graiit^ et ãnnuuni
oeulie.
Vejam-me esses fingidos, com espanto,
Desfazer-lhe os enredos que tramavam
Com doces pbrases, crocodileo pranto.
(S3) Qu0niãm miM cuidem pê*
effiee hyyebauiur, et in irãettm-
dia terra loquenteã, dolê» eêgi*
tãbmt.
Em falsos testemunhos se explanavam : (S4) Et difãim>ervnt euper me
«s . , 1 I , t 9i iuum, diíerunt : euge, euge^
ali certo, é claro, o mal nós o sabemos» vidermu êoiíi nêitri.
Diziam, attestando o que inventavam.
Tu, meu Deos, é que viste, e nSo te cales; í*^) yidieti.Dãmine.neeneâs:
* , Deminej ne dieeeda» « me,
Ndo te apartes de mim em tal conflicto,
Põe diques á torrente de meus males.
Surge, Senhor, e lavra-me a sentença : (*®) ^'«'•^'i '' intende judi^
^ Ho meo, Deu$ meve, tt Dominue
U eu Deos, meu defensor ! na minha causa meuê, in eauiam meam.
Pôr patente a innocencia a ti pertença.
FiCarSo os perversos confundidos, iV) Judiea me eeetmdum Jui-
• !• -A . titiam tuam. Domine Deui meui^
Nem mais dirão: uE claro, nós o vimos» et non tvpergoudeont m/At'.
c ir «I ' r ft«j (^^) Non difãntiucordibue avia:
dUtfoCarãO clamores fementidos. euge, evge onimtB matrw : needi'
cnnt^ devonvimtia eum.
Cubra seu rosto a confusão e o pejo.
Cesse nelles a pérfida alegria
De cevar com meu pranto seu desejo:
(f 9) ErubeacmU, et revereantur
êimnty qui grmtuUtntur malta meia.
Envolva-os a vergonha, temam dores,
(30) Induaniur eof^futione^ Vi
112
I
rererentiã, qui magna loquuntur N'uin timído respeitO 56 CODVCrUl
Évper me. ^ vocifcraçílo do8 falUdores.
(31) Exuitent et i(Btentur, qui Em tanto, hvmnos mclodicos resoem
rotunl Juãtiliam mva/n, eí dieatU .^ • i • •
eemper, magwfieeivr DominuM , l^os que a mioba justiça te requerem;
qu voutt pacemeerp ejui. ij.^^ nomc exalteiD» caotem» abençoem:
Digam como ao seu servo deo socego.
(32) Et língua mea mediíobiiur Meditando» Seohor, tua equidade,
jnsliliam tuam, tota die laudem ««• ■ i* i . . i
tnam. Mmba língua em louvar-te toda emprego:
Noite e dia irei na barpa modulando
As celestes verdades que m'iospiras,
E em extasis de amor cantos soltando.
PSALMO XXXV.
Id fiDem puero ipú David. FettO € pOStO em mUitca pOT Docid
servo do Senhor. (*)
0.
(1) Dixitinjuatuã, utdeiinquat yuANDO ccssa no peito do malvado
in MemetipMo: non eet timor Dei • j .^
ante óculo» ejui. tf receio de Deos» sei como la lia ;
Como comsigo mesmo determina
Ser sempre depravado:
(S) Quamam doloêeegit ineonã' AffoutO abraça OS CrrOS,
preiu fjun^ «/ inrenialur iniqui' /, . j .-^
las cjus ad odium. Luida quo a Deos tão longe não compete
Ver, conhecer dos crimes que commette.
(•) Níio se acha em ven knlo algum deite psalmo conta de parUctilar, por onde poeâ
conhecer-ie em que occasiSo foi compofto. ^
113
Ante a face de Deos se determina
A peccar, sem pudor e sem receio;
Sem pdr lei és paixões, aos appetiles,
A verdade abomina»
Em fraudes se deleita:
Se dorroOt co' a vingança está sonhando,
£ DO mal que lhe apraz se vai cevando.
Cuida que lá nos Geos, meu Deos, somente
Reside o teu poder; que és justiceiro,
Misericordioso lá por cima
Do pavilhão luzente
Em que chammejam astros,
E tSo distante vemos cá da terra;
E neste absurdo o seu juizo encerra.
(3) Ferha úri$ efui iniquUas,
et dêlu»^ noluit intelligere, ut
btnê ageret.
(4) Iniquiíalem medilatus ett
in atòili iuo: antitit omni via
non amue, maliUam mitem non
odioii»
(5) Domine in obíõ miieríeer-'
dia tum, et veritae tua usque ãd
nubeã.
«Longe estfio os teus raios, cá nSo ch^m;
(Diz o Ímpio ao Senhor) as nossas obras
São argueiros nos quaes d'immensa altura
Teus olhos n&o s'empregam;
Térreo sèr nio t'iroporta:
Aos homens dás sustento, pasto ás feras,
E nem esses nem estas consideras.»
Erro fatal I Em vSo, impio, trabalhas
Por occultar de Deos a providencia :
Como» ó Senhor, as tuas misericórdias
Profusamente espalhas
Sobre os mortaes humildes!
Como 08 acolhes, cobres e defendes.
Quando as azas magnificas estendes!
(6) Jvetitia tua tieut múntet
Dei : Judicia tua abyuuê muita.
(7) Homine» et jumenta ialva-
bit. Domine : qw-madmodum mui'
ttpUe98ti minerieordiam tuam ,
Deue!
(8) Filiiautem kominum in teg^
mine alarum tuarum eperabunt.
Virá tempo em que fartos de venturas,
No teu palácio augusto admittidos,
Tomo VI.
(9) Tnebriabuntvr ab ubertate
domus tua, et torrente vúiuptO'
íit tua potabii eot.
8
114
Em torrentes de amor nos saciemos
Das delicias mais puras:
Das riquezas celestes
Gozaremos sem termo nem medida,
Junto de ti, meu Deos» fonte da vida.
(10) Quoniamapud teettfont Oh suavo vis9o, prazér celestol
vittgj et in lumine tuo videbimuM .. ,. i.*i «i #.•
lúmen. Ver dimanar de ti da vida a lontel
Ver em ti mesmo a luz de que és origem!
Ver como esta reveste
De ardente amor os justos,
E os abraza em affectos fervorosos!
Ver o Supremo Beml... Olhos ditosos!...
»
(11) Pratende mUericordiam Reserva-rme, Sonhor, tSo grande dita,
tuam MCientibus te, etjustiiiam n . . i .
tuam /itf, qui recto iunt corde. Prospéra osta osporança que me alenta;
Derrama generoso as misVícordias
Em quem as necessita,
Em quem te reconhece;
Faze justiça équelles que fimploram,
.Aos rectos cora(|des 4I0S que te adoram.
(i£) Non veniat mihi pes fu- Não constutas em tanto que atrevidos
perbiíE : et manut peccatori» tun ^ • « . , .
moveant me, Os suberoos mo oppnmam, me despojem:
(13) Tbi ceeiderunt, qui operão- Bem sci que 8 iniquidade não prospéra,
tur iniquitatem : expuUi ãunt,
nee potuerunt ãtare. N9o medram fementidos
Que a corrupção devora :
Caindo, levantar-se o iropio nllo pode,
Ninguém delle tem dó, ninguém lhe acode.
115
PSALMO XXXVI.
N,
De David. [*)
AO queiras emular os depravados,
Não te deixes arder d'inveja, veodo
Loucos felíies» máos affortunados:
David.
A1.BPH.
(I) Noii amulari in malignan-
Ubuiy negue zelmoerU facientibui
inipíitatem.
Bbth.
(3) Spera in Domino, etfac bo'
niiatem : et iahabita terram, et
paiceris in dioitiii ejitt.
Brevemente qual feno hão de seccar-se; (C) Ouomiam tanquam ftenum
^ m n 1 veheiter areteenl : et quemadnuh
Qual Uor que sobre o cam po nasce e morre, dum úUra herbarum ato deâdent.
Dentro em pouco também bio de murcbar-se.
Espera no Senhor, faze obras santas.
Se na terra habitar queres contente,
Se queres que prosperem gados, plantas.
Vive prudente, em Deos só te conGa;
O que Deos quer contente teus desejos.
Terás quanto desejes, e alegria.
Não perlendas rasgar véos do futuro,
Deixa a Deos o cuidado dos successos,
O que Deos quer é sempre o mais seguro:
(4) Deleetare in Domino, et
dabit tibi petitionee cordi» tui.
GlMBL.
(5) Revela Domino viam Itrom,
et tpera in eo, et ipsefaciet.
(•) Este psalmo, no qual le expendem óptimos lentimentof raoraei para aqnellet que
se acham opprettot de tribulaçSet, e se discorre por extenso sobre aapparente felicidade dos
peccadores, parece endereçado particularmente aos míseros prisioneiros na eicravidão de Ba*
bjlonia, tíiIo que tantas vezes nelle se falta da herança proroettida, da posse da terra feliz,
eipressdes que ao p^ da lettra nfto podem deixar de enlender-se referi«l«8 a Jerusalém, posto
que também nâo p<Sde negar-se que o Psalmi»ta em mais alio sentido tivesse na mente faltar
da eteroa felicidade. É acróstico ou alphabetico, mat cada lettra contém dois fersiculoi,
compondo ambos uma eitrofe.
(MiUt9Í,)
Tomo YI. 8 •
116
(6) Ei eâueet qunsiiumen jut- Quaoto mais a julgarem supprimida
iitiam tuam, et judicium tuwn m» n r « • * •
iamquam mcridiem, Meluor lará raiar tua innoceDcia,
Qual Tem do sol a luz forte eipedída*
Dálbth.
(7) Stibditut esto Domino, ei Queres graças? humilha-tei supplíca,
ora eum (•) t «v #,
Os arcanos de Deos com fé respeita,
£ o teu coraçSo todo a Deos dedica:
Em proporçSo da ardência de teus Totos,
Alcançarás mercês, amplos favores
Que paguem os suspiros teus devotos.
Noii wmuiari in eo^ qui prós- Já te disse, 86 vírcs quo prospéra
peratur in via tua, inhominefo' -. , . .. • •. i-
ciente injustuiãs. O impio satisfcito dias, annos,
N&o te agastes, seu 6m lhe considera.
Hb.
(8) Desine ab ira, et dereiin- Pôe dc parte O furor, suspeude as iras,
que furorem; noU amulari, ut
maiignerio. Evila compctir com máos, se queres
Que o Geo te ampare, e ao Ceo somente aspiras.
(9) Quoniam, qui mahgnantur, Tu gozarás da terra promcttida ;
exterminabuntur; tusUnentra ou» . j • j
tem Dominam ipii hareditabunt Elles, qual fumo em oreve dissipado,
ietram, *• ^r*it. «j
Assim verão fugir-lbe a paz e a vida.
Vau.
(10) FA adhw puiiitum , et Daqui a pouco 8 morto tragadora
non erit peecator: et quaret lo- . , ^-.,,.«, *
eum eJuM, et non invenieo, l-eva o máo : — Que foi delle ? onde moravaT—
N&O se sabe; acabou, é cinza agora.
(11) Mansueti autem hairedita- Mos os mansos, quc injurías supportaram,
(•) Estas palavras nas ediçSes communs impropriameDte so nDem ao rersicttlo prece-
dente, estragando-se a ordem alphabetica, pois aqui começa o Daleth, e o versículo dere
diridir-se em dois, mesmo no texto hebreo, porqae é muito longo, e assim o requer a eslrii-
ctura poética.
(Uattei.)
117
Victimas dos penrenosi ioda podem
As delícias gozar de que os privaram:
bunt terram, et deleetãbuntur in
mulíitudine paeii.
Esses em paz, Da herança appetecida.
Da infinila piedade objectos dignos,
Alcancar&o a gloria merecida.
Na abundância de paz, dias e annos.
De magoa isentos, gozarlo tranquillos;
Mas que sorte ha de ser a dos tyrannos 1...
nso de, cheios de cólera e de susto,
Rangendo os dentes, trémulos, convulsos
Observar com pavor ditoso o justo.
Deos do alto dos Ceos delles zombando.
Da inútil raiva annulla os vSos projectos,
£ vai-Ihe o fatal termo avísinhando.
O peccador em vSo desnuda a espada,
Quer ferir o innocente, o arco estende;
Porém se Deos não quer, que alcança? nada.
Em pedaços lhe estala o ferro duro.
Ou de raiva no próprio peito o crava.
Da mSo lhe escapa o arco mal seguro.
Quanto mais vale o pouco que contenta
O justo, que as riquezas do malvado.
Que o não fartam por mais que as accrescenta !
Zain.
(12) ObtervnbU peceator Jui»
tum, et ãlridebit super eum den-
tibu9 suia.
(13) DominuM amtem irrídebit
eum, çuoniam protpicit, çuod ve-
niet diei ejuê.
Chbt.
(14) GMium evaginaterunt
peccãtoret , inienderunt arctim
Muum.
(15) Ut dfjieiant pauperem, et
inopettiy ut trucident recto» eorde
(16) Gladiui eorum intret in
corda ipsorum: et arcuã eorum
am/ringatur.
Tbth.
(17) Meliuã eãt modicum Jutto
iuper divitias peccatorum multai.
(•) Eite Teniciilo vai unido com o antecedente no Hebreo, e amboi formam um «S :
mit porque a Iraducçio lahia longa, dl?ide-M em dois na Vulgata, e parece que a estrofe é
compofU de Ires Tersos.
(Mattei.)
118
(18) qumiãm bmeMa peeeau^ Pre^eDte O crimiDOso qucda inraosta,
i7r/.?X«M«r^'''' "^ Q««ndo o justo, que em Deos sempre cooGa,
NSo acha a Providencia nunca exhausta.
(19) Novit Dominut ãie» im- Bem conhcce O SenhoF que a paz interna
•A aiemum erit, Aos pereciveis bens prefere o justo;
Por isso lhe destina herança eterna:
(20) yon ېnfundentitr in tem- Entretanto nSo deixa que opprimido
C^«i«;/' *" ^"*"'-^'"^ •- Pelo mal, bem que o vexe, permaneça.
Nem nos dias da fome exinanido.
«
(SI) Quiã peecatêrct peHbimt. Tompo virá fuuesto em que os castigos
Inimici vero Domini mox uí A#- ^, _ i . . ^ ^^_^ ^.^^ ..•IU«««
fiorijicatifuerint. et exaUati, de. Chovcrào sobro OS impios. som quo valham
"d^^e^ ^^y^«^'"«^"''rf«'» >«•«'» Honras, cargos, poder, fortuna, amigos.
Inimigos de Deos, abandonados,
SerSo qual cera derretida ao fogo,
Depois qual fumo leve dissipados.
(s«) Mutuabitur peccãtor , «i Para esmolar, ao sóbrio é que sobeja ;
«o/i iolvet : iitêtu» aulem misere. ^ t &
íiir, et eammodat. O poccador uom paga Dom reparte,
Se muito alcança muito mais deseja:
(«3) Qttf« bettedicentes ei hmre^ Tudo consomo, 0 proprio 6 O emprestado,
ditabunt terram: maledieentei ^ . ... ^ ^ '«^^
Miifffi ei ditperibmt. Com custo rostitue, e por seus crimes
É nos Ceos e no mundo reprovado.
Tranquillo o justo colhe venturoso
Os fructos da virtude, cá na terra
Do Ceo espera as benç&os fervoroso.
(O A primeira parte desle Ter^iculo íl, quia peecatores peribuntt une-te ao ■■lei*'
dente na Vulgata; mai a ordem alphabetica demostra que pertence a cate, o qual peoioqK
no texto hebreo era antigamente diTidido cm doit.
(Mãttei.)
119
O Seabor, os seas paasos dirigindo»
Aplaoa-lhe os camiobos escabrosos,
Segura-o se escorrega ou vai cabíndo
Mbm.
(24) Jptd Dammum gre$»u9
haminiã iirigetur^ ei viam ejut
voltt.
Se tn^ieça» pde Deos é parte opposta»
Benigno, a mSo piedosa que o defende»
E o fiel» com amor» nella se encosta.
Fui moço» e j& sou velbo; inda até'gora
Ndo vi que fosse um justo abandonado»
Nem seu filho jamais mendigo fora :
(25) Cum eeciderit, wm eolli-
deiur, qitia DaminvM supponit
manum awtm.
NUN.
(26) Júnior fui y etemm i^nui:
et non vidi juttum derelietum,
nee sémen ejus çuwrent panem.
Com opportonos dons Deos allivia
O pobre, nem consente que Ibe falte
Para os filhos o pão de cada dia:
(27) Teia die mieeretur^ et
cemmodat, et sémen illius in be^
nedictione erit.
Beneficies sobre elles derramando»
Quer o Ceo que com prémios merecidos
A stirpe abençoada vá durando.
Evita o mal» prattica o bem constante»
Se queres immortal ser e ditoso»
Nao percas descuidado um só instante.
Sambch.
(28) Declina à maloy etfae ho-^
num^ et inhabitm in saculum
culi.
Ah ! nSo sabes que bens prepara ao justo
O nosso Deos! delicias sempiternas»
De que pôde gozar sem risco ou susto.
(29) Quia Dpminus amctjudi*
cium, et non derelinç/uet sonetos
ttiM, in teternum conservabunlur.
Quanto acima dos bens que mais cubica
Cá na terra, são esses que promette
A prattica constante da justiça !
Que tremendos porém sio os castigos
Haih.
(30) Injusti punientur, et se*
men impiorum peribit.
120
(31) Ju9tí auiem hmrêOiMiiní De que zombaiD» talvez, os líbertioos,
Urram j et inhãkUabwnt in t«eif- r? && & •■ • t
lum H^ii Muper eam. Sem atteDUr que os cercam mil perigos!
Delles se extingue a raça crimiaosa,
VSo morar para sempre atribulados
Na masmorra do inferno tenebrosa.
Phb. , .
(32) Oã jutH meiitàbHur ««- Ama O sílcncio O sabio ; cauto, atteoto
mentiam^ et língua ejus loqvetur .« i • i* « j j
judicium. Mede as vozes, n2o diz senio verdade.
Qual reside em seu puro pensamento:
(33) Lex Dei ejut in carie Vai scguro, pois trsz no poito improssa
iptine , et nan êumlantabuntur ai* j • i
grettus ejui. A Ici Sagrada; risco algum nSo corre.
Jamais perde o caminho, nem tropeça.
Zadb.
(34) Caniiíterat peeeatar Juã- O pOCCador em V80 Ibo toudo laÇOS;
tuntf et quarit mortificare eum. __ . _ i. . . i i .
Yai por Deos dirigido, uada teme,
Esforço algum faz vacillar seus passos:
(35) Daminus autem non dere- Das mais porGdas mSos, forças immensas
linquet eum in manibue ejus^ nee ¥\ o u i»l *
damnobit eum , eum judicabitur mjo betíbor O libertam ; nao o attingem
' '' Mentirosas nem ásperas sentenças.
COPB.
(36) Extpeeta Daminum, et Se soffrc, em tanto no Seohor espera;
euitadi viam ejuã , et exaltabit ^ i v • ■ • « ^
If, ut hareditate eapiae Urram: Guarda a Lei, 6 SUDmiSSO a SOUS decrotOS,
eum perierint peeeateree, videbis. til a i
'^ '^ Julga breves as magoas, e as tolera.
Soffre assim; e verás como afBança
O teu Deos, exaItando*te na terra,
A posse da sublime e eterna herança.
Rsg.
(37) Fidi impium tuperextíio' Qual do Libauo 0 cedro levantado
tum, et elevaium iieut eedrõs IA" * . i ■
kani. Já VI O peceador; chega a ruma.
E logo cae por terra desfolhado.
121
Passei poaco depois; nlo existia;
Procurei, sem o achar, o lugar delle»
Pessoa alguma o cedro conhecia.
Do paciBco a cinza affaga a sorte;
Quando preserva intacta a probidade,
Á vida corresponde sempre a morte:
(38) Ettrmuimeteeteiwnerat^
et fvaêini eum^ et ue» eet inven»
Itft lõeuê ejuã.
ScRTfff.
(39) Cuêtodi innoeentiam^ et
vide wqvitatem, pteviam eunt re-
liquim honUni pãcificê.
A geraçto dos ímpios degradada,
NSo medra, não prospera, não ikirece.
Dos homens e de Deos desamparada.
Justos feliies! vós, que Deos ampara.
Que nas trihulagões salva e protege,
Que abundância de bênçãos vos preparai
A generosa mSo benigno estende.
Na maior amargura vos consola.
Reprime o peccador se vos o&nde.
Sereno passa a noite, passa o dia :
Que fartura de bens nSo gosta aqoelle
Que no Senhor somente se confia !
(40) Imfuêti ãutem diefrièmtt
eimul: relifuim im/^ierum tule-
ribmt.
Thau.
(41) Salus atitem juetarum a
DeminOy et protector eerum in
tempere tribitlútiúme.
(4f) Et ãdjttr&hit eês Demitme,
et Hkerabit ee», et eruet eoe m
peeeãtoriònt, etiotvaòit eoi, quim
iperuverunt in ee.
122
PSALMO XXXVII. ( )
(III. DOS PENITENCIAES.)
(1) Domine, ne infurcre tuê [lio me argúas, SenhoFf em quanto irado;
arguas me, neque in irm tua cor^
ripia» me. N2o me castigueSy n^o, em quanto dora
Furor que te inspirei desacordado.
(s) Quoniam Magittas tua! infi- £m mim 88 tuas frechas aguçádas
xw MVtU mihi, et confirmatti «t^ r j r • j n
per me manum tuom. Já proiuodas lendas mo Gzeram,
Que exacerbaram tuas mSoa pesadas.
(3) N$n ett Monitae in carne Em mim nlO há porçSÓ qUO St ficaSSO
mea afaciê irwtua: non est pax ^
otsibfts tneh a/aeie peceatêrum Peraute a tua COlerV ; DOm OSSOS
mtorum. ^ • . i • • i
Que a vista de meus crimes oSo quebrasse.
(4) Quoniam infçwtatet mea Como as oudas do mar oocapelladas
tupergrestw tunt eaptit meum^ et
eicut onnt grave gravata tunt mu- MiohaS iniquidades mO parOCOm,
Sobre mim com gran' peso accomuladas.
(5) Putruerunt, et corrupta  COrrupçSO ganhoU mOU fraCO pCltO,
9unt cicatricet mea a/acie ifi«f- . , i • ■ i
pirniiamta, As chagas de mraha alma gangrenaram;
Das minhas illusões funesto effeito.
(6) MUer f actue êum, et cur^ MiserBvel audci» tristc, curvado,
ratue eum utçue infinem, totm ^ t . « •■ . «
die contristattts ingrediebar. bubmergido na dor, peregrinando,
Por mil loucos vaneios enganado.
(•) Depob do peccado etcre?eo David este bel lo ptalmo, em que detetU a soa cutpti
memora oi caatigoa recebidos, e pede a Deoi piedade com TiTtnimas expretidet.
123
Esperanças faisarías corromperam
Com devorante fogo a minha mente,
E o vigor da saúde me abateram.
(7) (hfmtUm htmèi mH impieii
teff in carne m««.
Com profunda afilicçllo formo rugidos;
Humilhado nio sei onde me esconda.
Nem como arranque d'alma os çieus gemidos.
(8) Jfflietui êum^ et humilim'
ius tum nimi9 : rugiebwn a ge^
wtítu mrdit mei.
Porém ta, meu Senhor, tu bem conheces
O meu desejo todo; a ti patentes
EslSo meus ais... E não me fortaleces?
(9) D^mime^ ante te omne de^
eiderittm meum^ et gemilus meuã
m te non est abiconditue.
Meu coraçBo turbado apenas bate;
Esvae-se-me a força, perco o tino,
De meus olhos a vista se rebate.
(10) Cêr metffn emitvrkatum
eat^ derelifuit me virtue mea, et
lúmen oeulomm mewum^ et ipewn
non eêt meeum.
Nas trevas me revolvo, como um cego;
E se apercebo alguém, sSo os parentes
£ amigos, que me fogem com despego.
(11) jimicimei^ etproximi mei,
advereum me apprepinquneemnt^
et ãteterunL
Aquelles que julguei inseparáveis (is) Et gvt juxta me eront,
1 j I 1. ^' '•'•^* eteterunt, et vimfaeie-
Também se apartam... lá de longe observam ^nt , qut qumrebant ãninmm
w 1 • . « • meum.
Indolentes, meus males mnegaveis:
Alguns mesmo sem pejo se arremessam
Contra mim, ajudando osr meus contrários,
£ a opprimir-me com fraudes já começam.
Outros me accosam de erros, nem sonhados; (i3) fa qni inquirebant maU
mihi, locuti »unt vanitatee , et
Urdem tramas, de mil falsos delidos dêhe Ma die meditabaMut.
Complico, auclor me chamam, depravados.
Contra tanta calumnia, tanta injuria,
(14) Ego autem tanjuam eur*
124
tftft iiofi mHehmn, et «icwi mutut Mioba bócca afibrrolbot calo, e deixo
A indefesa looocencia aWo da tuna*
(15) Etfm:tuM 9%m iieut homâ Tudo soffro; c poF mais quB ladre a inveja,
nifn tmdienê, et non httbenê in 9re xt» j •
«ii« re</ar^«i<«flet. (.) NSo OUÇO Dcm Fcspondo; assim parece
Que ou surdo stupido, ou x)ual mudo eu seja.
(16) Qumâmm in te, Damine, QuCFO qUO mO dcfeodas, DCOS picdoSO;
ãpermti: tu exaudiee me, Demi^ ■»% .• • ■«. - i
ne Deui mnif. De ii venha, meu Deos, todo o soccorro;
Que has de compadecer-te espero ancioso.
(17) Quia éixi: ne fttãnde tu- J4 te disso, Seohor, quo humildo acceito
pergaudeant mihi inimiei mei, et , *
dum eemmeventur pedeê mei, «m- Da tua mãO CaStígOS» SC tu qucres;
per me mmgna UteuH eunt, ^ i i . • -. .
Quebra de cootncclo este meu peito.
(18) Quoniam ego in fiageiím Recebo alegre 08 goIpcs com quo fercs;
paralut itii», et delor meta in «^ . . * i ■ • i» • i
centpeetu mee temper, São justos : mas é barbaro, iDSoffrivel,
Que inimigos assumam teus poderes:
Que me insultem, que riam cruelmente
Das minbas desventuras, e accelerem
Minba queda, que vem quasi imminente.
Âbl Senbor, 8e porém tudo isto ordenas,
Aqui estott preparado a soffrer tudo,
Accresça este flagello ás minhas penas.
(10) Qttoniaminiqttitatemmeãm Qusndo peoso na minha iniquidade,
annuntia^, ei cogita pro pecca^ jj^^ ^^j^ pCCCadoS, O 08 tua graudcía,
Muito avulta a meus olhos tua piedade.
(•) Eite veniculo contéoi o mesmo «0111116010 do precedente com divertu palaTm;
o que é frequettUfsimo «m poetas oríenliíef , e em Homero.
125
Reo sou para comtigo, eu t'o confesso;
Em paz bei de soffrer os teus rigores,
Inda é pouco a vingar-te o que padeço.
Mas Senhor, ah! perdoa» se exaspero (<o) inimiH mttem mei vimmt,
. , tt cênjirmaíi iwtt tuper me : et
C O animo daqueiles que me ultrajam ; muitipUeati tyut, qui 9derunt me
É por ventura bom? puro, sincero ?..« *''"''
Nlo são elles os reos desses delictos
De que sem dó me accusam, sem verdade ?
Façam fé do que digo meus escriplos.
Elles porém, contentes e arrogantes.
Vão vivendo seguros, e augmentando
As turbas de malvados insuitantes:
Sem justiça, c'o mal o bem me pagam, (si) quí retHbuunt maim ^r#
E com opprobrios perudos me infamam : t^^ubar bêmtãtem.
Que fiz? Porque razão assim me estragam?
Será porque sou manso, amo o socego?
Porque nunca offendi nenhum vivente? ^u) Ne dereUnpiM me, Dmni^
Acode-me, meu Dcos! a ti me entrego. '1^!''^ "^«*' »* ^'•*"'''' *
Não me abandones, não,... Se não me acodes, (f 3) Mn^ie tu ãdjutúrium
. . 1 n- . a meum. Demine Peuê talutii mtm.
A quem recorrerei em tal conllictoí
Salva-me pois, Senhor I pois só tu podes.
126
PSALMO XXXVIII. (•)
In floem ipai Iditan A poestã i de Dãvid; a míÂSíCaf
caolicuin David. ^ j^^^^^ ^^^y
(I) Dixi:€uiMwmviÊ»mea», Wbterminbi calar-mc: férrea mola
ui lum deiinpum m lingtia mea. ^^ ^^^^ ^^^^m poreí. para que a liogua
NSo vibre um som que escândalo produza,
Embace alheia fama.
(s) Púiui 9ri meo cuiMimn, QuBudo acceso em furor Yem a(tacar-me
eum eontitteret ptceator advtr* , , ,
9um mi. Um rebelde; se audaz, se crimmoso
Me insulta, me injuria, freio ponho
As vozes, aos gemidos.
(3) obmutui, et humiiiaius Emmudecido fico; ninguém me ouve
tttin, et eilui a bonit, et dolor g\ • j t a« j i. ^ ii
meuê renatMtuã ett. Queixas do mal, tão pouco do bem fallo:
Humilho-me, padeço, e mais penosa
A dor concentro n'alma.
(4) Qmcaiuit ear meum intra No coraçlo a chaga mais 8'inflamma
me, et in meditatwne mea <rar«r- r\ . . i>« i
deeeet ignu. Quanto meoos a mostro, e meditando»
Mais arde, mais o fogo comprimido
Desafogar procura.
(•) Efle pialmo foi cfitamente eicriplo do tenpo da perieguíçlo de AlMalâo, depoii
que David foi TitmeDle injuriado por Semei, e prohibio que te vingarem deste.
(••) Iditun era um dot quatro primeiroa-meitret de capella que pretídiam a todos, e
por isso nSo se declara a que clasae pertencia, mu (2o sdnenle o seu nome.
(Umtteu)
127
NSo posso mais, meu Deos! a ti recorro;
O Ímpeto dos ais desprenda a lingaa:
Mas a ti só» Senhor! direi as magoas
Que excedem minhas forças.
(5) Lêeulttê êism inlinguã meã:
nêtum fae mihi. Domine, finem
meum;
A ti reYélo só, que Já n&o poásò
Soffrcr mais tempo a vida; que desejo
Saber se inda me faltam muitos dias
TSo cheios de amargura*
(0) Et níêmertim éUmm meo*
mm, ytft< e$ti m4 Múrm
éetit mihi»
Tem piedade de um mísero; declara
Se tenho de sofi&^r por largo espaço,
Ou se está perto o termo desejo
De tantas desventuras.
O fio de meus dias» que mediste,
Poucos giros do sol contém; que importa
Que se encurte? se é nada ante teus olhos
Quanto sou, quanto duro?...
Nos mais homens tamhem tudo é vaidade;
De certo passam todos como sombras,
Como sonhos ligeiros se dissipam;
Comtudo n9o socegam.
(7) Ecee menãvrabilee poiuiiii
diet meús: et eubsianliã meã
tmnquãm nihilum ante te.
(8) yerumtmnen wUverem v
ttítãe pmm» h9m§ vicent,
(9> Ferumlamen tu imagine
pertrantil Amm, §ed et fmsira
emiturbatur.
Trabalham dias,* noites, e se agitam;
Enthesaurisam, sem saber que herdeiro
Ha de o fructo colher de seus suores.
Lhe ha de fechar seus olhos.
(10) Theeãurixãt^ et ignorai,
eui eongregobit ea.
Ahl meu Deos, nilo me occupa esse cuidado:
A ti me volto, a ti somente aspiro;
Toda a minha esperança em ti repousa;
Acceita meus suspiros.
(II) Et iiiiiif, gwB exêfeetãtio
meaf nonne Domtnmeí et enh*
êtontin men opud te eat.
128
(18) ^ò §mwbu9 iniquiMihu» Extingue meos delíctos, nSo consintas
meie eme me: epprobrium inti' ^ , .
pieníi deditii me. vue 56 ate gora O louco escamecendo
Me envenenava os dias, sem receio
Continue a ultrajar-nae.
(IS) obmutui, êinânoperíUat Emmudeci» julgando que o castigo
meum, çuúmam tu/eeitti : amúoe ... , , - o
a me piagoi tuas. Vinha da tua mdo, severa e justa :
Basta^ Senhor I suspende o mais que falta
£ provoca o peccado.
(14) A fortituâine manuM tua Tremo do golpe, desfalleço, e creio
ego dejeci in increpationibut : pnh j
pter iniquitaiem eorripuiêii ho- Quo tarde ou cêdo O quo é culpado paga;
minem, /% j • .
(15) Et tttbeteere feeiiti ticvt v^c 86 enreda 6 porece» como o insecto
araneam animam ejua : verumta» A #A I
menraneconiurkatvrommihamú. V^e na Wa SO CnVOlVO.
Taes sSo os teus decretos, Deos potente!
Cousa alguma lhe oppõe o mortal Traço;
Todo é vaidade, é sombra, é ténue fumo
Que um sopro desvanece.
(16) Exandi aratianem meam, EsCUta pois, Senhor, 08 mOOS cIam(H^;
Domine^ et depreeationem meam: ^ « • j < 3
aurièuM percipe laerymaa meai. FfCSta OUVldoS áS VOZCS quC derramo;
Yé que lagrimas vertem os meus olhos,
Que dor me despedaça.
(17) Ne iiíeas, çuoniam adve- NSo me trattos d*estranho, nlio te cales
na ego êum apud te, et peregri» ^ jl-Ux»* u &
fif» Hcut omtiê patreê mei. Quaodo bumilde t invoco ; sobre a terra
Vivo como viveram meus maiores,
Hospede, passageiro.
(18) RemittemiM, ut re/rige- Affiísta já de mim OS teus flagellos;
rer. pritupiom ãbeam^ et ampliai . ^ y «. 4 .
nenero, A forca com que argúes tanto aterra,
Que desalento ao ver como corriges
A humana iniquidade.
129
Uma pausa nas dores só te peço;
Gmcede refrigério á minha angustia
Antes que a yida acabe; ialta pouco,
Logo cessa a existência.
PSALMO XXXIX.
As palatras $ a tnusica $Sú dê Dadd. {*) In fineni ptalmut ípn David.
N
£o me custa esperar; firme, constante
Creio que o meu Senhor virá sahar-me ;
Que os meus gemidos tristes
Ha de escutar piedoso,
E de um pélago undoso,
De um mar encapellado resgatar-me.
(1) ExtpecUHã extpeetmi D0-
mtitttm, et intendit mihi,
(S) Et exgudivit precei metu,
et eduxit me de laeu tniserias, et
de luto/meie.
Ah! venha sobre solido alicerce
Firmar meus pés; ou dirigir meus passos
Em seguro terreno;
Dè-me a paz desejada;
Minha lyra afinada
Alegre rompa os célicos espaços.
(3) Et etatuit tvper petram pe-
deemeoty et direxit greteue tneoe.
Tão grande assumpto ponha nos meus lábios (4) Et immitit m oe meum em-
.. . ticum nmíum, carmen Deo noetrg.
Um canto novo; versos numerosos
(•) S. Patilo ensina na epittola aot Hebreof c. 10. ▼. 5. 6. que eite psalmo deve
entender-fe de Jetns Christo ; e nós poderemos accrescentar, que o próprio David nio tem
parte al^ma neile, ta Iro a de propheta e poeta, que fai assim faltar o nosso Salvador.
Eatimío, Theodoreto, Beda e outros, qae vfto baseando no psalmo Jeremias na prisSo, Da-
niel entre os ledes, a Igreja nas perseguições, anaturesa humana opprimida, Ao aqui impor-
tunos e enfadonhos, pertendendo eitremar-se com tantas sabtileias onde ha a expressa an-
thorídade do Apostolo das gentes.
(MQtlei.)
Tomo VI. 9
130
(5) Fidebunt miittt, et time- O Dosso Dcos Celebrem :
buni, ei .perabunt in Domino. j,^^ ^^ ^^^^ ^ ^^^j^
A esperar tão sómeote
Em Deos, que paga os votos ferrorosos.
(6) Beatu9 mr, eujui e$t »•- Quaoto é foliz quem SÓ de Deos se fia!
men D^ini ^et fi«; » j' TJ Quem do Dome de Deos forma a esperança I
retpexit tn vantiatet, et tmaniaê ^ r *
faiuu. Despreza iosaoias falsas,
Não atteode vaidades;
Só lhe importam verdades
Que, meditando do Senhor» alcança.
(7) Multa feeiiii tu, Domine Quo prodiglos, mou Deos ! que maravi
X^Z:::X'eT^t N»o obraste, remindo as creatarasl
tniiit *it ttbi. Qu3l QQty^ pensamento»
Profando» admirável.
Com amor ineSavel
Ao homem destinou tantas venturas?
(8) Afmuntiavi, et loeutui sum, Quero em vlo intimá-las aos homanos;
Eu cançoi desfalleço
Se pertendo narrá-las;
Ninguém pôde expressá-las
Sem que primeiro os claros Ceos habite.
(9) SaeHfieium et oblãtionem DcsprCZaste holoCaOStOS, SacríficioS,
noluiãtL aures autem perfeeieti -. j^ i ^ r
^,-^,-. ' Do grande mal commum fraco reparo;
Outra victima pura
Mais adequada viste;
De um corpo a revestiste,
E em servo converteste o filho caro.
(10) Hoiotmttum ft pro pec- Qualquer expiaçio sendo pequena,
lhas
131
« Eis-me aqui ; (diz a Victima ínDOcente)
Gumpríreí a Escriptura
Que ao mundo me promette;
A mim é que compete
A cólera applacar do Omnipotente.
atto «M pêãtuiaMU: time ãixi:
(11) lu capite liM nripium eãt
de m«, iit faearem volmmtatem
firam ; Denê meus., velui, el ie*
^1» íuãm in medw tordiê mei.
«Venho a seguir, meu Deos» o que prescreves;
Estampada no peito a lei lhes trago;
Aos povos a annuncío.
Aos fieis congregados;
Teus designios sagrados
llBo de ao mundo impedir o ultimo estrago.
(If) jéfmuntiamjuttitimiitvmm
in Beetetiã mmgnm^ ecte tabia mm
wn prphiieèOf Dmmm h^ êtUti.
«Não lhe occulto em minha alma essa justiça (is) Juttitimntuamnonmbscom'
_ _ , • 1 /» ^ *'* *»^^* «^1 veritatem ftiflm,
Implacável, que exige alta fine» ; h mdutm-e twnm dtxt
Declaro-lhe a verdade
Da expiaçlo sublime
Que dos damnos do crime
Ha de vir resgatar a Natureaa.
«Quanto és hom, ó meu Deos, lhes manifesto; {u) Ncn abicondi muericúr*
, . . , . ■>. , * 1 . ^ **«'» tuam^ et verilatem tuam
A tua mis ricofdia á torba immeosft « toneiUõ muita.
Exponho Trancamente;
E quanto condoido
Ouves o arrependido,
Abjsmado em seu pranto e dor intensa.
«NSo afiastes de mim, que me encarrego
Deste peso, ó meu Deos, tua piedade !
Adoça a minha pena:
Vés que me nSo isento
Do bárbaro tormento,
Satisfazendo alheia iniquidade.
(15) Tu autem Domine, tie lon-
ge faeiaa miterationea tuoi ame:
mUerieardtn tua, et vtritae tua
eemper eueeeperunt me.
TeMo YI.
9
132
(16) QMniMi tírtumdeitnmt «Que terrível aspecto teem meus males!
Z:t:pí:i::Z:^ Sem numero os martyrios me acommettem:
uutM num, H n^n poiui «1 wrfe- Encarar c'os flagellos,
Fructos de iniquidade»
Nlo pôde a bumanidade;
Bem que submisso a mim é que competem.
(17) MuUipiitatm nmt svper ((Em seu Dumero eicedem meus cabelios:
?^'ÍLí7«Í^' """' "' "^ """"^ Nâo resisto, meu Deos, vem confortar-me.
(18) cmpii^ m Domine, p abaodonas?
v«u/tiift me regpice. Falta-mo todo O alonto ;
Um terno sentimento
Te applaque» meu Senhor I Tem consolar-me.
(19) Coitfimittniur.etrevêrean- c< CoofundeHw, rotrocoda quem me assalta;
tur stmti/, çui çvttrvHt animam ^ , - • • j i.
meam, ut avferani eam. CobrO mOUS lOimigOS de YergOnha,
/^2.S'ínir^^^^^^ Esses que de mim zombam,
(jei) FermU cayesiiman^vBio- Q^g ^^ iosultam foTOieS,
nem suam, ^t dteunt mim, eu§e, ^
^«9^' Soltando iirfames Tozes;
Que me fartam de fel e de peçonha.
(«») Exulient, et Imtenínr eu- « MaS esoltom CÒnténteS O dítOSOS
''Z^lZ:;:r,'ZS^t:rví ^ fieis que de ti soccorro esperam;
nunut , qui diiigunt êaiutare Cantem soaves bYmnlos
tuum. ^
Ao seu Libertador,
Ao supremo Senhor,
Pelas graças sublimes que obtiveram.
(«3) Bfia muem meniieuM $um, «Eu, qoe SOU flageltado 6 miseravel,
«i^Tír' '* ^^""^ '"^"^ »« «^o« pungentiss magoas opprimido,
Coosoli>-mé pensando
Que piedade mereço;
Que o soccorro que peço
Me has de dar, do que sofiro commovido.
133
Nao retardes^ Senhor, o mea coDforte:
Do mundo desgraçado em beneficio
Alenta-me piedoso;
Para qae heroicamente
Resgate a humana gente,
E complete animoso o sacrificia »
(f 4) AijuUr meii#, etprêteetêr
meu9 tu es : Deuã wuuêy ne /ar»
áãwerii.
PSALMO XL.
As palavras e a musica são de Damd. lo flnem pnimiif ipsi David.
ynio feh'z é quem piedoso
Cuida de um triste indigente.
Se o vé n^iim leito de dores,
E lhe adoça o mal que sente!
(1) BeatUM vir qui inieUigit su-
per egenum et pãuperem : tu die
mala Uberabit eum Uaminue.
Nos dias máos» se elle soffre,
O Senhor Tem consolá-lo,
E do seio das angustias
G)mpassi?o libertá-lo.
Poderoso o vivifica,
O conserva sobre a terra;
A ventura lhe confere,
E os bens que a virtude encerra.
(8) Deminue conservet eum, et
9ÍviJUet eum , et beatum faieiat
eum in terra : et uon tradat eum
in ammam inimie^rum ejue.
Nas mSos de seus inimigos
Nio consente que se entregue,
Nem jáquais victima seja
Quando injustiça o persegue.
134
(3) Dominut^pem ferat iiU su-
per leeium dêlorii ejui : univer"
9um 9tratum ejus veraasli tit tii«
JírmitaU eju9.
Se também o vé prostrada
Com penosa enfermidade,
Junto ao seu leito piedosa
Desce a suprema Deidade.
Parece que a mSo divina
Faz mórbido o leito duro.
Faz doce o remédio amargo»
O ar infecto faz puro.
(4) E§9 dixi : Dêtninej mitere'
te mei : $ana mUmam meam, ffii«
peccavi tibL
Ah meu DeosI se no meu peito
Morou dó com desgraçados.
Tem de mim também piedade.
Esqueçam^ os meus peccsdos.
Sara minba alma^ soccorre-a»
Faze que nlo desfalleça.
Ainda que a minba culpa
Menor pena não mereça.
(5) Inimici mei dixerunt ifMÍ»
nUM : quando moríeivw, et peri*
kit nomen ejus í
De quanta calumnia e raiva
Me cercou iniqua gente!
Com quanto empenbo se esforçam
Em Gngir-roe delinquente!
Procuram tirar-me a vida,
Abl com que ardor, com que fome!
«Cedo morrerás, (me dizem)
Ha de apagar^se o teu nome.»
(6) Et ti ingrediebatur, tU vi-
deret, vanã loquebatur, cer ejut
tongregavit iniqtUtatem sibi.
Outro, com malicia occulla»
Se me falia carinbosot
Pérfido quer enganar-me»
Tece um laço cavilosa
135
Quer penetrar o que sinto.
Conhecer meus pensamentos
Divulgar os meus segredos,
Alterar meus sentimentos.
(7) Egredieàaíur J9rã$, ei U-
Convoca meus adversários,
E com esses sussurrando,
Cogita a minha ruine.
Imposturas fabricando.
(8) Jdverãum me tusiurrabãtU
úmmei inimid mei : adverium me
e^giUtèmU mala mihi.
Fazem triumphar mentira
Que a vida me debilita:
Mas quem dorme, n8o acorda?
Quem morre, nao resuscitaT
(9) Ferhêm iniqtium conitiíue'
rumi &dwer9um me : numquid çui
dermitt nen míjidet^ fU reeurgat t
Para completar meus males,
O amigo em que eu conBava,
Que em convivência suave
Comigo á roeza sentava,
(10) EierUm homo poete mea,
in quo eperavU gui edebat panes
meoa^ magt^ficavit evper me êup-
planlatiomem» (•)
Âtraiçoou-me tyranno,
E, porque mais lhe convinha,
Unio-se aos meus oppressores,
Delles a culpa fez minha.
Tem dó. Senhor, do martjrio
Que soffiro, tem compaixão;
Levanta-me deste abysmo,
Reprehende a ingratidão.
(U) Tu Afi/ff», Domine, miãe-
rere mei, et reeuedta me, ei re-
tribuam ei».
(•) Aqui é claramente ezpresio o pérfido Judai. O próprio Salvador Jauí Chriíto c.
13. V. 18. de S. João dii : Non de omnibue vobie dico, ego etío, quoe elegerim, oed ut
aãimpleatur seriptura, gui mandueat mecum panem, levabU contra me eaieaneum euum;
a ezprestão magwfieavit eupplantationem no Hebreo é mais clara, magnificava, leoavit cal-
eeneum contra me, como se tem por bocca do mesmo nosso Salvador.
(Mediei,)
(fS) In Am cognmi , juaniam
veluitti me, futmiiOn MD f«iHfr>
òil ínJnitnM mruf (iipír me.
136
Terei um peabor seguro
Da tua imneosa bondode.
Se dos meus perseguidcves
Reprimes a crueldade:
Se nlo coQseotes que exultem
Ao ver-me despedaçado
De cuidados, de tristeia.
De todos desamparado.
(13) Me atUem f'tfter inm»-
cÃJfom tuiecpiíH, et mfinnatli
mr iit tauftttu (út in «teriium.
(14) Beueilictui DmUnntDeui
hrvt à laeiíU, et uijve in lo-
aibim, fiai, fiai. (•)
É falso quanto me imputam ;
Bem sabes mioba ínnoceocia;
Recebe-me dos teus braços,
Abre as portas da clemência.
Restaura-me, ó Deos supremo l
Vigora-me de tal modo
Que os assaltos da maldade
Possa repellir de todo.
(*) Eile ullimo verticulo nlo tem iimIb com o KDtida dopnlmoi é nma foraraliq»
cotluDUTa pãr-K no Bm doi livrot, e foi aqui adjuata peloi compilailorM ; donde a Ipgi
lomou o coilDiue de faier recitar no flin de cada piatmo o Gloria Pttri, que conMpoada i
nemw forninU.
FIM DO LITRO I.
LIVRO II
DOS
P3ALSIOS.
PSALMO XLI. (•)
A mutiea dttía eançontía é do meilre
iot Corila»,
lo aDem iatolleetiu (■■
BUitCoK.
(I) Qtttmaámtdum dttUerut
etrvut ai /ontet a^ittrvm : iU
íeiídfrml mniwimmea ad tt. Dm.
(S) SiUait nima mn ad Dem
/úritm, vivvm: fiicwt* PtmitM
<1 tfpartt» anttfaàrm DciJ
UoMO a corça sequiosa
Procura no Estio quente
As frescas aguas da foote
Para acalmar sede ardente;
Assim, meu Deos, te procura
A minha alma, e te deseja:
Quando será que eu te encontre?
Quando será que eu te vejs?
(•} Ei*-no« chtsvIíM M>C.* lirro doi pnlmM, e ao mcMao tempo ímaii •meBR, diríi
Mia e elf^Rte eomixiti^o qne neile fCDero tem a hebraica poetia. Nella le pinla com
'i>ÍMiiiiai corei o ettado íbíbIíi doa vÍNtanii ptiiloDetroa em Babjlonia, qua tuipiraiam
pelo MU TCfretfo, lUoDgeaiida-ae de poder em brere cantar de noro ao lemplo <m loavorM
do Sabor. Eit« é o nbjecto do Hniiilo litleral, donde na«ce eoni muila propriedade o mai*
loblime, pelo qoal loilo o homem juato doeja «ollar-M dai priíSei deile mundo, e xer-H
livra e ditoao na pátria bemaTcnlorada.
(•■) Eate inltlltclat correiponde ao bobraico trwtdUJ, que i termo próprio de uma-
tipeeie ia compoiiçSa tnlcc ui Bebreoi, a que aíi irmduiimoi cançtHeU.
(Maltti.)
140
(3) Fuenmi mihi laerima mea
panei àie^ ae nocte, dum dieitur
mihi quoiiâie: Ubi eãt Deu9 tuut?
Entre deshamana gente.
Em lagrimas passo os dias;
Essa a minha dor insolta,
Ri de minhas agonias.
Perguntam-me os inimigos*
G>m irónico desprezo:
«O teu Deos porque te deixa
Assim afflicto» indefezo?»
(4) Hae reeordatut tinn, et ef-
fndi in me animam meam : gu<h
ruam tran»ib0 in locum taberna"
culi admirabilit u$que ad damum
Dei,
Com tão indignos acceotos
Desespero-me, estremeço;
Desmaio» gemo» suspiro,
E redobra o que padeço.
A esperança é que me alenta:
Inda hei de ver-te algum dia;
Hei de no teu sacro templo
Ir recobrar a alegria.
(5) Tnvúce exultaiianie, et€on*
/e$9Íoni9 : iúttui epulanii»*
Já do pavimento santo
As lages cuido pisar,
Já me parece que avisto
O teu refulgente altar:
Os festivos instrumentos
Nas abobadas reboam;
Os harmoniosos coros
Os limpos ares atroam.
Já collijo pensamentos.
Já números vou juntando,
Já formo alegre preludio,
A minha voz levantando:
Já d'estro acceso, animado,
Todo me sinto inflammar;
141
Já meus costumados hyamos
Já príDcipio a caDtan..
Mas ta, coraçloy receias 1
Qoe infausta trísteia é essa?
N&o palpites consternadop
Se a Yentura nio começa.
Qoe alcanças em perturbarão?
No teu Senhor te confia;
Seus excelsos atlribulos
Has de cantar algum dia*
(6) Quãrê triêtis e$, anima meu,
et pmre eanturbãê me t
Espera, pois Deos benigno
Extinguirá teu desgosto;
E para nós compassivo
Voltará inda o seu rosto:
Ha de com celeste força
As borrascas dissipar;
Para a pátria do descanço
EUe nos ha de guiar.
(7) ^prra in Deo, pimúãm ãdhue
eónJUebor ilii: ealutãre vultue
fn«t, et Deue meuên
Deste modo suayiso
As magoas que me atormentam;
Assim applaoo os effeitos
Dos infortúnios, que augmentam:
Assim passo até que possa
Sobre o Hermonio celebrar-te,
Té que do Jordão nas margens
Liberto possa cantar-te.
(R) Àd meiptum anima mea eon»
turbata eit : propterea memer era
liM de terra Jardanie^ et Hermo»
niim a maníe módica.
Aqui cercam-me ondas bratas.
Algares e névoa densa;
Raivosos trovões que rasgam
Dos prés a plaga immensa:
(9) Abjfgtue abjfêium intaeot in
vace eataraetarwn tuarum.
142
A cfaaya em torrentes desce,
Ora aqui e alli me alaga;
Ora 08 ventos me derrubam,
Ora irado o mar me traga.
(10) Omnia exeelta iua^ etflw
etuê tui super me tranrierunt.
(11) In die mandãvit DeminuM
miêericordiam $uãm: etneete em-
tieum fjuã.
Todos 08 flagelk» juntos.
Todos sobre mim baixaram;
De um abysmo a outro abysmo
Furiosos me lançaram:
Nem assim, cbeio d'angustia.
Do Senhor me descaidei;
Noite e dia enternecido
Os sens louvores cantei.
(]£) Jpud me oratio Deo vilw
mete: Dicam Deo^ susceptor meut
es.
(13) Quare oblitus es meif et
çvare eontrislaius incede, dtan
affligit me inimieus 1
Ouve os votos meus, escuta:
Sae-me d'alma terno accento;
És, meu Deos, minha esperança,
Minha vida, meu sustento:
Para que de mim te esqueces,
Deos meu? para que consentes
Que meus dias infelizes
Passe entre pérfidas gentes?
(14) Dum eof\fringunt ossã
mea: exprobraverunt miAí, ftit
triMãiU me, inimiei mei.
(15) Dum dieuni mihi per sin'
gulos dies : ubi est Deus íuus f
çvare tristis es, anima mea, et
quare conturbas meí
Pouco me custa o que soffro,
Immerso na desventura ;
Horror me uKo causam ferros,
Nfio temo a prisão mais dura:
Custa-me ver como os ímpios
De ti desconfiem jé;
Que iosultando-me perguntem:
«O teu Deos aonde está?...»
Mas tu, coraçSo, receias!
Que infausto tristeza é essa?
143
Nio palpites consternado.
Se a venlora dSo começa.
Que alcanças em perturbar-te?
No teo Senhor te con6a ;
Seus excelsos attributos
Has de cantar algum dia.
(16) Spera in Dtú^ quêmam
adkue €9nJUebor illi : uUutare
vuliuê fnei, et Deu$ wteuê.
Espera» pois Deos benigno
Extinguirá teu desgosto;
E para n6s compassivo
Voltará inda o sen rosto:
Ha de com celeste força
As borrascas dissipar;
Para a pátria do descanço
Elle nos ba de guiar.
PSALMO XLIL
D
A-UE razão, meu Senhor;
Distingue meu justo pleito
Das sera-razões dessa gente
Que encerra o dolo no peito:
Livra-me dos deshumanos
Que se erigem meus tyrannos.
Pialmni DhTiã (•)•
(1) JFHdíea «e, Dettt, et diã-
cerne cútuam meam, de gmte n&n
êaneiãt ãò homine iníquo ^ et do-
loto erue me.
Se és a minha fortaleza,
Para que assim me rejeitas?
(S) Quin tu eê Deus Jortilud»
mea : quare me repulitti J tt qua-
re triêUi tneedêt dum offligit me
inimicust
(•) Este ptalmo é um compendio do precedente: na Vulgata lé-te, Pealmus Dãvid^
mai no Hebreo é sem titulo, o que me fas pensar que nem David, nem ootro poeta o com-
pox, mas algum mestre de capella o resnmio e accommodou aisim, tahes em occaiião que
2o podia cantar-se tfto longo como estafa.
(Maitei.)
144
Se prolongas minhas nragoas
Meus inimigos deleitas:
Como a seu rigor me entregas.
Quando o conforto me negas?
(3) Emilte lueem Itiam, eí v§»
riialem tu4un : ipta me deduxe'
rtffi/, et údduxerunt in mentem
eanctum tuum, et i» tabemãcula
tua.
Raie a luz da tua face,
Brilhe a fúlgida verdade;
Das trevas que me rodèam
Romperei a escuridade:
Essa luz virá guiar-me,
E ao santo monte elevar-me.
(4) Et intreibe ad eltare Dei:
ad Deum, qui lattficat Juventu^
tem mesm»
No teu tabernado augusto»
Ante o teu altar prostrado.
Meu Deos» sentirei contente
Meu animo remoçado:
Tu dourarás os meus dias
G>' as juvenis alegrias.
(5) CenJUeber tibi in eitham,
Dett»t Deue meus: Quare trit"
tii fff, anima mea^ et quare cm-
turbae me t
Meu Deos! meu Deos! entoando
Na cithara teus louvores.
Dissiparei meus pezares,
Farei cessar minhas dores:
Se canto a tua belleza,
Que lugar tem a tristeza?
(6) Spera in Deo, quoniam udhuc
eonfiteber illi: talutare vuUue
mei, et Deu» meut.
Tu, meu coração, descança.
Que em verso altivo e sonoro
Has de fazer^me attendivel
Do supremo Deos que imploro;
Sempre á minha alma presente,
Sempre comigo clemente.
145
PSALMO XLIII.
A mutica da canção i do mMrt
dos Caritas. {*)
D
AS grandes obras de tea braço excelso
Nossos próprios ouvidos informaram
Nossos pães, grande Deos ! Ab I quem ignora
Quanto absortos, fieis, aos descendentes
Gratos annunciaram?
Io finem filiit Core ad
ioteUecliim (•»).
(1) Dm», mribuê núttrii ««•
dMmuM : patreg nottri mmiunlim*
vertmt twbiê.
Desses dias antigos a memoria.
Do que mesmo em seus dias operaste,
A lembrança, insculpida em nossas alnMS,
NIC se pôde apagar; nem é possivel
Que longo tempo a gaste.
(2) OfU9, quod òperalui e$ in
diebuã e^rum, et in dieòua <mí<-
ptit.
Hervas nocivas, plantas Tenenosas
Com tua mHo potente as arrancaste
Da terra, destinada a melbor sorte:
Expulsaste as nações que a dominaram,
E o teu povo plantaste.
(3) ManuM tim gente* dieper-
didit, et piuntããti eoe : afflixiêti
fojmht^ et exfuUeti eo».
Nem seu valor nem braços prometttam
O possuir sem lutta um tal dominio:
(4) Nee enim in gladio euo pot^
sederunt terram, et braektum
eerum non ialvaòit eoe;
(•) S. Batilio, S. ChrjBosthoino, Theodoreto, Beda e outros referem este ptalmo á
persegniçlo de Antiocho Epipbanes : porém Sa? erio Mattei dofída que iSo bella composiçSo
sej« obra de um homem qoe TÍfcsse nosinfeUies tempos dos Machabeos, qaapdo Já era quasi
perdida a liogua hebraica : quer pois attribui-Io a DaTÍd, oo a outro que lhe fosse igoal,
prophetlsando os lamentos dó po?o, oppresso naquella occasilo.
(•O V. a «.» nota ao P#aImo XLI.
Tomo Y\, 10
ertf.
146
(5) sed dextera tua, et hra- Nlo foi obra da espada esta conquista:
ehium luvm, et illuminaiio vul- .. j a j v i j
tut tui, quoniam eompiacui$ti in Mas a dextra do Excclso poderosa
Completou o exterminio.
Da tua face a luz ia guiando
O teu povo escolhido ao sitio ameno;
E com amor soliicito lhe outorgas.
Por entre obstáculos mil» o tâo ditoso
Promettido terreno.
(6) Tu et ipte Rex meuê, et Tu és aioda 0 mosmo Deos e nosso;
Deu» meu9. qui tnmidãê taluteê «% • j
Jacob, O nosso mesmo Rei» que apenas manda
Logo salva Jacob: amarás menos ^
Este povo infeliz? Por que motivo
Teu furor não se abranda?...
(7) In te inimieot nogtrot ven- Se acudiros, em nome teu, valentes,
tUaÍimuseamu,etinnomineluo
fpernemuM ineurgentee in nêbi». AudazOS, nOSSaS lOrçaS medirOmOS
Co' as dos mais furibundos inimigos;
Quaes touros bravos, co' as pontudas armas
Por terra os tangaremos.
(8) Non enim in areu meê epe- Mas quo aljava, que ospada, qual escudo
ràbOj et gladiuM meut nen sahu- *% i • - i
bit me. Poderá defender-me em campo armado?
Com que posso contar?... se ta não fores
Quem meus braços vigore, quem me salve
Das fúrias do malvado?
(9) SiUuuti enim n9t de affli- Já por vozos, SonhoT, expVimcntámos
gentibui not, et odientes not eon* rk ^^ ja 'jl • rj*j
futíêti. O t^" poder: já vimos confundidos
Os que vinham afibutos subjugar-nos.
Cobertos de vergonha, retirar-se.
Fugir espavoridos.
147
Já na planície, tllesos» consolados,
Pelo nosao resgate, lodo o dia
Ficámos toa gloria celebrando:
Teu nome para sempre festejámos
Em suave harmonia.
(10) Ih Df lauáMmnr totn
«fi>, et tu ncmime tuo eamJUeêimur
in titcuia.
Mas, que te moye agora a repulsar-nos?
Como nos abandonas c reprovas?
Porque não saes ao campo a defender-nos?
Pôe-rte á frente dos teus, vence, derrota
Armas e facções novas.
(II) Nune mulem repuUiti^ et
rúmfuditti no$, et non egredieri$i
Deuêy !« rirtutikut neftriê.
Encarar não soubemos c'o inimigo:
O nosso antigo brio dissipou-se:
E o fraudulento exercito attacando.
Cevou seu ódio em nós; sua cobiça
De tudo apoderou-se.
(112) Jvirtiêli no» retrortum
po9Í inimieot nottrú»^ et qui Mle-
rvmi n0«, diripiebant tibi.
Ah! que estrago. Senhor, de tiós Bzeste!..
Aos bárbaros sem dó nos entregaste;
Qual rebanho de ovelhas miserando.
Ludibrio de ferozes insensatos.
Dispersos nos deixaste.
(13) Dedittinútf ianguam ovet
etcarum (•), et in gentibut dit-
pertitti fMi .
Talvez os nossos erros te moveram
A veoder-nos por tão pequeno preço:
Nem ha já quem lembrado do passado
Em mais nos avalie; que a ignominia
Chegou a tal excesso.
Opprobrio dos visinhos, triste objecto
De estranha zombaria, não permitte
(14) FendidisH populum tuum
niu preli0f et wm/uit muliitudo
in e&mmutati9nibus eorum.
(15) Poêuitli fi0ff ppprobrium
vieinit nottris^ suòiúMiMtianem,
(•) Ovei ezcvum lio u tarmai dos rebanhoi destinadai a comer-te, ao matadoiro.
Tomo VI. 10 •
148
et deriium hí$, qui êunt in cir- Que deste abjeclo estado resurjamos :
N9o lazemos acçdo que aos outros povo»
O riso ndo excite*
(16) Posuisti nos in timiiitu^ Sim, consentes, Senhor, que naçõei varias
dinem gentibus, commotionem ca-
pUií in popuiií. Em provérbio convertam nossos erros,
Para ludíbrio nosso; que nos cubram
As faces de vergonha; e que arrastemos
Duros pesados ferros.
(17) Teta die vereeundia mea Q Sol aponta, aCÓrdo, O logO O pejO
contra me ett, et eonfunio faciei * . »•
mea cooperuit me. Me aquoco O sangue, as laces incendia :
(18) ^ voee exprobrantis , *' /^ r * i :!••*•
oòhquentit, afaeie inimiet, et ConlUSao UOS absorvO O dia mtOiro:
persequentis. ç.^^ ^ ^^jj^^ ^ ^ afflicÇÍO qUO nOS agita
Do somno nos desvia.
(19) Heee omniavenerunt mpcr Sobre nÓS tautoS maloS 80 aCCUmulam.
not, nec obliti síimui te, et ini- -- • j / «j *.
qvè nonegimut intettamento ivo. MaS UO SOIO 00 VÍVldOS tOrmeutOS,
Com ternura de ti nos recordamos:
Padecemos, Senhor l porém cumprindo
Teus santos mandamentos.
(80) Et non reeetêit retrè cor Jâmais rotrocedomos : O camiobo
noitrum, et declinaêti oemitat
nottrM a via <ti«. Quo UOS abristo, com valor medimos:
Nem levemente desvairar puderam
Nossos pés dessa estrada que mostraste,
E que fieis seguimos.
(si) Qutniam humaiasti me in Quem corcado de horrores semelhantes,
loco afflietionis: cooperuit noã um- .
bra mortit. Pela pallida morte ameaçado,
Por suas sombraà hórridas coberto.
Não perdera coragem? se deixara
Por ti sempre humilhado?
149
Tu bem sabes, Senbor, que nestes Iraoses
De teu nome jamais nos esquecemos:
Nunca honrou nosso incenso estranho numen :
Nossas mSos para ti só levantámos,
Pois só a ti tememos.
(82) Sieòliti iumut nomenDei
noãiri^ et ti expandimus manuM
nosírat ãd Deum alienum.
Nunca á fé te faltámos; examina:
NSo te escapa o mais ténue pensamento;
Dos nossos corações o arcano sondas:
E a certeza de tanta sapiência
Produz o nosso alento.
(23) Nênne Dtut requiret ittãf
ipse euim novit abteondita coriin.
Por isso, a mil supplicios preparados.
Quanto ?ier constantes soffreremos;
£ quaes cordeiros mansos, sobre as aras,
Victimas voluntárias, ao cutello
A garganta ofTrecemos.
»
(1B4) QumUam propler te m^ti-
fieamur lota die : e»timati stêfnuê
tieut we$ occnienit.
Porém surge, ó Senhor! Porque adormeces?
Salva o teu povo, surge, pois te adora:
Nio te movem seus males, não te bastam
Os suspiros, as lagrimas ardentes
Com que afSicto te implora?
(fiS) Exãurge, pmre úbdúrmiê^
Dominei exeurtfe^ et ne repellãt
in finem.
(£6) Qváre fatiem ivam aver^
tist oblivitcerit inópia noitraiy
et tribídationit nottra f
Olha envoltos em pó, CO' a face unida, (S?) Qyoniãm humiliata e$t in
^ - - , . , puhere anima nottra: congluti'
ror desalento, ao Cn90, quem por ti clama : natus e$t in terra venter noster.
Não te commovem magoas tão acerbas?
Não acodes, Senhor, em tal conilicto?
Quando elle por ti chama?
Surge, ó meu Deos! acode: não te lembres
Da imperfeição da nossa natureza:
Não ha mérito em nós: mas sem limite
È tua misericórdia; e com teus servos
Delia ostenta a grandeza.
(28) ExturgCf Domine^ adjura
not : et redime nos proptcr nomen
tttuta.
150
PSALMO XLIV-
EPITHALAMIO- W
CORO DE MANCEBOS,
CORO DE DONZELLAS,
CORIPHEO.
A seena representa a magni/iea entrada dos Reaes Esposos em Jerusalm.
CORIPBEO.
(1) Eructãvit cor meum verbnm «Á rompe 8 labareda, já trasborda
bomtm^ dico ego opera tnea Regi. _. ^ t t , «
Do coraç80y ardendo, estro sagrado:
(s) LingvQ tneã eaUmmt êcri- Rasga-sc a Yéa, O peosameiíto alado
ifm velociler teribenti». n i i i
Fere. da lyra a corda ;
E em puríssimas voies 'convertido,
Ao canto dá sonoro alto sentido.
Coro de Mancebos.
(3) speeiêtiu forma prm jsuit Que encaotador semblante I que belleia !
hominum^ diffuta ett grotia in
iMi$ tuia, propierea benedixit Que forma cspeciosa!... NSo te igosla
te Deu» in eetemum. _, , ...
HumaDO algum em graça, em gentilett.
(•) Anim como aio ha quem oute pôr em duTÍda que esle psalmo aeja um ele^*
epithalamio pelai núpcias etpiritaaet de Jetos Chrtsto com a Ijpreja, especialmente peis so-
thoridade de S. PAnlo na epislola aos hebreos c. 1. t. 8. , assim também, distlngniodo o
jentido litteral do místico, entendem os mais doutos que no primeiro se falia aqui das Bopau
de SalomXo com a filha do Rei do Egjpto, e que por essa occasiSo fora composto, MW*
elle e a sna esposa a figura da Igreja e de Jesus Chriftu.
(Mattei,)
151
Da sonora e doce falia
De teus lábios purpurinos
Dimanam tropos divinos
Que enamoram mesmo a Deos:
£ o Senhor que te dotou
Para sempre abençoou
Esses puros dotes seus.
UuA voz.
Penda a teu lado
Cingida a espada»
Ó Potentado,
K^io Senhor!
(4) Aecingere glmdio tvo $vper
Jemur iuum^ poteniUtime,
Odtba voz.
Por entre a adusta
Face da guerra
Teu rosto assusta
£ inspira amor.
(5) Speeie tua^ et pulchriludi'
me tum tnleiuTe, prospere procede,
ei reffnm.
Outra voz.
Nobre fereza»
Na marcha ultiya,
O Kei distingue
Tanto em belleza
G>mo em valor.
Coro.
Prosegue e reina, ó Senhor!
152
(6) Propltr weriíatem, et man-
auetudinem^ et Juãtiliam^ et de»
dueet te miraHHter dexícru liM.
(7) Sagitlof tum aeutm (pop^U
tuà te eadent) in cêrda inimieú-^
rum regi».
(8) Sede$ tua. Deus, in eaetí"
lum tmeuli, virga direetioni$^
virga reg^i tuú
(9) DiUxitti jíutitimn, eioii»-
ti itiifuitatem , propterea unxit
te Deu$f Deuã tuue óleo Uititim
p^^w eonsortibui tvitm
(10) Mgrrha, et guttm, et mim
à vestimenlie tuit à domibus ebur»
ue/ã, ex quibui deleetaventtU te
filia regum in hmore tuo.
Vem, sobe ao throno; e contigo
Suba amável mansidSo,
A justiça, a rectidfio;
E quautos bens trar consigo,
Quantos pôde espalhar prod^^osa
Tua mão generosa»
Tuas settas agudas, disparadas
Acertarão nos peitos inimigos,
E a teus pés cairSo nações prostradas :
Nem decorrendo os annos
Vacillará teu tbrono magestoso:
Teu sceptro firme, guia dos humanos.
Expulsará da terra, vigoroso.
As fraudes, os enganos.
No teu Reino ditoso
A justiça, que amaste.
No mais alto lugar a collocaste:
E pois que poderoso
Agrilhoada tens a iniquidade,
Deos te ungio co' as essências d'alegria,
E te deo sobre quantos te rodéam
O mando, a sob'rania»
E as venturas sem fira que te preméani.
Quantas bênçãos o Ceo pródigo entorna
Nesse ditoso estado!
Com qu* esplendor te adorna
A c'roa preciosa.
Manto real, em cássia perfumado,
Na lagrima cheirosa
Que uma arvore goteja,
E na Arábia aromática sobeja!
Que riquezas encerra o teu thesouro!
Como 09 cofres ebúrneos, cofres d'ouro,
Que estas alfaias guardam.
153
Embalsemain as .Virgens do cortejo;
Regias filhas, que te honram, que nilo tardam,
£ seguem a que farta o teu desejo!
Todas são lindas, cândidas, formosas.
Todas dignas de ser dos Reis esposas.
Porém qual competir pôde
Em graça, belieza, agrado.
Com a que, junto a teu lado.
Agora ^emos sentar!
O diadema, o sceptro a mostram.
As alfaias preciosas,
Essas roupas primorosas.
Que o gosto soube adornar.
(11) jéãíiíit Regina ã ãexiriê
iui» in veutítu deauratê : cirtum*
data varíeíate.
Coro das Donzellas.
Filha, escuta, presta ouyido
Ao dictame da amizade:
Não dês lugar no teu peito
Ao tormento da saudade:
Esquece a casa paterna,
Esquece o poYo querido;
O teu Rei por ti suspira,
Emprega nelle o sentido.
Do seu querer dependes; elle adora
Desse teu rosto a graça encantadora;
E teu senhor, teu nume, fino amante.
Seu amor n&o te esconde:
Somente um coração fiel, constante,
A tSo ditosa chamma corresponde.
Virão as Tyrias Damas ofiertar-te
A purpura lustrosa;
(IS) Audi filia, et ride, ei in-
elina aurem ttiam, et obliviteere
populum tuum^ et domum patri»
tuin
(13) Et caneupiseet Rex dera-
rem tuum ; quaniam ipte eêt Do-
minuê Deuê tuui, et adorabunt
eum, '
(14) Et fiUm Tyri in muneri-
kui, vultum tuum deprecabuntvr
omneê divitet plebis.
154
A gente poderosa
Virá submissa ver-te, e ha de in?ocar-te.
(15) OmnÍ9 gloria eju$ JUim
Regii uè Mus, tnjimbrtíi mireii
tírctímamietã vãrietoHòtU'
O rico Yéo que te cobre
Os cabellos preciosos
Menos te orna, Regia filha,
Que os teus dotes virtuosos;
Desse Objecto que te adora
O maior tbesouro é este;
Tua alma cândida e pura,
O teu animo celeste.
Cofio iK)s Mancbbos.
(16) Mdueenlur Regi virgínea Soltai OS hymnOS alcgrCS,
Itõtt eaniy próximas ejuê qferen'
tur iibi. Segui a vossa Ramha :
Ide ao Rei, gentis donzellas,
Para o templo s'encamioha.
(17) jffertntur in latitu, et Has que alegrcs canções rompem os ares!
exultatione, addueentur in tem- r> i •
ptum RegiM, Quo doces mstrumeutos,
Que applausos singulares
Revolvem no ambiente os mansos ventos!
Chega em fim esse instante venturoso:
Cessa de suspirar, felis Esposo.
Coro das Donzbllas.
(18) Pro patrikuM tuia nati
sunt tibiJUii: eonolituee eoê prin*
eipet tvper omnem terram.
Pela pátria e pae que deixas
Filhos o Ceo te ha de dar,
Que das saudades que sentes
«
A dor hSo de consolar.
Filhos terás, que algum dia
O mais vasto Império rejam ;
155
Que aos vanallos dem conforto,
E aos pães os bens que desejam.
Os DOIS Coros.
Teu nome irá triumpbante
Todos os tempos vencendo;
De uma gerac&o a outra
Irá com gloria descendo:
Será por todos os povos
Altamente confessado;
Té aos extremos da terra
Por elles sempre invocado.
(19) Memêrtê ermU nêminiM
lut i% êmni f Mcrfltee, el gemi^
(80) Propterea ptfuU eún/Ue-
buntur tibi tu atemum^ et in ta^
€ulum Mweuli.
PSALMO XLV. (■)
B
A musica é do metíre das Cantoras
da eschola de Core.
Aiou da paz a luz: á praia, ao porto,
Felizmente, depois da tempestade,
Deos, que é nosso refugio, nos acolhe.
In finem fliiif Core pro arcanif.
(1) DeuM notter, refugium, et
virtu9f adjtttúr in iribulaliúmòu9f
pia inoenemnt nȐ nmif .
(•) Mallei reúne este psalmo com o leifuinte (XLVI.)t pel« rasSo de que o estilo, o
metro, « textura, e o argumento sXo oi mc«mo8, e por outras coniideraçdes que expende ; e
anim reunidos, ajuiza qne foram um bello parto do grande ingenho de SalomSo, mesmo
*
]Mrque não te lé no litalo que o psalmo seja de DaTÍd, nem nos seus tempos existia aquella
perfeita pax que em ambos se preeonisa ; e conjectura mais, que fossem compostos e canta-
dos na trasladaçlo da arca de SiSo para o templo, a qual se descreve no c. 8.* do 3.* livro
áêã Rei». O sentido espiritual dix re»peito á conrerslo dos infleis, á pax da Igreja, e á pu-
blicaçlo da Fé por todo o mundo depois da gloriosa Axcens2o de' Jesus Chriíto.
Por esta occaiilo seja-noa permittido recordar que qualquer falta on inexaclidlo que
se encontre nas notas que offerecemos nos de?e ser aUribuida, e nlo k illustre Auctora da
paraphruei que unicamente ee occnpou do texto dos psalmos.
(O tdiiur.)
156
Ruge o vento, o trovão brama, fusila
O relâmpago, a terra se commove:
Mas que seguro asylo em Deos achamos!
Com que forças soccorre! e nos salvamos!
(«) Proptêrea non iimebimut, ^So tomos quo temer. Se a terra treme;
diim turòMtur terra^ et IrafM* ^ * r • j i&
ferentur montei in cor mmiê. Se OS montos transleridos so sepultam
No coraçSo dos mares revoltosos;
(3) sonueruni, et iurbata iunt So as aguas estroodosas dosarreigam
aqv4B eorum : contvrbati 9unt ^ . « i . a
morUeM in foriitudine ejus. Os rocbedos das serras; que tememos 7
Se Deos, nosso conforto, ao lado temos?
(4) PiunUnit impetuã imtifieãt Tão ferina borrasca não perturba
cioitatem Dei: ganetificamt <•- -^ , .1 _ 4- ^
òernactiium euum MUnimui. O placido romanso, que argentmo
Banba e rodéa o sitio levantado
Onde o Senhor fundou a immortal Sede:
Throno sublime, augusto tabernacMo
Em que reside o sacro-santo orado.
(5) Deut in médio ejm fitfn £ 80 immutavol Boos alli proside,
eommovebitur : adjuvaiit eam ^ r ■• * j r J^
DetíM mane ditucuio. Se osses muros fortissimos derende,
Quem pôde vacillar, quem temer pôde?
Antes que aponte a matutina aurora,
Antes que o Sol luzente doure o dia,
Deos carinhoso sobre nós vigia.
(6) CaniurbeAm iunt gentet, et EstremOÇa COmtudo a gOOtO iniqua.
inclinala ivnt regna: dedii w- ,. ^ ■ - l i.
cem suam, mola esi terra, J* por terra lançou torros suborbas.
Que ornatos eram de famosos Reinos:
Trovejou Deos irado contra os crimes;
Soltou a voz : as terras se abalaram,
E os mais egrégios thronos se arrazaram.
(7) uominut virtutum nobis- Mas 0 Doos de Jacob sempre comnosco
157
O seu poder e amor nos manifesta:
Qaem deixará de ver nos seus prodígios
A previdente mSo que nos protege?
Que aos seus 6lbos acode com piedade*
E em ventura converte a adversidade?
€tmt, iuteeptor noiler^ Devã
\ iode iodos, pasmai das maravilhas (8) yettUe, et ndete opera Do-
m#ii#, qy« poêuií prodtgta êuper
Que as obras do Senhor mostram no mundo: urrom, au/eren» mu ««fue md
^ m . . ^ , Jinem terra.
Como enir&i as paixões nos nossos lares,
Como a guerra cruel de nós affasta;
Quebra os arcos do forte, as armas queima,
E dos génios audazes doma a teima.
(9) jéreum eonteret^ et eo^frin-
§et ormãt et êcutã eomèuret igni.
«Socegai, Deos nos diz» tomai alento:
Reconhecei quem sou; quem vos defende:
O meu poder será sempre exaltado,
A terra obediente o reconhece.*.»
Deos é comnosco, ó Povos! anima i-vos;
De tantos infortúnios coosolai-vos.
(10) Focãte, et viiete, fuoniom
ego Mum Deue : exoUokor in gen-
t0uêf et exoUokor in terra.
(11) DominoM viriutum nokii-
etun: êuoeoptor notter^ peuo
Joeob,
PSALMO XLVI.
O
GBANDE Deos celcbremos,
Os nossos hymnos reboem.;
Battam palmas quantos vivem*
Flautas e trombetas soem:
In flDem pro filiit Core (•)•
(1) Omneo gentee^ plaudite nuH
nièut, Jubilate Deo im você êxul*
tationiê*
Pois que o Excelso, o Poderoso,
O tremendo Rei do mundo
No seu vasto império abrange
Quanto é mais alto ou profundo.
(t) Quoniam Dominut exeeltut^
terribilie : Rex magnut ouptr
•ffinein torram^
(•) y. nota antecedenle.
(3) Suifeeit ffOpulúM nõHt , et
geniet iub pedibut nottrit.
(4) EUgit nobis hteredUatem
siiani, ^tpeciem Jacob ^ qumm di-
íexii.
158
Ellc é quem com força immensa
Os povos nos sujeitou;
Quem a nossos pés vencidos
Nossos contrários prostrou:
Quem para a ditosa herança
De Jacob nos escolheo;
Dessoi que Deos tanto amava^
A stírpe em nós floreceo.
(5) Atcendit Devã in jubilo :
et Dominut in você tubcc.
Cantemos» que os Geos se abrem»
E ascende o Âuctor do Universo;
Para tfio sublime assumpto
Prosa é curta, frouxo é verso.
(6) Ptatlite Deo notlrOy ptal'
lite; ptallileReginottro, paalliíe.
Cantai comigo» cantai
A gloria do nosso Rei;
Os seus triumphos da morte»
Yictorias da sua lei.
(7) Quoniam Rex omnis terra
Deus, ptallite tãpienler.
Elle sobre tudo reina:
Dobrai vivas, battei palmas;
Levantai os pensamentos,
Inflammai de amor as almas.
O melhor hymno se escolha,
E a lyrica melodia
Rompa os ares» celebrando
A eterna Sabedoria.
(8) RegAabit Den$ êuper gen^
íe$: DeuM aedet êvper oedem to»-
dam iuam.
Á dextra do Sér dos seres,
No immortal sólio sentada,
£ por essências celestes,
Pelos astros cortejada :
159
De lá doma e rege as geotes; (9) Prineipeê púpiUrum wn-
* . 1 •, j . greátdi nmt eitm Deo Jkrãhmm :
LÃ do J!.mp]rreo determina pimtimm íH MUm terrm vthe-
Que aos filhos de Abr'am se aggreguem '^"'''' "'^•'* •^•
Beis e Povos que domina.
Pelos fortes G)nductores
Que lh'escoIheo profidentet
Se exalta nos ceos» na terra
O seu nome omnipotente.
Ninguém em poder lhe iguala;
Delle todo o sér depende:
Nem Si8o vacillar pôde.
Pois Deos a ampara e defende.
PSALMO XLVII.
Psalmú para cantar^se pelos fUhoê de Core. Pnimut Cantiei aiííí con?
fecunda Sabbati. (•)
Ubandb DeosI Tu, que eicedes quanto alcança (i) Magnuê DonUnuê, et imu-
Par. loavar-te . humana creatura. ^^t;^ S ^"tjL'!^'^
Com qne piedade attendes
Os hjmnos maviosos
Que inspira o doce fogo em que me acoendes I
(•) Sf^ndo o nono entender, eite psalmo é lambem de SSalonSo, etcripto e cantado
em um doi muitos dias em qne se celebrou a dedicaçio do templo. No titnio nlo se acha o
nome de Da?id, mas t2o s<Smenle Psulmut Cantici Jiliia Cêrtj êeeunda SmòÒmIí, Estas ulli*
mas palaTras nio se lêem na fonte, oit naa anttfaa versSes, e sio accrescen^menlo de tem-
poa poateriores, como já adrerthnoi em outro lugar. No sentido espiritual entende-se a
Igreja, contra a qual partm if^feri ifM prwvahbuni, como o próprio Jeiuf Christo, sua ca-
beça, nos faz laber.
(Matlei.)
160
(£) Fundaiur exvUaii&ne uni- Que festival coDcérto a terra inteira
verta terra mon» Siên, laterm «^ ., , * r j i
AquiUmi9, eiviUi Regis magm. t^orma ao ?er a Cidade que 6 rondada
Sobre o monte Siito, opposta ao Norte;
Que é de jardins e bosques adornada,
Em clima tfio ameno quSo saudável;
Inexpugnaveit forte,
Domicilio suberbo, magestoso
Do mais sublime Bei, mais poderoso!
(3) Deu$ íh domibuM ejuê eo* As torros, quo ao ceo s'ele?am,
gnotceiur^ cum êutcipiet eãm, « # i i
A fortaleza dos muros,
Os alicerces seguros,
Nlo pôde a força abalan
Por alli se reconhece
Que tSo sublime morada
Foi de certo fabricada
Para Deos nella habitar*
(4) QiMfiMift ecae Rrget Èerrút Mas quo nuvom medonba se levanta !
tmgregMti iunt^ e9ttv9aervnt in « . * i
ttfiMfii. Que Potentados ímpios nSo se aggregam
mÍÍÍ/VJhíÍS^^^^ Para attacá-la!... Oh pasmo! stupefactos
Munt, tremor apprehendit epe. Retrocedem, de mcdo, OS inscusatos:
Conturbam-se, admiram, desfallecem;
Seu crime reconhecem.
Seu propósito muda,
(6) m iútêtei tit parturietUiM, E as entranhas lhes lavra dor aguda.
in tpiritu vehementi eoNtereê nm- -^.^ - . i i .
rr« 7*Aflrtft. Difiundc-se O tcrror pelas cohortes,
Perde o credito a voz dos Commandantes:
Só naufrágios e mortes
Compensam seus projectos arrogantes:
Ameaçam os Euros furiosos
Os navios de Tharsis alterosos.
161
Cresce o risco; pela eniarcia
Raivoso o veoto assobia »
Envolve-se em noite o dia,
OuveiD-se as ondas bramar.
Com teu sopro vehemente
Oh DeosI os mares revol?es;
Rijas armadas dissolves,
Nas rochas v9o naufragar.
Quanto vemos e ouvimos verifica
Do Senhor as promessas inralliveis,
Que affastam da cidade santa os p rigos,
Derrotam sem remédio os inimigos.
Ao Senhor que fabricou,
Para nosso beneficio,
Um tao solido edificio,
Devemos o nosso amor*
(7) Sieui mídirimus^ He M{»
mu9 ineiviiãte Domini virtuium,
IA eiviUUe DH núgtri^ Detu/tm^
dmvU eajfi i» mtemum.
(8) Suice^mut^ Deu$, miêeH-
t^rdiãm tuam te médio templi
tui.
No seu templo sacfo-santo
Não se conhece a discórdia;
Nelle habita a misVicordia,
Gessa alli todo o temor.
Do Senhor dos Exércitos a gloria,
De suas maravilhas a memoria,
A perpetua firmeza de seus muros.
Reconheçam os séculos futuros.
No seu templo, ao pé do throno
Em que brilha a sua gloria,
Resoem os nossos hymnos,
Os cânticos de victoria.
Tomo VI.
(9) Seevndum nemen tuum,
Deut , sie et Um» tw in fines
ierree, jtialilia ptenm eet dexiera
tua.
II
162
Tanto ao seu po?o conforta
De Deos o nome adorável,
Quanto os ímpios temer devem
Um juiz inexorável.
(10) Lmtetvr numa Siên, etex- Celebre pois SiSo sua justíça;
ulUnt filia Judm provier judicia ^ i ^r- . ■
tua. Domine. . Coros do Virgeos santas, alegrai-vos:
Seu decoro será sempre vingado
Nos blaspbemos que o tenham profanado.
(10 Cireumããie Sion, ei emn* Ahl vinde» Contemplai de Sião santa
pleeiimini eam: narrate in tur^ . , , . , ,.
ribus eju9, A grandeza, os palácios e obeliscos;
No seu recinto entrai, explorai tudo;
As torres que competem co' as estrellas;
(It) PmUte eordm vegtrm invir- Visitai «S cidadellas,
^i^íl ,^^Z' e^rltlr Medi-Ihe das muralhas essa altura
*''''^'' Que a paz dos moradores assegura:
Narrai esse prodígio aos que vierem,
E pssa o vosso canto
Ser com ternura ouvido, e com espanlo.
Dos últimos humanos que nascerem.
(13) Quoniam hic e»i Deuo, NestO palaCÍO
Deut notter in atemum, et in
aaeulum taculif ipêe regei nêo Do Rci doS RciS
in neeuUt* _ •
Reina a ventura,
Reinam as leis.
Os já nascidos,
£ que hSo de nascer,
Tomem alentos;
Pois quem observa
Seus mandamentos
A paz segura
Sempre ha de obter.
163
PSALMO XLVIII.
À musica do psalmo é do meslre
dos Coritas. (*)
i
óSy que habitais a terra, ouvi^^ine todos.
Aos que de clara stirpe se gloréam,
Aos humildes, aos ricos, aos mendigos,
Convém minhas verdades.
Io flaem flIUf Core ptalmut.
(1) AuãiU htte^ pmneã gente$^
auriòut pereipUej vmnea qui Ao-
biíatis orbem,
(S) QMtfve terrigenm, et JUii
himimtm : iimul in vnum diveêj
et pauper»
Meditações severas me ensinaram
A trazer a meus lábios sapiência ;
Divina inspiraçfio a bocca me abre
Para fallar ás gentes.
(3) Oe tnewn hquetur eopiem'
iimn^ et meditatio eordie mei pru-
detUiãm.
Melódico instrumento! lyra amada!
Em ti procuro os sons que mais adocem
As terríveis sentenças qu^ meu estro
Ardendo em fogo entoa.
(4) IneHnãbo in pwraholãm cm*
tem ififam, t^eriam i» p9alteri9
propêiitionem meam.
No dia amargo, que tremendo susto
Me virá conturbar? O peso d erros,
A permanente iniquidade em torno
Do meu sér vacillante.
(5) Cur
imiquitãê
bit me.
in die nuilãt
mei eircumda-
Que afflicto dia ! Nada entSo nos serve :
O valor, de que tanto nos prezámos,
As riquezas, a gloria, o primor d'artes,
Tudo se desvanece.
(6) Quicú9{fldtmtiavirtuteãtiã,
et in muUitudine divitiarum ivm'
rum gloriantur.
(») No titulo dette pialmo, poato que fe attett« que foife cautado petos metniot Co*
rJtAf, todairia nSo le declara que fosie David o auctor delle ; e Mattei Justamente opina que
deve, oomo o precedente, altribuir-se a Salom&o. O estilo é o mesmo dos Provérbios, e o
atiompto é todo moral, sem hafer prects2o de procnrar-se ontro sentido,
Tomo VI. II •
164
(7) Fraíer non redinút, redi- Nem O amor frateroal, Dem a amizade^
met homo, non dabit Deo placã- o i« i . i
tionem iuam. Supplicas, preço algum, resgatar podem
(8) Et pretium redemptioníi Um amigo, um írmdo ; Deos ndo se applaca,
anime tua, et laborabit in úBter* wr« i .
num, et vivet udhuc in finem, ^So revOga O decreto.
Cançam-se em vio de prolongar os dias;
I^or séculos que dure a vida humana.
Chega a morte, alça a fouce, vibra o golpe,
A eternidade spontal...
(9) Non videbit interitum, cum Como é louco 0 tnortal quc nSo repara
viderit iopienteg morienlet: fí- ^ ^ • • •
mulinHfiene,etetultuiperibunt, Que SO B mOrtO tragOU SaOlOS e riCOS,
Ao fero assalto delia em vão resistem
Prazeres e loucuras!
(10) Bt reiinqvent miiem» divi- Todos á morte Cedem : OS maís ricos
tioã 9uãt : et eepulcra eorum do-
mus iiioTum in atemum. A estranhos doixarão OS seus tbesouros;
E terSo por eterno domicilio
A tetra sepultura.
(11) Tabemacuh eorum inpro- Dalli uSo voltarSo mais sobre a terra:
genie , et progénie : vocúverunt * . i i. j • • i
nomina sua tn terris suis. A tenobrosa campa ba de opprimi-los,
Mesmo quando seu nome celebrado
Insensatos invoquem.
(12) Et homo eum in honore Ah! se algum s esqueceo durante a vida
etset, non intellexit : comparatus •>.i..iii, r^-^
est jumentis insipientibus, et si- Da dignidade de homcm; se o fartaram
miUsfuetus est Hiis. Deleites v5os, inúteis simulachros
De gloria, de grandeza;
Se igualando-se aos brutos, o futuro
Lhe nio lembrou, fez mofa do passado;
Foi caminhando ás cegas para o golpbo
Em que a morte o arremessa:
165
Que lastimoso exemplo ao mundo lega!
Deixa aos viodouros Yenenosa eschola»
Onde applaudem doutrinas que os depravam,
E os submergem nos yícíos.
(13) Hme vim illamm «emtfa-
Iwn ip9i»y et poêiea in ore «m
complieekiMt,
Vão como vai o gado ao matadoiro;
Como um rebanho os vai levando a morte,
£ súbito no inferno os precipita
Em ténebras eternas.
(14) Sicut êpeg in ii^erno poni-
ti «tin/, mort dêpoMcet eot.
Que pasmoso contraste faz, raiando,
Uma luz matinal 'que ao justo cerca,
E o manifesta sobre o Empjrio Sólio,
Que é premio de virtudes I
(15) £f dominõbuntur eorum
Jutti in matutino: et ãuxilium
eorum vetemeet in inferno • gto-
rin eorum.
Em quanto, soltas dos corpóreos laços,
Já destinadas a immortal tormento.
Gemem em v8o as almai dos malvados
Nas perpetuas masmorras.
Meu Deos, de um tal destino me defende!
Quando o calor que a vida me sustenta
De todo se extinguir, ah! nSo permittas
Que eternamente eu pene.
(16) Verumtmnen Deu$ redi-
met animam meam de manu iw
feri, eum aceeperit me.
Vós, mortaes, que me ouvis, não vos espante (i?) Ne timueriê, eum divet
^ . . 1 j.^ , . . faetuã fueHt homOy et eum mui-
U taUStO ao ditoso; nao vos tente tipUcataJuerit gloria domueejut.
Inveja de riquezas, de palácios,
Por mais que brilhe a gloria.
Cá fica sobre a terra essa opulência; (i8) Quoniam cvm intertent,
non aumet omnia, tieque detcen-
Co a nudez com que entrou no mundo, á morte dit eum eo giona ejui.
Se entregará seu corpo, despojado
De vigor, de belleza.
166
(19) QifAi mtimm fjuê in vitã Assaz na Vida, farto de delicias,
l/Aí, tum ben^feeeriB ei. Tuiba de aiDigos falsos O adularam;
Assaz creo no prestigio dos prazeres
Que feliz o fingiranf:
(to) inirHM tiêçMe in prêft^ Soffra agora, se isento de thesouros»
wtrrZn nm videbit iumeT Privado de conforto, so apresenta
No cego mundo a seus antepassados
Em profunda amargura.
(SI) Mmê, €um in hêmre ew^ Desconheceo» viveodo, os nobres dotes
ettjumeniiê inêifneniibm, ei tj- Com quo O SOU Crcador O tinha ornado;
miii,faciuM e.t iHn. Preferindo ser emulo dos brutos,
Acabou como acabam*
PSALMO XLIX.
De Átaph {*).
(1) Dtuê Dearum Dêmimia lo- F AUA doS altOS COOS 0 DOOS doS DeOS»,
eulut eêtf et voenit terram, /^i .
Chama a juizo a criminosa terra;
(t) A êêiii ortu wque Md oc- Desdo ondo nasce o Sol a yoz retumba,
niffttifi; ex Si9n tpeciee deeorii -,, . ^ ,
gfua. Té onde o Sol se apaga.
(•) No eitilo lublime e heróico» poucof pialmoi podem coniftrar-ie com eite, de qot
foi âoclor o famoio Ataph, graode poeta e mestre de capella not tempos de David, eooio i»
collige de Tariot logares dosParalipomeDos, onde no Iít. £. c. S9. ▼• 30. te lé o seguinle:
Praeepit Ezeehias Leviti», ut iaudarent Deminwn êermonibui David, et Jêeph viéinIU'
No sentido litteral, reíere-se a prophecia a dcKrerer a TÍnda de Deot de Sifto a Babjloiíat
para libertar o sen povo, faier Justiça dos ímpios, e conioiar os bons, qne estavam oppre"^
e qoeiíosot, por não poder-lhe oOerecer os costumados sacrifidoí: no sentido anisogic*^'
descreve-ie a vinda de Jesuii Christo para Julgar o mando.
(Mãitei )
167
Cercado de fulgores, magestoso
De SiSo vem descendo; as áureas roupas»
O apparato divino o manirestam ;
E Tem desaggravar-se.
(8) Deui tMHtfeitè vffuel, DeuM
noêiery et »•» tileòii.
Dos tro¥des o estampido, ardentes fogos,
O Tento rugidor, as tempestades,
Me avisam quem é esse que precedem;
Peoetram-me de susto...
(4) Ignii im CÊHipeeiH tjuM ex-
mrdeãeei^ et in eireuitH ejue tem*
pe$tM$ vmlida.
Clama de lá dos Ceos: «Ó terral ó povos!
Venho a julgar-vos. Testemunhas sejam
Os ceos, as gentes ; ao juizo assistam
Os numerosos seres.
(fi) jédtêeMí emlum deeufêum,
et terram diêcêrmere pêputmm
êWim,
«Venham primeiro os anjos, venham justos, {B) c^gregate nu emneiet ejus,
^ ., . . ., qyi erdinãnt teetametUum ejuã em*
Qae com pureza d alma ante meu throno per sacrifieia.
Apresentavam lúcidas virtudes,
Devotos saeríficíos.
«Os que a minha justiça e lei sagrada
Aos mesmos ceos, constantes, attestaram ;
Confirmaram com viclimas e offrendas
Minha eterna alliança.
(7) Et MmmiUiãkvnt eedijueU-
ItfM» ejue^ fuonimm Deui judex
eet.
aPonham-se á parte os máos; a vida inteira
Quero explorar-lhe ; o ceo e a terra vejam
Se a medida que ponho a meus rigores
Corresponde aos delictos.
flí Povo meu d'brael, a ti primeiro
Dirijo com ternura as minhas falias:
Ouve, sou o teu Deos; assim o attesta
O teu Deos compassivo.
(8) Audi pepulue meu$i et h-
quar : leraei, et tetifficaker tibi :
Deue Deítt tuus ego ium.
168
(9) Non in MãcnfcH» tuia ar- a NSo mo queiío de ti, 86 mil cordeiít»,
ffiiam te: hcloeaiuta aulem tua .... ... , , .
til amtpoelu meo Munt Mcmper. Mil ▼itellos D&O tenS depOSltado»
Em sacrificio, sobre meus altares;
Se as aras Dão fumegam.
(10) jvoíi âeeipUtm de domo w- aTeus TOtos trago sempre anle meus
tvlon, ntfue de gregiíbuÈ tuíc .
hircoM. Mo me s8o necessários teus rebauhos;
(11) Quoniam mem iwu cmnea Do campo as rézes, da flofosta as foFas
fera ríhmrum, Jumenta in mên- , • ^ &
tiòus, et bovet, iodo a mim so pertence.
(i«) Cegnúvi enmia toiãiitin ^^\ quantas aves Yagam no ambiente;
emliy et futehwituda agri meeum ^ ^
ett. Sou quem reveste os prados de verdura;
Ás arvores dou fructo, ás plantas flores,
E adorno de belleza.
(13) SieturierenendieamtiH: a Se precisasse, nada te pedira:
meus eêi enim erbie terrm^ et ^
plenitude eju$, O que tudo creou jamais carece:
Todo o orbe da terra é meu ; possuo
A plenidão dos entes.
(14) Numpdd tnandueãòo car^ aQuem ba de crer que bebo sequioso
nes tauremm, mui aãnguineuí hir* .
cerumfetahef O saugue de aDimaeS| ou que me farte
A carne dos bezerros victimados
No templo em honra minha?
(15) immeiã Deo nuirifieium «O sacnficio puTo quo me agrada
latMftt, et redde Miesimo veta ^^ ,
tua. S8o tuas preces, silo os teus louvores;
Ao Altissimo entrega teus suspiros,
Immola-me teus votos.
(16) nt invêca me in die tri- «No dia da afflicçSo a mim recorre;
huiatieniê : eruam te, et hmteri- * • , ■ i « • i
jUaòie me. Assim 6 quo bas de honrar a mmba essência:
Geme junto aos altares, hei de ouvir-te,
Hei de enxugar teu pranto^.. »
169
Assim fallou; mas logo irado e torvo
Volta-se ao impio, e deste modo o increpa:
a Com que aadacia teus lábios crímiaosos
Narram os meus preceitos?
(17) Peceatori autem dixii
Dem: fttare tu enarriu JuititieM
titeas, et ãêturns tetiamentum
mewn per w tuwf í
«G>mo da lei que insultas Tallar ousas?
NSo sabes que as promessas d'ainaoça
NSo comprehendem pérfidos profanos
Que se nutrem de tícíos?
aNSo és tu quem meu jugo quebrantaste?
Que as taboas em que a lei gravada tinha
Ârremeçaste para traz, zombando
Dos meus sacros dictames?
(18) Tu vero oiitti ditcipU-
nam, et projecisti termones meos
retrorêum.
a Do ladrSo, do impudico nSo fizeste
Tua mais deleitosa sociedade?
Abundava em malicia a tua boccap
Co' a lingua urdias dolos.
(19) Si frídebãt furem^ eurre^
èãaeum eo^ eteum adulierit por^
timtem tvam ponebãt-
(CO) Os tuum abítndãtnt mali'
tte, et lingua tua caneiímabat
Moã.
a Contra o teu própria sangue quantas vezes
Conspiraste malévolo! Que aleives.
Que impropérios cruéis n9o propagaste.
Escândalos fabricando!
(SI) Seden» adwereus fratrem
tuum lôquebariê, et advertus fir
Hum matfit tua poneboM ecanda-
lum: hme/eciêti, et taeui.
«Contra quem mais te amava conjuraste:
Tudo vi, tudo sei; porém calei-me.
Nega, se podes, tSo culpáveis factos,
E vé se os desvaneces.
«Crés, ó louco! que eu coroo ta perverso
Possa esquecer t9o grandes desatinos?
Enganas-te ; hei de ser justo, severo,
Pesar todos teus crimes.
(S£) Exigíinuuti iniquè quod
ero tui timiliê: arguam te, et
ãtatuam contra faciem tuam.
170
a Hei de arguir-t^ hei de |#Dçar-te em rosto
A iofamin de teus erros» orofundir-te;
E fazer resaltar a mioha gloria
Gom a tua igoopiioia.»
(«3) iiueUigite hae, qui oUi- Ouvi ostas vordados, poccadoros,
;S1"«- «"',::? «í^' " De^»^.*» de Deo»; tomai sentido.
Para qqa «' t^põ le «ispeoda o raio
Ql^ irráza* sem remédio.
(£4) Sãcrifiiium Umiit hon^rí- NSo com saogue; oom preces e louvores
^L7ui 'ÁOLV^r'" De applacar o Seiih«r é, tempo agora;
Pedindo-lhe nos mostre compassivo
 sua face augusta.
PSALMO L.
(IV. DOS PENITENCIAES.)
Id finem psalmus David, cam ve- A mUSica 6 G pOBSia i de Doxid^ € foi pOT
nit ad eum NaUun Propheto, ^n^ composta quondo O Pfopheia Naúm
quando intraTit ad Bethiabee. . _ , _ i j i. • j n^l
veto admoestado pelo admieno de iSetn'
sabea. («)
(O Miserere mei, Deut , te- lERDOA-lIBt Seuhor, proporcionaudo
tuam. Das tuas mis ncordias á grandeza
Remédio ao mal que afflicto estou chorando:
(•) É opinião de Abenara, referida por Muii, e scguid» por Maltei c oalroi, qoe «
dois uUlmof TerMcnlof deite pialmo foram addlcionado» por algum Levila no tempo da «•
cravidão Babylonica ; porque noi dias de David ainda Jerusalém nlo era cingida de man»;
nem eile prophela, depois de ter dillo nos versos 17. e IB. que eslava promplo a ofiferecer
sacrificios ao Senhor se elle ot quisesse, mas que a viclima agradável a Deos era um cora-
çlo contricto e humilhado, havia de repente conlradixer o seu sentimento, accreiccnliin«l<»
que lhe sacrificaria vilellos no seu altar, depois de edificados os muros de Jerusalém.
171
E pela lua piedade
Delida fique a minha iniquidade.
(t) Bê seeunãum mulMudineM
miãeraii&mtm ttiarum deteiniqut'
totem meam.
Amplamente me lava nódoas tantas.
Com qne medonhos erros me mancharam:
PuriCquem, meu Deos, lagrimas santas
Restos desse peocado
Com que sinto meu peito «da Bggrafado.
(3) Amplinê Utoa me ab inipti-
tute mea, et à peecãio meo imm-
dã me.
Reconheço, Senhor, minha malícia:
O meu peccado sempre tenho á vista ;
Faz-me horror quanto aelie achei delicia.
Ahl contra ti pequei,
Ao mal ante os teus olhos me entreguei.
Para justificar tuas sentenças,
Teus sagrados oráculos, confesso
Quantas fiz contra ti cruéis offensas:
E quando me julgares
Verão justa a vingança que tomares.
(4) Queniam iniquitatem meam
ego eognoeeo^ et peeeatum meum
eentra me ett eemper.
(5) Tibi soli peceaviy et malum
coram tefeei: ut Juttifieeris in
eermonibus tuia, et vimca» eum
Juâieariã,
Sim, concebido fui na iniquidade;
Na culpa me gerou quem me deo vida :
Mas tu. Senhor, que amavas a verdade,
Em minha alma a estampaste,
E occulta sapiência me ensinaste.
(6) Eeee enim in iniqtaitatibv»
couceptuM f ffffi, et in peecatie eonr
cepit me mater mea.
(7) Eeee enim veri totem diU'
xitti: incerta et occulta eapien-
tiet tum monifeetoiti miA^.
Recorro a ti: diffunde graça ingente,
Asperge-me c'o hyssope saudável,
E puro ficarei, de delinquente:
Mais do que a neve pura
Luzirei, revestido de candura.
(8) Atpergee me hyetopo, et
mundabor: lavobiã me, et euper
nivem dealbabor.
Solta essa voz suave em meus ouvidos;
(0) Auditui tneo dahh gaudium
172
et Mitimn, et exuitahmt 0$ia E O deleite e alegria em mim lavrando
hutniliotfít
HymDOS me hão de iospirar eaterDecidos:
Meus ossos humilhados
Exultarão de gosto, reanimados.
(10) Averte fadem twm a pec Nâo olhos para O crimc já passado;
catU méis ; et omnee inipUtatee . . . , ,
mea$ dele, Risca as ioiquidades da lembrança :
(11) Cor mundum érea in me, ' . . ,
Deus, et spiritum reetum iwtova t.ria em mim coTaçao Dovo O lavado;
í» visceribus méis. -n >
Em meu animo inuova
Recto senso, que o bçm somente appro?a.
(i£) Ne projieias me a fade Não me recuses, nSo, tua face amável:
tuot et spiritum sanclum tuum ... . „
fie auferãs a me. NSo retires de mim 0 santo influxo
Do espirito divino; roas saudável
(13) Redde mihi latitiam stdu' Movo em mim alegria,
taris tui: et tpiritu prindpati , , .
confirma me. E OS teus dous priucipaos de mim confia.
(14) Doeebo iníquos vias tuas, EntSo, doutriua sauta promulgaudo,
et impii ad te convertentur, ^ • . . . j
Ensinarei a iníquos as veredas
Por onde a Deos hão de ir-se aproximando;
E os Ímpios convertidos
Perdão te irão pedir já submettidos*
(15) Libera me de sangmnibus, Perdoa-me, ah! meu Deos, OSSO impio facto,
Deus, Deus salutis mem, d ex» ^^ . . j *. - ■
uitabitiinguameajustitiamtuam. Uue perpetrei, sanguineo, detestável.
De um criminoso amor fructo insensato:
Perdão!... Direi contente
Quanto a justiça tua foi clemente.
(16) Domine, lábia mea ape- Abre, Seuhor, meus labios; teus louvores
ries, et os meum annuntiabit UtU' a • « n . «
dem tuam. A minha voz espalhe em toda a parte,
Unisona c'os célicos cantores;
Hymnos alti-sonantes
Reboem nos contornos mais distantes.
173
Se quizesses, Senhor, ao som da trompa»
SacrificioSt também t'os oflTrecera:
Mas de holocaustos oSo te apraz a pompa;
É roais do teu agrado
Um coração cootricto e humilhado.
(17) Quênimn H vdmueB to-
erifidum, dedissem utique, A»/0-
eauiti» n0n deleetaòeria.
(18) Saerijinum Deo tpiriiut
eêntrUMãtuM : cor cantritum, et
AfiflBflíaItMi, Dftrt, non detpieiet.
Espalha pois benigno, faforafel,
BençSos sobre Sifio; repara os muros
De Jerusalém triste e deplorável:
E nesses dias faustos
Então te oflTreceremos holocaustos.
(19) Benignè fac Domine, f»
òina vlwUttle lua Sion, ut adi'
fieentur muri Jerutalem,
Então, já dissipados os pezares.
Completa a expiação, puras offrendas
Acceitarás piedoso em teus altares;
E as victimas sagradas
De listões e de jóias adornadas.
(£0) TuncaeeeplaUã uaerifieium
JuãMia, 9blmtÍ0He9, ei Mmsim-
ta: tune impmient tuper tdtmre
tumm vitulo».
PSALMO LI.
A musica e a poesia é de Dactd» eseripta in finem inteiiectiu (••) David,
par elle na occasião em que Doeg Idumeo «'"* ^"'* ^*^ Moin«u«, et
, . ^ , T\ • ^ • t -a aununtiavit Sauli : Tenit David
denunciou a Sam que David tinha estado , , «w i u
' in domam Ábmielecli.
em casa de Abimelech» (*)
D
B QUE te serve, oh louco, essa vaidade?
Que tiras da malicia, da arrogância
Com que os crimes comettes?
(1) Quid gíariaris in malitia,
pti potem eu in iniquiiate 1
(•) Este pialmo é uma Invectiva contra Doeg Idumeo, cnja delaçSo e foat funestai
consequências podem ver-se, no €, Cfi. tfol.® Iro. ioi Rei», Pude servir da correctivo contra
os murniuradores e intrigantes.
(••) Iniellectut é um vocábulo que exprime um género de poesia, como ode^ elegia^
canção, etc. V. a nota ao psalmo XLI.
174
És tu qaem te creaste?
Quem tuas faculdades fabricaste?
(s) Tota iie injutiiiiam têgi* Heditas Dd iDjustiÇA O dia loteiro;
tavit língua íua, tieut nooacula ^ ,
actita feciMti doium. Qual aoiolada fouce a língua tua
Alheia fama corta»
Mentiras apregoa,
E os mais dignos objectos atraiçoa.
(3) Diíexiãtí maiitiam êuper Ingrato a Doos, a qucm deves as forças^
benignitatem : iniquitatem magis^ w% e ' ». ■'• • i. •
quam loqui teguiíãtem. Preieriste a malicia a ser benigno ;
Nas desenvoltas phrases
Só presas a maldade;
Âborrecem^-te assumptos de equidade.
(4) Diíexiêii omnia verba pra- Eogauadora lingua ! Quauto estrago
eipiiationiB^ lingua dolota. n < « •■ .
Causam tuas palavras cavilosas 1
NSo pasmes» se provocam
G)ntra ti mesmo riscos»
E do Deos vingador fataes coriscos.
(5) Propterea Deus deãtruei te Cauçado de clemcncia» ha de arraisr-te»
in finem: evellet íe, et emigrabit
te de tnbemaeuio tuo, et radieem Destruir^-te» arrancar^o & própria terra;
tvam de terra viventium. • i . • . .
Longe do jyitrio tecto
Apagarás teu nome»
Talvez que devorado pela fome.
(6) Fidebimtju8ti,ettimebunt, Tfio horrído espoctado assusta os jflstos:
et super eum ridebunt, et dieent : „ - . . - , ,.
(7) Ecee homo, gui non posuit Mas dcpois» increpando*te os delictos»
Deum adjutorem suum, sed spe» t\" » w i j
V«ít in multitudine dioitiarum DlthOl «IfilS 0 malvadO
.«««.«. .* prwvaluit in vanitate q^^ j^ ^^^ ^^ affastava,
E que do seu podar nada esperava.
«Com avidezi somente nas riquezasi
175
Nos frágeis bens, que s8o todos vaidade,
Foz sua confiança:
Suspirou por tfiesouros;
Nada alcançou, cobrio-se de desdouros, n
Eu porém, no meu Deos só me confio;
Qual frondente oliveira alli disposta,
Medrarei no seu templo;
E co' a sua* piedade
Ganharei vigoroso a eternidade.
(8) B§ê ÊUtem Himt «liwi/rw-
elifera im d»mo Dei^ tperam in
nUserieordia Dei in aternum^ et
in tacuium toeuli,
(9) Cm^Mfr tm in tmeulum^
fuia fecisti^ et exspeetúbo ttomen
^iftfffi, quoniãm bonum eãt ificmt-
peeiu Sanet^rum tuêmm.
PSALMO LII.
DixU insipiens in corde suo: Non esí Deus^ etc.
iV.lf. Deixando, a exemplo de Mattei, o psalmo LII. , cujos pensamen-
tos são todos os mesmos ^o flU. , ao fuil me reflro, passemos ao LIII. , se-
guindo a mesma nunarafão/por tCo alterar a ordem da Vulgata.
(Da Aneíara*)
176
PSALMO LHI.
In finem, in earminibui intellectus
David, cum veniftent Zipbaei,
et dixiMent ad Saul: Nonne
DaTÍd abKonditus est apud nos ?
(1) Dtffif, innomine tuú ialvum
me/ac, et in virtute tua judiem
me.
Ode de Davidf posta em musica pdo meslre
dos NeghÍDoth. Foi composta na oecasiõo
em gue os Spheos foram dizer a Saiã
gue David eslava escondido nas suas tium'
tanhas. (*)
c
OH teu nome» ó Deos potentep
Salva-me, pois choro e gemo;
Se julgas a míoba causa
Meus ioímigos nSo temo.
(S) Deuã , exãudi 9rutionem
mfoirt, QuribuM peretpe verba prie
mei.
NSo tardes, Senhor! escuta
Os meus afilictos gemidos;
Ás vozes com que te chamo
Presta attento os teus ouvidos.
Vé a fúria com que buscam
GoDtes estranhas matar-me;
Sem que a mais pura ioooceDcia
Sirva para desculpar-me.
(3) Quoniam aliem ineurrexe'
runt adwereum me, ei forte» quat*
hierunt animam meam^ et non prih
posuerunt Deum ante eonepectum
euum.
Vé como fortes se arrojam
G)ntra mim; como se eximem
De pensar que os estás vendo.
Quando mais cruéis me opprímem.
(•) Eite aviso dos Zípheos a Saul poi David em grande perigo, porque le scbf
omiiiado nSo mnito longe do campo de Saul ; mas um correio vindo com a noticia de qs^
os Philisteos eram enlradof no pais, obrigou este principe a deixar David, pira if W^'^
aos invasores.
177
Vem pois» Senhor, acudir-me,
Sem tea soccorro pereço;
Coororta minha alma afQicta»
Tem dó de quanto padeço.
(4) BeeeenimDntê adjuvai me^
/f Damimu nueeptar egt onimA^
Salva 06 justos; e dissipa
Os que o tempo em crimes gastam;
Reverta o mal sobre os impios.
Que do bem tanto se afiastam.
(6) Averle maU inimiei» méis
(•), et tfi veritaíe tua disperde
illúã.
Entlo, com quanta alegria,
Pela verdade illustrado,
Hei de immolar puras rezes
Sobre o teu altar sagrado!
(6) Voluntariè taerifieabú tibi,
etcmfiUkarnêmini tw^ Domine^
fwmiam bênum eti :
D^estro ardente possuido»
O meu psalterio afinando.
Teu nome e quanto és benigno
Docemente irei cantando.
Relatarei nos meus hymnos
De que afflicções me livraste;
Como de meu» inimigos
Poderoso triumphaste.
(7) Quamam ex amai iribula-
Uone erípuiiti me, et ntper ini-
nUcús meoe deepexit oeulus metít.
Contra os meus perseguidores,
Em teu santo amor acceso,
Nlo tomarei, socegado,
Mais vingança que o despreco.
(•) ObtcnrameDte te Inidiiiio acerte mala inimteiM meie^ em tci de verte mala à me
ia inimieês meM, como dii o Hebreo.
(MattH.)
Tomo VI. J2
178
PSALMO LIV.
Io fluem, inearmÍDÍbus inteUect.i. Ai p<Úawa$ tSú de Dooid, O IRtlftca /
i^ovid. J0 mcffrf dos Neghinotb. («)
(1) Erauii , Dtui , trãUenem WbSTB estado infdiz, 88 miobas prCCM
T^i 'L::L'!'Z'^' :Í^rt* Attende, meu Senhor! Os meus suspire*.
e««tu/t mi, Qqq iq invocam magoadoSi D&o desprezes:
Se me negas soccorro,
No seio da amargura aSIícto morro.
(«) ConiriBtatui sfm inexerei^ Repara que fataes presentimentos
tatione m«i ei ctmturbaíuM Mum ^ j j^^ ^1^,^ CjOIlturbam;
à voee inimiei^ ei à tnbnUUtone
peeauorii. Quq tropel de funestos pensamentos
Em mim sublevam meus perseguidores:
Ouço ao longe alaridos.
Que ameaçando vem o meu socego:
(3) Qumimn dedinaverunt in Já me imputam horrores,
rJfrJk?*''' '' '" "^* '^'"" Temem de mim projectos fementidos:
Em y&o minha alma emprego
Em deveres cumprir, que ímpios admiram;
Por isso mesmo contra mim conspiram.
^4) Cor meum eênturbãhm eii McU COraçSo desfallece
'• Z^JH^"""''"^' marti'^ecidii Eucarando a minha sorte;
Sobre mim d'acerba morte
V,ejo a fouce scintillar.
(.) Ao relirar-ie de Jeraialem, pcriegnido por teu filho Abiallo, compoi DtTÍd ei»
bello palmo, do qual os Santoi Padrei Tlrom qaaii plnUdo o nono Redemplor entregue por
Jadai, e agitado pela eouiidera^o da ptoxima ígnomiiiioia «orle que Ike prepaian» »
ludeoS'
179
Com temor e tremor Tejo
Virem as trevas descendo;
A borrasca ?ai crescendo.
Já começa a trovejar.
(6) Timor et tremor venenmt
^ttper me, et cmUexerwU me le-
fíebrm.
Ah! qaem me dera ter azas,
E como a pomba voar!
Boscara nm ninho remoto,
Alli fora descançar:
Fora aonde nSo se onvisse
Nem o vento murmurar.
Alli aguardaria socegado
Quem de amarga tristeza e de procellas
Me tem por tantas vezes já salvado.
(6) Et dixi: çuii dMt mihi
* pemmã eieut cúlumòm, et voUiòê,
et repUeteam f
(7) Eete elomgmii fugiem , et
Huulii In i9litudinem
(6) Expectãbãm eum, psi fol-
tntm me feeit m pueiÚmiimitate
êpiritve, et tempest^Oe.
Haa ah I Senhor, confunde esses perversos
Que tanta iniquidade
Espalham na cidade:
A cormpçlo em toda vai lavrando.
Trasborda de seus muros a maldade,
E a audácia d^insolentes.
O dia nasce, e a luz faz mais patentes
As vexaçdes, os dolos, a injustiça ;
Da noite com espanto
Iguaes crimies envolve o denso manto.
Desditosa cidade!
Trocaste o brio antigo em perfidía,
Prohibiste o ingresso á galhardia:
Usura, aleive, sórdido interesse
Os coraçSes malvados entumece,
E a culpável audácia desenfrêa :
O crime descarado
As claras pelas praças pavon£a :
(9) Prmeipita^ Domine, divide
lin§moê eorum, quomam vidi cwi-
tradiotionom in âoitote.
(10) Die aet noete cirtumdMt
eam iuper murot efue imipiitãê^
ti íobor in médio ejmo, et injuê-
«Ml.
(11) £1 fi0Ji drfeeii dê phteU
^«t U9ura, et doins.
Tomo VI.
12
180
Peregrina a virtude é mal acceita,
E victima perece da suspeita.
(IS) QuMiatn.siinimieuMmeiíg Âh! SC UID IDCU IDimigO fUflOSO
maledixitut mihi, tuttinuiMictn ., « . . , . , .
tíiiqíte: Me labncasse aleives, poderia
Gom aoimo pacato e generoso
Soffrery e perdoar-lhe a aIei?osia.
(13) Et 8i it, çni oderai me, Se esses que me perseguem e aborrecemp
super me magnm loeutus fuiuet^ m t j • t. •
abu9ndUBem me fgrtitm 9b e9. Iiiasphemos, Qc improperios me cobrissem.
Talvez que defendendo-me gemessem,
E eu tivesse vigor que elles sentissem.
(U) Tu vero homo ufUMimie, Mas tu, homem cruel, que a natureza,
dnx meUM. et notue mevã, g^ . • i*
(15) Qui simvi meeum duieee ^ «^0^ c costume a mim ligaram;
í:Cr«rS:*»; ^iZ.'''' "^ Tu. que ». sociedade, que n. n>esa
Nem raz&o, nem pretextos te apartaram :
Tu, que julgava meu, tu meu popillo;
Tu, que terno e fiel me acompanhavas
Quando buscava a Deos no templo santo.
Hoje rebelde e ingrato te depravas,
E tyranno provocas o meu pranto!...
(16) yeniãt mêre mper iUêe, Ah! venha a morte assustá-los,
et d^eeendant tn if^fernum vinetir . ,. , . ,
tes (•). A seus olhos se abra o interno;
(•) Note-ie aqui neste lugar, segundo o a?iso de Mattei, que as qneiías sZo no lis-
gular, tu homOf qui eapieias : mas quando ▼em ás tmprecaçSes falia em geral} venitt mirt
super eos, et degcendant in ir\femum viterUes, isto é, vivos sejam sepultados debaixo éet
cavallos na guerro, nÍo devendo eoleoder-se o infernum senXo no sentido de sepolcbra, poú
que o Psalfflitta nSo' desejava certamente (attentos os protestos que fai nos vers. 4. e 5. do
psalmo 7. , e a ternura que manifesta na bellíssima cantata que compôs por occssilo às
norte de Sanl na rota de Qelboé, /.. S. dos HHs^ e. 1. v. 19.) que fossem para o iaferoo,
mas que morressem : e n*nma guerra Justa, em relaçfto a David, na qual podia lidtsmate
faier estrago no campo inimigo, nÍo lhe seria também licito desejar esse mesmo estrigo,
prediíé-lo, e pedir a Deos que o fisesse vencedor com a mina doe contrários ?
Convém ter presentes estas reflexSes em todas as passagens semelliantfi a ests qne le
encontram em alguns pialmoi que parecem ímprecativos.
181
Temam que o Juiz eterno
Seus raios chegue a accender:
Porém D'uma alma perversa
Só iniquidade existe;
A todo o auxilio resiste,
^ nem Deos chega a temer.
(17) Qu9HÍam nepUlia in hm*
kiíêeuliM earum in medi» eorum.
Mas que m importam ímpios? A Deos ?otto, (i8) Ego auum nd Deum cia-
iNcot, et DominuM Mahaiii me,
Efíe me acudirá em quanto soBro.
Ou desponte o sol luzente.
Ou se eleve ao meio-dia,
Ou o esconda a noite fria,
Sempre orando me ha de achar.
Muito embora revoltoso
Se levante quem me dOTende;
Se Deos me ampara e defende.
Ninguém me pôde aterrar.
(19) Feepere^ et fiume, ei me-
ridie narrmb0j et annuntiabo, et
exmidiet v^cem meam.
Por entre multidões virá trazer-me
Deos os bens que preciso, a paz serena:
Bem que muitos me assaltem,
He livrará piedoso;
Seu braço poderoso
Combaterá por mim na fera lutta,
Domará do suberbo a força bruta.
Se o Sér que antes dos tempos existia
O máo desconhecia,
Agora castigado
Prove o fructo amargoso do peccado.
A domestica paz, que sobre a terra
Os celestes prazeres anticipa.
Contaminou feroz; foi profanada
Por elle a lei sagrada:
(90i)\Redimet i» paee animam
meam ab Atf , qui apprapiaquant
mihi^ qiianiam inter mult0M erant
meeum,
(81) Exaudiet Deus, §t humi-
lioHi illês, qui eit ante teseula.
(88) Nan enim e»t illie eommu^
iatí9<t et nan timuerunt Deum;
extendit manum euam in retri-
èuendo.
(SS) Cantaminacerunt teãtamen-
tum ejue : et diviei sunt ab ira
vultua ejuãy et apfropinquãoit cor
illiui.
182
(S4) MMíi »imi sermêneã ejuê G>Dtra quem mais O ama?»
super êleum, et ipei iunt j^eula. .. !•« i i
Usou sem fé palavras oleosas*
Mas prenhes de veneoo;
Dolos as perverteram,
■
E em penetrantes seitas converterão).
(£5) Jatía ntper Uommm cvh Has para quo me deixo ir opprímindo
ram /imui, et ipse te enutriet: «% r «. i i. «
nm iêHt in mternum fluntuaiê- De funestas lembranças?
nemjutÊ: Entroguemos a Deoa nossos cuidados»
. Elle ir& reforçando o nosso alento:
N&o deixa para sempre fluctuando
O seu Justo no abysmo do tormento.
•
(€6) Tu vero. Deus, Heduees Temiveís sHo, Seobor, as tuas íras:
eos íh puteuta interitús. ^, *x • ' & r -k J^
Oh meu Dcos! com que aspecto furibaDao
Do malvado comprimes a insolancia!
Nos horrores do golpho maia profundo
O impelles com violência.
(a?) FiH sanguimim^ €t iMM Tem SÓ metade da vida
nên dimidMuMt dies suo»: e§9 a^ j
mitem sperabê im te, Dêmm. O pCCCador sangumano.
Que procura, temerário,
As cruéis paixdes fartar:
No mar que julga tranquillo»
Descuidado navegando»
Vai-se aoa escolhos chegando.
Vai suhito naufragar.
Eu em ti, meu Deos, espero,
Em ti devo descançar.
183
PSALMO LV.
Psalmo â$ Dwidf condão na oeeariàe em in floem, pro popuio, qut k san-
que eteapou da»mão$dM Pmuteot, <pu ^"rr","" "*' ."* "
^^m^ j^ ^ , ^j^^. injçriplioiiein, cum tenue-
O imiioSWai em G^h. A mtlMa i W ruat eum AlIopbyU íd Oelh.
mnift dos Jonath-elem-rechocfaim (♦).
T
BM piedadk» de mim» meo DeoSf que wffro
Que me atropellem ímpios todo o dia :
Sim» meu Senhor, couaoh
Tio áspera agboia ;
Acceita compassivo meus suspiros.
Quando taotoa perversos
Com alarido» feros me circundam,
Mais em ti me confio.
Não reputes audaz minha esperança,
Pois que toa bondade jamais cança.
(!) Uiêerere mei, Deui, qu9-
uUnn eanefUeovit me hemêj Uía
diê imfugnanz tribuUmt me.
(C) CmtuUttttrwU me inimUi
mei íetã dée^ qveniúm mulii bel'
iãntet advertum me.
(3) jêb aUHuiine diei tlmehe :
eço vero in te tperabo.
Que pôde contra mim um vil composto
De ténue pó, se Deos é quem me acode?
Se a taes intentos pérfidos
Se opp9e quem tudo pôde?
Suave distracção de acerbas penas,
Instrumentos melódicos,
Harpa, cithara doce! vinde, vinde.
Abafai oa clamores insensatos,
Ao Senhor oflfertai concertos gratos.
(4) In Deê Imuáabo termones
meet, iu Deo eperavi: rum time'
ko fuid/ãciêt miM car^.
Tremam de raiva os ímpios, escutando (S) Teta die verba mea exeem-
. j I • bàntur : advertum me omnes cc-
Hymnos com que a mmba alma se deleita ; guattones eorum t» maium.
(«) loilruneiito muiico dof anligoi hebrew, segundo JMtei.
184
Que applacam meus pezares,
E Deos piedoso acceita.
(6) iHhãbitabuia,Húbã€oiiéent, Em quauto cautelosos iovestigam
'^ Meus mooceutes passos,
(7) fisínii 9u$iinueruiu ãtUmam De vooeno me aspergem» procurando
meam , pro nihilê iolvêê fadei ^^^ . ,
iUoê : jfi irã popuicê sêf^ifigeê. Quo OU Uopece DOS laçoB quo me tendem,
E estúpido conceda o que pertendem.
Ab Dão, meu Deos! Fiel ao que promeUes,
O que juraste cumprirás sem falta ;
Castigando a impiedade.
Tua gloria resalta :
Inflammado de cólera, aos perversos
Assustará teu rosto:
Farás sentir a força de teu braço;
« Mostrarás como indómitos reprimes,
E como vingador refrèas crimes.
(R) Deti», fritam mnm aimun- Os arcanos da minba vida inteira
fl» emupeautuê, A ti sSo manifestos ; o meu pranto
Corre em toa presença:
(9) Sieuieíinpramiiiiimeiíta: Aponas me levantO,
tune €imio€rt€ntur inimei mei re' mr ^«^ j ^ • • i-
trornm, No tbesouro da tua misericórdia
Deponboa consciência;
Tu recolbes as lagrimas que choro,
Ouves os temos ais com que te imploro,
Já é tempo, Senhor, já, de acudir-me,
E pôr em fuga os meus perseguidores;
(10) /fi quaeumque die tnvoM- Prompto amparo, soccorro,
ver* te, e€€9 cêgnnij qwmiãm ^ . .
Deui m€H$ et. Exigem mous clamores :
Se me escutas, e vens auxilio dar-me,
Se. as ciladas destramas,
185
Ccmbecerei, mea Deos, que és meu» qae posso
Em teu nome impedir qualquer destroço.
Ah ! se Tejo completos os meus votos»
Se o teu broquel luzente me defendot
Zombarei desses damuos
Que faser-me perteude
O mais ingrato e vil ã'eDtre os viventes.
Para cumprir meu voto»
A m&o affixita as áureas cordas fira»
Já tenbo piomptos hymnos» prompta a lyra.
(11) In Deê Imiãhê verbum,
ÈimeU quid/êeiat mihi hêmo.
(18) In me «tml, Deti«, vota
ttM, fuaredimn Imidatiúnes UH.
Sim» meu Deos» pois da morte me livraste»
Pois desfiieste as pérfidas ciladas»
Pois que tSo generoso
Das celestes moradas
Patentes me fizeste as áureas portas;
Em versos numerosos
Direi que a immortai luz me preparaste»
E meu constante amor me premiaste.
(13) QmwSúm erifuitíi úmmmn
meam de merte^ et pedee meee
à lãfeu^ «1 plúeemm ceram Dee
in lumú^ viven^han.
186
\
PSALMO LVÍ.
I finem, ne disperdu, David in Pioifno CWnpMO pOT Dovidf qUOnio fugk
tituii iDicriptioneiD, cum fuge- ^ g^^ eicoodenio^ pelos cawrwtt. A
ret à facie Saul in speluncam. • « , « »« i i / %
fiitiMca é do muire dos Thasekam [*).
(1) Minrere mH, Deug, mhe^
rere mH, quoniam in te tonfidit
rniima meu.
T
BH, mea Deos, de mim piedade,
Tem misericórdia, Senhor;
Pois minha alma atribulada
CooGa no teu favor.
(2) El in umbra alarum tuarum
sperabo, donec iratueat iniquiUu,
Á sombra das tuas aias
Esperançado me alento.
Em quanto passa a borrasca,
B se nlo amaina o vento.
(3) Oamábú ãi Deiim Mtitn-
mum, Deum fui bewfeót mihi.
Gritarei por Deos supremo,
Sei que escuta o meu clamor;
Sei que generoso e affavel
É dos homens betnfeitor.
(4) Misit de calo, et Uberavit
me, et dedit in opprobrium coA-
culcantes me.
Dos Ceos m'enviou conforto,
Libertou-me o seu poder,
E os que intentavam calcar-roe
Fez logo retroceder.
(•) Instramento de miuica dos antiga bebreos. Já adverti mnitai veiei que infut'^
corresponde na Vulgata ao lamntitzeaek do bebraico, btoé, ao me$tre; e aempre o voabnio
que M segue denota o ínatrunento motico que elle tocava. Aqui dis-se Unmiatt/ewh el ttt'
chath, isto é, a musica é do mestre dos Uuehath, como dos neçhinêtí, etc.
(Mattel)
187
Para libertar minha alma»
Handoa clemência e verdade;
D'entre leões reagatoiHme,
Cobrio d opprobrio a maldade.
(5) Miêit Deuê mi$erktriimn
êmtm^ e$ ^eriUátm mmi, «I «rt-
fmit mdwuan mcam de w$ediú c««
iviêrwn itmitm : iarnUvi cvnliir-
Respiro: mas conturbado
Á esperança me abandono;
E confortado por esta,
Eotr^o-me a um doce somno.
Se Deos me acode» que importa
O mal que os bomens cogitam?
O ¥Ígor que o Ceo sustenta
Hahados n8o debilitam.
(6) FUuh9imimm^denU9eanim
«rmo, tf I MftU« : H Unpm torum
gUtdiuê «ofluf .
Embora seus dentes sejam
Armas, settas aguçadas;
Suas linguas ultrajantes
Sejam agudas espadas:
Deos triumpha! Tu te exaltas
Sobre os Geos, ó Deos piedoso I
Tua gloria sobre a terra
Faz o justo venturoso.
(7) Bxtãimre tuper cmht Deu9^
eí in mnnem Umtm ghria Inc.
Aos meus pés teceram laços,
A minha alma contristaram;
Cavaram-me a sepultura;
Porém nella se enterraram.
(8) Lãfueum perãveruni pedi-
ÒUÊ mH», et ineitrvaverunt atú»
fRtflM ffltfMII.
(9) Fúderuniante/aeiemmeam
fovemn, eí ineiderutU in eam.
Santo ardor de mim se
Meu coraçio preparado,
Em cadentes psalm^s solte
Canto por Deos inspirado.
(10) Paratumcúrmeum^ Dew,
pmratum €9r meum^ emUabo^ et
fêãlmum diemn.
(11) Exíirge^ gttria
ge ft&iterium, et
gwn dH/ueuU, (•)
eciir-
188
Surge, ó gloria minha, surge,
Ljra e psalterio cadente I
Recrearei com meus hymnos
 manbft e o sol nascente.
(12) CúHjUebor OH in ptpuUg,
Dmnine^ et p%alnmm diemm tiH
in genUku»*
Entre os pofos exultando,
Te louvarei, meu Senhor:
Espalharei entre as gentes
Meus hymnos em teu louTor.
(13) 'Qumiiam magn^kêtã eit
usgue ad etdçM miseriCÊrdim ftia,
et utqu€ ad nube$ veritas tuã.
Direi como assim se exalta
Sobre os ceos tua bondade;
Como cumpriste as promessas
Com que honraste a humanidade.
(14) E^UuretupereaBhiDeui,
et iuper amnem terram gloria tua.
Direi como o que creaste
Teu poder immenso attesta ;
Gomo fazem ceos e terra
Tua gloria maniresta*
Santo ardor de mim se apossa;
Meu coraçlo preparado.
Em cadentes psaimos solte
Canto por Deos inspirado.
(•) Em vei de exurgam dilutuh^ acha*ie no hebreo •xeitaèo aunram*
(Mittei.)
189
PSALMO LVII. W
A poetia 4 de Damd; a mmea do nuttre u finem, m diipeidat, d«tí<i
dos Teuehath, '■* titol' intcripUoneu,
s
*B approvais a justiça» sede justos»
Filhos dos homens, ou despi a toga:
Hypoeríta linguagenit
Fingida compaixio n&o vinga offisnsasi
Mas declara execrandas as sentenças.
(1) m 9irè utifue Jwiiiiam lo-
ptimini, reeim JudktAe^ JUii A«-
Se interna iniquidade em vós domina.
Arrojai a balança que em mão tendes:
De que serve, se inclina
Para onde o interesse lhe carrega?
Se aos orphSos, se á viuva amparo nega?
(S) £<fiiim im cõrée iniqwiaUã
õpermnini: in terrm in/iuiUioã
nmnuê vtêtrm eênamuint.
Já do seio materno corrompidos
Á luz viestes, pérfidos falsarios;
Mil vezes mentirosos,
Ao mal alheio sempre indífferentes,
Oa furiosos quaes cruéis serpentes.
Áspides surdos, que os ouvidos tapam,
Recusando-se ás vozes da verdade;
Resistindo aos encantos
Que 8 maga persuasão benigna emprega.
Com que os mais duros ânimos socega.
(8) Àliemti nmi pecemÈêrei à
vulrm, erraoerwU êê «ter», hnU
nmifmUm.
(4) Funr UUm tieundfm Hmi-
Utuéinem terpetUiMt êieut tfidiê
êwdm et MurwUiM murt» «v«t,
(5) Qum non exaudiet vocem in--
cantantium, tt tewjiei inemUan"
ti$ Mapienter.
(•) Aqui deiafog« oPnlmiBtft contra oi miDÍitrM e conselheiros de Sanl, que em rei
deapplacar* irritaYam o Rei Já indignado. Qnalqner outra ezpIicaçZo dada pelos interpretes
é fora de logar e de tempo. Opsalmo é breTO, mas elegante, e cheio de espiritaosas e títí-
das comparaçSes ; o seu estilo é parecido com o das odes Alcaicas de Horácio.
(MtdUi,)
190
(6) DemeonieretdênteMeêrwn Porêiú Dcos domará tanla arrogaocia;
/ríngJrSJ^^ ^"^ "~' o» "^^^^ quebrtrt, que tSo ferioos
Aos ionocentes mordem:
Do leio mata atroz fractara os ossos»
Faz em pedaços os grilhões mais grossos.
(7) Jd mhiium devement, tau- A maior opoleiicia se aoniquiia
í^m^Vum, Zi^njifínentur. Quaodo Dcofl quor: 0 rio caudaloso
Escorre e se desseea :
(0) sicrf cera, qwEfiuit, aitfe- Tudo porece quaoto a Deoa desgosta,
rentur, iugercecidit igmi, eitum ç^^^ ^ j^^j^ ^ ^^^ ^ 1^^^ expoaU.
fnderuni oõiem. ^
Poucos aimoa verSo do Sol os raios
Esses tjranuos, sobre quem já pendem
As fulminantes settas
Que dos ceosy irritado» Deos dispara
Sobre oa máos homens, que dos bons sepan.
(9) ptiuêqimmimumgerentiph Quo ossas fonestas plantos t8o crescendo
ZX^'llT':Zéc^.'"^ Nao consente o Senhor por muito teoipo;
Em vergonteas as corta,
Antes que tenham crescimento inteiro
Qual frondoso e maléãco espinheiro.
(10) i^iabitur ptãtuM, eumvi- A viugança do Doos consola o justo:
derií vindieiom: mmnui êua» /•- ^* , i ..J^
^it inianpune peccMt^M. Do pcccador O sauguo, bem que immundo,
A innocencia realça;
Quando corre esgotado sobre a terra.
Da expiaçSo precisa o preço encerra.
(11) Ei dicei Atfim, »i lOfftte EntSo quem nlo peccou diz lá comsigo:
'j:!£':T^^ '''"^ « Da hinocencia e trabalhos certo é o prciBio:
Pune um Deos justo o crime ;
191
Tal é da Sapiência a regra eteroa:
Temos ura Deos que recto nos governa. »
PSALMO LVIII.
Psalmo de Datidf na oecasião em que Smã
fez cercar a eua caea para maiá4o. Ã
musica é do mestre dos TasduUh.
s
ALVA-iiBt ó DeoSy da turba numerosa '
Que irada vero correndo, e que me cerca.
Em vão resisto; coIhem*me:
Já nos laços que me armam caio aflOicto:
Acode, que perdido estou, se grito.
Ib Snem, ne diuperdu, DaTid in
tituli inseri ptionem , quando
misitSaol, et ciutodif it domum
ejiiB, at eum interflceret.
(1) Eripe me de inimieie meie,
Deue meve, et úb ineurgenlibu»
in wie Ubera me.
(8) Bripeme deoperaniibtttim'
fuitãtem^ et de virie ionguimtin
9ãhm me,
(3) Quiã eeee eeperunt animam
meam: irruertmt im me feriei.
A forças taes, que forças posso oppor-lbe?
Não me basta a innocencia, a lealdade.
Tu, meu Deos^ bem conbeces
Que senipre caminhei na recta estrada,
E que &ca a innocencia em mim frustrada.
(4) iVtffiM inifottaãWim, nefue
peeeatum meum^ Domine: eine
inifuitate euatrri, et direxi.
Nem do crime a isençSo poupa meus dias.
Sae, ó Deos d'Israel, sae-me ao encontro;
Surge, ó Senhor, defende*me:
Deos de Exércitos, mostra-te potente.
Derrube os máos teu sopro vehemeote.
Esses que perseveram sempre em crimes
NSo merecem piedade; as tuas iras
Nos culpados derrama:
São réos dos quaes a emenda nlo se espera ;
Ê tempo da vingança a mais severa.
(5) Bxwnrgeineeaureummenm^
eivide^ ettu^ Domine^ Deu» tir*
hámm^ Deue JeraeL
(ff) Intende advieitandaeamnee
fentee, nen mieerearie emnibuif
pti operantur iniprttaiem.
192
(7) coHvertetUw ad vêMpermn, Vem pelas trevfts, 00 commum silencio,
liií^hlllu^^^^^ '^ Pela cidade a uivar quaes cSes famiQtos;'
(8) Ecce hquentur in ore muc, gj j j j j^
fuam ftrgi audivit í g^yg injjjog s&o cutellos cortadores,
Da paz, da fama alheia gastadores.
 sopbismas e a enredos dedicados,
(9) Et tu. Domine, derideiu Quem póde decifrá-losT Tu, que abranges
e0i:adnihildedueeêamneigente9. ^ ^ . . ■■•
Com tua mtelligencia
A multidão de humanos pensamentos,
Dissipando-os» rirás de seus intentos.
(10) Fortitudinem memn ad te Mou Doos, a minha forca em ti consiste;
meue ei. Em ti doscauço, em mim nada confio:
Mas dÍ2-me a fé que espere,
Que Deos é o protector que me defende,
Que a seus decretos já tudo se rendç.
(11) Deus meui, misericúrdiã As suppHcas quo a Doos humildo eofio
ejui preveniet me, „ -ji • • j*
Tem prevenido a sua misericórdia;
O soccorro prepara,
E d'entre espessas nuvens apparece
Quando o animo quasi desfallece. •
(IC) Deue oetendet mihi mtper Sobre OS mOUS íuimigOS, DoOS picdoSO,
inimieoi mee», ne oceidae eoe, «tf «. j < • l
quando obliviecantur papuH mei. HO COOCOde O triUmpIlO neCOSSanO:
Poupa-lhe a infame vida;
Basta que exemplo ao povo, em dor immersos
Lhe dêem, envergonhados e dispersos.
(13) JDieperge iUo$ in virtute Basta-me quo O tou braço vigoroso
tua, et deponi eoê protector meuo ^ . i i i
Domine. Os cxpulso O depouba da eminência,
De que abusam sem pejo;
(14) Delichm oii$ e^rum wr
mênem Ubiorum ipsoritm, et com-
prehtndantur in tuperbia aum.
193
Que as Tozes com qae ferem lhes reprimas,
E nelles susto de offeoder-te imprimas.
Rebate-lhe a altivez, puoe os delictos
Que comettem fallando e discorrendo;
Na audácia e na suberba
De tal modo se envolvam que não saibam
Onde as desculpas de seus erros caibam.
Conheçam que os perjúrios, que as mentiras (is) m éee..ecr.iUne etn^.
A perdição provocam... Se os Castiiras. '"?? ^Mmmtiaàuntfir in arnsum-
^ - ® ' ^f^iane, iu ira eomuminíitionii
Quem poderá valer-lhesT '* "*• «^w'-
Se te vingas, Senhor, ficam perdidos.
Ao pó antigo, ao nada reduzidos.
(IS) Et tcient, çwia Deus dú-
minabitur Joeob, eíjinium terra.
(17) CMverUniwadveepermm,
ei fmmem patieninr^ «f oníet, et
eireuibunt civiiatem.
Todos então verSo quanto és potente,
Deos de Jacob, Dominador de tudol
Té aos confins da terra.
Penetrados de susto, os máos vagando.
Tarde da conversBo se irão lembrando.
As ruas atroando com latidos, dS) Ipei Hepergentur ad man^
Pois jâ lhes falta a presa; em raiva accesos, ÍX^ÍH ^J:ZZ.t^'^''^
Querem filar; sem fructo
Querem morder: mas ladram sem proveito.
Seu furor nio produz damnoso eflTeito.
Então já caitlarei, pulsando as cordas
Do meu psalterio, apenas surda a aurora ;
Direi que a fortaleza
Com que aos impios resisto, a Deos pertence:
Q'é Deos qaem doma os máos, Deos é qaem vence.
(19) Efgo autem eçntahúfortikt'
dinem tvam, etexvllabo timnemi"
eertcordiam tuam :
Só elle compassivo nos ampara:
Tomo vi.
(80) QiUa faetue et efucepfr
13
194
meus, et refugium meum in die £xtrahío-me do abjsmo em que me acbafa;
(21) AdjutormeutUbipiaiiam, Desatou terreos laços:
Ç^:.^rj X:t:.r:'.«"' Com seu auxUio a liberdade alcanço;
Já nSo ha que temer, em Deos descanço.
Deue meu9y misericórdia mea.
PSALMO LIX.
In finem pro iis qui immatabun-
tur, in Utuli inscriptionem ipti
David in doclrinam, cum luc-
cendít Meiopotamiam Sjríe et
Sobal, et conTertit Joab, et
perciiMÍt Idumsam in yalle Sa-
Unarum duodecim millia.
(1) Deu»^ repulitii noi, ttdes"
iruxiili fM«, iruiuM e«, el miêer-
iuê es noHs.
Canção de David f posta em musica pelo meh
ire dos Shoshanim (*)« quando se incaáio
a Mesopotâmia da Surta e Sobol^ e guan-
do Joahj voltando desta eapediçàOf (iesia-
ratou OS Idumeos no valle das SdinUt
com o estreio de doze mil homens.
I
MPtACAYBL nio és» mou Deos! Por fezes
Já» Senhor» nos rejeitaste;
Já de ti nos apartaste,
E nos transes mais hórridos nos vimos:
Mas olhando piedoso o nosso estado.
Benigno suspendeste o teu enfado.
(•) Instrumento murico dos antigoi hebreot. Já temos advertido que na iradncçio doi
titules dos psalmos seguimos a intelligencia que Ibes dá Matlei, que os interpretou sefusdo
o texto hebraico, desfaiendo por este modo a impenetrável obscuridade qne se encontra es
alguns da Yulgata, como por exemplo neste mesmo que está presente. Com efleito, quen
poderá entender a primeira parte delle, cujas palavras, litteralmente Iradusidas pelo Psdre
António Pereira de Figueiredo, s3o como se segue : « Para o fim por aquelles que ferio
mudados, esta é a inscripçfto do titulo para servir de doutrina a David ** ? A causa de nau
tal obscuridade provém, na opinilo de Mattei, de pertencerem á musica a maior parle deslei
tilulos, e serem nulas dos Mnãtzeaeh ou Mestres de Capella daquelles tempos ; cujas sotas,
ni&o sendo bem entendidas por quem as trasladou para a Vulgata, foram interpreladss le-
gundo a fignificaçlo ordinária das palavras, por Oilta de noç^s claras do uso particular que
ellas tinbam na musica antiga.
195
Enfurecido á terra commoveste,
Por algares retalhada;
Ora aqui e alli gretada.
Ameaçou tragar-oos em seu seio:
Mas as brechas fataes com que a rasgaste
Tu mesmo compassivo lh'as fechaste.
(8) CommoHtH ierrmn eí eon-
turbãiti eam: Bana eaiUriiiones
eJuMf quia eommata est.
Provaste do teu povo o soffirimeoto: m^^
O calii mais amargoso
Nos forçaste rigoroso
A aproximar dos lábios repugnantes;
A tragar, anciados, tantas vezes
Delle as mais hediondas negras fezes.
(3) OêtindiêUpopdo tua dura:
pàUuíi 099 vmo eemfunttianiB.
Mas se vias em nás um temor sancto»
Se alguns, ternos, te imploravam,
Em vão te não invocavam;
Logo um signal lhes davas que bastasse
Para evitar as frechas imminentes,
Que de um arco fatal vinham pendentes.
(4) DedisH meluentibui te «t-
gnífieaítanâm^ ui fugiant àjacie
arcuM»
Ampara, ó meu Senhor! os teus dilectos:
Tua dextra omnipotente
Obre no tempo presente
Os prodígios que obrou no tempo antigo:
>
Valor, constância, força em nós renova;
Dá-nos do teu amor mais esta prova.
(5) Ut liberentur dilecH lut,
mivumfae dextera íua^ êt exau'
di me.
Mas ah ! do meu Senhor já ouço as vozes.
Já soam dentro em minha alma;
O meu receio se acalma.
Mil triumphos a fé me prognostica:
Dividirei Sichero, e nas contendas
Derrubarei dos Árabes as tendas.
(6) Deut ioeuiu9 ett in mneto
tuo; imtaòúr, el partihar Siehi^
ffiam, et eamvaUem tãòenuÊCíUa
rum metibar.
Tomo VI.
13 •
196
(7) MeuM i$i GaUãd, et meui GaUad 6 MaDBSsés já me pertencem;
eit Mmuuâetn et Ephraim ferii- » •.
tudo eapitii ffU. Exércitos numerosos
De soldados valorosos.
Com que Ephraim meu Reino fortifica.
Hão de firmar-me a c'roa na cabeça,
Farão com que meu sceptro permaneça.
(8) juda Rex meiít, Meab eiia Na real tribu de Judá florente
^ **** Crearei tronco frondoso
Em que o sólio magestoso
Contente bei de fundar. Doce presagio
Me sae do vaso em sorte, e me destina
Á posse de Moab a mão divina.
(9) In idunuemn estendam <«i- Calcarei a Iduméa ; a mim sujeitas
eeamentum meum: miM alieni» ««- • ^
geme suòditi eunt. Hei do vor estrauhas gentes ;
Os Philisteos delinquentes
Já vejo por meu braço derrotados:
Será sonho o que espero, o que suppooboT...
A verdade translux; não, não é sonho.
Pue-te á frente, Senhor, dos meus sequaies»
Com elles vigor reparte;
Após o teu estandarte
r
Iremos combatendo e triumpbando:
Ficarão os perjuros e atrevidos
A humilíaçdes abjectas submettidos.
*
(10) Qtitf dedueet me in eivi- Apontam esses días venturosos
UUem mÊmitmnf çíiiê dedtieet me _, .... . ^ . .
Mifue in idummamí Já no brilhante Oriente:
Quem é que tão diligente
Me leva a conquistar as fortalezas
Da indómita Iduméa? Deos immenso!
Com teus auxilies acommetto e venço.
197
Não me abandones; a victoria é certa:
A força de ti procede;
O vigor bomaDO cede
Ao poder qae lhe oppõe teu braço forte
Sae ao campo comnosco, e de salvar-se
Em tSo a ioiqua gente ha de jactar-se.
(11) Ncnne tu^ Deut, qui re-
puliiti fMf, el M» egredierit,
DeuMt in virtutibu9 nottrig 7
(IS) Da nfiiU auxiliwn de itU
buUUione^ ptia vana talui hrnni'
nit.
Os nossos braços sSo as tuas armas,
E tua a nossa Tictoría;
A ti se attribua a gloria
Das immortaes proezas com que deixas
Os teos briosos d 'honra coroados,
Os campos inimigos arrasados.
(18) In Deofaeiemuê Hrttitem^
et ipie ad nihilum deductt triòU"
Imitet nes.
PSALMO LX.
A poesia é de Datddf a mmica do mestre
dos Neghinoth.
s
BNHORy escuta-me, vem acudir-me;
Meus ais te movam, tem dó de um misero
Que tanto sofTre; digna-te ouvir-me.
!■ finem, in hymnw psalmus
DaYid.
(!) Exaudij Deue, deprecatio-
nem tneam : intende oraUUmi mea.
No meu desterro, por ti clamando («) jjmibuM íerrm ad te eia^
í\n^w%A^ A.*. .MA.. w.^u^ «..-:- -.•«- 1 *A^ «a»/, dum aaxiaretur €or meum,
guando em meu peito mais anciãs luttam, ,-, ^i^^ exaiiaiti me.
O roeu tormento vais adoçando.
Sobre um penhasco, firme, seguro.
Tu me exaltaste, tu me h>raste
De um fero assalto, de um jugo duro.
198
(3) Deduxiiíi me, ptim/âOuM Bem que d'aDgustía8 D'uin mar me achava,
es speg mea, turrii firtiludiniê uw w\ t^ ^ 3
à/acie immci. ^^u Deos, bem ceito de que me ouvias,
Doce esperança me alimentava:
E mesmo á face dos inimigos
Frustraste enredos, quebraste laços,
Tua fortaleza desfez meus p'rigos.
(4) inhakitúb» in Memãcuio Pois que mous sustos já dissípaste,
'Z:^ '^'í!::T "• ""• ^^ «'«hJo. J«nto «<» «Itares.
G)ntentes dias que me outorgaste.
Se assalto noTo vier turbar-me,
Qual avesinba irei voando,
E as tuas azas hão de aroparar-mc.
(5) QiMfiiam iu , Deua meuê, Vejo quo ouvisto meus rogos tomos ;
exmidUH ormOúnem ntemn, d^ ^ , ,
diâU htereditatem iimentibui nê- U^o SÓ coocedes a quem te ama
"*^ *'*^* A bella herança dos bens eternos.
(r») DitM super áies regis ú^ji" Dias e dias ao Roí concede,
eie«, annús efus usque in diem .
genenUionis et generãiUmis. oUa prOgenie SeCUlOS VOnça,
Dá-Ihe as venturas que amor te pede.
(7) Permanet in wtemum in D08 teus oraculos firme a Verdade
eonspeciu Dei: misericerdimm, e* r* _» j • 11 a u-^-i-.
veritatem ejus fuis reguireín.) CcrtoS nOS deiXa qUC ello é O objCClO
Do teu cuidado, da tua piedade.
Sempre ditoso na tua presença.
Pois que a lei sancta no peito esculpe,
Cerca seu throno de gloria immensa.
(•) Miserieerãiam et verilatem pan, eustoditnt iilum, d is o hebreo, e é nau mI«P*
lado á supplica do Psalmisla.
(Matlei.)
199
Minha alma farta desta alegria: (8) Siep$MUmm ãicam nêmtM
. . ,^ 1 1 iuê in tmemlym i9culL ut red-
irei soltando suaves hymnOS d^m vota mea de die in diem. '
Apenas nasça ou morra o dia.
PSALMO LXI.
A poesia é de Dmid^ a musica é de Jdiihm. lo finem, pro idiíhuo, ixaimus
David.
llio é Deos por ventura o meu amparo? (i) NonneDeonOíeciaeritêmi'
Qua importa que eu padeça, se a minha olma ZJ!!^^^ ^ *** '^"* "'"^''
Com a esperança acalma?
Fiado em Deos, aflbonto mil tormentos,
E revisto de paz os pensamentos.
Se o mesmo Deos me acode, se benigno («) Nam etipse Deus mem, et
-mg . . xj j r j stlutarii meuê : sutceptâr meu9,
Me protege, e e quem poae deienaer-me, ,„^ mcvebor ampUut.
Venham acommeiter-me
Embora mil flagellos. Quero roe agita?
Por que motivo o coraçSo palpita?
Que intentais contra mim, homens perversos? (3) Ououtpte irrmti$ in homi-
r\ * m* • j j « nem? interieitii univerti vm ,
Quereis affligir mais um desgraçado? tamquàm pirieti inciimuo, etmu^
Um muro arruinado ^"* ^'í^^*'
Procurais impellir ao precipicio?
Louco intento, risivel sacriGcioI
Com que intrigas e audácia procuraram W yerumtomenpretinmmeum
^ ° » ^ ^ cogitã»erunt repellere, cueurri in
Deslustrar-me^ annullar os meus direitos I «</, ore suo benediceèani, et cor-
Sdo só da fraude effeitos
As vozes com que ás vezes me abençoam,
E saem de corações que me atraiçoam.
200
(5) Ferumiamen Dêo Mvbjeeta Has» ó míDha alma I a Dcos fica sojeiU :
esto mnima mea^ avoniãm êò tpto •nu i • • .%
jMiientia meã. ^U® abrirá propicio os seus thesouros :
Contra o fel dos desdouros
Generoso depara a paciência »
E me reserva os prémios da ionocencia.
(6) Quia ipse Detis meus, et Cosso O torror, acabem-so 08 receios:
ãalrator metu, udjutor metu ; nem ^ , n i i . i
emigrtbo. Doos 6 mou SalvadoTt é quem me acode;
Deos é.quem tudo pôde:
Quem no acerbo cooflicto me conforta:
Nto devo vacillar, isso é que importa.
(7) In Deo salutêre meum, et CortO qUO DoOS piedoSO é quom mO SalvB,
S7^rí« o7/rr"^ '"'^' '* Certo que em Deos consiste a minha gloria,
NBo pereo da memoria
Que o meu auxilio ê Deos, que tudo alcança
Quem firma nelle só toda a esperança.
(8) Spernteineâ omnii eêngre- POTOS do mundo» em DOOS OSporai SOmpre!
gaii» populi, fffundite corwn ilio
corda veêtra. Deus adjuíor Mi- Derramai Tossas magoas ua presença
ter in mtemum. -rk m# ^ «. j •
Da Hagestade immensa:
Abri-lhe os corações; pôde ajudar-yos,
E com perpétuos bálsamos curar-vos.
(9) Ferumiamen vani fiiii ho- De quo sorvo iuvocar soccorro humano?
fntnf/m, mendaees JilH hominun £,« ^ii j a j« r i* •
in êlateHs, nt deeipiant ip$i de SÍQ OS blUOS 00 AdaO íraCOS, llgeirOS,
vamtate in idipeum. Perfidos, embustoiros ;
E postos em balança co* a vaidade,
Sfto mais leves que toda a leviandade.
(10) Noiite eperare in iniqui- Com fructos uSo coutai da iniquidade»
ta te, et rapinas notite eaneupis* ^ ... i « . ^
Se em lites vos envolve a desventura;
Somente a paz segura
201
Quem evita de roubos a torpeia,
E o coração desprende da ríqueia.
eert: iimtím H ^tumí^ notUe
. (•)
Somente doas coasas nos dechra
Deos, qae fallou, que ouyi, que reconfaeço,
E que humilde confesso:
Diz — que a elle só toca a omnipotência;
A nós, de seus anxilios a clemência.
(11) Semel heniíts e^ Dêu$^
iuê htee avdioij fuia pêtentaê Dei
eiif et tibit Domine, miteneor»
dia, f«M tu reddeg wdemque jux-
to fef 9vm.
Meu Deos ! meu Redemptor ! que ardendo em fogo
De amor celeste, reverente adoro;
Bem sei, quando te imploro,
Que a cada qual dispensas premio e pena,
Segundo o que em seus actos coordena.
PSALMO LXII.
P salmo de Ikmdf quando se achaca
fio deêerto da Judéa («*)•
k
ssim que nos ceos aponta
A primeira luz do dia.
Meu DeosI cheia de ternura
A minha alma te vigia.
Ptalmoa Da?id, cum csiet ia
deierto Idumaeae.
(I) Deui, Deirt meiít, ad te
de luee vigih.
(•) Yiilha por vm beUo coaMoito mor»! dette fcrticalo o labio diienrM feito por um
Padre no coDcilio Turonenie : Nom reptiritur à 9têki$ dintiãmm indigentim, $ed eomtemptuê :
Diviiim^ tnçtiti, $i afflumt, mUte cêr ãfponere ; mu dixit^ ne offluant, eed ne emr ãffena-
tur, P&rrò eúr prehibuit afponere, $ed tun hmihuh.
(••) Amíd tem o texto helireo, e bont codigoi Latinoi eGregot. Mas ambas. atliçSet
regem, porque a demora de Da?id nos mcutes de Jadá lobre os conflns da Idnoi^, e por
outros lugares coDvisioho», nlo foi brere.
(MmtUi.)
202
(«) SitMi in te mritim mM,
quam miUtiplieiter tibi can meo.
Mea coração sequioso
Procura o mea Greador;
De mil modos me devora
Este activo e saocto ardor.
(3) In terra deterta^ et imm,
et inaquosa, sic in Sanete appa-
rui tibi, ut viderem virtutem
tuam, et ghriam tuãm.
Nos desertos, sem caminho,
Sem agua» sem alimento,
Ponho-me em tua presença,
E com ella me sustento.
Como DO teu Sanctuario,
Adoro-te reverente;
Admiro a gloria, a força
Dessa mto omnipotente.
(4) Quemimn melior est ifutf-
rieordia tua super vitat, lábia
mea laudabunt te.
Mais vale que a mesma vida
Tua piedade, 6 Senhor!
Pronunciem os meus lábios
Sem cessar o teu louvor.
(5) Siebenedicamteinvitatnett,
et in nomine tua levabo manue
meãs.
Louvem-te em quanto eu durar;
E minhas mios levantando
Em teu nome, dos ceos desce
Paz que me vai confiurtando.
(6) Sieut adipe, et pinguedine
repleatur anima mea^ et labiis
exultaiianis iaudabit o$ meum.
Fartem os teus dons minha alma,
Gomo uncção pingue, cheirosa;
Vozes gratas solte affouta
Minha bocca jubilosa.
(7) Si memorfui tui super stra-
tum meum, in matutinis medita-'
bor in tCj fuiafuiiti adjuter meu4.
Cae a noite, e no meu leito
Meditar em ti me agrada;
Também quero centemplar-te
Ao nascer da madrugada:
203
Porque tu és meu amparo»
Tu foste roeu defensor;
DebaiiLO das tuas azas
Me recolhe o teu amor.
(8) Biin9elmneni9 tiUrum tMí-
mm exujU9b9y adlunit muwug meu
jwsí If , me tueeepit dexiera tvM»
A ti se pega minha ahna,
Vou-te alegre acompaobaudo ;
£ a tua potente dextra
Ê que me vai segurando.
Mas esses que em vfto procuram
Tirar-me a vida, e fartar-se,
Nas cavidades da terra
Irio cedo sepultar^se.
(9) Ipsi vero in vmmm qwesif'
rmU ãnimmn mtmn, iníroibtmt
in i^feriâra terra^ traâeniur in
numus gladii , partee vulpium
erwit.
Sobre a cerviz criminosa
Ja pende de um fio a espada;
Talvez que seja das feras
Sua carne devorada.
A innocencia triumphante
Se alegrará no Senhor;
Terão premio os que juraram
Contra o culpável rigor.
Assim fecha Deos a bocca
Ao malvado quando falia;
Assim paga o soffirimento
Do justo que soffre e cala.
(10) RexveròlatMiurinDec,
UuduiuiUur emnes^ quijunml in
eo^ fina •betnieium e$í os ioquen-
Hwn itúquM»
204
PSALMO LXIII.
In finem, psalmus ipii Darid. Á muHea € ã pOBiia é de Datid.
(n Exaudi, Deu$, oratianem EISGUTA-ME, Seobor, oaando te rogO
meamy cum deprecor^ à timore .
ifâmiei eripe animmtn memn. Que*dlSSipeS OS SUStOS que me CaUSaiD
Meus feros inimigos:
- . Quem melhor do que tu pôde acodir-roe»
E compassivo, quando exclamo, ouvir-me?
(S) Protexisti me à eanoentu Da turba dos maiigoos conjbrados
malignofUium, à mulMudine ope- __ ^ ^ , i* .
rantium iniquiíatem. Me protogoste outr ora, me livraste
D operários iníquos;
Contra mim esta gente vem raivosa,
Torna a assai tar-me, volta furiosa.
(3) Qfíim fxacuerunty ui gia^ Affiaram as liuguas como espadas:
arcum rem ammm, tu uigitUfU Prenhe de settas vencHosas, armam
Amargo o fero golpe que disparam,
Sem doer-lhe a innocencia que ultrajaram.
(4) SMiò Êãgitiãbunt eum, et Regozíjam-se em ver soffrer quem soffre;
ft9fi timebuni: firmwserunt eibi . , , », . ,, •
eernwnem nepiom. A candura OS irrita, O mais lhe accende
Da cólera e ciúme
Itfovimentos que irados jamais coarctam;
Obstinados no mal» de mal se fartam.
(5) Narrmenini, ut abscende- Excogitam sogredos com que encubram
rent Uurveoê. dixenml : quit ot- ^ , ^ i i
deéit eist Os laços quo mo tecem; e se applaudem,
Julgando-os invisiveis:
Nas ciladas que me armam contemplando,
Vto seus pérfidos peitos exultando.
205
Mas qa» importam traições, insidias, dolos? (6) Situmí swu iniquitatei,
Tudo em um se descobre; o logo occulto
A Fumegar começa;
Ás golfadas vomita seu veneno
No transe acerbo o coração terreno.
Então luz a verdade, Deos se exalta ;
A par do seu poder, inFantil jogo
Parece qualquer golpe
Que a mão fraca do homem vibra ousada;
Qualquer força, por Deos, fica frustrada.
(7) Jecedet homo ãi cor ttltum^
et exdtãUtur Deu$.
Se alguns vão a ferir, descae-lhe o braço;
Quando vão a morder, veloz Ih' escapa
A presa que procuram;
Mordem a própria lingua, qu' ensanguentam ;
E sem que inspirem dó, seu mal lamentam.
(8) SagiUm pmrvuhrum fada
$unt pUtgm e^riim, et infirmam
9mU CMlni en linoum eêrum.
Os mortaes que isto vêem ficam pasmados; <9) c^nitrrMí timf omtie$, qvi
... . «. 1 . vUeèãmi «M, et timmt emnie
A justiça OS aterra, e a Deos, que admiram, h^ne.
Profundamente adoram:
O seu poder submissos reconhecem, (10) Et annuniimferunt ejiera
^ . , ... ■ j> 4. I ^^'f ttjmtía ehu imtellexerunt.
Com tal prodígio os bons se fortalecem.
Com que fervor taes obras annunciam!
Que pensamentos altoa os deleitam 1
Como n'alma do justo
Todo o ímpeto cessa, tudo amansa,
E, qual mimosa flor, brota a esperança!
(11) Lmtãhitur juelue in]D(h
mtM, et eperãbit t« eê, et tmêdo'
haUiit omnet recti €9rde.
206
PSALMO LXIV.
In finem psaimus David. As polavros € ã musica SOO de David.
ii) Te deeet hytnnus , Deu$ , i| ti se deveiD bymDos, Deos Sopremo!
tft Sion^ et tibi reddetur vélum
in Jervsaiem. Sacro sileocio cerque
De Silo as alturas;
(s) Exaudi , Deus , onuiênem Em quanto fervorosas creaturas
nuam ; ad te mnni9 caro veniet. -« -^ • • , -
Em Solyma derramain preces» votos»
E te oBertam seus caóticos devotos.
(3) Verba iniquêrum praimiue* Peccámos, é verdado: a ti recorrem
runt iuper Mt, et impieiatibui ^ ,
fiostHt tu prepitiãberíi. Todos 08 quo peccaram ;
Pois vences em piedade
Quanto sobeja em nossa iniquidade.
(4) Beatuê, çtiem eieguti, et Felií 0 povo teu, pois quo O cbamaste
autumpMUti:in^ p^^.^ j^^j^jj^^ ^^ ^^.j^ que fuodaste.
(5) Repiebimur in bonii domus Do doHcia é teu templo clara encbeote;
tva : sanctitm est templum tuum^ .... •
mirabile in aquilate. Aill eOCOUtra 0 JUSlO
Pura felicidade:
É o asylo de amor, de lealdade,
Tbcsouro de justiça, de demência,
De quantos bens dimana a sapiência.
(6) Exmidi no$, Deiti iaiuia- Atténdo-me, mou Deos, meu Salvador!
ri$ notter: spet amnium finium « *• * ^ x ^
terra, et in niati Umge. Em ti COOStantO emprégO
A minba confiança:
Tu és o digno objecto da esperança
De quantos sobre a terra vasta babitam,
Té onde extensos mares a limitam.
207
Tuy de poder cingido, aos altos mootes
Ora a raiz abalas,
Ora lhe dás firmeza:
A teu mando sabmissa a Natureza
Revolf e o mar ; as ondas se levantam,
E borrascas horríveis nos espantam.
Á vista dessas obras estupendas.
De um polo a outro polo.
Quem será insensivel
Aos prodígios da tua mão terriveIT
Quem deixará de amar-te, de louvar-te.
Farto dos bens que pródiga reparte?
(7) Praparãni montes in vir*
Èute IflMi, aeeinetus fêtentia : pti
conturbas pro/undum mortt, $o-
nnmfluetimm fjus.
(8) Turbãbtmtur penteo, H ti-
mehtnt gui habUant terminoi^ à
signiM tuU: exituê matuíiniy el
vespere deleetabií.
Nasce alegre a maohS, serena a tarde;
Se visitas a terra,
Desces a consolá-la,
E com teu sopro vens fértil ísá-la ;
Abrefr-lhe o seio afiàvel, e fecundo
Enriqueces e adornas todo o mundo.
(9) Vititoãti terram, et inebriai-
ti eam: multipliea$ti locttplttare
eam.
De novo ai^enteo humor enches os rios;
O chto humedecido
Go' a prolifica rega,
Prepara doce pasto, ao gado o entrega,
£ multiplica fructos, generoso.
Dos homens alimento saboroso.
(10) Plumen Dei repletttm eat
aquis : paranti eibum illorvm ,
quoniam ita est praparatio ejttê.
Crescem as aguas dos regatos limpos,
Desenvolvem-se os germes.
As hervas reverdecem.
Os arbustos, as plantas reflorecem;
E a humidade, que gelo algum tem presa,
Vem revestir de gala a Natureza.
(11) Rivoe eju$ inebria^ multi-
plica genimina ejus: in stilUci-
dii$ eju$ Iwlabitur gn^minans.
208
(1£) Benedieeã cêrwa mvu be- Do 8000 abeDÇOado 8 c'roa formaiD
nismtalU tua, et ewnpi tui rtf. . 1?«»««»^ ft^«-^—
piebuniur uberiate. As líistacoes fecaadas,
Diversas e opulentas;
NellaSi mea Deos, o teu amor ostentas»
Quando umas por outras vais trocando»
E abundância nos campos derramando.
(13) Pingue$eeiu tpeeicia ie- Bravia selva em fértil se converte;
ãerti, et exuitatioue eoUci neetfi-
§entur. De fina IB vestidos
(14) Tnduti ttmt arietei ovium, \ÍQ saltando OS COrdoirOS:
et vãllet aòundabumt frumentú : -.. ,
eiãmãbuHt, eteuim h^mnum ãi- Pingues mossos alegraih 08 outeuos;
^ ' Tudo, todo parece que se explica,
E o Creador dos seres glorifica.
PSALMO LXV.
In flnem, caoticum pialmi
retuirectionif (•).
(1) Juhilúie Deo, omnie terra,
p$almum tlicite nomini fjn$f da-
te gloriam lemdi ejus.
Ijoncerto jubiloso a terra inteira
G>osagre a Deos» e delle o sancto nome
Celebrem psalmos d'altos pensamentos:
Suaves instrumentos,
Acompanhando harmónicos cantares,
Lhe dêem gloria e louvor, rompendo os ares.
(€) Dieite Deo, qvam terribh Digamos pois 8 Deoâ : « Que pasmo íospíram
tía êwit opera tuaf Domiite: in « • _.• < • j a i. i
' ^ As formidáveis obras do teu braço!
(*) Etie titulo nSo eslá do Helueo, é um addilamento dos Scholiaiitaf ; mai éxnfídn
que a eommnm opinião dof antigoi Padres da Igreja era idaptá-Io á gloriosa resimiçb de
Jesus Chritto. No sentido litleral é um hymno cheio das mais títu eipressOes de s^ndeei*
mento ao Senhor, por ter lit)erlado o sev poTo do capti?eiro.
(Mattei.)
209
Que muIlídBo de assombros! Ck)Ill qae susto mulHtyéine virtvUÈ iua metUieU'
Te Té quem Dão é justo I
Como teus inimigos coosteroados
Em vio disfarçar querem seus peccados!...
Toda a terra te adore e te festeje.
Os teus louvores cante* e com teu nome
Se alente e ampare toda a Natureza.
Vinde, e vede a grandeza
Do nosso Deos, mortaes; como é profundo
Em seus conselhos governando o mundo I
(8) Ofimis terra adorei te^ rt
pBallal tibi: psaimum dicat no-
mifií ÍU9.
(4) Venite, et videte opera Dei,
terribilis in eotíoUUo ouperfiUoo
hmninum.
Elle é quem no conflicto mais terrivel
O mar converte em atido terreno;
Abre e fecha os abjsroos de repente.
Salva a escolhida gente;
Dissolve as 9guas, ora congeladas,
E submerge as cokortes depravadas.
(5) Qr#f converlH maré in ari-
dam, influmine pertransibunt pe»
ée : ibi latmbimur in ipto*
Que maravilha é pois, se hoje renovas
Teus prodígios antigos? E que alegres
Comtigo, ó meu Senhor, de ti gozamos?
A ventura encetamos
Logo que nossos votos nSo rejeitas,
E que 06 nossos suspiros terno acceitas.
Com poder sem limite tudo reges;
Com teus olhos attentos sobre as gentes
Todo o vasto Universo discriminas;
E só tu determinas
Quanto aos homens submissos acontece.
Quanto castiga quem te desconhece.
(6) Qtti dominatur in virtule
ova in atemum ; oeuli ejvt oitper
gentes reopiciunt: qui exatpe'
ront, HOn exaltentur in oemelip*
oio.
GloríGcado sejas, Dcos Supremo!
Tomo VL
(7) Benedieite gentes Deum no»'
J4
. 210
Irutn, eíauditamfaeitewocemlav' Ah! Ofto tardeís, oaçdeS CegaS» CStultUS,
" ^^*"' Vinde alternar comigo seus louvores;
Altissimos clamores
Por toda a parte alegres espalhemos,
E o nosso Dcos benigno abençoemos.
(H) Quiposvit animam nifamiid Quando 0 sepulcfaro aborto me chomafa.
Tilam, el non dedit in commolith ^ , • i n • «
nem pedes m€o§. D^os me salvou a Vida ; Oeos piedoso
Impedio que meus pés escorregassem,
Que abysmos me tragassem ;
E se em lances acerbos me provava,
Que mostras de piedade então me dava !
(9) Qwmiamprõbaêiinot, Pfitê, É verdade» meu Deos, os vossos servos
igne nos ezaminatti, tieut exmtni' -. , . ^ . - , .
fia/tir ãrgentum. Exp rimeotasto, como em fogo ardente
A prata se acrisola e purifica»
E mais lustrosa fica;
(10) índuxisti nos in hujueum. De posados grilhOcs fomos ligados,
posuisli tribulationes in dorso _ , , . l* j
uostro, imposuisti homiws super *- por homOnS altlVOS SUDJUgadOS.
capita noslra,
(11) Transhimvs per ignem et Por entre aguas O Fogos trausitámos;
aguam, et eduxisti nos in r^fri" ... ,. ,
gerium. Melancolicas sombras nos cercaram;
Nem da esperança um raio só luzia:
Porém abriste o dia,
D'entre as espessas trevas nos livraste,
E após o refrigério nos levaste.
{\ft) jntroibo in domum tuam Hoje om tou domiciIio me aprescnlo;
in holocauslis^ reddam tiòi vota • • j
miOy gua dislinxerunt lábia mea. Contente CUmprirOl todOS OS VOtOS
Que na afilicçdo meus lábios proferiam;
(13) Et locnlum est os meum VotOS qUO SO CCO Subiam,
m libuiatione mea. j. ç^ropassivo, lá no eicolso asscnto,
Recolheste, adoçando o meu tormento.
211
Com promessas do intimo nascidas
Destinei-tc holocaustos e perfumes,
E que as mais bellas rezes das manadas.
No templo victimadas,
Nuvens de fumo aos ceos levantariam,
E teus sacros altares cercariam.
(14) Hoheauita medvllata fiff,--
ram libi eum incenso arietum, qf"
feram íibi hoceê eum hircis»
Vós que temeis a DeoS, ao templo vinde (l^) f^enite, audite, et narra-
. - bo,omnrt'/uit'metit lJeum,guan'
Ouvir a narração das maravilhas ta/t^dt anima mtm.
ue Deos fez á minh alma. A voz levanto; et exaiiaoi sttó Ungua meu.
Logo seccou meu pranto
Tanto que alto gritei, por Deos clamando,
E minha lingua o foi gloriCcando.
Sempre achei Deos disposto a soccorrer-me...
Mas se o meu coração visse manchado,
Minhas deprecações attcnderia?
O mal que eu padecia
NSo desviou de mim? Sua clemência
Foi sempre compativel co' a innocencia.
(17) TniquHatem $i aspeii in
torde meOf nan exQudiet Dominut»
( 1 8) Proplerea exavdivit Dem,
et úttendil coei d^preeatienis mea.
Graças vos dou, meu Deos, pois que acceilasle (í^) i^enedictut Deus, qni n^n
amovit oratéonem meam^ et misc
As SUpplicaS humildes que formava rUordiam suam a me,
o meu coraç&o terno e penitente:
Se é puro, se innocente.
Devo a teus dons esta feliz concórdia,
Tudo é obra da tua misericordio.
Tuvo VI.
U
212
PSALMO LXVI.
ín Unem, in hjmnis, Psalnrofl
canlici David.
(O Devs mitereatur noslri, et
òenedieat nobit : illumiuet- vtíi^
itttn tuum super not, et miêerea»
iur nostrU
A poesia i de David^ a musica do metíre
dos Neghioolb.
D
E nós, Senhor, tem piedade.
Os teus servos abençoa ;
Os teus compassivos olhos
Volve a nós, e nos perdoa.
(í) Ul eognoseamiis in terra
riam tvam : in omnibus gtntibus
salutare tuum.
Paro que todos na terra
Teus cominhos conheçamos,
E alcancemos, resgatados,
A salvaçio que buscamos.
(3) Confiteantur tibi populi ^
Deuê: eonJUeantur iibi popvlS
êmnet,
(4) Latenivr et exvltent gen-
tes : qvoniam Jtídicas popvlos ia
aiquiíale^ et gentes in terra di-
rigis.
A ti confessem os povos
Como seu supremo Auctor;
As nações todas contentes
Se abrazem no teu amor.
Os bens e fructos da terra
Com ternura te agradeçam;
A equidade com que julgas
Extáticas engrandeçam.
(5) Confiteantur iibi popvli ,
Detis: ronfiteanlnr ttbi popuii
omnts : terra deditjruetum suum.
Todos os povos te exaltem.
Já que á terra concedeste
O tfio suspirado fructo
Que piedoso prometteslc.
J
213
Bíeu Deos! sobre uòa derrama
Das tuas graças a encfaeDte;
Com temor e amor constante
Te confesse a humana gente.
(6) Btneditai nat Deus, Deu9
nõtteri beneâieat not Detts: et
metuant eum omnesfiíet ierrm.
Julgo que o psalmo que se segue é um cântico que David compoz, quan>
do foi acompanhar a Arca na sua trasladação da casa de Obed para o taberná-
culo em Sião ; e como era seguido de Levitas, Músicos, e Goros de Adoles-
centes e Donzellas» ora a uns, ora Si outros se dirigia, ora fallava com todos.
^ assim considerado se pôde entender bem o que no sentido (muitas vezes
escuro) o estro doPsalmista com magnificas imagens nos descreve : pouco mais
ou menos assim o entenderam Calmet, e Mattei.
(A Auctora.)
PSALMO LXVIL
A poesia e a musica i de David.
L
BVAifTA-TE, Senhor! dissipa os ímpios,
Teus Feros inimigos;
Fujam de ti aquelles que te odêam.
Como esvaece o fumo;
Qual cera que ante o fogo se derrete,
Ante a face de Deos e seus fulgores
Perecem sem remédio os peccadores.
In finem, psalinnscantici ipsi
David.
(1) Exsurgat Deus , et disêi'
pentvr inimiei ejut , et fuçiant
gui oderunt eum, àfaeie ejtís,
(2) Sicut dejicitfumvi, dejieiant,
sicut fiuit cera àfaeie igniê, sic
pereaut peccéíoret àfaeie Dei,
Uesplandeçam os justos de alegria»
Os teus fieis festejem
Na presença de Deos a gloria sua.
HarpaSi psalterios, vipde;
(3) Et justi epulent4try et ex-
ulleni tu eatispectu Dei, et delee-
tentur ifi Uttiíia*
(4) Caniate Deo, ptalmum di-
214
€iíe nõniini ejuã, iier faeite et', HjmnoS OriginaeS, 000(068 SUaveS
aui atcendit super oecamm: Dú- ivt j • r t. * J
minuê nomen iiii, Nasçam do sanlo fogo era que boje ardemos;
Cantemos jubilosos» Deos caotemos.
Á summidade do ether leve o canto
O nome formidável
Do nosso Deos, Eterno» Omnipotente»
Que no carro pomposo
Vem honrar nossos campos: aplanemos
Abrolhos» rochas; ache o bosque raso»
Fácil via do oriente até o occaso.
(5) Exuiiãte tfi cúntpeetu ejw: G)m lovissimo passo» alegre dança
tufbabuntur à faeie ejiis patrít _,. .
úrphofiúrnmj et Judieis viduãrnm, t Igurai geutltmente ;
Compassados movei os pés ligeiros,
O Senhor applaudindo:
Elle os orphâos ampara» elfe protege
A viuva chorosa, abandonada;
Por elle a afliicta gente é consolada.
(6) Deve in íoeo saneis sue: Eis que entre VÓS reside» e poderoso
Deus, qui inhabitâre facit vnius . . « j*
moris in demo. Junta naçôcs dispcrsas;
Um rito só» qual áureo laco, prende
Os homens congregados:
Sobem ao pingue monte onde scintilla
A luz que vivifica e salva o mundo»
Que faz gemer o barathro profundo.
(7) Quiedueii vínctos inforti- Dcos é quem solta OS trístcs prisioneiros,
iudine» similiter eos, aui exaspC' ^ . .
rani, qm hubitant insepuUhris. Quem sustenta a esperança;
Quem resgata os captivos» subjugados
Pela tenaz demência
Com que luttam nas ténebras dos erroi;
215
Quero dos máos* justiceiro, vinga insultos,
E os deixou pelas brenhas insepultos.
Que portentos Gzeste, decorrendo
 frente do teu povo
Pelo longo deserto, e despontando
Do Sinai, Deos immenso!
Deos d 'Israel, perante a tua face
Tremeo a terra, os ceos se distijlaram,
O monte baqueou, trovões bradaram.
(8) Deutt ewn egreâererit in
eontpeeíu populi lui^ cumpertraii'
iires in deserto.
(9) Terra mela est ; etenim cmli
élitliVaverwU hjueie Dei Sinai^
àfacie Dei Israel,
Neste aspecto iracundo nfio te viram
Sempre os Israelitas;
Nos teus thesouros tinbas reservado
Occulto beneficio:
Traossudou de um rochedo clara v6a;
O teu afilie to povo recreaste,
E a sede que o mirrava lhe apagaste.
(10) Plutiam voluntariam te-
gregabit^ Deus, haredilati tnas^
et infirmaia est, tu vero perfecis-
ti eam.
Chuva mais liberal inda mandaste.
Que espalhou a fartura,
E aos famintos deu pasto saboroso:
Com proliGcas ondas,
Quando languida a terra esmorecia.
Fizeste prosperar a tua herança,
Âbriste-lhe os thesouros da esperança.
Alli hão de nutrír-se os teus rebanhos;
E tu, Deos de bondade,
Alimento saudável terás prompto
Aos pobres desprovidos:
Nunca mais soffrerão fera indigência ;
Em campos revestidos de verdura
Acharão paz, deleites, e fartura.
(11) Animallaluahabiiahunt in
ea : parasti in dulcedine tua pau-
periy Deus,
216
Ao COBO DAS DONZELLASb
(i«) Deminut âaòH verhvm Ó Vírgcns, exultai ! Quc vasto assuiDpto
evongelizantibut viriute multa, '
O Senhor vos entrega.
Para em coro entoar os seus prodígios !
Não sereis vós quem falle;
O espirito divino em vossos lábios»
Com termos efficazes, voz sublime,
Serã quem grandes novas nos intime.
Que turbas numerosas confundiste!
Que instrumento empregaste.
Oh Senhor poderoso! Que milagres
Fizeste ver á terra!...
Do seio da modéstia e do recato
Deixa débil mulher paterna casa (»),
E tudo desbarata, tudo arrasa.
(13) Rex virtutum diterti diU' Reis do exercitos grandos se congregam;
r^t, et speciei domu» dividere tpth
lia. Os potentes, os fortes
A mais estreita liga audazes formam;
Mas a femineo braço
Toca o triumpho; heroina honesta
Fere, derruba, mata, rompe, vence,
£ a presa, que reparte, lhe pertence.
(14) Sidormiatis inter media§ Entretanto, quaes pombas assustadas,
eleroMj penwB columba dfargen»
tafa:, et posieriora derti ejus in locertas da Venturtf,
pa ore auri, Ruben, Gaiaad, dormistes (*♦), encolhendo,
As argentinas azas,
O áureo dorso, dentro em vossos ninhos;
Sem soltar vúo audaz, e ir generosos
Arrostar os combates sanguinosos.
(•) AUu»2o a Debbora, que tríiinphou do general Sisara, como se \è no cap. 4. àoêJmzeh
(•») Aposlrophe ás duas Irtbus qoe bÍo combaleram naqueUa jornada.
217
Deos sem vós poz em fuga a genle armada;
Afracou os potentes.
Fortificou os braços delicados,
Domou os airogantes:
Qual neve que o sol funde sobre o Selmon,
Lhes fundio a suberba, a petulância»
Sem consultar dos homens a jactância.
(15) Dum diMCtmit cmleMtiê re»
ge9 9vper emn^ nive dtãlbabnníur
f • Selm^n : tncng Uei^ mont pln-
guie:
Ao Povo.
Ó Povos! o alto monte á vista temos,
O monte do Senhor;
O monte fértil, pingue, que rodéam
Outeiros deleitosos:
Qual com este compete? Aqui seu tbrono
Se edifica, aqui mora, aqui contente
Ha de permanecer perpetuamente.
(16) Mmm eoagídatvs , mtfits piw
gni9 : ut çuid Muspicamvú monUê
coagulotot 1
(17) Mont^ inguo benfpfaeitum
est Dco habitare in e«; eienim
Dominuê habitãbit in finem.
Vem multidões de gentes circundando
O seu carro luzente:
Que milhares de angélicas essências
Se aproximam brilhantes!
Nelle assoma o Senhor, qual glorioso
Despontou no Sinai, ou qual preside
No Sanctuario eterno onde reside.
(18) Curruê Dei àeeem miW^
èus mullipUxj millia latanHium :
Daminuê ineit inSina, intancto.
Cortejado de luzes, de relâmpagos,
Surgiste, Deos supremo!
Rugidores trovões te precederam;
E triumphaodo de alto.
Assumiste os captivos que gemiam ;
Os vergonhosos ferros lhes quebraste,
E os sacríficios puros lhe acceitaste.
(19) Jscenditti inaltum^ eepie-
li eapttvitatem^ aeeepUti dona in
homtnibui»
218
(so) Etenim n^n ereâente$ in- Sobre OS impios incredulos, piedoso
habitare Dominum Deum* rn » . « .
Tua nono estendeste;
E habitando com eiles, ao teu grémio
Logo os reconduziste:
Os que indóceis o jugo rejeitaTam,
Quai pacifica grei, por ti guiados.
Foram felizes quando subjugados.
(ei) Benedietut Domínuê Me Taos prodiglos rcnova om nossos dias;
quotidie : protperum iter faeiet
uobí9 Oeuê saiutarium nottrorum, Dirige-nos na estrada
Que com tanta piedade nos abriste;
E a ti, Senhor, devotos
Mandaremos alegres nossos hyronos.
(ss) Deu9 noiter. Deus eaivos És tu quem salvas, qucm dás vida ou morte,
faciaidi^ et Domini^ Domini exí-
tus mortis. Quom rcstauras a paz, reges a sorte.
(«3) FerumtamenDeMsen^nnr VojamoS pois, Seuhor, eSOmploS grandcS
get eapUa inimieontm suerumf
veriieem capilli perambulantium NoS quC amaS e protegCS:
Vejamos com pavor como destroças
Pérfidos inimigos;
O pouco que lhes vale alçar a frente.
Zombar da lei, nadar em seus delictos,
Gevar-se em gostos, nio cuidar de afilictos.
iu delictis suis.
Tu bem sabes domar tanta suberba.
Abaixar emproados.
Derrubá-los de um sopro: mas se acaso,
Do castigo assustado,
Tremebundo o teu povo entSo te implora,
(«4) Dixit Dominus : ex BãsM AIlívio dàs; respondes-lhe amoroso:
(•) convertam^ convertam in prih i ** i. .
fundummftris. aQue tcmos de Basau facmoroso?
(•) SSo conhecidas as guerras com Og, rei' de Basan, e com Seoii, rei dos Amorrheoii
aijus universum populum^ como dii Mojsés, pereusservtU usque ai inlemedwem.
219
«Que temest ó meu povo? N 'outro tempo»
Em apertado transe.
Te salvei do furor das ondas bravas:
Sem nobre confiança,
Hoje receias o iropio Basaoita?
Foi meu soccorro outr'ora uma chimera.
Ou sou menos potente que antes era?
flc Posso salvar-te, sim ; teus inimigos
Exterminar bem posso:
Posso a terra ensopar c'o sangue delles;
£ vossos pés tingindo
Nesta rubra torrente, ireis altivos.
Seguidos da matilha sitibunda, (*)
Também dos cães tingir a língua immunda. »
Á McltidIo.
(tS) Ui inlingotur pes tuu$ in
êmntuine, língua canum tuorum
ex inimUii ãb ips:
Mús que vemos! O séquito pomposo
Com que seguindo vamos
O triumpbante Cofre, r.esgatado
Dos feros inimigos;
Arca aonde Deos mora, guarnecida
Do povo espectador: que doce vista!
Que aspecto respeitável, que conquista !
(f6) Fiierunt ingregmt tu0t^
DeuM, ingre$$Mê Dei mft, regiê
mei^ qui esi ín tanetê.
O coro barmonioso de Cantores
Outro coro precede;
O das Virgens bellissimo concerto
Entre elles rompe alegre:
«Ó filhos dlsrael, dizem, uni-vos
A louvar o Senhor; ide correndo,
Canções soltando, tympanos batendo.»
(S7) PrmveneruiU principeg con-
juneii ptallentibuÈ in médio JU'
vencuhrum lympaniitriarum.
(•) Naf gnerrat aniigaf levavam os generaes malilbas de cSei.
220
Ás Tribus e seus Chefes.
(«8) In eceUiiiê benediHte Df () vós, ooc de Jacob (sublime fonle)
Domino de/onitbus lorãel. , '
Derivais, quaes ribeiros
Cujas aguas decorrem cristaliaas
Entre viçosas flores;
(Sjmbolos do piedoso Israelita);
(29) ibi Benjamin ndoieocentu- Juveoíl Beojamin, que extasiado
Itíi in mentio exeettu. » i . • •
Admiras um festejo t&o sagrado:
(30) Prineipeo Judo, dvees eo- Principos de Judá, Chefos sublimes
rum^ prineipeê Znbulon^ prineipeo
jvepfuhaii. Desto povo dítoso,
Nephthali, Zabulon, todos ornados
De purpurinas vestes,
A vossa comitiva a Deos celebre;
Pulsando barmoniosos instrumentos
Vá serenando no ar os rijos ventos.
(31) Manda, Deuo, virínUiuu, Justo é, meu Deos, que mandes teu aaxilio;
ennfirmã koc^ Deuo, quêd opern- r» ■ * j l
tu9 ei in nobio. tiompleta a grande obra,
Os prodigios renova com que bonraste
Na prisca idade aqueties
Que a lei tua 6eis nos transmitliram:
Hoje confirma quanto então 6zeste,
E d'invencivel força nos reveste.
(38) j templo tuo in JeruM- Quo fcliz dia ! squelle que em teu templo»
lem, iibi offereni regf$ mimera. «^ * t ' s.
Em Jerusalém juntos, .
Os Reis te offertem puros sacriãcios!
Que seus dons enriqueçam
Com jóias preciosas teus altares!
Não venba interromper acç^o tão pura
Algum negro vapor, ou sombra escura.
221
Mas repara, ó Senhor, naquelle monstro
Que com voxes sentidas.
Qual crocodilo occulto entre essas cannas
Que guarnecem a praia,
ConToca de outros monstros os rd>anbos.
Que vão, por bravos touros dirigidos,
Assaltar, destroçar teus escolhidos.
([33) Inerfpa ffrã$ ãrvnâinis :
eongregath taurorum i» vaeeit
púpulorum, «/ exctudaní eoí^ qtU
proòãU ftffil argeniú.
Ah\ dissipa as nações que amam o sangue;
E o teu jugo suave
Yirio pedir do Egypto embaixadores;
A Elhiopia, submissa,
Abrazada de espirito divino.
As mãos levantará, por Deos bradando.
Com fervor sua lei sancta abraçando.
(34) Ditsfpa fffntetj qvw bflla
v^titnt: vetíiant Irgaii ex jEgypU:
Aítktêpia pracenitt manui rjuê
Deo.
Reinos da terra, a Deòs cantai louvores;
Rompei com sacros hymoos
Os espaços; não haja no universo
Sitio que nSo se alegre
Louvando do Senhor o excelso nome:
Elle nos ouve, elle está prcsenle
Desde onde nasce o Sol té o occidente.
(35) Regna (erra, Cãntate Deo:
p^allUe Dúmin» y psallile f)eo ,
qtti ãteendit tuper etelwn tali aã
úrhntem.
Delle a voz, que rasgando as altas nuvens
Solta o trovão que atroa,
Delle a voz é potente; cede o mundo
A quanto determina:
Magnifico nos Ceos e sobre os astros.
Assim mora entre nós, na Arca sagrada :
A sua gloria seja celebrada.
(36) Eeee iabil v9ci êvm voeem
viriuUi : date gloriam f)eú tvper
hreei: magnificnitia rjut, el vir»
iu9 ejuM in nubibus.
Foram sempre assombrosos os favores
Que Israel delle obteve:
â22
Dai-Iho gloria por isso; vede coroo
Sua magnificência
Desde as distantes nuvens nos assombrn :
Vede até onde o seu poder se estende,
Como do arbilrio seu tudo depende!
(37) MirabiUê Deu» in taneth Vede como rcIuz nas almas justas;
9%iU : Detit /foel ipte dabii vir»
Que fortaleza e graça
tulem^ et/orWudinem plebi 9um:
àenetlietvt Deu»,
Communica amoroso a quem o adora!
Gomo certa a ventura
Tem o mortal, fiel ao que Deos manda!
Certos de tantos bens» ah! não tardemos:
Rompam os hymnoSi psalmos entoemos.
PSALMO LXVIír.
lafloem, proqui eommuUbantor, A potsia i de Dovid, a muêíco do mtSlrt
"»""'• das Shoshanim.
( 1 ) Salvum mefae^ Deu» : quo»
Hfam intraoerunl aqitm tttjue nd
anitnam meam.
s
ALVA-^ME, Senhor! pereço:
Já vem as aguas subindo;
Jâ me enchem a bocca, o peito,
Quasi me vou submergindo.
(C) Tnfixu» »um (n Ihno profun»
dif et noH e»i »ub»tãnUa,
As ondas encapelladas
Arrojam-me com violência;
Pregam^^me immovel e fraco
N'um lodo sem consistência.
(3) Veni in alliludinem mari»^
et temffttu» demertii me^
Vai crescendo a tempestade,
E d4 comigo de um salto
No pélago mais profundo.
Nos abysmos do mar alto.
223
Trabalho, grito; mas canfo:
Minhas fauces eorouquecem ;
Meus olhos no Ceo pregados
Perdem a lui, desfallecem.
(4) LabúraviclãmãHSj raucm/a»
da svnt/aueet mea: defecerunl
êeuli meij áum Mperê tu Deum
meum-
Mais bastos que os meus cabellos
Os meus im'migos são;
SSo gratuitos seus furores»
Gratuita sua aversão.
(5) MuUiplicali iíPit svper ea»
piilús eapitti mei^ qui êderunt
me ffraíi9.
Cresce a turba dos perversos,
Furiosos me acommettem;
Será pois justo que eu pague
Os crimes que elles commetlem?
(6) ConforMi t»iil, qui perif
euti tunt me inimiei mei iniuttè:
quw nên rapui, í«ne exêhtbum.
Conheces minhas fraquezas
Meu Deos! e as dos mais vivenles;
Se acaso tenho delictos
A teus olhos são patentes.
(7) Dn»9 iu teii imipieníiam
mrfljfi, ei delicia mea à íc tun
9uni abeeondila»
Mas, Senhor! em mim não cuido
Por causa do meu tormento;
Temo só -que outros que esperam
Os assalte o desalento.
(8) K&n eruòexrant in me, qui
exfpi^ctanl ie. Domine^ Domine
virivtum.
Que dirão se me abandonas?
Deos d'Israel! não consintas
Que os que te buscam vacillem,
Temam que em mim te desmintas:
(9) Naneanfundanlurnnperme^
ftrj quterunt ie. Deu» leraei»
Que afilictos» envergonhados»
Olhem para mim com susto;
Duvidem se o meu dictame
Era recto, ou se era injusto.
(10) Quoniam propter te êutii'
nvi opprobrium, operuU eonfusio
faciem mtam*
224
Quanto soffro, quantas magoas
O meu coraçBo laceram!
Por ti somente as padeço»
Só de amar a lei nasceram.
(II) Exlraneuifatiut ium fm*
tribu* meis^ et peregrinuê fitii9
matris meie.
(12) Qvimiam ztlns domuÊ tua
lomedit me, et opprohria exprih
Untium tibi ceeiderunt tuper me.
(13) Et êperwi injejfmtê atU*
mnm m«i«, et fãctum ett in flf-
probrium mihi»
(14) Et posHí vetiímentim
meum cilicium, et/aetuê stm Hliê
in parobolam.
Por ti supportei opprobrios,
Gonrusão cobrio meu rosto;
Fez-me na pátria estrangeiro
O ódio que me era opposto.
Com desdém os meus me olharam;
E sem dó do meu destino,
Me deixaram ir passando
Como passa um peregrino.
Ah Senhor! por que motivo?...
Porque o teu templo adorava;
E um ardente amor e zelo
Da verdade me abrazava:
Prompto a combater injurias»
Que a ti, meu Deos, se fizeram;
Dos máos a vingança, os ódios
Desta origem procederam.
Eis-aqut o meu delicto;
Eis-aqui o que me resta :
Cobrir-roe de cinza e lucto,
E de pranto a face mesta.
Mas esta mesma tristeza,
Esta acerba penitencia,
Provocou novos insultos,
Foi ludibrio da insolência.
225.
Ora depravado Escribai
Ora juizes perversos,
Me insultaram a ioDocencia
Em seotençaSf prosa, ou versos.
(15) jidversum melofuebatUur^
pti sedebatU in porta^ et in me
pêalUbanit qui bibebant vinum-
£o surdo a seus vitupérios
A ti meus votos eovio:
Ê tempo de me escutares ;
Em ti, meu Deos, me cod6o.
(16) E§9 vero oratiouem memn
mi ie, DumUiC : iempue benepla-
eUi Deus,
Áccrescenta a teus prodigies
Mais um; escuta-me agora:
Sal va-me,* cumpre a promessa
Que fizeste a quem te implora.
(17) /« mulHtuiine misericór-
dia lu(t exaudi nif , iji verilate
salutiê íuet.
Queres, Senhor, por ventura
Que me trague a tempestade?
Que em lucto e pranto me abysroem
Esforços da iniquidade?
(18) Bripe me de luío, %t non
infiçãr, libera me ub iit^ qui edi"
runt mcy et de prejundie aquu-
rum.
NSo, meu Deosl tu me libertas
Das mfios dos perseguidores;
Das aguas em que naufrago.
De um fosso cheio de horrores.
(19) Aon me demergat tempes^
ia 9 0qva^ neque absttrbeat mepro'
fundum, neqne tttgeat super me
puteus ês suum.
Nio me deixes submeigido
Nestes mares de. amargura ;
Nao me apegues a esperança,
Nlo feches prisão tio ,dara.
Dá-me pois algum conforto.
Qual tua bondade immensa
Distribuo aos aíDigidos,
E as magoas lhes recompensa.
Tom» VI.
(flO) Exaudi me, Demine, quo*
nimm benigna esl misericórdia tua:
seeundum multiludinem misera*
tianum tuarum respice in me.
15
226
(21 ) Etne ttverioê facietn iuãtn
a pnero itio^ quoniam iriòitlor,
velociter exaudi me.
Olha para mhn; não foltes
O rosto para nlo ver«-iiie:
Vê qoaoto soffro e padeço;
Isso baste a soceorrer«*ine.
(2f ) Intende mnimaf mea, et li'
hera eam : propter inimieot meeê
eripe me.
Chega-^te a mim ; á minha alma
Dá saúde, mesmo á vista
Dos inimigos; e rejam
Que a ti dBo ha quem resista.
(«3) Tn ff/í imprêperium
meum^ et eonfueionem meam, et
reverentiam meam.
Bem YÔs como procuraram
Cobrir-me de pejo a face;
Que não ha dor, ignominia
Que eu d8o experimentasse.
(€4) In eúmpeetu tvo ewU
êmnet qui tribidont me, impro»
periítm expeettmt ewr meum, et
mi seriam.
Porém na tua presença
Estão sem véo as terdades;
Qual sou conheces, e sahes
De quem me insulta as maldades.
Nao pasmo do que me facem ;
Seu ódio sei, seus furores:
Impropérios esperaya.
Crueldades e rigores.
(S5) Et iuitinui, fui simul
eontrietaretvr^ etnen/uit, et qui
cMeolaretur^ et non inioeni.
No meu desamparo extremo
Não achei quem me acudisse;
Quem me desse a mão caindo,
Ou que de mim nlo fugisse.
(t6) Et dedermt in egemn
memnfel, et in eiíi mea p9tei$e*
Tvni me aeeto.
Para apagar minha sAde
Vinagre e kl me. offertaram :
Será pois a mesa destes
Como a que me prepararam?
227
D'e8pe«as trevas eeroados»
Tropeçarão nos seus laços;
E os grilhões que me puzeram
Hao de carregar seus braços.
(t7) Fiai menta eorum €9rãm
íptit m laptetim, et in retribu-
timtetj et in scmndalum.
Em Uo mísera cegueira,
Privados da lui divina,
I^9o curvados no jugo
Do peccado que os domina.
(tB) Oiseurentur ocuU eorum,
ne videant, et donum eorum oem-
per tncuroa.
Vejo a colero celeste
Já sobre elles derramar-se;
O teu furor, Deos' irado,
Vir nos máos desafogar-rse.
(C9) Effumde iuper eo§ iram
iuam^ et furor irm tua compre-
hendat eoe.
Serão seus lares desertos;
Seus palácios abatidos;
Seus opulentos dominios
Ficarão desconhecidos.
(30) Fiat habilatio eorum de-
oerta, et in tabernaeulie eorum
uom titf pU inhabitet.
Desgarrado o peregrino
Ndo atinará co' a estrada;
De tanta gloria e suberba
Restará silencio» ou nada.
Feridas a quem feriste
Sem piedade accrescentaram ;
Por isso os bárbaros paguem
As. dores que me augmeotaram.
(31) Qironiam, quem tu pertut-
êtíti, pertecuti tunt, et iuper do*
hrem tuítterum meorum aidide-
ruttt.
Ás suas iniquidades
Irio mais erros juntando;
E os castigos que merecem
Com mais erros provocando.
Tomo VI.
(32) Appone iniquitatem euper
iniquitatem eorum, etnon intrent
iãjutíitíam tuam.
10
(33) Deledntiir de libro vhen-
tittm^ et eum Juttis non scriban*
tur.
3â8
E como a conta fecharam
No livro fatal da vidat
Da misericórdia divina
Fica-Ihe a sua excluída.
Seus nomes serão riscados;
E dos justos DO congresso»
Pois que auxilies rejeitaram,
Ser-lhc8-*ha vedado o ingresso.
(34) Egtnumpauper, etdõlen$:
ãaiu* Itfd] De9» suêcepU me.
Eu, meu Deos, desconsolado,
Afflicto, em penas nutrido,
A ti recorro, bem certo
Que has«de escutar meu gemido.
Salva-me, Senhor, se queres;
Suavisa meus tormentos:
Hei de encordoar de novo
Harmónicos instrumentos.
(35) Laudabo nomen Dei cum
eantieo^ et magniJUabo eum in
laude.
Acithara abandonada.
Do pó, da mudez tirando.
Irei com métricas vozes
O meu Deos magnificando.
(36) Et placehit Deo super vi-
tulum neveilim , tornua produ-
eentemt et nngulat (•).
Mais te agradará meu canto.
Cheio d'estro e de ternura.
Que outro qualquer sacrifieio,
Ou victima tenra e pura.
(•) Comum prâãueentemy et ungulãe diicindentemt dU o Hebreo com w»^ P'^
dade, eSjnmacho olradiii fielmente. Virgílio quasi com as meimaf votei dix oa ^^ '
Jam ccmu pelat, et pcdibuã qui epargot arenam.
« t
229
Companheiros cCiDrortunío»
Afiligídos, confortai-TOS !
Os prodígios que Deos obra
Cantai coroigOi alegrai-vos.
(37) ViÃemU pgyperei, et le-
taiiur : qtimrite Detun, et vhei
wUma vtitra;
Deos não desampara ingrato
Quem fiel sempre o procura:
Ouve o pobre; e n&o consente
Que pereça em prisão dura.
(38) QwMf«fft exmudivii paftpe
rei DominuMj et vinctci êUO$ fwn
deepexiL
Louve o ceo, a terra, os mares,
E tudo o que o globo encerra,
O Deos que aos tristes acode.
Que domina os ceos e a. terra :
(39) Laudeni illum ceeli, el ter*
ra: mare^ et omnia reptilim i»
eiê ;
O Deos que terá cuidado
De Sião e de seus muros;
Que a Judá novas cidades
Dará, e asylos seguros.
(40) QiiMJcm Deuê ««/vom/v-
eiet Sion^ et adificabuniur cirítã'
te$ Jtida.
Habitarão lá ditosos.
Verificada a esperança.
Esses a quem Deos entrega
Sua restaurada herança.
(41) Etinhabihtèwtt ièi\ etha-
reditmte mcfuirent emn.
Esta, prosperando fausta.
De filho a filho passando,
De Deos o nome supremo
Irá sempre recordando.
(4S) Ei iemen tervcrum ejue
pouidetit Mrm, et qm diligunt
ncmen ejue^ habitobunt in ea.
Os que em sancto amor se abrasam,
Entoando seus louvores.
Serão, com perpetua gloria,
De seu templo habitadores.
230
PSALMO LXIX.
In finem, pialmus David, ín re-
memorationem, quod falvum fe-
cerit eum Dominut.
(1) Deut in ãdjntorium meum
iniende : Domine ãd adjuvandum
me feiUnm.
A$ palavras e a musica são de Uaeià.
V
BH« Senhor, em meu soccorro,
Atlende os clamores meus;
Auxilia meus desígnios,
N5o te demores, roeu Deos!
(S) Cúnfundãntur, et revereon-
tur qui qwerwnt animam meam.
Aparta, confunde os impios,
Volte atraz espaTorida
A turba dos que procuram
P6r já termo á minha fida.
(3) AvertnntMr retromvm ei
embeicatU, qui volunt imihimala»
Quem se ceva nos meus males
Retroceda, meu Senhor;
Cubra-se-lhe a face iniqea
De vergonhoso rubor.
(4) Àvertantur, tintim trubeM-
eentes^ qui dieunl mihi: euge^
euge.
De mim velozmente fuja
O motejador malvado;
Em seus lábios ínsoleoles
Põe^ meu Deos, um cadeado.
(5) Exfdtent, et ImtetUnr in te
omnet qui qwerunJt te^ et dicant
temper: magnificetur Dominuê ,
qui diiigunt smluife tuum.
Alegrem-se, exultem esses
Que a ti só buscam e adoram
Os bens que de ti procedera»
E os que em seus hymnos te imploraD}*
â31
Soa pobre, soa miseraTel;
No que padeço repara :
Neste deserto em que choro
Com o teu favor me ampara.
(6) Ego vnè egem/tt '< ptntper
$um : Deu4 adjuva me.
Tu vigoras minhas forças,
És o meu Libertador;
O meu aperto conheces,
Nao tardes, n>o, meu Senhor!
(7) jédjvtar meutj et lièeraUtr
meu9 e$ tu : Domine ne tnorerit.
PSALMOLXX.
N
Pãdmo de David.»
Xo confundas, meu Deos, perpetuamente
A esperança que sempre em ti fundei:
G>m ternura invoquei
A toa protecção nos meus perigos:
Salva-me, pSe^me longe d mimigos.
Pialmni David.
(1) In ie Domino tperatn^ non
confundar in mtemum : in juoU-
iim tua libera me, et eripe me.
Inclioa-te a escutar os meus clamores:
Escolhe-me um lugar fortiGcado
Onde eu flque abrigado:
Pois és refugio meu, base segura.
Salva piedoso a tua creatura*
(si) Inclina ad me aurem iuam^
et ealra me.
(3) Eêto mihi in Doum prote*
etorem, et in loeum mumtum : ut
M/mm mefaeiao,
(4) Quomamjirmamentummeumt
et rejugium meum et tu.
Liberta-me das mios dos peccadores,
Dessas iníquas gentes aleivosas.
Contra a lei revoltosas;
Já que desde a mais tenra mocidade
Mioha esperança puz na tua bondade.
(5) Deu8 metif, eripe me de
manu peccatorít, et de manu eow
tra Ugem ogentis, et inifui :
(6) Quoniam tu eopatientía meo.
Domine: Domine ^ $pe$ mea à
Jttventute mea.
232
(7) In te eonjirmatuM mm ex Ignoravli a existencia* 6 já te aiDa?â:
uter» : de ventre matri» mea tu —, ^ , ^ . i • *
eã prêiector meui. Tu Qo scio Riatcmo mc extrahiste;
De forças revefflíste
Meus delicados orgBos; fui crescendo,
' E os teus doDS com ternura agradecendo.
(8) In te canfatio mea temper : Progrediram mous días; e augmentaste
tamquam prodiginm faetu» ium
Muiiit ; et tu adjutorjortu. De tal modo das graças a torrente,
Que olha attooíta a gente
Para mim, para o alto domicilio
Em que me collocou teu forte auxilio.
(9) Replemtur ot meum iaude, Aíllua O tCU loUVOr nOS labioS mCUS;
ut cantem gloriam tuam^ tota dif «» t • rv j
magnitudinem tuam, Tua gloria, meu Doos, tua grandeza,
A tua fortaleza
Augmenta de meu canto a melodia:
Que pasmo é pois que eu cante noite e dia!
(10) Ne proficiat me in temph Jô bem fraco, jé pulso d'barpa as cordas:
re tenectutii, cum drfecerit vir-
tui mea, ne dereiinqvaã me. Aleota a mmha m9o; bem que a Telbice
Números desperdice, ^
E eu sinta desmaiar do estro as cores,
Conforta-me, pois canto os teus louvores.
(II) Quia dixeritnt inimici mei jnda n9o creío as pbrases do inimifio.
mihi, et gui euêtodiebant ^animam ' ^ ^
mi-am, comilium' feeerunt in Jodo O mCU dcsalentO espionaodo,
'^'""* Se vSo cruéis jactando
Que chegaram os dias de perder-me;
Que velho e fraco já podem veocer-me.
(18) Dicfnfen: dereiiquiie^m: «jj Dcos O abandonou, (dizem Taidosos)
pfrõequimini , et comprehendite
eum, quia non cêt qui eripiat. Nuo tcm já qu6 cspcrar, O laço armemos;
£ se neste o colhemos^
233
Qoe haoiana força poderá livrá-lo»
E de uossas insidias resgatá-lo?»
Mas ést meu Deos! qual foste em todo o tempo:
Se de mim te suppoem impios distante,
Mais terno, roais constante.
Mais visinbo de mim te espero e sinto,
E dos malvados os ardis desminto.
(13) Deutf ne elangeriê k me^
Òemt meu$^ m muxilium nuum
respice.
Cobre severo, cobre de vergonha
Os cruéis detractores do meu brio;
Em ti, Senhor, me fio:
Desafoguem os màos. busquem perder-me;
N5o temo, certo estou que has de valer-me.
(14) Confundãniur^ et ÃffieiatU
detrakente» aninue mem : operion-
íur eõnfuifoiu et pudore ^ qui
çtiwmnt tnala mihi.
(15) Eff nulem temper ep^fê-
bo : et aéjieiãm wper omtum Iam»
dem twan. ,
Hei de ir cantando alegre os teus louvores; (i6) Ot mtum ennwuitMi jub-
_, ,' . . íiiimm tuam» tota dit Mtdutute
£m, desusado metro, novas rimas, tuwn.
Aos mais remotos climas
Farei constar os bens que me outorgaste,
E como o afOicto e misero salvaste.
Arte nfio tenho que rastrée o assumpto;
Porém arde-me em fogo o pensamento,
Quando medito e intento
Entoar de meus hymnos na cadencia
Tua justiça, tua omnipotência.
(17) Qttonfam non eognmi íit-
termturam, intr^iho in potrtUiaê
Dominii Domine, metnornbor juê*
titim tua êoUuM.
Digo O que me inspiraste desde a aurora
De meus dias, meu Deos: d*alma traslado
O cântico entoado
Que me nasce do bem de conhecer-te;
E jamais cessarei de engrandecer-te.
(18) Dnt$ dêcuiiti me à Ju*
ventnte mea, rt utqtie nune prê'
nuntiabo mirmbHia tum.
' Hei de cantar- te até que a voz me falte; (10) Bt uipte tu êencctam^ et
234
«efitf/m, Deu8, ne dereiinptuÊ Té que a cbamma do estro que mmpelk
Se esfrie, se enregele:
Alimenta, Senhor, os meus accentos,
^ NSo deises apagar meos pensamentos.
(so) DonteatmunUembraehium Sejam meus Tersos monumento eterno
iura ett. Do tou podér ; aos séculos iuturos,
Contra o tempo seguros,
Do teu braço os portentos annunciem,
E aos vindouros de amor puro íoceadien.
(£1) Potentiam tmm , Deui , Quem como tu, meu DeosT... Os Geos attcstam,
vtpte in aliitumtk^ qvm feeitti
magneiia: Deut , qui$ timiUi lim magestosa pompa a ^aturezs,
. A tua fortaleza :
Nos ânimos dos justos resplandece
A luz celeste, que te reconhece.
(C£) Quffntoê •zienduti mihi Quantas tribuIaçOes me rodearam!
iribulatume* multat^ et malas t
et cúnrertut vivificatti me, et de Com quo acorbos pezares mo pro?aste 1
abyuiM terra iterum reduxitti _. n* • .
nu. Depois me alliviaste:
Torna a vivificar-me; o antigo fogo
No meu peito renova; ouve o meu rogo.
(23) MuitipUauH magn^ficen- Ah Senhor! do quo sostos O torroros
tiam tuam, eV convenuM cmaola"
tv8 eê me, Inda 8gora me sioto acommettido !
Dissipa commovido
O vapor pestilento que nos cerca;
Faze com que a ínnocencia se dSo perca.
(«4) Aam, eiegoconfitebortibi Vcrás, Sonhor, depois como mo exalto;
f*fi va»U ptaimi verilattm tuam :
Veftt, ptaiiam tibi incithara, Com que modulações teu nomo canto:
iãnctuê I$raet> ^ • ■ i
Esquecido do pranto,
. Apenas no horizonte aponte o dia
Desbancarei das aves a harmonia.
235
O Sancto d 'Israel a toda a hora
Celebrarei, puhaodo affooto a lyra;
Aò tecto de saphyra
Chegarlo minhas Tozes retumbaotest
A recrear os astros scíntíllantes.
(S5) KmUflèwilfaMiiiM, mm
eàtUmaerú Ubi^ et^nima 010, pionà
redePÊtêté,
Que nlo direi, Senhor, quando aterrados
Vir os perjuros, impios, que te offeodem!
Quando as tramas que empr'endem
Desfizeres potente 1 Jamais rouca
Cessará de louvar-te a minha bocca.
(C6) Sed et lingua meã teta die
meditãtitíir Juititimm tuãm, eum
e9nfu9iy et retferiti fuerint^ fui
f ««rMiú mela miAi.
PSALMO LXXI. W
Psàlmo sobre Sátomoo.
PMdmot in Salomonen. (••)
o
PODÉE de julgar, a sapiência (l) Dem judiewm títum Rf§i
Concede ao Rei, meu DeosI Prepara o filho ^"' etjy,tUiamt.amjUi.Regi..
A reger com justiça a pobre gente,
Os mansos sem ventura.
Sobre o povo, faminto de equidade,
Se. incline magestoso o justo sceptro;
CoDÍorte a rectidão os desprovidos,
Anime-os a esperança.
(£) Judicare papulum tnum in
Juititia^ et pavpereê tkot in Jvr
di€i9.
Levem do povo as vozes té aos montes
Os applausos da paz; trasborde o gosto
Dos corações, e suba qual enchente
Dos vades aos outeiros.
(3) Sttirípiant montea paeem po-
putêi et coUet juêíttiam*
(•) Paraphri^ie feila em 6 de Abril de 1817. — (A jáuetera-)
(••) Coo vem os matt sábios que neste psalmo predissera Darid o relicissimo reinado
de Salomfto, que era uma figura do espiritual de Jesus Clvisto.
236
(4) Jwiieêbu ptmperet p^ii. Virá salvar, fazer justiça ás gentes,
€t hvmiliabH calumniaUrim. O» nlhoS COnSOUr doS IDrellZeS;
E do calumniador a cervls dura
Humilhará puteote.
(5) Et permanthil eum sole, et Em quailtO O Sol taiaf, luzif a Lua,
anfe limam in genemlianem *'«••• i^ i i
generaiionem. Suosistirá seu Dome; lifto oe acciamá*io,
De geraçfto em geracfto* passando.
Os últimos viventes.
(6) Dctceudet sicut phwiB in Como um vcllo do lã quo ensops chuva,
veUui, el iteut itiUictdta itillan' ^ '
lia ivper íerrum. Como as gottas quo embebe a terra secca,
Provarão seu influxo saudável
Os ânimos das gentes.
(7) OrUtur in diebus ejut jui- Brotará oos sous diss a justiça,
titia, vi abvndantia pacii, dvnee ■ « • i
ãp/eratur luna. E abundaucia de paz ; permanecendo
Qual sereno luar, e em quanto duram
Os muis astros accesos.
(H) Et daminabiiur à mari ««. De um mar a outro mar terá domínio;
que ad maré, et aflumine vtque
»d terminai arbi* terrarum. E dosdo O CSudaloSO patrio rÍO
Aos términos da terra, com império,
Estenderá seu mando.
(9) Coram iiio proeident jEihio- Os iusulsnos mosmo aute seu throuo
pee, et iainúci ejue terram lin- i .. i ■■ • •
gent. Verá prostrar, beijando o cbão submissos;
As barbaras nações, os inimigos
Assustará, tremendo.
(10) Regeo jharsiã, et intuim Virío OS tnbutanos Reis das índias
ntunera offerent: Rtgee Abra* .• «i. j . j a l*
hum, el Soba dona addueent, Trazer-lbe offrendas ricas; os da Araoiai
£ os de Sabá, trarão dons preciosos
Que adorações indiquem.
237
Os Reis todos da terra, os Povos todos
O servirão gostosos; pois ^e salta
Do poderoso os pobres, que nSo tinham
Amparo algam no mundo:
(11) Et mi0ra^unt eum mmm
Mege$ ierrm : omnen gemUê ier»
tieni ei :
(IS) Qui^ liberavit pouperem
à poíente, et pmuperem, tui ma
erat mdjui0r»
Pois que a infelizes coarcta dissabores,
£ derrama nos ânimos oppressos
Aromática oncçdo, que os cura e salva
De perpetuo infortúnio.
(13) Pmrcet pauperi et ifispi,
€t animoM pauperwn amlvêt faciet.
Vede como distingue sabiamente
A verdade dos erros; como livra
Da iniquidade e usura as almas puras,
E lhes dá oome honroso!
(14) Ex utttriê ei itupntata
rtdUnêt ãmnun e^rnifi, ei homh
rtMe nêmen eorum coram ilUt,
Immortal viverá: a Arábia cria»
Para offertar-lhe adornos, ouro puro:
Os humanos o adoram ; todo o orbe
O seu nome abençoa.
(15) Et Hoet, et dúàitnr rí de
ÊUr9 ArMm% et adttrubunt de
ipee eemper, iota die benedieent
ei.
A terra com vigor produz frumento
Sobre os montes hirsutos; sobrepujam
As douradas espigas alterosas
Altos cedros do Libano.
(16) Et erit firmtmenti/m (•)
t» terra in evmmiê montittm, «»-
perextelletur evper Libantim frw
etuM tjut, etflarebunt de eívita"
te, tievt/emum lerra.
Nas cidades os homens opulentos
Como as hervas dos prados abastecem.
Multiplicam ; e as turbas numerosas
O seu nome celebram.
(•) Haltei dis, que nlo é de»propog|to acreditar qne eitiTeite Cfcripto/minaiiifiii, e
n%o Jlrmamentum , eqnÍTooo reconhecido Umbem por Grocio na TenSo doi Seltenui. No
Hebreo acha-ie pugilluefrumenti, e oientido re^ bem, pugtVue frumenti ereeeel til eedrui
lÀbani.
238
(17) Sit ntmen tfiu trneiuihm Deos immeRSoI bemditto sejas sempre;
in ititHlt; ttU» Stitm ftrmtmtt n < . . ,
Rtfinen rjut. P*"" Mculos tcu oome 8 gtoXs Mílte:
. Nome que aales do Sol já existia.
Que adora o Universo.
<is) Et inedietnhr fn ifu Por elle as Iribus todas numerosas
omnei tribat Urra: «and ««- >i - ■ _ u i.
(ri magn^bimt mm. Bençaos rcceberlo; a elle os homeiu
Hdo de gloriGcar perpetuamente
Com incessanles hjmDos.
<i9) BmtiidmVtmtnmDtM* Seja O Deos d'Israel sempre louvsdo;
IirmH, fui/acit tniraUUm mIm. n <? i. , ' . i -n
U senttor que é o anctor dos marovilb»
Que os ceot e a terra ostentam, com qne pwnan
As suBS creaturas!
(to) Et bfiteilicivm namn ma- Cheío O glubo ds SU8 tnagcstade.
jrtIatU fj«l n ttlernum, et rt. ,,.
píeUiur majetiate ^tu , amnii l>o seu Dome sublime, com temiva
terra: fiai, fiat. ^^^^ lempPB 0 bemdiga [ Amen, Ameo,
Cantem Anjos, e homens.
(SI) DrfretmHt lauiti Darié Aqui fallece a voz mesmo ao Propbcta:
O filbo de Jessé, o Cantor Régio
Aos mais seres entrega enternecido
A cilhara inspirada.
FIM BO LITRO II.
LIVRO III.
DOS
PSALMOS.
PSALMO LXXII.
A poesia i de Àsaj^.
A,
lOS que tem coraçOes 6eia e rectos
Quaoto Deos é benigno! como acode
Ao povo d'l3rael [...
Comtiulo vacillei ; suster apenas
Pude meus pés; e via-me }h perto
D'escorregsr em chBo solido e certo.
MioaTa-me um cíume desmedido
Ao ver constante a paz dos peccadores;
Florentes e robustos,
SSos na vida, peciGcos na morte,
De honras cercados, gostos e ventura;
E se os assalta a dor pouco lhes duro.
242
(5) In labore fiêminumnêntunt, DpS pCDSOeS COm que geme 8 natUTCZa
ela,«lu,^nítusnonflageMun. p^^^ ^^^ ^^ ^^^^ .^^ j^^^.
Seus inimigos tremem»
Prosperam sdbrc a terra seus projectos:
Se navegam com outros que naufragam.
Sempre encontram alguns que ao porto os tragam.
(fí) ideú tettuii eêi tuperhiã , Por ISSO de soborba recheados,
operti 8tttU tnigviinte^ et «ffUr/r- ^ « «•••is ...
íãii «iM. Cobrem de miquidade seus desígnios;
Para o termo nio olham,
Impiamente descancam noa seus crimes;
Caminham com jactância na impiedade,
Seus ânimos deleitam na maldade.
(7) Pr9diH çfttui ez mdipe t«/- Quo flóridos somblantos! Com que brio
feeium eordi9. Ostoutam 8 sauGo I As rosoas laces
Jamais na dor descoram ;
Brilham seus olhos de um risonho agrado:
Mas que pasmo? se quanto desejaram
De uma fortuna docil alcançaram?...
(«) Câ^iíapetmi, M tòeuii mu Pensam ; e som tardar, da lii^a aolta
^iSr'"''""*'*'"'''''''^ Saem conjecturas màs, calumoias, dote»)
Do lugar eminente
Em que a sorti oa colloca, distribuem
Rios d'inrqaidade e de torpeta
Com que idtrajam a» leis da natureta.
(9) pot^íêrmtmtmiumêiiumn, NSo se contentam de oSbnder os homenSf
A impara bocca eoMra o Coo conspiri ;
Nem a Deos que o tolera
Poupa o malvado: os justos estitmecett #
Prosperar Vêem, com dor, da aleivosiâ
Sempre serena o noite/ claro o dia.
243
O povor suspirando, entlo exclama:
« É possível que Dcos saiba e despreze
Tantos erros felixes!
É possiyel que soffra indilTereote
Ooe o bem, de que é auctor com gloria immdnsa,
Neste mundo a malvados só pertença?»
Também comigo disse, sem motivo:
«Meu coração é puro; venaes prémios
Hinbas mSos nlo mancharam :
Qual é a recompensa? se os pezares
Uns a outros me seguem, me laceram,
E noite e dia ai%ustias me exasperam?»
A que extremo latal me reduzinim
Taes pensamentos! ía já largando
O caminho acertado,
Cançado de soflfrer; bem que opprimido
Visse o povo infeliz, ia deixá-lo,
£ á sorte que tivesse abandoná-lo.
Mas neste enleio, percebi, gemendo,
Que havia aqui mysterio impenetrável
A meus fracos sentidos;
Que em vfis cogitações me confundia ;
Que era sublime o enigma que buscava ;
Que de mim mesmo em vBo me confiava.
Entrei entto no Sanctuarío augusto.
Recorri ao meu Deos, luzes pedindo
Ao sen saber profundo:
De meus erros a nuvem díssipou-se
Ao Tcr qual era o termo dos malvados,
Era que abysmo os lançavam seus peccados.
Tomo VI.
(10) Uto cênvertetvr púptduM
meu4 Me, et diee pleni inveitien-
íur in eis,
(11) Et dixenmt: ptomoéú aeit
Deus? et Mi eat tcieniia in ex-
celso /
(18) Eece ipii peeeaiúree^ êt
abundantes insaculo oHinuerunt
divitius.
(13) Et dixi: ergo sine emisa
justifieaH cor meum, et Iwri in^
ter innoetnies numue meãs :
(14) Et/uiflaçellaíustoiãdie,
et cnstigatio mea in nmtutiais.
(15) Si áUeèrnn :
ioee tÊãtiênemJU<
proonoi-
nmrrúbo sie;
ÍMorum re»
(16) BxiêHmítèãm, uteôgnêsee-
rem hoe; iaòor eotante me.
(17) Dmiee lufr*» •» nmotuã-
num Dei, HinÊoUignm in noois-'
simis eorum.
16
244
(18) rerumiamen projíter dêh» Na verdade, que importa que vaidosos
pesuigti ei»t dejeciati eos, dum «.« ,. a i> i •
niievarentvr. Na escorrediça área labricassein
Pomposos edificios?
Qaanto mais se levantam, mais depressa,
Meu Deos, os precipitas! Que é do fausto!
Dissipou-se, cahio por terra exhausto.
(19) Qumnodofaeíi sunt in de- Oode estfio csses moDStros giganlesoos,
selationem? súbito de/ecerunt^ , ^
perierurU propter imquitatem IdoloS qUO ioda ha pOUCO 86 iuVOCavam?
Na adiccdo derrubado»,
Desfalleceram súbito; parece
Que os iuiquos jamais á luz vieram.
Ou qual exbalaçSo desappar'ceram.
(i2o) reiui tonmium surgen- G)mo de quom desperta foge um soube,
Hum, Dvmine, iu eivitate tuã , j j •
imaginem iptorum ad niMlum ASSim, mOU DcoS, 80 nada rcduZlSte
rediges^ -rv • •
Dos ímpios a memona:
Onde estio? — Pereceram. NSo existe
Mausoléo, monumento, insígnia, fastos.
Que revele ao por-vir seus nomes gastos.
(SI) Qtita inflammatum est cor Tranquillo já rcspiro, O já doparo
meum^ et renes mei eommuiãti ,
9unt: et ego od nihiium redaetuÊ Co 8 oscoudida vordado; meus probleioas
sum, et nfMirt. , vf « i ■
Já todos se resolvem:
Minba bumilde ignorância reconbeco;
Só começo a saber que não sou nada
Perante a Sapiência illimitada.
(28) m jumenium feetut tf/m Sou bruto, SOU ímbécil, nada entendo
opud te, et ego eemper tecum, ^ ^ •. . ^. ^ f
Se Deos nfto me allumia. Oh Deos supremo i
Tu mesmo me dirige:
Gomtigo quero unir-me; amor ardente
Me abraze o coração, que a amar-te aspira^
Que só por ti, meu Creador, suspira.
245
Pela mSo me pegaste, e nestas brenhas
De humanas confosões me vais levando;
Meus passos encaminhas«
De ti nlo me separo : e que mais posso
Âppetecer do Geo, que tanto encerra,
Ou desejar com anciã cá na terra?
(S3) TemUtti mantsm dexieram
meam, et in vêluntate tua dedu»
xi»ti me, et efim gloria iueeepie»
ti me.
(t4) QaUenimwtihiêÊtimeeM
et à te ptid mdui tuper terram f
mea Deui in letemum.
Quando penso, meu DeOS, qu' inda distante (S5) De/eeU cara mea, et e§r
«,. ji ^ . .1 1 1 <• II maum Deus : eardii mei, et pare
YiYO de tt, mmba alma desfallece: -
Suave, unico alento
Deste meu coraçSo! ah! quando, quando
Hei de comigo em doce laço unir-te?
Hei de perpetuamente possuir-te?
Quem de ti se separa, á morte corre:
Castiga, pune os loucos que te deixam,
4
E que a fé te quebrantam.
Eu comtigo andarei unido sempre;
Seguro vou, seguir-te nlo me cança;
Só tu jamais confundes a esperança.
(to) Quia eeee qui elangant te
à te, perièuni : perdidieti omnes
qui Jèmieantur abe te.
(S7) Mihi autem adhmrere Dea
binmm est: poaere in Domina
Dea êpem meam :
Assim cantando irei por toda a parte.
Com a lyra na mHo, os teus louvores:
Vou fabricando os hjmnos
Que as tuas misericórdias annunciem;
E repitam-nos coros d^alegria
Donde nasce até onde acaba o dia.
(SB) Ut annuntiem amnee pref
dieaiiane» tuas in partis jfUte
Sian.
24G
PSALMO LXXIII.
InteUeetut Aiaph. CkífIÇOO de AsOfh^
(1) Vt quid, Deiig, repuliili AsSIM DOS abandoOSS, 1)608 ífido?
inhnemt iratut ett furor tuia rw il *.
svper ovet paione twef Qnàes ovelhas erraotes.
Sem coodactor, sem pasto, em sitio estranho
Ta deixas sem aprisco o tea rebanho?
(«) Memor esto eongregaitonio ReCOrda*te que SOmOfi O teU pOTO;
tuWf quanè potseáisH ab inUio.
Bem que misero, afflícto,
O mesmo poTo somos que escolheste,
Que desde aD|igos dias soccorreste.
(3) itedemistí virgam hmredu Os canpos deieitosos, que hoje fomos
iatii tua : tnom Sion, tfi qito ha- tw i • ■
òitagti in eo. Derrotados, incultos.
Para nós como herança conquistaste,
E em Sião ameníssimo habitaste.
Este, Senhor, é o monte deleitoso
Onde tu residias;
Á tua gloria outr'ora consagrado,
Hoje calvo, e de adorno despojado.
(4) Leva mmu9 tuas m super- Lcvanta O braço contra 06 insolentes
bios torum iajinem : quanta mO' • ^ u u « * i» ^
lignatus est inimicus in soneto! VÍOC SUOerbOS te mSUItam;
Repara com que arrojo temerário
Vem profanar sem pejo o Sanctuario.
(5) Et gioriati sunt, çui ode- Âllí no templo mosmo em que te booráinos
runti te, in media solemnitatis „ ^ ■% .
tine! Se prezam de odear-te;
• Interrompem solemnes sacrifícios,
Fazendo pompa e gala de seus vícios.
247
Sobre o alto do teinplo tropheos erguem
Como em publica estrada;
Das victerias uboos e vaidosos*
Redobram õs uUrages aleivosos.
(6) Po$mrunt »igna «i/a, ii-
exitu super ãwmnnuH,
Parece que com fouc^ a machados
Freixos» olmos abatem;
E por 6m «io por (em espeda«idas
Do Saoctoario as portas derrubadas.
(7) Quaii ii^ $iha iignorum tr-
euriUms €í(ftíiiennU jtuuuu éju* in
idiptum : in $ecuri^ et u$çim «fc-
jecertnU eam.
Começa a fumegar, e aos ceos s eleva
Um turbilhão de fumo;
O sitio onàa exaltávamos teu non^e
No mais veras ioeendio se consome.
(8) ImeeHdertmt igni sanciva*
rium tuum : in ierra polluerunt
iaòemaeulum nmiwtii hti.
Ouve, ó meu Dees, dos impios as blasphem
Uns aos outros diíeodo:
«O NimiOD de brad oto mais se adore.
Nem nos dias (estivos mais se implore.»
^ (0) DiserwU in €»rdê tw co-
pí$ati0 eorum 9imyl: fuienere
faeiamus omnet diet feHot Dei
à Ierra,
Qb meu Deos! que ousertal que desgncat
Quem pikle coosolar**nos?
Que é feito dos prodígios de algum dia?
Já propbetas uio ha como os que havia !
Nâo ba quem nos console, quem, rompendo
Densos vAos do futuro.
Com divina visilo saiba de eerto
Se o fim de ooasas magoas está perto.
( 10) £^M MH^m non vidimue,
coffMMcet ampliut.
Até quando, Seiíbor, ba de o inimigo
Improperar teu nome?
Soltar da immunda língua infames vozes,
Blasphemias contra ti as mais atrozes?
(U) UtiiUêf$/9t Deui^ imprth
perubit inimiçu» f irritai adwer-
ê4iriu9 nomen tuum infinemí
248
(18) m quii aperti* »umum Tira do 8eio a mao que tens immovel,
Ír:;?,:'«í:t5rir' " "^ Que comen» ociosa;
(13) Deuê auiem Rex nosíer NSo és O eteroo Deos, O Rei sublimc
ante sweula, operatus est ãoltUem . ^ • «
im médio terra, AdIc quem esmorece e geme o crimeT
(14) Tu confirmoiti in virtn- Nlo és qucDi D outro tcmpo encheste a tem
te ttfa maré. c&ntribuloBti capitã .^k, . .. »
draeonfim in oquiB, D espantosos milagres?
Quem, 8ó para salvar-nos, reprimiste
A fúria do Dragão, que submergiste?
Dividistes o mar, e o coodeosaste
A favor do teu povo;
Dissolvestes as aguas de repeotCt
E nellas abysmaste a iuiqua gente.
(15) Tu confregitti capita âra- Qs iuSOpultOS COrpOS déstO Om présa
%Thicpfm^''^ '*"" '''"^ ^^'" ^ fera* d* Ethiopia ;
E os thesouros, que á praia ondas regeitaot
Árabes pescadores aproveitam.
(16) Tm dimpitti /aiUe$ , et Quom sonSo tu, mou Deos, fez de um rochedo
tarrentet : tu siecatti 1tuvÍ9i ni.ii. i «r a^4
jBí/i<w4(0. Borbulhar clara fonte?
Quem reprimio do mar a grossa enchente,
Seccou do rio a rápida corrente?
(17) Tuu9 est dies, et tua est Tudo pódos, Senhori tu soparasto
Tsi;^.-^'"'"' " '"'^' Da noite o claro dia ;
Para nosso conforto generoso
Fabricastes a Aurora e o Sol lustroso.
X
(18) Tu/íeiM ornitet urminot Que porteotosas obras dHo revestem
Sr"**"' " '"■ '" '*'*■ A terra que pisamod !
I
(•) Em ?âo se buscará este rio Ethan: é um nome adjectivo que denota Mfii^'
lu siceasti Jluvios rapides»
(Mallei.)
249
Do Âustro ao Boreas tudo corresponde,
Desde onde luz té onde o Sol 8'esconde.
Tanto podes, Senhor! e nlo te lembras
Da tua sapiência?
Do teu poder? aos impios perdoando,
Qaando estão do teu nome blaspbemando !
(19) Memêr e$iê hujui : ini-
mku9 imj^êpermfit Dmmno, et
popÊdui iiãifiena intíUmt nomen
iuum.
Ah! que Tario de nós, se tanto insultam
A Magestade immensa?
A monstros taes, Senbor, nSo nos entregues, ^'^'
Nem teu auxilio a nós miseros negues.
(to) Nê truiãM keãtiis mUmas
eanJíteiUei tiòi, et aninuít pavpe-
rum tvorum ne MioUearie im
Não t*esqueça a alliança com que bonraste
Nossos progenitores.
Somos no mundo a mais bumilde gente.
Sem que a nossa abjecção impios contente !
Nao Ibes basta o martyrio em que YÍTemos,
De perversos cercados?
Faze cessar, Senbor, nosso tormento;
Ouve do pobre o misero lamento.
(fli) Re9piee In iettamentum
fMnn, qmm repleii twiif, qui oè-
êeurãti tttnt terras domibus im-
pntãium.
(ffi) Ne ttvertatur kumilie faC'
tui w^fnêUÊ^ pmiper, et inopt tau-
diàunt nomen tuum.
No recôndito seio da amargura.
Somos só quem te louva ;
Quem no abysmo da dor e da tristeza
Exalta o nome teu, tua grandeza.
Surge, ó Senbor \ e julga a causa tua ;
' Vinga tantos ultrages ;
k continua loucura que te offende
Consome, pune, os raios teus accende.
(S3) Exturge^ Deu» ^ Judiea
cauemn iumn : memar e$to impro'
periorvm tuarum, eorum^ qum mó
intipiente êunt tola die.
Do quem te od£a ás vozes temerárias
(S4) Ne oblitUearii voceo ini-
250
mieorum tu9rmn: tuperhim earum FmréB ín06Q8Ível ?
'- " •"™^' '"*^* "^ A SDberb* dos inpio*. « jacUncia
. Opporás sioiplesmeote a tolerância?
PSALMO LXXIV.
iD ancm 09 corrampM Pkaimiif A poeiia é dê An^f a muHca é do metíre
Ataph caniici. ^ Tawhath.
(1) CaufiteUmur íiòi , Devt , jl VISTA da grandeiB desse dia
men ínum. Quo tw9 altq^ oecretoi avisioh»iD,
Meu DeoB, celebrarenm
Teu poder «em limite:
Os íoiiumeros seres reverentes
Hlo de oSertar-te os bymnos seus cadentes.
(8) NurraUmuã mirabiiim iva : Gom que estroodosa voi soa em mioha alma
eum ãceepero íemmts, egê Juãti' . ■ ■• • w
tiês judieãbo. A resposta siihuma l... Deos severo
Deste modo replica:
«Quando chegar o tempo,
As portas abriraí da Eternidade;
O mundo julgarei eom equidade.
(3) lÀquefÊciã e»t terruy et «Sou quom desb^o a terra n'am mooMotOt
omnes qui haòilênt in eu: ego «• ■ « ■ •
eanfirmuoi eriumuãi ejuê. Quem posso dissolvor quantos habitam
A iuperficíe delia;
Sei reparar aeua males,
G>lumnatas eteroas levantando.
Que a vlo entre ruioas amparando.
*
(4) tHtiiHífHi9: nêiutini^è «Caoçado de soffrer» exckmei — bastai
251
Di96e ao» ioiquos:^*- Cessa a ÍDÍquidade;
A freote, presumido^t
Nio realcei» aodazea;
Nio vades roÍDba cólera excitaodot
Nem coDtra Deos sacrílegos fallando.
(5) NoUtê exMlere i« altum
emrmu veêírum: nQliíeUqui advev'
ttit Deum impUMêm.
«NBo tos lembra, infiéis» qae nada escapa
Á samma intelligeocia ? Qoe oas giutas*
Nas montanhas desertas.
Tudo infestigo e vejo?
Que, supremo Juiz, dBo ha recanto
Que voa encubra? e todo o véo levanto?
(S) Quiã nepiêjib êrienie, ne-
que ãiõceidenle, mepit àdtêertiê
mmUièw : fumiimn DetiB judex
eií.
«Do oriente até onde o sol s'esconde.
Do norte ao meio-dia, manifestos
Da multidão dos seres
Me são os pensamentos:
Preparo ao justo o premio que elle alcança;
Dos mios confundo a creduk esperaoça*
«Uns humilho Irritado, outros exalto;
Tenho na mSo dois vasos diíferentes:
Um de licor suave,
Outro amargo^ empestado :
Ora aquelle, ora este derramando,
O que merece a cada qual vou dando,
d Inexbaustas as feies peçonhentas
No vaso vingador reservo aos impios
Que a terra profanaram
Por inauditos crioies :
Soltando justiceiro meus rigores,
Fartarei de amargura os peccadores. d
(7) Hune humilimit ethune «r-
vim meri fknui mixt§.
(8) Et inelinmvH ex hoc in húc^
vêmmtamen fax ejuê non eií
eximtniÊm : blUni êimuã peecêlo»
reê têfrm*
252
(9) Ego mOem anmmiiúhú fn Senfaorl aonuDciareí ao mundo, és gentes,
Yoies taes; com sublime entbusiasmo
(10) Et omniu comum feteatô- ÂSSUStareí pervcrSOS.
rum confringmm, et exaltmbuntur ^ ,^
€9muãju9ti. Cumpre as altas promessas;
Abate os máos, exalta os virtuosos:
Cantarei teus juizos assombrosos.
Ajudai-me a cantar, Coros celestes»
Do Numen de Jacob as maravilhas;
Os ceos, a terra attonitos,
Conhecerão submissos
Como a lei do Senhor fica immutavel,
Quanto a sua justiça é formidável.
PSALMO LXXV.
In finem in laudibui, Pnimos A poeriã é de Asaphf a musica é do mêsíre
Asaph, canticum. j^ Neghinoth.
(1) NútuM in Judoã Deus, in liOMO é Deos couhecido na Judéa l
Como Israel seu grande nome escuta
Submisso, reverente 1
O povo enternecido
(S) Eí/metus êãt in pãee toeuM Teme, adora o Senhor: com mais assombro
éjui, et habitutio ejus in Sion. „ ^ _. , ._
Na formosa SiSo o glonnca,
Na sede que escolheo e sanctifica.
(3) JH ew/regit patentiãi «r- Alli dSo fé maior OS sous prodigios ;
euum^ icutmm^ glãdiumy et bel" -^y. . . ,
lum. D mimigos potentes quebra os arcos,
Despedaça os escudos;
As mais robustas lanças
Espalha esmigalhadas sobre a terra:
253
Das cohortes suspende os movimentos,
Paralysa da guerra os iostrumeutos.
No Tertice dos montes quSo terrivel
Te mostraste* meu Deos! quio poderoso
Aos fortes, aos suberbos!
Stupefactos admiram
As vingadoras leis a que os sujeitas;
O ameaço insculpido em teu semblante.
Em tuas mios a espada fulminante.
(4) JUwninant tu nUrabilíterà
nmniibus letemis: turègti ftmi
ãmnei inuipiente» eoráe.
Dormiam descançados, presumidos,
Na mais fatal e stulta segurança;
Se assustados despertam,
A fraqueza os aterra,
Todo o antigo valor os desampara;
Nio acham já nas mBos coro que resistam,
Nem animo nem forças que lhe assistam.
(6) Dormienmt túmmim «utim,
êt nihil invenerunt ^mnes viri
éivitímntm in numibuã ttfit.
Deos de Jacob! assim que os increpaste.
Esses altivos, que em corcéis suberbos
Campeavam nas praças,
Fracos, desfallecidos
Por terra n'um lethargo se prostraram.
Quem ba de resistir-te, Deos terrivel,
Se soltas teu furor inexbaurivel ?
(6) jik incriptUiêne tum, Deu$
Jaeáb^ dêrmUavervni^ pii tuetn-
derunt epioê.
(7) Tu ierribait et, êtptiã re»
HêUt Mi t ex tune irm tua.
Quando se ouvio do Ceo que já marchavas W De wh mutitum fieiiti ju-
, iieium; Urrm tremmt^ et piteeit^
A vingar-te, tremeo confusa a terra.
Parou stupefacta:
Emmudeceo o ether, (9) Cumexiutgeret inJuHeium
/^ . , j IP . Deu9, ui tãhoê fiKtret Mfuirf
Contemplando, com pasmo, com que affecto mmuuetot terrm.
Salvas 06 bons, com que vigor tremendo .
Contra os máos das espheras vens descendo*
5254
(10) Quoniam €9ffitãtio hominiê Quem raflectÍT dtt gwte depravada
eúnfitrbitur Ubi : et relíquias eo* ^.j .. .^-^ « *
gitationiÈ diem fettím ngentjibi. «as cogitaçoes perbdas 6 crtmes,
Tirará argumento
Para com ardor novo
Te louvar, oH meu Deos ! seus pensamenUN
Terão só por objecto celebrar-te,
E com dias festivos sempre hpnrar-te.
(11) Vm>eie^ et reddite Dêmi- Con6ai, ó moTtaesl Se as tempestades
no Deo vestro, omnet gui in eit' -, i. • » • j
cuitu ejuê iffertiê munera. Com reliqoias oas nuvens roda assastam ;
Se as ondas empoladas
Inda o terreno inundam;
Quem é Senhor das nuvens e dos marei,
Quem poz ao seu furor outr'ora um freio,
Para domar-lb' a fúria ba de acbar meio.
(lí) TerHkiU, et ei qui a^fert Aos tVTamios teTTíveU Deos Comprime
e^riíum PHneipum , terribili 1. .! . ,
afud regei terrm. Dos Roís da lerra OS impetos ferozes;
o espirito lhes doma:
Abaixa» humilha oa Grandest
Da ambicfio lhes confunde os vKoa projectoi;
E n'um instante sopra e desvanece
Os fumos que a vaidade Ih' encarece.
PSALMO LXXVI.
In finem pro idithun, ptaimui A musica i de IdilkMf ã poesia é de Ât^*
Asaph.
(1) Foce meã adDomimm ek- UbvORADO de peoaS, e damaodo
nuÊoi^ você mea od Deum, ^Mn* _ -^ _^
tendit ifiiAi. Por Doos qué me socorra, Deos ouvio-me;
E me ibi na amargura confortando.
255
lovocaodo o Sedhor, as mios leunto
No silencio da noite maia ot»cw« ;
E nem tneoa ais se frastrami nefln meu pranto. '^'''"'-
(«) /• éê€ triMãiimiã nua
naete eouíra ewn: et non sum
Minha alma consolar-^se nBo sabia;
Mas lembrado de Deos^ e meditando»
Em suave deleite me perdia.
(S) RemnHêotuêUrimUmãmem,
menmrfui Deé^ ti dêkútÊÍHB t tiM«
ei exereiUituM swm^ Hátfêcit 9pi*
riius meus.
Os meus olfaoa abertos preveniam
A matutina lux; porém» turbado.
De meus lábios as votes nHo
(4) Âtêtíeiptpamni tiffiliaê ecu-
H meif iutbtui 9wn^ ti nmk êum
Ucuíuê,
Pensava noa milagres que fizeram
Esses dias antigos, t8o ramosos»
E nos annos eternos que se esporam :
(6) C§9iimH éi€9 mUi^wm^ it
EnUo meu coraf8o examinava ;
Ponderava meus erros; e com magoa»
Assustado, nas trevas, me accusava.
(0) BiWêeHêãhiê ttmnêeti €Uin
Meu Deos! será possivel que rejeites
Para sempre meu animo oontricto?
Que estas lagrimas ternas Mo aoeeitaa?
(7) Numfiád 4m mêitnmt p^
Jkfêt Deuà^ mH tiM ãppmuê^ «I
compkmtiêr Hi mákm t
Que indisposto sem fim» queiras negar-*te
Para sempre á piedade que pedimos?
Que nSo se encontre meio de applaear^te?
Negarás misericórdia aos que escolheste?
E o ten niror por séculos durando
Fará oolla a esperanga que nos deste?
(8) Afã inpun mUerkerãiãm
êuãm ãkidnieí à generdUone in
ffenerêíimum í
Esquecerás, Senhor» como perdoas?
£, submersa na Cólera a piedade»
Punirás sem que nunca te condoas?
(9) Aui éhliviieetur mitetèti
Demit ma mUi»uhn in ira sna
mÍ99ricoriia$ ittítn ?
256
(10) Eidixi: nunecê^i hme NSo... Agora começo a converter-me :
Perleita coDtricçSo é obra prima
Da excelsa mão que vem fortalecer-me.
(u) Memorfui êperum D^mi- És tu» meu Deos, Dor queiD do abjsmo acordo;
fu, cuia memor erê ãb iniiiê mt* i i
raòiiium tvorum, Âs tuas graodes obras se me antojanu,
Das tuas maravilhas me recordo.
(IS) Et meiUãhor tu mnnikv9 Nas obras que fizosto meditaodo,
bui luiê exercebor. Peoctrado de pasmo e de ternura
Irei 08 teus conselhos estudando.
(13) Deu», in saneu viã íum: Saoctos sSo teus caminhos e acertados:
guit Deus mãomus, 9ieut Dtu» ^ -rs. , i . • a t
mtUr? tu eê Veuê qui/acii mi- Quom COmO O DOSSO DOOS é grande, é JQStOT
^ *^' Como sakou seus servos consternados!
(14) Nêtamfeeutí im popuiiã Âos povos tou podér, Sonhor, mostraste;
ífirluiem tuãm: redemiêti inbrm» i> t i. j t < • â^ f*ti
ehio tuo popuium tuwn, jui9ã jà' De JacoDt de José remiste os filbos,
CO , €t ostp . Q^^ ^^ braço o leu povo libertaste.
(15) Videtunt te aquw, HrM, Os outos inseusívcis se abalaram ;
viderutU te aoute : et timuerunt* ••. . _. . * .
et turbuat nmt oéytfft. Viram-te as aguas, Deosy viram-te as agaas;
E os profundos abysmos se turbaram.
(16) Muititudo êOHUui aqua^ A muItídSo das oudas bramidoras
rum : voeem dederunt nube», ,
As nuvens seu estrondo levantaram,
Com vozes do ambiente aterradoras.
(17) Etenim êagitia tuw tran- Qs espaços tuas sottas. atravossam;
ieunt, vòx tmiitrm tut i» rota.
Do trovSo rasga os ares o estampido;
Em torrentes as chuvas se arremessam:
(18) lUuxerunt eoruêcationee Do relâmpago a luz O globo envolve;
tfUB orbi terra, eommota ett, e< a a i m. "3
evntremuit terra. A terra, poIo susto commovida,
Parece que em seus eixos se revolve.
257
Prepararam-te as ondál ama estrada
Solida e firme, sobre a qual passaste;
£ a passagem aos impioa foi yedada.
(19) Jn nmri viaium^eí semiiw
itm m tfftftt mtíltiSf et veiiigfa
Ima fiaii ioffnúitentur.
Fechou-se-ll^' o caminho; nlo ficaram
De seus passos vestigios: dissolvidas
As aguas, aos perversos sepultaram.
Só te segiiio, qual segue manso gado
O sea pastor, Hoysés e Arlo, guiando
O povo, ao teu serviço consagrado.
(SO) DednxiaU Heuí ovei pú-
jwliim fifiMi í» tiumu Moyii^ et
PSALMO LXXVir
C(mfo9ifà0 ãe Ásapk.
s
iLBHCio, ó povos: vou fallar, ouvi-me.
Vou explicar a lei: prestai«-me attentos.
Dóceis ás minhas vozes, os ouvidos.
Em parábolas voo abrir meus lábios,
Bevelar-vos recônditos exemplos,
Dos mais remotos annos recolhidos,
Em termos claros, versos escolhidos.
Intetteclot Asiph.
(1) Attendite^ pêfmU meus, te*
gem meam, ineUnate aurem vr«-
tram tn verba arii mei.
(fl) Aperiãm in pãraMiê ê$
meum, lofumr pr^oeitiênêã ok
itUtia.
Quanto ouvimos depois que á luz viemos,
Quanto nossos maiores nos contaram:
Não qoizeram que aos próprios descendentes
Occultadas ficassem essas graças
Com que Deos os honrou no prisco tempo;
Obra do seu poder, e maravilhas:
Mas que em canções harmónicas descessem
Ás geraçSes futuras que nascessem.
ToM<i VI
(3) Qu(0»taaudivimiii,eteognO'
vtffitit eff, et paires nastri narra-
verunt nsHs.
(4) Am simt oeeultata à JUus
eerum in generatiane altera.
(5) NarraaJtes laudes DomitUt
et viríutes ejus^ et mirabUia ejus,
gva/ecit.
17
258
(6) EisuêeitãottiesUmomumin Foimou Dcos com Jacob solemoe pacto,
Jae»b, ei legem posuit m Israel, «^iv i f* ■ - i
D Israel confiou a lei sagrada ;
(7) Quanta numdavit pairibuã MandoU a D09S0S paeS ([QC DOS preCeítOS
nostrit nata /acere eaJUiis tuii, ^ . , . p,, • * .
ut eognateat genetatio altera. Desta 161 OS SCUS lllhOS lOStrUlSSem,
(8) Filii oui nateentur, et eac ^ . . ....
sirgent, etTarrabunijUiii iuie. Para quo cstcs aos $6118 a transBiittiMein,
(9) utpanaatinDea»pem$uam, Nesta divioa lei» pcnhor sagrado
et nan (Aliviseantur operum Deiy j- • j «^ n i
et mandata ejut exqvirani. D06 prOQIglOS GO De0S| firmar-Se dCTC
Doa corações fieis toda a esperança:
Estudar em cumprir o cpie Deos manda.
Em sancto amor ardendo, agradecidos:
Vedar á deslembranca criminosa
O passo que conduz á iniquidade:
(10) mfiarU,9i€uipatreãeorvm Evitar O dospenbo em que cairam
generaiio prava^ et exaeperam»
Os pravos coracSes dos pães rebeldes;
(11) Generalia qttig nan direxit GcraçãO CUJOS auimOS CrradoS
cor suum^ et nan eet ereditus cum -. - - i . « i
Deo ipiritui eju9. Do Sonhor se apartaram descuidados.
(IS) Filii Efhraimiatendentea, Que pasmo ó pois, so altivos co' a deslreu
et mittenteg arcum : eanverMt fftml ^ . i «^ <»
in die btUi. £m tender arcos, derrubar as feras.
Esquecidos de Deos, voltassem costas
Na batalha ; e se visse nesse dia
Dos filhos d'Ephraim a cobardia?
(13 Nan eutiadiermt teetamen- Do Senbor desprezaram OS preceítos,
tum Deiy et in lege ejus ndue' •^ , . , .
runt ambfiiare. Da lei O doco jugo arremessaudo ;
(U) Etabimbentfadarmnejtu, Âs bencSos do SOU Deos O altos favoros
et mirabilium ejtu, pua ottendit ^ , , ,
eit. Sepultaram n um louco esquecimento;
Seu amor extremoso malograram:
Justo foi que na forca do perigo
Surpreendesse aos ingratos o castigo*
(15) Coram pairihui earum/eeit Gom ouo esoauto sous paes na EgTpcia teiny
mirabiliainterraãígyfti.ineavv' •• m # -o^r
pa Taneoã, Nos Taueos campo^ foram testemunhas
259
De quanto obrou o braço omnipotente
Para salvar da morte a Hebréa gente !
Em muros de cristal o mar divide ;
Depois, como n^um vaso, as aguas fecha,
E sem risco o seu povo passar deixa.
(16) Interrupit nmre, et per^
iuxit fM, et itãtuit aquãi pmH
im utre.
Benigno conductor envolto em nuvens
O precede de dia; e refulgente
Toma-se a nuvem quando o Ceo se obscura ;
E a estrada duvidosa lhe assegura.
(17) Etdeiuxiteoeinnubediei,
et Ma noete in illuminãtume ignie»
No deserto, as arèas esquentadas, (is) interrupit petram t» ere-
Que nao refresca um rio em que se apague ^^^l^^-^^^^^^^-^^n^^^-
Ao consternado e afflicto caminhante
O interno ardor da sede devorante.
Fere Mojsés co' a vara milagrosa
A superficie d'um penhasco estéril ;
E logo, com suave murmúrio,
A pedra jorra um caudaloso rio.
Que a terra dessecada vai banhando,
E aos sedentos as forças restaurando.
(19) Et eduxit ofumn de pe-
tfãy et deduxii tamquam fiumina
mqtutt.
NSo basta ura tal favor á iníqua gente;
E no mesmo deserto v9o de novo
Excitando de Deos a ira infausta :
Sem gratidão, seus anrmos rebeldes.
Vencidos pela gula, murmuravam,
£ assim nos corações Deos increpavam:
«Farta^nos d'agoa Deos, quando podia
Fartar-nos no deserto com manjares!
Que Deos é este? D'agua nos sustenta,
E julga que sem p3o nos alimenta?
(20) Bt appoeuerunt ãdkuc pec'
eêre ei: in iram exettaverunt ex^
eelêum in inmquotú.
(81) Et tentãverunt Deum in
cordibuÊ iuiã, ut peterent eeeoi
animahue tvii.
(S«) EtmÊlèloeuíiãmtdeDee;
dixerunt : nwnqtâd poterit Deue
perve memum in deãerte f
(53) QuorUam pereueaii petram,
étjlaxerunt aqute, ettarrentet tu*
wtdavenmt.
(54) Nnmpiid et panem poterit
dmre, aut parare mentmn popula
ÊUêt
Tomo VI.
17 •
260
Nao tem a seu dispor a Natureza?
Cusla-lhe muito dar-nos lauta mesa? »
(«5) lieo audmi DominuM, ei Deste absurdo clamot os ecchos chegam
jírXi/^í'«t^^^^^ Ao throno do Senhor, que provocado
Em cólera se acccnde contra os ímpios,
De Jacobt dlsrael filhos ingratos.
Differe-lhe o soccorro; ao fogo manda,
Que, ministro da cólera divina.
Tudo devora, e tudo se arruina.
(€6) Quu non erediderunt tii Miscros! sem razSo desconfiavam
Dea, nec ipirmverunt in iaiuUri ^^ y^^^^^^ ^0 Dcos; na mente obscora
ejut»
Nlo penetrou um raio d'esperanca
De salvação, que só de Deos se alcança!
(87) Et manduvu nuMui rfe- Esquecoram que Deos rompia as nuvens,
iuper, ttjmuat cmii afermi. g jj^ij^y^ j^ ^eo; quo as auroas portss
Da misericórdia abria com prodígios
Que aferrolharam erros e prestígios!
(M) E< fiuit HUM mamia éd NHo foi Doos quem abrio do Firmamento
moHducandum, et panem cmti de> ^ thesouros? Quom fei chover na terw
dit et».
o manná saboroso qual orvalnoT
(£9) Pmm.An9HammmmUu. Com píO doS AujOS doO SUStOUtO aOShomCDS?
Moii hmM , eibaria mieit ei, in jj jj^ nutridos, clamam déscoutentes,
E exhalam contra o Ceo blaspbemas voícs»
Sacrílego clamor, gritos atrozes !
(30) Trmiitm Auetrum de O SouboT das ospherss, geucroso,
aeh, et induxit in tirtute ma ^^^ poJerOSaS Icis SUSponde OS EufOS;
AfriíMn» * ,
(31) » fi«« ««?«• «w »<«^ Solta do Austro os sopros CsToroveis,
'^^«^«.•íVnUr "^"^ Que d« ates ^ mais. especiosas
Cobrem os campos como o pó que os cobre-
Como a arêa que cerca os rastos mares;
261
A ibme com volatiles lhes doma,
E a mais farta porção cada qual toma.
Em tomo aos arraíaes abanda tudo
De pássaros gostosos; todos correm
Ás tendas suas, que rodéa o pasto:
Comem, fartam-se; e sem fartar-se nunca.
Gozam da gula. Quando inda a comida
Entre os dentes continhamt Deos severo
Assume o seu rigor, e solta as iras;
As Ígneas settas solta furiosas
Sobre as gentes glotonas e aleivosas:
Derruba os seus mancebos mais robustos;
Declara-lh' inflexível mortal guerra,
E d'Israel a flor murcbou na terra.
( 3£) Bt eecidêrund in médio oiff-
trprum eorum^ eirea fãbemiacula
eonan.
(33) Ei m9Hducm>€rmUt et «a-
iuraU tunt nimii, et deeiderium
Cêrum altulit eiã : nan eunt/raU'
dali k áetideriú tuê.
(34) AdhueeiieBeorvmertmtin
9re ipeúntm : et ira Dei mieeendii
iuper eêê.
(35) I^ eetíéU finguee eêrum,
et eleetúi lermel imptdivii.
Apesar do castigo e maravilhas.
Nem assim o Senhor acreditaram ;
Recahiram nos erros castigados,
E aos milagres oppoem novos peccados.
(36) In emitihu hiepeeeaeerunt
ãdhue, et Hêm crediderurU in mi*
fãHUòue efut»
Mas qual vento fugio-lb' a fraca vida,
E seus prósperos dias se apagaram.
EotSo entre os que restam, timoratos.
Os clamores começam ; Deos invocam ;
Gritam — piedade! — pedem que lhe acuda:
E a suberba, a vaidade em dor se muda.
(37) Et dejeeerynt in vmutmte
die$ eerum^ et nnni eorum mm
feiUmUione,
(38) Cum oceideret ees, fumre"
hant enm : et rever teiantur, etdir
lucuiê veniebant ad eum.
Lembram-se que só Deos pôde acudir-Ihes, (39) Et rememornti $unt, qma
^ 1 • * 1 II , 1 . Deue ãdjuter e$t eorum, et Deve
Que a salvação só delle é que denva ; exeelsue redemptar eertm eit.
Que o povo alcança o bem, se humilde o pede,
Que o Senhor compassivo lho concede.
Mil supplicas humildes e amorosas,
(40) Et dUexeruttt enm in
262
ore «1/0, et lingum 9ua meiuui Que suggere O ioteresse 6 o susto excitai
Soltam seus lábios; mas somente os labioi:
(41) Cor autem eorum nm erat Que iofioiS i alHança por COSlume,
rectum cum eo : necfideUt hàbiti ^_ .
■fftMi ím te»tãtneniõ ejut. N8o tmbam corações rectos; mentiam
; Suas linguas nas phrases que diziam.
(4fi) ijae wtem eat rniiericerM, j)^q^ piedoso, ignorancías descolpando.
et propittui fiet peccati$ eorwn, et ■ ^^ ^ r ^
iMfi dieperdet eo$. Não tomou Q irritar-se; disfarçando
As offensas, nio quiz exterminá-Iof :
(48) JEEi MhtmUnit, ut averíeret Nio qui^ que 0 SOU enfado maíâ soprasse
trof» niom, et mm accendit omnem ...
iram êwm. Da colera total o incêndio activo:
As iras uma e outra tez suspende;
(44) Etrecúrdainãeãt.fmaearõ Repara que s3o caroo, e o pensamento
smU^ «pirtltM vadene et tion re- _ . , .. .
dient. Dos homons que é ligeiro como o vento.
Vé com piedade Deos tantas fraquezas;
Move neiles contrictos pensamentos:
Bem que de maia favor indignos fossem,
Faz que as penas cruéis em fim se adocem.
(45) Quútiet exãeerbwermt QuantaS VOZOS UOS arídoS doSOrtOS»
eum in deêertol in iram eoncitO" . ^ -■ .* t
vemnt eum in inafuoiof logratos provocaram mU castigos!
Quantas vezes de Deos se descuidaram,
E no mesmo deserto o abandonaram!
(46) Et eatwerMi eunt, et ten- Q Numen d'Israel, O Sancto» o ImmeDflo
tmerunt Dewn, et eanctum /«- ^
raei exaserbaverunt. Sem pojo osquocem; voItam sous affisctos
Para os idolos vftos, abjectos» falsos:
(47) Nan fftmi recardati mamu ]^So so lembram da mfto potente, fortCf
ejífe die^ quaredemii eú9 de maau i i* i
tribuiantiê. Quo OS sslvou de cadèas e da morte:
(48) sieui poêuit in Mffypto et- Perdem de vista quanto em lavor delles
gna tvOf et prodigia 9ua in campo i- • i ^ . t *••
Taneot. Gom prodigios obrou no Egypto, em ísob*
(49) Et convertit in eangvinem ComO em Saugue iomOU do rÍO aS SgOSS,
flumina eorum, et imbree eoritm, . « ... . j
ne biòereftt. A um que OS luimigos assustados
263
Das sanguiDOsas ondas nlo provasseiB,
£ o sequioso ardor nSo apagassem.
De grasoadcnras rans, d'avidas moscas .
Enxames voadores os perseguem;
De? ora-lbe a ferrugem os seus fractos.
Gafanhotos destroem seos trabalhos:
Com repetidos golpes mata a pedra
Nas Tides o pimpolho renasceste;
A geada lhes cresta seos pmtoares:
Languidos gemem na malhada os gados.
No campo desfallecem, falta o pasta;
De Deos a maUKçlo tudo tem gasto.
(50) Miiii in eot canêmyiam,
et cêmedit eot, et ranam^ et dit-
perdidii eoi,
(51) Et dedit terugini fntetut
eorum, et lúkoree eorum Ucuita,
(5S) JSI úeeidU in grmtdÍHe ti-
neme eorum^ et marot eorum in
(53) Bt irmdidii grmdím Ju-
menta eorum: et poeeeeeicncm
eorum igni.
Do sen povo as iojnrias o estimulam:
Qaer Deos vingá-lo, e contra os offensores
Solta das iras os tremendos raios;
AoJQB protervos manda qoe os affijam,
Que os abysmém na dor, na desventura,
Pois seu povo brtaram de amargura.
(54) Misit in eot iram indi-
gnatianie eum^ indignattotêem^ et
iram, et tribuUUionem : jmmif-
ãionet per AngeUo moiof.
Contra os Egypcios sdta Deos o freio
A todo o seu furor: contra os humanos
Bem como contra os brutos foi severo:
Os seres mais egrégios extermina,
Não lhes poupa nem morte nem mina.
Viram os pães, as mtes, anaiquiladas
As primicias do amor, os charos filhos:
Sem vacillar, a morte tudo alcança ;
Da terra Egypcie apagasse a esperança.
(55) VUm feeit eemitee irm
tirar, non pepereit à morte animã^
buê ftfftfffi, et jumenta eorum in
morte conclusit.
(S6) Et perewiit omne primO'
genilum in terra JBgypti^ primi'
tiae owmie htborit eorum in ta-
bemaeulie Cham,
Qual benigno pastor conduz seu gado,
Deos, cobrando as cadéas do seu povo,
O foi levando; e num deserto estranho
Apascenta tranquillo o seu rebanho:
(57) Et abettílit sicut ovee po-
pulum euum, et perduxit eo» tan»
quom gregem in deeerto.
264
(58) Et dedumt ec$ in ipe, et DÍ88ÍpOU-llie 08 receioS do ioimigO,
operuit mwe. íAne pastando pela selva amena;
Porque oa mares» distantes do deserto,
O exercito feroz tbham coberto.
(59) Et induxit eoi in mon- Seguiram socegados sen caminho:
tem stmctijtcattênis «imp, mmUem, • & j
fuem aequiendt dextera efuê. No SaCrOSaUCtO mOnte, COUqUIStadO
Pela dextra do Excelso, os estab'lece;
(60) BtejeHtàfãcieemrumgen' Repartio-lho O torreno, mosmo á vista
let, et iorte diviiit eii temm in ^ ^ . h. * • i
funieuiê diêtriMiPmi. Da gente expulsa : alli decide a sorte
Uma porçio a cada Israelita.
(61) Bt hMtãre/eeii in tãèer- k tribu d'Israel, quo tanto amava,
nffcttltt e^mm tribuê leraet, _ . ,. » .
Livre d escravidfio e vitupeno.
Manda Deos que alli funde novo Império.
(6«) Bt tenioperunt, et «Moer- Has, oh fatal cogueira dos humanos!
èúverunt Deum excehum. et le«- ^ . , «,.
tiwumin ejn9 nm euetodierunt. Qucm ha do cror que alli mosmo este povo
Tome a irritar o Excdso, o Omnipoteote!...
Nio guardam a lei sancta que lhes dera:
(63) Bt nerterunt $$, et nen De Doos se apartam ; vSo prevarícaodo,
êervmterunt piutnm: piemadmú' ri e -a
dumjmtrêÊ eorum, cetnerei $uni ComO foram SOUS paOS; O SO COnVOrtem
in aram prmmm. ^.^^ ^^ ^^j^ j^ ^^ ^ f^^^ ^ ^^^.
Cuja setta noAo trémula prepara,
E se fere no ponto em que a dispara.
(64) In iram eaneitmtenmt eum Nesso monto, oh misena ! nesse moote,
in cMbuê ftiff , et in eculptilibut _ _ ... ...
tuis ad tewttilationem eum provo- De qUO DOOS estmlhOU SOUS mimigOS,
^^'^'' E lhes deo como herança grandiosa.
Estultos, seus furores
GoUocaram nos bosques, nos outeiros
ídolos vlos, por elles esculptados;
Em Deos ciúme ardente promovendo,
E da vingança os raios accendeodo.
265
Outío Deos as blasphemias que exprenavani ;
Desprezoa-as, voltoa-lhe irado as costas,
E humilhoa d^Israel a iníqua gente.
Seus impuros incensos nlo acceita;
De Silo os tabernáculos rejeita.
Onde entre os homens de habitar gostava :
Faz que a gloria do reino, a Arca sagrada
Seja pelo inimigo conquistada.
(S5) jiméi9U DiUê, et ^revit,
H ad fáhilum rtdegii vMè /i-
raeh
(nS) Ei re^lU tukenmeutum
èiimit im
(67) Et irmdidU incapíivitãUm
virtutem eortim, ei puUhritudtnem
eorum in numui itUmici,
Pela espada perece o triste povo;
E da herança ditosa que Ihé dera
Pouco Ih' importa agora despojá-lo,
Pois que ingrato esqueceo-se este de ami-lo.
(68) Eí €9nau»it in gUdiê pa-
fttlum tuum^ et hmreditatem ttíom
iprml.
Onde no campo ferve a mareia lulta
Devora o fogo os n)ab gentis mancebos;
Caem pela espada mesmo os Sacerdotes:
As virgens aos primeiros promettidas,
E destes as viuvas lamentáveis
NSo encontram quem delias se condoa ;
Cada qual chora o mal e a dor que sofire»
Aos clamores, aos gritos d'infelizes,
Deos, que até'ii parecia adormecido,
Em fim do longo somoo despertou;
Qual guerreiro, a quem presta vigor novo
Generoso licor, no campo entrou.
Na rectaguarda attaca os inimigos,
Derrota-lhe as phalaoges e as dissolve,
E em sempiterno opprobrio tudo envolve.
(69) Juvenee eçrum ecmedit
iffnii : et virginet eorum non eutit
Uunentãt»»
(70) Sãceriêtee eorum in gladio
eeciderunt: et vidwB eorum non
plorttèantur.
(71) Et excitàtu» ett tãmquam
dormient DominHã^ tamquoin po^
tent erapulãtut à vino :
(7S) Et pertuêeit inimieo» euoã
in poeteriora : opproòrium «rmjM-
temum dedit iliit.
EntSo, bem que de novo condoído
Olhasse para o povo, determina
Das terras dTphraim pôr-se distante,
E fixar o seu templo cm outros lares.
(73) Et repulit tobcmacutum
Joteph^ et Trikum Ephraim non
elegit :
266
(74) sed eUgií triitm Jttda, Deixa a turba infielf e só contempla
^ Dos nlbos de Judá a lealdade;
E passa ao monte de Siio qae preza.
(75) Bt teiffieúoit iUid vnitar- Alça alli 0 edificío magestoso,
nitan êoiutificium tuum in Urra,
quain fundavit in tmenU. Do qual a soUdoz affronte 06 tempos;
o excelso Sanctoarío- quer seguro
No presente e dos dias do futuro.
(76) Bt tiegit David êervum De tão maravilhoso tcmplo escolho
sifiim, et êustulil eum de gregi»
bvM aviam: de peitfieiaatee ae- ExCCOtor DaVld» jUStO, O teU SOrVO;
^^*^' Um juvenil pastor, que d'eDtre orelhas
(77) poêcere jaeaè eervmn Retira, O faz pascer, nlo nuinso gado,
nnim, et lerael htereditatem __ ,., . ..i *
ivam. Mas seu povo dilecto; ilh»tre germe
(78) Et pavit eae ia innaeeniia D'Israel. PrOSOrVOU Candido O poíto,
terdie tMt , et in ititeUeetibui mo- r? e • ^i^ i r
Rtfiim tuarum deduxit eee. ^ 101 no tUTono qoal nos campos íora,
Innocente pastor e cuidadoso.
Mil pnieus obrou seu forte braço:
Da sua dignidade em desempenho,
Quanta gloria alcançou seu vaslo ingenbo!
PSALMO LXXVIII.
Pmlmus Aiaph. De Auíj^ (*).
(1) Deut , venerttnt genUt in AoNDE ostás, mou Deos? Vè com qtie aadscla
htereditatem tuam : poltuerunt -n . i & • j a i.
temptam êancíum tuum, poene- Mtranna goute luvado 8 tua borauça:
yjdla^!^"^^"^ m^onimr... profanaram do templo a santidade;
A pomposa cidade
Jerusalém !••• seus muros demoliram,
E a um tugúrio estragado a reduairam.
(•) Deicrere-se neite ptalmo o infelis estado do poro Judaico na pene^içZo de Ao*
liocho Epiphanes; e o auctor dot Ifachabeoi do Vir. 1.* c. 7. ▼. 16, fai uma referencia aof
versículos S.® e 3.*^, como prophecia eDtflo Tcrificada.
267
Sem respeito á inooceDcia de teos lenoit
Os bárbaros, de sangue insaciáveis,
O mais fiel e nobre derramaram:
Com fúria arremessaram
Os miseros cadavVes, destinados
A ser por feras e aves devorados.
(f ) Ptuenmt wutrtieina terf-
mm iiÊorum «mm vêhiilHuM €teli :
eãmet imieiorum twrum bêgUis
terra.
Rubra, funesta, e rápida corrente
Deste sangue implacáveis diffundiram
Em circuito da mísera cidade;
Extincta a bumanidade,
O corpo alli ficava onde cabia,
Quem sepultasse os mortos não bavia.
(3) EffuderuHt »an§iune/n e0-
rttM, ittmfuam optam in çircuitu
JfrúêúUm^ eí non enU fiM «e/e-
MreL
Victimas da injustiça, miseráveis,
D'escarneo ou compaixio fomos objeotoa
Dos visinbos e povos que souberam
O mal que nos fizeram
Os furiosos que nos maltratavam,
E com tanta inépcia nos julgavam.
(4) Fãcti ammit új^obriwn vi-
€tm9 núêíriêf êuktmntmUo ei t7/tt-
<4# Atff, qui in dreuUu nêUr^ ^unt*
Inda nio se acabou tanta violência.
Até quando, Sénbor, o teu enfado
Ha de permanecer? DÍ2e, até qtiaado
Viveremos penando?
Tua cólera, accesa como fogo,
Nfto a pôde apagar pranto nem rogo?
Desafoga o furor contra os rebeldes
Que nfto te reconbecem; contra aquelles
Que o teu nome adorável ndo invocam,
E castigos provocam.
Lembra-te de Jacob, que devoraram.
Do templo teu, que os Ímpios profanaram.
(5) Uêqueqyo, Domine, iratct'
rie infinemí gceendetvr velut igma
zeiuM tuvel
(6) tiffmde irmm tyum in geu'
tee, fute te n0n fiaoen/ni, el inre»
gna, qum nomen tuum nan iiwoea-
vemnt.
(7) Qfi/a cmneieruni Jaeoè, et
loenm ejue deàolavenirU,
268
■
(8) Ne menuaeHi iniptíMum logratidões aotígas tOo recordes;
nÊÊÍrarum,mUipuirum : eii0 anti" n . . • . /» -j
àpeni not miÊeritardim ium, prim Bagtc quBDto 8 iDDOcencia tem 8offrido:
payperciMti iumuB nimii. jf^^ ^^j^^^j^ ^ ^^^^^ j^^^ presente.
Para qae promptameDte,
Quebrando á tjrannia a espada agada.
A tua misericórdia dos acuda.
(9) J4jwa «M, Deut, taiuta- Acodo-oos, mcu Deos, Salvador nosso I
r/# nofter^ et fropter gloriam n»' • . i
mffi'« ftft, Domini, Mera hm, eí Soccorre-uos, por glona do teu nome :
nroBiiiui eito peecãtit tiêitrit pro- ri « « ■ i % i i
pter nmnen tuum, Compõe dos respleudores da f erdade
A nossa liberdade:
Em nome teu, propicio 6 Natureza.
Desculpa delia as manchas e Traqueia.
(10) No forte áusaat in genti- Pasmados do iofortunio que nos cerca.
but: «W eot Demt eorumf et tu- «._ j .j »^ ^
noteicot in nationibue coram om- Nio coDTom quo dufidem se um Deos tcmos:
he noãirtt. p^^^ ^j^^ ^^ gcntos que te offendes
Se opprimem quem defendes;
(11) uitio ionguinit oervorum Que O sauguo dos tous sonfos derramado
tuorum, qvi effuãtio rft : introemt .«j» • j
III eompectu tuo gemitue eompeái- bera por ti com roctidao vingado.
iorum.
Subam perante a tua magestade
Os gemidos dos tristes qu'ioda soffirem;
Possa o aspecto das dores commover-te:
Em cera em fim converte
Os feros corações empedernidos.
Que nSo abrandam prantos nem gemidos.
(IS) Seetmdum megnUudinfm Lofanta OSSO tou braço Omnipotente;
bracehii tui poeoideJUiOM mortífi' c i j a ▲
catortm. ^ Salva dos teus OS restos preciosos.
Qli'ÍDda existem sem gloria nem Yentura
Quanto o infortúnio dura!...
Se tu queres que a planta refloreça.
Ndo deixes que a injustiça prevaleça.
•*•
269
(1 3) £f redde vieinii uêslrit $ep-
tuplum in êinu eêrum : imprêpe»
rium ipwrum^ fuêd ex^r^aoC'
Os malvados dÍo poupes; moltiplica
Em seus ânimos dores e remorsos
Que ás magoas que causaram correspondam :
Nas cavernas s'escondam;
Procurem reparar os seus delictos,
E os corações Ih'estalem de cootrictos.
Lembra-lhes que a innoceucia victimaram;
Que impropérios, bjasphemos, proferiram
Contra ti, contra a lei que Ih' impozeste;
Que o poder lhes nSo deste
Para dispor, sem dó, de humanas vidas,
E impunemente serem homicidas.
Nós, o teu povo, o teu manso rebanho.
Em sancto amor ardendo, agradecidos,
Os cânticos de graças soltaremos;
Unidos cantaremos
Com tal enthusiasmo e suavidade.
Que os ecchos vSo do tempo á eternidade.
(14) Noi ãuiem p^luM íuum,
et oveê poêcum tum e^ifiiebimur
tibi in tmculum.
Cante esta geraçSo; e a que se segue
A Futura transmitia nossos hymnos;
D'era em era prosíga a melodia:
Renascida a alegria,
A louvar-te, oh meu Deos, tudo se affoite,
Quando desperte o sol ou caia a noite.
(15) In gemrtíiUwm et gene^
ratiMem tumuntiãbimut Inudem
tuam.
270
PSALMO LXXIX.
In finem, pro iii, qní commuUk. A poeua é dê Atofii, a mutica do mestre
boatar, tesllmonium Aiaph. ({01 Shoshonim.
%
«
D^ Pastor dlsrael, nSa és aquelle
A estirpe de Jacob? Onde te eclipsas?
(8) Qui 9ede» tuper cherubim^ EphraiiD» Maoassés descoDSoIados
^'ilSÍTjí^e^''''^^^ ^^ Suspirando te invocam. Desce, rompe
Os brônzeos Ceos: tea carro luminoso
Os Chembtns te aprestam; toma asseolo:
Fulgurante sobre elle desce, corre,
(3) Excita potetuiam iuam, et Excita O tcQ podér, O vem saWar-uos:
vmi, ia ffl<wt/«cf« iw*. Q mundo absorto veja como quebras
As pesadas cadéas que nos cingem.
(4) Devi converte ne$, et M- Scintllle tua faCO lÚcida,
tende fadem <««, et ealvi eri. y^^^ ^^ ^^^ ^^^^.
Cessará nosso desgosto;
Vem nossos grilbSes quebrar.
(5) Demine Deui rirtutum, Senhor Doos dos ExcrcitosI té quando
!::rr.írr'' """^ "■•'"" irado contra nós bas de inclemente
Rejeitar nossas supplicas bumildes,
Proseguir no rigor contra os teus servos?
(6) Cibabiê not pane laeryma^ Quorcs com prauto amargo alimentar-nosí
:^;,//jrLZ:^af '^" '" '^ Lagrimas sSo bebida, dores pasto?...
Ab meu Deos! que miséria! que tormento!
(7) Poiuieiinofineontradictia- Gouseutes que OS visiobos oos insultem;
rr^lZ:::::^ '«tr"""""' O-e . cmel «ombana de inimigos
Nossas pesadas magoas mais aggravc?
271
Sciotille tua face lúcida,
Volta para dós teu rosto;
Cessará nosso desgosto;
Vem nossos grilhões quebrar.
(8) Deui virtulum^ eêmerte
noã, ét ottende faciem iuam, et
tõhi erimvi.
A tua bella vinha... ah! nSo fesqueça I...
Transportando-a do Egypto, cuidadoso»
Amável Conductor, a transplantaste
Neste fértil terreno que escolheste.
Arrancando primeiro a grama estéril,
G>m próprio amanho a terra fecundaste:
Brotaram das raizes as videiras.
Que frondosas os montes sombrearam,
Engrinaldando os mais altivos cedros:
Os viniferos ramos se estendiam
Até ao mar; e os cachos purpurinos
Adornaram do Euphrates as ribeiras.
Como irado hoje as cepas desarreigas?
Como consentes que da estrada venham
Ávidos passageiros vindimá-la?...
O javali do bosque affouto a estraga ;
E por fim, sem vallados, indefeza,
Delia se apossa um monstro solitário.
E tu vés insensível tantos damnos.
Senhor Deos dos Exércitos!... Repara*
Scintille tua face lúcida,
Volta para nós teu rosto;
Cessará nosso desgosto;
Vem nossos grilhões quebrar.
(9) Fineam de JEgypto trnnt'
íuiiiti : ejetíiti genieê, et plan'
toiti emm, ^
(10) Dux itinerii fuitti in cant-
peetu eju9 : pUmiatti radieet ejusy
et impievét terram.
(11) Operuitmanteeumbraejue^
et 0rbusta fju» eedroe Dei,
(18) Extendit palmitee ãuot u»'
que ad nutre^ et adjlumen pr9ptt-
ginee ejus.
(13) Ut piid dettruxitli ma-
eeriam ejuê í et vindemiant eam
«mnei, pUpratergrediunlurvimn.
(14) Exterminãeit eam aper de
fàvAi et nngulúHe ferue depaê*
tut e$t emn.
(15) Deue virtutum, converte'
re: reepiee de calo^ et vide^ et
visita vineam ietam.
A vinha é tua. Lá dos ceoa luzentes
Volve sobre eUa os olhos compassivos:
Se o teu furor prosegue, ao ferro, ao fiog»
Exposta, perderá seus tristes restos:
(16) Et perfiee emik, fuamptan-
tavit dextera tutt^ et euperfilium
hominit, quem cét^rmatti tibi,
(17) Incenea igm^ et euffossa ab
increpatione vultui tui peribunt.
272
Vem. de doto piedoso râitá-iay
Cultor amately torna a cultivá*la«
(18) Fiat mamu tua tuper vi- Estende a mÍo, piedoso, sobre a vioba;
rum dexUra tua, et 9uperfiium ^ • j-i • j ii
hominit, çitem eonjirmetti tiH, Ou Sem mais Guaçao DOS maoda aquelle
Qae para resgatar-pos escolheste;
O Salvador, em cojas mSos reside
O poder de teu braço omnipotente.
(19) Einúndi»eedimviate,vi' Aprossa-te, Senhor, nlo nos dilates
vihcahií m», ei nomen tuttm rn- ^ . . .... .,,
focaòimm, O suspiraoo allivio; e se até gora,
Quaes plantas que o sol cresta e chuva alaga,
O peccado estragou nossas virtudes.
Pela graça alentados, doce emprego
Serás, meu Deos, dos nossos pensamentos:
Os nossos corações com teus auxilies
Vida nova obterSo; invocaremos
Teu nome sancto, em quanto respirarmos.
(20) Domine Deai virtuium. Refreia as iras, ouveHios piedoso:
converte not , et oatende fadem „ . ^.„ ^ . w .j.
tvam, et aalvi erimut, Scmtllle tua faCO luCldá,
Volta para nós teu rosto;
Serena o nosso desgosto.
Vem nossos grilhSes quebrar.
PSALMO LXXX.
In finem pro torcularibiM psalmus Ai palaWOS SOO de Asaphf a Mimca i
.A«iph, quinta «ibUalhi. ^ ^^^^^ ^^ eOSÚOrOS GtOliot.
(1) ExnUãte lho ãdjutori «iw- ilAIfTBlfOS hvmUOS, jubiloSOS VOrSOS
tro : jubihte Deo Jãeoò. j, .
A Deos, que é d Israel amparo e força;
Ao nosso defensor applausos demos.
(s) sumite pKoimum, et date Eutoai psalmos, cithara suave
273
Ao psalterio se ajuste, coDcertante
Co atabale sonoro.
Soprai na tuba estridula; que a festa
Já magoificamente o povo aprompta,
O Dovilunio já dos ceos desponta.
iympanum, p$últerium Jueundum
cum eithura.
(3) Bvecittãlff in neomenia iubã^
in inãigni die 9olemnitati$ vettra*
Deste grande festejo os sacros ritos
Ordenou dlsrael o Deos Supremo:
Quiz que em memoria eterna entre seus filhos
Permanecesse um grande testemunho
Do que fez a José; como do Egjpto
A toda a gente bebréa
Por ermos a guiou; com que ternura
Por extensos desertos e entre horrores
A salvo conduzio nossos maiores.
(4) Quia praeeptum ín Itrmel
ett, judieium Deo Jacob.
(5) Te$iimOHÍum in Joteph po-
ãuit illud^ eum exiret de terra
jEgypíi : linguam, quam non no-
verdi, audivii.
Do alto do Sinai, em lingua nova,
Ao térreo sêr ignota, determina
Que em memoria de tilo fausto prodígio
Ramos se cortem, tendas se fabriquem;
Que estas se adornem d'elegantes galas.
De flores se engrinaldem;
Que em doce convivência os povos joguem;
E cada anno» em transportes de alegria.
Volte festivo um tHo ditoso dia.
cc Ah povo meu ! (lhe diz) lembre^te grato
Quanto por ti cumpri; com que piedade
Alliviei teus hombros opprímidos
D'injusto peso, e as mãos do vil emprego
D'accumular as pedras
Que, da vaidade Egypcia monumento, (*)
(6) DivertU ab merUnadonum
ejuir, f7Mifitf« ejtts in eophino ifr-
rierunt.
(•) ÂUuião ás pjramidcf.
Tomo VK
ia
274
Levam .por eotre séculos o nome
De reis que a morte e tempo já consome.
(7) iniribuiationeinvôcaaiime, «Entre aiigustiaSt trabalhoB e míseríast
et liberaoi te: exaudiri te in «^ «-,.
scondito tempestatit, probavi te M mvocaste; apressoi-me a soccorrer-te:
'^ De tão pesados ferros o ruído
Escutei compassivo; e vigoroso
Vossos duros grilhões fiz em pedaços:
GouUa o vosso ioimigo
Revolvi furioso as bravas ondas ;
E no seio de horrivd tempestade
Submergi os auctores da maldade.
(0) Audi, papuius meut, et ean- a, Âtteode, Dovo mott, qucro ioslruif-te.
testabor te: Israel, êiaudieria me,
non rrit in te Deuê recens, negue Bom Sei quaotO éS ligeirO O fementido:
ndorabis Deum alienum. ■», • • i i i» - i
Já vismho das aguas disputadas.
Já te vimos incrédulo e agastado;
Indócil junto & fonte sequioso
Contra o ceo murmuravas:
Converte-le» reprova estranhos numes;
Espera em mim submisso noite e dia*
Em mim, único Deos, em mim confia.
(9)EgoeTiimiumDomimtt Deu9 «Eu 86 teu Numon sou; por meu maadado
tuus, qui eduxi te de terra yEgy- , « .
pti : dilata ou tuum, et impiebo Teus grilbõos SC quebraram ; eu do £gyp
Potente te salvei: euriquecer-te
Posso de novas grsças» se nas almas
Renascer a fé pura.
Cânticos levantai para invocar-me,
(10) Btwnaudieitpapuiotmeue Pagos sorto. Mas oh povo inconstantél
voeem meam, et Israel n9n tnien- _, . . , ^
dit mihi. Tu rejeitas ingrato um pae amante*
•••
a Tu desprezaste a lei ; nem roais qoizeste
Obedecer: soltando a rédea aos erros»
275
O pendor das paixões te conduzia :
D'iUusorias negaças attrahido,
Falsos bens procuraste.
Quasi que resolvi abandonar-te ;
Quasi entregar-te ás tuas phantasias.
Que teem por frueto acerbas agonias.
(11) El dímiti eos teeundum de-
êideria eordis eorum : ibvni inmd'
inorntioniòui $uis.
«Se 0 meu povo me ouvisse; se inclinasse (is) si popuiut mevê audiv{$»et
, me, Jarael ti in viit méis ambu-
A frente ao que dictei ; se em meus cammhos htseí ;
Os seus passos constante dirigisse;
Do meu valor veria a extensa força:
Talvez seus inimigos como a névoa
Dissiparia o vento;
Talvez que a minha mSo aterradorai
Nos seus perseguidores carregando.
Lhe iria o meu poder e amor provando.
(13) Pro nihilo fÊTsitan fWmf-
ros eorum humiliaitem^ ti sítper
tribulatUet eêt misiuem manum
tneam.
«Mas, ingratos! jamais corresponderam
Ao carinhoso pae que os dirigia;
Como inimigos meus me atraiçoaram:
Os séculos virfto mostrar-lh' o engano.
Apesar delle, sempre os fiz ditosos;
De alimentos saudáveis
Os fui nutrindo ; e onde produziam
As pedras mel, frumento o prado ameno.
Benigno lhes dei posse do terreno.»
( 1 4) Inimiei Domini mentiU sun t
et\ et erit temput eorum in imcula.
(15) Et cièavit eos ex adipefru-
mentif et de petra melle taturavit
eos.
Tomo VI.
18 •
276
PSALMO LXXXI.
Psaimus Awph. Psalfíio de Ásaph,
(1) DeutttetilintynagogaDeO' JjXTlNGUIO-SE a jUStiça SobrO a teiTa.
Tumy in médio aulem Deot diju' «v • •. i r •
4icat, Dcos irritado eoieixa os seus coriscos,
E com torvo semblante dos Geos baixa
Ao congresso, onde vê julgar os homens
Por esses semi-deoses fementidos.
Das suas dignidades presumidos.
Que abusos do poder, que abjecta scena!...
Torcem a lei; a honra, a fé quebrantam,
E á falsidade mil tropheos levantam.
Deos justo, seus juizos condemnando,
Aos Ímpios assim falia, trovejando:
{V) Vaquequo jndicatU iniqvita» «ComO, 6 per6doS, SCm pejO,
tem í et faties peceatorum sumi-
tísf Nesses tribunaes sentados.
Vindes amparar malvados,
E innocentes condemnar?
Não a lei, mas a fortuna
Inspira as vossas razoes;
£ veem-se as vossas paixões
Da innocencia triumphar.
(3) Jíidieate egeno, et fuj^íh, « Aferida a balança que em m5o tendes,
humilem^ et pattperem justifi" -^.11
m/f (•). Pesai do pobre a causa rectamente;
Corrigi as tenções que fraudulentas
Privam o afllicto humilde de soccorro,
(•) Valha por commenlo o passo de Isaías, c. 1. v. «3. Príncipes tui infidelei, wíw
funtm, amne» ditigunt munera, neguuninr retríbutienes. Pttpiih non jftdieenf. et í****
vidua nan ingreditur ml illos.
277
E a avidez satisfazem do opulento:
Mudai, mudai d'estilo;
Sede anjos tutelares do pupillo.
É tempo que das mSos dos peccadores
Com vigor arranqueis os miseráveis:
Entre o dó nesse peito empedernido,
Acodi ao mendigo, ao desprovido.
(4) Eripite pauperem, et ege»
num de manu peecalorie liberate.
«Mas em trevas envoltos, que cegueira
Vos apaga de todo o entendimento?
E vai nos desacertos da ignorância
Da terra transtornar o fundamento?
Ingratos! G)mo em filhos meus queridos,
Deleguei o poder que me compete;
Gomo a filhos do Excelso vos veneram
Os miseros humanos.
Aos quaes injustos encurtais os annos.
(5) Neteierunt,n^gueintellexe'
rutU, in lenebri» ambvlant: mo-
vebuntur omnia/undomenta terra.
(6) Sgodixi: DHeêtiê, etfilii
ÉxcelH omnes.
«A stridula trombeta com que a morte (?) Votautemtieuthomineemo-
/^, ^ < ■ # i_ rtemifti, et ãieut unut de Prinei'
Chama os mortaes, também a vós vos chama, pHue eadetie.
Também a vós da vida vos reclama:
Feroz pisa, desfaz glorias humanas.
Calca igualmente as torres e as cabanas;
E a vossa tflo vaidosa dignidade
Irá sumir-se lá na eternidade.»
Ah meu Deos ! julga tu mesmo :
Esses bárbaros sáo surdos;
Os seus ji/izos absurdos
H9o de o mundo arruinar.
Levanta-te, julga a terra;
Tudo é teu, o mundo e as gentes;
Conheces máos e ínnocentes.
Só tu nos podes julgar.
(6) Surge f Oeuã^judieaterrttm^
quoniam tu htereditmbit in «mnt-
òua gcntiòuê.
278
PSALMO LXXXII.
Caalicum Fiaimi Asaph. v D$ ÀiOph.
(I) Deus, quit aimiiii erit tui? lllo suppiíiiiM O enfado, dIo te cales:
fit I aecaSf negue eompeacarii Deus. .._ , .
NSo ba ser que eomtigo se compare.
Senhor omoipoteote ! Justiceiro,
Quem te offieode corrige.
(«) Quoniam ecce inimiei tui «o- Jeus ioimigos niidosos bradam ;
nueruni, et qui oderunt íe, exíu-
lerunt cofut. Levantaram a frente, revoltosos,
(3) Super pêpuium iuum nmii* G)Qtra ti ; contra o templo e sacerdotes
gimoerunt cúntilium^ et eogitave»
rurU advertut tanctoa ttwt. Manifestam SOU odio.
Já tenebrosas conferencias formam
Contra o teu povo; a alhiviSo dos impios
Se aggrega como nuvem trovejante
Que arremessa coriscoe.
(4) Dixeruni: venite, et diaper- UnS a08 OUtrOS 86 disom: O VamOS, vamOS,
damua eoa de gente, et non me- t»» ■ • •
morelvr nomen laraet ultra, O OOmO Q Israel nSO maiS OXISta ;
Percamos essa gente sem remédio,
Risquem«*se da memoria.»
(5) Quúniam eogitaverunt vna- AoS vagabundoS IdumOOS SO ligam,
nimiter, aimul adt>eraiim te tea* ^ , -
Èamtníum áUp$auerunt, tnòema- DoS filhOS Q ismaol aUXlIlO aCCOltam;
tuim Idummúrum, et Jammhelitm : -wr a. 2 a ».
£ todos anciosos determmam
Anniquilar teua sèrvoa.
(fi) Moab, et Agareni, Geh^, Vem O Agareno» O Moabitafe avançam
et Ammon, et AmaUc : àlieMgenm -.^11 . r ■•
çnm habititniibuê Tgrvm. De Gebal 08 groisoiros babitantes;
Ckincorre o Pfailisteo, que nlo socega
Sem fartar ódio antigo.
279
Os d'A9Sur se despertam, todos correm
A soccorrer a estirpe vergonhosa
Do malfadado Lot (*); o Tyrio destro
Acode ao som das armas.
(7) Etením Atsur venit mm t7-
/(«, fãeti 9uni in aâjutorium filUt
Senhor! nio te commote o atrevimento?
Levanta-te, renova essas vinganças
Coro que junto ao Thatmr por frágil braço
Alcançaste victorías.
(8) Fac tUit ai4íítt Mãdian^ et
StMarte, sieut Jabin fn torrente
Citton.
Faze-lhe o que fizeste aos Madianitas,
A Sisara, a Jabin, junto das mai^ens
Da torrente Cissoo; attesta o campo
D*Eodor a top (orça.
(9) DitperiermU in Enior) /«-
cti 9unt ttt slcrcHS terra.
Os insepultos membros decepados,
Pútridos, reduziste a p6 ligeiro;
E aviltados, nas leivas esparzidos,
Estrumaram a terra.
Tratta seus Chefes como jé trattaste
Os tiistes Zeb e Oreb; assuste a sorte
De Salroaoa e Zebeo os revoltosos (»*)
Que contra Deos conspiram;
(10) Pene Primipfê fnim ti-
cut Orek^ et Zeby et Zebee, H
Satnuma.
Esses monstros, qne aadacea vio dizendo:
«Que Deos habita aqui? Tomemos posse
De seu templo e riquezas, do seu culto,
Que a nós também pertence.»
(11) Omnes Prineipei eorutn^
gui dixerunt : heBredititepossideor
mu9 tanetuarium Dei,
(•) Pela titirpe de Lot «nteBJmii-M o« AjnmoniUis, seuf de»cendenle«, e primeiros
auclores da guerra a que te allude neste psalníb.
(•#) Salmana e Zebeo eram os reis Madianltas ; Zeb e Oreb os seus capitSes, Tencidos
e mortos por GedeSo em Eador.
280
(]«) Deus meut, pane iiiot, ut Oh meu Deost Ul suberba Dão toleres!
rotam, ei ticut stipulam ante fa- __, . i ..■ * i i
ciem venti. N uin turoilbão de magoas recooDeçam,
Girando atormentados, quanto distam
Da tua Divindade.
Do teu furor fusile uma centelha;
Desfeitos os veremos como a palha
Que de cima da terra o vento varre,
E dissipa nos ares.
(13) Sicut ignis, gui camhurtt Dcsfocha 08 raíos, dosçam velozmeoto
silvam f ctiicuíJUunmaeomòurens f, « ,, • «
maníeê, Sobre ellos teus rigores, e os devorem
G)mo o fogo consome uma Qoresta,
Como calcina os montes.
(14) !tapersegueri»iUosintrm' Sc outro moio uSo ha para quo sintam
pe State tua^ ei in ira tua turbabii . ri
eot. Horror do crime, apressa-te, castiga;
Se avaliar lhe é dado as tuas iras.
Tal correcçSo precisam.
(lô) Imple fácies earumignami' NãO, mOU DOOS, USO SSO VOtOS de viogflDÇa
nia ; et gvarcní namen Ititim, Do- ^ ^ i*
mine. Que movom estas supplicas severas:
Desejo que assustados já revertam,
Já para ti, contrictos.
Se as faces lhes cobrires de ignominia,
Talvez se tomem os seus olhos fontes,
£ envergonhados busquem applacar-te
Com pezar de seus crimes.
(16) Erube$eant, cl conturbe n- Â vista da vordade, couturbados,
lur in taseulum taculi^ cl con/un' o ja * j j* j*
(iantur^ ei percant. ^^ua oor crcscerfi 06 dia em dia ;
 lembrança dos erros aillictiva
Lh' irá gastando a vida.
281
Pôde ser que entre angustias reconheçam
Que a ti, udíco DeoSi a ti só toca
Justificar os homens ou perdê-los;
Que és Deos omnipotente:
(17) Ei cognúêcãtU^ qufa nomen
Uòi IHminuiy tu ioluê AUUiimM
in omni terra»
Que os numens e paixOes que idolatravam
São sonhos vSos (fue os homens allucinam;
E na tua presença só subsiste
' A virtude sem mancha.
JV. B. A latitude de uma paraphrase parece-me que pennilte dar um
sentido puramente christão ás expressões vingativas que encontro em alguns
Psalmos, e attender igualmente ás máximas evangélicas.
(À Àuetora.)
PSALMO LXXXIII.
A musica i do mestre das cantoras
da esehda de Core {*).
H
EU Deos! porque me nSo deixas
Ir no teu templo viver?
Feliz fora, se podesse
Tornar a vé-lo e morrer.
Por esse asylo agradável
Suspiro continuamente:
Quando chegaram as horas
De eu nelle habitar contente!
Io finem, pro torcularibus
filiis Core, Psalmtw.
(1) Quam dilecta tabernaeula
tua Domine wirtuium ! cottevpit'
at, et dfjicit anima mea in atria
Domini-
(2) Cormeum^ et caro mea exul-
íaoervnt in Deum vivum.
Acha a rôla abrigo certo.
As aves encontram ninhos
(3) Elenim passer invenit êihi
domumt et turtur nidum tibi, ubi
ponat pulloa avos.
m
(•) Neste psalmo exprímem-ae ternameute oi luipíros c Umcnloj dos miaerot Levitas
eaplivos em Baby lenia.
282
(4) J liaria tua. Domine virtU'
íum, Rex tntuM, et Deu» meu».
Eotre 06 ramos onde escondem
Os implames passarinhos:
No furor do mar irado,
No escabroso e máo caminho,
O teu templo era o meu porto,
Era o teu altar meu ninho.
(5) Beaii qui habitant in domo
tua^ Domine jinaaeulasacvUrum
laudabuni te.
(6) Beaiuê vir^ eitjiu ett mtxi*
Hum ab» te : atcentione» in eorde
»uo ditpoiuit, in valle UchrymO'
rum^ in loco quem potuit.
Com que delicia e descanço
Passam alli dias, aonos,
Espalhando os teus louvores.
Alguns ditosos humanos!
Ahl se queres, se me ajudas.
Também serei venturoso;
Com tfto suave esperança
Já começo a ser ditoso.
Cuido que este doce instante
Com meu desejo avisinho,
E vou medindo co' a mente
Os meus passos, meu caminho.
Será pois esta vereda
Que me leve á pátria amada?
Será por entre esses bosques
Do Valie do Pranto (*) a estrada?
(7) Eienim benediclionem dabit
IrgiUator: ibunt de virttile in vir-
tutem: videbitur Deus Deornm
in Sion.
Denso Valle ! cbara Pátria !
Já te avisto, já te alcanço;
E do excesso da fadiga
Já nos teus átrios descanço:
Vivas rochas lacrimosas
Do declive d'e8se monte
Para apagar minha sede
Formam cristalina fonte.
(•) Lugar nas vi^iiibaDçai de Jerusalém.
283
Restaurado o pasBO apresso,
De coro em coro passando;
Sião rejo, e o Deos dos Deoses
Vou no seu templo avistando.
Mas ai de mim 1 com que sonhos
Alegro as minhas idéas!
Nada vejo» e nos meus braços
Ioda pesam as cadèas.
Ah Senhor ! tem dó de mim :
Verifica o que supponho ;
Troca-me, pois tudo podeSt
£m verdade este meu sonho*
Protector nosso, repara
No Rei que nos prometteste;
Se em ferros. seui servos deixas.
Que reino é poÍ9 que lhe deste?
(8) Domine Deus virtutum ex»
audi êrationem meam, ãuribuê per*
cfpe, Deut Jacob.
(9) Protector nooter ospice ,
Deii«, et reipice in fadem Chriati
tw.
Viver assim n&o é vida.
Nem signal do teu amor;
. Mais vale um dia em teu templo
Que mil annos neste horror.
Na tua casa antes quero
Ser abjeelo servidor.
Que n'um palácio pomposo
Habitar e'o peccador.
(10) Quia melior est diet una
in alriit tuio ãuper milUa.
(II) Elfgi abjectut esse in domo
liW mei magis, quam habitare in
taòernaeulis peecatorum.
No seio de tanta angustia
De todo nfto desalento;
Vem confortar a minha alma
Um suave pensamento:
Basta só que eu n8o te offenda.
Que a lei cumpra fielmente.
Para obter os altos premies
Que n&o negas ao innocente.
(IS) Quia miserieordiam, eive'
ritatem diligit Deus, graíiam, et
gloriam dabit Dominus,
(13) Non privaòit bonis eos gui
ambuimnt in imnocentio: Domine
virtutnm, beatus homo, qiú sperat
in te.
284
Feliz quem despreza o muodo/
Oaem, meu Deos» em ti seguro
CoDserva o animo livre
No captiveiro mais duro!
Esse com valor affroota
A maior adversidade»
E DO seu peito tranquillo
Abriga a felicidade.
— »i
PSALMO LXXXIV.
In finem fiiiu Core Psaimus. A tnusica é do mcUre dos Coriíos. («)
(O Benedixiâfi Domine ierram uEM sei quo amaste a tua aotiga terra,
tuam : avertiati capíivUaiem Jor ^ «« «. . i ^ i •
cob. Que Ibe ndo negarás bênçãos saudáveis;
Que has de quebrar os ferros
Que opprimem com rigor o povo inteiro,
E allivio dar ao nosso captiveiro.
(s) RemiiUti iniquitatem pfe- Sei quo aposar dos crros, compassivo
bis lua : operuiili omnia oeecato r\t\. « t t
Olhas para os teus servos desgraçados;
Que o perdão nos ofiTreces,
E encobrirás de um véo denso a maldade
Para não ver a nossa iniquidade.
torum.
(3) MitigasHomnem iram tuam: Sei qUO um frcio picdoSO pÕOS áS iraS;
avertiati ab ira indignationis tua. r\ . «a & • ■ j*
Que o teu poder, a tua misericórdia
Vai mitigando as forças
(•) o argumento deite psalmo reflriBge.fe a exprimir os ▼oloi dos priíionein» j« li-
sinhos a voltar libertos da escravidão de Babylonia : em mais nobre sentido é nelle cUr* *
alicçoria da nossa rederapçHo.
285
Da taa indignação, dos léus furores,
A fim de não perder os peccadores.
Applaca de uma ves o teu enfado;
Volta já para nós benigno a face;
Affasta, afias\f as iras.
Cujo effeito é ferino» e mais se apura
Desalentando a humana creatura.
(4) CaiÊ9erte am, Deut, taluiã-
rtt HMler, et averU irwn íumm à,
noòit, '
É possível, meu Deos ! que não te applaqu
Que o teu furor prosiga alem da vida»
E ás gerações futuras
Transmitias como herança aquellas penas
Que contra nós tão justamente ordenas?
7 (5) \umqttid in íelemum'traf
eerig noUnt mtt extendes iram
iuam à generaiíone in generotiú'
netnf
Não» meu DeOSi Se o peCCado nos foi morte» (6) Deus, tu conver»ua mvífiea'
VolUndo para nós, nos darás vida; ki,ne.,etplebUualc^iatiturinte.
Teu povo renascendo»
Da mais doce alegria transportado,
Despirá as alfaias do peccado.
CoDcede-nos a lua misericórdia,
Cumpre a promessa» o Salvador nos manda. (i) Ostendewbis, Domine, múe'
A , ^ , , rieordiam /tiom, et mlutare tuum
Ah quanto se demora ! ^a nobte.
Não retardes» Senhor, esta ventura,
Que a nossa escravidão ha muito dura.
Doce pressentimento me transporta
Nas aquilinas azas da esperança!
Cedo chega o resgate;
Cedo ouvirei de Deos a voz sonora.
Que a paz promettc, e a sorte nos melhora.
(8) Audiam quid loquaiur in me
Dominu» Devi, queniam lequtíur
paeem in pleÒem tuam.
^86
(9) Et tuper saneíoi tmsy et in M 88 desta paz O fructo oão pertence
cot. qui cotwertuntur ad cor. c • ' é. l ¥v l
' ' Seofio ao justo, aos homens que a Deos buscam,
E a verdade esclarece.
(10) Fenmuimen p-upe ttiften- Quem teme a DeoSt da salvaçSo ?ai perto,
toa *enm talutare ipshii., ut mA«- .
bitet gloria in terra noatra. £ om seu lar tem 8 glona 6 premio cefto.
(10 Miierícordia et veriía» oh- Dosta veotura já peohor sagrado
vittverunt sibi, juttitia^ et pax m- _ . . « • .
cuhta $unt. Baixa dos ceos : no mundo s encontraram
Misericórdia e Verdade;
Justiça e Paz um osculo se deram.
Verdade e Amor no mundo renasceram.
(IS) Feritai de terra orta est^ Já 8 iunOCOncia 8 roflorír COmOÇa;
et justitia de atlo protpexit, «i,i*i . « ..»
E lá do tnrono eterno a observa atteoU
(13) Elenim Dominuê dabit be- A Jostiça SUprema;
nignitalem^ et terra nottra dabii , ...
fruotum nitifn. D um Virginal terreno o iructo esponta,
E a salvação geral assim se aprompta.
(14) Ju9titia ante eum ambuiih Caminharfto com pompa ante o Messias
bit, et ponet in via greotuê etioo, ^ . « . •
Os Justos, pela. graça conduzidos;
Da lei áureos preceitos
Dirigirfio seus passos na carreira
Onde h&o de obter a gloria verdadeira.
PSALMO LXXXV.
Oratio ipsí David. Otoçoo de Dovid.
(1) Inclina, Domine, aurem uM que abysmo de pozares,
tuam, et exaudi me, otioniam in" n x^ i. ^«j
opo, et pauper tum ego, Pobre, misoro, abatido
Me sinto, Senhor! Inclina
A meus ais o teu ouvido.
287
Salva-me esta alma, defende
Um servo a ti consagrado;
Invoquei-te em todo o aperto,
Em ti, meu Deos, cooGado.
(S) CuMtâdi animam meam, ftí«-
fi^ci» tanelítê sum (•) ; taloumfae
««rrtim f ffum, Dettsmeuê^iperan"
Um in te.
Tem dó de mim, que dIo eango
D'impIorar-te todo o dia;
Levantando a ti minha alma.
Em demanda da alegria.
(3) MUereremei, Domine, quo-
niam ad te clamari tota die : la^
tipea animam servi Itii, quoniam
ad te, Domine, animam meam /r-
ravi.
Sei, men Deos, quanto és suave,
Quanto és brando, e que ternura
Mostras a quem com fé viva
Te invoca na desventura.
(4) Quaniam tu. Domine, tna'
via, et miti9, et multm nUtericor-
dia omniàui inoocantiòut te.
Poderás tu nio ouvir-me
Nesta angustia em que me vejo?
Recusarás o conforto
Que preciso, que desejo?
(5) Jurihuo jtereipc , Domine ,
orationom meam, et inUnáe voei
depreeationiê mea.
Concede attençSo aos votos
Que submisso te apresento;
Do meu ulcerado peito
Faze cessar o tormento.
Já por vezes me escutaste;
Nos dias atribulados.
Quando todo me fugia.
Ouviste, Senhor, meus brados.
(6) In die trtkutationit mtee
ciamaH ad te, quia exandiiti me.
(•) Talvez pa»^ demisiadanente «dianUda a ezpremfto de ftimtcm ianetuo êum;
mas qaem conhece a fimples natural sioceridade doa Eieriptorct tacrof, nio guiados por
espirito de snberba ; quem compreheade a força da hebraica toi original, qne nSo soa çpmo
taneiao entre nds, mas como píui, heneíkui, UH devotuOf êineerutf ficará pago da liçSo da
Vulgata, e da traducçlo da Auctora.
288
(7) Xon e$t iimilit iui in diii,
Domine, et jwn eit tecundwn
opera tva.
Não ha poder que se meça
Com teu poder e verdade;
Outros numes silo chimeras,
Todos sonhos e vaidade.
(8) Omnet gentes^ quaxatnque
fecitU, venieniy et adorabvtU co-
ram te, Domine, et gloHjUabmt
tiomen timm.
Tua, immensa intelligencia
CoDstruio todos os entes;
Todos devem vir prostrados
Prestar-te votos ardentes.
Quem haverá que nilo arda
Em amor da tua essência?
Que entre angustias não descaace,
Meu Deos! na tua clemência?
{9) Quofiiam maynua es tu, et
faciens mirabitia: tu es Deus
solus.
(10) Deduc me, Domine, in via
tva, et ingrediar in ver i tale lua:
iatetur cor meum, ut íiineat Wh
men tuum.
Todos hão de ouvir com pasmo
Os prodigios que fizeste.
Tu, que por essência existes
E que fi existência nos deste!
Nos teus caminhos me leva»
Seguindo a verdade irei;
Com animo satisfeito
Só teu nome temerei.
(11) Coufitebor tibi , Domine
Deus meus, in tolo corde meo^
et gtorijicabo nomen tuum ineeter-
num.
Ah roeu Dèos! para cantar-te
Anima o meu coração;
Fortalece os pensamentos
Que hão de compor a canção.
A minha alma a ti s'eleva,
Calculando teus favores,
Cada pulsação, das véas
Meça um milhar do louvores.
289
Com que extensa misericórdia
Da perdição me livraste!
E dos iorernaes martyrios
A minha alma resgataste!
(18) Quia miêeríeardiã tua mm-
gna nt ntper me : et erviêii ani»
ffiom memn ex infem» inferiori.
Mas a indómita maldade,
Contra o teu poder opposta.
Ciosa de que me ampares,
O^ teus coriscos arrosta :
(13) DeusJrUçuiiiuurrexerunt
êvper me, et eynagoga potentium
gvwsiervnt animam meam, et non
propQtuenmt te in conspectu »uo.
Um tropel de iniqua gente,
Um congresso de malvados»
NSo temem que, ó Deos, lhes deixes
Os seus intentos frustrados.
Quando assaltavam minha alma,
Altivos nfio reparavam
Que a tudo estavas presente,
Julgavas o que intentavam.
Não vêem que és benevolente.
Fonte de amor e bondade;
Que oppoes ao rigor justiça,
Compaix&o á crueldade.
(U) Et tu, Dmniney Deui mi-
Meraúr^ et mieericúre, patiene^ et
multíB miseritordim, et verax.
Uma branda vista d'olhos
Lança sobre mim. Senhor!
E do teu benigno amparo
Seja sagrado penhor.
(15) Reepice in me, et miterere
mei : da imperiutn tuum puero iue,
et iolvum Jac JUium ancillte tuec.
Salva o teu servo, e potente
Seu animo forti&ca;
£ em troca de tantas magoas
Os meus allivios duplica.
Toiíií» Vf
19
(16) Fêu meeum ãignum in bô-
num, ut videant, qui oderwU m«,
et canfundantur : gtiomam tu, Dih
mine, adjuvisti me, et eonsoUítus
et me.
290
Vejam com pasmo os tjraoDos
Que me odéam, quaoto podes;
Que os confundes, me defendes,
Me consolas, e me acodes»
PSALMO LXXXVI.
Filiís Core pialmus cantici.
A mtmca é do mestre dos Contas.
F,
(1) Fundamenta ejui in monti- f UNDAOA Sobre SOlído alicerCO
'Í«Z!%fí'l^ZZ^'ú, No» sanctos monte, que o Senhor prefere.
'^''^^^' Sião, regia cidade, se levanta:
Montes mysteriosos, que Deos ama,
Sustentam o edificio,
Thesouro eggregio d'immortae8 orac'ios,
Que vence de Jacob os tabernac'los.
(s2) Giúnêia dkta sunt de te, Quautas glorias Prophctas avistaram
civitaz Dei. Cercando esta Bainha das Cidades!
Com que franqueia as áureas portas se abreiOt
E em seu recinto a multidão se abriga !
(3) Metfior ero Kahab, et Ba- O Mouarcha OpulcntO,
bylonis scientium me. f^^^ ^ ^^^^ gjj^^^ ^^^^ enriqUCCe:
Nem da humilde Rahab o facto esquece.
(4) Eeee alienígena, et TyruM, Chama amoroso 88 mais estraubas gentes;
et^p^puluu yEthioyum, hi fuerunt ^ j^^.^^ ^ Egypcio, 0 foro Babylouio,
Em suave harmonia com seus servos,
Virão participar da luz celeste:
M&e fecunda dos povos.
Nesta immensa magniãca cidade
Entre os homens nSo ha desigualdade.
291
Pátria do ^abío, eschola do Heroe justo,
O lustre das virtudes logo indica
Que em Jerusalém teve o nascimento,
E ás venturas sem termo é destinado.
O Fundador sublime
Deste nobre ediGcioi obra preclara,
Que é Deos, sua grandeza noa declara.
(5) Numçuid Sion dieet : homo^
et hêtno natut ett in «a, et ipee
funémvit eam Mti$9imu$t
Dona preciosos pródigo reparte,
Qario divino a todos reanima;
Os que vivem nas mais espessas trevas,
Os habitantes da regifio da morte
Verio esta luz magna;
£ alegres, os tropheos que mereceram,
O spoHo das batalhas que venceram.
Deos em seu livro eterno tem a lista
Dos povos que acolheo, dos que ditosos
A sua Yoz suave responderam;
Para em seu grémio residir sem susto,
Honra-os co' as insignias
Com que o Senhor distingue os escolhidos,
Em SiSo educados ou nascidos. «
(6) Dominue narraòit in icrip-
" turiepofulonun, etprindfum^ hO'
mm fuifiterunt in ea.
Em doce laço, amável convivência
Todos unidos, cânticos celestes
Soltem contentes; doure a paz seus dias
Na esperança dos bens que nSo acabam:
Aspirando a gozar-te.
Meu Deost toda a tristeza se dissipa,
E a bemaventurauça se anticipa.
(7) Sieut ktttmtium ommum Ao-
bitãtio e$t in te.
Tomo VI.
lU •
292
PSALMO LXXXVII.
Caniicum psaimi, fiUi» Core, in Cantata O doíS COTOS : musica do mestre dú$
flocm, pro Maheiei, ad refpon- j/ofcc/eí : poesia de Hemou Ezrahita (•)
dendiim intellcclus Heman Ez- j ^ %
para uso dos tontas.
raluto;. •*
O) Domine Deut saiutiê meeit, Ah Rieu Deos! tão ni'escutas? d8o repans
Udíco auxilio roeu» minha esperança!
A ti y8o meus suspiros inflammados.
Bem o sabes, Senhor; férvidas preces
Chorando te apresento
Apenas nasce o sol ; e acha-^me orando
Quando se vai nas aguas mergulhando.
precçm meam.
(e) Mret in conspecíu tm ora* Se mcus votos, mcu Deos, não vSo rompeodo
tio mea: inclina aurem itutm ad ^ » i_
Os ares espaçosos; se não chegam
Onde estás; tem piedade, concedendo
Que vençam tal distancia; acolhe as preces:
(3) Quia repleta ett maliê ani- ImpOSSivcl Será tO UãO COOdoaS,
ma mea, et vi ta mea inferno ajh ' ir j «li ^ »
propiuqnavH. yenúo minha alma fenlregue
A dores taes, que á morte vou correndo,
E sem querer ao tumulo descendo.
(4) jEitimaiuM Mumcumdetcen- Vivente algum de mim já tem cuidado;
dentibUB in laeum : faetuB ií4m ti' •. ^ « .ii ii
eut homo sincadjutorio, inter mor* Jâ ufio Dnlna a mcus oluos a osporança;
íuoi líber. '^tm SOU como vivente reputado:
Tão pouco entre os e&tinctos lugar tenho;
Sou qual leproso em separado campo,
(•) Eotre os mais celebres poetas da era de David e Salom&o distingne-te o fiBo»
Heman, a respeito do qual se p<Sde ver o liv. 3.® dos Reis, cap. 4. oíde paraenltin
sabedoria de Salomão te dis que valia mais que Elhan Eirabila, que Heman, e Ckako), f
Borda.
293
Longe dos mesmos mortos
De quem jazem os membros esquecidos.
De passageiro algum apercebidos.
Em meu sepulchro assim posto de parte,
NiDguem me põe lettreiro compassivo;
Pois iguala na morte o esquecimento
O rigor do desdém que soffro vivo.
Estro divino e nome se me apaga;
Qual lâmpada sem óleo,
Por tua mão severa repellido,
Durmo em trevas perpetuas submergido.
(5) Sicut vulnerati dcrmientet
in 9tpulehris, çttârum non et me'
Mor ãtnplivt : et ipsi de nuinu tum
rcffthi 9unt.
(6) Posuervnt me in laeu infe'
riún\ in tenebrosit, et in ttmòra
mêrtit.
Ah meu Deos, tu me vés em tal estado!
Teu furor sobre mim desafogaste;
As ondas de amargura, vasos. d*ira
Sobre minha cabeça derramaste:
Bóio qual náo desmantelada e rota,
A naufragar visinha;
Leva-me contra escolhos vento irado...
E vês o meu naufrágio socegado?...
(7) Sttper me conJirnãíuM ettfu-
r&r tuvt : et omnetflactus tuoê in*
duxiiti êupcr me.
Volta-me o rosto a gente desdenhosa.
Os mais charos amigos nSo me abonam,
Sou*lhe objecto de horror, medonho spectro;
Filho, amigos, parentes me abandonam.
Em transes taes afflicto, agrilhoado,
£scapar-me não posso;
Mas dissolvo^me «m pranto em tal excesso.
Que pasmo... cessa o choro... desfalleço.
(G) Longe feci9tí noto$ meoê à
me, potuerunt me ãibominationem
êibi.
(9) Traditut tum, et non egre-
àieòar : oettU mei iauguerunl prw
inópia.
Retrocedem as lagrimas, n9o sinto
Allivio algum, encosto algum seguro;
Tremulas me descad desfallecidas
(10) Clamavi aã /e, Domine,
tota die: expandi ad te manus
meai.
294
As mSos que levantar aos Geos procuro.
Clamo por ti, Senhor I quero invocar-le
Tatvei DO extremo dia ;
Faze que o passe inteiro orandot e alcance
Que o meu feroi tormento ceda e cance.
(ij) NunquidmortuitfHeietmi' Xou grande nomo, formidavel, sancto,
rabitiaf aui mediei êuecitãburUt -,.,.• . •
ei eonjuebtnuur iiòif Foi de mim O dos meus sempre mvocado;
De nós só conhecido» quando o mundo
Jazia em treva espessa sepultado.
Quem tecerá melhor do que eu teus hymnosT
Ahl conserva«»me a vida.
Cantarei tua gloria. Não s9o mortos
Quem teus milagres cantarSo absortos,
(12) yvnquidnarrabitoiiquiiin Só de quem vive O estfo é que se accende;
ãepvlcfire miterteordiom tuam, et -.j . . . , ... ,
veritatem tuum in perditiênef Nem dOS SltlOS QO OlvIQO SO levantam
Vates antigos, Músicos famosos;
NSo s&o esses^ meu Deos, os que te cantam.
Por ventura nas sombras do sepulchro
SoltarSo doces vozes?
E consonancias raras modulando,
Hfio de ir teus at tributos celebrando?
Hão de narrar a tua misericórdia,
i^r^^l^ A justiça, a clemência com que reges
tua in terra obiivianisf Este Uuiverso? essa boudado afifavel
Com que tão compassivo nos proteges?
(14) Et ego adie. Domine, ela- NãO, meu DeOS: OU qUO vivO é qOO tC loUVO;
Wffvi, et mane oratio mea pneve' « i i i i
niet te. £ dcsde a madrugada.
Cheio de amor t'imploro, te offereço
Em puro sacriGcio o que padeço.
Uno ás cordas da lyra votos d*alma;
295
Acordam da manhã a luz primeírat
LouYando-te, Senhor, os sons e as preces:
Qoizera assim passar a vida inteira.
Porém se?ero as orações repulsas.
Voltas o rosto irado: .
Porque de mim te apartas, e me deixas
Sem fazer attençio ás minhas queixas?
(15) Ut piid, Dâmine, refHtíê
0rationem meam: avcriit fmciem
tuãm à me?
Eu desde que nasci lutto com penas:
Jamais me concedeste uma alegria;
Na juvenil idade, sem descanço.
Não pude completar sereno um dia.
Ao encalço me veio sempre o susto;
•Perseguido, humilhado,
Hisero objecto fiii das tuas iras:
Conturba-me o terror qu'inda m'insptras.
(16) Pttuper $um e§o, et in /o-
ioriitts à JvventuU men : exuliã'
tut autem^ immUiatut tum^ et cvfi*
íurMui.
Do teu furor pareço único objecto;
Já vacillo, já cedo, já prostrado
Supporto a tempestade que me cerca
De um revoltoso mar encapellado:
Ahl quem me acudirá, se me não vales?
Meu Deos, tu bem conheces
Que na terra me (alta todo o abrigo.
Que me não resta um só vivente amigo.
(17) jHmêirãnHerwUirmium^
et terrêrii $vi eoniurbãverunt me.
(18) CireumãederutU me neuí
aqua teta die : eireumdederuni me
eimul.
(19) Ehngoiti è me mnieum, et
p^9ximwn: et nâtee meúê à mi»
eeria.
296
PSALMO LXXXVIII.
inteiiectug Ethan Esrahitic. Cançõo de flAofi Ezrohita («). '
(1) Miterícordias Domini in lANTO quaoto durar a eternidade
Cantarei do Senhor as misericórdias.
Brilhará em meus lábios a verdade.
(S) Jn generationetn, et genera^ Do minha bocca as voEes retumbaotes
tionemannuntiaboverUatemtuatn • i- i
m ore mto. A Cada geraçflo irão dizendo
Como as suas promessas sfto constantes.
(3) Quaniam iixitti : in ater- Estavol misericordia promettesto,
num misericórdia adificabitur m « • ^ , ^
cali9 : prtgparabitur veritastuain EstaVOl COmO O CoOy 6 tal firmeza
ti$.
Terão sempre as palavras que disseste.
(4) DitpoÈHi teitamentum eig. Assim fallasto, DeosI (cFiz aUiança
cti9 méis :juraoí David ter 90 meo: tx «j il*j
usgue in asternum praparabo ss» Com mOU SOrVO DaVid ; 6 aOS eSCOlhldOS
Meu juramento o pacto lhe affiança.
(5) Et adifieaba in generatio- a Juroí de preservar*lhe eternamente
nem, et generatianem sedem tuam> a i -^ j il aI
A prole virtuosa, e dar-lhe um tbrono
Cujo domínio abranja toda a gente.»
(0) Confitebuntvr caii mirabiiia Os Ceos, taes maravilhas attestando,
íwfl, Domine: etenhn veriiatem n e •ol ». jj
tuam in ecciesia sanetorum. ContessaraOi zienbor, osUi verdadep
Que irdo em coro os Anjos celebrando.
(7) Qvoniam quis in nubibus B^m quo acima dos homens exaltados,
Tcf^n%iI!"SÍa^ ^^""''" '''' Q"«í deíles competir pôde comtigo?
Qual te iguala, se sSo por ti creados?
(«) Companheiro de Heman , cujo valor já vimoa no psalmo precedente, foi Elhtf <>
■uctor do que agora se apreseoDi. DcIIe tanbein ae fat meoçlo no liv. 3. doi Reti| csp ^-
297
Sao teat mioiatros, Deos, e a ti d'ein tomo, (e) Deuê,pagUHjte,ivrincon.
Veem-te qual és, terrível, magestoso, t^ ^^'^1,::^^'^ í,^ú
E á tua gloria servem só de adorno. ^^ *"*'•
Deos de exércitos I Deos omnipotente!
Qoem semelhante a ti, que tudo podes,
Cercado de verdade permanente?
(9) Domine Deus tirtutum, quiê
ãimíiit tibi? potena et. Domine,
et verilao tua in circuitu tuo.
Dominaste dos mares a braveza;
Reprimiste das ondas a insolência ;
Deste ás aguas, dos montes a rfjeza.
(10) Tu dominarit potettali mm<-
ria: motum autemflucluuM ejua
tu mitigas.
Com mortal goipe o altivo derrubaste;
Teus feros inimigos pela força
De teu robusto braço dispersaste.
(II) Tu humiliaiti, sieut rui-
neratum , anperbum , f n braehio
virtutiê tuoB dispergisti inimicoo
tU09.
A ti pertence o ceo, pertence a terra;
O norte e sul fixaste, e plenamente
É teu quanto opulento o globo encerra.
(18) Tui sunt c€Bh\ et tua eat
terra, orbem terra^ et pleniiudi'
nem ejua tu/undaati: aquilonem^
et maré tu ereaali.
O Thabor milagroso tu Creaste, (13) Tkabor, ot Hermon in no-
Fnnda«eoHerHK«te;enelle.,quetee«lt.m. ':^JZ:;:I^' '"""*"■
De teu braço o poder manifestaste.
Tua mSo seja firme, e celebrada
A tua dextra sqa; tem por base
O teu tbrono justiça illimitada.
Misericórdia e verdade te annunciam:
São felizes os povos que se alegram
Em ti, e de tuas leis se não desviam.
(14) Firmetur manua tua, et
exaltetur dextera tua, juatitia et
Judieium prteparatio aedis tua.
(15) Miaericordia et veritaa prm-
eedent faeiem tuam : beatua popu-
lua, qui acit jubilationem.
Irão sempre, ao clarSo de teu semblante,
O teu nome louvando noite e dia;
E por justiça o seu farás brilhante.
(16) Domine^ in Iwmine vultua
tui ambulabunt, et in nmniae tuo
exuUahunt tota die^ et injnatitta
tua cxalfabuntur.
298
(17) Quõmam gUniam Hrtuiit A p«rte que Ihes dás na giorta tua
fxaiMUur €arnu n$9trum. Dema das virtiides que plantaste;
E a fortaleza jM^opria fazes sua.
Pelas graças que aos justos coaunanicas
Nosso poder veremos eiaitado:
ÊSy Sancto d'l8rael! quem fortiBcas.
(ia) Omã D9mini eit •itump- Fonto, orígem de toda a saoctidade,
nottri. Tu, Senhor, és somente o nosso amparo,
O Sancto d'lsrael, e a Magestade.
(19) Tunc lúcuiuê et in vitiúne Já com misticas vozos O discrotas
tãnetit tnit, et dixitti : Patui ff^- -n 1 x r «. 1 ^^
JfUorium in potente, et exaUttvi RcVClastC 0 futuro; O COOSOlastO
electum de plebe mea. q^^ ^^^^ SuhlimeS 08 pTOphetaS.
a Do meio do meu Poro (lhes disseste)
Farei surgir um homem poderoso,
E o vosso Redemptor ha de ser este.
()I0) Inveni David eervfftn meum:
eieo taneto me» unxi eum.
«O meu servo David ji foi ungido
Com óleo sancto; e sempre em sen reiudo
Foi por mim plenamente soeoorrido.
f «1) Manut enim mea auxitia- « ESSO qUC dolio VOm, C doS COOS maodo,
fll^^eím.''"''''"' ""^ """ Minha mao o auxilia, e com meu braço
Sempre hei de ir o 9e^ braço contMrtaodo.
(«) Níhit prefieiet inimieut in « Em porsegui-lo O ofto nada aproveiU ;
Z\ no^J^enT'"''''' "'"'''^^ Da iniquidade os filhos verão sempre
A maligna teoçio nulla ou desfeita.
(S3) El eofteidam àfaeie tptiut
inímieot ejut, et edientet evm in
fngam converiam.
«Eu lhe hei de destruir os seus oootraríos;
Ante seus olhos hei de pôr em fuga
Seus emolos, os seus adversários.
299
« Hei de com elie unir miaha verdade, (U) Bí vítUm «mu, êt miuri-
E mioba misencordia ; com meu nome me» exaitabitur eorm ^fm.
Crescerá seu poder e dignidade.
«Hei de o braço aloogar-Ihe sobre oe mires; (M) bí iwmm m wmH mmmm
êfuif et im fiwminibu9 destermn
Dominará dos nos as correntes, c/ut.
Sua dextra regendo nuvens, ares.
« Abrazado de amor e confiança, (ss) ip$e tm^eMi mê, Pdter
meu9 ê» Ih, Deuê «mm, et $uê»
Me clamará ss^Tu és meu Pae, meu Deos, eeptor «oímIi* mem.
Causa excelsa da minha segurança. =S3
a.Sim, o meu primogénito o declaro, (S7) Bt e§§ prímêgenttum ^
Com precedência aos reis do mundo inleuro; terrm.
E será dos fieis refugio, amparo.
a Hei de manter-Ibe eterna misericórdia, (ss) rnmtemumeervbêiUimi^
_ I ii. 1 . eericÊrdimnmemm, et le$t9metUiim
Estável alliança ; a lei perpetua meumjueie fpsi.
Fixará entre os homens a concórdia.
« Farei que delle a raça tanto dure («9) st jmam im emeuium ««-
^ , , .. euU Mme» irfM, et thronum eju»
Quanto os séculos durem ; que o seu solio euut ãue emu,
Co' a firmeza dos ceos se lhe segure.
«Porém se os descendentes desertarem . (so) SimitemdereUpteHntjun
^ ' . « , . . n> % 'J^ ieoem memm» et in juâietíe
Das minhas leis, e ingratos me offenderem ; meie rum mbuienerini :
Se dos meus mandamentos se apartarem:
«Se violarem meus sanctos documentos; (si) Sijusutime meãe fn-e/ãnã-
r* ' r j j ^ ■ verini^ et numàaim meo nen ciit-
Se proianando os dotes com que os honro, tedierint:
Não guardarem fieis meus mandamentos:
a Com férrea vara, e de furor armado, (ss) yieiteko in virga iniquiu^
«r* •. • * • *j j '^' eorum, et in verberibue pec»
Visitarei a sua iniquidade, c«/a eorum.
Açoutarei violento seu peccado.
300
(BS) MiãerieordUimautemnuiun «Mas apesar do8 erroB fica iotacta
nân ditpergam ab eo, neoue noeeho a • i_ ■ • j*
m veritmiemeã. A iDiDDa misericordia ; Dem por isso
Minha eterna verdade se retracta.
(34) Neque jtrofãnabê tettamen- a NãO rompO OS forteS laçOS da allianço
lifjit mettm, et çwb procedvrU d€ r\ n • l* j • i. l
labiti mei9, rum faeiam irrita, (juo ormei; nem sabio da Riinba Docca
Palavra que attingir possa a mudança.
{95) Semei Juram inãonctomeo, cc Jurei por minha propría sanctidade;
9i David mmUiar : temen ejut in •, ^ * •. »> «i i
aternum manebiL E n8o falto a David ; a prole sua
Ha de ^urar por toda a eternidade.
(30) Et thranv» ejvg êieut S9i n Perante mim seu throno magestoso
in eompectu meo^ et ticut Lunm «« mi < i i t
perfeela in aternum, et testi» in Brilhará COmO 0 Sol ; O a lua pleoa
cmiofideiiz, Q attestaré fiel no ceo lustroso^»
(37) Tu vero repuUHi , et Ah Sonhor! Tu porém não rejeitaste
deêpexiêti: di9tuliêti Chriêlum r-r-^oLi» i«
tuum (•). O teu ChnstOy Senhor! nSo o esqueceste?
Á morte mesmo n8o o abandonaste?...
(36) Evertiãti teatamentumêer- O pacto com tou servo ostà quebrado:
01 tui: vrofanoêti interram êone» & • « ^ j* j
tuariumeju9, Arrojasto jpOT terra seu diadema,
Pisaste-Oy e ficou netia profanado.
(39) Deõtrwniti omne$ sepet Os roparos da vinha derrubasto,
ejut: voiuiêti firmamentum ejut w^.-^ii .i ^.i
formdinemM Destruiste-lbe toda a fortalezai
Á saraiva e destroços a entregaste.
(40) Diripuerunt eum omnet VSo gritando OS que passam pela estrada:
transeuntes viam:/aclus e$t tp- ^ l • z • u j '«:»ltnc«
proirium ticinii êuis. «Opprobno é nOSSO, insulto dos VISIODOS,
Fique por nossas mãos arruinada. i>
(•) Aqui lamenta o poeU o múero estado de RoboSo pela perda de des tribut rebri*
ladas ; qaando te nSo queira acreditar que tinha os ollios propheticamente em Sedeciís-
(Mêttei.)
301
Deste forças ás mios que a destraiam ;
Seus cruéis inimigos alegraste,
E só duros espinhos se alti Yiam*
(41) ExãUúiti dexterum depri-
meniivm eum: latifieatti omnet
immíeoi ejut.
A fulminante espada lhe embotaste;
Supprimiste-lhe o alento, e no combate
Teu poderoso auxilio lhe negaste.
(4<) Avertitti M(/Ml#n'iim ^/a-
dH «^ : et «M tf « ãitxiUatu9 ei
in òHUê.
Destruiste-Ihe o alinho do seu traje;
O seu throno assaltaram temerários,
£ foi despedaçado com ultraje.
(43) DeêlruxUti eum aò tfMWii-
dutione: et êedem ejue in terrum
eelUeiiti,
De seus annos a flor abbreyiaste;
De affrontas e ignominias o cobriste,
Ao lucto Q confusão a abandonaste.
(44) ifiMivif< diee temporie
ejue : perfudUti eum et^fiulêne.
Quanto tempo. Senhor, has de escondido
Conservar-te implacável, cheio d'ira,
Que arde accesa qual fogo enfurecido?
(45) Uêquêguo^ DowUm^ aoeriiu
injuíemt exardescet êieut i§ni9
irm tim9
Lembra-te pois, meu Deos, qual ser nos désle !
Por ventura não foi de frágeis dotes
Que a humanidade toda se reveste?
(46) Memmrare^ qum mem sub-
ãtwuna : munquid enim vane eon-
stUuieti omneeJUioe hominum t
Qual dos homens será que tendo vida
Não perceba visinho o termo d'ella?
Qual achará do tumulo a sabida?
(47) QtUe ett h»mo, qui otve/,
et non videbit mortem f eruet ani'
mmn stum de mãnu iftferi í
Onde occultas. Senhor, essa bondade?
Onde estão as antigas misericórdias,
Quaes juraste a David, Deos de verdade?
(48) Ubí su9U,miserieordieB tua
antiqua. Domine ? eicut Jurasti
David in veritate tumf
Gondoe-te, Senhor, do nosso estado;
Repara como os impios improperam ^
Os teus servos, o teu culto sagrado.
(49) Memor eelo. Domine, op-
probrii eervorum tuorum, (quod
continui in sinu meoj muitarum
gentium :
303
No seio escondo as magoas que me cortam
Quando escuto os dicterios com qae taolos
Injuriam as leis que nos coofbrUm.
(M) Qutd tsprtèTmténiHt ini. Repara DOS iocredulos, que tiram
•"■■'' 'lá, Dtmine, fuad txfMtr»-
■■ MmCMitiiiu. Argumento das penas que nos cercam,
Para augmentar a raiva que respírim.
Molãm teus inimigos; ilo disendo
Qne o Messias jé tarda, que do Eoipjno
Com vagarosos passos vem descendo.
in Bemdito sejas pois, Senhor supremo!
Assim seja por toda a eternidade;
Assim seja exultando, ou quando gemo.
(O Coilumuta íornaU do fln doi livro*, •egnndo Ualteí.
FIM no LIVRO III.
LIVRO IV.
DOS
PSALMOH
PSALMO LXXXIX.
Oração de Moyiéi, o homem de Deot (*). Ontia Mofii hominii Dei.
fosTB, ó Deos, nosso refíigio
Deide qae nos acolheste;
Desde os séculos remotos
O tea amparo oos deste.
(•) Hm diga ndo forta pan nlo m attribnir aite ptalBo a ISojtiã, e twi a ter, o
■dur^ie nelle odb tenl«D;> pouco coaTcnleDla iqoelle tempo — qne a vida ilo homem ipeoM
chega qnando buíIo ao* 80 annoa — ; moTÍdoa do que, algnni comBeaUdor» nlo t6 ím-
pDgaaai qne HojWi Ib«a o lea anctor, mai traDiportam-iio aoi ullinoi tempo* do cipliveira
de Babjloaia. Sei Ht hm ait«nij«r (dia a Mbio Hanocrfai no lom. I. do SfieiUji», Ikl-
laado derie pulmo), fui aifftimlmtit Bat]fl*HÍca trmfrm elatrm anilei Av/m amaiNteal.
]Viliit npignut fumtiitut è Daside aiuUre prgfíeiíd prliuril, emjtu cm intru itfltiagml»
ti tdajinla ana«i «lalwn ftriadtu ttndMieiatiir. Em tal ijilema, ou Hojià aqui ia ia-
Irodin a fallar, por uma proiopop^ ; on o titalo í de tempot poileriarea, e da pooca ti ;
00 Hojià era o nome de quem o poi em mtuiea, e depoii boi tempo* tegaintei, jalpndo-«a
qne era o grande Hojféi legiiUdor, ao limplea lilulo antifO Pialmui M«gti m ajuntou lu-
mini$ Vei.
(Matlei.)
Tomo n. «O
(í) Priugqvam numiet fier(eni,
ttut/ormaretur terra^ et orbis, à
tawlo^ et uêque in êteculum tu
et Deu»,
306
Antes que os montes crescessem,
Ou fosse a terra formada;
ÂDtes que os orbes sahíssem
Pelo teu poder do nada:
Desde a longa eternidade,
Alem do tempo e dos ceos,
Immensa Causa das causas,
Tu foste e serás, meu Deos!
(3) Ne ãvertãt h^minem in hu-
ntiliiaíe: et dixisti: cênvertimlniy
JUii hominum.
\
Poderoso nSo permittas
Que o homem seja culpado,
E que na abjecção dos erros
Mereça ser conflemnado.
Tu mesmo, tu docemente
Á conversão o chamaste;
Disseste-nos « Convertei-vus »
E para o Ceo nos creaste.
(4) Qnoniam tnille anni ante
óculos tuoãy tamqwim dicÊ heattr-
fia, qiMB prateriít :
Conforta-nos, pois é curta
Nossa miserável vida;
Se ella fosse de mil annos,
Nem assim fora comprida.
Mil annos, Senhor eterno,
Que são na tua presença?
São qual foi o dia d^honlem,
Que já passou sem detença:
(6) Et cnttodiã in noete: gua
pro niMlo hubenlur, ewmm anni
erunt.
São qual vigia nocturna
Que dura mui poucas horas;
As quaes, rápidas fugindo,
São da morte precursoras.
I _
307
Bem como n'um dia passam
No campo as hervas floridas,
Endurecem, murcham, seccam,
E a pó ficam reduzidas:
Quaodo te irritaSt meu Deos,
Nós também desfallecemos ;
Tua cólera nos turba»
E extingue o vigor que temos.
(6) Mrniê êieut herba irtmieêt,
mane floreai, ei iranMeat : vttpere
decidais indureí^ eí areseaí.
(7) QuMt df/éeimus in ira tuã,
rt in fur^re tno twboii $tmu$.
A innocencía primitiva
Pelo peccado estragada.
Fez que a triste humanidade
Fosse á morte condemnada.
As nossas iniquidades
Ante os teus olhos puzeste,
£ ao clarão da tua face
Tudo patente fizeste.
(8) P09ui»li inifuitêUi nottms
in competiu tno, oaeulum no$tmm
in illwninoíione vultvt tui.
Com que temor te observamos!
As illusões se esvaecem;
Á vista das tuas iras
Nossas forças desfallecem.
(9) Quoniam omneg dioê nottri
defeeerwUf ei in ira ttta defeci-
muo.
A uma téa delicada
Que um misero insecto tece,
Se assemelha a nossa vida,
Que a um sopro desaparece.
Settenta annos o que são?
Se se estende até oitenta,
NSo é mais que dor, miséria,
Peso que nos atormenta.
Tomo VI.
(10) jdnni wuiri Hetã anmea
meditaòuniítr^ dies annorum no»-
ironm in ipsis, Meptnagintnnnni.
(II) Si ttuiem in poleniatibus,
oeíoginto anni ; et amplius eorvm
iobor^ et dolor.
20
308
(IS") Qucmam iupervenií man-
tveiudo^ ei eorripiemur.
Mas tao curto espago mostra,
Meu Deos, a tua bondade ;
Para ganhar o Ceo basta»
E em breve cessa a maldade.
(13) Qidt nmrii pote$taiem irm
tum, et pra timbre ltf# trom tttmm
dinumeraref
ÂTaliar é custoso
Do teu enfado a grandeza :
Quanto assusta a Divindade
Contra os réos em ira aecesa!
(U) DexUram tumn fie n^Um
fac, et erudiUê C9rde in st^Uniia^
Senhor» faze que entendamos
Da tua dextra o poder;
Nossos corações illustra
Com rectidão e saber.
(15) Cwverlere^ Domhte, um-
queçuo : et deprecaMli9 etto auper
aervoi tuos.
Volta para nós teu rosto:
Té quando has de estar irado?
Sé propicio; lavaremos
Com pranto amargo o peccado.
(16) JUpUti Êummê imwit vme-
ritérdia tua, et exuUmtimua, êt
deieetati êumue omniàfn diebut
nostris.
Ao raiar do dia surja
Sobre nós tua piedade;
Alegres esperaremos
A ditosa eternidade.
(17) Latati eumuã fro dUhm,
guibuê fiM humilimMti : mnit» fui-
àut vidimu9 mato.
(18) JUipiee hi eervot tuoe, et
in opera tua, et dirige fiUêe fo-
rvm»
Memorando nossas culpas
Com saudável penitencia,
Provaremos consolados
Fructos da tua indulgência.
Volve sobre nós teus olhos,
Lustra as tuas creaturas,
Dirige os teus servos todos,
Abre-lh* estradas seguras.
309
Brilhe a luz celeste, brilhe
Accesa nos coraçites;
GoTenia, ó Deos» nossos actos,
Apura nossas accSes.
(19) Bi9Íi»pknâúrDmniniDêi
nêêtrmnÊm dirige tuper hm, et
nÊêirmrum dirige.
PSALMO XC.
Q
Be David.
DEM habita no asylo que Deos presta,
Quem descança na protecçlo do Altíssimo,
Do Deos dos Ceos, em paz mora na terra,
Por deserta que seja.
Laus cantici David (•).
(1) Qui hMiãi in tidjui9riú M-
tiêsimi , M proteeU^ne Dei emli
eommêmòUur,
Diz ao Senhor: «Tu és o meu refugio.
Meu Deos, meu Protector; já desses laços
D'infernaes caçadores me livraste,
E d ásperas sentenças:
(fl) Diui HmiM: Su$eegt9r
meue e$ lii, eí rtfugimm meimi,
Deue meue ; epetihe in emn.
(3) Quemem ipee lihermit me
de laqueú venémUam^ et à ver^
meper9.
« Espero em ti. . . » — Responde : « Ah ! sim, confia ;
Descança á sombra com que te defendem
Minhas azas e plumas protectoras.
Que piedosas te encobrem.»
(4) SempuUe euie ehmirmrit H*
bi^ et eúb pemUe ejwê eperMe,
Ha de a verdade, qual um broquel d'ouro,
Cercar-te, se inimigos te assaltarem ;
Nem virá sossobrar-te o animo affouto
Intriga tenebrosa.
(6) Seuie eiremmdMí te veriiBe
ffue: n^H timebie à timere nee-
twme:
(•) No texto oio tere titalo ette pialno, a reipeito do qnal le exprime SimSo
de Muia pela maneira feguiato : Pr^eetê heeearmine nihU negue eolidiue, negue eplendi-
diuê nm dico scribi^ $ed ne eegitoH guidem peteet, Atgue utinam ego Jígum^ numeree^ et
etegmUimn Hebrai eermonie exprimere poesem! Iterarem prefeito eomeeMturee tnihi omnee,
Hullum Grecimi, eul X.«ltipifiifi jieeme Atile ette ceiíyermMftim.
310
(6) A êõgitta vêkmie tu die, à Nem a setta^ que ousada ás claras voa,
negocio perambuimUe in ienebrUj /> • «.^ . ^ ^^
ubinlmÃu^eti^tnmiomeriduJ. Ott pcrigos que em trevas o ar empestam,
Nem geDÍo máo, do abysmo despachado,
Te ha de aUiogir poteote.
' (7) Cndent à latere iuo miiie, Verás dernibor foíl juDto a teu lado,
et deeem millia^à dexlriê Ititf, «rf^ii.* «j «ixi. Jj_
te autem non appropinquabii. Cahirao mais doz mil â tua dextra ;
Defendido por Deos» irás coDteote,
Salvo, e looge da morte.
(8) Verumiãmen oevli9 tuis eoH'
HderMi^ et retributionem peeeo'
torum videbit.
Talvez que em troco observes com tens olbos
Gomo Deus justiceiro retribuo
Aos peccadores o furor insano
De seus iniquos feitos.
(9) Qu»mom tu es. Domine, »f»e9 Dirás eatlo: «Sonhor! minha esperança!
men: jâiti$nmuttê pomioii refu* «^ ^ . . «^ ^
ginm hnm, Dooo rofugio meu ! E com que acerto
O Âltissimo escolhi para conforto!...»
Com que affecto replica!
(10) Non Qceedot Md te mainm, «A torroute do mal irá fugindo
etfiageltMmnonopmropinguabittH' n ji* . • <■ .• . ■
beriZeuio tuo. "^ ^ Em oistancia de ti : o teu asylo
Será pelos flagellos respeitado,
Nio ousarão tocar-lhe.
(II) QttottímmÀn^eHMãvumim' «Farei doscor dos ceos brilhantes Aojof,
dmoit de te, ut caêtodimnt <e f» /x - j i - ^^^:,Aml*
omnibuê titã tuit, Qu^ to guardem, que aplanem teus camiuwis,
(IS) In manibus portabunt te, Quo pela mfio te lovcm» O quc evitem
ne forte effenda» ad lapidem pe- " t^ il a
dem tuum! Escolhos a tcus passos.
(13) Syper a$pidetu et basUis-
rum ambulabie, et concuUabii Iro-
ticm et drneonem.
« Amoroso e sollicito cuidado
Permittirá que os basiliscos calques;
Que pises com teus pés leões e dragos»
Sem que oifeuder-te possam.
311
a Porque esperaste em mim, é que piedoso
Te livrei cl'ÍDÍmig08 turbuleutos;
Porque o meu saocto nome conheceste
Te hei de proteger sempre.
(14) QuêiUãm tu me êpetãvit^
liòtraèú eum ; frêUgmm «Mn, quê'
nimn eogn»vU númen meum»
«Quando a voz levantares, bei de oovir^te,
E na tribulaçio acompanhar-te;
Hei de salvar-te, porque em mim cooOas,
Hei de glorificar-te.
( 1 5) Clamabit Md me, et ego ex^
ttudiam eum : cum ip$o sum in trp'
bulatione : eripiãm eum, et glori"
fietdto eum*
« De prolongados dias satisfeito.
Te levarei á pátria afortunada,
A ver o Salvador, gozar da gloria
Aos justos promettida. b
(in) Longitudine áierum repU'
bo eum^ et êãtendmm iUi êoluUre
meum.
PSALMO XCI.
PscUmo para caníar-se no dia de satòado.
c
OMO é boili festejar o Deos supremo,
Do Altíssimo cantar o sancto nome!
Ou largue o sol nascendo as ondas trémulas,
Ou nas aguas s'e6Conda,
Ouça-me celebrar tanta piedade,
Misericórdia, e lúcida verdade.
Ptalmaf caotici íd die
sabbathi (•).
(I) Banumeêteanfitâri
et ftãllere nomim 4tM, Mtistime.
(S) Ad oHfumtiandum mane mt-
serieordiam lr«am, et veriMem
tuam per noetem»
(») Aqui obierra Bfatteí que na sefcunda compilaçSo depois do regretM de Bab/looia
dutribuiram-ae os psalmos pelas varias feslas , e vários dias do anno , porque não podiam
cantar-se no templo sem alguma ordem, e d*ísso devia haver nm calendário, onde este psalmo
estivesse designado para tal dia ; sem que obste o n&o acharmos uma semelhante distincçfto
em todos os mais, porque nds nSo possuímos o códice do templo, onde rertaraente se havia
de encontrar, e donde alguns copistas mais diligentes copiaram os titnios históricos, os titnlos
muiicos, outros os lilhorgicos e rituaes, e outros unicamente o psalmo, poaoo lhe importando
com aqaelles accessorios.
312
(3) jHéeeaehêrd4ft0iuriê,eum Ao moa psalterío 6 cUbara saave
Hymiios se ajustem quaes os Aojos cantam
(4) Qkúi delecíasli me^ Domi"
ne, in factura ttta^ d in êperiòus
manuum tuarum exuttabo.
Gratos, Senhor! Publiquem tua gloria;
Publiquem a delicia
Com que ao ver tuas obras me deleitas»
Obras das tuas rnSos, todas perfeitas.
(5) Quam magnífieata aunt «fe-
ra tua, DonUne! nimit profwidm
faeta iunt e»gitati9ne$ tutt- ^
Mas quem pôde sondar a excelsa causa
De obras tSo grandes! Tantas maravilhas
Deixam estupefacta a mente humana.
Que profundos juizos
As leis que tudo regem combinaram,
E a formaçlo dos miindos decretaram!
(fi) yir iH9ipitn» non eognaseet, Só ucscios Ihes o8o lembra que a verdura
et atuttut non intelligct hme. .r. . .
De seus akioos se murcha, e breve passa;
Que os frivolos prazeres em que vivem
(7) Cum exorti fuerint peeeaíê' LhoS Vio gastaodo a vida;
re«, ticutftmum, et appartterint ^ .. ^ jrii
mn*t, fui Êperantur inifuitaum, Uue osta, qual feno ao fogo, aesiailece,
E nunca mais seu vigo reverdece.
• A verdade indiff'rentes, nio Ih' importam
Nem dos astros a luz, nem da matéria
As propriedades, que submette á ordem
Divina intelligencia :
Desprezam essas leis por onde existem,
E em criminosa estupidez persistem.
(A) Vt intereant in tuciilum ta-
cuti : tu autem Mtiãêimua in wler'
num, DmUne,
Tudo perdem os máos, e só alcançam
Séculos de pezar. A Deos somente
Ndo oífendem os damnos da mudança.
Nem o tempo consome:
Nada lhe falta, de algum bem carece:
Immutavel, eterno permanece.
313
Em tanto os impios, provocando a espada
Vingadora dos crimes^ caem por terra:
Meu Deos! teus inimigos se dispersam.
Aqui, alli perecem;
Fugindo sempre á tocha da verdade,
Sfio victímas da própria iniquidade.
(9) Qtimdmm ecve ittimiei M ,
perikuiUf et 4$9perg€tUur mmci,
f«t êfermtut mipiUãUm.
Eu porém farto d'innocencia exulto,
Qual águia que o seu vdo a ti remonta,
Vivificante Sol da intelligencia !
Deos! em ti só confio:
Da juvenil idade o vigor sinto,
E as rugas da velhice inda desminto.
(10) EiexÊOUàitwr êieut imi-
cvmjf CÊnm mmm^ ei teneHuê
mea te miierimrêim ti^í.
Nos que me attacam com desdém reparo.
Olho quasi com dó para inimigos ;
Deos me defende, acode, e me dá força:
Quem sabe se em meus dias
Estrugirá terrível meus ouvidos
A queda que hSo de dar os atrevidos?
(II) Bt ài9pexU peulnt meuê
tiMmieM M«M, et in iMeurgetUi*
bu9 in me mmiigmmtiàut madiet
murte meM,
Viçoso como a palma irá crescendo
O Sábio; ha de elevar-se como o cedro
Nos outeiros do Libano frondoso.
Taes arvores, plantadas
Na casa do Senhor, prosperam, crescem.
Nos pórticos celestes reflorecem.
Annos e annos vencem, mais robustos;
SSo sempre verdes, brotam largos ramos;
Tarda e serena a morte em fim lhes chega:
Um doce e brando somoo
Parece o fim do justo ; aos Ceos, ligeiro,
O transporta o suspiro derradeiro.
(12) Jueluê w< palmu Jlúreèii,
tieui eedrue JJèmni multipUcabi-
tur.
(13) Planta m d^mê Dêmim\
m mtriis éomue Dei noetriflere"
bwU,
(14) JéhuemultiplieabuHiur im
eeneeím ukeri, et èeme patientes
eruHti trl «mMMl^efil.
314
(15) Oiiomam reHus Uominus Testemonho Gel que um Deo9 existe
IH g0. Recto e clemeDte^ que os neis ampara,
E 09 perversos castiga rigoroso:
Que tem os Ceos patentes
Para aquelles que as leis sempre obserraram,
E magoa eterna aos máos que as desprezaram.
■*■>»!
PSALMO XCII
Lauí canlici ipf i David in die ante
sabbathum (•), quando fundata
est terra.
(1) Demimtt regnmoii^ decorem
indutttã e$t : inéuíuê e«l Dõmimie
fúfiUudinem ei prtteinxit ae.
Psalmo compotío por David^ para céUbrwr-se
a creaçõo do mundo.
Vencida a morte, surge o Âuctor da vida;
Rompe os espaços do ether, tríumphaote,
Toma posse dos Ceos do Reíoo eterno:
De fulgurante veste
Pomposamente se orna;
O sceptro empunha, a rutilante espada
Lhe pende ao lado; e o cinge a fortaleu
Com que domina toda a Natureia.
(S). Eienim firmatit orbem ter*
ra^ çui non eemmooebitur.
(3) Parata eedei lua ex iunc :
à gffcvlo tu et. .
Elle foi quem firmou o^orbe da terra.
Quem deo és forças leis com que impedissem
Commover-se e chocar contra os mais astros.
Aqui fundou seu throno.
Desde entio preparado
Para durar por séculos immensos;
Obra de um Deos eterno, que a ventura
Quiz radicar na humana creatura.
(•) No Paçlterio de S. Germano lé-ie in dic Sabbaihi,
(MãUei)
315
DimaDaram da Summa Sapiência
Os caudalosos rios de doutrÍDa
Que leTantaram vozes eficazes;
Ondas encapelladas,
Cujo arruido vence
O estrépito das aguas numerosas
Que infecundas na terra se espraiaram,
E estas torrentes só fertilísaram.
(4) ElevaverwU fiwnina^ Do-
mrne^ elevaoertaU JÊumima voeem
(5) BleraveruHÍ Jluminaflueiut
MU09 ã voeibua aqimrum muUerum,
Ou seja a intelligencia ou a matéria.
Admirável é tudo quanto obraste:
O mar tranquillo, ou tormentoso» pasma;
Ou se arremesse aos astros»
Ou se rompa em abysmos.
Mas se elevamos a alma á summa altura
Em que resides» nada mais se admira;
E tudo pouco» e só a amar-te aspira.
(6) Miraòiles elaiioties mariê,
mirabiUi in alfit Dmninuê,
A fé de teus oráculos attesta
Os factos subsequentes; a fé nasce
Das antigas e novas maravilhas:
Oh quanta sanctidade
Teu domicilio exige!
Que harmonias» meu Deos» cercá-lo devem !
Que cânticos de amcMr eternamente
Deve o teu povo repetir contente !
(7) Teslimania tua erediàilUí
/acta 9unt nimis: domum tuam
deeei tatuHtudo^ JHmmey in ian^
ffiíudinem dierum.
316
PSALMO XCIII.
Psalmui ipti David, quarta
Sabbalhi (•).
(1) Dtu9 uUumum Hmmmim, Ubos das fingaoças, que obras livremente,
Deu9 ulUmiMtm liêerè egiL rr • ^- j q
' Teus raios ociosos de que servem?
Deixas ioultos homens depravados
Que a tua lei profanam,
Qiie uns aos outros enganam?
Que apagaram na prava humanidade
O fogo animador da charidade?
(S) Exa^iare, qtu judicãs ter- Vom mostrar-to entre nós, vem glorioso,
^/f. Juu supremo, exerce os teus poderes:
Vinga a innocencia aflDicta, e dos soberix»
A petulância abate;
Insolentes combate.
(3) uaguequopeumtoreg, Domi' Té quaudo hSo de jactar«-8e os peccadores
butuur} Dos erros que provocam teus furores?
(4) Effkòuruur.etioptenturiíU' O tou povo humilharam ; .tua herança
quilatem: hquentur omnea, fui ^ , o v • ¥x »^* t j
ojterantw injusuiiamí ' ilestruiram, Iseniiorl Ja stao queUradas
As taboas em que a lei sancta 'escreveste:
(5) Popuium tuum. Domine, hw Quo mais farSo, SC om taoto
miliãverunt^ et hmreditatem twun m j • j i ^ a
í>exavervnt. Tudo luuudam de pranto?
(6) Vidmmy et advenmn Inter- A viuva, 0 estrangeiro ospedaçaram,
feeenmt , et pupUlúM úceiderunt. ^ «n x <. i. j
- '^ Os pupillos á morte abandonaram.
Até quando, Senhor! sem que os reprimas
(•) É nm tituk) dus tempoi posteriorei, que w nio acha no texto Hebreo. T. a m(i
ao do pialmo S3.
317
Se hSo de ir cefando os impios na maldade?
Té qaando trãò dizendo — a Deos n&o sabe»
«NSo Té o que fazemos:
«De prazer dos fartemos»
«Em quanto descuidado em paz dormita
«O Deos que infoca o Poto Israelita.»?
(7) m áixerutU: nmvid^t D^
fnim», ne€ inUUifet Deu» Jmob.
Estúpidos» indignos! Tal cegueira
Ha de sempre durar? O Âuctor das luzes,
O Artífice dos olhos será cego?
Quem fabricou sentidos
HSo de faltar-lbe ouyidos?
Ha de escapar á summa intelligencia
Quanto differe o crime da innocencia?
(8) Tnieiiigite intífienUê mf-
|Mrl#, cl mMH tdiqiuttkío êmpite^
(9) Qm plmUmoit murem ^ mu
muiiet J ãui pdJUêxU eeulum^ hm
emêiderai f
Deos» que as humanas gentes ameaça
Os raios desfechando e as tempestades»
Que as montanhas coro rijo vento abala»
Deixará sem castigos
Seus feros inimigos?
Quando tudo com ordem determina»
E a prever a justiça nos ensina?...
(10) Qmeerrij^tgentei^nÊnãr'
gueii ^ui deeet kemtnem teien-
timmJ
Os pensamentos vSos dos homens loucos
Conhece todos» seus effeitos pesa ;
Une aos impios vingança» paz aos justos:
Coro internos avisos
Corrige os máos juizos;
Consolando» preméa o animo puro»
E o peccador assusta c*o futuro.
(II) Omimiii «ciI têffUalienet
himhumm^ pêeniam vãnm nwl.
Senhor» como é feliz o homem qu* instrues» (is) Beaíu$ homo quem i» em.
El I . j u ■ dieriã, Domime^ et de leae tua
a quem da lei decoras os preceitos I doeueru eum.
Nos dias máos as dores lhe mitigas»
(13) Ut mUigeê et à diebus mu*
318
líf , danee fodiatur peceaiorifo- Em quaoto aos peccadores
^*- Fo690 cheio de horrores
Escavando lhes ?ai a culpa h^renda,
Para abysmà-Ios, quando tarda a emenda.
(u) Qttt fim repeiiet Dominus Pois Deos DUDca O seu povo desampan,
í:!:7eZi:i:!t':'""""""*^ Nem deixa em abandono a sua herança:
(15) Quoad vaque jutiitia «ou- Até quo Goalmeote seuteucèe
mam amnei, qui reeto aimt carde. A JuStlça OS HumaDOS .
Que cessem os enganos»
As almas rectas junto a st coUoque,
E aos máos em penas as delicias troque.
(16) Qtttf consurgetmihiadver^ Nesse tremendo dia, que advogado
Z:í!lSZl':.'o^aZ':^. Ha de por mim fallar contra os mah.dos?
«A^*»^ Quem ha de sustentar a minha causa
Em face dos contrários,
Iniquos operários
D'embustes, extorsões com que dominam,
E meus direitos todos arruínam?
(17) mti qviaVminuM adjutit Tu, mcu Sonhor! Asylo da verdade,
me,pinaiominu»habiíiiuetinm' ^^^ ^^^ ^ j^^ ^j ^^ sOCCOrTCSte!
ferno anima mea, ^ ■ ^ ^
Se a tua providencia carinhosa
Me nSo fosse alentando,
Nao vigiasse quando
Pouco menos que a morte eu padecia,
Ha muito que enterrado já seria.
(18) Si dicebam: iMtus es pes Mas so oxclsmava — a VacilUr me sinlo,
ZT^aM^f^'^'^^^'*^^'^'""''^' Acode-me, Senhor!» sem mais demora
A tua misericórdia me acodía;
Enc6sto me prestava;
(19) seaindummuiHUidinemdO' Ck)nsolaçoe5 me dava
319
Que a multidão das dores igualaram,
E tainha alma sensível alegraram.
t&mm mearum t« €9rde meo^
80latiMe§ liMv iaiifieaveruni
ftumi fiiMifi*
Tuy meu Deos, nada tçns que se assemelhe
Aos corruptos juizes cá da tenrat
Que formam leis iníquas, trabalhosas.
Em que os justos envolvem,
A innocencia dissolvem;
E se com tempo a revogá-las chegam.
Sempre a reparação ao justo negam.
(SO) Nunfuid adJun-êt íHi te-
dei imptiiatii^ quifaígii laborem
f n prmiepiú.
(21) CapUiiunt tu aniwuun Jum*
It, et ionpiinem iiutocentem con-
demnakunt»
És ta SÓ meu refugio, Deos piedoso!
Tu só minha esperança, meu amparo.
Darás á iniquidade o que merece.
Como a justiça pede:
A mim. Senhor, concede
O bem de possuir-te eternamente,
O premio que reservas ao innocente.
(SS) Etfaeluê eet mihi Domi-
niM m rrfíigium, et Deuã meu9
m ãdjutorium epei mea.
(S3) EtreddetniUinifuittUem
ipeorum, et tu malitia eorttm die*
perdet eoi : ditperdet illo» Domi-
nu9 Deu» notter.
PSALMO XCIV.
V,
iNDB, O Senhor exaltemos;
Em coro unidos cantemos
O Deos que generoso os homens salva :
Perante a sua face luminosa.
Aos psalmos, que adorável nos inspira,
Acompanhe o suave som da lyra.
Lauí canlici ipsi David. (•)
(1) Fenite, exultemu» Domino,
Jubiiemue Deo: iãlutari nottro.
(t) Prteoeci4pemu9 faeUm ej¥9
in eof\fe$9ione, et in pealmit ju-
biiemue ei.
(O No Hebreo nSo tem titulo algum.
320
Viode, o Senhor adorenu»,
Em coro unidos cantemos;
(3) Quoniam Deut magrmi D^ Pois cste grande Deos, sublimCt ii
Dtê9. E d essência tXo pury, tão divina.
Que excede quanto Gnge a idéa humana
Nos outros Deoses com que a si se engana.
íIiUIk I
(4) Quia in múttu eju$ êunt
omnetfinet terra, et áUitudinet
montium ipnu» ttmi.
Nas suas mios previdentes
Dos montes mais eminentes
Repousa a base; vè do mundo os termos.
Mede de um golpe a mais Íngreme altura;
Sonda igualmente os antros mais profuados:
São seus todos os ceos, s8o seus os mundos.
(5) Quaniam tpiiuã eit
et ipãe/eeit ilM^ et eiccvn
nuê ejue farmaoerwU»
Quanto a Natureza bella.
Quanto a reflexSo revela,
E apercebe a raz&o que nos instrue.
Derivou da Suprema Intelligencia :
Deo fluidez ás aguas, fez os mares,
Formou a terra, o fogo, e os vastos ares«
(6) VenUe, ml9remuâ, et prêd'
damuã, et pUremitiê tnUe Demi'
num, pa/edt tiM,
Vinde, ó povos, que este Deos,
Que é dominador dos Ceos,
Também nos deo o sêr; elle renova
Este sér com virtudes excellentes:
Seu amparo submissos imploremosi
Seus altos attributos adoremos.
(7) QuiaipteeetDeminuêDeuê
noêter, etnotpej^uhtepaicuiBfJuêj
et ovei tnanue fjwt.
Com que bondade e ternura
Trattou Deos a creatura !
Somos o seu rebanho; que amoroso
Nos vai levando aos saborosos pastos;
Se erramos o caminho e nos argúe.
De paternaes avisos nSo se exciúe.
321
Ah! deste amaYei Pastor,
Com ternura e com temor
Se a ?(» que nos argúe hoje escutamos,
Nio 6que o nosso peito empedernido;
E quando assim fallar» muito mais vale
Que o nosso corado de dor estale.
(8) J9Mt« ffi rorem ept% audie^
ritii, nolitc obdurnre e^Êãvestra,
Que dirá?-*- «Filhos amados,
Cessai de ser obstinados
Gomo vossos pães foram no deserto.
Quando incrédulos tanto me irritaram,
Tentando o meu poder; e os confundiram
Os prodigios que fiz, e que elles firam.
(9) Sieui in irritãtiêtu seatn-
dum diem tenUUionU m deserto :
«àt tentãvenmt me paireM vesêri,
pròbaoeruiU me, et vidertmi opera
mêa.
«Sempre com eUes clemente.
Quarenta annos paciente
Guiei, acompanhei vossos maiores:
Decorreram os dias, sem que os annos
Seus indómitos génios abrandassem.
Nem que os meus beneãcios os mudassem.
(10) QuãimpntãúmdêoJjfeuêHê
fui genermtiári Uli, «< dixi: eem-
per hi errmtlt eorde.
«Disse então— Será possivel
Que esta indole terrivel
Resista a tão insólitos favores?
Que percam sempre a estrada que Ih' ensino ?...
Irritado exclamei— ^ Em vSo me canço,
Nunca mais entrarBo no meu descanço. »
(11) Eti$tin»He$§nê9erunÍ9im9
meã$ : utjurwn in iru mea^ H in*
iroibunt tu repHem memn.
Touro VI;
SI
322
PSALMO CXV.
Caniicum David, i|uaiido domun Coniico de Ikmi4 , rêciÊãàú ^quondo
aedificabaliir po«t caplivitalem. ^ TuUfotU O têinflõ depoU
do eapíiveiro.
(•)
(1) CmOãte Domine caniicum A TERBA lOlelra UOl DOVO OaotO eotoe;
n^: cntaie Vamin. -mi. ^ ^^^^ ^^ cMbreOUm.
(3) Cãntate Domino, êt benêài- BemdiganOB do II0S9D DCOS O 00016 !
die in diem 9nlnUrc ejns. AODUDCiai 69 g«tÇS
Ob triomplios, a glaria
Do Redemptor excelso
Que tem salvar os creotes.
Ao clario que magpifico diffiiode.
Como as trevas dissifia e o mal eoofaqiie!
(3) Jfmuniiate inter gcnte$gUh AonUDCiai aOS mais rOOIOtoS pOVOS
;^"ií:;«''"""'*"'^'''""" Como da morte M barrida, cadêas
(4) Quomam m»gmu D»mim$, AnimoM quebrou ; com que prodígios
Com que força ternvel.
Com que loi admirável»
Oa onmes desvanece,
(5) Quoniam omnea dii gentivm Filho^ SÓ da iUoSlO O da deHMMMl»
damonia: Dominui ontem wlos -^ i . . . _ i ^^^ ^<«-^U
fgcit. Ou demoDiosl ae teen alguma esseucu.
O Dosso Deos formou os ceos c a terra;
(•) Este c outros psalmos feitos na dedicaçio do Ubermcalo, ou do templo, r*
Da?id ou Salomito, foram opportunumente repetidos depois do regresso de Babjkma, p*
orcasiSo de se reediflcar o nesmo templo. No liv. 1. dos Paralipomenos, c. 16. ««««*>
que o presente cântico foi composto por David quando se trasladou a Arca de caia de OW
para o tabernáculo.
323
£ de brilhantes lumes circundado
Do Sanctuario seu fez o edificio;
Ornou de sanctidade
GoDi magníficos dotes:
Na soa egrégia Corte
CoUocou a verdade.
Cuja belleza a tudo sobresae.
Ditosos faz 08 corações que attrae.
(Cl) Comfetaio, et pukhrituiú in
ctnãpeetu tjut^ umUimmia^ et hm*
ffnífiefrUia in stmeiifieati&ne ejm.
Rasgam-se os Ceos, Jehovab ao muAdo desce.
Correi, famílias sanetas; e cantando
Honra e gloria offertaí ante seu throno:
O seu nome ineffiifel
Resoe com applausos
Em toda a Natureza
Por tempo interminável:
Honras Ibe demos» glorias as maiores ;
Resoem sem cessar os seus louvores.
(7) Jfferte Domino pátria gen»
f ífim, qferle Domino glorimn, et
h&norem : offrrte Domino glorimn
nomini ejut.
Colbei rosas, tecei frescas grinaldu;
£ perfumados óleos derramando,
Adornai seus magmfieos altares:
Preparai sacrificios;
Juntai ás bostias puras
A cândida farinba,
Que egrégios beoefieios
SjmboUsa: prostrados veneremos
O Seobor, e em seu templo augusto entremos.
(8) Tbliite^hofttat, et introite
in otria ejut : adorate Dmninnm
in ntrio smteio ejus.
Com temor e tremor a terra toda
Perante a sua face se apresente,
E commovida escute seus decretos $
Proclame seu reinado,
Em seu culto se empenhe;
Tomo VI.
(0) Commúffeaiuf à faeie fjuâ
univena terra^ dicite in gentibue^
guia Dominui regnavit.
«l
324
( 1 0) Elenim eorrêxit õrbem í er'
rr, qiíi jwn eomnwvebilnr.
Diga aos povos distantes
Que o Senhor é ch^do.
Para emendar o mundo» e rectamente
Firmar a paz, julgar a humana gente.
(II) LateniuremU, et exuitet OAuctor dosCeos, do mondo, vom: festejem
terro, eommoveatur mare^ et pie- ^ * . j . » .1
nuwio ejuM : gaudebunt campi, et Us sêres toGos tao pomposa entrada,
•.,«,«, gua. in en sunt. Montauhas, rios, vallos. e regatos:
Os cristalinos mares
Alegres se revolvam;
Os seres nadadores,
Os que cortam os ares.
Todos exuítem neste grande dia:
Os prados relloreçam de alegria.
(IS) Tune exulti^fU omnia li»
grmtilvarumàfacie Domini^ pHa
venity qumdwn venit jndicmre ter-
mm.
Na presença do Deos que vem reger-nos,
Da floresta os robustos moradores,
Freixos, alamos, plátanos suberbos,
Soprados pelo vento,
As folhas agitando,
A seu modo denotem
Geral contentamento;
Pois que cessa do erro a injusta guerra»
E Deos mesmo é que vem julgar a terra.
(13) Juãicãbit úrbem terra in
asquitoley et popisht in veHtate
sua.
Violentas pulsaçOes, cessai no peito:
Descancemos; é Deos que vem julgar-oos;
E na balança recta, que aíFerira,
Nossas acçdes pesando.
Ha de emendar os damnos
A que juizes impios
Nos foram condemnando:
Entre as nações a lúcida verdade
Fixará Deos por toda a eternidade.
325
PSALMO XCVI.
I
MPEROU O Senhor, exulte a terra;
O continente e as ilhas numerosas
Com festivaes clamores o celebrem.
Do palácio dos astros
Desce o Rei do Universo,
Em mysteriosa névoa
Inda seu rosto immerso...
Que lúcido apparato, que riqueza
Cercam seu solío augusto! Da direita
A justiça o sustenta ; e a sapiência
Doutro lado a belleza lhe realça...
Pgalfflui David quando terra
ejus raUluta esl (•).
(]) Dominuã reptavii, exulitt
íerrm, lettentur intvim multa.
{t) Nuket et câligo in eireuilu
r/f/f : Justitiã , et judicium cor-
recHê teéiê ejut.
Mas qual aterrador globo de fogo
O precede, vibrando
Mil coriscos, e a cinzas reduzindo
Seus inimigos pérfidos!...
Que 'spectado pomposo se apresenta !
Como o susto nos ânimos se augmenta !
(3) Tgnit ante ifnum prmcedei,
et ittflammabit in circuitu inimi»
cos ejut.
Enluctam-se os ares densos.
Subterrâneo rumor soa;
Rompe o ar trovão que atroa,
Espantoso é o fusilar.
(4) lUuxentnt fulgura ejut ar-
bi9 terrm : vidii^ et commota C8t
term.
(•) Eito pialmo, do qual tt pinU com Tirai cores a vioda de Deo» ao mundo para
ajadar o seu povo e julgar ai iniquai acç9et daquellcs que o tinham opprimido, nSo tem
titulo no Hebreo nem nos melhores códigos gregos ; o que se lé na Vulgata é dos tempoa pos-
teriores, e pode applicar-M tanto & pacifica posse do reino depois da morte de Saul, como
ú liberdade restituída ao? caplivos em Babylonia.
326
Toda a terra se allumía,
£ estremece de pavor;
Ante a face do Senhor
Veem-se as rochas estallar.
(5) MúrUes siculeerafluxerml ComO a COra expOStS 80 fogO
à faeie Damini, à facie Domini . . , , ^
•miH9 ierv. As montanhas se derretem,
Medonhos ecchos repetem
Sons que fazem desmaiar.
(6) Jnnuntiaverwni cmU ju9ti^ Ânnunciam OS ceos sua jiutiQa ;
IfVifft ffiif, et 9idenmt omnes vo- « ^ . ■% ^ ^ j
puii gloria ejuê '^ E ss naçSos ospantadas TerSo todas
,a 3;ír:rí;*^r^:; Com q«e glon. e podèc «^ .pp«ece
in nmvUeHt muíí. q gQpremo Juii quo á tenra desce.
(n) jédúrúíe eum omncs Augeii Vds testemonhas oelostes
«yi/f, audivit^ et latalu ett Sion* —. ^^ •! ^ «• •
Dos «ttabutos dif mos,
Anjos! tecei vossos hymoos»
Vinde^o no mundo adorar.
Sião, que ouvío reverente
Que a esperança se cumpria,
Banhada em pura alegria
Já começa a respirar.
(9) Et exuitmierwu jditt Judte As Slbas do Jttdá, que tristemente
wrepUr judicia tua. Dçmine, ^ ,.
Suspiravam, em coroâ exultaram;
Certas da rectidão dos teus juízos,
Ó meu Deos! já descançam:
Vieste ao mundo, e em tio ditoso dia
Se extinguio a injustiça e a tyrannia.
(10) Qu&niãmtuDomintis0itit' Abrange a terra inteira o teu domínio,
cxaUátuM tê 9uper mnes Deot. v^ omguem póde além do que tu maiwas.
327
Numes e Reis te cedem»
As tuas perfeições todas excedem.
Almas puras, vós que amais
O Senhor, o Sér perfeito»
Expulsai do vosso peilo
A meiíer sombra do mal.
(11) Qui diligUit DmHinum,
odite mulum: cuit&dit Domimts
anima» tandúrum Muoruin; de
mmnu peccatõrit liòerabit com.
Deos, qne os seas fieis defende,
Quebra as ferros passadores
Que na mSo dos peccadores
Preparam gcripe fatal.
EDcapellem-se as nuvens trovejando»
EoDoiteca o universo, o aol se apague;
Por bebida nos daem fel ou veneno;
Seoipre luz para o justo o cea sereno.
(18) Lux •ria etl Jutio^ et re-
eti9 tordt ImUtiu.
Justos, goiai da alegria
Que DOS ânimos derrama
E!sta doee e ardente cbamna
Que acceade o celesle amor :
(13) LaUuniniJíutiinDomiH»,
et eoí^fUentim memoriíg êmctificã'
tiêni» fju$.
G>nfe88aí de Deos a gloria.
Todo o vosso sér o exalte;
E não temais que vos falte
Dos bens o supremo Auetor.
328
PSALMO XCVII.
Psalmus ípsi David (•).
(]) Cttntate Domino Cênlicum ilANTAI« PoVOS, em mCtrO deWSado,
Do Senhor a justiça» a roíserieoraia.
Já que tantas maravilhas
Elle obrou por nos salvar:
Sdtaí suavíssimas vozes
E nSo cesseis de cantar.
(2) Sahaíi êiòi dexiera eju$. Da sua dextra a salvacio deriva,
et liraehium »anctvm,ejti9. -^ ^ i
heu sancto braço os corações captiva.
(3) Naíumfecit Dmninut talu^ Ao muudo dociarOtt UOSSO rCfigato;
tare murm, in eontpfciu gentium
reveiaoit juêtitiam iuam. Na prescoça das goDtes assombiadas
Revelou sua justiça,
(4) Reeordaiuê eit miiericordim Fcí monifesta a Verdade;
tuw^etveritutiêtutedomui Israel, -r. nv
E, d Israel condoído.
Recordou sua piedade:
(5) ridtnmt omnet terminiter' Coustou Quanto era Doos justo e cleiueote
ra taluture Dei noitri.
Do norte ao sul, da aurora ao sol csdeote.
(6) Jutíiãte Dep pmniê terra, A terra uiteita jubilosa cante ;
emUatc, exultaíêj et puMUe. i i •
Ck>m accordes e doces instrumentos
Festejemos este dia;
(7) Ptallite DoniiHú in eithmra. Siga a iyra 08 UOSSOS hjOinOS,
tu ciihara, et v9ce ptalmi : in tu- „ , .
biM dwtiiiòuê, et voee tuba cor- Trompas, Oautas O psalterios
nem.
Rompam os ceos cristalinos:
Em concerto geral a Natureza
Do peito expulse as sombras da tristeza.
(•) CoDlioiíft O mesmo argumento dos dois precedentes psabnos \ com a differençt po-
rém de que no antecedente parece que fe exprime no mais recôndito sentido a segunda vís<íb-
e neste a primeira do paciGco Messias.
329
O Senhor veio á terra; vem salvar-oos:
Perante a sua face, os seres todos
Celebrem sua presença:
Revolva-se alegre o mar,
E nas ondas brincadoras
Vejam-se os peides saltar:
Da terra oa mais remotos habitantes
Sejam deste festim participantes.
(8) Juòilãiê in £9nspectu Regit
Dmmm : m^vetdw maré, et pte»
tdímdú ejue^ orkU terrarum, et
fui kãòitmit in eo.
IrSo correndo e as margens refrescando
Os rios; seus crístaes mais puros brilhem;
Serpeando alegremente,
De novo alentando as flores,
A seu modo vSo tecendo
Ao Seriíor os seus louvores:
Espalhe-se a alegria sobre os montes,
Noa valles corram mais serenas fontes.
(9) jPItfMIfM pimêieui NMMII, f I-
mmI NMiilet exultabumt à ctÊupe-
eíu Dmiimi : fumUam venit Juéi-
c9Te tertWH»
De um tal contentamento a causa é clara:
O Senhor desce» e vem julgar a terra.
Gessa a funesta incerteza;
Julgará como Deos julga ;
E sobre o orbe terráqueo
A justiça se promulga :
Povos que victimava a atrocidade
Julgados só serSo pela equidade.
(10) Judicabit orbem terrmrum
injuttitiã, etpopiHUt m aptitãie.
830
PSALMO XCVIII.
Psalmus David. («)
(1) Dominuê regwwit, irãtean- l/Al AM DOT teiTa OB Ídol06 qoeliradoSy
tur pepuli: çui $edet super Che^
ruiim, moveaiur terra. Tremam raitosas BÊ e0tttltas gentes ;
o Deos que sobre OB Cherubins se MseDta
Reina entre nós: a terra
A seu aspecto toda se eonamova;
Sua lei sancta a pax nála reoot».
(2) DonuMuinSianmagnui, et ComO em SiSO magOlfitO» potettle,
exeelsui tuper onmes pomuloe. _ , . i . •
Sobre todo o vivente predomina!
Que grandeza ! qu« excelsa nagestade
Aos povos apresenta!
O tempo sua gloria nllo consome,
Nem seu nome, maior que todo o nome.
(3) omjííeúniur wmini tM ma- Tenívcl» saocto 1 Via sempr« a Jnstíta,
gnú, quÊiíittm terribile et ganetum ^ -- , , , ...
Cf I, et hêiior Régie judieium di- A Verdade, 8 booceociay que 6 deleitam,
'^' ' Ornatos de seu tbrono, trrampliaDda.
Ab! ^Qto sSo
Teus súbditos» Senhor! Quaila ventura
Teu sceptro d'equidade Ifaes segura!
(4) Tu parãtti direetwnet : ju- Rectissimos procoitos preparando»
dieium et jvetitiam in Jacoh tu ^ _ , . , .
fecitti. O mundo co a verdade esclareceste»
E 08 povos de Jacob» que te esperavam.
(5) Exaltate D^minum Deum PoVOS agradocidos»
fiMlmm, et adorate scabelium 1*^" « . . o • • j
dum ejue^ qiwnimn eanetum ett. Exaltai O Scobor» O DOOS picdoSO»
Sempre aos seus compassivo e generosa
(*) Sogae o mesmo Bri,'uiuento ; mai no Hebreo dÍo se lhe acha titttlo.
331
Prostrados adorai seu sólio augusto ;
E a terra que creou, que sanctífica,
N'um templo immeDSO toda se transforme.
Este Rei portentoso.
Estável» sancto, justo, celebremos,
Por quantos bens nos dá graças Ibe demos.
Assim Hoysés e Ârto» seus sacerdotes»
E Samuel com elles» kifocaram
Sempre o seu nome; attento oa escutava:
Com ceiesles orac'los» .
Da columna de nuvem que erigia.
Aos seus fieis amante respondia.
áêiHut ^9, tt Smumtl imttr «m,
fui íiw9€aU mmen ejus.
(7) ÍHvêcaktuU Dmmnmm^ et ipãe
eMmiiebai «m: tu cÊhtmiim nuòi»
hqmekawr ãd «ff.
Reverentes guardaram aeua preeettoi»
As cer'monia8 preseriplas observando:
Meu Deos! oa seaa suspina te enviavam»
Bem que a huma» fraqueza
Altere a perfeição doa sacrificios,
£ assaz não corresponda noa beneficies.
(8) C9ãt9ÍkhÊmf UilimÊMh rfuã,
et prexeftumy fuod éeéU iUi$.
tidimfenthneê ewum*
Deos Senhor nosso! apesar disto» ouvisle-os: (9> Dwumneuetmuir^tnesí^
Aos teus servos propicio sempre feate ; fuitu Ht, et «ícimcm tu «mm*
A perfeiçSo suppríste» com piedade
Corrígiste-^lhe as bltas;
O frágil barro entlo purificaste»
E generoso oa votos lhe acceitaste.
Exaltemos o nosso Deos» subamos
Ao sancto monte de Si9o» gostosos»
Para adorado; alU guarda o thesouro
Da sua sanctidade;
AlU se manifesta a sua essência»
E de seus attríbotos a excellencia.
(10) BxãUãU Domimm Dam
n#f IriíJfi, et méõrute m we^Ue «mc-
tê ejui, quonimn êãmtttê Demému
Deve netter.
332
PSALMO XCIX.
Piftlmus in confeiiione.
(1) JMIãtê Deo êmnÍ9 terru,
servite Dcmin» tfi IwHHa.
Hymno de hmvor e agradecimetUo,
i
ODO aquelle que respira,
E em sea sêr uma alma encerra.
Solte suavíssimo canto»
Âlegre-se toda a terra;
Em transportes de alegria
Sirva o Senhor noite e dia.
(8) fntrêiie in eonspeein ejus
in extiUifêimte,
Em ooncèrto harmonioso.
Que a melhor musica vença.
Contentes, medindo os passos,
Entrai na soa presença;
Alli, de amor transportados.
Entoai hymnos sagrados.
(3) Seitéte^ fumumm Dmmnns
ip9e't9% Deut: ijne feHt mt, eê
fMfi ipii n9i.
Sabei que o Sêr adorável,
O Senhor, é nosso Deos;
Que nos creou, e que somos
Todos os humanos seus:
NSo Tomos nós que nos demos
Esta existência que temos.
(4) Pojmlfff ejus, et otct pat-
cvw e^9 introiie portã9 rjv9 in
confe99Íotiey tUria ejus in hymniSf
conjitetnini ilti.
Povos do Senhor, rebanhos
Dos seus pastos sabcHtMOs,
No seu templo e em seus apriscos
Entrai cantando gostosos;
Quaes inspirados videntes
Oflertai-lhe hymnos cadentes.
333
Nas campinas perfamadas
Peias mais cheirosas flores
Sea oome saocto celebrem
Até do bosque os castores:
Qoanto é suave o Senhor!
Gomo é doce o seu amort
(5) JUnutãie nêmen efu$, çu»-
fiMm ttfflVM est Dominui: m «<er-
nuffi miterieordia ejui : ei u$pie
in generatimum^ et gemerêHtnem
veriíãs ejíiã.
£ sua essência immutavel;
Com misericórdia e verdade
Ás gerações successivas
Prova a sua eternidade:
A pompa da Natureza
Do que diz prova a certeza.
PSALMO C
De^ Daoid.
Plnlmnf ipti D«?lcl (•).
Ml
S*BIGORDU e justiça é o nobre assumpto (l) Miêerieardmm, etjudieivm
Do meu canto, Senhor! Em doce metro
O teu nome recordando.
Qualquer diverso motivo
N&o irei jamais cantando,
Em quanto respiro e vivo:
Elle me abre a carreira immaculada (S) Puaimn,etinieiiigaminwa
Por onde vou buscar-te : ah ! quando, quando
Virás dar-me a ventura desejada!...
Serei digno, meu Deos, que me confortes? (s) PermnMãbmn in innêcen-
(») SimSo de Muit chama a e«le paalino — O etpelho de Principei -*- .
334
tia carpis mti; in mtdh iêmuM E meus tremulos pttssos na ionocencia
'"'* ^*^' Compaaávo me dirijas?
Euy no domestico enleio.
Vou» de paciência armado,
Oppondo ás paixOes tim freio:
(4) Non propanebam ante oeulê9 A mOOS olhoS SOrá SOmpre odÍ088
varíauian€8 0divi. Acçío mjusto ; expolsa de meus lares
Se ha de ver sempre a gente criminosa.
(5) N§n Mdhaãit ndhi mr pt^ Meu coraçâo repugna depravados,
fuNi ro^natceAoifi. Nem quoro conviver eom libertinos;
Por mais iamosos que sejam.
Nem sequer desejo v6-Ios;
A polidez nSo me força
Nem menos a conhecê-los:
(6) iMr«A«fiim ttcrttê praxi- Pois so trahíndo o próximo, revelam
m mo, Aime peneguebar. g^^^ ^jj^^.^ !... Em mim tal magoa excitam.
Que em vio contra o castigo se acautelam.
(7) Stip0rk9 ócuu, ii inMf/cWit Os quo olham com desdém, os que orgulhosos
Aspiram sem virtude a prémios altos,
SBo esses os que despreio;
N&o lhes consulto a vaidade.
Nem como á mesa eom elles.
Nem lhes soffio a sociedade:
E tanto o seu aspecto me nausêa.
Minados de uma sede ambiciosa.
Quanto o dos bons me agrada, me recrèa.
(•) o imperador BaBÍlio, na sua parenelica ao filho Leão, dia : VirttUy mm prim-
eipatu, mmUque ãÊtet^rtíítte praitmUior e»t. Si ergú dignitate quidem relifidt frmHêt
Miiiiàtit, virtute autem ab aliis pracelleris, Imperator non m, ima mlteriui imperi» «*•
deris.
(••) riri jutii iint tibi coiimvw, dii o EccIefiarteB, c. 9. y. «S. E Séneca a propeáta
na epist. 104. Hwrebit tibi avorttfo, qmmdiu warOf iordid&fue eanvixeriã, Hmrebit im^r,
quamdiu eutn sitperbp c^nvarMéerit»
335
Nos mansos» nos fieis que o Estado adornam.
Os meus olhos se empregam coin deleite;
Esses vSo co' a luz divina
Em caminho bem trilhado;
Sio de quem confio a Tida,
Quem ponho junto a meu lado:
Longe de mini aparto os maldizentes»'
Os suberbos, os falsoa» oa tjrannos.
Que compromettem sempre oa innocentes.
(8) Oeuli mei aifideUs lerra,
«t tedemU meeum: Mmhdãos in
9ia immaatlatm, hie mihi m/nit-
iraèat (•)•
(9) Nm hãkiUáU ttt mediê éê^
muB mea pUfaeU $vperbiwn : qui
lojuitur iniçftm, »^n direxii m
CÊmpectu oeulorum wtttrum.
Mal apontava o sol, exterminava
Co' a enérgica justiça os peocadores;
Nio deve oontaminar-se
De Deos a sancta cidade;
E delia exclui severo
Obreiras de iniquidade.
Todas minhas accSei, meu Deos, te oflTreço;
Examina a intengSo» conta nieoa passes»
Dâ-me o premio ou castigo que mereço.
(10) /» matutino ifUerJkUbom
•«MM ptetÊÍêreM ttrrm^ utâiw^er-
derem ée eiviiãte Dêmim 9mne$
úperarUei iniquit^em.
(•) Plínio DQ pimofiriço de Trujano: B»i magntficumy quêd te ãb êmni côtUagiÊne
riliúrum reprimi» «r reMoat, $ed magniJUenUuê^ qftod ívoi : quaniõ enim mugis arduum ett
aliúê prastare^ qi/am se > tanto laudabHius, qvod am ipse sis ppUmuSf omnes eirea te simi"
les tui effechli.
336
PSALMO CL
(V. DOS PENITENCIAES.)
Oralio pauperis, cora allxins fue-
rit, et incoDfpectu Domint elTii-
derit preeera suara.
(1) Domine, exaudi êratiênem
Mteofi», ei dãmêr mem má te oe-
niãt»
»
(S) iVim mertãs faciem Uwm k
me: in quúetmque die tribnkrj
inclina má me murem tumm.
Oração do pobre^ quando etíiver affitio^
e na presença do Senhor fxer
a sua depreeaçao.
o
uvE» Senhor, minhas preces.
Rompam os Ceos os meus grita;
Não me apartes dos tens olhos
Apesar dos meus delicta.
Presta-me* Senhor, outidos.
Quando affliclo e atribulado
Em qualquer dia te invoco,
Lamentando o meu peccado.
(3) In gfmatnpie die invocmvero
te, veUeiter exaudi me.
N8o tardes, Senhor! depressa
Responde quando te chamo:
Recolhe em tua mfto piedosa
Este pranto que derramo.
(4) Quimdêfeeerwiiieui/umus
áiee mei^ et meem mea rieut ere-
nUum mnterunt.
Já qual fumo se evapora
A luz de meus poucos dias;
E meus ossos dessecados
Vão tornar-se em cinzas frias
Qual combustível madeira,
Disposta a pegar-lhe fogo,
Senhor, se me não acodes
Hão de incendiar*se logo.
337
O meu coração marchou-se
Bem como dos campos berva.
Que os ardwes do sol cresta,
E só frescura a coosenra.
(5) Percuitus Aum lU fanum,
et aruit cor meum : guia obliiut
lum cemederc panem mtum.
Nao lhe dei o fresco pasto*
O saudável alimento;
N8o o nutri das virtudes
Que seriam seu sustento.
A minha dor, meus suspiros
As minhas forcas gastaram;
£ as minhas carnes mirradas
Aos meus ossos se pegaram.
(6) ^ vaee gemitut mei adhetiit
os mtum carni nu<g.
Vi?o qual o pellicaoo
Na solidão do deserto;
Qual o mdio taciturno
Que nas sombras vaga incerto.
(7) Similii faelut sum peUieano
iolitudinis : /aetuM êum êieui iiyc-
ticorax i» domicilio.
Passo a noite como passa
Sobre um tecto abandonado
Um pássaro solitário,
Do seu ninho desgarrado.
(8) VigiUm^ et/acív$tum$ieut
pasicr Êoliiarius in teclo.
Com opprobrios todo o dia
*
Me assaltam meus inimigos;
Com imprecações violentas
Os que foram «neus amigos.
(9) Tola die esprobrabant mihi
inimici ffwt, ei qui laudabant me,
adversam mejmrabani.
Heu pto misturo com cinzas,
Que mal me sustenta a vida;
E com lagrimas amargas
Confundo a minha bebida.
Tomo VI.
(10) Quia cinerem tanptam pa-
nem mandvcabam^ et potum meum
cHmfletu miseebam.
2i
(11) A façie iras et indignatio-
ftiff tuas, quia elevani allisisti me.
338
Assim passo, rccotàando,
Ó meu í)éos» à tuh Irh;
Pois essa me iíBarsÒU tiinto
Quanto ò amor \êi niè sdbira.
(18) Dies mei sieut umòrm de*
cUnaverunt , et ego tieut fteuvm
arui.
Os meus diaSs déclihárbm,
Ou como a ábmUra Turram ;
E como um Tcáo sega&o
Me yeem hoje ós ^(ie me VirUm.
( 1 3) Tu atilem, Domine^ in ater-
numpermanet, etmemoHaletmtm
in generationem et generationem.
Só tu, Senhor iiiibiftavel,
Jámâili ie attinge a mtiãançD ;
De teu nome a glória imínéi)!^
Todos os tenipòs hlctifacla.
(14) Tu exêitrgen» mherejberie
SioH : qviatempvzmUerendiejut,
quia venit tempus.
Levanta-te, Debs, A&o tiirdes.
Tem piedade de Sito;
Chegou o tempo prediéto
De ter delia compaixllo.
(15) Queniam piaeuenmt gervis
tui$ lapides ejm , et Urree efuê
miserabftntur.
SiSo, qúe teus servos èmám,
Onde só YÍvèm ségurÀs;
Ah Senhor! estendera dextra,
E reedifica seus múiri».
(16) Et timebftnt gente» nomen
tunm, Dfmiine, e amnei Rega
terra gloriam titam.
Então as toaçdés Submissas
Temcr&o leu éfóme iiáincto,
E todos' os Reis 'da fèirra
Hio de ouvi-lo 'dóm espanto.
(17) Quia adijieavit Dominus
Sim : et videbitur in gloria tna.
DirBo que o Senhor potente
A Siio ' reedificara :
E neste grande pròdigio
Sua gloria confirmara.
339
Dirão que os rogos humildes
Dos teus servos escutaste;
E gue as oracSes ardentes
Com larga mão premiaste.
Taes portentos^ ^trausmitti^
De uma idade fi oufra j^a^e*
FàrSo que as futuras raças
Honrem sempre a Divindade.
(18) Retpejií iu oraiianem hv-
mWum, ei non sprecit precem eo*
mm.
(19) SeribatUur hme in generth
tione alíera^ et populut^ qui crea-
hitur, iauâMi Ihminitm.
Dirão que ólhpu desde os Ceos
Para atcarrii coosterDada ;
Que encarou co' as iipssas qfiagoas
Desde a celeste morfld^.
(tO) Qwa jfroMpeJíU de excelso
Maneio euo: Uominus de calo in
m J I ,
Icrram aspexiL
Para escutar os gemidos
Dos captivos maneatados;
Para quebrac-^Ibes seus ferros,
Quando á morte desttfiados.
(SI ) Ut audirei gemUui eempe*
dit^rvm^ ut eolofr^t filio» itUe-
remptorum.
A 6m que seu nome excelso
Vão cont^ites celebrando;
E de Sião as venturas
Em sacros hjmnos çiHi^ndo.
(j^) Utm^mtniieut in Si^ no-
mçH P^n(m, et IfiOfAfP* fjue in
Jerutalem.
Povos e Reis congregfidos»
Por tão altos. beneficios.
Com jubilo farão juntos
Os mais purus sacrificios.
(£3) In çon9enie»do,p9p¥Ue tu
imiim, et ffgeey ut e^rviant.Do»
mino.
Para vertantQs» jfve^içspero»
Milagres d'omDÍp9tençia9
Revela-ipe quantos dias
Faltam da minha eiListçncía.
Tomo VI,
(S4) Reepandit H in via virtu-
ti8 eum : paueitãtem diervm meo*
rum nunlia mihi.
3fi •
340
(25) Ne revoeet me in dimidio
dierum meorttm: ingentrationem,
et generationem anni tui.
(26) Jniiio tUy Dominey terram
fvndaitit et opera manuum tua-
rum iunt cali.
No meio de curtos dias
N9o cortes miuha carreiro:
O que é, Senhor, a teus olhos
De um mortal a vida inteira?
Em quanto teus annos duram,
YSo-se os séculos passando;
Uma]geraç3o e outra.
Sem que mudes, acabando.
Tu já fundastes a terra,
Os altos Ceos coostruiste;
E do teu poder deriva
Quanto ha de existir e existe.
(€7 ) ípiiperilnmíy tu autem per-
ffumcf , e omnet sieut veelimentum
vcteraseent. .
Mas sobre esta vasta scena
Corres rápida cortina;
E cessa, logo que o mandes,
Machina t8o peregrina.
(28) Eí eieut opertorium mtite-
bii eoêy et mutabufUur : tu autem
idem ip$e es, et anni tui non de-
ficient.
Só tu. Senhor, permaneces
Com perpetua mocidade,
E com teus annos viçosos
Abranges a eternidade.
(S9) FiUi servorum tuorum ha-
bitabuntj et eemen eorum in ste-
eulum dirigetur.
, Dá aos 61hos dos teus servos
Ao menos um firme asylo,
Onde a descendência delles
Goze de um tempo tranquillo.
Dos pacs avalia as penas,
Sua ultrajada innocencia;
Para gloria tua e delles
It esta ura a antiga opulência
341
PSALMO CII.
itUUt
De David.
if potencias minhas, quanto anima
Este meu sêr» que sente, entende, aspira,
Bemdizei o Senhor; seu nome sancto
Inyocai com ternura:
Celebre-o toda a humana creatura.
Ipsi David.
(!) Befiêdie, anima mea^ Domi-
ntf, et amnia gvm intra me tvnt,
namini ioaeta ejut.
0
To, que no peito meu de amor te abrazas,
Que da iucreada Essência^ participas,
Âhna immortal! adora o Auctòr de tudo:
Tece-lhe altos louvores,
Nio te esqueçam seus pródigos favores.
(<) Benedic, anima mea. Do-
mina , et noti oblivitei omnes re-
írikuÈianêM ejae.
Deo8 indulgente a iniquidade absolve,
Cora piedoso toda a enfermidade.
Arranca á morte a presa, e nos dá vida ;
A innocencia apregoa.
De misericórdia e graças nos coroa.
(3) Qnij^opitiaíurommbusini'
qfiiiatiòvs tuie^ gtâ ianat omnes
infirmitatee tua».
(4) Qui redOnit de inierUu vi-
tam tvam, qui coronat te in mi'
serieerdia^ et mieeratiambue.
Deos só farta de bens nossos desejos;
É quem renova em nós juvenil força,
Bem como n'aguia as plumas se renovam;
Remonta vigorosa,
E vai 6tar do Sol a luz formosa.
(5) Qui rcplet in bom» âeíide-
rium tuum : renovabitur^ ut aqui-
/ff, juventv» tva.
Deos é quem vivifica, quem benigno
Aos que soffirem injurias lb'as repara;
E quando os prepotentes mais ostentam
Contra o fraco arrogância,
Mais lhes coarcta o Senhor a petulância.
(6) Faeien» miterieordia» De-
mina» , et judicium omnibu» in-
juriam patientiòu».
342
(7) Noia$fe€itvia9 9uasM0yti, Peohor dos bcDS que 806 homeos destínava,
JiUi9 Itrael voluntaiet iuat. «« «. > . * m. - ■
Mostroa éo f^riseo tempo seus caminhos
A MoyséSy que ensinou ao poYO hebraico
Como ao ^nhor se agrada,
£ o que prohibe a sua lei sagrada.
(8) Ãiiteraior, ei mUeriiéri !)^ Nesto codigo saMto, grandemente
seritm^s. Luz do Sonhor a extensa misericórdia:
Quanto é benigno» justo, generoso,
Quanto é paciente ;
Gmdo acode» ou castiga o delinquente.
(9) Noninperpetuuminueetur, Som qUO offeoda tXO altOS attributOS,
ticque in atemum comminabitur.
O aen kinor témnera as suas iras:
Não dura o seu enfado etertiameâte :
Adxilios poderosos
Purificam humanos criminosos.
(10) Nrní 9rcmdum pccrtíÈaneM" NSo uos tratta sogúndo oossos crimeSt
irn feeil nobiê : neque iecwidum , ...•■■
inipdtute9nú9irtt*rríriMitwbi9. Nom pfogorcioBa á nossa miqmwde
(11) Quúnimn teeufidnm altitu' A paga: maS piodoSO COrTobOTa
dinent ceelí à terra^ corrobororit o j j
miterieordiam tmm svper timen- SM dÓ» O n08 depara
Um temor sancto com que o mal Aos sara.
*
(IS) QttõHtwn dittat arius ab Quauto dísta do occaso 0 sol uasoeute,
oceidmte^ longe ftcit u mbis inh
quilatei nêsirut. Quanto distascia ?ai dos eeõs 6 terra,
Tão longe de nós põe nossos peecados:
Nos ânimos reprime
A tendência fatal que tecm ao crime.
(18) Quomodo misereiur paicr G)mo Um pac carínhoso quo defende
filiorutn^ mUerlíU esl Dominuê
limerUibuã «e : quoniam ipte co- Os SÓUS nlbOS de qUOdaS, COltlpaSSlVO
gnovit figmenlvm noilrum, r\ a % •• <•* -i t
O Senhor, que avalia o frágil barro
343
De qac somos formados*
Nofif ampara e defen^ç ij^ pecçfdos.
Recorda-se que ^pos pó; qae os dias
Do homem sobre a terra slo qual feno,
Ou cpmo 1^ floi; ^ çaoppp, qfie depr^
Se desfollia e fenece,
E aos olhps dos niortae^ df^ppoi^c*
(14) RerúrdãlUM egí, ^twiitcm
puhU tummê : home êieutfiemum
die$ eJuM^ Unfumn fl9$ agri f ic
ejffhrelii.
Transita breve p espirito i)0 corpp,
Nfto se demora, fogo como o vento;
Nem mais onde habitava reconhece:
E só sSo permanentes
Eternas misericórdias sq^re cg creqt^
(15) Qu9Hiiim 9piritui pertrant-
ibit in ilh, «I fMfi 9ubêiiiet: ti
HM €9gnoscet ampliut loewn suum^
(16) Mi$eríeordftt9utem iJúmini
db atem» , et wf fti« in «f ennun
tvjper timenteã eum.
Na geraçSo perpetua dps que amaram
A lei, que mantiveram seus preceitos.
Com que Deps qi ^rjndjMi, durp.r^i ^Jf^PT^
A jwtjs? ç bqi|d§de
Do Senhogr; supipifi fiu, sumuia verdade.
(17) Etjmmia íUíum inJUiog
filiomm Aif , qui êervani iestamen-
tum ejtu.
Exactos em cumprir e^sgs decrejtps.
Com que i|s f Imas ^ujblimen sp deljeitaç,
O Remunerador nos ceos prepara
Seu ihropo radian.te,
Junto ao qu)i] gpzficão .^e p(iz icpnsti^te.
(18) Et mem»rei tutU mmídãto-
rum iptiuti ad fociendum ca.
( 1 9) Daminnu ia ado paravil le-
dem iuam, et regnumipriusomHi-
bvi domfnabitur.
Essências puras. Anjos lumiposos.
Em virtude potentes, de seu mando
E palavra fieis ç;Kjecutores,
Uoi-vos aos humanos,
Cantai seus attributos soberanos.
(SO) Benedieite Domina, omnet
jingeli ejiu, potenteo mrtute, /a-
eienteo veròum iWu9^ md audien-
dam ooeem iermonitm ejttê.
Celestiaes phalanges, cantai todas,
(21) Henedieite Domino, amnei
344
virtuUi ejus, mitUêtri ej%is, qui Bemdizei O Seohor : tós, que sem mancha
facitiê votwttatem ejui.
Cumpris quanto Deos quer ; vós, que sem naTem
Avistais sua essência.
Sois quem podeis cantar a Omnipotência.
(22) Benedieite Domino munia Porêm Tós, quo em mais balxo e humilde estiio
opera ejuê : in omni loco domina^ _. . . - « . j
tionis eju$ benedic, anima mea, Dcveis bjmnos formar, 06 qualquer modo
Domina. ^ . i • * *
Que expresseis vosso amor e nobre mteoto,
Obras de Deos terrenas!
Soltai gratas, suaves cantilenas.
PSALMO cm.
Tpsi David (f). JD« Daxiá.
(1) Denedicy anima mea, Do- LouTA, louva, minha alma, 0 Omnipotente.
fHifw; Domine Deiu meus, m«- -.. ^ , , . ^ . ^ t j
gnificatus ea vehemenier. Oh Senhor ! ob méu Doos ! Gomo assomorado
Dos portentos, que tSo profusamente
Cheio de gloria e pompa tens creado,
Contemplo o que fizeste,
E que 'spectaculo aos homens concedeste!
(í) Confeisionem et decorem in- De gloría 6 d'esplendor te Tcvestistc;
dvisti ; amictui lumifie sieut vet' _ _ . .,
timento. De luz cmgido, em traje magestoso,
(3) Extendena calum, sicut ptl^ DeseurolastO O COO, qUO COUStruistC,
lem,quitegiiaqiii$ivperioraeju9. i • .
Como um rico docél prodigioso,
Ornado de fulgores,
E coberto das aguas supViores.
(•) Saverio Mattei dis que toda a poesia Gnga, Latina, e Italiana cede a eiis Wl»
p»lmo, no qual se oUienrani, reunidas em nm corpo com admiraTd harmonia, a deraçlo de
PÍDilaro, a justeia d'Gxpre8B0ei d*Horacio, a amenidade de Petrarcha, a mageitide d« Vif •
eilio e de Torqualo.
345
O teu carro, de DureDS fabricado,
Quaes velozes caTalIos poxam Tentos;
Qieío de magestade, ahi vais sentadoí
Correodo como correm pensamentos;
Ostentando a excellencia
Da tua immensuravel Providencia.
(4) Qift pêmt nuàem ãietnsum
tuum^ pti amhUoã êuper pemu»
ventorum.
Aos Anjos» que executam quanto ordenas.
De 'spiritos lhes dás a natureza,
A vehemencia do fogo, e as leves pennas
Com que os Euros ostentam ligeireza:
A tua voz escutam,
E n'um momento as ordens executam.
(S) OntifaeiM AngeloêtuúM.ipiri-
tut^ et tnini9Íro9 Iiim ignemurtfk-
tem.
Com forças encontradas suspendeste
No espaço a terra; e finne irá durando,
Em quanto a lei sublime que lhe deste
Por séculos se for manifestando:
Nem esta lei varia,
Nem nunca a terra delia se desvia.
(6) Qiêi fundaeti terram svper
stabiUtútem suam t nem ioMuéi^
tur in Mieeulum iweuti.
Ao principio, qual veste, o mar cingia
O globo todo; o monte levantado
Co volume das aguas se encobria:
Mas tu. Senhor, mandaste, e com teu brado
Para logo desceram,
E á voz do teu trovSo estremeceram.
(7) Âbytene^eievMveetimenltmm^
ttmietvs ejttSf tuper mêtttee tto-
btmt aqtuB»
(8) Jhinerepaíiaiu tum/uffimU:
à weee ienitrmi tui fermidêHmt,
No lugar que ordenaste appareceram
As montanhas, de aspecto grandioso;
Pelos campos os valles se abateram,
E um termo o teu preceito rigoroso
As aguas poz : pararam ;
E roais cobrir a terra n9o ousaram.
(9) Jecendimt mentee^ et dee^
cendtmt eampi, m loeum, piem
fundatti cie.
(10) Terminum poeuigtí, quem
ntm transgreifientitrj ntqtie eoU'
vcrtentur operire ttrram.
346
(II) Qui emUiitjMes iii fm- Peio seío ájos mQRtes ^em Sltvaado;
vnUtkHs : tnkM médium montitim „ ^, , j ., ^„ -u^.^.^
VBo do centro doa yalles i^beatii^o^
Por ordem tua em fei4e9 tvanssIorQft^l»:
Tea poder \tm conceda
Com que tpdo o auimal apague a s^e.
Irá refrigerar-^ uflvi campinas
O reptil, o yotatil, o p^d^tre.
Bebendo as fre^ca^ éguas cri9tailíqia :
O bruto pnagrq, ri^pido, sUffistre,
Alli TÍrá ^euto,
Certo d'apaxiguar o seu tormeuto.
(13) Sttper ea «•Itrrtef tmli hç- JuDtO aO ribeiro plaCÍdo, OfS g|^b|9
èuTv0Íem. "^ '^ ' Terío morada w ayes aoopy^Mf ;
D'eDtre an folbaa do bosque, oa pieohas bni
Soltarão as caocòes melodiosas;
Recreandp a eaipesiara,
£ joviaes gosaudo da rrescpra.
(14) Wgãna mmUi ée snptriç' Fazes baiur ds^ i(uiyeDS a humidade;
rtZ Mtuiabiiur terra. E OS fruclos com quo outres 0^ viveole»
Obra sSo tua, e nossa utilidade:
(15) Pf9dMeen$ fmnum jumen- Díè feoo aos aqímaes, O dás semeot^
tis, H kertam urviUUi Imunum, ^^ ,^^^^^ ^^^^
Que as aproveita activo, industrioso.
(16) ut eáueae panem ée terra, O seu trabalho a terra lhe compensa;
et ^num UUifi^t eer H.nUMe : ^^ ,j^^ ^^^ ^^^^^ ^ .^^^ ^,^^^^^
Com que cessa a tristexa, a indiPreota
(17) vtexhUttreifaeUmineieo, Em quo so abysmam hoiMns pei|;uico9€
ei pa^U cer h^née amfirmet. ^^ ^^^j^^ ^^^^
Lhe amacia, lhe adoça dores graves.
347
As nríadas plsirtas alimentas»
Meu I>90»t ereaste a scÍTa aniniadoni:
Com folhas, Oate^, friietos aocreicent»
A riqueza âa leirra, |Wé<hiclora
Dos troDCoa que formaste,
E dos eedros Libaneos qat pltotaste.
SÊÊMnèuwim' Upim cMyt,
(18)
<l eiàri Ubmd^
mu fãtêeres
U:
Os pássaros farte alfi seu oinho;
E a cegooba, dos mais domiiiadora»
Dos astros quererá po*^lo Tisíoho:
A moDtaDha é dcis cervos |mteclora«
Mora a lebre nas moitas;
Todo o mente nutres, todo acoitas.
(19) Hercdii d&mut iux est c#-
rumy mmUei exeelri eervis^ pftra
refugium herinãeiif.
To fizestes a Lua, esse astro lindo^
Para os tempos marcar, e vir sereno
Alegrar-nos, á noite presidindo:
O Sol ctMSte, « Sabe ao teu aceno
Sumir-se no occidente.
Ou vir brilhar de nOvo no oriente.
(fO) Fttii Immm *im tempera:
Fizeste a noite, as ténebras fizeste;
E nellas peles campos vagam liaras.
Que CO ftfmínlo instincto que lhes deste
Pedem rugindo o pasto que Hies deras;
As presas vSo buscando,
A ti mesmo o alimento deprecaado.
(ti Púiuim ieneènu, W/wto
if$t ««r, im if9ã perirmuihÊtU
(8S) CmMí leofum rugifntei ,
ut rapittfU^ ti pimrmU k Dtê e«-
Mas qâando voUa o 'dia, congregadas
Estremecem da hiz, e se retiram
As cav^smosas ríspidas moradas,
O faror eccirftande que respirara:
O campo socegado
Permilte ao lavrador pegar do arado.
(23) Orim t$t Sbf, et emtprr^
§mti eutU : et in euHlihtt suie etl-
lecaàiíHlur.
348
(94) bmíòu ikmnp aâ êfu9 tmm. De moDhã volta a seu trabalho a gente ;
vesperum, Forças jhe dás até qoe a noite desça:
Premêas com fartara o diligente» *
Para que o pobre e fraco olo padeça.
(S5) Quatitmagnificataiuntope' Oh meu Doos! qae graodeza
Ittfl, Domine! omnia in Mpientia '
feciêti : impieta est terra postca- Em tous fèitos DOS mostra a Natureia l
sione tua.
Com sapiência tudo edificaste;
A terra de teus dons toda está cheia:
(26) Hoc maré tnagnum, et ipa- No mar, do qual OS braços alargasto,
tiotummanibus: illicreptiliayçuíh •ia
rum non e$t numerus. E qUO OSpaÇOSO O riCO DOS ItHiea»
Que multidio de s^es
NSo cooteDSy Dfio cousenras como queres!
(S7) Ammalia putilla eum mw
gnii : iliéc naveã pertransibunt.
Grandes, pequenos, animaes diversos
Sem número lá moram, lá propagam»
No liquido cristal vivendo immersos:
As magestosas quilhas no mar vagam;
As ondas retalhando,
IrSo de um polo a outro navegando.
(23) Draeo itte, qwmfêrmãtti Briucaudo c'os abysmos, alli mora
ad illudendwn ei : omnia à te es' ^^ , j j • * jx^*
pectanty vt deg iUii escam in tem^ ^ tremendo (Lragao, a quem ser deste
^^^' Para zombar das ondas, que devora:
De ti todos esperam, Pae celeste,
O sustento saudável
Que lhes faça a existência perdurável.
(S9) Dante te Hlà , solHgent ,
aperiente manuin tuam, omnia itt^
píebuntur honitate.
(30) Aver tente aulem tefaeiem ,
turbabuntur : auferes spiritum e#-
rtfm, et deficiente et in pulverem
8uum revertentur.
Tu lh'o dás; aproveitam teus favores:
Se abres a mio, mil bens togo derivam
De ti. Senhor. Porôm, se os peccadores»
Ingratos, destes bens em fim se privam ;
Se irado, furibundo
Voltas a face... treme, cessa o mundo.
349
^0 prímitÍTO pó tudo se torna,
Foge o spiritOt a vida desfalloce;
Um locto acerbo o globo desadoma,
E tado a um sopro teu desapparece :
Has se o contrario intimas.
Tudo renovas, tudo reanimas.
(31) EmitUt tpiriíum Ittttm, eí
ereaíuntur , et renottàU faeUm
terne.
HYMNO.
Demos gloria a Deos sem fim.
Perpetuamente cantemos;
As maravilhas que vemos
Recrêem seu Creador.
(39) Sit gloria Domini in <ér-
culum : Iwtttbitur Dominui in úpe-
ribuê ivú.
Se olha para a terra, treme;
Se toca os montes, fumegam :
Todos os seres se entregam
A seu doce e sancto ardor.
(33) Qyi retpieit terram, etfo'
eil eam tremere : pti tangit mau'
tety etfumiffmã.
Cantarei seus attributos
Em quanto a vida me dura :
Cante toda a creatura
Portentos do seu amor.
(34) CVmlato OmiM# in vita
fmUam Df wteo^ qtimmdiu
sum.
Seja-lhe grato o meu canto;
r
Só cantá-lo me deleita,
Se o Senhor benigno acceita
Meus hymnos em seu louvor.
(35)* Juctmifiim sit ei elúprium
meum : ego verá deUctabor in Do-
mino,
Fujam da terra os malvados,
Cesse no mundo a malícia;
E seja a nossa delicia
Celebrar sempre o Senhor.
(36) DefieimU peecatoreM à ter-
ra, et iniquif ita ttt non Mint : be-
neáic anima mca Domino.
350
PSALMOCrV.
•>VBeiuia (•)• Hymtio feaical.
(1) Cof^emim DmUm. et in- UtORiA 8 Dcoí! loTocai «eu saDCto ooHie;
rçenre7^':juT'^'^''^ As magnificas obras de seu braço
AnouDciai aos povos ;
(«) Cmtau «, êt piMite et: • Componde alegfcs hymnos,
narrou innnia mirMlia efu». ç^ ^^j^ ^^^^^ instrumentos
Segui a narraçBo de seus portentos.
(3) Laudamini in númine smitío Exaltondo seu nome, gIoriai*-vo8 ;
eju$ : Iwtetur cor quarentium D»- ^ . , j i^ •«
ntinum, Os corações se inundem de alegria
Dos que >ao :Senbor iproonBDi :
(4) Quwríte 0Miifiivm, tt c9<i- Alentai Tossasialmaft;
fij^.mjni: ^^ie /.cím eiu. ^^^ ^ ^^^ serois . fortalccidoS,
E ao clarfto de seu rosto» esclarecidos.
(£) MmmêúíemirakHiumfjui, Becordai assombrsdos seus prodígios:
tia Jriê efuM. Como O seuiiDaodo as Jeis da .Natinflsa
«
Submissascse dobraram !
Que difilanws sublimes
Pronunciou aos homens» revelando
Os caminhes que aos > Ceos t bos . vio ' leTando!
(6) Sémen Jbraham tervi ejui : VóS, SOrVOS do Scobor» SlfaoS do ÂhHk),
juii Jaeoè eircii ejui. jj^ j^^^^ descendontes, e escolhidos
(7) Tpte Dominvi Deut notterf Do UOSSO DcfOS piedoSO !
•" ""•■•"- "^^'«« '^ ManifertM na .terra
Os argumentos do da soa «sseocia,
Do seu saber da sua omoipotencia.
(•) Nu liy. 1. doi ParalipomeBM, c. 16. v. 8. te atterta que David eompa ^
psalmo para a tratladaçílo da Arca de caia de Obededomo para o tabernáculo cm SiSo.
351
Sempre a sua aliiaoça tem presente;
Da iniaHíTel pakMrra se recor^
Qne por séculos tantos
Hil gerafões attestam :
Qoe disse « Alirlo, e Ik do ethereo csseMo
A Isaac coofirmoQ com juramento.
(8) MemÊT ftiU in tmeulum tes-
tmmnií nd : ircrM, fiMrf mmiámrit
im miUe §enerdíÍÊinet»
(9) QÊiêddispêÊuitãdjikrãkãm^
ei Jtirmmenli ãtti md Jmmc.
Juramento ^sagrado, tniúsmittido
Quasi em lei a Jacob^ depob fixado
Entre os Isi^elilas
Como penhor sublime
l)fei piedade de um Déos amante e temo,
E confYértidb em pacto sempiterno.
(1Q> SI «tofirtt iUmd J0ett i»
prmerplum^ et iãfmel in íeMimmtn-
tmn atrrnum.
«Eu ttt deu (disse Deos) em propriedade
De Canallán a terra» como herabça;
GòzaiHi, repartindo
Os seUs rertftís contornos
Entre vós; bem que pingue eite terreno.
Vós estranhosi e povo tso pequeno;»
(ti) Diernt: 'iHi éèkê íèrmm
dMnÉifi, fàtêienlum kmreiit&iit
teHrm.
(18) Cvm egMetU numerú hreeí^
pãueittimi ei incaim ejuê.
De naçSo a^na^oittanda que passe,
De reino gratulé a ém pdVo d^emigrades;
Mas Qtai povo escolhido
Que Dèds^aAià e pnotege :
A jinírais offendê-lo a gente obriga,
E se o éff(6ndem Reis, os 'Reis caUi|ga.
(IS) KlptrtnmÊ^fwiideffenie
im §etÊtem^ ti de re§H0 md fffw-
ium aUêfmm,
(14) Nmi reliptH kommem Ma-
cere eiãf eteorrifuiifrteitregeê.
— «Prohtbo que seitasdltem mtíos wgidos; (i5) Noute longere ehriêt&9
r\ ^ t\^ 'u.-! i^^« mèõêf ei in pnmkeiiê meie ntlUe
Que se^teurmure cbnti^a meus* propheiàs, mãUgnãri.
Que conferem comigo;
A ^em de luz celeste
Os raios lumitiosos eommunico,
E em clara voz oráculos Ih* explico. »
352
{16) Et9oemitfamemntperíer' Bradou do6 Ceos, chamou a fome á tem;
roÊtu ei onme Jirmãmenlum pani» 4 ^ 1 1 « «
contrivit. Arrazou todo o cbfto que milre os homeos:
Da lei os transgressores,
PalUdos» semivivos»
Aterrados vacillam, nlo respiram;
Desfallecidos caS, e logo espiram.
(17) MiãU tmie êoêvhrum: in Adiante alU manda um hooiem raro»
Vendido como escravo» desprezível
Aos olhos dos humanos:
■
(18) Humilioventntincampedi' JoSCph» pobrO» humilhado»
busped€teju$:/errumperíranHit /^ 1 x *. 1 a j-
awmam ejuã : donec veniret ver- tiOm Draga aos pés» tem a alma trespaswa
*"" '^^' Té se cumprir de Deos a voz sagrada*
(19) mcquiwn Dêmim inflam- Com 8 lei do SonhoT» em sancto fogo
mãvU eum : miãii Rbx^ ei sotvit - . .. * • . • n
eum ; prinerpg popuiarum, et dê- ^^ ^XÚVBí O COraC&O : IgUOtO inllUXO
Fez que o Rei o soltasse;
Que o Príncipe dos povos
Nelle indicies celestes observasse»
E apesar da calunmia o libertasse.
(«0) CúntUàmi tmm Demmum De SOU rogío palacio» sous estados
é0aw8 MMv, et printípem ommU a t\* a a**
poêtettionii iva:, Supromo Dircctor o constituo ;
(8) Ut erudiret prineipeM ejtu, Para qUO SeUS OXemploS»
ticut ãemelipiumy ^t senei ejuê o ,.^3 • •
prudeniiam doeeret. Scu methoda e SCieUCia
A seus grandes instrua» e ver lhes laça
Que ignorar e ser grande é uma desgraça.
Os semi-sabios» peste dos Estados»
Os .moços sem principies» presumidos.
Aspirantes aos cargos;
Os velhos que reputam
Cans por estudos» annos por sciencia»
Quer que aprendam dictames de prudência.
353
Jacob, que tioha entrado já no Egjpto,
E na leira de Cham peregrinado.
Do Seniior protegido
Tanto augroentou seu povo.
Que aos próprios inimigos excedia
Em gente, em robustez e valentia.
Destes os corações se amotinaram,
E contra os dlsrael em ódio ardendo.
Com mil traiçSes e enredos*
Tyrannos os vexaram.
Deqs seu servo Moysés entio Ih' envia,
E A rio, que sacerdote este elegia.
Poz nas m9os destes homens seijs milagres;
E na terra de Cbam com mil prodigios
Confirmou quanto disse
O Conductor do povo;
E os insultos dos feros inimigos
Cohibio c'os mais ásperos castigos.
Apagaram-4e os astros luminosos;
De trevas se cobrio a terra toda:
As aguas escorreram
Convertidas em sangue;
Os peixes aturdidos se esconderam,
E nas cavernas lôbregas morreram.
Assaltaram as xis os aposentos.
Do próprio Rei as salas magestosas;
Importunos insectos
Em cardumes ferinos
Por toda a parte os homens insultaram;
Fructos, plantas, e tudo devoraram.
To.irc» VI.
(tt) Ei ifUrmil Itruel m jEgp
pium, et jMCêò aecêim/uit in terra
Cham.
(«3) Et mtxit populum ettum ve-
Kementer, ei Jirmavii eum êuper
ihimicot ejut.
(«4) C9tnertiteoreprttm,uioai^
retU pepuium ejtu, et dolum/a^
€erent in êercúg ejuê
(Í5) Misit 3ívyiem sertmm
êuum, jíaron, queia eUgit iptum.
(«6) /Vniíf in eh verbn eignn^
rum ãuontm tn terra C^am,
(S7) Miêit tenebras^ n oÒMeura*
vit: et nam exoeerhtmt êermoneg
ãUúã,
(88) Omvertit aquat eontm tn
•angfiinem^ etaceidiipieeeteúrum.
(«9) Edidit terra eortim nman
in ptnetraUbuê regum ipicrum,
(30) Dixit, et venit emomgia,
et einipheê in omnibuã Jiniòue ea^
rum.
23
354
( 3 1 ) Posuit pluviãt eorum gran-
dinem, ignem comburenteminler-
ra tpsorum.
(32) Et percussit vineat tpto-
rum, etjieulneat eorum, et con-
trivit lignumfinium eorum.
Trocaram-se em saraiva as férteis chuvas,
Fogo devorador choveo na terra ;
Crestaram-se as figueiras,
Dessecaram-se as viohas;
Em pedaços os troncos estallaram,
Os vegetaes viçosos se marcharam*
(33) Dixit,.et venit i&euãta, et Chamou sobre as searas outra praga:
bruchuM, eujui nan erut numerus. ^ » . , « .
Gafaobotosi lagartas devorantes
(34) Et comedit omnefanum tn
terra eorum, et cemedit omnem
fruelum terra eõrum.
Sem numero vieram ;
Acometteram todo,
Os pastos pingaes todos consumiram »
£ os fructos que os pomares produtiraro.
(35) Et percustit amne primo- As primicias do amof, OS primogenítos
genitum tn terra eorum, primitsat ^.^ , i i« .
omuit laboris eorum. iSSo quiz poupar 8 coicra dmoa ;
A vingança celeste
Nos coraçdes maternos
Fartou-se : a magoa em vão ha de achar cores
Com que debuxe a imagem destas dores.
(36) Et eduxit eot eum argento,
et auro, et non erai in triòubus
eorum infirmua
(37) Lostata ett Egyptue inpro-
fectione eorum, quia incubuit ti-
mor eorum luptr cos.
Deos em fim da oppressUo em que gemia
Israel libertou. €om seus tbesouros
Sãos e salvos do Egypto
Os retirou piedoso.
Desta ausência os Egypcíos se alegravam,
Pois já do povo a força receavam.
(38) Expandit nubem in protec O Scnhor estcndco, para encobn-los
tionem eorum^ et ignem, ut ivrf- mr jí • :i «. ^
rct eii per noctem. Na fugida, uma nuvcm portentosa;
De dia era um véo denso,
E luminosa á noite:
Para achar o caminho com acerto
Lhes servia de (ocha no dc5crto.
355
Se alimento pediam, logo os ares
De gordas codornízes se cobriam:
Âpplacaya-lhe a fome,
Fartava*ihe o appetite
Com manjar qae do ceo lhes remettia,
E a sede com milagres Ih' extinguia.
(39) Peíierynt, et venii cútur*
««r, cl pani oali saturavit e^t.
Uma rocha quebrou Moysés oo' a tara.
Logo abundantes aguas dimanaram;
E no árido terreno
Bébentam fontes, rios:
Deos recorda a promessa que fizera.
Cumpre a seu servo Abrlo quanto
(40) Dirupit peíram, ei fluxe"
runt apuBf abierunt tu siceoflu-
mina.
(41) Qumdam memor fuit verhi
sweti «fii, quúd habuit ad Abra'
htam puiTum ffwm.
De tal modo levou seu povo alegre (4£) Et eduxit popuium suum
^ 1 I « j« ' . « *'* extdUUíone^ et eUctoã suút in
Por entre as brenhas de um deserto extenso ; miiúi.
Deo^lhe as férteis campinas
De outras nações roais ricas:
As fadigas antigas lhe repara
Com quanto a industria dessas alcançara.
(43) Et dedit aUs reífÍ0He9 getiF
lium, et lab® pepularum p9Sie-
derunt.
Tantos favores teero por fim quQ observem.
Sem discrepar, seus sanctos mandamentos;
Que n'alma se Ih' imprimam
Dogmas da lei sagrada:
Para que um povo tal, recto e contente,
Possa honrá-*lo e louvá-lo dignamente.
(44) Ut euitúdiant jitttificatio'
nes fjus, et tegetn eju$ requiratU*
Tomo VI.
«3.
356
PSALMO CV.
Alleluía, AHeluin (•).
(1) Confitemini Domino, quth
niam in taciUum tnUericordití
IIloru ao Seohor» que em factos porteotosos
Tão bom se mostra I tanta gloria o cerca !
Áquelle que por séculos estende
As suas misericórdias!
(2) Quii loçueiur potentioã Do- Quoes podem competír-lho pensamentos,
mini, auditat faciet omnes laudet r\ m • . « « •
rjttsí Ou pbrases que relatem seus portentos?
(3) Beati qui euttodiunt judi- Dltosos OS fiois que n3o so apartam
etum, etfaciuntjuãtiliaminomni -rx j • «• • i
Das regras da justiça; e em cujas almas
tempore.
(4) Momento nottri, Domine^in
beneplácito popvli tui : visita nos
in salntari tvo»
Arde o fogo de amor, que, ó Deos, acceodes!
Lembra-te do teu povo,
Traze-lhe a salvação que prometteste;
Meu coração de méritos reveste.
(5) Advidenâuminbonitateeie- A fim quo cbeguo O dia om que alcanccDOS
ctomm tuontm, ad latandum tn * i ■- • . i ..
iatitia gentis tum : uHmdtriMCum AS dCllCiaS quC tCUS CleitOS gOZam,
h^redUaie tua. q^ ^^^ ^^^ ^^ ^^^ ^^^ j^ destíoastc:
E com eterno applauso
Em nós sejas também glorificado»
Na tua própria herança celebrado.
(fí) Peccarímus cum pmiribus É vordado, Scnhor» quo U no Egypto
nostris. injuatè egimus, ini guita- <r< < l
tem/ecimus. Em oossos psos peccámos; nossas obras,
Cbeias de iniquidade, injustas foram:
(7) Potres nostri non intellexe- MoS OS UOSSOS maioreS *
in jEgypto mirabilia tua : non «n
int memores mvWtudinis nii- lilUSOS nãO pCnsavam UO quo VWm,
Nem tuas maravilbas entendiam.
runt
fuervnt
scricordia tum»
(•) Anlm como no precedente pnlmo le referem of prodií^of qoa Deot obroa «■
beneRcio do seu povo desde Abrabam até á faida do Egypto, aiiiffl nefte, coBeçaado d«n
epocha, se continua a historia até aos tempos posteriores.
35
JuDto á praia Erythréa trepidaranir
Vendo as ondas do mar encapelladas,
£ correr-lhe do encalço a Egypcia gente:
Morta a fé na sua alma»
Com crimeza a Moysés do risco accosaro»
Insaltam-nOy e a segui-lo se recusam.
(B) Et irriÍMeruni oMeendetUcã
<« maré, more rukrum.
Irritaram-te, ó Deos! Bèm mereciam
Que a tua mlio severa os castigasse:
Mas piedoso, por gloria do teu nome.
Para que transluzisse
Teu poder, tríumphando em tal conOicto,
Nao Ih' imputaste o susto por delicto.
(9) Et êalvavit coa propter »«-
meu f mim, «i notam fuceret po-
taUimm nusm.
O mar Roxo increpaste, e promptameote
As timoratas ondas divididas
Em muros de cristal se converteram :
Ficou secco o terreno:
No abysmo os levas por caminho certo.
Como os guiaste outr ora no deserto.
(10) Et inóTêpuii mãre rtibrUmy
et exeiecatum eet^ et deduxit eot
in abfêêie, eieut in deterte.
Aos raivosos, que audazes os seguiam,
Arrancaste-os das mios, puzeste em salvo;
E dissolvendo as aguas de repente
Sobre seus inimigos.
Foi o exercito inteiro submergido,
NSo ficou um só delles excluído.
(11) Et iúlvavit ees de mmiu
odientium, et redemit eoa de mo-
nu tfiimtct.
(IS) Et eperuit aqua triòulan-
te$ eoê : unui ex ei$ nen remansit.
Então acreditaram teus prodigios:
Então alçando aos Ceos as vozes gratas
Entoaram, Senhor, os teus louvores.
Mas oh fraqueza humana !
Da lembrança estas graças se apagaram.
Nem da promessa o êxito esperaram.
(13) Etcredideruntverbisejut,
et iãudaeerufU laudem ejui»
(14) Cito feeerunt, oòliti tunt
operum fjn$, et nen euitinuerunt
conailkim eju§.
(15) Ei cunai^ierunt cõncupit-
eenUam in deterio^ tt tentMoerwU
Deum in inofuúso.
( 1 6) J?l dedit eU petitiúnem ip$o^
rum, et tnisit ãoitiritatem in ani"
mat eorum.
358
Saudosos» 00 desorto, do deleito
Que DO porco manja: do Egypto achifaoi.
Neste sítio inoquoso a Deos tentaram :
Tona o Seabor beaigoo
A apagar-lhea da aéde o ardor violento;
E do ceo Ih' eavioa iiofo aosteoto.
(1 7) Et irritaverunt Mayêen in Mas a íoftriga ÍDsyltanite asBalta o sceatro»
cattris, jáarott aanctwn Dêmini, ,
Attaca a laitm» e o sunnio sacerdócio:
Hoysés e Ârto» da sedição cercados»
No Senhor só confiara.
(18) jíperta ett terra, et degiu- Corisco O coo; a tem so abre e abjsma
tivit Dathon, etoperuittupereon- ^* .. i^ i» ^ . m-
gregationem Jbiron. Os rOVOltOaOS ChOleS dOStO SdlISma.
(19) Et exarai t ignis in tynih
goga eorwn , flamma combuêsit peC'
eaiores (•).
Rompe-se o pavifliento, a Dithan Iruga;
D'Abiron a sequeUa crirainosa
Toda em cbamraas voraies se consome;
Destroe a aynagoga
Fogo devorador. Lição tremenda!
Mas inútil» qoe o povo nSo se emenda.
<20) Etfecerwuvituiuminfíô' Aoto um vitollo dottTO so prostomam»
reby et adoruceruut seulptUe.
Vil imagem do um brnto qoe noa campss
Se alimenta de flores p úe feno:
(SI) Et muittverunt gloriam Por OSte aimulochPO
8uam^ in êimilitudinem vituli e»- __ »v i ^
medenteg fmnum. Trocam O Doos dos Coos» fuo O» oraparWi
A gloria sua» a fé que oa resgatava.
(•) Core, Dathao, Abiron, e Ou rerolUrBní-se contra Bloyiés e Ario. O LeriU Core
não podia foffrer qoe o Pontificado kouYease de contioiíar perpetuamente na familia de Arao.
Dathan e os outroi, que descendiam de Raben, primeiro filho de Jacob, aio po^an km
á paciência que o império estivesse na mSo de Bfioyaás. Iidignaadoise Deoi por Iva, f»^
08 chefes engolidos pela terra ; e os mau, em nnmero de 850, qaeimados por una disM»
qiM sahio do tabemacolo : e tal foi o infeiicissimo desfecho 'da sua ambiçSo, a qoal, no dii>
de Séneca, iemper 4rt ^vH, et non pateH stare, n»n aliter guam in pnecep9 dejeetm pÊoitrt
qtUbu9 eundifinia e$tjacui$se,
(Mattei,)
359
Esquecem-lhe 06 piodigios lá do Egy|ito, (M) oòuu $uhí De»m, ^ m/-
Os da terra de Cbam já Ikes uBo lembrara: '!^u!]SJba^al^aCh^^^
Quáo terrível e grwde Deoa ae mostra ^''"^*^* '* "^" ''"*"
Naa agvas do mar Biihfo;
Qaanto em todft a ocaiiareMÍa o pof o aieanca,
Tudo absorve uma ingrata deslembrança.
Deoa, resoluto já a extermioá-losy
Ia a ferírt se o Cooductor sublime»
MojséSy oáo expusesse o >peilo ao golpe :
Ri$c0Hm do Uu livrof
Ou perdM a eHe podo^ M oyaés disse,
A fim que Deos piedoso o d3o punisse.
(S3) EidisitffUditperdereteot,
gi nàn Moy»es eleetut eju» Mtelisset
in eo^fractione in amtpeclu ejut.
(24) Ut aoerteret iram ejus, ne
diêperderet eoa, et pro nihilo ha*
buerunt terrmn desiderabilem*
InseosivQÍs a tanta beroicidade»
Da appetaeida terra já nfto cuidam;
Uns com outros do Chefe murmuraram :
Incrédulos sem tiao,
Por palavras clmaerícas reputam
As de Moysés, tão pouco a Deos escutam.
(S5) NiPneredidertmt verbo ejus,
et mttrmuraverMnt in tabernaemlis
sui9 : fwn exmudierunt voeem Dê-
mini.
lorelizes! assim «baadonados
No tenebroso seio da ignmviioia»
A Belphegor sagradoSi se alimentam
De manjares mortíferos
Que com ritos absurdos sacrificam,
E ao falso nume illusos se dedicam.
\íi6) Et elevavit manwn iuam
super <05, ut proUemeret eoit in
deserto.
(87) Et ut dejieeret sémen eo*
rum in nationibusy et dispergeret
eog in regionibus,
(£8) Et initiati sunt Beelphe-
gor (•), et eomederutit sacrifieia
mortu&rum.
Novo insulto ao Sei^or, novas ruínas
(29) Et irritaverunt evm in uditf
(•) Caifflet im ditaerUçio subre o nomen Beelphegor deoMNiitra ler ajjnciiiio que
Adónis, cuja morte le pnoteava todof os aaDOt, «m memoria do pranlo qae Vénus tioba
feito pelo meimo moli?o, c se celebravam os fúnebres banquetes de que esl&o cheios os livros
dos mythologos. Este Adónis, segundo observa Calmet, era mais conhecido entre os orienlaes
pelo nome de Osiris, em cujo culto se usavam as mesmas cerem onias.
360
vêntiêmkw $ui9, e$ muUipUtat9 Provoca O 8acril^[io sobre 09 ímpios:
(30) Et ãtetii phineeg, et pia- Awic em xolo Phioéas; O irritado,
oivit, et ,iMum$ ^o.t«i... vj^g^ ^ ,^j fendida ;
Applaca o Ceo» e pela exiiocta offeosa
Obtém o sacerdócio em recompema.
(31) Et reputatum est eiinjus' DeOS Iho imputa 8 jUStiça O Sacríficio,
titiam, tu generationem et gene- «ir r j« -j j
rãtiênem, utgue in gempUemum, t* em promio Ibe coDiere a digoioide
Que nos seus descendentes perpetua;
Pois d'Israel o crime
Tinha expiado» e dado exemplo ao mundo
Do respeito ípe a Deos deve profanda
(38) Et irritãverunt tum êd Has oh fatal cogueira! Junto ás aguas
aguoM eontrmdietiênie, et vexatue «x «« i. a j
ett Mêy9et yrcpter eoê, gvi9 ex- De Morao a poccar tomam de novo;
•c.r4«,eni»l .pirUum ejue. ^^^^ „^^^ j^^^^j^ ^ COmplica,
(33) Et diitinxit ín iMi9 »ui9 : Respoudo vacillanto:
non ditperdiderunt gentee. auae ^ .. r« i
dixit Daminuê iiiu. Poupa som tino 08 quo O Senhor reprova»
E contagioso escândalo renova.
(34) Eteommixtiiitntitaergen' Confundem*8e as na^ões, o povo Hebraico
tee et didieenmt úpíra eortim, et »» ■ •- ^ . ^j^ ••!.-
Mervierunt eeulptitibue eptum] et Habltua-SO aOS OrrOS dOS VlSinhOS,
fmtum eet iltíe in ecandatum, ^^^^ ^^,,4^ ^ ^^ jj^,^ profaUOS:
Tropèfo escandaloso
Se lhe faz esta estranha companhia
«
Da gente que frequenta noijte e dia.
(U)Etimmoia»eTUKtjUi—iUM, Em seu peito emmudece a natureza:
etJUia» 9ua$ damoniie. , , • 1 1 1 i«ii
Immolam sem piedade os cbaros filbos
(36) Et íffudervnt Monguinem Nns aras do demooio: inuuda o sangue
iimioceniem : iongvinem filiorum tv » 1. • l
fiMnim, etJUiarum marum^ fwu DcstaS bOStiaS bumanas
u^crificaverunt ,cul,taiiu, C*«. q ^,j^^ ^^ f^^ ^^^ ChaDaDCOS.
Tão cruéis, que antes o9o tivessem Deos.
361
Adulterada a fé que ao Senhor deram.
Infectaram a terra ensanguentada,
£ a corruptos deleites se entregaram.
Contra o perverso povo
Deos agastado, com furor domina
A sua própria herança, que abomina.
(S7) A ktfíÊdm Ml Urra mmm-
fiMAnf , et ۤmimmimU9 eit in
eperihtê eorum^ ei/prnieãti iunt
in adinvifUimitóuã n»'«.
(88) Ei irêtui €slfur»rê Da^
mfotw in p9pulum Ittiím, el flò«-
míMlttf e$t hwrêditãtem 9uam.
Ao poder das nações por 6m o entrega;
Jugo férreo lhe impõe quem mais o odêa ;
Seus feros inimigos o atribulam:
Mas, luttando a piedade
Co' a justiça, ora alBige, ora mitiga
Dores com que estes pérfidos castiga.
(S6f) Bi trmiim tm í«
^enlíMii, «f ifffmiiMlí «wil ^mm,
pti édentnt eo9.
(40) Et tribulmttrunt eoã iiú".
miei eerum^ et humUiati eunt
êub mmUbuê eorum, $ape libera
viteêê.
Inconsiderada gente I De que serve
Esta enchente de tantas misericórdias?
Humilhados na sua iniquidade,
Nutrem-se dos abusos;
E debaixo do jugo castigados.
Renovam sem pudor os seus peccados.
(41) Ipêi mutem exêeerhúpenmt
eum intÊneilie mm, et humitiati
«Mal in iniptitatHuê $m$.
Mas OS pezares crescem , pesa o jugo
Que as cabeças indómitas sopéa :
A celeste piedade entfto desperta;
Becordando a alliança.
Escuta sentidíssimos clamores;
Suppre com misericórdias seus rigores.
(4S) Ei MU, €um trièuUren^
tur^ et audivii ermtionem eorum*
(43) Et memmr/uit teetmmenti
mi, et pmniíuit eum $eeHndum
WÊÊêUitmdinem mteeriemrdim euw.
Serenou corações que consolassem
No triste captiveiro o povo aSIicto.
Ah Senhor! n8o retardes teu soccorro:
Salva-nos compaslsivo
Da triste escravidão em que vivemos:
Co' este estado infeliz jh nSo podemos.
(44) Et iedit eee in mieericer^
diúM in eenêpeetu emnium^ qui cc-
perãnt eo$,
(45) Sãlveê noê fae. Domine
Deue núêter^ et eangregn neê de
natiemòuM,
362
i.,-«M. Somos, SeaboTt teus filhos constenudos;
Como Pae nos liberta, e nos conforta:
(4T) Btneiieitu DêminiuDeut AlcotadOB, t«U DOPie COUfeSUDllo,
Itrarl i êacuU, et tujut iaia- ti . j
nhm: et iOat «MH* rv^i», '^"^ lottvora teceodo,
Mt^M (■)■ ggj^ [iQSjg ventura pemwoente,
E tu glorificado eternaiDeDte-
• (■> EM« «Uao TCnieolo i o cottaiMdo ronalc qnc » coiD|dl«doi«i uUítaiwn po Ik
<Ie etda Urro : cortetpande «o Gtéria Palri de que unmoi no Dn de lodoí o* psalmoa, e
áqnelbi palavra* qDe na* edifçSe* doa Itnoi lacnM wt encaptran em lu^ar do aíBpIcajUit,
explMt.
FIM DO LIVRO IV.
LIVRO V.
DOS
PSALMOS.
PSALMo cvr.
CANTATA.
1." LEVITA.
UBLENIBMOS n'um cântico amoroso
Do Senhor a piedade, que B'e9tende
Por séculos sem Gm. Digam-no aquelles
Que das mãos oppressivas d'ininijg09
Compassivo liberta:
Os que em duro exterminío,
Em regiões distantes espalhados,
Rccolhco para os lares desejados:
(l> Cmfilemint Dtmini, fu».
itíam kniit, fumútn in taevtwn
miMrit«rdÍa ejiu.
366
(3) Â 9$iit êrtu, et oeeatu, ab Esses que sem abrígo, ao sol expostos.
Tisnava ardor losaoo;
Esses que Àquilo rijo entorpecia
Nos congelados climas onde o dia
Escassa luz dispensa:
(4) Errmenmt in toutudine in Nos orpios campos sobro a sccca arêa
inaquoto: viam eioitatit habita" ^. ^ ,
cuii nan invenemnt. Giravam sem conforto, sem que achassem
Um tecto, uma cidade onde morassem;
Um caminho trilhado,
Que um lugar Ih' indicasse povoado:
(5) E$nrientei,et9itientet,ani' Outros, que pela fomo atoTmontados,
ma eorum in iptit defeeit- ... . . , ,
Pela sede abrazados,
Nem sustento, nem agua achar podiam,
E na angustia maior desfallectam.
Coro.
(6) Et elamaverunt aã Domi'
num, ettm tribulareniur , et de
neeesiitatibuê eorum erifuit eae.
Para os ceos o povo aSIicto,
Em tanta calamidade,
Clama, sopplica, suspira,
E alcança de Deos piedade.
Levita*
(7) Et deduxit eos in viam ree*
Iam, ut irent in eivitatem haòi"
taiionit»
Com mio potente o retira
De sitios t8o escabrosos;
E o transporta de um deserto
A lugares populosos.
Coro.
(8) CanfiteanJtur Domine mite»
rieordia ejus, et mirabiUm ejus
filiie heminum.
Té aos ceos cheguem os ecchos
De nossos hymnos cadentes,
367
Pelas graças que salvaram
As agradecidas gentes.
Levita.
Quando jft desfallêcídos
Se Ih' ia extinguindo a vida»
Lhes restaurou com manjares
A forca quasí perdida.
(9) Qitíã i9tiaoil mimam ina-
nem, et animam eiurienUm tatia»
vii búnit.
2.* LEVITA.
Sentados entre trevas» rodeados
Pelas sombras da morte, submergidos
Em trattos de aiSicç&o, |N'isOes de ferro.
Que só da vida o termo quebrar pôde,
Sem refrigério algum se lamentavam.
Neste misero estado em que gemiam
Maior dor era ver que o mereciam:
Pois que as leis esqueceram^
Do Altíssimo os preceitos desprezaram,
E ingratos o Senhor tanto irritaram.
Seus corações, por magoas humilhados,
Sem força já, só fartos d'amargura,
Nao tinham quem lhes desse
Soccorro algum em tanta desventura.
Coro.
(10) Sedente t in tenebrig, et um-
bra mariii : vinetat in mendieitate,
et ferro.
(11) Quia exaeerbaverunt elih
quia Dei, et cannlium Mlitãimi
irritaverunt*
(IS) Et humiliatum e$t in laha*
ribui cor eomm, injurmaíi iunt,
necfwt, fui aãfuvaret.
Para os ceos o povo afllicto,
Em tanta calamidade,
Clama, sopplica, suspira,
E alcança de Deos piedade.
(IS) Et clamavenmt aã Domi'
num, enm trib^larentur, et dene*
eettHatihis eomm tiberavit eoe.
368
Levita.
(14) Et eiuxit eo8 de Unebrít,
et umbra mcrtit^ et vincula earum
diervfit»
Das trevas iguaes á morte
Dissipou a escuridade;
Quebrou ao seu po?o os ferros,
Restaurou-lhe a liberdade.
Coro.
(15) ConfitemUvr Domine miee*
ricordia ejue^ et miroMia ejue
filiiê hominum.
Té aos ceos cheguem os ecchos
De nossos bymnos cadentes»
Pelas graças que salvaram
As agradecidas gentes.
Levita.
(16) Quiacõntrivitpêrtaemreaej
et veetet ferrec9 coi^regit.
Arrancou as brônzeas portas
Que os cárceres defendiam:
Mostrou-nos a luz e os astros
Que nos ceos resplandeciam.
3.* LEVITA.
(17) Sueeefit eee de via iniqui^ Com auillio Celcste, COmpaSSIVO,
tatie eorvm^ propler injuetitiae -^ ., > t \* j •• -jj
enim Buat hvmiiiati tunt- Do cammbo inícliz da iniquidade
Nos desviou benigno:
A que infortúnio os erros nos levaram I
Entre misérias mil, centos de magoas
Consumimos os dias:
(18) Omnrjfi efcam aheminnta Por tantaS injUStiçaS bumilbadoS,
eit anima eorum: et appropinquu" ^^ ., .. , , . .j
verunt ueyue ad porta» mortiê. U pCltO aUgUStiadO, a aloia Oppnmida,
A inexorável morte desejava
Cada qual que em seus erros meditava;
NSo comia, o sustento detestando.
369
Quasi ás porias da morte ia chegando.
Quando o Senhor piedoso
Julgou terem seus orimes expiado,
E os salfou deste aQlicto e acerbo estado.
COHO.
Para os Ceos o povo afflicto,
Em tanta calamidade,
Clama, suppllca, suspira,
E aicaD{a de Deos piedade.
(19) £1 clwnaperunt ãd l}om»
mm, €um iriàuUretUur, ei de iie>
'cesHtãtíbut e§rum Uber^vii «m.
Lbvita.
Mandou que o Verbo descesse,
E lhes restaurasse a vida ;
Fallou, é recuperaram
A força quasi perdida.
(tO) Jfitii 9erimn tiniffi, et m-
ntuta epi, et eripmU eee de Me-
ritienikuM eerum.
GOAO.
Té aos Ceos ch^em os ecchos
De nossos hynmos cadentes.
Pelas graças que salvaram
As agradecidas gentes.
(St) CúHjUemUur Domin» mii.
eeHeerdim ejue, ei mirabitím ejue
JUiie heminum.
LBvyA.
Vinde, ó Povos, offertar-lhe
Sacrificios de louvor;
Com jubilo celebremos
As obras do Redemptor.
(tS) £1 taerifieent êãeHJicium
lãuditf et 4MiiflMli>fi| opera efut
m exuUãtieme.
Tomo VL
2é
Ô70
4.' LEVITA.
(S3) Qut detanduni more in
nambus, facienUi operationem in
aqni9 muUit^
(24) Jpti viderunt opera Dominiy
et núrabilia ejn$ in pr^und;
(85) Dixit et ttetit epiritue pro-
etUa, etexattatiêuntfluctueejua.
(S6) Aicendunt íuque ad calot,
et deeeendunt usque ad abyetoe :
anima eorum in malie tabeeeebat.
(S7) Turhatiãunt.etmctiiímt,
iieut ebrius, et amni» aapientia
eorum devorata eêt.
Os que em M» attogMtes «ikatn taiaro,
TraMhaado entre «b Mim «gitadas,
Vêem com pasmo os prodigios que Deos obri,
Que sceuas apreseaUí é reino undoso.
Diz com império aos ares:
«Sòpf^e ^ vento vehenente»
Borrascas desdiMla» ^bedíebtei
As aguas sé leTimtMi 4itevèltoaiai
Em cri^tafiBOS ttonUs tramlMrÉMdhs,
Ou caê no abysmo já precipitadas.
Embriaco de susto o oategante,
Esyaece-lhe a prudeociat
VaciHa, trette, e cto tal aduMídade
Entrega-M Mrm tino á tempeslade.
GOKO.
(88) Et elamaoerunt ad Dontí-
num, eum tribuiarentur, et dene-
ceBiitatibua eorum eduxit eot.
Para os Cees a gente afliicta,
Em tanta calamidade»
Clama» «uppUca» snspuat
E sfkMça és Dees piedade.
LWITA.
(«9) Et itatuU proeettam ejito
in ouram, et gilueruntfluctus ejus.
Trocou-se aiitedto em bonaoç^i,
As ondas emmudeceram;
Com tal silenoio dos mares
Todos de fMiAr ae encheram.
(30) BI Uttati tiial, ç«»« «/«*•
rtmt, et deduxit eos in portum
voluntati» eorum.
Nas fluaosas aguas contentes
Docemente nayegaram,
E na praia desejada
Jubilosos aportaram.
371
Goro.
Té M0 eeo$ chegne» m eochos
De DonoB hynmos cadaiUs,
Pelas graças eom que sahra
As agradecidas gentes.
(31) CéiifUeMiur Dêtnim misr^
rieêréim eJuM^ H mirabiíiã ejut
JUiii hêmmum.
Lrvita.
Gorra ao tempb a plebe gnftS;
Os grandes, os seaadoraSt
E entoem agradecidas
Ao Senlxnr digooa bovot es.
(3C) £1 ejpoAeiíl e»m ia etdt'
tia pleHê^ et in coihedra êeid^
mm imtdaU eum.
í: LsvrrA.
Que geneirosa serie de
Ao Dosso Dbds devemos!
Reluz piedoso, aterra jostíccira»
Fíxaudo aos actos premies ea castigo:
Ora em secco deserto Iroca os rios^
Ora em rios eoaiverte m aeoca arèa.
A froctirera terra faz estoril,
Se a malícia de seus l^lutadoms
De seu amor despreca os dons melhores.
Has se contríctos» dóceis o iovecafam,
lohospitos desertos
Fertílissimos lagos se tornaTam :
Vestia de yerdura áridos montes.
Das rochas rebentevam daraa fantes*
AIIí, da sede o ardor apasigoandoj
Com mais alento os homens foi letendo
Ao sitio onde habitaisem
E a sublime Cidade alli fundassem^
Tomo VL
(S3) PwmU fiwKdm in detet'
tiMN, et exitut fl^nomm in Htim,
ÇSi) TerTQmfntel^efúminHtU
9uginem^ à moiitia inhakitqatium
TH M*
(36) Pontit desertum tu êtagnã
mqyanim^ et terrmm »ine aqua in
txitut «çtttrwm.
(36) £1 t^Hocêvit iliie e$ufiin^
ies, et eonêtititemnt €ivitntem ha^
Htãtiêniê.
ÍU
372
(37) Et seminaoerunt agrei, et Neste CaOipO aprazível
plantaoerunt vineas, et fecerunt «^ „
fructum nativitatit (•)• "®^* COlIOCa O SeU pOTOt
Destros o pio semêaoit plantam viobas,
A doarada seara os campos cobre;
Ao gigantesco ulmeiro a yide abraça,
E em vistosas grinaldas se entrelaça:
Á industria, á vigilância
Corresponde dos fructos a abundância.
(38) Et benedixft eiã, et muiti- Ck)' a bençSo do Seubor prosperou tudo:
plicati tunt liffRíff, et jumenta eo- ^ , . i* .^ i
rum non minoravit. Com pmguos pastos sompro alimentados
Cresceram os rebanhos;
(39) st paucifaeti tunt, et ve- E doutro om brovos aunos, bem que poucos*
xati ãunt à tribulatiane malorum, n j • • - •
et doiore. E voxados por impios e misenasy
Cresceo a NaçSo tanto
Que dos seus oppressores foi o espanto.
(40) Effuia ett cmtemptia eu- Nos Príocipes crucis quo OS perseguiam
per priucipeã, et etrare feeit eae « « • j
in inma, et nau in via, RecahlO O desprezO ;
Deos os largou, de si se conGaram:
Com desacordo por caminho errado
Correram a encontrar fim desgraçado.
(41) Et adjuvit pauperém dein- Deos SOS humíldos acudio benigno;
opia^-etpoauitsicutoveifamiliai, . « .■•
Cresceram os famílias como cresce
Kebanbo numeroso e bem trattado.
(4S) Fidebunt reeiu etiaitabun- Alograram-se OS bous co' osta ventors;
fwr, et omnit iniquita» oppilabtt ^ . , . . • . «
Os máos» de raiva os lábios se morderam,
09 iuum.
Ao ver quanto perderam.
Coro.
(43) QiMf iapien* et cmtodiet TUb patontos misorícordias
haçf et intelliget misericordiaa ^ /« • •
Daminif Que affectos gratos excitam!...
Poucos sábios ha no mundo
Que attenlamente as meditam.
(•) o Hebreo t^em fructum pratentut; c a renXo doi SeUenla frucium germinit.
373
PSALMO cvn.
Cântico de David.
Canticom Psalmus David.
p
■OMPToestOQ, ohmeuDeosI Queres q'eu cante? (i) PãttAum cor meum, Deui,
Qae . cíth.ra encordoe, aocenda o ertro? ^^.«1;/^:;."^' "
E com bymnos barmoDicos rompendo
O silencio da noite»
A engrandecer-te a minha voz se aflbite?
Sim» cantarei, Senhor; nas densas grutas
Acordarei os ecdioa; nas montanhas
RetumharXo meãs cânticos alegres:
Minha voi entoada
Encontrará nos Geos a madrugada.
(£) Exiurge gloriames^ exturge
pêaUerium, et eiihara^ exturgnm
dilucukf.
Entre os po?os do mundo irão meus versos
Celebrar tuas obras estupendas;
Confessar entre as gentes quanto é grande
O teu nome, que adoro;
E com ellas cantar-te em geral coro.
Direi que sobre os ceos, e sobre a terra
Tua gloria se estende; que se iguala
O teu poder á tua misericwdia;
Que da tua verdade
Da terra és nuvens chega a claridade.
{3) CwJUebor tibi in poyulit ,
Dêminej et pnUlam tibi in nmiiih
(4) Qui magna est iuper célo9
miiericordia tua^ et iisque ad nv-
^ff verilas tua.
Sejas pois exaltado sobre os astros,
Abranja a gloria tua quanto existe;
Do nosso amor te cerque a chamma viva :
Em suaves concentos
Transluzam os mais altos pensamentos.
(5) Exallare svper aglçt^ Deve,
et super amnem terram gloria tua*
374
r
(6) v% Uberentur diUeii iui: SeiDpre te loQvaremos; roas acccita
;:::lT^^'í:is;:«;:i;':2:^: no«.« p«ces, ««.hor! Hoje renot.
*^' Os favores antigos, os prodígios:
Ah I àia, já m seu peito
Deste presentimento alcsDço o effeito.
(7) Extdtabo, et dividam SiOii- Já Deos DO tenplo falia ; á fé promette
mam,etconvallemlabemaculorum ^ . . • ■: ii » • i
dimeiiar, Os triiuiiphof que a sitpplica tti implora:
Oufo a trocnpa guerreira» os íostnmeDtos
Que applaudem a Yíctoría
Que a Deos e aos seus dilectos dará gloria.
Dos canpos de Sicliain já me apodero,
Já co' as tropas reparto a rica prêaa;
(8) Meut €$t GaUmd, et mettê Galaad, Haoassés sto meus; augnieota
ptio captíie níi. Do meu roíDO a opulência
Ephraim, assegura-me a existeucia.
(9) Juda Rex meue, Mmk 4f. Na Real tribu de i«dá floiMte
è«t epeimem. g^ ^^ croar-so 0 trMco Bsais fraodoao
Em que o soUo se Orme etemaaieote:
Potente a mio dif faia,
 posse de Moab me destíoa.
(10) inidumamnexiendãmcÊi' Calcarei da Iduméa a fimite altiva,
'I^^Te^''^''^"^'"^ Os Philisteos femes sujeitando;
Domará meu domiob estitolias gentes:
(11) Qidt dedueet me in eMta- VirtS, mCQ ItooS, g^arnOBO:
!S;.TKJKÍ; *^' "" Qaem. aenio tu. Senhor, h. de elentarHM?
(1«) Nmte tu, Deue, gtd re- Só tU, Seolior! «6 tU, <p8 UOS re^atSS,
invirtutiòii fioetríet Viutío á teita d esmtos, fataile.
Dos triumphos és dono; noasos bnços
375
o tett poder rolona:
Proteito 6 todo nomà, e tua • fovoi.
Ampara-Dw» SoAbor, aa lolto aaaiba ;
Pois qM toda a fMi|mf HM nos iiiMpa«o»
Sua fragilidade daivaneoe:
Quando por ti chamamoa,
Inímigoa aio ba qae «lo fenoaMM»
(ia) Dm ná^m mMt^ de Iri-
Mã^ÊHíf^ ffMi 9^;m 4çlt« hêfuá'
nit.
Que proezas, qvo fiaria akaqcaraw»
Entre oa eoiOiOtaa» ^ando Deoa acadel...
Âcode-Dos benigno a redoaidoa
A cinaa e aimiqfiíladaa
Flcario» por tea braço» ob depravados.
(14) InDeãfiÊeiemusfrirtuiem^
et ipêê mi nUUlwn dedueet tfn/mi-
eú» nottrúi.
PSALMQ CVIII.
A$ paimnã e a muica êiê 4$ DwH»
s
bnhorI falia por min» nH»pt a aibopio;
Sabes com qoe fervor tva gloria aaalos
Já que a boeea áolaaa
Doa eraeia péoeadarea
CoDtra mim lio ba mal qne oio profira*
Pragnejaodof^me a eaira» o eaalOf a lyra.
In finem psalmna David.
(1) Bnw, Imêàem me^m me !«•
euerii^ fuiã ot ^«CMU#ftM, el 4«-
iMt mper me ãpertum eêl.
Noa coDvertieloa mèaa eu aaa a aasampto
Daa labulaa mais loacaSt aaaia absurdas; .
£ sem que Ih'o meraga*
De raiva me aramdaa:
Sem razio de mim fo^em^ me reprovami
E cada dia as magoas me renovam.
(S) LoeaU i«nl ãiiurpm me
lingMê Mf«#, et $ermmibu9 p^U
einumdeiertint mr, çt esf^ffn^
verunt me grêtit.
376
(3) ProeQutmêdiiifereni.dê' AmO 0 todos; dIO 861 pOT que IDOtifO
«r»ftetoi« mihi: ep^ mOem «m- r^^ ^^j ^^ eonrespondem, me atormcDUm:
Oro por qaem me offisode;
(4) Et patwrwu aàoertum me Pagimi-me ampr^Dom odk>:
meia pro -hênitt «<M*m pr^ éiUe* ^ , ^ . i j^.^^
iiwnemea. Sabos, Senhor, o mal que me desqam,
Gomo assim sem piedade me praguejam:
(5) cmutítue super eum peeem- «Tenha sompre tyrannos • sen lado,
iorem, et diãkelue itet à dextri» _ ^ . j- -4 _*.. •
^ui. Satanai á direita o martynse;
Nelle a paz, a esperança
Ge' a vida se lhe encarte:
(6) Cum judictttHr, exemt €•»- So perante 08 joises for lef ado»
peeeatum. Seja (mosmo mnoeente) eondemnado.
«Se quizer desculpar-^se, nlo o eaeatem,
Convertam-lhe as rasSes em maleãcío;
(7) Fimi diee ejutpauei, et epiê- SOOS diaS aflOÍCtÍTOS
€0píUmn ejuê ãceipiat nlter {•). n....^ •IJ.m.;^»».
rezares ani)re?iem;
Perca em seus lábios forcas a verdade,
Outrem goie seus bens e dignidade.
(8) FumtjUn ejtumyhatd, et «Ezpulsa dos patomos lares, vagoe
"^ ^«^ «^««- f^ iqJj 3 1^^ g. prole qae gerara;
(9) líutmUet tratuferontur jíui Saspírem na ofphandade
ríuM, et méndieeHt : et ejicimUur ^ . p..
de hnkmumiWe mH», Os 8008 miseroB Bthos:
Contra o mais duro golpe sem defesa,
Soffra da viofei toda a tristesa.
(10) SeruteturfeBnerateremwm «Usorarios estranhos sem piedade
TilSIÍT^^^^ Lh' esgolem qnanio.herdoa de seos Biaiorei;
Quanto com mil fadigas
Resgaton trabalhando:
{•) o episeepoium m Hebreo é termo geral, frmjteturany porque tnllo nlo fc«wi
Biipot.
377
Do fracto do qoe kt perca a espenmca,
Veja em alheias niSoa a soa herança.
«A sua geracio eitincta Bque;
Se pensoo que aigiiiii dia floreeente
Qoal arfore frondosa
Estenderia os ramos»
Perca a idéa; dos míseros pupiilos
Ninguém se doa» negnem-^e-lhe asjks.
(11) ^Sm til mi ãiJuUr, nec
ftl, fmi miãertêiur yupillit ejut.
«Morram todos os pais» morram os filhos,
N'oma só geraçlo cesse o seu nome;
Na prole sem yentura
Recaia a fiital sorte
Dos seus progenitores desgraçados;
E sejam para sempre eiterminados.
(It) FimU n^ii eJut in inteH-
f iim, im generatimu tmm deUãiur
nomen ejus.
€ N&o só os seus peccados» mas aquelles
Que os pães e antepassadas oommetleram
Tenha Deos na iembrancs;
Da mie commum o crime
Jamais esqueça: e neste oriminoso
InQinja. Deos as penas» rigoroso.
(13) In memoriam redemi êm-
pm^a pãirum ejuã «n emupettu
Dvmini: et peeoÊtmn matrU ^um
iMM ieUúíur,
(14) Fímú emUra Dêminum «mi-
^er, €t ditpereúi de terra memÊrim
e^rum^ pr9 ep pi9d non eêt ree^r-
dãtuÊfaeere tmserieordiam.
«0>m saber falso» pooco Ih' importaram
As bençSos do Senhor: nunca as alcance;
Em maldições lhe troque
Essas bênçãos dirinas:
Qual pelos poros filtra uni óleo activo»
Filtre das pragas nelle o fogo vivo.
a Esta roaldiçBo pois o cubra e cerque
Como o cerca um vestido que lhe 6 justo;
Gomo o aperta uma facha
( 1 5) £1 per9eaUu9 e»t húminem
inõpem, et mendieum^ et eam^tm-
et^fn e^rde mêrtificare.
(16) Et diiexit mãUdieti^nem,
et veniet ef , et nêluit benedieti^
firm, et el^itgãbittir ok ee.
(17) Et indvit maledielionem,
êieut veitimentum, et intravit^ «i-
eut aqftã in interiern ejui, et «t-
cut êlenm in euibua ejfue.
(18) Fiat ei tietd vestimentutUj
quê operitur, et eicut mim, f ««
$emfir frweingitwr.
378
Que • âiitiini Ibe cioge.
Sem qae lh'a tlurgiw algnemif ou que o mcoira;
E assim viva apertado até que morra.»
(19) Ho€ opuê eonm, qtU de- EÍS-aqUÍ COIlini mílft COIQO 16 «^tpUOtlQ»
irahtmt mihi amtd Daminumj et , . ...
gtu hquunttw mala aivenuM Mt- Accesos em furoT, mtm mmeoss
mam meam. j^^ ^^^ ^^^ deSOJO»
. S« exkalaoi biribimdoa:
(so) Et tu, Domine, Démine, Has til» OMU Omí, roilrí«gQ esta maU«dc^
fuia niapUeitmiMerieordim tua. Faze em mim tfiumphar tua bondade.
(SI) iAherame,quia€9PmfH Repara M q«Q sofiro^ que pobresB»
pauper ego êum, et eor meum cwi- ^^ . . ^ ^^ _ ^.^..^^ i..m-
turbatumeit uura me. Quc miserias mo corea»; cono lutta
Em meu peito opprinido
Meu eprafilo turbado:
Ck)mo a meut aia éBo auadoa oa famnanoSt
Gomo os alegra o aspecto de meus damoos.
(SC) Sicutumhra. eumiedinai, FogOHoae 0 vida coBM foge a aombfa:
iieut loeuttm. Sem doiQteiUo oarto» aem pousada»
Giro orraole» aasnstado
D'am titio a outro salt»;
Temendo quanto a sorte me prepara,
Qual instável locusta, que nto pára.
Ei9-4qut o que abanca qntm me odêa;
Quanto o Seohor permitte áqueUaa impios
Que eoDtra mim a'ompeaham
Em taear disaaborea,
Accumular Iristaia dentada
Sempre sobre minha alma consternada.
(S3) Genva mea k^irmata 9UfU Do fraqoeit ot jocBios. te me ddmmi
êtí^íí^/ê/íi^. "^"^ «««»•»<«<• Q^jjj forçada absiiaooeia desCsHefo;
379
Privado dos 'socoorros
Que prolongam a vid«t
Bessecam-se-me os membros; carecendo
D'oleo qne me resUore» too morrendo.
Os bárbaros ao Ter^me se recréam,
Cam sorriso insultante me atra?e8sam;
Uns aos outros acenam
Para que a moia aogmente;
Por que meus iofortunios todos vejam,
E mais me custe o mal de que motejam.
(t4) Ei eg0 faehu «mu «yipro-
brium ilHê: vidermni me^ et
vemni tÊfittk tutu
Ajuda-met roea Deosl venha enúiMir^me,
Yenba salvaiwme a tna miserioeidia;
E saibam os malvados
Que vem esta soocoiro
Da toa mio potente; que ma aoode
O Senhor qaa os doaMaa* e tudo pôde.
(£5) djva mtf, Umnii^ Jhu9
êiãwsm nu fac êtcimdmm
'«m liMm.
(tS) JSt 9mmitt f«í^ wmw9 Iva
HÍbc: et 1% Dmme^/eaUU mm.
Quando me amaMiçaam, doces beacios
Derrama sobre mim, piedoso Nnmen !
CoiiAíQde-Htt quando iradas
Coatra mim se levantam:
G>bre em fim de verg;QBha a akivosia.
Renascerá teu servo na alegria.
(a?) MâMimd ilU, et tm ke-
àeiíiúã : pUinemfuiU t» me, otn-
fwUeaiàtiiti Uêwm Miem tmi» Uh
tMtur,
Como envoltos ii'tmi dobre manto, as laces
Encubram Taigoahosas; retrocedam
Com temar de avistar^me:
Lançarei ndo da Ijra;
Triumphante, cercada de cantares,
Cantaremos em cora os teus bmvores.
<ÍS) /iMhMNÉMT, fmi Mrêktmt
«ÍAi, pmiête^ etêferinteur^ Hmt
(SO) CemJU^êrDeminênimiêin
ore mee, et in medie mUlterwn
laudúbeeym.
Direi que aUrnste compassivo o pobre;
(SO) QmêmMitítmécxiriepttU'
380
j»m'«, uí nhúM faeerei à pene^ Que me esUvas á dextra, se gemia ;
Me livraste amoroso;
Me acudiste na iatta mais reDhida«
Me deste a liberdade, a paz, a vida.
PSALMO CIX.
Ftalmus Darid. De David.
(1) DixiiDomifWêDeminofneo: UíssB O Pae ÍDcreado ao Filbo etcroa:
Bede à dextris meu. ^ Seota-te á mioha dextra, em quanto cnfeiío
(«) j}9M9 pmum MnUeoê ímoíj Os mous accosos raíos, e destruo
'^ Todos teus mimigos:
A teus pés humilhados,
Como degráos te sirvam, sobjif ados.
(3) Ftrffom viriutii ium emutet a Arvorado em Si5o sorá teu sceptro :
mediê inimieonmi itiarMm. As mais distantes plsgas teo dommio
Mandarei que se estenda, que realce
Teus famosos triumpbos:
Os Ímpios abatendo.
Sobre elles reinarás, todos vencendo.
(4) TeeumpHneipiumindiewr' «Sempre loomei d*immensa sanctídade,
íílí ^'irf^f»'^^ Filbo meu, que gerei antes dos tempos,
'""^ '^' Antes que o sol s^isse a eatrella d'al?a,
Ou que raiasse a aurora :
Teu Império seguro
Foi sempre sem passado nem futuro. »
(6) jurm>nDQmifíU9,€tnmptB' Jurou pois 0 Sonbor; do juramento
381
Não pôde arrepender-se, que inamofaiTel
£ quanto determina. E afisim decreta:
«Tuy de Melchisedech
Na ordem consagrado,
O sacerdócio eterno te foi dado.
fUtebit evm : tu et sêeeriúf in mtet'
num teewuium ordinem Mâiekiie'
de^.
«Certo das forças do paterno braço»
Parte, attaca os potentes, desbarata,
Rompe, confunde as tramas dos tyr
Restrínge-Ihe os podares.
As cabeças ibe abate
No dia da justiça e do combate. »
(6) Dêmimis à dexiriM tui9 ean*
fre§U in dU ira sum Rege*,
A heróica espada empaoba, tudo anraia;
Lutta, e doma inimigos indomáveis:
Julga os poTos culpados, cobre a terra
D'estragos, de ruínas;
E 6cam confundidos
Os projectos dos bomens fementidos.
(7) JudieuHí in nãti9mhu9, tm-
plebit rmnmt^ €9npt»9êèit tapiin
in terra mulíúrtftn»
Victoria tal, destroço é tio severo,
Que em torrentes o sangue dos Vencidos
Inunda o vencedor, e nelle gosta
As delicias da gloria:
Pomposa, radiante,
Alevanta a cabeça triumphante.
(8) De Urrenie í» via biòrt^ pra*
pierta exaVakil capui.
382
PSALMO CX.
AUelaia.
(1) Q^tebor tibi. Dmiue, in toM todo O OQrâçSo Bciopre fad de aiMMc,
toío eorie meê, iii camUiêJuiiC' jj jj^ j jj^ lodedide OU M wHrD,
mm, e congrtgtAiume,
No templo oo oa assemUèa hâ de tQ?ocar4e.
#
(8) ifaTiM «rera dmiími expu- Nas tuas gnodes obm seapce inprioes
riu in «m.». vUrmuu* eju*. ^ ^^^^ ^^ j^^^^ omnipoteDte,
E o tèlto dn deagMOB nait sdilwei.
(3) cmtfeuiê et ««jiii/SemK» Podéi^ magnificMcia i*> ae oecalta
n^ wS?** '^ '^* Em qaaDto obrate; joato é <|MiiIo ordenis,
E uma gloria sam tetoM te leailta.
(4) MevmumferítminMimm VÍTO a memoria do famo» facto
rvomm, «'»"•'««•»' /i-,'"!^'*^ Com quo «oa ImaímaB aUmeolo dárte,
»M •«• E qoto padaao fiMte a om paro iogiato.
(5) liemtt ertt in «r««i«m *«• Tem piedade de oda, como a tíveite
Da alliaoçr e prodigios que fiiesle,
(6) utdetillisharemaiemgew A fim de prcservar perpetua a herança
eí^íiS"^'^"^'^"' ''"'"' Que generoso deste éhumana piole.
E a verdade e justiça lhe aflBança.
(7) FideUaimiHiamattdata^t Immutaveís» fiois, as lois sagradas
Por séculos sem termo confirmadas.
383
Cumprir-se-ha sempre quanto prometterest
Fundado na verdade e na justiça;
Ditosos nos farlo nossos datèies.
A tua lei quebrou a prislo dura (8) R*iempiiênem muit ftpuio
Que ligava os humanos desgraçados, nmhan nmm.
E a liberdade amável nos segura.
Com vinoria tio forta dqí utiste.
Que em vSo se Ibe eppOe ferfa 4iue o desate;
Com vigor immortal imce» i«siite.
Treme o abysiM ^brfr-Io:; aancbi» augusto (o) &fieftiiff , et terrmie nomen
CIO SMOtier o 9èíuè iMiDidaiw> m^.
Que o inferno estremecendo ouve com susto.
A sciencià éo qniimío é vC seienait t
Quem teme « iitoa 6 sábio nnMeinH
Tem, de quanto mais fsit, a íntèDigencia.
As obras que derifam deata foiAe (io) Tnteiudvt bonut ammbvf
„ , j ^ I ., faeientibu$ eiii», lauihUo ejus ma*
afio puras» ^e Hio de ser sempre Jotrams net in itecuium êaeun.
Em quanto o Sol luzir sobre o horizonte.
384
PSALMO CXI.
AUeluia, reTcrsionu A|;g»i,
et Zacharis (•).
(1) Beaiu* vir, fui timet Do- ycfaii miis feliz quo O josto qoe a Deo8 teme?
tUmia, Esse é ditoso SÓ, quaDQo se humilba
Ante o poder immeDso qoe dirige
A extensa Natureza ;
Esse que nSo quer mais que o que Deos manda,
E qoe da Lei Divina
Medita e compre quanto noa ensina.
(t) Poíent in terra erit semm Abonçoado assim na terra, augmenta ;
etu$: genermtiê nehrum kenedi» ... i» j a u*
ceittr, Vé prosperar fiondoso o tronco altivo
Da sua geraçlo; vA-se cercado
De numerosos filhos,
Que em ramos opulentos se propagam:
E Deos, que tudo r^e,
A progénie do justo assim prot^.
(3) Gioría, et dUHim in domo Riqueza O glofia a sua casa adornam,
ejust et juãti tia ejuê manei in eoh . ..«. ^
cuium teecuii. A sua roctidfio OS Geos commove.
Edifica do mundo os habitantes;
Abrange os tardos tempos
Sua memoria honrada e gloriosa;
Seu nome nBo perece,
Por séculos brilbaqte permanece.
(•) Eale titulo é fuapeito, porqae blta no Hebreo, no Cbaldeo, no Sjriaco, m ttíà^
pico, e nof Setleola ; Bem foi raeonhecido peloi Pkdrei Qregoi- Crendo-fe qoe o poJaocoi-
vinha ao represo de Bahjlfmmf M noi tempoi potterioret attriliaido áqueUei doli propMtf-
(MêUH.)
385
Se a tenebrosa noite o circungira,
E duvidosos passos move o josto,
Deos lhe presta uma tocha compassivo;
Descobre-lhe o caminho
Por onde acerte á meta que procura;
Dá-lhe um penhor sublime
Do seu amor» e do perigo o exime.
(4) Exertum ett in temkriê lú-
men reelis, miserieorif et mi$e-'
ral0r, et Jutius.
Assim consola Deos esse que abriga (5) Jucunduê homo, qui mitere»
. . ^ -^ * 1 A '^^^i eleommodat, disponet sermo-
A compaixão no peito, e acode aos outros*,, nes tuot m judicio, pòainater-
Que excogita remédio ao mal alheio, *"** "^ commoveèuur,
E com bálsamos puros
Cura as chagas dos ânimos afilictos;
Ou com vozes suaves
Consola os corações em penas graves.
Eis-aqui como o justo affironta as magoas:
Sua alma é fortaleza inexpugnável
Que nSo derrubam armas, nem COTrode
De má língua o veneno:
Amado do Senhor, aos homens charo.
Nenhum receio o assalta;
O lustre da virtude sempre o exalta.
(6) In memoria aierna eritjus*
iusj ub mudiiione molm non Hmeòii,
Dos homens os favores nSo Ih' importam;
Abandona-se a Deos, nelle c(Mi6a:
Sem vacillar prevê o doce instante
Em que o Senhor piedoso
O fará triumphar de seus contrários;
E certo da victoria,
A Deos entrega tudo, fama e gloria.
(7) Parúiwneorefueeperarein
Domino, cotfirmatumeetcorejuã:
Honeommooebitur, donee despiciui
inimieat $uo$.
Vencendo, a gratidão Ih' inflamma o peito; (8) Diversa, deditpavperiòut,
Tomo VI.
25
366
juttiiiatjuMmãHetiniaxuiumsêC' Os mesmos doiD, quo Deos ibe fetf reporte
ruli: cwnmejtittxêtlinbitur inalo* ^ ...
Generoso» com quem delles carece:
na.
Apercebe a riqaesa
Para acudir áqueiles a quem Talta;
E cofiTerte a vaidade
Em rasgos de sublime eharidade.
(9) PeeaUor videbií, et irãtce- G)ino9 aoesar dos máos, lhe cresce a gloria!
tur, deníibut tuia f remei, et ta-
beteet, deêiderinm peeeãiorum ye- Como aO tompo foturo CSta BC alonga!
^ ' ' Os inpioa se enfurecem, desesperam,
Embaça-os a trisleta ;
Range de rai?a os dentes o invejoso:
Mas votos e furores
PerecÍTcis serSo das peccadores.
PSALMO CXII.
Allduia (•)•
L
(1) Laudate ftteri Daminnm, UBVANTAI SUaveS CaotOS,
laudate nomen Domini, »■ i_ t^ i •
Jlanccbos, a Deos loovai ;
O seu sanctissimo nome
Com fervor novo invocai.
(2) Sit nomen Damni henedie- £ai auaoto dura este globOf
ium, ex hêc nvne et utque mta, ^
euium. E existem as creaUiraa,
Gelefarea de Deoa a gloria
EsU e as idades futuras.
(•) É tradicçSo constante entre ot Rabinos qne este psaimo e os cinco soliseqvcnttf
eram cantados depois de te comer o cordeiro paschonl ; e chamaTa-se por ímo o çmát
alleluia. Os Padres adaptam o uUímo Tersicolo aos gentios, que por tanto tempo esterni e
derelictos, formaram depois a Igreja ChrisUI, mie fecunda dos homens n Deos ckares e ieif-
387
Onde aromáticas plantas
Vé primeiro o Sol nascendo,
Até onde o Sol se apaga.
Esta gloria vá crescendo.
Assim como os povos rege,
E domina o noaso Deo$,
Sobre os Anjos, sobre os astros
Assim impera nos Cèes.
Qual Bei magnifico ostenta
Palácio lio mageatoao?
Ott qual de tAo alto assento
Todo avista carinhoso?
(3) ^ Solis ortu utque ad mcv.
tum lanâabile nomfn Domini.
(4) ExcilsuM xuper omtiei gen'
ifs Dúminut, et tuj^r caslos glo-
ria pjus.
(5) Qtiii ticut DominuM Deus
ncâter, gtH in aUit habitai, et A»-
miiia retpidt in ceehj et in terra t
Se na terra despreiado
Observa o pobre, <qi^mido,
Presta-lhe piedoso auxilio.
Da innoceocia condoído.
(6) Suteitpít à terra in/opem ,
et de stercore erigem pauperem ;
Que vezes entre os humildes
'Foi buscar uma alma nobre!
E junto aos Reis poderosos
Goiloeou. beniffno. o mhr»!
(7) Ut coUocet eum eum Prin*
eipiòut, eum Prineipibuê poptdi
«tft.
Jamais deaampara aqiieHes
Que fervoroaos o imphiram;
Recolhe as lagrimas temas
Dos afliietos quando choram.
Da estéril que aSlicta geme
Applaca a dor e agonias;
Mde de numerosos filhos,
Cerca*lhe de paz seus dias.
Tomo VI.
(8) Qttj habitare fatit tteraem
in domo matrem filiorum twtan»
tetn»
83
388
PSALMO CXIII.
Alleluía.
(l) In exitu Israel de JBgypte^
damus Jacob de pop^o bárbaro :
(£) Faeta est Judaa sanetifiem'
tio ejut, lorael potestao ejut.
yuANDOy sacudindo os ferros,
Israel sahio do Egypto,
Livre de um bárbaro jugo
Que o Ceo já tinha proscripto;
Deos, á Judéa propicio,
Sanctificou o seu poYo;
Com elle quiz se fundasse
Sacerdócio e império novo.
(3) Maré vidU, efygit, Jorda-
fitf eonoerntt est retrorsum.
(4) Montes exultavertini^ sicui
aríetes, et ealles^ sieut agni ovium.
O mar que vê tal prodígio
Contrai as ondas em monte,
E o Jordto, que retrocede,
Se acolhe á materna fonte:
De alegria tremulavam
As montanhas, os outeiros,
Quaes saltando pelos valles
Brincam nelles os cordeiros.
(5) Quid est tibimare, quod/u*
gi$tif et tu Jordamsy quia eon-
versvs es retrorsumt
(6) Montes, exvltastis, sicut ano-
tes, et eolUs, sieut apni ovium.
Pergunto ao mar: Porque foges?
Tu, JordSo, porque revoltas
Ás cristalinas torrentes
Âs cadèas lhes oSo soltas?
Que jubilo é esse, ó montes.
Ou que poder vos assusta,
Commovendo em dança mística
A vossa base robusta?
(7 ) ^ faeie Domini mota est ter-
ra, à fade Dei Jacob,
Tacita voz no roeu peito
Me dirige a interna falia:
389
De Dco8 ante a face augusta
A terra ioteira se abaia.
Reciproca acç8o dos ^eutes,
Que rege iropulsdo celeste,
Os mais insensíveis corpos
D 'ignotas forças reveste.
Para alliviar os homens
Na mais penosa seccura,
Deos fez estalar a penha,
Da qual surdio agua pura.
No deserto mais estéril,
Onde o povo desfallece,
Reproduz Deos quanto falta ;
Manda, e tudo lhe obedece.
Ah meu Deos! Não merecemos
Tanto bem; mas continua:
Prova a tua omnipotência,
Accrescenta* a gloria tua :
Dos Ímpios abate o orgulho,
Pois que perguntam sem tino:
«Onde mora o vosso Deos?
Qual é este Sér Divino?»
Mora nos Ceos, e domina
Todo este globo terreno:
Quanto existe é obra sua,
Tudo creou de um aceno.
Esses numerosos numes,
Que adora gente insensata,
SSo obras de mão terrena.
Fabricadas de ouro ou prata.
(8) Qui eonvertít peiram in ttã'
gnm ofuarum, et rvpem infoniet
úquÊTum,
(9) N9n HOòis, Domine, non no-
bis, teé nomini tw da gloriam.
(10) Super miMericordia tua, et
veritaU tua, ne quando dieant gen-
tes, uòi est Deu» eorum f
(11) Deusautemnosterinemio,
omnia, pmeunque voluit, ferít.
(12) Simulaehra gentium argen-
í«w, et aurum, opera manutunho'
minttm.
390
(13) 0$ habentj et non loquen-
tur, oeulú» habent^ et non vide^
bunt.
(14) Auret habent, et non au-
dient, nareo habent^ et non odO'
rabunt.
(15) Manut habent^ et non pai»
pabunt, pedes /utbent^ et non am-
bulabunt, non clamabunt in gut-
ture auo.
Teem bocca» e falta-^lbe a falia ;
NSo ouvem, mas Icem ouvidos ;
Olbos toem, faita^lbe a vista,
Nullos ato oa seva aeutidoa :
Âs aios que teem olo lhos servem,
Que aio privadas de tacto;
Nem lhes suavisam aromas
Seus nuUoa órgãos do olfacto.
(16) Similea HUsJiant, quifa-
eiunt M, et omnes, qui eonfidunt
in eit.
Tendo pés, andar nio podem;
Nem da fiogida garganta
Desse artebcto inseosivel
O menor som se levanta.
Os que em taes Deoses oooãam.
Mais estatuas q«e escolptores,
Aos brutos, que ao menos seotem,
Ficam ainda infríiares.
(17) Domua Israel speravit in
Domino , adjutor eorum, et pro-
teetor eorum est.
(18) Domus Aaron spertnit in
Domino^ adjutor eorttm, etprotee'
tor eorum est»
Israel em Deos espera,
Que tudo vô e
Que nos mais asperea tnoaes
O seu povo fartaiece.
A casa de Arèo somente
No Senhor se coníkva.
Que para enviar-lhe auxilies
Os distantes Ceos rasgava.
(19) Qtu timent Dominum^ spe-
rawerunt in Domino^ adjutor eo-
rum^ et protector eorum est.
Todos aqueUes que o temem,
E com temo amor o invocam,
Nas mais doces esperanças
Os temores se lhes trocam.
Na maií árdua emproai acode.
Nas trtbulaçdes confiorta;
391
E os Défl que a virtude ohfltruem
Com vigorott mio corta.
De 0Ó8 o Saofer ae lembra»
Açaima o que nos magoa ;
Estende a mdo bemfeHora,
Nosfoa votoa abeoçoa:
Baí]» eotto com piuguca beoffios
Sobre brael» sobre Ario,
Sobre pequenos e grandes»
Maaífeala profecia
Ab meu Deos! aampre constante
Brilhe um favor tio preclaro;
Sobre AÓ8 e nossos filbos
Resplandeça o teu amparo.
Tua mio beneãceote,
Factora da terra e ceos»
Prodigamente derrame
Teus dons sobre os povos teus.
Lá sobre o celeste Empyreo
Fundaste o teu reino eterno»
E aos frágeis mortaes da terra
Confiastes o governo:
Faze que o que rege os povos
Teus mandamentos estude;
Orna seu egr<f io cargo
De pai, justiça» e saúde.
Conserva-nos pois a vida;
E apenas o Sol raiar»
Teu louvor» teus beneGcios
Comecemos a cantar.
(tO) Dominut memor fuít no*-
trif et kenedixii noòit.
Bemeduniaomui Israel^ òenedi-
xit domui Jar^n.
(SI) Benedixii rnnmbtu, qui íi-
tneni Deminum^ pufHiit eum ma-
Joriòut.
(8£) Aâjiciãí Domimu avper
vot, tuper voi, et super filiot vet-
troe.
(83) Beneãieti vos à Dominoy
fuiftcil emlum, et terrmm.
(S4) Ctelum atli Domino , ier~
mm mutem dedit JiUis hominum.
(S5) iVbn ntorlui lauããbunt te,
t)omine, nepte oníncSy qiti dis-
tindunt in ir\fernum.
392
Só te caDta quem respira:
Ah! se a ?ida nos faliece,
Calam-se os bymDos sagrados.
Tudo na morte emmudeee.
(86) Seã nos, qui vivimut, be^
nedirímus Domino, ex hoc fiNiic,
et usque in oígculvnè.
Nós, que ainda a vital aura
Nos sustenta, comecemos
A cantar de Deos a gloria.
Continuamente o louvemos:
«
Este fervcHxwo empenho
Vá durando, desde agora
Te que o derradeiro raio
Brilhe da ultima aurora.
PSALMO CXIV.
AUeluia (•).
(O Dilext\ quêniãm exaudiet
Vominuê vocem oroAiomo num.
yuANTO amor, Deos, m 'inspiraste!
Quando em meus penosos dias
Te invoquei, e fiquei certo
Que as minhas preces ouvias !
(S) QuioL ineUnaoit aurem summ
msAt, et in diehut meio invooabo.
Em quanto me dura a vida,
Conhecendo que me escutas,
RepetirSo meus clamores
Valles, montanhas, e grutas.
(•) Como bem adverte Muif, foi este pnlmo escriplo por David do tempo tm qae,
iereiíada a lempeitadei obteve a pacifica pone do reÍDo>
393
Dores mortaes me cercaram:
Sempre em sustos, sempre ilerta,
O tumalo me esperava,
Ddie a porta via aberta.
(3) Cireíimdedertmi me dalâreã
mortít^ et pericula iitfemi invt»
ueruni me.
Quando assim atribulado
Perdia o valor e o tíoo,
Em altas voies bradava
Pek) teu nome divino.
(4) TriMãtimmn^ eí dêUren
imettt^ et fiMMm D^mim uuoemvi.
«Liberta, Senhor, minha alma!
(Exclamei) Tu, que és piedoso.
Que és justo, has de tu salvar-me
Deste estado tão penoso.
(5) o Dêmmii UèerQ ammãm
meam: mtseHttr* DêmiMu$^ et
juetue, et Deue noetermieerelur»
«Tu, que os miseros defendes,
Has de, Senhor I acudir-me;
Pois que humilhado t'invoco.
Vem compassivo remir*me. »
(6) Cuêtêdieiu pãrvmlM Dmni-
nu»: kwmUaíu» «um, et libera'
vit me.
Toma, minha alma, ao socego,
Descança, meu coração:
O teu Deos beneficente
Te prepara a redempçSo.
(7) G»»verlfrf, «iiiiim him, in
refuiem liMWt, pUm Dominvi òe^
nffeeit íiki.
Deos! Preserv8ste-me a vida,
As lagrimas me enxugaste,
E meus pés de precipicíos
E de ciladas livraste.
(n) Qtàa erifuit mnimam memn
de morte, oeules meoi à laerjfmtê,
pedet meos à lofiu.
Lá onde cessam temores,
Entre justos e innocentes,
Irei gozar bens sem termo.
Lá na terra dos viventes.
(9) PUxthê Domiw in regiene
viv9rum.
394
PSALMO CXV.
Alleluia.
(1) creêídh r^^pier pioà Uew flcEBDiTBi, fiei-me em ti« meo Deo8 !
iM nmi: «9» ProYaram minha fó minhas pabrias:
niffi «iiiM.
Por isso a TOi levanto»
Entoo teus louvores, de ti canto.
(«) Bgá éM f» egetêiu mec : Nas tuas porfeiçOes absorlo, disse.
Com pejo da fraqueia dos humanos:
«Só em Deos ha verdade.
Só posso descansar na sua piedade.»
(S) Quid reiribnam Vêminôfro MsS COmo rotriboo O qoe Uie deVO?
pmnlbfift qym retribua tnihif ^ i. j »
Como encaro cobarde c os pesares
GoB que me purifica
Quando de amor penhores multiplica?
(4) Calieem 9aln»ari9 Míipimn, AuimO poís! O Calil Saudavd,
E seu nome invocando.
Irei das amarguras triumphaodo.
«
(5) rtta mta IkmiM redJam Oí 01608 V0to6 601 ÉíCe 801 pOfVOS todOB
tmruin êjui, Dog jugtos, da ioBOcepcia
Alto preço ante Deos tem a existência.
(6) a Domine, ^im f^ êermiã Sou teu servo, SonhoT ! teos servos forsm
tuut: ego gervus inus, ei fiUuo . .. « . . •
aneiíiw tua. Aquclles de quem venho e o sèr me deram:
Em doce captivêiro,
Serei das tuas graças pregoeiro.
395
•
Quando as mortaes cadéas me quebrares.
Irei sacrificar hóstia mais pura,
De perpétuos louvores,
Oode tudo é delicia e cessam dores.
(7) Dimpisti vincula mea: tiki
túeri/kabo hõêUam Imtdis^ et no*
men Dcmini invocaòo.
Teu Dome sacro-saocto repetiodo.
Teu auxilio alcançando, Deos supremo.
Serei, de amor guiado.
Na Jerusalém sancta collocado.
(8) Fúta meã Dêmino redámn
in emiMpeetu onmis pvyuli eju$t in
aíriii domuÊ IhtiwU, in médio ini
JenuaUm,
Os meus votos, em face aos Geos, aos Anjos,
Cumprirei com prazer eternamente:
Entretanto, no templo.
Darei, cantando, ao povo egrégio exemplo.
PSALMO cxvi.
yuANTOS desde o Trio Norte
Té ao polo Austral habitam ;
Quantos sobre o globo faliam,
Bespiram, sentem, cogitam,
Todos em doce harmonia
Louvem a Deo9 noite e
AUeloia.
( 1 ) Laudate Dtfmiuvs omnei gen-
frf , laudnte etiin, omne* pêfuU.
Pois que sobre nós confirma
Quanto piedoso promette,
E que os mais raros prodigios
A nosso favor repete:
Delle a immutavel verdade
Vence a longa eternidade.
(S) Quoniam eonfirmãto est ««-
per noe mitcHeordia ejuã, et ve»
riins Domini mtmei in aUmnm.
396
PSALMO CXVII.
DRAMA. (•)
rxíXÂM
DAVID,
O SACERDOTE,
UM LEVITA.
GORO DOS COMPANHEIROS DE DAVID,
CORO DE LEVITAS.
A teena é á porta do tenyilo.
Alelnia.
(1) CSM/S(cini'it( Domi»0, guo-
mam benut, piotiiam ín titenlum
miterietrdia rju$.
GOBO DOS COBIPARBEmOS DB DáTID.
L
louYAi a Deos fervorosos»
Povos de agora e vindouros;
As graças de seus thesouros
Para sempre celebrai
Um do Goro.
(2) Dicat nunc Israel, qtvmiam
bonusj quúniam in saculum mise-
ricórdia ejus.
Vós, gratos Israelitas,
Proclamai sua bondade;
No tempo, na eternidade
Perpetuas graças lhe dai.
(•) MaU«i é d*opiniÍo que eite psalmo foi composto para se cantar em alfODâ du
eslaçSei da Fesía das tendas, ou dos taàernaeuios, que fora iosUtoida em memoria de lu-
verem os Hebreos estanciado debaixo das tendas no deserto, e quando sahiram da esera? idio
do Egyplo, a qual festa se celebrada a 15 do Tizri, que correspondia ao mes de Seltembro,
por oito dias successivos, durante os quaes estava o povo alegremente debaixo daqueltei p«*
villides, cantando bymnos, e louvando e bemdizendo o Senhor.
397
Outro do Coro.
A casa de ArSo declare
Quaotos bens deve ao Senhor;
Quanto do seu temo amor
Podem fieis esperar.
(3) Dicat tuine domut Jaran,
qnmuam in taeulum miierieoriia
Toix) o Coro.
Todos 08 que a Deos respeitam»
Todos que o temem e adoram
Fiquem certos, quando o imploram»
Que soccorro lhe ha de dar.
(4) Dimntmme,fmíimentlh'
minaim, pêanimm m §meulum mi-
sericórdia ejus.
DAVID.
Entre amarguras mil e anciãs de morte»
Perante o throoo excelso
Do meu Deos enviei triste um gemido,
Que o Senhor mavioso
Acolheo com piedade; e confortoo-me»
Acodio-me o meu Deos. E que receio
Do que possa causâr-me um homem frágil»
Se a meu favor se explica
Um Sér supremo? e se me fortifica?
Inútil é fiar-me
De humanos, quando um Deos pôde amparar-me.
Que tem que ver dos Príncipes a força»
Comparada co' a summa Omnipotência?
Quanto delia esperar deve a innocencia!
Quanto alcancei outr ora»
Quando tantos potentes me cercavam»
£ os caminhos do allivio me fechavam !
Abandonado e pobre»
(5) De tríbvkUione itw&eavi Do-
fiwfitrm, et exmuKvit me in lãtitu-
Une Dmmnui,
(6) DominvM mi At odjutor^ ima
timebo quid fadai mihi fumo,
(7) Domims mihi a4futor, et
ego deMpitíam inimieoê meoe.
(8) Bonum ett eonJUere in Do-
mino ^ qvam confidere in homine,
(9) Bonum ett tperare in Do-
mino^ quam operare in Prineipi-
but.
(10) Omnei gente t eireuierunt
me, et in nomine Domini^ guta
vltus 8um in eot.
(11) Cireumdantet eireumdede-
398
runt me, et in namine Domínio
qvia ultut ium in eos.
(12) CircumdederwU me, tieiít
apety et exarserunt., ticvt igms
in tpinitt et in nomime Drnnini,
guia ultut tum in eoã.
(13) IfnpmiêuM eoertut timi, ut
etiéerem, HD9mHima wuêeq^ime.
(14) Fartitudomea^etittutmea
Damitttis, et faeíut eêt tnihi in
talutem.
Perseguido dos homens implacáveis.
Sem amparo, sem armas.
Resisti com valor, Deoa invocando,
E fui só por mim mesmo triutnpbaodo.
Qual enxame de abeUMs irritado^
Me assaltaram cruéis; oa quti ioeeodío
Que pega em matto secco, me rodèa
De inimigos feroies tropel danso:
Invoco a Deos affouto, e logo os yenço.
Deos, no ponto em que fortes m'mipeUiam,
Badofarau minha forca;
Quando já <|naai tinha escorregado,
Impedio que eu eahisse derrotado;
Susteve-me forçoso,
Salvou-me, libertoii*me : esta victoria
A Deos pertence, delle seja a gloria.
Vozes hb bbiitbo bo tniPLo.
Gloria a DeosI
DAVID.
(15) Vúx exnlttOiÊmê, et saln-
tis in tabemmulit juêt&rum.
Qoe exclamaçSo suave!...
Vem do templo estas vozes deleitosai:
Meu coraçSo no peito pdpitaodo
Me está este transporte oonfirmaado.
Coro m Sacbrbotbs nesitRO do tbulO'
(16) nextera Dominifeeit vir- Gloris a Doos ! Viva O braQO omnipotcote
Ifftem, dextera Demini exaltavft -^ -v^ * a c-. u-.-
me: dextera Dõmini feeit virtn^ W nOBSO DeOS, dO MUDOr,
^^^' Que de tio perversa gente
Assim nos fec triumphar.
399
DAVID.
Feliz triampho! sim, que t Deoi 96 devo»
Que me saWou a vida: ioda respiro
Para narrar ao povo obras tio grandes.
Os petares antigos
Com que Deos me provou» foram severas:
Mas que ligio tio utíl I
Apreudi a arrostar rigida sorte,
A soffirer, sem 6car presa da morte.
Vós, excelsos Ministros
Do Senhor adorável,
Abri-me as portas saoctas, entrar quero;
A Deos agradecido,
Quero offertar-lhe os h jmnos meus cadentes :
Seu nome todos cantem, abençoem,
Delle as altas abobadas resoem.
(t7) Ab» Nwrfar, êed vham, et
mrrúb9 êpera Dumkii.
(18) CtuiigtmM eoiíigwHí me,
IMmimUi et morti fiM tradidit
me.
(19) Aperite mihi portas Jtuti-
fÚB, ingreseuê in eae eonfiteber
Domino.
(Abrem-se as parUu do Templo, e éfUram os
justos.)
DAVID.
(Hme porta Domini juiti in*
troòuoJt in eam) (•).
Direi, Senhor, que os meus votos
Completamente aoceitaste;
Que nos dias d 'amargura
Piedade me nSo negaste.
To és quem me deste a vida,
És quem vencer me ãieste;
De ti somente derivam
Os triomphos que me deste.
(80) Cm^ebortíH^fuomame»'
audieti me^ el /actue ee mtki in
eaiutem»
(•) Este parentliMi, que alo tem coooexSo com o pialno, corrobora a opinião de
MaUei que deiíamoa apontada, isto é^ que efte psalmo é uma comporiçSo dramática para
nranca.
Jueti chamaram oi Hebraos em primeiro lugar aof Sacerdotes, depois áqnelles que
serviam nas fbneçSes sagradas, e nltímameate a todos os habitantes de Jerusalém.
400
Sacbrdotr.
{i\) Lafidem quem reprabaee- Que profundoS juizOS determioaiD
et^t anguH. Que a pedra, por aqaelles que ediGcam
Regeitada, depois no templo sinra
Como pedra angular em que se fundem
As roais fortes muralhas do edíficio!
(«2) A Domine factum ett it- Vem, ó Principe íllustre,
tuHf et est mirabile in eeulit nes- ^ ^ , . ^ 111
trii. Outrora perseguido, abandonado;
Charo objecto de grandes maravilhas
Que Deos obrou perante nossos olhos:
Um tio grande prodígio
De prazer eitasia no^as almas.
Levita.
(£3) Ntee e»t itíet, guam feeit Um dia mais foliz, mais bella aurora
Uominvtf exuUemMis, et latemttr 1^1^ 1
tu ea, N&o maudou Deos dos Ceos para aIegrar<-nos.
Brilha o prazer interno
Dos nossos corações no nosso rosto:
Ouve as graças que a Deos damos com gosto.
(<4) o Domine, iohum me fie, Viva O nOSSO DoOS, O viva
õ Domine j bene nroeperore: *e. r\ t * jx 1 •
nedidue, fui vemt in nomine Do^ O JUStO qUO nOS da lOlS ;
mtm.
Para nosso bem prospere
Um tHò bom Rei entre os Reis.
Deos, que esta prenda nos deste»
E por ti foi restaurada!
Desçam sobre ella mil bençSos
L& da celeste morada.
Sacerdote.
(S5) Benetliximus vobis de do- NóS VOS abcOÇOamOS, gratOS filhoS,
mo Domini: Deut Dominus, et . 1 n t <• «i-
uiuxit nobis. Que SOIS do Senhor família :
401
Deos, que nos allumia, nos segara
Que acceitou vossas preces.
Distingui este dia t8o solemne.
Fabricando de ramos condensados
Abrigo, a cuja sombra alegremente»
Com jogos e festejos,
Todo o vosso prazer se manifeste.
De frescos ramos e palmas
Á sombra amena cantando,
*
Este tao prospero dia
Ide alegres celebrando.
(£6) Constituiie diem »0lemmem
t» condenstMi utque mi camu «/-
DAVID.
Divina inspiração move o ipeu estro,
Senhor, enches-me d'alma as faculdades!
Heu Deos, quero cantar-*te:
Mas, teus dons contemplando,
Grato meu coracSo só sabe amar-te. .
Cantemos juntos, cantemos,
Já que, ó Senhor, m'escutaste
Meus suspiros, e piedoso
De acerbo mal me salvaste.
(£7) Devi meus ei <«, et r0n/i-
tebor tibi^ Deiti meuê et 1», ei
exãltabo te.
(£8) Cat^eb9rtibi,çuomÊmeX'
m9idi$ti me, et fiutus ei mihi in
tõiutem.
Coro.
Todos 06 que a Deos respeitam.
Todos que o temem e adoram
Fiquem certos, quando o imploram.
Que soccorro lhe ha de dar.
(£9) CênJUemini Dpminê^ pio-
nimn tem», quowUun in êmculnm
miierieordia ejw.
Tomo YL
£6
402
PSALMO CXVIII.
Alleluia. (*)
Albph. I^.
0.
(1) Beatiimmacuhti invta, qui yuAO (litosos aquelles quo Sem culpas
amòularU in Uge Domini. i • i « i , . , .
VSo na lei do Senhor passando a vida!
(«) Beati çui geruÈantur iesH- Felizes, so investigam seus preceitos !
morna ejitt^ m totó eorde exqtri' ^ ^
runt eum. Se nos candidos peitos
Indagam quonto Deos Ibes communica,
Com que auxilies a lei sancta Ih' explica.
(3) Nonemmpiiêpertmturim- Nosta Vereda Sempre cammhaodo,
quitatem, in viit ejui nmbvlave* __ , , _ _.
runt. Nunca podem manchar-se com dehctos:
(4) Tu maHdásU mmdata tuã Mandaste, ó Deos, e seguem noite e dia
eustêdiri nimii. . ,
A luz que sempre os guia:
Fiam-se em ti, e vencem o caminho
Que da ventura eterna está visioho.
(5) Uliftam âirigantur Tias mea BaSta qUO n20 Vaciilom, qUO te slgaiD,
tvi f.uatotfiendtts justificoUonet ^ - _. , .
tuas. Que te agradem» meu Deos, os seus desejos;
Que observem cuidadosos teus vestigios,
( Para evitar prestigios;
E com actos por ti justificados
Fazer seus dias bemaventurados.
(•) Erto psiUmo é acróstico, maf de um modo mais estricto que todoí os oolros eonf-
truidos com semelhante artificio. A lettra inicial do primeiro Tersiculo dos psalmoa acrostkot
é àleph, a do segundo beth^ ete. ; mas neste todos os Tersiculos da 1.* oitara começas por
alephf todos os da 2.* por beihi e assim successtFamente. Alguns Padres antigos creen qoe
fôra composto por David para seu filho SalomSo, a fim de que o recitasse e se inflanasffe
de amor pelo estudo da lei dirina, de que todo este psalmo é um continuado elogio.
403
Firma, à Deos I em minha alma teus dictames :
Fortalecido assim com taes iofluxos»
O coraçlo isento de tristeza»
Formarei com presteza
Hjmnos sublimes, caóticos discretos;
Ensinarei aos pofos teus decretos»
(6) Tune non etnf andar ^ eum
pertpexerú tu omnibus mandaíig
tuit.
(7) CanJUebar tiòi tu direetione
iordi*t <A '0* pt^ didiei Judicia
fuémia lum.
Teus profundos juizos adorando,
Submisso cumprirei as leis divioas»
Certo que affavel nosso amor acceítas;
E que jamais rejeitas
De teus filhos fieis os votos puros;
Que contra o desamparo estilo seguros.
(8) Juttijieatianes íuas eutto^
diam^ non me derelinqvai utfve*
qnaque.
II«
Bbth.
Quem ha de refrear um moço altivo
Que em precipicios corre e se despenha?
Só tua lei, meu Deos! é que o reprime.
Que o desvia do crime.
N9o deixes que de ti jédmís ròe affiíste,
Nem <|ue em loucas paixões a vida gaste*
(d) Ia quo earrigitadnleteentior
viam suamt ia euatadiendo ter*
(10) In teto cor de meo exqui-
civi tCy ne repelias me à manda^
tis tiU*.
Fixa em meu coração tua doutrina.
Esta estudo, esta guardo no meu peito;
Para nunca offender-te nem perder-me
Has de fortaiecer«me :
Ensina-me recônditas verdades
Para illustrar-roe d alma as faculdades.
(11) Ia eorde meo aòoeoadi elo-
quia tuot ut non peeeem tibi.
(12) BenedictuM e$. Domino ^
doce me Ju$tiJieatione$ tuas.
Da tua bocca oráculos profundos
Repetirão meus lábios docemente:
Da tua lei o código sagrado
Medito deleitado;
Tomo TI.
(13) Jfi tabiis meio prommtioni
omnia judicia on'$ tui.
(14) In via testimoniorum iiuh^
rum delectaius eum, tiaU in «mw-
éfa divitUo»
86 •
404
Mioba alma encontra oeile mais riqoeta
Que em quantas minas cria a Natureza.
(15) Th mawiãtu init exerte- Medito com delicia OS teus proceitos,
bor. et considtrabo ria» tuas, n • • ^ i
Recreio-me em cumprir quanto me ordenas;
(16) ínjustifirationibuttuitme- Só na justiça ponho O pousameoto:
ditabor, non obliviscar sermones
tuas. Jamais O esquecimento
Ha de apagar em mim o ardor sincero
Com qae me applico a oavir-te, e amar-le qacro*
Ohimel. VIV*
(17) Retribue servo tuoy «toí- Rctríbue, mou Doos, O qoo mereco
Jiea me , et custodiam sermúties . .
iuot. O teu senro ueU e dá-me vida ;
Faze que observe quanto prescreveres:
(18) Revelaoctitosmees, et €on' ExorCO teUS podêrOS;
siderabo mitabilia de lege tua, m* « ti
Tira O véo a meus olbos, e verei
Maravilhas que encerra a tua lei.
(19) íncola egn sum in terra, Infoliz peregrino SOU 08 terra;
non abtcondas a me mandata tua. «, . t i ^ a
£ por ISSO m escondes teus arcanos?
Ah! declara-me bem teus mandamentos:
Sao magoas, são tormentos
Aspirar sem chegar a tanta altura»
Cheio d 'anciãs de amor, e de ternura.
(20) Concfipirit anima mea de- Hiuha alma suspirott em todo O tompo
siderare justfficationes tuas m n i a • «.• a
omni tempore. P^la tua justiça, amou-to sompre.
(«o increpasii superbas: ma- Aos suborbos, Sonhor, sompre aijguíste;
ledicti, qui deciinant à mmdaUs ^ , i. . . .
i„,-f. * / Com maldições puniste
Quem de teus mandamentos se apartava,
Quem, no lugar de amar-te, a si se amiva.
(22) Aufer à me opprobnum, €i Fiel SÓ tUBS lois adorO C SlgO...
405
Põe de mim longe opprobrios e desprezos,
Pois me Dão eofileço com maldades;
Investigo as verdades
Qoe as palavras divinas nos ensinam,
£ os mais altos mysterios descortinam.
eontemptumy guia tctlimeniã tuã
exquiiivi.
Contra mim poderosos se insurgiram, (O) Etenim tedcmnt principet,
• f II j • j j ^^ aévenuni me loquebatUur : ter-
£ contra mim fa liaram despiedados: wMéÊutemÈuusexereeèaturinjuê'
Mas qae importa? O teu servo supportando,
Ia a lei meditando:
Manso, na rectidão se exercitava,
£ com tua justiça se alentava.
O mundo n8o m engana ; só contemplo, («*) ^^"m et tetthnonia tua me-
dUatiomeaest, eieoftsitiummtum
Meu Deos I o que disseste, e quanto és justo : justijieotianes tute.
Os juízos dos homens depravados
SSo pérfidos, errados.
As tuas perfeições sAo meu espelho.
Só com tuas verdades me aconselho.
IV.
Dalkth.
Abatida, pegada ao pavimento,
A minha alma languesce na tristeza:
Vivifica-me como prometteste.
Meu Deos! tu conheceste
Quanto fiz, quantos dei passos incertos;
Guia-me no caminho dos acertos.
(S5) ^dhtetit pavimenio múma
mea: vivifica me tecvndutn ver-
bum /affitn.
(S6) Fia* meai enMMtiavi^ et ex-
auditti me : doce me juitifieatio'
tiei tuai.
£nsina-me a vereda dos preceitos,
G>ntemplarei as tuas maravilhas:
A tediosa vaidade me aborrece;
A minha alma adormece
Co' as frívolas razões que ella m'intima:
Confirma-me o que dizes, e me anima.
(£7) Fiam juMÍiJUaliMum tua-
rum itutrue me, et exercebor in
mirabiliòUB tui9.
(S8) Dormttavil animameapwm
tadio : cunfirma me in verbhtuis.
406
(29) fiam imqmtatis mnooe k PSo distante de mim a iniqaídade;
vaey et ie lege ttiã miserere mei, « r j ^ i - i -4>.
' ^ E a favor dessa lei ijue promulgaste
Tem piedade de mim, que a sigo e exploro,
(30) Fiam veriíatit elegi, judi- Que O eSOOlho, que O adOTO:
cia tua non sum oblitut. w . i i i «•
Da estrada do que ordeoaa faço apreço,
De teus altos juízos nio m esqueço.
(31) Adhmn te$timoniii tniã , NBo m'illudem phautasmas lisougeiros;
Domine : noH me amfundere* «^^ c i. j x - ê.
Dá-me, Senhor, a norma do que é justo:
(32) Viam mandaterum tvorun Quando O qUO msndaS sigO, VOU COOtCUte;
cttcurri* cum dilãtasii cor mtum, __ . , ^
Meu aoimo valente
Prosegue na carreiro, que nio mede,
E jamais de cançado retrocede.
Hb. V.
(33) Legem pene mihi, Domine, Para que posso progredir segoro
riam juttijicationvm tuarum, et ^^ , _^ • «n
exquiram eam eemper. Na Via Om quO, mOU DOOS, 006 JUStlBCaS,
Dá-me uma lei, Senhor, que me desvie
D'erros, e me allumie:
Irei sua belieza contemplando,
E os tropeços humanos evitando.
(34) Da miAt irUeiiectum, et Tu mosmo iilustra mou entendimento:
icrutaber legem tuam^ et cutlo* . . . • j i • vi*
diam iUam in teto eerde mee. Assim penetrarei da lei suolime
Luminosas verdades; no meu peito.
Com portentoso effeito.
Insculpidos, farfto que aooor ardente
Ao que ordenas me prenda docemente.
(35) Deducmeineemitammãfh- Dirige-me, Sonhor! vai-mo fevaudo
daterumtverumiptiaipiam volvi, » i m
Por onde queres; vou com attooteza:
Não me custa seguir-te, nSo m 'enfada
Uma escabrosa estrada:
407
Mais vale um teu grilhão que a liberdade;
Na tua converti miaba voDtade.
O meu aoimo inclina ao que m 'inspiram
Tuas immensas graças, teus favores;
As seducções da pompa e da avareza»
Que a débil natureza.
Se se descuida, fraquejando, abraça.
Dissipe o teu poder, e amor desfaça.
(36) Inclina cor metun in tesH-
monia ItM, et n9n in avatitiam.
O spectaculo futil da vaidade
Nio quero ver. Senhor; tapa-me os olhos:
C*os thesouros da tua sapiência,
Co' as graças da innocencia.
Na carreira que sigo vivifica
Meu coração» as forças lhe duplica.
(37) Averíe oeuU9 meõê^ nê vi-
demU vm/titãtem^ in via hm vim-
fica me.
Arreiga no teii^ servo o que ordenaste ;
Se vaciliar, castiga-me: mais vaie
Padecer e tremer de tal castigo.
Que nas mãos do inimigo
Ceder as armas, arrear bandeira,
Ou naufragar por força de cegueira.
(38) Statue tervo tuo eUquium
tttum tn timore tuo.
Tremo, Senhor! O mal cruel pre^-sinto:
Impede o meu opprobrío e desventura;
Os membros gangrenados fere, corta:
Que eu padeça qu'im|>orta?
Teus remédios sfto úteis, efficazes ;
Resulta o bem de tudo quanto fiaaes.
(3tt) jámpuíã Offrcbrium meum ,
quúd siupicatui ftim, quia judicia
tua jucunda.
Appeteço somente os teus preceitos,
E na tua equidade é que respiro;
Âlenta^^me com ella, dá-me vida.
(40) Ecce coneufioi mandata fua^
tn Ofuitãte lua vivifica me.
408
Quando já combatida »
A minha alma confusa desfaliece.
Com teu poder a ampara e fortalece.
Vait. VI.
(41) Et vtniai èuper me mite- Ah! fenha sobre mim a enchente para
rieordim tua^ Domine^ Moiutare • • «• • «
íyum iecundtim êUfuium iuum. Da tua misencoroia» Deoa piedoao,
Segundo o que disseste: em quem te ama
Tuas bençflos derrama.
(4S) j£t reipondebo exftroòrãn- As affrontas O magoas desafio,
tíAus miki verbum^ fuiã iperavi _. •■• o « • o
in sermonihu itits. No que dizos, Seubor ! so me confio.
(43) El ne avferaã de ore meo NSo coHMntas SO apartem de mcus labios
verbutn veritatii ntquequaque ,
guiainjudiciittuisêvpersperavi. As vozes da Verdade, SO com dias
H'incumbes d'inculcar virtude ás gentes:
SSo-me sempre presentes
Teus profundos juizos na lembrança.
Fortifico com elles a esperança.
(44) Et custodiam íegcm tvrnn Em quauto respirar hei de adorá*los:
eemper, tu taeulum, et in swcu* --, - .
lum iaeuU, Tuas Icis seguirci constantemente ;
E desta alma immortal aos pensamentos
Eternos documentos
SerSo» para observar essa doutrina
Com que nos brinda a tua mão divina.
(45) Et mHbuiabmn in intitudi' Irei poIo univorso affoutamente,
ne : guia mandata tua exgmtivi. ,-,,•.
Tendo estudado sempre teus preceitos,
(46) Et hquebar de teãtimoniis Dizor som pcjo aos Rcis quauto m'ensina8:
tuis in compeetu Rrgum, et non
co^fandebar (•)• luspirações díunas
(•) Valha por commeoto a epíftola de Santo Ambroiio a Theodono, Iíf. f . cap. 17. —
peto ut palienter sermonem mcvm audio» : fiam it indignus sum fui à te audiar^ inéigmu
tum qut pro te offrnm, cui tua vola, cui tuat ammittas preeeg. Ipte ergo non audiao eim*.
409
Sustentam o valor de publicá-las»
E nunca o justo teme aonunciá-las.
O meu deleite foi meditar sempre
Teus mandamentos, nelles embeber-me;
Inflammado de amor, ir pratticando
O que andara estudando:
Pedir-te lui, segui-la com ternura^
E ulo querer mais bens que essa ventura.
(47) Bi mediitàãr in numdMÍÍ9
fuit, pim dãexi.
(48) Bi iêpãfi wtmuiM mMf ãd
mÊUíMm liM, pm diUxi^ H «cer>
etèâr in juêtifittUimihuê iui$»
wn.
Zkin,
Recorda-tOt Senhor, dessas palavras
Que ao teu servo disseste, radicando
A mais doce esperança no meu peito!
Um coracSo perfeito
Com ella se consola e fortalece,
Adoça os males todos que padece.
(49) MtmÊr eêtê verei M 9er99
liw, íH fiM wUki tpem éeéisii.
(50) Hme me eenselaím e»t in
himUiiale mem, qtiia elequium
iuum vivijkmoit me.
Com que insultos os máos me acommelteram !
loiquamente obraram; e eu contente
Da tua sancta lei nlo declinava :
Attento meditava
Nos teus factos antigos com delicia.
Desprezando os enredos da malicia.
(51) Syperbi inifuè ngeàani «#•
fueqnêpíe : à Uge ontem inn «m
dedinarí.
(52) MumÊrfmjudieiemmtuO'
rum à HBCule, Domine^ et eeneO'
tutu» $um.
Mas á vista das trevas que envolviam
Os perversos, com dó dessa miséria
(53) Defeetie tennit meprepec
entoriòuM deretinfuentiòne le§em
tnmm.
quem pre te mudiri veli9 ? Negue imperiale eet lihertatem dieendi denegãre, nepie emeerdê^
tale^ qued ientiam non dieere. Nihil enim in vobie Imptmtoribue tom populare^ et inm
emMle eit, quem libertntem eti^m in ii» dUigere^ pd ékeefuiê miUtim veòie euèdiii ftml.
Sipridem kec intereet inter bonee^ et mtíae Prineipee, fued beni tièeriatem mmãnt^ eeroi-
tuiem mali. Nihil etium in êaeerdete tom perieuUsum úpud Deum^ tmn turpe npnd hêmi"
nrt, quam qued tentiatt nen libere prenunliare. Siquidem êeriptum etlj El loqiiebar de tet*
timoDíU .tuu ia confpectu Regom, et no n conundetNir.
410
Ás vezes desmaiei; horror sentia
Quaudo immersoe os fia
Na torpeza de seus divertimentos»
Esquecendo teus sanetos mandamentos.
(54) Cantúbile» mihi erant jus- Mui divorSOS effoítOB produzía
tiJUaíione» ifta in loco peregrina- _, . _ , ■■ » . . * i
tionis meai. Em mmha alma da lei a snsvidade:
Ao canto» enlhusiasmado» m'eetregava;
Logo a lyra empolgava.
Teus benefícios ia celebrando»
E meu triste desterro consolando.
(55)' Memorfui mtie luwiiiiú Com tou nomo» Senhor» rompia os ares;
tui\ Offfittiie, et euMiodivi Ugen .
tuam. As estrellas» á noite o repetia;
Com elie a roxa Aarora despertava:
Tudo se abrilhantava
« Co' a luz que diffimdia a lei sagrada»
Por mim com vivo ardor sempre guardada.
(Sfi) Hae fteia esí tnihi, guia Dosta delicia pura foi gozaudo:
Juêiffieaíionee tuae exquiehi. wv . o • • i #»
Premiaste, Senhor» mmha firmeza
Na exploração da lúcida verdade
Que na lei, com piedacb»
Para justificar*Ros expuseste»
Alentando a existência que me deste.
Chet. l^III.
(57) Portio mea. Domine, dixi És» Scobor, muiba berauça» outra não qaero:
cttêiodire legem íuem.
Prometti merecer-te» exacto sendo
Em cumprir tua lei: vê^ine prostrado»
(50) Dêfreeatui tum fúciem Supplicando bumilhado
Imíijí» in ioío eorde tnto : tniserere
mei Hcundum cioquium tuum. As graças com quo aoimas a virtude»
Com que impedes que um fraco mortal mode.
I
1
411
Tem piedade de mim» cumpre a palavra
De ajudar-me: sem ti nada consigo.
A serie de meus dias examino;
Sigo-te, e deiermino
Meus passou dirigir^ meus pensamentos.
Meu coração conforme os mandamentos.
(«(9) C^gitmi «mm mm*, ei cm-
fterHftáf mt09 tu tuUmmia Iim.
Prompto estou, não me «ssusta esla aUa eapreia :
No diflBcii caminho irei constante;
Vigora-me o teu braço : a lei defendo
Em quanto for vivendo.
Já me tenderam laço os peccadores:
NOo deixo a lei; nem temo seus furores.
(60) Paraim mm, et n&n tvm
twròaiuf, ui eusiúdiam mandaim
Iim.
(Cl) Funi9 j^eeeatõntm dreifin-
plexi êunt me, et legem tuum nrni
nm êblitHê.
Quando as sombras da noite a terra cobrem» (aa) Medim n^u eurgebwm ud
^ 111 t . eem/Uendum tibi tvper judicia jue-
Que OS malévolos dormem, me levanto tfjkativnit tvm.
Para as graças devidas offreoer-te;
E temo agradecer«le
A sabia iei que encerra a sapiência,
Doce penhor, meu Deos, da tua clemência.
G>m esses que te temem, que te ad<»iim,
Associo meus votos; participo
Dos dotes com que seu amor preméas:
Uno minhas idéas,
Meu coraçto aos seus; todos guardamos
Como um tbesouro a fé que professamos.
(63) Partieejf» ego tumomnium
timentium f«, et cuBlodieniium
mandata tua,
(64) Mieerieardiatmn Domine,
piena èet terra (•) ; jnetifieatia»
nea tuas doce me.
(•) Gentiliísima é a refleião cie Santo HJIsrlo netle pasio : ffoe in Deo frcBcipnm^
hoc in potente laudandum^ nen cmlum feeitoe; pd poknê ett : non terram fundaeee, gui
virtus est: non annum attrie temperatte, qui eapient ê$t: non hominem animaiêc, çui vita
€st : non maré in acccesut et rccessua movisse, qui ipiritu» est : sed miaerieordem e$se^ qui
jtiMiuê estf sed miserentem esee, qui rex eely sed dissimvlanlem esse^ qtii Deus est.
412
Tkth. IX<
(06) B9m'iÊt9mfetíêtiewn$er9o Ostentaste, Senhor t tua bondade,
<««, Domine^ geeundum verêum « .i i i
tuísm. Derramando mil bens sobre o teu s^to;
Tua 'stavel promessa lhe cumpriste;
(66) BomMem^etiUdfUnam^ De fé me roTestiste:
et icientiam doce mr , quiã num» ^
daíit ittif credidi. Agora as sabías regras tu m ensma
De sciencia, bondade, e disciplina.
{67) Priuiquamhumiitmrer.egú Eogolphei-me, é YCrdadc, nos prazcres,
deliqui : propíereã eloquium tuwn . , ■ «ii
ctístodhi. Antes que os desenganos me humilhassem:
Errei, Senhor I Mas quando no conflicto
Me yi oppresso, afllicto,
Logo fiel a ti voltei sincero,
Pois seguir tuas leis somente quero.
(68) Bonu» e$ tu: et in honi- Tu quo és bom, ó meu Dcos! nessa bondade
tate tua doce me juitifiaUionet _ . , , .
itiai. Instrue-me de modo que me sal?e:
(69) Muittpiicattt ett super me Os máos, quo iniquidades multiplicam,
íni quitas Muperborum : ego miem i? «fi-
ta tot9 eorde meo terutabor mttf £ qUC me Sacnficam,
NSo me distraS da lei que necessito.
Que adoro, estudo, e sobre a qual medito.
(70) Coa^uiãtunt est, êieut tac^ Dos máos O coraQSo, bom como o leite,
cor eorum: ego vero tegem tuam , 1. 1 i
meditãtu» sum. Cosgulado uBS sordidas delicias,
NSo se funde ao calor da cbaridade.
Nem á voz da verdade:
Entretanto contemplo arrependido
Quantas vezes a lei tenho offendido.
(71) Boaum mihi, guia humi- Graças á dor quo O oeito me lacera!
liaiti me, ut discam Justifieutio' .
nes tuas, Graças a ti, meu Deos, que purificas
Minha alma c'os pezares que me opprimero !
Da razio nto me eximem:
413
Soffrcndo aprenderei que só ta fartas
O coraçio do qual jamais te apartas.
Mais estimo esta lei, oode sciotillam
Qs suUimes arcanos que dictaste,
Que essas pompas que o mundo tanto preza ;
Mais que toda a riquexa:
Eu nSo cubico jóias, prata, ou ouro;
Cumprir a lei, é todo o meu thesouro.
(7S) Bwtim mihi lex cri tui
Mvper mtllia auri et mrgerUi.
IL.
JOD.
Deste meu sér. Artífice supremo,
Co' as próprias m&os a machina formaste:
Ignoro-roe a mim mesmo; dá-me ingedio
Mais claro do que tenho:
Aprenderei a merecer a graça,
Com que todo o que mandas satísfiiça.
(73) Manu» iuitfeeerunt me, et
plMmacenuU me : da mihi inteU
teetum, et diteam mandata tva.
Esperei só em ti; e a confiança
Que observaram em mim os timoratos
Encheo seus corações de um prazer sancto:
Extático levanto
Para o ceo minhas mSos, pela certeza
Que teem tuas palavras de firmeza.
(74) Quitimentte^vidèbuntme,
ei latabwUur : quia in verba tua
tupcrtperaH,
De teus altos juizos a equidade
Conheci plenamente; vi com fnicto
Que as dores e pezares com que humilhas
Slo novas maravilhas
Que attestam sem cessar, no que padeço.
Que equilibram o mal com que as mereço.
(75) Cognovi^ Domine j quia
asquitas Judicia tua^ et iaveritate
tua kumiliaeti me.
Piedade, meu Senhor ! basta o que soffro : (76) Fiat mitericordia tuã, ut
414
coti$olettirmef9ecimdumeÍ9quittm CoDSola-me, pois quasi desfllIleÇO*
E fragily d cançada a natureza
Succumbe na tristeza:
Dá-me descanço; á fraca humairidade
Só lhe pôde valer tua piedade.
(77) reniaru mihi miierationes ViTcrei, se me acodes: teu3 preceitos,
íwip, et vivam: quia lex tua me- ,
ditatiú mea est. Tua lei meditei continuamente:
Este sancto cuidado me defenda.
(iB) Confundanivrêuperbi\guia Se desprezam a emenda
injuttèiniqtUtatemfeceryntinme: ^^ . . ^_
ego autem exeteebor in mandatis Os máos que luiquamente me persegueiD,
Contra quem te ama yè o que conseguem.
(79) ComtertoHtur mihi timen- Pratticaroi fiel tous mandamentos:
tcB te, et qui naoerunt testimania • • .
<tta. Voltem-se a mim os bons, venham benignos
Recrear-se comigo no que ensinas;
Nas celestes doutrinas
Seu testemunho venha consolar-me,
E teu poder immenso resgatar-me.
(80) Ffa< cor meum immacuUi' Ghoio de fé, de zclo, O de verdado,
tum in juMtHieatioiHbus tuit, fí ^ • » • - • i* • i •
non canfmdar. Opponho á lugratidio minha innocencia :
Seja o meu coração immaculado.
Por ti justificado;
E no seio de magoas submergido
NSo fique com perversos confundido.
Caph, 1E.I*
■
(81) Defecit in êtíuiare luum Dosfallece a minha atma, desejando
anima mea: et in verbnm tuum . »v ■ cp •
gupertperavi^ Quo me acudas, meu DeosI Suspiro* gemo:
Tardas, sim; nem por isso desalento:
No que disseste attento,
Percebo das palavras o sedlido;
De que me has de valer jamais duvido.
415
De meus olhos a luz quasí se extingue
Á força d'esperar9 se vens, se acodes.
Desce, ó Seohor! É tempo de acudir-me:
Dígná-te pois de oufír-me;
Declara-me em que dia has de escutar-me,
Quando fírás piedoso coosolar-me.
(8£) DrfeeeruníoculimeiineU'
quium Uium iUtnUê^ quÊodMCQtk'
9olaberi$ m€Í
De susto, de saudade penetrado,
Contraio-me qual pelle exposta ao gelo;
Mina-me a dor que nasce da incerteza:
Sem perder a firmeza
Com que apesar de tSo cruéis tormentos
Cumpro á risca teus sanctos mandamentos.
(83) QuiafmêUiã 9um9iaUuter
in pruina,Ju9tificatí9He» tvmt uúh
ium obUtuê.
Quantos dias me faltam de amargura?
Declara-me, ó meu Deos! este segredo.
Quando TÍrás conter meus inimigos,
Sahar-me dos perigos
Em que me arrojam meus perseguidores,
Sem dó, sem compaixão das minhas dores?
(84) Quot êutit die» tervi tui,
quando facíêg de perêequeníibuj
me judicium f
Abusando da fé com que os trattava.
Quantas fabulas vis me relataram !
Os perversoB perfidias enToWeram
£m quanto me disseram.
Não seus dittos. Senhor! toa lei sancta
Me anima, persuade,' e só m encanta.
(85) Narravertmt mihi iniqui
fa&uliUwê€8f eed nên ul lex tua.
Teus díctames conteem summa verdade:
Os iníquos sem pejo me atraiçoam.
Acode-me, Senhor! prende-lhe os braços;
Desata-lhe esses laços
Que armaram com intentos de perder*me:
Só tU| meu Deos, só tu podes valer-rae.
(86) Omniã mandalã tua reri'
tas: inique perteeuti êuní me,
adjuva me*
416
(87) Pmtiò minu» tonsumope- Qaasi me aiuiiquilarain sobre a terra.
rmU me tu terra : eao mutem non -g^, «j o u • jx i ■
dereiiqui mandata tua. Dá-me Vida, heobor! dá-iDe alegna,
Pois fai fiel ás leis que in'impazeste:
(88) Srettndum miaerieordiam Gom íofloXO Coloste
tnam vintfiea me ^ et cuttodiam _,.,-, -
UBtimania aris <iii. Vivifica-me, a fim que em toda a parte
Guarde o que mandas, disso nl^o me «parte.
Lambd. XII«
(89) In aternum, Domine^ ver- Tuas leis, mou Senhor, alem do tempo
bum tmtm permanet in emlo. . . •» i
Duram do Ceo, por toda a etomidade.
(90) In generationem et jgene- Do geraçdO Om goração fixastO
ratiaaem ver i tas tua: fundatti wr « r j &
terram, et permanet, «a lorra, qUO lUOdastot
Tua verdade: o mundo a reconhece;
E por ti quanto existe permanece.
(91) Ordinatiane tuaperteverat Tu aCCOndeste 06 astrOS; por tOQ mando
die$:guaniam0mnia$erviunttibi» ^ «. ..
' O dia persevera^ a noite p apaga:
Os phenomenos todos obedecem
Á ordem que estab'lecero
Teus decretos sagrados no Unt?erso:
Só te resiste o animo perverso.
(9<) iVfffi ptõd tex tua medita- So da tua lei sancta eu discrepasse*
ih meaest: tune/orte periiêBent f, .. « ., .. ,.
m humiiitate mea. Se nolla nlo cuidasso noite e dia.
Infeliz! já teria perecido:
Seria submergido
Em um mar de misérias e peccados,
Como esses que fesquecem, desgraçados.
(93) In mtemum n»n oòiiviicar Nío, mou Doos 1 Cuidarei perpetuamente
Justificatianet tuas : qttia in ipsis . , .
viv^easti me. No que ordenas ; pois quanto determinas
O teu saber profundo justifica,
O teu amor explica:
417
VivíGcas-me quando te obedeço,
Quando a tua justiça reconheço.
Senhor! sou teu; por ti todo abandono:;
Em amar-4e a minha alma toda emprego:
A ti pertence» meu Senhor, salvar-me»
Pertence-te animar-me;
Pois teus justos desígnios explorando,
Neste exercício os dias vou. gastando.
Obser?aram<-me assim os perccadores,
E quizeram perdernne: sem receio
Oppui a paciência. a seus projectos.
Teus dí?inos decretos
RedobraramHiia nalma a fortoiesa:
Vence a nrtude ao vieioi se o desproia.
(94) Tuyi ium ego (*), salvftm
me fac: quêniãm JustffieaihtUM
fnttf exquiihn.
(95) Me expectweruiã peecãhh
reê^ ui perderení me : tefiimonim
ma intethxi.
Tudo no mundo acaba: vi o termo
Das belletas mais raras e perfeitas c
Mas alem delle existe a charidade.
Que abrange a eternidade;
E tem os corações todos sujeitos»
Ornando o mais sublime dos preceitos.
C9S) Omm'i anuitm matianiê vidi
finem : iMtum mandútum tuum m*
mi9^
XIII.
HlK.
Quanto me agrada a tua lei sublimei
Nasce o dia». meu Deos, e desce a noite»
Nenhum outro recreio necessito:
(97) Quomoiú dilexi legem
tuam. Domine ! tola die medUati»
(•) JMf/f Mbr, (dii SmiIo Ag«iilfaho, Sfmi. IS. , áoercs deste psalmo) et communiê
videiur, 9ed paucorum est; $ati9 rarut eêt enim qui poieit dicere Deo: twi» ivm: ille
enim dicit^ qui aãhtgret Deo totit ãentibuit qui aliud togitare non teií, Numquid hãc voee
ftiUur (toiduê peeuniee^ Aotiariê, poteãtatiê t JIU dkU : iuus tirm, qui f0Í€9t dicere : e€ce
reUfuimue omniã^ ei êteuH êumu$ te,
Tomo YI S7
416
Nesta sempre knedilo;
Vou com ella minha alma esclavecanda,
E da verdade os fachos accendeodo.
(98) stper inimkét mê09 pru- Segoiofo 0 quo me mondai^ illiMrado»
dentem me feeitti mandaio iuo: . . ...
quia in <ricrmmi mMt e»t. Em pfHemMa ?eKi meitt mimigos:
A lei me deo labér oom ^e pudMe
. Domi# qaeaa me uffendeNe:
Foi mea eatado, de<Miiê ferfa e fida»
Teodo-a no coraclo sempre esculjHda.
(99) Super omnee éêcenitê me Muito alem das ésutijiias eíevida
itUellexi: úuittiestimenialuami' ^ - ,. . »• â • ^
áiiaiie mea etu Com quo 08 doutos m msfarsem, m inrtfwaia
Teus preceitos, Seohi^, « te«i coaselhos:
(100) Super eenexiniflUxi, çtft« O» maia iCaD«tDÍ felhoi
manHaia tua auasivi (•). ^-^ ' , _- ^_,
N8o me wdederam aoncai expmmentaMB,
Tendo explorado sempre teus mandados.
(101) Aò omm ma mata préhi^ Prohibi a meus péa 9ê 4esgaita
bui pedes meoe^ ut custodiam verba ^ . . i . i ■
tua. Por caminhos ervados; ia andiovo
Após a laa • regtAi que «e désie:
Com èOKilio celeste
Estudei o tm Oídigi^ petfeito,
Guardei tuas palavras no meu peito.
(io«) À judiciis tuis nondeeii' NSo decHoeit Seuhor, das sanctas regras
f, navi, quiatulegemposuistimihi, - • . . . .
f . Que mb «emastec a lei que «i impiiM
É caâ6a que prende «tMiamente;
FugiMhD nto ooMente.
*il03) Quamdttlctafaueibus méis Os tCUS dittOS S30 doceS, amorOSOS,
eloqíiia tua, super mel ori meo !
Mais qoe « md a «mus lábios aabtrosoa.
(i) Úttudêo to» eên de Jtchohi itpit^inê^ ubi òonHàtem^ et dhetpíhmm, et
Useatis^ et diettttM euik sbmio Dntid: Super omnet doeentet me iaielhxi, Qwie ^n/mmf
Nunquid quia Platonis argutias^ Artstotelis versutias HMhxf^ ãui ^nêMpete Uriarvn'
Nequajuamí »ed quia testitnonía tuu exjuisivL-r-S. Bemard. Serm. 3. de IVtilM.
410
Aprendi « sqíAmmi qve m'elèva
A conheMMet a mn»^f a obedeaei^te
Na posse destes bens, que ste meneço,
DosvkHiMf aborreço
Os camiobos faltes da iaiqHÍdadr,
Os afiEigos do mundo e da vaidade.
(104) A nmmdtAU i^t MeU^
sei: propterem odivi
iniquitalit.
KJIT.
Nuw.
Tua palavra é ieeba ^e deseobie (io5) Lueenm pedihu$ meit
^ , ^ . ^ . , verbum ímtm. et iumen iemWi
Com ^fiu claite o aeerto em meus eaniiaaM; mH* (•).
Guia meus pés» «mia as embaraços
Que se oppoem a meus passos:
Jurei sr da jualiça em aegfumeato» (lea) Jwmw, et êíúíuí cirtfo.
NSo hei m quelBraatar o jorameoto.
Por toda a parte migoas me humiliam:
Conforta-me» Seabor, dánne ceoataosia;
Para a vida Mura me pnapara
Com esta angustia amara :
Dá-me os beos que promettes i a^NM»
o que a lei nos aoDQBcia.
(107) HumiUaíut $um if«fif«-
quúque. Domine : vivifica me tf -
ctmdum verbum ttium.
Acceita o voluntário sacri6cio (iob) voiimíãriã ori$ mei a#«
Que teoffrecem meus lábios, quando provam J^KiS^' ^^'^' '^^"^^
Na vida tantos tragos amargosos:
Os golpes pavorosos
Com que a tua justicis me castiga
Ou me ensina a soffrer, oa «s mitiga.
Como quem traz na mio jpia que .estij|)9^ (a 09) Anim^ mea m manOut
(•) Mflbemuê firmiarem frppheUcum Mermênmnt €ui benf/meitiê êltendmLcMf guãii
lucema lueenii in caUfiuuo loco, donee dicM eliue$caif eí lueifer tri^tur in corUèus weifrh»
— S. Fedro Epist. II. c. 1. t. S9« ^
Tomo VI. Í7 •
420
%
muu temper^ et itgem tumn nm Que recèa perder, trsgo mtoha alma
Prompla a ofiTreccr-te delia os peonraentos:
Hf. I n Mi;:rH iiri
Sto os teos
Escolta qae a defende e fortaleee:
Jamais a tua lei. Senhor, in'esqtiece. («)
(110) Posuervnt peeeaiorrt im- Os maligoos armaram-me ciladas,
gueum mihi^ ti de mandalU twe
non erravi. Por ver se tTopcçava, OU se perdia
o caminho direito que levava:
Porém nlo tropeçava.
Nem errava o caminho que me ahriste;
De tino e de vigor me revestiste.
(Ill) fíitreéiiate acqui8i9i tet^ Nem msis beraoça quero nem riqueias
tfmonia. lua in aternum^ qnim eX' - •■ •
uUaiio eordit mH eunt. Quo as quo Gootém em SI t«a doutnoa:
Nella existem os bens que só procuro:
Vott felis, voo seguro;
Trinmpho dos enredos da malícia.
Farto de paz minha alma e de delicia*
(112) incUnari eormeim adfíh Uoi^meo coraçlo suaveiuento
eienffasjuãtificatiúneêtufíiinaier' ,
mm, propttrretributionemi*»), Ao teu quorèr; não caoço, oom desejo
(•) . Variante a esta estroplie :
Continuamente tremo que minha alma,
Gançada de penar, o alento perca :
Comtudo, a tua lei trago presente ;
E por mais descontente
Qae me síota, esta lei nunca m 'esquece.
Nem de todo a minha alma des£illece.
Segiindo muitot interpretes, entre outros S. Jeronymo, e Santo Agostinho. (JAaelên)
(• •) A vox hebréa nghekeb^ qae se tradui propter reinhuti^nem, denota a ea^reméaie
de uma eouta^ ad calcem: usa-ce amas veies por premia^ e outras por penoã^ no mesaom-
tido em que ás vexes dizemos — que o fim do peccado i a morte. — Uta-se tamben peb
raxSo flnal d*uma acção, como dizemos — fazer uma cousa, para tal fim — . Mas todos tM
sentidos sSo tranilatos a metaphoricos : o sentido nalurat é ad calcem^ ad fitem, ad ejirt-
mvm u»que, que é o mesmo que êcmper. — (ObiervaçSo de Saveria Maitei.) .
421
Que ceflse este pendor para o que queres.
Aeoeíto a que me deres :
£ assim, só quaodo a lei ienbo cumprido»
Aspiro eotlo ao prasMO promettido.
XV.
Sambch.
Alem da tua lei nada me agrada.
G)0€ebi tal horror á ioíquidadet
Que dos mtes evitei a eooipaidiia:
Delles me defeodia
A promessa, meu Deos» com que aleotavas
Heu coraçlo, e o amparo que me da?as.
(] 13) Imf9i99 Mtia luàuii^ ei U-
(114) jidjutaretttueeptêrmeua
€ê tu : et in verMk iuum êupers-
perapi.
AparUii-TOS de mim, homeus perversos!
Não turbeis de minha alma os pensamentos;
Deixai-me contemplar a lei divina :
Aquelle que examine
£ cumpre fielmente esta lei sancta,
Pacifico se deita e se levanta.
(116) DettímOeàme, nmíigm,
ei uruíãò^r mandaU Dei mei.
Acolhe-me segundo o que disseste.
Meu Deos! e viverei sempre ditoso,
Girto de possuir os dons que espero:
Nio me afiastes severo
Dos cfiminbos da Bemaventurança,
Dos bens que me promette esta esperança.
(1 16) Sueeife me ieeunàum elo-
fuiwn Itttrm, et vham : et non C9n-
jfwíduM me ãb extpectâiiêne mea.
Ajuda-me, Senhor! e serei salvo:
Meus dias passarei no doce emprego
De meditar na lei que justifica :
No mysterio que indica
A aboIicSo dos ídolos profanos,
E promette o resgate dos- humanos.
(117) Adjuva me^ ettalvuêere,
et meditêbor in Juetfjicatimubue
tme eemper.
422
(118) spre9isti omne» diêceden- DesprcMirte» Setibor, 08 qoe dAò CreFSlB,
cogiteis eorum, Esscs qae tetts J0I20I roprovaratti ;
Suas cogitaçuM mais elevadas
Foraiii todaB erradas t
Forain de teus rebanhos excluídos,
E nos seus labyrintbos (Sonfundidos.
(119) jPrwMffcmicff rèpuDBti Todos OS peceadoTes sobre a tertv
lexi teitimMiã tua. Erram, deliraitay falsidade «flSmaio t
N&o os siga, Baidwrt humilde aiirendo
O que me estts dkendo
Na toa Isiy qoe adere, é qtte segura
Unidamente aos homens a vetttura.
(i«o) can/ígt Hm&rt íuo eamcs Nlo ose embarga esto aiDor uiÉ temor jails
ffifflff , à Judkiii tním Mê Umvi. _ , .
Qoè penelfa |ior todos es aveos memWos,
Quando aos*tetts joiaos consideny:
Ora teaso, era esfi^ro:
Tomo alento, m(âu Diwm, ij[iiatiéd l'implors;
Se penso no qu^ Mu, Sttsfjfii^, dhdro.
NOAIW. XVI*
(isi) Feei juãicium et justi- Fiz justica; das tegfus da eMidade
tiam : non trodoê me ealumnian'
tumt me. Não me apartei» mèu Beos : ah ! fli6 In entregues
Agora aos impèatonefs (|ue iM éoMNM.
(IM) Sweipe tertmm tuum in So do «rtífiôM USálfli
òênwn : rum €atumnientur me su-
ferbi. Empenha-te, Senhor! salva o teu serro
Das traições e eahmtias do preterre.
(ISS) Oeuli mH defeeerunt in Yai-Se-me á lUfe dM '^MlDS, OftpefMdò
BaliUare tuum, et in etoquiumiut- ^ . . ^ . .
titia! tum. Que lá do Ceò mè vttiha o tM soooorro;
Que attendas compa^ifO quem t'inTbca:
(ISt4) Fac cum terço tuo iccun' Sofaio da tUa bocea
428
Não roais aeii «mpIfiMfitQ a» 4ifaite.
tificãíionet lua» doce fn«.
PrfiJg me to tal aarvicO Mí 4flf0 lêÇO; (1S5) 5frot<^ twu t^m ego: ém
Sou teu» mea Otoal AccoMe na maha akwp mM/a im.
Luz que esclareça meu euteodimeoto :
Ceasaiá nau (iiniMDlfi;
Apreadcreí neUiaf « ff» ne Msíiiaa.
Melhor «atairdeni as Ims ditm^*
Tempo é d'ob8tar ao mal que o munflo anvoif a. (is6) Tem^us /aeiendi, Domi-
Os máo», SMh«r, t«u« tMviM 4«MÍir«ii. -. -í*«^— "J- '— •
As tuas leis sagradas insultaramt
Teiis faciwf Afagaram:
Para mim lua lai 4 oMi thésaufo, (i87) /^^ rf«^« «««rfoia i«.
Preferivel a joíaa» prata* m ouso.
mper «ftrtim, el topuziom.
Por isso 4 faa.Bi'erfi>roo na dbsorf anciã
Dos preaaj^ aidriiaaies qoe etta aneeiías
E o aspecto do tícío» que m'espaQta9
Sm minha akHa levanta
Um terrar tMi qiif» t^9 a ímqua m
Enche meu paít^ d'adip e ^'a^oaia.
(128) ProittereM ad omHiamoH'
doía tua dirigebar: ommam viam
imguam ódio hakui.
"XirwiL,
Phb.
_ 9
E um mar d'ÍDSondaveís marayilhas (lag) MirMtíaie$timoitímtua:
A tua lei, «w Oms! Neila a minha alma '""^ '^^^ "' " "•"" ''^•
Se abysma àfímnmU iMditaiido:
Vàa \mm dimanaodo (laO) DeeUrêHoMermomimtuo^
Dos teus dictams. quanto mais se explicam, ^ZíSír""^' '* '*'''"^"" '"'
E aos bnmíMea iogaobo comMunicam.
Aohelando cumprir quanto me ordenas, (i3i) Ogmcumaperuiyctaíira^
424
xi spiritnm, quia mmtdãiã htmée^ Despreodeiii-se-ne OS labÍM; ido reÊfm:
** ^^" '"' Estupebcto fico... Emniai repm:
(132) Mpíce in me ei mherere Seohorl Quem alcaDÇan,
Hum nomen tuum. CoiIlO OS l|M OHMIII tOtt DOBO» BO ferasdSt
Qve tif esses de omib Uunben
(133) Gresiut meês dMge f<- Nesta escabrosa' estrada onde eamiriío
cftndvm eloquium tuum, ei n/m ... .,
dominettir mei omniê inJutHiia, Os ineiISpOSBOS dll^e; d OVIO OU qoeda
Me defende, «eii Deos! O tempo gaste
Segoodo o qae mandaste:
bento de paiiões e de cobiça,
Nem jamais don^inado dlojoslifa.
(134) Redime me à eaiumniu Ab! meu DeoB, se 00 podesso maJB tranqoillo
hominumy ut cutÍQdiam mandata ^ , • •• «v.
ifM. Cumpnr a t«a lei! Dá-me sooego;
^ De penosas calomnias me resgata :
Eotio minha alma grata
Todos te offertará seos pensameotoa»
E cumprirá as^or os mandamentos.
(135) FãciemHiMmiiiummani' Afikvel para mim volta O tou rostot
per êervum futim, ei dPee meju9-'
iificaiioneã iiimu Illumioa O tOQ sorfo, » mo conforta :
Levanta o véo aos célicos arcanos,
Abrevia-me os annos;
Se tão appetedda ciaridade
Me é concedida só na eternidade.
(136) Exitus açuarum dednM^ Sc na Vida, mou Doos, orroi mil vezes;
ntni ceuli mei : ytita non cueio- -■..•..• » .
dieruni legem inam. Se nSo guêrdei a loi comodem;
Já de lagrimas rios me inundaram:
Já meus olhos pagaram
Com pranto amargo essas emeis offisnsaa ;
£ soffire o coraçSo dores intensas.
425
XVIII.
TiADS*
Jasto éSy Senhor 1 sio teus juízos rectos.
Mandaste que a JMliça^ se obserraasè;
Que a verdade nas obras transKníssã :
Quo nos homens se ?isse
De tal modo a observância dos fveceitos.
Que em tudo fosaam poros e perfeílos.
(137) Jfi9iu9 e$, Bêmine^ eí
reeímm Judidum tuum,
(138) Mandoãíi jusUtiãm feili-
fiMfiúi tira, et veriiãíem tuãm ni»
mit.
O meu zelo desseca-me, devora-me,
Ao ver como os humanos prevaricam;
Como os meus inimigos descuidados.
Em vícios engelphados,
Nilo pensam m» palavras qoe disaestet
Nos sublimes díetames que nos deste.
( 1 39) Tâbeteere me feeil telas
mevt, qiua obltti swU verba ttia
inimiei mei.
Sao comtodo de fogo as tuas phrases:
De um celeste calor todo me abrasam;
De um sancto amor transporla-me a vehemencia :
Bem que a minha indigenciai
O meu sèr litritadome eonfanda»
Amo e penetro a tua lei profunda.
(140) fgniiftm elaquivm tuum
vehementer^ et eervu» tuuê dite»
xit itíud.
(141) Jéêleteentutue eum epê,
ei atUewtptuM, JnêtiJUÊiiÊnee tutn
nên iwn oòtítue.
Lei de justiça eterna, lei sublime,
Que a ordem permanente consolida ;
Que nas trevas diffunde claridade:
Nella existe a verdade.
Que as celestes delicias anticipa^
E a escuridio dos erraa nos dissipa.
(14«) Jvetitiã tva, Juetitia in
mteruum^ et lex l«« veritê».
Quantas vezes afflicto, atribulado.
Me cercavam angustias implacáveis!
Mas nos teus mandamentos meditando,
Fui assim alcançando
(143) TríòuhiiúfelâUgUêtíMiH'
venerunl me, mMMá tua medi'
tath mta esí.
426
G)DveDceiwme que « fmua ifãe sol
São josta tfpiaclo do que fisemos.
(144) ^MifM tettimonia tw £ d'eqiiidiidia «tom o qt» decretas:
in aUmum : inteUeetum dm míAt,
et vhmm. £ quaD(k> nttoto luUo ooB peteTes,
G)ocede-me, meu Bns^ iáteBigeaeia :
^Smbnú paoíencía,
Penetrarei nifiterío tip jubídb.
Viverei confortado e submettido.
COPH.
(145) Ctamaviintotocordemeê, Com todo O ÇQTBOloaflikn grilAVa:
exaudi me. Domine ^ juttfficatiO' _ n » • , »•
« EscutaF^ne* SeMor! ^m aaaidv*4iie;
net tua$ requiram,
(146) Clamavi ad te, M/rtim me
fae, ut cuttediam mandata tum.
Obriga-HOie a bttsoar-to imiomeBfee:
Faze que me contente
D'índagttr a lioiíliiiia qw enabaAe»
Pois para eteOMlá-Ja ine^reaste.
(147) PrmoenHunÉttitíritatêi»),
et tlamã9is quia in verèa tim tu*
persperavi.
aSalvarfiiB» menSeblMv ^»pati«)
Para poder ^«Édav taasi4iiaiiéamciáQ8:j^
(Tanto a mUák ítjà^ptomitm Mmtava !)
A manhA nto raiafa.
Quando j& neuá luapicii 40 caroavMi,
Minhas supi^licaa teroaa te iimnníam.
(•) Immãturitate lia-se dm antigos Psalterios em f e» da íii matiipMe^ O^flebreo tea
banneMceph* A toi neweph, como eiplica o Rabino David, 4 a principia da naita, fwrfi
começam ao treva$, e o principio do dia, fuando a$ trevat te ãettaneeem ; portaoto oorrei-
ponde ao qae ndt chamamoi ereputeulo, ou aka iã mankâ eé^U/riam AváUlÊm-m^iâm al«
da manhS, praveni dilnculo, Saoto Ambrósio no Serm» 19. a respeito deste psalmo, dii:
Grava «ff, ti te otiotum in ttratit radiut Sotit orieniit invereeundo pudor e eanoemmt, ei
lux clara feriat oeulot tomnolento adhue torpora deprettot, Jrgvit nst tanH taa^mia cpt-
tium tine uUiut devotionit muuere, ac tpiriUdia aaoiifeii oHiitm Jknatft IsynwwMsa-
An netcit, ptod primitiat ttd cordit^ ac voeit Dea debeat ? Ocomre ad Sotit ort^m^ nt If
orient inueniat Jam paratum*
(moera, de MMtei.)
427
Na espéfMf^^ifiM&ilto ^pQrtSVSV
PreyeôiAfii túêáê oHm è %r«|i|is€%,
Só para meditar no que prescreves:
A mem datiMW àB99% - "
Segundo tua piedadei ^tr omMés^
Jolgir, para qM «« tit«, mwi gcnídcs.
(148) /V00CM€r«iil«rtttfMft«<
f « diluculê : Ml tmdiêãter tlãfukí
hm.
(149) - fretem tneái» mtdí mciui-
He, et Mecunáum Juéhhm ttmm
nirtfiea me.
Siacefd aou» nien Qeo»; e tti iCOfibeMi
Que tal Tui: miié^,os metia persegm^res
Da iniquidade só sé aproximaram :
>
AitdlítiM «è aparifensim
Da tua ldi| ^ •» háneoâ fttt ditMoi,
E lhes prohilM^ m ladas alei^oioi.
(150) Jfífropinqttãverwitperge-
gueníe$ me iMquiUUi: à lege ««•
tem tvm Ungejàeti mvhí.
Tudo, mea Dêds^ -«xM» n ti praMntfc :
NHo ha torto oattiitito qod tmtcftéíi
Dos homens o mais leve pensamento:
O tnaís secreto inMtto
Appare<9e, quit é, «nte a irerèide!
Vés iguahftMit^ o teiír^à infquMhidet
(151) Prope e$ tUf Démine^ et
•mnes viw tuw veritoê.
Conheoi As^ie es Wíus «lâf» timnis' «iinfB
âobrè qual fui«fcfo«iifiii repMttvt /
Esta tSo sabia lei que nos governa:'
Da 8i|fUiU»i ikrritt,
Meu Dio»9 « imnDrfsl adb Niè ptneste,
E pata dorar smipra i «Mh'1«toeBte.
(1 52) Initiê cegnovi de tettimo-
niiã tuia, fuia in mternum /uw
d98ti ea.
Rksh.
Acode-me, Senhor! Yé-me humilhado^
Perse^id^ yor %er*M lei oMstaMe»
Porque a sig^, e jéiMis tfatta «m^eiqfiefo.
Dcspt^tD o que padeço;
(153) Vide humilitutem meam,
et eripe me, quim Itgem timm non
mm otlitn$.
(1^4) Jítdiea Judniinn meum
428
eí redime me: fr^êer elêquium Com teU tOCOOTTO CSpeTO de VeBefr-io:
wm mvtfieà me. Julga-mc 40f ijue a ti fl6iiieDte appello.
(i5â) x.«fl^« ÀfMMfMHit M- Sei qae dos peccidoKS a niiM
exqmsiêrutu. Rigoroso já teos determtiiado :
Que a teima oom que expobam da meinoría
Tua leiy tua gloria»
Com que 8'eotregam sempre á iniquidade»
Merece que lhe negues a piedade.
(150) Mi9erie»rãim tua muiue, ])fas ao tou servo» o-mími quo humilde imploro
Domine, Meeundumjudieivmtuum . . j* t
vivijica me. A tua misencoraia, a mim» que buaco
Cumprir a tutelei posto poc ponto»
Dá-me soccorro promplo;
Adoça oompassiTo meos pecares»
Vívifica-me quando me julgares*
(157) MuUi, qm p^rsepnmiur Muitos ba quo me afBigem» me perseguem;
me, et tribulant me, à teetimwttíe ^ , ,
tui9 non deeUnavi. Comtudo» 'persovoTo ua quo mandas ;
Nao declino na lei» sempre te sigiai
E quando nto cousigig
Com isso moderar os meus tormentos»
Custe a que enUe, cam|ffo et mandamentos.
(158) ndiprarãricãntee.ettã' Os prcVancadoros mo constaraam;
beerebam , quiã eloquiê tum nen ^ ^. .^
cuetodierwu, Gomo» sô ingrttidBes s6
Ao amor com que trattas os humanos:
Consomem-ma oa engaoos
Com' que as paixSes ao abjsmo os precipitsm,
£ a mais pungente dor n'alma me excitam.
(159) Fide, quoniam mandata Vê» Seohor» como adoro téus proceítos:
tva dilexi Domine : in mieeriear' ^ . •.»••• i .
dia tuã vivifíea me, Por tua misericoroia dA-me alento.
iiea) Prinaipiumverborumíu^ S&o as tuas palavras infiiUiyeia;
429
Sttates, 00 terrivtis,
Prooedem de justiça e da, vaidade.
Hão de durar por toda a eterndade.
jnéicim juêtiim iiia.
Sciw.
Sem dó me persegoiram Potentados:
Seu furor oanlta miai oisbon exbalem;
Quando me julgam tamempamenle,
Triumphante, conteute.
Minha alma hBo de adaurar no lance extremo :
Jalga-me tu, meu Dooa, f ti só] temo.
(161) Prineipe$ pertetuii suni
me grãtú, et à veròiã tftis formi-
dãvit twr menm.
Gozarei das sentenças que me deres ;
E qual guerreiro fencedor <pie volta
Dos mais ricos despojos canegado»
Voltarei soeegado
A acompanhar co' a eilhara cadente
Os bjmnos em que exprimo oque a alma sente.
(16S) Lmlãbêregêtupereloptim
f iM, sieut pn invetíií 9polia muUã.
Em ódio tive sempre a iniquidade ;
As obras tenebrosaa do peccado
Do mais vivo terror me penetraram ;
Verdades convidaram
Meu cora^ a emprego mais sublime-:
A amar a toa lei» fugir do crime;
(163) Tniqititãtrm oâio habui ,
et aò9mitÊMluê tun : legtm aulem
tvam dilexi»
Sette vezes no dia to invocava ;
E sobre teus juiios reieetindo» .
Ia toa justiça admirando :
PsalmOB ia entoando ;
Ao Ceoy á terra, aos homens ensinava
O que a toa grandeza m'inspiniva«
( 1 64) SepticM tu die Imidem dixi
Vbiy MUftf judicim juMtUia iutt.
430
(165) Pm: multa diirrniiAiif Ah! quoQta paz 4mMks «o^ dítONS
daium. Que adoraiA lua» ie»t e as OMpi»!» Mfppm !
O interno teateasunho ot tiiia<iiiiliíia ;
Jamais os tyrannisa
Do escândalo a suspoíta Tergonhosa,
Oa medo de uma estrada duvidosa.
(ir>6) Exípectãbam Maiutare Vem de ii a tartaBa- daS'CaiMhps;
iuum^ Domine, et mandata tum „ ^. , . ,
diíexi. Em ti é i^mfÊtmimBífn s^lvatHM;
(167) cu$toáhitmiimãmeate$' Amei O que mMidiats» e oom tal anciã,
timonia tua, et dilexit ea vehe-
menter. OmO M MQStfMte MWrViSQCia
Con?erlaDH88 «m fOBiiarl d» qua me oavía^»
E o meu ardente amor agradecias.
(168) Serram mandata tua, et So fiel fitt, tnOU DMsJ««Ii|I htm^ «abCSS
testimonia tua^ guia amnet via ^ t • • .
mem in eonepeetu tuo, So com zeb oiísenrei OS jteus ifirflaeitaii
Aos teus auxílios daivo «na maliira.
fioabaei «Mt dofuM
Que ante os toiíS' aliiM fisiw qaniiihavs»
Que pensamento algum se te occultava.
r
Tau. J^^Kil*
(169) Appropinqnet deprecatio Suba qual porOiBMMO OOta O (OU ihrODO
mea in conspeetu tuo. Domine: * « i • i #
Jiixia eloguium tnum da mihi in- Esta fliioha arafillSb MUOT piOdoSO I
teiifctum. ^1^^^ ^ thesoufo dossA Omoipobonola,
£ dá-me intelligencia
Cujo clar&o aas 'vows que Sftltaate
Me mostre .clamnixite .f nf^ ^llsmstf.
(170) Tntret postuiatio mea in Penetrem mous sttspífDS» qiii|l,aroQip
rontpeetutuo: êecundum eloquium ^ , . ■ , « . «i
tunm eripe me. Qoo c^noa a Timaortal sMe, m (eus Wfwos;
Liberta-me logrado ptoaietteste :
{ni) Eruetabunt lábia meã hym* A abobada COlestO
431
Meus lábios romperiio com doces hymoos
Que inspiram os dietames teus divinos.
«um, cMii iocueriê mejuêtifietUio»
ne$ tua».
Minha lingua dirá o que disseste:
Possuído do fogo que dimanas»
Direi de teus mandados a bondade*:
Nelles» tudo equidade,
S'ioflammará meu estro de tal modo.
Que met cattCb owvèrtfe o mundo iodo*
(178) Pranuniiaòil lingua mea
ehquiufd fuffm, ^uia omma man-
data tua aquitat.
Eataode a mlo« Softbor» e tm tesgata
Da terrena iHnsia que me iHtieiQa :
Tua lei prereti liHa m^ pnidda;
Em mim jamais se accenda
O fogo das pãí^Sés; dtt lei sAiMute
Me abraze o eora(;ao «mor vehemente.
(198) FM mmmâ hm^ iêttalvet
me, fumumm mamíatê UmêUfi* -
Cubico a salvação, nada mais amo:
O que wdiífiási Miiito^eiitevnecido^
£ sendo os leos pmà meã GOiifiM'to^
Pará o ítíMàè já morlo,
Minha alma viverá para agradar-te,
Para abjurar ptceados, e lowar^^Oi
(174) Conaipivi salulare twtm^
Domine, et lex tua meditatio mta
etf.
(175) ytpet anitna mea, et ioft'
dabit te, et judicia tua adjuva»
bunt me.
Errei, Senhor, fugi do teu aprisco,
Como. vai uma ovelha desgarrada:
Reconduz o leu servo: se ignorante
Andei confuso, errante,
Apesar da fllas^ com que fagia
Dos preceitos da lei nSo me esquecia.
<176) Erravi, sieut oni», qwB
periit : guwre íervum tuum, guia
mandata tua non 8um oblitun.
432
PSALMO CXIX.
(I. BOI OBAUVASS.]
Caniícum graduum 1. CíMíco da eMola. Primeiro Mn {*).
(1) Ad Dêmwím eum Mbuia- ivuif oiar deacerba angustia submeigido,
Por Deos ciameif e 1& do empyreo aaseato
Se dignou escotar^-me coodoído.
(s) Domine , liberu animam Defeode-me» Seohor 1 (Ibo disso afllicto)
meam à hbiie iniquis, et à lin» * « • . . «. « ■
gim dêUnn. Laoios uiiquca» liagiias depravadas
Me acoipniettem ; soccorro necessito.
(3) Qufd detur tibi, ant quid Lloguas engaoadorasl que proveito
tipponalur iibi ad iinmtam dolê- «vi- i i i^ a
t0mf De caiumnias e dolos vos resulta 7
Quem pôde oppor-se a seu tyranno effeito t
(4) Sagitiw potentie acuiw, emn Se as Dientíras s8o settas penetrantes,
carboniòui detolaloriit. ^ i ^ > « i. j
As calumnias sSo brazas que devoram,
E os ânimos perturbam mais constantes?
(5) Beu mihi, quia intoiaíus Como este mou destorro é prolongado!
meut prolongatue eall habitavi r\ . r * j* .j* • -._:^
tum hibUaniLiM Cedar: muiinm Q^an^o ^ f»* tardip O refrigeno^
ineaiafuit anima mta. £ ^ instantcs aogmontam mou Ctttdado!^.
(■) Saverio Mattei perioade-fe por mui plaun?eif raiSei qne expende, qne ertei
pnlmot tenrian para uio da «cala musica, « que dahi provém o Utalo dt CarUitam |M*
rfinrf», que quer diíer Coiflico da eteaíá, a qual lia moiica aatiga eoMiava Jnitameate de
qninse tout , quantos sSo estes psalmof , qne sendo breres e faoeis, usariam dellet os mestrei de
ranlo para ensinar a modnlaçno da Toi aos seas diiciputos.
433
Onde estou? No paiz que vio oascer-roe»
Ou fia Arobia deserta, oude irritado
Tropel de salteadores quer perder-ae?
Nto ha remédio: os bárbaros rejeitam (S) Cum A/«, pti oderutU ptt-
A paz, porqoe pacifico Ih a oflferto; èm^nuM, Hnptjfnêbma ^ ^u.
E pois que ella me agrada, nSo a acceitam;
PSALMO CXX.
(II. BOI OtUUDVASS.)
CarUieo âã eteala. Segundo êem.
ffOLTEt para ca altos montes
Os meus olhos, esperando
Que de lá descesse auxílio
Que me fosse reanimando.
Canlicmii gradnum 11.
(1) Leomn 9euU$ hmm M mtii-
Este auxilio só vir pôde
Do Senhor, da mto divina
Que creou os Geos e a terra,
E sobre tudo domina.
(1) Âuxiiiftm meum à m^»^»^^
pU/eeií emlum eí ierrum.
Diz-me d'alma a voz interna:
«Nio temas, Deos te vigia;
Nto dorme durante a noite.
Nem fecha os olhos de dia.
(3) Nen iet in eommolianem pe*
dem fiitim, neqne dormUty fui
oiêt^dM ie.
«Deos vigilante nSo deixa
Que um seixo o pé te moleste;
De vigor e de firmeza
O teu sér todo reveste.
Tomo VL
(4) Eete non dormitabU $Ufue
éirmiet, qui euiMii larael.
ts
434
«Nlo dorme) nem é fx)8siv«j
Que domite» sem reparo,
£ deise o sèo diaro fOfo
Israel ao desamparo.
(5) Dúminuê ettêMit f e, iMm*
mu proteetio tua super tnanum
dexterom tuam*
(0) Per diem Sol non uret te,
neque Lima per noctem.
«O teo ragie manto Miende,
Debaixo detta le ílhtiga t -
Do Sol te veda os ardores.
Da Loa influxos mitiga.
(7) DêminuM euêtodit ie ah amui
maú : eusUdiat oMimam iuam D«-
minfte.
«De todo o mal te defende
O Senhor^ e da tua alma
As cogitações penosas
Com sopro l^nigao acafan».
(8) DMi^itifff ewtêdiiti inif9i'
tum fuM», êi êxUum Imn», ex
hoe nunCy et usque tu ««evitiffi.
«Qae cMks «oa Mas, xm mmdè.
Te ha de á dextra -emMiniiidnr;
No tempo oo na eternidade
Te Tai sempre MampmAor* »
PSALMO CXXI.
(ZII. BOS OaADVASB.)
CantiGum graduum IH.
(I) Lmtaiut 9um in his, qua
dieta »unt tnihi, in domum D#-
mini ibimuã.
Caníicê da 9êeêHa. Tettmto Mn.
Q
UB eobvesvito'! que «liirio
Senti quando me disseram
Que na €asa do Senbor
Infla mil iiens nos esperam!
Que á pátria israd toltava,
E o meu 'desterro acabava !
^m
Oh JetfMifim querida!
Com foe «lfor.oço e ipasmo \fi cootapiplo!
laà% os maus p^ hio .d^ ppr-se
No atrÍ9 afortuQikdo do teu teropW^
Ta» Cidade IÍ0 (aiMsa»
Do degredo .oAde ffimo Uo .diwwif
Que aspecto regular dos apresentas !
Os teus npuros ansteotani « GoipK^OKdia,
És o ^sylo ida Pax, da Bliacnioardia.
E(n ponposo ajuolanieatQ
As tribos alU coocorcooif
E com dictames dixioos
MuttiaiMQte ae soceoneoi ;
Ao Senhor que glorificam
Morada eterna edificam.
Confessando de Deos o saocto nome^
As verdades de seu sublime orac'lo
Testifica Israel no tabernac'lp.
Alli foram coHocedes
Os thronos donde dimana
A justiça que preméa
Ou castiga a espécie humana:
Essa de David governa
Q palácio, a herança eterna.
Bogai, povos, ao Sér benevolente
Que a Jerusalém dê paz e alegria ;
Que aos servos que a Deos amam recompense
Com abundantes graças oada dia.
Cesse o turnuUo, ia disoordia,
Suspenda-se a guerra audaz;
Vivam, meu Deos, os teiis servos
Contentes, ifirmes, e em >paz :
Da fraternal concordância
Derive sempre a abundância.
Tomo VI.
(t) Sífinies erant pedei noslri
m átriig tuia, Jeruêolem.
(3) Jer^»alem, çum adifieaiur^
ut civitaSf eujuã parUcipaíio ejut
in tdipsum.
(4) ///trc enim ascenderunt tri'
èiit, tribut Domini: teftimoitium
Itrael ad eonfttendum nomini Dih-
mini.
(5) Qtf j« illit tederunt tedes in
judicio, iedrt super domum Dm'
vid.
(6) Rogate, çum ad paeem gunt
JeruHdem : et abundantia diligenr
êHuMíe,
(7) Fiat pax m virtute ttui, et
aiundâtUia in turribní tuit.
(8) Propterfratretmeotyetprth
ximot meot hqftebar paeem de te.
n
436
Pois que os vínculos mais doces
Nos uDem, meu Deos, oonseote
Que unidos sempre vivamos.
Que este bem só nos contente:
Na tua excelsa morada
Domine a paz suspirada.
(9) Propíer dmmm Dômini Dei Em quautO, Ó felis Cidade,
Beside immovel na altura
Desse outeiro o sacro templo,
É certa a nossa ventura:
Ab! quanto bem lhe deseja
Nosso amor, cumprido seja.
PSALMO CXXII.
(XT. BOI GHAUVABS.]
Canticum gruduara lY. Cantico dã escola. QuoTto íom.
(1) Âd u levavi oeuioê meê$, il Ti| meu Doos, quo dominas
qui habitas in ealis.
A
A espaçosa terra e os ceos,
A ti voUo estes meus olbos.
Envio 08 suspiros meus«
(S) Bcee Mteut oculi $ervorwn ComO O SerVO CUidadoSO
in manibuM dwninêrnm êUêrwn,
Depende do sen patr9o,
£ consulta os seus acenos
Se empreende qualquer acçSo
437
Como oas mios da senhora
Fixa a ?ista a escraya atteiita»
E sem- que ella o determme
Algum movimento intenta:
(3) Sicni ottUi mteilUB in mêni-
hua domina »um^ ita oeuli tuutri
ad Domiitum Deum nottrum^ do»
nee miieremtvr nmtri.
Assim eu» cheio de magoas,
A ti chamo e volto afflicto;
Tem piedade do que soffro,
DA-me a paz que necessito*
Tem» meu Deos, de nós piedade:
D'insulto8 fartos estamos;
Zombam de nós os suberbos,
Cobertos de lucto andamos.
(4) MUertre mitri^ Domine ^
miserere notíri : fuia myUum re-
pleii iumus detpecUone,
Já n8o cabe em nossas almas
Dos opprobríos a abundância :
Em ti confiamos; dá-nos
Ou mais allivioy ou constância.
(5) QuimmnltumrepUiêeoi ani-
ma naUra, ^^obrium akundan'
tibut, et deepeetiú tuperèi$»
PSALMO CXXIIÍ.
(▼. »oi aaABVAss.)
Canlito da escala. QuifUo tom.
s
B.Deos nSo fora comnosco»
(DigaH) Israel jucundo)
Seriamos sepultados
No abysmo roais profundo.
CanUcum graduum V.
(I) JVM ffffa Dominai erai in
noòiOy dieat nune hrael^ nioi quia
Vominus eral in noàii*
(í) Cum cxsuriferefit heminrs
íh nos^ fortitm vivs deglutistènt
n0s.
4^8
Qiidédo m pérfidos corriam
GòMra nós a deTorar-noa,
Parecia que asaiiii Yivas
Appèteeiiam tragàr-Éoa.
(3) Cum iraucretur furor eê'
rum in tios, forsitan aqva «**«r-
kuiatent nos^
Para etitar os ttratioòdv
E procurar inêlhbt sorte.
Nas ooáas embratecídas
Fomo!í affi^dttaf à ÈQÍirte.
(4) Têrrentem perírantivit ani-
ma noitra, fnrsiian pertratisitsfí
anima nostra aptam inioUrabU
iotn.
th Tortice teofpeMit» .
Qiiem entla mis sàWarièt
DèoSy èue etííe as tméSB nos lera,
Mestno alli nès acudia.
(5) fíenedietui Dominui, pà
non dtdit nos in eoptionem éenti-
buo eorim.
Deos noa Kvrou ooiâpassivò
t)m dentes de bomm» corruptos;
Traosportott-nos d'Qiltre às yagas
à praia, sahos e einutos.
(6) Anima noslra, tictéi poster,
erepla eoi do laqiíeo oenantium.
Escapámos como escapa
Ó pássaro voador
Quando evita apercebido
0^ láçòi dò Caçador.
(7) Lafuefto contrituo e«#, ei
nos liberaii sumuo.
Rompeo-se o pérfido laço
Ém qííe fôramos envoltos;
Rasgámos livres os ares»
Vagámos o bosque É>llos.
(a^ Jdjulorinm nootnun in no»
mine Domini^ §ui fecít emlum ei
ierram*
Este poderoso aiixilte •
Vem do nome do Senhor,
Que é dos Ceos, do mar, e terra
O supremo Creador.
439
PSALMO CXXIV.
(▼S. 1KI8 OBADITAXS.)
da «leoía. Sesno tom.
Co
MO paraiaiiece iiRatov«i
Be Sião o iiK>iite augvstg,
Fi«i}do-se em Pega fómeiíte
Firme permanece o jnsto:
De Jerii$a)em sublime
O habitante, afortunado
Jámái9 será conturbado.
Caiikican graduum VI.
(1) Qui CÊHfidunt in DohUho,
iieut mona Sion : non cpmnkwebi-
tur in Kternumy qui habitai in
Jeruiolem.
O Senhor cinge a Cidade
De serras alcantiladas,
E as gentes que alli residem
Por Deos mesmo s&o guardadas
Com amor nellas vigia ;
Âltento e compadecido
Cerca o seu povo escolhido.
(S) MonUt in eirciiilu ejus, it
Jàtminu* r» cireuitn popuU »ui
ex húe hkmc, et uiêque in Moaiium.
Elie impede que a maldade
Âccresceote ao justo dores,
E será quem quebre as varas
Que empunham os peccadores :
Suppre dos fracos o alento $
Nenhum prospero delicto
Tentará o justo afflicto.
(3) Qtna nan relinquel Dotni-
nu9 virgatn peeeatarwn super tor^
tem juMlarum : ut non exiendmU
Juiti ad iniquitatem manta tttaf.
Aos bons o Senhor defende,
Consola o justo se chora ;
(4) BtnffãCy Domine t banis, li
fvHit earáe.
440
Rectos corações acolhe.
Abençoa a quem o implora :
NSo ha bem sem sea auxilio;
O mortal, s6 nSo vacilla
Quando a sua luz scintilla«
(5) Detíinantea mitem in obU'
gationet addueet Deminuã cwn
0perantiòu9 iniqvilaíem : pax f tt«
píer ísroeL
Mas os cegos que transf iam,
E em suas paixões se cevam,
Perecem como os mais impios.
Seus passos á morte os levam :
Cessa o seu influxo, e alegre
Respira o Povo fiel.
Reina a paz sobre Israel.
PSALMO cxxv.
(▼ZX. D08 OBABVASB.)
Canlicnm graduum YII.
(I) /» eonvertinilo Dêminuaca-
ptivilatem SUfn facli uutnut aicid
consolali.
CaMieo da eicàla. Sethmo íom.
yiTANDO, oh Senhor poderoso.
Quebrares grilhões pesados
Com que está' SiSo captiva
Por obra destes malvados.
Tal será do gosto o efifeito.
Que para tanta ventura
Fique o coraçfio estreito.
(lí) TuncrepíetumetigmtHioos
n/ístrum, et lingím ncatra exftlUh
tione.
Então em doce alegria
Todo o pezar se dos troca ;
441
Sabírão como em torrentes
Os bymnos da nossa bocea:
A oossa língua, exultando.
Irá com pomposos termos
Teus favores celebrando.
Attonita a gente» á vista
Do resgate suspirado»
Dirá — Como Deos é grande!
E o seu povo .afortunado !
Nós de magoas libertados
Daremos 6m á tristeza»
Em delicias abysmados.
(3) Tvne iieemt inter geniei,
mâgni/CÊoU Dúmbnu fucere cim
eiM,
As desgraças esquecendo,
A victoria memorando,
Iremos tantos prodigios
Juntos em coros cantando:
O mais suave instrumento
Acompanhe a expressSo doce
Do nosso contentamento.
(4) Magni/ieÊuií Dominuifaee»
re noktMenm^fmcli nunuM ImUnUet,
Vem» ó meu Deos» consolar-nos
Neste duro captiveíro ;
Vem qual chova que humedece
O mais árido sequeiro;
Como inundaçBo precisa»
Que depois da mangra estéril
Um terreno fertilisa.
(5) Cêtwertej Domine, tmpUvi-
totem nottrom, iieut terrenê in
auãtrú.
No frio inverno» choroso
O lavrador semeava;
Mas carregado de messes
No estio alegre voltava:
{B)'Qui omiHmU in laerymia^
ín exultntione metent»
442
Suave presentimeiítol
Veremos « Pátria livre?
TeremoB coDtwtanieBto?
(7) Eunteãibant, etflebãiitmit'
tetUet tetnina aua.
(8) Fenienteiauiemvementeum
exnltaticne, porUmte$ manipdot
SV08.
Israel captivo e aflSícto
Trabalha com dor pungente,
Qual caltor que em teira estéril
Lança aem fructa a semente.
Se a Pátria for triumpbante»
Vdtará oomo o que volta
De uma colheita abuudaote.
PSALMO CXXVI.
{Vtn. IKNI OaABVABS.)
Canticum graduum Vin.
(I) A't«i' Daminut eediJUaverit
donutm, in vútmm laÒormfcrunt
qui aidifieant eam.
Cântico ia eãoida. Oitavo tom.
s
B o teu palácio» ó mortal,
O Senhor não edifica,
Em vão para levantá-lo
Trabalha quem o fabrica.
(£) Nisi Dúminua cuttodierit ei-
ritatem, fruêtra vigilat, qui cus»
MU eam.
(3) Fanum €$t mM« atUe lutem
êurgerey iurgUe poslquam sederi"
l/«, qui manducatit panem dolorit.
Se desse edificio nobre
Nio é Deos quem guarda os muros,
Toda a vigilância é nulla.
Ficam sempre mal seguros.
Madrugar anies que douie
O Sol do Oriente o iriso.
Não' convém ; algum descaoço
A quem trabeAa é preciso.
448
Doriiie o justo, e era ^âilto dorme, (4> Cum àêi»it tuieait mi#
bem «dar, Den o enriquece; juii: mercês, /rwitu$vetÊiri9.
Dá-^lhe heranç», fiifaw,F gloifia,
Dons qae a nrtiide merece.
Os filhos sio 08 escudos
Que aos pães nas krttas amparam ;
Melhores arnsas que as settas
Que mios potentes dispsralhi.
Quando a fortuna persegue,
E aos tribuoaes s9o chamados,
N&o temem, se se apresentam
De seus filhos rodeados.
(6) Beãtui vtr, qtd impUvUde»
riderhtm tmapi ex ipêúf ima rwi-
fundetur, cwn lofuetur inimicii
núe in porta.
Ditosos pães! se dos filhos
Encontram quanto desejam ; .
Cujo exemplo Os bons animat
E era ▼fto penrwsos íntqam.
PSALMO CXXVII.
(IX. BOB OBABITASS.)
CafUieo da eicála. Nano Mn.
F
BLizBs OS que a Deos Mtnem !
Os que seus passos medindo.
Os vfio sempre dirigindo
Pela estrada do Senhor.
Caoticiim graduum IX.
(1) BeaU cmnes fnl timint Do*
minum, qtti mnèttiãnt /n vtít fju9.
(t) Labores mamnm tuarum
çuim nitméucÊ^s , ieaivs e$ , et
bene tibi erit.
444
O homem activo e destro
Da dependência se isenta,
£ o pSo de que se alimenta
É fructo do seu lavor.
(3) Uxor tva iieut vitit nbm-
dana in UUeribw dêmuã tum.
Em domestico socego
Vè a consorte formosa.
Gomo a videira frondosa
A seu lado prosperar.
(4) FilU tot, eietU nweUa oli-
vArt/ifi t» eiraUiu mema tua.
Vè seus filhos, que a frescura
Teem de aromáticas rosas,
Quaes novidades viçosas
A frugal mesa cercar.
(5) Ecce He benedieetur hêtno,
gui iimet Dominum.
Eis-aqui o que recebe
De Deos benção copiosa.
Se em sua alma fervorosa
Existe um sancto temor.
(6) Benedicãt tibi Dominua ex
Sion: et videas bona Jerusalém
omnibua diebua titã tva.
Deos, ó mortal, te abençoe
Das alturas de SiSo;
E ao teu dócil coração
Conforte o divino amor.
Enternecido recolha
Teus patrióticos votos;
Com teus suspiros devotos
Mil dons â Pátria obterás.
(7) EtvidemifiUoaJiliorumtuO'
rumj pactm auper laraeL
Opulenta, socegada
Sempre a verás em teus dias,
Gozando das alegrias
E bens que produz a paz.
445
Na mais serena velhice.
Sem caasar-te a morte susto,
Co' as esperanças do justo
Tua alma confortarás.
Antes que o momento chegue
De gozar prémios celestes.
Teus filhos e os filhos destes
Ioda alegre alcançarás.
PSALMO CXXVIII.
(X. B08 OaADVASSO
D
Cântico da escala. Decimo tom.
BSDB 08 meus tenros annos combateram
Mil vezes contra mim pérfidas gentes:
A Israel s&o patentes
Casos em que fui sempre combatido,
Luttando sem cessar, jamais veoeido.
Canticum graduum X.
(O StgpeexptgnavermUmeàjn-'
venMe mea, dieat nune ítmel.
(2) Sape expugnttverwU me à
juoentutemea: etenim non potuc'
runt mihi.
O mais pesado jugo os peccadores
Sobre o dorso ulcerado m'impuzeram ;
O tormento estenderam, .
E fui victima delles largos annos:
Mas Deos cohibe os Ímpetos tyrannos.
(3) Stiprm dersum meum/aòri-
coMruni peeeatoretf prolongavt-*
rutU iniquitatem Mumm,
Justo o Senhor, a cerviz impia tronca,
Põe malvados em fuga vergonhosa;
Da turba revoltosa
(4) Domiuttijtttiuiconcidilcer'
ttieet peecãiarum: em^undantur^
et emujerlantvr reírorêum ^mnea
fui oderunt Sian»
446
Quebra, dissifa a forca: assin jperecem
Os que a SiBo insultam e atKwacteiD :
(5) Fiantiicta/mnwnieetorum, Quaes plaotas que Vegetam sobre os tectos,
gvoâ priuiquam evellatvr, exa*
ruii. Que seccam, sem que mão cultora as colha»
(6) De gvõnMimplmtrrumvm iSom qUO doHas esColha
ffifom çui meiií, et Mimtm num
qui manipuiúi toiUgii, Avido sogadorum SÓ puitliaao;
E em pó as varre o veoto arrebatado.
(7) Et iwn dixerwU quiprmter- Germinam, crescem, murcham, sem que atteote
ibant: Benedietio Domini euper mr • i «, j
vút : Benediximui vobis in fia- «O scii iffço ^om passa pela estraoa :
"^'^ '^"*' Oh planta desgraçada !
Nunca «icbastes i|(guem que te dissesse
— Deos te abençoe ; augmentat reflorece.
PSALMO CXXIX.
{VI. DOS PENITENCIAES.)
(XX. IKNI OBABir.
caniicum graduum xt. CoÊitMo .(fa eãcíidá. Uíideeimo tom.
(I) De prt^undis etamnH ad te jjo maiS .profiwdo do abvySOiP
Domine : Domine^ exttudi vocem
Do
míáw. ' Te dameii Senhor, piedade:
Minha .voz cançada e ronca
Attende, ó Ooos de bondade.
(2) Fiant aures tua intendentet PrOSta OUvido a mOUâ SUSpiroS,
in veeem drprceatiwit nua.
Vé meos aceiibos ioimentoe;
Movam*te as penfisique^eidnctAin
Meu peitOi meus pensamentos.
447
Se pois cooidemnar-me queres,
Certo ha de ser meu castigo;
As minhas culpas Ao cartai,
É vSo procurar abrigo.
(3) Si iniquitãtet observavens
Domine, Domine^ quis auttine'
hit?
Mas de um Juiz tio «xacto
Para um Pae beoigno appello;
Tudo em Débs é dó, piedade.
Lagrimas lilo de veDc£-lo.
(4^ Quiaapudiepnpitiiitiêest,
et propter legem Íu4tm auitinui te
Domine,
Sim, da tua lei me amparo,
Fio-me em tns i^onesM»,
Para crer ^pie «s teus r^gwes
Por minhas culpas não meças.
(5) Suttinuit mHnrn mea inver-
i9 4^1, apermH mtbim mem in Do-
mino.
Coofio nessas 'verdades
Que ninguém allersr fóde,
E que ao niortal sSo penhores
De que um Deos seoipve lhe acode.
Besde que soa a aherada.
Té que toca a recolher,
krael em Deos espera,
Descança no seo poder.
(6) ^ euatodm mãtutína utfue
ad nodem speret laroel 4h Uo-
mino.
Sim, piedoso, compassifo,
Com redempçSo copiosa,
Virá Javar o seu povo
Da macula criminosa.
(7) Quia úfud Domimtm mise'
ricordiãj et eopioãa apud efim re-
demptio*
Elle mesmo triomphante
Virá quebrar nossos ferros,
E com torrentes de graça
Apagar antigos erros.
(8) Bi ijne reiimot Israel eac
ommé%9 intfuilêtibvi rjne.
448
PSALMO CXXX.
(ZXX. IKIB OAABirASS.)
Canticum graduum XII.
(1) Domine, tion e$t exaUidum
cor meiím, nefuê elaii $unt oeuU
9net»
Cântico da escala. Duodécimo tom.
s
ABES» mau Deos, que em meu peito
NuDca a soberba acoitei.
Nem meus olhos levantei
Para os outros com desdém.
(2) Neque amòulntti tu magnii^
negue in mirabitíbuê tupêr me.
Jamais altivos projectos
Meu espirito occuparam :
Fiz o que pude e dictaram
Os meus desejos do bem.
(3) Si nm humiliter tenHebam^
ãeã exaUwi animam meamé
Sabes, meu Deos, que não qu«t>
Pompas com alhéa offensa.
Cargo que me não pertença,
E fructo só de ambiçto.
Se humilde nSo reconheço
O que sou, o que me falta,
Ou se amor-proprio me exalta
Orgulhoso o coração.
(4) Sieul ablaetatus eil 9uper
matre nm, ita retributatio inam"
ma mea.
Como no collo materno
Os meninos desleitados
Ficam c'os olhos pregados
Com timidez sobre a mie:
449
Assim para os ceos voltada
Minha alma de ti depende;
Nada mais quer nem pertende
Qae o qae julgas lhe coDvem.
Das próprias forças nlo fie
Israel prosperidade;
Agora e na eternidade
Tudo espere do Senhor.
<5) loirei Itrmei in Dêminê ex
hoe miiie, eí Wfue 4n $meuimm.
PSALMO CXXXI. (•)
(XUX. »08 OBADVASS.}
Cântico da escala» Trigestimo tom.
s
EHHOR, que as virtudes nobres
Guardas' na eterna lembrança,
De David teu fiel servo
Recorda a índole mansa.
CantieuDi graduam XIII.
(1) Memento Domine DaM, et
omnio mamuetudiítio ejuo.
Tem presente a chamma activa
Que o coraçlò lhe abrasava ;
E concederme que eu cumpra
O que o sancto Rei jurava.
(8) Sieutjurmi Domine^ votum
tovU Doo Jacob :
(•) Bonuet initenta a opintto dot (jiie adaptam ette psalmo á primeira dedi cacto do
templo, e o aUribuem a Salomio. Mattei porém dis naii, qae o do? idar de que leja deite
Príncipe é faaer gala de lepticlmo wu ooDWf as maii clarai .
TOMTO Vi. 8»
(3) Si introivero in Menutcn-
lum domus mete, ti atcenderc in
lecium itrati mei.
450
«Ao Deos de Jaoob pranelto
(Disse David) de fiear
Sem um tecto que me ahri^ief
Dia e noite «xpestp io ar;
(4) SU éêieré wmmm âéuiit
nuia, et paípetri» meii éwrmtíã'
iienem,
(5) EtrêqviemtemiMfribfísmeis,
êotue inventam heum Dmnin0^ t«t^
bernaenlum Peo Jacob.
«Sem dar a meiífi lolbM womw^
Sem as palpetiraa fioehtr;
Sem brando kH» em <{ae fomm
Os meus membms ^doKaiKpar;
«Em quanto sobre a montanha
De Sião não vir erguido
Um Templo tfto magestoso
Qual ao Senhor é devido.
« Assaz o teu servo envolto
Na tristeza mais profunda
Vio que andava a Arca sagrada
Sobre o terra vagabunda.
(6) Eeee audioimuM eam in
Efthraía: invenimus eam in eam-
pti silrff*
(7) ínifOitifnuintÊbernaeiíium
ejm : adorabimu» in lo€9^ vbt «le-
kerwí pede9 eju9.
«Soube que na selva amena
J^oto a E^4tit P&siém ;
Fui reataur4*k, e em meu peito
Augmentaste • v«|eitÍB.
«Em Si&o pousa; mas Talta
Um mftgiQÂfim pdifioiab
Lugar onda <« i^d^r^mw
Com per^twQ s^criSoio.
«Este completOf entraremos.
Onde os pés, Senhor, puzeste;
E o teu permanente culto
Nossa lê e «mor «Iteite. a
451
Assim David se explicava;
Assim do filho oa mente
(Para cumpiik* um tal voto)
O que disse tem presente.
Surge« ó Seohor, e me alenta i
O teu templo suba aos ares;
Incenso e vicUma pura
Fumeguem nos teus altares
(8) Surife,, Pvmiu^ in repríem
tiiflm, ífi, et artã êãneUJieaiimUs
ftfir.
Neste domicilio novo»
£ throno de sanctidade»
Descance a Arca ndorada,
£ o teu culto em toda a idade.
Revestidos de justiça»
Sacerdotes puros, sériosi
Doutrinem o povo, expliquem
Os teus divinos mysterios.
(9) Saeeréêteg luiinduãuturjui*
tltktm, eè Mfteti tni exnlteiú.
Desassombrados exuHem,
Sem que os assuste a mudança,
Os teus justos, que allumia
Qual tocha a doce esperança*
Pois que a David tanto amaste,
Seja-te o filho querido;
Sobre o sólio que lhe deste
Sempre ampara o teu Ungido.
Juraste a seu pae: c|uem páde
Duvidar dessa verdade, «
Que nem os sccuios frustrara,
Nem cohibe a eternidade?
Tomo VI.
(10) Prepíer Danid íervnmiuum
non «vertas faciem Chriati iui.
(II) JnrtiHt Diminui DãoSdifê'
rfíêtem^ et núnfmwtrãbihifeam^
defníctu ventrU tnipomm etifer
iedem tuam.
S9 «
(I«) Sieu»t9dierintJiKitmUt-
iãmenitm meym, et Íeitim9»ia
mea hae^ qva doeebê eo8 :
(13) EíJUiiearumuMqueinsm-
culum itdebunt super sedem tumm*
452
Por entre as harpas celestes
A Toz divina soltaste,
E a David dcísta maneira
Tua promessa explicaste:
«Se guardarem (lhe disseste)
Os teus Glhos meus preceitos ;
Se os seus actos quaes Ih' ensina
Forem rectos e perfeitos:
«Se Géis os filhos delles
Forem minha lei mantendo.
Sobre o teu throno sentados
IrSo as eras vencendo.
(14) QfMNtMt elefU JHmiitM
Sian^ elegit ean iu hãbitatUmem
(15) Jffme requies mea in smeu^
lum saeuli, hie habiUièo, qwniãM
elegi eam.
(IG) Viduamejuibe^dicenêbe'
nedicãm^ pmtperes ejus Boiunbe
pmnibus.
«Firmei em Sito a sede
Em que hei de habitar seguro;
Eleito por mim seu sólio.
Será fértil no futuro.
«Searas, caça, mil outros
Hio de ser os seus productos ;
E deste abundante Reino
Hei de abençoar os fructos.
« Ha de o lavrador ser farto,
O povo de fome isento;
Aos famintos, aos que gemem
Darei paz, darei sustento.
(17) SaeerdêleBiíuaiHdftamia^
Itttari, et smeti o»« exultãti^ne
exutUibunt,
«Os Sacerdotes devotos,
Sustentando o meu decoro,
He cantarlo doces hymoos
Em melodioso coro.
453
a Do meu Da^id a progénie
Um socceasor lhe ha de dar,
Que dilate o seu Império,
Para jamais acabar,
«Desse trooco a Regia Slirpe,
Sobre o soiio teu sentada,
Reinará perpetuamente.
Fiel sendo á lei sagrada.
«Té ás mais remotas eras,
Os meus preceitos mantendo,
De táo bella planta os ramos
IrSo sempre florecendo.
(18) IlUêc pradueum comu (•)
Vamd^ pÊoraoi lueemãm ChrUtê
« EntSo de teus inimigos
A multidSo derrotada,
Será Yencída, dispersa.
Como fumo dissipada.»
(19) /niMiMs tJuM induam cra-
/ttiio»B : iuper iptum avtem ej/h'
reèU umeíiJkKtio mra.
(•) Prpdueere cornu é um idlotifino bem eoalifcido, na figniOca^ de dilaUr o
império.
454
PSALMO CXXXII.
{IKIV. BOS OaABVAJBS.)
Canticuiii graduum XIV.
(1) Eece çuam bonym, et ptmn
jvcundum hãbitare fratre» íh
uHum»
(9) SietU ufifuerdum in trapite^
qíiod descendi t in barbam^ barbam
Amroti,
(3) Quod deteendil in pramvei^
Umenli rjut: tieut roa Hermotky
fui deêceudit in mentem Si9n'
Cântico da escala. Quaãragêssimo t&m,
Xiou que frafeernal candiira
Devemos» irmãosi juBlarHMís!
E em âuave sociedade
Uoidos sempre slegrar«iios !
O prazer que se reparte
Os corações nt ifica,
E tanto mais dos agrada
Quanto mais -se multiplica.
Qual oleoso perfume
Sobre a cabeça de Arilo
Corre a sacerdotal veste.
Unge a franja até ao chito:
Tal como do Hermonte desce»
Gomo desce do Si&o
Matutino orvalho, e espalha
Nas bervas a fresquidUo:
(4) Quoniam ilUe (•) mmndMPiè
liominui benedicíionem, et vitam
itsgue in smculum.
Assim nos ânimos puros»
De unisono sentimento,
Docemente se diffunde
Cordoai contentamento.
(•) ItUe b3o denota un lugfar material, como alguna teem crido, ioterpretoade-o do
Silo e do templo, mal refere-ie ao habittnre in «mhn, isto é, ntêta wátn MJicfa e ^me^ua
aqui ettá a benção de Deos ; e curresponde ao Benlimeoto daquell* outro poiso, uòi fustl da»
tei trcs eongregati naminv mco, ibi ««to tu médio eorutu. — Matlh. c. 10. v. 20.
455
Ah meu Deos! Em doce \9ec0
Unanimes nos juntai:
Em coro vos cantaremos ; *
Este coro almiçoail
PSALMO CXXXIII.
(JCT. DOS OaABUAXSO (»)
Cântico da esdéh. QmnquageMmiy t&fk.
A
FiNtit-^E os ifMftrtnnentos;
Cácitai, sertOB do Senhor;
Exakaí nois fossos hymnos
O seu nome, o seu louvor.
Vós, habitantes do templo
Do âOBBo Deos, dai o exempio.
Canlicum graduum XV.
(t) Ecce nunt benetUcite Domi-
num, omne» servi Domini.
(f) Qui Miúlii i» imn» Domhii,
m •iriiê imHU» Dei iMflrí.
E quando soltar sombria
A noite seu denso véo»
Com extáticos suspinos
Levantai as rofios ao Ceo:
Bemdizei a luz preclara
Que tantos bens nos depara.
(3) In noclibite exlelUte tnanue
vestraa in eenctã^ et benedieite
Demimtm.
Toda a humana creatura
De Deos a gloria apregoe;
(O Bit6 pflrino e o antecedente, aMim breret de quatro vcr»icnloi cada um, foram
collocadot nei dois aUrmof toni da escala, poiqoe aendo 01 nltimoa dotf tom mais abetos,
ii3o p($de a TOS resistir por mtrito tempo, como nos outros.
(Matlei.)
456
(4) Bine4i€Êt ie DêminMt ex . Elle, Creador de tudo,
SioH. qui feeií cmlum ei Urrem. a a j i.
^ '' A todos nos abeoçoe:
Cerque o nosso puro ÍDcenso
Em Si9o seu throno immeoso.
PSALMO CXXXIV.
AUeluia.
v^
(1) Lavi/tf/e Mm^ii dmh/km, te- 1 ós» sorvos do Senhor» formai coocertosy
As Tozes levantai» louvai seu nome:
(«) Qfii síatit in âênw Domiai, \6Sf quo habítais seu templo, .
in ãiriis áomuê Dei nottri.
Que em sacerdotaes roupas
Queimais perfumes ante seus altares»
«
Dai-lhe gloria, rompei» cantando» os ares.
(3) LãudúteDomimim, quiabo- Celebrai O Senhor» cuja bondade
nutDvminHê, matute n^minieiuu „ .i. t .« mr^
qvcniam »wtve^ So estondo sobre toda a Natureza :
O seu nome suave
Afugenta infortúnios;
Conforta os coracSes desconsolados»
AGança socego aos desgraçados.
(4) Quomam Jacob eitgit iibi O Seohor dentre a multidio dos povos
9ibi (•). Elegeo a Jacob para adorá-lo;
Dedicado ao seu culto»
(•) SIo eitai u cMlomadas ezpraitSet, que nfto devem tomar-ie estrieUiDente : <|»
Deo0 esteja w6 em JeroMlem é a Smagem de um Príncipe que efcolhe a cidade maii beU*
para cabeça do império : que Deot reja s6 o po?o d*Iirael, dá-te a imagem de mi GcMraK
que f upposto com mande a todo exercito, tem comtudo o len regimento parUcnkr, «o qnl
prefide efpecialmenle : nSo Já qne coro estat eipreisdei le rettrinjam os confins á Providencia
(Obitrv. de MaUei.)
457
Alvo de seus prodígios.
Elevado á mais alta dignidade.
Fez dlsrael a aua propriedade.
Quanto é grande o Senhor, como me assombra
Quanto excede em perfeitos attríbutos
Os deoses que 6guram
Os illusos humanos!
Elle fez tudo, os Ceos, a terra, os mares;
Os mais pasmosos seres e os vulgares.
(5) Quiã ego eognovi, qitod mm*
gnuM ett Dominms, et Deus hm-
têr frm omnihis diiê.
(6) Omnim ptmatmpie votuSi^
IhminuB frtU in emUf «n ierrm^
in mari, ei in mn/Uèuê aáywii.
Dos extremos da terra evoca as nuvens,
Troca em chuva o relâmpago fogoso;
Produz de seus thesouros
Impetuosos ventos;
Vinga os crimes do Egypto nos morgados,
£ castiga severo homens e gados.
(7) Bdv€eH9 nuAet «6 extremo
terraj fulgwra in plwimm feeit.
(8) QifJ prvdticit vent&ê de the->
êmtrtê nt/t : ^g pereu$sit prime"
gemia Hggp^i oâ hmnine nnque td
peeuM.
Bem o sabeis, Egypcios! Com que susto
Pharaó entre vós vio mil portentos:
Foi Deos, que. a dura teima
Do Honarcha irritado
E seus bárbaros servos destruindo.
Aos Hebreos um caminho foi abrindo.
(9) Et mitit êigtm et proáigiã
in médio /ut, ^gypte : in Phu-
rwMffiN, et tn omneê êervoê ejus.
Foi Deos quem fulminando muitas gentes
Exterminou tyrannos Potentados:
Sehon sôfrego morre.
Os Amorrheos perecem ;
Og, o rei de Basan, é derrotado;
E todo o Canahan foi conquistado.
(10) Qyi pertuitit gentes mw/-
ta«, et oceidit reges fortes,
(11) Sehon regem j4morrhteO'
rfim, et Og regem fíasen, et om*
niã regna C/uMêon,
Ao povo dlsrael deo por herança
Todas as possessões daquelles impios;
(18) Bt dedit terras eorum ha-
reditatem^ kmreditatem Israel po-
pulo suo.
458
Canabao dividindo,
Repartío peiíis tribus
Seus opulentos- thmíos» seus estados;
Vingou 6ei8, e castigou malvados.
(13) Dcmine, nêmen tuum tu Ao teu nome, Senborl com laes prodígios
alemum: Domine, memoriale ^, . . _* i â
t«um in generutionem ei gentra- ulona immortal perteoce : O esqueeimeoto
'''^'"' Nao cabe má imsa» ilaifl»;
(14) Q^m juéitMt Dminus Hi9 a grâtff Dscmoria
dlptetoMur. ^^ P&^ * "wos setupre ir* pasMnda,
Em quanto o térreo globo for durando.
(15) Simulúchragenliumttrgen- QuantO éS dlgnO de amOf ! O qoe 9S9
tum el ãurum, opera manuum ho' —., , • i • i *
mfmm. D ouro e prata, por bocieas uèrícadosT
(16) o» hmieni^ et non Ugue^ Toom botscsa sem «6 faltett;
iur: oculot habení, et non vide' « «■
bvnt. Teem olhos^ mes sen vista ;
(17) játíres hvbeni, et non ou- Toom ouvidos, portm jáoBiais oivriraBi;
dient^ negue enim eel ipiritut fA _ .
ore iff9orum. Teem seios que nem sentem nem respiram.
(18) Simiiei mêjutnt, gui/ã^ Semelhantes a estes simoiachro»
eiunt ea : et oinnea qui conãdunt ci* l -jj «_ i. •
ín eit. Sâo os bomeas iMnsos fae ea iwricam;
Idolatram sem tino
Imaginarioa noncss,
Que a fé dos sacrificioB desvaneceiD,
E seus nobres destinos envilecem.
(lu) Domus Israel, bencdicite QuSo foliz, Israel^ é tu» creoca!
Domino: domut Jaron, benedi- ., *. »v_ • *. .
Cita Domifuf, Abeuços O teu DeoB onmpateaie:
Vós, de Arlo nobres fihoa,
(20) Domut Levi , bcnedicite Vás, Ó BlhoS de Levi^
Domino: qui timetit Dominum, •,, . . ^^ i .
benedicite Domino, VÓS que tomeis a Deos» eograodecei-o,
Invocai seu auxilio sem receio.
(£1) Benedietus Dominus ex Louvsi 0 seu podér, soa grandeza:
Sion, qui habiíat in Jtrutalcm, „,, . ' , i ■ •*
Ellc quiz entre nós habitar sempre ;
459
Sobre Sião ameno
Fundou sua moradAt
Que abrazado em amor daqui contemplo:
Eis a bella Gdade, eis o seu tempio!
PSALMO CXXXV.
A
Dn» gloria e lovror demos,
Pois que cheio de bondade.
Assim como nos deo vida
Nos destina a eteroidaâe.
Quiz 05 homens consolar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hão de durar.
AUeloÍA (•).
(1) Cênfiíemini Dmninc^ f«#-
níãm Ò0nu8 («Of fVMicm tu
teternum miêerieordiã ejus.
Âcin» de qaBotos Bomens
Fingem os homens errados
Domina Deos; e a Verdade
Confirma sens predicadas.
Quer os homens Hhstrar;
Sna essência e misericórdia
Para seai]ire Uo de durar.
(S) Co^fitemini Deo Deorum^
qV9nÍ9m in atemum mherícordia
rjut.
Louf ai o Beos qae governa
Sobre os Príncipes da terra ;
(3) ConfUemini Domino Domi-
ttorum^ quoniam in atemutn mi-
êerieordiã tjuo.
(•) Este < t» dot p«ilÉi«i Ulteirgitos que tervU pua m pfocMtaf, c p^de diaer-ce
uma Ladainha Jffoàraiea,
(• •) Gentil iftima e a reflexão de Santo Agostinho eap. 2\. de grat, et Uò, arb. Deuo
reédit mala pro malitf guia JuHut est: bona pro maliif quia bonut eeí: bona pro bonio,
quia bonut et jutíuo est. Solvm non reddit maia pro bomo, qu/a injvttm non ett.
(4) Qni fã€ÍÈ mifãkiUm ma^nM
Molut^ quêniêtn m aiermim mate-
ricordim ejm»
»•
(5) QuifecUcmloêininteliectu,
qvaniam in mtemmn misericórdia
ejuê.
460
Que lhes- dá luz quando acertam»
E que as ilIusSes desterra.
Quer os homens amparar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hão de durar.
É só Deos quem faz prodígios;
Quem preserva em seus thesouros
Gloria para as almas puras.
Para as culpadas desdouros.
Quer os homens ensinar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hão de durar.
Fez surdir do nada os Ceos;
Com sapiência infinita,
A cada sér, generoso.
Lhe dá quanto necessita.
Quer 06 homens amparar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hão de durar.
(6) QêU frmwaii terram wper
mpiiUj fumiiam in atemum mUe*
rieordia eju$.
(7) QvifeeiÈ luminÊriu nmgnM,
gvoniwn in telemum miMerieardim
efvs.
Contra a fluidez das aguas
Firmou a terra ; e suspensa
A tem, por forças que attestam
Sua sabedoria immensa.
Quiz os homens amparar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hão de durar.
Fez os astros que allumiam
A terra e ceos espaçosos.
Cuja luz alegra e rompe
Os ares mais tenebrosos.
461
Quiz os homens consolar;
Sua essência e misaícordía
Para sempre h&o de darar.
Fez o Sol, que rege o dia.
Que á planta dá crescimento;
Que pela manhã renova
Tudo com sen luzímento.
Quiz os homens confortar;
Sna essência e misericórdia
Para sempre h&o de durar.
(8) SúUm íh poíestãtem éM,
quõmam in atemum miêtrUêriiã
eju8.
Temperou da noite as sombras
Pelo luar e as estrellas.
Que instruem a mente humana
Da gloria de Deos, ao Yé-las.
Quiz 08 homens ensinar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hlo de durar.
(9) Lunnm 9t ãUUêt in poieM-
tmiem WÊCtem^ ptomãtn in teter»
num mi9eri»ràtã ejn9.
Foi severo, mas foi justo
Quando o seu povo ultrajaram
Os do Egypto; e acerbo pranto
As mães Egypcias choraram.
Quiz seus fieis consolar;
Sua essência è misericórdia
Para sempre hão de durar.
(10) Qtti pereuêiit jEçypinm ,
eum primêgenitit eomm, qwf
mnm in aUmum miêerteordim
ejtti.
D'entre bárbaros liberta
D'IsraeI a gente afilicta:
Este sublime resgate
Quanto gratidão excitai
Quiz os homens amparar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hão de durar.
(11) Qni eduxit lêtael de me*
diê eotum^ quúniãm in teiernum
mi9€rie9rdim eju$.
462
(t€) ín manu potenii et bra'
chio exeehoy quoniam inatternum
misericórdia ejut.
Seu amor, sua mio potente,
O aeo braço formidaYel
De&baratou dos Egjpcios
O projecto dctestavej.
Quis os homens resgatar ;
Sua ^sseoeia e misericórdia
, Para sam^ire bSo de durar.
(13) Qui divitii more rubmm
in divi»ioneê (•) , quoniitm tfi
tEtemum nUtericordia ejut,
(14) Et eduxit í$rael per mf-
divm eju$^ quoniam in atemum
misericórdia ejus.
Partio o mar; e sem risco
Foi Israel condusiodo
Por entre aa aguas suspensas,
Nellas larga estrada abrindo.
Quis 06 homens amparar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hão de durar«
(15) Et exeuêtit Pharaonem^
et virlutené ejus in mari rttòro,
çvoniam inttternum misericórdia
ejus.
Sobre Pfaaraó e as turmas
Ferozes qoe o acompanharam,
As ondas embravecidas
Por seu mando se fecharam.
«
Quis o seu povo vingar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hão de durar.
(16) QuitraduxilpoptlumsMim
per desertum^ quúniam in ater'
num misericórdia ejus.
Faz que Jaeob atravesse
O mais árido deserto;
E milagroso alimento
Entre as brenhas ache certo.
Quiz os homens amparar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hío de durar.
(*) Ditidefe in ditiêiontt i idiotismo hebraico, deoolando o ne«iDO que o
dividere.
\
463
Deo-lhe figor qiie vencesse
Gigantescas Potentados;
Deo-jlie cowpiistas, deixando
Og e Selion destroçados.
Qun sens 6eis illostrar;
Saa essência e misericórdia
Para sempre hBo de durar.
Do sen Pofo Israelita
Recompensa a confiancn;
Dos Doniníoi Basaoitas
E Amarrbeos lha deo a herança.
Qun jDs homens amparar;
Sua essência e misericórdia
Para sempre hão de durar.
(17) Qttt pereuiHt reget ma»
gn9$, fuoHiam in mtemwn mi§e'
rieordia ejui.
(18) Et oecidit reges foriet,
queniãm inaternum mUerieordia
rjuê.
(19) Schon regem Amorrhao*
rUm^ qwmiam in alernmm mtte-
rieordia ejut.
(£0) Et Og regem Baatm, gwh-
niiun in aiermtm miiêrioordiã
ejus.
(£1) Eidedit Urram eorttm hm*
rediiattm^ qtnmmm in wáermum
Misericórdia eja$,
(S2) Hàreditatem Israel servo
suo, quoniam in- alernum tnisc'
rieordia ejus.
Nossa bumiliaçBo contempla.
Meu Deos! NSo nos desampares;
CompassiYO nos converte
Em paz 08 nossos pezares.
Vem-noSy meu Deos, amparar;
Tua essência e misericórdia
Para sempre hSo de durar.
(S3) Quia in humilitate nostra
memor ftdt nostri , çuoniam in
eelernum misericórdia rjits»
Dos ímpios que nos perseguem
Reprime as usurpagdes;
Compare a tua justiça
Seus e nossos corações.
Yem^nos, meu Deos, consolar;
Tua essência e misericórdia
Para semprie bio de durar.
(24) Et redemii nas ak inimi*
eis nostriSy qvoniam in atermtm
misericórdia ejus*
Todos OS viventes nutres,
Vigilante Providencia:
(15) Qtif dat escam omni carni^
ffHoniam in mtermtm misericórdia
rjus^
464
Senhor I distingue a malícia
Da candarat da innocencia*
Vem os homens amparar;
Tua essência e misericórdia
Para sempre hão de durar.
(SS) Cênfiiemim Deo neli, Co-
ntam in mternvm mhericordiú
ejuê»
(87) ConfUemUi D&ndno Do-
minorum^ gwmímn in aternum
misericórdia ejut.
Deos dos CeosI Todos te loatem:
Teus beneficies pregoem:
Todos os seres e voies
Os teus louvores entoem.
Vem os homens consolar;
Tua essência e misericórdia
Para sempre hlo de durar.
PSALMO CXXXVI.
leremiae (•).
(I) Super ftumina Babylonis
illie oedimuê et flevimus , dum
rtoordaremur tui Sion.
s
OBRE OS arenosos braços
Em que o Euphrates se dÍTide;
Lá nas margens em que altiva
Babylonia é que preside,
■
.De Sito nos recordámos,
E alli sentados chorámos*
(•) Terno, ameno, elcjçinte, e cheio de inugeoi limplicet o oatoraai é este |Malwv
no qual ao meimo tempo que os Levitai le etcuiam de oio laber Já cantmr, e de i2o ler
tempo de pcniar em poesiai, cantam efiectivamente um dos mais belloa trechos poéticos ^
na Bíblia se encontram. No Hebreo nSo tem titulo : ém alguns códices Gregos attríbse-ce s
David, em outros a Jeremias.
465
Com lagrimas de aociedadie,
Que desciam quaes chiiveirosi
As If ras humedecidas
Pendurámos nos salgueiros;
Testemunhas sem piedade
Db nossa dor e saudade.
(C) ín êàUHhu in meãh efia
Âfflictos do captiveiroi
Da ?exaçSo da injustiça.
Rejeitávamos o canto
Mais por dor que por preguifa;
Por medo que nos ooTtssem,
£ que as cançSes nos pedissem.
(3) Quia ilUe interreg^veruni
tiot, fní €upiivú9 duxerunt mm
veria CãnÈiênum,
Esses que nos captivaram
Importunos as pediam:
Como expor bymnos sagrados
Aos que tão pouco entendiam?
Gomo fartar de ve^ades
Profanas curiosidades?...
(4) Et qvi nbduxettmt tiú$: Ay»
miuiffi €Êntate nêèiã de eãtUÍ€Í9
— Cantait diziam, cantai«-nos
Vossos hymnos de Silo —
Incautos 1 Quanto discordam
Cantigas e escravidRol
Como a bárbaros diremos
Cantos que ao Senhor tecemos?
(5) QMtnúdo eantttbimut eanti*
tum Domini in Urra aliena f
Sem dó dos nossos pesares
Sollicitavam o canto»
Sem lhes lembrar que elies eram
A causa do nosso pranto:
Cantar com magoa tamanha
É severo em terra estranha*
Tomo VL
âo
466
(6) Si obliíus /tíero ím Jerntih
Jem, ^òliviMi âeiur iextera mem.
Paralyse o movianenlo
Da mif&ha dextra o Senfaor
Se eu vibrar da lyra aa corda»
Sem qae seja eoi teu louvor,
Oh JerudaieiD querida!
Oh morada appetecida! \
(7) Adhartttt lingua meu fmt^'
ífut meity 9i mn meminer» tui.
Pegue-se-me a liogua &s fauces
Se eu te riscar da torabrança;
Se n&o buscar restaurar-te
Á. ventura, i segurança ;
£ se os meus gostos mais puro»
Buscar fóra de te» muros.
(H) Si n»n propoiuero JfruM-
iefítj in principio Iwlitia mem.
Niuho meu, amada Pátria,
Tu só minha alma dominas 3
Tudo o que é teu idolatro^
E mesmo as tuas minas
Prefiro á pompa iosukante
De Babylonia arrogante.
(9) Memor etlo^ Domine^ filio^
rum j£dom in die Jerutalem («).
No dia da fatal queda
Viste, ó Deos, a perãdfo
Dos fiihoB daiEddm»; e loste
Se SiSo a mereon:
Tu, que éa jusio e vingador,
Ah! nío t'esqueça, Senhor!
(10) Qiti dicunl: etiwniie i
exinanite yêque ad/undamentum
Foi cruel a nossa sorte,
in ea, Iguol a sua sorá;
Deos castigará perversos
(•) Oi Idumeot (ou fllíiot de Edom) uiktram-sc «os Babylooiot, como se coíbe d'Ctf^
chiei, Jeremias, e Abdias; cinco annos depois dadeslruiçilo de Jerosalem fei NabucbodooosDr
Qm grande morticínio dos mesmos IdateieoSi como disfinclamente refere Josqilio no liv. X.
c. 3. das Antiguidades Judaicas.
467
£ aíQickM coBSolará :
Ha deèumiihar a arrogaacia,
E confundir a jactância.
Chaldeos, Mumeol, tjraniioa»
Tremei do tosão destino :
Vossos crimes provocaram
Contra Tós furor difíno:
VaiH» a ntrero já rompendo^
Os raios já tIo descendo.
(11) J'ilia BàbyUnit mi$erm!
beatu$ qui retribuet tibi retribua
tiúnem twun^ quwn reiribuUti n»-
bit.
Outros, de vás trtomphando,
Vos darãO]O.c|«0.nos destes;
Esmagarlo vossoa filhos
Bem oomo aoa nenos Gsestes:
E Babf bnia nialf ada
Será também atrasada.
(Ifi) Beaiuê qmi itúiUt, H ai-
Udei pmrmdoê !«»« tuí petram*
PSALMO CXXXVIL
DêDwM.
C
OH todo o eoraçlo hei de lonvar^e»
Meu Senhor, pois qoe ootiste com piedade
As vozes que articula a minha bocca.
Cantarei perante os Âojoa,
No tempb, e em face dos Geos;
Ipsi David (•).
(1) Confiiebor tíbi. Domine, in
ioto eorde meo : qwmam ãuditíi
verba oriê mei.
(£) JnconspecluJagelonmiptal»
Iam tibi: adãraboad templum tanC'
tum tuum^ et cot{fitebor nomini f t/o.
(•) Bctt edv«rfH%fn Mofler e Ifnii qne este pialmo foi escrípto por David, quando
livre já dai furiaa de SabI e doa ouUof ioiniigot, reitituída a pas ao reino, dava graçai ao
Senhor, convidando ao mesmo oflScio todos os Reis conSnautes, que tinham sido espectadores
dos prodígios divino».
(Multei.)
Tí)!vio VI. 3Ò s
468
Exaltarei nos meos hyilioo§
O nome augusto de Déos.
(3) Super miuneordia iua, et Minha ospcrança augmenta quando penso
verilate tua: quoniam magnifi- • • j-
CMti iupermmie nomen nànàtum 1*0030 6 COBStante a.tua nUSeriCOnita,
^^^^^' Como infailivel é tua verdade:
(4) In quQcumque die invoca" So em qualquef dia le invoco,
vero /ff, exaudi me: multiplica"
bit tn anima me a virtutetn. Exaltas teU nomO, O apprOVas:
Deste modo na raiafaa.alnia
Todas as forças renovas.
(6) Canfiteaniur tibi. Domine, Venham todos 08 Rois da teTTa, e Povos
omnes regei terree, quia audie* . ^ ^ ,^. .
runt omnia verba ori9 tuú Ante O tbrono 00 AitisBipo^ prostrar-se;
(6) Et eantent in vUt Domitu, Agradecer-lho a lúÊique os allumía:
guoniam magna eit gloria Domini' •• . n • . *
Brotem* qnaes . Uoresi wtudes ;
Pereça no mando o crime;
(7) Quoniam excelem Dominus, Cumora-Se OUUIltO OOS dictft
et humilia reapicit, et alta à lon» iwi ■ .
ge cognoicit. Tua lei saucta e sublime.
Senhor, cheio de amor sempre nos ouTes«
(8) Si ambuiavero in médio tri- No ten>po em qye eu aodava atribulado,
hvltttionis, vivificabiê me^ et su- „ , - -.
per iram inimicorum meorum ex- EutrO aUgUStiaS aCOrbaS,- mC aCUOiaS:
tendiiti manum tuam^ et oalvurn . • • J»:«»«^:*v- m^A^^A^
mefccit dextera tua. A mim, d impios rodoado,
A m&o piedosa estendeste;
E com tuá deátra excelsa
V Logo a "ubo me ptizeste.
(9) Domimts reiriòuet pro me : Hojc por Aiím rcsponde a (fném mc afliige:
Domine, misericórdia íim in 8(t" ^ , . . ■ , * j* •
cnlum, opera manuum tmrum ne Compicta aS Obras dOSSa mãO dl?llia,
deapieias. p^j^ ^^^ miscricordia jamais cança:
Os bens que jA m^ Gzestet
Meu Bflèavel Redempter,
São dos bens que has de fazer^me
O mais seguro ponhor.
469
PSALMO CXXXVIIÍ.
:."í
Aã pcdavrOB è a 'WXMa soo de David.
In me provaste, ixi me conhecias
Âotes que eu de miro mesmo suspeitasse
O que sou: tu» roeu Deos, os meus caminhos
Todos patentes vias;
Sábias ^ ulcerado
Traria o eoraçSío, ou se contente:
Erros é acertos/ todo te 6 presente.
In finem psalmus David (•).
(1) Dwiine probasti me, et co»
gnovitti me : tu cognovitti MesíiO'
nem meam, et resvrrectiot^em
mewn.
Antes qtie pense, fés meus pensamentos,
O trilho de meus passos investigas;
Antes que mova os pés, ábtes que parta
r
Vês todos meus mtentost
Muito antes quef meus lábios
Tenham articulado um som perfeito,
Do que intento dizer sabes o effeito.
Em que sitio de tíí posio occultâr-^me?
Se avistas o passado, e quanto agora,
E o nublado futuro conter podem?
- Se em fim, para formar«me
Este sôr, estes órgãos,
As tuas mHos divinas empregaste,
Com teu bafo sagrado me animaste?
(S) Intellexisti cogitatione» tneoã
de longe: temitam meam^ etfu'
niculum meum inceitigatti.
(3) Et amnee vím meãs preni-
dtBti, guia non e$t sermo in Un-
gtia meu.
(4) Ecce, Domine, tu cognoviítti
cmni^t novíssima, et antiqua i tu
formasti me, et pcsuisti super me
manvm tuam.
(O Na opinião de Abeneira é este o maÍ9 bel lo psalmo de todo o Psalterio, mai ao
meimo tempo o mais obscuro, diflicil, e intrincado. Entretanto, qnando bem te medita e
comprekende, é claro, natural, connexo • fácil, bem que leja uma clareia, connezlto, e
facilidade cheia de gravidade, inblimidade, e majestade.
(Maitei.)
470
(5) Mirabiiis fada eut sei^ntia Como no que em mim fazes 86 descobre
tua ex ne, eonforiaia est. et non rri - # j • - ■
poteroadeamf -^ua immcnsd 6 prouiDOa sapieocia!
Nao te abrange do faumano entendimeoto
O esforço mais nobre:
Vemoa que noa creasteé
Que a tua mão divioa em nós pozeste :
Todo o noeao sabdr ooosiate neste.
Que paamo se em mim penso! Que de?adi
Tua sciencia em mim se maniiesta!
Caoço-me em t&o: desejo peaetrar-te;
Fica a empreya frustrada:
Se me exalto, «le bumilhas;
Se te procuro, yês*me, e eu não te vejo;
Cerca^-n^et e só te attinge o meu desejo.
(6) Qito ibo à spiriiu tup, et quo Como irei, ó Seubort onde não cb^^es?
à facie tua fugiam f ^ .. •jj*'ii_ ■
Se a tua immensidade tudo abrange!
Fugirei para onde á tua foce
Algum objecto negues?
(7) .Si aseendero in ealum, tu So SIftbo a06 Ce0S> lá moniS ;
iÚic et ; si descenderú in in/er* « i • i» - •
num, odes. Se descer aos iDiernos tenebrosos.
Lá cbe^am teus jiúioa rigorosos.
(8) Sisumpseropenmsmeasdi^ Sc áS avCS rOUbo fS aiaS, O VOaodo
hittilOy et habitavero in extremis «• « . i .
nutris: Madrugo, atra?e8sando os vastos mares.
Inutilmente as praias mais distantes
Veloz fou procurrado:
(9) Etetúm illue manuê tum de' Tu éS QUem lá me levas;
dueet me, et tenebit me dextera
ttéa. Lá me conléro o teu poder supremo.
Lá, como queres, vivo alegre, ou gemo.
(IO) Et dixi : fortitan tenebra Louco! Peosei que as trevas m*escondiam,
eeneuleabunt me, et nox iUumina-' » . t
tio mra ia deUciu mcis. Encobrindo dcIcitcs crlminosos;
471
Mas a Dcnte qual luz me revelava,
E teua olhos nie viam:
As cttlpavéis delicias
Nlo as cobriam trevas; noite, dia.
Sombra, foz» ifualmeote te servia.
\
Vês no meu conçto ás ciaras ta
Antes qae oeUe brote erradi» aflReeio
Que o recrèe, ou que affltoto do remorso
O fira eafMBho agudo:
Desde o seio ttiatemo.
De tal modo, Senhor, me possuiste,
Qoe tem que o aaibas nada em miA subsiste.
(It) Quia ienebra mm úbseurm-
bunínr à U^ et nox tieut diet t/-
luminabitur, sieut ienebrm ejut,
Ua et lúmen ejut.
(iS) Quia tu possedisti rentt
mtesj tvscepiíti me de útero ma*
trU mem*.
Que motivo tSo aKo de kiuvar^-te
He fornece esta machioa .terrena
Que me contém! Gonheçfrtat e é destinada
A aervir^te, a adorarrte:
Um só nervo, uma léa,
Dos ossos o mais ténue é collocado
Por ti^ no seu lugar deteminade.
(13) Confitebor tibi, ^uia terri-
biliter magnificatui et : mirabilim
opera tua^ et anima mea «ffgm*-
eit «tmtt.
No recôndito centro vèa da terra
Os occultos metaes; bem como avistas
No seio maternal, do germe informe
A substancia qoe encerra,
Que avulta progredindo:
Tudo te consta, Artifice excellente,
Tudo viram teus olhos claramente.
(14) NmieãtoeeúUaiumoBmeum
à le, fuod/eeisti inoceuUo, eeub-
êtantia mea in ii\ferioríbuã terra,
(15) Imperfeetum meum vide-
runt oculi tui, et in Ub>o tuo
amnes êcribeníur, diet/ormabun-
tur, et nema in ei$.
Inda incompleto, apenas desenhado,
Já no livro imraortal em que s^escTevem
Tuas excelsas obras por inteiro
Alli Gca notado,
472
Sem mingua, sem defeito:
Dos mais dias a serie se conhece.
Dos bons, dos máos, allí tudo apparece.
(16) Mihi\naem niws honori- Qual audax peosamonto de Deos p6de
Jieati sunt andei (O tui^ Deus : ia
nimit eor^ortaius ett yrinapatuã Penetrar OS arcanos transceodentesí
Coroo m?estigarei oi seus juiios
Se o Senhor nlo me acode?
(17) Dinumerabo eot, ei tupew Multiplíces JUÍIOS,
arenam muUiplieakuniur : exur- - . , ^
rexi, et adkue swn tecum. Mais quo arêas do mar inmimeraTeiSy
Mais profundos que abysmos insonda?eis!
(18) Sioceideris, Deva, peeea* É pOSSifel que slgUCm DO mundo eiista»
teres, viri êonguinum deslinate «-,,.,,« ^ .. .^
me, £ duTide da Summa Omnipotência?
Que á evidencia de tantos attributos
Sacrílego resiista?
De taes impiòs me aparta.
Desses sanguin<^tos peccadoies.
Que os seus deleites slo alheias dores.
(19) QuM dicitit tu cagitêtts^ Quantos dostes, meu Deos, inda respiram!
ne : JeeipitiU in vamitate àvUm- r\ i. « o ^ - i^ ■
tet tvus. Quantos monstros o Sanctuario assaltam !
Quantos o |>Ío dos orphtos, das viuvas.
Cruéis, das mios lhes tiram,
E insultam quem padece!
Antes que estes malvados tudo arrasem.
Teus coriscos, meu Deos, no Ceo que fazem?
(«0) Nútme píi êderttnt te, O0. Detesto quem te odéa : por ventura
mine, oderami et super inimicês ^ • • •. j* « ja «
tuosUibescebamí ^ crimmoso este odio, se te odéam?
Nio vemos profanados teus Sacrários
Feia cubica impura?
Qs crimes mais atrozes
(,•) A vos hebrea «inc w\\x\ le Terle por «mifi Umbem deaod c9§itãti0neM,
473
Nfto sSo reaes?*.. S&o fabalas^e soidio?
Ah I que de i ev humano me eiiYeffgeelio 1
Bem sei, Senhor, que deste ódio completo
Cootra mim nasce enxame d^inimigos:
Sonda o meu coraçSo, lé na minha alma
O maia ardente «ffedo
Com qoe o teu adr m'enlèva:
Interroga-me ; e oa passos qw ym dando
Vai compassivo e atteoto examinando.
(fll) Perfett9êâi»9Íer&mUlo$:,
€i hdmkifÊcii «uni miki.
(ii) Pr9ka Me, Dtu»^ H wtíU
Êêr «MiMH inUrr09ã me^ ti cê*
gnéêee senUiãã meat»
Se na vereda andei da iniquidade, (ts) Et vide, $i via iniquHatiã
rri • «. j • «. - ' ^ in me e$L et dedue me in via
Tem compaixfto de mim, a mio me estende: mtema.
Com suave attrac{So tu me encaminha
Seguro á Eternidade,
Á qual sámente aspiro:
\Á sem véo tua essência contemplando,
Entre os Justos te irei sempre louvando.
PSALMO CXXXIX.
D
£ um malévolo orgulhosa
Quem me há de livrar. Senhor?
Se com tacita piedade
Emmudece o teu amor?
In aoera psalmiifl David (•).
(1) Erlpe ffi«, Demine, ãb A#-
mine maio: à viro iniquo eripe
me.
(•) Esle psalmo parece ter lido escripto no teupo em que Doeirg e os Zlpheos secun*
davan as fartas do trado Saul.
474
FaUa, peu Deosl e reprime
Da peccador a innleiícitt;
Vem com toas mfios forçosas
I)oiur4he a fm*ia» a fioleoda.
m tarde ^ Mã éie camUiimêèimt
pralia»
(3) Aeueruni Ungyat tutu ãietU
serpeniU : vene^um ofpdum ãub
labiis eorum»
EfBei pérfidos corraptos
Fazendo inal vBo contentes,
E a bifida Kngua aguçam
Quaes Tcoenosas serpentes.
Na bocca infame recolhem
O amargo fel do destino»
E dos lábios lhes resvala
Um veneno viperino.
(4) Citêlodimef Domine, de tna'
nu peeeateriSt et aò hominibus tní-
quit eripe me.
Meu Deo8, de cair ni'ímpede
Nas mSos de taes peccadores;
Nlo se farte a iniquidade
De minhas acerbas dores.
(5) QuicoffitãverunituppUmimre
grestue mee$, aòecêndennU euper-
bi Uiqueum miki.
Ora aqui e alli preparam
Ciladas em que eu tropece;
^ da «nadilha qne formam
Nenhum vestigio app^rece.
(6> Et/unes exienéenmlt in la-
queum : juxta iter acandalum pO'
suenmt mihi.
Cordas para me prenderem
No lugar a mim visinho
Estendem» a fim que eu caia»
Descuidado» no caininho.
(7) Dixi Domino y Deus meus
es tu : exaudi, Domine, tpocem de-
precationfs mea.
Exclamo entlo: «Tu somente
És meu Deos, de ti me 6o;
Ouve» Senhor» estes brados
Que cu consternado te envio!
475
Senhor 1 Senhor I Neste aperto
Acode^me sen demora :
Salva o teu servo, protege
Quem tSo afflioto te implora.
(8) Dêmine, DMune, virtu* m-
luUt mem : obumbrmãH guper ca»
pU m€mm in diê òellú
Becorda*te da tormenta
Que sobre mímrecahiai
Quando pai# defeodeiMne
O teu broquel me cobria.
Entaot Senhor, me salvnste;
Igual favor nlo me oegoea:
Nas mSoB de i|uem me atormenta
Por piedade nlo me eobreguas. .
verwU etntrm me: ne éênêmfmm
me, ne ferie exuUeiUur*
Se vencem meus inimigos,
Vé a sua exoltacao:
Nao.ccluinlaa qne prosperem
Obras que ga'a a traiglo.
Mas ah! que tua justiça
Castigo aos crimes unindo,
Do murmurador os lábios
Vâo seu próprio mal urdindo.
Tu permittes que devore
Aquelles que maldisseram
Esse mesmo ardente fogo
Que elles cruéis accenderam.
Nas cabeças criminosas
Dos aoctorés de trapaças
Como accesas brazas descem
Os coriscos das desgraças.
é
*
(10) C^pU eireuitua etrwm, /a-
èir iákiêrum iptemm eperiet eoe»
(II) Caéetii êuper eet caràones :
int§nem Hefieitã eee: in mieefiiã
non 9uò$i»tent,
476
Sobverte-os a ferra ás ?eies.
Outras suspiía o malvado;
Torturado quando morre*
Com reanorso do peccado.
(Ifl) Vir linpiêiuã fiM diHge*
iur in terra (•) : «trtim injuêtum
nuUa eaj^ení in inleriíu.
(13) CêgfiÊm, qmki fadei DêMi-
fMM Judieium imtpity ti mndieiam
JHNI|NPf*IWI»
Corre após eiie o infortúnio;
O maldizeute não dura;
De maldições acossado.
Vai parar lia sepultura.
Pois que iá dos Caos avistas
Quanto iooocentes padecem»
Só em quanto os purificas
Seus contrários permanecem.
(14) yerumtãnun jutU conJUe-
bmUur nomini íuú, êt hakiiakwU
recÈi cum vulíu íuo.
Mas com quantos bens esperas
Na célica habitafSo
Quem soffre magoas injuatu.
Quem tem puro o corafSo!
PSALMO CXL.
Paalmiia David.
(1) Domine^ elamavi ad te, ex*
audi me : intende voei mea, cum
clamavero ad te.
De David.
Lá dessa iromensa gloria em que resides
Olba, Senbor piedoso, ouve meus brados;
Volla-te para mim, em quanto allliclo
Te envio meus suspiros magoados.
(•), K/r tingva, dii o Hebreo, nam Jtrmakitur in terr^, pirum iiijuêtum wtoU teu/^
buntur ; if to é, o homem de má lingua nâa pôde durar muite : a« deêgraçoM tSe à capi per»
matar vm homem injMto : eiU é a força da poética exprei^o oritntal.
(Maitri.)
477
Subi qual puro inceaao ante o teu tkroQO
Esta minha ora-lo, que himilde faço;
E as lagrimas freqaefitiâs que derramo
Âcolhe-m'as» Senhor, no teu regaço.
(a) DiHffãhir 9mUê meã, ãiati
inetHÊum in e^rnepeeiu twê: ele*
vãitú manuum memrum , ucriji'
eium veêpertinum.
Cae a noite, despoqta a madrugado,
Eotio mísero aoa Geos as mãos lofipto ;
Bem como veapertino sacríficio
Grato acolhe esta snpplica^ este pranto*
Nlo consiotaa,' SeolHUV que nas {lalatrras
Me comprometta errada impaciência;
Põe custodia a meus lábios ; nHo ae abram
SeoBo para in?oear toa clemeiicia«:
(8) PM*, Dêmikf, ttatoitam
0ff me«, et «íMimi tireumêUmtím
iMi9 meie.
Defeode^me, Sianhor, desses rodeios
Que sik) peia malícia Íabrio)idos;
NSo quero atenuar oa meus defeitos,
Nem procurar desculpas aos pecdsdos.
(4) N^m áeeUme cêr meum íh
veria maUiim, aã esxuemtdúê e«-
euiãtimtee in peeeãíit.
NSo permíttas que exemplos criminoso^
Me seduzem; nfto quero a sociedade
Desses que urdem insidias, v8o sem freio
No carro triumphal da iniquidade.
■ -(6) Bum hmnimiètiM wi^etauHhu
itU^tÊUmêem : et mn tommunieakê
eum eleetiê eêrmm.
Antes quando o prudente me corrige,
£ m'iocrepa meus erros, com doçura
Isso agradeço; impugno com firmeza
Vinda da mAo dos impioa a ventura«
(6) CarripietmeJuetuMinmiãe*
rUeràim, et inerepeMt me : eleum
ttutem peeeaterie fi0« impinsuet
etfut meum.
Rogo-te, ó meu Senhor, que sempre apartes (7) Qtieniamadhueetoratiemea
_. . . ij j • L* 'I* àeneplaeitis eorum: ebeerpii
De mim quanto a maldade mais cubica: eunt juneti petrm juéicee tensm,
A arrogância dos máos accende os raios,
E o fogo que devora audaz atiça.
478
Mas eédo mftior brça precipita
Esses tfio giganlcMos Potentados,
Como torrões, que atira cootra um moro
MSo Tioleota, desfazem-se esbroados*
(8) Judientverkmmêa,quonUm To bem sabas, moa Deos^ qoe miobas preces
poiuerunt : aieut eratsiiudo terrw i • -
ertifUt €$t super ierram. NSo te pedem caatiguos iQseosatos;
Sim que poupes aqueUes que me offeadem,
E abraúdes o fiuror desaes iogratoa.
(0) DiuipÊía Miai mm iiiiirs Porêm . tauto me aflQigem, qoe parece
ne. Domine, ocuii mHi in i€ tpt^ O meu sèf tIo moido O espodaçado
raoL «Mfi auferoÊ ammam meam, g^ . ^ j l
' Como a terra que a sega da ebarroa
Já vezes repetidas tem lanado.
Pois sempre a ti, Senhor, voltadoa teidio
Os meus olbos* Ahl sim, vem acadir^me:
NSo me largues; da tua lei sagrada
N&o pôde humana fatta dtndir-me.
(10) ctuiêdi me è iapitm, ptem Dos laçoa que me armaram meus contrários
nUÊtmertmi mihi, et à êeúmHiiis n .1 ^ - «
ftperamiium imfuiMem. buarua-me tu; repruBo 08 meus iirannoa;
A fim que eu salvo escape d'enredar-4ne
Nas obras qué preparam seus enganos*
(it) cadent (n rHtatuto ejui lofelizesl Nas redes que teceram
C"::«^r'*''""*"'""^ ««<> ^^ «Jr Po^ fo^?»; em q»ioto isento
De crimes, de temores, d'agooias
Da terra passo alem do
479
PSALMO CXLI.
Oraçàp qm Ztottd fe* na eaoffno» avpr«fM loieiíectui Oarid, eum enet
por ate mtmo <m uaia etàtMa. {-) •» tpeíniiea, ontio.
E
xHALO a míDha loz, por ti claoiáDda:
Ah ! quem me acudirá, se to oto fores?
Perco a força. Senhor i yoii desAakiido.
Minha fos te apresenta meus temores;
A ti, Senhor, moco suspirando:
Ninguém mais neste transe desabrido
Poderá comBHwer o meu gemido.
Meus passoa vio perdernose;
Vem, meu Deos, aocoonrer-me»
Tu sabes qnanto aperta o meu perigo,
E que laço me urdio fero inimigo.
(1) Foce ifiM od Domimtm rto*
mam, vúee mea úd Dóminum de»
(8) mfundê tfi eanapectu ejus
ortUiênem Meam, et tribnUUionem
memn ante ipavm yrmmntiQ*
(3) In ãrfieiendo ex me epiri»
tum meum, et tu eognaviiii eemi*
ia» iNeM.
(4) In via hacj qua amÒulabâm,
^$eonderwU laqueum mihi.
Olho de uma e d'oQtra parte,
Em ¥[lo bosco obter piedade;
Ninguém se doe do que aoffro,
Nem conhece a intensidade. ^
(5) OmÊideraèmn ad dêsteramt
et videòam, et nan erat fmi cp^
gnêteeret me»
Se ao menos fugir pudesse $
Se piedosa creatura
Entre as sombras me mostrasse
Uma vereda segura!...
(6) Periit fuga à me^ et non
ri I, çui requirat animam meam.
(*) Âlinins iaierpretet, e Matlei com elles, ajniiadi <}ae eile ptalmo fora coinpoito na
eavema de Odolla, oode David le acbava eicoDdido, depoii de eacspar da corte do rei
Achis, qqando ftigia k perieçiiiçilo de Saul.
480
Porénii meu Deos, de que serre
Se acaso fugir consigo?
Que esforço pôde salvar-me
Se em ti não achar abrigo?
(7) Clamavi aà te Domine, di- Pois TOltO a ti, SenhOFi a tí dírijo
ân : tu es spee mea, waríio mêã in -mm . . ■ ,. , ^
terra viveniium. «^"s Totos, miotias supplicss ardeotes;
No hmce mais acerbo, no mais rijo
Não hei de perecer se o dSo consentes:
Tu és intnha esperança, a porçlio minha
(8) int0nde ad depfemtiõium Na patfia dos ditosos. Por severa
' Que a morte, que me assusta e se atisinhâ,
mis.
Queira em pó redozir-me, e dissipar-me.
Minhas preces hSo de ir entemecer^te,
E desarmar a mSo que vem matar«me.
(9) Libera me á pertepumtikui Cresça a chusma dos meus perseguidores;
meiQuiaconfortatísuntniperme* ^^ .. ^ . a ^
Nos seus peitos a funa se desperte:
Mas se alcanço que o teu poder me assista
Quem ha que ao teu poder, Senhor, resista?
(10) TSdve áe euãtodia «njmam Comprimido, nSo posso cantar-te;
meam, ad etmJUendum namini alc^lij^ a a*
iito: me ex^ntaiu fuwti, dmu: ^^ Molior! deste aperto me tira:
retribuae mihi. j^^y^^^ ^^^ p^^ ^gj^j^ louvar-te,
Mmha mio com vigor vibre a Ijra*
Por ti salvo da lutta penosa.
Comporemos os hymnos sonoros:
Ao sair desta gruta espantosa
Doa Levitas me esperam os coros.
481
PSALMO CXLIÍ.
(VII. DOS PENITBNCIAES.)
D
quando leU fUho Absalão Ptalmus David, qoaàdo perse-
quebatur eum Abaalom filius
pjtifl.
O perseguia.
Eos piedoso! os ais sentida^,
A supplica penitente
Qae sae de um animo afllicto,
Não rejeites inclemente.
(1) Dêmine, exoudi arãtiomm
meam: íturibug pereipe obaeero-'
tionem meam m veritãte tua : ex-
tnidi me in ÈuaJuMÈiUa.
Discirna tua justiça.
Quando vingar os peccados,
Entre os crimes meus e desses
. Que são pérfidos, malvados.
Se bem que, 6 Deos d^equidade,
Réo me sinta, e mal-seguro.
Todos os mortaes são réos
Perante um Juiz tão puro.
(2) Et mn intret in Judieium
cum eervo tua: quia ncn juatifi»
eabitur in e&ntpeetu tvo omme o/-
venSé
Mas vê, Senhor, a fúria despiedada
Com que meus inimigos me perseguem i
Abl lê como humilhada
Levo na terra a vida ; e que conseguem
Força, credito, alento e paz roubar-me,
E c'os mortos nas covas nivelar-me.
(3) Qmm perseeutue esi itUmi*
cu» animam meam^ humiliaoit in
terra vitmm meam.
r(4) CoUocoDit me in obseuris «i*-
cut mortuo^ saeuli: et anxiatu»
eet super me epiritue meus^ in
me íurbatum ett cor meum.
Sinto latejar-me o peito,
Sinto o espirito anciado;
As pulsações desacerta
Meu coração conturbado.
Tomo VI.
ni
482
Já no sepulchro gelado
Quasi que o meu sêr já poisa ;
Sobre mim quasi carrega
Fúnebre, pesada loisa.
(5) Memorfui dierwn antiquo-
rumy mediialut sum in omnibus
operihus tuis^ in faetis manuum
tfêãrum mediiãbor.
(6) Expandi nmnuM meai ad te:
anima mea^ neut terra tine aqua
tibi.
(7) Velêáter exaudi me, Domi-
ne: de/eeit epiritus meue.
Mas a doce esperança entSo raiando
Me vai dias antigos recordando:
Medito compungido
Em todas tuas obras, nos portentos
De tuas mãos, Senhor; e enternecido
Voltam-me ao coraçlo alguns alentos*
Levanto as mãos, invoco-te, supplico:
Sem ti, Senhor, na angustia com que peno,
Minha alma consternada e secca fica,
Como sem chuva um árido terreno.
Âcode-me velozmente;
Tem dó. Senhor, da angustia que padeço:
Ouve os sentidos ais de um penitente:
NSo tardes, não; se tardas, desfalleço.
(8) Nan avertai fatíem tvam à
me: et simiUe ero deBcendentibue
in lacum.
G)mo os que descem culpados
Ao centro d'um carcer duro.
Se a tua face me encobres
Caio n'um abysmo escuro.
(9) Auditam fac mihi mane mi-
Merieordiam tuam, quia in te spe-
rflrí.
Pedi, esperei, meu Deos:
Acuda-me sem demora
Tua misericórdia immensa
Logo que apontar a aurora.
(10) Notamfae inibi viam inqua Gomo dcsdo qu6 nasce 8 madrugada;
ambulem, qiiia ad te levavi animam -^ • «j j -^-^
J„P^„^^ '^ Vago, lutto em cuidados, em tristeza:
Que faço?... Aonde vou?... Dura incerteza
Abre-me tu, Senhor piedoso, a estrada.
483
Âropara-me; a ti recorro:
Desarma os meus inimigos :
És meu Deos, nSo ha perigos
Qae Ddo vença o teu soccorro.
(11) Eripe me de inimicis meit^
Domine^ ad te confugi : doce me
f acere voluntaíetli tuam, fuia Deiu
metta eg tu.
Ensina-me a cumprir os teus preceitos:
Doce aragem dissipe os meus defeitos :
G)' este propicio vento navegando»
Da salvação ao porto irei chegando.
Do poder do teu nome amedrentados,
Ficarlo logo os impios desarmados :
(IS) SpirituM ima òoHuê dedu-
cet me interram reetam (•) ; pro-
pter ftêmen tuum. Domine^ viH*
JieMs me in mquitmle tna.
Verão, meu Deos, como podes
TrihnlaçSes applacar;
Como a tua misericórdia
Sahe os impios dispersar. ,
(13) Edtteei de triMatUue aiU-
mam megm : et in misericórdia tua
diíperdes inimiciu meos.
Sim; os meus perseguidores
Deos é que os ha de conter ;
E mostrar-lbes como sabe
Fieis serros defender.
(14) Et perdes omnes fui tri"
hulant animam moam , qttmiiam
effo tervfts tuus ttini.
(•) Terra recta, ou terra reetitudiítiti eoino tem o Hebreo, terra reetêrum, Juatarum^
piveniium^ sio vjnKmimos de Jeniialem : e em mais alto flentido, ierra recta é a celate Je-
rusalém ; e S/nrs7ti« bónus, o Espirito Saoto, cujo lame serre de guia na grande viagem.
(Mattei.)
Tomo VI. 31 •
484
PSALMO CXLIII.
Psalmus David adversus
Goltalh (•).
(t) Benedicíug Dominuê Deus
meui, qvi dteet numus meus cd
pralium^ et digilos meos ad bel-
lum.
(«) MiêeHeordia mea^ et refu'
gium meum: susceptor meus, et
liòerator meus.
(3) Proteetúr meus, et in ipso
sperãvi: qui suòdit poffulum meum
sub me.
s
ENHOR ! Bemditto sejas, que adestraste
MÍDhas mOos aos combates vigorosos;
Que o manejo das armas me eusinasle:
Meu Protector, e asylo!
De meus débeis esforços
Piedoso 8usteDtac'lo, que na lutta
Me fizeste vencer, e ao meu dominio
Subjugaste o meu Povo, e Ih* escolheste
Para acudir-lhe as forças que me deste!
(4) Domine, quidesthêmo, guia Com que dons um mortal favorecestc!...
innoíuisti «, aut filius hominis, i ^ , .. j
O que vale este p6, por ti creado.
guia reputas eum^
(5) Homo vanitati simtlis faC'
tus esi: dies fjus sUul uuUtra
preetereunt*
Para a mente occupar do Sér celeste?
A humana creatura,
Do nada produzida.
Ao nada em seus vanéos se assemelha:
Frágil, seus dias como a sombra fogem:
Mas como tudo abrange a immensidade,
ReQecte neste pó tua claridade.
(6) Domine, inclina calos tuos, Scnhor, abaixa OS Ceos, O vem descendo
et descende, tange montes, et/w ^ ,.
migabunt. A acodir-mc. Se tocas montes, ardem;
(•) Bem que na Vulgata e noa Settenla se léa este titulo, falta no texto Hebreo;
sendo provável que tivpsse origem das palavras do versículo 11.*, ^í redemisti servum luam
à gladio maligno. Mas estas mesmas palavras, e todo o contexto do psalmo demonstram qoe
nio foi composto naquella occasiiOf mas muito tempo depois, falUndo-se daquelle facto coao
de nma consa antiga.
(Mattei)
485
•
£m fumo se vSo todos desfazendo:
Aote uma tal graadeza
Tudo é teoue, é vaidade:
Só da virtude as luzes, que repartes
Nos rectos corações, teem subsistência :
Dis8Ípain-*se os intentos do perverso;
Verga perante Deos todo o Universo.
Sacode os raios já da mSo potente;
Que velozes nos ares serpeando
Vem á terra attingir o delinquente,
E depressa o dissipam:
Teus coruscantes fogos
Com Ímpeto rasgando a atmosphera,
Em voadoras settas convertidos,
Conturbem do suberbo a jmpia proa
Com trovões cujo estalo o mondo atroa.
(7) Fulgura eoruteãtionem^ et
ditstpabiê eot : emitte sagíttãt
tua*^ et comturbaòig eot.
Lá de cima. Senhor! teu braço estende;
Deste lago de crimes, destas ondas
D'estranba inundação, que me surpr'ende.
Forçoso me resgata :
Tira-me das mdos pérfidas
Que contra mim traições tyrannas armam.
Já conterrâneos meus, ou estranhas gentes ;
E só triumpharei, se tu me acodes:
Àcode-me, Senhor! que tudo podes.
(8) Etnitte maman tuam de alto :
eripe me. et libera me de aquit
mulÈiê, de mtmu JUiúrum alietW'
mm»
Ba verdade o candor, a formosura
Esses desaccordados não conhecem :
De aleives carregando a língua impura,
Klentidos juramentos
Com suas mãos profanas
Confirmam resolutos, cavilosos:
(9) Quorum os loeutum est va-
nitatem, et dextera eorum dex-
lera iniqnitaiit.
486
A vida albêat a fama despedaçam.
Laborando dos campos da maldade.
Para os fructos colher da iniquidade.
( 1 0) Deus^ cãHlicum novum eau'
tttbo íihi : ití psalterio decachordo
psallam tibi.
Isento deste horror, com que deleite
Te cantarei, meu Deos! Um novo psalmo,
Tal que a tua bondade o nfto rejeite.
Tirarei do psalterio:
As dez vozes suaves,
O teu poder, a tua misericórdia,
E a minha salvaçSo, serSo o assumpto
Que accenda na minha alma estro divino,
E aos Ceos leve canoro este meu hvmno.
(II) Qui dat saluletn Regibut:
ifiU redemisli David sernum tuum
de gladio maligno, eripe me.
(18) Et erue me de manuJUio-
rum alienorumj quorum os loeU'
tum est vaniíatem : ei dextera eo-
rum^ dextera iniquitatis.
Tu dás saúde aos Reis: David remiste.
Da gigantica espada o defendeste;
Ao teu poder mortal algum resiste:
Ampara compassivo
Este meu sêr tdo frágil:
Das m&os me arranca desses que me ferem ;
Cujos lábios d^espumas venenosas
Aspergem quanto avistam; cujos braços
Rompem da paz, da natureza os laços.
(13) Quorum ftlii, sieutnovella: NSo Ih' invojo OS palacioS seuS luzidoS:
plantatiotteg in juventute tua, ^ * . ■ ■ .
Contenta-me o socego e os bens modestos,
Por avitas virtudes transmittidos.
Quaes plantas verdejantes.
Desses recem-nascidos
Embora os filhos florecentes cresçam:
(14) Filia: íorum compósita:, cif' Trajem gala suberba as filhas bellas;
cumomala, sind si mi li tudo tem- . , ,
pii. E quaes templos ou ídolos ornadas.
Sejam nos vãos festins sempre aduladas.
487
Seus campos louras messes enriqueçam ;
Encham ferieis colheitas seus celleiros:
Na mesa em seus banquetes appareçam
Gostosas iguarias:
Fecundos seus rebanhos,
Por amenas florestas repartidos,
Pastore$ cuidadosos apascentem:
Mansas ovelhas, ludricos viteilos
No bosque á sombra, gosto faça o vé-los.
(15) Promptuaria eorum fUnm^
ertmtaniia ex hoc in iUud»
(16) OvâM ecrvm/mUntef obun-
ãantet in egressibuê ems : bovti ^
corum crasstg'
( 1 7) KoH est ruina maceria, ue-
que clamor t« plâUen eorum.
Effl solido alicerce bem seguros
Pousem seus edifícios ; nem lhe abalei
Ligeira commoçào seus altos muros:
Seus palácios adornem
Peritas esculpturas,
Quadros bellos, alfaias preciosas.
Primores d'arte, exóticos productos
Da mais longíqua e vasta natureza:
Fujam dalli cuidados e tristeza.
Que loucura é pensar que são ditosos
Os homens que estes bens todos possuem!
Felizes sfio somente os virtuosos,
Que a Deos todos entregues
Na lei acham thesouros;
Nella os preceitos do Senhor estudam,
Que a alma fartam de bens, e extinguem magoas;
Anniquilam prestigios da vaidade.
Se unem de Deos & lúcida verdade.
(18) Beaííuniixeruni fêpuium^
cui hãfc Munt: beáius pognUuij cfi*
jns Dominvs Deus rjus*
488
PSALMO CXUV.
Laudatio ipsi David.
(1) Exaltabo te ^ Deus meus
Rex : et benedicnm nomini tvo in
sígeulumf et in sactdum iactdi.
Hymno de graças à Deos^ por Daoid. {*)
llBi dos Ceos, Senhor sapremol
Hão de as eras ir passando,
Sem que os cânticos devotos
Gessem de te ir exaltando:
O teu nome abençoemos,
Todos unidos cantemos.
(2) Per tingulot dies benedicmm
tiii : et laudabo n/omefh tuum in ta-
culum, et in saçulum ««en/i.
Cada vez que a estreita d alva
Apague as luzes no mar;
Cada vez que o dia rompa»
Ó meu Deos, te ouçam louvar
Vozes d'eterna harmonia
Te engrandeçam cada dia.
(3) Mágnut Dominus^ et lauda-
hilit nimit : et mognituáinis eju9
mn estfiniw.
Senhor immenso, quem pôde
Tecer-te um digno louvor?
Bastará para agradar-te
O incêndio do nosso amor?
Mas sem termo tal grandeza
Confunde a nossa fraqueza.
(4) Generatio et generalio lau-
dabit opera tua : et potetUiam tuam
prowintiabunt.
As geraçOes successivas.
Teus prodigios relatando.
Ao nosso amor hão de unir-se,
Ir-te-hSo sem pre celebrando ;
(•) S. Jo2o Chrysoitomo auegura que este pialmo noa primeirot teculoe da Igre-jj
coBtumava cantar-se pc<r aquelles que reoasciam depoii da agua do baptismo.
489
Em doces sublimes odes
Proclamar&o quanto podes.
Os homens dirSo aos homens
De Deos a magniGcencia,
A ^oría da sanctidade,
£ da sua omnipotência:
Mas abranger seus portentos
Nãò podem os pensamentos.
(5) Múffn^Ueniiam ghriw êanty
tiUUiê iíim hpieniur^ et núrM-
liã tua namòuiêi.
Sol» que sobre a Natureza
Reinas como Vencedor,
Tu és uma sombra apenas
Das obras do Creador.
Que de Soes eontém o espaço!
Que mundos em seu regaço!
Esses sons articulados
Que nos ares se desfazem,
Das divinas maravilhas
Uma ténue imagem trazem:
A lingua do sentimento
É que instruo o entendimento.*
Diz qufio terrível se lança
Do seio da Eternidade
Contra os ímpios que navegam
Nos golphos da iniquidade.
Não accendas teus coriscos:
Poupa-nos, meu Deos, taes riscos!
(6) Elviríulem íerribiliwntuth
rum dicentf et mafjniíudinem tuam
nmrra^fnt.
Já rompe d 'alma um suspiro
De abundante suavidade,
Ao ver a justiça austera
(7) Memoriam abimdúniite tua-
ftitãtiM tua eructaàuntf et Juetitia
tua exultãburU*
(8) Miserãtêr et miserteert De-
490
miiiiif , patienM, et muUutn mise-
riatrs.
(9) Suaviê Daminus unhenig,
et miterationes ejtu êuper omnia
•perm ejut.
Ir sempre a par da piedade:
No throDo resplandecente
'Se acha Deos terno, paciente.
Tfio benigno como josto.
Para nós sempre amoroso.
Só podem colpas humanas
Forçá-lo a ser rigoroso: %
Mas neste arriscado eiilío
Jamais nos recusa auxilio.
Se neste valie de pranto
Sem tino o caminho erramos,
Beneãco Deos nos guia,
Em seus braços descançamos:
Em seu poder confiemos,
Ao seu Reino gloria demos.
(10) CúaJUetmtur tiòi, Dontitie,
omniu opera tua, et sancti tui be-
nedicant tibi.
Deem-Ibe gloria as obras suas ;
Em coros os justos cantem ;
Astros, plantas, elementos
Unisona voz levantem:
NSo dormitem ociosos
Da harpa os sons melodiosos.
(II) Gloriam regni tni diceni,
et potentiam tuam loquentur.
(IS) Ut notam faeiant filii9 ho-
minum potentiam tuam, et gloriam
magnificentia regni tui.
No Sol, que derrama a vida,
Nos luzes, que Deos creou,
E nas mais obras divinas
Um sello de amor firmou:
Tudo a um fim utit convém.
De tudo deriva o bem.
(J3) Uegnum tuum^ regnum
omnium eaéulorwn : et dominatio
tua in omni generationo, et gene-
rationevu
Deos ndo submette este Império
Dos dias á brevidade:
Vence os aonos, veuce os tempos.
491
Compreheode a Eternidade:
Seu poder iiBo se termina;
Hoje e o futuro domina.
Inrallivel naa palavras»
Some-se ante Deos o engano;
Sua immutavel verdade
Conforta o género Jiumano:
Âllivia o desgraçado.
Ampara o desamparado.
(14) FUeiU Dêmiumi in Êwmi-
èiit verbiê <«<«, et tãmeiuê im
omuiàuM êperièuê êttiêm
(15) AUevÍDmiUmuomneêpii
cnrvwúy et eriyit úmnes eli99t.
Quando o sopro do infortúnio
Apaga a luz de meus dias.
Invoco a Deos, e se calam
Logo as minhas agonias:
O susto logo se amansa.
Vem consolar-me a esperança.
A quantos em ti põem olhos
A conGança lhe aogmentas,
Senhor! e em tempo opportuno
Os famintos alimentas:
Abres a p&o, e dispensas
Graças e bênçãos immensas.
(16) Oemli êmMiÊtm im te êpe-
rmUy O^nlne, et tu dãê eêemm
iUúrvm Ml temffTêPppêrtumo (•).
(17) Jperi» tu mãnum tuam, et
imples amne animal òenedietiene.
Justo sempre em teus caminhos,
Sempre em toas obras sancto.
Perto estás dos que te imploram
(18) JvMtuM D^minue in «nut-
bue viis «tft«, et aanetwe in êmni"
bu» eperibue $ui$»
(19) Prope eêt Daminue êmni-
(•) Na descrlpçSo de Jeiufl Chrifto, que é o Rei de cujo reino tqul le falia (dli
M&tlei neste lagar) deve etpelliar-ie todo & Príncipe qaando qaeira achar nm ipvnde mo-
delo, para qaanto por um homem potsa ter imitado. M iiericordia, lit>eraltdade, deMJo de faier
feliíef 01 seus poToi, sSo as virtudes que astemelham a Deos qualquer Reinante : Eg^ nul'
iam majorem erediderim este priwipum felicitatem, dixia Pacato no panegírico dè Theodo-
6Ío, quam fedste ftUcem, et interccmsse infipfaj et forlunam vi€i$»e, et dedUte homini
núvttm faium.
492
hi$ invoeantikuM ettm, omnibuM m-
vacaiUibuM eum in veritatc.
Com terno amoroso pranto;
Desse que a verdade inspira
Quando te inyòca e suspira.
(SO) FòhmiaieH íimeníiupi Me
fúcieíy et deprecatúmem ecrum ex-
audieti et stlvên/aeiet eot»
De Deos a vontade immeosa
Se dobra á da creatura;
Tudo alcança se Ih o pede
Uma alma temente e pura:
Dá-lhe os bens que lhe supplica,
E salvando-a a justifica.
(S I ) Custodii Daminus útnnes di-
ligentes se : et omnet peceatoret*
disperdet.
Paga com amor celeste
O nosso amor limitado;
E da perdiçfto seu^ servos
Guarda com terno cuidado:
Mas severa a m&o divina
O peccador extermina.
(«S) LâMdatimutm Domini Iú^
çueHtr 99 ffieiím; et benedicat
omnin carmnomini Mmct9 ejuê m
saculum^ et i» saeulum ewculi.
AfQua em meus lábios canto
Qual nos Ceos a Deos festeja;
Á voz geral se una a minha,
E louvado o Senhor seja :
Renovem esta harmonia
Coros d 'eterna alegria.
493
PSALMO CXLV,
H
El de, ó meu Deos» com ternura
O teu nome psalmear:
Louva o Seobor, ó míoha alma.
Em quanto a yida durar.
AUeluia Aggaei, et Zacbariae («}.
(1) Lauda anima mea^ Domi-
num: laudaho Daminum in vila
mea: pioUatu Deo meo, quamdiu
fuero.
Em Deos só nos conãemos;
Os Príncipes sSo mortaes :
Ante o seu incerto amparo
Não percamos nossos ais.
(i) yolite em^dere in frineipi-
buty injiiiis A^mifiiim, in fuUnu
Non e$t Mwiui.
G)mo nós também são terra.
Em terra se bUo de to'm.r;
Todos OS seus ySos projectos
Ha de a morte dissipar.
(3) ExihU tpiritus ejut^ et re-
verteiur in ierram $nam : in ilia
die peribuní amneê cogitatione»
eorum»
O Deos dlsrael somente
É digno do nosso amor;
£ só feliz quem consegue
Um t9o alto Protector.
(4) BeatuM €vju$ Deus Jocob
adjuíer ejut : Mpes eJuM in Domi'
no Deo ipjtius, qui feeit cedutn et
terram^ mare^ ei omnia qua in
eit sunt.
(•) Este titulo encontra-M na VulgaU, mai nSo le acha do texto Hebreo, oem no
Clialdeo, nem deUe fazem mençSo algama Santo Agoitinho, S. João Ohrysostomo, e outros;
podendo muito bem ser que Aggeo e Zachariai, de qoem nelle se falia, n2o fossem os doía
liem conhecidos Prophetas, mas dois músicos dos tempoi posteriores, que talvez o cantassem^
ou compozesiem.
(Matlei,)
494
Ponho a esperança naquelle
Que creou a terra e Ceos,
E quanto nelles existe
Tirou dos thesouros seus.
(5) Qui custodit veritatem in
circu/tif», facit judieium injuriam
pttlientiòus : dot e$eam entrienti'
àus.
(fi)^Dúmimtê solvit cêmpêditot,
Dwtiniu illuminat cmcêt.
(7) Dominu9 erigit elisêS^ Do-
mintu diligit jwtoi.
Elle a immutavel verdade
Mantém, cumpre, e manifesta;
E é dos que gemem oppressos
O defensor que Ibes resta.
É quem dá pSo aos famintos,
Aos presos a liberdade;
É quem restituo aos olhos
Dos cegos a claridade.
Aos fracos, aos vacillantes.
Se os vê por terra cabidos,
É quem piedoso os levanta,
E deixa fortalecidos.
Ama os justos que no mundo
Vão por veredas agrestes;
E lhes dá para animá-los
«
Já parte dos bens celestes.
(8) Domínus custodit advenas,
pupillum, et viduam Mustípietf et
viam peccatorum ditperdet.
Ao cançado peregrino
Depara benigno asylo;
G>nsola a viuva triste.
Protege o infantil pupillo.
Severo os ímpios aterra;
E com leis sabias, sublimes,
Refréa o mal, os flagellos
Que resultam de seus crimes.
495
Alegra-te, Sião saacta :
Deos sempre ha de triumpbar;
Uraa geração e as outras
Hâo de o seu lou?or cantar.
hm, Depg tuuê, Si9m, in fe^erm-
L
SEGDNDA PARAPHRASE DO MESMO PSALMO.
(l) Lauém, WÊhna meã, Domi-
num: laudtAo Demimmt in rOti
fnea: p9alhmDe0me9,
fuero.
íouvA, 6 minha alma, o teu Senhor ; desperta :
Que mais pôde agradar-te?
Na terra tudo é frágil, é terreno:
No Ceo, que vés, luzente.
Os astros são corpóreos, perecíveis;
A teus affectos, surdos, insensíveis.
Em quanto me pulsar sangue nas ?êas.
Meus olhos a luz vire^;
Meu peito respirar, e que entoada
Minha voz vibre os ares,
O meu Deos louvará enternecida :
Cessarei de cantar cessando a vida.
Sapiência increadal Bem supremo I
Meu Deos! Único objecto '
Digno do amor de uma alma intelUgentel
£m ti somente espero:
Nao queiramos dos Príncipes Bar-nos;
N3o podem, n3o, da morte libertar-nos.
Os Reis S30 cinza, em cinza hâo de tornara ; (3) e^hí ^ruu. .y., w ..
rio momento em que cessa ^ertelwr in terran êvumt in iUa
Telles o sopro animador, acabam, ••"«»-
Sepultam-se as grandezas;
Grandes cogitações se desvanecem,
^* no dia fatal desapparecem.
(8) JVijfcle emifiâtre in primUpi^
àut, inJUttn h^mtinum, in õuiàut
íw» esí saiu».
496
(4) Beattit fí^uê Dew Jacob Feliz esse quc SÓ eiD Deos descança ;
uájuiãr fpts: 9pen eju$ in Dwni- /\ ^ * e
no Deo ipoiuo, guifeeii atltm ei VU^ Somente OODDa
terrom^mare.eiomniaçu^inei., j^^ g^^ ^^ eSSeOCialmente tudo tegC
Qae fez surdir do nada
Os magestosos Ceos, o mar» a terra,
E quanto o seu poder nelles encerra.
(5) Qui cuiiodit veritatem in Doos, oue immutavel é, 6 da verdade
MBCulum^ fotít juãicium injuriam
patientikuM : dat egcam otuHenii' O theSOUrO preSOrva ;
Que aos opprimídos livra, ampara os pobres,
Alimenta os famintos;
(6) Dominui aoivit eompediíoi, As algomas sobtrahe com mio divina,
Uomimus iUunUnat cmeos.
E dos cegos os olbos illomina:
(7) Dominus erigit eiisos. Do- Doos, quo lovanta aquellos infelizes
minus dilitjH ju$to9, \
Que prostrados caíram,
E as dissipadas forças lhes restaura;
Que se alegra entre os justos
Que da lei sancta o código guardaram,
E com sancto fervor a executaram.
(8) Dominus auiodii advenoã, É O Soutior quom guarda O peregrino,
pupillum et viduam outcipiet, et rx ir j i •
viam peceatomm dioperdei. Quem lhe depara abngo :
Com quanto amor as lagrimas enxuga
Á viuva saudosa!
Com paternal piedade presta asylo
No desamparo ao misero pupillo.
(9) Regnabii nominus in sacu- Severo aterra os Ímpios : Sião sancta,
/««, Dev9 tuus, Sion, in gene-
rationem et gmerationem. Exulta, nSo rOCeiOS;
Da immutavel justiça o áureo sceptro
Reina perpetuamente:
Embora v3o os séculos passando;
Do meu Deos a justiça irá durando.
497
PSALMO CXLVI.
O
5DB chegam do Sol os raios soe
Aadat o nosso canto;
É bom com psalmos alternar as vozes:
Lou?ai a Deos, ó povos, agradai-lhe;
Pois escuta clemente
O louvor que lhe dais, puro, decente.
Allelaia.
(1) LmtéãieDmiiimiim^pioiiiÊm
Entre as grandes cidades, qual sublima
A frente magestosa
Gomo Jerusalém? Nobre edificio,
Que Deos fundou ; e nelle os filhos todos
Convocará piedoso.
Para dar-lhe o destino mais ditoso.
(S) ^ajlemi Jeruêalem Domi'
niM, ài$perãiúiteml»raeli9eangre*
Deos alli sara os coragSes cootrictos
Com bálsamos divinos;
Âlli da enferma humanidade as chagas
Com brandas faxas liga compassivo;
O mal desapparece:
Deos acode ao mortal, e convalesce.
(3) Qui
eíaUiffoi
earum.
Grande Deos! O Universo é teu domínio;
Dando-lhe o próprio nome.
Sabes a conta á multidio d'estrellas,
E ao8 agentes que a Natureza regem:
És fonte de evidencia;
Não tem medida a tua sapiência.
Tomo VL
(4) Qm numtr&t multiiudinem
HeUanm^ et mimikuM eis nmiUn»
(5) Maffmíi DanUnuM fMtftfr, eí
magna virtuê ejut : et e^fientim
ejui noH eet nwnerue.
3S
498
(6) SuseipiensmaruuetúsDmni' Braado, aos mansos afagas, carinhoso:
nu$ : humiliana auiem peecatores Tprrívpl p «PVPríi
usque ad Urram, lerriYei e severo^
Fazes morder a terra aos depra?ados;
A altivez do suberbo em lodo envolves;
Solitário, iodefezo,
Acaba em 6m nas garras do desprezo.
(7) PrcBduite Vcmiw in «mi- Essa imagem funesta afugentando,
cithara, ' O nosso Deos caotemos:
Gralissimos, rendidos, fervorosos.
Afinemos a cithara suave:
Do coração, ardendo.
Os hymnos magestosos v8o nascendo.
(8> Qui operit caium rwbUnu, O Cco de nuvons O Senhor reveste;
et parat terra pluviam.
E da terra assummdo
Os vapores aos ares os condensa:
£m prolífica chuva
Á terra sequiosa os vai mandando,
£ a favor nosso a vai fertilisando.
(9) QtdprêiueUtumoníibuêfm- Descnvolvem-se OS gcrmes que escondidos
num. et herbam tervituti kúm»" mr . s
num. Na terra dormitavam;
Benéficas as plantas o homem nutrem;
Pelos montes os pingues pastos crescem:
(10) Qui âat jumentii egcam Todo O animal sustenta;
iptorum^et puUU eorvoruminv- _,, , . . ,.
cantibus eum. Té oesprezivoís corvos alimenta.
(]]) Naninfôrtiifuiineeguivo- D*ouro 6 diamantes todo ajaezado,
hmkdemhaèeêitTneeíntibtíãviri r\ • ^ li.
àeneplacUum erit ti. <> g»»»»© «berbo ;
O moço. ingente, esbelto, destro em dioçtf'
N8o merecem os prémios de que o jnsto
Humilhado depende:
Deos com quem necessita 6 que dispende*
499
Mas nos justos que o temem» que o adoram ; (IS) Btneplmnímn est Domino
g^ - - j- tuper HmetUes eum : et in eiãf fui
gue em sua misericórdia sperant ivper misericórdia ejus.
Poem toda a confiança» generoso
Se compraz» e com prémios sem limite *
Os conforta, os ampara;
Interminável gloria lhes prepara.
PSALMO CXLVII.
c
ONGRBGAi-vos, alegres cantores;
Langaí mão d'instrumentos sonoros;
Do Senhor os louvores
Em Solyma repitam os coros.
Alleluia.
( I ) Lauda Jerusalém Domintim:
lauda Deum iuum, Sion.
Dá-lhe graças, Sião venturosa,
O teu Deos sem cessar celebrando;
Cuja mSo poderosa
Férteis bênçãos nos vai sempre dando.
Templo sancto! Cidade opulenta,
Que defende o Senhor com bondade,
E em seus filhos augmenta
Quantos bens produz sempre a equidade.
(12) Quomam eonfortavit serás
portarum iuarvm: benedixU fi*
liis tuis in te.
Já da guerra cessou o alarido;
A paz mora e consola em teus muros;
Não se escuta um gemido;
Vivem todos alegres, seguros.
Tono YI.
(3) Qttifosuitflaestuospttcem:
et ádipe frumenti satiat te.
38 •
i
500
Na seara as espigas douradas
Alimento abundante promettem ;
Mil cançSes entoadas
Na colheita os campinos repetem.
(4) Qiti emittit eloqmum snvm Como COITem ligeirOS OS VCntOS»
terra: vclocitercurrit termo ejns. . , .
A lei sancta entre nós se diffunde;
E lá do egrégio assento
A verdade a mentira confunde.
Triumphante na terra appar^cendo,
A existência dos homens renova;
Vai sempre o bem crescendo,
Cessa o mal que a Justiça reprova.
(5) Qui dat nhem síeut lanam ; Quo podér I e que facil trabalho
Fulverisa o vapor condensado!
G)bre as plantas o orvalho.
Dá vigor, medra o pSio rerrescadu*
(6) mtui crystaiitm (O twm Já nos Ccos sous cristaes quebrai e desce
sicíã bfteeellas: aute facien^ /ri» . , ,
goris ejus, quis auêtinebitf A tormcuta no gclo envolvida;
A luz desapparece,
Parte o raio» ameaça-se a vida.
(7) Emitteí verhum suum, et Porêm logo aprauvel mudança
Uqwfaeietea:flabitspirittt8eju9, _ ...
et fluent aqua. Faz que sopre suavíssimo o vento ;
Nasce n'alma a esperança,
£ dissolvesse o gelo cruento.
(•) Crystallus é o gelo, como no Eeeleriaat. c. 43. getaoit cryMtaHus ok «fiM. d
anligoi PsalterioB dSo aqui sicut frusta partis^ em rei d« sicut bweellasj qae é o
(Mãttei.)
501
Taes portentos aos mais dos humanos
Claramente o Senbor manifesta:
Que sublimes arcanos,
Alem destes, a fé nos attesta!
(8) Qtit annuntiat verbum suum
Jmcúb^ justitias, et judicia sua It'
rael.
Porém esses mysteríos conGa
Deos somente ao seu povo escolhido;
O Verbo lhe annunciat
Que resgata este mundo perdido.
(9) Nm fecit taliter omni no-
tiom: et judicia sua non manifes-
iavit eis.
ADVERTÊNCIA DA AUCTORA.
Judiciosamente ajuntou Mattei os Psalmos GXLVIII. , CXLIX. , e CL. ,
porquanto parecem um s6 pelo assumpto continuado nas preces ecclesiasticas.
Julga elle , que os três Psalmos são três coros de Levitas que replicam uns
aos outros. Eu entendi que devia seguir o mesmo systema , e fazer a minba
paraphrase na mesma ordem e repartição com que aqoelle egrégio auctor fez
a sua.
PSALMOS CXLVIII, CXLIX, e CL.
SACERDOTE.
A
Njos! essências celestes»
Que o throno de Deos cercais!
Aos hymoos que lhe ofFertais
Ajuntai nosso louvor.
CXLVIII.
AUeluia.
(I) Laudate Dcminum deealis,
laudate eum in exeelsis.
(S) Laudate eum anmes Angeli
ejuSf laudate eum omnes virlutes
ejus.
502
Nas excebas summidades,
Virtades e Potestades»
OíTrecei-Ibe o nosso amor.
Primeiro Levita.
(3) Laudaíe eum Sol, e Ímuú,
laudate eum emnea stellte^ et /u-
men.
Astros iiicidos, brilhantes,
Que em torno do Sol girais;
Sol, que o mundo allumiais,
E lhe dais força e vigor:
Lua, que as somhras estragas,
E a noite serena affagas,
Louvai todos o Senhor.
Segundo Levita.
(4) Laudate tnm cmli etelãrnm,
et aqnte onvies, çua super calos
sunt, laudent ttomen Dornini,
Quem creou do nada o Ceo,
E nelle estrellas immensas;
Que o cobrio como de um tecto
De aguas lúcidas, condensas;
Louvai Ceos, aguas, estrellas,
O Auctor de obras tão bellas.
(5) Quia ipse dixil , et facta
suHt: ipse mandamty et ereata
sunt»
EUe Toi quem disse aos seres
Que existissem, e existiram:
Mandou, e logo se viram
Do nada as cousas surdir.
Todos gratos o engrandeçam,
Seu Creador reconheçam.
CORO DOS LEVITAS.
(6) Sêsiuit ta in atemum, et
til saeulum saatti : pratceptumpo*
suit^ et non prateribil.
Prescreveo ordem sublime.
Leis immutaveis fixando.
503
Que Dão pódd ir alterando
GoIpCt ou tempo voador:
Eterno é seu nome saneto;
Seja etenio o nosao canto.
(7) Lãudête Dmninum de terra
imunet^ et onínes aJbyuL
Pbimbibo Lbvita.
VÓS9 fogo, saraiva» e neve»
Gelo, ventos procellosos,
RaíoSy trovões espantosos»
Que do ceo se ouvem bradar:
A sabias leis submettidos»
Á geral ordem cónvem;
Todos para nosso bem
Soube o Senhor ordenar.
(8) Igm»t grmido^ niz, glacies^
gpiríiut proeeltarum^ qveBfaciunt
verhtun ejue.
Vós» que o Senhor fez» ó montes;
Vós» outeiros deleitosos;
Plantas e bosques frondosos»
Ou fructifero pomar;
Cedros» arvores sylvestres»
Podeis pelas leis agrestes
Também Deos gloríficar.
(9) Mentes et ommee cóllee : li-
pmfructiferUi et omnee cedrL
Gados» caca» e quantas feras.
Vagam livres pela selva;
Serpentes» que sobre a relva
Humildes vos arrastais;
£ vós» que invadjp o ar»
Aves lindas» emplumadas»
Nas empyricas moradas
Resoe o vosso cantar.
(10) BestuB^ et universã peco-
r«, aerpenieSi et volveres permuta.
504
SACERDOTE.
O racional, adornado
Co' a Dobre luz da razto.
Terá menor gratidão
Que outro sêr mais inrríor?
Descuido!... enorme fraqueia!
Quando o Auctor da Natureza
Se empenha em nosso bvor.
CORO DOS LEVITAS.
(11) Reges terra ^ et omnespO'
puli^ príncipes^ ei omnes judieef
terra.
(15B) Juvenes, et virgines^ seniee
cmn funioribtiã tauáentn^men Uth
mirUf guia exaltatum est nomen
ejuÊ seiiu9>
Ah! vamos ao templo, vamos;
Vejamos aili prostrados
Príncipes e Potentados,
£ os interpretes da lei.
Virgens, donas, moços, velhos.
Sede da virtude espelhos,
O Senhor engrandecei.
SACERDOTE.
(13) Coí{fe88ÍQeJu8evpercalum^
et terrom^ et exalttmt €omu pê»
puU ««t.
Gomo lá sobre aa espheras,
O sancto nome exaltando.
Os Anjos vfto celebrando
De Deos a gloria e poder,
Cantemos; pois comprehende
Esta gloria a terra e o Ceo;
£ a do Povo que escolheo
Quer benigno engrandecer.
CORO DO POVO,
(14) Hymnus êmniòua tanclie
ejus, filiíM Ttraelj populo apprO'
pinqtianti sibi.
Convém que todos unidos
Mandemos a Deos devotos
505
Nossos hf BIII06, nossos votos,
Nossos amorosos áis^
Mas vós» que junto aos dtares
Sois Tisinhos do Senhor,
Melhor teceis o louvor,
Mais dignamente o louvais.
SACERDOTE.
cxux.
AUeluia.
Ao Sekhob, que acima do ether
Domina todo o Universo,
Voe acceso, altivo o verso,
Vá nos astros retumbar:
Cantos de nova harmonia
Sejam do seu Povo ouvidos;
Circundem seus escolhidos
O seu templo, o seu altar.
(1) Cãntaie Dmninê catítieum
Pbimeiro Levita.
Israel em Deos se alegre.
Pois seus cânticos acceite,
Pois o creoo; gente eleita
Ê quem o sabe exaltar.
Filhos de Silo, cantai :
Quem reGrèa os rijos ventos.
Quem d^ leis aos elementos,
É vosso Rei; multai.
(S) LtíUtur liraei m eo, qui
fécit eum, et JUii Si9n exultent
in rege mo.
CORO DO POVO.
Invoquem seu nome excelso
Doces, numerosos coros;
Vibrem os clarins sonoros,
(3) Laudent nomen efus in eho.
to, in tympanú, el ft^lUrio pmiim
ItuUei*
506
FlautaSff tympaoost o ar:
Ouça-fle em tedo o hemispberio
Do hamUHiico psallerío
O claro som tremular.
PaiMiSmo Levita.
(4) Qtita hiHêplii0ilum est Do-
mifiú tfi pofulê «tfff, e exalUtbii
mantueioã in soluiem.
O Senhor piedoso,' ai&vel,
Voltou para nós seu rosto;
Suavisoa nosso desgosto.
Nossas cadéas rompeo:
Os mansos, os pacientes.
Resgatados é contentes.
Levantem as mBos ao Geo.
OS DOIS LEVITAS.
(5) ExultãburU StuicU (•) ingh-
ria, UeUÊÒutUur in cubiliòut «iit«.
(6) Exaltationgs Deiinguiíure
tarum^ et gladii antipiteê in nuh
mbu9 eortim.
Á Pátria já restaurada.
Depois de tanta amargura,
Os seus filhos com ventura
Alegres hSo de voltar:
Aos lares restituidos,
Os psalmos quasí esquecidos
Virão de novo cantar.
SmuinDO Levita.
As gentes vis, humilhadas
Vejam com susto seus erros,
E as mtos que arrastavam ferros
(•) Sancti aqui e n*ODtroa logarei doa psalnot #So os Sacerdotes^ oa Levitêt^ ^ P^
fomUira lodo o pofo hebreo é comprebendido debaixo do nome de iSSanrtt, para k díf^
reoçar doa ontroi poYos, que eram immundoai profanoa, e n2o aanctiftcadoa.
(MêUH.)
507
Já triumphaotes e armadas:
Virão com jasto farar.
Vibrando espadas losentes,
Atemorisar as gentes
Que Ih' inspiraYam terror.
OS DOIS LEVITAS.
Os justos, vingando affrontasy
Âpromptarlo o castigo
Que proTOCou do inimigo
A crueldade feroz:
Increparilo os mahados,
Que ouvirio atordoados
Do remorso a interna voz.
(7) Aã fiÊBimaam wkuMam in
naiimtikmtf imerepãiipnes tu p9»
CORO DOS LEVITAS.
Os tyrannos que insultaram
Si9o e os vasos sagrados,
Em grilhSes maneatados
Hão de opprimidos chorar:
Os complices que escolheram.
Que fataes conselhos deram.
Hão de algemados pagar.
(8) Ad ãíliçttfidos Reges eorum
in compedibus, et noèães eorum
in manieis ferreis (•).
SACERDOTE.
Já nesses livros eternos.
Com 6rm0 buril gravada.
(9) m fãeiant in eis Juiidum
eonseripium, gloria h«ge est omni"
bus sanclis ejus.
(*) Eftaf giierris no aenUdo niaif rabliae defem-fe entender como o reinado do Mes-
liai. Sermo Dei penetrabilior wmi gladio oneipiie^ dii S. Paolo. Eii a gnerra que fes o
Messias a todos os poYos : venceo-os, debellou-os com a prégoçdo. Eis-aqoi o seu reinado
unifersal, mas reinado de espirito e relígiAO| cono enm as armas com que renceo.
(Mailei.)
CL.
AUelnÍA.
508
É por Deo6 mesmo lançada
Esta sentença fatal:
Jostiça» que pune o crime»
Á sanctidade sublime
Segura gloria immortaL
CORO DO POVO.
(1) Lãudmiê JDmràMim ta «imt-
líff </ti9, Imuâaie eum in Jirnuh-
mento virtutis 9ir«.
Gloria a Deos, que sobre os astros
Em throno excelso sentado,
O firmamento estreitado
Vê debaixo de seus pés:
Multidões d' Essências Tormam
O seu cortejo ordinário.
Que no immenso Sanctuario
O adoram uno e três.
Pbimbiro Lbtita.
(8) Laudate eum in virtuUbus
ejus, lauMe eum secundum mui*
iiludinem mãgmtuditiie ejue.
(3) Lttudaíe eum in seno tuèa^
louduie eum in pêúlterie, et ci»
thara,
(4) Laudate eum intjfmpanú^' et
eharo: laudate eum in ehardie^ et
organo.
Gloria a Deos, que as forças rege
Dos exércitos celestes;
OfiTreçamos-lhe hymnos, estes
Lhe dêem sempre honra e loufor.
G)ncerte o som das trombetas
Co psalterio e doce lyra;
E á flauta, que suspira,
Se una o festival tambor.
SfiGuiino Levita.
(5) Laudate eum in eymbalis
bene tenanliòus^ laudate eum in
eymbalie Jubilationit, omniê spi»
rituê laudet Dominum,
Vós, tocadores famosos
Da guitarra e mandolino;
Vós, peritos no violino,
Vinde & festa figurar:
509
Com rústicos instrumentos
Atroai os arredores;
Vinde do campo, ó Pastores,
Vinde o prazer augmentar.
TODOS.
Unam-se do Ceo, oa terra
Os espiritas devotos;
Venham de sitios remotos
Todos louvar o Senhor.
De puro amor exaltados,
Os mais celebres cantores
Espalhem justos louvores,
Bemdigam seu Creador.
FIM DA PARAPHRASE DOS PSALHOS.
PARAPHRASE
DE
ALGUNS mm E HlfiíOS SAGRADOS,
NÃO COMPREHENDIDOS NOS PSALMOS.
CÂNTICO DE MOYSÉS
BEPOI8 DA PASSACEM DO MAB TEBMELHO.
Êxodo, cap. XV.
c
ÍANTSHOS O Senhor, que se engrandece (O Tune eedna M^seê et jun
•^ - . - , 1 . 1-1 Jtrael carmen hoc Domino, et di-
rartindo o mar, um golpbo immenso abrmdo, xeruiu .- Canumus Domino : gio-
Derrubando Ca?all06, CavalleiroS, et ateetuoretn dejeeit in nZe.
o Ímpio submergindo
Que no encalgo do Povo seu querido
Caminha a destroçá-lo, enfurecido.
És minha força, ó Deos! o nobre assumpto
Dos melódicos hymnos em que exhala
Minha voz confortada teus louvores.
Nenhum poder me abala;
A minha salvação de ti depende,
£ o vigor do teu braço me defende.
(S) Fortituiê mea, et latts moa
Dofiiivuff, et faetus est mihi in
stthUem : itte Deuo meut, et gh*
rificabo eum : Deus pátria mei, et
exttltabo eum.
És meu Deos; cantarei a gloria tua:
Deos de meus Paes, oh titulo suave!
Quero em cantos sublimes exaltar-te.
Em som agudo ou grave.
Âppareça o Senhor na pugna ingente
Como Heroe: é seu nome o Omnipotente.
Tomo VI .
(3) DonUnus çutui vir pugna*
tor^ omnipotent nomen cjnt.
33
514
«
t
(4) Currut Píuiramiit et exer- Qual roda Q tespestade» veiD rolando
eilum ejus projrcit in marc : elee- «^ «> . j ti . i am *
ti priticipes ejut iftbníersi smt in UO Kei GO EgVptO O COChC rutllaote :
Man ru ro. q gg^^jj^,. ^^^^ ^ ^^^^ Qg||g ^ aircmessa
Co exercito possante»
Cos Príncipes distinctos e alliados;
Abre do abysmo a bocca, e são tragados.
(5) Abysti operuervni eçt, dei- Quaes scixos, quo accclera O peso, descem
pis. Ao fundo do mar Roxo: a fortaleza
(6) Dextera tim Domine mogni' Da tua dextra, ó DeosI magnificaste.
ficata ett in fortitudine : dextera f^ i i • l
tm. Domine, percuBtitinimieum. Com qual gloria 6 nobroza
Resgatas os teus servos dos perigos*
Depões com teu rigor seus inimigos!
(7) Et inmnititudine gloria tvie Mandaste a tua colora qual f<^o;
depoBuitti adperaarioõ tvo»: mi» ^^ . .,
ãisii iram tftam, qum devormii ^ perversos arderam como palba:
Te)''^/ 'uTi^iu fvrorii tui ^0 teu furor o espirito nas aguas
c^ngregatw sunt agua : itetit un- ^ fl„j J^^ atalha ;
da Jltteru, congregata tvnt abytn
in médio mari. £ qq m^fo dos mares congrogadas.
Em dois montes ficaram separadas.
(9) DixitifÊimiettê: Peneguar, Em v9o disso O mimigo: Hei de segoi-los;
et eomprekendam, dividam Mpolia, „.j ... ., i.j ■■ •,,
implebitur anima mea : evaginabo Uei Cie attingl-lOS, oei 06 despOJá-lOS;
aiadium meuni, inierheiet eot mO" -rj^* j r i •* j •
fti/x mea, Hoi de fartar meu peito de vmganças»
Co' a própria mão matá-los;
Ensopar-lhes no seio a minha espada.
Que arrogante já vai desembainhada.
(10) Fiavittpiriíuttuut.eiope- Um ríjo sopro tèu revolfo as ondas;
ruit eoi maré : tubmersi 8unt qtíaêi ^^ , , ri
plumbum in aptiê vehementibui. ^ niar tOdOS Cngole : vâo aO fuodo.
Gomo chumbo nas aguas arrojado:
Apaga-se-lbe o mondo;
VSo no abysmo os audaies aggressores
Annultar para sempre seus furores.
Õ15
Senhor! Quem como ta, na fortaleza?
Quem como tu luzeute em sanctidade?
Terrível e pasmoso em maravilhas,
Summo Auctor da verdade;
T3o justiceiro como enternecido,
Merece ser amado e ser temido?
(II) Quit HmtVi tui tnfortibui
Domine : guia timilU tui, magni"
ficuM in éanctUnte^ terribili» atque
laudabiliSf fyeienã mirabilia f
Estendestes a m9o, e logo a terra,
Submissa, devorou os teus contrários;
Conductor do teu Povo, o subtrahiste
 seus adversários:
D'immensa misericórdia circundado.
Não consentes que seja atribulado.
(12) Extendttti manum íuam^
et devoravit eot terra.
(13) Duxfuistiinmiiericordia
tuapojmtoqttemredemitti: etpor^ ^
tcsti enm in fortitudine tua^ ad
habitacuium sanctúm tuum.
O teu alto poder o vai levando
Á terra promettida e venturosa,
Á sancta habitação em que descance
Da vida trabalhosa;
Sem que lhe obstem nações enraivecidas,
Gentes cruas, de medo espavoridas.
(U) AieendentntpopuU, et irati
$unt : dolor§9 oblinuenmt habitm'
tores PhiliitMim,
Serão da Palestina os habitantes
Cortados de pezar e de cuidado;
£ da Iduméa os Príncipes valentes
Temerão pelo Estado:
Hão de ver-se os robustos Moabitas
Enfiados com susto de desditas.
(15) Túke canturbati iunt prin'
eipet Edom^ robustos Moab obti»
nuit tremor: obriguerunt mnnes
fmbitatores C/huhuui,
De toda a Chanaan os moradores
Se hão de envolver n um triste desalento.
Que Ih' enregele o sangue, e não os deixe
Com força ou movimento.
Solta, solta, Senhor, pavor e medos;
Fiquem immoveis quaes duros penedos.
Tomo VI.
(16) Ifrtmt ivper cos formidn
et jtttvor, in magnitudine brachii
tui : fiant immobiles quati lapie^
33 •
éonec pertramfal pepuhis tiws DO'
mine, donec perlranseat populuB
iuut istCf qtievi possedisli.
516
O teu Povo querido vai marchando;
£ em quanto marcha, pre todo o ínsolto.
Com respeito ao que a ti, meu Deos, pertence:
YSo levar o teu culto
Sobre o monte sagrado d*allianca,
(17) Jntrodveet fos^ et planta"
hig in vwtite haTeâitatii tua, fir-
tnisiimo hnhitacvío tuo quod ope-
ratut et Domine: tanetuarium ^ a* n ^ i.
tnum Domine, quod ftrmaveruut ^ por ti cpUocar-se om tua herança.
tnunnn tua.
Alli tu fundarás o lugar sancto
Que depois servirá para habitares:
Firmarás para sempre o Sanctuario
Onde sem Gm reinares;
(18) Dominm regnabit in ater- ExColsO» SaUCtO, immCnSO, CUJa idadc
S'estende para lá da eternidade.
(19) ingrestfu est enim eguet Pharaó com guorroiros O cavallos
Pharao cum cnrribut et equitibut
ejM in maré: et reduxit tuper Entra uo mar, O O mar no centro 08 fecha:
eoa Dominuê aquag marís: JUii > j j j 1% ■ «. &
autem hrael ambnlavermí ptr Ao mandado dO DOOS OmUipOteute
siccfim in médio ejus. ^ j^^^^ jg^^^, j^j^^^.
Fiados no Senhor, c'os pés enxutos
O mar Roxo atravessam resolutos.
CÂNTICO DE DAVID,
REFERIDO HO I<IT..t.° DOS REIS, CAP. 13."
Sicvt lux aurorcB, oriente Sole,
mane abtquc nitbibus ruiilat : et
sicut pluviis germinal herba de
terra.
c
OMO brilha a luz da aurora,
£ sem nuvens no oriente
Apparecc o Sol luzente,
Quando o dia nos vem dar:
517
Como as heryas borrifadas
Pelo fresco orvalho crescenst
E sobre o caale kpparecem
Começando a germinar:
Tal do meu reino até gora
A gloria foi e ha de ser;
Nos meus filhos, nos meus netos
Ha de a stirpe florecer.
Esses bens, essa ventura
Que chegaste a prometter.
Não sou digno d'alcançá-la.
Nem a posso merecer.
Nee tonta egt domu» mea mpad
Deum^ fffl pnftum iniret mecum
lelemumy firmum in omnibuã^ mt-
qiie munitum {•),
Mas, 6 meii Deos ! prometteste :
E no tempo que ha de vir,
O decreto que firmaste
Se ha de em meus filhos cumprir.
Assim queres; e eu submisso
Só devo em li confiar;
Bem certo que a minha planta
Nunca mais ha de murchar.
Cuntta etúm tolus mea^ et omniã
vêluntoM DominuSt nec eit fjMfV-
çvam ex ca (• •)! qvod non çct"
minet.
(•) AUobSo á promessa do de»ejado Messias, que havia de sair da ^ii^pe delle David.
(• •) Ex r«, isto é, dúniêf nlo volunjíale^ como ccmmummeote se eoteifte.
518
CÂNTICO DE ZACHARIAS.
S. Lucas, cap. 1
(i) Benedicíus Domintit Deu» ijBNHOR Deos de Israel, bemditto sejas!
Jiraelf guia viõituviL etfeeit re» ^^ /i . . •••.«.
dempútmem pUbis i^. Q"© <> Cc^ Tompcste, 6 a terra f isilastc.
Para que a redempção chegasse ao pofo»
Que apesar de manchado taoto amaste!
(«) Et erexii eornu taiuih tio- Bemditto sejasl pois para salfaNoos
6«, in domo David pfieri sui. jj^^^^ ^ ^^^jj^ ^^^ ^^^^^^ ^^ deSCCodcole
Que viesse remir por alto preço
O mundo ingrato» o mundo delinquente.
(3) ^iatiioetitusetiperotiane' E segundo as palavras proferidas
IZ^^a^ "^'" '"'*' ^"^"^ Pela bocca de teus sanctos Prophetas,
Que nos tempos antigos confortavam
Nossos Paes» de quem foram conhecidas.
(4) Saiutemesifnmici9no»M$; Promettcsto livrar-uos de inimigos»
et de manu omnium qui ederuni «v .• i j* vi. a
ii0«. Dos que nos tinham odio hbertar-nos;
(5) Jdfaciendam miterieordiam Recordando a allíança que fiieste,
eum Patribu» nostrit : et memO' r» ã • i
rarí tettametUi 9ui eancti, ^^ SCUS QOns prCClOSOS COnSOlar-nOS.
(S) Juijnranâum, quadjuravit O juramCntO SaUCtO COm qUO hourastc
ad Abrafiam i*atretn Mtlrum : dt^ • ai.»*.
turum se Mbis, ^ nosso pae Aor am não te esquecia :
A tua immensa idéa no futuro
O thesouro das graças diffundia.
519
A fim que, já libertos d^ÍDimigos»
Certos fossemos qu' indo progredindo
Na estrada da justiça e saoctidade.
Fôramos sem temor a Deos servindo.
(7) Ut 9ine timore de manu ini-
micorum núttrofum liòeratiy ter^
viamui ilU,
(8) !h aanctUate et JueMia to*
rwn ipto ; omnibue dUbu» noetrie*
Sempre em sua presença deleitados»
Teceríamos dias venturosos,
Nos braços da virtude e da esperança»
Té que os eternos raiem mais formosos.
£ tu» Menino illustre, hSo de chamar*te
O Propheta do Âltissimo: appareces»
Do Senhor seus caminhos preparando»
E com dotes sublimes resplandeces:
(9) Et /tf, fuer^ Propktta Al-
tiitimi veiíberie; praibis enim
ante /adem Damini parara viae
ejus.
Para ensinar ás gentes a sciencia
Da salvação; mostrar aos desgraçados
Que as entranhas do Deos de misericórdia
Felicitam quem chora seus peccados.
(10) jád dandam êeieatimn m-
luiis plebi eju$ : in remieHaneM
peccaiorum iorum.
Do alto o Sol que nasce nos envia
Torrentes de um auxilio generoso»
Com que vigora o fraco» alenta o forte
Que surge das paixões victorioso.
(11) Per oiseera miterieardim
Dei noeirí: t» quibue viêitavit
tioíf oriefu ex alio.
Yens para allumiar a quem habita
Nas ténebras da morte; nossos passos
Guiar á doce paz» onde as veredas
Não obstruem da terra os embaraços.
(12) IHuminare hie^ qui in le-
i^brie et in umbra mortis tedent :
ad dirigendoê metirat in viam pa»
c/f.
520
HYMNO.
Jnm lucis orlo sidere,
Deum precemur svpplicet^
Vi in diurnis actibus
Ao» servet'à tíocentibui.
l
k Lúcifer ?ein fulgido;
A Deos mandemos sappHcas
Nossos actos diurnos
De todo o mal preserve.
IJngnam refrmnant temperei^
jVe litit horror ifnonet:
Visum/ovendo contegat^
Ne vamtates hauriaí.
Refrée a lingua indómita,
Applaqae lides hórridas;
Contenha a vista esuria,
Que*^(artam s6 vaidades.
Sint pura cordis intima,
jib9i»tãt et vecordia:
Carnis terat superbiam,
PoUu cibique parcitas ;
Do peito apure o intimo.
Expulse d'alma a insânia;
Dome co' a parcimooia
A suberba da eame.
Ut eum die$ aòicesaerit,
Noetem^uo sors rednxerit,
Mutidi per abõtinerUiam
Jpsi coTtamus gloriam.
Fugindo 0 dia tremulo,
Que a noite absorre rápida.
Cantemos a abstinência,
Do mundo triumphante.
Deo Patri ríi gloria,
Kjuêque soU Filio, .
Cum Spiritu Paráclito,
Et nvnc et in perpetuum, Amon.
Ao Pae Creador altíssimo,
Ao Filho Bedemptor, gloria;
Louvor igual ao Spirito
Que accende em nós amor.
•521
HYMNO.
E
SPíRiTO Sancto» acode!
E da tua luz celeste
Soltando raioa piedosos^
Nossos ânimos reveste.
Pae carinhoso dos pobres»
Distribuidor da riqueza.
Vem, oh Luz dos coraçQes»
Amparar a Natureza.
Vem, Consolador supremo»
Das almas hospede amável,
Suavissimo refrigério
Do mortal insaciável.
És no trabalho descanço.
Refresco na calma ardente;
És no pranto doce ailívío
De um animo penitente.
Suave origem do beml
Oh fonte de luz divina!
Digna-te encher nossos peitos,
Nossas almas illumina.
Sem o teu celeste influxo
No mortal nada ha perfeito;
A tudo quanto é nocivo
Está o homem sujeito.
Lava o que nelle ha d 'impuro,
Quanto ha de árido humedece ;
Sara-lhe quanto é moléstia,
Quanto na vida padece.
Veni, Smeie Spiníu»,
Et emitte emiiiút
Lucis tua radium
Kenij Pater pauperum,
Vem^ dat0r munerum,
f, luwwH cêrdium.
CmiÊúlator êptSme,
Dtdeiê hútpeê mmmm^
DuUe re/rigeriwM,
In labêre requies^
In teãtu temperiest
Injtetu ioUUium.
O lux bealiãtima!
Repte eordii itúima
Tuorum fidelium.
Sine iuo nutiine^
AiMl est in i*o. tiiiff^
Nitíl etl ínnõxium.
Lawã quõi ett »0rdidum ;
Riga çuod est aridum ;
Sana quod e$t ioueium.
522
Flecle çiiod ett rigidum ;
Fove çved egt f rigidum ;
Rege quod est devium.
Da tuis fidelihut
In te conjidtntibu»
Saerum septefiarium.
Da virtutii meritum,
Da salúlii exitum.
Da perenne gaudium.
jámen»
O qae ha de dureza abranda»
O que ha de frígido aquece;
Endireita o desvairado
Que o caminho desconhece.
Os sette dons, com qae alentas
Aos que humildes te confessam,
Aos teus devotos concede;
Sempre fieis t'o meregam.
Por virtudes merecidas,
Dá-lhe um fim que os leve aos Ceos;
Dá-Ihe as eternas delicias
Que aos bons promettes, meu Deos.
HYMNO
DE SAMTO AJHBROSIO E SAIVTO ACOSTIIVH*.
Te Deum laudamus : te Domi-
num confitemur.
Te tçtertum Pairem amm$ ter'
ra veneratur,
Tibi omnee Jngeli^ tibi CaH
et vniversat Polettates,
Tibi Chembim et Seraphim tfi-
eeseaòili tece proelmnont :
SANCTUS, SJNCTUSf SJ^-
CTUS DOMINUS, DEUS SA.
HAOTH,
Pleni iunt cali et terra ma-
geitatis gloria tute.
Te gloriotut Apeetolomm cho-
rf/f,
Te Prophetarum laudabilis nu-
meruÊ^
A
TI, 6 Deos excelso, a ti louvamos:
Cheios de fé. Senhor, te confessamos.
A ti, eterno Pae omnipotente,
Adora a terra inteira reverente.
As celestes Essências, que abrazadas
Enchem de amor as célicas moradas,
Seraphins, Cherubins, Thronos brilhantes
Te proclamam com vozes incessantes:
SANCTO,SANCTO, SANCTISSIMA DEIDADE.
Da gloria tua a pompa, a magestade
Enche da terra e ceos o âmbito ingente.
O coro dos Apóstolos fulgente
Bemdiz teu sancto Nome, 6 Deos immenso:
Os Prophetas, que rasgam o véo denso
523
Que o Verbo SaWador nos encdbria.
Te louvam pela voz da prophecia:
Dos Martyres a cândida cohorte
Te celebram com cânticos na morte.
Âttesta uma só fé a Igreja sancta,
No orbe inteiro o teu louvor decanta,
D'immensa magestade 6 Pae celeste;
Do teu único Filho, que nos deste;
Do Espírito increadoy cuja chamma
Nos purifica, alenta, e nos inilamma.
Ó Chrísto ! Rei da gbria, Luz do mundo !
Pensamento de Deos alto e profundo!
Filho do sempiterno Pae sublime,
Que sem pejo aggravou humano crime:
Queres benigno desarmar o Eterno,
E a porta afferrolhar do negro inferno;
Da salvação dos homens ser a origem,
Descendo ao seio humilde de uma Virgem:
Acceitastes a cruz, e entregue ás dores.
Com teu sangue remiste os peccadores.
Triumphando da morte, ao Geo subiste,
E aos que em ti crêem as portas delle abriste.
Á dextra de teu Pae, resuscitado,
Sobre um throno de gloria estás sentado.
Virás no fatal dia, que se espera,
Sobre nuvens, rompendo a azul esphera.
Virás avaliar terrenos factos,
Premiar justos, fulminar ingratos;
Quebrar do tempo a roda passageira,
Julgar com justo sceptro a terra inteira.
Vem, salva os teus, Senhor, que resgataste.
Por quem tão puro sangue derramaste:
Entre esses a quem deste eterna herança,
Cheios de fé, de amor, e d'esperaoça.
Te Martifmm eandidMtui i««-
dat exertUuê,
Te per orbem terrarwn ioncta
eonfitetur Hedeiiãf
Pairem immensee nutjeslatis ;
Venerandum tttum verum et
tmienm Ftlium;
Sanetttm çitêpte ParmHitum
Spiritum.
Tu Rex §iarim, Ouritte;
Tu Patris eempHemu» te Fi-
Tu ad liberandum tuecepturue
hêtninem^ tion horruieti yirginie
uterum.
Ty, devido mortis oeuleo^ upt^
ruitti credentibus regna eahrum.
Tu ad derteram Dei eedee, in
gloria Patrit,
Judex crederiõ esse venturvs.
Te ergo çutesumus^/amulis tui»
subveniy quos pretioso sanguine
redemisti,
JEUrnafac eum Sanetís tuis in
gloria numerari.
Salvum/ae populum tvum^ Do-
mine ^ et bcnedic haredituii tuw*
524
El njí «■. a auli, «ta «.. Nm leva a bemdiíiir-le eteniametite.
qut in alermint.
Per linguin dia òfneáici- ResoB O DDme teu Suavemente,
Et imtdmrnui K»mr% ttnau in De seculos B gcculoi passaado.
tatulum, et ín loraJum tacali. . , í. i i ■ , • i
Dignare, Dtmine, dit iiu line Aiitcs que O Sol lustroso ?6 tsiando,
,eceat>«„eu,t.dire^ Diffunde sobte DÓS de graç» eDcbentcs;
CoaTorta-DiM, mantem-aos imioeeDtes.
Digna-te perdoar culpas passadas,
Por lagrimas contrictas apagadas:
As misericórdias sobre dós derrama.
Como espera quem temo por ti chama.
A creatura fraca nada pôde
Se o teu poder divino nBo Ibe acode :
Uas quem conGa em ti, mea Deos, alcança
Que sempre Ibe prospere a cooSança.
FUtmleerktdUtiim, Dtnlne,
iHftr lui, quemaátMávm tfra-
vinua in te.
4»»>»t8jSS8S88SI8§S8^^
VARIAPTTES
DA
PARAPHRASE DOS PSALMOS
Psalmo XYII. » estrophe 10/, correspondente ao verso IS.** da Vulgata:
Pára aqui» e levanta portentoso
Um pavilhfio de trevas, onde ignoto
Reside, rodeado
De um fusco véo de sombras roysteriosas,
Formado de ar e d'aguas tenebrosas.
Variante :
Levanta entre elle e as gentes portentoso •
Um pavilhSo de trevas, onde ignoto
Reside, rodeado
De um fusco véo de sombras mysfriosas,
Feito d 'aguas das nuvens tenebrosas.
Diílo Psalmo f estrophe correspondente ao verso 38.* da Vulgata:
Que susto posso ter, se me defendes,
Senbor, quando me attecam? Se me cobres
D'escudo impenetrável?
Variante:
Que* susto posso ter, se «me defendes.
Senhor, quando me attacam? Tu me cobres
D^escudo impenetrável:
- .526
P salmo XXXIX. , esírophe 3/ verso 5.% corre^ondetUe ao 6.^ (ia Vulgaía:
A esperar t^o somente
Variante :
A esperar reverente
Psàlmo LXiy . , estrophe 3/y verso tdíimo :
De quantos bens dimana a sapiência.
Varianle :
De quantos bens produz a sapiência.
Psfdmo LXXVII. , versos correspondentes ao B3.^ da Vulgata:
Languidos gemem na malhada os gados»
No campo desfalleceni, falta o pasto;
De Deos a maldição tudo tem gasto.
Variante :
Languidos gemem na malhada os gados;
• E sem pasto no campo desfallecem
Numerosas ovelhas e novilhos.
Psalmo LXXIX. , versos correspondentes ao 18.^ da Vulgata:
Estende a mão, piedoso, sobre a vinha;
Variante :
Estende a mão piedosa sobre a vinha;
Psalmo LXXXIX. ^ quadra 7.", correspondente ao verso 4.^ da Vulgata:
Mil annos, Senhor eterno.
Que s9o na tua presença?
São qual foi o dia d'hontem9
Que já passou sem detença.
t
527 ,
■
Variante :
^ Mil annos, Seahor eterno.
Que sSo na tua presença?
Fogem como o dia d'hontem,
Nfto ba vida alguma extensa.
Psalmo CVI. » estrophe tãlima, veráo 3."* e A.^p ccrrespondentes
ao 43/ da Vulgata:
Poucos sábios ba no mundo
Que attentamente as meditam.
Variante :
»
Quantos sábios ba no mundo
Que attentamente as meditam?...
Psalmo CXXXY. » verso 5.^ da eslrophe correspondente
ao verso 10.^ da Vulgata:
, Quiz seus fieis consolar;
Variante :
Quiz os seus fieis vingar;
Dilto Psalmo f 1.^ verso da estrophe correspondente
ao verso 15.^ da Vulgata:
Sobre Pbaraó e as turmas
Variante :
Sobre Pbaraó e as forças
FIM DO TOMO VI. E ULTIMO*
índice
hO QUE CONTÊM O TOMO VI. B ULTIMO DAS OBRAS POÉTICAS D^ALGIPPB.
PARAPHRASE DOS PSALM OS.
lilTRO I.
Calmos Pag.
I. — Beatui vir, qm non álriU in eonsUio tmptomifi» ..... é .... « 7
11. — - QtÊorê frenrnemni gentes, 9
III. — Domine, quid mulíiplieati tunt que tribulant me? 11
IV. — Cum invocarem, 12
y. — Verba mea csuribue pereipe. Domine 15
YV.^Domime, ne in furore ítto arguas me, • • • • . • 18
Vil. — Domine Deus meus, in íe speravi, 20
VIII. — Domine, Dominus noster, • « • . • . 24
JX. — Cohfiiebortíln, Domine, 27
IX. — 2.* Parte — Ut quid. Domine, reeeeeisíi longe, 30
X. — In Domino eonfido: ••• 33
XI. — Salvum me fae. Domine, *..... 35
XII. — Usquequo, Domine, Miviseerie me in finem? 37
Xni. — DisHt insipiens in eorde suo, 39
XIV. — - Domine, quis hàbUabit tit tabernáculo tuo? » 41
XV. — > Conserva me. Domine, . . • « 43
XVI. ^ Exaudi, Domine, justitíam meam :••..» • 45
\Yn. — DUigam te. Domine, 49
XVIII. — CcbH enarrani gloriam Dei, .••••• 5?
XIX. — Exaudiaí te Dominus in die tribulationis, . . • 60
XX. — Domine, in virtute tua Iqtàbitur Rex, • . . • 62
XXI. — Deu», Deus meus, respiee in me, ..••..... 65
XXII. -^ DomtntM regit me, 71
XXIII. — Domini est terra, et plenitudo ejus, 72
XXIV,— ildftf, Domine, {«oati animam meam :...•«. » 75'
XXV. — Jytfica me. Domine 79
XXVI. — Dominus Uluminatio mea, 82
XXVII. — i4tf te Domine elamaho:, «.. 85
Tomo VI. 3*
PSALHOS Pag.
XJiVUl. — Âffertê Pomtfio, filUDei: 87
\Xn. — Exàttábo te, Dmin$, 91
XXX. — In te. Domine, speraíd, . • • 93
XXXI. — Beati ^[uorum remUta euni imquUaiee, 99
XXXII. — Eiculíate Justi in Dtmino : 101
XXXin. — Benedieam Dominum in omni tempere : 105
XXXiy . — Judiea Domine, noeentes m« : . • . • 108
WW. — DixUinjwtuê, til deUnqnãiin emuí^ : 113
XXXVI. — Noli amulari in malignaníilnu, 115
XXXVII. — Domine, ne in fwrore imo argeuie m«, 122
XXXVIII. — Dm ; emtoãiam viae meae, 126
XXXIX. — Extpeetane emepeetavi Dominum^ 129
XL. — Beaiut vir ^ intelligit mptr egemtm H pempwem : 133
lilTRO II.
XLI. — Qwmaãmodwm dnidermt eercm^ •••••• 139
XUI. — Judiea me^ Deue^ ei ámernie eauam meúm^ ...» 143
XUU. — - Deut, awrUm noetru audioàeau : 145
XLIY. -* Eru^avit cor meum verbwn homtm, 150
XLY. — Deui noêteti refngum^ ei otrtat, 155
XLYI. — Omtitff gentee, plaudUe manihu», •« 157
XLVIL — ifo^iw Dominue, et laudébiHe mimie 159
JíLYllL— Audite hae, mnnee genUe, 163
XLIX. — Pmm Deorum Dominue loemim eeí, « 166
L. — Mieerere mui, Dene, ***,..». 170
LI . — Qwid gloríarie in maUtia, , , . 178
LU. — Dixit intipiens in eordê mo;., •••••««. .«. 175
LIII. — Deue, in nomine tuo salvum mv fbe« • 176
LIV. — Exaudi, Deue, oratiomm miom, , , , 178
LY. — Mieerere mH Dêne,pÊaiei(m toimdeuvii me kam», 183
LVI. — Mieerere mei, Dene, mie$9>ere mei^ • , • . . 186
LYlh — Si verè utique juHUiam iogerimim 189
LVni. — Eripe me de immieie mm, 191
LIX. — Deue, r^pulieti noe, ^, 194
LX. -— fxatidt, Deue, depreeeOweum meawt, 197
LXI. — Nome Deo eubjecta erit animm meu? , 199
LXIL — Deue, Deue meue, ad te êe Ium tègiU 201
LXIII. — Exmàdi, Deue, oralíonmi meem^ •., 204
Pbauios Pag.
LXLY. — T9 deeethummi, Diut, tu Sion, 206
L\Y.—Mrilai0 Deo, omnii terra, fi08
LXyi. — Dnu mUereaiwr fwêíri, 212
hXYlh — ExtiÊTçat Deu», H dieHpeniur MmiH efu$, 213
LXVlIL^Sa^omn me fae. Deus: 222
LXIX. — Deui in adJuÉcrínÊim memm nUenâe : • • • . . 230
LXX. — In te Dmumt $pera9( 231
LXXI.— Dew fuiiekm Imum Êíe§i im, 235
I.ITRO III.
LXXIL— Qiiam batiMâ Israel Deus his, 241
LXXLU.-^Utquid, Deus, repuHsU im fnêmf 246
LWlY. — ConfiíMmur tiM, Deus, 250
LXXV. — iVolii# inJudasa Deus, 252
LXXVI. -*- Foee fnea ad Dominum cknuuvi, 254
LXXVIL — ÀtUndiie, popule meus, legem mmm, 257
LXXVIII. — Deus, venerumt genUe in heerediiatem tuam 266
LXXIX. — (?yi reffU Israel, intende, 270
LXSJi. — ExuUate Deo adjuiwi mostro : 272
LXXXL—- Diiw sUtU in eyna§o§a Deorum 276
lXXXn. — Deus,, çuu simiiis^rit tm?..., 278
VXXXm. — Quam dilecta labermaeuia tua, 281
LXXXTY. — Benedixisti Domine terram Uiam : ^84
LXXXY. — Inclina, Dcmine, aurem tuam : 286
LXXXVI. <— Fundamenta ejus in motMms santílis : « . • • 290
LXXXYU. — Domine Deus salutis mote, 292
LXXXVIIL — Misericórdias Domini i» atermsm cofiMo 296
liIVRO IIT.
LXXXIX. — Domtne , refugnm faetus es màtís 305
XC. — Qui habitai in ad^iêorío ÉHisskm, 309
XQ. — Bonum est eonfiieri Dmeán», .••. 311
XGU. -«- Domimu regnanit, decorem énduíus est : 314
XQII. — Deus uliumum Donánus, • • 316
XCIV. — Yenite, exultemsu Domino, .-.•.. 319
XGV. «— Cantate Domino canticum notum «....>... 322
XGYL — ZTomifUtf regmmí, exidíet terra, 925
PsAuiot Pag,
XCVII. — Caniate Damòm eanUeum HOVNm, , .^ ^ . • • 338
XGVIII. — Dmninut regnavU, irascaníur pcpuli : , 330
XGIX. — JubUaU Deo omnU terra 332
C. — MUeriecrdiam ii ^ndieium eantabo (i&t, 333
GI. — DmnxMf exaudi oroltofMm meam* ^ 336
CU. — BenedU, anitna nua, Zkmino, •• 341
cm. — Benedie, amma mea. Domino : « , 344
Crv. — Cmfi^emm Domino, €i invocai* numm «^ : • 350
CY. — Còti/fl«mím Domino, qwmam úi n^ctclum miterieorãia efiu. 356
GYI. -r- Confitmnbn Dommo^ qmmiam òonui» • • 365
CVII. -r- Paratum cor meum, Deus, 373
CVIU. — Deut, loMdem meam ne iaeuerie, 375
CIX. -r- DiMt Domxnm Domino meo : •... • 380
CX. — > ConfitAor tibi Domine, in Mo eorde mea, ....382
CXI. — Beatut vir qni timet Dottnmum, «.^ 3&4
CXII. — LaMda$e piteri Dominum, • « 386
CXIIL -t-Jn ewitu Itrael de JEffUPh, 388
CXIY • — DUexi, qwniam exandiei Ihmmne 39S
CXV. — Credidi, propier quod locutue ttan ;............• 394
GXVI. — r Laudate Dominus onmes genlee • 396
CXVn. -r- Confiíemini Domino, çtiomam honue, 3S6
CWlU. — Beati immaeulati in via, 402
GXIX. -r- Àd Dominum cum íriMarer, •••••, 432
GXX. — Levavi oeulos meot in montes, 433
GXXI . -r Lmtatus emninhU , . , « 43 4
CXXII. — Âd te levavi oeulos meos, • . . • 436
CXXni. — Nisi cuia Domimu erai in neòie, 437
CXXIV. — 0iit eonfidmd in Domino, 439
CXXV. -f-/fi convertendo Dommus eaptivitaíem Sfon 440
CXXVI. -r- NiH Dominas e^dificaverií domum, 442
CXXYII. — Beati omnes qui timení Dominum, • . . . « 443
CXXVIII. — Sispe expugnaverunt me ^ ... ^ 443
GXXIX. <^ De profundis elamavi ad te Domine : 446
CXXX. «-^ Domine, non est exaltatum cor meum, 418
CXXXh — JíemetUo Domine David, 419
CXXl^U. «^ Ecce quam honum, et quam juettíidum • • ^^
PsAUfos Pag.
CXXXIII. — Eeee mne henedieite Domimm, 455
CXXXI V. — Laudaie namm Drnnini, 456
CXXXV* — ConfUemini Domino, çuoniam homu, 459
CXXXVI. — Super Ilumina BabyUmu 464
CXXXVII. — ConAíeíor ítW, Domine, 467
CXXXVIII. — -Damtiií prfíbasH me, 469
CXXXIX. — ^r4>e me. Domine, ab homine maio : 473
CXL. -^ Domine, elamaci ad te, , , 476
CXLI. «^ Você mea ad Domiwum clamam, 479
CXLII. — Domine, exaudi oraiionem meam : 481
CXLIir. — Benedicitu Dominus Deus meus, 484
CXLIV. -^ExalUibo te, DeuemeuiRex: 488
CXLV. — Lauda, anima mea, Dominum : 493
CXLYL — Laudate Dominum, çuomam bónus est psalmus : 497
CXLVII. <-- Lauda Jerusalém Dominum : 499
CSLVllU — Laudate Dominum de ccbIís,
CXLIX. — Cantate Domino eanticwm nonim, • ^ 501
CL« •— Laudate Dominum in sanctis ejus, ,
PARAPHRASE DE AI^GUNIi CÂNTICOS
E HYmíOS.
Cântico de Moyséi, depois da passagem do Mar Vermelho 513
Cântico de David — Sieut lux aurora, 516
Cântico de lachsLrhs ^^ Benedictus Dominus Deus Israel, 518
Hymno — Jam lucis orto sidere, 520
Hjmno — Veni, Saneie ^ritus, • 521
Hymno— - Te Deum laudamus, 522
VARIANTES 525
Pag.
ViTiOi
ERRATA.
Erras
Emendas
36
7/
on?i-1os ;
ouvi-los ;
41
21/
aleançam
alcançam
55
26/
clamavam ;
clamaram;
57
52/ da Valgata^-ertptM àme
eripies me
64
29/
destino.
destino.
81
15/
instrumstos.
instrumentos.
217
20/
no Sinai,
do Sinai,
222
título do Psalroo LXYIII. —pro qui
pro Us qui
270
titalo do Psalmo LXXIX.—
- eommiUabuntar,
eommutabuntur.
317
verso 9/ da Vulgata -
^nos etmsiderai.
non considerai .
322
PSALMO GXV.
PSALMO XCV.
323
▼erso 10/
cantando
cantando.
325
líuba 3/ da noU
códigos
códices
335
linha 3/ da nota
oplinms.
cptimus.
409
ultima linha da nota et
non commdehar.
et non eonfundébar
461
verso 5/
á planta
ás plantas
471
29/
obras
obras.
478
2/
Potentados,
Potentados ;
»
14/
olhos.
olhos ;
»
»
Ah!
ah!
iV. B. Nao podendo, por ser muito extensa, darmos neste lugar a lista
dos Srs. AssignauteSy o que mais demorada tornaria a preseftte
publicação, apreseDtá-Ia-hemos com a possivel brevidade em
folha separada.
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