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REVISTA
to
M
t
DE
s. Paulo
VOLUME XII
1
^/V
/t
I
1907
I
SÃO PAULO
TTP. DO < DIÁRIO OFFICLAL *
190B
1
"1
índice do volume XII
à Gruta IsABEL^pelo tr. dr. Joaquim Joeé de Carva^tí^* 3
De. LiTis Bahbosa da Silva— pelo ar, dr. Aagueto Cessar
de Miranda Azevedo *.•••«•., 20
A SaRRA í>o KsptNHAço— pelo ^r. dr. Orville Derby • » 40
Jont Clembkte Pereira — (»elo ar. coronel Ernesto Senua 62
JoaÈ BoNiFACtn (o velho)— pelfi ar. dr, Estevam Li-af-
Buurrf^ul *•••« St
DlCClONAlita T0POOltAÍ>H:CO DA Ct>MARCA DE CaSA BrA^CA
^-pêki gr, Lafajette de Toledo 121
APONTAMENTOS Ri-LATtViíS A ALKIXO GaRCIÉ — ^ pcIo ST.
Ernesto Guilherme Young 217
O Voador — pela sr. dr. José Viena í-azenda. • . « 229
JuiK DK KóRA EM SÃO pAUixi— pelo St, dr , Alfrcdo de
Toledo • 244
Fadrs Bartholomeu HE GuanÂo — pelo ar. dr. Hoeaimah
de Oliveira • . . . 255
Ouvidoria dm Paranaguá— pelo sr. dr. Alfredo de To-
ledo ....... 262
LmEtRAS NOTAS DB VIAGEM D ' HlO DE JAPÍBtBO À CAPITA-
NIA DK S. Paulo, no Brasil, no vf.iUo nw 1813,
COM ALOUMA6 ííOTiClA8 SOBRE A ClPA'*» DA BaHIA
O A ILHA Tristão da Cunha, entre o > abo e o
Brasil k que ba i*ouco rm occu^ada— por Gus-
tavo Beyer. Traducçâo do Bueco pelo ar. dr. Al-
berto LofgreD . 275
JUIJ&ADO DE PÒRA B OuVIDORlA DE ItÚ — peío Br. dr,
Alfredo de Toledo 312
Ob Indigenas^ — peln ar, Leôncio do Amaral Gurg^l , . 319
O Padri: Manorl de Moraejj — pelo sr. dr. M, de Oliveira
Lima, 331
TlRADENTBtí B A EdUCAÇAo ClVICA. CONFERENCIA. ApPBN-
diob: I, A Execução de Tiradenteb, )) descri*
pçio, 2) Narração rimada. II, Notas w esclare-
cimentos: 1.* A Effigib do Haiídis. 2.* A rei-
vindicação pfrnambucana. 3,** A guerra dor
MASCATES. 4/ A CONSPIRAÇÃO MINEIRA, 5," VeNDEK
é J- J. DA Maia. 6," Pomb*l h H. José de Ti-
RADBNTKS, /,* ADVERTÊNCIA PINAJL^pelo Sr. proteSSOr
Joué Feliciano ..*,,...... 347
ÍNDICE n
o FAPBL DE JOSÊ BOKJPACIO SO MOViMEKTO DA HJDEPEK-^
DENCXA — peb ET. ir, M< de Oliveira Lima, , , 412
Os MACHADOS D a PEDHA DOS ÍNDIOS DO BftAâlL B O SBO
SICPRKOO KAS DBRBtJBADAS Dlfi MATO — polo ir« prO^
f«flBor dr. HertDSnn ron Iberíug' 426
QuBRO-jà (22 DB JULHO Dl 1840)-- pelo »T , d r. José Vieira
Paxenoa . . , . , 437
EbvoluçAo db lB42^p6lo sr dr, Joáo Baptiita de Mo-
raea ...,,...,. , 441
FoRTB MAÇADA ! —^ pelo BF- corooel H, Ã. de Arar j o Ma-
cedo , - . ... , , 618
E^ccoRsio ao HcrwaNZOBi— cunfereceja feita pelo Duque
de Abbmzzos em Londres e traduzida pelo sr. dr.
Ediíardo Losehi .,.,.. , , . . 628
José Lous«fíço da Costa ãouiak (D.)— pelo sr. Barão d©
Stadari .*.»,,., 656
BltLIOGRAPHIA , . - . 658
A BlBLTOiHECA BRA^lLtENSB r»0 SR, DR . JoSèCa^LOS Ko-
DaiGUBa— peto sr. dr* M. de Oliveira Lima, , 658
SíJDASlEKlKASISCHR FELSZElCBNUÍfaEM (PlCTOORAVORAft BDL-*
AMERICAN AS) DO DR. ThBODOB KoCH — peiO BT, Ho-
dolfiho ven Iheriug 663
Gustavo Betbr. . . • * • 665
ViAjANTK Sl*kco (18l3)— pelo Br. dr* Joaé Vieira FazeD da. 665
As KOTAS DE VJAOEM NO BrASIL, BM I8l3, DB GuSTAVO
BsYEB— pelo sr. dr. M, de Oliveira Lima« . • 669
QoKH BRA Gustavo Beyer — pelo sr. dr. M, de Oliveira
Liina . . . , 672
Actas das sessõib realizadas durante o anno db 1907, 677
DíSCUESa DO ORADOR SR HlPPOLYTO DA SlLVA NA SEStíÃO
AHHTTERSARIA * * 710
RflLATORlO DOS TSABALtíOS R OCCURRBKClAfl DCJRAKTSI O
ANNO Dl; 1907, apreacotado pela Directoria* • * 725
Quadro saciai do InntiíUrUt hiaU/rho e Geographico ãe
S. Pkulú, em dezembro de 1907 729
Directoria . • 729
PrmdenUí hanorario * - . » 729
SodúM hennmeritos •. + ** 729
Socioê honorários •••»««• 730
Sócios correspondmiie» domicitiados fora do Estado de
S, Paulo 731
Quadro dos sócios accêtioa ern 1906, ...... 733
» > s > > 1907\ ...... 734
Edação dos êocios faílecidos até 31 de dezembro de 1907 73&
BE VI ST A
DO
Instituto Histórico e Geograpliico
DE
SÂO PAULO
A GRUTA ISABEL
Relatório Eiimí^rio de Eim exploiaçilo, seguido de breves
considertções hÍEtoiico-geograficas
« Qnien no ndmirn, eftrcmecido por nn vértfgo snbllme,
desde cl borde pedregoro de on plcncbo desigual,
do qoe modo bncia el ahisroo, com fragor qae el pecbo oprime,
precipitaeo el torrente por ei agrio penaecal ».
Emillo Ferrari
Te la Réal Academia Erpanola. (Poeiin-* La» Tierra* Lianas»
— na Revista -£/ íris de Pas- uno XXIII n. i76, de 29
de Jalbo de KOC. Madrid.)
O3 geólogos principalmente, os que provam deleites com
estudarem os interessantissimos fenomencs, que, em indefesso
trabalhar, revolucionam não só a epiderma, quanto mais quiçá as
entranhas do planeta por nós habitado, com particular atenç&o
observam e admiram, confessando- se sem frases bastantes para
descrevei em -nas, o sem tintas convenientes na paleta para de-
pintarem-nas, as cavernas mais ou menos vastas, as grutas de
maior ou menor amplidão, por especial as de formação calcarea,
que rompem e excavam caprichosamente as colossaes móies ro-
chosas, variegada e intricadissima ossamenta da crosta terreal.
Taes acidencias são trabalhadas ali pelo desecamento de
sedimentos inconsolidados, fazendo retrações, alhures por abalos,
tremeres, casos sismicos, rompendo os estratos, e, num ou noutro
caso, produzindo deslocações, fendas, soluções de continuidade no
âmago dos primitivos ma^siços, vindo por fim a insistente a^ão
erosiva dos subterreos lençóes, correntes ou fios de agua, o cau-
sas outras não perfeitamente definidas, inclusas as trepidações
vulcânicas, onde estas ocorrem, a completarem a arquitetura das
giutas. Assim opinam e explicam alguns, quando outros por
maior simplicidade cmtentam-se cem tudo attribuirem a vacuolos,
lacunas ou falhas, abertos pela irregular consolidação dos ele-
mentos, na fase do i esfriamento planetário.
— 4 —
Assim sendo, ou por caaea outra dependente de ulteriore»
estudos, até agora ainda nào cabalmente feitos, fica sempre in-
discutível, e nimiamente interessante para o cientista, a suprema
beleza desses antros, deases abismos, decorados pela capricbosa
fantasia do sublime e nataral artista (?), que inimitável e ar-
roubadamente os produziu !.
E certo é que, em qualquer parte onde êles ^e descobrem^
a inteligência dos sapientes, dos veneradores do bélo em quaes-
quer linhas de projVçào, imediatamente os regista no vasto pa-
trimónio cientifico ; e as administrações esclarecidas e patrióticas,
lhes dispensam as maiores e melhores solicitudes, porque, sem
haver negul-o, êles concon-em paia u celebridade dos paizes,
com serem dos mais admiráveis e selétos encantos naturaes.
Nào é o nosso Brasil dos menos aquinhoados cem os prodí-
gios desse género, de mais bem podendo ser que muitas outras
notáveis sorprêsas nos ohtejam cousoautemente reservadas, na ex-
tensa porção ainda incivílisada, ou menos conhecida de nosso
vastíssimo território.
Si a Grécia zela a sua Antiparos^ si a Bélgica encaata-so
com a sua Han-sur-Lesse^ si a França deleita-se com a das
Moças e a de Osselle^, si os Esla-los Unidos afamam-se cora a
Mammouth no K^ntucky e a de Alabastro na Califórnia ne-
nhuma dessas excede as prodigiosas fabricas, os rememoráveis
encantos da nossa Taperwsú no Paraná, da do Inferno em Mato
Grosso, e da Isabel^ no município de Bananal, ao norte do Pasta-
do de S Paulo, esta que eu tive a ventura de explorar, inda
que incompletamente, que fui o primeiro o único a desv*rever n
fazer conhecida, objéto deste invalioso e só original trabalho
E já nao pos:'o deixar de meu -orar também as Caveriias do
Iporanga^ sobretudo a do Monjolinho^ que m^íis celebrisada ficou
para os cientistas, porque em suas aguas foi ha pouco pescado
o typh obagrus kroneiy verdadeira novidade ictiologica, o primeiro
espeleicola (spdceicala) encontrado no Brasil, peixe esse que tem
a triste particularidade de ser cego, como s&o os demais amblío-
psida^ {amhlyop4d(é) da America do Norte.
Eu vi, na Kosmos n. 1 de^te ano, o perfeito desenho desse
curioso peixe, o primeiro bagre encontrado na lôbrega cariiérula
de uma gruta, não pequeno comtudo, de pele translúcida ; e vi
também duas magnificas fotogravuras do MonjoLinho ; podendo,
BÓ por isso, asseverar que, confrontadas as duas excavações, leva-
Ihe vantagem a Gruta Isabel,
Da interessantissima descoberta do typhlohagrus cabe o mere-
cimento ao Sr. Eicardo Krone, de Iguape ; e foi em honra deste
que o Sr. Alipio de Miranda Kibeiro denominou -o — ti/phlobugrus
kronei — , ciitorioso e justo jiremio assim dado ao conspícuo obser-
vador, como sóe fazer se nas lidas da ciência.
E qual nào foi o meu prazer, quando, na noite de 7 de Fe-
vereiro, achandome no salão da Sociedade Scientifica de São
- 5 —
Pauloy abi vi uma grande e ezplendida fotografia do Monjo^
lÍ7iho; e mnis, vi também, contemplei por muito, apreciei bas-
ta» te o typhlobagrus kronei^ êle próprio, o peixe, a raridade,
conservado em um frasco, que ]á se acbava a contentara curio-
sidade dos que interesstidos fossem no conhecimento dessas granded
minúcias da historia natural.
Poucas linhas acima, dice eu que o nosso Brasil nào é
dos menos aquinhoados com taes prodigios ; e já me será per-
mitido corrigir essa frase, pois nos é licito afirmar dt-sassom-
bradamente que nenhum outro país no mundo é, quanto o nosso,
tão opulento de encantos taes !
Os que conhecem a fenomenal bacia do rio 8. Francisco
sabem d»s inúmeras grutas calcáreas, que bordam-na.
Nnnvi daà vertentes do morro de que jaz a cavaleiro o forte
de Coimbra, que tâo glorios» mente célebre deixou o nosso bravo
Porto Carreiro, na epopéa militar do Paraguay, vê-te a imensa
•Gruta do Inferno, a qual pode sem constrangimento, abrigar
mais de mil homens, dando-Ee inteiro crédito, como cumpre, á
^palavra do cientista dr. Rodrigues Ferreira, que naturalística-
.meito deixou-a descrita no quarto volume da Revista do In~
stituti) Historicol
Mais de duzentas, muitas delas ricas de fosseis, explorou o
insigne dr, Lund. só na Lagoa Sauta, em Minas 1
Feita rapidamente pelo sr. Ireneu Joflily (no ^lAlmanach Po-
pular Brasileiro^ de 1900, publicaçfto editada por Echenique &
Irmão, Pelotas, Rio Grau de do Sul) deparou-se-nos a noticia da
^Gruta da Canastra-» na serra desse nome, no Estado da Para-
hiba. O i^r. I Joífily, por um processo penoso e arriscadis-
ftimo, e graças á conduta de ura prático sertanejo, logrou pene-
trar essa excavaç&o natural, aberta em rocha gi-anitica, com 500
imetro» de extensão por 3 a 4 na maior altura, tendo um solo
;poeirento escuro, com dois a cinco pés de espessura, e t&o farta
de esqueletos esparsos que, sem exagero, dá para chamar-se um
grande ossuario humano.
Nos banidos calcareos disseminados pelo nordeste de Cori-
tiba, entre muitas e notáveis grutas de estalactites, nota-se a
já referida d« Taperussú. pelo ilustre engenheiro Luis Parigot
visitada, descrita e desenhada em 1875, ha 32 ânuos quasi, sem
•comtudo ficar nem ter sido até h(>je inteira e completamente
explorada, como nào foi por mim nem consta-me por outro ter
sido a Gruta Isabel ;
E' que um profundo respeito, um bem fundado receio, pop
muita que seja a nossa curiosidade cientifica, nos retiram de lá
das protundêzas da Terra, quando nos aventuramos em ezplora-
•ções, que se retardam, pdvados de ar e de luz, esses sensualia»
áticos elementos da vida.
— 6 —
Como e porque fui á gruta?
Em Julho de 1887, meu excelente amigo e compadre, o
finado senadjr dr. Jofto da Silva Carrão, Eofreu o primeiro in-
sulto de meningo — mielitp, que foi por mim conjurado, isto
quando êle residia no Rio, à rua Senador Vergueiro ; e, entrando
em conTalescimento, assentámos, a rzma. Família e eu seu me-
dico, em afastal-o da atividade politica o da vida opressa da
Corte (como se então dizia, falando da hoje Cap>ial Federal)
mesmo da afluência do visitas, inoportunas na situação, para as
liberdades tranquilas de uma vilegiatura.
O senador Carrilo aceitou para isso o oferecimento de seu
concunhado, o sr. Barão de Bananal (vivo pae do exmo. depu-
tado federal iv. Rodolfo Miranda); e, na manhã do dia 11 de
Agosto daquele ano, tomámos acomodação especial e convinhavel
em um trem, chegando á esplendida Fazenda do Novo Desti'
nOf a 1 hora da tarde.
Como seu medico, de privada confiança, eu tive o honroso
e grato encargo de acompanhar o meu caro amigo, cujo resta-
belecimento de mais a ma^s accntuava-se de dia para dia ; e,
folgando a minha solicitude com esàas melhoras, no dia 15 fui
em diversão á Fazenda da Piedade, residência e propriedade do
meu colega, o sr. doutor ^lanuel Pinto da Silva Torres, sogro
do ilustre Barão de Bananal.
Para tal passeio houve alguma premeditação.
A todos os ângulos do Municipio de Bananal e seus lími-
trofes chegavam noticias da descoberta de uma gruta, de uma
grande maravilha natural ; essas noticias eram já decoradas pela
imaginação popular cm seus exaltamentos pela fábula, e, muito
legitimamente, despertaram febril curiosidade, que movimentada
em verdadeiras caravanas os magotes de curiosos.
A c Nova Phase », periódico loca', estafava-se em noticias
e comentários; e á própria imprensa fluminense fora levada a
nova, embora sem o critério de uma informação formal e completa.
O senador Carrão, o Barão de Bananal, o dr. Silva Torres
conceberam, pois, o plano de fazerem- mo explorar a gruta, para
descrevel-a tão minuciosamente quanto possivel . Foi com essa
aludida premeditação que se organisou o passeio.
Aos desejos dos nobres amigos defrontaram -se os meus; c
foi nas acheganças hospitalares e carinhosas do dr. Silva Torres
que organisou -se o grupo excursionista por mim chefiado. ]Ma-
talotagem, fachos do taquarussú, velas, cand-eiros, lanterna?, papel,
lápis, trenas, termómetros, armas de defensa, homens sapadores,
cães batedores, serviçaes, um bom prático dos caminhos e do
sitio preciso, o que mais se jul^^ou mister, indispensável o pos-
sível de obter se ali e de transportar-se até lá, tudo preparar
6 dispor foi obra para breves momentos.
— 7 —
Peln fresca e orvalhosa madrugada de 17 de Agosto, á voz
de partidn, puz em marcha o meu bando explorador, parte em
cavalgada, parte por peões.
A' gruta!..,,
* *
Gruta (da baixa latinidade — crupta^ — grupta em um texto
de 887, do latim — crypia—, da raiz Eauscrita—kru) ou Caverna
ó a excavaçílo uatural, produzida nas montanhas calcareas pela fil-
tração das aguas, que arrastam em seu curso as camadas terroses
(>u friáveis, intercaladas nas rochas mais consistentes, operando
fisico-quimicamente.
Essas excavações são geralmente tortuosas, ramificadas, di-
vididas em desiguaes e irregulares compartimentos, separados
por estreitas, acidentadas e escorregadias pasFagens, de pare-
des ásperas, arrebicadas por concreções calcareas, chamadas es-
talactites e estalagmitest apresentando conformações excêntricas,
singulares, com que brinca a rédeas soltas a estuante imagina-
ção popular.
Objéto de variado e interessantíssimo estudo fornecem es-
sas profundas excavações ao naturalista, ao geólogo especial-
mente, que, nas diferentes e diversas frisas que atravessa, con-
templa, define e determina as sciiadas transformações, vencidas
pelo planeta, até chegar á constituição de agora.
Por estudos taes é que sabemos terem-se consumido 648
milhões de aros para fazer-se a solidificação da cresta teira-
quea ; que só a formação da camada carbonífera despendeu um
milhão, quatro mil e quasi já duzentcs anos pelos cálculos de
Bischof, ou somente G27 mil e quusi duzentos anos pelo côm-
puto de Chevandier; que a formação terciária, cuja espessura
não excede a mil pés ingleses, levou 350 anos a completar-se ;
e que 350 milhões de anos decorreram para que, em nosso
planeta, a temperatura baixasse de 2000 para 200 gráos. E*
pela llçilo da geologia que sabemos contarem- se na espessura
da terra, subdivididas em muitas o diversas camadas, nada me-
nos de 12 formações, quaes em ordem decrecente : a ahtviana,
a diluvianay a terciária, a calcar ea, a jurássica, a iriadica ou
irias, o liaSy a carbonífera^ a devonica^ a siluriana^ a huronia"
na, e a laurentina.
A gruta Isabel^ como a denominei e denominada ficou (si a
binilhosa nomenclatura republicana não crismou-a depois com
qualquer nome inexpressivo) em honra á piedosa Senhora, que
então exercia a magistratura suprema da Nação, encontra-so no
Município do Bananal, curato de Santo António do Alambari,
bairro do Capitão Mór, nas terras do tenente-coronel Joéé Ra-
mos da Silva Sobrinho, na mata da Cascata, entre floresta vir-
gem e protegida por um cipoal secular, rijo e musculoso, onde,
a 200 metros acima do nível do rio Capitão- Mór e por iugreme
— 8 -
subida de 80 7o> entre seixos colossaes, éla abre-se de face
para o oriente.
Assim deDominei quando, descoberta apenas, começavam a
cbamal-a — gruta branca— ^ nome que gerador seria de equivo-
cos, por já conhecerem-se muitas grutat brancas no Brasil,
al6m de razões outras.
O verdadeiro descobridor dessa maravilba foi, pelo ano de
1885, o pobre caçador Francisco Benedito Ribeiro, Chico Ri-
beiro no trato popular^ que morava em terras de Manuel Affon-
BO de Carvalho. A tal fato, perfeitamente averiguado, escru-
pulosamente tirado a limpo, cumpre dar-se importância histórica,
porque alguns outros, meros visitantes, procuraram muito logo
empolgar as glórias da descoberta. O testemunho dos insus-
peitos, a que recorri, sendo mais valioso o do velho e honrado
capitão Faustino José Correia, ali morador e afazendado por
cerca de 30 anos, depõe incontestavelmente a favor dn Chico
Ribeiro, que, na procura de caseiro alimento acompanhado por
seu filho Benedito, €entocou uma paca* na famosa f^ruta, que
depois penetrou, vencndo enormes dificuldade?». Entrando, e
deparando>se-lbe larga, extensa e es:'ura cavidade, serviu- se
de um fósforo parn orientar-se; e, de um a um, «ssim con-
sumiu uma caixa inteira, a única de que entào dispunha, já
descurando da paca, iodo absorvido peks mag<ti(irenci^8, de que
o acaso fizera-o extasiado contemplador, o primeiro a desí;or-
tinal-as.
De regresso, Chico Ribeiro, analfabeto, figurára-se na
imaginação que aquela maravilba só poderia ser um templo,
um misterioso esconderijo confiado ao génio e á proteção do
sob.enatural: e então, com relatar ao capitão Faustino a sur-
preendente descoberta, assim exprimiu-«e: — € dfSCfjbn uma
igreja/* — E^ que, mesmo na fase da mais elementar simplêza,
o e*pirito humano nempr^ e espontaneamente praúca as opera-
ções da filosofia : Chico Ribeiro fazia uma associação de ideias
com seu dizer.
Achegados a essa maquina colossal, preaente-se que extra-
nho e comovente cfipetáculo vae começar. No pórtico, que
mede lm,50 de altura por igual largura e 5 metros de espes-
sura, vè-se ao fundo, onde o escuro começa, projetar-se da
parede di eita, de um concreto de calcureo e granito, uma re-
gularmeate talhada cabeça de elefante com pendente tromba : é
o pórtico do elefante .
Transposto es-e compartimento, e iluminado o va^to subter-
râneo, acha-se á egquerd>i um vasto salão de 20 metros de fun-
do, sobre 10 de lar^o e 5 de alto, abobadado, suspenso sobre
grossas paredes de 2 metros de espes^urn, de linhas irregulares,
com algum>is grandes estalactites espars^is. Ne^te compartimento
dna4 principaes creações ferem a atenção do visitante: uma
original estalagmite de um metro de altura, que irrompe de
— 9 —
enorme seixo, com as formas delineadas de extraordinário carne-
leào, avançando obliquamente, a meio corpo, para galgar outro
seixo fronteiro; e, na parede direita, encravado, um nicho per-
feito, pronto para rfr^ceber qualquer veneranda imagem. Hesi-
tando na preferencia, dei-lhe por isso as duas denominações
— paço do camdeõo ou fala da nicho.
Contigua a esta ha um pequeno compartimento, cujas pa-
redes sào cobertas por espessa camada de alvo calcareo, húmidas,
fria.-», pastosnp mesmo, onde se vê uma creaçào v-om a figura de
um tomaior {'oillettf.) de senhora. Em atençàn á deliciídêza
com que o capiíào Faustino J. Correia recebia os ex«:ur>ionÍ8ta8,
que, por esse tempo já e n numero superior a 2.00'^», atravessa-
vam t^*rras e • aocélas da sua propriedade dele, pedindo-Ihe
insaciáveis explicações, sacrificanio-lhe muito t» mfo. e mere-
cendo-llie favore- vários, de suaexma. consorte dei o nome a esse
compartimento, que ficou sendo — o toucador de D.* Idalina.
Na K^ta d ^ entrada rasga-se outro enorme saiào com 50
metros de extensão por 12 de largura e 6 de altura, de teto
ora abobadado, ora plano, cora enormes fendas, que se continuam
e se apritfundiim pelas paredes, com vastos taboleiros de pedra
carcomida, &om comtudo notar-.e ahi figur.i alguma saliente, de
bom desenho, para justificar desig^açào especial. Atendendo
eutào ás repetidas visitas por ôle feitas á gruta, e ao caminho
com que a tstava dotindo o benemérito cavalheiro, denominei
esse largo compartimeuto por — sala do Barão de Ribeiro Bar^
hosa.
Esâe vasto espaço é delimitado ao fundo por basta trama
de estalactites e {)or espessa cercadura de estalagm-tes chatas e
largas, formando assim outro comcartimento em plano, um metro
mais elevado que o primeiro, medindo 20 metros de compri-
mento por 6 de largura e 5 de altura. Aqui destacam-se duas
creações principaes: a primeira e menor tem a forma de pe-
deíital de antiga e grande estátua, excavand"-Be aos pou-os. mas
não f>erceptivelmente, pela açáo do um preguiçoso pingo de agua,
que, a retardados espaços, filtra-se do teto; a segunda é um
grupo que reclama luz e prtje.çào para ser analisado. Colo—
cando-ee o observador no extremo esquerdo da hipotenusa, e
dando pela direita a projeção da luz sobre a ma^^sa, terá diante
de si a bela visào de um homem, que, envolto em manto, car-
rega uma mulher bem aconchegada ao seio, dela desprendendo-se
a cabeça e as tranças, que emergem e caem de sob a capa do
raptor. Dei a est^e com i»arti mento o nome de — Oaoerna de Plu-
tão— recordando o rei dos infernos a transportar a encantadora
Euridice, roubada aos amores de Orfeu, seu marido.
Ainda ao fundo e á direita ha um pequeno quarto, de cujo
teto pende uma enorme ej-talactite, banhada de agua porejante,
com quasi um metro de comprimento sobre quarenta centímetros,
de largura, a qual, por sui face anterior, desenha uma grande
— 10 -
e Bolta cfibuleiríi do mollipr, desfiíiiizindo extensos novelos, polo
quQ. ficou com o nomo de — Cabeleira í^a ^''eíiiís.
CaTiiínbníido depois para a esquerdo, entra-ee em outro
compartimento, obLiquamcnta dirigido parn cima, afuuilada, ter-
rainaudo por unia nitgusta abertura, pel.a qiiol passámos do rastros,
para devassar a crt&la pedregosn da montanha l dei^lhe o nomo
de ^janela ou olho da gruta ^
Voltando por epsa mesma estreita garganta, e depois d©
decer 8 metros, gaitámos cm um c.illiáo do dois metros de altuTO,
tlatiqueámo!-o, paFsámfs [ or bai^ío drdo para penfvtrar entro
ftalftfi, dp cuja parede direi tn, formada por etiormo lasca de pedra
prodíjí-iosamente equilibrada, irrompe a iig^ura bem talbíida díí
colosfifll tartarn^íi, ]>elo que ficou denominado — ú furna daia'^
taruga.
E^ía furna abre para um túnel, como f^aleria revest da pir
cantaria, tortuoso^ extcDslfsimo, baixo, frio, húmido e escoirogndif*,
que cbnmei o — ittueS do mijítérify,
Ein meio dessa galeria, A direita, yè~%B unm perfeita ban-
queta de altar, lançada em seis dcp^ráos bem regntareR, ecníca,
a começar por um para ítcabar em meio metro de largm-.i, a
que dei o nome áe— oratório do José Ramos.
Proscgníndo ue^se túnel pola extensão de mais aesserita
metro?, á d.reita. de|>ára sanes ura lindo siimbório, de 4 metros
do altura, do cujaa inegiilfires estalactites, amareladas e feudidis,
iuinterruptaiTiente cíiem poucas gõtns da maia límpida, da niaiá
pura agua; denominei o a — fonte das lagrimas.
Este pilio, em voidade, é de melflncolíea poe^ia: as paredes
&ãD LumidaSf os seisoe sào de frinldnd© intcn6a, tilo fri» s que,
tocando 08 ou sobre elei assentíindo-se, recebe o explorador
seuiiaçíto jgusl á do confáto de bióeoâ de gí'lo. A agua é &
que mais agratíavel j^óde imaginíirsoj igual punra bebi; o
comigo IroUíO do IA algumas gfinafíis, das quaea mandei uma
ao colega dr. José Ferreira de Aiaujo, da (íaztta de Notidm
do Rio, acompauhíindo a i^rimcira dcscriçfio que íix do mínhi
exploraçàr, publicada nesse orgam da imprensa diária, pelo fim
do mesmo já dito ano de 1B37.
O capitfto Faustino Correia e outro?, quo também colheram
porções dofsa agua, fiubT^ieteram-na a experiência», pcsaram-D»,
e, comparaudo-a com as aguaa limpas^ finíis « batidas du serrn,
verificaram ser a da gruía 50 Vj "if^iâ leve do que as outras, e
reunir as deu:nÍ8 condições toda» da potabilidade.
Deixando a fonU dus lagrimas, e proseguíiido pelo iund
do misieriff, dahi para diante caroinha-so sobre Eeixos rolados,
do rastros, por uma rampa íimoFa, buoiida, liquecente, escorre-
gadic;a, passando a candeia de nuio amlo, ^té pf netrar em outio
compartimento, onde a temperatura é maia baixa, onde fina
chuva, quasi uma névoa húmida, filtrando- se da abobada, lèga
incesBantemcnte o aólo aréento; chamei-o— o banheiro das fadas.
I
— 11 —
Assim chegáramos ao marco extremo da exploração.
Tentámos caminhar adiante, mas ó penosisBÍmo e arriscado,
direi mesmo impossível duhi proscgnir, porque urge colar ventre e
face ao chão, sorver a curtos tragos as parcas quotas do ar con-
finado desse tenebroso paço, consumir no alimento da tibia luz
artificial, cm pleno detrimento da hematose, os já erradios átomos
de oxigcneo, tatear á) cegas entre riscos muitos e periculosas
peripécias, quiçá dizer o adeus extremo á vida, tudo pela im-
provável compensação de poder devassar os últimos e mais an-
gustiosos recessos desse confim terreno da noite e do silencio!.
As fadigas de maia de 5 horas de exploração em posições
contrafeitas, entre escorregões e quedas; o jisto anceio dcs pul-
mões pelo balsâmico ambiente das matas; a saudade dos esplen-
dores do dia; o enervamento que nos resulta dúS frias humi-
dades prolongadas; e, maia que tudo, o receio de comprometer mi-
nha filhinha enfraquecida, criança do oito annos, que me acom-
panhara por todos os recantos; taes circunstancias reunidas
impuzeram-me retroceder. Não o fiz, porém, sem antes provar
a 6ensf.ção que salteia o homem no seio desse antro profundissimo;
e mandei, que, uma a uma, intervaladamente fossem apagadas as
lanternas
Medonho!... Horrivel!... Não ha escuridão a essa com-
parável!... Como deve ser torturante a cegueira para quem
já teve luz nos olhos!...
Kestabelecidas as luzes, commandoi a volfa.
De lá, do fundo inexplorado dessa profándissima construção
até d mencionada Caverna de Plutão^ onde some-so misteriosa-
mente, flúe com serena placidez um ténue fio de agua, a que,
em honra ao descobridor Chico Ribeiro, dei o nome de — lagrimai
do Caçador.
A capacidade da gruta ficou calculada para mais do mil e
quinhentas pessoas.
O sr. barão de Ribeiro Ba'b)za, que, em uma de suas
visitas, ahi penetrou com 50 luzes e três lampeões belgas, ve-
rificou a insuficiência dessa iluminação* Sò, pois, um foco
elétrico, alimentado por forte bateria assest:ida fora da gruta,
poderia projctar luz bastanto para um exame detido, completo,
satisfatório de tão monstruosa escavação.
E', creio eu, a maior gruta do Brasil, embora não a mais
bela; è mesmo, penso, uma das maiores entre as mais celebres
do mundo ! . . .
Das amostras recolhidas verifica-so nessa cava gigantesca a
existência de : carbonatos calcareos, mica, feldspato, quartzo, silica
e silicatos, ligeiros vestígios do ferro.
A entrada da formidanda maquioa é arreíada de liames, que
se enastram e graciosamente pendem em sanef^is e cortinas, som-
breada por seculares gigantes fiorestaes.
As denominações, que dei aos diversos compartimentei da
— 12 —
Gruta Isabel, certamente não me levarão ao risível no jnizo dos
homens de leitura. Conservo e aqui reproduzo os mesmos no-
mes, que figuraram na primeira comunicação minha, • ditorial-
mente publicada pela Oazeta de Notícias do Rio, como parte
literária, em 1887, ha 20 anos (1).
Eu, que até então nada havia lido especialmente sobre grutas,
confesso que, ao vêr impresso esse meu escrito, não deixei de
provar tal ou qual acanhamento, quando amigos por ôle me
felicitavam, parecendo-me que um pedaço de ridículo eu pre-
parara, nos pontos em que, precisn mente, todo meu exclusivo
empenho fora re»» peitar as delicadezas da justiça.
( orridos alguns anos, em uma de minhas encomendas para
Europa, pedi o livro de Adolphe Badin, e só então senti-me
calmo e bem. pois, ao lêr a interes^antissima descrição da
Mam» outh^s Cave^ essa gigantesca mole subterrânea nos calcareos
da bacia do Green-river, vi os seus compartimentos com as
fantasiosas denominações de : igreja gótica^ camará das almas
do outro mundo, caminho da humildade (por ser mister abaixar-
se bem o visitante para atravessal-o), poltrona do diabo, camará
estrelada f sala da neve, gruta das fadas, gruta dos bandidos, e
outras e outras mais, que dão para distinguir as 226 galerias
e corredores, ('S 47 zimbórios, as muitas lagoas e cascatas, os
muitos riachos e poços desse mundo imenso subterrâneo, também
ainda não todo conhecido, nem explorado até ao fim
Si A tão preconisada coragem dos Americanos do Norte
ainda lhes não permitiu a ousadia de internarem~se até aos con-
fins de sua gruta, também não me envergonho eu de não ter
excedido o pc-nto a que cheguei na Gruta Isabel, porque, e no
fim das contas, o caso é como disse Hutchings: « La promenade
etani agréable, le prix doux, les guides attentifs, H le spectacle des
plus singuliers et imponant, nous disons aux autres—allez y-
voir / »
E continuo.
Deixando a Chuta Isabel, quiz ainda excursionar pelo dorso
da montanha, a que se chega por sub da muito mais i'greme
do que a que dá para a gruta, só praticável pelo auxilio que
prestam as raízes e os enormes e musculosos cipós, essas gigan-
tescas trepadeiras convolvuláceas, que só os nossos sertões sabem
produzir. E o fiz audaciosamente, lavando minha filhinha a ca-
valgar meus hombros. Guindando~me a^sim por uns vinte me-
tros, dei com a entrada de outra gruta, a cavaleiro da já
descrita.
(1) Essa primeira pnblicaç&o foi apenas uma noticia nfto desenvolvida.
9wuta de Noticias, ano XII 1, ds. 27ã e 'J80, na primeira pagtnn das edições dos dias 5
• 7 do Oltsbro de 1887.
— 13 —
Esta, de que presumo ter sido o verdadeiro descobiidor,
quando penetrada, deixa perceber de sob os ])é8, e a cada passo
que st) dá, uui som lOUco e vibrante, como de quem percute
grossa abobada metálica. Nào tem mais de trinta metros de
extensão, sendo parte imersa no escuro, e parte lanhada por
fendas, por onde se côa n luz solar. As paredes dessa cava sào
cristalino-calcaifas, em colunas justapostas ou faixas contíguas.
Como curiosidades, qne abi ^e notam, dignas de rcfereut-ia,
bem poucas que são, direi que na parede lateral direita, para
quem entra, pela altura de três metros, nota-se um pequeno
gru|:o de quarenta e cinco centímetros, representando o OAboço
em mármore de uma mulher sentada, acalentando ao colo uma
gorda criança ; e, ao fundo, cerce ao chão, na estreita pa^^sagem
de vinte centímetros, rasga-se a fauce hianre de tenebroso e
insondável abismo. Uma enorme vara piesa a outra enorme,
introduzida em primeira experiência, flutuou no vácuo ; e, de-
pois, algumas pedras que propositalmente arrojei, de variados
tamanhos, nào denunciaram sua queda jx^lo som. Esta expe-
riência das pedras foi muito repetida por todos os meus compa-
nheiros, em pleno silencio nosso, para ouvirmos qualquer som,
que nunca foi percebido. O sr. barão de Ribeiro Barbosa fez
idêntica observação, diante do grande comitiva, cotirmando o
fato por mim denunciado.
C< nfesso nào saber expl car esse mistério.
Propriamente da Gruta Isabel^ pi-r Chico Ribeiro casual-
mente descoberta, por mim explorada e imediatamente deg-
crita, até onde ó licito chegar-se sem ripco para a vida, ó
quanto cabe-rae dizer nesta ex[)OSÍção, que reedito com melhor
desenvolvimento, ninda a desafio do testemunho dos vivos sobre
a veracidade e a fideliiiade de t<'do o exposto.
E* muito post-ivel, é provável mesmo que humanas grosse-
rias, produto da i^nor^ncia do povo e da indiferença dos ad-
ministradores, tenham profanado, arruinado mesmo, as raturaes e
sublimes belezas que ali se encerram . . Não temos nós visto
o que fazem uns desalmados, uns inconcientes talvô-», nas gru-
tas e nas cascatas artifíciaes do formoso parque da Praça da
Republica, no RioV!... Não vimos, quanto custa lembrai o, o
que fizeram académicos com os lindos e mansos cervos do Jar-
dim Publico desta cidade?! . Nào vemos ns picarescas figuras,
as torpes versalheiras, as abomináveis inscrições, quo produz o
ra{)azio desregrado, nos pedestaes de nossos monuniento-», nos
mais aprazíveis sítios de nossos a rabaldes, até nos fúnebre- ca-
tafalcos, erigidos com enormes dispêndios e com tanta piedade,
em nossos cemitérios ? !, , ,
— u —
o qne mais, pois, nfio eiperar da biutêza de gente com
taes bnbitos afeita?
A Sociedade Scieniifica de S, Paulo, na sua Ecssão do 3 de
MAr<;o de 1904, lia 3 anos, já discutiu larçameuto este delica-
do assunto; e, ainda por oficio do 8 de Dezembro de 1906, o
operoso presidente da niosma sociedade, sr. dr. Edmundo Krug,
estiradamente analisou a crueldade dos estragos feitos nas grutas
calcareas da Ribeira de Iguape, referindo- fe mais aos artigos,
consoantes á mesma matoria, por ê'e dados á estampa em o
Correio Paulistano, edições de 14, 18 e 20 de Oitubro de 1905,
Tudo isso intolizmente, ainda parece clamar no deserto ; e
eu digo só— j!)ar6C€,— porque categoricamente afírmal-o ó vergo-
nba imensa para a socieda,'e brasileira, para a adminis trairão
publica no Brasil !
Ah!... Oxalá n&o, quanto á (7rM/a Isabel t[o menos \ Oxalá,
recôndita numa elevada garganta da terra, abrigada ao pavês
da propriedade particular, ela tenba sido respeitada, e conser-
ve-so na inteireza de seus rudes encantos, com a verdade as-
Eombrosa de f^uas maravilhas, para eterno deleite dos curiosos
inteligentes, dos amadores sinceros do belo, dos cientistas que
tudo aproveitam, tudo utilizam, tudo t ansformam em «nsina-
montos profícuos, resultando afínal, como ó justo e esperável,
apre<;os muitos para este opulento Estado, renome e fama para
o Brasil ! . . .
Devo ainda dizer que, como sóc acontecer em casos taes, a
crendice popular, sempre ávida de sensações, de estimulantes
para sua objetivnçflo, começou sem demora atribuindo miracu-
losas propriedades o medicinaes virtudes á agua do lagrimai do
caçador. Assim referia o capitão Eugénio de Paula Karaos que
a filha de um sr. K-iê, eofrendo havia Icngo tempo de inflama -
ç&o (?) dos olhos, com corrimento purulento, resta beleceu-so,
como por encanto, com poucas lavagens feitas com essa agua ;
referia- se também um caso de reumatismo crónico, conjurado
pelo uso da agva santa (já assim chanjavam-n'a) daquela gruta.
Foram os dois casos uniccs chegados a meu conhecimento,
que assim relato sem comentar, dando-Ihes a nomeada pater-
nidade, pois nâo quero vôlos passarem por creação minha.
Agora, por contiguidade de matéria o continuidade de as-
sunto, nào posso sopitar o prazer de, perfuntoriamcnte me.-mo,
descrever outras sorpreendentes belezas desse sitio encantador.
O Morro da Cascata, onde bo nc''a a colossal fábrica, está
a cavaleiro do rio Capitõo Mór, que ahi se abre em fenomenal
cascata, com uma queda de 70 metros em três lances, sendo o
médio, o maie volumoso e mais interessante, de 36 metros, por
onde enrolam-se e desenrolam-se maravilhosos ílóc s de ideial ar-
minhe, cachoando em^ enredos, que se não descrevem.
— 15 —
A altA rocba, de que audaciogamente emborcn-EO o Capitão
Mor, é ainda lavada por tns argentinos fios, como negligen-
ciadas madeixas, que os ventos do sertão desurdiram daquela
vasta e vaporosa juba. Em baixo é rugidor e atroante o bor-
boiinho das aguar, que se espalham em borbotões, rodando com
precipitada fúria sobre o álveo pedregoso.
Afastada 20 metros do sopc da ca cata, emerge uma poética
e verdejante ilhota, cujo relvoso tapeto ó amparado por grosso»
gelxos. Foi ahi que fieliberei fazermos o piquenique^ com este
vocábulo intrujo e feio qne, ainda por muito tempo ha do cam-
pear em nossa linguagem, para gáudio dos galiciparUs. Assim
me exprimo porque at^. o insigne vernaculista Cândido de Fi-
gueiredo nfto hesitou em hos^eda1-o.
O coiiuescote do saudoso e ilustre latinista dr. Castro Lo-
pes não sat sfaz, por só propriamente exprimir a refeição pecu*
n-ariamente rateaia. Com tal emprego tenho por perfeito o
neologismo.
Por duas horas forcei o meu foquito a comigo deter se
lia incontentavel contemplação des o cenário. Não iho mais
bélíis as noFsas outras cascatas da Tijuca, de Petrópolis, de
Fiiburgo, do Therezopolis, nem a do Salto Grande de tíflo João
no Paraná, que visitei (m companhia do sr. dr. Cândido de
Abreu, hoje senador federal por esse Estado, tcndoa também eu
descrito na imprensa do Coritiba.
Pouco difctante da Cascata do Capito/) Mór, e quasi á ou-
rela do caminho, depara-se-nos uma outra queda, formada pelas
flguas do Mucacaj o conhecida por Cascata do Fausfiiio; e ain-
da, a pequeno decurso desta, vc se também a precípitaçílo das
cgua Qc Rio do Moinho, Ambas estas ultimas s&o, por certo,
niaii altas que a do Capitão Múr, porém simples, comuns, a
primeira nfto passando de uma fita de agua, a segunda apresen-
tando a]:enas um pedaço em linha finuosa, do ângulos alterna-
dos (o siguczague dos galicistas), que ó do agradável efeit>.
Pela feita da minha exploração, o Capitão^Mór estava na fase
da maior seca ; o, mesmo as im, o cavalheiroso sr. capitão Faus»
tino Correia mandara lançar pranchões sobre as pedras, artifici-
f.ndo por tal forma umns pinguelas, por onde os da minha comi-
tiva e eu prssámoé íacil e comodamente. Na estação das chuvas
o rio avoluma-ie, ficando impraticável sua vadeação.
*
Nas linhas que lançadas ficam, com que poderia dar por findo
o prtscnte trabalho, arrisquei duas proposições correlat&s, que,
a 1 ão traduzirem mero arroubo do patriotismo, da probidade
cientifica reclamam demoustração sincera e cabal. Eu dice qne
— o Brssil era o paiz mai^ lico versanto ás belezas naturaes de
que trato neste escrito; e dice que a Gruta Isabel era das
— 16 -
maiort-B e das mais belas do Brasil e do mundo Convindo
prova -o, e para conclnir entào, eu vou agora a uma ropida
passagem por e^sas fábricas subterrâneas, que mais rememoradas
são no universo, para que, defrontadas umas a outras, posãamos
melhor julgai- as.
E* o que passo a fazer, sem que ordem alguma presida i
relação, falando de cada qual lembrada fôr, somente com o
empenbo de não omitir as que nos livros de geografia sào
referidas com fama
l.*" A Gruta do CJ(o, perto de Pozzuolo, á margem do
lago Agnano. ua Itália. Não piissa de uma guarita com 3 metros
de profundidade por 1 de largura e l^ftO de altura, tendo a
entrada fechada por uma pcrta cuja chave é confiada a um guarda.
Bua celebridade consinte em uma baixa camada de acido carbónico,
de 0,^20 centímetros na entrada, esiK^Sfandn-se progressivamente
da frente paia o fundo, até medir O ""tíO, altura em que um cão
morre após três minutos de permanência.
Não vejo no fato motivo algum para celebrizar-se-o.
Era, a meus olhos, pa-a mais fama o velno castanheiro da
Sicília, memorado por muitos viajai. teF, pelo inglês Brydcne
principalmente, e até assignalaio em um mapa BÍcili^^no, publicado
vae por dois i-ecul s Es>a arvore tri^^antesca tinha a distinta
Cfinfonnação exteri(»r de cine-». f.indid;is em grupo.
2.** As Gkutas da ilha i>i Capri ou Caprea, que í^fto :
a) H de Mitramania^ outrora ccnRat^rada ao culto de Mitra,
qu»* 08 naturaes crismarani por-r// Matrimonio ; st^m importância;
b) a Gruta Verde, na face meridional da ilha ; também
despida de importância ;
c) a Gruta Azul ou das Ninfas^ que figura-^e á imaginação
qual um pnço de turquêzas sohre um lago de sa firais. Dóla já
eom fnto&ia&mn falava Júlio Cesare Capai-cio, literato italiano,
que viveu pelos anos de 1560 a 1631, publicando em 1605 a
ohr & — HistoricB ncpfjlitance libri duo. — Maxime du Camp visi-
tou-a e descreveu-a também. E' de fato um dos mais esplen-
didcs fenómenos, que podem vistas humanas cntemplar, cum-
prindo àaber-se entretanto que essa côr azul, de tanto renome,
não passa de um efeito de óíica, de um i refração : é o que se dá
com a mesma côr azul do céo, com a côr verde das aguas do
oceano etc.
Makor importância dou eu á ilha di Capri como escrínio de
recordações históricas, que rctpidamente vou relembrar. Situada
DO mar da Toscana, na entrada do golfo de Nápoles, antigo
covil de cabia.H selvagens, de que lh«« proceieu o nome, essa
ilha foi dos Napolitanos adquirida pelo imperador Augusto, que
por éla deu a de Ischia, Jepois tão poeticaint-ute decantada j>or
Âlph de Lamartine. Augusto nela passou sua velhice.
Diceram pouco escrupulosos narradores, e outros repetem,
VÔr-se ainda em di Capri o rochedo em que foi encerrada Julia,
- 17 —
neta de Augusto; isto náo pa^sa de tradlçÃo de uma falsidade
O texto dB Tácito (Ann LiÒ. IV^§71.)ó positivo, e refere-noí
qnfí eB»a Juiia, adultero mulber de Lúcio Emílio Patitn, no ano
9 de n09^a éra, foi desterrada para a ilba de Trc^mera^ nai
coBta^ de Apãlia, seni^o precisamente abl que* tio ano 2B mor-
reu A eulposa causadom do bauimeoto do temo Ovidio, qtie a
decantara coni o nome de Carina. (1)
Ainda maior fwma di Capri nos traz da antiguidade por
Tibério, que abi mandou levantar 12 pãlflcioa aos 12 grandes
deuses ; e, em negrejados bordei», também ahí luJíuriou oh uKimos
anos de bua existência. A respeito leism-se Suetoniu (ap l^ib,
§§ 63 a 65) e Tácito [Anji, Lib. VI g 1) como verifiquei ao
lançar é^tas linbáB. (fl)
A ilba di Capri era politicamente dividida em paríe de
lé*te ou pi opt lamente Capri ^ c parte de oeste ou Auacapri,
IksftB duas parcialidade» eram rivae» rancorcsas e irmconcili aveia,
votando^sí** ódio eterno, ódio de imiãoii», na frase de Ugo F* scolo
ou »eí soliia fratribttn odia*^ como dicre Tácito.
Em âi Capri t coutam enamorados viajatite», gojsa-ae de
panrrama esplendoroso, qun relembra eutre saudade» a babin do
Eio de Janeiro ou a entrada de Constaniinopla*
3.* A GatiTi D» Fino AL, em Stafla, uma da? Hébiidas,
Á ilbota de RteffA parece totalmente composta f*or matérias
volcanícas, pois vê-ae-a firmada sobre colnníis dp basalto. Á'
interessatite caverna dau-se ídej ois de Banks, que vÍEÍtou-fl em
1772) o nome de Gruta dê Fingàl (íi heroe dos poemíis priraitivoB
da Eflcoeift, conbecidos por CanUm ou Po&tnas de Ofiítian. vertidos
por Macpberson) nome que, dizem modt^rnoa eacritorea iiig^lôsps,
procedeu de um equivoco daquele sábio, nâo fundando-ae na
tradição dos naturaPB, quft cbamam-na^Ctíuerrííi da ^fu}!ica-^
pela barmonia aelvflgem ouvida abi, retuitante da sonoridado do
bramido dai ondaíi«
{1 ) Taolia qita, «b trabftlliot cl«DttBc>a«, urge fidi^rrar maxinDA JtdeUãAãD : e que
le dUo flevc «empre oUlr de in«m{9rlji ou flrmndn em fé nllheJA, p;ira «vitjtr ^qulvotíos e
lapcoft, «índ pDdtfifl arruliir 4 ^^h^ && latprr.biilAde, ptii' Ikao pabkó h tf^nícrever ú trrchâ
Jfttino cj& flriRl do citndfi § 71 dó Iítto IV doi Annati de T*citO Onde ie-«e : »Fer Idem
tempcLS JuIJA morlum ribilt, quam Deptenii AnjifUitiis. convIctA adult(?rU, dnmnjivii^rat proje-
esràTqciâ In linsuljtni Trlmeram, faAHd i^fqovl nimHH lltorltitiâ, lUi^ rJgltiU aunkis ^xiílfam
toleravit, Anggnice ope snâtcDtJLtA^ qtiíB llrirenl4?s prlvteDOí qnom per çtcultani cubx-er'
tUnoT, mtEoricDrdiaiu «r(^a affltctoi pftlam oAtcn-tAbnt.'
Como ie vf iiosU eiiAçáa' nfto «ó n ^tiliQtA JmIIa raorren em T^imcri. e eiK« em dí
Cftjiri. iDM RO vfrríftca mnia que éla dAd raorren do v!oleEi<Êlai eúFridjis^ « st memoriem
âbiii-, !Bt« á mort-fiu de morte naiaral.
V/i Pelo lUflitno prltifllpio tnvDiMulD tt* liot* antocedeote, trmucrvvo :
a( Bcepc! In propIfiqQH degriiasEU, Kditl» jnxtA Tibirlin bortfi, inxa rati^Drn et roU-
tadfDem marli repeilli;, piidor^ bc&lerigm «t llbtdlnain : qii1bn« ad^u tndomjifp «ixnrserftt,
nt, more re^o, pcibeni In^enunm êttipTis po1|i]«r«i. Ncso formam Utiínm et í!ecor« wr-
por«, Eed In hU modeftUm pae^ritlAra. lu aLitt irnafínM rai^ofnai, ioHLitrnetittim cupiálnU
babcbit : tucidiao prlinnm l^ncit:i apte vocnbalft repeiLa «tint^ «âllarjinriiTn L>t apliiliJariiin,^
«X fiBdltate locd ae nvltlplld patientla*. Mii», Mb. Vi, $ i .}
Daixo da tnaureTer de í^de^ioiiSo por torn&r-Bú iuqíco loD|;a a tranicrilcAo de traa
umgnfoi, Altá« chetoi de miaudeuQiaa copaoajiiea i laxtirtA do teiwiialut* e devaftae
Tlberío era di Capri,
— 18 —
Vvítsn ilha e dessa caverna foi o dr. MnccuIIoch quem deu
completa e íidoli^sima descrição.
4.* Á GuuTA DE Han. — Esta, uma das mais bélas e dai
maiores, com mais de três kilometro^ do área, acba-se ua provincia
do Namur, na Bélgica; e, para percorrel-a, despeudem-Bt^ duas
horas.
O rio Lesse nela precipiti.-se com fragor pelo abismo de
Belvaux; e a tala do zimbório^ um de seus compartimentos,
mede 50 metros de altura.
5 • A Gruta db Rochefort, perto da precedente, onde ha
utna sala t:\o alta, que um balílo cativo suspende uma tocha
acôàa á altura de mais de 60 metros.
C* A Gruta de Adelsbero, na Iliria, entre Trieste o Lai-
baich, maior do que a de Ilan, é cavada sob uma colina calearea,
onde abisma-se o rio Poik. Esta apresenta umi suces>>ão do
Çalcrins o salas i-mensas, abrangendo uma extensAo do 7 a 8 kilo-
motroã. que se percorrem em carros rodantes sobre tr«lhos.
7.* A Mammouth, de que anteriormente já dice muito, a
maior gruta da terra, verdadeiro mundo subterrâneo, cem gale-
rias imensamente grandes, que se entrecruzam o se super])uem,
da qual tilo apenas bem conhecidos uns 23 a 24 kilometros,
aindi havendo talvôs muito a explorar.
Em 181H, foi ahi acha'lo um gigantesco esqueleto humano,
medindo 5 pés e 10 polegadas.
8.' A Gruta de Lourdes. Fale-se também dela, aberta
nas rochas Massabieilles, onde, diz a tradiçílo, aoí 11 de Fe-
vereiro de 1858, a Virgem Maria revelou-so á menina Berna-
dette. A crença popular, a coniiança da fé, a rcligiopidado do
povo tornaram celcberrima essa pequenina e insigiiiíicant^ cavi?,
onde a piedade erigiu um santuário, quo ficou sendo o foi con-
stante alvo de copiosas peregrinações, ató estes últimos tempos,
hoje encerrados por decreto do governo da llcpublica Francesa.
9.' A Gruta de Macau, pequena, na cidade desse nome,
na pcninsula do Iliang-Chan.
A cidade chama-se do— Santo Nomo do Deus de Macáo.
Macáo deriva-se de duas palavras chinôsas — Áme^ que de-
signa o Ídolo de um pagode, ani existente em remotos tempo?,
e Cáuy que significa porto.
A gruta só ficou célebre pela tradiçflo do nela haver Camões
escrito a maior pirte do seu poema.
10.' Milha e quarto ou 1977 metros diFtante do Cabo
Lands^Endf na peninsula de Cornwall, ha um grupo de ilhotes
graníticos, onde eleva-se um farol construido cm 1707, o Longa-
hip^s light hoiisCf em um rochedo de forma cónica chamado— C(zí*«-
BroSt—quf^ emerge 45 pés acima nivel das aguas baixas. Debaixo
desse farol ha uma vasta caverna, onde o mar, esbatendo-se com
furor, em mares de algumas épocas, produz t?io sinistro e pavo-
roso estridor, que bastou em certa ocasid.o para terrificar tanto
— le-
ia um dcs guardaSi que os cabelos se lhe encnnecOram todos no
s6 espaço de uma noite.
Por ter falado do LancVs End, aprovoito-me para referir a
tradição do s?rem a esse Cabo ligadas, em remotissimo tempo, as
ilhíis de Sc'lly, por verdes o férteis campinas, vestidas de po-
voados e aldeias, de onde as flechas de 140 igrejas rasgavam as
altas nuvens.
As ilhas Scilly oferecem ao estudioso um grande interesse
sob o ponto de vista das antiguidades célticas. Borlasio, histo-
riador e antiquário, pretende que os antigos druidas honravam
nesses rochedos uma das roaterialisações da divindade. Eviden-
temente é esse o sitio do mundo em que os rochedos apresentam
as mais cspecialisadaa o originacs formas e dispositivos. Ha ahi
um rochedo chamado — a cadeira do Druida (Druidas chair) — onde
narra a lenda, as=entava-se o grão sacerdote para presidir á
majestosa solenidade do advento do sol pelo oriente.
Dentre as curiosidades, que ms Scilly mais têm prendido a
atenção dos geólogos e dos antiquários, além das muitas cavas
tumulares (barrows)^ ó a existência das pedras movediças {logan
rocks) principalmente em Saint Mari/^s.
* *
E aqui me íico, tendo dado quanto sei com referencia ao
assunto»
Fui a longps peregrinações no confronto estabelecido ; e, dessa
excursHo historico-naturalista, volvo-me com a imaginação ecom
a observação ainda mais saudosas das terras da pátria, onde, até
o que a naturêsa, nos delírios da creação, deixou occulto nas
baixas camadas do planeta, ha indescritiveis, inenan'aveis, sor-
preendcntes e extasiantes belêsas !
As grutas brasileiras defrontaro-se galhardamente ás demais
do universo : e a Gruta Isabel^ esfa que eu percorri o a que
estou ligado como seu explorador e como seu historiador, é bem
digna de que uma inteligência mais preparada do que a minha,
de que uma pena mais idónea do que esta com que rabisco,
dela se ocupem, para fazel-a condignamente conhecida e afa-
mada.
São Paulo, Março de 1907.
Dr. Joaquim José de Carvalho.
Dr. Luiz Barbosa da Silva
Na historia contemporânea, oh annos valem as decndns da»,
cbronicas medievaes e ( s séculos das mythnlogias antigas.
Os Bucee88<>8 precipitam-se mais veloz-*i>, o as a* cieda']e9
modernas, na febre da actividade qu^ as consome, deixam de
occupar-se com os factos de hontem, ])0Í8 têm a attençAo solicitada
ͻor occurroncias do dia, e presa ao estado de prciblemas socio-
og^cos para segurança do futuro. Graças á cducaçAo positivista,
do século, aclia-se mais robustecida a intuição de justiça e
verdade do ])ovo, por isso occupam-se as nações roais com os ho-
mens da sciencia, ou com os philantropos do que com os con?-
quistadores.
A imprensa e seus representantes têm ganho o te-rreno
que a pólvora e os seu*heió s vfio jjerdendo. O jornalismo, ouja.
influencia fecunda e poderosa dirigiu e preparou o grande acon-
tencimonto da humanidade— a Revolução de J789, tem uma parte
brilhante, senão princif»al, em todas as phases evolutivas do
progresso, nas nações modernas.
Nào entra em nosso plano traçar a historia do jornalismo
brasileiro, nem mesmo rememorar os triumphos de nossos jorna-
listas. Falta-nos o valor de um Leonard Gallois, para historiar-
o papel que representou entre nós um Ledo, ou um Evaristo
da Veiga, e para descrever todo o valor de um José Maria
do Amaral, de Justiniano da Rocha, de José M. da Silva Pa-
ranhos, de José de Alencar e de tintos e tantos talentos do
primeiro quilate; é incumbência para ser estudada em trabalho
mais pensado e melhor acabado Queremos, porém, contribuir
com o fraco contigente, pr.ra o monumento que lifto de talvez,
consagrar á memoria dos jornalistas políticos do Brasil.
Nesta epocha de descrença ]mblica, ante a abjuração de convic-
ções politicas, cromos de bom effeito para o povo, esboçar a firme
individualidade do distincto paulista dr. Luiz Barbosa da Silva,
typo do cidadão, que tudo sacrificou em serviço de suas» crenças
politicas e sociaes.
Já é tempo da pátria tratar de esculpir seu nome no Pan-
tbeon dos filhos beneméritos, e de archivar seus serviços nos.
registros da historia.
— 21 —
à provinem de S. Paulo, tao riea de grandezas natntaosi tão
proíli^a de "varões notáveis, teve a feliiíidade de aer o bLTço do
UluBlre patriota e diãtiucto republicano dr. Luiz Barbosa da
Silva.
No extremo norte da província de S Paulo, no miinkipio
d(v Banuual, existo a fa-^ondu da— GiiBcata— «>re&idt)nciu pitto-
rescH^ que faz lembrar oâ castelloí da Eicocia e o» cautos dô
0:Ȑian, ediiicada em itma altura, e ao lalo de uma abuudnnte
cAchoeirn qoe se deiponha cora. murmúrio eteruo batendo pelas
penha^ escav padas do rochedo», (L) Ahi nasceu a 30 de Outubro
de 1810 o dí* Luiz Barbtua da Silva, íillio legifimo do com-
merdftdor ÃntoDÍo Barbosa da Silva e de d. Maria Arruda
Barbosa,
Era, poiiantOf neto dos distin^-tos paulistas que em 1810 mais
cfintribuiram para o desenvolvimento e pf>voaf;âo da cidade do
Banana], por meio do doações de terrenos e outros eabedaes para
eoiittruir-se eg rejas » liabi tacões para os povos que ahi affluiam,
chamados pelos esforças dos ânado« Cf^mmeadador António Bar^
bosa da Silva e seus cunliad- s coronel Jcaquim Silvério, major
Braz Arruda e André Lopes, sendo aquelles avós do dr. Luia
Barbosa.
Si nào teve Luiz Barbosa cricumst anciãs sobre na turaes, cotn
que as lendas costumam revestir o nascimento e a infância de
geuB heróesj revelou, com tudo, bem cedo a energia e firmeza de
seu caracter independente e a agudeza da intelljgencia que
possuía
Mais de um facto exiite iia sua ytda de collegial, que decota a
franqueza independente e tenacidade com que defendia os seus
direi tos^ sempre que eram ofi^endidus pela injustiça.
Do collejçio do Castro, em Botafo^Oj passou para o collegio
Ktípke, em Petrópolis, onde e^todou diversas disciplinas.
Aos 12 annos de edade^ seicuiu para S. Paulo a completar
os estudos, pois o collegio Kôpke, apeaar da reputação que teve
al^um tempo, era muito deficionte quanto á organisaçào do en-
sino, o nâo diíipunha de pessoal habilitado para ministrar a edu-
cação literária necessária para a matricula nos cursos superio-
les do paíz.
Aos 14 annoa Luiz Barbosa tinha todos os exames prepara-
toriof, estava, portanto, habilitado a matricular-s© no Curso Ju-
rídico.
Grande fora o trabalho intellectnal, por iaao resentia-se o
org'aoiamo do extraordinário consumo uervuso, nfio comptíusado
por um bom systefua de educação physica. Á falta desta, entre
a nossa infância, n^o avigc^rada pelos exercícios gyra nas ticos, e
outros meios proscriptos pela hygiene, tem um eloquente e triate
exemplo a n^i^istrar em Luiz Barbosa da Silva. Em outro pai2
11) Zaltt»r. FerfiÈr, pelíi Prot. d« fi. Paalo. P*g, ej,
— 22 —
onde a instra::ç2Lo é bem curada; ondo as escolas e os collcgioi
a pnr dos estados literários e scientifícos, com que illustram as
inteliigencias, robustecem lambem o corpo pelos exercícios mus-
culares e fortalecem os orgauismos infantis, preparando homens
sábios o validos, nílo teria talvez Luiz Barbosa completado os
estudos de humanidades aos 14 annoj, mas com certeza nSlo teria
perdido um anno em restabelecer a saúde abulada, o nJ^o seria
arrebatado á pátria ainda moço e quando podiam dar-lhc muitos
fructos Eua alta intelligencia e solida instrucçAo.
Nào pareça impertinência nossa o considerações descabidas
o que acabamos de escrever; cm todo o paiz, o particularmente
nesta província, peusa-se talvez mai^ em aperfeiçoar a raça ca-
vallar que a no3^a própria. As casas do eJucaçiio, em geral,
deixam muito a desejar quanto ao moral, e quasi tudo quanto á
hygiene, nao se ligando o menor cuidado quanto ao desenvol-
vimento physico das creança^. E' esto assumpto digno de toda
a ponderação; em vez do hippoiromos, qu3 servem paia aco-
roçoar o jogo, edifiquem sa bons lycous e construam gymna<ios
dignos dos filhos desta província, merecedores de cousa melhor
que os seminários e recolhimentos de jt>s«itas, que altrahem a
mocidade descuídcsa ]iara o seu seio, c cujos fructos amargos
vemos diariamente. Em que pezo a muitos, esta é a verdade o
com a franqueza de paulis-ta a proelanmmos.
Deixando esta ordem de considerações nos cccuparcmos com
a vida acadeaiíca de Luiz Barbosa da Silva.
Matriculado em 1850, aos 15 annos de edade, na Academia
de S. Paulo, percorreu Luiz Barbosa da Silva com applauso e
distíncçào os cinco annos do curso jurídico. Deixou nome de
intelligeuto c estudioso entro todos os seus coUegas quo o esti-
mavam pelas cxcellente? qualidades de caracter.
Nào applicou a energia do seu talento só ao estudo da
Bcicncia de Ulpiniano e Ross", entregou-se também aos estudos
literários e cultivou as sciencios naluracs, das quaos possuía boas
noções. Nas associações literárias de então, diítinguiuso Luiz
Barbosa, conquistando merecido renome.
Niio posjuimos maiores efclarccimentos sobre este período
da vida de Luiz Barbosa, mas é natural que existam escriptos
e trabalhos elaborados nessa epocha, quiçá alguns publicados nos
periódicos do entilo.
Graduado pela Academia de S. Paulo, fechou brilhantemente
este primeiro ciclo de sua carreira. Findara o período em quo
as illusões tomam maior espaço na vida; era necessário conhecer
as agruras do cstrugglo for lifo». Em 1861, foi Luiz Barbosa
da Silva para o Rio de Janeiro abrir escriptorio do advogado.
Durante dois annos, mais ou menos, teve a vida aifanosa, cheia
de decepções o estéril quo todos os moços, embora os mais dís-
tinctos, encontram quando saheni das Acaiemias e entram para
08 escriptorios de advocacia cu para os consultórios medico?.
- 23 —
E' A velha liistoria renovada sempre, experimentada per
tnnto3 jovens intelligentes 4UC não tem patronos poderosos ou
noniPs berdados.
PnEsenios cs:n3 paginas da biographia do grande patiiota e
vejaniol o na sua primeira i^base de jornalista cm 1864.
Nessa cpocLa a politica do paiz passava por uma transfor-
mação especial. Era o periodo era que os ministérios succediam-
se cem rapidez extríiordinaria, subindo ao poder e desorgauizan-
do-se por questões fúteis ás vezes. A crise financeira da quebra
dos bancos, c o pânico que dominava todo o commercio, ainda
eram agravados pela situaçfto de uma guerra estrangeira que
tantos sacrifícios carsou ao paiz.
A orgnnisaçrto do partido progressista, uma das mnitas mys-
tifica<;ões que a monarchia tem imposto ao paiz, com o seu «pro-
grama» eclético, que, segundo alguns dos projirios cbttVs domi-
nantes, nfio tinba sido acceito, (*) imprimiu cerla coufusTto na
massa do partido liberal.
Nào ó occasiào oi)portuna para discutir as diversas feições
que aprcíciítavim entào os partidos mcnarcbicos, degladiando se
em lactas estéreis e sem um alvo elevado e patriótico. O grupo
dos €lil)eracs históricos», gcsava, porém, de maior popularidade e
linha ilhistres representantes; na imprensa a «Actualidade», re-
digida por pcnnas do quilato de Flávio Farnese, sustentava as
tradições democráticas do pai tido. Era uma folha bem acceitu
o com uma circulação no paiz relativamente considerável. Em 1864
entrou Luiz Barbosa da Silva com ecu irmfto, o dr. António
Barbosa da Silva e Souza para a redacção detse periódico Des-
de que tomou parte na gerência da cActualidade», dedicou-se-
lhe do tal forma e tâo decidida influencia exerceu que pouco
tempo depois era seu proprietário exclusivo. Reorganisou então
o corpo do ledacçfto e de ccllaboradores, dando maior desenvolvi-
mento á parte literária e politica da «Actualidade». Acercou-
se de talentos laboriosos, chamou reputações já conhecidas, con-
vidou nomes promettedores de muita glorio, o também algimá de
muita decepçfto como os... Mas para que repetir hi^toria8 de
trans fugas vergonhosos e de mercenários da honra o da digni-
dade?...
Si histcriassemos a vida do jornalÍEmo brasileiro, cumpri-
riamos com toda a franqueza e coragem o triste e doloroso de-
ver do chronista e registraríamos os nomes desses «Lafayettes»,
assignalando-os ao desprezo publico. Actualmente nSo é esse o
nosso intento; voltaremos por tanto ao assumpto.
(•; Amcríco Brazlllense.- O» Progranjmat dca Partidos o o Br gundc Império.
Pag. 21.
— 24 —
Entro ofl companheiros do dr. Luiz Barhofta da Silvii, ei-
tava <• mavioso poeta u tli^t)llcto n mancista Bernardo Guimaràe»,
qu" muito trabalhou pc'o8 créditos da • Actualidade», c Entre
8 Mi muitos «rti^os Del:a in-eitos. alpruns rubricados com a »iia
a^<*i natura e outros anonynv s, distin<;uem-se n'>taYelmente ot
de cri rua literária, que peccand» talv>'Z ás vezes )M.r nimio-
se veros para oom as pro iuoçòes analysadas, denunciam C(imtado
em seu Muctor umn razÃn clara e pr*íicientH applicacào das regras
da e-ithet ca » (*) CuMinre observar que o dr Luiss Barbosa da
Silva era m tavel pela fatalidade com que escrevia e pelo modo
pratico c claro por que discutia hh quustòes. Em pouco tempo
tornoií-f^e estimado entre seus coireligionarios, que o conside-
ravam um do< ma'S distinctos jornalistas.
Nem tu 'o, porém, ira bonança; bem cruéis transes sofFrea
o dr Luiz Baibosa da Silva para manter a «Actualidade» e
publica)-a rf*gularment'«. Teve, apesar de todos os esforços, de
bUHfieuder a impress&o e tratou de liquidar o jornal. Kestricto
observador das leis do honesto, e cumprid r de sua ])alavra, foi
obrigado a «vender tudo o que possui», inclusive todas as jóias de
familia», p.'ira solvei o pasbivo da folha que dirigira com tanto
brilhantismo e Hbueg'aç&o E^^te facto, por hi, ú suficiente para
dar a me lida do grande caractere da pureza de cousciencia do
dr. Luiz Barbosa da Silva
A^sim terminou o primeiro período de sua carreira de pu-
blicista.
Che íi do decepções amargas voltou á vida tranquilla do ga-
binet» de advogado.
Dispondo de extensas relações, contando amigos influentes
como o cunselheiro Francisco Silveira L^-bo, que veiu a ser um
ílo-i Sfu-i mais chari s aíFectos, o dr. Luiz Barbosa teve em pequeno
prazo uma hôa cliritela.
Nào o dfixaram j>or muito tempo inactivo seus correligio-
nários ; em Novembro de 1866, o ministro do império, Fernandes
Torres, noir eou o presidente do Kio Grande do Norte.
Para muitos é esse cargo ura simples brinde de parente, e
mí'io faeil de recomendar-se ao governo para uma candidatura
á Asst-inbiéa Legislativa. Se alguns caract<íres sérios preenchem
com zelo e dignidade essa commissào, outros limitam-t^e ao inglo-
rii- jiipfl do cabos eleitoraes e de simples automatcs do gov*^rno
que os dirigo p<»r meio do telegrapho, até na demissào de delega-
dos da policia local I
(*) Innoc. da Silva. — Dicc. Bibliogr. Tom 8, pag. 3P4.
(Supplemento).
— 25 —
E* verdade que por maito poneo tempo occupou esse log-ar
na administniQ^o pubiica pois a 5 de Abril dú lí^rJT, obtinha
a ex<»iietaçàa que pudtra.
Se nho \'^t\x Beu nome a i^randes melhoraTTientos no Rio
Grande do Norte* o dr. Luiz Barbosa ao me os váo tHve um
rt-rnortso que O aflii£:;iijae ao deíxíir a presidência. Em umn ep^^cha
melindroso, para os adminiíiitradoreB, poia tiiihíim c[UB enviar
contÍTigente* para e&&e vórtice immr^iiBa zi cnin| aniia do PaiuffUMj,
o dr, LuÍ3ç B-^rb nu í\ho prMticiiu uma yifjleucia, nà-o fez derramar
lag-rinifl« « ijào provnc* U inimí?-atí«8.
Já era lím grande s^ucl^* gso entre náè conBe^íir pste de&ide-
ratam em tRWfKJS fàn CíUamito?o8.
A saádrt do distincto píitri(,ta estava, porém, unvt^^ enfraque-
cida; tis piímeíroB symptomas da cruel enfermidade, qae o ar^
rebatou tao prematuramente, revelar&m-se oei-pa occasiào. Ke-
tinm^se para seu sitio no Passa-Tres, e ahi teve que luctar
euerg^icaraente a favor dos direitos de seu »ogro contra o com-
mendador Joaquim Breves.
Energ^ico © veberaente na defesa d'esfta car.sa, intent^iram
contra elle três acções de injurias verbaes. Níio era, porém, o
dr. Luia Barbosa, homem de ceder á violência ; mais elevou o
diafasâo de »ua linguag^em, de sorte que até cditra suf\ vida
tentarnm, segando aftirmam pessoas bem informadas. O que é
facto uabido, foi a tentativa dirigida c-ntra elle, por baln asâas-
íina, que felizmente nàt> attingiu o alvo a que fora n^stínada.
Surctimbíu, porém, sua extremnâa uiàe, que cciuvaliísceute
de grave enfermidade, ao saber d'eÉisa nciíurencia, recabin e pou-
cos dias depoiã deixou de existir a 24 d»* Di-zembro de 1869.
E' difficil descrever a impressilo profunda e o penar que
affligtram o dr. Luiz Barbosa por cauga den^e tranche dt^loroso.
Seu pae resolvou-ae mudar para o Rio de Janeiro: o dr.
LuÍ3£ Barbosa acompanhoa-o e físou residência nrg^a cidade.
Era a epocba em que nossos bravos compatriorriB voltavam
do Sul, cobertos de gloria, o cbí^ios de illusôes vinham encon-
trar a ingratidão do governo imperial em recomjeu&a de servi-
ço a heróicos.
O enthusiaBino era geral; todo? os cidadãos procuravam
mostrar aoi seus valeutea patriciOíí* os afutimetito* de aúmíra^^ao
pela coragem que os disfcLUgtiia, O dr, Luiss Barbosa da Silva,
coração aberto a todas as grandes í^mocões, intelligencia que se
aaimava pelos nobres impukos, nào podja permaDecer inditftiren-
te ante essa tebre do povo que victoriava seus filhoa, dtgnoá de
todas as honras, Cotipos presias in^piradnfs e reeitou-as em di-
versas occasiòea de chegada de voluntários; entre essas algumas
ha de subido valor, realçadas ainda pela mngnifíca recita; Ao de
seu auctor, como a dedicada a «Oscrioi e pronunciada a 18 de
Abril de 1870.
— 26 —
Foi a pr^raeirA voz q'io vimos o dr. Luiz Barbo- a da Sil-
va, e temos ainda bem viva a impressão quo untiV) sentimos.
Foi na rua do Ouvidor, prr occasiao da passagem dos batailiOoa
32, 42 e 4G.
Era immensa a í.flincncia de povo, que, como sempre, esco-
lhia do preícroncia esf a localidade para vêi* desfilar < sseí de-
nodados servido* es da pátria. Ao cLegar á i squij)a da r-ia Uru-
{^ayann, ainda entAo virgem dos triâces assassinatos de 1 de Ja-
neiro de 1880, passou a brigada cm fronte aos «Dii.-oito Billjarcst ;
e flbi de umas das j^n(*lla>\ o dr. Luiz Barbosa cheio do inspi-
ração, como os bardos d:i antiguidade, arrebatou a muhidílo pela
linguagem de fogo co'n que celebrou a gloria de Ormío, o que-
rido do povo, iuia uiio despiestigiaJo pohi farda do minisno
imperial.
Grande era a admiraçiío quo votava o dr. Luiz Barbf sa por
e£se hcióo, para fcllo a synihese df.s sontinientos generosos do
povo, da abnegação e do valor nacional.
Foi o primeiro que teve a idéa de abrir uma subscripcjão
popular para oftVrccer uma lança de honra a Osoiio, projecto
que iniciou e quo mais tí.rde foi realizado graçai á coarijuvaçiío
l)oderosa de Octaviano lludson.
Vem aqui, naturalmente, descrever a face do t-.Iento piiu-
logiado do dr. Luiz Barbosa, como cultir inspirado da poe-ia.
Conhecemos alguns ])ro.iuctos de su.i musa; qu.»3Í todog imUitos,
que talvez sejam cm breve publicados ])or seu irmào e maior
amigo, o iutelligcníe e illustrado dr. Braz Barbosa da Silva.
Nesses cantrs patriótico*, o arrojo da hypcrbole ú egnalado á
belleza de fó ma o c^rrccçío de phiase.
Julguem da verdade deste juízo pela seguinta trauscripçào
da poesia acima referida:
«Quem ])óde, como tu, dizer á tempestade:
Mais coiro o meu corscl nas nuvens da laialha;
Quem braiar f.o trovíio, aos raios, ao pampeiro:
Mais I ode do que vós a lança d'um guerreiro IV
Quem fóde, como tu, Osório destemido,
A^s balas e estilhaços, ás lanças o ás empatia?,
Bradar: «Meu peito 6 rocha, e vergareis juim iro,
Para chegar aos pés do um bravo brasileiro I V>
Ileroo dos impossíveis! Indómito teu peito
Impòo respeito á morle I Em vào de paragaaycs
Envolven-te, sosinho, um batalhão inteiro!
Do corsel da victoria és sempre o cavalleiro!*
- 27 —
Sentimos uílo poder incluir aqui muitas dns bellas pérolas
do escrínio poético do dr. Luiz Barbosa da Silva. Eutre ellas
a intitulada o «Jongo», ó cheia de conceitos elevados, e tem o
mérito da côr Iccal.
Dansfl, folga, pobre escra.o,
A' rubra luz aa fogueira,
Bate o tambor, tino o piaío
Fbz a festa domingueira;
O grnndo deus do trabalho
Adora d'essa maneira!
O pae da nntureza o Deus de amor
Que o mundo povoa ao ulmas delicias
l^ara ti reservou o bem supremo
De fem queixas soíTrcr, do rociar,
Com teu suor fecundo, a terra dura
Que sustenta o verdugo do t''U corpo
E com teu pranto, a palma do martyrio,
Quo faz brotar o riso entre as angustias
E a lior do perdAo entre as torturas
i^ue o branco te infliugiul •
Não parece um trecho do inspirado poema do grande poeta
do século, a «Piedade suprema»?
Erítro as composi<;õcs lyrioas do dr. Luiz Barbosa, ha algu-
mas do subido mérito o de bastante delicadeza.
Nao conhecemís, porém, todo seu thesouro ; e do copia
pofsuimos apenas, além das citadas, mais duas — «A tarde da par-
tida» e a «Manhíl da volta».
Creio que nao tardará muito jaia que o paiz teuba a collc-
cçao dos cantos do dr. Luiz Barbosa.
Reatando o fio da biographia d'esse cidadão, devemos men-
cionar sua viagem aos Estados-Unidos.
* *
A 14 do Novembro do 1870, partiu o dr. Luiz Barbosa da
Silva a bordo do «Agameuon» para a America do Norte.
Ia em busca de um e(u cunhado, victima de cruel enfermi-
dade, e ao qual consaj^rava estima particular. Já não o encon-
trou, pois o doente chegara pelo vapor immediato ao liio de
Janeiro.
Nao perdeu, porém, o dr. Luiz Barbosa, o tempo; na terra
do fgo f.head», durante seis meses, viu, estudou e aproveitou a
observação do que colheu n'et8a viagem. Cérebro bem organizado
o dado a encarar os problemas pelo lado pratico, recebeu agradá-
vel e profunda impressão do viver social dos norte americanos.
— 28 -
N5o tendo prttgramma de Pbileas Fogrg, nem aspirandi') a
ridicul» celebridade de vifljante- lofomotivn, aproveitou a perô-
griníiçAo pela gTande Republica,
E^ta e[Of'ha dev® ser notada na bist^ría do partido repa-
bticano britsileirc, com a medma veuera^o que a «liegira» de
Mábomet, na l^-i mul^umana.
AÂté abi, suas idéas f^ram sempre liberaes, mas ainda não
tinhíiD) t<>madn uma formula definitiva. Seu t^^pirito estava per-
plexo. Quantas vezes nAo lli^ toriuriva o espirito a duvida: Se
i^eriam ai nosufis iui^titalções más, se os homens? t)e volta òe^^m
admirável republica oode n pensador viu em pratica 8ua< idt^as
de liben.afie individual, barmoiiisíando-ae com a forçji collectiva,
comedi nu a tomar corpo em &eu espirito a idéa republicana como
A uniua forma de retiliisar o aeu ideal de govenif .»
Sho as palavras, acima tranBcnptas, de um mflim8:*riptf» de seu
illustrado irmão e gerando admirador n dr. Br^^ss Barbosa da iSilva
Na realidade, desde entAo contrju o partíio rt-pubUcano mais
um adt^pto quo bom ou sua hnodeira, sat^ritícaudo até a vida pela
defeca do^ principio» que adnptr u. >]aiã adiante trataremoA da
parte brilhante e proeminente que teve o dr. Luiz Barbosa da
Silva no partido republicflno brasileiro.
A 16 de Maio d • 1871 eÍ-lo annunciando »eu escriptorio de
advoírado á rua do Rosário n. ST e a 24 de Junho mudando-âo
para a rua Direita ti. 13, onde Juiiccíouava entã.o o cClub Repu-
blicano*, que havia pouco tempo »lii e^tabelect^ra-se eom a tjpo*
graphía que publicava a tRepublíca*.
Já níio âe contentava o dr. Lui^ Barbosa em aasialir iudi-
lídrento o trabalho de bouft correligionários, nho podia limitar
seu papel a simples combatente^ mais preocctipado com oa «pro*
vará&» da bauca de advog^ado que com o rápido desenvolvimento
que assumia o partido republicano.
Agitava-ae a magna que&tào do elemento servil, trazida ao
parlamento pelo notável tiUenio do vi^condw co Hío Brauco, chefe
do gabinete 7 de MarçOj, que entào dirig^ia os npg0L*io* de estado-
Ainda se recordam to^os do m vitLento produzido no paiz
por eese fticto; na interesses particulaies dos grandfs proprieta-
rins protestavam; os mercadores de cgado humano*, na phrtise
expressiva de Torreò-Hocnem, turvavam as a>íUfts dizendo f^e de-
femores da lavoura nHcional, e o comniercio queria cdiíigir a
corrrnte», coutbrrae declarou na reuuiào pnblíca em qae fundou-
se o «Club da Lavoura e Commercio»*
N*eBsa phaae, appareceu um pamjibletista ônprg'ico e pa-
triota que veiu dixer ao pniz a verdade e defender a jufttiça:
*toi Theodoro Parker»; assignatura que tcmítu o dn Liuz Bíir-
boâa dft Silva, quando cumec^ou a discutir eí^ta questào oai co-
lamrtas da «Republica* a 29 de Julho de 1B71« (1)
(1) A «Republica» n. 101. Ànno 1 e »eg.
— 29
Kas p&gínas ardentes, prafundaa e eloqueotea d^eiise pam-
plileto, eptá todo o caracter politico e moral do dr. Luiz Bar-
boia da Silva.
Filho, genro e pftrpnte de muitos iiossnidores de grande
e&cravâttira, tiÃt» trepidou em dar goI|*és prfifundoa n*e8?a insti-
tuiçiio iaíqua, qu© máu ^rado os Martinhoa do Carapost tetide a
deaappareier em breve da sociedade brasileira.
Nfto se julgue que o dn Lyi» Baibo^a surgiu emauripa-
dor, Cf^mo a Minerva da fabulfl, de um momento; setnpre niani-
feMnu borror por eisa triste herauca de nossoâ conquiiitadorea,
6 com seus fiados n cursos peciinisriosi libertava tndots 09 escra-
▼01 quf^ pos^-uia. Ã' propaganda abfiticioniâta didícou-!^e, pois^
eoiJf todi» o €iithiaiiia!^mo e tenacidade de uma for^^a de votitâdo
excepcional ; d'ahi a tua perseverança etn trnbalbar pela idéa
republicana, que apoderou-se com pie ta meu te de toda auii Jndi-
TÍdualidade
Tinha í»fitao 30 annr*, a epoeha da vida himiana em que
0t grandes homens ás&amem na historia as po^it^oes deíinitivaB.
Vejamol-o na imprensa Republicana,
A mudança de «ituacAo politica. efffctua*!a a Ifi de Julho
dfi 18*" J0, produziu varias coisequpticiaa de order* publica em
tmdo o paj:E, O partido lib»-ral «peado do pod»^r, nfto ficou si-
lencioso ; v-iu rt-cnobí-cer, coiiteasar e denunciar os vicios do
•ystí^ma moTieirh*co repiefcntativo. Dessa epocba data a celebra
fnrit*» do senador Nhbuco, que evidencia de modn indiscutível o
itbtoluti^mo que exerce a coroa, sempre dentro das Ti^ian da Con-
BtituicAo org-íjnizada por Pedro L
Os liberaeSf então despeitados, levantaram o grito de «refor-
mia ou revoluçfto» ; sem pensarem que o «lapia íntidico» os
eondpmnariH 10 annoii mais tarde a repreçientarem o mi-smo pa*
p€lif obrigando-OB « pifríirem €om usura em ííenuflexôea os dopstoa
MiradoH por seuft tribunos, contra si e contra os seus, «Comme
les autrea» 1 s-yntbe-te expressiva e verdadeira qoe serve para
nivelar todoi os bonsens poiiticos dos dous partidos monarchi
eoi, ti o segundn reinado.
Ha muito qne existia uo paiz grande numero de republi-
canos, e, Begundo attesta a bisioría pátria, é o mais antipo dos
partidofl nacio.naes, como talvesi dernotistrefoos em outro escripto,
riào bavia, fjorém, nti.a or^ani/^çâo e ainda nào se apresentara
como em 18 TO pnjhuíe e forte.
Muito contribuirão! para issso os mtig^nific-fl arti^roa e pa-
irioticoft Bicriptoa úr *OpinÍSo Liberal» e éo ♦CotTeio Nacional*,
a cuja frente ritiveram os drs, Joéc Monteiro de Souxa, Hen-
rique LimtKi de Abreu, Jo^é Lenndro Godoy de Vasconcellps,
Francisco Kangel PefatutiajC para os quaes coUaboravam talentos
J
— 30 —
notíivi^b como *> dr, Jo*é Maria do Amaral, Urbana Sabino Pes-
íjoa do Mello, dr. António Ferre ir» Jacobina > dr. Antmb Joa-
quim Ribas, 6 t An tos outroB bem Bnbidoã do paíz.
Ainda inafs adiantou a orginisíaçílo do partido repubíiiiano,
crear-se o «Club Rndicnlt em 1863 ; díinJo grande impalso so
movimenío dcniocniticOf m Bwm conferencias populares, feitas
no tbeatro da Pbfinii Dramaticn,
Ein mondo de 18*0, bavía no Tíio de Janeiro, trcj fulbas
Tadicaeg, que propagnvítm íts idúíis rojíublícanas n^fiia ou mcnog
accentiiidainente, Eva^n a «Opinião Líbf^ial». fob a tedacíjão do
dr. Godoy e VagconccIloB e paJro Marcos Nevile; o «Correio
NacionaU doa drs. Henriqno Limpo de Abreu c Francitco Ran-
fjel Peí-tann, c o «Radicfil Académico* redig-jdo por nlguns es-
tudantes do medicina, entro 03 quaes oa drs, Fen*^im Leal,
Manoel Felizardo do Azevedo^ Lopeâ Trovílo^ João da Slatt i Ma-
chado, Ramiro Forte» de Darcelloa, Costa Senra, c muitos yutroa,
todos republicanos, entro os quaía o auctor dcsLo etbo^jo.
Por CíSa oecasiào cbe^^ou do 8:a viaf^em ao Kío da Prata
o notável jornalista brasileiro, Qnintiuo Rocayuva. Logo depois do
Eua f fitada ent^e nós avista da píiuíííjíIo da idéo deaocraiica no
Urasil, Uouve pTojecto de uma lií?a jornalística entre as folhas
radicaes, para quo diariamento fua-c publicado na imprenRa iim
orgam das idér-s adiantadas. Isoladae, perJodicaSj aa ires folíias,
com pequena circulação» nílo tii-bam a foT(;a que adquiririam
nnidaa por um èó pensamento motor o inihjenciadai por ideu-
lidado fio vistai de uma rediic<;í\o principal e commum.
Na reunião convocada para es?e lim, aqne a&sisti por parte
do «Radical Académico* estiveram presentes, 6 leni do repre-
sentante da cj^da uma daqncUas folhai, o sr. B. de Moura, pro'
prietario da «Pátria» e outros cavai heiros; não se reaolveu, porém
cou^ja definitiva,
Mnl lograda cEsa primeira tentativa, procurou-io organizar
um «Club», formado com os homens da ideias democráticas mai»
adiantadas í feitos numerosos convites em Outubro de 1870, reu^
»trani-ge muitoa cidadíloa de todas as classes soeiae^, á ma do
Ouvidor n. 2d cons ituíram-se em asFcmblêa sob n presidência do
t-r. Christiano Benedicto Ottoni, quf? at<; cntfto aínda era consi-
derado ura doA noB^Oi homens ptUiticos sérios.
Trntou-se logo de deliberar o nome que tonií^ria etâo «Club»,
O dr. Francisco L. Bittencourt Sampaio aprefeciUou a idúa e
ftindamentfU bri bantemeníe sua proposta, para que fosso deno-
minado «Club Republicano», poíâ essa era a maioria da opluiÈo
que alli dominava,
Seguiuso lon^a dÍFçu-slo cm que defenderam a mesma ideia
OB drs. Jcstí Maria de Albuquerque Mello, Aristides da Silveira
Lobe, Fedro Bandeira de GotivOa o tulroa cídadftos, sendo ac^
eeito esEo titulo por votaçJko qua^i unanimo. Dedarou se então,
— 31 —
f.ue aqr.ellfs que r.ílo adhcrissein n esse nrofriamnia, ernm livres
de retirar-se, íciii qnc por isso houvesse rciinro ou desar.
De facto, dous ou trcí cavai hoiros auson tiram -se e mais
t.in'c Tavarea Bastos e Urlmuo Sabino Pessoa do Mclio, além
de €fUt.*05, riscaram eurs a^signatuias das listis, conftíccionadas
anteriorinen'e para n fuudaví^o do «Club», nllo.icnudo qufj «eram
radií^nefl, mas nfto republicanos, por ora!» Es as listas auto^ra»
pliicas. Até ba pouco existiam cm poder do sr. Jofu do Almeida,
f[Ue m*as mostrou.
Elegeu-ec uma commi>RÍ\u composta dos srs. drs. Joaquim
Saldatiha Marinho, Chrisiauo Bcnedicto Ottoni, Aristides da
Silveira I.ob.i, Quintino Bocayuvn e Flávio Farncíe, ]»»ra redigir
o notável manitusto publicado a 3 do Dfzeiribro du 1870.
Foi esio immortal documento de ixossa historia jiatria lido
em BC&6&0 do 30 Xovembro o ap]>rovado unnuiiiurmente: a^ritan-
do f.e ncría occas'Ao o ponto de ser ou ulo o manifc-to assigna
do por t)dos os republicanos pres^^ntcs ou só p<*Ios ij:cmbr s da
commissr:o. Xa mesma asscmbli^a dcliherou-^(•. fundnr um or;rnm
representante do ]mitido na imprensa; sn- pendendo sua publica-
ruo o «Correio Nacional» e a «Opinião Libera!»; o primeiro nu*
mero da <T!epublica» nppareccu a 3 de Dezembro de IbTO.
Nfto 6 opporiuao, descrever dia jjor dia a vida da «Kejm-
blica», EUstontada como ortiam do «Club Hepubicaoo», nem é
pnra contar-so agora, quanto facníicio o dedicaçfto custou aos
seus beneméritos tundadores. A principio jmblicava-so três ve-
zes ]>or semana, imprioiindo-pe em uma typo^rai liia particul.nr,
á rua de Gonçalves Dias n. 3:í. (*) A 21 de Kcverfiro de 1871,
estava montada a oíHcina typopnpliica de que o «Club'» fizera
ncqut^içào, á Kua Direita n. 1^^, imprimindo-se pela primeira
vez a «Uepnblica» com material seu.
Por muito tempo aanteve-^e a folba vivendo da dedicação
do seus corrclií^onarios, di^cutindo trdas ns questões em terreno
elevado e pugnando do mndr- brilhante ])plns idéas republicanris.
Jornalistas do valor de <^iiíntino Bocayuva, Aristides Lobo,
Salvador de Mendonça. Lafayette Perelrn, Fl.ivio Farnese, Mi-
pnel Vieira í^crreira, B. Ta^íplona, V. Meirellcs, Bacharel Lei-
tfto Júnior, Luiz Barbosa da SíKm, Prdro Ferreira Vianna, Joaquim
Piret d' Almeida, Zoroastro Piimplona o tantos outros illustravam
81 colarrnas da «Republica» como redactores eb^itos pelo «Club»
(iQ como collaboradorós dedicados á ideia que professavam, tra-
balhando em prol dessa pro])a(;anda.
Oa recursos pecuniários, porém, lulo abundavam: isso fez
com que o «Club Republicano» em tesgao de 1'0 de A^ro^to de
1871, á rua de S. Joec n. 31, onde costumava se reunir então,
tratasse do estabelecer lascs solidns para garaniir-se a vida da
folha.
Entre os tocios do «Club», c.*tava o dr. Luiz BarlK)sa da
Silra, qne fora proposto a 10 de Xovembio pelo dr. Henrique
F
— 32 —
Limpo de Abreu; propoz eB?e distincto patriota tomar a si a
«Rapublicti», continuando a pubireal-a do mes^nio fortnato, pro-
metiendo dar- lhe maior desenvolYimento,
O <Clubí, deptb de loíigo debats, dacidiu transferir- lhe &
{iro[*nftdHde da folha, com todo mnterial typographico. paasaudo-
he tambeto oi* Sf^iis ónus»
Á 1 de Setfmbro aununcíou o dr- Luist BarboSftj qup seria
diária a uReimblica» e cornei; ou a ter o escriptorio da redae<;fto
á rua d'Ajudíi n. 20, ondtí era íiquella impressa deade 25 de
Maio .
Termiuíida esta pequena digressão, em que fizemos retenlia
rápida de factoíi importantes e nt-ceíisíiríoíi, v-jeinoe oa serviços
do dr. Luík Barbosa á imprensa republicana e, portanto, no par*
tido a que pertencia.
Eie BB pHluTTHf! com que se dirigiu ao publico:
«Nuíica um jorn**! teve no Hra^il mais prospera carreira do
qu© a *R«| ublica», Desillus&o das in8tifEÍi;òea gaataa que uos
jesçem, setitimento republic&no ou verdadeira crença na superio-
ridade dos priucipioB da democracia pura, o acolhimento que
recebeu em quas^i todo* oã pontoa do Brasil, o intereàso crés*
cente qu© desj>ertou apesar de periodtca, derflm-lhe até hojô
unia cirtuliiçào effifctiva de 2,000 exompdarps. Eeta aceeitaçAo
admirável em um paiz atbda nHo habituado á leitura e mantido
em grande atraaa de ioBtrucçilo |ielo influxo obecurantíata da
mt^UHrcliiat é a uuica eitplicação do pas&o que hoje damoB,>
Depois de expor o plano adoptado relatiçametite a preçofi de
asd{^naturHS, diz:
*0 seu fito é offerecer aos eapirítos sérios o melíior alimento
po^aivel, e eafttifass^r toda a legitima curiosidade, que cada qual
sente de i^aber do que v/*e pelo mundo, de que sumoi* operário»
collaboradoret^ © a que nos sen timos presos pelo laço da leapon
B!iln1idnde íudividuaí, na mais intima e t^streita solidariedade^
Tudo, porém, que exh orbitar dei-sa eephera eerá rigorosamente
bnnido d^a columnas da «Republica*, oitde jamais por coDside'
rãçào al^cutna, e menoB pelo máximo interesse, ©oconrrar&o abri-
go o insulto, a iniuria, a calumnia, a diffamação ainda Cf<berto«
pela mai» reforçada responsabildado kí^al e menrjs terào echo
os ódios 6 rancores ppgsoaoi> em busca de dea*ibafo ou outra pai-
xfto condemn»yet. Tambera nâo teiiio guarida os annuncios cor-
rfitorea dw serviços de escravos ou quaesquer outros que se refi-
ram a venda ou contractos de toda a ordem sobre captivos A
■Rej ublica» do&couhece a escíavidilo. Inútil é, poisi accescentar
que nào annunciará escravos fugiios e nem praçíis de escravos.»
Para destruir boatos adtede espalhadi s, de que dAo era e6-»
D&o ©phemera a existência da folha, e^^creveu:
í*i A redaçAo dm «RapnMlca* no fl&ta«tt.r« de DâtemUro n Mftlo compoz-KQ doi sn
Arlattdõj^ da Hil«>etri Uoha, dr lligu«t VIoIrA Perrotra. LAfnyeita Eodrlgoet t^onlra^ •
Fedro B. Botaret da }latra]ilãi. - VLd. <fiep.É> Ad. I, o. X ■ Mot. DIt.
— 33 -
«Â cRepablica» está premunida contra qaaesquer eventu-
alidades |M>r algum tempo com certeza, e confia o resto da ac-
ceitaç&o que ha de saber merecnr e sempre e muito dos incan-
sáveis auxiliares que nella enxergam sua arca de esperançai^, o
symbolo de suas crenças, o lábaro que ha de levar o Brasil a
seus grandiosos destinos.»
De facto o dr. Luiz Barbosa da Silva trouxe recursoA pa-
ra a folha, e não engnnou-se confíando o futuro d(« seun aasi-
gnantes que eorrespo> deram de modo brilhante á chamada feita.
De»de então o dr. Luix Barbosa elevou a tira^^cni a 8 (XO
exemplarei, instituiu a venda avulsa, á semelhança do que
se praticava aos Es ta ios- Unidos e na Europa e hoje fass-se
entre nós.
Auxiliado por dedicações cr.mo o dr. Jo^é Maria He Albuquer-
que Mell" n outrfjs, correu proa pt^ra mente o primeiío mrs rja em-
presa e Chdu vez mais cresceram sua popularidade e {lr(*^ti<rio.
Mas o dr. Luiz Barbosa desejava dar maior desenvolvimen-
to á f< lha, e por isso tomou para sócio commanditHrio seu ir-
mAo, dr. Braz Barbosa da Silva, e com esse reforço, mudou suas
officínas typosraphicas i>ara a rua do Ouvidor n. 13'J, ahi i<u-
blicando o primeiro numero a 4 de Outubro de 1871. Tomara
para a redacção o dr. Salvador de Mendonça e para repórter o
o conhecido e activo sr. João de Almeida.
Desde então começou a lucta inerente do dr. Luiz Hnrbnsa
da Silva; a tudo assistia, tudo passava por exame e iisralisação
sua. Desde a matéria politica e principal da folha ati* os an-
nuneios; desde a revisão dos oriçinnes »té a n:mes>a pelo cor-
xeio para os assignantes.
Dormindo muito pouco, pois se era o ultimo a deitar- se,
exm o primeiro a levantar-se ; snlicitado por mil prenccupRções,
tentiu o dr. Luiz Barbosa da Silva, enfraquecer sua ^iiiide.
Cra nessa occasião a tiragem da «Kf publica» de 7. ''CO
exemplares; apologista enthuHfLiita dos hábitos ainericiLuris, or-
ganisrn o plano de prémios a distribuir aos nov(*À hií-í: «guantes,
no valor de 13.C00S000 de réis.
A folha era então procurada e lida eom afun e cu rir sidade ;
tinha entrada na seci etária dos mimstroti, no salão da Prflça do
Commercio, no gabinete do liremto, no escriptorio do« negoci-
antes, dos advogados, dor medi'.-os e na ca^a do op^rarin.
Além dos redactores efiectivos, do^ collaboradores republica-
nos, vultos como José de Alei.car e talentos como Francisco
Octaviano contribuíam com suas joia^ literariHs f>ara a «Hepu-
blica». As bcllas poesias do tr/idtict' r inspirado de r»yron e Os-
sian Bguravam ao lado dos romances Ho critico erudito e (*.<<pi-
rituofo aristarcho que analysava n «Vate Bragnntinn». Os ar-
tigos de fundo escríptos com critério e em e»tvio elptrante dis-
eutiam todas is questões sempre j^ela melhor faço e ein terreno
elevado.
— 3t —
Náo Be julgue que toáo o tempo do dr, Luiz Baibata era
jeâdnado n ^orcQcia da folha ; froquctitemoiito manejava apeiiiia
do redactor e sempre com esito. Artigos conceituosos © qne foram
tomados em con£ÍJeraç5o [lelo governo, escreveu ellc sobre a cs^
trada de ferrro de Pedro II, e ainda sobre outras questões, e^co-
IhcnHo de preferencia o Indo pratico para resolvel-as- Â sntyra
r-âo lhe era extranlia, em occaaiao opportuno, e para exem['lo
lia m-iia de um t'scripto.
N^Q podemoB aqui rememorar tedaa na pagina! brilhantfla
que teve a «Republicu», nesse período, talve» o ma"s glorioso
de su^ vila; era que Quintiuo Bocajuva ia até escrever o
folbetim artístico a Pedro Américo ; Salvadcr de Mendonça
discutia esthetica com o architecto Francisco Caminhoá; Franciaco
Cunha enviava do Rín Grand^ii do Sul os seus primorcsos trc^
chos de propaganda republicana; Aristides Lobo traiíiva magís-
tralmtia'e perante o direito do «Conflícto Allemao» e da «liecla-
maçílo argcntinai ; Lueio de Mcndon<;n publicava fuaa j^rimicias
poéticas ; e Feri eira de Mouciíes oa seus elefantes folhelins ;
isto para nao ciLnr os succulentoí trabíilhos de Bculé, de Labo-
ulaye, de Pernaíido Garrido, de CastcIIar que prcfiucbiam sem-
pre as columnas da «Republicais, i:om matéria iustnictiva e in-
tercsÈante.
NfiO de-cauçava, porém, aquelle cérebro privilegiado ; em-
quanto escrevia ura editorial admirável como o que tem por titulo
Philosop\o OH Farfaníe, (l) a propósito doa festujoa que or^ani-
aavara p um a cbe^ada imperial; publicava um novo plano do
composição typog^rapbica, adoptando certa* ívllabaa o Ictrau
dobradxs, mandando fundir matrizes^ próprias para easemetbodo,
A 18 de Março de 1872 publicou esse plaao, e tendo que respou^
der a alguém, que dída-se primeiro inventor de tal çysteroa,
fA-o de modo vantajoso, e logo publicou outro plano melhor
ideiado, aeguado os especialistas,
NíLo se tem impuaeraente um ezct>Fso tal de vitalidade
nervoaa sem que outros svátomas do orgaiiÍ-4m> siíTram profun-
damente ; nílo havia compensação, entre aa forças qae perdia o
o combnslivel que assimilava,
Forçido a ceder perante o impossível; a instancias da família,
do3 amigoi e por mandado do medico, que também era amigo, o
dr. Fernandes, de sauJosa memoria, retirou-se em Abril para
fora d 3 Rio, deixando a gerência entregue ao dr. Salvadcr de
Mendonça. L^go depois, entrou também para a redacção, o dr.
Ferreira de Menezes, e a^sim foi m^iutenlo-si a RôpMica*
Notava-se, porém, qtie alli faltava a cn+^rgia vivlficadora do dr,
Luiz Barbosa^ e tudo resentia-ge de sua ausência.
Boat^i forjados por infame ? detractores, davani a empresa
como empenhada; de sorte qu© para conjurar isso, declarou o
(Ij V14. Íi*pnllic9 do 2"S de Fevereiro de 187^'. Anuo II, o, 27T.
— 35 —
dr. Luii Barboza na primeira columna da Jicpublira, n 21 do
Abril que cnada dovia», convidando a qiiTn bo c julgasse cooi
direito a qnalqaer pngamoato para apresentar a Bua conta no
escriptorio ».
Por algans dias cc>8aram os boatos: npproximando-s?, porrin
a epocha do sorteio dos prémios aos assignantcs, novas Cassandra s
começaram a propalar que a Republica sus])endeiia a publicaçíio
antes de Maio, nào pagando assim os prémios.
O dr. Luiz Burbosa jil estava fora do I^io, mas tinba todo
seu ser ligado ao andamento da empresa, o diariamente estava
00 facto do que se passava abi.
£ncerrou-80 o sorteio no dia 2 do Maio com o numero de
9.984 assignantes especiaes, e no ciia 3 a empresa annunciava o
nome dos premiados, convidando-cs a virem receber as quantias
que Ibe eram devidas; a todos satisfez integralmente, publicando
os respectivos recibos. Não ce abateu a coragem do dr. Luiz
Barbosa; o annunciou novo sorteio para Agosto.
Nao permanecia inactivo lor fora; jirocurava entro correli-
gionários amigos e parentes, obter novas quotas para custeio da
folha; a saúde, porém, peiorava de di-i i)ara dia. Reconbeceu seu
estado e escreveu a Quintino liocayuva fará que viesse da Bahia,
onde ee achava, afim de assumir seu logar na direcção da folha.
Continuou sempre a occupar-se com toda a saa solicitude
da marcha moral e material da empresa; nus via com trizteza,
que n&o era auxiliado como esperava )or seus eompanbeiros, o
que perdera improficuamente seus grandes e heróico? sacrifícios.
Nào desejamos demorar a penna sobre esto periodo doloroso
da vida da Republica^ para nilo excitar susceptibilidades, nem
provocar queixas.
Desde que o dr. Luiz Barbosa começara a puUiear o jornal
na rua do Ouvidor, como que absorvera todas as outras mani-
feitaçôes do partido republicano, concentrada abi, quasi todo o
vigor dos correligionários.
Foi um erro e um inconveniente, que sentiu-se logo depois;
o partido não conhecia toda a extensão dos sacrifícios do dr.
Luiz Barbosa e mencs ainda sabia das difficuldades pecuniárias
com que Instava para sustentar a imprensa.
Muitos correligionários, aliás dedicados, diziam que o dr.
Luiz Barbosa tinha recursos e que até era auxiliado por uma
sociedade republicana dos Estados-Uuido» !
Elle próprio conhecia esta situação e sabia destes boatos;
em conversa comniigo, mais de uma vez, disse-me: «Quando
perguntarem* te, como se chama a aí^sociação que subvenciona a
Republica, dize que c o c Yankee-Club».
Era grande a acceitação da folha que em menos de um
anno de vida diária, attingira a 12.000 assignantes. Fez-se ne-
eestaiia a vinda do dr. Luiz Barbosa da Silva em meado de
Setembro de 1872, ao Kio.
A 23 do mesmo mes assumiu a exclusiva propriedade e re-
sponsabilidade da empresa, conforme annnncioUi ficando o dr.
Salvador de Mendonça como redacior-chefe, auxiliado pelo dr.
Ferreira de Menezes. Nào era possivel, porém, sua permanência
no Rio ; procurou portanto entregar ao « Club » o deposito sa-
grado que recebera, sem indemnizaçíio alguma.
Este facto bonra o desinteresse do caracter integro do*dr.
Luiz Barbosa. Convocou a reunifto do partido; mas poucos com-
pareceram. Expoz-lbe com fritiiqu**za o estado real da empresa
e pediu cora urgência uma deliberação,
Nào sendo possivel decidir-se a questão com essa urgência,
e sob a prers.^o de circumstancias desagradáveis, decidiu o «Club»,
que ficava-lhe o direito de dispor do material da typograpbia,.
como Ibe aprouvesse, com tanto que salvasse a íolba de uma
morte desastrosa.
Lavrou-se uma acta da reunião, assignada por todos os
presentes, qne foi entregue ao dr. Luiz Barbosa, a seu pedido,
como documento que o justificasse de qualquer accusação futura.
Entrou era corabinação cem Quintino Bocayuva e tran^mittiu-
Ihe a folba qu(^ passou sob a nova pbase, appaiecendo o primeiro,
numero a 9 de Outubro de 1872.
Ao retirar-se da imprensa eFcreveu :
cNa vida de retiro a que o meu estado valetudinário me*
obriga só almejo ser acorapan liado pftla justiça d^aqudles que
me conhecem, e que espero stfírmarão que, ^e fiz pouco, fiz en-
tretanto tudo quanto se podia exigir dos fracos recursos de que-
dispuz alentado erabora pela mais completa abnegação.»
Aqui termina a nossa tarefa de acompanhar a vida da «Re>^
Íublica», a que esteve então intimamente ligada a vida do dr.
tuiz Barbosa.
Ninguém pôde desconhecer os sacrificios athleticos que fez.
o dr Luiz Barbosa, para manter com honra e brilhantismo o
papel proeminente que teve a cKepublica» no jornalismo bra-
sileiro.
Talvez grande parte do partido ignore esses factris ; nós que-
fomos testemunha de vista, do quanto trabalhou aquelle patriota.
a bem das ideias republicanas, trazemos este depoimento sincero,
verdadeiro o desinteressado, para algum dia ser aproveitado pelos
nossos historiadores, para que justiça seja feita ao grande mérito
do distincto republicano paulista, morto prematuramente em ser-
viço da boa causa.
Entregue o jornal a outras mãos, retirou-se para e sitio, á
vida particular no seio da família, cercado de amigos e de seus.
magnificos livros; asMm passou cerca de dois annos e meio re-
fazendo a delicada saúde.
Aohando-se um pouco melhor, peson-Ibe esta vida inactiva^
e resolveu abrir escriptorio de advocacia em Barra-Mansa, visto-
como era-lhe prohibido pelos médicos voltar ao Bio de Janeiro^
— 37 —
 respeito deste nltimo f«eriodo da vida do dr. Luiz Bar-
bosa, seja-nos licito transcrever as eloquentes palavras de seu
maior amig:» e admirador, o dr. Braz Barbosa:
«Âhi (na Barra Man<«a) como advogado, ainda seus trabalhos
sfto con^faltados; era um orncul') e como homem era um semi-
den* e o merecia. S^u espirito crescia com os annos. seus nobres
seiítim-ntos. sna eloquência nunca exc»'didu. tomaram um cunho
particul ir dn trrandfzi de quem se sente fora das paixões e tor-
pesas humanais, e |>rHparado a ser apre -indo pelo juiz do:<juizes.>
Âiiida hoje o nome do dr. Luiz Barbosa é proferido com
amizade e respeito uo município de Barra- Mansa e nos circum-
vixiohos.
Antes de concluir, demo-í-lbe os traços particulares, que
completam esta grande individualidade.
Alto, esbelto, de phji^ionomia expressivamente sympathica, o
<lr, Luiz Barbosa da Silva impre.-sionava de modo »<;radavel
desde a primeira yez que se via. Testa espaçosa, bem confor-
mada, ulhns vivos, rosto oval, todos os traços eram b»*m accen-
tuados e correctos, de modo que a palidez do semblante, reve-
lando uma constituição débil, imprimia um aspecto melancholico
e suave ao dr. Luiz Barbosa. Â voz sonora e agradável, em-
bora fraca, attrahia a sympathia de seus ouvintes
Frequentando ainda a Academia, enamorou se da exma. sra.
d. Emiliana Morae Barbosa da Silva, com quem casou-se a 7
de Setembro de 1861.
Foi esta distincta senhora quem deu-lhe toda a suavidade
que encontrou n • lon^a e cruel enfermidade que o aniquilou.
Deixou apenas dois iilhos, a exma. sva. d. Maria Natalina e
o sr. António Braz, que herdaram seu grande nome, e que têm
a vida exemplar de seu pae, para transmittir aos descendentes.
alarido exemplar, p^e extremoáis-iiino, era typo de bom amigo,
como fora do íilho desvelado e do irmào querido.
Dotado de solida e variada instrucçào, tinha a intelligencia
voltada sempre para o lado útil e pratico das cousas ; mais ac-
eentUttda ainda se tomou esta feiçào de seu caracter, dep(>is da
viagem aos Estados-Unidos.
Franco e leal, nunca soube disfarçar suas o[)iniões, nem
calar as convicções que nutria, foss^ qual fosso o assumpto ou o
o individuo de que se trata-^se; tudo sacriticava ante o direito es-
tabelecido pela sua razão esclarecida e recta.
Delicado, ci rtez e espirituoso, tinha como Dumas, o segre-
do da palebtra, sempre nova, attractiva e interessante.
Em literatura, como em scieneias ])0>itiva3, ora possuidor
de variado e grande cabedal, incessantemente recovado e au-
gmentado pelo estudo e pela leiíura do sua rica e jreciosa bi-
blictheca.
Bahac era um de seus auctores picdilecios, Legou vé e La-
boulaye tínbom giaiido influencia sobro Fuas idcas.
íhilan tropo, como todo grande coraçfto, du?ante toda a vida
deu uumerosos o eloquentes exemples dessa grande qualidade,
deixando em seu testamento padrUo immonedouro dos sentimen-
tos elevados que os animavam.
Tao completo no seu todo, era também livro pensador em
matéria religiosa, ligando A theologia e suas creações o valor
que a sciencia positivista lhes assignala hoje.
A especulaçfto clerical, felizmente, não pôde anniquilar o
documento precioso que deixou a seus filhos e á posteridade o
que ainda o recommenda sob esse ponto do vista.
Eis c';mo exprimiu-se neste assumpto, em seu testamento,
escripto pouco antes de fallecer, e quando já via próximo o
termo da vida.
* Quero ser sepultado sem pompa alguma e enterrado nú sem
lençol, caso seja prohibido queimarem o meu cadáver, como de-
sejo, lançadas as minhas cinzas em terreno de cultura agriccla.
Prohibo que se digam missas por minha alma o que se me fa-
çam encommendações ou obséquios religiosos em que n5o creio
e que condemno como superstição ímpia o esbanjamento de di-
nheiro que se pode aproveitar cm esmolas, que peço aos que
se lembrarem de mim depois de minha morte, as façam em meu
nome ou intençào como so diz vulgarmente. »
Dotado do caracter enérgico; nào atreveram-se os zuavos
de ultramontanismo, perturbarem-lhe a hora extrema, como soem
fazer, uem insultarem-lho a agonia como ao grande Cesara
Zanousky, ou ousaram representar a farça burlesca como fize-
ram com o inclyto Osório.
Póde-se dizer do dr. Luiz Barbfsa da Silva que era um
paulista á antiga; enérgico, emprehendedor, leal, independente
e escravo de sua palavra.
A enfermidade, porém, tinha caminhado a passos agigan-
tados, sobrevindo-lhe fortes hemoptyses.
«O ultimo anno de sua existência, escreveu Quintino Bo-
cayuva, (1) foi por assim dizer, uma agonia prolongada; mas
nesse mesmo periodo, novos estudos, novas combinações, novas
esperanças, illuminavam-lhe a alma. o elle sentia-se reviver,
sempre que tinha occasiflo de conversar sobre o assumpto que
lhe era predilecto, communicando, com vivo prazer, a amigos e
estranhos os seus cálculos e as suas aspirações.»
 26 de Junho de 1875, ás 4 horas da tarde, na fazenda
Confiança^ propriedade de seu sogro, falleceu o dr. Luiz Bar-
(1) o Olobo. Anno II, n. 170. 29 do Junho de 1875.
— 39 —
bosa da Silv.i, perdendo a jaovincia de ?. Paulo, um dís foiís
mais brilhantes talentos, o Brasil uin drs cidndAo& mnis di<rnos
e o jaitído rr| ublicAuo uxEa do suns maia cLaias cspcianç»? c
talvez uma de suas n:nÍ8 fortes ccluninn^.
Felizmente nfto chepou a ver tinta deferçfto vorpc-nlirsa
o nâo teve como F'avio Fnrnese, que o jaeeedera no tiinuilo, de
corar por ler ccníiado em alguns individuo?, formados do sen-
timentos de lacaio e do lan^a dcs esterquilinics impei iacs.
Terminaren.03 ettc rápido , sbo<;o com as palavras quo es-
creveu, ao tra<;ir o necrológio de Flávio Farnesc a 7 de Se-
tembro de 1871 :
«Mês SC não llic foi dado vrr a realização das ^uas mais
cliaras esperanças, sc-u nome abi fíea na iLcnioria do povo, ful-
gido e briibanti) entro os clarões da aurora democrática. >
Quando no futuro o Brasil entrar ia communliào dos povos
livres, 8í?u5 irmHc^, na America, o o partido repuUicaiío levan-
tar o Pantlieon do ecus beneméritos, entro es mais brilliantes
gravará o do dr. Luiz Barbosa da Silva, |OÍs «nenhum barateou
tanto 08 bens da fcrtuna, o tem] o, o trabalho cem inteiía «bne-
gaçào e renuncia de todos os proveitos ];essoaes, crente até sua
ultima boia nos gloriosos destinos da liberdade e da pátria !>
Guaratinguetá, Setembro de 18S0.
Dr. a. C. de Miranda Aziívf.do.
A Serra do Espinhaço
o nome «Serra do Espinbaçoi foi introduzido, em 1822,
na literatura yreof^rapliica pelo fundador da geologia brasileira,
Guilherme vou Eschwfgft lí), como denominaçAo compreheusiva
para as diversas unidades orograpliicas que formam um grande
divis ir de aguas entre *>s rids que desaguam directamente no
Atlântico e os que deiiaguam primeiro no Uruguay, Paratiá e
S. Francisco. Conforme o us» moderno, e de facto conforme o
u>o su^»sequent« do próprio Eschwege, esta denominação tem
sido limitada á secção de^te divisor de agmis que corresponde
á bacia de Sào Francisco, sendo conhecida pflo nome de SerrA
da Mantiqueira a maior parte da correspondente á bacia do
Paraná, «o passo que o rest • desta secção e a correspondente á
b?)cia do Uruguay são c« nsideradas como pertencentes á Serra
do Mar. O nome assim limitado, bem que roubado de muito
da sua importância e pripriedade primitiva, é applicada a uma
feição orographica bem saliente e distinguida por especiaes ca-
racteris ticos topographicos, ge lógicos e tectónicos.
Algumas das feiçftes topographicas e geológicas mais dis-
tinctivas d««ta s^^rra foram bem discriminadas por Eschwege nas
descripçòo^ detalhadas das suas diversas viagens nos districtos
aurift ros o diamantiferos (2) comprehendidos na secç&o que se
estende de Ouro Preto a Diamantina, sendo que a existência
de ouro (í diamantes è por si só um dos principaes caracteristi-
cos da serra. Assim elle notou o contraste entre a maior ele-
vação mé ia (1000 metros, mais ou menos, com picos que fe
elevHui Mté 15'X) a 1800 metros), o caracter geral de planalto
com u\\ griíis Íngremes, o aspecto descalvado e áspero dos picos
e 1 «uibadas menores, o seu alinhamento geral no rumo N — S.
e a p»ei>ondcrancia de rochas siíhistosas, (especialmente schistos
quarizosos e feriuginosos; e também a altitude menor, topogra-
]>hia mais suave e apf carentemente sem systema («como um mar
de aivoredo batido pelas tempestades») e a })reponderaucia de
rocbas ciAStallinas (])nncipalmente gneiss e granito) que cara-
cterizam as zonas adjacentes, particularmente a que íica para o
lado do leste. As feições tectónicas da serra, pelo contrario,
imo for^m descriptas j)or elle, nem pelos seus successores. (*)
Cj ! !ichwoí;e tinh» orna hypothese eepecÍAl, chimico-crystallina, a respeito do
modo de formaçAo da« rochas qao no eea tempo eram conhecidas pela deoominacAo de
"prtaiitivas", que vem exposta detalhadamente na p. II et $*q. do seu Oêbirgtkundê.
— 41 —
Em virtade da 8ua riqueza em ouro e diamantes a secçAo
meridional da serra, de Ouro Preto a Diamantina, tem sido ire-
queatemente visitada • descripta com tentativas a dar uma
ideia doi bpus característicos geo1o^ico$«, mas, com a excepçj^o
dos escriptOB de Eschweg»* (l, 2), Spix e Martíu:* (3), Ilelmrei*
chen (4), Henwood (õ) e llus>ak (1 ) pouco sh encontui lui lite-
ratura um tanto volumosa (comparada com a referente no resto
^o Brasil) relativa a esta rej^^ifto, que. do ]>onto de vista geo-
lógico, seja compiehensivel, ou que o ^endo, tenlia vulor per-
manente. Ar outras Keccòes e as re>riôes a cada l.ido ^ào qunsi
uma tetra incógnita, tanto d<> ponto de vibta topou rujiliico como
geológico, e. corar em todas as "Utras partes do Hrasil, a falta
de bons roappas é um obstáculo quasi insuperável para estu-
dos geológicos dctalbados. O e^boço (jue or^an i/.'i mos é baseado
oas observações ieitas em poucas excursões raf»idas nas regiões
auriferas n diamantiferas acima mencionadas, um exame parcial
e apressado da secção diamrmtifera da serra no Estado da Babia,
uma viagem no Kio Sào Francisco e o seu tributário o Hio das
Velhas e uma excursào na |)arte média da b;icia do Jequiti-
nhonha, a qual. prrém, não alcançou a mar<rem oriental da re^iílo
da Serra do Espinh-iço As ob-ervações que podiam ser ftjitas
nestas ex^*ursõc8 rápidas sào manifestamente insutlicientes f»ara
mais do que um ligeiro esboço da regi Ao.
A serra do Espinbaço, como agora so entende, o< ns^titue
uma zona de largura de 50 a 100 kilometros e da elevav^o
média de mais de 1000 metros, caracterizada por feições topo-
g^phicas ásperas e elevando se com niarirens abru]>tas unias
centenas de metrrs a'ima das reíriòes mais baixas e de t^po-
graphia mais luavr de cada lado. Klla se estendo com paralle-
lismo quasi perfeito com a linba da costa e com o curso do
Sào Francisco (acima da grande volta de Cabrobó), e com a
orientação tieral de norte, desde cerca de latitude 20*" 30' até
cerca de latitude 9 , onde o rio S^o Francisco, depois de ta/.er
uma volta brusca para S. E., corta p< r c:la, ou m.-iis provav*íl-
mente coire em redor da sua extremidade se]>tentTÍonal. Em
toda esta extensão de ma s do K^OO kilonictr» s esta z« na forma
a beirada oriental da bacia de Sâo Fram-isco (|ue nccbc a dre-
nagem da sua paite occidental, ao passo que, a da parte orien-
tal escoa directamente para o Atlântico j»eloB rios Doi-e, Jeque-
tinhonha, Pardo, Rio de Contas, Paraguassú, Itapcuiú e Vasa-
Bntre eitu rochas elle Incloia, como uma se^nda (1ivfi>.1o. as camadas areno^.ns e ar-
gitloiM da Berra do Rspinhaço Como, por esta hypntlicsiR, nJío aiinittia 'Mitrc ellas
uma raccenfio de sedimentos. lifto t<rnt<>u feubdividil-.is em !4LrItí-> o re.sulia<lu raais
infeliz deste ponto de vista foi a ruuniSo de to<Ias a^ rocha:; quart/osas da r>'^i.lo
debaixo do nome içeral de «itacolumito* <|ue tem :>ido um p<>^'l(ll>lo p.tra us nstudun da
geoloçia brulleira. tíenún um hniúVi^^imo obi>prv.iiIor ;:eoli<i;ico. (llc n.lo deixou de
notar, entra as rochas assim deDominadaa, evidcnciat» d(> duaiii s<.tíos nâo confurmavoi^i
entre sU mas, retido pela sua hypothese, n&o deu a esias ohservavOcs a bua devida
iaporUncla.
— 42 -
barris. Na parte superior das bacias do Eio das Velhas, Jc-
quetinlioiíba o Paraguassú, e em gráo mooor na do Rio de
CoDtas também, os cursos de drenagem correspondem approxi-
madamento com a orientação N. — S. da serra, e, dop<Í3 de es-
capar delia, o Rio das Velhas o o Jequetinhonlia correm por
nma dis-tanci» considcravol cm parallelismo geral coru as suas
margens. Como ccrtiis feijões da estriictura sào mais apparen-
tes na secção septentrional do que na meridional, ha convcuieucia
em fiizer o nosso exame do norte ])ara o nú.
O Sao Francisco a uns oitenta kilometros abaixo do Ca-
brobó, onde seu curso muda do N. E. j)ara S. E , oiitra numa
zona constituída por grez, que fica na linha do prolongamento
da Serra do Espinhaço comquanto soja duvidoso que deva ella
ser incluída naquella cordilheira. E^ta zona se exteude desde
a foz do pequeno rio Pajahú até peito da giande catarncta do
Paulo AfFonso com uma largura, ao longo do uma linha E.— O.,
de cerei de 50 kilometros, ao passo quo a alguma distancia do
rio a largura parece ser muito mai-r. O rio quo acima desta
zona corro sobre um leito de gneiss e granito, entra na de
grez na elevaçílo de cerca de 330 metros e a deixa com a de
cerca do 300, para outra vez correr sr»bre gneis?, granito e
syenito, nos quaes tem excavado um profundo canoi que con-
tem uma das mais uotavei') das cataractas brasileiras. O grez,
jiortanto, jaz por cima de uma base quasi horizontal do r-^chas
cryètallinas truncadas, com a elevação média de cerca de 300
metros, c eleva-se em taboleiros o lombadas achapadas a cada
lado ate uma elevaçfto quasi egual, ou seja COO metros acima
do nivel do mar.
O grcz é regularmente duro e geralmente de grho grosso
com hvqueutes inclusões de s.íxos quo em alguns leitos eo
tornsm bastante abundantes para constituir um conglomerado.
A rocha ó frequentemente argillosa e ap: escuta leitos delgados
de Echisfo marnoso nos qunes encontrei cm dois pontos, (Atalho
e Angico, cerca do seis kilometros distantes um do outro) ma-
deiras fosEcis, cyprides o ossos, escamas e dentes de peixes o
reptis. A pequena ccllccçào feita nestes pontos foi infelizmente
perdida, mas na occasião de fazel-a tive a forte imprcEsfio de
uma relação intima com a fauna cri;tacea do agua doce dos ar-
redores da Bahia, sendo esta impressão baseada no aspecto ge-
ral dos fosseis o especialmente das escamas que identifiquei
como Lepidotus. Nesta connexAo é para notar quo os afama-
dos peixes fosseis da vizinhança de Jardim no E-tado do Ceará
(inclusive uma espécie de Lepidotus) se acham na distancia de
cerca de 200 kilometros para o N. E. e crn frente da base
de uma chapada de grez que so pódd presumir ser ligada cem
a da margem do São Francitco. As camadas de grez parecem,
a primeira vista, jazer em posição horizontal, mas em diver*
8C8 pontos 80 observa uma ligeira inclinação (raras vezes maior
— 43 —
de 10") para o noito, iiào se notiiiío, porém, indícios certoj de
dobrameuto dos estratos.
jfi' portfinto duvidoso so o rio SAo Francisco njiicsen ta u' st a
zona uma secç.^io trnnsvcrènl dn Sorra do Espinhaço ou nAo (V);
mas uma Eecçfto induVitavel v a] rcseiitada pela Oítrada dot ferro
da Bahia ao Sftn Francisco qu^í a atravessa ]>crto da cidade do
Bom Fim, on Villa Nova da Hainlia. Â estrada partiujo do
DÍTcl do mar, na Bahia, corre por 122 kilonictros no rumo «rcral
do nordeste ate Alagriuh.is, atravpz de uma rci^iào coiistituida
por camadas molles do edadc cretácea e toi ciaria que foi bem
dcscripta por Hartt, líathbun o Derby (li, 7). De Alaijroinlias
para diante a estrada corre no ri;ino ^eral de X. E. ra distan-
cia de 452 kiloinetro?, cruzando a zona da Serra do Espinhaço
entre os kilometrcs 3.0 e 370 cr m a cota niaxinn do G8:( me-
tros, terminando em Joazeiro na cota do 372 m-tros, g( ndo a
estaçAo terminal pruco elevada nciína do nivel daa enchentes
do rir. Numa excursfto p(r esta linha jiuie fazer as se«^nint('s
observações da janclla do caro.
Sahindo de Alng^oinhas a estrada sób) per GO kilomotros
sobre camadas horizontaes do grcz moUc aNí a elcvaçíli do 40lí
metros. Ate a cota de 200 u:ctros as camadas silo bastante ar-
j^llosas e aqui se apresenta um horizonte nquif* ro que ])rovnU
mente denota uma mudança na estratificação, visto que as ca-
madas acima desta cota &ho mais arenosas c porosas, sendo em
geral fortemente coloridas ])or oxido do ferro o no jreral com
um aspecto differcnto do dns camadas de ba xo. No kilometro
29 (cota 281 metros) perto da estaçílo de Uruçanguinhas eneoa-
tra-se num corte um schisto molle ocraceo contendo follias fosíeis
hellamcnte c rseryadas. Collecções destes fusíveis furam remctti-
das, ha annos, aos especialistas Sapota e Ettenhausen mas infeliz-
mente ambos morreram antes de davp aracer sobre elh s. Consta,
]K>rém que furam consideradas como representando a j-aitc superior,
(plíocena) da edade terciaiia. A face occiJental desia chagada
terciária apresenta a espessura de cerca de 80 in^tro?, appnre-
cendo o guci&s no leito de um ribeirão no kilometro 8") na cota
de 322 metros. Deste ponto até Jacuricy (kilometro 245) a
estrada cruza um planalto da elevação [^eral de cerca do 400
metros diversificado por serrotes e lombadas destacadas. A coberti
do EÓIo ó geralmente delgada apresentando-so abaixo delia rochas
gneissicas e granit ca?, dm estas apresenta-sc em extensões
consideráveis uma rocha preta schidtosa que se presume ser
fchisto micaceo ou amphibolico. Uma parte consiJeravel deste
trecho da estrada corre pelo divisor de r.gua entro es rios Pa-
ragnassú e Itapicuní descendo depois para o valle deste ultimo.
Ao oeste deste trecho relaii vãmente nivela'lo eleva- so a Serra
de Itiuba, uma lombada abrupta de granito vermelho com a
altura estimada de 800 metros. A estrada a atravessa numa gar-
ganta com a cota de 437 mctrcs e desce para o rio Itapicurú
1
— 44 —
nf» kilfunétro 230 na cota de 354 metros; e entUo sobe sobre
gneiss e g^ratiito até a cidadn d« B- m Fim (kilometro 320, cota
548) na fra^dn da Spíra Ho E«pinbaço. Na subida para o a! to
da fçarí^atitíi (kilometro 355, cota 683) os cortes apr^seEitam
granito afé o kilometro EâB on Je eomf^çAm a a^^parecer qaartzitoA
que Ci>ntÍauani, c ra algumas ioterrupçòefi de granito, ate a ee-
tacão de Àng;icoB (kilometro 383 cota 4BT), que éIcr um pouca
além da b/istí occideiitnl da Serra, De Ati*^icoa até o fim da
estrada mi» Joazeiro exteude-se uma plani(.'ie gradual monte incli-
nada e tão pouco acci dentada que a estrada tbi coD^truida com
uma i^Hi^entf! d« 60 kilometros. Serrote» destacados de g^neias,
g-ríiuito e quurtzito ae elevam brufecameute acima do uivei geral
uniforme. A» rochas que *e avistam desde a base da Serra do
EBpiíihaí^o até o kilnniBtro 391 (cota 490) s&o gueis^ e i^rauito
com alguiis aflí-ramentfis de quartzito Dei^te ponto até o kdo^
metro 430 (cota 490) a roeba ^up**rfi,'ial é um cílcareo esbran-
quiçado em camadas borizontjiee e de poncoã metros de espeséura
apenau. O f specto deste c.(learf*o é o de uto depoaito de agua
doce e bem qu*í tiào pude encoutrar fotaeif neile, presumo quô
seja de ediíde terciária ou posBivetraoute quateniHria. Um caleai-eo
Bemelbante ae opreíeota miiis rio acima oa vÍKinhança de Cbiqae-
Chique ond« parece cobrir uma área couBideraveL Ao loogo dos
ultimoB 20 kilnmetros da eatrada reapparecem as rochas gneis-i-
caB e granitlefla.
Uma excursão recente Da regiào diaiinantica da parte superior
da baci * do Para^aassú roe deu occaâiào de eia minar a ãecçãõ
caracteriatica do vwlle deste rio. A TÍagem fui feita ]iela Es-
trada de Ferro Central da Bailia ati^ a eetaíjâo termiaal de
Bandeira de Mello, situada cerea de 100 kilipmetros, pelo rio,
ao leste do ponto onde encapa da aerra, em Passagem de Anda-
raby, sendo o resto da viag-pm feito a cavallo. A estrada de
ferro sslúndo de Sao Félix, perto da foz do ri^^j eleva-se inime-
diar^iaente com um decli%'e fV^rte até o a)tn de um planalto de
gneiss com a ele¥a(,'íâo j^eral de 200 a 300 meíro8, sobre a qual
corre em rumo parallelo ao rio e na diatancta de cerca de 20
kilomefroe ao buI sté o kilometro 165 onde encrntra outra
veK íi rio e o s^^gue até a eõtaçílo terminal no kilometro 259.
O planalto gneissico é notax^elm^nte nivelado, porém diversificado
poT st-rrotes isoladoa que pela maior parte parecem conipt^sto* de
granitf», rocha esta que também í*e apresenta em numeroBOB la-
geados que nfto se elevam perceptivelmente acima do nível geral
da planicie. Salvo na parte oriental, em redor das cabeceiras
de um pequeno rio que corre directamente para o mar e que
apparentemente i-e acba nunm ropríàn de chuvas abundantes, a
coberta d^ sola é muito delgada, « mintasi ví^zoa falra completa-
mente. Tanto uis&o como a respeito do nivelamento geral da
superfície, a parte Occidental desta planicie, como acinm deseripta
ao longo da estrada de ferro do S&o Francisco, parece < Êferecer
— 45 —
mn bom exemplo de formação, sob condições áridas, de planícies
yelo truncamento de e8trat^^ inclinados que normalmente deviam
aprefentar relevo forte. {*) A secçào qne acom|>flnba o rio é
egualmeute pc>r cima de gneiss e jrranito que se elevam umas
centenas de metros acima do rio, e aqui o viajante nHo pôde
formar ideia exacta da- feições topogra^hicas da rep&o que
•trave&sa. Parece, i orem, que é consideravelmente mais elevada
do qne a da primeira secçào da estrada, â entaçào terminal,
Bundeira de Mello, acba-^e cerc4 de 300 metros acimn do nivel
do max e no moio de morros de gneiss e i^ranito qu» se elevam
outro tanto acima do rio.
Cerca de 20 kilometros ao oeste de B.-nideira de Mello en-
contra-se a margreni de uma re^iAo de rochas i-edimentarins que
inelue a totalidade da bacia do Paraprunsf>il acima deste ponto.
Junto ao rio esta regíAo começa na ]>ovoaçAo de B(>b(doiiro com
uma escarpa de grez e calrareo que se eleva un-i 250 metros
■cima do rio até um planalto da elevaçAo média dn cercu de
600 metros. A alguns kilometros ao oeste desta escarjm eleva- se
um outro planalto de gr»-z até a altitude média de 1000 metros,
ou mais, constituindo a ?erra d • Espinhaço propriamente dita,
ou como é abi conhecido, a < hnpada Diamantina. Ao norte do
ParaguasBÚ a margem da serra é assigiialada |:>elo rio Sào José
que escapa delia próximo a Lenções e c^rre ao loniro de sua
base. Ao sul Ho Pa1ag^a^fiú esta margem faz um cotovelo de
alguns k>lnmetrt 8 até Mi cambo, a^sim causando unpi grande
volta no rio, e dahi extende-se para o sul uma lombada alta
enti^ os pequenos ri< s Piabas e Una. Esta parte »»uj>eri« r pe-
diroentaria da bacia do Paraguas^ú apresenta a f('>ríi>a de um
rectângulo cujo maior eixo é dirigido no rumo de X — S, vendo
auim perp ndicular ao rumo ger«l de O — E que caracteriza as
partes média e inferior da me^sma b;icia. E' caracterizada topo-
grapbieamente p r valles secundários orientados de puI ao norte
ou de norte ao sul, aos quaes unem as suas aguas abaixo da
Passagem onde o galho meridion»! sabe da serra num caúon
profundo e onde o valie principal assume o rumo geral de oeste
para o ler te.
A estructura geológica do piimeiro e mais baixo ].lanaIto é
bem exposta no caminho entrn Bebedouro e Mocambo. Na pri-
meira destas localidades uma bella escar|>a se eleva bruscamente
da margem direita do rio até a altura estimada de 250 metros
n V£de uma divcnssAo de denudaçfio vab-«ere« num clima árido pelo profeMor
W, H. PaTis DO Journal of Gtoloijjf, n. .\ \W\U. K»ltiim dadus posilivoi* » re^ípcito da
ohOTa BDODal média nos di»tricto> aqui conti«leradr>y, ma» é qua>>i certo qae ó do menos
de va metro e qae o minimo é frf-qnentompnte mcno^ de melo metro. Com n oxcppçio
do Pa^Bg1las^& e do* enrtos de a^na na lEnna da Serra do Rspinhaco, tndiis a» correntes
■ieeam, ou flcam rednaidas a orna linha úv poços, durante muitos niczczt de cada anno
O ellma pôde, portanto, ser considemUo como semi- árido oa sab-bumido conforme a
Mneaeiatara dos mcteorologisus nurte>americaoos
1
— 46
e extende-Bô pam o tul atú ondn alcai^n a vista. A sua baao
é composta de um grex grasaeiro avormelliado, om camadas lio-
tiíontfles. Seguindo um ttillio qtia so afasta do rio i>or entre
oj morro?, vê-s© que o grca so í4ova iiin líiia 20 íntstroa iiclma
do ri(f leiída na parta suporinr iutereallaçõea de Sí^hí^to micaceo
c arenoso. Tia eiitAo uma iiit^rrupçào na bccçSo lepreictxtãndo
iiin intervailo de cerca de 40 ui?tros, e dtípciá um maííuifico
paiedáo do cfílcarao abulado rm lag-c^ finas troni a alttira dô
cerca do 40 melro?. A] gruo 9 dos Ititoa do calcareo coutem muitos
nódulos silicose s que, ficando con^f^rva Jos quando a rocha ^e
dí^compòe, fornecem um meio do rocoubccer a sua existência onde
escondida por uma coberta do tólo. Na cacliocira do Funil a
6 kilometroA acima do Bebedruro uioa escarpa semelhauto se
apresenta no lado esquerdo do rio o Ee ex tende para o norte.
Abi SC vê qiio a bas^e do grt-z consiste, na espessura de al|?iinf
metros, de conglomeradc^ grosseiros contendo seixos de gncisj e
granito. Em um pontj abiixo da cncboeira võ*se o conglome-
rado jazendo sobro granito. Da cachoeira a estrada fóbe por
uma encosta coberta com nódulos silicosoa até o alto de uma
chapada conhecida polo nomo de Sorra das Araras que, conformo
coDstn, termina á beha do rio rum paredAn do calcareo. No
alio desta chapada o aneróide indicou a altura de 575 metros.
Pequenos nHoramcntoi de calcareo so apresentam na descida da
chapada no lado 0CL:Ídenial para o rio UnSi onde logo ab^iixo
da poutc ba um ou Iro paredfio de cnkarco com a »!Èwra de 35
luetrOB. A 9 cimadas aqui, carao cm Bebedouro, t**m uma ligeira
inclinação de 5' a 10' para o oraste. Na ^ubi ín do rio Una a ésti'ada
paitsa por uma espessura do cerca do 100 metros de cornada acima
do calcareo, maa nenhuma rocha se aptogenta ni silu» Os nó-
dulos silicosDS EB aprcfeutnm «oitos cm ti es Kouas distíuctas,
dando a presumir que í.s rochas subjacent^a sr^jam scbistoi e
grex com jn terçai bçôcs do calcareo.
Uma bu-ca diligente em procura de fosseis ficou sem resul-
tado, tanto em Bebedouro eorao no Rio Uua, bem que o calcareo
parece bastante favorável paia os conservar. Consta que existe
calcareo na r^giAo da* cabeceiras do líio Una e á de presumir
que o Tallo deste rio seja occupado qunai excluaivnm nle por
etta Eèrio de rochaí*, que lambem se aproaenta ao norte do Pa^
raguaçfcú na parte baixa do valle do Santo António e na do
Utinga na vizinhança de Pegas. Tanto quanto se pode obscrv&r,
esta serie apresenta de 200 a 250 metcos do ospessura e é ea^en-
cialmento sem pcrturbaçõcst ou, cm todo caso, muito menos per-
turbada do que a eeric quo caracteriza a 7, na adjacente da Serra
do Espinhaço. Cerca da quarta ]iarte desta espessura, e talvez
mais, è composta do cnlcareo que i\ caracieristicaroeote silicoso,
pelo menos em muitas dns snai camadns.
Entre Mocambo e Fnas/igem a ctrada patsa, com a eleva-
íjilo de GOO motroi sobre uma lombnda que para o sul se eleva
— 47 —
consideravolmeuto. Oa afloramentos das rcclins sAo youco sa-
liiíactorias consistindo cm groz, ora horizoutnl, ora com inclinação
moceiadn para o leste on para o oc?te. A làccçAo ao lon^o da
estrada parece ser a da < xtrecLÍdade expirante do uma dobra
qne, ao sul, forma a lombrda alta conhecida })eIo nome do ^erra
CO Sincoin ca margem oriental do planalto da Serra do Kspi-
nbaçn. C.nfírma ctta inter])r(^taçAo o aspecto do nina càtriictura
syncinnl qne, olbando de longe, se percebo no vall« do rio
riabas no flanco occidcntal da bupposla dobra.
A frente da Serra do Espinlnço, entre Cbique-Chique e
Lençócs, é crnstituida por uma F<^rie possante do camadas de
grex qu^ se inclina ao oesto com o angulo do cerca do VtO° e
se eleva desde a clevaçAo mínima de o30 metros no fundo do
vallo em Pnssagom á de 110')- 1200 metros na crista d^i serra.
Passando a crista La estrada de ChíqnoGbiqiic jiara Santa Isabel
observei iircas em que o grez se apresenta em posií^ào horiz-n-
tal e outras em que se inclina par<i o oesto. Observei também
inclinações para o oesto ro norte d^^ L^nçócs na estrada para
Palmeira o em redor desta ultima localidade. Os detalhes da
e^tructura nfto podiam ser detf*rminado?, mas é evidente qr.e
abi um grande lençol de grez acha-so e«uurvalo em largas do-
bras anticlinaes. Áo que parece a dobra principal do districto
começa com uma extremidade estreita ao norte de Lcnçóes e
alarga-se para o sul para depois se estreitar outra voz na vizi-
nhança do Santa Isabel onde se ronfunde com outras dobras.
Os vallcB combinados do Sào José e Chique-Chiqiio fornm ex-
cavados ao longo da orientaçno das camadas su])erior(-s mais
moUea do flanco oriental desta dobra, deixando exposto um gru-
po de camadas mais duras, quartzitic^s e congiomeriticas, que
se apresenta perto do meio da seiio. O memoro mais saliei(.te
deste grupo ê uma camada espessa do conglomerado grosseiro
que é ci-mantifera e, em consequência da disposição topogra*
phica dcs estratos, toda a frente da serra desde Lençúcs até
Cbique-Chique acha-so maiciída por uma linLa quasi continua
de lavrai, activas ou abandoiadas.
Sobre a superflcie do planalto que, como já flcou dito, apre-
senta a elevação media de 1000 metros ou mais, o lençol de
grez acha-se muito fragmentado em biocos destacados como se
pode ver nas diversas photographias e na vista da cidade de
Santa Isabel portoncentes ao dr. Henry Furniss, cônsul america-
no na Bahia. As margens e!>car|as destes blocos e outros pho-
oomenoi no dístricto sAo, as vczcít, suggrstivos de falhas, mas,
for mais importantes que fossem e^tas na croduc^ilo de feicçòes
menores, é evidente qne as princi])aes feições tetonieas da re-
gião tem sido produzi ias por dobramento e denudação.
O lençol oe grt-z, cuja espessura se calcula por estimativa
em 400 a 500 metros, consiste cm uma parto inferior averme-
lhada cem estratificação em lages (que se vô bem nos morros
'I
— Í8 —
em forma <Je Vocoa em reííor de Santa lasbel) Buccedida por
um eong^lomt-i^ado grosfieiro, que pasta a um grea eabrouquiçado
com seixoa eaparsoB e com manchas « If^itos de coiji^lomerado e
finalmt^nte a um ^es arg-illoso e a »chisto& areno»OB> O colí^Io-
merado, onde viBto em cnotacto com o ^rez avermelhado infe-
rior, contem ^andpfi írap-mentog desta rocba que indicam um
intervallo de ti^mpo € nma ínconfi imabilidade, pelo menos de
Buperpo^içãf^ entre oa doie. Álsunfl doa leitos de g^rez loajn aci-
ma do rongiomerado fàn muito duros e quartzi ticos, porím no
^eral ftmbo» o» membros da serie &ho nài)-meramoiphoBeados,
O membro mferior pode i ornar n nome de «í^ropo de Para^aas-
8Ú» viBto fier eapecialniente bem drpen volvido na vl^iiihanva d©
Santa habd (ou Sâo João) do Pariígna^sd O membro suf>erior
pode cora propriedade ser denominado o «grupo das Lavras* via-
to ser o Bi*ií men^bro conglomeritico o principal, senfto o unjco,
repositório dos diamantes qoe tem dado o nome popular de
«Lavrais* a tc^do o distrcto. A espessura do ^rupo do Para-
guflssii pôde Ker estimuda com precisão approximada em cerca
de 250 metros ; a do grupo daa Lavrai nào pode ser calculada
com a mpsnia preclsáo, mas é provável que beja proximamente
egual.
Com a e^scepçào dos fracrmí»nto» ã*^ grew acima menciona-
dos, OB (ieixos do cf^fflomerado, viívtos por milhares em centenas
de metros quadrados de fracturas limpas que lhes atravpsam,
sfto excluBÍvíi.mHnte de quíirtztto. Represeotíun uma ícarmação
mais antígiij a ser mencionada msis adeante, que Be apresenta
em outias secções da Serra do Fspinhaço, o qu^ pre^umiveU
mente ^e npr^^senia lanibem na sec^Ào íiqui considerada «o oeste
da região aqni defcripta. À parte central da cordilbeira nesta
secçÃo o a rtifíiào ao oe«tf^ delia tSo muito imperfeitamente co-
nbt^cidaR^ mas a occuirencia de lavras de diamantes em div^eraos
pontoa j lia ti fica a preaumpçào qne o colibri orne rado das I avras
rec rrti frequt*ntemeiite, em viriude de dobramontu, sobre grão*
de pa te delia. A rnais orcide.ntNl d^sUs lavras é na Serra de
Asií^uruá, umn lombada destacada perto do rio São Fraociseo,
Burton (20), que a visitou, menciona a occurrencla de um con-
glomerado ^rofseiro que elle comparou com o Velho Gree Ver-
melho da EscoBs^a.
Uma outra sccçíto íntermeEÍiaria ©titr« as dna» acima dee-
criptas, atravez da^ corditbeiraB e das reg^íõt^s adjacentes de cada
lado, è dada numa nota interi ssante pelo Br, J. A. Allen pu-
blicada por Bartt na sua obra intitulada Gmdogy and Physical
Géf^graphy tjf Brazil O sr, Allen viajou de Chique Chique a
Bahia via Jacobina e assim iin% cem kilometros ao sul da pri-
meira linha aciraa descripta. O seu perfil dos caminhos s ea-
boçoB de paisagens carwcti-nsticos diio uma excell<'nte ideia das
fei^;Õea topograpbicas desta parte do Estado da Bahia. EUe
descreve a sua linha de viagem como eon^illtindo easenciatmen-
— 49 —
te de tres planaltos distincto?, a sabr: um de calcando ao ooste,
um de (Erres na r<>giào rentrNl (ou ua da Serra do Espinhaço),
e um dtt gtieiss ao lei^te. Este ultimo apresenta um aspecto
BOtavelmeote nivelado, sendo np parente mente de altitude quasi
uniforme por toda parte mas diver<iiíicado por serrotes isoludos
qae he elevam bruscamente hcimN do nivcl pTal, como be vô
BC esboço jnnttf. A coberta do f.ólo é d«'Is:ada e muitas vfzes
eompletamentfl Ausente F>obre áreas de algumas hectares em ez-
tensfto. f*) Xa zona da serra um «rrez horizontal dá ori«rom a
uma bella planície campestre que occupa o alto do divisor das
a^as. Para o ladf» do leste esto taboloiro desce Abrupta tnen te
em paredões verticaes ao terreno pneissicn maia baixo, porôm
para o oeste o declive é mais g^radual para a ]i]aincie calcarea
e arrMvez desta ao rio Sfto Franeisc . Sobre a superfície ^e-
nlment»^ nivelada desta ultima jdnnicie elevam -se pináculos ir-
regulares e serrot«>s baixos. O caloareo é altam*'ntc inclinado
e em um logar foi visto jazendo em rstratifícaçAo discordante
em baizo das camadas hori/ontae» de ^rez que sh extenderam
para o sul como um grande soalho nivelado. Perto da base
Occidental da serra o caminho passou ].or dois grandes morros
liitrados com ftedemeiras.
Em vista das feições to}>ogra])hica& geraes da zona da Ser-
ra dn Espinhaço seria natural ]>TeMimir que o lençol di- grcz da
regiAo de Jacobina devia ser conf^iderado como o prolongamen-
to pira o norte do da bacia do Paragnassú, o qual am o ^eu
conteúdo caracteristico de diamant^-F, 8(* extende rcrtanionto i>nra
o norte até o Morro do Chapío, ou cerca de dois terí,-(»8 da dis-
tancia entre Lençóes e Jacobina. Neste caso CB*e lençol fícou
lem dobras na parte septentrionnl desta zona. bypothese e^ta
qne parece pouco provável ; ou as evidencias de dobranu-nto
eieaparam á observação do sr. Âllen, o qun também pnece pou-
co provável, visto qne o seu esboço c<>nfírma a sua d('S(;ri]>çAo.
De mais a mais. existem na região caiiadas nAo pprturhadns de
grés em distancia que nào c maior do que a de Lenço-'» u Ja-
cobina, c^mo se vô no esb ç«t junto pelo dr. Tlieodoro Sanifiaio
de nm taboleiro com cerca de 750 metros de akura s*tna<io aci-
ma de Joazeiro e próximo ao rio SAo Francisco, o qual, segun-
do suas informações, é composta) áf> camnd;is horizontaes He grés
e conglomerados sobre])osraã a qnartzitos inclinados. Ah ffiçòes
topographicas e a elevação deste taboleiro, bem coni) de (outros
(*; o sr. A1l9D descreve baracoí i^int^Urefl nau rochng dctita repi.to qoo »Jlo
frflqaentemeate eh*fM de a^çoa o c •nhecidon pelo nomi* do "caldPirfioí>*'. dirpiido qao
llTenos qae examinoa provaram i»r verd.vleiroii culdeirAes de eronHo {pui-h-Uf) «eitdo
algBM de ffrandef dlmenatoa. Bst<i8 aSo provaveimcnto da moitma aaturesA daa ca-
TCmw. com o aspioto de ninhos gi(|^ante8uo« d») :in lorinhao nnin hancn du Kri;{!l;i, quo
!• oliaerva ooa i«nrote« (p-anlticoB ao Innço da Estrada Central da Hahi.i. Tiiiit> quanto
M pode Jalgar aTl«tando>o« de loDg(>, e^tea silo dcvidon e uma aoc.^o peculiarmeno lo*
««IímmSa de detlntegraçlo. Os que ea vi. porCm, oram nos lados dob serrotes o nAo
poiiui reler afoa.
F
-- 50 ^
na vizinhança, sho muito Bu^g:csíÍVíH dos piau ai tos cretáceos do
bíiixo Sào Frrtnciico e â^m Estados da Ceará e Piauhy, e juidíi
dô inwrj^imil ha ni hypothe^e do que eítua viadoj do Piauhy,
B6 extendain até a regiáo em qtiô^tao, Estn hypotbeee se tmii-
sfr^rm-iri.i em certexa se fusse ucccitavel sem leservag a sffinra-
çâo drt M. L aÍ3 (21) que dis ter eucoutrado, em lo^-ar t-híimado
Ent?enho p^rto da parte occideiit,*! da Serra de JuL-ol^ítiít, nó-
dulos de L'alcareo arpilloso cou^endo eacanias de Lepitloiny, uin
doiite gaiioide e cnnehas de ^.-ifiteropodng ijue clle identificou
côtno sendo dos fi^eneros Paludtna *^ Platioròifi. Esttiâ T çseis, com
a exi'epç?lo dns conchasj sho mu to aui^íícetivoa doa dn cfliundíi
de pí*ixc3 fos^eía do Ceará, oa quaes têm sido carn^^ndofi por
^iajantfía paia niuito longje, em parto provavelmente |0r eite
m gmri fflm nho de Jccobiua* Do outro lado tem se veriíii;ndo
em outras partes que as aíiiraia<;ijeB deste nuctor só podem fcr
ac3éitaa com cautela. Com tudo iiíko ha improbíihilidado iiihe-
rent' ua bypoihese de que oa fuaseia foram encontrados ui .silu
conforme elle declaro.
Na rí^«zífto ao oeste da Serra o ar. Allen parece tor gmc-
ralizado a todc» Oi calcnreoa aa suas obãer7«ç6ea sobro al^^^-uiis
que viu iuclinadca, E' cevio que nog arrcdorta do Ch quo-
Chique ac apreseíitam camadas horízoufaeô do calcareo síemc-
Ihaiite ao acima meneie nado da vizin banca de Jnn?.eirn, c, como
em ooitrna p-ates dn bacia do Sho Francisco, é provável qno
entre as rochas mnía antigas da regiào descri pta pelo sr. Allen
haj.t calfnrcos inclinado» e horizoniaep. Os morn^a lastrados
de pederneiras íào bug^eitivoa da serie ao leste da serra na
bicia do Paragnassú.
Uma outra cgtrada atravfss d.-i zona da Serm do Esfiulmço,
no Estado da Bahia, fica ao tuí da linha do Far.' giia>&ii acima
desciipta © passa por Mari-.-as, Sincorá, Yi la do Kio do Cfintn*,
Ca«lété o Jlonte Alto para Caraihanba no Kio Érào Fraociaco,
Na narrativa do Spix e Martius (3) e no relatório do dr. Tbco-
dorn Sampaio (22) podeju-Ee colher algumas itiforamcõea intert^s-
aantes a respeito das feições topograpbicaa e geológicas da n^giâo
atravesHída pov esta ettradi. Sahindo do Sâo Felix a estrada
por ali; uma disiancia quasi coincide com a via férrea acima
d esc ri p ti q pa^ís l por uma planicto giiuis^ic:! de clov^açíio mo-
derada. Depois elova-se ao alto de um (danalto gneissico o
granítico que em Míiricíiis apresenta a altitudo do cerca de UíOQ
metros o que forma o divisor de aguai entre o Parag^uaísú o o
Rio do Contai. Este planalto, conforme o descreve o dr. Sam-
paio, apre seu ta para o reíite uma margem cscftrpada de cerca
de S50 meiroa de altura que domina uma rej^i^iilo ondulada com
morros destacadoi, que a separa da Serra do S^ucnrá, nome lo-
cl da mirçera oriental do plamlto da Serra do Eápiubaço.
Esta ro-^iáo intermediaria è também coniprsta piincipnlraentõ
de g^ueUs 6 granito, mas em redor das cibect^ir^s do rto Uua
^
— si-
se apr^enta timn zitm de cilcnrco ciozeuto e do aeliUto aver<^
inelliado «ntre as rochas crjstalliDas o o pez e cong'1omerado
da Serra de Slticorá. O tiBcho da estrada {^orrespou dente á
Seira do Espinh8<;r> corre por cima de uiiifi serie altamente Ííi-
elinada de quartzitos e scbistrs arg^illosoa que Spíx e Klartius
ideutifícAvam com os da ro^^^iflo aurifer.i de Mínaa Gernes (este
dÍBtricto bahtano é tnmbem aunfero), iíitetmeadca com nHota-*
meti loa de gneisi, mkiíschiHtos e granito^ A direi ta da estrada
#1 farinando os pontoa culminantes díi re^riílo, íiprpBetita-&a at^itua
deatAfi roclias autiírRs. um grcx cooí^tomcritícn qiirt Spix e Mar-
tins referiram ao liaihMiliefjmde e que evidentemente repre-
&ent3 Cí porões e lanssas de&tac^adaB do lençol de gr^K da bacia
adjacente do alto Píirpjíuassú, A f ce occidontal da planalto,
conhecida pelo nome loeal de < Benti Geral», 6 abrupta, mas
sem grande eíevaçílo (SfiO metros) no divisor de aguas perto de
Caetiié on'íe d composta do gnei^s. Ao teste da serra a estrada
f asea por uma plaoicíe quasi ao uivei, do camadas truncaáas de
íTTieiss, fT^anito, qoartzito e calcarcOj maâ com ierrotea elevan-
de-re acima do uivei gerfll.
Ao ful da estrada do liin de Cíuíns aíi; Gião Mogol uo Eç-
tado de Miufts Ocracs, uma dístacicia de cerca d» 500 kilomctroe,
fHJTico se fabe a respeito do jilanalto da Berra do Espinhaço além
do facto da oecttrrencia do diamantes em diversos pontos. Para
a s cçílo em redor das cabeceiras septeiitrionaes do lio Jeque-
tlnbonba, na vÍKÍDb!tn<;a da cidade de GrAo Mo|:;eT, devemos a
H^lmreicheu (4) uraa excelleute dracripçíio acompanhada por uma
secçAo geolog^ica do ^eu caminho desde o corso m^dio do Jeque-
tiiiUonha atrav^íí da ferra ate o Hin Verde (*) conforme esta deacri-
jiçÃo e fécçfio, a Sena do Es[itihaío forma ahi um planalto monta-
nhoso largo que íe eleva bniecamente acima de plannltos maia
Vaixos a cada lado, O do lado oriental da lena cons-iste de es-
tratos truucadps de gneits miraeeo e míca&chisto com, projcimo
á base da serra, intercala<;5çs f blocos destacados? ) de quartzito;
o do lado cccident.l do cnmadn» inclinadas e egualmeute trun-
cadas dp granwrcko e calcnreo, O plrnalto centrait ou Serra do
Etpiobaço propriamfiue dita, couÊÍste de uma parte central ondu-
lada composta de vários scbistoâ, inclusive quartzito e gneiss, com
mancbiis de g^rauito o rocha amphibolica, acima da qual f© le-
vantam lombadas do quartzito que é frequentemente conglome-
ra!Íco (**} e que é d ia man ti fero, circurastiiníTia e^ta que tem dado
t*. k lecçlo é ao longo da uniii ílnbA em ilgae-iAgnei que em p^^rta Jicarnpjwbn
II ftrient!wçífl ilá* cninaiiai. Aiíim, L^mcgunoto dá ama nccçíio tranavcrajil dn cordiJicirn,
deixa 4o újtr nmA Idi^lai ox&vU dA bn^rA rdinlm dm dl?«ra)ii Konaa,
('^r Helinreiclieu. domtQivdo jicínt Idciai da Escbwegci, renoin lado$ di QUKrtztUM
dâ regilU> debnix^ An aouQ d^ iUculum^to, o Jntcriirctou os scixoi do ccirgiQtD^radõ'
£«ittn unfmreçí^i:* cq ef!gT0);4ÇiJi!i Por este motivo, bem quo deecrovca e Dg^arou i^Uri-
fnfintei evld«nclat de iDcoDfõrmnblIldhdo cnt-c dont scHcr At$ qaíirLtlto, elle njU «« iDler*
prcifoú coma U^4^ e njelín a «pa <^xedleatQ dcicTipçAo da rcgift^i porde tiinito do seu vAlor
4«t4Í3ta do pontíi de \\à]A g«oíogicD^
— 52 —
grande itnpíirtuncia e interesBô a localidade de^Gr^o Mog^ol. Por
aniofitms qua me ti'm vitido a niào e por mfoiínaçôea dadas por
dou» tíxciíllentes observadoies geológico», os dre. FrímcÍFco de
Paula Oliveira e Liiis Fí-lij^e Gonanga d© Campos é evidente
fcomo etn lb82 projcnostíqiifti que efirla evpniualnipnte provado
o cft8í> (12^1 quw a tecçàr' era Gt&o Mn^ol é easefifialDieute idên-
tica com a dtà Diamantina qu« «trá j^^or^ conítideradu.
Na vízintiatKja de Di»mantíua a cordilbeiro também cí^nsiste-
em um platiabo tr^ntanho^o brgo com a elevação» n.edia de
12CX) a iSnO metros qus eíf-ya bruecamente acima de plaTialttí^
matB baixos de caáa hàu. No lado de leste eay ati s truncados
de piiei^e e tDÍcttiicl>i«tí>, cL* Íoè d© veeirc^i» do quartzo qut^ Bfto
frequeutt^nit^uie auítíVrOB, tpm t^ido nivelados até a tíita de 900
metroíi piroximnmente por cflmadisft liorisíontaea de gre« molle que
cobrt^m uma área fiLtetiíia tio» víille^ de Jequetinhouba e do seu
aguento o Aia&tuaby, iV>rmando cbapadas entre ob valles qtie
tem tíido excíivwdos de 2(10 a 300 meiroB ji baixo do nivel ^^eral
da planície, Hartfc. que visitou e^ta reííííto em 1865 (6J ctirrola-
cionou esiaa camadas com a f^erie terciaiía do littoral e aa citou
C0D10 prr va d«^ uma fiublevnçí^o geral de^ta parte do BraHÍl na
impOTi anciã de cerca de 1000 metroa. N&o ba, poriam, evidencia
que t^&tas cíininHaB bÔo de origem nu+rinbii, e parece muito mai»
Í trova vel que foram depf>iiítadas ntima bacia fechada do interior
o continente, a qual ue extendin por uma distancia considerá-
vel pc4o vallrt de Jequetinlionba abaixo, ma^ separada por uma
Eona RÍta de rncba^ mais àtitigas da serie terciária do l)tt4>ral que
jaz em uivei main baiíso, N^ste caso a ©viHencia do sublcva-
tnento é dada pela profundidade da excavii<,'âo ãoh valles abaixo
da iupiríicie destas i amadas, e n^o ]>e]a <^]evaçho dilata tuper-
ficie acima do nivel do mar ; e a Bua importância (?ííO metros)
concorda regularmente com a indicada pela« próprias camadas
terciárias do litr^ral, {*) Ás csmadaa de grez gàOj muitag vesseii,
pouco e*ípessa!i e provi^velmente em parte alguma excedem da
100 metioB de e&pe^íiura.
O ]>i}inaho ao oe^te da Serra do Eapinhaco apresenfa a
elevaçAo geral de tíOO a 900 metros e também eon»ihie de eatra-
Í09 fcrunt-iidoa de ftcbiatn, grez e ealcareo muito cortados por
veeivíj^ de quartzo. M^íb ao oeste e perto do rio Sfto Francisca
Apparet^em taboleirosi de grfE e bcbisto^ boitzontaeB c m cerca
n Vede BriBiier íl^) <íBe vérifl&DHí que •« camudak terotArifci do lUtorjil ca ex«
teiidtiB até >i catn pihi» iUt dii «i^triida de ferro Bilsiu e DlaaA ni Pe<^iThdoi Ajiaoréi.
BaMi úDLik nKo M itnda ipOT dHo per acee^Kf^til o tiJv^UmeQtú (la^itrud*. nms pnrinitihiiÃ
lettumfi dp uiriolda pftr*çft h^r de .H' meir<j* prcxlmiiiifeiite Conifi ji M notada an
Umfú ÚA f»tr?idada fnrn Bataí* no ^Ao Pramcitco, aa camartai tercfarfajt fe elevAUí nlé^
4(i* ntetrod. DD vm |9«qco Draii, mat lU íí [urte fupertor é orli^iiiB^ía do ap^na doce é
tatv» bnftitnie initi^ ie««'nic do qu** a* camanjnti mr«riore» qtte correu $íon d í-m ibelMr aa&
caracter Cfitn mb da linbn Hitblia q Minai liai bAciaa Ao aWo Rio hõci*, L'm íHi}«h Gera«'i,
Tjelé « ^Arhhyha pm HAq PauliO «"xlrietn, com eio^vaçio coDeíderaveii, Hac^M tere^arJat-
#e agua d«c« otrm Tuiaeii ^Be pn recém oorreipantler «oot a ún Je^ietinhonlia,
— 53 ^
de 800 metros de elevâç&o. Em algumaB destas camadat se tem
encontrado madeiras dicotylidúneaã «Uiciílcad&s que ae presa mem
■er de edade cretatea.
O planalto central, oa Serra do Eapinhaço propriamente dita,
mostra, ein ambos os flancofl da iecção de Diamantina, camadas
pogeanteft de gtez. quartaitíco que se inclinam fortemente para o
leste no flanco orientat e para a t^wíe no occidental. /"U, 12)
Sobre a ^ona co ri trai a inclinaçà«i é rasi» suave e mai» variável,
ftcndo as camadas quasi horiaontaes em alguns Icigares. Sobre
grrandea áreas o grez tem sido completamente deenndado reve-
lando atmi fiirie snbjacentf? da quartzitos e &ehiâto$ arg^illoBOt
€rm uma área conaid*»ravel d« granito em utn la^nr- Como nas
Tígiôtís do Parsgua-ftú e Ur&o Mn^ol, ha ahi evidencia abun-
dlnte de qui' o írrt?^ é a fonte dosi diamante» que caracterizam i
re^ào. Diversas das Uvras sfto abertas cm partea tíonglnmeri-
tkas decomfK>»tiis àn leiii;ol de grea p, como em Grào Mogol,
tem se encontra lo diaraívntes na rocba dura também.
A sBcçAo meridional da cordilheira, formando as cabeceiras
•da bAeia do Rio Doce e as sua» coiitrAvertt^ntes i^endo uma re-
gião de chnvas muito abundantes, experimentou muítj mais
profundamente os effeitos da erosfto do que at acima descri pta a e
«m coofeqnencia as suas feições te to nicas n&o »Ao muito apparen*
ies ao longo das yias usunes de eon munÍCi>i;ão, aa quaea correm
pftralJelas a sua orientação ou a n travessa em gargantas profundas.
A Kona central é occupada por enorme» Iomh?idas, ou bines de quar-
tzito, ou gre% quartzitico, que se elevam á altura de 1500 a 1900
lEietros e que setido relativamente e-tertíis em ouro e dt? díffi^iil ac-
ceséo, tem ficado quasi completamente luexploradaij.. Pareeem re-
presentar um grande lençol como os das eccçòes de Jeque tinUnuba
e Para^assú} o qual tk&ê partes mftis baix:ad t^-m sido comp!eta<
mente desEmido ou desnudado ao ponto de ser djfficil mente reco-
nhecível por se confundir com uma rocha muito semelijantô
que ae apresenta como membro da fonnaçào subjacente. Esta
ultima consiste em uma grandci serie de pchistos esBeneialmente
argill» SOS e micaceos com intercalações de quartzitos micaceos
«chbto&os^ qnartzitoa ferruginosos (itiibii-ito^] e calcareoi^ sendo
toda esta serio mais ou menos aurífera. No fuodo de alguns dos
valles se apresentam gueiss, mica^chieto « f^ranito que aHo as
rochas preuominante» na região ao leste da serra, El la é, porem,
tfto ímperftitameute conhecida que iiílo se pode traçar sattsfar
etoriamente a margetn oriental da Serra do Eãpinhaço nesta
iecç&o- A margem Occidental, como na uecçâo de Jequetinhonha,
é abrupta e domina uma regi&o semelhante de rochas sedimea-
tarias truncadar, as quae*, porêmi numa parte considerável da
seci^ào^ se ac^ham separadas da base da serra por uma zona de
gneiss e granito.
Conforme os dados acima apresentados se vê que a Serra
4o Espinhaço consiste em um «comple^u ba«al* de rochas metamor-^
- 54 —
pliicas 6 einifllvas, toado s<'ibrepoètít, com estratificação ékenr-
danio, utim ou mais scriea do osLrntcft (^natUosoa que tem úáo
perturb:i(ÍAi por um systpma do dobiaa com a oi'Íentav&i> gôral
(l6 nortQ, ao pBMo que iio tí^Hú da râglâo montauhoea do Brasil
sudasite, da quul esta serra conadtiie utua parto] a orletit^içl^o
domíiiatite dos estratos é iioi-doste. N.as sQcíçõí^ã uieridionaâj fJe-
quotiiibunlia e Doce) o movitnento orogrApULco que produziu as
dobras, produziu também um corto ^'au de metamorj^bismi:) u%
forma do latDÍuaçao (shearing) e granulação, aompaiihada pálo
deãeuvolvimeiíto d^ mica danio á roeba um aspecto ti^o &ome<
Ihaate íio doa membros quartziticos da serie metatnorpLica su-
bjacente que om geral o 3 geQlo,£r,g tâm coníiiudido as duaa de-
baixo dy uome do ítEieolamitO' Nostaa nreimai eecçoeí, porém,
se encontram aíloramentoíi, como por osomplo iia vJKÍiihaij<:a de
D]am:mtina, oudo a rocba é ura g-rez ou congloinerado typico
nao metftmorphosoadt), e onde lambera vê se que o pluínomeno
de mctatnorphismo, onde vlh existe, é um caractoristico IocaI o
uao íçeral.
Com referencia á edade do sublevaniento da Bcrm do
Espinbaro e das cnmadaa que foram por elle aíFectadas nflo
ha por cmquantQ evidencia al<j:uraa Batisfactoría, visto ufio ao
ter encontrado até boje fóssil algum nestas camadas ou nouiras
cujas relações com ellaa tenbam i-ido claiamcnt© estabelecidas.
Até o pinsent© todos os escriptores, eu próprio inclusive, que
têm tratado da regjáo, a iGiii eouaiderado como muito antiga,
arcbeaim ou palaeossoica. Esta opioiâo se baseãvoj cm graude
l>arte» no metamorphismo das rocbas nosdíatnctos do Ouro Preto
e DianiatJtiíifl, e, no meu ciiao, no facto que em outras partes
do Brasil le pode provar por fosseis que a épci-ba de dobra-
montoB o metamorpLismíJ era pre-devoniama. Ambos esteà argu-
mentos gào evidentemente frat^os e devem agora iBr postos de
lado em vieta do aspecto ;ião metsmorpboseado e relativameute
moderno das rocbf^s dobradas da secção bnbian^ da Seira do
Espiubaçó e da possibilidade de perturbações locaes afí^etando
rochas de eiade devoniana ou mni^ modernas. Na regiíLo do
littoral doe Estados da Fabia, Sergipe o Alagoas ha evidenciado
taea perturbaç&es, que ge relacionam com a questão aqui codiI-
derada-
No baixo Hio Pardo, Hatt (G) achou uma série inclinada
de conglomerados, grez e echistos com reatos vegetaca obscuros
que reíerin á devoniana, e notou no baiso Jequetinbon!ia iudi-
cios da eiist(^ncia da mesma Eerie, Numa recente excnriao nesta
regiào verifiquei que cita série occupa uma zona de alguns ki-
lometrcs de largura o fui informado qu© ao oefcle existe uma
zona considerável de calcáreo (mármore), Eíjtaudo o rio cheio
não pude achar a localidade dos fosseis* O mesmo conglomera-
do se encontra no Salobro cerca de uuia légua distaute da mar-
gem do Rio Pardo seudo ahi diamantifero (é o assim chamado
^
— 65 —
ãistnvtn àmmnnilfeTú cie Cnnnavíeiras). A occurréncia dpttft bc-
rífi no baixo JrqQc-tinbonlja foi contirmada pctú dr, JooqQtm
Bâhiana, um cbs^rvndor geológico comjietente, ê é evidente que
eJla occiípá XLTUíi zona cofit-ideravel an Inn^o da mar^i^em orieiítil
ido f^liinaho írn^Uiko, Brantíer (17) ttm deÊCíipio uma franja
femclliaiite dn pstratos qae se preí>timcin bct de cdade pnlaeo-
zo.cn JJ03 EstadfJí d« Sergipe c A lacras o ha annos vi indicies
d^ II1CS1114 ao dordesto da cid.ido da Babia na vizioliaaça de
[iihambcipé« Oí fosseis encciutrado» jíor líartt no Hio Pardo eram
rfrê^puGi mrics e pouco satisíactorioa de n.odo qnu a refe renda
iquc dellfi fez á deToniana eó [ ode ser considerada vniao provi-
sória. Com tudo é altamente prcyavel que n tt'tib s(>ja d^ edade
pakcoxriiea c certamente nito anterior á devoniana. De ijutfo
Inéo iif enmad^t perlurbada», referidas por Brauner nos Estados
de Sergipe « Alag^t^as e coDeistindu em c^ ngloincradoaj giCí,
ichistf+s c calcavcna, filo certamente precretaccuT.
O* calca vcos do alto Sào Frane]£co píireccm representar
{çtttan Eáchweffe (2) Jà indicrn) dnas formações gcolosrica» dis-
iitictas. AS qu«t03 nâo tem sida ákida discriminadas * Uma parta
pertence certamente a uma serie pertuibada de grcz e schií^tos
qtie píOvaVflraente pertence á primeira parfe da edade palaeo-
seoieii o prisumivclmente é auterior ico eublevamento da Serra
do Espinhaço; uma ou'ra parte jaz horizontihiiente peln menos
cm al^^nua loí^are», o é pregumivelment^ mais recento Em Bom
Jcstíâ d;i Lapa na marjrem diíeita do Sao Franciíco o quasi
directamciito ao oeste do Rio de Contas nL-he.i, em ISSO (fl,9.10)
eoraf^ft losscis mal conservados dos géneros Favo&ites e ChaeU"
Uãíf) que indicam edi de palacozoica media ou bU] erior (Silu-
ríana inferior n Permiana), E' posí^iví*! quo este calcaifo poeia
§cr cf>rre1adonado com o acima ditctipto ao lette da serra na
reirià/1 do Farfsguris&ú, mas sc»bre isto nada de definitivo pode ter
dito presputeroentc. Se, como foi ai,'Íma su*:g-er.do como pnssi*
vel, o g-re55 da regiSo de Jacobina provar í^er dobrado e dn rda-
dd rrptací^a, n questAo da edade do sublevamcnto f-eiia decidida
Côífío tendo cretacL^a ou po&t-crotacea, mas parece pouco pro-
Tavel que isto aconteça.
As roclsas qne entram na composiçílo da Serra do Espi^
nbaçõ se devidem naturalmente em Ires grujos, fendo |irovrivel
que eventualmL'nto cada um destes terá do eer subdivido em
dois cu mais* Estes grupos sào: 1.*— os j^neitses e mica-scbifitos ;
2.*^es scListo?, quartzitos o cakareos das repriòcs auríferas; o
3.*— 05 quartzitos e grez das roíriues diamantiíeriíp. Cora eatea
^lupos se ncltam associados granitos e outras rncbas cruptivas
que apparentemeut© nSo peoetiaram nas d» tcrio superior e pre-
iumtvclmeiíte lAo posteriores a ella.
Como Escliwege já observotit o gneiss o uiicascbíato êó í6
oprcsentam nos níveis inferiores dn zon» da Serra do Espinha-
ço, ao pasio quo, com as rochas ernptivae com ellas aisotiadas^
— 56 —
forrtflm a ma^ta piincpííl dna mootaníma n le^te e no sul por-
tflTiceiítfíH íioa sy^renijis da St-rm do Mar e da Serrí* da Manti-
queira. K-taa r(icba« tem j-ido pouco estudfldíJS na regiào nqui
con^idenid^, mn»^ até onátí cutiliQpidaa cnri6f poiídem com as ou-
tras pnrtfíi^ do Bíuaii e pndem com gi^f^urançA ^er e^Ti&íderadafl
como aendo á '< edade í<rt!beaaw, Paiece também if la ti vãmente
g**^uríi considerar a Éírand^^ ni unria doa gnpjsaea bra^itoiros (pelo
iD6iioa 09 quí3 pi'la sua rtàistencia á decc mpoaíijào fic-anunaiâ em
evidenciíi) como rccbaa i-iu, tivas foibadas (^heared)^ &endo os ty-
poB originot^B granitfíiVi tioritos, díorítotí, etc. Uma parte doe mi-
caichi^toã shii tnmb(fíii de origt^m fraptiva^ tnaa pr6sumive~lmetite
a parte maior prosará ser cuostitiiida de aedimeutoâ m^tamor-
pbtf^ad<m. Na parfe do Brasil aqui cOQâidi^riida titas rcclias
conetituem uma grande área tm íorma de escudo na pai te orien-
tal dos Estados de Minaâ Ueri^ea e Babia (com oa P2âtadâa adja-
eejitea de Espiíiio ^ant'> c Kio de J^iteiro) a qual, pela maior
paftíí, tem sido terra firme desde os tempos arcbeanoSt Naa
margen 9 destas arca, pinticolEumente no lado do oeãte, 6 ttobrd
as suas partes maia baixai, fortim depositadas as feries âediíLeD-
tariaa mnia ret^entes.
A serie ncbií^tosa da Ferra do EapiuLaço e regiões adja-
cente», que pode convrnifu temente ser denominada a serie dé
MinaSt consi&te em um ^jaiide compl^io de te bis tos predomi-
nantemente f^rgilloaoSj cem ma^igas tiubordÍDadaa de quartzitos
ordinários, quíirtziti^^s ferrug^iíioaoB (Itabiritos pa«sandf> a mine-
reas de forro puro) e cakareos. Todas e^tas rochas são forte-»
tnôtite lauiiiadaa {.^heared) e caracterizadas por um desenvolvi-
mento maior ou raenur de mineraes micaceoá (bioiite^ felicite,
hematite micaceo, cblorite, tulco, etc.) e, Eendo em geral muito
decompostas, ba grande difiiculdade em discriminar os difieren^
tes n^embros (^alvo ok quartzosos e ferruginosos) de modo qmd
as tentativas dí* estabelecer uma ordem de aua s^ecçáo entre
ellas liho teni dado i exultados satiífac tórios. E' quasi certo que
os membros qnart^sosos, lérruginosos o calcareos nho repetidos
fm div^^rfOB horizouteB e eventualmente eStea servirfto d© baie
de reierencia pura estabelecer as subdivisões da serie, mas nntes
dJBío aerá firt^ciso determinar o tomar em conta aa lepetiçòe»
evidas a dobramentos e faJbaa. Ao que parece a serie inteirt
pni aido encurvada em dcbraa fortemente comprimidas e inver-
ti dns e BCm duvida e atraveFsada por muitas íalba^. Antes d»
pospuirmts n^appaa topographicos fidedignos da regiào, ou jelo
menos de uma parte lypica d»'l]a, não pode baver espeiançai do
deteimínar-se a sua estrucmra detalhada..
[*f Depola de esciipta o tr»bilho icfma citid» veln^me Aa mlci nran Jtmoctra de au
doitrpo* *bf dlBCUUdofl CO «cbieto cocn n-cn«Èlici de £fto JcAo dK Cb»piid»JqQe i^tiretenift
nu Gt^otsetc» «mptlTo bou dofloldo com quarfiltio.
i
— 57 —
Os membros argillosog da serie de Minas incluem f-chistos
micsceot (principal se nAo exclusivamente bericiticos), cale^reos,
gnphitotos, ehloriticofl e talcosns. Uma ]>arte conBidt^ravel, se
nto a totalidade, dos dois últimos typos consiste indubitHvel-
mente de eraptivos laminados e metamorphÍBados, e num outro
trabalho (13 14) procurei demonstrar que nmii p.-riK dod t-cliis-
tot sericiticoB í&o da mesma origem, i*) Cdmtudo nenhuma
darida pode haver que a maior parto án sKri<« do Minas ^«Jii do
oiigem sedimentaria. A sua edad» só yoái' sct detiTuiiiiuda hy-
potbetieamente, mas é quasi cai to quo uA'* será niuis reconte do
qae a cambriana o podendo, pnrúm, ter mais .'«nti^vi.
A serie de Ninas sempre tem sido coiisideia<la corno h for-
mação caracteristica da Serra do t^spinbaço e é certo qui^ eila,
OQ outra parecida Ci*m ellu, si^ a, rei^en n em ti do o coiiu>ri-
nento da cordilheira. Ao norte da secção do Rio Doce os mem-
bros calcareos e ferruginosos caracteristict s dehtíi t^erie ])Hrecem
desapparecer na zona da serra, bem quH te ii premeu tem outra vez
nis margens do Sào Franci-co entre Urubu e Joazeiro. Parece,
portanto, provável que se ache aqui represencida mais de uma
lerie geolotrica. E' também certo que estes m -mbriis caructe-
liiticoB se apresentam por ambos os lados da secção do Rio Doce
em distancias consideraveij das marj^ens (ou o quH ordinaria-
mente se considera como tacs) da zona da Serra do Kspinbaço
e com indicações de dobias orit ntadas para N. B. e as&im pa-
ndlelas ás das montanhas arclieanas da vizinhança. Parece, por-
tanto, provável que o seu primciío e m;ás to: te d(b amento fot>se
devido a um movimento produzindo dobras orieiMadas p^ra N.
E. e presumivelmente envolvendo também a serie de scbistos,
^res e calcareo da bacia de São F^ranciseo. A occJirreiíoia mais
Bo sal, na bacia do Paraná, de uma s*'rie muito semelbante a
esta nltima e que t»mbem ficou envolvida iias dobras orientadas
para N. E. da regi&o arcbeana adjacente, confirma este pcn^o
d** vista. Estas rochas da ba«!Ía d>i Paraná, como as do São
Francisco, sào em geral pouco metamorr>hoseadhã e, no Estado
do Paraná, s&o 8obre{>ostas por camadas borizontaes contendo
fÒBieÍB devonianos, (15). Bem que não tem fornecido foí-seis são
presumivelmente de edade siluriana ou cambriana.
Efcta serie da baoa do Paraná c abundantemente injectada
com granito e assim, para esta iea:iâo pelo menos, a edade das
eiupçôes graniticas fica determinada como sondo pre-devoniana
Os granitos ifto de diversos typos, (ampbibolico, biotitico, e
moBcovitico) e sem duvida acham-se re| resentadns entre eles
diversas epochas de erupção, mas presumivelmente todas eslta
eram contemporâneas ou posteriores, ars movimentos orgânicos
que produziram as dobras. 0< granitos que se apresentam coms
certa abundância nas áreas occupadns pela serie, de Minas não
tem sido estudados, mas é do ]ire>umir que csia conclusão rela-
tiva á edade e epochas do erupção seja também apidicavel u
=^ r>8 —
elTes, Álém dos granitos estíi» arríis njirostufam também nffl)-
ra meu toa frequentes d^ rocLaa empt]v;t8 bá-icn» de typos gíib-
broiticos, díabflsieoB e ]iéridotiticog, as quacs, atú ond© observa-
das, apresentam indiciofl de motamorphísma (um ceito grau de
laminaçào (Hhem^tng) e uma alreraçílo uvalitica do pyioxono)
que plausivi^lmcutc podn fcr attribuldo ao níovimnit') posterior
de Eublevamento que ei) volvi i também o grcz sribnjacente*
Tmito quanto ee tem observado até hoje, esto ultimo uíio foi
nfíVcíatio ptilaí ieijceções rroptivas o oa veeiro* auriíero* tão ca-
iflcteristicos da eerio de Miuns Titio fo exfeudcm até el!o»
A capa ^0 pre^ da zona da Serra do EqMnhnço, ^^m todíi
parto onde tem sido PxnraiMada, apresou ta graúdo uoif*rtn idade
de aspcctn, talvo que a Bua diviião em dua^ bptíoj, noiad-i na
ÊCuí^Ao do Parog'irtssú, nílo tem 3Ído o^^sf^rvada cm outra pai te -
O caracter coaglomeritico das camadas Buperlores desta &ecçao i.\
gtr^l por toda n cordilhoiraj e bem qui a rncha seja um tanto
metamorpboseaJa em alguns logarea nas baciai do JequctiuUriuba
e Doce, ( sta nào pareço ser motivo aufficitíute para consideral-a
como distiucta. Um outro cariicterlstico muíto goneraliçado é n
occiírreucia de diamantea, mas estes parecem faltar, pelo menos
em quantidades aproveitáveis, na eocçâo meridional, na viziíib-inça
de Ouro Preto, e também na fecçíVo septputrional na regifio de
Jacobina o alem (^), Comn jA íicoii dUo, ha motivos paia sus-
peitai' qae o grez de Jacebina Êt^ja maií roceuto do qna dafí par-
tes mai& meridionaeft da cordilheira, m^^ Eobre este ponto nada
de definitivo jjóde ser di!o por omquantn. Fíca também cm du-
vida Be, com esta excepçfto o a das caraãdes iuferiores du região
do I^arnguas^ii, todo o grez da cordilbe ra deve. ou uíio, ser cou-
siderado como constituindo uma unidade geológica, Pessoal-
mente estou inclinado a uma opiniflo afiirmativa,
A edado ideológica das rochas cara cteristi cai da zona da
Berra do E«pinha<;o e do movimento otogenetico que lhes deu a
sua altitude actual tem também de ficar em duvida» O mais
que se pôde dizer é que nem uma nem outra é t5o aotiga como
ate agora se suppunha, e qup, ao que parece, a devouiaoa podo
ser tomada como limite extremo de edade, Lto, porém, envolve
a hypolheso, que por si nada tem do ínvcrosimil, de uma loca^
lízaçíio do movimento orogenetico, víslIo que os depesitos devonia-
nos definitivamente conhecidos em outras partes do Brasil, noa
Eítados do Paraná, Mato Grosso e Paiá, nâo fia'am nffectados
por elíé. O outro limite exiremo de edade é ã cretácea, mai
autes de um exame da rpgíào de Jacobina, afim de verificar a
exactidão ou a falsidade dn reputada doacoberta do fcsaeis uella,
esta bypothesa nSo pode ser acceila nem completamente potta
ao lado, A hypotbete de nma e^ade mesozóica (cretácea ou
I
no BrAitl Etrá cúaililcri4a «q úqCto iagu-.
m —
^
^
^
pre-erelacea) é »9Íii«tin« Tiffo que estjikelecedi mu conelAçlto,
pek» Dieiioi ena que dii nipeiio à edide* entn »$ f^cecrtraeias 4e
aiftmajitet luu dtTmas pttrtes ^ Br^jl 0 &« Ãfriei Merrdioitvl,
(IT) mais eottlim efttA kjpotJi^^ teaos m relaç&o pTt«mtd«, bes
que aio deixãtíviíaeiíte p^vçaá^. de» cmícmreos hmi3Uítme% à»
Tille de S. Frtneiiea « do Rio Uiu^ os ^oácc, fieU nm^is ^er
emiiiisiifOy lesi il« ser «nuide ratios eomo piUMist&6M « nais r«-
eent^ do qQ« e «sblemiDÊato ã^ Serra do finilnlapir Eu rôlft
de t^ d^f as circmvftaiicisi o qme ine fiareeo u» |ir»TmTel é que
a edadíS, taaUí das ntekai coao do ialileia»eiit^ ierá efeotual-
mente prorada ser palateoxdiea ai«Jia m sap€fi»r (deToaíana á
permlasa).
Ab mãT^&KÊ eaearftãá» da «»3a d^ Seir^ âo Efpmliat<> «^1
em iiimtjw logarep, imtito so^^estiras de falbss e ati^ ree^ate-
mente fui íacliiitfdo a Aimittir a ewteQCia de Unhts d^ falhas
de proporç&ea gtganl«aeaa. Troio i^ora cooliecí mento melhor
âfts zofias aijaeenlo» parece-^ae proTiivrl que eãti feitio pôde ser
antes devi da « em grande paite pelo me no?, á denudado &ob
eoiiiikões de èmmf^m e elera^ difidrenies das actuaes. A
cordilhelrji, numa parte constdefa?el da ina e:tteusác, aeha-fe
nijirg-^^dji |»tir bem definidas pbnicíet de d^nuduçàOi das qtL&oã
algnm^Si eomn a de Jn.iKeiro« tAo pouco eseulptumiet. ao pasao
que outras tio dib^ec^dai por valle« escavados até 200 a 300
metroB abaixo do uivei g«nL Xa râgiâo da Jet^uetinhouhn Diedio
Lavia um tempo» prrvftYel mente dãr&nlõ nmn parte da época
terchria, em qtie «i condições eram ties quí^ uma bacLi t^rrçstro
£con çh^ia com deposito» borisontaea até qnasl ao uivei ãn. p\<i-
akíe de denudaç-áo qne a ctrcnmdon, e dt^^xã^ ambas foram
dtffi^ccadai ate a protuodidade de 200-30D metroi em rtrlude
de um fcubievaniento íjeral qne modificou os coudiçôea do dre-
nagem. Um isibleramcnto proximamente e^al é indicado petas
camadas terciárias do littoral, pelas creíaceas peito da região ã%
cataracta de Panio AfFmso e }>e1a dissecção da plniiicie de deou-
da<^o e das camadas horj^outae^ cretáceas (?) da parte superior
da bacia do Sào Francisco, d© modo que este movimento pôde
ícr tomado como g:era1 e proximamente da tnesina imiuirtíiucia
em toda a reg-ião aqni considerada. Ao que parece, «« oamadas
eretaeeas da repilo de Paulo Aãonso foram depositadas sobro
orna planície de denudação ainda mais antiga qn^ devia ter es-
tado qnasi ao nivel do mar, visto que a sua fauna foi^il apre-
senta Lma mistura de fóroias marinhas e do a^ua d^ee (tubarões
« cypridcs}. A denudaçAj da zona montanhosa foi, portanto,
«fMlnada por estados successivos e âob condiçòes de drenaí^r^^^
o elevação dífiarented, e sem duvida é a esta C'rcnm^tançia qne
se devem muitos dos leuscaracteniticos lopographicos.
8. Paulo, 16 de Abril de 1&06.
Oevillv a. Dskbt.
r
— 60 —
BIBLIOGRAPHIA
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á
— ei —
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ViliMir Bobeni^ eogr^nh^^iro cbefe da Commiffào Hydraii-
Ii«a tctri* o eiAtoe do Rio Sio Fimneitec^^Mio de Janeiít»»
Typographia KacionAl^ 1880,
José Clemente Pereira
Tios fact^ia c noB homens que preparai Am e real ú aram a
independência do Bra&il, vè o hUtoiI.Mor que os estuda na cíilnia
coadn [>or trií* quartéis do ffcnlo decorridos A saliência do pain?!
defftmpenbado por Portuguezes natos iutimanieute Itgítdos ii Borto
do Brfiail Do 1821 a IP31 a que-tâo da indeptridencia cia do
povo do BrnfU o dAd fomente da ^eate brasileirn, tetida essa
qnestào para oa Pnrtiigue-zea domiciliados nesta lerra tíio grai.dô
interesse económico e pesacal, qu© absorvia o interesse poHiica
do domínio do p:iÍ2 natal.
Fíim ra Portuguezes \ínculadoa ao Brftsíl pelo senti mento de
amor Hõs. ri tios em que haviam ci*e acido e proaptírado, o 05 ti mulo
moral peta can^^a da independência nSo era luen e vivo, meiíoa
puro nem incitava menorci ervtbnsinámoa do qtifs aos Braeilciroa^
O seu papel na obra da fomnijíio da nova nacionalidade americana
foi activo, efficaz e cm muitas occasiôps decisivo.
Oa patriota* que tomaram a vanguarJa do movimento eman-
cipador deram-lhe o impul-so que o pcvo miudo seguiu com o
entbusiasmo riaa m çaaa pelaa cousas m-vas que Ibe promettem
mellior condiçfto e maia aegnra prosperidade, A graúdo mriiona
dos lusos-brasileiroa com os Brasileitoa d© nas^cimeuto tiabalbaram
á porfia pela victorta da causa que, de facto, tanto era dellea
como dos outroF.
O Príncipe D. Pedro dava aliáà exemplo a todos os seus
conterrâneos quo seguiam a sorte do Brasil, e foi dessa fusflo da
Yelba com a nova gente, da Eurot^a com a americana, que sabia
íi inciueía da rovoluçàõ de 1822 o a feiç5o de continuadora da
monarcbía portuguesa que tomou e sempre teve a monarcbia
brasileira
Dog Portuguezes próceres da nossa indepondeocta destaca-s©
JoÊi^ Clemente Pereira, presidente do Senado da Camará do Sílo
Seba&tiílo do Hio de Janeiro, que ousou dar o primuiro pa^so no
caminho da revolução, que todos queriam*
Só em Jaapíio de 182 Í a revoluçAo estava nos espirito?,
mal se debucbavs. ito9 actos.
A provoL^açilo de Jo^é Clemente na representaçiio official do
seu. cargo popular ao Príncipe Regente, ds re.-i^tir ás ordena do
Rei seu pae e mais ainda, ás dai Cortes de Líâbâa que incarnavam
politicamente a na^ão toberana, ú o primeiro acto revolucionário
— sn -^
f^rto doa ncton n^Toluçioonrios que tireram seu lenno no
Tpir.in^ii,
E1»^A «jlançlo de Jú%á Cli inrntQ já c f^rnndjoEa para as ^*
rn(;ões qito £0 í»qcí-'€! Jeiniii á £U:i herdicâ gt^rai;ão;os acrviçtiâ (|ue
^Tr»toa A pntria do fteu corni^^íio, á tcrrn do ãfua atnorts de homem
c de eidadâo, clevfiram irais o fieu vulto na pci%terida^6» Elle
deiíiou um dos nomct ioíjU |íoptilnre9 ueãta Capílal e cm todo o
Bmsit.
No Impeno, pura cuja cnaçiio iào vnkntemcnto cooperara,
subiu Ás nmift alfas fuiicçòes dji rcf^rfEentaçâo nacional, inns não
foi na politica qne conquistou ns melbcre^ f^^orias quci o auro-
olaram. O seu génio dfi organizador, da administradcii\ o seu
conbeciínento das necessidades publicas, levaram-n'o a fírandes
CO mmc til mantos e js renderam para lem^^ire o sen nome aos gian^ci
inftitutrs ^'c cnrídíidé e do amor do próximo, que silo o orgulbo
da ciditde flomincnse e o dcemplo de eítuitibos.
Quando o Imperador D, Pciro lí fez da víuva do |>:randB
hoir.ein, que O povoem mtsía ncompíinbíivn á íepultuvií, Coiidoí-sa
dft Picíiá-ie, o Soberano rct>umiu nesié titulo o sentimento cbri^tAo
que «nímara a vida de José Clemente, Fazer o btim aos outros
e trabalhar |>ara melbor futuro de «eus concidadãos.
Á tut vida ír eom effpito a do trabalho pcío bem publico e
boje qu«í se completam 120 nnnos do fc:i nascimeuto, prettamoã
neiUs linhas juita homoimíem á meirioriíi do cidadfto benouierito
que tantos e tào alevauiadoa tarviçói prêstcu ao nrae.!.
I
Nasceu o illastre patriota a 17 de Fevereiro de ITbTt na
W^lídade denominada Adetn, termo de CfiBtello Mendo, comarçA
dõ Troncoso, bbpado de Pinbelt no Reino de Pcrtug^al.
Filho doi bontadoa lavradores Jo&é Gonçalves Pereira e
Maria Pereira, José Clemente, criança, jn demi>ufiUa?a ncs actca
di fua meninice bondade do crr^fiçào e de amor pelo sf-n semo-
Ibante. Arirato e év. vtvacidada precoce, despertou a sincera
JiffeíçJio de um tio íJicerdote, qua d fade 1í>í;o encarrei^ou-te da
^íiã educai^i^o literária, babíliiandú-o a matricular-âo i^a Uni-
versidade de Coimbra, onde formou-se em direita 4\ cânon es-
Academico ainda, por occasifio da invasão dt^ Francezes em
1807» creado o Cor[»o Açudem ico de que to[ ^ommnndâute José
Bfinifacio dfi Audrada e Silva, oiitào lente de ujetallurtria da
Univcfâ idade, nellt; íilistr'U-âe e dÍBtin;ru u-ge por lai furma que
p^lo ♦reueriil ingl^K Wellington» foi nomeado capjtào de uma
das {guerrilhai que tanto damno cau^araoi aos invasorcâ* Fe»
par^e do exercite an^lo-loz^ítano que sob as ordens diiquelle
irenera! combateu na Hesjianba e ^loríoBAmentc pi^aou no terri-
tório francês. Cor.quiFt u os mais lionrofos documentos de elo^ioi
de divertoft 4;en<-rae* iuprlezcs, p«ío leu srdor patriótico, pela *ua
coragem c correcçlo militar. Terminada a campanha vulvea
- 64 —
«os seus estudos na Universidade, nhandoTiando a carreiía militar.
Foi entfto quo resolveu vir para o BrasiL
Etif^-ctivanieiite, aqui cbegou a 12 de Oatubro de 1815, ha
idad^ de 28 nnnos.
Esquecidos tia bpub bons aerviçoí pela mài-patria» dedícou-te
José ClÉtíietitâ a advocacia^ adquirlndii y^.]ú seu saber jurídico
e pelo seu amor proliasiouai grande reputaq-ào fnrense,
José Boniríjcío, entfln já ministro no BrasiL o nomeou em
X8l^ Jtiiz de Fora da villa da Príiia Gmnde, de receut^ creaíjfto,
hoje Nitherohy, entrando í^ui íxercÍL-io em 11 de Áfíoatíp díiquelle
anno. Alli lançou ello os fundamentoa dn j:^rande cidade que
lioje i^e diHiiiig^ue pela icgfiil aridade da^ rua^ e praças, toda^ por
elle Imçadfjs, iibeitat; e arruadas,
8í*Tviu no carg^o de Jthz de Fora até 7 de Maio de 1821, e
durante <'ase tempo fez editicur quasí comph^tamnnt-t a capella
que íilli eiistía e que bfje serve de\ mntri?;, deu agua á popu-
lação, que sens BUccessores deixaram perder, trabalhou incessan-
teinentt* pplo progresBo material dn. villa, realissaiido todoa os
iDelboriJmpnto6 por ineio de subscripçõea era que o seu nome
figurava em primeiro lugar.
NAq fofflm os seus serviços esquecidos pelos habitantes da^
quella villa, que ns tinham em grande confa e que veneravam
o seu nome como o de um dns mais dedicados servidores, e*
assim, em 1840, a Camará Municipal da já entào cidade de Ni-
tbproy, em prova publica de gratidão hos seu« eerviçoa, deu a uma
dns ru«» a defignçaão de S, J* sé, e no s u IJvro do Tombo
acerei centon que a rosoluvAo era «df*diçada ao esi-,™* sr José
Clemente Pereira, como 1 ° Juiz de Fora e edificador da viila»
pelos muito? serviços d© que lhe é devf^dora esta cidade*,
Achava-se o i Ilustre patriota a 26 de Fevereiro de Ía21,
na villa d© Maricá quando recebeu a noticia de que o pov*^ se
reunira no Rín dft Janeiro para jurar fidelidade á Constituição
que ns Cortes portu^nezas estavam fazendo. Reuniu immedia-
tamente a Gamar«, quo prei-ton o mesmo juramento, ordenou
festejos e illumjnaçào, fazcuio celeb ar um Te^Deum pelo notá-
vel acíintecimento e publicando um edital, onde se encontrava
todo o entbusiasmo de um bom patri^aa e toda a eneríria de um
espirito prompto e resoluto para i^randes commettimeutos.
No dia 28 jeuniu a Camará da Praia Grande, tendo proce-
dido da mesma maneira, como consta do livru doa Termos de
Vereançã.
Em 30 de Maio do referido anuo atdumiu o exercício da
Juiz de Fora do Kio de Janeiro.
Com celeridade succediam-se os grandes acontecimentos
precursores da independência. José Clemente abraçou com en-
tbuuaâmo es^a causa e po£ a seu siervivo toda a sua mascuia
energia e jamais desmentida actividade.
— 65 —
E' atsiiDi qae em 5 de Junho daquelle anno, yendo em
I, no largo do Rocio, officiaes dos batalhòps portuguezes,
qne queriam que ee juraísem as bases da Conttitui^&o Portu-
guesa e fosse creada uma junta de nove De| utados que deviam
■laistir ao despacho do Príncipe Re^nte, o que o collocaria ^ob
a dependência de Avilez, José Clemente, Presidente da Camará
6 Jaús de Fora, oppos-te com uma firmeza e coragem que causou
a admiraçfto dos seus companheiros de yí rearma, con o el!es mes-
mos declararam em documento que, aésigrado por trid( s, f(i
publicado e no qual afirmaram o seu recfnheein.ento ao seu
jOTen Presidente.
Desse mesmo documento coubta que foi elle quem proprz,
na ultima verf^ança de Dezembro de 1821, a reprt^smaçilo de 9
de Janeiro seguinte, o dia do Fico, e o iiirtnitesto do Povo do
Rio de Janeiro sobre a residência do Pr ucipe no Brasil ; daiado de
29 de Dezembro de 1821, foi redigido de fccôrdo cem elle no
eircalo de seus amigos Cónego Januário, Ledo, Nóbrega e rutros.
Foi José Clemente, que a í> de Janeirí-, á frente da Cíima-
ra, leu ao Príncipe Regente o celebre discurto, em que exi»oz
A necessidade de ficar no Braeil e o exborta a desobedecer ás
ordens das Cortes e do Rei, que o cbnínav.iin a Portug»). Nt^t-
le memorável discurso, quando ainda Avilez dispunha de t( dos
os recursos militares, preconizou com verdadeira nnd/ic a, cora-
gem e civismo a necessidade de um Poder Legislativo brasi-
leiro e de um Pcder Executivo ci m poderes amplos, foitts e
liberaes.
Por estes trechos do dir curso bem se pode avaliar o seu
grande aleunce politico e, o que c mais, a franqueza e o sen-
timecto patriótico que o dictou.
«A sabida de Vossa Alteza Real dos estadrs do Brasil
será o decreto fatal que sanccione a independência deste Rfino !
Exige, portanto, a salvação da patiia que Vossa Alteza Real
anspenda a sua ida atè nova determinaç&o do Boberano con-
gresso.
Tal é, Senhor, a importante verdade que o Senado da Ca-
mará deita cidade, impellido pela vontade do ])ovo, que repre-
senta, tem a hoora de vir representar á mui alta consideração
de Vossa Alteza Real; cumpre demon>tr»l-a.
O Brasil, que em 1808 viu nascer n( s v»stos horizontes do
novo mundo a primoira aurora de sua liberdade . . .
O Brasil, que em 1815 obteve a c&rta de sua emnn ipação
politica, preciosa dadiva d'um rei benigno... O Brasil, final-
mente, que em 1821, unido á n fti-patria, filho tào valente como
fiel, quebrou com ella os ferros do pioscripto despttismo. . . re-
corda sempre com horror os dias de sua escravidão reeem-]>as-
sada... teme perder a liberdade mal f-egurii, que tem lu-inci-
piado a gozar . . . e receia que um futuro envenenado o precijúte
no estado antigo de sua desgraça ...»
— 66 ^
« Pernambuco, guardando as niaterias prioQn? da indepen-
dencín que ]ux>clauiou um díu, mal lorirraJa por Lmmatura, mas
HÃO extincta, v[uem duvida quo a levantnrá de novo, ae um
centro próximo de politica a díIo jireuderV
Minai principim p^^r aUribuir-se um jicdor d»: libera li vo,
quô tem par fím examiuar oj df^crotoa das CôiteJ fobcrana^ o
uegar obediência áquelles que julgai- op [tos tos aos eeui i ateres-
BâB; já deu acce^sos militares; trata de alterar a lei dos dízi-
mos; teu) entrado, sei^undo dizem, no projecto do cuuliar moe-
da .. , E que maU iaría uma proviucia que £0 tivesse j^rocla-
mada independanto ?
S, Paulo sobejamente manifestou o^ sentimentos livres que
yossuc nas politicas instrncções que díctou aos seus í Ilustres de-
putados . , .
O Uio Graúdo do S. Potiro do Sul vai sigaificar a Vossa
Altesta H'al que vive poisuido do s^iitimentos idênticos, pelo
protesto detiSB honrado cidadão que võdes iucorporado a nós
(^Coronel Carneiro da Fontoura),
Ali, Sonbor, e será poj^sivel que estas verdades, Eendo tlio
publicas, eàtejam fora do conlieciraeuto de Vossa Alteia Real?
Stírá possível q'ie Vossa Alteza ignoro quo um partido re-
publicano, mais ou menos íortc, existe semeado, aqui e bIU, tím
muitaa da^ províncias do Braiií, por náo dizer em todas cilas?»
cOi habitantes do Ria Grande de S, Pedro foram sempre dis-
tinctos por estes sentimentos (áJelidade e gloria), sentitnentcs quo
ba ÈPcnlos fíixcm o timbeie ão seu caracter, e que nestes tírmpos mais
próximos apparecem com toda a energia ao campo èti batalha.
Real Senhor, foi jjelos interesses da naí^íio e consíqnonte-
mento pela gloria do soberano e de Vosia Altesía Heal, que esta
briosa tiibu de luso -brasileiros formou de suas espadas e da
suas vilas uma barreira terrível para oâ seus iuímigoj, uiuilai
vezes t;imentada com o &aur;uo doa filhos da pátria, 6 tilo firme,
tào i nabal íivel, como aquella que cingia a praça de Diu. reba-
tendo oí ataques das diversas ua<;òea que pretenderam disputar-
n03 a poase doB Esta dos da índia.
O Brasil já uito é um pupillo, jd nuo é ura escravo , nílo ó
o p«Í35 doa A?moneuB e dos Cananeua, expoit s ái lanais do
primeiro invasor: nós fazemos hoj^í grande vulto no meio das
uaçtíss da Euro]ía : devemos ser considerados como um povo na
mocidade das navõe?, possuindo todoí os recursos que formam
fi engrandecem os Impérios».
Diante do taes palavras uugtdns de acendrado patriotismo,
pela sua franqueza, pela nudez da verdade e pela clara exposi-
i^lko do eitado doa espirifos naquelle momentOj o Príncipe re-
spondeii: c Como è para bem de todos e felicidade geral da
XaçAOj eistcju prompto, diga ao povo que fico».
Foi eito o primeiro passo para a independência.
— G7 —
Em 23 do Maio do 1822 foi ninda Jo é Clemente que á
frente da Camará apresentou a repiesenta<;ão pedindo a convo-
C£^ào de lima assembléa geral das províncias do Brasil.
Já então estavA a iudepeudencia em todos os corações patrio-
ta!, mas D&o na Hng'uaa;em offíeial c solemne ; entretanto o dis-
curso de José Clemente, a pretexto de salvar a iiniào do Brasil
com Portugal, era manifostamento conducente á independência,
parecendo até orna exposição d&s queixas do Brasil.
Tcve José Clemente parto activa na e> coíba dos emissários
que daqui partiram para S. Paulo, Minns, Montevideo, ctc, afnn
do disporem os anim* s para a ]>roclamavrio da independência. No
dia 10 de Junho é ainda elle que rcuno a Camaia em sessíio
extraordinária para airradccer a convocação da assombb^a geral
e para manter a regência do Principe, sendo ainda delle a cir-
cular às 12 do Outubro para a acclam'i<jc\o do luiiícrador.
Na devassa que José Bonifácio, por portiria do 11 do No-
vembro de 1822, mandou fdz-,'r contra «uma facção occulta o te-
nebrosa de famosos demago^^os e anarchi-ftas», foram incluidos
José Clemente, (íencral Nóbrega, Ledo, Cónego Januário, padro
Lessa, P. J. da Costa Barros, Domingos Alves Branco ^luniz
Barreto, J. J. de Gouvêa e outros, tolos oa quaes tinham pres-
tado os mais alevantados serviços á causa da Independência, mas
combatiam o despotismo dos Andradai:.
Era geral a opinião que os dous irmãos Jo«é Bonifai-io e
Martim FranciíCP, com o rotulo de libeiaes, eram absolutistas
como 01 factos da época demonstraram c quo para elles as ten-
dências verdadeiramente liberaes do Joté Clemente c seus com-
panheiros eram anarchicas demagógicas e exigiam a mais enér-
gica repressão.
Daquelles, muitos foram atirados às enxovias das foitalezas
da ilha das Cobrai e outras. Ledo conseguiu lugir para Montevi-
deo antes de ser preso; José Clemente c o General Nóbrega, de-
pois do algum tempo na prisão daquolla ilha, íoram deportados
e, uSo podendo residir em Portugal, onde eram crimes os s-ervi-
Ç08 por elles prestados ao Brasil, foram ]>ara França.
Quando Pedro I não podo mais supportar o desmedido or-
gulho e o génio despótico dos dou3 irmãos Andrada cos demettiu
do poder, foram elles, com António Carloí*, jjôrse á testa da
opposiçfto e provocaram o golpe de Estado de 12 do Novembro
de 1823 que dissolveu a Constituinte.
Foram entAo por sua vez deportados os Andradas e mais
alguns outros, podendo assim José Clemente e seu? amigos vol-
tarem ao Brasil.
Nas eleições para a primeira assembléa g^ral convocada para
1826, foi José Clemente eleito deputado por Minas, São Paulo
e Kio de Janeiro.
Exerceu depois o cargo de Intendente Geral de Policia c a
15 de Junho de 1828 foi nomeado Minittro do Império.
'I
^ 68 -
Neise Gabinete serviu i d te rins meu te n&s pa^tftB da Guerra»
Justiça e Fazenda. Sua posição eomo homem politico foi dm nitti»
im portão tea; todo o bem e todo o mal lho toram attribuidos e
a extensão doa ódios politti^o» que contra oUe ae desenvolveram
em diverfias épocâs mostra betn o bou ^raade vaíor como aiocero
patriota de idéas liberai^s moderadas.
Esta ci'Ha(Íe dÃq pode ter esquecido que deve ao eminente
político o abaetecimeato de agua pelo encanamento daLagoiaha
para o aquedueto da Cartotra e os primeiros pastsoa para o das
Paineiras.
Foi elle quem fez renovar o chafíttiz do Cosme Velho, co^
nhecido por Bica da Kaínba, construi u oa cbí^farizea da£ Laran-
jeiras e o da rua He B. ChriitovÂo; m4borou u encanameato do
rio Maracfinã e abasteceu os bairros de S. Christov&o e do
Cattete,
Organizou os serviços do Correio pelo recrulamento de 5 do
Março de 1829, elevaado-se a renda, que em 1Ô28 fôra de 44:000$,
a maii de 120:000$ em 1829.
Como deputado apresentou em Maio de 1827 um projecto
do Código Criminal que, refundido com outro, deu em 1830 o
Código Criminal do Império. Em 1834 levou a Camará o pro-
jíictr> do Código Commercial, elaborado por uma commÍ9»ão de
que elle fa^ia parte com J. A Lisboa e Igoacio Ratton- Pelas
actas das seaadea do Senado de 1847 a 1848 se verificará que
foi elle o verdadeiro suste ntador do projecto de onde sabíu o
Codiíco Cõtnmercinl que l^mos.
Logo apóa á revolução de 7 de Ab:il de 1831, os ódios
nativistas, que já no aono anterior tinham tentado annullarlbe
a elt^içân, resolveram inutiJiaal-o accuaando-o de ter como Mi-
nistro induzido o Governo a proceder o recrutamento e ter feito
encomenda de armamento sem a competente autorização, aendo,
porém, na sessAo do Senado de 1832 unicamente abãnlvido dessas
accusaçôes, Nào foi reeleito para a legislatura de 1834 a 1S37;
conse^uiui porém, voltar á Camará na legislatura de 1838 a 1841.
No segundo Hiniaterio da maioridade, 2ã de Março de 1841,
occupou a pasta dit Guerra e teve occa^iãn de prestar maioreâ
serviços na pr<^mpta repressAõ dos movimeotos revolucionários
de Minas e S. Paulo, Preparou a termlnãç&o da guerra etvil do
Rio Grande, consf^guiudo, apezar da opposição de Aureliano Coi^
tinho, a nnmeaçd.o do então Barão de Ca^tias para presidente
daquella província e commandaute das forças legaes. A 3 de
Dezembro de 1842 foi escolhido Senador pelo Pará, tendo antes
en irado era líatas triplices, uma vez por Alagoas e duas pelo
Bio de Ja^^eiro. A 20 de Jaueií^o de 184^ deixou o Ministério.
Sem. comtudo, abandouar de todo a politica^ didicou a sua acti-
vidade no exer cicio do cargo de Presidente do Tribunal do Com*
mercioe de Provedor da Santa Casa de Mifiericordia
Foi esta, em ligeiros traços, a vida politica do grande pa«
triote ; Tunoi açora Tel-o como administrador energrico e altiro,
<« grand« benemérito em obras de caridade.
Depoii de ter servido um anno como mordomo dos pre-sos,
ibi José Clemente eleito provedor da Sauta Casa de Miseri-
4*ordia em 8 de Jnnho de 1838.
NSo era lisonjeira a si*^iiaçào do pio e*t belecimento nesta
oecasiào pela defic encia do património, i^endo grandes as des-
pesas. Taes, I orem, foram os dedicados esforços do novo pro-
Tedor, qne gradativament • foi o hospital da Santa Casa de Mi-
«ericordia recebendo utilíssimos m«*lh(riimentos e. o que ê mais,
Aagmentado o património. E* a&sim que crct-u uma enf^rinaría
para trat -mento dot tuberculr sos, ])reparou o construiu o cemi-
tério de S. Francisco Xavier, na Ponta do Chjú, installou ma-
chinas pa>a lavagem de rou}>a do hoiípital na chácara da Praia
Vermelha, denominada ent&n Chácara d 3 Visrario Geral, itbastt-
•cen o hospital com a<niA do Aqueduto da Carioca, r(>tV>rmou e
«nelhorou o A^ylo dos Expostos e o Recolhimento dos Orphi\os
« assim, no curto espaço de um anno de s'm benéfica e salutar
provedoria, a|»esar de |>equeno au«rniento do receita, houve o
•deficit de 9:657$937. Nà» desanimou o xeloro administrador em
levar por deante a resolução que toin.úr.i de dotar ehta Capital
-de um hospit^il modelo que pudesse receber com todo o contorto
■e eommtdidade os enfermos e ahi rratiil-os tie*;^undo as regras
-da hv$?iene daquella época.
Na sesità.i de 30 de Julho de 1838, demon>4trou que o hos-
'pital, começado ha maia de dois séculos e c nistruido aos poucos
•e á medida do auginento da populaçào, n«o oile.recia as condi-
•çÕes de um estabelecimento desi>a natureza nem obedecia aoa
imprescindíveis preceitos da hygiene hospitalar o eniAo propòt
-que f>e convidasse a Academia Imperial de Medicina para apre-
sentar as bases de um novo hospital. E assim a Academia e o
-engenheiro architecto Domin<>:o8 Monteiro planejaram o majes-
-toso edifício hoje existente, cuja pedra fundamental foi lançada
■A 2 de Julho de 1840 e inaugurado dois annus depois uo dia
de Santa Isabel.
Disse o benemérito provedor em peu relatório de 25 de
Julho daquelle anno :
«Prometti que o anno de 1839 a 1840 nào havia de ser
«menos glorioso para a Santa ("asa, que o di^ 1888 a 1839;
-eampri minha p<omes8a, os factos o íttestam: o por diftícil tivera
410 corrente anno ultimar o de empenho do pro^ramina, que,
deide o principio da minha adininistraçíio, mo propuz : — au-
;nientar a receita, reduzir a despesa, remover o cemitério, intro-
dnsir ag^ nos estabelecimentos da Santa Casa, lançar a pri-
«meira pedra de um novo hospital, melhorar a easa dos Ex pontoa
-e o Recolhimento das Orphàs e deixar os negócios em est'ido
•dos meus successores poderem ultimar a obra de uma reforma
^eral nos três estabelecimentos, por mim encetada.
^
— 70 —
Louvemos a Divina Providencia pir ího aa-ií^naUdoa bene-
ficios ; ag^rftdeçamoa íio Poder Lpgislativo a niunificeticía do suas
graças; ao goverao de Sua Majeatado o Imporndor o auxilio d©
seua doimtiv^os; a tão poderosa protecçilo, síiihorea, é devida
exclu^ivamcittí) a prosperidade a que tem iubido a Siinta Casa
de Misericórdia»»
popularmente cofiUecido e admirado pelo eeu eapirito cari-
doso, Josc Ulemcnto procurava coín rara habiliditdo obter dona-
tivos para o augraent) do patrímrhnio da Santa Casa, o para
conse^uil-o rouuia a uoja pacioacia eváiifíelica, o estuda espe-
cial de faKor-se estimar e tcjrtvar-se int mo, couERlheiro e pres-
tativo par^i aquellca a quem a sorte favorecera e poder aa&iai
obter genei^osas doRÇòes para o piedoso éPtabelecimeuto que é
hoje om padr&o do gloria para a caridade brasileim e o maior
rofujiio dos dosherdadia da fortuna g^olpeadoa pelan enfermidades.
Contam, o ainda hoje affirmam alguas de seu^ parentes por
aBSnidade originalisaimnfl tceioa que empre^rí^a José Clemente
para con eguir obí:er o augmento do património das institui çôei
pias pgr elle dirigfidaa.
Morava no Campo da Âcclamaçào» esqoina da ma do Bílo
Pedro, no local onde so at-lm actualmente o edíHcio da Prefei-
tura, uma eenhnra viuva, já edoss, do nome Luiza A vou dano
Póreira, possuidora de bôa fortun«. Essa senboj a vivia em com-
panhia de varioa escrav^os e pasmava o tempo sentada em uma
esteira no eõío, divortindo-so com as traquinadas de suas cnos.
Joaé Clemente, quaei FCmpre depois do despacho imperial
na Quinta da Boa Vista, visitava íatdado a velba A vou dano,
setjtaudo-Be junto delia na mepma esteira e pre[*araudo dous
cigarros oíIerecendo'lhe um, e aiubos, entre o snborear do fumo,
dissertavam sobre actos dt^ raridade e de beneficenciaj vindo
eempre á tona os dispensados aoá infelizes pela Santa Casa do
Mieericosdift,
Horta Avon dano, íe*ou á Santa Casa avultada aomma em
predioi c dinheiro, que tem rendido até hoje cerca de doua
mil coitt>B. Nomeado tf Btamente:ro dessa senhora, recebeu José
Clemente a respectiva vintpua qrie montou em íiS.OO $000. Ca-
sado nessa época em segundas núpcias com d- Eugracia Jiaria
da Costa Ribeiro, de^iois de sua morte Condessa da Piedade,
José Clemente, recebi^tido aquella somma, entregon 15:r 00:^000
a sua esposa declarando t^ue era para os aeus alfinetes. Inter-
rogado por elfa acerca do destino dos ontros 15:000^00, rea-
Íi^ndeu que os destinara A crea<,*uo de um asylo. Sua esposa,
leanto do tao generoso desprendimenlo, cedeu tambera de bom
grado a quantia, que lhe fora offcrtada, cm fitvor do novo cora-
mettimeuto de José Clemente*
Existia na rua do Ouvidor n. 90 um modesto botequim d«
propriedade de Estevam José de Carvalho, homem abastado o de
sent mentos religiosos.
^ 71 —
José Glí^ínente, Êâbmdõ um dia do S^níiio, aj enu-se á porta
âo hotequim e^ diríg^indo-se a Ettei^&ni, díssB-lbo Eaber qDa&lli
se t moTa eicellente café. Dí-pois de servido pelo proprío dono
do estabeleci meotúf qoe já se sentia liEonjeâdo com o itlu^^tre
â«gis#*s, Jfsé Clemente felicitou- o pela boa tjaftlidiide da bebida
e qnasi diíiriamente Tinba servir-se de caíé no bíiicqnim e as-
sim conseguia captar a auiiBade do botcquiiiciro dci tíil forma
que, por lan morte, cão tendo berdeiros If ^ou qi^aaí ioda n aiia
fottuR» aos Hospitaes da Santa Casa e dos Lázaros. O pioprio
testJizQf^cto lhe forít entregue muito tempo antes |.tlo íeg-alario,
|»*ra que elle o guardíísao nos cofres da Sanía Cata.
A fiua tondafíe caridosa iníluia podtrf sí^meute no animo de
fedes qne o cercavam, de tal forma que couBt^^ia sempre obter
pciaerosaã donativt^ã para re''ili^fc(;ão tfcâ suus inini'oa pbilantro-
picoi. Fú do Visconde de GnaTaiiba» seu crmpanb^iro de ad-
ininiílraçàr, coiiÉeí^uiu elle cerca de 80:0001000 paia o llospi-
tal« Asy!o de Orpbams e Casa dos Expotto«.
Tinba José Clemente, ou Jo«é Pequeno, como vnl^anuente
en coabectdo, o babito do ^>çrcorrer qua»i toda a lua do Ho-
■arío, onde naquella épcea eram estalelecidos grandes aintnzens
de roaotimenlõ» e cujos proprietário? eram bomen^ de fottuna.
Com elles entretinba amigios^g pali^stra^. fornsando as.<-im um
l^rande Duc!eo de admiradores e amigoí qii«- facilmente o atten-
áiiijn nos Eeuâ [ledidos, detde o$ dotiativos de «géneros para as
instituições que admíoistrava alé valiosos emj^reeiimos jecnuia-
tÍgs para solver comprouiÍK&oi tomado» cm piói desces ingtirutoB.
Muitiãsímas -vezi-* fòía visto no lIo?pit;^l da Santa Casa fa-
zend<^ iarsperadas visita», trarendo sajiaus de borncba, para
nào chaniar a altençjlo doa empregadof^ e i>oder n^úm observar
le e]k*s cDiupriam cim os EeuB deveres e a^^ístindo em ]ie?soa
o [ionto df>s o}«rarios do boBpital em eonstruc^ão.
No relatório que apreientcu como P c-ved^ r reeleito em
1841, tratando da cbacara do Vigário Geral o dos melboiameu-
íí» íntroduiidos na lavanderia do Hospital atli tstabelecica« já
José Oeuititte se preoccupava com a idéa da cresçào do Hos-»
IKCW de Alienados, noi termos se^intes :
«Uns V}êo% estes benefícios maleriaes, jHir muito valiosoi
que aejam^ são poucos comparadci com nntros de mais fubído
valer que a metma cbacara está j^restatido. Visitai -a, «enbrrrs,
e encontro rei^ consolação cm ver allt em plena liberdade, res-
|iímndo ar de vida, a muitos infelizes alienados, que mezes an-
tes jaziam encerrados dgs acanhados af escutes que a n* e-a |iie*
dade podia efi*»rfcer á sua d ef graça! Ide, e lerá maior o nouo
[irazer, quando enc^intrardes no» regiitros da Casa o ncme de
ãl|:«ni que alli recobraram o ««u juizo jicrdido e vivem hoje
rectiiuid^s acs braçrs de lons famílias!
E ew, seiíhores, a esfe prazer que já ^abcreío, n-uno o de
ver realizados os meus presrntimentos rtr velados no rela u rio de
— 72 —
1840, naf segiiin^eâ palavras: «e nào sm que espirito de pre^
TÍdencia me inspira! A cbacara do Vig-ario Geral lia d© um
dia couverter-se em Hospício de Alienados*.
Uma vez, na villa do Pirabj, em miesAo politica, pensando
na fundai^o desse hospício, solicitou esmolas para o novo insti^
tu to de caridade, c o na e guindo obter 2;0OOfOCO.
Comf^çadftâ as obra^ do ho&picío, José Clemãntef que tnorâ*
va na raa do Cattete, na cbacara n. 107, de sua proprÍedad©j
boje tra II a formada em grande parte pela rua Buarque do Ma-
cedo e par novos prédios, sabia da casa todoA os dias, pela ma-
T)ban, a eayallo, acomi>anbado de um pa^em, afim de visitar aa
obras do bospicio, o Hospital da Ba n ta Casa e roais dppende»ciafl.
Uma occaaião o Imperador D. Ppdro II viáitou o edifício do
hospício em constru^çàn e (fb-servou s Jo!*é Cleméute que o pór-
tico da entrada era estreito e af-anbado, José Clempnte caloa-sCp
e, á cusita dos s^-u* próprio* biveree. mandou demolir o pór-
tico e con truiu outtn, gaEitando de seu boUo quatitia superiora
100:000^000.
Achou outra vez o Imperador grandioso de maie o ediilcíú
para o recolhimento, que havia, de alienados. O benemérito
fundador do hospirjo repH^rou que elle era ainda pequeno para
conter os douíos que ainda existiam fora delle
Foi acerbamente^ cRosurado por ler induzido o Governo
a concedí*r titul s e condecoravôesj com n fim de obter o
dinheiro n^tcessario para as ohr s do bof^picío, maa elle dizia
qu"! era obr^ meritoãi fazer utn b^^spicif» para os loucoâ pobres
com o dinheiro dn;; ricos tolos e qu'^ oê barões e co m me nd adorei
morreriam, mas o bfií[»tCÍO havia de ficar.
Servia Jo^é Cleinen^e na provt^doria da Panta Casa c rca
ÚB 16 ftnnOB, prostrado nesse cargo os mais alevantados eervlçtí»
pelo seu iLi^enio iniciador, pAn sua actividade e íotelligencía, e, o
que e maíii, pela Kua furça de vontade e resoluta p«?rát^veiança,
Posauia Jasé Clemente duis fazendas denominadat das Cruzes
e Santa Eugenia, em Vassouras onde tinha perto de 400 es-*
crdvo*. Nào admitrindo fllle o concubinato doa servos, eram
casados a mnior pirte dt^lles. A cadn mãe de sete crias, conce-
dia elle a carti, d-^ filforria.
Trajava José ' lem<^nte sempre de preto, usando presilhas
nas ca'çaà e chapéu alto. Em ca^a seu vestumio era sempre
de brim branco. Parco nas suas refeif,'ões e em excesso temjie-
rante, tinha genio alegre Alliado a especial affabilidade dé trato.
Em sua residência, quando de^occiípado, coi^tumava passear com
as mãos nas costis e todas &^ noites dava a dua» netas de sua
esposa a- Regras de Cimliàade que eram lidas ora por uma ora
por outra em voz alta e com a sua assistência.
Depois que t' das as pessoas de casa &e recolbiAm aos sem
apcsentos, José Clemente dedicava<-se ao estudo da pa^K^ia e ao
trabalho até aita noite.
— 73 —
Nanca tivi^ra filhos, havendo ca«ado duas vezes, sendo a
primeira com a sra. d. Thereza Mariana de Oliv^-ira Coutinho
e a lefpioda, como referimos, com a ara. d. Eri^racia alaria da
CoBtft Ribeiro.
Na tarde do dia 10 de Março do 1854 acompanhara José
Clemente a procis9&o qne sabia da e^reja dos Carmelita-^, con-
dnsía a imagem do Senhor dos Passos para a e^roja da Mi>i*ri-
cordia e correr os ^ete passos inf-tHl!adcs em oratórios no perí-
metro d4 cidade, com a sua opa de irmAo Ha Santa (?;isa e a
sua vara de Provedor. Dí^pois da proci.3sào visitou com >ua fa-
mília uma das pessoas de t-uas rel.KÒ^-s e diritriu-se para a «^ua
residência á rua do Cattete
Seriam 11 horas da nf-ite quando d«» df^ntro de sí'U i|uarto,
de |>é junto do leito, ]»ediu um copo com airua. declarando sen-
tir falta de ar.
Pressurosa, soa esposa correu a acudil-o, m.i> ao rcírrcs^ar o
encontrou morto, «*ahido í-ohre o leito-, uma apo]iIexia fxtiniruira
A vida do grande prócere da no»>a independência, do beneiiicrito
e caridoso fundador do Ilospicio de Alienados.
Jifsé Clemente, qne tanto h 'urou a li uman idade <* tanto
trabalhou pela pátria, jamais quiz aceitar tirulcs nohili^lrohico8
que lhe foram offerecid^jo, por-^ue, dizia elie «tenlio o iionn' liu^ado
á hirtoria do Imp-rio e tífWa não quero apitral-o».
Logo depois da sua morte u Imperador Pedro II fez pu-
blicar as seguintes reso}u<;òe8 :
«Ministério do Impei io — Decreto — íj-uerendo dar um jiublico
testemunho do meu ]iarticular apre<:o e imperial rfcunlictrirnonto
aos mui relevantes serviços pre>ta'os ao K-tado pelo fallecido
Senador Jo^é Clemente Pereira, h^i por bem nomear Condensa
da Piedade á Sra. D. En^racia Maria da Cesta Ribeiro, viuva
do me»mo Senador.
— Querendo Dar um teste r uilio Pes^o:*! do aprero rm que
Tenho os serviços prestados á hum^mi^lade jc-lo fallejido Provador
Santa Casa de Misericirdia. José Cinim-nte Pereira: Hei yr bem
qne pela Mordomia da minha Imperial Casa s>í m^tndc fijzer a
sn* estatua, que será colocada defronte da Minlia. na ^^ala do
Hospâcio do Meu Nome. Jo^é Maria Velho da Silva, do Meu Con-
aelho, e Mi-dormo interino da Minha Imperial ^ asa. o v uha en ren-
dido e cumpra. Palácio do Rio de Janeiro, em treze d-* M«n;o de
mil i itocentos e cincoenta e quatro. triir»-5Ímo t»rc-iro da Ind'*pen-
dencia do Império e í^'om a rubrica de >u i Maj<»>tade o Imp» r-id<.r»,
A imprensa da époja rapidamente tratou do fíille.;irnenlo do
preclaro cidadão e só no dia 12 deu e^ta noticia o Jornal do
Commereio
« Faleceu ás 11 hoas da noite de sexta- feira pn-ximo pas-
sado o sr. Conselheiro de Estado Jo?é Clemente Pereira. Sena-
dor do Império |iela provincia do J^ará e Provedrr da Santa
Cata de Mijerieordia.
— 74 —
Na dia 13 publicou o sfn-uintc: «O Sr. Conselheiro de Es-
tado José Clemente IVreira foi 8e]iiiltado liou tem no cemitério
de S. Francisco XíiTier, cora todas as honras devidas ao aeu elô-
Yftdo cargo.
O préstito foi o maior de que La lembrança nesta Corte.
Era nm ]>re&tho de gratidno.*
No diíi 15 ainda o Jornal publiec-n mais esta noticia en-
IrelinliAdn e sem litnlo :
mS, M, o Imperador querendo dm- publico teetemnubo do seu
partcular ajireço o imperial reconhecimfnto aoa mnilos ícryiçoa
prestados pelo falecido Senador José Ckmente Pereirn, houvo
por brm conferir, por c^ecieto da data do hrnfeni, á Fra. D.
Eogrâcia ílíivia da Ccsfa Hibeiro Peieíra, viuva do n:eEmo Se-
nador, o titulo ãç Condes; a riu Piedade.
Ás espie snes cora q\w S. Jí. o imperador se di^rnou re-
conhecer os letviços que ^j ilhistre finado prestou ao Estado ,
acharam í^cho no eojn(;rio de tidos os Brasileiros,
Por decreto do me* ma data ordenou S. JL o Impi^raiíor que
pela Mordomia do sui cnsa mandíi&sB fazer a eàtatna do Sr^ Jo-
sé Clemcnle Pereira para ter col locada na tala do Hospício de
Pedro n, defronte do mesmo Aus^usto Senhcr,
Si ffi servirna jirestãdos á humanidade peio Provedor da
Santa Císa da MisericorJia, de qne é aqnelle hospício um doa
mais hrilhantes padrões, deram ao Sr. Jo?ó Clemente Pereira a
mais elevada posiçrio no conceito e nas afieii^ões doa Brasileircii,
nho pndiam scrmenís npreciadcs peto m(>narcha qne ness^as mes-
mas virtudes achou o melhor predicamento da majestade.
(Quantas ve^et o pensamento de alta munificência do impr-
radnr teve por interprete, por inatrnmenio da sna acçào, esfO
homem cuja memoria vae act niji^nhada daa bênçãos de ttdo^ os
infelisíes 1
Assim no grande monumfnto consagrado no iiliivio da maior
das enfermidades dos homens, a pr^terídade verá a eãiatua do
sr, D. Pedro 11 col 1 ceada por e&forços e deligeneíaB do Prove-
dor Josi* Ciemeíito Pereira e defr nito delia a de José elemen-
to Pereirft, mandada col locar pelo Imperador D. Pedro II. E a
posteridade bem dirá o dia em que a beneficência do throno as-
sim galardoava a beneficência do súbdito.»
Pei a ilida José Clemente am dos fundndoixs do Ingtiiulo
Hiatoricn e Geo^^^rapLico Brntileiroi eocío da Sociedade Auxiliíi-
dora da Industria Nacional e ícu presidente for niaiã de três
annoB. Era dignitário da Ordem do Cruzcjro e grau do digui-
tarío da Hi^sa e foi ncmcfido conselheiro de E^tndo em 14 de
Setembro de 1850.
A estatua de José Clemente e de memore o aehn-se no
Hospício de Pedro II, lecdo o ti&hnlho aTtÍ£tico do esculptor
Fettrich.
— 75 —
Ejicerramaa este modesto preito de sdniíra<;ao o de resjieito
 memoria ão úluttrQ ]iatriota e philanlropo eidadAn, ]jublii;an-
do abftixo, noi docnmenta de ftaa lavara cujo oiigiual g;uArdnmoB
coiDQ preciosa reljf|ui^.
O MiNiSTEr.To ncs Sus. Akdrabas,— Por decrelo de IG do
Janeiro de 1822 foi nomeado Ministro dos Neíí^ocioa du Reino e
&lra oleiros o Sr. Jom Bonifácio do Andrada e Silvn e pov
decreto d« 3 de JiiUio do meamo mino íoi nomeado MinUtro da
Faxenda o Sr. Martim Francisco Ki beiro do And rada, seu innííc»
Net^buDs outros euiravam tta administração debnixo do melLo-
re» ãUFpicioB de opinífto publica, qiic um e outro ^^oKivani em
grio BU|ierÍor de saber e pritrioti^tno, principalmeuiti o primeiro.
£ra seg^uramente eato o único homem npoiítado cntíio como pos-
suidor das qualidades uecesaariafi para dirigir a revõlufcâi f"^'
qnc ao prestijiío de «na popularidade^ necessária a tridoí os Mi-
nistras em todos o» tempos, e com muita especialidade cm crí-
fea revolucionarias, reunia va^to laber, imaginiçHo vivn, activi-
dade aem iiíttnl e intrepidez remarcjJveL
Todas estila qualidadoâ desenvolveu durante o tempo da sua
ftdmjn is trairão, com geral conceito e apjdauEo ; assim rlle tives-
se pfs-uido ao mesmo (empo a de ser impenetrável m su;reBtôes
de g-eutís iutrigantef, que apodernndo-Be, por desgríiçí», do in-
terior da sua cnsHi Ibo íiturdiram os ouvidos com es ímprecn<,'oe8
de que se maquinava contra sua pefsra e Governo, o que nun-
ca eiistio. Daqui nasceram es imssos errados que eclipsariun a
floria bem merenda deste velho venerando, di^no do meíhor
sorte í Patriarcba respeitável da nossa reííenera<.'rio política, cujos
serviço» relevantes o Brasil nunca Baberá desconhecer e a que
a postei idade fe mostrará nmis agradecida do quo os seus coa-
teiaporaaecs o tèm feito.
Entrou o Sr, José Bonifácio ra crise mais assual adora por
que esta cidade tem passado. J^r^íe de Avellar íicabava de in-
subordinar-se A testa da Divisão Auxiliadora do Portu^íalj na
ooite de Jl de Janeiro^ oscandal zada da uobro resolmjíio que
S. M. o Imperador, entí\i Frincipe Rpf^enle, havia tomado uo
dia 9 do mesmo me^ de iicnr uo Brasil.
As enérgicas medidas do mesmo Ecuhor, secundadas pela
aUitude guerreira que aa tropas brasileiras e o Povo fui massa
deetn Capital dcBon volveram, no dia 1"2 o seguintes, obTJgaram
aqtiello General a embarcar com oa seuí soldados pítra a Praia
Grande, iías isto uao bastava: era necessário ohrígal-ca a
Aahir para fora do Prasíl. Isto se conseguiu com eiTeito;enâo
»e pode nep^ar que osta ncçiko heróica foi devida á energia e
intrepidez do Principe Regente, como é de todos bem Bnbido;
mas esta só niio fora bastante se o Sr. José Boniraeo ufto esti-
vesflo á testa dos negócios, c os nào dirigisse com acerto, Eem
r
— T6 —
flue por ias o qneirântús ne^xar ^-loria d is ti neta ao Ministro da
Guerra o Sr, Joaquira de Oliveira Alvares, que nesta ocfasi&o
ibe coube, pela actividade e baa disposiçào de suas medidaa«
Aqui temos um acto grande deste Ministério, que é neeessario
l<in<;ar na conta das snaa obraa boas.
Seja o segundo a ereaçào do Conselbo de Pro curadores
Geraes das Províncias do Brasil por decreto de 16 de Fevereiro
de 1B22; medida politica e acertada, que lançando os prlmeiroi
fundamentos da no&ea representaçAo nacional foi preciosa pedra
tman que principiou a atrahir toda^i as proviíicias a um centro
sem o qual a divisão houvera sido inevitável, a Ii^dependencia
teria sido senão im pratica vt^l, pelo menos mais difâcil de obter
e enlutada de muito sangue, e o Império aparecia Urde oa
uuncíi, como era maia natural, Graça-a portanto ao Governo qU6
nos preparou tào g^rande bem, o poupou a tantos males.
Para que tudo fosse rápido na cau^a da Independência, o
decretí> de 3 do Julbo deliberado no Conselbo dos Procuradores
Geraes, e referendado pelo Sr. Andrada, preparou o primeiro
passo para elle» on s^ja antes o secundo, porque o primeiro foi
oa nossa opinião o majestoso acto de 9 de Janeiro. Convocada
por este decreto uma Assem bláa Geral Conaiituiate, segura
íicou dosde logo ao Brasil a certes^i de qi^e ia ser independente,
e possuir uma Constitui<;ào ; assim se verificou com effeito e a
quem í^e devrem estps dous bens? Sem neijarmos o primeiro movei
de pbenomeuoa tào espantosos peFa rafddez com quu se obraram
á força da Of^iniáo dp todo o povo brasileiro que se pronunciou
a uma aó voz, com força soberana e irresistível, cumpre quo
tributemos ao Governo o d «vi do reconhecimento pela sabedoria,
pratriotismo e exaltado liberalismo, com que soube obedecer a
easa mesma opiuifto, aproveitar-ae delia e dirigil-a para pro*^
peridade do Brasil. Menos vit^ilancia no Governo, se eíle tivesse
tido menos patriotismo j ou illibera! os espirites que se exAka-
vam com amor pela Independência e Constituiçáo, houveram
tomado outra vereda. Graças pois ao Governo que p«flo acerto
com que dirigia o leme da náo do Estada nos levou a porto da
salvaçjio .
Oâ aentiroentos de Independência enchiam os corações dô
todos Qs Brasileiros, os a^rtos precedente? imminentemente na—
cionae» a iniciavam preparavam e annunciavam; mas ninguém
ousava levantar o gj-rito!
Esta gloria estava reservada ao patriota fundador do Im-
pério, e devia caber á provincta de &« Paulo a invejada dita do
ser a prc^vincia que da Sua Hea] boca ouvisse o delicioso grito
— Independência ou Morte— que fosse a primeira que o repo*
tisee, e que também fosse a prinieira que levantasse a voz do
acclamaçao de vivas ao Imperador do Brasil, premio bem mere^
eido de quem teve o patriotismo de ser o primeiro qao procla-
mou Independência ou Marte.
— 77 —
Ot nomes de Pedro I, Sete de Setembro, Campos do Tpi-
tanga e » par delleB o de Paulistas, serào eternamente iiisepa-
laveii nos aanaes da Independência!
Nós nos eialtamoB sempre que nos detemos em os considerar;
• olhamos com respeito para a província de S. Paulo, porque
nella divisamos o entrincheiramento da constitucionalidade, sendo
altamente glorioso para ella que tenha produzido varões cxcel-
lantes no apreço e defesa da liberdade re<*>rada, sem a nódoa de
demagogi*mo, no valor com que em todas as épocas tem enno-
lirecido a pátria, quando tem &ido necessário voar em seu si ccorro
com as armas na m&o, e por sua Lunca manchada lealdade aos
■ens Soberanos
Perdòe-se-nos a diji^ress^o com que, involuntariamente e sem
o sentii, sahimns fora do nosso objecto: m'>s ha certos incidentes,
inseparáveis dos actos principaes, que merecem ser tocaios, e
nenhum mal ha em se tocarem : nós tornamos a entrar em matéria.
N&o podia escapar ao génio creador do |>rirceiro Ministro
do Brasil, que, declarada a Independência, principal ponto a que
caminhavam snss vistas, era necessária a acclamnç&o do Principe
Regente: este passo cortava todas as vistas de espera nçH que
Portugal ainda pudesse ter sobre o Brasil, e destruía ao mesmo
tempo quaesquer idéas desvairadas que al<>:uma província por-
ventura pudesse ter, e é fora de duvida que com offeito tinha:
era por con8<>quencia necess^irio. Entrou, pois, ufsta empresa, e
fiíeil lhe foi levai -a a bom resultado, porque os animon estavam
dispostos. Zelosos patriotas uniram-se ao Ministro, dispuzeram-
se as cousas, e verincou-se a acclamaçfto no sempre memorável
dia 12 de Outoro de 1822, em sein provin:;ias a uma >ò voss, e
i mesma hora, e todas as outras fízeram outro tanto, immedia-
tamente que puderam
Na nossa opini&o esse passo preservou o Brasil de grandes
males, firmou a soa independência e apressou o reconhecimento
desta. E porque a gloria de uma grande acção é sempre do
reral que a dirige, embora seja verdade que na acclamaçào
Imperador tiveram distincta ])arte muitos homens patriotas e
o povo todo que unanimemente a queria; ninguém ousará negar
ao Ministro que a presidio o lugar distincto que nella teve, e
que fes nm serviço relevante á sua Pátria.
A ordem natural do seguimento da causa da Independência
obrigou-nos a alterar a recordação de diversos actos im])ortantes
ane simultaneamente illustraram a marcha patriótica, sábia e activa
do Governo. Todos sabem a actividade que se tomou contra
Portugal e ocioso será recordar a guerra que do Rio de Janeiro
se fez ao Madeira e ás suas tropas na Bahia. O maniiesto do
Príncipe Regente aos {>ovos deste Imi>erío, datado de 1 de Agosto
de 1822, e outro aos Governos e á^ nações amigas, com data
de 6 do mesmo mez, sào peças que muito honram aos t<ous au-
etores. O decreto de amnistia pelas passadas opiniões, de 18
— 78 -
do Setembrí», ordenando no racsmo teirpo o distinctivo— ^Inde-
pendência ou JtoriGí— aJoptndo pelrj Frincipo K€'gent« noa campos
do Ypirnn-^n, r^ mandando saliír oe» dissidente?, ocSo foi nílo bó
do patriotiâmo, mas de génio m^iit^ politico, b 8 rafazejc» e liberal.
Outros do meàmo ineK quo d esi fanaram o topp nacionaí brasi-
leiro, deram ao Br-sil ura escudo do nruiss e unidaram a cór
das fardiis do* criados da Casa lm|>crial, sào piovns nada equi-
vocofi do génio tilo nacionnil como creador do Ministro que os
refíjrendoti . E pnra quo ir mai^ linge? O ijue fica dito bíistíi
para formar o conceito do quo o Governo em 1823 fez Berviçoa
notaveiá ao Bríisil, que osto nunca deío eâquecer*
Os míiiâ membros do Ministério t abalharam de nccôrdo,
mas nS-o tiveram por sua posiçào lugar oppoituno de sobresa-
birera^ Mna nAo é bom que deixemos de fazer boiírr^a me-
moria do sr. N^iíbrep^íi, que eo ffK djstincti pelo &ctt amor dos
príucipios coiiBtiluciouaes, nem do sr, Caet uio Pinto Montenegro,
depois MarcjuPK de Villa Keal da Praia Grande, eiu quem re-
aplaudeceu Eotatiro amor de Justiça e bem fazer.
O sr. MRvtím Francisco illu^t-^oii o seu Jlinisterio, pelos
principio» sem exemplo q^ira de^seuvolveu da mais stricta eco-
nomia na despesa doí dinlieircs públicos, e esmiuçada fiscali-
Kaçfto da receita; qualidades tHo estflsqaeuem os aeiis inimigos
lhes lí^m gabido negar, c ellaa fuKem na noí-ea opinião o maia
soberbo elog^io que o maia perfeito administrador da Fazenda
pode deEefar.
Âtú aqui a ponua noB coneu bem, porque njlo tcvo senào
actos ^randoí que deacroveri de prosperidade para o Brasil o
íjloria para o Governo ; o uosao uatural propendo para dar credito
o nome, e iiílo o tirar a uig'uem'. oxalá quo aempre o pudeaae-
mo8 frtzer!
Mas o credito njesmOj e bom n>me do Governo, que dese-
jamos estabelecer, exig:era de iíóí o aacrificio de ufto poupar na
seus defeitos: ftomea forçados portanto a virar o quadro dy
outro lado, e vamos di/,^r os mfllea, que o Ministério dos srs.
Aiidrudas fez no Brasil^ e o qu© é rnesmo em seu abono, pris que
tomados com os bons, se ba de lirar em resultado, que estes
foram excessivamente maiorep, e que por con&equfincia este Mí-
nÍÊteiia íVi cxcelJente ua parte bôa e uào tílo raáo na parte má,
como querem os seiía inimigoi, e que oa serviços por elle ÍLitos
ao Brasil, embora eclipsados por algans erros, nunca devem por
este ser esquecidos, A íajçratidfloé defeH^ g-ave, o feio, muito
commum nos Povos, que silo faceia em olvidár-ao dos serviços
que 8© lhes fazem; maa que o Brasil, por ser generoso, e leal
por eiccllenciaT poisme om tneuor gráo^ graças ao caracter nobre
dos Bcui filboi 1
A bistorta das revoluções nfio apresenta uma só quo nSo
tenha aido enlutada com o vexame das perieguições : eslas çao
mesmo da natureza da^ cousa?, e de tooos os Gi> verãos qne as
- 79 —
levolaçôes tirêani; o Brasil é síim dtivíd*! o que padeçeii menca.
Sempre qm^ fo rompem os vinculoa BOCiaes egitaiii-fie oa tspiíitaa
dtí todo o [tova^ a» auctoridadfís |j(*rdnni sua fijrça, o aa reèlatencifls
aa sii%s orden* sio inevitáveis. Lembrados dos nbiisos do Governo
queacAbi, é jii tirai ncs súbditos o roícii), r a doícouíiaiiçíi d« quo
ti novo Governo 09 queira rt-stabelecdr, todí>s 03 actoá dcâtG llie$
pareecítn ftiroulados, e com:» tendentua a este íim: qualquei* me-
dida lí olbíidii como potto ]íropria da nova ordem das tou&aa,
Iodas vêai esta; ao aeu moio, e eiteaiem que o Goví^rno as
Yè tnal, tidos desejam que a$ reformas èo ojierem cm uru luo-
meníOt e que a prosparidade ap[tareça ãa repente, t ído5 ]iâra
dizer tud<j d© uma èò vez quprem a rrfarma na eafiAi dos outroSi
m49 nenhum a quer na siia, D;iqui ii:isce a falta de couíiáuça
no Governo, reciprocamente a falta de confinn^a dc^tc noa go-
vernador.
EJe marcha poi tanto sobre um terreno pouco srg^iuo, qual-
quer pequena opprisiçào o asausta, e como não está certo do seu
p der, vè-iô obrigado a ap iar-se no partido que Ibe parece
maia favorável; o perfipgue os qae se llio parecem oppôi\ c nis-
to é íacii o CD^^anar-SBj porque aquelles qun lisonjeixm o Po-
der fiâi oídlnaríamcnte t& mais Ínrapa?.e3 do o sustentar, e os
que lhe fazem opposjçAo, si esta nEio exc de oa limites do juato,
*ào o seu apoio maia seguro, Bcmiire qua ctle queira ter juàto,
E' a esra ordem natural das cciisaa, e a seus effi-itrfi ne-
cessários, que noa sempre attribnímos as perápgui^õfa que da-
unte o Ministério dos ars* Ândradas^ maia do que em nenhum
eutro, afflígiram o Braail.
A ncimcaçAo de um commandaníe ias armas da [»rov!ncfa
do S, Paulo, que não merecia a ccn fiança dctta jirevitscia, me-
receu nlli oppOíiçAo o deu legar a alf^uitias desordi ns. O Mi-
nbíerio quiz tustentar a sua nomeação, e para renovar memoria
de f cenas desagrada veia, eata opposiçáo, a^^fíravada por outro
a:io de inEubntdína<^llo, que antes havia nbri^ario a sahír do
governo proviforio o sr. Siartim Francisío, deu lo^Çíir a tlevassas,
prisões, © ejcterminioÊ dtí muitas pessoas acreditadas na pri.yitjcia.
Neceifario é rcconbccír que estas re, elidas reBistencias ao g^o-
verno estabeleceriam um mau precedente, eÍ ficassem íin punidas,
B que o rrceio de que tomassem corpo, e so repetissem cm ou-
tras provinc^as devia assentar o ^linisterio t ma* também é uma
verdaie, que este devia attender, qne nos achávamos no ]'rin-
cipio de uma revf<lui*fto, que nilo esta vários ainda constitnidoa,
a quâ eltc deu causa a rcpuUa que se lhe (gz do cinutuandauto
dii armav, nomeando mn homem que a província não queria
lec^her : e?to acto que em tempos ordinarics ú um erro, nao
podia deixar do o aer aínda maior em uma crise revolucionaria.
O ca?o é que toda a proviocia de S. Paulo se pox da par»
tê dos perrCguidcE, e logo que a noricia das perseguições che-
gíiu ao líio de Janeiro, a opinião publica se unio ao sentímeu-
— so-
ta dos paulUtaBf e aquelles acharam noB Flominenii^s valentes
advogados díi sua cansa. Ctimpria aos era. And radas retroceder
e serem os iirimeiroa que ao Hei ta»- em a susta<^Ílo dos procedi^
mentor de perseguíçÃo encetados na sua província, rnSB por
mofino, tilLo sõ o não íizeram, mati até consta que levaram mui*
to a mal o 2elo do alguas procurad* rea dn provinda, que boU-
citaram e obtiveram do Príncipe Reí^ente o primeiro decreto de
23 de Setembro de 1822, que mandou ficar em eterno esqueci-
mento íi devasm tirada sobre os acontecimentos do dia 23 de Maio,
Sodendo reverter livremente para suas casas todos aqueUes que
ellna por esae motivo se liavíam ausentado, e pondo-fo era li-
berdade 03 que estivessem presos, que foi substituído por nutro
da me^ma data, com supprpssào da claui^ula de se poderem re-*
verter ^ara suas t!aaas os qu^ del!as se tivessem ausentado.
Alg^uem touve entfto, e lia ainda hoje, que quiz atrribuir
taeij procedimento^ a motivos de vinganças particulardã ; mas quem
fôr impnrtsial ba de reronbecer que as rfluòes de Estado aconse-
lhavam que se nào tnlerasâcm as resistências que appreceram na
província de Sâo Paulo; e querem<is por consequência attribuir
a erro, e nào a crime do Ministro qualquer excesso que oesta
occastão commetteese; todavia, estes f.ict;o3 ainda hoje nào es-
quece ram aos Paulistas, que muito desempenhara a ri^ca o rifào^
qui^ chama Paulbta a quatquRr hornem firme na opinião, ou pro*
jecto, que uma vez firmou,
E tanto mfli- pfttamo^ disto convencidos porque souberao-i a
ease tempo de bõa parte que o Sr, José Bonifácio se deixou il-
ludir com falsas ínfurmaçòes que t(^v(i de qu^t na provincia de
S. Paulo existia um partido quo trabalhava [}or unil-a a Furtu^ifal,
Tozes que elle nunca devera acreditar, por conhecer quanto
isto é repugnante ao caracter nacional dos Paulistas; mas i^to
confirma que houve erro e nfto maldade.
O Kío de Janeiro teve também suas victímas, effeitos ne-
cessários da época e da facilidade que o Sr, José Bonifácio tinha
de dar ouvidcig a intrigas, álg^nns nescidos em Portugal foram
mandados sahir jiara fora do Império, sem porocesao; muitos sem
duvida o me rf ciam, senão porque maquinaram para obras contra
a causa do BrAsil, ao menos deram lo^^ar a suel^^eitap, mais ou
menoà bem fundadas por suas palavras indiscretas .
O que, porém, ee u&o pode perdoar ai. Ministério dcs sfp,
Andradfts é a cabala de 30 de Outubro que perseguío homens
decedid* s pela causa da Independência e da liberdade, qtie muito
tinham ajudado o Ministério no desenvimento dos meios que se
empreitaram para tào patrióticos fins; e maia que tudo magoou
o Brasil uma pnrtaria que se expedio, mandando devassar nas
províncias de Emissarioa que se diziam ter hido daqui enviadrs
para proclamar uma Hepubliea, nào tendo ellea recebido outros
que não fossem os que eraproheuderam penosas viagens ás mesmas
províncias nas patriótica missào de promover a Indepencia, 6
— 81 —
a aec^amaçfto do Impeiador, antorizndas por portarias. p»&8flporte8
do Ministério, e com inteiro conhecimento delle. Este pncoH-
mento desU ai, despótico e de má fó nAo podia deixar de encon-
trar grande resistência nos ânimos dos habitantes destH Capital
e das provineias ;de facto a encontroa, e quando a prudência di-
ctava que o Ministro retrogradasse no seu pa^so errado, obstinado
cm sustentar a sua obra, encheu as prisões de centos de victimas
innoceutes. Os gritos de tantas victimas innoceutes checaram
los ouvidos do Throno, e a demissão dos Srs. Andrudas toruou-se
inevitável.
Os homens iorparciaes conheceram lop^o o ciúme de que
alguns cidadãos notáveis por seus serviços á causa da Indepen-
dencÍA e da Corstituiçflo pudessem lançar os srs. Andiadrs do
Mini&tf rio, foram a causa que motivou et» ta per8e{;ui'ià<) ; o
processo que depois se formou e ])ub]icou, jiistiticou este juizn ;
ptrqu'^ a maior parte das testemunhas denim como razíto de
seus ditos, que os perseguidos falavam ma\ do Ministério dos
m. Andradas, e aspiravam os seus lu^an s. A qun nodoain por
gloria, e qu9 a nâo ser elle, o houvera conservado ]» r muito
tempo no Ministério, onde houvera continuado seus berví(;< s e
le teria opposto a tratados e empréstimo.
Mas esta é a ordem das cousas humanas, e a experiência
ensina que em revoluções os que se mettem aredemptorts t^em-
pre morrem crucificados.
Temos lançado em conta do Deve e ILiver do Ministério dos
ira. Andradas os bens e os males. Aquelles silo, darem ao Hrasil
a BUA Independência e a convocação dn ^ua assembléa constituinte
e m occlamaç&o do Imperador : os mnles. a iierseirnição de al<j:u~
DM pessoas. O saldo é a favor do Ministério t. do <r<>'eino.
Um dos males de graves consequências, na nos!>a opiniAo,
que este Ministério fez ao Bntsil tbi o s>«tema que estabclecfu
de ajustar tratados de commercio com todas ar nações da Ku-
lopa reduzindo todos os direit»s de importação a 15 "/o*
cEbte prineipio fci funesto para an noswas finan(;as e ainda
mais prova- o opinião de muitos ])ublicÍEtas e economistas».
Esta parte no orij^inal foi riscada e Kilstituida j^ela sefrniiite:
Este sjctema funda-^e na o])inião de eccnomistns, fui da-so
no principio altamente proclamado de que quanto nieiiores
forem os direitos que os géneros pagarem na sua entr;^da tanto
maio ha de ser a concurrencia e os rei-dimentos das alfandegas
devem por consequência crescei prodigii sãmente. Não negann s
eite prineipio. a experienciA o tem sanccionado nn ]>nitica e o
rendimento de nossas alfandegas tem com effeito crescido.
Mas qual tem sido o resultado? A introducçfto qua>i rápida
e espantosa de um luxo assollador que dessa é^oca em deante
tem apparecido entre nós e que nos vai levando á sepuituui e
o desapparecimeuto de nof-sos metaes preciosos, outra causa effi-
ciente orna desgraças publicas que sentimos.
r
^ 82 ^
*Âbertfls AB poitAS»
E^tAB palíivnis foram riscadas continuando o perlo Io na
segui f« te fornia ;
«Facilitada ao eatrangreiro n introducçào de todoa o» jçeneros
de sua industria, com fi reducçâo dos direitos a 15 7„i ^lóa vi-
mos loírí> esta capital inundada de objectos de meto e flacandíi-
loso luxo; n sua barateza facilitou-lbta o consumo, a í^icilidade
desta animou novas importações, e em bre^eâ dias viuiQ^ rb
nossas ruas revoadas de quinquilharias © modistas estrftiif^eirah,
Q os nossos boinetis e senhoras vestidos e penteados a e^tran^
geira, como se vivesaera na França ou na Inglaterra, qoando ró
be deviam lembrar de que viviam no Brasil. Fácil era de prtí-
ver os resultados necessários dn tudo isto: os bons patriotas os
viram lo^o ; e elles foram com effeito o desapparfci mento de
TiosEa mof^dji» quaado do Brasil se foí esconder n^s burras de
Londres e de Paris: e assim devia d© ser necesÊariameníe por
que recebendo noa do estrangeiro annualmonte 50 por exemplo,
nas offertas que nóí importávamos, e nào produzindo para Ibe*
dar em pa^a sínAo HO, que elles de nÓ6 exportavam, o ^aldo doa
20 Hevia aahíf em metaes preciosos c porque n mesma operação
se tem re|ietido por tantos ânuos successivos, railag^t; ó qne
ainda exista ai «ruma moeda de (i§400 ou i$000.
Se taeí tratados se nfto tivessem feito, tnbias leis íeriam
])odi'ío remediar em alguma parte este mal, prohibindo a en-
trada de certos géneros do luxo, ou im]íindo-lheí o pagamento
d© direito nas alfandegas que fizesse mais diflScultOia a sua
int]'oducQão .
Embora géneros de necessidade ou reconhecida utilidade
paga*í?om e6 15 V, oi* ainda menos, mas fazer extensivos estes
direitos a fitinhíis, renda?, acua de Colónia, caijtinbas estofadas,
flore», penteados, cbicotinboa e eabellos de defunto» fraucexea,
licores. bonfCragPEi e tra^ies de madeira que nâo duram^ tendo
nós melhor madeira e mais durflçfto, é erro qne fe uào pode
perdttar e de que até oè mesmos estrangeiros se riem, porque
nesí-a nâo cahiriam elleti.
Para que serAo bôaa estas cousas entro nd^? Acaso nossas
senhoras nao vestiam com decência ao tempo em que nfto tí-
nhamos modistas francesas, suas cabeças não eram maí^ formo-
las emquanto seus cabelloít naturaea uíio foram substituídos pelo»
artificiaes, que ao Brasil lhes vieram doa comiterioi fraoce^es?
Seus pés ficavam porventura maiít delicados depois que ob
sapatinhos de Farifr, que nã.o chegam a durar um dia, substi-
tuíram os que dantes calçavam?
Não se entenda que queiiamos que alguma naçáo fosse
excf^iituada no pagamento de direitos; o que queríamos era que
Cf'in nenhuma se tivessem feito tratados de cominercio e que os
direitos de importaç&o fossem por noE»!'as leis elevados, oo dimi-
xtuidos a nosso orbitrío, segnndo a naturessa dos generosj a ne-
. — a^ —
eenidade que delles tivcssenios, ou a utilidade que dellos nos
adviesse.
Foi sempre esta a nossa opiniAo ; e agora insistirumos nes-
tas a Ter se podemos obter, que, findo o prazo dos tratados es-
tes se n&o renovem.
£ como tomamos por tarefa aproveitar todas as occasiOes
que se noa offerecem de fazer ver quo o Augusto Fundador do
império vio sempre as cousas em melhor sentido que alguns de
ienB ministros, aqui será logar do publicar que no tempo do
Ministério dos Srs. Andradas, elle ^ra de opinião de que se não
fizessem taes tratados, de certo porque essa era a opiui&o dos
mesmci senhoriíB, e grrande parte das pessoas que se achavam
no Paço no dia 12 de Outubro de 182*2, f^.ram teatemunhas das
expressões sij?nifícativas destes sentiuKmtos ouvidos ao ^Uniste-
rio. Os fautores dos tratados ao lerem nossa censura terfto que
nos oppôr o principio do augmento do diridtos nas Alfandegas,
eom que calculavam, verificado pela ]>ratica subsequente e o
principio de reciprocidade que os tratados estabelecem entre
nosso commercio e o dessas na(;ões. Servia esta cartada para
justificar sua boa fé, que no intimo do coração reconhecemos,
ttbemos que pensaram fazer um grande serviço ao Império, mas
nós contiuuaiemos a dixf^r que na nossa 0[>inÍH0 talvez ella seja
errada; commetteram um erro e fizeram um mal.
O augmento de direitos n«s Alfandegas fora um bom, se
elle n&o fosse a ]>rincipal origem da introducçào de um luxo
que nos devora, c da sabida dos metaes precioso?, cnja falta
nos vai precipitando em um abysmo: quando dizemos principal
n&o queremos dizer a única; um outro logar falaremos de ou-
tras ; e a decantada reciprocidade não existe senão no papel dos
tratados, porque nòs nenhum commercio fazemos com o estran-
geiro em nossos navios, e portanto é uma guerra e um verda-
deiro fantasma o logro escripto para uoi illudir com o estran-
geiro que quiz pallear suas vantagens como nossos negociadores
le querer&o deixar illudir; mas o povo não se illuda, porque jú
lá vai o tempo de enganar a homens. E para mostrar que po-
díamos passar sem tratados, perguntaremos em que anno fize-
mos o dos Estados Unidos, e se não fomos bem com esta Na-
çio até erse tempo? sendo ella aliás áiy um repetido commercio
entre nós? Ultimamente os tratados só serviram para fixar os
direitos n% importação ; quanto ao nmís ífó ficaram para declarar
principios de direitos das Gentes, que nenhuma Nação desco-
nhece ; e quando sahiram disto, deram o direito de cidadão bra-
sileiro aos estrangeiros, recebendo em reciprocidade livres di-
reitos para os Brasileiros. Illusoria reciprDcidade, qu3 nunca
existirá para nós, e que muito noi) damna; por (|ue as leis po-
liciaes da França e Inglaterra — e nús qae as não temos, ou não
exeeatamos as que temos, somos obrigados a fazer boa c eife-
etiva exeeuç&o desses artigos, n&o sem gravo tro]>eço da boa
r
— 84 —
administração da jniitiça, como a pratica tem jâ mostrado «obre
o artig-o que eitabeloce.
Sfl noa disaesFBm que os tratados eram neco9âflrio& para o
Teconliecimetito da nosan Independeocia ne (paremos essa neces-
miríade. Os Eii^ados UDÍdoa para que nos reconheceasem só ti—
xeram e^te trwtndo cm 1828 e em xieabum caio devíamos com-
p«ml-o. ElIeB necePBÍtavam mais dw nó» que uóa delles. Era
iBto necessí^rio para dar sabida a Tif>f«?os gFueros. Bflm — dimi-
nnír os direitca de «abída e augTnentar ofi de entrada, a cntisa
será a mesma, cora a diftert^nça de ser maift favorável aoa nos-
BOs lavradores. Ao e8traii^'^eíro é indifferente pagar 25 pífios
géneros que importa, levando os que exporta em compensação
Uvrep ; nu pagar 15 p^r aqiíelles^ pagando 10 por Bsteii, Tudo
recahirà er>bre o consumídir, mas o lavrador ficou alliviado,
porquH pap-ará o impdíito só do quê veoder Mas do mí>do que
a cousa está o rorpo Legislativo vê-se nn grande embaraço de
dar UwíL doutrina reg-ubr ao?^ impostoa, porqufl nfto pôde carre-
gar 08 d(í impOTtaçAo, iiom alliviar oa de ex[)ortaçÃrt, como todos
OB priíicípaea eeonomiHtaã políticos^ ensinam, e as neressidades
de prntp^er nvêAíí agricultura e industHa imperiosamente exíg-em.
Ficamos aqui por ora; prott^stando desenrolar mais efitaa
idésB em r>utr'^ artigo em que interpOTemos DOSf^a opinião âobre
o modo de melborar nossa crieõ financeira Cfincluiremos que
OR tratados foiam na nossa opinião um mal; e avf^Tiçaiuos estíts
idéas nào coui naimo de a^aiar o Governo que as fez » que acre-
ditamos ter obrado com o fim de thzer um l^em; mas poique
desejamot rbamar a attençíio do mepmo Onverno, porque os nflo
renove, qvifiiídfi acabarem, aos df>z ânuos da t^ua durav^o . Em-
bora haja tratados de amiznde, em que oa direitos dos babitan-
tea eatranixtMros se tx^emi em bospítalidade e protecção, mas nào
OB haja de c- mmercio, seja este o sen impulso naturjil ; e H^bre
direitos imponbam os estrang^eiroa, se quizerem ; snbi© nfisoa gé-
neros, esses, ímporeuioa o qtie quízermos, e veremoa quem sabe
melbor na partid». Elle-^ pouco produaeTu eouf^a muit * boa do
neceí!»>)tamo^f e destes sí^rá [irofcepidn a introducçôc; raí*a tíínibem
q|Xi© produ^Fm muitos, que nos fazem male:;^, e e&tea tí^r&o difljcul—
tota entrada; o que nós produzirmos tudo tem consumo prompto
no pstrang-eiro, o caso eatá em qu«» lhe demos o bom mercado.
Pois bem, fiiminuiremos og direitos de i^ahida, o bum mercado
«envidará o eí*trang*»iro e ncssíg geiíeros terão pahida, etc».
Nf^ãtH artigo ha no fim do original as seguinfes indicaçõea
que pa'ecem demonstrar qne Jo»^é Clement** Pereira tencionava
escrever aobre ellas; Empréstimo de Londres — Bauco^Guenra
do Sul,
O orlgíniil nfto assigaala a data em que foi oscrtpto.
ER|«fi8T0 BeNNA.
:^
José CLiiiL-inc Paxira
— 85 -
QaÍ8sam&, 18 de Fevereiro de 1907
nim. Br. Coronel Ernesto Senna
Amigo e Sr.
Li com grande interesse a noticia que publicou no Jfrmal
de 17 do corrente sobre o bpnemorito Joeé Clemente Pt^reira, e
nella se me deparou um pequf*no engano. Diz V. S. que em 1819
Joié Bonifácio já ministro despucbára José Clemente para o Ingar
de Juiz de Fora da Praia Grande, mas ha nisso manifesto «n-
C, pois José Bonifácio só foi nomeado ministro pelo Principe
ate em 16 de Janeiro de 18*22, quando José Clemente já
servia como Juiz de Fora do Hio de Janeiro, com o predicamento
de desembargador, e era o presidente do Senado da Gamara.
Tenho presente o Alvará de 3 de Setembro de 1819 assig-
nido Rey.' . o qaal alvará ficou registrado a fl 182 v. do livro
16 do Registo Geral. Nesse alvará El Rey manda desanuexar
da comarca e ouvedoria da Corte os districtos das novas vil-
las— Villa Real da Praia Grande, e de Santa Maria de Maricá,
aonexando-se ao logar de Juiz de Fora das mesmas VíUas a
cerventia dos officios de Provedor dns Fazendas dos Defuntos e
Ausentes, Capellas e Residuos das mesmas Villas, fazendo merco
do8 ditos officioH ao bacharel Jo^é Clemente Pereira «que ora Me
vai servir no lugar de Juiz de Fora dus ditas vi las». Nas cos-
tas lê-se «Por immediata Resolução de Consulta de Sua Ma-
gestade de 12 de Agosto de 1819 e Despacho do Tribunal da
Mesa de Consciência e Ordens de 25 do dito mez e anno Re-
gulamento a fl. 146 V do Livro 10. Visconde Yillanova da
Bainha».
Como vé a nomeação de Juiz de Fora da Praia Grande foi
aindu feita pelo rei D. Jofto 6.**
Tenho mais um alvará de 4 de Junho de 1821 fazendo
mercê ao bacharel José Clemente Pereira da serventia do oíficio
de Provedor da Fazenda dos Defuntos e Ausentes, Capellas e
BeiidnoB da cidade do Rio do Janeiro pelo tempo que servir o
logar de Juiz de Fora desta mesma cidade para o qual o nomeia.
Está assignado Principe.*. e rubricado pelo desembargador do
Paço Pedro Alvares Diniz, que como sabe a 5 de Junho subs-
títaio o Conde dos Arcos. Ora, José Bonifácio nada teve com
ÍMO. Depois deste ministro, foi José Clemente despachado para
Tun logar Ordinário de Desembargador da Relação aa Bahia com
exercicio na Casa da Supplicaç&o, continuando também na de
Juia de Fora da cidade do Rio de Janeiro, como versa o aviso
de 4 de Outubro de 1822 assignado pelo ministro da justiça Cae-
tano Pinto de Miranda Montenegro (depois Marquez da Praia
Grande^. José Bonifácio era então ministro do Reino e Estran-
geiro! e nada teve com ena nomeação. Imbuido, com seu irmão
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Martim Francisco, de ideas absnlutistap, Josó Bonifácio não podia
f>ympathizar com José Clemente, a quem deportou como feroz
republicano, só porque reclamavam elie e seus amigos uma con-
stituinte, um governo moderado. Verdade é que mais tarde esses
mesmos o perseguiram como inimigo da constituição, accusando-o
de ter aconselhado a D. Pedro T que assumisse o governo abso-
luto. Teve varias occasiões de defender-se cabalmente em 1830,
quando quizeram annullar-lbe a eleição ; no processo de 1832
do qual foi unanimente absolvido pelo Senado, e durante a ses-
são de 1841 na Gamara, etc.
Queira dispor de quem é com alta estima. — De V. S. — Am.*
e Cr." obg.*, Manoel de Queirós Mattoso Ribeiro,
José Bonifácio (o velho)
I
Xa Villa de Santor, berço do tantos varões illustro.s do nos-
ia historia, (1) nasceu José Bonifácio de Andkada b Silva, aos
13 de Junho de 1763, de uma fnmilia nobre desta provincia,
ramo dos antigos Penhores de Bobadelln, hoje Coiidos, e dos
Senhores d^Enrre-lIomem e Cavado na Provincia do Minho, que
tÍTeram ontrVa o titulo de Condes de AmíireR, e Matquezesde
Montebello: família illustrada na rcimblica dfis lettras— pt^Ios
doutores José Honifacio de Andrada e Tobias Kibeirt' àv Andra-
da, e o padre Jotlo Florentino Hibciío de Andrada, tioi^ do Con-
selheiro: o primeiro dos quaes se distin«riiiu nas se ei cia» phy-
sieas e medicas, cemo se mostra das obras maini9cr)])t»s que
delle existem; e o segundo, thesoureiro-mór da Sé de IS Paulo,
primou como grande canonÍ£>ta e jurisconsulto. O t«*rceiro, o
padre João Floriano, dotado de imaginiição a mais rica, foi um
poeta celebre : delle ainda < xistcm diversos fVa^nu-ntos poéticos,
entre eJles a Vida de S. João Nepomucemo, testemunho da su-
blimidade de sua fantasia pcetica, da multiplicidade de seus ca-
bedaes de litteratura e da for<;a de sua r&zão. (2)
O amável menino, pois desde entfto se distinguiam já suas
qualidades futuras, escreve o auctor anoitymo de uma de suas
melhores biographias, ncebeu sua primeira instruc:.8o na mes-
xoa Villa do seu nascimento, gob os olh< s d» Feu j ae. o coronel
Bonifácio José de Andrada, homem a^sás in^t.uido para o seu
fl) A Loi proyfncini n. 1. de 28 de Janeiro de 1^39, declara cm Fcn artigo único :
«Fiu elevada á calhegoria do cidade de imantes a Villa do mesmo nome- •pátria de,
Joaé Bonifácio do Andrada e tSilva»
aiilliet de Baint-Adolphc, «Dírcion. Orngr. Híit. e Pescr. do Império do Brazil^
tOHD II. á pag f>24, escnve. nio »abfmoii lundado tm que: «... u A^sembléa provin-
da! rotoa unanimemente a Lei de 26 de Janeiro de li-39, Fcpuudo a qnnl devia aqnel-
1a villa ehamar-se «Cidade de Bonifácio»: prevaleceu, porém, o primitivo nome do
«Itaaica». qne tamanha e a fcrça do cosinme».
Entre ontroi homens notáveis nasceram en Fantos : padre Andrr^- dr> Almoida. pa-
dre Gaspar Gonçalrea de Araojo. O-ei bimAo AIVMTef>. padre BartIiò'om(>u Lourenço de
Qwmfto (O Toador), frei Patrício de Santa Maria, Alexandre de Gufmfio. jmdrt! Ignncio
fiodrigaes, José de Sonsa Ribeiro e Araújo, padre JoAo Alvnroft de hanta M^iria. Trci
tlaspar da Madre de Deus, José Feliciano Fernandes Pir.tieiro (Viscnn<!« de tí. Leopoldo)
Joiè Ricardo da Costa Aguiar, Joaquim Octávio Ncbi:ie, Joatiuim Xavit<r da h.Iveira;
fem falar na Trilogia Andradina. O Marquez de 8 Vjccnt<>. Jom' Ai.tonio Tinenta Bue-
BO. a qnem Teixeira do Mel o e outros dSo como naM-ido cm íantr^, cia liUtuial dca-
U Capital.
It) Eihoçoê Bioçraphieot, lem nome de andor.
r
|ia:z e classe, e de sua nifiB, d. Maria Bnrbarft da SÍIfa, matro-
iiH ex -mplar p-»r suas virtud(5*, zt»lo com qiie fdiicou èViun íilhoa
e caririade p^rit cotn os pobn^s, e que alH mereceu o nome de
— iiià^^ dft p- bressa.
Aos 14 iiuQca. cmpleta a Pua educaçAo primaria em Santos,
pantion-se píira S, Paulo. onJe o sibio D. Fiei Maonel da Resur-
reiçào, 'â." Bi-po DioiíenHoo^ estabelecera á fua custii aulas pa-
ra f^iísm^ da k>^ica, da metíiphyísica t\ í^thíca, da tbetori.^a e
da lihi^iifL fr^ticí^í&a. (1) Libado à familta And rada, D. Frei
Manunl, impressionado pelos pro^reasoá rápido* do moçi> paulisa,
lraiiqu<íuu«llie a sua fscolb da hibliotbeca e tratou de onca-
mítibíir a bem da E^çreja aquella extraordinária vocflQâo s-ieti-
tJ&cH e litterâria. Âng dn^t^jos d^ santo ])rolado n&o atinuíram
nem o jorrem estudante tiem a sita família. A influencia de D,
Frtii Manuel ftn benéfica e muito eontribiiín para enriquecer o
cabedril do rcmbei^iment-s de José Bonifácio, t*uj& gratidfio se
manifestou lo^o depois, ao compor um elogio de seu venerando
protec*tor 6 amigo. DaiJim desta época oa pritat^íroft voos pu€-^
tÍL*03 de Américo Elyjiin.
Contando |íOUconiHÍí de 17 annop, deixou S. Paulo e veiu ao Rio
de Janeiro, de onr^e partiu para Liabôa, a ultimar a fua educa-
çfto litterArjã, em Coimbra^ «'mcuja Uuivaraida^e matriculouâe neiâ
Faculdades de Pbiloarqibia Natural e de Dtreitn, alcançando ao
cabo de »ieia annos, o grau de bacbarel formado, com aummo lou-
vor de àem lentes e admiração de sua notivel garação aeademiciu
4
NnB fins do séculos XVIIl e noa primeiro* decennios do
século XIX -dícramolo sem vaidade nacional— coufeasava Latino
Coelbo, na Academia Heat de S^rieiícias de Lisboa, a maioria dos
ucBSQ^ talentos mais formnsoa baviam tido o seu berço no BrasU.
A lyra brasileira lionrHva~ae com o nome de Pereira Caldas, o
poeta da ÍDA[iir[içào religiosa Brasileiro era também António de
Mor^i^s e Silva, que dotara a litti-ratura nacional com o maia
co[iÍ08o dicionário que em seu tempo se escrevera. Brftsileiro
Htpft^lyt I Coâtã, o pHtriarcba do3 jornalistas de Portugal e do
Brfl^àíl, Braiiil^iro, o que podemos appel lidar na ordem cbonologica
o primeiro economista portu^uea o bispo de Elvas, D. José
Joaquim da Cunba Azereio Coutiobo. Brasileiro o eminente ^eome>
tra e prntesaorp antigo secretario desta Academia Franciáco Vilella
Barbu:ía, Marquez de Paranaguá, um dot maii i1 lua três cooperA-
doren na fundaçAo do Império Americano» Brasileiro, Manuel J&-
cintbo Nogueira da Gama, lente da academia de marinbN, depoit
Marquez de Baependy, e notavet estadi&ta, qne divulgara em
PoFbfjgal, vertendo-aa em rortug-uez, alí^umas obras clássicas de hy-
draulica © fippHcára a chiiuica moderna a importantes problemai
ÚM vida IndustriaL Mas era sobretudo nas scleociab naturaes que
(1) Vide noiíM Bpktmírídu l^ioctJaaot,
u glorias de<ta naç&o te deviam principalmente aos que tinham
nascido em terra americana. Vicente Coelho de i>eahra faxia
resplandecer em Portnsral, com os s-*us Elementos de Chhnicay os
primeiros clarões da sciencia,ji reb^He á-» phanta-^iosns tradições
da alchimia e da S|ia^rÍL*a. Fr. J« s<^ Mariano da C'>nceiçAo
Velloso deixava o seu nome memoraiio ^nt-^e f»s bota-.ioí»*, pelos
seus valiosos trabalhos ori(ri"ae9, entre elles a Ffnra Ffuminenite.
Alesandre Rodri«rii«*P Ferreira }>ercorria o AinazouHit como itifati-
gavi-1 ••xpL^radnr e aliava ás suns plorias H»^ eirreirio naturalista
o funesto destino de uma txi^tencia attribuKida Jo.^o da Silva
Feijó, com as suhíí explorac^i *< transa tlatiticas e os s(*u> cscriptoB
miiiervilf->gico4, le;;ava de si lionr<ida f.ima. Ci^nio investitrador da
natureza. Manuel Ferr«*ira de Araújo Camará, conip.niilieiro de
Jflsê Bonifácio nas ex7ari-ões seien titicas pela Kuropa, si não ei:ua-
lara o nome do colIe<ra. inscrevia- se como um dos notitvf'is re-
presentantes da sciencia em Portuiral. Mello Franco e Klias da
Silveira, ambos nascidos no Brazil, i Ilustravam a modii'inH ]M»rtu-
gneia com os seus livn s e nipmorias. estamf>adas ]ior esta Academia.
Gsses homens, conclúe Latino Coelho, que enuobrocem
presentemente a hii^toria intellectual do Imperi-i Brasileiro, então
eram ainda portugueze^. Km Portuíral rotípctiam o peu luzi-
mento, a siia gloria. Cultivavam as lettras pátrias. Ensinavam
nas escolas honrav-m as academias, resplnndeciam no exercito,
nas dignidades ecciesiasticas, nos oíBcios da ma<:istratura.
Entre elleí era certamente o primeiro ])ela scienc a, pelo
engenho, pela funcç&o que devia desempenhar na historia do
seu povo, o dr. José Bonifácio de Audrada o Silva.
No ultimo quartel do 18." século achíimol-o cursnndo a
Universidade de Coimbra. Laureado em ambas as Faculdades,
a de Philosophia e a de Leis, eil-o ahí ao mesmo tempo na-
tnimlistf e jurisconsulto, comprehendendo como ])hiiosopho, na
sua indissolúvel trava ào e unidade, as sciencias do universo
phjsieo e as ^ciências do mundo social. (4)
Fundara- se então a Academia de Sciencias de Lisboa,
egualmente devotada ao progresso da sciencia e8}>eculativa e ás
fruetuosas applicações á vida social. Nesta nascente insti-
tido ingresso todos os talentos que p< " "
casmente collaborar na obra delineada i>elo duque de Lafões e
pelo egrégio naturalista Correia da Serra (5). José Bouifacio
teve logo ingresso na Real Academa; e, por proposta delia, foi
eleito pelo governo pnrtuguez para viajar a Europa, como na-
turalista e metal lurgista. Era certamente o mais movo dos sócios
da sábia congreg&çâo : «emaunos tão verdes e juvenis, que o viço da
mocidade parecia contradizer a grave compostura do académico.»
Já em Coimbra compuzera algumas dissertações, princi]ial-
menta sobre indios e esciavos do BrasiL Na collecção das Af«-
r
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marias da Afxtdemia acLa-se uma excellente memoria se br© a
peacfi da bflleiíi, sobre os melhores prot-essos paia a jireparasâo
do stiii aceite e Eobra as vantagetia que o g^ovenio tiraria ani^
inatido e fHvorecendo Rn immensaâ ptíscanoa que se poderiam
fazer nns costs» da Bra^iL
Pouco depois de sua cbegaila a Lisboa, tomou estadn, li-
^Atido-se a uuia arn^vel e eâúuiavel leiíbura, d. Nnrcísa Enjiliin
Oieaiy, de ovigfetii jrlaudftxa, que foi niuito conhecida uaCôite,
pela su:i illustrnçAo e fiu;ie(}idHde de caraí^fer e doçura de cos-
tumes. Desto lelÍK coiiBorcio hou^e três filhos,
U
 viagem scientlfica de Jo6(í Bonifácio e dos seua dous
companlieirof, o sen patrício Afanuel Ferreira da Camará d o
AlGm-Tejano Joaquim Pedro Fraírcso, todoa formndoa na Uni-
versidada o aocios da Academia Real das Seieiicias, priucipioa
«ra Juíiho de 1790. (1)
A França estava convulsionada pela RevoluçaDjea Decla-
ração dos Direitos do Homeru^ d«^hConbecendo oâ Direitos de
DeuSf ateara o incêndio em toda a Europa. Ante n espectáculo
da trauBtormaçi&o da velha sociedade europeia, ao descambarão
século XVIII com a derrocada do throno dos Bourbons e o dcB-
pontar da estrella de Napoleão e da civilisaçáo moderna, ia o
sábio brasileiro fazer a aprendizagem du. liberdade.
Em Paris, ouviu as licçòfa doa famosos Chaptal e Fourcroy,
continuadores de Lavoisler, de Jussieu, o botânico genial, de
Hauy, o celebre pbysico e mineialog-ista.
L ou verteu estOB meatrcí em nmi^OB, á imitação do afamado
medierj porluí^ue? lanches, que no século XVIII S© dirigiu do
Coimbra a Leyde para pra ficar com Boerhaave. Não limitou
os seus estudoá á Capital Franceza, tbeatro eutuo de aconteci-
mentos memoráveis. Gra^jaa ao empenho do eoibítixador lusitano
em Faria, d. Vicente de Souza Coutiuho, o governo portuguez
dilatou-lbe o termo á eommií^sfio.
De Paris se^iu para Freyberg, OTide leccionava o illuitre
Wcrner e doutrinavam LempH, Kobler, Clot^sch, Freiesleben*
Lampadius : luminares da mineralogia, das mathomaticas puraa e
appliçadap, do direito e le«^i?lavào das minas, dos ensaios chimieos
dou mineraes, da cbimica pratiea, dos arcanos da nietalliirgia .
<fQQflntv« investi|radores da nutureza, os quaes no secttlo
seg^uint© haveriam de ser a gloria da scisncia, cursavam em frn-
leroal catnaradaírem oa amphitheatros o oa laboratórios de Frey-
0" «,. rum a fln â« Htanm AUt vm cnno de chJmtCA e ralrrerfllo^tn â^^clrniiittca
m partionl.irmoiitâ Ihi» «ncotntnfsnitn que M liosi trr*v vltiJjiQivt toiln n prot^^cçâó» F&r& que
ia Ibcie rAcíiltcm oi «irndo^* — 0l9i;io de ]diilK Fiiitri tio H^m^ll, itiinEjitro do? Jicgocioi
o!ttriinE;oíroi o da ^erra, parn o (^mbjiixAdDr úo Portugal eia Parli, D. Vicente de
Èfiaia DvaUTilio, ora í»J ú<3 Maíg d» t791>.
I
I
à
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lierg! Qae illustres condi scipuloB pe deparavam ao grande
naturalista portuguez, ao futuro estadista brasileiro !» (1)
Os companheiros de Humboldt em seus estados, (diz o as-
trónomo Cari Bruhns, na sua biograpliia do immortal pbjrsico
germânico), erum, entre outros, estes que bayiam de ser depois
os mestres da sciencia^ Leopoldo yon Bach, o dínamarquei Esmark,
o portuguez Aiulrada^ o bcspanbol Del Riot. Noc es todos re-
gistrados na historia das sciencias physicas e naturaes, como
grandes e fecnndos descobridores. (2)
Nào contente somente com as licções dos illustres profes-
sores que então havia nas diversas partes da Europa, quiz pedir
i própria ob8orva<;ão da natureza o que os livros, os gabinetes,
as prelecções n&o fódem completar. Percorre grande parte da
França, da Gran-Bretanba, da Âllemnnba, da Bélgica, da Hol-
landa, da Itália, da Hungria, da Bohemia, da Suécia, da No-
roega, da Dinamarca, da Turquia. Visita as minas doTyroI,
da Styna, da Carinthia. Ouve ns licçÕes de Volta, de Pries-*
tley, de Davy, de Duhnmel, de Bergmann, de Abilgaard, de
Jussieu. E assignala immorredouramente o seu nome por des-
cobertas preciosas, que o consagram um dos maiores natura-
listas do século XIX. As Academias e os Institutos o acolhem
com frementes applausos em seu grémio; e osAnnaes de múl-
tiplas associações scientiíicas agasalham com carinho os seus
trabalhos e as suas memorias. Sehurer, em sen «JornoZ de Chi-
mica,i3& Allemanha;o Jornal das Minas, as Actas da Sociedade
de Historia Natural, de França, os Ânnaes de Chimica, de
Fourcroy; o Jornal de Physica, de Hatiy etc, revelam ao mundo
Bcientifico os valiosos descobrimentos do grande sábio americano.
O insigne Lb Plat, percorrendo, annos depois, os mesmos
litios visitados por Andrada, e applaudido nas mesmas Acade-
mias que o laurearam de 1790 a 1800, encontrou os rastros ge-
itiaes de José Bonifácio. <Ce fut pour moi un grand étonne«
ment et une admiration plus grande eneore9 1 exclama a águia
dos Ouvriers Européens e da Reforme Soeiale, cLe jeunepor-
tugais, 3Ir, D' Andrada, a íait de telles découvertes, que soa
pays devrait lui dresser des statues qui puissent perpétuer et
tnuumettre aux nouvelles générations la mémoire immortelle
d'nn des plus grands savants d'ane époqne si féconde eu grande
hommes...» (3) Le Play era pouco pródigo de elogios e me-
nos ainda susceptível de enthusiasmos.
ri) i. M. Jifttino Coelho, ob. clt.
rS) ÁUxander vou Humboldt, Etmê wiietHteltafaicka Síograptíê, %, I. pHT. '28.
Ld^g. Ib72.
«O titulo de matrt da teieneia, oonrerldo por tio ootarel anctorldade Bdeotffloa ao
MraenIogi»t5i portogocs, glorioMmente Msoclftdu e poeto em parallelo com Mblos de
tio vnlTersftl e eminente repntaçlo, como Hnmboldt e Tieopoldo too Baoh, ó o maU
konroso testemonho do conceito era qae ainda em nossos tempos é baTldo n* tem das
sdeocias o nome benemérito do noMo compatriota.
{?.) P. Le Play. Lu Outrien Europémê, t. 5. 1.» ediç.,18M. - AMlgnaUmoa esto
lacto em nosso artigo sobre O eenttmario dê F. U Plag, pablioado em flos do anno pas-
sado, Bft £nuê dê$ quntioiu kiitwifuêt.
r
— 92 ~
Membro o maÍB moço da recemcreada Ãc&dêtnia Real dat
8cie)](:itt{s de Ligbõa, José Boniíacio viu- se lhe abrirem de par
em [>ar aa portas da Academia de Stockolmo, da de Copunha-
gen P' dn dn Turim, da Sueindade dos investigadores da Nata—
reKft de Btidím, das de Hi&tHna Naturítl e Philomadca de Pa-
ris, da Geológica de Lnudres, da Werneriaoa de Edmburf^o, à&
Mineralo<;iea h da Línneaua de íeita, da de Phyflica e niatorÍA
Natuihl de Génova, da Sociedade Maririma de Lisboa, da Phi-
Ifjsophka de Philadelphia e da Aciadtjraia Imperial de Medicina
do Rio de Janeiro»
Aos diamantes do Brasil, descobertos bavia mais de 60 an-
noB (1), desconhecido* na Earopa, consagra elle uma njemori*
elogiada ]\v\o abbade Hítiiy (2) 6 impr^^saa nos AnnaeB de Clii-
mica de Fourcroy.
E* escreve o teu i Ilustre consócio e admirador, ent5o um
dos maiti bel los ornamentoB das leítras no Velho Reino, belle~
uista e scieutistai^é então que elle des^cobre au novas eapéciei
mineraf», a que dá o nome de Fetalítej Ypodumene^ KryoUie «
Scapc/Uie, com que ficaram denominadas na Bciencia, e com que
hrje se conhecem nos tratadite miiieralog^coí*, em todas a» lin-
guagens enropêbe. Ãnaly&ada por Àrfvedson a Petaliie. desco-
briu iiella o chímico i*ueeo a lith a, e coube ao mineralogista
americann a honra inestimável de deixar o nome português as-^
Bociado a um dos notáveis dettcohrímentos da chimica moderna.
Em uma carta que foi publicada pela primeira vez em ai-*
letnàú, e que existe na Biblíothe^a Publica do Rio de Janeiro,
dirigida ao t^ngt^nheiro Beyer, engenheiro das minas em Schuee-
berg, apie&enta, segundo uta methodo particular, uma brev6
descri pçao dos caracteres diatinctivos de Doze novos minerae^
por elle de.^cobtrtos noa paizes Scandinavos (3), Este é, sem
duvida al^^uma, o mais importante trabalho mineralógico do il-
lustre brasilein}, do qual appareceram logo traducç^es n^3 jor-
naes sei en ti fico* da França, Inglaterra, Prússia e Amtría (4).
Quando flie nâo tivesse feito mais nada^ bastava só isto para
o immortalisjir (5).
Escreveu também diveraas memorias »o br e minas da Buecia;
sobre as preciosas minas da Saiba; uma Viagem geognoJiUca ao»
MonieH Eiiffaneo* no território de Fadua, na Itália, discutindo a
origem vulcânica daquella rocha; um eitudo sobre o Muido
1 Bm \'tl. Mtm hiâL »obr* o< diAmantêt do Branl, por Jl ÍB Rfliend* Totto.
2 O iablo frAELcev e»creííj .- Stàirant Ut obnrr^iímê fitií4» «r t*» litmx, *í cm-
tíffnétê dtau Um acia d* la êocifíi (f húloírj naturtit», pur M. Dfmáraáa, mmeroloffiHf
poríUffftÍM, it'un mértte íréi ãiãiinçUilt h lieu mAtai dê* diamanti dont H M'açit, nt ím
crokt* dê* montagnu aiíiUet àaiu tt iiàirici át Btmi do F\Ho. , . BAuy, Traiti d* Mini'-
rdtofft*, F*rii, »hJ2, IV, pâg. 41*7.
<j Hflses Úetx9 mio^r&et sLo 1.», AkfcQtlilkond ; 2,*, BftodDiQeae ; 3-*, Bmbllte ; C%
Icht^Dpliiaima , &^«, Coccollte ; e.«, Aphrtilt«; ?.«>, Âlloelirolt^i ,- iH.«, Indlcolite/ 9^o, We^
4 Gabriel ({'Aumb^ja* Lu Contfmpor^iru,
t> F. L* P]*r. ob. ctt.
— 93 —
EUcirico e outros mnitos trabnlbos», em portugiiez, c outroR em
fnocez e allem&o, conatantes dos Annaea dos Institutoi^ p Aca-
demia^ a qne pertencia, e dds tratados de Clauaseii, Ileusse.r,
Hauy. Fonrcrry, Scheerer, Dufrénoy, Gelilen, Leonliard, Arei
Erdmann, Qnenstedt, Kurr e outros mestres da sciencin a que
Andracln dea tanto hrilho e r<'l('Vo.
José Bonifácio, v^"^^'''^ ^"^ publicista conti mpdráneo, «é
mais conhecido geralmente em Portupal e no Brasil ermo o
Srincipal e mais ardente propuí;nador da inde^ edi ni*ia braí^ileira,
o qne pela fna floria de protundo minernlo^istit, iiir^r^ripto com
memorins indeléveis nos 'asT* s da sri^^ncia.» Kntretiinto, no pan-
theon dns glo'ia« Fcientifu-ns do velbo mundo, tcni clle um l()<rar
de honra; as srcíedades BÚbins da Kuropn, si ])r.uco conlit cem a
■cçào politica de Andn-da, venentm o seu none.a ]iiir dos maio-
m Tultos do 6m do século X\'III o da aurora do stculo XIX,
perirdo cnvulsirn^do fociulinonte, ]i«'m por 'vnfo menos ffcnndo
em enfrenhos e menos lic-o i*ni talentos.
Poucos V ajant»s temi pisado de tanta fama e ivlfbridade,
sobretudo nr» últimos anuo» dr suas perei:rin«<;õfs. l*í>r toda a
Tirte era consultado sohre diversa;^ materi;<s : todo*; < a sábios,
Mieja.>do conhecf*l-o, vinbani vii^ital o. Muito;^ nionarcha:^ nio^mo,
^erendo retêl-o em >eu« re nos, ti/eram-llie immeU''»;» » ll»Teiíi-
BentfS, como p«>r exemplo o piin<-i]M' real da hinaniarea, para
iMpector das minas e (Iotef>tas ria Noruega f1). A|òs 10 annos
éit autieneifl, que tanto dunu a t>ua jornada triunrph.M] pela Eu-
rapa, desde a«> opulências dt> Tariti e os vcrdos campos da [iom-
bardia, utó os írelon da "^candinavia, recolbeu se a roíMiíral, em
Setembro de 18^0. D. K<"iri_iro de Si. usa Coutinlio, coiule. dt^ Li-
aliafet. ministro ami^o das )<>ttra< e admirador do >.nbio brasileiro,
determinou que José BonitAcio ncebt^so «íratuitaiiieiite o capello
demorai na Faculdade de riiilos-ophia (2).
O governo nom^-ou-o desembargador da Kelacâo do Porto,
ÍBiendentc-freral das mina:> íU*. motaes do reino p i>iu*arrt'p*ido de
dirigir •■ administrar as miuaíi e t'undi<;ões iie torro de Ki«ru«'iró
das Vinhas (3 , com a )n<poc(,'ào i>(»bre mattas o soinmrtMras tio-
zettftes. Concedeu-se-lbe a pen&flo vitalicia de t>0O'(r O annuacs,
e^al ao subsidio que vencôia durante as sua» vÍH<r>M)s. lOncar-
regou-se-lhe de reger, cí-nio lent»* catbedraM» o, a caleira dtí me-
tallurgia, institnida novamonte, e especialmente para i-lle, na
Universidade (4); entím, tVti nomeado superit»-ndente e diiector
do encanamento do Mondego e das obras publicis de Coimbra,
(5) depois de ter o governo otabelt-cido na casa da mo4>da um
1 Dr. Emílio Joaquim da 8ilva Maia, Elofjto fítiforico em a Acndi^mia Imiíerial de
IbdleiDâ. IK8
2 CarU Réçía do ir> de Abnl de IHH .
3 CarU Régia da 16 de Maio de l^(ll.
4 1d.
& ÁTlM Béslo de T de Jnlho de imi.
— 94 —
CTií'9ív de doeíiiia&ia, (I) uo qufil teve por ajudante a Manuel Ja-
cintljo Nogueira da Gama, futuro marque js de Baependy e o
lente dí% philosopliiaT Jofio António Monteiro, um doa maia iilu«-
trCd mineralopistaã da Europa e esforçado collnborador de Híiúy,
Freencbendíi estea lo^nrcs eom um tal homem, o jj;:t>verno
portu^-iicz davíi indicioa evidentes do quíiiito premiava o mé-
rito; e e eite respeito muitos encómios merece o illustre minis-
tro conde d© LínliareSt nomo que será sempr^grat oaos brflsileiros
o ás lettiBB (2). ApeBar da multiplicLdude de seua nucar|ros
administre ti V03 e scíentificos, omprebeudeu uma excm-sào minero-
grapIúcA pela província da Estremadura ato Coimbra, apóa a
qual publiciou a relaçílo de sua viagíini, desprovendo os tnineraes,
09 torrenqg e o e^tad** da agricultura naquel La reg:iâo, Instituiu
uma cadeira de cbimica em Lifabôa o honrou as^íiduamente a
tribuna da Academia Keíil daà i^eieneias, que o eícííeu maia
tarde seu secretario perpetuo, e da rtícemcroada Soeiadade Ma-
rilima.
Ill
Interrompeu os trabalhos de José Bonif.icio a itivíisao franceza.
A Eurojia estava abalada pelo genio da guenu o da con-
quista. O antigo teneute de Toulon, nào satjsíVíto com o bello
throuo que conquistara, liavia com a sua djplom»cia, com as suas
armas, transposto os Pyrcneua^ querendo dar ao se a irmilo José
o throno dessa terra vulcânica' que nunca sotfieu reeig-nada o
domínio do conquistador, {?*) Poriuíral, alliado da Inglaterra,
nàd podia coasservar sua iuíiepeudencra. Desdeque níio sesubmettia
à prodigio-sa medida do Bloqueíf» Continetital, Napoleão devía
mandar atacar o Velho Eemo ; alguns dcísetie melhores peoeraes,
ecompaniiaHj^i de tropas auxiliares beipanholas, marcharam eobre
PortUííal (4) A Historia djrá algum dia si D, Jofto VI, eutào
príncipe Reí^eute, cedeu sponíe hua á imposiçílo da Ing-laterra,
que, açufando Portugal contra o Imperador que sonhava restau-
rar a iíonarchía de Carlos Magno e restabelecer o Império do
Occidente,
, . , , héroB et symbole,
Pontife et roJ, phare vt volcan,
Faire du Louvre uu Capitííle
Et de Saint-Cloud un Vaticau, (5)
coueorrrea, Kem o qnorer, para um dos maiores acontecimentos do
leculo XIX.
A Invaslo Franceza em Portugal foi, dest^arte» um facto
1 Decreto f« IS de Novembro dn MQt.
S Dr. R. i. ún, HItil Maio, ob t\t,
ííi) O }tmrq»tt dt Vaipn^t. bio gr íem nomo de soclor, íi^-fl,
í4j Tf. jffiwotrf* ^f ia Piuiuat i\ítiratti t, {vlatik do Mai^ch^l Jonot).
(Ã) V« Bago, L'£jífii9U«m,
— 95 ~
proridencial e «parece que a Providencia Divina tinlia encaminhado
a Pedro Alvares Cabral, nn descoberta de um vastíssimo conti-
nente, para servir de refugio mais tarde á dynastia do» Bour-
bon», e de amparo n dynastia portupioza. O modo como foi des-
coberto eite grande império do Braxil, revela um mila^^re que
rlaramenin no* demonstra o mysterio de Deus, quanto ao porvir
áâ% nações». (1)
O e»criptor lusitano a qnem temo;:, nào raro, recorrido, faz
letaftar esta circumstancin : A invasílo que para Poríuiral ó a
perda ig-oomÍDiosa, ainda que past^ageira, da sua Itbndaie e so-
Mranxii, A luir-t as terras portup^uozas do Novo Continente o
alvorecer da própria soberania e liberdade.
— «Em 18' »8, no Rio de Janeiro, faírindo noinimifro que lison-
jeira, tentando o enp^anar ate a ultimi bora, desembarcava um
homem menos que alto, gorno. semi-obeso, ... o falar embaraçado.
Era D. Jofto VI ... Vinba acob;»rdado. Via francezes e
naçoDs em todn a ])arte. Carre<;av.'L para a colónia todas os bave-
res qne, 210 monienio da partida, lhe baviam ficado ao alcance
da mio. Pretendia ficar definitivamente no Brasil. I^<ra o seu
medo o espectro do bonapartismo tinha, na Europa, a perennida*
àò daa moléstias incuráveis.
Poia, senbores: de 7 de Março de 1808 a 24 de Abril de 1821
... ewe rei fugitivo de um paiz invadido e decadente, manteve
ia cabeça a sua coroa, obrigando Xapolfilo Bonaparte a cxcla-
var em Santa Helena: — «Foi o único que me en<ranou.»
De feito: emip-ando para o Brasil no pleno uso d» seus
fontm majestáticos, impedindo que a coroa luR'tana fosso parar
i cabe^ do algum dos ambiciosos ^eneracs de XapoIeAo, o nosso
féUto lei mereceu do maior guerreiro do século o reconheeimen-
ta do tino politico que es«a amarga exclamação revelava». (2)
José Bonifácio trocou a beca do lente pela farda do vo-
luntário. O Invasor, conh«cf»ndo o n^ -onhecendo os seua méritos,
procarou attrahiMo á sua causa, mas não logrou seduzir o pa-
triota. Ouçamos um «íe beu^ mais illustres — e, certamente, o mais
carinh<^B0, — a})o1ogista :
cTornárn-se Portugal um acampamento. Nilo podia o brioso
professor ficarse reroansado estudando os sens dilectos niineraes,
ou pensando em desentranhar do solo os thesouros que revela a
natureza á scíencia e ao tiaballio. Apercebem-se para a guerra
os escholnres, que nào faltam jamais a alinhar-se na ordem de
iMitalha, quando as grandes ideias ou us sentimentos generosos
(1^ Mello Moraes. Jlialoria da Tratlaãação da Côrlê Portitt/ima para o Hratil tm
J907—iê08. Obra indlípcnsavcl a qaont quer estudar bem oi prodroinos da ludepen-
cU.
(2j Jfartlai Fraoeiíeo, em GuararaptM.
— 96 —
intimam á sciencia que, á similhança da Bellona anti^, vista
as armas reluzentes sobre as insígnias do saber. José Bonifácio
é major, logo depois tenente-corcnel e commandante do animo&o
e devotado batalbào. A sciencia abre o seu thesourc a improvi-
sados armamentos. Os laborarorios das escholas s&o agora activos
arsenaes. Nào ha estado nem condiçAo que exima da« refregas.
Os prelados ajustam sob o roquete a armadura, os sábios lançam
o sago bellicoso sobre o capello doutoral.
Como em todas as épocbas de memorável e de dura prova-
ção, desde a guerra da independ- ncia contra o dominio caste-
lhano, o fogoso batalhão dos académicos, agora em frente das
hostes imperiaes, Hemoiihtra mais uma vez que a juventude, ao
deixíir os pacificos lavores da intelligencia, não cede o passo aos
mais intrépidos soldfldos, envelhecidos na marcha e na peleja.
São nessa conjunção os guerreiros das escholas, os que na pri-
meira plena se distinguem pelas audazes e bem succedidas en-
trepre»as contra a Naz^reth e a Figueira, senhoreadMs por va-
lentes inv;> sores. Os mais graves e austeros cathedraticos esque-
cem as suas quietas meditações para acudir enthusiastas á com-
mum defensão dos portuguezes.
O vicc-reitor da universidade, ecclesiastico e i rofessor das
leis da Igreja, mais vergado nas Decretas de Gregório IX, que
na arte i^eiigrpa de Turenne e de Conde, governa militarmente
a quieta cidade litteraria, agora convertida num estrepitoso
acampamento. Outro canonista, o decano da faculdade, Fer~
nando Saraiva, mai.da o corpo militar formado pelos lentes.
O professor de chimica, . Thomé Rodrigues Sobral, toma desde
logo a diiec(;ão de uma officina pynttechnica. A ^ciência, que
opera pr digiísus maravilbns durante a paz em henra da civi-
lisnçâo e da riqueza, faz na gueria milagres assombrosos em
prol Ha independência e liberdade. Tà'> verdadeiro é sempre, e
eoj toda a ])arte, que. os dois potentií^simos agentes da victoria
são a i^ciencia e o valor.
Anda Jogé B»niiaci«> briosamente empenhado na n^sistencia
aos iuv.isoiei). Tempera o animo p»ra a^ vaionis empresus, que
o terão aii.da por illustre paladino no fronteiro bttoral do
oceano. Incetide-se no desculpável e ardente fanatismo contra
08 inimigas de Portugal.
Km públicos te>temunbos ficou assignalada a galhardia e o
primor do grande naturalista como soldado e como chefe*.
Mais tarde, terminada a campanha, elle próprio dirá &
Academia Real das Scieiícias, no discurso histórico lido na sessão
publica em 24 de Junho de 1819:
«Em Ião arriscadas circumstancias mostrei, senhores, que o
estudo das lettras não despr<nta as armas, nem embotou um mo-
mento aquella valentia, que sempre circulara em nossas veias,
quer nascêssemos áquem ou além do Atlântico».
— 97 —
Expurgado o território portugnez da inyasfto francezA. mercê
dot acontecimentos qae abalavam o throno imi>erial e prepara-
vam o desfeixo de Leipzig e de W.iterloo, foi o coiiBelheir*»
Andrada nomeado intendente da policia do Porto. Cumpria
qnietar ot ânimos revoltos e refrear a violência e o attcntado,
vestidos na apparencia do zelo patriótico. Com energia, inde-
pendência e dignidade exerceu elle tfto arriscada e temcroga
maeistratnra : oa ódios irrompiam violou tos, e a turba apaixo-
nada clamava por vindictas e perseguições.
Salvon ent&n, com sacrificio de sua populari«^ade. muitas
Tidas e bens dos porfuguezes que pasravam por cairanceza-
dos, e soube conciliar o que exigia a justiça com a indul-
gência qne se devia mostrar á simples seducijAo e nos erios do
entendimento, que cumpre tolerar (1). A sua attitiuii» des
agradon ao governo proconsular, cirso da minima OApaii>uo de
liberdade.
«Pungiam-n*o os invejosos e mnlédicrs. O seu trato com
os governadores do reino n&o era cordial, nem o convidava a
que passasse a vida longe do Brasil».
«Si almas degeueracas . . . procuraram, exclamava Andrada
ao se despedir da Academia de que era secretarÍD perpetuo,
aaiar^nrar por vezes a minha cansada exist<*ncia, e buscaram,
■as em vào, mallograr o meu patriotismo e bons de-ejos, o
ostado da natureza e dos livros no seio da amizade, e a voz da
naseiencia foram sempre o balsamn salutifero que cicatrisiivn estas
ionàts do coraç&o. Cumpre, puis, deslembrnr-me do ] assado».
Exonerado da intendência da policia, torna ás suhs r)ccu))a-
çfiet ordincrias. O sábio recupera todos os peus direito^ : á
idaDeía cedem ligar os ardore.s bellicos e as ngita^òeN da ])0-
lítica. Explora algumas minas portugu<zas, ordenando as uK-is
iementeiras nos areáes da costa (2); trata da agricultura, e
arrenda para este iim uma quinta no Almegue, perto de Coim-
bra; e nos montes de Santo Amaro, perto da Figueira, cuida
de um grande pinhal e planta arroz, trigo, centeio, legumes,
hertaliças, flores etc. Publica memrrias de summo interesse,
que enriquecem as collecções da Academia Real ; emiim, ergue
esta douta associação a uma altura a que nunca mais bavia de
attingir após a sua ausência.
£' desta época que datam a Memoria sohre- as viinas de
carvão de pedra de Portugal^ 1809, publicada n' O Patriota flu-
minense em fins de 1813 ; a memoria sobre a nece8:«idade e
Utilidade de novos bosques em Portufial, onde se reveJa conho-
eedor profundo da scieiícta florestal fl8ll') ; outra Memo ia .sobre
(l> Vide José Acúrcio das Neves, Inratíio dv» fraucetet tm Portmjah t H.«»
(2l Dr. J. K. da B. MaIa.- Principiou a iilantnv^o dne. HicÁes \'vM\9 du Ciuto de
I. eiOas tcrrM de lavoura c^tuvnin em |)eri(ro de «er al.ifr.Mlay «.• e)<trn'^adi)u pela
TbifiiiÁiiça do mar; esta sementeira entretanto só teve iirinciíjio em '^ná. idíib lindou
ÉM ISOe. Foi a primeira aementeirii metbodica qne vingou em l*úrtugnl, o hoje r>s fer-
de LaTOi eitlo defendidos e amparados.
r
— 98 —
a nova. mina de ouro ãa outra banda do Tejo^ chama dft Pii ti cipo
Regente (1815); a Memoria minerúgrnpkica sobre o dístritiio
meialJifero entre os rioa Alve e Zêzere (181(j); outra sobre a«
pesquisas e lavras doi veios de chumbo na jirovincia de Trás
fts Montes (1813); além de traballios preciosos tobie a tnetal-
lurfçiíi, a ffeoírraphia dos antigos, uma iuirodnCvào aos Elemen-
tos de Meiallurgia, um numero considerável de dia cura os, dís-
flertaçãea e mFimoriafs lidos na Academia Kcal (1).
Era tempo de repousar dfi taataa fadig^as no seio da Pátria.
Fundas saudades do torrilo natal punfriam-Ihe o nobre e amo-
roso coríiçao. Trasladada a Corte para o Brassil, entregue For-
tug^al aos dcaasos do governo p roço a sul ar irritado, desconfiado
e ig^noiante, nada mais prendia José Bonifácio á metrópole,
onde, nas eminências do poder se acoutavam «a ignorância
tímida 011 desleixada, o ooscurantismo de algumas toupeiras,
q^u© temem ou nào podem supportar a luz», (2)
Pediu e obteve licença para voltar ao seio da Pátria » em
1819. Contava entào 5$ annos Saliíra do Rio de Jnneiro em
demanda do Yolbo Rei do em 1780. A sua ausência durara 39
annos.
Antes de deixar para semprd as plagas luzitanas, recebeu
o ultimo e valioso te? te mundo do muito rf^speito que lhe tribu>
tava o mundo acieutifico: o Instituto d© França (Académit de*
Sciences) o elegeu seu sócio correspcndcnte, a Utula extran-
geiro, para a 7,* secçào (Mineralo^íia) (3).
Ao mesmo Instituto devia, mais tarde, pertencer, pelo mes*
mo titulo, S. M. o Senhor D. Fedro II, seu augusto pupillo.
IV
Chegado ao Rio de Janeiro, trazendo como ualardUo uaico
d© seus serviços o titulo do Conselho e o habito da Ordem de
(t) A" Acadomla Soai das ScUncíM He Uhboí Jo»á Booifadí, no Discttrto líúíorie^
por Gl[e recsudr^. roniD' «eerotnriot na «ofiiiíci iiutiii^n do 'À* de JudIio de lt<iH, iiiig, t^
dea canta úa um eticrlpto ^allodo, cm quo ac proptinba ejcpEnnitf- jl Hifioria Xalurt^
úít Plínio
«F.' iãftlmn qtie d'e>itD aeu precioso Imror Intellectujil nfto apparBcesie pablicndõ tim
tá fr&^mctito, O» cqidMo* & latbac;:f>e» da vida pobticia, tm que poQco depois tl^arou
com umAiibo {írovolito o potiií do braiij, Jbe nAo dãixnram momentas á& lozor, «m qiiQ
desse a haiA derrjiJetrA a obra começada.
Enlacniido intímamf>nto O Doabecímenti dai modeniKS tc)eiici.i.a nilncraloi^kas e k
TA^ta orudlç&o nas lettroi closiilcaa, o Eabto amerícinOt com ntíildade tLlmutloEteft Í%
IttLeratara m1nçrAl0E'ica e d a tvhllolosia Utini, deJKar-iio«'Iila uma vai lufa E:útifroncikcfio
valrB os ciOnb,iclia'eut'}t OTyctog;D08l;{coF, rspregentados pelo rntnanD compilador. « a ii9>
tado ím cf^eDclas naturjK^k no ]^rLmetro quartel do aecuio XIX. Beria qaaato los mfnft^
raoi notório» nns nntlgoA, o ã sua ainda Imperfeita metal [iir|;ia. titn tralialbo ã^ maior
coflipr«1icrniftD qoe o de Ltttrt^ quando AJgaiii* aonoa dep^^ts inlerirrctoii e enrjqQecea de
nobftfc c commentoa a Miêíoria Xatatfíl áa ^cnoral rom^iao.»
(;í) SiUcmrto na c«sift<^ anui versaria de WtB .
i3i à ÂÉairmit dut Scinictt, fandadn prio {rcnial ^otboitem tG&6, comp^i-te dédO
mcmLrot, |ii acâdemlOús liiret e S ificlof txtrantjtirtít . I^[v|d« te eiQ 11 s^cçâfia, a cada
^ma dM qniies síU) oddldofl corretpoDdonlvf, C^nco bccç^ik?» pertencem àa «cjenelM ma*
iiamitthstM, ftcla Ài id«Eic3as /?%cír». Cada aecçto coi»pTQli«nd« P aembros iitularm
«xcep;& a 4.*r qu« tem D.
— 99 —
GhiiBto, Joi^ Bonifácio apreeentoa-se ao monarcha. O f;overno
de d. Jo&o VI quii de proinjito a]»roveitAr os seas merecimeutoSi
instando com elle para acceiuir o lo^ar de director da Univer-
tidade que ent&o 6«s projectava crear no Brasil, por ser natural
«escolher jiara seu creador e prinniiro reitor um sábio abalisado
e encyclopedico como o consolheiro Andrada, o uuico capaz de
erguer este estabelecimento ao pardos mais perfeitos da Kuroi^a.»
Tendo de seguir para Santo«, adiou a sua resposta ; e os acon-
tecimentos que se succederam vedram a leiíiisação do iiiu^^iio
projecto. Até hoje o Brazil não tem uma Universidade. Em
eompensaç&o é a terra das Faculdades livren^ libérrimas até.
Em Santos, José Bonifácio foi habitar o seu sitio dos Ok-
ttiriíihos. Alli poz em ordem os seus preciosos manuscrijitos
(1), classificou a sua immen^^a coUeci^ào de minerncs, de plautas
e de medalhas trazidas da Europa e com])oz grande parte de
suas poesias. Em Março de 1820 emprcUeudeu, em companhia
de seu irmfto Martin Francisco, uma excursão montanisticn em
pirte da província de S. Paulo, pani detc^rmioar os terrenos au-
riferos. Esse bello e importante trabalho foi impresso no Jour-
nal deJi Mines. De Ytú remetteu a S. M. o sr. d. Joào VI os
seus versos O Brasil «no faustissimo dia 13 de Maio do 1820.»
Dis o poeta:
Nào te enganem com vil hy])ocrÍ8Ía
Astutos cortezãos, sombrios bonzos,
E os que nos mollcs vicios í^er aftectuo
«Alburquerques terriveis, Ca&tros furtes,
«Em quem poder, porém, já tem a morto.»
Mas em tomo de ti te adejem brandas,
Filhas do Cco ! verdade, sà justiça,
Meiga e cândida paz. risonha Flora,
Ceres, Pomona, os sylphos bemfazejos
Que os thesouroj te abram, entranhados
Nas vastas serras, nas impervias mattas.
lliumina teus povos; d<i soccorru,
1 Bm PaqnetA o dr. RmlUo Joaqalm da Silva M.iía viu 03 suiralntes manoscriptoi
da MH aibIko Andrada: — !. Jornal do saatt viap^fO» , i'.* Tratado de niiocralogia.
3.' Parta dai olirai de VirffíUo, tradiizidâK com oumincntaHoK : 4/ Compendio Uu mon-
taalatlea. geometria inbterrAnea e dociraaKia ractnliur;; ca; eistc ora o seu compendio
4a aoa eadelra da nnlTeraidade de Coimbra. A. ^Icmoria sobre o trabalho o manipu-
lacio dae mlnaa de onro em geral. C* U tP4tam»iito motaliurgtco, do qual se iropri-
■fran om LlibAa aa primelraa folhai, sendo |irohibida a publicncAo daa outra*, por ellai
Iram de encontro a almimni opinifíca theologicaa. f . * Alguns elc^^ios históricos: entro
aatea oeeapa aem dnvida o primeiro iogaro Jed. Maria 1. V.- ^niitas observiíçrics »naa
BOlira diTenaa mlnaa da Enropa. lo. Kllo copiou rgualmcnte, por própria letira, muitos
aanascrfptoa exlatentea naa direraas bibliotheratt do LlHliôa sobre o Bra.>>il, a^ suas
^odseçSes e outros objectos, muitos doa quaea s.lo do grande valor. «Deus purniitta
qia lodos estes preciosos manuacriptoó se niío percam, como tantos outrot« do outros
lllaatras brasileiros, e qne com a sua publicaçilo pn^Fani ainda aor uteid».
0 ne*mo dr. via também cm Paquetá a collecçrio d(> medalhas, muito Intcredoante
efliilto rica, B-»bre moedas portuguezM. entre as qnaos tiiiha algemas antigas e raris-
.| Qaa flm leraram todos esses tbesouros ecientiScos?!
^ 100 —
Prompto e Beg'iiro, ao indio to^co, ao negro,
Ao [lobre desvalido. — Etitâo riqueza
Tau« cofres aiicherá* O mar iDcbado
Verá» ináiian manso acamar-fce, ermo outr^ora,
De novo» argonautas eotre as proas:
Verás o génio da í^í^titil botânica,
A qnem a bemfeitora medicina
Corteja e acompanha a fl^riKultnra,
A coroa enramar- te de mil loiros:
A creadora chimica eicoltada
Das artes todas, verás o ri cu seio
Hevasftr sobre ti, sobre teus ]*i>voSi
Dos tbesoTiros que o pátrio solo encerra. (1)
Em Santos, nas suas terras dos Ottieirinhos^ e no sítio dd
Santo Amaro, perto da Villa, entregue áa suas cog-itaçôes pbi^
loBophicas, contemplando o espectáculo da plangente uaturezs, —
Gomo esta matta escura e^tá medonha!
Nào é tào feia a habitação dos manes!
Est«^ ribeiro triste como sõa
Por tntre o pardo ©mmaranha<Jo bosfjue,
E como corre va^ii^-oio e pobre?
O aol, que já se esconde no horizonte,
O qtiadro ateia maia, — O vento surdo
De quando em quntido só aa folha» movei
E^ í»sle da tnsieza o negro alverguel
Tudo é medonho e triste! só minh^ alma
Nao farta o triste peito de tristeza l (2)
meditava sobre o estado do Brazil e ouvia ao longe o frag-or da
t€mpeidade que vJnha se aproximando.
A 24 de Ago«fco de 1820 rebentou uma revolução no Porto,
logo depois correspondida em Lisboa, estabelecendo pm Pt^rtugal
o syslema constitucional repretBentativo, D. Jofto VI teve que
regresar^ muito contra a vtmtade, para o Velho Reino, deixando
no Brasil como regento seu filho, o príncipe d. Pedro de Al-
can tara-Bou rbon
A 13 de Março de 1821, o Capttáo-General Joio Carlos
Augusto de Oe^nhaueen Grevenburg annuciava em bando na
capital desta província a prc cl amacio do systeraa constitucional
em S. Paulo^ como antes já o havia sido na cidade do Rio de
Janeiro. Os seis dppntados desta província ás Cflrt^s Coniti-
tmntes foram eleitos ; a José Bonifácio foi devida a honrosa
2 Id. Apaj. TO. '
— 101 —
eicolba dos di^OB deputados panlístas cavantajando-se entre
elloB o irmào do conselheiro Audrada, António Carlos, que»
secnndado por 6eus collegas. á excepç&o de um, soube con-
lervar a dignidade do Brasil, e calçar o caminho para sua ia-
dependência.» (1).
Em 23 de Junho de 1821, deu-se em S. Paulo um movi-
mento popular, de que resultou a eleiç&o e insiallaçflo de um
Governo Provisório^ — «José Bonifácio, o génio da liberdade e do
patriotismo, o fantor principal da InHependcncia, o vult«> gran-
dioso na magnifica epopéa da fundbçAo do Império, animava o
movimento e o dirigia, com aquella cii-cums(-ecçâ.o e prudência
qae assellavam todos os seus acios.9 (2).
Foi acciamado presidente do (jroverno popular o Capit&o-
Oeneml Jo&o Carlos, que tão boas prcvas d» capacidade e pa-
tríotlsuio dera nos governos de Matto Grosso n CenrA e desde
25 de Abril de 1819 no de S Paulo (8). Era ju>;to preito
áquelle varão illustre. A Jojió Bonifácio coubo a vice-pre»idencia.
Os outros membroR eram : secr^tarios — do Interior o Fazenda, o
coronel Martin Frnncikco Hibeiro de Audrada; da Guerra, o
coronel Lazaro José Gonçalves ; da Marinha, o chefe de e!>quadra
Miguel José de Oliveira Pinto. Vogaes : pelo ecelesiastico, o
arcipreste Felisberto Gomes Jardim e o tliosoureiro-roór João
Ferreira de Oliveira Baeno ; pelas arma», os coronéis António
Leite Pereira da Gama Lobo e Daniel Pudro MúUer; p^^lo com-
mercio, o brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão e o coronel Fran-
cisco Ignacio de Sousa Queiroz ; pela in^trucção publica, o padre
Fnncisco de Paula e Oliveira e o tenente-c >ronel André da
Silva Gomes de Castro, e pela Agricultura, o dr. Nicolau Pereira
de Campos Ver*{ueiro «^ o tenenttí-corouel António Mana Quartin.
Em D ezembro, porém, o cr>u8elheiro José Bonifácio e seu
irm&o MartJD Francisco, mbendo da noticia do próxima retirada
do príncipe d. Pedro para Portugal, convocaram os inombrost do
governo para uma reunião na n^ito de 24, o, nesta rennião, ex-
pazeram-lhes a necessidade de uma menba«;em ao principe— de-
clarando-lhe que a sua partida seria o signal da t-eparação do
Brasil. Desta e de outras idênticas mensagens foram ])ortadores :
por parte do governo provisório, o conselheiro Joté Bonifácio
e o coronel Gama Lobo ; pe a da camará municipal, u marechal
1 Sibofo hiâtorieo, Jà cltAdo-Ori deputados por 8 PatiIo foram: Nicolau Ferefrm
da Campo* Vergueiro, António Carlod Klheiro de Andrada Machado o Hllva. Joaé Ricardo
da CotU Afilar de Andradv Dioço António Koijú. Josá Feliciano Fernandes ['Jnheiro,
't Vanael da Silva Boeno itoraoa assento como supplentei, Antunio Paes de
(idemi. Francisco de Paaia 8ou»a e Mello 'nAo tomou assento).
2 CoDMibeiro Ole^^ario H. de Aquino h Castro.
9 Vide o Douo estudo sobre Oetfnkantên, publicado em Mniço de \902. O mar-
£M de Aracaty men.-ce ser Julgado melhor do que tom sido geralmente. O visc'<ndo
Tannay eonfloa-noi, para ler. pouco antca de mnrrer, a i> parte de uma hiographia
leta de Otjnhausen. K' nm trabalho • Bplr*ndi'1n, Igooramos si o concluiu. - bom
A Wida do Alauriin'a f^rnrynr, B.wAo >\Q Mol^ja-.-o. c«j a carreira Iramortal des-
sa imprensa de Cnyabã. eu :u<>.'. o i9>'0. Ksto foi uma das figuras mala
da historia de Matto Oroiso no seoulo 19.
r
— 102 —
ÁTooche ; pela do biq>n e clero, o viprario de M Boy, Alexandre
Gomes de Azevedo, E fleoruiram para o Rio de Janeirr^.
Foi no dia 9 de Jancim de 1822 que eaaas coiimissõeSt e
outras do Rio de Janeiro e Mioas Gerae?, «e dirig-iram em muito
cofjçorrido présiito ao príncipe regente, que, depois de ret!ebel-Aa
e oavH-aã, respondeu que ficaria^ na crença de ser ma para
BEM DE TDDoa K, em get^uida, no dia lU, oTí^-anisoii o ministério^
cabendo ao conselheiro Jo&o Bonifácio as pactas do reino e doa
negócios exiran^eiros (1),— E&tava papsado o Rubicou,
Desee dia IG de Jaueirn até 12 de Outubro de I82*i, a bÍ6-
toTÍa de JoEé Bonifácio é a historia da revolução da Independência
do Brasil e da acclaTraçao do seu Primeiro Imperador, Ja es-
crevemos, si bem que resumidameniR, esta historia, em outra a
columníiEi (2). Ha quem dif^a qve—biurepeiitapíacçnt Seremos
lacónico, afim de n^o (^an^^ar o leitor e nào alongar demasiado
esto artigo, onde piocuramos esboçar aiiteb a figura do Sábio do
que a du Politico
For decreto de 3 de Julho, tni nomeado ministro da Fazenda
Martin Francisco Kíboiío dp Andríida.— A Beruarfia de Francisca
Ignaciú convuUiotiára S, Pnulo e fora eaug-á de perseguições in-
justaa: o movimento popular de 23 de maio não fôra um assomo
de reacção lusitana e fim o frncto de dissençõea locaes e divertren-
cias ]ie^soaes, do ciúmes políticos, «questão de pennachoi, — Fôra
illogicn suppôr que o coronel Francisco Ignacio, o ouvidor Costa
Carvalho, o ex-capitâo general Oeynhausen e outros patriotas
eram infensos A causa brasileira e aos interepáes paulistas (3J,
O Príncipe Regente dirigio-se a S. Pauto: foi nesta viagem
providencial que S. A. *írgueu o brado do Ypiranga e consum-
mou a separação ^e a Independência* (A\
Cumpre lembrnr que, dias antes, «acbando-ee reunida em con-
selho toda a administração pela princeza d. Lecipoldina, o sr, Manin
Francisco, ministro doa neg:ocios da fazendn, proprz que o Bratil
se devia declarar independente de Porrugal, visto a má condncta
das cortes portu^tiezas para com elJe; esta ideia foi energica-
mente defendida pelo sr, José Bonifácio, ministro do império e
dos negócios extfangeirfií, e npoinda pelo resto do ministério,
;fícaDdo eucarregado o dito ar, Martin Francisco do mandar o of
íicio declarando esta decisão ao priucipe, que então se achava
em S. Pauío. O que logo tudo teve logar, decidindo ao prín-
cipe a praticar a heróica ac^ào do campo do Ypírangfl.* (5)
Decidida a Independpncia, seguia se marcar a forma de go-
verno. Escreve António de Menezes Yasconcellos de Drummoud;
1 JqSd Vendei de ATaitíida» XM^t Gtmtalúpieaí^
í Álbum Jmptriai, u, ;.\ dfs i:u de JiiDelra iJo IflOfi. Artigo I>. /Wro /.
3 V|d« A Ititerofianlu p^ilonlc* hlftáricii eotre o dr. António Pka c o birio do
À litmardO' 4« Fraifciico IgnócWt triCHcrÍpt& nm ^tritfd do JuiíHmío Bigíori-
ca iê S, Pamto,
4 ÁlbMm Jmptrinh Ti, ?, nrt^ clt,
h Eit>gi9 Uitt-arica do dr. E^ J, da 8ltv& Uili, nota 33 & pag. ISS.
— 103 —
cA ideia de se confeiír ao príncipe o titulo de imperador e não
de rei DABceu exclusivamente de José Bonifácio, e foi adoptada
pelo príncipe, com ezclus&o de outro qualquer.
Nos conselhos al^ma opposição houve quem fizesse a esta
ideia, não por a jnlj^r prejudicial, mns somente pelo temor
de que viesse oecasionar al^nm embaraço para o reconhecimento
das outras nações. Os que assim pensavam opinavam pelo titulo
de rei, que nfto acharia os mesmos embaraços, sobretudo da
parte das grandes potencias da Europa. Jos<'t Bonifácio refutou
todoí esses argumentos, que lhe pareciam infundados.
cO Brnsil, dizia elle, quer viver em pnz e amizade com
Iodas as outras nações, ha de trntar e<riialmeute bem todos os
eztrangeiros, masjámfiis consentirá que lhe intervenham nos
negócios internos do paiz. Si houver uma fó nação que não
queira »ujeitar-Ee a esta conHiçuo, sentiremos muito, nias nem
por isso nos havemos de humilbar nem submetter ú sua von-
tade». Estas, e outras palavras de egual peío e consideração,
elle as disse, em minhu ])resença, a M. Chamberlan, encarre-
gado de negócios da Inglaterra». (1) Era a liuguap^em alti-
Tt de es'.*larecido patriotismo, cônscio do sua força.
O Ministério Andraf^a prrstou emineTitissimos serviços ao
Brasil. Confessa-o uma testemunha inf^uspeita e illustre, íal-
Imdo dos deus irmãos ministros :
« Nenhuns outros entravam na admini*-tração debaixo de
flwlhores ans]MCÍos de opinião publicn, qno um o outro gosAvam
6m grau superior de saber e patriotismo, ]>rincipalmente o pri-
moiro. Era seguramente este o único homem apontado então
como possuidor das qualidades nece&saiins ]>ara diriírir a revo-
lução, porque ao prestipo de hua popularidade, necessária a
tcdos os ministros em todos os tempos, e com muita especiali-
dade em crises revolucionarias, reunia vasto saber, imaginação
vi?a, actividade sem egual e intrepidez remarcavel.
Todas essas qualidades desenvolveu durante o temj o da
ma administração, com geial conceito e applauso...
Entrou o sr. José Bonifácio na crise mnis assustadora por
que esta cidade tem passado. Jorge de Avilez acabava do in-
snbordinar-se, á to-ta da Divisão Auxiliadora de Portugal, na
noite de 11 de Janeiro, escandalisada da nobre resolução que
8. M. o Imperador, então Príncipe Kegento, havia tomado, no
dia 9 do mesmo mez, de ficar no Brazii.
As enérgicas medidas do mesmo senhor, secundada.^ pela
attitude guerreira que a^ tropas brasileiras e o })ovo em massa
1 ÁnmMã da Sihitotktea .Vaeional, rol. XIII.
r
— 104 —
desta CEpitftl desenvolTeram, no dia 12 e seg-uiãtee, obn^aram
aquelltí getieral a embarcar com os i>eiie âuldndúa para & Praia
Grande. Mas hta uâo bastaTa : ora nece^gArio obrtj^al-os a fia-
hir para fora do Brasil. Isto se conseguiu com effeito ; e nfto
se pôde negar que eata acção heróica íoi dâvida á energia e
iDtrepidess do príticipe regeu èij, como Ó de todos bem subido :
mas t-gta aó não fora bastante, si o sr, José Bonifácio não esti-
vesse á testa dos neg^ocios, e os nuo dirigisse com ac-rto, flem
que p^r isso q^uei ramos iteg^ar gloria diâtincta ao miui^tro d&
Guerra, o sr. Joaquim de Oliveira Aivareã, que nessa ouctisí&o
lhe coube, pela actividade e boa disposição de suas medidas.
Aqoi ternos um acto grande deste Ministério, qae é ntscesaario
lançar na conf» da* suas (tbras boas.
Seja o segundo a creaçÈlo do Goneelho de Procuradorea Ge—
raes das Províncias do Brasil, por decreto de 16 de Feví'rt?iro ;
medida politica e acertada, qufl, iançHndin os primeiro» funda-
tneutori da nosaa repre^iBiitaçàn nacional, foi precios-a pedra imaa
que priíicipií 11 a Httrabir todaí* ua provinciítí^ » um centro, ^em.
o qufil a divisS-o houv^^ra sidu inevitavtil, a Indcfiendencia teria
EÍdot sinílo impraticável, pt^b^ menos mnu difficil de obt« r e eu-
luctada de muito sunguo, e o [tr>pciio npp^r^cin tardei ou nunca,
como era mais natural. Graças, portr.nto, a^i» governo que iiot
preparou tfto gríinde bem, o nos poupou a t^intoa ma er;.
Para que tudo fosse rápido na ciiuaa da lud^^peiidi^nciaf o
dfcreto de 3 de Junbu, deliberado no Coneelho dos Procurado-
dores Gera s, e referendais peJn sr. ÁiidradH, [treparou o pri-
inteiro p.T.s»0 para ellp, ou heju antes n segundo , porque o pri-
meiro foi. na nosãa opinião, o mage-to-o acto He 9 de Janeiro»
Convncíida põr este decreto uma Ãssemblea (jeral Qf-n^-tituinie^ J
segura ficfjú desde lo^^o ao B^njcil a certeza de que ia eer in- '
defíen tente, e possuir uma Constituiçilo ; aa-im »« veriticou com
effeito e a quem se devem estp^ dons bens? Sem ne^atnioa o
primeiro movei de jíbenome-nos ràn espantoso* pela rapi-lez com
que se obraram á foiça d;i npini&o de tod^* o povo brnsiieiro
que se pronunciou a uma só voz, cnin ft^rçu soberana e irrcsia-
tivel, cumpre que tributemos ao g^fverno o devido recfinbeei-
menio pela s^bednria, |iatriotismo e exaltado liberali-imo com
que i^oube obedecer a e»su mesma opiniAo, aproveitar se delta e
dirigi l*a para prosperidade do Bnisil Me.nos vigilância do go-
verno, fii elíe tivesse tído menos patriotismo ou illiberal, o»
espifit'»» que se exaltavam Gi»m amor pela Indepf^udericLae Goti'-
Btituii^ão, bouveram tomado outr» vereda. Graças, pois, ao go«
veruo. que, pelo acerto com que dirigiu o Leme da náu do Jijsia*
do, nos levou a porto de salvação.
N^o podia escapar ao génio crendor do primeiro ministro
do Bfastl que, d''clarada a lu lependencía^ principal ponto a que
eaminhHvam sttas vi»tas, era necessária â ac^lumaçao do Prin"
cipe Regente; este pas^âo cortava toda^ aa vistaít de esperança
— 105 —
qne Portugal niada pndesse ter sobro o Brasil, e destruía ao
mesmo tempo quaeiqner idcíias desvairadas qne alg'uma província
porventura pudesse ter, e é fora de davida que com efiV*ito
ãnha: era, por conseqaencia, necessário. Gatrou. pois, ues^ta
empresa, e fácil lhe foi ieval^a a bom resultado, porquo os
ânimos «-staTam dís])08ros. Znldsos patriotas uniram-ctí a«> Mi-
nístrfs dÍ9pazf*ram-se as cousas, e veríticou-se a ncclam^irAo no
sempre memorável dia 12 de Outubro de 1822. «m i-ei- pro-
TÍncias a uma só voz, e á mesma hora, e todas as outras tizeram
outro tanto, immediatamente que puderam.
Na nossa opiuíAo, <*iite pas-o prifsei vou o Brazil de «rran-^es
males, firmou a i^sua Independência e apressou o reconlicc.iinrnto
desta. E porqun a «floria de uma jrn.ndti a ção é stíMípni do
general que a díri<;e, emborn hej-i verdade que na McrlaiitavAo
do Imperador tive>^am dístincta parte muiti s liome' s ]).*irriotas
e o povo todo que unanimemente a queria, nm;xuem on^^nrá
nejrar ao Míníatro que a prrt^idiu, o logar distincto que neíla
t^ve, e que fez um serviço relevante á aua Pátria.
A ordem natural do se«j:u>nienr(» da caura da Independência
obrigou-nos a alterar a recordaçAo de diversos act* s inip«)rtMntes,
que simultaneamente í ilustraram a marcha patriótica, sábia e
activa do {governo. Todf s f^abcm a actividade que se tomou
contra Portu«ral e » cioso seiá nicordar a ^'•uerra que do Kio de
Janeiro se fez ao >^eneral Mad^^ira e li^ suas tropas na Hahia. O ma-
nifesto do Pricipe Regente aos* povos desto Império, datado de 1
is AsTOStn de 1822, e nutro aoít governos e i a(;òes nmitras, com
dita de 6 do me^mo mez, hão pf*(;a^ ({ue muito bom nm os seus
autores. O decreto de aninifltin pelas pai^sadas opiniòeH. de 18
de Setembro, ordenando ao mesmo tempo o disr.inctivo — « Inde-
pendência ou mortn » — adoptado pelo Princip»^ Rf»«j:ente nos
Cimpos do Ypiran*^a. e mandando sahir os di-sidentes, acto
foi n&o só de phtrioti«'mo, mas di^ íjfcnio muito politico, bem-
iozejo e liberal. Outros do mesmo m<'z, que designaram o tope
nacional brazileiro, deram ao Hrazil um escudo de ai mas e mu-
daram a côr das fardas dos cria ios da ('a^^a Ini])erial, são provas
nada equivocas de génio t^o nacional como cr^adir do ministro
que os referendou. E, para que ir mais longe V O que tica dito
basta para formar o conceito de que o governo em 1822 fea
serviços notáveis ao Brasil, que este nunca deve esquecer. . .
Os roais membros do Mim -ter io triibalharam de accôrdo,
iià»» tiveram por sua posição logar (>pj»ortuno de sobre-abi-
Mas não é bom que deixemos de ta/er bonrosa memoria
do fir. Nobreg^a, que se fez distincto jiflo seu amor dos princípios
eoustitucionaea, nem do sr. Tactano Pinto do Mimnda Monte-
negro, depois Marquez de Vi lia Real da Praia Grande, em quem
resplandeceu sempre amor de justiça e bom fazer.
O sr. Martin Frrncisco i Ilustrou o seu Ministério, pelos
princípios sem exemplo que desenvolveu da mais stiicta eco-
106 -^
noinía na despesa do9 d inli feires públicos, e esmiuçada fiâfalian-
çic da receita: qualidades gjlo estas que nem os seus inimigos
lhe tíím &abr<lo uegar, e ellas fAzeiUt ná no^&u opiuíào, o tnsis
soberbo eloírio qno o mais perfeito admiuistrador da Fasfienda.
páde desejar.» (1)
A 28 de Outubro de 1822 k lavrada a dt^mií^sfio do Mi-
nÍBt*i^rio. O povf* reclama cm tnmaiUo a sua reintcgraçilo: o
Imperador cftaa. r os Andrndas voltam ao podtT doua difis de-
pois, com medidas extrnordinarins. Procede- se a umit devassa,
em virtude da portniia de 11 de Novembro* contra «uma fa-
cção occulU e tenebrosa de fnmo&os derr.íigoíros e anarchííita&» ;
e nella %ho incluídos José Clementei O «^i^Dcral Nóbrega^ Ledo^
cónego Januário, padr^ Lessu, Doininf^oi Alvee Branco e ou-
tros eer^idores distinctos do psisi. SesTue-se a dí^portaçào ou a
prisAo; Lí-do consegue fujíir pnra a Banda Oriental. Jmé Bo-
nifácio inauj^ura uma politica de reacção, «Seu zelo o levou
talvea a actos discricionaricSt que o verdadeiro liberal reprova,
mas escuta o rpspeita pífios motivos cjne os prodnziríim.»
O reverso da medallia está na dÍESoluçÔo da Constituinte, que
perjurara ao peu mandato, e na pri&ao e de[vortaçíio doa três Au-
dradas e de mais l'i deputadf^s, ar^ruidos por seu turno, pela reac-
ção coiiRlitucíoufll, do «faifo^os demasrogos e Jinarchista?,» (2)
A demiís&o do Ministério den-se a 17 de julbo de 18Í3;
a disyoluçíio a 23 de Novembi-o : «ct,5 necessarin, que livrou o
Brazil da anarehía parlaiucntar; acto strictamento constimcional,
que íissp^''urou ao Império a decretaçào e o juraaiento de um
pacto Fundamental, tido até boje como um modelo de fãbedo-
tia e liberalismo.
nu R* tím^ jtopa imporlAlfttíJ pM» n nn^tn hlPtorljt oit<í dofnmcíriíft. [nUtnl:i«to-0 Mi'
mideríQ doí »rt. Àndraia*. Cnniprirli irvintcrgs^cT-^cj ni Inie^aí mns nOo qacrerufli nh»-
aju- ã^ ^oneroifsk b^ijtliâlidndD dpstia, lllustriiiln rrdncçfta.
KJf^urArA çtn ien 1at(ílri> teÕr no Tolbctí; ciu qno pretcDãemoi cnrdxnr tiU pcqnoni
téríe úa nrtíçod
(^) « EniTii tií> Andrndna t^oHtícos vigorosos, rrn1tenfE?a, úbçtlniifloE. Ob !pds antago-
nistns TtM n diAm ctspcrjir riellca toler.iTicU, nem qnsiitd Tnrr-ndo ni:or« cúefe dn npita-
• tçjto purlamcnL-^r» domiTiArdo com >«ntf IrinAof a iitiemlnlèn cortílUuloto, Jna^ Bonif^ela
ps^ou i<iii dar&$ e dropaiif lentos ri.'pnígn?rnB as violcnt:iB P^irrctfiif^cA catn que os »dqs
emulou lhe Iiaviam nniíirgnraíJo n iiiifliEenciíi o o porlpr. O4 Airlrudim jiieamni no Pi*r!íi-
niento e nn liiprcnsA uma prntrrn inexorável, de qnii £c§^iirftm«DiC9 dAd ealiift avantif^jailA
a pop^UrLdade Q u foturo do juvenil JroperAtlor.
O TarAr\3fa e n Srníínflía, or^nnii dos Andraiin* riA fnipranan^, nifiiA<riiiii Sk pxlsteneta
MtTibQlAda no i^ftblpçto. Jofé BooiTíicfcr, quQ nJlú ponstifa doiM DrAtorlov, mn! pndorU
trftatadar «ni nrrujas d» tribanu a fortaíez» r.iroiiil do scQ espiritei, « Eadoíiilíú fervor
dm fuaa patxJ)c«. c n dora atiiniiudveriíAD hm euua cuntríidktore* Mn-^ a pnl^ticn aiidjii
do* tret Iriíi-iiOi tínba p»ra *» lucrns do ParlaiBenlo « voa de Anloiiío Carluí, fogo*»,
«loqtieittQ, Ap<TÍXDnid«. A ifiembléji foi ectAo a tcetia d« violenti«íifm[i9 debatç», «ru i^qd
0 po¥o. inciniiicndo no próprio recinto pArfnniPtitnr. t«m^n vm pcln* Andri.dMi c/tntrA ot
qii« o ««d pAi-ttd^ v^rlicrnvfi coidd Infí^toi à Ubcrdndo b Jnderpendcocla do Brasil. ' *ev-
■Ao àe nj do Novcmb'» íic 1^^3 fleou ptira ftnipr» memorada como uiu* da» hijiIs tcm-
pstliiAAítii Hem ú ^D cxtrattbAr qiifl tm seu dífflcM iiDVleJ;4do a nnc^o nloda !ni>xp«ria. e
01 im» priuiPÍros míndaUríni aã il*"fTi6$çtn irnnivjÉr. António C«rlo4 iua»iroa-aA há-
quellA tcrmenbofa c^njDDCtnrn um tríbctno revolDctonaTln
Ah ftaiNflipe da cooi^encio pNti^elA refârverom itiAls Indnmltntt sob a nrdento ínflulçAo
io »&t dos tropiâof, A críto potJtka Rmoav^eiva dangnãntai dosildlúâ na Brasil... f—La-
Uno Voeihf, op, cit
^L
~ 107 —
 bordo do navio JéUCfjnia^ seguiram os det^terrados a 2
de NoTembro para a França. .Toeu Bonifácio foi tabitar nos
arrabftldes de Bordeaux, onde livre do baiulho das grandes ci-
dades e rodeado da<s pessoas que lhe eram mais caras, se con-
lolava com a leitura e cultura da poesia.
Em princípios de 1825 ft>z elle imprimir as Poesias aviil-
90$ de America ElyttiOt onde se deparam composições nota-
taveis pela forma genuinamente vernácula e nào raras pela inspi-
ração, qnaes a Ode aos Bahianoa, a Ode aos Gregos^ e outras.
A metfífícação é impeccavel. Na Ode intitulada O poeta
deãUrradOt o patriota, ulcerado ])ela injustiça e pela ingratidão,
expande a sua indiguaçSo contra os seus adversários.
Ora é a saudade que o punge :
Os lábios que ora movem moUes vci*so8,
Já levantar souberam d.i vingança
Grito tremendo, o despertar a Pátria
Do somno amadornado.
Mas de todo acabou da pátria a gloria !
Da liberdade o brado, quo troava
Peio inteiro Brasil, hoje emmudece,
Entre grilhões e mortes.
Sobre tuas ruínas gemem, choram
Longo da pátria os filhos foragidos :
Accusa-os de traição, porque a amavam,
Servil, infame bando.
Ab ! Nflo diga?, 6 zoilo, mal do vate,
Si aos lares seus nào v^^lta; acícalado,
Buído ferro afogaria o grito
Que pela Tutria ergue&sc.
Aos inimigos que o lançaram a caminho do exílio c o rc-
jaimm a praias extrangeiras :
Maldição sobre vós, almas damnadas!
A taça do prazer a vós vos saiba
Como o mel venenoso das abelhas
Da cisplatina plaga.
Qae um Trasybulo novo so levante
c'am punhado de heróes, a tyrannia
Xo enbangnentado throno já lutante
Cabirá aos pés exaague.
— loe —
Outras vezes, esquecendo qne a velhice lhe está já inti-
mando a temperança do coraç&o, o estro de José Bonifácio
voeja em raptos eróticos. Em vez de cantar como Horácio:
Desino dulcíum
Mater soeva Cupidinnm
Circa lustra decem flectere mollibus
Jnm durnm imperiis. Abi
Quo blandse juveuum te revocant preces : (1)
pede ás conFolações do amor o lenitivo ás suas maguaa de
cidudfio e de proscripto.
Nas poesias de Américo Elysio, além de muitas originaet
compusições, deparam-se notáveis trasladações d« eminentes poe-
tas, antigos e modernos. A poesia bíblica está alli representi^
da pela paraphrase de uma parte do Cântico dos Cânticos, A
mn^a greco- romana tem tio livro a sua parte, nas versões de
Pindaro, de Hes^iodo e Virgílio. Dos poetns inglezes apparecem
trasladados alguns trechos de Ossían e de Young. (2)
VI
Sete longos annos durou o destf»rro.
Ao cnbo deste tempo, voltou o conselheiro Andrada ao Bra-
sil ; e tendo perdido na travessia sua boa esposa, companheira
dos seus trabalhos, aviso que a Providencia lhe mandava doa
males que o aguardavam na pátria, beijou coberto de lucto as
praias de Níctheroy. O nobre velho é bem recebido do Impe-
rador. M/iS de pouco lhe poude file servir, pois os caminnoi
da gloria por onde tinha começado a sua carreira estavam se-
meadoii de abrolhos impossíveis de se arrancar. Por este tempo
o Corpo Legislativo, rt conhecendo os grandes serviços presta-
dos á pHtria por este illustre braf^ileiro, satisfez aos desejos do
governo, que lhe concedeu a pensào anuual de 4:0001(000.
Ketiiado á ilha de Paquetá, ainda alli o foi desenterrar a
calumnia: forja -se o plano de republicas ridículas, e se apregoa
como o sou chefe o venerando ancião, que não responde sinio
com o desprezo. E* porém neste mesmo tempo que uma socie-
dade sabifl, a Imperial Academia de Medicina da Corte, como
para o indemnisar, o escolheu para sócio honorário, honrando-0
assim, e honrando- se egualmente. Egual tributo lhe pagou a
sociedade de Instrucção Elementar (3).
(I) Horat. Carm. IV, 4 -8— NoU 26 do sr Latino Coelho.
{2i lá ibid.-- Daranlo aindi a aaa reiidenoia em Portagal, tradaiia do gr^go o
Idyllio A' Pritnartra Pablicon-o em !HI6, na impressilo régia, cotd as inloiaei J B. A.
8. Bahia mais tarde trantcHpto no Parnaso Broiiltiro, caderno IV, pag. 61 Vtia oa
edIçAo de l**»\. a paga. 140 144.com nnuk Advertência.
(3i CU. Eiboço Hitt. anon.
— 109 —
Eis cbpgadoí o« ominosng di«8 de Abril, de longa mão pre-
parados ]ielo8 conutitueionaeSt liberaat e arruaceiros e pnr uma
•oldadcsca capitaneada por alpiDR cbeíes tmidores. (1) Uma
«lei^o impmdente de ministros é o pretf^xto He que se servem
01 corypheuB da revolução para amotinar as inassas inconscien-
tes. ^ o Imperador, can»'ad<) de tanta perfídia, abdica muito
ToluDtarUmente o tbrouo em seu Augusto Filho. Reconhecen-
do em José Bonifácio o seu verdadeiro amigo, lavra o seu tes-
tamento politico, nomeaiido-o Tutor de seus t^turos filhos. Nesse
dia, na bera suprema do infortúnio, escreve Homem de Mello,
o Ãindador do imp-'rio está abraçado com José Bonifácio : «era a
reconciliação, publica e f>olemne, com o seu glorioso passado de
11B22.— A geração da Independência estava rehubilitada. —Ainda
nma yex, a magnanimidade da índole brasileira trouxo-no8 este
desenlace consolador nec^sa grande crise do nos<o passado». (2)
Xão: a ureração da Independência não preci^^nva do rehabi-
litaçio. A 7 de Setembro D. Pedro I estava idontifícado com
os Andradas, e estes com o Brasil. Sete He Abril não foi a
lesvltante de 12 de Novembro: eraí in fatis,
A Camará dos Deputados logo depois annullou a nomea-
ção feita pelo Imperador; mas nomeou tutor ao mesmo conse-
lheiro José Bonifácio, que aliás protestara, defendendo os seus
direitos, oa antes os do pae rie seus augustos pupillos. JoséBo-
BÍfaein teve então, e por muito ]>onci) tt-mpo, assento na Cama-
n. Nnnca, porém, foi nradf>r par amentar.
Ifim 18^2 surgiu o partido caraniurú, fiel interprete dos
natiinpot<>B de lepulsa da nação cuntra o ensaio de re]>ublica,
eooeretiiiiado no governo reiren ial. Jo^é Bomfauio. accuHHdo de
rãiiauradort foi envolvido nas intrigas politicas {H) e d clarado
nupeito. Os renlauradores foram victima^ das maiorei» violen-
das naa noites de 2 a 5 de Dezembro de 1833. O governo
I Tid Álbum Imperial somo eit. art «obre D Pedro I
t F. I. M Homem de Mello Á Constituinte perante a Fittoria in flne. B' um
Ifn u tanto Incenvo e cbeio de bôM inteDçí^ev em relAçllo á rerolncionaria Assemblé».
S Bobre o partido Caramurú e a accAo do» Andradas na Realauraçiio, melbor
»■ no artigo referente a António Carlos. KntretKnto, dcade Ja deixaremos consi-
Mta facto :
No catalogo doa manosoriptoa e antog^apbot deixados por 8 M. o Imperador D.
Feiro II, na Quinta da Boa Vista, encontra-ne o sv^ruinto período :
«Carta antocrrapha de D. Pedro a Antnn'o Carlos de Andrade, datada de Lisboa, 14
!• aateai^ro de 163'. na qnal se lê a seguinte dvclnraçfto :
•Art. J .* A minha abdicaçfto está valiova. jamais tive tençfto de a declarar nulla».
Ho art. 2.* depoia de longaa explicac&es. cnclnc : «Amo muito o Brabil; amo
aiHe a mena fllboi e a todos os meus coocidadftcti : eu amo muitíssimo a minha bonra
• a mlaba repntaçfto ; respeito sobremaneira o juramento qnc voluntariameiíto pruitioi á
OBislitofcio brasileira, para ir emprebonder couraM que nflo sejam legacs c qne u&o
ionfonDea com a TOntadoReral du nnvfto brasiloiía, a qno pertenço»
Tndo do próprio puubo do Primeiro Imprrhdcr.
Commentando este documento que foi coiligido p^lo dr. José Maria Vaz Pinto Coelho,
•KreTen a gaieta republicsna O Ttmpu, em s«>t(>nihro de 1x9:^ :
• B' este documento da maior valia para o conhecimento exacto do um dus mali
agitados períodos da nossa historia politica
babemos qne. depoii da abdiçilo do Primeiro Imperador, os políticos adhesoii ao sou
goreroo e os qne por despeito, csidrito de oppo>iv*Ao uu des^u^to pela incapacidade do
CTcmo regenclal, procuravam a volta de D. Fedro I e conspiravam contra a validado
aMiçio ita peiioa de aen filho.
— 110 —
chofiava 03 mottna, eequioao do ar*aricar tio vftlli'> patriota a
tutoria dí) D. Pedm It. Conseguiu o seu fitn siuistro, — Nôsaes
dias fataest qttebrnm-lhe os vidrflça^, cobrem de baldões o in-
jurias seu nomo respeitaveli « o governo, &em o menor direito,
suspende- o Eleito daflseembliía ; o tutor do D. Pedro II è con-
duzido A prisào por nm capitAo. A Camará sanecioiíou com
applau&os de sua míiioria túdíis as medidas tcmadaa pelo Minis-
terio da Regen'>;ia,
Soffreu coacçfto e espionagi^em em Paquetá durafite alguns
mezes, E nm historiador rende fj^^ríiças ao governo dictaíorial j
«nào foi de outro modo perse*ruido, nem í;ouvo empenho politico
6m obstar p sna absolvição no processo que do necessidade lhe
iustaurarara, , ,» (1).
Depois da terrível catas trophe, os rectos de vida senaitiva-
e intelleciual que ainda auimavauí o conselheiro Andrada foram-
se esvaecíiiido pouco a pouco, até que pelai 3 horas do dia 6 de
Abril de 1838j na mesma data do anuiversario em que íorfi no-
meado par D. Pedro 1 tutor de seus fiihosj no mesmo dia em
que ee amontoou o combustivel em que deviam arder a tranquil-
lidade e a pax do Brat^il foi ^ua alma pura receber o galar d ào
de «cus feitos da mfto d'Aquelle que sonda os corações, e, in-
dulgente ás fraquezas da mísera huinauidade^ Jeva-lhe em conts
até a menor pArcetla de virtude.
Morreu pobre, como pobre vivera. Recusou todas as con—
decorín,"5es e o titalo de marquez, offerecidoa pelo primeiro Im-
perador, Nfto representou S. Paulo nns Cortes Constituiu tei.
Foi apenas deputado á Ássembléa disrolvida e sed presidente e
vice-prcísidente. Nunca foi Senador do Império o Pátria rcha da
Independência, o Washington, ou si preferirem, o Franklin bra»
sileiro».. o nosso Hutuboldt!
— José Bonifácio— ó um contemporâneo e amigo quem fala
—era d© estatura menos que ordinária, de figura regular,
branco e loiro na sua mocidade, d© olbos pequenos o vivos,
que descobriam a delicadeza de suas sensações e finura de seu.
espirito. Sua conversaçfio era amena e jovial, e recheada de
labaredas d© espirito, cheia de a] 1 «soes finas e engraçadas. Os
seus costumes eram doces, sua bondade quasi angélica estava
Mtiõi SehãMti*nuÍn§ de entUo eram ctaainitÚQi earamttrút e Rt •HM prlsclpftâi II-
li:arB« «ratii ãim^ BoniiAi;iõ, tnior 4a mc^olan impcrndorr C tca Irmftó Auloolo CarloM El-
beLro ÚB AndruJa Mjicbndo d i^ilvn, o j;n'Jindp arnúnr dr^ Coii6tltulTit^>H
Acr(.<AÍUrft->e qoQ )i <lc«trulçio da bodi?dBdq) lUliiur p?ki poro e A prl^Ko da Jo«é
Bonifácio ttiiLam «ida «« cnosas dcBtmldorivti do pi^rtido earamuru. A CATt» gae vAimi
triíaacrtvtm^í provu que foi Apeou a le&ldadQ de U. Pcíto i na acto, espontiDeo, da
faa AbdícAçAo.
For aqueneii Aimdi.^ n traprcn»& liberal nccfls&TA AntotilD Carlos de ter tdo á Ra-
jopB convidíir o ímpermdor a rnííar e o Sei* de Aiinl tlodlcoa41i« A vlAirera uniB cele-
bre poctJiL Iiumoriilic^, Os faramurtiê Dephmmnn^ mos Y«moi brije qna era vcrflAdfl.
l). Pedro I nfto foE rçitabeleE^Ldo no ttifono, por^qe nko quli occiíder m conrtl*
doi cafamttrúw.
Kuib tleçAo é um nrím, porc^ae hft iiOinnteclinoiíUB talstorícoí lue se i-éproúDEcni^t
(1} 4 M. deMAcedú. CU. Mtàoço liut ahqh.
f
— 111 —
pintada do sen rosto ; sua pnciencia era stoica, sua toleTaiicia
evangrelica, sua caridade verdadeiramente cbristil. Elle nunca
eonaervou rancor, nunca esqueceu beneficio, nunca recusou
loccorro a quem lhe o pedia. Nào procurou inimizades siiião
por bem do Brasil ; si a difficuldade das circumstancias em que
ae achou collocado o fez desviar da senda do estricto direito, o
•eu coraçfto nâo teve parte no que a cub(íça prescrevia. Kmfim
teve defeitos, porque era homem, porém os seus defeitos eram
pontos mui imperceptiveis no mar do suas boas qualidades.
A 7 da Setembro de 1872, no quinqua^esimo auniversario
da indef^endencia, foi Inau^pirada na praça de S. Francisco de
Faula, na cidade do Hio de Janeiro, com tnda a solcninidade,
a estatua de José Bonifácio de Andrada e Silva, obra do esta-
tnario francez Luiz Kochet, o mefmo que também fizera u do
Fundador do Império.
Ao discur>(0 do orador do Instituto Ilistotieo, de onde jtartira
a iniciativa para a execução da idéa, respondeu o Imperador:
«As nações enf^raudeceni-se com as homeuas^ens prestadas a
Bens varues illustres. José Bouifucio de Andrada o Silva é di-
gno da vencraçtlo que lhe tributam os brasileiros, e eu lhe con-
ugro como grato Pupillo.»
O monumento compòe-se de uma e-tatua pedestre, de bronze,
npresentando o grande patriota tr^ijando á corte, tendo na m&o
CM|aerda o manifesto de 6 de A^^osto de 1822 cm que procla-
naim aos povos a nossa emancipação politica, e na direita a
paanA com que o escrevera ; apoia ei^pa mào em livros amon-
toados numa cadeira de estylo ^rep:o. Ornam-lhe o pedestal
giiatro figuras alle^roricas, symbolisaudo a Justiça, a l^oesia, a
ciência e a Integridade, vasadas tombem em bronze massiço.
A inseri pçíio consta do seu nome e data da proclamação da nos-
ia independencifl. A ba>e em que assenta o monumento é de
mármore rosa do monte Jura, e os de<;ráus da escada octogonal
que o círcnmda silo de gianito do Rio de Janeiro.
A* inaun^uraçfio da estatua assistiram, além de S. ]^^. o Im-
perador, S. M. a Imperatriz, SS. AA. a Princeza Imperial e o
sr. Condo d'Eu, grandes do Império, o Instituto Histórico c Cico-
graphico Brasileiro e enorme ctncurao de i>ovo.
De S. Domingos, '•m Nictheroy, o seu cadáver, conveniente-
mente embalsamado, foi depositado na^* catacumbas da Ordem
do Carmo da Còrtc, e mais tarde transferido para a cidade na-
tal| como em testamento pedira.
Na cidade Andradina repousa o maior dos Andradas, — «ho-
mem monument j, homem três monumentos : um, pela sciencia,
outro pela poesia, outro pela gh-ria de patriarcha da indepen-
— U2 —
dencift da pátria; Jmè Bonifácio, rf^i de trts corôJiSf vi^en, Bo-
resct^u, respl' iideu, b nioíreu sftido o admirável gymbolo da
simplicidade ei^tupenda^ do di'»inteiree>tí ine^ict^divel, da probida-
dtí brílLante, ^em jj^ça, e do patriotip^mo mmis acryisoludo.»
à T de Seieií^bro de 1B72 fai collocada sobre a f^ua sepul-
tura a pedra tumulur oftflrecida pelo insifíne artista António Car-
los do Carmo (1), dierno filho da cidade Prauca do lm^»erador.
Retiroj Março, 1907.
EL Leío Bourboul.
Oí De nouft blograpliU d« António Carla» âo Carmo, pablIc&ÚA em aon^ Juaiáççit
i% Fr^QCH, era 1^=34 :
— Km ií^ttB, ftcbuidci-ie em Bnntot, BODbe gae miqnÊlls dda4«, bà f^fr^Ji do Cir-
nao «utttVMu f BpnLtjUlOB o« rwtc» nierta^« do Cooiellieiro Jo*á B^juIíacíò de Andridi. e
Bílf» fie™ qQ« Rf} i»«n(]f hi>iive«te scbrE a e^puUara um* pedra trum AlfcitmA 1 nfi{:rlpçlto
l^ne Htieetaiae &oa vltidotiroii qa& nlli repourJi^nm o*, reiios mortnee do pAtriarclm da
lJiúei,-endPDCiiK O p^tnotisiao dft Auiofjiò Carlos dú Csirmo r«V{tlt«f)-eQ cotiirA imtf»
6BqQ4?i;ími^Qto 6 tn^ntidflo e lmmcdlivtan]«'n!:D m and ou pnimritr omii i$.ji'iãe com iiiícrl];^
çl« ,- e â ? de Bttcmbro dáqoelk itnno fei. a ccl]rc«çftú delia, que ainda hoje pâde i«r
viÈi% DO centro do iltar-mór da Ej^rc^Ja do CoaroDio logo qoé «e IraDipiía o arcchcrD.'
lefro
Eis a iaacripç&o.:
AQUI JAZ
Q Fatdâj^ha da ind^pARdencfa do Briill
grufido o deHiQt«r«»»ado
patrlotat dínUrcto cidadAo,
JQBE' BosciFAcio Dl, Aif^BADá £ BtLya
THljoto á virtude
tattora e mérito
Pelo crusta A C. do Csi-ma
8at$'ot 7 df Sitt7,)í,ri> tU ISSÍt 4? aumâ.
M
A rfl^peito deate pledoío a patTloUeo nc^o lÊ-«e aa Corrtio Paulhiano de 10 ãaqnel-
le OjCS V annO :
Twmwín ^t Joãé Bottifaeio^ - A 1 do eorreote f^^t posti uma pedra marwora f4^br« o
tumulo úi) dotarf-J -panlliiu Jiscé Bonifácio de AEidrada e tíllva- ciij.t» èJnaas acbauí^»
em tiitta dã« lepnlttirafe dacapeila-niúr da Kgreja do Carmo em Baotoa.
Rate acto piedoAO foi Mbo pí^la artista António Carloa do Carmo, filho duta proTln-
cla e dire&Lúr da co/apaobla eqaaitre quo trabailia acmalmaate em aarttoa.
S' djpio de louvor o modetlo patriotismo ditqnellfl artf&ta
D«ii-Ke o acto lem a tolnlna 0ol«tiiiildad«, «ttatido preunt^a dnaa ou tret peaidai
atapleimaate apagar da conitdaraçla qae am paíattoM trjbala-ao aotra nóa águsll» gram^
d* vultú da kiãioria pátria^
-Feia lei o 7 de 9 da Marejo de 1í^P6 dcoa O Ooi-cfoo da Provinda -auctoHtado a
despender até a quantia da lO c^ntof de réis com o layantaiDento de um tamolo po
logar mntfl convenleute dí cldnd^ de Ha d to*, para eoccrrar o» pr(H::ioi«s reiUi» do tíranda
cidndao .lofé BoDiracio d? Aadrada « Pilta, fnltecido em ti. de Abril da lÊtii^ * Rit^
prolecio BpraaeDtado pelo sr, coronel Joaqaiai B^inedlcto de 4a«lro« Tallaa (barto do
jApy) foi ftancçionado pula ir. cuiuelbciro JojLo Alfredo.
-Etcrevea o «r. dr. Alfredo Moreira Pinto em l»»^4 :
•A cotúinlftá&o encarregada de ârl^r mn mausoléu a Jos4 Bonifadot depois da a&
qDletconcU do cOUegQ dr. Rd a ardo Doarte «ia eltvaa T d^ Ueaembro de Mti^J reuoin-ae
na capei la m^r da epejn do coo^ento do Carmo e procedeu a exbamtçio dos oasot do
grande morto. Erpieudo-^e a pedra mármore loe exi«tia eobre a sepoitara mandada
ColIfH^ãr pelo pan'itU, artltla e director de Qitia cooipaobla equMtre Aíitúnlo Carloa
do Carmo, estavam ■»« oeiue do grande Qnado dentrv d« am caix»a de aioco lendo por
fára do ffiumo toboa» de outra calxAo
RecDUild«« «m ama orn^i Ucaram depoiiftadofl ua chapei lã -múr atá o dia 12 do mesmo
mez de Dei embro, eiti qn& ínr^m cundosidia para o mausoléu, i^o centro do daaitro do
convento, onde hlftda da tc socam .
O mauÁuIáQ á de mnKo i^oistci artiatieo e obra de BemardellJi,
Ha iobri elle o corpo d o Patfiarcba, d» mármore, sobre uni caixHo tem tampa, re-
poUMiDdo a cabeça sobre um traveaaelro e ooberio com um mnxiXo de brcmsa.
Kãti re^^ardado por cm alpendre de vidro a eereado por um gradll de mármore.
Aoa péf foi eúUMa4ii a pedra ofTereclda por aqaallB artista.
JOSÉ* BONIFÁCIO (O velho)
I
— 115 ^
TESTAMENTO (1)
KM KOMS DE T)E^JS^ AUE^l
Eu, José Bonifácio d© Andrada© Silva, osta tido em perfeito
Jniio e nfiQ flnbendo o t«rmo de minha existência, fiís esto teata-
mento como minba ultima vontade» e é da mnnoira Bcguiute :
Son natural da província de S. Paulo, deste Império do
BraiÊlf nascido e baptisado na Vi lia de Santos, 61b o legitimo
do coronel Bonifácio José Ribeiro de An d rada com d. Maria
Barbara da Silva, ambos ao fazer deste já fallecidos.
Fui casado com d. Narciaa Em i lia Oleary de Andradai já
fillecida, de quem tive duas filbas, a saber:
D. Carlota Emilia de Andrada, cAsnda com Alexandre An-
tónio YandelU,
E d. Gabriella Fredetica Ribetro do And rada, casada com
o conselheiro Martin Francisco Ribeiro dâ And rada*
DeclaTO mais que tonko outra £lba uaturnl, chamada d.
Narcisa Cândida de Andradn, a quem sempre reconheci e criei
eomo minha verdadeira íilba, e ee acha leg^almente legitimada.
Nomeio por meu testamenteiro:
Em primeiro logar ao DeBembarf^ador Francisco de França
Miranda ;
Em se^ndo logar a m«u irmllo Martin Franci&co Hibeiro
de Andrada;
Em terceiro logar ao Reverendo hniz da Veiga Cabral» aos
quaea hei por abonados, independentâ de preâta<;ào de finura
alguma ,
Nomeio para tutor e curador de minha filha D* Narcisa
Cândida do Andra^fa a meu presado irmão Martin Francisco
Ribeiro de Andrada, a quem p^'ço que t^niquanto esta miuha
61ha nâo tomar estado, a nAo separe da companhia de san tia
D, Mar a Amália Nebias» em at tenção ao amor de mãe com que
a tem tratado, serviços que lhe tem prestado, e confiança que
n^ella fúço.
O meu corpo será, sem pompa, sepultado na í^rreja aonde
altimameote me tiver dado a rolj e o respectivo Parocho dirá
uma missa de corpo presente por minha alma.
Declaro qu^ tenho, na proviíicia do 3. Paulo, districto de
Pamabybfl, uma fazenda de terraa para criação, a qual se chama
Monserfaíe,
Tenho mais na diia província, districto da Vida de tSantos,
uma porção de terras chamadas Oiteirmltos.
(1) Por JDle*rmo« de Intcn^se, tr&tiiladamai cono Ann^Koi o T«fttAiiiflntQ dtt
JOiè BÒnlficto a a i^irte tor&eira 4g um poftfnetm do ^lloitra úlplamatK SHíacI Murin
Li«Mi&. Birâi/ de J&pari, iniftalAdA O Fairi^nfehi da I/tdtptHãêneis. K^to pooraoto x^m
noi RoEnancei Hlstoricús. pnblicAdoí «m V&!le da Be»cii| r^o Chile, em i»a«lro de IHt^
obra boje saaito fvm.— E, L. B.
^ 116 —
'^
Tenbíí mais na dita proviíieia, diitricto de Piracicalja, uma
5 arte n'utn eD^reiíbo d© aseucar, com suas terraB e bemfeitoriíift,
o qual meu irrnâo Martin Francisco Ribeiro de And rada é di-
rector e admitiigtrador.
Tenbo mais uo distrícto do Rio de Janeiro, em a ilba d©
Paquetái utiia pequena cbacaia, com ca^ae p mnis b^mfei tonas, em
cuja ca^-a se acba depositada a minha numerosa livraria (pouco
mab ou tafiioH gpia mil volutnea), afora ob menu manuBcriptoB.
Tenho encaixotada uma coneideravel collecçào mineralogic*
em ca^a do tenetite-coronel Joâi^ Joaquim do& Santos;, aBsíatanto
na ma do Lavradio, e tAitto nefila ci mo em IjvroB empreguei
toda a minha tal ou qnal fortunn.
Te'iho vm gn»rdft dft Antouio Luiz Fernandes Pinto quatro
apólices do ^n^-t^rno que venet-m i'ineo por cento; a &tib<»r: trf»
d e~tas acv(5es t^ho de um cnnfo de réifl cada uma, e a quarta
«ótncnte de qiifttrn cent06 mil réía.
Também se acbn an fazer dest» em sua guarda uma porção de
dinheiro que ao presente dt-lle vou gaitando; o que tudi. metbor
con&tará da conta que elle apresentar, pcis é negociante boura-
do nesta praça e homem de bem,
Ficnram da minha fallecida mulher m joiaa sepuintes :
Dois tioR de pérolas, a eaber: um maie finoj outro mais graúdo.
Uma plumii,
Brinco-i t? alfinete de p*^jto também ornados de pérolas.
Quatrí m^míTias de otir-» com Hiia=* pedras de p*'n(*o valor.
Um eordfio de ouro rie quatro palmos de comprido.
K duB» caixas de ouro para uso de rapé, a sab^r ; uma
eamaltada e outra lisa,
Tenho ao fazer de^te alguma fr&Ui para uso da mesa e lases
que uâo deolaro por poder desencaminhar- se alguma ppça em
minha vida e será a qufl sp achar por meu falle^^imeiíto.
Declaro que tive contns em vida do fallecido António Ro-
drigues da Silva, natura 1 do Rio do Janeiro, e a meu vêr as
julgo saldadai^ a meu favor, entrando nellas dustentos mil réU
que ultiinantefite lhe tinba dHdo, e cem mil réis que dei á sua
enteada pflra o enterro daquelle, do que existe recibo.
Tau bem me sfto devedores algumas pesfoast cujos nomet o
créditos se flcham, parte em meu p der, e parte em m&o d©
António T^uiz Fernandes Pint/i, já mencionado, que a*' todo-
andará pouco maii* ou menoa por um conto e seiscentos mil réi».
Declaro que até- a data de bije. por conta que me foi remef-
tida, d*^vo no Sr. Luiz de Meneze». de Vasconcellos Drummond,
a quantia de quatro contos e duzentos e dezoito mil e novecento»
réis, de prestações que me tem teito, entrando nellas o impcrtfl,
de mvnha paisagem de Fr«n<;a pBra o Bradl e todas as despesas
do funerrJ da minba falbcida mulher.
Dechiro que tenho despendido vários dinheiros em beneficio
d« minha 61 ha D. Carlota Emília de Andrada e seu marido^ enà
I
-^ 117 —
prpjuizo dos mais berdeiríís, e para deaeaeargo de minha con-^
Kc.eneiâ deverá eolrar em collaçâo coin ab despesas que ultima-
mento úz com ella e teu marido a saber :
Um contf' canto e setenta mil réis de saa paBgagetn d»
Fortug:al para o BroBil.
Cetjto e oiteotA mil néí» Je »iia passagem para Bantos,
Cetito e ciucoentd mil réâ, dmb^im adiantado, que por ella
fecebeu neata occasià^ aeu marid'^ para a dita viagem.
E duzentas e ouenta mil ré-s por uma l<^trH de cambio
paB&adn em Li^sbóa^ á oráfin de João Ribeiro de Carvalho; o
que tudo somina um conto Btítecentoa e oiti^uta mii réis.
l/eiXM Á minha afilhada Cu Ho ta Èmilin Machado, que ao
prôBeiiie se acha em minha companhia, cem mii réis.
Deixo A meu irmáo Martin Francinco Kibeiro de Andrada
U>ào^ os rneUD manuacriptoB que ee achfirem depene aderna doa.
Declaro que deixo por univerial herdeira da minha terça
a minha filha D. Karciaa Cândida de Andrada, em cuja terça é
minha voutade entrai em em ccllaçào aa quatro apólices do go-
Yemo, acima mencionadas, igualmente uma criança cabrin ha cfaa-
m&da Constança, e um preto de nação chamado Pedro.
Deixo igualmente o» meus serviços (si Sua Majestade Impe-
rial os julgar dignos de alguma remuneração) a José Maximiano
Kodrignes Machado, na coodiçfto de se verificar o casamento com
a dita miulia filha D. Narclea Cândida de Ãndrada, por e&te m^a
ter pedido para tna esposa e eu o julgar muito capaz; porém,
no caso que por algum incidente se uào verifique com elle o
dito casamento, passarào á pessoa que com ella casar com appro-
Tação do tutor*
E por erta forma dou por c ncluído este meu testamento,
qtie quero que »© cumpra, por *er esta a minha ultima vontade,
e para este fim imphro & protecç&o dag leis ; e pedi ao dito
Eeverendo Luiz da Veiga Cabral, que eijte por mira fizesse, o
<|nal vai por mim a^signado.
Bio de Janeiro, na ilha de Paqnetá» 9 de Setembro de 1834.
José BoHiFACfO db ândradâ h Silva..
Padre Litiz ãa Veiga Cobrai,
O auto de approvação é datado do mesmo dia e foi feito
por Francisco Manuel de Mello, tabelliào e escrivão do juík de
paz do districto da freguezia do Senhor Bom Jesus oo Monte
da ilha de Paquetá.
Ãsftignaram como testemunhas: José Martins Vianna de
Castro, José Narcito de Cerqueira, João Pereira de Carvalho e
Silva^ Joaquim António de Almeida, Joào Francisco Graça e
João MarceLlino Rodrigues.
Foi apresentado, em 6 de Abril de 1638» pelo testamenteiro,
o Desembargador Francisco de França Miranda, ao escrivão inte-
rino da proTêdoria da cidade de Nictheroy, Silreitre dos BeÍ9
^ U8 ^
None», e al>erto pelo juiz inuiucipal interino, o cidadão Matmel do
Fria» e VascoDcelIoe, que maDdou te ciimpriase e se regístraaae.
No dia 3 do mosmo mez fiseignou o DeÊetnh&rg-ador Fran-
cisco de França Miranda o termo de ftceitaçào dos encargos da
teatamentana.
Em 17 de Setembro de 1840 inundava o promotor interino
doa resíduos, o advogado Alexandre Moreira de Sonaa Reqniflo,
qne o testamenteiro ptovasàe que o testador fora lepultaao na
matriz em que ultimamente ae dera a rói, como determina uma
de auas diapoaiçae^.
«Nada consta doB antoa a respeito, lè-so na Revista Popular^
XII, 1861; Fabo-se, porém^ qne o corpo do illustre finado foi
embala:; mndo e transportado de Nictheroy para esta corte e de^
gositado naa catacnmtaB da igreja da Senhora do Monte do
armo e depoía trasladado para a ViUa de Santos,
«ÁB visceras foram sepultadas, creio qne sem ceremonía reli-
giosa de qualidade alguiua, na cflpt^lla de Nosia Senhora da
Conceição de Nicthfroy, onde o Padre Jeronyrao Máximo Ro-
drigues disse uma miísa de coi^po presentí^, de esmola de quatro
mil réijí, por alma do fallecido, a pedido do irmão do finado,
Martiii Francisco Hibeiro de Andrada»,
O PATRIARCHA DA INDEPENDÊNCIA
BOMAKCfl TERCEIRO
O w^^m-^^f^ (1)
Eu vejo Nictliero de lacto coberto.
Eu vejo o mar quieto, e o zepbiro mudo \
A grande cidade parece um deserto,
Nas margens do lago concenlra-se tudo !
Noa nuiroB altivos, do Frunco íeitura,
Era tempo ma*-cndo a bombarda arrebenta,
Quaea tríatea gemidos com quo a amargura
Do velbc Nicthero no peito se ostenta !
Eu vejo cem barcas com remos pausados,
Cobertas de luctfv^ a lagoa aulcando,
Qu-ea veem-fe na Austrália de cysnes pesados
As negras fileiras em ordem nadando.
1) Oi que tlvercTn preseDcEAâ[> o fnnerftl de Joi^ BonUacía, recontiecerlo o qtini
fielnaent^ procurei deicre'Vcr aqnílln funetirti pompa. CcidíI' poráQ eeso numero é lioil-
t&â4. deve eitplic!»r que o vc^li^ ^adrailn failât«Q em B. Dcmíng^oB, pequ^nii púv&açAO
froDt&lrH á ddndo iId Rio do J<-iD?íro : dnJii í«l trAa^port.idõ Híi jjaleoia imperlAl» com
nnmêrcsHS soquito da fali[iA3^ i4 riíitpti. do lM%ri do Paço, ondo deaemb»rcoii ; paftfcDn pelâ
freatc do paç<j Imperial ; e íHfiivo*8aQdo o inr^^, foi refober aa Iianrna riiuebrea nã,
— 119 —
Entre ellai avante de todas vG-se nmn
D© m^alos ftccordes aa auras enchendo^
Qae sho compasfladas c^o fervor da eapnma
E o gemer dns rcmoe com pausa batenda,
Gâleota imperial que após todae avança,
De negro ve 11 tido traz e^a pesada,
E «m trifite ataúdn sobre a eça descansa
Tudo o que á terra pertence de Aodrada.
'Inda boíit^tn domava mil almas curvadas,
Brílbava entre genioa, igualava roí numes |
E' boje um moo tão ló de cinzas geladai,
Bastidas com cu- to por finos perfumes !
À argêntea madeixa já nada encadêa ;
O baço ílbo axul a si já nada attrahe 1
No muodíi do tempo cruel tudo é préa ;
Perece assim tudo } tudo assim de cabe !
Mfti a alma sublime que animava Ãndrada,
Alma sempre intenta da pátria na ^loL^a,
Terá em nossos peitos eterna morada,
Viverá pr'a sempre na nossa memoria;
Sem que o tempo possa jamais consumi 1-Bj
Sem qne a dura looza om ecu pe?o a esmague,
Sem que o frio gelj da campa tronquilla
Doa nossos affectos os fogoa apague.
Nos fortes castello» que Nictbero guarda,
A altiva trincbeira relíimpeja e fuma,
E estouram a um tempo as vos^ea da bombarda,
Que ba pouco se ouviam só uma por uma^
E do GuAnabara nos muros limosos
A barca funérea por fim deposita
Do Audrada immortal oa despojos preciosos
Em que um povo inteiro tristes olbos fíta.
E quando (ó portento!) da barca descia
O esquife sagrado á apíoboada praça,
Á lua que em lucto seu roEto cobria,
Bompe as negras nuvens e o féretro abraça! (1)
L
U Site p^etfco Íacrd«i3te, filho lem injiAh do acuo, oceotrti Uterfi[mt£i1e conto
ú iwatúrú m texio. e eu prc^c^ncloL
Um di «duelo poeU aot^o, a cdJa {^r^nfUo deu D tnftlor n preço, ú!)£GrTO[t-m<^ tixim
ho TeciHi át arte maior, dflYJn hbVDr eeropro cadcocln on le^cv^in »y1>al»^, ^c^m imriQ-
gaaz a reRT», creio oomiado qao elJn ndnilUíi exTcp^aes : ns ( pãielhimcp, quc' ossin
tauiio de&tfl m^Lro, is vezes pòam & {sadencia na primeira cu us lerc^iiii ejllaba^
— 120 —
E o féretro pa^Pá unte o pobre npopfiito
D'onde a Aug'Hatíi Próla d« reia poderosos
Do aniíg:n conteoipla o tri&te gaht mento
Com piíítoB sentidf flf com oIIiob chorosos.
De acceaos brandões uma dupla ala traça
Do aequito fúnebre a vereda augrusta;
E' mai& tudo um mar de cabeçaii que a praça
Inunda, e murtnur», e ameaça e aBsuáta.
Um templo elegante, profuso em lavores,
Recebe em sou seio o fi^retro sHgnido ;
Maâ hoje ae orcultam seus ricos primorea
Noa tiegrfs tapiaea que teem-nn euluctado.
As iu nobres toebsB que bTilham aoa centos
E tudo abrasar em ^eu lume parecem,
36 deixfim \ér rot-toa de dôr maeilentos,
Só olhos que amargas bgrimag aquecem.
Dõ baliamoa fíaos eão urnas fechadas
Âs almas dos homens que eg'tialam sii^â Numes;
UrTias que fomente depoiB de quebradas
Derramara ua terra seus ricoa perfurmes!
Da Virçem do Carmo no templo sumptuoso
Tristes eaiacumbas ein um claustro erguidas,
Recebem as cinaps do heróe generoso,
Por finos perfumes com custo sustidas ;
Coa Ánjoa ú& g-uardam, solícitos, mestos,
Até que, sulcando o procelloso pég^Oi
Do velho Patriacha fs acatados re&tos
Em terra paulista vê o buscar scc€go.
MiuuEL Maria Libbôa.
(Baiào do Japurá).
CíiiUno »ÍD tQrres, nl Almcans, dJ pneote.
For cnyos j&lrnfig &m vei de tu genitv
KeptHe« arrfi«tr»n tu. pfel ínuirlIlB,
iDi-mtfquett ArfiOTún ttu moòm itRoTfi
Td« ^co« Chpfow de tvútki y fltrei t eto.
Et, pprUDtD, flm eecrerer am ou outro dejtfis ranoi cm ci«da&olA na U^
■fllJibft lia Ineorrc^Oflo, ccQíOi»-i&9 o ter por coinpiub^ro em til fiUA & imi ganja Ho
diitlD^tO cfiiiiio Zairltlft.
DIOOIONARIO TOPOaRAPHICO
DA
COMARCA DE CASA BRANCA
(Estado de São Paulo, Brasil)
POR
LAFAVEXXE OE X0L.E:D0
1899
Coordenado pelo dr, Alfredo de Toledo
APVEETENCIÁ
Já estava qiaABi concluída esta obra quando^
oeste antio, IVram promu gadaa aa leia creando o
municipio de Tambahú e tran&fe rindo o districta
de Itobí, de Sao José do Rio Pardo para Caaa
Branca. Por esta raz&o é posai vel que Haja
algum encano na desígnaç&o de qualquer loca-
lidade, et mo pertencente a um ou a outro mu-
Qieipio,
Casa-Brancat dezembro, 1898,
L. DB T,
Geogrnphia é a deecripç5o de varias re-
giões e chorographia u de uma parto limitada
da terra, como um estado, uma província, etc.
Quando a doscripçlo ee restringe ninda mais,
como a ama cidado, uma villa, degigna-ae com
o Bome de iopographii^
José Poíipei\
leto %^o una apontamentos, qtie iíz paraoa
gastos de casa, e também para o publico.
JoÁO ÃLVASBS S o ARIES.
Diccimiano ToiícgrspiíiCQ la Cmarca de Casa Bracca
Áçuorn — CorregnínLo, no lUio Caclioeira, a ff, do rio Verde,
ÁGUA BRAT^cA^Corrego na fazenda da Frata, nAluGiite do
Agua Compkida — Córrego. Vide Comprido.
Aott Fina — Correguinlio ha fuzeoda Barreiro, afílucnte do
Pederneiras.
Agoa Fria — Quarteirão pertencente a este diatricto policial.
Seu ucme indígena é IroiçÂ, pelo qual, aliás, ntio 6 coribe-
cido. A denominação provém do córrego Ag-ua Fiia, do raunicipio
de SÃO José do Bio Fardo.
Agua Parada— Referi odo-Be á noiicia sobre Aguj? Pafda,
2tie inserimos neste trabalho, escreveu o dr» Aríãtidt^s Serpa em
► -R/LYJ— jornal do Sâcraraento (Mina»): • Com effeito nenbum
li>g:areja, nem rio, exi&te com eise nome no inanicipio da Caia
Branca. Hflf porém, é certo, nm peqaeno lacrimíil, bituado na
intig^a estrada de 7odag'em qae de Ciisa Branca ia n Hho Josií
do Kio Pardo, e hoje cortado pelo ramal doste uliimo iiomn da
linha férrea Mog-iana, donominodo A^rua Parada. Nào aerá a caso
que to retere Moreira Pinto? » — tl'de facto a esse la^írirnal q\iQ
Ee refere o illustre geograplio^ pois outro nfto ba nu comarca*
AauA Paroa— More ira Pinto, em seu importante Diccionario
Geograpbico do Brasil, vol- 1, pag. 01, dá noticia ^e um lo fa-
rejo da província de S. Paulo, no mnnicipio à^ CasA Branca,
sob o nome de Agns Farda. íla eng-ano: ne*te município uào
ba logarejo, íjem corregn ou rio algum com ossa denominação,
e sim com a de Agua Parada.
Agua Santa— Vide Agua Virtuosa.
Agua Suja— Fazenda e bairro no di^tricto de Itobi,
Agua Virtuosa ~Um dos quarteirões em que Be divide o distrí-
cto policial destacidade,— Bairro a pequena dietanciíi da povoação.
Seu mme é derivado do uma nascente de agua mineral, que já
não existe e a qae o povo attribuia roilagrca o virtudes. O bairro
é também conhecido por Agua Santa, Vide este norae.
Agudo— Serra que atravessa o município de Santa Cruzdaa
Fatmeiras, ua direcção de nordeste a lés^te e estabelece divisas
daquella circumscripçilo com a do Cwn Branca. E" a principiU
elevação do terreno, muÍ(o fértil, e uma contiimafjilo da srrritdo
Campo Alegre, Ahi foi colocado um çbEervatorio jclo dr, Mavti*
nbo Prido,
— 124 —
AjuRÚ — Nome braailesro, genérico, do papagaio. Etym, bra-
sil eira i a, gente, -f- juní, boca; alliiaào ao falar o papagaio
como a gente (Macedo Soares). — Aiuni, ajurú* arejú, in g«nera
avia PsÍTtíiCua { M A rtuih)-— Moraes diz que ajurú é papagaio; e
Abbeville e&erevé jiirnue^
Alam BARI — Córrego ne«te mumcipio.— Sig-nifica, em lingua-
gem indi^ena, rio de peixe côr de prata (A. Maequeb). — Disse-me
o ViarondR de Beaui-opaíre— Roban que na província de S/Paulo,
e, portfin^QT rfiTftiiá, tempre te dizalambari, ao pae^o que em IVIatO
GrosfOt Ifloibari. Stippõe que ambaa as palavrfta sejam corrnptelA
do tupi aramhari í^iftrdinha) ou araveri, como traz o diecionario
tupi d^ M»rtina fTAUNAv). Num*! correBportdencía de Agua» do
Lambari (Minas), para o Diário de NoticiaSi do Rio, Iè-I0s
« Deíxp-me p5r aqui um pedaço de pedantismo lezicograpbico.
* Lambari nào é nome indigenn, tupi ou guirani pelo mc^nos;
« pois a lingua geral doa bra^^is n&o tem L Ha de ser Arambarí
€ oo Rarabarí (r fnico). Assim como Paru ti é a cOQtrac(;âo de
« parait-hy, rio i^o parat , Lambari é rin do peixe rambari. »
Esta deSiiiç^ é verdadt-ira, poiâ rambari éo nome indigena
da nosea pnrdinba.— De umas notaà do ex-imperador d. Pndro II
ao livro Curiosidaâes fíaturam do Paraná pelo Visconde de Tau-
nay, publicadas no J*maX do Ç'*Tnmereio^ em 1892, extractauioi
a seguinte expliciçAo do vocábulo aZamÔaH:— Ará, dia; mbá
cousa; y, agun. Nào será nara mbá, habitante, mirim, peqtieitOf
y, rio,— pequeno babitaute do rioV »
Al* MB A RY— Vide Alambari.
Alambique — Capão, na estrada de Mocóea, além do Mato
Secco.
Albtno — Córrego a pequena di^^ tau cia da cidade. Tira seu
nome do de Albino Teixeira da Silva, que rí&idiu longo tempo
numa cbacnra que Ibe fíca próxima. Desagua no Lambari.
Albq RI A^ Fazenda de cultura de café, pertenceu ta aoi Her-
deiros de José I^ru dente Correia.
Alto -Capão, na chácara Bôa Vista.
Alto ALEGRK^^Faaenda agrícola, no bairro da Vargem
Grande, pertencente a Francisco Cândido Alvea da Cunha.
Amarquea — Primitivo nome oa rua Bar&o de Casa Branca,
desta cidade.
Amazonas— Avenida no património da Lagoa.
Amebica— Avenida do Novo Bairro.
Apartador— Fazenda neste município em 1826 ; foi dividida
em 1854, e confina com ae de Cocaes e Piçarrào.
Apparkcida — Fazenda agrícola, no bairro da Vargem Grande
pertencente a António César dog Santos.
Areia Branca — Córrego neste municipio, affluent© áo Cocaee.
Areião — Carrego no districto de Tambahii. Na lei estadual
u. 79, de 25 de agoato de 1892, vem e^eripto Ancião^ em
vez de Âreiâo, Desagua lo rio Tambabú» — Logar próximo i po-
voação do Rio Verde (boje Itobi).
~ 125 —
ÂJiBiAB.— ÂQtigo qaarteir&o policial, lioje exdscto.
ÃRGE:^lTtNA. — Avenida do Novn Bairro,
ÃiUiepBifDiDo. — Um dos quarteirões etn que se divide o dia-
tríeto poltcial de Casa Brauca.— Bi beirão, affiueato do Tambiihú.
Faze n aa » gjicola* — Serra*
ÂTBKBADiKBO — L('gurejri a 3 kilf^metroB, onde, em tempos
vemotoe, bfluv» um fei^iilar nncleo de povoaç&o. Era am pfmBo,
e abi deecançAVJtm ofi tro^»eíroâ e cnrreíroa que IrMUt^itavam na
grande e*tr»da de S. Paulo a Goiás. Em 1857 havia íilii uma
casa de nez^o io e rancho • à e^quaràn ; boji', apeniia &t\ vêui ret'
tot de taipas e de ediíic«^õe!t.^Efltaçílo da linKa fenea Mog-ia-
mkt hojf' in Imprimida. — Corrê^r» na estrada desta eidade á Var*
g«m Grande — Fazenda af^ncoU pertencente a Bíirtli loineta Con-
tmi e outros.
ÂTSRaâDo. — Log'arejo prorimo á eidada, tnmbeii conhecido
jjOT Aterradinho, Víáe ette nome.— Correio, affluwnte do Su-
eurí
Bai ão. — Correg-n, na faa. Morri uhos.
Bai^âo t B Casa Branca. — líua destn cidarle, assim denomi-
nada çtn honra áqueOe titular (fenente-coronel Vicente Porrei-
ra de Stloc Pereira). Teve siicceE^si vãmente os nomes da Amar-
gura, Direita e Tenente-Coronel Silos,
BAKBufiA. — Córrego, íiffliienté do Co nea.
Bakha Qrakdb — LnfTíir, na fíissenda Terra Vermelha de
Cima, onde o Tiimbahú rf*eeb* um seu í^fflufiUH. ÍHsí o dr. Bou-
ta Conlam que a Barra Grwiidi^ é a coulluencía do Arrependido
e Bpln^douro e or]p'**m d<i T/imhaliú.
Barraca — Corrf-prfi, flffluento dn da Prata
Barhbirikuo — Faaenda agric- la,— Correfço, aflluente do
Tamb^bu .
Bakrmro. — Córrego neste mtin« ; faz hrtrra no Lamhiiri.^-
Corregftt afQuente do i oíaes.^ Corieg^Oj nfflui^ute do ribí^rAo da
ResAcca.^ — Fazenda aencoía pertencente a Eugénio Ferreira de
Castro e outroi^^ Inçada a 5^^" N O da cidade de Ca^a Branca,
na dÍ!-tííncia apprfí:íiroíida de 24 kikinj, e a 30° N E da et-ta<;Ao
de Tambhhú, na distancia de 15 kiJ^^^m, Ag'r<inomieanifnte, di—
vide-se em trea regiões dit^tinctas : ns altos serrados de areia
solta e profunda, que se eitendem além de S. SimàOs impr*^stft-
▼eíft a qualquer cultura, com vegeta^jào infesada^ quo mal serve
de magra pastagem, colncadoj a fí O da tnzenda, notj*vei^ por
oci:uparem sempre o^ [tontos mais elevados da crmtrH-f^erra : a
parte central, composta de lerras fortes, ricas de liumus e oxi'
do de ft^rro, de subsolo profundo, quaai toda oc.cupada com ca-
fé^ses, que aptresentam vefíetn<;ào pujante e fructiíicani notavel-
mente; e a parte a N E, occupando approximHdamente um Terço
da área total, compostas de cara|:K)s ras^i s, de herviiig^em tVthada»
oSerecendo boa^ pa^ta^Biiíi no tempo das a^uns. A [»arte ceu—
Irai preata-se vantajos» mente a todas as culturas: cereaert^ eanna
de a»Ãuear, tabaco ete ; a canua, poréiOf posto que tenba uiu
^ 126 —
deBcnvoIvimento notável, nào tem a riqaezfi sncctianita equíva-
lente, pkciiomeno este devido á própria força do fóIo, qae for-
nece seívri em quantidade auperior á convertível pela acção dos
raios flolnrca. Esta regiáo é regada por muitos corre giiínhos,
todos aÕlncnlOã do crrre^o das Pederneiras, tributário do rio
Fardo, e que sorve de linha divisória Fnti-e esta fazenda o a dos
Morrinbos* A lavoura dominante, em 1896, era a do café e
algrnns cereaeâ cm quantidade sufficiente apenas porá o consu-
mo local Em £mas matas e capoeiròes abundam o cedro, o óleo,
n peroba, a cai»ela, e ntís cerrados o jacarandá. Pela medição
feita judicialmente era 1896 vorificou-se que a fazenda Barreiro
contém 1.568,29 hectares o foi avaliada em 178:695$*235, — Em
tupi, secundo Martius birreiro significa goara-piranga. — Bar-
reiro : Asâim fe cbamam os terrenos salitrados, mui procurados
pelns animacii, o sitioj cabidos àfte caçadores pára a espera e
caçada das antas fSEv^aiANO da Fonòeca).
Bahro Amaiíello.— Grotfl, na faz. Várzea Grande, próxima
ao rio Verde.
Bahro Preto ^ Córrego, aíT. do Pederneiras. — Logar, na
faz. Cachoe iffl.
Barro Vermeliio— Córrego, na fazenda Paciência.
Bas80r6ca— SebaãtiAo Dias designa com este nome o mesmo
pbenomeiío que tiós aqui conhecemos com o de sorôca. «E' uma
excavnçA-o caprichosa,— diz ellu, falando da bassoróca próxima á
chácara do sr. Celestino Ribeiro Pinto, em Mogi-mirím, — que
occupa talves^ três licctares de área^ principiando com a pro-
fundidade de 15 metros, e continuando sempre maia profunda
para os lados do campo do Beli^m, ató manifestar-so como um
abjsmo medonho. O interior da basaoróca é um labyriatho com-
posto de caverna?, grutas extensaa e corredores iuvios, formados
pela filtração e queda lenta das aguas, O solo é quasi todo
arenoso; mas, de espaço a espaço, apresenta %'egetaçftD, diversos
detritos de i>lautas, argila de diversas córeF!, amigdalijides e outras
pedrai exquiãitas.» Neâte municipio as basrorócas maia notáveis
bUo as da proximidade da povoação e a da fazenda dos herdeiros
de José Carneiro; e tt>m egualmente as deDomiuflções de ioróe*,
bofioróca, vosaoriica e botoróca.
BEBEnoR— Vide Bebedouro o Lambí^dor,
Bkbedouro— Um dos quarteirões policiaea em aue é dividido
o districto d© Casa Branca. — Córrego do diotrícto ae Tambahú.
— Fasiendfl.
BuBjAo — Importante fazenda de cnltura de café, pertencente
a d. Veridiana Prado e dr. Eduardo Prado e a 3 léguas de Casa
Branca. A lei provincial n, 118, de 22 de abril de 18S5, dea-
membrou-a deste municipio o anneiou-a ao de Santa Cruz das
Palmeiras .
Bkltji Vista— Faz., próxima A í-staçílD de Córrego Fundo,
Br^rtÉ BUA— Córrego, fláiu.ente do Quebra* Cu ia,
BifxtOA — Logar ua í&z* Lambaris
k
— 127 —
Bico Bn.wca— Sitio, tiíi faz. ík-bedouro.
Bico DB Pato— Fsíienda agrícola^ pertencente a João Fer-
reira de Castro. — Serra.
Boa Esper inça— Fazenda de plantnçâo do canna e café,
que pertencera ao capitão José de Freitflft GarceZi no distrícto
de Tambahã, a uma e meia legaa da a^teçAo dc^te nome. \ E'
dotada de um ercellente engenho, onde ee fabrica Aguardente. —
Faiçnda «ii^TÍcola, pertencente a d. Maria Rita d(> Prado o ontro».
Boa ilonxK — Travessa, lig^ando a rua coronel Joié Júlio ao
largo da Boa Morte.— Lar;íOt oníJe se aclm edificada utnft pequena
cupfla consjigrada a Nossa Senhora da Hun Morte e que fura
conítrui fl, em 1870, por Nicolau Felii Faraiii e outros.
Boa Vista— Capio neste mun. — Fazenda íigricola perten-
cente a Ernesto Ferreira Coelho, — Fazeuda, pertencente aos her-
Hfirot de José António Carneiro e Silva. — Chácara,— Vide Serra
Negra das Calda?. —Bairro subnrbano.^Correpo na fdz. S. José
da Serra. — Espigio, na fass. Cercadinbo. — Antigo porto no rio
Jaguari .^Antiga denominação da rua Lnis Gama.— Antig-a villa
â mun. do Estado de S. Paulo. Orapro S^o Sebastião e diocese
de Sào Paulo, A lei provincial d. 15 de 5 do abril de 1856
creou nma fieg:uez]a com cFse nome, pertencente ao mttn. de
Cato Branca, a de n. 29^ de 24 de março de 1871. elevou a á
categoria de yílle, e a de n. 20, de 8 do abril de 1875 á de
cidade coan o nome de Mocéca. Gomo parocbta pertenceu ao
rauií. de Caco n de por força do art. I da lei prcv. n. 55, de 15
de abril de 1868, do qual foi desmembrada o incorporada ao de
Casa Branca pela lei prov. n. 25, de 17 de março de 1871, So-
bre limites vide lei pt-ov. n, BS, de 25 de abril de 1857 e n. 39,
de Ç de abril de 1872. Vide Mocóca (Moreijia Pikto).
Boa Vista da Estiva — Fasienda neste districto.
Boa Vista da Lagoiniía — Fazenda^ no nmn. de Tambabn,
BcA ViBTA da Vargem Ghandii — Moreira Pinto dá noticia
de um bairro do município de Casa BraDca, na provini^ía^de
8, Paulo, com uma oacola publica de inetrucçílo primaria. Víirgem
Oriínde, povoação florescente, colocaria a 18 kilometros desta ci-
dade, é distrí::to de paz jiertencente ao municipio de S. João
da Boa Vista. O orago da íreg-uessía ó Sant'Anna e a 6ua do-
nominaç.^0— SanfAnna da Vargem Grande.
Boa ViflTA PO Rio Verdb— Antií^a fazenda, boje subdivi-
dida em muitas mtras. Actualmente (1894) apenas delia rCBtn
um sobrado em rainas, á margem do rio Verde, na estrada para
o Rio Doce*
Boà Vista dos Cdcaes — Antig-a fa:&enda, cuja denominação
está boje mudada.
BrK"A — Poça, sufF., racba; rachar; rachado; que racha, entra
na compofijçiko de algumai palavraa bra&ileiraa : taboca, pipóea,
ara poça, Ibitipoca etc. (Macedo Soarbr).
Bqcaina — Serra neste rnun.— BoqueirSo, raa^Ao de eerra,
desfiladeiro. Depressão de uma lerra ou cord)lbeii'a, quando a
— t38 --
eBcarpa doBta parece nbrir-ae como formando nma grande bocs,
qye facilita o accesao ao plano superior ou chapada (Homem ím
Mbllo). — O alto da serra do Tinguá tem iia hocaina da estrada
d<i Commercio 360 braçoa, isto é, 792 melros, acima do nivel do
mar,.. O rio de B&n Pedro corru naturalmente mais baixo, e
a estrada do Coramercio desce para o atraveísar ; assim como,
depois de atravessai- o, tem de subir para alcançar a Òocaina da
ierra de Saat^Anna (Jornal do Commercia. KiO, G— abril — 85),^
Etyinolo^ía *. briísilcira, bocaba, [*articípio He ho^, fenda, racha,
buraco era fdrma de raBgfto ? Antes, aubstantivo portuguêB boca
-j- Buffixo íiuho = aneo, por metaihe^e A-eao = aino, daudo
líocauba-l-^*^^*^'^* ■f' Orthogra[ihíã: prí^*nuncia brasileira : bócâi-
II& ; portuguesa: bocáina (Macedo Soáhes),— Boca de um rio
menos couBideravel que a barra principal (Síjusa Fontes),— En-
trada de um caDol ou de um rio (Jaki).-— Bocaina e boqueirão,
©riginando-S'^ do meímo radical baen^ têm a maior parte das vezea
ã. meii) a aiguificação (Bohak).— Córrego na fazenda Barreiro^
trib. do rio Faido-
BoccAJNA — V*ide Bocaina* — Beaurepaire Kolian adi^pt» a
ortho^ra]ihia boccaína.
BoíADA— Kibeirâo ua província de Sâo Paulo, affluente do
rio Pardo, na tíBlnida de Ci-ea Brat ca a Franca (Moreiba Piiíto).
£m sua- cabeceiras ba uma rrichneíra profundíssima.
BoLiVi ANA— Avenida do Kf»vo Bairro,
Bo« jcoíiifooo — Chacam, ua faítenda Casa Branca ; hoje ulú
tem e^sa dentam mação.
Bom jAai>iii -Uma das dennmitiaçõei locapâ que tero a aerrA
que alravRiiBa o mun. de Ca&a Branca, no e^taHo de Sào Paulo
(MoRKi^A Pinto) —Vide Campo Alegre. —Vide Jardim.
Bom Jk8U8— Vide Senhor Bom Jesus.
Bom Succesbo — Fazenda perlencento a Joaquim Ignacio
Yi lias boas, e que, pela lei provincial n. 31, de 23 de março de
1882, íoi desliirada de três mnnicipioa e annejcada a este,
BoBQLíB— Rua da cidadej antiga Sào Bmiedicto.
BoKSOKiK^ — Vidt^ Baaaoróca,
Bo.ToHóCA — Palavra in ligena (tupi), siguificando casa de
bugioB (Fh. Mahaíshâo)— Vide dasForóca,
BuABA— Vjd« Enibuava.
Buracão — Córrego na fazenda Caga Branca, affiuente do
Barreiro — Córrego na fusi. Várzea Grande.
Caâ — Palavra indígena, ^ígnilicaudo iuati> Entra na com-
posição de muitas pakvras brasileiras.
Caá-Ubi— Vide Caiobi.
Caayurú — Palavra indigenai hignifi-^-ando boca de mato ;
entrada da mj^ta (B- Caetano). — Nào sprá esta a verdadeira eri-
gem do nome da povoaçàa Cajuni ? - Vide Cajurú,
Cabecriuas do RibbirIo Bãí> JoÂe-^Fas&euda agrícola, divi-
dida judicialmente em 1890 -
Caçador — Cachoeira do rio Verde, na faz. Várzea Grande,
Càchobie^ — Corret^o ; baahft a. fazenda do meatno nomej dos
lierdeiro« de Júié Tbomaz d« Andrade* — Pa zenda fl/írietOa (.ler-
tencente a d* Lm ura Maiin d« ôiqueira e outroi, annexada ao
maii. de Ca*a Piam'a fim virtude da Jei provincial lu 74, de 6
de abril de 1885, que a detmembrofi de SHo João da Boa Vjgta. —
Ribeirão, «flluonte da Fartura. — Sitio, na ÍAzenda Vargem Grande.
CaCHOJciBA ALTA— Fa7.endn Bgricoln de Manoel de Saut'Ã-
ira de Sousa Meirelles, que, pela lei d. 37, de 10 de março de
1BS9, foi desmembrada de^t^^ município e ligada ao de Santa
Uiia do Pa Bsa- Quatro.
CachokIra de PiiiAâsUNrNGA^ Antigo quarteirão policial, hoje
^xtiuct^.
CáCHORiPA Dr>8 ItBÈOB^Ãntiga fazendaf on seamarín cedida
p«lo goverao, em 1815, aos colonos vindo» dou Açores. Foi di-
iridida jadicialmrnte, ba pouco tempo, e está brje fraccionada em
diversas fazendas e eitioâ, denominadf a Morro, Bom Je^u^, Pmta,
^ôrro doB llbéoftj etc. Estes ilbéoB, a quem se deram as terras
da Cachoeira, cbamav m-#e Fraíicieco de Espíndola» Jo&o VieÍTa
da CcBtAt José da Ro^a Mncbado, José dfs 8ou«a FrancÍRco de
Soasa Pimentel, Jrgé Vieirn da Costa, Jrsc dp Pontet« d( b Reif,
Manoel Vieira Gonçalves, SIanoel Vellnso de SoubAj Joào de
JliitOPi Matitno JoBé de Sousa.
Cachoe iRíKH A— Córrego e lofrarejo no bairro do Cercadinbo.
— Fazenda iipricola.— Vide Fazenda Vellia.
Cachoeibão- Fazenda nesta irmuici|io, que fí>i do coronel
Lucio Gomes dos Ratitos Leonel, e por este legada em testa-
mento A teus ex-escravos, conf<irme se vÔ da verba eefrninte:
«Declaro que depois de miiiba morte ficam gomando de plena
liberdade todf s os meus escravos» José, Tboméf Simlio, Delmiro,
BssÍIído, Paulo, Rosalina, Maiia, Carolina, Angelina, Tbere^a,
EleuteriH,» OiTnelia e a ingénua Rosa, acs quaes deixo a» târras
de cultura, divididas, no Cflcboi-irílo, rtís-tricio desta cidade, com
m* planraçòe» e o pFtto cefcado, da Lage para dentro, a^ cria-
ções de põrcoh e gadoí', eom a condíçiio por^tn de nôo poderem
vender, e fomente usnfruirftOj passando aempre aos teus lejçiti-
mos herdeiros, ou legalmi^nte reçoiíliecidos, e no caso da i?x-
tincçào de toda piúle, ei ditos bentt liL-nm pertencendo á E^rreja
Matr^ desta cíJade, ô por morte d*^ qualquer do» dítoe escra-
vos, ftucçederí^n uns aoS outros na herança, seJHm ou uào her-
deirt^».> (RegtEtro de testamentos, 1874).
Cagonde — Povoaçfio situada ao uorto da capital, em terri-
tório outrora pertencente ao município de Casa Briincíj. Foi
creada freguezia em 1842, vilía em 1H64 e cidade em 18í?3.
Perteuce á comarca de Csconde e dista doxo lo^ufls desta cidade»
Cadeia — Pi aça, contigua á de Misericórdia, outíe está edi-
ficado o Paço MuTiicipal (vide este nomeJ.^-Traveas-a, ligando a
Lpiaça da Cadeia Velha á roa Luís Gama.
Cadêia Velha — Largo, contíguo ao do RoFario, onde ha^ia
A primitiva cadeia » couitrui da em 1830 e demolida em 18âd.
ft
— 130 —
Cadflla Pabida — Nome de uma fazenda que pertcncen a
Dominp-os Fernandes, e que o filho deste, Henriqne Fernandes
Garcia e sua mulher Antónia Beruardina venderam a João Gual-
berío CoiTÈa da SiWa, morador em Camandocaiaj a 23 [de abril
de 1S3ÍÍ. Era situada nesta fregnezia e já perdôu acjuella de-
nominação.
Cafezal— Fazeada agrícola, no bairro da Lagoa, que per-
tenceu a Lazaro e Almeida- Denoraiua-so Loie Sào Mauucl.
Cafuxdò — Lo^ar, no quarteirão do Bebedouro, districto de
Tambabú. — Cafúa/io^ar ermo e longínquo, do difficíl accesao,
ordinariamente entre moutanbaa (Meira), A radical cai ou a
ibema cafii, que apparece em cafofo, catúii^ cafúca, cafundó^ ca-
tar na, talvez Boja a mefima radical cav, que deu cava, cavar^
caverna, cavoco, cova, covanca, coveiro, covil, covo (Macedo
Soares),
Caiobi— Avenida do Novo Bairro, assim denominada em
homciiBgem ao chefe goiana, tão conhecido na bistoria de São
Paulo. — Palavra indígena que significa folha azul ou verde.
Couto Magalhães escreve Caá~Uby; e João Mendee^ Caha-nby,
adoptando, comtudo, a ôrtbograj.Uia d© Machado de Oliveira:'^
Cflyubi.
Cajurú — Povoação situada á margem do ribeirão da mesmo
noran, a NNO da capital, em território que pertencia ao muni-
cípio de Batataes. Foi creada freguezia em !d4G, incorporada
ao municjpio de Casa Branca, e elevada a villa em 1865. Hoje,
é raUf!Ícipio e comarca.^Mato triste ou feio (Fr. Maranhão). —
Mato de papagaio: caá, mato; ajurú, papagaio (Martiu8).^A
respeito de^te vocábulo su3citou-«e, em 1897, uma discussão en^
tre Galvào de Oliveira, Adolfo Paolielo e Lafayette de Toledo,
pelo Diário d^ Campinas; e a cb and o- a interessa d te pa^Biimoi n
transcrever os respectivos artigos: •
A palavra Cajiirtt
1
Dia tine to collaborador do Diário de Campinas, o sr. Galvão
de Oliveira, dirigiu-me, ha dias, uma carta- bilhete, á qaal dou
publicidade por tríplice motivo: — primo^ porque ella nio se re-
fere a assumpto de caracter particular; secundo^ porque reclama
uma reetiticação ; Urtio^ porque envolve matéria que interessa
A todoa que se dedicam ao estudo da língua guarani.
Eis o que diz aquelle sr. :
Ulmo. sn Adolpbo Paoliello.
Além de pensar, tive cccaslSo de ouvir falar qne t. exc. foÍ
a pcisca que deu informações, ou melbor, escreveu para o Ál-
manach do Estado de 3^ Paulo f e leu do -o vi um tópico que
— 131 —
me acatiba de eidarecer-yos. F/ quâ v. exc. disse qaa «a pa-
polaçio oâo sabe qual a orií^em da paluvra Cajurú. Ã niím
accnsem do diael-o, mas como é para favorecer o conhecimento
da Ungua tupica, a qual, digo Bera pretençàc», nom tampouco
vexado, cúnbe^o reguíaniiente, o que me 6 bastaate. Demaía a
mais, eu, possuindo gTammaticii^ o diceiooarioj da dita lin^ua,
juTffQ-me, ÚGho competente, polo menoi auctorizado a dar &
origem da palavra de que ora se trata. Me^mo qua ainda não
teulia visitado es^a cidade, nfío posso ál^Qr úo squ nomo exprime
a re-nlidade. Pois bem; a nri^em da palavra Cajurú já ileveis
fabel-a: provém do GuJirani ou Tupi. Quanto á significação,
dig^o o quB exprime: — inato que tom papagaios. De C&a,
mato. e ujaTU. papagaios. Eu pretendo dar aos leitores do
Diário de Campinas, do qual sou collaborador, uma &éi'ie de
fiitriiifícaçves dae palavrai dessa origem, o que em tempo oppor-
tutio farei. Queira desculpar- me qua bou crd.** ob,°*
Galvão db Oliveira*
8. Paulo, 4—1-97.
Agradecendo e pondo de parte o tratamento v, íxc, com
que, per excelso de delicade^ta» o mísslvista me distinguiu,
lubmetto-me com prazer á obiigação que mo impôa a verdade,
solicitando do jllustre sr. Galvão de Oliveira a necesiaria vénia
paru fazer uma rectifícaçilo, quanto ao primeiro periodo exarado
na carta acima tra na cripta.
Nào fui eu quem escreveu para o Álmanach do Rniadi/ de
S, Paula aa allndidas informaçõfs: foi, &eg:undo consta-mo, o sr.
ÀQtouitio Soares de Bouaa, di^^no fnncciouario publico aqui re-
tideote.
Á elle, poii, e não a mim, pertenço o direito paterno cou-
ce rneu te ao facto.
A rectificaiílo que ora faço tem por escopo única e exclu-
sivamente o seguinte: evitar que o Br, Antonino Soares, com-
quanto &(^ja um republicaao enragé, use da conhecida locuçlio
elliptica (i-^ui d^el rei! — e, justamente, merecidamente, desmo-
rone a minha estulta e pspuda prosápia, eitando-mej para minha
vergonha, a phrasc proferida por Virgílio quando lhe oscamo-
tearam a bonrosa paternidade de una versos: — hm ego versículos
fecit tulit alter honores,
Embora um distincto assfgnante^ ou em Hiígmgeat sem
ambagesp um distincto monarckista já tenha dito pelas columnas
do Comniercio de S. Patdo que eõu « um jornalista amiolado
pelOB maiores publicistas da Itália»; embora eu teiih!^ a certeza
de que o estalão de qne elle ae serve para, a aeu talante» de-
terminar o mérito inteliectual de outrem o o mesmo, o mesmis-
simo que applica á sua pessoa, pois que se julga sempre superior
ao que efectivamente é; embora todos que mo conhecem
saibam que não passa de uma verdadeira parvoíce a asserção do
famigerado e quasi ton^^urado monarebísta, porque j amais ousei
— 132 —
ultrapABsar a limitada esphem que circumda a pentimbra em qu»
vivo;— devo dizer ao illustre sr. Galv&o dtj Oliraia que &
respeito da iingua Guarani estou completamente in-alhui 11&&
sei patavina.
Portanto, não possa fazer commenlarioSt quer favoráveis,
quer denfavoraveia, sobre a sua opiniào manifestada na carta-
hilheie que obsequiosamente me dirigiu.
Quanto á BÍ^nifica<;ào da palavra Oajurú falou-me alguém
uma vez que ella queria dizer ce^to de cajii^*
Como ja disBe, sou tjma nulUdadp no asBUmpto ; efuatudo fi-
caria mais Batififeito »i Cajuni BigniíirHsse me&mo c&ftn de cajus,
tauto maie quanto para papagaios bastam os nossos poli ti cos , cuja
estirpe vai-se degenerando com a appartção doa revoltosos e
expatriados tucanon do papo a?nardto...
Peço ao ST. Galvão d© Oliveira relevar-me a iadiscreç&o
que acabo de commetier, rstam[>ando nas columnas do Diário a
carta^bi hete que m© enviou, sem eu baver eolicitado de s. a. a
necessária e prévia auctorizaçào para fazel-o.
Conto certo com o seu beneplacitOj porquanto a meta que
me levou a saaira proceder ó idêntica áqoeila que se de prebende
log:icemente da supramencionada cariabilheU : elucidar a questâo.
E ojialá que os competente^, como os srs. João Mendes de
Almeida, Couto de Magalbàes, Capistrano de Abreu, Jusé Veris-
iioiDt Eticragnole Taunay e outros, ee manífebtera a respeito,
iMira que um dia pnasamns dÍK*-T do Guarani o mesmo que da
língua portuguesa dis^e o iusigiie poeta áutonio Ferreira :
Floresça, fale, cante, ou^a-se e -ava
A portu^ueFa lingua, e já onde fôr
** Seubora vá de si soberba e altiva
• * Cajnrú, 26 — 1 — 97.
Adolpho Paoliello
II
Sr. redactor do Diário de Oampinaã.
Li, i!om o Interesse que sempre me despertam as questões
linguieticaa, o artigo que, a respeito do vocábulo Cajurà^ publi-
eon o sr, Adojfo Paoliello. E, comquanto iacompetentc, sem
ver sido cb Amado a campo, permitia -se-me entrai' na questàe,
emittindo sobre o caso a minha opiniào fraquissima.
Os indigenaa t nbam por costume deiiigoar as loculidadei'
f»eloDome corres[K>ndente a pbenomenos physicos notáveis, ou a
accí dentes dns mesmas localidade^. Dii^er-^BO, pois, como o sr*
Galvão de Oliveira, repetindo aliás o que escrevera MartluB,
em seu 01 assaria linguarum brt. siliensium (1863], que Cajuni
aignidca mato de papagaio, é fugir áqueltas regras ímmutave»
tíe.noisoa aútocbtones. Cajurú, segundo frei Francisco dos Pra-
— 133 —
Maranhão^ na Paranduba maranhense ^ é ama planta qno
produz atua espécie de ameixa roxa e inaipidaí e ao Dicdonaria
da iingua geral do Brasil ^ boca do mato: — caá, mato; jum,
boea. Desta r pi mão é também o nosso grande indianolo^
Baptiita Caetatin, no Vocabulário Guarani^ quando diz Cajtim
«igniScan^bocA de tnatOf entrada da mata»
Ax#vedo Marque?, nos Aptntr mentos históricos e gepgrcL-
Tphicos de S Paulo ^ referB-ae a frei Pras&eree Mamnh&n, citando
que o vocábulo aigiiifica mato triste ou feto. Em neubuina daa
obras deste frade illoAtre, tiem nas mencianadaB atrá^, nem na
-Colleeçâo de etipnologias brastltcajs, publicadas era 1846, encon-
tro tal palavra com aquelte atgtiiãcado. Na CoUecção ?em Cayurú-
giia<^n: — côfo de mato graode.
Baptista Caetano, na obra citada, escreve Caayurú, e não
decompõe a palavra.
N&o conheço a cidade de Cajmú; nâo tei, poie, ai eatá
colocada em al^tim mato ft^io ou triste, ou á entrada da matâ«
Verificando-se a ultima hypotheaej a palavra originfiria aerá
CaáytLrú, tranãâi^uraia em Cajurú pela corrupção do u^o ; e a
ultima aerá então Cuajurn.
Rognndo-lbe desculpar- me a ousadia destas linhas, ppçolhô,
sr. redactor» acceítar os meue protestos de estima e considesaç^o.
Caaa Branca, 2 — 2-97.
Seu amigo e admirador,
LaPAYSTTB DB TOLIDO.
III
Sr, redactor.
Nào deixarei passar tâo opportuuo momento para fazer con-
«ideraçõesi iobre a minha opiniào a respeito d« palavra Cajuni^
«xftr&da em carca que dirigi ao talentoio jornalista ar. Ãdolplio
Paolipllo, e que s. i*. pubSicm neaie jornal jantamente com um
sea artigo. Ãioda maia opportun^i i^e me depara eata occasião
para responder ao artigo que, aob o titulo que anteponho a
^eatíis linhas, ftii publicado n^^ate jornal ^ e pelo ãr. Laf^yette de
Toli^dy escripto, pois que elle se me afigura um alicerise solido
para estM» considerações.
Antes de tudo. porém, sejft-me dado dizer que a ai^íuifica-
çâo que dei da palavra — Cajurú — não foi ^'lagiada do livro do
«r. Martin», o celebre botânico que vi.ijou 40 aunos pelo Brasil,
pois que nem o couauhet*
£n tremo» no assumpto,
Li o artigo do ar. Toledo - e ^e depreUende delle que Ca'
jurd tem três aignlficaçôes, pois que ^. a. não deu com o certo.
SÍg>niâca, então, o seguinte: — plajita que. pro^fnz uma espécie de
^mei^a roxa e insípida^ boca de mato^ e, em fim, jaato triste ou
/Wo^sem sabermoSi no entretanto, qual é a aig^nifícação certa.
— 134 —
O artigo do Br. Ij. de Toledo se me afigura um aUccrce á
etymologia que dei, sinãrO vejam este período ;
« Baptista Cnetano, na obra citada, escreveu Caayarú, en&o
cdecompõo a palavra»,
Caáytirú é como dcvta ser dito mesmo, e si^íãca, portanto,
mato dtí papagaio. Composta dos Bubstantlvoa caa (mato) t
ayunl (papagaio).
Que caá é mato, nioguem m'o cõatestará, e nem tâo pouco
fal-o-?lo a respeito de ajtini, qae é papagaio, como já se disse,
Para exemplo i—Caaçiipaba, Ayumoca etc.
Visto isto, creio que nao foi eem contar com seguros ele-
mentos que m»niftmtei a mínha opinião.
E, terminando, tr. redactor, conto cora a vossa coadjuvarão,
publicando estas liubas, uo que muito obrigará ao vobso amigo»
S. Paulo, i de Fevereiro de 1897*
Galvão db Oliveira,
IV
(ao Slt. LAFAYETTE DE TOLEDo)
Ao diri 'ir-mo ao gr. Lfiíayette de Toledo, a es9e moçodle-
tincto, que, devido unicamente ao âeu talento easua applieaçâo
ao estudo festndo feito comaígo mp&mo), chegou a ee impúr á
admiração dos que apreciam e cultivam as letras, c-me inteira-
mente impossivel esquivar- me ao desejo de proferir um energlcOí
um eatentorf.ÊO rrão «/3o ?Ví f /o 1— depois de haver lido o artigo que,
com epigraplie idêntica á deste, s. s. escreveu e que bô acba
inserto DK Diário de Oampiúas de 4 do mes actual.
Eu protesto contra o secundo tiecbo do referido artigo, porque
elle ê a aotithe?e da verdade, tí a upgaçílo evidente do nm juizo
muito justo formado por homens competentes e destitnidos de
parcialidadea.
Diz o ?r. Lafayette; — «E, comquanto incompetente, sem ter
«sido chamado acampo, permitta-se-me entrar na questão, emit-
«tindo sobre o caso a minha opinião fraquíssima *.
Embora eeja muito peculiar das festoa? que, como o sr.
Lafayette de Toledo, tém um nomo merecidamente áureo lado^
iitílizarem->d sempre dos recursos supremos da modéstia, eu, se-
guindo os dictames da miubn consciência e obedecendo ás leis da
verdade e da justiça — que podem mais do que a motíentia — contesto
ín Ojíum a primeira a6serçlVo de b, a, E para tornar iHconiesíavd
a mínha consteátai;iio disponho vantajosamente de um meio ex-
cellente e facílimo; apresentar o próprio artigo do sr* Lafayette,
Quem, após a Ipítura desse artigo, deixará de reconhecerno
seu auctor um escriptor competentÍEsíma na mataria V
^ 135 ^
Ã^ora Rcu fn quem pede permissão no sr. Lafayetto dd
Toledo paro. Ike dizer qae ». a. foi cíiamado a campo, tan*o quo
QO meu artigo ge lê : < o oxalá quo os competeotesi como ob srs,
João Mendes de Almeida, Couto de Magalhães^ Capistranõ de
Abreu, José Veriasímo, Escrag^aolo Tautiay © outros ctc.
Ora^ para qu6 o sr* Lafayette oâo tivesao sido chamado a
campOf era nece&sario que eu hou^fsee restringido o nuiuero dos
competenteSj náo pospondo á nomenclatura destes o adjectivo
Ouiro$,
Qne me perdoe o Br. Lufajette eFsaa consideraçòop^ mas são
elk» muito justas quando applicadasaos coryplieus da modastia, , .
A respeito da verdadeira significação da palavra Cajtuú, eu
*Índa me considero immerso em trevas mai* densas, pc^rque diz
o sr* Lafayette que, consoante fn Francisco dos Prazeres Ma-
mnhhOf a palavra significa uma planta qtie prúdvz uma espécie
</e amêijoa ingipida'» segundo o IHcdonario da lirtgua geral da
Broãii, boca de raato— sendo da mesma opinifio * o graúdo in-
dianologo Baptista Caetano»; e, conforme Azevedo Marques»
tnato triste ou feto.
O sr. Galvão de Oliveira, porém, ftustenta que a palavrn
quer mesmo discer mato de papagaio, e corrobora a sua opinião,
já ccnbeeida, additando quo não foi sem contar com seguros
eleme^ntof que a manifestou.
Aíinalf em que ficamos?
# Fiat InxL,.
— Peço ao ars, typograpbos que tenbam cuidado com esse
hitinoriosinhOt para não me forçarem a fazer maia rcctificaçõos.
E ad Tem :
No primeiro artigo que publiquei sobre a questão que ora
se discute, 03 amigos typograpboa fizeram-me commeter u^n erro
palmar.
Nào é que os irmlvado^t arrumaram a ludisctip^&o, em veas
de indiscrição, como está no oríginnl?
laao tjio pasia mesmo de malvadez dfi parte delles^ porque
tenho consciência de que a minba letra é muito bóa, Eatavfi qunsi
a dizer até que tenho nma òdla ctilhgraphia\ mas n&o o diíro, visto
ter receio de que algum purista me passe uma smabanda como
aquella que o eminente e nunca assaz pranteado jthilologo Júlio Fi-
beiro passou no padre Senna Freitds, por haver este cicriplo tal
pbraíe.
O qtte desejo é que os srs. t^pograpbos ae arranjem bem
cotu o seu intromettido pção .
£ para outra vez d&o sejam tão indiscretos. . ,
EUou vingado 1
Cajuru, 10-2-91.
AdOLFBO FÃOLtELLO.
— 136 —
V
Cedendo ás flolicitaçõas doa ere. A'!olfi} PaoUelo e Gal^ào
de Oliveira, direi, sen mais preambuLoA, que o vocábulo Cajurú
póJe sigoificar:
1) Boca de mata (caá, mato ; juiú, boca). Gaá, segando
Raiz Montoyftj Vocabulário y fesaro de la lt'igaa guarani^ é
monie^ y la yerva que bemrt; é vocábulo commu*ii aos dialectos
à% ling'ua tupi, e ae applica eicrluíí vãmente aos pro duetos do
reino vegetal Pode, seg-UTido as circumstanciaa, significar mato,
hervftt fjlha e raiiiag'em (Montoya, DiccionaHo pfyrhígués — Òra^
siliano; Seitas, Vocabufari o da linguu indigena g^val). Na lingua-
gem vulgar só usamos delle em cúmpusição com outras palavras
subatantivas ou adjectivas: Caag-afLaaú, Oftá^Xíba, Caápóróróca, ou
Mucuraraá, Cavantcaá, eic. Qiuiudo o termo Cftá é seg-uido de um
adjectivo, cofituma-se, em gera^ escrever e pronunciai Cagiuassú,
Capéba, Capornropa ; torna-se, porém, Báliante o som dos douà
aa, quando o termo Caá p coltí^ado no fim da palavra : Mucu-*
racaa, etc. (Beíiurepaire Rohan, Diecionano ãe vocábulos Bra*
ítileiroa). Macedo Soares, Dircionirm Brasileiro da língua por-
tugumaf á\z que ai^iifiea folha de planta, planta herva; mato^
pau, madt^irai o matte (Saiut-IIíljiirH) e o cbá de matte; e eutra
como tbema na compoaiçfto de innumerais pjlavras brasiletraâ,
nomes de plantas principalmente. K BaptiBt-ii Cat^tano. Vocabulá-
rio Guarani i — ^«bervfi, íolha, mat" (ci nn, onsce? ser que cresce?
em geral dnve ser c» (riidíc^t) cúm a fsu^iCM) com» em pirá,
tobá, ibá, yibá, etc); o eliá nu infusão da coo ^on lia ou berva
matte (Z/e.c paraguaiensin). Ha ^r«Tide numura de compoafcos,
nos qiiae^ caa tein 9iis:nificfl<jô^R míiis diverai-^ que as de hertía^
portu^aô^ • E Girl voo Martiua, ni yomiftfi pianiarum in
Ufigui íiipif do Gíossa ria l * ng iLirum hrf sii íe tift i u í M ; ^ « f o 1 i um,
planta, herva, írute^t, arbor, li^num, baculum fio dialecto Gamé)^
j^poiíice: KnwA Kwi4 ; in Hn^ua Caraibomm rerrae contiuentia
yráca^ teate Ovieio VII, c II; — ^t^ua aniee rkat éiokbén (i) est
foliam ilicÍB parapmií^nais Ot. Hil.. ito Tbea ufitntum).— Jurú
di^ Martins, 110 Notnina animal inm iniingna tapi, é— <?jr, fácies \
e Bftptinta Caetarto: — yiinl, yurob: boca fy-u-rub, o que a co-
mida tem, conte n?); entrada; bo^mdo: caá-yurú, boca, entrada
da mata; e Montoya, que também escrete ,v«í'tíò : — boca, bocado,
Com eàta Ri^niticaçâ i enconfira-ae em Mr>ntí}yat que a define —
entrada^ o callejiin de moTite; em Baptista Caetano e outros,
2) Mafo tfifltB ou fei > (caá, mato; juru, triste). Conforme
dissB no meu primeiro art*^, apeni^s Azevedo Marques, citando
arrone^imente a Prazeres MaranUào, enuncia que^itró quer dizer
triste. Hh confusio ^<^m \ o que se traduz por triste em tupi é
jururu, termo aUás bem vulgarizado.
L. D* T,
— 137 —
3) Mato d« pAraj[;aÍQ (cúâ, mato; újurú^ jiapapsio). Ajurú,
ièmos em Macedo Baare«, é nútne braf^ileirú, genérico, do papa^
^aio; de a, frenteT juniT bí>ca; alti^ào ao falar o pÁpíigaio como
m. g^nte; em Bapiista Caetant/; ayurii— ayttrub; boca de ^fote»
bocK hiimana; nome gff-nerieq do p»[>agaio; em Montoya» papa-*
gaioi em Martius;-*Áiarú, ajuni, Píbo II, R5; ajern aliái — íu
^eoere avU Paittacusí derivaium ab ajurú collum; em Moraea^
Dicdonario português, pafmíxaio. Oom esta mi ema ei^nificaçào
encontimniõt juruue em Ciaude d^Abbeville, Miaxwns ãeji péres
eapmmnes.
4) C(*ftto dô caJTÍ (cajâ^ cnjúi urú, cest**) Uiú, ««"gitiido
Joeé Verissimo, ê o nome de um peqtieno cesto de talas com
tampap em que gnardam o tabaco, o cachimbn, ob «nxóes, o fa-
queiro, o canivete, etc ; um m^Jispensavfil. Vem no Dircotiario
Confeiuf^òraneo, de Calda» Aiilete. (ftcenas da Vida Ámíizonicaf
1866). E Baptiata Caetano: va«o continenti, e Beaareptiire
fiohan :— oipei,*íe de cabaz^ cesto ou boba com tampn. Fftaera-
na de folbae de palmeira ou cipó fino, e serve de mala de via-
gem^ Alg^iims sâo ^F4iidt'8 e podem conter tanto como um r^umuá
(Msira). No valte do Amazonas, trazem-nas como aa patronas doi
sojdjidos. B&o tombem ufitiaes no Ueará. E' vocábulo tupi O
Diccionario Partngués-BrasiUano o traduK em eofo Neaía raea-
ma accepçâo, conforme vi mo* já, a considera íV. Prazeres Ma-
ranhão quando, na Oalefção ãe efifmfjiogioê braAiiicas, define —
Cajanigaas-ú (caá-nni-giiáçú); cófi) de mato grande ; cachoeira
de Mato Grosso. Cai, ne^^te ca<(i, e<4tá mal traduzido, \>oU u&o
Be concebe que haja còjo de mato', traduza-ee, pois, cná urú por
wamhurá de madmra^ em linguagem correcta e u*íual aqui no
sal do BrtLbiL
Qoalquier destat defíniçõea, como ficou largamente demont-
tmdo, é exact:i; qtiaí, porém, se dt^ve applícar á cidade de Pa-
jurú^ cendo-$e em consideração o costume adoptado pelos índí"-
g;ena& na« denominações Incaet*^
A ISO posso agora resp-^-nder, mi-lhor informado, declarando
peremptoríamento que a primitivn dt^nomínaç&o de Ca j urú, lo-
gar, é— CaÂjuru: de ea (conirAcçâo de caa), mato, e jtirúf boca,
eimtrada ; e si^n tiica e*'trada da m^iia.
De facto, a cidade de Cajnru está colocada na boca do
maêo que circumda a serra do CabatàA.
LAFATinTB DB TOLlíDO.
Calção dv Cauao— Córrego, affiaente do Gocaes. He^ a
fasenda da Prata.
CAL&A8 — Estaçào da E. de F. Mogiana, no Estado de Silo
Paulo, entre Mato Secco e Casa Branca, ro kiL 134. Deno-
mina-&e bcje Engenheiro M^^iidea (Morbira Píitto].
ÇAKBAfi^HT— Vide Tambabú,
— 138 —
CAJiro ALEORB^LAgOa de pequena diraensflo, uoste muu.,
próximo A torra dd sôu nome. — Serra colocada a oéítfl e que
atravcFSH parte do miiDicipio, ccrtâdá pelo rio Tambabii e pela
antiga estrada que 11 ^a a cidade á cidade de São Simão. Tem
lambem oâ nomes de Arrependido, Bom Jardim ou Jardim e
Quebra-Cula. Seu ponto mais ele7ado é no Agudo, a 1.020
metros aeima do nível do mar. — Fazenda agrícola pertencente
ao »r. António Joàé Correia (Barão do Rio Pardo).
Cawpo Redondo — La|íôa pequena e ras!i, na fazenda Terra
Vermellia de Cima, formada por dois ramos do córrego Preto,
ua proximidade de um espigão.
Casna do Reino — Correg;o e Ingar na fazenda Cocaes do
Bio Verde.
CahAo— Fflzenda neste município, vendida peio sarg-ooto-mór
José Pedro Galvào d© Moura Lacerda a 27 de JuJbo de 1792.^
Pequeno mato, isolado no campo, — Excellfnte palavra brasileiríí,
derivada da lingua g-eral : caá-poãai mato redondo (Ta una v),^ —
Bosque isolado que apparece no meio do campo como ilba de
virdurn. Nos logarea humitíoa &ào oa capões, muitas vexes densos
V compõera-se de arvores elevadas, muito próximas umas da» outras,
Âppnrecem priucipalmente nas baixas e junto aoa riachos, de
que fcrmam wm ornato especial, principalmente nos buriti^aes,
onde mais se desenvolve a bella mauritia vínifera (Wappieus).
Bosque no campo; mato isolado no meio do campa, como a
ilha solitária na vastidAo do mar; ilíia de arvoredo: do guarani
caá, mato, e pan, o que está no meio (Macedo Soarks). E-te
autor df sí-nvolve proíicien temente a oriprem do vocábulo na lís-
matíi Brastleira, tomo III, p, 224 (1880).— Bosque laoludo no
meio de um descampado. Eíite vocábulo, no sentido brasileiro,
it&o tem do português sinão a forma. E' apenas a aUe açã^ de
caápauD, que, tanto em tupi como em guarani, signifícn mata
isolada (B. Rohak),
Capão ái-to — Sitio a^íricola, pertencente a FidelJ» Feman-
dea Garcia, no bairro da Estiva.
Capão Bonito — Fa^eiida neste municipío, comprada em
1818 por Manuel António Cabral a José Alves da Silva. Hoje
tem outra denominação.
CoPELLA DA lioA ViSTA DA Vartiea GaANDB— Bairro HO mun.
dc Ca^a Branca, do Estado de S. Paulo, com uma escola pu-
blica mixtaj creada pela lei provincial n. 8, d© 15 de fevereiro
de 1884 (MonEiRA Pisto). Este illustre geogrnpho também men-
ciona o bairro át\ Boa Vista da Vargem Grande^ como aendo
outro, qae níio a Capela. A [povoação de Vargem Grande, como
já ficou dito, perteoce ao muuítipio do S. João da Boa Vista.
Capitão Horta— Rua de^ta cida^lo, assim denominada em
honra ao capitílo Moysés de Oliveira Horta.
Capitão Vicente— Vide Guarirobas e Palmital,
Catíiiapatos- Sitio, na fazenda de Cocaes, assim conliecldo
em 1829. Actualmente não tem essa denominação.
■
— 1B9 —
Carros— Ántf^a denominarão da rua Luís Gama.
Cartalhiisho— Vide Tenente CarvalUinho.
Carvão de Pedra— Por decreto n. 9603, de 12 de junho
de 1886, o íçoYerno ^eral concedeu privilegio fio úr* Gabriel
Biai da Silva e Roberto Normanthon para explorarem carvão
de pedra e outros míneraea ne$te municipío. Até agora, porõm,
uào deram principio a tal e^xploraçào. Em ofEcio dirigido 'ao
presidente da província, em 30 d© de^-embro de 1863, a Oamara
informou nRo haver aqui carvào de pedra.
Casa Branca — Cidade m diatrícto, município e comaiva do
mesmo nome> do estaJo de Bão Pjmlo, republica dos E (aii» Uni-
do* do Brasil. Esta povoaçà^, antigo sertào da edraífa cíe Goiás,
do bispado de &àn Paolo, diiqnem do rif> Pardo, ic^i, por cv rta i égia de
25 d© ootulro de 1814, erecta em frefruezia com a iíivoca',íSo de
Nessa Senhora das Dôrej, como «e vé do segTiiote alvará: «Eu o
Priocipe Kegente de Prrtujíal, e do Mealrado, Cava liaria e O dem
de No-so Senhor JBSYS Cbríato : Faço aabçr que seudo-Me
prefente com repieseoíação do Reverendo Bispo de Sao Paulo
do Meu Coiicelbo, o rrquerimento doi m^rfldorea do ccrt&o da
e&trfida de Goíja no dito Bispado, em que Me expunham a ^i^ande
falta de Pasto, e Siccorroa Eapinttiaes, qui ?ol'rifto p-la l nj^i-
tB.de de sua Fregiiezia, pedindo-Me, que sfim do remediar t^o
grandes males lhes BzfSie a Graça de Err^^r huma no?a frâ'
gaeztft naqu^lle Gertâo. O quo vipto, e reepoataa doa Procur:idorea
Geraes dss Ordens, e da Minha Real Coroa, e F^izend.?, que tudo
smbio a Minha Real Prezençi, em consulta áá Meaa di Consci-
ência, e Ordens : Hey por bem, que no ceilào da estrada do
^oiflZ, no Bepado de Sâo Fí&nlo, daquem do Hio P^irdo no lugir
denominado — dn C^zi Branci, — sejt erecti bunia nova Freo^uesia
com a lavocRçA') de Nossi Senhora dite D^res, a qu^l ob mora-
dores do dito Certão edificarão a sui custa no f^refiio termo de
Suatro annos, e ficará limitada eãta nova Fregae ia dejde o Rio
uqoarl até o pouzo do Cubafão. Feio qua Mando a tod»s as
pessoas, a que o cumprimento deste Alvará competir, o cumprâo,
e guardem, como nelle ^e conUím, sendo passa 'o p^Ia Uirincel-
ioria da Ordem e registrado noa livros di Camer^i do Bispado
de BXo Panlo, e nos das Frepueziss que por este Sou Servido
Maodar Erigir e m* de que ílU houver de ser desmembrada, e
Takrá como Carta, pnsto qae seu fffeito baji do durar mais do
hum «uno, sem emharg^o da Ordenaçl^o em contra» rio. Rio de Ja-
neiro, 25 de outubro de 1814.— pRixcirE, COM Guarda.— Alvará
pelo qual V. A. Real Ha por bem, qu^ na estrada do Certão
de Goíaz leja erecta liuma nova Fregueziaj como acima sa declara
—Para Voasa Alteza Real ver. — JoÂo Gaspar da Sílva Lisboa.
a fea* — ^Por immediata ResoluçUo de S. A. Real de 15 demarco
de 1814 e Despacho da Mesa da Consciência e Ordens de 18 do
mesmo mess e anno(l\» — Em 1824 o bispo de São Paulo dirigiu ao
presidente da província o seguinte officío: «Ulmo. c Etmo Br,
•^Accuso a recepção da Portiria de V, ílxc* de 6 do corrente
— 140 —
na qual me |»attici|>a Y. Exc que tendo o CApitfto Mor da Vil!»
de Mogimirinj, niarÊado o rio Pardo, pArs íefvir de divisa com
A yAlh da Fra&ca, convinha que aquella demarcação í^erviase do
limiee da Fr^gueiia de Ca^a Branca, e qae eu houveaae de anoair
a esta peitençào, ao que respondo a V, Esc» com a copia do
AlvAfá da creaçâo da mp;¥ma Fre^ueaia» Não poeao certificar a
y. Esc. se a este reapeito tem havido alguma mudança, o que
milhor poderá informar o Parocho daquella Freguesia^ quando
V. Ex7. haja por hem aasím o mandar Hé o que ae me o£ferece
a dizer a V, Eí:c. tendente a ea e o^j cto. Da. Gde* a V.
Esa.— Sao P*uTo 17 de jnnbo de 1824, — llltro. e E%mo. Sr.
Prfsidí*nte Lucas António Mont iro de Barrof»t — M^riOBSL Joaquim
Gonçalves dm Ahohade,
Pfla lei provincial n, li>, de 25 de fevereiro de 1841, foi
Casa Brauca elevada á cntegoria de vilia, constituindo muntci-
pio com a fregnezia de Caconde e o curato de í>âo Simlo.
A lei n. 22, de ^7 de março de 1872, elevou-a á cid&de, e a
de n. 46t de 6 ^^e abril do mesmo anuo, creou a comarca de Gaaa
Branca, coniprehf*n detido oa terraofi de Casa Branca, Caeonde e
Sáo Sirn&o. Pela actual organização judiciaria do Estado, Caaa
Branca é béãe da comarca do mesmo nome, conatiCuida peloi
districtOB de Casa Branca e Tambabii (2), Confina esfe mniii-
cipiri ao norte com o de M<»cócii, a m/rdánte cotn o de São José
do Rio Pardo, a leste e sul cora o de Sào Joí\o da Boa Vi^ta, a
oeste com o de São Bim^Op O municipio é composto de campos
e mat^s; parte dentas acha- se em terrenoa montftnhf>ao& e outra
parte, a maior, extende-se por terrenos pliinos e espigõea de
pequenH elevação, A povoação teve aeu crmeço por um pe-
queno rancho á margem do Espraiado, e mais tarde por edifica-
çoflR que fizeram José António de Almeida e o padre Francisco
Jofé de Godoy (â), que de Itú para ahi foram em 1810 (4)» e
pelo estabelecimento de diveraas famUiaa açoriitnaa dirÍL'tdaa
pelo governo de d. Francisco de Afísís MaBcareuhas, conde de
Palmji, em 1815. O nome de Casa Branca provém de uma
pequena cara caiada, anida áquelle rancho, aitunda no caminho
de Mogi-mirim á Franca, e que servia de ponsn e descanço
aos que iam em demanda da Franca, Minas, Goiax e Mato
GroíBo Foi seu primeiro vigário o aludido padre Francisco
José de Godoy, que celebrou a primeira misaa no povoado em
1811, em casa de Beoto Dias. Primitivamente consíijtiii a pro-
ducçfio do iogar em toucinho e queijo, i>e)o que moroso foi O
seu desenvolvimento, conservjndo-ae ai^sim até 1864, época em
que o dr, Martinho da Silva Prado, tendo adquirido j>or compra
(1) Ci^titado de am docamenlo «xUi«Dt« qd Anata tvo PnbUoo Aõ SiUdo, a qq« qm
fbt ofTerêcJdõ, em oãpift, pelo niattre d;re«iar desift rapirtlçAo, dr. Átitaãlo d« To^
)«]o Fim,
t2t ADiulmeiíU tJhWi) a í^mnrc* ootn^ le doa nnnlojiploi de Ou* DruM «
TuabAbá e du dietrlcto de itobl
ti) AltáflH FrnaciHo de dodej Corfbo.
(4} Vttrun xaWê d« ifilO,
f
~ 141 -
imia fazenda (1), iniciou o plantio do café, proporcionfliido
^ectl^^os a j^rande nutueru de lavradores, Dabi em deaote rjipido
foi o jirog-resso do lo^an Acba-sB a cidade Bitufldft a N N O da
eapital da província, a 720 metraB aobre o uivei do mar. K^ o
mtioieipio servido pelíi ferro-vÍa Mogiaua e pelo Ramal Férreo
do Rio Fardo, Conta aiém disgo e&tradas ordinárias para
todos Cê municipíofl limitropliea (Rêlatít io da Commiumo de
EstaU^Uca) . — *0 governo pnrlu^iea, nos tempos coSoniaei,
distÍDgtiia muito todos os aventureiro! que, aem temor da tnOTte,
Airiseavam-Fe a atravessar vaatos aertões repletos de iudioB, ló
eom o fim de deBcobrir tiuro. Dabi o caracter egoigta^ que foi
a primeira feição dos no&:>OB aDtepaieadoft, aasím como o mais
perolcioso mal que ae moculou na indol© do brasileiro. O primi-
tivo nome do graqde imperial era — Terra de Santa Cruz ; o
egoísmo, e por conapgttinte o ouro, denominou^o— BraBtl, Diz a
tradição e com eila o fraude poeta:
«Terra, porém, depoi» chamou a gente
Do Bra^iL nho da Cruz; porque, attraida
Doutro lenho nas tictas excellentea,
&e lembra menos do que foi na vida.
Amm ama o mortal o bem presente:
Assim o nome eaqnece que o convida
Ã0& iiiteres-(^g da furura floria,
Aoi bens attentos «6 da trauaitoria.v
Ot pauliãtas, aproveitanlo as boas d'Hp sii^õe? do governo
portQg-ueB, e movidos sobretudo poi um gfnio audaz e aventu-
reiro, tentaram coiumettimentoa extraordiuarios que parecem in-
veroaimeis.
Em 1670, poaco mai* nu menos, B. Bueno da Silva, natural
da cidade de Bkn Paulo, desejando possuir um grande numero
de indio«, eouvindfj falar que pt-lo^ ladoa de (Ioííéz bavia uma tr bu
mansa e pacifica, onde aâ molherea ornavam-se com folhas de
ouro, peJa primeira vez atravessou os sertões pelo lado do poente.
Ke»t© trajecto abriu a grande estrada que, atravessando a d^
dade de Casa Branca, comraunica a província de S. Paulo com
as de Goiaz, Minas e Mato-Grosíso. Chegando ao abv, destino,
tentara por meio de ertificíoit influir de uma manei «ú sobrenatural
ao animo dos indj arenas. Para hao queimava aguardente na
pretença dell#*S; que aterrorJsadiiS, o chamavam Anhangnéra^
Sue tjuer dizer • diabo velho. Seria Bartholomeu Buetio da
»ÍlvA, quem primeiro passou peloi; terreung de Cas^ Branca?
Acreditamos qun sim; tanto que por carta régia de B dfl nmio
de 1748, foram concedidas por três vidas ao filíio de A nhmtguéra^
m Kiti fuendi.^ denoffllflftdii BftjâHt perteoce ^ojô JU» maiilclpfú de EuiU C^
4mm Ptiiaiiriii^ e é bm> dai mads Linport4iiUa dJkU.
— 142 -
qvL& teve o mesmo nome de bcu pai, as passíigens doa seguintea
rios; Eia Gmtide, Corumbá, Jagiiari-minm- O ultimo rio, cor-
tnndo a CE^tmda a que ficima noa referimoB, pas^a distante de
Cíita Branca quatro léguas (l). O roteiro, que depois guiou os
&utro3 paulistas em suas vinj^eos r Mftto Gtoèso, íoi exacta-
mente aquelle que Aythaitf^nèni deixou a ^su fiilio. Por conse-
quência não pude BcíFrer a menor duvida de que Bartholomen
BuoDo da Silva foi qatim abriu a grande estrada que procura a
ponto do Jag^uárn.
E hoJL», que o commercio tem creado novaa forças, deWdo
aos grandes element)8 de progres o, quo jaziam na maia re-
pugnante apathía, que interesses d i verãos iurçaca as provi nciaa
íimitropbes a estreitarem suaa relações, c que podemos medir a
importância do comettiiaento daquelJe audaz paulista. A na-
tureza collocon a província de S. Paulo em cortdições mui
vantagiosas, em relaçfio aos inlere&ses de Goiaz e Mato Grosso,
TodtB os nossos rioa, procurando a grande bacia do Prata,
com exepi^ào doã rÍoi do littoral, demonstram á !uz do dia a
importância daquellas paragens, em relaçào a estj provincia4
Caí^a Bianca tira seu nome de um peque rancho [2) que
Layia nqiiem do espraiado que banha a cidade.
Oa tropeiros que conduziam sal para o Hio Grande e oa
carreiroa que vinham de Franca, procuravam o mencionado rancho
que, sendo a única habitação caiada , denominavam— na Casa
Branca, Em I8i0, José António de Almeida, que nasceu em
Itú no aniio de 1795 (3), foi forçado a retirar-se daqnella cidade.
e encoDtiando-Èe com o padie Francisco de Godt y (4), que prc-
ni DÍTido on hiunielrlDi do Cttth Branca e S. JcíVo da. Bân Viu»,
i£) O dr. JdAo llendce Ac AloietdA ccmbute cstA leodn o die quo « origem do
boiae Caàa Brartca é tupl. AdeRiiie dimci K noticia^ que nos offerccâo, c qqq é um
\^} ãoié Antobio Ar Almeld^ «e^ndn doelar«ç<^a et)». niLpcea ?ra Uú, em IBuJ.
Ba pripendo a cr^r qhs eUs eo en^nnám e díi&crii n verdnde ao ir* Lo^t^Ua,
fiOTqnhiito é duvidoBO qD« te âjnsiA^ii^e, nts nove atii:i'-i. coma CAMtflndA, lato é, mo«
■ete, porque o padre Fr^nclvco do tJodoy veiu pnra nqui era Jí-Oc^. Km i*^23, esta ík-
Cflrdolo t*ívu umii qucktAâ h resjuetio Ú« terreno b. Depondo MuTiflcM^em andei de Keicoda,
na iccIJo, dice(^t-quâ íea pAJ Jbt/ de Almeida Iara, }he dlEverft «QUo mtlKo £6 catton
acbnr ramlrliQ no ri be Ir Ao chuanxàQ Cocapb».
Nilo ea tratnri dettc Joid do AimeEdn Lafí, que metido púdo car a pfti diqQcIla
Joié Anionto ?
Joié António d6 Almeida foi cuado com d^ AnionU Nnmes, Hlba^ do Bento Diu
Gani A,
If) Õ pndre FrantUco do (lodoy Coelha foi Tigírlo de C*Fa Branca por loogoi
aiinoi/ FalfeceQ cin 16^4, deixando por rd a herdeira & madre-attbndi^Ma Anna de Bio
Joaquim^ recolhida ao convento de Banta ThíreEa, da Capital, e por testamenteiro o l]^U
fadelro Bernardo Jofâ Pio to Gi^iia Pd xoto, igu pAtonte. Godoy obter o M lerrai do
otn^s por setiQjirliis por compras,
A fRienEJa de Bento Dias, que elle con^prír» lambem, era comporta de camp0fi«
uiitM e bemfeltorlat e comprebcndia, de»d(g * iRgoa secca aoi OllioB d.A^tia, até o
PiC*irrJto Inclusive, Indo findar Oocnes nbatxo^ flcnnio do dcolro c correio Comprido (ou
Apna Comprida}, onde fes uma poiíe o ama eaifnliji coberta de palba, eoi I^Oi, o Baado
Joté Fr&ocifeCD. Na sobredUa queílAo do v*4m, dlrie a ttfvteinnnlia itaríanno Díib d»
Olltelri ; (juo ão*é Triípcleco tendo citMdo para qidm âcçio de forc:a e estiullia, por nm^
compoiJçAo qae nxeram eile iatroto e lea piío | Bento Uiafi), btgoa mno das terras «
daa bemretioHai que tinha feito )antO ao córrego Comprido, o aaal córrego le «cha cod-
tlgoe ao lítio da Bocflna, apoeiado por Jic^nliio Bodriguei, e por «Bt« vendida a JO'
mb
^^ Otâii
— ua —
cBrtvft orn logíir denominado Cocâes, -ja estrada de Goin^, ajus-
í<jii-se Cf mo camarada do referido padre, A fazenda de Cocaes,
pertencente ao padre Godoy, dista desta cidade apena^j uma légua,
Ahi foram lançadas aa priaieiras bases da íuiura povuaçào (l),
Todavia, dois grandea inconvenientoa foram logo conhecidoe: a
falta de agua e o facto de se achar o local encolhido muito fura
da estrada e, por consequência, do commercio
Além dUfo ua Estiva já exibiriam tree casas fertencentea a
José de Larfi, Vicetite de Lara e Francisco de Lara (2), O interpase
que cates itidividuQ» tiravam» negociando com os tropeiros o ear^
rt íros, cbaiDou desde lofço a attençAo dos habitautefi d^ Cocnet«i que
Ticram e>tíibelecendo*»e por todo o leito da estrada. No omfanto, o
padre Godoy continua ra com affiucona fuiídaçào da pequena |>fivoa'
ção. A primeira missa foi dita em IBll, em casa de Beut^» iTiar,
■o^ro de Joeé António de Almeida, Em breve ohe^ou á cajiitãl a
Doticia da uberdade do idlo, que por uua circumstaticia pattículftr
oâerecia aos lavradores daqueile tempo immensaa Tnntnf^ens. como a
t^o possuir ejccel lentes cultura^f todas ellas tendo porto lindos cam-
mui apropriados para a crint^^o de gado. A esse facto é que attri<
tiímoii a grande immigração mineira, que tomou couta do todo o
municipío. E, com efíeito, em todo o valte encre o rio Mogi-uairini
(3í e no Pardo até o Pontal, logar onde o uLimo no, i>rccipi-
tan^oeo no Mogi, tira-lbe o nome, não ha umr eú familia que
uào teja mineira. Ao passo que oa mineiros, em constantes
lucta^ij tentavam invadir o território doa paulistaE^ estes, leva-
FogjmA A Ires wm. 1TBA; mm u tem» do Bêbedo nro dn PrHU^ rcDâliliu por Mifift da
Ei^Éflfat B«iito A tea pM, @ > teimAil» velhn 4a hig<s:i dú Rocb.ji, au^ o córrego dos Tu-
taaiH ma Tubtr^n^a ?^ Utúe o mesmo vfgiArlo Oodoy icem «ria do terreno coniprndo e
dM êmtwi* teime de cnUura, cimpOB a cerradoa, quâ le nchuvam diivotuLíLii, pnra ta
parte* de PlmiBOfínegii, odiIa tiQlia liratlo jipr iPf>tnnTH a capitão Joiu d« yi/raes Preto,
a q«9 mabe por ter ouvido mulina reieá Ut n Beiniarm dcr^adrc G(^d y, DjsiieniaU qtte,
ab«mo »t« padre um cAiuEqbo do QQrtego CQmphdo yor deatite, cUevatido ao riljdrfto
eam varLie peitou e ella te«tem[inhA, nb> d4morArfim daia ãiin a procararecn
por h,Lr«r utiliúi brejo* Jonto ao rto^ e depui», achaado modo de p»s«ar(^m tá
<qDc aieda hcijo exftte» ijum PiruROttiiig^. For esto loesnio cnmioho Ke^aín
da ^ílva por ordetD do ^rf^adeiro GavíAo, ã |>rocara da fazijTida do Lageado.
_ ilndo^Sfl oesfd isesmo cAOilnbú Aberto^ a*é cbogar ao ribeírAoloi tíarcia», hajA
ilpado RibeirAo Pelo. KbaiKo d* «ir«d>, que de:paU $e abrtti, em dirccçAo ao sitio
to Jo;é Jraquiia Bezerrv ^í^^ ^^'í tUiott-u; depois qae coiufiroQ a kesoiAria do dita
e iftcolben-fi^ o PA^Ire com oa picadore», ci^cravo« e eamaMdan. Que i «to foi
a» sano dç ííh'0« nfto exUtiodo, por nQnellea Indo» d? rfTiit£Dnaiig&, pessoa al^iimn oa
^tíifi, »ié aqaelEo tem^o, nrm le AcbQii cúrie alj^um d^ optiUfaHíei^ ti&m tígnii] do Togo
am «ampoi e cerrndoí, ^inJIo ob qiie maníJoii pnf o psdre Uodoy»^
ii) Cb^gAtam a fazer um eemitotio c uma cipe^lleba. 1.0b a ídvoca^JIo de Bani'
Aana A prõpotito r^fcro a leodu om (jtcto dl^no di? rncp^ilo : A pavoa^^^o de C&sa
BraneA proip^ía e J-A tinha uma capeUa coberta do Hnpé, oa local onle bojii está a
e^reja dó Roíario^
O TÍfario Uodoy e ootroa qQeriara qtio a Treguc^Ja Íoíec em CcrtHcs ; « oe do c&
teiniAVftni eni creiUa na eaaa brattca QD flO iiaffi-bang-cà, Q Torani botCltr a ImajifCIIl da
BaafADna, aoa CocJiett par* a col locarem aa cupclla. A' DaJt», 01 eoi-oenãfi Vierim
llr*Va e a leTaram de doto^
O p4dr^ aproveitando o ee^ejo para a «na propn^aada, d tela a n^na Ú&ia qao a
iiiu)f«n fugira porqnt tião queríú morút ém Cata Branca.
Eitaa v3ndafi e idaa rcpetlram-Be, até que o poro de»cobrlHs« A artfiu^nba do«
hotueoi 4« Cocaes. A ioda boje ba dnju fazendai nc^to tn untei pio caja dcD^minacAo
recorda a malograda povoaçfto de Coraoa : a de Hant Annn ea do FiçarrUodo Cemltorlo.
(Ij Kio pnde alada veriUcaj- ti eite« Larat tAa páreo tea de Jo»« de Almeldi
(3) Lela-fe Mogi-gnaaiú.
— Ili-
das p r uma indõl© verdadeiramente aventureiri», prncTiruvam o
■uK Foi exflctsraeulo neí-ta occasiâo que assuiniu a isupr*'Tna
administraçàn da capitania o muito í ilustrado d, Franciíico de
Ã^sia Mascarenhas. mHrquez de Palm», «Foi, d is o brigadeiro
Maebado, em seu Quadro hifitorico da pr avinda de S Pau lo ^
aro doã aeuB primeiros £ctus promover a colonização na capi-
tania, comú uma dat; su»s oiais instantes necefeidades, attenta a
diroinuiQào da popu^açà€ com as repetidas levas para o aul.
Ne^se thú louvável propósito, predispoz que a]§:umaB das fami-
liaa açortstfls, que para ea^e fim lhe for^tm cirigidas pelo governo,
babttâi^cem temporariamente Jundinhi e Campinas, como para se
adaptarem aa clima de sua uova pátria, e em seguida mandou
formar em Casa Branca e naa ferras de uma sesmaria contendo
uma legufl de frente e dna; de fundo, pertencente ao coronel
José Vaz de Carvalho, que g^eneroaame^te cedeu de sua prO'
príedade um núcleo de coloni^a^áo, começando-o com vinte
daquf^llas familiar, cujo numero foi posteriormente augmentado,
provendo se a cada individuo uma diária para eua manutenção,
rtinqttauTO para ella nílo tivesse recursos, e recommendando os
colonoa a<>s cuidados das mas abaetadas fumilias d« Mo^i-minmt.
Em que anu d^u-se semelhante aL-ontecímento ? Examinando
as Mefiiorias do Rio de Janeirú de José de Sousa de Aaevedo
Pizarro e AraMJr» na part« em qne se refere á queatào. fiffirsi a
elle o setrudite t «D. Franciseo de Asais Magcarenhas, isoiide l."* de
Xulma, que, achando^st^ no ^overn» iictniil de Mnias G^t^raes,
depois de governar a • apit^nía d*^ Goia^, foi nomeado a 13 de
maio de 1814, vice^rei da Íiidi«, cnjn posto e governo se lha
traneíeriu paia o de H. Pttiilo p«'T despacho dn 13 de maio do
mesmo anno^ e pela honrosa carta régia de 6 de outubro se-
giiinte, em viflta da qual tomou p' sso a 3 de dezembro imme-
d ia to B. PortantOi fíca demonstra io que os colonos açorit»tas
vieram para Cas^ Branca no anno de 18 15. José António de Ãl*
meida, que ainda vive (l)jaffimft que por ordem de ura capitão
Baptista, vindo de Mogi-mirim (2), íoram intimados os povos
ftara ajudarem aos ilhéoe na edificação de Buas chm^i e tocou-
hes comu imposto, 20 dujaias de ripas (3) A vinda doi íibéos
e conse^iatemente de muitos outríi;. indjvidue4 qno procuravam,
para aa suas especulações, a estrada que naquelle tempo já era
muito frequentada pelus carros e tropas, fez abortar o plano do
padre Godoy, de fuiidar a povoaçío noís Cocaes, obrigando-o a
mudar-E>e para o lugar onde está hoje aiiuada a cidade (4).
(1j Almeida rallaDen nsetii cldidti, ái dans haras d& tardo de dia 23 de agoitQ
d« lâ?8. Dep<i1i de<Meríp[«« «s nfi^a precede ntâi^ r^HQqnâi qiie ell< naicera em ilM^
0 ntc em In»!, como declarara
{2) O capícílo J(j&u BapUsU Parreira era juii ordinário de Mogl-ioiriín um te 16,
época em ^ue der^riAin ter->o coniimido as oAta» doi oo Iodos
i^i Nq ee m bmo aono fiSltU. o ^^enio nijiiidoQ a Cma firjincji o eDg:eDheLro
bLlItar ÚaàítjeI Pedro U&ll€r, qae t&o importante iiapel desenip^nhdii, mal» lardfi^ nu
poiHien D no eteruiio, -demaraar a» lotes da terrenoi ún% llli4lo«€ Indicar o ârra&menK
(4V Na faiendã Plçirrio do Cemitério, proxlmi] ao AteiradLQlio, exUt^m Ainda
dnas omiei que recordam o comiUrlí^ da pofoaç&o de Cotnea,
— 145 —
Infelizmente Of primitivos habitantes áo mimicipin iiAo co-
nbeciam a cultora de eafé^ de maneira quH a» nii^lhoreB
mataa foram todas estra^adaft com grande- a rcç s, otido ttiií-t^ii-
t&va-te ura numero extraordinário de gado. E dejioH a entrada
de fazeodeiros mÍDeiros,— qae mediam a riqueza feia nitiior ou
menor qttantidaile de terra que pot^uiam, — di^morou por utuitos
ãjiDOi a divisão da propriedade, fieatjdo de^^ta Arte o inunicípio
parafusado, não pesando de ontra importância, bídí^d aquella que
lhe TÍaha da estruda da Prsnca. Felijiiiente a eiitTuda de ta-
sendi-iroi importantes, jã ^jeio lado da fortun», jÁ peio lado da
inteliigencia, veíu chamar a ntten<;Ao dos lavindorea j^ara a la-
▼oiira do café. E hoje podi moa ajSiinçnr que o muiiicipio de
Casa Branca é talvez a zona mais importante da provi iifia.
Ba, todavia, um mal que tt m resí».tido a todi* o írominHitiriionto
de&tinado a eiterniinal o, Á ignoraíicia pofml-ir, e o Íj diiirn^n-
tiBmo em rela^^ão ao adiantamento iQi^^ileÊtUHt — são peiau^. Em
compensa ho os homens mais anti^on do lopir» mau > Testa t»do
tempre grande veneração á moralidade, trAUAmittiram a so^is
filhoa a mesira índole e c< Etumee. Det^ta i-urte a ctdr.de de
Casa tfranca recommenda-*** especiolmente pf-lo resjieito á ordem
e acatamento á ant^rridade, Ã vinda doB Ar;iirii>'a , vm 1B15,
na qualidade de colonos, pouca ou nenbnma ntílidade deixou
fto município pejo lado civilizador. E o iraL niè hoje ainda
prodns funestas consequências. Km reprii todo o jndividuo em-
pregado na lavoura nào sabe lêr* (A. R* dn Lovola). — Cidade
e muuicipío da província dw S, P^ulo (Brasil), nn comíue-H. de
' Mo^ím*rJm, em íitio ft^rtii e saudável. Ora*;n Ncsaa Senhora
( da« Drre-, dii cese de S. Faulo. Tem 6.1*24 habirautes livrrs e
j 1795 escravos fl), Criflijãf) de p:fldo8. Acha-íe em cous^iru^çào
o laoço de ettfada de IVrro qne a ha de li^jar com a rapital
da provincía e cí^m outras cidades importantes. Acha-S(* e^uul-
mente ebtudtida a f^strnda que a ha de li^rrir á Caldas, na jiroviucia
de Mlna^ Gerfles» e u |»ro]on^anento da linha de B. Paulo are a
nmrgem esquerda do Rio Grande. O titulo de cidade tuilhe conce
dido no anuo de 1872. E' M'dp de coUopio eledoral (2). Eleg-e 20
eleitores. E' egunlmente aéde de comarca judiL-lal dn L* en-
trancia (S), O município de Casa Branca, que c mprehende trea
paruchias, conta 8.188 habitííiitus livres 6 2 09H escravos {Díúc.
de Gpjjg. ttnivemal, l8T8), — Povoat^ào situada a NNO da cii]iital,
entre as cidadfs de Mtig:im>rira e da Franca. Começou por ura
Oiraial, que dpíeI^vo^veU'^e no principio do século actual, O
iabio francês Augusto de Saint-Htlaire, em sua excursão pela
dl êegmiAQ o recenseamiiito de 1872, Km T800 s& procMeu % nevo refensi^Amen*
to, muHú úofBitdúso. que díinoiííUroQ orçír « poputâçAú do munkiifiti ror m Uhi (itmãí,
iBAíi OD menoi B' pmliD ddUt qtie de itf^h pura cá o território municl^nl íc ttriD
í2j A Tçforíl* eHtor«i d* <8ívt trnaífciria a sedo do 7.* íltstricto pira RtbeirlUi
Frete, O moDicipio eiii dividido em L «ecçOes com Hil2 elettores, segcndú a ra^bAo
(t) Afitnyiiittiitt M comiuxu dt» Bttftdo ali) Um cstagoritt.
— 146 —
provinciíi de S. Paulo, no anm do 1819, as^im eo exprime;
c Ãs ca^as quR formam a grande rua de Casa Branc», em nu-
mero de 2J, tinham sido conBtnudaa para famílias de insulare»
âçoiiaaoSj que se tinha mandado vir povoar esta localidade. O
governo pa^ou o preç> do transporte o den-se a cada familiar
não somente uma casa^ mas instrumentos ara tórios, e meia légua
de terras cobertas de matas, Eitea colonos desanimaram á via ti
dfl« íirvorí^a enormrs que éra precifio derribar, autea de poder
plantai* - dezoito famílias fugiram atravessando a província de
iíinas Geraes e foram lançar-se nos pés do rei, Implorando que
ns tirasâo de Casa Branca ; dou -ae -lhes culras terras para o lado
d© Santn?, © a povoação de Caia Uranea ficou quasi deserta. *
Luís d'Alincourt, em seu viagpin ás províncias de SAo Paulo,
Goiás o Mato Grosso, aíErma que o motivo da fuga de=te9 co-
lonos foi —ter o governo fsiltado ás fl) que Ih cia tízéra. Spja,
poróm, como for, a povoarão fui creada fregue7.ifl, desmembrada
da parocliia de Mogimirim, por alvará de 25 de outubro de
1814, ttob a invocação da Sennora da* Dòrôft, e elevada á villa
por lei provincial de 25 do fevereiro de 1841, e d cidade por
lei do 27 de mar<;o do 1872, Di'ta da capital 44 legnas ou 244,
4 kiL, fl da» povoações limitropliea, a saber: à^ Gncondo 12 ou
6G,6 kil., de S- Simào 11 oti íilj, do S. Sebastião da Boa Vista
(2) Ifj ou 88,8 (r.), do Espirito Santo do Pinhal 10 ou 55,5, do
Espirito Banto do Rio do Peixe i^ ou 50, de Moííimirim 12 ou
6G,G, o de S. João da Boa Vista 9 ou 50 (Azevedo MAaQUES).
— Fazenda rural, que deu nome a esta cidade, e em cujo terre-
no fai edificada. Suas divisai eram as Begaiotest Principiavam
no capílo, nu alto do e^]iiglio, seguiudo pela direita, coufron*
tando com a fuzenda de Prudente José Corroa (4) até o ca-
pão da Guariróba, e BejE^uindo pelo espigào até fe^-har no
brí*jo, ondo morou Anfonío Pinto, confrontanlo com a fazen-
da do Ribeirão, dvldindo com as lío Piçarrãn e Penhora,
e terminavam ondo começaram. A divisíio da fazeudi de
Casa Branca, a única de que temos conhecimento, começou
na audiência de 22 de juiibo de 1846 o foi julgada por sentença
a 31 do abril de 1817. Tinha a fazenda 077 alqueires de terraa,
teodo 401 de campos, que íoram avaliados n lOfOOO, o 86 de
matOj que ioram avaliados a 14^00, importando em rs. G:H4$000,
Desta quantia deduxiu-se a de 341§000, valor do pa^to reconhe-
cido como propriedade de Nossa Senhora das Dores, com quanto
n&o npparece?s9 titulo de doação; e também a de 32O$0O0, por
quanto foi avaliado o terreno entre os doi& córregos, onde eitá
aísentadi a povoação, c desiinado a património da egreja. Esta
]>artõ f<ii doada a Nossa Senhora pelos condóminos da fazenda
fl) HuiíTo *ciiiT^ por forç*, omIjsJlo de cai,i pAlavr* Vide oa Apamtúmtntoi. da
AiereâD MarqQn
(i^f ilojoMocú».
Q\ A úíêtMici* daqui k Mocôci i^' áe (^ lc>gti»ii.
(4) E«la r.ixGodi tal de àuXonh Jcit Hlbelro g dr. Joeá Rodricnei do Prvdo.
— 147 -^
Vicente do Almeica França, Marcoa âe França, Jt/ào Almeiíia
França^ Ignaciõ Francisco de Almeida, Aiitoaio Barbrta de
Moraes, G*.nçalo Ftfrreira Garcia, Fraiieisco de Paula Cardoso e
Fiancísco Martins de Carvalho. Também ti vis mm parte na fa-
^endii : Fructuoso José da Siva, capitão Jo-é Gouçalve* d^s
Sarílcs, Serafim Caldeira Brant, Antónia Ma nina Fuiáo de
Foiítea e outros — Nova villa da província de Sao PauIo, na
ultima comarca de que a vil Ia da Franca é cabaça. Era jiri-
mitivamente um arraial cuja população fee auf^mcntou conàide-
ravelmente com o govereo constituíionaL Sua egreja, dedicada
a N. 8. das Díires, íoi creada f.ogjejíía, e larj^o tempo d.^pois
yma lei provincial de 25 de fcsvereiro de 1841 lho cunrtjriu O
titulo de vi! la, desmembrando^ para formar o seu, o diatricto da
villa de Mogímirim. Consta, pois, o aeu diatricto de Beu terri-
tório parocliial, dt? de Caeondo e do de fí, Sim^o. Seus habitantesi
avaliados era 3.(XíO, sâo yala, maior parte »p:ricuUorea ti criadoreà
ííe gado (MiLLiKT 0B Saint AiiOLriiis). — Marchamoá duas lei»:uaa
até a Estiva, mais uma lc;;ua á bonita villa de Ca^a Braoca,
notável pe?a sua egri^ja de bel la apparcocia e jelo seu cemitério*
Vai Qfna légua daqui ao Aterradinbo, meia á Lagoa, três e meia
ao rio Sapucabi (IJ, cuja ponte pasíamoi a pt-, porque e^tá om
peior eftndo do que a d*i rio Pardo. . , (MiíUtíSHo). ^Estação
da liuba Mogjaaa, a 277,5 ki lo metros dt; Sko Paulo e a 720
metros de ahara so^ro o uivei d) mar; íVjí inau.í;uradfi em lUlS,
A cidade está cokrada na altitude dn GâO metros.— Cidade na
qual La uma câtaçào da estrada íeino íltof^iana. E^ti assentada
no declive de um moute baix-> ^ e, na niiz de&to monte, ha um
pequeno corref^o cujas aguaâ sào eápraiadaa. Ahi, o íiutit]uÍBtvimo
caminho, que era o trave^sio doa indii^enaí e que depoid foi a
estrada gtiral para a Franca, formav^a um;i curv.i, ladeando
o monte, para uoroeite. Dahi o nomp, corrompido em Casa
Branca. Casa Branca é corruptela dw Ha^á^banjí^ca, « travefiiiio
torcido». De haçáj «passagem, travesãio», bang, «torcer, en-
curvar», levado ao supino pelo accrescimo da particnla ca (breve),
para significar » torcido». O h tem som appirado. Q facto de
existir maia adiante a casa caiada da K^tiva (;), ou Keiri*H'o
do despacho dos géneros, foi causa da corruptela. De um Itins'
rarití (3) de viagem^ em 1857^ vou transcrever alguns tru^^hos»
quâ explicam de certo modo a denominoçtlo tupi : « Sfihi do
Âterradiuho ás 8 boras da manhíl, e, camiubando meia légua ao
rumo de ses&euta gráuf^ cheguei á villa de Casa Branca, que,
por suas coastrucçõeâ, é trato de seus habitantes, 86 moatra uma
|2i k ttâa raiaia, A qno f« roTcre o ant«]r do fíteeíottaria, nflo aVA i<aiún n^
BfitT», « Bim A bdr* da cidade, li» raa hoje denontíFiadji án t*r,tl*.
í3) O Iftftefafio. n qae «e refere o dr. MenâQ«. é o da li^*fftm frrreittt da ciiaiã
ÂÊ SaiUoÊ, na proriíttia dr Sa» J'atilOt a Cuíahâ, íapifaí éa proiiHeia dê Mato 6fQtt&,
ftttl«a eNE:Q]]b«lroB oinjor bach&rcl Joié de ^dlrnnda da Êilrn Rei a c capU.lo b^nch&rel
Joâqalin da Gama Lobo ú^É^a. ¥/ «íí rrípto p^la [«rlmdra e bíIá publicado □□ umo
'I
— I4S —
das maífl civil izadas povoações que ein roiuha viagem atravea«©L
Condauaiido dtiht, ao rumo noroeste, caminhai tr'^9 quarl< s de
íegua até o alio d<f campo, A uma légua e um quarto da viJla
passa-pe pelo logar cbamado Estiva, ainda do meamo rumo noroêitiSf
e atraveftsa-Bo a váu «m pequeno córrego. . O terreito mostrou-
Be, neste dia, poueo acddf^ntado. » EBtfi aittiquia^imo caminho
eetá hoje abaiidotiado e qua&i tapado; porque, depois de 1857,
foi aberta uma estrad», denorainhas de rodcig^m^ m«Í8 recta ao
alto do cfliTipo. (JoAo Menobs db Almeida (IV Dicc, g^og, da
prov, de Sào Paufo^ inédito).— De Sào João da Boa Vista re-
fTeipei para a estação de Cascavel, onde tomei a linha tronco
a Mot*iana em direeçílo á cidade de Caaa Branca. Paaeei pelaa
estações dft Engenheiro Mendes, Orindiuva, Lagoa, Coches e Casa
Branca. Fica eata cidade a 173 ki!ometroa de Campinas. 74 de
Sâo João da Bôa Vista e 88 dfl Mogi-gUflíjú, na encosta de uma
cofioa, quei desce suavemente para o lado de N E, courornada pelos
doua EspraiadoB, que sa reúnem a outros dou», formando o córrego
das Congonhas, afflaente do rio Pardo, A* riistancia. nos limites
do município, ficam a O. e a 18 kilomatroa o rio TambaLú, a
E, 6 a B6 o Jaguari, ao N. e a 12 o rio Verde 6 a 12 o Tuba-
rana. Sua po«içl^^ topographíca nào é feia. Quem se coloca
na estfiçào da e&trada de ferro aprecia belloe panoramas. E\
entretanto, Ca=a Branca uma cidade profundamente triste e ex-
traordinariamente decadente, Compoe-so de amas nove ruas o
do umas cinco pra-^es, A rna mais importante ó a que parte à&
©Btaç&o (2) e vai at** o fim da cid.tde, numa ejítensRo de mais
de um kilometro, Na.o alo an ruaa cfllçadas © poupasi têm passeios
cimentados. Ab praçíis ca'^ecem de nivelamento e de limpeza.
Os prédios s&o qua-i todo» terreoB, antigos e sem go^to ; nfto nho
numerados. O commeieio é insigniHcanta, aendo exercido por
italí.ino'* e turcos. Os principais odificioB da oidadtí sào: a Matriai,
ainda em construcçàoj a Casa de Misericórdia, a casa da Camará,
Cadeia, e o prédio f m quR funcciofta a sociedade italiana Príncipe
dl Napoli^ o melhor da cidade. Tem o municipio o districto do
Eio Verde^ h^ije Itohi, cortado pela lin^^a férrea Mogiana e os
bairros do Eícnvadinho (3) Sào Jono, Lagoa e Engenheiro Kdhe,
A p<'pulação da cidade é de 3:000 habitantes e a do município
de 12 a 13,000, Confina o município com Tambahú, Santa Cruz
das Palmeiras, Sjko João da Boa Vista, Mocóea e Rio Pardo.
Entre ís rioa qne o banham notamos 0 Parrio, Verde, Verdinho,
&ant'Anna, Pratfi, Sucuri e Cocaes. E^ a cidade illaminada a
luz eler-trica (Moíiejra PjnTO, Uma magem pda Mogiana^ no
JoTíml do Commercío de 20 de janeiro de 1899.)— O nom% de-
(1) A obia dú i Ilustra Ar, Jaio MendM ^i lld<p am puie, a âlTonoi Zii}iQ«iif d«
IttTH, Ei« diik ^ de Janeiro dâ jJjtOi.
(S> Bu Oorooel Joiâ Jutfo.
(8) lit* bktrrft ni« 4 oonbwddo »iiuL
— 149 —
C«£A Branca é, segundo a tradição, proveniente de uma CAsa
caiada í{ue havia á m&rgem da estrada que de Sàe Paulo ia a
OoUbá. Segundo averif^aaçôes q«e pudenio» colber, teve ella
a tua origem nnm pequenú ranclio caiado que exi&tira neate
lo«:ar e era o ponto dfl descatiào do* tropeiros que demandavam
Hina» e Gotas, Foi fundada peloâ irmlío» Laras, que tnoravani
oa Estiva, « pnlo padre Francisco de Godoi, qn© conforme a
aatarimida opin&o do dr Aa^ua^o Ribeiro de Loyola, parn aqui
Tiera em 1810 {Almanaque de Casa Branca, 1888J. — A vi 11 a dô
Casa Branca acha- se «ituada em uma rampa inave, eapratHodo
aa ftuas casa» por Ema quasi planicie alegre e saudaveL Lug-o á
enirada da povoado nota-ae a pitoresca egreia do Hosario, cercada
de cruzes com o» fjmboloB do anpplicio do Hedemptor, ao lado do
eemilerio, que é a constmcçao mais importante do logar. Aa
Ttiaa ifto tormo^ai e sem nivelamento; as cat^a» t/'m appsreticia
mediocre, notando-te raras de ípobradí*. O desenvolvimí^nto tem
•ido eitremamente lento : erecta em freguesia nú anuo de 1819
(1) pela importância que já adquirira naquella época, ainda hoje
(18G6;, n<>ta-fle a maioria de eaí^as vplbas e meemo em ruiufis,
atteelando a decadência era {*À) que ee acha (T^uha?).— Moreira
Pmto dá noticiaf sob o nome de Caiia Brunca, de um iiiBÍgtiiíi-
cante córrego do Esrado de Sào Paulo, que rega o muutcipio
de »eu nome e desagua n» E^^tiva, tributário da m;4rgem esquerda
do rio Pardo. Este cotrego, que talvfls spja o Espraiado, nunca
foi conhecido com aqaelia denDmiitaçâo.
Casca ES— Sob esta denominação Moreira Pinto registra,
em seu Diccioftario^ um ribeir&o do Estado de Sáo Paulo, aftíaente
do Jaguari-mirim, Eâte rio u&o tem atlluente algum com tal
denomina^fto; e sim com a de Cocaes.
Castilhos — Rua do património da Lãgõa, assim denominada
em homenagem ao dr Julío Prates de Castilhos ^ ex-pret^idente
do Rio Grande do Sul,
Cava— Antigo camitibo, que desta cidade ia ás fazendas
Oacboeírào e Cocaea. — Córrego.
CEMITÉRIO —Córrego, affluente do Cocaes,
Ckntriiího — Uma das denominações do córrego do Macaco,
A do rio Doce, no dist. de Itobí.
Cbsca Velha— Córrego neste manicipio era 1835.
CsHCATíiNno- Qiiarteirfto policial do districto d» Casa Branca.
^Faíenda agrícola, dividida judicialmente em 1846. Tinha os
seguinte^ limitea: «Principiando na barra do rio C<>cae4, no
Jsguari, «nbindo por este até a barra do córrego da Divisa, por
estP acima até ao valo, por este aié ao córrego, peln córrego
acima até ao alto, por um valo velho, e deste, carregando á
VI Aliás «ia iei4,
elitffoi m H40niri]ii » bat^r^loiciciLe «Kp^lbon a mm bsDaáoA laÚoenciB Até Cm»
DnJ* MédBi i tíámáe. puii qoe Já puton dâ rúU, 6iti »in gTânâe «aifiittaH» a
d« prMp«rtdbi4 cert« iTanDAT},
-^ 150 ^
esquerda, a procurar a cabeceira do cnrrpgo das Pedra?, e por
63to abaixo até á b.irra da Cucboeiíioíiai por e^ía acima at« um
eapãozinlio, para cima da ])onta do tim cerrndtubo, o deste ao
fllto do espígíio, divisando com o nlfere- Jostí Garcia Leal^ r
de?te, a rumo direito, k baixada do valinbe, por este, á direita^
á cabeceira de um brejo^ por estfi abaixo ale á barra do outro,
e voltando por esto, á esquerda» até ao alto; pela cerca Talfaa
ate á ponta da cabeceira do correg-o do Jacintíio^ e por eate abai-
xo até eurontrnr oa cttltivadoa do finado João da CoEtá Bezerra,
carrcíf^andíj á direita, pela beira da capgeira, a &air do campo, e
pela beirada deste* voltund í á t^squerda pela beira do capão abaixo
ate flo ribpjrílo do Cocaeí^, divisando cnm aa terras do faíecido
padre Godoy. e descendo por este abaixo até frontear o alio da
Boa Vil. ta, ficando além do ribeirão Cocaes viote alqueires de
cultura, avniiados em 200^000; c pelo dito espigão da Boa Vista
att'. írontenr um cajiílozinlio, e por e?te abaixo até á tapera de
Leopoldioo, a íszer barra iio CocftPF, e por eate abaixo até á
barra do Jai^-uari, onde tpvfl priucipio a confrontaçíVõ, divisando
coni o finado lioureníjo da Costa • . Esta fazenda linha a su-
perfície atrrHria df* ÍÍ8')3 alqueires fi>,855 hectares c 80 aresj,
sendo avaliarioB os campos a 4 e 6*000 o alqueire e as matas
a 10$000.
Cruc Ano— Antigo quarteirão policia Ij hoje supprímido.—
Eibeirào, aff, do rio Pardo.
Cfiícado i>a CACiioicinA^ — Antigo quarteirão policial, boje
extinto.
Cerrado — Antipro q^arteirílo policial desta di^tricto, ora
eiii neto, — Estação da linha férrea Mogiana, no município de
Sfto Simíio, próxima deste. — Píorcíita do arbustos do 3 a 4 péft
de altura, mais ou menos, mui chegados uus aos outros (Taukav).
— Bosque isolado, que croFce noa campos mais altos e seccos o
noa taboleiros e chapadas, constando apenas de arvores baixas e
tojáes (WappreusJ.^Lagòa. de que fazem raençào documentos
de 1835,— Mato emmaranhado, baato, ou muito enredado da
ftilvfls e cipÓA (Mflcedo Soares),
Chilena— Avenida do Novo Bairro.
CtDAiiB Livres do líio Pardo — Vide Sfto José do Rio Pardo.
Cidreira— KibeirSo do Eí^tado de Silo Paulo, afHuente do rio
Jagiiari, entre Silo João da Boa Vií^ta e Casa Branca {M* Pinto),
Cigano — Ribeirão, no bairro do Cercadiuho^ já assim co-
Tibecido em 184S*» aft'. do Cocaes.
CiOANOH— Córrego, afT. do Sucuri.
Cl 1*6— Córrego, na faz. Várzea Grande, aff. do rio Verde»
— Nome commum ás diversas ea^ecíes de plantas sarmentosas e
trepadeirae, e particularmente ás que se empregam á guisa de
eordcl ou barbante para amarrar entre si quaeaqucr objectos.
Cotn ello também se fazem cestoa. Na construcçAo das choupanas,
terve egualmente paia ligar umas ás outra» aa differentea peças
-^ 151 -
liè madeírR, donde resulta dizer-se qae o ctpó é o prego do
pobre. Derivn-ae do tupi yc\[\6 (Voe. Brás),
Clauo — Ribeirílo deste immtcijiio; estabelece os limitei
defite com os do Santa Cruz das Palmeiras e PiraçunuTirta.
CLAumxA— Córrego, na faz. Vars&ea Grande, nft', do rio Verde.
CocAES— RibeiràOf aflluente do Jafínari; divide fs uiudící-
pioi de Casa Branca e Santa Cruz das Pnlmt^iras. Nasce unquello
e re^ gruiide parte desie, No lebtnrio da Commisíiãtí de Es-
taihiica è tnencienado cmno rio. — E' cmsideravel pe!o &eii vo-
lume d'agua^ mas imprc^tiivcl como motor^ por ger o seu curso,
na mór pavte, em terrenos baiio?, Bem deciividad© íCTiíivel e
margeado de largos pântanos im nivel que llie é superií^r. Re-
cebe muitos córregos e ribeirões ,tt es como— Lavriúlin, Tubarauãf
Prata SaurAflaa, Fortaleza, Limoeiro^ PalinfíirnSj Barreiniiho,
ele» — Fítaçào da liulia Mt giaiia, outro Casa Dranca o Lagoa,—
Vide Casa Branca*
Cocas 8 do Eio Vbrde— Fazenda neste Município.
Cociioh — Sitio e correffo, neste municipio.^^PIuinl de côcbo,
que Júlio Hibeiro define— madeiro cavado, serve de eometlouro
ã animies; lerre também para ter liquídos por pouco tfmpo.
à forma eóeLuBt lembrada por este iliustre pliilólog-o, 6 ciudita
e nio Ufiada nesta regifto.
CocunDTO — Córrego, na faz, Sèo José da Serra.
Colombiana-- Avenida do Novo Baírrn,
CoHMKRCio— Antiga denominação da vus\. Mestre Aranjo*
CoMrKiDo— Correíjo, aítluente do Jagnari-mirim, Tf! deu
miA denominat^ào. — Vide Agua Compridu
CíJNCEiçio DO Rio Pa ri do ^ Assim cbnmava-se o dencobti^Ut^ em
que boje eatá cfi locado o munícipin d 3 Ca conde. Era *òQ do
novembro de 1771 foram de lilojzimirim os tifficiaes da Camará,
iocorpórados, ter mar posse ('o novo descaòerlej, © diSÉO lavraram
aato [Alnmuaqne de Mogimirhn, 1689),
I Congonha -ílerva-matte verdadeira e de bôn quMlidndc.
E* vocábulo de oHgíím tupi, derivado de côgôi (liomaguera <J<. ireia).
( CoNt>osK AS— Córrego, baiiLa a fazenda do mesmo nomCf a
e dcBngiia no rio Pardo.
i CoK&TiTOJçio— Travessa, que liga o largo da Cadeia Yelba
. ao Espraiado.
Costas— Córrego, na h-z. Várzea Grande, aC do rio Verde.
1 CosTEKDA — Córrego, alHuento do Cocaof ; tem Bua uíJBceiite
I perto da serra do Arrependid' .— Fajcnd.n agrícola.
* Coroca — Vide Soroca.
CoROSíRL Correia— Ealaçào da linba Mogiana, no kílotretro
189, tntre Casa Branca e Coronel José Egydie, aberta ao Ira-
fegti » 25 de relembro de 1898.
CouosKL José Egylíjo- E^taçfio da línlia Mogiana, no ki-'
lotnètro 204, entre Coronel Con^iia e TambaLú} aberta ao trafego
i 25 de setembro de 1398.
— 152 —
CnRONSL JõSÉ JuLio — Rua deata cidade, ae^im deu otnÍ nada
em honra ao coronel Jo&é Julio de Arftíijo Macedo,
GoRf>NEL LuGio — Rua, asâim deaorainada em honra ao co-
ronol lúcio Gomea doa SantOB LeoneL
Córrego da Onça — Sitio agricolaj pertencente a Joaquim
Vilela de Andrade.
GoRRPGo FuifDO — Povoação defite municipio e diatricto de
Tambahií, onde Ka nma estaçfto da linha férrea Mogiana, sacola
primária para o sexo masculino, cemitério e agencia do correio*
£?tá coltioada a 737 tneti-os de altura f>obre o nivel do mar.
Correia^ Antiga denominaçào da faz Melgiieira-
CoTiA — CapSOt na faaenda Cocaes. Eapecie de coelho do
pernas alteia, orelhas pequenas, cab*^ln avermelhado e rijOf rabo
mnito pequeno. Come-âe, porém, sua carne é sê^a? a péle cur-
te-8H para sapatos (Fa* MabanhAo). - Martins escreve CuiU^ e
Rohau, cuiia, accrescentando ser corruplt^la de acuti, nome tupi
desse Mnimal.^ — Corre po aítiuente d» Ciicaes,
CoTtÁS — Loi>-arejo na fnzeufla da Prata.
Covas — feitio, a pequena disfanda da cidade. — Ribeirão.
Criminoso — Córrego nest^ mnn
GuBAííA— Avenida do Novo Bnirro.
De.sg ALVADO —Serra; limita os municípios de Santa Ríta do
Faasa Quatro e Casa Branca, e fica a ve^iQ daqnt41a cidades
DiífjcoBERTO -De-cnberta, de^c -brimento. 8ó newte sentido,
como a ij*^ctivo ou p^rticipio p^ssíirjo, ó que os léxicos porru-
gnêse* dífo dexc^^òerto ; no de di^sc-briniftnto, e também de cousas
ou log-ares dfBCEfberLos, su^^stantivo, é tt^rmo genuíno do dialecta
brasilt-iro, rorrefipo:.dt*ndo a deseobf^rta, que elles trazem, mas fr,
Francisco d\i Sào Luis reprova cnnrio gallicismo. Ir ao des- coberto
era invadir o ftortíto, ])aia di^arobrir minas de ouro e do esnií^ral-
dafl, OU CR|itivar indicia, tal para uma e outra cousa ao meamo
tempo: a volta do descoberto era o á^&c' mento {Macedo Soarex]^
DíESTEURO — Capela ediíicada. numa dna colinas quft circum-
dam a cidade, por Jo^o G.tnçnIveB dos Saut(*s em 1889, roa
terreno* de buh prnjjriedad*!. Foi ininiii^urada a 27 de abril d©
189Q, celebrando ahi o cou^^go Mjgut*l Martins da Sil^a a mis^a
conventual. E^ d*^ pequenas dímenfiòcís, de conatrucçào singela,
e dedicada a N(i6*in Senhiira do Dt»aterro,
DiRKiTA - Antiga denominRç^o da rua Parâo de Casa Branca.
Divisa — Córrego neste mun., afílurute do Jaguari. — Córrego,
affl. da Bebedouro,
Dúcw — Kjn do Efitado de Sào Paulo, affluente do rin Verde,
que o é d rio Pardo e eííte do Paraná, nas divisa» do muni-
cipio de Slio Jo'é do Rio Pardo (Moreira Pinto). Divide esse
mwnicipio r o de Gasa Branca. —Vide Rio Verde e Rio Doce. —
Capào, na faz. Cachopira dos Ilháoa.
Dltas Barras— Fazenda agrícola e de criar*
Dutra ^Córrego, já mencionada em 1835.
— 153 —
Embaúba— Lo c^ar deste manicípío, na estrada da Franca. —
Corr^^Ot ai3. do Pederneiras. — Planta medicinal (cecropia peita ta) ^
a que Luís d'ÂlmcQurt chama ambaúba.— Embuíba (ou secundo
outras ortagrapliías embaúba, imb/dba, ambaiba e ambayyaj é m
conítecída cecropiít, ar?ore urticacea de cujaa folJiaa se alimenta
a preg-uiça (animal, ae eutetide). (YARMHAQas).
ÉMBriiA--Qapào, na fax, Cercaditibo, — Nome cominuni a
todaã as fíbraa Tegjetaea que podem servir de tiaoiei quer pro—
Tenfaum das camadaa cortíca^Bt como acúutece a dirersas «'Species
de malvacé;ai e DUtrAf^, quvr prqiV(:^nbaTii de folbas como Hf:: de
caragiifltá, de certas palmeiras, etc. || Etym, Do tupi yhyra^
nome que te estende a qualcjuer ©specit^ de estopa [Voe, Eras.)*
\\ A mttitB» aryoreã do BrafitI qtie offerflcem matéria prima
tiara cordas e estopa se dá o nr*me de embíra, taea eàrt a *?[»-
twia branca, a embíra vermelha, a embirêté, a emhiriba, o em-
biru»rà, t»tc, II Tem- fie eicripto tamb^^^ra envira^ e assim o fazem
G*b. Soares e Baeaa; porém o maig geral é fmbira (B. Roiian).
Embircçu*^ Córrego neste mun.— Vide Imbiruçu.
Ejibuava — ^Corrego, na fazenda Barreiro, aff. do Pederneiras,
—Alcunha com que se desíirna o ntttural de Portitj^al, a qual,
porém, nada tem de injurie sa, e é o resultado de tradi<;Õea
Iiifttorica», desde os tempos cnloniaes (Rohak), A respeito deste
vocábulo Mact^lo Soajres e Baptista Caetano publicaram inte-
reisantes artigcs na Eevinia Brasileira (tomo I, pa^. 586; tomo
II,- pag^. 348; 1879)» Couto de Maí:alhâes escreve Imbiiava;
outros, Emboaba e Imhftahã; e Cláudio Manoel, Buaha,
EKGEh'H£]RO Mendes — Estação da entrada de ferro Mogiana,
catre Orindiuva e Cascavel, no krlometro 174. Seu nome pri-
mitivo era Caldas.
Engknhiíiro RoHB^Estaç&o da linha Mogiana, no ramal de
Canõaj!. entre Itobi e Vi)1a Co a tina.
Equadok — Avenida do Novo Bairro.
Escalvado — Morro situudo na estrada que da cidade de
Caj^a Branca «e dirige á da Fiança do Impt^rador. E' u>. tavel
ftio ló j^ela fina elevação em território geralmente plano e
aberto^ como por asBemeíhar-se a um caatelJo gothico (Azevedo
Marquesa;).
Ehpigão da Lagb — Antigo caminho, que desta cidade ia
ás tsjeendas Cachreirào e Cocaes, paralelo ao denomirado Cava,
Espraiado — Correiío, na faz Morritih<>B, também conhecido
por Eativa, ^Córrego que bnnhn a cidade e vai desaguar do
Uougotihau»
Estação— Primitiva denominação da rua CoronelJosé Júlio.
^LaTíTó do Novo Rairro.
Esta LAOEM ^Bairro e raa desta cidade,
Estiva — -Ribeirão, próximo no antigo pouso, e que corra
tobre leito argiloso para S.O., com veloc^idade de tre» patmi^s,
tendo de largura 15 palmos sobre 1/2 de profundidade Tôm
— 154 —
margens IjaiíhSi dcscnmj íiIhp, o tlá pasFng-em a v/ui (TAirxAY), —
Logai" a N. O. da cifiiide, de qiio dísta uma !egua b um quarto,
na ímtiga esttndii de Goini, c^tide bnvía um rancho, á ninrgpnii
do ccriegn, Ainda linjo Im diversas casaa flli.— Cõireg-o de
pequenas dirrmus^es lui estrada doa ta cidado a Vargein Grande,
— í^uarteirào policifll — ^Bniri'0 niraí, onde ha uma capela consa-
grada a Santa Cruz. — Córrego na fazenda Olho» d'Agtt3. —
Córrego, tributário do rio Feio. que o é do Jaguari-roiritu. —
Córrego, na ín?senda Morj inlios^ tniubem conhenido por Eiprpiado,
EsriiADA oEtiAL— A 10 dií janeiro de 1730 o g^oyorno expedia
unta carta r^gta prohihin^o qiio houvéese tnais de um caminho pnra
as mians de Goímb e IMato Grosso. Este cíitnialio é, sem duvida
a grande c>trada que Ir vou Dmtholoneu Buetio (o Aiiliaugaéra)
áquelle^ sertuos e qu*i ]»« usava por Casa P rança.
FAVj^iinn—Esiavão da Mogiflnâ^ ne^te mun., entre Tambaha
e Corroí*'o Fíiodn, iin kilom, *JlO.
Fa&íenda — Herdndo cfun destino a grande cultura, lia fa-
zendas de criaçfto o fuzen Ifia do lavoura» Nas primeiraB ao cuida
de eadoB, Rt»b etndo cio bovino e cavaliir, e são [>articíilar mente
conhciodds no Kio Grande do Sul pela deuominaçâo de ert^Hci^?^.
Nas aeganrfas so cultiva café, canna de assucar, algodiio, cere-
aes íúv. A« do canníi foo ^çcral mento chamadas Éfí^í^CT^Arj (RfHAK).
Seguudo Alentar o tRimo íazcinJa, no sentido de propritidade
agricolfl, começou a cm pregar -se no começo do século XVII
(Haskc^ .
Fazgkda Vbmi\— Uiboíráo, na ín^ Mtlgueira, tambeín de-
nominado Cacho^iiinha; aff. do JíJguíiri- — Logar no distucto de
Tamh.ihn.
FAZBNDÃo—Doaomiuaçào popular da antiga faíonda Eibeíjíiõ
de Sâo João.
Fazkno NtiA^-Sitio na fíiseenda de Cocaos do Rio Verde,
FiírA — Lngoa, nns proximidades da Vargem Grande,
Fisto— Ktbeirâo na ant'ga faaenda de Cõcaes, tributftrio do
MogiííUíiSíii.
PtOftLiSA — A figolina que ene outra- se na margem do Es-
praiado é mi aturada com kaolin, mineral de que hoje le fAbrícam
tijoloft (Paula « Fjlva).
Fmt!i£(R4 — Loj^ar, próximo á fazenda Campo Alegre. --Ar-
vore, dobi ornada em geríil em ahnneenga por amhaifb, necessaria-
mente dífterentc de embayb, arvore de família inteiramente dif-
ferente (Cocropias)t que cvldentemento podo aer explicada por
emba-nto-i/b 'arvore de oco). Em tupi porem algumas figueira»
afio também detignadas pela paJavra sapf/pemba, quo nos reporta
á hipitpenia — bapopcml a fraiE alastrada). O nomo amhai/t úaéo
ÁB figueiras até h* je mo pareceu dlEcil de explicar-soi mas á
vista do que diy. a londii, é pf^ssivel quo ans eapiriíos ima^riua-
tivos agrade a intprpjctaçâo de anfipahyh (arvore das almas ex-
tinctaf), porqua em «baneeuga nada tem de eitrflordiuaría a
- 155 —
íjueáft do ^/ e a transfoTma<;ilo su^sequQnte ãr*à naso-labiaps np
em mh (BArríSTA Cartaso) -^ CorreiíOt ua eõtrada de rodagem
de Ca*ft Branca ii Silo Joié do Hio Pardo,
Flõheíí — Autigft denominação da rua Capitão Horta, o qno
íliu fui dtidíi ]ielo seu primeiro habitante, o capitho Vicente Fer-
peira de Silos Pereira, que entSo têsidia na cnsa outrora per-
tence d te á berança d© António FJoriano de Arniijo Cunba.
Floreèííta— Fazenda d© cafó, neste dístiicto, propriedade de
Luiz BartaloUU
FLotiiAKO Peixoto— Rua no património da Lagoa,
FoRNÂLtíA^-Corrego, na faz. MíilnrneJra.
Fortaleza— Cor rego, na fazeuda da Prata, atHueiã© do Tu-
baraim ,
FoRTH— Keza a tradiíjào que no bairro da Boa Vi&ta, nas
Íminod]a«;5e9 da chácara que foi do Vicente Ossiua de Silos, exiãtiu
um forte, do onde os soldadoií resbriam aos ataquoj doa Índios,
Á uma velha, testemunlia aTitiqui^sima do lunitrs factog deste
Ipgar* ouvimoá dizer que ale«nçára ainda, naquelle sitío, uma
ca^a ^frítide^ redonda *i muito aliti. Em documeiito algum encon-
tramoâ i*''erencia a et se forte.
Francrlin*— Corri^g^o na {i\t* da Prata, fíHuente do Cocacs*
Francisco Glicerio— Antiga dpuominaçfto da rua do Mercado.
FiíirCTEiRAs — Córrego, na íaz. Logoa.
FirsiL— Antigo qnhrteirAo policial, boje pertencente ao dis-
tricto de Pirasãunnnga.
Gaiça -Logar, na Rutij^a estrada da Fríinca, perto do rio
T&mbalid, a 3 lc<fua9 da cidade.
Ga RCI AR — Ribeirão, na faxonda de Cocaes, assim denominado
em 1805, e Uojo Hibeir&o FcÍo^ A anttj^a denoniinaçlio será tirada
do appellido de Bento Dias Garcia, Roque Garda e outros, que
primeiro povoaram Co cães ?
GotÁNi^Tiibu indigeua. ^-Acossaram os Atmoréa, pelo rio
Araguaia acimu, até transporem a t^erra divieoria das aguas e
alcançarem o rio Parnabiba,— Ahí tts gúiá-nà preferiraín tícar,
para derrsmarem-fe |mcifica e lentamente peloa vales do Mog^i-
^asvú 6 do Anhembi ou Tiett\ at« oá campos de Pirá*tininga
0 a serra de Paranapiacaba, onde ílartim AHbnso da Sousa os
encontrou em 1531: e os perge^xtiidoB, com o nomo Je carib-àca^
que íignifíca «deícendentes de brancos»! em centraste com oa
tupíi, «da primitiva jji^eraf^âo», desceram es9e mesmo rio Parna-
bibfl, no ponto em que ú nomeaí^o Paraná.., — Em tupi quer
dizer — próximos ou parentes dos ffofà (^Íesdk^ de Alubida)«
GouNÁs— Rua do Novo Bairro*
Goiás— Riia no património da Lagoa, — Tribu indígena pro-
cedente do arcbipelfljçro de Babama oii i^ntilbns, e qae se insta-
lou ái margens do rio SSo Frane cisco e deu a ettíi região o seu
nome, Alg-una escrevem Guiiyazes', O nome de Goyaíi nâo tem
outra origem (Melides djs Almsida).
(
— 156 —
GoTAz— Vide Goiáfi.
Gralha— Fazenda no bairro áa Agua Santa.
Grammagô— Córrego, afflaente doTambahú; bjinba a fnzenda
Jardim (Coulam). — Nào será corruptola de Gram—Magól ?
Gkandb— Vide Rio Grande.
Grota Funda— Lo gar^ próximo á cidade.
GuAçú^ — Vide Guassu.
Ghhv ABARA —Rua do Novo Bairro , ^ Vocábulo brasileiro,
corruptáU de guanápardf qn*^^ aeguudo Vambageu, signijica seio
de mar.
GuAHAciABA^Rua do Novo Bairro.— Bartout o auuotador da
tradm^çào iutrleBa é& obra de Hau^ Staden, por Tootat, em nota
á primeira parte, cap* 23, diz que guaraciabay que significa
cabelo dg sol, era uma eipt^ssAo Appiicada aos europeus por
cauaa dn& aeua belL 8 ou louros cabelos, Náo sabemos onde Bur-
ton cuibeu esta uoticia. O quo é certo é qa« ea&e vocábulo, mais
corectameote escripto, era empre^^^^ado para deaig-nar o ^tifíittíimftí,
a intfíres-Hiite ave que os portu^ueBes denomiuaram òeija-Jlur e
chupa p^r; e o* franceses t-aífèri, por asai m aerem ebamad-s peloB
indi^^-eua» de suas Ãntilbas ; os mexicAnoa, huiízitziL Assim o
o guainumbi chrimava^se tíimb«m entre nonsos indigenas^ímiamòí,
arQÍicay tratárakt-guaçu. E da tneÈiDHr iorto gtiaractaba, que si-^
gntfiea raio do hol, e gitaracigaha^ cujo aentido é cabello de sul
(Mahcgkav). — Coaraciba nu citaraciaba è um dos notnea com
que oa indígenas appellidam o beíJA-íliiFf bignificanrio raios ou
cabelos do 6ol, de coaraci, lol, e aba, cabelos (Barbosa Hodriouiss).
GuARAiE'0 — Vide Guerupii,
GuAHANi—Ávenida do Novo Bairro. — Nação de indioa que
povoaram SAo PauL». Guarani nílo quer dizer «guftrrfiiro», como
Varnliageu e nutros suppuzeiara O general Couto deMagalhàe*,
no seu livro O Selvagem, penaa que e*ta palhvra parece corra—
5 tela de guarini^ siguificando guerra- Sem embargo da autori-
ade de p4'f>aóa t&o competente, div*^rgÍDi08 desBa Bua coují^ctura*
O eigniíicado referido tiào Cfrreapnndrt ao povo. Álóm diBSO, na
língua tupi eetá a verdadeira eignifiía^áo. Goã-ra-ní ^ vu ^lor coq-
tracçào, gfjar-aniy «não originário do logar». Com effeito, os
gQMTãnia HÃO eram diiquf^Ua região, onde Be estabeleceram e con-
finaram, ide livre vontade», sem o onua da servidào (Joaq
Mendk»).
GuAKAíiTAN— Logar, na antiga ei^trada de Moeóca.-*Madeirft
de muita consistência e duração; emprega -He em lascas para
fê^boB : t/ffura antan (iVÍARTurs). fumilia da» sapindaceas, — ^Capão
na fazepdn Casa tírauca:— Vocábulo bra-ilt*iro, significa^- madeirOj
/orte, rijii^ e é ei>ríuptpla de êbèr-âtâ. Escrevendo a respeito
de ffíiarãy dtK Baptí^rtã Caetano: Afinal em tupi muito degtme-»
rado ba guará por êbêrá, em qne ne deu primeiro a mudamja
frequente em tupi de ebe em eve^ mas é ditécil aiuda explicar o
resto».
— 157 —
GuAiiiRÓBA— Corregn, affluente do rio Virdpi. — Capào, nai
proximid&dtís da povoa^ào. na fwzenííft Crba Brancn, tambí^m co-
nbecidci pelos nom<*9 de Capitãn Vicente e pBlinital. ^- Noma
ytil^ar de iimíi espécie de palmeira do género Cot:oa Z* oleriicea),
a qual fomecw um palmito amargoso mui apreííiado (Kohan).
GuAJiL'Fú — Vide Guerupú.
GuAssú -Vricabuii* tupi, síernificando grande^ e do qtial nos
terriínfifl mttitas reze-s para distinguir certos objectos mai ores que
outruB (Rohan) — Gija<^ú é melhor orthogrí*phia.
GpAYAZES— Vide GoíáB.
GtTBRÚPú— Capào, í*0Tjht*cido já em 1832. — Nompi indígena
áe uma espécie de abelha, — Roma guera Correia escreve í^wanipii^
e de fine -«abelha qut^ ha em MisiõeSy espt^cialmenre na regiAo
de mJita«, e que iVirnece eicellente mel e muita cAra, Gha-
mam-n-a tambern guaratpo, nome por qoe é conhecida no Fb'
tmná a es]:«cie MeHipoiui numerosa
GuiimAS— Ribeirão^ na faz. Uberabinh», afiluente dd Ja-
gnari. — Falando de um córrego denominado Guirra, que banha
o mun, de Sào José doa Campos, escreve Mureira Pinto, tran-
acrevendo uma informarão local : «O povo diz Guirre e não
Guirra. Parece-me, [»orém, que é Guirra, nome de um ])as&aro
que repete este di»sylabo, ou Aguirre, devido, talvez, ao pri-
meiro d^ÈCobridur ou pofãuídor daquelle l^gar. Nada pos^BO
iMeverar.« NAo será corruptela do tupi guirã (pássaro J V
Haça-bano-íía— Vidn Caêtt Branca.
Hervas— Cap?io noíitti município.
HnsFiTAL líE IsoLAMENTo - Foi construido em 18ÍÍ3, pelo
Governo do Eàtíido, no CAmjio dos Papagaios. E' drâtinudo ao
iiolamento de enfermos úpf moléstias cantagiof^a»,
Imbiruçú^ Espécie de bombat^ea ou lecylhidea, de cuja casca
Be extrai embifii (Rohan). — Imbira, embyra, corruptela de. imtfra;
açu, grande (Maetics> Também ie escreve Embiru»;ú, ou Im-
bini8£Ú.
IMBOABA—Vide Einbuava.
l>IBu-*VA — ^Vide Embuava.
Inajá — Avenida do Novo Bairro ^^ — Pítlraeira do gen. Maxi-
MILIANA (M. regia)* E* vorabulo tupt| idt ntico a In Haia, bem
que se appliqne ás v^í^b a pai in eiras de gi^neros diveivos. Os
tapínarobás daynm também o nome de Inajá á fructa da pal-
meira píndoba (Eohan).
lNDiepB;NDEN€iA^ — Fa^o^da agrícola, no diatricto de Tambahú,
propriedade do dr. Alfi^do Guedes, hoje donominadu Santa Ca-*
rolina.
Infbrno— Ribeirão ; desagua no rio Pardo, logo abaiio da
cachoeira próxima á estrHda de Cajuiú.
Inveknaiia — ^Fazeuda &itUíida neste município e no de f^ão
João da Boa Vista, dividida judicialmente. Foi desmf;mbrada
da Várzea Grande.— Nome que dào a certas pastagens conve-
— 158 —
nleo te mento cercadas de ob:trtcclo3 naturaes ou nrtificiaes, onde
le gtinrJfim fluimac» cavalares, muares ou bovSuris, pura dea-
Cfttiíarem ou rccuiierarem a* forçíis perdida* nas viagens ou noa
ieiviçoa que prestaram (Roiiaíí)»
IpiiiANGA— Nome do uma rua dena povoaçíio.— Palavra ín-
dígfiun, quo qii<?r dizer vlo de agua vermelha (Martius). A de-
nomina çfio da nií4 provém de uma coiiimemoraçao da data da
iTidependencia do Brasil, j)or jmrlo da Gamara Municipal, e não
de qualquer accidento da localidade,
luoiçiv' — Vide Agua Fria.
Itagitaçl* — Vide Itfl<fuaí6ii,
Itagkassú— Fazenrlft de café, de que ó propríetniio o capi-
tão Cojiolano de Lima.— yPalavia indi^rena, sigaificniido pedra
grande : íía, pedra, (juassúf grande. Os accidentes topograplii-
cos justiKcam a denominação da localidade.
lTAi»EMA^Rua do Nuvo Bairro.— Vocábulo brasileiro, gigui—
ficando pedra cLata.
1t.vi'uavaíí do Rio PAUDO^Umn dna deuominaçõei quo
teve o descoberto, lioje município de Caconde, Itapuavn é,
sem du%*idA alguma, vocábulo indigeiía; mas, será corruptela de
itaipava, — reclfo que, atraveesandu o rio da marg-em a margem,
o torna vadeavel nesso loí^ar ?
Itoíu — Vocábulo da língua tui>% cuja signtíicaçâo é rio
verde. A teu reapeito publicaram-se no periódico local O In-
irmisigcnis os seguintes nrtig^.s:
Scnbor Eídactor ;
Qtier pareeer-mp que foi cm voa a folba que sabiu publi-
cado quo, no Congreaso do Estado, tratam de mudar a deuomi-
nat-fio do povoado do Rio Verde para a de Itoht/^ que dizem
ÈÍgniíicar a mesma eipiTÊsão, em linguagem indigeuB*
E* preciso uotar-se que os nomca Incaes, para conservarem
ení^auto ft trazerem o poético cunho nacíoBal, devem vir de Eua
origem primordial. K* preciso quo ?ejam tra'lÍcionaeB, tenbam
sagração histórica, sejam transmittidos doa primitivos tempos,
em que essas regiões foram conhecidas ou exploradas.
O Rio Verde fogo desta rcizra Nitiguem descobriu ainda qual
a família a que pertencia a horda autochtone defitis redondezas, a
que ramo ethuographico pertencia, qual o idioma por ella falado,
Nôo vejo necessidade de crearem-se arbitrariamente c pban-
tasticamento titwloa indigetias para localidades recentes, edifi-
cadas hoDtem, £em o asseutimonto da tradiçíl^, ou aem que ee
baseiem em ac^ridenrcs pbyaícoSj ou de qualquer outra ordem»
qoe os justifiquem.
Onde os congrefBistiia do Estado furam buscar eaie Itoby?
tjuem sabo IA si tal termo expressa, na realidade, a ideia, qa«
— 159 —
Qaem àmQ que os iiitnltlvfs baf>i tnti tr^s
ft côr accidcijtul dni a^iins do pequeno
Podo ser ; niãi duvido que esteja
querem dar
desUã ah aras notaram
rio, e a* sim ô cbama-am
Ittjhij . , , lio verde V 1
bera averipttAdo.
Jtf/ pgiie traduxir-Be por rerí/e tulve-* em alguma pyria
tapuiãi du vallc a^azonico ; poiémi entre o^ íenlicrcâ do littoral
brasiliense, i&to 1% entre os tii[iis, a còr verdo dtisi^nava-se
pela palavra jakf/re. Entre 03 giiíiríiuia, quo estendiam sen
domiuio desde S. Paulo ás regiOes plíainas, u quo catavam era
coDlacto com as tribua sulanas, quer me parecer que vârde era i
— cícíí; de onde sabiá -cica^ e mais qiifltro ou cinco vocábulos,
em que entra cica^ daiido a ideia de verde.
Aíoda ó tempo de emendar a mhi. 5rs. couííroifiista*, níio
barbarizem tão cruamente nossa ^ella lingaa feticUIcn, Olhem;
em vez de Itobt/ dêm ao liio T ^tde seu ant%''o nome do liio
Doce^ Vtlta Fortíno ou enlâo Barro ih Tijohjf ou melLor Viiia
dos 3íqjores, em bomenagcm a ecu fundador, e a seu creador
e iropuhiooader (1), íiio Verde, a jrarrida e pro^^-ressiva filha
dos brejos, Dasccu e vni çiesceiído á snmbra de doia dignos
mijares, e promette dentro em breve ^er uma fornada de lies.
Não Écja embaraço à couservaíflo do nctual nomo a airafia-
Ihação poital ; coin a admijiiãtraç^o do ^r. Horta, os correios do
Estado ticaram mesmo num ]i6 raim : aixentei u empregados de
todas ss cate^roriafl andam ziii;„Mdoâ e rí-mí^ttem píira o Norte
a corfi:'SpOTid«^ncía destinada ao Sul, pnra o Nítscetite a degtiuada
ao Oeí dente e vice- versa.
Rio Verde, 28-6-U8.
Um conseevador,
II
Um conservador^ que me pnreco xndé revolucionário qne
Luisa Míebel ou líavachoU vein pelo Itiiransjfjentc conleaíando
que a palavra iadigena Ilohi possa ser IriuUixiJa para rio ve^^de
no TcToaculo,
Em quo pese á re&peltavel autoiídado do illuÈtre ctjjsír-
r-adoTt é de precisão notar que djsía vess errou.
Lembrado por um am)*:o do EiJ Vi ide e também por outroi
que têm assentu na Gamara dos Po]mLfldoâf para a escolha de
uma denominar;5o doquella kcâlidade, indíquf i-lheá como n mais
natural e de fácil pronuncinção esta de que iratnmoB.
Poderia remontar miohas pesquixa'* aa oripeiis deí^tas para-
geni e procurar descobrir o ir orne que os nosioa aborigrcnes
davam ã localidade. Aclieí, poním, desuf cct^nrio esse trabalho,
porque a deuomina^ão Rio Verde é i-laramente portuguesa, ô
dos noEsoB diãi.
(\) Etítire^o ut raiiiúrefl Curldi ^^aenito dn BlhA o Dhhiaxo RIbdfO Ncy^tieLrn,
— 160 —
Por es^a taxAo, resolvi maia acertado tradoidr a palavra
composta Rio Verde em tupi e formar uma tiraplee— /toòi. Foi
o que fíz e manifestei áqUE-lles amidos.
Quanto ao vocabub em queátílo, tenho o prazer de afirmar
ao Cúnjíei'Oad'>rf estribadu na opmiâ.o h&ahz atictn rifada de Ba-
ptista GaetaDo e Mont^ya, que eatá correctamente eacripto e
fielmente traduzido. Carapôo-se de t, agua, rio, e tobif verde*
Lafatbttb d» Tolrdo,
iir
A BolicitaijdeB de um certo conservador muito meu conhe-
cido, vou externar mitiUa bumilima opinião sobre a recém -crí'a-
çâo da jmUvja Itf^bif pela qual vae sêr subs^tituidõ o nome da
po^oaçào do Eio Verde.
E' com toda a modesria que venho eubirietter á illuHtrada
critica de meu erudito e abalizado amigo, ar, L, de Toledo,
algumaa ponderações*, que muitos julgarão enjoadas; maa que o
amigo terá o cbinchorro de ag-uentar reflignadameot© © até
goBtará de alimentar esta pauteaç^o do^preti^vicioBa, e digamoB,
com franqueza, agradável^ pois quebra a modorra mortuária em
que a írente vive aqui, na ruça
Itofn é dennmiiiaçao de&nece&i^aria, imprópria o incorrecta.
Está etymulogieamente errada e aua tnor^hologia desaitende a
re^raa áois e Íttdi>^ pensáveis da grammaiíca daa litiguas p^lj-
tintetiraa.
O tupy — içuarany eatá claâãificado como lin^ua agglutinan-
te, ii^to é, uma língua em que os elemeuto» finalyLijuâ duma
phrase sílo partes componentes de uma uniea expressão, E^
uma língua morta, quero dizer que permanece inculta, e por
isso pua ortbograpbra é invariável e deve eer uniforme, de todo
qne nfto se quadra com oa syatemas dííB línguas vivas, revol-
tandO'Se soberanamente < ontra o methodo phonetico. Possne
42 (!) sons vogaes, que Montoita aí^aignalou por fieis vogaes
com i (1) Accentoa cada tima.
Acontece, pnis, que a caracÉerizaçâo gift[>hica está aujeiti
a preceitos invioláveis, genào quizerroos estabelecer uma mara-
funda incompreensível.
O acceoto príBodico, bom romo O symbolo graphico tem
no ahaiifíenga e neengatú influencia capital e importância deci-
siva. Oa exemplos, perfeitamentH inúteis, par» nós dois, nftrO o
síio para os cujos^ que nílo estudaram ainda este assumpto*
Vejamos exemplos: iúpaj reds de dormir; inpã^ raio; £íí/>íí, ente
fiupremo. Píííí, redondo ; /jíííT, levantado, erguido. Fíii, g^olpe
de agua, salto num rio; itilf arrecife, pedra á ílor d^agua. de-
rivado de iid.
— 161 -
Parm exprimir a idéía dn agua, oa selvicolaa emittem um
f0iii raiiítr> di^cil, que ^u d&o sei descrever com a penna, ama
[ir^^ IS une ia mui lo diversa do í, raaa que participa desta letra, ao
^mo tempo que participa do a e do u, E^ uma emissão de
TOS ^ttiiralÍ6fii[i:a e que t«m similaridade com a do Y, entre os
grrgoi. Por esta razão a honrada estirpe dos efcripÈores au-
úçt», escreveram Y e Yg^ as dms pAlavras, que denotam agua
BJi llDj^iia gera).
Muito bem audnm o competentUfimo general B, Kohan
»jmbolÍ5aDdo T^ encimado de um tri^tna ( .], que indica a díf-
ferenc ft^&o phouii^a e guia o eiítudo lexicologico uns aggiuti-
ttiçôes.
A menor distracção na escripba oppòe umA tranqueira ina-
tt^vivel ao* iucipientes, como eu, em applicaçôes indigenistas.
Y compõe termos que principiam por consoante : Ycaiúj
Ypiraftgn^ Ipanema^ Ytn. Ha casos de hiato; Tapó^ Yàra,
Y^murtíiá^ Tt/ttê Parque nílo diremos Yvhit em vez à^ lioMf
Tg forma a* palavríls que, com<^çftni por vogal; — Ygttupef
Ypi&Um^, Ygaçaba^ Ygttaçú ^ Porqtie nâo se dirá Ygobi f
O ^ letra ^uttural cnnve te-»e em c, consoante análoga^
gnist equivale ti t A, parenta muito chegada : Ycupara^ Ycama-
guon,' mas não pôde traosformar-se em í, consoante denta^ *
efj9i «ue feiudo e embirrante t iuterpolou-se na palavra com
ofi^asa ao génio da Hngua.
Em guamnji hovy ei£prime ozul^ e como o h é sempre as-
pirt4o torna-i^e injustificável a introducçào do t
No idioma tupico, v^rde c< nverte-Fe em jakire: mns, o
fi^vecto e gloriosr> rebuseador das cousas pátrias, o benemérito
kxieographn a me ri ca uii^ ta, dr. Barbosa Rqdkkiues enaina-nos
ipt o6í *i^riifiea azul, verde
A^^im sendo foi infelicísBima e errónea a e? coíba do adje-
ctÍTO, com preterição de jakitt e ftcft, pois Ygohi, ou YhQvtf,
tanto pôde íer rio verde, como rio nzyí, como rio furta cór-
axtil e verde
Em todo caso desvirtua completamente o juizo do constru-
ctor da palavra, não expressa cora fidelidade a ídéia desejada.
E\ portanto, um vocábulo impróprio, perde toda a graça, não
IBIB o toqoe resf eitavel da ancianidade, não é herdado do ge-
Msu da historia da língua, não está consagrado pela tradição,
alo foi creado de conformidade com a Hngua americana, não
terve para titulo de uma localidade.
CertJi mente, estes tristes gatafuuhos não serão Itdoe pelos
in. congressistas que, . tnda me^mo que os lestera, nAo fariam
c^o deites, e por máu fado do Hio Verde será seu pittoreico e
adequado uome mudado em Itohi, cuja melhor traducçâo é pe-
ara &zul (íÉd— pedra; ohi ou hoty^ mui),
J. H« DK Silos.
— 152 ^
IvAHi— -Trsvegsa desta cidade.
Já.ciííTB^— Córrego, no bairro do Cef cadinho, aíB^ do Co-»
cães,
Jaguara-hy— Vide Jaguary,
Jaguar (—Vide Jaguary,
Jaquary — Vocábulo indígena, que significa rio doê cães
(jagoarà-ig) (Fr. Maranhão.) — ^ Martins define Jaguarif Jagaary,
Jagnara-hy (ribeiro de Mato Grosao) por aqtta jdis onçae-y e
Macedo Suares, — rio do cão. — Antiga fazenda deste município»
— DenominaçíLo comtnum do Jaguari-mirim. — Avenida do Novo
Bairro.
Jaguary do Campo— Rio afiRnente do Jaqnari e que corre
entre os municípios de S, João da Boa Vista e Casa Branca
(A. Masques), Este é o mesmo Jaguari-mirim.
Jaouary-mirim~--Río afflueute do Alogi guassn; tem origem
noA montes occidentaes da eerra da Mantiqueira, de onde paisa
para a província de Sáo Paulo. Corre na direcção mais geral
de leste para oe&te, entre oa municípios de Sào Joào da Boa
Vista e Casa Branca (A. Marques). Tem por tributários oi
ribeirões Sant'Anna, Piçarrào, Oriçanga, Cocaes e Estiva. ^Vide
Jaguary do Campo. — No Itinerário da viagem do Rio a CoxirUf
em 1865j diz Tauoay ; «Com mais uma l^gua de viagem tran^
Bpôe-B© o Jaguari-mírim numa ponte de pranchÕe», cobertos de
argila, sobre esteios; ponte em tào máu estado de conservação,
que obrigou-nos a pon certos em quaaí toda a sua extensão de
273 palmos sobre 15 de largura, para poder-se efifectnar a paa-
gagem da força e bagagem. E^te rio, apesar de seu diminutivo
indígena, é mais considerável do que o que divide oe municí-
pios de Carojunas e Mogi-mirim ; nasce na serra doa Limites,
mais conhecida pelo nome de serra das Caldas, corre para O.,
com velocidade de 2 1/2 palmos por segundo, e vai lançar-se
no Mogy-aasú. Tem leito arenoso: margena abruptas, bem que
pouco elevadas e prés ta- se á navegação de canoas grandes des-
de a villa de São João (1) até a sua foss, no espaço de 5 1/2
legnas approveítaveis para o commercio e commujiicaçao nbei-
ririha. Os peixes peculiares ás aguas de rio acham-se nelle
com abundância, sobretudo na estaçfto das chuvas, ficando por
todo o anuo nos rebojos que as enchentes produzem. Em suas
margens cobertas abuoda também a caça importaute, como vea-
dos, cervos, mateiros (cervus ruf 11.1)1 catingueiros (cervu^ cim~
pli€i(xími^) ; em aves, os jacus (penelope), grandes bandos de
pombas fcorquassea, tucanos (ríimphHEtus), a bella colhereira (pia-
lea ayaya), etc.»— A uma légua de Itupuva, passa-se o rio Ja-
guari-mirim atravessado por uma ponte de madeira de dnxentcis
palmos de comprimento e dessoito de largnra, ma) construido e
com um dos lances d es arrumado. Este rio é piacoío no temjjo
i> ^ atD Joio dfc Bo& vjíu.
h
— 16a —
Í»ê aga&s, fornecendo também aa matas dô anae margens ai»
gttíDii eaça^ dá váa no tempo da tecea ^Miranda Rbib).
Jahb£iko — Fazenda íi^hcoU e de criar, a nma leg^ua da ei*
^ade, qtte pertenceu a UriflB Gonçalveâ dos Santos. — Sitio, na
iift. Cocae» do Rio Verde,
Jardim — Fazenda agricnla, era que ta um morro, prolon-
famento da serra do Campo Alegre, as^ás notável pela ma, «k-
laçào e coo figuraç&o.— Vide Campo Alegre.
JmiA — Corre*:^o na faz. Olkos d^Ãg^ua, alHuente do Divisa.
JeqititibA — Etipiúfào» na fazenda Várzea Grande. -- Árvore
di0 construcção, da família daa myrtaceaa, género lecythiá. Ga-
briel Soares eaereve jiiquitibá^ e diz que ^C* uma arvore real,
^çanbosa na groi^nra e coroprimento, de que «e fazem ^an-
prraa, mesa» dos engenhos e outrae obras, e muito taboado. Tem
i côr braacaceota, é (eve e poueo durável oade Ibe cbovK».
JoÂo Bkrkabdo— Córrego oa faz. Olhos d'Agua, affluente
do Âieia Branca,
Joio Perkíra— Córrego, iin fa». Lagoa.
RAOLiN^Hor decreto de fi de dezembro de ISÍÍOi foi con*
cedido privilegio ao Barào do Rio Pardo para explorar, neste
njaoieipio, aquelle mineral, ftilicato de potajiaa e quartzo. Com
reUfio ar? kuoliii, egcrevem o Diário Ihpular^ d» capital: «Damos
Abiíxo o resultado da aQalyse a qne o sr. Francisco Aiíari pro-
cedia na argila branca encontrada tios terrr^noa da fa^^eoda do
n. Barão do Rio Pardo, em Casa Branca, e reputada como a
aelhor para a fabrica de louças e porcelanas. Eia o documento,
ri ob^equiOia mente uoi foi enviado: «Aoalyse de lOOgrammaa
argila branca, qtte se acba nos terrenos do illm.*^ Barào do
m^ Pario:
Agua hygrometriea . . * * . 1,40
Agtta de combinação 6.33
Silica 71.25
Carbonato de eal 2.10
Àluminio ........ 11,35
Oxido de ferro (traços imperceptíveis) ....
Magnésia ...,,,•, 0^40
Potassa (traços imperceptiveis) . . ....
EesidaoB n4o argilosos . , . • 7.00
Perda , 17
100. uo
ia branca, marga infuzivel: A^c^/zn (grupo doa silicatoi),
na manufactura da louça. S. Paulo, 27 de dezembro
Pa^íícisco AsiARi, 6íigí»nbeiro».
AntHHA Fazenda de caie.
iH^^Corrego, na faz. Cocaes.
\JÔA — Capão, na fazenda Paciência— Es taçào da E. de F.
â, iLdste municipio, no kílom. , • . « entre Orindiuva e
— ÍU —
Cocaes.— Fazenda agncolaj pertencente a Joào Pereira de Castro
e outros, situada a 18 kilomg. du estação de Tambaliú e a 12
da de Carrego Fundo, cúth as qutiea se commuDÍca por bons ca
rainbõa. Tem por divisas m fazendaB da Várzea, MorriíjhóB,
Sào José da Serra, Bebedouro e Bom Snccessio. O aspecto g^eral,
relativamente ao systema orograjihic^s é ponco montanboso, coin-
pondo-se a fazenda^ tia Bua total idade^ de lerras manchafiaSi toda&
consideradas altó>', visto estarem colocadas na serra do? Mor-
ri nhos e alg:umaâ na altíttide de 900 metn s> O Bjstema bydr^-
grapbico é representado peloa corr*^g:os das Fructí-iraa, Maca-
bubas, Moreira, Lagoa e João Pereira, que têm por tributarioi
lacrimaes e pequenas vertentes. E' coberta de cerrados regulares
e rain« e de boas matnB« onde abundam af? madeiras de con
etrucçào, como— peroba, óleo, jacarandá^ araribá, coraçfto, piaritá
canela e cedro. Na composição get lógica ár télo piedooimam
a terra roxa (argila ferruginosa mangaoesiifera), as argilo-are-
nnsas, as argiU -calcareas e as bumiferas. Pela medição judicial^
feita em 1897, verificou-se ter a fazenda a exteníiâo superficial de
1,395^ âlj* TS,*^ — Córrego, que banba a fazenda do mesmo nr^me.
Lagoa dq R- ciia— - Logar oa fazenda de Coca es, — Vide
Rocha.
Lagoa Formosa— Fazenda que, em virtude da lei provincial
n. 51, de 30 de abril de 188*2, foi transferida do município de
Sào Joào da B -a Vista pa a o de Casa Branca e, sendo revo
gaJa essa lei, tornou a pertencer áquelle municipio.
Lagoa Gkakdb— Lagôíi de grandes dimeniôes, fronteira á
estação dn mesmo nome, na f^z. Olboís d'Âgua.
Laoôa Skcca — Antigo pouso, na giande estrada de rodagem
para Goiáí, a 3 léguas desta cidade.
Lagoa Vi^rd^;— Linda e grande lagoa, toda cheia de veg&
taçilo, a pequena distancia doa Olhos d'Agua, em cujas proii-
midades havia utn pouso dn estrada de Goina.— Logar, na estrada
de rodagí-m para Mogimirim, aseim chamado por cauía da vcee^
taçào que pobre quasi totalmente a superticie de duas grandes
lagoas mui próximas uma da ou ta. Óyperíiceas e outros vege-
taes palustres mal deixam perceber de lunge a exi&tencia da
agua» parecendo a lai^õa uma campíua verdejante, onde de^tacase
o branco cândido das in nu me ias g^rçiis que para a!i afflui^m.
Povoam eguiilmente estes terrenoa alagados, legundo ÍDfbrmaçòe&
do logar, muitos jacarés icrocodiUus scl€rr/ps)t de que ha grande
receio (Taunay).
LAGOiNHA^Faz^nda ne^to di^trictn, a pequena distancia da
cidade. — Córrego, que banha a fazenda de seu oome, — Grota,
na faz. Várzea Grande,
Lasibahi — Vide Alambary. — Fazenda agrícola.
Lambsiior — Fazeiída n^sto municipio, hojo denominada Be-
bedor (ou melborment© Bebedouro). PertOLicêra ao conselhfiro
Diogo de Toledo Lara Ordonhas^ fallecido em 182 6j de quem
I
- 166 -
•seieva Ãse?edo Marqa^s : «Em aua vída bavia feito doação á
Sftota Casa d« Miaerícordia de iua cidade natal (São Paulo) de
Ofua fazenda chamada lambedor ^ nai margeDB do Bio Pardo,
diatncto da entào villa de Mog^imirim, a qual foi vendida e aau
ftodacto iippUcado á conatmcçáo do actual hospital».
LaaçADOR — Córrego neste mun.
Laxcbi RO — Córrego na íok. Olhos d'A^ua,
L A KAXJ AL— Quartel rfto do districto policial de Cata Branca-
Fazeiída apícola >
L A vRiiiHa— Cónego, afHuetite do Cocaes^ bauba a fazenda
da PrsCA,
L*2AJtKTO — Â doii» kiloi^etroB, mais ou meDoa, da cidad»,
eolre o Cemitério MuDÍcipal e o Hoisjiita! de laoiamento, no
kcal Papagaioií^ e$ti ediJiL-ada uma cata destinada a lazareto
pa>« YarioioflOB. Mandada construir pelo coranel Hoaotio de
âil». «m terrenn para bso cedido yur Joté Antcnio Teixiúrar
foi «nlregne á Camará Municipal a 12 de junho de 1838. Tem
anae»^ am pequeno cerni tt^rio.
Lm^EiEo — Córrego na fazenda da Prata, tributário do Ja«
gBan. — Fazenda agrícola*
ííCJí* Gaha— Rua, antiga dos Carros, A nova denominação
f&ííht dada em homenagem ao illuatre abolicionista Luia Gon-
[ «g« Pjqto da Gama,
I MacÀCo — CorregOi no districto de Itobi ; estabelece limites
Ido« mnalcípiM» de Sfto Jo^é do Rio Pai do e Casa Braoca.
MâCAHUBAL — Correjço na faz*^iida La^jfòa,
Map»*— Córrego, íift\ do Pederneiraa, na faz. Barreirn. —
P»iuo. na antign eatrada de GoiáB, e de que escreve, no seu
Itín^rarit/, o Vi*çaude de Tauníty ; « A'* nove horas da manha
deixou-ie o pouso íPaeseucia)> e, camiti bando para N., eucon-
tftt-se a 3f'JÒ baças, maií ou menos, um pequeno rancho á
I margem esquerda de um córrego iusignifitíiiite, que dirTge-ae de
N para S. ^ á légua © meia o novo rfincho do Mafra, depois do
qxiaí, por teireuoá accideiUado* e cobertos de mata, na qual
aúbamos uma delicadiesima orcbidea (talvez do género odonlo-
gloi»), com ílorezinhaa de um roxo suave, chegou-se ás margena
dii rio Pardo, a duas léguas da Paciência. »
Major Leonardo — Rua no património da Lagoa, assim de-
aomiuada em hrnra do major Manuel Theodoro da Silva
L«ciiJ%rdo,
I Mambuca— C**rr go.— Esfmcie de abelbn^ conhecida em Goiás
j [Coutai de MagahãÊJt) \ e também em Mina». Sfbastiáo Paraná
ctaftiitica-A no género mellipona fXtieUa.
I Masg^bkiras — Potreiro oa fazenda Cocaes do Rio Verde.
IMARACAjt)— Fazenda Agrícola cjuh, ^m virtude da lei n. 77,
dft 17 dfj junho d« 1881» foi desmembrada do manicipio de Pi-
I raisaoaaga e annexa ao de Ciísa Br.inca ; pr rtence hoje ao de
San la Crms das Palme iraa, — Vocábulo tupi, corruptela de nmra-
^ I6è -
eaji^u, si^ificAndo rio do marftcajá. MarAcajá, Eegtindo eeereTe
Moreira Pínio, é nome vulg^ar de uma papecie de gato indígena
e silvestre (fel is pardalis, Neuw), tamb^^m chamado g&ttt do
mato. Costa Hubim escreve maracaiá, origiuario do guarani
mbatacaia, p^ato bravo.
Maííechal DsoDORn — Ántiga denominaí^âo da rua Coronel
José Juho, dadii em lioiira ao marechal Manuel Deodoro da
Fonseca^ primeiro presidente da Republica.
Mário pous —Fazenda agrícola. — Palavra composta, aig^nifi-
caudo logar ou cidade de Maria. E' combinação do vocábulo
Maria e a partícula grega polis.
Mata db PiEâSSUNUNOA— Antigo quarteirão policial, hoje
eitincto .
Mato Grakdb— Cíirrego, aff. do Sâo Pedro.
Mato Skcco — Fazenda agricola, pertencente a DomingDs
Vilela de Andrade, — Corregro neste di^tricto.
Matriís — Praçi, asaim denominada por se acKar abi i^ifi-
cada a e^reja mntriz. -Travessa libando a praça dei» ta denomi-
nação á rua Capítào Horta,
Melgue IRA— Primitiva denominação da fazenda Mariopolii.
— Fazenda agrícola.
Menino Dhus — Pequena capela á rua 21 de Março.
Mercado — Antiga dí^nominaçáo da rua Francispo Glíccrío.
Mesthe Araújo —Rua, as^im denominada em bcme^nagem
ao antigo professor Francin-'o José de Araujn,
Mbxican A— Avenida do Novo Bairro,
Micuaelbnsk — Vido *L.^inta Michaelense.
MiNBiRos — Travessa desta cidade.
Mineração — E' corrente que na cidade e muoicipio de Ca^a
Branca jamais ae tratou do mineração, DUso encontra nos prova
cabal num livro existente no cartório da policia, e que eervin de
protocolo do juizo municií^l. Esae livro, numera io e rubricado,
tem na primeira pagina o seguinte termn : « Eate livro deve
servir para o t-r. Tbomaz Carlos de Sousa, ou quem por minba
ordem suaa veaea fizer» na qualidade de meo aecret-o Agente,
lançar a quantidade de oirn em pó» e em barraa que comprar,
ou guiar- me da villa de Mogi-mirim, e seo extenço Termo : vai
numerado e rubricado por mim com a Rubrica de que uzo, Sào
Paulo, 3 de juuLo de Í820. Manoel Rodhigues Jordão, » O li*
vro coQservou-se em branco até 24 de novembro de 1650, data
em que foi destinado a protocolo da audiências.
Mirim — Vocábulo tu]>i (adjectivo), significando pequeno, para
distinguir objectos menores que outros : Mogi-guaasú, Mogi-mi-
rim.
MiSBBicoRDiA— Rua que liga os largos da Cadeia e da
Matriz.
MocóCA — Cidade, edificada em território outrtra pertencente
ao municipio de Casa Branca. Foi fundada em 1846^ por ta-
^ 167 -
2«Qdeiro& TÍados do Minas, For lei de 5 de abril de 1856, ele-
TQQ-»e a pp\c*a^ á categoria de freguezía, com o uotne de Sào
Sebascifto da Boa Vbu ,- pela de 24 de isarço de 1871 á de
TiUa e pela de 8 de abril de 1875 á de cidade, com a denomi-
iiaçUo de Mococa, O património fui lhe doado em 1 847, como se
vè do aeguinte documento, exirabido de uns autos de posse judi-
cial, ex is tentes no primeiro cartório de Casii Branca:
lUmo. sr. juiz mnnicipaL^Diz FeliciBsimo António Pereira,
nik qualidade de fabriqueiro, e assiiu tbe sou t eiró e procurador
da nova capela de S* Sebastião da Boa ViatJi, por nomeação da
Cauiara Municipal da vila de Casa Branca, de conformidade da
lei, em r»zao do logar e terreno em que se acba ella erecta
perteo cerem boje a este município, e como para que na o esma
te coQtioue na licença da celebração do ^anto sacrifício da Mii^sa
»«ja precií^o reconbecer-»e quai vem a ser o seu património, e
dere-se-lbe dar posse judicial, e para esse fim veiu V. S. a
ette log-ar á petição vocal do protector da mesma pia fundação,
Venerando Ribtiro ta Silva: é o presente requerimento a V. S,
te firta preceder ao reconhecimento, demarcação e acto de posse,
como achar de direito, para o quti apresentarei oa titulas de
íoaçftú em que consiste o jjatrimonío,— P, a V. S, se sirva de-
ferir como fôr justo e \e^R\,—D€ítjxicko> — A. venha concluso.
Sio Sebastião da Boa Vista, 4 de dezembro de 1847.~Caeva-
lao m V^scohXBLLOs.
Conclusos CS autos, o juiz den o seguinte despacho:— Apre-
leate o impetrante os titulos de doação, reconhecidos por tabel*
li&o, 6 declare nos autos os nomes dos doadores, e de quanto
cada um, e a tomma total em g^eneros, e seu valor cm dinheiro
00 presente tempo, e logar, e de aecòrdo com o fiscal nomeie
dois peritos lavradores para darfm o conhecimento do espaço, a
confrontação e demarcação do terreno que faz o objecto do auto
de pobse, que se requer.— Carvalho e Vasconcellos. — Apre-
sento pa^a ser visto por este jnizo os titulos das dcaçôes doa
terrenos, declarando que os doadores t&o os seguintes; os quaea
títulos foram reconhecidos pelo próprio tRbelliáo da diligencia.
Doador primeiro, Venerando Ribeiro da Silva, comprou e doou
para o património de S. Sebastião, 10 alqueires de terra de cultura,
romprou n Domin^^os e sua mulher, como consía dos títulot^;
Salvador Pedro de Moraes e sua mulher doaram ao mesmo santo,
para seu palrimonio, dois alqueires de cultura de matos, como
c usta dos títulos; Emygdio António de Jesus o sua mulher
doaram um alqueire de cultura; José Pereira dos Santos e
soa mtilber doaram ao mesmo fiaiUe uma quarta de cultura,
como conKta da escri|ttura; Joaquim Gonçalves de Moraes e sua
laulher doaram ao mesmo flauto três oufirt^s de cultura; José
Gomeii de Lima e sua mulher doaram dois alqueires de cultura
e deram mais 14 alqueire» de uma troca de um terreno, como
consta da escriptura; Domingos António de Castro e sua mu-
— 168 —
Iher doaram 3 alqueires de terras d© cultiirs, cotno eoo«ia da
escripturâ. Vêm a somiuar todos ©ete& terrenos em 33 alqueires^
08 quafts fora Dl avaliados era lOrOOOi que frtz a aomnua d©
330;0CK1, 6 tendo de acc rdo com o fiscal nomeado peritos lavra-
dores, para dar o conhecimento do eapaço, coRÍVontaçAo o de-
marcação do terreno^ em q\i*i %e comiirebeu^om aquellea uame'
ro^ de alqueires e qne iii:um !»ervindo de patriíaonio da deno*
minada capela d^ táho Bubastiào da Boa Viata, em cojo meio
ge acha edificada a capéla-
Declara-Be que todo ©st© espaço é próprio para plancaçAo,
aem alufçadiços © atraves&ado por um córrego deaoinínado Car-
rego do Meio. Quanto a suas confrontações, »kõ as seguintes:
pelo lado do auL divida com António José GomcB, de um lado
6 onlro do córrt^go, e pelo lado do nascente diviza com José
Cliristovam de Litna, e daqui, em toda a oircumíerenein, divÍJ&a
Cf>m todos os doadortís, porque este terreirrp é tirado das fazen-
das doa mesmos doadores, os qnaei^ vivem ©m comznum. QuadIo
á demarcagâo fica assim feita, só sim faltaudo pôr os marcos^ m
quaes vôo &er postos na presença dos doadores e co trontantei,
lançando se m&o de todos os meios necesTiarioP, afim df^ fii:£irem
os marcos aos quatro ângulos extremos, c*'m a exactidão poB?«i-
veK São Sehaatiào da Boa Vista, 4 de dezembro de 1847.— O
fabriquei PO, Felicíssimo Axtonío Peki&ira, — Framci&co Vbsak-
cio DíC Bigufii RA.— Francisco Moreira KoUKiGUEs.'-Em visia
da declaraçào do impetrante fabriqui^iro, de accordo com o fis-
cal, e acharem se reconhecidos os títulos de doação, qut^ ficam
em poder do mesmo fabriqueira, de a^^^^im estar reconhecido o
es[iaço e valor do terreno, e sumb confiontâçÕes. em cujo centro,
ou meio, te acha colocado o edificio da capela» d© que f«ã e
fica aeudo patnmoaio, proceda -se ao auto de po^se do mesmo
patrimotiio, com as devidas íormiilidades, e da mineira a mais
publica, que em nome da capela será tomada pelo mesmo fa-
briqueiro, e aasignfido por elle, e pelos mais concorrente», que
a esf© auto forem presentes. Sào Sebastião da Boá Vista, 4 de
dezembro de 1847.— Carvalho k V&scokcelz.os,
Auto do pvfiÉS»e
Anno do nascimento de Nobbo Senhor Jeaus Cbristo de mil
oitocentos quarenta e sete^ vigésimo sexto da Independência e
do Império do Brasil^ aos quatro dias do mes de dessembro do
dito anno, nfleta capela de Sáo Seba&tiào, munícipio da vila de
Casa BrBní-a, da sétima comarca da imperial cidade de S. Paulo,
em o adro da dita capela, onde se achnva ív juiz municii ai pri-
meiro supplt^ute, o cidadão António Jotié Teiíteira de Carvulbo
e Vasconcellos, commigo e>ctivào de seu cargo, ao diante no-
meado, adjunto com o í^fficial de jut^liça Beveriano Constantino
Pereira, para o eifeito de lavrar o pre&eute auto de posse judi-
^- 169 -
ciai no lerreDO do patritnonio doado á djui capela, e eotno dito
património já e^tívt-s&e reconhecido do espaço de ^3 alqueir^B
dâ plaota de milbo^ e as^tm eile terreno couíroncado, avaliado
em 330:000 em diiibeirn, em meio de cujo pãtrimoDÍo se acba
edificada a capela, eeg^tindo con&ta dos autos, mandou o juiz dar
po»>e do meneioBado património da eapéla, ua pessoa dti rcIuaI
labriqueiro e procuradi^r Felicíssimo Ãotonio Pereira, a este se
Ibe deu po&^e jadicial e formisl, paesando-se o juiz para a porta
principal á& capela, mandando apregoar a posee, em díilerente
ponto do terreno, era repetidas veses, pelo official de jufetiça, era
logar do porteiro, e achando aera companhia, o mesmo fabri-
qneiro o recebeu, em sif^ual de ler tomado a dita posse, em no-
me da capêlrt, de Bua legitima administração e de teu patrimo-
mo, cortou ramos, tomi u terra e lançou ao ar, e aspím ioram
deaanipeiibadaa as cerimonias do ebtylo. E como eate acto íoi
publico, e se não manifesta^âei Dpm pre&nniis^te f pposiç&o algu-
ma, houve o juiz a posse por conferida e tonada judicialmente,
do que» pãr» constar a todo tempo, mandou lavrar o presente
auto, que asaigna com o fabriqueirOf assignando também o fis-
Cil, o» doadores e os conffi nteiríj&, que se achavam presentes,
as^im eomo outra» pFseoas do togar, que testemunbaiam o acto.
Eu, Manuel Rufioo de AranleF, < scrivão^ quí* o escrevi.— Car-
valho E VA9C0SCELLOa~PKLIf;[381MO AsTONtO PEREIRA — FeVK-
BlASO CONtJTANTLNO PeREIBA— O fiacal^ JoAQUlM JosÉ FeHEIHA —
José Gombs Lima— Vesbuan o Ribeiro da Silva— EmyíiDio
ANTÓNIO D» jEâUS — A rog-o de Domingos António de Coito,
JOAQOIM MaNOKL da CeUZ — JoSfO ?ETlElHA Lf)B SaNTOS.
Eíste auto foi julgado por B6ntença a 15 de de^t^nibro de
1847.— Situada a 2V 25 de lat. sul 3"43 Irng do Kío de Ja^
netto, dista da capital 34ã kilom.< de Casa Branca 65, de Mc n -
te Santo 40, de Sèo José do Rio Pardo 30, de Cajurú fíO, de
Gua:xupé 44, de Santa Barbara diis Canoas 40, e de Caconde
42 kilnm. Km 1846 algun» fazendeiros do sul de Minaa, que
aqui vieram caç^r, ao depararem no meto da mata com yarias
casas cobertas de sapé, denominaram eeta localidade Mocócai da
palavra indígena fcasa pequena e ruim), denominação que con-
lerva até boje. Foi creada fregueda, com a denominação de
Sio Sebastifto da Bòa Viata, em 5 de abril de 1856; elevada a
rilla em 24 de março de 1871 e a cidade, com a denominação
de Mocdca, f m abril de 1875. Ã cidade é edificada entre duas
colinas «ua7(*B e de egual altura, sendo dividida eru duas partes
pelo ribeirão MocÓTa, que atravessa toda a cidade {Aljttfjjmk da
Eitfado de São Pauío). —Vocábulo tu(ii, corruptela do mot^uoca.
MocaócA — Voc«Hulo tupi ; higdifica ^ casa de moco (mocó-
oca). Segundo Josa* Pompeu, mocó é um quadrúpede da ordem
dos roedores (kerodon mocó), que »e encrntra \m Fauna do Cea-
rá—Vocábulo do dialecto tupi do Amazoufis, (Seixas), Tem a
mesma flignificação de mucuóca* — Vide Alococa,
- 170 -
Modesto— Córrego, aíBaente ão ribeirão da Prata, nafassenda
deitt! nome*
MoGi-0 DOme Mogi (rio das cobras), tfto frequente na
geo^rapbia paulista, é amda um vocabalo guarani , apezar da
aheraçAo por qu© paleou. Mogi, em outro tempo escripto boígi,
é fti*tiplesmente cuiruptela doB vocábulos s^uarauis: mboi—gí
(Thbodoko Sampaio).
MoGi-ouAçú— Vide Mtjgy-guasftú.
MuGY-oiTAítHú — Rio considerável, afflueutft da margem direita
do Rio Graudn ou Haratiá. Naâce no campo doa Ciganos e é
formado de varias verteniea no território de Camandocaía, to-
mando o noTie de Mog'y'gnassú depois da ©íia couflueucia do
Jaguari- mirim. Seu curto é de 90 a 100 léguas, ou 660 kilo-
meiros, pouco mais ou menos, na direcç&o mais geral de fué&te
para noroéitp, recebendo como affln entes os rios Sào Panlo^ Mogi-
mir»m, Tucura» Itaqui, dag Pedms, Taquaratan, Itupeva, Ja^ari-
mirim, Pardo e Gambá, os ríbeiriítís Engazeiro, Canoas. Doiairmftívi,
(um da margi^m direita, f>utro da esquerda), Botufím, Quilombo,
PantÉino, Garça Branca, Agua- pé, Meí, Piaubi, Gariroba e
Caasununga^ e os córregos Barreiro, Perobas e Tapera. Depoii
de batibar a povoação que delle deriva o nome, percorre o Mogj-
guai!6Ú a oéate os territórios de Silo João do Rio Claro, BrotASi
Limeira, Piracicaba, Pirassununga e Belém do Descalvado e a
este os de São Sim Ao, Franca, Batataes, Casa Bnmca, (1) e
outros (Machado dk Oliveira^ Vaz í»k Míllo — Azevedo Mar-
QuiB),— Palavra indígena, compo^ta de vingi, mogy, fTitigyt F'U.
mojâ (corruptela de moxt: — nas mÀa boras) e guasaú, grande,
maior, sif^nificando— /ocu^y infauattm major, segundo Martius,
que escreve Mogi-guaçd.
MomOBS (JuBiMADos— Faa, agrícola.
MosjoLiNHo DO Rio Pardo — Fazenda neste município em 1829,
MoNjòf.o — Córrego nn antiga fazenda de Cocaes.
Mont^Alvehnb — Fazenda neste município, pertencente a
Ernesto Ferreira Coelho.
MoBKmA^Gf>rrego na fazenda Lagoa,
MôRRo — Fazenda agrícola, peitencente a d. Maria dái Dores
Nogueira de Carvalho e outros, deBmembrada do municipio de
Santa Cruz da:i Palmeiras pela lei n. 75, de 7 de abril de
1885- — Ribeirão, na fa^, deste nome*
MòHttO DA Dgm^noa -Logar na fazenda Rio Doce.
MôRRo do^ iLHÉos^Vide Uacbootra dos Ilbéoa.
MoUTES -Capáo, ne&te dií^tricto.
Mdsquitob — Córrego, na faz. Sào José da Serra.
M uc uóc A ^ Voe abulo i n d i ge n a ^ b i gni fica n d o ^ cerca I ig«ira -
mente construída no» riachos por meio de páua fincados a prumo^
ilt €om K Ctêaçla do mtui, de Sinta Cnu dki Patmetrim, dttlxam n 4» Cftta Brmnea
di ief bJMLÍudQ pel9 M&gl*£aiM4.
- 171 -
ramo d© amin^ra e tojuco, afitn de paralyaar um taoto a cor-
rente da agita, e dar logar á pesca chnmada de gapuia (Babka).
— ^Vide Mocoócft.
Municipal— Travessa^ Hoje den minada rua Coronel Lúcio.
Na»ci?issto— Com 6»t« nomo encootra-se, nas actaa á&
Camará \4uiiícípa1, a deBÍg-nação de uma rua desta cidade em 1851.
Negros— CapãOf na lazenda Cocaes.
Nossa SaNuoRA^Potreiro, annexo á cidade, pert^jncente á
BgreJÁ da paroebia. Foi doado por L oure nçi» Martine Leme, falecido
a 2 de janõirõ de 133B, que em Beu testamento fez a seguinte
dectaraçio: «Declaro também possuir umíis partes de terra)» por
compras, ne^te sitio da Cafia Branca, cujos títulos existem em
meu poder, e delles bâo de cotistar seus valores; e da parte que
comprei a Manoel Ig^nacio de Almeida, detta, o que houver de
campoi, a morade dou-a de esmo la a Nost-a Senhora das Dorea,
aoBsa pndroeira».
Nova — Nome primitivo da rua Sete de Setembro, antes de
clbaaiar-ae da Palba.
Nova Caba Branca— Bairro, na ettaçào da Laj^ôa, onde a
Gamara Municipal possue um património d« quatro alqueires de
terra, por doação do major Manuel Theodor-' da Silva Leonardo,
E' também denominado Património da Lagoa.
Novo Bairro— Bairro suburbano, locado acima da (istaçao
da estrada Mogiano, com uma área dti 66,86 bectarcis oe 27,^*1
alquetre*, dividido cm quatro (erim^lros c fni 2 alainedas (Pfltl-
lítta e Urníuaia)j 1 largo fEstHçíio), I praça (Hepublira), 4 ruas
(Guianas, Guaraciabn, Guanabara e Itaptma) e 13 avenidati (Ja-
guari, Caiobi, Inajá, Argentina, Chilena, Periiana, Boliviana,
Equador, America, Guarani» Cubana, Mexicana, e Colombiana) e
527 datas. Os terrenos deste bairro íoram adquiridos pela Ca-
mará Municipal, por compra a Francisco Nogueira de Carvalho
e fazem parte do quinhão que, na divisão da fazenda Casa
Branca coube a Serafim Caldeira Brant. Ãu^entando-fse este,
foram os» terrenas vendidos a António Joaé Teiíeira, em hasta
pnblica, a 26 de setembro de 1864. Por morte de Teixeira e
invtsntario feito em 18" 1, foram arrematado* por Aureliauo Mo-
desto de Casiro, qUH os vendeu a Francisco Nogut^ira de Car-
valho, a 5 de dezembro de 1889, havendo-os a Camará por
e-criptura de 29 de março dfi 1896. Em 1837 foram demarcados
pelo agrimensor Joào Carlos Ferraro.
0'<jA-CAai— Nnme que em tupt ísignifica — aua branca, e
pelo qual suppoe o engenheiro Pedro José de Paula e Silva ter
sido conhecido o local onde se «pseota esta cidade. Conrado,
em seu antigo mappa, cita o Fara-Q*cu-Cíirif ou rio da casa
branca (Ãlmanak de Campinas, 188G),
Olhos — Capôo, na fazenda Paciência- — Correguinho, na
&2€uda Barreiro, afflueute do Pederneiras.
- i7â -
OLHOB^D^ÂauA—^Pfiqneno ribeirão, a meia lugna dr* Jag^uarí-
mirim, de que e alHueate: è atraveeando pela antiga «girada da
Franca,— Pazentla ngricola e de crear.— L?>gôa Bâccaf jA amm
conhecida em 1830,
O Nç*— Córrego iiéBíe districto ; fass barra no Tambahú, —
Fazenda agrícola.
O Kl sDiúvA^ Estação da Mogiana, no kiloro, 144, entre La-
goa e Engenheiro Mendeg, — E»pecíe de madeira, da família da^
leguminosae. E' de côr vermelha escura, tecido compacto, e
muito apreciada por sua lijeza e duraçfto.
O RTiz(<::s— Córrego que Hmita oa muuicipios de Santa Cru;;
das Palmeiras e Casa Braaca, Deriva sua dmt minaçíko do ap-
pellido OrtiZf de lavradores que moravara á fcua margem, como
António Ortiz de Camargo © José Ortia de Camargo. E' tri-
butari'> do Cocaes.
Paciência— Antigo pougo na estrada de Goiá», onde for
muito tempo residiu o capitão Manoel Thomaz de Carvalho.
Junto cnrre um córrego com o n esmo nome. Das edificações
não re-ta um vestígio HÍquer. — Fazeoda agrícola pertencente ao»
herieiros do capitào José Venâncio Villasboas e outros. — Córrego,
que banha a fasceuda do mesmo nome. — Taunay. no seu Hhié-
rariOf diz: «A um quarto de légua do Tambahú, levaniou-se
ha pouco (IB65) um rancho, correndo raaia adiante o córrego do
Passatempo. Cora mais 2no braças, acampou-ee no pouso da
Paciência, perto do ribeirào do mesmo nome a rumo O, A es-
trada que ahl vai ter é quasi toda traçada em campinas sem
arvores, havendo apenas seiscentas braças de matas nas margens
do Tambahú»,
Paço MusícifAL — Edificio pertencente ao município e em
3U6 fuaccionam a Gamara, aâ repartições municipaes, o tribunal
o jury e HB audieociaa dos juizes e que serve egunlmente de
cadeiH publica. Foi inaugurado a 3 dB março de 1S8B,
PàiPíEiRA — CorregOj na faz. Morrinhos
PaióL "Fazenda agrictla. -Córrego na faz. da Várzea. —
Córrego, utt fazenda Campo Alegre i afliuente do Tubarana.
Paisandú— Travessa ,
Palha— Antiga denominação da rua íSete d© Setembro, a
teve-B, segundo diz a tradiçílo, pelo seguinte facto: Jacintbo
Ji sé de Sousa, conhecido por Jacintbo Meirinho, morava na casa
que hoje pertence á hera ça de Luis António da Silva, ttnha por
costume bater arroz e deixar sempre grandes monte» d© palha
na rua. O povo, á falta de outra denominação, deu-lhe aquella.
Palmeiras — Córrego na fa«t*nda da Prata, tributário do Bio
Feio. ^Córrego ; corre ao sul e desagua no rio Pardo.— Travessa
Falubiras da TEEiRA-VERMEtJiA— Fas^enda agrícola, oesta
comarca, de propriedade de Jwé de Vasconcelos Biteoeourt»
Joào Caetano de Lima e outros, que pertenceu primitivament*
ao conde de Valença (Eatevam Ribeiro de Hezende), Tsm a
F
- m —
BTiperfieie a^rftrla dê 824,3 hects., e foi dividida judicialmente
em 1884- Eitá coHocíiíla na fralda do Èprra do Jflrditn, e ba-
DbaTD-Ti'a o rio Tarobabú e ob correg'09 Preto^ ÁrtependjdOj Sal-
gado, Bebedoaro, Tijuco Preto.
Palmsibas do Cerrado — Antigo quarteirão policial, hoje
extirvcto
Palmeiras do Tambahú- Fazenda sisrricola, boje dividida e
com diversas denominações
Palmital— Capào, próximo á cidade, na cbacara 8*11 ta Iria*
— Vide Guariroba — Correg^o, ria fase Lag-ôa.
Papagaios— Capào e logar, a jequenw dÍ6t»ucia desta cidade,
onde estào edificados o Hoi-pital de lEolamento, o La^^areto de
Yarioloaoã e o CHmiterio Munícipnl,
P ABA CATÚ— Fazenda , no bairro da Vargfem Grande.— Vocá-
bulo brasilfiro, corruptela de piracaiú^ i-igniâfando peixe bom.,
(pirá catú)
Pahaiuba— Rua do patrimoniíí da Lfl{rí»fl-— Vocábulo brasi-
leiro, q|ue significa, segui! d o frir^i Maiiaííhão^^ — peíie mau; cor-
np^lo de pirà-aiba; h Btiguudo MiLtiKT de SAiNi-Am)i.rBK—
rid da agua clara, Ei-m ^ignificeçío é enívda: a vejdfideira ê
^Ho mau (para, rio; abiba, iiiáu)i coDfoime cohstatarou) Var-
2rn«GaN e Macboo Soake .
Pabaná— Rua do patrimoDÍo da Lagoa, Vocábulo tupi, que
lignifica rio. Gtimeça a aj^glutinar-ae em [ araná— parAnatri ( J ,
YsRisa mo). Na Jing-aa tupi a palavrA pará-ná giE^nifira «pro-
Xiíuo do mar» í poré^n oft indígenas itidicavfcm com eftse nome
toio e qualquer r(0 grnnde (JoAo Mrndes)- No dialecto dos
CaJto^irus^ BPfTUudo CoLfTD DR M AGALHÃBÍ*, parfloã é cónego.
GocD a significação dn rio o dào Costa b Silva e Oi^gah Lb*l ;
e de rio grande, parente do mar^ Macésdo So>^R^s,
Paraííã— Vide Paraná.
Pardo— Vido Rio Pardo.
Passatempo — Córrego, na faz. Morriíibop, tambetn cíubfcidf»
pttr Pimenta; banba eg-ualmente a faz, Facienr^iti.
Património da Lagoa — Vide Nova Casa Branca.
PAu^BRAKco^Corieguinbo, n^ fazenda do Barreiro.— Crrrego
na faz. M rnnbaa.
Paulistas -Travessa; liga o largo do Rosário a diversas
mas. — Alameda do Novo Bairro
pBRDENElfiAfi — Corrego ^ffluPDle do rio í^ardo — Pequena
«erfa que BUrge ao noite da terra do Araniquarn, entre os rios
Pardo e Mogi-gna&sú, a n* roéj-fe da cidade de Casa Btanra, em
meio de ura terrirorio deaioberto, e adaptado á industria pastoril,
que tem ali «grande applicação, Corru a serra de eudoéste para
noroeste, e na extremidade deare rumo ergue-se ura grupo de
montanbaa que tem o nome á& morro da^ Pederneira^, e ae
identifica com a lerra (MAcuano db Oliveíra).
pKDRAS—CorregOj afli do Cocae»,
- 174 -
Pedrbgulho — Cortego neste districto.
pELOUEiNHo— Poste colôciftdoiia praça pubUca para nelle «erem
ainarradoB os criminosas expObtos a ignominia- Era também ár^-
tioado, de prelVrencííi, ao &iipplÍcio doa escravos que deviam ser
açoiradoB. >e -astião Paraná diz que o pelourinho, de uiu ma-
deiro grrosBO e lavrado nas quatro faces, continha quatro argò aa
de feno, braçoa pelos lados e um cutelo uo remate. CoxaTAHCio
dá o pelourinho c<vmo uma columna dfl pedra, n*niatada por pontas
de ferro^ onde se «spetav^ani as cube^aa dos de^^olndos, e tinba
também arjç^ólas onde se podia euforcar. Em Ca^a Branca existiu
o pelourinho, ali á mar#»-eai esquerda do Espraiado, ao terminar
da travessa dn Constituição. Com o andar dos tempos a areia,
subindo, sotterrou o instrumento infamante. Si se fizesEem es-
cavações, poderia ser defcoberto, pois, serrundo a tradição, em
um madeiro bastan'» comprido, ã um officío do presidente da
província, perguntando si exíi^tia aqui o pelourinho, a Camará
respondeu que nào. Seria curioso si fe conseguisse desenterrar
o famofio padrão e conservai -o como recordação histórica.--' Cos-
tume era de nosar^s antepa^Bado» levantarem lo^o um pelourinho,
quando Ee lixavam em qualquer parte, com intenção dt^ fundarem
um arraial. Desgraçadamente oi brasileiros nào ignoram que
pekmrinho é uma p'Cota que ee levanta em loo^ar bem pnblicc»,
com uma argola de ferro f reaa no alto, onde an*arraiu-s© os
escravos para serem surrada s com ba calhaus, Também desgra^
çadamente nenhum brasiU^irn ignora que bacaJhau é um açifite
de correia, com varias v@l*>i^s trnnçadas, e ás vezes com ponta»
de pregoa nas extremidades (Feli* lo d* s S^antob).
Penhora— Fazenda de crear, junto á povi açào. Fazia pftrte
da sesmaria do Lambari,
Pereiuão— Correg^o, na faz, Melgueira.
PEttoBEiRAa-Fazenda» dividida judicialmente e próxima á
povoação de Vargem Grande,
Pkru A NA— Avenida do Novo Bairro.
PiÁGUAçú— Sitio, no bairro da Estiva,— Vocábulo indígena,
cujo significado é — coraçào grande (piã-guaçà),
PiAiJBi Rua do património da Lagoa- — Vocábulo brasileira;
significa rio do piau (pian-hi),
PíÇAiiHÃo— Este ribpirào corre entre os munjcipioa de Casa
Branca e Sfto Joào da Boa Vista e é ura dos aftiueutea do Ja-
guari-mirim, — Antiga fazenda.
PiÇARRÃo DA Lagoikka — Vide Piçarrão.
PiçARRÃo Di> Cemitério — Vide Piçarrào.
Pimenta — Córrego, n"a fassenda Paciência.
PiQUiRA — Lfigar, próximo á cidade.— Cavalo d© raça anà,
natural de Campos dos Goitacazes, e mui apropriado ao esercí-
cio das creanças. — Peixe de ppquena espécie, que habita as aguas
do Paraguai e seus affluentes (Éouan),
P IRA c iií UNG A^ Vi de Piras sunun ga .
- 175 —
FiRASSONONGA^ Estrada de rúdagem^ qué liga a eidade dô
Ca^a Branca, á daqneUa deDoniÍDaç&o,— Voc&hulo tupi, cnja bí-
gnifi cação é — cachoeira em que a agua cai faztmh ruído. A
pniposito da ^raphia desta palavra, a Cidade de ( ampinas^ sob
a epigraphe Quentão inter espante ^ inseriu os segiiintei artigoa,
qoe para aqui trasladamoB :
• Aos mestree
O sr. Ricardo Azamór, fuuccioiíaTio do The&furo do Estado
em cotumissfto do governo ua cidade de f^rassununga, e que
oaa hora» d'ocio eotre^a-se a finos trabelbos int^llectitaes, como
0^ leirores já terào observado pr-r al^uina» venoes hespanho-
lac, publicadas netta íolha, acaba de escrever ao nosso director
UMrário ás seguintes interessantes linhas t^obre dAo menos in-
tetniante assumpto :
«Pira. , .suuuDg^af 21 de setembro de 1807. — Meu distíncto
confrade e amifço.— Â permaoenria que tenho tido nesta cida4e,
cúmo sabe, tem-me pro|iorcionado aígumaE hor^B de de»canço,
que dedico a estudos um tanto proveitostia. A gora ^ metti màoH
ã (fbra^ como diz o vulgo, quanto ao verdadeiro uiodo de escre-
ver o.^, próprio nome do logar. Parpce-me que nÃo é tal
Píro.íífii ..; mas, como officialmente asE^im é e^erlpta a, palavra,
náo posso deixnr de seguir a praie aceita por ordem euperior.
Lembro-me, porém, que ainda nio ba muito temjto Baurã, que
">fficialment6 era eaeripta cora A, perdeu-o, após pequena, por^m
ntilissinia discussão, JVrcusuntinga, talvez seja tão feliz,.,
VêUo-enios.
Como sabe o amigo, ha grande difficuldade de representar
o li gul curai dos primeiros povoadores do Brasil. Mais aepero
ainda que o u francez, foi diversamente representado pelon co-
louoi e missionários. Tem-se observado que no norte (seguindo
o littoral) tem elle o som do t: exemplo, — Ptndotiba^ Itaitindi-
hdj Mangaratiba,
Ao Bul, o aom de «, ex, Ubatiiba^ Caráguáiátuha^ ete. , etc.
Em todas essas palavras (pnrece-me) ha o mesmo elemento
suffixo— fiífia (muito). Um ou outro câso, ao lul {Cori-tiba)
parece estabelecer perfeita identidade. Temos em uso, no norte :
boy-cininga (cobra luminosa ou de olhos de fogo, espécie de
bQy-iatà do sul)- Pira (peixe)* cininga ou cinunga parece ser:
«peixe que aílumia, como succede com quasi todos os escamo-
sos em noite de tuar. O Ucmn^ é o mesmo tucum, só com a
diflerença de pronuncia em certas zonas.
Em 8* Faião ha ainda o Mboini^ que não tem similhante
ao seu modo ^raphico ; t;odos os mais (parece-me) aão represen-
tados por Zm&é, leguudo ba tempos ouvi do general Couto ifcs-
- 176 ^
ffalhã&tf muito vergado no assumpto. Imbetiba (nmito cipó) é
um porto de Macahé (K%tnéo do Rio de Jandro). Ápezar do ci-
vis Tomaniis jíwm, nã* vou com o meu meio, porque tenho que
sttbmetter-me á praxe official,
T7m irmão meu, UleQtoso e muíco dado ao estudn da Ma*
Ujria*, já me iaf^^riaou em tempo q'iB possue um exemplar de
Kacine com o nome do seu dono primitivo, doré hut tranche:
Visconde df? Piraciímnga.
Nftq íichfi o arai^o que é ea^o de falurem oá meatreB, õb
c^mpetHnt-f ? Par<*cp-me quH t;]m» pplo que daqui lhe ènno
©ate ífcrranzet todo. Sí^u afFç+iç^ ad-,— Ricardo Azamôr »
A propósito da carta que abi fica, e fóde ser ohjecto de co-
gitaçòe.i t^ruditas, por parte dos mais versados no assumpto, co-
m''! João Mendes, Macedo Soares. Lafayette de Toledo e
outros^ o uosào companheiro evoca esta recordação:
Ha bon»4 quatorz ^ atiuoB, Alberto Faria era ainda uma
c r ©an ça ; morava e ti tâo em ò\ Carh.% onde f u n d á r a a j4 / tío rocia*
Enire < s escassos collaboradoi-e» desse periódico de roça, mas
de aauioâa memoria para elle, contava-se o dr. Aureliano db
Sousa e Ol veira.
Ebaa lifimpm de superior iatelligencia, espirito verdadeira-
mente culto, nàn exisFo hoje. Residira ali largo tempo, e es-
teve em eví-iencia. pela attitude que aãsumira antes.
Empeiihido no* torneios da liberdade, republicano convicto
e abolu-ionisra df^dicado, publicara a Propaganda e a AUiança^
duas folhaâ de ntag-nifii^a orií^ntaçílo, bellamente redi^idbg am-
hiL$f 6 qutí rivalissiivam com os melhores jornacs da capital da
provinci», naqu ila t^jioca.
Aífafttfldo já Haa lutas politicas e pociaea, que lhe haviam
granjeado inimÍKjHide*, eilieiitando-se a do visconde do Pinhal,
poderoso do logar e chefe de preatij^io, o dr. Aurbliano i>i&
HouBA Oliveira, vivia absorvido do estudo, em una pitoresca
chácara, á qunl iam vÍBital-o amigos raros, porém sinceros.
Achaudo-í^e de uma feit?» na apraaivel vivenda, em conver^
SH com o dr. Aurkluno, Albhrtõ periç untou- lhe qual a exacta
graphia do nome da localidade, que o sr. Azamôr agora deseja
saber.
Aquelle respondeu: Pira^inunga^ e acrescentou em tom
explicativo : Pira, peixe ; eí, junto ; nunga^ fass hulha, Allusào
aos cardumei de peixes, quando voltam da dft&ova ; roíi ando,
Parece-no9 rsstoavel a liçfLo dada ao redactor da Âlmrada,
que na materlíi nâo ft^z grandes prngres?og de 1883 para cá, va^
lha a verdade. -
Entretanto, isso não impede que outros se manifesteDi â
respeito, esclarecendo o caso.
— 177 —
U
Amâ& ft prnpofttto d» graphia eiacta do nome da cidade
Tulgarm^nte chamada PirafMununga^ o estudioso moço RicAeido
AzAMoa dírigixL ao dosío companheiro Alberto Faria b Beguin-
te cartA :
*Pira,, nUTíga, 23 de otitubro de 1897.—
Meu dilecto hmi^o e confrade — A minha carta botiteni
prttblik^ada em a vosati «çtiraada Cidade, appAreceo cotn &l^iin&
erroB tyi^tngrapbicos que serã corivenietiie cnmfjir. Si ai rida
liotiver tem|.«) para esse Bm^ ficar-lhe-ei siiminaaieiíte p<*nlioiado.
Onde a** 1e íiièía í minto), devem ler íuia (mui t**)? é Mau ff ar ali ha
e nfto como aaiu : em vez dfl ao «id {Cftri-tiba)^ eu e&çirevflra
E a propofiiíot ha aqui um cabra velho que garante que
todos o» outros cabrets (le^çitimriB) primunciam Piracmuuga. Len-
do no 9eu eommeotario á minha carta o que S' bre o asButnpto
Ihft dbee ha annoe o illustre morto dr. Aurkliano dr Soítba m
Oliveíiía, penso que nào pôde haver maiB duvida lobre o ver-
dadeiro modo de e^crt^verem aquf^Ila palavra,
Mat# a mais : no titulo imperial, agraciando o falecido vis-
eonde de PiracinuDga, devia estar escripta a mesma palavra tal
eotoo o agraciado «stampou-a do volume de Haci^e, a qun jà
me referi. Coroprehende-»e que nâo seja obrigatório aos vis-
eondpB o conhecimento da ortograpbia, todiivia o frtcto á&^tn (da
FHracinun^a) haver poeeuido o vulumy de Kacih» em sua es-
tante, fa* crer que nâo era nenhum arrebenta-cahre^tííy^
Fe% bem em chamar para o facto a attençào d^ s drs. João
Mendes, Macedo Soarhí4 e Lafayettb dk Tolsoo, pois couai-
dero-os compeientea para resolverem a questão ; as^im como o
já citado general Couto, o talenUflo e estudioso dr. António
FxsA, director do Archivo do Gklado, e outros.
Conlesso-lbe que teria verdadeira satisfaçílo em lôr esse
Dome officiatmente etcrlpto como deve sei -o ; tantd a^sim que
nfco pOftBO insistir em efcrevel-o como desejo, por nAo eoabecer
perfeiíameTite (proh pitdfír ! ) os ditilpctr<s brasilicos.
Saudai^ões do seu afiei coado, admirador e amij^o, —
Ricardo ãzamòe.*
m
Escre?e<-noa o n< aso collahorador, ar, Ricardo Ajumor :
«Fira. , nungii, *I9 de setembro de IB^^I. —
Ao Albbkto Faria,—
1iii<;tando a que&tâo sobr« a e^câctn ^raphia do nome de^ta
loealidadp, eoní^uitei díven>as pe^soáff eotripetentemonte bibilifca-
das em ioformar-me, ent-e ellas o illuBtrado dr Pisa, dipuo di-
rector do Arcbivo do Betado; o dr. Vietia de Moraes, chefe po-
— 1TB —
lítico aqui rcsidí*nto ; o estuJioBO inspector literário de>lo d"i-
tricto (28.'), Br. tenente Francisco Conceição ; o comníiendailor
Waldfk, um tJistiiicto, jrestirar&o e Gáclarecido octogí^iiíiúo flqut
IDO^a^or Ua muitos ann^s; e o sr. cApltíio Jo8« FSdistoB, g^raiido
amndnr do caça e pF^Bca, muito relacionado com ds cab clo&.
Ánteâ, porem, do pro?egulr, rog^o-lbo a fineza do recom*
mendar aos distiuctoa moços^ sâus auxiliares, que fazem a. revi-
B&o da Cidade^ que tentinim um pouco de p^icíencia ';ora esta
uiasnada toda ; m<iã, não deixem pas<sar erroB typograpliicos como
os do m^u uUtmo artigo, onde Bubstitulram & data de setembro
de 1897 para Úatubro de . . 7, 807 (ó ftympatliic^B malvados 1)
Álii vai boje a resprsta remettida peo i Ilustrado ív. àc. Ax-
TOSiD DR Toledo Pisa. As ou iras irào depois.
Chamo muito jiirtícuiarmente a bui attenç^'> p^ira a tal
historia do Piraçâ, com o c cedilhado o íí circumfluxo.
No mais, saudações do admirador e amigo. —
lilCARDD Az AMOR »
S^p:ue-ee a informação do dr. Pi&a ;
« ÍC^tado de S. Paulo. — Hepartiçài de EaLatiatica o ArcLivo.
— S, Paulo, 28 de aetembro de 1897. — Cidadáo Uic^rdo AKamõr,
— Recebi o aeu cartAo postal e um numero do jornal Cidade cie
OanipinaSf tratando ambos da g:iaphia d i palavra Piraiifjiinfiungni
e, Ciímo 30U nominal me ate cliamalo a terreiro, aUi vai o quo sei
a respf*ito .
Havia na lingaa indígena um som do u que não tem equi-
valente ein português; é o it francês na phraao J'ai sn—eii is-
nha sabido,
A palavra deve ser oscripta PiraçúHuitga—Pira-çátuwga —
peixe ronca~-pei^'e faz bulha; o como oa portugueeea nSo co-
nheciam o som Tí, alguns entendiam i o pronuneiavam Piraci-
nuíiffaj emquanto outro* entendiam u o prommciaviun PíVíjçií-
nuiiffa. Ambas as formas são correctas, desie que nfio ba em
portui^tieE o som u dos indígenas, A substituição do ç (c com
cedilha) por dois ss è quo é corrupção, introduzida jmlos por-
tugueses na grapbía da palavra Piraçãnutiga.
Oatroi exemp]o4: A cobra cascavel era chamaia pelos in-
dígenas Bay^cinunga ou Buij-qànunga^ que equivale a c^hra quê
faz bnfkat cobta que f^ItúcaÚia,
lia no rio JiÊÍé, município do me^mo nome, um poço fundo,
de agua quasi parada, muitíssimo abandande de um pe^xc cha-
mado mandit que ronca quando é tirado da agua ji^lo anzoU
rede ou tarrafa; esse poç^i é ainda hoje chamado manei/' çrniifn^íi
— írtíritfií rojica^ e os tietéensei escrovem e pronunciam Afaíití/,?*» -
nunga, qnaudo deveriam escrever Mandíçnmmga ou Manãici^
nunga para obedecer ao génio da Hgua pjrLugu^sj, que não tein
o u indígena.
— 179 —
Ha ainda atn outro éiemplo d© eornipçflo e áe cfintriicçlo
iJa pai A Viu. indígena; ó Ca*sHmtnga Cana ou Cf í 6a quer dizer
vespa e çHTiungíi equivnie a roíi^a; a palavra, portanto^ deveria
»er Cattaçtiriun^a^ e fci contrahida pam Caçununga e trnnafor-
madji eixi CíísjiunHnt/a que quer dix«r ti^jpa gtí« /^oic ruído oti
ffspa que zumbe
A sjUaba ee ou çfl nao póde^ portanto, ser deâlíg-adn do
nungti^ porque é parttí inte^iftnte desta ultima e juutas sij^ni-
ficaro rançar^ fas^r òtiiha OU ruido,
O exemplo Píraciaiha nào serve neste ca§o, porque eatA
palavm está rauíto eorroujpida A primitiva grnpbia doaSa pa-
lavra deve ter&ido Fira- uceca- caba, contrahiJa para Pira^ucecaÒa
e corrompida para Pira^cieaba^ sendo Pita — ^peixe, hcccíí— cheira,
e raft*:— sitio, e siírniticando o logap até onde chet/a o peixe,
£' até onde checam ca meu» conhecimentos sobrn a rnaterta,
e o que ftea dito tra^ a responsabilidade do dr Theodnro de
Bimpaíot que é uma das noB«as autoridade! íobro a g;raphia,
origem e si^aiíicaçjio doi vocábulos indigeDas.
Saudações do am.** obr»ó
AnTOJÇIO BE TOLIDO PjSA ,
IV
FTem hoje a jjalavra o diatincto e estudioso sr. Lafayette de
í*'jledo, advo^í^ado no foro de Casa Branca e preaident© da Ca-
nt&ni Municirnl daquella cidade,
Uonfúime veríB carão oit leitores pelo que 8 e vai ler, a iu'
í^nDa^fto prestada pelo sr* Lafayette amda uAo é cnmpleta, visto
f1I« modestamente úvÁer que vai «estudar» a questUo, quando
^Jãvia pelo que expõe demonstra claramoute ter iniciado esse
estada.
Depois de Pirmsunutigat Firaeinungat Piráçunungaj appa-
'^ce^QO» agora,,. PirctJfSfjnunf/a f
1^ Interessante, realmento I
^H «Meu caro A/^amor,
" Ã vida nttríbulada que levo» em coutinuag viagens, preoccu-
pado sempre com assumpto» relativos a e^ta d tira jiroíi^fifto de
a(íç'og'adoj nílo me ]>ormitte ás vezca cniTOsponder promptamí^ote
i gentileza dos amigos « Ua de me desculpar, pois, a demora
da minlia entrada na questão do vocábulo Ptracinuiiiia^ Serei
am retardatário, mas dAo faltarei.
Á respeito de Piracinunga pude apenas verificar que assim
escrevem MillÍPt de ^AíUTAsiOJ.vnB^lDiccionafw geograpkico tio
Brúsil) e Maktítis {Qim»avia lingiiarum òraiaiNenmum). E esto
de£ne e yQcahu]o^Specieni prae se Jett intestino)' um pifeis; de
j«>íf, peixe, ci<;i€j tripa.© nungar^ parece.
— 180 —
AisEVÊDQ MArQUES, nos Afionianienim historicoa e gmgra-^
phicoSj eflcreve^ — PiRABeoNUNOA e define-o ; — p^ia^ qu€ morde.
Parece» em parte, que tèm tasiart, poia, no dialéeto dos Caídãb
encontram -a e o vftrbo qun {marder}, oa Bubstantivos jwVa (peixe)
e tigiè (trípft) e também o verbo nongar (parecer).
Vou eí^tiidar a questão, e publicarei log^o o mBu artigo,
Adeua.
A braça -o o
Amo . e ad o^
Lapatettb db TOLttDO»,
Amigo LafsyeÈte,
Vi tua carta, publicada na Cidade de Campinas, Di9<;ordo
da opiníà" que externaste e, & despeito de não ser chamado^
Yenbo metter no meio a minha collier de páu.
Sou cabunguêiro e haba^ára no aaaumpbo ; iito, porém, n&o
impede que poBsa anxiliar-te.
Acho que correctamente df^vemoa escrever o vocábulo, cuja
etjmolo^ia andaâ estudando, — PiTacyntfnga^ e dãremod entÃo a
traducçao de pnxt que canta^ sibila ou rontu.
Ha eutre ú8 peixes doa rioíi paulistas um que^ realmente,
produz um som estridulo e monótono, como o da cigarra, de
onde te ori*^inou a sua alcunha vulgar de peixe- cigarra.
Já encontrei, e devo ter an notado nâo eei ondti!, aeu nomo
tupico, que no momento nfto me oecorre.
E' um intereseante vertebrado, das proporções ordinBriaa da
piaba, menos grosso e g^orduro&o Tem sobre as brancbias uma
membrana esbranquiçada, apparelbo onde se forma seu canto, 4|
tem a forma do insecto que imita.
Vemos repetidas vesiea aa vog:ae8 í e 1/ (e»ta ultima com pro-
nuncia entre i e «), traneformadaR em u. Sirva de exemplo o
innumeravel fífta, em^^Firiiuba (juncal), Caragvatatuòa (multi-
lifto de gtíi^oatás), carapanàtuba (multidão de moaquitos)^ /n-
dagàiuòa, Ubatuba^ GeTebatuba^ etc.
Coubecwmoa trea vocabalosi, mui correntea em São Paulot
em cuja compoeiçáo entra o verbo cffnp (som intermédio entre i
e «, como vemon em sicuryt que se deve pronunciar quasi «-
fmriú); verbo que hontem juntos veríficamop ei^ínííicar atroar^
cantar, zumbir^ etc. E sào: caçunun^a (vespa zumbideira); Fa-
çttnunga^ porto da navega çiio Huvial do Mogy-guapl, derivado
de ihút pau, madeira, cymj^ cantar, roncar, produzir qualqueí
Bom, e angái suffixo que denota o »gent©, o que f«s& umaacçHo;
tsa^nnnnga, portanto, é pau que can{^, rumoreja, geme, E* bem
conhecida a denominaçào da cascaveL no abaneeuf^a: hffivininga^
~^mboi, cobra ; cininga, que fai barulho, que chocalha guizo, ou
que aihila.
Cotrro DK MaoílhIess» tanto no vernáculo, como no estilo
bmíiiico^ 'em nma orthograpbia incoherente e caprichosa. Ora,
ômpre^^a dois ss; ora,;, Piratininga^ dix elle, significa «í&í7o oit
nwico de peix6.
No Mogy-Gti^çú observa-ae o pheuomeno da piracema, quer
i ittbidat quer á rodada dog pe)xei« O uome da pavoaç&o ó
tirado da cachoeira, que, de remotos annos, é coabecida })or
cachoeira de ;)}>açti7i>un^a . Todos sabemos de que dUcernimento
eram dotados os nossos selvieolas , Todos sabemoB que ob peixes
ufto logram alcani;ar a altura da cachoeira e que, portanto, n&
ie>^ndÉi piracema (que se me 11 &o eugano, se realiza na primeira
coujuni^o da lua, no mez de janeiro), caalbam as ag-nas do rio
nas proximidades» parecendo pedaços de prata polida. Nesta
hj^>othe!ie: ^tra, peixe; c^n^i cantar, roucar; artgaf sufiiío que
iignitíca o que encobre, escurece— significará :j3eiíce çtíe ca nterí^
Sobreleva notar que, na» épocas de seus amores, na piracema,
os peixes <icam a modo que abobados, BÓbem â tona d^agua
«oalhando o rio, e podem ser colbidoa á mào
Parece-mé que tenho ra^lio em pensar deata maneira; po-
derás, caso julgues que é babus&etra, atirar com estes rabiscos
ao cisco.
Casa Branca, 14—10—97.
Teu amigo e creado,
Joeà HOHOKIO DB StLOB.
VI
niLáçtJinTifaÁ
IQuisqué &ua arma íncumÒeret)
^Accedendo ao hotiroso convite do distincfo poeta Ricardo
ler, pedindo a minha opinião sobre a exacta graphia do
Tocahulo Fi^^aMununqai em cujo assaumpto ainda os mestras n&a
diifterâm a ultima palavra; nào obstante a mitiba recouhcida
imeompeteticm, na matéria de pbilologia, o fttço, sem esperança
de que o meu trabalho adiante algnma coisa.
Antea, porém, eejam-me permíttidas algumas considera^õea
getftesi que n&o vém fora do termo.
For oceasiào da descoberta do continente sul- americano,
TeTÍ6coii-§e ser elli? habitado por bordas, mais ou menos nu-
me rosaa, nómadas, de usos e costumes diversos, falando dialectos
di0*erentag> cuja origem perde-se além doa tempos históricos.
Nfto se |iossuÍQdo até o preaente uma ethnographia exacta
■dot aborigentís do jBrasilj as investigações que a respeito delles
te lêm tentado fa^r, fnndam-ie em hypotheses, tanto ou quanto
|»OBsiveís, em conjecturas mais ou menos aceitáveis.
— 182 —
Oa ffííg-mentos do lini^aageíu, vociibtilarío iiiÈTifEcionte que
lia Eervido áe bn^e á) claâsificaçõee dos primitÍTOfl povcs fimen-
cauog, sem nenliuma relíiçào liiatorica t:om ôa homens civilida-
de s, 6Ó podí»iao Ecr aceitod emquanto um estudo mais aprofun-
dada nko provar peks rai-actérea phyaicoa do iodigena, a raça
primitiva a tjue pertciiL'©,
Dos frftg-meiít.is históricos quo doa tempos eoloniaes nos
rebtam, concilie- se que a America era immcusameiítB povoada
por nações distiitctas, alguinns bellit^osas, outras barbaras, ou
antropophaira*,— que se devoravam umas As outras^ que raças
inteiras desa[)])arGciam couverteudo-se em pequenas trtbua sem-
pre que perdiam o seu chefe.
CõuTr» D» MacíalhÃeí, um doa homens que maie se ha de-
dicado ao estudo da historia do noiso paia, calculou a população
indígena em um miJhilo de aloínsi dividido em 2B0 1 ri bus, que,
Tivend') errantes, uunea. Eouberam os limite* doa seus domiuioa,
Ahorciando ao assumpto, de quo óra nos preoctupa, como
poderemos determinar, com prfcitao, a qufll dessas tribus deve-
moa a dt*uominaçao das diversas localidades do Estado de Stio
PmdOf que ainda conservam nomes indig-enaa?
D^AamcNY reuuíu o^ indioít bra&ileíros em uma tó raça, de-
nomiuando-a Bi'aíiílio~Gmíratii^ o que nâ-o pdde ser aceito,
pelos traço9 iihyiioiío micos das hordas isoladas, que se náo pa-
recera como membros da me&mn família.
Na opiniào de WAiTAEUá, a maior parto dos índios que,
pelo numero e orgatiitíaí;ão guerreira, havm adquirido uma certa
supremacia sobre os outros, denítmina-se Tupiíiamhá (tubyba-ni-
moya), ic^uudo Frei Vicenti-: (Apia-b-êté).
Com elles aprenderam oa colonos paulistas a lingun tupi,
algo desenvolvida depois das missões dos jc&uitasj que, Ee^undo
const j, escreveram uma íçrammatica (nós ufio a conheceraoa)| tor-
nfindo-a, em snmma, a liui^ua usunK
Como lingua gerfll (especialmente em território paulista^ ô
cthanhe^ntja teve graúdo mtluencia sobre a brasileira; muitos
ohjQctos naturaes do paia, como jinimaes, plantas, montanhas,
rios, etc, foram deaignados por píilavraa tupis.
Cunvém notar-ae que a opinião citada não modifica a expo-
sição 9es'^iida, porquanto uma voz autorlsada em nosta historia
pátria, díz que na época do descobri mento do Brasil a raça tupi
já se achava fragmentada em tribus, sendo a lingua mais g-eral-.
mente falada a dos Tapuias.
Mas, qual o grau de ftliaçUo histórica entre Tupis e Goita-
cazos diapersoa em território paulista ?
Aos Goiatacazes liga-^se uma outra trihu, a doe Aimorés,
também paulista.
A qual delias devemos as denominações das localidades que
ainda conservam o seu primitivo nome, quando temos certeza, como
já ticou dito, que cada trlbu tinha o aeu dialecto differeute?
— 183 —
Qaem nos «ffirinarâ que qnftndo os Goitacazes levantaram
o feu ftldenmcnto^ nesta píirte do Brasil^ as localidades d' 3Tgna-
dâi i^cr palAvras indíg'eQ«s, não poEsaiam as dano minardes que
aindà lioje conservam ?
Dandfi, pfii*rm, a elles (GmtacaKei, Tapuias, Aimorés), como
um doâ ta.mvê da latr.iiia Tupi, a autoria de muitos termos in-
digenflâ, usados, estudemos a natureza do vo<^fibulo em qncsUo,
E' opiuifto aemta que pira, siícnifiiia pí-ixc, mas uo ^rego
pira-hif peirâo, a mefina radical tem aifí-uíticaçào diversa.
Ou fprá o indígena urna desfi^ruravâo do grego V
O ViBCondc DEAunBPAiRB*RoiiAN\ no seu vocabulário de
termoa brasileiros* pag. 113, da: Pira, moléstia de pélle, conhe-
cida 110 Norte; Pirá (palavra aguda) nome gonorieo de p^ixe.
E ta opinião é cínfiimada por José Verissimo, tambom auto-
ridade na mH teria.
Do que se conclue que a radical quo deve ser aceita é
Fira e nílo Pira (grave<).
Ko dialecto daa tribuá citada», « é uma forma diiniuutiva,
ex. : cipo, urbusto, frsgil, fino; e çu augmentPti^ro, ex. ; tã-
qttara-çu^ degenerado em taquanmçii, por facilidade de plio-
uología.
A desinência nnnga significa — barulho, baveudo opiniões,
aliás competCLtes, do que nunt/a ÉÍgnifica cacboeira, rcneo, ba-
ralho.
Ora, sendo o local propriamente áemmhmáo — Piraísnnimgaj
o rio ãlag/f iio ponto onde é caçado o peixe grande, ua embo-
cadura da cachoeira, jusJamente onde a agua é mais agitada ;
canclue-sè que a palavra é composta ãf^—Pérá-çu-iíun(/a, isto ó,
peixei grande, faz barulho.
Convém taxcr conhecido que o local propriamente chumado
Pirãf;unmijaf (adopletuoa desde já a sua eJcacUi graphta) é E
cacboeira citada e ni^o a cidade que, segundo os almanncbf,
cliama*80 Bom Jesus dos Áfflécíos,
Nào acho fundamento na duvida que ha sobre o vnlor do xif
coafuudindO'Se com o u francês e com o i português.
Nas lini^uas rudimentares (é facto conhecido), predomina
sempre o som agudo, que se modifica com o seu progresso, cor-
te^pcndendo ás modalidades phonicaa.
Etn todas as palavras indígenas (conhecidas), n&o ha uma
ftú cujas vo£;es utto sejam pura^.
O próprio português no século XI nos fornece provas a
respeito,
A accenttiação das vozea já é uma prova da períeiçilò do
qao a lii^gungtm tem at tingido*
Atém disso, u^o ha hypothcsa de, por mutação, o indígena
proferir lingnaa tào diversaa.
O n da palavra Píráçununga nio devo levar accento
algnm, bera como o radical Pirá deve éô comervar iualtcravôl.
-» 184 —
CUe^'^adõs a este ].>DntO| continuam o^ e£emi>]o& citados p«lo
illQètre dr« Tulbi>o Pj^a a s^rfin aceitos como verdadeiros,
convindo notar-se que em rt^laçào aos verbos fouco a« «abe.
PiráçunuDga, 2—10 — 97,
FttAKClSCO O-HCUlÇlO.
YIL
Oâ indi^ensB, como é gt^ralmente sabido, tinham por costu-
me de-ii^ninr a» localidades pelos seus caractflrisucos physicos.
E eâga denomin^ç^ia só era d efí nitidamente aceita e consagrada
depois da sfliií-çílo de uma aasembléa nocfurna, coníorme expõe
o padre Ívks WKvreutl na Viage-n atj norte do Braail nus annot
de 1613 a 1614.
Ãsi<im @endo, a denomirtação da cidade de Pírassununga
deve derivar de al^um accjdente da localidade, E iie^te ponto
estou de ací?ôrdo com o professor Francisco Conceição, que di»
ser assim chamada a cachoeira do Mogi-giiaçú, cojo nome pai^
»ou á poçoaçào.
A jj:raphia do vocábulo deve ser, poia, — Piráçunânffa : de
pirá (fietJt^*) e çunúngaf gerúndio do verbo çunà (rumí*rejando,
fazendo ruído). Neste ca o, sig-ni ficará ppíxè mmúreJGndo, ou
maia amplamente— /cij^rtr Qnrie o» pei^^ôit fasem bulha,
O illHstrado sr. Júst Honório r>E Bjlc^s, que é autoridade
na matéria, já explicou, em artigo anterior, esse phenomeno, a
piracema, ijue se observa na& cachoeira» do Mogi^guaçú, tanto
em Piráçutiúnfja, como em Mogi-vnrim.
Do rt^ferido verbo çitnú^ ba o participio çunúmháb^ çunúhâh
ou çunúngàb, si^niíi.^ando togar de rumorejar. Parece, portanto,
que será mi^hor decomjmr o vocábulo miim : — pÍTá-çunângábt
traduzido ontAo em logar do peixe rtanorejar^
Conforme notei já, Martius, do aeu Ohssaria Hnguurtim
hrciAíUemium, escreve Pimcitutngaj definindo -|?6íxe que parec«
tripa i pira (peixe), ergie Ctripa) e nnngar (parece).
AzfT.vKDo MABQues, noa Apontamento» kUUiTÍco$ « geogra-^
phicos d^. Sâo Paulo, di!5 qu© Pirassonunija é peixe que morde,
A ortographift de Martíub foi adoptada por Millirt dí
Sai NT AtiOLPiiEj no I>tccíonario geogmpkiro do Brasil; por
Brak i>a Costa Bubi^, nos Vocábulos indígenas e outroit tnirO'*
díizidon nn «.■fo vulgar, em que assevera ser nome de rio e vir
do pjnaiaiíi p^rá^ peixe, tirii^ eecco, «que em diversos dialectos
ae diz a, ou o entendiam cinnnga.*
Eeíabeleceudo uma outra ordem de idéâa, veremos que jjírd,
no tupi, nem sempre se tradusa por peixe: é também o verbo
abrir
Remontando âs radicaes da palavra Piracinungaf poderemoi
dêcompol-a a4«EÍm: — pi-ra-i-çununga^ de pi, centro, fundo; ra
{com r brando) desigual, alto e baixo: *, agua; e çununga, fa-
— 186 —
Mndo rnido. Â significação será — fundo ou centro desegual^
chm de altos e baixos, onde a agua cai fazendo ruido.
Isto dá melhor idéa de cachoeira, um dos accidentes pby-
BÍeos que os nossos aborígenes t&o bem aproveitavam nas suas
denominações.
Emfim, 08 eompetentesi os mestres qne falem.
Casa Branca, 1897.
Lapaybttb dk Toledo.
PizÉ — Logar próximo á povoação de Tambahú.— Máu cheiro,
fetido, cheiro Dauseabuiido. < O pixé do {^angue humano me
enjoa», lê-se nnma proclamação, de 9 de maio de 1835, do dr.
Angelo C. Correia, aos paraenses rebelados (Kaiol, Motiiui prj^
Utícos^ p. IV, pag. 181). De pixé^ cheiro dn couro qusimado, o
Se cheira a cousa queimada (José Vurishimo). — Enfumaçado:
ta comida está pixé. E' vocábulo commum aos diverson dia-
MetM da lingoa tupi, e era particularmente coi> sagrado ao cheiro
^0 peixe assado (Roiian). No sentido de fétido, segundo Seixa»,
^ Qinal no dialecto amazoniense.
PoHTAii — Sitio agrícola no districto de Tambahú.
PoNTB Alta — Fazenda, próximo de Cocaes, que a rega em
pme.
PoBTÃo Qbimado— Logar, na estrada desta cidade ao bairro
^ Cercadinho .
PoTRBiRiNHO DO BoRGES — Logar, na fazenda de Cocaes.
PoTRBiRO — Pequeno pasto, próximo á habitação e cercado
por valados (Josâ de Alencar).- Campo cercado com pasto e
J^da, destinado a animaes cavalares e muares. Em Minas
^^nes dão lambem a isso o nouie de Piquete (Kohan). — Km
^ Pinlo cbaira-se potreiro qualquer campo fechado, de grande
tttensfto» e mangue*ro o de pequena.— José de Alencar escreve
P^''^'^ero, mais conforme á etymologia castelhana.
Pouso — Ran«*h«ría, multidão de r»nchos, isolados ou em
l^pcs, abertos quasi sempre, onde os viajantes pousam (Macedo
DOâiig). — Logar nas estradas, em que os tropeiros, carreiros e
^jintes pernoitam.
Praia — Rua, na proximidade do Espraiado.
Peata — Fazenda nesta comarca, limitada a cate, sul e sudoeste
J*«* ribeirões Sant^Anna e Cocaes, e banhadíi pelos coi regos
^ Wrinha, Prata, Fortaleza, Limoeiro, Palmeiras e Barreirinho
• 'ibeirôes Tubarana e Calção de C< uro. Tem a su])erficie
*8^»ia de 2045,52 alqueires de 100 X 50 braças (4í)50,H; hecta-
^) B, dividida judicialmente em 1894, f « i avaliada em 236:959*650.
^•tence a d. Maria das Dores Nogueira de Carvalho, Prudente
*^ Corrêa e outros, e foi desmembrada do municipio de Santa
j*^ das Palmeiras e annexada ao de Casa Branca em virtude
^ lei provincial n. 75, de 7 de abríl de 1885.— Ribeir&o, na
— 18G —
&B6iulft (fo Een ncsme, tributário do Cocaes.— Caplo e corrc^D
na fflzendh PAciencia*
PnETO — Correíín, flfHaeute do Tatnbaliú, e que banlia a fa-
zenda Ter;a Verinfillia de Cima, nn direcçfto f^-eral de N 14* W
Da extetiíílo de 1,150 mctrpe, a partir do seu criizattiento até ao
ponto em qno é dividido em dois braços, sendo o maior o da
direita, qtio tem a direcção f^eral de N 42** W e vai feer ca-
b^cpira com o coTreiío do Arcifto, Ao ajuiroximar-ae do eÊ|»ig'ào
divisor óm a^nas do Bebedauro e íIo Freto, ef^lo abaisa-ãfâ e
divide-se em dois ramos pnra formar a lagoa dn Camjio-Ked ndo,
^líibeirfio, aff, do Cr cãee. — Córrego, ua fdz. Várzea- Grande,
flfl', do rio Verde,
QuAiiTzo— Vide KaoliJi
QuATiíO-MiL-nBia — Sitio, próximo ao rio Verdinlio, a uma
leguíi da cidade,
Qltebra-C(jia— Ribeirfto afHiiente do rio Pardo*— Vide Campo
Alegre, ^-Fazenda, entre esto município e o de Sflo S mao.
Queiroz Telles— Au tiiça deiiomineçiio da rua Coronel Josd
Jiilio, dada em bomenagem ao dr. António d© Qaeiroa TtUei
(Conde de Parnnbita).
QuiNAS^CflpSo Pá fazenda Casa Branca,
Quinta MicuAiíLííKiíe— Importante cbncnra, prri:^imo á ci-
dade, junto á estrada Mogiaun, onJo ba cultura do cafeeiro, de
cereaea e fructas diveríns. E' servida por macbiua de bene-
íciar café, movida a vapor. Pertenceu a Eugénio Zarco da
Camará Loureiro e seus irmíio^, que lho deram aquella deno-
miuaçAo em lembrança da ilba de São Miguel, do onde sâo
naturaes.
Kamal Perrro do Río Pardd— â lei provincial n. 87, do
21 de abril de 1880, coaceJeu privilfirio no dr. Martiniano d&
Fonseca Koys lí rand Ao, Samuel Severiano de Aguiar e Fernan-
do Schleicber, ou á companhia que organizaBaero, para a con-
Btnieçrio, UBO e í^oso de um ramal de estrada de feno, que imr-
tíndo da Mogiann, na divisa de Casa Branca, fôase ter ás divi-
sas de Minas Gorae», passando por São José do Hio Pardo, A
lei n, 24, de 27 de março de 1884, revogou aquella, na parl-«
relativa nos dou» ultimes concessionários, estabelecendo mais
que o privilegio m poderia ser traasmíttido á empresa Ramal
Férreo do Rio Pavdft e que o privíleg^io seria por GO annos. A
2 de março de 1884 ficou constituida easa emprosa, que come-
çou n funccionar a 7 de abril do mesmo anno, iniciaudo-ío
logo os trabalhos If-chnicoa* Em 1886 foi inaugurado o trafego
até São José do Liio Pardo, e om 1889 até Canoas, O ramal
pertence, desde 1889, á Companhia Btosííana ; e tem as seguin-
tea estacões : — Itobi, Engenheiro K^he, Villa Cõstína, Èio Joãc
do Rio Pardo, Engenheiro Gomide, Commendador Guimarães,
Mocuca e Canoas,
I
— 187 —
Ra^çcho Novo — Lo^íir, a meia légua, da cidade, no rumo
X^O.f orie, em 1865, lia via um\ cmíi levantada ha pouco e
por is'.^ chamada Rancho Noco (Taunatt).
RiKCHo Velho ^-Fazenda tieste munlcipiOf tm 1833.
RErunucA— Pratja do Novo Bairro.
ResacA— Antigo qiiarteirílo policial, boje extincto, — Ríteí-
ifto, na fazenda Apartador, tributário do Cccaes,— Lfígar pró-
ximo ao rio Jag^uari.
Rgsaca IO Lambari— Vide Spsroaria do LoTirt*n<;o Martins.
Refiro— Correio, na fazenda Paciência. — ^O moimo que [lôsto,
c&^a situada nos fuodos dw uma fazenda ou estaucia (Kt han).
Ribeirão de São João— Fazenda aí^ricola.
BtRinRÃo D» S, JoAo « Uio Doce- Fazenda de café, per-
teocente a huh José de Sou^a e outros,
RtR^;RÃo l*RETn^ Povoação, fundada era território que per-
tencia ão raun. do Casa Branca, om 1656, por Jobó Bt r^''e8 da
0(tA, Manuel Fernandes do Nascimento, Joio Alves Pereira e
Bernardo Alvos Pereira. Em 1870 foi elevada a fioguexia e era
18T1 a villa.
Hio CLARO^^^Faz.. nos limites do dístricto do Tambahii, com
ó de Santa Rita do Passaquatro.
EíO 1>AS Pedras — Antigo (juarteiráo policial, hoje exttncto.
Hio DocB — Um dos iiiiarteirôes policiaes em que ae divide
o município. — Fazenda de plantação de café, pertencente a José
Forlino, nos limstea do municipio com o do Sflo Joa-'^ do Rio
Fardo. — Fníenda pertencente a José António tíiaiões Dutra e
oTitros,^Vide Doce.
Rio Oras de —Nasce na eerra da Jiiruócn, comarca de São
João del-Rey, marca oa limites aeptentrionaes da província de
S&õ Paulo com os de Minas Oerae^ e Goiaa. Entra na província
de SAo Paulo aos 20*25' dei Lit sul, cone a rumo mais geral de
leste pftra oéate atè a fox do rio Inferno, seu a ttíoeu te meridional;
daqui cmva-se para o sul e retoma a precedente direeçFio ao
recolhe? o Bapucahi-niirira; daqui a sua direcçilo approiimíida-
mente rectilínea é para noroeste ate a cachoeira de Saoío E?-
tcTam, que desemboca na sua marf^tím esquerda. O Rio Grande
desagua do Paraná e pereorre na província de Sim Pniilo os
mnnieipio» das cidades de Franca. Ca^a Bninca e Mo4Í-mirim,
o das TÍllaa de Batataes, S&o Joíio da Boa Vista, Penha e Serra
Negra (AzBJTEDO Marquesj.— O Rio Grande nfto percorre o mu-
nicipio de Casa Branca, como aflirma Azevado Maiíques, ba-
leado «m Machado db Oliveira.
Rio Pardo — Este rio nasce em Minas Geraes, e vai lançar-
«e no rí'i Grande pela margem esquerda, depois de curso tor-
tuoso, encachoeinido e sempre com velocidade nofavel. Sua di-
recção é para O,, entre margens pouco altiis, com maia cerrada
que se estende a perto de meia mlha dellns e em que abunda
ft caça a mais variada. Naa im mediações da ponte (na estrada
— 188 -
geral que víii a Cajurú), um volnine d*agua notável atíra-se do
en(*ootro a ninfl grairde rncha existente no centro da corrente,
6 repartp-se ero doia ramos que se precipitara com í o ri a por sobre
os rochedf>B do fando, formando, apt^sar da pouca altura^ impo-
nente» saltos. Existe «obre o rio (em 1865) nina ponte em pea>
bíido estadn, dividida em duis lanço» pelo rochedo de que falamos,
tendo o primeiro lanço 65 palmos de cnmprimento e 21 de lar*
gura e o seí^undn 120 palmos de comprimento sebre 30 de
larg^nra (TALTi{AT).^Affluente da margem direita do Mogi-gaa6sú
líasce na face oriental da serra chamada do Rio Grande, formado
por Gonflaentes que regam o mtinicípio de Gaconde. Corre na
direcção maiB geral de leste para oè^te, até o mnnicipio de S&o
BimàOf curvaudo-se depois para noroeste até o districto do Ri-
beirão Freto, onde retoma a sua primiliva direcção (Ã. Marqueis).
Este rio marca as divisas do município de Casa Branca com os
de Cfijurú e Mocóca- — Ántígo qnart^irftn policial, ora extjncto.
Río Veri>h— Estação da íiulia férrea fliogianaj no kilom.
14 do ramal do Rio Fardo» entre Catia Branca e Engenheiro
Bõlie (T).— Povtíaçào antigamente denominada Rio Doce, fundada
em 1889 por .loeé Portinoi Carlos Au^mto da Silva, Miguel
Clone. Januário Cione 6 outros* Tem cêica de BOO casas, escólai
primariaB, agencia de correio, uma capela sob a invocação de
Kossa Scnlii ra das Dores e estaçào da estiada Mogiana. P^oi
creadfl pÃrocbia era 1898, sendo nomeado vigário, por portaria
de 28 de mft/ço, o padr» Samuel Man fredi. Em 1894 loí dirigida
RO Congresso do Estado uma repi'eBeutaçao dos moradores de
povoado, pedindo a transferencia de lie para o município de Casa
Branca e sendo desannexado do de Sào José do Hio Fardo, a que
pertence* Essa representação, que nào foi deferida, é do teor
seguinte; cIJlmOE. e exmos. srs. presidente e membros da Camâra
dos Deputados do Estado de Sào Paulo. — Nós abaixo aseignados,
proprietários, residentes na povoação do Rio Doce, comHrca de
Bào Joeé do Kio Pardo, vimos representar a v. eics* pedindo a
passagem desta localidade para a comarca de Ci<sa Branca, com
a denomiuuçào de Vil la For tino. As rabões que nos levam a
pedir tal passagem são as seguintes : Esta povoíiçào, já mtúta
adiantada pelo numero sempre crescente de suas construcções o
pelo fieu commercio, fica encravada na extrema da comarca de
Dão Jos^ do Rio Pardo, distando 2*2 kilometros da cidade do
mesmo nome, sóde da comarca, e apenas 14 kilometros da ci-
dade do Ca^a Branca. Accresce ainda qtte, pela marcha dos trens
da Mogiana, qne vão de Caaa Branca a São José do Rio Fardo,
os habitanies desta povoação podem ir a Casa Branca, onde che-»
gam, por dois trens, à$ 8 1/2 da manhã e l 1/2 da tarde, voltan-
do ás 11,45 da manhã e ás 4 1/2 da tarde; ao passo que para
Sào José do Rio Fardo ha só dois trens de ida^ com impossibi-
(]) tl« J de DOTembro de IB98 im dluit« pmuoa a te deDctmftiftr Ilobi.
Uàãde de Tcvltar no meEmo dia: da sorle que toda a fncilidjide de
eomtnanieaçAo é eotn Gasa Brancai com a qual eaia povoaç&o
tem toda» as luas rela^õei. Outro motivo não menos jwuderoao,
que juBtjfíca o nosAo pedido, é o se^^uinte : O cidadão Joaé For-
tino, prfipiietario da faxf^nHa na qual efitá edificada eata j^ovoa-
çio, ací^ba de doar á Camará Municipal de Cata Branca oito ai-
nneírp» de tf^rras, nesla mesma po^oa<^o (1); de fiort^ que ã
Uamara Municipal d© Caaa Branca jA è propriptaTia aqtií e vai
diítribnir datai para novas coufitrucçôes. F' dimii», [hjis, & [las-
sa«reiyi para Casa Branca da fiuenda pru indti.'in>t denominada
Boa Víflta além do Kin Verde, pertf^nceTite a José Kortino e
OQtro9, na qnnl fasenda se acha a povoaçào do s^io Drtce referi*
da. que v- excs-i em attençàíi nos atirviçoi* prPBtaioa a t^^ta loca-
lidade pelo meiiítmo Jo«é Fortino, be dignem detioniiiiaUa Villa
Fúrtino^ como é a tioasa vontade eipresaa e espontânea. Espe-
ramos^ pois, que V exca., como fieis interpretei ãi*. noasou direitos
e dofi intereflfte« geraeii do Estado, attendetàn no mi 9^0 j tia to
reclamo. Povoação do Rio Doce, 18 de junho de 1B94*
José Fortino — Acqfmviva Co»tabiU ^J »ê (JiUio, — Car-
iei to Ângào, — Cojdmiro Stvieri -^ BnltisUlla Giot^anni ^ A rogo
de Alessi Joào, VicenU Cione — Á ro^ro de Francisco Vanno,
ãiigrttl VesciUo — Miguei Ve^cilh^ ^^Mar^on Giusrppfi^ — Ravo^-
neili Anseio —Jmé Saniino . — Brotco Paolo —Âiiffmio Hava^
nelli^ — A ro^o de Lní» CestarAno, A. CúntaÒile - Sachii António,
^Canàíãjj Ca»iêjfnx, — Jiãirt J^Òra.—A toso de ( ht^mbino Lui-
gi, r. Cinne,— Piztf) Angelo — Marmn G. Batfiitta. — Marcon
FitrlTo, — FiíAotini Vírtjiiio — A ro^o de Betaram nêco G. Battis-
ta, Joxà Marron — ^Â ro^io de António Martin^ Daniel, VícenU
Vione —FU/rentinti SanítnK — Sariorel OiiJfVanni, — Carla Tíèíí—
edf — Qu ' £a no di Santíx- -An tnnío Ma nuptíla — Juào Mg n otl
FímA . — A nnibal de Cfuttro .—Atfo fixo d^Ahmandro -^ Mffgogjio
Bkmammi. — Sancini Serftfino — Hraz Silvestre^ — Pedro Fortino^
•^Salvador Fortino — Rodolfo Oadda. — António í^ncfdt, — Pe-
êro Pmtftdi — A rogo d** António Patit^arello, Â. Co»tahiie,—-P€~
ÚTO CaMiejon, — A rogo de Catharina Santa Lncia, V. Oione^
— Joõo HúptiJtta Bergarnojico ,—Iffnacio Pereira Dutra, — Pedro
Caistiího, - Gadúi Gi*'Vanni. —Rancan Raffnde . ^ Gíitsepjte Za~
iidia — Zaneiia António,— António Sif verto da Srlva ifujíd,—
António Letierio Pagano , ^ FrannA&i F<dconi tt lrrnão$ ,
Em 189S, nova representaçi > foi dirigida ao Confrre»BO,
■dlieítando a creaçào do di^tricto de pax, noa termo» fieg^uin-'
tu (2r.
€ DÍg'noti depurados do Congreaso do Estado de 9. Paulo,
— As povoaçôí^s qoe caminham para o pro^freaso, devido ao e«^
forço dos seus habitantei e á bva orientaçào de ti>doE os conci-
11 1 ftitu terr«f tcmm deimproj^ríftdM pelA CAairm d» Ato Joié de Bio P^do.
1?) O Ponir, %. í*, át ti da oit^io 4« itsité.
^ â
— 130 —
dadfto&, compre mereecrflm str attcndidrts n;i3 sii^s represfníuçScs
perante oa rodcros Superiores, íis qiiaea se ba^eam oai necessi-
dados de moTiiento, ou em prevenções para ca^ios futuros*
Nof, illusitjes d(í(mlíiíÍO:«, rí-aiáeotes nesta prospei-íi o já
prande poToaçAo do líío Ver da, comarca áo S, Ji^êé do liio
Pardo, constituinjo-nos cm commi^âao para vos vir pedir que
voa dr^aeifi autorisifir para a «osaa teim a citíujILo de um dis-
tricto de paz, tnuto maia que esta povoação acaba de ser ele-
vada a frep^uezia, o que aob emodo provm de&envolvidameuto a
vida qiio prcinetto Bcr eE-tabil.
à concGSf^áo que voe pedimos, e que e^ptrnmoa obter, será
por demais útil, quanto se torna precisa o indispftaaavel^ atten-
dcndo ús iuimFroeÍ6SÍmna vantflfrt^ns que hfio do advir para o
povo do Rio Verde o para o que habita iia=í circutnvis&inbançíiS,
que onjontrará cm sua localidade aqiúllo do que carece em
matéria de púbica ndministra<^ão e justiça*
A creaç&o de um districto de paz ú uma medida necesearia,
que nos diãpen^a de camioLar três grau dos Ier;ua3 em procura
de Eolucões quo podemos achar em ca»a, o ú um melhoramento
que muito carece eãta povoação para o seu bom desenvolvi-
monto.
E por iâso, confiadog no alto juÍ7,o e bondoso crilerio do3
dignos representantes do nosso Estadc), que hHo de ver netta
ling^elft petição a defesa de uma causa josta,
E^peranioâ dos i Ilustres cidadikes deputados ser ai tendidos
110 noã^o i:iedído.
Rio Verde, 20 de maio de IS98.— A commispao, Conselbõiro
J o^é D liar ie Rod rifiuen .-^-Gvs ia vo M ibei ro dê A v / í d , d ele ^ado
do dirpctorio politico. — Januário Clone, aj^ifeute municipal* —
L&ipofdo doa San tos ^ subdelegado de polícia, — Padre Sanuide
Manfredif vigário tia paroebía do Kio Verde* — Caetano Oroíie,
agente do correio. — Salunúnú de Aguiar Mnsai negociante — -
João Sartord, negociante. — IVceíííe Cíoíie, guarda- livros ^Lum
A ti g mio Machado. — Dâmaso Jiiheiro Nogueira.— -José C/oíie,
profeH?or.^j'lHÍíjn;o Cardoso^ redactor d'0 Ihrrir*.
A lei estadual n, 5GB, de 27 de a^oato de 18t*3, elevou o
povoado do Rio Verde à categoria de distrícto de paz, cem a
denomiaaçao de Ttohl e as mesmas divíaaa do di&tricto policial, e
o desmembrou do raunicipio de tS\ José do Rio Pardo^ anne-
xando-o ao de Caita Branca [JJ. Es^as divisas, sogrundo o acto
do secretario da Justiça de 23 de dezembro de 19114, fão ai
seguintes: «Começando na barra do rio Doce cem o lío Vtrã€^
{\) Eli o tc-úr do8«A ]«f :
«ArtJp:! 1 " Fica flhvftdo á categr.H*-v d@ <li5trkto de país. O dlstrktó p&UcIjiI do
Rio Vctdt, *itíj no laiiiilL-Ipla At S, Jot-' (to ítm J'íirdó, coDfervandu-fe M acluAea dl-
vltjii, o qaat p'\**h A dcnonitnar-Fa liabi.
Artigo 2_« O tcrHioiiú da ro%a dlttrlcta fien deacnânibrHda^ de ò\ Jtftt da Rio
riaráú e nuncx&da aa ruqofcipfO' de CAta Beanr^.
ArtlKO i.« R«?o^an] ee if di»pã«{çOe4 «m Contrario*.
^ 191 —
so^iadó pelo rio Dfjce íitiroa até sn.i cabeceira, comprehcuden-
do IS terras de Joiíqultii Covn<^Ho. Brccliado, dalii, procuríindo
a naíceote íÍo correfí'» Cent^'hiho^ que abaixo se denominii Ma~
t^tu, mi terras do doutor Co<-ia Machado, seguindo |e}o ribeiíaa
én Maccpo abaixo, até o rio Verde o por esl& acima Até a barra
cotn I? rin i>c!cc, oi»de tivcr*m comoço e lôra fim aa divisas» . —
Vide iíoííi.^Os primeiros ju Kfs de paz do districfcn, elcitoB a
30 de outubro de 1898, furam o major Datuaza Ribeiro No-
pieíra, Egydio Brochado do Andrade e B&turnino de Aguiar
Musa,
Gomo am lubsidlo para a historia desta localldadef transcre-
veremos os E eg ir nl CS artigos publicados no Oeste de São Paulo:
No dta 13 do corrente celebrou-so uma festa na Copt-ll»
do Rio lerfií, sendo que. no moio do eiitbii^iasTiio da mesma,
arwforftwi um letreiro no largo da referida Capella denomi-
uando-a Vília do Rio Doce, Ora è sabido quo o ehfto todo da
Capeila e círcamvizinli' s sâo de minha exclusiva propriedade,
e tódoí sabem que o proprietário [ódo dar nome á sua pro-
l^ridade^ Protesto |)0Íe contra tal usurpação de meus direitos
e dcclurn que a referida povoaçAn se chama Vill<i For tino ^
Casa Brafiea^ IC de maio de 1893.^ — José Foriino,
Ci}[iclln do lUo Verde
O abaixo nssignado, proprietário das terras onde e&tá a
Ctpella do Eio Verde^ vem declare r aos interessados que tomaram
ali dniaa para constracçfto, o seguinte;
Tmtaiido ae do bett^ de raiz, a alienação destes não pôde
^ír ieitA sem outorga da mulher do vendedor.
Neâta sentido o abaixo a^^i|^tiado e^^tá prompto a dar eãcrip-
tttfaj com stia mullier, dai referida* dntas áqtiellea que já edi-
^^raiQ ca^as on que eoine^aram a edificar, ficando sem eâeito
* concesifto de datas úquellí^B que dentro de um raea, a contar
d* data deste^ níio derem começo á re^pet^tiva edificação , Para
*^ camprir o que aqui fica avisado, podem oa intercEsados
procurar o abaixo assignado a qualquer hora.
Casa Branca, 14 de maio do i80S,--José Fortino,
Ao imblico
Oi moradores da villft do fiio Verde, que nâo querem ber
colonos do sr» José Fortino, vendo no Oenie de Sõu Paulo de
17 do corrente, um protesto daquelio senhor, vêm coutrapro*
testat-o agora: fnzemos scíente ao publico que o dito senhor
ulo tem poderio nlgam neãte logar, ao contrario tem procurado
— 192 -
« seu atrazo, pob que tem querido chamar a si a %u^ proprie-
dade, sí^ra que para tanto teu ha direita, porqu-^ na«j poasue
tiinht algnm, Em primeiro lagar a capella foi construída pelo
sr. major ('arlr^fl Au^ato, que fez todas as despesa», ou quaai
todan. Mas meHmo que o sr Jnfié Portíno tenha e^criptura de
parto deBsen terrenoa que ái^ eereui sf^u«, ntlo é lavAo bastante
para íntitular-ae proprietário desse lograr que fa^ parte de fazfiida
pro indiviso. Ha cerca d© 4 anno!^ que aqu<*lle senhor está des-
frnctaudo o» rendimentos det-tf* lofrar, vendendo datas, tirando
madeiras*, incorrendo mesmo em um crime porque annuncia
yendaj; de datn^, para o que páí^sa tjilõest sem possuir uenhamaB
terras neste logar,
E para o sr. Fortiun ver qTie nio estamos encanados, em^
prazamoB o mesmo ienbor a apreseutar escriptura de compra
anterior ás veadas que tem feiro das datas Avisamol-o maia
que nfto acceitamoa a escriptnra quo oht«ve ha poucos dias,
por nfto ser legal, vist" o vendedor nfto ter aiísignado na escri-
ptnra, nem dado proturaçfto, bavendn sómeDtf^ procuraçfto da
mulher do vendedor e duvidamos que o sr. Hyppolito realize
esta venda porque todos n6& saberaas que quando se contracta
um negocio que depende de e&criptura pablíra, a venda não é
valida Fe a esmptura nfto é b5a, al€m de a propriedade do ar.
Hyppolito estar hoje com um f^rande valor, porque somente &
olaria dá mais de SCX^^CXX) por anno Hvrea^ e ainda mars agora,
que vamos ter estaçfto de estrada de ferro.
ApproveitamoR a occa^iJLo para declararmos ao publico, qne
no dia 30 de abril a ara. d. F M^ria Sciacca com seus Bibes
e g^enros, herdeiros de José Antoni"> do Almeida Carreiro, pas-
saram encriptura de d^ui alqueires de terra» annexna á capella
em ratificação do Patrimnnio que aquelle fallecido tinha dado
e atém dt^so tem «e mais escripiuras e dadivas feitas, por outros
socins da faa^^ndfl, que brevemente darUo a escriptur&. Por isso
quf^m quizier vir tninar datas nf ste h^g^ar veubu entender-se com
O procurador da Isrreja, que br*»vementB será nomeado, visto o
Br. Portino nào ter Tnf*is dominio neí^te legar, que nunca deveria
ter tido. por nao conhecermos no mesmo competência al^umat
porque o seu intuito era tirar grandes resultados, illudindo os
moradores e os demíii* sócios da fwzenda, afim de faaer posse
allí ; Profeitamos, portanto, contra qualquer acto daquelle senhor.
Declaramos mais que havendo no dia 13 deste um festejo
«m louvor a São Benedicto, o sn PortiuOj uns dias antes
da« festa, viajoa constantemente procurando dissuadir o povo de
comparecer á fett*», dizendo que ia em bar par a feata^ que si nào
pudesse, fana revoluçfto ; querendo, por ignorância, que es>a locali-
dade fosie chamada Villa hhrtiim e uào Villa dn Rio Verde
e com tal arrog'aneia que cber^ou a d\7,*'v que os que moravam
aqui eram imjub colonos, ao que respondemoa que tivemos edu-
carão e «omos independentes de sermos colonos ou cavoucadores
~ 193 —
if tfiTSft, nlo duTÍd&Ddo nós, que a ar. Fortino fotee colf^tio %
cayí-aeador de terra. Villa do Rio Verde, 19 de maio de 1893*
^Mtmoel Seinlhãíj, — José Carlos de OHveira. — Igjwcio R,
DamawQ . — Jan u ar to Cio nè, — Ma riím C. J/o rcíVa . — Joná Sa ?i tino*
^Jfjèo Fortunata da Palma — Firmino Ah es doã òmitoji.^João
J()»é A nt uniu — C^ar Bra^lio Barrog,*— AntoiuQ Fa>cali. — ■
Santint Serafino — EfívaneíH António.— TTifmoB Alongo — Bat-
(l",íe^a Giavanni. — Rauelio Giaeomo —Caricio Angelo. — AnÍQ~
m Rixsi — Ftorentino S^ntini,— Mmiotl Souto — Infiocencio
Jooqtiim Gtmi€**^^ António Daniel Martins, — Z. Nogueira —Ft*
im João Noffueira Cobra' — Adro Firmiuiano da Silvo, — Norberto
Pini de Miranda,
Rocha — LftgôA de peqat^naE diiDensões neatts districto.
RrmBio^Capào, na faz-uda Cocaea — Log-ar uo campo dâ
VIDA e^tatieia, onde fazem reunir o ^nán em diati deterinir»ados,
de ordinariD uma vez por semana (Ct kuja). Etn Ebpanba dão a
iiKQif de rodeio ao logar,t nas feiras v\ me i ca dos, onde se põe o
gada crrcisao reunido para venda (Valdez). Nos campoa de Cima-
da-Hirra, serve ainda maia o rodeio para dar sal aos gadoft
(CKãtMBllAh
Rosário— Fazenda a«rricola, de Joaé Alves da Silva Muia,
Foi dfmiembrada da de Sâo Theodjro, que pertence a este mu-
iiei|}in por força de ama lei provmcial, desligando- a dft fro-
fin*stiii de B&o José do Rio Pardo,— Córrego, na faz. Várzea
GrMide — Pra^a ne-ta cidade.
Salgado— Correg-o, alliueTite do Taoihahú. Tem sua na»-
centê PA serra do Janim e banha a fa?^nda Palraeiraa da Terra
"VenjílJia.
Saltador— Cor» ego ni^ste mnn,, na faz. Olboe d'Ág^ua.
Sast'ásha— RibeirAo, «ffluei^t© do Juguari. E' contideravôl
l»la aeu volume de agua, mab imprestável como motor, por ser
owticaril, em grande parte, em terrenha baixos, sem declívi-
""de *en«ivel e margeado de largos [pântanos em nível que lhe
^" sujHeriores* Na estrada para Santa Crua das Palmeiras tem
^te nÍM^iràc uma cacbfieíra, que é uma da* curiosidades natu-
tm deste municipio, £' também coiir.ecido por Bani^Ãnnu da
Swni, por ter aua nascente na serra do Campo alegre,
Sant*Anna da Serka— Fazenda agrícola.- — Quarteirão poli-
^^\ do districto de Casa Branca. — Vide Sant^Anna,
Sant'Aníía da Vargem Grandb— Vide Bi a Vista da Var-
IÇfla Grande.
8akta Barbara- Lo gfl Tf próximo á fazenda dos Ilbéoif
ApOBiado em 1813, mais ou menos, por Miguel Paes Domingues.
^Córrego, ^ffl^ente do Banreirinbo.
Santa Caiu -ida — Fazenda, no districto de Itobí.
Sakta C a ROLmA=: Fazenda agrícola, no diatriclo de Tambabu,
Santa CHUiSTiNA^Fazenda agrícola, pertencente a d. An--
t(»nia dos Pastos Silos e aenia tilbos, no bairro do Laranjal. ^
— 194 —
Saxta Cr.\iiA— Fazenda agrícola, sUuaáa neste município^
Santa Cruz— Bairro aiiburbíiíig,— FasotidA agrícola, do ca-
pitão Joaé Caetauo de Lima» — Logar, prostmo ao Taqiiarâfiãú,
onde ae ergueu uma capela &ob a invocação de sSanta Cruz. —
Córrego, na faz. Várzea Grande.
Santa Cruz das PALMEfRAS— Villa © mnaicipío na comarca
do mesmo nomo. Á povoa^flo foi creada freguesia por lei n. 146,
de 10 agosto de 1881; vilta pela lei n, 48, de 20 dô toarço do
188 D, pertencente á comarca de Ca§a Branca, de cujo território
foi de&anuexada, com rs divifias estabelecidas por acto de 29 de
novembro de 1B83, para sor incorporada ao da comarca de Pi-
raçuuunga, pela lei ii. 91, de 12 de setembro de 1893* Foi
fundada em 1874 por Mauuel Valério do SacramentOi seus ir-
mãos e outros, que colocaram uma tru5£ de madeira no logar
em que ac^tualmente eo acba o povoado, e levantaram em 1S76
uma modesta capela. Ã comarca foi creada em virtude da lei
n. 306, de 26 de julho de 1894. A povoa^ifto era também co-
nhecida pr*T Santa Cruz dos Valerios. — O seguiote documento
foi extrabido do archivo da Caman Municipal daquella cidade:
Auto i>e instalação da Kovy villa de Sakta Cruz das
PALMOmâS E DE JUIIAMEJÍTO DOS VEUEADCRES DA CaMARA MU-
NICIPAL DA MESMA VILLA, f^OMO AB IXD SI? DECLARA.
Anuo do nascimento drt Nosso Senhor Jesus Chrísto de 1886,
aos três dias do mêi de laaío do dito anno, nesta vilía de Santa
Cruz da» Palmeiras, da província de São Paulo, em casa da re-
sidência do cidadão Francisco de Araújo G ou veiai onde veia o
sr. dr. Ricardo Soares Baptista^ presidente da Camará Municipal
da cidade dts Casa Brauca, de cujo município fazia parte o territó-
rio da nova villa, commigo Francisca das Chagas Alvarenga,
secretario da mesma Camarn, para o fím de instalar esta nova
villa de Santa Cruz das Palmoiras e dnr juramento aoa verea-
dores eleitos e convocados para esse fím, a qual villa foí creada
pelo decreto do teor seguinte: N. 48, O dr. José Luis de Al-
meida Couto, commendador da ordem do Gregório Magno e
presidente da província de Silo Paulo. Faço Eaber a todos os
seus habitautes que a Assembleia Legislativa Provinci il decre-»
tou e eu s:«nccio[io a lei seguinte: Ait. L" Fica elevada á ca-^
tegoria de villa a freguczia de Santa Cruz das Palmeiras, do
termo de Casa Branca. Art. 2* Revogam-EO as dÍsposíç5eg em
contrario. Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o
conUecimento e execução da referida pertenccri que a cumpram
o a façam cumprir tAo inteiramente como nella se contém. O
secretario da província a faça imprimir, publicar e correr. DadA
no palácio do governo da proviucia de Sâo Paulo, aos 20 diai
do mes de março de 1885, — Dr, José Luis í?e Almeida Couta,
— Carta de lei pela qual V, Esc. manda executar o decreto da
Âssersbléia Provincial, que bouvo por bem sanccionar, elevando
á categoria de villa a freguesia de Santa Cruz daã Palmeiras,
— 195 —
"^ía termo ^e Casa-Branca, como acima se áeclasn. — Para V.
Exc. ví*r. Áíitonio Pedro d© Olivciríi a frsí. — Puhlíi-ada na &e-
er^taria do ír*^vonio da província, aoâ 20 dÍMQ do mejs de março
de 1885. — D.miel Auífmtio Mic/iíifí^/.— Sendo as aiias divisas
coostanteii do acto do teôr Begniutd :^2.* bpcçuo. — ^O prPEÍdente
da proviDcia de Sào Patifo, sob |iroposta da Camará Miinicip&l
do Casa-Brancãi em oííieío de 18 de julbo ultimo r á víata
áa informação dn mesma Cnmara, de 23 de agnsto e 22 do cor-
rente, o da de PiraÂSunuuga^ de 1/ dcate me^mo mez, declara
3UG a« divisae da nora fregíiezia de Santa Ctm. dan Palmdms^
o L* dc8 referidoft mumeipíoa, creflda peía lei o. 146, de 1.*
de agrf^íio do 1881, são aa seguintes; Friucijiiam na estrada que
vem da fre^uezta de Santa do Patim Quatro [>ara Cam- Branca ^
em frente á ca&a de JoAo Pinto e no alto da íerra; e do alto
deÃta ãté o espigão que servo de divisá entre a fazenda de An-
toQio Carlos do Aínaral Lapa e a do JHo- Claro, e por este ts-
pigilo abaixo até o pontilliuo da estrada do ferro em terras do
mesmo Lapa, © dabi em rumo ao observatório do dr. Maitínbo
Prado, no alto do Agudo^ e pela serra mais alta ato o alto do
cafezal da faxeuda de António JosÓ Correia, em tVente á cabe-
ceira do córrego do Pohlt o por c-àte abaixo até o córrego da
Tuòarana; por ette abaixo a^é o córrego de Santo Anti^iiiO',
por esto abaixo até o ribeirão de Cocaes; ainda por esttí abaixo
tàié o córrego dos úrihea'^ « por cato acima até Buas cabeceiras,
e dabi em rumo ao Jat^nari^ o por c^te abaixo até as divieaa
de PiríisBHnuitga, e por e-tas divisa* até ondo tiveram principio
aa que ora tíio enabelecidai. Palácio do governo da província
do São Faulo, 29 de novembro de 1683.— iíamí? de Guaja^
ra, — Conforme, O secretario interino, Benedicto A, Coelho
Neth. Decreto e acto que ião entregues por copia para fazer
pãrt© do archivo da camará municipal desta villa. E acbando-ae
ali rennidoB os vereadores eleitos António Crispim do AbroUj
Manuel Rodrigues Oiegario, ilodcato Alvea de Carvalbo, Fran-
cisco de Aranjo Gouveia, Joté Bír.udo de Almeidrt, Francisco de
Arantes Moura, e João Theodoro de Sousa Pinto, depuisda leitura
do referido decreto e acto, feita por mim secretario, o sr. pre-
sidente Ibes defiriu o juramento do art. 17 da Iní de 1/ de
outubro do 1828, aos Santos EvangelboF, em um livro destes,
em que cada um póz sua mho direita, dizendo: Juro aoi Saatos
Evangelhos deaemponbar as funcçòe« de vereador da camará
desta villa de SatiUt Crus das Palmcirafii de promover quanto
cm mim conber oa meios de sustentar a felicidade publica. E
r&cebido por elles o juramento, assim prometteram cumprir. Em
leguida o mesmo ar. pre&idente declarou em alta voz que estava
iastalada a nova villa de Santa Cruz das Palmeirt^s e dava
posse aos vereadores eleitos e jurameotadoa, os quaea immedia-
tamente paliaram a occupar os respectivos logarea, convidando
o ar. presidente o vereador António Crispim de Abreu, que lUe
— 196 —
pareceu ma 10 Telho, para cc capar in te riu amento a cadeira da
preflídenciA, ficando por este modo inetalada a nova villti de
£anta Crut das Polmeiras e 08 vereadores de posse de aeua carg-os.
E para eoBstar, mandou o Br. preaidente lavrar o presente auto,
que vai aeâí^nado por elle q pelos juramentados. Eu, Francisco
das Chagas Alvarenga, secretario da Camará, o escrevi. — Dr.
Micardo Soares Baptuta, — António Crupim de Âhrtu, — João
Theodoro de i^usa Pinto — Makuel Rodrigues Ohgario.^^BTan-^
€Ísco Arantes dê Moura,— Modesto Alveit de Cai valho, — Fran-
cisco dê Araújo €huvtia, — Joné Buudo de Almeida,
Dos autos de inventario de Ãntonío Valério do Sacramento
passamos a trasladar os seguiutes documentos:
Ulmo. sr, juiz d^orphams. — Dia António d^Aranha Albu-
qnerquei residente no Bairro de Sajita Cruz^ deste Município,
que no inventario a que V- S. procedeu no espolio dts António
Valério do Sacramento e sua mulher, e em que é inventariante
Manoel Valério do Sacramento, foi descripla como per ten cento
ao acervo uma capeJUnha alli exiatetite dtmomineda de Santa
CrttZt quando é certo que tal capella é uma obra formada a
custa de esmolas e do trabalho do povo daquelles lugari^a, como
evidentemf^nte mostra o attestado jurado do Reverendif^imo Vi-
gário de Casa Branca ^ e mais provfto os documentos annaxoB
que todos concorrem a justificar a a diversas doa çõea do património
em que s^tà hoje edificada aquella capella Em vista, pois, da
Ord. liv. I, tit. 88 § 4«^, que só manda contemplar as cousaa
alheias achadas em poder do defi^nto, a titulo de empréstimo,
penhor 13. deposito^ pi^ra evitar descaminho; e como a respectiva
capella nào esteve em penhor, empréstimo e deposito^ era poder
dos ÍD venta ri adcSj o ^upplicante, interea^adú como ura dos doa-
dores á capella, requer a V. S, que incontinenti, á vista da
prova exhibida, mande e^eluir a capella e o terreno de seu
património do inventario, cumprindo assim o que preceiliia a Ord,
eitada, § 4.% e o que eiisin&o tcdos os praxistas, como o con-
lélfaeiro RajialhOj Liídiiuições orfaryjlogica»^ § 103, pag, 241,
O supplicante, confiado na justiíja e na lei, pede deferimento
ua forma requerida* E, R. M. Casa Branca, 5 de março do
1878, — 'Ânianio Aranha ã^ jflí&iiçiicrç«<.— Despacho :-^Em vista
dos documentos apresentados pelo supplicante, mando que ao
exclua do inventario a capella, ricando ás partes salvo o direito
da, em juíko competente, proporem suas at^ções, intimando-se aa
inventariante o despacho. Casa Branca, 5 de março de 1878,
*— Guilhermino,
— Wí ^
Documento
Ãttasto ín fiãt parmhi que se acha ediâctida uma capella
no Imolar denominado Santa Cruz, neste Muoicipio, que em parte
foi a esmola» do povo e dirigida pelo ar. Manoel Valério do
Sacrft.mento e ha mab de dou^ annos qtie se considera como
edifício publico, © por s^er verdade e me ser este pedido, passo
e firmo á fé de meu carg^n. Casa Branca, 5 de março de 1873.
—O vigário, JoáQUiM Thbodoro dh ãraujo TàVARHs»
O patrimODÍo da egreja doropoe-âe de 54, h 4,33 de terra»,
demarcada» na fazenda dae Palmeirasj em divisão judicial a que
ae pn>cedeii em 1879, no jui^io de Caaã Branca, «m virtude de
doaçõea feitaa por diversos, confurme ao qimdro abaixo:
DOAtXiKEÔ
Data da doaçfto
o « a
M ABI DO
MCLHEa
^ ^
JmI dof 8*nt3« Cairei». .
Maria Br»ndíq« de Qodoj* .
20 BCht«mbra 18T1
J«lo a»ptitt» <IB Barros Leila
Baleoa da BocHa BarroA. .
6 núTem^ro *
Jota ia Carralho Barroi. ,
Prancúta Pair»! de Bamw,
* » >
BA7inn4i> 4« Anojo Macedo,
»ari» jQlIa de Preitai , .
£] # >
e.3i
lutou Jo Araaka AlboqoArqae'.
Maria Brandi na ^^t%n%, .
se feTorelfo l&7í
V^ABcÉwo én Armojo tioaraia.
Atraltami Beato de Arai^o .
Uiría Joié i« Aranjo. . .
IT março 1878
» » »
MiflBal da Coita Cixaeln^
a,6o
Iflado GoisM de MoraaA ,
iiííit Carloa do Arantes. «
'a^p» Qotterta de Anârade.
ilarLa Lactaaa de Ar^ntet .
jHá CarlM da Araates ,
&el«fiaFranci&cade Arantes
ÍO * *
hud«o J<Mé da Botua Pinto ,
Maria Brandi oa Bei erra. ,
l^anciflca Maria do BiplHto
8aiiU> .......
S4 » >
28 . .
1,50
uj*
Santa Celts do Át&rr^do^ — Pequena capela, a doi^ kilo-
tnetros da cidade, á margem da estrada que vai a Varj^em Grande.
Foi constmida em 1893 a esforços de José Aleixo Caetano de
Carvalho, Sauto Meneselli e outros.
Saítta Cruk dos Valerios— Vide Sauta Cruz das Palmeiras.
Santa Emília —Fasçeu da agrficola-
Sasta EuoBMtA — Fassenda agrícola, pertencente ao município
de Santa CrUí das Palmeiras e que, pela lei n, 51, de íiO de
abril de 1SB2, foi desligada do de Casa Branca e annexada ao
de PirassunuDga.
— 198 —
Santa Iria — Chácara suburbana, também eonlipcida pela
denoraina^jílo d© Capitfto Vicpnte, porque porlcuceu ao ent&o
capitão Viceule Ferreira de Silos Pcieira — Paaenda agrieola, que
}*aasou para este muDicipio em virtude da lei provincial n. 89,
de 13 de abril dí? 1870, seudo deíligada do de Pirasiunnnga, Com
a creaçiio da villa de SSauta Cruz das Palmeiras, essa proprie-
dado ficou incorporada ao áeu território.
Sakta Isabel— Fazenda agrícola.
Sakta Mauia— Fazenda a-^ricola, pertemconfe ao raunicipio
de Santa Cruz dsia Palmí^iras, haj^. A íei n. 8í> de 18 do »bril
do 1870, dcFanmxou-a do miinicipio de Pirass-inunga e pasàou a
para e&tc.
Santa Mariana— Fíusenda agrícola,
Santa Paulina — Fazenda aíjncDla-
Santa Rita no Passa QiíAtuo— PovoaçSo fundada em 1860
por Francisco Modesto Ouilherjnino, Gabnel Porfírio Vilela,
Ignacio Ribeiro do Valle, Carlos Ribeiro da Fcmsoca e Francisco
Deocletíiano Ribeiro, quo erigiram no logamma capi^lla sob a
invócaç&o do Santa llita de Cns«ia* Foi crcada freguc^áa ena
1B60 a villa eta 1885. Pe*teHctrra ao município de Casa Brauea,
Santa Si lveiu a— Faseada ng^ricola, pertencente a Joaquim
Dutra do Nascimento.
Santisslmo Coração de Jesus— Capela de forma octogonfl,
coiistiuida no antigo cemitério, próximo ao Paço Municipal, por
FrAncisco José de Queiroz, capitfto José Venâncio VítlasbôaSi
capitito Prudente José Correia e tenente-coronel Jeronymo José
dft Cdi valho, era l8õL Teve primeiramente a invocação do Sâo
Miguel.
San*to António — Bairro e rna deslã cidade. — Fazenda em
Córrego Fundo,— Córrego, iiffliiente do Ttibarana, e que estabe-
Ince divisas entre es municípios de Casa Brsnea e Santa Cruz
das Píilmeiraa,
São BiSEíffuicTo— Antiga denominação da lua do Bosque.
São Besto —Rua, que lí.ira o largo da Cadeia Velha á rua
da Praia.
São DoMisoí-fí— Córrego, afí. do Pederneiraa.
São JoÂo—Corregn ne»to municiftio.— Bairro urbano, em que
ha duaa eaeolas publicas primariíis. — Ribeir&o, que banha a fa-
zenda de seu nome. — Travessíij Usando a cidade ao bairro deste
nome.
São José— Rua desta cidade.— Fazenda agrícola, outr'ora
pertencente a Santos lí: Meira.
SÂo José da Bebra - Fazenda agrícola, neste municipic,
perteucetttfí a Joaé Vilela de Andrade e outros. Está locada a
35"* noroeste da cidade de Cnsa Branca, na distancia approxímada
de 2-1: kilometro?, e a 58" nordeste da estflçlio de Tambabú, ua
distancia de 18 kilometros. As e^tradaii que a ligam a Casa
Brancap atraveàsando grandes regiões do camims ruío?, sào boas
— 199 —
mu todo o commercioe trafego \M feiloa pai"a Tambatú. Geo-
3i>gícajnent«j divide »e em duas r©ifiôeB distitictas i a pnrt© noro-
iifte^ cabeceiras do» corrcg-os Areiào^ Côclioa e BocaiuaT occujiando
A qDArta parle da área totaU ^ t^mpo^ta de terras boíts, isto é,
TÍcaa de oxido de íerro e humtis, semeadad de pequenos blóc-. s de
escoria* qae atteitam tua origf^m vulcaíika, poièm^ manchadíis de
teírcurB d© aluvirio em qu© fie eneontiain os grnnitos erráticos
Ideado?, e cUapadões de areia êolta, imprestáveis para qualquer
cullum, Em íeu conjuacto mostra eafareg^iao na coiivuUfles por
qui^ passou : eompoi^ta pnmitivnmfnte de morros alçam iladoft de
ori^^era Tulcanica, tei mais tarde soterrada por terrenoâde íiluviao,
e eUe?, nind», por terrenos Bedimentarci, que vieram á poâiçAa
âchal prr sublevações lentas, Á orifi^em lacuâiie destes ultimot
é provada pelo subsolo cnmpoíita de estraliticaçoes de arg^ila com-
posta, cm qu© a!" sentam as referi dwa areias soltas. Por Biia^Ui-
tiidf, eicepçÃo doí chafiadòes aieiinsos, toda a re^ifto srt presta
i cultura do cÃfé, que frutifica rpgularuiente, ua mó dia 8i,i arrc-
b»! jiftr mil pia A rej^iae a tueate, at»í ao cirrc^j da Prata,
e fiotoeate, acompanhando o lío Pardo, é compoata de campos
nificn de boa qualidade, que muito se prestam á crençâo doíçado
Unigíro e do cavallar ; iiifelízmenter poriam, a industria paòtoril
está ahi completamente abandonada^ contando -se apenas alj2:am
gaín vacÊum, de raçaa ordinárias. A f;izeudaé re^çada por muitos
corrfí^os^ &l!1uentea do ribeirão Tamhabú, triburario do rio Pardo,?
poticot se prestam, comtudo, para motores de graúdo íoiça, por
terem teu curso em logares pantanosos* Oá eorregna que a regiam
Eâo ijs st^guíuteã: Cochos, Areifto, Coeuruto^ Prata, Mnsqiiitos,
Batro Vermelho, Divisai Boa Viàta, Bílv* stre, Bocaina, Pcder-
ueiras e Pimenta e nbeiròes, os do luíeino e Tambabú,
São José do Bio Pa ruô— Cidade, no munii-ipio e comarca
de seu nome, 1i;^ada a Ca^a Branca pelo rjimiil de Mojóea, da li-
nhã Mcp^iaaa. A povoação foi creada freguesia ]ior lei provincial
oe ÍG de abril do 1874, villa em 20 de março de lí^85 e ci-
dade, com a denominflçâo de Cidade Livre do Rio Pardo, por
secreto n , 179, de 29 de maio de 181)1, O decreto n, 207, de
^ <íe junbo do meamo auno, rf^stiíuiii-lhe a denomina^'5.o antiga.
^Di vjHta da nova orgauisaçfio judiciaria do Eátado o termo do
^. líoié do Rio Pardo passou a constituir toniíirciif desmembrada
dl drt Casa Branca, a cujo território pertencia. ~A reepeito desta
Jocalidade, escreveu o drr. Moa 1:1 ra Pinto, no Jornal do Cotn^
merdOi do 2ÍÍ de janeiro de 1899: mFjJb Cnaa Branca tomei o
r&niul do CaDÕas em direcção á cidade do B, Jofé do Hío Pardo,
Patsei pelas eàtaçòes do Kio VerJe a 1 1 kilometros do Casa
liianca, Euf^enheiro Riibe a 18 e Villa Costina a 22* Di*ta a
cidade de B. José do Rio Pardo 35 kilometros de Cn>a Branca
e 30 da Moóca* Está situada em uma colina, á mnr^j^em ea^
querda do Rio Pardo, contornada a E. p"lo córrego Sao Joetí e
e ao N- pelo ribeirÃo Monte Alegre, aHiaent© daquelle rif^. E'
— 200 —
cercada pelos morros denominados Lage, Tobae&T Monli^ Alegr^^
Santo António « FArtuta, Ã cidade está mal edificada* Quem pros-
tra nella pelo lado da f^staçào tenle uma irnprei^aâo desug^rmaavel,
impreiBão que n&o se desvanece á proporção que »ecarniiiha fiara
o seu interior. E' uma ciJade sem horizont a; para qualquer
lado qne o olhar se volte depara eom montes e e^tes» muito pro*
ximos e libados na^ aos outros. As mas ^âo reg^ til arme nt'* lar-
gas» em ladeira, al^um tanto íngremes, sem c^lç «mento^ , oncis
eom passeios cimentados e iilaminada á Inz eléctrica. 0$ prédios,
em numero de 614* sào quasi tr-dos térreos, havendo al^nus so-
brados de gosto. Tem apenas ama praça, a 15 de Novrmbroj
em cujo centro ergue-se a Marriz e a um do» lado» a * a a da
Cambra que também serve d«^ cadeia « C^tá em parte ajard incida.
Po^BÚp Unicamente dons editicioB publicf*s, a Matriz e á Cnsa d&
Gamara, a Maçonaria, esti ainda em coo st m Sjf&o, mas j<r mBtt«
depois de c*'nt']uido ser um iropíirtante edificii'T j^ [>el«B ^uas pro-
porções, já pelo ^osto are hite* tónico. A Matriz ê um t*^mpIo
grande e bonito. Teto a torre no centro e um relógio íib?iixo.
Beu interior é bem ornado Tem além do altar mór, mais dou»
altares lateraes de mármore* Ã Oasi da Cambra é wn (ire fio
térreo, com 4 jan^-llas de í rente e n porta dt* entrada. Na sala
das sesíôes eccj^nt aras© oi* retratos rfe Tira^entris' e ^io Ma-
recLal Flori&no e um pequeno bu^to do G**aeral DeoiJoro*
A cidade pode ter uma ^wpulaçào de 4.0O* habttfliites O tnu-
otcipio c-^nfiim com Cnconde, Casa Branca^ Mocòca, ^kn Joio
da Boa Vii^ta, do Estadu de S, Paulo, e com Muzambiubo, do
Estado de Minas. EV reinado pelos riffS Pardo, Fartura, V**rde,
Macaíios, Agua Fria, Peixej M ute Aleg e, Santo António e
AííUaB Ciara-, Pertencem :ui munieipio os difctricio? do Sapecado
(Espirito Santo do Rio do Peixe e S. Sebasrifto da Gramnift,
6 08 bnirros Montn Alegre, Fartura, La^en Tubaca^ Agu^ Fria,
Rio do Peiro, Santo António Engenheiro RObe, Engenbftiro Ho-
míde 6 Vilia Hostina, estéã t>^à ultimits com estações da ei^trada
de íerro. A lavoura do municifdo é a do café, haveudci 100
fazendeiros, que exportam 500 mil arrobas de^se pro dueto Es*
tive nessa cidade com o itiiemerato rt^puHlicano Ananias Bar—
boza. que em agosto Je 1889, fendo proprietário do Hotel
Brasil pren iou o cbefe Jiberal SAturnino Biirb *s&a, o sub dele lt^-»
do e resistiu a uma força de 20 e tantas praças, que pretendiam
assassinar o gf^nentl Glicerio e a elle Ananias. O general Gli-
cerio dirigia-se entAo para a Mocóca, afim de fazer conft^rencraa
republicanas S José do Rio Pardo foi em seu principio a fa-
zenda da Lage, da qual era um dos condóminos O ''enente António
Marçal Nogueira da r^arros, que fez doai^&o, a 19 de jnnbo de
1865. de trea alqueires de terra. Foram outros doadores Cniidilo
de Miranda Noronha, que na me^-ma data deu M^n alqueire.
Cândido de Faria Moraes, que deu três alqueirei, Joi>é Ttier»dnro
de Nogueím Noronba, que deu quatro alqueires, e João José
— 201 —
de Sousa, que Jen a € de fevereiro ãe 1865 um alquebre. Em
25 de fevereiro de 1873 linuve A poase judicial dos terrenot
d nado» para património da i^r&jií.w
São MintTSL.— Faxtí d^i de cultara de café, pertenci^nte ao
eonsflbeiró José Daarte UoJrigueá, próxima á estaçàri do Rio
Verdfl, E' «mã das maia iroportíintÃ* da comarca, e illuraínada
a gaz acfttybno. — Rua desta cidade e que lig-a os Iftr^oa da
tnatriz e Cíideia, — Vid<i SaDtiaíiimo CoraçÃo de Jeíu»,
8âo Pedro — Cí^rrego, na fa^r-nda Morrinhos.
Sào Pedro dos Morri pthos —Arraial, fundado em território
da frtzen da dos Marrinboã, em iBíít, por Mf^y^éa Vpnaiicio Villai-
boes, Au to aio Auirnsto Corroía d** Canralho, Eugi^iiío Ferreira
de Cwitro e Francis-:;© António do Prado, quM do.iríim B&,72
Imitarei de terra [lara património da egreja. For u^rta lei de
1B99 foram ali creadas duas e^cobs primariai.
Sâo S^VAdiilo DA Boa V STA.^ — Antiga denodiJDAçâo do
muDicipio e villa de Mocóca. Vide e*t6 nome e Boa Vistii»
São BtHÃo.^ — Povrjação, fundada em território que [iertt*ucia
ao wiunicipio d© Ca&a Branca: foi creada frefruezia por lei pro-
vincial de 10 de março de 18'I2 e villa por outra de 22 de abril
de lSt>5. E' sede da romarca de B. Simào.
Sâo Tr)CO[>oro. — Fazenda aorrioola, annexiida á freguesia
de Ca^a Branca e df^smi^tn brada da de B» J> té do Hio Fardo
em virtude de uma lei da antíira Atsembléa Províticial.
Sii> VicBNTE. — Faz<;nda agrícola, em que b« cuhíva o cs-
féftiro. Foi de^lig^ada da de Hib^irlio S&o Joio.
Barai^di.— l/0|^ar, pF*»xiaio á faxf^nda Caca«i do Rio Vtírde*
— Vocábulo brufileiro^ eoatmcçâo de çararé^ih^ ii^tiíâeando, >e-
giiado Baptista C*btano« — o« páu& ou pemaa por sobre aa quaet
ao fas toIat a madeira tirtida.
Hekuom Bo» Jeííub. — FaiLeoda a^eola^ pertencente a d.
Àlarta daa Dores Nogueira de Carvallto e ontrot; hoje tem outna
deíiomlnaçôea.
8 KHi ESI A. — Legar e cato po* i^a fa«- Boa Vit ta. — N ome vu ! gmr
do DiãMfphuf ^:rtJ^tatuéf ãve da tirdeoi dos peruai uu, nouval
peU guerra a«»idiia qu«^ fase a toda a «orte de opbídiot, Maio-
Gaar lho chama Sfjrmtnn ; e é provável que teja «t^ o nome
primitivo d<-fta ave (B. Itr^trair».
Bkrka Sar^aa das CAt^u. — £^ ama nyutlíeaçfto indoérte da
corditbfxira ocridetital áu mm éê llaat»f|ttmi^ csjia âfittf ali-
mi*iitaui o« AfHiieniea do rio Uoftignãããà. 1^I«A á eaitoeiáa
■com o nome de Boa VUu (Aaaraoio MánQKSi)
SBBaaDTaffo,— Correia ha antiga teondla da Coeaea, tribo*
tario do Ja^uarL
f^aaaiJíHA^^Fas^Qdn ag«icia.
H>BTlo Mritnao.— Iíf« a*atia coahteidã lodo • vale f|«e detli
logar vai áa mar|^«ai do Rio G*a«d^ atf ecáilai«il# a maafctpia
da FVanot, que é pAaiko e eob«ito do Eada vo^vb^Ao.
— 202 —
SertAosikih>, — Antig^o quarteirão |Cil|cial, Imjií extíncto e
auni^xado^ em píirtc, ao dibtt-ieta de SAnta Cru$s dae Falmeirofl^
— EEtnçSo da (/OmpauUta Mogiana, ne^te irninici|iio, já exrlnctit.
— SerrA ; linsita ob fnuuicipío» de SaTitn Rita do Passa- Quatro
o Casa Brauca e eslá colocada a oeste desta ultimA privoução.
Sesmaria.— A origem deste nome parece que se de?e pro-
curar em sesmaf que era a 0.* parte de qualquer coiôa. Kcomo
estas terras se costumavam dar com o foro e peusâo do sexto
ou de sefíi nm, daqui se disse facilmente sesmaria ou sesmeiro^
o tamhfni sesmo, sitio, termo ou limite em que ae auliam as
terras a?sini dadas de sesmaria (Vjtiíkco).^ — ASeamdrias s=ílo pro-
prianieato as dadas (l) de terra, caiaes o pardieiros, que fur.im
ou bSo do alguns senhorios, e que já em outro tempo foram
lavradaíi o aproveitadas o ag-ora o nho sko (Ord, íith 4, Ut 4:i, pr.)
^-t^Hinl foi Oíigioariamente a exten^jio suparíiiiaria de iim:i ses-
maria ■? Lemos em Pjmbiítbl» Arte da Navegação ^ que tL l&gita de
sesmaria tem 3 000 braças. Era preciso que já a es-o temjto as
sestn avias fo=Bem muito jrrandes, para se medirem por l''gui. de
um certo typo. No ^rítíííí as doações feitas na costa por d. João
III eram verdadeiras sesmiirias, uâo no sentido le^ft! que vemos
firmado uas posteriores rrdeuai;òus do Reino; mas, no popular,
em que aqui sempre so tomaram ftemiOliiiiites dadas. As con-
cedidas pelos primeiros CapitíLe» donatários, nos tormos dos fieua
foraes, devinm ç.ól*o com a çlamuU da Ordena^ílo ; ma» ufto bví
ILes marcou a extensão, E' de notar que, em re^^ra^ a seamaria
no Brasil se níio podia rerjêr pela Ordenação, como b[*m eou-
Bultou o Desembaraço do Paço, e se vé em Gabe do, p. 2, dec.
112, 0 Repert, das Orã.^ vb, Sesmciro» devem dar as tervan^
not. ò. O Ah', de 8 de dezembro de 1&90 firmo i sobre a
extensão das sesmarias ntna regra prudemcial, deixaria ao arbi-
trlo dos g-overnadorep, quando míindoa a d. Prancítíco d© Bnusa
que «a todas as pe^^oas qne forem cnm s\ni& mulberes c jfllbos
a qualquer pai te do Brai^il lUeà SHJíira daJas terraa de fie^marias^
para nellas plantarem seus luantimeutos e fazerem roças dô
cannaviaes para sua susteataçilo, cmiformc a qtmlidadtí e fumiUa
{isto éf numero das ^jcssôrí delia) de cada um doa ditos camdos.v^
Nem de onlra maneira se podia le^i-^lar para um paiz nas
condições do nosso a eSbe tempo. Comíudo^ nào tardaram os
abusos; o no fim do século XVII vÊmos a cornara da capttauia
so lUo Grande do Norte rcpresentaudo «que ali exiâtiam muitas
pessoas a quem ío liavia dado quantidude de tcras de sesmarias
que nâo podiam cultivar, fendo aíifumcs duas e íres stsmarias
de 6 € 6 léguas em quadro^ que vendiam e arrendavam». Em.
resposta ordeuon a Cíirta ré^'ia de 16 de março de 1692 ao
governador /António do Soufa de Menesif^s que Ibas tirasse o
défise a quem ai cultivasse. A carta réj^ía de 27 de dezembro
de 169r) marcou 1 légua de de largo (testada), e 4 de comprido
(fundos), a carta régia de 27 de dezembro de 1697 já restringiu
— 203 —
oi hnéo% a B legaaa pam 1 de testadn, ou 11/2 légua em
qadro; o que foi reconimendado peln Frov. tle 20 de janeiro
de 1699, a ainda outra vez pela de 19 do março de 1729.
Outro typõ ví^mas nú Alv. de 23 de novembro de 170í>, «pelo
quál E. m. mandou que £e dé^se a cada aldeia, teiido i(K\ ca^aes,
1 Ifg^ua de terra em quadro^ tirando-se, ti nccf Èsario fõrFe» de
ijUAlqiier OQtra secção vizinLa á nldcía, f xccutnijdo tãto ns ouvi-
dore;; sumiTiarisBimameiítc, tem attençào árepugaancia dns i^aries».
E*fC ,ilvará^ quí?, al^m de nua légua jjftra os Indíps^ raanda
separar uma porção para es seuâ párncti, foi diní^'ida íio í;over-
nadcr de <9áí> Fauíu; assim como a cada réfj^m do 12 do no-
Temliío de 17 10^ declarando qtto *esfa porçào (jiie fo mauda
separar para os vigários, tirando-a dog paniculaios vizinlios,
TiM seja mnis do que nquella que haaie para pasto dt três ou
qmtTQ cãcallo» e dt ou iro s tc.ní-íiH vttccasf, que (* o qiio basta
pflrB um clerig^o» ; e de ambi a dá noticia JostJ ARfiurnii de
Toledo RbiíDiiNi na sua instructiva Memoria tohre as aítleics
àos Índios àa protrincia de São Pmilo, estampada na Rev. Trim,
do IfíífU Hút. Geogn c Elhu^^gr, Brás., 1843, 2/ ed,, 310
(Macedo Soareií). — Em Mato Groaso^ em IS 28, as maiores ses-
nwiiag tinham três léguas de fu.t>do e uma de tcstadt ; e es
"Dtarires meia légua em quadra (Amncourt), — Em Minas Geraes
*i fiflsmarias iam desdo 48 léguas até 60 braças quadras (Grruer),
^As crnccsaõesj que temos visto aqui no Mar d' líi apanha
(fi àiiem-ncs serem eguaes em tudo âí dndas para toda osta
^^t<i âo Uió) regulam meia lei^aa em quadra... (M. Soaues).
—^"^0 Rio dt Janeiro a sesinana dada aos je&uiíaa por Es tacto
^^ ^i, no 1.^ de julho de 15C5, fui de duaâ leguris de testada
e duas de fundos. Já a da Gamara, dada polo mesmOs em 16
^^ áito mez e anno, foi de uma e mci^ légua de testada com
dufta de Inodos. Mem de Bái em 16 de agosto de 15G7, cnnfir-
*ii<JU a ícEinaria da Camará por lhe faltar o auto de ]»0£6e,'^e
smplif.u^a com mais 6 leguag em quadra fIlADi>fiK),
Seísharia de Lourenço BIaiitins— A respeito da íes^niaría
í^onceáida a Lourenço Maitiuã Leme, encontram -se no cartório
«o e^crirâo de psz oa seguintei requerimentos i
1— DÍK o Alferes ITrias Egmidio Nofíueira de Barros e oe
*Daiio ataignadíiS, todos deata freguezia, que ellca supp." querem
Enamar a este juizn todas as Pessoas que se axUo dentro da
Jiainaria de Lourç.' Miz. I^eme, sendo os seg,'^ : Francisco Martins
?* Çarvallio, Ignacio Pires, Jacinto Pires do Prado, Angella
^*í"ia de Tal, Ignacio Pirts Moaao, Joaquim Ferreira, Antouio
J^lQe, asim mais todos os que se julgarem intruzna na Bobre-
y^ iisntaria para que comparecido na iirímeira Audiência deste
Jbiío ftflin d^e gç tratar do meio da ivconciliaçào do Estillo, ficando
tfldoí citados por todos oa mais termos e actos Judicíaea the
IM O teiipo iruDifamioii a vd^hIjI dúia vemap ^qí
— 204 —
final seotODçaf por tt*— ?, a V. S, seja servido mandAr quft ■»
Q0t)6quem por todo o requerido e que «e obaervo ú% termos d»
lej. — E. R. M. — Urías Imidio Nogueira — Ânt/mio de Magalhães
Passvs — Joãa Pereira âô Sotíjfa—José de Magalhães FasxOít— Bal-
duíno José Marques— Áúgiio a rogo de Joana Maria de Moraea
^^Urias Imidio Nogueira^^igTiAl e cruz de Francisco t Pereira
da Silva , ^—Te^uo da RRcONCiLuçÃQ.^Ãofl 24 diae do mea do
tetembro d© IH32, neeta Fregupssia da Caza Branca^ em cazaa
da residência do Juiz de Paz Suplente Praticisco António Gon-
çalves dos Snntos aonde fui vindo Eu Escrivào do seo carg^o ao
diantA ncmeado e sendo ahi compareceu o Alferes Urias Imidio
Nogueira de Barros, e ontrns interessados^ e trazendo por urdem
deste Juízo a Fraucíaco Martins de Carvallio, Ignacio Pires,
Jacinto Pires do Prado^ Ângela Maria Pernaades, Ignacio Pjrea
o moíjo, e outros referido no requerimento, sobre os factos ale-
gados no requerimento retro, e supra e o resultado foi em pri-
meiramente correrem oa Rumos com Agulhões para esse meio
Terificar-se si estfto dentro da dita âiamarirt por ovidatemse o
Runio d» mesma quando depois de correrem os dittos Rumos da
siimaria e se axarem alguns coniprehendidos dentro da mesma
aabirfto para fora, e por asaim »© havi*rem convencionados, maU'-
dou o ditto Jui^ lavrar ette Termo, em que se assij^na com a«
partp». Dpciaro que não assi^non Jacinto Pire» do Prado por
nfto coraparpccr e Eu Manoí?.l Joaquim d© Sousa EecrivÃo que o
EBcrevj.— Santos — Urias Imidio Nogueira— Joze de Magalhães
Passos — António de Magalhães Passox-^João Pereira de Sousa^^
Palduíno José Marques— Francisco Martins de Carvalho — Atino
a rrpo da eenhon* Joanna Maria de Morais ^ — António Gonçúlves
da Ã/íra^ Si final de Cruz de FrHucisco t Pereira da Silva — S ig-
ual de Crua d*^ Ignacio -f- Alves Nogueira — Bignal de cruz da
Antoniú 4- Rfque — Ignacio Alves NoguHra^ Alexandre José No
gueirn — Signal de cruz de Joaquim -(- Ferreira de Queirifz—Si^
""nal de çrtiz de Manoel -(- Ferreira do Prado — Âsmo a Rog^oa
de Anna Maria I^nasia — António Gonçalven da iSiÍva,-^E logo
no mesmo dia, mez ô anno, depois de concluído o Termo dd
conciliação Rseima referida, e as partes assignadaa compareceu
Jacintbo Pires do Prado sobre o objecto que trata na petíijAo
enfrente, e o rezultado foi nào convencionar &ó sim sahii&o dat
ditas terras \^r iinal senten^^ quando deac^ia jior cujo motivo
pascião a tratar dos seus Diff^itos no Jutzo com[>etente.
2 — Dizt^m os abaixo aBãigtiados, pro^^ríf^tarios e interessadoa
da sesmaria denominada Resaca do himbari^ desta frofrut^zia do
Ca^a Branca, termo de Mogi-mirirn^ comarca de líú, que ellet
«npplicautes, por titulo Ifgal, t,ko senhores do respectivo terreno,
letn Cfmtradícçào, nem opposi^Ao de alguém, como se mostra dos
documentOB juntoià; e para bem de serem garantidos pela lei do
Império, requerem a V. S, lhes conceda liceuça para limparem
OB rumos já corridos e de marca dos » acceitando V. 8, ao piloto
I
— 205 —
hhQ Maifellino o Francisco Martins de CarvalTio para exami-'
narí-iiQ e coneenorem os referidos ventos, na foiii.ii cmtcedida
P, P. a V. S., ©te.— C/r ias Emídio Nogueira— -Jomx Pereira áí
^uio.— Termo. — Ào» 21 dias do mes de maio de 13B0, nesta
ÍTfgfui^fifl da Casa Branca^ em casas Ha residência do juiat de
pas Eupplente Mannet Luiz da Silra Yillela, onde fui vindo ea,
e^cnvio de sf^m car^ro, ao diante nomeado, tendo ahi presi^nteSf
compareceram o alferes Urías Ecnygdio Nogueira, JoUo Ferf^ira
de SoQui e ontrofl interessados da Resinaria denominada Resaca
íq Latnbvri^ para o eSeito de nomearem louvados para o alim*
|»am«Qto dos rumos da dita sesmaria, oa quaes uom«5aram a Si!-
Tftrio Pnreira da Costa e Joaquim Maehíido de Oliveira, para
cujo fim foram, por ordem do juia, notilicados para prestaram o
juramí^tito dos Santc»ã Evan^elbo^, i^tiilmente aos piloros no-
m^adcs Joào MuTcí'Uinf> e FrHnciacn Martins de Car?allio; do
^Q^ pura constar mandou O dito juiz fazer este em que declara
qudiqQcr dia do mf-z de junho próximo para efftictuarom a dita
Biediçaf) e limpamento doa rumos, e lavrar este termo em que
w *â«igna cfm ob ititeresstídos. Eu, Mnnuel Joaquim de áousa,
«tcri vio que o e s cre V i . — Villela — Ba Id u íno José Ma rq nes^ Joõ/o
Pereira *^€ Sousa— Júão Lmifenço — Bio^imi de cruz de Ignacio
JÍííía Nogueira— Si \^utú de cruz de Ignacio Martins de Carvalho
"Sijçiial de cruz do Prancisco Pereira. -— José de Magalhães
3— Dis Lourenço Martins Leme, da Casa Branca, que o
«npplieiíiite requerendo ao f-i-juiz das medições capiião Manuel
Um dtt Barros, a reformação dos marcog de pau a pedraít da
*ni ««iinaría da Re^taca do Rio Lambari ^ ao qun, de te rindo
iMudoii que se citaf^^e aos heteoi» confinantes, o que a- í'í*z: que
^ íup(>licante faz a bem que o actual escrivào, revendo os dito*
auici, ih** pae^e certidão em breve relatório, declarando [tor aeUB
uoinça snbr' (?) e cogaomes os lií^rêoa que te citaram e a data
^8 cí-nidfto, que a ser uma só, que a pasae por seu teor,- Des-
fACBo.^Paate na forma que requer. ViHa de il/o^ij 20 demarco
de 2824.^ Praí/o —Certii>áo. — Manuel António dt*. Oliveira, ta-
■^'lilo publico do judicbil e nrtas e maÍE aune^coa ne^ta villade
^^i-mirim, e seu termo, &^Certitico que revpiido os aut<i^ de
%^^ laz menção o requerimento retro, uôHrs a fls- 19 ee acha o
J*inUdo do teor e íôrma flej^ruinte : O capitào Manuel DiaB de
-^^CM, cidadfto juiz dad mediçuea das t4*rraa de sei^ toaria da vi lia
J^ 'tirino de 8ãQ José de Mogi-mirim, por proviftào trienal do
^Ittio. Exmo Sr. Marquez de Alegrete, g-overnadur e capitáo pe-
^^'AÍ desta capitania, e na mesma vil la e seu termo procurador
^ f^íizeíida Keal por provisão do Serenissirao Príncipe lieí*ente
"OBtó Senhor, que Heos guarde, ete, — Mando ao eBctivàf^ do
meu car^ que i>or bem deíít*^, indo por mim a&sÍg'nado, e em
^'^'^Itrmiento do meu despacho interlocut^mo de íls 16 v. dos
ftutfli da mediç&o da aesmaria que obteve Lourenço Martin& Leme
— 206 —
e fez medÍT na pRraií'em da Ilcifaca do rMmbarí^ gom citAçifco
feitíi nos Lercoa confínnntes da niesma, citem uqs mesmos, que
sSo 1 Joaquim Furtado da Silva, Bento Dias GarcÍA, ore v. Fran-
cisco de Godoy Coelho, António Xavier MacliaJo, Joflo Joad,
Ignacio Ft^rreira Alves, Francisco Ferreira, Gonçalo Ferreira
Garcia, JoAo Lwis, Joílo Francisco (por cabeça de sua mullier),
Ignacio de França (}tor cabeça de sua mnlhci), António Manuel
Corríia Leme (por cabeça de aiia mulher), António Fernandes
(por cabeça de ina mulher), José Dias Mftiuardo (l)f e Cítes na
qualidade dv berdf^iroe de At;na Garcia e equ marido João Mar-
tins Diaiz, como também a Amónio Martius e Joflo de Matos o
seu3 irmíio?! que me informam serem os sobreditos confina ates da
dita seaToaTia, para qne no dia 22 do corrente muz, em qae hei
fazer audiência na fazenda da Paciência o Pederneiras, compa-
reçam jkOL' ú ou por seua procuradorca, na mesma audianí;ia, para
neila àiz&r^va o que lhes âzer a bem, respeito á mediç&o e de-
marcação da mefinia feíuiíiria, píira o íim de se poder jul^jar por
sentença a me&ma, como me foi requerido pelo mcemo aesmciro
em ma petição de fls, IG. Visto que dos mesmos autos uio
consta serem citados os ditos confinantes, nem Luciano Dias, por
também o ser, ao qual egualmen te citará para a mesma audiência,
e a todos sobreditos, com a comininAç?io do, á sua revelia, bo
proseguirem os mais termos de direito: o qiio cumpra e ai nfto
faça. Villa de Moi^i-mirim, 13 de maiço do 1813. Eu, Fran-
cífco de Paula Brito de Andrade, Oicrivão qu© o eacrevi* —
Bahuos, — Francisco de Paula Brito do Andrade, tabelliáo do
pnblico, jndicial c notas, o escrivUo desta Bcsiiiaria, por provisão,
etc. 'CertiGcD que em virtude da mandado supra, citei aos con-
finantes declarador no meimo por todo o couteúdo tupra, o que
fiz a uns em suas próprias pessoas e a outros por cartas quo
tive a certeza de sua entrega. O referido ó verdade, em fó do
3ue passo o presente que assigno. Paciência e Pederneiras, 22
e março tíe 1813,— Francisco db Paula Buito de Andiude, —
E nadft mnis se continha nem declarava em dito mandado, cte.
E eu, Manoel António de Olivf^ir/i, escriví^o que o subscrevi,
conferi e nsai^no. Manuel António db Olivriha,
Setz de SETEMBuo^Rua, antigamente denominada da Falha
por que é mais conhecida.
Silicato dr POTASFA^Vide Kaolin.
Silvério— Córrego, na faa. Várzea Grande, aff. do rio Verde.
SiLVESTRE^Corrego, na faz- São José da Serra,
SiTio — O mesmo que chácara. Também dizem situação^ Ha-
bitação rústica com uma pequena granja (Auletr)* — Em Bio
Paulo da £e esta denominação ás pequenas fazendas*
Sobrado — Córrego na antiga fazenda de Cocaesi tributaria
de ríheir!ko deste nomo.
(1) Ma!Q*rda. Milnate oa Ualnarotfl t
- 207 —
SoRuCà— Assim doiíomiuain-se a^ excavnçôoí quo se yi^m ao
pé áeatft cidade. tiiTibeui cliaLDada^ búnsnroca^f e ds^b^iTaticados
ou eibarrofidfidoiro?, em Miiia^. Quaiidoo cíê imperador d, Fedro
U vigilou Casa Branca, em ISH7, dizem qiití ex pendura èuíi opi-
nião a respeito, manifestando que o verdadeiro nome era *Sorúca.
Ke**a occasiào um doa rcporters qufâ o flcompjnbavaai publicou
em jortial áo liío a gegujnto quadra:
< De Casa Branca a cidadô
alegra a quem a visita \
ppía ao kdo das sórócas
tem muita moça bonita.»
Esta qnadra é attríbuida ao poeta Jíucio Teixeira, ent&o
Têpr^fteutante d 'O Paiz (Almanaquk de Casa Braxga, 188 H)
—Coroca: (í»:ermidÍo) rompeu do-se ; sendo rompido, desmanchado,
rascado (Baf. Caetano)
Suei mi— Córrego a fluo ti to do rio Verde. — Nome iiidif^ena da
aaaconda brasilica. LuceoK faz meoçlo^ na li ia líos reptis da
tueuriuba ou smcnh/íÍ (b5a anaconda), que diz ser— a i*er^ largn
ttmUr inale . Raqueni e Lafavkttb Gecievem que sucurijú ou
lueuriuba è—una specte di boa dei Bramle.. O BahAo Db Mel-
OAÇo dá noticia de trea rioi, um ribeirão 6 uma cachoeira do Es-
tado de Mato GroBso, cora o nome de Sucttriã, EscnAQsOLLtt
TAUKAYt considerando prrtugueza a palavra nncuri^ dá-lbe oiê-
naga como a bua cnrrespQD dente do dialecto (luaná da lín;2:ua
tupi. 0m rio de Goiáa é denominado Sueuriít por Cunh^ Ma-
tos, Azevedo SiARQtrRS escreve; ^ Sucitri rio aíVluente da mar-
gem esquerda do Tietó Corre no sertão desconbecido» Milliet
DB Saint-Adolpíie dcsignft rios, povoação, cacboeiía e ribeirões
cm Sôo Paulo* Minas e Mafo Grosso, 6ob a denominnçào de Su-
curi 6 Sucuriú ; e LutH D^AuNCoiTar um rio de quart* ordem,
da rofjíào de Mato G^ostlO^ cujo nome é Snctuíti do Jurttena, a
falando da êiteitri e da yiboía, diz qut^ egtas duas espociea de
grandes cobras n&o tèm veueno, mas são noi^ivas por cnmerem
08 animac^ domestico», Cokstancio Cícrevo • Sucurijit ou suca-
ruíiiha: cobni cUamada também cobra dp veado ^ cobra monstruosa
que traga um veado inteiro. Creio que t'; a mesma que a anacon-
o* da Ásia. » Nfto mencionam a palavra em que&Uto: Baptista
Cãetauo, Valle Cabral, VellosOj Moraeâ Torres, Costa Uubim,
Freire AlletíiAo, Tocanliuâ, Honorato, Montoya, Tkoniaz Pompeu»
Âdolj>bo Coelho, José Verigsimo, Barbosa de Almeida, Jomard,
Moutinho, Tácbudi e outroSj que cônsul tamoã. E* do presumir,
poit^ que a anaconda brasílica uào tenha o mesmo nomo na? di-
vorcias regiões de nossa Pátria, Em Minas e Sâo Paulo tem a
denominação do sttcuri 6, mui raramente e erradamente a dõ
êucnrià. Qual então deve ler o aeu verdadeiro nome :— tucuri,
lucurm, sucuruiu, sucurljú, sucuruíuba ou Eucuriuba ? A noaso
— 208 —
Tér, ãfi^ãe que se trate unicamente de designar 0 nninnnl, deve-
le eBcrevPf sucuri (nào i-ucury). Ah pariiculaa ú, yii, lé, jú, iiba
tèm BÍ^niflcaçáo própria; e^qu^odo pospostas ao vocábulo^ mudam-
Ihe conijUetameuta a EÍgnícaçáo. Át^sím, por exemplo: sucnri é
o nome d© uma cofcra; desde^ porém, que se lhe addicioDe a de-
iinencia^fV — (agua, rio,) o vocábulo [stu^tiri — ú) pagsa a sigoi-
ficar—río ãa «uturi. Si so lhe ajuntar— t^ ri — (podre, apfidre<?ldo>,
a palavra aBâim comj oBta {»ucuTÍ—yú ou »ucurú — ^«a) designará
ama BucTiri podre. — Sucuri é melhor ortho^raphia do quo a usual
{sucurjf). Martins escjeve — Çutur^UfG defioe-a — cobra d^agua.
— Sucuri: a íie» pente gigante quf^ habita nos grandes rios e en-
gole um boi De sua, animal e curi oucuràj roncador. Animal
roncador, porque de feito o ronco da sueuri é medonho JoBâi
DS ALENCAR,)
Tamanduá ^Córrego, aff. do Sucuri. — Do gaarani taman-
duá. Quadrúpede conhecido, de que ha duas espécies : handÉÍ~
ra e mirim,
Tambahi— Vids Tambahú.
Tambahú— Povoação e districto de paz^ creado pela lei es-
tadal n. 79, de 25 de agogto de 1892. — Rio; nnEce na Barra
Grande, conãuencia dos ribeirõeã Arrependido e Bebedouro e
corre entre esre muoicipio e o de Sào Simdo. na direcção d*^ sudo-
este pat£ nordeste. Azicvedo HARQt^i-m designa este rio, itffluente
do Pardo, pelo nome de Tambahi, que na lirtgtia tupi quer dizer
a mesma cou-a qun Tf<mhahà Os caipiras, ou ti atura es deitas
para^íenâ, dào-lhe este ultimo nome. — Local em qtt« O rio Tam-
Dahii atravesía a serra do Arrependido, — Vocábulo indigena^ ou
da lingtia g-Piral, significando rir} dm mexilhões: composto de
tambài mfXtlliòea osUas, o Ati (corruptela do Ar/), rio, agua. Tam-
há, mexillfmej*, etiam quod est^ intra pudenda muHeri{yíoíVT€n' a),
Tambéf mexilhões, ostraí, o que está dentro da concha (Baptis-
ta Caítano). Oa indígenas tinham por costume derignar as
localidades pelo nome correspondente a phenomenosi phyi|Coft
notáveis, ou a accidentes das mesmas localidades. Nilo parece,
por isFO, raaoavel a gignificaçÃo de rio dos mexilhões para o
no^so Tambabú. Baitista Cartano diz: * — Çambabt part. :
logar, tempo, modo de ser amarrado; Bubst. : juntura, uniâo^
attitíulaç&o». Esta a raiz m/its provável do vocábulo Çamòab-i,
que se corrom[i«u mais tarde» pela queda do ç brando, em Tam^
bahl Otl Tambaliú ; e quer dizer logar onde o rio se junta , E
é juntamente na serra dj arrependido, cortada pelo Tambahú e
pela eatrada de S, Simào, que esie rio faz juoçAo com o Ta-
quaruçú. A denominação extendeu-se a tod^ a sona banhada
pelo rio. O nome Tambahú, disse-me o illustre indianólogo e
meti «andoEO amigo ViscoNtu de BKAURJíPAmK-RoHAN, náo é
eicluâivo do município de Coãa Br anta, Ha na Parahiba do
NorUr a alguns kilnmetros da oapital, uma enbcada chamada
Tambahú, onde passei um dia mui alegre em companhia de
L
— 209 —
ftmi^oi, S6iid<» eu então prés ide nt*i da proviaçii. No arti^
Nomina locorum do seu Glonnario^ Martius menciona este Tam~
6a A li, e mais e Tambahã^entsú e o lambahú-mirim^ cachoeiras
do rio Tieié^ das quae» fala o aabio dr. La-Cerda no teu Dim-^
rio d£ viagem, iem corotudo dar- lhes a otymolog^ia^ como aliai
0 fes a respeílo de ontra» cachoeiraa e demais ac^id^ntf^g da^
qnelle gnnée rio. (i) E' bem claro que o vocábulo Tainha ai-
gama siguilícaç&o tem; mas, além da que Ibe dá Montoya, não
1 tenho podido eueoatrar em vocabulário al^um da liu^ua tupi.
Áo mexilbào chamavam os itidioB da costa— sururu^ nome que,
desconhecido hoje ua parte m^ridionaL do nusco litoral, é ainda
usual na Bahia e d^hi para o norte, menos no Pam, onde, se-
gando Bahna, o conhecem |>ela denominação portng-ueza. Do
mexilhlo da agtia doce, de que f^la Gabkigl SoARaet, sem Ibe
mdicar o nome tupt, eu nada lhe poaso dizer. Cumpriria Fa-
W Et neaee rio Tambahú, do ^eu munieipio, ha meicilbòes ou
oatm qualquer marisco a que se poBta a|jpliear o nome guarani
de iambá. Será um peixe '? No Pará ha O Tambaki, que vive
Du arruas doce« do Amainou. Era S Paulo hn. no rio Tietê
im peixe chamado taharajta (2) Se^rá ett© nome uma corru-
ptela de tamharana^ si unificando neste cãAú — semelhante ao tambá f
Sào me ê posBivel esclarecer estas duvidas, e eu, n^-stes ca aos ^
Ifíffiro antes confeasar a minha ignoranc'a do que fabricar ety-
«ob^ias irrisoriafl, eomo o fazem certos gabios, aos qua^s bem
16 |íôde appHcar a sentença d© Mcuérb: Un sol ítavant ent itot
jrftwça' un s*^it ignoraní*. O pro( rio BAFriaxA CABrANn, que
pin&va como g^ran-mestre da língua ^eral^ teve lamenta veii
nâseihid&s : por eiemplíi, tnmou como tupi a palavra carapuça
« neiíe tentido a decompoz. Sua argrumentaçâo é «pparente-*
picate t&o sólida quf^ pode facilmente illudir a qualquer que
ignore a oríg«m daquella palavra, usual em Portugal anfes da
descoberta do Branl, eomo se pode ver na celebre cai ta de
Peru Vaz de Caminha, dirigida de Porto Seguro ao rei d. Ma-
i*Oftl. BAPrrsTA Caftaso nuoca perdoou a si próprio tamanha
leviandade, logo que soube que a tinha commettidn». Em carta
pOítprior, accrescenta o venerando mestre; »Ha dia» o Joriml
ffo Ctymmercio^ nnticiando um naufrágio na costa da Rirahiba
«í Nortej dá ao TambahA o nome de Tifnbahá, n qup para mira
€ inteiramente n-^vo. Nó^ temoB uma arvore de con&trueçlko
cbatoada Trmbahnba e lambem Timbahiba. E' talvez mais um
Aleajeoto para a di^cusaào». Nos riot e córregos deste Estado
hl ptu abundância um peixe chamado tamhiíi^ pouco m»ior que
o hmbari e da megma ef^pecie* N4o será essa nome Tamhakú
tuna corrupçíLO de iambiú *— As divisai do districto de Taniba-
iú, legnndo a lei referida, eram ai seguintes, conforme ao tex-
- 210 —
to ãíí meama lei, deste ieôvx «Art. 1/ Fica creado um dístri-
cto dõ pJiz na povoação de Tatabahú, manicipio de Casa B^a^c♦^,
com as i^eiç^tiLnteã divleasi Ãlio da âerra do Árrcpotididn, oude
se encoiiham ob limites do miinicipio dfi Santa Crua das Pal-
meiras, secundo depoifi pelas divisai da fazenda do cidadão
Frflni*ÍBco Borges de Souaa Dantas a encoiUrar a fir-ícnda do
eidadào Joaquim Caetano da Lima, continaando sempre i oUa
divi-aft da faisenda do cidadão Sousa Dantas nté ao correj^o do
Árre]íendidot no pnntilbào da psti-ada de íerro Mo;;iana, des-
cendo tste (!Orrpg'0 até an rio Tambalni, por este acima ntc ás
cabeceiras do correio da Divisa, e destas as do Ãneifto; destoe,
pelos limitei da fazenda Paciência, seguindo att; ao tio 1'nrdn,
descendo este atê ás divitas do munícipio de S, Simíio, e dahi
seguindo ate ao ponto em que ti?eiara principií> as divisai, O
novo distrieto de paz se limita enm os de Caea Branca» Saula
Crus: das Palmeiras, S, Simão e Santa Rita do Pnsfa (Juatro,
Art. 2." Itcvogam-se as diapOBifjões em contrario»,— A lei n,
559, do 20 do acosto de 1898 ele%^ou o diívtricto a rouaicipio,
Eift oa termos delia o oe do parecer da commissão do Seuado :
c à commLS&n,o de estatistlen, teadoe stutiaio o projecto n. 58
do correotio anno da Camará dos Deputados, elevando á catego-
ria de município o districto de paz Tauibahíi e considerando:
que pelos documentos que o fandamentaram evidencia se quo
áqnelle dJstricto de paz sobram condições do deíenvolvimento o
prosperidade, sem que fstas faltem também ao município do
Casa Branca do qual se desmembra; considerando que embora
este município se opponba a tal elevaçíiOi a uvííca aliegaçÃo que
prova é que hibit iates do actuil distrlcto de paz devem A au-
nicipalidndB por impostos laaçades e que, por e^fio niòtiv^* a
elevaçàfi a município nào pode ter logar em face do que dis]}õe
a letra K do art- 2," da lei n, 476, de '23 de dezembro de 1896;
considerando que essa disposiíjâo da lei dho se apphca ao ca»o
em quest&o e uera á iran^ferencia de território doura paraoutí©
município; eoTíldei*ando que ainda mesmo se applicasso acama-
ra de Casa Brai\ca tem salvo seu direito d cobrança csecutiva
pelo que legalmente lhe for devido: conslderaiido que além de
D&o perecer seu direito por e&^e lado, ainda o novo município
será responsável, por uma quota parte das dividas já, poiveulura,
contrabldas pelo município de Casa Branca ex-vi do que dlspòe
o art. 6.° da lei n. 16, de 13 de novembro de 1891* c a com-
missâo de parecer que o projecto eotre em discussão e seja ap-
provado pelo Senado
Sala das commissôea, 2 de aE:osto do 1698. — A, Cândida
Sodnffuei. — X B. de MtUo e Olimira .
I
— 211 "-
501», fie lCf)a
<Att, 1.^ Fica elevado á categoria de município o distrieto
dep.« Tamhahá,
An. 2," O tuuíiicifio de Tambakà terá na segui rites divisfle;
pTÍncipíaudo uo alto da sena do Arrepeniíiíh no |ifintô em q«e
atítvessAm os trilhes dn Cnmpai^hia Mvgitina, ^t^xiem ]"i?'o alto
do eíjngào uaa divitas do corpoel João C Leite Feutepdo e An-
tomo C' do Amaral T^flpfl, continuando pelo esfigào nas djviBfts de
d. Veddíflna Prado & Filto aié encoiitrar as dívieaâ do» her-
deiroi <Íc Jonquim Caetano do Lima, iior eetaB ate encfiitrar o
o líanego THuco Pt' tio ^ por cblo i baixo nté o rio Tambahâ^ pelo
rio ííiífjfiaAíi abaixo até o rio Pardo, pelo rio Pardo abaixa até
*^> ribeirão Quebra Cuia, por eate acima alé a fazenda de AntO'
aio Thomíiíi de CarTalho, seguindo deste jirnto pelas aguas ver-
tenlPi da fazenda Bom S^a^censo edividiado com o mimicipao de
'"^t Simão até encontrar a^ divisas do município do òanta Rita
íííí Púita QnairOf por estas até os cafesaes de Joflo Franco do
Oliveira o Francisco Ferreira de Carvalljo no alto da Serra do
^ío Claro e dabi pelo espig-âo at« fecbar o perímetro.
Art. S."" Ã primeira camará do novo manicipio compor-se^á
<3e seis vereadores.
Alt. 4.^ Não poderá realizar- £c a installa^íío touiiieípal sem
quí! a A respectiva sede se verifique a eiisteDcia de prédio tom
'II oeeessariaâ accommodaçoea para o fituceionamentú dn camará
e taâeifl,
ÃrL 5." Revogam-so as disposições em contrario.»
A priroeira oleiçiLo municipal reíiliznu-ae a 23 de março ã^i
lB9t), aeodo eleitoA vereadores ú eapiU&o David òp. Almeida Santos
Q ca|iitão Joié de Vasconcelos Bitencourt, Jcfio Ferreira de
Cifttrjj, Damazo de Sousa Pinto, João Baptista Alvtírea MacLado
^ José de Magalhàus Passos Jani' r, doa quaes tomaram posiíe os
quatro primeiros a 15 de abril seguinte, iustíilando-se, assini, o
launicipio .
Taquaha— Corre/^o, na faz, de Cocaes, affíuente do Cocaes.
-'Da gíiarani ta^fuara. PUnta de que ha varias espécies; hçh
*« gmude; t ou mirim^ pequena; pinina ou pintada; paca ou
que f suu í RuniM),
Tai^uaiíal -Correffo; banba a fazenda Jardim,
TaquaRUçu — Taquara grande, canoa grossa, arundhmceais
S*gantea)f ( Bap, Cabtano).— Vide Taquarussú — Vccabulo guara-
% wmpoito de taquara (^canna oca) e nçu (grande),
TA4UARL'Sí>i;--Hib©irào, tributário do Tambabú, — Vide Ta-
Tesída — ^Correg-o, aflL do Cocaes,
Tbnkste CAUvALi:ína — Ru», que liga, cm [ej:|uena distancia
^^ ]ar^'o& da Matriz e Horário; e aâsim deiiomiaada em bomena-
K^Qi fto tenente António Joâé Teixeira, ajjpelUdado o CartJfííAmAo.
— 212 —
Tene^íttd Coronbl Silos— Antiga denomioft^o da ma Bar&o
de Casa Bianca.
Terra Vhrmbi^ha — Fas-, no districfco de Tambabú, jierten-
cente ao capitão José de Vaacoacelos Bi teu court. ^Córrego, na
faz. CoDfíoubaB.
Terra Vermelha de Cima— Fazeoda, situada no munícipío
de Cat^a Braoca, a seis kiloniétioã da estação de Tambahú, a
que e«tá libada por excelletite estrada de rodagem. Não tem
terras de primeira qualidade ; lào todas baixas, sujei tas á g'^dA
na mor parte e cobertas de cerrados. E' banbada pelo correio
do Bebedour*!, pelo da Divisa, aíHueute deste, e pelo Preto,
affluente do Tambahú. Sua área é de 1.259,35/21 hectares ou
520, 6 alqueire» © o perímetro de 17,251 kibmetros. Foi divi-
dida judieialmeute em 1894^ sendo as terras ayaliadas a 200SOOO'
c alqueire de 50 >^ 100 braçaí^, ou 104:120$OOCJ a totalidade^
Pertencia etitlko ao capitão José de Vatcoocelos Bitencomrt,.
Moysés Meudes de Oliveira, Jesuino Garcia Vieira, Manuel
Tbeodoro de Moura, Joíé Martins da Silva, Jocelyuo Lucas
Pereira, Cândido José Moieira, Joào Salvador e a berdeiros de
Manuel Jacintbo Garcia, e «eu primitivo proprietaiio foi Silvério
Pereira da Cotta, que a veudeu a Bimão Garcia Mulano e deste.
passou a seus herdeiros.
Thbatbo SAo JofiÉ — Foi con«truido, no largo da Matriz,
5or uma aEsociação fundada a 27 de agosto de 1871, a esforços
o dr Martinho Avelino.
Ti-AííNA- Lopar, no bairro da Vargem Grande, cuja deno-
minação é uma corruptela de Tia^Anna,
Tijuco— Vocábulo brasileiro: lama, e particularmeute a
lama de cor epcura. Também te diz Uijuco, W de origem tupi
(Rohan), No Dircionario pçrUtgvês-hra»ília7io vem íijuca e no
Vúcobulario da língua brctítilica — fuíii ca, como ainda se diz no
dialecto amazoDiensf, segundo Seixas. Em guarani : iuyú (Moh^
toya)
Tijuco Preto — Córrego, affluente do TambahiL
Tócab — Córrego ; laai barra no Tambahú.
Tr^s Ib^ãob — Fazenda de Josc R^ drigues Goulart e outros,
ne, pela Ifi n. 5, de B de março de 1873, foi desligada de
elém do Desralvado e annexada á freguesia de Santa Riia do
Passa Quatro, do município de Casa Branca.
TuRARAfíA — ^Kibeir&o, affluente do Sant^Ãnna, que separa os
municipir^s de Ca^a Branca e Santa Cruas dati Palmeira»,
TfBUNAB— Capào e córrego, na fazenda de Cocae». — Speeioi
Apis nigia (Martius). — Tubuna : t^specie de abelha negra; do
tvòt abelha mestra, e wia, preta (Bap C^ErAKo). Espécie de
abelha iodigena, mui commum em Missões e que fornece mel
agraiiavel e mui procurado, fornecendo também muiia cera,
£^ palavra derivada do guarani túbu-neê^ assobio, «ilvo (Eoha*
OUJfiBA ColtREIA)»
— 213 —
ggy ^
Uberabinha— Logar e poiíso na antiga estrada de rpdagem,
•desta cidade a Mogimirim. — Fazenda. — Vocábulo brasileiro, signi-
:ficando Uberaba pequena. Uberaba, em tupi, quer dizer agua
'que hrUha (u-berâb).
Uruguaia 'Avenida do Novo Bairro.
Varobh Grande— Vide Boa Vista da Vargem Grande 6
Várzea Grande.
Varoinh A— Córrego, trib. do Cocaes.
Varzba — Ffizenda, situada neste municipio e no de Sào
Simão.
Varzba Grandb — Fazenda, pertencente a António Rodrigues
do Prado e outros, e dividida judicialmente em 1874. Tinha a
superfície agraria de 3.146 hectares, avaliados em 23:002$ 100,
e está hoje fraccionada em muitas fazendas e sities. — Antiga
fazenda, de grande extensão, pertencente a José Garcia Leal
e outros; e hoje subdividida em muitas fazendas e sitios. —
Fazenda de cultnra, de Gabriel de Ávila Ribeiro e outros. —
Quarteirão policial desle districto.
Vbnoinha — Córrego, na faz. Lagoa, trib. do Lagoa.
ViCTORiNO— Capão, na antiga fazenda de Cocaes.
ViLLA FoRTiNO — Vide Rio Verde.
ViMTB B SBTB DB Março — Rua, que liga os largos da Ma-
^triz e Rosário, assim denominada em homenagem á data da lei
•que elevou esta povoação á categoria de cidade (27 de março
de 1872).
VoSBORÓGA— Vocábulo indigena.~Do guarani iòi, terra, eorot,
Tomper. Barranco ; e&te termo ó somente usado em São Paulo
<(RuBix). Vide Btssoróca e Soróca.
BIBLIOGRAPHIA (*)
AsBÉviLLi (P«one ClAudiú d'—): |
51 Ias lo Ds ies pferéâ capnçtní^i,
AoúLrno C&CLho:
Bicobaarto etymologtco portaguec. iSflO.
AUOUITO RhlEIRC BE LúrOLA t
AliQJiDBk líterArío panlíiU, t|t1â.
AuLKTE :
DlccIúbitríD cõo tempo rAB 00 da Uo|jti» por-
Auar» Ra«kq :
ApanUDcatcf bliUiríco», ^eo^ra|>bicos, blo-^
pravincla de fi. Tmolo, I6TQ.
ApúDtameDtoi iobr« o aliK)le«nf».
NõtAi ao «piuctiilD «Do prlncJptú e Ari geia
dias Indioa da Britilr, 1^ill^
Voei bule Ho ggiriinl, jfao.
BàMle D« McLUfOj
Dlcofonarto cbaro^iiphíca 4ifr proTivcli de
II Ato aroi*o, it-e*.
B^ifBDiA DC Almeida :
AlramAfl pnlurraR d« qnii u^au 01 lodios
do Maofir^ imo.
BaHBDSJI RâDI^IQUEB !
Notbi A ^AnunatlçA Q dlcdouitlo tD[vi de
BEALUtEPAtm RúHAH :
BiNHAftoú úA CcstÁ £ BiLv« ;
Vin^enj Da aertjla do Ara&zooAft, tSfiJ.
Cif IDO :
Dcclalonoi, IBOi.
Canuts Thouham t
Almtnalc do Eftado âe B. FadIi}, l^ft;.,
CjinL FniCDit. Phil^ voh Mautiu* '
rUoMarIjt ]iii^tiiiraiii brnsilíeDvIniBt iíÈt*
CtwmafUí :
Ensaia* BObro Dscaatumei do Rio Eíninde do
fcJuU
VlUa-RicH, \ê'^9.
DkclonRrlo critico e ot>-]DOlog[co dn [íd^»
portDgaeKA, it!3^
ColecçJlo do vocAbdchS o pbruai q fidos nn
proVinclA de tí« Podro do fiío O i ande
do ãal, iSú».
CotTA Ruem :
Vúc abular io lirnilelro, 18*1,
Vocábulos iodlgeâlii Ifí&í,
Cdutú PE MAa»LNie4;
õ SeUúf/rm, IHTÕ.
Of fiHataHnt, 180*.
Primeira viagem ia AragQiIi^ ÍâS9«
Cunha Mitoa:
t>loclODirlú de Tocabnloi bratlklroi, tãf!^. Chorogr^pbfA da Frovlocl* de 0oiu.
< * ) AlCm díi* Aitúrfi referi do* lleí^ta btlh atjra pWa, íoram Utabem citados ao /ííí*
cidttúHú maii os ftegnlaicj: AdolTo Paolldo» António de Toledo Pisa Jdrj'« Arialldea Berpft
(dr.K bário do Jari. btrUo Ho nem) de Mello, Coalint iPraoeUco d* fl^nítat, FruLel»ço
CoocelçSlo, íJrtkfto de OIítcIt*, Jo*é HooorEo de Sil&í, Pedro II (I>J, Riciiirdo AiíUflOr a
VlMiODde de Bonia Fontei,
4
^^^^p
^^r E»iiK*«iieí.Lt TxunAt:
■Jc:*í 01 Atmcjn .■
^H nfflt ■ lemu Ao Brsuil. Jlt^i.
triceran, IPia
^H r«ri««i4«dri DÁtnrNei 4o Patiuií, 1f^90.
0 Gaúcho, 1870.
^V tiTnerxríA it« vi agem feiU 4i cidade do
1 Bk> de J»nHro lo Cojiim. lí«73 ;
Jflií Pouii*iu ot A. CiVALCittri :
Vocabaliti« dAlin^o» quiicià on cbaoé, IffT^.
Cbom^i^bla d& ProTlaetK do CearA, 1BS9,
FçLtcia D«t BAHTât :
iloel VtKiwiHO :
0 i<»«e^. im2.
ScâDft* d A TJdA umaioolcA, iSBfi .
Wm^ttottco &e« P*«itiii* Mahanhjo ( F«iM =
iJULlO RjBIlNO :
noltcçan df^ etyiaologlBs bmtliciu, l^ld 1
Wcriomirfo d» tiiign* (^eml do BrMll, I^BI ,
JL Ciine, I^A£).
Pvniidabii njiriinb«aie, i^Dl,
LMit oAuHcounT ;
FniiitE AvLiiiiQ :
EttAti«ilea dl ProYittciA de MaIo OrDiio,
QdrflócT proitovtaj Mbr« hIcbiu ToealmlM
1877.
dji lingiia ceraL
Mao^oq SoARca :
âAwtffcL Esâatt :
PlccionaHc lirAftllefro dâ U^gnt. português A.
TnUd« detorÍptlr« d<> Bntlt ant 15ST, 1^51
Bitndr^B loiíko^ApliIccíi do dialecto briil-
leiro, JBWí,
M, GiitaiA:
TrAUdo Juridleo prtUco dA medlçto e âe-
m»reAç»> de lerrmi. \^7,
KotSeiu if«t)srat>)>icaii e ■4iiiiiititnitÍTia de
Mlnu aeraei. Jdl4.
Macm*oo DC OLivtiH* :
Haoqoc« Lobo:
QeogTi|>blA da Províncli de8. PaoIo, iSíl.
Qaadi^ Hlatorico da ProvlactA de S. PAUlOf
Tcmbo dafc i«rmf mmiklpiiM do Rio do
ie»7.
Auiro, 1663.
MnitcanAv :
Hg«eiiAT0 :
BIiloriA PAtarAl do B.*A5ÍI«
lliccÍDRirio to|K)gTai>b|i:4 do FemftHibiii»,
t>i^.
MlLLIlT DK 9«IMT'AoãLPHt :
Ivce D^EvftBuK ;
DkdoDArío georrapblCQ d« BriulI, IP63,
YI*S«M M AorM do BrUtL
MiiTAfiDA Rcpi:
[tlBerArlo da vln^em tfirrêAtri dft «idâda de
J. í!. W*i.|.*ut:
Baoi^i a C^iAb», )ti«3.
A tem e o bomeni, 16S4.
Mon»t ;
JaXo AlVAMM foAllE»!
DiwloiiATto pôftUEiiei.
Morai* Torheb ■
VocabnUrlo d a IlapoA geral do Alio Ãmâ-
JqIo McMDia DE Almii&í '
lADAa, ISi3.
AlganiM nRitm ^pupaIob^ícai, 1FS0
MúnttmA Pmto ;
Dledon»m Kco&rapbica do a. Pmío, (Iné-
dito}.
DIocloDArlo geo^apblco do Briall, IgfcT»
]d99 « JtB4.
JaHH LuCCOKt
MlMlTOVA ;
^K A Criminar ited Toubultiy of tbfl tnp
VijcAtittlirlo y teiOTO d« la lepgiia gnarADl
^^^^^^
Mot/TtNHO :
^^^^ Billetln de U Bocf«té de Gee^niplite de
Noticia lobre A Pi orlada âo Ifato OroiiO^.
^M^
IÊ60.
— 216 —
0ig4ii Lui. :
Õ AmmioDu, IFM.
PcoHO Jomi Dl Paula t Silvj^;
AlíAAfittlc âfs C*mfhkwA, 1880.
PlMBMTfL,*
ÁriB de naregu, JSIft,
Raiol :
Motim polHIcM.
Ra^uehi e UiFAVfTTi :
HoHAaUEMA COÃMIU:
YiicãbalArlo BiLlrlo^AndAOia, 1696.
ilm«iiBlE de Moffi mirim* IbSQ.
SepAâTjlç PauaihI:
VoflabaLwlo da UdfB* jndJgenA fferftl^ 16fi3.
BCVCNIANO DA FúHAtOA I
Tlft^otn iw rador do Bruill, tBBQ.
Th IODO no BtHP-At» ;
A nt^ha gontAiiJl d> c»ple»iila dá Bio Vt-
««nta, 18U7.
Thimiu Pompbu:
Diodonaríd topogrHphíoo do Cskré, 1801.
TóDANTENI :
DIftlKlõ àm mtLDdarucái; I87T.
TúLteo RcpiooM ;
ItemoríR iinbT4 » aldelu Am ioúicm d»
FroviDcIt de H. Pau lo, INâ.
Tictivci :
Versei eb D i» Ton Worlvn d«r Nttlueiiiiik
BoLokiAflD, l^flS.
Valdcz ;:
DlcoloniTlo QipkOol-pQrtuguéi.
Vai,i,i CAiifiAL ;
Bt^molo^lu briullku, 1877,
Vaunhacien (F. ADotro— }:
Bl4toríft irsral do Bruíl# iSTe,
Vaz di Mello :
VcLLatã !
VoDAbalarlo dot ludJoi oiíuíé^i
VmitiiQ :
BldçtdAriD, M-m.
***
AlmADAk dft CunpiíiAi, 1^6.
Anoaej da Blbilotbe^a NHcJofitl.
DlcpfOQArtú do Qe<ogT«plif« CulTertal, IStf »
Doe uni eu to 9 iDterefjmDtN par« & liiau^rm
de B&o Paulo iFobllo^çl* do Arcfalvo Pk-
líllto).
Ordenações do Refno úe Fortn^át.
Relatório da ComiulsiiiAo CftQtraL dt Eitfr-
tbtlu, i8he,
EeviíLa Briillejni, ISM,
Bâviitn âú UQteti P«iiUita
Rflviíta TrimeDial do Tnatltaio BtotoriOO.
Vocabuíario da linfa A bru;UM.
Apontamentos relativos a Aleixo Garcia
Este Wmem audaz, quB appareceu coma um meteoro, pa8>
ludo &lraYés das motitatihas e doa rios que interceptavam iu&
Tiig«m da costa do Brasil aos cotiftus do Itnppiio dos Incas,
deaappareceu da me^ma forma, d^^ixando um nome que oão dove
s^r olvidado pelot hifitoriadotea brasileiro».
Aiadfi que alguns hiâtoríadoroB ponham duvida sobre a
TBTicidad© da viagem d© Aleixo Garcia, comtudo, esm infanda
o qtie outros nos revelam a seu respeito, nào podemos deixar
d« concluir que nua viagem foi verídica e uma daa maiB arro-»
JÃ^fij do século dezeseia
Purtiudo da costa do Brasil seis europeus e grande numera
de í&djgeuas, para se internarem bob bo^que^ sombrioi de um
uk povoado por ael vagem, era preciso que o chefe de aeme-
Ibnte expedtçáo fosie de um temperamento aidente e dotado
de cortgem inquebrantável.
Fabulosas ou verídica s^ as noticias transmit tidas dessa via-
gem % dos resultados obtidos, serviam de incentivo a outros
ttCstemidos exploradores do mesmo século, excitando ae ambições
«tiles, e estimulaudo-os a penetrarem na vo»ta regifi-o deficonbe-
^á» do GODtiuente sul -americano em procura das immeusaa
nqtiQzai que se contava exí atirem uo poder do& iudigenaa.
Como procurei demonstrar nos Subsídios para a hisUjna ãé
h^Qpt, a partida de Aleixo Garcia do porto de Sào Vicente no
ftQD& do 15-24 a mandado de Martim Affonso de Souaa, deve
8«r considerada apocrypha, porquanto nâo podia elle ter sido
nj*odado em exploração pelo dito ilartim Affonso d© Sousa» que
■ííntiito no anuo de 1531 chegou á costa do Brasil.
Por tudo quanto diz a bigtoria, devemos inferir que no
*^ao de 1524 os únicos europeus existentes em Sào Vicente ou
'^^ arredorei er&m os celebres Joào Bamalho e António Ko-
Kesta época, tias proximidades de Iguape, existia o bacharel
pmaguêa que foi desterrado no anno de lõOl, (e que tudo noa
le?a a crer que se chamava Cosme Fernandes) em companhia
J* Praucisco de Chaves e nmis alguns castelhanos, não podendo
J^^idar que estes castelhanos fossem os homens perdidos, da
^ot& commandada por Juan Diaa de Solis que navegava nesta
MBta no anno de 1508,
— 21g —
Próximo á ílta de Santa CAthariníi, liavm diversos euro-
peus vivendo cm harmonia cum o& iiidl^ptms, o, así-im, temos
ues BUcleoB europeus uetta eo&tíi do BrnsiJ, doude podíft ter
partido a expediçÃo d« Aleixo Garcia,
Vejamos o í|UO La a favor ou eontra a opinião por nós
emittidtt de ter sido Iguape esíe iiuclet>.
Dizem 08 historiadores que Áloíxo Garcia partiu com cítico
europeus & mn coutlngente untuero^o de indígenas de Sâo Vi-
cente, indo através dts sertões até as fiaUrta dos Áudes, voltando
coui £»TandeB riquezas atú a» iiiarj^ena do rio Paraguai, donde
irtandou dgiUá de seus coLipaulieiros, íieompaii liados pi>r doze
indígenas, ndeante, cóm amostras da riqueza do paiz e ao mesmo
tempo pedindo Boccorro. Dizem mais que estea conipanlieiroB
chegaram salvos em Bào Vicente, eraquanto qno Garcia foi
assassinado; declarando uns que essa moite ioi praticada por
seus companheiros que cobiçavam a riqueza que elle possuía^
e outios que o assassinato íoi feito por indigenaSi que outro
tanto fizeram a Sedenho e sua gente qu*i seguiu o roteiro dt;
Aleiso Garcia. Também dizem que aa noticias dessa viagem 6
á visia da riqueza obtidaj inRammíiva a imaginação dos egub
compatriotas e que a sua morte era impotente para deter outros
aventureiros do Sfto Vicente,
Parece iraposaivel que eiistisso tal ntimero de europeu* em
3ao Vicente, naquella época, sem que deste facto fizesse menção
frei Gaspar da Síadre de Deus nas suas Memorias ptira a
historia de São Vicente.
Nilo devemos duvidar que as noticias que havia da via-
gem de Afeixo Garcia infiuitsem no animo de todas as peFsóas
que a narrativa delia ouvissem, e, afsím foi que, em fins de
1525 ou principio de 15'2tí, Dom líodrignes d'Acuíta, eoniman-
dando o navio São GahHel e aportando na ilha d..^ Santa Ca-
tharina, ahi encontrou alguns dos companheiros de Juan Dias
de SoHs que deram taes noticias do paiz, quo indnssitt trinta e
tantos de seus marinheiros a ficarem.
Logo em seguida, Sebastião Cabot, por causa da insuhordi-
naçilo do peFsoal de seus nivioSi foi obrigado a aportar na ilha
de Santa Catharina, onde encontrou dous companheiros de SoHs
e marinheiros de diversas nacionalidades < Eecebendo a bordo
de seus navios alguma» das pessoas encontradas, continuou sua
derrota a» Su1| que foi modificando^ em vista das noticias rece-
bidas sobre a viagem de Aleixo Garcia e entrou no Rio dt
iSoliSj subindo^ até a fós do no São Salvador, onde levantou
uma fortatez^a, e em cojo logar encontrou com um outro com-
panheirci de Solís de nome Francisco dei Paerto. Continuando
Buaa exploraíríes levantou outra fortaleza na barra do riíj Ter-
ceiro que denominou Espirito Santo, mandando recolher se a
e%t9 o pessoal que tinha deixado na de Sfto Salvadon Subindo
o rio Paraná até á ilha Apipè, ahi recebeu uoticas dos iudí-
I
— 219 —
gena» confíi manda as que elle tinhn recebido em Santa Catlia-
rÍDíi, Teferenies á viai»e1n de A Iriso Garcia, e, em víata da*
Doya^ ialormaçôes, reftoíveu a %í)U9r e subir o tio Para^'-uai,
cujo cu aa explorou alô al(>m do lo^rrir ondo mnh tarde foi
erigida a cidade de AsíUinpçílOt recolheudo em sua viagem
detalhes tobre a viagem do celebie aventureiro Alêiio Garcia.
Neste mesmo tempOj Djog^o Garcia cheg^ou com aenà navio»
á cosia do Braail e demorou rauito tempo num lognr que alfíuna
autores declaram eer Eao Victute e outros o Rio dos Inuo-
ceutea. Aioda que haja diver^rencii na deucmiiisçAo do porto
onde ello demoroUj comtudo, os bistonadorca coiieordam em
dizer que elle encontrou iiest© |>orto um bacharel portuí^uês
que lho fora^cf^u mautímentoa e um interprete^ genro do me^mo
bacharel. Partindo dahí, Diofço Garcia aportou na ilha de Santa
Catbarina, seg-uiodo o roteiro de Sebastião Cabo t a tt* o Rio ãe Solis^
donde mandou voltar fcu navio nmior com pretexto de o mesrno
nào servir para a exploração do dito rio; porem, parece que a
verdadeira razào era tel-o fretado ao seu amiíjo, o dito bacharel,
para transportar mercadoria a e escravoj á Europa. Subindo o
rio Paruj^uoí, Diogo Garcia encontrou-se com SebaRlido Cabot
e junto» desceram o mesuio rio até a fortaleza do Espirito
Santo, donde maia tarde voltaram á Europa, deixando na dita
tortalf^ca cento e setenta home na aob o com mau do de Nuno de
Lara.
Dizem os histoiiadoreá que entre os companheiros que não
quizeram acompanhar Aleixo Garcia em aua tenebrosa viagem,
havia dou?, aendo de nome Henrique Montes e Melcbícr Ra-
mires, e que elles mais tarde vieram a eslabelecer-se em Santa
Catharina.
Em referencia á viagem de Sebastião Cabot, ccnsta que
elle levou de Santa Cathariíia dou3 companheiros de Bolia e é
provável que foagi;m os acima citados, tanto mais que Henrique
Montes se achava em Poriug-al na occasiSo da organização da
expedi^^o confiada a Martim Affonso de Soufa, voltando Hen.
Tique Montes nesta expediçlto ao Brasil no anuo de 15ãl, feito
Cavatleifo da casa e agraciado com o of)icio de provedor de
pianiimentoSt asatm na viagem t como ao dejxnjit em terra f em
qvcUquf^r lagar onde aftseniassem.
Adorai si Henrique Montes e Melchior Ramires eram com-
panheiros d(5 Aleixo Garcia e não quizeram acompanhai- o em
aua viagem e mais tarde foram estabelecer- sq em Santa Cntha*
rins, formosamente dcavemos cont^lutr que na occasião da mesma
Viagem n5o eiam moradores dahi, como também quu sua mu-
dança do ponto de partida da dita viagem para Santa Gatha*
rina deu-9& depoia do anuo de 1524.
E* natural concluir que nesta época havia relações entre
oa moradora a do pequeno núcleo de europeus estabflecidua em
Igtiape com os da ilha de Santa Catharina e n^o é de duvidar
— 220 —
que Hônrlque Mootei e Melchior EAmirea foaftem morador«t
daquelle Ducleo. *
No anno de 1531, Martim Afíboso de Souaa na ?Qa viagem
AO Sul, aportou daí proximidades de B&o Vicetite, mas n&o
entreteve relações cora Jo&o RairalUo ou Átitoíilo Rodriguôa
nea&a occasiiào ; e ch^psindo a Cananéa mandou procurar o ba-
charel português. Estudando o dtario de Pêro Lopes de Sousa,
verifícámoB que Mar li m ÃffoDso tinha iuformaçõêâ exact-as a
respeito da kcal idade ^ cujas informações naturalmeçte foram
fornecidas por Henrique Montes que se achava Da frota. Em
companhia do bacharel havia Francisco de Chaves e cinco ou
■eia castelhanos, e, pelas noticias dadas a Martim Âífonso,
elle ahi dt^ixou Ptro Lobo com oitenta homtns que fonsem des-
cobrir pela terra dentro t porque o dito Francisco de Chaves se
obrigou que em dez mezes torriára ao dito porto com quatro-
centos escravos carregados de praia e ouro. Depois dõ uma
demora de quart^nta o quatro dias na ilha do Abrigo, Martim
Aâonso continuou sua viagem ao Sul, perdendo nas proiimi-
dades da ilha de Santa Catharina uma das suas embarcações, e,
quatro messes depois da sua partida da ilha do Abrigo^ voltando
elle do Sul, estabeleceu-se no porto de São Vicente, donde
mandou procurar as peâsoaa que naufragaram próximo a Santa
Catharina, encontrando-aa já com outra embareaç&o que fizeram
com ajuda de quinze homenft <^4UtMaiiQS que ?!/> dito porta havia
muitos tempos.
Não nos devemos admirar de MaTtim Afifonso n&o ter man-
dado logo procurar saher noticias doa ^eua oitenta homent
deixados com Francisco de ChavíS, visto o prazo marcado para
a volta destas ter sido do dez mezes, o até a data de seu estabe-
lecimento em Sào Vicente tinha decorrido somente a metade do
dito pras&o.
Já vimos que, partindo Diogo Garcia e Sebastião Caboi
Eara a Europa, deixaram cento e setenta homens com Nnno de
iára na fortaleza do Espirito Banto. Pouco tempo depois, Nuno
foi morto com parte da guarnição, numa *ortida que faziam em
procura de mantimentos, ficando dahi em deante Ruiz Garcia de
Moaquera como commandante, soãreudo continuo» ataques io«
indígenas e padecendo por< falta de mantimentos, até que, no
fim de 1532 ou principio da 1533 os homens que restavam da
gnarníçâo resolveram abandonai' a e mudarem -se para a costa do
Braail, vindo a estabelecer-se por pouco tempo em Iguape.
Por mais que frei Gaspar da Madre de Deus â^sse para
contestar a estada de Eui^ Mosquera em Iguape, ou de sua
ida a São Viceutet não podem suas allegaçèes destruir o facto
consignado na escriptura da venda que fizeram os herde iro s de
Ruiz Finto, onde dÍ2 : tEsia carta est&.va já regiítada coma
ndta se contem^ e por se perder o livro do tombo (que foi lêva-^
do peios morador et dt Iguape) se tornou a registar «m outra
Li
— 221 —
livra quê ora »tf^, Efiea nellê rêgiíttada húf€f 20 dias de agosto
«m 8, Vicente dê 1537, por mim Áiiímúo do Valh^ Taba' ião,*
Na anuo de 1536, estando Dom Pedro de Mendosa do rio
da Prata e faltatido-lhe mantimentos, mandou Gonçalo MendoBa
á cesta do Bmaíl a procural-os, encontrando este na ilha do
Saota Ca lha rí na com Haist M squera e sua gente, a quem Gon-
çalo facilmente per&uadiu a abandonarem aa snaa casas e plan-
ta^çeB para seg^uirem com ellé ao rio da Prata. Em 1538 foi
niKndftda outm embarcação do rio Prata á iiba de SantA
Catbíirina á procura de noticias de ura navio da frota de Álonço
Cabrera e para ser carreg'ado de mantimentoa, cuja emhareaç&o
iiitifí«g;«u dentro do rio da Prata, salvando-se fomente seis doa
tnpDlanieaf sendo um destes homens llulderico Scbmidi*!, biato-
túÂor que acompanhou a expediçào de Dom Pedro de Mendoaa.
No dia 29 de março de 1541, Dom Alvares Nunes Cabeaa
de Vaca aportou na ilha de Banta Cabarina e no dia 18 de
otitxibTO do mesmo aono partiu por terra em caminbo a ÃRsum-
Pí^o, levando em sua compaTibin duzentoi e cincoenta bomena
e ?inte «eis cavallos, ser^indo-lhes de guia uns indig'enaB da
iD6iina ilba^
Eitudando um pouco a descripçào daquella viagem veremos
qae a expedição^ subindo o rio ItMpucú e atravessando a Serra
geral ebegon no dia L* de dezembro ao Ig^uaçii e no dia 3 ao
rio Tibagt, onde encontrou um indio brasileiro de nome Miguel
que voltava da cidade de Assumjtçào á sua terra natal. Com
este indio. Dom Alvares tratou para servir de ;;;uia, e, continu-
ando sua viajarem cbeg^f-u no dia 7 do mesmo mez ao rio Ta-
qnari (Ivabi?) e no di* 23 a um lof^íir cbamndo Tugui bndô
»e aeroorou para festejar o dia de natal. Diz a descri pçào que
no dia 14 de janeiro a expedição cbegou outra vez na marg:em
do rio Iguaçu e no ulttmo dia do dito mez, maia uma vez al-
cançou o mesmo rio Neita ponta, sendo avisado o Dom Alva-
res que os indígenas, mt radores na^ margens do rio Píqnirl se
achavam di» pontoe a atacar ena comitiva resolveu dividil-a
em duas partei, seguindo com uma em eanôas pelo mesmo rio
abaixo e mandando marcbar a outra por t^^rra &té as margens do
rio Paraná. Atravensando este rio em canoas e balsas forneci-
das pelos iudigenNs, mandando seus doentes em canoas pelo rio
Paraná até o rio Paraguai, Dom Alvares conlinur^u sua viagem
a ÀsEum^M^ftOi onde cbegou nu dia 11 de março de 1542, com
ce&to e quarentA e cinco dias de viagem;
N&<o podemos deixar de notar uma pequeoa incoberencia
na descri pçâo desta viagem, não podendo ter sido o rio Iguaçu
onde a expedição chegou no dia 31 de janeiro, nms sim, o rio
Fiquiri, na foz do qunl existe a celebre cachoeira denominada
de Sete quedas, próximo ao logar onde Dom Álvares atravessou
fi no Paraná.
— 223 —
Ko anno seguinte, cllo resolveu ex|fIorar vlo acima do Pa<
raf.f-uy ti nessa ttcasifio recebeu de «ma tiibu de Guíuvai-apos, no-
ticias de baver cBUido ca me&ma icgiâo Áleix-j Garcia eoin chico
europeus, um mulato cliatnado Pacbccd o grande eatereíto do
indipeiias. Diííiam os Guíixaiíipóâ que Píicbeco foi morto por um
cacique de nome Guaiiú e qun Garcia voltou para o Brasil por
um outro raminlio, ficaudo inuitoB do seu exercito atrns. MaU
tarde Dom Alvnrea encontrou fo com duna aldeias de Cbanesét,
trazidos do teu paiz natal pelo reíerido Garcia. Diziam este»
licmfus que o resto doa companheiros de Garcia baliam suceum-
bido m niilos doa Guíii*anÍ9, e que ellei, nfio conlieceudo outro
caminho para Bun terra sinao aquello por ande vieram, uào po-
diam mais voltar a ella. Na uUima ponta, onde cbegaram alguns
liomen^ da expcdifjilo de Dom Alvarez, abi encontraram itidi-
geníis quo pcitenciam ao beteiogeneo exercito do colobro aveu-
tureiro Aleixo (iarcifl.
Em tudo quanto encontramos na btstoria referente aos feitos
de Dom Alvíircs Nunei Gabeza de Vaca, iiho ba nada que uos
faça Euppor qut^ de Santa Catbarioa á Aasumpçâo elle seguísEC
o roteiro do Aleixo Garcia, o, Éiímentís no anno seguinlt; ii sua
etepada a fs!a cidade é que ]Kirecc ter jirocurado fiiher do
caminbo que Garcia seguiu; comtudo, nâo podemoa duvidar que
durante spu estádio em Santa Cathnrina, Dom Alvares ouvis&e
algumas noticias a rrspeito de senielbnnte viagem.
No anno de 1552 Joi\o do Salazar cbegou a ilba de Santa
CatbarlDai onde encontrou cnm um bespanbol de nome Juan
Pernnndes, que do As&umpçâo linba sido enviado para porsusdii
na indígenas a cultivarem as terra><, para assim ter neste porto
com que abaftecer os navios que abl toca?SPm. Perdendo ne^te
porto seu navio transporte, Salazar demorou abi dous annos,
no fim dos qnaea resolveu ir por terra a Asaumpçflo morrendo
grande parte da aua comitiva nesía viagem.
Pelo cxpoàto ú jírovado que do anno de 1525 em diante,
baviam noticias na costa do Brasil dos resultados da viagem de
Aleixo Garcia, e, parece que, eómento no anno do 1511 foi feita
a primí^ira viagem por europeus ao interior do paia partindo da
ilba do Santa Catbarina.
Si est^ iiba fos e a ponta donde partiu Aleixo Garcia com
sua celebre Cítpediçâo, naturalmente outrcs aventureiros teriam
procuríido seguir o mesmo roteiro entre os a unos de 1524 n
154.1.
A bistoria consigna o facto d a Sebastião Cabot, no anno
de 1526 demorar alguns me»ra tia ilba de Santa Catbarína, re-
cebendo abi ties noticias do interior do paiz quo o induziam a
deixar de seguir sua viagem h Cbína e Japfio }»elo estreito de
i^lagalbãee, da qual foi incumbido polo Hei de Ilespanbaf para
ir explorar o rio que até cntilo era conbccido pelo nome de
« Ria c/í Saiu*,
I
j
L
- 223 —
Xào podetnoã negar qut^ a ilha de Sautn Cnthaiina era um
àci pc^rtos maU í requentados pelos imvc^^anteâ daquflla epucat
10 níesmo tempOi tanUs frctia, ou parto tlti frotas* nbl tocnvam
entro os jiiinos 1508 n 1552, da^ quaes a hi^tona consigna cer-
tos fjcbrf, que parete irajio&aivel ter escatJadn A uoicía doã
bistoriadoies, se fosse csto porto o logar t^lado AleUo Gatei»
orpnbou siífi í^ipediçtlô.
Ainda mai^, temos o fado de todos os historiadores hes-
panWs declararem ser Áleiso Garcia uni portu^ruf^s o tf^r par-
tido sua «xpediçào d» co&ta do Brasil, cujo facto dÍIo conduz
com a idt"ia dos rae*moa historiadores que consideravam Santa
Cailiariaa fora di s litnite& do Brasil, ai fosse eete p&rto a pouta
da purtida,
iVtanto, exclaido o porto de Sáo Vieenle e a ilha de San-
ta Cnthariua, fica o mickodo Ip:uapn como porto Ijypoiheticameute
da ^lartida, e, cm apoio desta auppo^içfto, temos diver&os acou-
têdtbentos Ligtoricop, al^uaa dos quaos já citadoi.
Em relação ao fncto de ter eido de^íredado um bacharel
p<irtiiguÍ!ã na co&ta do Brasil nos primeiros ao nos do século
i^^eidst nio devemos difcuttr, vi^to a concordância que existe
nos escriptoi qup tratam dtíste assumpto, a, aiada quo haja al-
^um& duvida a respeito do sen nome íu da epo a exacta da sna
cber^ada aqui, nhú ha nenhuma relativamente a clle ter sido
posto em terra na ilha do Cardozo, deíiontc á ilha do Abrigo,
ífae durante muito tempo era coubecida pelo nome da Ilha de
Cajuméa.
Henrique Montes, Melchior Ramires, Francisco de Chaves,
Francisco dei Paiírto e outras pessoas encontrrdfls nesta costa
por diversos navegantes f^ntre os apucs de 1518 a I5'2G, i&o
consideradas ]»e!os historiadores como sendo companheiros de
Jutn Dias de Solis, e^ nesta mesma categoria devemos incluir
o celebro Aleixo (rareia, visto a declaração positiva de terem
sido 09 dois primeiros citados com]iaQheiros deste.
Anaíyaaudo o quo a historia nos revela a respeito destes
líciDouB, veremos que os dois primeiros eram moradores na vi-
»inbaB<;a da ilha do Waula Catharina no anno d© 1527, ondo
tinham ido estabelecer-Bo depois da viagem de Aloiío Garcia,
alo querendo acompanhar este em ^ua desastrosa viagem. Dahi
i^guiram para o Rio da Prata, c, Henriqae Montes, mais tarde,
"Poltou paia Europa, donde veio novameote em companhia de
iíartim Aífonso de Sousa no anno de 1531, agraciado pela Rei
^e Portug-al.
De Melchior KamVez nada mais encnnti-amos sioílo de ter
^^<Io companheiro do Ale]x:o Garcia e de Henrique Montea^ como
ji referimos.
Francisco dei Puerto era companheiro de Juan Dias de
»-*lii na fiua dcaastmaa viflfretn no anno do lã 15, e passou al-
^tiQB aanoâ vivendo com oâ indigeoas nas margens do rio
Umguii.
— 224 —
Relativamente a Franctaco <Íe Chaves, podemos prosar, por
docunieiitoã e^ciateatea nos archlvoe desta cidade, algaiis dos
qnaes jà poblicado⻠que seus deicendentes eram herdeiros de
Ooame PernaTidcs, que aqui em I^ape é tM^nsiderado como sen-
do o bacharel português desterrado no principio do secnlo de%-
«eeU. Manuseando eiteâ documentos, aomoa convencidos que
Francisco de Chaves era f^enro do dito bacharel, como foi
aventado pelo erudito biitnnfldor Francisco Adolfo Vartihag^ea
tia sua nota n 3i2 que acompanhou o ^ Diário da navegação dé
Martin Affonso de Souxa* ; e, portanto, torna-ae mais provável
& ideia deile ter sido o interprete forii^cido pelo bacharel des-
terrado a Diogo Garcia ua sua viaf^em de 1526 a 1528.
Fazendo deducções dos dados que temos, achamos que oa
flete náufragos da frota da Juan Dias de SoHs, perdidos no «Rio
dos loufícentes», eram : Franei^co de Chaves, Aleixo Ga<cía,
Henrique Montes, Melchior Ramires e mais três, cujos nomes
por ora nào alcauçamoPj e, que, reunindo-se estes com o ba-
charel, que lia oecasiAo do naufrágio havia uns seii annos se
achava npsta costa» formaram um dos primeiros uncleos de euro-
peus DO Brasil,
Dizem o» historiadores positivamente que o numero de ho-
mens deixados por Juan Dias de Solis no log'ar onde noz ô
nome de •Uin do^ Innocentes* era de sete. Igualmente dissem
que Alei 10 Garcia em tua viagem através do continente levou
cÍDCo companheiros europeus, dos quaes mandou dois de volta
oom noticias da riqueza do paiz e t^edindo soccorros, ficando
assim três que desappareceram com elle
Serão estes os tie cujos nomes nos faliam?
O numero de pessoas que existiam ne&te nueleo de I^uapa
que supúnhamos ser o da ])artida de Aleixo Garcia, concorre
para confirmar esta suppoíiçào e sem que tivesse mais europeus
além dos que coosta ; porém, neste caso, o bacharel e Francis-
co d i^ Choves acompanharam a expedição e loram os doii quô
Toltarau) em procura de soccrrro
Esta hypothese é confirmada pelas tradições locaes.
Al€m disto, nfto parece provável que Martim Afínnso de
SoUEá deixasse aqui oitenta homeos armados e municiados para
uma viagem de dez mezes, quando ainda elEe ia empenhar* se
em viagem de exploração ao ^uL si uho fosse convencido da maior
proba bilidat^e do bom êxito deste pequeno exercito, que depen-
dia do conhecimento do guia.
Ao mesmo temjKif uhr podemos dizer que nào havia mais
que oilo europeus neste núcleo no anno de 1524, sendo provável
que houvesse mais, visto os naurragios havidos nesta costa e aa
relações que julgamos terem tido os moradores daqui com os
âm ilha de Santa Catharina
Igualmente não devemos julgar que tndos os castelhanos
que acompanharam a bacharel e ^ranciíco de Chaves no dia 17
— *225 —
âe agosto de 1531, na entrovista que tiveram com Maitím
Âfibo&o de Sónia, fossem náufragos da frota de Juan Diaa de
B&\i% no anno de 1508; porque, si Aleixo Garcia e &eu8 troB
eonipãii beires europeus, mottoB na volta da expedição, fosBem doa
iet« homeua perdidos no • Rio dos Innocântes »i como é pro-
Tav^l, não podiam eiiatir aqui sinfto duas p^ssôaB, nào contando
com Melchior Hamiree que pelas ultimai noticias »6giiiu para o
rio da Prata, ou com Henrique Montes que se achava em com-
paohia do mesmo Marti m A Bona o de Sousa
Examinando eata quest&o por um outro lado, isto é, pelo
lado do conLecimento que os Indígenas podiam ter da Tique7.a
existente na^ mioa dos Peiúauos, é de nctar que o numero doft
Sambaquis existeotes nesta parte do littoral è j^rande, alguns
dos quaes attin^^em a um tamanho enorme, e, parece- nos, que
Q&o na outra parte da costa do Brasil que po>-sua em igual
tuperficie de terreno tantos desres monumentos preliiótorir:os, et mo
existem entre o morro de Jurèa, ao norte da barra do rio Ri-
beira, e a Ârarapirá, ao sul da barra de Cananéa,
Não Tâmos ecrcetar um tratado sobre sambaquis, declarando
porém que não acceítamos a bypotbese de terem i^ido estes feitos
pela acção do mar, como alg^uns autores declaram^ Unto mais,
tendo em vista os acurados estudos feitos pelo noso amigo
nisjor Ricardo Krone, dos sambaquis prineipaes desta zona, cujos
^tudos ião do maior interesse e derramam tus ãobre o tempo
ptehistorico deste paiz
Para a construcçjlo de tantas e tão grandoí» montes de cai-
eas de cmstaeeofl, era necessária a eoog'lomera^ão de povo em
numero ele v adi sumo, e como parece que em certaé épocas a
ooDâtrucção dos fambaquía ficava parada, deixando aisim o tem-
po preciso para a formarão das diversas camadas de bumui que
nelles existem entre camndas de cascas, devemos concluir que
^uelle povo fosse migratório, aí não de todo ao menos em parte.
Bi as migra ç5es elfectuadas eram forçadas pela inlta doa
CTttstaceos, que podia haver em certas e determinadas épocas, ou
csai^adas por outra razão qualquer, parece impossível descobri l-as
^e; porém, a existência do referido bnmus em camadas bem
pronunciadas, algumas até de trinta centímetros de espessura,
prova que durante muitos annos estes sambaqui* eram fibando-
Qidos, ficando expostos á acção meteorológica e ajuntando sobre
«Bes a matéria orgânica necessária á tt>rmaçâo do humu*.
Todos os navegantes e exploradores do tempo im mediato á
ÍBWoberta, concordam em mencionar a g^rande numero de canoas
fita mo pelas diversas tiibns, provandn que este |>ovo conhecia
o valor desse meio de transporte e uttlisava-o tanto quanto era
poisivel.
Estudando a posiç&o geographica desta regiSo, veremos que
* rio Ribeira, antigo Igoat nasce nos planaltos do Paraná, pro-
33aH) ài cabeceiras dos rios If^uassú e Tibagi, nas margens dos
— 226 —
qtinc& foram estabelecidas algamae daa primeiras povoaçõe» eu-
ropêas por parte do governo do Parfl^rufii; ao mesmo tempa
alguns dos atHaeiítea o;rande& do rio Kibeiríi fazem contra ver-
tes com atHuentea dos rios ParanapaneiDa 6 Tietê.
Nos rios Ij^uassú 6 Tibagi, atravessando o i ou navegan-
do os andoa Dom Alçares Nuno Cabeea de Vaci em sua peoosA
yiagem de Santa Cathacina a Assumpção no anuo de 1542, en-
coutrítndo-s© com <win tal Migutl^ indio brasil eirOf convertido,
que de Aítfiuinpção^ onde residira algum íem/jo, voltava ao paim
natal** Tanibem nestas paragens Dom Alvares recebeu noticiai
de terem udo aâsaseinadosos homens que compunham uma par-
tida de pcrtu^^uetes enviada por Martim AfFcnso de Souta.
Eítes factos concorrem para demonstrar que os rios I^oa,
IgUítssú e Tibagi eram vias de communicação usadas pelot
iiidigenas nas suas viagens entre o rio Paraguai e a parte do
littoral onde existia o núcleo dos europeus em Iguape.
Nos estudos de os fadas encontradas nos iambaqulSf tem-so
reconhecido typos diferentes de craueos que a nosso ver forne^
cem a confirmação da migraçAo dos indígenas e intercomunicaçào
que havia entre as t ri bus de divei-sas partes do continente sul-
americano, cuja íntercommunicaçào e^tiste até hoje, tau to que oi
indígenas t^ue vivem na serra dos Itatius entretém relações com
03 do interior do pai^.
Ora, conhecendo que aluda Ua esta iutercomniUQicaçào, quau-
do o numero dos lntJi*,'-ena» ó limitadissinio, e que elles encon-
tram maiores difficuldades rara continuar suas relações com tri-
bus afastadas, por causa do receio que tíT-m de apparecer em
povoações civilliadas ; devemos acreditar que as relações entre-
tidas na época da descoberta fotsem mais oBtreitas, ainda quo
ás vezes as guerras entre as diversas tribus pud&Esem diíHcultar
ou cortar a^ relaçòes entre os membros daa tribus combatentes,
Tomando este facto em consideração e o auxilo oíferecido ao
transporte pelas vias ftuviaos que, com excepção de um pequeno
trecho de terreno entre fs cabeceiras do rio ígoa e os confluen-
tes do rio, Paraná, é^o communícação desde o littoral até os
con6n!í do Peni, é natural suppor que os indígenas que recolhe-
ram o bacharel desterrado em 1501^ tivessem conheci meoto da
ríqaeza e do estado adiantado da civilismç&o dos perúanoi.
Este conhecimento, tranamittido ao bacharel e aos náufragos
que reuniram -se come 11 e^ devia ter motivado a viagem de Aleixo
Garcia.
Voltando á descri pção da viagem de Dom Alvares Nunes
Cabexa de Vaca e analytatido os factos citados, é de notar a de-
claraçã.0 de ser o tal Miguel um indio brasileiro convertido qu«
voltava ao seu paiz natal, es{>eçialmente lembrando- se ^ue Dom
Alvares, desde sua sabida de Santa Catharina ia tomando posso
do paiz que atravessava em nome do Uai de Kospanba, de-
monstrando que n&o considerava aquella regífto como pertenqento
— 227 —
loBmiil; e, poftanlo, Miguel ia caminhando píirii Ig-uape, Sào
Vkente ou Firatiníngo, uuícos nuclBOfi eziit^entcs naquella cpocA
nciti pUTte do BrasiL
E' verdade que as palayrt;» * índio Brasileiro convertida*
i3âo a pensar quo sua teria natal fosse naa proxícnidades de
Pimtíniníra, centro religioso; porem, podemos entendel-as como
íi^iÊcandoí fiomente, convertido a vida civklieada» e asflim ello
podia pertencer a qualquer triba estabelecida tia^ proxlmi dados
áe SJLrj Vicente ou I;^uape.
Nilo podemos duvidar que bavia caminho conhecido peloa
ÍDdi{;eiiãB entre a faabitíiçlo de Francisco de Cbavea o as terras
msrginaes d.>s rios Igiias^ú e Pjquiri, onde Dom Alvares re-
cebeu noticias da mortandade da expedição de Marti m ÁfFonao
de ^Qu«a. A^ora, se os homens da expedição de Martím ÃlTon^o
foracQ mortos pelos indí^renas que habitavam as margens do rio
%Gaíaú ou aí do rio Piquiri, como tudo nos ftz crer, teiaoí
provA que elles iam em direcçôo ao Peiú, c devemos suppor
qtie seguissem o roteiro de alguma outra expedição anterior e
4 UQica realizada antes do aiiQo de 1531, de que temos noticia,
é a de ÂEetxo Garcia,
E' facio comprovado, por moitos documentos existentes em
Igiapei que Fraocisco de Chaves e seu bo^to Cosme Fernandes
pflnuiam terras no lugar da actual cidade e outras em frente a
fcana du Capara, inclusive o pequeno morro denominado «Oí-
i^To do Bacharel*,
T^>m&ndo qualquer destes pontos, que distam uma légua
um do outro, como ponto da partida da expcdií^fio de Martim
AffõDso, o caminho mais faeil a seguir para ilcan<;ar os plaualtoft
de Paraní, fetia naturalmente o rio Igua, hoje denominado rio
Híbpíra de Iguape, utilisando-ie para seu transporte as canoas
que 01 europeus e indi**^enaÊ aqui residentes dcvinm ter possuído.
Temos ainda o facto de ter fido achado n'uma excnvaç&o
idtantts areias do rio Ribeira pelo falfecido dr. Henrique Bauer,
lUQ machado de bronze que os entendidos consideram como nendo
pfinkuOf cujíQ machado talvez fosse perdido fetos compnoheiroâ
de Aleixo Garcia, durante sua viagem em procura d© soccorro.
Dr>cumentos existem nos cartórios desta cidade dos quaei
sfi Terefíea que no anno de 1618 residiu um homem em Iguape
de nonte Agapito Garcia com mais de oitenta ânuos de idade,
<*ado com Maria Dias Lemes, tendo um filho de nome Manoel
DÍ48 Garcia. Foram estabelecidos em terras próximas á barra
do rio Ribeira e que diziam ter aido dos seus antepassados, que
'°t&m dos primeiros povoadores de Iguafie.
Não serão estes^ defcendentes de Aleixo Garcia ?
Por notas genealógicas que temos organizado podemoi
pi^var o parentesco que ha entre Agapito Garcia e diversas
lÁibilias importantes residentes nesta zona actualmente, íaltandi)
ionieate saber si Agapito tínba ou não parentesco com o celebra
íTeii tarei ro.
— 228 -
HacoDitmfr a Mstoria ã&â prfmeiraB tentatiyâi de explora<;3.o
iiêatd paiz é de^cillimo, e é natural que eurjam hjpotheees áa
Tezes ©Troueas, comtudo, atír©ditanií>& que o ponto de partida da
expediç&o àò Alei%<y Garcia fosae Ignape^ donde maU tarde par-
tiu a de MartJm A0onBO de Sousa, cujo roteiro, coutta-uoa,
existia a poucoB annoa pasaados nesta eídade.
Ignape, 1905.
EaimSTQ GtriLHBRMB YOUHO.
o VOADOR
Dom Joaquim Marti nez, cm» coUado da egreja parochml de
^ta Leocadia e S« Bom&Of da cidaJe de Toledo, certíâco quo
Áa folhas 115 do livro doa fallÊcidos, que começou no anno de
1705 e terminou no anuo de 1739^ se acha lançado o ieguinte
•«lentamento : cAoi dezanove dias do mez de novembro de 1724
^aoB fallecen D. BAtthotomeu Lourenço do Quâioão, doutor em
cânones pela Universidade de Coimbra, natural da villa de Santos,
00 Braiil, de edade de trinta e oito annos^ presbytero, residente
fl* cidade de Lisboa, filho de D. Franciaco Lourenço, ji falle-
ctdo, e de D. Maria Álvares, ac band o -ae presentemente no Hott"
piUl de Misericórdia da paro eh ia de S. Romão deeta cidade de
Toledo, tendo m confessado e recebido por víatico o Santissimo
âãcramento da Kucharístia e o da Extrema Uncçâo, Falieceu
sem testamento por Tião ter o que legar e foi sepultado nesta
paroehial egreja de S. Romão com assistência da Parochia e da
Irmandade do Senhor S, Pedro, vestido com hahitoa sacerdotaes
e deu á parocbía desta egreja sessenta e seis « reales « peloi
ditQB hábitos e tnnta creales» pela sepultura^ a qual quantia
foi paga pela referida Irmandade doa Sacerdotes do Senhor S.
Fedro, e por ser vt^rdade iirmei esta como cura collado da dita
«greja. — Dotn Francisco Gomes Manseal.»
Este asaento loi copiado por Joaquim Martinez, na cidade
áe To todo, em 5 de maio de 1B56 e reconhecido como authen^
tico pelos escrivães de Toledo,
Tal certidão de óbito existe no Ãrehivodo Inaticnto Histó-
rico e Geographico Braaileíro, acompanhada de um certificado
de Francisco Adolpho Varnha^en (6 de acosto de 1856) então
eticarrei^ado dos negócios do Brasil, em Madrid.
O futuro Visconde de Porto Sog-uro enviou e offeretseu ae
IsAlituto esse curioso documento (ora por mim traduzido do hei~
puihol] pelo qual ae prova o triite fim do immortat Paulista a
« quem cabe, por certo, o titulo de Fatriarcha doa conquiatadorea
do ar.
Passa hoje, pois, mais um anniveraario desse triste aconte-
cimento e n&o 8&D descabidas algumas linhas dedicadas a esae
verdadeiro génio brasileiro que figura no longo catalogo do»
tnartjres da iciencia.
_ 2Z0 ^
Quarto filho do cimrgilio do pT«»idio de Santos, Bartholo-
meu Lonreoço de Gtum&o naseeii maii ou menot pelos jiquob de
1685.
Era 10 annos maia ve'bo qae feu il lastre inuSo, o mui
conhecido escrivão âa Paridade, Alexandre do. Gmmfio.
ErAfn 05 outtoa: frei Símfto Álvares, pregaior d© nieríto,
nascido em 1632, frei Patrício de Santa Ma^ia, francbcrAiia, nas-
eido em 1090, o pa:Jre Ignacio RoJri^eê, jssaita, na^^rido em
1701, padre João Álvares áf Santa Maria, carmelita, nAsotdo em
1703, todoi iliuitrea, Fãmitta privilegLida de príncipes pela
íntelligenciaf diise com r&7,ao Teixeira de Mello I
Com 01 jeanltis e^tulou hamin idades. Xuoca, poriam, como
se escreveu, fea parte da Coiapanbia de Jeans. Enviado a Por-
tagali matTÍcnli>u-ãe na Uni?eraidade de Coimbra, onde obteve
o grÂu de doutor em direito cationico.
D^ suas babílitaçôei ]it'*rfirias e scientificaã noa dá largn
noticia £eti contemporaTieo o abbnde Diogo Barbosa Macbado,
Co^becia perfeita mente a liir^ufi latina, iallava com çorrec<;âo a
franccza e italiana e traduzia bem a «rr^íja e a bebraica.
Dotado de s^in guiar modéstia, diz o Visconde de B. Leo|ioldo,
d^ amnvel siogetfz.i 6 candura dalma» de tal sorte acanhado,
que não parecia deposito de tantos the^ouros scientificoA Em
meio de iti{initfia virtude» reluzia a do amor e piedade BliaL*
Occupou com diitioíçào a tribuna sajjraJa, Entre oi seus
aermôes é citado o que proferiu na festa do Corpo de Deus,
eui S, Nicolau, em Lisboa, no anão de 1721.
Vcriado níi8 conhecimentos da pbjsica e da nofcanica pu-
blicou era 1710 um fulbeto (depois impresao em latim) snbre
Vários moios de esgotar sem g*?nfe as nàu» com agua aberta*
Tanta era a reputaçilo da Barthobireu que instituida por
d. JtiSo V, em 8 de dezembro do 1720, a Academia Real de
Historia Portuguezfl, o monaiclia escol beu o noeso distincto
compatriota para faz-r parto dos 50 primeiros sócios eftectivoa
de que ae compóz aquelle grémio.
Pereira da Silva ei plica e8?a^ boas graças do Hei do fe-
guiutc modo ; GusmSo eraprehendeu uma viagem á líespanha
e allt conquistou a Bym|>atbia o amizade da rainha que pôz sob
a protecçào do joven filho de d. Pedro II o ecdesiastico que
já se tornava notável por seus merecimentos,
Mm5 o que torna immortal o nome de B, de Gii&mílo é a
gloria de ter elle sido o primeiro inventor dos âerostatos* (iloria
incontestável, cm vista do muito que se tem escripto «obre o
asaumptO.
Depois de aturados estudos de gabinete e pequenas ex-
periência* animou-s6 este a enviar a d. Joào V a seguinte
petiçAo; Diz o Licenciado Bartbolomeu Lourenço de Gus-
mào, que elle tem descoberto bum instrumento para andar
pelo ar, da mesm^i sorte que pela torra e pelo mar com muito
maia brevidade, fazendo-so muita? vezea duzentas e maía légua a
— 2U -^
de cainiíibo por dia, nos quaos ÍD&trumeiitoi se poáerfto levar os
AviEos da mata importância aos exércitos e terrng mais remotas^
QU&si no mesmo tempo, em que ?© resolvem i no que iiiteresâm
Yngsa MajeiUde muito mais que a todoã oâ outi*og Priticipes,
pela maior distancia dos Eens domínios, evitandofe desta sorte
«)s desgoverDDs das conqniíttaa, que provém em grande parte de
chegar tarde ns lioiiciaa detles; além do que poderá Vossa Ma-
jeUftde mandar vir o preciso delias muito mais brevemente e
Tnai^ ipguro: poderão os bomeus de negócios passar letras e
caWdaeâ a todas as praças sitiada^^ podei &o ser soccorridas tan-
to de gonte, como de vivares e munições a tcdo o tempo e ti*
T^rem-ae delbs as pessoas que quiserem, sem que o inimigo o
possa impedir, Descobrir-Ee-ilo as regiões man visinbas aos
Pôloa do Mundo semirt éa Naçào Portugueíia a gloria deste dea-
cobrimenlo» além das infiiiitas conveníendasi que niostrará o
tempo, E porque deate invento ae podem seguir muitos desor-
dena, commettendo-èe com 6CU u-o muitos crimes o facilitaudo-áe
muitos na confiança de ac poderem passar a outro reino, o que
»o evita estando reduzido o u^o a hunia só pessoa a quem se
mandem a todo o tempo a*» ordens convenientes a r^^speito do
dito trangprrfe e probibindo-se a todos os mais sob graves penas:
be bem se remunere ao suppHcante invento de tant« íroportnncia.
Pede a Vos a Majestade seja servido conceder t» privilegio
e que, pondo por obra o dito inveotOt nenbuma pessooi de qual-
quer qunlidade que fôr, possa usar delle em nenbnm tempo neste
Reíoo ou tuas couquiEtna arm licença do supplicante ou seus
herdeiro?, tob pena do perdimento de fodcs os bens e as mais
que a V. Majestade parecerem. E, R. SI.
Coiisaltada a Mesa do Dcssembargo do Paço foi esta fnvora-
'"Vfrl á preienvft<5 do requerente. O rei deu a seguinta resf lucilo:
Como parece á Mesa e além das penas, accrescente— a de morte
*(s tiansgresiiores, E para com mais vontade o supplicante se
tâpplicar ao novo instrumento, obrando os efteitos que relata, lhe
faço merco da primeira dignidade que vadiar em as miohai
Colíegíadas de Barcellos, ou do Santarém o de Lente de Prima
de Maihpmatica da Minha Univcrâidado de Coimbra, com seis-
centos mil réis de reuda, que crio de novo em vida do suppli-
cante suraente,
Lisboa 17 de nbril de 17O0.
II
D* Joâ'> V, seja dito em lionra á sim memoria^ abra<;ou com
ènthusiásmo os projectos do padre Bartliulomeu de GasmAo.
Do seu bobinbo o monsrcba contribuiu com lodos os gastos
Sara a C' nstrucçáo do aorostat^ a quo o seu autor dera o nome
e bíxrqnsUt mi Jífitfeíct,
Réalizoti-Êe a experiência publica em 9 de agoftto de 1709,
no Pateo da Casa da Indía, |»eraiite a corte partugtieza, fidal-
guia e imraenso conetirao de povo. O autor do tjovo inveuto
iet-Q Btibir deade o torreão da precítada Casa da ladia até o
outro fronteiro, no chamado Terreiro do Passo* Batendo o ap-
Sarelho na ci malha da Sala das Embai xada^j Boflreu senti vel
esarranjo que impOBsibiUtou a aBcenç&o»
Que e^se aco a teci me ato se eÉFectiiou em tal tempo ha provas
irrefragaveis, Provou-o á saciedade o conexo Franciaco Freire de
Carvalho, om uma raooographia, ioserta no tomo 1.°^ parte l.*
da 2/ série das Memorias da Acad . Real de Sci«neiai de Lisboa,
também impresaa oo Volume XII da Revista do Instituto His-
tórico ^Memoria para reivindicar para a nação portuguesa a gloria
da invên^tíf} da/t inackinai aôrOAtatitias» -
De uma cópia desse trabalho, p0:^8uida por Joaé Bonifácio
de Andrada e Silva, sorvin-se o Viacotide de S, Leopoldo parA
tratar do ase um p to ^ em um opúsculo que faz parte de um volume
Memorias do instituto Hintorico e G-ographico Bra^ileirOt re-
produz Idaâ em um doa ul limos livros da Re vista do mesmo In-
etitutrí.
Secundo affirma o itlu»tre biblinphilo lonocencio da Silva,
a memoria do cont:<g^o Carvalho teve ainda ditU additaoientos,
escripto pelo próprio atttor e outro pel > padre Frani^i^co Re-
creio j conforme couâta daa Actas da Academia Real de Bciao-
cias de Lisboa — tomo 1.", paga- 193 a 212 e toiro 2." pagB*
Và9 a 149.
Quando uàú foaaem ftaificientei todns as provas adduzid&i
bastaria o testemunho do Francisco LeitAo Kerreiríí, con tem porá ueo
d 1 Biirtholomeu de Gusmào e mais tarde seu colle^a na Real
Acadmuia de lli&tiria PortUEruozn. Leitio Ferreira com toda a
paciência registrava día por dia os acoutecimt^n tos roais notaveii
e importantes do Beu tr^mpo.
E^^bes «pontamentof, conforme se supuoe. foram impressos,
segundo conota da Biblwtheca Luniíana, do abhade Dio^o Bar^
bo^a Machado, que menciona o competenie ti mio. Alem disso
atúda eitist^^ni: a estampa do aerostato feita (1774) nas officinaa
de Bím&ii Thadeu Ferreira e uni folheto sabido da imprensa de
António Rndrigues Galhardo e publicado depois, que aos irirãos
Mougiílfiera se começou a dar a g-loria da invençáo do& aorostatos.
A dt^s peito das pretensões francesas, acerca da prioridade,
é ella conferida com toda a imparcialidade ao nosso compatrio-
ta pela Encycinpírdia Brttannica menor a Dictionart/ o/ Arts,
Sciericen, etc , Edinburg:, 1797— vol. 1.'— 3/ ediç&o. Seguem
a moí-ma opinifto : a Enc^ciupwdia EãmenstH—hy J&m&sMiU&r —
Edinburg, 1818, tomo 1." t» a Encijcl pa;dia Âm^can — Edi-
tor Francis Lieber, Philadelphia— 1830.
Tal é, porém, o poder da verdade que um compatriota doa
Mont^olfiera, portão lo inftitspeito, confessa abertamente serem
devidas as primeiras experiência» doa aeroatatos ao padre Gusmlio»
- 253 —
Fazemoi referencia* á importaato obrs — Biographie C/m-
Mfjefíe de Michautl—túmo 19, pablicado em 1819. Nt^lta pódô
ser lid4, no artig-o GuamAo, um& notícia sobre o padre Bar-
thotomeu, escripU por Bocoui que o apreg^ôa como o iq Tentar
doB ãerostatos. Pondo de \mTtQ inexactidões «obre minúcias
da rida do futaro académico, coaclue assim Bocoua : «Qtioíquô
hkn avant le XVU* aiècla, dirers antears eusaent proposé dif-
fér^iítM mojens pour s'élever daad les aire, il parah certaín qu0
Toa doit aa P. Gu^^mào les prerniéres expérieneea d«s hallons
aéroBU tiques, renouTalées avec un si grand succéa soissanba
BUÍ aprés sft mort».
Ãttim também pensa o inolvidável Ferdinand Denis^ amigo
^0 Bittiil, por elle imrcorrido em variai direcções, e e&criptor
estrangeiro que melhor escreveu sobre o nosso passado.
y-^ Larousse, no seu grande Diccionario^ não tem eacnipulo
em e»|osar com toda a imparcialidade as opiniões de Bocous,
e isso é am ?erdadeiro milagre, quando se f^abe quanto aão
deâcienteã as notícias ministradas por essa encjclopedia coni
refeiencia ao Brasil e a PortngaL
Com o fracasso oceorriHo, do dia da ascensão, poderá m*so
em campo os poetas &ati ricos do temjx» e eontr:^ B. de Gus*
mão lan^Jiram apodoe, torjres oatumoLâs e insultos. Bfgundo
Teíeie Viirnbagen, foi até eacripta uma comedia, que se con-
serva manuscripta, lEatas e outra* aatiraa mordazes, apegar dô
estopidasi prosBgue o iUustre autor da «Historia do Brasil*,
eram, segundo o costume, a no ny mas. Os miseráveis que, por
inveja e baixeza de animo, hostilizam os grandes pensamentos
e o* grandes homensi seus autores, f^rio^ de ordinário, cobardes.
Nem que a vok intima d» consciência, accu&ando-lLes a per-
versidade da sua obra, lhe* mostre o pelourinho em que fica-
nami ante a posteridade, eternamente cravadas suas cabeças».
Dos muitos versos citaremos os principaea, por exempio,
as decimas — Ao novo invento de andar pelos ares:
Esta maroma escondida,
Que abala toda a ctdade,
Esta mentira verdade.
Ou esta duvida crida ;
Esta exAlaç&o nascida
No PoTtugnez Firmamento,
Este nunca visto invento
Do Padre Bartholomea,
Assim fora santo eu
Como eile he coisa de vento
Esta fera [lassarola,
Que leva por mnis que brame,
Trezentos mil ruts de arame
Bómente para a gaiola ;
— 234 —
Esta urdida ]>aviola,
Ou FBte tecido enredo;
Eat(^ das mulheres medo
E amfim dos liomcoB espanto ^
ÃBaiímfõrn eu cedo santo,
Como so ha do acabar cedo.
Estas decimaB appareceram impressaa em 1732, em tima
eoUecçPLO cujo autor é o celebre Tliomaz Pinto Brandão (o Ca-
iDÕes do Rccio) muito do peito do rei d, Jofto V, Tem elía por
titulo Pinto Renascido^ Eminnuaào e Desempennado Primeiro Vóa,
Eis um outro espécime:!:
«Com que eiip^enlio te ntre\'ea, BrasHoiro,
A voar no arV tíeuJo pateiro,
Desejando ave ser, tem eer gaivota?
Mellíor te fora, na regiílo remota
Onde nasceste, estar com ttso inteiro *
Oâ zoilcft daquelle tempo, pondera o Visconde do S, Leopoldo,
querendo riditíularií-nr o invento concorreram pnra os nosans fins,
deisando-noâ teatemnnlio da existência da mscbina e do seu com-
positor no Ee^uínto
SONETO
Ao padre Bartbolomeu, inventor da navegaçflo do ar.
Veio na írola hum doente brasileiro
Em trage clericnl, lolaina e coroa,
Pe^ crer, r^xif*^ pelo ar navega e vôa,
Num burco eem piloto o nem remeiro*
Vae-se ao Marquez de Fontes mui ligeiro
Declara-lbe o eegredo, este o rpregôa,
Sobe á consulta, pasma-ee Lisboa
Em tanto esquece a íome do terreiro
Bem merece eBle doente eterno asseuto
Na etherea região, eu jíi lUe approvo
 dinbrura do ãubtil invento;
Pois hum milagre fe*, que be mais que uovo
Em manter tantas btcna só de vouto
Fazendo hum camaleão de taoto ]UVOi
Não sao concorde» oa antorea ca dcácripçào do primitivo
aeroitato do padre B, de Gusmào, Duvidas existem acerca doà
motores empregados per elle jiara levar a cabo &t,u audacioso
^ 235 —
camniettimento. Díãcutil-AS nfto cabe no&tas 9Íni|>lea nolae.
Para faael-o cãr«^o dpi comp«tencU* Seriam a electriciínde e
o mai^DCtJ$rti'>, como muitos querem V Certo é o autor tião ]>odia
ou dIo qaix dívalgal-ot. Em este o sea se gr e do « segredo qne
o acompanhou á sepultura.
Além dos trabalho» citados o leitor curio&o |ioderú encon-
trar no Diccionario BiMiogrophicUf de Iniiocencio da Silva, aa
precifAs indkaçòís taes cimo artigos do jornal Pim^frama, /?e-
i^iãta Vniversat IJubonêtine^ Heeinla. Académica cie Coimhrat Ca*
talogo dcs Míinascriptos Porta fruezea exisl^utes no Museu Bri-
tannico, organisado por F)g:anÍL^re, etc.
Ha jDOiiccs annoã o a propoãitó d&a experiências do Sautos
Dumotit publicou o sr. Horário do Ca r vai lio erudito opUÊCulo
onde vera consagradns algum tis pagiuas ao mal logrado irmão de
Alexandre de Gusmão <
Convém nào eiqupcer, Ealvo erros que contem, o Dicchii<ir'o
Popular de Pinheiro Chagas, volumo 1.*,
Mas, porque Bartholomeu, eatímado pelo rei, orador Haente
e apreciado, lente da Universidade de Coimbra, membro da
Aeadetnia, onde leumemoriaft, encarregado dt? importante» mie&òei,
falleceu miseraTelmente em Toledo?
Ainda nesse ponto, como veremos, reina confusflo entre os
bieloríadorcs.
Ill
Quando em 1724 desappar^ceu da cidade do Lieboa o eabio
Bartholomeu Lourenço de Gusmão, a calumnia alçou de novo o collo.
Dessa tarefa inglória encarrcgoa-se ninda Thomaz Pinto Brandào.
Entre oi importantes eodicea manafcriptns da noísa Biblio^
theca NacionãL, encontrou o operoso e mníto erudito Valls Cabral
um que elle reputou com fundamento ser o original e luedíto das
06ríij i'arií7s do prdcitado poeta uatirico. Desse volume^ extiahiu
Cabral vários s>nelos e dectmaa, reproduzidos com a mesma or-
to«i^rapfaia do original e dando-o^ á estampa no 1.^ volume dos
Ãnnaea da Bibliothecfl, pagr. H)0-IÍÍ8*
Transcrevendo taea satirri^, é meu intento averiguar bí dentre
esses veràop, dictados pelo odo e pi'la inveja posiío descobrir o
verdadeiro molívo da partida do pndro Bartholomeu e ú eissa
caufa de acordo esti com as varias opiuiõtii do 3 hiatoriographoa.
Oi gryphofl fào meus.
Ao padre Bartholamcu Lourenço, o Voador qite fuffh, e se
entende, porque fe soube tinha fcmiliaridade *'Jío Demónio.
SONETO
Bartholameu Lout*enço he hoje o alvo
dos discuraoiã da Corte e as inferências
rezolvem, ter do D^^mo jntelligcnctas,
e que estas o fiaerào por em salvo.
— 236 —
PoT6m eat6 discurso em tudo be câlro
qu« assim o provào erradas coaaequencU*
desses inveatosp partos daa Scienciaa
com que atroava o mundo e&te Fapaluo*
Monstro era de memoria grande e rar»
o Padre, mas de leve enteodimento
se bem, que de vontade muito a?ara:
E 80 poderá achar ao seu invento
modôi, com que no« ares naveg^ára
Be tivera co^Dêmo ^otamento,
Ãn mesmo padre Voador;
Vários discursos fa^ toda esta terra
sobre a fuga do Mmuiro da memoria |
mas a meu vêr a rau2a mais notória
he^ que se ha retirado à Inglaterra,
Demos pjraças a Deoe^ já que da gfiérra
que nos ftz^ consegruimos a Victoria;
priyando-o tào bem de tanta gloria
eo*o retiro, q^algu^ mao feito enserra.
Pode ser fossem dogmas de Luthero
on beretbicos erros de Calvino
que pata tudo azado o caucidero:
Porem a Molinista eu mais me inclino
fosse, por $t airahir sendo do Clero
ás vontade do Sexo Feminina,
Â* mesma auiencia do Voador
Que o Voador voara, ouvi dizer
ftegunda vez, do nosso Poitngal;
16 mentira nfto he, caao be fatal
que o discurso nos deve suâ pender
Mas a causa tomara eu saber,
de todos ignorada em caso tal,
se foi para seu bem, se para seu mal
que iuda mal, tudo pode soceder
Alguns tenhoret quf^rem prezumir,
que fora isto troça que buscou
para assim mais voar e mais subir;
fÁo mesmo Voador, aozentando-^e desta Cidade, ©m 28 de
8etembro de 1724 :
— 237 -
Mm presumo, que etle se enganoa
5oÍB qual outro Lu«bel vejo a cah
a Soberana Gra^ a que 700U^
Depois de dar bú Pove mil pezaret
Bartholam^u Lourenço o Pá^saroila
Servindo-lhe o Paquete de gayolla,
Tandem, tandem voou por esaea arei.
O medo lhe deo azas, e talaree.
E qnal Mercúrio, oa qual Padre Carúlla
De Voador do ar, lhe deu na túlla
Eir aer agora voador doa mares.
Dizem, fie sogeit^n hir passar fomêã
Túgínáú ao Santo Officto e logo, logo,
Ãntet que o t&yo âe empregasse nelle.
£ assim sendo contrario aos seus doiLB nomes
Sendo Lourenço teve msdo oo íogo,
Sendo BartboUmeu guardou a pelle.
DECIMAS
Credito dará Lisboa
ao que a^ora não deu,
Sois o ta! Bíirtbolameu
e que voou, fama voa.
Já voou e n&o a tóa
tem embargo, que as atou,
e com taea azas voou,
que apezar de muitas cazas
para levar boas azas
muita gente depenou (*)
Deu um voo mui ligeiro
cruzando os ares azado
e foi vôo tào cruzado
que valeq muito dinheiro.
Sâo foi o VÓO raiteirOf
Ante» ura mistério eo serra
este vÔo, e hé ver que erra,
— 238 -
em voar no seu troplieo
nao dn ierra para o céo,
sim do eéo para Inglaterra.
Tnnto em Líeboa voou
com li^ehe^^a oportuna
que couí as azas da fortuoa
de Lisboa ao Cúo cLogou.
Qae o 60l real divizou
o Luzimeuto elevado,
porém por forçíi do fado ;
e deste vôo atrevido
íb já foi dtl Rçy valido
já de o ter está privado
Dizem prn<^aentoâ Celectoa
com juízo Baperior
que fogio o Voador
por juizt» maia secretos.
£ apegar dos discretos
Be dAg eitou farto de viulio
Creyo, que o caso adeviuho
e me rezolvo a dizer
que só fogio por uão eer
do senliut Duque vtzinho^
HaiSf ^}^^ ícaro voou
porque a melhor sol aobio
e hoje voando fogio
do sol, fpít o fiuthorisou.
Creyo que a Lua: o aDÍmou
para tornar a voar;
mas não me devo admirar,
de buecat outro farol:
porque fo^rindo do sol
era força bir para o man
Já confuzo o juízo trago
de ver que fot com razão
pafsaro de arribação
este pássaro biaoago.
Medo foi, poÍB sempre vago
fora o EUEB Vi zoa feas,
deixando na trípaa cbeas
de medo das Sautas cazas;
fogio com alheas azaa
voar com penas tlheas
r
^ 239 -^
Aqui lium Pinto vcar
qoiz, com voo mui diitincto;
maa quem tem azas de pinto
iifio ee pode remoat&r.
He me precito tylvar
esta sua prezum|njÃo ;
pois nho sofro, e cõm ra%ão,
qtie este arojado, © daninho
lendo nra pobre pintainha
le nos meta a taralb&o.
Mas tornftndo as de que falo,
poia deate aquelle he distincto;
quero deixar este FÍdío
a quem Frei Simão faz galo,
E djga sem intervallo
que athe o Santo ofleodeu
de quem nome recebeu.
ÊBie Voador nocivo,
põiB fogio como captÍTO
do Santo Bartholameu.
Foi-ae embora, e tomou vento^
fogio para o mar voando
e pôde ser receando
que cá lhe descem tormento,
Déâtro andou no seu intentOj
porque se &e dC aisenao
dos »eus eri*08 ao immenao,
dir&o todos e mais eu,
que fogio porque temeu
o »er cotno São Lourenço.
Dentre os amigoa e admiradores do padre Gusmilo, tfto
eruelmente ultrajado, um apparecou que contra o Gamões do
Búciõ escreveu o seguinte soneto:
Dize Lingoa cruel, mormnradora,
que dizer sempre mal tens por oflicio,
Òortcu mentiroza, que propicio
estás, para mentir a toda a ora ?
Dize como eruel, como traidora?
formas no ar tão bárbaro ediÁcio,
3ue coutra hum tal betóe, por culpa e vicio
e respeito daa Leya te laea tão fóraV
^ 240 —
Dize, com que rszâo oti ftiadaniento
falas maiB largo, que «uccinlo,
Bendo do seu dealusire instroineiito.
Tal níU) poBM sofrer, uem tal coniíiilo,
pois delle tenho asaz conbecinieoto,
e soij que Águia foi flempre e tu és PÍQto.
 este soDOto» respondeu o poeta, aMrma ainda V. Cabral
com outro que a decência manda omittir e que tem por titulo
De Thomaz Pinto para Fr. Simão^ supondo lhe Jkera o soneío
antecedente .
Declara atnda Yalle Cabral não gaber ao c^erto quem seria
o autor do «oneto a que roBpoudeu Pinto Brandão por maneira
pornoj^rapbica Quanto a mim, ^alvo melhor juizo, compuUando
a Bibhotheca Lusitana de B Macbado encontro entre oa con-
temjporaneoB de Gusmão © de P. Brandão, frei Simão Antouio
de Santa Catharina, religioBO de S. Jeronymo, Musico distin-
cto, teve, diz B, Machado, notável gçjiio pcra a poesia jocosa
como testemunJião os seus versos, peloji quaes se fez acredor ãos
applausos de ires academias Ânonyma^ Poriugueza t Escholastica*
De frei Siraílo entre varias obrai publicadas e manuscriptai
e^híem — Bimas Sotioro s — impr^itaB em 1731 com o aff^ectado
nome de Sim&o Autuues Freire *
IV
Dentre as ferinas ai In soes do Cíímões do Bócio, duas serviram
de base aos biographoi para explicar a fuga de Bart bolo meu
de Gusmão: medo das Y>eraeguiç5eB do Santo Officio e a perda
do valimento de d. João V.
Não merece cootradicía a opinião doa que, sem fundamento,
sustentavam que Bartbolomeu chegrm a ser preso, tando^se es-
capado dos cárceres inquisitoriae», graças á protecçfto dos jesui^*
tas, confrades (sic) do preclaro braaileiro.
c O que obrigaria, pergunta o Visconde de S. Leopoldo, a
bum varAo tão sizudo e couiitaute e que havia até etitão dado
provas de exacto observante das condií^Òes com que entrava
para a sociedade a .arrojar-so a desairo-ia fuga? Acaso o funda-
do receio de huma sor Ce egual d de Galileu seria a discreta
prudência de ]>revenir huma grande injustiça, efíeito do humor
corrosivo da inveja, que com ^Toprífdade João de Barros com^
parou e denominou — o cancro da honra — ? De certo que me
f ai ião dados positivoò para o afirmar, mas tradição não inter-
rompida tem vogado até boje, de que se evadira de tremenda
perseguição para paiz estranho. »
k
^ 241 ^
< Em vidíi, refere Varabagun, o illa&tre Faoliata, depois de
«niiunciar o aeu iaTeoto, em vbá de recompeti^aa, recebeu uU
iTAgea e p€râ€guiçÔe& e não eticoutrou maís de^cauça até falle-
eer em 18 de uovembro dô 1724, em To lodo, para onde, com
outro irmão, fugira de Lisboa era 26 de setembro a n tenor, afim
ÚQ éâcapar ás garras do SíihUj Officio.*
O companheiro de eva^ào de que fala o i Ilustre autor da
fíijfíoría do Brasil era irei Jnào áa Santa Ma ria j irmào roais
moço de Bartbolomeu Loureui^i^,
Quem primeiro se lembrou de c.otnparar o uiièso compatriota
R Galileu f*ji o celebre padrtó Josú Ai^OsLinh» de Ma tido, iio
ieu ]:ioema — Aouf> Argonauta — impreiiso em Lisboa (1809*)
O conselheiro Ji^ào Manuel Fei'eira da Silva, em sua obra
Vúròéá liluHreit do Brasil^ àm va^aroentti : B . Lourenço se eva-
dira por ntedo da Iwpiijtição ,
HasB^iva eite tolvex por feiticeiro e de ter partes com o
Diabo.
Para o supracitado «seriptor o que operara no espirito do
Padre a idéa ra súbita re^otução iõra também o debicou teu ta-
mealo do Ret por nào ter Bartboiomeu dado em Ríjuia prompta
iolaçâo a ue«^ocioâ de que havia sido enearregado.
Mas Pereira da Sitva linhas^ abníxo cabe em completa cou-
tradic^Ão quando refere : chegado dt? Roroa foi Bartbolomeu em-
pregado pelo próprio d. João V. como decifrador tta respectiva
stíereraria do» despachos diplomáticos.
Quanto as taes negocia<;ôeá, eià o que se colhe do Yi&conde
de S. Leopoldo; «Com o caracter de enviadt* á lurte de Roma
bavia lhe d. Joào V. encarregado da negociações divereas, com
especialidade de solicitar duas Bulias, a do serviço da Patriar-
ehal e a das qtiartas partes dos Bispados, progredia vagoroso
í^ntre tropeços^ tidvez por uâo hav^r compr^ht^ndido as iu tenções
do rei \ deliberou este que fogsp a^ni^tír-lhe &eu irmàtí Alexan-
dre de Gusmfto, que iior fim o substituiu: parece que o trans-
cendente talento de Bartholomeu, formado para brilbar em es-
phera apr«ipriada, como, com effmto, brilhou ; avesado á justeza
e eracç^o dessa scitíucia fiufalímf^j que, de rfemon&traçiio em de-
moDStrjii^âo, sej^ue a coroltartos certos, o que nilo eíií^avíi comas
eombíiiaçõeâ variáveis da diplomacia : tdia naturnl franqne^n re-
lutava à sagâjfi e refinada dissimulação, ueees ária muitas veíçee
para cbeg-íii' ao desenlace de eured?idKa tit^tjoci i^àea. nem o buli-
cio dos saldes se compadecia com a bilencioí>a rt:chibà> em que
^eruu oríginaes projectos.»
Tudo isto se pasônu em 1720, e se bouve descontentamento
regío, es]^e durou pfjuco^ porqumitD Alexandre rle Gusmão obti-
VÉ*ra df> Pontífice tudo quanto almejava d. Joào V.
Foi eiactatnefite nfgse anna (1720) que ao fundar a Aca-
demia Real de Historia Portu^uezu^ **m 8 de dezembro de 1720,
o rei d. Jo4o V eBcolheu para um dos 50 sócios eáectivoa o
— 942 —
nome do dr. Bartbolomeu Lourenço de Guamio. Como oonciliar
eeae facto com a tho decantada perda de valuneuto?
Deraaia continuou elle a exo oer o raagbt6i*io iia Univer&i-
dade de Coimbra, sem &er incoiomadado pelo rei. Eâte o tinha
o(»meado e poderia, si quizeaae, d©iuittíl-*> ai na realidade Bar-
tholomea tive&se incorrido ao desag^rado d i filho de d. Pedro II,
Finalmente, segandu refere lunocencio da Silva, B, de Gusmào
foi por alvará regia de lõ de julho de 1722, nomeado CapeLl&o
da Casa Real !
Quando viuka a Lisboa nâo dmxaya de compardcer á^ gpssôei
da Academia onde era recebido com toda a consideraçào. Na
conferettcía á^ Vi de julho dê 17 1*4 e iiào dts 16 de setembro de
1723 (como escreveu o V. de â. Leopiddo) lia o padre Bartbo-
lomeu o Prologo doif Mejuoriais dos Bispos do Porto. Ea^e tra-
balho merectu^ dia a aetn que tenho á vitta, a approvaçâíf de
ioda a Academia. E^ssá ciixumataticia uílo ae daria ai (eil me-
moria t?nceiTaSáe ou conliveíS^e idéas contra a TeligiàfiÉ Couio é
sabido, a Academia se cnnipuuba de leigos e sacerdotes, alguns
dna qiiaes tantiliareâ do x^Siiito OíEcio.
Sò na contVrencia de 22 de dezembro d© 1724 foi provida
a va^a do acaleraico tíraáileiro. O dr. Bartbolomeu Lourenço
de Gusmào, reza a acta, tinh se auneatadu desta Curte sem per-
miMfíão da Academia e ^xta^ad^j o i^mpu que mar cão os EsííituífjSt
pareceu ao> cettanres que deoia pfrjuer^fte u ligar de Académico
de numero que elle ocvupwa. Na coutereucia de 4 de janeiro
de 17-5 fnl com effeito eleito Nuao da Silva Tellea,
(^ue Bartbolomeu vivia em h -a barmonia com os seus ci>l-
legas prora ainda a act* de 20 de set -rubro de 1724. Nessa
reunião foi elle cnnvidado com f»utros a dar conta de teuítettudos.
Por var aí vezea oecupon elle a tribuna sagrada. Seu»
siírmões fcíio todfjs elogiados peln abb;ido Diogo Barbo^^a Ma-
cbaio. O da f**sla do Corpo de Deus, t* rn H* Mcnlau, em Lis-
boa, mereceu de seus ceu-^ore^, íVei Manoel Guilberme e frei
Boaventura de S. Giào, giatidea eb gios. Pisçeram-lbe ju^itiça,
diz Varnbagen, declarando ■como eram leconhecidus os fi«UB
raroà talentos e os créditos que gratígedra em Ooimbia^ onde
se doutorara em Cânone* ; como no estrang^eiro^ por onde via^
jára dep'iÍB de 1710 Noa ôermôes oatentou o padre Bartbolo-
meu nfto &ó muita lucidez de eátylo, como náo poucos rasgos
de eloquência».
Si, como dizem, desde 1709 a Inquirição dcHCopfiaya do
padre B, Lourenço, náo se cotnprehende como só em 1724 tra-
tasse de persegui l-o. Como é bem Êãbido, n&o faísia elía cere-
mos ias em encerrar em seus cat ceres aquelle^ que lhe cabiam
nas garras. Esemplo, entre muitos, o do poeta António José
da >]lva.
Evadiu -se para fug^ir do Santo Officio de Portugal e pro-
curou a Hespanha, onde a Inquisição era multo m&ia e/6V«ra.
— 243 —
hio nfto se comprebendé. Tanto é íato verdade qa& o poeta
Braai^àci dá o Voador evadindo-ae para a Inglateira. Ão en-
tr<'g?Lr em 1"33, á impií^nsaj o stu Pinto empeíuiadu t dejsêm-
peanadut o Camòes d-i Ruciy devia já tt*r conbecimtín ti» do triste
àai é&, victima de suas L^aliimni^a. Nàõ retocou^ p^r amor da
rinu, Gâ aeus aontsto* e dt-ciuma, Estava nn Beu direito. Nào
le tdmilte, porêni, como os biop^rapbos do padre Lourenço de
Gasmãíi le tía&í^em na tradição e repetissem muito» aunos de-
pois eru prosa^ i b dislates de um poet&atro, que eacrevia sé
p^a fazer rir a ff ente,
Xs minha hau ilde opLLiâu o padre B^ribolomeu Lourenço
df Gasmão fízpatnou-se »^m virtude de pertaibaçu^g dag facul-
dades mearae^. Modesio, dê amável íthtgeUza e ca^idura d'alma^
di torte acanhadOt eoaeencrou (js seuB desgustos e eties tiraram-
Ibe a razão.
 injustiça dot çotitâmporatieos, ob Barcas moB de uns ^ as
ciitQmniAâ de outros muito coutn buíram para tão triste resultado.
Sem meioã para tentar novas e custosas experiências, viu elle
3ue no futuro a aua ide a da naveíraçâo aert-a lhe seria roubada,
lutro^ teiiain os louro» da primaíiia e o seu nome votado aeria
ao Oítracismo, Parj* amparai- o no caminho do exilío voluntá-
rio leve felizmente os carinhos do B^njatoin da íamilia.
As irevAS do entendimento dtiraraui-lhe menoa de doi^
mezes, e elle afinal descansou, morrendo na enxerga de
hospital.
ÍHoje, mais do que nunca, ao Voado** deve o Brasil
êitatua, Seui restos mortaes deveriam ser recolhidos ao
da Pátria^ se podessem ser retirados da valia couimum do
miterio de Toledo.
um
uma
seio
ce-
Kio de Janeiro, 19 de novembro de 1905.
Br. Jofià ViKiRA FAsaNOA.
Juiz de Fora em S. Paulo
Em cftrta de 31 de agnato de 1724 o ouvidor geral Manoel
de Mello Godinho Manso representou, ao governo da metn-pole
fazendo premente aer necessário um logar de juiz de fora e or-
pLíiins eu) S, Haulo e lembrando qne» nf^o teiido bIIo tAo ne^
ce^ Bário em âantoa cooio o era na CapitHl, o juia dy fora da-
quella villa j^oiia passiar j^ara r^ta cidade, o que eerm inaiá eco-
nómico do que a crtóíiçàLi de uio novo logar, por dispenear i» oíde^
nado ccjm que a e&te se tvria de díít::r.
O governo de Lisboa, dutido de n\ko ao alvitre indicado de
transferir de SHntos para S. Paulo o juix de íóra daquella villa^
mandou, pela Carta Hugi/t de 18 de junbo de 1725, que o go-
veiuador Rodrigo Cetar de MeiíeKPS mfurmaí&e *o que poderia
render o lo^^ar dtí Juiz de Fora. crei ndo se de doço, e qual o
ortieundo que g» Ibe devia dar».
O goveniíidor.ern cutufirinjonto da Carta R**gía toeneionada,
escreveu íids 11 «le maio du 1720 qut* «acho sei* ]íreci*o servir' se
V. Maj. de mandar crear o novo lograr díí Jnjsc de Fora, dfi-
xando-llie o de Juiic áuh Orpbj^ms; e pelo qiie toca tio rendi-
mento que pt*derâ ter nos emolnnientod de ura e outro, acho
Berein bastantes jiura poder pasmar dando- se-lbe o mébmo itrde^
nado que tem n Juiz de Fora de Santos».
Apesar da represeritav^o de Godinbo Mansn e do parecer,
favorável do g^ovenmdor, a mí^rop']© nào creou entAo o lograr
de juiz de fora dn B, Paulo, ditndii por essa maneira ensejo a
que os officiaes da Canniri de^ta cidade, em carta de 3 de abril
de 17S4, pedissí-m fosse creado o referido logar.
Ao Conde de Sarzedas, puís qae á frente do governo da ca-
pitania não mais f^&tava Hodrigo César, foi pela Carta Hegia de
15 de novembro do meamo anno, ordenado informaâse com seu
parecer, ouvindo n» homens bons da cidade, a represou taçàn da
Camará, e elle o fe^^ p<<r carta de 30 de abril de 1735, na qual
escreveu lhe. parecer que mui* necessidade havia de juist df tora
na vill L de GuarHtinguetá com alçada uaã villas elrcuaivizinbaB
de Piíidamouhangaba e Taubaté.
Si a j riineira rep»'es(*ntaçào, tendo parecer favorável do
governador, nào fui attendida, á segunda, uào amparada por
t&o pondero^d elemento^ coube egual sorte, nào Feudo ainda
deâta íeita cieado o lugar du juiz dv, ígra de S Pau! o, ao qual
su quasi oitenta aunui depuís deu es:bteucia o Alvará de 13 de
maio de 1810,
f^pi|jVV7^w«v«n«BgH««^
I
i\ÍARQ.Li:z Dl- \'ale;xça
1777— 1856
1
1
1
y-V:
\ V
i
— 247 —
Creado o lo^r de Jtiis de fora do eivei, crime o orpbamB
de 3. PauIo cúíh ordenado egniil ao de Maríanua, foi nomeado
fèm clle o oR, EsTEVAM RiBBimf» DE RE^KNuia. quo o exercKu
deade 6 de fevereiro de ISll até o njKAdo de l8l5, tendo antes
©lereido o de juiz de fora de Píilmella, em Fortuna l
O dr Rezende^ oascidri a 20 de jalho de 1777, era fillio
lí;ritííDO do corooei Severino Ribtííro e de sua mulher d. Jo-
sefa Mfltift de Rexeode ** natural da freg^uf^zia de N S, da
CtiTicei^Ão dos Prados, coman.'a do Rio daa Mortes, capitania de
3ÍÍM& GéTaeE C-isou-ae ^m S Paulii ans 25 fevereiro de
1819 com d, lUidia Mafalda de Sousa Queirosi Em 1818 de-
Htnbargador da Ca^a da SupplicaçAo ; em abril de 1822 ac^m-
p*Ehou o príncipe d, Pedro a Minas como secretario de estado
inÈ^rino í t^m 18'24 foi ministro do Império; fm 19 de abril de
1826 foi niiineado senador por Minas ; em 1827 ministro da
jíutiça. Foi agraciado com o tiitilo de Barào de Valença em
1S25, elevfido a Conde DO auno seguinte e a Marquez em 1848
^ falleceu em 8 de «etembro de 1856.
Em 8 de junbo de 1815 já estava em. exercício de seu
cftrg-o o aegrundo juiz de fora de S. Paulo, dr. João Gomes dk
Campos, que em 19 de julho de 1817 amda o exercia. Em
14 de dexembro df^ 1B22 tomou í>oçs6 do lograr de deaembar-
^dor da Casa da Supp]i<^açào do Rio de Janeiro.
DestP! juiz conta o dr. Mnteira de Azevedo em seu livro
Mosaico BrasiUiro a segrttinte interesàanle passagem:
c Era o deae mb armador Jo&o Gomes de Campos um magis-
trado recto 6 muito probo.
Apresentaodo-ae em sua casa uma titular com uma carta
de empenho para elle ser-lhe lavoravel em certa pretençáo,
disse- lhe o juiz:
— áh 1 minha senhora, tenha a bondade de abrir esta gaveta.
A titular abriu a gaveta que se achava atopetada de cartas.
— O que viu, minha senhora? perf^untou-lheo desembargador*
— Cartas. muifaR cartas, ainda lacradas dirigidas a V Ex.
"^Poia deite V. Ex, ahi a sua carta*
^Maa, sr. desembargador . , .
— Petdoe-rae; tenho feito iseo aos pobres e nlo posso
ser maia generoso cora os ricos; kou obrigado a ler oa autos e
nada mai--; a lei é a melhor carta de empenho que me podem
apresentar; o mai» é inútil e me faz perder o tempo de que
tanto preciao.
A titular não insistiu, e o voto do desembargador foi-Ihe
contrario *
De 28 de agosto de 1819 a 28 de julho de 1821 foi Juib
de fora de S. Paulo o dr, Nicolau dk Siqueira Queiroz, que
©m 23 de junhn d^st* ultimo anno referido presidiu a vereança
geral e ejttraordinnria da Gamara Municipal de S. Paulo, na
qual &e procedeu á form^içâo de um governo provia o rio da pro-»
viucia e b6 juraram as hnsts da Constituição decretadas pelfti
Cortes Geraes, Extraordinárias © Coiistituiutes de Lisboa,
Em 1 de outubro de 1821 o dn Queiroz tomou posi^e do
cargo de ouvidor geral e corrtíjL^edor do tÍio de Janeiro»
O DR J03É DA Costa Cakvalho euceedeu ao di% Biqueira
d« QueiroK no lograr de juia de tora do cível, critne e f*rpl]atxis
6 em 20 de agosto de 1S21 já se achava em e3t**i cicio desae
cargo, de que foi o titular até (3 de março do anno seguíute, data
era quB foi nomeado ouvidor- geral.
Filho Itíjíitimo d© Jobé da Costa CarvwJbo e d, l^iivx Marj;i
da Piedade Costa, nasceu ane 7 d« fevereiro de 17^6 na fre-
fruessia do N. S. da Penha, Bahia; formou-se em Ooittibra, cuja
Universidade lhe confrriu em 1819 o grau de bacharel eui leis;
ciísou-se a primeira ^ess em S. Paulo aos 29 d« janeiro de
1824 com d. Genebra de Barrot Leite e a segunda vez em
Lisboa com d. Maria Isabel de Snusa Álvlin; rcpreseotou a
pt'0vincia natal im AsB^mblca CoiiBiitulute ; a d^ S Paulu nílio
só nn piimtim logislatuia (182G a 1829), como na 8p imunda (1830
a 83) e na quarta (1838 a 41], a de Sergipe no senado, para
o qual foi nomeado nos- 30 de abril de 1839; foi deputado à
Assembleia Provincial de S. Paulo na primeira legislatura; um
dos três membros da regência ]íermíinetite do Imjierio dtípois da
abdicaçAo de d, Pedro I; director da AcaJetnía de Direito de
S. Pnulo em 1S35 o 36 ; pn-sideutH dn i>rovlucia de S Paulo
em 1842; ministro do Império em 1848 ti presideiits do t!nn?flh'i
de miuistrna, de 8 de furubro de 1849 até 1852 Agríiciíido eu%n
o utulo do B.iriio de Moiil^Ale^re em 1841^ foi ftslevitdo a Via-
coudc doÍE aiini>s depois c a Marquez, em i8n4,
Tom nu parte n a Be rnat^da de Fr a n ctit eo Ig tia c lo , h O s ti l i za n d o
os Andiadas, quo unhum adquirido justa |1re^tond^&rallcia 110
Governo Mrovi.-iurio, e fítlleceu nos 18 de, eijU^mbro di^ I86O.
Ti^ndo silo Co^ta Carvalho nomeaílo ouvidorem O demarco
de 1822 e com eása nomeaçào toado fi irado vago o logar dejuií
de ío.a, para elie fui nomeado em 4 da maio do ineemo atino
o DR* José Cniíit ia Pacheco b Silva, que er-tava exerceodo
desde 3 de maio de 1819 o cargo do jai^ de fora de Santos e
exerceu o novo cargo até 13 do abril de 1825.
Natural de Itú, filho legitimo do alferea Filippe Correia
da Silva e d. Maria Pacheco da Silva, bacharelou-se em leis
na Universidade díí Coimbra ; casou-se em liú em 1829 com »Uã
])rima d. Fraucisca E mil ia, filha do icutínte Elias Autonio Pa-
checo da Silva e d. Antia Fau&ta Rodrigues Jordão; representou
a jiroviricia de S Hauh> ua Asíombléa Constituinte em que
toroou aãsetito a 2G dr* maio de 1823^ substituindo o deputado
eftectivo conselheiro de taz-íuda Diogo de Toledo Lara Ordenhes,
como a representou aiuda na Asseinblê:a Geral na jirimeira legis-
latura (18^6— 29) c Dá terceira (1834-37J ; íoi membro uào só do
do gjverno prâviaorio creado pela Carta Hegia de 25 de junho
Makquez de Munte-Alkgrk
1796 — 1860
— 251 —
de 1822, aecumulaudo m funcçôfis de secretario, como tarabem do
Coiii*lho Geral d^ Provincm na spganda lepslatura.
Fallecen oo correr do adoo de 1836 d«-ixandr( descendente».
Aos 18 de abril 1825 aasumm o exercício dí» carg"© de juiz
de fora de S. Paulo o dr, Ernesto Ferreira França, que nelle
le ctitiservou aié 1 de outubro de 18"27.
Fúi deputado geral por Pernambuco na seg-unda legislatura
e ministro áoA estiatig-eiroá dn gabinete d*- 2 de fevereiro de
1844, 6 repreâeritnu na catnara temporária & Bahia em três la-
^íUttirai, voUuudo em 1347, depob de ver duas veze^ annul-
kda pela camará vitalícia sua eleição para senador por Pernam-
baco, á carreira de magistrado encetada em S. Paulo em Id'25.
Em 1838 foi Ernesto França aos Estados Unidos da Ame-
rica do Norte em miss&o diplomática, posteriormente negociou
como pleoipotenclarío o casamento da Sereníssima Princeza a
ira. d, Jaauaria e em 1845 um tratado com a Inglaterra,
Por decreto de 25 de abril de 1857 foi nomeado ministro
do Supremo Tribunal de Justiça e falleceu aos 14 de março de
1872.
O dr. Eíoesto França foi caiado com d. Isabel de Oliveira
França, íilha do iljustre paulista Conselheiro António Rndigue^
Vello^o de Oliveira, este^ baptisado na Sé de S, Pnulo, aos íl
de maio de 1752, e aquella. neta paterna de Jnsé Rodrigues
Pereira e d, Âaua de Oliveira Montes.
Em principios de outubro de 1827 o dr. França foi buc-
c^dído na cadeira d<^ juiz de fora de S. Paulo pelo dr. Rodrigo
Aston IO Monteiro de Barros, que exerceu o cargo a tá fins de
fevereiro de 1832.
Era natural de Minas GeraeSt fiHio legitimo do Visconde
de Congonhas do Campo e formado em leis pelú Univpreidade
de Coimbra. Casou-se com d. Maria Marcolina Prado, £lha do
capiíàn-mór Eleuterio da Silva Prado*
Foi o ultimo ouvidor de S. Paulo e o seu primeiro juia de
direito n^ ordem chronologica, desembargador da Reíaçâo de
PernambucOí deputado k Ass^mbléa Provincial de S. Paulo nat
quatro primeiras legialaluras e na sexta e deputado gera) na se-
funda» quarta e quinta, tende» tomado aB^ento na terceira
como supplente. Falleceu aos 29 de fevereiro de 1844,
Pass-ando Monteiro de Barros no primeiro quartel do aono
de 1832 a occupar o logar de ouvidor effectivo, foi substituído
no cargo de juiz de fora pelo dr, Paulino José Soares de
Sousa, que o exerceu durante pouco tempo, sendo, oito mí*sçfB após
íua nomeaçào, removido para o logar de jniz do crime do bíiirro
de 3. Joié, na Corte, e depois para o juízo da s^^gmnda vara
dvel da mesma comarca.
Naicido em 1807, filho do dr. José António Soares de Sousa
e d, Antónia Magdatena Soares de Sousa, íaz seus estudos su-
periores na Universidade de Coimbra até o quarto anão 6 veiu
— 252 —
termiuíil-os he Academia de Direito do S, Paulo, qtiô em 1831
lhe coitfí^riu o grAu de hacharr.K
Foi dtíscujlHtjf^Addr dfi líiOf^Ao do Río de. Jani^iro; d(*piitndo
A Ansii^iribli^a í^oviurinl eío ]íí<miíi [)njn«ii'íi legibliitiAm; di'piitiíin
frenil dcsscle ISoli até 1849, bcuido jiPtíríj huiio Os-cilliitifi beii;»d*>r;
Tiiiuistro (111 jusr.il*,! di*Èdii 23 do imhjct n 24 ét\ jitllin do lí^iU u
23 de marido dr* 1841 h 20 d** jnn<"íro do 1843 t; iiutKittvu dos et-
triíngeirífs de 8 ãn juiilio dy 1843 a 2 d*i feV-Tí-iia do 1P44 e
do gabirietts de 8 dt: outubro de 1849. lOiíviadu i xníiordirjnrio
e miiiistríi ]ilrni|íatoiiuiíirio juiilu a Córlti dt^ Vari'/. \ii^ya trsTar
da qutístão do Oyitunck Em 2 du dezembro dw 1851 foi íijrra*
ciado com o titulo do VUcuudo dti Uruguai i."Oin ^n*jindezn. Em
1862 publicou n Ensaio ísohre o diretifi adtiníiiíirativn e mu
186 íí a [uiintíír.a parto dn» K^^iudn^ pratiajH jiubre a atJmíuia-
tniçào das provínúios do lintSíL KiIltítitíU ii lâ dn jtiUio de 18G6*
No miíBino auiio df> l!^32, eiii que ao dr. MiíiMt^iro d** Bur-
ros sueco dl' U n dr. ,|*fiuIiuo di^ Sous*', li i^sttí 5iii:L'tídtíU (* DH,
Feunando Faciíií(.:(i Jíjruãm, natural do liú, filhíi líijritiuio do
tiineutt^ líUaM Autnnio P/mbcco da Silva ti d. Aoidiiia Fíiusta
Iindri*^iies JordAo, primo dn dr. José Condiu, Tacheco o Silva is
formadti otn leit. pola Universidade de Cnimbra.
t> dr. Jordão rra jui7, de íóm f^m Santas, LjUiiTidn ffli nouj»*»-
do para egual OJ^l■gl^ nn oidndii di* S. Paíilo o t'oi, uii tirdojo tbríí-
iiolof;:ica, o ulliimi juix d»-! iVirji do S. Pinilo tendei r) wrt. B do Co-
á\^n do Proci'B«íf> Criíriunl Hrusilciro, que na pmviííciíi d»^ S.
Píiuio entrou ern Viçor ;u>f* 2^> du uiait» d« iBriB, declarado
extirnítOÊ, fií-3Íi)i tíoino ^h d^ ihUvidun^i^, na ioiríircn dt* jui^ra d« tora.
Nomeado juiz do diriiitf» dn couiíuts df. Iiu t*m 1833 h dt^s-
embarpidcir da rpla(;í^o d<i Míinaibfio i-m 1842, fui imu I8íi4
apoBOiítado,
Deputado á Aasemblúa LoL^i&lativ» ÍVopiocial om teis Ioítíê-
latura^ e dr-jiutado lí^ral í*m duas, quinta o nona, falluciíii no
eátido du siUtíim, r*m 15 do dojíKinbro di? 18i>8,
At.FRKDO íiK TfíLKDO
Padre Bartholomeu de Ousmão ^*^
ai
Hoje qu ' o problema da tiave^^ção aérea tem tomado grande
defienvíilviniHnto, ten^ío um bratileiro illuitre Santos Dumoiid, »e
ítDpstn à aimirai^Ao e appUu^ns do mu ri do pnr seuâ arrcjadoa
eriíQmeuimeotoâ na conquista da dirigibilidade dns balòee, nào é
fora de i^-napo relembrar a gloria qtie cabe ao Brasil por aer um
de seus fílhi^» o invBcitor dos Aêrostatfjs.
O padre Eartholouieu Lourenço de Gaj^mAo, nasceu ua cidade
dfi SantoB, BUI S. Paulo, em 16&5t ^en^o g^uà pães Francisco
LoureD<;o, CirurgL&o-mâp do Preaidio da ent&o vil la de Santo» e
e d. Maria Ãlve^.
Convém, desde log-o, rectificar um erro coinmum, o de ttir o
padre BanboI<m u d& GusmàOi pertpncido a uuja ordem regular.
além de Alexandre de Gusioào, ministro de d. João V, teve o
dre Bartholomeu mais dez irmAos, DeE>tes professaram em
den» rtUigiosaa o padre Simào Alves, jesuíta ; frei Pstrii'io de
Santa Maria, francisciino ; padre I;ríinv!Íí) RotlHiiues, jtísuita ; irei
lofto de San'a Muria, cariDelita, Paula Maria e Arclianjít^la da
Conceição, cUnssiaa, Dahi, aem duvida, o julgrar-se ter protessado
também em religtUo o padre Bartbulomeu de GuâmÂo, Por ieus
Ulentoft oratorioí, graod© i Ilustrará o h serviços á patrín foi eile
iifjm«!ado eapedào da easa real portut^ueza, tendft conquii»tado o
grau d*» doutorem direito canónico pela Uiiiversidadb de Coioibra,
Nâo ternne o intuito de narrar a vida deste ilhistre bmeileiro,
nem meumo acompanbaUo uas ^loriai^ couqu^stada» tm diplomacia
ou nus letraa. HeÉtrin;j:iiQo^ o nng^o estudo au teteo que maior
Cima lhe deu, alcançando -llie o cong-níime! de voador.
St tjão invejamos noa ywvos mais^ cultos e mais adiaotados
na dviliãsaçRo aa florias conqnistadnti pnr sou^ filhoâ, não podemos
crmientir que nfis roubem â$ que são bem noisnsn, Muiiu embora
pn&teridnm ot escriptores francezes dar aoH irmàos Mout^ollieis,
em 1763, a primasia do descobrimentu doà aerostatos, tendo meiimo
^
i*i TraiMcre^etiins do primeiro ntiniero /Jalh*' úe Í90T> dm re^UU niQiisHt fout
d> Filr0pe4tt o JatereLá^matif »t-ti^a do (ilustre JnrnAliiU « (politico úr HQi'<n,rnib Ú9
OUrtirm « «iub «e relacítinai cora o Aainmptú prnflcltfntumenie tr^udo peta chruiJito ^ áit-
ItHtí» «KftpKor úr, Víelr& FKx«iidi 114 moraoiia já âjstuup&da noátn voluniQ inh a eiilt^m,-
fà9-0 foArfcr^ >'. ílii M.
— 254 —
celebrado com pompa o centenário deâta descoberta, é fora de
duvidAf pelos do eu me o toa pubLicados pelo iasigritt cónego Fran-
cisco Freire de Carvalho, em «ma memoria qn© se encontra nn
tomo XII, da Reviata do InsiituÍQ JJintrjrico e Geúgraphic** Bi*a-
sUéirOf que, 70 annofi anifís, já o padre Bartholomen de Gusmão,
fa^ia em Lisboa eitperienc^ias do seu iu vento.
Limitar-no9-emo8, para nSo alongar por demais e^te artigo,
a transerever ok mais poãitivog desses documentos e que nào
dei3cam duvida alguma sobre a orig^in alidade e prioridade do
iuvento pelo padre Barihnlomeu.
Si noã tempos an titios a lenda noa tranemittiu a fug:a pelos
ares de Dédalo e aeu filbo ás iras de Minos ; si nos tempo? mais
modernos o jesuíta Lana e o dominicano Galiano conceberam
projectos de uavegaçàn, nào existe documento alg'um dando ii
quer a probabilidade de terem tido estes prf>jecto8 inicio de
execuç!)o ; e doÍ^ sabiufl eminentes Hocle e Leibnitz demnnstram
âer inei:equíve] o plano do priíneiro e absurdo n do segundo.
O pnmeiro Hocumeuto a que nos referimos é a petiçàõ do
padre Bartbolomeu dirigida a d, João V e assim concebida:
■ Dii o licenciado Bartbolomeu Louren^jo que elle tem des-
coberto um initrumento para andar pelo ar da mesma sorte que
pela terra e pelo mar, iiom muito maia brevidade^ fazendo-se
muitas ve^es dus^eutas e uiaiã li^gnias de caminbo por dia, nos
quaes luâtrumentos se poderão levar os avisos de maia importância
aos exércitos e terras mais remotas, quaâi no mesmo tempo em
que se resolvem: no que iat^re^sa á Vossa Majestade muito muis
que todoa qs outros principes, pela maior distancia dos $eus
áominioa i evitando-se des-ta sorte os desgoverno»' díi conquistas,
que provém em grande parte de chcjçar tarde a noticia delle«.
Além do que poderá Vo^sa Majestade mandar vir todo o preciso
delias muito mais brevemente e mais teguro; poder&o os bomene
de negocio passar letras e cabedaea a todas as praças sitiadas :
poderào ser ^occorridas tanto de gente, como de viveres e
munições a todo o tempo ; e tirarem-ee delias as pessoas que
quizerem, sem que o inimjgo o poisa impedir. Detcobrír-
se-áo as reg-iões mais vts^inhss aos poios do mundo, sendo da
naçÃo portuguezd. a floria deste descobrimento, ^lém das infi-
nitas conveniências, que mostrará o tempo, E porque deste in-
vento se podem seguir muitas desordens, commettendo-se com
seu uso muitos crimes, e facilitando- se muitos na contiança. de
se poderem pasbar a outro reino, o que se evita estando redutido
o dito uso a uma só pessoa, a quem se mandem a todo o tempo
as ordens convenientes a i-espeito do dito transporte, o probi-
bindo-se as mais sobre (1) craves penas; e ^ bem se remunera
ao Supp.* invento de tanta importAUcia ,
(1) ^«Vt-UftliB i« IA DO impreno, qao flelmante eú^tuuoi.
I
— 255 —
fPede a V. M, seja i«rTÍda conceder ao Sapp'.
o privilep-iõ de qtie, pundú por obra o dito iuvenio,
D^ubuma pi*ssÔíi de qualquer qualídíide que for, pOSBa
u«ar d'ene em nenhtiin tempo uoKttf reino ou iiua« coii-
qmiitae, ^em licença do Supp/ ou seufl herdeiros, sob
peaa de perdimento de lodoa oa ben», e as mais que
a V. M. parecerem.
Este documento le uá^ provB ter sido leYAda a efieito a
eipi^rie jcia do aeroiíttiOi demonstra ter o seu autor convicção de
baíer inventado um iustruraento poderoso para viajar pelos ares.
E a respeitabilidade de que g-obava o distmcto br&gileiro em
Lisboa, por »na iJlui»tração e talentos, alcançaram nflo fosie posta
em duvida a sua dectara^Â'» dfí inventor. E i&to &e evidencia
do eeguinte dcicumentn datadu A^ 17 d- abril de 1709, documçDto de
lomioa inipcrtancia, poin tecL o cunbo official « traduz {>erfei-
lamente o mentir daquelle tempo. NAo foram jnis^adaíi bastantes
ai penas pedidas pe o inventor em sua petição. Para maior ate
moriaar os que porventuia tentassem apodtirar-se do novo invento,
o rei fez decretar contra esses taes a pena de morte»
Cofisultou-ie no desembargo do paço a El- Rei com tudos
Di votoB e que o p emio que pedia era mui limitado, e que se
devia ampliar.
Sahiu despachado com a resolução seguintes
«Como parece á mefta; exalem das penas, acrescento a de
morte aos tranigressorei»; e para com mais vontade o supplicanle
«e «pplicar ao novo instrumento, obrando os efletto» que rflata,
lhe laço mercê da primeira dignidade que vftgar em minhas col-
legiadas de Barcellos^ ou imantarem, e de len^e de prima de ma-
tbematica na mi riba Universidade de Coimbra, com seiscentos
mil reis de renda, que crio de novo em vtda do supplicante só*
meate. Lisboa.
17 de abril de 1T09. Com a rubrica de Sua Majestade.»
*
O requerimento do p." Bartholomeu e o deapacbo real trouxe
á publicidade o invento e, como sóe sempre acontecer tornou-se
o casfi motivo de commen tarife pró e coutra.
Como Bpecímen trauscre vemos a poesia que se encontra na
eolleeçâo impresiia, intitulada «Pinto renascido, composta pelo
poeta portu|íues5 Thomas Pinto Braudào, o qual foi cou tempo-
laneo do p.* Ikrtbolomeu de Guamào.
- 256 -
Ao novo invento de andai pelos ares
DECIMAS
1.*
cEsta murôma escondida,
Qae abala toda a cidade ;
Esta mentira verdade,
Ou esta duvida crida ;
Esta exalação nascida
No portu^ez firmamento ;
Este» nuoca visto invento
Do padre Bartholomeu,
Assim fora santo eu,
Como elle é cousa de vento.»
2.»
«Esta fera passarela,
Que leva, por mais que brame,
Trezentos mil reis de arame
Somente para a gaiola ;
Esta urdida paviola.
Ou este tecido enredo;
Este das mulheres medo,
E em fim dos homens espanto.
Assim fôra eu ccfdo santo.
Como se ha de acabar cedo.»
*
Parece-oos seriam bastantes os documentos apresentados para
evidenciar-se ter o p.* Bartholomeu de Gusmão descoberto uma
machina pn'pria para viajar peloR ares. Mas para nenhuma duvida
haver, ainda da memoria que nos está servindo de guia trans*
crevemos prova decisiva.
Aí^sim se exprime o Cone<^o Francisco Freire de Carvalho.
«Este documento importantíssimo e fidedigno, mais do que
os outros todos, é o alvará expedido a favor do p.* Bartholomeu
Lourenço, em vista do seu requerimento, para a navegação do
ar, por elle annunciada e promettida : documento fielmente co»
piado na Torre do Tombo da Chancellaria d'El-rei d. João V.
— Officios e mercês, liv. 31 fl.' 202— V.
^ 257 -^
3." Documento manuscripto
« Eu El^Hei ftço saber, que o P.* Bartholameu Lonjr^nço
me representou por sua pi»tiçào, qne elle tinhn descoberto um
initruTueuto para &b mandar pelo ar, da meitiia sorte que pela
t«rra e pelo ma.r, e tom muito m&h brevidade, fa^endo^e tnuitaB
r&wb* duzenla$ e lUflÍB légua» de eaminhn por dia ; no qual ius-
tromento se prdprtam It- trar ob avisos de mais importAuda rq%.
eiercitos e & terral mui remotas, quast nn mesmo lempo em que
ae retolvianit no que interessa eu mais que todi a os outrop pria-
capes, pela maior distaticia dos meus dominios, evitando-ât^ d'c3tA
sorte o desgoverno das conqui^tas^ que procediam, em pande
pane, de cbe^ar mui tarde a mim a noticia delles ; alf^m ile qua
podaria eu mandar vir tudo o pr^ecíso d^ellas muita mnis breve*
tuenCe e mais se^ro, e poderiam os homens de Tiegocio pangar
tetr&i e cabcdaes com a mesma b''evtdade, e todaâ, a^ praças
ihiãàAB poderiam ser aoceorridas, tanto de gente, cr>mo de mu-
miçôet e viveres a todo o tempo, e retirarem-se d^ella^i a» pessoas
3ue quirerem, »em que o inímig'0 o pódesíie impedir ; e qun se
eicobririam as regifies que ficam mais vÍ2:inba-^ B^^^d prilos do
iDumdq, sendo da naçJko portu.e:ues£a a p^loria desse deficobiirn^^nto,
que tantas vt^zes liubam tentado inutilmente as e&traii^eiraa,
Baber-te-bão as verdadeiras longitude» de todo o inundo, qud
por efitarein erradas nos mappas causavam muitos naufrágios;
alem de infinitas conveniências que mostraria o t*ímpo, e outras
que por ei eram notórias, que todas mereciam a minba ri^al
atteuç&tit e parque d'este invento tão útil se po^ieriam srguir
muitas desordens, commettendo-Be com o seu uso muitos crimes^
e facíHtando-ie muitos mais na contiaitíja de se poder pa^f^ar LotjfO
aos outros reinos, o que se evitaria estando reduzido o dito uso
a uma sò pessoa, a quem se mandassem a todo *"* tempn as ordens
que fossem convenientes a respeito do dito tranèporte, pr^hi-
biudosa a todas as mais sobre (1) graves penas: ])nr snr justo
que se remunerasse a elle snpplícsnte invento de iJinra iiíi(*or-
taneia, me pedia que lhe fizesse mercê conceder privilegia, de
que pondn por r-bra o dito iuvemo, nenhuma pfsaõa de qualidade
que for» podesse usar d*elle em nenbum tempi» n'ep.ie reino ©
Buas conquistas, com qualquer pretexto, sem licença dVlle s^up-
plicante ou de seus herdeiros, sob pena e perdimento de todos
os leus bens* ametade para elle supjdi cante e a outra aiuetade
para quem os jsccusKssem, e xobre bs mais penas que a iivim me
parecessem, aâ quaes todas teriam lugar tanto que c<niMfaí-se que
alguém fazia o sobredito ínstiumeuLo, ainda que nka tivesse
usado d'elle para que não fícassem frustadas as ditns pen^a,
ausentando-se o que ae tive^f^e iucírridfi ; E visito o que nl legou
hei por bçm fazer- lhe mercê ao supplicante de lhe conceder o
{1} Eé^mot á 1I1CA a aafiotcripto di Tturt do Tombo.
^ 258 —
privileg-ío de qae pondo por obra o invento dft que trata, iiêiiLoma
peftsôa, de qualidade que tôr pos^ji usar d'elle em nenhum teinpo
íiestfl reiny e suas conquistas, corn qualquer pretexto, eem Ji-
ceuçM do 6up plica n te ou dw seus h^rdeiroe, sob pena de peidi-
mento de todoB os seus beuR, nmetade ]íara elle Bup[>licantf) e a
outra metade para quem os accu^ar: i^ só o t-uppiicante poder d
iisar do dito invento como pede na sua petição. E este alvará
ee comprlrá, inteiramente como u^elle se contem ; e valeráf po^to
que aeu efteito haja de durar mais de um nnno, sem embargo
dfi Ordetiaijao do livro 2,"^ tit. 4,^ em contrario.
E pag^ou de novos direita» quiabentos e quareutíi réis, que
se carru iraram ao thesoureiro delles a fl 160 do Hv* L* às. hxiã
reeeita ; e se registrou o conbecimeato em liírma no liv, 1." do
regiMro g^eral a fl. 14ÍÍ. José da Maia e Faria o fez em Lisboa
aoe 19 de abrtl de 1709, Pm|;'ou doesta quatrocentos réis. Manoel
de Castro Guimaràes o fez escrever— Kei — Conferido. Patrício
Nunui : e coiiimtfço Joseph Corrêa de Mouca.
Teria o padre Barthoiomeu levaco a etfeito o sea projecto?
Terift feito a demonstração publica de aeu invento? E' o que
nos ylio provar exuborantemí^nte os documentos que se seguem.
Foi coute mporaueo do padre Barthoiomeu o beoefiL-íiido Frnu cisco
Leiííio Feneira, piior da E^roja de Loreto em Lisboa^ homem
eruditrt e de grando merecimento. De um manuacriptn, que
esteve em mâo do patriarcha de Nossa Independência Joté Bo-
nifácio de And rada e Silva, o autor & quem e>tBmoa seguindo
copiou e transcreveu o seguinte.
« 19 de abril de ITOà^DaLi do alvará d'el-rpii de Portu^l
d. JoÁo V a favor do p." tJartholomeu Lourert^^o, clérigo de
ordf na menores, natural do Rio dci Janeiro (foi engano de LeitAo
Fen-piía, por qiLanto o individuo dt^que tratit era natural da vJlla
de Santos, na provincía de S. Paulo, como atra/; fica dito,) em
que lhe concedeu privilegio para que elle BÓmente e seus her-
deiros podessem u*ar do intitrumeuto, que pe oftereceu fuzer para
naveear pelo ar; promettendo nrart nova navegação de grande
utilidade j^ara o dominio portuguez. Estamos esperando o eíFeito
e experiências d'eate inaudito invento >
Nota marginal do mesmo autor
« Fez a experiência em 8 de íi gosto deste anno de 1709
no pateo da Caaa da índia, diante de Sua Miije-«rade e muita
fidalgura e gente, com ura globo que subiu ^uavempnte á altura
da sala das embaixadas, e do meacao modo desceu, elevado de certo
material que ardia, e a que flpplicíi o fogo o mtsmo inventor,»
E continua depois : « Esta experiência se fez dentro da lalft
das audiências.»
— 259 —
O mesmo poeta ã que já ante* nos rcferimas, Thotnaz Finto
Bi-sAdâo, publicou ontru pttesÍA dedtc.idn ao p/ Bartholometi.
Be lea coQtexto dcprchende-se ter âido feita api>^ a experioucia
do aeroatato ficando confirmada^ pela realidade do facto, & alcunha
de Vtjmhfi qtt© p*ilo povo lhe Lavia sido dada,
#
Ao padre Bartholomeu, lendo na Academia
DECIMAS
< Meu Padre Bartholomeu,
Eu, iefrundo o meu sentir^
Não VI outro mais subir
De quontuB vi voar eu:
O ccrnceito é como meu.
Que o nHo pude acUar melhor ;
Forem se como orador
Tanto eabei» levantar,
NAo me deveis estranhar,
t|jue ea vtís chame Voador,
« Tanto no nr vos remontae»,
Que com dcljLcadnB idf^as
yas^eis de alcunhas plebéas
Antonomasias reaF« :
E j:H>ia vos avesinhaes
Mais ao celeste fulgor,
Será tyranno ri^ijor,
t^^ue eu também no ar nào fale,
E quB na terra se cale,
Que é uma águia o Voador,
« Quem mais voe nào %e vi,
E se lia quera deste se ^t^abe,
Até agora se iiâo cabe
Que cantil de pássaro é :
fio vó« da vifetn e da íè
8oia quem logra este primor;
E pois tào alto louvor
Nào ba outro a quem se appliqne,
Rerá for^a quft eu publique
Que stj vôà sois Voadot»
— 260 —
c For força do tosso efltndo.
For irrito do voBfiO 6stadú
Para tudo soíb a7jido,
Tftudo pf nua para tudo t
À8BÍm de eatylo nâo mudo
No estranlio do mau louvor,
E entendo do meu amor
(Be o n&o tomae» por làbèo)
Que até chegardes ao céo
Haveis de ser Voador,
Estes noa pareceram ob mais importantes documentos reco-
lhidos com escrúpulo e sunimo cuidado pelo coneg^o Fraticiaco
Freire de Carvalho, Pode riam os publicar outros não menos in-
teressante^i si o eapaço de que dÍHpomoi« nã.» fosse liritadOt
Como apeei mea do^^ brutaes ataquei a^ffridos pelo il lastre
brasileiro, accu.sado de feiticeiro, endemoninhado etc, tendo sido
obrigado a fuj^ir para escapar á sanha de seus temiye is inimigos,,
pubiicamos este soneto:
Ao P/ Bartholomeu, inventor da navegação
do ar
Veio na Trota um doente brasileiro,
Em trajo clerical, sotaina e cVoa^
Fez crer que pelo ar navega e voa
N^um barco sem piloto e lem romeiro.
Vtti-se ao Jlarquea de Fontes mui ligeiro,
Declara -lhe o íiegrredo, este o apregoa:
Sahe a consulta, pasma-ae Liahoa,
E em tanto t^squece a fome no Terreiro:
Bem merece e&te doente eterno assento
Na et h érea região ; eu já lhe aprovo
A diabrura do subtil invento;
Foi» um milagre fez, que é Tsals que noTO» .
Em manter tantas bocas só de vento,
Fazendo um cameleào de tanto povo.
Resta-nns ag^ora appellar para o Instituto Histórico Geogr*^
phico Brasjteiro, para n Club de Eng^enharia, instituições que
tantos e importante» «erviçoa têm prestado a nossa pátria, qúe-
não deixem passar em olvido o sef^ndo centenário do extraor-»
^ 261 —
flinano invento. Em 8 de agoito de 1709 foi feita a pri-
meira experiência do aerostaio D'alii para cá dous Beculoa se
tem passado : a ideia tem progredido e aos brasileiros cabe grande
soraEáa das gloria» coltidaâ pela humanidade em busca desio
estupendo deâiteratum. Fui um brasileiro, um paráen&e Julio
Cefar Ribeiro de Sousa que den nova forma aos balões, da qual
«m breve se apoderaram engenheiros francezea, E' ura brasi-
liiro qae sastenta na Europa a primazia na dirigibilidade dos
«eroitotos. A França, sempre Kelosa de snaa glorias, celebra
com enihusiasrao o centenário dos irm&oa Montgolfiere. Com
toik razfto, com mais direito devemos nós os brasileiros acclamar^
por uma grande apotbéoae ao sábio padre Bariholomen de Gusmão,
1 primazia que nos cabe no invento da nav.gaç&o aérea.
HoSAKSfÂH DE OlITBIRíL
OUVIDORIA DE PARANAGUÁ
Azevedo Marqueaem sua Ckronologia publíeíida em a|>pen<lice
aas seus AponiautQnios I lia tú ricos e J. J. Ktheir o na Chronfdogia
Paulista^ vol. I, png. 666, dizem tor «Ido creada a coirarca án
Paranaguá em 17 de junho de 1733. Esta, iifío é, poróui, a
data da creação da referida comarca, utna daa oito ijuc ce des-
membraram da comat-ía de S, Paulo creada pftlas Cartaa Bci^^iat
de 24 de maio de 1G94 e 1 de íetembr^» de 161*9.
Da Carta Régia de 26 de abril d© 1723 consta ter sido
feita a nomeação de ouvidor-g^rxil ^min n villa de Paranaguá e
aimilbanto noraent^ão iiÉlo estaria então feita, èÍ não já estivesse
crcada a comarca.
A Carta HiViria de 17 da junho del72Dnio creou, de facto,
a comarca de ParaDagaá, se cingiu a ]iarticipar que o loj^ar do
ouvidor de Parfln«!^u4 já e&tava provido e crí-ado, em virtude
de repreficntíiçào do ouvidor de £3. Paulo» Rafael Pires Pardi-
nho, quando íbí recebida a carta dp Rodrigo César de Menezes
datada de 4 de outubro de 1722 e em que eâte, reformando seu
parecer constante da cm ta de 13 do setembro de 1721, escre-
via nfto ser preciso jtiiz de fora em Paraníiguá.
Creada em 26 de abril de 1723 ou pouco antes, a comarca
de Paranaguá ficou coiuprebendeodo todas as povoações e todo
D território situados entre um.i linlta geognipliíca de leste a
oeste tirada de Iguapo e ss divisas sul-nacionae?, até que a
Cana Regia de 20 de novembro de 1749, que desmembrou a
comarca eiitabelecendo a ciividoria de B, Catharína, a fe7^ limi-
tar pelo sui coroa nova comarca pelos rios S. FranciscOj Negro e
IguaBÉii e o Alvará d<! 12 de fevereiro de 1621 alterou em
Jjarte as divis/t?, passando a villa do Lnges para a comarca da
.lha de S. Catharina, entuo creada cora a divisão em duas da
comarca de S, Pedro do Rio Grande e S. Catharina. como em
virtude de Alvará de 1812 era denominada a comarca do S*
CathariniL crcj-íla em 1749-
Cora as primitivas divisas ou com as resultantes quer da
crençào da comarea de S, Catharina, quer da dí^sannexaçfto da
villa de Lages, o facto è que a ouviduria de Paranaguá, que
em 1812 pasÈou a ser denominada comarca de Paranaguá e
Curitiba, nâo deiíou de existir sinílo quando o Código do Pro-
cesso Crirainal Brasileiro entrou em vigor, no anuo de 1833, e,
— 263 —
sfí «ntreCantOt ÃzeTcdo Marques escreva quo por Aliará de 19
d« fevereiro do 1811 foi creiída a cnmarca de Faratiajíuá e Cu-
ritiba e eiplicA iimilhrintecrpflçfl.o, dizendo que *A Carta Kégia
dfl n d« junho díi 172j havia crendo a comarca de Paranníruá,
qoe eomprohpndia us |í0V0ncõe3 lÍTnifrDphe& ãçi S. Catharina,
Liffana^ S. Fra ti cisco do Sul © os tenitorioí» do Rio GratíHe do
Sal, porém com a separarão deste e do de S. Cíttharina deiíou
de ext&lir a comarca de Paraníigná e por isto nesta dará íoí
«iflnoTo cffada a totuarca de rarao!í;;ijá o Curitiba»,
O Í4deffS-o liistoriadur paulista hiboiou, porém, ©m explicável
eqtiivDtro ao fazer a comarca de Paraná f^uá e Curitiba creada
per Alvará de 1811 e em erro quando disse extincta a comarca
de Pflranag^aá pela í*reaçào da coEanrca de S. Catbarina,
À comarca de ParAii»guá não foi de novo creada por alvará
de 1? de fevereiro de 1811, vi^to que em tal data nào foi ei-
pwíiílD pelo íTOveroo fietihum alvará çnm furça de lei, seodn, oo
eotíetawto, ctrlo que de exactamente um aniao de|ioÍ9 data o
AIrará de 19 do f,ívereiro de 1812 relativo á comarca de Pa-
Este alvará, porém, com o qual ae explica o equivoco, apenas
tnudúu o nome da comarca de Paríma^uá pelo dw Paranaguá e
Curitiba, trafibferindo bo raeamo tem]io a sede da comarca e a
njiidentía dos ouvidores da primeira para a íe^amda da^i villas
nomeada», mas nAo crcou a comarca, já entAo exiàtonte deisde
quâsi noventa aunofi.
Na realidade, em 1811 ou 1812, a existência da comarca de
Paraiafitruá já vinha aem floluçào de continuidade desd^ que foi
a Duvidoria installada pelo dr, António Alves Lanhas Peixoto no
primeiro quartrl do século XVI 11, não tendo ella deixado de
existir em virtude da sei>aracão do l<io Grande do Sul e S.
Catbarinfl, porque a Carta Hé^ia de 20 de novembro de 1T49,
que fcí tal Bpjíiimçào, apenas dividiu a comarca de Paranaguá
pelos tíoã B, Francisco, Negro e líçuasBÚ para constituir com os
terrítf^TÍos e povoações ao sut a comarca de S. Cathariua ficando
a comarca de Paranaguá coustituida díts povoações e tf^rri tórios
«ituados entro as divisas da comarca de S. Paulo e os rios men-
cionados.
Come Azevedo Marque?, tnmhem Inborou em equivoco o
operoso chronoloerista J. J. Ribeirí», quando, á p^g, 222 do vol*
I.* dd seu trabnlho citado, affirmon que por Alvará de 19 de
fevereiro do 1811 furam creadus as comarcas d© Paraíioguá e
Curitihaj pois nem eiiste 6ÍmÍ]Uante alvará, conforme ticou dito,
Bem fl» villas de Curitiba e Paranaguá foram, no regrn^eu ju-
diciário dos tempos coloniaefs, eomarcaíi dístluctas entre A,
1) Creada a comarca, foi nomeado seu íaividor Aíítokio Al-
VBS Laxha» Peiiotd, a cujo f^vor foi i^xpedida a respijctiva pro-
Tisâo r.os 21 de afi;;ostO de 17'24, ma^ cuja íiomeação já antes tinha
lide levada no couhecimeDto do goveinador de S. Paulo pela
— 264 —
Carta Regrida de 14 de mnrço e a quem jA anteriormente, em 8
de janeiro, o governo central mandara adeantar ajuda de custo
na importância de 6í">0*000.
Em 12 de novembro de 1725 n governador e capitAo-ge-
neral da capitania de S. P^ulo, Rodrigo ' esar d»^ Menezes, em
instrncçOeB, qu« deu « Peixoto, ordenou diversas diligencias que
por este deviam ser levndhs a efteito logo que passasse para sua
comarca, donde se infere que até entào não tinha Peixoto assu-
mido o logMr, em cujo ex» rcicio fez correição na sede da co-
marca, í^endo por ordem régia os provimentos, que entào deu,
considerados nullos nas parte* em que contrariavam os do ou-
vidor Pardinho, como consta da represpntaçfto feita pela Gamara
de Pflranaguá aos 23 d« ngosto ae 1732.
Pouco tempo exerceu elle as funcções de seu cargo, pois,
si no caracter d^ ouvidor de Paranaguá foi a Laguna e aos 26
de março de 1726, ao voltar daquella povoação fundada pelo
paulista Domingos de Brito Peixoto, erigiu a villa do Desterro,
em (> de julho do mesmo anno acompanhou o capitão general
em sua viagem á Cuiabá, donde não m^ib voltou para sua comarca.
A Rodrigo César de Menezes foi ordenado pela Carta Régia
de 6 de agosto de 1725 que ao seguir para Cuiabá levasse em
sua com])nnhia para auxilial-o no estabelecimento do regimen
administrativo das minas e no que fosse necessário o ouvidor
Lanhas Peixoto, que se suppunna eh ^ gado já da metro j3ole para
assumir o cargo para que fôra despachado.
O ouvidor de S. Paulo, que então era o dr. Francisco da
Cunba Lobo, affirmava, purêm, que elle e não Lanhas Peixoto
é que devia acompanhar o capitão-general a Cuiabá e apresen-
tava em prol de soa afirmativa diversos argumentos, que foram
todrts rejeitados pelo capitão general, que, a seu turno, affirmava
que a ordem recebida era para levar Lanhas Peixoto.
Não conseguindo ir em logar deste com a ajuda de cuato
fornecida para a viagem, resolveu Cunha Lobo. a pretexto de
pertencer Cuiabá á ouvidoria de S. Paulo, seguir viagem para
aquella pov(»ação no caracter de ouvidor ; mas a esta resoluç&o
o])pô% embai gos o capitão-general, não permittindo que fosse
levada n effeito.
Chegado a Cuiabá, o capitão-general, por carta de 22 de no-
vembrí» de 1726 encarregou Lanhas Peixoto de exercer os cargos
de 811 }>orin tendeu te, ouvidor-geral e provedor dos defuntos e
ausentes.
E' de n( tar-se que a ouvidoria de Cuiabá não tinha sido até
entào creada, mas o governador, que não tinha competência para
cre;il-«, delih rou por sua alta recreação que durante sua per-
mniK^ncia naquelle povoado nelle houvesse ouvidor e encarregou
das funcções desse cargo a Lanhas Peixoto.
P^ra cohonestar seu acto o governador se apegou á ordem
que tinha para a elevação de Cuiabá á categoria de villa, por-
— 265 —
<)iiiiito, ãr^tuneotava elLe, si delia, constara que a villa. devia
ler ae^da na iárma da Ordeaaçào^ ellu também Ihn cnnc^dia a
A f^caldade de iaxer tudo o maia qii^ lhe parectísae couveniente
M real si^rviço.
Çfsrto, f>orém, estava Rodrigo Ce«ar, apesar da fahu noção
ipe tinha de sua autoridade, de que sett M^cta nAa »n dcliava
Jiletui mente justificado c* m a faculdade, que deduziu d« ordem
àà crt!açào da villa, e, por isso, em L* d*' mart;o e só em L*
áe mar^r» de 1728. dando couta de<'ge acto aeu, pedia fnftse elle
tpprovido. quando já pf^la provit-àfí recria de 15 de fevereifO
dêtiH mesmo anno tinh» i^ído mandAdo revalidar tod^^i os pTo>
Céuo^ e len tenças^ por nàn poder haver tem nova creaçílo dois
oatidorf^ na meania capitania.
Incumbido Laubasi Peixoto de e^i-rt^er oa car^oa iUpra meu-
donadoa, »lle, de tacto, o* exerceu ató 8 de abril dw 1727^
^aáDdo pediu e obteve ana exonera çJLo.
Oito dias depois, em 16 dd abril, foi Peixoto reintÊ^rado,
* *eu pedido, no i-argf» de ouridor-geral, exercido eatAo pelo
jnix ordinário liiodri^o Bicudo Chasaini, e no d<n provedor, n&a
ff frendo no de superintendente, que cont^utiou confiado ao ca-
pitão Gaspar de Godoy Moreira, que antes da chegada do g^-
Temador <;ra quem o exercia.
Até principio» do abril de 1727 tinha reinado completo
«ôrdo, pelo menos apparente, entre Rodrigo Ceaar de Meneaoi
8 tt ouvidor.
O capit&o -general» ao incumbir Peixoto dos cargos já refe-
ridos, dizia nào aó que a experiência lhe tinha mostrado o
quânto acertada foi a eleição de Peixoto para acompanhai -o a
CEJabá, como ainda que reconhecia na pesson do meísmo ouvidor
«tcdaft a que II as circttmt^tancia» dignas de occupar os maiores em^
pregr-ft».
Em 8 de mar^ de 1727 ainda o mesmo em relação a Lanhai
Peixoto era o conceito externado peio capitAo-generalj que era
carta desta data ao sobí-rano português escrevia que elle era
dotado de capacidade, letras e prudência e, maia, que era credor
de «toda a bonra que Sua Majestade costnma fazer aos que
coxQ tanto zelo o servem».
Em 16 de abri^ porém, já entre os dois enviados da me-
trópole nào reinava a miasma harmonia e nes^e mesmo dia o
ctpitào- general deu a entender què considerou a excusa ante-
riormente apresentada por Peixoto como acto hostil a sua pessoa
e o advertiu em relação as cultas judiciaes cobradas das partea
litt^antes.
As contenda» entre Peixoto e o vi^íario da vara o governa-
dor as U*timott dixe n do qu© o perturbavam e desassocegavam
e que, a seu vêr, ellas, depois de terem sido levada» ao conhe-
cimento de quem as podia decidir, só foram renovadas com o
âm de o amofinar.
-^ 266 -^
Tendo Peixoto njandaáo sfvliar um ti ogro, que fora preso por
ser eneonírndo coth Brina proliibida^ Rodrigo Ctssar c^Qí^urou seu
proceder o íhe ordenou qu« mauda^se prender novuiaentâ o ne-
gro & de-jmià o cnstigjfiífeR iia lVírm'v d;L lí*i.
António Bíirroso ji^g^avii fom a cavillaçHo de receber o que
ganhasse e níVo pairar o que perdesse e o governador ordenou
a ♦ eixoto que t> maada&SB piendor, no que este replicou não lhe
permiti irem aa leis a priíáo de quem quet que fusse gem culpa
fOTiuíicln, sfíu prova e ?em deepaclio ti« pronuncia.
Extrauliou Rodrigo Ceaar o proceder de Pf-ixoto dixendo que
0% governadores eram lofo-teneuíei do Priucipe e, como taea,
superiores a tod^s ns maia justiças e, íissim, importava em dão
cumprimeiUfí do dever por jiartt? do ouvidor a iugbsorvuocía do
que pelo governador lha ora ordenado.
A iioi;fio, que de &ua autoridade tinha Rodrigo Cepar de
MenezeSf f*ra f;ilíii, porque a Carta Kègia do 13 de março de
17 i 2 jí tinha estatuído que a administração Ha justiça era in-
dependeute dos ^overni\doic&, como depois a Cartai Hégia de íi8
de mnlo de 1732 t?t*ibelcceu que em matéria de justiça na ou-
vid' res nào fêm que dar conta aos goveroadores, que nenhuma
juriadicção lem sobre elles .
Este, poifrn, i\M era o modo de pensar de Rodrigo César
e, por isBH, ellp, nAo cuntente de fa/er diver-as censurfís ao ou-
vidor e de por mais de uma vpz ]he extranhar o procedimentOt
fazia magoa questão do que Pt*ixoto lhe remcttcsse para serem
julgadas em junta do jusiiça a devassa por doTs crimes de morto
praticados por escravos e uma outra, a que Rodrigo César cha-
mava «a devasffi do homem da folheta».
Em relaçftn n esta Begiiuda devassa accrc¢ava o f^over-
Tiador que ísuppo-to íosi^e peão, brnnco e livre o delinquente a
o ouvidor, i m vista de seu regimeuto, o pudesao seu teu ciar ató
cinco annos de degredo, elle governador entendia que o caso
pedia maior pena pela qiialidside do criuio e peias circum-
btancias que o aggravavam
Lanhna Peixoto nílo i-e eonfoimou com as exigências de
Rodrigo Ceíiar e, depois do iniihi mente ponderais que nâo 8<^ po*
dia f;is!er a funta do ju^íiça, *»scseveu aos 11 de outubro de 1727
no governador lho pisrticipando que a continuaçílo do exercício
dos cargo?, de que estava investido, iinplicava com sua conscí-
eticia e lhes pettiudo a merco de acceítar a dcití&tencia que dos
mesmos fazia elle Peixoto.
A desistência foi Hcceita, a junta eo fez e uni negro homi-
cida fi»i levado á forca, mas, por provisão régia de 29 de julho
de 1732 foi achado que bem obrara Peixoto *em lhe parecer
que a justa só df*vía ser feita em S. Paulo o cora a formalidade
ordenada no regimento doã ouvidores* ^
Deixando o cargo de ouvidor, foi Peixoto nelle substituido,
primeiro, pelo mestre do campo Antão Leme da Silva e, depois,
— 267 —
I
por Diogo íle Lara e Morat^a, que deixou a jurisdicvAt» por ordem
do governador, setido elk por oiitti aos 4 é^ abril de tT28 de-
clarada éxtíticta,
Em 5 de junho de 1728 partiu de Cuiubíi, dnnrlo pf>r finda
a dili*^eiicia de qutí eiátava iticumbido, o governador líodiigo
Cefiir, Tiiio sem tacrever nesse mesmo dia a Lpnhas Ppis:ntf> uma
carta em que pela terceira \^7. It^mbravn a este a obríguçàn que
lhe corria de acnmpanbal-o, poi^ que nAo Ihti era f'"ado abandonar
& comarca de Paranflí^ná» para onde devia sef^nir vbjri-^Tn e
onde devia residir, uma vex terminada a CMUmiseâo que Ibe fóia
dada de acompanhar o g^overnador a Cuiabá.
Nenhuma importância Uixou Lanbaa Peixoto áe cartas de
Rodrigo César, se deixíiado ficar em Cuiabá por quaíi duts ao noa
mais e só de lá partindo para S. Paulo era 1730, etn cujo raea
de maio foi atacado em caminho ooa pAuianaes da embocadura
do rio Jagaari, pelns índios paíaguaz, perdeu do entiltj maia de
sessenta arrobas de ouro dos quintos reaes o que estavam a &eu
cargo e perecendo com quasi toda sua gf»ut(*, quo se compunha
de reiDeiroft e cem homens armados, dos quaos todos npeuaa es-
caparam dí*RpEete,
Conhecida em S. Paulo a hecatomb^, em que foi victima o
primeiro ouvidor de Paríiua!>uá, o capitào g-erteral Antouio da
bilva Caldeira Pimentel determinou por um bando datudo do 4
do setembro de 1730 que fossem destniida» e queítmiida"; f»â aldeias
doB indioG que infes^tavam o c&mitibo de CtJÍ»bài permittiu o saque
das aldeias e a eicravizactio dos mesmoa Índios e nouieou chefe
ánk expediçfio o cíjpit.aij-mór Gabriel Antunea ilaciel,
A esta e^ípediç&o sefíuirara-se outrns sem que se come-
guisae o lesultíido almejado, sendo a primeira pob o cammando
geral de Manoel liodrigues de Carvalho e composta dn três di-
visões sob oâ commandos de Gabriel Antunes Aíaciel, seu irmilo
António Autuo es Maciel o António Pires ò^ Campos.
2) A Laubas Peiíoto, que succumbiu nas màoa dos sel-
vagens em maio de 1730, succodcu no logar de ouvidor do Pa-
ranaí^uã o dr* António dos Santos Soakks, notceado pela reso-
luçàõ tomada em 20 de maio de 1730, quando aiuda não era
conhecida a morte de seu antecessor.
António dos Santos Soares foi, anteriormente, juií de fora
do Olivença e proferiu neste caracter em 1 de maio de 1718
utna Henteuça, cujo inteiro teor se pode ler na pf^gina 102 dos
Areatos publicados por Feliciano da Cunha Fratjç?* como appen*
dice ás auaa ÂilãitioneR Aurea-que llhistrationejí ad quinque Hbros
FrimiR Variia Fractiem Lusitanm Emmann&lis Meíides de Castro ^
ediçào de t7G5, Lisboa,
Foi, também anteriormente, jui% de fora de Santoa, em cujo
eiereicio despachou em 25 de junho de 1722 uma petiçào do
sar^euto-mur Manoel Mauso de Avaliar e aos 23 de agoisto do
17 2õ leve oídvm de assumir a Viira de ouvidor pgr ter o dea*
— 268 —
embargador syndicaDte António de Souea de Abreu Gh*ade so
retir/tdo de S. Paulo, deixando a cidade sem ministro.
Em 6 de julbo de 1730 foi expedida a favor do dr. An-
tónio dos Santos Soares a respectiva carta de ouvidor de Para-
rana^uá em vista da resolaçft» referida de 20 de maio do mesmo
anrio, sendo elle em 13 de julbo nomeado provedor das fazendas
dos defunt'18 e ausentes, capellas e residuos, Ibe sendo, em 15
do mes ultimo reierido, fixado o ordenado de 400$000 annuaes
com mais 40^000 de € aposenta dória para casas» e lhe sendo
concedida por provisão de 20 de novembro do mesmo anno de
1730 njuda de custo na importância de 200$000.
Santos Soares, quando foi nomeado ouvidor de Paranaguá,
se acbava no Bra^^il, onde tinha acabado de servir o logar de
juiz de fora de Santos e, nào podendo, por isso, prestar pesso-
almente na chancellaria o juramento do cargo, pediu licença parft
presta 1-0 por procurador ou perante o governo de 8. Paulo e
esta lhe foi concedida por provisão de 17 de agosto de 1730
passada em virtude de resoluçào de 3 desse mes.
A Camará da Paranaguá na representação, que fez em 23
de agosto de 1732 ao governo da metrópole, dizia esperar do
talento e prudência do ouvidor geral dr. António dos Santos Soa-
res «boa creação e au^mento do bem commum».
Aos 19 dn maio de 1733 o Conde de Sarzedas, governador
de S. Paulo, escreveu a este ouvidor uma carta em que nào só
accusava o recebimento da que Ibe fora escrípta em 25 do mes
anterior, como ainda — tendo o ouvidor proviao por três meses a
um escrivão do Rio de S. Francisco— fazia ver que os provi-
mentos dos escrivães eram da competência do governo e não dos
corregedores de comarca.
Nova carta lhe escreveu o referido governador em 23 de
julbo do mesmo anno, mas, desta feita, para lhe remetter alei
de 29 de novembro de 1732 e Ibe ordenar diversas providencias
para a execução da mesma lei.
Em julho ce 1733 o ouvidor geral augmentou o ordenado
do escrivão da Camará de Paranaguá e proveu em correição que
as pessoas que achassem em abandono catas e faisqueiras velhas
podiam nellas minerar sem obrigação de as comprar. A carta
Regia de 16 de novembro de 1734 ordenou que o governador
de S. Paulo, ouvidos o respectivo guarda-mór das minas e a
Camará de Paranaguá, interpuzesse seu parecer a respeito das
duas alludidas determinações do ouvidor Santos Soares.
O Conde de Sarzedas, escrevendo ao monarcha portugnes
em 23 de março de 1734, disse : «O ouvidor de Paranaguá An-
tónio dos Santos Soares serviu de Juiz de Fora de Santos e se
acha na ^ua comarca doente depois que foi para ella e pjr esta
razão não tem feito ainda correição 9, e na carta eseripta a 9 de
maio do anno seguinte informou ao soberano português de que
«O Ouvidor Geral da Comarca de Paranaguá tem servido a V.
- 269 —
Maj.* naquelle logar com recta intenç&o e limpeza de m&os e bom
acolhimento ás partes, porém carregado de achaques e como na
dita frota lhe vem saccessor He administrará melhor justiça ás
partes, o que não podia fazer o dito Ministro por estar qnasi
lempre enfermo». *
3) O Buccessor de António dos Santos Soares, ao qual
Sarzedas se referiu em sua carta de 9 de maio de 17r5, foi o
dr. Manuel dos Santos Lobato, nomeado pela resolução de 19 de
outubro de 1733 e a cujo favor foi expedida a respectiva carta
em 4 de maio de 1734 e fixado o ordenado, que era egual a de
seu anteeefisor, por provis&o de 12 de novembro do mesmo anno.
O dr. Manu-l dos Santos Lobato, que tinha sido juiz de
fora da villa de Torrfto, foi, como ««s ministros que o procederam na
comarca, nomeado provedor das fazendas dos defunroM e ausentes,
eapellas e resíduos, se lhe fazendo mercê da serventia do refe-
rido o£5cio por provisão de 27 de setembro de 1734.
A este ouvidor, lhe dando diversas instrucções para a arre-
eadação dos quintos reaes pelo novo systema de capitação, dirigiu
em 15 de agosto de 1735 uma carta o governador de S. Paulo,
a quem pela Carta Regia de 21 de fevereiro He 1738 foi mandado
informasse com seu parecer a conta, que sobre a cata geralmento
conhecida pelo nome de D. Jaime, dera o ouvidor Lobato.
Este ministro, de facto, por carta de 28 de março de 1737
levou ao conhecimento do governo da metrópole que do sitio de-
nominado Santa Fé, distante da »éde da comarca pouco menos
de um dia de viagem, existia u'a cata geralmente conhecida por
cata de D Jaime, e que elle ouvidor não permittiu aos que
pretendiam exploral-a o fizessem, visto se dizer ter sido ella
aberta á custa da fazenda reaJ.
Estando Lr»bato ''O exercicio do cargo de ouvidor de Para-
oaguá, um decreto de 28 de janeiro de 1736 creou quatro in-
tendências de mmas na capitania de S. Paulo e, nomeando para
a de Goiaz o dr. Sebastião Mendes de Carvalho e para a de
Cuiabá o dr. Manoel Rodrigues Tones, autorizou o respectivo
governador a nomear interinamente para a de Paiauapaiiema a
João Coelho Duarte e para a de Paranaguá o ouvidor da comarca.
Romano Martins, em artigo publicado a de 8 de janeiro de
1906 n'^ Republica, orgam da imprensa diária de Curitiba, es-
creveu que o dr. Manoel dos Santos Lobato «casou com a distincta
paranaguara d. Ânconia da Cruz França e por motivo desse acto
perdeu o cargo».
Na verdade, a Carta Regia de 27 de março de 1734 prohibia
o casamento dos magistrados nas conquistas sem especial licença
regia, sob pena de i>erem suspensos, riscados do serviço real e
remettidos para o reino.
4) O dr. Ga8par da Rocha Pereira, que em 1739 era
juiz de fora de Santos, foi, segundo o citado historiographo
paranaense, ouvidor de Paranaguá depois de Lobato.
— 270 —
O dr. Gnspar pm 1T5I era hitenefente da real t^asa dos
quintos de Minas Gerítea na comurca do Rio das Mortes u a
morta o cncout-TOu no exercicio desse car^o.
5) O dr. Makokl Tavahbs db Siqueira e Sá^ que, tendo
sido fliitea juiz de fi>ra da villa do Reíiondo da yiroviocia de
Alemtfíif», sTiccedfii iia ouvidoria dti Pamaa-ruií o o dr* koelia Pe-
reira, foi o peererario Ha Academia dns Selectoa, que por inicia-
tiva de Feliciano Joaquim de Sousa Nunes e tendo por ]ire-
sidente o padro-mestra Francisco de Faria foi celebrada no Rio
aoB ^0 de janeiro de 1752 em obsequio a applauão de Gomes
Freire d^ Andrada.
Oi trabalhos da Ácademin dos Selectos foram colleccionados
Bob o tiLulo — Juhíios da America na gloriosa ejaaltaçdrt e pro-
moção fio Ilfmo. e Ejrmo, Sr, Gowes Freire de Andrada — e
publicíidoâ em nm vnlum© in 4.", deííO — 3tí2 paginas, na olficina
do dr Manoel Alvores Solnno, Lisboa, 1754.
Dft vinte e cinco foi o numero de menibroa da Academia,
Fe contandn entre t^Uea a poetisa flamitieusa d. Ang^ela do Amaral
líanm^t uma Híi^ be rei nas das Brá,si leiras Celebres do Joaquim
Norberto de Sousa e Silva, que affinna terem os seus versos
bel los e ^iinpleF, fáceis 6 íluentea primado tobre au compo&içõei
dos demáTs Academico^j eniorpecídas pela calculada aíTecta<;ào do
eBtylo e repletos de antitbe.-e8, conceitos e IrocadilhoR,
Para fuzer parte da Academia Ibi tambetn convidado o dr,
Ga&par Gonçalves de Araújo, nascido em Santos ans A de maio
de ÍGGl, mnsi elle se escusou, alienando seus acbaques e seus
noventa annos de edade, por carta a que o referido secretaiio
deu piiblicidtíde nos Jidiiloa da America^ ahi cbamando o illus^
trrt paulista « Ne&tor Brasílico ti o mais celebre Jurisconsulto
Americano ».
Entre os trnbalbos do secretario dr, Manoel Tavares de
Siqneiía e Só, reunidos no nienciouado livro com os dos maif
académicos, »^ lêem al^jiiEiB sonetos, dos quaes ao aca^o se tras-
lada o Eeg;ulnte :
A experiência confirma assaz notória,
Ser a vida do bom em sobro a terra,
l!íii dura, cruel, continua íçuerra,
Na esperança final de Lu* victoria*
A Coroa, a que appira, e toda Gloria
Nutn certame Icgtttmi» se encerra,
Contra os vicios vestindo, se mio erra,
As Virtudes por Armas, sem vangloria»
As premissas bem pôde confesàar-mas
Todo aqiielle, que vir o mnl, que teguo
Na formal berexia de ue;{-,ir-inaB
— 271 —
E, por texto a razão, basta quo alle^çue,
Provando, que somente por taes Armas,
A verdadeira Gloria so consegue.
6) O dr. António Pires da Silva b Mello Porto Car-
reiro era ouvidor de Paranaguá, quando em 1 de junfao de 1750
o dr. Manuel José de Faria tomou posse do cargo de ouvidor
de S. Catharina e instaDou a^^sim a nova comarca, creada pela
Carta Régia de 20 de novembro do anuo antecedente.
O dr. António Pires rasou-se rm S. Paulo aos 11 de abril
de 1751 com d. Maria Joaquina da Silva Lu^tosa, natural da
villa d« Santos o filha legitima de sargento-mór António Fer-
reira Lustosa e D. Catharina da SíIvh Almeida e neta materna
de Manuel Mendes do Almeida e d. Maria Gomos de Sá.
7) Em 1755 aiuda exercia o dr. António Pires o cargo de
ouvidor, pois que, conforme o refere Romario lilartins, lia em
Curitiba acto seu datado daquelle anuo, mus em 1757, na affir-
mação do mesmo historiographo, nâo mais- ora elle o ouvidor da
comarca e sim o dr. Jeronymo Ribeiro de Magalhães.
Entre esto ouvidor e o que se lhe seguiu mediou longo
espaço de tempo, durante o qual a comarca esteve sem ouvidor
efiectivo, sendo o cargo exercido, na forma da lei, pelo vereador
mais velho da sede da comarca.
O facto de ter estado acephala a comarca por largo tempo
86 acha aíUrmado pelo Morgado de Matheus, d. Luis António
de Sousa, governador e capitao-general de S. Paulo, que em
carta de 2o de dezembro de 1767, levando ao conhecimento do
vice-rei o roubo do cofre de aui»eiites em Paranaguá e consul-
tando como devia agir para ])recavcr os descaminhos de dinhei-
ros públicos, nma vez que nfio podia, no entender da Relaç&o,
mandar conhecer do occorrido por mioistr» de outra comarca,
escreveu: «A Comarca de Paranaguá está ha muitos annos sem
ouvidor letrado, o que já fiz presente á S. MajV^tade».
8) O governador Martim Lopis Lobo Saldanha em officio
dirigido em 21 de abril de 1778 a Martinho de Mello e Castro
escreveu : «O Bacharel António Barbosa i»b Matos Coutinho,
ouvidor da comarca de Paranaguá, se faz digno de toda a mercê,
que i>ua Majestade for servida conferlr-lhe pelo zelo, actividade,
promptidâo e acerto com que tem executado as minhas ordens,
e as do Marquez Vice-Rei, em tudo o que pertexce ao Real ser-
viço distinguindose muito nas prompta^ providencias que deu
em toda a campanha do anuo antecedente com excessivo tra-
balho pessoal, e ainda com do^ippsa sun».
Estando em correição na villa de Iguapo, que pertencia* á
comarca de Paranaguá, ahi deixou este ouvidor em 20 de abril
de 1779 um provimento p4*lo qual autorifava a Camará a as-
sistir com o mantimento preciso os quo fizessem o vallo proje
ctado para commuoicar o rio da Ribeira com o mar, provimento
— 272 —
esse que, segunán participação feita por Aotonio Rodrignes da
Cunha em carta de 26 de ontubro, foi approvado pelo governador
da capitania.
9) Depoin do dr. Matos Continho foi ouvidor da comarca
o dr. Francisco Lbanobo db Tolkdo Kbndon, nomeado em 2
de abril de 1783.
Este ouvidor era natural de S. Paulo, onde foi baptisado a
29 de março de 1750, e filbo de Agostinho Delgado Ârnuche e
d. Maria Thereza de Araújo e Lara, irmào dos drs. tenente-
<?eneral José Arouche de Toledo Rendon primeiro director do
Curso Jurídico de S. Paulo, e Diogo de Toledo Lara Ordonhes,
desembargador do paço, conselheiro de fazenda, sócio correspon-
dente da Academia Real de Sciencias de Lisboa e alcaide-mór
da villa do Paranaguá por despacho de 22 de janeiro de 1820.
O dr. Leandro fez em s. Paulo seus estudos de gramma-
tica latina, pbilosophia e theologia e em 1774 partiu para Coim-
bra, em cuja Universidade formou-se em leia no anno de 1779.
Casou-se em S. haulo aos 16 de Julho de 1790 com d.
Joaquina J( sefa Pinto da Silva, contrahiu, tendo-se enviuvado,
segundai núpcias com d. Anna Leonisi>a de Abelho Fortes aos
29 de maio de 1796. uma e outra filhas do dr. António Fortes
de Bustamante e Sá Leme, e falleceu em 1810.
Em Iguape deixou o dr. Leandro em 8 de agosto de 1787
na qualidade de ouvidor um provimento pelo qual mandava se
proee^uisse na canalização da agua da fonte chamada do Senhor
para o abastecimento da villa.
Em 20 de janeiro de 1789 fez o mesmo ouvidor, em obser-
vância de uma portaria dacada de 24 drt setembro do anno an-
terior, a erecção da ireguezia do lapó em villa com a denomi-
nação de Villa Nova de Castro em honra de Martinho de Mello,
e Castro, secretario de Estado dos Negócios Ultramarinos.
10) O dr. Manobl Lopbs Branco b Silva, que succedeu
ao dr. Leandro na ouvidoria, foi nomeado a 12 de outubro de
1789, tomou posse em 9 de outubro do anno seguinte. Ibe foi
por provisão de 9 de novembro e resolução de 20 de outubro
de 1796 concedida licença para se casar com d. Gertrudes So-
lidonia de Mello, viuva do dr. António José de Sousa, e erigiu
em villa com o nome de Antonina aos 6 de novembro de 1797
a freguezia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa.
Em 15 de novembro de 1798, no tempo deste ouvidor, não
hayia, segundo o asseverou o governador Castro e Mendonça em
carta ao Tribunal do Conselho Ultramarino, não havia em toda
a comarca de Paranaguá «um só letrado com carta de Bacharel
e Formatura».
11) O dr JoAo Baptista dos Gdimarãbs Pbixoto, na qua-
lidade de ouvidor de Paranaguá, remetteu a Camará de Lages,
Sara ahi ser publicado, seu edital de 23 de abril de 1800 acôrca
o perdAo a criminosos concedido pela Carta Regia de 28 de
agosto de 1779.
— 273 —
I)« um oMcio dirigido pelo g-overnador AiitoDio Marinei de
Mello GtiBl^o e Mendonça em 20 de maio de 1602 ao V^iâconde
d« Ãnftdia, consta que o ouvidor Guiinaràea Feixot^i foi pujspenio
do carg^o pelo dito jçovernador, cuja ordem» ao aepnis expedida,
|>tri que le recolhesae o owvidrr a S, Paub nào mais o encon-
tpm em Paranaj^uá, tendo cUe partido em uma fiummae» para
Femâmboco^ doudu erg uatural .
12) O dr. ÂiTPONio DH Carvalho Fontes Hknrjquks Pb-
uiKA tomou posfle do carj^o de ouTÍd«iT Ém ^ de ferereirn de
1304, participcíW «na poise á Camará de Lagee emofficio de 7 de
Qiirço íe^uinte e aoa 19 de ag"Oflto tomou parte na vereançA
gíwj a que se procedeu na villa de Ij^iape p>ara Be deliberar
lobíe o refazimento da rcÊpectiva Eg^reju Matriz.
Em in formação, que a^s 6 de maio de 1805 pelo governa-
das Frauea e UortA foi prestada em obediência ao aviio de 1
de dezembro de 1803, eserpve elle ein relatjào ao dr. Fí»tites
Hell^qa^ft: <0 ouvidor dt^ Parana^á me tem dado decisívai
proras da @ua ignorância e insufficieocia para o iinportantecarí^o
?|tt6 eierce», e^ depoii de especificar os facto* com qu© procura
linffilmentar o conceito ■ i:t*?nmdo, termina: «Finalmente não se
nega a accritaçào de offertua avoitadi^a^ e pelos factoiâ que me
têm »ido presentes a este r^ti peito, devo justamente concluir, o
iftae?erar a V. A. que è nennum o seu desinteresse e Limpeza
de Mãos*.
13) Na Ytlla de Ig^ape deixou aos 26 de agosto de 1809
o dr. António Ribeiro db Carvalho, ouvidor e corre^fedor da
eomarea, provimento para limpeza e asseio do rego, em que víuUa
i igua para o abastecimento da localidade.
14) Por decreto dfl 6 dw fevereiro de 1810 foi nomeado
ouvidor dn comaica o dr, JoÃo de Mbdisirob Gomes, que a Id
de março de 1812, dando execuçào ao Alvará de 19 do mes an-
terior» tran aferiu a aéde da comarca para Curitiba,
O referido Alvará d« 19 de fevt*reiro de 1812 nikn creon a
comarca ou as comarcas de Paranaguá n Curitiba, mas, atém da
crea^^o da um lopar de juis du íóra, só mudnu a deDomitiaçào
da comarca de Parnuaguá para a de Paranaguá e Curitiba, fa>
xendo desta vi lia cabaça de comarca e residência dos ouvidores.
O dr. Joào de Mad*'íros Gomes fot o segunde» ouvidor da
comarca á& Itá, c>nde a 15 de jnlho de lB2i presidiu a sessão
extraordinária da Camará Municipal, em que foram juradas aa
bajes da ConitituiçAo decretadas pelas Cortes Gemes de Lisboa,
e, posteriormente^ foi ouvidor da comarca de S. Paulo em 1823,
deputado supplente á Assembléa Gernl na primeira legais latura —
18:í6-29 — , desembargarfoi da Casa de SupplicaçAo do Kio de
Janeiro, cavalletro da Ordem Imperial do Cruzeiro por deH[mcbo
{inHlicado no dia da sagraçào e coroação de d. Pedro I e caval-
eiro professo na Ordem de Chrísto.
15) Foi o dr. Medeims substituido na comarca já entào de
nominadã de Paranaguá e Curitiba polo dr. José Carlos Peebira
- 274 —
DE Almeida. Torres, contra o qual representou o Governo Pro-
visório de S. Paulo ao Príncipe Rí^g-ente, que tnatidou participar
por officio de 15 de afarii do 1B22 aoireferido Governo que devia
tomar este as medidas de se^i^urfinça que julgasse utei^.
Almeida Torres, mais tarde agraciado com o titulo de Visconde
de MacaliB, foi em 1824 ouvidor da comarea c^o Hio das Mortes,
que linBa por Btíd© a vílUi de S, JoSo d'El-llei, foi eleito de-
putado pela jirovincía dn 3. Paulo á quinta legislatura ^eral,
represeijtou a proviucia da Baliia no »eiiíido do Império, tendo
sido escolhido senador em 14 de janeiío de m43, foi duas vezes
presidente da província de S. Paulo, a piimeira em 18'2d © a
segunda de 1842 a 43^ ]>reãidente da província do Río Grande
do Sul nomeado por carta imperial de 13 de outubro de 1B30,
ministro do impfrio do gabinete de 2 de fevereiro de 1344, j*re-
sidente do cotiselho de ministrofi do gabinete de 8 de março de
1848, sendo a segunda pessoa que occupou o logar de preaidente
do conselho, creado pelo decreto n. 523, de 20 de julho da
1847, e falleceu aos 25 de abril de 1850.
Sendo ouvidor Almeida Torres, foram alteradas as divisas
da coniarcfl, de que foi desaunexada avilla de Lages por Alvará
de J2 de fevereiro de 1821, a qual villa e seu termo já pelo
Alvará de 9 de setembro de 1820 iinhani sido iocorpúrados á
capitania de â. Catbariím.
IG) O ouvidor da comarca dr JosÈ db Azevedo Cabral,
que fora era 1806 juiz de fora da villa de S. Salvador dos Cam-
pos de Líoitacaz, proveu em Iguape aos 3 de setembro de 1823
que nenhuma pessoa distrahisse p^rã serveatia particular, como
o pretendeu fazer Jj^nacio Moreno, as ag;uas que abasteciam n
referida localidade.
I7j O dr. José Verni-xjl-e (assim escrevia elle sftu nomo,
como se \è da carta de &enten<;A por etie assiguada a favor do
p." Pedro Gomes de Camaríro contra o altere* Joaquim Januário
Pinto Ferríiz) o dr. José Vernbque Ribeiro de Aguillau foi
empossado do cargo de ouvidor da comarca aoa ^0 de julho de
1824, mais tarde des^embíirgAdor da Kc.laçao da Bahia e, depois,
daCa»a de Supplieaçào do Rio de Janeiro, e casou-se em Cmí*
tiba com d. Ânua de Sá Sotomaior, fílha do coronel Igaacto úe
Sá Boto maior.
Foi este o ultimo ouvidor da comarca de Parana^juá e Curi-
tiba, tendo o art. 8." do Código do Processo Criminal de 29 de
novembro de 1832 eitinguido as ouvidorias, que passaram para
o doiiúnio da Hígtoi^ia, que ora relembra nestas paginas nào só
os nomea dos que no largo per iodo de mais de um século foram
os encarre;^adoi da distribuição da justiça em uma porçílo da
terra brasileira, como algumas data? necessárias para o estudo da
marcha que seguiu a mesma terra jiara o progresso e para ft
civil isca çào .
Alfredo de Toledo*
lipk octts de ú^m ia Rio Je Jaoeíro i eapitaniâ de S, Paulo, no Brasil, un
Teria de Ut3, am nlgniras ocltcb sobr^ & cidade da Balií& fl a ilh
Trislio daCDDli3j eolreo Gâbft e o Brasil e qiifl hi ptuco foi occupaía- (*)
&E GUSTAVO BEYER
Traducção do sueco pelo ãr* Aíbêrto Jjfffjren
Os |>aqueteB á vela, qne de Falmoutb m dirigem ao Rio de
Jíneiro, aportam sempre na Ilha ãa Madeira, onde detnoram dois
ííios para deiícar o correio d& Europa e rect^ber o qufs ro destina
>o Brasil. Dabi, por egtml motivOi din^''em-se á Baliia, o que
hztm 6(>meiite ua ida, de novembro ntê abril, quando o vento
ili*i*{i gopra de uorte a aul e o equador i; transposto entre o»
meridianos 22 e 26. ao passo que, de maio a outubro, quando
o Tpnto sopra em direcção contrana, este porto é viaitado bq-
ffiente na volta.
A Bíiliia, a se^iinda cidade depois do líio de Jnneiro, na la-
litudíi de IS"* sul, com 80,000 habitantes, está «ituada nbre um
promontório a Ho, porto do mar, e avista-so de lon*^e. O seu
Gonimercip é vasto e o seu porto e eitcellente e bem dtífendido
por uma g^iarmçAo numerosa. O actual f^overuador da capitania
J* Bahia, Conde dos Árco&, ex-vicp-nn do Brasil, é ainda moço,
de qun' idades superiores e, sobretudo, de um penio creador quo
íouitõ tem contribuido para o aformo&eamento de;te grande em-
pfiO) que tfio favoravelmente se apresenta aos navios que sui^
cam o atlântico do sul, sombreado como está por bel las bana-
íieiraí5, mangueiras e coqueiros. Domina a cidade o novo edi-
fício da opera © ao entrar no porto o viajante é aurprebeadido
jjor um belló, extenso e bem traçado jardim jittblico que de
noite costuma estar caprichosamente illuminado. No meio deste
(*} o Drlgtnil ã9 |ire«ant« 4 iPterostanta trAballio foi pabLIçmlo om IJtúck^lmD, nã
trpoÇTiipWli í© EJiBÈa « (iranherir, no hbdo do IMN. e.senJo DOGOOlr.nJos peio bLl)ljútb«-
cAri« dv d, li. Oficnr iT. úa t^ueelA, rtii blbl[€ib«cn pArticukr deita «c^tjernno doJB âxem-
Tt!&rea 4o folbeto em qUQ o rilio orkelnnl tol d^ida i v»umpA. fí tt(*it\io nianjirchii, por
tai«nnedio do meitmo bcq bll>1lcitbecArio, c«âea um do« exemplara» no roi^o 4Ut|nota
conrchcío dl. A. LOfgron» « esle trocou loco d^ í»ier a vcti^d do lueco p»ra o Ttrjiacàlo
i qtiftt DIA diuot pobílcídAde.
N, DA R.
r
— 276 —
paBceio ergne-Be, aobre um pedet-tal de mármore brancOf a esta-
tua do Príncipe Regente, encarando ornar. No declive da rocba,
«ntre o pafíeio e a praia, foi eonetniida uma formidãTôl bateria
de 40 morteiro», o que juuto com m outras fortalezai, eipecial-
mente uma rotunda com 100 canhões era 3 Beries, edificada ha
pouco no ceiítio da bahia, impede qualquer desembarque inimigo»
O estrangeiro que alli aporta comprehende logo o quanto slo
erradas a^ opiniões que ouviu ua Europa sobre eete pais que»
mui ti) favorecido pela natureza, ainda náo se acha civi tilado,
apezar da mudança de cotouia para nação independente. Egual-
mente comprehende quanto erraram oa escriptores d© viagens
que, apenas visitando o Kio de Janeiro, tomaram esta cidade
por padrão para julgar todo um território de 60,000 mílhat geo-
grapbicas quadradas, quando elles, si quisessem ter se informado,
poderiam ter conhecido o plano para a grande obra de civili-
zação e povoamento do paiz.
A Bahia pOBsúe grandes docas, fabricas de algodão, fumo e
aço, tâo boas como na Inglaterra, Tem espaçosos hospitaes o
quartéis para as tropas» que no ultimo anno foram augmentadaa
com 2 regimentos de infantaria e um de cavallaria, commaDeia-
dos pelos respectivos oãiciaea escolhidos entre os excelleutes
ofEciaes dr» exercito português na Europa. Uma esquadra li-
geira permanece sempre no porto,
à posiç&o da cidade, do caminho da Europa para a índia»
e a actividade de seus habitantes» crearam ahí uma riqueza que
difficilmeiíte pode ser calculada, porém de que o fácil faaer-se uma
ideia, âabi^udo-se que^ quando o Principe Regente, no começo de
1808, ali pela primeira vez desembarcou noa seus estados ame-
ricanos, o corpo commercial por si ofiereceu á Sna Alteza Real,
caso elle íe decidisse a fixar sua residência na Bahia, a quantia
de 5 m Ihòes de coroas para edificação de um palácio, além
do compromisso de custear a corte toda por espaço de seis meses,
despesa que, com toda a segurança, pode ser calculada era
um milhão de coroas, o que então não podia ser acceilo, por
já estfir tudo prepnrado no Rio de Janeiro para receber a família
real e toda a comitiva. E' pena que eate empório famoso quaaí
tivesse sido destniido por uma chuva diluviai nos meses de
junho e julho últimos.
Desde a Bahia não se perde de vista a bella costa brasileira^
3ue apresenta uma cordilheira contínua de montanhas cobt^rtas
e vegetação. E' preciso vel-a para bem julgai -a. O Cabo Frio
é dobrado na latitude '2'^ 54' sul, este afamado ponto de encontro,
tanto para os cruzadores das potencíag navaes, como para os
pescadores pacíficos que na sua simples embarcação, denominada
^Ungitada* (1), construída de A paus apenas, buscam os mais
laboro SOB peixes para fornecer á populaçào do iitofal e aos uavioft
1 Juigiul».
^
— 277 —
qiie piueftm> Em todo o lúgRt que a vista devassa, enseriçam-aa
I^eqaeQos navios que, ao tongo da cogta, conduzem os productoft
do paiz aos g^odo^ port e e, em gerat, qo dia s^^ainte ao de
ter dobrado o Cabo Frio, entra-ae no grandioso porto do S. Se*
baetifto ou Rio de Janeiro* Â eatrida púasa em grandeza a das
columnas de Hnrculea e pode ser cotopamda a uma porta cujos
dois batenles sâo duas immenaas e nuas rochaa de granito, das
quaes a da esquerda é denominada Pâo d^Ãasucare que, aegundo
a ultima mediçAo, tem SOO pés de altura. Os n^vio^ passam tâo
perto da fortaleza de Baota Cruz^ colloeada no centro da entrada,
que com urn porta- voz pode -se responder &i perguntau que dali
7êm, o que é obriefitorio, para ot qne intentam paasar em ãitencio.
Santa Cruz è uma ilha perfeita que cruza o seu fogo com ode
todas as fortalezas do porto e dos morroi ao redor da cidade.
Desftet morro» o da ilba das Cobras é curioso, porque ao pé delle
im maiores navios podem ancorar* Na entrada do porto, que tem
o comprimento de algumas léguas suecas, a vista ae dfkntacom
uma porçÃo de ilhotas encautadoras que go^am de uma primai-
vera eterna e das qua*»8 emanam m mais agrada vei* aromaá.
Entre ellai a «Ponto de Aeajou» (1), oude reside o almirante
inglez Bnr* Diion, é a mnis aprazível pela sua situação. Os pa-
quetes ancoram de preferencia d*^ante do palácio que, com a
eidade, terá uma curta descri pção.
O desembarque é feito numa praça quadrada, um poaco
maior do que a praça de Gustavo Adolpbo em Stockholcno e
onde, no lado do mar, pxiste um cAf^n de quadros de granito
munido de degraus e de afsentoi. No centro deste cães ba um
reservatório de agua ©m forma de obelisco, com inseripvôes e uma
agua fresca e cry*tallioa que jorra do cabaças de cobras e de
dragões. A agua lhe vem de ucna fonte distante duas leguasj
de onde é conduzida para todos os logares públicos da cidade
por aqneductos que sào verdadeiras obras primas de constmc^âo.
Áo redor deste obelisco sempre se encontram bandos alegres,
cantantes e barulhentos de negros que abi vém bus^car agua
que eondttz*»m na cabeça em vasilhas de madeira parecidas com
tonneis. Do lado do mar a agua é conduzida para os navios
em calhas e bombas. Por causa da agglomoraçào constante desta
^eute estão alli postadas sentinellas para manter a ordem.
Os três lados da grande praça sfto occupadoa por edificações;
i esquerda o palácio do Príncipe Regente; uo centro a capei la
real, de fronte do reservatório e á direita, fronteira ao palácio,
nm& outra casa grande. O* edííicjoa todos têm sacadas onde
damas, cavalheiros e pagens se divertem durante as horas frescas
do dia, respirando os aromas que se desprendem das numerosas
flores ahi collocadas. A praça é bem nivelladar calçada de gra«
1 PodU do c^
~ 278 —
mto e coberta de uma areia quartzosa e brilhante. De noito,
especialmente ao luar, ella è muito frequentada. No&í» praçAi
chamada «Largo do Paço',e paríillela á capella real, tem começa
a rua principnj, i\ cb amada Kua Direita, da onde partem todas as
outras ruas era linha recta, um tanto estreitas mas munidas
de passeios lateraes para os jiedestreâ. Atravessadas estas ruas
nota-se qne a cidnde cfttámwito bem collocada num promotitorio
quadrado rodeado de agua por três lados e teruiÍDando uo quarto
lado por montanhas ornadas de uma rica vegetaçào. Apesar
desta posiçfto, táo excellente para o commercio e a navef^açUo,
seu porto sef!;^uro, iucompor-^vcl e bem defendido, capas de abrig^ar
todas as armadas do mundo, seu luxo e sua riqueza, a cidade do
Eio de JaneirOj com seus 130 "00 habitantes, n&o conatitiie, to*
da via, um dos mais saudáveis log-ares do grande coo tin ente
americano. Collocada num vallo au niveau do mar, na latitude
de 23' Sf perto do Trópico do Capricórnio e Zona Tórrida, ro-
deada de altas montanhas, que ]>rodu//em constantes chuvas ou
177 dias chuvosos no anno, termo médio, e cajá agrua por falta de
cauaee se esta^^na dentro do seu perímetro^ ong^iua dis&o uma
humidade nociva ao oriranismo e uma pori^âo de insectos mo-
lestos, dos quaeft ba ahí maior abundância do que em qualquer
outro logar do Brasil. Oa descriptores de 'íiaí,''ens tcm-se, além
disso, occupado tanto com esta capilal e suas curiosidades, que
uma descripçâo minha seria apenas uma ^'petição inútil do que
já SC conhece, além de t^ue o i^overno ja de!ibi^rou sanar os
erros commettidos por occasiao da primitiva construcção da
cidade, quando se consideraram apenas o porto e o seu com-
mercio.
Desta deliberação governamental já existem, aliás, bastantes
provas desdo a vinda da Europa do Príncipe Regente que deu
uma nova direcção a tudo nestas ricas regiões. No anno passada
inauguraram-se uma academia militíir e uma escola botânica. A
bibliotheca real cora 800C0 volumes e 4000 manuacriptos foi
posta em ordem, assim como a famosa collecçâo mineralógica de
Freyberç foÍ enriquecida com 90 espécies de diamantes pi^Io ar.
da Camará, O Collegium Medicum, de organização complicada,
foi dissolvido, recebendo um outro nome com trea professores
apenas ; um bel Io edifício pura opera foi concluido no Campo da
Cigfinha e fízcram-se os alicerces para o novo Banco e a Casa
da Moeda. Muitos pslncioa foram concluidoB e outros começados
por faroilias nobres e ricas vindaa da Europa, evidentemente
porque pretendiam ahi fíjtiir--se. O novo Jardim Botânico, na
Praia do Freitas, ostenta no seu terreno as inaís raras plantas
importadas de outros continentes ; a frncta do pHo, a arvore da
eampbora o o arbusto do chá abi èc desenvolvem bem, este
ultimo é cultivado por uma colónia chineza e promette uma
Bcclimaçâo proveitosa desta planta indica na America do Sul.
Alg^umas fabricas de pólvora s&o construídas pelo tenente-ge-
— 279 —
nenl dfl Napion (1) pura Bproveitnr a inex|»otavel quantidade de
ulitre do paÍ2 e o seu producto tfím oheg^ado ao preço de um
iliilliaff K lihia, de que resuha v Brn&ú poder eiportíir Rsta ma-
tería de defeja á pátria tnAe. Em L^autoa ha uma fabrica de
foííi e é^ canhòes debnixo da snperinteadencin do mesmo g^eneral.
Limitando com o KÍ*) de jRueiro, a Capitania de S. Paulo
é tiia como o p^iraí^o do Brasil por causa da sua ahitiidni Beu
tr SAudavel e fri»Beo. suas rica* minss e seus habitantí^s bnspi-
tftleiroSt Conhecidos na historia brasileira pwlo nome de panthtíts.
O estrangeiro que viaja nesta pnrte da América sem i>& visitar
lofre uma perda reait assim como o naturalista e o philoâopho,
que ali encontrarás mui favoráveis elementos para a iuvesti«í/»çao
ti para a medilaçâo» Era a<;ora no meio do inverno, (o melhor
t^mpo para tal víagRm) parecido eom o verÃo na Suei.- ta, exce-
pto serem os diaa e as noiteH e^iialmente longos, qii<^ lomei
esta re&oluçAo, porque nh» teria dn expor- mo no cnlor abrasador
tias excurçdôfi peologíen* nas montanhas, O meu coinpanbfiro de
m^em era o conde Nicola» von PnLU>n de Sào Petersburgo^
tao^o, ftnmvel e estudiofo, tào excelleote li tem to quanto conhe-
cedor do mundo i^m virttide de vingffus pelos principneí* paises
earopeus* Tudo foi posto em ordem pma esta viagetn que^ por
ciusa de sua extenaáo e falta de commodidadpSf pt^ta mfitor [^arte
no dnrsó de mulas, níio pode deixar áp. bít dífííeulrosíi.
Apesar do Brasil dAo »er mais conaidenido colónia, o
•^truugeiro encontra, todavia, diíSi^uldíidea cm viajar sem vaasa'
portCH e recommendaçõeSj do que nú^ fist:ivftm<'s abundanff mente
iDonido» e doe melfiores. A vio<2'em dos €doia norupgui^zns» píira
o ioterior era logo o íinstimpto d:is ronversa* em todua fts rodas,
porque poucas pessoas haviam que, dí^pojs de n^rem jtf^rminiecido
poríinnis no Rio de Jnneiro, tiveaem tidt a curiósídiídt! dever
ÈÍ. Pâtilo, tào afamado alíaa ror sua éitua^^Fm e sUfis beÍle7Ji9
naturaes. Em tf>dã a parto offtjreceram-nos rGconinieiida<;n*^8 para
>* aiais distinctíia ]iPssohs díi cnpimnia^ entr^^ na quat^^ lenho a
hfjnra de coatar com reconlíeei mento jifirpetuo S. Ex.cia o Mar-
ijuez de Alegrete (2), actual governador geraL O biíspo dom
Adiuoel de Sousa (3) e o ouvidor dom Nuno Stiplitz (4) de ori-
1 o teomite-genenil Carloi Antooin KíiqIoti foi etti ;«nfi. com Joiá BoniriicÍD s
:; O Umf(}tt<^i â« Alein'^te» Ldjb TêIIch da tfllfn. adínlnívtroa a CKpItantn do ^. fiiiita
íe 1 <le Dovejqbríi flfi iwii Ht(? a^r nomeado ^"^"'-'''Mn.dor do Hio GrAnaâ do bui, tm íd
4v ftgwto 4fl lêtZ. Mndô snTiátltaldo ha govorno de S Panid por inn tHTimç-trito com-
IMto do Nfipo d, tiiith«Q4, do ouvidor d. Nhúõ u i^ Intendtutâ de mAnu^n Ui^aet <lo«o
d» OtUeSr» PJnto,
3 ti» -H de maio d* 1707 a .' lie thhío do fNÍ-l. dnta do ícq fa!l'eciinei!t(i+ frjl bfspo
de n, PftQto d. M^thQiis d? Abreu Pereira. Acrúdiumos qtiâa A is refere ao út Ui*
noel Jongoird tíoRçnkeí do Andrii'ie. imcce^ior de d ^Atheu^ lindo *Ido *rpito bispo em
li^^^í, porque, emborn t^iLfl pJlo is cb%ni&»e ffon^n e por «cci^ífto dat TJa^om de Bcyer
B&o rot«e ntud^ bUpOi «r]& «l]ã eiiUu vii^^^irto gefAl d<r bíipMdâ e, portaniã, a RfíguadA
«Qtorldiíde dtocenAna, o qan bem pndia Jti{^t{v»r o equivoco, eia que cniila o A,* nlo
Usdfl »tD iqiéTéi»e maior em, eTÍulo.
4 n. Nnro EiJ?en[« de Loclo e adlbis foi ouvidor úe S. PauIo de \h\^ ■ :!i dQ te.
ttvlbro de 187 1, qnindo o Oortroo ProTtiwrio reiolvaa paspacdel-o e que «so lhe dot-
— 230 —
gem sueca pela linha materna, as mais altas autoridades do
paiz. Com o capitão de um pequeno navio contratei a viagem
para Santos por um dublão ou 16 piastras espanholas tt^ndo o
cuidado de prover-me dos mantimentos necessários, armas e ar-
reios e, no dia 1 de março, de manhã, embarquei para sahirmos
immediatamente, aproveitando o t rral, o vento da terra. Além
do conde von Pahien e de mim, haviam maiít passageiros entre
os quaes um official que, por distincção na guerra em Portugal,
tinha sido promovido para as tropas no Rio Grande do Sul para
onde elle tinha de fazer a viagem por terra durante mais de
quatro meses, depois da chegada em Santos. A nossa provisão
viva de gallinhas e perus tinha sido consideravelmente augmen-
tada por nossos amigos que, sem o no^so conhecimento, os man-
daram a bordo, de modo que não somente havia abundância,
mas ílcava ainda bastante para obsequiar os outros passageiros
que tinham contratado a sua comedoria com o capitão.
Em vez de um passaporte coramum, tinha eu o que se chama
uma portaria, assignada \ elo ministro dos negócios estrangeiros,
o Conde das Galveas ordenando em nome do Pfincipe Regente
a todas as fortalezas e registros— logar de revisão da bagagem
etc, — e a todas as autoridades que me deixassem passar livre
e sem embaraços. Apegar de conhecer o valor debte docu-
mento no Brasil não podia imaginar que também me desse di-
reito á hospedagem, tratamento e transportei gratuitos, e que
não são retribuidos pela coroa. Em ca>08 difficeis tem-se até o
direito de HSHÍgnHi P. R. (Principe Regente), e niguem pode então
recusar a hospedagem. Mas apesar do nem eu nem o conde von
Pahien julgarmos próprio de nós aproveitar dn todas esta» liber-
dades, é necessário confessar que na maior parte dos logare» no in-
terior de S. Paulo a hospitalidade é tão grande que não nos dei-
xaram pagar cousa alguma, )>arecendo até que consideram isso
um tributo devido ao estrangeiro que constantemente recebe as
mais significativas provas de bondade e de b -nevolencia.
Depois de já dado o signal para a partida, chegou a
bordo um official da forcaleza Villagalham para revistar os do-
cumentos do navio e dos passageiros e notou que os primeiros
não estavam conforme manda a lei. Por ter havido nisso um
desfalque nas rendas da coroa, fez elle prender o capitão e le-
vou o para ser interrogado na policia. Este acontecimento im-
S revisto, que retardaria a sabida por muitos dias si o caso tivesse
e ser tratado como é de praxe, passou, porém, sem consequên-
cias, porque o mesmo official que o provocara, teve a gentilesa
de dirigir -se, em nome do conde von Pahien e meu, ao gover-
nador geral do Rio de Janeiro, Marquez de Vagos que, consi»
leni oito diM para despejar a Provinda*. 36. tinha sido. antes de nomeado para ■.Paulo,
ouvidor de Peroambnoo e foi o primeiro presidente da provinoia de Alafoaa (IH24> ■••
nador do império pela meema provind*, nomeado em : O de abril ie 1H2S. Fallaoea aot
16 de Janeiro de IS48. N. dA B.
— 2S1 —
éonndo a noasa «ituaçào a bordo, ordenou a floltura do capitão,
d« iDAdo qme dealro de duaa boras pademoa estar em «^miaho.
Kio ha muita commodidade a bnrdo destes Da vi os, mas sfto os
umeo» qun exi&tein, nfto querendo ir em canoas que nave^ana ao
Inngo dn costa aportando cada noite. Ib«o, porém, é atriftc^ido
por cawâa dos roubos pelos caboclos ou pelo perigro de eotontrar
tempe-tftdes. Sem leito e sem cabina, dr»rme-SF^ no tombadilho
ou no fundo da canoa e uma «st p ira coostitue toda a cama. Não
te dere, porém, exibir commod idades quando se viaja tia co^ta
brasileira, porque ha compens^açâo noa muitos lo^arns mn^oiHcos
e belle3&a« naturaes que sómi^nt^ do lado do mar íe apresentam
em toda a sua pleniiude. Ã comida neiten barcng correMpondem
á« commodidades e é impos8tve! para um etiroj^u, apfsar de
liaver diariamente c&me e toucinho mas que perdem o seu valor
pelo mudo do preparo. Ã carne do Rio Grande é cortadu rente
aoi OSS04 em tiras finns e longas que, depois de ^eccas, >ko en-
roladas. Para preparar esta carne ^>de-se-n'a de molho para
depois astal-a num espeto. O toucinho^ sem carne, é de g^o-^tu e
ebeiro desagrada vt^ls e pnra tiào deteriorar, é fortemente t^alg-ado
e pendurado ao lado do navio [)Rra seecar. Com isso rect^bem
uma espécie de feijão preto cozinhado com farinha de tnandíoca
&té formar u'a nuisfiá compacta que, depoin de dividida em
grandes btjlas, é comida com a^ màoe, Ã mandinca é O pjio dos
brafiilf^iros, tanto no mar como em terra^ especialmente em torma
de farinha que vem em pequenos cêsIos. Esta farinha tem um
^»to t&o Aj^rrãdavel que pelo costume se toma até prefÊrivel ao
pãn, m^âmo iMira Os estranhe rroB, Neate dia {A>samoá Santa
GmZf a grande p^opriedad^^ do Príncipe Ke;L:ente, gitunda na
Ilha (frande. Ãhi S. Alteza Real vem passar nns meses no
sono r^m companhia de sua familia e de seas miniatros. A pro-
prc dade lera 100 le^uaa quadradas em área e é, portanto, do
tamanho de um pequeno ducado. Destinam f^sta fazead'i para
ttm campo de experiências ag^ricolat e foi muitHs vexes dirigida
por agricultores in galeses. Como todos os melhores logares no
Brasil foi esta propriedade ortí:anÍ!iada pelos jesuítas que eram
ot »eus donos o que, para julgar pelas *rudera»> df certo
nào divisaram de tirar Incro das vantagens que a natureza lhes
âhí ofterecia O palácio, que ánteii era uni convento, é edi-
fieid«j em quadro coro um pí*t6o aberto e galerias interiores UO
primeiro o pegundo andar. Os 36 quartos, deiitinadofl aoi
matigeAf sfto pequenos mas transformados © decorado» para a fa*
mtlia real. Em frente do fialacio, ao sul, S^b. um beJlo parque
da duas léguas suecas quadradas, cortado por doh ribeirões ua-
vegaveis por pequenos navius, e cujas margens são ornadas por
arvores indigenas de rara belleza. Todo o campo é um prado
grande e verdejante onde pastam uns 7 a 8000 bovinos e me-
rece o pincel de um mestre para sfir reproduzido. Os trabalhos
&&0 escecutados por 2000 escravos que sAo todos instruídos na
dontrina cliriâti, possuindo cada um um pedacinho de terra a
— 282 —
doia dias livrfs pot íetnan^ para trnkilbarem para si» sem contar
os din* santificiídos.
O tempo fstava mag^tiifico mas o tento noa foi cantrario
até o dia 0| quando pa^safnoã entra a terra firme e a ilha de
B> SebíistiUo, qnt é umíi dai! rcaiá férteis e nnde está aitiiada a
cidade Yilla Nova da Princesa. A íllm dr.s Porcos vem em
Bef^undo logar e poB&ue um porto reg-ular em qiio os navir»s pro-
curam abrirão contra as tempRstades ou quíiudo o vento é con-
trario. E' ©scai&amente povoada ii nào tem mnis qup 60 habi-
tantes, dns quaf^s 32 perrencf^m n urna bó familiar a do sargento
Manoel José de Mora, qui* em duas nujicias tov^e 30 fillingj todos
ainda VIVOS. A ilba é nca em poixo e a Rua posiçào c muito
favorável para contrabando, rasí^o j^orque ha aqui um destaca-
mento de soldíidos píira vi^inr o-* nRvios e botes quM entram.
Pertence a ilha â cidade do Obatuba (1), a duas lej^-uas d'nli na
terra firme; cultivam a canna do íis^ucar, a mandioca © fabricam
agua-ardentG. Demorai ali alg^uns dtaa na casa de um velho
chamado Vasco, («riundo do Perto e que habitava na ilhA
ha 40 annofi. Fui convidado para um cafamento que já
durava um Bemíina com dança» e íol^uedoa. Cada tarde dança-
vam landum e danças brasil eim&, ao som da citbflra acompanha-
da de vo2es fortea e, como aqui somente ha g'ente abastada, os
homens vinham ás danças cm botas claras d© couro de cabrito
e grandes esporas do pratíi, cujo tilintar, junto com o bater com
oa saltos no soiilho, acomt>anhava a raudca. Entalavam tarabam
com os dedos para imitar CRStaubolíia. Fazendo a conta do que
se matava aqui dianamettle em b<'i, vitcllo e porco e toda a
fiortti d© avps, junte cí^m a qnantiíínde de fructas, caftí, cachaça,
assucar o arroz, acreditar-gp-ia fai^il mente que estavam esperando
a hoíi]vedflfíem de ttm batalhilo inteiro. Para honrar a íesta au-
xiliei o trahiilho pata a (^r.ind(> canoa quo era destinada a
transportar uma deputação da ilha dos Porcos para o Rio de
Janeiro, alini de pedir ao Prineipe Heg^nte a concepsilo da par-
tilha dos terrenoíi da ilha entre os habitantes.
Ao louLTo da costa de S. Sebaatifío eoxergam-se lindas casaã
e todos os nio^^ros mostravam plí»nt:içrjes de mandioca e decanna
de assuc:ar que a^ora estavam colhendo pata levar á os en^^rt^nhos.
Nas praias ha casas de armni^*Ao para a pesca das baleias que
d'aqui atu Santos é negocio bastante lucrativo para os habitan-'
te'í e para a cidade A coroa arrt^nda 6ita pesca a particulares,
por annos determinados, tal como em Santa Catharina. Apanha-
ram um dia um peixe-hoi, Tricbechus manatus L., que os Ín-
dios cbamam «Ignuragua»» do tflmauhn ri© um boi e com a
mesma boca e denteai, de modo que deve, como este, alimentar-
dt IbAtahn, Povonv.lo fuodAda petoj :ínaúi da iCJO por Jordftú HomAm âh CoiU
SAtnr&l dâ II ti a Tertâira.
K. DA R.
- 283 —
se d« cApim, A cabeçn (5 arredrtndada e pnreco ade umamullier.
O couro é duro como o do elephaiUe e o animal tinha dois
W&Ç09 com 09 quses ijAiífiva e por bíiiio haviam diLSã tetas para
aliiDeQt&r oa alhos, o que provH ter sido uma fêmea. O gosto
da carne n&o era deaa;:rradavel e a hanha, {especialmente ao
redor dã cauda» tinha ^ostn de manteiga. Os se^ia ossos eào
Vrancf'8 como o mniffim e tí*m a mesma njtplicaçilo.
Na outra marinem do canal, na terra íirme o nn melo de um
BoQito bosque, divJBa-se um *^rande convento frnuci&cano, rodeado
de coqueiroB, laranjeiraB e bananeiras, o qual, atém de outras
Tantugenft naturaes, parece fstar edificado a propósito para {i^a-
raatir aoà frades excpl lente pescaria. Calmaria e coutinuo vento
contrario facultava^nos bastante laz^r para visitar toda* as
curiosidadeâ de S. Sebastião e suas vizittb ancas*» de modo que
»0(nente no dia 13 ancoramos na bahia de Santos. Já ao raiar
do dia ouvSu-se o c&nboneio da fortaleza» rept^tido no muio dia
«m tonra do anniversario do Príncipe Regente, quando passamos
iM) estreito canal, oroado em ambaí as marp;ens de canipí'& cul-
tivadcâ e altas montanhas, Lon^e da cidade vê-se a casa da
(liíiirentena num excellriite logar, quasi todo rodeado de agua e
tado reunese piara agradavelmente impressionar o estrangeiro
reeemvíndo .
Lo|íO chegou um escaler, isto é, um bote coberto e a dez
íBmsSg cujo commsndante linha ordens do governador da Silva^
I quem a minha cheirada estava annunciada, para vir buscar-mc.
Nesta viaíta o commandante diaa©-me que o sr. Marque/ de Ale-
gfrettí Ibe ordenara que me hospedasse no palácio do governo,
1 um autiíTO convento de jesuitas, espaçoso e bem situado, e me
proporcÍ49unsse todas as commodidades necessárias pelo tempo que
pretendia demora r-me em Santos. O conde de Pahlen, de cnja
chegada o cavalheira da Silva nada sabia, ccmpartilhava com-
migo estas tinexas e, depois de termos entregues as nossas cartas
\ de introducção a vários fnuccionarioâ da coroa, recehemoã as mais
i haonjeiras provas de eatima e de benevoleucia e é com a maior
fjraiidào que no* lembramos do cavalheiro d^Oliveira Pinto (1)
' mtendente da marinha e commandante da fiotilha, cuja gt-iitHeza
I par» com ta esirangeiroa em geral ó tào grande i|uauto o sao os
I seus méritos militares, Sautos é iima cidade ppquena cfim 40OO
tftbitántes, tem forte commercio com a America Espanhola e
exporta para a Europa pelo Rio de Janeiro grande quantidade
de assucar e arroz que è considerado o melhor do Brasil. A sua
população augmenta annualmente, como em todos os empórios
commerciaes, ao passo que o numero dos frades dimtnue em cou-
(!| Mi£t]çl ,jQsê de Q]Í7elrk Pinto tez pnTts do tniinivLríi>to, qtie tahitltuta tja f^o-
vento dii CMpÉl^Qin em ISID ú Hirqaez de Ale^reiã. e do governo provisório constituído
«li eoisciliitiiicfa do rtiovlmcato caçulas da 'ló de Junho du tfdl, Fâ.ll«cflii do Hlct agi
II dB jAneirú d« L^il*
N, DA B.
— 284 -
sequencia àé maior iustrac^ja*) 6 goveraança aabia . Variou con-
Tentos nAo continhini mais de ^ ou 3 e o maior só abrigava um
frade entre os seus mtiros.
Durante os dísa 14 e 15 TisitanloA a cidade e «a auas curío*
■idades © fizemos uma eicursàn nos arre d ore* para coUeccionar
caramujos. No dia 16 embarquei uo mesmo escaler ás 8 botas
da maiibâ, passando por um canal natural de trea kgua^ de
com primei] to e considerado um dos maii beiloa no BraBil, oroado
como está em ambos os lados p^r palmeiras, co<|uçiros e man-
gueiraSf ©m cujas copas oníergam se e ouvem se as mai» bellas
aves da America. Nas mAr^«'ns e quieta» sobre a areíâ, det-
can cavam uma porçÃo de aves squaticas e tártara ^«i e por tnd&
a parte pulavam peixes, tudo Hyre da^ armad e das red^s doi
homt-n^. Neste canal tranquillo quasi se não cbeg-a a admirar
uma liella vista qnando já se divisa uma outra ainda mais bella,
e tildas ellas bem mereciam ser reproduzidas. O desembarque
é ao pé de uma montanha enorme chamada Serra do Cubatào
que parece ter sido collítcada pela natureza como limite extre-
mo para o viajor curioso mas, depois de ter pago um imposto
aduaneiro inFi^nifícante pelas jLe^soas, ãnimae^ e bdg'ageDS, re-
cebido pela alfanie^a de Cubatào, arrendada aumac^sa ínglesA
TAhj Copipettdiíl & Uomp., sibe-se em mulas esta parte da cor-
dilheira. O caminho em zipue- zague.de ângulos curtos, é pro-
tegido pnr um parapeito, ladrilhado e cr^ntinúa até a altitude
de 7000 pés levandíj a subida cerca de duas horas. De cima
offerece-se a mais de^tumbrante vista que talvez haja no mundo.
à montanha toda coberta de mata» musgo e pluntas pequenas,
é tormada de granito e um grei ferruginoso % dos altos preci-
pitam-se massas de agua tormando lindas cascata» pasaaado por
caminhos que a arte íbes cavou no próprio granito e em muitos
logareá cruzam a ei^trada antes de cahirem no abysmo à maCA
cobre a maior part^ da aerra e de jenvolveu-se de tal modo por
cima do caminho que nfto somente o protege contra os raios
solares como até contra as cbuvas que raras vezes faltam^ Como
o dia era claro pudemos melhor apreciar esta obra gigantegca.
Quatro a cinco caminhos em zigue-zague pareciam em muitot
locares correr acima de notisas cabeças e davam uo voa ensejas de
admiração por uma obra para cuja conclusão foi necesaarjo vencer
tantos obstáculos naturaee e applicnr mílh5es de cruzados qu6
foram gastos para derrubar a mata, construir tftõ longo cami-
nho através da própria rocha e finalmente, caíçal-o com kgei»
Tudo contribuo para dar uma alta ideia da energia do brasi-
leiro e Bua inclinação para grandes empreia»* Poucos tra-
balhas dçst-* natureza na Europa podem se considerar supe-
riores a eate e, quando se leva em c^nta a populaçào tAo eàca<«sa
nas pri»ximidades e mesmo aqui, ae comprehendem as puormea
despesas que acarretou e que talvez em uenuhum outro pjiiz ae
tenha luctado com tantas difificuldadea como eataa^ Já mencionei
I
— 285
que lo4oB oi kanRportei f&o feitoB por trojiAe n àmo aqui de-
screver umA E^ena qae pre^eDciei no Cubatâo, Deíronte da caia
do guarda, num grande ef^paço plano, cujos lad^j» »ào occiípadoâ
por armazéns e outrâs csiaa, trourerâm uma centena de mulaa
para aerem arreadas e carregadas cont aa mercadnriaa que em
canoas chegaram de Santos. O socego e a comprehent&o deitei
animnes durante o arreainento são comparáveis naícAniente á
pi^ricia dft* carregadoiéâ, eíi peei ai mente pratos» de repartir a
car^a egoalmente noa doía lados. A carg-a é âxada sobre uma
cangalha feita de palha e coberta dp couro crú com dois cabeço»
para cima e nos quaes te âxam as cargas, sendo o maia diffícil
a evitar que a cangalha pise o animal pelo attricto. As mulaa
são amarradas umaa áa outras pf^las caudas e como ellas aasim
canil nham em linha, sào ne cessa rios apenas poucos tropeiros^ a
cuja voz ellai seguem e obedecem.
Serra acima o terreno é plnno e muitos logares parece m-ee
601D paisagens de Skane e Uppland, bavendo aqui estrada f»ara
vebicul'js dó rodas « Tudo é di^errnte do que já tínhamos
TÍ«to. Com um céu completamente puro, reapira-se um ar sau-
dável e os próprio» habitantes nfto «e parecem com oa íieus pa-
tricios das capitanias vizinhas. Julga-se yèr uma outra raça
maia parecida com Oã ãuíssoã, O9 camponeses afto cortejes e
Hospitaleiros e em casa de cada um deli es pode>se obter um
grog, ovos e bom caldo de gallínha com gemman de ovo e fari'>
nba de mandiora. A núte pas^amoa no Maríauuo, uma casa
insulada numa grande mata e onde mudamos de anima es. Fomos
ahi obsequiados com uma boa ceia e camat*, o que, de[H»ifi dn Mm dia
inteiro de viagem a cwvalio. nts era eitremam»*nt.e wgríidavel,
tantopara o estornado como para o corpo todo. No dia seguinte,
de manhã cedo, chegou un^ iflicini da guarnição da ddade de
8âo PaulOf por parle do governador qu ' tinba sido prevenido da
nosaa chegada, para noa dar as boas vindas a esta capitania e
communícar que elle teria muita aatiafaçàrt em nos receber e noa
liar hoaj>edagem no palácio do governo (outro grande convento
de je&uitasl, ai a. ex. n&o íoubesae que em virtude de rf^com^
mendaç&o dos nossos amigi>fl do Rio de Janeiro, isso já estava
arranjado na casa do cónego Juan Ferreira. (1) Já tinbamos o
prazer de conhecer a família deste senhor, maa nada sabíamos de
ina Incomparável gentileza que passava tudo quanto era licito
esperar- se meamo no paiz mais hospitaleiro.
] o eoflufo Joio Fcmin de QUTaira Bdaho era ttfttaml de Bantoi « 111 li o da Joia
Ferre It& 4e Otlrclrn q d. MAríA Bilano, t«r-ú«'tA de An&dor Rneno do Rtbelr*. o Aeúía-
mado. PúrebAdú ciB ctnone» pela UnlvergtdAde de ColmíJpfc, foi oomeAdo «n&tro da Bé
PuaiopoittAnA^ )i U de Jnobo de 171^' « Fiir^ceD em ^ d« çnftio ah ]h.\*\ initUalodú Uer-
dátro nnlTeml o leu «obrínho deieinbarjçftriDr Jo&o de eoDua Pereir» Bnaao. VI eito peio
poTO e trtfp*, fea pMtc do iro^-erno pruvlsorlo 49 H P atilo «m Iít2|-Í2, e sscravaD «
aamçtú 4e dd* t1jh(«ib. 1^^ çlT^etnõa, ao Paraoi^ em imO. daitrçJUi qae WMbA ulun-
l^iáa m» tomo t Aa M^v^ía do Itulííuto Sútoneo t ÕiograptUco Sra»tl*iro.
— 286 —
O Tnpsmo ofiãcial TiOS commiitiícou quo o fnr. ç(vvertiJid<^r
tinha darlg ordem para Bos fbrnetrer csvíillos píirn toiUitiuarmot a
viagem- Durauto alguns dias passaTuos por bonitas plwtitâ^ões de
canil» de afsucar e de mandiocíi, mas muitos eampoa liavifl Sf^m
cultura por fiilta de habitnntes. Atravessamos também alg*uns rios
pequenos em cujas proximidadea se viam cnloniaa novas situadas
na sombra de íaranjeiras e baiioneiraB. Oâ cavallos, que nos
foi*am mandados» chegaram no dia VJ com duas ordenanças de
cavallarja o puHemoe eníào deixar aa nossas luulaa e apressar a
viagem, de modo que ás 4 lioras da tarde chegamoa a S. Paulo
onde npeamoí* na cn&a do reíerido sr. cónego Juan Ferreii»
que nos recebeu amavelmente, já tendo convidado nlg-umaií pessoas
para jantarem era nossa companhia. Entre ellas esíavam o corO'
nel Andrada, (1) grande naturalista, cujo irmão (2) e um flnr,
da Camará (3J ha alguns annoa vit^itaram a Europa inclusivo a
Suécia, De noite fomos visitar o governador geral, Marquez de
Alegrete, que nos recebeu rodeado da força e do brilho próprios
destes altos dignitários, poróni isso n?io nos iraprcsBiouou tatito
quanto o modo amável e cortez coui que elle sf^mpre recebe
todo* oi estrangeirf^s, assim como as muitas instituições novas
que ellc tem orgaDÍ'i!ado na ca]útauia e que lhe têm merecido
o amor o a estima de todos,
E' aqui costumo o viajante receber primeiro as visitas, o
que no uo^eo cuso se estendeu a toda a as classes e corporações
e, sóiiieatH depois de ter pag-o as visitas todaj, foi que pude
occnpar-me em passeios jtela cidade e examinar as suat curiosi-
dades. S. Pfluln está situado num bonito morro de cerca de uma
légua de perímetro, rodeado de campos e pradoF, regados e cor-
tados por pequenos rios nue durante n tempo das chuvas o torna
qunsi uma Uha, unÍndo-se todos ao rio Tietê que a uma légua da
cidade corre na direcçào sudoeste. A cidade foi printipiada pelos
jeauitas e tem o seu nrime do primitivo templo cujo padroeiro
foi o Apostolo Paulo. Esse templo foi in;iugtirado em 8 dô fô-
1 o corQDí?! Murtlni Francisca Kllielro de Àndr^K nRiceii ém SiDtQf em Hi^, bft-
cBftreton-fit] em mAiliemiilIcnií na UtiivvrvldadB de Coimbrn, foi um do« griudcifl vnltoa dii
JDdepQndcnf-ia Nacicintlt membro iÍq t^overDO iiravlsor^o il« i<. pHuro cirt ;i<'í!j-.:'?, depQtiuIoâ
AtstMBblé* CondtltDinte úo \f'2i peto Kto du JAnelro, à Auemblé^ Geral U^^»]i.utm em
duna leglvlatur^i». 2> e 4«>, tnlniíitFo da f&£end& em \^'^'i n *^S e cm IHO. Fci em IH^ã
t»e1a CApItUinU do B. PitoN umA vin^cni mineralógica, cajo />iarici foi |>CLhUcado no vai.
IX dA íftiifía áa Ihíí, JÍííí. líra*il„ que tambeiti piiMlt^u em pen tc^mo iti «etii Jitrmatã
éat liafjtHf ptla cúpíania. MnrtJm FraDcUtO fultecQU em :i de fevereiro de !Si4,
2 O IrmA^ do coronel Aodrjid.i, qae vliltua o velbo mu ido foi José fionlfirla de AadrAdft
e Eilvm que o correa como natamliflii, e mlneralo^iita iarínlt dcx ann<ij 4d«»àe os ve-
rdes campou da Lombardia nté n (^i>}Jada ^HpcIa 9 Narue^a, tudo observando e notando
com a penplcHCJn e peDetriK&o do ua^io* . Nasceu elle em Saatoi aot U d« Junho d^
I7&'á e ralleoeu em S de abril de If-S^^^ 7ol clid pktrlota e um f «iblo o hera mereceu i> U to Iq
de Pftlríiircha úa Independência do Bnu^l com qtio q Po!fterid;Kle o ^atardoou,
3 O A. K4 rer^rs ao dr. Manuel KerroirA da Cninmm BlttpucoDTt e Sá ano fel
eompaobciro de Jõr^ BontÍAcio cm fiti:i cxcbtsM frcienHUra pila KuTopa. u dr. C&mar»
naiccu no correr do anno de HO- no arraial de UacambirussúnCapitania de illnaa Gera«i
em JãS6 ttti BDiseado «enador do lJn|rerlo e íallcceu em j£t de dezembro de Ib3l^,
N daB.
^
— 287 —
Teieiro de 1554, por occnsiào do huptíi-nio do pnticipe iiidi^ena
Tavariça (Tibiriçá), moço dotndo do grnndes virtiidt s e excwllen-
t**a quííUdadeB e que *2:0Terníiva a colnnia. que iiaquelle tempo
*« chan.flva na ítn^^ua dos iiidirs tPiíntininga» o que quer dizer
p*ííe «ecco^ por causa dos muitos peixinhos que fitavam em íçcco
qiiMtdo, dppois daa cLuvas, o fio T«n^lRlldllàtt^bi, qua cerca a
cídjide. diminuiu »a Buas e^uaa que tiitliam iunudado ns varzeat.
Mais tarde, quando os portuírucsei occupnrara a cidade, S. Paulo
ííii proclamado capital, em 1581, em vejs de S, Vicente, a pri-
niQira cidade, qut) linha sido construída por Martiui Ai^uua > de
Scu&fl em 1531.
Em todo o continente americano não se conbece lograr mais
Baudavf'!, A media do thennometTO está entre 50 e 80 i^ráus
Fah^obeit (10-!Í7''), nem chuvas extraordinárias, nem trovoadas
e^cepcioDfte» ae produzem e as noites sào de modo a torníir ne-
t*wario vettir o sobretudo. E' &ode do Governador Geral, dum
Bispo e um Ouvidnn lia varias praças publicaB com fontea
•iaiína, 13 jnstituiçtiés relij^ifíena, das quae» S ig:rejas, 3 con-
dir tcs de frades e um de freiras, a m.'íior parte, como na cas^aa
da cidjide, conatruidaa de Tai^ia que muilo resiste ao tempti. um
hr4pítii! eicelíente e boas bíirríJcas para as tropas. A ]inpuli;çâo
dft etdade e seus suburhioti é calculada em mais do 15000 petecas,
incZuâive o cU-ro e os militores. Oh primeiros sflo de principiou
liberaes e o bispo, een chefe, é um homem de mento» íito-
rflríos qu© fez varias viagens á EuTopa e multo tem contribuído
para a tolerância e o eBclareeirnento que se notara nesta capitania.
As tropas de todaa aa armas silo em numero de doi^íi mil horm^ns,
divididos em legiões. A miíicia é nutnerofn porque cada homem
é aiijeito ao Be. r viço militar. O corj>o medico é pequeno, tanto
í^m numero como em conhecimentos, exceptuados os do hospital
ei das legiões» Em leeral Rf^rvem oa ]>hnrinateutÍC! s do medico
e dos seus armários distribuem Deus tabe o que, porque póde-se
comprar delles fffrradura^ com a mesma facilidade que um fer-
reiro vende vomitórios, e &ep;uc-íe d'!iquique ainda não e^í$>tem
ftB as^^ficiaçòes dn officíos. Os ca&os dia moléstia a^ào raros em
S. Fflulo e nHo ba epidemiflii, mas na vizinhança das mtnas vi
frequentemente cabocloa com p^raiídes inchaçijes nas glândulas
do peicoço, o que antes se pode attiibuir no costume de carrei^ar
lado na cabeça, do que íio clima. Este costumo é tão invete-
rado que muitas vestes encontram-se |>eísoíia quo carregam assim
um garrafa vasia ou outro objecto pequenino. Esta inchação
díffere do Stroma doa Alpes por per molle 6 se estender ás vezes
de uma orelha a outra, A varíola qu© antes fazia grandes es-
tragos, como em outros logíires entre os trópicos, ó prevenida
por um instituto vaccínogeuico, iiistallado no imlficio do go%*erno,
debaixo da protecção do governador geral. A vaccinnçào é ahi
gratuita, como em todos os outros paizes bem governados e com
o mesmo resultado fetis.
Apesar de não haver fabricas nem manuíactaras de impor-
tância, além das metallurgicas, ha em S. Paulo diversas indai-
trias, entre as quaes merece menç&o em primeiro logar a das
rendas, de largura e fineza excepcionaes — em geral, occupaç&o
das mulheres. — Fazem também cecidos de algod&o de varias
cores e qualidades, destacando-se os mosquiteiros com que se
cercam as camas e que s&o tào finos que nenhum mosquito pôde
atravessal-os. Ha também as redes com grandes barras feitas
á mã,o e nos quaes se dorme a sesta no canto de algum quarto.
Servem egualmente de cama em viagens, sendo armadas
entre duas arvores ou dois postes. Obras de ouro ou de prata
de toda espécie, principalmente trabalhos de filigrana, occupam
muita gente. Nos arrabaldes moram muitos criolos Índios que
fabricam potes de barro de grande consumo, porque é uso geral
preparar nelles a comida e carregar agua. Muitos outros objectos
B&o fabricados de barro e não sem gosto.
Os camponezes nas proximidades da cidade têm por prin-
cipal industria a criação de gal linhas e de porcos que em grandes
quantidades conduzem para a cidade. Fornecem o mercado também
de uvas, ananás, pvcegos, goiabas, maçãs, peras, marmeltos e
a fruta do pinheiro da terra que assam e comem como castanhas.
Legumes são produzidos com abundância durante o anno todo,
assim como inhame, repolho, couve- flor, alcachofra, espinafre,
espargo, alface, e muito agrião. Ha batatas europeas, batata
doce, ervilhas, melancias e toda espécie de feijões e cebollas e,
além difcso, encontram- se por pouco preço gallinhas, ganços,
pombas, marrecos e perus.
Os habitantes da capitania de S. Paulo distinguem-se de
todos os outros americanos por sua civilização e boa apparencia.
Fogosos, bravos e sinceros, tornavam-se rempre temidos nas
antigas guerras com os espanhoes e os índios, sendo militares
por natareza. Occupam um território maior do que a França
apesar de não serem mais do que uns 250000. Os homens,
ainda que tenham empregos civis, são todos militares, perten-
cendo aos regimentos de milicia com obrigação de servir no
caso de invasão inimiga e é esta a razão porque se encontram
todos trajando os mais ricos uniformes que, como é natural, tanto
realça esta sociedade. Os postos de coronel pertencem em ^ral
aos commerciantes de primeira classe. Os militares são divididos
em três categorias: a primeira, ou, a cnntractada, é paga pelo
Estado e marcha para onde fôr mandada, até fora dos limites
do paiz como acontece agora, para Paraguai ; a segunda, ou a
milicia, fica sempre no paiz e recebe da coroa as armas, o uni-
forme e a montaria; em certas épocas do anno faz exercícios.
A terceira, ou as ordenanças, compõe-se de soldados velhos da
primeira ou segunda categoria e serve para policiamento no
paiz, nas aduanas, barreiras, registos e obras publicas para fis-
calizar e tratar com os escravos. Não ha grande mistura destas
— 289 —
eate glorias e em cada corpo encontra-^e a miaf^ma cõr entre 09
barnei]?; oa ne^TOi pertencem aos cowtractadna e trajam uni-
form*^ branco Mas, apesar do ei piri to guerreiro t^ue reiua ticfita
riipitan^a, ha também (.lessnas que amam o comraercio e outra»
que se dbtingiiem por conhecimentí-B scientificoB,
As mulheres sâo em gera! bonitsi, bfm feitas e extrema-
mente enctntadíirfts no seu modo de ser. Nutica vi olhos mais
eipreisÍTOB, dentes mais boniloa e pés maí« mimosos do que
nella» — poder-se-ia crer eatar em Stockholmo, Canto e musica
i&o talentos commun» que elk^ revelam com a mesma graça e
Wilidade. O primeiru consiste principalmente nas conbecidas
modinhas e os instruoipntos mais frequentes eUn o piano, aberpa^
a graitarra e o íir^am^ doa quae* a guitarra é o mais commum
e tocado até entre o povo do campo. Simplea no trajnr, dia-
tia;3juem-ae, todavia, as paulistas |>or um gosto exeepcioual e,
&pps3r dé vivarem itum paiz onde o ourn e na, brilhantes nhundam,
ut&m-nos raras vezes. Cnm nm simples enfeite de flores natu-
tutaes ornam o «eu comprido e escuro cab©l]o,arraDJíido e fixado
C!m ncos pentes. A« flores no cabello, dndas de presente, bÔo
Teráadeiras [jrovas de graija e bem querer, comparáveis apenas
a dança depois do jantar na Suécia, ambaa reservadas por muito
tempo e ambaa (destinadas ao feliz correspondido. Elias são baf-
tente seoa veta á liaonja e ae or^^ulham de ser paulistaB ; aâo
ineicediveiâ nas pequenas intfifras e, como má foi contado, par-
tilham com flS mulht^rea da Buropa o gosto pelas superficialida-
afs, mas silo menos constantea que estíis. Rura^ vpkks oçcupam
CArraní^em nos seu'^ passftioa ao campo ou viíiirens maiores, ]ire-
>&rem montar a cavallo, no qu« térn grande habilidade, Quando
Contam, vestem nma saia comprida que Ihaa esconde os pés, com
gela vermelha o enfeitada de galões ou de bordados a ouro. Aos 13
fia 14 íínnns cosrumam casar o é rai-o ver uma paulista solteira.
Cada tftrra tem seus costumes, a?8Ím também S. Paulo, e
em poucos logftres a poJidex é maia exairg^erada do que fiquí.
Qaindo um estrangeiro pela primeira vex visita uma familia,
^ fecebido pelo dono da casa que lhe oiíerece a « piili amixflde,
*éO coraçào © a na casa, como ai ffvssQ a delle», o qut? de modo
•tenham deve ser tomado ct mo uma simplea formula. Quando
* bospede s» retira, o dono da casa chega primeiro á porta, não
pMra dizer uma amabilidade^ rra^i para mostrar que o hoBpede é
o ri*ino da caaa^ acompanha- o ate o ultimo degrau e, muitas vezes,
até é rua. Isso é tào comtnjim, como o ó o costume de fazer
|>r«»pnte d*' mu objecto que a peasoa gaba; p. ex. na viagem
áa minas eneoatríimos um cavntfio Ferreira que montava um
CAvallo bonito e He excellente andar e como eu [mr acaso o digaesse,
quiz elle presentear-me com o animal, do que com uitiita difi-
culdade fMidfl declinar. Taes ca^os se dào frequentemente e no
começo embaraçam muito os e&trangoiroa, que, por iíso, aSo tido»
por menoa bem educados*
k
â
— 290 —
O tempo pae&a depressa num paiz onde se go^am tantas
fínezas como em &, Paulo. Faesamos uma semana inteira em
divertimentos, entre ci qnaeii, sLém dt bailes « theatros, devo
mencionar um passeio campestre a caTailo, org-anizado pf-la Mar-
quesa de Alegrete, da cidade até o outro Jado do rio Tietá, onde
pasfiamtB um dia inteiro brincando, Muitas senhoras casadas e
moças bonitas compunham a comitiva que, toda unida, partiu da
eidade^ acompauliada por um enxaire de ordenança» e criados.
Um outro dia o g'OverDador i^ernl ordeuou manobrai da^ tropas
no *Can po da Santa Lns!»» a que alguns milhares de pessoas
vieram assistir, a pé. Os uuiforoies das legiões e os seus mo~
vimeotos mereciam todo o apjtJauío» distinguindo-se especial-
mente a artilharia. De tropas extra nhãs havia um regimento
de cavallaria de 800 homens, das mitias de diamantes de Minai
Geraes, provavelmente um dos mais brilhanreb ret^iuiebtt s do
muado, o qual estava de passa ^rem era S. Paalo para se ajuntar ao
exercito brasileiro, acampado em Paraguai, perto do limite com
o domínio da Ef^panha. Todo o metal nos arreios ora de prata
massif^a e como elles pertenciam a fatriilíaa mineiras naquella
rica província, eetavam equipados em correspondência. Conta-
ram-me que no regimento nenhnm homem havia que não tivesse
a EOmma de mil coroas na algibeira. O seu comportamento tam-
bém era o melhur possivel. Do campo de ,exercicio e, acom-
panhando as tropas com musica e bandeiras desfraldadas, se «^ui a m
todas as damas e cavalheiros que^ em numero de 50, tinham sido
convidados para passarem a tarde no palácio.
No dia '23 cheg^ou a noticia da entrada do exercito rnsEO
em Berlim o na mesma noite fegiejou-se este acontecimento com
uma repro^enta<:ao no tbeatro particular que o Marquez tinba
construído no palácio e onde estreiaram somente os seus ajudantes
e algumas poucas damaã No dia 24 Feguiu-seum ^aude jaiitar
com concerto e brilhante baile de noite.
No dia 25 omprohendi a viagem para as minas em compa-
nhia do sr. Elboque, tonente-coronel em S, Paulo, o ajudante-
^eneral sr. Daukwardt» capitão da artilharia montada ^ o sr.
Huntley, eommerciaute ing-les. além de cinco creados e uma es-
coita de dois dragões e um sar^^^^eato que por ordem superior
tinham de tomar conta de nossa bagagem e prestar os servif^os
necessários. Todos iam montados, inclusive o conde v. Pahlen
e eu. O caminbo seguia na direcção sul atravesBando Jaraguá,
Ponamduba, Itu^ Porto Feliz. S, Joào de Ipanema, Sorocaba»
Cotia e S Roque, ao longo do rio Tietê que |iaíEumrã em vários
logaree por pontes compridas. Para níio ficarmos surprebendidos
por homens ou aaímaes ferozes, guardamos a seguinte ordem :
1," dois creados pretos; 2.* o sargento ; 3.* os viajantes, dois r
dois, de modo a podermos converb-ar ; 4.* tros ciiudos com a ba-
gagem, covinha e cantinas ; 5.^ dois dragões, todos com fuzis,
Tietê é um rio especialmente curioso, porque corre do lito*
^
— 291 —
nH pira o interior, onde se torça maífr fando e mais largo, ser
TÍado de commuiiicaç&o entra Uio» Santos e S. Paulo ao norte
• 01 díitrictoft riÊOs de Cni&bá, Mato Gro&ao, Paraguai, Rio da
Prtíâ, Potoú, Cbiquiiaca e uma grande parte do Peru, ao sul.
A< mas miirgend sÀo encantadoras, Tietê tem 23 caclioeiraB que
tsi^mím difficil a víageno porque em muitos logares é preciso con-
dmir por terra úè canoas, únicas erabarcações que serrem pnra
«it« fio. Elle une-fte com rs rioi Paraná ^ Pardo, Sucuriú e âo-
f acaba e, ha poucOí o governo deu ordem para i*xploral-o por
Ubei$ officiae^ de marinha, doa quaea esperam-se iutere^aantes
Jar&grtá, que pertence ao ex- governador Orta (fíortaj, é
eoahecido pela quantidade excepcional de ouro ali extrahido La
ÍOO innoa, quando era considerado o Peru brasileiro. Hoje, po-
rém, n&o é assim, apesar de continuar a eitracçÃo- O terreno
io ledor é monf^anboao e desigual ; a própria montanha parece
composta de gneiaa cora hornblenda cuja auperficipi e vermelha
e contêm ferro. O ouro é encontrado em «stratos» de pedregulho
tom oure, chamado* «cascalho» que se retira do morro com uma
picareta chamada ralmocafre». É&te cagçatho é coUocado em ba-
eiat de madeira, denominadas «batéas» onde é lavadn com roovi-
oento constante e despejado pelos negros que durante o traba-
lho (icain no meio do riacho que é regulado de modo a nâo ter
kCórreatessa demastaja, Ã porçáo^ que é lavada cada vez, pode eer
de Uíins 6 a 8 libras e compõe-se de quartsto, pyrítet e oxjdo
ds ft»rro. O ouro que contem fica no fundo pelo propilo peso
Hpiídâco e differe muito em quantidade e tamanho de «uas par-
tieulas d^s '^uaes algamaa silo tào pequenas que bóiam, ao paaao
f[ik^ outras chegam ao lamauho de uma ervilha e Até maiorea. A
^Jili^çào do trabalho é feita por i spectoree que, para bem
imt&r os negros, estàa aiaentadoa na fombrai num lo^ar alto
perto do trabalho. O processo mais commum é seccar o ouro e
fíitregal-o ao ofiScial que o pesa e tira um quinto que é para a
cfirrva. Depois fuade-se o reí-to com Murias llydrargyri em forma
d« barras que sAo quilatadas e marcada» pelo i^eu valor intrin-
ISCO, 4o qual dào una att stado impresso que sempre acompanha
A barra. Agora não é mais permittido deixar circular ouro
Btti pó ou em barra, porque todo elle deve ser amo^ídado de
ae^rdo com a moeda do pais que peto eeu valor exacto é entregue
pelo bfluíio. Jaragmí tem grandes terrenos, extensas matas e boa
caça de veado* uhambús, e outros animaes. A lavoura, que se-
^'-niii á TOioeraçào do ouro, tem feito grande progresso e o trabalho
é executado por 50 negroa ou escravos qu« aqui, como em outros
logare^^ pertencem ao inventarío e fSo vendidos como o gadOf
vmiendo actualmente 200 ríksdaler banko ( I5(.$í't**'')'
à mina aurilera de Ponninduba ê menos exploiada do que
Jsraguá por falta de agua até agora, mas é mai^^ rica. Um terço
desta min» é propriedade do sr. Daukwardt qtie, por ter reben-
- 292 —
tado e removido nm grande morro que até então impedia a a^a
a vir, deu a es^a uma direcção conveniente que prometteu ao»
proprietários uma rica extracção. Rebentar morros com pclvora
era tão pouco conhecido que, antes de ceder ao sj. Dankwardt
a terça parte pela direcção teclinica dos trabalhos, o dono pri-
mitivo de Ponamduba julgou poder destruir a montanha por
meio de grandes fogos que aqueciam a superficie, sobre a qual
depois deitava-se agua, mas como o eíFeito era insignificante,
esteve quasi a abandonar a ex])loiação. Todos os pequenos
rios nesta zona contem ouro n.as tão pouco que em muitos le-
gares não vale a pena empregar na extracção mais do que um
ou dois negros, ao ptsço que a lavoura está completamente aban-
donada. E' triste ver ermo está inculta e deserta esta parte de
S. Paulo cuja fertilidade roduziria cem por um e, num clima
tão saudável, ao passo que o proprietário com sua sede de ouro,
vive na necessidade de tudo e encara com indifferença a riqueza
que a natureza lhe collocou aos pés. E* tido como remunerador
o trabalho que rende ao dono uma pataca por negro e por dia,
porque a manutenção do negro é avaliada apenas na terça parte,
o que, calculado «obre um grande numero, dá um bom lucro,
razão por que, tanto no campo ccmo nas cidades desta capitania,
pessoas ha que empregam os seus capitães na compra de escravos
que, trabalhando para outros, constituem o seu único mas rendoso
meio de vida. Mais longe e antes de chegar á cidade de Itú, o
terreno é cultivado e todos < s campos são ornados com planta-
ções de canna e ao pé de cada rio encontram- se engenhos e
alambiques, que são movidos por agua. Os valles são cheios de
gado e satisfação e bem -estar caracterizam tudo. Itú tem uma
bonita cathedral na qual ha bons quadros da historia da igreja.
Convidados pelo vi«;ario, c< m quem jantamos em casa do capitão
Marcellino, para visitar a Cathedral, mandou elle repicar os sinos
á nossa chegada, mas não o fizeram, porque um outro prelado,
que nos devia receber, l^mbrou-se que esta honra de modo ne-
hum podia ser ft^ita a dois lierejes do norte, como éramos eu e
o Conde. O vigário, acostumado a ser obedecido, mostrou visível
descontentamento, mas não p(dia de forma alguma fazer o seu
collega concordar nesta fineza para comnosco. Ma^ quando elle,
finalmente, lembrou-lhe um trecho da ultima noticia que tinha
vindo da Europa, de qu'^ o principe de Kutusof! tinha mandado
conduzir a imagem de Nossa Senhora deante do exercito russo
quando ia combater os franceses, os inimigos cruéis de Portugal,
e forneceu assim a prova mais evidente de que os russos, como os
outros povos do norte, eram catholicos, o collega, apparente-
mente convencido, pediu humildemente desculpa e gritou para a
torre: «toquem, rapazes». A altercaçAo entre os dois eccloi-iasticos
era di-stinctamente ouvida, mas os hinos dobraram em Itú e nós
sahimos debaixo de bençams.
Viajando pelos arredores de Itú é impossivel n&o notar qae
^ 29H ^
tod* a geatd áa clasie baixa ti aba os dentes íncmvoi perdidon
ImIo HM eóniUate da caana de as^ucaff que aem ceisar chupam
6 conserram na boca em pedai;oa de algumas poll,^gadas, Quei*
em catt, qaer fura delU. nkn a Urg;atii e é poã<,Jv6l ^uq tista
lambeiú st^ja a causa de bav^r aqui tmiia jj^^nte ^orda do que
era outros lo«far©^. Â ctaik^e âuperior gosta eg^ual mente de doce,
peb qu^ recebeu a nleuuba «luel do tauque» iiíto é, o melbor
mi^l^ido produzido tia tabrica^ào d) assucar. Oi próprios bois e oa
barros ijimbem parti c i P'Mttii dií inôãinft iiJcli[iHi;.ào e Êocoíitratn-Ee
«Ued, tal qual stiOã crniductoreâ, m.'iati^ai]du cauna. E* um re-
ffe?Hco para todos duraute o calor
à elepbaadaãía é utaa moléstia bastunie cornniain em Itú
e é crença jçeral que ella se cura nitíJhor com exortações © pelo^
saatcis do que pela luedícma^ Ã cau&a doate mal ainda nào
está descoberta.
Em caminho visitamoe a citiihecíila eacb^>fira do Tietê de>
rK^mlnada «Salto áo hú* que tem uma exteiis&o de um quarto
d« legita com Lar^curji c^rreiKpoiíd^iite, parect^ndo destinada pela
lUtnToea para grande §i fabricas e sem muito trabalho, Mos ape-
Nir dl 40 € apesar de que ii!< açudei, que no BraaíJ cut^tam tan-
ti trabalho, já eii-tom ptslo aci* \ não ha nesta ímmenha cachoei-
fh mais do qne um só rooajolo para snear milho
Beis leguaa de Itú e à margem do mesmo rio, está a cida-
de d^ Porto Feliz donde partem todas as expedií^Ôes miUtarea
quiiido ae diri^fem para o sal, ao Paraná, Mato Groa*fi f^ Rio
Grande e que r+^ceb^m d\iqui o ferro ^ n sal, a munição e o ves-
toirio que o governo anouilmente ftrnfce p:ira as tropas. E*-
U?am aqui varias diriâôes du e^tnóa^ çr^ndes, deatioíidat a
uma ex[iedi<;ãi ses^reta mandadt pelo miuigierio de d. liodrigo,
C<md« de Liuhareá, pre-^id^ote do conselho e míniâtro da fruerra,
roíí, por iua morte, foram as canoas "guardadas em telheiros
propNOft. Em cada canoa cabem 80 bomnns com armas e tudo
neceaaari j, menoâ a aj^uat e todas sàn feitas da precioíia «peroba»
de cujfi tamanho pode faz«r-8e uma ideía cabendo que uma
caaôíi dest:i8 é feita do nm só trnnco. Ao pé da cidade ha a
gr««.íe mftotanhíi calcarea denominada «Ai ara Ita^^uaba», nome
esta que coinerva do t«inpo d-s Índios e qner disser : «comer
eal» piífque, nos mese» de janeiro e fevereiro chfgam aqui
milharffi de pi»pnga)o^ e cmtros fm^saios rimericanos que comem
c4l HQtes de poreio os ovi.a. Em Fortn Ft^liz estávamos bos-
pedadoâ em chs.i do ca[titào Ferreira, (IJ irtoào do couef^o Fer-
reira, de S. Paulo e» como ellti, cumulou-ntK de fineí^as* A uma
légua dti ci iade fomoã recebidos i elo capitàu-mõr ("abreviaçàu de
■major» ) ou primeira autoridade e variod officiatifi que, junto»
com o capitào Ferreira, do mesmo modo, nos acompanharam na
El| C^kpltlA Mieu»l Perrelri de Oliveira Basno^
K, da R.
- 2Ô4 —
p&rtida. Tivemos aqui, pela primeira vez, a felicidade de almo-
çar e jantar mn campaabia daa seiílioraa da c&ea. Em todos o§
outros lo gares estava moã sempre a sós coui o dono da casa e ob
cumprimentoi recíprocos eram feitos por interine diários.
Um pouco além de Porto FelÍK dt^ixamn^ o Tit^té para uos
dirigirmos directamc^Qte ao rio Sorocaba, que passamos em canoas.
Os animaes passaram a nadoj amarrados ud& aos outros pela cauda.
Aqui começa a ver ladeira legiào da eiploraçfto mineira e por
toda a parte ba ouro e ferro, porém nào em tal abundaucia como
em S, Joào de Ipanema a al^^^umas léguas distante onde, naoia
extensão de 10 le^uag suecas, se encontra um minério de 80 a
85 7í de feri-Of á Hõr da terr.t e com raatwH numa ei tendão dupla*
Ha varioâ ânuos tuucciona aqui uma iabiica. actualniente diri-
gida por um sueco, sr. director Hedberg Na mesma occasião
organizaram -se mais duas fabricas de ferro, uma em Tijuca peio
Barão von E^chwoge, da Âllemanha, e outra em Minas Geraes
pelo afamado mineralogista sr. da Camará, que o mundo £cien-
tifico conhece deéde as suas viagens pela Rússia, Suécia e Alle-
mauha. Mas nem uma nem outra tem dado bons resultados
para os proprietários. A superintendência de Ipanema é exer-
cida por uma «junta», de que o director é membro, © o capital
de movimento está em acções de que o governo posaue um terço..
A fabrica é situada próxima ao no B^^rocaba que fornece a agua
necessária e eetá projectada para trabalhar com dois fcíllps e ò
fornos, doã quat^s um deve estnr era descanço. O trabalho é
executado por ct*m nef^^roa^ além do» creoulos. Oa açude* sào
feitos de pedra lavrada e toHas as fibraa interna a aao feita» d&s
mats lindas rna4eira& do Brasil, cortadas numa serra bt^ru mon-
tada e por meio da queda dagua do próprio rio conduzidas até
A fabrica. O logar mai^ rÍC0| poréin^ ó a montanha chamada
cGoraçoiabai, ordinariamente denominada «Morro do ferro», a
meta le^u» de distancia da fabrica com a qual communica por
uma estrada nova e larga* Em relação ao fabrico do carvão, jul-
gava-se por muito tempo que as madeiras brasileiras nâo preíttavam
por eauaa da âua dureza, porém a experieDcia do sr. Gamara
convenceu do contrario. Ima^iuava-se também que a fabricaçÂo
de ferro no Brasil prejudicaria á Europa e supplantaria a im-
portação da Suécia, porque o aproveitamento dos recursos pró-
prios seria de grande valor, caso uma guerra entre a Ing^laterra
e aa potencias do Norte irapediãsem a exportação dos artigos de
primeira necessidade, I«ínorancia to]jographica foi a ca ui a desta
opinião errónea, ou, seria i^so um meio para afTa^^tar a concur-
reiícia ? Em todo o caso desperton-me a atteuçân e para melhor
conhecer aa condições fui mais umas 20 léguas adiante. Ferro
em quantidade somente ba na capirania de S. Paulo e, si alguma
vee as fabricas forem aperfeiçoadas, havendo alguma aobra pam
vender, será necessário transportaUa até o porto de exportação
mais próximo que é o Rio de Janeiro, ou eutâo» ao longo da
— 295 —
costa que tem 300 léguas e, neste caso, o processo é o legiúate:
&m [panem A o ferro é carregado por atiimaes, pgr causa da falta
de boas estradas, até a gerra do Cubatão otide desce 7000 pés
iinrii declive forte, de modo que a carga nao pôde ser grande.
De CubAi&o, onde %ú paçam direítoe por âer a alfandega arren-
dada, o ferro é conduzido al^umftã lei?uaB em canoas até á ci-
dade dt;. Sautríg, lo^ar em que é baldeado de novo pára pequenas
erabarcaçdi-n coberta* para ser condazido por 30 léguas ainda até
o Rio de Janeiro, oude, finalm^ntn, rode ser eiportado* Con-
flídernndo agora que todíi este traballio é pago em ouro, Tê-%e
que o ferro fica tàn caro que t>âo pôde dar lucro uenlium, mór-
tnetit« quando já exii^te uma exportação remuneradora d@ café,
istucar e couros e não pode concorrer com o feiro europeu em
preço Segiuado o meu m^do úe pensar, o resultado final dos
nov'03 projectos, isto é, n fo em executados, sei á apenas qije uma
das maift interessantes provincias do globo, poderá produzir para
si todo o ferro de que prèeisa.
Duad léguas daqui está a cidad« de Sorocaba, que tem o
seu nome dõ rio que a atravessa. E' muito empalhada, mas es^
cassamente habitada, sendo noíavel por seu-* cortumes de couros
de cabra, suas redes de algodão e a grande renda que a coroa
aqui arrecada do segundo imjtOÈto sobre todos oa cavallog, bestas
6 bois que, em estado selvagem noã campot, ^ão conduzidos até
aqui, para irem á S Paulo ou Rio de Janeãro, O primeiro
imposto é pago em Curitiba na divisa da capitania. Roapeda-
mos nós todos em casado coronel Franci&co de Aguiar, um homem
abaetado que põz uma casa inteira a nossa disposição e nos re-
cebeu do modo o maia amável . Em Sorocaba mudei do in-
tento de continuar nesta direcçáo, onde já vi o mais interessante
e deliberei, em vez disso, vistrar as minas de diamantes em Minas
Geraea na companhia do Conde de Oyenhíiusen que fazia parte
das tropafi a]Ii, o que necessitava novo equipamento e novos
animaes, porque os que tinham servido até agora já estavam
imprestáveis. Um acontecimento infeliz, porém, prívou-me de
fazpr esta viagem para uma das mais rica a paites partes do
Brasil e a mais interessante para o míneralogista. Voltamos á
S. PbuIo por Cotia e S* Roque e cbí^gamoa no dia 5 de Junho
de tarde, recebeu donos abí o noa^o amável hospedeiro sr. cónego
Frrreiía que estava completameTite paramentado (in poniificúlibns)
para o Santo Officjo na cfithedral, convidando* nos para assiíitir
« ouvir bfsh muHÍça. Tudo estava em movimento para no dia
ieguinte feâlejar o Espirito âaiito, correspondendo á nossa festa
de Corpus Chrieti, com a diíferença, porem , de que em cada cidade
uo Brasil e também nas aldeiam graud^â, ha um chamado im*
perador, eleito por sortf^in que, por meio de subscrifujâo mantém
em ;>ua caáa mesa lauta durante os dias que a festa durar. O
imperador preside a esta mesa vestido de coroa e manto com
brilhantes e sceptro na mão. Durante estes dias gosa elle de
— 256 —
ioJas as honras; as tropas Ibe fazem continência e na igreja
elle entra em prociss&o e tem o primeiro logar. Numa caminha
de madeira construída expressamente na praça da igreja e bri-
Ihan temente pintada, recebe elle, as&entado no seu tbrono, as
offerendas que lhe são dt-yidas e que em geial c(>nsi&tem em
victualhas que depois sào repartidas entre os pobres. O ofler-
tante apresenta a sua offerta na cabeça e ajoelha diante do
tbrono; o imperador agradece, fazendo o signa 1 da crnz. Tudo
isso é eflfectuado com tal cerimonia, tal ordem e tão circumstan-
ciadameiíte e todos tào tào ricamente vestidos que parece ani» §
uma festa asiática. A festa começava crm musica na cathedral
que estava esf>lendidamente illuminada e onde encontramos todos
os nossos conhecido-». Fogueiras e rojões haviam em todas as
praças e, a noite passou- se em casa do imperador, que era moço
e cujo pai antes tinha exercido esta dignidade durante muitos
annos.
O dia seguinte, <»u Corpus Chri&ti, passou-se cm diverti-
mentos que pertenciam á fe>ta. O próprio bisj»o disse a misFa
cm duas igrejas onde a musica era excellente. Todas as i-enLoraa
estavam ricamente vestidas com sedas de cores e C(m flores em
vez de mantilhas, como costumam, com rendas largas e que ser-
vem especialmente paia ir ás igrejas. Os cavalheiros todcs tra-
javam uniform s de gala. O governador geral tinba logar se-
parado onde estava com o S3U estado -maior e, de fronte delle,
sobre o seu tbrono, estava o joven imperador « om coroa dou-
rada e uma grande corte. Durante toda a cerimonia leligiosa,
que nào acaba vi autes das 4 horas da tarde, a guarniçào pelo
lado dn fora, apresentava »s armas e Hava salvas com as espin-
garda-, e rojões subiam aos ares. No liiesmo dia os monges
franciscanos davam um jantar para cem pes>oas, sendo eu e o
Conde v. Pahlen convidados, mas, como já estávamos convidados
para o grande jantar que o imperador dava, ficámos em posição
difficil, tanto mais por desejarmos muito assistir ao jantar
no convento, o que talvez nunca mais teríamos occasião de fazer.
Por isso foi feito o seguinte arranjo : todas as damas iriam jantar
coai o imperador e os cavalheiros com os monges, para depois
encoutrarem-se de tarde na casa de sua majestade. O convento
é espaçoso, limpo e bem situado. O bispo recebeu os seus con-
vidados num grande salào onde elles com genuflexões beija vam-lbe
a mão, o quo o próprio governador geral também teve de — ap-
parentar j)elo menos. Durante toda esta festa o governador dava
o lado direito ao bispo, apesar das iiices>ante8 recusas deste.
Aqui, como em toda a parte, a conversação tinha por assumpto a
guerra contra a França e o ódio contra Napoleão que nem aqui
é livre das maldições do j)ulpito e que nesta parte do mundo
certamente nào tem um só partidário. E' necessário lembrar que
isso era em junho do anno passado (1813). Finalmente tocou
a campainha do refeitório do convento e os convidados foram
- 20f -
conduzidos p^r ntn comprido cnrrednr até & sala de jaatar, oode
toioa fte asseii taram ao longru dtí uma immeusa inesit que quasi
Terg^ra debaixo do peso do que poita hav<'r de superior & me<
Ibor nesrn term^ Etii todo« os cnntoâ da $aln b»via m^gH» para
oi trinchHdoreH. O «erviço era feito ex^luáí vãmente por noviços
e bebi&m-se oi melh^ire^j vii)íin& eur. peus como ei e^tive^sâemos
em quiitqai:-r capiut do vplbo coiitinentH. Nào poBt^o ne^ar que
o jantar era tào alegre e livre como ÍDieres^arite ppr sua rari-
dade, e tÃo pouco po«4o tie^^ar que debaixo de»iaa sotftÍQaa negras,
que eto geral se dUting^iiam pi^la tristeza e meti^ apreso do
[DUodu e doi boinea-; eu f^nc ntrej pct^soHâ distinctas, nhú aó-
mente instruídas, Ci mo ínteiratrente re.^ peitáveis na eua vida
íocíaI, àb ^HÚiÍe4 maÍ4 notavt^ia eram: depois do briade em
honra da Real Fauiflia d» Bragança, aa v.m bonrn das nações
que enfrentíivuin o Napolt-íko — a rws^a e a aueca e, em psra
iDÍm immensttmeuie a^^r^davel rào lon^e ân fiatria. etn tal
coiíipanbta o em inl logar, ter a felicidaitt du btiber a í-aúde do
mnu rei e do grande prineijKs eujoã feitcs foram PiialD eidos
aftate novo inundo. O jatuar atíibiín com café ài 1 bovaa da
noite, depoit' do qoe, fomua convidados a uma outra gala para
& sobremef^a, cuja quftiilidade pagina toda a d+^âcripção. Nyína
irmiiiie mei^a quadrada estiavam »i'rvida.s todaâ lu frutas e todo!»
<^a viobod da Ãmeriea do !?ul, acompanbadcig dt<» mai^ liuuís vinboj
europeus e cervejíi branca e preta, o que aquj ê uma jt^raude
raridade, para cuja ctn?ervaçào sao necesburiíis boaa iideg'a,i,
*ío centro da mesa a tígurfi de umEi mulher rrpreaentava a Ame-
rict com uma cétita dt^ fmtjis numa mÂo e noutra uma pequ«^ua
gwmfa de viuho; flo redi>r delia» íormando ei^cada, bavia ama
P*Jf(;&o de doees Bft:t;o* t^nvoltos em piípt^l de cores, o que muito
'^ prt^atava par» pres#»ntetó áà damas, THZho por que a pobre Ame*
Hca foi l^g-o despojada dog tbesíiuruí- doces que «guardava e s
V^esa levada p^ira a j»ociedãde ira|>erifil oode servia noa jogos
oa pieodii^^ muito em voj;a em S. Paulo,
E' costume ir ver os ricoB ornatos do imperador, e^-peeial-
íoente e&pera-»e isso d(>a ealrnugeiros, A coroa é de ouro mas*-
*iço e muito b^m trabalhada; peaa 4 marcus (949 r^^-ammaa) e
peiteii«:era ao« jt^suit^s que por oceasiãu da aua ex^mUào a ãv.i^
laram no muru d© um ronyeuto, onde íbi achada eom outros
Falorea. O sceptro também é dti ouro mosaico e pesado *^ omaiiio
é de seda branca com fielle*, eiHi-tetlado de [H-dm* preciosas que
provavelmente nào [>ertencem ao im[ terá dor e píl » pedidas jtor
prnpre^timo para a occa>iào, porém tudo é muito brilbuiue. Xo
dia 8 houve a fe^-ta do imperador na víUa de Santa Anif^r (Santo
Amaro), três le;íua? de S. PííuIo, e para a quíil tinha sido convi-
dado o g^overundor cum bua íamilia, assiui eunio todíts aa petisoas
gradas, p"*lo vijs^ario que teve a b «ndade de também noi* convidar*
Os convidados formavam uma caravana muito g;raude a ca-'
vaUo e de ambos os sexoa e, apesar de cahir uma cliuva forte,
— 298 — !
todoH preferiam & moataría ás carruagens que apenas tran&jior-
tavam al^um^s sânhoras idosas. Ã festa estaya brilhante dm
Santo Amaro que tem uma bonita igreja e, depaiâ do terem ea
treguea m offereadas ao imperador e s^aciado os pobres, paE^samos
aqui doía diaa em divertimentos com canto, muaica e dan^ que
sempre acabava com serenatas de ooite em honra das damas^
depnis de estarem já rocolbidíis aos seus aposentos. O vigário de
Saoto Amaro é um prelado illustrado que na aua parochia tem
introduzido muita cousa ntil e é por íbho estimado e amado por
todos. No^ dias 10 e 11 arranjei todaít as collecções que liuba
feito em S. Paulo e dispúj tudo para a viagem á iMiiiae Geraes.
No dia 12 toda a sociedade foi cimvidada p^ra um baile de des-
pedida e ceia que o Conde de Pahleu, eu e o sr, Dankwardt
ofTtíreciamua em recnuhecimeuto de tudas as gentítezas qne nos
tinham aido diapenfadaa. Por causa do eapa;o, este baile te^e
logar na chácara do coronel Wnrtzé e que pelos cuidados do
sr. Dankwardt foi muito bem illuminada, tanto dentro como fora..
Aã honras da casa, conforme o coatume da terra, foram feitas
pelas eimau, aenhora» dona Maria de Loureiro e dnna Mariana
Velasco de Portug^aU que tiveram a bondade de iucumbir-âe
desta tarefa, contribuindo muito para a bnn ordem de tudo. Os
convidados, em numero de 150 pessoas p pareciam todos satíafeitoa«
Entre as danças executíiram-se lindos trecbrs do grande com-
positor do Rio de Janeiro, sr. Marcas de Portugal, modinhas
brasileiras e outrai* musicaa e cantos bonitos. A* mcía foram
brindados a Família Real, o g^ovemador f^eral e as panlmtas e o
bai)e continuou com aerviro ininterrupto de refret^coa até íJ horas
da madrugada, quando o% convidados se reiiraram^
No dia 13 deixei S. Paulo, onde o Conde v. Pablen ainda
ficava e, em companhia do capirào Dankwardt, nm conductor e
dois creados parri pjtra o Rio d© Janeiro por Cubalio e Santot. Na
meama noite chegámos á Ponte Alta, perto áti cordilheira, onde
pafisf mos a noite, pretendtjndo s -guir viagem logo cedo quando o
meu creado, um europeu, teve a louca lembrança de nos assassinar,
a mim e o sr. Dankwardt, de noite, quando dormíamos. Depois
de ter fechado as portas e as jauellas, de modo a n!lo deixar
ninguém entrar nem sahir, correu elle para o nosso quarto e
cnra um sabre começou a ferir o sr. Dankwardt, em cujfi au-
xilio eu, sem urn momento de hesitação, corri ainda meio dor*
raindo. Dua^ craves feridaa na cabeça duas no braço eiquerdo
e uma contusão na mào direita, de mona travam que o aseasaino
infelizmente aproveitara o seu tempg^ Hepuj^nando-me esten*
del-o com ura tii*o de justola, í^mqufinto ainda tinha esperança
de impedir o seu intento pela força pbysica, continuei esta luta
desigual, unicamente com as minhaa máoa para, si posai vel fosae,
ti-ar-lhe a arma e pren del-o, o que nào couseg-ui emquanto
nào quebrHÍ o sabre com golpes furioaoa. Meio desfaUecido
pela grande perda de sangue nào pude evitar a sua fuga, porem,
-^ 2d9 ■-
DO áuL Bd^íntô 09 doía soldados que lhe matidAmofl ao encalço,
ú jieharatn trepado numa anrore uiidc» tinha pnasadi> a noite de
inedf> da^ onças que nestzia parageaã pouco atacam as petsoaa
pacificai^t Qíiaado deu eutraaa na eadem de 3. Paulo teve um
accesso de furU, pelo que foi transportado para o hc apiul. No
iaquerito úcou variticado que elle pretaudía jiriíneiro atacar^iioa
á pUtola, e como ©4tíii eeuiTHDi mu »idas de fechos de teguraníja,
que elLe oào enteadia, temos motivo de attribuir a isso a uosaa
uivaçÃo.
As extraordinárias provafa de amizflde e de interesfle que
tive, tanta do governador geral Marquez de Alegrete, como de
muitos outros panliataã, aerào sempre lembradas com a máxima
gratidão. Poui^o a pnuco vetraram ai» forças e continuamos a
^«gem serra ubaixo ond^, na divisa da capitania, separei-me do
ir. Daukwardt que voltou para S. Faulo, porém devido a mi-
nha moléstia, só che^^uei ao Rio no dia 12 de jullio. Já tÍLiha
chegado a noticia do acontecimento em Fonte Alta, com o
triste augmento que no caminho eu tinha falleeido das cou&e'«
quencias.
Em nenhum paiz do mundo encontram-se tào poucos aleija-
dos como em S. Paulo e n&o me lembro de ter vi^to um só
durante minha viagem ne^ta capitania, que tenho de concluir
ag-ora com as seguintes observações.
Além da sua poiiçào íavoravel e salubre, S. Paulo tem em
si mesmo em abundância tudo quanm é iit^cessario para o bern-
es tar e pode-se t*?r a certeza de que onde existem ne^-essidades è
í^io devido á Talta de vontade paru trabalhar e nào de oecasiâo
para ganbar e adquirir toda» as cnminodídades da vida Tudo
ali ha por preços reduzidos, com excepção de rouj^aa paraatnbos
os aexos, por ser artigo de imjíortaçAo, apesar do paiz produzir
1& e algodào em abundância. Quando São Paulo compre-
hender a utilidade das fabricas e chegar o tempo da sua
inatailaçâo, eata capitania terá dentro de si mesma tudo quanto
é preciso para ser independente de todas as mais. Uma casa
na cidade, sufficíente pai^ abrigar decentemente uma familia,
nfto custa mais do que 600^000 e nenhuma difficuldade ha em
encontrar uma chácara perto da cidade pelo mesmo preço» oode
pode produzir carne de toda a qualidade, toucinho, peixe, quei-
jo, manteiga, legumes, toda eepecie de frutas própria» do ciima,
gallinhas, pombas, marrecos ganços e perds, além de café, «ssu-
car, aj^ua-ardente, vinho, milho, pimenta, arroz e mandioca e
ainda lâ, algodão, etc, O gado, nos lof^^area onde se pratica a
industria pastoiil, é do mesmo tamanho que o gado ing^les^ porém
na maitría das fa/^^Midas elle é menor. A carue è saborosa eo
preço commum de um boi é actualmente de 2,5 a 8 mil réis
quando conduzido para a cidade e apenas a metade no campo
As vaccas parem em geral dois bezerros cada vez (síc) Na
província do Kio Grande, o gado é tão numeroso que um boi
— 300 —
é obtido por doas patacas e em muitos logares abate- sts o gado
unicameiíte para aproveitar o couro ao passo que a carne é
deixada para os cachorros bravos que percorrem e^Has paragens
do Brasil. Âli, mas somente naquella província, a gula tem
intr duzido ura modo extraaho de preparar o roastbeeí. Do
animal, ainda vivo, corta-se da coxa uma comprida e grossa
tira de carne com couro que se costura e assa no cbào sobre
um fogo brando Ficando com todo o sueco natural, este prato
é bastante saboroso. » s pellos s&o destruidos pelo fogo, de forma
que o aspecto é agradável Este costume, porém, só existe entre
as familias noraa IhS, viajantes, caçadores ou negros, mas, como a
civilização e os costumes europeus já se espalharam ue^te paiz, é
de buppor que ensinem áquelles vagabundos do Rio Grande que
ha também outros modos de preparar a sua «grande francesa».
Os cava)lc8 s&o excellentes e existem em grande quantidade
desde 7 a 8 mil réis, sendo eutào já domados. Sã) apanhados
bravos, como oa bois, por meio de uma corda com um nô na
extremidade, chamada Inço. Em pleno galope jogam este laço
no pescoço do animal que elles depois montam até cançar, ficando
então domado. A grande quantidade de cavallos produ/idos no
paiz é provavelmente a causa de todos os paulistas serem bons
cavalleiros, e é conhecido que como taes são respeitados pelo?
vizinhos e pelos inimigos. As mulas são apanhadas e domadas
pelo mesmo systema que os cavallos, e são geralmente empre-
gadas nos carros e nos transportes entre Rio de Janeiro,
Minas Geraes, S. Paulo, Goiaz, Cuiabá e Curitiba, onde dia-
riamente se encontram grandes tropas de ida e vinda, em geral
carregadas corn um peso de 300 libias que transportam na dis-
tancia incrivel de 200 a 300 léguas suecas. Não imaginava que
pudejíse haver uma lucta egual entre o hora m e o animal, como
quando uma mula chucra tem de ser domada. Chama- se também
a isso «quebra-mula» e não se pode deixar de admirar a des-
treza com que os cavalleiros hábeis se jogam de uma mula para
outra ou para um c.avallo e depois os obrigam a aceitar o mais
apertado freio. Ella, a mula, joga sti contra as paredes e ao
chão, mas acaba por entregar-se, debaixo da applicação de um
par de esporas reforçadas São Minas Geraes e as minas dia-
mantiferas, onde a população c mais densa, que exigem a maior
parte das mer^iadorias e de sal, que somente det-te modo, por
falta de commuui<-açòes Tnais commodas. podem ser transportadas.
O sal é produzido ein Bayo. perto do Cabo Frio, e vem também
da colónia mais próxima das ilhas de Cabo Verde. O consumo é
muito grande porque fdos os animaes morreriam se não o rece-
be>sem diariamente, es])ecialnieute em S. Paulo observou-se isso
sem saber bem porque Por toda a parte ha criação de cabras,
cujo leite è preferido ao da vacca, mas a criação de carneiros
parece negligenciada, apesar de darem-se bem e produzirem uma
lã muito tina.
— 3ni -^
Fora dua rios ou das proximidades do mar, é raro encontrar
peíie. Os mais vulgares síLo i o dourado, a tainha, qae é muito
grordi fl boa, e o timbé. A creaçào de abelhae nilo é favorecida
em S. Paalo, apesar áet baver t^^do o motivo para írbo Rsistem
tnuítas, tanto eetvageni c* mo dome^tícíia e a maior i>í*rte do mel
e é^ cera é tirida dw arvorea fieas nnê flore&tsB* t-otitra toda a
expectativa, quiisi toda a cera consumida no Brasil, è ititnídu-
KÍQ4 dií colónias atricana» de Píirtugal
Ai niíita? abrij^ain muitos aniinnes bravios e perigosos dos
qiia«i o ti^re vulgar, o dgre preto, a pantlieia e o jnguBr eào
os miii^ commiins, com uma espécie àf lootta. De outros qua^
dfi|H^deã existem i o tamanduá que vive eiclusivameíTite de for-
DlJgpiSi a nntn ou tapir, dt^ cujo cour^ , deprtis á** ncco uo bol,
í*s inJíos fwbrieam os seus escudos, Í di penetra vtís pelns bíUas e
pelas flecha&j a preguiça, que tem seu nou e dn lentidfto de eeua
mo ímentoâ, pouco mais rapidoft que os do rararaujií, é muito
gí*rda e i^raiid»*, de cor citjzeuta e vive o maiw do seu lempo
TIA* arv-ores onde »e alimenta de g-itlb^ s tenro*, e folhíiSt pririej-
palmente d» embaúba. Tem-.^e ob-^rvado qu^ quBiito mfl h dt*&tfls
arvore» existem, mai^ pre^uivas ha A É^arigiien (rapt ia) ria tnija
dos gambás é o orríínde inimigo das ^':illiti|i«& e f^ua pr. ^ííriça
revi*la*8e por u n fí^dor iuâiipportavel qu« o m'U corpo txbata;
O f*Ufiço-t*aixeiro e o tatu qu^ vivo em snbterrfineos no enn^pos.
A Cftbeça e a caudu parirei na com as do lagarto e o corpo è
coberto de um coufo dum e imp«netravel, cnnm o çHâco da tar*
tarnga, A sua defesm está na* Inngaa o afiadas anhas. í^endo
uiuicfl g Bíofto come-se elle com praxer, pe!o qoe e muito caçado.
rer&eiíuido, fu^^a elle o chílo num momento « nílo se pej^ando por
um^i perua elle di*sftp|'arecfl, pr>rq»ie he ppgando peU canda e*ia
arrebenta mas o animal se livra, Exii^iHm maia o veado e o porco
do mato, que no go«to e na apparenuia, fis^emelha-SB a um
granrfe leítilo a o ppqueno t-amello, mne que parece muito rnro,
O viajante com niz^i} admira-s(^ do ^rindw unmero r.e ma-
eaeos qne apparecem nns mídíis e das proey.^B qiiRÚ bumai^aa^
2oe fte contam da Guariba; n ceito é que vivpm numft fsjecie
e sociedade e que sftn muito euriosos qui^ndo livit^ã, nas^ matas,
Qoando, dw minhà ci^do, ellea d^i^cem [^ara rí»ubar ii]j.uam roça
drt milho ou ura |*omfli% }iaeni &í»mpr" nos altos na vÍKÍnb>inça
sentinellns qae por gritos communfcnni a Hppioximaçào dí^ un ã
pessoa. Sendo neífli gentes, siio cas ti irados rfim varas si estilo
perto e com pedradas qunndo foL'-*'m, Numa ca cada curiftf=a, á
que sssÍFti. vi que as temeis quando lem de fugir de pressa,
tomara os filhos nos brj^çoa- Encontrando atvrree tAo di^t!lnt^'a
uma'* das outra» qae ufto alcancem o> galhos, a mfti joga-st^ fomo
um raio, pegando os palhos do outro Indo. e fnro>rando a cauda
onde eftava serve assim de ponte f>ara o filho. A simia senicidua^
ou mico realj ò do tamanho de um serelepe, muito bonito, porem
nfto vive ao norte do equador.
— 302 —
In&ectot hh muitas e entre elles o moBquito, rn&B que n&o
uioletta tfluto como no Rio. Fogem todos díi fumaça dos ci-
garros. Mais vuljLifar, porèm^ é o pequeno insecto que chamam
«bicboif em inglt^s chiggtr, que peuetra por baixo das unlias e
Das ru^as doa dedr>s dog pés onde fr rma pequt^nas boi las cheias
de Fenueft biancos tom cabeças pretas. Tira-se esta bolla cora
uma agulha, enihendo depois cv buraco com tabaco rm calome-
lauoB, opeiaçào esta em qua os neg:rpB sâo muito destros, E*
necessário dizer-sí* que o pouco aeseio é a principal causa deste
raal que não tein impoit.iucia no começo, O ^tande morcego
que os YÍajautes tau to tôin descri pto, câu^H muito mal ao gado
era S. Paulo. Tem 12 poli e*;:» das de comprimento e as azas tem
de 4 a G polleg-adas. A língua é muito pontuda e munida da
eipiabo». De noite a-ís«nta-se no hombro do& cayaltos ou
muares e^ furnndo a veia do pescoço do animal, ãuga-lhe o
sangue que depois continua a correr e o animal âca coberto
delle. Durante a sucção o morcego abana cotn as azas para
aasira diminuir a dôr da fínida. E' encontrado somente na Ame-
rtca dn 8ul n na índia, atacando também as pessoas que dormem
cnni aa janellas abertaji.
De cobras e amjthibii>s ba muitas espécies. Ã cobra mais
perigosa cbaraa-se cjuearaca» (jararaca) e habita não fomente
09 campos o as matas, mas entra, ás vezes, ate nas ca«<as. A
mordedura mata dentro de ii4 hora*. A Çucuriyha^ de cujo ta-
mnnbo e força &(^ pode fazer uma idfia pela capacidade de matar
o boi 6 a onça, habita perto dos no* Tietê e Amazonas. K&o
pensava que nas minha-í viagens chegasse a ('Cr este monstro
horrível, que laras vezes é encontrado na TÍzinhança das es-
tradas publicas, mas qua-;i SBrnpre no iiitTior das matas ribeiri-
nhas, porquft a sua natureza Ibe permitte viver ii^aírua como em
terra, potem, casualcnente. vi um numa daa volta a do rio Tietê,
cujas margens tinham u'a mata denr-a e impenetrável, talvea
nunca percorrida por gente. O anima) era de cor parda com
pel!e escamosa e brilhaiit^, cabnça chata mas redonda e munida
de dois írraiidea olhos verdes boca hirga, uma fileira de dentei
largos 6 ImíTira grande, nAo birurcnda. Estava dormindo e sem
força de moverse em conseqUfTicia de uma refeição demnf^iada
de um boi bravo- Eatica^a no chíVo com a larga cabeça refjou-
sando na relva á soiabra dr um arbustOj a cauda estava enrolada
conforme o costutne àn% cobras. O >eu ronco despertou a atten*
ção doa negros que, aliás, tem certa facilidade para descobrir
taes cf>ma^, corno cobras, passarris e outros animaei. Pararam
iii. mediatamente e gritaram; «bicbot! o que dignifica tanto uma
minhoca como uma cobra de 20 pés, porém dós continuamos a
marcha atè ouvirmos gritarem: «grande bicho», o que desper-
t^iu a nossa attcnçfta e curiosidade. Que aquelle que nunca viu
tal monstro julgue da nos^a sensaçiio ao descobrirmos este. Ti-
vemos muito tempo para examinal-o, porque nem o barulho
dos nossos cavalloi ou burros conseguia accordal-o e como
{
♦
t&ifít Dút edtâyAtnoB tòm espingardai, ch6n;ainofl perto e en-»
TUimí»i-lhe uma dussià de baía» no corpo, o que foi repetido.
á etbeçA foi attingida primfirot mas niog-tiemi nem os ne»
grot que muitas vexiss se defendem com faca contra aa on-
çit, tiveram coragem de se approxímar. O corpo torceu- ae
«nmilfiivjuneQie, encolbeu-Bô. brilhando em varias cores e o
iiQpe sabia da i-abeça. Fionlmeute foi morto 4 pedrada;^.
Oi mgroê receberam ordem para Ibe tirar o couro, e ioi peua
ftie & eabeça eãtív^âie totatm^^nle eí^mairada & n&o pude&iie
Mf eonservada. O coaro, qoe tiuba 30 pés de comprimento e
6,5 de largura, estava faradi em yurios log-areâ e foi me oâe*
tecidio. Perto do logar desta caçada encnntrtimoa depois os rectos
de nrn boi novo que a cobra matai a e que agora e&tnvam co-
bertos de uma baba escura com myriadpá de mo&cas. Conforme
diísemm-me, e^ta Boa nuni'a ataca a ^^inte e, qnando está com
foQie, iobe a uma aryore onde se eâvonde t*ntrc as folbas pAra
eipiAT os animnes que passam e que elLa matii do seg^uíuto mt^do:
CAm & cauda enroscada jf^ga o corpo 8< bre o stiimal que eíco-
Ib«a e fto redor do qual iMiIeia o restu do seu corpOj apertando as
roíca* tadi» vez iiií-i^ atè moer os rs&fis. Com aã fauces aKtrtat
fttíica então o animal fiinda vÍvo, su^ando-lhe primfiroo enngue
t^do^ para depois erg^olir a êuíi victima, Á lefeiçÃo c t-empre
thfí copiosa, qiie depois òfeo pode mover-8e e precisa repoU'
Mri escolhendo para isso nm lí^gar perto de um no, onde è
facil e-capar e onde ha frí-sca agradável. Este animal differe
dl Bm consiricior que é ma or e ufto tem pseauiftíi na pelle
A bdicininga, o ibibiboca ou cobia cf^al, bciquatíara e a boi-
ÇfKLJiai;» eào cobra» que apparecem ei^ fcinlmeiíte no tempo
do calor.
O remédio tnais commum contra nã mordedura^i de cobra é
deitar um negro chupar o Ingar mi rdído, o que elle faz do ae-
e"í»t« modo: começa por mascar bastante teni[)n um pedíiço de
fumo e em seg:nida susrnr, cuspindo fòa o quo tira da ferida;
depois faz -se uma mistura de fumo e ap^ua qmí se dejta no In^.u"
offeudído, mudando duas veze* pnr dia. Esto remédio que a
I ^i[*rien/.'i» provou ser melhor, devia ser expenmentudo em outros
I p«í«eí, fí ali bouvess* facilidade de t^r su «^adores como no
' Braiil De amphibios encotttram-se nos rios dn o. Pauli^ o eai-
I nifln, o jacaré e a capivara Um pequeno bgarto e encontrado
pfsr toda a parte na^ casas. A p parece especsalinunte de tarde e,
tfto innocente quanto frio, é por todort protei^ido, purque caça e
mata oa mosquitos molesiadores E' um divertimento em S
Psolo, de manha cedo, na cnma, observar esta caçada êt.!'re o
OMwquiteiro e muitas vezes rigosijei-me da matan<ja destes m~
•ectofi odiados.
Por toda a parte ha aranhas de tamanho descommutml,
Termelhas, pardas, varieg^adaa e pelludas, entre as quaes a Sphaex
coertdm é baitante vulgar, E^ comente durante as horaa mais
- 304 —
queDtPB dos dias de verão que uma espécie de aranba grande,
extremaniente fria, apparece. Desta aranha emana um cheiro
fétido que envenei^a as bebidas e mata com frio fxce^Bivo e
tremor. Ha pouco tHm(>o, felizmente, achou -se no vinho um
antídoto certo e ai^radavel rontra este veneno. De escorpiôtts
ha um frenero pequeno e especial chamado «boiquiba>, cuja
picada n:io niMta, mas ])r()voca uma dôr quo jasí>a tvdo co-
nhecido e persist'^ durante 24 horas. Do género Scolopendra
ha varias espécies, differentes ua fóima e tamanho. Uma deJlas.
pr<*ta e com cabeça vermelha e pelluda, é um eicellente Ve-
nerium quando posto «obre as partes ofenitaes, o que os índios
p, outra>* classes no Brasil bem sabeoi. Acredita-se que, usado
C' m frequência, causa feridas ulcerosas que chegam a determinar
a queda das partes, mas is o, sem duvida, provêm antes dos
Lubs venérea
De formigas ha tantíis espécies differentes em S. Paulo e
no Brasil, e a sua historia é tão complicada e íntefressante que
aqui nào pôde ser o logar d^ as descrever e sfto todas tidas
como uma das pragas do paiz h com just^a razào. A formiga
maior e mais de.vastadora chamn-se «içá» e tem três quaitcs
de pollegada. de côr vermelha e, no tocar-Fe, ella deixa um
cheiro quasi de Imào. Ella mora « ni subterrâneos com canaes
de um a dois metros de comprimento correndo eoi zigue-zague
e com c«sas ou jardins na vizinhança, onde se propaga piodi-
giopamente. Nfto se conhece contra ella outro remédio que nào o
de destruir a sua habita^Ao com agua e cavando, principalmente
no mes de setembro, quando os filhos est&o para sahir. A vida e
o trabalho incomprehen^iveis deNte pequeno insecto sào admi-
ráveis, e.-pecialmente qti?indo se observa como se dividem no
trabalho de corrar p ex. o anan«z O biaxileiro distingue
então entre, cortadora e carregadora, das quaes a primeira corta
as plantas e a segunda as carrega. Encontram -se, porém, muitas
vezes no caminho com umas p»'quena8 formigas pretas, que nào
têm a mesma força. m;(S que cortam as ]>erua8 das grandes e
lhes roubam a carga, naturalm^^nte pagando isso com a vida de
muitas da>4 suas, porque a içá nào larga sem defender-se até o
ultimo. \ içá tem uma vitalidade extraordinária. Mordido de
uma içá no dedo até sahir sangue, cortei-lhe a cabeça com um
canivete, mas nem assim ella h^rgou durante 11 minutfs, ron-
tinuando a mover as antenna^^ e os olhos Fiz a mesma expe-
riência com outras e o resultado era sempre o mesn o. O uuico
meio de impedir a sua invasuo nos jardins é com pequenos
canaes cheios de a?ua que nào ])odem atravessar. Em S. P*«iilo
ha ainda uma outra espécie pequena e com azas, contra as quaes
este meio nfio serve, mas síio, felizmente, raras.
O cuj)itn é uma pequena formiga branca que somente é
encontrada entre papeis e nas bibliotliecas, onde exerce o Ueu
instincto destruidor, propagando-se de um modo incrível. VÍ na
- 305 —
Biblíotbeea Real do Rio de Janeiro os fragmentos de ura volume
em folio, qnts o bibUoth'^carii> Asseg-urou-me ter sido destruído
em poucos dias, junto com a maior parte da capa e é certo que
milbares de volumes estavam mais ou menos estragados. Elias
se destroem a t^i m>^«mas quando se introiuK nos ninhos delias
uma massa de farinba, ars^mico e assucar, que as torna loucas,
roa'! nfto as mata. Acreditasse ser o grude do encadernador
que attr.ibe os cupins para as livrarias e é por isso que mistura-
se boje arsénico n^ste grude. Estas formigas só existem no Brasil.
Os {lassaros sà>em numero extraordinário e nào ha menos
de cem espécies de papagaios dos quaes as araras sào as maio-
res e qoasi do tamanbo de um gallo cap&o com uma cauda de
raeio covado: a avestruz, a pica paradifiiaca. o irochilus mi-
nirnus e o tbis sào também muito lindos . De aves de rapina o
falco harpyia e o vuliur gryphiis sào os mais curiosos pela
propriedade de se domesticarem para a caça de outros pássaros;
a anha na, cuja tos é a do um burro, e a marreca, uma esiiecie
de palmipede que n&o pode voar nem andar, somente nadar, sAo
os mais raros.
De galUnaceos ba em S. Paulo, além de perdizes e faisões,
que e'n tamanbo sào menores do que os europeus, a jamperna,
o jaeú, grande como um peru, o mutum e o macucn, que todos
B&o saborosos e, apanbados novos, facilmente se criam e engor-
dam como gallinbas. Dois jacus domesticados que conduzi
por mais de 20 legaaa a cavallo, foram victimados por um gato
a bordo, n-i viagem para a Europa.
Lembro -me também de uma espécie de gallo, chamado «gallo
musico», que tem a propriedade do prolongar uma das notas
do seu canto por 1 a 2 minutos e que é muito estimado. De
▼ista parece-se muito com os nossos gallos, é porem maior e raras
s&o as ca «as que nào tem um gallo destes no quintal e dentro
da casa um par de p<ip'ígaio3 que pairam ás vezes até uma meia
dmzia de palavras principalmente na casa dos indi^enas. E' inte-
rc^Siiante notar que os papagaios têm certa predilecção ])elos ne-
gares e acottumam-se melhor com elles do que com os brancos ;
os papagaios mai^ palradores sào educados por negros. Na Aírica
seria fácil explicar isso, mas no Brasil, ondo a maioria dos ha-
bitantes sào brancos, é menos comprehensivel.
As matas de S. Paulo jiroduzem grandes o cxcelloutes ma-
deiras que, quasi todas, têm conservado os seus nomes indígenas.
Muitas têm uma gomina aromática e são consideradas as melho-
res. O vinbatico é estimado por sua belleza, o cedro por sua
força, a peroba por seu tamanho c dureza, sorvindo para canoas ;
a jacarandá ou páo rosa de côr preta e amarella, a S. Sebastião
de Arruia, cabiuna, jaracatão, ubatão, candurú e varias espécies
de palmeiras, das quaes a iri é a mais notável ])or sua elastici-
dade, e o pAo d'alho que tem o cheiro effectivo de alho P^ara
oOBStraoçdot navaes a natureza nào deu melhores madeiras á
— 306 —
nação nenhuma do mundo e contam-ae maia de í(0,000 leguaa
geog-raphicaB quadradaa cobertas delias,
Êtn relaçào ao reino vegetal ^ aó po^BO mencionar && plantai
maia commuDS^ dag qi]»eii a mandioca occiípa o primeiro Jog&r.
Tem uma raÍ2 de um pé de comprimento e 5 a € pfiilegadaa d«
grossura e um caule de um metro ou mais acima do chào. EU»
é venetiofa, tHuto nova como eecca^ n^eirns para ob poicoe e é
reduzida á farinha do se^niTite modo i Depois de arrancnda da
terra é ella bem lavada, di^^cascada e ralada num ralo piçprio e
a massa calLicada numa preusa que Ibe tira todo o sueco, depoit
do que é eppalLada áobre um forno ãa cobre de 4 a 5 pés de
dtanietro, Emqua&to estiver no Íqvho é conEtantemente reme-
xida até evaporar- SC toda a humidade e, uma ve7i bem tecca,
está prompta a £yrinba que, si deve ser mais fina é ainda pi-
lada num pil&o. Guardada da humidade, esta farinba se con-
serva por muito tempo e é muito nutritiva por caufa da tua
propriedade gelntinoiía. Misturada com cm Ido de carne é mui
laboroia ô eicellenle paia longa* viag-ens. O sueco, que sflbe
da mandioca prensada, mata os porcos, apesar de^te^ poderem
comer a raiz mm perijro. Eacontra-ae lambem uma ee[iecie de
mandioca brava chamada caipi» e que tem o gosto da castanha.
O inhame merece o logar defois da mfindioca c serve ccmo a
Katata ; é farinbeuta e chega » t^r um diameiro de 5 pés, com
casca parda escura, Conaerv/i-ae duranle gemanas no mar e é
muito estimada pelos europeus, A banana é a Bobremeia pre*
ferida do3 brasilpiios; tAo nutritiva quanto «saborosa, constitue
e!la a comida principal dos negros, junto com a mandioca. O
milho, emfiregddo como forríigem, © o arroz são ot productí'B
mnis commiiuâ e ricos do paiz. O primeiro dá 120 pttr um,
e tem e^piga-j cora mais d© 300 grâoa, O ananasn — Ananás
BromeUa — , ansim chfimado por Plamier era honra do untura-
Lata stieco OlaVtí Oromelim qtie nasceu em Orehro em 163Í*,
ufio é tào gostoso como o da Buro]»a, mas os ]íequeno& limõt?s
Eâ laranjnfi as uvai, os cocos, o maracujá- a manga, © a incom-
parnvel goiaba que é emprcírada para doce, ex}>ortado em forma
de queijo, sSo verdadeiras gulodices de S, Paulo, Ha muitas
espécies de Mimosa, chamadas «Joqu^ri», que ornam os jardins^
A Copaifera officinalia é muito commum e o seu bálsamo, que
sabe do tronco ferido, c apanhado em vasillias largas e empre-
gado contra moleBtiaa ©itornaa. Da Gwrfuana fmprcga-«c n
casca para tingir de amarei lo e da Irepad^^ira cimmnda «emby»
fiiis-se ]>equeuAs Cordas. O mangne cresce nas margens dos rios
o ribeiras e as eu»í raizos h© es pai liam por baixo do chão, d*i
onde m pontas sabem de novo: a sua casca serve para coilumo
por cau&a do it*r adÈtringente, A sajnicaia *em umit liucla cu-
riosa. Assemolba-so a uma marmita com liimjia loineadn, d^oiide
ella pende, abnndo-£e ua maturação deix&udo escapará sementes,
que se parecem com castanhas e sfto d© agradável aabor. O pro*
- 30T ^
prío (rttctõ è áuTo como pedra e contem geral misD to mait 50 }>e-
quenoB fractos. Iba é nroa espccie de piulieiro que cresce até
mna altura descommnnal, com a copa sobre um (ronco direito e,
segundo Liiuié, existe aomeu te ua capitau:a d« S. Paulo. Ãft
fructaa £ào compridas f muuidas de casca da cor da ca^Uúba e,
como ella^ nho absadaã no fogo e comidas em aobremcaa. Em
mtátoa centos t*htko ellas unidas, formando utim bolla det bonito
asppcto que se seeca para separa- aa caãtauba^. O cipó (Viola
Ipecacitanka) , a canell i brntica, a gengtvre, o tameriticiro, aja*
lapa c muit&i ^mtnts plantas quó pertencem n pbarmítcia, exis-
tem por toda a parte, mas^ como a agricultura, Bho para »erem
aprovertadaa {)6la« gerações futuras,
AS RENDAS DA COROA fíO BRASIL
1-*. Uma quinto parte de todo o ouro extrobido, o que^
inchando as mina& da governo, dá uma renda con&íderavel, que
para o aiino de 1812 foi calculada em 135 arrobas a 32 Jíbraa
a arroba, ou 6640 marcos ouro de 16 lOd por marco,
2.". 15 */^ de todas as mercAdorias importadas.
B'. 5 ■/* <ic< tudo exportado,
4,*, IO V.t (ie toda a producçÃo do paízi o que perfa2 uma
somma con^IderavoL Calcula- se por exemplo a renda annual de
counvs produzidos uo Rio Grande em B3 contos e em 66 contos
a do assuciír e do al^^^odão exp^^rtados somenrc da Babia.
5,^ Aé indulte ticim que resultam do arrt^ndamento a par^
ticalarfi» do direit» de cobrMr impostos
6/. U«'ndas da alfandega de tudo quanto entra para o dia-
tricto da»? raínss e que se paga no Hí^gístro de Mstbias Barbosa
oii PjirabibuQa á r&zko de 1$000 a arroba.
7.^. Imposto ?-obre flscravoà no,vos qne^ per capita, ]íflgara
lOIODO e no meâmo artigo comprphende-se um imposto sobre
bois para o Rto de Janeiro, de dois terços de mil réis,
8/. Grande renda das barreiras de todos os rios e pontes^
ou de pagam 4$Q00 de cada mula solta^ como, por exemplo, em
Boroeaba.
9A 10 réis cada libra de carne de vacca vendida no Rio
de Janeiro; e£tâ arrendada por coutracto ao sr. Husiel, vice-
consut da Inglaterra,
10.^ Grandfl ronda do fumo, do sal e doi contrftctoa do
pesca da baleia, e outras pescas, todoí arrendados a particulares.
11.* lOIOOD cada pipa de aguardente que do iuterior vem
ao Hlo para ser exportada
12/ A nova taxa predial que deve render muito.
1%' Grande renda bem calculada das piastrai espanholas
que no Brasil valem 750 reis, man que o banco compra para
repunb^r as moédaa de 3 patacas com as armai e diviea do pais
« que eahem da casa da moeda com g valor de 960 rèi9, dando,
— 308 —
portanto, um lucro do 32 •/, ao Estado. Esta transformaç&o
monetária faz que não valha a pena exportar prata do Brasil,
siuão para os colleccionadores e a operação é tanto melhor
quanto o paiz não possúc este metal. Serve até de avieo a
outras nações para dar maior valor á sua moeda de prata, afira
de prevenir uma exportação illicita e prejudicial.
A renda dos diamantes e pedras precioFas não entra
nestes cálculos porque é muito incerta. Acredita-se, porém,
que seja egua^ a do urucii, marfim c toda espécie de madeira,
tanto para a tinturaria como para trabalhos finos, avaliada em
3 300 contos por anno. Os diamantes de proj^-iedade do piin-
cipe-re<^ente são avaliados em 33 mil contos ou 6 mil toneis de
ouro. Calculam-se as despesas da corte no Rio de Janeiro, pcir
800 pessoas que ali recebem m natura as chamadas «rações», a
um dobrão ou 16 pia^tras espanholas por dia, ou, em dinheiro,
em 10 contos 240 mil réis por dia, o que, segundo o cambio
notado em 1813, a 78 pence por mil réis (sendo de 67,5 pence
ao par), perfaz a somma de 214.000 libras esterlinas.
*
As moedas do Brasil são a s seguintes :
Ouro: O dobrão ou 40 patacas, ru 12$000, é uma moeda
imaginaria, como em Portuí^al. Meio dobrão ou «Joanete», vale
20 patacas ou 6$400 róis. é a moeda mais acceita e tem grande
valor entre todas as nações do sul, sem que tenha melhor ouro
do que as outras.
moedas de 12 1/4 patacas ou 4^000
» 6 1/4 » » 2ík000
> 3 » » 1|000, ou 2 pintos.
Prata: ^ patacas (piastrà espanhola) 24 vinténs ou 960 réit*
Cobre
A divisa da moeda brasileira é: Stab. subque. Sign. Nata
(Stabile subque signo Nata scil. Monita.). Kepresenta uma es-
phera com o trópico e no outro lado o busto do principe-regent^.
* *
As taxas dos ])ortos do Brasil são oguncs j)ara todos os navios,
excepto para os navios de guerra c paquetes. Os portos prin
cipaes são: Pernambuco, Bahia e Kio de Janeiro. Nos doii
primeiros paga-se:
2
1 i)ataca
1/2 »
1/4 »
16
8
4
2
»
»
»
»
» 640
» 320
» 160
> 80
»
»
»
>
r 2 vinténs ou 40 réis.
1 vintém > 20 »
— 809 —
um,
Bem
Âo pratico para entrada e sahida
Entrada e sahida.
Âncomgem p<^r dia .
O Patrico-mór por dia .
O interprete todo o tempo
6 gnardat a 3 patacas cada
manutenç&o, por dia
O g:iiarda-mór do tabaco
O goarda-mór da alfandega
a primeira despesa .
Hiaria
No Rio de Janeiro pagam-se:
Entrada e sahida com prat
Interprete, diária.
Ancoragem «...
2 guardas, diária.
Primeira despesa no Rio
Diárias
CO
7$000
4$000
1§000
2$000
5S760
3s200
1}!;280,
17S840
aif760
portanto,
2r>$600
lAOOO
1^000
ISOOO
25$600
3S900
* *
Quando um navio tem de sahir da Suécia devia-se calcular
bem o tempo melhor porque, fazendo isso, a casa armadora ganha
pelo menos 6 meses na viagem de ida e volta, 8em contar a
eommodidade para o navio e para a tri])oIação com um bom vento
constante que permitte gosar as vantagens. E* bom lembrar-Be
qae os ventos alizeos sopram de Norte a Sul de novembro até
abril, mas de Sul a Norte de abril a novembro e que, ])ortanto,
08 navios suecos em viagem, devem estar na altura da Ilha ^^u-
deira no começo de novembro e não, como até agora tem feito,
sahir da Suécia neste tempo. Os que &ahem dos portos do Báltico
devem estar promptos para navegar no íim de agosto e os do Mar
do Norte em setembro, sendo de esperar que estes mesmos na-
vios, voltando do Rio de Janeiro, pudessem, no anno í>eguinte,
e»tar de volta em junho com suas cargas. Todos que navegam
para o Brasil deviam além disso, receber ordens de passar pelo
curso norte, nào sómenie para terem mais agua, mas ]>ara evitarem
alguma aportagem no canal e as despesas que isso acarreta.
*
O seguinte quadro dá a latitude
cipaes cabos e lagares do Brasil.
Cidade Belém no* Rio Amazonas.
Ponta de Tegioca
Gidale Caheté
Ilha S. Joio de Evangelista .
nha Manmbfto
e a longitude dos priu-
LATITUDE
Gr. M. S.
30
27
36
7
32
O —
0 — 48
0 — 46
0 — 44
0 — 43
LONGITUDE
Gr. M. S.
i8 30
8
50
14
40
-- SIO —
LA7ITUDB LOMOtTtJDB
Gr. M. S. Gr. M. 8.
Hio Paraíba . 2 40 O — 41 20 O
Sierra ..<..*,. 3 31 O — 38 23 O
Cabo S. Roque, .,.,., 5 7 O — 36 15 D
Rio Grand* , . , , , 5 17 O — 36 5 O
Barra do Parabiba Norte .... tí 40 O — 35 30 O
Cidade Olinda 8 2 O — 35 15 O
Recife 8 14 O — B5 15 O
Cabo S. AgOBtinlio 8 26 O — 35 15 O
Bahia ou í5. Salvador 13 O O — 39 25 O
Cabo S. Thomas 21 61 O — 40 49 O
Cabo Frio . ...•-. 22 54 O — 41 35 O
Rio de Jíiu-iro. ..... 22 54 O — 42 ^9 45
liba Santa Catb iriím 27 40 O — 47 43 O
#
à ilba Ttittão da Cunlia que durante aeculoB dAo tem sido
habitada, está a 23 gráofl latitude Bui, entre o Cabo da Boa
Esperança tia Afriea e Rio da i^ata Da America do Sul, com
tnaig du»« Hba^^Nightiogale e Ittaccei^sible, toda& situadas num
clima êxcellentç, com veí5'*ítac:ao eitiberante, rica peíca de baleia
UfLA 9uaa cobtaâ e graude tibundaDcia de }.)orcoB e de t!abrii» que»
prfívavelmenie. toram ali desen^ barca do» jiot navio». Todas e^taí
van ta^etifi, porê m nào puderam attrahír os habilaiiTes do Brasil,
nem de outra parte da Ami^rica do Bui, a emigrarem pma esiaa
bellas ilhaá, tiil?e2 porque onde estiiTam já tinham terra bas-
tante pava cultivar. Estava reservado a um aventureiro norte-
americano, chamado Roberto, tornar t^e conhecido pela occupaçâo
dt ata ilha e, ha trea anno», de^>oi& de arranjar a protecção drt
g^overnoB de Londres, Rio de Janeiro e dos Ei^tados Amencaoot,
occupou-a de s4^-ciedade com um ex-allem&o de nome Sieyers.
Parece que íbho promettia muita uliUdade aoi navios que
ne&tas paragens estivessem neceBíifadne, raziU» porque as naçftea
deram a sua protecção á en]preHa. Roberto pode logo aitrabir
outros aventureiros á* s pal^çs próximos, alcançando o numero
de 16 borne ns e 30 mulheres, iobre Oâ quae» elle deixru-se pro-
clamar rei em 1812, com uorne de Roberto Primeiro, notííieaíidu
ás futrai uações que os navios dellei, com retribuição modiea«
podiam ser providos por elle com msntimentos, a^a etc. Im-
mediatamente iaiciou varias cultuims como a de batatas e Je-
^umeSf coni^trucç^o de um potto e um forte. De todos os navegan-
tes recebeu elle provas de rratídão ede reconheclmetito ; barricas
d^agua^ potes, apparelbos de lavoura, carretas, pequenos canhões
etc. eram sempre presentes muito estimados peto novo rei^ Até
o famoso navegador Pedro Heywood, almiran te do oavio inglês
- 311 —
cMontague», de 74 canhões, estacionado na America, fez ao Ro-
berto uma visita pessoal e yiu-o diyidir-se entre a charrua e
os cuidados da governança e, segundo o testemunho do sr. Hey-
wood, a sua energia era de tanto maior valor, quanto elle era
um homem nervoso, dotado de intelligencia perspicaz e inclina-
ção para empresas arriscadas, como prova a sua decisão de po-
voar uma ilha deserta e t-rear um abrigo aos navegantes naquella
immensa extensào d'agua que separa a África da America.
O rei Roberta morreu u anno pasmado debaixo do peso das
fadigas, exactamente quando o sr. Sievers, que conheci pessoal-
mente, no Rio de Janeiro, eslava occupado na negociaç&o de
um empréstimo, afim de comprar uma escuna armada para defesa
das costas de Tristão da Cunha. A p)imeira noticia da morte
do soberano, o sr. Sievers apressou- t-e em voltar e apesar de
ninguém conhecer o coti tracto que elle tinha com Roberto, é de
suppor que elle se proclamasse succesbor. Certo é que em todas
as occasiões . que o rei era mencionado, elle o chamava— The
King my partner — o rei meu associado.
Segundo tem sido garantido no sul, o código Roberto per-
mittia a polygamia, o que talvez era antes uma necessidade po-
litica do que consequência de principies. £m todo o caso, de-
certo muitos desejariam s.r habitantes da ilha Tristão da Cunha*
Juizado de Fora e Oavidoria de Itú
O governador e capitão general Rr.drigo César de Menezes,
em 28 de setembro de de 1722 dirigiu uma carta ao soberano
português, na qual escreveu que na sua opinifto era «mui pre-
ciso haver iia dita Villa de Outú Juiz de Fora e que e^te tenha
jurisdicção na Villa de Sorocaba, fendo obrigado a repartir o
tempo de sua assistência em uma e outra parte», e pel** Carta
Regia de 17 de junho do anno seguinte lhe foi respc ndido que,
depois de estarem bem estabelecidas as minas de Cuiabá e de
per o seu rendimento certo e permanente, seria creado o logar
de juiz de fora de Itú.
Per esta mesma Carta Regia se ordenava outrosim ao go-
vernador declarasse de que «moradores se compõe a dita Villa
e as íreguezias que tem, e a terra que comprehende e se ha nella
algum convento de religiosos para que, conforme a noticia, se
possa tomar a resolução que fôr conveniente neste particular».
As informações exigidas foram pret^tadas em carta de 18 de
ag^osto de 1724 pelo governador, que affirmou se comporá villa
«de oitocentos casaes, tendo sete legoas de districto, não tendo
mais Igreja curada do que a Matriz, um Ccnvfuto de Religiosos
Franciscanos, um hospício de terceiros de N. S. do Carmo e
uma Igreja do Senhor Bom Jesus, e como está situada na barra
do Rio onde desembarcam os mineiros que vem das minas de
Cuiabá, e o concurso daqui por diante ser muito maior, le fietz
preciso haver nella Juiz de Fora, não fazendo duvida o rendi-
mento das ditas minas, por ser certo, do qual pode sabir o seu
ordenado».
Em vista do informe, foi, segundo communicaç&o feita ao
governador da capitania pela Carta Regia de 12 de agosto de
1726, mandado crear o logar de juiz de fora para a villa de Itú,
sendo, para occupal-o, nomeado em 23 de março de 1727 o dr.
Vicente Leite Ripado, que em 1720 era ouvidor geral do
Maranhão e nesse caracter por officio de 13 de junho accnsou o
governador Bernardo Pereira de Berredo de diversos factot
escandalosos, sendo por este, a seu turno, accusado de excessos
praticados cmtra os moradores.
O dr. Leite Ripado, por carta de 13 de julho de 1729, re-
presentou ao governo da metrópole pedindo a annexaçfto da villa
de Sorocaba ao juizado de fora de Itú, a exemplo da reunião
— 313 —
da TÍlla de 8. Vicente ao jaizado de Santos, e tobre este seu
pedido ai Cartas Regias de 25 de janeiro e 22 de abril de 1730
mandaram qne o governador Caldeira Pimentel interpuzobse pa-
recer ouvindo os officiaes da Gamara de Sorocaba.
Elm 23 de abril de 1730 o governador e capitão general
Caldeira Pimentel concedeu provisão de procurador de causas
do jnizo geral da vil^a de Itú a Manuel St ares de Sousa,
«attendendo ao que (este) «llegou e a informação que deu de
■na intelligencia e caiiacidade o dr. V^icente Leite Ripado, Juiz
de Fora da dita Villa».
Na iecretaria do governo paulista se poz em 10 de abril
de 1732 o ccumpra-ae» na carta de 27 de fevereiro do anno
anterior, pela qual íôra nomeado juiz de fora de Itú o dk. An-
tónio MoNTRiRO DE Matos, que tinha dado bra residência do
logar, qne antes exercera, de juiz de fórn de Alenquer.
Por provisão de 9 de março de 1731 pe fixou o ordenado
annual de SOOjjOOO que devia elle vencer, tendo assim no or-
denado um accre»cimo de 50$000 sobre o que vencia seu ante-
cessor Leite Ripado, e por outra ])rovisão de 4 de abril do
mesmo anno se lhe deram 200^000 de ajuda de custo, tendo lhe
sido feito mercê, por provisão de 17 de março, do officio de
Priivedor das fazendas dos defuntos e ausentes, capellas e re-
síduos da villa de Itú.
 este juiz de fora escreveu em 29 de dezembro de 1732 o
Conde de Sarzedas, governador e capitão general da Capitania,
ordenando fizesse toda a diligencia possivel não &ó para evitar
a pratica contra a guerra j os geniios ja agufiz e a todos os
mais bárbaros, que infe>tavam o caminho e minas de Cuiabá,
eomo também pa>a que fossem castigados com a severidade, que
merecia tão grande delicio, os que por elle deviam responder.
Outra carta escreveu Sarzedas em 14 de janeiro de 1733 ao
mesmo juiz de fora, mas desta feita para lhe fazer diversas ex-
probações e entre ellas a de que havendo na capitania vinte o
tantas villas, todas se conservavam em uma paz universal com
excepção apenas de Itú, onde se não a experimentava.
Tendo chegado ao conhecimento do soberano que na capi-
tania de S. Paulo se tinham introduzido cunhos falsos com que
se marcavam as barras de ouro, ordenou elle por carta de 15 ds
maio de 1733 ao governador que nomeasl^e o ministro de maior
capacidade que houvesse em seu goveino }>ara tirar logo devassa
de todas as pessoas que tinham fundido ouro, ou ucado de cu-
nhos falsos para marcar as barras ou folhetos sfm ^crem quin-
tados, as pronunciar, prender e remetter ]>/tra a cadêa de Lisboa,
enviando a devassa para a Secretaaia dn Estado e a conservando
em aberto para se continuar.
Resolveu o mouarcha, p( sterioi-mente, que a devassa com-
prehendesse também os crimes de levantar casa de moeda, fazer
moeda fidsa, cercear ou diminuir a verdadeirsi, e iucumbiu de
— 314 —
continuar a dita devasfa, lhe sendo sBta remettída pelo miQiBtro
que delia ao achasse encarregando, ao dr. Braz do Valle, que
vinha ^lara a capitania de Minae na qualídâdi^ de juiz do fiseo
e que, tnaís tarde, foi nomeado por decretn da 28 de janeiro
de 173G intendente de uma dai» cinco intendí-nciaB de Mitias
C^era^s que lhe ffisse designada pelo respectivo governador j e,
ainda depois, fez parte da Casa da Supf»licaçAo de Lisboa, da
qual fui nomeado desembargador em 1748*
Esta resolução do soberano português foi commnn içada ao
pfovernador Saraedas por carta de -^0 de outubro de 1733, e da
devassa sobre cunho falso, emquanto não chegafise de Minae
Geraea o dr. Braz do Vatle, a quem fora con liada ti referida
díliiçenciaf foi por uma portaria de 3 de dezembro de 1734 in-
cumbido o juiz de fora de Itú dr. António Monteiro de Matos.
Na jnnia, que ée realizou em S. Paulo ao^ 25 de abril de
1735, para se estudar e propor o melhor modo de conservar e
augmentar as minas de Goiaz, tomou parte este juiz a cujo
respeito se externou Sarzedas na informaçi^O} prestada a 9 de
maio de 1735 &obre os milttare«, ministros e mais cfficiaes da
capitania, escrevendo que cO Juiz de Fora da Yilla de Itú tem
mostrado na sua capacidade e letras que é digno do todo o bom
accreãctntamento, e o bom conceito que delle faço me obrigou
encarreg£<l-o da deva$-sa, que se continua em aberto nesta Ca-
pital sobre a extracçÃo do ouro em p6, barras falsas e cercea-
mento da moeda verdadeira*.
Egualmente honroso é o tópico da carta de 24 de março de
1734, na qual Sarzcdas aftirma, referiudo-te expressamente ao
dr. Monteiro de Matos, serem mal empregadas suas lotras no
logar de juiz de fora de Itú, onde o clima o tratava muito mal,
como honrosos sào ns termos da portaria jiela qual foi conimis-
sionado para tirar a devassa sobre cunho falso e na qual dizia
Sarzedas estar no conhecimento das leiras, capacidade e zelo
com QUe elle 9« desempenhava dos deveres do cargo do juiz de
fora de Itú
O governador Conde de Sarzedas na villa de Santos aos 3
de junho de 17â5 deferiu juramento e deu posse do cargo de
provedor das fazendas dos defuntos e ausentes da villn de Itn ao
dr Joio Nobre Pbreira, que para tal cargo fora n' meado por
despacho da Mesa de Consciência e Ordens de 4 de junho de 1734,
como pela resolução regia de 6 de março e carta de 10 de dezem-
bro do mesmo anno fora nomeado jaiz de fora da vi Ela mencioDada.
Teve o dr. Nobre Pereira pela portaria de IO de dezembro
do anno de sua referida nomeação 200^00 rs. de ajuda de
custo, e por outras duas expedidas quatro dias depois se lhe
arbitrou a aposentadoria em 60$000 rs. em cada anno e bO lhe
fixou o ordenado annual em 300$000 i-s.
Âs relações deste juiz de fora com o governador Sarzedaa
nào foram Úo amistosas como as de seu antecessor ; pois em 12
— âir* —
de ãeztmhTo de 1735, tm 17 e 22 de jaaeiro do anno 8eg:tiíiitd
Santedas lhe dirig-iu cArtâs o cfuaurando por ter posto o «cura-
pra-«e* em om despacho do governador, por tetlavratto um auto
contra o coronel rftjíente da viDae por ampliar a sua jtiri&dicçáo
e diminuir a doB militares i partici[i^Ai]do que ordeoára ao coro-
nel regente á&o lhe desse sjudn militar para a$ dili^fucjas de
justiça Bem que prec«desBe pedido e advertindo que, 6e conti-
oiiBafte o juiz a assim proceder, na conta annual sobre o procedi-
mento doâ magistrados elle faria prés pinte ao soberano querer o
jaiz alterar tudo quanto «e achava disposto pelo dito Senhor,
para que esre determinasse o que houvesse j>or bem,
Ã' carta de 12 de dezembro, escrif^ta por SsrssedaSf deu o dr.
JoAo N^obre Pereira prompta resposta mostrando, a correcçHo do
«éu acto quanto ao «cumpra^ses increpado ; dizendo qye na villa
não havia militares e, por i^so, ePe oão podia pretender dimi^
niiir a jari»dicrçã<« delles, affirmaodo que nãn pediria ao coronel
regente da yilla ou a qualquer outro official de ordenança ajuda
militar para a^ diUgenciaa, porq^ie os officíaes de ordenanças não
B&o militares e sim aubalternos delle juiz, e accrescentando que
o governador podia dar a S. ^fajestade a respeito delle juiz a
eoQta que bem lhe parecesse a elle governador, pois estava certo
que si para ente t*ffeito o governador ae infurma&se de pessoa»
tidedígnas nào poderia elle juis ter maior credito que a ínfor-
mação do próprio governador,
O Conde de Sarzedas, considerando incívil a resposta, que
lhe deu o juiz de fora, instruiu com ella unta long^a aecnsaçào
qiie por carta de 4 de feve-eiro de 1736 fe^ junto ao governo
de Lishoa contra o dr. Nobre Pereira e na qual dizia «serem pou^
cas as esperanças de servir bem quem chega a fomentar ruínas
dando armas prohjbidas para commetter delictos».
Em vista da mencionada accusaçào foi expedida a Carta
Regia de 26 de outubro de 1736 pela qual foi mandado advertir
o dr. Nobre Pereira para que não procedesse pelo auto que formou
contra o coron*"], nem impedisse a execução das ordens do go-
vernador aos cabos das Ordenanças ;— se Ibe extranharam os dí-
ver^of factos, de que foi accusado, — ae declarou que a carta do
juiz nào era iocivil e estava muito nos termos do ne^^ccio,— e
se dicidíu qne o jui^ de i ^ra tem jurisdicçào sobre ss Ordenan-
ças e seus officiaes, nào Ih^) sendo, por issío, neceasario recorrer
ao governador para proceder contra elles.
Com provisão do governador para ser intendente e provedor
da fazenda real chegou em 20 de janeiro de 1744 á^ minaâ do
Mato Grosso o dr. João Nobre Pereira, que acabara de ser juis
de fora de Itú,
Em 24 de março de 1734 o governador e capitão general^ que
estão administrava a capitania de S Pauto affirmou ao governo
da metrópole não ser de nenhuma utilidade ao serviço real ha-
ver juiz de fora em Itú e da Carta Kegia de 30 de dezembro
— 316 -
de 1735 se vê que pela resolução do Conselho Ultramarino de
22 do referido mês e anno foi determinado que se extinguisse
a judicatura de Itú e se creasse a de Guaratinguetá ; mas esta
resolução não foi executada, tanto que não só em 27 de novem-
bro de 1749 foi decretada a extincçào do logar de juiz de fora
de Itú, seguramente porque elle não fora extincto pela resolução
de 1735, como ainda o logar de juiz de fora de Guaratinguetá
deveu sua creação ao Alvará de 9 de outubro de 1817.
Foi, de facto, em virtude do decreto de 27 de novembro de
1749 que a villa de Itú deixou de tor juiz de fora e a pro-
pósito Pedro Taques, sobre informar em sua Nóbiliarchia Pau-
listana que José do Amaral Gurgel foi o primeiro juiz ordinário
do Itú, depois que se extinguiu «o caracter de juiz de fora na
pessoa do DR. Theotonio da Silva Gusmão.*, ttsserta em &ua
Historia da Capitania de 8 Vieente que o logar de juiz de
fora de Itú se extinguiu no ai.no de 1750, quando o dr. Theo-
tonio da Silva Gusmão deixou o exercicio desse cargo.
O dr. Theotonio de Gusmão era paulista, segundo o affirma
Azevedo Marques ; foi, por nomeação feita pelo governador Sar-
zedas e por este a elle communicada em carta de 14 de setem-
bro de 1735, Fiscal da Intendência das Minas de Goiaz, onde
elle então se achava ; embarcou no porto de Áraritaguaba em
companhia do Conde de Azambuja, primeiro governador nomea-
do para a capitania de Mato Grosso, com destino a Cuiabá,
onde chegou aos 11 de janeiro de 1751 e para onde foi na
qualidade de juiz de fora da villa, que se havia de crear e que,
de feito, foi erecta aos 19 de março de 1752 com o nome da
villa de Mato Grosso, da qual foi elle o primeiro juiz de fora
e o dr. Manoel Fangueiro Fracesto foi o segundo e ultimo
O dr. Theotonio fundou em 1758 a aldêa ou missão de N.
S. da Boa Viagem do Pará e «S Majestade lhe fez mercê, na
afirmação de Nogueira Coelho, de que ahi fizesse um lopar de
desembargador da Relação da Bahia com o ordenado de 600$000 rs.»
Deixando a referida aldêa, passou o dr. Theotonio para o
Estado do Pará
Extincto o logar de juiz de fora de Itú. alguns ânuos de-
pois se representou ao goveroo português pedindo sua restau-
ração «para com esta medida se evitarem as prepotências de
algumas familias daquella villa» e o referido governo em 5 de
fevereiro de 1780 ordenou ao capitão general Martim Lopes
Lobo de Saldanha informasse com seu parecer declarando se
útil seria a creação de um juiz de fora em Itú, como já antiga-
mente houvera, se eram reaes as desordens alludidas e quaes
seus autores.
Martim Lopes, cumprindo a ordem constante da carta que
em 5 de fevereiro de 1780 lhe foi escripta pelo Secretario de
Estado Martinho de Mello e Castro, informou em 9 de outubro
do mesmo anno que, a seu ver, «a criação do dito Ministro se
— 317 —
&s inatil, primeiro porque sendo o ordenado diminato para este
contineote, aonde quan todos vem mais com o ponto de vista
da hirem ricos do qae servirem bem, se nugmenta esta despesa,
n&o havendo fundo nesta capitania para pagar asactuaes. Se-
gando, po^^qae, be S. Msj/ pretende evitar 8S hbsohitns da Villa
de Itú com nm Juiz de Fora, será necessário criar ]>n a cada
ama das mais villas outros sem elluintes ; e fallando a V. Ex.
com a ciream8|iecç&o que devo, zelo e fi'ielidaHe com que sirvo
a Sua MajA devo s-gurar-lhe que no tempo de meu governo
não tem havido mais prepotoncihs que as fc^uggeridas polo Estado
Ecclesiastico, sendo cabeça de todas o Bi8i)0 Dioce^an( » .
Nào foi entfto nem depois restabelecido o juizado de fora
de Itú, mas t»m 2 de dezembro de 1811 foi o-tn villa constituida
cabeça de comarca, a que deu o nome e que c( mpiehendia a
mesma villa e mais as de Sorocaba, S. Carlos, Mogi-mirim,
Porto Feliz, Itapetininga, Itapova e Apiahi, com os rc^pectivo&
termos.
Um alvará de 2 de dezembro de 1811 creou na ca})itania
de S. Paulo uma nova comarca comprebeudendo as villnn, com
seus respectivos termos, de Itú, que ern a cabeça da comarca
e lhe dava o nome, Sorocaba, 8. Cai los, Mogi-mirim, Porto
Feliz, Itapetininga, Itapeva e Apiahi.
Em 17 do ref''ridi» mês íoi nomeado ouvidor geral e corre-
gedor dessa nova comarca, a ultima que foi creada nos tempos
colouiaes em terra paulista, o dr. Mioubl Antoni ■ de Azevedo
Veiga, que de abril de 1807 a princípios de 1813. quando tomou
posse o novo ouvidor dr. d. Nuno Eugénio de Locio e Sciblz,
exerceu egusl cargo na comarca de S. Paulo, de que foi des-
membrada a de Itú.
Attendendo a uma sua representação o governo geral houve
por bem lhe conceder licença para que se casasse com pessoa
apta, conforme reza o officio de 5 de março d« 1»17 do Conde
da Barca, secretario de Estado, ao Conde de Palma, governador
de S. Paulo.
Obtida, como se vê, a necessária licença, o dr. Azevedo
Veiga contrahiu nu< cias com d. Escolástica Joaquina de Barros,
filha de António de Barros Pen tecido o do d. Maria de Paula
Machado.
Ao dr. Veiga i^uccedea na ouvido ia de Itú o dr. JoÃo i>k
Mbobiros Gombs, que, tendo sido antes ouvidor e corregedor da
comarca de Paranaguá, o foi, depois, cm 18:' 3, da coniarc«i de
S. Paulo.
O terceiro ouvidor da nova circuniscripçòo judiciaria foi o
dr. António d» Almeida e Silva Fkicikk da Fonskca e esíe
aos 28 de novembro de 1824 fez a erecção da villa da Franca
do Imperador.
— 318 -
Foi o dr. Freire da Fonseca juiz de fora de Taubaté antes
de ser nomeado ouvidor de Itú e, qaando juiz de fora, teve a
iocumbeiicia de tirar uma devassa scbre a Bernarda de 23 de
maio de 1822.
Com os drs. Jo&o do Medeiros Gomes, Manoel Joaquim de
Ornellas «> outros, foi o dr. Freire nomeado no dia 1 de dezem-
bro de 1822, por occasiào de ser d. Prdro I sagrado e coroado
imperador do Brasil, cavalleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro.
Após o dr. Freire foi ouvidor e corregedor de Itú o dr.
Francisco Lourenço db Frritas, paulista, natural de S. Se-
bastião, nascido em 2 de janeiro de 1802 e formado cm leis na
Universidade de Coimbra em 1824;
Nomeado em 1825 para o logar de juiz de fora de Miuas
Novas creado por alvará de 22 de janeiro de 1810, transferido
em 1827 para o logar de juiz de fora de S. Sebastião, foi no-
meado em 1829 ouvidor de Itú, e, tempos depois, juiz de direito
de Santos, mas antes de entrar em exercicio foi removido para
a comatca do Paraná e, não aceitando a remoção, ficou avulso
até lhe ser de->ignada a comarca de Taubaté. Ficou novamente
avuUo de 1855, quando foi removido pai-a Piratini, Rio Orande
do Sul, e não aceitou a remoção, a 8 de julho de 1867, data
esta em que lhe foi designada a comarca da Franca, onde admi-
nistrou justiça até ser aposentado em 1873.
O dr. Lourenço de Freitas casou-se em 1829 em S. Sebastião
com d. Anna Leopoldina de Oliveira, filba de Manuel Gonçalves
de Oliveira e de Anua Eufrosina de Sant^Ani a Lcpes e sexies
neta de d. Simão de Toledo l^iza e sua muILer d. Maria Pedioso
casad^^s em S. Paulo em 1640.
O dr. Francisco Lourenço de Freitas foi deputado á As-
sembleia Legislativa Provincial de S. Paulo na sétima legisla-
tura (1846-47) e foi também o ultimo ouvidor de Itú, tendo
exercido o cargo até a extincção do mesmo em virtude do Código
de Processo Criminal.
Alfrbdo db Tolbdo.
os indígenas
ENSAIO A|»£LE£i£NTADO AO IKSTIIUTO KH fiUA SKSSSÃO UB 20
DB OUTUBRO DB 1907)
Diapenso mf". de prc curar definir que aig^nifica o vocíibuln
*™f^«rt£ij porque ^abe[n(>3 quo elfe è «pj^licadot entre uóa, pnra
indicfii. oa habitantes bárbaros d i Ament^a, que foiíim irn|iro-
P''tariiente detimnitindos tidfos, por algtina Anti{^ciB, pois quando
«o citíscâbrja o Novo Mundjs penanvam ler dpsct+berto a índia.
De on^e vietRrn o^ in-liíreivfts V
Uís uma perg-ihita difficil de SBr rnsp udida Entretanto,
Bobi-Q eate A-snmpto, existam laiUee tmbnlhos escriptos que dn-
naru para 'ormar iima grandw biblintUecíiH
BÍa«, paiA í^xplie;»!' como viecam Os indígenas aló a Ami^rica,
nàn ^ noisn deixar de, primeiramente, remou tar-me, embora em
"^^^ifa ginttjçse, á orí;^riin do homem
E^ sabido que a esie reapa ito rxistem trrs opiniões, e, por-
**nt<-> ti 66 te elevado t-^rreno scientificcv, o> sábios se dividem: de
"^^ lado ilu-ítres sei en tintas d<' fendem e tusteutam a doutrina
7^ t:>f>lyfíení&mrf, que é o syateraa dos que nttribuem ae ra^jas
uurt>,^^^g íi djfforentR& tronc^^s primitivos,
^* Frente doa p -lyg-eniataí, eritrf; muitos, rc destacam Moríoo,
j^^^ , Líttié, Broca. A|jasMsi. e* aqui uo Brasil, o general Çfuto
*** ^tagalhfies e o dr Silvio Roméro,
O aubio Agaasis, emiuoute naturalista ^nisso. deu ao homem
^^^T^ troncOá ; 1/ o polyiie^íio, 2.* o auatraliano. 3," o maliiio ou
^ m\'^^* 4.* o hotteii'^ot6, 5/ o africano, 6/ o europeu, 7.* i> troo-
goti^p ou flziaticoj 8,* u americano, 9.* o árctica
Apesar disB*, porém, egse meimo i^abío nào hc^gitou cm ]iro-
"^"^^tiiiar que *tudo no mundo foi feito por um Espirito aijte o
qU¥%| Q hofuém nào pode beitào luunilbar-Be, para reconhecer,
^^^y\ uma gratidfto íneflavel, aa prerogativas com que foi dotado,
í^^^tTi da promesm de uma vída íutura».
O geueral Goulo de MagalfaAes divide a humauidade em 4
WOiicQp^ a saber; o preto, o amarcllo, o vermelho e o branco'
E no seu oxcellente livro O Selvagem^ dÍ2 :
«Como o Iroucõ uR^ro é o que melhor fupporta o calor:
^^^0 a marcha dn planeta que habitamos tem sido do calor para
o friO| e eomo todos ob phenomeuos vitaesíie ligam á marchada
temperatura, o tronco negra parece que foi o priíoeiro croado, e
— 320 —
devia sei- o naqnella parte do globo onde, primeiro do qne em
outras, a temperatura desceu ao grau que era compatível com o
organismo do homem.
«Pela mesma serie de comparações creio que o tronco ama-
rello veiu depoi» do preto, o vermelho depois do amarello, e fi-
nalmente o branco, que deve 8f>r conte nporaueo dos primeiros
gelos, foi o ultimo. Julgo também •{ue, ua ordem do desappare-
cimento, a natureza ha de pro.-eder pela mesma forma— o tronco
pr**to ha dn de-ap parecer antes do amarello, e assim ^uccessiva-
mente, até o branco. E^te ha de talvez, por sua ves, desapparecer
também, no fim do período geológico de que somos contempo-
raupo-? para, quem SHbc. dar luçarao apparecimento duma outra
humanidade, tanto mais perfeita e tAo distante da actual, quan-
to esta o è dos grandes qua irumanos antropomorphos que che-
garam até nossos dias».
D() outro lado está Lamarck, com a theoría do transformis-
?«o, completada pela selecção natural de Darwin, que se funda
no «8trngj>le for life».
E ain-la temos os pirtidarios do monogeiíismOt que è o pys-
tema antropologiiio que considera t^tdos os homens provenientes
de um só tronco, ou de uma só origem. Sfto elles n sábio antro*
pologo francez Quatrefages, o notável scientis ta inglez Pritchard,
o grande Buffon, o po.ular Luiz Piguier, no seu livro muito
conhecido UHom-ne primitif. Perdinand de Lanoye, e, entre nós,
João Mendes de Almeida e Américo Brasiliense.
De Lanoye, il lustre antropologista francez, na sua obra pos-
thuma o Homem selvagem, diz :
€A* Sciencia social, que estabelece a unidade de fim para a
humanidade, não pode admittir para Oi seus membros uma illo-
gica pluralidade de orignin, cuja conã**quencia seria, para cada
raça, unaa deâigualdade de ponto d^ paitída, de méritos a ad-
quirir e de «acrificios a real>zar, na busca de um tuturo idêntico
para todos».
«Finalmente a hi.storÍA, que resume todos estes dados, não
pode dispensar-í>e de os corroborar, com uma auctoridade cujo
valor é permittido discutir, mas que se nào poderia recusar sem
má fé; queremos falar* da^ tradicções ainda hoje espalhadas pela
8U|terfície da terra. Ou sejam estudadas e sabiamente formuladas
na base dos syst^ímas religioaos ou cosmo gouicos das nações
primmro civilizadas, ou se caibam os mais grosseiros restos nas
reminiscências balbuciadas pela^ tríbus mais selvagens, fica-se
impressionado com a analogia de t dos esses velhos échos dos
primeiros dias da existência do homen: é-se f« rçado a reconhe*
ct^r a identidade dos seus testemunhos que, se elevando de todos
08 pontos do globo, e de todos 01 d^^gráus da escala da civili*
sacão concluem, como Buffm do alto do seu génio, como a ici-
— 321 —
eneia escapando ás hesitações dos prejuízos, como Cbristo mor-
rendo pela fraternidade hnmana, na unidade de espécie de origem
e de berço» •
Creio ser excnsado dizer que, como catholico, e, portanto,
baseado na fé, eu já era monogenista muiro antes que os meus
estudos sobre esta questão viessem confirmar, de uma forma abso-
luta, as minhas crenças a respeito da origem do homem; e assim
sendo, sempre acceitei, como uma grande verdade, as palavras
do Oenensi
lU creatnt Deus hominem ad imaginem stiam : ad imaginem
Dei creavit illum : masculam e fosminam creavit eos.
N&o posso, pois, a propósito dessas doutrina?, deixar de sub-
screver o que um illustre patrício nosso, Américo Brasilíense,
dbse ntim seu valioso trabalho :
c Ha ainda a theoria de Darwin, fundada sobre o principio
da selecçãOt da lucta pela vida. Este naturalista desenvolveu
com mais amplitude e sob nova face a doutrina pregada por
Lamark.
« Dadas estas noções geraes, cumpre- me dizer- vos que não
tenho estudos pro^ndos e especiaes sobre a matéria, não posso
poT isso fazer a critica das diversas opiniões Isto não obsta,
porém a que, em resultado de ligeiros conhecimentos adquiridos
eom a leitura de alguns trabalhos dos escriptores que tratam do
ABiumpto, me declare pela unidade da espécie humana. Esta
doutrina, apadrinhada por sábios de tão alta reputação coroo
Cu vier, Humboldt, Quatrefages e outros, é a mesma eusinada pelo
Oenesis. Diga-se muito embora que ha raças privilegiadas para
melhor comprehenderem — uma a liberdade, como a saxonia ;
outra a egualdade, como a latina; e outra a fraternidade como
a slava, -eu n&o me afasto das crenças que nutro. Sendo as
condições fundamentaes da natureza humana as mesmas cm todas
BB raçiis, todas têm os mesmos altos destinos . Si umas caminham
mais depressa e apresentam mais harmonioso desenvolvimento,
e goiam de mais prospera existência, certamente estas phases
differentes, que se observam, são devidas ao vieio, onde vivem ;
nfto só ás influencias physicas, mas ás moracs e intellcctuae&que
aa cercam. E* esta a doutrina que professo; e desde os pri-
meiros tempos de minha mocidade aprendi a crAr que a intellí-
l^encia é um raio de luz divina dado á humanidade, que a li-
berdade é essencial cond ção de seu integral desenvolvimento,
que todas as raças tendem á perfectibilidade, que não ha bênçãos
para umas e maldições para outras >.
 propósito da origem do homem fico aqui, porque este
rápido estudo não comporta digressões maiores. Entretanto, não
poidia deixar de, embora ligeiramente, tocar neste importante
aasumpto, antes de referir- me ás hypotheses mais aceitas da
yinda do homem para a America.
♦ * «
— 322 —
Sendo g'eralraente apontada a Ásia cotqo "berço do género
hamatio, é de suppor que, ao dar-ae a dispersAo doa povos*, dessa
occasífto date a vifidf* dos priraeiroa homens para a America.
A3 principaes hypothe^es explicando como as primeiras cor*
rentes micrratorias vibram pp-ra e^ta parte do mundo, bão :
1.*) Que Oi indígenas forara habitantes da ^nti^ra Átlan*
tida, grande continente que hoje está prfvado que existiu, em
épocas remotissicnaB, entre a Europa a África e a Ãmeriea, e
que também, no dizer de alguna, povoou o Egypto. P«ili1ham
eata opiniào os illastrea indianoÍog:o8 Brasseur de Bourbourg,
Alcyde d^Orbig-ny, Hnmard, Don Henrique de Thoron ; e, entre
nóâ| o venerando ^abio brasileiro, conexo Uljssee de tennafort,
auetor de trabalhos monumentaoa, entre ellea o BrasU Pri-his-
2/) Que 013 priraUivog habítmites da America vieram pelo
Estreito de Behrintí, que tem poucas leg-uaa de comprimento.
Walttco, citítdo por Cândido Costa, acredita que este Eetreito se
fúfLOou durante a épocia quaternária, e que já existiu uma com-
mtinicaçào, sem soluçào de continuidade, entro a Ásia e America.
Mearao actualmente, por occasiâo do& rig-orosos iuverno» que
costumam reinar naquellas p«Triij;ens, ca g:eloí que se formam
dào paisagens a pedestres, de um continente a outro.
S.*) Que os Indií^euaí vieram da Ásia, fazendo escalas pelas
ilhas do Pacifico^ ou quiçá impellidos polas tenipe&tâdes mui
comniuns nesao mar. E para documenta^fto deata hjpoibesR,
ãlleiíam que ate hoje nao é laro appareceretu nas costas da ci-
dade de â. PranciscDj juncos chinezes alli atirados pelas tim-
pestades ; e atá apontam que, de 1782 a 1S76, quarenta e bov©
embarcações chiuesiaã foram arrastadas peíao correntes do Japfto
ás costas norte-aniftricanas,
4.*) Que i. \\\ tempos idos a America era unida ao conti*
ueate aaiatico o que a separação ^e deu por effeito de um gr&nda
cataclysmo.
5.*) Noutra hypothese, brilhantemente fornjulada e desen-
volvida pelo dr. Francisco Flmtaz de Macedo, num erudito
trabalho intitulado Furmaçtio geohgka das Américas^ que sahiu
publicado em UíOO, em um numero especial da ejceJleotri reví&ta
Bnisil^Portugait este Ecientista aventa a idéa de que todo* oa
coutinenteã fossem unidos, mas que iormídaveia abalos gec lógi-
cos os sepíiraram, deixiando-os como estão actnaln:ente.
Acho oftta hypothese be n rasnavel, baaeíido em doufi uiappai
que acompí^nbam o referido trabalho ; mas no que discordo deese
illustre BcientLsta é quando elle dtz que «o homem deveu itp-
parecer em different©-; pont' s do macísso, em vanos tractos de
terrenos^ separados pela* fendas, quer de norte © sul, quer em
ontroa aentidoSt dando 001 cada ponto do i^eu apparecimento ori-
gem is bases das raças primitivas. ■
Vê-sa, pobf por este pequeno trecbo, que elle é partidário
do poljgenismo, theoria qne ha pouco acabei de con] bater.
Eiitendoí aim — e nào me couita que esta opinião já tenba
■ido ennunGÍada— que, ai por ventura as partea do mundo foram
uiiidaâ, a i^elebre Atlântida de Platão, que os antigo» affirmam
ter Jesappareciio, motivado par um ^raade çatacliíiao, «ra a
própria à merina <^u% 6m ve» de %umir-ser afuiidada nas a^uas
do oceano iiameti^u, deaappareceu aitn, portem da? vistas dos
primeiros earopeufi e africanos, sendo arredada yiolentameule
centeuiis de leguat da velba Europa e da Afíica, ficando de
permeio as aguas piofundas do Oceano Atlauu^o*
De que povo descendem os indif^enas da América?
E' difficil dar-se uma respoata eabal.
Particularmente nÃo partilho esta ou aquetta opiniào a reS'
peito de matéria tâo importante e, ao mesmo tempo, tilo contro-
vertida; porém admittQ algumas hypotlie&es que nellas se contém.
Está provado que os inHi^enns da America pertenciam a
divcir^^aa raças, e, consequencialmente, descendem de difterentes
povos* Qnatrefag:es é de opiníào * que o novo mundo fora po-
voado por trat raças : amarella, branca e nt^^^ra. A laça branca
habitava principalmente o noroeste, a amarella é ainda linje
representada prjr d iff« rentes t ri bus, e a ncj^ra, pouco números a,
occupava o i^tbmo de Panamá e a ilba de S. Vicente^ na en-
trada da golpho do México^ >
Eutre as innumeráà opiniões que podia cítar escolherei ape-
nas algumas.
Poâísuo nm exemplar de uma obra curiosisãima intitulada
Ktpêranza fie Israel ^ eácripta por Menaaseh Ben Israel, iheologo
e phtl -ãnpho hebrfui, em 1651, e vet'tida para o espanhol por
SantiafíO Pete^ Junquera. Npste livro^ o autor, bflseado em
profundos estudus que fez dn míitería e amparado prÍncí[íAl-
mente em Montesinos, autor da^ Memorias antiga» da híMoría
da Peru, affirma qae foi o povo hobicu qae povoou a America,
em cujo interior ainda espera a vinda do Messias, a redempçfto
das tribus e o domínio univeràal. E argumenta, citando trechos
da Bíblia, cotejando os costume;», a religião, a linguagem e os
monumentos em minas doj indígenas, e conclue affirmando a
origem bebréa das trihus selvagens do novo mao(fo«
O sabto indianolog-j D. Henrique Onfroy, visconde de
Thoron, numa memoria monumental, publicada em 1876, prova
exuberantemente qui^ qè povoá da aattguidade a mais remota
conheciam a existência da Ameriíia ,* e raf^re-se a Platáo, que
dizia existir atraz da celebre Altanttda um giande coutintínCe ;
cita Diodoro da Sicilia, que, 45 annos antes de Cbristo, já em
seus fucriptosi falava claramente da America, indicando seus rios
— 324 —
navegáveis, suas edificações sumptuosas e dizia que os pbenícioB
descobriram esse continente ; aponta Aristóteles, descrevendo um
paiz fértil, além do Atlântico; cita também Plutarcho que no
^Tratado das manchas no orbe lunar» conta, abrangendo todo o
occidente além d s columnas de Hercules, qtie o continente em
qiie reinava Merope foi visitado por Hercules numa expedição
que fez para oestes e que seus companheiros alli apuraram a
lingua grega^ que começava a adulterar-se. «Ora, continua o
Visconde de Thoron, os nossos estudos de philologia comparada,
nos têm feito descobrir que a lingua quichua ou dos Antis da
America equatorial e meridional, contem centenares de vocábulos
gregos. Este facto confirma a viagem de Hercules a America.>
Em resumo, este notável occidentnlista procura provar, ar-
gumentando cora um enorme cabedal de conhecimentos, que na
antiguidade, até a queda de Carthago, 146 annos antes de Christo,
o oceano fora quasi sempre frequentado ; que a America era
então conhecida dos povos navegantes ; e que a facilidade de
communicaçòes sempre existiu entre os dous grandes continentes
pelos ventos geraes e as correntes equatoriaes, cujo conhecimen-
to possuiam os marinheiros phenicios. E termina affirmando e
documenrjindo suas así-erçôes, que as terras de Ophir de Tnrs-
chisch, bem corao Parvaim, logares celebres, de onde, Fegundo
a Biblia, Salomão mandava suas frotas buscar ouros e pedrarias,
se achavam situados perto do nospo rio Amazonas.
D. Félix y Sobron, no seu interessante, porém deficiente
trabalho Loa idiomas de la America Latina^ baseado na lingua-
gem dos iudigenas, nas suas pyramides e nos seus hieroglyphos,
entende que elles descendem dos egypcios e também dos hebreus.
Eis o que elle escreve :
« Vários de los que ai principio estudiaron los idiomas, no-
taran desde luégo Ia semejanza de muchas vocês dei quichoa y
otros longuaj^es con otras palabras dei hebreo.
« Al^uno avanza hasta afirmar que con respecto á la lengua
de las Antillas, principalmente de Cuba, ])odia darse por sentado
que no era más qu« cl hebreo corrompido ; proposicion califica-
da por muchos otros de muy exagerada.
« Fero despues do los eruditos trabajos dei sábio baron de
Uumboldt, apoyados en las curiosas investigacioncs de los
P. P. Gaona, Olmos, Motolinia y otros que obtuvo y medito ;
y despues de otros estúdios más modernos de etnólogo» euro-
peos y americanos, está completamente demostrado que en casi
todas ias Icnguas dei nuevo mundo existe la más perfecta ana-
logia de infínidad de palabras de ellas con otras de las lengoas
asiáticas».
« Y como se verá en su respectivo legar, uno de los más
eruditos literatos mejicanos no se limita á senalar la semejanza de
mujos vocablos con varias palabras hebreas, sino que apunta la
identidad de la frase en su construccion y rodeo en muchos casos».
— 325 —
Cliarleã Vímner^-L^Empire d&t /íjcoa - depoU de brilhante
osiudo a respeito dos indígenas da America, conclue: * Que les
habitantâ desceudent du-ectmeut des raceg adatiques, ludi^ane,
Itido — CUinoiâft et Monguie » .
O sábio iiaturaliBta Alexandre de Hnmholãi—Tahlaux dela
<^?aí^i^€ — diz « qae ca jmvos occidoiitaeí do antigo continente
tinbíiui tiio rolíivôea com n A«ia mnitob minos miles da chegada
dos espanhoeã. A arialogia do^ calendários mexicanos, Uiibe-
tanoB e japonexes^ das pyraioides de degraus, orientados com
toda a exatídÂo, os mytbo» antigoi acerca das qualro edades, ou
08 quatro catacly»mos do mundo, e a disper&ílo da raça humana
depois do uma graude iaandação, «ão outros tautos mdicios tMn
apoie desta crença.
c O que se tem publicado, depoiâ do meu livro, tia Ingla-
terra, Prjinça e Estado* Unidos, acerca daa esculpturas singulares,
executada* qua^í em estylo indico, eneoutrudag tias ruiniis du
Guatemala e Yucatan, dá iiiuda maior valor ás aiialo^^iaâ que
eu iudleava, Oâ antigo^; monumentos da peninsula da Yucataii
assombram, ainda mais qufi oa de Paleoque, pela cíviliaaçiio que
revelam >.
O uosso Domingos José Gojiçalveá de Magalhães, visconde
dé Araguaia, no seu livro Opúsculos iíiiftoricos e LiUrarioHj
eontradítando Varnbagen, que atacara os índigeuas» na sua
opulenta Histotia do Btasilf pondera:
< Infeliz rnen to, porém, as Bárbaros da Europa que aixiquila-
ratEk o coloaâal impei io dos incaií; qut^ deavaggaram tantas cida*
d*?s flottíscentes do México e do Peru, e tantos monumentoa des-
truíram, com tão eitupida feioeldade nos roubaram as melhoreu
paginas que noa podiam gaiar na pesquisa da untiguídade ame-
ricana. Comtudo, á vista des^aa niiaas eloquentes de Cuscot
*teaguanae , Utatlam, Tttlba, Tenochtitlam, Culhuacan e Tezxueo,
êifta Athena» ameriL'ana, onde Summaríava, primeiro bispo do
México, ínvejoío di gloria attribuida a Ornar, amontoou em uma
pmví^ todoâ OH documentOi da. historia, da literatura e das artee,
« to ioa oâ manoàcríptos, hieroglyphos e pinturas doa Aztequcs,
e ergueu uma pyramidn que entrc^gou áa cbammaB; á vista desta
multidão de cidudei, de canae»?, de jionteâ, de pyramides, do pa-
pcjl de |jita, cartai goograpbicjts, *s diviíjili do ^nno em 36Ô dias,
e dessa maravilhosa estrada de quínhenta& léguas de Cuaco a
{JLiito, por entre moatanbas, talhada nas rochas, e guarnecidas
de ar^en^e^, fortalezas, templo* o hospieios para os camitibantes;
4 vigta dtHsaa gigantescas ruiiias descri ptas nor Garciksso, Hum-
bildt, Kuig^borough e ouíroa viajantes; oocumentos íncoutes'
taveii dti uma civilizjiçlio de caracter antigo e original, quo de-
tmncia geraç&«ít» succi^saivas e séculos para ter chegado a esse
pout^i de graudesca e esplendor; á vista de todos ei^ea factosi
tjto faci! uos é suppor essa civil izat^ão anterior, como contem po-
ranea da mais antiga civtli*/ação da índia e do Egypto ».
— 326 —
Jo&o MeodeB de Almeida, no seu eicel lente livro Notaê
GrenmhfficaSy a respeito da orig-em da povoaçÃo da America^ diz .•
«Tt?mOB por cousa provável que o continente da America
meridional foi, era tempos de impossível averignaç&o, invadido
por habitantes das ilhas da Oceania, mais próximos á costa
Occidental.
€ Basta comparar cb UifFS e os costumes dos povos dftqnella«
ilhas com oa asos e os co&tiimeii do& índios da Àmeiica, Â
tatuagem ou a npm-ai;.Ao de desenhar, por sulcos abertos na
cútis, pintura» variegadas; (s enf^-ites de pennas; o fetiche do
jardc verde ; a superstição lig^ada aos amuletos de ossos huma-
nos ; o uso de uma massa de pedra, fixada ao puleo por um
amarrilbo, com o <^ual esmigalbnvam, nos combates corpo a corpo
o inimigo ; a maneira do fabricar, de um só madeiro ou de xm
único troacO} embarcações de mais de sessenta pés de compri-
mentrtj bem comn o modo de Qpre&tal-aa para a nsvegsçâo ;
as danças, sempre alleg^oricas á guerra, a gacriiicios a fuuerae» í
a fónna hierarijhica e electiva do governo ; e muitos outros
signaeà ; tudo ia«;o fni euc-ntrado na America, especialmente na
região entre o rio Amazonas e o rio da Pratflj etc»
O &abio Barbosa Kodrig;ies, depois de provar pelo mnyrakitã
«a única prova palpável que noa pode dizer alguma cousa» sobre
a origem asiática dos itidigeaas, diz no seu notável trabalho
O muifrakiiã e os iãolos sifníhúlicos:
< Eíitudândo^ee a historia mythi^logica e autig^a da Ãsia,
meditando -se sobre o Génesis, ouvindo-so a tradição e compa-
rando-se tudn, deaapaijtouarjftmente, o que se encontra em ruinaa
da Americíi, ou o que se descobre sepuhado petas terraR, ou
conservado de geração em geraçào pelos pnvos, com religioso
respeito, vê-ee que a origem dos selvagens da America é a
meama daquelles que na Europa se prezam de ser de uma ori-
gem differente.
« A Ásia, pondo-se mesmo de parte a Bíblia, foi o berço
da humanidíile- Foi delia que partiram os Aryanos, mas delk
partiram também nutros povos, que esgalhados deram ramos que
se esteuderam pelaâ cinco partes do mundo. Bi em algumas
épocas emigraram grupos de um so sangue, em outras houve
leva de cruzamentos com fsan^ue que mais se mesclava pelai
uniões amigáveis, ou peks conquistas e pelo dominio. Os Cou-
dras, do código de Mauon também emigraram.
« Foram desses grupos cruzados que chegaram á America
ou nella se cruzaram com outros anteriormente emigrados e dahi
o mixto de costume» e de linguas. A grande distancia e o
grande espaço para estabelecimentOj o tempo que levavam a che-
gar e a se encoutrarcm os diíFereutes grupos, tudo originava
modifi^açòes de co.^tumes e de línguas, da épochas diversas, na
América, emquauto que na Europa os grupos tinham um pequeno
espaço para se estabelecerem e menor o tempo para os encontros,
— a27 —
pôrquo menores eram au distaueias a vencer: dabí conservarem^
ee mai9 puroB os coattimos, avançarem a civilizado e a lir^gua<^
O muito erudito conexo Pennatoit, acceitando e «mpHando
o» brilhíiiites estados do grande ocd d entalis ta, gr. Visconde de
Tboron, cita no seu Brasil pre^ histórico in num eros v^^cabuloa
tupÍA, âanskrítoB e gre^osi e, fazendo um estudo comjmrativo doh
m^^moit conclúe :
« Para mo&trar o parentesco da nossa formosa linj^ua brâaí'
lena ou tap com as tre» ímportantfa línguas do mando: o ho*
braico, o sa^iBkrito o o grego» são aufficientes as etymologÍHS que
reproduzimos da longa uomenelutnra que temos já escolhido e
faa m parte do nosso Lexicon tupi Cf mparadi*, O que ahi íica
exharado vem corroborar o que affirniíunoB sobi-e o ciUEa menta daa
nossit ratj^aft bra^ileiías com as outras ravíi*^ semitiras e ai^anaa.
« Emquaiitn aoa Pelasgins e aos HeUmma tino ha duvida
que elíes tinham sciencia de alguma terra ao oeçte do Oceano;
6 segundo a tradivâi parece certo que f^s greg-os também tive-
ram na Ameriía estabelecimentos antes da fnudat;ào de Karkédon
ou Karthayo, coltmia pbeniclann ; eomo tencmunha, dist de Th^^-
Ton, podemos citar liS narrní;Õos belleniL-as dfi Tbeoporapo, lepro-
dnxidaB pm latira por *'Klianu8 e em Plutarcbo; o primeiro affirraa
que Hercules foi visitar os Gregoa entre os Maropas (Marupá^
em tuf*i); ora eatei babí taram era face da Lybia (Africa) os
territórios occupados bojij peloa Brasilenos, em quanto que Sylla
conduziu este mesmo Hercules até o mar byperbórco ou satur-
niano, »obre o continente croneo, onde bablravain os Gregoa ;
liftvia portanto Gregos ao Sul e ao Norte da America, Durante
o bloqueio do estreito, o qual durou tressi^ntos ao nos, os Ilellenoe
iãolado^ no meio dos bárbaros dega]>pareceramj maíi a sua liug^a
ficou mesclada ás línguas americanas, iobretudo ao tupi, quo
contem innumeias raives da língua grega etc<*
Cândido Costa, no aeu íuteressaute livro Aa duas Améntas^
rftfore-s© a ujna peJra lavrada, com inacríp^-òeSt encontrada xio
Estado de Parahiba, a qua)^ fcndo submettida ao juísso do sábio
orientaUBta francoz Ernesto Renan, foi por çbte considerada de
origctu pbeniciaua.
O mesmo eicri(>tor conta que *outras três inscripçôps pu-
nicaâ &6 acharam em Boston, cuja noticia se publicou ©m França,
no auno de I78l; e, nHo ba muito, na vil la daa Dores, em Mon-
tividéu, um luzendeiro descobriu uma lápida sepulcral, com cara-
cteres desconhecidos, cobrindo uma sepultura do tijolos, onde se
achavam espadas antigaa e um capacete, damnificados pela ferru-
gem, n uma jarra de barro, de grande dimensão. Todos estos
objectos foram apreaentados ao douto padre Martins, o qual obtove
Ilt na láftida, em caracterea ^vt\g'^f.\—Alexandrt^ filho de Pki-
Hpp^t era rti da Macedímia Tia olympiada 63: n^»tes lugares
Ptoiorrieu». . ^ faltava o rosto. Numa das espadas se acbavn
— â28 -
gravada certa effigie que parecia ser de Alexandre» e no capa-
cete &e viam esculpidai varias figurgg representando Achílle»,
arrftBtando o cadáver de Heitor em roda ão9 maroa de Troia».
e PíJde-se Buppor que algum cbefe das arntadas de Alexan-
dre, levado por a];^inti tormenta, eurgbse alli, e marcas&e com
tal monumento a sua estadn».
Ee&umindo e&eaft abalis^daã opiniões qoe citei, torno a repe*
tir o que acima difi^e, iato G^ qua pertencendo oi iodjgcua& a
dl Gerente a raças, consequentemente descendem de diversos povo&,
p, portanto, nào se pode precisar um só povu como seu aucea*
traí remoto.
Admittido isto, é bastante provável as tribua bnincas da
Araerica aerem oriundas talvez dos propiios europeus; a& verme-
Ihas doa egypctoa e judeus ; as amarellas dos ehiuezes e japonc'
zefi í e as pretas Hos africanos negros.
Isto numa (fpocba reniõtiâsimn, purque em nossos dÍHs pare-
ce-me qtie íó existem iodigenas amarei los 6 vermelbop, estes f\&
America do Norte, representados principalmente pelos Pelles
VermelJim, e aquelles na do Sul, peloa T^upu e eeuâ ramos.
Os iudigenas brasileiros já começim a i^eruminytbo e breve
desappareceríio do vaato Rceuario onde figuraram durnnie longos
seculi a, e^ quiçá, afisis tiram a passagem de alguns milennjt^â.
Eítá, portanto, bem perto o dia em qu^eileeíe trantíoima-
rào em perâonagens lendários— e a lenda é afina) a mais pretica e
formosa das immortalidados.
Os iõdigenas eram quasi ^eralm^nte bons, meigos, alegres
e hospitaleira. Raça do briosos e altivos, uiio foram vtncidos,
porém sim esmagados pelo progresso. Sua terra fi i conqui&tudA, mas
eliea nào foram conquistados, tanto que^ as etpbactladas Iribus
que ainda existem em nosso pais, vivem na liberdade relativa que
iLes offerece o seio amigo dos sí^rtõoa vetustos do Brabil ; porím
tá meamo, á medida que a civilizaçào avança, pasaando algumas
ve^es por cima doa seus miaeros cadáveres, elles recuam, cedem
terreno, mas nào cedem a ai proprif s : é que, em sua simplici-
dade nativa, não com prebendem o progresso que se lhes depara
na ponta reluzente de uma bayoneta» ou na boca negra de um
bacamiirie ministro. . »
Existiu, contudo, ha bem poucos anno^, em oo^so pai£, um
var^o notabilissimo em tudo, especialmente pala sua alevantada
estatura moral— vulto gigantesco, que encheu gloriosamente maia
de meio século da nossa historia, e cuja estampa cyclopiea avulta
mais» cre&ce e crescerá sempre, á medida que o tempo pa&ea,
indexivcl, derrubando as notabilid^des do momento e os heróes
do dia, reduzindo '03 ás suas verdadeiras proporções e atirando-oa
al£ni até o iuâmo pó do ebquecímeuto perpetuo* . . Âquelle
- 329 —
santo varão, que merecia figurar ao iado dos que Plutarcho ím-
mortalixou, era filho do fundador e unificador da grande Pátria
Brasileira. NaseeUi abriu os lábios tenros |ara o primeiro va-
^do ua real Quinta da Bôa Vista, no meio do fausto e das ri-
qupsas, e muitos annos depois (contingências da yida humana!)
exhaloQ o ultimo alento de uma existência toda dedicada ao
engrandecimento do seu paise, num hotel secundário de Paris,
rodeado apenas por meia dúzia de amigos dedicados— esse prín-
cipe illustre chamaya-se Pedro II.
Pois bem, esse monarcha generoso, que conhecia perfeita-
mente o tupi, sobre o qual até escrevera, em francez, um inte-
ressante estudo, ioi um grande amigo dos pobres indígenas;
recebia-os sempre em seu palácio, como um velho pae carinhoso
recebe os seus filhos ; ouvia attento as suas queixas, presenteava-
os, ecnfabuluva com elies na própria língua desses brasílicos
Depois sahiam alegres e satisfeitos, cônscios de que seus direitos
seriam respeitados, porque assim o affirmara aquellc grande velho,
euja figura olympica, para elles, assumia propoiçõeg sobre naturaes.
Acerca da popularídade do Imperador entre esses nossos
irmãos, conta o viajante Maurício Lamberg, que nos sei toes da
Bahia encontrara um indígena civilizado que, no tempo de sua
vida nómada, fora apresentado a d. Pedro II, no Rio de Janeiro,
com mais alguns membros de sua tribu. Assim que viu o via-
jante, com a mais adorável das familiaridades, pressuroso, pergun-
tou-lhe : «Como vai o Imperador do Brasil V >
Sim, a saúde do venerando monarcha devia interessar muito
os seus ingénuos e rudes filhos.
No seu viver simples, elles naturalmente pensavam que o
seu grande amigo não podia tombar ; si hoje, pois, chamássemos
alguns daquello') indígenas que tiveram a ventura de ccnfabular
(Som o Imperador, e lhes fosse contado que esse magnânimo se-
nhor cahiu um dia do seu throno, foi exilado e morreu pobre
no estrangeiro, elles ficariam certamente entristecidos; mas, si
accrescentassemoi que hoje, após dezeseis annos, ainda se nega
nma modesta sepultura, nesta terra immensn, ao maior dos seus
filhos -então os gentios, selvagens mas generosos, haviam talvez
de ahominar esta civilização brilhante, porém carcomida pelos
odics e pelas paixões mesquinhas !
Bem distincção de classes e de partidos, eu não creio que
haja um có brasileiro sensato e patriota que lu^o admire a ele-
vação moral do «neto de Marco Aurélio», que foi grande no seu
glorioso reinado, porém ainda foi maior na tristeza do s'>u iso-
lamento, soffrendo h curtindo as agruras cruciantes de um triste
exílio. Assim, não importa que o corpo resequido do velho Im-
perador lá esteja repousando em terra estrangeira, pois em cada
coração da maioría dos brasileiros a sua memoria tem, não uma
sepultura, mas sim um verdadeiro tabernáculo carinhoso, onde
é amada e respeitada condignamente.
- 3áo -
•
o grande patriota, porém, o grande amigo dos nossos indí-
genas, o pae da pobreza envergonhada, o philosopho, o sábio
acatado e festejado pelas maiores summidadf>s europeias do seu
^empo, hadevir breve, gloriosamense, envolto naquella antiga
bandeira auriverde, que levou a fama da pátria brasílica desde
as margens remotas do Amazonas immenso até as campinas do
gaúcho heróico ! Ha-de vir breve, drscançar para sempre, debaixo
das constellaçôes protectoras do nosso Cruzeiro do Bui !
O grande exilado de 89, porém, não cahiu, n&o morreu,
Í)0ÍB o seu traspasse foi uma das maiores apothéoses que o mundo
atino assistiu, commovido e soluçante ! Sim, não morreu, porque
nos versos vibrantes do poeta:
Quem na lucta cahe com gloria
Tomba nos braços da historia/
S. Paulo, 1907
Lbonglo ]>o Amaral Guroel.
o PAf»RE MANOEL DE MORAES
A figura do Padre Maooel de Moracsj pelo qua&i mysterio
que a rqdeiiva e pelo ronjanesco qu© suggeria o pouco qnú so-
bre ella transpirara das narrativas do tempo, tem tentado va-
rini doâ que no Brasil se deiicum a asstimptos bi^to^lC^'g.
Pereira da Silva idedizou-a numa uovella que nâo vale grande
eoÚA, e Eduard'^ Prado penaava cunâã^rar-lhe uma monog-raphía
que devia valer Tnuito O erudito paulista^porque ein Eduardc
Prado lia via debaixo da bobemia do ghjhe truiter um fundo de
p«cata erudição, que elle avivava com o bsllbo da lua graça—
preteudia fundar o seu trabalho pnucipalmenta no processo áíi
Santa Inquisição» a que reapondeu o curioso peraonagem qne foi
missionário jesuíta e praticante calvlniata, andou vestido de
roupeta e «de grU com traçado, chapéu e trancei ímj como gente
de guerra, fez voto de castidade no Brazil c casou duas vezes
u& Hollanda, foi lingua do gentio, capitão de índios nas guerras
de Pernambuco e commerciante de páu brazil.
Aquelle [processo, cujo conhecimento desmancha inuia anger-
çâo errada^ de Innocencio da Silva entre outros, acaba de ser
mandado copiar na Torre do Tombo de Lisboa peto Instituto
HiatoricQ e figurará num dos futuros volumes da excellente
Mevisiat que ha quasí setenta annos mantém a benemérita asso-
ciação. Entretanto interf^ssaiá o resumo djis suas 500 paginas
HD^ que se nâo contentam com as poucas informações de Duarie
d© Albuquerque Coelho, entre os antigos, ou de Varnbagen en-
tre os modernos historiadores, acerca de um brazilelro que foi
bastante habil pára escapar à sanha do terrivel tribunal e
bastante instruído para figurar com seu vocabulário tupi- latim
na obra clássica d© Piso e Marcgraf sobre a historia UMiural do
Brasil.
A 25 de Fevereiro de 1646 entrava uo Patacío dos Estáos,
onde fuDccionava em Lisboa o Santo Officio (no local em que
hoje se levanta o Theatro de D, Msria II) um homem por
nome António Ribeiro, que se disse mestre de uma caravella
— 33á —
recGmclifigada de PerDambuco e a bordo da qual se aebavam
doía pnaoâ, remettid^ia paio ouvidor ^eral DominjproB Ferraz de
Soti^a, para serem apreientadus ao referido tribunal relig-ioao.
Alle^^ara o maritiuo que, teudo aua i^mbarcaçAo aurta junto
á terra, melhor tora nfto deixar a bordo os accu^ados.
laformado do oí-corrido, maiidou o Bispo inquisidor- geral
bii3ca!-os « entregai 'OS no cárcere da penitencia pelo familiar
Ãnconio Franco: como é sabido, honravam-fe de servir de be-
le<ruins de-isas dilig^eucias eccLeBÍasti^^^as pHSÊons de tcida a cod-^
BÍder&çilo t até da mais alta nobreza. Um dos presos era e
Padre Manuel de Moraes ; o outro um judeu couUet-idíi por Mi-
gufcl france-Ap natural pnréiu do Li&boa e qiie, indo a Flandres,
se circumcidára e apoatatára.
Na mflnhà Beg-uinte, rtiunidos em conselho os senhores io-
quisidores, liam os papeis enviado» d^^alétn mar e inteiraTam-se
do caso, que nho era alia» uovo. Âtiuõa antes, em 1G39, fera
Munotsl de Moraes denunciado por haver abjurado a religião ca-
tholLca e yivtdo escandalosamente entre os schismauo s, julgado
e coãdemaa^o á revelia peia Santa Iiiquisiçiho. O ouvidor geral
doa povoa da capitania de Pernambuco, que exercia também aa
funcçòes de auditor geral da gente de guerra, ao acompanhar
as forçai em operaçílo contra oa bollaude^ea aquém do S. Fran-
cia-lo, trouxera ordem do governaJor geral António Telles da
Silva de promover a prisào do antigo religioso da Conipanbiaf
que se achava novamente praticando a fé romana e vivendo
entre portugueses leacfl,
Tellea da Silva tinha tão feroa a beatice que, segundo
acaba de informar- nos o sr Capistnmo de Abreu, Be ofierecia
pqra montar o cnstear do seu bolso a Inquiaíçáo no Brazih Ã
malovolencia de Martim Soares Moreno, um dos tre* njestres de
campo debse período de campanha, eervindo aquella intrauai-
geucia, permittiu qae ie pflPectuasse a captura do revel» seguida
da ent-ega ao mest>e da caravtílía por J, Cotímo de Craabeco,
quiçá parente do celebre impressor de Lisboa
Os libertndoress tinham já então chegado ás proiíimidades
do Recife, restabel incendo o arraial d^) Boui Jesus, e dominavam
a menor parte do littoral, por onde exerciam francas suas com-
munici^ções com a Bahia e com o Reino. Manoel de Moraes, a
eíiSQ tempo o licenciado, nâo o padre, nenhuma resistência po-
dia oferecer, e aa próprias rua^ do Recife, ainda em poder doa
hollandezeit, lhe n&o prn[»orcianariam a gnarida da primeira
estada Na flua defesa, aiiájí, aí^rmou elle, repelidas vezes, pu-
trir o inteato de apreíentar-ae á mesa do Santo Officio desde a
sentença, aiim de eximir- se das suas culpas, umas reaes, outraa
imaginarias — porquanto, declaritva, peccára gravemente contra a
honestidade, maà nunca contra a fé. Demorara em fazei -o
porque tivera que voltar a Pernambuco por questões de di-
nheiro. Também o acto merecia certa hesitação por parte de
k
— 333 -
3 nem nto podia mais ^sar do favor e benefício dos apresenta-
ofi, havendo sido «relaxftdo em estatua e avertido.»
Do primitivo processo consta quaes as culpas attribuidas a
Manoel de Moraes, denunciado por um Duarte Gutterrcs, com-
merciante que asfistira em certo tempo (in Amstcrdam. Algu-
mas dat testemunhas de accusaçAo revelaram manifesta parciali-
dade, sobretudo um clérigo pernambucano, }>or nome Manoel de
Carvalho. O licenciado aproveitou comtu-lo o intervallo para, no
segando processo, apresentar em seu abono extenso rol de teste-
munhas, entre ellas o embaixador portuguez junto aos Estados
Geraes, Francisco de Andrade Leitào.
Da exactidão das informações prestadas pelas primeiras, logo
dá desvantajosa idéa a crntradiccão concernente á edade qne o
réu apparentava ter. Suppunha-lhe (lutterr^s 34 annos em 163^,
30 o christfto novo Joào Fernand s, 50 o carmelita Thomás
Olagre, 50 também o christão novo Diogo Heniiqiies, 45 o
mestre de caravella Doaiugos Vicente. Concordaram todavia
todas em que era de poucas carnes o moreno do cõr, qunsi todas
em que era de estatura meà, ajuntando t Igumas que coine(,ava
a ler eis: uma de?creve-o *alto preto magro ef«o.»
Na verdaie tinha Manoel de Moraes 43 annos naquelle
tempo, poii que confessava ^0 em 164t), e muito provavelmente,
pauliãta de nascimento e posto que só accu«andí> na sua ge-
nealogia ascendência portugii^za, t nha parte de mameluco,
mostrando-a na côr da pelie e nas feições.
For outra contradicção jurava o denunciante Gutterres o
jurava também Fernandes, que este era «professor da Ity de
Moysés nos Estados da Olanda>, terem cm Amstérdam, nos
annos de 1634 e 1635, conhecido Manrel de Moraes cubado e
com filhos^ quando os demais depoentes relatavnm~o que era a
verdade — ter elle caido em poder dcs bollfindezís per oocasião
da conquista da Parahyba, que occorrcu jneciramente de 1G34
|>ara 1635.
Pelo depoimento do Padre Rnphael Cardozo, procurador que
foi da Companhia no Brazil, ficanma snb«M)do que Moraes esti-
vera, rapizola, no collegio dof jesuitas na Bahia, que paí^sára a
Pernambuco corn o ]>rovincial e que, ao estalar a guerra, em
1630, era superior de um i aldeia de índios, o que faz ciér que
ali mesmo recebera as ordens. Segundo informação ulterior do
provincial da Companhia em Portugal, Sinifto Alvares, Manoel
de Moraes nunca chegou a prestar v*'tos solemnes, apenas os
simplices, acabidos os dois annos do noviciado, e já se achava
despedido da Ordem, por sua? faltas, antes de se j^as-sar jimacs
hollandezes e muito antes, p'rtanto, de abandonar seu credo.
De positivo ha que, homem de acçào por temperamento,
commandou seus tutelados indígenas na primeira phuse da guerra,
quando no primitivo Arraial Matbias de Albuquerque defendia
obstinadamente a campanha contra os invasores herejes: a cir-
- 334 —
cumstancia não é cittitradictAda tio proceaso e exprefisanieute &
refere um cbrifitao velho de Alcobaç^j por vinte annoa residente
no Brazil Nào teu d o partícidu ^ot seus superiores deeent© tal
Cíimbioaçíio de míâpionario e g-uerrilhf^iro por gcatn, foi Mauoel
de Momeii tompellido a deixar a Jacta de carto ckui desagrado.
Hetirou-se com varin» je^uitíis mais para uma aldeia de suas
iniéãõi^s, driUi pa^(i'td<j a Itamarneá e^ an s^er tomada a ilha bid
1633, trãnifeiind -&e para n Kio Grande do Norte.
O ena cnnKecimento da liii^ua geral facilitava -lhe habirar
flutre os .sbori^Goes e ievou-o «ataraímente entào a fixar-se em
Ciinhahú, o»de dizia misBa e exercia as outras funcçôes sacf rdo-
taeftj ao mesmo tempo preparando um coniiugente de 300 indioí
para qualquer emergeuí^iã belUca. Arguiti-o seu inimigo, Padr«
Manoel de Carvalho, de haver após a abjuraçâ-o determinado
es^eg índios a pelejarem coíítra ns portuguessoe, mae o fíicto é
inacreditaveí, pífr suspeita a fonte. O certo é que da Parahyba,
Cinde prrivavelmante so encontrava desde a conquista do Rto
Grande em IGoiJ, foi o jeauita levado prisioneiro para o Recife,
onde é corrente que passou a trajar de secular e sacudiu coma
roupeta aa cronçis, sendo por semelhante motivo e nfto antíríor^
tnente— DO que ^e deduss do processa — eXiiuUo da Ordem pelo
provincial Domíngosi C jelho, uma vez avisado ette do oecorrjdo,
Ao partir para a Hollanda, fazendo a embarcação escala
pela Parahyba, ja o padre horrorizara oã cntholicoâ pre>entea á
mesa do governador, á qual se sentavam uns vinte hollandexes
e vários raitrndores principaes, comenda carne em quiota-feira
de Endoení^as, quando os outros portugueses só ge serviam de
queijo o ajLeitonas O» hollandeíaes, entre os quaes era o zelo
calvinií-ta polo menos tà » int n^o quanto entre os p- rtuguezei
o fervor romano, re^osijavam-se sobremaneira com uma tal apcstã-
eia singular da parte de iiir letrado religioso e apontavam-no
ciimo exemplo aos outros captivos, entre elies frei António Cal-
deira, da Ordem de N, S. da Gr ça, que relata o facto.
Por acceitavel se pode ter que, bandeado com o inimigo,
tivesse Manoel de Morae*, pnra crMr- se posjçào, prestado, ccimo
oitLro mameluco c lebre, n Calnibar^ informações valiosas ao& iu-
vasores, íeito mestao ura livro «Jos portos e « ntradaa do Brazil».
Isto explicaria a referencia de u ita das tesiemunhaB de que, em
Amsterdíim, vivia o ox-je*uita é custa da Companhia das Itidias
Occidentaes, por Sc^rviços a ella prestados ; pois que se 6ca sa*
brindo, pelas confi-is-òes do réu, nfto poder ser verdadeiro o dlz^r
d^ outra tentem anha allu^ivo ao Cisamento de Moraes com 4l
filha de um dos principaes da Holsa.
Nâu qne nfto tivesse o antii^o cura fortes in&tinctos commer-
ciaes. Ao ser ordeitnd^i sua prisco «pelas paixões particulares
de ^[artini Soaroa Moreno», Oi^tàva ellet segundo pesto&lmente
declarou, numa aldeia do Hmíie d© Peruautbuco *a fa^ef pám,
isto é, a e cubar ^^ar páu-brazil. A priaão não foi todavia tào
— 335 —
ineipersââ, nem tão desprevenido andava elle qaCj ao &er ãpte-
lentado á mesa do Santo Oflicio, iiào ti f esse em Eeu babú um
maço de papeia «que diziam a bem da sua cauEn*. O tribunal
parecia de reato de algam modo prediapi ato em &eu favor, logo
íeí^idindo contra o requerimento do promctor Domingos Eâtevea,
que nào pasãaíse o preso doa cai ceies da penitencia para oa
lecretoa, *vi9to £ua enfermidade e uAo poder aer corado comoda-
mente ftin&o onde está*. Ue todo tempo valeram os empenhos i
i»«tam<>s veuio que a^é pesavam na ca?a ainistra dan torturas,
cajoft juUes era de suppor fossem a elles inaccesMveis. A prin-
cipal raiâo da comtemplaçíio u^ada repide seguramente nas cer-
tidões ô re com me n dações dos meatres de cam^o Joilo Fernandes
Vieirft 6 André Vidal d© Negreiros, que por 6*se tempo andavam,
sem auxílios directos da metrópole, recuperan<Ío para o Beu Hei
os domioios américauos em poder doa boUaudesta.
Ambos intercediam vivamente pelo accnaado junto ao Santo
Officio, deseri*vendo-o descalço o He crucifixo na ruão a acompa-
nhar e exhortar oi combatentes do gen berço e da âua primeira
fé, entre os qnaei livremente vivia e porventura eierciã O
•Acetdocio, tendo lhe -a^ge^urava elle — gido re^titaidas h& ordena
por um coinmisftÉirio de Sua Santidade cooj quem, na Hollanda,
&e confesáára e de quem ak-ançara a absolvição, uma vrz deser*
tada a segunda mulher com a qutl se casara no rito ealvininta
—eaMmonía que náo envolvia para elle mais do que uma mun-
Ci>bia legalizada.
II
Na eonfi^^sílo espontaneamente feita a 23 de Março de 1646
perante o Inquisidor Belchior Dia^ Preto, ast-entiu Muniel de
Moraes em que eíTecti vãmente casara na Hotlfinda, nào só umn^
mas doas vezes: a primeira na província de Giieldria, com uma
filha de Arn-jldo Vanderhflit, o qual tinha o contracto do pe^o
na cidade que no processo se denomina de Ordrnick, Para ahi
tinham remettido o prisioneiro á chegada do Brazil, ní'f?"nndíi-lbe
pas-agem para a Ht^spaoba — recusa attribuida prr Man* el de
Moraes ao receio que o seu regresso ao tlitatro da lucia inspi-
rava, por causa da influenL^ia que eierci.i entrtJ o ^^etitio, Cf m o
quiil se armara para a defesa ou pn^ra a traiçào, coufóane dermos
credito a sua veisfto, ou á vergão do marquez de Basto?, dina-
tario de Pemarabuco
Mais ou menos dous annos viveu com esta e8]i08a de nome
Margarida, qu^ ao íallecer lhe deixava um filho, com quem ficou
o avo. A Companhia, vendo o antigo jesuíta assim publica*
mente renunciar ao celibato ecclet-iaatico, portanto á douirina
romana, quiz, preteinde elle, confiar-Ihe um earf^o de governo
no Brasil. Moraes, porém, o não acceitou, para nã,o deitar sua
fé, do que lhe faziam condiçào — asaim pelo menos contou as
— 336 -
cousas nos Estáos — e passando a leyde, onde pensava imprimir
nm livro sobre o Brazil e sua fertilidade, conLecrn perto da
Universidade uma Adriana Smetz, com a qual casou e da qual
teve duas íilbes
Porventura será esta a viuva pobre que frei Thomas Alagre
lhe dava por mulher em seu depoimento. O que é menos fácil
de conciliar é esse snu sacrilego viver matrimonial com a sua
assers:ão de que não perdia missa, frequentando em Leyde ora-
tórios particulares e em Amsterdam a egreja do Cordtiro Branco.
Manoel de Moraes invocava a tal propósito extensa lista de
te^temunbas
Ao cabo àA outros dou» annos, cançado de ílamf^ngas e
hollaudezas, saudoso dos trópicos e dos seus encantos, sensível
mesmo ao parecer ás formosuras excticas, pois que, ao ir preso
para Portugal, declarou com empenho alforriar, caso morresse,
a mulata Beatriz que lhe servia de governante, abandonou o lar
legitimado e embarcou para Pernambuco, ainda sob o dominio
da Companhia das índias, numa das expedições de Boccorro.
Os recursos muito provavelmente faltavam -lhe. A Com-
panhia uào tomara encargo indefinido de i<ustPnta]-o. Entre os
documentos recolhidos na Hollanda pelo dr. Joté Hygino, figura
umi reclamação pecuniária do licenciado Moraes contra o conse
lho da associação mercantil. Lá, se frei Manoel Calado, o auctor
do Valeroso Lucideno, catholico e frade, lograra desfructar a
amizade do Principe Maurício de Nassau, que proventos n&o
poderia auferir entre os herejes elle, que havia dado tfto valiosas
arrhas da tibieza da sua moral rcligioi-a?
Do inventario a qu<^ não muito depois Manoel de Moraes
procedeu no cárcere, cdos bens adquiridos por sua industria» —
entre os catholicos, porque ahi lhe correu mais de feiç&o— vê-se
que não pordera seu tempo. As dividas a receber excediam
bastante as que tinha a pag.ir. Com cinco casaes novos de es-
cravos da Guin- e mais três ne^çros solteiros bem dispostos, al-
gumas juntas de bois, carros, um cavallo de sella e quantidade
de machados, foices, etixadas e outros instrumentos, explorava o
corte do pau hrazil no logar de Tapacurá. cinco léguas distante
do Arraial. Vendia o aos judeus do Recife a cruzado o quintal :
num sitio da Alagoa Grande possuia, ao partir, um de(>osito de
1 200 quintaes, e noutro ponto algum mais de que lhe fizera
mercê João Fernandes Vieira.
Isto indirectamente explica a nova conversão politica, senão
religiosa— dando de barato que nunca abjurou foriDalmente — do
trefego paulista. As conversões mui raramente deixam de ter
sua base interesseira. Manoel de Moraes voltou para Pernambuco
em Dezembro de 1643.
Rm 1644 dava-se a sublevação portugueza e João Fernan-
des Vieira, o governador da liberdade divina, passava edictoa
pelos quaes dava quitação aos que servissem a dita guerra do
que deviam aos hollandezes.
loteili^ente como era, o ex-jesuita comprehendeu de relaaee
tódo o partííio a tirar da aituaçào. Em primeiro logar, fa^ia
jxi5 ao seu perdão, no ca^o qae preyia de veacer a r<íTo1uçãiO :
tendo viyído em Ãmsterdam e nq liecife e convivido cora dire-
ctores e fiold&dofi, uiog^u^m nielhut podia aquilatar a coiTupçílo
e o desanimo do lado hcvllandez. Em se^^undo lo^hr, tivrava-se
do melhof modo do3 rommitteQtes poii que, sentindo ruaè decla*
rações, recebí^ra de hollAndezeii peças, escravos da Guiné, Wis e
ditiKeiro, uns 2.500 cruzados, para re&tittijr em pau-biazíl. Em
terceiro logar tomava logar entre os especuladores e não entre
os e&poliadoB, porquanto a gnerm da liberdade foi nos proceasoi
um formidável roubv
à fé ifnp^llia menoa que o amor do ^anho. Naquellti tempo
iDesmo não fle podia chamar rara a indiff^rença religío-^a : a lii'
tolerância oecultava muita cobiça. Manoel de Moraes fala de
muitoã chriatàoã novos e algunâ velhos qne^ pas-iando para tcras
neerlandeisafl, de novo se úzer&m hebreus ou abra<;at'am o cal vi'
oismo» O facto 6 eonhf*oirjo, e bem assim que os bnns dos hol'
landezet e judeus de Pernambuco foram po^tn» a saqu^, não
tanto poi flerem de iniraig-^ia da santa religiàg quanto porserotn
de inimigas abastadas
Joào Fernandes Vieira, cuja moral foi caprichouai pilhou i
^ande. Neste ponto tem razào o sr. Perei a da Costa no seu
recente trabalho sobre o Caatrioto Luzitano : apenas nào foi e lie
o único, sendo dos poucos que, tendo sacrificado haveres, pra*
curaTam uma com[>ensaçào que nào era de tndo injusta. Da
processo do Padre Manoel de Moraes consta quci ellt^ se apode^
rou— serve tão somente do eií^mplo — de cincoenta e tantos boi»
de carro dn jui^leu Bakbazrvr áti Fim^nca e que mmdou para a
Bahia em curto prazo 200 a 3^ escravos, uns de presente ao
governador Tellêé da Silva, outrot para íerem vendidos par
conta própria.
O que sobrava, di^itribuia pelos amigoB, Os bens 6 n Olinda
daquelle Fonseca f orara doadas a ura Luiz da Costa, hnmem
sem mer^^cimento, diz a testemunha, e eoQstavam de casíis, jar-
dins e ohirínsj tu lo calculado em 20-000 cruciados* O interea-
sante é que o índio Camarào tinha «u is peç:i9 africina» e, maii
extraordinário ainda, corria voz, qun Heoriqu^ Diass capitao-raór
dos negros, tomara cmuitiàsimoa escravos e oa vPTidfira*. Atá
para Portugal iam de premente de^aes escravos rnubados. quiçá
também para neg-ocio ; na caravella em que seguiu Mauíi©! de
Moraes, embflrcou um «valente neírnt reraetr,ido como mimo por
Martim Soares Moreno a um sobrinho cleriofo.
A eituaçAo era pois de tentar qualquer avenTureiro g-anan*
cinaOj e Manoel de Moraf^s n&n pf rdeu tempo no decidir-siv Com
effeito depoz André Vidal de Nesrreiro* que ao i-heirar á jnívoa-
çào de Sauto Antnnio d«i Cabo com aljj^umaa companhias do aeu
terço em auxílio dos moradores levantados^ já encontrou o U-
— 338 —
cenciado encorporfldo aoa soldados de João PernnndflB Vieira, que
seguiu até a Ca&a Forte, animandoos com suas pias 63:bórtaçÔça«
Mauool de Moraes estava, pois, perfeitamente ao facto de
quanto se passava do lado doa portuguezes, das glorias como
da& verí^ç^nnbaB^ ft por ia»o che^^a a pretender que o proceder do
Marti m Soares Moreno para com elle obedecia ao receio de que,
deapmbarcandn solto em Portugal, pode&se ter accesao junto ao
Rei e referisse cousas menos ag^radavpis tocantes ao procndi-
mento do me^mo mestre de campo. A prisco teria até sido ieita
em deeaccõi'du com as ordens de Tellae dã Silva, quf) eram de
mandar foroecer embarcação ao liceuciado para que po desfie ir
apresentar^se ao Santo OfficiOj recommendaucio que fosso seguro
porque escrevia em seu favor a Sua Maje&fsde,
Diz Morâfs que a desconfiança hostil dw Martim Searea
Moreno nustíera da circumstancia de, nuraa relação que aquelle
escrevera, calarem-se os serviços JeBHe cabo de guerra © elo-
gíareni-ae os dos dons outros, Vieira ft Negrt^iros.
 facilidade com que o mafnehico mudava de aspecto e de
opiniào leva a duvidarmos, até Sf^íjunda prova, de quanto sffir-
ma, e conduz a crer que tanto falavam verdade &» testemunhai
que no Recife o viram esciítaudo as prBrÉitiHs e vau gt-licjis quanto
aa que na H^ltanda o viram ai^si^dndii ao santo i^act-iliiíio. Os
intflrro«:a tórios aoffridoa pelo accusado levaram me;ç*i« e muitos,
aondo verdadeiramente inquiáitoriae*, como os *Je todo p qualquer
processn do calebre tribunal. Aa perguntas iosi tt^ntes, repeti-
oAs. repicadas, capciosas de/iam fatig'ar espíiitos Já abalad<'S pelo
sofiTrimento e prudiíspol-os a connssões meamo exaggeradaa,
mesmo i«ví*roBÍínf*Ís.
No caso em questão travaram -se sobre pontos de fé longoi
dialo;^'os etiíre o Inquit^idor Belcbior Dínz Pretto e o Bx-Je^uita,
cujo pnngíie frio e ar^-ucia se não deixavam díísmoniar acilmeutO|
guardaiido-se de a'Tjhiguidade'í th**oloíTÍca!i, Em assumptos ae-
cundurjoi teve poriam quu ir cedendo^ posto resalvando sempre
euprgicampnte o esfiencijil, a pureza de í-uas crenças imioeculadaft
a&ravé<i de todas as peripécias do «eu viver, até nào se aca-
nhando de em pie- a Gueldria, entn^ protestantes, a garrai-- se com
uma irnn*rem oa Virgem Maria em occasião le borrascas,
A*4sim, admittiu Manoel de M' ira es ter revelado na Hol landa
estarem mal defendidos os forrey da Companhia no Brazil, iivo-
cando comtado cnmo poderosa attenuante haver salvado a Bahia
de um ataque de ftine^taf^ cona'^quenc:ias. Sui&tenttira, ao que
asaeveiava, em concelho doa dirtícti^r-^Sj serem fartos o* recursos
da capittd hrazileira quando uratt carta do «governador Diogo Laia
de Oliveira, apprehf^rtdida peUii^ corãarioa hoDandezed expunha a
triste condiçílo d:i defesa do eentro do domínio portuguez na
America. Seu concelho foi nào obstante seguido
Outroftim, aconselhara «a autoridades a nâo v*íxarem antes
tratarem bem ns pornambucanos, pretextando o interesse da
— 339 -
Companhia 01 aa de facto pAf-a síilvar eeus patrieioa de ty~
ranniaa Os serviços prestados cior elÍR ao inimigo uho
pastavam, em verdade, de semelhaotes Bu^g-estões 6 atísos..
Também era exacto, reconliecéUi que comera carne em dia
de preceito e com istn dera i^ecandalf^, mas por ^6 havfi a
tnais farinha d*^ mandioca, A predicas calvinista* igualmente
concorrera, nn Brexil e na Europ», sem todavia entender palavra,
apenas por curiosidade, para apreciar a geatieula^ào dos prega-
Àoteê.
m
Uma vez formulado o libe 11o da Jnstiça, com seus longos e
'leveroa provarás, eonstítuín-se como proirurador da cansa do
Padre Manoel de Moraes o licenciado Manoel da Cunha— aubsti-
tutdo no andamento do proceâf^o pelo licenciado Lui^ Ferrão^
que apreiíiíntou (*m resposta Uns artigda drt contrarit^dade A
Santa Luquígiçân não deixava as âuaa victimai^ f^^m adv^igado de
defesa : OB seus pFdcesf^os revestiam tndaâ as furmae ordinárias
da Justiça, eseepto que corria tudo secreto, jurando as prnpriaa
testemnnbus nada rev*^íftrem do que tivessem dito e ouvido,
E' claro que á infracção do juramento corre«pondiam pena-
lidades .
O licenciado Manopl da Cunha tomou a serio seu encarço.
Invocou os fmtoFi de guerra do seu cliente, praticados contra oa
hollandcs&es no Arraial, em Itamaracá, no Rio Grande do Norte
^porque meemo depois de deixar o Arraial, fora elle obrigado
a pelejar com Bpua indios em j^juda doa moradores portugLiezea,
atai^ad«ift no gradual alastramento da occiupaçiio estrangnira—
como a melhor, mais tangível prova da eua Bjuci^ridad^ e leal-
dade á cauea portugueza, que era a causa catholica, E' d© ver
que por completo rept*lliu a hypothese nventada de uma capi-
tulado traidora, era formal contradicta áquella lealdade.
As^im narrou a defesa o efUsodio que é conhecido na sua
•otttra luz, porque delle se occufam a» Memorias Diárias ^
Achavn-BB Manoel de Moraes nn engenho de António de Vwl-
ladarPH, na P/irahyba, com o seu gentio que rt" tirara do Rio
Graud»*, quando António de Alburquerque e Marti m Soares Mo-
teno íhe pediram que fosse buscar, para reunil*iis ao^ outros^
o» indin» da aldeia de Gararaoa, O je^uita as&i n fex, deixando
á guarda dos dois miliMreri os aeus tuTeladoK. Atacados entre-
mente* palofi hoUandezes, teriam oâ cnhos de guerra fugido, sem
se defenderem, ci>m os soldudo;* do seu commando, abmdouando
ao inirnígo os iodios, raa^* ass^^guraudo a Manoel de Moraes, a
quem eticontramm de volta da Kua mis^ftn, que estavam esses em
lalvo. Adíantando-se desacautelndo o Padre, depftro^ pelo con-
trario com o seu rebanho tomado e a si próprio te viu cercado,
não lhe reatando mais do que ent reinar ^í^t', visto ser impoRsivel
qiialq^uer defeca» Accuaava elle oa fugitivoâ da origeiu de tal
— 840 —
infâmia: para encobrir sua covardia teriam ido falsamente in-
formar Matbias de Albuquerque de que o missionário desleal se
mettêra de caso pensado com o inimigo.
A defesa, recebida a 23 de Novembro de 1646, apresentava
uma considerável lista de testemunhas, em abono dos sens
dizeres, no Brazil, Portugal e Hollanda.
A inquirição respectiva começou a 18 de Março de 1647,
tendo-se passado as commissões necessárias para serem pergun-
tadas umas e vendo- se as demais por informaç&o. Algumas foram
favoráveis, outras desfavoráveis.
O desembarerador António de Sousa Tavares por exemplo,
Secretario que fora da embaixada de Tristão de Mendonça Fur-
tado, o primeiro enviado portuguez junto aos Estados Geraes
depois do rompimento da uni&o com Gastella, depoz que o Padre
Manoel de Moraes, seu conhecido da Hollanda, mostrara sempre
nas suas praticas ser verdadeiro catholico romano, usando como
bom religioso dn grande modéstia nas suas falas, e manifestando
repetidos desejos de mudar-s-^ para Portugal, afim de ser de
utilidade aos seus patricios. empenhados na recuperação de Per-
nambuco, e ver seu filho criado na fé catholica.
Declarou mais o desembnrgador haver então visto uma cer-
tidão em latim de Artichofsky, o notável polaco ao serviço da
Companhia das Índias e ^eu mais illustre capitão na guerra do
Brazil, de como poupara a vida de Manoel de Moraes no en-
contro em que o caprivára, pelo grande valor com que elle se
defendera, pois mandara degolar a mór parte dos soldados ren-
didos .
O padre, aliás, não menciona esta façanha entre as que em
geral se lhe attribuem, parecendo antes que lhe não f5ra dado
offerecer resistência.
Um camareiro do já defunto embaixador Tristão, por nome
Jerónimo Esteves, confirmou com a autoridade peculiar á cria*
dagem os dizeres de S^Uí^a Tavares, depondo que o accusado
de facto almejava por tranHferir-se para Portugal e deiramava
por esse motivo sentidas Inprimas : só o retinham a consideração
dos filhos e o receio do ca8ti«;o capital. Concordava entretanto
o fâmulo diplomático em que o antigo jesuita ensinava a »6Íta
que os hollandezes seguiam, não por certo de coração, mas para
não morrer de fome ou para não ser por elles morto.
Ao contrario destes, o Padre Manoel Calado do Salvador,,
o confessor de Calabar na hora extrema e amigo de Maurício de
Nassau, foi cruel com o accusado. Affirmou que, com seus índios,,
elle auxiliara os holland^zes contra os portnguezes, chegando a
avançar— basta isto porém para se lhe descobrir o exaggero —
«que se não íôra o dito padre, nunca os Olandezes entrarão pella
terra dentro e fizf^rôo o d»mno que tem feito». O auctor do
Valeroso Lucideno estava certamente pensando no renegado a
quem assistira no patíbulo: do seu depoimento indicectamenta»
¥
— 341 -
ie concilie todavia, bem como de outros, que o mameluco orde-
nho PÓ re&braçou sua fè quaado pre sentiu que oa portuguezot
^anliartam a partida e que a bust salvação estaTa em acompa-
Nenhuma testemunha te avaotajoii com efeito na defesa do
réu ao procurador de Jofto Fí^ruandes Víwir» em Lisboa, cha-
matido Jerónimo de Oliveira Cardoso; o que mais prova que foi
o restaurador da liberdade pernambucana o maior protector do
Padre apoatata e arrependido. Contirmou-ilie Cardoso todas ai
Maa sobre o remorso qiie €>m certo tempo invadiu sua alma^
tQtheuticoa a bt««toria da cou€b-bo ^t^ial ^m Amsterdam, onde
por e*s# tempo se acbava a testem uhIih, vivendo ct»ra o réu na
na mesma casa^ corroborou finalmente, pela^ tní- rmaçoeã que
eatâo e no local colbera, qUB Manoel dt- Moruea jámai» escrevera
coPtra a doutrina catboiica e até frequentava asfiduamente as
egrejaa romanas.
Ãi te*temunbaa de Peruam bucn^ interro|radas em virtude
da eominiiêâo dada ao vigário de Santo António do Cabo, licen-
ceado Matbeue de Sousa Uchoa, íoiam de resto uniforme-
mente escellentea para o accusado *. no seu numero conta-ae
o famoso Gamai ào, cuja edade era em 1647 de 46 annos, e que
declarou conhecer o missionário, de quem fora depois compa-
nheiro d'armaa por dois annos, de quando &eus superiores o
mandaram ensinar o catecismo na aldeia de Meretibi, onde o
índio reaidia. Seja dito de |>assa^em que dsta declaração parece
decidir completamente a questão da naturalidade do Camar&o
em favor do estudioso ar. Pereira da Coàta, que sempre n reputou
pernanibucanOj ficando a referida aldeia dentro dos conliua do
feudo de Duarte Coelho.
Recordaram essa» testemunhas de alêrn mar os com bateis do
Padre contra os holtaudezes á frente do seu gentio da aldeia de
Bfto Miguel, duas léguas distante de Iguarassú, e abonaram seu
manifeéto arrependimento de quaesquer erros commet tidos na
Hollanda, pois que n viam, apó^ o regresso^ ir assistir, ainda
mesmo quando aboletado no Recife, aos serviços divinos ua
egreja de N, S. do Amparo em Olinda, onde pregava frei Manoel
dos Óculos, como era popularmente cotibeeido o Padre Calado,
Para dar o devido valor a estes depoimentos e calcular
quant<^ elles podiam influir sobre a sorte do rt^u, é migtt^r ter
preéeiite que Manoel de Moraes ainda desembarcou no Brazil
vestido de «ílítmen^o»^^ — o que elle todavia explicava pela pro-
Mbiçào que na Hí>llanda existia para t^s religiosos de vestireui
aeus hdbítoa^ — e que, ao ir residir na mata, em Âratangi, a dea
léguas do Recife, «onde tinha casa d»' vivenda, pau brazil e
rossanasB, o antig-o jesuíta se conservava apesar de tudo numa
situaçÃo p^ão menos dúbia. Tinha^ portanto, gua im]iorta»cii, e
grande, aaber-ae no Santo Oíficio que nesse poriodu cnsturaava,
posto que afastado dos sacramentos, ir um t^ido o ea^o á misâa a
■duas léguas dali, trazer coutas ao pescoço e rezar horas inteiras.
I
— a42 —
Contoti Jofto Fernandes Vieira no seu depaimento, aliai d©
tudo o ponto eynipathico, que o Padre lhe íoi-a primeiro tra-
mdo preso por nm alferes a quem mandara «fazer gpnte*, e que
primeiro o condussia ao cabeça João Lourenço frauce^, junto ao
qual intercedeu o recrnSado para ser apresentado áqu«lle
mestre de campo. Levado à sua presença, lançou- »n-lke aos
péa e confessou seus erros e peiares, respondendo -lhe Fernandes
Vieira com ar majestático e ma^animo que facilmente a^sumiat
n&o ser seu juiz para o castig^ar.
A segunda conversfto de Manoel de Moraes não foi por con-
seguinte espontânea, conforme apreguavft o intereEisado em eeti
coiitume de constante duplicidade, filbo porventura neasaa con-
dições de não saber meamo, em ciccumatancias taes, o que mata
vantajoso Ibe seria faaer. O in te rí* soante é, e íala pda sua
habilidade mais ainda dn que pela botidade allieiSt que o accu*
sado encontrou também testemtinlias bastantes para confirmarem
suas praticas romanas na Hol landa, ncnhama havendo mesmo, —
flfdra uma referencia vag-a— qtie jamais o tivesse lá ouvido falar
mal da eanta religião.
Manoel de Moraes pretendia provar mais do que íô&o, que
só faltara bater-se por sustentar contra judeus e calvinistas a
intang-ibiltdadfi do eredo catholico e repelir suas hére*ias— o que
admittia Francisco de Andrade LaitÂo^ embai atador que era a
esse tempo na Haya, apenas com relaçfto aos judeus— ponderando
com muuo bom senso que em relaçUo aos outros « me não per-
suado que diria mal delles em sua presença, dependendo do ^ea
Cavor e sustentando-se do que lhe davam» Nào passar iam de
algumas patacas os soccorros que o aotig^o jesuiia recebia cada
mez para alimi^ittos, da Companhia das (udiag, mas o positivo é
que, ainda ao partir Moraes para o Brasiil, o representante por-
tuguês ouviu, e muito provavelmente assim era, que ia oUe em
serviço daquella aseociaçÃo mercantil «em coadas de que os di-
rectores o encarregavam, dando- lhe por* isso ordenados e obri-
gandose a sustentar aua mulher em Amsterdam».
No entanto a Francisco de Andrade Leitilo pedira o Padre
que lhe procurasse meio de ir a Lisboa sem receio de ser exe-
cutado por virtude da sentença centra elle passada, e que obti-
vesse do Hei alguma tença para manutenção dos filhos e da
mulher, no seu dizer uma das toais formosas da Hollaada:«com
pretexto — informava o embaixador —de que o iria servir na
guerra do Brazil onde poderia ser de grande utilidade para es&e
Reino e muy prejudicial aos inimigos». Assim reza o depoimen*
tos escnpto com que, a 6 de Sfitembro de 1646, respondeu An^
drade Leitão de Munster, onde se acha como plenipotenciário
uomeado para o Congresso de Westphalia^ ao pedido da Inquisiç&o.
— 343 —
IV
Nd tei^ allndido depoimento de Mtmater o emhaisBdf>r por-
tugneE, poBto que não eximindo o Padm MftPOfl de Mames daB
&Itas e embu^tei prAticado». todftvia o desculpava e achava dig^no
de mitericordia ÓpiDava quo o réu lha não parecia em suab
coinmunicaçuea hereje formal, execrando até ob erros dos qt6 o
ênuDf e arreditava que elle pó nfto abanHf>nava a tnulbtír * por
luxuria, aãeição Datyral e neceE^sidade, t^nendo qap, ai o Hstesee,
perderia oa alimentoé que os directores lhe davam e outra» com-
DaodidAdeí neceBa^naa para a 7ida mundana > A familia, isco é,
a preeisfto de dar-^lhe de comer foi^ de re^to, o moúvo, em certo
momento invocado pelo antigo je-uita. para PXfdicar seu re^írnsgo
ao Bra2il--a ver au lhe podia gr^àugear alg'UDs meios d» i^ubsii^
tencia.
à disparidade doa te&temuphos provém em ^ande parte,
pelo que log^o âe percebi»^ da» incongruf nc as da vida do accu-
iado. O seu advogado, por via de eontradict^s, apontou mesmo,
no decorrer do processo, yarios Íiiimi|ífjft do réu, com ob quae&
tinha elle tido difFerom^aK, e cujo depoimento se fazia [>or íebo
mapeito: no numero contava- se um Frei Ao gelo. monge capu-
cho e filho também do Brazil, com quem Manoel de Mi^raes
discutira acaloradamente o argumento de um caf^o de consciência,
acabando pf>r dizer-lhe, no ardor da disputa, que mais Bfibia um
co2Ínbeito da Companhia de Jes^uado que um letrRdo da rehpão
do ar^iinte, pelo que se poz o Fiade muito sentido e lhe ticou
com odin.
O tactn de fer sido fronteiro na gnerra e feitr, ao que
apreg-oavái, grande damno ao inimij^^o com o seu gentio, det^ per-
lou contra o missiotiario guerrilheiro muitos ©mubs que Ibe
queriam mal, especialmente Capitàes e officiaes da milícia, qne
ficaram outros Tantos inimigos aeufi, encobertos, os da peor aa-
pecie, porque muito maia difficilmente se conaegue combatel-os*
Negando a pés juntos que se houveBse bnndeado de interease
e de crenças ci m os holLandezes, quer na aldeia parabybana
de Itapúa, onde foi preso, quer no Hecife, onde apenas o guar^
daram dois mezes, antes de deppachalo pnra Amsterdam, o accu-
£iido apontoQ outras testemunhas, e as mesmas antigas em êõ-
gnnda condição, com o fim de contrariar as que contra elle ti-
nham depKistn, segundo se vira da revelaçào das mais provas da
justiça no seguimento dos tramites do processo. Esta nova iu*
quirição para probança da d efe a fip parecia cr^mtudo dtífieil nesse
anoD de 1647, pela guerra que tiiais e mais se geaeralizára no
Brazil — lf>47 foi o anno do massacre e occupaçi^o de Itap^iríca e
devastação do Recôncavo — nfto se tendo por outro Indo iio rela-
tivo à& Províncias Unidas, realizado ainda a (az com a Hesjiaoha,
que só no anno immediato occorreria em Jlunster. Por isso fez
D réu d eftía tencia da siia dup plica e p^diu mesmo prompta sen-
— 344 —
tença, por se achar muito achacado e sofiErendo grandes calami-
dades.
A 29 de Agosto foi encerrado o processo, dppois de vistos
os autos, culpas e confissões do reu, parecendo a todos os votan-
tes da mesa que, com o accrescido err. seu favor, em parte se di-
minuirá a prova que contra elle existia no primeiro processo, no
qual nã.o fora ouvido ; mas que ainda assim rei^ultavam graves e
urgentes presumpções de erros contra a lè A organização judicial,
mais exigente, nada encontraria quH dizer contra a equidade de
taes conclusõoR. Antes do de;; pacho final devia, pcirtanto, o rôu,
de acordo com o estylo da e{ oca, commum a qnaesquer tribu-
naes e a todos os paizes, ser posto a tiatos.
Dos nove inquií^idores. uns opinaram por todo o tormento,
outros por dois tratt s espertos, outros ainda por um esperto e
um corrido: por esta ultima combinação foi que em appellação
se decidiu o conselho. A 6 de Setembro, levado para a casa das
torturas e instado para que confessasse tudo, Manoel de Moraes
fraquejou deante dos instrumentos e, antes que o executor o se-
gurasse, revelou afinal que de facto repudiara sua religião em
fim de 1637, quando na Gueldria impellido a isso pela commu-
nicaçâo constante com herejes e tentado da lascívia.
Ajuntou que cteve crença na ceita dos calvinistas» coisa de
quatro annos. Foi comtudo sincero no seu erre, quer dizer que
imaginou piamente durante e^se tempo que se não perderia ac-
ceitando a doutrina reformada. Frequentou — era infelizmente
verdade — as egrejas protestanes, ouviu as predicas dos pastores,
comeu carne nos dias de preceito e deixou de lêr as sua horas
canónicas: por não saber hollandez, lia, porém, pelo seu antiga
breviário os psalmos de David e, sh não usava assim da Biblia
dos herejes, tão pouco commungava ao modo delles tque é
comer pão em memoria da Ceia». A ninguém todavia podia ac-
cusar de seducção. Elle próprio deixara-se corromper pelo máu
exemplo, convencido em certa época de que os sacramentos da
Egreja, excepção feita do baptismo, não 'ossem bens necessários
para a salvação da alma. O remorso veio- lhe quando foi abrir-
se CMTi Tristão de Mendonça Furtado: o caminho da embaixada
foi A sua estrada de Damasco.
Dir-s3-ia que a Inquisição apenas esperava esta franqueza
para mostrar- se clemente ao réu. Mercê da confissão referida, de
haver reconhecido sua apostasia e ter procurado ir apresentar-se
ao Santo Officio para tal fim recorrendo a caiholict», dando si-
gnaes de arrependimento e pedindo perdão e misericórdia, rece-
beu o tribunal religioso, consoante a supplica formulada, no gré-
mio da união da Santa Madre Egreja e não relaxou o braço
lecular. sefrundo até aqui se acreditava na fé de Innocencio da
Silva. O erudito autor do Diccionario Bibliographúo fbrtuguez
não só menciona que Manoel de Moraes caiu na simplicidade de
a]>resentar-se nos Estáos, fiado na caridade christã do Santo
k
— 345 —
Officioi ^^omo relata que foi elle por muito favor garrotado em
vez de queímaJo.
Na verdade mandou a mesa que, em pena e penitencia de
ta&B cutpftB, compareceaae o réu do auto publico da fé no modo
coUumado, ieto é, cotn o habito penitencial e as inâig-nías de fogo
e ali, junco ao crepitar das fogueiras de st i nadas a outros, ouybse
toa fipnteuçai abjura íi d! o aeui heréticos erros em forma. Outrc^im
eram-lhe aBsignado* cárcere e habito peuitencial perpétuos aem
Femiasão; Bcaria pára sempre ânspeoiO das suas ordens, via-^e
mandado instruir nas coisas d^i fé necessárias para a salvação da
ilma, e teria de cumprir «aa mais penáB, e penitencias eiipiri-
tuaés* que lhe íos^em impostas. Da Picommunhào maior em que
incorrera o abeolviamt entretanto, oa juizes in forma ecdenícÊ, maa
os bens materíae* ficavam -lhe coufiicados. O resultado era mais
duro do que terrivel.
À aeo tença conhrmatoria da mesa, passada pelo conielho
presidido pelo Bispo — inquisidoí g-era! traa a data de 10 de Se-
tembro de 1647, e o auto da fé em que foi ella lida ao réu,
teve iogar no Terreiro do Paço no Domingo, 15 de Dezembro
do mesmo auno* Q outro, em que o tinham relaxado em ee tatua
occ rrera a 6 de Abril de 1642
A indulgência do Santo OfEcio para cora o Padre Manoel
de Moraes, apóstata e perjuro, nao se esgotou com irreaervar-lhe
a vida. Por cárcere foi-lhe dada, a 11 de Janeiro de 1648» a
cidade de Lisboa, onde teria de satisíazer suas penas espirjtuaes,
lendo^lbe sómeate vedndo usar f>rata, ouro ou seda oas sua^ veàtes
a andar em bestas de sella à vergonha do habito peuiteucial
foi-lhe poupada contra o voto mesmo dos inquisidores que acom-
panharam todo o processo tendo elle requerido aquella graça
yifto estar contricto e soffrer de aethma, de potta e de outras
enfermidades, ao ponto de não gosar um dia sequer de boa
saúde .
Concedeu-se-lhe também a 27 de Janeiro o poder commun-
gar uma vez [)or mez. Finalmente f i i deferido por completo o
seu pedido de poder sair para fora do Heino e ir para qualquer
província catholica— em cujo fundamento alíegara estar [leragri-
no, suspenso e i^em meios, não se podendo pois sustentar, nin-
guém o ajudando nem ao menos lhe acudindo com esmolas, au^
tee, leudo de todos desprezado, passando com muito trahalho b
padecendo necessidades tão excessivas que dormia sobre uma
esteira, sem colchão nem enxerg&o, coberto com suas pobres
roupas,
A ultima notícia que temos do Padre Manoel de Moraes, pelo
processo da Inquísiçílo aqui condeniado, é justamente a permls-
iftô do Santo Officio, de 10 de Março de 1648^ para que pudesse
itt&entar-se para qualquer parte do Heinn «xomo fosse de catho*
lícos», tendo esta sido a redacção adoptada pttlo inquisidor geral.
A mesa, aliás, anuuira purae simplesmente á formula do pedido
— 346 —
que, considerando mesmo enUU> Pernambuco proyincia contami-
nada pelos herejes, a cujo dominio nfto conseguira ainda subtra-
hila por completo o esforço pernambucano — 1648 foi o anuo dos
Guararapes— dentro em poucos annos lhe permittiria, se a vida
lhe fosse poupada pelos achaques, como o fôra pelos juizes, voltar
uma vez mais á mata de Pernambuco e rever ou substituir a sua
fusca governante* E' provável que os sustos e os sofirimentos
tivessem, porem, abatido os enthusiasmos sensuaes do sacerdote
apaixonado, a quem a Inquisição, de ordinário tão inclemente,
fez mercê até da liberdade, quiçá porque elle muito amou e os
que assim amam fazem jus á misericoraia divina, da qual o Santo
Officio se proclamava o conselheire.
Rio, 1907.
M. DE Olivbira Lima.
TIRADENTES Ê A EDUCAÇÃO CÍVICA
(gONPB:E£NCIA RBAI.1ZADA a 20 D2! ABBIL DB 1907, PBLO FBOFBJSSOR
Josô Feliciano, no e Grémio NoRMALisTâ»),
Cidadão dr. director e coeus eoUc^aa! Min ha i setiborat e
mQQB senhores! Meus prezados discípulos I
Uma vez mais darei a estas conferenciaâ um matiz educa^
tivo, Ã e&ta elevada mira tenho subordinado aa modestas co-
gitações d© minha vída cívica e relig^io&a. Defectiva como é e
incompleta, tem>me ella maia fundauieat^ mostrado que a a nia-
sellaa egaenciaesi de no&sa época derivam sempre de nosBas falhas
educativas. E' mister que o^ professores e publicistas nào des-
lembrem nunca o proveito educativa' de seua trabalhos quaesquer.
De nossas mesmas lllusões e en^^nos emanam grandeâ vantagens
para a propHa ou para a afh*'ia educaçào. E', porém, necessá-
rio que nos não deixemos prender nas esttettesae de um parti-
cularismo egoísta*
Já déiDDB aqui provas de nossa largueza de vistas. Ã festa
de 14 de Julho permittiu nos encarar a universalidade humana,
como sendo a fonte e o alvo de nossos esforços educativos, ci-
TÍcot ou pes&oaes.
E^ um erro pensar que noa devemos isolar em com me mo ra-
ções puramente cívicas. E^ erro igual ao das famílias arraiga-
damente tradicíonaea. que &ó memoram aeus faatoa caseiros, suas
preoccupações domesticas » Nào ha f^amilia sem Pátria que a
auatente e nem Pátria sem a espécie humana que secularmente
trabalha para as pátrias todas, formando em conjunto a Huma-
nidade ,
E' jttato, porém, dar ao civismo, dar á Pátria o florente as-
pecto que nessa trilogia está representando. Assim farei no
€ibo^o rápido que se yae ouvir,
* * 3»
— 348 —
O homem naBce para ser cidadão antes de tudo. Da cívica
educação pende o destino fundamental do homem, ou sua acti-
vidade efficaz. A educação domestica deve preparal-o para esse
destino: é viciosa, quando propende a ahsorvel-o numa estreita
esphera de interesses duplamente egoístas. A educação univer-
sal completa a actividade cívica : dá-lhe elasterio, dá-lhe am-
plidão de vistas, para coordenar, para aproveitar na espécie hu-
mana resultados que tendem a concentrar-se em nacionalidades.
Também se toma viciosa quando aspira a um vago internacio-
nalismo inconsistente, a um desaggregador cosmopolitismo, falho
dos deveres cívicos.
O nó, o eixo da educação, está, pois, do civismo bem coor-
denado e bem dirigido pelo centro affectivo da educação domes-
tica. O civismo romano é uma digna preparação que devemos
completar. O que antigamente se coordenava em tomo da
actividade guerreira da conquista^ deve-se agora systematizar com
a actividade industrial do trabalho. Ao estado de guerra per-
manente succederá um permanente estado de paz. Os homens
antigos guerreavam para incorporar o mundo á Pátria romana.
Os homens de hoje devem trabalhar por se incorporar á espécie
humana, como elementos úteis da grandeza universal. Em cada
Pátria as classes diversas convergem os esforços, os resultados de
seus officios differentes. Na Humanidade as differentes republi-
cas exercem officios de utilidade universal e assim convergem
seus esforços todos. A rivalidade militar^ que dividia as antigas
cidades, será substituída pela convergência industriais que con-
graçaná as republicas modernas. A sociedade cívica ficará socie-
dade universal.
Metastasio, em seu Attilio Regulo^ pintou em bellos versos
o civismo romano. Si lhe alargarmos o horizonte, substituindo
Pátria por Humanidade^ substituindo a guerra pela industria^
nesse quadro teremos a pintura do moderno civismo. E' o quô
se pôde ver nesta formosa traducção de Bocage:
Na pátria pensa ;
Vê nella ura todo de que somos partes :
Erro é no cidadão considerarse
Da Pátria separado ; os bens, os males.
_ S4â —
Que deyo conhecer, sàa os proveitos,
On detrimentoft delia, a <ftiem de mdo
E* devedor : quando o suor e o sangue
Por ella espalha, nada &ea de&pende:
Qaanto lhe deve restitae á pátria*
A pátria deu-lbe o aer, deu-lhe a dontrioA,
O alimento ibe deu : co'aB leis, co'a8 armas
Doi insulto^ domesticou o escuda;
Dos e^ttemoa o salva: cila lhe presta
Nome, bonra, grau, seus méritos premea,
Viogrft 03 Bgg-ravo» seus; raàe carinhosa,
Se eimera em lhe forjar probperidade,
Em fazel-o feliz, quanto é poaeivfl
Ão dèatino doe homens Ber ditoso.
E* certo que eatea dons lá têm seu pezo t
Quem o pezo recusa, o júa deponha,
Renuncie o favor, mendig-o, inútil,
0« desert^^a inhospitos demande,
E em ferinas envolto hirsutas pellep.
Contente de um covil, e agroátes frutos,
Lá viva a seu sabor, inerte e livre»
Áft&im, na sociedade actual não deverá prevalecer nem o
egniimo de uma naçào,— como o iudustrialí&mo an^lo saxonico, —
nem o egoi^ttio de utua classe, como o socialismo collectivi^ta ou
intertiacionaL Entre o industrialismo nacional e o deniagfogismo
induittr tal, — ambos igualmente ohpre?ièivo^, exclusivi^taSi^^iirt^e o
industrial civismo aitruííiia, íiynthfdi-o e pacifico. Este vem har-
monizar todas Ri classes, appl içando socialmente tc»dos Oít pro-
duetos industriaes, uti1Í7>ando f^y?^temntiçamente todas as v^^rdadeg
praticas e sinergicamente coordenando todos oa trabnlbos uIí^íb,
O bem humano em g-eral è qu^ prpvalecerá, t^em nenhum
exclusivismo nacit>nnl, sem a nintua eiptorncào das claaaeâ sociaei.
A mira final do trabalho é o bem esitar da Posteridade, é o im-
plemento dos i*ontinuoB, immensis planos que o Pa?fiRdo «sforça-
oamente noi vae legando. Ã continuidade ininterrupta do con-
junto humano ha de assim preponderar sobre a solidariedade
contemporânea. Esta ^erá defini ti vãmente cimentada com uma
base e um fim, extremes ão eí^oi&mo com que um movediço pre-
aente a vae actualmente inquinando.
Vivemos solidários no presente, ma6 pelo Passado e para O
Futuro, Esse é o vero civisimo^ que le resolve uo fim gf^ral da
educação, isto é, no piver para otUrem^ no viver para a Posteri-
dade humana, coniinuando, immortaliKando nossos dignos avoen^oa.
Corrigimos aaeim e assim completamos o civism > romano
que tão Lindamente o poeta nos descreveu. Ã Pátria, abi exctu-
- 350 —
si vãmente enaltecida, é integrada pela espécie humana, pela Ha-
manidade, que pode ser geralmente preponderante sem nenhum
exclusivismo.
E não ha dizer que yae nisto um idealismo v&o, porque na
economia commnm, — politica, industrial ou pessoal, — essa mira
se acha inteiramente consagrada. Ninguém consome todos os
productos que realiza. Ao contrario, fal-os mais e mais durar
conservando-os muitas vezes para um remoto futuro, em que
nào viverá. Ninguém ha que não vise o futuro quando lahuta
e não tire do passado os meios com que trabalha. O mal está
em não se querer fazer isso mesmo por hem^ em se não syste-
matizar o trabalho altruísta, como sendo o mais apto a satisfa-
zer os mesmos interesses individuaes.
A crise económica por que passamos é disso cabal de*
monstraçAo. Si todos os cidadãos se unissem para commercial-
mentf-, naturalmente valorizar nossos productos todos, veriam as
cla^«es activas como seriam recompensadas por um relativo
augmento de goso são, de bem estar verdadeiro...
Eis ahi o civismo (|ue devemos cultivar, amando cada vez
mais a nossa Pátria. Nós devemos amar a Pátria como os no-
bres cavalheiros adoram a dama de seus pensamentos :—realçan*
do suas qualidades e polindo, attenuando seus defeitos. Não ha
mister simular qualidades e dissimular defeitos. E' necessário
corrigir estes e fazer brilhar aquellas.
As qualidades de nossa Pátria são as que se acham irre-
vogavelmente incorjioradas ao passado, que lhe fizemos, e as que
estão preparadas, antevistas no futuro, que lhe fazemos. Os de-
feitos são nossas próprias imperfeições :— estão na tibieza com
que a servimos, na detracção com que a ennegrecemos, na
exploração com que malbaratamos seus immensos recursos.
Realçar as qualidades da Pátria é reviver e glorificar suas
nobres, meritórias tradicções, é completar os esboços do Passado,
é integrar suas preparações, é rememorar seus heróicos feitos, —
é commemorar Tiradeotes. Fazer brilhar suas qualidades é labu-
tar em prol de um luzente porvir, é realizar os ideaes civicoa
que já preluzem uo horizonte pátrio.
Polir, attenuar seus defeitos é ensinar a nossos coevos o
recto caminho do civismo, e instillar em nossos alumnos, em
nossos subordinados um enthusiastico, altivo sentimento dos altos
destinos de nossa Pátria ; é dar-lhes uma emoção edificant*^, no-
breceu te de seus deveres a cumprir e recompensar seus deveres
cumpridos.
Corrigir os defeitos da Pátria é trabalhar na educação de
nossos coetâneos, é fugir seus deploráveis costumes, sua maledi-
cência malsã; é insistir mais e mais em nosso aperfeiçoamento
— 861 —
próprio, em noBsa edacaçfto pessoal. GeoeralizemoB essa cultura
ciyiea, g^eneralizemos a civilidade individual nas escolas, nas fa-
mílias, nas relações pessoaes, nos contratos, nos debates forenses
ou camarários, nos contubernios de amigos, nas festas, nos
desportos, no moderado athletismo, na amável callisthenia.
Porque consagrar patrióticas estudantadas, batuques fami-
liares, espirituosos remoques, convicios pilhéricos, arteirices de
corretagem, mofinas escrituras, escândalos de imprensa, testilhas
politicas, renzilhas forenses, tertúlias de tavolagem, carnava-
lescos folguedos, serenatas de noctambulos, jo^os brutescos,
gymnasticas derreadoras, frivolos brincos ou denguices anti esthe-
ticas?
 civilização da Fatria, seu nobre polimento aval iam -se pelo
donairoso conspecto de nossas damas, pelo porte varonil de
nossos cavalheiros, pela compostura dos que &e preparam a
um destino sério. Avaliam-se pelos salões familiares, pelas ca-
marás deliberativas, pelos tríbunaes, pelob escritos de nossa im-
prensa, pela frequentaç&o de nossas ruas, de nosso commercio ;
pela correcç&o de nossos negócios, pela nobreza de nossos pro-
cessos em geral e particularmente por nossa linguagem, pela
distinçfto de nossas maneiras...
Eis aqui o civismo pratico, eis aqui o amor da Pátria de
que em Tiradeates vamos ver um sublime exemplo.
— 352 —
TiPadentes aymlwiliza para nó? o espontâneo civisnio repu-
blicano, como podia florescer no tempo «m que elle viveu» ua
épo;a inicial da moderna concepçào da verdadeira Rppnblica.
Ontr^ora Republica, res-puhlica^ era simplesmente a coíisa
publica, a -nau do Estado, qualquer que fosse o Palinuro que
lhe empunhasse o leme ou Ibe dirig-iese an tnanobraE. A consti-
tuição das monarcbiaB modemaB outorgou ao chefe ào Estado
os caracteristicoe fundamentaes da inviolabilidade e da beredita'
riedade, A Republica aó começou a dettruir easea princípios com
a decadência do siy»teraa catboHco feudal- A primeira e incom-
pleta applicaçAo que teve o principio re(>ublicano foi no gf^culo
XVI, na revoluçÂo bollandeza. Ahi surgiu e consagrou- se o
dfig-ma revolucionário da soberannia popular. A liberdade r-reai-
diu então à mais florente e á menos tempestuosa das crises re-
volucionar ias, que inaugnir*Tain no Occidente a ínatituiçào repu-
blicaim. Depois, um lampejo republicano irrompeu de nc^vo no
ieculo XVII, e na aublevaçào ing^lesta estabeleceu o principio da
igualdade como do^^ma politico.
Na época de Ti rad entes, ao iniciar-BO o ultimo quartel do
século XV III, a idéa republicana funde seus dogmas e piia a
emaiicipa(;&o americana. Mas só no ultimo deceonio do XVITI
século houve uma inteira, final convergência dos dogmas revo*
lucionarios, para produzir na Fran<,ía a «Grande Criae».
Explodiu Hntfto a maior, a mais dolorosa de todas ai
transformações politicas e sociaes. A França abusadamente
operou assim o desmoronamento final d» ordem antiga e aunun-
ciou o alvorecer de uma organização humana, Bociocraticai livre
de peias eobrenaturaes,..
No Brazil a emancipação doe EstadoB UnidoSt as idéaa fran-
cesas, as idí^as republicanas tiveram uma viva repercussão.
Oã estudantes de Mont|^iellier, os engenheiros^ oa poetas, ot
viajantei abi commuoicavam essas agitações^ estcB santos alvo-
rotos em prol de uma era nova. José Joaquim de Maia, de
Montpellier, com o pseudonymo de Vefídek, escreve a Jefferson
em Pariz e lhe communica essas emoções, ©Bsai idéas de inde-
pendência republicana que trabalhavam a colónia portuguesa.
ToTO com elle em Nimes uma conferencia e solicitou o auxilio
dft novel republica americana. Disse lhe que os braziieiros esta-
vam resolvidos a seguir o «admirável exemplo* dos americanot
I
porque sendo ■habitantei do luesmo continente» eram tde al^u»
mft larte corajtatnc-tas». Declarou lhe que cos homena de letrai
enun oe qae maid deBêjavam uma revolução» e que o \)&íz estava
geralmente preparado para etla ; só lhe faltava chefe e um auxi-
lio eãBcaZf como o da nação americana. Jeflerson^ leva» do em
eonta a riqueza do pai;^, a irvstruc^ção e a fortaleza de seoa habi-»
tante», reconb^ceu a probabilidade de le fazer do Brazil uma sd
He[>ub1ic4; ma» teve o ctiidado de nada prometter ou de se
escusar cautelosameote (l).
Foi oea«e meio e o^ípse tempo que surgiu a nobre figura
d« TÍr»dentes, com sem profundo e espontâneo civiamn.
Baseados lào sámeiíte era uma triste jogralidade de I*rtiacio
de Alvarenga Peixoto, varioa hiBtoriograpboB tílsm consugrrtdo
em teu» livros que Tirad entes era «feio^ de aspecto repel lente».
Já demonstrei alhores [2) que o beróe mineiro era betii iifirecido,
era svmpathico, de agradável pr^aença, aberto de pbyÊitJiiomía e
extraordinariaiDPute expansivo. Esta prazenteira pxjmniiibilidtíde
é que aeuB mals^nadore» tacharam de indiscreta. EUe eA& nobre^
generoso e vivia para o bem, na esphera em qup nasct^-ra^ nos
Jimiteft d© suas forças, que (arte desenvolvidas. Nào lhe f^ram
precisos os Bubterfu^ins © cautelaa de quem vive escuieiítando a
vida. As devussas de Minas e Rio, que tudo inquÍBitorifilmeute
eBcudrinharam, nenhuma tacha descobriram, que de leve lhe pou-
desse marear a vida, como intemerato cidadão.
Tinh* 08 deft*ito6 da e»pon*aneidade exuberante* Míts tinha
civismo tão profundo, tão eitremoso e tão commovednr que orçou
pelas raias de uma religiosidade eitabundante. Em euu alma de
ciente, esse enthuaiaamo era em verdade a pfjsxesHão tJe um deu ff ^
como o etjmo do vocábulo nos epsína. Confuudm-o cou r> culto
de latria que votava á triplice divindade catholica. Por elle
estava prompte «a dar seu corpo a devorar», como Danton, o
alcandorado e^tíidiata da HevoluçAo Franceza.
Enlretaijio, ho civiemo jierturbado de nosao tempo, foi e^se
4pex de enthusLaamo que se lhe antojou o uaxinio defeito de
II V R«Tlftli do Inêiitula ííiiíoriío do Rio, tomoi 3, 47 « ^6
i) Vk meu opilícillo. Tiradr»f§t, poblitiaçílo n. '.♦, do Club Bf/tubUramo ã« Com-
■ntiFt^rofâif eitieiM, V»m\újit,a, iwit. iO« artifiros nbt eiifefx«di>» i&d du iKbJi,
Um* infoi UAçao, <)Qe teabo preietite. reForçA eiip^c^lA^mente Oi tebtcmunhot qne
D«a»et opDfeulo» Citei ji oa^j t*, ú & /^t, Poí tlriid* p*lo dr José Rezi^t^de TeUcira Gnl-
lau-idi, en S. Joté d Eí-Bei, e é datidi úd 23 ât Nbrfl â« }Hâír Ab\ vivia nnu ancíi
d« $h UDM. que conli«cerm o M»rtyn £llA deolar* que Tiradmftt tra tin kaitum la-
anlltt Mio leve caiaíi Bm «ippcUl dcumentÍT e««» cariem» e trttie inverdade doa c]u>
ticúa blitAri^úrei de ríisb» P»tTÍR. «oí tjuo bIo tenbo eviudo, (jue tiíLu etttiri:! b re-
prodQcçfto d«tM falAidftda, JUa* qtie Taier, li bA letraAov qoe p&o l«m e ló ucrfl-
nosso herós. Um seu primitivo entbusiasta, — o AUtor da niaifl
traballiada, cfiupletaj porém defeituosa biitoria da conjurav&o
mifieira, *- apparen temeu te sõ por isso o quiz apear de sph plintho
glorioso. O JÍ6W patriota lhe sahira um frade^ diz elle. Como
■í aoa fradep fora impas&ivel atting-iroa altos píncaros do heroísmo
ciyico e não poudeiiem chatuar-se um Savonarola ou um Frei
Caaeca 1
Já uoB tempoft da Republica, esse meemo glorinao aspecto
d© DOBfto hetóe BuecitQU uiu dpsvio mais ^ravé. Na onda anonyma
de certoa deaaíumiadoa detractores, apparece ao Norte a ambí-
çfto nativíata, que teuj querido aiTebatar a Minas a gloria de
um |>roto-inartyr republicano. O herõe que se lhe antepõe, o
protn-martyr usorpador é ô pernambucano Bernardo Vieira de
Mello, — «o feliss capitão dos Palmarei», como lhe chama Soutbej,
ou. o ambicioso, o sevo, o infeliz ccapitã') do matio», como lhe
chum^riamoB nofi omiooeos tempos do escrava^nâmo.
Vejam como surpu «He, a pen^eguir mocambos e quilombo»^
livres; Vf*jam como viveu, a Tyraiiniz»r cruelmente a famtlia,
idear violências que na vida civica lhe dpaaem post»'* prej^on-
derant-s (3), VeJMm, por outro lado, a vida símpl*-», u^eneroí
do dealista» do medico e&poQtarmo. a curar ^«atuitamf^nt^ s^^qí-^
concidadãos. Vejam saas occapaçòt:», Rua g-í^nerosa viva idade,
»eus ptaíiuB induâtriaes tão pacificob, Uo uteta civicafiieute. Viajam
tau tíaal enthu&iasmo patrinttco e sf^u crueitto pa rifício íinal.
E di^am depois ú ha cotejo possível entre o pretenso beroe de
1710, o !i*liz capitão diimioador « a boatia Bíif;i'ada que em I79â
te immniou a Patriít querida, sendo simpleá alít^res de um obseuro
regimeuto de cavallaríu...
De í stirpe humilde, Tiradente^ nasceu era 1748, na fazenda
do P^^mbal, á margem do rio das Nfortes, nn tf^mio da víUa do
B. João d'B[-Rey (?) (e nAo S, José que hoje se honra com o
nome do proto-martyr ?. V. nota in fine). Teve instrucçào
63 ú% H*9i»ta do Iheí líint, BraniHrcK B, V de MQlIn tnorren em leu léllo, Hú LI
moetro iLíiíidai, iolíboaún era n ite tn^emosâ peb» emanaçêet de tt» foffíireirc i^ttl
deiitárA Acceio^ em seu iaiirt"<, O ant^ir Ún Karraç&o cbhinn * iito ocí^bar mal, em
i]«*Heo da Aév% tyrj)iinl4 que oh fitnllta eitereeQ, p 't DecuãiAo do «Dppoato iuÍDlt«rfo de
nmft £ua nom Oapatt de IoiadcJU» ferez&n. rl«po38 4^ Tonenoa »dinlnlatr&do» por todu
M rt»«. depnli de inm niij^«lurn< fui & mStera» iQiTúCHd» por mAús ú.* m^n e do oa*
rfdo. Eli como ú pirfteftado <^utO'r detcrvve aa *marte« daft^raçiidiiii* dMteii «ftetUM
■A Búgr*. . (Borrflti: »Dirúcad&, e âfEeni qne Uerrando p«r cAa«)b ob do vJ^ta»
«BaDJneaclft. ou intuiiiiiiçftõ dn bofe oq Aatlitn»^. O marido. Aodré Vieira a fleu pie Ber-
ii*rda ^^lelrji. morreram tto Lloitfeiro de liídboa , eaie ucliiario.M», pet» mjin^hD. merto
na cama, li»veiidí»-íe deitado netl» »%a, eam am fogareírti açc««o, qoe tinh» ni«ttidio n»
frlisúiTa, em rui Ho da Trio de lote mo, qae entAo ara; atinei to, «Undajogaiiil» as tAbolJur
TalcDtc, calti paJ^n trti 4í«f'igDta ; e anlio« foraat «em coaQuAo, secando aa notieiái qiiB
rJeran de liltboa. daa a-obredlta» mortos*.
O dr A^rnedo de T9iie4p, num arnuoado ccrradamimbe jaridioo. Já Uquldou et Ur
AtitiHdicãfão improctdêMíê .
— 355 —
regiLUr, sabendo o francez e mesmo o latím. Redigia benj o
com uma ealli^raphia melhor qu^ a de muitoe ktrados de seu
tempo. Noisos prec^iticeitog Ijtemrios non levam a suppor que
iô o alphfibetiamo dá iiiÊtrucçào, O Tiradentes podia sc^r anal-
phabeto, e entretanto poA^mr uma inarrucçào mais completa que
A dos letradofl íg-norantes- Basta va-lhe o proceaso da tradiçAo
oral, que a qosbob maiorea pennittia adquirir um intenso, um
alar|>'ado saber.
Tiradentes inaugurou sua vida ciíica no commercio ambu-
lante. Foi depois soldado e chegou ao posto de alíeres* Sempre
Acreditado, »empre exacto no serviço, no cumprimento doi
deTeres, era chamado para as mais arriscadas diligencjas e para
eoisiniifÕei de confiança. Tentou sem resultado a rameraçào e
tm eot^ndido em explorações mineralógicas (4),
Ideou empresas industriais no Rio de Janeiro e em todas
TÍ8a?a spmpre ao bem estar do seus concidadãos. Projectou
trapÍL'heb nas praias e carreiras de barcas entre o Rio 6 a Praia-
Grande. Planejou angtoentar as ae-uaa da Carioca, fazendo a
canal iicaçilo do» rios Andarahy e MaracaaJl. Estes planos, am
que o desattenderam ent&o, foram todos realizados mais tarde,
como obras utilisíiimns ao trafego da vid^i cívica.
Foi nassas constantes vtag:ens de Mioas ao Rio que Tira-
deates começou a manifestar t^uas ídééê revolucíoufirías, seus in-
tentos de emancipar o paiz do jugo portuguez e do governo
realengo.
Onde banriu eãsas idéas? Na maçonaria, cuja triangulo lhe
sjm bolinava ao me^mo tempo sua devo^'ãie á Trindade catholica?
dm os estudantes que regressavam a aeus lares, abeberados
•das idéa^ do século, impreg-aadoB de espirito novo, dos fortes
ideaps revolucionários? Com os poetos sonUaJoreí, a idear bypo-
thpticâ« repuHlícas '? Com aacírdotes il lustrados, como o couego
Luiz Vieira, cuja s^rande, selecta bibliorheca abraQ^çia todas as
novidades do aeculqV
Tenho por escusado fazer esta indagaç&o, A idéa da in de-
pendência ei^tava no ar e era por todo§ aspirada, pertencia a
todos os cidadãos activos. Os intentos de libertação estavam ge-
ralmeate nesse povo indusfcrio*o, mas opprímido e vexado. Maia
dizia; «a respeito da revoliiçàn nào ha mais que um pensamento
em tildo o paiz». E o paií estava sufficien temeu te preparado para
^sar da liberdade. No diaer de JeArtreon^ «o Brazil, compjirado
com a Metropele* era mais popnlos", mais rico, mais frte e era tào
instruído como ella». Só lhe estava faltsmdu a viril iniciativa,
que em 1789 foi abafada, como em largos traços vamos apreciar.
4} BuMlo 4i Mfti^lbKi». em nxnA coaferèâali feltt em Campinos, em 1004, dii
qQe L^ êà. Cunha Mifnezes. «em oRílHo de 2i de abril de ílM. nomeou tiradenter, pa^^
MompftDliar (iMvAo úxt 6. M&rtlalio nama «xoloraçto mi i«rtfiei orleat*» di Dapitaol»
por tsr MllTi XaTJer «intelLigencia miji«ral«^icip.
— 356 —
III
Já foi dito que «Bem Tiradentes» a IncotiÊdeticla dimiuuirm
em dois terçoB de %pu esplendor» (5)« E esaa é a verdade [tara
qaem çot&iiTa os numero-os doeumootoa dessa mallograda con-
spira(;S.o. Todos os companheiros de Tiradentes, meamo aquelles
que o lieróe «achara com mais calor», á uai a, procuraram oxi-
mir-se da responsabilidiide que tinham no projccíado levante.
BeBafo^^ram-se em expansúeií covardes, descerarn & ri-crirainaçõe»
vis, rebaixaram-se em delações v^rg-onhosas . E terminavam seuB
indignos depoimentos com implorações á piedade da clemente
rainha de PortníjaL
Tiradeoteô fji UKtco a tiâo culpar DÍnguem, foi ukico a
aguarentar a respon^ahilidtide doB m ia, mesmo de »eus inimi^oa,
como o íiiibelle Gonxfljifa, que em suas «lyra^» indignamente a^ —
mesquinha o g^eneroir* alferes, A si tao somente inculpou, cha-
tnando-Be á autoria de quanto fez e tudo confeasatido com accento
áú verdade.
Não ha féria objecçllo oontra o primado do intf^merato al-
feres na conspiração mineira. E' era verdade de uma Con,spiraç/ío
àe Timdenieit t^u^ se trata aqui: os mesmos antigos historiadores
palacianos andam nccordos no epigraphar aasim o planejado mo-
TÍmeuto. Podemcts, pois, concentrar no magnânimo heroe ioda a
trama revolucionaria e ver assim mais uma vez toda a grandezi
civica desta alma de eleição.
O imposto do quinto de ourOj era 1731 e 1750, fora com-
mntado na obrigação de darem os povos das Minas cera arrobas
annuaes de ouro. O atrazo em 1778 era de f>38 arrob 8, actual'
mente un» 18 mil contos, e o governador Barbaceaa, em 17BSv
viníia encarregado de lançar a derramat a finta geral pai-a &
cobrança de» ta quantia. O terror que tal processo de cobrança
inspirava aos minguados AOQ mil habitantes das Míiias, era nia
real, um solido motivo para obter sua adbei&o ás idéas revolu.—
cionaria^ de Tiradentes»
() vide » putllcaçllo— lil Ú6 Abril». Oorú Preto 18M,
É
— 357 —
Eis o que especialmente, eco nomicatD ente explica a recni—
«ieicencía de^saâ idéas etm 1788.
Hft, porém f teâtemunho de que Tirad entes começou a mani:-
featAr *eu8 prineipio^ no governo de Luík da Cnnhi Menesíes, o
fanfarrõjj Minuto das celebradas Carím Chilenas. Seria entàa
por 1786 que Tiradentee se mau í testou Tevducionano. Maa té
no anuo da projectada tlerrama Tiradentes proseguiu com vigor
em *<?U8 patrióticos intentos. N^s e anuo, era acosto de 1788,
encouir&-Be no Hío cora o dr. José Alvares Macirl, que a£abATa
de cbei^Ar da Inglatorrn
Aa noticias que Maciel lhe deu sobre a emãucipaç&o ameri*
capa fiz^ram-ao chorar de enthuííiasnio. DaLí em deaute o fo^o
Bggrado o devorou inteiramente^ sem remts&ãn. Buaca estudar a
revolução americana e pede aoa amigos que lhe traduzam obras
inglessas que tratam do assumpto.
Tiradentes volta a Miuns, induz seu commaDdante a entrar
ma cotispiniçào e o consegue, auxiliado por Maciel Sujígers a
eonvBuiencia de uma reuniUo para cfmbjnar-ae o plano da re-
volta^ para eleger-se o chefe e defitiitjvamentts determitiar-ae os
encargo», os papeii dos cr^nspíradore^ A todos fala com eluquen-
cia calorosa e é a elle que o comm/indante remette quantos
qaerem saber d;i formalidade com que tinha deter mitiado esíabe-
hcer a nova republica de Minas^ em consequência da do Rio de
Janeiro,
Ãoâ mes mo B letradofi, como Alvarenga, convidava n que
viessem ouvir em sua casa a cx}Xj»i^o do alferes Joaquim Jose^
Nasceu dahi a reuní&o em que se combinou o Levaute e em
que o Tiradentes teve sempre o primeiro papel- Oa coavitea do
commandante, coronel Frnncigco de Paula, eram leitos com o
fim de áftí encontrarem com n alferen^ para que vi asem quanta
f(Úa^a inJlaTnmado nobre o levante^ que atê th^gava a chofrar.
Nessa reuníào foram as idéas e planos de Tiradentes que
geralmente, prevalecemm . Assim foi adoptada a idêa de se come-
çar o levante por Minas e nâo pelo Rio. Era o corajoso alferes
que sairia á rua por occaiifto da derrama e com alguns compa-
nheiros iniciaria a revoIuçAo com o grito — Liberdade^ Delle foi
a idéft da bandeira revolucionaria, com o mysterioao triangulo
da Trindade, E chamou a si a mais arriscada miBs&o, — a do
prender o governador oit eliminal-o, si preciso fcase.
Eis o heróe em sua acçjio deciaiva, NAo é agora que devo
alongar-me numa historia que ha três lustrais me attrahe, me
seduz, sem que haja lazer paracompol-a deíiui ti vãmente. A penaa
— 358 —
accrescentareí maia algumas linhas para melhor caTacterizAr
o fínal civi&mo de Tltadeiites^ Terminarei depois deAcrevendo
o cm© nto BAcriíicin
A conjuração itii denunciada ao governador a 15 de março
de I7B9, quando o Tiradentes estava camiaho da Rio, com um
mez de Ikeoça. Encoutrou-se com o refece deEator e ainda Lhe
disse uma phraee caracteriâtica de seu altruiamo : *— «Oá ¥ou
trabalhar para m outros, para vocêl» E o Judaa SiWí^rio ia
trabalhar para aí, la pagar com a denuacia a enorme dívida que
o prendia á fazenda real...
Em caminho continuava intemeratamente na propaganda
reTolaciouaria ; ^tmda o pegava*. Quando um seu amig^o, o
cónego CoBta, lhe fazia j>ondaraçÔf5S| respondia sempre com ar
leguro:— ^âcí ha dé aer nada; De^iS e^fá comiWHc^i!
Delle dizia o iUustrado cónego Luiz Vieira que a hatítr
muiÍQH ds seu quilate^ far^se-ia no Brazil uma RepubUm flo-
rescente. E peu companheiro padre Holim testemunhava que
elle era um heróef que *e lhe não dava morrer na acção ^ com»
Utnio que dia se jheèse*
Assim, animada pela confiança de seus companheiros e iio«
bretudo encalmado pelo ardor de bue flamma interna, ia o Ti^
radentes para o seu Calvário, ainda cora a esperança de formar
umn Republica e converter o pais e^it unia segunda Europa, Í3
quando lhe talavam que era crime levantar^ge o vassalo contra
«eu rei, respondia indi^tiado; — I.-*to não é levantar: é restaurar
a 7Wtm terra/
Foi com taea estos dts enthusiasmo que chegou ao Ria
c afouto e destemido, com o aferro de um quakerj^^ segundo
testemunhou o frade Raymundo Pennaforte, que lhe assistiu aos
últimos momentos. «Era um daquelles indivíduos da especio
humana, ^^ áhi& o frade, -^ que poe em espanto a mesma natu-
reza».
Ahi o alcançou a denuncia, sendo preso em um e«conderiJQ|
na antiga rua dos Latoeiros (Gonçalves Dias). Fora ainda sei
terno civismo que lhe gran geara esse final auxilio. Obtivera-
por intermédio de uma viuva a quem beneficiara, cu rand o- lhe
a filha.
Náo cabe aqui narrar as peripécias de um monatruoao pro-
cesso, que durou três annoa. Ã sentença foi lida aos presos n&
madrugada de 19 de abril de 1792, provocando em todos os
com panb eitos de Ti radentes oa maia trietes desabafos. 5d este
aoâreu quietamente a sinistra leitura.
No dia aegainto, depois de embargos n&o recebidos, veiu a
sentença final, em que a todos os réus, ezcopto Tiradentes, se
É
— 359 —
ecmiD!itav& a pena de morte em de^rrede perpettio. Foi então
que & lacra vietimn se elfí%*ou ao apic? de sen generf so civis-mo,
de &iia maptiariimidade hercica. Em meio da ruidogfi ale«:rÍHi de
seus caroi>anheirí>íi, que entoavam a Salve Rainha e cainavurn o
terço de Nosia Seu hora, o Tiradentes, todo acorrentado, com
êlles ae alegroti e deu^lhes o% parabenB Ão confe^fior^ que o
aBstatía etn tAo doloroso transe, dUae «He sorrindo- ae tTÍatemeiíte:
— <âg'Oni, bíid, morro cheio <fe prazer, poi^ não levarei após
mim tanto» iníeiizes a qUf^m contaminei :-^ie lo mesmo eu intentei
n&B malti pi içada» vezes que fui á presença doe miniairos, poU
cempre lhes pedi que fiaeaBem de mim fó a victíma da lei ».
Seguiu-se no dia 21 de abril a pavorosa execuçAo e o
eequãrtejamento deibumaoo.
Em 1892, por oceaaiào do centenário de Tiradentes, compus
uma narração rimada da tremenda «cena 6aaL Essa é a que
em seguida ^ vae ouvir.
Fecharei com ella eate imperfeito esboço da grandeza cívica
de nosao heróe.
E agora a todos nóa, mestres e alumnoB, cidadãos autpe de
tudo, reata-nofi pautar fystematícamente nossa vida pelos exem-
plofi de um ctvÍ6mo espontâneo, que em Tiradentes attingiu aa
alterosas cimas do eentimento reli-^^-ioso.
EncbafTos o coração dos haustos afectuosos que estes seu»
timentos nos despertam. Aasiin, predispostos ao bem, tratetnos
de o praticar maia e mais em noHsa Pátria^ tilo «larecida de todos
Oi bens para afugentar todos oi males de um organismo noveU
O mal cívico está sobretudo em se não praticar o civico
bem, em se negarem as fojmna melhor adjectivadas a seu im-
plemento completo, E' o negativismo do bem que constituo o
maU E' o negativismo em geral que derranca nosuos perturbados
tempos.
Vou concluir. (Vide o âppendicib).
~ 360 —
APPENDICE
(a' COKFE!t£.SCU DH 20 D» ABRIL I>B 1907)
I
A EXECUÇÃO DE TIRÁDENTES
1.)
Descrição eitrahida do folheto n. 2 do Cluh Republicano
de Commemornções Civicaíí^ Campinas, 1904 (conata de artigoi
escrílos Gm 1892) :
O dia 21 de Abril foi um Bahtiado.
O sol banlmva os borissontea de esplendida luz, clareara as
serras, os aUng pincang circnmínceote» e era já bem cálido á«
oito lioras. Esse dia fora decretado de festejo publico, e para
maifr «.oletiiiidncle sustou-fie a partida dos navios ancorados na
bíibia. A trf jia toda trajada de nnifoiTne rico, oruado cem festoes
de flore». O coni mandante Pedro Alvares de Andrade, o ajudante
de ordens do vice- rei, que era seu fillio Luia Benedicto d«
Castro, e ns demais antondades, motitavam briosos cavai los rica
e cnrioinment*! ajaezados.
Gualdrapas franjadas de ouio, nrreios com ferragem de
prat^t, Ht^triboã do mefmo metal, ornamentos de velludo escarlate,
mnitafi fitas entrei açando-se nas crinas e nas caudai^, tudo iato
faseia o apuro e realce das galas grandes com que se festejava
■uu>a exfciiçÃo pavorosa
O lu^ar do supphcío, segundo as deânitivat indagações do
er. Mi^^-tiel Lemos, é o occu|>ado actualmente pelas cocbetras da
EmfreKji Funerária, á rua Visconde do Hío Branco n> 36. Esse
terreno em 179"2 fasíia parte do extenso Campo de S. Domingot.
Neãse campo, a confinar qtiasi com o largo da Lampadoso,
estava levantada tima forca deãcommunal, de tíko grande altura que
paia nella aubir tpi preciso uma uacada com mais de 20 degraus.
Ficava 110 centro de um vasto triangulo iormado por quatro
regimento* da tropa regular, engalanadoB com uaíformeB maiores,
e providos com munições de 12 balas.
Os soldadofl tialiam && cobíhs voltadas para a inacbina sí«
lustra.
Os instniDienios bellicoB coavam por toda a parte ; os ^itie-
tas trotavam garbosos ou galopavam from^ntea, casando seu
duro estrupido com ra sons do6 clarins e os riifofi dos tambores.
Às janf^llas estavam vttido abaixo de tanto inulherio, àit
Frei Roytnundo, e cmda uma apostava com otttra o melhor atseio
e lu^imento de s<»u tr»jar,
A multidão a|nnbava-ge & roda do instrumento fatal, sendo
precído f>A tralha» para lhe &<inter a ctirioaidadp.
Lo^ò cfedo o carraâco, qu« era o negro Capita ti ia, foi á ca-
deia implorar ao Réu o perdAo da morte que involuntariítinente
lhe ia dar. Tiradeotef, plaeidOj em sublime humildade, que o
exaltou extraordiDariamente^ respi ndeu ao algo^:
— O' MHU AMIGO, DE!X£]-MF<: BKlJAE-LHB A8 MAo8 E 08 PÉS !
E tendo-0 feito, provocou admiração e lagrima do próprio
empedernido executar (1)
Ao despir -<ie para enfiar ã alva e reeeber o baraço i tirou
t&mbeiD a camisa, dizendo:
— Meu Redemptor tambbm por mim MORREt; Núl
Cerca de U horas da manha partiu o cortejo do edifício da
cadeia publica, em qne hoje fte teune a Gamara dos deputados
e onde naquelle tempo fuiiccíonava o Triburial da RelaçÃo- O
oratório ou Capella de Je&ua, onde Tiradentejs ouviu a sentença, e
oode permaneceu até ir para n cadafalso, era a í:ala que depois foi
oceupada pêlo archjvo da Camará. A porta por onde t^ahiu, abria-se
então para o lado da igreja de S. Joáá, em um pequeno lai'«ro que
ainda existe e uelle havia ent&o um peb^urinho, Dahi seguiu o
préstito pela rua da Cadêa fbqje AMembléa) passando pelo largo
da CaHfjca, pela rua do Piolho (Carioca) até o Campo de São
Domingos ou largo da Lampadosa. Esse grande quadrilátero era
despo^^oado, retalhava^&e em muitos charcos ou pântanos e seus
lados se formavam com aa actuaep ruas do Visconde do Río Branco
(antiga do Cande da Cunha), da CotLstfi itição (&nti^H dos Ciganox)^
a face do Campo de Haut'Anna^ entr» etiSfts duas ruas, e a face
Çpposta da aetusl Praça de TiradEníen (antigo Largo do Rácio),
comprehendida entre as rua^ da Carioca e Stk de SÉÍembrOf outr'
ora ma do Cano (2).
Compunham u séquito :
I
\\ o fr^ HoTberto, aiirsndi} e«t9 episodio^ d!i que Tlrftdentei ieiceu àt tra p*'
ittUi iê fkiria e alhnrea accreicenlft qu^ fluin pbrA«{3 de c^xcolâfc hamildiido, como em
g^raT rt rptfçloío com portam cato do H?njO neíle dorido pasão, 3hç mostr^rnín que tmham
fi^ir ~ Uí t txtctítada um frtidt V.ò ama alm». Idch^kz de lenUr ús éttimtilot
^1 ' g'âita tp«la Jiaiirclit« Ao lecoW, poderá deâcúnliêcer m aaoiiDa vaUji
<l*j -'ios«« que torna o homem eminentemente è^mpathlcQ, qOf! O Taz accoI'
iWel A Í4>tl4* ii búu idéaa, íí apto & pratíeur lodaa aa tio»!* acçfiM. E* preciso, alèm
4Jitw, Igroorar que âeue a«Dtlr é a li u ml Ida de ú principal aikerQç, pais, como dli
Att^ulo Cõnnt«!,
1 f|?Stfl»»Â« fi k It4SB DO AFKBrSIÇOÀM&HTO.
1) JitotfKi* LEUoy, op. ctt.
- 362 —
t.*) Um éfquadrao de ca vali ária» seguido pelo clero e í
mãndade da Mi^encordia com bue coUegiada, levando ca frente
a respectiva bandeira.
2.**) 9 relipoiíOB e meirinhos (3), escoltando o padecente, que
ia no meio, de cri]cifíx:o oas màoB, e no collo o baraço fatal que
o carrasco segurava.
3.*') Desembargador ca do crime e escrivão da al<^ada, oi
ministros desta, o ouvidor e o jniz de fora,
 fúnebre carreta, destinada a trazer os doipojos da Victitna,
vinbn no couce» a rodar pesadamente, puxada pur 12 galo».
Oâ relig^josog psalmcidiavsm a prnposíto i de vess em vez
parava o cortejo todo» oa tambores rufavam fortemente e lia-se
o prei^ào infamante.
Revestido da alva^ indumento sagrado j de que a Posteridade
ias aeu maior titulo de gloria, maniatado com o erucifíico, ia o
Martyr de olhos fitoa em seu Cbristo amado, symbolo de &ua fé
Ardenttí e m por duas ve^es os aftiâtou para contemplar o c.áu.
Diz deite Frei Ray mundo:
«Cauâou admiração sua constância e muito mais a viva de-
voção que tinhtt aos grandes mysterio& da Trindade e d« en^
carnação, de sorte que, falando-so-lhe nesses mysterios, se lhe
divisavam as faces abrasadas, e ns sua& expressões eram cheias
de uncçAo, o que fez que o seu director não the díscêsse nada
mais sinílo repetir cnm elle o symbolo d» &. Aihanaeio» (4).
O valor, a intiepidez e a pressa com que caminhava, os so-
lilóquios que fazia com o cruciliJto que levava nas mãos, en-
cheram de extrema consolação m que lhe assistiam»,
A's 11 boras chegou á praça o cortejo. O sol fulgia quaai
a pino e a calma era grande.
Todos os testemunhos do tempo sfto accordes em pintar a
coragem, a resiguaçàfi e grandeza dahna com que Tirad entes
encarou o f^upplicío e sofreu gua barbara^ aua ostentoua execução.
Devoto fervente do gozoso mysterio da TrindadOf quando
chegou á forca pediu ao confessor que só desta lhe falasse.
Subiu testo a comprida escada do patíbulo. Com os olhos
fixos ua imagem, eem estremecimento algum, deu o peseo<^
para o fatal apresto e ao carrasco ppdin três vezes que abre-
viasse a execução.
Nâo Ih 'o consentiu o guardião do convento de Santo An-
tónio, Frei José de Jesus Maria do Desterro, que^ inftammafido^m
desmarcadamente em caridade e em ju atiça (diz Frei liay mundo),
Bubiu alguns degraus da escada e improvisou uma fala ao povo,
exhortando-o a se não possuir tão somente da curiosidade ante
^j Bei^undo q capltftú DIkí Barbosa^ mnrcIíaTjv ãepol« do pnâecente nmn eKo1tJL,qDe
elle, como Wbotitõ ou tilfer^s, tiomm&Ddiiva, e o êiittuco ib úo Om ^M.Aicetedd, VurtO'^
aidftitt, BO},
4f Ahl pel*. ve? prímetrft ae 4A ao Eipirito Pâoto o oome de Bmt, compleUddo o
^rufri» dâ tn» qut CóDitUueiD o myttfirJo da TripdAde. B«« ij^mbolo uíq foi ooia-
p«it« par 3. AUiaDMlo,
^ 363 —
o f&woTúBO eap^etaculOj ante a constância do réu, que «ainda asaim
fora objecto da clemeucia real e da illuminada justiça de 9eiis
miiúetroa, quê lhe não aggravaram a petm* (1),
Depiois rezou o meemo frade o gymbolo dos Apoatolos : no
sepulcral silencio de todos os assistentes, aó se «rguia a voz do
Tiradentes repetindo as palavras da oração. O frade descia os
de^aus^ á medida que terminava o credo; |>o^ ^°^^> sumíram-se
Segundo o eapitllo Barbosa» Tíradentes intentou falar ao
povo e é tradição que chagou a dizer:
— O' Pátria l rscb&b meu saobificíoí
Mas o executor Capitania ímpelliu a Victima, que girou em
cotiyulsòed no espa^^o e foi cavalgada pelo al^oz.
Retambaram unisonos os rufos doa tambores, abafando o grito
de horror que semelhante scena provocara. Frei Raymundo Pen-
naforte, encarregado do discurso pare n ético allusivo ao acto,
fel-o em se^ida, fundando-fie inteiramente naa palavras do
SeelesiajÊÍeíi:
«Nem por pensamento detraiaa de teu rei, porque as meamaa
aves levar&o tua voz e inanifestaríko teu juizo».
Acabada a fíila, desiez-se a figura triangularmos regimentos
metteram-ã6 em uma tò colutnna e deante delles foi lido um
diteorso do brigadeiro Pedro Alvares sobre a fidelidade devida
ao» «oberanos. Deram depois três vivaa á rainba e entraram
para os quartéis.
Em 1842, um ancifto, morador no Rto e testemunba occular
da tremenda e:£ecuç&Ot assim a narrava com as lagrimas nos
olhos 6 apontando pava o lugar do fiuppUeio, até boje âem
edificação (5):
«Meus meninos, abi nunca ae construíram casaè, porque ei ta
terreno é amaldiçoado: bebeu o snngTae de um justo, ou antes
de um santo; foi aqoi esquartejado o Tiradentea, pelo crime de
nos querer faier livres Éu tinha entào meus 19 annos, e me
lembro perfeitamenle que neste lugar eu o vi dar a alma a Deus,
naorrendo como um carneiro. Desde ent&o todos os donos deste
terreno morreram de morte súbita, antes que pudessem fasser
qualquer construcçào, porque Deus Nosso Senhor nAo quer qae
neste terreno maldito se faça casa para morada de ehrístão».
I
Ahi está o herde, o martyr, o justo, o santo consagrado pela
historia veridiea e pela tradiçílo popular 1 A vida e a morte
desse homem extraordinário concretizam o vivek fará oittrhm
i} 04auf« dê H^oUda IS ét Diíieabro de IBS O a úpiiieula< 4o ir. Lenics^ piff. *i4
em auas feições mala comoioveates, Eva um desprendido de ãi
mesmo, era uma aatures^a altruísta do modo o majs completo.
Seu martyrio foi celebrado com festas. Além das galauicea
do áia, alím doa díacursofi louvaroinlieiroai Louve um aolenna
l^Deum^ depois de três dia» de lumÍDarías, ordeiiadss por fieveroi
editaes do Senado da Camará.
O decahido tbeologi&mo prestou- se a todos esses manejoi de
sorvíHsoio ,
Ka solennidade religioí*a de 25, o afatnado orador Frei Fer-
nando Pinto prégfiu um sermào totalmente moldado sobro aa,
bases que na véspera lhe formulara o cbanceller jutz da alçai
Eram três essas bflBés ;
1.*) Dar graças a Deuâ pelo descobri meato da conjuração,,
a taiupo de se poder dissipai- a ;
2.*) Dar graças por ticar o Elo isento do contagio da dita^
nefanda conjuração ;
3.") Persuadir oi povos a eerem Heis a sua Soberanai
pia e clemente.
Esee mesmo theolngiemo benzeu em Minas a pedra funda--
mental do mo aumento a Tira dentes, tem benzido as bandeiraa
da Repnblica, tem promulgado constituições republicanas, depois
de baver patrocinada intimameute a do extincto império, e ain-
da h& pouco promovia exéquias á defunta mo n are h ia.
Emqiiaiito o clero catliolico festejava o cruento sacrificio da
hóstia safara d a, preludiando os bymnos cultuaes que lhe havia
de entoar a Posteridade ^ emquanto a realeza folgava em tripú-
dios vis» eram espalhadas a$ santas reliquias do Martyr.
Beuiâ quartos foram distribuídos pelos lugares mencionados
na sentença
Sna cabeça, içada em um alto poste, foi collocada no lu^ar
mais publico de Vil la Rica.
O sr, ^lello Moraes (G) diz que em começo de setembro de
1821, numa eminência ao norte de Ouro Preto, ainda se via nm
poste alto e pt^nteajL^udo, onde estava o craneo do Blartyr,
O padrão de infâmia, erguido era Villa Riea no cbào sal-
gado de Bua casa, á rua S< José, foi arrazado em 1822.
S) Ckrt^nicií 9 trai dú Broiii II. p««. iOl.
365 —
2)
HA&EAÇiO BIMADA, SSCEIPTA EM 1892, POB OCCASlilo DO
Um aabbado íúi. Nuvens de ouro o dia
Esplpndeiite, flamivomo rompia;
Era eesa a mesma luz
Que outr'ora dirig-iu a errante frota
Para a? plag-as gentis da terra ignota,
A t«rra Vera Cruz (I).
A ciéade se mostra tcjda em festa;
O povo grado e o poviíóu se apreata
A' solenne funcçào:
Ha loldados em torno da cadeia;
E á machina sinistra já rodeia
Cerrada rauUídàu,
Ok persODftgf^ne fodoe de alto porte
E outroa, em quem pavor não move a morte,
Montam ricos corcéis:
Hiiare iôa a taba rumorosa;
E a anlica chusma corre cuidadosa
Doa direitos dos reis.
De alva e baraço, o negro algoz penetra
Na cadeia, e perdão ao Réu impetra
Da morte que vae dar ^ ,
Mas Elte, humilde e plácido, Ihç disse
Que somente , somente permittisse
Os pés e as mãos beijar l
O* peregrina, ó grande natureza t
Que vivo exemplo á gente que despreza
Os outroB 96 por st !
Aos outros sotopõr-íioB tal exemplo
Nos impetle, e és maior quando contemplo
Essa humildada em ti.
0} A 81 d» Abril « trilM de Ckbr*] rrrãta nit ngau i\ué dâviíirn cbatuBr-Aâ
br«itle1ru, N«Me dia virtioi úé portDgm^r«« 09 primei roa al^iet de terra jAlgcnsu
àtTfnã fQtuprtdat) que «Dç^nitDliAniQ a frót* çarfl. notiiui plhgiu. Creio qae foi NOA-
■KBTO {ptf. II LJ o prlmedro 1 fiour «ita eolficideDcla,
n^^^^^^^^^^^^^^^^^^
— 3d6 — ^
Como Jbiús, — Chtistf» Jeftús kndáríOi
Morrer intentíi, e tnarcba a seu Calvário
Com baraço e pregào 1 . , .
0 cortejo se more da cadeia
Para o largt> EÍoistro, onde enxameia
à sapeBiia multidão.
Do povo e clero, da nobresia toda
Quem senti&ae não houve a negra no d a
De criíp© tâo cerva! 1
Alegres, ou oa paalmos entoando,
Do padecente á roda vào marchando
1
1
t
à' peanha fatal.
Da Tinudade decoto fervoroso,
Era Ibe esse my^terio t&o gOíOBO
Que a via iacra andou
Numa visão gratíssima engoliado;
E em solilóquios com sen Chrtato amado
Ão lar^o em6m chegou.
Quaãí a pino o aol fui guindo estava
No amplo triaugulo, que ahi formava
A tropa reR-ular.
A viiitima» de frades escoltada,
A' praça chí*ga e sobe lesto a eieada
Do patibulo-altar,
0 collo dá para o fatal apretto,
E do algox há requer seja elle presto
Em sua atra mist^âo ;
Nâo Ih 'o consente frei Jíbiíb Maria,
E préfra e clama que a rainha ê pia,
Que é hve a punição
Só depoia destas vozes iraprudentetj
Foude por tím rezar o Tiradentea
0 symbolo da Fé.
Tudo silenciou..* &ó era ouvida
A voz do Heróe, que eslava, a fronte erguida,
No cadafalso, em pé.«..
Ura impulso ... e no espaço se despenha
0 corpo. . . Só enlào a voz roufenha
Da multidão ecoou
0 rufo doa tnmbore» retumbantes
Ãi garrai do remorso penetrantes
1'
1
Nesse povo abafou!
^^^.r'i
~ 367 —
Frei Pcnnaforte té íneuinbia iJo resto:
Do crime a ne.^idhú põe manífeito
Em declamante voz*.
Mas, da ctlU uo plácido recanto,
Bem cnnfeáiofi que nosso Heróe espanto
Ã' uatareza poz.
Foi g^rande até ao lúfrubre momento;
Porém doa odlos o fatal fermento
Abi u&f^ cessará. , .
Seu corpo fiea ein postas retalhado,,,
E, }w1a estrada eiiihiii sendo espalhado^
D« c&es pasto será.
Sua cabeça, por ten tença inica,
Levada ioi á antig^a Villa Rica,
Onde exposta ficou.
Mão piedosa, porém ^ — diz-nos a lenda, —
A ca-beça tirando á trave borrendap
Em «ecreEo a enterrou.
De vinte e dois o chefe grAndioao
Juntar-«6 vem ao Martyr g^loríoao,
Vem a Pátria formar:
Do Hôróe mineiro o vulto venerando,^
Delido o traço de um labéo nefando,—
Emfim se poude alçar.
Outro cbôfíí depois, dô honrada fama, —
Hóstia também do Amor que maii ioHammA
Um peito varonil,—
A* frente os sócio» destemido impelle
E 08 destroço* reaes do throno eipelle
B^m longo do Brazil.
Os feitoR immortaes d^ Tiradentoe
Di^vom liv^ras honrar os deflcendeutes
Do excelso Precursor:
— E' na floria ás altezas do Pasaado
Que roaíft se apura o eâttmulo sagrado
Do reverente Amorl
1892; e revialo de 1907).
José Falioiano.
tr
NOTAS E ESCLARECIMENTOS
A BFFIOIE DO IIBROB
A qiiefttão da «figura aanpathica^ feia, repellente, eipantai]a*í
do TiradentcB merece uma nota especial, para bem caractemar
a leveza cnrteaâ dos inasimoi historiadores desta conjuraçfto^
1 , **) No H ij K HTo di SI , ao ret r atar ma l ign a me D t e o H e r ó© ( 0<m~
juT. min.^ p 74) ;
tA Bua phyBionomfa nada tinha de Bytnpattica e atitei m
tomdvã notável (?) pelo quer qti© iossa de repellente, devido f?)
em prande parto ao aeu olhar espantado»,
E em 15 o ta assim domtmentni
«Era «m homem feio e parecia (?) tempre espantndo».
Aisim o retrata o coronel Ãlvarenpi. 2.*^ /iit., 1^ Jan*
90, Áp, 4, Dev. do R de J. Parece (?) que a physionomJa do
Tiradentes o impressionara bastante. Ao principio disse que era
uma cata que Qão conhecia. Idem»*
Só transcrevo esta parte da paij^ina, embora possa refutar
igWilmente toda a malignidade restante.
2,") Varnhaqejn diz, sem citar doe , mas pondo entre aupaa
oa dous malévolos adjectivos de Alvarenga {Historia^ p. 1034):
«CumprB (?) accresceotar que para alguns dos mallogros do
mesmo alíeres em ijua» pretençòes, além da circamstapcia (?) de
ler liradtjitest devia (?) também contribuir o seu i^hysico- — Era
bastante alto e muito eepadaúdo (? , de figura antipatbica, e «feio
e et pau ta do V .
As maligrn idades que Varnha^n accrescenta são tiradas de
Norberto e affirmadas sem documento», como vamos vêr
Consultei no origina] todos oa documentos da conjuração,
que em 1893 estavam no Ãrchivo Publico do Rio e na Biblio-
theca Naciooal.
Li o dep- de Alvarenga» o de 14 de janeiro de 1790. E*
aquelle em que o appellidado vate da bajulação «se resolvera a
narrar tudo com pureza*^ para ae defender e acru&ar os compa-
nheiros, A altiva paulista, sua exemplar es^posa, nào estava mais
ahi para lhe impedir os «vôcs* de fidelidade malainadora e de«
latoriA* Faz por isso um diacurso de (^ausidico arteiro, adubando
1
— 3Í>9 —
com iromas, com desdéns «inmladoa 6 rastejando-sa numa delaç&a
fofoial, tninaciosA, mexenqueirameate ÍQdÍg'oa. E' penosa a ieitura
de tanta debilidade mrvtal, própria ào taful, do jo^^ador im-
penitente que 80 vinha jantar à cása «por haver peixe freacOf
raro em Villa Rica», e habitualmente de recolhia a deahoras,
pelas três da madrug-^da.
Nesse indiano depoimento-delatorio; bó e só nease trtgte
docameoto — no mais estirado doa mais longos inteiTogatorÍnB(ll flp.)
— ^é que se encontram a^ su^potiticiai bases para otnaligoo retrato
de Tiradentes. Ahi, entre fingidos deadene, entre infwceniadoras
dis«lmulaçõ6^, de[mr&inos o seguinte:
1/J Refere Alvarenga que nâo dera importância no convite, que
Ihd fizera o t^nente-coronef Freire de Andrade, para ouvir o Tira-
dentes, «que oem uonhecia», sobre a matéria do levante, ipor-
qne nâo navia de fatar em semelhantes matérias com ninguém,
e eípccial mente com uma cara que nõjct a nheciaè ^
2.') Refere mats (fl. 7) que o tenente-coronel lhe dis^e que
«havia de mandar» o alferes, porque «fa^ia g-os to que o ouvi^iOi so
por ver quacto falava inflam mado na matéria que até cheg^ava
A chorar»; mas elle «rôspondente lhe instou até sahir que o nâo
mandasse».
3*) No dia seguinte, caetaudo o respondente no eseriptorio
dd Jofto Rodrigues de Macedo (1) {ornde ficava jogando^ àjt vez^
até às três da madr'igada] lub ai*parecbi; um official feio
n E3PAKTAD0 (fl. 8) 6 Ihs disse quc lhe queria uma palavra em par-
ticular; sabm o respondente, perguntou-!he quem era, e elle lhe
di^se qu') era o alferes Joaquim José, que o ten nte>coronel o
mandava ali curúfirar a elle respondente que a noticia do Rio
de Janeiro era verdadeira, e que elle atmha ouvido g^eralmente
aos tiegocsantes, ainda qoe em muito segredo, e que na verdade
era pena que nns paisses tâo ricos, crimo eates, eativeasem redu-
ítidos á maior mÍ8»*ria, bó porque a Europa, como esponja, lho
estivesse chupando toda a eustancia, e os excetlentissimos ^e-
neraes de três em três anno» trariam uma quadrilha, a que cha*
niavam criados, que depois de comerem a honta, a faxenda^ os
officios, que devtam ser doa habitantes, se iam rindo dellea para
Portugal; mas que o Rio de Janeiro já estava com os olhoi
abertos, e que as Minns pouco a pouco oa haviam de irahríndo:
ao que o respondente Lhe disse que não andasse falando naquetlas
cousaH, porque lhe podia ãuceeder muito mal, e que diíEesae ao
seu tenente-cofonel que aquillo nâo era o que elle respondente
Ibe tinha recommendado^ e que estava occupado {?), e que por
«mlo» di 1774 «t^S^ KttnvA «liiançido em m:iU de um miihílo e itrcio de ernzidoi. Per-
laaoi» «o nnniQrn do» protegi drta vvU Juitía dt AdminUtra^o ê Arrêcaaaçâe^ cvil 1D«ÍD-
rta ttfft «tVB era maçua /Hirt Th. títtSZà.OA.\. teim^^va eiD dur em ArremjitaçAD a ciobrin*
çs ám Air^lUfi. ^m voz il« o t^^t ella proprlt, como opinava *i depoudo « ncrífÍQ dã
jQdU Ctrlo* JoM d» dílVA, Etto é Dm ponto gae mofto ídHoa um aprocfaçJlo do papt]
QdliQ <^aci uBátê m^vlta&%io dofeapaoboa QooK&^a (V. E»v, ik InU,, tomo C e 44).
— 370 —
iáso o não ouvia maiB. Foi -8© embora © «íle reejKjndente ficott
nes^a noite jo^aado com Joáo Rodrigues de Macedo tiié áft tre«
horaa da madrugada ; quando chegou á ca&a achou todos dormindo,
como quasi íí€mpi*e siiccedia^ * . ■
Ríb ahi o ÚNICO doe. hiitorico (1) ^m que se bageiani tioi«ot
hÍBloriadoree jiara rimdimentar &uas malígnidadcs contra a /jf^ífoc
do Tiiadentes, E* precÍBo ler todo o depoinseiito, em que Al-
varenga desci roa de^denhoBaniente « cninpartJcipaçàf*^ os com^
promi*309 de seus amrffos. K* preciso ver como se Tâé innocen
tando com ironÍAS, com remoque» á fatuidade do tenente-corocel
Andrade, com bujulaçòeB «ao governo sctívigRÍuioe de fcg-o, qual o
do lUm. 6 Exm, Vice-rei actual Luiíç de Vaeconcelloa e Souza,
cujo caractct é paj-cere vubjeetis et ãtíbeílare snperbos :^ . . (1)
Norberto nem ao raf^noe é fiel em sua nota, quftudoattribne
a Alvarenga a [►hras*^ :
*Era um homem feio e parecia »empre espantado»^ Alva-
renga íó HÍ9se desdenWftTnenie rhocorreiíaiDeute, a deslujir os
companheiro, para melhor se innocentar ante ob terrivei» juizes :
um dia •lhe appareceu um i flficisl feio e esjiaotad* ».. (2).
Onde, poi-, a base para a «figura autipatbica» para a
«phyfiiotirmia nftsvel pelo quí^r que foíse de ropellente, devido (?)
em grande parte (?) a ayu ri!hf*r (?) espantado » ? Nao temos ahi
um triet exemplo deet.i rraligiudade literária qne dilúft phragea^
que ae achata, que as íii6tpiif'6 como olfaginosa gota de ca-
luTonia ?
Varnbafjreri tamhem unetuosamente ©xtetide os dou» epithe-
tos e Cf^m ellp3 derrnnca o phyBico inteiro de Tiradonte»^ ttrando
illaçòes moriícs, deBumitido ioferencias históricas. Norberto, em
sua tianíidurfl, começara dizendí? qup n Ilerób «era de estatura
alta, de espnduas bem desenvnlvidaB, como os nMuraês ãã,
Capitania de 3fÍnos Geraeft (?)• Varnhaííen, que, jA fizera ,sua
dí»&envf?Iu<;ilo, rc^um^ o ãoeumejit/j, rt»sum© M€U autor e faa o
Tiradentefi ^hiwtiiiitt (?) nitíj e muito (?) espmhiúdo*, Hesume o
reforça coro advérbios de sua invenção...
j* * ♦
Eit a amostra que eu desejava P» rnecer, para caracterizar
certo* processos históricos. Infi-lisímenie nfto é uniea e eu cou-
sagrarei duas notas mai* a respigar nesses autores os errou sa-
lientes, em que tá') n-^fastos processos tiví-ram uma pe»oal|
vaidosa applicaçiho literária.
\) Vide /Vfo* íiw/í/ffoí»™» nni 'Jliraj pottiem de I J âe A<viirBiif a Ptilx«]i«, Mio d»
jAn^lro. Ihr^fi rKDt>;lc&<i1ns por À Morbe^btop, Archito io iHãtririo Fedíeraí. iflH, ti II
ArcbiTo Pcblien do Kia lura V, opp n. i.
aíF EiQ ns sto de lUli. í-iH mineirtí, (Or. C Ottonlj Mpre^&tindo Jiê Jtvfoema o ]lnv
im NprtHsrto, chitiift i» l<j(o *irad«€gáo d*» poueú iisret^
— 571 —
Terminarei com tree citações que de todo annullãm a ma-
ligBA preten&fto de aiitipathicami^Dte caricaturar um victima ea-
grada, uma alma religiosa, duplamente veneranda peto marty-
rio e pelo amorayel civismo.
t.*) Sí^ja a primeira a da desinteresseira ancÍ&» que já re-
feri em nota á eoafereacía. Era D, I^aacia Simplicia de Souaar
natural dn Santa Híta de Kio Abaixo, com 85 anu os, moradora
em S. Joíé d'EUUoí. era 1862, Conhecera Tiradente* e seu
irmão cap. José da Silva Saatos, entào já fallecido (vivia ainda
em 1305^ como se sabe pelo testamento de outro irmàd, Padie
Aotociio dm Silva Santos, dous anno& mais Telho que o Tira-
dentoi). D, t^oacta disia «que Tiradeutes era um bomem boni-
to* (e utQ em msio de outras informações que deu ao dr< José
Rezende Tt^ixeLra Guimiràes, em 23 de abril de 1862).
2,*) A secunda é di re*fi8Ítavel e iliustrado mineiro^ co-
n^^^o Jaaqni^n Cíimillo de Brito, que morreu octogenário em
abril de 1892. na cidadã de Sapucaia, Na Gazeta ãe Noticias
^raarço 1880). díss eilci de Tiradtjotes: iNão (ra dh FtotitiA Atí-
THiPÁTicAj CO no íiíeram crer ao nosso hi&toriador {Varnhaí^en).
O cónego Rr>di'iga*is da Coata (conjurado, que regressou á Pá-
tria, fíii da Constituinte e morreu em 1844)^ que o conhecia
presencialmí^ote, e em cuja vivenda se hospedava elle em suaa
Viagens ao Rio de Jaaeiro, reit eiradas vezes me disse que o
K^^vier (as4Ím o tratava elle) era um rapaz svMPATHicOf e, posto
que nAo hoive»be afinidade entre a farda e a sotaina, era~lhe
setnpre agridacet Siia presêtiça* .
S.*) Fnialmwnte, em noticia de 29 de maio de 1860, no
0(/rrei*j M^rcinttl, dii n centenário capitão António Dias Bar-
bosa Ferreira (que, corno teaent© de milícias, assistira ao sup-
plicio de Tiradentes) :
«Formara mtiita tropa, cm grande concurso de povo; ao
meio dia cheíçou o padecente, que elle pessoalmente conhecia,
e em cujo rosto se via a resignação e a coragem t era de mb-
DtíHA BSTATUH^, í ãe C:lbeIlOi loUTOit € B8M PARECIDO.»
Eis ahi a vera eíftgie ãn llerúe. Não fosse o maligno pro'
poalti com que a de-ínaturaram, para melbor apoucar o inteme-
rato alferes, e não seria preciso al-i'gar>nie tanto, Demaia é
« ta o tj^pico eremplo de um mau proces&o histórico, ainda com-
mum em nosinh cbrouistas ou historiadores. Era preciso bem
caracterisal- ^ para o coniemnar do todo em todo e evitar ás
novas gerações a reincidência em tâo feios de.^lisses» A hiíitoria
nft.'> ha de liervir á aaiisfiiçAo de mina pajjtôe!* partidaristas. Delia
havemts de inferir ensinamentos e preparaçôee ao continuo
»rogrtfaflo da Humanidade,
A nota »eguinto pretende esclarecer uma dessas preparaçôe»
e afastar a tuju*tifiíadt reivindicnçáo de Pernambuco, Nào tra-
tarei de Ufoa directa refutaçào, porque o trabalho do dr, Al-
fredo de Toledo é a esse respeito ueciaivo.
— 372 —
K BEITINDICAÇÃO PERNAMBUCANA
A intima aprecíaçào doe mug-natas sociaeí, o julgamento
moral de noBsoâ heió'B é ponto mui delicado da histona, Eobre*
tudo uoi tempos anormaes, nas épocas perturbadas. A ^oc/afeí-
lidaãe, o civismo geral domÍDa muitas ye^ea em orgatiizaçòes,
cuja sã moralidadet cuja pureza pessoal apresenta falhas sensi-
veis. E^ entfto que o plieuomeno social deve ^er cr D^iderado com
ab»traçllo do plienomeno mora), como no estudo BOciologico se
apreciam as leis gociaes do orgatii^mo collectivo, antes de ar-
gentar as l^tg tnorae» da organização individual.
Mas um caso deftaes pTeci^a uitidam-^ute caracterizar-se como
social. O scto civieo, a sodabil idade meritória ha de ser impo-
nente/hade preponderar no campo da apreciação histórica. Houve
claramente uma for^^a collecttva, accial, que se personalizou na
individualidade mais enérgica, mais accfntuada que o meio cívico
apresentava. O cidadão enérgico surgiu dominante sobre o pe-
destal da liomem fali ido, e o r<^f)ahi1itou para os negócios, para
o traí e 1^0 da vida civica
Está nesse caso Bernardo Vieira de Mello, o destemido com-
panheiro de Domiugrs Jorge,, na lamentosa destruição dos fíil^
mares (l) ? Na chamada Guerra dm Mascaien foi elle a viril
personificação dos e&tirauloa cívicos e toraou se o magnara pre-
ponderante, o eponyrao de seu tempo?
Examinemos o caso rapidamente, já quanto ao meio civicõ»
já em relação ao pretendido heróe, o proto-martyr usurpador.
São vários os testemunhosi são múltiplas as chronicas que
nos pintam o meio pernambucano em 1710. O facto que civi-
camente o dominava eotão era a rivalidade entre recifen&e» o
olindense», entre os ricos negocíaates, appellidados mascates^ m
os nobreu fienhores dê engenho, moradores de Olinda.
Informada a Metrópole dejsas «desuni 5eE», sabiataente m-
tentou em se|:iarar a jm'Í<^dtcção dm vil las rivaes» dando a Re«
cife independência urbana. No erigir o symholico, o discipli*
nadtjt pelourinho e «na distribuição do termo>, não Recordaram
as autoridades máximas, — o Governador Sebastião de Castro
Caldas e o Ouvidor geral Jo«ó Iguacio de Arouche. Este pendia
l; B<K?aA. PITT4. ffiit. da AwKÊTíeã porím^ãa , 2.* ítf, (88P, pip. asfl-si42.
b
— â73 -
t eitreítur oí lindes nrbaDos e aqaelle os dilatara, a deagofttd
dos oaturaes peraambucanoa
Natural mente dons partidoa ae formaram a dlgladiar-ae vi-
ramente, primeiro em convicio» « depoia a màos violentaa,
Che§rardm as cou-aa a termos que, em 17 de outubro de
1710, feias 4 horas da tarde, o governador e os seus foram
alvejados por um bacamarte que lhe» dea^ojou 5 ou fi tbalae
bervadaa* . Àpezar de «fazerem seu emprego», diz um parcial
dos olindenaen, «as balaa nâo foram mortíleraa^ por não ser^^m
SenetraDtfft, porque, parece, Êaya maii o eacopeteiro da aetívi-
ade e viriutfe do veneno com que aa hervárai poupando por
itao a pólvora»^.. (1).
S©guíram-se peraeguiçÔefl, que atearam no» olindensea um
geral movimento revoltoso. O governador, veado -ec em apuros
ante «o furor do povo levantado», embarcou-se jiara a Bahia
em uma sumaca, ou, como dh um seu partidário, «determinou
pdr terra sm meio» (na madrugada de a ex ta- feira, 7 de novem-
bro de 1710) (2).
O biapo D. Manuel Alvares da Costa, pouco aifecto ao go-
vernador, auccedeu-tbe no govf*mo, com tal ou qual apparencia
de leeralidade*
M&A Cã recifeiisea n&o ae conformaram com taes desordena.
à percebem -»e com armai, com petrechos beilícos, abaatecem-
ae de viveres e compram capiíàea de terços mílitarea,, .
cA 18 de junho (1711), em uma quiota-feíra, ae repreaen-
tou de publico a tragedia do levante do Recife», diz o jà ci-
tado chroniata olindetiae. Aíortalezam-se, entrincheiram-Be, *iio-
meiam os capitãea que vão presidiar aa torta lezaa» e cmaodam
assestar a artilharia doa fortes para a parte da terra», „
Os olindenaes congregados os aasedibm e lerem escaramuças,
Daht as ^uerrilhaa, d a hl a guerra ã&n mascates, tào pomposa-
mente celebrada.
Durou eate cêrco^ d araram estaa refregas até á chegada do
novo Governador, Félix J. 5f achado de Mendonça. Desembarcou
este a 8 de outubro, depoia que oa revolucionários, por inter-
médio do biapo -governador, lhe fizeram entrega legal daa forta-
lezas e deram iim ou tréguas a seus desatinados mo tina
Eis o meio, eia oa alvorotos villàos, âs competíçòesi de cam-
panário, em quR nem uma vez te falou na independência
brasileira, numa republica nacional, para fazer de todo o paiz
«uma Nova Europa», TodoK oa partidos lutaram por demonstrar
vivamente sua extrema fidelidade á Metrópole. «De noasa parte
é que está El-rel, poii), em nenhuma parte do mundo tem o
dito senhor mais Leaes valsai los que os Pernambucanoa*. Âasím
11 *.^^ pari qm flcMfletzi deotro no corpo, oaán Bzes^e a Iterpa aeo «ffHto«..i
ACcfHCoaU o cbronUtA, maf icnhor d» tatepcí>«4 dJ» axibrodit» bilu (Em, âo Imí,
Miàí. do Rio, tomo XVli
t £#». dú Inãt, Eiãi. do aio, lomii LOt, 3.» puta.
— 374 —
declaron o senado de Olinda ao capitão -mor da Farabyba,
João de Motta da Gama, que por aeu lado defeoflia a lealdade
doa recifensee e 8e apresentava como medianeiro ^íre /jaríidcís
tão fiein a «ieu rei*, (Eév. cíL tomo XVI). Si o opulento Recife
estiyôege qaietiimente sujeito a Olinda^ nenhuisa revolta bavería,
e estavamoK livres deitas apaixonadaB reíertaB bistoricas.
Mas, d)r-me-S,o, o hêroe^ como beróe que era, esteve acinift
de seu meio e foi um revoltado republicano, que se offereceu
martyr de uma idéa nova, de um iuãtituto novo.
Antes de tudo, como referi na conft-iencia e como refere o
dr« Alfredo Toledo em gea folheto, só depois da independência
amertcaiift começou a ter voga a idéa do moderno governo re-
publicano. Bem o provam qa levolucifuiirios mineiros, bem o
prova Tiradentea, que pedia aos amigos Ibe t^aíiu^iB^e^J obraa
que explicavam o governo republicano da «America Inglesa* .
Vejamos, poicm, o homem» o heróe, segando o testemunho
de seua parciaes iRemsta ciL, tomo XVI, pHgs. 18, 20, 25, 28*
2y, 101, 110 e 120; Kocha Pitta, op, cíí 239, 240-242. e
281-282; Varnhagbn, Hist., 2.' ed., 825 e 826 seguindo suas
preoccupações pessoRes). Nns datas, nas origens e episódios
substauciaea, essesi testemunhos se aecordam com as chronie&s
dos recifenses (Mev., tomo LIII^ 2/ ]iarte, pags. 65^ t)8j 75, 76,
83, 90, 254, 268, 277, 291 e 295; Southby (ou P. L. Cokkexa),
trad brazíL, tomo V, pa^^s, 122-127).
Em 1695, Bernardo Vieira de Mello, diz Rocha Pitta, *era
homem nobre e valoroso, experimentado uix guerra dqs negros, ha-
vendo logrado algum tempo antes o feliz succe^so de umthoque,
em que degolou e cativou um grande troço delles» . , .
Foi eniào offerecer-se ao governador Caetano de Mello d«
Castro para servir ua «campanha e conquista» dos Palmares, de
que estava encarregado o paulista Domingos Jorge. Concorreu
destemida e interesseiramente para a destruição dessa «rústica»
Republica, dos negros. Como se vêj o heróe republicano inau-
gurou sua grandes^ civica destruindo uma republica (reapubliçaj
estado organizado),,. Tal inicio nào lhe poderia aer mui pro-
piciatório
Em 1711, talvess chamado pelo Governador, acudiu ao
Becife com o terço dos Palmares, para servir o governo. Seus
pareiaes proclamam sua innoceucia quanto aoa motins deste
anno e exãlçam-lbe a fidelidade realenga. Dizem que elle se
ni&ntinha no Hecife com sua gente, para livrar o fílbo dos har-
haros assassinatos que cervalmeute commettèra : essa é a maior
defeza que lhe fa^em.
O Senado, na resposta a que já me referi, declara textual-
mente : c , , . os uaturaes de Pernambuco . . . uo sangue de setia
- 3t5 —
fiaes e avos herdaram a maíi constante fidelidade para com seti
rei. E fii Bernardo Vieira assistia por ora no Redfe, era por
catisa dê lhe culparem um fiih» por uma morte e dematidarem
Qtítro par um casamento * . Nóí tratamos de pa» e Vm. de
g-uerra* Oh! como se ba àe Vm. arrepender do que obra»
qoando Sua ^ta^esíade for sabedor de todo» . . , Â e)-ret «ba-
vemofl de dar conta de tudo, pn>g de tudo é Vm. cauia. (Olinda,
©m Camará, 26 de Jttnho de 1711» (1). Esta é uma acta ver-
dadeiramente âuthentíca, na qiml estftõ exai^^doa oa uqícob ke-
yTmsmos de Bernarlo Vieira em 1710
à Ití de Junho de 1711^ ou por questões de prepotência
contra os soldados de Reelfei ou pelo Puror dos amotinados mas-
caten^ Bernnrdo Vieira, surpi-ehendido e «confuso da novidade»,
na janellã de sua casa reeebe dom tiros que o matariam... «ai
o acertaram* (liz o cbronieta teu parcial) -
A' viatâ do p^vo exaltado, que vociferava contra elle, seua
amigai o prenderam e, p.ra aquietar as turbas, o metleram
otima enxovia. Seus contrários o transferiram depois para o
forte das Cinco Poata* (2). Ahi ficou durante todo o cerco» du-
rante o tempo mais propicio a seu* e&tos de heròe republicano.
Ahi e-teve sem agir, sem dar que falar de 6Í nem uma vez.
Só pelos ecos tomou parte naa escaramu^^as da Í:amo^a
«guerra», etn que, ua pneril descrição de Varuhageu, «rompeu
fogo durante vinte horas ; acom[.ianbado de quando em quando
de ehuva» (pag* 830)
O filho André Vieira e o irmão Manuel de Mello lograram
escapar, este para morrer desastrosamente âa mfto* do íatidico
fobrruboj que tomou parte em guerrilhas e ahi cevou bbus ins-
Untos dei trai dores i
Do pretento beròe n&o mais falaram seus parciaes, até á
chegada festiva do novo Governador metropolitano, Félix José
Mncbado de Mendonça No dia que este desembarcou, a 8 de
outubro, talvez prir ordem do Bispo, foi solto o heróe frustraneo,
fi**m horoi^mo authentico, sem nenhum supplício, sem marLyrio
b^m verificado. O utiico martírio que seus contrários lhe infli-
giram é o que narra o chroniflta mcifí-nâí^, por occasiao dasfee-
tae fstrondoâa^ que fizeram ao heroe D, Hebastí&o Finheiro Ca-
1} Otn nnoQyraa, i 4 de outiiltro d« tTH, BscrcTen Aot reclfénicii ptrA defaadar oi
âe Otind* contT* «í^ príHf**^e(ft cátomniíMi que «qnelles bn^jam de ipreaenur aa Qúvornft-
dor, |>r'«W« A ch^ifAr. Alil t& diz - «U primeiro raadAmpiito Úa* soDlind».» g:lDdu dotin.
m»*e*tJ^*. ^firn crecitlo iIb eeu eDcaQ4ci4<i z^ía, ou pre^ipjcio^ Atí 9UAS raatJiíCtijaít prés ti eq
pçli4l, ftii 1 cal II maia que ^□iíerain ImpÒr de tacondd«ate9 aos PemAmbuc^no*, macn-
Litdf* O t1nbr<9 idoVbQrr d« iha nobr^A coid tio infAnâ vilipendio , aeado estes oi qQo
«nlr4 IfidOf 01 Portugnezei t^ podem Jactur ite jQtpilAdoft na fi> 9 ie si ilude. ^nt% c«ib
S0II rei— «oiao d« «ea^ p«M « avós. cliJa« acc^Oft cqi& ú saugae beriaram, a publica a
fAni t Argumente ; paia pelo ^alor d«lle, nem àjnda nem ilg^fp^sa da f»al faaenda vend^-
rft>tt a« vi^Aâ eoa. r9AEaQri'Ç^Ao fie Perna eu bu ^, q,iia aA metm^ rei geoeruEo» tribatãrun .
imv XVI. loo.
2) âefUQdo D Gtironiita rocifente, é de vqt o modc tlmOfAlo, eoatriçto, de somenot
aefnlimo eoiD n^^ te portou ne«te pMftõ, Oi meíiuoe tlroi 4 Janalta aerlim Ja coDtra 9
fvsiâ qae fugia \Ii*v.i Ull, 90/.
á
— â76 -
marâo. E foi o reguinte : Quando o GcrerDador na janella,
em publico, Acariobava o b^róe, — Bernardo Vieira e o isãg^no
chefe revolucionário André Dias íicaiATu defronte, em yé, a
estnoer- se de raiva. Como ge vê, tiào ó uni raartyrio digno do«
exaggeradog louros que lhe quer dar uma pOEter idade, em ex-
tremo dadivOBH, . .
E^ verdade que depoiB, por eOEpeita de novas tentativas
lieroícae ou revaludonariag, oum domingo de Ramos, a 27 de
março de 1712, Bernardo Vieira chegou preso ao Heeiie* O
novo Governador o mandou para o forte de Brum» «niio ficaudo
privilegiado dos ferroe ru algetnaa^»
Na frota de 28 de julho de 1713, —a mesma que troiúera
o Governador e a^ora ia de regr&BSo, — Bernardo Vieira e teu
funesto filho partirarn para Lisboa, « onde chegaram a salva-
metito e foram agasalhados no Limoeir'? » . Áhi morreram pa«
cificamente, o primeiro agazalhado num quarto hem aquecida,
mas com o ar viciado pelas emanações de utti fogareiro acceí^o,
O outro morreu de repente» estando prazenteiro a jogar as ta-
bolas (gam^ ou damas?).
Onde o beroismo dettafi mcrteSf onde o martjrío de&t^i AerdcA,
onde o cívico mérito extraordinário que sirva de alcandorar Ber-
nardo de Mello acima do herde mineiro?
Neaia mesma * guerra i>os mabcatsí » ha htrót» muito mai«
interessantes, que podiam commover melhor seuA compatriotas
pernambucanos (1). O coronel Leonardo Bezerra Cavnlcante, de
«galhardo génio para persuadir», inimigo dos reinóeSf é um
personagem muito mais vivo, mais digno e interessante. Sua
vida mais activa apresenta finalmente um asfiecto lastimofO,^
com degredo e |ieregrinaçâo martyrizante, de Lisboa para a índia,
da índia para o BraziJ, para Pernambuco, a suspirar pelo «ninha
seu paterno». Conhecido ao saltar na Bahia» de novo o prendem,
impedindo- o de tornar a Pernambuco. Na Bahia, tendo perdido
de todo a vista, morre afinal, sem duvida ralado petas saudadei».
Mas a gloriosa e polida Pernambuco nào tem precisào destai
rivalidades. Sua messe de louros é demasiado aoundante para
que ande a respigar estas migalhas. Basta-lhe a gloria daa
luctas hollandezas, além de suas gloriosas tradicçòes veramente
republicanas.
Já o disse muito bem o chronista dos olindenses em 1711.
E' elle ainda que, na precitada resposta do SenadOí assim jus^
tameute se exprime :
11 Entre «llet se eoDti o ciipftlo André Diu, 4e iinem o cbroDÍilâ re«ífeOie àpofitA
amu lotrigu, duu InuoctiUi llli«rdRâe« repuhUe&ina* i?) \pYi. TOK Do taeinci s«iier^ deirea
ler M TevofociDDirlu traoiftB úo c;liropí»tA de âMUTuív, qae por Ino grfttultuBonta
l_
- 377 -
c Em nenhama parle do munlo libertaram pragas oe vasaallos
da coroa de Portusal, como o» Pernambucanos, pois lem despeza
da fazenda real e sem ordem do eeu rei, que jatgava a r<<âtRii-
raçào ímp^^ssiveli se It^vántaram contra o inimigo, e com perdaa
conui^eraveis de suas fazeaías e copLOsas eôusõea de sangue, dee-
caIços, sem abrigo ao rigor do tempo, e mortoi a fome, restau-
rsram a «eu rei efita& capitaniaii. E foram tào leae*, que em
feu serviço desprezaram todas aí coTiveaiencias e enchente» de
cabedal, que Ihea ofiereeia toda a HoUanda» (Rev, XY[, 24].
— 378 —
3.*)
A QUKRKA DOS MÂIGATSB
(Respigas êm Vamhagen)
Parec6-me que devemos restringir a tendência para desprea-
tigiar uosaoa pre&oaagens eminentes. Somos ainda tâo pobrsd de
gente preatigtada e com tal en lafniçamenta vae a politica Jea-
traindo dosbos mellioreâ DO[nea,^qne uàn é demais pruparraos 08
que ainda galbardamente sobrenadam em aoiso revolto meio
iconoclasta.
K mister, porém, qae efie respeito seja eaclarecido e não
acarrete o desprestigio de outros peraonagena, nào degrade
institntoB mais venerandos qne aí personalidades respeitadas.
De noisoB liomens illaacrea é Varnhagen o que mais ?esefi
noa deixa entali»cadofl entre esaas dnai dirHculdadeeí. Gomo elJe,
ninguém mais largamente revolveu o a secretos eacanioboa de
noasa historia o eipalhou maior numero de julgamento» peftaoaci,
de observações refortnadoraa, de vivHaee correcçoea.
A cada mnmetito suas inves^tigaçoes impoiilivas, suas cor-
recç&ea miauciosaa, friaa; suas ojerizas pbilo&opbícas, civicaa ou
literaríaa, seu or^Eilh > de achador noa obrigam a decidir, a ler
preferencia a câliir ás vesea em lamentável partidi^mu pessoal.
A nova edição da Historia Geral, a a no tida peto erudito,
distinto eacriptor sr. Captstrano de Abrt^u, dá- nos esperanças de
yèr clareadas essas maculas de Varobagen.
A parte já publica la faz- me, poréras recear que se estej&l
considerando Varubageo como o «syncretÍKadori auctorizado de
nossa historia e nio como «um ardente investigador, um iufa-
tigavel re^u^citadm- de cbronicas», na phrase de Oliveira Lima.
Àpezar de sua meritnria indulgência para com i^u illustre
patrono, o distinto escritor e diplomata dr. Oliveira Lima —
raioavelmf^ote desconliece em Vninh^gen o dom precioso do ver-
dadeiro historiador (Jornal do Commercio. 19 de julbn de l^S)
Meu caro e illustre amigo, o Barão Homem de Mello^ em'
verdes annos (L858), numa cntica notável, dizia que, tinvesti-
gador laborioso e incansável, o autor da lUstotia QeraL , u&o
é historiador ; (^ un medíocre cbronista»* Nota suas frequentes
«reílexoe», deapidaa de interesse e selladas com o cunho da
mediocridade». Ainda em 1905, o meu erudito amigo, lemprede
I
- S79 ^
jttTeuii etpiríto, repetia-me em Paris algumas destas tristes re*
flezôet (Vide á. H. Lbal. Fantheon Maranh,^ IV, nota C).
Náo é possível canoni^l-o como prócer nacional ou colen-
dífisiiiio hiatoriador de nossa Pátria, O mal que uma exag cerada
«cAnoai^çàd* pode cautar a noe@a lilstoria, é por domais «vi*
dente para me justiâcar nesta» respigas. Desde que escrevi
iD^ii opúsculo sobre o Descobrimento do Brazil^ comecei a
(aser moderadameate estas respigas ou reservas. Sótão, leado
a Chronica rfo Deacobrímento (Panorairm^ l^^^O), desejai que Var-
nha^D se dÂo Itbert&a^e tão depressa do áno meio literário que
tiefi^e tempo frequentava. Era io com pi ©ta a preparação com que
desde logo se considerou um acabado^ um nobre cavalheiro das
letras bistoricas, E essa orgalboaa âdalg^ia literária em má hora
se juntou á altaueria pessoal, agaareotando os méritos do futuro
historiador, . ,
Ã^ vista destas breves ras&Ôes, relevem-m^ as respigas ou
retalvafi que lhe preciso fazer, quatUo á narrativa da j^uerra dos
mascates e da conspiração miu^ira (em a nota seguiu te)
1.)
Logo no começo {pag, 823) ha um erro do facto: o ouvidor
que contrastava Sebasuà) Caldas n&o era Lui« de Valenzuela
Urtiz e sim José Igaacio de Aroucbe Só df^pois que este de*
iifttiu do cargo ou foi nomeado tombador, veiu subatituil-o o
Juiz de Fora Valen;Buela Ortiz {V. Rea. do ImL, XVI, 10 ; LIÍI,
%* pari, 26; LX!V, L* part., 254; Southrv, V, llOj. Este erro
é repetido por todos os compiladores de Varnbageu. AeompA-
nha-o uma das retlexòes «despidas de interesae*. Diz elle \
«Katural era que estas demonstragões de applauso pelo chefe fa-
vorável se convertessem em vitupério contra o opposto>«
2.)
A* mesma pagioa occorre novo erro, que se corrige pelo
me«mo doe. que Varnha^^eu cita vítriai veaes foo tf>iiio XVI da
Rm> do ln$t) : O Ouvidor (irouche) não ãeix-m o Bíapo, indo
refugiar 'êe na vhhtha Parahyha Partiu em companhia do Bispo
e este no caminho oppoz-se á prisào do ouvidor (Rev, XVI, 10;
LIII, 37)* Ainda aqui, pag-. 824, se reflecte que— «A capitania
ficou acépbala e toda se deu por sublevada. Tratou pois de ter
nm chefe.» E na pagina i^eguinte diz que vários reçoitciú9 da
Madre de Dexis se prestaram a ser chefes principaes da íiísuT'
reição dos Jkascates («expressão com que na Ásia se iiomeavam
os Tí^ndilhôet, e que na língua portuguezs viiu a produzir o verbo
nmscateart applicado aos que mercadf^jan] ^ retalho*). Não é
preciso nenhuma severidaoe para ver que, no corpo de uma
Huioria Geralt t&m reílexòes orçam pelas raias do pueril. .,
I
— 390 -
também de notar
ia oLindenies» n&n
à pg* 828 cít» as procisaSea doa «oi
sr uma idéa doBv^ntimentos piedoso» qi
os snimaTam», e na pag*. ee^utute congidera ; mN'em que a
Providencia eavie ao» povoB a g^uerra ^itr&nha para caati^nr soa
falta de uniào». lato nÍo o impedirá de tomar partido pelos oUn*
denses» á pag. 830^ com uma de suaa habituaes reâezôes : «Â perda
daac^o.-» deu novos b rio ^ aos bravos oVmàens^s^ como suceed^
»efnpre que oá causas que se defendem são verãadeiramenU pa-
trióticas i do que n^ts Seííe servir dê confirmação o ardor com
gu« defendiam a êua causa* ^
E acaba deacre vendo o «traje doi notso» fxmlem^* : <ea)*
çõea e meiaa com ^pato e fivella... sobrecasacas agaloada» de
mangaa lar«^aí, e oa chapeua de três bicoa, dos qucíés um ficava
para deante* (!). Gomo se vê, nào foi para encurtar parla ndas
que se commetteram aa omlasôes anteriores.
3.)
Depois descreve a batalha altima: «Rompeu o fogo ás
oito da manhan e seguia peta noite adeante, durante vinte bo-
raa ; acompanhado de quandfj em quando de chuva, O fuzilar das
armas ae confuodia ád veaie* com o relato paguear doa coriscos, e
do mesmo modo o rnido doô tiio© como ecb o dos trovões, reper-
cutido pelos valles, Pelejou-se de pait© a parte cotn decisão*^
E ainda srcbitecta este medonho, confuso cataclismoi que nos
dá a medida de certos processos históricos, quaodo o patidaris-
mo pessoal nelles funestameate domina t «Os Camarões e Tnnda-
cambes aproveitaram destas persieguições para exercerem suas viu-
gançaa, asquaes, unidas ao arbítrio dos delegados da justiça, chega*
ram a criar um partido ainceramente revolucionário, que ae tives9€
forças houvera levado avante sabe Detís que planos de desesperação ^
e em tal extremo (?), bem que afinal teriam que ceder extenuadoã
e debilitados t poder a (!) a capitania chegar fiada menoã que a
haver nadado {f) em um mar de sanguew (!).
Com taes coDfusÕes e tal estylo, não ha factos que não sejam
Btibstituidos por aereaa, escurai supposições pessoave. No caso
pregente, a parciaUdade do chrouísta leva- o a esta catastrophe
imprópria da aceua trágica e muito maia da scena histórica :
«Cumpre (VI) accresceutar que a recente ''illa do Recife
nào se estreou (?) com muita felicidade. Âo deiíarem^te foguetes
em certa festividade, entrou um em uma casa, e foi abrasar um
barril de polvoraj fazendo- a saltar ao* ares^ com morte de qua^
torze peasoas, o que levou o governo a, por uma provisào, dis-
por acerca da armazenagem da pólvora destinada para negocio»»
Ora, tal facto nào foi a estréa de Recife . Deu-se já no g^
veruo de D* Lourenço d© Almeida, succesaor de Félix Machado,
e em dia de Banta Catherina^ a 24 de novembro de 1715. Ãeon-
Vld, « qve tramcu^ri & paf . 38ã.
-^ 381 -
teeen o des&etre ao queímar-ae um casUHo^ qne Unçou quan-
tidade de foguetes ; e a caaa não saltou para os ares, natn cfae-
g^ram a morrer quatorze pessoas {Rev. do Insi , LIII, 2 * parte
298-299}
O que ahi eatá deve bastar para que, em a nota eegumte,
me não accmem de examinar um aspecto aó dos defeitos de
Varnbageu Para este exame, poderíamos escolher uma outra le-
cçào da Historia Gérol^ e abi bem frequepte» seriam as falbas
como as que a&abamos de earacterisar*
1
— 362 -
4.*
(Rtítpigcui em Varnhagen e Norberto)
Varnliagen tem alg-um teiró com Norberto (1); embora o
giga muitaB ve^es, n&o o cita e atira-lbo algumas notas amargat.
1.")
A' "pag. 1019 corrige uma data de J. Norbeito^ a quem se
reporta sob o disfarce Jr *alíuns», e á pag 1032 emenda-lhe
a interprataçà » à& um verso de Alvarengai chamando-o vufg-ar-
rneot*^, ioíflotilrn^nte •uiiv escriptor que pefo nome não ptrca*^
Oà trecbos dé Norberto^ abi refugado», estào a paga, 174 e
121 da Conjuração mineira.
A propósito de GonsagUi ^ua »b rra literária» o leva acon*
traríar Norberto, pretendendo haver feito um leaiudo profundo
de toda a devasi^av {2),
Sotretaoto u&o a cita nem utna vez : serve-se tão sómentâ
da^ incompletas pubHcaçÕ<*s do Brasil FUmtfynco de M. Morae»,
e spgue Norbeno, ás vezes nas mesmas reflexões peisoaBs. E'
1^ Pirere ter<st cni|;|[iido ecn lB■^l^ »« d^seutlrte o Hiihir dt» Dialogo» on Di^kí^ã
dat Grandêsoi dú Broiíi 4ër. XI Lt, 211 « 4<>2-4< i^}. B' o mf>m& BeoUi T«;K«Im, mior
dA Pra»optip'-a c Hãtacãtt nnaex»? Vi,rntiiig^t> ne^KV». pof iftâo «ãíar átipoêtú a dar iim-
ívirú çrtditú* no AbliAile 8*rbo-a , Norhert* tocou iw ílvtn tn «ea frdco, «tibliDútode «
liimsDi«nd{» euFfi axtrKalio modo de rejeitar te«teiauttlio, tnm «atro <lcM:ameDta tíém do
SUA mtihor difjjoaifflfl pur* com am ootro autíar r^jíriBi^s BAHni«l. A vive»» pQ«i«4l
com qti>^ lhe respondo VirnhJig-on é CAractcrlatlca. cíiofriindo a pôr vni eqUAtiO, «Qi 6411 •
tratte bdk iducl^ praprfn [cina .^1 Knnpij P. ra&ii ty^ica íq tortim » questlDDcalm p«l»
repercnuAo qas cere. até f¥7^^.
UdH* triíU WúLF f/.4> Jtrrátl hiírrtíir*. pag 1'<l b friza como Viroliajj^ea oa l.* éAi*
ça#de tfihfíittoria {U. ftJ), em i^-:^ «aje mJ^oie qm Temdr* soit l'*QifUf de la JfV-Mi>po-
pr^tt e de li^ ftttafão* Ora. a 1" de ^u!bo ds l^li'. Varnlitigen d«»col)re aa Hifft. fitbt
de Liflbna am ettecnplar da Pramp^pitt. wjtçfto der 1(WH, « rfu BkStú TeixeiBA-, í^e-
gnlUn^fi IO|^E> a d«£CúbeTta de guIto exemplar no Mtht Sac. ilo Klo ipelo dr, Bania
UalT^; vidfinaeúlt^lU'. quasl fac íimUe. díi Propofiop^a, em IMa; Dppoi* deite cjmíí-
ÇO, Vfirjani o a i * edMo da Fttíoriís rpa^ t!ii<Oi, a rerereno^a confD»a qoe fn» a BaotA
Teixeira r n^n^a-lhe a aatorla da Hetaçap «ni am periodo que envoLve tftmbeDi a JVotu-
paprá em uma davfdufa amrmuçfto
Como •btrra lUerarU , 4 c^^rncterktka
t &' pair. tina e ea metma pag. Hj2a Varnb^reo r^ CdO^i-adli, poi«. Afflrma qa» 4
•tmlillMiçfto [Qlprpola'^» c menoK coirecU do teor do procoí*Oi é ^ae Ibe perniiuto «^fer
MJtHalBeúta a ««ta RtíCçAo um puaco ir ai* de de«euvcilv'.íaf>Qto,P _ Ha çminnU) di« I^o
adeante qae re« «ea^titin prafuad» de tada a devavia», e fei 'acarei^Ao de todoE os depol-
meTitfís* (pwp lií-^i. . K entra a apro¥eitar-ie 4tí Norberto, t-v^mt* «e pí)4a ver no iTe*h«
que cltet i pag^. ^^i, :i « O nrií^tiial iraz: -m hiam r^udn pnra Portugal p. Norberto AM
C/^raf de ALVA,hKNcijt . png 'A\, LraD&crevei saAtda (^ftibliiiBi » Ora, é e*U a licio q««
lej^ue Vantbai^en i pag, H';J!,, Ivto para Cidr nó am (reclio, nifora no atcaece doi ]tà'
Ini^a. oomo Já O Qí a pagn ;d6é 0 37ó, o ode Varalaf eo vJ«ivel£di>Dt« eepU Harberto, «n
illacOea penoae«, hiRÍf^Diácante*, iam base», Aluda á pag. \02i., oota, queretido eoTTÍg;lr
^ apme tft» leneate-oaroaeJ Jndroáí pira. Àndri^da^ fas eatA caoBesAa «EXenti» pançê
I
e^ceiuplo o qixe dh de Joeé JoAttuiin da Mn ia (pg. 1016), qae aspi-
rava a «exorbitar da espbera em que tiasc«íra*, «BpguDda siia
propriii oarrativa», —o que Dào é v-rdade^ porque a «narrativa*
é de Norberto, pag. 31- 41.
Foi NorbertT quem identificou em Josó Joaquim da Maia o
famoao estudante, que em Nlme» conipreociáia com JefíVison
Para is-^o teve os elementos Da Dev. do Rio e no *Â7ito de
pergutitojt feitast d cerea de uma Carta escripta ao ministro dos
Mlgtadff* UmdQ.^, por um estudante do Brazil que se achava em
Montpúlitr» E* o ApptriHfi 2 &7S| que hoJB se acha no Archivo
Pablic » do Rio {Livro II Devaftm em Mitiús Oeraes) . Alii de-
£ôem oApeeiahneute o corriDel Fianci^co António e ^eu primo dr.
►ominpts Vidal Burbo^a, qua conhecera J. J da Maia e um
<;ompaubeirr> commum ebamado Jom Mariano Leal. Est« «co-
nhecia o eatitdante e gua emprega» e com D. Vidal icommen-
tara a originaliãade do Maia*. E* asajm que Vidal Baibo^a se
eipnme em novo de^ioimento, feito no Kio a 21 de junho de
1790 (Âppenuo n 11^ Dev do k-o, Lh)ro VI áo Archivo Publjco),
Varuha^ren, tratando dfl-te ojieodin @ affecíando particular
conhecimento da ca>o, dpcUra *-m nota fpg. 1016J t «TodoB pRtea
facU)& confetam do auto suinmario feito aos pretos (?) em 7 de
Julho Je 1789»^ (Vidal, principalmente intfrrogadO] não etta?a
preso).
Pala data. que deve ser 8| e pelo v»go da citação v6-«e que
Varahagen nào iinba presente e^&e auio da Dêt\ de Mina,»
No ÈfU tempo cgfles documentos uâo eram accegíiveis, e por muito»
auuo^f com a Dev, do EiOf estiveram em màoi^^de Norberto, stu
feliz descobridor (?) (1).
A' I ag* lOlB ha um «segando ee disse», em que o teste^
fsunho de N^orberto é de novo aproveitado . O restante destas
rt^spiç^AS e ai que fizt^rmos em Norberto, iiinria maif pfítenteftiSo
estn d**pluriivel fraqu^^za de Varnbangen ;~ nào conhecia toda a
|f] qve ellQ próprio ftulçnava correcto. Veja-se o B {rfttif} B, [ttíririFf)\ 1, p. h^*. Qfltfn
eiMlh«e«Síe a (teraata todm \ÁrchitB áo Pixirúto Fedtral; «bri1, Jl;^Q4] r«riii qne lá n CQrontil
aâvlgna ^udrad^ , ^^ bre^ei, cdid o « carActertiucov Maí que ImporiAorU lem litot
JT vtráBdff que 06110 cmd tiilTex cnmpfiMtt CDntnr, tomo o faz em Dota, que d teoeDte-
Mroo«l 9ra fliha D4tafa1 do 2/^ Coude de Bobaúâlla, Úotà Aubanlo Krelre ^0 Aadráúa
^ Sm QfiM Éi Oiirm» 4e Oojtkaqa. tomo 1, ll^â;^ pAg. BS, àit Norharto que *eiiet
sapaicriptoi roluraoioi e t&o predoiot tixiitiram ^r jdojIu t^mpo oò Areblvo 4a Gecre-
tartii de Kil«do íi>« Negocio» do império, dtacoMhnídot e t^oradot, poli ((ckovam-u
tmid*M fMhn ta£€ú d* eoHro . Abl os deauabrln i?: Norberto, dabi ob retlroa p«ra iua caia^
«ftSjS M oofmrroi li^f^ot anooi, aproveitaELlú-o» em leuA trabi Itioi mDlt|[vlM e flofilniénro
tm ftib CanjHraçiU) jnínéira. composta e noaU pATta latelnincute irabitda deade líÀ^
V. /f» pu|},, tomo X^ abril de l^t^l, oode le pnbii^son u 'I o CMpJtalo^
Varnh*K«ri Ejoderi» doscobrtf em PortugAl ts coptw incompleta* b parccIlãdM qtie
dá^Bl fVirani. N4o cooata que o ftiene e bó orgtil boa i monte pubtlca m IrirormAçilo de
BwbJioeaa ft edrto portagu^ia (U da JDifaa de 17H9 v pag Kh^ e Ji^. do /mi., tomo
iO^ Ò« ÃN/e« íri>ií# tl« aentoQça, defaift e embAreo« flnii«>4 tó incomplf^ta e ÍDci>rrectB<^
■MM' llw foram c«iihe«idi]« , Ob od;^nae« untavam irrtfínlormfttít em mloi particulares
01 «obtOMiU e fló tilKiL» tardt a iJi& AacionaJ dh adquiriu por botii preço Lá OE coDBOi-
lígl eiB têm, oom isroraiJiçOei do enidlto, laudono e hcm dr. Toixelra de Mello
Na iQCompleta e o^infaia £iòlí0^ra|ihta do Jornal do ComnurciOf de 31 d« febril Of#
pMitA gmtt oõpii dú Auto tuniniflrio, perteDOAale a VfeniJia^eii,
A
— 384 —
devassot iodos es depoimentos^ n&o os estadára proíandamente,
paasadamAQte e ^ervia-se do Brazil Histórico^ servia-se de Nor-
berto, ás vezes em suas mesmas inferências pessoaes.
2-)
Temos, pois que as fontes de Varnhagen são M. Moraes,
confessadamente, e J. Norberto, em allusões não confessáveis.
Da auctoridade e fé que meiece o primeiro, «o pr liíico investi-
gadcr>, como lhe chama o erudito dr. J. C. Rodrigues (Bib,
Braz.i I part., 414), dirá melbor a historia aue vae era nota,
Êira completar a anterior, a respeito do achado de J. Norberto (1).
leste, investigador menos prolífico e mais prestante, na presente
respiga diremos alguma cousa, de conserva com Varnhagen. E será
quanto á historia do e>tudante José José Joaquim de Maia, cuja
identificação com Vendek vae sor objecto de um esclarecimento
especial. Ahi citaremos os documentos e melhor exporemos os
factos que hão de finalmente comprovar quanto aqui affirmamos.
Baseando-se em depoimentos, que elle mesmo tem como ar-
tifícios da defeza (pag. 47, nota), Norberto romantiza o caso de
Maia. Do mísero filho de um «artesano» («pedreiro», diz o de-
poimt nto) imagina elle sahir o planeador da independência pátria,
ambicioso de «subtrahir-se» á «obscuridade de sua ascendência,
de seu nascimento» (pag. 40). Como si em 1786 fosse possível
n o dr. M. Moraes, no Brazil HiMtoHco. 2.» série, tomo III. 186S p«g. 179 e
DoU, narra qoe. no dia teguinit a ddi que não deítrmina, foi procnrar na Secretaria do
Impei io os docament s da ConjaraçAo Mineira 0 «r. Jofto Xlmenes de AraiUo Pitada
ahi vira co processo original. . dentro de um taco terdf. B como era Ministro do
Tmpcrio o Conselheiro Pedreira [Lais Pedreira do Conto Perras, mais tarde V. de Bom
Retiro], o facto devia ter-se dado entre \fthS e 1HA7, dnraç&o do Ministério Paraná,
á« qae fatia parte o mesmo Conselheiro [V as bellas paginas de Nabnco. em sea Utto
Um ettadittn do Imp.. I, 1 GA- 16 7]. M. Moraes aohoa efTecti vãmente o processo cnjo
exame lhe foi facaltado. Mandou r:oplal-o e o publicoa «integralmente no B. B., á
excepç&o de alí/umai peça» de ponca importância i?). e do tequettro dm bem dot pruof
raqni estfto peças maito iroportantesj. O qoe foi essa publicação, feita cm 1^65, em nm
Jornal, disse-o jA o mesmo Varnhagen : «interpolada e menos correcta» . O flm mercan-
til do uma publicaçfto ao4 pedacinhos, imperfeita e incompleta, dcsnataron os meritoa
de am trabalho que podia ser um grande serviço histórico e cívico. N&o é, pois, ahi
qne está toda a drra»aa, qae ost&o iodo$ oi documtntot para e estndo profundo e d«*
clsivo de am Jadlcioso historiador.
Ha porém, neste caso. am aspecto qae mais afeia essa publicaçfto. Noa Áuto$ do
procuio. qoe a Bib. Nacional comprou de am particular, existo am termo de entrega daa
duas devassas e appensos com uma lista destes. Ve-se ahf qne o n. ?6 é um livro
impresso de J70 paginas. Nn Archivo Publico (Livro III) falta esse appenso, qne pelo
depoimento do Porta-estandarte Krancisco Xavier Machado [Livro I. n 13. fls. 8I-A'i]
e por uma certidfto do Livro f. fls. KSO. sabemos ser o livro Recueil de» loix conêHtu-
iicea de» F.tat» Uni» de fAmrriquê. In H.o. capa de papel pintado. Bsse livro e oatroa
ingíezcs eram de Tiradentes. que os levava aos amigos para que lhes traduzissem pas-
sagens que ello do antemfto escolhera (sabe-ie que elle tinha estudado o francês).
Ora. dcpoi« disto leiam esta nota de Mello Moraes [Op. cit., pag. i19], «Appenso
ao procesifo oriicinal encontrei um exemplar da^ constituições dos Kstados Unidos da
America do Norte, traduzidas em Francês... Quando tive noticia que a Capital de
Hants Catharina diligenciava livros parra formar Hua bibliutheca.lhe mandei de presente
n exemplar das Constilaiç'^es. appenso ao proccitsu ••riglnal de Tiradentes, pondo-ihe nma
declaraçfto. na qual me a«8ignel (!). Rste livro deve estar na bibliotheca de Santa Ca-
tharina». Norberto já encontrou a faiu da Sentença e do alguns appensos [notei espe-
cialmente a ausência do interrogatório de Cláudio M. da Cesta], e denuncia este cato
[pags. XV e 37, notas]...
Bis ahi oomo se ten* feito noaift blftoria em geral e a de Tiradentes em «apocial.
— 385 —
a um mísero sahir de sua «choupana» (?) da Lapa (Bio de Ja-
Bein>) e estudar em MontpetUer, perambular em Nimes, acu-»
dindo a uma conferencia que «lhe pedira» Jefierson, após sua
im |>or ta u te co mm u d ica çào 1
Além desse histfirico romantismo, Norberto, mesmo citando
o tomu III, pag« 209 da R^mxta^ erra dizendo que Maia, a 2 de
outubro de 1786, dirig-ira a Jeíferáoii a precita d a commutiicaçfto.
Provaremos que eata é de 21 de Novembro de 178G e que Jef-
ferion, em sua resposta de 26 de dezembro, kj pede a Maia *um
rendez-votia nu à Montpellier ou eu sa («ir) voisinage». Só de-
poij d© Dova carta de Maia (datada de 5 d© janeiro do 1787) ó
que se realizou em Nimeis a famosa entrevista, em que Jefieraon
ãiptomaticameníe muito animou seu patriótico interlocutor., .
Ora, depois diato, é deplorável que V&rnbag:en, a paffs^ 1016
6 1017, venha exactamente com as mesmas falhas de Norberto,
aecrescentadas de novos enxertos de viataít novas, e repetições
phantasioaas. Refere que q ■ filho de um pedreiro da rua da Ajuda
(Lapa?).., movido de ambiçio,,, aspirando a exorbitar da es-
fera em que nascera, decidiu-se , , , a eficrever, em outubro de
1786 ao celebre Jefisrson, diiendo Ibe como elle e outro patrício
ãeu (V) er<im vindos do Braztl para tratarem da independência», ,
Declara Varnhagfto que Jeíferson irospoadeu mui pontualmente»
e «disse (V) que aponas os Brasileiros por bÍ propritjs couquís'
tassem & independência, itã'j ieí*m a sua nagão duvida em ue-
g«>ciar o pro?el-oss ^^^^'
Como diplomatai Vambagen sabía que, mesmo «ír-uar^
dando as formas que a sua posição official lhe recommendava»,
JefiersQn não podia astím responder de pronto e que também
Maia lifto lhe haveria de chofre aproseTtado uma commuuicaçAo
que exig^issa tal respo^^ta, O que consta, dos mesmos documentos
citados por YArnhagen {Rec^ III, 209)» é que Maia lhe pediu
indicasse um meiV/ seguro para commttnkar o negado e qu6
JefTerPon lhe re^pondi^u «satisfazendo ao pedido»,
Só na sexuada carta (21 de novembro) Maia lhe communica
o negocio em seu nome inãividnal^ sem falar em nenhum * outro
patrício seu*. Finalmente, só na entrevista^ realizada em Ntmes
era começo do 1787, é que JefTerson se manifestou em ter moa
Verdadeiramente diplomatÍL;Ds. Declarou sua incompetência para
falar ^m twms de sua nação e aicresdentou que, falando como
individuo, «poderia communicar-lbe que--, uma revoluçàõ feliz
nú Brazil nâo pode deixar de excitar interesso nos Estados
Unidos», Bte. , ,
Entretanto Varnhag^en af firma que Jeíferaon na entrevista
** tornou a dizer-lhe qu© a revoluçflo deveria em todo o caso eer
primeiro effectuada pelos próprios Braziteíros, e que depois, uns
por desejo de g-anho, outros por &mhn;hOfjiào deiocaram de passar
a lévar-lhes bacalhau {l), etc., e a ajudaV-oi».
I
é
— 386 -
Eate pedacinho textual e iocrivel exige uma explícai^S^.
Varnhagen quiz variar a narrativa de Nofberto e recorreu ao
depoimento do coronel Oliveira Lopes. Abí já encontrara elle
a historia de «dous enviados C|U6 eatavatn em Montpellier», e,
portanto^ ãf^viam estaf também na l^ carta de Maía. Agora viu
no mesmo depoíajeiito {pag. 48t nota, de Norberto) que Jefíersoa
dieseía aos auppoatos dous enviados que «siia uaçào estava prom-
pta a soccorrel-ós com naus e gente, pagando- se-lhes oe Boldoi
obrigando se a t/jmar-lhes o bacalhau e o tri^o» . . .
Ora, si Varnha^en conLecease «boda dr devassa, todos
depoimentos», saberia que este coronel Lopes era um patran-
nheiro, que mentia^ metitia «sem ra^ão nenhuma, UDÍcameol
por querer mentir* e depois sentenciava desoaradamente ; *Qu€i
não mêitte não ê de boa gente* {Livra F, app. 9; inL de íí
julho 1791). O Porta-Estandarte Machado, contando suas faaaoBai,1
diz que sua alcnnba era — O conie ofi milhos.
Esti es^íura amostra de uma nobresa invertida bem podéra
servir de fechar esta respigfi. Varnhagen, porém, deu-lhe outro
fecho menos tristemeufe geniilicinSt mas igualmente vulg-ar e
de mau gosto, Tírou-o de um depoimento do dr. Domin^^os Vidal,
primo do triste coronel in verídico
[Trist» além do mais. A testemunha Victoriano Velloio de-
clara que ao te^npo das priBÔea, indo pedir emprestado um ca-
vai lo ao coroupl Lope*, ene o n irou -o chorando como uma criançct^
dizendo que estaua perdido,]
Nos artifícios de sua deft^za, Vidal trata o colleg^a Maia de
«pr)bre miserável», *mHl trajado que nem uma considerarão infundia,
por cujo motivo foi desprezado [lelo dito ministro, se^^undo contou
a elle testemunha o mesmo José Joaquim de Maia, vendo assim
frustradas suas iieas» (Norberto, pa^. 47, nota e Arcbivo Pu-
blico do Rio, Livro \, peça n, 13 e especialmente Livro II,
appenso 2 bis e Livro VI, app* 17).
Viajam ag^ora o fechú, aperfeiçoado por Varnbagen, e dis-
pensem-me o comment^rio; «Maia não saiu muito satisfeito deata
conlereucia; e ju1g'ou que o illustre enviado tivera em ]>ouco q
Çlano delíe improvisado negociador, ao trataUo,^^ao presenciar-
be a cíLsca, segundo a sua expressão» (V) ., .
8.)
Preciso apressar estas respíjE^as, embora muito haja ainda
qu* reatolhar* Logo em seguida se encontra o debatido assumpto
dft autaria das Cartas Chihnaa, que Varnbagen «sem duvida^,
seguado seus deíiaitivos oxamBS^» attribue a Cláudio Manuel da
Costa. Prescindindo mesmo da affirmaçjlo de Teixeira de Mello
(Ânnaes da B. N<, I, 377), que o faz secretario do fanfarrão Mi
nmiOj será di^icll coropreheuder que em tua decadência fc
— ã87 —
Ctaadio capaz de eacrever oa veriloreB de eatylo e as vivaci-
dadea das Cario* Chilenas. Pela Imir^uççàú de Martinho de
MhUo ao Visconde de Barbacena, %abe-&e que Gonz«^ o seu
mni^o- poeta, o procurador da fazenda Francisco Bandi^ira, pro-
te^^íam na arrematação dos conlratos das eiUiadas ( 1 785 • 1787)
o concorrento cap." António Ferreira da Silva, E isto contra
o Gorernador Luiz da Cunha e Menezes, que também aberta^
mente protegia José Pereira Marques (o Marquezio daa Cartas)^
Tendo vencido o Governador, é natural que os poetas se vin-
gassem literariamentfi de seu poderoso competidor e escrevessem
o satyrico poema. Neste, uo canto VIII, se descreve o caso da
arrematação, com os mesmos argumentos que na Junta desen-
volveram Gonzaga e Bandeira (V. Rev. do IrtMf Xomo VI e LXIV),
Não ligo maior importância ao caso; mas, de fiaasagem, nuo me
dedigno de apontar esta eolução razoável aos apaixonados na
matéria. Bandeira podia escrever a Dúroihmt (Gonzaga), de
«ruças b«ca8«, e com elle combinar a melhor correcção do poema,
pois, eram Íntimos, de se frequentar diariameute (Nou&krto,
pag. 14ã B depoimentos vários, em que naturalmente se apoiou).
Depois deste apuramento, Varnkagen, á maneira de Norberto,
fá% Tiradentea apparecer em ãçena como principal vulto, pelo seu
grande euthu&iasmo, pela aua muita expansão e indiscreçilo e,
afinal, até (?) pelo seu martyrio»... Vfi-sequeda 1.* á segunda
edição nào foi só o titulo da secçào que baixou de — Primeira
eoTispiraçào em favor da Indepsndencia do Brazil, & — Tdéas e
conluios em favor da Independência em àfittaa.
Alem de outros muitoá depoimentos (de todos os indu-
zidos por sua influencia), ba^ta tet o 6,° interrogatório de
Tiradentes, para ver quanto elle era hábil e mesmo discreto em
eua propaganda. Com esie mesmo interrogatório e cora o de
Salvador Gurgel (Livro I, Vò^ H* 9á) se desfaz uma nota amarga
lançada contra Norberto (pag 1026). Este é arguido de inexacto
Sõr «e2i>er-&B» que Gurgel não escreveu «duas linhas recommen-
ando o Tiradenies*^
Gurgel nlko deu a Tiradentes nenhuma recommendação, e o
procurou especial mente para comprar d elle um diccíonario fran-
cez (donde se induz uma prova para o que já tenho affirmado
com oatros does., a respeito da instrucçáo do nosso beròe), O
testemunho de seu amigo bacharel Castro é que Amaral Gurgel,
ao saber da prisão de Tiradentes, lhe dissera : — Veja lá em
dUe estado agora me punha, si lhe dou a carta que me pedia!
{Lítto I, 13; Arúhivo do Disi . Fed., 1894^ n. 7).
Consultei o n. 65 do B. IL, II, citado por Varnhagen (pag*
1026), e mai* uma vez ficou provado que Varnhagen nao conhe-
cia o procesar) todo, nem mesmo estudara «pausadamente» as pe-
ças publicadas. Nestas veria, alem do que já citei : l."*} Que uo 6»^
interrogatório Tiradentes declara: «Suppoato que o dito Salva-
dor lhe respondeu qu£ lhe daria as ditaâ eartodf comiudo kiiaç
i
— 388 —
€ti ãeUy NEM €lle respúndenU IJias pediu^ nbm tornou a vel~09,
2,*) Qae a sentença <Íiz : í consta pela cokfisbIo dkbtb reu
(Gitrgel) e do reu Tiradente^ que lhe nIo dera as tíiiají car-
ía*»,.. (V. Reu.f tomo Vlll e tomo LXIV, na completa e
cuidadosa edição de mpu i^rudito amigo H« de Mello). 3 ^) Quo
no B. H> (1867, pa^;, 8) da» rasgões do advogado consta ar^-
meutadameote que Gurgel não deu ae referidag cartas.
Depois desta ÍDBtruc(;ào e depois de saber que a publi<!áçâo
do B, HistúTtco é «menos c^rrecta*^ Varnbagen estaria babili>
tado a corrigir em o n. G5, no dep de tlurgpl, o treclio que
o induziu em erro* em peccado de accUEsçào, e que é o se-
gaiote : «iostou o dito alferea que só queria algumas cartas para
o Hio ; ao que lhe respondeu elle testemunha qne alli não tinha
conhecimento o só com um tenente de reg^imento de artilharia,
Í^or nome Francisco Manoel da Silva e Mello ; mas que então
be u&o escrevia; a qne acudiu o alferes^ dizendo: que era
bastante lhe fizet^ae uma carta do teor seguinte : — que o porta-
dor daquella ia á cidade do Hio, a tratar de certa dependência
3U0 o mesmo lhe commnnícaria ; e que sopplicava o quisesse
irigir para o seu bom êxito ; cuja carta^ bem ainda aít^dm lhe
deu ellt U^íemunha^ e se despediu^ nõo o tornando mai^ a vtr
até ao presente *„ »
à facílima correcção (para quem soubesse os factos) é ler
NÊM onde eetá bem...
Eia ahi o desserviço que a Yarnha«];^en pessoalmente prestou
M. Moraee e que ambos estão civicamente prestando a nos
todos,
A' pagina 1025, prosegue Varahagen na faína de contrariar
Norberto, que realmente raaneiára os documentoi originaes, embora
suas opiniões cortezáSp 9uaa preoccupaçõea pesseaes o leva&aem
a torcel-oB trabalhosamente, àffirma Varnhageu que — «uào
é para nós bem averiguado. • .se a verdadeira legenda de Al-
varenga, por todos preferi íi a, foi a Libertas qum aera Éamew, oti
a de — Libertai auí jiihUt que se attribuiu depoi» a Cláudio»,
Ora, neâte ponto, como em quantos e&tá desinteressado, é Nor-
berto que t m raz&o, quando affirma ser de Alvarenga a legenda
preferida {Litêrtas qum será iatnen) e quando aíír ih ut &C\auáio
a Libertas aut nifiil^ além de outra fpagâ, 101, 102, 116. 181).
Provaremos com oa does. eUe caao, para deixar exuberau-
temeute demonstrado que Varnhagem uào consultou o& autos
do procBsao o manejou mal oa mesmos já pablicsdos depoimen-
toB, em qupi «advertiu certa contradiçAo». Esta, que resuha
apenas do depoimento do padre Carlos de Toledo, é inteiramente
dissipada pelo conjunto do processo.
Aisim, no 4." interrogatório, declara Tiradenteg :
O coronel Ignacio de Alvarenga disse «que as armaa para
as bandeiras da nova Republica deviam ser um índio desatando
as correutei com uma letra latina, da qual elle respondente âe
nâo lembra» (Livro V, í.^dm Appansos dh Det?* âo Eiô)j app.
n, l ; e ,4rç^. do Diêt Fed., 1894, n. 5).
Cláudio * foi * » perguntado «i os confederados tinham já
tr&tttdo di> levaoUir arma» o a bandâíra. Hespondeu que não bttvia
duvida dizer o coroael Alvarenga^ em certa occasifto, que ae
poria ama lettra que dissease — Libertas quw neta íam^nw, {Me-*
m^ta do InutiÍHto, LIII, 1.* parte, pag. 161) [l].
Âtyarenga, no Já citado interros^atorio (14 de jau, do 1790),
declaroa que ioi elle queio lembrou a Cláudio e aos mais, como
letra da bandeira, -o versinho de Virgílio -^ Libtrtus quce xera
iamen* — E acçresceotâ envaidecido tque eHe achau e todos os
qu€ eniavam pr^enteê (acharam) muiio bonita* —{Livro V, app.
n. 4; Ârch^ do DisL Fed,, 1894, n. 11) [2].
A Sentença finalmente, apoiando-ãe nos dififerentes documen-
toa, declara que foi Alvarenga quem propoz a letra — Libertas qum
Seta tamen, s^gaudo «confeaaa o reu a tVL 11, Ap» n.* 4, distendo
qua elle (Cláudio) e todoa que ali estavam preBentea achavam a
letra bonita» (Rev. LX1\', 1,* parte, pag. 118).
Deate caso, além da correcção a Vambagen, podemos tirar
uma liçÀo contra noEea triate vaidade literária ou aliteratada,
Alvarenga não teve estimuloa civlcoa para vencer os medoa da
tjranDLca juatiça temporal; nào foi cldudão vero para evitar as
delações bajula to ri as. 51aB íol autor, foi tneio-^iutor de vaidade
Hâtisfeita e capaz eutào de afrontar triatemente seua imp laca veia
julsea , . .
Daqui podemofi facilmente pasaar ao termo deataa regai va a
e reí^pígaí, quanto a Vamhagen. Dôaejo mostrar iioe ao accordo
relativamente ao papel dô Gonzaga, que «não chegou jamais a
ai90ciar-ge» á conspiração mineira. Êata é minha convícçHo, á
Viata da leitura de todaa aa peças originaea deate monatruoso
processo. Sinto apenai que não me p^ s^a apoiar ínteirameute
oa autoridade de Vambagen e precise demoustrar mioba tbeae.
[1] Os auio» de proguntas de Cláudio Maooel da Costa
©atavam no App. n. 4 do Livro 11 {no Archivo Publico do Rio)^
como 86 vê pttla cortidào a fla. IfíO do Livro I e pelo termo d©
entrega nos Attt/jif crimes (na Bibliotbeca NacioDál), Este termo
declara que oa autoH tinham oitu S^. e duas o appendice (AtJÍo
de corpj de delicio). Desap pareceu esse appeoBO ; 8Ó restam aa
edíçõe» de ÊaquiROS (Alfri*do Moreira Finfo), á pag. 79 do Pro-
ceêSij^ etCf que publicou em 1872, e a do Instituto Histórico ,
em que ha um confere do official do ArL-hivo. Já teria appare-
eido o AppenjitOf corai apparecôra a Seniença^ em máos anti-
liberaea? O B. HintoricOj 2.' série,!, publicou eates autoa e é
dabi que oa reproduziram as ediçòen posteriores.
[$\ O verdinho é tirado da I EglogUt vera. 28.
4
— 390 —
Clandio, qne aereamente, aiuedrontadaniefite falou ôm Goií-
sags, nâo merece fé. Seu triste depoiíueoto foi uma aote-scena
do suicídio, que efíPecti vãmente ie Ike seg^uiu, D&hi só iudicios
A completar paderíam &er tirados : como prova inteira, é sem
Talor^ pois argiie uma exnitaçilOi uma debilidade e temor de
pessoa imbelíe^ caduca ou dementada.
O padre Carlos Toledo, que muito falou ua cumplicidade
iut«Íra de Gonzaga, declarou dypoís que o ie* como artiâeio de
propagauda^ para íudti^tr os pequeuos com o uome de um grau de.
Didso amargameute se arrependeu e ee retratou em forma. N&o
teve &ó «escrúpulos disâo*, como diz Yanihagêu (pag. 1021). Moa-
tra-se arrependido uo 2,° interrogatório (fls. 70 do app. 5, Livro V);
e no 3.* accreaceuta que pede a Govzaga e a D^us que o perdoe
por ense inai. Seu ir mio, o sargento- mor Luiz Vaz (App^ 11,
Livra V), que repetira o artificio, declarou que o padre Carlos
lli6 diaaera depois que lhe pescava «ter dito que o Beseuibargador
Gonzaga entrara no levante, mettendo-o nisso, sem que o dito
desembargador entrasse na» ideias da sublevação e motim*.
Âlvar&n^A em seu indigno depoimento, alargando desmedi-
damente, iuutilmtíute a d^laç&o, nomeia Gonzaga na reuni&o da
casa do tenente-ctironel Andrade. E drpoís eutre duvidai, sobre
ser na de Gonaiaga ou na de Cláudio, declara que na ca*a da-
f^uelle é que se realijíou a conferwuoia sobre as bandeirante
O padre Carlos dis que foi ua de Cláudio, e dahi o confundir o lem-
ma, a letra deste com a de Alvarenga (Ârch. do Dist. .Fhd. Í894«
pag.4í)8].
O teneute-corooolÃridrade declara repetidamente que Gouza*
ga nSo aasjfltira áâ reauiôei, que nâo entrara na sublevaç&o, «nem
elle lhe mandou falar nada», como fizent crer Alvarenga em seu
depoiraento. Acareado coro Alvarenga, este entrou em duvidíi
sobre sua a^rmação a respeito, cnÃo estando certo si era de Gon-
zaga que falou o acareado Francisco de Paula» (Livro V, app. 6).
O padre Rolim, aquolle que o Heróe achara com maÍA rator^
depõe que, pai^sando por casa de Francisco de Panla, viu luz e
*eutrou a tempo que achou o dito tenente-corouel Francisco
de Paula, o Vigário de S, José Carlos Corrêa de Toledo, o Al-
feres Joaquim José da Silva Xavier e depois entrou José Alvares
Maciel e a poucos passos Be entrou a falar na derrama e &e
mau dou cbamar o Corouel Ignacio José de Alvarenga, o qual veiu
e entre todos se entrou a falar na matéria da sublevação © mo-
tlm* (1). «Assevera» qae Gonzaga nào assistiu á reunião e que
(1) Foi chamado por um biVbete do padre Carlos, O celebre
bilhete foi acha ^Jo entre oa papeis de Alvarenga e foi junto aos autos.
Está nõ ZfíVroI.n. 11 (Auto de exame e separação de papeis) on grupo
11, conforme pareceu>me e assim o classiliquei uo recenseio que ú%
em 1892. Este bilhete, oscrito em um quarto de paj^l de liubo,
é concebido nestes termos; «Alvarenga. Estamos juntos e venha
- 391 —
liuví^ava que ell© entra&se na conjuraçào; embora disBO lhe fa-
I as se Ti rad e n té b (LimoV I , a p p f*n « , n . lò).
8ó noft resta, pois, este suppoHto dito de Tiradeutes. Ou-
troe d) los quaesquer ae dorivam directa ou indirectameate dos
depuitneotos reter idos, qa^, ou confutados ou accordadoB,
A»setiiim ^ue Goti^nga nem aadetíu a reunião alguma, neta par-
ticipou do levaiile. Díttíipada e^ta duvida^ t«rei autamanameute
feito A major, a mata eg^encial resalva a Norberto, que btilda-
damente «e esforçou por alcandorar Gotizaf:a em supremo chefe
da Coujurwçào, Uom eUo ^ecundaritímeute ficam resalvadoB quan^
toi f^ri^^em Gno^íigra pm corypbeu da nos&a nacionalidade, em
gmi&o do civismo brazileiro. Gonzaga tem seu posto lyrico
Vm "^ já, ©te, Am.' Toledo», Norberto {110-111) nÃo só erra,
lendo «em meia fnlha de i^apel almaço» um «voci^>, em vez de
«Vm*=*», mas ainda torce aqui lionivelmente os doesn Já o Al-
varenga dieaera que o bilhete rezava que chega ase lá ai queria
rir um pouco* . Comparem eataa affirmaçôea com o que acima
efitá provado: 1.*) «O tenente coronel, . mandtiu aviaar pelo
Cfroni*! Alvarenga o Vig'ario.,. e o Desembargador Gonzagn»,
2,*) «£r de crer que outros, como Cláudio . . receberam o mesmo
convite; mâs não compareceram*. 3/) Gonesga «ou nào assistiu
ou fel-o muito taráe, talvez (?) pelo desgosto (!) que lhe causava
a jlgura pouco si/mpatfiica do Tiradeutee, e que era além diaao
iea inimigo» (Eia porqufl a figura do Tirad*7iteê devia ser r€~
pélUnie). 4 *) Como o Vigário Toledo declara «que a única ve!E
que vira Gonzaga em ca*a dn F. de Paula, elle. anhia e Qfjnzaga
descia 1»^ — logo á pag", 120 Norberto phautasia uma reuui&o patrió-
tica em que— •acabava Gonzaga de entiar, subindo a escadaj
quando ainda o Vigário de S José denteia (l)», Nessa reunido
bypothetica era natural que em seu bypoibetico estro cívico
encoutraf^sB «Alvarenga o modo de tocar as cordas do pRtriotiamo
doa corftçôea daquf*Ilea que ali concorriHm*, como afiirma Norberto.
£ continua ne»se teor a invenção com mauileata^^ões patrióticas,
para colorir a bypotheae lie uma republica, nascida no Capit. 111,
era casa de Gonzaga. Tenho nm e^templar du Conjuraçãú, ad-
<^nirido no Rio, e que devia ter pertencido ao mesmo Norberto
Traa esta nota: «Este não o dou a ninguém, e está emendado
para nova edição. J Norberto de S. S* As emitidas são de
pouca monta: são antes li maduras nos pontos em que Gonzaga
devia esrur em sceua, á cuí^ta de estylo e com detrimento da ver-
dade Ui"tnrÍL*a. Vem appenaa uma intereseaiitiseima carta de Arau>
jo Porto Alegre. Dala-ei de()OÍs, junto com novas nolaa e uovoi
doea.^ que n&o posso agora coordenar, no meio do múltiplas oc-
ciipaçôf>a escolares (lObr." do 1907) Devo advertir que nas
Obra^ de Alvarenga, pag, 38, o «Vm*=** está *Vm.>, o que
pode caracterizar a progressão com que Norberto ia alterando
Oi does, para chegar a seus hus.
I
— 3^2 —
de msTioflò põ«ta ô tâm tudo a gaoliar Qm &« n&o enTotvér qaí
contendaâ eivic&s^ para ns quoes não foi adaptada* Boa^enverga-
dura. Gamemos ênaA tyricaSt eliminando os trietea desmatos
com qae adulou fteu^ algozes, çom qae efipezinkon o Heróe ; e
delxemol-o a purifíc«r-ge no doloroso mattyrjo de um casameoto
desigual, em que muiro soffrea E' o que diss o Conâel beiro liezeti-
de, uni dos envolvidos na conspiração {Eev. do InsLf tomo VIIL)
EÍ& aqni o testemunho do Heráe, numa das elevações de
seu coraçàG magnânimo :
« E qua^ato ao Desembargador Tbomâz António Gon^agft,
lobre o qual Ibe têm sido feitas tantoA instancias^ declara que
absolat&meute nào gabe que elle fosse entrado, e nunca elle rea-
pondente Ibe falou em tal, pelo temer; e Ibe parece que elle
nÃo era entrado em razão de ver, como já disse (1)^ que
quando elle entrou em cafia do tenente-coronel Francisco^de
Pauta Freire de Andrade, na occasiào em que se tinlia estado
a falar nesta matéria, todos se calaram, e a elle nJlo se contou
cousa alguma (Quando ÂlYarenga chegou^ acudindo ao ebamado
do padre Carlos^ cfoi-lhe recontada toda a conversação», dis&e
Tiradentes na 2.* parte deste interrogatório); e que ellejfres-
pondente não tem razão nenhuma de o favorecer, porque sabe
que o dilo Desembargador era seu inimigo, por uma queixa que
o respondente íes delle ao Ulmo. e Èxmo» General Luiz da
Cunha; não ob»taate o que, eNe respondente confeesa que todo a
o acclamavam por bom Ministro, e elle mesmo respondente aátim
o dÍ£ e assim o disse varia? yeses, até ao seu successtir*
{Livro V, ap. 1 (Livro 1 da Div. de Minas) ; EsQttiEos, Processo
1872, pag. 33-34; Ârck, do DisU Feà., 1894, n. 5, pag. 235),
Veremos logo as causas que iuílniram na injusta cou-
demna^ão de Gonzaga. Assim acabaremos de vez com esta
intromissão perturbadora das preferencia? literárias, pessoaeá nos
apuramentos hi&toricos.
De todos os interrogatórios veridicos s6 consta o seguiu te »
no Ápp. D, 8, Livro V;
(1) No Jim da reuuiáo notável, em que Alvarenga foi chamado
pelo bilhete do padre Carlos. Tiradentes refere- se a t^se bilhete
em termo!» exactos. Foi dessa reunião que o padre Carlos sahiu
maia cedo, por ter entrado o capitão Maximiltano de Oliveira
Leite e ter-se parado a conversa. Então é que se encontrou
na escada com Tboma^ Goozagaf que entrava. Eite ahi foi a
«conversar em humanidades»* a ouvJr ao coronel Alvarenga «umas
oitavas feitas ao baptizado de um filho do exmo. sr, d.Hodri^»^
A «examinar alguns livros do tenente -cronel Andrade, entre os
quaes ta achava um que contava ao sapateiro Bandarra eatre
os primeiros poetas portugueses». Veremos adeante a ím^Tor-
tancia desta reunião. (Archivo do DinL Fed^^ 1894, 4&7-49â;
Obras de Gokzaga, I, 142, 143 e 144)
— 393 —
 noTBA e Apertadas instancian dos juizes sobre Gonzag^s,
confirtiia o coneg'0 Vieira que, per^í untando a Alvarenga (e por-
que dAo a Gotiz^igfti si esie era conjurado '?) sobre um mteutado
lefante, Gonzaga ouvindo, disae:
— Â occanão para ixso perdeu-se.
Na aUima parte desta respig^a, Teremos que esta é a só culpa
de que Qonzag^a, por fim, não quiz mais defender-se. E isto
áepoifl de haver dito que sua phrase era pfiliiicamenie ex^Ucavelt
ãabendo-se que a oççasl&o de uma derrama é a mais propicia
para um levsute.
Eis a culpa unic»» o aó facto subsistente, que erige Qen-
aagft em €heft da Conjtpira0o mineiral
Ácshemm^ poiã^ com esie mytho; não ha para o levantar uma
só prova resistente. E para assentar o primado de nosao Ileróep
ha todas as provas, todas,— desde as mais simples cou versas ex-
plosivas, atè ao final martyrio, até à canouiitaçào que a mesma
tradiç&o popular tem consagrado.
S.)
Deixando á pag. 1035 as refifíXÕes fin&es de Yamhagen,
com suas inferência* e pareneses duvidoías, voltemo-nos espe^
cialmeute para Norberto, afim de terminar estas respigas,
O caso de Norberto é o de um peccado consciente, em que
não entra ^birra liter»riíi« ou «melindre profissional*. Depois de
tet fiido um «enthuaiaata do Tiradentesí^, desgost^u-se de sua
religiosidade, de seu «my^ticismo*, que o fez morter com o «credo
santo nos lábios», em vez de .soltar *o brada da mallogradc re-
volta*. Qiieria-o ccomo «>9ses martyres peruambucanos de 1817
e 1824 » (Remsta XLIV, I parte, pat^. 131 e 132). Num
monarchista e num < historiador» ê incomprehenaivel esaa queda
pelos heroea republicanos, pelos heroes feitos de encommenda, á nos-
sa vontade. O hítitoriador ha de coordenar os lactoa, ha de cxpôl-os
systematicamente como sâo e nao como os quer, como os con*
jectara. E' em relaçAo ao tempo e ao theatro dos acontecimentos
que deve construir o quadro^ a historia característica.
< Poeta e romancÍi4ta»f Norberto seguiu auas impressões, sons
gostos: eotha3Íasraou-ae por Gonzaga, tratou de escarnar os de-
feitos de Ttradenteft e buscou descobrir virtudes em seus con-
trários.
Sem duvida foi Gonzaga o mais talentoi^o, o mais argumen-
tador de tndos os letrados envolvidos no projectado levante. Os
quatro interrogatórios de Gonzag^a sáo um apontoado inteiriço
de fortes, juridicos argumentos, era que os juisses não levam a me-
lhor: nem uma sú vez deisou sem resposta suas apertadas
instancias* Num ultimo e desanimado esforço^ os juizes, no fim
do 4.* interrogatório» a 4 de agosto de 1791, em acareação cruel,
arremessaram contra o réu o frio delator Alvarenga e o meio
ríspido, illustrado cónego Vieira, Escancarou-se a casa de
— 394 —
Cláudio e expoz-se Gonzaga numa esteira, a contorcer-se do
cólica bilioaa e, segundo os juizesj obrigado a ouvir gediciosai
praticas. Foi ontào qu© o poeta, declanmdo ao Alvarenga não
se lembrar de semelhantes praticas, ouviu a iDeiatencía que este
Ibe oppoz com nm luxo de triites minúcias* K foi também entào
que ae calou finalmente, engulhado ante scena tão miseranda.
(Obras I, 158-159).
 argumentaçào de Gonzaga, refor<jada em suas Jiazões de
embargos^ naturalmente provocou certa emubção nos juizej^, des-
embargadores como elle e que não Ibe queriam ficar eomenoa (Noe-
BaETO, 333)- Na cultura, na educação literário -jurídica as f» cul-
dade» maraes, não tendo am forte lastro de bondaae, perdem tacil-
mente o equilíbrio, cedendo a presidência a uma perniciosa vaidad&t
que não respeita amigos, nem interesses nobres. E' o balão ái
que fala Voltaire : um alÊuete o punja e togo sopra os fumos, osj
ventos que tudo eunegrecem, que menoscabam tudo.^.
Dani as aperturas hostis em que os juizes puzeram o talentoso
desembargador; dabí o amontoamento de vagos indicíos, de pro-
vas dialécticas, ontológicas, presamptivas, com que injustamente
o condemuãram, B' o que di^ a í^eíííertçar «supposto que todpa os
mais réus sunUntem com jír íuízíi que nus ca este réu aamtiVa H«ni
entrara em algum dos ditos abomináveis convenUcuiaSi comtudo
não pôde o réu cousiderar-^se livre da culpa pelos fortes mdicros
que contra elle resultam» . . , E o relator argum enta : como «algumas
vezes poderia falar ou ter ouvido faiar bypotbetica mente sobre
o levante* ; como «o animo com que se proferem as palavr&s é
QCeuUo aos bomens* ; como «é inaveriffiiaveh saber si o réu
falava hypotheticamente. . . — concluem os juijaea averiguando
os indícios em desfavor de Gonaaga econdemnando-o a degredo
perpetuo, reduzido, pela clemência r^al, a dez anuoÊ de dei-
terro piara a praça de Moçambique (Retí. LXIV, !.■ p-)^
Mas os argumentos de Gonzaga nào eram generí«oa como
os dfl Tiradentes, que ao 10.* interrogatório, para salvar c capi-
tão Maxirailiauo, argumenta que hõUve equi vocação com elle
próprio. Tiradentea declarou que fora elle quem entrara, quando^
suppondoae que era o capitão e parando-se a conversa, o tenente-
coronel Andrade interveiu, assegurando que «aquelte era dos
no sãos» (Dej), do padre Cario*», Areh, do Dist. Federal, 1894,
497), Um miitiforio, com que em 21 de abril de 1399 se en-
ganou a boa fè do J, do Í7í?mmercí0,— ainda repete este facto
como verdadeiro, como prova contra o Tiradentes, de quem des
confiavain os coitspiradores authenticos (l)- Felizmente e&sa vai-
dosa tentativa de re^urgir Norberto pas&ou despercebida e carece
de importância para merecer refutação.
A generosidade de Tiradentea neste pasto é muito clara. Como
sabemos pelo interrogatório de Gonzaga e do padre Carlos, era
exacto que o capitão Maximiliano entrara nas circumstanciai
narradas e que a conversa continuara sadiciobamente, após a tahi-
- S95 —
da do padre Garlôi, que d& escada se e oco d troa com Th, Gon^g-a.
E foi AO entrareite que o conciaJíabulo realmente ce^&oa, porque
o novo personao^em nfto era iniciado (V. Archívo ão DUt. FeJ.,
1894, pags 235, 497-498 \ Obras, de Gokzaoa. 1, pags. 142, 143, 144,
147, 149, 150, 155 e 1Ô6).
Gonzaga era como os demais poetas de seu on tetro, — era
um amortecido cívicamente. Insultava t< lleròi? g-eDeroso, que
o defendia, noa meamoâ cori^ectoa versos com que adulava
Barbacena, Argumentava para si com ai mesmas razões que
feriam »euâ companheiros, a quem juridicameot© ia prefigu-
rando como réus qu^ disfarçavam em sua presejiça, Dommava-o
essa mortecor doa literatos abeorvidoa na cultura da forma, áa
veses incorrecta, insigoificante^ pouca esthetica, e fora do mundo
;ea1, que iHie eorrendo para gáudio, para alimento de âuas per-
uana lidade«.
O cónego Vieira, mesmo com ao ph is mas defenaivofi, foi o
unico dos letrados que se manifestou á altura do século, dai
preoccupaçòes poltticaa, bistoncas 6 literárias de seu tempo.
Visivelmeute o attestam sua escolhida bibliotheca, aeua de poimen-
tos ea Qotoriedade de seus sermões (1).
Ob mais viviam nes^a «apagada e vil trietessa» dos canta-
dores de ânniversarioa, de paatoraa variaa, — Dalianas, Nis^es ou
EariliaB^-*, dos contadores de
Pedrinhas no fundo do ribeiro,
á gmsa dos « versejadorea nacíonaesv, de q ue nos fala José Bonifácio
(Poesias, Bordéo», 1825), Dahi só um e&timulu de autoridade, de
orgulho ou de interesse contrariado é que os fazia aahir com
mordac idades jaculatórias, as menos elevadas e nem sempre me-
ritórias manifestações do génio poético. Cláudio, impregnado do
arcadismo romano, talvez podendo brilbar em primeira plana,
era um combalido, um decadente. Alvarenga entreiacbava bellas
oitavas em um estirado cauto.., genetbliaco; limava sonetos,
odea a magnatas e jogova, empenhando suas baixel la&. Os in-
terrogatórios d© Alvarenga, de Cláudio © mesmo os de Gonzaga,
com sua agada viveza de juriscDnsuUo inuocente, não argúem
cultura geral, grande literatura e muito menos dem tam ideaes
humano St preoccupa^fòes sociaes, a competir com o i Ilustrado có-
nego Vieira. Alvarenga lia pelos livros do teueute-coronel An*
(I) Não é exacto que a livraria de Cláudio, com SS8 vo-
liimea, fosae «a maior daa particulares que se conheciam no vice-
reino», como úiz Norberto (pag. 62), Era maior a do cónego Vieira,
com 580 volumes variadissimoã, em diversas Hnguaa, e sobre scien-
cias, artes, literatura, desde os clássicos latinos até ás obras de Vol-
taire ; desde & historia clássica até ás obras sobre a revoluç&o
doB Eatados Unidos do Norte* [V. Eev. LXIY, 1/ partej,
^ 596
dmde, preoccnpando-se com mo í estas humanidades^ com Vir-
gílio, com o posto do sapateiro Bandarra entre oa f^imeirox
poetas poHn ff uezes. (Problema Uierario tào insignítícante mereceu
a Gtíizaga uma especial meaç&o tio iiiter rogatório seg^undo.
NhQ deiría aer muito abundante a mesae do seu^ campos lite-
rários.».) Claudia^ habituado á morna confabulação dos outei-
riãías, com a iuuocente «coiumunicaçíLo de &eua versos» ou daa
DO vi dados occorrentes, foi la^tim^so o descaíidade seria insúur
em seu deplorável interrogatório.,..
Entretanto é com a cheSa, ,. literária de Gonzsga, é com a
delatoria collaboraçào de Alvareoga^ é com o viciado interrogatório
de Cláudio [como os Juizes explicitamente o reconhecem (Rei>^
ciL, pag. 125)] ; é Cf>m estes indieios que Norberto vae arcbitec-
tando a phantaiiosa, bypotbetica republica dos conspira do res-poe*
tas Para isso, longos aunos teve os d^icumentoB em màos, E-^írsc-
toa-08, re&umiu-OB, encartou-os, eitendeu-os, polindo o* e esckre-
cendo-Ds em pontos vários coih a meia luz de ura paUido, iucoberente
romantíamo histórico. Poudera ser o magno ereador, o Thucjdídet
Vftro da bistoria de&te movimento e foi apenas seu deturpador ro-
mântico, seu interesBelro julgador, com o precoDuebido escopo ^de
erigir GoniÈaga em supremo cbete da conspiração, Nutaute,
contraditório, nem esse fim de encommenda logrou attingi**, . ,
NfLo o posso acompanhar, a corrigir todos os erros, todas as
invenções com que delineia sua conjuraçíio em torno de Gon-
zaga e de Clítudio, como «primeiros chefes da conspiruçào».
Por mais esforços que envidas3«j ninguém viu, ninguém pode
ver em suas deliqueacentea paginafl a mais ténue demon&traçÃo
de sua the^e. A cada passo Norberto é obrigado a forjar tniysie*
riost, a referir-8Q a una «conjurados» em geral; a estatuir;— *ó
de crer», «correu»^ «propalou-ae», *8abe'3e9. * E por fim. exgot-
tado com tam falsídicos esforços, declara (pag^ t>5): «Ha idéafi
que nào têm autores... í^ào muitas cabeças em um só corpo»..,
Ã^sim, nessa «mysterlosa incubaç&o», já «existia o levaute»f
quando Tiradentes o veíu transtornar com sua «jactância», in-
discreçâo e «loucos projectos» « Era «um homem do povo», âem
importância e responsabilidade, que se iniciava, por intermédio
de Maciei (!), mos myítenoB de uma conjuração, que desde
muito tempo se tramava em Villa Rica (?) (pa^r 88)., E as sita
Norberto amontoa^ dispOe, enfileira seus títeres para fa^r umft
conjura^'âo de encommenda.
An contradicçÕes pullulam a cada passn, e a cada pasto os
ea:xertõs narrativos sào forjados com pb rases, episódios, intricas,
ás ve^es negadas fiualmeute pelos próprios autores...
Seria peíKbissirao respigar e reáalvar mais do que já fiz em
meus escritor de 1892^ mais do que acabei de fazer. Basta
mostrar rapidamente a importância pessoal de nosso Heróe,
Tiradentes, minerador experimentado, pratico nas canaliza-
çdes e captações de aguas, necessárias a 6uas lavrasi íoi natu*
— 397 —
ralm^nte levado a s@ faier graiide itidiistrial e a emprebeuder
no Rio trabaJhoB ídeotic*»», em raais alargada eerala, A bydrflulica
da seu tempo, B^m inúteis, BuppositiciQS calculoB» pr&ticamente nko
Ibe podíà Ecr extranhii.
Babe-ae demaÍB, pelo sequestro de seuB bens^ de buas alfaias
ãue eatAva longe de Ber um bomem de frequentaç&o ordinária,
e costnmefi gr oe se iro a,
Afhíui como bfje, com ob prog^ressos de noiso temjio, have-
ria de bfimbrear com os bydraulicrs reputados, também fieu
porte e seu vestuário o fariam lectbido em d ossos mais elegan-
tes tAlSes. Darei ainda a lis la de suai^ ifirpi^llfie espí^tíUhadaSi
de sua» vestfs guarnecidaít, recamadas; e dir-me-Ão depoiâ oa
leitores si niuitoB Abaetados de b<'je, muitos elegantes notÈOH
éfltarfto mutaUs mutandi» á altura do intemerato e 1 u/ido alfe-
res de 1788,
Tem-se julgado Tíradentes á fé de nonos precfnceitoi,
d% noásaa preoceupaçõí*» anii-enciaest Nào t© imí^gina que
naquèlle tempo era muito um álf<*re3 e alferes queixoso de já
não ser capitlio, a que tinba inconteBíaveia direitos. Além di^so,
como demonstrarei com does., era elle encarregado dos forneci*
mentos á tropa e muitas vezes com o rif^co de alig^^irarseu bt^l^
sínho, em proveito dei Fazenda Real, f\u de L-omprometter suas
roçaif, »na« se^marian (que ag pOF&uia, tiouA tme se \l' dos x^quentros),
Nào se cura de saber que eiitflo o trnjíir era nifli» dí^tíucti?o
pesBoal do que o é boje, no democratismo iiiconsí&leute dos que
Be afieitam com o £trt de apparentar o que n&o podem ser Â
Metrópole ainda prescrevia ieifi t^tímptuoriaSt qne regulavam atá
o trajo das differentet clas&es sociaei, E' ecmhecida a lei pra~
gmaiira de 24 dn Maio de 1749 ^ composta de 31 capitulos, em que
fie dispõe quanto «inviolável mente deverá uratifar-se » a re& peito
do vestuário, das alfaias *e outras despesas e ufos que convém
moderar ou reíormar» (Vide Ârchivo do Dintr. Ftd.^ 1894, n. 5
e B. 6.)
* * *
Joflquim Norberto teve em mílos todos os documentos que
Ibe permittiriam exalçar diguametite o stu Heróe, E digo ntii
porque em J8b3, oove aono* a]iós a edição de seu livro, ainda
concorreu para a Commemarução annual do Club Tiradentes,
enviendo-lbe seu canto épico— ji Cabeça do Mtirtyr. Está cbeio
de remini&ceocias clas&ícas e românticas, de expreÊEÔea albolai,
ma? é um çcínío bem entoado e feitrt &egnndo um certo ar gar^
reitian/i^ ses^uodo o tom do Et^atigflha itaít itelvafi . Pena é que
certa írieza literária Iba perpasse |ielu todo em longos, romauti-
coi monólogos e vá de&cabir na nialieia tinaK » .
W a mesma pena que sinto por nfto poder conçngrarlbe uma
gratidão mai» inteira, pelo bem que nos fez, conservando no
Archivo Nacional os documeutos que iam sendo dilapidados...
Graças a Norberto, a despeito de todaâ as reâervas, pude guiar-
— 398 —
me com mala segurança na pesquisa dos documentos oríginaes,
Saaa oumeroâaa eítaçõeã, mesmo desviadas da verdadeira miro,
foram caminho trilhado pani chegar depresaa a meu objectivo...
Sinto que o não pos^a melhor associar ao bom e iOustre conee*
Iheiro Joaquim PorteHa, quo no Archivo Publico espontanfamentp
me franqueou ôs sete preciosos volumes (o 7." em formação)^ que
constituem e, fonte da ^randc^a de Tiradentes, , .
Mesmo com todas as resalvaa^ é mister que façamos justiça
aos laboriceoBf aos :'.rdentes investig^a dores como Vamhagen q
Norberto. Aproveitemos seue mater iaes 6 evitemos seus proces-
sos de coordenação.
— 399 —
5.'
TBNDHS Ú JOSÉ JQAQUIU DA UAI A
{Prodromos da Conspiração mineira)
r FoKTEs: l.)—Rem'itta do Insfiítttú Histórico, do Bio, JII,
im ; VIU (íí.' ed ). 309 ; XLVII. I parte, 1Í3 ; LVI, lí larte, llíJ.
2.)^Rem»ta Popular, X, abril de 1861, pag. 65-74.
3-)^J. NoHBERTD, Ct/njvraçila mineira^ 1873, pair- 39-50 e 343,
4.)— J. C. Rí>DRifíuBS , Tifbl, Jirazílieitiiey yag. 59 e 6L
5*)*— ÁRcaivo PtrBLico Nacional (Hio), Lirro I, Dmh de
Minas, n. IS jlnquíriçAo d© 63 testemunhas): Livre* U^ {Áppennt$
â Ihv, de MííiQ*), app. n. 2 bis; Livro IV . n, 7 {Dev, do J^io
continuada em Minaa) e n. 13 (Declaração dos presos ©xisteatest
etc,) ; Livro VI (2,* doa Appensos á Dtv. do Rio)t app. n, 17*
Era artigo do Jornal do CommertiOi traoBcrito eta 1S84,
no tomo 47 da Re^ do hist. Ilist. do Rio, publ içaram -se cartas
de um Vendekf brazileiro qao em 1786-1787 escrevia de Montpel-
lier a Jeãer^on, que então se ach ava em Paris (1), Ktsng cartas
existem na BihlíothecH da Secretaria dos Xeg-ociofl Extrang:eíroa
em Washington. O dr. Filippe Lopes Netto delias tirou cópias
authenticaâ e as photoçraphou ; as ptotographías e^tâo aetual-
meot© no Ârchivo do hmiUuio Hiniorico do Rio. São escrito»
em francea incorrecto e eatáo acompanhadas de uma carta de
JéÕerBon, em francez ij^aalroente defeituoso (Rev. tomo 56), O
erudito dr, Joãé C, Rodrigues, em seu precioso Caiahjgo (Bihlio-
theca Braziliense), [mg. 59, publica o orij^inal dessa carta,
datada de 26 de setpmbro de 178 6, em que jeflbraon annuncía
a Vendek soa prostima viagem a Montpellier, ou a « sua yi^i-
obança».
Em nenbama dessas repetidas publicações apparece o nome
de José Joaquim da Maia, e nem por suspeita a elle vag-amente
»e aUude, Ao contrario, na FÍp.v.j tomo 47, pag. 124 da 1 parte,
»e dw, qtie «o conselheiro Lopes Neto esereveu para JfontpeSlier
eom o fim de averiguar si em 1786 e 1787 havia na eecííla do
medicina algum estudante de nome Vendek». «Ãlli nada consta» ^
(t]< iKrwEBíSo:s, deu doi ^asdei íftatores da R«pu1iUcA N^rtc-AmuricaD* e do-
poit 1411 t«n!«lr« f ruideotfl, er* eoiSg da Fruçu o nprwtstulo de lec ^Uw,
- 400 -
accrescímto o redactor ào artigo, «e o que ma parece provável ê
que Yendek fosse nome &uppostrí, pois que o autor dae carta» re«
commeudava a Jefí^rson que mandasso resposta ao gr, Vigarons».
Este Mr. Yigarons era «Conaeilíer du Koy et profesaeur en
méáicioe A rUmveríite de Mootpellier*, ciufortne diz Vendek
em sua primeira carta. Díive ser Vioarous, reputado medico âe
Moiitptíllier, — eoi]F4:>rme demonstraremos no fím ãçMii nota.
â nào mt uma confusa ap^roximaçâo, que em abril de 1899
fez no J. do Crmtmercio o autor da um laborioso mixtiforio abi
publicado, — 6âte pequeno problema bistorico tom apparecido como
irreãoluto até mesmo uo receutimimo e erudito eataiog^o do dr.
J, C. Rodritíues. Entretanto, a identifieaçân de Joaquim Nor-
berto, publicada em 1861 iia Reu. Fop.^ dá-noe a eoluçào in-
teira do preten&o problema. A elle é que, no fundo, cabe o
mérito deste achamento.
Ba:» ta para isso uotar que a identiâcaçilo de Joaquim Nor*
berto Btí refere a um estudante de MontpeUier^ que ahi estava
por 1786 e que Vendek, visivelmente, ee dá como tal, poh, está
em confiança intima com um notável medico ou cirurgião, «pro*
feasor da Univeni/iade de Montpellier».
£^ o que mais claramenÈe veremos nesta nova e especial
idpntificBçèo, em que esporemos : 1.') tudo quanto Be relcre ao
Vendek de Jefíerson ; 2/) tudo quanto se apurou naa Devassaê
da ínconfiãencia míiíeira^ relativamente ao estudítuie de Montpel-
lier, Jtí&é Joaquim da Maia. A citai^âo das fnutea na epigrapbe
desta nota tiJ>8 dispentia de interromper a expoiiçào com multi*
plieadas referencias aos documentos comprobatórios.
A 2 de outubro de 1786, Vendek escreve de MonrpeiUer a
Jefferson, dízendo-lhe qUB «tem um assumpto da maior impor-
tância para comrauuicar-lbei, Nào podendo ir a Paria, por mo-
tivo de doença, pede «que lhe diíça ei com segurança podo
communical-o por carta», e que «dirija a resposta h Mr, Viga^
Tons {Vigaroua), CmiHêiller âu Roy ei Profejuscur en medicine à
VUniversité de Monipellitr^^
Conformo se vf* de sua carta a Jobn Jay (Marselba, 4 de
maio de 1787)» Jeffersoo respoudeu-lhe indicando *o meio do
levar avante seu intento com segurança».
A 21 de novembro de 178*3, escreve-lbe Vendek a impor-
tante carta, que em Sua correspondência Jeífersoo traDs&revd
ipHÍH t^erhía, omittíndo a s^sigu atura de seu correspoudânta»
Desía carta de Vendek se v6 que JeíTerson lhe respondera a 16
de outubro, mas só com atrazo foi &ua carta recebida. E' ent&o
que Vendek se declara brazileiro e enviado á França, h fim de
CO n seguir do representa a te da America lug^leza o auxilio d& que
— 401 —
necessitrtva o Brazil para sua independâii&ía« Declarasse «habi-
litado g Ibe d^r todas as informaçõei» que i>tte julgiir necessárias,
no caso de querer coQãultar sua nação». Trata-t^e, como &e vê,
de um só eDTÍadfi e a carta é muito cxplieita a egse reBpeito,
Na primeira nenhuma íiift>rmaçào deu e nesta limilou-se a cara-
cterizar o fim de sua mistião. Tndo ifito corrige a& í^rroneaa
affinuaçâes de VarnLa^en, conforme o que ticou dito em o n. 4,"
JefTerson nào ILe d^^u nenhuma res])0^ta círcumstauctada e
indiscreta, como expire Vnrnhíigem. Á 26 de dest-embro de 1786,
em uma cartinha, escreve que «retardara a resposta a sua carta
da 21 dp novembro, j>orque a todo momento esperava faaer uma
viagem ás províncias meridionaeB da França», Apezar de nào
haver ainda decÍdi'^o n momento da Tjafpem, — ái% Jefferton tex-
tualmente^—«j^aurais Hnremtint l'lionneur de vou» eii íaire purt,
et de demander un rÊmhz-Douíi au à MoniptíllUr ou en m (inc)
poisinagey.
JeiíerBon, com efieito, então ou log-o depois escreveu final-
mente A Vendek, dlzando-lhe que iria á Aix e que, sob pretexto
de ver as aDtiguidadea de Nime^, se desviaria de seu caminho
«té esta cidade e propunha que Vendek abi vie*eo encoiitruÍ-o.
A 5 de janeiro de 1787, eserPvea^lUe Vendek, accui^ando
A recepçAo dessa noticia: per^uuta-lbe pelo dia de sua
ehegada a Nlmes e Ing-ar de seu alojamento, Prnntifíca-se a
b vel-o a Nlmes ou a qualquer outro hi^ar qii« Ibe anja nmis
commodo,
Jefferson, em eaa correspondência (Marselha, 4 de maio de
1787), declara que Vendek veiu e resume as in for mamães que
deu, conforme se pode ler naa iíeu^. citadas (tomo III, pn^, 210;
tomo XLVII, I parte, pag-. 127), Nesfio reaumo disi Jeffe-rson
que seu interlocutor é tnatural do Rio dé Janeiro, a pre-enie
metrópole f/nde elle mora 9 . JcifFert^on declara também especial-
mente : «A todo o tempo os Brasiileiros hi^o de precisar que lhes
forneçamos embarcações, tri^o e peixe salji^ado. Este j>pixe ó
um grande arti^-o, que recebem actualmente dfl Porii^^tli. Cosno
em BUA carta de 21 de novembro Vendek se mostrava receoso
da intervenção da Hespanha, «que uho deixaria de se uinr a
Portufral»,— Jefferson na entrevista fez ver que «uma tentativa
ou emprei^i da Hespanba não era para recear-se ou nH.da leria
de íormidav^I» (tomo ÍII, 212 e XLVII, 129), Estes pontos
devem ser particularmente assifirnaliidos, cf^mo importantes para
E identificação de Vendek com Joié Joaquim da Maia
Já disae que JeATerson nada piom^-tteu a seu informante.
Convém ainda assigtialar, para a identificação reterida, que J**f-
lerson, apessar de todas a» cautela* diplomáticas, declarou «que a
svoluçfto bem f>uccfldida no Brwzil nà-» podia deixar de ititejessar
IfVOB Estados Unidos e attrahir um carto numero de indiviuios
«m seu auxilio, ofliííiaes nossos, em cuj » numero nào faltavam
excellentes militares» , Mas entÂo os Estados Unidos «desejavam
— 402 —
cultivar a amizade de Portugal, com quem entretinham um
commercio vantajoso».
A rí'speito do «assumpto de maior importância», a que se
referiu Vendek em sua carta de 2 de Outubro de 1786, esta foi a
unira rcspostfk, e verbal, que Jefferson lhe deu. Entretanto,
lendo-so Varnhagen, acha-se tudo isto confundido, accrescentado
e duilicndo (V. paçs. 1016 e 1017).
Jpffersoa não se despreoccupou do Brazil e vemos que se
tinha f?ívcravelmentc impressionado com a entrevista, cora as
informnrõps de Vendek. Em 12 de março de 1789, em 11 de
abril dM 1791, em 14 de maio de 1817 e 4 de agfosto de 1820
se most^^a mui benevolamente preoccupado com «seus irmãos do
sul» e especialmente com o Brazil, que elle considera, em 1817,
«mais populoso, mais rióo, mais forte e tão instruido como a mãe
pátria».
Vejíimos agora quem era Vendek,
Quando, em 1841, no tomo III da Revista se publicaram og
extrn<'tos da correspondência de Jefferson, o Instituto Histórico
já tinha em seus archivos os documentos para saber quem era
o informante do illustre estadista. Infelinsmente a descoorde-
naçílo lamentável que reina em nossos documentos históricos e
em sua publicação, faz de nossa historiographia uma congérie
immane, que aturde, que desconcerta os mais hábeis de seus
cultores.
Em 1839, dous conjurados sobreviventes, o conselheiro José
de Rezende Costa e o cónego Manoel Rodrigues da Costa, mem-
bros honorários do Itistituto^ enviaram a este uma exposição e
informflções a respeito da conspiração mineira. Só em 1846, no
tomo VIU, foram insertas as notas do conselheiro Rezende e
até hoje não foram publicadas as informações do cónego Costa,
de quem já tenho falado pelas noticias que forneceu ao cónego
Brito, de Sapucaia. No tomo LXIV, parte I, 104 e 105, meu
eruditi amigo, o Barão Homem de Mello, fez especiaes refe-
renca^; a esse doe. e lastima que tivesse havido ca infeliz idéa»
de snpprimir sua publicação.
No tomo VIII (2.* edição), pag. 309, o conselheiro Rezende
informa (16 de novembro de 1839):
«O dr. Domingos Vidal formou-se em França na faculdade
de medicina (de Bordéus V) e igualmente José Joaquim da Afaia,
natural do Rio de Janeiro^ que alli (?) falleceu, antes do re-
gresso a seu paizi e como este asseverava ter sido encarregado
nesta cidade e tratava (de tratar f) com o ministro dos Estados
Unidos da America em Paris, para a cooperação da independên-
cia premeditada, e obtivera uma resposta favorável^ Vidal foi
muito inquiiido a este respeito».
— 403 —
Vidal foi deportado pnra a ilha Sanfíago de Cabo Vefíle,
onde chegou em janeiríi d« 1703, © alií morreu oito mezes de-
pois, no Convento 3, Francisco da Ribeira Grande. Sej^undo o
conselheiro Hezende, que fura desterrado para a mesma ilha, até
aos últimos momentos esperava de Lisboa o habito da ordem de
Chtiâto e a tença d^ 200$UOO, «ttalvez o premio com que o alli-
ciavam para colher esclarecimentos sobre a revolu^Ao», De ãua
fraqueja de an-mo veremoa outras provas logo em se^íaida» As-
sim poderemos cou armar o testemunho do conselheiro Rezende,
que, «em sua avançada idade de Tl annos e ai gana mezes», se
lembrava dos fraco» de Vidal e facilmente esquecia as fraquezas
Ao mancebo que em 1789 sa rebaixara com seu pae em uma de-
nuncia deplorável. Ã nós, em vista de seu exemjdar comporta-
mento de filho amoravet, cabe excasar taes debilidíide^, &em
a% esquecer para pr^-venir os vindouros contra as sug^estões vis
do egoísmo ir refreado, Xfto vou ate á facilidade com que Nor-
berto accu^a Rezende Costa de ódio a Vidal, só porque lhe
de^f^obre es^as fraquezas mui ajustadas a geu caracter. O sr,
Norberto, com suas bem pro]iria& rabões, admitte muito que se
deinaturem episódios |or mà vontade pessoaí-
Na Deva.^iiiii de Mtjía^ (Li oro T, ii. 13 de meu recenseio) a
tía. 97 V- vem o deiioimenco de Domingos Vidal. Ahi narra (V)
0 caso do estudante de Nfontpellier e o plano da conspiração,
con*'ormfl o :|ue soube de seu primo, o coronel Francisco An-
tónio- O Tirad entes mataria o Governador e, trazendo a cabeça,
dina: — Este era o que nos governava; de hoje em deante— Kíwa
a Republica / Depois faria uma oraçào, A souba era — Ud dia
é o bapUzaãn, ... A' vistat porém de seu tartamudear, pro-
poz-se a escrever carta-denuncia, Vt-m essa carta no Livro
nu app, 24* E' datada de 9 de julho de 1780, e assim começa
(textualmente): «Além do que coramuniquei aos Meoistros, que
ontem me la^uiriram a res^^eito do Bucesso que relatey aconte-
cido em Moutpellier,* ... E pa^íia a dar mais assentadamente
o plano do levante. Termina declarando que nâo denunciou isto
ha maia tempa <por iiào dar importância af^s sujeitos e ao facto
e por não saber a lej que a ísao o obrigava (vifto ser medico)».
Na Det-asaa do Rio (Lívro IV, toL 68) dia que «por esta de-
nuncia e a mais franqueza dos depoimento^, espera o Perd»o de
S, M/, pela ignorância da lei». Vemos que Vidal queria ter o
vezo de nào dar importância aos mais; doode resultava uào se
dar também suficiente e digna imporcancia.
Um reíerimento de seu primo ftíx que o iriterroga^^sem na Dei',
do llÍQ e em um aumuario, ordenado a 30 de junho de 1781*, por
uma portaria especial, em que o Visconde de Barbauena assim
declara: íPor ser digno de maior e mais particular averiguaçÃo
o facto em que tocou o coronel Francisco António de Oliveira
Lopes nas suas ultimas respostas, referiudo-se ao dr. Domingos
Vidal Barbosa, acerca de tuna carta escrita ao itiimutro dos Es-
- 404 —
ta^os Unidos da America Septentrimml por um estnâanU ào
Bra?Al que se achava em Mnntpellier : oneno a Ym,^** que se
informe suTnmariflmente dellea inquirindo novamente o corciiíel,
o dito DomÍDgOB Vidal e m mais pessoas que se referirem dob
seus depoimentos (Norberto, 49» nota ; lÂvro II, Appertjtos k
IJev em Minas, Ápp. d, 2 bis)
NesBe nnvn dppoimentOt mais seubor de Bt, «lembre -se d©
■ama extravagância que havia succeHido em Montpellier, qunndD
elle testemuuba abi estudava, a um seu condiscípulo por nome
Jo»é Joaquim da Maia, o qual te Ibe metteu na eabeça que
bavia de ser libertador de sua terra, sendo natural do Rio de
Janeiro e^ ingindo-fe enviado de ena naçíio, se atrevpu a falar
ao ^tinistro da America In^^lfzai. Só tenho alpn^maa notas dos
depoimentos de Vidal em Minas e do RÍo. 8irvo-m© nestes ex-
tractos dfl8 traní^criçôes de Norberto e da íl completa que encon-
trei em uma nota do Jornal do Covmitrcio de 21 de abril del899.
Noibetto iifto discrimina hem estos depoimenloa, poiti, ao psere-
ver em 1660 este capitulo fõ êxtiaetou da devaMa do Kio, eon-
tinnada em Minas. No emtanto, ao publicar ieu livro em 187â,
juntou n esiies extractos referenciaíi á verdadeira Dev, de Minas.
NSo faz concorde» ou conformes referencias ao app**iiB0 n. 17 do
Livro VI, em que Vidal foi interrogado pela alçada e aiuda fesc
declarações sobre o intrincado epiacdio de José Joaqmim da
Maia. Desse depoimento, feito a 21 de junto í1« 1790, dou
adeante extiactos mc^us, e um de Norberto (pag^ 327).
No depoimeuto da chattiada Devassa do A^ío, declara Vidal
que «em França vira um sujeito cbamado José Jo»quira da
Maiftt filbo de um pedreiro, que ?e queria (a^er outro Mr. Fran*
klin relaiivflmente á America Poriugueza, dizendo que a querÍA
pôr indepenHente da Europa..,, o com effeito chegara a escre-
ver ao ministro da Aviença Ingleza, que ífl achava em Paris,
dizendo qite era enviado doa Amerícaftos Portugyezes, que ^íí«-
ria tratar do negocio de stua independência, para o que pedia o
auxilio de sua republica ; ao que lhe foi reBj>ondido que depois
que cá íivejisem na Amerira cansegindo a independência os fa~
fx^receria crm bb manufacturas e o maiB que carecessem |.>Rra &
conservar, porém que ojttdar o rompimento nâo^ por ser tom uma
na0o em cujos portos achavam benigno acolhimento ; mas depoit
succedendft vir o dito ministro á provinda de Langaedoc (l),
indo-lh^ ahi falar o dito Joité Joaquim da Maia, foi conbecidW
a pouca verdade com que elle se tinha intitulado enviado», etc*
(i) Uma parte do Síiía^íf Z*íi f/17 u^rfoc ou Laugnedoc, oriental,
formou o actual departamento do Gard, que tem como capital
Nfmes, Em 1902 ahi estive do [laswag^em : trouxe ao uos^o
Instituto uma vista e oro fragmento da« >lré?te.s\ como lembrança
da famosa entrevista de José Joaquim da Maia.
— d05 —
Aqui Yídal aduba seu depoimento C4>m phr ses desdenhosas,
para mostrar qoo Maia fora «desprezado pelo dito miuiBtro*, que
lai episodio uko tinha icnport ncia e não lhe advinha responsa-
bilidade alguma por estar ii«:lle envoWido. Võ-se que a priafto
6 aa inEtaacias dos juizes delataram a liuirua ao tartamudo do
primeiro depoimento. E ÍBto em mal, porque estei como outros
fingidt^B desdéns de t;ada serviram para o innocentar.
3eu primo, coronel Lopes, que lhe f uvira a historia, a reconta
c«m mais desinteressa, embora cnm o accrescimo de um «u maia
doâ e<^itumario4 pontoa Diz elle, reportaiirlo-se a Vidal, eomo
teâtemiinha referente: < Estando em Mtintpellieri andaram lá dous
enriadoa, que não sabe o nome, netn a dita testemunha lhe diaae ;
que um era da Lapa do Rio de Janeirn, mandado pdojí Cfjm-
muJtarim d^ta cidade para tratarem (tratar ?) ema o minUtro
da America Ingleza, e que a effte respeito tiveram os ditos en-
viados algumas .conferencias com o dito ministro, a uma das
qoaae assistira a testemunha referente (Vidal) e qua o dito
ministro disaera que tinha dado aviso a &ua uaçâo e que esta
estava pronta a soccorrd-us cnm náuH e gente, pagando- se-lhei
os grddos e obrigando -se a tomar Ik^s o bacalhau e o triga \
que depois de fazerem cá o rompimento^ avisassem I^qq para vir
o sotcr^rtQ^ e que falaria também a el-rei de França, para se
iticlinar a soccorrel-os ; que \tm doa enviados dissera que a 7iu-
çào de que se femiajn era a H^spanhota, por str confiiuinte ; ao
que o dito ministro lhe re^p',nd^ra que não temeftsem, porqttô
«ra um nação lerda, e que o Rio de Janeira eia uma praça que
se defendia bem, e que si fosse neceRsario usasbem de bdlaã ar-
dentes» nem 66 embaraçarem com as leia do Papa i (V. Norbbrto,
p&g, 47—48, noia).
Af^ezar do sabor de semi-rusticidade que llie deu o a^saloiada
coronel Êerrano^ o episodio está em tudo essencialmente conforme
coro a narração de Jefffrson. E' notável que o coronel, falando
era. doua enviados, bó faz etlecti vãmente aeir a um dellea.
Em seu depoimento de 3T de novembro de 1789, o padre Carlos
de Toledo refere que o coronel Lopes « títiha ouvido dizer que
os negociantes do Rio de Janeiro tinham mandado um enviado
ou um estudante para França^ para tratar da sublevação e li-
berdade que prete^tdiam ; poré m nem Lhe diâse O nome dos ne*
goeiantâb, nem o do enviado * {Archiva da Districto Federal^
1894, pag. 500).
 21 de junho de 1790, Domingos Vidal soffreu ainda da
Alçada um ultimo interrogatório (Livro VI, app, 17), Ahi de-
clara ser filho do capitão António Vidal de Barbosa e d, The-
resa Maria de Jesus, natural de Minas (freg^uezia de N. B. da
Conceição do Caminho do Matto) e que era doutor em medicina
pela Universidade de Bordéus, Instado para dizer mais sobre o
caso do efitudante José Joaquim da Maia, declara nada maia
— 406 —
saber e que seu compaiiboiro José Mariano Leal, que devia vir
com o Conde de Hesçende (1), conhecia o estudante e sua etn-
preaa 6 com elle commentára a originaUdade do Maia. Já o Mma
nào era tâo deaprezivel e passava a ípt um original,
Acarendo com o coronel, aeti primo, que dissera serem dous
os enviados, por assim o ouvir da próprio Vidalj per^^ifitiram
ambog em seus depoimentóB, por mais ínstanciaâ e medos quo
Ibee puzeusem o^ juizes, muito empenbadoi em apurar este ponto.
E' curiosa a nota do escrivão, que, á pag. S27, Norberto
textual monte transcreve deste auto de perguntas e cojifrontação :
« E pOT mais arg^u mentos e persuasões que Ibe foram feitos,
náo foi poBsivel conhecer-se, nem presumit^-se^ amdu exterior-
'inente(f}f qual delles ou se engana ou falta á verdade potili—
yamentej do que tudo dou miuba ¥é judicial, e das grandes ins-
tauciãg que por elle juiz deaembar^ador lhes foram feitas i.
E assim deu o juiz por concluído este ijiterrog^atorio, com
que fechamos também nossa conclndeute demonstraç&o. Vendek
é Q mesmo José Joaquim da Maia : a este respeito nenhuma
dnvida séria pode mais existir.
Para completar o episodio, fora conveniente ináa<^ar em
Montpellier a matricula de José Joaquim da Mata. E' o que
espero ainda realizar, quando os lazeres de um retiroi duramente
conquistado, me permit tirem consa^ar á Pátria maia serenos dias
e cogitações maia a&seutadas, em contendas menos renhidas «
Quanto a Mr, Vigarous (e n&o Vigarons), creio poder
apresentar a eeu respeito uma satisfatória informação.
Na Biographie universelle (Micbaud), tomo 48, 1S27, pag.
454, vem noticia de dous irmãos Vi^arous, ambos uotavei» pi'C>-
fessores de medicina em Montpellier.
L") Barthoíomeu Vioarous (1725—1790). Exercendo a ci-
rurgia desde 1745. douto rou-se em 1751 e depois que ee tor-
nou, em 1708f cirurg^ííto-môr do hospital militar, foi nomeado
professor real, cathedratico de cirurgia. Pratico dos mais re-
putados em Montpellier, de nma feliz audãciaf deixou Obras de
Cirurgia^ que seu filho publicou em 1812,
2.") FranHsco Vigarous, irmào mais moço do 1,", desti-
nara-se a principio ao sacerdócio; depois, mudnndo vocação, estu-
dou medicina, d ou tou rou-se e constituiu família, E' provável que
nesta se achasse de peneão José J, da Maia, em 1736< Viga-»
roíiB falava com elegância e facilidade a língua latina. Brilhou
assim com vantagem nos concursos e em 1776 foi provido em
uma cadeira, que honrosamente preencheu, morrendo em 1792.
(1) O vice-iei Conde de Rezende— o taciturno José Luiz
de Castro — tomou posse de seu cargo a 4 de junho de 1790
{T. Mello, Epkemerides),
— 407 —
Larousse, á noticia do 1.**, accrescenta a de um seu filho,
José Vigarous (1759—1829), que se doutorou em 1780 e foi pro-
fessor em 1786, exercendo o cargo sem grande relevo.
Assim, José J. da Maia provavelmente se hospedava na
casa de um dos irmRos Vigarous, pois, em occasião tão delicada
usou do endereço de um delles, o «coaseiller du Roy» . Maia,
portanto, nào devia ser o desprezivel personagem que Vidal
intentou caricaturar. Em 1786, não era um qualquer insignificante
qne podia ir estudar á Europa e tratar familiarmente um repu*
tado professor de medicina, um conselheiro do Rei.
Segundo os depoimentos de Vidal, J. J. da Maia morreu
em Lisboa, quando se dispunha a partir para o Brazil. No Livro
Y, n. 13 constam estas declarações finaes sobre nosso mallogrado
compatriota :
Indagando o juiz porque c se não segurou e per(2:untou a
José Joaquim de Maia»..., o escrivão declara que «nâo se per-
guntou a José Joaquim da Maia por estar atutente e constar
ser faUecido e que seu pae também era fallecido e que por isso
não se perguntou tambem> (Norberto, pag. 49)...
— 408 —
6.»
POMBAL B Skn JOSÉ D£9 TIRÂOBNTES
Priubal ^sík aitnaHf> á mar^ein do Rio díia Mnrtea e antíg^a-
raente S. José (l*El-Ret, lioj^ *>e Tiradentes, «ra S* ,losé dtí íiio
dat^ Mnrtes, A^*tnalmente <f*fitá na divisa dos municipioa de S.
iTcsé e da 3. Joãn d'Ei-Kei« Bsta cidude dista 12 ka daqneJIa.
Ti- es Pílo aa informaçdeB que nofi dá o DiVc de Morbira PmTO,
qufí abi esteve em 1897.
Pombal era entào utna tapera e S. Jo^ó mui decadente.
Aitida exi&tia nesta o vasto prtidjo do padre CarlíiB de Toledo.
No centro da Praça da Uberdade^ ttu da Inc^jnfiâen* ia^ em
1892, commemoníndo o centenário de Tiradentes, ífrigiU-F6 uma
colamaa em aua honra, kítipuado a deFcrii^áo de SL Pio to, é de
ordem compósita, ai^eenta sobre pBiíestal de pedra plástica 6 ebte
Bobre de^iráus eimenladriB, E' encimada por uma urua funerária.
Ladeiam o [edestal quatro pilaii^tnubji^, unidas f^or meio de cor-
rentes e em uma rfa^ faces está a seguinte inacríçào latina, com»
posta pelo dr. Castro Lopes:
JOACEINO JOSEPHO A SlLVA XaVIEH
BrASII^ LiBERTATIS PbOTOMARTVRÍ ILL11;S CIVITAT18 INCOLiS
HOO lIOJÍLIMÊNTLfM SUMPTU Pl/BLICO EalOBKDUM OURAVflRaNT
Dis viGBãiuo PHiMO Aprilm
A. D. MDCCCXCII
Fl08 LiBERTATIS TANDEM DE SaííQUINE OEMMAT
No^ autos de iaventarío e no testamento da Mãe de Tirã^
dentes (1), tjonsia cjue em 1756 Pombal tinha uma Capella de
N. S. da Ajuda e pertencia a S, José d'El-Eei. Era então (1756)
(1) Rewfta do Instituto HistoricOt tomo 66, 1 * parte. O
manuscrito foi oÉFerecido pelo sr. Julif* Guimarães, de Catapraa^
zes, IV) illus trado biblíotheeario do InatitntOj dr. Vieira Fazenda,
S[«e delle fez preseure ao mesmo Instituto. A publicação foi
éita ein 1904 pelo BarAo Homem de Mello, cuja erudiçÃo corre
parelhas com uma actividade quasi juveuil.
— 400 —
umn cFszenda... com snaa capoeiras, mftttãB FÍrgenfl, borta, ar-
vores de espinho, Ca^-eEEa, diversa b casas de viveudíi, seirzallaa
e paioU»^ valeodo três contna e duzeotoB (em reduzida avaliação
judicial e na moeda daquelle tettipo).
Ainda havia oa me^ma Fasseuda do Pombal umae terras mi-
neraes com Berviçoi de ap:uaf em amba« as margeni do rio, além
de €iDaifl quinze praia» na lavra do Sar^ento-raór Jnflo Goní;Al-
vea Chaves e vanoa regos em divereae parages»„. tudo avaliado
em um conto e duzentos
Juutando-se lhe triuta e icis encravos e ob beni moveis di-
versos, o Acervo elevou-se a mais de dez contos, abatendo- se aa
dividas clasAiãcadas e aB custa? do inventario. Vê-ae por ahi
que Tiradentes era filho de pães abastados, cuja herança liquuia
importaria boje em mais de cem coutos. Quantos abastados de
hojo poderiam chegar a tanto ? ..
O testamento, feito a 22 de Jalho de 1751 , reza que os
Paes de Tírad entes eram vioradoren ?io Rio Ahaixo em seu sitio
chamado o Ihmbaly hreguezia e termo de S, José. No inventa-
rio se diz tertualmente: *nP6ta parage chamada o sitio do Pom-
bal no Rio Abaixo, termo da Villã de S. José» (1).
Entretanto, na ai^s^ntãda do primeiro interroi^atorio de Ti-
râdentes (a 22 de maio de 1789J, fe diz que elle era i natural
da Pombal, termo de t^. João d'El-Hei». E aisim o affirmam al-
guns escritores de Minas, k tpsta dos quaea êo acba o illusrre
Presidente do Estado, dr, Jofto Pinheiro, que twnto e tâo cari-
nhosamente tem estudndo a conspiraçfto minfúr».
Conjecturo que nesta duvida vfle aj^enas a mui conhecida
quest&o de campanarioi em que doos municipios, com iguaes di-
reitCB, rec amam um termo, uma paragem situada na vizinhança
ou na linha de âuag divit^as.
A nós bafite eaber que em 1743, por rccaBÍão do nascimento
de Tiradeote», Ponibfll fra freguezia do tcrmn de S, José d'El-
Rei, na comarca Ho Kio daa Mortea, a cuja circumscri<íAo tam-
bém [terteucia o ternio de S. Jíiâo. E^ o que dizem claramente o
testamento e autos de in ventar io, de 1751 a 1757.
(1) Nos autos de inventario consta que o testamento foi
aberto em S, Joào, a «primeiro» de dezembro de 1755 ; o que deve
Ker engano, porque também ahi ^^ diz que a Màn de Tiradentei
íalleceu a 6 do mesmo mez e anuo (V. Rev., tomo 66, 1/ parte,
pag«, 288 e 294), Seria conveniente uma revisa© deaaa cópia^
onde ha erros graves.
— 410 —
ADVERTEXCJA 1'ISAL
Eitiis Notas e esclarexi mentos deverão continuar- se no tomo
se«riuote deata Eeuista, Ent&o, com maia assento, lerào coorde-
nador os documentOB da conspiração mineira, de que publicarei
alg^uns ioeditos, Nfio sabendo qnando as vicissitudea da vida me
consentírSo calma e repouio para escrever a HUtaria dt Tira"
dentes,— nç&t& Reviata iroi registrando os documentos que «irvam
B outros escritores mJ^is preparados, mais felizea. O» livros e
documentos nâo se devem possuir pelo goso de o^ ter, sinão
pela utilidade que aos mais advenha de 8ua posse e de seu uso
eS'ectivo, em trabalbos coordenados,
E' mui pernicioso o prurido, o gostn ê mania de achar ^ de
possuir documento», para discutir prioridades ou puerilidades e
para os subir ahir à circulai:;â,o, para o a esquecer em pui ve rui eu*»
toa archivoB. Neite particular, aconteceu com Varnhag^en um
caso mui característico, Âcliou um manuscrito ^^Memoria sabre
Q e3dio í/we teve a Conjuração de Mi nau ^ ©te, e o ofterecéii
ao Instituto Ilísiorico, Norberto por sua vez, com auxilio de
Araújo Porto Alegre^ teve notícia e obteve cópia de outro ma-
nuscrito sobre os — Últimos jnomentos dos incoiiãdentes, cujo
precioso orij^inal actualmente deve estar em Minas, Norberto
éTtractou o manuãcrito e delle publicou quanto era preciso om
seu conhecido livro* Fck maíâ: aervtu-âe especialmente do cquaai
esquecido» manuscrito de Varnhagen. Eate, ao publicar a 2.*
edição de éue Historia, cita subrepticiamente o documento d©
Norberto e cita o seu autor (frei Ray mundo Penuaforte), Ma»
nfto se refere a Norberto, nâo cita seu próprio esquecido manu-
scrito, onde teria uma indieaçào para saber que os — Últimos
Tiiomenios — deviam ser escritos por Frei Hajmundo... (V. Noa-
BERTo, pap, XVI; Varnhagek, pags. 1033 a 1035; Memsia
do Instituto, tomo 44, 1.' parte, 136, 156 e 183).
Ha em Aíinaa diversos archivos particulares que possuem,
documentos sobre a conspiração mineira. Sei que o illuatre presi-
dente de Alinas tem publicado em jornaes alguns doa muitoa
documentos que guarda em seu arcbivo, E* para lamentar qne
Bua vida atarefada, e civicamente tão activa, lhe não haja Per*
mittido fazer um livro em que os colleccione todos, sob o título
feliz— j4 terra imtalj que aaoptou para 09 poucos já publicados.
í
" 411 —
Ha muito que espero esae o outros Bubsidios para uma his-
toria que tão cara nos devo ser, £' mais que tempo de con-
vergir esforço» para dia si par fane^to» erros, para reconstituir
liiatoncameute o» melhores aapectOB de nossa . querida Pátria,
Como o poeta, saibamos coutentar*coa com a rohorante, e&timu-
ladora gloria de amar a nossa terra e a nosisa humana gente,
lõ dé dezembro 1907,
JosÊ Felicíano,
S. Faulo
Endereço : Caixa Postal, 21G.
o PAPEL DE JOSÉ BONIFÁCIO
NO
Movimento da Independência
(CONÍBUBSIÍCIA RBALIZADA NO 9ALÍlo STBINWAY, «S. PÃCLO» BM 2S
DB OUTUBRO DE 1907).
Meus BeDhoreg :
O iiiBtincto popular rAramente ou nunca se engana, Ã.B
guaa fíympãthias e atitipatbiafi dbtribuem^se com equidade. Não
«e íez jirecbo que oa estudiosos do passado , acobertando se com
a indulgeueia da distancia no tempo, procIamar>uem Dom Joào
VI um rei benemiíríto, O povo já como tal o consagra ra^ re-
cusando aesociar-se ás chufas que durante um século lhe tém
sido dirigidas pelos políticos d'aquern e d^alem mar, apõiadoa
em hiítoriadores novelHâtas. No exíif^^g-ei^o das caricaturas gro-
tescas o bom aeneOi devia talvez dizer o bom goito popular,
fioube descobnr oã traços geiíuinoB da sagacidade e da bondade.
O tacto é que a memoria de Dom Joào VI vivia cercada
de estima quando pretendeu rebabilital-a num assomo de justiça
a critica histórica, que mais n^o fez do que corroborar uma feliz
intuiçào nacional, da mptama forma que a critica pbilologíca no-
bilita as fiidízes <'1l pressões plebéas, concedendo-lhes foros lite-
rários. Todos, no BraE^il, tiveram a saudade do rei excellente,
antes niesTi^o que elle, consfrang-ido, nos deixasse, &, quasi um
anno depois, o encarrejs^ado de negócios da França, de quem o
govenio da regência nutria queixas por desafFtiCto á nova ordem
dn cnisRií quft sp ])reparava, fazia notar na soa correspondência
officinl que os líbelloi mais de&cabellados e mais licenciosos sa-
hidos dos tristes prelos da Capital, — os qualiticativos são delle —
poupavam sempre o monarcha portuguez, a quem nunca deixa*
vam de referi r-se com amizade e veneração»
Ontro tanto acontece com Joié Bonifácio. Acclamado por
uns, denegrido por outros, era vid» a depois de morto, o senti-.-
mento publico, quero dizer a voz popular, attribuiu-lhe a autoria
da Independência, cognominando- o de seu patriarcha. Se al-
guns ainda lhe contestam, movidos por um impulso, que à» vezeft
— 413 —
degenera em mania, de dêfitrnír leg-f^ndas e reformnr tradições^
com a primazia do esforço a lef»; tLmidnde do titulo, nin^em
ousaria deali^ar seu nome da direcção do movimento, felizmente
iniciado e felizmente condoído, da nossa autonomia politica,
Seria faltar á verdade essencial dos factos.
Ontros podem compartilhar da gloria, mas os »eus nomes
não r&o como o delle representativos do acontecimento. Calar
o de JoBé Bonifiicio quando se trate da nossa emflncipaçào poli-
tica, seria o mesmo que falar da Heforitia ?era mt-ncionar Lu-
th^TO on recordar o Re í urgi mento escondendo Cavour*
à thcoria dcis homens providenciaes pode ter í>Ído supplan-
tada por uma dnutrina mais conforme com os principioB de uma
■ociolctgia inspirada na harmonia biológica, e, sobretudo, mais
adequada ás justas reiv indica <,òeB dan multidões causadas do
anonymato. O* grandes homens subeistirâo na historia e con-
tinuarão a appaiecer no mundo, sen Ao como factores únicos de
acontecimentos decisivos, pelo menog como representantes su-
premos daa a&pira<;õeB collectivas, em todo o caso, como entes
excepcionaes.
Nes'e mentido contínua José Boniíacio a ser um grande
tomem, visto quf^ o príncipe Dom Pedro apparcce nas í-uas niftos
como o instmiTipnto preeioso^um instrumento magico que fosse
dotado de consciência e vibrassB com intelligeucia própria— por
meio do qual se realizaram aa aspiraçõeB pnljtícas e se pre^er-
Tou a integridade territorial e moral de uma nação, cujn log:ar
é amplo na geographia e cujo papel deverá ser notável na his-
toria universal.
Sabeis todos quem foi José Bonifácio. O vosío intenso e
legitimo orgulho paulihta delle se desvanf-ce, como se desvanece
doB aventureiros sem temor que rasgaram íargos horizontes cnn-
tinentaes á populaçào do litorn] e transformaram em fa?,endas
do interior esses arraine^ da costa, embebidos nu contemplação
do vmtQ oceano que lhes traxia frescas nas sua» bri&H^, as re-
cordações das aldêfis brancas, das tcasinhas da serra» que o
poeta mais tarde cantaria «co'a lua da sua terra t.
Ha que respeitar- vos o sentimento e partilhai -o. Os ban-
deirauteB paulistas foram os «conquistadoreji» brasileiros, os crea-
dores desta pátria que o ministro de 1822 consf guiu— elle mais
do que ninguém— manter ainda sob o aceptro imperial de um
soberano imaginoso, já qua^i um romântico, cheio de vida. com
todas as illusões e esperanças dfsta, e prestigioBO tanto porque
nascera príncipe, cnmo porque tinha por si a mocidade, o garbo,
a força e a exuberanc a.
O santista era um sábio, tim mjreralogista de mereci mento,
A politica foi buMcal-o no tneio dos setis quartsoa e dos sens
calcareos^ Latino Coelho, incumbido do geu elogio académico
em Portugal, paiz ao qual j^itence Joiié Bonifácio pelos estudos
da sua mocidade « pelas prot ccupaçòes intellectuaes da sua vi-
— 414 "
rilidade, nol-o descreveu, em seu soberbo estylo escuIpLural, per*
correndo a Europa culta, centro por centro, ouvindo profeEsores
eminentes das Universidades ffaucezna, aUemans e suecas, visi-
tando laboratoríojs, collecçòes b mirtaa.
à scíencia, yiorém. lhe nHo consumiu outros ardores. Foi
soldado do batalbâo académico f]ue se formou ao tempo das Íq-
vasôes francezns; a politica empolg-ou-o num instante critico da
nossa exií>tencia iiacionni, e até o poeta que versejara á margem
do Mondego e na Bertioíía, reappareceu uo e:5ÍIio.
Em Bordêos, com etieito, no anno de 1825, foi que Américo
Elyíio — ainda duravam oa appellidoa bucólicos doa árcades do
eeculo pastoril, num prolonírametito patriot co mytbfilo^ãco— au-
tlienticou seus arroubos, col leccionando suas compoaiijèes de uma
inspiração emperrada mas de um estro senâual:
Sô t© vejo, as entranhas se me embebera
Db insólito alvoroço ;
O eangrii^ ferve mn borboto ens nas veias l
Snu todo lume, fico todo amores 1
Ao mesmo tempo que publicava esaas suas cantatas e odes,
deixava elle correr o fel dos seus despeitos nas car tas que hoje
são em parte do domínio de toda a gente, e nas qiiaes se mostra
esquecido de quando metrificava em Coimbra, dirigindo-se ao
amigo Armindo :
Ignorados da * turba» viveremoa
Da singella virtude acompanhados,
Em quanto com Chimeras viz, ridículas
Frenéticos mortaes a vida estragão
No seio de mil male^ e mil crimes.
José Bonifácio foi um homem de sentimentos muito vivoa:
os seus entbusiahmo^ eram fortes como os seaa ódios. Ãiuda
nào cbegára ao Hio, chamado pelo Reg'ente para aconselhai -o
sobro a orgauixBçfto do governo, que de portuguez ia passar a
brasileiro, e ajudal-o a pòr cobro a uma desordem que tocava
em anarchia, e já o encarregado de negócios da Frauçat ias-
truido da sua reputação^ o descrevia para Fariz como um homem
«fougueux et trcs ardent». E-^te íoi o peu principal defeito, se
defeito se piíde chamar a maniíestaçáo irreprimível de um tem-
peramento apaixonado.
O referido agente diplomático, coronel Maler, que também
peccava por arrebatado.*, nos escriptos por nâo poder sel-o no&
actos, ao tranamittir a noticia da nomeação de José Bonifácio
(o qual vinha ostensivamente dh qualidade de deputado da junta
de È>. Paulo perante o FrÍDci|»6 RegCíite)para ministro do inte-
rior € dos negócios estrangeiros, ao mesmo tempo que íofor'-
— 415 —
Diara a corte das Tui lie ri as do bom conceito geral que mereciam
oa conhecimentos do politico, liontem bomein de estudo, t-levado
AO poder, iri t «tirava- a da ilama certa de impetuosa e exaltado de
que o ag^racíado goaava aem ínjíiãtií;a.
Do f|ue neoíiuma duvida nutria o correspondente di]iloma-
tico em questÀo era de que *MiHjpit?ur d'Andrada» tomaria as-
cendente sobre o espirito de Dom Pedro, que parecia firmemente
disposto a abraçar os interesses nacionaes e se tornaria o dire-
ctor influente dos seus uolIepríiB de gabinetp. Eram estes colle^as:
Caetano Pinto de ^Miranda Montene|^ro, o antif^o capitão general
de Mato OrosEo e do Pernambuco, que tivera o animo de trau-
AÍtar por terru de um dos teus dois governos para outro, numa
dura, poeto que instructiva perfgrinaçíio pelo immen^o sertilo,
mas nào tivera animo e'^u^\ pnra abafar a conspiríi<;^lo donde
surdiu a revolução de 1817, íi^^ora, não obstsutej alvw da con-
fiança do Regente e encarregado das difiicilimas finanças de um
paiz de thesouro exhausto; o marechal de campo Josquim de
Oliveira Alvares, portugu(*z do velho Reino, ca*ado e estabele-
cido no novo, onde combatera na fronteira do Rio Grande contra
a malta de Artiga?, e ecabava de commandar aa tropas bra&i-
leiraB reunidas ivo campo de Satit'Anna, a 12 de janeiro de 1822,
para fascerem frente á divisão ]íortu^''ueza de Jorge de Avillez,
e Manoel António Farinba, que, tendo sido o único do autií^o
^abíoeie sí prestar-se a continuar a assi^nar o expediente, per*
manecia como ministro da marinha.
Os acontecimentos i{Ue originaram a Eubstituiçao do gabi-
nete «ão geralmente coníiecidos. Achavn-se o Principe uo theatro
na noite de 12 de janeiro, quando o foram prevenir da attitude
abertamente insubordinada da guarnição portuguesta que, amea-
çada em seg^redo de dCfiarmÃinento, entendia protestar contra a
humilhação e jurava carregar com Dom Pedro para Lisbon, asfim
degtiieutindo praticamente o famoso «fico* pronunciado três dias
anttfs*
As Cortes, no intuito de hem de fag'g regarem o Reino ultra-
marino e privarem 03 sentimento» politicoB brasileiros do seu
centro natural de convcrírencia, tinham decretndo o estabeleci-
mento do juntas provisórias, uma em cada província, correspon-
dendo-se «directamente» com a sobí^raua asscmbh-a dns Xucea-
cidades, e decidido o regresso á Europa do herdeiro da coroa, afinj
d© seguir, nos paizea ne&te leutido niai-s adcantados, um curso
pratico de sin*releza democrática e de nuUidade constitucional.
iPreci sãmente contra eemelhantes resoluções se rebellára a junta
de S. Paulo, que, movida por José Bonifácio, a 24 de dezembro
de 1H21, convidava a junta de Minas a reunir-se a ella e taz-erem
causa commum, constituindo um núcleo de resistência. Desta
resistência, por essa deliberação, de súbito o Paulista se tornava
a alma.
— 416 —
Ao projtíilar-se o boato de um motim— in compara velmen te
maU ^rav6 do que qnalquer outro — e tinham úáo írequBntee
desde um anuo — presenciado pe*ú Rio de Janeiro, a aala dn ea*
peetaculofl do Rocio ficou deserta. O motim, porâm, gorou. Oi
DraBÍl(5Íroâ acudiram t3o pressui ocamente ao» geus postos que,
ao alvorecer, mais de 4.000 homens, em grande parte gente de
milícia trazida do interior, se tinham congregado em armas. Força
foi aoa regímen toa de Âvillez, em menor effectivo, capitularem
e annuirera á intimarão de retirada para a Praia Grande, dou de
rompeu uid manifesto, mas nenhuma hostilidade materiaL Og
D o 58 os movimentos poli ticos sempre começam incruentos, como
que assim &e denunciando a nossa instinctiva repugoancia m
sangrentas discoriiias civis.
Se estava vencida na Corte a resistência européa — prenunciai
de uma facil emancipaçfto da capital — restava o proh-ema mais
custoso, que era o de assimilar o centro o espirito províocial, e
expeli ir os focos de occupaçâo portugueza que mantinham um
desequilíbrio nacioital, symptomatico dea^e periodo de transiçfto
politica. A crystalíizaçiio náo podia apparecer perfeita emquauto
a embaraçassem matérias extranlia» e a primeira coisa a lazer
devia Eer eliminal-as— pareceu ao Daturalií-ta, numa felii npjilj-
c&^ho ao mundo moral das reçras eleraeu tares do mundo phjfiico.
José Bonifácio entrava nit politica mais activa que nm paíz
pode comportar, no outomno da existência humana, com um
nome feito no mundo scientifico da época durante quadra mais
repousada, e uma farta expfrieneia da vida cora que suatrutar
a agita<;ão que avocara. Tinha 58 annos em 1821, asaistira du-
rante mais de 10 na Europa d 'além Py riu eus, collaborára d is*
tinctámente em puhlicaçàes especiaes, privara com tbeoricoí e
industriaes de muitos peixes, e em Portugal exercera cargos no
professorado, na magistratura e na ádmiiiistraçfto. Observara aa-
pectr s vários da natureza e a^p^ctos varií^s da sociedade, adqui*
rira traquejo e nas idéas alcance, consolidara a feição pratica do
aeu espirito eomo Ih^a emprestara a tiatuie^a dos seus pnncipaei
estudos, e tinpra de liberalismo, senào politico, pelo menos eco-
uomico^ o seu cabedal de planos de utilidtide publica.
Talvfz fofse, era mesmo um delineador maia do que ura
executor. Porventura lhe faltava em malleabilidade de ac<^ão o
aue lhe abundava em sagacidade de peosar. O repre^ntanto
iplomatico am^ ri ca no -^ e aos americanos não falta a perspi-
cácia—teve esta impressão do mínií^tro de Dom Pedro e exa^
roQ-a na sua correspondência para Wa»hing;ton, onde a encon-
trei. Para a crise da independcDcia José Bonifácio foi todavia
o homem indicado, o homem adequado.
Teve habilidade para jo^ar com aa circurnstancias favorá-
veis e teve decisão para arcar contra aa circurastmeias adversa»,
cabendo naquella pbase o ser brusco em algumas occa&iôes e o
ler enérgico em todas. Depois, quando o apparelbo constitucional
entrou em moTÍoiento com suai molas ainda perras, ê qii6 «e
lasia preciso mâo miàh delicada para dii-i^nr-lhe ^ nmmhn b
ageitnr-lhe o audâmeolo; nho ao uma vista aíeita aos tribalho^
do micro&copío para examinar noB leusí menores dttâlbes a com
pòú^o da coin{dtcado maeBinÍBTno.
O repreii entali te da Fi-ança, da França dos Bonrbon», o qual
nào suptiortava cora pacieni?ia quanto tresaudasso a liberal, ne-
gava até ao miniíítro da independência imidureKa nas iddíiSt ordem
methodtca nos projectost o que elle chamava um deBonvulvimento
Ãystematico nr» seu conjunto e applicaçàf, cfirao se ii«qu*^Ile»
momeiítoa dífficeis e mesmo auguetioios, fyaae coiso itmíto puíiâivol
a serena reali^açào de um prog^ramoia fixo de planos.
Á essíiS criticíiB, porém, responde meJbnr do que qualquer
defesa Hfci^rarja o exitf> da politica aervida pt^lo vci^so c-nterraueo,
eflse a -^uem o coronel Maler descrevia los sena officioí pnra
ParÍ2 coroo «uma cabeça vulcaoica apegar díis cao», coiríinid^ndo
tudo no falar e no administrar, ora divag^audO} ora perdendo o
rumo, levado pelo impulso de seu patriotismo exaltado o pelo
Beu ódio ás Cortes». Maler sobretudo se espantava — reputaria na
aoâ pbruse um phenomeuo — de que um borne m de Baúde tào
priCÀTÍa como era José Bonifácio, podeg^e benarbavia eutáudess
m«xe8 (este officío é de outubro de 18 ^^2) sem estar de todn Bé~
fftlíado.
O reverio da medalha gravada pelo fiauee^ é tão liaonjeiro
que merece e deve ser eotihecidri, para honra do diplomiita e
para floria do politico. E' como ae de um laio o perfil niaiA
ouro do piíTfOuaííem accusafiae um queixo redondo e volnnturioso
e um nariz aquilino e dominador, e do outi-o o roata de frtíiite
deixflBte ver uuh olLos de expresfiÂo bondosa e uma lar^a testa
intellig^etite O artista- que o era Maler, em estylo officiaf pelo
menoa — |iôe com efieito mais de uma vez em i elevo aa sans opi*
iiiúp» do patriota» o seu coraç&o excellente, o seu iuexcedivel
deBÍnleriíSse, a aua detestaç&o dos priucipioa antímouf^rcbioí!, que
combatia com furor Ahi estava aliás um pouto de coucordaticia^
portanto, de pympatbla eutre os dois.
Não estou fase» do mais do que reprodus^ir textualmente oa
dizeres do coronel ^Maler^ que das &uax convertas com José Bo-
míaciOf e eram írequentLM, se julg u autorizado a concluir a har*
taonia d as preferencias monarchíco-coustitucionaes do primeiro
fuiuistro brasileiro cornai ba^es da Carta francesa da Re^tiuraçáo*
E' facto que, coroo governante, José Bonifácio zelou sempre
Dt fóios do extjcutivo e teye a mâo pesada quando se tratava
de repress&o, e pode bera ser exacto o que referia o encarreirado
de negócios, de nutrir o patriarcha uma verdadeira ternura dy-
uastica, eJle próprio affirmando nào podar ver sem viva commo-
çAo as creanças re^es, os pequeninos rebentos uac^ionae» da caaft
de Bragança, Já tinhamos entào o Império, pois que esteoiltro
o&io é de novembro de 1822.
— 418 —
O «Eloí^io* de dona Msría I, pronunciado em Li&t>oa^ em
apnradft linfíufií^era, no anno de 1817 e no seio da Âcadeiuia
Real dflfl Sclenciai pelo seu illngtre sócio pauHataj <í um te^te-
raunho cnnsiderfivel ern favor dnquelltí ardor monnrcliico, do que
em in^lcz 8*5 cliamaria com mab stmplesa e inaÍB preci^ào o
«loyalisin* de José Bonifácio, «Louvar hum soberatio virtuoso lie
accender farol em torvo ai ti s&i ma, para atinaremos outros a car-
reiras—fui nas suas palavrasi a regra a que obedeceu a elabo-
ração desse panegyrico de encommenda, de uma jn tensa devoção
dynastica, deve antes dister-se de uraa marcada deferência cortezaa
no seu estylo en^alaoado, nos eeus atavios pagàos, nas suas ré<
miui^cencms clássicas, uas suas citAifõcs frequentes de pbilosopbos
gregos í4 romanos^ na sua sensibilidade que era com tudo em de-
masia s£í vetada para nào ser exaggerada.
Era, poí(i, Jcsé Bonifácio um adversário declarado das ten-
dências republicanas, pelas diq>ogiç6es do seu temperamento tanto
quanto pelos conselhos da íu& intellígencta: o ideal consistia
enta.0 nas democracias tilo li bera es que cliejE^assem a ser in go-
vernáveis Não bastava no entanto à eua visio de estadista evi-
tar a republica. Ponhamos ao seu credito que mais urgente e
mais necessário Ibe appareceu manter a própria nacionalidado
brasileira ameaçada de dissolução.
O regimen nâo passava afinal de coisa secundaria deante
desse magno problema, que, de resto, nma vez resolvido pelo
prestigio do representante da dynastia e pela convicção j^eral
do interesse patriótico, nsâegumva a um tempo a união nacional
e a estabilidade monarchica.
Antes mesmo de ser ministro de Bom Fedro e de se tran-
sportar para o que devia ler o centro da naciou alidade em for-
maçào, já José Bonifaciíi comprchendera admiravelmente a si-
tuação, abraçando cora olliftr agudo toda a perspectiva Ao ser-
viço do seu ideal, e nenhum maiA nobre se poderia dar do que
evitar o naufrágio de uma aggremiação moral e solidaria que
custara tanto sangue e representava tantos esforços, pudera ella
aquella combatividade que o levara, professor, a pegar em armas
com seus discipulot para enxotar de Portugal os aggres&ores
trancezes-
E' mister ter bem presente que o Brasil offârecia á tenta-
tiva de recolonisação das Cortes unta seara opima de realidades,
nào só um terreno fértil em esperanças. Onde quer que se de-
nunciava o maior vigor do elemento portuguez, tanto quanto onde
se revelava o maior fermento do espirito local « na Bahia e na
Maranhíio como em Pernambuco e no Ceará, em todo o Norte
emíim, a idía de rompimento com a capital de origem colonial
e de ligaçào directa com a sede das Cortes e è& realeza, das
autoridades supremas da nação em sua nova classificação hier&r-
chica^ — as Cortes primando a realeza — recebera am acolhiuitiito
o mais Eympathlco,
i
— 419 —
iiom ellfi pen^avft lucrar oa que meditavam a recoloaizaçAo
conntitucional— mtíito parecida nos aeua projectarios processos com
& coioDÍsaçào absoluiUta — e tião rneno» os que napiríivam á in-
dependência democrática, mais acceg&ivf^l ou pelo menos maia
compatível com o fncto de uma libertação do que a emaucipaçÃo
eom uma mo n are h ia.
O Sul. não obstante» preoccupaçilo JOf^ioTial sor níii também
viva 6 muito imperfeita a solidariedade moral, então impediu a
frag^mentaçfto do Brasil; © no Sul íoi o vos^^o conterrâneo quemi
decidindo a junta de Sào Paulo a prestar obediência no Rio de
Janeiro e reconhecer a supremacia do príncipe regente «com
autoridade própria», arraf<tou aa demaiâ dlvlâõea administratiraâ
para a eiphera de intíucncia paulista, constituindo esse troço um
primeiro esboço do uniào*
A provi nc ia de Minas Geraes, apesar da sua superior popu-
lação, dependia pela aua localigaçUo central das do Rio e S&o
Paulo, sem ctijo acordo ficiria até privada daa suas melhores
eommunicaçòe» com o estterior. Paraná uão (>]tistia ainda : Santa
Catliarina pouqui&simo valia iaoladamente, e tíão Pedro do Sul
era por demms despovoado e exposto ás correrias dos «guerrilheiros
nrientaea para que podesse desprezar o interesse de uma uniào.
O influxo de Sio Paulo e«tendeu-se atú a Cie;datinar onde a 19
de julho de 1S21, (icára admittida, sob oa auspicíoa do conqui-
stador Lecor;, a suzRrania tlurninense na pessoa do priacipo re»
gente e depois Defensor Perpetuo do Brasili mas onde era in-
itavel o equilibrio pelo valor do factor militar portu|;uez.
José Bonifácio entrou para os conselhos de Dom Pedro certo
de qae a unifícavàQ nacionul se elfectuaria ae a coroa ^ e a
a coroa eatava mais lobre a cabeça do filho que sobre a do pae,
coacto pelas Cortes — quiz&sae desempenhar o seu pape] tradicio-
nal de ]irotectorA das regalias populares contra uma oU^archia
de adventícios, como outrora as defendera contra o feudalismo ;
carto também de que no momento que atra Vf asava in a Europa
culta e íuas desceudenciaB, nâo mak ae podia dizerdependeacian
ultramarinas, o espírito liberal, um certo eapirito liberal bem
entendido, deveria caracterizar a acçAo da autoridade.
à força era indispensável, maa já se n&o supportaria a ty-
ranuia.
Acreditava assim José Bonifácio na elficacía de uma legii-
taçio esclarecida, producto aadio da aciencía do governo que,
nas suas palavras elevadas e orientação pratica, devia coosiâtir
*em indí*g"ar o que pode ser hum Estado para corresponder aos
teuã maia altos tins; em conhecer todos 09 seus recursos presen-
tes e futuros, e todas as suas faltas actuaes». Nisto, como no
gosto extremo pelas sciencias naturaes, era elle um digno filho
do século XVIII, o século da regeneração intellectual e do pa-
ternalismo administrativo.
— 420 —
No «Elogio* da cOptima Maria»» conforme appellidava o
académico a excelsa Boberana defunta ^ depnra-Be-noB uma phrase
que trae a vibração da alma do qua apenas era então um homem
de estudo, ainda cão um homem de ^overno^ quando tocada relo
afan das conquistas marae^. Referindo-pe aos decretos teduzindo
os segredos dos accusados, regulando a jurisdicçâo illimitada à&
polida, declarando e restringindo a jurisdicçHo dos donativos, o
orador accrescentava como commeotario ; <Foi e«ta huma prova
mais do quanto a nossa Rainha desejava condescender com as
novas luzes, espalhadas pela Europa, começando asptm gradual-
meu te a limpar o ediâcio aocial da ferrugem de tempos barbaroa
6 egcurnBa.
Kho deve «urprehender^-vos que, quem assim pensava, fosse,
caso raro entre os noasos homena públicos da época, infenso ã
instituição servil, que por elle se haveria extinguido quasí si^
multaueamente com o resto de dependência eoiontal que ficara
apda o reinado ametioano de Dom João VI e a orj^^anização do
reino do Brasil, Nflo era opportunísta em tal matéria, e se não
obteve ganho de cau^a o Ulustre paulista em seu adeantado
modo de vêr neste ponto, foi porque o» aconteeímentoft decidi-
ram diver&amenle, n&o porque lhe falta«»em coragem e von-
tade.
O predomínio mesmo de José Bonifácio no governo duroxi
pouco : cessou com a ccEsaçfto da crise cuja terminação íoi prio-
cipalmente obra sua. Os And radas foram derrubados e votadoa
ao ostraciamo quando, por uni ladot o Príncipe, naturalmente
arvorado era emblema da união^ mostrou ter íiugado no berço o
leite do deapotiamo, e pnr outro lado ob elementoa radicaes, con-
tidos ou contendose durante a luta pela integrictade nacional ^
se não quiseram submetter por mais tempo, cederam ás sua»
paixões e levantaram suas re a iate u cias. Co I locado entre as duas
correntes oppostas, no ponto peor do embate, o estadista da
Independência perdeu o pramo e desgarrou : também e«tava cum-
Srída a tna alta missão, que fora a de salvar o Brasil por meio
o Império constitucionaL
A historia das relações intimas entre Dom Fedro e José
Bonifácio, entre Telemaco e Mentor, é uma historia ainda por
fazer e para a qual faltam infelizmente as contribuições de ca-
racter pessoal que mais interessante a tomariam. Os Ândradas,
transformados em «corcundas», depois da abdicação, partidários
quasi únicos no Brasil da restaura («ão imperial do duque de
Bragança, cujas tendências autoritárias reconheceram afinal
quanto se casavam com a concepção que elles tinham da auto-
ridade, calaram seus resentímentos de l8i'3 e não deixaram Fe*^
velaçoes b»fitantes ou interessantes bastante.
Um momento houve, que a ninguém escapa, no qual o mi-
nistro se impÔK ao Principe como se impõz á sitxmção. Dom
]Pedro procurava com a maior aasiduídade e a qualquer hora a
— 421 —
seu CO aiel beiro d a looiie&ta ca&a por elle occupãda. Maler conta
qae, piesando pelo Rocio a cavai to na occasiào d« uma doisas
viftitag, ouvira q\in um popular, com aquella zombaria tào pecu-
liar á papulação fiumínen&a e as mais dae vezes apropriada e
concpituosa, alcunhava o Regente de «ajudante ae campo de
José Bonifácio».
Não fatiada quero 6zesse checar a S&o Chriatovam ditos
temelliantes. Muitos seriam o» que, uns por pura maldade, ontroa
por inveja rancoroaa, tentariam envenenar relações que eram
mais a coujugaç&o de dnaa eDero;ia8 do que o encontro de duas
lynipathias.
Só os homens verdadeiramente superiores a p parecem deajii'
doi de pequenas Ínv«^jas, a gão rariasimos. Poucos silo tambeiu oa
reis que, dotados de LmapuaçÃo e actividade, supportam a col-
laboração de grandes ministros. Ora, José Bonifácio chegara a
crescer tíiuto em popularidade, em poder e em iniciativa^ que
oSoflcava o throao. Aliás, sua influencia se derivava em boa
parte da aura que eeit^va o Príncipe Regente depois ànn guas
manifestaQoeH brasileira» ; assim como o prestig^io de Dom
Pedro pi o viera muito do acerto das resoluções promovidas pelo
seu conselheiro.
à intellig^enciA entre e^taã duas forças repousava sobre uma
base concreta, pojs que era reciproca a vantag^em ; ma^ ao se
separarem, Dom Pedro teve o arranco de qu*ím lacudia uma
canga e José Booifacio a melancbolia de quem lidara com um
ingrato, occorrendo que a ambos lunístia a razão. Um e outro
posíiuiam a índole ?iolenta p o ji^eato prompto. Ã coutinuaçík)
da asancisçào requeria abnegação, que tendia, porém, a relaxar-
se uma vez passada a criae, e exigia delicadeza, que oão ora o
predicado caracteriatico de nenhum doa dois persoDageus*
Quando digo delicadeza, quero referir-me, è claro, á polidez
superficial da» maueiras, não A delicadeza intima dos sentimen-
tos. José Bonifácio tinha o dnef^to fácil e grosseiro. A? viag^ens
pelos paizes mais cultos niio tinham enveruixado completamente
esse portoguez— que o or»t de pátria até 1822, d© educação e
de feitio toda a vida— forre na sua delgadeza, colérico, de poucas
contf*Tnpln4;oei eâtudadas e de bastante jactância* À sua alma,
porém, tinha vibrações que desciam até as senzalas : alma fi-
dalga num envolucro comparativamente rústico, o que vale mais
do que o contraste opposto.
Também Dom Pedro tinha uns arrancos brutaes que eram
antes manifestações da falta de educação familiar de que se re-
sentira a sua infância, e da incoherencia, não quero liizer do
desbra^do do meio em que desabrochara a sua mocidade ; mas
nAo fa tava, não podia faltar uma spntim^ntâltdadc rica a quem
le despojou attivarnente de nma coroa para ir defender em in-
certíssima contenda os direitos de uma creança e se prestava a
acabar como regente em nome da tilha, tendo começado a vida
— 422 —
imliliea como rí^j^^ente om nome do pae e sido, no intervallo
imperador e rei e o outor^^íidor ^oneroso e sincero — porque tanto
eia sincero no bem cotno no toai— de dua? cartas cf>r.stitttcio-
naes, con^ns^rando em fiumma por parte do direito diviao
túda^ afi conquifitaa politica?, isto é, todan as liberdades da He-
voliiçAo-
E' pena quo a boa intelUgencia do começo nâo houvesse e
podido mnnter-BC de lado n lado, entre soberano e minÍBtro, de
forma a organiic^r se a vida autónoma do paiz sobro os auspícios
dessa duplti individualidade exercendo se associada numa mesma
orientação e sob uma única inspinição, de facto constituindo uma
BÓ acçfto,
Joté Bonifácio dissera ao pronunciar o elogio da rainha
dona Maria I— e cito luais de uma vez esta oração académica
porque foi escripta na virilidade, mas quando ainda nâo peca-
vam Bobre seus hombrosp nem coisa alguma indicava que. dentro
em pouco pD^ariain, hb responsabilidades do poder — estnr «capa-
citado de que 09 graudee projectos devem ser concebidos e exe-
cutados por um .só bomein, e examinados por muitos: de outro
modo desvajrào íia opiniões, nascem disputai e rivalidades, e
vem a faltar aquello centro commura de força e de unidade, que
tào neceignrio he em tudo, e mormente em objectos de summa
importância».
Um só homem para conceber o executar, ôntendia elle, Maa
não conhecera a mytholog^ia j^reco-romana um deus de dnas
caras dissemelhantesj e nào encerrava o pontheon huddhista uma
deusa de cem braços independentes V Porque se nâo verificaria
politicamente uma anormalidade anatómica que nâo íofse um
embaraço á existência pbysiolog-iea V Porque se nâo combinariam
na personalidade directriz o cérebro amadurecido do homem de
estudo e o braço juvenil do homem de impulsos e de enthuMas-
mos V A fusilo seria perfeita— nada a contrariava — de um pen-
samento reHexivo e de uma vontade espontânea. Ã unidade
moral até se accomodava com a dualidade phyaica,
O encarregado de negócios da França, um observador arguto»
mau grado oa seua preconceitos reaccionários, julgava o estadista
maia de molde a concordar com o Príncipe do que a guial-o
com circumspeeçfto; maa n verdade é quo se Dom Pedro so
esqueceu inteiramente de que era herdeiro de um Reino TJnido»
foi porque a seu lado bavia quem lhe moaCiassc a cada passo
as vantagens de ser imperador*
E' facto que se Dom Pedro foi por vezea imprudente,
melhor dito impaciente, numa occasiâo aliás em que as delong-as
eram contra-iodicadas, por seu lado José Bonifácio nHo peccava
peloa hábitos de procraí^tinaçâo. A ambos ae pôde attribujr a
origem de vários instantes sediciosos dessa serie agitada de dias
qu© precedeu e seguiu de perto a Independência.
— 423 —
à reâexào é vt^lha e qnasi baiml — mtis aa banaliciades nfto
silo mais do que verdades repetidas — de quo nas cvhe^ nacioDROã,
e em quaefiquer momentoa de apuro, aoa ^ovotuíintfs nahe ái-
rig:trem o movimento, sob pena de ^erem levados na enxurrada
doâ aconlecimentc»s. Fa^-ae, comUido> mister que a direi-f^ão se
nÃO deacubra muito, para nilo provocar os ciumea ou ofteiider
as vclleldadea de rebeldia doa que dísran^adaTueute i^e pretende
tutelar ou pelo metioa eneaminllar,
Dí*m Pedro e Jostí Bonifácio applicarflm a máxima com a
reatricção, e deram-ae bem com ambas. Uma vez rej:iHzada a
separa <;iio, a saber, p rociam ri doa roto a os laço a de de|>endeQCÍa
entre aa Cortes de Liabí>a e aa províncias do Brasil, fieava por
fazer alguma coi§a de essencial que era np-itar no novo molde
ease immenso corpo amcrpbo e de uma plaaiicidafle doaegual,
que tanto podia vir a ser uma moníircbia centraliza ia como uma
republica federativa — uma cou federação neste CbSO de ©acasaa
duraçíio,
O governo constituído nâo abriu mao do lem«, para nlio
naufragar em alírttm eacolbo, mas apparentou deixar o navio
fluctuar á m«rcê das ondaa. Foram o* repablicano*, oa adeptos
das doutrini? democráticas pelo meims, que invent*iriim de facto
o Império. Foi Ledo quem redií^lu, fe^ imprimia e hffixou a
proclamação de 21 de setembro, au^^^erindo a acdamaçà >». Poi
Joaé Clemente Pereira quem expediu, em nome da Bua ^^amara,
emissários ás outras muuicipalidadea para adberirem a idci que,
adoptada na penumbra de umn. loja maçónica à qual jicftencia
Dom Pedro, trazia em si uma satiaíacçfto vibrante do aiiior pró-
prio uacioii'il e a promessa de demonstra çÒL^a positivas da mu-
Difíceucia imperial.
O príncipe relutou, para saívar aa apparencias. José Bo-
nifácio fingiu desioteressar-ÊPi da forma e sú íaxer quetitíio do
fundo, mer>j^ulhando na passividade para pf^nnittir a actividade
aos agitadores profisBiouaea i estPB murc!baram para a frente e a
pro ci ssâo AC om pau bo u-o s ,
Todos, aliáa, acbaram no cortejo o aeu íogar: só o corpo
diplomático eatranj^eiro, de que tinham permasincido una restos
na debandada da corte de Dom Joai» ^1, com attributf;ÕH4 Antea
conanlarea, ficou desnorteado, ?í'm Vn^m saber que atiitnde Ibe
cumpria, ou melhor, aem ousar definir precisamente suíi attitude.
Naturalmente refutriaram-Be, aqnelieí; dente o corpo que re-
vestiam caracter diplomático^ no nbaten(;jfto, que ú um recurso
sempre aberto aot* agentes iuteruRcionaes.
O e n carrega d ► de negócios da Áustria, um baríío MareacLal,
que era muito intelligeute e ciija situaçílo maia delicada sh fazia
e mais perplexo o tornava pelo fncto de awr a nova imperatriz
uma arcbidoqueza da HnhafLcm doa Hnbsburgoa, inventnu uma
deaaas doeoçaa que ào denominam díjilomaticaa— antonouia ia de
fingidas^para desculpar-ae de nào ir ao Pago no dia 12 de
— 4*24 —
©■Qtubro— anniveraflrío da Dom Pedro e no mesmo tempo datA
CEcnlbida jiflra a acclamaçâo imperial — e rogar ao rcti coUwga
de Frauça, d«, na sua qualidade de «pnmud inter pares*, apre-
leáCur por elle aa desculpas e as cotigratulaçdes.
O de França, cjtte nào (>e ceava por tolo, rf spondeu-lhe muito
francameute que iilui comparece na na corte âuiDiuetifie, por mo-
tivo dflS alterações ahi sobrevindas, sem novaa infitrucçõf» do
sen governo, e que, portanto, reduzido a zero em vez de um,
não lhe era licito \iÒT deante dos olbo^ <de Suas Altf*zas> o
«trtstt^* boletim do saúde do amigo* Os cônsules de Inglaterra
e da Rússia -que aiuda eram Chamberlain e Langsdorflf— despi*
dos como auduviini de caracter diplomático, ni^o tinham egual
motivo para duvidas e subterfúgio?, e nào pensaram sequer em
auaentar-ge.
Uma prova, entretanto, iodiscutivel de que José Bouifaeío
nào abandonara de facto o timfto ati» represeittantesi munícipae»
on populares, está em que po?^ embargas a unm maaitestíiçfto
poli rica qutí se projectava simultânea com o oârtrecirnetito dã
coroa, e que consistia em obter do soberano — impor-lbe aeria
maiA t.iXHCtan] 'nte o termo — a sua prévia f-ancçào da ConHtitniçào
que veiise a ser elaborada pi? la aa&emblt^ã iegiblativa adrede
convocada.
T«lle« da Silva, o futuro marqu^z de Rezende, foi quetQ
deu parte a Maler do deaignio, que era o dw J^isé Clemeiite ô
seus amiiros, e do furor de Jobc B nifacio au ouvir faUr «-m tal,
O plauo, coiiitiidOf ii&o vingoa na reunião publica do Senado da
Camará a 10 de outubro, da qual a acta publicada í<krnece uma
noção iuipprftíita, t? por isso ae tran&mudou em jubilo a cólera
do miiiietro^ que o agente francês nesí^a occa&iào dt^screvia i^reso
de lima grande exaltação parnotica que buscava vasào numa
extrema volubilidade de lii^gua.
Nào obatou em todo casi* o recuo da Municipalidade que no
tbeatri', onde o espectáculo do palcu era nmnoft latereisante e
menog dramático que o da sala, e no largo dif Rocio, scena dos
motitiii e ítlgflzarras, o povo, desafiando a chuvíi torrencial qne
caia, mihturaBge com ^eus brados festivoB e siDceroe pm honra
do joven imperante, frequentes e enthusia&ticos vivas á Consti«
taiçAo liberftl do Brasil.
Na verdade, se todos num momeoto dado acciamavam e
appiaudiiui o Império, eada qual pretendia que o imperador fo98«
a seu g-^ito. A lua de mel foi por isso curta entre conserva-
dores e demíigògoi, se é que estas deiiignaçõos correspondem
fielmente, uma feos qoe professavam peta «utorídade um respeita
maÍK decididoj e outra aos que antepunham áa regalias soberana»
o fervnr pekí? franquias populares, uas* suas illmòes appellidando
O Imtterador o primeiro democrata do Império e a^ontaodoHii
mui til erra d** mente de certo » como prest*»» a converter-ae. se tal
fos&e a vontade gera), num simples c ida d An da Republica Brasileira.
— 425 ™
^^P Mercê dessa ironia t^o coidtdqui na historia^ as cireumatan-^
^^ eias levaram o minUtro conservador de 18á2 a affectar em 1833
modos de demagogo, sendo envolto nos snccesaos que assig^na*
taram a dissolução violenta da Constttninte — elle qile pessoalmente
tinha o orgnlho nào sé das tradições intelJectuaes de aftcendentei
proxjoins, ma^ também da fidalguia da sna linhagem, qud «a-
irODcava em casae noWes do Reino; e cnja« JtLclinaç5ei iam pa»
vma Constituiçào pautada pela Carta francesa, ua qual se alen-
tasse o podt^r ^em se sacrificarem as liberdades.
No seu espirito met^mo travavam luta, para se ajastarem
notna fórmula escereotjpada a Bi^njamin Constante a jnriapru^
dência severa do antigo desembargador da Relaçô^ do Porto,
educado na tradic&o coimbran, e o philosophifi^mo do discípulo
dia reformas de Koui^sberg, o estudioso do criti cismo raciona-
lilta de Kant^ do idealismo transcendental de Fichte e do me-*
tapbysifitno ag^udo de Sehellin^.
Aquella aspiração de conciliação^ politica continuou do pé
depois ri elle, e não é eeu menor título á nossa consideraçA,o o
baver no momento necessário refreado a desordem nas ruas, assim
como opportunaraenttí contivera a desordem nfls espiritosj quando
etta ultima podia ter acarretado, e acarretaria fatalmente a de-
composição desta nossa nacionalidade que não lograriftf fragmen-
tada, cumprir o destino que lhe anda certamente reservado, d©
que José Bonifácio expressou a confiança em versos que se acham
recordados em bronze no pedestal do monumento no Rio do
descobridor do Brasil, e a que o nos<o eminente representante
aa Conferencia da Haya, o «r. Ruy Barbosa, começou a emprestar
realidade perante todo o mundo civilizado nas suas admiráveis
orações e propostas vasadas nas formas de bronze do Direito e
da Jnsiiça.
M. DiE Olevhira Lima.
Os machados de pedm dos Índios do Brasil c o seu
emprego nas derrubadas de mato
PELO PROF. DR, HERMANN VON IHERING
ih mnchadoa de jiedrA empregados pelos dobsos aborígenes,
de conformidad<^ eom o uso tx q^ue se dct^tinavain e também con-
forme o material d« que sào fntoa ft a tribu a que pêrtencenim,
variam Tnuito em stias dimensões, it^irmn e petio e ainda em eeu
encabamcnto. Sein nos oceiji|iíirm09 dflquelleii typos de macbados
qne se destinam^ a fins diverE^oa do que boje temoa em vista
estudar, como spjam oa eciprejiradoa era occa^ities cerimoniaea ou.
aquellfs que, por dtMnaisi pequenof, evidentemente substituem em
»eu em)írefí-o o* no&aos uten^rilins de lamina pequena, como ou
cauiveies, taquinbas, etc, só querftmoB verificar aqui o empreg-ô
e matiejo daqu^Ues mschadoB de pedra de que b6 utili^aviim or
Índios para eortar madeira crosta, devrwbar troucoa de arvores
possantes o, em capetial, os com que preparavam m 8«a& roçan
partuo plantio de ve<^etaes que Ibea forneciam bõa parle de ââa
alimento.
Para o e&tudo do em]n'eiro que os índios faziam desses &eui
utenailioã primitivos jiodemos basoar-1103 em variada documentação,
como sejam em parte a evidencia resultante da exame critico
dos próprios raacbadoa, as informações que encontramos na lite-
ratura aiiti|^a e moderna e, emfím, o que ainda hoje Be pode
observar, o manejo que ainda em noa&ns dias ellea têm entre as
tribus de selvicolná, entre os quaes ainda o uiacbado de aço nâo
substituiu por completo o qne outrora era empregado eicluaiva-
mentií jjor todos oa nosscs indios.
Ne»te ultimo csho estavam ainda 0^ Bacaíría das mnr£;-eQS
do rio Xin-iTÚ, (I) quando os visitou o Dr. Karl von deu Sfeinen
em 1884 e que em sua memoria diz (p. IGO) que aú com seus
macLadoi de pedra encravados era caboá de madeira, conaeg^uem
derrubar arvorei e {^reparar postes ,' alem disto só ossos, dentei
de flnimaes e condias Ibtsa servem de matrnmentos auxiliares*
{'2) Dr, Zt ferino Cândido, Quarto Centenitrio úo DeMcobrímeotâ dõ BrulU !D^I900.
— 427 —
Para citannos alguns dos trecLos mais ínlere^Baiites da lite-
ratura antipa, referente a esu qneatfto, traTis€rev**mos o trecho
da carta de Pêro Vaz Citramha (2) em que et Ir narra a curiosidade
dos sei vi colas em verem oa cnrjiinleírDS prepnrarem os madeiro»
com que deviam levantar a criiss : «porque ellei nâo têm consa,
« que de ferro ftefa. e corta ai sua madeira e paus com pedras
« feitas como cunhas, metttdas em um pau, entre duas talas mai
a bem AtadaSf e por tal maneira que atidam fortes..-»
TamHem ilans Staden (3) cm vários pontos de bua interes-
sai! tissima narração refere-íÇ a esees machados que descreve como:
< uma espécie de {ledm preta azulada^ que elles preparam como
« nma cunha- «- das quaes algumas ^uo maiores, outras menores.
« Tomam depois um páa lino que dobram ao redor da pfdra e
« amarram com fibras de embira...» (p, 129) «Nos lupirca onde ellea
« querem plantar, coitam primeiro aa ar vort^s e deixam-nes seccar
c durante um a três me^es. Depois deitam -lhes fo^^o...» (p. 130),
Egual mente snggegtivo ê o treclio qtie transcrevemos do artigo
infelizmente anonymo da Jíemaia do Instituto Ilisiariúo do Kio
de Janeiro, masque, Cf»mo se o vi^ á pg'. 306 do mesmo eacrijitOj
data do anoo de 1584: abi di^s o pequeTio capitulo que trata
«dáS ferramentas de que usavam», ^ lt> Antes de ttirem co-
nhecimento dos Portuguezss UFavam de ferramentas de pedra,
osso, pau, cannap, df^nte* do animaes etc, e com estas derrubavam
g^randes matos com cunhas de pedra, ajudando-se do fní^o^ e
assim metmo cascavam a terra com uns paus ap^udoa e faziam
suas metaras, contai de bu/io-i, arcos o flechas tâo bem feitos
como agora í assem, tendo instrumentos de ferro, porém p-íistavam
muito tempo em fazer qualquer cousa; pelo que estimam muitn o
ferro pela facilidíido quo sentem em fazer sua a cou^a^ cora ©llSi
e esta é a razào porque folg"am com a comniunicarrwj dos brancos.
Queremoa ainda dar aqui, pela sua curiosidade, otrecho em que
ao nosso assumpto se refere o padre J. Gumilln (4) que trata
largamente do$ costumes dos Índios do Orinoco. Dr/* ©He (p, 2tU) ;
< A primeira vrz que estive com es gentios, pensei que pela sua
« rudeifi, seria forte ar;íumento, para agí^regal-os a melhor sitio,
< ponderar-lbes que allí não tinham ferramentas com que roçar,
«limpar íi terra e derrubar as arvores; mas nào se deu tal,
« porque^ tomando de seus machados de pedra de dois gumes e
€ empatando-os no meio em garroie^ proporcionados, rewjionde"
« ram-me que com as macdncut (que ^M suas espadas de madeira
< rija) quebravam os pequenos arbustos» e com aquelie^ machados
« cortavam os troncos verdes, e as mulheres iam queimando os
< paus seccos, Perí*:untei i^uanto tempo i^astavam em cortar uma
€ daquellas arvores? E respondera m-niei que duas luas; ieto é,
i^\ Jlant SíadMn. Sunn TÍjig9itt • (supitTelro cntrfl Dl ielTA|;?iii do BnuU. Edl^iú
CõUnitriiiorjilJirA do U' Cenieoiirta 4 A LAefl^ePi BAo F»ulo. 1000. p. 1^0 e l.ío etc,
^^'^ P*(Lre Jo§tuk Gurníila, Kl OrLpQcp ntiisl3'iidcib Historia DMorâl» civil «te, 4q
eite irfAiQ Rio. Jindild, 174^, Tomo ][.
— 498 —
* dris mezes, (cousa que com um machado commum b6 Í»% em
c uma kora). Par teto eu diesora que nâo podia comprehender
« como seu trabalho tfto !ento lhe a podia dar fructo suflicieiite pam
< satisfazer sua singular voracidade. Perguntei aiuda : Gamo
€ OU com que preparam leus machados de pedra tào dura ? E
« respoudei-am-me que eom outras pedras quebravam a estas ; e
< depotSf á for<;A de amola) -as em pedras maia brandas, e com á
« ajuda de a«:ua, lhes davam a forma e davam o fio aos ^umaa .
« JámAÍâ vi Hsta manobra; creio, porém, que só a custo de moito
c tempo o conseguem: occupa^ao própria fiara crente ociosa».
Qtia^i t<ido3 os nossos indio& faziam roças, Í8to é, derrubavam
o mato em lug^ar apropriado^ para net^tafi clareiras plantarem
milhn, fi*ijâo, mandioca, algodão etc. ; al^nns auctores antigos
mRi^iíio, tae? como Ulrich Sch*niedel, tios dizem que essas roças
eram ])or vezes extensas e fartas. Setuprej porém, estas infor—
maçòps hko lacónicas e nflo se expandem sobre o modo porqud
se utilis^Avam os indins dos seus machados, o emprego que davam
aos de tamanho diverso d de differeote encastoamento.
Em gftral Hmítam-se a dizer que delles se utilizavam coeoo
nós dos nossos machados de aço.
Entretanto bem podemos imaginar que e»ses machados de
psdra, se*nindo as suaa dímensoei, íhes eerviam tanto para derru-
bar arvores, como para o p eparo de aeua arcos, flt*cha8 e mais
utensilioB e mesmo quo os de dimensões maiores lhes serviam de
enxadas para cavocarem a terra.
Ainda ha pouco o ar. dr. R, A, Goeldi se externou a este
respeito em Ufoa conferencia (5) que fea perante o XIV Gou^
gresso dns ámerícaaistas, Umentando esia carência de informa-»
çõas; conclue. porôm, o raeamti scieniista que, segundo O que
ouviu dizer do» Índios do Alto Amazonas, estes to ^ú utilizam
dos setifi machados de pedra como instrumento com que amaçana
r>B troncos das arvores, depois de tel-os carbonizado e que. depois
de ter eliminado com o machado a porçào carbonizada, de novo
che^ram-lb^ o fo^o Debite modo, taes machados n&o funcctouariam
como instrumentos cortantes, mas sd com o emprego alteroativo
do machado e do fogo conseguiriam derrubar os troncos de ar--
yores de que se quiiseasem utilizar ou que pretendessem eliminar.
Não me pareceu plausivel {generalizar tal emprego do ma-
chado para t^^das as eventualídadeii} mesmo porque assim só em
easos relativamente diminutos o machado de pedra prestaria boas
serviços e sempre seria mutto penoso qualquer serviço, mormente
em se tratando de cortar arvores ainda verdes Além disto, ba-
ieavam-«re taes affirm«çòes, relativas a suppoatos costumes de
Índios do Alto Amazonas, em informações va^as e talvez iticertaa.
Mas lembrt^^i-me Io;í;o, o melhor melo de sesabirdo terreno
das conjecturas, suppo^^çôes e carência de provas, seria o de jxjr
(tb Dr^ E Â. Ootidi Vihw doD QebrHoeb dei fitanUot be>l )«Ut 1«b«a4átt Indl»'
oerD Badiimeiiciu. apecIsU Aitiuoiiieiíi^ XiV ÃineiikAoliteii^Kaiif^rMi 13^^, p. I4l-i4l,
- 429 —
A cjueelAo a limpo pela experícDcia, que afiliai no& viria a euBi-
nat- o quanto se |,óde conge^uir eom o rude maL-hado de pedra,
matiUi^atido-se*o como o teriam oã seus fâbricadoreâ, Propuz-me
eotâo fumr uma i^i:;>ada com o auxilio único dâ machadoe de
pedra e para tal fim eecolhL entre 03 diversi^s typos rejíreBea-i-
tadõs nas collecções do Museu Paulista síjí» d© tamanho e forma
diverso», que me pareciam maiB apropriado» Serviram- me de
modelo para o encastoamento doi machados dous eiemplarea en-
çabadps, da antiga collecçào do Museu, de proveDÍeueia incerta
e um outro que ha pouco obtive do Paraguai, proveniente dof
índios 6uaiaquÍH< Observo, entretanto, qne já actualmente taea
machados dos Gnaiaquís, quer do Mato Grosso, quer do Para-
guai, sfto bastante rarotj visto como o incansável colleccíonador
italiano^ sr, Bog^iani em suas repetidas viagens procmou obter
tudo que eocontrassp, de u>odo que só com custo pudemos adriairir
ainda um exemplar para o nosso Mu^eu, Mandei poig pn^parar-me
alguns machados, eocastoando-os secundo aquelle typo e obtendo
assim os exemplares figurados (Bgè. I, 2 e 3).
Dirip-me pois a um sitio apropriado, para ahi crear a minha
«roça prehistofiea» Ãcompanhavam-me dons auxiliares, c sn
Emí-st* Garbej na tu ralis ta- viajante do Musnu Paulista e o sr,
Mathias Wacket, colleccionador do Alto da Serra, que com toda
dedicarão me auxiliaram nc^te ensaio e a cuja perseverança devo
em bõa parte o completo êxito alcançado.
Basta diíier que nào houve meios para convencer trabalha-
dores, ienhadores de profiasão, a que se sujeitassem a psísb tra-
balho, que consideravam por demais maf^sante e, talvpyt, ind+gno
de sua profisitâo O Itt^ar escolhido lok uma mata próxima á
Caixa d'Agua da Estação do Alto da Serra, onde eEí]iesha floresta
de bfillaB arvores cobr^ o espi^íâo daquellaa pittorescas serranias,
Dnrante o trabalho foi que se verificou que n&o pao os
machados de dimensões maiores— de ca. 30 cent. de comprimento
■^que sorvem para tal fim, visto como são muito pesadois e de
manejo dífficil» principalmente em sentido horizontal ; também os
machados [>equenos, de ca. 8X^ cent. (peso de 240 gr.) não sâo
apropriados, pois que íbu trabalho n&o rende.
Os melhores typos são os de 10 X ^ cent, ou pouco mais
e de uma grossura de B,5 cent, e peso de ca. 500 grs.
Também a força a empregar foi preciso ir tenteando; vi-
brando-se o golpe com muita for^a o effeito ó ne^íativo, visto
ccmo assim íacilmente se quebra o cabo ou % própria pedra.
Com pequenos golpps vae-ae dando talho por talho, que sempre
fãz o gume eneravai'-se na madeii^ e, uma vez obtida a neces*
saria pratica, mesmo os cavaeos saltam lon^^e, abrindo* sn cada
vez maior brecha na madeira. Naturalmente o corte n^o pode
ser de talho tAo Hso, como o obtém o machado de aço e também a
cinta qne se deve talhar em redor do tronco precisa ser de ang^ulo
maii aberto do que em trabalho análogo com o machado de aço.
r
^ 4âO —
Mas— bem o demonstram as nossas experiencixia- — o trabnlbo
íi^ú é thú árduo que ge dev& dizer que o índio não o executasse
e quanto d quentão do tempo, eate uão lho é t&o precioso como
nós o teoioa em contJi. Tratu-sei além disso, de serviço a
elles impreacindiveis, como o preparo de suas roças e pouco ee
]he& dará ^rastarem nisto a]|^um ttímpo & mais.
Em noÈsa experiência, realizada no Alto da Serra, o resul-
tado cbtido joi o seguinte, 0^ meu<dous auxiliares em pregfiritm
somente três dias de trabalho para fazer uma clareira de 15x7
metroã, isto é 105 '"' quadrados c.m meio He uma mata cerrada,
onde abtitidavam os troncos de arvori»» pnr ve^ies de 30 ceot. de
diâmetro e de inadeirda resistentes, de lei» Umas de^^sas arvores
da quAÍtdade chamada Tiuna n^uito dura, também dita de lei,
media 25 '"' de attura e o tronco tinha 30 cent. de diâmetro na
altura em que íoi cortado, a 5U cent. acima do chào. Pois easa
peça (^*^, i) comprobatória do valor do macbadu dos nossos Índios
n&o reiiãtia aiaào 4 honu ao paciente trabalho do sr. Uarbe.
Para confrontar eate resultado com o que obtém o lenhador cora
o seu machado de aço, fizemos urn caipira cortar o mesmo tronco
um pouco acima e sempre foi preciBO o esforço de meia hora, para
que e^ual serviço fosse executado; mandando ainda tima vez
torar o tronco, desta ve» cora serra puchada por dons traba-
lhadores, elles í^^astarnra 9 minutos para conseguil-o.
Eu me&mo projma-nie cortar uma CantUa de 12™. de altu-
ra, cují» tronco media 12 cent, da diâmetro. A madeira era dura»
mas o machadinho tirava-lliR labcas que uma após outra cediam
aos golpes e ao fim de *23 minutos tombava, tendo eu cortado
mais de dons terços do tronco. Como porem a arvore cabisse
sobre outra, vÍ7Jnha, a parte central do cerne uão ponde quebrar
toda, nera a arvore cabir ao chão. Estava, porem, veucida a sua
resistência. Achei, entretanto, interessante conservar a peça
neste estado (6^^. (i), no momento em que ja nâo ofterece reaig-
tencía ao próprio pes-o da cópn^
Tinhamoç, pois, eoncluido o serviço neceisario para ter uma
roça preparada para o plantio; pelo menos no que diz respeito
ao trabalho a executar-se com o machado, pois de resto bastava
deixar seccar o mato derrubado e queimal-o em época oppor-
tuna, para já se poder plantar algum pouquinho de milho ou
mandioca^
i^uanto ao machadínho (fi^> 3), com que se fezqims! todo
este serviço, não era elle dos mais l>em afiados da cotlecçfto,
mas de um dinrito escuro snmmamento resistente, tanto que nAo
apresenta nenhum signal de quebradura ou deute^ salvo os doui
que já anteriormente tinha.
Experimentou-se depois cortar madeira secca com os mesmos
machados ; mas tal nfto tbi possível. O machado quasi que nào
conseji^-uo encravar-se na lenha, que apenas se comprimia cad&
vez maii, em consequência dos golpes que rebatiam. Durante
— 431 —
a roçada foi preclâo derrubar também uma aivore quafii Bccca
de poucA p^rosiura e ue&sa peça ^astou-*e o dufJr» ou quasi o
triplo do tempo que. se teria em] "reinado para derrubar egiml
trofico ainda verde. E' que falta a Beiva ao tronto e pois o tra-
balho Be torna muitipsimo maia penoso.
Jul^''o poÍ9 conclusiva» ç^tan minhds observações e pspeciíil-
mente a eiperíencin (6) jmsta em pratica^ Nunca o indjo que
quíseBBe trabalhar dej^resga terá eiti [trepado alternativamente o
o fuço e o machado para derrubar nrn tronco no mato, pois o
fogo ío^o acabaria e, receando a madeira, só tornaria maifi árduo
o lervlço. Bera o mostram as peças que apresento como docu-
mento e o tempo que indiquei que fora í^asto para derrubar
a&Bas arvores, que nèo é tAo exceasiv^ameute loni^^^o o trabalho
que Be tem para cortai- a cíijn o machado de pedra.
Álím diito é preciso levar em confiidera<^So que o indso, que
qaizeBBe ahrír uma roça no mato, escolheria cuidadosamente o
lug'ar que melhor te prestaíse e entre bb eondiçOes primeiras
certamente íignrava a de que não deveria haver nease mato
muit^B troncos grossos a derrubar. Si, entretanto, não pudesse
evitar que ahi houveFse uma ou outra arvore do respeitável
í^rossura, a qual para derrubar lho custaria muitos diaa de tra-
balho, elle naturnlmente lançava máo do mesmo recurso que
ainda hoje empregam nossos roceiros, isto e, descascai- a-ia a
certa altura, queimando-a ainda um tanto para matar a arvore
qne já uào daria multa sombra prejudicial á plnntaç&o.
Como já observei ha pouco, ha variados typos de machados
de pedra, que nem todoa se prestam para derrubar arvores,
Taes tho os muito pesados, com os ijune ^o se pude dar golpes
verticaes; outros tão muito pequenos e «eriam destinados a Berviçofi
menos rudes.
x\a snns canoas certamente todos as fjiziam, como também oa
pilòea, com auxilio do fogo (7) ou, antd?, d% br^í^a, que ans poucos
iria carcomendo o lenho, — systema este também ainda hoje bas-
tante em voga entre ob nossos moradores do interior do paii.
(fl) Pêlo qiíe iHo no liífo de M. Hocroés, Del Unfepchlchle áea iian^ch^n —hf\çz\ç
}rQ2, p. 247"Cem'«ei feito cxperífjiciap itcite tentEdo tní Earrtpa. porém tinm mn,iÍL'lriis a
tt«cbMdoi do tnat*riAl d í Terno* "Hche#tefl o a Diu* to arca tratmlhoo factlmcDiQ a ra»^alra
vom «DxlUo de inHiiaiaentaii ii$ pe^(3.«meir», iterrntiniidíj' em tir«vtí tempo tr<ínk:os de pU
■lielitii, etc. Contej^ufu. iiie»ino. fnzer ctn itritip^ ralíitivaaiÊ^nta cimú todo ú aervl^o
4« c*rpinteÍTO nEçci^aTío P^rn nçubae ttpm ppqgínn cn^nhn on r»iicli'j", Neíue «m»,
porÊm. n niAdeEn^ crji do qu.-ilidiid^ muito m&ié mi^Uâ do que em geril o kAo At ddmm
e tombem t* jmfiterlAl de que ern feito ú hibchido é multo »apcr!or iMr> nov^ni.
("j A Cite inr-íTnO respeUú podemos nimí» cltflr um trecho do p" 4. (Jumflla {El
Orinoco illDitrnúo etc. loc. cft p. lirii^ -Flntre ^& nac^ef. úlz elle, ouúâ jii ha miátlD'
nnHo» ou niLt qnú Aio Qcim ctuito disuntes^ aitm húje rerrAmenUia apropMndHii pkrao
tervlço; poreoi em (odú «• iifeç4^«s em ger»l. antc« qne chef^uiem oé BeapHDhúe» e fsntre
u BDita« ODde Até af^or» nAo cbegHr»m, oi Índios fubrlcbisi snit íintiaâ, auiiii tambom
i: iQA» emljArcactei ti^mcnto oom o igitillo do Jogo, « Hn ngoa- h custji Aty mnilo tempo
i de ama pn^lixldiule Incrlvei, Cam o fogo ftopmiido lu braiit^ exi:;a%'am Ji« madelru^
{^Atuindo o QQO á DccefliArlot a com a a^u«, que «êm^ra aatái mito, apat"'^^ ° ^^^^ ^^^^
qoa oâo «6 tfA$te mali do que é mi^i^r. NAo hi^ lofTrE mento n^m piicleocin que bniKtem
ne«mo para t«1 oi trabo^lbar tAo radcmente g qoiul o a eu trabalho creíce com o pmko
liDKeliÉlve] com (jae crescem aa borras do cimpO;^ v«£»r todo proporclúDiído i inoata prç-
ral^a do* iadioa.v
— 432 —
Explicação das figuras
Fig. 1, 2 e 3— Machados de pedra, encastoados segundo
modelo original dos indios Goaiaquis; com o machado fig. 3
foi feito a maior parte da derrubada do mato.
Fig. 4, 5 e 6— Troncos de arvores cortados unicamente
com auxilio dos machados de pedra aqui figurados. O tronco
fig. 4 («tiúna» de 30 cent. de diâmetro) foi derrubado pelo
sr. E. Garbe em 4 horas; o outro, fig. 5 (ccanella» de 12
cent. de diâmetro) foi cortado pelo dr. H. von Ihering em 23
minutos .
Fig 7— Vista da mata, no Alto da Serra, com a roça
preparada com machados de pedra; á direita vê-se o sr. dr.
H . von Ihering com os seus auxiliares, juntos a um tronco que
derrubaram .
PlG, 4
V
,u r *
,4 i
íC^.
1
"QUERO-JA"
(22 DE JULHO DE 1840)
Guarda a tradição a notícia de pbraseí on palavras pro-
nunciada» por individnos de valor em importantes e solemnes
occ&siõefl.
De algumas a critica histórica tem rejeitado a aatlientici-
dade, deportando-aa para 09 dominios da lenda.
Sobe, pf>rèm, de ponto o interessa quaudo o individuo, a
quem sILo attri buídas tae^ palavras nega târmio ante mente bayel-aa
pronunciado durante a vida.
Neste seguado caso, me lembro do muito conbecido^
fQuero-já» — que aos nossoâ historiadorea tem servido de syn-
these aos acontecimentos precedentea á declara^jão da maioridade
do imperador d. Pedro II,
Como bem sabido é, graçaa a uma revolução meio parla-
mentar, meio popular, e auxiliada pelaa claaaeíi armada», o joven
imperante, contra a letra expresaa da Guuâtítuição^ tomou, aoa
14 annos de edade, o leme do governo e preetoa o competente
juramento, no Paço do Senado^ no dia 23 de Julho de 1840, na
presença de 33 ietiadorea e 84 deputadoB alli reunidas em A$eem-
tléa Geral.
Sobre a maioridade, além dos jomaea do tempo e de um.
folheto impres&o na typojn^aphia do DeJipêrtadur^ já escreveram
proácien te mente Pereira da iSilvat Moreira de Azevedo^ Theophilo
Ottoni e o venerando &r. conselheiro Triãtào de Alencar Ãraripe
e o meu antig-o condi»cipulo o illu^tre Joaquim Nabnco.
Para o que vou estudar basta o seguinte: o partido liberal
moderado occupou o poder de 1831 a ISST* Em 35 foi eleito
Kegente o padre Diogo António Feijó, em virtude do Acto
AddicionaL Em 19 de letembro de 37 Frijó re&igna o poder, E*
chamado para eubstituíl-o o ministro do império Pfidro de Araújo
Lima, que exerci interinamente a Kegencia até ser eleito para
o precitado carg-o, cuja effeetivídade devia terminar em maio
de I842f sendo provável fosse reeleito até a maioridade de d,
Pedro, a qual só se devia realizar em 2 de dezembro de 1843.
Os liberaes íóra do poder não se contentaram com a sua
•orte de verdadeiro ostraciamo. Haviam falhado varieis planos
para derrubar os adversários. Assentaram no ^-rojecto de pro-»
clamar o menino imperador que entraria no exercicio do poder
eom Bupprixnento de e-dade.
— 438 —
Era promotor dessa ídéa o fenridor Joié Mártmíano de
A1eDcai% ú imperteiTito lihernl do todos os tempos. Foi fundado o
Club Marionâtfí, cujos estatutos formuíados por Alencar tiveram
Uk approvaçâo d^ vários ami^^os politicou, tíiefa como os deputados
Autooio Cario?, Martitn Francisco, Peiínto de Alencar e oa sena-
dores Coata Ferreira, llollatida Cavaícaoti o Paula CavaicaiUu
As reunities da socitídade realijíaram-so em t*asa do &eiiador
Alencar, á rua do Conde, no prcdio em que mais tarde residiu
o Vipcoiide do Uio Branco.
Trea coisaa ])rocuraram obter os maioristas, cujo numero foi
progressivamente crescendo: acq^uiescencia de dom Pedro, voiaçaa
das camarás, e, principal ment**, apoio popular.
O primeiro iutento foi facilmente satisfeito. Deu-se prin-
cipio á conf|UÍsta d© votos no parhnieuto, e foi creada a g-azetn
MaioriNíat que, do par com o D&ipertador, defendiam e advo-
ga vani a causa da maioridada .
Depois de varias peripécias, o Club i-eBolve apresentar o
projecto m dia 13 de maio, sendo uo Senado eaeftrregado desta
mifisSo Hol lauda Cavalcanti. Os amij^os do Keg:entfl buscam,
por todos os modos, contrariar as intenções doã maioristas.
Para retardar a medií^a proposta por e&teá, apresentam na
Camará um projecto de refiirma constitucional, que £Ó poderia
ser efTectuada com demnsiada demora.
Cabe no Seuado o projecto dos maioristasi, por 18 votoi
contra 16,
Alencar e seus amigos nâo desanimam e abraçam novo plano
do reali:£ar seuf^ desejos. Escolhem para arena de combata a
Camará dos Deputados, sendo apresentante de uru novo projecto
o deputado Alvares Machado.
Já pír esse tempo eram eloquentes as manifesta^ções popu-
lares em prol da maioridade^ e os maioristas haviam conquisUidc»
o apoio de amí*:-os do g-overoo, entre elles José Clemente Pereira,
Depois de varias peri])eciaB politicas, em 21 de julho An-
tónio Carlos apresentou n» Camará um projecto declarando o
imperador maior de&de já, cuja discUBaão foi approvada.
Era quasi certa a victoria dos maiorjãtas. Os amti^os do
governo deliberam o adiriTiiriito do corpo leg-islativo. E' cha-
mado para ministro do império Bernardo Pereira de Vasco wce lios,
que immediatamente lavra o denreto de adiamento^ que é lido
no dia seguinte no meio de graúdo confuBáo e tumulto.
Levanta- se António Carlos © grita — qui.m for brasileiro siga
commt<;^o para o Senado, O illustre parlamentar é acompanhado
por todos oi seus amigos políticos e por uma multidáo de maia
de 3.000 pesBÚaSj que invadem o recinto das aessôes.
No trajecto fão os maiorísta^^ saudados pelos moradores daa
casas, que afHuiam ás janellas dandoj os homens enthusíasticoâ
vivaB á maioridade, e as senhoras aditando os lenços em sigaal
de appiauacs e approvaçâo.
— 4S0 —
Na Camíira Yííalicia, senadores e deputados deliberam em
coratnum. Declaram-se em sesaíio permanente e resolvem enviar
uma eoromiÉSfto ao ^^alaeia da Bô& Vista.
Os da commismo voltam com a noticia de que o Imperador
— quf^ria /tí^acceilar o governo^ tendo ordenado ao rep^ente que
Ttragamt o decreto do adiamento da Ãtsembléa Geral e a convo-
casBu para o dia seguinte. António Carlos lè a representação que
dirigira ao joven mí>narclia o Liatoría os factos passados em Pa-
lácio. Oiuitto diverfas circurnstanciaii, bastando dizer que no dia
BCgniutí*, pcif entre um concurso de mais de 8.0O0 pessoas, d.
Fedro n comparecia no Senado e ahi jireatava o juramento no
m^io do maior enthusiasmo por parte do povo, que com vivas
D acclamava.
Entretãiíto, d. Pedro II, por mais de uma vex, negou a con-
nivencia cem os membros do Club Maioria ta, e a que é mais,
asseverou nunca ter proferido o qutro jtl
Quem eitte ultimo fa^to narra é o dr. Moreira de Azeve-
do, em uma nota de eena trabalhoa históricos, dizendí que ouviu
a negativa com outras testemunhas na so^são do InÊtituto Histó-
rico de 3 de jullio de ISGii. De factOf recorrendo m actas
respectiva*, võ-se que ueese dia o dr. Felizardo Pinheiro de
Campos lera naquelja associação um trabalho — Bonqucjo da
actual reinado desde a decJaraçõo da Maioridadt*
Em 1667, Tito Franco de Almeida publicou a Biographia
de Francisco José Furtado, iltustre maranhense e illnstre chefe
do partido liberal. A pag. 13, tratando da maioridado, escreveu
Franco de Almeida o sef^uinte : «a maioridade perante o direito
foi um crime constitueional do qual o Imperador participou e ao
qual a naçAo annuiu* No arTebatamento de suas boas intençoefl,
nào coniprehen deram teus íiíUtorcs toda a ^^rande^a do perigo á
custa de profunda ferida na Arca Banta da soberania, indepen-
dência e Uberdade nacional». Em um exemplar da referida
bitij^rapbia, pertencente ao Imperador, escreveu elle a lupis a
seguinte nota: *Eu n&o tive arrebatamento. Si nào foste acon-
selhado por diversa* pessoas que me cercavam, eu teria dito que
iLã.0 queria 1.
A letra da nota a lápis foi reconhecida como authezitica
pelos firs, Marquez de Paranaírun, Visconde d© Ouro Preto, Ba-
rão Homem de Mello e conselheiros Olegário e Corrêa. O livro
pertence hoje á Bibliotheca do Instituto lliãtorico e pode ser
visto com facilidade.
Quando no seio do Instituto o conselheiro Araripo lia a sua
importante memoria sobre a niíiioiidade e asseverava: •Cora
efíeito, pessoa familiar do Imperador revelou-lhe a exiiitt^ncia do
planta e provocou uma declaraçlio de sua parte. A pe^sia acima
commÍÉSÍonadft nào »© demorou em animuciar que o Iirperador
BS.O hesitava em manifestar <que queria a maioridade, e desejava
que ella fosse realizada^ estijxsando niuito quo a id(5a partisse
— 410 —
á&f ÃTidríirJaà (* íenf atnÍ|ros», o Itnperadíir observf-Ti não íer
exactA a cii\íUni-taDcia Ahi referida, e, fíudA a leitura, iií$9e qme
Be nâo recf>rdava de ter eido jamais jirovocado por peaaoa algu-
ma do Paço jiara eimnci^ir-^e acerca da projectada declaração da
maionrJAde.
O »r. coTiiFlhBirn Ãraripe, rom a independencta que lhe é
própria, refl ^tionou que fluasi asserçdes aram fundadas nas e ctas
áo Club àiaiortsia, Kate incidente deu log-ar a uma extensa nota
que «e lô á pâpf 209 do totno 44 da Hevbta do Itistituto Hii-
torico— Harre IT— 1882 Ainda por e^ta nota se vê quo o Im-
perador indi-ectaTneiito rppp.Uw a coT\h^CÍáo — quero jâ ,
O qu« o coQselheiro Araripe eicreveu e«íá de perfeito
acordo nào ró com a-i actas do Club Maiorisla, como tombem
com f' que escreveu Ottoni e fora aute* ro[ietido por Andrada»
e até }k4o )troprio Bernardo Pereira de Vrt30oiicol'op na sua ex-
posição de *28 de jullio. AUudiadu aqu**lle poliiico ao facto do
Regente ter ido a S. Chrhtovàii declarar ao raotiarch» que
adiara as Camarás para melhor »er proclamada a maioridade
no dia 2 de dezembro, disse; «Sua ilajratade se di^nc u dí-cla-
rar que qu^-ria tomar já as redfas do governo, e que a Assem-
bléa Geral fosao convocada para o dia fe^niinte.»
O quero jã conquistou íóroa df cidade e foi repetido de
boca em b.ica não só pelo^ liberaes, como aié }Telo4 proprioi
amigos do governo e do regente.
Como recusar a nãd connivencia com os pro^^^aa distas da
maioridade^ V O que poderiam e^t^s tazer si nào tivessem a
apprnvaçào do joven Imperador? Seria Ciiminhar í em rumo.
Theophilo Ortoni em sua mui cot»hf*cida cireular (1860)
allude até á uiissão confiada av geotil- h^mem Bento António
Vabia e depois <a uin mfmorial que noft fui dççfjlvido cúTnum —
Sim — escipto pelo próprio punho do Imperador* . «A maior'*
idade accr^Bcenta, estava decretada esctusivameTite p^-lo partido
liberal coin a sancção imperial antecipadamente concedida . ,
Niiiguíím, Bijiào os vrmjufudott e O Imperador ^ tabia da» molas
secretas que ^overna\'am O jofço da scena U
Crpuio tioiíciliar tantas testemunhas com a neg^ativa de d.
Pedra?
Dííve o Quero jã pasmar para o rol das coisas anecdoticaj
ou fí^u^^ar como indicando a terminação de lutas politicai qua
prectíd-r«m o inicio do F-ep-undo reinado V
DeBtrincom o ca^o es historiadores de masao e monai nm
phrase de i'amill-* Gastello Branco, e prestarfto um bom serviço,
l>o dia do Fico existem duas versões. Que da Maioridade
fiqu^ iim»'-uíjica e verdadeira. A incerteza nesse assumpto
nfto pôde nem deve perdurar.
22 de julho de 1907.
De, Jos* ymsMÂ Fazkniu»
REVOLUÇÃO DE 1842
MEMORIA
Ãeompnnlnt!» de fiocumentos e autographos
(UDA KO OIITITUTO HISTOEtCO H GhCKlRAPUlCO D£ S. PAULO, PXLO
Dfl. João Baptííjta ds Mohabb)
Tendo rfunido alguns documentos relativo* á rovoluçAo d©
1842, deflpertou-te-me o natural desejo de conhecer &b caiiBaa que
determinaram ftqtielle movimento*
Apesar doa esforços empregados, nfto consegui natisfasier a
jaeta cunoBidade.
A* mtJtiogT&pliiRâ que encontrai sobrfl a&8UDijito tão interes-
sante de uoe6& litfitoriA politica altíni de incompletas, limitAvara-
«e a descrever matfrialmpute os f^ctoa, sem aprofundar a origem.
Tive entàõ de recurrer hb unicrts fontes que se achavam a
meu alcance — diecutBÔes politicas, iaformaçòca de contemjioraDeoi
e artigo» e»parBo& do« jornaee da epocha que me foi dado en-
contrar.
Com eí6Bi elementos, aproveitando velhoj auto^ra]»hoft, e*-
creyi deipretencifVBO estudo, sem intenção de dfll-oá publicidade.
Alguns col legas ^abem que daqui^lla intençfto fui demovido
a instandas do no^so chorado coubjcío dr. Miranda de ÁKev**do.
SDjeitafldí^-o lioje á bf^nevol^^nda de meus con^ocioB, rumpro
Oê desejos do amigo qae deaapparecea, e [^reftto homeaagem a
tua memoría.
Âí paginas, que passo a ler, não podem satisfazer a cario-
sidade dos competent^^s. Servirá, jioi-èm, de ponto de partida para
aquelles qn& quiserem aprofundar e conhecer da modo completo,
acontecimento tào importatiti, e sobre o qual tem-so guardado
tào condemnavel silâncio.
Tendo de referir e analysar factos ligados á vida dos par-
tidos históricos da monarquia, em um dos quaeè militamos, n&o
DOS sentimoa preaos pelas ligaçôe* do passado.
— U2 —
Os G5 flnnos ÍRCorridos após os aconU^ciTneotoâ ão qiií> nos
vamos occupí»-rf o mais do i^iie elle§, a niiidaii(;a ríidícal da forrait
de s^ovorno que se operoTi uo paix, e que extinguiu as anlií^as
agg^reniiiiqòei? politicíia, dAa*no8 a imparcialidcdís e n ralma pam
avaliar ft julp-ar de acontecimentos que já i>ertencpm á Historia.
Feio estudo iv, flectido dos documentos que compulaRiuos, ©
informarOes de. contemporadeosi que ]>roeuraiiiOfl obter, formou-
se-nos a convicção de que o movimento do 184S não será jus-
tifica ^í o pelos vindouros.
Em [íriucipio, níio Bomos cotitrarios aos movimeutos rovo-
]ucioTiaTÍOí!, CúníidernmoB BS^iado o direito da itistirreiçâí,
quando ofl povoís impei lidos pf>r um é6 pensamento, àho ÊÍj^Tinea
evidentes de qne eo aclmm dispostas a todos os sacrificloa para
combater abusoa do poder, conquiiTar nova^ libertiades ou re-
adquirir as perdidas.
Quando, porf-m, uno existem abu?ns a combater, e a opiuifio
nncional nada reclama, a Hiatona verbera os ambiciosos que
provncnm as guerras civis, que, causando o anniquil lamento de
prandtí numero de vidas, pFiralysam m forç.as vivas de ura povo,
derramando o rancor e o ódio na sociedade irman.
Se em 1B42, al^^una bem poucos se envolveram na luta im-
pulsionadoít pelo ardor dos verdes annos, ou seduzidos pelos
idealiiimos da liberdade, a máxima parto foi constrangida a in-
tervir, por meios abusivos e íuconfesaveia uaquellfi explosAo
determinada pelo or^síulho b desmedida flmbííjíio do poder de
al<;una chefes decahidos.
Os promotores dn movimento proctiraram justifical-o pela
coa^çào em que ae adiava o Imper.idor, e necessidade de im-
pedir a execuçfio da lei de ;j do dfzembro de 1841, até que
fosãso revoltada pela Assembléa NacionaU
Áquella lei, proelamavam os revolucionários— era inconsti-
tucional—attcntava contra a independência do poder judiciário —
collocava o paiíG na dependência da policia e coarctava aa fran-
quezas proviocíaes .
Fácil nos serA hoje demonítrar de que nSo foi eincerõ o
pretexto de que se soccorreram os promotores do movimento —
que a lei de 3 de dezembro do 1841 nílo attentou contra as li-
berdades publicflg, ou individuaes do cidadào, ao contrario, re-
clamaram-n 'a os espirites mais liberaes da epocha, foi amparada
na Camará com o voto de futuros revoltoso», o a sua gombra o
cidadão encontrou todas ns garantias compativeis coin a ordem.
Para que resaltem estas verdades, necessitamoa fazer um retro
specto politico e remontar nos períodos poBteriorea ao 1 de abril.
Para esse fim dividiremos noí^so trabalho em quatro partes.
Na primeira estudaremos os eííeltoá da revolução de 7 de
nbril, na segunda, a discriminação dos partidos, na terceira a
Maioridade, fiuíilmente na tjuaría. a Revolu^ilo de 1342,
— 443 —
EFFEITOS DA REVOLUÇÃO DE 7 DE ABRIL
 rô^olnç&o dn ÍB31, trouxe como eoceequeucm a |>Tr>miil-
garjlo de leia d(>£centrnli%adovns, arrancadns sos tegÍBladores
pelas exjgenciss populares.
Debalde voíí*& autnrlsíadas e Tire videntes nríriíerain-^e para
protestar contra a imprevldeticia das cnmíiras e tVacjueza do go-
verno reg^eticiaU
Eises protestoB foram desatteudidos, e a camnni, coagida
pelos reclamos de uma população irríquieta, qual era a do Eíio
de Janeiro naquelle tempo, contiuuou a votar leia e a discutir
projectof excessivamente lib(*raes, sem fltt**nder que es^as leis
não produziriam os ref<ultadoa deEejadoa^ porque iam &er appli»
cada^ em um paiz intellectnahneitte atraiíado. com pojmlin^íio di-
minuta, diâseminada em e^teiisisaimo terrltorin^ quatii sr^rn meios
de coramunicaçào, e quft por esaea motivos nâo se acbnvã pre-
parada para roí^ar de tilo i^x tontas 11 herdade a.
As conáéqucncias produzidas por eiisa legislarão ufiõ so fisçe*
ram íísperar» o, decorri do pouco tompo, quaâi toda» as províncias
do Império f» achavam anarquizada^j içtn qite os g^overnos im-
pottmtna encontrassem Daa leis os meios necessários para restabe-
lecer a ordem.
As difficuldadcB da situaijao ag-j^-ravaram-se con&ideravelmeate
depoxB dai alterat^dcâ constitucionaee^ de 1834.
Theofilo Ottoni, que foi um do^ mais sinceros adfí[)tOB da
reforma, como a queria o primitivo projecto, ao diriíjfireni 1800,
a celebre «circiiíar» aos mineiroSf conta, que as ai teraíjõeg foram
votadas pelo medo que os estíidistas que dominavam a situação
tinham d» volta de Pedro 1.^^ Começavam a ser eie-cutadas
aquellas leis, quando d, Pedro falleceu em 24 de dezerahro de
1834, S© esse acontecimento se ti ç-esse dado quatro niezes antes,
affirma Ottoni que a reforma nílo teria sido votada.
Esta valiosa opiniílo, dí^mnustra quáo critica era a posiçSo
do legislador brasileiro, obrigado a votar loi^, iimíis, impostas
pelas exigências dos exaltados^ outras, pela ambição de poli tico a
qne para se conservarem no poder, transigiam com suas opiuiòe?,
acceitando idéas que sabiam inefficazes e perigosas naquella
epocha de limitada instrucçSlo.
Desde 1835 em diante, homens de reconhecido patriotismo
e diga-ae a verdade, de excessiva coragem civica, porque ne-
cessitavam contrariar aspirações populares, começaram a recla-
mar por medidas enérgicas, capazes de soffrear a anarquia quô
avassalava o Império de norte a suL
Ás vozes isoladas, ao princípio sem echo, foram-se amiu-
dando, e, em pouco tempo, a opinião nacional proclamava a ne
cessidade urgente da decretação de leia apropriadas para rea-
tabelêcer a integridade da pátria e o império da lei-
-^ 44Í —
Com o intuito de utiiScar a adtninLetrAç&o, e T«r 8ê por eita
forma se fortalecia o governo regencialf a Câmara r6<)iizira a
ref^tjQCÍa a um só mômbro, nomeado ])elos eleitores daa proTÍn-
cias, por 4 niinos.
O jiDdâf logiBlatiyo, porém, [Mira manter a ana Bapremacia,
iníitimbiii-â6 de inutiliaar a medida salvadora^ cereeanio divereai
attribui<;r>es da reg^encia, entre es^as a de dis&nlver as Gamarai.
Driis candidatos se apresentaram em campo, para pleitear o
cargo de rej^etite^-Hollanda, sustentado pelo Norte do Império,
Feijó, indicadj p«lo notável braAilelro Evaristo dp Veiga.
O cb^-fe do partido líbf^ra moderado conhecia o« defeitos
de Feijó, e a ftua incapacidade para chefe de governo represen-
tativo em período de <'rg'aQÍzBção, mas a amizade que o prendia
ao campnnheirri de lãBli e a certeza de qne seus conselhos pre-
valecer iam DO espirito do irascivel ministro ò.^ Justiça de 32,
levaram-u'o a levantar na sempre peâtigio^a «Aurora» aqnella
candid-4tnr<, q^e facilmente conseguia fazer triumphar.
Evaristo, porem, contou dw mais com o prestigio dt? sua
amizade, e cedo verificou que Feijó nada esquecera, nada per-
doara.
-GuHrdados no seio daa remiuíacencias que evocava a mmdo
estavam o^ despeitos que soffiera, aa offeneas do amor próprio
que íupportara, as injurias que recebera, as inimizade* qufl pro-
duzira o procedimento de um ou outro companheiro naa Gama-
ras, no g^abinete, nas lutas e nos perigos» (IJ.
Assumindo a regência em VI de outubro de 1B35, dominado
pnr aqnella^ remiaiacencias, começou pondo a margem os chefea
mais prestigiosos e notáveis do parlamento, cercando-se, com
rari^simns exce]>çõear de homens de reconhecida incapacidade
administrativa, como eram Tristão Pio, Saturnino Uosta e
outros.
Dedicados amigos que o haviam auxiliado na luta, peni-
tenciavam-se por teUo preferido a Kollanda. Se este se distin*
g-uia timbem pela ori^inali^lade de proceder, n&o lhe faltavam
qualidades de governo.
Todoa os contemporâneos confirmam, que naquelle período
era elte neutro e imparcial, e embora mais tarde ae tivesse li-
gado ao partido Hberal, &alÍenton-pe sempre pela firme?.» de suai
convicfjòes e ftroftindn espirito d© justiça.
As censura? parlamentares exasperavam a Feíjó por tal modo,
que fa^ía alarde em arredar do governo os mais no ta veia mem-
bros da maioria das Camarás» contrariando a&sim os principios
do Bjstema repreat^ntaiivo, aos quaes nAo queda so sujeitar. O
cónego Josi^ A Marinho, um dos chefes do movimento revolu-
cionário em Minas Geraes, amigo pessoal do regente, quaudo em
1844 escreveu a historia da revolução mineira, asdm descreveu
\ P«E»ini d» BflT«-D« l@3l » JS4[>.
»
— 445 —
OB factos fltiece'iidos nt> período dn qae noB occupamús, e que
trau&creyeraosi para demonstrar que acompanhatuoB os acotiteci-
meiíioí com a inai» completa imparcialídaae»
«Nào era» porém, Feijó o hotnpm apropriado para por-stí em
tal tempo á testa dos ueg^ocif 8 publicou.
«Eutre ae qualidades constitutivas de teo caracter, soWe-
sabia a tenacidade no pro&egTii mento daquíUo que entendia àsr
o roolbori num& eapecie de desprezo por tudo quanto tendesse
a condeficendencias e manejo e, para obter apoio ; estiu quíilidaddea
o torníivam impróprio^ pnra fçovernar em am tempo em qu« ta
partidos ectavam desasBombrado» do intcriorj e cadn um deUes
tratava de Bubír ao poder, preciso lhe era entílo couaultar, ouvir
condescender, porém sua indifft' reuça para com o corpo leg:i»latívo,
« maneira rude com que trata vti a eamara temporária, o arre-
damento que mratrava de homens que com ello haviam crmpera-
do depois do 7 de abril para a Bustentaçào da ordem ^lublica,
lhe gjangearam oppo^itoreB víolentoB. A obatinaçilo do rep-nte,
fõrçando-o a eao^lher alguns miuistroB, que eram uma Batira viva
da illustraçlo do paÍ2, ac!!bou áe perdel-ona opinião de n^uitoB, a
eleiçàn de alguns senadoreB com preterição do maior mérito, alie-
nou Jbe o animo dos que br julgaram com injustiça preteridos, a
maneira emíim pi>r qae se exprimira perante o corpo leppisUtivo,
sobre a Santa Sê, preveniu contra o refrente a opini&o da muitos,
€Á guerra an -eu governo tornou-go violenta e fortemeute
lustentada na tribuna da cama a temporária,
«O partido da marombay ligf u-ee fraucauienre cem a op po-
sição gpnoinw, e emquaDto oa prelea da Côrt** g-emiam Cf^li^ publi-
cações in*idíf)*as contra a politira do governo, e^m insinuações
malevo^aa, com fiatiras picantes e indecentes contra a pcBsoa do
regente, reca^ava-se e^te teimosamente não acceitar as conse-
quências do ijstema representativo.
«Irritada pela obstiLaçAo do regente, que parecia querer
deixar a banda as capacidades naturaea do paiz, para nomear
miniatrOB a homens que, a exct^p(;ão de poucos» não tinham habi-
litações para bem servirem, a opposição tranfcedeu t^idoa os limi-
tes daa conveniências publicas. O grnpo da opposiçào crescia
diariamente, quando um inimig^n poderoso apr^ientou-Fe dirigindo
Ofl diflereotes grupo*, e a todos apresentou um ponto de reunião,
nma b^Kjideiraf ujna nrjva doutrina cujo dogma era o regresi^o,
«Esse adversário foi o senador Vapconcellas».
Era, de facto, Bernardo Pereira de Vasconcelos um inimigo
poderofo. Desde epocha anterior a IfiSl, figurava na politica do
paiz Eleito deputado em 18^6, era tido como o maia notável
etos rradores da camará. cCada dia mais forte, mais rico de acieu-
cia, mais seguro de teus recursos, nenhum O excedeu na va-
lentia da dialéctica, no ardimento do ataque, na energia da defesa
Q nenhum o igtiaiou no jogo do sarcasmo e do ridiculo» (I).
1 Ji)A4iiiiK M« da ICicedo— A,niio Plosr^pbfeD,
— 446 —
Se cmel enfermidade parniiaioií-llie pBiLo do movimento do
forpOj iiíio coiiÊCg-uiu abater*] be a desmetlidft coragem, nem of-
fender sl-a f^uas grandes qualidades mcutaeã.
Estadista «em lival, politico evidente, jornalista emérito»
deve-lbe a patiia os mais notáveis monumentos da nosisa lei^ialacâc.
Poi esse bom em excepcional, a mítis poderosa mentahdade que
tem fulgurado ua nossa vida oacional, que tomou a si levantar
a bíindeira do regreifsít, para o fim fie aupplantar a anurquin ©
restabf^leeer o império da lei, no puisj convulsionado dê-ide 1831.
Oriraniíçaudo o partido que %ura na biítoria pátria com o
nome de consa'vadw% a nova aj^gremiaçao politica apre^eu-
tou-so desde logo podoroBiasima, qui^r pelo numero, quer pelas
illustfflçòes qtie se reuniram ao redor da nova bandeira.
No partido do rer^ressu se alistaram os antigos restauradores,
fi8 grupos que guerreavam a regência e cono. elles os mais nota-
taveiã biasttoiros que aureolaram a noã&a vida nnciouaL e dentre
os quaes d estac faremos oa Miguel Caltnon, Maciel Monteiro, Ro-
dri^rup» Torres, Paulino, Honório, J*i&*j. Clemente, Costa Carvalho,
Manoel Felisardo, Euz^^bio, Àraujo Lima e tantos outros.
Fe.ijõ, Embora retonbece&ae o ti vo?ise mesmo reclamado muitas
vexe* pfla necessidade da promutí^açAo de leid apropriadas j>ara
fazer CL^^sar as calamidades publicas, deiíando-^e dominar pelo
seu fíetii«i irascivel 0 de6])Otico, nfto solicitava as medidas par-
lamentares e procurava g-overnar rodeando &e de homens que, 11a
opinião de Marinho, — nào tijiham habilitações para bem servi*
rem oit cargas tle. ininistrox.
Pcrft tornar conhecido o estado do p&ii no periodo poste-
rior a 1831 faremos raj-^ida deacrípçio, recorrendo tão somente a
documentos o£Ecjae8, para que nAo possam ser eontestados.
E.í^e estudo justificará a uecesBidade de medidas enérgicas
reclamadas para faster cessara roarc lia desceu trai ixadora que anar-
quizíiva fí Império
Em 1831, Feijó, Minietro da Justiça, transmittindo à Ca^
mara do» Deputíidos dirersíis informações, dixia :
■ Aproveito a occasifto para declarar que a inaufficiencia das
leis críminaes, e a falta deltas para muitos casos, é a& causas dos
males que swffre a capital e todo o Império.»
«O apoio que os perversos encontram em pesRoas que mait
os deviam censurar, vao introduzindo a immoralidade, a ponto
tal quo as leis são inteiramente despreciadas e as autoridades vi«
lependiadas e vendo^se a mas^a dos cidadilos probos como abnu^
donada a seus próprios recursos, uho es encontrando upm na
legislação, uem nas autoridades, não deve admirar que u deses-
pero os conduza a excessos que já vão spparecendOf e que
ameaçam a total dissolução do corpo social».
Em 183'i, ainda era Feíjo que vinha denunciar .
<Be a Naçào cujo governo ò fraco, está exposta aos emba-
tes da» paixões, e aos assaltos do crime, o que aerá de um estado
— 447 —
como o Brasilt onde nmn adminiscraçào frouxa p^ ím previdente,
por loniros annoa delir u os Uouieu* pe familiarií-arem coníi o
crime : ciDda a í[i]piniida;de t?m sido conitanto e oa laçoa sociaes
qttaai ínteirAniente &e diãsoLvcrnm V
<S& o f;ovéruo do Brasil nenhum mal podo prevenir, elle
11 Jo pode uem punir nem iet;oii;pens.nr, e quando mais nâo fottae,
ii«0 bflstava para provar í^xía ulmiíl fraque j&a.
«Tem* poÍF, ainda existido o govtru^^ dn Brasil, porque «
naciotml, porque têm marchudo é vontade do niítior nmnero,
porque a cUs-ee interessada na ordem, convencida da purexa de
SOAS intenções, ãn justiça de atia* deliboraçíVes, da invHriabihdíide
de sieu caracter, tem feito ehforçcss extraordinários, tem eaciificado
OB scuB commodna e até Pua própria existência píiraau^ tentai o».
Concluindo a» euas observações, escrevia t>ijó o seguinte
tópico crm a iua habitual franqueza :
«Tal é, Snrs , o governo do Brasil, taea s^o as tristes cir^
cumsitaucias em que noâ licbamns —um abyamo horro&OBo e^tá a
um só pasto diaute de mU. K(imedÍQâ fortea e promptis^imos
podem níuda íalvjir a Pátria,
Um só momento de demora talvez faça a defgraca, inevitá-
vel; ou lançae mão delles com prestezi, ou decidi- vos pela
negativa»
Em 1833, aiuda era o Ministro da Justiça que vinha de-
nunciar—«que o código do Processo, no que toca a policia, nào
protfg-ía a vida dos cidadãos honradna, ntm lhe» garantia os
meio» de bavereni sua propri»*dítde roubada».
Auieliano Coutinho em 1834, então Ministro da Justiça, níln
te apartava de seus antecetisorest soliciíava das Camarás medidas
legislativa', tendnotcs á mauiUeução da seguroni^a interna, da
propriedade e vida dos cidadaoí, táo expostos aos ataques doe
mal feitores.
Não melhorava a situação angustiosa do paiz, o qu*^ levava
Alves Branco a ee pronunciiir, em 1835, nos âeg;uínte» termos:
«CoDcluirei repfitindo-vos o que uma ve» já vos inculquei)
e éf que Rfjora mais do que nunca aparece a urg-eote necessi-
dade de um poder iDacces^ivel ás intrifí^aa locaes, imparcial e
forte, contra n qual nada possam on chefes irregulíireà de maio-
rias turbulentas».
E, depois de d**scrp?er o caracter ám revoluções* sem idéas,
icnpelhdas por paixões ferozes, vicios infame?, bruta estupjdeís, e
barbara in&olenciai dizia á Gamara dos deputados :
«Decidi, pois, se a pretexto de de?pr>tÍ3mofi do governo,
dever&o nossos concidadãos coutinuar a softVer eff activos despo-
tismos de turbulentos, cegos e ferozes».
Em I83G e 1837, ns reclamações [fassaram dos relatórios Aoa
ministro^ para as Fala* do Trono.
Eis o qne di^la o regente, em 1SS6,
- UB -
cA* falta de res^ei^o e obediência áa autoridades, a im^uni'
dade excita univí^rsal clamor em todo o Império, é a gaogrreim
que Bctualmetito ataca o coreto sociaU.
<No£;sa.^ infltituic&es Tacillam, o cidadão vive receoso e aeeiU'
tad0| f* goyfrno cotieomo o tempo em vang TecommeudaçÕes.
*0 vuTcâo da anarquia ameaça devorar o ImperiOf applieae
a tempn o r*^ médio»
No ariíio peg:uint6, 1837. a fala do trono denunciai?» que
A tranqiiillidade publica uão pcderia coTitiuuar, em quanto oào
Be firmaa»^? iia# bases de uma le^i si tição aj^íTOpriada. RemedioB
fracoh e tardios f^oueo ou uada aproveitam na pieBepçada malei
gravea e inveterados.
Como yetnoB, o governo todofl os antiga denunciava com
carreií^adaR cores oa malea que dilâceravcim o paiz, sem entreranto
propor medidas p^ra removt^l-OB, Umitsndoae, como ââirmava o
próprio Re*;^eiite, a vans recommêndaçõfi.
Foi easa criminosa imprevidencTa do p-ovf»rno, que levou
Viiftcoocellofi a cong-regar att forças, eí^parêas e desHardar a ban*
deira do regn-ítuOf pbtã aufitar a decretação de leis descentrali-
«adoras e prouiutc^ar outras^ que fortalecendo a autoridade^ eâta-
beUceÈflem perfeiu haimonia euíre a Uberdade e a ordem.
Com a irascibil idade de Feijó, augraentava-Fe a oppof^u-âo
parlamentar, dma^tarocendo diariamente a míuoria qUH o apoiava,
receosa da lubi travada eutre o Regente e a Gamara doi De-
pntad' I.
Quando em 1836, em 3 de novembro» encetTon-sa a «esi^âo
legislativa, dirigiu sp Pt?ij6 a aquella corporaçào noi sí^íruiutes
termos, que demrnsiram o intendo d^^sfieito que o dominitVH.
*S©ia mezeB ^e seasJU) nâo baataram paia deacobijr rem^^dioB
adequadoFi aos males pubfieoF. Elles infelizmente foram em pro-
gresso. Oxalá quo na futura sessão o patriotismo e a sa^eaoriíà
da assem bica geral poisam aatisfazer as urgentiasimas neces-
aidades do Ektado,»
No conteço da «esafto legislativa de 1837, a commifsão da
resposta á tala do trono, repelíiu as accueações do regente —
aífirmando que nunca recusara medida al^umci reclamatia — que
nfto era mits&o da Camará iniciar medidas admini^tiativaa, sem
que o governo requisitasse ou indicasse quaea as necesfarias, e,
ao concluir a resposta, estabeleceu a questào de confiança noa
seguinte a termas.
iSe a epocha da reuaiAo do corpo legíelativo, é aempre es*
perauçosa para a naçftOi é porque ei^tn reeonbere que bó da
mutua e leal cooperaçào dos poderes politicos pôde provir o rts-
médio e£ãcaz dos males que a afiligem,»
— 449 —
«Mas ©Bta cí>rjw)raç3lo, Senhor^ a Cnmara do* Deputadoív^ fal-
taria a seuB maU sagrados deveree, se a prestas&e a urna admi-
ulãtraçào qne nào gasa da confiãiii7a Tiacional».
«Eso nosso apctil» e com as iuatituiçôeB que possuimos, o
primeiro dever dos roinistroa é governar cfinforme o^ i'st«re@9ea
e necessidades do paiz, e aquelloB que o df^scouhecem im meíiog
prezam uào podem dirigir o a negócios publicos».
Iniciada a diiiícnssAr», apenas nrna voz, iinpellida mais pela
amizade pessoal, do que pela eonvíeçãc, levantou-^e para re-
tpai]dr'r a cenenra.
Limpo de Âbren, procuron suBteniar qne nào era eómente a
CaitiAra a interpetre da con6ança nacional porque o Smiado re-
presentava titnbem a nação, Qae a nomea'^fto de mitiiâfro& era
da livre escaliia da coroa, e que, ae fosae Vfuctfdftra » doutrina,
contida na reapogta i fala do truno, a corôi fícari^t uulliHcaia,
e tão jKideroâa £eria a Camará que os minittroa nào ]t lisariam
de seus pupill-fs.
Fa-^il foi a Vaaconcellos, Rodrigues Torre», Honório e outros
«tis tentarem os priticipios da influeocía parlamentar no^ grjvettioB
representativos
Afinal, depois de violenta discussfto, na qual fui Fetjó acre-
mente censurado— pela má direcção dada á guerra du Sul, pelo
atteotado contra a liberdade da imprensa, e animat^âo que dava
ás pretençôeâ das Ãssembléas Pruviaciaes, para alarfiarL^m í^ua^
attri bui cora, foi a resposta a fala do trono a[iprDvada pur maioria
de 15 voto*
Quaiído a commiasão da Camará doa Deputados s^oguindo a
prax«, foi aprpsentíir ao re^eute a reapoata do voto de gra^jaa,
Feijó, com t da a iraBcibílidHde asdm reapondeu t
«Como mfv ÍTJiertíi-6o niuito pela prosperidade ão Brasil, e
peia observância da Cor^stituiçAo, nho posao estar de acordo
com o prioci^io emittido no 7." período da resposta, e sem me
importar com os elementoa de qup^ ae compõe a Gamara dos De-
putados, preetart^i a mais franca e leal coadjuvaçào, esperando
que ao menos desta vez, cumpra aa promt^í-Baa tantas VBzm re-
petidas em tomar em consideração as propostas do governo.»
Era da pragmática declarar o Presidente que a camará re-
cebia com especial agrado a resposta da Coroa.
Como, porém, seguir a pragmática, diante do acto irreflectido
do regente ?
Pedro r, autoritário, cheio do* precouceitos da realeza,
embalado pelo orgulho, animado pelo ardor da mot-idnde, nào
teve a coragem que sobrou a Feijó, quando quiz dar á Ha m ara
dos Deputados um signal do sííu despeito, pois, compirí»ceiido á
sessão de encerramento, limitou-s© ao celebre e bistorito — «Illua-
tres e di guisai mos snrs, represeutantea da Nação, está eocorrada
a preveni e aesaâo-»
-^ 450 —
A resposta de Feijó provocou curiota tii&cussâo. Diverso»
alvitres fovnm lembrados, mag atinai n!to &» cliegAndo a um
acordo, a Caraara limitou- stv a upprovar a acta, oa qual, a seu
turuOf nào se fazia referencia alguma ás palavras do rej^ente.
O ministério, diante do resultado da votarão, solicitou a
demiasíiOj qu6 foi a princípio recusada, e to concedida afinal, após
graúdo repugnância do Feijó*
Organissa^&e uovo g^abinetr, teodo aido cLamado Alves Branco,
tirados OB demai» ministros da minoria e elementos exLranhoi á
Camará.
Nfio cont«flte com es&o Bcto, Feijó, acreditando intimidar a
Camará com um golpe do ostado, ia% publicar no •CorTéio Of-
ficial» um artigo por oll© escripto, declarando que se a Cangara
pretendeB*6 peraeverar nas suas velleidades de influir no g-o-
vernoj o regente ae reaolvona a exercitar todas as funcções do
poder moderador^ embora a lei da regcuiiia 09 houvesse limitado,
pois quo o poder executivo nào podia deixar de ser indopcn-
dente do leLTitlativo, b não sujeitar'*Ee as maiorias das camarás,
yariaíi e capriobosas.
A auarquia já uno dominava &ómeute nas diver^ns elaâse«
da sociedade. A própria regência já se achava avaEsallada pelo
mal quo cnrroia a uação inteira.
Das discuâsÕeã que se seguiram ubs camarás, accentuoo-sa á
divisão das eseolaB politicas.
O partido adeantado, que ficou doãíguado com a designação
de — liberal— eus tentava, que a reforma da constitui çào de 1634
nfto necf^sfiitava de retoques-
O partido do reffrex.srj, palavra que Vascoocellos definia, re-
cuí'Su wntra desatinos, entt^ndia que era de necoBsidade in-
adiável uma lei de int©rpetracàt> de vários artig-oB do acto addí-
cíoual, e, nfísse. sentido, em 10 de julho apre&eutou projecto,
Sobrevieram discussões doutrinariíie, intereísantissinias, que
figuram nos «annaes», demonstrando a iilustraçíio dos legisladores
daquelle período.
Feijóf porém, (copiemus ainda o insuspeito conexo Mn—
ritilio) «decidido a nilo transigir com 06 que lhe queriam impcr
uma politica, no seu entender contraria aos interesses do pau,
determinado a n&o procurar, pelos meios que o Governo tinha a
sua disposiç&o, o apoio que lho faltava nas camarás, batido tor-
pemente por uraa iraprensa deaconiedida ouvindo ao longe o
ronco do trovào que a 7 de setembro ribombara ua cidade da
iJabia, nho tendo procurado corromper em 1836 as urnas elei*
toraes, tendo visto lepararem-se delle alguns amigos prestantes,
desgostosos de alguma organização miuiaterialj quando aliás ob
que para íeso tinham habilitações recusavam' se ao encargo de
Ministro ; fatigado de lutar contra tJLo pertínazcSr quauto injustos
e fortes adversários, dotado de proverbial desinteresse, o sena-
dor Feijó, nomeia lenador por Pernambuco a Pedro do áraujo
" 451 —
Lima, membro da oppo^iç&o, fal^o miaistrn do Império, e en-
trega-lhe o |tod*^r, para qu*^ f* novo partido fosse realizar o sya-
tema de s^ovfrtio que, nu trihuna e peía imprensa^ proclamava
como melkor pnra oa intereaged do palz>.
O eonégo Marinho, rccultou factos ím porta ntipíimoa, que
cancorrerftra para a inesperada renuncia de Feijó, factos que
n&o Ibe podiam ser df^sconbecidos, attenta a amizade que o li-
^va a Feijó.
A vit:tnria do Fanfa, no Rio Grande do Sul, brilhante feito
devido á alta cífpaciáadfs militar e arrojo de Bento Manoel,
trouxera, entre ontnm enorinoa re&ultndo&, o aprisionamento d©
Bento Gonçalves, Onofre, Zambicari, Côríe Keal e outros im-
portantes clieíca revolocionari^ p.
Esaa acontecimento fioliKMivã de morte a revolução.
Os prisioneíroô foram remettidos [)ara o Rio, transportadoB
na e»cuna Venué.
Á pes&ima e irresoluta política central, relativa mente á re-
Toluçâr» do Rio Grande, concorreu poderi^&a mente para impedir
a sua terminação.
Coarctando a acç5o do general em cliefe, que queria appro-
veiíar-se da derrota inflingida aos revoltosos, pretendeu o g^overno
entrar com ellea em acorde», para o quii delegaram poderes a ai-
guús doa fírifiioiíetroa do combate do Fanfti, dAtido-lliea liberdade.
Conservaram pre^Oíi, Onofre e Corte Keal na fortalaza de
Santa Cruz e Bento Gon^j^lves na de Villegai^nou,
Os eniisfarica encarregados de aplainar o terreno, ainda n&o
haviam f-begado a seu destino^ e já iiaviam se evadido os dois
pri§ioneiros de Santa Cruz*
Para evitar a fug-a de Bento GonçalveB, declarou o governo
qne o hia transferir para ponto mais segurn, para o que fel- o
recolher ao Forte do Mar, na proviíicia áii Bahia,
Noa primeiros dias de setembro de 18117, che^a ao Rio a
noticia de ([ue Bento Gonçalves, o preaidente eleito da repu-
blica do Ptratinim, fugira, mal che^ar^ a Bahia, e que ae
encAminbava para o tbeatro da gtierra.
Foi enorrae o clamor que m levantou no Rio de Janeiro
contra Feijó, que já f*ra ha Tnuito acciísado de benevolência e
sympathia para com oa revoltosos do Sul.
A manifestaijilo poblica foi tâo violenta que, pela primeira
ve^t se abateu o eãpirito do velho lutador.
Ainda aisíni quiz ^ircar com as diflieuldades do momento,
mas comprcbendeu que a situação era difficil e qtie fbu governo
aó poderia ser possivel com ministros tirados da maioria parla-
mentar, tnait teiraOBo, como elle próprio se inculcava, preteriu
antej renunciar â regência, do que âubmettcr-ae.
— 452 —
Calou também o cónego Marinho circamBtaucíaa hoje co-
Faijó não pretendeu, desde logo resignar o pod^r *^m íati^p
de Beus adveriarioe. Aú contrario, eiforçou-Be para cjii?iírvaI-03
á frente dos negócios pnbticos.
Foi só depois das recusas de Limpo de Abreu e Alves
Branco, que inopinadamente, a conselho de Pnnla e Sousa^
BBColheu a Âr^ujo Lima, (nm doB chefes do novo partido) se na*
dor por Pernambuco, nomeou-o Ministro do Império © traa%mit-
tiu-loe a Regf^ncia.
Transcrevemos da «Memoria sobre a guerra do SuU^ trabalho
do eminente conselheiro Tristào de Alencar Ararípe, uma nota,
a fls. 77, que confirma o que acabamos de narrar. E' tima jn«
forroaçào preeiosissima, referida a aqnelle i Ilustre escriptor, pelo
senador Alencar, que foi a maia irríquieta e violenta personali^
dade polilica do seu tempo,
cNoB uUimos dias do governo d© Diogo Feijó, convocou
este seus amigos íntimos^ e mais inAuentea uo partido dominanle.
Paula e Sousa era um dalles.
«Diogo Feijó, consulta com olles, a quem devia entregar o
cargo de Regente.
«Diacu tiram os amigos na primeira conferencia, e nada de^
cidiram: discutiram na legunda, e a mebma cousa succedeu: na
terceira também nada ficou assentado,
€ Depois desta terceira conferencia, Diogo Feijó, sem mais
audiência de ninguém, chama Pedro de Araújo Lima, e entre-
ga-lhe o governo.
c Arguido entÂo por haver dado o poder ao partido advento,
respondia o Regente demissionário: zfimei oi amigos pedíndo-lhns,
conselho; e como n&o consultava s*; devia abdicar, porque isto
estava por mim resolvido, mas sim a quem devia entregar o
governo, e Paula Sousa dice na nltima conferencia que o Pedro
de Araújo podia ser um bom Reí Constitucional, a elle entreguei
a Regência».
N&o ba um só contemporâneo que nâo reconheça que o
eminente paulista não era o homem apropriado paia exercer o
cargo de chefe supremo» em paivs de governo representativo, â em
período de organização.
A Beu rei» peito assim se manifestava António Carlos, na
lessào de 10 de jnnho de 1888 :
cFoi eleito para o supremo poder, o prestante cidadAo meu
patrício o sr, Feijó, cidadào que realmente tinha prestado ser-
viços quando Ministro de Justiça, cidadão cajá cabeça eu julgo
as«ás illuatrada, mas teimoso, B que não esíaixi na altura da
missão a que o elevaram ^ teimoso e emptiTado^ como todos <mp
paidistm somoSt díe não pnude conkeí-er, não ponde se comp«^
netrar da neceandade de ffuiar^ítút pela opinião pttòUca^ que hé
p grande raiiiha.
— 453 —
Se tal era o celebre paulista, alciiiib»do o «Cavaignac ríe
Sotaina V, como poderia em 184 '2» esquecer-ae qae a politica do
paiz era diríg^ida por Vaaconcelloa, o poderoso athleta, que o
derribara da Regência?
Na ultima part€ deste trabalbo, demonstrar emoB que o mo-
vimento revolucionário, nào teve consequências desastrosas, por
ter irrompido antes de tempo, devido ás imprudências de Peijó
que deixando-se domiuar pelo ódio, nào soube guardar as re-
servai de conspirador,
Naquelle fseriodo, abatido por dolorosa enfermidade, aínda
era tâo iuteuso o seu rancor politico contra o j^^overuOj que a]iá«
realizava o seu programraa, que fi-z-ae conduzir a Sorocaba para
animar e dirigir o movimento, que feliampnte, em S. Paulo, teve
a ephemera duração daa Rosas de MãLherba,
Nâõ perpassava pelo espirito dos que conbeciam a teimosia
e o emperramento de Feijó, de que elle seria levado a resignar
a regência abandonando a luta que baria provocado com a
Gamara dos Deputados
Áquella resolução, por inesperada, occasionou profundo
abalo.
Já ia em meio a leitura do expediente da aessilo da Camará
dos Deputados, em 19 de setembro de 1837, quando foram eo'
tregues á mesa e immediatnmeute lidas as seguintes commu-
mcaç5es.
De Pedro de Áraujo Lima, dando conhecimento de ter sido
nomeado Minietro e Secretario de Estado dos Negócios do Im-
pério, pelo Regente, em nomn do Imperador.
Foi por esea communicaçào que a Caraíira surprebendida
«oube achar-se mudada a situação do paisc, e que o regente se
resolvera emíim adoptar as formulas dos governos representa-
tivos caminhando de acordo com a mainria parlamentar.
Essa surpresa, porém, foi dominada por outra mais importante,
ao ser lido o segundo officio do novo Ministro do Império Araújo
Lima, dando conhecimento da renuncia de Feijó, e communi-
candn que em virtude dessa deliberação e de acordo com a
art* 30 da lei de 12 de agosto de 1834, da reforma da Consti-
tttiçã^o, passava a tomar crmta da regência interina do império.
Eis a intrega da renuncia e do manifesto que a acompa-
nliava.
lU.-^* El,** Sr,
«Estando convencido de que minha continuação na regência
nào pode remover os males públicos, que cada dia se aggravam
por falta de leia apropriadas, e uÈo querendo de maneira alguma
■servir de estorvo a que algum cidaaAo maifi felis seja encarre-
- iSÍ —
gado pola naçiio àe reger seus destino?, polo presente me declnro
dôuiettido do Ingar de regente do Império para qve v. ex., en-
carregando-se interinamente do meemo laí^ar, como determina
a constitui çfio politicn. Íh^iú, proceder n elei^íio do uovo regente,
na fórmft ]>ir elle indicada»
Exmo. ir. dr. Pedro de Ar&ujo Linifl.
Diogo António Feijó»,
O iT^cnte nunca aesiírnava um ofBelo, sem reclamar contra
a redacç&o, que n queria sempre de íiccôrdo cem o &ea systema
ori^^inal e com miimdencia» deaueceâsariaâ.
Depoiâ de ter assignado f renuuc a, não so pôde conter,
e lançou no officio um enorme — P* S*— com a seg-uinte declaraí^^^o
«Áccresce achar-me actuaUní-nte gravemente eu f ermo. ^ — Feijó» ^
Em seguida fni lido o manifesto.
«Bmall.eiros, Por vós subi a primeira magistratura do Im-
pério, por VÓ8 desço hoj© desse eminente po^to.
Ha mniío conheço os bomeus e -^n consaf.
Eu estava convencido dji impossibilidade de obterem-se
medidaa legislativas adequadas ás nosf^as circunistanciaii;, mas
forçoso era pagar tributo a gratidão, e fazer-vos conhecer pela
experiência, que nfto estava em meu poder acudir ns necessidades
publicas, nem remediar os malea que tanto voa nfH»gem.
Nilo devo por mais tempo conservar- me na regência: cum-
pre que lanceis m^o de um outro cidadão, que mais babil cju
mais feliz mereça as &}'mpathia3 dos outros poderes políticos.
Eu poderia narrar- vos as invencíveis d ifficu Idades que previ
e experimentei: mas p/ira que? Tenho justificado o acto da
minha espontânea demissão, declarando ingenuamente que eu
não posso satista^or o que de mini desejaes.
Entre;;-ando-vos o poder que g'euerosa mente me confiastes,
nSo querendo por mais tempo consorvar-vos na expectaçfto de
bens de qne tendes necessidade, mna que nfto posso fazer- vos;
confessando o meu reconhecitnento e gratidão a confiança que
TOS mereci, tenho feito tudo quanto et tá de mínba parte,
Qnalquer porôni que fúr a florte que a providencia me de-
pare, eu sou cidadão brasileiro, pre&tarei o que devo a pátria.
Rio de Janeiro l'< de setembra do 1837.
Diogo Ânionio Feijó*.
Tanto no acto da renuncia, como no manifesto, Feijó con-
fe»sa que não pudera remover os males públicos, que cada dia
se af^gravavnm por falta de leis apropriadas, que elle estava
convencido da imposfibilidade de obtel-as, desde antes do uâ^u-
mir a regência.
Quaes eram eesae leis que nAo pudera obter das camarat?
Nós aa conheceremos no correr destes apontamentos.
— 455 —
No njanifefito existe um tópico, que combmado cora outro,
Ante» etcripto por Álvares Maclisdo, demonstra que as difScEldn-
des do governo eram prRvistas, tanto assim que houvo momento
em que Feijó esteve resolvido a aAo aeceitar o cargo de Re-
bente, pam o qual acabava de $er eleito.
Em um artigo, iuiitulado— RomitiUceneias — publicado no
jornal — 5fif3 Paulo— a benevolamente tranacríptu no voL H, da
Rêviâtit do Iiistiiíitoj pag, 93, jmbUquei um auto^Tapho, até en-
tsw inédito, diripdu por Alvares Machada, que se acLnva no
Rio, ao rpi^ente Cosia Carvalho^ em Piracicaba, onde ae encon-
trava o seguinte tópico— « Ora vamos ao estado do Paiz : Fize-
tãO'Ee as eteiaõeã para Reí^enít^ tó no Fará, Fpíjo obteve
maitiria; já estii íora d duvida Feijó sae eleito Regente, e por
coofieqnencia temos oova elei^io para Regente, por q Feijo nílo
aseita:: nfto aseita, por q ja ãi$e q não aeeitava, e por q está
convensido q ele nâo pede obter meios d «governar, o q outro
qlq^ poderia obter»*
E* fl!ibído qne Feijó foi demovido daquelle intento, pelo
esforço de Evaristo.
Como consequência desses meraoiaveís acontecimentos Ber*
nardo Pereira de Vaeconcelloft, o creador do novo partido, orga-
niza o gabinete de 19 de Etítembro do 1837, com elernentoa da
maioria das Camarás— Miguel Cfllmon, Maciel Mouteiro^ Kodri-
gues Torres e Sebft&tiíio do Reg*^ Barros,
Quando em ISCO^ Theofilo Ottoni, dirigiu ao» pleitorea do
Mioat, a celebre fCirciiíar», um dos maia notáveis documentos
da nns^a historia politica, assim se referia aos acontecimentos
de 1837;
« O minifcterio de 19 de setembro, apresentou -se diante das
Gamaras brilhante de talentos, eom a aureola do que se nâo lhe
podia contestar áe haver conquistado parlamentarmento as
pastast refflrçftdo pela Fanc<;flo do corpo eleitoral que ambavn de
elevar á regência o ministro do Impi^río, rico de prestigio pelo
facto de haver ahíifíido na Bahia uma revolta perigosa, aliíU in-
suHada por amigos do ministério, antes da conquista do poder,
armado com a força que lho dava a escola da autoridade, que
arredada oito annos da vida politica^ nella entrava remoçado*.
Com qnanto não seja ^loeso intuito reproduzir nm longo pe-
ríodo da historia da nossa vida politica, comtudo, nào podemos
deixar de descrever, embora succítitamente, qual era o estado do
paiz no momento da renuncia, e apontar a« causas que se fo-
ram acumulando, até explodiram em IP 12, eui Sào Paulo.
Ao ser declarada a rtjvoluç^o no Rio Grande, em setembro
de 1835, achava-se na Presidência Fernandes Braga- Substitue-o
Ãraujo Ribeiro,
— 456 —
Espirito conciliador, reflectido, com ext^iiisas relAço^a no
ceBtro d 04 acoti toei mentos, a sua escolha mereceu ^era«s applausos.
Chegando A provincia conflagrada, foi b©li primeiro cuidado
entender-se com os chefes do movimento, aSãrmando-Thes que
ia inauofurar um governo de paz e esqueci me ato, aronselhan-
do-os á que reconhecessem seu goyeroo, para impedir medidas
que elle nào queria deade log^o pôr em pratica.
Bfttto Manoel, parente e amig^o de Araújo Ribí^iro» é o pri-
meiro a abandonar a rftvolu^o, reconhecendo a autoridade do
delegado imperial.
Era vaiioaií-sima pma adhfafto, por quanto Bento Manoel»
ousado e val^^roso, figurava em todas a a lendas ga errei ras, como
herótí Ínví*nciv«L
Procedeudo com calma e prudência Araújo Ribeiro conae-
gum que f*9 cbofea do movimento revolucionário reconhece* aem
a sua autoridade.
Nào fora a traição de Onofre, atacando inopinadamente a
Bento Manoel quando este ae dirigia pa^a Porto Alegra, á
frente do* teus valí^ntea gaúchos e morta estaria a revolução.
E* V03S *íHral, repetida pelod chrouiatas, que Oaotre e outros
chefes se o p punham á pas-ificeçao, por quanto a revoluçàn fncul-
tava-lb*^íi pHrcrrrer aa campanhas a se enriquecerem com toda
lorte de t»^ bulbo».
Pordifías todas m esperanças di restabelecimento da autori-
dade do iroverno em toda provi ncin, Araújo Ribeiro reáne ele-
mentoiiit df^ resistência em divírans pontos e entra em nci,ào,
S'úvi\ Tavares retoma Pelota?, e a cidade de Porto Alegre,
oTganisiando a contra revoluçáo, repelle oa tevcilucionarioB e en-
tra do novo para a legalidade
O tf-overno central, que desejava a paciíieaçlln sem Ber pelo
meio ún^ nrmas, desaiitorando o Presidente da Provinci» entra
directamente em acordo com os chefes revoltosos, que iítipnze-
rara fOfiK» condição inicial de qualquer acordo a retirada de
Arauio RihíMro da presidência*
Sujeita 'se o governo a essa imposiçào, e como couf^equeu-
cÍAf é iiLeriperadamente demittido Araújo Ribeiro, e nomeado
para subHtÍtuil-o, o í^eneral Antero.
Ao ^er conhecido o acto do governo geral levanta-se pro-
testo vehemente, por parte da camará, do commercio e dos prln-
eipaee at^^Lilíarea do governo no Rio Grande do 5nL
Solicitim de Amujo Ribeiro, que nílo dÓBse posse ao Prenident©
nomeado, até qne voltasse do Rio o Vice Presidente Vieira da
Cunha enviado C(>mo emissário, para obter que o governo desfizesse
um acto que era considerado como sendo uma calamidade publica^
Recusou- se Araújo Ribeiro, mas prometteu permanecer na
proTincia até que voltasse o emissHrio.
Cheira ne^te tempo o Presidente nomeado, e assume a admi'
uistraçào da provincta,
- 457 -
Poucos dias depois vulta a Porto Aleite Vieira da Cunha,
fraseado do Rio novas cartas presídenciaes — vím% tif^itieando
novamante Araújo Eib^iro, outra transferindo Antero para Santa
Caiharioa.
Embora latififeita a opiniào publica, o procedimento incor-
fecto do goTeruo contribuiu poderOBamente para fortalecer a re-
Foi necessário novo impulio para recuperar o tempo e a
força mf)ral abaUdn por aquellea faetos,
Depoia de ter o g-overuo cnnseg-uido infling-ir diversos re-
veases aos revolucionários. Bpnto Manoel os esmaga no t*^rrivel
combate do Fanta, no qual íbrain aprisionadoâ Bento Gítuçalves
e 0% prÍDC]pae« cabaças do mnvimento.
Ainda SB feetejava a yictoria do Fanfa, e «'ra extraordiná-
rio o |*restigio e a popularidade de Amujo Ribmro, q unindo é
novamente demittido, checando Antero para substitui lo ao
mesmo tempo.
Atsumindo a administrnção, o novo Presidente intima a
Araújo Hl beiro para q»e ahaudoyasse a província, por nÃo ser
conveniente a soa permanência nella, quando se ia tratar da
pacificando,
Antero, poderia ser ura bom soldado, mas desde logo de-
monstrou que era péssimo diplomata, e que desconhecia coniple^
tamente o meio em quf^ ia ag-ir.
Quf^rendo desmorali /,ar a administração pasmada e dar arrhas
de sua sjmpatbia aos r«'Volto»DS, inicia uma politica de exclusão,
diape atando dos commandns amigos de Bento M anotai» que por
ir^fiui^ncia deste bavjam abandonado as iileiras revolucionarias e
de a muito estavam prestando serviços relevantes ao governo
legaL
Ao ter noticia de&sfs factos, nAo occultoa Bento Manoel o
wn d ei* peito.
Im mediatamente escreive a Antero, para que o substitua no
eommando da fronteira, ['edido que foi immediatamente atten-
dido, rpi: irando se o terrivei p^u^rrilbeiro para Alegrete, depois
de dii^i^ertar seus valentes j^aiiclios.
Nesse tempn^ Netto, Cref*cencio e Jofto António, sabedores
das diverg^encias que haviam «urgido entre Antero e Bento Ma-
noel, emf regam ceforcoa fl conseguem que pst© se conserve
inerte em Alegre te« Obtida a promessa, pouco a pouco dirigi -
ram-se para Caugusfiú, i amnqnan e 3, Gabriel,
An tens a pretexto de examinar os principaea aquarteOa-
mentos, acompanhado de brilhante estado-maior, deixa a Capi-
ta], e depois de permanecer no Hio Pardo alguns dias, passando
por Caxoeira & outros pontos, dinge-se para Alpprf*te,
Ceíca de 20 legoas antes de chegar áqnella cidade, ao
atravessar o Ibicuhi, é inopinadamente enfrentado por Bento
Manoel, que, [>or um ousado golpe úb mão, o faz prisioneiro,
— 45B —
tendo conai^guida apoderar se de quasi toda brilbaote escolta quQ
o fícoTupanhava.
A Tioticin da deffecçâo do indomável fjn errei ro, para n qual
os Pamp.as uAq tinUam se^^redos, o aprisirmamento ão Presidente
Antero e loí^o apus o terrivíi! desastre da rendíçílo de Joáo
Cliriaostorao* «ntreíí-itido aos rebeldes Caçapíivn, o maior empó-
rio bel li CO que o governo ])ossni,i na provincía, abateram com-
pie tumente a corflgem das forças legalista?*
O íijoi-prnn central ficou ahalado coin nss^s tremendõfi e-ol-
pes, e mais ainda ptslo clamor f;eraL Caminliando, poiéWy do erro
em erro, em wa de collneíir à frente do ^oçerno e daa tropas
desmoralizadas um homem de valor, nomein Presidente a Feli-
ciano Pirt*a, nome desconliecído, mas que se prestava a servir d©
intermodiario pnra o t^o stuiliíido e sempre adiado apa^ip-uíimeufo,
NAo poupou o govfrno mpios para faciliífir a misfiâo do seu
deíft^adíi, e para o auxiliar, deu liberdade a diversos prisionei-
ros ào Fanfj, conservando ajienaa Bento Gonçalves, Onofre e
Corte Real.
Iniciaram SC as transações— Feliciano e Netto trocam pri-
BÍoneiros— cabendo a Netto um dos seus mais terriveia auxi-
liares—Amaral do líio Pardo,
Greenft^l e Silva Tavares por parte do proverno e Crescen-
cio pelos revoltosos, sào designados para discuii;* o assentar fi&
bases da pncificaçílo, em um ponto vissiiibo á cidade de Pelotas.
Rennídos, assipi-nam o convénio da suspensão de armas o marcam
as lÍTilias divisórias dentro das r]naes deviam permanecer as for-
ças de cada uma das partes, até que o governo e revoltosos
assi^rnassem a pacificação.
Esta convenção havia íidd repelUdn pelo Vice Presidenta
Cabral de iLelIo, antes de Feliciano assumir a administração.
Dessa tre^oa, Netto, afetuto e precavido se aproveitou, para
melhorar suas pnsiçnes e oceupar nov* s pontoa eatrate^ipos. No
Hio (rrandB do Sul, e&tavam as cousas neste ponto, qtiatido deu ae
a renuncia de Feijó.,.
A província do Pará, conílapfrada, antes, por Pinto Madetrai
e depois de IBBIJ, pelo conet:õ Campos, em aeg^iiida pelo aerin-
pueiro Pedro Vina*;;^re e finalmente por Ao^relim, sanj^uinolento
faccinora, havia pas&ado por dolorosos períodos que perduravam
ainda.
Embora o general Audreas tiveise retomado Belém em XS36j
em seguida a ilha de I\larajó, Oeiras, SantaretUf Vi^ta etc., das
hordas esmagadas íormaram-sa magotes de salteadores, nos ex-
tremos limitf^s da provincia, ciija presença impedia a retirada
das forças existentes.
Na Bahia, de ba muito, os espíritos sa achavam exaltados.
Alii eram freneticamente applaudidas as victorias dos revo-
lucionários do Sul, e a imprensa pregava abertamente a idéa
da separação da provint!Ía.
á
- 459 -
A regência, descuidada, na© fe preocupava com a FÍtuaçflo,
apparentavA me^ma ter graTide (r^ufíaiiija no governo dn Bíihia^
tanto que paríi alU etrvicu Bento Gonçalves, a pretexto de lho
tornar mai» diffitil a fa^a.
Ao dar&e a resigna çSo de Feijó, achava-se preparada a re-
volnçAo o AO lado def^a grande parte da fori^a de linha exiateixte
na Cí^ííitaL
Rompendo o riíovimento, Sousa Paraíso, que havia demons-
trado ser incapaz e imprevidente, abandona o Palácio do Go-
verno aos revoltosos, e foge para um dos vasoa de gnerra esta-
cionados no porto.
Em um momento a revolução domina e a Babii declira-Fe
independente do Kio e do Brasil atá a maioridade de d, Pedro 11,
deven<Ío até lá re^er-se por prineípioa repuMicn,iios*
Duras calamidades pesaram naqaella parte do Império, e foi
só era Tnarçc» de 1838, qufi as torças do g^overno conserruiraài se
apoderar da Capital e apoLíar o incêndio que em desespero 08
revoltoo* haviam ateado níi cidadu baij:a.
Como Be vè, a herança era oDerosissima» não podia «er nem
mais dijticiU nem mais desolador o estado do paiz ao se inau-
^rar a politica do regi^eííso.
Vem a propósito transcrever o curioso nutopTrafo, dirigido
pelo re isente Feijó ao geu ainda amigo Coata Carvalho» entào em
S^ Pnulo, exercen»!o o car^o de Director da Faculdade de Direito.
Esse documento, no mesmo tempo que deixa transfiarecer
a fraqupxa de jroverno, evitando irapor sua vontade ao Presi-
dente do Kio Grande e conservando o do Pará cuja iiiaptjd.^o
proclamava, quando entretanto continufimente desautorava a irm
de lies, entrando directamente em transacçuos com os advers^arios,
de&crevè o estado da revoluç&o naquella-s pro\dncias» o deixa pa*
tente que Araújo Ribeiro nfto cn ri traria va a politica occulta
do g-overno, pois era ecu intuito PFtabclecer a autoridade k!í:al
aaquella províncin, por outros meios que não pelas armas — tanto
assim que apenas pedia pequenos transportes maritimos (escuna»)
e D&o forças.
Snr. Cos ta -
«Tenho presente a sua ultima a q/' respondo ; que talvez
impoftsivel seja obter da aasembléa a autorisiaçfio para reformar
um Estabelecimento cientifico, sendo cada Deputado um D."^ imi-
nente, porem V Ex.' enviando ao Governo oa seos Estatutos» s
m."" lembransaSf ou representasílo aobre os pontos de reforma
que jul^ft convfnient^Sj o Governo o levRrá a Ass. « eniâo es-
cudado na autoridade do Diretor facilitar-se-á o consegui r-se
fio menos em p.^"" a reforma : pois bem sabe que da noE^a Asa.*
nada lae que nào seja imperfeitíssimo.
«Sobre a autorixasílo p.* nomear q.*'" o substitua inferinam**"
axo mui conven.'* e verei se os Estatutos nilo assignâo Suplente,
Iliô ír& & Comisão.
— 460 -
• Sobre negocio de Fran.*^ Alves : té hoje nenbam requer*,
tem BÍdo apreBeotado como ele proinpteiime faser, e por íbo uiuda
nada ee tem feito.
«Conftebemfle esperanpas do Pará. Cametá tem reieatido &lguiia
ataquef^ doa rebeldes^ e so d^umn vez llifs matou maU de 100,
Eduardo eatava quaei abraaos cpm o preto Viriaimo dentro da
cid,' que vae se tornando bou rival: as b^xigaa tem morto am/"^*
deHea; e a 11 de Dezb.^ ja f^i encontrada a eispedÍBào de Per-
nambuco juiilo a Salinas: ^o este retorgo e m.^^ mantim^^nto q^ue
daqui ao t^m remf tido desde Sbr.** reanimará aquellea de@g:rasadoB
abfindoujidoí* a todo género de deagrasaa pela iitcuHa e ineis-^
pUmml iuapiiãiio de if/' Jorgfi, que aem sabir da Fragata quer
que a Provincia no entuaíaeme emqu ** ^le deixa morrer nos
Barcos pnsíoueiroa 1*25— e talvez 200 de Mar e Tropa e isto
de forne, bexigas e outraa moléstias.
*Jofié de Ar.'' Ribr,^ querendo tratar o B. G* {h dept^mta-
ticamente yae levando o negocio a inevitável guerra civil, um
pouco maia de presa, um pouco meuos de temor teria de uma
vez acabado com a Bcdisào : ma^ elle toma puBse contra atei no
Rio grande q.** é initafo pelo Vice P. da âb. P. para o faaer
na Capital a vista da certeza da Amnistia, © apesar d© B.
Gon -alves Uib pedir com q.** forsta pode para que iià<» toraaas©
pose no R. O. não quer que se lhe mande tropa e htm Vasos :
lá vai nesta Semana mais 3 Escunas .
A. D.* Sr. CoBta. Deaejolhe todo o bem. Rio 21 de Feva-
reiro 1886.
l>e seu Am.*' e obr.* S,"
Feijó.
Éui 18^7, Araújo Ribeiro defendendo nas camarás a Bua
adiai nistraçào demousirou, que no chegar ao Rio Grande do Sul,
apeiias encontrara duas povoações em poder dos legalistas, nâo
existindo mais de 400 praças de linha mal municiadaB, ao passo
qu© ns revoltosos já dispunham de mais de trea mil hnmeaB.
Mais precavido e prudente do que posteriormente se mostrou
o Presidente Antero, Aranjo Ribeiro assumiu a administração na
cidade ão Rio Grande, e recusou o convite para o fazer em
Porto Alegre, que se achava em poder dos revoltosos.
Que garantia podia-] he merecer o convite da Assembléa
Provincial toia deáicada a Bento Gonçalves?
Bento Manoel, que juútameute com o chefe revolucionário
6 outros «cíibavara de rçconh^cer o governo de Araújo HibeirOf
não era inojjinadámíinte atacado por Onofre, quando se dirigia
para Porto Alegre ?
Reatemos os acontecimentos políticos.
l Besto Qâiiç&1f«fl nebifta do m«rlBae(o rerolaelãiiftiio:
— 461 —
No dia 22 de fevereiro, n Chamara pimocioaâda esperava na
hortí repmental a presença de VascoucelSnB.
Em Ben lucrar apreseota-se Jdié Calmon» que declara não
poder comparecer o aett eídlega, por ter sido chamado ao Se-
nado para dÍBcutir o orçamento. Por elle encarregado apre&pnta
« jxis titica as três «egnintes propcstas,
1/ Ãutori^çào para o Governo destacar 4 mil
piardas naciona*;B de todo o Império, e por um anno,
para a defesa d»& praçap^ fronteiras e coBtas da pro-
vincia a qne pertencessem.
Declara que o governo já havia deliberado^ *em «f^uardar
o tardio resultado do recrutamento, fazer marchar do Kio e de
ontraã praças toda quanta tropa de linha julgasse conveniente,
para a provi nci» dn Rio Grande*
Es^a resolaçâo justifíca n necessidade da medida solicitada,
~ substituição daqueilas forças.
*2,' Prorogação por mais um anno no Pará e no
Rio Grande da suspensão do i^^rantias, decretadas p^laa
leis de 22 de setembro de 1835 e 11 de outubro de 1836.
Coroo complemento det^sa antorizaçàc ^oliiútaTa a
de poder conceder amnistia ^eral ou particular, ás
pessoas envolvidas nos crimes de sedição ou rebelliào
contmettidas nas mesmas províncias, caso a humHnidade
e a conveniência do Estado assim acconselbaiise.
O governo queria ficar armado com esta autorização, por
que nào desejando persegTiir a quem quer que fosse, aeu fito
era chumar á ordem os cidadã s illudidos.
3/ Abertura de um credito de 2,4M contos, para
supprir os defíciu verifícadoí.
Eram, como se vê, treM votos de confiança que o novo
governo vinha solicitar dos Camarás,
Âpreaentadaft aquellas medidas, o Ministro da Fazendti deu
AS explicações politicas p que eram ancioBamente esperadas, e
que foram recebida» no meio de geraes applausos.
Dessas declarações destacaremos apenas as seguintes.
Affirmou José Calmon, que a nova administraçAo estava
resignada a acceitar todas as eoudiçõei do governo representa-
tivo— queria governar cara as Camarás; manter a harm^inia doa
poderes públicos — exigia portanto o apoio dos representantes da
uaç&o —te esse faltasse, se retiraria do governo.
— 462 —
O fito do goTerno em manter a CoiiStituíçào, o acto addi-
cional e as kds, e que por esse motivo iria revogando e liavia
de revojjau todob o» Decretos n ordena, que eram oppoatos á
meama ConatitiiiçAo, no neto addicinuHl o as leis (1).
Declarou que o progrímima da uova adminiatraçâo estava
consubstanciado no aviso expedido no dÍ4 20 por Bernardo Pe-
reira do Víiàconcellos, ministro do justiça «interino do Imiteão:
tíccresoent^u que, desde que eatíVHf^so de novo estabelecido o
íttiptTÍo da \^i é a integridade da pátria» o governo [m'o moveria
todas as rtjfórttjaB neccsfarias ao deeí*nvolvimeii»o do paiss, depoia
de tnadurainent© estudadas, desde qntí uiio cou traria ^fcO ta a Con-
stituição e houve&Eo reclamo da opiníào publica.
O aviiio expedido por Vasco ncollow, que delineou o pro-
írramma do partido que subia ao poder, é documentiJ histórico
de íjraude valor. Foi publicado ua irnitroaaa da ep cba o teria
depapareaido, se uAo fignraaso na CoUeqão de Leis, edição de
Ouro Freto.
Stmdo larirsima essa edição e nSo fií^urando o avÍ8o nem
mesmo nos annaes lei^iiilativoSj transcrevo aqueUe programma,
hoje conhecido de numero limitado de curiosoâ.
Eia a Circular,
«Comniunico a v. e, que o eimo, sr, Diofí;o António Feijd,
acaba de renunciar espontânea o li vj emente o carg-o de Regente
do Imjierio, em nome do Imperador sr, d. Pedro il e, na íonna
do acto addíccional á Constituirão assumiu s. liejçencia o sr,
Pedro de Àraujo Lima, cotno mlnigtro e secretario do Eetado
doa Nej^ocioa do Império, o que v- «. verá das inclusas cópias.
0 primeiro acto do Retí-ente interino íui a nomeaçfto de um
novo ministério, para o qual 1\ii chamado b oncarreg^ado da pasta
da Justiça, e interinamente da do Im^terio, c rr*levando que v. s.
fiqi3e inteirado da marcha que pretendo fte|^uir a nova admi-
nistraçiln, n[trpsBo-me em eiiunciat-a em íjeral, reservando o sea
desenvulvímeuto para outros avisos.
Guardar o fazer guardar a Constituição, o acto addicional
e a^ lei^f sendo condição devida de qualquer administração bra*
sileiraj ocioso se torna dizer que será do actual governo.
Todavia, para que nossas instituições liheraes produssam os
esperados fructos, para que de eua leat e plena execuçào resulte
A líberdixde e a ordem, é de mistúr qué o governo teaha a ne-
c^mria força, porque ó 60 assim que elle pode fazer o bem o
prevenir o mal.
Esta força, pensa o i^cverno encontrai -a na sua própria
organização sujeitando m seus membros a uma reciproca responíia-
bilidftde por seus actos goveruativoe, desvelando -se em manter
perfeita harmonia entre si^ de maneira que a expressão da von-
tade de um seja a expres^ião da vontade de todos.
1 Vm do« primelroi bcíok 4o tnínUtcrlo de Ifjr do sctcnbrp Tol decUr^r lem
«ITejio os úecriiKM expedLúqt pelo fabhiote aoturlor, a mard nítido & )iapr»íiiJL
— 463 —
Mfti embalde serUa os esforços do governo ^ se a hnrmoaia
Sue elle prt tende manter se n^o verificar i^unlo^ento em seus
c;le gados.
Força C* portanto que o t;;ovcrtio aí*lia tie^te^ a necessária
obediência, a míLÍa activa cotjperaçâo e a mais leal execução de
aeus deveres.
N^nda desautoriza, nada debilita tíinto nm ^overnoi eomo
deparar com obstinação, contrariedade e indiferença naqnelleâ a
qn»m deu eua confiança e do quem deviíi esperar auxilio, ?,elo
© conformidade.
Um tal procedimento fátnaià terá o assenso do .Eroverno.
Tmjiorta que se traiiqaillKcm os empre^raJou publico?, o go»
TorDO não indagará o partido que beguiriíni, e quaes as opiniõoa
que ptofepiavam,
Elle âcceita íis Iíç<j»!h do pastado, ma« sujei i ta as suíis sng;-
gestões na admisííào ou destituição doa empregos, para as qutjea
eó coíigultará a spíiáào, serviçoj?, probidade, Ktlo, actividade a
energ-ia,
Nâo intení» o governo dominar as opiniries, nina nSo as
verá com indifferença, quando liottis aos prlucipioa vitaca da
admiiti&traçâo se produzirem era factos.
O governo saberá regjTeitar todas aa idcfií, (odoa os etínti-
meotos, todos os partidos— mas tíiobí^m cê snberá combater com
energia, e punir com toda severidade das leis, ae ourarem re-
cori'er a meios reprovados.
Nâo ignora v. fi. que uma facçHo armada, na província do
Rio Grande do Sul atTOpellou as lei*, de!*truiu o socí*go. depoz
A legitima autorídadei menoscabou todítK ãn ordcus do Governo
Imperial, o por fim arrojou-se a prc clamar um governo repu-
blicaDo.
A ninguém te esconde quo debelfar e escarmf ntar a rebel-
lito é um direito de todoft os brasileiros, é o interesse vital da
verdadeira liberdade, esiencialmente ligada á união e integri-
dade do Brasil.
O g-overno níío perderá instantes, uho poupará esforços para
restaurar alli o Império da liei.
Possam as calamidades que o crimô despejou nnquella ]iro-
vÍDcia fazer calnr a %'eada aa^ fd na ticos de idéaa avessas ao
nosso regimen.
Conhecido o prftgratnma do novo partido, reorganisia-se o
que figurou na bistoria politica da monarquia com o nome de
Itberal, e proclama a necessidade do ampliar- se o programma
de 1831, e inscrevem em sua bandeira; — Monarquia Federativa ;
Eleiçio biennal da Assemb!éa Geral Legislativa; Senado electivo
e temporário; Suppre&aâo do Conaelho do Estado; Assembléa»
Provinciaea com duas Camarás, etc. Estabelpcidas as eEcolaa
oppostaE, data de 1837 a diacrimi nação dos partidos.
— 464 -^
Depok áe esmugada a revolta da Bahta, o governo voltou
a sua attenção para o Uio Graade do Sul.
Havia aido nomeado preaideut© daqualla provinda o ma-
rechal Eli&iario, o qual, tiog 5 meze» decorrídoSi orgunizara a
administraçào, distribuindo íorça** « í^ntregando ob pon^'B estra-
togicoB a Sitvft Tavares, corouel Loureiro e Joào de Deu» Mudíz
Bant^to^ cahendq a este a rai&Bào de guardar Rio Pardo e pontoa
circuTii vizinhos,
Neí^se t^^mpo, maio de 1838 abrem- le as Camaraa e na fala
do trono, chauia-se a attenijào delias para as gravHS divergenciai
que estava &uBcit»ndo a intelligeucia da lei de 12 de agosto
de 18S4.
Ein 8 de tikaio, foi lida a resposta á fala do trouo, BitHseri-
pia por António Carloatf José Clemeate e Carneiro de Campoi.
Dellâ deijtâcaremoâ oa seguintea tópicos, dogmas fuudaiuentaei
do novo partido:
«A cama^^a nôo poden *o deixar de reconhecer que tendo a
primeira uecfâsidade do paiz o prompto reatabeLeci mento da ordem,
D governo de» V. M. bem mereceu do Branil, pela e^cacia doa
meioa com que apressou e levou a eSetto a restauração da ordem
legal na província dfi Bahia.
*A camará dos deputados está iirmemente decidida a ^uíiíeu*
tar a \^i constitucional de 12 de airosto de 18S4, que reformou
alguns artigos da Conitituiçào do Iruperio, como consequeiicía
npccssana do pnucipio da justiça, que exi^e se dê k^ pri»vinci&b
todo* os ipçioa ái" recurso» príJvmciHes, que ní*o pódfm deixar
de existir dentro delias: recunbtíf^endo tiídavia que a me»ma lei
tem ^U1icitado duvidas g-ravtis e cerado coufUctoâ perigosos á pa^
de ItnpiiriD, pelos termos vag-os, obí^curos e inexactos com que
foram redígridas algumas de suan diãpusições— trabalhará por
esclarecer o que ha de obsi:uio, precisar o que existe de va^o,
e por fazer desaparecer, pelas reg^ras de uma san hermenêutica,
qualquer íotelligODcia que pareça estar em eontradição com n
ri^or de n<)&B0s princípios constitucionae<-, afím de que um acto
de vital esperança para o Bra&tl, po9sa produzir os salutares
benefícios que leve em vista a sabedoria que o dictou*.
c à camará dos deputados^ Senhor, promette franca e posi-
tivamente ao governo de V. M. I. sua efficas e leal coopeit^ào
para oa fins sobreditos »,
No dia IO de maio entrou em dl^cusslo a resposta a fala
do throno. Havia <rrattde intereste no publico para conhecer
qual a força da oppoiição e a do governo.
Rompe o debate Alvares Machado, requerendo que aeja adiada a
discussão até que peloe ministros fnijsem apresentados os relatórios..
Eesa proposta foi rejeitada por 53 voto», teu do obtido d a favor,
Scgue-se Ottoui, propondo para que aeja a di^rcaasão da re-
sposta á fala do trono por periodoK e uào englobadamente.
— 465 —
SoVr© este ponto, em pequenos diacursoa, opposiçfto e ami-
gos do governo terçam aa armas. No começo, reinou perfeita
calmfi, smdo a discussH^ amenizfida com jogo de espirito.
Ottom, que falara por Tatiââ ye^es, chiima Va^^concellos de
1/ mmiftCrOi e a H norio^ de chefe da maioria. Este que ae
achava jiregente protesta, deelarandf) — que nào é chefe^ — que está
coaeto com o epitheto; nkn qaet* mo oocupar com epithetoa porque
entào poderia chamar a Ottoni — ^c la rim — guarda avançada da
minoria (l).
António Carloa ufto se oppoe a discussão por poriodoa — n&o
quer privar o^ seu* adv^ersnríos de diicus.sãõ i ero ^^ntitessa nie
bao de Dun-a canhar a víctoria^ae oa «nra. têm armaa afiadas
para entrar em rf^nhido cambate^ — também os membroa da com-
mis»ào eçítào promptoa para elle».
Um terceiro, vinha protestar^ declarandn que n&o ae tratava
de gentilezas, mat de g-anhar tempo para diacufia&o de projecto a
importantes,
Rodrigues Torres, ministro da marinha, corta a questão, decla-
rando qU'^ o governo oâo fora mivido a respeito, mas aeceitava
a discussào artig-o por artigo,
Ottooi offerece emenda, e neasa discuss^io tomam parte —
Alencar, Limpo de Abreu, Alvar*»» Machado^ pela opposiçào^ Nu-
ne4 MachaHo, António Carloa, Paula Cândido, d. Franciaco e
Honnrio pel 1 governo.
Em uma das vezea que Vasconcelloa occupou a tribuna se
aproveitou para referir -se a palavra— re^rr^sso—e que serviu de
base par^i. a organização do purtido conservador.
Dieae alie — «Exphco o sentido em que eu me teuho deava-
necído de pertem-er ao regrosso,
« Houve tempo ^m que eu julgava que o liberalismo con-
sistia em derrubar tudo quanta nos If^garào nossos antepassados,
Fisjeram-âft muitas e importantes reformas e pretendia- áe pro-
gredir da mesma maneira.
* Eli entendi pntáo que devia interpor recurso contra esaa
maneira de proceder, contra esí^e prurido de innovar, e empre-
gaei a palavra de ref^reítao, como synanimo de recur^o^ aomenoa
é epta a intelliíiencia quo lhe dàn os ciassicoa portUfruezea» ,
■ Alguns entendera qu*^ as palavrafi significam nio o que
a^^u autor quer com ellas, mas sim o que ellea querem que ella»
signiliquem.
< O ayatõma do regre&sn ensina a avaliar aa medidas que
le pretendem adaptar parabém do paiz, submettel-as á discussUo,
náo do partido r^^publicano, ou deste ou do qualquer outro, por-
que dlseusíão eiure partidos gíVo Ínfriictu(>8aa^ mas eiin em iii-
Bcltar a digcuisfto entre m diver^aâ o^iínir^t^à, os diversos interes^
iBSj para atinar com a verdadeira opintílo do paiz.
pttonl bÍd ^cwlom da epitbeto « d^ir* s jleaDQ c4vaoo ^li&ada g repe Uvi|f
- 466 —
c Se o synonímo &%úxa entendido é prejudicial ao pai^, então
nós não podemos «erviUo>.
O gabmete de 19 de «etembro teve di^cil missAo, qual &
de restabelecer a orde.n nas províncias— umas conflagradas pela
guerra civil^ outras anarqui^adas pela interpretação que davam
a diversas diâ posições do acto addicíonal
Com rapidez foi concluído o resuibeleciiiieiíto da ordem no
Pai'á; em tnarço de 1838, voltava a Bahia para a communhào
naeioDal, p novas providencias vinbatn completar aa anteriormente
dadas para a paci6caçào do Kio Gi-ande.
Ão meamu tempo, Vascoucelios encaminhava a reforma da
leíjialaçfto criminal, a do processo peraute o jury, retirava do*
jnÍKes de paz as attribuiçòea policiaes, acabava com a escolha de
promotores, juizes lounicijiaes e de orphams de listas organiza-
das pelas camarás municipaes, centralizava emfim a acçào politica.
A resposta ao voto de graças foi approvado em 12 de ju-
nho de 1838. Caminhava o ministério rodeado de apoio ger«l,
quando dois factos vit^am abalar- lhe o prestigio e enfraquecei o
perante a opiniào publica, a derrota de Barreto, no Rio Pardo,
e a divergência que surgiu entr^ o re^^eute e o ministério, re-
lativa á eJeiçào senatorial do liio.
Quando o presidente do Rio Grande distribuiu as forças pelos
diversos pontos eí^trate^ricos, entreg:ou a Baiteto a defesa do Rio
Pardo o das localidades circum vizinhas, recommeudaudo-lhe^ es-
pecialmente, que conservasse sentinellas no Rincão d'Elrei, onde
se achava reunida a cavalhada, para evitar surpresas,
Peficuidou-ise Barreto e mais ainda o official encarregado de
faxer as rondas indispensáveis para conhecer a aproxiitiacào <*o
inimigo .
Deise descuido se aproveitaram os rebeldes— trabalhando a
noute, abriram picadas, e inesperadamente invadiram o Rinc&o,
apossaram-se da cavalhada e aprisionaram as forças alli instado-
nadas.
Barreto, certo de que ia ee haver com pequeno numero de
inimigos, em vez de permanecer no Rio Fardo, ou recolher-se
á povoação do Triumpho, para se apoiar na esquadrilha, como the
havia sido ordenado, procura i>s ínimigoi, e encontra na sua fren*
te, Bento Manoel, Netto, Crescencio» Corte Keal e Onofre.
No dia L9 de maio entrava Bento Manoel na cidade de Rio
Parda, e apossava-se de todo e armamento, munições e de cerca
de 1200 prisioneiros.
Barreto, desesperado, foge, recolhe -se á esquadrilha. ci>nse-
guindo apenas salvar 2O0 h< mens.
à responsabilidade deste desastre é consequência da poli-
tica dúbia do governo central, que para ser agradável aos re-
i
L
- 467 -
lieldôi, f Toce lia de modo a des^oaUr Bento Manoel, o mais te^
rinivel dos guerrilhe iro*, e qtt© foliitnente íiiais tarde voltou át
Uniras Ímp«rÍRí*s, acootecimt^iito que inltuiu ipara reerí^aer o
kttimo publico do abatimento a qua tiuha cbegado^ tt^ndo sido
«oleajQÍzada aquella Yolta em Pe lutas. Rio Grandoí Porto Alegre
« S. José, porque Bento Manoel j iro vara &er o mais notável
cabo de g-uerra que tiiíiitavA no campo dos rebeldeB, e^ sem a Bua
cooperação, eètea não ]:K)der]am deixar de intibiar*flo na luta» (1)^
De facto, pouco depois mudava* »« a sorte da g^uerra» e Bento
Manoel, aenft<^anJo os rebeldes^ não lhes dava trcj^oafi — A elle
deveu Caxias a victoria de Ponche Verde, em 13 de maio de
1643.
à opinião? publica no Rio de Janeiro clamou contra Eliaia^
rio, considerando- o responsável pelo deaaste do Rio Pardo, e
mi& a iniprenaa eiigia a sun demissão, O ministério, coneervan-
do-o no governo da proviacia, concorreu poderosamente para se
eiifr«qu*»cer. A opposiçào, tanto na cambra como no aeuaJo, bô
aproveitou com vantagem, duquelle desastre para arredar do go-
verno as ^ympathias p<t pulares,
O que. píirem, abalou fortemente o ministério foi a discórdia
que surgiu entre elle e o regente por causa da eleição Benato-
rial do Kio de Janeiro.
EateridÍ4 o rebente que a Bucces^tão de Lúcio Soares devia
tocar a ^ea particular amii^o Lopea G^ma. Yasconcelloi e seus
coUej^a» sustentavam Jusé Calmotij porque, além de ser chefe
pre9tig;ioso He uma das mais importantes províncias, fazia parte
do miaistario e a sua exclasão afectaria a íor^ja mfjral do gabinete
perante a Nação,
Rômetlida a lista tríplice ao regente, este, em 16 de abril
de 1839, escolhe aanador a Lopes Gama.
Como era natural, uíio s«fíeitou-se VaecoucelloB á vontade ,
impolltica e caprichosa do Rebente, e recusou-se assig-aar a
carta senatorial — cirao consequência, demitte-se o gabinete, apo*
sar de contar enorme maioria nas Camarás.
Organiza -se o ministério d^ 1 *" de setembro de 1839, que
precedeu ao de ÍS de maio de 1810, qne caiu pela revolução
parliraentar da maioridade, e do qual lez parte Vasconcelloi,
durante O h^iras que elle com orgulho consiJerava aB rnais glo-
riosas de sua vida politica.
Dmxindo o f^overno, Vascime^llos e^nsnirvou-se arredado do
movimento politico, o que ai tida mais concorreu para enfraquecer
o governo reçencial.
O prranda politico que era annoe anteriores havia levantado
a tdéa da maioridade de d. Januaria, para j^sseumir a regenciai
idéíi que não excedeu oa limites de um pensHraento, tanto que ao
apresentava patrocinada por Holhiuda Cavalcanti , revivia entre
I Forelr» 4* Sllr» - Dç msi x lãlU.
r
— 468 —
go» aquello pensamentOf com o intuito de contrariar o rt! geri té,
alleifiindo que, tendo entA,o d. Jatiuana attíiiE?ido os 18 anncis,
cabia-lbe asâurtijr a re^eucia, sendo o goverao de Ãraujo Lima
poresÊe motivo incon&titucioQaL
Reproduzirei em seguida o iu tereÈ santo i*eriodo hiatorieo da
revoluçáiO parlamentar da mai^riJade, que momPutaueaiiieDtQ
arredou 3o poder o parl.'do conservador, cuja volta ao pcder
produziu a revoiaçSn de 1B12,
Oa meus consoeioa t^rão norado as divagações históricas e
politicai que parecem nào ter ligaçào alguma com o ptnto que
me fropuz estudar, maií, doa attríctos que elles provocaram^ dos
odiofi que aurgiram, nasceram as cau^aa que determinaram a
revolta — ciúmes e ambi^iio de poder,
âté o momento da revolução, e nas facto» Bubsequént<?&,
tenho de referir- me muitas vezes a Vasccnct^llos, e. para que a
nova geração possa bem avalmT^ compreheuder e admirai a ca-
pacidade do grão de homem de Estado^ que durante 24 ânuos
fulgurou na nosea historia politica, reconcentraudo em sua in-
dividualidade a attençjlo do paiz e a admirsção de amigoa e
adverr^arioR, tornasse índíspeuaavel conhecer o seu retrato^ em
todos 03 totis. Recorrerei paia esse fim a deficrípçilo feita, por um
braRileiro que se octiultou s-^b o pseudónimo de John Armítage»
que esmere veu a Historia do Brasil de 180B a 1B31, obra que,
como cabemos, contem o mais completo, verídico e imparcial re-
positório dos factos daquetle período*
Diz aquelle e^cripior; *A lei para o niveltamento doa di-
reitos de importação sobre as fazendas de todas m nações foi
ap^e^entada pelo patriota Vasconcello»— o seu diecurso a e^to
respeito foi uma peç^ de raciocínio solido, de pespicácia, e de
sEos princípios de economia politica».
«Ã maneira por que a adopç&o do systema representativo
desenvolveu as faculdades inteilt*ctuaes de Vasconcellos — o Mirabeau
do Brasil, cau^a seguramente o maior espanto. Educado em Coimbra,
nunca alli se distíiigum pelu seu talento ou |ela suaapplicação.
Restituido á sua pátria, tifto tratou de aprovei tar-^e das pequenait
vantagens que a sua educaç&o lhe tinba asset^uradQ ; e foi fó
depois de haver sido nomeado deputado, quando já contava mais
de 30 annoa, {32) que priucipioii a dar provas dessa applicaç&o
intensa^ e dcasff talento trauscendenle, que lhe grangearam a
admtraç&o, mesmo dos eeus mais encarniç^dofi inimigos, Ã datar
deste periodo ( . .) parece que um novo principio come<;ou a ani-
mar sua existencial ^ noíte e dia foram por elle coíiesgradoB ao
ertudo da sciencia administrativa i Seus primeiros ensaios como
orador nada tiveram de brilbaottís. As palavras eram mal collo-
cadas, a elocu<^'rio diíbeil (era gago nessa epocha) e a ac(;^o sem
donaire. A castas desvantag'ens,, accrescia ainda o ser desconsi-
derado entre os liberaea, em consequência de sua desordenada
ambição . Demais^ Bua moral passava por corrupta ; e uma serie
^ 469 —
de enfermitlAileB, attnbntda pelos seus iaimigoi a uma yída dÍB-
solutv e pelos teus amí^oB p^^los effeitos dâ um veaeno Bubtil,
iinham-lh^ dado a apparencía e o parte de um Bexag-enArio. A
peUfí mtirchoti-se-lbe ; os olbos afuu iaram-be ; q câheWo come-
çou a alvejar; a marcha tarnou-se tremula, a respiração d ifficiL ;
e a molescia espinhal, de qui) ent&o pr neipíoii a padecer foi
l^ara elle fonte inexaurivel de cruelisnimia tormentos.
Emquanto, porem, passava O pbyaico por este prematuro nali<
íragtOi píirecia que oiaterno princípio vivificante camiahava num
progresso correspoudeate para o eatado de i>erfeita madureza.
O orador d iffiiBO e stim neio de 18*i6, tinhí-s© tornado doia
ftiinos depois tào «loqiiente o tfto sarcástico, que nenhum ortro
membro da cata lhe podia ser comparado; (completara B3 annos]
e quando, levado pelo enthuiiaijmo, ou incitado pt-la paixàOs
dava largas a i-uab emoções, a »ua fig-ura decrépita e curvada
etevava-se qual a de um génio protector, á bua maior altura ;
0% olboft animavam-se de doto con^ todo o seu pristino lustre, e
tia» fei;õ$d de aeu arrugado e cadavérico gemblante brilhavam
por momentos a mueidade renovada e a inteJligencia.t
Esse velho, que em 1832 contava M annos de edade, de
âgura decrépita e tremulo cammhar, continuou até oa 55 annos
a assombrar oa contemporaueoa aconselhando, inspirando ou ini*
ciando os monumentos da nae&a leg-ialaçâo-
Em 1.° de maio de 1850, diz-no» Joaquim Manoel de Ma-
cedo, no seu Anuo BÍQgraphico— toda a eidade do liio d© Ja-
neiro, ao anuimcio da morte de Va&concellos, COmmo?ia-ae, como
ao ruído de ura monamento qua houvesse desabado,
Foi uma dat primeiras victimaB da terrivel epidemia da
febre amarella, que naqueile anuo aterrorizou a cidade do Kiõ
de Janeiro.
Nào passarei adiante, si^m referir um dos actoa mais im-
portantes da adrainisÈraçào de Vasconcellos em 1838, e que
tanto o recommenda á g^ratidào nacional, e que não pode deixar
de Ber rememorado em uma asâociaçào literária e investigadora^
oomo é o UQ3S0 Instituto Histórico.
De ha muito a instrucção publica e o desenvolvimento in-
toUectual se achavam paralizados, devido <U circumstauciaa es*
peciaefl do paiz.
Ko período auterior a 1S22, o espírito nacional acbava-^se
entregue á luta pela Indepeudencia. De 1822 a 18B1, a oova
nacionalidade, irapulaionada pelas idéas da epocha, procurava
iutervir na ftua reorganij&a^ào, almejando Dovas liberdadeSi De
— 47Ô —
18S1 È. l8S7p a frãqae^A do goT^mo ragencial e a leg^islaçâò
exisiente hâviam anarquizado completa m^nte o pek, que «stava
|yre»tt;s a se desmembrar.
Apegar dds gratidías difficuldadea que ImpedUm a tnarclka
rcg^ulai* do g^ovemo, Vasí^oactillos, cpm aduiimvel íiitividadei pro-
curava orgauiztir t jdo^ oá raraOB do íerviço publicíi, regularizau—
do-oa, pela energia que ©mpreg:av» na opplicaçfto da» medidas
adoptãdfts.
LegUludí^r emérito^ espirito ciilto, elle tabia que as nacio-
nalidades nào progridefi), nem alcnnçam perfeiti» grau de eivili-
zaçAo, sem o impulso que soem produ'i£Ír bb lutas da inteligência.
Não podia, portanto, deixar de prender- lhe, a attenqâo, o
estado decadente do ensino, e a paralisação do deBenvolvimeulo
intellectua] rm muitas das ^uas manifesiaçoes.
Voltando sua& vistfia para a in«ittucçâo, Vn&eonceno refonua
a legUlaçãM, au^m^nta o numero das egcifífis prim^rifie no Hio,
organiza o euhíno BRcundario, escollie o mestre, premeia o alumno,
e chama a atteuçào das Aísemblóftâ ProvÍRciaes paia o momen-
toso a&sumpto.
Com notável regulamentOj jubtificaiido magistra Imante a di-
TÍsão do ensino, érea o CoUfgia de Pedro II, que dem vida a
uma geração de brasileiros uotaveis.
Em segui dn, reformou a Academia de Bellas Artes, promo-
veu o desenvolvimento dn sociedade de medicina, a amante da
iuKtmc^ào e auxilindora da industria nacional e f^idlirava ao
padre Januário da Cunka Barbosa e ac^ Visconde de S&o Leo peido
a creaçào do Instituto Histórico e Geogra}'liico dít Rio de Ja-
neiro, benemeritfi inâtituiçào, que tem prestado a^BignalHdo^ ser-
viços á Pátria, reuniudo r^ligio^íamente as tradições do pasmado
pelos esforços do preseute, para que nos vindouros século» o
historiador conheça os nossos erros, aa nossas rrloriaa e oa iiiol
vidáveis aerviços de tantos brasileiroa, que, com iueicedivel pa-
triotismo, trabíilbaram para o engrandecimento da pátria.
Devido a esse impulso patriótico u% espiritoB cultos se con-
gregaram, e, em penodo limitado, o Brasil, nação pequena «
nova, e que ainda não se achava completamente organizada,
conseguia reunir um núcleo intaUectual que causaria orgulho ás
velhas nações civilizadbs.
Foi nesse período que deu-^e o renascimento dai scienciait
artes, literatura, poesia Hrica, pintura e musica, e que fulgu-
raram 06 Domingos Jotó Gonçiilves M^galhâes^ ToiTes Homem,
Porto Alegre, José Maria do Amaral» Justiniano José da Rocha,
Firmino Rodrigues Silva, Odorieo Mendes, o cunego Jitnuario,
o Visconde de S. Leopoldo, Francisco Ma noel da SUva e tantot
ontroa.
Nessa epocha de memorável desenvolvimento iutellectualf
na arte scenica surgia Joaquim Augusto e depois Este lia dos
Santos até hoje não ezct^dida por nenhuma outra ar tis ta ni
nacional. I
j
— 471 —
João CaetAHQt depois de ter pago á pátria seu tributo de
sangue, na guerra da Ci a platina, inieiara-so na soa arte per-
correndo a província do Kio, fí^uriiodo nos papeis de dama e
de galan. Mais tarde fundava a e»cola romauticai para se iiu^
mortal izar no drama e na tragedia, e, «em nunca ter lido mes-
tres, assombrava oa teus contemporâneos no Kean^ Cabo Simão j
Gargalhada, adivinhando e realizando em &cena, como noB diz
um de »eus bio^rafoa, oa fiitaroB Eoasis e Sal vinis.
Que eata^t lembranças m perpetuem naa asaociaçÕea cultas
eomo é o nosso Instituto Histórico.
MAIORIDADE
Oí partidos políticos n&o poderiam cumprir aua missão nem
refllizar seu» programmAfi, se quando apeadoi» das posições ofâciaea,
n&o empregassem esforços para a conquista do poder >
à liistoria no? demonstra que abatençòes muitaa vezes oc-
casionaram o suicídio doa partidos.
No noBBo paÍ3&, durafvte o Império, a conquiata do poder
estava ao alcance da oppnsição — pela victoria das íirnas— pelo
voto do parlamento, ou pela dissolução das CamarAí^, medida de
que usava o Imperador, para acalmar o movimento irritado de
um partido, deaute da looga permanência de seus adversários
no poder-
Em 1840, o partido liberal estava impossibilitado de subir
ao podf?r por t^ualquer daquelles meioa.
O voto do parlamento lhe era contrario, visto ser a ma-
ioria dedicada ao governo e ao ministério. Ã victoria pelas uruas
só podaria aer obtida quando a camará completasse o sou man-
dato coostitucíonat. Ãté lá aquella corporai^âo era omnipotente^
por ter sido retirada da regência a atttibuição de dissolver ca-
marás
Via^se» portanto, aquelle partido na dura contingência de
permanecer no o^traciíímo á espera da maioridade, que ainda
vinha looge. 3ó em 2 de dezembro de 1843, se daria aquell*
acontecimento.
Alguns políticos irriquietoSj nao querendo esperar occaelão
opportuoa para galgar o poder, o que é uma grande ficieueia
poli ti a, resolveram conquiataUo fior um golpu de estado.
Para esee fira levantaram a idéa de ser o Imperador de-
clarado maior, três annos antes da epocha conãtitncional, mar
cada aos 18 annos no art. 121 da Constituição do Império,
Não era nova a idéa da maioridade.
Durante o periodo regencial, por mais de uma vez aquelle
pensamento se manifestou quer oa camará doã deputados, quer
nas aggremiaçôei politicas, nào com intuito de £&cilitar a marcha
— fí2 .-
re^lar âo% oe^ociofi públicos, mas como arma d« guerra para
difficultar a acçào do governo ou tervir d«9 tascada aos »sal-
tantee do poder^
A priíseira 762 foi levantada do parUmento, em 1835, pelo
deputado Lui» Cavalcanti, O projecto por elle apresentado para
ser o Imperador declarado maior nos 14 annos, tièo foi julgad^^
objecto de deliberação,
A sexuada vesj, ou por te acbar imprest-ionado pelos males
cauBados pela fiAqu^^za do» govemoe reg-^nciaes, ou, o qi e é
inaÍB certo, movido ]>elo deaejn de contríirrar a leg^encia, Va«-
Cóncelloa, tna[iifei»tou a alg-uns amigos a eonvenieiída de ser o
governo eiercido por d. Januaria, depoii* de declarada maior.
EsHe defif^jo, como elle próprio declarou, no mamíebio de 28
de julho de iy40, nunca excedeu os Itmiies de ura pensBUieuro.
Edtretaiito^ o Sete. de Abril^ jornal ins^pirado por Va cou-
ce Ho», jus tiíicou a conveniência da mt^dida, tendo sido f^^^reD^pnle
combatida por Evaristo, na AurorUj nào só pela «ua iti consti-
tucional idade, como ainda porque no Brasi-l ningnem Acreditaria
que a Regência s&ria entregue de facto á Priucega.
O penttamenUt de Vaacoucello» foi repeli ido pelo partido
moderado, tornando^se o grande politico mineiro alvo de ter-
riveis ataques.
Na asaembléa provincial de Minas, na fessào de 26 de
marçd de 1836, Manoel Igri^do de Mello e Sousm, um dos toeíi
preátígioaos cbefeti dii partido liberal , bradava : * Pereça aqut^lle
que ae atrever a profajiar a Constituivíio. Pereça o coffiijnrador^
quem quer quo elie seja 1 »
A terceira tentativa deu-íe em 1837. quandij Vieii*» Soii!4>
apresentou ua camará projecto para que fosse o Imperador de-
clarado maior, quando aiuda uào havia ultrapassado os 12 auuo^
de idade*
Além dessas tentativas > uma outra foi planejada, como consta
de um precioso autografo de politico evidente laquelle período.
Lo^o apúã a eleição de Ee^eute do Acto Addiciouâl, o g-mpo
chefiado ptílos doia Holtaudas^ e que acabava de ter derrotado,
procurou se apoderar do jioder* por um golpe de estado parla-
mentar, promovendo a maioridade de d. Januaria^ e creando
um Conselho Tríum virai, que de facto governaria o paíz,
A este golpe de estado uào se referem as chronicas e as
memorias que compulsei, e talvez na historia não viesse égurar
aquelle tentameo, «em o conhecimento do notável documento, do
qual vou lâr o tópico referente ao así?umpto.
Eaae autografo foi escri(>to no Rio de Jnneiro, em julho
dft 1835, por Alvares Mnchado, e dirigido, a Cl sia Carvalho, que
abandonando o st;u lugar na regí-ncia trina se recolhera a Pi-
racicaba, na sua prnpriedade ftgricola Monte Alegre.
O precioso autografo representa uma pagina cnriosa da
historia politica daquellea agitados periodos» e, perco rrendo-o
— Í73 —
72 annoB depois dos facto'5 que narra, parece-noa estar
lo o desenrolar doa licoixttídmaiitoft, t&o viva e Eninu^io
sãmente sfto olles descri ptos.
E^ um documetito lon^o, que noft descreva o caracter â a
competência de homenB notaveiB da epocha, bem como oa factoe
e as intriga» quti no momeiíto ee movimentavam.
Ei& o tópico:
c O partido Glandes tenda perdido a "batalha da Urna
Eleitoral aptíla para a intriíra ■ elle e&tá era maioria na, Camará
doB Deputado&j e quer servi r->© desta maioria para dar um golpe
de esiadó, para fazer uma espécie de 30 de juibo: querem faswr
paaar uma inedida legislativa que julgue maior & Princesa d.
Januaria, ^ lhe conJira a Regência do estado durante a miao'
rida de do Imuerador: ^auhttdn que seja esta batalha faífto pasar
imediatamente uma outra medida Le^islutiva pela qual se coufie
a tutoria do^ au^^usto^^ pupilos a d. Amélia na couformidade da
verba t^stameutaria com que talegt^u o Imperador. A nova râ^
gente governará com um conselho de trea membros; e et»perãm
08 olandezes f^overnar a Naçào por meio das íntrit^as de lalacio,
uma vez que o oào puderam fazer pelo vt lo Nacional,
« A Camará dos Deputados conta em seu ceio 97 deputados;
destes, 63 fazem a maioria olandeza, 44 tào o núcleo da an-
tiga moderação ; e no entanto es- es 44 eajieríim fazer recuar a
maioria diante da discussAo, que será vehementn, calorosa, e do
ultimo interessp : estes 44 unidos em falauf^-e berrada ^ fortes pela
superioridade intelectual, eaeudadoâ pela LonsTÍ!ui<jâo oo pstado
esperam derrotar aos fai-ciosq», e veuí-pr, ou [>ara milbor dizer
dezagl merar uma maioria vacilaut*", íraca, desunida, por pro-
tensãònes pí^rticulaies, a com ponta do aoarquiBtaSf de republicanos
e abíiolutist^B. Não &a berne e» o dia que ep apresentará na causara
aquele projecto, ele tem sidn demorado porque os Franías ezi-
tam em aderir mas logo que ellea a si nem aparecerá: o projecto
aparecerá astnado por toda a facsão e isto é mais um meio
insidioso que os olandezeíi axarào parft i laquear gente flntuante,
tímida e mal unida. O Ramiro da Bahia levantará a lebre.
Ob hollandesMíB tem emprí^trado todf s os ardis para xamarem ao
Lima as suaa vistas, querem -no conaoJar com a âeirurança de
que ele fará parte do conselho trinnviral da Rebente, mas o
Lima nào se deixou illndir, antes deu j^rande cavaco: mas 0
Lima está rodeado de Ministros traidores^ o único omem de
confiança é o Castro e S," pftrque Alves Branco além de ser
doutado de um caracter tiw ido, âutu^nte, é concunhado ão Ra-
miro parente de iniutos o1ande?^es, e mesmo nunca teve uma
fi.'Ímomia pfliiica bem pronunciada Tem-se querido muito
airitftr a popnlaçào da cidade © faseia esp£i2f*r as prenten^^õens
do» olandtíze^, mas a populagfto da cidade ainda eata enjoada
das rus&iías, a mostra- se dezeijoza de soceg^o e pas: disseram aoa
eizaltados que o ensejo era próprio, e o meio vautajoão para ifem
— 474 —
a Republica : disseram aoi caramnrós que o meio era óptimo paxm
restaurar os princípios, e o reitto do pessoal derriliadii em 7 de
Abril : porém, nem eixaltados, nem caramnrns le qn^rem
meter em nova carayana, á me»ma fome de ordem: a tado isto
acrese que a Guarda Nacional ainda se axa ccm óptimos xefes:
Manoel da Fonseca Lima comanda a iorsa de primeira linha,
Luís Alv**8 de Lima está a te;ta do corpo de permanentes, e
por este lado estamos seguros, apezar de contar-se com a trais&o
dos Ministros da Marinha e Guerra: o Ministro do Impeno é
um ente nulo.
Alguns dizem que é mister mudar ao menos os Ministros de
Marinha e Guerra. E-te é o estado em que as cousas se axam;
e, para nada ocultar-lhe, devo dizer que o Vasconcellos está unido
aos olandezes, e poriso muito desacreditado : a maioria do
Senado é contra o projecto dos olandezes, e para isto muito
contribuio o saberem que anda nisto o dedo do Vasconcellos;
se bem que ainda ontem o Vasconcellos negou que ele andase :
declarará (aseg^ram-me) contra o projecto de Lei.
Vensida que seja afaiftn olandeza pode a actual regência
seguir em suas funsões, e provera aos Ceos que ela mantivesse
té quem sabe? tudo pr»de ser: mas a Regência nào pode
permanecer com um só membro : Se V . Ex*. n&o vem fica só o
Lima, e dará azo a dizer-se que se^ou a Regência porque ese
corpo colectivo nào tem mais sua maioria, e podem tentar com
sombra de razão dar ao Lima sua despedida e deixar o governo
ao Ministro do Império».
Desta vez, os maioristas n&o conseguiram levar por diante
seus desejos O Ramiro n&o levantou a lebre e Feijó ponde as-
sumir a regência em outubro de 1835.
Reproduzindo factos históricos e que figuram nas ehronicas,
nos annaed do parlamento e documentos insuspeitos, o nosso
intuito é tornar patente que a idéa da maioridade servira
aos interesses politicos de ambos os partidos— apoiada uma vez
na imprensa por Vas(*.oncellos foi repellida por Alvares Machado e
Mello e Sous4, que imprecou a morte daquelle estadista, só porque
lhe viera ao pen.^amen^o a idéa de profanar a Constituiç&o,
desejando a maioridade de d. Januaria: mas em 1840 ambos foram
03 mais ardentes paladinos da idéa.
* « *
No começo do anuo de 1838, os chefes politicos decahidos,
contando com as dificuldades do governo na pacificaçAo do Rio
Grande, pretenderam recuperar o poder por meios revolucionários.
Para esse fim, organizaram um club secreto, denominado
Scciedflde dos Patriarchas Inviáveis, com sede no Rio de Janeiro
e ramificações nas provindas que pretendiam conflagrar.
Ou por terem encontrado repulsa, ou porque os encarre-
gados de propagar as idéas da Sociedade nas provincias, nào
- 4Í5 -
tiFemni competência para impot-a«, o certo é que em São Paoloj
a[>euAs se ur^anisaraEu clubi t^m aJg^amas localidHdeB do Norte,
parte da (iroviucia de 3. HauIo que, como é âabidit, acliHva-se
lig'ada pelas relagòefi commerciaet, mais com a Corte do que
eom a Capital,
Em Qccagiào opportutva, daremos a conhecer os eatatxttos
daquella soeiedade sf^cretít, e a intíneoctn que alguns desses
clube tiveram no movimento materijil de 1842,
Não encontrando ai^oio g^r^ral para um movimento armadOí
o senador Alencar, crendor da Sociedade dos Patriarchas Invi-
siveiSj promoveu a idéa da maioridade do tmperadoFf como
único meio de galg-ar o poder e governar com seus amigos ú
paia t^or meio de um conafilbo de dez membros.
Dia* antei de serem abertas as Camará-, Alencar reuniu em
sua casa António (/arlos^ Martim Francieco, os dois Hollandas^ e
o dr. Alencar, sen sobrinho, e f>ropo^ a creação de um ctub,
qiif« trabalhasse i^ecretamente para a proclamaçfto da Maioridade
do Imperador Ácceita a tdáa, organizou-se o club nu dia 15
de abril de 1840, f^endo neeâu data approvadoâ h^m r»tatutoâ.
Drt acra dessa primeira teuoiôo consta te? Hollauda apre-
Bentado dmii propo&ta$.
!.• Para que cada locio procuraste conbeeer a
idéa do Imperador,
2* Para que cada kocío allícías&e depatadoa e eena-
dores para votarem a maioridade.
Para conhecer a idéa do Imperador, foram nomeados Au-
tonío CarluB e IloUanda.
A regundíL reuniào doa conjurados realizou-ae no dia 22
de abriU
Foram propostos Otloni e Marinlio, que, sendo acceitOB e
estando preseiitps, tomaram parte nas deliberações.
Em seguida António Carlos declarou, que já bavtam dado
al^QS pa^BOB para conhecer-se o pensamento do Imperador, e
comquanto nada tivessem colhido acreditavam qtie o monarcha
desejava aquella medida.
Em seguida, Alencar declarou que havia íillioiado Vicente
de Castro j Manoel do Nascimento, Lima Sucupira, Ferreira da
Costa e Lima e Silva.
Em 29 de abril realiza-ae a terceira reuniào dos conjurados
— são admittidoB Ji sé Bento e Pinto Coelho.
António Carlos informa* (palavras textuaes da acta) que en-
ÍendE'a-se ç'*m pmsôa do Pat;», e qiíé fJita falando com o Im^
p&raãor, este dissera qite queria, que desejava^ que Jos^e logo^ e
muiio estinuiva^ que partiitse itíTO doií Jirv^ Andradas a seu par~
tida: aecreac^niaiião serem essas as pakíi^as do Imperador.
— 476 -h-
Cootinúa a acta. Era vista disto é Fiato Coelho, eocarre*
gado de enteoder-ee eom o Tutor para que este cOD^ersasiõ a
rei peito com o Imperador,
Pi Oto Coeího era flobriobo^ creio eu, do Marquez de Ita-
nbaen, então tut «r do joven tnonarcha.
No dia 7 de mnloj reutiem-ne os conjurados, pela 4/ vez,
ô Pinto Coelha dá parte, que 3. M. queria que se adiantasse a
medida da maioridado.
Nesta reunia o foram propostos —Vergueiro, Limpo de Abreu
e Montezuma.
Na 6 * reunião, realizada em 9 de maio, José Bento decla-
rou que Verg^ueiro nào comparecia por nào 8e achíir ioteira-
meatti disposto a acompaobal-oa. Limpo nào faz declarações, mas
nao compareceu»
Dectd^-ge a apresentação do projecto no Senado e Alencar
oHerece uia por elie feito. Nào aendo approvado. é substituido
pelo seguia t*?;
Anilho L* O sr, d. Pedro 2.*, Imperador e defensor per-
petuo do Brasil, é declarado maior desde já.
Artigo 2.'* Logo que o sr. d. Pedro 2." entrar no esercicio de
seus direitos, escolherá urn con-elho ie dez membros, que lerão os
mesmos ordenados, que tinham os antigos coneelheiros de Estado.
Em 12 de maio reali^a-ge a 7/ e ultima sessão secreta do
elnh da maioridnde, e ur^Ha resolvem ;
Que o projecto devia ner apresentado no dia seguinte por
enífa dala a do £Lfi7iÍij0rsaríu de d, João í?.^, o que seria agra^
duvel ao ueío.
^DepoiA de debate, decidiu-ge^ cmttra o vencido na outra
satHÕOf que os projectos f ousem dojs, um propondo a maioridade^
outro o Cfjuitelho do Estado
*Res Iveu-se que fto dia seguinte Olanda offereceria o pro~
jecto 1W Senado, lú Mello e Sout^a o assignaria^ sem ser do club*
Nessa ultma reunião foi organizada uma Hata demonstrativa,
pela qual se verificava que o projecto poderia contar com 16 votos
a favor e 18 contra, não le cabeado o modo de fiensar de tret
sen adores. Â ajrreaentaçào do projecto era ind ia pensa vel nc^smo
sara contiir com maioria. Não podia ficar eternamenta secreto.
Completemos as i n to r mações que são ignorada* pelo laco-
nismo das actas.
Dias antes da reunião das Camarás, o senador Alencar, de-
pois de ter ouvido os duis Hollandas, communicou aèu pensa-
mento a António Carlos e a Martim Francisco, que o approvaram.
N(f dia 15 de abril de 1840, realí^a-fe etn casa de Alencar
a primeira reunião dos coui^píradores. Comparaceram apenas
aquell^^s 5 conjurados, namero que foi se elevando até II.
Pertenciam á camará vitalícia José Martin íano de Alencar,
ofl dois HolUndas, (António e Francisco) o cónego José Bento
Ferreira de Mello e António Pedro da Costa Ferreira.
- 477 -
F&^íam parte da camará temporária Martim Franeiaco, Ãn^
tonio Carlos, Ottoai, Marinho, Montesnina, e o dr. Alencar.
Âcceita a idéa, referem aa cbroaicas que ok confidentes
como preliminar trataram de tornal-a conhecida do Imperador,
e saberem qual seria o bèti peneaniento a respeito,
Deisa incumbência foi encarregado António Carlos, qoe gc-
8«va de g-eraes BympathiaB, entretinha no Paço telaçõeií intimaB
com algans dos veadore* qa© rod#*ayam o joveii Imperador.
E* facto gabido que Antrnío Carlos eDcarrejj;c>ii ar» veador
Bento António Bahia, de fazer chegar ao Imperador uma mi&si-
Ts, cujng termoB haviam eido appi ovados do club, e era múm
concebida:
cOs Andradas e seus amig-oa desejam fazer decretar pelo
corpo legislativo a maioridade de V. M. L; mas nada ioiciarâo
sem o consentimento de Y, M* L fl]*.
Ottoni, um do9 confidentes, eícreTendo 20 aniios depois destes
aconteciícentos a celebre — cCirculan— diz*nos;
«Precisavamts d© ae^urança prévia, de que o poder viria
parar Das nci^as míios; aliás trabalha ri amos estupidamente para
reforçar a pTppcnderancia doa retrogadoe».
«Só a sancçâo da vietoria, a po^se do poder, podiam justi-
ficar nossa participação em tal empre&a* .
« Seria loucura iniistir na sua reali^^ação, seiílD esúve^semos
bem seguros das disposiçò^s de animo do mancebo im (serial, se
nfto conlast-Lemos com o aeu beneplácito, e, para ludo di^er, com
iuaa boas graças.
Essa segurança, o» coo âdentes acreditavam ter com resposta
que dias depois lhes apresentara António Carlos:
«Quero e estimo muito que es&e negocio seja realizado pelos
Andradas e seus amigos».
Cora esta inform>4çà", fez-«e acreditar aos apsocíado», e de-
poia a scius amigos politicou, que o joven mr-narclia se achava
de accrdi com oâ coii-ipirArio^e* que se haviam reunido com o
fito de rasgar a Constituição dfi Império.
Entretanto, bastaria uma leimra rn* ditada daquella rceposfa
para que «urgissem í*u8peitas quanto á hua veracidade.
Bento Bahia foi incouteKtavelmente um honiem astuto e
detde logo compreheudeu que jamais rcca&iào tào propicia ^e lhe
offereceria para servir lhe a umbiçfiOj e dcllase aproveitou com arrojo.
Foi essa ambiçàOi que deu origem á retpoetat que serviu
para mistificar bouens de grande merecimento e de boa fé— o
que nAo teria acoalecido ae nào estivessem com o ej^ piri to obae-
cado por uma idéa fixa - a conquista do poder.
Os termos da reftpQsta, transmit tidos pelo veador Bento Ba-
hia a António Carlos nâo podiam ter partido do joven monarcba.
l Ottomi-Circiitar aos ElètKipwi de MtnM .
r
- 478 -
Embora de pouca idade, era elle Bammamente ret rábido,
diatmgiiindo se por admtríivel critério e profunda circuraspeçÃo,
qualidades m^iíi que todo- os coiitemporaneot^ lhe reconheceram.
Qurtndo UoDanda, em 13 de maio de 1840, apresentou ao
Senado o projecto d* maioridadet declarou que o Imperador se
Achava cnm todas Auat faculdades degenvolvidaa-
O Marquez de Paranaguá, na teasáo de 20 daquelle mèi e
fttiao, affirmava que ao joven imperante sobrava inteUigencia
para tomar a^ rfdeas; do governr^, e presidir com sua auguí^ta
presença e influencia im mediata as deliberações do governo na
direcçào dos nefrocios públicos»
Na camará dos deputados, Alvarez Machado, Limpo de
Abreu e Ãutunío Garlot cjntirmavam aa palavras doa veneraudos
seoadoreK,
Netihuma desf^asopiníòi?» deve yesifír mais que a que pat fiamos
a transcrt^VtT Theofilo Ottoni, um dos confidentea, em 1860»
exactamente no período em que tanto contrariava a Corôs at-
tribuindo-lhe o poder p^^oal referiado-se aos acontecimentos da
maioridade assitn se manifestava. «Fazia •se em geral o mais
vantajoso coaeettOj nào aó dos dotes moriiei do Imperador, como
do seu desenvolvimento intellectual, « rnaiB que tudo do pro-
fundo critério, e discreta reserva em que ae mostrava eminente^»
Se na epocha da maioridade* os maia nataveis braaileiroi
reconheciam no jó^^en monarcba, profundo critério, discreta re-
serva, elevação moral e inteílfctual. CL>mo acreditar que elle i©
tivesse manifestido tào levianamente, qualificando d© negocio
um acto inconstitucional?
As grandes qualidadofl do Imperador que o» contemporâneos
reconheceram e que a Historia conârma, nào teriam ficado empa-
nadas Fo ti Vieste elle sido tão ingénuo a ponto de entregar nag
mftíis de politicoa que tinham sede de poder, o Sim, lançado
cnm sua letra no celt^bre mem^^ríaU escripto por uma das nossãe
illustraçôes» como refere Ottoni, documento que demonstraria á
posteridade seu apoio a consjiiradores que tramavam urna me-
dida, que por incoustitueional poderia confla^^rar o ;iaÍ2 ?
Be os princípios da botira e do dever foram seus apanágios
desde os dias feliítea da mocidade, até que velho © doente, cho-
rando a pátria amada^ expirou no exilio, porque não protestar para
que cesse essa lenda, que ge foi^e verdadeira denotaria no Im-
perador uma índole astuta, pervei'sa mesmo, qual a de occyltar
do Regente, do ministério, do governo em6m, seus pensamentos
intimas e as propostas que lhe haviam sido feitas pelos que tra-
mavam n^n attH-ntado centra a Constituirão?
Nilo 1 Quem n>> seu século e iia sua pátria^ desde moço se
avantajou dns contemporaneoi, por ashiçoítlados dotes, cultivada
intelligencifl, circurnspecçàii e patriotismo, náo podia r**fi*rir-se
naquelle» termos, e muito menos deixar nas mAos dos coulidetites
a prova eicripta, que lhe faria baixar os olhns e carmiuar-lbe
o rosto, toda« as ve^es que tivesse de enoarar seus associadofi.
^
— 479 -
Felizment^e para grande uumerú de cóDteiDporanooB, qnf^ se
deixavaia ^niinr por calma e reflectida observação, desde logo
a« firmou & idéa, de aa palavras attnbuidas ao Imperador, e o
Sim nâo foram maifi do que titsji arma de guerra politica.
Para ouiroB, a mesnía convicção veiu» quando j»assado6 ape-
nas 7 meses, o Imperador dernittia o mini&terio ao qual encar-
regara de tratar do negocio da 9tà& maioridade.
Para o^ incrédulos finalmente, quando mujlc s atinos após, o
Itnperadort assistindo no Instituto Histórico do Bi'a€U a leitura
da Memoria t^obre a Maioddiide, tTabalho do notável mag;ÍBtra(io
e illustre tomem de letras, Tristão de Alencar Árari|iei ao ter-
minar a iei&àoj declarou a aquelle bra&ileiro, e autorizou-lbe a
dar publicidade, de que nào era exaci,o o que se lhe atiributa,
e que nào se recordava do ter sido jamais provocado por peB^oa
alg^uma do Paço^ e, que, quando nquellea acnutecimeítt^^is te de-
ram, só occnpavA-se com ^eut estudos, nãa i-e preocupando com
a politica militante.
Ãquelle recado imaginário, e o Sim, que uem me«mo pode
le dizer apocríplio, porque ninguém o viu» !»Eó lendas que devem
desaparecer das velbas cLronicaa, por nào toiem mrWs ras&ào
de ser*
Naquelle momento^ foÍ de grande vantagem. Aos confidontes,
para arregimentarem forças e iniciarem o movimento, a Beuto
Babia, para receber nas íestai da Coroaçào o titulo de Visconde
de Sarapuhi.
Anti-s de contiimar devo referir uma anecdota, para ameni-
zar tã« longa ejcposiçAo. Quando os eonspiradoreâ tratavam de
(aliciar votos favoí^aveis ao projecto^ procuravam convei^cer de
que o fim do Club era — sustentar a monarquia amcaçorfa— como
constava de seus estatutos.
Quando se e^iforçavam de convencer ao senador Manoel de
Carvalho, este, afinal.se manifestou nos seguintes terraf»«;
c Muitas revoluções contra os reis o povo tem feito, mas
a favor do rei, só vocês a querem fazer — tddnvía os acompá'
nbarei » .
Em 7 de maio de 18 iO, ao ser apresnntado na Camará Jot
DeputadoA o projecto de resposta Á fala do tronOj foi nolle in-
cluído o seguinte to|ãco— e vendo com prazer aproximar- se a
maioridade de V. M, f., ansegura etc
Iniciando-»e a diícussâo do voto de graças, Honório Her-
meto, na sessão de 12 de março, apresputou a Kegutnte emenda t
« Supprimam-se as palavra* — sobre a qual tem V, M. 1
grande interesse pela natureza e pela Lei, e vendo com prazer
aproximar-»e a maioridade de V. M. L *.
— 480 —
No d ta &€guiiit6 ao da apregentaç&o à^st^ emenda na Ca-
mara, Hollanda, de acordo com o que bavta sido resolvido nas
reuniões secretas do Clab MaíorUta, justificou oo Senado oa
dous seguintes projectos
l.** Â Asfembléa Geral Legislativa decreta:
Artigo único, O «r. d. Pedro II, Imperador eoniti-
tucionsl 6 defensor perpetuo do Brasil, é decíareido maior
de^de já,
PíAço do Senado, 13 de maio de 1840.
Antijfnkj Fríincisco de Paula CaixãcunU dê Albuquerque,
José Marti niatiú dt Aténcar, FraneinCfí de Paula Cavalcanti de
Albuquerque, José BenUy Leite Ferreira áe Mello^ António Pedro
dUi CoAía ferreira, Matir^d fgjíacio de Méíiú e Souêa,
2* A Aasembléa Legislativa decreta;
Artigo uuico. Logo que o ar. d Pedro II for declarado
maior Domeará um conselho que «e denominará Conselbo Pri-
vado da Coroa, composto de dez membroã que terão os meemos
ordenados que tinbam oâ antig:os conselheiros de Estado.
Paço do Senil do, 13 de maio de 1840.
Ântonifj F^ranciseo de Paula Cavaicanti de Albuquerque^
Joné Martíníano de Alencar, Franciftco de Paula Cavalcanti de
Albuquerque, Jofé Bentt? Leite Ferreira de Mello, Ântõnm Pedro
da Coêia Ferreira, Manoel Ignacio de Mello e Sattsa.
Justificando o primeiro desses projectos, declarou Hollanda,
que retardara aquelta apresentação por doig motivofi : 1.^ pelo
respeito qaa votava n todos os artíg^os da Coiistituiçào, ainda
mesmo Hm que por sua natureza uào eram reputados coubtitu-
cionftes ; 3,° pela oportunidade.
Áffirmava que q Imperador se achava com tada» as faculda-
des desenvnlvidrts, pelo que, tendo em consideração a convenien-»
cia do momento, uro hesitava em declarar que era de uece^êi-
dade dispt^nsur-Ãft um artigo que nA.o era consiituciMiaL
Quanto ai> seg^undo projecto, declarou que seu desí^jo era
trazer aã cousas ao e^tad" normal, sem o que nào haveria a
estabilidade nmbicionada, peto que julg^&va coTiveoiente acompa*
nbar o primeiro projecto de outro que lhe era análogo.
Devo noí«r duna circunstancias que demonstram que o in-
teresKO politico era antpprsto á coHerencia e aos princípios.
HoUanda, no annr> anterior em dt^sacordo com o g- Ipe de estado
que premeditou em lâS5, combatera o projecto que declaraT*
maior a princesa d. Jauuaria, para em 40 coltocar-se a frente
de um movimento maioria ta, que, como os outros, a t tentava con-
tra disposições conitituoionaes.
— 48t —
K«llo e Sonfta, nm doe aig^nfitanâg do proj^to, tAm1:>em
em 18ã8, q& aasembléa proYinciaí de Minas 6eráe«^ eoni^iderava
conípiradorv o6 que pretendiam profanar a Conatitaição» E' certo
t^tiB naquella occasiAo a idéa n&o podia aproyeitar a aeu
partido.
à ftup prés silo do Conselho de E«tadO| fora um do^ mais pre-
ciosos lerniras da eacola liberal, qtie aquelle partido fez vingar
tto Acto Ãddicional. Os conspiradores de 1840, porém, nào tre-
pidaram romper com os principios cnrdeae* da sua escola, resta-
belecendo o meimo Conselho do Estado, com o uom*í de^Con-
selho Privado da Coroa, — Tribnnal doa Dez de Veneza, como foi
na época desig^nado.
Á opinião publica, sempre cnrioia, procurou devaesar qual o
motivo que determinara a apresentação em separado dos dois
projecroa— o da maioridade e o do Conselho Privado.
Os conjurados guardaram a respeito a mais absoluta reserva,
e como vimoB^ nem mesmo das actas coaatam as razoes que de-
terminaram a separação ; só depois de decorridos muitoa annos
foi desvendado o motivo.
Alg'an? dos confidentes do ramo temporário, colie rentes com
08 principios que haviam suptentado no parlamento e na im-
prensa, consideravam victoria impintante da escola liberal, a
disp(tsi^'âo coíitiía no artigo 32 do Acto Ãddicionali que auppri-
mira o Cotiselbo dn Estado.
Ãcred iravam que, com aqnetla mt^dida, ficava anual lado o
poder moderador, crest-endo de preàtiiTio o elem**nto popular, re-
preaenrado pela Camará, o que ftioilitaria a adopi^ào das refor-
mas que fossem reclamadas pflla opiniãíi publií*a.
Seja ditQ que a dÍHfiíiaiçào do artí^ço *ó2 nào havia sido
applaudida tão somente peli*s membro* da escoU libend.
Carneiro Leílo, apoiado por prestantes correi' pio narios com-
pirava aqueiía in^fiiii à«i mo Con elho Hos D*'Z de Vene^ia. e
ct*litírute <Min -<m antigi M|tiu ao, quilifiiíou dn mftnHÍrQ n pm-
jVcto de HtlUnda cr^-md-i o Cni-eMio Pnvado, ílfcl:*i>indn qUH
m**lhor Qorae i»*ría. se o den -ininH^Aem Con^ejbo d« luqiiisi-
fiores ,
O* unfidB íte-*. I « que*'! !in .'Uii-lo' i"i)ht^r<^i!cííi tom í>s prío-
rifvioí* quH Jã h Viam -u^t*nit do »^m lBi4 na reunido m re'a da
12 de main, r<-cusapH«n &e. a aci-eitar <» pr»Jt-cto qu^ h'ivi/i sido
1 [trovado na Hes*illo anterior, restabelecendo o Con sei ho de Estado
ambora masi^arado com outro nome,
Ottoni e Marinho declararara-se intransig-í^utes neste ponto,
pulo que tornou-se n6't*8sarÍo ceder, sem o que o projecto da
maioridade morreria autes de na^ *er.
Para jioierem contar coru o afmio d»q<ií*ll**8 dou<* de|iutí*doB,
OB já tinhitu clieutiVlu importHote, tianti«;iram os proecrts do
en&dOf e para esse Hm dividiram o projecto i o da maioridade
— 482 -^
serift questão fechada, para es coo € dentes^ o do Con&ellio Pri-
vado, questão aberta, como hoje se de&ig-ua n& gíria parlamentar.
Transcrevemos o projecto primitivo organizado por Alencar.
A aua simplefi leitura deixa bem claro que outro era o âto se-
creto doa conjurados.
Artigo 1,'' Fica concedido um «upprimento de idade a S.
M. o Imperador o sr, d, Pedro II. actual Imperador e defensor
perpetuo do Brasil» para que coiaece a governar desde já-
Ártifço 2." Durante o tempo que decorrer, até B. M. eom-
pletar 21 annos, e mesmo depois» se elle o julgar conveniente,
a verá um conselho de Eatado, composto de um individuo, por
cada Provincia do Império, nomeado pelo Imperador, dentre oa
cidadãos brasileiros, que tenham as qualidades exigidas para &e*
nador, ou que tenham natcido^ residido, ou occupado emprego
de consideração na respectiva provincia.
Artigo S." Oa memhroa deste Conselho terSo as mesmas
attribuíções e ordenados que tinham os antigos ConaelheiroB de
Estado, e serão sujeitos á mesma responsabilidade pelos conse-
lhos quando oppostoã ás leis, ou manifestamente contrários aos
inter lassas da Nação.
Artig-o 4.' A dotação de S. M. o Imperador, fica fixada em
600 contos, a contar do dia em que tomar as rédeas dn go%*emo.
Ãrtig-o b^ Ficam rovog^adas todas a& leis e di&potiçÕe« em
contrario.
Corao se vê, Alencar era um politico intemerato.
O supprimento de idade, que elle queria dar ao Imperador^
tinha apenas por fím impedir que a minoridade se terminasse
no prazo constitucional^ isto é^ em 1B43, mas ex:tendel-a até
I8I65 porque s6 entáo ficaria o Imperador livre da tutela, do
Conselho de Estade, que lhe tra imposta até completar 21 annos.
Se Honório qualificou de momtro o projecto apresentado ao
Senado por Hollanda, qual a qualificação que daria, se }H>r ven
tura fossem adoptadas as ídéas de Alencar ?
» » *
Ou para embaraçar o projecto apresentado no Senado, ou
para impedir que se attentasse contra a Constituição do Impe-
rio, Ilonono Ilermetto, em 18 de maio de 1B40, apreif^nta na
Camará o seíruinte projecto ;
A assembléa geral leg^islativa decreta ;
Artigo único. Os eleitores pBra deputados na segninte le-
g islã tura lhes conferirás nas procurações especial faculdade para
reformar o artigo 121 da Cotiatituiçào, para que S. M o Imperador
actual, o sr. d. Pedro II, possa ser declarado maior antes da
idade de 18 annos completos.
Paço da Camará dos Deputados, 18 de maio de 1840.
Honório Mermtiio Carneiro Leão,
— 483 -^
Em sua sustentação, declara que o apraMnta para que I6
aprPBse a mainr dadf^, vi^to e.iit^^ndtT qa^ o a ti^r» 12 L d.* Conati'
taição é eiíãstitaci -ml, nàa podendo, porturitti, ser rt-v- g ào
Bt^nÈ^i p^|i»s tr^mueg iet^iias f-sTAbt^lf^uid^^H nB, ('ontttituiç&o.
R*foniiif o Hft g-n pí>r Ifti ordinária seria í'0'íio miH um r«-
curso á fiirça, un i^>d(iií d^ BStad , uinH rev-^iuçâ «ep-^rtiése do
povo.
Poderia ter juanficaio si o g'»veriii* "at^veaífl acéfalo, ma»,
existindo governo, só aervirííi para fazer resuBcitar o» gabinetes
secreiot e aa antigas camarilhas.
CoDcluiado a justificação do projecto, declarou Honório, que
contava para elle om n voto de maitoa adver^aríofl que, em 1836,
consideraram conspiradores oa que quiseram dispensar a idade
da princesa d. Januaria.
Tendo «ido apoiado o projecto, declarou o Preaidentej que
£caria sobre a meaa, para seguir a marcha seguida pela Coueti-
tutçâo.
Oppoe-se a essa deliberação Montezuma, um dos conjura-
dos ^ sustentando que, como era de praxe, o projecto deveria ser
«aviado ás commissões respectivas^ e não fícar sobre a mesa.
O Presidente mantém sua decisivo, declarando que os pro-
jectos, propottdo reforma de um artigo constitucional, tem de se-
guir a marcha eatabelecitia na própria Constituiçào— ficaria sobre
a mesa, para ser lido por tre* vezee, com o intervallo de 6 diae,
de uma a outra leitura,
No dia 20 de maio, entra em 1.^ díieusdão no Senado o
projecto do Club, para o fim de declarar maior o Imperadori
desde já*
Estabelecesse no recinto profundo silencio,
O Marquez de Paranaguá, que se recusara a assignar o
projecto, mas que promettera apoial-o, espera longo tempo, e
veodo que nenbam seu-idor queria falar — exclama: «se nSo há
quem queira a palavra para falar sobre o projecto, falarei eu»,
e, abandonando a cadeira presidencial, vem declarar que o Im-
perador estava a completar 15 annos, e que, Bobrando-lbe intel-
ligencia, tratava-se de supprir por lei a falta dos troa annos
para completar a idade ordinária declarada em um artigo da
Oonstituiçào. Qtie ní^o julgava constitucional o artigo, e como
lhe parecia que a naçáo reclamava aquella medida, vinha
dar o seu voto para que o projecto fosse ã2.* discussão, porque,
«eu do sua matéria importante, necessitava que fosse discutido
com a caimn necessária.
O rçciamo da Nação^ a qtie alludia o velho Froeideute dp
penado, ai a da não existia.
— 484 —
O Club conspirador rouníu-se peU 1.* ve? em 15 d© abril
— o projecto só tornou-Be conhecido em 13 de maio, ao ser
apreientado á camará vitalícia
Entrando em discus&ão no dia 20 de maio, era completa-
mente ignorado nas provinciíis.
O diecurso do Paranaguá foi ou7Ído, eer ter recebido uma
tinica manifestação favorável ou deafavoravel— e, pairando -se á
votaç&o, foi este o reBultado :
A favor:— Para na goi A, 8. Jofto da Palma, La^s, Verp^ueiro,
Hollanda, Paulw Albuquerque, Almeida Albuquerque, Pauía Ca-
valcanti, Cogta Ferreira, Alencar, José BentOj Mello e SouFa,
Jardim, Saturnino, Paes de Andrade e Lima e Silva,
Contra :— Lopes Gama, Aranjo Vianna, Maricá, Pedra Bran-
ca, Coug-onbas, AWefl Branco, Velaaques, Cunha Vasconcellfi»,
Oliveira^ Paraíso. Mello Matos, Joào Evangelista, Nabuco, An-
tónio Âuçu&to, Patrício, Rodrig-ues de Andrade, Marcof António e
Carneiro de Campos.
Foi rejeitado por 18 votos, nfto tendo cotado Vasccncellos
e d. Nuno, que eram contrários.
Paranaguá empreg-ou todos os esforços para que o&o eahisse
o projecto na 1.* di&cu^silo, incluâive não voltando a occupar a
cadeira presidenciali para aproveitar seu voto e inutilizar o do
Víee Presidente, Conde de Valença, que era c^intrario»
Noi-se mesmo dia, em que o Senstdo, sem discudr repellia o
projecto da maioridadn, Sonsa Franco, requeria na Gamara o
encerramento da discussfio do voto de graçnsi, sendo em seguida
acceita por 43 vttos contra 37, a emenda de Honório suppri-
mindo o periodo — e vendo com prater aproximar -se a maior-
idade (U F. M. L:
Estava morta a maioridade — sem que tivei-se se dado a me-
nor manifeátaçào popular, íavoravel ou desfavorável ao projecto,
A repulsa do Senado, porénr,, nào deixou de arraiKAr um
protestri veb emente de Feijó.
De Cain pilhas, onde se achava, em 8 de junho escrevia ellô
o precioso autografo que passo a ler^ cuja minuciosa direcç&o
era a seguinte:
Rd."*" Sr. Cónego
Vigário, Senador e Padre José Bento Leite Ferreira de Mello,
A D.-
Corte,
José Bento.
Álêra de outras, já vos escrevi desta partecipando vrb de
m.* mudansa e pediudo-voa ate Tbro. me aprciitaíe^ 1 conto e
700, e tantos mil reis p * uUimíir o pa£:aniento do sitio que
comprei por B contos, e 800 milr' a vi&ta. Ora esta quantia é o
premio, e mais 6Q0| do vosso credito, âcando devendo somente
- 485 -
6 contos e eu vos oferecia por este favor o ficarem os p/*' 4
coiitoá a 10 r/ c lacrftndo assim vós aonualmentA 80^^ % como
íiào tive aiiioA rei^poata e isto importa a cu ficar mal, por iao
tomo a pedírvos este favor, e que me respondais &o poso coutar
com esa quantia te 7 faro p.* asim a&tígurar a q."" me empreitou
igual para o dito pagamento do Bitio.
Emfim o Seoad» íttim contrariar matou o projecto da maio-
ridade. Nada á tào miserável como ese Senado^ vil escravo d»
quem quer que poveme, o o quiser aliciari D* me livre delie,
ainda que uao ãim 9 mil crufladoa, q p* o ano os vou ganhar.
A D,' Saud' a João Diaii e dise a Alencar e Oianda que lhes
escrevi em Abril, e nâo sei se receberàOj que vos digào ao menos.
3. Carlos 3 de Junho de 1Ô40.
DevOBo am." o br" S/
Feijó,
Quando Plutarchn^ o grande historiador grego, escreveu as
Vidas Comparadas, esse precioso livro que tem inspirado a tantoi
geuios, esmera va-âe em descrever uão eo o» acto» grandiosos dos
leiu persouagenB, crímo taTribem referir anecdotas e factos Ín-
timos para que o historiador tiçess© no futuro elemeutosj para
conhfcer a fundo o caracter grandioso de César, taulo Emilio,
Fabioi Tibério e Caio Gracho, a par da avareza dos Crasaus e
da tjramnia sanguinária dos Neros, dos Syllas e doa Galba.
O precioso autografo que se acabo de ler — documento in-
tima, é de grande yalor hl&torico porque conârma o juízo que
os contemporâneos traçaram de Feijó.
Quando aqnelle homem superior se deixava dominar pelo
ódio pessoal ou politico, deBappa''eciain muitas de suas grandes
qualidades, para se tornar i rasei vel^ injusto e violento, como o
era apostrufaiido o Seoado de vil escravo de qualquer governo
que o quizesse ali i ciar, só por que aquella corporação votara
ooutra o projecto politico da Maioridade, patrocinado por seus
amigos peasoaes.
Esquecia se que a que lie mesmo Senado repeli ira com so -
hrauceria as imposições dos Regentes e do gabinete, não rati-
ficando a demiss&o de José Bouifacio, o Tutor, projecto, que
Feijó, ministro de justiça, havia feito vingar, impondo-o á Ca-
mará temporária.
For outro lado, aquelle precioBo autografo vem ainda con*
firmar a justiça da tradição.
Nem o ódio, nem a irat^cibilidade conseguiram uma só vez
desviai o do seu culto á probidade.
Moço, occupara as mais elevadas posições politicaa no velho
e no novo mundo; já velho, governava um novo Império em
novo continente, e ao deitar o governo, doente e alquebrado,
para Tião ficar 'tnalt u&o se envergonhando da sua honrada po>
bieza, ia pedir por empréstimo, ridicula quantia, para poder com-
^ 4á6 —
fílet&r o pagamento dA moáestA propriedade agrícola qua ete^^
hera para descançar da a fadigas de tontos annoe de e enriça á
cauea publica.
No meio daa latas, muitãB vezea por elle próprio provocadas,
das ofieasas e das injuBttçag, seus adyersaríiB políticos e seu a
inimigos peesoaea curvaram se sempre diante da ri g ida probidade
do paulista notável , que, ao abandonar as altas posições tranepoz
em honrada pobreza, os umbraes da Im mortalidade.
Na noite de 20 de maio de 1840 realizar am-Be no Rio duas
reuniões politicaSi nas quaes foram aventados e previstos acon-
tecimentoa que vieram a ie realizar.
Os maiorifitas, reunidos na casa do senador padre José
Bento Leite Ferreira de Mello, achavam -se completamente det^ani*
mados ^om as votações do Senado e da Gamara doe Deputados ;
aquella rejeitando u projecto da maioridade na 1.* discussão e
em silencio — esta, supprimlndo do projecto de resposta á tala
do trono as palavras «e vendo com prazer aproscimar-se a maio-
ridade d& 7* M. X*
Nessa reuoi&o, diversos alvitres foram lembrados, e logo
afastados pela^ dificuldades de execução.
Montezumãf calladot ouvira todos os pareceres, até que afinal
rompendo o silencio, começou a emittir seti pensamento, de modo
que ao começo não foi tomado a serio pelos maio ris tas prei- entes.
Foram estas as suas primeiras palavras : «Está vencedora a
idéa da maioridade. ....
Em segalda, deu as razoes de seu modo de pensar, que a
tradição não noB tranamittiu.
Na mesma hora talvez, g-ratide numero de amii^os do go-
verno e alguns tuinistros, se achavam em casa de Vasconcellot»
no MacucD.
O quadro era o pendant do que se passava na reunião do
senador José Bento, enthusiasmo, alegra pela rejeição do pro^
jecto no Senado © adopção na Camará da emenda suppressiva
de Honório.
Vasconcellos ouvia a descripção doa acontecimentos, sem
sobre ellee se manifeàtar, até que, instado por Paulino Soares
de Sousa, limítou-se a dar um conselho ao governo.
Julgava extemporâneo o contentnxnpnto de seus amigost por
que a batalha se achava apenas inii-iada, e que a derri.tH appa-
rHute qae os m^ioristaa haviam soãVido nao importava no ani-
quilamt^nto da ideia Acreditava que a matéria seria novamente
levada á Gamara, já então amparada por uma opinião populaTi
3ue os interessados procurariam organizar, para agir no theatro
os acontecimentos.
— 4Ô7 —
Vidente a prespicas, ftconaelliou a «em amigoi quâ te apro-
TeiUflsem do momento de de a Animo doB ndverfiarios, e adi a» Bem
imioed latamente as camaraa. Ã sen ver era esia a única medida
decisiva para impedir que o partido adverso tentasse renovar
por qualquer forma o golpe de estado, que acabava de ser
friis trado» 6 que ueceasaríameute o levaria ao poder ie victorioso.
Adiadas as camaraSi podia o governo tranquillamente pro-
videnciar para que o Imperador fosse accl amado em 2 de de-
zembro, como já havia reaolvidú o ministério, e continuar no
poder a situai^ dominante.
Ou por não terem se convencido da opinião de VaacoDcellos,
ou porque sen tia- se o ministério fraco pelos ataques peasoaea
que havia soffrido, receioao talvez de não encontrar no Regente
o apoio e a força moral, tão necessária para impor sua vontade
ao pais, não foi seguido o eouaelUo do preclaro estadista.
A cftlroa que succedeu ao movimento parlamentar, parecia
demonstrar que havia sido abandonada a idéa da maioridade,
o socego, poreis, era apparentBi porqnanto em reuniões secretas
successiva^, estuda va-se o melo de reviver a questào na assem -
biéa, tal como previra Vasconcellos.
£Im 3 de julho, 14 dias depois dos acontecimentos descriptos
Alvares Machado reviveu a questão na Camará encarando-a por
uma outra face.
Disse aquelle conhecido paulista:
*Nào podemoa nos retirar para uossaa províncias, deisando
no poder um govbríco illegal. Se tem de aer sccintemente
demorado o governo do sr. d. Pedro II, entregue-&e a suprema
administração, a quem compete pela Conãtítuiçào.
c Constituição no art. 126, diz; Se o Imperador, por causa
ph^síea ou moral, evidentemente reconhecida por cada uma das
Camarás da Assem bléa, è>e impossibilitar para governar, em seu
logâr, governará como Regente, o Príncipe Imperial, se fôr
maíoT de 18 annos  sra. d. Jauuaria é a Princesa Imperial,
a herdeira presumptiva da Coroa, já a reconhecemos, já rece-
bemos o sen juramento^ já é maior de 18 annos^ e por isso,
desde o dia em que completou essa idade, lhe devíão ser en-
treguei a& rédeas do poder».
Como se vê, embora a disposição constitucional fosse mui
diversa, com ella se argumentava, para pôr de lado a maioridade
do Imperador.
As disposições dos arts. 122 e 126 da Constituição não
podiam ser invocadas para dar substituto ao Imperador. A Consti-
tuição falada em impossiòiluimU pvsica ou moral, uão se podia
portanto applicar aquellaa hjpotheaes á minoridadej porque esta
nào importava em impossibilidade) de governar.
- m -
o ataque, porém, á regência acoimando-a de governo ilUgcd
prodaziu offeito, tomando -a múm mai& fraca e desmorfllizada^
Apressou-se Hcmoiio a rfqtuírf-r para que trese díidtí para a
ordem do dia o prujecto que apiesetiinra^Hia reformar ouit. TJl
da Lori^ituiç^o.
D*ju-&e a respeito discu^afto impoTtflnti»PÍmflj na qual to-
maram parte, austeutaiido o projecte e retítmhecendo a consti-
tucionalidade do art. 14 os deputados Anj^elo Custodio, Carneiro
da tunlia, Nanes Machado, H( rionti, Ferreira Penna e Soma
Franco, sf^ndo até hoj© couaiderados ineãpoiídiveis y elos me&treu
de direito con**titucií>nal os diacursOB doe dois uliiinoR,
Alvares Machado, Limpo, AntoDío Carlos, Montez um a, Martim
e outros miiEutt>Btar»n]-»e sust^utiindo, nào @er necessária a re-
forma do art. 121, por uào ser couítitucíoijal Continuavam
calma», iiitcrei-iatttes e doutrinarias as discustôea, quando coube
a Ottoiíi faiar sobre a matéria.
Com grande hombridade declarou que nâo procurava Kitb-
terfu^j^ios— reconhecia que o artifro era cotsstitucional, mas vo-
tava contra o projecto de Honório, porque entendia que ci-
tando agitada a opiniílo publica, o representante da naç&o devia
attRoder á necessidade do mom-^nto, e depois explicar seu pro-
cedimento ao corpo eleitoral e pedir lhe um biU de indemnidnde.
Accrest-eutou mai^ que a lei seria desnecessária, porquanto
tendo naquelb- momento o Senado votado contra o prujecio que
espaçava as eleições, nfio haveria mais tempo de chr^gar o eeu
conhecimento aoa lunginquos limites do paia, antefi da epoea
legal das eleições.
Em oufubro de 1839, Carneiro da Cunha havia apreten-
tado um projecto adiando as eleiçòes para 184 L
Eâie projeeto foi discutido cm maio de 1841^, 6 nesBa occa^
bISo foi requerido o adiamento da discussão, tendo Hínorio se
opposto a essa requerimento, deroouBtrando que dessa medida
dependia o seu prrjec to da reforma constitucional da maioridade.
Tendo sido repetlido o requerimento de adiamento, foi o
projecto votado, e remettido ao Senado, que o rejeitou no dia
11 de julho^ justamente quando orava Ottoni.
Tendo alguém lhe dado a notícia, a provei tou-ee elle caino
argumento para demonstrar que o projecto de Honório, nào tinha
mais razão de ser.
Respondendo ao diacurao de Ottoni, Honório Èustentou que
o art 121 era constitucional, e porque era o primeiro a reco-
nhecer que os governos regenciaes eram fracos e turbulento»,
foi que recorreu a um meio, que sem ofíender a ConstituiçÃo,
conciliasse amb&s as cousas^ para nào provocar commoçòea po-
pulares.
Affirmou que era doutrinário, mas não a tal ponto que o
levaaae a deseonhecer que existem circumstoncias que a lei não
pode prever.
í
Âpplaudíu a Ottoni, porque, é& todos, era o uníco advenario
que *6 moÊtravft forte — rompfiido com aft im|>09Íçôes partiduriíis,
su*teiitando qtií* a Camará uko tinh* autoridade parn reCormar
o srtitro 121 tna» que vctarrí- p^to projecta da maioridade, ftor
que julgava peti^o^» a liitUJtçÃo do puiZ,
[ncrepQU em seguida a Ai vaies Machado, pelo regresso de
anãs opiniões, vindo a^ora declarHr que uào queria âer ^over^
nado com reiítinh'tií pãun de laranJÉira. Pez- lhe ver que
se o3 ministros da regência podiam í^er fidos como paus de la
ratijeira, coino taes seriam os do moiiarchitfporque no jiãiz d&o
haviam cliisâês privilegiadas. Ao concluir, declara- se mf/ecí^ti,
qUAf retirar o projecto.
Estfl declaraçào precipita or acontecimentoff. Ém um mo-
mento abandona -se a idêa de dar- se o poder a d, Januaria.
Alvares Macbndo, applaudiudo a Honório, suitienta. que, tendo
sido retirado o prfjecio, tornava-âo neces»«rio declarar-s© a maior-
idade do Iinp*?rador im-niediaU.mirnie.
N<i muio daíii opiniões as Tiiais deseDCon trados, levaiita-se
José Clemente para faait^r notar que a Caraara uào decidira 8e
o projecto era contei tu cional ou não, o que teria tido muito
conveniente*
EuTendia, porém, que uo estado actual, já nào era mais pos-
iiví*I ©'periir-Bt^ pf*lo tempo conatitucioufll para proclamnr-ae a
míiioridade, fiorque a opinião a essK respeito estava f^ea**raUBa'
da, e tc^ruava^se nect^ssaría a exaltai çAo de S. M. o Imperador br. d.
Pedro n quatito ante», acto a que nf^o di^ve embaruçnr a dispo-
iiç&õ constiÈUMonal, visto como tndo^ os publicÍBtas reconhecem
08 frolpea de estado, como necessários em certas circumstanciaa
— e o eata^o actual o justificava.
Ob mnioriatas que na prirtieira fase se descuidaram de ageitar
% opinião j publica^ trataram de attender âquella necessidade na
segunda tai^e.
Os intereítuadoi já se haviam entendido cora o ardente po«
lemJsta, conhecido pelo nome de Brasileiro Resi^oluto, e este, dois
diai antes doa acontecimentos que narramos, fora esperar a sabida
do Imperador que ba achava na Capella Imperial, e ao avi^tal-o
rompeu em yivae á maioridade, que foram corres pondidoã pelo povo.
Nít mesmo momonto. espalhava -se entre os presentes e
dÍ8tribuía-fte pelaa casas da rua éo Ouvidor a seguinte quadrí-
nha im]iressa, que a tradiçáo conseivou, attribuindo-a a Auto-
nio Carlos :
Queremos Pedro Segundo
Embora nAo tenha idade^
A NaçÃo dispensa a lei
E viva a Maioridiide,
♦ « *
— 490 —
O discurso de Honório, d^clarando-Be indedsOi e ae pala-
vras de Jové Clemente deram face diversa aoB acúntecimeatõs.
No melo de idéas a^ mais desencontradas, Limpo de Abreu
se compromette a apre^^entar tia se as Ho d^ 20 índicaçJVo que
satiâfaçxL aa vistas da Camará.
Como era de prever^ hh seg-unda-feira, 20 de julho, a Ga-
mara apreseatava um aspecto imponente. Todoe oi deputados
ocíupavam suas cadeiras, e os espectadores b© agglomeravam n&9
galerias, uas tribunas e nos corredores do edificio.
Limpo de Abreu, espirito esclarecido, porém escessivamente
timoratOf receoso do movimento revolucioaariot procurou dar uma
feição constitucional á declaração da maioridade.
Subindo á tribuaa, declarou que poderia apresentar deftde
logo um projecto declarando o Imperador maior, mas que preferia
adoptar a medida que em iden tinias cÍTCUrnstancías vencera nas
Gamaras Portuguesas, quando se tratou da maioridade de d.
Maria II, pelo que apredeutava a seguia te iadicaçAo:
Indico que ee uomee uma commiasão especial, com*
poBta de trea mtjmbroa, para se offerecer á Gamara, com
urg-encía, a medida que lhe parecer mais conveniente,
lobre a maioridade de S, M, o Imperador, o ir. d,
Pedro IL
O deputado, A, P« Limpo de Abreu »
Bompeu o debate o deputado Galv&o, oppondo-se & indica--
çâo por inútil e prejudicial. Inútil, porque a discussão havida
era mais que mifficíente para que cada um tivesse juizo forma-
do—preju a ieial, porqae roçonhece que da demora da soluçáo re-
sultaria grandti mal ao paiz, Affirmou que se o tivessem eonsnU
tado qnando a três meses passados levantaram a idéa, teria se
oppoí^to, porque reconhecia que o artigo, que fiia o tempo da
maioridade, é constitucional, mas que, diante da crise qi:e se
manifesta, devia-se correr um véu sobre o artigo da Constitui-
çAo, porque a salvação do Estado é superior a todas as leis.
Estava dtíente, deixou o leito, veiu á Gamara para votar contra
a indlcaçáo e ofierec»r um requerimento.
Não o deixam continuar Um deputado pede ao Presiden-
te, que mande abrir a sala dan sessões aos espectadores — apesar
da repulsa desse pedido, o recinto é invadido pela multidão,
António Carlos, aproveitasse da coacç&o em que haviam
ficado ca espirites titubiantea» affit mando que nào se devia con-
ter ou ferir a vontade popular, oferece em aditamento á indi-
cação de Limpo de Abreu a seguinte resoluçào :
J
-4Í1-
A Atsembléa Geral Lfigíslatíva do Brasil resolire ;
Artigo 1/ O fir- á. Pedro II é declarado maior dcade já.
Artigo 2,' Fkam derogadas todas a& leis e diaposiçôes em
contrario
Paço da Gamara, 20 julho ISiO.— Ribeiro de Ândrada.
E como complemento, apreseota eeta indicação:
& Indico que a Commigaão de CoustituiçÂo seja eocarrpg^ada
de snbmetter á approvfição da Gamara o officio que se deve dl-
x-ig-ir ao Senado, pedindo a reuniào de ambas, para juntas deli-
lierarem aobre o modo maia expedito de collocar S. M. o Imperador
o ar. d. Fedro II sobre o Treno, e de*ta arte, como verdadeiros
repreaentantea da opíui&o publica, porem termo á crisé actual, e
eatiafazerem o entnusia&mo e vontade pronunciada do povo, —
Mibtiro de Ândrada ».
Galvão, que se achava com a palavra, que lhe fora arreba-
t^ada por António Carlos, quando evA a sala das sessões invadida
peloB espectadores, consegue enviar á mesa um requerimento
mo» Beguintep termos;
«Requeiro que por acclamôçào se decrete d**ide já a niaioTi-
dade de tí. M. o sr. d, Pedro 2*", imperador constitucional do
B ras il , — Galvã o. »
Protesta o deputado Resende com o que íie estava proce-
dendo — não quer a revolução feita pela Camará, e como quer o
Imperador com a Constituiçào vota contra tudo.
Continua violento o debate ♦ Falava Alvarea Macbado quando
o presidente declara adiada a discuflsào por se achar na casa o
xniniãtro da gnerrd, que viera asaiâtir á ã.^ discussão da fixação
<Ías forç^a de terra.
Ouvindo a declaraçlLo do Pregi dente, o deputado Navarro, que
^té então flciimpa abava o grupo contrarii» á maioridade, em
jg^ritOA dcscompassadoB, declara que o governo maudaríi o mi-
iCiiecro da guerra as^iitir a sesião para aterrorizar os defmtadua
« paralysar o audíimento da medida salvadora da maiorídíide. Á
preaença do ministro si unificava o ultimo arranco dessa cama-
i-ilha prostituída, desse governo infame.,, (perderain-se ast pa-
lavras, conservada, porém, ficou o ultimo período) «o paiz nào pode
:KBais ser governado por semelhante regente, per essa camanlba
«le ladrões* . . «
Todo o discurso de Navarro foi interrompido com apartes
"Veliemf^Dtee e chamados a ordem.
Avançam «Iguiis deputíidoa para Navarro, que arma-se com
Xtm punhaL Vae agarral-o o def^utado G. Martins, que é re-
pellido. Ne*Be momento Potin^ts Viaíjueit o segura- o pelas costas.
Preso por esta forma, continua Navarro nas suas invectivas, que
^easaya para dar vivas a d. Pedro 2.", á maioridade. Só de-
pois de moito tempo foi que se conseguiu uma calma relativa.
- m -
António Carlofl pede que se vote a indicação de Lítnpo
d« Abreu como uniijo meio de cessar o eatado de perturbação
dos aoimos.
Nuoea Machado vae a tribuna para advertir a N'a varro qn©
nem os gritos oem os tuuuttos farno ctim qui\ eUe vole, dirsde
que fle persuada qtie a Camará quer faaer uma revolução, e uella
laQçar o lais. Nào reconhece camariLbas - ba governo no Paízt
que deve «er respeitado, porque nào é prostituído e t*^ compâe
de pegaoaa tÂo hoaradafi como elle orador e qualquer dos deputados.
Segae-lbe na rribuna Oarneiro Leão— censura ob actos pra-
ticado» por Navfirro, esperando que esse deputado ^e cohiba de
taee excesBOs chamado ao pudor* . ^ , .
Ao que Navarro responde : t Vocês é que não têm pudor,
depniadoa de meias caras» , .
Continuando, diz Honório que aqaelle deputado n&o está
em f*Btado de deliberar, e que dt»via ser examinado, para se saber
se devia ati continuar, que aquelte deputado chegou ao excesso de
ameaçal-o com nm punhal, ma^ que elle, mercê de Dens, nunca
teve mator tranquilidade^ do que no momento áo perigo — ^|X)Uco
lucro haveria em tirar a vida a um corpo doente •
O deputa^Jo B. Pedrosa tnda^a se o Presidente não tem no
regimento outros meios juira manter & ordem^ visto Navarro ter
Unçado m&o impuriemente de um pnnhal, e posto ag màoa em
Gonçalves Martins
Dou minucioso detalhe dt^sta sessào, porque os joruaes
maiorista« negaram ter-j^e Navarrij armado de um punhal — fal^im
em um leaço — mas dep^i^ das palavras de Honório e Pedrosa,
nenhuma duvida pode perdurar. íjó c^m g'rande3 difficuldades
90 consegue realizar a eleição da CoramiasàQ proposta por Limpo
de Abreu, Bendn eleitos Hamiro, Gonçalves Martins e Nunes
Machada, derrotada a chafja maiorisita que ©ra composta de Limpo
de Abreu, Âureliano e António Carlos.
E com essa votaçào encerrou-se a sesífio^
Apegar de se ter formado uma optnifto no Rio de Janeiro
apesa^ da predsilo exercida, fazendo-se invadir a Camará por
magotes de espectadores, a maioria conservava -se lirm^. reconhe-
ceudo a necessidade de se reformar o art. 121 da ConstitniçàOf
para depoii declara t-bm a maioridade.
Na ee^são de 21, António Carlos envia á mesa o se^^nte :
A Assembláa Geral Leg-islatíva resolve ;
Artig^o naíco. S. M. o Imperador sr. d. Pedro 2.* desde já
é declarado maior.
Ândrada Machado.
Falam a favor :— -Alvares Machado, António Carlos, Monta-
zuma, Ottoni; contra, Dantas, Carneiro da Cnnba, Rezende, N^une^
Machado, C. Leão, Gonçafvos Martins e aânal RamirOi que apr&*
senta o segõiute requerimento ;
>
— 493 -
«A CommUsâo especial, eocarreg-ada de offerecer á Camará e
com urgeocia o qne lhe parecesse conveniente aotre a oiftioridade
de S, M. o Br. d. Pedro 2 *, entende quôj sendo a matéria
de que tem de occnpar^se flobre todas grave e ponderosa, con-
viria aem duvida aer coadjuvada por uma CommlBeão da Ca-
mará vitalícia como em alj^umaa círcurnstaricias tem ai do obaer-
T&do ; e, em consequência é a CoamisÉao de parecer que com u»*-
gpeuci^ seja o 3eti»ao convidado a nomear de â«u seto uma CommiB-
B&o eapecial, que tenba è*^ occupar-ae com a desta Camura de
um objecto de máxima importância,
Paço da Camará doa Deputadoa, 21 de Julho de 1840— J?a-
miro Gonçalve» Martins. — Nunes Machado*.
Esae requerimento foi tido como protellatorio, mas é de
crer que a com missão de^^ejava, em negocio de iant& monta, di-
vidir a responsabilidade com o Senado.
Além diáBO, pela má dirt^cçào^ fraqueza do governo, que m
Acbáva complecamente de$moralÍ7,ado, não se chegava nem ao
menos a conhecer-ae a for^a dog trea grupos que dividia a Camará.
De facto, grande numero de deputado» votavam pela ma-
ioridade, porque entendiíiTR que o art. 121 nâo era constitu-
cional: outros, como Oitoni, reconheciam que o artigo era
constitticionnl, wiaa votavam pela maioridade, por entenderem qae
esfe^a medida era indisfien^avel nas circuinstancins em que te
achava o paiz, tinalniente o terceiro giupo entendia ser dfsue*
çeaftftria ** iiiconveniente a medida. Sendo tào notável a diver-
gência, bavia conveniência em baruionisar-se aE> oi^iniôe» para
quei partindo da Camará aquella medida, repre^entaBse a venta-
ae do paiss.
Nào ae chegaado a acordo, Ottoni vem declarar, que oa
facto» psrficem deixar claro que o fjfovrtruti, a^airado ás pastas,
m&o pleiteia a maioridade, rnas contenta-se em espaçar aq' ella
itied'da, até que ka façam as eleigôtia. E como enienrfif* que a
questão da Tcaíoridade se devia reparar de qualquer outra,
requeria qu« ficaií-ae adiado o requer ínienTo da Coo miSíào»
para ser tomado em consideração dtpois de decidida a questão
da maioridade.
Este requerimento suficitA debate demorado e violento pela
int<*rvençào de Navarro, que aconselhava ao governo a que «re-
li^ a hb« o poder e tivesse brio*. Falam contra, Toísta, Nunes
Machado, Souia Franco, e a favor Alvares Machado,
 iotervenç&o das galerias se manifesta com veliemenciai
Ofi gritoe repercutem no salão, torna-se iuiposaivel ao Presidente
manter a ordem. Protestam algnne dpjmmdoe, declarando que a
revolução deve aer feita niío na Camarn, mm no Campo de Santa
Ánna, ^rita Atvares Macliado que é deteiisoi- da liberdade e da
monarchia, e que nunca rppre^entará o paií I, na jíraça publica, de
OraL^ho improvisado— afinal vota-ae t^ é approvado o requerimento
de Ottoni, sendo o resultado recebido com vivas á maioridade.
- 494 -
Tetnos neista lovgh &xpoaiçfio noB guiado peloa annat^fl e
jornaea da época. Um facto deve ter sido noudo^a flusencia
do ministério uo íí^u poi^to, e a fraqueja com que procedia^
desmi^rali^ado peUi ubatjdnno de seas ãuii^^oB.
Na sua Circular diz-noii Theofilo Ottoni, que mte aban-
dono era um actii proposital de Vascauct^llos, que qyerta aftgim
Bô vmi^Ar do líe^çeiite, qoe promoven» a qu^-da do ^a^tiuete de
19 d»5 setembro, fazeodo a p^c*4ha de Lop»?a Gama para
«enâdor, quando elle Va^concellos e o laiui^teno em peso era
contrario a aqueUa eacolha, cuja carta imperial recusaram
ausig-nar*
0& factos, entretanto, demoustram o contrario, porquanto
não recusou Vascoucelloe eeu concurao ao governo no momento
de maior perigo*
Já vi moa, que logro apóe haver cabido no Senado o projecto
da maioridade e repflllido ua Camará o tópico da fala do tmao,
Vaficoncello£ acouselbára ao ministério que adiasse as Camar&s,
conselho que foi despregado,
No momento extremo voltou o governo suas vistas para o
notável poli tico, que novamente aconselhou o adiamento dai
Camará» vhíQ como nó alli se t^tatia aditando a questão^ n{^o se
notando em todo o pai^ o menor interesse para que fos»e vo-
tada a maioridade ou não,
Fraco e desmoraliando corao m ftcbsiva o goveroo, nfto sen-
tia-bb com foríjji moral para tal acto, Paulino e Rodrigues Torret^
moços de grande i Ilustração e merecimento, primavam pela capa*
cidade administratívai trato ameno e espirito tolerante. Eram
Apto a para realizar um progammn administrativo, mas incapases
de combater, naquella epoea de governo fraco, movimentos re-
volucionários promovidos no parlamento, maxímé não podendo
contar com a Armeza do Regente, quti se anunllara.
Lemhroa~sc o Regeote de r^ccorrer a Vatconcelloaí para qtie
e&te aceitasse a aomeaçào de Ministro do Império, e pudesse
em pratica o conselho d uns vezes emittido,
E' facto verídico que VasconceUojt ee achava estreme-
cido com o Regt-nte, e ape-^a»^ disso, aceitou o encargo.
Ottoni, escrevendo 20 annos depoí? deates aconteeimente«,
diz-nofl que Vasco» cel loa, com o tino politico que lhe era co-
nhecido, esabia quH a maínri lade triunfaria, mas qne aos IjÒ«-
ra-^jt jaiiavam condições de permanência no podtr^ pelo que caí-
culadamente se ligou ao Regente para dictar leis na nora da
victoria» qne elle previa.
Enviou-lhe o Rsgente o miiit&tro Rodrigues Torre», e Vss-
concellos, aceitando o encargo, apre^^aou-ae a asiurair a respon-
sabilidade da medida que h ivia aconsalbado e qUH si fosse ado*
ptada em terapo opportuno, teria produzido sem duvida alguma
o resultado dtssejado
Esta providencia foi tão rápida» que conservoa-se ignorada
até o momeato em i^ue, como uma bombi^ foi explodir na Gamara,
— 495 —
A votarão favorável que obtivera o reqnerimento de Ottoni,
deixara evidente que, na sessão de 22, de uuia ou de outra forma
seria proclniDada a maioridade.
Essa crença era ^eral, e depatades naioristas, e grande
numero de espectadores {pequeno relativamente ao grandt^ acon-
tecimentOf 3 a 3 mil, calculo das gazetaa maioristas, como o
Despertador) anciosrs esperavam o deseiiroUar doa acontecimentos.
Aberta a s et são, são lidos pelo 1/ Secretario os dois seguia -
tes e inesperados decretos:
« O Regente, em nome do Imperador o ar Õ. Pedro 2.%
tomando em eonsjderaçãn a esposiçfto qne pelos Ministros e Se-
cretários de Estado das diÉferentes refartiçôfs lhe foi feita,
acerca do estado de perturbação, em que actualmente se acba a
Gamara dos Deputados, e attendendo a que a questão da maio-
ridade de S, M. o Imperador, que nella se agita, pela pua gravi-
dadi^f e pela altíi posi<:âo e importância da ^ugn^ta pest^oa a qne é
relativa, somonle pode e deve «er tratada com madura rertexão
e tranquilidade: ba por bem, usando da attribuiçào que lhe
c«infere o art. 101 § 5.*^ da Const> do Imp., sdiar a Absembléa
Geral para o dia 20 de novembro do corrente anno,
Bernardo Pereira de Vasconcellos, aenarior do Império, mi-
nistro e Secretario de Estado dos negócios do Império, o tenha
assim entendido e faça executar.
Palácio do Rio de Janeiro, 22 de julho de 1840, decimo
nono da Independência e do Império, Pedro de Âraujo Lima.
Bernardo Pereira de Vasconcellos . — Está conformo, Joào
Cam/ de Campos .
Este decreto foi lido sem que se desse manifestação violenta,
a qual somente Rebentou ao serem conhecidos os motivos, apre-
sentados ao regente pelo ministério para justificar o adiamento
Eis seuí) termos :
Senhor — Tratando-se na Camará dos Deputados da tão melin-
drosa quanto importante questão da maioridade de V, M. Imperial, e
havendo as discussões em logar do caracter sisado, reflectido e
prudente que lhes convinha, em attençào á f^ravidade da maté-
ria, tomado outro muito diverso, chegando não só a pertubar-ae
a ordem dentro da mesma Camará, mas também a promover-se
a agitação do povo desta Capital ', julgamos do nosso rigoroso dever
tubmetter á consideração de V. M. I. a necessidade de uma medida
^ne, restabelecendo novamente a tranquilidade, ponha naquella
'amara os eapiritos em estado d© poderem, com a necessária cir-
coraspecQÍlo e madureza, deliberar e decidir anbie tão ímpcrtant©
matéria. Esta medida. Senhor, nâo pode ser outra si não o
adiamento da Assembléa Geral Legislativa, por aquelle ^ernpo que
se julgar estrictamente indispetisavel, para *e conseguir aquelle
£m: nós pois o propomos á alta consideração da V. M. Imperial,
afim de que se aigne resolver a obre este assumpto, como em sua
sabedoria julgar conveniente.
- 4% -
Rio de Janeiro, em 22 de julho de 1840. — Bernardo Pe-
reiro d€ Yasúoncêlhs.^ Paulino José Soares de Soma>— Caetano
Maria*
Lopee Gamn» Joeè Ãotonio da Silva Maia, Salvador José Macieij
Joaquim Joaé fiodrigueg Torres.
* * «
Levautam-Be exclamaçâes energicEB. Todos pedem a pa-
lavra e querem falar ao meamo tempo. Os contrários á maio-
riddde retiram-aei permaiifceDtlo apenas os favoráveis á idéa.
Pronuncia algumas frasca Alvares Macbfldo, que uào podem
ser ouvidan pelos gritrig das tribunas. Se^ne-se Ãotonio Carlos,
que declara quo o Heg-enti* é um usurpador, um traidor o
actual miniaterió, afinal fala Martim Fraacieco, declarando que
dIlo reconhece fiemelbante decreto
Com dificuldade faz-se ouvir Limpo de Abreu, prudente,
cireum^pecto que ja reunia todas as qualidades de grande esta-
dista, e que merecia corisideraçào g^eral ^ Pede calma. Declara
que o pretexto invocado pelo g-overno para adiar as camarás,
parecerá verdadeiro perante o paiz, si naquelle momeoto nfto
procederem com to^a n calma — eissa calma e circumApecçâo ger-
virào de prnteeto ao acto do g-overno» que deve ser respeitado.
A Camará uíio pode nppor um acto d:^ força a outro acto dd
força do í^overnn Obedecendo, divs elle, demonstraremos que os
fundamento? da mudida — 8âo menos VPr:]adeÍros,
Embora apoiada» pelos deputados que o rodeavam, as pala-
vras do Lim[>o de Abreij perdefn-ae no enorme turtialttí que
dominava no recinto comfílptameníe invadido pelo espectadores.
Retiram-F6 os deputados contrários á maioridade- O Presi-
dente e OB peeretarins abandonam a mesa,
N'> mnio do etiorme tn multo, consegue, António Carlos snMr
em nm banoo
Como uma aureola de arminho» t ndetim-lbe os longos ca-
btilbtB brancfiR, fulífurava-lhe o olhar, e o «sol de 67 anruis» dd
facto, brilhava no oceano com toios os esplendores do meio dia »•
Consegíie dominar o 'umulto, e entáo com voa ardente ô
juvenil enthusiasino, proount^ia a fra»e q«ie sf* tornou lit>toricA*
« Quem é patiriota e brasileiro, sí^a commigo para o Senado.
Abandimf*míij esia Camará prostituída»,
E arra^itando apózi ú o& deputados maioriãtaSt entra como
revolucionário naquella casa, onde BÓcinsoannos depois voltava
para declarar— que vinha doa ardores do lados tào para os gelos
da Sibéria.
* «i *
No Senado deu-se rápida conferencia entre senadores ©
deputado» maiorist^*, titiando resolvi ío que fo»se enviada nma
deputação aii Imperador, para pedir- Ihtí que a^iumísiie o governo
do paiz, em vista do perigo que corria a ordem pjblL&a.
— 401 -
Etae reeeío era perfeitamente justificado, visto dea ta vez ter
sido bem dirigido o laovimííoto.
Frimtsirft, f-z-^e » apiniAo tto parlamento, facilitaiido-Ãe a
inva^Ao dal salas da- B©si-&e& pelos e^pectadorea do Brasileiro
Rt*doluio. Era o raeio de aterrorizar os expiritoa fracoa e pUâil-
lanimes e arrsQCf*? deites voto fa^^ora^wL
Píisreritirm* nte recorreram aos quartéis, e alg^uns tíAmman-
dantes nào tiveram cofag^em de recusar auxilio matprial a um
movimento a cuja frente acreditavam eitar o Imperador.
Naquelle tempo, como hoje, como Bempre, em todos os paizes
Atrasados, u poder era « o carfo de Apolto, atraz do qital se
precipitavam as TmtltidõesM,
fffl massa popular, faaia-se eapalhar^que o reg^ente tramava
Bequí*Btrar o j^vem monarcha, e removei- o para fora do RÍo —
qu6 o Imperador aaciava pela maioridade, tanto, que encarregava
aos Andradas de prnmovel-a
Para faser pirts da Commissào, encarregada de transmittir
ao Imperador o dest^jo dos representantea da na<jào foram deai-
nados 08 seguintes senadores e dflputadog— Conde de Lairei, Ver-
^oiro, álencar, os dous Hollaudas, António Carlos, Martim Fran-
f^iaco e Monte'<«uma.
Antes de seguir a Oommissfto, o dr. Joaquim Cândido BoarêB
de Meirellea foi enviado ao Paço para conseguir do imperador
que a retiebesse.
Chegados ao Paço, tatroduzidoã á presença do Imperador*
leu António Carloa a seguinte representaçào :
t Nós abaixo aftaignadoe, Senadores e Deputados do Impe<^
rio do Brasil, crendo que o adiamento das Camarás, no momento
em que se tratava de declarar a maioridade de V. M. I., é um
insulto feito á âagrada pes*oa de V, M. I,, é uma traiçAo ao
paÍ2 commettida por um regente, que, em uoàsa opiotão n^ o
é de direito, desde o dia 11 de março do corrente anuo, e re-
ccnheeeiído o» graves males que de ^imilhante adiamento ee
podem seguir, já á tranquilidade da capital, já á daa provín-
cia!^, onde os iuimigoa da pa? e da tranquilidade puBlicA ae
podem acarretar com este acontecimento, para com elle dilace-
rarem Bs entranhas da mãe pátria, vêm reverentes aos pés de
y, M. I., a rogar que V. M. I. para salvar- nos e ao trono,
tome desde já o exercício de suas altas attribuiçòes. — Rio,
22 de julho de 1840»,
Recebendo a representaçUOi declarou o Imperador que ia
deliberai^ retirando-ae a Cummiãsâo para uma daa «alas para
esperar a resposta imperial-
Nesse dia o Rebente havia cedo comparecido ao Paço, para
communicar ao Imperador a rascáo que determinara ao governo
adiar a^ camarás— que outra não era si não a de fazer proclamar
9 maioridade no dia 2 de dezembro— n&O pelo eSeito de um
- 498 —
golpe dç «Btado, mas com a calnia, pmdeneta e reflexão que de-
YÍam cercar acto nacional de tanta magnitude.
O Imperador ouviu atteotameote as razoes apretentadas pelo
Bege n te, dis pena ou- lhe a coBtumada attençâo, e a p provou a re-
aolíiçào do g-overno.
PúucoB momentos depois de ter o Imperador recebido a re-
presentaçàõ, chegava novamente ao Paço o Regente, acompa-
nhado da Rodrignea Torres, ob quaes foram immediatamente in^
troduBidoa junto ao monarcha.
Chamada ponco depois a deputação á pre&ença do Impera-
dor, para receber delle a resposta, esta lhes foi transmittida jjeio
Megeníe nos seguintes termos :
« Qne naqaeUe dia dera parte ao Imperador, que ia adiar
at Gamaram, para c|Tie pudesse se dar a acclamaçdo, no dia 2 de
dezembro com toda a solemnidade. Maa, sabendo que alguns
deputados e senadores se achayam reunidofi no Senado, e havendo
alguma agitação no povo^ viera saber., ú Sna Majestade queria
ser acclamaJo no dia 2, ou JÀt.
E como S. M. respondecse que queria já^ convocaria a
assembléa domingo, para B6r acclamado.
Ãutonio CarloSf nesse momento, pedindo permisg&o, fess no-
tar que era de grande conveniência que a acclamação se reali-
zasse no dia Begaíntef porquanto, existindo agitação no povo, o
imico meio de fa^er cesBal a, era apressar uqueLla solemnidade,
para a qual nâo mais se oppuoha o governo.
Quando o orador concluiu suas observaçõeí, o Itnperador
voltando-Be para o Regente, disse-lbe : «Convoque para amanha».
Expostos os factos cem o noB sào trazidos pelas chronlcas,
elucidemos nm ponto histórico.
Como é sabido, reretidat censuras foram feitas ao Impera-
dor, por ter demnnstradn precipitação e arrebatamento pronon-
ciando o Quero Já.
Pelo conhecimento de factos posteriores, podemos hoje a Afir-
mar que o Imperador, nem mostrou arrebatamento nem pro*
nunciuu aqnellas palavras que lhe foram attribuidas no momento*
Prudente, criterioso, roiiervado, qualidade esta em que era
eminente, como reconheciam -lhe geralmente, o Imperador naquelle
momento nào fez mais do que acceitar ob factos consumados.
Já deixamos patente que a cbronica não era verdadeira,
quan^ío attribuia-lho apoio «oa conjuradoB, Fácil nca será tam-
bém desfazer a lenda do — Qwí™ Jã,
A primeira vez que encontramos aquellas palavras, foi
quando António Carlos leu no Paço, a Representação doa De-
patados e Senadores —çwe foi por elle redigida. A» ultima» pa-
lavras daqufílie docameuto sào as aegutntes : €vêm reverentes
(a cQmmÍBsào) aoi pés de V. M, I., a rogar qae V. M. L, para
- 409 -
lalT&r-noa e ao trono, tome desde ãÀ o exercioio de suai attrí-
À aei^unda ves, figiira do Relatório da DepatiiçAo, fiírmu*
lado por Aníoniú Carhm* Ela como deicreve elle oi íactOB :
< Ci&eo minuto» depoiá, reía ee cbamar a depnt&c&o, omtrft
ve» i presença d© 8, M. I., e, estando ahi o Keg-ente, dieae,
que elle havm hnj^ dado parte a 3. M. L, que h&via adiado
aa Gamaras somente com o fim de preparar toda a aol em n idade
para S. &i. I, aer acclamado no dia 2 de dezembro^ aontrerta-
rio do meamo Senhor; mas qtie tendo alguns Benhorea deputados
e senadores ae reunido na casa do Senado, e havendo alguma
ftgita<^ào no povo^ elle Teio saber ú S, M. queda Aer acdamado
no dia 2 oQ jtL S, M. respondeu que (jubria jA, e que em tal
caso convocaria a aaiembléa domingo, para ser a c clamado— um*
hiêldfidQ os membros (la depuíaçãQ^ pjra que foJíse amanhan^ em
consequência do estado de agitaç&o em qae e&taya o povo, 3. M.
diasô ao Reg^nlQ — Convoqu» para amanhan*.
Vejarooft, porómj si é possível reconatituir-se o momenU)
histórico.
Quando o movimento em favor da maioridade predomina va
na populaçÃo, o governo compreheaden qne já nào era possível
crear^lhe embaraços*
Querendo, porém, dirigira revolução, no inter e»iie partidária^
collocou-ae a frente delia, para evitar as consequências.
Mas, sob pretexto de se preparar as soleran idades para t&o
grande acontecimento, e para que n&o parecesse aquelle acto
Arrancado por meios revolucionários, resolveu adiar as Camarás,
para que a acciamaçào se realisosae no dia 2 de dezembro,
«DDiversario natalício do Imperador.
No dia 22 de julho, o Regente cedo, dirigi u-se ao Paço, d
deu conhecimento ao Imperador da resolução do governo e da
tnedida do adiamento.
Em vista, porém, das occurrencias provocadai na Gamara doi
Deputados pelo decreto de adiamento, da subsequente reunião
no Senado, da agitação que lavrava no povo, a certeza de que
cliefea militãr<?a acbavam-se no Senado ao lado dos promotores
do movimento, determinaram a que o Regente, acompanhado do
ministro Rodrigues Torres, se dirigisse novamente ao Paço, para
cocnmunicar oa acontecimentos.
O Regente e o Ministro, chegando ao Faço, (copiemos aa
palavras de Rodrigues Torres proferidas na Camará, na aeas&o
de â de junho de 1841) f fomos introduzidos na sala em que
estava 3, M. que se dignou receber^noBj com a benignidade do
cofitume>«
r
— 500 —
< O Br. Aniujo Lima expoK a S. M. q^e, & vieta do
havia oecomdo, desefava que S. M. lhe declarasse ú ^ra *Ti&
Tontade tnruar desde lo^o as ri^deae do governo, porque ii«i?6
easo elle Regente faria íiovamente convocar a Assembléa».
€ S, M , df^pois de pecaar alguna momentos, dignou-se
responder, que ju]g'ava couvâniente tomar desde togo as rédeas
do governo».
* O sr. Pedro Lima agradeceu a S. M. a sua deliberação, e
asseverou que ia convocar a-t Gamaras para domingo imtnediato».
« S- M. di^nou-se entào manifestar ao Regente o degpjo d©
que elle mesmo annundasBe esta deliberarão á Deputação que
se achava em uma das ^alas immediatas*.
Introduzida novamente a Oommi^^âo perante o Imperador, n
Regente deu-lhes a seguinte resposta ;
^ Que elle Regente, naqnelle dia, coramnuicara ao Impera-
dor que o governo havia resolvido adi«r as Camarás, para que
ae preparaeaem m solemnídades^ para ser o Imperador acel amado
no dia 2 de dezembro — seu anitiversario natalicio.
< Que mnh tarde, agarra vando-^e a aituaçào, voltara ao Paço
para Baber ú S. M, queria ser acdamado antes do diA anterior-
mente combinado, e como entenft'i8&B o Imperador que devia icr
antes —convocaria a Assembléa para domingo.*
Tendo, porém, António Carlos, relator da CnmmíseSnj tssis-
TiDO para que a acclamação se realizasse na dia seguinte, em
eonaeqnencia da af^itaçào qiie reinava no povo, o Jmjíerador,
voltaodo-SH para o Regente, diese-lhe — Crmmque para amanhã.
Poram estas aa unicaa palavras que o Imperador pronunciou
em publicn, O que se passou na conferencia enue elle, o Re-
gente e o Ministro m foi conhecido muitos annoa apóa.
O — Qíiero Já — palavras de que uaou António Carlos, é
um complemento do — Recado — e do — Sim. Devem desappa-
reeer das chrODicau*
Temos descripto os aeort tecimentos, com pulsando documentos
que não podem ser conte&tadoB — e entre esses, palavras do pró-
prio Imperador
Na se&sílo do Instituto Histórico do Brasil, de 3 de jtillMi
de lô6ã, falando sobre o assumpto, diâse o Imperador t
«Quando ítú cousukado em 1840, eu não disse
— Quero já— ».
Mata tarde, ainda no Instituto, ao Conselheiro TrÍEtào de
Alencar Ãraripe, affirmou-lhe o Imperador e autorizou^lhe a
toruar publico :
« Que só se pronunciara sobre a maioridade, do dia
22 de julho, quando a Commi&são do Senado e o Re-
gente foram ao Paço, na Quinta da Boa Viatat ,
^ 501 —
* OtiTÍ a Commissâo © o Regente. Cúngultei par-
ticularmente o TutDr e o meu Âio, e foi, a conselho de
ambos, que declarei acceitar o governo».
* Ef porque, aa dker o Regente á CommiaBào,
que ia convocar a Assemblóa Geral para domingo, dia
inshtu$€ sobre a neceaaidale de prompta convocação—
difl&e ao Regente — Convoque para aman?iã.
Onde se encontra o Quero Jáj como signa 1 de precipitação
õu arrebatamento ?
A bem poucos annoa, quando Tito Franco publicou a Bio-
grafia do Conselheiro Furtada, o Imperador, annotou o exemplar,
que pertence hoje ao Instituto Hiato rico do Brasil, com a se-
guinte declaração :
«Eu não tive arrebatamento, se d&o fosae aconse-
lhado por di vergas pessoas que me cercavam, teria dito
que não queria».
Brasileiros illustres que preaencearam os acontecimentofi, o
outros que mais tarde Be tornaram amigos pesíoaes do monar-
eha, entre estes o historiador Fernandes Pinheiro, conlirmam
que o Imperador, em quanto menor, nunca mostrara desejos de
governar*
E^ certo que, naquelle momento agitado, houve quem tivesse
precipitação^ arrebatamento^ d^nejo immcderado de poder ^ Os
chefes do movi mento maiorií^ta, Queria o Já o poder em suas
mãos, para goíar dos resultados da victoria*
Em virtuda da determinaçlio do Imperador, foi expedido o
seguinte decreto :
«Tendo sobrevindo ao decreto que adiou a Assem-
b!éa Geral para o dia 20 de novembro, circumetancias
extraoriliQariae, que tornam indispensável t^ue se reúna
quanio antes a mesma Asst;nibU'a Geral: Ha por bera
o Regente, em nome do Imperador o sr. d, Pedro 2,'',
convocai- a para o difl 23 do corrente* .
* Bernardo Pereira de Vasconcellos, Senador do
Império, ministro e Spcretario de Estado dos negócios
do Império, a^sim o tenha entendido e o faça executar.
Palácio do Rio de Janeiro 22 de julho de 1840, deci-
mo nono da Indenendeucia e do Império. — Pedro âe
áraujo Uma, ^-Bernardo Pereira de Vasconcellos-**
Quando a Ccmmissão voltou ao Senado, e António Carlos
deu conta áa mi&s&o recebida com geraes appl&uaos, Navarro,
— 602 —
propoz que d^ te diasolvesse a reuni lo, « para evitar estm-
tagema? de que é capaz a intelligencia infernal de certo per-
aQDagem». «Fiquemos em nossos posto»», bradava elle, «nem
morreremos dê fome por não comermos até amanftâ» .
N&o foi por diante a proposta de Navarro, porque Antó-
nio Carlos, entre applanaos, affirmou;
«Tenho a palavra de um Bragança, de utn Im-
perador. »
« Eu ouvi de sua própria boca, eu me fio em iua
palavra . *
Lido o decreto da convocaç3.o, dissolveu -se a reunlãt).
No dia seguinte, 2S de jullio, reunidos senadores e depu-
tadoi, no Senado, foi aberta a sessão^ tendo comparecido g^raude
numero de senadores e deputados, e o presidente Marquez de
Paranaguá^ proferiu as seg^uintea palavras :
«Eu, como or^am da representação nacional, em ësembléa
Geral, declaro desde já maior a S. M. Lo sr, d* Pedro 2.% e no
pleno exercício de seuâ direitos constitucionaes. Viva a Maiori*
dade de 3. M. o senhor d, Pedro 2.**! Viva o senhor d. Pedro
2.*", Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brasil 1
Viva o sr. d. Pedro 2.*».
Em seguida foram nomeadas 4 commissões, a primeira para
redigir a proclamaç&o da áãsembléa Geral á Naç&o Brasileira,
dessa fizeram parte António Carlos e Limpo de Abreu ; a â.* com-
Eosla dos Senadores Mello Mato», Paraisn, Baependi, Vergueiro,
lima e Silva, Carneiro de Campos, Valença, Saturniuo» José
Bento, Ho 1 landa, Almeida Albuquerque, Paula Cavalcante, Sousa
e Mello, Lages, e mais 28 deputados para irem ao Paço, saber
de S, M, o dia e hora em que deveria prestar o juramento,
marcado no art. 103 da Constituição. A terceira para receber
o Imperador, e a quarta, para receber as princesas.
A commiss&o encarregada de formular a proclamação^ su-
jeitou á approvaçao, a seguinte:
Brasileiros 1
A Assemblea Geral Legislativa do Brasil, reconhecendo o
feliz desenvolvimento intellectual de 8. M. o sr. d. Pedro 2,% com
que a Divina Providencia favoreceu o Império de Santa Crua:
reconhecendo igualmente oa males inherentes a governos pxcepcio*
naes, e presenceando o desejo unanime do povo desta Capital;
convencida de que este desejo está de acordo com o de ti*do o
império, para conterir^se ao mesmo Augusto Senhor, o exercicio |
dos poderes que pela Constituição lhe competem; houve por bem, i
por tão poderosos motivos, declaral^o em maioridade, para o |
eâeito de entrar immediatamente no pleno exercicio| desses po
deres, como imperador constitucLon&í e defensor
perpetuo do 1
— 5(» —
Brasil. O Angosto Monarelia acaba de prestar o juramento
solemne determinado no art. tl»8 da Const. do Império.
«Brasileiros ! Estào convertidas em realidades as esperanças
da Naç&o; uma nova era apontoa; seja ella de anião e de
prosperidade. Sejamos nós dignos de t&o grandioso beneficio».
Depois de duas boras da tarde, voltou a deputaç&o que
bavia sido encarregada de ir ao Paço saber a bora em que o
Imperador queria prestar o juramento, e deu conbecimento de
Que cumprira a sua misBão, recitando ao Imperador a seguinte
&la:
«Senbor.
A Assemblea Geral Legislativa, único e legitimo org&o dos
sentimentos da Naçào, convencida de que nenhum outro remédio
mais conviria aos males que a opprimem, nas circumstancias
actuaes, que a immediata acclamaç&o da maioridade de V. M. I.,
e a sua exaltaç&o ao trono do Brasil, e em consequência a en-
trega do deposito sagrado das rédeas do governo uas augustas
mAos de V. M. I., nos envia em deputação a annunciar a V.
M L, a maneira solemne porque V. M. I., acaba de ser por
ella declarado maior no meio do geral regozijo; e a rogar a V.
M. I., que dignando-se acolher com benignidade aquella express&o
dos sentimentos nacionaes, haja por bem completar seus actc;s,
prestando-se ao juramento solemne, exigido pelo art. 103 da
Constituiç&o do Império, no paço do Senado, onde a Assemblea
Greral reunida aguarda a aogusta presença de Y. M. I.
Assim Deus ajude a V. M. I., acolhendo os fervorosos
votos que os fieis súbditos de V. M. 1. n&o cessam de dirigir-lbe
pela prosperidade e diuturnidade do reinado de V. M. I. >
As* três horas e meia da tarde, chegava o Imperador ao
Senado, recebido pela deputação, prestando em seguida o jura-
mento, como consta do Auto que transcrevemos.
AUTO DE JURAMENTO
Saibam quantos este publico instrumento virem que, no
anuo do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de 1840,
decimo nono da Independência e do Império do Brasil, aos 23
dias do mez de julho, nesta muito leal e heróica cidade do Kio
de Janeiro, no paço do Senado, onde se reuniram as duas Ga-
maras Legislativas, estanio presentes 33 senaiore< e 84 deputados,
sob a presidência do Ex "" Marquez de Paranaguá, para o fim
de dar execução ao art. 103 da Constituição, estando presente
S. M. I., o sr. d. Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo
Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocadio Miguel
Gabriel Rafael Gonzaga, segundo imperador e defensor perpetuo
do Brasil, filho legitimo e primeiro varão existente do fallecido
sr. d.. Pedro 1.**, Imperador Constitucioual e Defensor Perpetuo
r
~ 504 -
do BrãBtl, e ds fatlecida renhora d. Maria Leopoldina Josefa
Carolina, impera tm buí^ mulher, ãrchíduquei^a d^AustHa, lhe foi
apreeantado pelo Ex.""' Presidente o miãsal em que o me^mo
augusto senhor io% n sua mão direita; e sendo por mim lida a
formula determinada no mencionado art.. 103 da Coni^tituíçAo,
pronancidu S. M. Imperial em alta voz o seguinte furamento :
«Juro manter a Teli^ilL> catholica apostólica romana,
a integridade e indivisibilidade do Império» e prover ao
bem geral do Brasil, qnanto em mim couber».
E para perpetua memoria, se lavrou este auto etn duplicata.
aU0 vae aasignado pelo mesmo augusto Bíjubor, pelo Presidente e
oii primeiroa Secretários de uma e de outra Camará. E eu,
Luia Jo«é de Oliveira, primeiro Secretario do Senado, o escrevi*
— D* Pedro â." — Marquez de Paraftagità, preEidflnte— Liiíái José
de Oliueiraf primeiro Secretario do Senado — António Joaquim
Alves do Amaral f primeiro Secretario da Camará doa Deputados».
ÃasLffnado o auto de juramento, foram erguidos vivaji á
Maioridade, correspondidos euthusiasticamente.
Um facto não pode passear despercebido — O Senado e a
Camará em sua qtiHãl unanimidade compareceram á Bes^ão do 23
de julho, e maioriatas a seus adversários da véspera fíg^uratam
nas deputações designadas para os act^a da Bolemnidade.
No dift 28 de julho^ a imprenaa publiGava a expoeiçào d©
VascouceU- B sobre ob memoráveis aconifscimeutOB que acabamos
de deBcrever. E^ documento de alta valia para completar a his-
toria do movimento.
Ei-la :
«Bernardo Pereira de Vasconcellos julga dever explicar ao
publico o seu procedimento no curto periodo de d horas do dia
22 do corrente mez, em que foi ministro e secretario de estado
doe negócios do império.
Sào hoje sabidas dos biibitantes desta Capital, e sê*1o-&o
em breve dns de todo o império, as melão colíi-aa occurrencias dos
dia^ anterioreB ao referido *22 dti juiho, por otcaaiáo de se occu-
5 ar a Gamara dos Deputados da questão do supprimento de idade
e S. M, o Imperador, afim de que o mesmo au^íusto Senhor eu traste
im me dih tara ente do exercicio de sua autoridade eouBtitucional.
E^ incontroverso que a medida de anteeipar a maiondade de
B, M. I. não tinha maioria de votos nem na camará do^ fieua-
dores, nem na dos deputados, posto que áqueltes mesmos que Ai
impugnavam náo faltassem ardentes e sincpros desejo * dfl ?ê-li
realizada sem oflunsa dos princípios constitucionaes : est<^ facto não
era desconhecido dos que conceberam t-ste anuo a idéa de investir
o jovftn imperador da sua autoridade. No senado fora um tal,
projecto rejeitado, bem q^ue muguem o impugnas le na dlgci
í
-èoè-
e honrnss^ quem ú BUâtentiiPBP. Ksta deeUÂo da camam vital ida
nenhama impr«^PaAo produziu no espirito jjublieo, »endo mauifeato
que nem oa habitaote* da còrtOi nem oi de qualquer ouin* pro-
víncia se baviam Hté etitâo pronunciado a favor da medida <
Todavia, n&o dasaeorof;oaram hIj^uiijí deputados do triumpbo da
Bua idéa ; contiouarani a iosiatir para que o imperador fo se decla-
rado maior por uma lei ordiuaria; e dado qae hhú poucoa se
dispoíesfteto a votar a íavor delia, uma ve» que íoa&e acom-
panhada de garantia! para a tiHçào e para o Iro no, crcflcia este
empenho, á medida que te obaervava mais tendência para a *uft
realização.
No meio do debate desita transcendente matéria, debate que
devera »er tiotavel p«lâ prudência^ sisudeKa e gravidade que
o devia pre&idir, apparêceram Bymptonvas de coacção na Camará
doe Deputado ■«, Os que admíttiam a idéa com tnodifícações viam-
»e expoe^tos a insultos e perigos, ie^ ufto guaid^egem silencio.
Para prova de»te facto, offereço u Jornal do Commercía^ de u.
tas a te3.
Invoco, além diftao^ o teetemiinbo doa deputados e expecta-
dorei iraparciaes; deponham elleii 8e, além do que tem chegado
ao conhecimento do publico, nào tiveram alguns diijnoB repre-
«eotanteâ do paiz e principalmente rs mini>troíi da coroa, de
loffter vergonliOBOS insultos e ameaças. Fe^^oas do povo, reunidas
em grande namero invadiam *> paço da Camarn, rodeavam oa
deputado» dentro da prnpria sala das sesBÕei», ioma\'am parte nna
debatas, applandindo eatrondo^mente os oradores de um lado,
e euffocanot^ a voz de nuttoâ com gritos aterradores, em uma
palavra, quas^i que bavia de todo desapparecido a díítinção
entre aa galeria» e os legialadorea, a população pacifica e indus
trioaa, que ao principio esperava tranquilla a soIuçÂo que os
poderei supremt^is do estHdo houvessem de dar á qnestào da
maioridade, começava a afflig^ir-se á vista de Bceriaa tào des-
agradáveis, representadas naquelle mesmo recinto donde t^omente
deveram partir exemplog dt? ordem e de obediência án leijj ; e o
governo via -se na impí ssibilidado de fazer cessar, pekrs meios
a seu alcance, Bcmelbante ei^tado de couaas, não desf jaudo que
ainda levemente ae lhe attrihuiâse o intento de coagir os legis*
Uáores.
Nunca fui considerado iníenao ao governo de S. M. I, o
senhor d. Pedro II, lendo até em outra época desejado a regcn-
cia da au£^U'ta princt^sa imperial a senhora d Januaria, desejo
esle qae nuDcn excedeu os limites de um pen^ameuto. e que
mt^ custou as mais acirbHS injurias e calumnias, havendo nieíimo
quem. nas di$cuet>r>es da A^aembléa provincial de Minas Geraes,
me indigitastse como conspirador contra o regente do Acto Ãddi-
clonal, imprecando a minha morte,
Confeaso ingenuamente que laeu afferro á monarchia e o
exemplo da dispensa de idade da aenhora d. Maria 11, rainha
— 506 —
de Fortagal, foram ob unicoa elementos de minlia eoDTicçâOf em
que se p «diâm oppâr a uma tal medida, Âioda boje d&o heaita-
T6Í em dar o meu voto para o luppri mento de idade de um
príncipe» debairo de razoaveii coudiçôe» de segurança; ainda
noje votaria pela maioridade ào senbor d. Pedro II, mas com
limitaçdea e com suffi cientes garantias para o troao e para o
paiZt poii que o^ acoutecimentos mesmo do reinado da senhora
d. Mana II tem feito em mim a mais profunda im prés ião.
Deixara o senhor d. Pedro, duque de Bragança, organizado
o paiz, e nos primeiros empregos do estado os Portuguezes maie
esclarecidos, mais traquejados no meneio doa negócios públicos,
carregador de preatautea serviços á pátria^ e os bravos generaes
que tanto haviam contribuído para a queda da usurpação e re-
conquista da perdida liberdade/Este governo que pr orne ttia larga
duraç&o, tau to pela sua solidez como pela^ immortaea remínià-
cenciaa que despertava, durou apenas dons annos, uào era passado
este prazo, quando rompeu uma revolta, que rasgou a carta
constitucional e violentou a joven rainha a assignar com o seu
próprio punho a condemnaçào do maia importante titulo de gloria
de seu augasto pai; a lá está Portugal remoinhando entre a
anarchia e as tentativas de nm governo regular!
Diversas são, e para peior, && circumátancias do Brasil :
uoaifta instituições nào estào completas, faltam- nos muitaa leit
iraportautes, algumas das eiistentfs exigem consideráveis refor-
masj e muito ha que vivemos sob o governo fraco de regências.
Falta-nos um conselho de estado, nào temos emiueocias
sociaea, ou por pi>breza nossa, ou porque a luveja e as l^acçõea
tenham caprichado em nivellar tuda. Neste estado de coui^as nfto
acclamára eu par meu voto o senbor d. Pedro II maior desde
já, sem que o arma saem os de todos os meios necessários para
ser feliz o seu reinado, bem que hoje me considere na mais ex-
plicita obrigação de envidar todas as minhas forças, afim de que
OA resultados não justiâquem um dia as minhas tristes appre^
hensôes e as de meus illustres collegaa pertencentes a essa pa*
triotica maioria de 19 de setembro.
Chamado pelo Regente, no citado dia 22 do corrente mes,
para me encarregar da repartiçào dos negócios do império^ u&o
hesitei um só momeoto á vista do perigo, tendo por eollegai
cidadãos tfto honrados, alguns doa quães pertenciam a es&a maio-
ria: não desconheci a crise em que eatava o Brasil ; aíEigiam-me
iobre tudo os perigas que ameaçavÃo o trooo, produzidos pela
precipitação e insiolita maneira de discutir, tolerada na Camará
dos Deputados. Meus ci^Uegas e eu, unaoiíues em sentimeotos,
propuzemos ao Regente, em nome do Imperadori o adiamento
da Âssembléa Geral, para o qutl estávamos exprusaamente autc^
rizados pela Constituição da Monarcbia, e nunca me pareceu o
Eegeute maia Brasileiro e mais digo o do aeu alto po*to do qme
iubscrevendo o seguinte decreto:
í
— 507 —
< O Regente, em nome do Imperador o ar, d. Pedro 11,
amando em congideraçAo & exposição qu.e, pelos mÍDÍ»tro8 e se*
^Petarios de estado das differente» repartições, lhe ioi feita acerca
do estado de perturbação em que actualmente se acha a Camará
dos Deputadi B, e atteadendo a que a questào da maioridade de
S , M. I., que nella Be agita, pela sua gravidade e pela alta
posição e importaaeia da augUBta pesaoa a que é relativa, so-
mente pode e deve eer tratada com madura reflexão e tranquili-
dade : ba por bem^ usando d» at^ribuição que lhe confere o art,
lOl^ § 5,* da Constituição do Império, adiar a Âssembléa Geral
pAra o dia 20 de hovembro do corrente anno.
c Bernardo Vieira de Vasconcellos^ senador do império, mi-
nistro e secretario de eslado dos negócios do império, o tenha
Aseini entendido e faça executar.
« Palácio do Rio de Janeiro, em 22 de julho de 1940, deci-
cno nono da ludependencia e do império — Pedro de Araújo Lima
— ^ Bernardo Pereira de Vaaconcelloi.»
No situado não 96 confentiu que fosse lido este decreto, e
"|>©rniitta Deus que seu nobre presidente, o sr, Marquez de Para*
XkR^uáf ainda um dia não tenha de arrepender-se da maneira
Ècr que se houve neate transcendente neg^ocioí Na Camará dos
leputados appareceram grÍto«, ameaças e provocações, que nem
a« compadeciam com a Onn^tituiçào, nem com o regim<^nto da
CAsa. Aceu^aram-me de calumuiadoff de traidor e de inimigo do
&r> d. Pedro II. Protestaram contra este acto como emanado de
TUn goveruo illegal^ intruso e usurpador; mas em Am^ obedecendo -
l^e, pouparam ao g-overno o dissabor de recorrer a providencias
adaptadas para a lua execução.
— Calumuiei a Camará, dí^em os meus adversários, porque
^lii reinftya a niaÍB perfeita tranquillidade, e não havia alteraçÃo
^Ig^uma na Capital.
^Peço aos leitores que confrontem o decreto de adiamento
^om esta increpaçào, e conveDcer-se-ão de que uelle se não
^aseverava que o povo da Capital estava ajeitado e menos amo-
trinado. Limitou^se a exprimir a desordem das discussões ua
Oamara dos Deputados, desordem que parecia appropriada para
tornar odiosa a sauta causa que ahí se pleiteava, Digam-nos
oa espectadores imparciaes, djga-o o Jornal do CommerciQ de *23
do corrente me^^ loeicplicavel eontradic^ão ; Ao mesmo tempo
que se me accusava de calumntar a Catnara, de conspirar contra
o Brasil 6 o trono, estroti davam na casa os brados borriveift dos
tribunos da plebe, e a illuntrada maioria, reprovando com mudo
silencio tanto desarinu, só fazia votos para que a Divina Pro-
videncia salvasse o joven principe, para que não fosse t^lle mais
uma yictima innoceute offerecida nos altares da demagogia.
Era eu o traidor e o conspirador, observando religií sãmente
a lei» e meus desvairados accusadores eram fíeis á Coiistituição do
estado, almejavam a tranqui Ilida de publica, quando discutiam e
- soe »
atacavam o acto do poder moderador que adiava as Camarás?
quando proclamavam illega), intrinco o a^urj^^adorr um governo
que tinham até eatào recouhecido, dado que um ou cutro, nesteit
uLtlmos diasi alguma vez fali as ^e por incidente aobre a sua le-
galidade ? \
Conspirava eu adiando as Camar&a qnando aconselhava a
crise em que nos viamoâ, como permíttia a Constituição do estado,
e eram fieis ao seu dever aqnelte» representantes da naçAo que,
tendo obedecido ao decreto do âdiameuto, foram uo paço do senado
fazer parte de huma reunião popular onde deliberações se to-
mai'am sobre a própria existência do j^oyerno, foTcejando para dar
o caracter de revoíaçâo a esse acto do adiameoio» que, apesar
de tudn» e e sempre fni çomiderado ordinário?
Conspiraria eu cumprindo fielmente as leis na qualidade de
ministro da coroa, e meus inimigos ifto*írreprehensiveiSf bem que
as infringissem por um modo tAo extraordinário, como eUes
mesmos n&o poderão negar V
Depois de expedido o decreto de adiamento, partiu o Ho-
^ente para 3. Çliriâtovão, aíim de participar a B. M. o Impera-
dor o paí^so que dera, e declarnr-lhe qual a intenção do governo^
que nl^o foi ontra senlki preparar devidamente a« cousas para
quOp ainda no corretite annu. fosse proclamada a maioridade de
8. M.| não como uma medida arrancada pelo dcBeDcadeaoaentO
dai paixões, e dicrada revolucÍDuariíi mente por um 'partido em
minoria desde 1836 até hoje, maa com aqueHa sclemnidade, pru-
dência e siaudeza, que devum scompavhar um táo grande acto
hacional. O Regente voltou, tendo t»ido benignamente acolbido
por 8* M. o Imperador e merecido o seu asãentimento.
Ão meio dia, constou ao ministério, reunido em casa do Re-
gente, que o commandante das armas, Francisco de Paula Víis-
concelloB, estava de acordo com a reunião no senado; que o
commandante dos estudantes da academia militar havia marchado
com elles armados jiara aquelle ponio, e que uma deputaçào,
composta de senadores e deputados, te dirigia a S. Christov&o
para obter de S. M. o Imperador a gua acquiescencia á procla*
mação de sua maioridade. Era indispensável ao governo procurar
também saber qual a definitiva resnluçào do meerao augusto senhor,
á vista da face que as cousns acabavam de tomar, e para isso
voltou o regente ao paço imperiaL S* M, se dignou declarar que
queria tomar já as rédeas^ do governo, e que a Assembléa Geral
tosf^e convocada para o dia seguinte. Conhecida assim a von-
tade de S. M,, entendeu o governo que era do seu dever con*
formar-se com ella, o oa command antes dd4 forças de que podia
dispor receberam ordem para se limitarem unicamente áquellas
medidas indispensáveis afím de fazer com que a segurança in-
dividual foãse respeitada.
Ápe&ar dos escrúpulos que tenham os membros do governo
sobre tal medida^ de ordem do Regente, em nome do Imperadori
- 509 —
convoquei de novo a Aseeinbléa Gerais no mesmo dia 22, para o
eeg-uiote» à vista da declarAçào de S. M-, e porque era eate o
ultimo acto do Regente. K para que o pretexto de achar-me «e
no poder nàn contribuiftBíí psra &6 constiminar um» revoluçào e
emati^uenta-Ia. coiiBegiti do Regente a njinba demistâo^ durante
eito tneu ultimo minieterio de 9 borae somente^ 9 hora* que eu
reputo ãB maí^ honroiae de toda a minha vidi; publica,
Nâo me é dado Baber quaJ lerá a minha Borte por estfi
acontecimento,
O senhor António CaHoa Ribeiro de Audrada Machado e
Silva (hajt? ministro do império) arrojou-se a ameaçar>me em
particular, e aoB meus outroa collegae em ^eial, na augusta pre-
Bença do Imperador, no momento tne^nio ^m que S. M. acabava
de aceitar a difBcil e espichosH tarefa de dirigir õ» negocias
públicos. Que licãa! l^ue aentimentoa ea pretendem ÍDâpirar ao
CoraçJio do inncce^nte monarcha ! Que prnva de aratamento e
lespeilo à sua ^a^rada peg^fia ! À' espera dos ei^eitos da cólera
e vingança do senhor ministro do imppno, tenho até agora de-
morado estíi minha breve exposiçâOn mas, já que tardíim tnnto,
força é procurar por esse meio jus ti ficar- me perante os Braailí i-
roB verdadeiramente amigofl da mnnarehia coustitucionaL
Venham sobre mim todos oa males; aiuda e&ton impenitente,
Xionge de arrepender-me, ufano-me do meu pioeedimenio, su-
jeítando-me ao jnízo ímparetaí dos Brasileiros. Iguaes tenti>
TOcntr» (pOBRO com segurança assevera-lo) compartem os meus
lionradr^B collegas, que nunca hesitaram, nunca abandonaram o seu
^oato no momento do perigo, Nào posso terminar sem agrad«-
cer-lhes^ e especialmente ao exm. sr. P^^dro de Araújo Lima,
«s distintas provai de confiança que me derm em uma occasiào
lào solemne.
Eio de Janeiro, 28 de julho de 1840.
Bernardo Pereira de Vasconcello»*,
EatSo decorridos 67 annoa após aquelles acontecimentos, e
e&tndandO'Ofi boje, somos obrigados a reconhecer que foi patrió-
tica a resolução do Imperador aceitando o governo antes da
época constitucional.
Achava -Be elle dianfce de um movimento revolucionário em
favor da maioridade.
Si alguns membros do partido liberal^ si collocaram á frente
da revolução, depois de terem pf^rdido as esperanças de conse'
guirem a maioridade por uma medida p&rlamtntar, çbetea poH-
ticos que apoiavam o governo, e dos mais noUveii, outra solução
nâo aconselha vam.
^
— 510 —
Não se declarái-a Honoríco indeciso^ querendo retirar ãm
diBCíi&sàp o projecto propondo a reforma do art 121 da Consti^
tuiçfto. para que o Iin]>erador fo&se declarado maior antes doa 18
annofl?
Não afiãrmára perante a Camará que reconhecia circum-
Btanciaâ qne justificavam o$ golpe» de estado?
Jo&é Clemente, com aua palavra auctorizgda e itifluapmtA,
nao acabava de sustentar na triímaa— que era iudiBpeoBavel a
exaltação do Imperador ao irtao, qvanto anUs, acto que nào
podia maii ser embaraçado pela dispodç&o coustitticional, em.
vista da agjtaç&o que reinava?
Nào aceitara o governo a idéa, adiando as camarast para
ae preparar a aolemaidade, a&m de ser o Imperador acelatnado
no dia 2 de dezembro ?
Nào voltara ao Paço o Regente, acompanhado de um mem--
bro do gabinete, para dar conhecimento ao Imperador de que a
revolução se achava triumphante, e eaher êí queria a&aumir o
poder antes da é}>oca, que na manhã deãse me&mo dia havia
sido entre amboa combinada?
Como se vê, ninguém mais tratava de crear embaraços A
declaração da maioridade— era questão resolvida, imposta ao go-
verno peln& corporações politicas, por uma parte das clasaes
armadfls e pelo povo.
Era essa a situação, quando o Imperador patriotícamente
aconselhado, resolveu aceitar o poder, movido também pelo nobre
ÍDtuito de impedir a continuação do movimento e as desafitrosaa
coaBequBQciad que se danam, se naquelte momento se preteadesae
contrariar a idéa.
Ainda asEim, muitas violências foram praticadas. Membros
do goverao e deputados contrários á maioridade foram desres-
peitados. Àntnuio Carlos, na pre&ença do Imperador^ maltratou
e ameaçou a VaBconcellos, A casa deste foi apedrejada, e contra
8ua pesnoa formularam pasquina iudecenteS} que foram espalhados
pela cidade.
Uma quad rinha tornou-se popular e por toda a parte ers
repetida^ Eil-a :
De bronca loquacidade
E' Berohrdo, flem questàO)
Dizedor de bernardices
Impando de sabichão.
Apesar de victoriosos, os maioristas achavam-se ex:altadoi, e
não só foi António Carlos qae se eicedeo diante do Imperadori
quando o joven monarcha. determinou que $e físesse a convo-
cação para o dia ftf fíuinte, Marti m Francisco : disse ao Imperador,
* •-'ermitta agora V. M. que eu dê um abraço no ar. Ãraiijo
Lima. Quanto aos «eus ministros, hei de perseguil~o$ € perse^uil-os
até a ultima extremidade, como traidores a V. M, e ao Brasil».
~ 511 ^
QuÀiido Rodrig^ueg Torree, da aesa&o de 11 de jucfaú de
184li deu conhecimeato deste facto á Camará, António Carlos
negoa ler partido delle o abraço^ como affirmára Bodrigue» Torres,
mas, Marti ra FranciacOj immediatamente, declarou que fora elle
o aulor do aòraçii^
Nfto conclniremoB a longa exposição, sem aqtii deixar con-
signada Qma tradição*
Quando os de im ta dos loaiorístas se dingfíram ao senado,
consta que Pedro de Araújo Lima, por um momento pretendeu
resignar o cargo d© Regente, para que o substituisse Vascon-
cellos*
Consultado este, declarou que estava prompto, e que faria
executar o ducreto do adiamento das camarás^ e subjugaria
a revolução com as forças de que podia dispor o governo.
No momento, porém, de resignar o cargo, Araújo Lima de-
sistiu de D fazer, a instancias de pessoa de sua íamllia que fez-
lhe ver que, embora esmagada a revoluçào, de todo o sangue
que fosse derramado, Ibe caberia a responiabi) idade, seria uma
Dodoa indelével para etle e para seus descendentes.
Estas raeõea poderosas influirara de tal forma no espirito do
Regente — bom imperador consHiucional^ que a idòa nfto teve
seguimeutp. Patriota e de âBpirito elevado, elte, apetar de me-
lindrado pelos fitaques pcssoaes de qne fora victima, quiz paa&ar
á posteridade rodeado aa estima que de^e merecer a memoria
de quem como o Marquez de Oliada encaneceu no serviço da
pátria, fallecendo aos 83 auuos de idade em 1870, depois de
ter durante meio beculo occupado as mais elevadas posições no
GABINETE DE 24 DE JULHO DE 1840
Yictoriosa a revolução, sobe ai> poder o grupo <Ío partido
liberal que promovera o movimento, e organiza-se o gabinete
do 24 de juíbo de 1840, o da Maioriãads^ como ficou sendo
conhecido na biatorja politita do ]mz.
Sua organização foi a seguinte: António Carlos, Império ;
Martim, Fazenda ; Aureliano ; Estrangeiros ; Limpo de Abreu,
Justiça: Cavalcanti de Albuquerque, Marínba; Francisco Ca-
valcanti, Gtiprra
Quem bóie medita sobre os acontecimentos daquella época,
verifica que a organização do gabinete de 24 de julho, era ex-
tremamente fraca para inicinr nova aituaçlLo política, embora
figurassem na sua composiçâ,o homens iUnstrca que já se ha-
viam notabilisado por serviços á causa publica.
O gabiuQte era fraco porque não soubera organitsar nem o
interesse politico nem a esperança dos ambiciosos. A presenç-a
de dois Andradasj dois ilollandaSj toruavam-no antes, um tni*
r
~ 519 ™
QÍsterio dtt família, um ministério de facção ^ do que represen-
tante de um principio.
Açores ce que nern subira ao poder con&titucioDatinrntet
ií©m pr©8tÍ*^iado pela viclorm de qualquer do» priociploi^ que
em 1Ô39 itiscrovcra em sua bandeira, ao ampliar o programa
de I8;n.
De factOj a maioridade n^o eia penBamento de um partid*^.
Em 1835^ o-í Hidiandas o qui^prâo promover, píira inijjtidir
que Feijó assumisse a Regência para cujo cargo acabava de »er
eleito.
EsfA iJéfl foi repellida por membroí^ notaveia da epoca.^
Álvares Machado no autografa já transcriptn, censurava ot
seus promotoria, porque a idea iifto fora aventada no interesse
pubUco, m»ã como mtíio de >e aposf^arem seus promotores do
poder, para governarem o paix atras de um conselho de três
m**mbrop-
Posteriormente, Yaíconcellos desejou a maioridade de d .
Januaria, para «SBumir a regência, deaejn que, como elle de-
clarou uo manifesto de 28 de julho de 1840, nunca excedera
os limires de um pénsaijjento. E\ porém, i^abi do, que o desejo de
Vascnivcelh^s <íra determinado para contrariar o Kep-ente,
Reliam brando eeto» íaetos históricos, queremos demonstrar
qUf^ a lãéa. da maioridade pertencera a ambofi os [ia.rtidoe, e que
ambos a pretenderam, movidos por interesses particulaies ou par-
tidário».
Em 1810, a luta não seria iniciada, se os promotores do
movimento «uAo tivessem certeza que o poder lhes iria parar
nas mâoa, i© a idéa triumfassi*», (1)
Ainda assim, a certeza do poderá nho conspgiiira reunir todo
o fiartido liberal, ao redor da bandeira desfraldada,
António Carloe, Martim, Alvares Machadf^^ Montezuma e
outros entendiam que a maioridade podia ser decretada pela
Camará sem a reforma do art 121 da Con&tituíçào, Considera-
vam que aquelle Artigo não era constitucional, porque refena-&e
a uma cooífiçilo de tfimjin, e nSo tinha rela<:;ào com a divxafto e
limites dos poderes politicoa do cidadfto,
SõUíia Franco, cuja competência, sinceridade e prestigio, já
n&o se lhe podia contestar naquelle tempo, pensava de modo
diametralmente oppoato.
Entendia que sem a reforma do art. 121, constitucional-
mente feita, nào podia ser decretada a maioridade, porque tal
declaração importaria em exteDs&o e aug mento de &ttribuiç5es
de poderôTí politicoa,
A maioridade, sustentaTa Sousa Franco, importaria em pleno
gozo de todos o* direitos politicos e individuAe» do cldad&o, e
«endo constitucional o que diz respeito a estes, &ó coostitucio-
(»í Theíífilo Otwol-Ciroulir,
L
^ 513 ^
D ai tn ente se |>odena fasÃr tal alteração ou dispensa^ fi porque
Asaim peo&ava, dera mu apoio ao projecto que Carneiro Leào
Apresentará, na «6B8Ão de 18 de maio de 1840.
Ottoejí e «eus a^uigoa reconheciam a constitucionalidade do
art, 121, mae entendiam que a salus popidi exigia a medida
iacõnBtitucional, salvo ao deputado, expliear pObteriormente as
ra25e@ de aeu yoto ao eleitorado e pedir-lbes um hil de inãtm--
nidade.
Como se vô, além de não ser principio do programma libe^
ral, nã'^ houve completa uniformidade de TÍstas sobre ponto tão
importante.
Nào era esaa divergência a uuíca a enfraquecer o gabinete
de 24 de julho
Graves djs&en'iões pessoae», profundos antagouismoB de prin^
cipiís, mutua* desconfianças dividiam os membros do novo go-
verno, o que impossibilitava a unidiide de vistas, indispeosavel
para imprimir a força precisa ás deliberações col lectivas.
Rapidamente exporemos quaes eram as desconfianças e os
Antagonismo}» eotre oá membro» do gabtaete.
António Carlos, naquella época não infundia confiança aos
liberaes ortbodnx^oa.
Desde 1831 ale morrer, o que le deu em 1845, tornira-s©
Tim politico arrebatado e quasi sempre indisciplinado, defeitos
os^ps que os seus contemporâneos explicavam como sondo pro-
Tocadoft pelo despeito de ter cheirado aos tí7 annofij som ttjr sido
chamido a fnzer parte de organizações minÍ3teriaea.
Em 1832, o ódio, que elío e seus irmãos votavam a Feijó,
o levou a se alistar entre os reaccionários, combatendo Evaristo
^2om extrema violenda na imprensa. Dahi a restaurador, e
<»<^nte desse partido, era um passo— e eã»e deu-o António Carlos^
Sobre mte pôato histórico reina completa divergência entre
^4 chroniea?— umas negam Bua ligação aus reata ura d ores, outraa
^ confirmam.
Em um doe ultimas estudos sobre a sjmpatbica índividuali-
«dade de Âutonio Carloa, lemos o set^uinte i
m k imprensa do governo e do partido liberal moderado o
■atacou como um doa chefes do partido restaurador, e partindo
António Carlos em viagem á Europa, geralmente ae acreditou,
^ue o levara além do Mlaiitico o empenho de ccovencer o
«x-Imperador d. Pedro da tieces&idade do sua volta, e de
^razel-o para o Brasil. Sobre e^te ponto podem havér duvidas ;
cj verdade hiutérita não se conhece a i/^da luz : mas nSo pareoe
aleivosa a noticia espalhada por aquella impreasa»» (1)
Acredito trazer documeoto iudi^cutivel, diante do qual
neuhcimit dtivida mais pôde ser permittida •
\ii J> M. d« !d«c«4o. Aoao 3io|rftllDO,
- 5U ^
António Carlos, foi emiftearlo do partido restaurador junto
a d. Fedro, e trabalhou para que aquelle príncipe regressasse
ao Brasil^ Eis a prova.
Nos anuaea da Camará dos Deputados, na sessão de 30 de
março de 1839» António Carlos declarou o seguinte :
(Quando resolvi deixar o paiz, um partido rogou-
me que indo eu para a Europa, me encatregas^e de
fa^er sentir a um personagem o interesse que viria de
ser tutrr de seu filho e até regente — Disso me incumbi
eu, mas como aft condições eram a simples vinda dessa
pessoa na qualidade de tutor, para ser declarado re-
gf-nte, caso a A^^embléa (juizessãe, n£Lo era por isso
restaurador, oào tinha tençào de restaurar, tinha tençào
de melhorar o paiz, que, nesse tempo, rolava a borda
'\a precipicio . »
Á volta de d. Pedro como tutor e regente importava na
desaparecimento de todas as liberdades conquistadas em 1831^
Queixas mais recentes guardava o partido liberal de Antó-
nio Carlos.
Em 1837 e 38, apoiara o partido conservador. Neste ul-
timo anno foi relatfT da commi&s&o, essencialmente politica, da
resposta á fala lio trono»
Naqnelie posto applaurliu toda^ as medidas governaniRoia6&
da politica conservadora, e proclamou a necessidade da lei da
inter pretraçãOf o mais impertante dogma da esetpla c-onser^^^adora.
Ottoni, e com elle mustos membros do partido liberal, não
podia cem prebendar, que os dois Andradas, se associassem no
governo com o ministro que havia desterrado para a ilha de
Faqixetát © feito processar — o Andrada primogénito, José Bo-
nifaciOi o Washington Braàileiro,
Que harmonia de vibtas poderfa existir entre Limpo de
Abreu o o ministro de justiça de 1333, que se viu desautorado
pelo nao cumprimento do decreto de amnistia dos revoltosos d©
Minas ?
A mesma de^harmonia reinava até então entre o governo
e aljíuns de tieus novos delegados.
Martim Francisco escolheu para seu collaborador na pro-
viucia do Geará ao senador álencari o mesmo, que na sessão
de 12 de maio de 1837 tÃo cruelmente verberara.
CeuBurando o g-ahiaete do qual fazia parte seu novo
colle^ Limpo de Àbreu, pela conservaçAo de certos presidentes^
referiudo'fce ao do Ceará, a^ilm se maoiíe^tava :
«Se eu pudesse rasgar o véu que occuUa o mis-
tério de semelhante atteutado, i$e eu pudesse revellar
a esta Camará o uomn da pe^ssoa, que essn Presidente
(Alencar) encarregou de asgas.Muar a Pinto Madeira,
todo o mistério estava patente, toda a discussão tiuba
acabado, nms a religião do segredo m'o veda.»
-- 515 —
Oa amidos do Alencar, entre elles um Bobrtabo, retrucaram
4 Itartini com igtial violeoda, e, em artigoi na ímpreasaj re-
viveram a tTAgica execução de Cbaguinha», e a híatoria do —
laço do Curral do Oomelho -^ que Marti m, como membro da
JuQta do Governo Provincial de 3. Paulo, mandara procurar
pita Èabsíituir a corda que arrebeotara crm o peso do corpo do
infeliz para ge pro^nder de novo aí> supplicio oaquelle paulista,
filbo de Gauanéai sar^euto de miliciast e cuja memoria é hoje
completamente ig'uoriida. te.udo ^ido victima, se^uodo uas^ por
fdctos amoroioft, seguodo outros, para apagar doutriuas de li-
beriade e de indepeudeacia da pátria, da» quaes era ardente
apostolo.
Poderia com taea elemeutoB dí&solveuteAi existir a barmonia
de vi'tai tã,o nece^s%ria em um^ nova situação'?
Eia porque^ Ottoui foi levado a a^sim ae mauiresitar ^ — ^ cMal
trinafava a maioridade, e já aobravam razoe & ao partido liberal
para le arrepender de havel-a iaiciado. Podia cobrir a cabeça
metmo no dia do triuufo.» (1)
Como era de prevê r^ «do t&o anómala ori^antzaçãn de Ga-
binfíte», (2) duvide logo, at^ria^ divergências eurgíram entre aeos
membros, as quaei^, trampirandoí vieram ainda maiB enfraquecer
a nova sítuaç&a perante a opmíão publica.
Martim Fmucisco, violento, autoritário, entendeu que o
governo da via intervir no pleito ol*-itora], empregando meios
Tt^acoifinario^ para que a nova situação pude^ge conseguir maioria
pnrlamentar que lhe gearão tisg» a permauent^ia no poder.
Aureliano, divergiu dessa politica. Entendia aquetle preclaro
brasileiro, creador do mnrat^pio dos servidoras do Estado, que as
inatituiçoea não »e acbavam alada bem citnentadas, pelo que o
governo d^via nílo conflagrar o puiz, creando odioa que iraim se
reBi^ctir ua pessoa do joven moaarcha^ mas proceder com mo-
deração e tolerância^ anlco meio de li^ar todos oa braaileiroa ao
redor do trono
Queria o futuro Visco ndí3 de Sepetiba, que o primeiro gabi-
nete da maioridade deixaíse correr o pleito livremente, para que
a opinião de^íignaase qual o partido que deveria governar. Se
assim procedeaae, elle se dig'uiflcaria perante a hiatoria.
Fácil foi a Martim impor sua vontade ao3 coUegaa, tendo
ficado Aureliano em unidade.
Por ter apresentado aquellas idéas geuerosaa, Aureliano cabiu
mo deaagraio de algaus [loliticos iutransiçeuteõ — e nunca foi
perdoado.
^i\ OtlpDi - «Ckciil»r«
— 51S —
JÃ «stavATD decorridos maia de 20 RunoB, quando Tito Franco
e^craveo a cBiogralifL» e Ottoni a eelebre tCírcutari'. «Âtnda soa-
vam oa hymnoB da f*^gta, dizia Ottotâ, e já o governo peasoal ae
inaugurava com a aomFaQá.n do chefe da facção aulica, o ar.
Áureliaoo de Sousa, psra ministro doa negócios eâirangeiro»» ,
Entendia Ottoni que Aureliano náo deveria ter feito parte
do gabinete maiori^ta, porque Be havia conservado em estudada
neutra lldude, e seutt antecedentes em relaçAo aos coUe^as o eól-
io cavam em p»3rf6Íío antajroni&mo para com cada um delles.
Havia grave injui^tíça neata apreciaçào.
O antagonismo, que exi&tia entre Aureliano e db collegaa,
era, pode-se disser, nenhutn, comparado com o que até ent&o
havia Be|tarado oa diversos membroa do gabinete de 24 de julho.
Dizer-ee que durante a luta pfirlamentar da maioridade
á^ureliano se conservara em eatudada neutralidade, é querer
contrariar a historia doa acoatecimentr^B.
A escolha daqueUe notável parlamentar estava naturalmente
indicada.
Se os membros do novo gabinete deviam aer tirados dentre
os promotores do movimento revolucionário, a prioridade cabia
a Aureliano.
Nao foi elle o relator do projecto da commissào da resposta
á fala do trono, no qual so achava inscrito o celebre período
com que foi iniciado q movimento *?
Quando o Imperador annoton o exemplar da «Biografia», a
que já nos lefen moa, justificou a inclusào de Aureliano na organi-
zação ministerial, negando ao mfsmo tempo ter impoBto o aea
nome— o que fez noâ seguintes termos :
c Dava-me com Aureliano : estimava-o pelas snaa
qualidades, porém u&a o impuz como ministro, nem,
começando entáo a governar com menoa de 15 annos,
tazia queãtào do miuií-tros. Sahiratn dentre oa que me
fizeram maior ■.
Esta declaração do Imperador, deaíaz a significação que
alguns membroti do partido liberal pro curavam dar á entrada de
Aurehano no gabinete da maioridade.
Oa maioristas esperavm que a primeira medida politica do
gabinete seria a dissolução da Gamara dos Deputados, que haría
sustentado principiou e situacõet divergentes.
Em ve2 á&^m decreto, foi publicado o que uomeava oi
ministros, Gamaria tas de S, M, Imperador, o que fea O t toai
imittir a seguinte apreciação:
• No dia eeguinte ao da organização do ministério, o pontífice
da seita palaciana (Ãureliaeo) veT<tia com a libré de camaristas
03 seus cinco collegaa, e os Ãndradas tiveram de enfileirar-ae nat
cerimonias da corte, com a criadagem imperial» «
I
— 517 —
Porque attribnir a Aurfillaao um acto da p&ita da qual era
titalar AntODio Carlos?
Navarro, o irarei vel maiorvBta, o horoem do punhal» tor-
nou-se ura dos mais ardentes adverfarios do g^abinete da maior
idade. Um dos diversos motivos, que o levsram a ieparar-Bô
doa amigos da véspera, ioi ter o gabioete ■ cer^^ado a Coroa de
minUtro^ camarista* para o fim de cortar a communicação ontre a
Dflçào e a coroa «O ministro, diaia Navarro, queria occoltar
do mouareha aa qaeí^caa publkaa para permanecer no poder.
Quando se reabriram as ftesBòes da Camará, em um $á pouto
adiavam-se unidos os deputados. Ouçamos aitida Ottoui.
«Porfiavam os oradores t-m mostTar-fie cada qual mais rea-
lista do que o seu vizinho. A diacOB^àn do projecto^ que decretava
a dotftc^o do Imperador, é uma [)ag'ÍDa dij^na de estudo. Liberaes,
conservadores, opp^siouíatas e miniBttTiaes disputavam entre si
quem do pão do compadre havia de dar mais larga fatia ao au-
^sto afilhado
■ O 8r- Ãntouio Carlos cobriu o lauço do» outros licitautea,
propondo 800 (m:}qè' s, que foram votados de enthuaiasmo*.
Era do Rio Grande do Sul, que soprava o v^nto da des-
graça para os g-abioetes e situações-
Qnaudo se organizou o uiinisterio da maioridadef achava -se
na administração da proviucia contlagrãda o heróico geueral
Ãndréaâ, que cora extremo víg-or havia domíuado no Pará os
horroreg da *Cabanada».
Homem de indomável energia, sabia, entretanto, como chefe,
ier prudente e acautelado. Tendo encontrado o exercito sem
soldados e as forças sem cãualhada officiou ao governo, decla-
ra tido «que se achava de braços quebrados ■ —Pedia forças.
Nào perdia o tempo esperando que Thas remettesse o go-
verno ceniral. Com verdadeira diplomacia, conseguiu chamar
novamente para a? fileiras da legalidade a Bento Manoel, que
pelos erros e imprevidência do governo havm se unido aos re-
voltosos .
Foi esse um grande serviço, porquanto os próprios revoltosos
diziam que a Mua defecção «valia para a legalidade seis mil
homensi, palavras que Ãureiiano repetiu na tribuna da Camará.
Era crença popular no Rio Grande, arr^iigadfi em amigos e
adveráarioi, que a vi c to na acompanhava sempre o Ui roico guer-
reiro.
No começo da campanha se achava alistado entre os re-
voltosos © com outros obrigou a que o Presidente Fernandes
Braga abandonaese Porto Alegre.
Passando-se pouco depoii para a legalidade, inâingiu aos
revoltoso» a terrível derrota do Fanfa.
r
— 6i8 —
à desastrada politica aepfuidâ no Rio, de pretender aempra
Batiefaser a^ requidçôea doa revoltosos, leváram-no de noyo pam
Di campos adversos— causando ás forças legaes terríveis golpes,
entre ot quaas o aprisioiíameato do Presidente Antero, os ftuc>
cessofl do Kiuc&o d^Elri^i, e a quoda da cidade do Rio Pardo.
Voltando fiaaltntinte para as íorçae legaes, fítaçes á diplo-
macia de iinJréaa, coube-lbe a gloria de «er o primeiro guer-
reiro que conseguiu surprehender a Canavarro, derrotando-o
completamente em Ponxe Verde, reduzindo o esiercito revoltoso a
peqneuaa partidas, que Francisco Fedro com iniomavel ardor
batia e destroçava em Dom Fedrito, Santa Maria Xna^ Cangussú,
Candiota, Arroio Grande, e, fitialmente, em Porongo:».
* * *
O govêmo, em vez de enviar a Ãndréas as forças que re-
clamava aquelle general, ordenava- lhe que promove^Be a pacifi-
cação segundo as in-iitrucções que enviara.
Em um celebre officio, o irascivel general claitòificon de
indec&ntes as propor ta^ do governo. Amnistia, dizta elle, só
propòtj quem pode dUpor de forças — maâ aquf^lla medida, tjuando
^e acibava no goveruo em pé de inferioridade, w teria como
resultado levar aoa adversários a convicçào de que eram consi-
derados pelo governo fortPS e iuvencivei*,
Recuaando-se Andréas a ^e prestar a esses manejos, o go--
votuo re«olve enviar Álvares Machado ao Sul, embaixador pe-
rante os revoltos 08.
Chegando ao Rio Grande, dirigiu-se Alvares Machado ao
acampamento dos rebeldes, e inaugura-se a política que ficou
alli denooiinada —do vinho e mamidlaãa^,
Depoifl de grandea festas, os revoltoaos apresentam sua pro-
pOBta de conciliação, cuja base era — Reconhecimento da Repu-
blica Rio Graodense !
Emqnauto se diBcutia a conciliação, os revoltosos, como já
haviam praticado em 1387, procuravrm collocar^e em espleit-
dídas posições estratégicas.
Conseguido esse ãenideratum^ declaram a Álvares Machado
^ue suspendiam o estudo da a propoatas, porque. nAo tendo elle
liYre acção, estavA-se perdendo tempo Desff^e-lbe o governo a
responsabilidade officiat, e de novo seriam encetadas as negociações.
O governo centra), nào comprehendendo que os revolucio-
nários se achavam empenhados em arredar Andréas, cuja energia
era um eleme:.to de victoria, apressou-se a demittil-o d» Presi*
dente e Çommandaute das Armas. Substitue-o Alvares Machado
na Presidência.
As lutaâ e as divergências dos passados períodos, tinham
demonstrado ao governo a conveuieucia de reunir os doua cargos
à
— 519 —
em nmA «ó pd«8oa para qoê a admioiâtraçâo tívesâe iuaíb cohes&o
e força
Com a demisB^o de Ãndreas, separam nuvameiítt^ ob cargo»,
fiendo nomeado o general Joào Paalo Goramandante daa Arma?.
Foi um erro, que produziu graves consequências,
Nào podemoa deixtir de consignar um facto latnpíitavel, Oa
couttunoft erroft do go/enio central, cducorrerara para que a
gaerra civíí aasolasa» por tfto long^n tempo oa férteis Pampas,
Nuve longos «'luo-i durou a luta frairícida, Daraote os do^s
altimot annoa daqaelle período, esteve á frente do exercito Is-
g^al, Caxias, o grande pacificador nacional. Nos sete ah noa ante-
riores, a Proviocia foi govíirnada por 12 preeidentes e vice-pre-
ai dentes.
Cada vez que se assentava um ptano, ao se iniciar a cam-
panha, oa quandn já se achava iniciada^ aqnellas mudanças
alteravam as medidas adoptadas, facto que retardava as operações
e contribuía para fortalecer oa revoUoBoa.
Às mais longas administrações foram as de Araújo Rj beiro e
Caxias. Aquéile inAinoria a derrotai do Faoia, e»te terminou a
^erra com a derrota de Ponxe Verde, Nào tivessem tempo f^uffi-
cieut€f nào poderiam encerrar ou surprebender o inimigo que
corria a campa uba, surgindo hoje aqui, amanha, 20 ou 30 le-
foas além Í
Assumindo a admíniatração, recebe Al vates Machado convi-
te dos revoltosos para continuareni com o estudo das propostas
de paciticação.
Neíte tempo, vem á mfto da Presidente prova documental,
de que B^nto Gonçalves eonvida a chefes leg'aligtas para ser-
virem á Republica,
Foi só entào que comprebendeu ter sido ludibriado pelos
revoltosos.
Lembrado do que succeiera a Antero, rf-cusa o convite, e,
de acordo com João Paulo encetam as ope rações militares.
Foi e£sa campanha que occasionou a queda do ministério
maiorista. Entendeu João Paulo que devia correr atta^ dos re-
voltosos, perfeitamente montados, quando o exercito nào tinha
eavallaria para com elles competir.
Ne-sa corrida phantaBtica, desesperada, JoSo Paulo chega á
fronteira sem nada «ncuutrar. Atrás de si deita indefesa a Pro-
vincta inteira-
Oa entendidos eensurào a direcçam dejoào Paulo, e o Pre-
sidente pouco depois reconhece a prucedencia das accuiações.
Como consequência surge a desharmouia entre o Presidente
% o Commandante das Armas, oceasiouando esse facto a retirada
de muitos chefes legalistas, que nào queriam se envolver na luta
que surgira entre o Presidente e o Commandante das forças.
— 520 -^
Conhecidas no Rio as desaatroflas consequências deatea factoSf
ó governo, sempre indecÍBo, procurou contempori^r.
Foi nesse monietito que Anreliaiio, vendo perigar a integri-
dade do império pelo deimetnbramento do Hio Grande, propõe,
6m Condelbo de Ministros, a retirada de João l^aulo. Os col legas
repelUram esse alvitre,
à arei lano, nào querendo carregar com ss cooFeqnencias que
occasionaria a conservação de João Paulo no commando, vae ao
Imperador, expõe- lhe circum&tanciadameDte os erros da campa-
nha e CS caprichos do governo^ e solicita sua demissão do cargo
de ministro.
O Imperador^ adoptando o voto singular de Aureliano, re-
cusa-) he a demissão e demiiíe o miniateTiOt encarregando Ãranjo
Vianna de organizar a nova sítuaçik> conservadora.
Eb os termos da declaração da retirada do ministério, feita
na Camará por António CarloB :
«Nestas eircurnstancias, os 5 ministros que eram de
outra opinião, (qae fos^e conservado João Panio) FoaÃo
OBRIGADOS a retirarem se a serem vencidos. Nfto foi
S. M. quem decidiu, porque o Imperador reina e oâo
governa, m&s tem o direito que lhe dá a CouBtituição
de demittir oa minisiroSf e elle demittiu o« ministros
que pensavam cumo eu*.
A mudança politica, como era natural, exacerbou os ânimos
doa exaltados do partido decahtdo.
Repetidas censuraa foram dirigidas ao Iinf»erador — uns» viam
UR demissão do ministério a continusção do poder p€SS(*clt que
«e iniciara com a entrada de Aureliano no gabiDete de 24 de
julho : outros, como Ottonii attribuiram aquelle acontecimento a
mero capricho de imperialiftitio.
O Imperador, couteetíioda as observações feitas por Tito
Franco^ na Já citada, «Biogrags», escreveu a seguinte nota:
«Be o imperialismo não é o Imperador, mas o par-
tido que se serviu da inexperiência delle, concordareif
embora cumpra rebordar os erros commeíiidos pelo Mi-
nistério da maioridade, ou antes, por alguns de seus
membros, e as diecustsòea que houve antes de ser dissol-
Tida a primeira camará da maioridade»»
Qtiando se abriu o parlamento, que poucos dias depois foi
dissolvido, já se achava no poder o gaoiuete conservador de
28 de março de 1841, continuando, entretanto, desumido o par-
tido liberal.
[
^ 5ái ^
Membros dos m&ú consid^nidos deãse partido denuQci&rant
na tribuna o falaea mento da eleiçào pela desmedida intervenção
do governo.
Urbano, em maio de 1841, dixia na Câmara.
c E' espantoso o modo por qu6 ee procedeu á eleíçào , Sua-
péttdett-se, demittiu-se, recmtou-se, persíguiuBp. Hoje deve a
camará defender as verdadeiras garantias do povo : quando o
governo quer influir nas eleiçõei', rjuattdo qui-r aniquillar todas
aa garantias de ordem e sufocar absolutamente a oxprePtào da
Yontftde nacional, n&o sei que haja outro recurso que não esta
Gamara . »
No mesmo sentido, e com maior violência se manifestavam
Nunes Maebado, Franciaro Ramiro, e tantos outros liberaeb
í Ilustrei .
O governo ufiu se defendia, nem era sinceramente defen-
dido, apenas António Cartoe, o revoIncioDario de Pernambuco, o
liberal de 1831, o defensor da politica coníervadora era 37 e 38,
o republicano de coração e monarcb^sta de cabeça, o restaurador
em fím, demonstrou coragem, vindo justificar na tribuna a politica
do gabinete do qual fija*-ra parte, tuatentudí» a theae De que
o governo, expressão dt* nm partido, tem o direito de intervir
no pleito eleitoral > ,
 Camará doft Deputados, que havia sido eleita com tão
grande violência, foi dissolvida no dia l.** de maio de 1842.
O telatorio, apresentado ao Imperador pelo mini^tftrioK pedindo
a dissoluçíto, juatiíi^^a a medida excepcional, demonstrando que a
Camará não representava a opinião do paiz eleita como fora
com extrema violência já denunciada na tribuna pelas vozes
inBUBpeitaa de Urbano, Ramiro, Noneâ Machadot Sinimbu, e
confirmadas pelo ex-ministro de eãtrangeirns Aureliano Qoutiubo.
Tranacrevemoi esse documento histórico,
Senhor. Os ministros de V. M. L incorreriam em grave
responsabilidade f'ara com o Paiz, trali iriam as smia consciências,
seriara indignos da confiança que V. M. L tem nelles depositada,
se Dão viessem pedir, com o mais profundo respeito^ a V . M , I . ,
uma medida que ds circum^^tancías re^^lamam impe insamente para
manter contra os embates das facções o systeraa Monarchico
ConBtít!icional Representativo, único que pode a^segutar a sal-
vação do Eãtado.
E\ sem duvida, melhor prevenir a tempo as consequências,
que a marcha incalculável das facções costuma acarretar cornsi-
go, do que lutar com ellas depois de haverem produzido irre-
paráveis estragos.
À actual Camará do» Deputados, Senhor, n Ho tem a força
moral indispensável para acreditar seus actoâ, e fortalecer entre
nós o Bysteraa Reprt^sentativo. Nào pôde representar a opinião
do País, porque a expressão da vontade Nacional, e das neces-
-^ 522 —
sidadea publicas, f}6inent« a pode prodazir a liberdade do Toto«
A existência desaa Câmara não é compatível com a idéa de am
Governo regular; porque nella predominam homens, que, pút]do 4^
parte o& metoá i;otiiit.ituciouaeB, não recuam diante de outros que
iubvrertem tod»ia aâ iáèíiA de organizaçllo aocial^ invad^^^mt usur-
pam o tendem a constranger uo exercicio de suaa atíribuições os
outros Poderes do Estado,
Ainda nâo se apagaram da memoria doa Braaileiroa as re-
cordações das tramaa e vioIenciaSt que na eleição da actual Ca-
mará doa De[iutadoa foratti commettídas em qua^i todos os pontos
do Império O triumplio olt^itoral, calcadas embora as lei» do
pudor, foi o objecto em que puzerara todo o aeu desvelo as in-
fluencias, que a despeito da vontade Nacional entào predotni-
navam, e o resultado coroou âeua deploráveis eaforços, porqnâ
contam na Gamara dos Deputhdog decidida maioria.
O Brasil inteiro, Senhor, t-e levantará para attestar que
em 1840 não tiouve eleições regulares. São irregularmente aus^
pensas (até mesran era masía) autoridad'*p, cuja ddhe&âo é au*-
peita ou duvidoia ; ordena com preve^íjào lavradas síwj con-
£iad:is aos agentes^ que pre-^idem á empreita eleitoral para re-
mover obsiaculosi p impedir que pri^dominfl a vontade publicji ;
etnprt^gados públicos são colloeadoâ na dura çollifiào de optar
eutre o BacriÂcio da sua con^cieucia, e o pão de aeus tilhoa:
operários de repartiçõed publicas, soldados, marinheiros de em^
barcações de guerra, s&o coQstr.\ngÍdos a levar á carga cerradAi
em liataa que lhes sâo impostas, um voto, de que 11B.0 tem con
acieucia; agentea subalternos da menor moralidade e autoriza*
dos para proceder como Ihea aprouver, arrejíimenUra, e armão
individues, cttjoa direit>a sào mais que conteítaveia, cuja nacio-
nalidade meáina é duvidoâíi, e muitos dos quaes, nâo pertencendo
ds ParocbiaSf uáo ièm oella* voto ; estes regimentos iuvadvm oa
TempSnSt arrancara dm Mesas com violência, e rasgando -Ibea a»
vestes, cidadãos que para as compor haviam sido cbamadoa, e oa
i^ubâtituem por outros á for(;a ; ex peitem d- s mesmoft Temploa
com in^iultos, e ameaças cidad&os pacifícng, que ahi concorrt-m
pard exercer um dos maia preciosoa direitos do cidadão livre,
qual o de elegi^r os seus Hepresentaiitea. E ae ea^es regimentos
nào bastam, &e o cidadão não se acobarda, a um aceno daquelle»
ageutes, obedecidos pela força armada, são acommettidoa os Tem^
pios, profanados por bíiio netas, e corre o sangue Brasileiro 1
Quando todos esses meios lalbam, é empregado outro re-
curso, empenhamse em perturbar por todos oa medos m 0|>eraçÕei
eleitora es .
Se a maioria dos cidadãos indignada se retira sem enkre«
gar as suts listas, ap parecem, não obstante, pejadas as urna»
de um numero dei loa excedente ao dos cidadãos activos da Pa^
rochia.
— 523 —
Daa mãos doB que ai proclfiTTiaram recebem aa Meaas fti
listas aoa maços, ao» centos, e «em conta, ^uer veuhatn, ou nJLo
a&âí<;Dadaâ^ qu^r os nomeia, que par baix:o delias se lêm, se^am ou
DÃO, de cídadào» activos» dtí ineninns. de escravos^ e ainda mesmo
imagiiiariof* E como se tanto uào bastara, é a apntaçào feita
por essas Mesa» uma amarga e criminosa divisàa do direito de
yolarl Contam oa votos como lhes apraz; lâm <*i uomes dos yú'
tsdos como lhes parece ; apuram liàUs em masaa, E.4ta Capital
foi com indigoaçÃo testemunha desaas SaturnaeSi as quaes dis-
seram «er eleições de um povo livre.
A e^&es atteotados outros aceres cem : roubam- se ae urnas ;
subititaem-se uellus aa lit^tag verdadeira-i, ou pelo menos publi <
cameute recebidas por outras falsas; e atá uào se bt^sita diante
da escandalosa, e tào publica taUificaçàa daa actas, quando o
resultado que apresentam nào está em tudo ao sabor dos iuteres-
sadoB.
Em alguns lugares é o numero dos Eleitores a p par en te-
mente aagmnatado por uma maneira incrível e espantosa.
Colleg^ios bouve que, nho podeudo t^equer dar cem eleitores,
apreientaram, todavia^ mais de mil.
NAo hii qiiasi parte alguma do Império, Senhor, onde al-
guns dcâSfíB atteritados coutm a liberdade do voto n»o iussem per-
petrados em as eleições da actual Oamaru do4 Deputados
Uma Camará Legi^ilativa eivada em sua ori;;;em por tantos
vicio» e crimes, dt^sconceituada na opiniAo g-eml di>a Brasileiros
que os tebtamu libaram, jamais poderá conciliar a eatima^ vene-
ração e prestigio que produzem a força moral, tfto necessária a
taes Corpos politicos, e á manutenção do regim**!! representa-
tivo. Oa seus acto* uio pód«ra encontrar aqiiella obediência fácil
e voluntária, quo é tilha da couvicçáo que têm oa governa doa,
de que para eties concorreram por meio de uma eleiçào livre.
Nem ella conseguirá, quaesquer que sejam seus esforços, dominar
a razào social.
Euttei^ue necessariamente à publicidade tudo quanto se
passa em uma Camará Legislativa, chama parn o campo das
dí^cusBoee a íutelligeucia, as paixões, os interessas de todos os
íiierabros da Associaçào, é quatidiauamt^nte julgada, condemnada
OU. approvada. De quauta força morHl deve ella gozar, de quanta
confianQa deve ser revestida, para qua nào soflra quebra a sua
auCondaie por e^sas quoúdittnas sentenças ? Uma Camará Legis-
lativa degcDuceituada é a maior calamidade que pode aflligir
uma NaçAo.
Contra a Camará dos Deputados que acaba de conaiituir-se,
ergue-Stí de cada potito do Império uma queixa expr^bando á
lua origem uma violação de Lei; logo no mesmo dia da sua
eleição ouviu-se em cada ponto do Impe io um protesto contra
ellaj a razio publica a foi condemnaado. fot decretando a sua
dissolução, e cada facto que ia depois apparecendo, mais a con-
— 524 —
firmava em toa senteaça. AceitAf, oa tolerar tal Camará, é
concorrer para que seja falseado o Systema Reprefleniativo^ e
jmpellir a Nação para que Beja abjãmada na auarchia, e no
despotismo. -
Recouhecem oa Ministros de V. M. I. que ob principiei de
ordem nào f o rata de todo repelLídoB da compouçâo da actual
Camará doa Deputados; o recotihecero-uo com tanto maior prazer,
quâuto isso prova a força, da Opiuiào Naciíiuat, que, ape»ar de
comprimida, conse;í«Ía collocar na mesma Gamara homens notá-
veis por &ua9 lu'^eã, talentos e virtudee; tnai o que poder&o seus
esforços, sua habilidade e eeu patriotismo, diante dos obiitacnlos
qtie têm de encontrar V
A SalvaçãrO do Estado, tal qual se acha constituído pela
Constituição o Beu Acto Addicional, exige, p^irtanto, que a
actoal Gamara dos Disputados seja bub^tituida por outra, a quem
a liberdade do voto dê o curaeter de Representante da Opiaiào
Nacií^nil, e a força moral iiidiapQntáayel pnra firmar entre nós o
Syâtema Monarchico Constitucional Representativo,
E por iaao os Ministros de V. M. í« n&o besítaram um mo*
mento em pedir a V. M. I. a providencia compre hendida no
Decreto, que tara a bonra de depositar nas Atiguaias Màos de
de V, M. I que resolverá como houver por bem.
Palácio do Kío de Janeiri», em 1,* de maio de 1942. Do
V. M. I Súbditas âets e muito reverentes— Marquez de Para-
naguá, Candtdo jQèé dn Araújo Vianiia, Paulino José Soares de
Sousa, Visconde de Abrantes, Aureliauo de Sousa e Oliveira
Coiitinbo, José Clemente Pereira.
DSCRETO DISS0LV£N£X> À CA U ARA BOS DEPUTADOS
Tomando em consideraçilo o que me es puseram os Meus Mi-
nistro» e Secretários d'Elstado no Relatório d^sta data, e tendo
ouvido o Meu Conselho d*Bstado» Hei por bem, usando das at-
tribuiçòes que ms confere a Consiituiç&o no artig-o cento e um,
paragrapho quinto, di8=toIver a Camará dos Deputados; e convo-
car deiide já outra que ao reunirá no dia primeiro de uoTemhro
do corrente anno.
Cttudido José de Araújo Vianna, do Meu Censelbo, Ministro
e Secretario d'E»tado dos Negócios do Império o tenha aa>im
entendido e faça executar com oa deii^pachos necessários. Palácio
do Rio dn Janeiro, em o primeiro do maii> de mil oitocentos e
quarenta e dois, vigésimo primeiro da Independência e do Império,
^-Com a Rubrica de Sua Majestade o Imperador. — Cândido
José de Araújo Vianna*
As apaixonadas censuraa, e na tribuna da Camará^ affirmou
qae Aureliano nJU) queria permanecer^ mas que o Ministério
ináiatiu para que ficasse, a£m de firmar o principio que o* mi*
[
— 525 —
ni»tr06, que Yencem &9 qnestòes de gabinete, devem permanecer,
p&ra que qualquer miuistro tenha a força para fazer vingar eu&s
opim&es, quando gravea motivos e o intpreafe do Brasil o exijam.
Este jirincipio foi sempre posteriormente seguido.
Os factos quti acabamos de rememorar, foram confirmados pelo
próprio ÁurolUno, quando teve de rí^eponder a Ottoni e a outros
que entendiam aer-lhe imjwssivel eiplicar sua permanência no
poder.
tA miaba presença, disse Âurelíano, é sempre excellente :
emquanto liver a honra de conservar a coufiança da Coroa e da
maioria dos representantes da NaçÃo, pouco me importa Que alguém
a ache falsa, vesga ou difficil».
Nesse discurso, eonfírmoti que, quando fora convidado para
h%er parte do ministério anterior, se oppusera ás medidas vio-
lentas.
€Eu disse eotAo que, atteudcndo ài circumstAncias do paiz^
ao enthusiasmo 'da Naçào pelo &pu joveii tnonarcha, entendia
que o primeiro MitiiBterio de d. Pedro 2,* devia ee^ir uma
politica conciliadora, afastada do eapirito de parti do^ utna p< li-
tigia, emfitn, tendente à reuni íko em tomo do Tbrono de todoi os
brasileiros, si possível fosse, e que fizesse esquecer os males pas-
sados . «
<Eu tive a honra de ouvir a ConVa dizer, que era esBA a
politica que desejava se segui Sí<e, e o prazer de ouvir a m^us
nobres coUegas que a ella adheriam i mae, sou bnstante franco
para o dizer (e com ma^ua o digo) que comecei a observar que
na pratica o gabinete tendia a aâastar-se dessa politica, que eu
julgava que se devia seguir*.
O gabinete de 28 de março de 1841 teve a missão de exe-
cutar o programma do partido que subira ao poder pela primeira
yez em 19 de setembro de 183T,
Paulino Jo«é Soare» de Sousa foi a aluía desse gabinete, e
idoptaudo o pensamento politico de Vasconcellos. fez votar as
leis de 23 de novembro e ^ de dezembro de 1841, que recons-
tituiram a base da autoridade no paiz, (1)
 historia parlamentar daquelle ]L>enodo é de grande ensi-
namento, e nos convence que nenbnm ministério fez mais pelo
pais do que o de 23 de marido.
Esmagou a anarcMa qu() dilacerava o paiz deede 1831, res^
tabeleceu a ordem, fazendo executar as teie da reforma do Co«
digo do Processo-
Coní4o]idoa as instituições^ e salvou a integridade dn Império,
Àureliano, que occaaionára a queda do gabitieie da maioridade,
continuou como ministro na nova situação, oceupando a pasta
dos estrangeiros.
(1) yibaoo— Ua BsUdísu no impArig,
— 526 ^
Soa presença unqneUe ministério exasperou os que baviam
promovido a maioriiade ; uiifl acoutaram- no de ter procedido, como
o fez relativamente ao Rio Grande, porque desejava que para
alli voTtaasH eeu irmUo, outros, attríbaiam a sua acção aos effeiíoá
do ImpeTialismo,
Com esta palavra queria-se aignificar que o Imperador pro-
curava coUr»car um elemento diverj^ente nos ministérios para
crear desconfiançag entre seus membros.
José Clemente veio immed latamente protestar contra.
Nesse mesmo discurso Aureliauo con firmou que, desaprovando
as violências eleitoraea, desejou desde lo^o retir&r-se do gabinete*
Esperou occaeiâo aaada, e essa apreaentou-se quando por ele-
vados principies de patriotismo propoa que fnsie retirado de JoIU»
Paulo o cominando do exercito Ipgal no Rio Grande do Sul^ em
Yi^^ta das divergências, que existiam entre elle e o Presideote,
d i ver (^e ti cias que eram conhecidas do governo e que redundavam
em prejuizo de causa legal.
Eis- nos cbef^^ados a 1842.
Os que flcompanlianim tào longa exposíi^o, verificaríini qoe
depois do 7 de Abril a anartjLia começou a se espalhar na vasta
eiteuâão do paiz. Os fracos governos rí^genciaes, expostos aos
embflt*^9 das ambi^Ò^s, tinham concorrido para o desaparecimento
da autoridade, Hegontes e ministros, como vimos^ denuuciftvâm ts
males mas nio applicavam o remédio. As Gamaras eram domina-
das, como dizia Alves Branco, pelos chefes irregulares da» maiorias
turbulentas
Quando o pirtido crinservadnr subiu pela ftpgtinda vea ao
poder, foram vofadas as lei£ reclamadas desde I8ií3, leis qno
vieram trazer força e prestigio á auioridadi^, restabeleceram a ordem,
consolidaram as instituif;ôes e salvaram a integ-ridade da Pátria.
Bobreestflr a ex*^cuçAi das lei^ da reforma, por ineonstitu-
cionaes, foi o motivo juâtificativo da revolução.
Á historia, porém, na tu& imparcialidade, ha— de —demon-
strar que nào foi sincero o pretexto invocado.
As verdadeiras caui-as serão enconr radas noB doeamentoa 0
autógrafos que vamos dar á publicidade.
As leis de novembro e dezembro de 1841, deoomioadas na
epocba — /efjf do caòrestfi—snrgir&m com o segundo reinado, foram
modificadas em 1871, pelo patriótico gabinete Rio Branco e 06
deaappareceram com a queda do Império.
— 527 — .
GABINETE DE 23 DE MARÇO DE 1841
EBVOLUÇÃO
Quando em 1840 se organizou o mÍDisteno da maioridade,
foi nomeado Presidente de S. Paulo o corcnel Hafuel Tobias
de Agmar e Castro,
Esea nomeação, cumo era natural, foi mfil recebida pelo par-
tido adverso e acremente censurada.
€ Querido no seu partido, é elle Bdalgamente abor-
recido de seua adversários Sua admiuistraçâo hade ser
reaccionária, é chefe de partido, Inimifro dos filhos de
outras provincia^^ — dos CTribaãoSf como se elles nàc fos-
sem brasileiros.*
Afteim na Gamara dos Deputados te manifestava Pacbeeo,
naquelle periodf*, um dos cbefea do partido ccnservador na pro-
vincÍA.
E* Bíbido que Tobias não con&entia que filhos de outras pro-
víncias se envolvessem na politic» militante Iccal, A sua ir'á
vontade contra os arribados naficera do íacto dw figurar «?ntre
01 maia pr©staví*is cbefes do partido conservador, e portanto
entre oa seus adversários politicou, Pacheco e outros que nHo
eram paulistas e que já o haviam combatido no ieu anterior go-
verno.
Aehava-se Tobiai na admini&trai^ão da Província de S. Paulo,
quando pQls^ deini^ftão do g-abinete majoritta foi chanado ao po-
der a situação con&ervadcra*
Org'anizado o frabinete de 23 de março de 1841, como era
natural, divertos Pre.-identfís solicitaram suas demistôes, e alguns
foraoi demittidos. mesmo antes de solicitarem.
Commetteu Tobias frrande erro politico, que elle íid obri-
gado maia tarde a reconhecer, nào acompanhando o ministério
maiorista na sua retirada.
Cedeu, porém, a imposição de seus amigos politicodr que pro-
cura vam obter que Tobias fosse conservado no governo da pro«
vlucía, recorrendo para esse âm á pessoa residente no BiOj e
que gosava de relações na nova situação,
^ 5-28 —
Quando nmia tarde iol o illuatra paulista velie meu temente
censurado pela sua permanência ne ^ ver no da Província pro-
curou justificar-se da dúbia posição que assumira, une seguinlea
termos ;
«Fiel a minhas cret^ça» monárquica^, não acompanhei, conto
talvez devesse^ o ntiini-terio de julho na sua retirada.
Amigns tneua, íusínuadoB pelo gabinete de março m*o esere-
Teram, pedindo -me essa condncta, esperando que não servisse
a mtDÍãttog, quaesquer que elles fossem, mas somente o Im-
perador, assegura ti do-me apoio do Uffvo ministério >
Cedi ao que me parecia razoável e fiquei na PreaideDcia
até para satisfazer aos desejos da Província quasí inteira que
com ardor me pedia que nào largasse um posto, no qual, elles
didâo, tantn bem íioha feito e podia ainda íazer.»
Convém deixar consignado a »pguinte: Ú gabinete de 23
de viarço não insimtoit a amigos de Tobia* a qne o aconse-
Iha^âem a permanecer na presidência, e muito menos lhe íoi
garantido o apoio do ministério,
A verdade histórica é a seguinte, até hoje não ctm testada .
Pessoa influente, ríiideute no Río de Janeiro» e que en-
tretinha relações com um dos membros do gabioete, instado
por políticos paulistas, procurou entender-ae com o ministro
ami^o, e saber &ã o governo tratava de substituir ou demittir
o Preaidente de S, Paulo,
Na maior intimidade, af firmaram ao ami^o, que até aquelle
momento, o gabinete disso ainda nâo havia cogitado.
Âquella pessoa procurou ainda saber se seria possivel a
conaervaçào de TobiaSn f>u se, em caso contrario, devia elle pedir
demisiàOi pois não desejava ser demittido.
Teve como resposta que ufto baviâ inconveniência na cou-
tiauação àfi Tobias na pr&í^idencia, nem motivos para pedir a
demis^&o, mas que se isso fo:íse resolvido, daria conhecimento
ao amigo, para que e?te communica&se ai interessado.
Ci^mo se vê, tratava-ae da opinião individual de tim mi-
nistro, em conversa intima coín pesioa de amixade.
Esta confidencia foi trausmittida para S. Paulo, e em vista
dePa, resolveu K. Tobias permanecer na presidência^ apoiando*
se nos maia ferrenhos aiverriaríoá da nova situftção, taes eram
Feijó, Martim, António Carlos e outros.
A demora da suh^tiluiçào de R* Tobias troaxe como con-
sequência violentas rec^lamaçõej do partido conservador não só
de 3, Paulo, como também dfj outras províncias.
Nào podia o governo desattendel-as, e foi então resolvida
a dernissi> de R, Tobiâ,^^ e adsado o amigo residente no Rio
para que o prevê nisss aítm de soUcitar a de miss&o. E. Tobias
nào quLz auuuir, Eis como narra elle o facto *
— 529 —
ctfaa oedo des&pparecea o bnrlftdo em|>enbo, que
mostrava fazer pela mitiha coti^erva^Ão o gabinete de
marçOj e novas cartas eii giram de mim que pedme
miuba demi$í>ào, ao que nfto pude anDuir por ter a
mioba palavia empenhada para com a Província' e de-
clarei categroricamente que obedeceria á demiaeâo,
quando ae me débse^ mas não a pederia em obediência
a insinuaçõeB de bomens que profundaments dospre-
&ava por aeua precedenteâ e yíb manejos» (1)
Deve^fe notar que R« Tobias permaneceu na presidência
lervindo como delegado doa c homens que profundamente de»-
pregava* durante o long:o período de três mezes e 22 diaB.
Ao ser recebida a noticia da demiasão^ oa emigoa po ti ticos
do presidente, que já o baliam feito commetter dois erros, do-
minadoa por ei tremo orgulho e desmedida ambição, aconeelharam-
Do a que não entre (?asae o governo a seu substituto Miguel de
Pousa Mello e Alvim,
cCerrei os ouvidos, diz R. Tobias, ás Tozes de
amigoa meus^ que embora fieis súbditos de S, M. L, e
amantes do paiz, me aconselhavam deaobedeceflae ao
rainiaterios escutando o bem da Provincia e do serviço
n&o entregasse a presidência, sem que S. M. L^ melhor
informado^ dõ novo ordenasse».
Desta vez ofto quiz E, Tobiaa aceitar o conselho mas, não
passou a adminiatração a sen substituto, e elie próprio deu posse
ao novo presidente em 15 de julbo de 1841,
Antes de proaeg^uir^ convém deixar consignado que o rainia-
irO] a quem se falou no Rio eobre a couservaçfm de E. Tobiaa
na presidência, foi Joré Clemente Pereira,
Mftia tarde este ministro, explicando os factos na tribuna da
Camará dos Deputados, affiimou que sua opinifto fora individual,
emittida na intimidade, seni consultar a seus collegai, que só
conheceram daquellas circurastnncias mais tarde, quando para
cumprir a promessa feita avisou ao intermediário que estava
repolvida a demiaaâo do presidente de S. Paulo, e que era che^
^(0 O momento de solícital-a.
O presidente Miguel de Snupa, de acordo com aa instruc-
ç5cB do governo, foi immon&amente tolerante, o que R. Tobias
confirmou no seu manifegto — «entreguei a preaid. ncia, ao bt,
Miguel de Sou*a Mello e Alvim, de cuja nobre conducta para
commigo n^qnelle In^ar não tenho ^enão bem a dizer».
Miguel de Souía permaneceu na presidência até 13 de
janeiro de 1842, quando já se achavam votadas aa leis da reforma,
(1) HMirttlO 4* lUfMl TDblM.
^ 530 -
pRBsaTido a administração ao vice-fresidente padre dr. Ylceote
Pires da Mota, que a exerceu até o dia 20 de janeiro, quando
deu poBse ao Barào de Monte Alegre.
Á. eaeollia á& Monte Alegre foi determinada por motiTOB
especiaea.
Queria o governo que as leis da reforma fossem executadai
eom calmaj prudência e tolerância, e ninguém podia melhor
satififay^er o^ intuitos do governo em &âo Paulo do que o pret^t-
deote escolhido.
Ligado à Provincia por grandes interesses de fortuna, alliado
por seu casamento com as mais illustres tamilías liheraea» calmo,
de educaçáo fina e esmerada, o ex- regente do Império já hhvia
dado Bohejaa provas de alta capacidade e e:iceBsiva tolerância.
Logo que assumiu a adoainistra^jão da provincia, o vice
prefiidente, p»dre Vicente, que era efu amigo particular, « que
entretinha rela<;ôe9 com R» TchiaB, foi com e&le ge fntender para
que facilitasse a novaadminietraçAo, impedindo com ^eu prestigio
ataques intempestivos pftra evitar possiveis attriíos»
Esta intervcnçào nAo pode na ter sido iniciada sem a ac-
quíescencía de Monte Alegre, o que demonstra os intuitos tole-
rantes da nova administração.
Iniciada por eisa forma a politica conservadora, foi Monte
Alegre, apenas 9 dias depois de se achar no governo, sorprebendi-
do com a publieat^ão do violento manifesto dirigido pela Ãt^emhl^a
Proviut*ial ao Imperador, pedlndo-lhe que sobr« eèíasfi© a execu-
ção das dnaa denominadas leis dat leíbimas do O dígí^, e ere-
ação de um conselho de Esiado, até que «e reunisse a Ãssemhléa,
para que esta pndesâe rever eqnellns leis e revogal-as.
TransprevemoM o documento alludido, publicado^ quando ainda
nenhum acto havi^ sido praticado pelo presidente demonstrando
intolerância partidária.
Desde aquelle momento não era mais permittido a Monte
Alegre prescindir dos amigos politicos do governo, o que fez,
col locando- os nas posiçíies administrativas policiaea e da Guarda
Nacional .
Eis o mauift^sto, que trauicr^vomos, para que se possa ava-
liar do sua violência.
Senhor !
A Aseembléa Provincial de 3. Paulo em cumprimento de
seus deveres os mais sagradost vem ante o Trono de V* M, L
e C. pedir que Se digne sobreestar uh execuçAo das suas deno-
minadas Leis òtu reformas do Código, e crisçao de nm Conselho
de Eatado, até o t^^mpo em que a nossa Assembléa as possa rever,
6 revogar, como ode eíiperar, attenta a sua inconstitucionalidade;
e d« envolta implorar de V. M. L e C. a demissèo do actual
ministério, cuja continuaç&o no poder p6e em risco a pajs do
ImperiOj a ordem da Provincia e até a segurança do Tronp,
- 5S1 -^
à ÂMémbléã ProvÍDcial de S. Paulo dismeDteriá a flua ori-
g&iíiy e a tiaturalidade de eeus membroSi e faria subir Á% fac^a
de leus conetiUiintes o rubor da ver^ouha de mistura com a
roeTíiííCoria ainarnllidâo da colvra se contem jjlaaae silenciosa o
desmoronamento gradual da Coti»tituJvão, a cuja ãumbra tem o
Povo Paulistano prr mais de 2t3 annns iaboreado as doçuras da
pax, e oa fnitos de uma oreacente prosperidade material, 6 de
um açodado mt^lhc^rainento intt>Ueetual e moral; e »6 deixasaei
qoe Elchea do liberaliémOi e Apóstolos do arbítrio mançraâsem
o fruto tào l>em começaflo da liberdade publica.
Nfto, Senbor, a Aíisembléa Proviucial, se não olvida, que o
novo Povo, que ella representa, se g-oza de bem merecida repu-
tação por sua fidelidade; nunca dtísmenida, nao menor nomeada
tem conseguido por aeu enthusiastico amor á liberdade, e seu
reli^iogo respeito, e inabalável afinco á Constituição, que a for-
mulou, © ao Acto Âddicional, que a dosin volveu.
A Aspembléa Provincial lecorda-se com prazer © orgulho^
e cora satisfação corveja sobre o* peitos do Povo Paulistano que
a historia memorará aoã vindouros: ella n^o se esquece que a
um Paulista sem par, Amador Bueoo de Uibcnra, de quem muitos
de aeuí Membroi lêm a linnra de descender, deveu a Coroa de
Poitugal A consf^rvfiçào dVbta bella Província, qimudo pela res-
tauração subiu ao Trono Poriuguez a Dynaatiã de Bragança,
â' eita leal Província recorra? a o Augusto Pae de V, M, I* e C,
qUAudo roJeado das hostes lusitanas ; a seu reclamo acudiu ella
pretturosâ, enviando centenares de filboB seus a defender o Prín-
cipe querido contra a insule' cia e firotervia da tropa lusitana.
A Assembléa Provincial jubila ao lembrar- se que no Congresso
Portu;;;:ue2 foi d^entre os Deputados Paulistap, bonra Ibe» seja
feita, que partiu pela primeira vez o trovào da enérgica indig-
nação contra os vilipendies, o prtrtiUii leonina de liberdade, que
ao Brasil queria im^ior esise injusto e indi&creto Congresso. Exulta
ainda hoje a A&sembléa Provincial, quando aponta para o Ipi-
ranga, aonde se proclamou a Independência do Brasil era alHauça
com a liberdade.
Poderá, Senhor, recuar a As^erabléa Provincial aute o pe-
rigo, que por ventura lhe possa vir de dizer com energia a
verdade ao Trono; e n&o receará antoa ennep-recer por timida
prudência e aordidos rpspí^itos de peraonalidades o ouro de
gloria que recebeu brunido ? Nfto se pejará de íaltar á fideli-
dade, que deve a V. M L e G. occultando que eises detestáveis,
e deteátadoa míni*troB arrojaram -se a envolver no 96u perjúrio a
Sagrada Pesâoa de V. M. I. e C. ac 'niolhando-ó para sinccio-
uar acíos, que clara e flagrantemente violam a ConstiluiçAo do
Estado, ten lendo d^est' arte a comprometter na opinião do paiz
a Alta Probidade de V. M, T. e C. ? A observância das fórmaa,
porque subiram á presença de V. M. I< e C^ estas denominadas
Leii nâo excusa a protervia do ministorio. Etle nao ignora que
- 532 ^
o noiDe de Lei não pode ca^ier a actos de pura for^ bnit&I e
dUeoluto arbítrio,
Estes actos, Senbor, não tào leU por peecarem aa matéria
e na fdrma. Peccam na matéria pot Ihee faltar o que conBtitue
a idéa da Lei. N » Sjãtema Constitucional a Lei é a expretsão
da contado Nacional^ declarada por seus legitimes represeiitatite^i
6 aellada com o cunho do Imperante ; mns a vontade Nacional
não é, e nem pode ser blq&o o resultado da opinião reinante:
ora a opiaão reinante reprova a prcscrípção desses actos, até
por lerem decretados por interpretes infiéis, rejeitado a, a maior
parte, pelo Povo Soberano. Peccam na forma pelo modo, }>or'
que foram introduzidos : ellea alteram claramente a Constituição,
o que é indisputável; e aenio asaim era de mister que nào fossem
taes alterações creaturas de uma legíalacAo ordinária^ como for&m.
Demais ; não ba leí sem imparcial e conscienciosa discussão,
sobretudo quando se trata do que é puramente constituei< nal ; a
fortaleza da Constituiçíto se não deve levar de assalto, preciso é
rodeai- a de regular asçedío, e apoderar- se pouco a pouco dos
postos, que a defendem, para que convencida pela necessidade
capita' e a guarnição salvando sempre o que é estenctaL Nfto
foi assim que procedeu a corrompida ou illndida maioria da
^ssembléa passada ; cega e tumultuaria para levar avante os
nefario» projectos do ^vertio, calcou todas as regras não ed da
justiça, como até a da maia commum deceneia-
Senhor, a Assem bléa Provincial de 8. Paulo, pondo de parte
o tópico de justiça, e direito, por onde «e raosirou, que se não
deve obediência aos acto», contra os quaes reclama, passa agora
aos motivos de conveniência e prudência politica, que aconselham
o sevi sobre es ta me a to na execução. E* principio incoutt^stavel
em politica, que o poder é o apanag^io da intolligencia, e da
riqueza social; a vista d'olhos aindri a mais superficial stbre a
historia da organização das sociedades humana<^ o prova, O
Povo, pois, queangmenta em Íllustraç.%'> e prosperidade, de neces-
sidade exige maior porçAo de liberdade, maior ingerent^ia nos
negócios públicos ; é, pois, nm contra^enso, que se tire ao illus-
trado o que se concedeu ao ignorante, que se oegue ao rico o
que se tinba outorgado ao pobre.
Isto, porém, ó o que faaem as cerebrinas reformas do código,
á. Constituição concedera ao Brasil infante e pouco i Ilustrado,
ao Brasil que marcbava cim passos ainda tardios na carreira
industrial, e no caminho da rique^^a, uma porção de liberdade, que o
estômago fraco da iufancia, quiçá não podesse bem digerir, © assimi-
lar; maus humores, pode ser, que se gf rajsem entfto de&ta improvi-
dencia ; mas o u^c fortificou o orgam ; e ora quo vão desappa-
recendo os inconveniente s de que nos queixávamos, a tyrania e a
cegueira nos pretendem reduzir a um regímen ainda inferior
aos dos tempos coiontaes, fazendo resurgír debaixo de novos no-
mes os velboA capitães -mores, empoeirados pela fluctuaçAo da
— iâ3 —
amOYtbilidade, e com o inaudito accrescentÁmanto da pod«F ja-
dícLarío, Igual vi>)1encia, e ainda maior escarneo è a monstmoea
Lei do Con&elbo de Estado; manietar a Coroa para nào poder
de«cartar-Be de am mÍDÍâterio imbecil, e atroz; confundir a afta
politica e |}ura admíaigtraçào è nimio desprego de notisa razào i
é eoQtarem muibo com ignorância em um tempo, em qne o
regimen liberal continuado tem aclarado, e abrilbantado a luz
qiie com elle despontara.
O Povo, SenlioF} tem crescido em intelligencia, em reso-
lução, e mutua confiaiiça; tem a precisa penetração para des-
cobrir oa abusos, de que sofre; tem confiança na força dos meios,
a que pode recorrer para buscar a sua reforma; e contra esia força
pensar em introduair uma nova falauge de abusos em alargar o cir-
cula já de sobejo amplo da corrupçfto^ é mais extravagante, que o
díUrio do frenético, míiis despresivel, que a estupidez do sandeu,
E qual será o êxito da luta, que se vai assim criar V
 Assemblóa Provincial de S, Paulo estremece ao dizel-o;
mas crê que elle não será duvidoso, nem longo o conflicto : a
victoria será sim deplorável, como é toda a vicloría conseguida
contra a ordem, e ainda mesmo contra o crime^ mas a respon-
sabilidade refará sobre aqui^lles, cujas injustiças, atrocidades e
desatinos provocaram o que pôde vir a ser uma sanguinária e
iujustifícavel vingança.
Senbor, as convulsões politicas, como funestos cometas, tra-
■am em sua cauda os estragjs, as misérias, o derramamento de
ían^e mesmo iunocenta, e o abulo dos governos estabelecidos,
6 ULvez aua inteira mina.
Como não d ep roçará pois a Ãssembléa Provincial de B, Paulo o
éxercicio do poder tutelar do Monarcha para arredar de si tào
medonho porvir? Já se nos antolha obrigar na lava revo-
lucionaria os taliamans quebrados da Jerarchia. e da autoridade ;
e só da piedade de V, M- I. e U. esperamos o aocego de nossa
inquietaç&o. Senhor, o conbecLmeuto é indeatructivel ; a líber*
dade é in separa ví-l do conbecí mento ; ob interesses que apoiam a
causa da tyrtinnia usam-ae ; oa que escudam a liberdade devem
necessariamente^ augmentar com o progresso da civilização,
O governo, que cerra os olhos a esta verdade, promove a
sua ruína, e com ella a anarebia social ; ninguém a teme
mais do que a Ãssembléa Provincial de S. Pâul^, embora tenha
convicção de que seus fins sâ.o d^ curta vida, quando os do des-
potismo silo permanentes. E' para fugir ao empestado bafo do
poder abàoluto, que a Ãssembléa Provincial de S, Paulo se es-
força para obter de ¥* M* I. e C. o Bobreestaraento na execuçào
de reformas, que necessariamente o introduzirão entre nós. Elias
uma vez executadas, não nos deixam a escolha senão entre o
despotismo popular : são tão repugnantes ás convicções e crenças
do Povo, são [âo hostis á illustraçAo actual, que só um longo
systema de coerção e terror as pôde sustentar; mas o habito de
servilidade, que deve gerar e enraivar semelhante sjstema, por
^ tu —
for^ converterá a MoDart^hia ConstitucioDal «m absoluta. For
ontro lado o terror perde a lorça à proporção de sua duraçAo,
e acaba por tim pela itiâiirreiçâo dos 0|iprimtdoa, Oia a hbtoria
e a experiência nos ensinam que as revoluções efectuadas pela
violência tendem a lançar o poder tias m&oi áoi cheies qae aB
capitanearam» e estes poderea com quanto disfarçados sejam, b&o
por força il limitados^ dictatoriaes..
SenhoFi ijào creia V. M. U e G. que a Ataembléa Provincial
inventa tautaaticos perigos, eonha mates não existentes. N&o,
Senhor, a Província inteira se levanta como utn tó homem
contra as denominadas leis ; algumas dag Gamaras já se têm
energ^icamente pronunciado contra ellas ; rcceia-se que as res-
tantes BÍ^am o exemplo, e qne as acompanhem os Eleitores e
mala autoridades.
Talvess ob de&leaes Conselheiro? ^ que abusam da bondade de
V, M. L e C. lhe gritem aos ouvidos que a firmeza é uma
grande virtude no munejo dos negócios publicoi, que as çohb*
pirsçõea e insurreições sao melhor reprimidas pelo vigor e deci-
são, e que recuar ante eílaa é fa^eKas formidáveis; mas ^ Senhor,
a firmeza tem sua et^phera própria além da qual é vicio; j^e-
quenos motins, e assoadas com primem- se com o vigor, mas
repugnancias fundadas em principio s, que constituem & vida dos
Povos, aó o compromisso, e compromisso gracioio, 6 a tempo
pode curar.
Um governo assisado nào traia de arraigados deseontenta-
mentoa de uma Província inteira como trataria a típlosAo de
um motim commurn ; um governo sábio uuo confunde a infla-
mação, qne invade até o âmago do Systejua da NaçAq cora a
ligeira irritaçAo focal. Verdades tào comeainbas n&o podem ea-
cipar ao atilamento de V, M, L e G, ; a A^sembléa Provincial
está tào convencida da força de espirito de V. M. í. e C, ; tem
tal confiança na bonda tle d© Seu Imperial Coraçfto que sem he-
BÍtaç5o alguma contaria com o deferimento de sua Justa petiçÀo,
se V. M. L e C, s6 o escutasse, se só Be guiat^se por Suai
Lnzes, e não pelas emprestadas a Seu ominoso ministério, para
quem a historia tem registado em v^o a longa aerie dos crime«,
e loucuras humanas. Este medonho qtiadro, em que os minis-
tros se v<im retratados, talves£ que ainda maia os iriíte, e em
despeito se obstíiiem na precípítosa carreira, que vae sem dtt-
Tida abyâmar a Pátria; embora de roldAo com ella se precipitem
também elles Benbor, nem um benelicio, que V. M< L e G,
possa fazer a nossa Pátria, poderá penhorar tanto a gratidão do
Povo, como a demis^ilo de tào int^pto, quanto atroa ministério.
Nunca abutres tâo esfaiumdos prearam as entranhas do Brasil t
nunca tào immmid«& haipiflíi enxovalharam o s- Ic» puro do Im-
fierio de Santa Cruz. A Jmtiçn eterna conculcada i a immora-
idade no seu apogeu; a lordidn doutrina do interesse substituída
a dos principioe ; o regímen do E»tado entregue ao oapricho com
m
— 535 —
axau torado da raz&o, o afu^eti lamento da honra e capacidade
de todos 09 emprpfío* para dar logar a docil, e venal clientela;
a denegação ao cidadào da maia sagrada i^aran tia, qaal o direito
de petiçÃo, como no caau das Camarás á*s Minas Geraes ; a pa-
cificação do Rlq Graode, talvez vital para o Império, retardada,
e e&totvada, senào de todo imix^aeibtlttada pela má escolha, e
teimosa contiu nação da nm plano degaesi^ado, e sua peesêma
execução, entregando -se tudo a Presidenton e Genoraes ineptos,
para favorecer se rd ida cobiça; e melhor, e talvez a única moeda
do Estado, as honra», esperdiçada, desapreciada, e quasi annul-
Lada por sua imprudente e até indolente distribaição, com poucas
honrotae excepções, dando consideração á inaignifícancia^ ex-
cluiodo o mérito reconhecido, assalariando a corrupção, e premiando
o vicio e o crime das pesi^oas de trahidires e aâsasBÍnoB;a cruel-
dade marchando de cabeça levaotada, rodeada de rios de fangue,
de gemidos, e aís de Bofirimento» e desesperação nas desditosas
Proviuciaa do Ceará e Parahiba, além de tudo quanto a barba-
ridade Turca aguilhoada pelo fanatismo religioso [terpetruu de
horrore» na Grécia insurgida, e de quanto o fho dHsiií.tiamo do
Ãutocrata do Norte deapcijou de maltas a^ bre a malfadada Poló-
nia; a fazenda publica, emfím, aiiocada e deliberadamente dissi-
pada para fina ainbtros^ eis, Seikhor, alguns doa Hneamemos,
nem que não todos, da medonha vida publica do ministério, que
deshonra o Bradl, e atraiçoa a V, M. I. e C» illaqueando a
Sua Boa Fé, e fazeudo-O parecer não como Pae» que é, maa
como o Tyrano, que não é, doa Seus Povoa.
Benhor^ ainda é tempo, acuda V M. I. e G, ao BraBÍl,
acuda a si, arredando de Bens Conselhos semelhante Ministério,
A Asáembléa Provincial de S, Paulo, cumprindo o seu dever,
sabe que a verdade nem sempre é agradável aoa Principea, e
decerto nunca aoe sangãos que o rodeiam, e abusam de Sua inex-
periência, mas a voz do dever, na opinião da Ãsaembléa Provin-
cial, deve fazer calar a prudência humana. Á Asaembléa
Provincial apellã para o tempo, a marcha d*elle talvez desgra-
çadamente verifique suas pn^vÍBòes ; e euião conveuper^ee-ha
V, M, L e C*, que nunca teve maia fiei* súbditos, e mais ver-
dadeiroã amigos do que aquelles que ntlo heai taram em incorrer
tulvíz no 8en deaai^rado, hxpondo-lhe verdades dolorosas com o
uujeo fim de salvar a Dignidade do Throno, e firmar a segu-
rança do Povo.
Paço da Ãs&embléa Legislativa Provincial de S. Paulo, 29
de janeiro de 1842. — Martim Francisco Ríbtiro de Andradat
Presidente.— Dr, Manoel Joaquim do Amaral Gurgel^ 1." ^^-^
crtítario.^CiyTH(ííirtíí«í? de Almeida Fariam 2.* Secretario-
Qual o motivo que determinou o apparecimento de tão
violento manifesto, quando parecia reinar, senão harmonia, ao
menos toleraocifl entro os adversários politicoiV
E* fácil a explicação*
— 636 —
Ofl deeabido» em ?3 de março de 1841 nào se deL£ar»m
deade logo donaiuar por exceadva intolerância, porqoe e&tavatn
convencidos de que brevemente voltariam ao poder, quando em
abril de 1342 be abrissem a^ CamaraDi visto contarem com a
enorme maioria obtida pelos meioa denunciados por Urbano^
Ramiro, Nunes Machado, Ãureliano Coutiubo e tantos outros
liberaea de mérito.
Deide, porém, que ob cbefea políticoa no Rio tiveram a cer-
teza de que aquellã Camará serm dissolvidai prtitenderam cre&r
uma athmoafera revolucionaria, como meio de impedir a diBBO-
luçâo. Para es^e fim tranamittiram a palavra de ordem para aa
provincius^ aconeelhando-afi a que rompessem tiom violência,
como meio de ímpreB&íonar o governo.
Foi eaaa a razào do apparf cimento do Manifeato de 2d de
janeiro de 184'2, quando apenas havia Monte Alegre Iniciado
sua admíniitraçèo-
Os motivos allegados contra as Iei$ de dezembro, lorprehen-
deram aos homens pnliticoe do paiK.
Já ficou descripto que a reforma judiciaria bavia aJdo
instautemento reclamada por tndos os governos que se succede-
ram depob de 7 de abril de 1831, como meio indiapeo^avel de
reprimir a licença, o de Brea peito á autoridade e a anarquiaj que
se alastrara do Rio a todo o Império.
Essa necessidade fora proclamada por Feijó, Vergueiro,
Alves Branco e pjr toJoa oa gabinetes que se organizaram Da"-
quallea agttadoa periodoa.
ÃureÍLano, Limpo de Abreu, eate, míníatro de Juatiça em
3 doa 15 miuiaterioã que «e organizaram naquelle período, n&o
ceaeavam de clamar que a tranquilidade publica n&o poderia
exiatir em quanto não se ârmasae nas basea de uma legislaçAo
apropriada— trumedica fracos e tardios, di^ia Feijó em ^7 na
fala do trono, pouco ou nada aproveitam na presença de males
grave* e inveterados».
Foi para combater a inércia de&ses governos que ae ancce-
diam, denunciando o» males publico», sem propor medidaa para
reprimiloSf que Vasconcelloe organisou o partido do — regreiuio —
que em 41 exí^cutava seu programroa no poder.
Iniciada esaa politica em 1837, mereceu ella o apoio de
António Carloa até 1838. Ãs leia da reforma toram votadas
guando se achava no governo Ãureliano CoulinbOt coherente
em 1841 com oa princípios que aue tentara em 1834, como mi-
niatro da Justiça.
O padre Joac Bento, oa senadores Vergueiro e Paula e
Sonsa ako concorrf^ram com aeua votos para que fossem appro«
vadas aqueltaa leia V (1)
Como renegar em 41 o% principies tantaa vezea mani*
festados ?
Ct> Mellâ HttkM.-BBcljiu dl HlitúrlA CúDjdtbdcifiAl,
^
— 537 —
Âp provado o Maniff^^sto, foi nr» meada uma commiaHào para ir
ao Rio entregado ao Imperador. EsBa cominiasAo> como era na-
turali nào foi reci^bidaf attonto aos termOi violentos com que
fora redigido o matiireato, facto esse que produziu profunda
imlaçÃo entre oa orgalhosog chefes politicou de S. Paulo.
No grande numero de documentos e autógrafos que com-
pulsamos, principalmente eorrespondencía particular, não eni;on-
tramos indicio de que se crgitava ainda ía^er vingar aqnellaft
reclamações pela revoluçèo.
Em meados de março, alguns deputadoâ puulifitae seguiram
para o Rio, e foi lá, depob que se convenceram que o governo
DÃO ae arreceava da diB^oluçáo, que Alencar levantou a idéa de
se reprodutir o movimento que lhes havia elevado ao poder
em 1840.
Outros eram, porém, oa temfios, e a autoridade já ae achava
revigorada pela nova legialaçào e pelo de^apareei mento dos fra-
C4>B governos regenciaea.
Depois de se £er ouvido a E. Tobias, os deputados paulistas
procuraram entrar em acordo cnm seus coUegas de Minas Ge-
raei», garantindo-lht-a que a Província de S. Paulo se levanta-
ria como um ^6 homem a voz de eeoa chefe?.
Oa deputados de Minas, ao principio recusaram' se a tomar
parte em q^ualquer movimento revolucionário, ^ apenas se com-
prtmefcteram a f restar auxiUo indirecto, dificultando que as levas
do^ guardas nacionaes de Minas se dirigissem para S, Paulo
aEm de combater a revolução que se planejava.
Esta noticia, transmittida para S. Paulo, causou grande
eontrariedade a R. Tobias, porqnanto era crença sua e de seus
amigos qne a revolução só poderia ser victorio^a &e o movi-
mento rompesse ao mesmo tempo em Minas.
Por alguns dia^ fícaram ^uspeusos os conchavos, diante da
attitude dos poli tico a mneiro^.
Pouco depois, alguns commerciante« abnsladoâ de Minas,
achavam-se no Rio para promover transacções commerciaes. Go-
savam elles de consideração e prestigio politico. Egses mineiros,
Lessa e Jo&o Gmalberto, incitaram aos deputados para que fa-
vorecessem o plano doa panliatas, aflirmandci4hes que o movi-
mento encontraria apoio em Minaa.
A deputação mineira, ainda as^im, não quiz proceder preci-
pitadamente 8 procurou ouvir a opinião do coronel José Feli-
ciano ^ para o que chamaram no ao Rio.
Prudente, circuraspecto, gosando em Minas de real prestigio
e geral estima, como os factos posteriores demonstraram aqnelle
cidadão, bó a muito custo p mediante condições impostas resol-
veu coUocar-se á frente do movimento em Minas, convencido
ptla» affirmativas dos deputados de S, Paulo, de que nenta prO'
vincia o movimento seria tào violento e poderoso^ que se torna-
ria impossível ao governo geral dividir at poucaa forçaa de ^ue
— 53g —
podia dispor, desfalcado como se aeliayA pek reme8«a de tropai
para o sul.
Ficou ent&o asseaudo que o movimeuto romperia oai ca-
pitães de S, Paulo e Miriaa, nesta, logo que aIJi ebegasge á
noticia de t«r-Fe S. Paulo rebetlado.
Trauimittidas eitas resoluções a H* TobiaSf aceitou eUe a
combínaçào lia vida, e!LÍgÍado, porém, que o senador padre Joaé
fiento, que se achava uo Rio, partiase imniediatameute para
Minas, atina de auxiliar o movimento na parte da piovincla em
que ^oaaya de popularidade.
O primeiro de^goato que teve B. Tobias^ foi, ao saber mais
tarde que aquelle aenador nào se retirara da Côrtp, Não Bendo
rapidaa aa comniuíiicuçõe^ eutro S. Paulo e Rio, ficou convicto
o chefe pHuliãta de que Mina» só lhe prestaria auxilio negativo.
Abertas as Camará s, a verificação de poderes começou a ser
feita com eitreraa lentidão— ai coramissõea recusavam aos adver-
sário* os documentos relativos ás eleições em &uas proTinciafl, e
nesse tempo realiza vam-i>e os concbavos para as depurações deaue>
cessarias e hypothecaã de votos.
Referindo^ae a esj^as transacções, diaia Cansanção de Sinimbu :
«Se para ter parecei* favoraTel for necessário em-
penliar nossos votos, desejamos perder, vale mai^ perder
com orgulho do que vencer com baixeza».
Em l.** de maio foi dissolvida a Gamara e convocada ontra
para reunir-se era 1.** de tiovembro de 1842. Im mediata mente
ficou reãDlvido o movimetito revolucionário.
Recebendo aviso, R. Tubias enviou seus emissários para
todos os pontos, afim de prevenir os chefes políticos com os
quaes já se havia en endido, não sú do dia determinado para
rebentar a revolução na CíipiÈal, como também da reuni&o e re-
messa de forças para os pontos do^^ígnados.
Eram dedicados auxiliares de R. Tobias, em Sorocaba, o co-
ronel José Joaquim de Lacerda^ em Itu, Tristíko de Abieu
Rangel, em Porto Feliss, o dr, Yiegas, em Capivari, José
Fodrtgues Lei te , que também iufluia em Porto Feli^, em Pira-
cicaba o padr^ Manoel José de França, capitào amaro, em Una»
Paulino Aires de Aguirra em Itapotininga, major Francisco de
Ca»tro, na freg-uesia do 0\ ponto de onde deviam partir as forças
para se apodenu-em do Quartel da Ca pi tal , major Cintra, em
Atibaia, e muitos outros, cujos nomes iremos indicando.
Como Acontece nestas occa^iões, em algumas localidades os
conspiradores iiAo souberam guardar a devida reserva, e bem cedo
estava Monte Alegre conhecedor de toda a trama preparada.
Nào se descurou um só motpeato, e, calmamente, sem es-
trépito^ reunia na Capitíil as poncaa forças de que podia dis^ior,
e tanto bastou para que o major Francisco de Castro não pudeaae
— 539 —
tir fise<ar o Quartel, no dia 11 de maio e tomar a cidade, é
qme ae deprebende de diver?í>s depoiroentos exiatentes DOa in-
cruento s que tivemos necet^aidade de compulsar.
A palavra de ordem para o interior » remettída aos chefe» e
á« camarás municipae», coueistia em —impedir a poese dai tiovaa
autoridades nomeadaB em virtude da Lei de ò de dezembro
de 1841.
Da acontecimentoa fte precipitaram, por quanto, de^de que
foi resolvido o rompimento, toruou-se necesiíario levar o facto
ao conhecimento de Keiju, entÃo em C^am pinas.
Ofe que conbeelam o eipirito autoritário do velho paulista,
receoíoa que de «ua intervenção no movimento surgisse aJg^uma
imprudência, foram coutrarios a aquella idéa. Entendiam, que
nâo if^ndo Feijó um cheíe popular, a sua intervenção seria maia
pernicio&a que beneâca.
Outros, porém, embora conheceasem que eiam ponderosas aa
r&zoea dos que «e oppunbam a chamada do Feijó, ainda assim a
julgavam iudiâpensavel, por entenderem que seria de grande
eãeito fora da Província o facto de eer elle um dos directores
do movimento.
De^de» porém^ que Feijó teve em Campinas conhecimento
das cf^mbioações atiat^ntadas, sentiu reviver o ódio que votava ao
{xartido e aos homen» que o haviam obrigado a abandonar a re-
gência, e deapresando as conveniências, eem se iin portar de paher
quaes oa elementos e os recursos dos conjurados, impoz deiàde
lo^o aaa vontade, para que se ini''^iae^Ee o movimento.
O íracaaao ridículo, que t«ve a revo!u<;ílo, foi attnbuido por
alguns á intervençào de Feijó, quando as ultimas deliberações
ainda nào haviam sido resolvidas.
Estes factos, ainda os ouvi ultimam? ute, a um doa ale vau-
tados espíritos da actualidade, filho dilecto de quera fora um
dos mais ardentes e dedicados auxiliares de R. Tubiaa.
4i # *
Foi devido a essas indiãcreçõea, que o g-overno provincial
teve conhecimento do que se tramava, e sonhe impedir que a
revolução rompesse na Capitíil da Frovincin, como se baviam
compromettido os deputados paulistas.
Por este tempo, verdadeira ou falsa, começou a se propalar
a noticia de que o |;overno «íeral designara officiíil de «ua cou-
fiança para deter a R. Tgbia*, pelo que viu -se elln obrigado a
deixar a Capital, por e*5e motivo^ e pelo fracasso da tomada do
Quartel, commisaào de que se encarregara o major Francisco de
Castrn.
R- Tobias retirando-se de S, Paulo, dírigiu-se a Sorofaba,
3ue era o foco revolucionário, graças aos elementos de que alli
ispunha o coronel Joaé Joaquim de Lacerda, e as exteneae
~ è4Ô -
amjsodes qne o chefe paulista mftntiahà n&quella zoua, e onde
se achaTam renaidcs oa principais elementos da revolta.
Não podendo aer adiado o m>vimento, tornou -se necessário
apreasal-o, ficando resolíido proclamar-ae R- Tobias presidente
interina da Pravincia.
No dia 17 de maio de 1842, oa sinos das igrejas de Soro-
caba tocavam a rebate^ e pouco depois reuuia-eo a Gamara Mu-
nicipal em aessíko extraorJiaaria, sobre a presidência do tenente-
coronel José Joaquim de Lacerda, presentes os vereadorei^dr.
Vicente Eufrasio da Silva Abreu, RoíLualdo José Paes, Franciseo
MâQoel Campolim, £le«bào Àutouio da Costa e Silva e António
Mascarenhas Camello» convocados para tomar conhecimento daa
occurrencias e adoptar as graves deliberações constantes da acta,
que adiante transciovemos, e que foi redíg'ida por Gabri«L José
Rodiigues dos Santos, qtie poucos momentos depois era nomeado
secretario do presidente interino da Provincia de S. Paulo.
Transcrevemos essa peça inlegral mente por ser um docu-
mento histórico emportante:
Acta da reunião da Gamara Municipal á requisição do Povo
e Tropa reunidos hoje nesta cidade
Anno do Nascimento d© Nosso Senhor Jesus ChTÍ& to de 1845Í,
22 da Independência e do Império do Brasllj nos Paços da Ca-
mará Municipal de^ta cidade de Sorocaba, onde te renniram em
consequência do rebate que o Povo, e Guardas Nacionaea, iiscram
tocar, todas as autoridades civis e Militares, o Batalhão das ditas
Guardas Nacionaee e mnis cidadãos deste Município» os quaea
todos atten lendo »o estado de coacçÂo em qne se acha S, M. o
sr. d. Pedro 2,*, Imperador Constitucional do Brasil, dominado
pela facção que, curando unicamente de seus interesses, tem le-
vado este Império á» bordas do abysmo, em qne vae ser sub-
mergido e enn Frovinuia reduzida ao misero estado da do Ceará
e Parahiba, com a adminiátraçâo tyrannica do Procônsul que
como delegado dessa faci^ão a tem govf^rnado e opprimido, e c#-
nbecendo que convém quanto antes balvar o trono do fr d.
Pedro 2J* e a Constituição que temos jurado, propuzeram como
medida de salvação a nomeai^^o de um ProBideute interino desta
Provincia, e unanime e expontaneamente proclamaram o sr. co-
ronel Rafael Tubias de Aguiar, para o dito cargo, a quem au-
torizaram para adminiâtrar em nome de Sua Majestade o sr. é^
Pedro 2.'', Imperador Constitucional até que o mesmo Augusto
Senhor livre-se da coacção em quM ae acha e nomeie um Minis^
terio de confiança nacional, e outroaim que a Assembléa Geral
Legislativa tenha derogado as Leis que têm sido feitas contra &
Constituição do Império. Igualmente autorizaram ao dito Exmo.
Presidente nomeado para qne totne todas as medidj^s que julgar
convenientes para salvar a Província doa horrorts da anarquiit
— 54t —
M qaB ySo eondaeil^a a» ditas Leia, suspendendo a soa execnçÂo;
no mesmo acto e por uma deputação de 3 de seus membros man-
daram OB ditos vereadores convidar ao mesmo Exrao* Sr, Coronel
Rafael Tobias de À^^ntar para o indicado fim, e compH recendo
elle, e sendo -lhe declaradas as condiçõ^i de sua nomeação, pre-
stando o jarameotOj que Ibe foi deferido pelo Pres-idente da Ca-
mará, de defender o Imperador e a Constituição até a ultima
extremidade, ae deu este acto por fíndo. E para constar se lavnu
a presente Acta que a^^aignaram os ditos vereadores com o Exmo
Presidente nomeado : Autoridades e mais cidadãos que se acha-
T&m presentes e que tiveram parte no dito acto. Eu Elias de
Oliveira Gesar Leme, Secretario da Camará, a escrevi.— José
Joaquim de Lacerda — Rafael Tobisg de Ag-uiar — Vicente Ewfr-
asio da Silva Abrea, Bomtialdo José P»p&, Francisco Manoel
Campolim, Etesbão António da CoEta e Silva, Maneei Lopes de
Oliveira, Manoel Ribeiro de Arruda e Síl^a, António de Masca-
fenbas Camello — Juiz de Paz Joíé Custcdío Barbosa. Seguem*
se cerfa de 30O a&stgnaturaa.
Empossado do eargo^ entrou em movimento a maquina go-
vernameatal.
O primeiro acto do novo Presidente íoí a tiomeaçào do dr.
Gabriel Ji só Rodrig:ues doa San tus, para Secretario d.^ Preéi-
dencia, e em seguida foi distribuída ao Povo a Proclamação que
já se acbava imprass-a, qne também transcreven os como peça
indispensável.
Paulislasl 0« iidelissimos Sorocabanos vfndo o estado de
eoAcção a que se acha reduzido o no^^o Angutto Imperador o
ir, d. Pedro 2.* por esta Olif^archja sedenta de mando e rique-
aaj acabam de levantar a vok, ele^endo-me presidente interino
da Provincia para c^ebellar esFa hydra de trinta câbeçEs, que por
mais de uma vrz tem levado o Brasil á borda do abysmo, e libertar
a Provincia desse Procônsul, que postergando es decretos maia
sagrados veio commissionado para reduzil-a ao estado do mísero
Geará e Parahyba*
Fiel aos principies qoe bei adoptado constantemente na
carreira publica, nílo ^oude hesitar em dedicar mais uma vez
minhas dobeis forças na sustentação do Treno Constitucional.
Paulistas !l O voseo patriotismo Já dfu o primeiro papso
precedendo, e seg-nindo os vossos representantes, quando fieis
interpretes de vossos snntimentos, clamaram crntra e^sas leis qoo
cerceando as pror^gatívas da Coroa, e as libf rdades publicas deita-
ram por terra a Comtituíçfto; o voíso valor e firmeza farfio o resto.
Mostremos ao mundo inteiro qoe as palmas ctflhidí^ nas
campinas do Rio da Prata nfto podem definhar na do Ipiran^a.
Os dafcondentes do illmtre Amador Buero sabem dofondor
DB seus direitos a par da fidelidade que devem ao Trono.
União e a Pátria será salva. Viva a No^sa Santa Religiio*
VÍT4 S. M, o Imperador Viva a Constituição.
Eafad T<^i£is de Aguiar,
— 642 —
O ^Governhta* publicado na Capital, tratiacreTeiidõ a pro-
clamação supra, analydfl-a em todtis o» pontoa — e conclue :
«Bera diz o rebeldp, qu^ é fiel aos príncipioi qué ha aão^
ptaão. Nós o crijEnos: Núi o coubi-ceroc^a o se estamos certos da
qu6 a sede ão manio o faria servir debaixo de um govcrfw qual-
quer^ que lhe deiTasRÈ dominar perpêtuãinenie iima das mata
impfrrtajíUa prociítcias do fírasíl^ nabemi/s também de quanto é
elle capaz quando in^o lhe 4 negado.
Na meama data, 17 de toaio de 1842, foi expedida Portaria
ordenando a ^usppin&fko da Lei das Heforma»^ aanullaudo tudo
quanto se havia feito em virtude da meama lei, e mandando
continuar eui vigor as aiUerioreB,
Ãl^uni ói&i antes José Joaquim de Laeerdai de Borocaba,
Tristào de Abreu Rangel, de Itú, Joàó Bodrií;'ue8 Leite, de
Porto FelÍ35, liaviam percorrido diversaa localidades, dentre ou traa,
Tatuhi, Capivari» Pirapora de Curuçiij Campinas, prevenindo
ao% aii]ig'os P^'''^ 4^^ estivessem preparados e fizessetn as Câma-
ras Miinicij>aee'reccuhecer a H. Tobias coroo Preiidente interino da
Proviucia quando ^o déaso a proclamação em Sorocaba, e, caso
estas nfto se reniiissem que o réconbeceasêiu na frente da força
de Guardas Nacionaes e povo*
Reatiznda a proclãtnaçào em Sorocaba, partiram os próprios
para as pnvoaçÔRs circumvizinhas, e no dia 19 aa Caraarae d©
Itú 8 Pofto Feliifi reconheciam o governo revoltoso — a JeCa-
pivari a 19 e a de Gon^tituiçAo om 20 de maio
Nos dias 17 e 18 tanto em Faxina cotpo em Itapetininga
era H, Tobias acclam^ado, sondo que de Itapetintnga veio imine'
diatameate collocar-se a seu Lado com a força que poudo reunir,
Paulino Airea de Ãg^iiirra, aeu cunhado*
Em hú o enthu&iaBmo dominava parte da população, tendo
a frente do movimento pessoas consideradas que se apresBaram
também a proclamar aos habitantes da histórica Cidade noa se-
guintes termos t
ItuanoB !
A necesâidade de sustentar a Constitui ç^ e o Imperador
noa obrií^ou a tornar as armas,
Ituanoâ ! Cidadàos, que empunham as Armas para defendera
liberdade, devem ser sujeitos áa autoridade?, respeitar direitos
albeioB, portanto eap^ramoâ que, finis aos sentimentos generosos
?|ue sempre distinguiram os Paulistas, nào empregaieis vossa
orça e corag^em seníko por ordem superior e em caso urgente é
Infelizmente teuios enire nós alguns dissidentes, sede aiten*
ciosos com elles emquanto nào voâ agredirem e insultarem.
Eespeítae suas pessoas, suas famílias e aaas propriedadeSr com a
-^ 543 —
mesma círcamBpecçJtó, e rig^ar com qae o« repellireí»» soldados
da liberdade dão mancbaio no crime mãoB, qa.Q tècu a nobre
missão de BU^tetLtar ob direitos do homem, e yingar a pátria»
Gonôae em vosaoe chefes, do goveruo iaterino da Província e
na Providenda quo vela sobre noasoa deatinofl.
Viva a Heligiâo !
Vivik a Naçào 1
Viva a Conçitituiçào I
Viva o Monarcha !
Viva o Governo Interino da Província !
Vivam os Panlíetas I
António Paês de Barros, PrcBÍ dente
Joíté Sfverino de Almeida
João Leite de Sampaio Ferraz
Francisco José Pinto
Pedro Alexandrino Rangel.
Tomando a seno a sua posiçãOi o novo governo, por por-
taria de 19 de maio nomeava coramandantes militaro* para di-
vereai localidades do interior e lhe* reraettia ínfiiracçõea im-
pressas,
Naquella tnesma data o Presídeote intíírino ordenava a sn»-
pcn^ilo da lei das Reformai, e mandava annullar tudo quanto
havia siJo feito em virtude das mesma').
Conforme havia iíiilo determinado, de iodas as cidades cir-
cnm vidinhas os encarregados do movimento diri^j-tam-ge para
Sorocaba com as forçai que tinham pr>dido conse<;uir pelos meios
qne maia adiante tornaremos conhecido.
O maior numero pertencia a Sorocaba, cuja população havia
em grande numero se alistado nas fileiras revolucionarias, uns
por dedicaçào, outros obrigadoi pelos jiii^ea de paz e pelos offi-
ciaei da Guarda Nacional.
Começou o novo governo a dar as providencias para poder
cercar, atacar e tomar a Capital, que a todos parecia de ur-^^^en te
necessidade.
Como espécimen, transcrevemos o autografo de uma das por-
tarias para aquelle fím expedidas, g^uardaudo nesse e em todos
01 autógrafos que pablicarmca, a sua orfoi^rafia própria.
*0 Preaidente interino da Provincia, tendo em conaideraçfio
omerecimento e mais parte» que concorrem na pessoa do Sr,
José Ftodrigaes Leite o nomea Sargento Mor Commandante do
EsquadrÃo de Cavallaria da ViMa de Port ^ Feliz, devendo
prestar juramento perante a Camará, e entrar im mediatamente
em eiercicio. Palácio do Governo intr.** na Cidade de Soro-
caba, IT de maio de 1842,
Eafael Tobim de Aguiar,
™ M4 ^
Ão mfttmo tempo, providenciava H. Toblan a renulào dai
forças de Itú, de Sorocaba e outras, no ponto designado para a
conceotraçâo geral.
Para esse fim eram expedidas porta ri as para Porto Feli»,
Capívarí, Tatuhi, Coastituiç&o, Una, b. Roque, Àttbaia e ontroa
pontos.
Ainda como curíoiidade traoBcrevemoB um autografo desBAB
portar jaSi expedida logo apóa a proclamação de Sorocabu.
« Devendo^po tomarem todas as medidas que conser^
vem a segurança publica e a causa proclamada hoje neita
cidade para suatrntar e defeniJer o Trono de B« M. o Impe-
rador o Prés."* interino da Provincia ordena ao Sr. Sarg,"*'
Corad/ do Egquadrào de Cavallaria da V** de Porto
Feliz, que leuoa o maior numero de praças do d." B.",
e faça nrarcbar p»ra a cidade de Itú enteDdeado>Bfi
com o Cidadáo TristÈo d'Abreu Rangel para apromptar
Quartel esperando ali as ultimas ordens deete Governo.
Palácio do Governo intr.° em Sorocaba 17 de maio
de 1842.
Rafael Tobias âe Aguiar.
P. S,
Rfmftterá o ofEcio junto dirigido a Gamara M.^^ da
Capivari.
Transcrevemos ainda o seguinte autografo túhi^ as provi-
denciai tomfldns para a organização das forças necessárias para
aBí;ed'ar S, Psulo. E' iníereíiante esse documento, por aer escripto
por Gabriel José Rodrigues dcf Santos, já então Secretario do
Presidente interino,
— € O Presidente Jn,*" da Província recebeu com
prazer u officio que em 18 do corrente Ibe dirigiu o
Sr, í^arg.""""" José Rodrigues Leite Commatídautõ do Esqua-
drão de Cavall • da Gd.' N »i da V,* de Porto Feliz, e
inteirado do eeu conteúdo congratula-se com o Sr.
Sarg/"''' pelos suceespoa que refere.
Dependendo em p^rande parfe o felia excito da Santa
Causa em que nos acbamos empenhados do livramento
da ca piai da propinei a, o Preá/ interino quer fasser
marcbar para ali, com a maior celeridade poasivel trda
a fírça qnc puder; o confiado no valrr e pi^triotifino
dos habifanles dessa V**, exige que o Sr, Sarg."""" apenas
receber esta faça Fcguir para a cidade de Itú, toda a
força do Esquadrão de seu commando que estiver re-
unida ou que puder reunír-se uo momento e bem assim
todos os patriotas qne quizerem fa^er este importántd
serviço ,
— 545 —
O Preaid." Int.*' desôja m.** que o Sr. Sar^ "*' mar^
che igualmente porque está certo de que o »eu exemplo
m^^ animará ob i^atriotaN, e no caso de quando che°;'uem
a Itd já t^riha marchado a força que daU ae^e^ deve
a dessa V»* ir ©ncorpor»r-ae com ella, na intelligencia
de que í>» coniing-tjntea dos MunicipioB de Iiú 6 Porto
Feliz devem e^tar impreterivelmente no Piraju^aata, de
segunda a terça-feira da próxima semaua, para ahi
fazer juncçào com a íorça que daqui marcha ás ordeus
do Sarg."*'' Francisco Galv&o de França. Nesta data
va« oràmn a eoHáctoria^ para Eupprir com aa despesas
neces&anaa da marcha, e qd.*^ não haja dinheiro suffi-
ciente o Sr. Sarg/"*' pedirá o que for necesBario a
algu m patriota terti fican do-o p r ompto embo Uo . Co n fiad o
no aelo e activid,^ do Sr. Sarj^,™% o Governo conta com
o pontual comprimento de tudo quanto ora lhe de-
termina. Palácio ào Gov." d© S. Paulo, na cid,* de
Sorocaba, 20 de maio de 1842.
Rafael Ibbias de Aguiar*
P. S.
O Gov." conta q.* o Major Galvão esteja em Pira-
juGsara na 2^ feira até m 2 boras da tarde, e elte
avisará de S. Roque p/ Itd« Deve iicar nessa uma
guarnição sufficiente, ainda q.' de Tatuhi nada se deve
temer, porq.* o Gov." ja suspendeu o Juis de Paz e já
den outras providencias p.* impedir ali reuniões inimi--
gas, O Major Qalvào acha- se nomeado Com/ Superior ^
e com mandará toda a expedição.
Na mesma occasião os agentes no interior cumpriam a pa-
lavra de ordem, e espalhavam noticias animadoras, dando como
realizados factos que nunca fíguraram senão em cartas.
Eis um dessea curiosos documentos:
Hd."** Sr, Padre França,
Capivari, 17 de maio de 1342.
Neftte momento chego dn Porto Feliz, traieudo a esta Villa
0^ planoâ de rompimento qun o% nossos amigos politicoí^ enviaram
para o dia de amanha. O Tobias está em Sorocaba vae ali ser
aclamado petoá 400 homens, que estão em arma«. Aclamado
ProBÍ/ deíites 400 aáe 150, cora líJOO de Itapetininga, que
command^dos |^lo major Galvão vdo coadjuvar o rompimento
na Capital que h© infalível e seguro o Governo ali conta 200
homens no quartel, quasi todofl êstão comprados pelo França
para coadjavãr.
— 546 -
O Bento de Barres pasaou uma orãem franca ao Franç*, o
CKico de Caatro eétá do O' com força . prompta para marchar
para S. Paulo ; em S. Bernardo^ Bonillia conta outra força, que
log'0 toma conta da Serra de Saoto^, Bahi 200 bomem psra
tomar conta da fortaleza ob qnaes devem ser coadjuvados pelos
doii barcos que ali surtem e que já estão comprados pelo com-
me rei o de Sauto^i da Á ti baia marja força para S. Paulo, bem
como das Vil las do Ni^rte para commatidal-as o tenente-corooel
Bento José de Moraes, o qual cauiíuhou para Taubaté, de ma-
neiras que o grito é eeguro- O Tobias acíamado em Sorocaba
officia as Camarás afim de restabelecer o& juizes de paz em tuas
antigas attríbuiçòes, bem como o juis^ municipal, e faser com
que as autoridades demittidas assumào novamente antiga ju-
risdicção — deve-se em 1." lograr faser recoubecer o Prei.'*
aclamado pela Camará e dep k cumprir-ae suas ordens, o quando
a Camará não seja favorável pode o Juiz de Paz aclamar em
freute da força e do povo, e sendo mesmo a Gamara disposta hé
precisD estiir escudada em força para fazer o rompimento, V>
Kd."* é uoãia esperança nessa, e por hso uão nos deixará mal,
eu mau do um próprio a Sorocaba afim de tra&er oã o£cio» e
remetterei amanha de Porto Felia.
Sou seo Am*° O br.'
Viega»,
(dr. João Viegas Muniz).
Para animar aos correti^^ionarioa, dar como certa a tomada
da Capital escrevia R. Tobias nos novos comman dantes dos
fantásticos Esquadrões cartas de seu próprio punbo- Eis o au-
tografo dirigido de José Rodrigues Leite:
Ulmo. Sr. José Eôis Leite.
Sorocaba, 20 de maio de 1843.
Tive o praeer de receber sua estimadissíma de 18 do cot-
rente em que m^ narra os acontecimentos dessa: eu nào espe-
rava meuoâ dos patriotas dessa, bem conhecidos pelo seu amor
a liberdade, e firmesa. O primeiro passo foi dado, e com bas«
tante enthu&jasmo, pois que foi abraçado por Porto Feli*, Itú e
Gapivarjj porém de pouco nos valeria se não continuaBsemos com
a maior prestesa, e deiíasaemos a Capital entregue oas màoi
do sanhudo Procônsul por mais oito dias. Nestas circunstanciai
cumpre que todos os nossos amigos e V. S. em particular facão
todos esforços para que dessa e Cnpivary sigâo-o maior numero
de forças hoje mesmo se for posaivel para se eucorporar com as
de Itú, pois que as de Itapetininga devem chegar hoje, e deaejo
que nào se demorem nem um dia nesta.
— 547 —
Sei que a mocidade briosa âesBH não prôctBs Ber exeitada e
que correrá alegre ao reclamo da pátria e por iaao faria injuria
66 nàa contas&e com expoutatiea c^adjuvaç^ da mesma. V&o
aã cartas e ofHcio» em que me íalla que enfiará a seu destino
com a maior bri^vidade.
N&o tooh^t tfinipo para maia, senào reiterar 03 protestos de
estima e amisade com que «ou
De V. S/
Am,* Mf Afl.* e Obn*
Rafael Tobiai de Aguiar ,
^ * ^
Alga mas obserraçòes são necessárias para estpHcar os acon-
tecimeTitofl e oa esforços ímproficuoSf que o chefe paulista teve
de empregtir para reunir forças em numero que lhe pareceu
aufficieute para cercar o tomar a Capital.
Coniquanto já estivft6.se resolvido o recurso ás armaa, essa
decisÃo era apenas conhecida doa chefes locaes.
Com excepção das forças que se acbavani reunidas em Soro-
caba no momento da proclamação, as demais aiuda eâtayam
dispersas. Foi só depois da elei/açâo de R. Tobias a Presidência
que de Capivarí^ Piracicaba, Porto Feliz, Itú, a outro* pontoa
si arreg'im6ntavaiii as forças revoltosag. Este facto de prebende
B6 doB autof^rafos que transcrevemos, e demonstra que foram
circumstaDoias inesperadas que a]ue6aaram o rompimento.
Uma das causas, talvez a mais importaute, foi o insuccesso
da tomada do quartel de S. Paulo, iucurabeucia confiada ao
major Francisco de Castro, o popular Chico de Castro, que ainda
conhecemos, incumbência que elle nem tentou realizar.
Esse g^olpe estava aíãentado para o dia II de maio. Aquelle
major residia perto da fregui^zia do 0'^Na noite de 10, o te-
nente Joaquim Leite Pentnado e Joaquim R. Goulart, acompa-
nhados dos br^raens que fori^ad^mente consefíuirain reunir dirigi-
ram-se a casa de FranciBco de Castro, que jA se achava preparado
com força que pudera obter*
O pkno era o se^^inte : ua manhã de 11 seria invadida a
cidade e tomado o Quartel, Para eâse resultado Chico de Castro
contava náo só cora a força que dispunha como de grande nu-
mero de amigos que se achavam na Capital e que o auxiliavam
com esforço, e certeza de se achar compradíi parte da força.
O successo era inevitável, fr,ico como se a:5lia?a o Presidente
da Proviucia, o que se propnlflva para animar o eutbusiaamo,
No dia 10 o major Francisco de Castro enviou a S. Paulo
Leite Penteado - cfj/Ko &fiWur — dis-eram mata tarde as testemu-
nhas que depiríerara no processo a que respoudBram os revoVjOsos.
A missào do batedor era verificar quaes as torças existentes,
e m era possível reali^ar-se a tomada do Quartel,
A' tarde desse dia voltava Penteado, levando a noticia ie
— 548 —
que O Presidente ee achava prevenido, pois fisaera recolher o»
pequenos destacamentoe exigtentpfi nas localidades próximas, os
quaes réunidoe á força 6x:igteate na capital, tora&va impoteível
o golpe de m&o. Que essaa forças se elevavam & maÍB de 2O0
bometifl^ que le achavam aquartelados, e que uào haviam sido
compradas. Tranamittíu mais uma desalentadora noticia, qual a
de já bavet ordem jíara a prizào de Tobias.
Estet factcB ficaram demonstrados no prece i se por grande
numero de testemunhas— n&o só de pessoas que se achavam
reunidas a Chico de CaatrOi como ainda do depoimento a que
ae procedeu em Átibaia. Desta localidade v<-iu a S. Paulo Ma-
noel Jorg« Ferraz, para assistir commissionado a tomada da
Capital no dia 11 de junho «
Aquellas noticias desalentadoras determinaram Chíco de Casrto
a diaâolver nessa mesma noite as forças reunidas em sua easa
— fojTtos largados até 2.* ordem — disseram alg-uns dos que ali se
achavam, quando depuzeram no processo jnstauradoí finda a revo-
lução, contra os cabeças.
O insuccesso determinou a que Rafael Tobias abandonasse
oc^uUamenie a Capital. Elle o confirma no sen manifesto:
« B eu caminhei depois de íer-me occulUtdo por alguns diasy
para a min lia fazenda do Paranapt tanga, e chegando a Sorocaba
já ahi nchei uma i^TJinde força armada e aquaitellada sob o
commfindo da T,* C.^' Jerouymo Isidoro de Abreu: a governança
da cidade, e todos os habitantes delia exigiam a minha coad|u-
vaçào e iinalmente a Gamara e povo nomearam-me presidente
interluo da provi neta ».
Descoberta a conspiraçiio, era imprescindivel o rompimento
por que qualquer demora inútil ísaria o trabalho feito^ ao que os
ambiciosos nào quísseram se sujeitar.
Dando-SG orompimeato eitemporaneamente, tomou-Ee neces*
sario o ©xf(.»rço que transpira da leitura dos autógrafos tranucriptos,
para reunir fnrças para se tomar a Capital, antes que do Rio viessem
CB recursos, que já era notório terem sido reclamados pelo Pre-
sidente .
Transcrevemos mais um doâ autógrafos que possui mos, di-
rigido de hú por TrisítÃo de Abreu Eangel ao commandante
dos revolucionários em Porto Feliz, que nos dá conhecimento
da organização e procedência das forças, e do logar convencio*
nado para reunião de) las « O ponto encolhido foi em PirajosBara,
situado uma légua além da ponte dos Pinheiros.
« Da p&rticipaçào junta do Ex,™' Presidente da Província,
verá que a gente vinda de Itapetininga, deve chegar hoje e ae-
guir amanha 21 do corrente para a Capitai, com tropa da cidade
de Sorocaba^ e desta cidade (Itú) e dessa villa (Porto Feliz) p«>-
rem como reçebt aviso dali que a geata ^6 poderia ettar aqui a
22, vou pela presente deprecar a celeridade da mana, para que
amanha 21 infalllvelmente sai&o dahi para a 22 seguirem daqui
- 543 -
com a que deve marxar também, pois neste leDtído officío ao
Ex."* Presidente.
< O ]og'ar desiguAdo para a juDcção das forçaa é Pírajuisara.
Bem vê V. S. que a celeridade da marxa é de summa necessi-
dade, porque operações ta es devem ser uniformes.
« Dahi devem vir municiadas tbé aquelle ponto.
Itú 20 de maio de 1842.
Truião 〠Abreu Rangd^
No dia em que a Coturana Libertadora deixou Sorocaba,
cbegõu a aquella cidade Feijó, qne apressou-se a dirigir stia
ProcIamaç&Q aos povos EtUa.
* Apeuas sube eu em Campioas ás 10 boras da noite, que
nesta cidade se liavia acclamado um Presidente Paulista, e que
este era o sr. TobtaSt cobrou a minha alma algum alentn, e
persuadi' me qne a Proviocia ia recobrar t^eo antigo renomef
que brevemente oa Mandoea, conhecendo que cdm Paulista nfto
se brinca ae retiraríào do Conselho de S M I. e darião lugar
a que elle Uvrempnte escolhesai; ura Ministério amiço da Con-
fitUuiçáo 0 que soubesse como se governa homens livres
Dei providencias; e de manha nAo obstante o meu abitual
estado de enfermidade, pusraeVa caminho e xeguei a esta Cidade
de Sorocaba com trcs dias de viagem.
A minha gratidão será eterna a todos os Sorocabauos ; e
jamais deixarei de lembrar- me que ac^ui foi onde se deo o pri-
meiro grito de convite a Província, para despertar de tanto tor-
por e de tratar-mos de segurar nossas liberdades ; enxime de
entoziasmo observando o valor, a coragem e o desejo que todos
mostravfto em díspor-se aos perigos todos para libertara Capital
do Juí?o desse Pre^ideate Baiano qtie tanto nos tem oprimido e
sem ras&o ; deliberei ajudar táo onroãa tarefa quanto em mim
eítivesae í e como nada posao a^nfio expiimindo meos sentimRntOB
em quaoto puder diàer a meus patrícios tudo q^ianto julgar que
lhes coQvem para perpetuar a gloria da t"rovincia. Falves
pouco me reste de vila, maa esse pouco voluntariamente aacri-
âcarei pela pátria a quem tudo devo,
Sorocaba 22 de maio de 1842.
A Columna Libertadora partiu de Sorocaba no dia 21 de maio.
O ponto de concentração designado era Pirajussara,
O T, C."' José Joaquim de Lacerda se dirigiria áqueJle
ponto pasmado por Sâo Roque, acompanhado de 200 homens.
Paulino Aires de Aguirra, a frente de 300 homens, chega-
ria a Pirajussara pela estrada de Uaa.
- saa —
o major Francí&co de Castro procurada de Araçari^uama H
ponto de eoDcentração, cotn a força que co ti seguisse reunir.
Comraaudaria eme liefe Francisco GalvÃo de França, as forças,
que poderami se Wevar a pouco maia de 800 bomens.
Era crença geral de que fácil ?©ria a Columna Libertadora
se apoderar da Capital, df*9 proveu ida, como faziõo constar achar íte.
O fracasso da tomada da Capital e da retirada de R, Tobias
lia via ajdo conservado em fçraodo aigillo.
Se aquelta notícia nkfy foi divui;^ada, outra mais importante
veitt trazer grande d^í^animo á Columna.
S3.0 Paub nAo poderia ser tomado, pois soubera em curto
espaço preparar-se para a defesa e m^smo para o ataque,
Quando o governo teve noticia de que alguma cousa se pre-
parava, começou a recolher sem estrépito as íorçaa eaparsãs no»
pontos maia proiimos. O vice presidente, padre Vicente Pires
da Mota, expi^din próprios para Jacarehi, Jundiabi e Ifcapec^-
rica chamando á Capital os coronéis Paula Ma< hado, (Queiroz
Telles e cap."" Manoel José de Moraes Com elles combinou
quaes os auxílios que deveriam prestar ao {governo.
QueiroK Telles permaneceria em Jundiabi, com a força que
conseg-uisse reunir^ prompto para marchar jmra a Capital, Itu,
Campinas ou Sorocaba. O corouel Paula Machado e o cap,"
Moraes voltariam á Capital cora o reforço que pudetseni obter.
Partindo para sua^ localidades, estes cidadãos achavam -se de
volla a S. Paulo, no mesma dia em' que a Columna deixava So-
rocaba, acompanhados de cerca de 500 homens que foram se
aquartellar em Sào Francisco e S. Bento.
Essa força e a que jâ se achava reunida eram int. is que
sufficientes para defender a Capital.
Na mesma occasiào espalhava- se a noticia de que em Santoi
ie desembarcaram batalhões de Caçadores e Fuzileiros,
Como conseguiu Monte Alegre prevenir-se tào a tempo?
Avisado do que se tramava em varias localidades do interior,
^aças á imprudência dos conjurados, apressou >se a levar o facto
ao conhecimeato do governo ^eral, pedindo forças.
Posteriormente recebendo a communicação de não ter sido
poBsivet dar pos^e ás auti ir idades nomeadas para í5orocaba, sabendo
que o mesmo aconteceria em muitas localidades onde dominavam
oamaras eleitas com a violência que occasiouou a queda do ga-
binete maionnta — fez partir para o Rio peBsoa de confiança com
correspondência retiervada. O emissário do Presidente por uma
felicidade occasional, chega a Santos duai horas antes da partida
do «Ipiraug-a»» o único vapor que entào navegava regulartnenie
entre Santot e Rio.
No dia seg "" o governo geral estava conhecedor do que ae
premeditava, e, providenciando com rapidez, remetteu trop&aque
de<embarcaram em Bautos no dia 16.
- 661 -
A notícia correu com rapidez, e o f&cto era coQhecíilo em
Itú DO dia 18 de maio^ como ee verifica do autografo que ae-
gU6-Be, dirigido por Tri&tio ao dn Vieg&â, em Porto Feliz.
Br* Dr. Viegas
BrilboQ V. 3.* ahi como em Gapiyary^ 6 no qne recommen*
doa para Piracicaba.
Ee tou informar o governo do qne me dús.
Do que aqui houve, já deverão saber, e atem do que e&^
crevo ao Zuza tenho a acere scentar que pelo Xiq,* Mesquita
chegad^í com doía dias e meio de SautoSi aahe-se que chegou
a Santo» um barco que «e esperava com tropa, e feito o desem-
barque sahirào quarenta alman do outro muTidUf as quaes estav^o
batendo o queixo no Rio Pequeno.
£m Sào Paulo havia muita coragem 6 eiperanç^ de rom-
pimenlo.
O enthudasmo aqui continua: os governistas retirarS,o-se
para Jundiaby, e eatamoi também promptoa para a marxa que
o Governo mandar.
Dê sua» ordem ao eeu amigo obr.^
Tristão
Itu, 18 de Maio de 1842.
Cora se vê, esta carta era etcripta no dia seguinte ao da
proclamação de Tobias em Sorocaba, e apesar de todoí os esforços
empregados a noticia da chegada das quarenta alrnoÁ do outro
mundo em Santos, transpirou, produzindo terror em todas as
localidades que haviam adherido ao governo Tevolucíonario, Desde
esse momento^ como demouãtraremos cora preciosos autógrafos,
o entliusiasmo arrefeceu, e cada um foi procurando meio de
desaparecer da acena, antes mesmo de representar o papel, que
lhe fora designado.
A Colnmna Libertadora teve noticia do facto ao chegar a
Pt rajuí sara— estancou ai li de uma vez, para só se debandar t
quando dias depois ouviram o tremendo grito — tOs Periquitos»—
O cbefe revolucionário desde Ofse momento compreheudeu
que eatava perdida a partida, mas ainda assim tentou nm eaí or-
ço, para ver sa crnseguia occultar a chegada de Caxias, que e He
aabia já em caminho da Capittíl, galgando a aerra de Santos-
Para esse fim resolveu expedir mais uma Portaria em data
de 22 de maio.
«Constando ao Presidente interino da Província que oe
perturbadores da ordem publica na cidade de Campinua esperào
ali ao capitfio Babo para os auxiliar e comandar, o me^mo Pre-
sidente ordena ao Sr. Sargento -mor Com mandante da Guarda
Nacional de 3ay alia ria de Porto Fe lis, que faça prender ao
dito Sabo tendo -o ©m devida guarda, devendo requisitar a sim
— 562 —
pnêâo quando estâja nVlgum lugar em que a antond&de de«t6
QoTeruo j esteja reconhecida^ tomando ueate negocio interesse
qne se deve empregar para se preveoir que um tal individuo
Be Ta reunir cem oatroa do mesmo jaez.
O mesmo Sr. Pres^idente previne ao Sr. Sargento -mor que
o Barfto de Monte Alegro, iêni procurado entreter ãúi^ setut Ci/m
a noticia de subida de iropa, que he visível tn^nie fai^^, tanto
pela falta que ha dellaíi no Rio dt Janeiro^ como pela noticia
que ainda a dois dias se lhe deo de 8, Faulú^ devtndo por tanto
esiar-se prevenido contra tão falsas insinuações, bem que o
mesTDO Presidente esteja mui certo que a subida detropa de fora
será m&h um e-timulo para reunir todos os Paulrâtas, O mesmo
Preaideute tem o praser de communicar ao Sr. Sargento mor
para fazer congtar aos amidos da sagrada causa qne defendemoa,
a che^^ada do Sr, Senador Feijó a eata ; pois que muito conta
com os conselboB deste distincto patriota-
Palácio do Governo de S. PaulOf em Sorocaba, 22 de Maio
de 1842.
Rafael TaÒias de Aguiar^
Por maior que fosae a reserva recommendada, a terrível nO'
ticia como um rastilho de pólvora percorria com extraordinária
rapidez o interior da provineía levando o desanimo e o terror.
Em Campinas, Jundiahi, Tatuhi formaram-s© tortes centros
de reeistencia. Â força enviada de Sorocaba para bater os
absolutistas de Ta tubi, era toda apresionada.
B. Tobias, em vi^ta da gravidade da situação, pensava em
se collocar a frente das forças que deviam seguir para Campinas»
Emquauto n&o ú fazia, tomava as seguintes providencias cou-
stantes do seguinte autografo;
O Presidente Interino da Província sendo informado de que
09 absolutistas da cidade de Campinas estão reunindo gente ar-
mada para opporem-Be á voutítde da Provincia, e ajudarem a
escravisar a Naçào, e a mantt^r a S. M. o Imperador debaixo
do jugo da coacção] em que O cnnservão mioistroa e conselbeiros
pérfidos e trabidores; e convindo providenciar energicamente
para ^ue não avultem eesaa reuniões e não coosigão os facciosos
per tub arem o íocego publico e fazerem violências aos Cíinstitu^
cionaest resolveo determinar ao Sn António Manoel Teixeira^
Commandante militar da referida cidade qne promova com todo
o esforço a reunião de cidadãos Guardai Nacionaea do serviço
activo e da reserva, e Guardas PoUciaea e os coUoque em um
pouto seguro 6 defensável fora da cidade onde posaa coní^er-
var-se uma força de observação que será eroprepada em prender
a todos que pertencerem aos facciosos e a defender os babi-
tantes do campo das aggressoes que elles tentem fazer, procu-
rando por todoa os meios a seo alcance faser com que se deft*
persem eaaaa reuniões*
— 553 —
OatrOBim terá particular cuidado em obser^ftr le os abso-
lutista» tentào mover-ae sobre a Capital ou para algum outro
potitOt e neage caso dará immodíatamente aviso do ponto amea*
ç&do e igualmente a e»te Governo e q^ pers tinirá í^otu as torças
que tiver rputildo pela retHijuarda. O Governo ordena que da
cidade de Itú, parta uma força âuffícieate para servir de ceotro
ft reunião que o Sr. Commandante militar deve íazer^ e o of-
fieial que a commandar acará sujeito as suas ordens para que
opere debaixo de âiias vistas,
O Sr. Cõminandauto Militar declarará ao Sr. Capitão Pran»
cisco Teixeira, ao Capitão Luciano ao Tenente António Eoiz,
encarregados de reunir genta^ para marcharem para a Capital,
^ue devem por á sua despo&içào a que tiverem reunido, ou
Houverem de reunir — Palácio do Governo de 3. Paulo em So-
rociika ao de Maio de 1942.
Rafati Tijhias ãe Aguiar ^
Em fins d© maio, R. Tobias procurava ainda occultar a
chegada d© Caxias a S. Paulo, Já declarava, entretanto, que —
bavia chegado a Capital alguma tropa ãe fora — ma», pedia que
se CD fnmun içasse aos amigos, porém para cdh a necessária
DiscRKçÃa, n^m referia quem era o commandante cujo nome já
repreaentava a victoria.
Eia os termos do autografo de Feijó a José Rodrigues Leite.
II Im. Sr, José Roia Leite,
Sorocaba 25 de Maio de 1342.
Ontem chegou a esta o Tenente Coronel Bento José de
Moraes, dando a noticia de que em S. Paulo se prí^paravam
para a defesa, tendo chegado alguma tropa ãe fórai esta noticia
pofito que de sahbado, é talvez exagerada^ com tudo pode t&r al-
gum gráo de veracidade, e na guerra nada se deve deepresar, e
nestas circurnstancúas, que todoíi os amigos e defeusortis da nossa
cau^a tomem a peito rennir o maior numero de gente que pu-
derem, fazendo partir oa iofluentfía para os bairro-i, e tudo o mais
que julgarem conveniente, pois que será preciso por ai tio a ci-
dade e entreter com reíorço de gente, e qualquer falta pude ser
fatal, tanto a causa que abraçamoa como a tantos Paulistas be^
nemeritos.
Energia e mais energia e o que pode aterrar nossos inimigos .
Náo accrescento mais nada, porque estou certo que fará
tudo^ tudo, commnuicando isto ao nosso amigo de Capivary,
porém com a necesmTia ãiscripçào. Não tenbo tempo para mais.
Seu amigo muito afiTectuoso obrigado
Rafati Tobias ãe Aguiar,
— 554 —
Se R. Tobias aabia guardar uma reserva cnteriosa, nlU^ mos^
traodo desanimo — outros procuravam com noticias fahas levan^
tar o espirito abatido dos (jue estavam envolvidos no moTÍmentí».
Como espécime a, é de grande curiosidade o seguinte auto-
grafo, eacripto pelo padre França, dirigi d*^ ao capitão Antó-
nio José da Silva, que naquella data se achava em Limeira, e
que era conhecido naquella zona cout o appellido — Gordo.
Const. 29 de Maio 1842,
A. pouco chegou o Affonso trazendo officioB do Preflidenta
6 noticias das operações militares da Columna, que íoi atacar a
Capital.
à cidade de S« Paulo tstá sitiada por i400 homens doft
nosflOB bravos Paulistas de Sorocaba, de Itú e da Atjbaia : o
Co!$*4i Carvalho conuta que se retirou e nãD se sabe para onde :
a Berra está guarnecida pela gente do Bonilha ide i^&o Bernardo)
e por duzentos lanceiros hábeis enviados de Curitiba ou Faxina
os quaes es caparão -8 e por um lado da cidade e forào Be ligar
ao Bonilha, (1)
i colamua encontrou uma gujrda avançada nos Pinheiro»,
ao principio pretendeo vadiar o rio, visto ser pequeno-^maa ao
depois cortou-a 6 está Senhora dos Pinheiros ,
Noftsa gente está desesperada por avançar e atacar a resi-
dência do Procônsul, mas o Commandânte em chefe julga que
não CO a vem pelo derramamento de sangue esperando conseguir
tudo sem esse mal.
Vão esses officios, faça delles pr ompta e segura remessa.
Participe as occurreocias : e quanta noticia tiver d *esse lado,
principalmente os pasaos dos inimigos para dar-se aa providen^
cias precisas.
Seo amigo vttlbo
O P/ França.
N. B. Em Tatui nossos inimigos reunirão uma pequena
força, o Vigário de lá não de o informações precisas e exactas.
Tohiag mandou 20 homeas, os quaes forào presos e desarmados
pelos inimigos. Que temeridade! Tatui querer erguer-ae á
frente da Província ! >
Na mesma occaaiâo em que o padre Reis e outros toma-
vam a si a miesào de e&palbar noticias optimistas sobre a posi*
çào da Golumna, o pânico invadia Sorocaba, onde se achava
Tobias.
Constava ai li que os absolutistas de Tatui não contentes
de terem aprisioDado a escoUa que fora enviada pata batel-os
resolveram atacar Sorocaba, que elles sabiam despida de força.
Nem mesmo R* Tobias se eximiu desse receio, como vemos
pelo segtãnte autografo :
- 555 -
lU,'" Br. Jofté Róis Leite. (Porto Felíi).
Ontem á noite quando lhe dirigi uma portaria para fa*er
m&Tcliar & força qae pudeiiê pam separar os perturbadores de
T&tuhy, que por imprudência do vigário Norberto havião pren^
dido hama peqaena escolta que daqui mandei (de IB homeni^),
eaqneoi-me diser que também ordenei que de Itapetiuioga^ mar<
cbassem forças sobre aquelLa f requesta, o que Ibe previno afim
dn que determine que se poste n'algum lugar seguro a força
qae daqui mariarf para principiar qualquer operação de com-
mum aceordo,
VS, bem sabe quão prejudicial seria a causa que defende-
mos £e deiza^semoâ urn paubado de desordeiros as^im menosca-
barem os nossos princípios e pretenderem ?ir p^iurbar a or-
dem n€ítta cidade^ e por isso espero qua dará toda a actividadif
I ik*eBta diligencia, indo em pessoa, ou confiando em quem tonba
Luteira coafiaoça.
Não teobo tempo para mais,
Am/ m,** afectuoso e obr/
Rafad Tobia* de Aguiar*
De todos os pontos recebia H. Tobias noticia desauíma-
doraa.
O autografo que adíaute trenicreyemoíí, vem demonstrar
que bem abatido devia est-ir o orgulbo dos que pretenderam con-
vulsionar a provincia para se aLPOS^arem do puder.
Tatuhi era o terror não só de R, Tobias, como de todo o
interior. Basta discir-se que até de Itapetioinga se recusava a re-
' messa de for^jaa para a columua, a pretexto do que nho podia
se desfalcar a cidade^ exposta aos ataques dos de Tatuhi*
111,"'' Sr. José Roia Leite.
Sorocaba^ "ÁS de maio de 1842.
(Autografo escripto por Ga-
briel 3oié Rodrig-nea dos San^
tos* ÁBíiigaado por Tobias).
' Recebi a sua carta de bontem ás 10 boras da mi*nlill, epor
l ella e pelan quft o ac(/mpan/uirão de Capivary vejo que hã um
I terror pânico que é iteceiisarw dtsHipar — \&\ví*z de propoaho le-
1 vantado por nossos inimigas para embara<;ar nossas operações
|i poií nHo á dw gupor que a sabida de pouco mais de 100 homens
í desse municipio e de Copivaryt ambos tão populosos os tenba
[ desfalcíldo, coroo me dia que algtios querem diser, e os exponha
I a riacoi que ou não vejo que poíssãu causar tanto medot Nossos
^ 556 ^
inimigos de outroi municipioB não podem sahir para fora, porque
«ntão os nossos fieão senhor m do terreno^ e en persuado -me que
elles maÍB »e exforçào por defender-se do que para agredirem.
Os escravos Qão sào ternveii havendo vigilância da parte dot
aeuhores. Portanto muda que nfto devamos deapreaar m perigoi
eu penso que esses municípios ainda podem dar maia g-entâi e é
contando com auxílios maiores que ní9 Búettemoa nesta gloriosa
empresa. O meo amigo sabe que em principio devemos apresen-
tar tudo quanto pudermos para dar uma prova de nossa força,
para podermos vencer ae primeiras di£cnldades e que do êxito
doa primeiros passos depende em grande parte a nossa sorte,
pois que ao denois será mtitto mais didicil reparar uma perda que
qualquer facÍH<Íade pode o ocasionar.
Eí^pero ])nÍB que não poupem exforços e que redrobem
mesmo os aacrificiOB para ir maia gente de Capivary para a Co-
lumQa e dessa para Tatuhy •, porquanto é conveniente que a
Columa fique tào forte, que uada possa parar diante delia, para
que 0 0 cat^o de citio possa não só veriãcal-o com rigor, como
ter ainda gente disponível para algumas sortidas e empresas que
ferem necessárias.
Peio que respeita a Tatuhy meo amigo sabe que é indis-
pensável dísper^^ar essa canalha para uáo servir de centro a ini-
migos e descontfiutes e para não no» esíar alarmando todos os diasi
e como essa é uma deligeucia que n&o pode levar muito tempo
será fácil apromptar gente.
Eu daqui uÃo pomo dispensar mais gente porque apenas
tenho com excasses para guarnecer esta praça que é a mira dos
nossos inimigos e que está exposta aos de Una, São Roque que
apesar de dispersos podem de repente reunir-se e atacar-uos.
Emfím meu amigo o tempo é de sacrifícios e é só a custa
delles que podemos vencer: e é contando com elles que enceta-
mos esta carreira. Nada mais lhe digo seoâo que vae o Major
Bant'Âana para comaudar a ei^pidiçjio de Taiuhy, e que fico
certo de que elle levará força suffi ciente.
Diga a todos os nossos amigos qne quem teme muito nestes
tempos está meio vencido e que a coragem é o mais poderoso
auxiliai dos que entraò em uma revolução*
À Ds. mande as »uas ordens a que é
De V, S.'
Am."* mt.* att,' e obr."
Rafael Tobias de Aguiar^
Este autografo demonstra que com excepçào de Sorocaba,
Itu faqui no» primeiros dias) a revolnçào nfto encontrara ele-
mento nem mesmo no» mais pequenos e pobres centros, como
Qíam naquellô tempo Una, S* Ho que etc.
^ 557 —
Continua Y&m péssimas as noticias de Tatuhy e bavia geral
receio que forças legaes alli reunidas víeiBem atacar Sorocaba.
Sem meios para repellir qualquer ataque porque a Columtia
Libertadora já ge achava marcbatidõ para B> Paulo, limita 7a- se
o g-ovemo de Sorocaba a dar providencias em Portarias aos
com mandante 3 das localidades vizinhas para fazer marchar for-
ças, que uào eiiítiam* Eis um desses curio&os documentos, es-
criptoi pelo secretario dr. Gabriel José Eodrignes dos Baatos e
assignado pelo Presidente sedicioso.
«Constando que em Tatuhy se fas tmia reunião dô gente
armada e que ameaçâo vir atacar eata cidade, o Presid^ante In-
terino da Província ordena ao Sr, Sargento Mor, Commandante
do Esquadrão de Cavalleria de Porto Felís, que immediatameDte
Sue esta receber faça marchar uma fcrça suSiciente para ir ali
ispersar e^sa reuniàOi e prender os cabeças entre os quaes se
I distingue mais um Xavier que foi demittído do posto de capitão ;
i determinará ao Cnm mandante da Força, que marchar que no
caao que no caminho saiba cjue os de Tatuhy marcharào para
esta os siga e veuba cortar a ret^taguarda.
O Sr. Sargento Mor, conhece quanto á neceMario dissipar
> os receias que cuusão essas reuniões em Tatuhy, e ao meamo
tempo impedir que nossos inimigos tenham nlli um ponto de
! apoio: por isfto o Presideotd lutermo recommeuda-lhe, que faça
pátrtir a força amaohã mesmo, o mais cedo que for pos^ivel, e
que participe com brevidade a hora em que ella tiver de sabir,
para este Governo poder tomar aqui outi-as providencias. Pa-
lácio do Governo de Sao Paulo na cidadã do Sorocaba, 26 de
Maio de 1842, &a U horas da noite.
Rafad Tobias de, Aguiar
Esta é eg^ualmente dirigida ao Sr. tenente coronel comman-
dante do Batalhào, a quem o governo não ee dirige especiaJ-
meiítet por talta de teinpo.
' E não era somente em Tatuy que a legalidade encontrava
I apoio
Em Jundiaby achava- se reunido g^rande numero de volun-
tários para seguir ou para S. Paulo, ou qualquer outro iionto
em que se tfjraaase necessário.
Em Campinas dominavam com pletamente os Corcundan.
Tobias em BO de maio, no m«íía commandante militar do Mu-
nicípio da cidfide dn Campinas a António Mauot^l Teiíeirai e no
I. meamo dia expede a seguinte portaria.
«O Presidente Interino da Província sendo informado de quo
08 abstAuíistiis de Oampuias estào reunindo geDto armada jjara
opporem-se á vontade da Província, e ajudarem a escravísar a
Naç&o e a manter a 3. M. o. 1. debaixo do jugo da coacç&o
em que O coniervào ministros 6 conselheiros perádos e tvahidores ;
-^ 558 —
e convindo providenciar ene rgicam ente para que nâo avultem
eafiiiB reuniões, e nào cousigão os facciosos perturbarem o socego
publico e faserera yiolencias aos constitucionaes, resolveo deter-
minar ao Br. ÂnTonío Manoel Teixeira, comniandante militar
da referida cidade, que promova com codo o exforço a reuui&o
de cidadà^s G, N. do serviço activo e da refierva e Guardas
Foliciaes e os cnllcique em um ponto sej^uro e detensavel/órada
cidade onde pode conservar-se uma força de observação que será
empregada em prender a todos os que pertencerem aos facciosos
e a defender 03 babitantes do campo das a^çg^ressões que elles
tentem faser, procurando por todos os meios ao seo alcance faser
com que se dispersem essas reuniões
Outro sim t«rá particular cuidado em observar se os ahm~
lutistas tentÃo mo ver- se flobre a Capital, ou para algum outro
ponto e nesse caso dará immediatamente aviso ao ponto ameaçado
e i^^ual mente a este Governo, e os perseguirá com a forca que
tiver reunidíí pela recta ííuarda. O governo negta data ordena
que da cidade de Itú parta huma força auíBciente para servir
de centro u reuniào que o Sr, com mandante militar deve faser
e o official que o com mandar ficará au|^eito as suas ordens para
que opere debaixo de suas vistas, e como ]he parecer mais con^
venionte.
O Sr. Com d.*'' militar declarara ao Cap," Pranc.'* Teixeira,
ao Cap."" Luciano e ao T." António Rodrigues, encarregados de
reunir gente p** marcharem pars a Capital, que devem por a
sua diafKJSiçào a q.* tivemra reunido, ou houverem de reunir*
FaJacio do Gov.** de S. Paulo, na Cidade de Sorocaba 30
de Maio de 1842.
Rafa d Tobias de Aguiar.
De facto o Presidente Tuterino, deu ordf^m para Itú, afim
de que dulli seguisf^em 100 homem para auxiliar ob corniítucio^
nezes de Campinas a combaterem os ahsoluthiaít .
Encontramos um autografo de Tristào de Abreu Rangel,
que em data de 31 responde ao Prés/ de Sorocaba, affirmando
nftú pnder reunir o numero de homene determinado ", só existiam
ai li velhos e doentes.
lUr^ © Ei.™° Sr. Coronel Rafael Tobias de Aguiar.
Itú 31 de Maio de 1S42.
Hontem recebi a de V* Ex/ que veio pelo portador a qual
respondo :
M/ ' ãgi*adeço ter tomad» em consideração minhas lembran-
ças enviada? pelo Dr. Emydio, ellas &ho filhas do desejo de q/
prospere nossa iate nç4o~ salvar a Prov,* © a Liberdade,
— 559 -^
Bespeito a mana d© 100 homens devo dizer a Y, Er.* que
é absoluta mente impossiTel pois comquanto talvbz tenhamos cerca
de 300 mcluídos iodiTÍduoB velhos e doentes que ló acodem ao
rebate, a gente é ordinária e por t^nto vou meter o peito, ex-
^otar tudo a ver se consigo 50 q.' é o máximo poesivel : o Bna-
Yt^ntura os levará porem elle deve voltar porque é o Único Off.*'
que temos d© conâança : nos rebates falsos q.' tem havido elle e
eu somos o# que seguimos ao togar de perigo V. Ei.* pode bí^m
ver que daqui já seguirão 130 e indo estes^ âO monta tudo a ISO.
Pretendo com a gente que seguir mandar 2 a 3 mil cartu-
xos de differentea adarmes. Hontem paginarão por aqui indo
para a Mtrça 30 Beatajs com munição da vil la d© Porto FeliK
e eu vou mandar 20 Besta» com milho e farinha.
Hontem ainda escrevi p/ Áraraquara aos am.** Carlos e
M.*i Joaquim suas coadjuvações. MJ^ estmtei as propoaiçõeji
amigáveis da parte do inimigo p''. q,' denotáo fraquesa, mas nada
d© fiarmoa ali cio za e pérfida.
Vou escrever n P. felis p.* que ee ex for cem moãtraiidQ-lhes
que pouco tem feito, a viâta do que aqui Jasemoe^
De suas ordens a
Seo am,* m/' obr.* Cr.'
Tristão de Abreu Rangel.
A posição dos eedicioaoB tornava- se difficil. Em Tatuhi oi
absolutistas organizavam resistência e prendiam um destacamento
de 20 homens que contra ellea enviara H. Tobias, Em Jundiahi
existiam reutiidos grande numero de cidadãos promptos para se-
guirem para Itú ou para onde íosse ordenado. Em Campinas
dominavam os Corcuudaa, diariamente fortalecidos com gente
enthusia&mada tendo vindo só de Franca mais de SOO homens,
emfim, Porto Felis pouco fazia.
Estas noticias corriam veloses, e por toda parte notava-se
grande retrahi mento, e, aquelleíerrtír pânico^ de que falava To-
bias, s© apoderava dos sediciosos.
Transcrevemos alguns authografos que demonstram o retra-
bimeuto .
Joào de Arruda Leite agente, dos sediciosos em Pirapora
S Tietê), escrevia piara Porto Feliz a José Rodrigues Leite, um dos
ledicadoB chefes do movimento a seguinte carta.
c Empregando todos os exforcos a meo alcance para
fazer effectiva a ordem de V. S.* remettendo q/* antes
a força de 18 praças, e infelizmente nào compareceu
senão António Ftz, da Cruz qtie deix^ stfjs pne.» no luto
da enf ermida.* e q.' kmiadas por esta tmprtsião mM mais
^emi sofrer cm êua íawdc. (!)
— 560 —
Na relação junto copia da qoe V. S,* me remetteo
estão notados com cansa e sem ella os qne faltarão*
Acerca dos que não tem desculpa razoável dou as pro-
YÍdeaciaa de correcçãu e Hobre outroeí V, S.* te dígnari
ou (apagado)
I^jr e^íí T úccasião imploro a V^ 5.* a dtinimâo da
pOBio em que rne a^ho © tendo logar efipero que ©eja
ateadido, coTMÍderaçdU) a distancia de minha residência
a esta Frcgtitsia,
Firapura 28 de Maio de 1842 (Tietê)
João de Arruda Leite
Em data posterior escrevia Francisco Teixeira da 3Uva,
também de Firapora^ o seguinte.
lUmo Sr. Major José Roís Leite
Tendo recebido o o^cío com data de 22 juntamente o di-
ploma o que paço a dar as ordem competente conforme V. S,
me recomenda, erestame que V, S. me es clareça sedevo ma-
dar notificar oa i^uardae privilegiados ou não. Tão bem achãose
qitasi todoa ãoenim e se devo aseitar as pariet, e aíguTts éêcon-
derão, (/)
Dsg, a V. S.
Francisco Teixeira da Silva
De Capivari recebia o chefe de Porto Fe lis noticias de»-
aai maduras :
Sr. José Boíe.
Hecebi a sua de 4 em que me dís iuflua quanto puder sobre
a marcha para Tatub}^ ; meo amigo Vmce ^abe que não tenho
influencia ueuhtíma priucipaltneóte depois que o Comandante
Militar ficou encarregado da Policia, por meo parecer tem sido
que deve marchar tudo daqui, maí vejo poço getto : boje fasem
a apartação os comandantes daqui inclusive Policia, Qes, Nes, e
MiljtHr todos !íão de muitas contemplações e creio que ja me não
^oitão por causa de minhas insTancias, se eu podese marchar
enifto mostraria, mas esUm tom minha mão hem arruinada^ daquelte
calo antigo para nada presto.
Eu e minha mulher muito recommen damos as Vmce K.'
mana e família e disponha de quem be
De Vmce,
Mano Cop,' am.*' Obrigado
José Ignacio de Camarpo
J
— 561 —
NB Minha molher paaa boa por que ja se desvanoteo os
motivos dc) que fie queixava. Desejo n&o mostre a ninguém por
que Be os Surá, Comandantes daqui ftoubi^rem ficarão m&l com
mígOj B com isto nada se faz a bem da Patrta.
As doenças, os cailoft no dedo^ as coiiUmpl^içõés na aparta'^
cresciào diariameute, quaudo nÃo sn falava com toda a franqueza
como na seguinte carta dirigida a Hafael Tobias,
Olmo Exmo Sr«
Mogy-mirim 29 Maio 1842,
H(^e«bt a carta de V. Ex datada de (apagado) na qual me
ordena tomar conta da Leg^iíLo e reunir a força qae julí^ar ne-
cessária para conter m absoIutistaB nesta yilla, b comn J, Thôo-
doro Xavier tenha ali reunido um n. do 300 a 400 'iraens entre
Guarda Nacional e Policia nada poBso obrar sem que V* Ex,
delibere © mesmo devo eomronniear a V. Ex que eu me acbo
demetido pelo Bar&o de monte alegre ae^im como outros oBidaea
e entre ©ite» o Major Domiciano J, de Sousa Comatidante da
Guarda Kacional de Casa Branca e tbé o coUctor José Pinto
Miz portanto nada posso obrar e por iaso V, Exa delibere
eomo julgar conveniente.
Deoa gaarde a V. Ex.
Joaquim Btorimo de Âraujo
Dia A dia eompHcava-se a 8Ítu»<;Ao e ja ufto era ró deTa-
ttthy que o Governo de Sorocaba receava o ataqnw. Em Cainpi-
mas era grande o flnthusiasrao pela catiaa legal, e consideráveis
as fori^B de Guardai Nacionfles e voím^tarios aUi rt^unidas.
Rafael Tobias só então resolveu dirigir pej>soalmíínte! as npe<
rações contra Campin^e e nn dia 4, para essH fim sf^s^uiu para
Itu — ^Tomou esta resoluç&o depois de ter enviado Exortarias aoi
pontos circum vi zinhos para que tossem atacar e tomar Campinas»
Eseaa ordenft reiteradas nl^o produziram efieito algrum.
Retirando-se de Sorocuba nomeou a Feíjo Vice Presidente,
© este apressou-Be a expedir a JTatriflrchal Portaria aos fidellusi-
mos de Borocaba como eram designados j^elo «Maiorista».
PROCLÁMAÇlO
Diogo Ântonio Feijó, do Conselho de Sua Majestade^ Grão
Gnaz da Imperial Urd*^m do Cruzeiro, Senador do Império, e por
tfereêde Deoii Pauliata.
O Exmo. Presidentíi, Rendo obrigado a ausentar -se para
fora desta cidade a tratar negócios tendentes a causa que de~
fendemos, mas tendo de voltar brevemente, comtudo para n^o
- 562 —
parar o expediente da Presidência nomeoc-me seo Delegado, para
com o nome de vicepresidente dar todas as providencias con-
venientes ao estado actual da Provincia.
Meus Patrícios, confiae em mim, nada pouparei para coa-
dejuvar-vos. Sede obediente as ordens de vossos superiores, ten-
de patriotiomo e coragem, e breve sereis coberto de gloria.
D, A. Feijó.
Deixando Sorocaba R. Tobias dirigiu- se a Itú, para de lá
seguir para Campinas. De uma carta do padre Reis dirigida
a — Gordo — consta o seguinte tópico. «O sr. Tobias passou por
Itú e foi a Campinas com piquete só de 40 homens».
Em Itú o chefe revolucionário tomou algumas providencias
para atacar Campina? e procurou levantar o espirito dos amigos
residentes em Constituição, dirigindo-lhes de Itú a seguinte
Portaria ou Manifesto.
«O Presidente Interino da Provincia sabendo com praser
que dessa Villa da Constituiçjlo tem marchado para reforçar a
Golumna Libertadora o numero que se prestou voluntariamente;
mas tendo noticia que podem marchar alguns guardas-policiaes
sem desftilque da guarnição da mesma Villa. e sendo de grande
interesse a sagrada cansa que abraçamos e defendemos dispersar
quanto antes os famosos absolutistas que tem debaixo do jugo
a cidade de Campinas, ordena ao sr. Commaodante-Militar da
Villa da Constituição que quanto antes faça marchar o numero
dos ditos guardas que se puder dispensar da guarnição da mesma
Villa a reunir-se com a força que marchou desta swb as ordens
do commandante-militar de Campinas António Manoel Teixeira
esperando da parte do sr. commandante-militar todo o zf^lo e
actividade pois que da actividade desta medida concorrerá em
grande parte para libertar-se a dita cidade de Campinas. Por
ultimo previne ao sr. commandante-militar que o sargento-mór
Reginaldo António de Moraes Salles vae incumbido de dirigir
os guardas que forem destinados para esta deligencia. O que
tudo lhe commuoicn para sua intelli^encia e execução. Palácio
do Governo de S. Paulo em Itú 4 de Maio de IS 42,
Rafael l^obias de Aguiar»,
Seguindo immediatamente para Campinas, é de crer que
Tobias caminhasse com cautela, tanto mais acompanhado como
se achava por pequena força, e ignorando factos importantes de
que só teve conhecimento pela carta autografa que de Itú lhe
dirigiu Tristão.
— 663 —
«111.'"' e Ex.— Sr. Coronel R. T. de Aguiar.
Itú, 6 de Junho 1842.
Hoje segaiu a peça com a escolta que V. Ex.* determinou
e en dei os bois precisos e arranhei o que faltava.
Aqui xegar&o os de Piracicaba em u. de 48 e gente bôa,
e eu os faço demorar the que V. Ex/ dô suas ordens que e«pero
thé amanhã as 9 horas do dia para cujo fim sae esta as 9 horas
com toda a violência.
Por um irmão do dr. Mello soube que o Governo tem entre
os de linha, Guarda Nacicnal e gente forçada no Quartel 1700;
que a força dos Pinheiros he de 800 a 900 estando 200 em
Pinheiros e o resto para traz; que ello os vio; pois esteve na
xacra do Souza Barros, que desmanxarão os Curros, e entren-
xerarão-se dentro da Ct pitai, que para Campinas marxarão 130
praças de linba 30 bestas carregadas com armamento, e uma
peça, e por elle o capitão Amaral senhor do bairro do Macedo
ou do Flóreo me mandou di^er que o plano do governo barão
he estacionar forças em Campinas e bater no mesmo dia nosi^a
Coluroua na Cotia, e aqui em Itú e ir sobre essa cidade, e
pessoa que veio com rs que marxarão para Campinas confírmão
isto. O caminho de Santos está franco e disem ainda que com
50 homens do Governo em um ponto que elle ignora: que o
Governo mandou cavalhada para condu^ir um resto de tropa que
ficou estropeada pelo caminho de terra para o Rio e que gente
noisa atropelou aos condutores da cavalhada e não consentio que
ela passasse, e de feito regressou. Que nossas gentes pelas
Villas do Norte ORtá reunida o em hum ponto que elle ignora
300 a 400 sem saber quem é. o commandante.
Que em Pouso Alegre, S. João de El -Rei e Barbacena houve
rompimento, porém, que se i^norSo as particularidades. Que dentro
da Capital e o mesmo Barão de Caxias avaliou a nossa força
em perto de 2$
Não me lembro se já crmmuniquei a V. Ex.* que da Li-
meira forão para Campinas 50 e poucas praças, tendo sabido de
Piracicaba 70, e forão de muito má vontade preferindo ir para
Columna para isso foi preciso ir com elles o António José da
Silva, conhecido por Antjnio Gordo, e o Reginaldo depois de
xegar a venda Grande ponto de parada pretendia seguir para
Constituição, Limeira e Rib.™ Claro.
Eu avalio pelo que seguiu daqui as forças nossas em Cam-
pinas em 160 a 200, não contando com oe que se devião reunir
a elles, que julgo não serem muitos : o mais que podem ter
será 300 muito mal armados.
Sexta feira p. p. entrou reforço aos absolutistas, da Franca
ou desse lado, que avalião em 500: porém não ha tal e nem é
possível, mas he provável que sejão mais de 100, e não me ade-
mirarei que elles com o reforço vindo da Capital tenhão hoje 800
a 1$000.
r
— 664 —
Em nesta data aviso aos nossos de Oampinas do reforço qne
tíverâo de S. Paulo © digo -lhes, que avisando a V. Er.' espero
ordens, que lhes trausmittirm, A vista de tudo isto delibero
V* Ex.' se a Força vinda da Constituição mana para a Colum-
na, fiara aqui ou vai para Campinas: elles querem ir para deante,
h© gente boa, a qn« faz o melhor.
Por oras pouco» sabem deMas TioiiciaSf e a publicarem- se vai
apparecer aqui um desalento terrivel, mas que eu julgo s«m
fundameuto porque por eites dias em quanto o» nossos estiverem
perto de Campinas oào ha perigo.
Emfim eu Íico a espera da resposta de V. Ex/ tbé as 9
horas, pois sd o comiuandante de Peracicaba sabe que a Força
q dali veio não se^ue sem sua ordem.
Para o que qnizer estou prompto como seu
Am/ m.** obr*"
Irisião d^ Abreu Rangei
P, 8,
O Cnmuid/* Militar da Conetitoiçâo delegou os poderes no
Vigário
Nessa carta, TristAo, qne era cora o padre Reis os dois
unicos 6ntbiitia<itas do movimento, como se de prebende de sem
antografoR, mudava de linguap^f^m. © já achava possível ser &«-
tida a ColuTiuia^ reconhecia que as forças lesraea em Campinas
já se elevavam a iOOO homerig^ e que a noticia de acbar-se re-
forçada com força de linha 6 artilharia, iria causar um desa^
jeíiío terrivel,
Coni^em amenicar o histórico reproduzindo algumas anedotas.
TJiaa delias se refere d peça—àç^ qu© trata a carta de Tristão. Essa
peça foi uma itivençào dos revoltosos de Porto Feliz.
Aquella villaera antigamente o pcutn de partida dae monçõesi
e lugar onde se reuniam apetrechoâ mtlitareã deiide os tempoa
eoloniaes, para serem remeuidos á proviucia de Goiaa,
Desde aqnelles tempos acbava-se allí abandonada uma pfiça,
que, embora de pequeno cahbre, era de difficil tranfiporte. Ou
essa peça foi abandonada por inútil, ou tantos foram os misterea
em que foi etla empregada no decuiso de tantos annos que aênal
tornou- se imprestável.
Quando rebentou a revolta^ os revolucionariot a encontraram
no deposito, sendo a noticia transmittida immediatamente pam
ItU, Sorocaba, p/ a Columna, para toda parte emfím^ por próprios.
Recebendo a noticia, Feijó ordenou que se transportasse
aquelle precioso instrumento de guerra para a Columna Liber-
tadora, e apresiou-«e a dar tão importante noticia no^ — O Paw^
lista — orgam do governo revolucionário, por dlo redigido»
— 566 —
«Oje foi remettido para a mesma (Coliamna Libertadora) ama
pe^ de campanha^ com graade surtimetito de balaa e m^lralhaB^
e quantidade de carttixame e armacnento»
Cbegando a tal peça em ItUt quando alll ee achava R.
Tobias, eate verificou a Bua impreâtMbilidAde.
Entendeu que seria ridículo remeltol^a para a Colamaai e dea
ordem a Tristão para que ee ã2<^s?e a remeBãa u&o p»ra a Co-
lamna, mas para os revoLtosoa de Campinas, remesea que foi
feita por Tri&t&o, pelo modri conatante de um &eu autografo, que
ji trauscre vemos.
Man como a ordem para a remessa da pff^ p.* à Columoa fora
dada por Feijó: viu-se R* Tobias obrigado a escrever o se-
guinte autografo^ para prevenir aus cep tib 11 idade do í o goso ituan o.
Amigo Dr,
Apresenta essa carta ao Sr. Feijó, e a vista da noticia seria
talvez previdente n ao mandara pecinha para o acampamento por
que nâo servindo de nada ali, aqui para o que ae pretHud» po-
derá ser de muita utilidade, mas deixo ao arbitrio do dito Snr.,
devendo no caao de náo eoviar mandar cedo ao CopA Eleibão,
para ver como v&o as armas que s&o lá de noceflsidade.
Seo am.'' dâectuoso,
Tobias de Aguiar,
Esta carta era dirigida ao dr. Gabriel Joté Rodrigues dos
Santos que ficara em Sorocaba junto ao vice presidente.
Não se tratava pois da artilharia g-rossa que se achava na
Fabrica do Ipanema, (?) como consta deeU outra noticia do O
Aulista, o or^áo official do Governo de Sorocaba.
«Maudou-fté vir da Fabrica do Ipanema a artilberia grósaa,
« munições, que lá haviào ; e ordenôu-ae a fundição de um par'
^ue de artilheriu de brojizR^ para o que já se enviarão muita»
arrobas de cobre e estanho*.
Esta ordem foi de 31 de maio. Felizmente 10 dias depois
estavam debandados os revoltosos e não puderam se aproveitar
ãaquelle parque.
A pecinha teve a sua historia— foi remettida para os revol-
tosos de Campinas, que se achavam cerca do uma legoa aquém
da que 11 a cidade e ainda descançava no carro, que tora puchado pelos
bois de Tristão, quando os caçadores de Caxias a encontraram
tia Venda Grande,
R. Tobias, recebendo aa ter ri veia noticias contidas na carta
de Tristão quando já se achava a caminho para Campinas,
Gompreheudendo que nada mais poderia tentarem favor daquella
cidade, volta a Itú e dali dirige a Feijó o autografo que
passamos a transcrever.
— 566 —
Senhor Feijó.
Itú 7 de Junho de 1842.
Cheguei a esta Bem incommodo.
VÍHto constar que as forças inimigas em Campinas forão
reforçadas com cento e tantas praças, huma peça de artilheria, e
alguns caixões de armamento, resolvi que a pequena força da
Constituição, que aqui achei, marchasse para a Columna, pois
que ali estão com os olhos para o caminho a espera de reforço,
e mesmo com pouco se pôde alentar, e António Manuel com 200
e poucos homens pouco ou nada pôde fazer, e ordenei-lhe em
consequência que tivesse grande cautela, parecendo-me mais
conveniente por-se na defensiva de que deverá sahir somente
no caso de tentarem alguma coisa sohre esta cidade, ou outro
ponto.
Aqui encontrei com um moço, vindo de Tauhaté com 7 dias
de viagem e que diz vem consultar commigo, e que ali não se
tem feito nada a espera de ordens ou communicação nossas de que
estão inteiramente privados; uias que tudo estava disposto a
primeira voz.
Por elle verei se envio as cartas e mais papeia para as
villas do Norte, se bem que com as pe^quizas é difficil salvar
uma carta.
Elle diz que no momento de sahir corria que o Brevea
tinha atacado as forças que vinham por terra do Rio, e espe-
rava-se muito de Barbacena e de outros lugares de Minas.
Veremos se não são bons desejos.
Inclusa vae a carta que tive da nossa columna. O dr. Ga-
briel, que me mande dizer amanhã pelos que voltão as forças
qualquer noticia que tiver de Tatuhy ou de Porto Feliz, em
relação a aquella Freguezia, pois poderá influir na deliberação
que terei de tomar sobre a gente de Itapetininga. Não tenho
tempo para mais que desejar-lhe todas as melhoras para dar ao
menos dois murros no homem que teme encontrar com a alma
de Cervantes.
Sou com particular estima de V. Eza.
amigo muito afiectuoso cr.^
Rafael Tobias de Aguiar,
Leia-se com toda calma e imparcialidade a correspondência
e as portarias expedidas pelo Presidente revoltoso— os actos do
seu governo— as suas indecisões, os seus planos, e facilmente
nascerá a convicção, que R. Tobias, chefe prestigioso de ]>artido,
gosando do respeito de seus correligionários, probo na sua vida
Sublica o particular, não possuia nem o prestigio popular in-
ispensavel, nem qualidades militares para dirigir um movimento
revolucionário.
— 567 —
Partindo de Sorocaba no dia 21 de maio, a força foi- se
endossando com os contingentes de Itú e localidades, circum-
vizinhas. Essa jancç&o deu-^e no bairro do Jaguarahy, vizinhança
da villa da Cotin.
Álli, nova divisão foi dada á Columna e confíon-se o com-
inando parcial aos Tenentes Coronéis Lacerda e Agairra e ao
capitAo Ortiz — Continuou a commandar em chefe o Sargento Mor
Francisco Galvão de Barros França.
Existe completa divergência sobre o numero exacto dos
combatentes da Columna Libertadora, mas parece que não ex-
cedia de 1200 homens.
A marcha havia sido demorada no começo, e demoradissima
se tomou depois que foi impossivel occultar-se que os «Peri-
quitos* caminhavam ao encontro da Columna, estando por elles
já guarnecida a ponte dos Pinheiros.
A Columna caminhava em curtas etapas, com grandes dif-
ficuldades, sem ordem, sem organização alguma militar. Antes
de se iniciar a marcha, perdia-se enorme tempo em pegar e
arrear os animnes, que conduziam os mantimentos, e formavam a
vanguarda. Innumeros cargueiros conduziam aves e até perú(^,
como afirmavam testemunhas.
Nem uma só vez se iniciou a marcha, sem antes ser resado
o terço com immeosa devoção.
Tudo isto tomava tempo, e já ia bem alto o sol, quando
86 organizava a marcha.
Parecia que todos procuravam não chegar ao seu destino.
As péssimas noticias eram cuidadosamente occultadas até aos
próprios amigos.
Afinal chegaram os revolucionários ao ponto indicado, o ce-
lebre — Pirajussara — e alli permaneceram inactivos, esperando
occasião de avançar para seus peuHtes.
Mal })ensava R. Tobias, escrevendo a carta atrás transcripta,
que estava prestes a receber a terrivel noticia da debandada
DO Major Galvão.
Si a— Debandada — tivesse sido produzida por combate en-
carniçado, si o sangue de nossos irmãos ge tivesse misturado as
negras aguas do caudaloso Pinheiros, seguramente nos limita-
riamos a narrar os acontecimentos, sem transcrever as chronicas.
Sendo, porém, como foi, uma scena, não trágica, mas cómica,
referiremos as anedotas correntes, guardando apenas completo
respeito á tradição, (com reserva de nossa opinião que daremos
no correr desta memoria).
Até este momento só havia para se lamentar, a morte do
cavallo de um vedeta, — e soldados empalhados — remettidos para
S, Paulo, na pitoresca descripção do vereador Campolim.
E' tempo de dar noticias da Columna Libertadora.
Quando a Columna Libertadora chegou a Pirajussara, mui-
tos ch*ifes transmittiram para o interior a importante nova.
— 568 —
Em vpK, porém, de narrarem o desanimo qae dominava, es-
creviari» cartas como a que se segue. Campolim era um do<« ve-
readores na Gamara Monicipal de Sr>rocaba, um dos próceres
do movimento.
Amigo Zoxa (José Ruis Leite)
Sorocaba 31 de Maio de 1842.
As n<<8eaa forças estão a vista do inimigo qne está em belU
posiçAo e não se animõt) a sahir dali ainda que sej&o provoca*
dos. EUes tem tido alguns tiroteios e ninda nóo ferirão dos
nossas, disem que elles tem (»erdid<»s alguns que mandfto em-
brulhados para S Paulo, dizendo serem dos nossos, sào péssimos
aiiradores derào mais de 20 tiros em hum vedeta nosso e só
matarão o cavalo. Nadei se pode njuisar do que se paãsa no
campo aquém la está he que toca dirigir.
Se a cousa nào ficar boa tenciouo ir para as força». Consta-
me que em Porto Feliz existem duos pessas mandai -me contar
de que calibre são se de ferro f u metal e talvez uoh armazéns
em que se gnardão trens do Cuyabá haja armamento mandai
passar revista a caixões se os houverem. Agora meo bom Amigo,
vencer ou morrer he o que devemos fazer alias ignominias afron-
tas martírios he nosso futuro. Portanto meo bom Amigo eu vos
conjuro em nome da Pátria Aflita pela perca de sua liberdade
que empregueis todos os esforços para dibcubrir hombnb arma-
mentos etc. Coadjuvemos o nosso Presidente espero qae seremos
salvo.
Do acampamento tem vindo alguns desta cidade como Dr.
Vicente, Xico Lopes, José Bernardino e outros poucos porem
sexta feira tudo marxa outra vez pam seos pofetos.
O portador está a espera e por isso não sou mais eztenço,
respondei-me logo sobre as pessas armamento etc. do trem que
la houver raandaime contar. Tenho-me visto louco para aprontar
armas Nào se descuidem de mandar municiamento de fogo e
de boca para os seus
Vosso Am.^
Campolim,
(VerMdor i» Gamar» de Borooaba)
Descobrir homens/ Nem sombras, como veremos.
Feijó foi um dos que conservaram esperanças em quanto
não se deu a debandada
Teimoso, dominado pelo intenso ódio que votava á nova
situação politica, ainda assim, estamos convencidos, não procu-
raria alterar a verdade sobre os acontecimentos, occultando factos,
ou narrando-os de forma diversa para conseguir descobrir homens.
Se elle publicava as noticias que abaixo traQicre?emo8, no
^ 569 —
ultimo nnniero do «O PanliaU, (o 4.") exactamenttí no dia em
quo %^ dava a debandada, ê porque «e haviam cuidadosa meu te
delle occult&do os factos, os receios e o desauimo qu« geralmente
dotoinava. Não fosse iâso, nào redigiria elle noticias, como aa
seg^aJQte» :
«Ordenou-ge a mana de maU 600 homens contra a Ca-
pital, qtte dmdào partir de Limeira, Mogymirim^ Amparo e Bra-
gança^ e que o mais tardar devem chegar a mu debUQo hoje oa
amanha,»
Grííamos as palavras da ooticiat para fazer notar que
agueMes 600 bomeníi, que demào marchar, nunca o físerão, uem
jámaiã chegara yi á Columtia Libertadora
<De Porto Fe1i% e Itu têm ido tropiu carregadaB de mauti-
mentoa para a Columna Liht^rtadara*,
«Oje íoi remettida para a me&raa uma jjcfa de campanha,
tom grande sortimento de balas e metralhas, e graode quanti-
dade de armamento.*
Já cabemos a historia da peça, que Tobias reduziu á pe-
cinha impreataveL
Nesse mesme n;" do «O Paulista» de 8 de junho, ainda
dá Feijó as seguintes noticias.
«Da Constimiçào, pedindo -se instantemente partilhar a
gloria de ter parte na libertaç&o da Capital, estando reunido
mais de 400 cidadãos armados, ordenou- se que [nanassem 200
eu mais se quisessem.* (!)
Se é a estes que se refere a carta de Tristáo a R. Tohi&s,
Timos que ao apareceram em Itu éS*
Nesse mesmo O Ilidis ta encontramos outra» curiosas iioti-
etas redigidas por Feijó.
« Voluntariamente marxão para o mesmo fim alguns cenie"
nares do Amj aro, Limeira, Ãraraquara e ainda merniio de Mogy^
mirim ».
EsseSj como outios, nunca chegaram a seu destino, mas
O Paulijtta uâo cf^aaavit de dar noticias semelhantes, verdadeira-
mente inverosímeis,
« Partio uma escolta de cavallsria de Itú, a rennír-se aos
nossos em Campinas, aíim de prender os cii becas da força con-
traria^ òaiela e desbaratai a^ e aos de Mogj» .
Ora nesta data já R, Tobias tinha em leã poder aviso de
Mógi mirim declarando que aquella localidade se achaya domi-
nada por J Theodoro Xavier e que, portanto, nada podia fazer-
ie alli.
Como poderiam ser presos os cabeças de Campinas, batidas
e desbaratadas as forças legaes, ho estas se elevavam a mais de
mil h^<menSr e em Venda Grande n&o chegaram a se reunir mais
de 2C>0 revoltosos ?
Não dera Tristào este aviso a R, Tobias ? Não foi essa no-
tícia qu^ Q deifwveu de cmiiinuar nua marcha para aquella ci-
— 570 —
dade, e íicar em Itú indeciso, ^em Síiber para onde seguir?
Como eiplicar-B© a seriedade ási% notícias do O Fáulísia f
Uma bó explicação «xúte — é que se occultav* a verdadis a
Feijõ.
Em 8 de jalho ainda escrevia elle :
if O eutlinaiasmo nR Columoa, ainda não eafrion. Apesar d«
alguns pequenos tirctGios de parte a parte^ da nossa aioda nhú
liouve fendo e constava que 7 ou 8 cnntraríoa "haviao perecido».
« E' provável que por estes 15 díns tenhamoH um parque
de artilharia de hrmíze^ completo, com a munição necessária»
além das b peças do ferro, que já temos em ei^ercicio».
Cliegfamoa ao momento decisivo,
Gaxiai, depois do ter tomado as precisas providencia", qtie»
rondo evitar a luta, aconselhou aos revoltosos que ie retirassem
para suas casai, abandonando as fileiras rebeldeã, garanlindo-
ihes que nuo seriam peraefruidr».
Kft mesma occaai&o dirigiu -te ao chefe revoltoso, major
Galvào, aconsolbando-o a nAo i^ervir de iostrumento de ambi-
CJ0SC9 que queriam reduzir S, Paulo á condii;ílo do Hio Grande.
EU como Feijó dá conta desse facto, no O Pntãisia^ n. 4:
« O Barão de Caixías comandante das forças contrarias,
comanda hoje um Batalhí^o de Caçadores que trouxe da Corte,
recrutas das Províncias do Norte : todos constrangidos, e que
entranhando o frio de S. Paulo, estfto em grande numero po*
voando os os]útaes. Terá debaixo de suas ordena ao mais 1500
pessoas entrando os guardas nacíonaesT que de má vontade de-
fendem a caufa do ex -presidente Baiano.
< Lopo que o Barílo de Caxias observou o noso acampa-
mento, dírigio um oflicio ao noso comandante, o Senhor Fran-
cisco Galvão de França, em que lhe dizia que ele defendia um
governo leg-itimo, e que espirrava que o noso Comandante, nâo
qnisesEe reduzir esta Província á aorCe da do Hio Grande. Se
lhe respondeo, que nós é que defendíamos o Imperador para li-»
Traio da coaeaão em que o tinha uma olig-arquia detestável; e
que como estavase certo da onra e boas qualidades dele Barão,
esperavase, qae quando nAo quizése coadjuvarnos pelo menos
louvaria nosos esforsos*
* Nisto ficou-se.
« Sem duvida em noso contetlo^ o Sr. Brigadeiro LitU
Alves de Lima é o primeiro Oficial do nofto eizerctío, e auc
onra a probidade então provadas; é amigo da liberdade e da
Canstituimo^ inrapaz de trair o governo que nde confiou ;
porem também estamos certos de que apenas se de que se fai
a ele instrumento de tirania para violarse a ealvo a Consti*
tuisão, imediatamente se voltará contra os que pretenderem
eicravlsar o seo paiis. Também est&mos certos, de que sem fal-
I
— 571 —
tar a seu dever, nfto cometerá atrocidades contra os Paulistas,
que oje defendem sua oora, seus direitos, e a liberdade de seo
Imperador.
•O sr. Bar&o de Caxias asseverou estar munido de ampla
autoridade para aplanar todas as dificuldades. Portanto esperemos
que ele aconselhe ao ex- presidente Baiano para que se retire
afim de que S. M. o Imperador nomeando outro Ministério, nos
dê um Presidente que nâo seja sócio, ou discípulo do monstro
Vasconcellos: e que a Assem bléa Geral revogue as leis, que tem
feito abertamente contrarias a Constituis&o. Feito isto, estamos
todos em pás: aliás a defesa será profíada, e o futuro pode traser
consequências fataes ao governo, a nós e ao Bradil todo, que
nfto pode deixar de simpatisar com a nossa causa, que de táo
perto Ibe toca».
Cumpridos os deveres de bumanidade, recebida a re&posta
do commandante da Columna Libertadora, ordenou Caxias que
as forças legaes atravessassem a ponte dos Pinheiros. Sabia
elle que o campo adverso estava exposto de todos os lados, sem
precauções estratégicas, sem defesa, emfím. Uma circumstancia
imprevista permittiu-lbe cumprir seus deveres de cbefe, pou-
pando sangue de seus soldados, de seos irmãos, o que sempre
procurava evitar, o grande pacificador nacional.
Na madrugada de 8 de jimbo os vedetas da Columna che-
garam a um ponto próximo ao rio dos Pinheiros, onde até eatão
não se haviam aventurado.
Dias antes bavia sido queimada uma roçada nas proximidades.
Quando os batedores, ao romper do dia avistaram por entre
o nevoeiro da manhã os páos ennegrecidos da queimada, os —
tocos — como os denominava um contemporâneo dos acontecimentos,
nas narrativas muitas vezes repetidas a quem escreve estas linhas,
convictos de que tinham diante de si os terríveis caçadores de
Caxias, voltaram rédeas, e em galope desesperado, alcançam e
atravessam o campo onde se achava a Columna Libertadora aos
gritos — Os Periquitos! Os Periquitos f — Como Ee sabe, os amigos
dos revoltosos designavam com aquelle nome os caçadores de
Caxias, por usarem de uniforme verde.
Foi tal o pânico e o terror que se apoderou da Columna,
que toda ella debandou na mais vertiginosa carreira.
Apesar dos esforços do commandante, só dahi a duas legoas
no Barueri, conseguiu elle deter parte diminuta da infauturia,
já desfalcada pelas deserções.
A cavallaria, porc^m, só estacou nas localidades de sua pro-
cedência Itú, Porto Feliz e Sorocaba. Foi tal o terror, que aquellas
localidades ficaram completamente abandonadas.
— 572 ^
À cliroDÍca, qa6 tt03 vem trazendo estes factof, Bégurámente
au^tnButou a sua importância, inas a sua veracidade uão pode
ter contestada.
Podemos confirinaT O facto com documentos irrecusaveÍB,
entre alln^ cnm o precioso autografo que vamos transcrever de
Gabriel J, Rodrigues dos Santoa, o aecretario do governo de So-
rocaba.
Illmn Sr. José RoÍb Leite.
SHo seis horas da manh& e estando S. Ex/ dormindo eu
não quis: acordal^o para roostrar^llie sua carta para que etle não
lecebease de improviso o choque doloroso nue «u ex|wriment6Í
com a noticia da eentidiesima morte do meo particular amigo
António Rodrigues: creia ¥. S.* que eu o choro como se deve
chorar a perda de nm amigo e paulista por todoí os títulos digno
deste nomo» mas como tive a fortuna de conhecer as suas vir-
tude? reeta-me ao menos o consolo de esperar que alie recehârá
DO céo a recompensa delias.
Como éihtko aqui dois próprios dessa íaço partir já um para
informar- ibe dos motivos da retirada da columna, e d^Jazer a
impreifiiãtj que causarão as noticias mal fundadas que deo o Amaral.
Tetie-ae arnâo na acampaiiientQ de que de S. Paulo sahira uma
força por Santo Âma^Q e que dali se dirigia por Una para vir
suprpbendf^r-noB iitsia cidade i e Cfnno ainda qiis isbq kãO âá
RRALtãAHiE a simples presença de forças inimigas para cá punha
a nossa Co) amua em risco de ser cercada, o com mandante des-
tacou dois Esquadrões de Cavallaria para virem dar- nos aoceorr o,
e vtio recuando com o resto da gente para tomar uma poiiç&o
vantajisa [.>ara combater o inimíg;o qualquer que fosse aua di-
facção. Os Esquadrões chegarão antehoniem e a columua vem etn
marcha, devendo ter pousado hontem no& Olhos d'Agua e vir
acampar não long^e desta cidade em logar onde possa esperar
o inimig:o, ou soccorrer Itú caso elle para lá se dirija. Eis o que
hi d exacto: nâo há e nem h<íuve dehandada: e nào se tendo po*
dido tornar eiíectivo o eitio por motivos que V. S.*^ não ignora
eu julgo que foi bom que o inimigo sabisse fora das trincheiras,
porque f^m campi^ não é eile temível e podemos talvez fazer al-
guma caifia. Acho por tanto que ainda não ha tnoUvo para det-
experar^ t nem o Sr, Tobías nem o Sr. Fmjé achão a cuusa
perdida.
Emquanto temos um exercito composto de homena tôo vahnUâ
e nho perdermos uma acçào decisiva ainda devemos ter esperan-
ças priuctpalmeutn quando ba toda probabilidade de que todo o
Norte da Prfvíucia ja esteja em armas á nosso favor, e até con-
tâo os uiiimoH desertores do Coxíímí que ja constava que tima força
de 200 a 300 homens que vinha do Rio por terra fora toda
aprisionada entre Pindamonhangaba e Taubaté,
- 575 —
S, Ex.* cRta muito anciado por ver reunida na Fabrica
toda a ex^iediçào de Tatnhy, por is§o julgro que V , 3 * deve
íaaer marchar os cantingentes de Pira porá e Capivary, ik>ís o
Bkem que têm de Commasdar esta expediçAo também está ali-
ciado pf*T ver todo reunido e or^^Tinisãdo para marcbur.*
E*te botneni deeidio-se aCaal a puiar a espada por nós e
creio que nos fará bons serviçr-s. Rogo-lhe poi« qxfrt faça todo
o empei* bo para que boje mesmo se reúna Da Fabrica toda a
ForçA aiíida que cbef^^m de noite.
De Corytiba as noticias que ba não sfto positivap: o que
eonita com mab al^m fundamento é que là pretf^ndiào apro^
▼eítar occasi&o para sepiararem-ee, formando nova Provincía, mas
eo ainda n&o temo que os Corytibanos nos bo^tilJsem,
Mande V. B* suas ordens a quem é
D, V. S. Am.* e Patricio Obrg "«
OabHd
Queira expHcar os motivei da retirada ao« nossos Âm.*^*
deeia e outr&d Vi lias.
Escre rendo tão loujÈraraente, Gabriel J. RodrigUM dos Santos
procurava ju&tificar a dãòandad^, e dar noticias snimadoraa.
Entri^tanto mn período de«sa carta denionstrA, q«C n retirada
deu- se por um facto q**€ não Jíe havia realizadoj isto é a par-
tida de tropas de S. Paulo para Santo Amaro para le^ir dali
por Una afim de ir atacar Soriicaba t
Bi já nos primeiros dias reinava terror pânico eó com a
noticia de que forças baviam desembarcado em Santos, deve -se
calcular qual oão eeria o terror que dominava na mor jmrte dos
sediciosos guardas nacionaeif que ignoravam cr mjitet.^í mente a
caasa qun determinara a que seus ecmman dantes os arrastassem
a uma luta fratricida.
Pelo documento autogrrato, que acabamos de ler, vê-se ainda
que até aquelle momento não se bavia dado tirot**io algum,
nem baviam sido remettidon para S. Paulo soldados impalhadoSf
e é bem possível que não tivesse sido morto aquellR cavallo único,
que os caçadores de Caxias eon&nguiram matar, trágicos aconte-
cimentos descri p tos por Campolim.
Debandada a Columoa, pensou H. Tobias em reunir »eua
destroços na Fabrica do Ipanema. Nada coniegue, como se vê
do seguinte autografo :
in.^* e El."' Snr.
Tendo hontem chagado a esta iui logo vititar a força vinda
de Porto Félix-
— 571 -
PíetenâÍB geguir a matiba para Porto FelU a reunir a Ca*
vallaria do meu comando, iríis a pouco tive cartas dabi e pessoa
tidedigna veio pessoalmente informar-me que oa iuílaentes ainda
andTio refugiadoi (com a notícia da debandada) e dSo é po«6Í-
yel reuinr-Be força nenhuma alli prpBeii temente e nem em Pi-
rapora onde o comandante dispersou toda tua g;ento e deiíou a
FrcfçuGzia entregue ao i^aque e tudo quanto quiseram a canalha.
O Comando Militar acba-Be delegado em Jo&o Dias Teixeira de
Toledo, patriota distiucto, ma». ,. .sravR mente doente, por onde
conheço que o nomeado por V. Ex," tão bem fni afTectado da
me6ma enfermidoá© dos outros como Y. Ex.* verá da junta.
A vi^ta do exposto só se poderá eEToctnar a deligencia vindo
força dshi, as quaes quanto mais depressa vierem melhor será,
poí& aqui esperamos por es^e único recurso.
Com mais demora talvez se poffla reunir forças nequellea
pontoa hoje completamente abandr>nadus com a maior vileza pos*
liveL A vista ao exposto contiono a oneervar-me neste ponto
té V. Ek^^ determinar-me o contrario,
Qnartel da Fabrica do Ipanema Junho de 1842.
IlL*' Ex.** Siir. C.^^ Rafiiel TMas de Aguiar, Prfaidente
interino desta Provinda.
José Jtodnjfues Z>€ite
Major do Esquadrão de Porto Felis
Como rennir a^ forças debandadas, f>e o« injfàentes jÁ se
ftchmVAm refugiados, dispersados por ellea os soldados; entregues
0S localidades ao saque com a maior vileza^ e quando o com man-
dante militar era um distincto,». patriotai raajt dcente, dã mo-
léstia que afft-ctava a todos?
Até a (hhandafki^ a revolução fora uma comedia. Demissões
de officiaeâ da Guarda Nacional que nào ficavam demittidos; no-
meações de commaudanies militaies, que nào conseguiam tomar
posse ou anão aceitavam; proclamaçòea, que nfto eram attendidai,
ataques imaginários : doenças, callos arruinados^ emtim toda uma
lequercia de actos fautftstieoi^ e de promessas nâo cumprld&t.
O máu huneaao da revoluçfto foi devido a essas cau?as, e sobre-
tudo á falta de motivo capaz de levantar uma população ordeirft
e laboriosa.
« As caudas do máu succesfo do movintento de Sorocaba,
(diz-no9 Kafúel Tobias no seu manifesto publicado em 1*^44,) nfto
vem aqui appello mencionar ; todavia o nimio amor da humani-
dade, o horror do derramamento do fatigue parente, e a novidade
de um similhnnte acontecimento nuioa província acostumada a
lojtga paz c dada a ffrande maioria a ogrtcullura^ commercio *
arits da »ua vida privada, pode bem explicar ^ nem rtcorrerimi^ m
faltas peêsôaeã que não ê prudênU esmerilhar muito miudamente*
— 575 —
Esse manifesto, escripto tanto tempo após os acontecimentos
é o documento a nosso vôr o mais completo jara demonstrar que
a Eediçào significou apenas — o geàto de despeito de políticos
ambiciosos qae se viram privados do poder 8 mezes depois de
terem a elle sabido por meio de uma revoluç&o, qual a da
Maioridade. ,
Mas, continuemos a observar quaes os eífeitos da debandada
de Pira Jussara, e sna repercussão nas localidadet) nas quaes chefes
políticos despeitados haviam arrancado de suas occupações a
]>opulação ordeira e laboriosa, para preudel-a ao carro dcs seus
despeitos.
Chega a noticia da debandada a Porto Feliz, e o que lá se
produzia diz-nos o autografo dirigido a H. Tobias, que vao
ser lido com a curio&idade que merece.
Ill ...o Ex.'"' Snr.
A completa acephalia em que nos achamos hoje por motivo
de uma falsa noticia de que nossas tropas se havião retirado
em debandada^ que Itú estava inteiramente deserta, e que Pi-
racicaba fora atacada por forças de Campinas, que fez com que
o Commcndante militar interino e mais offidaes da Guarda Na-
cional e Camaristas se retirassem contando com a causa perdida,
fez com que reunindo-nos deliberássemos nomear para Comman-
dante Interino o sr . Luís António da Fonseca, athé que V. Ex.*
dê providencias a respeito participando ao mesmo tempo a V. Ex**
que apenas se acha um Capitão de Cavallaria e que existe ncs
quartéis 78 pragas.
Joaquim Ponce de Almeida.
Francisco Pereira de Araújo.
O padre Lourenço Correia Leite de Moraes.
João Dias Teixeira de Toledo-
Manoel Pacheco Gatto.
José de Pádua Castanho.
Francisco das Neves Gomes.
(ássignaturas autografas)
Como se vô, eram os chefes— coinmandantes officiaes e ca-;
maristiis^ os que seguião a debandada — os pobres guardas, esses
continuavam a permanecer nos quartéis para onde tinham sido
conduzidos, esperando com calma o desfecho dos acontecimen-
tos. Homens rudes, ignorantes, comprehendiam, entretanto, que
tendo sido illudidos, não lhes conviuba fugir.
Em Capivari, o mesmo terror : «Como poderia eu prever
o alarme, quando aqui chegaram primeiro esses srs. que no meio
do pateo em vozes alta falavam do que sucedeo ?
cNa mesma noite em que aqui aparecerão os homens de
tarde, avisei es Piracicabanos para se previnireni.
— 576 —
«Sua eafla entá feito eatalagf m dõs que tinli&o aparecido deata
lado pelnfl mnúti ; o qtio rae doe é qu© do corto o Cap," Xico e
o Boa Ventura e rsutroe da peça ou forào mortos ou,.,.»
Esta carta era dirigida a— Primo José Leite, pelo *U Cor-
rêa», parecendo que ret<íre-*íe u&o á debandada grotesca de Pi-
injusearai tnaa á da Venda Grande^ na qualj infeiismente, correu
Bangue, como adiunte voremos.
Achava-se R, Tobias em Itú, desanimado pelo insuccegBO
de ena viagéin^ por nào ter pi^dido fleguir para CampinaBi quando
foi sorprebendido com a noticia da debandada,
Fasíiada a primeira imprest^ão, dinge*se a Baruerlt onde
Gilyàfi tinlia conseguido deter parte da infantaria.
Ãlli chegando, verificou, pelo desanimo dos pr«sentea, pelo
redusido numero de combateu tee, que estava tudo perdido, pelo
que resolveu retirar se para Sorocaba, o que fez.
Antes de partir, segundo golpe & tremendo vem abnter o
chefe revolucionário, cora a noticia do deeaitre da Venda Gran-
de, da fuga dos amigos ai li reunidos, do desbarato doa poucos
que reaistiram © consequente mrrte do capitão Boaventura do
Amara], que embora conhecendo a inutilidade da defesa, pr- fe-
ria Buecumbir para nào ilcar mareada sua honra de soldado.
BoaTentum pertencera ao exercito «
Os revolucionados de Campinas, nào podendo permanecer
na eidadej onde dominavam os ^Corcundan* ^ de acordo com ai
ordena recebidfta haviam escoUhdo para ponto de reunião uma
fasenda pouco distante da cidade
Dalií pretendiam desalojar os le^-alistas em Campinas de-
pois que tivesiem reunido forças suflScientes que lhes foram pro-
tneCtidas
O ponto escolhido era conhecido pelo nome de Venda
Grande, no sitio do linado Theodoro*
De Sorocaba seguiu para aqueUe ponto um pequeno con-
tingente com mandado pelo capitão Boaventura do Amaral, pura
servir de centro
António Manoel Teixeira, que havia sido nomeado Cotnmau'
dante militar, Luciano Nogueira e ou eros acompanhados de gente
por elles municiada foram bo reunir a Boaventura.
Se a Qolumna Libertadora, que estava encarregada de atft^
car S. Paulo, caroiíibava sem as devidas precauções quando se
achava em frent» de um inimigo tnrrivel, deve se caleutar qual
seria o dpscuido dos que permaneciam reunidos na Vt^tida
Grande, apegar de saberem que os cheies legalistas de Campi-
nas coronéis Franco e Quirino dos Santos eram homens activos,
intrépidos e que já haviam resolvido d is penar a reunião da
Venda Grande.
— 577 —
Hecf^bendo os de Campluafl «vi^o de que hn&% fon^as km eer
reforçadafi com oitenta ca^adoreã de Caxias», re&úLvt^rHin oi^eupar
Algumas poèiçòeã para cercar Ve^da Grande
No dia 1 da jucho achavam-ae 06 revoltosos rentiidoi
naquelle punto, completamente deBcmdados, ignorando ainda a
presençn de lorça de Unha no município
Como em Firajug^^ara, a far^a não tomara pre^auçl^o al-
guma, e os leuB homeufi se achavam entregues a diversoe entre-
tunantes
Muitos hATÍam se embrenhado n&s matas procurando sor-
Brehendei a caçat oufrog peseavam e at|fUDs auxiliavam qa tra-
Dálhadores do engeuho na moagem.
Guiados por vaqu^^anos, os caçador ea de Caiias se aproxi-
maram do ponto de reuoià^ âem qnn fossem presentidi^s .
à alta rnaceL^a que alí exisiia fâçil.tiiva o movimento dos
ea^dorea, De rojo e-itendí^ram-ee em linha, e inesperaJamente
recebem rs revoltosos a primeira descarga^ seguida de outras.
Á debaadada foi geial, somente o peqneno numero que se
achava junto i habitação para ali se dirigiu, e nfto te ria tu feito
lesistencia alguma, sí nl^o lora a coragem e decisão dn Boaven<
tora^ que terminantemente declarou que havia de morrer re-
sistindo,
Expondo-«e ao ataqae, foi um dos primeiros a cahir morto,
e, como consequência, deu-se o aprisionamento dos que ali se
achavam^ sem maior resistência,
A noti ia espalhou-se rapidamente, e na maabà seguinte, 8
de junho, recebe-a B,. Tobias quando desanimado obaervava em
Barueri os destri>ç^'S da Coiumna Libertadora.
Dísem as chronicas, <^ue só um acto de barbaridad» foi
commettido em Venda Grunde^não i»el4s iorças, mas por um
voluntário.
Depois de findo o ataque, certo legalista desft^chou certeiro
tiro sobre um infeliz rebelde^ que se achava ferido e se occul-
tara em um coxo.
O facto mereceu repulsa geral, tândo o AUtOf vivido isolado
durante muitas anncs.
Retirando -se H. Tobias de Barueri, continuou a deban^
dada.
No dia IS pn trava em Snrocaba parte dis homens perten-
centes a aquelle município. No dia 14, a gente d© Itapptininga,
como, de que lórma, em que estado de corpo, e dÍ8poãÍ4;ào de
animo será dito pelo cónego Marinho, cuja palavra insuspeita
n&o poderá ser posra em duvida.
Ante,*, porém, coutinuaromos a acompanhar o» pasao^í de B.
Tobias, para em seguida reaiarmoâ a narrativa doa acunteoi'
loeutos.
* « «
- 578 —
Cbegaodo a tíorocaliA, vUt-se R. Tobins nbaiidonadú das
forças, que haviam des^paiocido como poi* eucanlo. Deu-se em
Sorocaba o mesmo qoe acotitecera em Itú, Ca]iivarí, Porto Fe-
liz. Itítpetininga, Ao pasao qu*^ deaapar<^ciaiii ou revolucíoiiarioB,
vinham eh e ff árido gs itifluenie.s do partido IfgaJufa què jííj acha*
vam até então foragidos Pr6teBdeu-&e Ainda reunir oa disperso»,
na Fubrica de Ferro,
Aproiimava-Ee Caxtafli e n&i tevo R. Tobias outro rccur*o
bíuíIo a fuj^a, quando soube que fiquei lo Goneral destacara força
para eííectuar a sua pr eAo. Ãlguas dias permaneceu nas vizi-
nbatiçaa do Sorocaba e depois em marcbas forçada? resolveu
procurar a província do Rio Grande do Sul. A maiclia não po*
dia, porém, ser cttno elle desejava, porqunoto era de perto se-
guido pela escolta enviada para preudelo, guiada for pesâoa»
cDnbecodorns da zona, e que como sóe acontecer em taea oca*
sioes, íe apresentaram para auxiliar a escolta.
Cem gratid^s d ifHcu Idades couseguiu cbegar a ItapetiniugAi
onde demorou-ie julgando estar livre da força que o perseguia.
Avisado de que sua presença ali &e bavia divulgado deixru
a localidade o fui pernoitar na fuzonda de Bom Retiro, pertca-
cente a Joaquim Josó de Oliveira.
Aquelle cavalbeiro acbava ío ausente. A aua esposa^ porénii
recebeu o illustro foragido dispensando lhe fidalga hospitalidade.
Ali fe acbava R> TobiaBi quando, alia noute, os escravog
vieram prevenir á esposa de Oliveira de que estava a fazenda
cercada por soldados.
IiLm^^diatamente a distinta paulista fez vir á sua preaeíiça
0 pardo Agostinbo, seu escravo, caftataz do serviço, e encarre-
gou*© de impedir a pri«ào de K. Tobias, por todos os motos.
Ã^oEtiiilio, depois de veriâcar que de facto se achavam cer<
caJoí os pastos ao redor da faz-^nda, por feliz inspiração, diri *
giu se ao engenho de canna, e foi collocar-se com R, Tobias
debaixo da enorme bica que alimentava a moenda.
Nesse ponto haviam crescido plantas aqyatiea^i, que presas
aoB lados do condnctor, cabiam em festoes < mtDaTanbado&, tÂo
densos, que serviram para uccultsr Agostinho e K. Tobias,
Diversas vezes oi soldados pasmaram junto á bica* Esquadri-
nbarnm o engenho, subiram aos telhados, aos forros e só lelt*
1 aram ao depois de muitas lioras de in frutuosa pesquisa.
Um facto deve aqui ser consignado* Joaquim José de Oli-
veira, um dos ricos proprietários daquella zona, pjtsuia a seu
serviço mais de 200 escravos. Estes tabjam que ali se ac ava
oceuiti um homem, entretanto não dennnclaram a sua presença
e confirmaram mesmo que a muitos dias ninguém pernoitara na
fazenda*
Quando Joaquim José de Oliveira voltou o teva conbeçi^
mento do que sua esposa praticara, api>lnudiu o seu procedi-
mento.
— 579 —
Eatretanto, era clle ndvcrsarío do chefe foragido. Eio um
traço do caracter paulista.
R-ítirando-se a escolta, foi R. Tobias conduzido per va-
queanct da fazenda para pontos seguros, ató que depoii do
muitos dia^ e de miitas difficuldade , seguiu marchi, procuran-
do as frouteiras do Sal, devendo atravessar as extensões que
formam hoje o território do Paraná, antiga comarca do Cu-
ritiba.
Foi ahi que se encontrou com Francisco das Chagas do
Amaral Fontoura, pae do dr. Ubaldino do Amaral, que o acom-
panhou até o Rio Grande do Sul. A. R. Tobi&s tinba-se ligado
Felieio Finto de Castro, seu enteado.
Vencidos numerosos trabalhes, muito tempo depois, R. To-
bias atravessava os campos da Vacaria, quando foi aprisionado
por uma escolta que fora enviada por Caxia>, que depois de ter
Íiaci ficado S. Paulo e Minas, seguira para commandar as forças
egaes que combatiam os revolucionários do Rio Grande do Sul,
o tivera denuncia de que R. T< bias ia ligar se aos revoltosos,
Remettid) para o Rio do Janeiro, foi processado e consor-
vou-^e preso até que veiu beneíiciaUo a amni&tia.
Doent», alquebrado, caminhanlo com extrema difficuldade
via-30 Feijó ab.indonado em Sorocaba.
Era o único representante do movimento, e deve se calcu-
lar qual seria a impreâsdo dolorosa que o animava, quando di-
rigiu ao Barío d« Caxias a peguiate cartíi que já é conhecida
de muitos. Via Ftiijó o isolamento ao redor de sua pessoa. Da
Columna Libertadora ió existia a tradição — mas ainda assim,
propunha accomodaçítOf para não dizer imposição.
Eis cópia da carta :
111."" e Ex.'"' Sr. BarAo de Caxias.
Sorocaba, 14 de junho de 1842.
Quem diria que em qualquer tempo o Sr. Luis Alves de
Lima, seria obrigado a combater o Padre Feijó V
Taes são as coisas deste mundo !
Em verdade o vilipendio que tem o governo feito aos Pau-
listas, e as leis anticonstitucionaes da nessa assembléa me
obrigarão a parecer (edicio60. Eu estaria em campo cem minha
espingarda se não estivesse moribundo; mas faço o que posso.
Porém alguns choques tem já produzido o espirito do vingança
e eu temo que o desespero traga terríveis consequência» ; e como
persuado- me que Sua Majestade Imperial hade procurar obstar
as cau as que derão motivo a tudo isto, lembra-me procurar a
— 580 —
Y, lEktJ^ por fiBÍe meio, e rogar-lhe a seguinte acomodaçfto qu»
be honrosa a Bua Majestade Imperial e a Província; e \em a
ser; Primeiro— Ce a a em aa hostilidades:— Re tire-ae da Provi ncia
o Barfio de Monte-Ale^-e, e seu Vice -PreÈÍdente, até que Sua
Majestade uomeie quem lhe parecer: e a Proviucia pede a V.
Eíc.* que interceda perante o mesmo Senhor, para que não nomeie
hoeío, amigo, ou alliado de Vasconcelloa ; Segundo — que a lei
da& Reformas fique auãpensa até que a As^embléa receba a repre-
sentando que a Asaembléa Provincial dirigiu a mesma sobre eatê
objecto : Terceiro— Que haja amnistia çeral, sobre todos oi acon-
tecimentos que tiverào lugar e ieni excepção ; embora seja ea
ftd o exceptnado e se descarregue sobre mira todo o castigo.
íJx.'"" Sr. Yosm Excelkneia he huTnaiio^ ju&to^ c gén^roão^
esp&ro não dimdará cooperar para O bem dista mtnha pátria.
Eu Ibe assevero que exigirei a execui^o dpste tratado por
Sarte do Governo actual da Província, e com o Corauiandantô
e nossas forçai pode concluir d cifini ti vãmente esta capitulaçào»
Deos felicite a V. Ex/ como deseja quem hé De V. Ex.^ Amantd
e obrigado servidor.
Diogo António Fmjé.
O portador lhe entregará uns exemplares de um periódica
que eu redijo.
Caxias, recebendo a carta de Feijó, respondeu-a, e, com
quaoto nâo se conheça seus termos, contemporâneos affirmata
que o General do Exercito Pacificador, declarou u&o aceitar
propoataSf mas aconselhava a Feijó que se entregaase b qpe
igual conselho desse aos chefes sediciosos — Que confiasse na cle-
mência do Imperador.
Nesse momento os chefes sedicioBOs não se achavam mai»
em Sorocaba — todos haviam desaparecido com a debandada.
Ortis, Manoel Martins de Mello, José Joaquim de Lacerda, José
Vergueiro, Bento José de Moraes» Francisco de Castro, Daniel
Gomes, capitão Amaro, P«uUno Ayres abandonaram Feijó a »ea
destino,
Ainda assim, o velho paulista queria maia do que haviam
exigido os revolucionários !
Não era somente a retirada de Monte Alegre que elle im-»
punha — exigia também a demissão do vice-presidente padre
Vicente Peros da Mota^atè então seu amigo, como o fora Monte
Alegre.
Quanto á substituição daquellas autor idades » a exigência
ainda era mais excessiva— Dominado pelo velho odío que votava
ao chefe do partido do Tegrmm — queria que para aquelleà cargoa
não fi Bse nomeado Socio^ amigo ou alliado de Vanconcello»*
Depois de pedir o que era do interesse particular de seu
partido — queria a suspensão da Reforma, ató que a Asseoibléa
i
— 581 —
CemI reeeòesse a rç^refleritAçâo qne a Ãssembléa de SHo Paulo
dlrig-ira á meama aobre este objecto.
Neste ponto, encontrava- ee a unica conceesAo — já se con-
tentava Feijó que a Âssembtéa recebesae a repreBeiit»<;&o.
Com a respiiBta de Caxias n^ perdeu o vetho paulista aa
esperançAB» e tentou obter uma conferencia com o general paci^
ficador^ nfto sendo attendido pela força dos acontecimentos.
Eis o precioso documento, no qual já não ee impunham
condições, maa pedta-ae ao vencedor que lembra^sp, qae propu-
sesse um meio decente para se evitar derramamento de cangue*
El."* Sr, Barilo da Caiiaa.
De eua resposta collijo, que nAo dá esperançai de acco-
modaçâo itlg^uma, e que reduz os Panlistas ou entre^arem-se a
discripçâo, ou a tentarem a sorte do desespero.
Confesso a V. Ex." que nuaca contei com similbante reso-
lução sua.
Talvez de viva voz eu pudesse convencer- Ibe da justiça da
causa que defendemúsí mas o meo estado de enfermidade em-
baraça-me táo «grande jornada; cnmtudo se V. Ei.' quizer
aproximando -se mais em hora e lugar certo eu me o x forçarei
por comparecer*
Entretanto se V, Ex.* qnizer poupar sangue e lhe lembra
al^m meio decente, proponha, que eu trabalharei por obter a
Aprovação, alias lavo as mãos aconteça o que acontecer.
D," Gd.* a V, Ex.' m,»" annoi.
^rocaba^ 18 de junlio de 1842.
De V, Ex/ amante e Vnr.*^ Obr** servo,
Diogo António Feijó »
^&o obteve Feijó resposta destn sua segunda mitsiva-
E como o exercito pacificador se aproximava, desapareceram
d© Sorocaba os poucos que ali haviam permanecido, e cnm elles
Rafael Tobias que dtrigiu-so para Itapetininga, único caminhe
que lhe ficava livre. Sua retirada dcu-i^o no dia 18 á neitet
quando Caxias deixou de dar resposta á carta de Fcijo, como
já descrevemos.
No dia 20 estavam perto de Sorocaba aa forçai le^aes, e no
dia 21 entrava Caxias na cidade, 30 dias depois que dali partira
a Columna Libertadora e publicava a seguinte ProclamacÃo :
— 582 —
O Barào de Caxias, Veador de Suas Altezas Impe-
ríaes, Fidalgo Cavalleiro da Casa de S. M. o Imperador,
Commendador da Ordem do S. Bento D'Âviz. Cavalleiro
das do Cl useiro e Kozn, Condecorado com a Medalha
da Guerra da Independência, e General em Chefe do
Exercito Pacificador da Provincia de S. Paulo.
Faço saber a todís os individues, excepto os chefes, que
por ventura tenham tomado parte na revolta d'es{a Provincia
por suggestõ-B desses ambiciosos de maodo, que abusaram da bôa
fé desEOS habitantes pacificos, desta cidade e seus contornos, que
se ro espaço de dez dias, contados da publicação deste, se me
apresentarem, trazendo as armas que lhe foram dadas pelos refe-
ridos chefea da revolta, poderão voltar a suas habitações e
continuar na sua vida domestica ; porém es que assim nilo obra-
rem, sendo presos serão remettidos para a Capital da Provincia,
onde entrando em processo serão punidos com toio o rigor das
leis.
Quartel General do Exercito Pacificador na Cidade de So-
rocaba, 21 de junho de 1842.
Bjrão de Caxias,
Foi curta a Presidência Interina de Rafael Tobias.
Proclamado no dia 17 de ma'o, no dia 18 de junho aban-
donava Sorocaba, fugindo para as fiont^iras do Sul. Já o
seguimos nessa retirada dolorosíssima, devemos concluir com a
narração dos factos que se deram em Sorocaba.
Estabeleceu Caxias o Quartel General na rua do Hospital,
esquina da do Bom Jesus.
Pouco depois, o General, acompanhado apenas doseuofficial
de ordem, dirigiu-se á Rua das Flores, na casa de residência do
alferes João Nepomuceno de Sousa Freire, onde se achava Feijó.
Contemporâneo do facto, filho de Sorocaba, assim narrou-me
o episodio da prisão de Feijó.
Fazendo- se aununciar, disse a pessoa que o veiu receber.
«Quero falar com o sr. senador Feijó».
Recolhido á sala, conservou-se de pé, examinando grosseiros
e velhos quadros. Poucos momentos depois entrava Feijó na
sala, caminhando cem bastante difficuldade, por se ter ag-
gravado a paralysia em uma das pernas.
Caxias, dirigiu>se ao velho lutador, e cnmprimentando-lhe
diese-lhe com acatamento:
«Só o dever de soldado me impõe o doloroso dever de vir
prender ao sr. senador Feijó um dos chefes do movimento re-
voltoso. Ccnvido-o a accmpanhar-me».
«Estou ás suas ordens», foi a resposta de Feijó.
— 583 —
«Qaer V. Ez/ dar algumas providencias, ou levar alguns
objectos para o Quartel General onde tudofalta9?
«De Dada preciso, apenas de uma esteira.»
Trocadas estas frades, Feijó convidou Caxias a sentar-se
offerecendo-lbe uma cadeira, e conversou sobre o passado. Entre
outras ccusasi perguntou a Caxias se lembrava-se dos aconteci-
mentos de 31, e do Ministro de Ju&tiça que o nomeáia major do
Corpo de Permanentes e concluindo disse-Ibe.
• O sr. è moço, aprenda no que está vendo o que são as
vicissitudes do mundo. Naquelle t^mpo eu dava accésso ao sr.
Lima e Silva, boje vem elle prender ao velbo Feijó, já mo-
ribundo» !
Depois de rccolbido ao Quartel General, conservo u-se Feijó
reconcen trado.
A' noite, porém, verificou faltar-lbe um objecto indispensável,
e escreveu a JoAo Neporouceno um bilhete, pedindo-lbe para
enviar- lhe um travesseiro.
O autografa foi-me me st ado pelo finado dr. Américo Bra-
(iliense, que o conservava com extremo cuidado
Aqui ainda existem muitas pessoas que leram o curioso do-
cumento.
Recolhido a S. Paulo, bem cedo viu o governo quo não
devia Feijó ahi permanecer. A Provincia, embora [acificada,
achava- se commovida ainda por um facto que a tinha impres-
sionado. Tratava o governo de punir os cabeças, muitos dos
qu&es haviam sido presos e teiiam de reí^ponder ao juiy. Feijó,
sempre irascíve), clamava contra 'todos os actos do presidente,
alimentando ódios que precisavam Ecr extintos.
Monte Alegre desde logo havia combinado com Caxias, depois
de ter ouvido o Governo Geral, sobre a conveniência de amnistia
geral .
Era sabido que tanto em JunHabi, como em Itapecerica
protegidos por hospitalidade generosa de Queiroz Telles o Ma-
noel Joeè de Moraes, existiam muitos dos implicados nt s acon-
tecimentos, e que nem foram processados. Orn, Lão convinha
ao interesse de todos quo continuasse o irrequieto vice-presidente
de Sorocaba, a manter ódios e a censurar a administrarão.
Foi, poi?, n-.edida de ordem n que tomru o govci no deter-
minando a Feijó que seguisse para a Corte. Não attondendo a
essa exigência feita primeiramente por amigos fi>i-lbe trans-
mitlida ordem cfficial, que teve a seguinte resposta:
111."* Ex.— Sr. Presidente da Provircia.
Em rrsposta ao cilicio de V. Ex.' darado de hontom: digo
— que não duvido que o Publico se persuada, que não fui alheio
não a Rebellião, mas a Sedição que teve Irgar em Sorocaba.
Ahi estão os meus escriptoa impressos que provam a minha
adherencia a esse acto; mas que elle se oesgote por ver-me
em liberdade emquanto lavra a perseguição das autoridades por
_ 584 —
tants Isente, é impunemente^ Á sappol-o inimigo da Constituição
f[iie me protege, e que o tneumo Publico diia tanto respeitar,
gmal mente entendo que V. Ez.* quer que eu me retire para o
Bio de Jeneiro para com o meu encommodo poupar o íaiquo
det^osto doB que me desejão ver perseguido contra a lei.
Es "** Sr. Eu ftou habitual e gravemente enfermo, be pro-
Tivel que o Senado me faça chamar para responder a accu^açào
2ue por parte do governo ee promover contra mim, e ent&o,
avendo de demorar- me na Corte o tempo preciso para minha
defesa seria ia útil augmentar o meu soSTri mento desde agora até
Novembro em que o Senado deve reunir-se.
Se os Paulistas vão tomando a naturesa de cães, que gestão
de augmentar a aflição ao a flicto, e para evitar o exceeso das
paiz&es que temos governo armado de força que deve proteger
o cidadão inerme, e confiado na publica autoridade nada temo.
Com tudo se a V. Ei/ parecer prudente eu brevemente mo
retirarei para o meu fiitio evita ti do assim de excitar cum minha
presença o ódio dessas feras : e hirei esperar pelo tempo em que a
Lei me chamar a responder pelos meos feitos.
Deus Guarde a V. Ei." m.*" asiios^
Cidade de 3. Pauto, 5 de Julbo de 1842.
Ex.""*^ Sr. Bar&o de Monte Alegre.
Diogo António Feijó,
Nfio qaiz o gov<*rrto aceitar a proposta de Feijó de retirar-
»e para Campina», Seria de grande Í5coov6ni*"iicia que eile ali
permanpces^e, porque naquelle rauuioipio a rebelljào fora repellida
materialmente, facto que determinou ódios que se conservaraca
vivos por muitos anuoa.
Era |>or tanto c&uteloBO o governo exigindo que Feijó H
retirassR da Província*
Vendo que o governo não podia at tender a fens desejoi
Feijó reHolvpU rfitirar-se nào sem ter lavrado o protesto que em
seguida transcre vemos.
lli.^" Ex -* Sor.
Acabo de receber a ordem positiva de V, Ex.* para dentro
de três diaa retirar-me para Santos, e dali no primeiro vapor
para a Corte, e que do contrario fará V. Ei.* respeitar com a
força a BUa dignidade,
Ex *°* Snr., deixando de entrar em polemica com V. Ei,*
sobre oi muitos objectos contidoe no dito offieio, uÍLo só por intitil
como porque em juízo compptente terei occasiào de o faier ; e
sem entrar em discues&o da nullid^jde da actual suspensão dd
garautiaSf juigo com tudo do meu dever declarar:
1
— 585 —
1*, Qae o § L* do aH, 179 da Constítuiçlio é o direito pela
mesma reconhecido^ e que forma a eB»f>ncia do goveruo livre, e
que portanto nào poa^-o eer obrigado ao que a Lei Etâo me obriga,
mande quem mandar o contrario^ e que por i»ao soffro a maior
violência em eer oon st rangido a deportar- me para a Corto e eem
laber para qne nem té quando,
2.", Qae Importando a deportaçào pena maior q^e a de
priíào dâclaro reconhecer violado abertamente o art. 27 da meema
Gonatitniçào.
3 A Qne o men publico estado de enfermidade, e a brevi-
dade do praso para minha deportação prtvando-me do necessário,
ag-^rava mtiito maia a violeni;ia qae cotnmip^o se pradca e contra
aqúal emquanto houver Cornstituição no Braeil constantemente
elamarei^
4.^. Que em£m procurarei rf" tirar- me no prazo marcado,
n&o por obediência k ordem ille^al e anteconstitucional de V.
Ex/ mas para evitar somente maiores violências a vista da
ameaça que me faz V, Ex.* do emprego da força.
D/ Gd/ a V. El/ muitos anãos.
Cidude 5 de Julho de 1842.
Ex."* 8nr. Barão de Monte Alegre»
Di(^o Antónia Feijó
Processado dom os demais caboçat, den-se a pronuni^ia pelo
Chefe de Policia, dr, José Augusto Gomea de Meneaes, perante
o qual correra o p^-ocesso. Eis os termos dease docum**iito :
• Vistos estei autos de Summano ex-f>fficio em virtude dã
Portaria de f. 4, constantes dos dfc**°* qne decorrem de f. 6 á
f. 193 í dRs inquirições das oito tt." d^elle de f, 206 k f. 235,
de. f. 362 á f 364, e de f. 375 á f. 378, e das especiaea a res-
peito dos diversos compromettidos, como se vê de toda a se-
gunda parte do6 autos; e dos diversos outros dccuíBentoa «nneios
na mesma legunda parte d'elles e na 3,' ; tudo sobre a rebellilio
na Provincift ; obrig-o á prisÃo e livramento, cotno cabet^as d'ella,
o Senador Dicgo António Feijói Coronel Haíael Tobias d' A guiar,
dr, Gabriel José Rodrigues dos Saotos, José Joaquim de La-
cerda. e Josí Vergueiro, como de vè do m.* sentença f, não
com pretendendo aqui o Tenente Coronel Jerónimo Isidoro d^ Abreu,
e o Major José Joaquim de í^anct^Anna -[tor ae acharem já pro-
nunciados em processo separado, ut doe. f^ 202 p.
ObrigTj mais, como cabeças 4 prisão e livraiueoto, José Bon. ?
Leitftj dr. Jrào Viegas Jorte Muniz, Luiz António da Fonseca
e K.***^ José d'Almeida Campos, ut minha sentença f i e Tristão
d' Abreu Rangel, Manoel Martins de Mello, Cap " Joào Floriano
- 586 —
Ortis, o Cândido Josú dn Mota, ut de in.* sentença f. ; não men-
cionando o Mfljor Francisco Galvão de Barros França, por achar-
se processado em apartado como do doe. f. 202.
SJIo mais obrigados á prisco e livramento, comu cabeças, o
CapitJo José Corroa Leite, o Vigário Manoel Josô de França, o
Senador Nicolau Feteira do Campos Vergueiro, o Cap.'" Joaquim
Floriano de Araújo, o Cap."* Francisco José da Silva, Antó-
nio Manopl Teixeira, e Re>.in&ldo António de Moraes Salles,
ut de m."' Eentençns f., e f ; rSo mencionando aqui o
Alferes Francisco Teixeira Nogueira, por achar-se pronunciado
em processo separado o em conselho de guerra. Sáo ainda mais
pronunciados, comocabeçRS da rebelliAo, Paulino Ayres d'Aguirra,
o Maneei Paulino Ayres, o Cop."* Francisco Pereira d*Asds, o
Tenente Coronel Bento José de Moraes, o Major Francisco de
Castro do Canto o Mello, o Tenente Daniel Gomes de Freitas. O
EscrivFín lance ^eus nomes no rol dos culpados, e passem-se as
ordens necessárias jara a captura dcs que se nílo acham presos,
ficando somente suspenso todo o ulterior procedimento quanto aos
dois Senadores, Diogo António Feijó e Nicolau Pereira de Campos
Vcrgueiío, á vista do privilegio de que gozam.
Não são pronunciados os compromettidos aqui nAo mencio-
nado?, de que tratão os doc.*<>' f., e f. doa autos, ficando só
considerados cabeças e como taes obr'gados á prisão e livram-
ento somente os de que tonbo feito especial menção. Passo-se
alvará de soltura para os que se achau presos, e aqui não tenbo
pronunciado, exceptuados os do doc.*^ f. 5IG a respeito dos
quaes tenho ainJa de proceder a indagações. Dê-se contra
mandado p.^ não ser preso, a quem aqui se não achar pronuo-
ciado. Extraiam-se quanto antes os processos dos dois Senadores,
para serem remettidos ao Senado : o os dos Militares, para seiem
levados ao Conselho de guerra, o remettão-se estea autos ao
Dr. Delegado do Termo para os apresentar no Ju»-y, ficando co-
pia pa^a á ella unirem -se as diligencias, que devem continuar.
Recommendem-so nas prisões os pronunciados que se achom pre-
sos. Cidade de S. Paulo 25 de 9.«>ro 1842.
G. de Menezes,
Em tempo.
IntimecD-se as pronuncias aos p enunciados que se acbam
presos e faça o Escrivão f>ublicação cm seu cartório das minhas
sentenças F., f. e f. 4 e quando o juiz d'esta. S. Paulo.
Seguindo para o Rio, não permittiu o governo que ali des-
embarcasse, recebendo ordem para esperar na província do Es-
pirito Santo a reunião do Senado, ao qual cabia conhecer e re-
solver das accusações levantadas contra oUe, como cabeça da
movimento revolucionário.
— 687 —
Apresentando a resposta a que era obrigado. Feijó pronun-
ciou no Senado, o pequeno discurso que legue-se e que ser?o
para encerrar a historia da revolução quanto a sua pessoa.
Sr. Presidenie, tendo-se aggravado ainda m&is a minha
moléstia, sfto me foi pcsèivel a(c hoje apresentar a re»posta que
mo foi msndada dar sobre o procosso que contra mim te intentou;
e ainda agora mesmo me foi preciso servir-me de redacçHo alheia
para apresentai -a. Portanto remettia á mesa para dar- se- lhe o
o conveniente destino.
Eu desejava, antes de morrer, cumprir ao menos uma pro-
moEFa que tinha feito na cccasião em que fui mandado sahir da
minha província, ninda o mundo n^o snbc da minha boca a bis-
t)r'a da minha prisào, deportaç&o c degredo.
£n tive desejos ao principio de a communicar ao Senado ;
mas algumas razões obstaram a isso, principalmente porque o
Senado par. cia ter aprovado o procedimento baibaro que houve
comigo.
Ha tempos, rcqucicndo cu que ec nomeasse uma ccmmissão
para examinar os actos do governo, e mauife&tando desejos de
que o Senado considerasse o procedimento que o mesmo governo
teve contra mim, e per conseguinte contra o Senado e contra a
Constituição, nào o pude conseguir; portanto julguei que era
melhor calar-mo. Mas resta-me sempre esse pezar de nada
dizer; por isso sempre direi duas palavras para referir o que
sofFri.
Entretanto (aiba-se que não s(íFri tudo quanto qniz o go-
verno que (U Ecffresse, pois que pela benignidade dos Bi asileiros
não tive falta de cousa alguma, em toda parte tive sempre re-
cursos, em toda a parte recebi os maiores beneficies e obséquios.
Âchava-me em S. Paulo, já mandado sahir para esta Corte
deportado qu.-índo fui convidado para vir á Corte. Não aceitei
o convite, e como me pareceu não dever submisso loffrer um
acto illegal e anti-constitucioDal, recalcitrei ou dei cm contra-
rio algumas razões; mas respondeu-se-me que o que a Consti-
tuição prohibia era a prisão dos senadores, e não qualquer outro
acto que o governo julgasse conveniente praticar com senadores.
Temi algumas outras consequências; temi ser levado á cadua
para levar nas grades alguma correcção de açoutes, visto que
isso não era prifão, e por conseguinte, na opinião do governo,
podia praticar-se: o que c pois que eu havia do fazer, eu que,
com nm sopro podia cahir em terra V ! . . * Bem me lembrava dos
meies do resistência a ordens illegaes, sem o que será sempre
nominal nossa liberdade, e nós escravos dcs atrevidos. Nada
porém podendo contra a violência, retirei-me.
E' verdade que nessa occasião eu estava bastante euíermr
e desprovido de meios, pois tinha apenas 20$ na algibeira. Re-
queri que se me mandasse pagar o trimestre vencido da minha
— 588 ^
pensão, qu6 era l;000|i; pois era preciso ter çom qoe Bubnítir;
mas retfpondeu^iB^tne que não havia dinheiro « que mesmo de~
mu ficar wso corno penhor para as indemnisia^es a que eu eji~
iiveífAe sujeito^ Sahi poíã como me aclmva ; vtm á Corte, não me
ãeiíta-aH] desembarcar, de mo rei -mu alg-umas horas, e iaki sem
saber para oade 1 E' verdade, como já diise, que recebi bene*
ficiofl em toda a parte.
Nas poucas hora 8 qtie aqtai eitive, foram a bordo differeutea
pessoa» f)fferfcer-inB diu beiro, e uma até me obrigou a receber
alguns ceotos de mil réia que levava. MpBmo ne^ae pai« onde
estive degradado encontrei mEitos homeiís beuevoloB que me of-
fertaríim dinheiro e tudo o maia. Por eute lado poia nada eo^i;
mas muito da parte do governo^ que de tado me privoa» até do
que era meu.
Fr r tanto. Benhor^s, soffri tudo istol pHfia^, deportaçAo &
■eis mezes de degredo, quasi 4i0O0^ dô multa, e de que eatoti
privado até hoje« Mae o governo n&o miá satisfeito ainda;
mftndifu por isso formar esse pracesso, e não ficará satisfeito se-
não com o meu extermínio l Estou pois entregue no Senado;
faça elle de mim o qae qnizer ; a vida em mim será pouca., «
aoffta se tudo.
Tenho dito em gf^ral cnmo posso o que era preciso que ao
Boubestei demais, o publico jii o sabe, e fará a devida justiça m
quem merecer.
♦ * •
O senador Nicolau Vergueiro foi também recolhido a S-
Paulo e com Feijó seguiu para o Elio. Recebendo aquella ordem,
transmittíu a Monte Alegre a resposta que segue-se e que n&a
podemos deixar de transcrever, attentaa personalidade oe Ver—
gueiro>
TU -* e Ex.* Sur.
Tive a h nora de receber o officio de V. Ex/ em que mo
indica a conveniência de redrar-me p." a Corte do Rio de Janr.*
Se eâta indicação n^o fosse motivada em um facto que está
de encontro a m.* conducta, nenhuma reâexào faria sobre ellA,
mofltrando que vae «acrificar as m.'' opiniões e os meos cómodos
á direc(,-^fio do Gov." fora do lu^ar onde tenho o dever de sua-
tentar aquella»; porem diz V. Ei.' que estando o povo na crença
que eu n&o fora alheio aos actos criminosos q. tiverão lugar nesti
ProviíKjia hé natural ae desgoste vendo muitos cidadà^a perae*
guidos pela Justiça em quanto eu goso ampla liberdade pelo
privilegio do art.* 21 da Conatítuiçào.
Permirta V. Ei,* que eu faça algumas obaervaç&ea a fea<-
peito. Tíil crença popular só pode çaher a pesaoíis illudldaa p/
meos iDÍmígcg oe q. uào conheçào a diffnrença que bá eutre a
maniíeetaç&o irreaponsavel das opiniõôâ do Senador e do Depu*
— Ô89 -^
tado e a reaistQQcia mat6rÍAl| porq/^ sabe Y. Ex." e sabem todoB
q. poueoa dias depois de ^ncerfada a Ats.* P,*' em 7 de Março
me recolhi a m.* tasetida diâtaote 28 legoaa de&ta cid ' e 26 de
Sorocaba d'otide não sahi, iiein h&dtí coustar q, ti v esta cnnimii-
nicaçaeg com os q. puz^rão em pratica a gedição d& 17 Maio, e
lá me conservei ignorando tudo q.^** se pa^bou dop.^ desta fatal
explosão q. havia repellido com antecipação, dizendo p/ vezes
nesta cid.* e na do Rio de J,', que me militava a reelamações
q. entendeAÊe legaes, m.' q. ninguém contasse commigo p.* vias
de facto.
Firme neste propósito fui gorprebendido com a notícia do
rompim.*^ em Sorocaba^ rápida m.^'' (propagado a cid.* da Consti-
tniçào q. dista da m/ faeenda 6 ley^oas e meia»
Na ignorância em que eu estava dos precedentes e da ez-
tenção do fatal movim.^", e sem meios p/ obstal-o, Umitei-mea
ordenar a mecs colonos e m." pessoas livres da Fazenda qne
Dtn^uem fosse a Freguesia em quanto durasse o bsrulho e at^im
o cumprirão.
Não era possivel que no meio da eâervecencia popular dei-
xasse eu de praticar alg^um acto de condescendência, condindo-
me observar o movimento tumultuoeo e desejando que não fosse
acompanhado de insultoa; porem logo que oS mais entusiastas
partirão a unir-se ao ^rosio das forças sediciosas, vendo a frente
dos restantes um homem prudent^^ falei-lhe neàtea tormos^*V.
M.(^ eátá aqui como hitatos no credo, manda esia gente p/ suas
ca&eSf deixando só alguma patrulba p.ira evitar alg-um roubo ou
desacato, que em taes circumètimcias âão para temer.
Elle agradeceo o meo contelho, dizendo era conforme aos
seos desejos, e o pos£ eot execução»
Depois disto, sabendo que o Sr. Paula Sousa era opposto
á sedição e estava retirado em casa de ua amigo dos meamos
sentimentoi fui ter com elles p/ desabafar e ver se me orien-
tava sobre um acontecimento qne não podia comprebender bem^
tendo só noticias vulgures % m/*' conhecidani/* fabulosas»
Pas<tando pelo desgosto de ver morrer ines pêra dam.** o dono
da casa retirei-me mais consternado a minha fai^enda, Em todo
este tempo o meo desejo era recolher-me a esta cidade e por
vezes escrevi pedindo passaportes p-''q> aâ estradas esiavão im-
pedidas ^ mas nem as cartas puderão passar e vim, logo que se
aesempedirão, sem que em tempo alg-nm tivesse correspoudencia
ou jDtelligencta com o Governo sedicioso.
Eis aqui o que sei de mim, o que os outros dizem uão
iei eu; mas pelo testemunho de minha consciência não necessito
do privilegio do art* 27 da Constituição para evitar a perae-
guiçào legal, sendo mal fundada a crença do povo em contrario
a qual receberá maior força publicando-se a conaideraçáo que
Y. Ex.^ lhe da no seo o£&cio< Hé sobre este ponto de vista q,
ouso chamar a attenção de Y^ Ex.* pA q- se digne remover este
« 590 —
inconveiiiente nocivo a m/ roputaçío, e eípero q. V* Es.' jul-
go© dig^no de altençâo o quo tenho exposto*
Dcos G.^« a V. Et*
F. Paul., 5 de Julho df^ 1842.
El'*"' Sn BaiTio de MonfAlegro
Nicolau Pereira di Campos Vtrgueiro,
A coe participarão de Vergueiro no movimento revoluciouario
—era pntciito.
Fora a^rrelieiidida toda a coricspoadencia que entreíiTera
com Re^rÍLinldo A. de Mornes Sallí^s © Jonquim Autotiic da Silva
(o Gordo) com O vigr^^io Prnnçfi da Cod&tituiçíto. Alem disso ea-
tivera na Columna Libertador», a frente d^ um batnlhfto de lau-
ceiros, Desde porem rjuo fuicas^c ti a levoluçfio Vergueiro tornott-
se ejtraordiuariaméDto inquieto.
Embora fosse um cidadfto do real mereciuieato, quer pertoal
quer intollectnal, seu espirito era bastn ti to fraco, e ti mido. Estava
excessivamente impreesionado quando so recolheu a SíLo Paulo.
Em Santos, quando ja a bordo do vapor quo conjuntaoieate
com Feijó o conduzia ao Rio, esse desanimo tomou maiores pro-
po çíiea.
Ou i muitas vczea uma cnedcra referente a eeie desaoimo.
Depois de embarcadoí Vergueiro não deiíava Feijr» um íó
momento, cada vez mais queixo&o, m;Í4 abatido, pela incerteza
do futuro.
Crn^tanlemente dirisia a Feijó â feg^nínte pergunta—» O
que vae ser de nó*, Feijó?
O velho jwulista na !a respondia, mas, lAo grande numero
de Vfzps fez-lbo Vergueiro a perg^unta quo em uma delia» FegÓ
disse «Nilo sei. Mas se eu fosàe goveríio, o menoa que ikria era
cortar a cabe<;a nos chefci da sedição* .
Detde então cessaram Ai intfrrofições de Vergueiro-
MoriuhOf narrnndo os factos acontecidos em 3, Paulo, assim
aprecia a marcha da Columua :
O mHJor Galvão, eni vez de marchar rapidamente sobre a
Capital, como muito te lhe recommendára, gastou quatro dias
para checar no ribeirão do PirajusFára, onÍe reforçou ainda maia
A Cohimua com a for^a do Ilú, que abi encoutrára, não sendo
de Sorocaba á cidade do S, Paulo mais que 18 tegoas, e tendo
o commaodnulo à sua dispoEiçllo uma hella e considerável ca-
vallaria. Em Pirajus^ára cnconlrou-^e o major Galvão com uma
guarda avançada da pequena fotía, com que o general barão de
Caxias havia guarnecido a ponte doi PinhciroSi e t^o estropeada
estava toda & força, pela marcha forçada, que de Santoa trassia,
— 591 —
tão desanimada pelo terror, quo infundia a persuazâo c^e quo
a província de S. Paulo bavia-se erguido, unida como um sò
homem, e forte como um gigante, que as forças do general
Caxias julgavam-se infallivelmente esmagadas; o o teriam sido,
se o commandante dos insurgentrs quizesse arriscar n menor
tentativa sobre estes homens fatigados, e tanto desmoralizados;
mas o major Galv&o, longe de avançar, retirou- se para o Ja-
quarabi.
Á deliberação do commandante, dos insurgentes, Mm de
mostrar desanimo, e irresoluçào que é sempre para os revolu-
cionários um infallivel prognostico de derrota, propoicionou ao
geneial da legalidade occasião de que elle se aproveitou im-
mediatamente para desenvolver seis planos. Foi o primeiro
cuidado do general dirigir um ofEcio ao mnjor Galvfto, em que
lhe fazia ver oa perigos, que corria clle ao qual pedia o ge-
neral se não compromettesse por alheios caprichos, e assegura -
va-Ibe que levava poderes amplos para a plauar todas as difficiildade?,
dando a entendt'r que sei iam satisfeitos os desejos dos PaulistaF,
se alem n2lo fos em elles do que parecia.
O maji-T Galvào respondeu com firmeza e dignidade a este
officio; mas em vez de autorisar sua resposta com a ameaça do
nm prompto assalto a capital, tirou lhe todo o préstimo e valor
retirando-se paia Barueri. E* inexplicável a maneira por que
este official, aliás bravo e honrado, comprometteu a causa, que
abraçara; pois que, nho podendo elle ignorar que o êxito do
movimento dependia absolutamente do um assalto á Capita), onde
encontraria poderoso apoio, deixou de acommetter as forças do
baiào de Caxias, ou não podendo entrar pelos Pinheiros, u&o
procurou algum passo vadeavel no rio, quo muitos acharia, es-
tando guarnecidas por forças muito insignifícanlcs as pontes do
Anastácio e de Santa Anna, e as de Santo Amaro o pasio do
O': 80 algumas tinham, constavam dias do paisanos. O que é
porém ainda mais inconcebivel é o abandono, em que deixara
Galvão as estradas de Sorocaba e Cam])inas, por onde iam e
e vinham, sem que o moi or estorvo os embaraçasse, os agentes
do presideute de Mont' Alegre; o tal era o desleixo, que um ge-
neral cem habilidade e génio podeiia ter introduzido força em
Sorocaba sem ser pre*entido, e teria também prendido a Ra-
Shael Tobia?. Foi tal a inércia e o desleixo do commandante
os insurgentes, que pela estrada de Campinas passaram, sem
que sofFresgem a menor inquietação, 200 praças e armamento,
âue foram ai depois oocasionar a fatalissima derrota da Venda
brande. Teve o commandante certeza de que partira de Jun-
diahi para S. Paulo uma cavalhada de que o barão de Caxias
tinha urgente necessidade, o bem que passasse ella a quatro
legoas distante do seu acampamento, não teve a deliberação de
a mandar tomar Tanta inacção e negligencia pudera desmo-
ralizar o mais aguerrido exercito. Que effeitos produziriam então
em paisanos, reunidos pelo enthusiasmo, pela dedicação patriótica,
— 692 —
com a eotivicção porém de que pelejavatu contra o governo, o
que necfigáitavam de 6©r RUstfiíiíadofi neste empenho por einpre-
BBs pi-op''ia£ a in^piraretn coiifiímçaV O susto priticlpíos a pre*
ocupar 03 espíritos, © o desanimo tornou-ae ^eral. O coronel
Tobias tomfU entào a delibflraçíio que ao principio devera ter
tido, pois que ern vez de bo deixar íicar em Sorocalm, eon vinha
que tivfltse me rc liado com as forças e entào teria evitado o
que n^orn nâo era pofaivel r^Binediar ; appíirecen poie no dia 8
de juTiho oo acnmpameuio do Btirueri. e tiVo mal coUocado o
achou, que, fe f generiil da legalidade fosse emprehendt^dor,
podt^ia tvT introduddo no acampamenio uma força a qualquer
hora da noite: fez mudar o acam[>ainento e procurou por tndoi
08 meíoi refinimur o% eapiritúB. Já Mhn era tempo, porém, passada
estava a oceasiào, e para cumulo de fatalidades foi ahi labida a
ttírrivel derrnta da Venda Grftnde» rccat-ioiíada pelo desleixo de
Gslvà-', e pela imprudente e intf»mpe^tiva coragem de um com-
ina ndan te dos inaurgeutes. Então principiaram a apparecer al-
<^uma3 pequenas partidas das forças da legalidade pelo lado da
Cotia T em consequência di^to, resolveu Galvào retirar- se com o
intuito de ge ir collocar entre 8. Roque e Sorocaba, o t\u*^ em
verdade era obrar militarmente; poi? que occupando essas posi*
çôes, nào so obstaria ao asisalto do Sorocaba, maa poderia cortar
a marcha do inimigo n^s muitas matai que bordam aqu^U» en-*
tradn
O m^jor Galvào, porém j nào fez alto em parte alguma, e noa
dias 13 e 14, divididas pm duas columnas, obegarara a Soro-
caba as forças insurge iitt^Sj e cora tal pr«cipitaçào, que nkn só
ufio deixaram alguma força que Ihea proiegesae a ret*' guarda,
mna tient aínda vedetDs que tbes de^^em aviso, ae o inimigo m
approiimas&e. Nestes mt mentos de BUífto e de anciedade chega
também a noticia de que Haphael Tobias havia sida atraiç<iado
em Coritiba, o quB esea importante cc maica, longe de adherir ao
movimento, estava oecupada por forças vindas de Santa Cathariaa,
as quaes deviam marchar a occU|>arem Itararé. Tudoi se jul-
gavam cercados ^ e para augmentar-lbes a angustia e o desanimo,
nem uma notiria havia do que nas villas do norte se passava,
muito meno» ainda do que ia pela proviacia de Minas que KaphaeL
Tobias acreditava, fundado naa primeiras opiniões doa deputados
mineireg, nào se haver movido. Entretanto deliberaram susten-
tar com todo o esforço O ponto d« Sorocaba; e Rapbael Tobíai
retirou-ae na uoitu de 18 do junho para Itapetiiiioga, afim do
observar dali o que convinha fas^er-Ee, deixando entretanto a
direL^çào doa negócios ao vice-presidente senador Feijó» que, no
ultimo e de^sespt^rado momento, tomou Fobre si todas as cou^e-
quencifis do movimento^ e com tanta generosidade se sacriti.oti,
bem que não deacauhecesee elle em cujaa garras se mettia. A
approximaçâo das forçai da legalidade foi o signal de dispersão
geral, foi um verdadeiro salve' se quem puder* Assim no dia 20
- 593 -
èe jnnTio fetava o general da legalidade nu catA^ presidência
intenoa, e o honrado e dedicado ^e a r dor Feijó, mettldo em uma
caleça, caminhava, guardado pf>r numerosa escoltai par» a cidade
de S. Paulo levando sobre o semblante os traço» de uma alma
tm passível na de^^raça e os siiroaes de uma consciência tran-
quilla» pt^la convicção de haver tiel mente preenchido o seu dever,
Kapbael Tc bíaa caminhava ainda para Itapetímn^a, quando
teve noticia do Decorrido em Sorocaba^ e conhecendo a extensão
dos peripoB qne o ameaçavam, tratou de reftigiar-se, nào po-»
dendo todavia escapar à policia da traiçÃo, de que se ell*? queixa
em Eeu manifesto. Assim estava vencido, e com t&o pouco « Uito
pela parte da legalidade aquelle movimento, filho do ent-haáiasmo,
mas táo iuídlizmoute dirigído.
« « *
O grande numero de autógrafos que transcrevemos demoostram
que a exposição de Marinho, além de incom^deta, é omissa sobre
muitos pontoa.
Longe dos ac ntecimentos, elle escreveu sob informações
interessadas em occultar a verdade, e foi devido ao vicio de
origem dessas informações que aquflle escnptor commett^ u gra-
ves injuíktiças .
Ãttribue Marinho o fracaeeo da revolução á inércia do
major Gaiv&o, commandante da Co lumna Libertadora Diz elle:
« Se tives&e marchado com rapidez para a Capital, se não
tivesse ejfiaeado em FirajuiGara, dmntt dê uma guarda avançada
da pequena força coth gue Caseias havia guarnecido a pfttite dos
Pinheiro», se tivejíse arrtãcado a jnenor íentaUva, oJt parcas des~
moralizadas do Bardo de Caxias, tiriain nido eumagadan *
E' tpmpo de se faser justiça ao major Galv&o, e demonstrar
que outro nào podia ter sido seu procedimento.
Galvão desde logo viu que as forças» que lhe haviam sido
confiadas, ignoravam completamente os maif rudim^ntarts ezer-
cicioa militares, e se achavam pe«s>mamente armadas ^ municia-
das, e dimir^ntisBimap
Além dis^o, não ignorava qne mais dft dois terços dos spua
commandadns se achavam naa fileirís por mmos vii lentos, que
esses qSo occultavam os votos quM faziam pelo de^ba^ato da
Columna» única esp** rança de conseguirem a liberdaf^e que lhes
havia sido sequeistrada.
Os documentos que adiante vêo ser lidos, bem como o extracto
de depoimentos tirados dos diversos iiiqnerifos a que se proce-
ram em algumas localidades depois da jmcificaçào, df^isiãm evi-
dentes—quaea os meios que os chffee do movimento empregaram
para engrossar suas forças.
Eis como procedera em Sorocaba, o tenente-coronel Lacerda,
um dos mais dedicados amigns de H. Tobjas«
— 594 —
PORTARIA
TtíTido-ío de reunir depois de araanlj^ o Batalbão de meo
Commando pelas 10 horaB do dia ordeno a V. M,*^*, qu6 façfto
leunir todas as |ivaíns do dito B%iJ" que nao se achào empre-
gados em ser visão, empregando p.* iiso toda iuergia q. for
possível, e nessa occasíão me darão parto circunstaocíada de
todoB nqaelleu que deiíarrio de coraparccer, se forSo ou iiào
ayisadoFr o por quera^ as?ím como as dtliij^âucías quõ fiaerão para
a reunião do tuaíor nJ* qae ffr po^sirel dos ditos guardas.
Eípero que para o cumprimen/* desta ordem iiâo me seja
precifo enipicgar oa meiís que a lei me fcrmitte* Quartel em
tíorocabíi, Juiibo 1842,
111.™' Snrs. Commandantes das Companhias do BataíLSoda
Guarda N.*' deâta Cidade* José Joaquim de Lacerda, T. Co-
ronel.
Mal fiabiara aquelles infelizes guardas nacjnnaea, urraneadoa
A. £UB vida laboriosa, atirados com extrema violência nas fileiras
da Columna Libertadora, que um dia, aquelle neto do prepotên-
cia contra el eí exercida os faria passar á poaieridade como
defensores da liberdade 1
€j4 população corria cheia de enihusíasmo às arvias porque
em todos existia a convicção de que a liberdade t^tava compro*
mtitida pdos excesso f d^ ministério de 23 de ítiarço {\}
E' aasirn a Historia !
à autoridade naquelles tempos residia na mào dos Jttizct
de Paz.
Eoi Itapetininira, siqutuítrava tfe o juiz de jisk etTíctivo, e
Q Bupplentc, assumindo a vara, expedia as seguintoâ portarias*
Logo q. Y, S.* receber cate faça aviso a todos
03 Gidftdòi» deseu Distrito para se ncharem uôita
Vjlla no dia 12 do corrente pelai (.use horas do dia,
para «e fazer publico a traição em quo está o uotso
Augusto Impeirador o Senhor D. Pedro Seguodo, e assim
noss:i ConstituiçàOt vindo todos armado'?, DeosG. aV,â.*
Snr. Cap.™ da Policia da Q/* Comp.* Vicente Autinio
Vieira .
Itapeteninga 10 de Maio da 1842.
Patúiíio ÁirtB de Aguirra.
J. de P. &.
Ainda de Aguirra, encontramos o seguinte autografo.
— 595 —
III"'" Siir. Vicente António Vieira.
Logo q. V. S.* receber este faça reanir todos os
Cidadòis dô seo Comd>* e mesmo aqJp^ q, o ^ao ^ko
e seáerija a <ígta Vil la p.* sustectar nossa Confetltuiçilo
e Senhfr D. Pedro S<?gttndo e flífiím gustentnmos a
noB&a liberdade, eervindo esto ao* officiaea de Pulia&ia,
liiBpectoreá e ouUms quaee quer Autoridades, D\ G.^^
Uapeleoinga 11 de Maio do 18i2,
IlL*^' Snra, Cap,*" e T; de Folisiía da Pesearia o Areâo.
Paiãino Áirt» ãt Aguirra.
J. de P. S,
Álg-flna guardas nacionais, mais espertos, ou talvez pre-
venidos prr algum superior humano ti conícieiícirsot conseguiram
escapar^ como^ e porque forma, o dizem os cutiofios fiutografoa
seguintefí :
IIL'"^ Sr. João Mor.' Rocba.
Constando que os iruarJae ti^ião occuIíoh & na o gue-
rem comparecei* p," o sen-ko dp Q. íií^ui lhe rogo o
favor de fazer com elles q.' aj^aresilo que veubão j/res-
iar servirei, & otrcs qJ q ^ G. que Vm.<=*^ ver fará, mesmo
para disniintir a yaz q.' Buda q/ Vin.c*? (> o quo acoa-
çelba para que ellts não ajiparecerem, o que espero em
seu patriotismo c zetlo. Deua Guarde a Vm.^^ IJe quem
há ieu Vu/'
Itapct/ Maio 1842.
Ffmtcisco de Albuquerque Eolim
Em 31 de maio o mesmo Tenente Coronel Francisco de
Albuinerque Rolim de Moura declarava que nao podia mivudar
os gnaíJiiS — *p ia a gettie i-c tern at-ariça/^o ao mcito CQin viedo».
Ainda um autografo, cuiioao, porquft demonstra o meio uaado
pATa engrossar as fílftiras revolucionarias.
Liâta dos que o sr. António Joaquim da Costa
ade avjzar Com as armas que ti vierem
José Nunes da Silvfi, Jotó Leandro Leito, António
Pires, Paulino, camarada do Francisco Jok; da Silva,
António Joaquim, camarada do mesmo. Bento Manoel
de Freíta-í, Francisco José da Silvo, Mariano Nunes,
Ignaeio Rodrigues de Moraes, Dois Filhoâ do fileimo^
João Baptista.
— 696 —
P,* ViD."" ceaxar com eles na mtuba casa amanhain
as àe\i oras do áiê. Jaqueri, 10 de maio de 1842.
2.** Com.** de Pilicio,
Recorrendo aoi inqtieritos qae consegaiiDOB cotnpuleár, eneou—
tramoB o s(*g:uinte;
Em Ita elinioga — O padre JoSo Raimnndo de Abréu^
tenente Francisco Jo&é Coelhoi sargento mor Manoel Ããonao
Pereira Chave», e capít&o Jobé Leonel Ferreira declararam —
que os guardm recebiam úrdens do Capitão de Pblicm e dos
Inspectores de Qtiartêirão, para comparecerem armadoít, no dia
desigtmdOf sem Iheu declarar para que fim ^Os que compareciam
ficavam dHidon^ e contra a vontade eram obrigados a seguir para
Sorocaba
Em Âtibaia — Leonardo Jogé Pedroso, Joaquim da Silva
Porto ^ capitão JacintLo Alves do Amaral, Eu^^enin de Biqueira,
FrutuoBO de Lima, José António de Camargo Felisberm Pirea,
depuzeram que (alguns delles) haviam sido avÍFiados pelo Com-
mandnnte da Companhia para comparecerem nos i*itioa de Jr sã
Joaquim de Árhujn Cintra, e capitS.0 mdr Lucas para uma de-
ligeficin, Outroh foram conduaidos a força p* r Joié Viceiíift
(Inbó do Pequiri) capitào Luií Gonzaga e peloe netos do ca-
pitão mór LuL-as,
AlgumAB dessas testemunhas declararam, que José Jnaqnim
de Árhujo Cintra IhfS disse» a que reunia força para atarar a
Yilla e tornarem oê ponif}» que hariam perdido os de Sua família^
e seguirem depois para S. Paulo. Este ctino se vê uào escoodis
o mtitivo real do movimento.
António Mhnoel de Oliveira e Roque Pinto Moreira, perante
o Cheffl de Poliivia de S. T aulo dr. Rodrigo Á, Monteiro de Bfirroi,
decliíraram «que a gente de Frhnciirco Pereira de As- is, pro-
curava atliciflr forças — e quando nào o conseguiam, por não
achar quem Iheu obedecesse j v^íltavam covi a escolta e os iet^vam
presos— As ientemunhas foram asaim conduzidas.
António Joaquim, Delfino de Campos, Pedro Correia, perante
a meema autoridade declararam que hamam sido agarrados p(.r
Joaquim aa Silveira e ameaçados de morte se pão o aci^tpa*
nhasse-
Ignaeio Rodrigues de Moraes, Marciano Nunes, Antooio Cân-
dido, Joaquim José de Biqueira e outroi^, da freguesia de Notsa
Senhora do 0% deciBraram que foram avisadrs para na noite dtt
10 ee acharem na porta do tenente Leite Penteado, armadôê
para irem em dehgencia capturar três criminosos,
Uv a desusas testemunhas declarou que recebera ordem «i?»
levar com sigo todo o artigo do género masculino que pudesse
— 697 -
pegar' em armas. Todo» affirmaram que 05 ariaos eram termi''
nautea— jfeTn^m recrutados nt não aprmenia&sêm.
Ãlgtina décidiâo- c^jaseguiam encapar, como o fez Bekrtniiio
de Oliveira e CasirOi de Capivari,
IlL''' Sr.
Participo a V. S.* qne por requisição do Sr. Juiz de Paz,
mandei notificar íb G.*' N,** de meo Coraaodo para uma roviita
e ahi eerem aqaartelladoa a bem da Begaraoça publica iadiyi-
daaL
N(} acto da revíita diaee o G< N. Belarmioo de Otiveira e
Castro que oào se reenlhia ao qua-t»! pur n&o reconliecer o Jiii£
de Paz cora autoridade para fazer aeme hant^ requisição, e q.*
p/ laao nào obedecia e nem m."^* ao Cap."' e aim só aendo por
Portaria do Gov/ da Provincia, uo m.'"'* acto lo^adei q.' o Sar-
gento Joào Conêa Licite o recolhesae a pri-âo a ordera dô V, 3.',
«a: qdj^ m dirigif^ p." o lado da cadm acompanhado do dtio sar*
gento t logo que paSitou a ultima filia íí^ttíh* pem^as ao cavalla
dúendo que todos ç.'** o qituesaem conhecer chegassem a sua
tas^^ no m.*^ momento pnz a Comp.*^ em seft segutmento a íiw
dê o prender a todo o custo, o que não se pouds effectuar pf qJ
logo que o Quurda entrou p,** sua casa, apresentou- se com, um
TRABUCO O que MOS OBEiooiJ íi por em armas^ e neste tempo «i?a-
diu pJ* o quintal f o q,' jã fis preaenle ao Juiz de Paz,
Oa guardas pretentoa ee aehài oa mi u ha casa, é o q/ tenho
a levar ao conhecim.^ de V, S.' Quartel era Capivari, 15 de
maio de 1842. III.'"" 9r. Sargento Mor do Esquadrão, Joaé fto-
dríguea Leite. José Ferraz de Amida, Cap.*" da 2* Companhia.
Como queria Mãriubo que o bourado paulista major Galvão
foaae arrútcar «m ataque á ponte dos Pinheiros, com taea 10 U
dadoa?
A a fr-rçaa de Caxiaa, que aquolle escriptor descreve como
estropiadas^ que se julgaram esmagadas pela Columnat eram a flor
do exercito brasileiro, aguerridas pelas lutas titaoicas do Norte
do Império, e que haviam sido escolhidas como aa melhores para
permanecer no Rio, despido de forças por causa da guerra do Sul,
O que podia fazer Galvão, com pequeno numero de recru-
tas, dispostos a dehandar, por ndo quererem por forma al^'^uma
derramar o aang-ue irmào ? E seria hum&no atirar aquelles in-
felizes contra uma columna de 800 homens» capas de destroçar
numero quádruplo de forças irregulares, mal armadas e coua tran-
sidas?
Foi por esse motivo que a Çolumna Libertadora, estacou eo^
Fírajuasaraf uma legoa além da ponte dos Pinheiros.
— 598 —
Em quanto mo m dnva, nqueKci soldados do Caxias, qu6
Marinho descrê v^-uob aterrorííiaaoBj e^tro piados, calma e tran-
quillfloiente já se achavam em Cam|unas, deatrõçando ob eedi-
cioBos abíiudoDftdoB un Venda Graúdo.
Como poderia Galvílíí deiínr a posição em quo se achava
para vadear o rio em outros pontos, quando ello sabia que a
força legal domiuaría facilmente a esten&ào que vai dos Pi'
ulieiroa ao Anastácio, jA guarnecidas pelas forçai do Jacirebi ô
Itapeccrica auxiliadas por deãtacameutos de linlia?
Além de ficar entre doid fogoa, deixaria fácil o caminho para
Soro ca ha.
Em es^a a posição em qae se achavA GalvàOi quando as
forças B6 aproveitaram do momento propicio para se recolbercm
a seus lares, debandando.
For documentos que tivemos era luào, correspondências par-
ticulares, artigoB da impreiísa, narrutivas que ouvi a muitos
contemporâneos, verifica-Bs que R. Ttibias foi acremeute censu-
rado« AccuAnrnm-no de ter causado o fracHEso da revoluçÃOi
deixando-se ticar em Sorocabflj quaudo o seu posto Cintava nata*
ralínente indícado^em Firajussara ou Veuda Grande a fiente
daã forças revolucionarias.
Em 1844 era ainda tão vivo o protesto dot contemporâneos
contra 1^, Tobias, que Marinho, seu amigo intimo, revolucioná-
rio como t'llo, não o exime daqiiella responsabilidade.
€ O Coronel Tuhlan tomou entúo (depois da dehandada de
Firajussara) a deliberação gue ao principio devera íer tido, pois
que em vez de se ter deixado ficar em Sorocaba, coKvriíHA QUa
TivESsa MARCHADO cjiii as JorçaSf e eníAo faia eiitado o que
agora era iTiipossiúel remediar *. (1)
DeveiriOB calcular quantas am.irguras nào soffreu em feu
pundonor o major Galvão, quando em 1841, lendo a Historia,
de Marinho, \ia que aquelle escriptor tornava^o responsável, a
elle só, pelo íracatiso da Colnmna Libertadora — e ao seu déãleíXQ
attribuia a derrota da Venda Grande.
Devia, porétn, servi r-Ibe de consolo, a ingratidão com que
foi tratada a meraoriri de Boaventura. Também a derrota da
Venda Graude foi attribuida — ^a imprudente e iniempeativa cora-
gem de itm conimandante dos in» urgentes. Entretanto, aquelle
heróico soldado, cujo nom^ nem ò declinado, vendo-so sacrifica-
do pela inércia de sens chefes, preferiu cahír cora honra no posto
que ILe haviam designado.
AcredltatBOs ter foroecido elementos para que no futuro &
historiador, estudando os acontecimentoa de 1842, respeito, como
nÓ3, a memoria e as intençõeà de t.ialvaoi confirmando, que
o velho e hotirado Ituano lentiu-se fraquear, nàg diante do
MârliUio-V, 2-* p»ff, tb.
— 599 ->
ÍQÍoi]g-D, mas do quadro hoiTondo qnô sua eonsckncin previa^-
a Cftrnifíema inútil úq ficui h-mãcs.
Á debandada d? Pirajunsora não póáe contiunar a figurar
uai cbronica^ corno um ai^to de cobardia dos Paulistas.
Árrancadoj violentamente a uma Tida laboriosa, queriam
ellta v<j]tar a teus desertes lares.
Nunca b6 preocuparam com a execução das leis da Reforma
6 Conselho de Estado cuJH, euateucia Ibea era dcsconbeeida^
Âté 1842, ellcs, OE descendentea do& aBandeirautesv, nãe
ignoravam que ob heus ante pasmado si, depoiã de teriam descorti-
nado 03 iovios fiortõesj escreveram paginat gloriosas de nosi»
biatoiia.
Corajosos, como foram aens paei, os debandados de Pirajus^
sara não teriam recuado na luta^ ú tivessem sido a elia arrasta-
dos por nobres fins.
Mas, apesnr de rudes, eram probos e virtuosos, e por et se
motivo nâo quizeram em 1842 derramar o san|^uo irmàc, espo-
sando ódios que nào seuiiam. E' sobie este ponto que deve ser
apreciado flqtielle acontecinienlo* Nílo eram cobardes ou dege-
nerados— nem Beus descendentes o foram*
Quando a bera poucos aonos o Brasil teve necessidade de
recorrer a seus filbos, para mais uma ves levar a liberdade aoa
povos do Prata, nfto foi preciso sc lanhar mSo doa meioa usados
pelos revolucionflrios cm 1842,
De todos os pontos da antiga Provincia de S- Paulo, cor-
reram CS voluntários da Pátria •
E que pagiuas gloriosas não escreveram elles com o gene^
TO 10 sangue ?
Nas a<íua3 revoltas do g'rande rio, foi um Paulista que
rompendo Bâ cadeas de Ilumaitá, era ac:;lamado pela Nação o —
Barão da Frenle.
I^a «Ilha de Cabrita*, como boja a designa a Historia para
commemorar actoa grandioaoB dn patriotismo qutj ali aa dosen-
rollaram, e que densa noite nílo conseguiu occultar, foi o san-
gue dos lieroicQs voluntários de S. Paulo que se raiaturaram nas
ftgnis revoltas do caudaloso rio, depois de ter regado tetra ini-
miga.
Que opopéa memorável I
Um pjtercito inteiro, ouvindo o fragor do combate, aem po-
der levar au?íílio a seus irmãos .
Que longas Lnras de ancicdide, de incertozaj de desespero!
Afinal cessa a íusiíaria, e daquelle ponto negro ccculto
ainda à claridade da manbã rompe o clangor da trombeta— 6 o
toque da victoria !
— 600 —
R«spondftm*lhe t»s hnrrab* de 20 mil hTmen6 apinhado» á
beira do rio saudando os huroes da pátria, et.tre os qnaei um
dfft bfltalhôfts pnulistAN 1
Fni }â qup í-e desenrolou um hcto de patriotismo sem
precedente nâ biâtnria
O paulista Jt-sus— o negro — vigtlaiite, é o primeiro a dai
o Big^oal da AppraxuTiH^átt do inioiigo.
Vendn cahir a ^eu lado a sentinfillaj deix*i a corneta, em-
punha a f^spinfrarda do morto. «* mm heroicidade defende a trin*
chwira até qu*^ checam rf*f'rirçoB. Knrido n*^ braço direito, cae-lbe
o fuzil, cuja baioní*ta eflUva tinta de sangue inimigo. Com ft
esquerda letoma a trombt*ta, Nova bala parte -Ib© o braço que
a empunh-tva então, o decepado, df^ rjo aobre o sangre u to cb&o,
mordendo h corneta, toca *o avançar» com vrhemencia, o ao
vêr tremular a bandeira victorLOsa, aqnelle syiobolo ^anto da
partia, ]iek qual morria, encontrnu forças para atirar aos ares
antes de expirar, o toque da yictoria
Foi assim que morreu — o Trombeta da Morte — (*) o pau-
lista Je&us. o preto.
Muitos dos que bo illuitraram na liba de Cabrita eram
descendentes dos d^bandadom de Firajuêsara^ heróes, recusando
derramar o saague irmão, como heróes ioram seud filh' s, defen-
dendo a boura da pátria e por ella morrendo.
RestaKelecida a verdade sobre a talsa chronica, continua-
remos a narraLiva de factos que conítrangem nossos ^eutimeutos.
♦ * *
O Norte da Província soâreu também duros golpe» com a
revoluç&o.
Naquelle fempo, o Norte destacava- se de outros pontos da
Província uíio aó pela riqueaa, como ainda por um p^aBoal íllufl-
trado. pelít sma convivência cora a Corte do Império,
Os bnmeiía de fortuna, comraerciantes, lavradoreSj residentes
de Tauhaté em diante, n&o frequentavam a Capital da Província.
Suas irfinsavçQt^s commerciaes eram todas retilizadas na praça do
Rio, e pnr esse motivo as relaçõt-s particulares cimenta vam-re
ali coni unis fncitidade,
U espirito, nfto direi hheral, mas partidário, era mais de-
senvolvido nsquella ^ona, maii vivo e irrequÍPto o tnovimento
do qut^ íif>B outrofl f oiito« da Provincia,
Qimtiílo o eenador Alottcar organizou no Ceará a Sociedade
Becreia dod Ffitriarcbas Invisivei», que teve postcri^rmeote soa
aédw central na Corte, sob a dírí*cçko do mesmo Alencar, có-
nego José Bento, Limpo dn Abreu e outros» aquella sociedade
encontrou fácil meio para ae desenvolver n&o só na provi nçia do
Rio, como tnmbem nas cidades paulistas limitrofes daquelta pro*
Tiucia«
I
- 601 --
Como eQríoftidade histórica tratiacreveiDoi um exemplar dos
«itatiitoi daquella sociedade que conspg-uiEnos obter.
Os c ire a los, que &e organizaram tunto na pro^ineia do Rio
de JaneirOí como no norte de S. Paulo^ impuiaioníiram jjodero-
ftftmente o movimento revutuciouario e graças á riqueza do seu
pess'^<al fácil lhes foÍ crear adeptoa e elementos de. resisteneia.
Eis o ciirioao docam^nto.
Estatutos do Conselho da Sociedade dos
Patriarchas Invisíveis
CAPITULO 1
Ârt, 1/** Â Sociedade doa Patriarchas Invisiveis he a re-
união dos amigoB da Independéncii Liberd. GooBtituebvnal feita
na foTina deata^
Art 2.^ Os fins da Socied. eS^ sustentar e defender a In-
dependência do Brasil e a Constituição p4>r ella jurada, pelos
seguintes m^tot.
Art. 3»" § 1." DeíendeuQO todas aa doutrinas a isso con-
docentes,
§ 2,* Ajudando ao corpo Legislativo em todos ess«B tra-
balhos por palavras ©scriptaB.
§ 3.' Censurando pela m*"' maneira os actoa inconstitu-
cionaea, e arbitrários do Governo^ e seus Empregados o p pondo* lhes
resistência.
§ 4." Promovendo a unifto entre todoa os Brasileiros» expla-
nando q.**^ for potsivel os obstáculos occorr.'**.
CAPITULO II
Art, 4,' Em cada huma das Provindas do Brasil em logar q,
melhor convier faz-sé-ha congregar bum numero de Cidadãos
Brasileiroi, q. nS-o seja menos de 5 nem mais de 10 com as
tonalidades marcadas no Capitulo 3.*^ o todos os Membros desta
éocied/ p.*" isso q, tem de ser propagadoras d huma afiliação
nnmeroza, tomarão o nome de Patriarchas easeua reunião de Con-
selho Patriarchal.
Art. 5 * Cada hum destes Conselbos príicurarà fundar em
todas as Cidades e Vi lias d sua respecíva Provi ncia, onde for
nesseçario e postivel, huma ou m.* reuuiões q. sechamar&o Cír-
culos Patriãrcbaes.
Art. 6.' Cada hum destes Circules terá designado p' buma
letra maiúscula do Alpbabeto o os seos membros p"^ hum n,"
acompanhado d buma letra maiúscula q indicará oseu Circulo.
(1) AbiJiq deDomiiiAdo por Joi^ fiontfacla. qín am Tersoi Fabllmei, íiDinartftlíioa o
J
— 605 —
Art. 7," Nenhum membro do Con,"* devsrã ser t^tonhteião
como tal fora do Con.o ou Circulo, q fuadar ou q for encarre-
gada de dirigir,
Art. 8.** Oa CÍFcnlm sÕo usfjlados edeíconhecidoa buns doi
outroâ o tem cutro neso entro &i, t| nÈo seja o Con.*^* Patriar-
cbal, q ding-o íitodoa iuvUlvelm." p,'^ meio iudir,'" d^aeos Pa-
iriarclin».
Art. 9.* O Coií.^" Pntnarcbal do IiÍo do Janeiro terá o tt.*
dç Con,':*' Patriaiebal central, i^orq. dei lo partirá adirecçlo pria*
cijial p.* os outrosf ep** elló couvirgiriio oa trabalhos detodcs
como para hum centro unteo,
CAPITULO iir
Art. 10, Das qualid." requeridas p.* entrar no Cod,*«> e do«
direi tofl e deveres doa Socíoa.
A cauza do firaEÍl he detodoa *. te do o homem \f' tanto será
admÍBií?el tendo asseg.*'" qualidadea— ' Moralid/; lateligencia;
Força d'Altna, Direc(,'âo ; Siacero afTiícto as iustítuíçõos livres do
Brnãil, ea ^ua Independência, e eapacid/ desacrificar se pJ* Cauza
publica.
Art. 11. Seoa direitos coiioernem na prote<;ão q. Ihei pnddr
prestar a Socíed." morm/' em apertos políticos, elleiçõea e des-
mandas.
Alt. 12. Seoa deveres bM — guardar escnipulo^am/* tus
promeesá, vellando attentamente na conducta do Governo © na
de seoa empregados, avizar detudo aosen Concelho, on Circulo,
prestar a Socied/ o auxilio ou serviseo q- ella exigir e q. eativer
a Cfsseu alcance» cumprir fem hefiíar o q. p/ ellft lhe for orde-
nado, efioalra/* conservar o Simbolo namaior guarda e sigilo.
Art, lo. Se acontesEcr que ftilleça, ou seja ejçchiido dal^m
circulo alguns dos nella aiiliaaop, isto será notabilid.'* fará haver
oaseu Símbolo, entregando-o a Con.=^ Patriarchal não podendo
porem obte- lo sem notahilid/^ não íarâ cazo delle, í^o partici-
pará ao Concelho o numero tal falleceu,
Alt. 14. QaRndo qualq."^ n;embro do Circulo ouver dfioaa*
zentar p."'' lon^o tempo do seu domicilio abitunl o fará saber a
o respectivo Circulo declarando-lho p.* onde.
Art- 15. Logo q, so achar instai lado em buã Prov," o
Ccn ■=" Patriarchal, otsie encarregará a cada hum do seos mem--
bros aformaçíVo de um dos Girculos dcq. trata o art 4.^ do Gap/*
2.^ e delegará poderea p.* o m^' fim (q.*' as Cid.*' o Víllas
remotas) as pusBoaa de lua contLm^a e que reuuão aa qualíd.**
do Cap/-^ 3,*.
Art, IG. Quando o Pafriarcha fundador tiver encontrado
augeitos idonios p.* aíormaçâo do Circulo, os participará sem oa
privinir ao Con,^ Patriarchal danío aeate per eacripto o nome
naturalidade e domicilio.
— 603 —
AtL 17. O Con."^^ Píitriarchal depois de informado c&xoa-
pulozaineute das qualidades doa propoâto?, seoã empregos, 03 fará
saber ao Patriarcha fundndor q, oi pode admittír uo cazo en-
contrario respoBderá simpJearaeiíte quti não sIlo admiciveis.
Art. 18- Depois def*^riiiBdo omedio dljum Circulo cada
lium doa nelle asiociadoâ UrÀ o direito depromoçtr novos
adeptoi, iníiii a flpprovnçáõ q* delkB fiz+ir o Circulo fic-a depeu-
deudo da confirmação do Coa.'^'' Patriurchal acitjo cooUecimento
será ^ proposta levada pelo moio indicado noprecedente artigo.
Ai't» 19. Quando o 1'atriarcha for EoUcitar aíg-iiin adepÈo
Íí.* eotrar na Sociad.* «zará da nomçDclatara Patriarchal, eióm/
hedirá offitn da Socied/ q, ella é a^saa nomeroza, em todo o
Brasil eorganízada do m/' modo p.* assegurar a?Bua existência
sem compromitimonío do» seos mombroa.
Art, 20. Obtido o ccncititím.** do adepto o Patriarcha
fandador, ou director opaiticipará ao Coq.'^'^ Patriarchal, e este
lhe enviará o iSimbolo contendo o seu ncme o o dlstÍDctivõ do
Circulo nq, pprtence.
Art. 21. Recebido o Símbolo o proposto será recebido no
Circulo depois de prestar o juram.*' seg.'* •juro eprometto D.*
etodoi os Patriarchfta luvíeiTeig, Busteatar edetender dfbfiixo
defete novo la^^o Soctal a ludepeodencia do Bragil, e a Consti-
tuiçAo q. ellft tem jurado, equer, cumprindo as obriííai,'ò'S q,
p.* esBe fim me íào imposias o q. deade já livreiutute atreito»?
*E outro sim, prometto g^uardar da mesnia BOrte, com invísivel
eeírredo tanto aiisteticia desta Sociedade couio quanto prop^*
delia mefor commoiiicado assim D/ me ajude* V
O Prezidcnte lhe entregai á o Bimbolo dÍKendo-lbpi.
«Huma m&o oculta e Invisível &o iuteres^íirá p/ vos em-
* todos 03 vossos trabalhos inea^ecidiidesj q. foram dignas da
< atteução da Sociedade; Sediíi fíil, fii teroei; p/ i^&o que he
« Invisivel esta mesma mSo q^ vos q/ proteger e f;iZ'?r bem:
« esta Sociedade cobre todti o Brasil, ©tendo p/ IrniDos atodos
< 03 Cidadãos honr&dos>^Depoia diíito commuuicará o PreÉideuto
veíbalm.' aa inatmcçòes q. o devem guiar em sua conducta*
CAPITULO V
Art. 22. Haverá no Con.t^o Patriarcbal, bum Presiid.; bum
Vice-Prezid/', ebum Secretario eleitca amaioria devotos e seu
exercício durará bum anno, O Fre&idente será o relator de tudo
oq. houver desetratar eendo todavia livres aos outros Parti-
srcbaa recordar ou indicar cqua lhes parecer justo,
Art, 2B, Nos Circuloi Patriarebais o Freaid.* eerá o Pa-
triarcha fundador ou aquelle que o Couíjfclbo didgnar.
Art» 24. Aa deliberações terão logar a maneira de votos
simbólicos. Simbólicos comprcheudcudo o Prezidenle, sem q*
ajão actus das Be^uea, maia somente apontamentoa avulsos q.
- 604 —
ane^íicid,* dictar, oa qaais aerào tomados pelo Secrtr»" « constt-
niidoK logo que anes&icidade cessar.
Ârt- 25. Havéfá Seção ordinarí» huà vez cada Semana
ceudo pifcízo eposBivel no dia elngar marc&do peLo Presid.* na
Se^'ílo ant< nor e hav6 á extraordiatiria sempre q. três membros
o requererem,
Ãrt. 26. Haverá p/ as dis pesas liu& coutribaiçào fixa q,
cada Ci>a.^ ou Circulo marcará, secundo as circunstancias de
seofi membros: ioocazo de ur^eucia ^xlraordinaria recorrer-se-ha
aliberalidade dos membros do Coucelho ou Circulo.
Art, 27. Os Circulrs fundados p '^ deliberaçJU) do Com,^ Pa^
trjarebal nas Cid.'" e Villas distantes dolog^ar emq^ eUe em
assento são dispensados dobservar as formalidades exig-idas nos
art/ 15, l6, 17 e 19, a respeito da admisíào dos Sócios: e cada
Circulo ahi constituído tii^a autorísado a subdivirlir-Be e nomear
novos sncioft iem dependência do respectivo Concelho Pat-iar^
ehal ; sendo porem as demis&oes approvadas p/ voto unanime:
ip,* isso o Con."* Patrtarchal lhes inviará os SimboloSp q, julgar
bastante com os números eletras equando lhe for pedicfos es£e«
Círculos enviarão ao Con.<^ registros das fluas afiliações conforme
o disposto no art.° 6 do reg-i^tro geral em cada Circulo^
Art. 2â. Efu cada bum dos Concelhos Pamarchais averA
hum legistro geral dos afiliados de to dos oi Circuloa de sua de-
pendenciai contando os s^os nomeS| pela ordem da admtssâ>o na
Sociedade pmpreg^os e domissilios,
Ãrt 22, O A Concelhos í^atriarcbais deverão eompriender-^M
tanto com o central como entre ai, serviu do ise de aifras ou
letnis simpaticaii q. a Scciedada adoptar*
à palavra de ordem, como no Sal, foi a mesma — impedir por
todos os meios, que tomassem pof^se de seus car^ros as noras
autoridades nomeadas em execnçAo da Lei de B de dezembro
de 1841.
Do directório revolucionário de Lorena foi chefe o Padie
Manoel Theotonio de Castro, politico violento e intransigente.
Drsde logo fez í*lle coni-tar em toda» as localidades que se-
riam mortos 09 que se apresentasspm para se em postar dos cargos.
Para a Vi lia de Silveiras foi nomeado suh-delepado o ca-
pitão Manoel Joaquim da ^ilvf^ira, chefe da famitia importante,
que deu aquelle nome á localidade.
NAq 86 aterrou o capitão Silveira com a ameaça de Manoel
Theotíínio. e, reunindo st-us supplentes e grande numero dd
amigos, dirigiram-BP a Lorena, e se empof^saram dos cargos.
Nesse tempo nào se achava ainda Manoel The< tonio pre*-
parado com força para impedir a [.Kíssef mas sentiu -se ferido no
seu orgulho pelo arrojo do capitão Silveira, que ficou desde
então execrado de seus adversários.
— 605 -
De Lorena foram im mediata mente dadas proyideneias para
ver depaKto o ^ub- delegado de Silveiras > e encarregado dessa
expedíçáo o tenente Anacleto Teixeira Pinto, fazendeiro tam-
beiD em Silveiras.
O capitào Silveira, depois d«^ ter tomado posse do cargo,
diiíÊolTeu o grU|^<o que o acom]>anbára a Lorena. Dias depois
áotonio Bicudo veiuavical-o que re pievenisge, porque na fa-
eenda de Anacleto ee reuniam forças para atacar Silveira». Im-
mediâ ta mente reuniu os ami^r& e já t-e acLava eom 60 homeus, |
quanda no dia 2 de junho^ ás 11 borfls da manbã, Anacleto, ^
acompanhado de seu* filhoa e g-enro, Cesário Veutura de Abreu, íi
Sftdre Manoel Félix de 01 ir eira, FrancÍBCo Félix da Castm, José J
[ária da Cunba, Tbomaz Barata, Custodio Joaé Pereira e Ao- 1
tonio, vulgo Hilarioi Vf^iu a frente d© 400 jietsaa» atacar a vil!a.
Com o numero ri^du^ido de auxiliares de que di$punhH,recolbeu-
le o capitào Manoel da Silveira á casa de sua refidencia, um
pequeno tobrado, ê ali le fortificou. Atacado defeudeu-ee du- '
nu te todo o dia.
Na manhã se^inte foÍ-lhe procurar o padre António Jo«é
da Mota Carvalho, acompanhado do padre Manoel Félix de Oli-
veira, e propuseram -lhe uma accfjfttod çâo com Ãoáf^tacio, que
garantia a vida livre a todos, desdp que sabissem desarmados.
O capitào Manoel da Silveira achava -se com aa munições
esgotadas, sem e&perauças de soccorro, e. nào querendo expor a
vida de seus amidos, aceitou a accomodação.
Pouco dopoja de meio dia, abnu-s^ a porta do aobradinho
«m que sé achava entrincheirado o capitào t^ilveira, e eeu^ ho-
mens começaram a sabir desarmados, como havia sido con-
vencionado,
Foielleoultimo, a sahir. Ao chpgflr a porta, toi Silveira alve-
jado por Ante n 10 Bueno da Cunha qur desfecbou-lhe um tiro- em
seguida, o mesmii fizeram^ Manoel Alves Senne e Vicente Mo-
reira da Costa, sendo que o tiro p>r este desfechâd**, e.van(fníhou-
lhe a cabeça— como depuzeram muitn^ testemunhas pre^encií^ea.
£m seguida o morto foi atirado para o meíu da rua. Um
dos atacantes abriu lhe o ventre, e depoia de arra^tado^ tiraram*
lhe a japona^ mandarum atirar o corj o e^pt^daçadu ao campo da
Fazenda, tendo sido enterrado por seu filho Francisco Guedes, '
que verificou— que raro era o otso que nâo (^stava partidr».
£>te acto bárbaro e demais factos referidoB neaia memoria
foram extrahídos dos depoimentos de Vicente Ferreira Finto Pa-
checo, Manoel Got<çalve» Gama, José Baptista Nog^ueira, Fran*
cisco Barbosa Ortiz, Tbomaz de Aquino Leme, Agostinho Corrêa
Leme, Manoel Gomes, Faustinu Xbvier de Moraes, Augugtu M>
Bueno de Castro, Bento José da Silva BarKoza, Manoel José
Marques, João Galvão Franco, João Justiniano de Bittencourt,
testemunhas no inquérito a que tt; piocedeu ferante o dr. Ignacio
Manoel Alvares de Azevedo, chefe de Policia da Proviticia do
— coe —
Rio de Janeiro, cuja jiin-sdicçáo o governo ejE tendeu ás loca-
Hdndes jaulJitas limílrofes díi província do liiOi que tíimbem
cstevo piosles a fer conflagrada.
Em a! gamas localidadoà do Norte, ós ânimos exaltara m-^e
ejEtTnordinariamíitUe, netiliuma consideração detinha o odií*» nem
mtrsmo 0^ maíâ cerrados laços de familra.
Em Lorenti, o i^aditj Manoel Theotonio do Castro ordenava
qao tronxeaflem vim ou moriú seu cuubado coronel José Vi-
cGole dft Âzovcdo, o quíilf prevenido a tempo, conieguiu, ao
escuivcer, abandonar a residência, momentos ante» de ser cer-
cadaj segniudo conjuntamente com o dr. Ãn tonto FauGtino Cezar,
também como elle condemnadr*, para Guamtrntruetá, recolhendo»
io á cm a do coronel BIcllo, prestigioso cidadão^ que soube por
sua decisAo o energia impedir que a revolução ea manifestasse
naquela importante locatidado.
O A guardas do padre Manoel TUeotmio cheiraram a ca-a
do corcuel José Vicente já noite, e a cercaram certos de que
elld ali se achava. Antes, poirni, do amanhecer, compareceu o
capitão mór Manoel Pereira do Castro, f>ae do padre Manoel
Theotonio c da esposa do coronel Jtsd Vicente, e Cjudussiu-a
parr, tua fazenda.
Oa levoUosos conservaram- se por muitos diaa em Bilveirag,
e só retirariím-se depoiâ do dia 28 de junho.
Pretendiam os rebeldes bater em Arcas o batalhão d<5 Fu-
sileiroSf mna entre Silveiras e Ari-as, no lugar conhecido por S.
Domingo?, nas immedifíçôes da fazenda do coronel Joào Ferreira
foram hatidoB, sendo aprisionados muitos dos seus chefes.
Em 24 de julho o majoi* Pedro Paulo atacou a fazenda de
Joilo Moreira da Silva, onda ^e achavam reunidas as forças se*
dicioãr^s, commandadas pelo tenente coronel Joào Moreira, padre
Francisco, padre Manoel Theotoaio, que conseguiu fugir, levando
ainda um amigo na g^sirupa.
Alguns chefes upriaionados — André Corsino e o padre Ger-
mano Folis do Oliveira — no depoimento prestado, nllo sú cnn-
feBBaram a parte que tomaram nos actnteclmeatos, como ainda
deiiuncisiram actoa praticado» por cutroã ebefei, e o lugar onde
se achavam homiâiadqa, declarando que as&im procediaoi, arre-
pendidos do pasâo que haviauí dado.
Os actcs bárbaros de Silveiras, as violências soffridaa até
por otficiees da Guarda Npcional quo nnmrradoít^ eram condu-
zidos para aa iorçag revolucionar las alimentaram ódios tão intensos
entre algumas povoações e iamilias que ató a bem pouco ainda
perduravam.
Pela denuncia apresentada centra oa cbefes do movimento,
03 que arompanliaram esta narrativa ticarfto coabecondo ai prin
cípaea pessoas que nelle se envolveram.
a
— 607 —
 excitação âos íitúmos era tão iiiteDçn, que avâasalou ao
procrio major coniinandntite da força, detentunfttido de sua paite
violenta represfílo.
Eíse official achavfl-&e irritado por terem m roveltoaos len-
ttido a^saasinal-o por duas veses.
 primeira tentativa foi rç&olvida em reunião real^iada na
fazenda de J. Breves, tecda apenas votado conUa af|uelle acto
Jo&o Ferreira.
Pedro Paulo foi siilvo por uma círcurnstaocia foituita— a
presença de doii oíEcíaes iio momeuto em que o a&sassino bq
prej^arava a aBeahal-o.
A segunda foi quando, fiínia a pedido do J. Brev6F, o padre
Francisco Ribeiro se comprometteu a íazel-o a^pasBioav em Arcas,
modi^inte dez contos dti rtns.
Todos ot fados referidos foram estrahidos escropuloíáraBiite
do3 iuquerit»^» qua five em mho.
A revoluçfti no Norte di3j)cz de poierosos cleuioutoi. As
asseeis ções secretas, a niporuancia do peisf^al que uella sp en-
voÍTeu, os recu^OB pecuniários d-í tjUií dispunha, tornarnui-Da
immenBamente perigosa.
J. BrfivAB 6 António José Nojeira (do Bananal) fnrmaraai
elles doÍ3 uma caixa d6 80 contos, pnra alliciarem oâ oâiciaea e
soldadra ão batalhão de fuzileiros. Não fgrâm fettzes, mas con-
seguiram a deâerçâo do 1 cabo e 14 praça^i.
Ali comi no Sul da Provincia^íeuteoarea dá f;uarda^ na-
cionaes e pirticiilarea, violontainentc arrAucados a seus labores,
foram engrosf&r &s fileiras revolucionarias itob a ameaça doj em
em caso de recusa — lhes ser sacrnâa a cabeça,
Oj segui nt€£ autorafgg demonstram parte do que acabamos
dô aíHrmar.
Ill'*'' Sr- Inspector Jcse Vaz doa He ia,
Matto Dentro,
Logo Logo e Logo.
Ordeno-lbe que Ioíto quo rrceber e^te passe a nctificar toda^
aa pessoas de seo í-L^uant^irào que pospfto pegar em armas e se
apresente boje mpumicom elles, nesta vilU no Pateo d» Cadea,
fazendo prender toda a qualquer pessoa quo íe queira opor a
esta minba ordem quer sejt por aniiassas ou palavras devendo
todos que tiverem Armas trazpllas isto com tnda brevidade pois
as«im o exige a salvação da Liberdade.
Dooi Guarde a VmS^ Lorena 1 de Junbo de 1842.
O Pv Manoel Tbeotonio de Castro.
Juiz ée Paz.
- 608 -
Ainda nease mesmo dia dirigia a Joaquim Manoel de Oli-
Teira» do Fáu Crrande, a seguinte:
«Ordeno a Vm* que logo que eate receber notifique a tcdai
as pessoas ão aeo Quarteirão que poísào pegar em armas que
tiverem se apresente nesta vilK a minha ordem, tudo 6©m perda
de t^mpo, 6 debaixo de sua reipon habilidade.
O Padre Manoel Tbeotonio de Oa»tro
Juí« de Jb«,
Ainda eDContramofl entre noisoe aatografoi o s«guinto;
Áo Sr. Inspector António Ferras da Silva.
Além de algnne guardas q. Vm.^^» tenlia mandado p,* &
TÍlla conforme o meo officio escolberÀ mais 10 dts melhorei q*
tiver no seu Qaarteir&o, e os fará seguir armados de espingardai,
6 na feita deitas» zagaias, chuços, tudo serve, pois te mn pede
gente com m.*' insmncia instanciai cujos guardas devem ir en-
carregados a um cabo, e pste os apresentará ao R.™* Sr. Manoel
Theotonio de Castro» de maneira que esta gente se hade apre-
sentar amanhan o m.^ tardar the meio dia o q. Y. S.^ cumpra.
Embau 1 de Jnnho de 18S2.
Ji&o Joaq." Flamlng.
Juz ãe Paz
Pela denuncia, que transcrevemos em seguida, sprâo ct^nhe-
cidoB OS que do Norte ae envolvei a m na revolta.
111."'' Sn.' DelFgado
Diz o acCuat Pnmotor da Com.<^ António Faustino Ce^ar
Sue, perante V. S/, em conformid.* com o disposto no artigo 93
a Lei de 3 de Dezembro de 1^41^ e no artigo 2AZ do Regula-
mento de ^1 do Jaor." de 1842, v^m denunciar os Autores» a
cúmplices na Rebellíâo estourada nVeta Prov.* e em parte con-
sumada na VilUi e termo de Lor.* Porquanto, havendo a Camarm
Munieip»! da Villa supra dita negado a piise dos Empregados
creados, Eeg.^*' a nova organizaç&n Judiciaria determinada pela men-
cionada Lei de 3 de Dezembro de 1B41, com grande diffi cuidada
forào elías empossadas de setu Empregos pt^lo />r. Juiz de Di-
reito da Com » a em o/m tudo puderem exercitar suas attribuiçõea
livrem ', p/ cauza das grundes ameaças de eerem mortos todos
OB dignos Cidadòes» que p/ estes Empregos lembrados forfto: «
pontos tais chegou, que os Empregados da ViUa anexa dos SiU
Tein» tierdo a Lorema iomuvr potwe atompank^táot t^f rr mtã a
quartmia peuoa$ armadas, p.' com elhifdefenJcrf^ ^^ <í,: r* •'■hsí
rtsisiencia qii«* \ht% p^epsiarmo noi SilTeinií o« Re^iúej^: Vjia<«l
Febx de OlÍTein. leii Pmy Fimo.» FeUi de OIÍTeirâ e Ju.» ie
Pax Anacleto Ferr.' Pinto, o Snpplente Fr*n.» Fel.x àe Caí-jo^
Manoel AItc* Sene, Joté Maria da Cunha. Manoel Alves Car»
dozo, Manoel Joaé Ferr.', Clementino Jo»e Ferr.*. Ci.*t<>áio Jote
Per.*. António Joae da Silveim, qn*» p • «»s*<» fim tinhAo -^.jw ti>
irinia pesmjQM arwtadas. e por taes factos já i«roc> -sad.ts torào
peiante o Sni^nlente do Sobdelezriido deq-iella ViIIa, FI>T%tt'ad«
por^m a Rebt^lLào da Prov ' em SomcaKa peli> iotruzo Pre^i^^nre
Rafael Tobia» d*A^ar. entrara em estreitas Ci>minuuicAC^vis o
Rebelde Manoel Theotonw de Castro, que exerc<>u < $ Cxrcx» àe
Juiz de Pm e Presidente da Cama a Municif^il de Loren.^ com
08 Rebelde* Anacleto Ferr.* Pinto e Manoel Frlix ae i^i.tura.
aquelle em Lorena mandou p/ todo de&tricto de Lot^..« c>M)vt^ar
o povo a sua ordem para se apresentar em Lon^na, as>iin como
o do Curato do Embaú pôr ordem de Ant »uio Pinto H «rb aa, e
no dia 29 de Maio reuniu na E trada da Cachoeira )>ertv> d*» U^
pessoas as quaes ficaráo avisadas thé segunda ordt^m sendo o
destribuidor d^ellas Angelo Bento Pereira e Autoniit de Mello
conhecido por António da venda.
Anacleto Ferr/ Pinto, e Manoel Félix de Oliveira |^r«m
reunirfto pessoas pelo bairro da Bccainade Cunha («p)s a LOOO
diários, e apromptou perto de quat:o centos homens » m >ua caaa.
No dia primeiro de Junho próximo f>a8>ado peias cinco horas
maié ou menos da tnrdn na Villa de Lor.* a ordem de Manoel
Theot nio de Castro queima- se hum foguete do ar em »inai de
reuniiko dos rebeldes já avisados, e pelas seis a st- te horas da
noite rennio-se em sua caza hum grupo de mais de q&arenta
pessoa»; as quaes capitaneadas p/ António de Mello, vulgo, An-
tónio da Venda, e p/ Vicente Jozé de Lima dirigio-st^ a caaa
do Ten.* Ignacio Mont4'iro de Noronha, e, arrombadas as i>firedes,
sacarão todo o armamento reiuno da Guarda Nacional, e com
ellas voltarão a caxa de Manoel Theotonio de Castro, donde
seguirão capitaneados por e.>te e pS Ângelo BenOi Pigreira ao largo
da Cadea e fhi com muitos repiques de sino e foguetes do ar
romperão es Vivas ao Presidente intruzo, Rafael Tobias d'Aguiar
protestarão a não adopção das Leis das Reformas, injuriarão e
procurarão os novos Empregados, p * os assassinarem: nestas cir-
cunstancias conservou se o rompimento the amanhecer o dia 2
cercadas todas as entradas da Villa. Neste dia ao |>as80 que a
Camará Municipal de Lor.* composta dos Vereadores intrusos,
Manoel Theotonio de Castro, Jozè Luiz Tiburcio, Jozé SimÒes
da Cunha, Joaauim Guedes de Castilho (p.* §e acham suspensos
p/ responsabilidade) e António Luiz Domingues Bastos procedem
a nomeação das intruzas Authoridades, Juiz d'Orphão9 e Muni-
cipal, cahindo taes nomeações nas pessoas do Cap."'"" Maeoel
— 610 —
Pcreirn de Castro e Foítunato Jozó doKeg;o que tomsrflfi pos?©,
e prestarão juramento dt> taes Emprrgos; Auacleto Ferreira Pinto
MíiiKel FeliK de OUví^ra, Fraii.^** Felix do Costro, Jozo Maria
da Cunhai Cap*' Maníiel Alves Seno, Custodio Joee, Per.* Anlo-
nio Joso da Silveira, Jlanoel Âlvea Cardoso^ Vi:eutG Jforeira da
Costa, 03 filhos de Auflcli^to Fet.* Pinto, Cap.'" Jozo Ventura,
6euâ íilhoâ e escravos inarcharãti p.* a Vil la dos Silveiras, com
quatro centoa inisuigentpf, e batf?rao a força Ít?^al do Suppleote
do Subdelegado, Cap/" Manoel Jozií da Bilveirnt que p/ falta
de munição de guerra foi morto barbarnmeute as niãoe doâ dítos
inaurg-enteij pJ^ue deiioia de morto p/ liuma dia arfi^a de tiro?,
qae lhe derfto retalharão o seu cadivor com facas, disparando -lhe
hum tiro de pistola Vicente Mortiira da Costa, ficando desta arte
os rebéldei de posse daquella Villa onde Be contervão lhe o
presente com grandtí forí^a ao mando do m."''* Cap."* Anacliilo
Ferr." Pioto (assim intitulado) 6 doa mais iuifirgeuTes eupra men-
cionados. No dia trez reunida a Supra dita Camará intruja na
Villa de Lor." a frente de perto de trezotitas peísoas q. fizeiSo
relinir huns a força e ou troa voluntários dt mi ti rio todos a>
agentes do correio; deniboraiílo offieiara todos oa Juiaea de Fa^
do terreno que entrasECm em todas na funcçôes do Código do
Processo reformado, para cujo fim procederSo a nomeaçilo de hutna
Junta Provizoria, cuja^ pessoas nomeadas íorílo o Cap,"*"' Manoel
Pereira do Castro, Bacharel Cláudio Teixeira Guimaràea e Âna-»
cleto Ferr.* Pinto; tomarão poF»e os dons primeiros e prestarào
juram.'*. Continuando os insurgeutes nas prisões de todas as pes-
soas do partido legal e Imperial, qu-3 ali aparíciào, o dos que
passavÃo na estrada e m**"* em grandes pesquizas das novas
Awthoridades, organisarSo a sua furça rebelde ni Comp**' mili-
tares, Btíiido nomeado pricieiro Comman'Jauto Vicente Jozé de
Liuií, Sef^<ííí António Mariano e hum Gerisano de tftl p** Cap."*
do hna Comp.' João Il^íiriques d^Aze^-edo foi nomeado, fissim
como foi p.' Ten.^ Jo7.é Luiz Tiburcia e p.* Aliares bum filh^
de Fortunato Jozé do Kego: cuja força foi enÉtcntada p.** Cap/"''
Manoel Pereira de Castro, seu f."* Jlaucel Theotonio d* Castro o
Joaquim Moreira Lima com António Dias Telles de Castro que
remettem m.'-^ cargueiros de mantim.'*. Neste estado de cousaa
fie conservarílo os tnes rebeldes lhe o dia quiuz3 do ra.*°* mes5
em que na Camará Mnuicipal tntrusía lerão hum offieio do Pre^
sidente intruzo Rafael Tobias d'Aguiar, era que ordenou esto
illegalm.^ a m.*"' Camará p/ que suspcndesíe a execnçAo da»
Leis da liefonna do Código do Processo Crimiuah o q* fy>í ob*
eervado fazendo n Camará intruza publicar p/ editae». No dia
vinte e trea p,* vinte c quatro fizerào um club entre os Verea-
dores da Camará intruza, comos Commandaules intruzos de força
rebelde: onde entrou Joaquim Miguel Simões, Jozé Rom5.o Leito
Prestes Secret,*^ da intitulada Junta Províssoria, e delliberarão
marchar e dar ataque a Tropa de Linha, qne etíste estaeiojada
— 611 —
em Arèas, o qu« na verdade realízarAo marchando ti do3 p.* a-
qnellft pQiitrt e bf*m flssim hum intitulado Alfeíca Jozíí Luiz da
Coí^ta Barcelos, iícuiiidos todos rio coza da João Mondim c'a S.'
moia l^goa p/ci de Aréis a^i fiseiAo fogo a huui gu-iida avan-
çada da mencioTiflda tropa ondo |trec(?rAo Lom Alferes e maia
pra^^s, s6gn<]do as natkirta q, Afaiecem,
Estes facto 1 aíio eriniiuoaof, e constituem cãmes d 'a! ta im-
l^ortancií, e p/ ellei tha responsíiveia nHo ló íb lieoa 6Upra
menciona- Jo8 ; maia os K^ng, IV-dío d'AIm,*'** Palma, António
Gomes Pereira, Jí^nacití Pinto Barbosta, Aatonio Manoel dti S,*
Gurgel, Manoel Pedro de Olivera MnrSflgao, Joio JoEé de Ma-
cedo, vn!go João Maniina p/ illudirem a prando parte do povo
qne reunirão a ordem doj Jjkea do Paz iutrnscB, o m."^' por
pBffatem em annr;B na revelação*
A vista do que disfoem o Reí^ulamento de 31 de Jirneiro de
1812 na* Disposições Criminnes, Capítulo 7." reqiie*iro a V, B,* so
dígiie proceder na formaçilo da culpa dos Reo?, iadependente da
notificaçflo p.* verem jurar teàtemualias por ser ini possível
©bservar-se prementemente eise aitigodo Lei; sendo porem cita-
t&g fis te?iteinuubaí constantes do rol janto, e provado quan:o
baste sejâtí os mesmos pronunciados.
PoTtiinio, P, a V. b.' £6 diírne deferir o requerido, juntando
ao processo os documetitoa incluios. E. E. J.
Afíimo o èspendido na presente deanccia de baixo do jara-
niento da meu cargo.
António FausUíio César ^
Promotor da Comarca.
Sejtti citadas aa testemunhai que neste termo eiistirem para
deporem no dia d^ amaiíliam, It do corrente, a=i 9 bores do dia
e quanto aa dos termts de Lorena contra tejíio citado» por carta,
precatória para o dia 14 do corrente: a todas sob as perjaa da lei
Guarotsnguetá 9 de Jnlbo de 184*2*
Qatndo encetíimOB esta memoria, tivemos occasií-o de aflSr-
t&Ãr que o pretexto, invccado pcíos revelucionariiis para ju-liílcar
o BTovimento^ não era sincero, nem a opinião publica reclamava
«que! la medida radical.
Por documentos indiscutiveia demonstrámos quo ob cliefes da
G.** N.a\ ca comraandantes de PtJiciaj e oa Jaizes de Paz, eatei
pTÍn?ipalm.*», abulando da autorilade que Ibes dava o cargo,
impidíram que em algumas localidades se eiecutassa a lei de S de
dezembro de 1841, porque es-a lei vinba despil-os da for*;» e irepo-
tencifli de que tanto bavi&o abulado.
— 612 —
Não fot pelo mbuso do poder que llies davam aquelles car^s^
que OH chefes p liticoB conseguiram sequoBtrar centenarea de in-
dividuo», para lançal-oa naa fileiraa revoluciona nau ?
Sinceros, foram Feijó e outros chefe^i explicando a^ cauati*
da Tèvolurçõo,
O major J. X de Ãrau;*^ Cintra^ quando r^crufâDâ os infelízei
gxmrdas, e oi levava amarrados para a fazenda do cap." mor
Luca?.. . «não guardava tBAervaà e francami^nte declarava ás
victimai de aua prepotência qiie a ft^rça reunida era para
tomarem oa postos que hauiam perdido os dê sua família e de-
poie seguirem para São Paulo».
Nâo menos sincero era Feijó — Leiam-se os 4 números do
O Paulisiat o jornal official do governo de Sorocaba, e veremos
que as causai da revolução foram determinadas pelos seguintes
motivos^
€ Oq Paulistas tendo a frente do Governo da Provinda um
patrício seu o Excellentisâimo Sr. Tobias, ameaçados de perde-lo
com a mudaça do Ministério Ãndrada pelo ergam das camarás
municipaes e eleitores pediram a S. M/ a sua constírvaçào : o
governo recusou^se i e sem que este empregado desse o menor
motivo foi Bubátituido.»
c A. Província juntamente ressentida . . notou com mmgua
o dea preso do Governo na partilha das graças^ por occatiào da
Coroação em que até VA^coKOfiLLOã foi contemplado com a
Di^nataria do Cruzeiro, e onde só foram comtemplctdos alguns
inimigos de Tobias.»
<0 seu agente o Bar&o de Mout'Ãlegi'e persuadiu-se que
impuoemeate podia pisar nos F&nlhtsisdemeUindu-os de Officiaes
da Oiiarda Nacional e substituí d do -os por pessoas iudignaâ até
de serem por elles commandados.»
c O ET. Barão, temendo o resultado, capitulou com alguna
in duendes ; mas perdoe- nos que foi perfíio^ tendo promettido não
demtttír officiaes da Guarda Nacional sem causa justa, começou
logo a mudalos stm causa jiíSía nomeando nossos inimigoã.^
ft De Campinas, somos testemunhas que sem causa dissolveu
um esquadrão de cavallana de Campinas, deixando, porém, a 2,*
companhia ouie o» offici.es eram do mau partido: ficando demo-
lido o Estado-Maior 6tc> nomeou um outro sem capacidade para
comaxandante de infantaria e logo o fez cht^fe de Legião. Em
vista deste proceder, qu^m mais poderá conâar na probidade e
ainda menos nas promessas do preiidente Baiano*,
Fm vista das explicitas declarações de Feijó, se o governo
se resolvesse a úonsertjar R. Tobias na presidência de S, Panlo,
80 não tivesse agraciado Vasco ncellos por occasiàn da Coroação,
m wmtemplwtse alguns amigos de Tobias uaqiiellafi graç€is~9&
Monte Alegre nãa tiveasé demittido officiaes da Quarda Nacio^
nal, nem dissolvido o esquadrão de cavallana de Campinas, dei*
„ 613 —
xftndo ap«iiAs a 2* companhia, onda ob officiííês eram do mau
parUão, nAo teria se conflagrado a Província, e todoí confiariam
na probidade e naa promeasaa do Presidfiníe Bahiano,
Se Ff<ijó, na f lha official, ae referia ás leU da reforma e á
«oacçâo em que ee achava o Imperador, o fazia inciientemeute,
para diaer:
c Aa folha» publicas e cartas de peni^oas fidedignas asaeg:u-
f&m que quando o Ministério emprehende a gum desatino e teme
que 3. M recuse a asaigna-lo, procuram aterrar sua imaginação,
com a perspectiva da males borriveie, tte tal medida nãr> tiver
lugar: para isso affectam muito coubeci mento do estado do Bra-
atlr all^gem a experiência do» negócios, ameaçam retira r-se do
Ministério e que S, M. não encontrará quem o queira eervir
mais. Ora 3. M. cuja alma inocente ainda nào acostumada a
ouvir estas impo&turaa, depois de derramar lagrimas, ai signa os
disparates do Ministério.*
Aquellas lagrimas nfto consepfuíram levantar o espirito pu-
blico, 1% poucos dias após. eram outros na aentimetUoa doa revo-
loaionaríort d^^ 3, Paulo, qnando tivt^ram conhecimento de que o
innocente chorão declarara ao Marquês do Paranaguá, *que a
Míniijt»'rio merecia âua confiança, e conjuntamente com ella
cahiria*.
Os homens práticos, que não se achavam envolvidoa na luta,
comprehenderam desde logo — quaea os motivos reaes da revolução.
Pretendiam oa antigos Maioristas aubir em 1842, como o
baviem conseguido am 1840.
Alguns idealistas, porâm, em 1814 quando subiu ao poder
o gabinete de 2 de maio, esperaram que a lei de â de de-
sembro seria im mediatamente revogada.
Debalde es|.tetaram.
Em 1846| Paula Sousa, descrente de aeus correi igionarin a,
Tinha pedir a creaçâo de um terceini partido moderado. O Mi-
nistro de Justiça subia á tribuna para censurar acrementa ao
grande tribuno Odorico Mendes, PauU Barbr zã e outros, que
tiveram o arrojo de apresentar projecto revogando a lei de 3 de
dezembro de 1841.
Era Limpo de Abreu um dos que requereram que o pro-
jecro fosse remettido ás commissões, declarando que elle n&o
o apresentara para— tííVj crear ajnfii*-to»^ o que fez Marinho ex-
clamar: <A Gamara, humilhada, desistiu de setii assomos dâ in-
d^ependencia».
À situação liberal já ao achava esfacelada e aquelles que
«ram sinceroa invocavam o patriotismo de Paula Sousa para qua
Tiease, com o pTeatigio que o rodeava, organimr gabinete.
Foi âó depois de muita<^ instancias que elle se n^otvea &
aceitar a incumbência, impondo, porém, á Camará tib^^ral, como
«ondiçfto^as reformas da lei de ^ de dezembro de 1841, a da
Ouarda Nacional, e a das incompatibilidades.
fJU« o-
divi'ln
tia rt
Victill:.
tonu/i '
pois ^
O r'
qiio '
inotiv
patric
com .-
muni-
moti\
<
o do-
Coro.
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log-,
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lid.
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i
— 615 —
pNft aessâo de 9 de jtitiha de 1S65, dizia Martinho Camtíoa :
«Por terem tepuílíado oa principio.^, ma vejo na posição de
»r parecer servo da gleba*.
Secnadava-o Tavarea Ba -toa — «Ea nio posso esquecer por
lor de nomeSi noã.^os compromissos adiadoEi»,
Em S do abril da 18â6, Barros Pimentel exclamava,
«FsçaicoB al^uioa coaea : olbemoa para a vida vegc^t^itiva,
iíi*t'ú e miserável do partido Hberal cm 44 e ai^not seguintes i.
(Apaitea),
«Deixera-mg falnr; por amor das iciúaa fez ae naia revo-
Inção, pegou-ítí em arnias, foi-^e deriOtado,
■Umrt amiiiâtia e um ri êloi<;flo troxeram-TioB a eàta cflsa. En-
tão impuzeram-iica silçndo, eri^çiu-se a inércia em sy^tcma, o
cendemnfU se-jios à immcbilidadeí,
Na3 vésperas de de£ap[*flrecor a fitu^çao liberal, Cesário Al*
vim levantava teu protesto noa Fejjuintes termos ;
«A lei de B de dezembro fez-nog jog^ar a bala do rt^belde
un campo íratiiciíla, o não temos nas paginas da nossa legís-
laçào o fantasma des&a lei, que parece dizer aos sncrificados de
Santa Luítia que o seu saíiiiuo dinTi^mísdo iiiuiil mente já fccou
Bobre a Urcn e que ^ous cadáveres rediiziríim-se a pó V
E pela 2,* vfz depois de 1^12, deixa o partido liberal o
poder, &em nada fazer quanto a lei de 13 do dezembro de 18 4 L
Na BiluaçSo conservadora que sep-ne-se, organízaram-se os
gabineleB de IG de julho de lSi!Bj 2U de setembro de 1^70 e
7 de mar<;o de 1871, que eâcreveu gloriosas paginas para nossa
historia— Libei ta(,ão dr> ventre escravo— a Refonim Judicifliia—
CreaçÃo de Hela(;õea- AmiiliaçAo do líabeas-Corpu?,
Foi ÈO então que fifi reformou a lei do 3 de dezembro de
18-tl, para reUabelecer o equilíbrio entre a ordem e a libeidade.
Quando no decorrer dos nnncs o historiador Ee occujar doa
acontecimentoa qn© ao dcEenrolaram na Província de S. Paulo,
em 1842, ha de, na sua imparcialídíide, íiffiruiar que a revolução
foi deteimínaHa, nâo ftOa eco quis ta de liberdade, mas pelo
despeito, or^julho e ambiçrm de joder de filg-uns chefes polilicoí
decahidoi^
Nio completaremoa a longa eiposiçÈo dos acontecímentoa,
iem referir qual o procedimento do governo e dos teus auxi-
liares para com os vencidos, depois de realizada a pftcificaçíio.
Oí cabeças^ qae Be sentiam com maior somnia de resptnfa-
bilidades, foragirara-Be o assim se conservaram, até que veiu a
amnistia. Em S. Paulo furam poucos os que delia ae a[)ro-
vei taram,
A maior parte dos compromettidos foram ee occuliar em
■nrApriedadea de chefes cociervadores Em Jundiahi, muitos fc-
— 616 —
T&m recebidos pfloa membroa da benemérita familta Queirós
Tellee — em TtapecerícA, o capitão Mftnoe) Ji lé de Morada aco-
lhia eiD seu filtio todoB quantos se aprese atavam recomtnê&dadot
pelo padre Vicente Pims da Mota.
Por combinação havida, e com arquieacencía do governo,
ficou resolvido qae em todas as loe&lidadei» conflagrud/tA te da*
ria nfoa aó pronuncia, e que essa rec«ihirla na pessoft designada
pelos ami^Oí* ou pela tamilia^ salvo quantos aos principaeí
cbefí^fl.
Recnlbidoa á prisão, muitos foram deíeodidos por Clemente
Falcão de Sousa, um dos poderosos auxiliares do governo leg^al,
e qufl fora o aísesfior em atinas inquéritos.
Nos conselhos de jurados, os couaervadorei figuravam sem-
pre em maioria, e, entretaoto, todas as absolvições foram unÁ*
nimfs.
He at<^UDa julgaroentos conseguimos precisar algun» factoa
que demoQ^tram a prudeneia e a tolerância com que procede-
ram 08 le^rnlista?.
No dia 12 de abril de 1843, d»*u-se nesta Capital q
julgamento de Hegmaldo António de Moraes Sallés, uni do^i maia
acúvos revolucionarias, membro de família importnote. e talves
o nnico que dispunha de inHuencia pessoal o que lhe tornou
desDPc>*ssíirto usar doM meios empregados p-^los Juizes de Paz e
commandantps de Policia — iufl^iencia que el e poz em contri-
buição em Campina B, Limeira e Rto rlaro»
D« coupf^lho de jurados que o julg-ou— *foi presidentfl o dr.
Falcão de Sousa — secretario o dr. Hy poli to José Soares de
Sou~a, e entre os membros do concelho se achava Jo^é Manoel
da Silva, o futuro B^rào do Tietê, já então iucuntestado chefe
do pHrtido conservador, Á absolvição unáaíme de Regioaldo
demonstra a toEt^ianda que domiunva entre os amigos do governo
e chpfes políticos.
Unânimes furam as absi Ivições de Joaquim José de Lact^rda,
Joi^é Kodri^ues Leite e àa codoi que se apresentaram, e que
não quiseram esperar a amuiatia.
* ♦
In feliz meu te, alguns revolucionários, dominados, não peloi
principies de liberdade, mas por ódio pessoal ou ambição politica,
coniervarum-se impenitentes.
Não procedeu por esf^a fúrm t o notável tribuno Ottoni, chefo,
talvez o mais pr6âti^i<iS0, da Revolução Mineira, uome cercado
de po pula ri da dei combateu te em muitos encontroa e prisioneiro
em Sant^ Luscia.
Derrotado, não doiíou avassalar sua consciência por oái<» o
despeitos.
4
— 617 —
Em IBGOj ao escrevera «Hircular aos Mineiros*, referindo -ae
aoB factos que se de ae ti rolaram nas ai an tila d as serras de sua
província Datais em 1842, fâcrevU o teg'Uint6 tópico, cbave de
OTiro, com qae encerro e&ta narrativa.
cCreio âincerametit^ que mais teda g'ftQha o Systema Consti-
tucioDãl se, apegar de rebellndo O governo contra a CoQstitniçãOf
16, apet^ar da pronitil^i;fto das leis inconstitu^^ionaes de 1841|
apesar da dissolução prévia da Gamara dos Deputados, apesat
de tudo, a c^pposição roinf^ira, em vess do recurso dafi armas , de
preferencia, empregasse contra o governo os meioa pacíficos que
Ainda lhe restavam^.
Reproduzitido om facto histórico da nossa vida politicai
procuramos guardar na ^ua e^posiçfto escrupulosa imparcialidade,
La Fontaine» disse- nos :
Tont narratenr
Y raet dn sien selon les occurrencôs.
Para escapar de&s« conceito, não emittimoa opinião^ nem
descrê vemos factos, sem aiuparal-os na tradição, noa documen-
tos officiaes, nos annaes do parlamento, e em grande numero de
anto^rãphofl inéditos, escripto» no momento em que se desen-
rolaram os acontecimentos, e firmados por personagens que u cl les
le eo volveram.
Si procuramos fielmente narrar o notável ncontecimeuto,
lomos entretanto os primeiros a reconhecer que devido á iu-
capacidade do escriptor, a modesta, narrativa não satisfará a
euriosidade dos competentes.
(^ue esta confiisào desperte a benevolência do critico.
«FOFITE MAÇADA
(^JDhcurSo profendo no Instiíuto
Bistovieoj a 25 dã Outubt^o ãe 1905^
A a palavras quo servem de ep^g-raplie a este peqiienn tra-
balho liUtoricOt *l'uHé tnaçadaf*^ foram pronuDciadas por D.João I,
o Mesti-e dtí Aviz, fm AJjiibarrotíi.
Ao dlrigír-me de novo a esta illustre assetobléiat ifiaia uma
vez ma milito tomado íie viva emoção por ter de vir contestar
afíirmaçôes precij^i^^^adaineiue feitas, escriptas e publicadas por
um doa nossos maia illastréâ consocics, o dr. Atjtonio de Toledo
Piza, ao julg-ar es ligaras H© ha muito de&apparecidas detitrt5 os
y]Vi% ti% vuítia históricos do Coronel Dauiel Pedro Muller e do
Major Fiancisco de Paula Macedo, ^ — amboa inem a=ceiideutêfi*
Nilo èt porém, o fac^o eg-oistico des&a aficeiídeucia que me
trax exclusivamente á tribaua, facto de ser o ptimciro meu tio-
avô e ú Begundo meu avô-patenio, como primtis e cunhadca que
foram entre &i. Um sentimento mais elevado aqui me traz com
maior impuUo do qus o que podeiia determinar o sim]dee sen-
timento dn parentesco. Jnitiça, eenhoreã; antes de tudo é A
justiça quú me impelle a esta defesa.
O IftboiioBO auctor dae tBernardag», o nosso honrado consócio
sr Toledo Piza ha longos a unos que esposou a tareia du demo-
lidor, o, entrpgue a tâo iiiçratii f]«?BÍgnÍ0j tem feito passar por
baixo do suas forcas caudiuas veneráveis nomes de nos^a Lis-
toria paulieta — nomes a que todos nós estávamos habituados a
tributar m^iie ou menos culto. E' as im que lhe nào escaparam
à deprimente! analyâe figuras históricas corao os Aracatys, os Monte
Alegre?, es Alvina, os Oliveiras Nettos, ra Souzas Qaeiroaes, c»
Taquea, os Pintos iiomenst os genera*-» Leme, Miilier, Qaartim
e maia outr. s, muitos outros, È, eufrontando cora a «bernarda»
de Frcmchco IgnaciOf a sua penua apaixflnadi e solta tentou
cortar fundo na importância que de si deixaram o coronel D, P,
MiUler e o Major F. de Fau^a Macedo, figuras eotào obrigadai
daqu^lte movimento.
I
- 619 ™
R^leáe, senhores, attenta e ímp^Trciaírafnte es Bens escriptojí,
6 irereis qtte, pí^lo menos neste poístp, ffto inacceitsveia, por fra-
gilÍ95Ímos, os niítivos fjiio o leTívram a tão duio e htjusto jul-
gamento. Coiro Eervir d© b«se á similhante juizo uma thvmsa
qne, Mm de ter sido projiojitalnafnte detenDÍnaia paia o fim
que tíJihcm em vistam não foi encontrada completa noa nossoB
arcUivOft e que em sua partei roítante s© achava mais quo re-
picíiJa pelas traças, emendada em Tnrio? ponto», e muito aUe^
rada noutros V Como sLTvir de baso e^to documento assim falLio,
incompleto © interpclrdo, essa devassa que dSo clipgou a seu
termo V
Penso que oa juízos definitivís da Hiatoría exigem dccu-
mentaçíio completa, perfeita, inconíestaveL
Mn*, a!ím dcÉsa base, vereis (^i Ibo relerdes os extensos e
pjieJenteB trabalboa) qno outro t^lemento te inÉiíiufu no animo
jacobino do illustre historiographo — pois elle inJi-i;retamente
Bê refere ao facto de terem sido txíranytirúíí e^sea boinímâ ! ^%r
tmii^irir^^— por til gnezen /—quando o Brazil ainda era a projeci^a©
coknial do vellio Reino Lusitano \
Maa deixemos de parto e^ass incoliprencias, o v<*jamofi cm
breves palavras si os dou§ mílitíires alvejrtios pela penna ico-
noclasta do no^so illustie, labori' so e lionrado consócio, estilo ou
uào acima da i;iande injustiça com que íoram jiilgadcB.
TenninenKB^ porOni, este intróito cem as palavras de Prtulo
do Valle relativa» ao nipsmo motim prpubr &í^ Maio c Junho
de 1822 :
— «Nada ttouvE (diz elte) que dksho^íbasse o kome PAtT-
LliTA : !ÍE« USIA INJURIA,
A «bernarda)) de Francisco Ignacio
A DEPOSIÇÃO E aUAS CAUSAS
Nidla fiães re ni socih^ omnisque
pot&ttas. Imfatlem consortis erii,
— Jamais haveá sincero oc cardo na
partilha do poder, — Â aucífjrtdadô
não quer companheiro*
L uc ANO. — Pkar sal ia
Em 23 de Junho d© 1821 o povo de S* Paulo, em conie-
qnencia do estado rtivolucionario de toda a Amerícftj e meaico
em repercQ^i&o ar> que se paa avfi em Portugal, reuniu- se e a5-
clamou um poveroo de 14 ciíiadâofi, conduEftndo porém o Cm-
pí*ãn General * enhâuzem a fazer parte delle.
Era bem de v^r-ae cjue, no Governo, utd p^BBoal tâo nu*
meroflo e heterogpnoo havia de deaharnionixar-ae l^go* tanto
maia que faaiam parte delle ambicíosoB e políticos irrequietos.
Âfifectiivam aer devotados aos Paulistas, dando porém semprõ
montras da contra rio, pois os mandavam enforcar e ee diriam
ami^QB da liberdade, consentindo a pega de iudioa livres, para
lerem escravizados, vendidos, e dados de premente aos aeui» amigos;
eram democratas, mas, acastelladri no poder, fizeram log^o queatàn
do tratamento de « pucellencia » para bL
Extremadas, poi?*, ob rivalidades o a membros deste governo
scind^ram-sn em dous grupos, guerreando-Be surdamente, atá
quH, chamados ao Rio Oenhduzem e Co^ta Carvalho, pelos ma-
uefos de adversarif s, ob amigos daquelleB, aproveitando^se do
enforcamento do CbairuinhaB e das tristes scenas que então ee
deram, reuniram-Be a 2B de Maio do anuo se^ainte, como povo
e militaras, e depuíieram a Marti m Fraucisco do poder, o briga u-
do-o a seguir pi^ra o Ri<^ por lhe attrihairem as perseguições
que se desencadearam contra muitos df^Iles.
à causa real. portanto, em o ciúme do poder, como reaa &
epigraphe do poeta latino i — Assim, pois, nilo é licito procurar
em geitot-as devassas as causas da anarchia : il ne fauí pm cher-
eher midi â quatorze haures.
Nesse levante haviam de f^ rçosamente fígurar todos os ho-
mens que se inter^EBavam pf*la& cousas publicas; e, na pag. 64
dos Apontamentos Geographicos de Azevedo Marque», vemoi, cora
legitimo orgulhOf entre outros, declinados os nomes do coronel
I
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DameL Pedro Miiller e Maji r Francisco de PauU Macedo como
o á^ homens — de preítig^io — que sobreiafaíram nesse succesao,
coroada án melhor t^iito, por í^er certo que como varões Íl lustres
b6 podiam tomar parte em acções nobres e g:loriosoSi e cujas
eaueas aliá^ explicaram pm documentos e requerimentos diri-
f*ido3 ao Princip© Regente,
EsBes di>is yarões íllufitrea eram, unidos entre si, a alma do
goveraoí eram parentep próximos um do outro, primos & cunha-
dos; Macedo, meu avô directo, paterno; MúUer, meu tio- avô.
Co u vem que vos digu quem eram esses dois amigos tão mal
julgados pelo illustre sr. Pisa.
Marechal Dr, Daniel Pedro Muller
Quem era Daniel Pedro Muller para m*?r6cer figurar neise
livro de ouro dos paulistas (1) como bnmem illustre, sendo hoje
tão meuoaeabado pelos apaixonados ©scriptores de Bernardas ?
Serei breve»
— O pae do dr. Daniel Pedro Muller uasct^ra na Allemanhai
mat fora servir a Portug^al; era um sábio distincto, e vendo que
leu filbo era dotado de rara iotelligencía, destinou-o desde a
infância á vida militar scieniifica, e por isfo o fez assentar praça
de cadete de artilharia e seguir o curso das mathematicas no
Eeal Collegio doá Nobres t ^m Lisboa, Teu do eoncluido seus es-
tudos já no posto de Capitão, qiie seus merecimentos Ibe haviam
grangeado, aeiíuiu para o Brszil e veiu servir em S. P^ulo, onde
foi logo escolhido para desempecihar o logar de Ajuílante de
Ordenai, Sendo promovido a Major, e incumbido de «erviços de
engenharia, effectnou muitas cons trucides notáveis, entre outras
a agulha tu pyramide do Fiques e as duas bellas pontes do Cai-mo
e Piques, que se conpei vam at^ hoje intactas e perfeita*; galar-
doado com o po&to de Tenente-Coroatl, foi incumbido de faxer
o magnifíco aterrado, de mais de duas léguas de cxter^sào, sobre
o alagadiço maugue que vai de Santos ao Cuba tào, obra porten-
tosa e, naquelltfs tempos, julgada qua»>i impossivel, mas neces-
sária, por ser Santos o nosso empório commercial e principal
escoadouro.
Esta gigaDt«sca obra até hoje não foi retocada. Bem sabeis
que, antes de haver a estrada de Ferro Inglesa, era {lor ai li
que entravam todos os i^eneros de importação para surtir 3.
Paulo, Mmas Qeraes, Gojaz e Matto Grosso; era também como
que a uníca válvula por onde s« escoavam nossos pro duetos para
o exterior.
11} Àponíamtttíot Miíoric» r gêoffra^kícòtt ú£ k, ^axqjLm
— 022 —
Aiâim, poie, bêoevolcs cousocins, laio fcnim lenimento bas-
tatito iiJijtçrtacteB us fervíçoa preatados &o Bnizil, á Proviíícia e
h ciilado do S. Paulo, polo sábio ir. MuUer'r*
Eutão já nilio perduram na tuaã chvas monumenlaês e ui
escrítítnfí que nos lesmou V
Cí*nio cbamal-o eitmngeiro, quíindo ello servia tfto !ealm?iit©
a tua Patrí^t a Fatria de tc-u^ úUiub V
Sejá invejff, ingraiidítOj tu,., que seráV
Pí>r sua reconhecida eoLD|iottMicin, por fuas luxei, por seus
eerviçbs, por seu presti^nn e, £oV*retudo, pela excessiva bondade
de É1ÍU cAracteiv fui cscolbido pura fazer parte do ^roverDo pro-
visório do S, Paulo, onde 60 pateutecu elevada? qualidades, sei>do
o ms:ii, 6fibreí".rirrega4o da trabalUns, mas mtsreceodo temprô elfi^ioa
do ^^0 verão (^yide Actas do Gomrno Pfoiiòorio). Salvou a captai
da ^^3^^rí■bia em todo o tempo de s^u gíoveriio; livrou a do ter
atacada a catibno, apeí-ai' do íer cidade aberta (C ide do aberta é
a qu^j úl\o é defeadida por muralha:^ e fortilica^õts permauentei
í", iieãto case, é atá crime atacar uma população inerme a tiro
de canbâo).
De mT\{i9 dadas cem o seu smigo, cuobado e principal auxi-
liar M&jor Froncisco de Paula Maoedo, livrou a cidade do 8,
Paulo de ter levada a ferro e fogo e de ser E^qu«ada com o
comentiincuto de dois ministros paulistas que Ee achavam iio HÍo.
Por pss€s serviços, o {^ovenso d© Pedro I, livre da tutela
official e cQieioEa daquelles que D, Jt^ao VI chamava aventurei-
roB, promoveu a Coronel o dr, M III ler. Em 18 i5 fêl-o seg-air
para o 8ul ccmo Aj. G.^^ da Praça de Montívidéu, no posto ã&
Brigadeiro, passando a comraandal-a logo depois*
Feifit a paz, veiu para o Bra;£Íl, e foi nomeado Comman-
daute da Fortaleza de SíiUta Cruz, pedindo pouco depois lua
reforma, coia mais de 34 aanca de bons Rer viços presta doi ao
Brazil, especialmeute a S.Paulo, ouie se casvju, ^ união do que
teve numerosa e illu&tre desceu deuda, entre os quaes se conta*
vam o (1) Jlareclial BefturepaiJtj Hohan, dr. Miillor de Campotj
o Conf-ellieiío Francisco Manoel das ChngAs, Baiâo de Itaypú,
Gene-nil lluiiorario e Director da Secrclaria da Guerra; dr. Mulli*r,
Coronel de Eu ge abeires, e muitos outros.
Ape^a^ de enlre£'ue a tfio importanles trabalhos, cultivou
sempre; as iciencias, as lettras e as artes. Nã.o se applicava a um
Êt> ramo do conhecimentos humanoí'^ deu-se a todos, e em todos
foi dii:tinetc; o a prova está ncs a admirável Encyclopedía ou
collecçSo dfl catecismos que empreheodeu o concluiu, e muitos
dos quae:» virsm a luz naquelles tt'mpoB. NelíeSf o Marechal
Miillerj em cujo posio se reformara, dava noções geraea sobro
tudo que pode ser cbjecto de e&tudoi e cBsas noçoe» crum tâo
preciosas e exactas, que bem deixaram ver o quanto foi profundo
(I) Umi aihft do Utrefi^ti] M&Uét «uron-ie con o Uireebal B* BoluiB.
— 623 —
em todfis aa iratería^- As iDplhorta estatUticas e mappaa de SSo
Paulo dftvem-so a ell**. Era iuii^^ne pintor, dô modo que ko isto
o ttjriiara di^iitvcto, quando por tantts tiluTos o imo fosíí?, sendo
sobre tuJo grande na parte que diz lesf oito á perspectiva.
Em meio do peua numerosos affii^eres oiniía ecbava temfo
para leccionar differentca niaterine, e entro écus beneméritos
discípulos contava-ie o {xrandp Pnulifetít, o iíhiÊÈríido Conselheiro
dr. Mfliu»p1 Jonquim do Arníiral Gurgel !
Tiías baseta 1 E é a um li( nicin deites que aqui ge ?ein esti-
gmatizar, T]dicnlflri:íar !
E' bem %*erdade que o pa]ie! accf^ita tudo.H. E a di^cjjdína
partidária mítnda applaudireertoá coiiçeitos, Laudans, .scdviOíren.t,,,
Fci bom pae, amigo cooãtaijte e leal tanto na advci:sidade
como na jirnsperidade.
Quando o Marecbal Jliiller moneii, o Inui/íuto fíaícrko e
Geographico Briízíhiro preteriu aa gí^p^uiutea palavras que, vos
peço, repitais comTOigo, para du^^tig-gravo de sua honrada me-
mo ri a :
^ « O Braz^l perdeu um bom cidadão, e o Lijfiilulo Histo^
rico um sablo» !
O M4J0R, DEPOIS J!III(7ADEÍR0, FílANClSCO DE PaULA
^ÍACKDO
Ninguém ígDora as lactas Becularca que os Portuguezes sus-
tentaram coíilra 03 [iBipaubóa sempre vcncidoB. Em uma daâ
maia cplebres batalbaB, nta Campoa de Aljubíirrota, a 14 de Agosto
de 1385, o ]>equeno fxereito portufriiéii, aperos de 9.000 bomens,
comniandad&B pur d. Nuno Alvaroi Pereira e jelo próprio Rei,
d, Jf;io I, o iie&tro de Aviz, cm pes?da, bateu-ae contra o po-
deroso rei d, Jofío 0 i^eu exeicilo heepanbol, forte de trinta mil
homens, os quaes íoram completamente- derrotados. Digo cele-
bre batalha, porque fui ahí que pela primeira vez appareeeram
peças de ar ti ibéria manejadas pelos ÍIcBpauhóea, ob quaes níkj
«entiram tantj perder a batalha, «íiiuão o terem sido vencidos
por tio pequeno numero de Poritiguezeâi.
E é celebre, no dizer dos escríptores luKitaucs, porque ca-
quella gigante pugna ee íacharauí jsrcíenles todos os homens
de valor*, entro outrcB Mem liodriguoí, Kui Mendes, Arcebispo
de Braga d. Lourenço, Gonçaío Mendes o muitos notáveis que
nesee dia memorável conquistaram a independência de &ua Pátria,
gloria para elb, e aferroaram no ihrono o ecu rei d, Joft:) 1,
Eísa batalha e tuas peripécias têm para os Macedos um en-
canto, uma alta, indizível e tradicional significação, motivada
pelo seguinte episodio :
- 624 -
— No maiB ardeu te e renhido da peleja viu-íe o T&1oro»Q
Mestre de Áviz, d. Jtào I., cercado por um grupo df? g-uerreiro»
hespAtthóes que, o acoEsa\?am át^ todos os Jadue. Uns, cam «itiAl
compridas lariçfis, ameaçavam lhe. os fia ticos. Ou troa, com Beng
arcof, de Ionize adiavam velosíes setta^ gobre a cotta d« malhai
que Ibe ^uatoecla o peito. Qaum, desferia talhos sobre o elmo
com cortante <»8pada, e quem, afinal, procurava subjugRr o core*»!
para aprisionar d JoJlo Bateudu-te contra muito», e já fatí-
gudo em extremo, eUrri, vendo- ae em grande cuita e i^eiígo,
invocou a protecção infíefectivel da Santi^eima Virgem, e fez unj
voto no momenio em que, mala percebi do de um ]ado. por achar-Kd
atacad'» do outro, delle ^e ap próxima va um poei^aaie iuimiço, o qual,
levantando afiado alfange, ia corta>llie O £o da jireciofta vida,
quando, do lado do rei, surge um cavai leiro anadél t</a ala dos na-
morados* Íl)i e de-f«chaiido com Bua terrível maça tremeodo golpe
DO betspaohól, o atirou mort >, livrando aiiií^im o rei, o qual^ voltaudo-
BB, eutã.o pn feriu sorrindo &i £cguinieã palavjas bibtorícaai
— * Forte maçada 1 », isto é, ttremendo golpe de maça foÍ
«Bfle * !
Gania a batalha, e livre o rei, cumpriu este o seu vòto,
erigiudo sumptuosa Egreja no logar da lide, e que é o monumeato
de mníor gloria e fama em Portugal,
El-rei^ agradecido, deu-lhe a tença de Avíz (2)^ e o escudo
d'aru>a^ (3), e determinou que na C^pelIa em que fosse fe paliado,
tambfHi teria um tumulo o íeu leal salvador — o anadél uaçada^
que, com o tem)to e por eorrupçàOt passou a $er — Magsdo, E* este
o tronco g^otioBo, a origem dos «Macedt^»,
Lá em l^^ortugal, no Mi ateiro Real de Santa Maria da
Victoria, vulgarmente «da Batalha», em o» campoâ de Aljubarrota,
na portrt da expelia Real, eatá uma campa de pedra, com uma
inecripçào já apagada, maa yjí»ivel, e a maça d^atmas esculpida;
eíiã é a sepultura do valoroso soldado da Ala dos namorad^Mt^
inseparável d^El-rei, na joruada de Aljubarrota, e que o defeu^
deu de seus inimigos. E* isso o que rt- ferem aa chrociica» por-
ta guezas, Bendo para notar que com o nome de Macedo ba cineo
villas e povoações para celebrar tào importante feito e nome:
—Macedo de Cavalíeiros, freguezia em Trass os Montes;- Macedo
do Matto, idem; — Macedo de Pezo, idem: — ^Macedo» villa em
Beira Alta,— e Macedo, era o diatricto de Aveiro
Era algumaa casa» antigas e nos portaes de alvenaria dâ
algumas quiutas vêem-í-e em relevo eficudoB com uma «implea
maça d 'armas, symbolo heráldico e histórico dos MaeedoB.
(1) Que «'^rrr^ipoDde i Imp^l»! Ordem úi EofA, dA «jutl «frmM C«viU«tro potfw
T{çgi dft ânem.
Çii BobiD» UmbeiB C«TaíleirD de AyIi, rãcampenta âos Benfinedtoi.
^3) O» Hacedioí %í^m por amiat ; Bm campei aial cinco wtraltu de oare de teíi
poDUa, pottar em mptor; timbre, am brAÇu v^^tEda da «x si com nmamiçm de ouro^n»-
TGíJjtdá de pD&U* de r^rro, como & cIbta de Hercalea, em acçi« de de»cuTeg»r a pAncpAi^
~ 625 —
Em b«11a luaiihan de um ãm e mez quftfqupr ãos primeiroB
ADnoe Ao seculn pAatado dpBembarcou uo Rio de Janeiro um
jõyea portiigtipz, de regular e««tAtura« de rosto clara e formoso,
com bello» olhos a^ues escuroa » cabelloã iang-oa, aoneltados, cõr
de ouTO* Vf^Btia o serio e efeirante Tinif^rme de Tenpnttr de la-
f&Dtaria de Caçadores R**ae8, B> de Portugal, opde fora convi-
dado por labiot au^ostoí* para yir para o BraziL Accetaado
o conTite, deu as suas terras, vinculoí, morg^ado e roaía haveres
a «uafi irmaus e, reservando para hi apenas a própria empada, em-
barcou para a Amerii?».
Foueos dias demorou-se na Corte, como eutÂo èg chamava
i Copital^ hoje Federal, tendo de lá se^^uido para S Paulo,
onde foi aproveitado como iustnictor dos Corpos de MíHcia, e
em outras com missões militares. Este officiat era um nobre
descendente dos Macedos, e chamava -sh Francisco de Paula
Macedo.
Nfto era um (fficral rcientifico; era, pnjêu] latiuiíiba, e conhecia
ã hií^eoria, a lógica, a táctica, a estrateg-ia, a h gi^tica ; <^ra um
ezceJlente ofBcial pratico, de fileirn, e de admini»tra(,-àci interna.
De g'í'nio «"xtrematnente bondoso, «d^avel ; e, comi> tinha
esmerada educa<^o, toraon-se em breve Tnuito ef»timada de seus
companheiros de armas, briizileircs e portu(>^ac!ses.
Casou -se lo^jfo com uma bella o virtuosa p.*ulisti^ descen-
dente da fidalga família do» Araujoâ e A>^ati]hujap, e d<^ eeu f^liz
consorcio cum a Ex."* Sr.* d. Francisca Amália de Araújo A;sam-
buja, ao depois Macedo, teve vinte tílhos. Ora, si é certo que,
desde os tempos bíblicos, um ma t rimo mo tão fecando fui sempre
acatado e venerado como symbolo das benç»m!i ct^le^tei^, da força,
figôr e saúde, como é que se procnra ridiculftríznr t^ d*^primir
a tronco de iamilia tão numerosa e notável, quando já aliás o
era por outros títulos ?
Abramos o grande livro da Historia ; compulsemos; Ibródoto,
o Príncipe das Historiadores, em ama de snaa ht^llas pH^inas,
traduzidas por Larcher, ultima ediçào d*^ L. Humbert, phgiuai
83, acib a invoeaçfto de Clio, e ahi veremos que «na mmi r mota
antiguidade eram venerados m pães de numerosa família; e, meãmo,
que entre o» Periga?, depois das virtudes guerreiriís, ellvs consi-
deravam como lim grande mérito o ter muitos filhu", e que o
rei daqnelle^ paise!i mandava nnnuatmente valiosos presentes
áquellea que os tinham miiia».
Vejamos &i foi e é i Ilustre a progénie do Sargeoto*Mdr
Maeedo, tãro barat^^ado pelo ar. Piza que se etquee<^ d^ que
aquelle benemeritn e fallecido miliiar, adoptanHo o Brjtzil por
Pátria, constituindo família e radicando «se Bm B, Pauh^ ao qual
deíendeu, chegou aos maia elevadns poscos da milícia, ao ^ene-
ralatOi derramando flores no caminho da vid», prattcaniu a virtude
e legando aos seu« descendentes um glo iof<o nome hisr.r^rico e ama
pobreza honrada. Casado com a íormo^a e digniesima d. Fran-
— G56 —
ciaca, minhii búmfeítora o querida e saudosiastma aro, cuj«a beu-
çama injaterlosas e ealutarea gempre deprcco, teve as ae^uiatei
filbas i
1 D. Maria Ãdelatde, tasada com o Gon&ellieíro
dr. Jdeó Butiifftcia Naâcentçs de Azambuja, com defcen-
deueia nnmeroba ;
2 D, Anna, casada com o dezombar^ador Mathlei
da Fouseca Morato, com descendência \
3 D. Amélia^ cabaia com o couselbeiro Jo:é Ignacio
Gomefi GulmarâeRf com d«'cendencia Buruerosa;
4 D, Genebra, casada com o coronel Carlos Maria
de Oliva, com numerosa dosceodencia ;
5 D. MarJa Atoalla, ca^adn com o dr. Aiitanio
Maria Goulart» com numerosa descendência ;
6 D. Joaephina, casada cora o dr, J. Mana Car-
valho, com descendência;
7 D- Constança, cacada Cõm o Commendador Ber-
nardo de Oliveira Mello, pem desceu dcnt«^s ;
8 D. Francisca, casada com O msjt^t' Frauc ico
Geraldo de Aodrado Vasconcelloa, sem detcend entoa.
FrLHOB
9 Major Francisco de Assis dô Amnjo Macfdo,
cnm descenda ncia ;
10 Commendatlor Joáo Evang^íflista de Araújo Ma-
cedo, com descendência \
XI Teneoto António C. d© Araújo Macedo, cora
descendência ;
12 Dr Francisco de P. de Araújo Macedo, com
descendência ;
13 Carlos A, de Aranjo Macedo, solteito;
14 Érico de Araújo Macedo, — e miia ^eis que fat-
Teceram na infância.
Sena netos, bisnetos e tatarauetos ^ir, po- assim dizer, Ínnu~
meraveis, e estào espalhados por todo o BrassiL Alfruns brilham
como e&tiellaa de primeira graurleza; outros, como en, de^apparecem
nas nebulosas da vida*
Viveiiio entregue ao sérvio militar de guarniçào, e todo
devotada aos cuidados de &ua numerosa prole, inimigo do bulictd,
foi bem a coutra-gosto que teve de te envolver em IStl e 182^
noa succeseoa que ae desenrolaram ne^ta Ca pi ta L só para acom-
panhar a classe e os parentes e amigos; e, como homem principal
que o era, mas longe de s<^r um eleniento de des rdt^m, (oi, fielo
contrario, o então major Macedo um conciliador e, nesta quali-
— 627 —
dadc, alii fij^iiroa em 1.^ plano. Fçi escolhido puta ir a Itiii em
commhílio de serviço trÂlitar, para trauquilllafar a cida<ie e toovi-
niet.tar as mi 11 ciai rebeldes. ÁUi (IJ fci, ccmo a1i;íã era dd
esperar, apedrejado pelas virámos, garotos e getite baixa, açulada
peloB políticos e rábulas de Aldeia, que metUarD no tronco cidadáoi
liyree e oâ torturavam com inslramenioa aviltantes !
Nem por isao a gna conducta foi menos di^^na, pois deeem-
penliou cabalmfiuie a &na mia«àot
à camará de Itú, em gÍIIcío ro Governo, excusou-se do
cccorndo, iBEtimíiiido o facto, diaendo que o nío era o insulto
dirigido no ctdadflo mnjcr M&cpdo e sim â sua dignidade (Vj ;
mas qae deplorava o factoi* Verdadeira gatisfa^âo !
Aproveiton<se o tibcHista de^ie incidente i^em valor paru
perèegair (veja- se esta palavra no diccionario latíoo), para dif-
famar e encher de ridieiilo o bríofo militar. Não centro em
pormenor e?, pnra nílo alouííAr esta ím pugna çíto ; apenas direi quo^
oxalá poEsa o injusto analjsador densas du&s figuras Ligtoricaâ
defender os sfus com a líjura, a facilidade e a justiç.i com qua
acaho de defender os meua.
Tempjs depois (Triste ironia da boi te !), Macedo, o correcto
oÊScial, fui de novo mandadi^ a Itú ; ent^o h\ o prccuraram, deante
deli» 6e humilharam, pcdíram-Ih'3 favor íís e beijaram- lho aa mãos.
Era outra occasiào ícrci maia extenso aobie oa servi ç«^s do
Brigi.de iro FrancÍs:o de Paula Macedo, cidadão pr^jbo, nifvdeatOi
exemplar pao d*? família, e tãc di^^uo tronco^ cidadão egrégio,
quPf alo^iins annos depcis, jâ co citvado posto de Brigadeiro, os
povoí de beira-mar e da importante comarca de Ubatuba» oaqueUea
tempf s mui florescente^ em aííradecLmrjito aos seus víiIíoeos aer-
viçoa lhe oíTertaram esta brilhaute, fulgurante espada de ouro
(o orador mostra a rt^fariãa empada ao auditório) com a com-
peteiito legenda gravada na folha, — legenda essa qtio, mais
eloquente que qualquer discurso, mala duradoura que qualquer
monumento, vem desmanchar as calumoiiia com que porventura se
ti^nte diff.imal-0, — espada de honra qun está a protestar contra
■imilhanle e falso julgamento, e que proclama bem alto os méritos,
a honra, a lealdade desse illustre varfio prcatante, que deixou
t^o honri 60 documento militar a seus netos vindouros, como sym^
IkíIo doá notáveis servidos por ello prestados á sua pátria adoptiva,
o Brazil, o principalmente a S, Paulo, nosso CÈtrcmecido berço,
E' pela religião, pelo sola sagrado e pelas inEtitulçÒes legadas
ao Brazit, que te têm batido os dcicendentcs do marechal Daniel
Pedro MiiUer e do Brigadeiro Francisco de Paula Macedo,— e o
têíQ feito derramando o próprio sangue e honra ndo-lhes assim o
ieu nome e as suas venerandas cinzas.
Henrique Affosso de Araújo Macedo.
{\) Foi deucaUdu sIiDplesioentc por^u^ nfto levi^u e»coUa; uAdn maU.
Excursão ao Ruwenzori
CoHFBtEBNOlA FBITA PBLO DcQUB DE AbRUZZÕS BH LoNORB^
TBADU^IDA PliLO DK , EoUABDO LoSCHI
Er ■• Sr- Preaidente,
TlluBtres consoem».
Nào é neceBBario dizer- vos quem é o Dnque doi Abnízzoa;
Elle pertence ao nosso lostitnto, como sócio honorário, a são
muito voDhecidafi sua» excur#5ea geograf>liÍcafl áe culminancíafl.
dog Alpes dá Itália e é «erra da AlãBkai na America do Norte.
Todo o nitindo í-onbe e flcorapanhou com int^resfe sna arro-
jada víogrerji ao Polo Norte c com ceit» sa tereis também (envido
falar dn sua ultima e importante viagem ao centro da Afiica.
Julgando que o nosso Instituto tcTÍa certo intere&sf* em co-»
nbecer o itinerário deflpa íxcursílo e oe pnoto* reconliecidos pelo,
illui^tre Duque dos AbrUKZos, tomei a liberdade de traduzir na
liugua do paiz, que nie bospeda, a coníereneia feita por eílô
mes imo, na presença do Rei da Inglaterra, em Londres^ em o diiw
12 de janeiro prorimo paleado.
S. Paulo, 1 de juobo de 1907.
Eduardo Lfãchi.
«Aqui me acbo, correspondendo ao gentil convite da Real)
Sociedade de GfOfírHjihiíi, para descrever a minba receoíe ex-
ploração áa culmiuaDciíiS nevonaSi conhecidas pelo nome dâ^
«Ruwenzrri» e que es^tâo Bitu^dae no centro da África Eqaato-
rialt precisamente entre 08 dois lagos Albert e Albert Edward,
nascentes di» rto Nilo.
Provavelmente eeta serra foi primeiro avistada pelo sn S.
Baker^ quando em 1864 visitou aquella região, e depois, em 1876|
pelo er. Gessi, que a descreve nas suaa cartas como lertranhAt
appançàu de immenaa» e cândidas montaubns cobertas de neTe*
ao passo que B»ker deu o nome dt^ montaolias azuea á serra que^
ae lhe apresentável ao sul do lago Albert.
Nem unij nem outr^, pnrpm, tirba ligado grande iniportau^
eia áquella serra, e, pois, coub^ ao sr. Henrique Stanley o real;
merecimento da descoberta. Elle não se satialesL com ttí^tk viito.
*•
i
— 629 ^
AO Btil do lago Ãlbett» em 1388: tio anno sej^itite afra^efliQu
^ fr&Has oçeidentaes e o sen companheiro^ o alferaa Stairi, Bubia
pelo Udo nord* o«ate, até á altura de 2354 metros.
Stanley procurou indagar qaal n Dorrif) que os habitantes
davam áqu^llas al?aa moatanha«p e, obtendo varias respostas, es-
colheu o de «Ruwenzori» que na Ungoa dos Mtaoras, quer dizer
«factor de chuva», denominação esta muito apropriada, devido
ás nuvens que continuadamente envolvem as suas costas, tor-
nando invíiiveis por mexes e me^eã bí auaa culminaacíai. Ãpeufts
durante o p«nodo da paisagem da est^tçào das chuvas para a
da Becca, ellaa sJLo visíveis pela madrugada,
Etnquauto perdura esta tiUima estaçàOi escondem- o -as os
vapore* do terreno.
Stanley pena nu que essas eram ai montanhas que To lo me j
denominou «Montanhas da Lua».
Os ^ograpbos, {>orém, nfto estiveram de acordo, tanto que
alguns ftiram procural-as no Kenia e no Killimangiaro, ontros
nos motites que coroam as alturas da Ãbiai^inía e outros ainda
nas montanhas vulcânicas do M'umbiro, situadas na reglhú qoâ
os iudi^^^enas chamavam «Faiz da Lua* ao sul do lago Ãlbert
Sdward, próximo ás nascentes do Kagera, que é um alEuoiite
úo lago Víctoria e a mais remota nascente do Nilo OrientaL
O illuBtre geoRTapho italiano dr Hugnts, a pedido meu,
occupou-se gentilmente dessa importante questào. Baneado naa
coordenadas geographicas dos lagos do eut, lagos que affirma
serem os mesmos conhecidos petos nomes da Victoria, Ãlbert e
Ãlhert Edward, o dr Hu^iieii opinou peta versão de Stanley.
^E* incontestável que o «Ruivenaori» é a uníca serra nevosa
da hat^ia do Nilo e, portanto, somente etla pode estar de acordo
corn a affi^rmaçào de Totomey, de que O Nilo é alimentado por
monranhas de neve.
Foram successoreB de Stanley, na visita é regiào do Ru-
wenaori, o dr, Sttiblmann, em 1891, e Scott ElUót em 181*5 O
primeiro, pela bacia do Butágw, subiu ao oeste da serra, até
4.450 metros, tirantJo importantes photographias dos «eus picoi
e gelei. os, — Scott Elliót fess depois cinco excursões em direcção
ao cume central, approximandú-se dt^lle p^lo lado orientul, per-
correndo os valles de Yeria, Wimi, Moboca e Nyamwamba, e,
pelo lado Occidental, o valle de Butá^u, onde alcançou a altitude
de 3.972 metros; nos valles do Yeria e Wimi chegou ao divi-
sor, porém náo a táo grande altitude. Si bera que nenhum doi
dois tenha alcançado a scona das neves, entretanto ambos filaram
numerosa» observações scientíficas e organistaram collecçôss,
O dr. Stublmanu teve a pnmaaia era reconhecer quenaquelle
massiço havia quatro grupos distiutos, que, peta ordt*m de norte
a sul, denominou : Kraepíiu, Moehius ott Kayangungwe, Semper
^ Weissmaiin, declarando que o segundo era o mais baixo,
Ifooro toi o primeiro que chegou á zona das neves, lublodo
L
— G30 —
o Semper, em 1900, até a altitud© i& 4.540 metros, pelo hão
leste da culraiuaticiíi, que enonea monte julgou fazer parte do
dtviaOT daa aguas.
No mesmo anuo, o si*. H. Jobns!:on ttlcançou «gual altitude,
na meãma mou Lanha, A qual chamou Kiyanja» o d^u o nome de
Duwoui a (iXLtvo pico viâivel no v&]l& infenor do Mobúku, «om,
êntretíinto, aaâ igualar se era um dos montes rcferidoí por
Stuhlmann.
Depois de 1900^ muitaa outr^is tentativas de ascensões fgram fei-
tas em ambasas vertentes da montanha: do íaJo do lesto, foi sem-
pre escolhida a bacia do Mobúku^ fiem quf, entretantOi ninguém
consef^uisse chegar á altitude alcançada por Mcore ; do Jade
oeste, o dr. David julgou terenhido á altitude de 5.600 metirre,
nos geleiros do Monte Moehiuâ. E&sa suppoaiçàOj poriam ^ parece
ser errónea, porquanto elle próprio admitttí que se affigurara estar
4T0 metros abaixo dos picop. Ditas agccnsõee, porôoi, foram feitas
por exploradores que nSo eram itlptni^ta^^
No inverno de 1905 e na primavera de 1906 íoram feitas
maia duas tentativos por alguns ftlpinistas:
A 1.* comitiva, composta doa âurp. Douglas Freshfield, Muna
e do gnía Zermatt, venceu em novembro de 1905, a altitude
de 4.4 19 metros nos geleiros onde começa o valle de Mobiíku,
mas, devido às chuvas torrenciae?, níto pode conseguir o íim
almejado. Elles enganaram-se jia época das chuvas, por terem,
o sr. Jobnston e ouiios, deiíado de menciooar em os teus rela-
tórios, que a estação das chuvas na região do lago Victoria nào
coincide com a do lUuvenzori*
A 2,' comitiva, composta do alpinista austríaco &r. Grauer
e do8 missionários Maddox e Te^^art, chegou ao ponto uiais
baixo do espigão alcançado por Hooro, altitude por ellea esti-
mada cm 4,572 metros,— Grauer, como o seu predecesaor Meore^
pensou ter alcançado o divisor das aguas,
Eli quanto constava relativamente a essa região, quando,
em fevereiro do 190G, me dispunha a completar os preparativo»
© fixar a data da minha partida da Itália. Tinha conhecimento,
porém, de que as autoridades do Biiti&h Museum haviam enviado
uma expediçáo para lá, com o fim de organizar uma collecçào de
historia natural, e que ella se adiava nas fraldas do Euwensori,
de^de dezcrmbro de 19C5| conta udo entre o numero dos que a
compuoham o dr. Wollaston, socto do Club Alpino. Com**, po-
rém, até o fim de fevereiro, nào me tivesse chegado nenhuma
noticia de ascençâo, julguei que, devido ás chuvas torreneiaea
de março, abril e maio, o dr. WoUastou náo se teria aventu-
rado tào cedo á arriscada asceução, e que, portanto, mo daria
tempo para lá chegar e com elle me juntar na subida aos picos
mais culmioautes.
Das noticias publicadas pelos meus predecessores, com eape*
cialidade as ultimas do dr. Freshãeld e Daví J» conclui que &
— 631 —
s«!fra do RaweoKori se coinpunba ãe 4 grupos do montanhas na
dirfcç&a íiord-estô ^ sud^oeste, nào tendo certeza, porèn^ &í elJae
es Uva m em geg^uida uma á outra ou ú eram separadas por
grandes valles.
Uma destas montanha?, a Semper (ru Nfçcmwímbi segando
Slufalmann e Moore) ou Kiyanja (spf^undo Johnstonf Freiíhfield
fl Graner) era fricilm^ipte acceisivel pelo lado do valle do Mo-
bukn. O pico maia alto, o Duwoni, segundo Johnstnn, o talvez
o me&mo que o Slulilraann cbaniou MoebiuF, provavelmente
seria accesEivel pelas culminancias alcançadas por Grauer.
Havia um ponto, poTÔaa, sobre o qual todoa oa excursio-
DÍatas eram contestes, ni\o obatanto as tentativas terem sido
feitas em diversa* f poças do anuo : na descri pçílo do máu tem-
po Dkqtiellafl regiõeif daa chuvaa torrenciaea, intercaladas de
ÊspCE&áa neblinas e cliuvj faqueiros e da a rara a madrugadas em
que apenas havia moreno.
Das noríeiaá fornecidas pclo« misaionario^ d© Toro o publi-
cadas por Freshíield e as dadas por William Gartiu, tinha
apprehendído tjue oâ mezes menos desfavoráveis á* ascençt>ea
eram ob de junho © juJbo e também os de janeiro e feve-
reiro, porqufintOf íippsar das Cerrações, Lavia, entretanto, certa
soInçAo de continuidade nas cbuvjis. Decidi então ^flectuar a
mínba ascençâo nos mezes de jauhf) e julho.
CGosiderando que a posição daijueUa montanha não estava
bem precisada, a5sim como a saa akitude, que fora estimada
entre 5 900 a 6,500 ms, ; con^-idorandoque o máu tempo e as
nuvens difficuUaríam a marcha além da zona àm neves, pare-
eeame conveniente provisionar me do material necPBsatio para
que fosse possível acampar na Kona dos i^elo^, Ã maueira do
que tinha feito na ascençâo do mnnte Banlo Elia*
Havia, poÍF, necessidade de serm s acompan liados de c&rre-
g-ad* rfs euvoj^eiís, para o transporte do material, porisso que os
indígenas da vertente oriental do Bakoajo não BUpportflriam os
TÍgorBB da zina do gelo.
No3 jn-eparativos das proviííòes cíílculei que 40 dias foasem
■ufficient'8 para o reconhecimento da zona luperior, mesmo
sendo contrariado pelas mais importunas condições atmosphé-
ricaa.
* * *
Ko dia IB do abril deixámos Nápoles com destino a Mom^
basa. Eram meus companheiros: o capitão Cagni, da marinha
italiana, que tinha a seu cargo as observações j^eraes, especi at-
raente as magnóticaa ; o alfere» ^Vin6peare^ também da marinha
italiana, encarregado das observaçops geraes e especialmente das
meteorológica 8 e topographicaB ; o medico major Cavai li— Muli-
nelli. incumbido das coUecçòes zoológicas e botânicas ; o geólo-
go D. B'^:ceatÍ, eacarregado também das coUecções botânicas o
— 632 ^
dftft i^fiologicaB ; o »t Pella, que áB devia occupar daa plioto*^
grAphiiis ; o ar, tCrintnio B.jr.t^^, ajudante pbotograplio ; doia
gaias alpiíi&tsa, .In^M^ Petíg^s e Cessíir Oliier; dei» carregado-
les, Jopé Brtíchsrel e Lnurtíiiço Petigax, e o coainhtííro Igino
Gmi.
Ãs provisões completas (barraca**, cAmaB; calchòeg, cadeiras,
mcFBB, bauhi^iràtt^ eatuf isi, r jupas, uiatenaeB para photograpbia e
para hb <:nllecçõ&fl bo^anicaH, mioeralo^icas e d^ anologia, ÍDUru-
mBQto:! div«riscís, e8piiJííí<r<na e inutitçÕHa He caça) foram dividi-
das em U4 caixas, pesitido cerca de 25 k^. eada nmâ^ a»
qiiaeiã foram nttméradnB tí Rcondicíonadat de sorte a ínaia fãcil*
mâate gert^m carregaija^ tia cabeça Aa prrivÍBú<^s de bocn foram
divididas em 8> caixHS pegHtido também 25 k^;. e contando cada
uma a c<^mida í^ytGciBtittJ para um dia e para doze iiesHoas. A%
caixas ^ram de fr>lha snldada a protegidas por <iutra cai^a de
madeira* Quarenta (40) eram destinadas para a mamba do Eo'
t«bbe a Fort- Portal e ti.^o CQiUiubatn carne secca, pnr ia^o que
durante a marcha ba podia eocontrar car i6 freíit;». A a outraa 40
caixas, destinedafl á mucba na montati^ia^ cotitinbam cArne em
con&ervA. No transporte das cnjxaa de Eutebbe até o RuweB-
zori foram empregadoB 194 carrí'gadoreB.
Na manhã de 3 de maio^ dtJpoÍB dti uma viagem de 17 diaa,
interrompida apetiaã p^^la breve parada feita em Frrto-Saíd Aden
e Gibiatif eBtavamoa àa vi^taa duB brancas (^aaaa de Mombaea, e
pQueo depoiã^ ancoramoB no porto de Kiiindini, onde bavia aa**
coradoR muitoi navioE ingleses, franceBei^» auitriacri» a allemAe».
Nào estando ainda ultimada a ponte de embarqn^, junta á
estraria de ferro da Uganda, aa mercadurjag são transportadas
para a alíaude^faj pelo pí^queno eaual que liga oí portos d.e
Mombaça ao de Kiliudlni, ao occídente.
Todo o dia H foi empregai!© no deBembarque e transporte
das ba^gens pjira o trem e foi graças á gentil cooperação doa
empreg-doíi ingleses, os quaet noB fizeram conceâí-õea e^peciaefl,
e ao auxilio dos n06«og eonacionaes, qne pudemos partir na
manha s''guiute. Foi aseim satisfeito o meu dtjsejn de deixar o
quanto aiiiea MombasEi devido a pertencer ent^ ponto á ^una da
malária e ao receio que eu tinha de que algum da e^pediçào
fosí^e HTacado da íebre.
O máu estado de sítii-ie do companheiro Wiospeare obri-
gou «nog a qne o deixássemos em Mombasa, tendo dado entrada
no bospitul, [>ara voltar á pátria, com o eouíentiraento do dr,
C'ãvallij logo que o i^eu eatado de anúde Ib^o permittif^ae .
Na madru^^^ada de 4 de meio, tomámos o trem »emanal coiB
d'*»tino a Port-Plípreoce. Esta e£trada de ferro tem o compri-
meato de 1 135 km. : foi iniciada em 1396 e completada em
1902. Do mar, eleva-se até 2,228 to., para descer depois lobre
o lago Victoria, a 1.117 m. Tdm a velocidade média de 39 km.
por hora e permttte aos passageiro» admirarem oa variados pa-
— 633 —
noratnai. Da paíaag«m tropical de flores tas de bananas e pal-
ma», nm ví^inhaaçai de Moinbasa, ele^a-ge gradualmente aos
imEoeniOs planaltos de Athír vivei m de zebras, gazetlas, rmoce-
root45J e \eòm. Além de Nairobi, nova c^apital do Protectorado
da África Oriental, a estrada sòhe novamente para »i alturas
que limítaoi a grande vailada do Rift, deste collosnl gnlfo, qne
«e êx tende ao sal| até o laj^o Njansa, e ao norte, até oi lagoa
RudoH e Mar^herita.
Dando vfilta a uma vf^i^etaçâo luxuriante, contornanJo os
e9pi<;õ«s dos ingremeâ montes, ora penetrando noâ rect^saos de
estreita ^arganta^ chegámos a Simuri,
Nosta estaçÃo comnça a longa descida do Hift, dt^pi is de
um giro semicircalar, em que atravessam alg-ung vtadn^tns âobre
pFí fundas ruinâs, o trem [ms»^a nas fraHaa do exiiiitú vtílcào de
Longone, nas praias do bgii Naiva^íka e sobe pnra Njoro, o
pont4} mais alto da linha, no confim at^cidental do Kift.
Ao loDgo da estrada e naa ei-taçòes vêem ^ se in ligenas
seroi-nús, cobertos de pelle e com os cabe lios e o rosto tiuirídos
de cdr vermelho -amarellada. Os homens tinham o aspecto so-
berbo, estando muitos delfee arujados com flechas e escudos. Ãs
mulheres levavam aa crianças nas costas 6 tinham aâ pernas e
09 braços oníados em fspiral com metal arasrellot que ]\im im-
pedia de andar livremente; o ro^to era de&Hgurado por grandes
brincos em Forma de tambor.
Ãlêm de Njoro, a Unha férrea desce o Mau, atravessando
enormes extensÕen de terreno coberto de herva elephiole, atá o
Kisumu ou fort-FJorence, ponto tf^rniiual da linh^i sobre o lago
Victoria e de onde parte o vapor para Entebbe.
Chf^gamoã a Kiaumu át 11> âOr du diii 6, tendo feito, em
48 horas, os caminhos que até bem ^ouco tempo pre^ciísavam S
mesdB para serem percorridos.
Em quanto embarcavam as provisòePi fui visitar o grande
mprcado do Kisumu, onde centenas e centenas de homens e
mulheres, em costume natural, se r»-UTnam para o tr^fico*^ Me-
rece observação que nesta parte da Afxica se encontram alter-
nadamente raças que «e apresentam i umas comptctamenie núaa
e outras completamente vpstidíi^, aem que, entretanto, a moralidade
tenha mais a ganhar com a vestimenta de umas do que com a
nudez de outra^i.
A moeda corrente em Uganda é a rupia indiana; as conchas
sâo ainda usadas, mas para pequenas importâncias.
No meemo dia partimos de Kisumu; e como naquelle lago,
10 se navega durante o dia, ás 6 horas da noite ancorámos perto
da ilha Eui<ÍDga. As ondas quebravam-se na praia^ produzindo
leve murmúrio, em quanto algumas canoas compridas e estreitas,
tripuladas por vinte ou mais remadores, iam e voltavam alter-
nadamente da ilha ao nosso va}>or Winifréo, Durante a cal-
maria, vlam-ae entre as canuas alguns h^ppopotamos, que de
— (534 —
yez em quão do leTantavam a immetisa cabeça, enaquanto qu»
OA pássaros, em proatr^ d^ pausou, voavíim para aa i-ccbas e ao
longf da praia, Naquella noito o íoI desceu como num &eml-
circulo de uuveua e lançava seuB den-iadeircs raios de ouro &obre
uma parte da terra, que a^í^ora pe v«o abrir A civiU^aíno-
O céu, de]>oia de rapidame^ntc p,.srnr da um vermelho-en-
carnado para roio-escuro, deaappareceu nas trevas da noite,
que repentinamente cobriram todo o la iro.
Vieram-me uaquclle instante ao pantamento os conUts da
escraviíiào, úo canníbalismo, dos reis crueiB, da^ FnQgreutaa ba-
talhas e dos paizea dizimados p&\o beri-beri, moIeBt'a que de
ha pouco iuvadira aqufHa rcgiuo. E na calma da noite a mltiba
mente s© transportava d© um triste passado e de um pregenta
nào muito prospero para a lisonjeira viello do um futuro bem-
aventurado, em o qual, devido aoa esforços, á paciência e ao
heroísmo dos scientistas, a pra^a que ainda boje assola aqueLlas
terras, dizimando íiquflla popuíaçào, se-á vencida e^ nos praiai
do lai^Of ora devastadas pela epidenim, surgii&o v tilas e cidadei,
6 colónias agricolas-européiíis irào babitar e cultivar os seu»
immeusos planaltos.
Na tarde de 7 de JuaiOj cbegámrs á Entebbe (Port-Alice),
iéde do g-overuo do Protectorado de Uganda, A cidade é divi-
dida em doía depanameEitos © occnpíi, sobre um elevado pro-
montório, uma maguifica posição eutre duas protundas balnas do
lago. As casas do? europeus obedecem a constracções contmuus
uca paizei troptcaes: grandes varandas civcnmdadas de jardins.
UFam sobre os telhados, nas janelfa?, em volta das varandas,
col locar cortinas com o fim de se defenderem dos mosquitos o
especialmente da fritnl mosca do somiio. Os indígenas habitam
rancbna circulareii.
Em Entebbe tive iim recebimento quasi oflicial. Eu 6 o
capitão Cngoi fomos, com njuita 6neza, hospedados pelo commia-
sario mr. Hesketh Bell, o os outros companheirca também tive-
ram gentil hLtspitalidade, por part© dos srs, Eunis Wejudham,
Cárter e Martin. Fomos ai voa de todas aa cortesias e, pois, po-
demos passar uma semana de descanço e de gOTio.
Níio sendo aquel!e tempo próprio para nos entregarmos a
prazeres, porqu-itiío urgia partir, tratei de dar as necesiarias
providencias para <rg preparativos da no^sa empresa, tendo sido
augmentado o meu trabalho, devido á falta da valiosa coo pêra çlo
do capit&o Cagni, adoecido pouco depois da no&ia chegada a
Entebbe.
A fobre, branda a principio, egg^ravon^se depois, no ponto
de ser necessário transpor tal-o para o Hospital, perdendo eu
assim a esperança de tào bôa compaubia na minha expediçÃo.
Nào era conveniente esperar cm Ent^bbe o seu restabele-
cimento, porquanto impossível eva prevÍT a duroçào da sua en-
iermidade, e também porque nÈo convinha perder o tempo
I
— 635 —
favorável dcs m^zes d^^ junho e julbo^ além àei qu6 a nosiA
petniauencia do kcal scanetava o pprj^o de a^retn atacados de
febre cutros membroi da espediçAo,
Eis porque re&olvi munt^r a ded&ilo tomada ninJa ha
Itália, de atraveãn^r rapidamente a 7.i na ám febres iiíaláneas,
meímrv sendíí obri-^ado a privnr-me do vaHíBO concurso do com-
panheiro aff''fi(;oad[v, iutelligente e ficl^ que me acompanháia nas
precedentes í^ipediçÕes.
A madmg^nda de 14 de maio, marcada para a no^sa pari ida
de Entebbp, e, portanto, em que deviamoa trocar os cwtifortoi
da Vida civili/.ada pela aventureira do acampameuto, fui por
noa festejada com enthudasmo.
Depois de ternamente nos termos despedidos daquelles que
tão amavelmente nos accolhôram e do capitão Cn|?ni, que nmu-
tinha febre alta, ieunÍmo-ncs, ás 8 horas da n^anhan, t^m í rente
ao «hotel equatoriaUí como estava convenciotiado. Áhi junta-
ram-E0 á expediíjâo mais 220 carregadores, qnasi todos Bosjcmdas,
e os qiiaesj tríitados pelo ar. Bullif empreg-ado da Sociedade
Colonial Ifaliana, a pedido do commissario de Ugtinda fo dí^^pu
nham a carregar na cabe<;a o peso de 50 libras» na distancia de
740 km.f mediante o pug-amento, a cbda um, de 4 rupuns por
mes.
Faziam parto da caravana 27 carregadores áa ordens do ar.
Martin, qtie por desejo do comniiaarzo nos acrmpachou até na
divisas da Uganda, e mais mna cicolta de 2G soldfldo» indígenas,
além doB moços que nos serviam, dos carregadores do ch^fe da
caravana^ do-i a^ Idades e cocheiro* levados para o serviço dos
uotísos cavallos e btiTrcs; formando ao todo mais do dOO persôas.
Quando oá primeiros da caravana já se tinham perdido do
vista, na estradai de Ilfimpala, foi que nó^, qiui estávamos no fim,
nos puzemoa em marcha,
Á distancia, que separa Fort-Portal de Entebbe, é de 290
km.- A differcnça de altitude é de cerca de íi90 m,, vencida
por quatro degrau?, que separam trea bncius, A piimtira receba
ss aguas que ao sul dei cem para o rio Katonga e em seguida
vio ao lago Victoria; á seg^inda bacia o á terceira alHút-m as
aguas do rio Misíai, o qual corre para o norte e alimenta o
lago Âlbert. O ultimo doa quatro degríus é o divisor entro as
«giias que descem ao lago Albert e as que descem ao lago
Ãibert Edward.
Todo o planalto, entre os bgos, é accidentado em collinos,
que correm em todas as direcções, sendo as da vertente oriental
próximas e entrelaçadas e as da vertente occidental maiorea ô
mais Ee|>aradas.
A vegetação através de toda esta região é ani forme m n to
distribuida Ecgundo a natureza do terreno; sobre as collinas a
herça cresce alta o de permeio eueoiUram-í© capões isola doSj e
nas baiiadflSj cnde cçrrem as agna , vôem-ee fragmentos de lio-
— 6S6 -
restas tropícaes e nas varzeaa existem aguas eataguadaSf cobertai
dfi g-iliofl palustres.
A eatrada de Entebb© a Fort-Portal, é em alguns logarea,
verdadf^ira eàtradu e, em outros, um simples trilho que áa vezea
be^nvi R nrla doâ modtes, atravt^ssando altas hervas, e outras
ve^eií desce ans valks, cortando as florestas, onde formam ver-
dadeira fiinuosidade.
Atí^m do Ingo Isolda a ondulação é menos accentuada e h&
terr^TioB qtiasi horizontaca. que constituem um descanço para oa
pobres ca reg'adores. Ãa aguas estagnadas e as fioreâtas tAo di-
minuindo à medida que nos approximamoB de Fort Portal, onde
a campanha se oflerece ?ob um aspecto mais salubre.
Esta 20 na é habitada e ao longo de toda a estrada se en-
contram casas aqui e at^olá^ sendo, porêm^ pouco visíveis, pois
que AS altas hi^rvas e as bauíineiraâ escondem-n^aa dai vistas
nos vifijanteSp O a terrenos sào cultivados sóóieote nns vizinhanças
das choupanas, como acontece em quasi todoft oa paiz«a tropi-^
caf^s, onde a indolência dos habitantes limita a auã lavoura ao
estrie tam4:'nte necessário para sua míínutenç&o. Âhi se caUivam
bannnf^iras, batatas, inhames , feijão, algodão, trigo e canna de
ssBOcnr. í^endo empregada a mulher nestes trabalhos. — A viagem
de Eutebbe a Fort Portal durou 15 dias, de uma marcha de B
a 6 boraii por dia.
As nossa» partidns eram sempre a cerca de 5 e meia da
madrugada e nos a ampavamos o mais tardar ás II e meiaf em
logar afrtttado das villas e previamente preparado.
As tendas eram constituidas em v^ilta de um rancho cen-
tral, destinado ás nossas refeif^Ões. O rancho e as tendas eram
circumdadog de uma cerca bastante alta, a qual servia não
só de defesa contra os animaes fero?tes, como também de divi»a
entre o nosso acam|mmenLo e o dra carrega dores, formado de
ranchos que ellea me^moá em poucos instantes construíam e co-
briam de herva; cada pm c<[fntiaba dua^ ou trea pessoas.
Em frente d^fises ranchos os carregadores Bogondas occiL-
pavam-ão até tarde da noite em cozinhar batatas doces e banarmi,
ãs quaes formavam ae suas refeições ordinárias. Si bem que a
marcha fosse tim tanto fatigante^ devido ao terreno accidentade
e ao peso que traziam na cabeça, entretanto, os carregadores
pareciam sempre contentes e satisfeitos com a untc^ e tiugal
reíeiçâo ves[.ertina e estavam sempre alegres e promptos para
o trabalho e os E^ofiTrimeotos,
A necessidade de attender pessoalmente a um numero In-
finito de cousRSf impediu-me, durante os primeiros diai de gozar
plenamente do aspecto pittoresco e venturoso daquella vida no^
mada ; mas a pouco e pouco a caravana tomou a organixaçi^
disciplinada, o que deu ensejo a que minha vida fosse mais so-
eegada.
— 637 —
O noíflo acampamento, enj que ioàtig pareciam íne pirados
dofl tetitimeDtoB de humatiidAdfii alegrado pelo« jo^os e danças
dos itidíareoas Á'a vezes um ch^fe de tnbu da vissinba vilLa yi-
Dbancw trazer presentes, e outraft v esses uma procib^âo de mu-
Ihercfi nof visitava, trazendo comestíveis pnra a Do&sa caravana.
O tempo pasB&va veloz e a nosBa mente difãcilmente podia
rpgiãtiar as ti ovas e in numeras impres^^ôes que se dos apre se q«
tavam, e que serviam de incita me a to para tornar mais breve a
viagFtQ, sern uma parada desnesBaria.
A temperatura variava muito: agradável pela mflnban © á
tarde; fria durante a noite e quente ao meio dia. Depois da
ceia, renniamo-n s em volta de uma g^rande fogueira p a coesa no
C«iitTo do campo, que, ílém de server parH nos aqufcer, em uma
precauçAo contra os mosquitas qu*' transmittem a ff br© malar ica.
Creio opportuno fazer uma digressão sobre o uso do quinino
como meio prophilactico
Alguns que residiram por longo tempo na Africa têm ma
nifestBdi> a sua duvida &obre o mérito preventivo do quinino,
pelo facto de muitos, que n&o uaTaro dessa droiía, nào tr-rem
sido atacadoEt peUs febres : eu prefii-j attríbnir efisa iiumun idade
a nfto terem predipposiçào para a infecçào maláriea Podo se
tambf^m admittir qi>e para as pr^ssoas (fbri«fftdas a viver perma-
neittemeutfí no lo^ar infeccionado lela mnlaria, o remédio seja
peior que o mal; poréro, p^ra aquellen que af^euas trarisitítm,
creio ser prudente seguir a regra escabfdeeida e tomar quotidia*
namente nrna dó>»e moderada de quinino.
Nâo obsTant© abundaram nesta rRgiào os elepbantes, o fre-
quentemente se encontrarem leòea © principalrneute aebras ©
antilopf^s. julgamos conveniente nà« persegnil-os. A ca^jJi era
ahi tào abuodautn, que era tulfident© um pequeno giro ©ru volta
do acampamento para nos apro visionarmos do bagíante para ae
refeições.
Assim procedendo, sem fadigas e demoras, alcançamos a di-
▼ba da Ug'flnda, entre os campos de Lenattmukosa a Kiccbi« ni.
Neste ponto despedimo-nos do lympatico e jovial senbor
Martin e proseguiffins a nosFa marcha em ci»mpanbiada sr. Kno-
wles» regente e commissaiio das proviucias oecideiitaeá.
A' medida que d( s avizinhávamos dos lagta occidenlaea, au-
gmentava a nossa esperança de fioder avistar a serra do Rn wfn-
Eori. Por duas vez s suppu^^ieinrfi lel-a avistadci, confutidindo-a com
nuvens brancas quo se accuujulavam com a apparencia de uma
imn^ensa montanha de neve« — Finalmente^ dois dias anteg de
cbegarmos a Fort-Portal e á breve distancia do campo de Kaibo,
appareceu, qnasi subitamente no occidente, o Ruwenzori^-omer-
giti#o das nuvens que vagavam em turno de iuait frhldas. Do
ponto em que nos achãvamop, fr4-n<'S dddo recimhecer algum
imiuenHOB geleiros, cuja parte iufenor es^tava coberta de cuhnl^
nancjasi que appareciam diroiídai de três imineusos pãcos, dos
— 6:^8 —
quoei o mnis ao sul erra separado doa outfoa poi* uma tnimenea
de^fresfeâo do tei-reuo. Esta era a culminaíicia reconliecída por
Frtísljfield como fieiído amais alta, pOTêm, erroneamente porellô
confundttlíi t! m O Duwoni de JobnBtou, quando era o Moebius d©
Stuhinaiiti,
No dia iopaintc, de Butete, ptidemoâ de tiovo avistar 03
picos iievoBOF, si bem que, por estarmos mnis proximoit, as poutas
itiferiorei nos escoiideasem a mainr parte dclles. De Fort-Portal,
nenhuma díístas poutas era visível, não ob.tíiute se poder dU-
tine^uir, aeima das partea inferiores^ os cumes dos picos m&ie
elevados,
Ko dia 29 de maio alcançnmoa Firt-Portalj ultima estsçAo
militar fio occidonte da U^rnida» O ar* KuowIps, com iii lei li gente
prtícis^ílOt tiolia finteriormento pedido ao dr, Wollastotii da comi-
tiva do Britiãh jruseum, para chepar a Forfc-Portal, afim de me
dar Tiuticia^ ncerca daa suas tentativas de a^^ceuçÃo ao Kiyauja
o ao DuwoiíK feitas nn mcx precednntn,
O dr. Wi llaiton informou -me, dá i-ua asceuçáo a um ponto,
uâo o mais nlln, no espigHr> do Kiyanja, e ao pico, que pensou
ser o Duwoni do Jobnstrin, cuja culminância era froutcira ao
escoador dos «releiros do Mobnku. Disse-me mui» que esto pico
era do urna aUitude inferior ao do Kiyanja e que a nord-oeste
havia doiá picoa maia altos que o mesmo.
EUe lírio me pôde dizer si eàtes evãm ligados ao Kiyanjá^
Hmifando-ie a expender a sui opiniáo— que so verific*ju 6Êr
eronea— de estarem situados ao occidente do disfduuio ;— E*tít
infotmaqUio estava cm contradiçlio coiu o que anteriormente soube
de Freí^bfiidd e me deixou na incerteza acerca do caminho a seguir
para alcançar o pico mais alto.
O problema que se nos apresentava era: Devemcs tomar o
valle do Mobuku cu o do Buto^n nn costa do Semljki, a qualfoia
preferida por Stuhlmaan?
Do íacto, íl o pic*o mnts alto é separado do Kiyânja por
um profunda garc^anti, e si o caminho que de Mobuku vae ao
mesmo Kiyn^ja v, i n transi ta vel^ como poderemos atravessar a
série de montes? Nesta incertezn, o melbor caminho parecia o
do valle do Buto^ju, porem este 60 podia ser alcançado^ depois
de um circuito em torno dâs íValdas meridíonaes da serra e atra-
vessando uma parte do v^Uh do SemliUt^ onde nào era certo
enconttarmiLg as provi^ues necessárias á no^^sa caravana o acolhi-
mento amifTflvel da parte de feui habitantes. Das duas alter-
nativas escolhemos a que implicava uma viag-em mais curta e
re6olveu-8o Eubir o ^[obtiku^ para abi se decidir si convinha ou
nâo o trajecto mais curto do Semliki.
Fort-Portil eitá situado a 1,700 metros em uma localidade
salubre, formando um vítsto nmphithcatrOi fechado ao occidente
pelo RuwensEOri e ao orienta pelos mentes que formam o despluvio,
entre 69 lagoa Álbert e Albert Edwaid.
™ 639 -
N&o ba ahi tiiaU de 15 europeus, incluindo ns EotiboraSi o
Cfnímisânrio, o eoUector, o camniaudante das tropas e os ihIèbÍo-
t.aríoa dae e^rejaB catbolica e protestante. O terreno é bem
cuhivado o UQ perienceute á tiiiss^io cRlholica f ucontiam-Èti ílo-
líscentei todíiâ as espccifs de verdura europea.
Farámoâ çtn Fcrt-Povtal iics dioB 30 e 31 de maio, com
agrfldo de todos ; lizenjos uma breve vi^^ita ao puíacio do alegro
ri?i Kniagama c ao seu luais jovial primeiro ministro j depois
fomes saudar os exccllentes padres da uiis^âo calholica na *Nôtra
Dame da Naio^o* o em seguida recomeçámos n noisa toarcba
para Mobúkwt acompaiibadoa do collector rar. Haldone, de mr.
Knowles e dr, Wolía^toti,
Nes&a tardo o dr. Wolínstoii noa deixou, para juntar-se a
ezpeHiçào do Brilisb Mu^eum, no valle do Nyamwamba»
Em treít marcba§, parando era Dtiwona e Kfsaongo, cbegá-*
mos a Ibauda no vfiUe do ^^C1búk1l.
Oh terreiKSf si bem que fértei?, aào pouco cultivados* Du-
lante o percurto encontrámna diversas torreuteSf daa quaes duaa,
as de Wítdí e Mobúkii, &âo de tal importância, que impedem a
p&fsflgem de uma caravana, cm lenip^ df^ eucbente.
Devido á s^c^cca uã,r> tiToiaos difficuldades em íitravcssar o
Wimi, roas na t a\ «.'ssia do Mobúku fomos obrisrados a usar de
uma cordat tob o qual so coHncaram alguns indig-ena?, afim de
salvar bomeisp ou rccuj>erar algum earregamenlo que por ventura
fo«se levado j»el:i correnteza.
Si bem i^ue o tempo foste sereno e a víata clara, os picoa
uevogos não eram maia vieiveis, estando cobertos j^elas pnntas
inferiores; mas apenas deixamos Kasou^o, om uma madrugada
gloriosa ap pareceram deanto de noesa vista» dois picos roeboBOS,
aoâ quacB denominamos Ildena e Savoja^ lendo em baixo grande
geleiro.
Continuamos nessa marcba para o sul e descemog ao valia
de llima, donde os dois picos uao mais eram vísiveia, porém de
onde se viam bera oft dois cumes avistados de Kaibo e Buiiti e
reconbecidos por Fresbiield o por nói como aeado as duas pou-
tas roais altas.
Em meio da descida do valle de Ilima; lurgíu á nossa vista
uma nova pnnta roebom e nevosa tendo um grande geleiro ao
norte, a qual facil mente rcconbecemos sor o Duwoni de Jobns-
ton* Fomos, portanto, mais felizes que os noEsoa predecessores,
pois que noa foi dado vPr a serra á distancia, e depois de novo,
Mites de entramos iio valle do Mobúku, pelo que podemos che-
car á coavicijÃo dê que a ponta, julgada por Fresbfield e por
nus como sendo a ponta mais alta, era uma cousa perfeitamente
distincta do Duwooi de Jobnstcn^
A residência do chefe de Ibaitda acha* se em uma parte do
valle, a qual parece ter a íórma de uma bacia. No começo do
valle, eleva-se uma ponta rochosa o alta sobre a qual domiua
o grupo nevoso do Duwoni.
— 640 --
Áo tempo sereno da oecaaiâo, em que entranirfi em Ibanda,
seguiu- Be uma noite ainda mais clara. ArtB noisot pé a murmu*
ravíim as ag:uas do Mobúku e na parte i-upertor do nosso acam-
pamento foram accesae centenas de Inzea, as qunee appareciam
Q desap pareciam á noasa vista, á medida que os nossos carrega-
dores, em ^rupo, giravam em volta das mesmas.
Ob coTjâns do valle appareciam distintos á claridade da
noite e^trellada, mas meus olhos eu os tmba irresistível mento
Yo1tdcÍQã para os picos nevo^OÊ do Duwoni, com o mesmo olhar
de esperança com que o marinheiro, em uma noite tempestuosa
e ne^rra, procura o pharol de um porto onde abrigar-ae,
Nrj dia 4 de junho deixámos I banda e os noasoa carrega-
dores puzieram-se em marcha^ encoraja d os pela belleza do tempo ;
ellflii começaram num passo rápido^ que mantiveram emquanto o
valle ar^ em nivel e até que encontraram uma subida tâo iegreme,
qu© quasi tolhia a respiração, mesmo aos que nào levavam carga
algurati. Á nossa caravana, t&o alegre no momento da partida,
tornou- tte taciturna e, depois de duas horas e meia de caminho,
ebegamos a Bibunga, mas somente com uma pequena parte da
Boasa comitiva.
Bibun^a acha-ee a 600 metros sobre o nivel de Ibanda e
a 2.200 metros acima do nivel do mar, Aqui se encontram ai
ultimas chonpnnsÉ dos Bakt^njoa^ montanheses de maneiras gentil
6 hábitos paciKcoa^ os quaes, apesar dos rigores do climat con-
tinuara a andar habitualmente nii».
A expedição do Britísh Museum eitevô algun» meies naquella
localidade e a stia estadia íicou a&gígnalada por nma bellissiraa
cabnnn, da qual nos servimos para depositar uma parte do noeeo
carregamento.
Às nossas tendas foram levantadas com difficuldade, devido
á carência de terrenos planos.
Do nosso acampamento, gosava-se uma belltasima vista sobre
a parte inferior do valle, sem, porêiii, podermos avistar &<* aguai
do lago Kuízamba. Volvpndo o olhar para a parte superior a
vista era limitada por uma proeminência em forma de unha. Ko
dia seguinte, favorecidas por um tempo egualmeote beJlo, ae*
guimoB para o novo acam)>ameDtn.
O caminho, apenas deiií*do Bibunga, sobe. á proeminência
já mencionada para depois descer ra}idflmpnte ao valle do Chowa
ou Mahoraat alravesaaudo uma * splendida floresta de «Podoearpi»
te lei e louros, fechada entre íaliencia», também cobertas de la-
luriante vegetação.
O caminho neste ponto continua a subir á proeminenclai
que divide ns torrentes Mahoma e Mobúku, seguindo o espígio
até Nakitawa
A descida do valle de Mahoma, em terreno escorregadio,
tinha já atrazndo a marcha dos nossos carregadores, a qual
mais te retardou, devido á rápida subida do Nakitawa.^!
1
I
a. ^Levámos J
— 641 —
quatro horas para cheg-ar a eite logar e muitos dos noBSOf car-
regadores empregrtrain tempo aio da maior,
O refug-io de Nakitawa, 40} tretros acima de Bihuog-a e
2.600 metroâ f^obre rv oivel do raar, está abngado por urn bluco
(?) erratJcOf © eBeavado em umanti^n accumiilatnetito de rochas,
o qual actualmente divide o valle de Mobúku do de Míihoraa.
à algumas centenas de metros, abaixo do no»go acampa-
mento» exUtia uma ruina profunda, que ríUtr'ora foi a base de
um celeiro e é a^ora o leito de uma torrente, qiit^ a corróe
eoutiriuamentr', e em frente dominam majestogaTni'nte as faces
do pico Portal, no meio do quftl se abre uma valia, que (larece
conduzir ao Duwoni, como haviamo» visto de Ibanda. Até
então pensávamos que o Mobiiku nai^cesse na raoiitaubn, maa
depois m B inclinamos a ciêr que as a^fuas da liqiiefação do gelo
chegavam ao seu leito pouco abaixo do ni bso ^^campíuneotn.
Algnns exploradores precerfentes aconselbuvam a e<)trada
de Mobuku, como sendo a mais iunicada para ^e alcjnçfirem as
posiçooa superiores; e, na falta de outras razõe^^ resolvemos
seguir 6*36 conselho, si bem qije desde a nosaa chegada a I bati da,
tinbam-me sQr^ido ac espirito duvidas sobre ai o caminho que
Íamos tomar era o maia couveuieute para checar ás neves, que já
de longe tiuhamos aviltado.
A mim pariícia que cst© caminho devia ser procurado na
valia que se abre em frente a NakitQwa, a qual conduz ao
Dnwoni de Johnslon, ao passo qte seg-nindo a estrada de Mol>uku
nAo só uns afdstavatnirs do Uuwoni, roa» lambem viamos que
outra 9etm se inierpanha entre nós e aquelle pico.
Em Nakitawa deixamos mais de metade dos nofsos carre-
gadores BagnnHas; e com o« resmntos, cercado 90, teeni:etamos
a uosia marcha na manh^n do dia G, nào maia favoreci di^s pelo
betlo tempo, maa com chuva e cerrarão. Até Nakitawa jit^r-
corremos um caminho, que tinha o &eu fim naquelia localidade,
Dahí iniciamos a nosaa marcha por nm caminbo rochoso e em
seguida abrindo picadas para atravei^ftar espessos^ bambúaea.
Depois atravessamos uma várzea, atolando até aos joelbos, 6
passamos para a margrem esquerda do Mobuku^ defioia do quoj
sempre caminhando em um profundo lodo. chegnmtis dentro de
4 horas ao refugio de Kichuchu, em condições deploráveis e
©lauBioa pelo esforço em[«regHdo para atravessar a vaizea ©
completamente ensopados pela chuvji e p6la humidade das bervaâ
e daa arvorei.
O refugio de Kicbucbu está a 295 péa^90 metros acima
do Nakitawa e a 2690 de altitude í é formado por salieucia? de
rochas, em espaço tào €M?treíto que quasi nào abriga das intem-
péries e o solo é Bem])re humedecido pelae Rji^uati que descem
das fondaa das rochas.- Nesse refugiOf entretanto, pudemos le-
v&ntar três dai nossas tendas.
— 6J2 —
Devido ao tempo perverso, no liorrivel cammLo e stibretudo
á appreheíiÉào de que segui ssemoa uma dirí^cçílo errada, perde otíOb
neste ponto o& últimos carregadores de Uganda que qús reata-
vam. Nfio noi foi poá?Lvel coustraugel-os a qae uos beguLfieeca
porque nao lhes podíamos n^segurar o alimento quctidiaoc* Pôi
então necessário abandotiaruio» parte do nos^o carregamento» 6
proBegiiírmoa eómento com os carregadores de Bakouju. Dei-
xado este acampamento, subitn<s mnía de 300 metros por uma
«atreita garganta natural, abeHa na rocha, a qti8l noé conduzia
a um plano e depois a uma grande capoeira, onde a nossa marcha
foi djfficultada, nho só peles gaihoa e troncos das suns plantaSi
mas também por uma grande quantidade de tocos o galhos dâ
uma Hore&ta mais antiga, sepultados uo musgo e cahidos, queM
sabe ha quantos annoa.
0& Bakúujóa, d bem que levassem na cabeça um peão d^
cerca de 20 kg., c&mlahavam ligeiroSj ora abai%ando-se para
passar Fob os galhos, ora pulando de toco em toco, com lauta
agiUdade que nóá os seguíamos com grande dificuldade.
Passamos novamente para a margem direita do Mobúkn e
ahi nos encoutramoã deaate de uma subida do valle, com cerca
de 210 metros de altura^ vencida a qual se nos apresentou uma
vista inesperada: uma longa garganta horizontal^ fechada entre
duas paredes quagl verticaes, ao fundo da qual se avifttava outra
subida, em cujo fim ee encontrava o refugio maia elevado, o át
Bujongolo. O iundo e a» faces da garganta, ató onde a vi^ta
podia distinguir, appareciara c hartas dB uma vegeta^íka pbau-
tastica. Toceiras de hÉlf/chrisujn com ett^rnas flores brancas ta-
petavam o terreno e sobre elfaa erguíam-^e o^ grandes e fúne-
bres caules dã& Lubelías e uma enorme collec^ào de Semecim*
Apesar de toda eita exuberância de vegetação, havia uma
au-jencia completa de vida. O nnico lom famil ar para nó» era
o murmúrio de uma cachoeira próxima ao refugio de Buamba.
Depnis de cerca 4 hora a de caminho, chegamca ao refugio
de BnjongolOj mas muitos carregadores que detectavam a mon-
tanha, ficaram em Buamba ; e como consequência tivemos que
passar a primeira noite som tenda e alguns de nós sem eaiLa.
Assim, depois de 54 dias de viagem e do um percurso de
6 «000 milhas, tiubamas finalmente chegado á ha se da monta-
nha, que era objecto da nossa exploração.
O refugio de Bujongolo, como o de Kichuchu, é formado
de rochas su?ponBaa como platibandap, poi cm, menos conveaiento
do que o primeiro, pí^rque muitos blocos cabidos tinham tor-
nado o solo desigual, de modo que não foi poasivel levantar
neta uma tenda. Foi enlào resolvido faiísr-se uma plataforEua,
com arvores que se derrubaram para sobre cila se conairuirem
seÍ8 das nossas tendas, aa quaes foram dispostas em grupes de
dui», em dÍS'ereiites planos, separados por blocos de pedra*
I
I
- l>43 ~
Paríi pn&sar de ixm a outro g^rupo era mos obrigados a um
bflnlio d» ducha, porque da exttetnidnde das rochas, que nos
rcrviam d© tecto, a aírua phi^nva coaiínuatueute, mesoio quando
havia bom íempo, e, si bg queria CTitar psfa ducha, tornava-ae
necci^sano fnzer exercicioB acrobaiícop, saltando dos Hocoa á
jiarcde da locba*
U Iilobiiku. corria aos qoeeos péa em uma profunda ruitiat a
qual S9 tibria EÓmento na parte occidetitat dotnodo apenas a noa
deixar \ôr as vertentes mcridiofiaca do Kiy.inja.
Km O de jnulio, botive no iicafo acampamento um movi-
mento tmpreTiato: Mr, Knowlos noa deixou para voltar a Fort
Portal e < s carregadores Bakonjíis regressaram a bu*car as pro-
7is5es deixadas em Nikatawa e Kicbncbu, ao paaao que eu, os
meus gutas alpinos e 5 BAkortjos mafcbamos para o espigão.
Segttiuioa ao longo do Mobúku, pelas pegadas dos prece-
dentes cxploradore?! até o ultimo acampamento construído por
(^rfiupr, próximo ao geleiro, Xe^to ponto oá guía^ tomaram a
dl ecçílo © feg;uÍndo por algum tempo o cr.niiiiho de Grauer, q
dobrando á direita, c nuostando^noa áe rncha^, quo áào accesso
ao geleiro, alcançamos a cachoeira.
Por aiífum tempo pudemos couveucer os Bnkonjos a que
noa BeguÍFsemi maa estando ellet descal<;os, eacorrcgavsm mais
facilmente nas lagea e cortavum os pés noa ângulos das pedras.
A 4,200 metrcg, altura nunca por eiles alcaiti^ada, íomoa obti-
gsdos a deixaUoa.
As nuvens e^tavam-se agrupando e foi necessário fa^er o
acampamento.
Na manhan do dia seguinte^ com tempo bello, alcançamos o
cume em 45 minutos*^ E-to breve tempo, cnminhando nnma vertente
nervosa e cbeia de fvndfls, pareceu -nos uip longo século, e, esti*
Tuufando oa guUs, de uma «6 caminhada veloi chegamos em
cima, qttasi ?em respiração.
Áehamo-nof, eniAo, em frente a uma reeutraueia iníerior,
da fena que liga o Kiyanja c<m o pico, por cuja paríe oriental
Wollatton tinha feito suaatcençào. â serenidade do céu permit-
tiu-nos avistar todos os picos nevoscs que formam a parte mais
alta daquella ferra. O lado septcntr^oual do cume, em que nos
achavamofi terminava em um precipicio.
Deante de nóSf na me^ma direc^^íio apparf^ciam 4 diEtinctas
montachaa, com picos ne?oscs muito mais altoa do que o ponto
em que non achavamoa. As daaa mcntnnbas centraes appare-»
eiam quaai em Imba; a do cccidente, mais próxima de nós, era
coroada de 4 picoF, diapostos em dois gmpoa de dois, tendo o
grupo septentrional separado por uma baixada, o qual é© nos
fifigurnva o mais aho* Eram os pontes avistadoa por Wollaston
e reconhecidos por noa quiindo em Butite e Ibanda, onde
&e noa apreaentavom coroo os dois pontoa mais altos do e6pigi\o.
Todaa as duvides, que por ventura tivcasemoa a rea peito d© Bua
— 644 —
import Anciã, deviam ser abandonadas^ vUto como tinhanios che—
gado á convicção de qne esi^as dnas pontas estavam maia a oc^
cidentâ e mais distantes. Os dois pequenos vallee que reparam
Ofi dois ji^^rupoB ex.temofl doa dois grupf^s centrae», eí^tavHin aoa
BOBBOS \)ést num valte que corria parallelo ao ciime em que
noB achávamos.
Não tínhamos ainda podido acertar o curEo laferior deste
Talle, mae o tínhamos observa d o suffi ciente mente para jtodf^rmoft
concluir que o eBcoameoto se fazia pela parte oriemal. — N'uiaa
explorarão subsequente pudemoB v^ríticar que de facto se acbava
no valk do Butuca. — Percebemos que o pico a leste do geleiro
da Mobuku, galgado por WoRaston^ u qual resultou de airitude
inferior a do Kiyanja, nào podia Avr o Duwonl de Johnston,
mas um pico secundarÍQ, que tião pertencia ao divisor da« aguas.
Eram apenas 6 horas e 1/2 dn manhan e fazia bom tempo.
Tínhamos, portanto, todo um dia para andar e re&otvemoa
Buhir &o Kiyanja a fim de determinar o caminho a «egntr-se
para alcançar a haíxada, que separa os doía picos mai^ altos !
Descemos o celeiro pelo lado Sul e depois, contornando-o,
subimos de novo até o seu cume. Por e^se tempo as nuvc^ns
estavam ^e agrupando e num pequeno intervallo de céu sereno
avistamos uma profunda depressão entre o Kiyaoja e uma mon"
tau ha nevosa tituada ao buI, a qual formava uma abertura que
de um lado conduzia ao Bujongolo e de outro ao Semlikj.^ —
Não parecia haver d ifScii Idades para Be atra?eBsar eate trecho
e alcançar o valle existente entre o Kiyanja e qb dois picos maia
altoâ,
Pa7Ía calor (4S Far.) e por 4 Itoras iicamoa na roeha^ á es-
pera que o céu cJareasBe, mas em vão^ e á 1 hora da tardei
deixámos o cume. — YoltAndii pelo mesmo caminho^ chegámos á&.
S e meia ao ponto de onde tínhamos partido. Aqui encontramos
o companheiro Bella, que tinha ficado s6m de tirar uma photo-
graphia do panoiama. Na manhã seguinte retomamos a Bujon^
golo e por ties dias, 1*2, 13 e 14 de junho^ a chuva dos pren-
deu naquelle logan Eia inútil qualquer tentativa, em vista da
grande cerração e da chuva que cabia torre acialmenteí e mesmo
que quizessemoB partir, os carregadores BokonjoB nào qdb tenum
se^ido. por três dias ficí^mos pre&OB em o nosso refugio, sepul^
tados numa negra cerração. O unicc» incidente foi a visita nào
desejada de um b^iâpede perigosoj cujo rasto tínhamos já obser-
vado; Um leopardo que numa noite devorou dois carneiros e
n^ outra checou a poucos passos de mim, quando me achava sen-
tado dinnte da minba tenda, áo levantar-me, elle fugiu; mm a
ana presença, quaai dentro dê nosso acampamento^ deixou- me
algum tanto inquieto por cansa dos carregadores que dortuiant
sem nenhum abrigo e por cau^a daquellos que iam buscar agua,
A vizinhança dease animal, portanto, oâerecia um serio perigo^
Na noite de 14 para 15 um forte vento oriental destruiu pftr-^
— Ô45 ^
^aliD^nte as miTf^ni e pela manlift, com om cen claro, deixamos
Btijon^olo com notsoa ^uias e earre^adore» â1pinoee9 bnkonjos,
TQODindo assim Ioda a força de qae dispnobanios. No ati^'^uto que
^ valle do Mobuku forma, tomnndo a direcçíio septentriotial uót
dobramoft á dirt^ita e fizf^mofi um circuito abaixo da vertente
iseridiodal do Kijanja. Deviflo tkos trt^B dias de chaya, o ter^'
reno estava muito escorregai; íq. Dt4f>oi« de uma hora de marcha,
'«•tavamot todoí eniopados de Kçna, cobeitoã de lodn e irrita-
doi por ter de B«^gair em várzeas, atolando »té aos joelhos ou
em penedias, onde ee fazia nm paei^o adiante e dnie atrás. Ã
tomar o caminho mais difícil, surgiu espessa cerração que no»
circumtlou. A descida na cofta do ^emliki foi ainda peíor« Os
guias em grupo, abriam a machado um carreador na capiieira Oa
^eontrafortea meboaoB ob ri iraram -das a fazer longas voltas, « os
"nossos carregadores indigf^na^^ cançadoB e pouco «tisftosios a not
-tegnirem no t*-rritorío do Coiíg-o, paravam de momento a mo-
^entis preciBando de eomlano auxilio.
Ã's 4 horas eheg^amos á marg-em de dois lagos, cujaà aguas
apenas se incre^pavam ao sopro da bri»a e aos movimentos das
vnarrecas «plvatr**ns, e reflectiam na ma superfície os cândido^ picos
das montauhl^s marginaes. A t^rde era b^lla e nos restituiu o
%om humor. O lol desceu atrás áf^ um ^rupo d^ nuvens» num
grande valle que se abria ao occidente, para de novo reappsre-''
■cer abaixo das mesmas nuvens, antf*s de descambar afinnl, além
das grfmdea florestas do Coniro. Nào bó o horizonte, como também
toda a athmosphera, estava impregnada de uma cõr ro&eáf do
rmodo que o valle e a ^Tbnáf\ floreíta parpciaru envolvidas por
chnmmíis No dia sf^í^uinte tivemos grandes diflUculdadefl parft
consef^^uir que os dh^sos carregadores contÍuu»&8em, Cheios do
ilesconfíançae ignorando os logar^s para etnde queríamos con d uzil-os,
procurn%*am todos os nieíoA de se esquivarem. Nila tendo nói
'nm interprete, não podíamos com prebendar suas objecções
nem lhes expor os nosaos plnnos, A minha paciência e doa metts
guias foi n(*ase momento submRttida dura prfj?a-
No dia immediato [i<^i demos muito tt^mpo em abrir ama
.picada numa espesi^a capoeira á bf^ira dos la^as. Depoí?* íeifui-
mos o valte, lenio acima o cume do Kiyanja* Em dois dias pu-
demos tran-pi rtar o nofu^o acampamento para o g**leiro, qu«
desce do grupi que desejávamos alcançar sobre o valln qua
«sta vamos atravessando. Uma garcan^a Íngreme divide e^to
este vnlle dn valle que avi&tamoií abaixo da p/ta-^agem do Grauer*
A faee neptentrional do Kiynnja caUia quasi perprtnduíularmentô
sobre o valle que iamos o travessando. A montanha qun ha vía-
mos observado ao oeste da passagem de Grauer, tinha am
extenso g^lftiro nas sua? fratdas occidentae^. Entre esta montanha
e aqiieUa em cuja verti;ntH nós nos achávamos, estavnm o valld
profundo e o lago que linhamos aviíàtado da passagem de Gra-
mer* Á-fl aguas deste lago escoavam em um valle» que no começa
— 646 —
tfm um curso parnlleno ao monte que une e&ta pni^sagem no
Kíyatija e depois seajue para o eul, abãiro de diversos picos a
lé&te do que foi galgado por Wollastoií. A moiitatilia, que ti-
nha um citenfo geleiro a nord-èsle do ncsto acíimpamenta,
ern o Duwúni do Johnstou, e o valle, quH ficn a léift&t era o
início do vflHo írcnttiro a Nakitawa, a travei do qual pudemos
aTiatar, de Ibaudft, a montauli^ DuwonL
Era Gvideiitei portnalo, que a pa^ra^em de Grauer líão fe
acbavn no divisor das aguas.
Todas aa torrentes que formsm o VJille ao occidonte da pas-
sagem de Grauer sào a f fluentes do Mobuku. Deitamo-noa aqucUa
n(jitd num estado de nervosa anciedade. N.^n pndcmcs dormir,
nào tanto pela dureza dna pedras, sobre as quaes noa tinhamrs
dett^do, como pela duvida que niormentava o nosso espirito,
cora receio de que o tempo máu, que já havia começado, con-
tinuasse de modo n que fossemos ohrjgadod a permanecer acam-
pados, quem íahe por quantos dia», e precjsftíneute ao» péá dos
picos almejados-
Na madruf^adfl, o lempo era pouco promÚEor, ma?, não ob-
stante, partimos.
Peti^ax ia na frente, Ollier em ff^nndo logar, eu era ter-
ceiro e Brocharei fechava a comitiva. Dentro de uma hora, por
uma facil penedia, ak-ançamos um geleiro horizontal com al-
gumas fendas, Os dois picoa gémeos, separados pela baíiada ca-
racteri&tica, em foima de eella, estavam deantee proiimoa de nós.
Eram 6 horaa e meia, O sol biílbou poucos initautea e logo
escondeu -66 atrás das nuveoa que èo agrupavam no oriente.
Imraedifttamcnte sentimos o Éopio do vento sud-éate, o qnal
auginentava rO])idamente de íor<;a e no meio do «plateau» fomos
envolvidos por uma especa cerração. Petigax continufiu a sua
marcha ató ao contra for te qiio deace do pico meridional, que é
a menor de a doia.
A neve estava em bont condições do acce^so e depois de
ter cxcavado algunsi degiáuâ alcançamos o cume ás 7 horaa e
meia.
Devido A grande cerração nSo pudemos vèr uem o pico mais
alto, que estava a poucas centenas de metros de nój. Os guias ti«
nbam já observado no dia antericr que haveria certa difíicul-
dade cm le alcan^^nr o pico, pela fella, por causa de uma es-
pécie de cQtnijn Rcima existente. A neblina impediu-nos de re-
conhecer a dr^Fcida do pico cm cuja sella nos achávamos e muito
mais de estudar o maíli^ r meio de vencer a cornija. Que fazer?
Adiar a subida para um outro dia, descer do logar que já ha-
TÍamoB alcançado, ]>afsar abaixo da Eella e galgar o pico pelo
lado onde nào havia cornija, ou tentar uma passagem directa
pelo caminho da sella ?
Os guias calaram -SB ; ellea agiam em siloaclo © seria iuu-
til fluggerír-lhea uma retirada.
— 641 —
Tomamoa, per Uso, o camínlio da solia, para depois pro-
ceder em circmro do caso em que a marcha directa fosse impra-
ticável Segotmof, pois, a vertento nevosa e iogieme &iã a. cor-
nija, evitando es continuot fragmentos de g^lo qae delia se de9<
tacavam em grande immero, afira ds podermos alcHiiçar aua
orla. Â penedia era tão Íngreme qne minha cnbeça qnasi to-
cava 03 péa do giiia que caminhava na frente. Petif,^ax fazendo
CS dejíráua no j^eleiro, atirava sobre noi, que estávamos abaiio,
01 pedaços de g-elo eicavados, ao mesmo tempo que eu antegosavft
o momento em que nosía coinJtls'a tomaria Fua poíiiçAo nor-
mal, marchanáo ao Udo um do outro, ao emvez de ura acima do
outro. De repente eucontramo-aos deaute do um bloco de gelo
da altura de 2 metrns,
Petiga% p^ra galg^al-o foi obrigado a pôr oi seus tapatos
ferrados de pontas na cabeça o nos bombros do infeliz Ollier,
que serviu de C3crda. A orla tinba sido vencida, estava alcan-
çado o eípigiio.
Eram 11 horas e meia Uma fresca brisa eoprava de eud-
è;te ; as nuvens passavam velos&os a poucos mo troa abaixo de
nd^t deixando apenas visíveis os doi* picos que acabávamos de
abandonar e a ponta sobre a qual nos achávamos. A ostãs dois
picoi, os únicos que ent&o se avistavam e que coroavam meus
esforços, dei o nome de Margarida e Alexandra, para que «ob
(.s ausjicios dessas duas reaes çenbóras, a memoria das duas
nações fosae levada á po&teridade : A Itália, cujo nome pela
primeira ve» echoava naquella* noves ao nogso grito de victoria
e a Inglat rra qne cora a sua maravilboya expans*^o colonial
levava a civilizaçíio até as vertentes daquellas remotas monta-
nhas. Desfraldei ao vt^nto a bandeira que ao tabir de Ho ma me
foi dada por S, M. a Rainha Margarida o a colloquei em uma
haato no ponto mais alto do cume nevoso ao tríplice g^rilo de:
W. Margarida, W, Alexandra e \S\ Itália 1
O vento agitava a tricolor bandeira sobre as neves que
até eniào só tinham coubec^do o sopra àà tempestade^ e as pe-
quenas letras da pbtafo que a augusta Eenbora tinha bordado
BA bandeira, tArdisci e spera» (0.jsa e espera) desdobra-
vam-se á Dossa frente* Aquelles pequenas letras, batidas pelo
vento, poderào de?appai:ecer, mas a palavra períi^anecerá iodis-
íoluvelraente ligada ao nome dado a e^se pico, como eo tivesse
lido gravada nas rochas era caracterea indeléveis, e servírUo,
eomo serviram a nós, de escorajãmeoto e apoio a todos os ejc-
ploradorca, que, no meio de«Ees sertões deeconbecidoa e selva-
gens da Aírica, se atirarem contra ns durezas e os perigos para
o incremento e o progresso da civiliza^Ao.
— 648 —
Ããrnra» al^amAâ palavras a respeito do mappa em qne são
iudicHdoâ (ig g-rupoi nevosos que constituem a serra do Haweii-
ZQÚ, â»8Ím como giias pasangeas e seiu vallev.
Eãte mapa foi bnseado em observações feitaa muitas vezei
em condiçôtJB a tmosph eriças desfavoráveis e com iiisirumentoB
que ptira serem íací Imante transportáveis ufi-o eram de grande
exaeúdào, m»« tendo em conta as numerosas ubervações feitas,
julgro qnô »erá aproximadamente correcto >
ÃLííiiniafl das montaobas tinham sido vistas do oecideote
por Stub Imana e do o riem te poi' Jobnstou e Mooi-e,
Stublmaan e Jobnston deram^Ilies simnltaneamente nomes
iudi^^^eiiRS e europeiiâ, criando uma certa confa>ào. Uma mon*
tanba tinba três nomes divprsofi: o tedesco de Sem per © os in*
digenas de KiyaDÍa e N^^mwimbi, De volta da Africa tive o
prazer de conferir e discutir com o» snrs. H, Jobnston o dr,
otnhlrnani; sobre a intrincadn questão de nomenclatura. Era ella
um tanto delicada, porém fni íacilmeuts resolvida, cbegaudo
todos tiós u um perfeito acordo,
O nso do» nomes indigeTifis nào parecia conveniente, porque
os nativos do log^iir davaru nomes somente aos valle^ e nàn aot
picos. Adoptando nomes europeus, acbainos mais ju^to dar a
cada g^rupo o uome do explorador que mais se tinha iotere!»sado
pela re^iào. O dr. Stuhltuann, porém, pediu se conservassem
os nomeia por elle dadtis a certas oalminancias e eu com
praaer cedi a esse geu de^ejo.
Proptmbíi, postanto, cbamar-se:
Mtmtfí Stanleif a montanha cíimposta de cinco picos : MqT'*
ghêritiif 5125 m "/m, Alexandra, 5105 m. 7™- E^lena^ 499u m<
*/m. Savoia^ 4975 m. '/m e Moeòius. 4940 m. 7*^-
Speke ko secundo g^rupo em ordem de altitude (Diiwoui de
Jobnston], em memoriti do descobridor c^a Rpon Salls, origem
do Nilf>,
Vtci ria Emanud ao pico mais alto de»t<í massii^o e de
Johnsfon &f* pico inferior e mais ao sul.
Monte Baker ao te me iro grupo (Sem per, Kiyanja o Ngom-
wimbijj em memoria do explorador que descobriu o lago Albert
e foi o primeiro a a visitar ussa mon tanba; e ao teu pico maia
alto, o nome de Rei Eãttarão.
Monte EmTm^a.ú quarto ^rupo, name do explorador que sue-
eedeu a Stanley, nessa rei^ííln; aos seus dois picos mais altos, oa
nomes de [Jmhertfj e Kraephn.
Monte Qêssi, ao quinto grupo, devido ao explorador i la lia ao
que primeiro círeumnave^ou o lago Albert; aos seus dois picoa
mãiâ alto»^ os ni>mes de lolanda e Boitego,
Thoninon, ao sexto grujio em bonra ao exploradnr a quem
esta regifto deve o progresso da civiliza^jàoi ao» seus 3 picos > oa
nomes de Wai$mann, Sdla e Stella.
— 649 —
Wolla&ton^ ao cume poretle alcançado na sappostç&o de que
fóBBe o Duwoni.
Mofjre^ RO cume fieptentrional •
Cagní, á motitaQhá fronteira ao Bujongolo.
ÃOB vallesi torrentei e lagos que tinham um ^ó nome, dado
peloa indígenas do Baknnjo, con^arvei-lhea tal nome : porém,
otide constatei nomes dlfFnrenteB para os lag^os, valles e torrentes
oa região do Semliki, não dei nome algum^ pois que âão pouco
ci^nbectdos pdos próprios Baknnjofi,
Ã^a passagens, por noa transpostas, demos os nomes de
Prêshfield. Scoti-Elliot, Stuklvmnn^ Oavalli e BoecaUi dttixando,
forem, sem nome a passagem entre o pico lolanda e o pieo-
ortat, por não ter podido exacCametite determinar a gua posição.
A altitude desfla passagem é de, mais ou menos, 4500 tn, e
o de Stublmann é panco mais baixo.
O divisor das aguas corre do pico Waismann para a paa-
eagem FresbEeld, alcançar o pico Rpí Eduardo e depois pelas
enlmin anciãs segue para o oriente, até a paisagem Scoít Elli~
0% alcançada assim a culminância do Monte Stanley, pela pas-
tagem de Stuhlmann. prosegne para o ptco Victoiio Emanuel
e continua peia passagem de Cavalli ai» pico Umberto e pela
pa&sagem de Roccati vae ás alturas do Bottego e iolanda. De-
pois segue a vertente que desce ao eud — ébte de lolaoda, u ne-
le ao pico Parsal e em seguida toma novamente a direcçAo
Bord-este.
Ãs aguas do Bojúku sílo alimentadas pelos principaes ge-
leiros dos grupos Stanley — Bpeke> e Geesí e sHo mais importantes
do que as dn Mobuku, que recebem somente as dos geleiros de
Baker,— O Mobuku deve, portanto, ser considerado como tributá-
rio do Bojúku, e o valle inferior devt^na ser conhecido pelo
nome de Bojukn; a ^^assagem nas suas cabeceiras é mais baira
do que a passagem nas cabeceiras do Mobuku.
Mesmo com tpmpo bello a vista d« s picos maiores era sem-
pre mais on menos ofíuecada, sendo, portanto, dífíícil determinar
a direcção do valle que desce para o rtemliky; todavia, pode-se
observar que os quatro vnlle^i que condu%f^m ás paB^agens de
Fresbfíeid, âcott Ellioti Btublmann e CavaUi se unem para for^
mar o Butitku,
Eite rt:.cebe suas aguas dos geleiros do roonte Stanley (me-
nos do geleiro Margherita), doi do monte Baker, dos geleiros
Tomson e uma boa parte dos de S[>eke e Emim 6 por isso é &
torrente rnsiis importante da vertente occidental,
O Kimi nfto é alimentado pelos geleiros, porpm, o Nyam-
wamba, o RuE^siubi e Kucbma podem ^ilir alimentados pelos ge-
leiros doB montes Tomson, Emim e Gessi.
^ 650 —
n * *
Ágcm continuarei a narração do dia 18 de junlio emdíaata
no qoal f^nl^amoi os dois pícoí mais aUos.
No dia 20 subímoa novamente o pico Alexandra e também
úB picoa Elená e Savola^ voltando ao nosao acampamenlo por um
grande trilho abaixo do Bavoia. Na mesma tarde os compaiibei«
roB Cagni, Sella CayalU e Roccati vieram ao noãaoaccamp^tneQtOi
Cagni tinha bom aspecto e eentla-se feliz por se achar nova^tnente
comnosco, Elle não eó se resta belecen rapidamente dâ& febres
maa ponde até fazer a viagem do Eutebbe o Bujongolo em 12
dias. Este e o día &ç|fulnte foram de festa no noíso acatopa*
mentru.
No dia 22 separamo*noa novamente. Sella o Roscati perma-
neceram no campo afim de fazerem uma subida ao mOQte Baker.
Eu, acompanhado de S gulaSi fiz uma asceni^ilo ás culminância^
Bevosaa Victorio Emanuel, Umberto e Rei Eduardo, Sbella,
Wollaston e Moore, Estas ascençõea furam feitas entre 22 d*?
junho e 10 de julbo, havendo bom tempo, porém, Eomento da-
raote os últimos dias. Por duas vezes tubimoa aos pieo» Speke
e Kei Eduardo e durante 8 horas estivemos sobre o pico Um-
berto» sem poder vâr çou^a alguma; mas os nossos neirros, por
falta de provisões, foram obriíjrAdoâ a voltar ao sétimo carapo
{liujongolo) ÍQífiendo uma marcha de 3 dias debaixo de chuva
Do jãco ^tella gofamt}^ uma esplendida vista doa de Hei
Eduardo, Wollaston o Moore.
Estas a^cençfms foram todas foceis, tendo nÒA encontrado a
rocha accessivel o a neve em bòaa condições. Na subida do
pico Maygherita encontramos algumas difficuldades», que poderiam
ter sido evitndas ti eo tomasse a vertente oriental.
Ao voltarmos ao Bujong-olo cêntimo -noa satisfeitos por ha-
vermos completamente explorado aquelfa parte da serra; 03 pico*
tnaía altos e 11 doã menores» nunca tinham sido alcançado e
nem aa tuas altitudes haviam sido dí^ terminadas, Cagni^ uosso
meio-tempOj proseguiu e completou as giias observações magtn--
ticasj medidas na base do Bujonf^olo e ligadas aos picos liei
Eduardo © Cagni. Elle subiu também a este tiltimo pico e o
ligou ao por mim alcançadfj no Ruwenzori, o que foi noceBsario
fazer, devido a nfio ter eu podido determinal-o. porque quando
nas primeiras horas da manhan o tem|io estava limpo, a luz era
ainda deBciento, ao passo que quando esta atigmentava, as
nuvens encobriam os picoB* Para demonstrar esta diãieuldade,
baeta observar que, para obter o panorama do pico Rei Eduardo,
alio teve de fixar a posii^^o geographica de uma das extremi-
dades da bnic.
Sella com uma perseverança admirável conseguiu obter
vistas e panoramas dos picos Kei Eduardo o Sella o áo grupo
Grauer.
— 651 —
Xfio era cousa faci! obter bô»« jtb r. to g rapina* doa picos;
&f>lla foi obrígndo a permatucer acampado duranto 7 dias, na
paseagem de Fre^bfiold e a subir diveraas yçzes úí [dcos, afím
oe apr07âltar o mf^noento propicio.
Á descidn de Bujougol^ pnra Ibíioda foi ftaita por dota ca*
minhos diversos: Cagui e Roccati peJo dõ Mobúkiif fiella e eu^
pelo do Bojuku, Teado auave&sado a pnsEagem Scott Eiliot
em duas caminbad;ip, d<ísceíi)OB a nosso uovo acampamento, si-
tuado no ponto em quo o Bojuku recebe os teus tiltíufíutes Mt-
josj e Korung-o. Do dii 4 do julho cm deaute tivemos bom
tempo, OB caminhos estavam ^eccoa e nossas marebaa torna"
ram-sa menos fíitig-antes.
Do nosso acampamento avistamos, atravóâ do valle do
Mijo&i, os picoa do monte Gessi © fomos tentados a cfto abandonar
aquella regiaOj sem primeiro galgar arj^uellei picos. Com um
dia de marcha cbegamos ao pico lolanda e no d:a spguialo su-
bimos ao mesmo e ao pico Bottego. O tíímpo bellissimo pcr-
niitt"u-noB determinar o diviíor das af»nfis no seu curso nord-Cbte,
do pico Portul, cm uma serra que Ibe fica maia abaixo e sem
neve permaneule, A nord^esle de nós, obscrramos o celeiro
Victorio Emanuel, o mais vasto daquelle grupo e da lúàtp, oa
montes Emim o Gessi sem geleira algum,
Ot picos Margherita o Alexandra apparectam acima do3 do
monte Speke, e os de Savoia e Elena sobre a^ fraldas doa
montea Emim e Baker, As culmtnancias nevo&as de uma serra,
qae ha vinte annos era aponas indicada nos mappas dos geo-
grapboa antigos, levantavam-se deauto de nó^. Ficamos íihi,
por algum tempo, contemplando os esplendidos geleiros do Nilo,
03 quaes, através dos seculcs, lâm alimentado aquelle rio ma-
jestoso, ligado à historia por tantas recordações e í'oÍ, com pe^ar
que dissemos o nosío adeus áquellas culmiuancias virgem, que
fomos DÓS oa primeiros a pizan
£m duafi marchas descemos do nono campo para Ibnnda,
Pela ultima vez admiramos aquelle como que jardim eternamente
coberto de flores brancas, os írondofos «seaecios» e a delicada
«lobelia»* Maia abaixo encontramoa enormes florestas do bamlniíi
«podacarpi» e louro. Eu Ibauda deapedimo-ncã dos nossos
bravos e Beis Bakonjos, que por 40 dias tinham ^ido nossos
companheiros da aventuras, O valle do Bojuku é mais longo
e mais fatigantes do que o do Mobúku, porém, como elle corre
na base dos principaes cumes nevo^os, é mais recometidavel
aos montanheses que desejam alcançar aquellas cnlminanciaa.
No dia 21 de julho voltámos a Fort-PortaL O tempo ee
mantinha bello^ porém, a mata escondia á ncsaa vista os altos
picos da serra por nós exploradaj e nKo maia os vimos.
Em Fort-Portal permanecemos deií diaa, empregando este
lempo em fa^er coUecçõea, caçando elcphantes na Jlereí^ta de
Kebali e vi^ítanJo ca la^o?, nas vizinhanças daqueHa estação,
— 652 —
ÃtravcsBaddo em catiòas o eEtrfitiBgimo canal do lago Victnría,
Toltfíinos no dia 14 para Entebbe. Depoi» de uma breve [larada
em Jinga, para visitar a cachcx^ira de Ripou, voltamos para a
Europa tomando o mesmo camíobo d» ida e tio dia 13 de se-
tembro de 1&06, desembarcámos em Marselha,
Agora algumas observações aobre a estriit^tura geológica do
Ruw(;'ii£ori. Pode^se absolutamente excluir a tbeíria de oríí^em
vulcânica. Em toda a regijlo pnr nÒA visitada, HÓmente num
ponto (oa V!aÍTjhan<j.a de Kícbuchu) se encontrara ti aços, e eitefl
puramente locaes, da veias basâUit^aa dob goei^s das rocbaa, O
aprõíundfl mento da camada, talvez muito torte, com declive até
de 60", tem em legra uma direcção éiite— ou sud-éate, na parte
oriftntAl do grupo central e nti parte occidental tem uma ten-
dência para snd-oeste, de modo n formar um artloramentti semi-
circular. As oTÍgena do grupo montanboso do Ruweuzori e de^
mais altr b picos do seu grupo central, podem ser attribuídaa a causas
geo*wchnicas, stntigrapliicas e liihologieasi como segue:
1." Uma elevação em njfi&na de uma parte do sub-sólô
arcbeano da Africa central, produzindo um aprofundamento
geral do orcidente para o oriente* com relação á grande fra-
etura occidt^ntal — fcora destotamento vertical correspondente) — o
qual aprofundamento produziu o valle do Semliky, e assim
aconteceu t-om ns outras fracturas obàervadaa na parte oriental
do gTU[50, as quae© são marcadas por uma série de receutôa
vulcões, cftmo síLo exemplo ff» s^ituados na provincia de Toro;
2/ A uma elipsoidal elevação, muito accentuada, com ca-
madas mais ou luenoa forfemetite inclinadas no grupo do
Ruweozori, elipsóide cuja direcção geral é de norte a suU
3.* A prei^ença, no eoraçào do grupo, de uma série de ro-
chas admiravelmente adaptadas a resistirem á denudaçfto pro-
duzida peloB agentes physicos ou cbimicos, na superfície, (c -mo
aufiboliteB, diorítes, diabases e anfibolites de gueii»s), aoe quae»
o gneiBS e o micbachisto da estructura ex:t;erna offerecem menor
resistência
A estas causas se podo juntar a probabilidade da <^íi»t<*n-
cia de fendas internas atra v espantes o masstço, geralmente na
direcção de norte a sul, o que produziria a separação dos di<
yer^OB grupos de culminancias.
Como phenomeno geológico importante da serra do Ruwen^
sori nota-se o enorme desenvoWioiento dos seus geleiros
durante a época glacial • Disso encontrou se evidentes traçoa
antes da chegada a Bihunga e muito maia a Nakitawa
Nas epocbas passadas, os valles de Makoma, Mobaku e Bu-
juko íoram preenchidos com os geleiros do 1,** grau, os qtiaea
se uniam abaixo de Nakitawa, descendo até além de Bikunga.
— 653 —
DepoÍB, os geleiros Sabóia, Eleua e Semper dí*?em ter preen-
chido, na costa cccidental, a depressão eiiBtentft entre ob gru-
pos Stanley, B^ker e Thomaou e provavelmente estayam uni-
dúi com o geleiro Eduardo.
Não me foi possível precisar até que ponto elles alcançam
*en cnrso na vertente occidental. devido a nfto ter podido explo-
rar aqnella parte da serra. Actua! roíiote os geleiros aào de pe-
quena exten^^ e tendem a diminuir. A prova di^to es^tá na
existência, em alguns geleiros^ de recentes «morainesi situados
a nma centena de mntroe ?m frente ao geleiro hodierno, e nas
novas corrosões dos terrenos vizinhos de quasi todos os ge-
leiros Nos valle» priucipaea nào exiãtem ge eiros impnrl antes,
soas somente geleiros secundários nas vertentes superiores
e nas maiores minas. Est-es não sâo do typo dos campos
de tieyej porem verdadeiroB geleiros. DiSerentemente dos nossos
Alpes, não ha ahi extenstòeí» cobertas continuamente de neve,
mas ha uma lérie d^ camadas de gelo que se extendem em di-
versas direcções.
Nos grupos superiores do Ruwenzori existem di verses
aspectos gla- iaes, que lembram os tjpos da Scaudinavia, oa
quaes tem sido maita& vesses descriptos como ^Aleiras tropicaes.
Os dois geleiros que descem para menor altitude sâo os de
Mobuku 6 Setnpen
Os maiores geleiros sâo formados nos montps Htaníey,
Speke e Baker e na vertente occidental do Gessi. Nos montes
Etaitn e Thomson os geleiros hho de menor exreo&ào, a menos
que exista algum importante ao tjorte ou ao sul dps^R motite,
ladoâ por nòé ufto explorad s. A periphf*ria do terreno, perma-
nentemente coberto dn» neve, ffcha um circulo de dez nsilhaíi de
diâmetro. No alto díis vertentt^e, alúra dns enormes cornijas, no-
támos uma cout^a nova nas immensias ^talactites do geleirOj as
quaes parecem supportar a cornija. A cansa daquellea pilares
de gelo é evidente si se considera a rigorosa temperatura da-
quella re^tâo (42* a 44° Farbs] e suas rapidíssimas mudanças,
A maia alta temperatura experimentada no pico Rei Eduardo
foi de 4^° Farh e a mais baixa no pico Alexandra foi de 2^",
Era BujoDgolo o thermometro variou entre 50* e 32° Farh,
Os nossos predecesGores encontraram a zona das neves a 4.175
ms. s/m., ao passo que David e eu a encontrámos 200 ms,
mais alto. Este limite cerretiponde áquelle, de onde descem os
geleiros sobre as fraldas do monte.
Ordinariamente a chuva tíauafortna-se em uere a 4.210
ms. Em alguns lugares do vnIJe ob^^ervámoâ pequenos planos Có^
bertos somente de berva e plunos de alluviões lacustres, forma-
dos pelas coudiçôes atatig rap bicas e pela barreira de rochas
mais compactas de que as outras, a qual antigamente fechava
aqui e acolá este valle, produzindo acima das obstrucções um
accumulamento de agtia e matérias lacusties, que com o andar
r
— 654 ~
do tempo m Ira tis formaram eni pknoa rnaÍB ou m^nos akj^ndi-
ços, O ingo de Bujuku 6 mu bem exemplo do uma destas anti-
ga» re^^iÕí^s Iflçuatrfs.
Nf a valks do ^[obukn e do Bnjuku, a cerca de 3.030 iji^.,
a htiinidãde c lUgtarito o o clima quetite produ^tiiit, cm alguns
terrenoa eapetiiaea, musgos hepáticos e tUeliciifi», 03 quacs cio-
brem o 3 bordos da fractura do eóIo o encobrem innumeros tron-
cos, tanto de plantas vivas como de plaotas cahíd&B por vplliiee,
Ncíte nivel, os valles sflo cobertos do veíjetaçAo luxurmnto
e de p!antas Eombrciras. do louros, orchidoos o fclcea, a cuja
sombra cresce m violefa», r/iínuiicuíoí, geraneos e cardos.
Algumas das plantas da 7.ona inferioi nHo existem n 3.485
ma T e as arvorei ahi fe HmitAm a rovetos, lobellías e &eneck«t,
HO pnsso qu(i as felces^ o mus;^0| os hp.padeos e os licbeni to*
tnam oa priacipaeâ logares. Estes ultimou alcançam o máximo
desenvolvimento a B.640 ms. M:^Js ateima euconti^am se somento
senecios, lobellías e licbens, o á superfície , musgos, ephatieoi e
lichens-
Aqui, os hdich}'ttsumus, quo já creacetu na altura do 3.485
metrOÉ, formam grandes toceiías e ne&im continuam até a al-
tura doa geleiros, onde, com o? seiíecios, elLo ai plantas mais
altas. Sobre os ptL^os^ encontramos musgo^/liclietiB, alguma ram
fferjuinacea e tnmbem alguma miuu&cula jdanta fanerogaina^ as
quaes lembram uma caracteritt ca vegotaçuo dos noesoa Alpes,
E' com prazer que an núncio que a nossa collccçáo botánicn
cont^^m nAo poucas novidades. — Quanto á fâuiia, níko era nossa
iutençSo organizar uma collecçílo minuciosa e completa» Todavia,
o quanto a rapidez da marcha e a uatureza do solo nos per-
miLtiiívm, filemos umíi regular collec^jâo de aniraaea, no que
fomos nuxilíados pelos missioiíavios catUolicos,
A' medida que te sobe n ftíobúku, a fáuua se apresenta cada
vez mnís pobre o, acíma do Bujongolo^ só so encontram leo-
pardos, toupeiras e insectivoroi, |ouquiwimoB paBsaros, córvoi e
gAviõea, além de insectos e vermeii. Nos picíJB eocoutiamot
vermes, hí^motoides e diptero^.
A collecçao feita ]H'oractte constituir um bom conjunto ii&o
só à^ espécies interessantes Bobre vários aspf^ctoSr ^^^ tambeni
de espécies novas à Êcieucia, especialmente catre pasfaros^
molluBCOs, insectos e cruítnceoa.
Antes de concluir, devo aj^radecer aos meui companheiros o
auxilio incessante que prestaram para o successo de minha eipe-
diçAo, fdzeado que cila se tornasse modesta contribuição para A
sciencia.
Devo também agradecer ao governo iugles e ás autoiida'»
des locaes da Africa oriental o de Uganda, na inatiucvõea
dadas a meu favor e as facilidades que me concederam,
as quses contribuíram grandemente para o successo do oaiiilui
empresap
II
~ 655 .-
Devido, pois, ás esplendidas {.liotograpbias de SeUCf os picos
da serra do KuWenzori perderam seu caracter mysterioso.
Estes picos não são os mais altos da Africa, ccmo antes eram
considerados, sSo, entretanto, os pontos culminantes de uma serra
da mnior importância para o estudo da geologia e dos pbeno-
menos glaciaes do continente africano.
José Lourenço da Costa Aguiar (Dom) if Bispo
do Amazonas
Filho do negocidntfí Boaventura da Cofitâ Aguiar e de d,
Joatina Virgínia de Paula Aguiar, nasceu em Sobral a 9 de
agosto de 1847.
Discipnlo dr> padre Manoel António da Silva Fialho e de
Viceijte Ferreira de Airud», deitou ns cursos deBtes eeus mee-
tres e amigna parm yir á Capital da Proyincía, afim de matri»
cularee nn Stíminario UioceBaoo (I866)j onde recebeu as ordens
de preabytero a 30 de noverabro do 1870.
Cantou a L* missa na terra do berço, a 8 de dezembro.
Por provÍBíto do bispo d. Luiz António dos Sautos, do 9
de novembro do 1872, foi nomeado cura da Fortaleza, carg"©
que occupou até 1876 e deixou para mudar-se pura o Pará, a
convite do ie*]i<íCtivo Díoceí-ano, o imntortal Macedo Coata, qu©
o fez cbnego de 6ua catbedral, vjgario-geral do Amazonas, cura
da Bé de BiOem e sf cie ta rio do bispado. Foi ainda vigário
geral interino do bií-píido do Pará e por vezes Beu gov^ruador
na ausência de d. António.
Eleito em vários biennioa deputado á AigemVéa pelo 1.'
districto do Belém» José Lourenço foi também provedor da Santa
Cam de Mji-erjcordja de Belém, do Asylo de Alienados, do Hoi
picio áoú Lázaros de Tucunduba.
Homem de imprensa, foi proprietário e redactor- eh efe da
Tríbu7ui CaíAtííí r a, de Fortaleza, e redactor da Bâa Nova^ Gcmsti'
tuição G Diário <io Gram Pará,
DesgoBtofio da politica, dissolvida a Camará doâ Deputadot
Geraea de que fazia parte como representante do Pará por motivo
da proclamação da Kepublicaj o eone^^o José Lourenço partia
para Homa e ahi entregou- se aos estudos no Collegio dos Nobre»,
para obtí^nçfto do gráo dn doutor em direito civil e canónico, com
qu" fci laureado pela Universidade de Santo Apolinário.
Ao mesmo ttrrapo o ííumrao Pontífice galardoa va-o com. a
dignidade de monsenhor eamareiro secreto.
Tendo regressado ao Brasil, foi, era junho de 189S, nomeado
bispo do Amazonas- Sua sagraçào efT^íjtuou-ae a 11 de março
do anno seguinte, na Eirreja do Sagrado Goraçào de Jesus de
Petrópolis, sendo sagrante, d. Frei Jeronymo Maria Gotti, o
Internuncio Apostólico de eutào, e assistentes o bispo de Ni»
- 657 -
ctheroyt ã. Francisco do Rego Maia e o bispo de Argos d, Joa-
quim Área V^Hei actual arcebinpo do Kia de Janeiro, a
quem o Summo PonttBce Pio X acaba de elevar ao cardíaalatO]
a&&í^nalADdi> devaa aorte a pret^miaeticia do Brasil na hierarebia
cathclicA dn AraericA Meridional.
Tomou posse do b>spftlo e inaugurou a díoceBe a 18 de
junho de 1894.
Era emblema d© suas armis de L* biapn do Amazonas mon-
tanha de alto porte batida no sopé pelas agua^i de no caudaloso
e no alto um condor a voar.
Fatleceu em Lisboa a 5 do juobo de 19 5 victimado por
conií&sitÃo cerebral, em co» sequencia de diabetes. Era hospede
da Condéfi a de He linba, de cuja casa fià transferido para o hos-
pital de 3. Joré Aí^si^tiramlbe os uTtimos momentoa o arce-
bispo de Mytelene e o Cardeal Patnarcha de Lisboa, que lhe
miuiatrou os sacramentos.
Fazia parte do [n»tituto Histórico e Geographico Brasileiro
e do Instituto Histórico e Geograpbico de S. Paulr>
Do bispo d. José Lourenço conheço:
—Disettrítoít p^oaunciados nas sessões de 11 de acosto e 9
de setembro de 1887 da Camará dos Deputados, folheto de 60
pp., impresso na Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1^87.
— CAnífíí* Muhejiçaua Çnrimftan uara arama Nbihingatu
Tupi- Doutrina Cbristà deitmada aos naturaes do Amaaonau em
Nbihingatu. Petrópolis, Pap. e Typ, Pacheco, Silva & Comp,
1898, iu 8/ de 87 -pp,
— Discurso proferido nas eiequias celebradas na Cathedral
do Amazona^, por alma do im mortal Pontífíco Leão XUL
(Do Diccionario Bio-Bibliograpbico Ceáreiíce, pelo Barão de
Siudart).
BIBLIOGRAPHIA
A Bibliotheca Brasiliense do sr. dr, José Carlos
Rodrigues (i)
O Brasil cottta aãnal um g^rande amador de Ityros. Oa
pequeaoi amadoras já nSo eram raros, mas fa!ta-lhes o recurso
principal para os grandes commettimentob^. A alguns faltará por-
ventura também a iniciativa — pcrque o dinheiro nào battA^^para
tornar-te um bibliophilo da raça doe Lennnxi dos Filden e doi
Cárter BrowD^ quo nos Estados Unidoa orf^anizaram ae magni^
ficas collec<;Ões conhecidas tio mundo intt^íro pelos seus noaiei e
que, conservadas iategralm^nte, sãn rtvaes victoriosaa das livrariam
publicas melhor apparelhadas daaut^lle paíss.
S© o facto é, como jienâo, deraonatrativo de cultura, nKo
deve elle pa^^sar despercebido dos que oão lidam propriameoto
com raridades biblio^raphiuaa e, prsto quB postem de livro?, eAo
extranbos a eesn bibliomania tfto huuioristicamí^nte deicripta pelo
ioglez Dibdin uuma obra famosa t^m sua terra.
Pára regalo doa outroR amadores e inettucçílo dos leigo» na
matéria, acaba o bt. dr. José Cario» Hodiigueu à^ fa^er o in-
ventario dft aiia Brfuíliana, acfumulada na^ estantes d > andar
térreo da bella casa em que habita na rua Conde de Baependy,
e qu6 é toda ella um museu de arte* O * Catalã go» methodiro
6 commentado em que reveía suas preciosidades bibliographicss,
numa edi^o limitada a 2CX) eiemplarea ■ destinada, portaníOf &
alguns amadores e a um certo numero de bibliothecaa— é um
formOfO espécimen typogrftf-hico que auperiorinento abona as
offitiiiias do «Jfrn&l do Dom me rei o», mas é sobretudo um tra-
balha de primeira ordem na sua es^^ecialídade, pelo que se torna
uira obra de consulta d'óra avsnto indispensável aoe quo ceifam
na mesma &eara ou sj interessam por assumptos nacionaes.
{!} Foi pelo A.. i>DiflO di^tÍQCtú con^íxilo, níTereeilú ao [fiiticutt» um exi^nplir â«
Itnportihntfi trabeillio. lotira C11J9 vator dticorn! neeta nrUgo 4 lllaatrftdD homem de Içiru
9 AleaQ dlploMAtA Qútiso contoolo ãr. U. de OUrel» Um*,
N. da R
— 659 —
O referido cCs talado» tem nftda menos de 680 paginai em
8*** grande e abraig-e 2,646 numeruB^ cada nm correipondente a
um livro ou periódico, por maior que seja a quantidade dos vo*
lumes d© que te compõe a ohm ou coltecçâo. Ncte-Be que a
\ht& apenae attinge o ai»iio de lS'i'2: o BrBsil independente será
na iua producçfto literária objecto de um f»roxirao catalago ainda
mais de^euvolvÍd>i, pois que o colleccioujidor já para elle poisue
mais de 6 000 numero» inscripros.
Nào foi para mim uma suprema o iuventArio dessa riquíssima
bibUotbeca^ feito com lanto g^ttoeafan quaiilo fni reunida cnm
iDiellígencia © paixílo a collecçfio em 8Í, O »r. dr. Jobó Carlos
Rodrigue» faz-me a bonra de trazer- rao mais ou meuoa ao cor-
rente da? sua» acqui*íç5es, e tetilio tido frequente eusejo de exa-
minar e admirar— ullfi direi, offit:ial do me^mo oflicíoi que sem
um grâofiinbo de inveja benévola — oa frntoa oplinos das suas cam-»
panbàs Porque campanbns, com todas as emoções de uma guer-
ra, Be podem bem chamar essaâ expi* d içõea através de cenrenaã de
catálogos á cara do volume raro i>u do folbeio rarií-aimo ; e^ge ma-
nmear constante dcis díccionaríos e repertórios; esaa vasta coire-
Bpondenciacom livreiros e bibliotbecario* [ara contratar o preço
de um exemplar conhecido ou deseoKiir o pnnideíro de um exem-
plar perHdo; essa febiil peiíegaíçAo de caia dia, de cada instante,
em armazéns e em leiloes, atraía à»& publtcfições eseasias e, de
quando em vez, qua^^i unicaa; e>se orgulhoso eathesourar de ri-
queza» que poucos têm e que muitos cobigam.
O «Catfllogo Rodiiguea*, se ptur ura lado pode despertar
ciúmes — iíitiffensivoaj Deus seja louvado — entro a classe dos bi-
bliopbilnsj por outro lado presta, como disso, um relevante aervíco
aos jtrofíâsionaes da bibliogrãphia nacioUr^L F/ mais completo do
que o catalogo Garraux, de livros francezes e latinos sobro O
Braeil, se bem que no tocante a livros nllemfteí^ do mesmo gé-
nero nào alcance o rorertorio de Canatfitt; é mais verídico
do que o diccionario de Blake ou mesmo o de Innoeencio, no que
no» diz respeito, porque fià feito sempre sobre oa documentos e
nfto sobre inforn a(;ões ; finalmente é maia restricto e por isto
mesmo mars detalhado, além de mais copioáo na csfeL'ialidade,
do que o catei logo Leclere ou a relo<;fto TrumeL
Equivale qua^i á «VerutttÍHeima* de Harrírsei trazida no to-
cante ao Brasil nté á [tidep^ndencíat pois que compreheade a
mór parte doa folbeíoa hoilandc^zea deãcriptos e alfruna não des-
criptos por Asher» concp.roenttià á Cemjranhia das índias Occi-
deutaes e á guerra do Pernambuco ; vnria^ das rola^'òes (iri^Mnaea
reproduzidas pt^r Tf^rníinx- Com pana, como os «CommentnrioÈ* do
adelantado Cabeza de Vaca | VAllad'>1td^ 1555), que ^âo n obra
mflis antiga sobre o Rio da Prata e a Florida; as primeiras
edtçõed dos grandes annalistás hespanhoes das índias Occídentaes,
do género de Herrera ou de Oomara ; os rari^&imos livros dos
viajantes, do eeculo XVI — Léry, Thevft, Stade— com suaa toscas
xjlographiaa; a mór parte doa viajantes frauceze» o íaglezes ç
— 660 —
bastantes doa alt6m&«B da primeira metade do eeculo XIX, com
setia magoifícog desenhoa e esplendidas lithographiaa, muitas delias
eolondas; as relações de cercos e tomada» de c dades, de batalhas
e de naufrágios dos séculos XVI 1 e XV III; ns publicações dos
jesnitat— Âeuâa, Acosta, outros mais— ptínneiroB exploradores ©
naturalistaB do uoi^o contiDeote, ainda que sem o critério scien-
tifico de Piso OH Markgrttf, uas rariasinias edições orig^iuaes e naa
traducções coevas, etc Seria um DUnca acabar enumerar mesmo
pela rama tudo quanto contem de valioso e notável semelbante
collecção, organizada no decurso de poucos annosi o ^ue fornece
o melhor testemunho que se poderia imaginar da actividade a da
vontade de seu possuidor.
O i Gata logo Rodrigues», mesmo que uAo estives r 6 valori-
zado pela« cuídfldas notas biographicaa e biblinf^rapliícas que
acompanham a trauscHpçâo do titulo e descripçãode quast cada
Tim dos numeros, teria para oa estudiosos o mérito de uma re-
lação, no seu conjunctoa mais importante que ha visto a luz, de
bibliographta nacional^ e a consequente vantagem de offeiecer
novos gubaidios e elementos a monograpbias ou listas já conhe-
cidas. Assim acontece n&o 8Ó com o citado ensaio de Ãsber,
mas com o propilo euFaio de Valle Cabral *obre oa livros sardos
da Impressão Ré^ia áò 1808 a 18Í2. O Br, dr. José Carlos Ro-
drigues teve a fortuna de achar o que ac cresceu tar a um e a
outro.
E^ com efiaito tão considerável no seu género quAnto a já
mencionada coHecção de brochuras bollandezas, que cada dia ga-
nham em B^-timaçfto por perderem a vulgaridade, a reunião dof
productofl da primeira typographia regular do Bradi, a nossa pri-
meira literatura aqui impressa, contemporânea do reinado de d«.
Joào VI com seu prolongamento pelo chamado primeiro reinado^
abrangendo desde oa progrflmma& económicos e m roteiros de
costa e sertSLo de 1808 até os pamphletoâ políticos e os pasquins
virulentos de 1821, e portanto passando pelas elegias e nenias
de 1816—0 anno do fallefimento da Rainha— bem como pelos
dithyramb:}s e odes herói as de 1818 o ao no da accUmaçào do
novo Rei. ■
De José da Silva Lisboa (Cayni) e do padre Luiz Gonçal- I
ves dos Santos eho respeitáveis, senão completas suas collecçõei,
e também se acha na sua livraria condignamente representada a
producção da Typographia Cbalcoginphica, Typoplag^tica e Lite-
rária do Arco do Cego de Lisboa^ a qnal sob a direcçÃo de frei
José Mariaoo da '^onceição Velloso, nos primeiros anno^ do i^eculo
XTX, editou Interessantes contribuições para o conhecimento da
nossa flora, em espacial medica e industrial. Tanto mais escassas
se têm tornado as |mblicaçr>es da Typographia Nacional, no çeu
primeiro período, quanto se dispersaram em uma época em que
o goBto bibUogra|.hico era apanágio de raros amadores, como o
Conde da Barca» Ãccresce que a natureza do papel empregado i
"1
— 661 —
de inferior qiulidaâer JQEto com a acção Íq clima qaeote e hc-
mído e a propugaçào de namerosoa ÍDJrai^os animae^ doa liTroB,
agtram ao sentido de restriDgtr con^iderAvelmeate e deteriorar
o pequeoo excedeote deisa producçào pitoresca no sea ardor pa-
trí<»tico 6 no aeu curtbo grui-Beiro.
Á ÍTistTQ€tÍTa rel^içAo organizada pelo autor do «Catalago»
e proprietário da maior das bibliothecaa braailienaes em mãos de
particul&resr soeria poii» vaUoga quando mesmo lhe não dobrasse
o préstimo a copioita e caidada aunotaç&o com a qual todoa os
ettuiiosoa têm que lucrar, apreudeado, e que tran«h>rma este
inventario num repositório excellerite de dados e informaçõen,
de uso continuo para oa devotos da bibliographia brasileira ou
mesmo americaiia. O e&cinpulo e paciência do ir. dr. José
Ce ri 03 Rodrigues chegam ao ponto dn inserir «in eitensn» o
Bummario de cada um dos volumes das Revistas dos diãerentes
Institutos lliatoricos do paiz e de outras publicações periódicas,
assim facilitando a procnra de artij^os stjbre qualquer matéria
nacional, quando n&o subatituitido por completo Índices que
poucos tõm a applicaçÂo, direi mesmo o altruismo de levarem a
cabo
Toda a collecçrio desta importaocia poa&ue naturalmente suas
pérolas, e da collecção Rodriguee pode dixer-se que possue um
respeitável fio dellab. No tocante a livros nacionaes ae eitrema
raridade, bastará lembrar que se ainda Ibe falta um Gandavo
(«Historia da Província de Santa ítuz*, Lieboa, 1576), o Cata-
lago insere um dos pouquif^Eimos exemplares — 4 apenas conheci-
dos—da primeira edição da * Cultura e opulência do Brasil* de
Ãntonil (Andreoíií), uma dai obrai mais interessantes sobre a
colónia portut^ue^a e indispensável pura o conhecimento da sua
situaç&o económica uo século XVllit tào verdadeira e detalhada
porém, que o governo àa metrópole a supprimiu; e o exemplar,
nio menos raro — também @d 4 conliecidoà — da *Arte da gramma-
tica da língua do Brasil* de Anchieta, que Platzman reproduziu
em 1ST4.
Du «Catecismo Braatleiro» do padre Ã. de Ãranjo e da
«Arte da Grammatica* do padre Luiz Figueira os exemplares
sào da segunda ediçào (L6B6 e 1687 respectivamente]^ egual*
me:: te muíto rara. Veai a propósito referir, tratando-ee de
línguas iudigf^nas da America, que a coUecção Rodrigues inciúe
as três seguintes preciosidades a&i primeiras typogruphias ame-
ricanat»: o vocabulário da língua Ãymará de Bertonío [Chuquito,
1612): o VíJC^ibulario da Ungua Guicbua de Holgnin (Lima, 16f^8X
e Q vocabularin mexicano-ea^telbano de Molina (Meiíco, 1571),
sem filiar na Arte da língua do Chile de í^ebrea (Lima, 1763J,
por menos valinsa uo mercado.
Em matéria de livros primitivos, sobre a A maricá, a coHecçáo
Rodrigues ostenta jóias de crescido preço e do mais alto inte-
resse, já parcialmente reveladas ao publico em artigos biblio-
- 062 -^
graphicofl do Jornal âo Commercio. Ka que menciotiar, entre
outraSf o f Mundas Novu<» de Veepucio (Roma, LSOS), que é úma
das priíneiras impressora da eart4 do famoso navegador a Píer
dei Mediei sobre aiiaEi via^eti.4j já rt^alizadns á Ãmt^rícst e« jan-
ta meute com a carta a Soderini, íarnbem dn 1503, uwa dfti
provas da veracidade daa eua^ qaatro viai^ení*, tão preconizadas
pelo nfsso Vambagen; *CoBmographia» laiu* de Ilacoaiilo ou
WaldseemúlltT dn 1507 , com m 4 cartas appeusas de Veapueio
sobre sua» oive^çações, que é a prirapira iii.f^re-^sâo de 8t. Diè
e o livro tirt qu«l ^e proptiz quo ao novo mundo dc6t*obfrto ao
cbamasae America, do nome do «*^i;i verdadeiro deãcóbridor na
parte pe'o m^niíS meridional do continente, traçada m» map|íS
que acompaohHVft o tratado de^criptivo e que o jesuíta Fisber
muito recentemente encontrou (1901); a «Copia der Neweu
Zeytunp auà Presill^ Landt», folba volante rte qu» ^ó &Ao co-
nhecido» três exemplai es mais, quo é o iinprpBao maia antigo
sobre o Rio da Prata e prova, lembra be n o sr. dr^ Joi-é Carloi
Rodriguea, terem sido os portuga^zi^a e não oa bespanhóe^ tog
primeiros que navegaram no golfo daquelle cstuano e forhm até
mais ao aul; cia «Paetsi nnovamente ritrovatiji, a comfilaçào na
edição oripíuial de 1507- o que a ia?, exemplar único, na Ãmeriea
do Sul — de Fracftnzio de Montai b dd », na qual pela primeira
vez ¥& incúe a narr;ição án viagem de C-ibral ao Brasil, com'
posta em Liãboa sob slí ví&tuâ do diplomata ven^jsiano Cretico e
remettida porá Hua cidade ao almirante MalipierOt que desfilava
conhecer e utilizar a noticia desse novo descobrimento portugnez-
As esclarecidas annotaçôesi, que aroTnpanham epses e outro»
numerofi e occupam paginas do catai ago com inforraaçõe* hi&tO"
ricaB e bibliograpbicas da^t míiÍB enringag sobre os tcmpoft imniie
diatoA á descoberta da Americ;i, dão sem grande ÍAV^i^ao tr, dr.
José Cíirlofl Rodrigues um logar depois do erudito HHrri&se entre
08 contribuidores para o estudo completo des^e periodo,
O leitor do volumoso e exceli nt© cCatalogo», que nílo co-
nhecer directamente a bibliútheca onde seu possuidor acolhe gos<
tosamente os que apreciam e entendem do livrost terá ao per-
correl-o a cada pa^so uma snrpreza. Aqui deparará com a «Geo-
grapbia» de Ensiao (a edjçRo de Servilba de 15 9) que é a
melhor summa do t«^inpo sobre a sciencía da terra e o primeiro
livro impresBO em H^Sfianha em que o descreves America; acolá,
o «Regimento de pibjtos e Roteiro dss navegações da índia Orien-
tal» do coãinograplio -mor dn reino Mariz Carneiro, mais completo
que o e:íemplar do Museu Bri^anníco; além, uma serie deeiiçdct
do século XVI da «Get graphia» de Ptolomeu, a começar pela
de 1508, que já menciona a terra de Santa Crua e inclue o
mapf>a de Ruyscb, e indo até a de 1574, exhibindo portanto
grapbieamente a progressão do conheci entanto daa terras ameri^
canas e em especial da brasileira.
I
— G63 —
Blfficilmente me resolvo a abreviar uma ennmeração cara ao
mea espinto de amador de livros e de eâtudaQtâ de coisas his-
lorleas. Se me escutas^ef iria descrevendo por niiciha vez o que
o er. dr, Jo?é Carlos Rodrigues já muilo melhor descreveu no
f«u «CataloD^o», obra pelo que se vê maia succul^nta do que
podia Bug^gerír simplesmente o seu titulo, e exigindo para sua
confeiçAo uma grande som ma de esforços e uma vasta accumu-
Izição de noiicías. Dis&e-me o auUir representar osse v lume o
trabalho dos ^eus domingos, e posso por mim ajuittar que nâo
de um Qumero muito crt^^cido deites, porque a bibliomaaia nAo
ha muitos annos qrie se desenvolveu — nào digo a bjbliopbilia,
que é própria de todo o homem superiormente cultivado — no
proprietário da opulenta livraria de hoje.
Quer iéto dizer que o ar. dr. José Carlos Rodriguea jioz ao
strviço de^sa nobre paixào, a qual nâo fa^ muito tempo que
andava conãnada a grandes senhores e a raros letrados, e bojo
maia se generalizou porque io^trucçíio e riqueza se vulgarizaram
maií, a mesma notavi^l activiiade que tem empregado na proíiã^ào
jorDaliãtica, de^dt» o «Novt* Maud»* de Nova Y^ik, que tão
popular pra entre uai ha triuta ânuos, até o «Jornal do Com~
mercio* do Rio de Jarneiro, poderosa empreía cuja respougabi-
lidade o não intimidou.
A pOBiçáo maia que nunca sulieut© do velho orgam da im-
prensa flumiueuae dá a medida do tiuo administrativo do seu
ledactor chefe e principal proprietário, da mesma fórina que o
pdlpavfl reÈuUiido da sus dili^^^eute e iatelligente applicaçào á
bibhographia indica a facilidade extrema de sua adaptação men-
tal. Chegar a tt^r tal autoridade como jornalista e tat compe-
tência como bibliographo, teria mais do que suffieiente para pre-
encher dignamente uma vida que ainda encerra para distioguil-a
um fella se mo pratico, do que a uosí-a raça uho offerece exem-
plares em demasia» e o ejtercieio desaffeítado de uma philanthro-
pia inapiràda pela doutrina chrií»tan,
Eio, seiembro de 1907-
M, DE Ol IV BISA Lima.
II
Súdamerikãnische FelsKcich nungen
(PlOra-aBAYUBAS BUL-AMBRICANAS)
DR. THEODOR KOCH— GRUNBERG
Beríim 1907, E. Wasmui A. G, ediL
A* geotileza do autor % doa ars. editores devemos & ofierta
de um exemplar dessa obra luxuosa de 92 pagiu&â de texto
_ C64 —
ornada com B6 fig^uras e «companbada dâ 29 et-tatnpaa. Â. tm»
duc^o lireral do título é: «Desenhos lapidares na America do
Sul» G batotam i^to e a inspecção das figuras para «e couhecer o
assumpto ao qual o livro é dedicado ; é maie uira prova da
paciência que entre nós dissemos «de sábio Mllemão» e da qaal
D nieimo dr. Koch já nofi dera prova em sua i bra anterior «Au-
fâcigo der Kunst im Urwaide» (Os inicios da ai te ua floresta).
ambas as publicações citadas fiào resultados das viageDB do
autor no alto Rio Ne^ro e Yapurá n^»B anurs de I9v 3 a 1905
6 poÍ9 foram em especial os Índios da Amazónia que Ibe for^
neeeram a base para seus estudos ; pela grande lista biblio-
grapbica, porèmi vemo^ que elle auppriti pela leitura o que n&o
poude veiifícar pessoalmente.
à primeira parte do trabalho consiste na reoapíiulriçAo dos
estudos ate sgon feitne nesse seutído. Muito acertadamente o
auctor separa as pictogravuraa da região andina das das outrfls re-
giões sul-americanas^ pois aquelhs todas mtistram a inSuetieia de
cultura mais elevada de que os indius da Cordilheira deixai am a
tradição .
Segue -se depois a enumeração do material coibido pessoal-
mente pelo dr Koeh ; s&o os apctitarr.enlos de «eu diário 6 a
reprodíicçào das copiíis que tirou tn situy a lapia ou pt*la pboto-
grapbia
Gommeiítando os degenb a e dando -lhe a interpretação, vemos
quanto a quantidade immpnj>a de desenhos estudados auxilíon
esse trabalho As difiâculdnies não eram poucas. Nàn té o
tempo como a acçilo dí^htiuidom da atmoaphera, como o próprio
iadio da» aciuaes gerações detarparam os desenhos \ as intem-
péries dcetruiudo e os indio* alterand » ou renovatido erradamente.
Centenas de figuras ello nos apresenta em copia ; em geral
representam em pouquíssimos traços um corpo Itumauo ou um
peixe, kagadOj cobra, tatu ou qualquer * utra creatura mal cara-
cterizada; outras sâa simples combinação de linhas eonceutricat^
espiraes ou com alguma symetria. Tudo^ porém, tosco 6 sem
grande capricho.
Nas consid rações com que o autor finaliza, elle sustenta
a opinião^ coi^ traria a outras que ligam cTta importância a esses
documentos das antigos aborígenes^ De facto essas figuras n&o
parecem eymbolizar acções ou acontecimentos memoráveis, poíi
nenhuma montra attitude ou combinação que admitta interpre-
tação nesse sentido. Nada miis parecem ser senão o producto
de um pasi^atempo do índio que assim, grav^tudo linhas em qual-
quer pedra, quer em lugares dos mais evidente», como nos bar-
rancos dos rios ou nas cachoeiras, quer em qualquer reranto da
mata, fazia passar mais deprí^8?a m horas do o. io — que, aliá^i
não lhe eram poucas, E), ponderamos mais, a arte de desenho
certamente teria alcançado melhor deseavtJvimento entre oa
Índios si de facto doase modo quizedsem deixar gravados para
^
— 665 —
sempre algum epUodio ou, comr> [>f.los «bíerogl^ptioi»; traduzir
alg^uma idéa.
Nio podemo* deiíar de transfnittir ao esforçado autor as
nos^^fl^ feiljciUiÇõe» peli> bello trabalho, útil e itileressante contri-
buiçílD á literatura sobre os nns^cs indígenas, e uko quercmoa
também deixar de salientar a fina arte grapbica que prt*eidiu á
impreã^ào da obra.
1(1
Gustavo Beyer (*)
1)
VIAJANTE SUECO
(1813)
Por occaaião de sua curta eatadja nrata capita), em ngoato
ultimo, trav^ei relaçõta com o sr, dr Alfredo de Toledo. Conbe
cia-o atites pt*loB seun importantes trabalhos iiupresBOB na RÉvisia
do IníttítuÍQ HUtorim de S, Paulo,
Em nosaia palestra'^, me refrriu o emiaente homem de letras
que a Metdítta ia imprimir no volume XII umas curiosas uotas
de viagem eseriprns por Guátavo Beyer, de nação aueca e in-
teiramente deBconhocidaB. Accroacentou que antes de viBÍtar S*
Paulo, Beyer estivera no Rio de Janeiro, do quiL dava auccinta
descri pçAo ,
Fot o bastante para ag^uçar a minha rnriosidade.
Pedi ao dr. Toledo me enviasse, quando de regresso a 8.
Paulo^ a parte relativa ao Rio, Com a gentileza que lhe é
própria, o autor da Reivindicação Improcedente prometteu fazei*©,
Pa^aara ri-se mezes e o nome de Beyer n&o se me apagou da
memoria Recorri aos diccionarios de Historia e aos sabedores
desta materÍFi. N'ada obtive. Consultei a It^ta de estrangeiros
illustres (orf^ani^ada por Taunay). os quaes vieram ao Brasil
(Tomo 58 da Rev, do Instituto Histórico Brasileiro). Delia
nào Ci^tistava o nome dea^e viajante.
Ànte-hoDtem, porém, fai agradavelmente eurprebeudido com
{''} Em retn^i^O 4 ««tã flA]kRtQr OQj&« Ligeiras Sotas ât Xiagma tB MCllira pnblICAdLI
jl««t« Tolt^ine, traduxldai pikt\ a vernucaío pelo dr. A. Lí^ígren. ««creveraín dí qocsos
iUiUtrH coD«OQ(OB 41*1. Vieira PiieQdt « Oliveira Ijim4 os mrtlí^oft, i^mi orft, oom & de*
TÍd» Ténlft, tr«n8crflT«mí>i como nn eradtto e «lucldiiivo compl«niento ii brflT«t e n-
ptAiu AEmotAci^eB lti\*,% i rarerid* n&rra^io de vlAgem.
N. dfc R,
— 666 —
al^ntnaa folbas impressas (provas naturalmente da rd vis ta) nas
quaes vi o que tanto almejava.
«Li^eira^ Qotas de vingotn do Rto de Janeiro á capitania
de 3 PauLi, no Br»Bil, no verào dâ 1813, com algumas noticiai
Bobre a cidade da Ba Lia e a ilba TrÍsT&o da Cunba, f^ntre o
Cabo 6 í> Brasil e que ha piuco foi occnpíida— ta! é < titulo
do trabalho d© Gustavo Bej?er — Foi trwdnzido do soeco pek dr«
Albijrto Lofgren, um de» bell s ornameuto» do In&tituto de S.
Paulo.
«O original do presente e interesâante trabalho^ (dís a nota
da CDmmi»E&o de Hedacçâo), íoi publicndo em Stockolmo, ua
tjpngrapbia d^ Elmea e Grauberg, no anno de 1814, e, sendo
encontrados ptílo bibliothecario de 3. M. Oscar II, da Suécia,
na bibliotheca particular deste soberano doía exemplares do
folheto em que o dito orig uil foi dado á estampa, o referido
tnotiarcha, por intermédio do mesmo eeu bibliothe cario, ci deu um
doa exemplareã ao no<^ao distincto consócio dr, Á. Lofgren e
este tratou logo de fazi^r a versão do sueco pfira o vernáculo, á
qual ora damoi publicidade.
Apesar de diversoi enganos commettidos por Gustavo, sâo
com prazer lidas as precitadas notas de viagem. O autor, longe
de ridicularizar os nosao^ hibitos e coí^tumes coloniaes^ os aceeíta
como fructoã da nossa situaçAt sempre dependente da metrópole.
Quo o progresio do Brasil já era manifesto em 1813, elle
Beyer o accentna. Granja* á influencia do Príncipe Heg-ente
tudo ae mo di ficava para melhor. Referindo*se á Bahia, eEcrfveu
que muito cerraram os egcriptoreâ de viagens que, apenas vin-
tando o Rio de Janeiro, tomaram esta cidade por padrfto para
julgar todo um território de 60.000 mil nas geogiaphicas quadra-
das, quando ell-^s, si quizesãem ter at^ informado, poderiam ter
conhecido o plano para a graude obra de civiliíaçào e povoamento
do paÍ2*.
Seu entbusiasmo sóbr» de ponto quando fala dos Paulistas,
em cujo Boio encontrou ho^pt^dagem prinçijieeça e cavalbeiroea
acolhida» Verdade é que elle e i-eu companheiro o Conde von
PaUleo, de Sào Peíersburgo, viajavam com cartas de recommeo*
daçfto armadas pelçÊ ministros do Principe Regente,
Eíã abi um progresso digno de neta. Iam longe os
tempos em que o governo vía em qualquer viajante estrangeiro,
por mais ilJustre, uai sím^fles espião Vem-me agora á lem-
braiiça o occorrido com o ftabio Rumboldt,
antes de proseguiri salvo erro, creio que esse conde Pablen
é o ministro e euviad4^ ext aordinarío do Imperador da Rússia,
cbegadrt ao Hio d** Janeiro em 24 de julho de 1812, como re-
fâre o padre Luí» Gonçalves do^ Santos.
Teria B<^ydr couheeido na Suécia os nossos illustres patri-
cioi Jo&é Bonifácio e Bitteucoart e Sá, quando e»tes por lâq
^ 667 -
andaram em mÍBftão 6cientifica ? E' de crer Teria sido por eitet
a^ireseutado ao tenente- general Nap^en?
Qual o resultado obtido para a Ecitiucia da yiagem de
Beyer ? Não me compete dizp|-o, por manifesta careDcia de ba-
les. Aguardemos a oiiínià*^ de Branner, de Orville Derby, de
Alfredo de Carvalho e de Oliveira Lima, que a fundo tem
estudado o período cine vae de 1808 a 1821.
Viajaria Beyer por própria conta ou fora commigsiotiado
pelo spu govt*Tno'? Nada poso avançar, aem conhecer o re^to da«
NtjiaSt prestes a vir á imprensa.
Terá es-*© sympatli^co sueco alguma relação com a fabrica
de ferro de Ipanema, da qu»l se occiípou Vantliagett?
Deirando esses pont s para serem elucidados por quem de
direito, vejam succin ta mente tó o que ?e refere á Bahia e Rio
de Janeiro. Quanto á primeirR, o antor dia ter o commercio
vasto e o perto eicelletite e bem defendido. Faz juí-tíça á admi-
nistração do Conde dus Árccs, tmoço de qu/ílidadfs superiores^ de
génio creador que muito £^m contribuído p^ira o aformoseamento
deste grande empório». Descore ve a tjaços largos a eidsde e fala
de uma eatatut do Princípe Regente (aic) aobrt^ \xm pedestal de
mármore branco, encarando o mar
Um tanto i xag^erado quanto aos recursos de que dispunha
a antiga capital do Brasil, aDiide ao facto histórico de quere-
rem os habitantes —desse o príncipe d Jt-So pri^ferencíá á ci^
dade fundada por Thomé de Sousa para nova téde da mo-
narchía.
Trata das chuvas e desmonorampntoa occorrídos em juuho
e julbo de 18 LB fiict s comprovados pela^ correspondências
existentes no Archívo Publico*
Penetrando no grandiom porto de S. Sebastião (Rio de Ja-
neiro), eícr*jveu o Reguinte: «a entrada passa em grandeza a
da* columna» de Hercules e pode ser comparada a uma porta
CttjoB dois bateutes eâo duíis e niias rochas de granito das quaes
a do e-iquerda é denominada Páo de Assucsr e que, seguíido a
nltima medição, tem 800 pés de altura. O* navios passam tào
porto da fortaleza do Santa Cruz oollocada no centro (aic) da
entrada que com um porta- voz pode- se responder ás perguntas
que d'alli vêm, o que é obrigíitorio para r^s que intentam passar
era silencio, imanta Cruz é uma ilha perfeita [sic) que cruza o
seu fog^o com o de tolas as firtalejwts do porto e dos morros ao
redor da cidade. Dessi^s morros o da Ilha das Cabras õ curioso,
porque ao pé delle oí maiores navios podem ancorai, Ka entra-
da do p rto que irm o comprimento de algum' s léguas suecaBj
a vista s« deleita com uma ]>orçâo de ilhotas encantadoras que
gosam de uma primívera eterna e dasí quaeH ©manam o* mais
agradáveis aromas. Etitr^i ©lias {híc) a Fotita de Acajou, onde
reside o almirante sr. Dixon, é a mais apra^ivel pela situação.
Os paquetes ancoram de preferencia deante do palácio, etcv.
— e68 —
E, coita curio&a, todos os vi&jantes que franquearum o nono
porto falam das (ixígencias da fortaleza de Santa Cruz e de «eu
porta -voz. Hhú elltas fructo do Hegimeoto dado ao eapif&o Ma-
D06L da Coata Cabra) pelo guveraador d. Ãlvaro da Silveira e
Albuquerque, em 24 de janeiro de 1703
IJeâcrevendo O aotig» largo do Paço e ob edíficios em tomo
fala do i-hiifaria em forma d^ obelisco com iiiBcripçôes (felizmente
ainda lá existem) e Uffta agua fresca e crpsUUtfia que jorra de
cabeças de roòras e de dragões, (Ifito agora é pura taotaeia).
ÃIU attr^bia-lbe a aitençào u barulho dos negroa e a per-
manência de sentioellaB junto da foote publica. Aconteça isto
coando, por occasi&o de séccas, faltava agua Davam-fio brigaa
^ntre os conductorea do precioso liquido, os quaes queriam ler
preferencia por morarem longe Era a cbamada tamina. Em
caso de conflii^to íuterviobam m guardas, que reitabeleciam a
ordem com algumas pauladas, ou vergastadas com os conhecidos
camaròeíí
(Oa edifícios todos tâm saccadas, onde damas, cavalheiros e
pagens se divertem durante aa horaa fregcas do dia, respirando
os a romani que te desprendem das numeroFas flórea allj colloca-
das). Esse habito ainda hoje infelizmente se conserva, ape^r
das avenidas, passeios e divertimentos» Conheço algnmaa donas
de ca^a que aó eáem á rua três vezes por auno: no Carnaval i na
quinta- feira ?auta e no dia da Gloria!
Dá para população do Rio 130.000 habitantes- A cidade
(apesar de ^eu porto seguro, incomparável e bem defendido, ca-
pas de abrigar todas as armadas do mundr>) nào eonstitue um dos
mais saudáveis logares do grande c ntínente americauo. Fala
Gm seguida da situação do Rio cere ido de montanhas, de 177
diaa de cbuva durante o aono, da estagnação das aguas a qual
origina dentro do seu perimeiro uma humidade nociva ao orga-
nis^no e uma porção de iniectoj molestos dos quaes ha ahi maior
abundância do que em outro qualquer logar do Brasil,
Si lhe losie dado ainda viver o autor das notas viria que
para dar cabo dessa mosquitada existe aqui hoje verdadeiro ba-
talhão.
Em boa hora reconhece Beyer qu© o governo começava a
sanar os erros commettidos por occasião da primitiva constituí ç&o
da cidade.
De facto, Paulo Fernandes tratava de executar melborameu-
tos materiaes segundo o exemf)lo do Marquez de Lavrartio, de
Luís Vas^oaceUns e do Conde de Rezende
Occupase, ânalmente, muito por alto, com a bibliotheca regia,
o theatro do S, Joào, bavla pouco inaugurado^ com os alicerces da
nova casa da moeda (no Campo da Foíé, boje rua do Sacramen-
to) e com o Jardi^n Butanico, na praia do Freitas (sic).
Do exposto ás pressas, resulta que o viajante sueco não foi
muJto exacto com relação ao nosso iíio de Janeira, Basta dimer
1
— 669 —
que collc^con a antiga fazenda doi je»uitfta (E^anta Crus) no meio
d» Hha Grandt!) !
Parece que ijuardou elle toda a sua at tenção para a antiga
capitania de S. Vicente, Ain 'a assim, a parte que me foi dado
lêr constituo precioso documento biblii g^raphico até ba pouco
desconhecido.
Quando o restante for publicado ra Revista^ acompanhado
de erudit;r>s commentarios, «e poderá avaliar m tfdum do mereci-
mento das reieridas notas
Dando parabéns ao£ illuE^tradoa drs. Âlfrfdo de Toledo e Al-
berto Lfífjíren pela novidade que uob vào offerecer, ag-uaido o |
Toiame XII da «Revista do Instituto Hiatoúcoí de S. Paulo. )
Peço-lhes desculpa por meiter-me em frota sem baTiáéim*
Ninguém melhor do que elle& íabe:— nAo &e pode exigir moilo
de quem uAo é artista e cnula por devoção.
Rio, 10 de novembro de 1907.
(D' Á Noíicia anuo XIV, n. 277, de 20-21 de novembro de
1907, Rio de Janeiro)*
2)
As notas de viagem no Brasil, em 1813, de Gustavo
Beyer
o erudito bibliothecario do lastituto Histórico do Rio de
Jaaeiro« ar, dr. Vieira Fazenda, cuja personalidade é familiar a
3uautoa servem o culto do nosso passado, do qual é um eslu-
ioso apaixonado e orig:Íual, appellou, tntre outras, para minba
opiui&o quanto ao objecto e cauea da viagem an Brasil de Gus-
tavo Boynr, sueco que e&teve na Bahia, Rio de Janeiro e São
Faulo no decorrer de 1813 e cujaa impressões, de todos nós
desconhecida», se achavam consig^nadas desde 1814 num pequeno
volume imprenso em Stockolmo - i
Deste volume, exist^^nte em duplicata na hibliotheca jarti- 1
cubr do rei 0*car da Sufcía, tevo o Instituto Histórico de Pfio
Paulo conhecimento e pôde obter o ^lacioso oflfrecim^^nto de |
um dos exemi^larea, encfirre^ando-ae o Rr, Alberto Ldfg-n^n da |
sua traducçAo, que figurará no próximo tomo, o XII^ da revista 1
da mesma associaçâ^o.
Nào tem o publico otUm critério, nem poderia encontrar
melhor, para aferir a operosidade o importância de taes Bocie-
úãÀ^ senão o que lhe offerece o apparecimento annual desses 1
- 670 -
Tolumea, nos quaes se concentra o trabalho dos retis membros
mais niugttea ou mais preatimo^cs . Ã aa^fciaçào vale pelo quo
est^i membros TaleM o pelas tradigÒFg que representa, iisto é,
pdo valor dos que fse fi'T&Tii. Ora a Revista do lDstitut«> Hii-
lítuÈo de S, Panlo é deveras interessante em ai, nenhuD a ontm
se lhe avauttgarido pre^entemetHef ponquíssímafi mesmo a egi]&«
lando,
 variedade nas «-nas contribuições, a frequência dos geus
en^aicft oríginaes e a abundância da sua documeutaçâo, cujo
campo abrange mah que o Estado aobre que ae diz exercer a
actividade da aisodação, tornam-na attrabente para o entendida
como f ara o leig^o em assumpto» bistortcoã brfigiteiros, e abonam
a orientação que desde o sen inido recebeu aqtiella publicaçào,
hoje príncipe Imente affecta á direoçào intelU gente e lUidadoi-a
d-) tr. dr Alfredo de Toledo, verâadi^simo na matéria e, coma
todo p.'iiil^:itfi, j altamente cíoão d^is ^loria^ da ^rej a que perteDcOí
bl' muito díffi^i), senAiQ impossível, á falta de íntoimaçõfs
fllheía* ao próprio livro, satisfazer a perg^nnta do ar. dr. Viri-a
Fasfenda & dizer por que motivo veiu Beyt^r ao Braul Oa via-
joreá drt^Fft época obedeciam todos no geral a mcveii ccmmeíciatí*,
como Mawe e Lneco^-k, ou a moveis fcientifico?, como Spix e
ACíirtius. Seria fácil num e noutro c«9o conbieel-os, quando
mesino no^ fiis^em alheias suhs biograpbias, Of piimeiros tihaii-
dam em dad^ b económicos e financeiros, os segundos tm dfldo*
botanic" St m nt^ialngicos ou zoolfgicoR, Nuns pievaltce a ter*
mínolnr^ia bi^acaria, dos outros a technología particular á btstoriã
natural.
O volume anteror da «Revista do Ini^tituto Kístorfco dâ S.
Paulo*, inseriu a tra':!ucçAo da viM^em a Minas Gera«&, noj annoa
de 1814 e 1815, do allptnáo G. W, Freyreiss, que em 1S16 o
príncipe Maitmiliano de Wírd-Neuwíed encontrava explorando o
Espirito Sfinto, e poucos annoa depois morria no aul da 8ahíE.
Quando fu^&e anon^^ma eut rebçÂ^, apparoceria sem contestiiçfio
possível orno o trab lho de um naturalista Entretanto, i>pomara
na obra observações aociaeã dig-nas de nota, e lobretud^, o trata-
mento dos indioa o o« borrr res do traâco mefeceram do antor
descrip<;5e3 minucio&aa e verdadeiras, em capitules que se lèm
com aproveitameofo
Com Gu-tíiivo Beyer a coisa é differente. O que te pdda
deprehi*nder, o que píir-^ce pelo menos deprebender-se, é qne t>fto
era de nroãí^sào natur. li^-ta e que tampouco era homem de ne-
gocio beu? conhoeimeniOB de historia natural serão taxind^a de
vulgan g; suna preocvupaçdes mercantil apparecem DUllaa Di-
ccionario «I|runi de hiogiaphia ou eni^yclop* dia que cotJiultei di
fé dt4le, W li terá ri ^mf ti ta um esqu eido, scíentiâcamente um
dçaconhccido Ft^rque não fazeUo entrar noutra categoria, mO'
deritamente tào deseuvolvícta, dos viajantes por simplea diatra-
cçâop dos «toQíistest por de fastio, dos c^lobe-trotters» por ciuriu*
lidade?
— 671 —
O Brasil, recem-nbeito aos etrangeiros, vagamente conliecído
como a terra maravilhosa du ouro e dcs dtamantfa, agorn iha-
mando fortemente a attençfto pelo facto de para sDa capital se
ba?er transferido uma da» velb;i9 cõries euroféa», deBaâa?a uma
viíita que os faqnetes inglezea de Falmcuth tomavam prssivel,
regular e até commoda p»ra o tempo^ ainda que lSo de todo
Be^ura pela pncrra que no mar fizeram juí-tametite em 1812 e
181S os americano» aos ínglezes, e pela a depredoíjôes dre pira-
que do3 portOB doa Estados Unidos saiam ctm bandeira iucur-
gente, sobretudo de Artiga?, No tempo da navegaçíio á vela 6
do corso as viagens maritimaa eram pelo menos aleatórias.
O calor das recorameiídaijões que levou para São Paulo e
que puzeram em movimento o próprio rapitUo general Marquez
de Alegrete; a companhia em viegem, num pé de intimidade,
do condo Nicolau von Pablen, qu*^ df^ria ser parer*tp, taUez
filbo ou irmílo do ministro ru^ao que em 1812 cht^gfU an HÍo^
traugferidn de Washington ; a attetçâo prestada naa iuas obser-
vações á feiçfto mundana da vida brfsiíeíra. sSo circumptancias
fod»9 qne denunciam pm Bfy**r um hcirpm de bôa pociedade
Nem é de surprebender ou de natureza a ítmtrariar e*Ba im-
presí-fto o faoto de, Beguodn se deduz do livro, eer o auN^r dado,
ou amador, maia pela certa,, de pt^íqiijzaa gí^ologiras . A historia
natural invadira no século XVIÍI com estrépito a educação
cmidada, e entre a mel bor cUsse tornara- se aíé mania ahEorvente.
BufFon, o clíj&fiico Buff* n, era um gí^ntilhomf m, pfita tó citar
essí*, e do^ que nos viaitnram e no napso píiií^ viaiaram extensa
e pn veiiosaTrente, o príncife Maiimiliaro, de Wied-Neuwied,
dedicava se com fer'i?or á etbBographia afoia a zotlogia e a
botânica,
NAo pensOj como avpnta a hypotbese o sr. dr, Vieita Fa-
zenda, que tivesse Beyer talvez liava do conhecimento na Suécia
com Jo-é Bonifácio e Ft*rreíra da Camará, ou que ?ua vinda ao
Braail se relacionaíisFi com a fabrica d** ferro di> lianema Nf da
coiiatrt do livro ern sbímo de uma ou de outra t^upfn^içSn, que
haveria sido confirmada ao falar* se do citado eítíibelecimfnlo
metallurgico ou ao referir o autor seu eiscontro com Jlaitim
FraucísrQ era ca?a do cónego Oliveira Bueno, que na Paulit^a
o hospedara Admittido que fi se P*yer um homem de alta
roda, é mister ter pn^sente que o mnio social em que na Eu-
ropa do norte ee moveram o paulista e o mineiro foi o meio
especial d"S uitív^rsíiarioi e dos sábios onde lucravam iutelle-
ctual mente, nào o que se cbiima por um gallicismo o mundo.
Os scientistas lecebiam a [^rotecçílo doa ptincipes, quando eítes
eram egclarfc^doF, maa nílo fõrmNVíim [>ro[>riatrsente a gua corte,
O oaao de Weimar, da seu grá i duque Mt-ceoa* e do fiympico
Goethe, n?\o era a regra. Da ordinjirio, o circulo intelleerual ô
o cortezílo moviam-ae em redor do llirrun sem le confundirem,
A gympathia de Beyer pela nosta terra e pela nossa gentei
a benevolência daa suas observações, a ausência de notaa ridi-
— 67â -^
cnlas on malignas são de liom tom, traem o cavallieiro. Tnm-
bom ptjdiam trair o aabio, commmnmente optimiata: nenhum
viftjjinte í i maU condeteendenre do qui foram ^yix e Manias.
Vò-ae, porênii que ai^raiou a B lyer encontrar no Brasil ttra
pouco dtí eon vi vencia, aqui lio a que undnva habituado na Eu-
ropa e que tinta falta aqnr Ihta teria f^ito.
A novidade de sua curta obra está unicamente, «m minlia
opinião, em que de&crf ve ntn aspecto paulista do tem^^o que es-
capou a ôtitrob vi ja t a coevos ou de que nâo (íssernm suAicIenie
menção, e vem a eer a frtinque^a «^ larguessH do seu irU«rcur»o
social. Bf^yer e vou Pa h leu eram hoi-iiedea de dis^titjçào, e aasim
foram tratadfs cora primorofas attençôei, que t*ào iiltraja&saram
comtu^o OB limites discrt^tos da fina educação. Da eua estada
em S, Paulo guardavam, pelo que b6 nota, uma liaoujeira e du-
radoura r**cordaçilo,
Náo tento |>ara aqui transplantar rf^sumidas e de«|>ida& do
aain^t© original ae obíiervaçô^^s e Benaaçò^^B pHulistaa do viajante
»neco. Na traducção do gr. Lõfgren, v&o ellaa fíear ao alcance
de qualquer, O que somente pretendi foi corresponder, embora
negativamente, ao amável appi^llu do sr. dr. Vieira Fazenda, en<
carecer maia este serviço histórico dn Infitit to Paulista e a boa
critica que se revela na composição da sua Revista, e mostrar
ligeiramente o intere&ae da relação agora revelada aos que entre
nóâ| e vho felizmente avultando em numero» estimam esse ge^
nero de leituras.
Rio, novembro de 1907,
M. dt Olwmra Lima,
(Do O Estado de S« Paulo, n, 1059B, de 9 de dezembro
de 1907),
*
« «
3)
Quem era Gustavo Beyer
o TÍajante sueco Gustavo Beyer está identificado^ e é perfeita-
mente crnhecido o motivo de sua viaj^em ao Brasil em 1813
Efíectivamente, como me quiz parecer pe]a leitura de tua re-
lação nas provas da Revista do Instituto Histórico Paulista, que
me foram amavelmente com mun içadas pelo sr. dr. Alfredo de
Toledo, nàii se trata nem de um bomem de sciencia nem de um
homem de commercio, sim de um homem de posiçfto sociaK Apenas
este homem tinha um negocio a tratar e tua viagem nfto foi ri-
gorosamente de prazer, posto que deva encerrar incomparável
prazer a cobrança efiectiva de uma dividai
— 673 —
Gustavo Beyer veiíi da Suécia a S. Paalo exprettamente paim
receber, ao que se dis, do director da fobrica de ferro de Ipa-
nema dez mil cmsados que este seu compatriota lhe devia. Como
a qnantia n&o era tão avnltada que por gi valesse tão longinqu
viagem, se fosse um sacrifício, não é fora da propósito julgar que
a curiosidade da terra entrava por alguma coisa na sua deter*
minação.
Quando, pela Carta Regia de 4 de desembro de 1810, se
creou o c estabelecimento mnntanistico de extracção do ferro daa
minas de Sorocaba» por meio de uma companhia de que o go-
verno tomava metade das acções, o ministro e o cônsul de
Portugal na Suécia foram eo carregados de contratar operários
competentes e um mestre de forjas experimentado. O ministro
era Joaquim Lobo da Silveira, mais tarde plenipotencinrio em
Vienna e conde de Oriola; o cônsul, certamenta honorário,
Gustavo Beyer ou Bayer. B* bem provável que este fos»e o
traductor da obra de Lobo da Silveira— «Skisae von Brasilien»,
publicada em Stoekolmo em 1809, e natnralmente preparada
no intuito de dar a conhecer o paiz para onde se mudara a côzta
portuguesa.
Aproveitou -se Beyer da oceasião única que se cfiereeia
para coUocar como director da fabrica brasileira nm tal Hedberg,
dono de forjas ou arrendatário de minas que follira e de quem
era credor. Fel-o na esperança, que o futuro não desmentiu^
de que uma vez em posição vantajosa, viesse aquelln a pagar-lhe
o debito. leto foi o que. na expres«ão de Yamhagen, houve
de vergonhngo no contracto elaborado e firmado pela nossa au-
toridade consular. O ministro entrou ahi. como muitas vezes
acontece em casos análogos, da mesma forma que Pilatos no
credo.
O nosso grande historiador nutria pela fiibrtca de Ipanema
um interesse muito vivo e muito justificado pelo facto de ter
seu pae vindo de Portugal, onde geria um esrabelecimento da
mesma indcJe, com o fim de examinar as condições das minaa
de Sorocaba e formular o plano da fundação que, logo depois
de Hedberg, entr u a dirigir. Melhor se poderia dizer a corngir*
porquanto a piioieira administração deixou muitist-irao a desejar.
Vamhagen accusa Hedberg de haver desde o principio abusado
das óptimas intenções do Conde de Linhares.
O penador Vergueiro conta as coisas com todas as minn-
dencias desejáveis na i>ua memoria histórica sobre a fundação
da fabrica de São João de Ipanema, impressa em Lisboa em
1822 e reimpressa alli em 1858, juntamente com a correspon-
dência do tenente-coronel Vamhagen e outros documentos sobee
o at-sumpto. Segundo o autor Hedberg andava no Brasil fisca-
lisado de perto por dois extrangeiros ne distinção, »eus credores
por sommas largns, que recebiam o que elle ia adquirindo com
sen salário e suas espertesas. Beyer, que chagou bastante depois
— 674 -^
e nEo tomava parte naqiiella emgnlar exploração, tâo aatisftíito
ficou, porôcD, com o resultado pratico da sua viagem que, an
reg^rf^ftser para a Europa, publitíou no «lovestigador Portugnei»
de Londres (d. 29) uma «pomposa « inexacta c*rta», affirraandíi
com relâçã.0 á fabrica coisas «fíibulosas», entro outras que %^
êBtaya trabalhando com toda a actividade no forno alto, quando
tal nâo succedia absolutamente.
Nesta caria, iirmada &ó com a inicial do seu appellido, declara
Beyer corresponder com Bua laformaçilo de twatemunba ncular
ao desejo manifestado pelo redactor do citado periódico, o qual
era Bubvencionado pela legação portug^ueza em Londres na íntifa-
çâo de rebfttísr os constantes ataques do «Correio Brasil ieufio» e
depois do «Portuguez», em cujaa paginas er&m defendida» Aê
doutrinas Hberaes ou constitucionaes.
Rcceiava somente o viajaute sueco que o seu «limitado sabar»
de obras da natureza da fabrica por elle chamada, C(im um sabor
de etymologia gretra, de Hyppanem», em vea de seguir a pre-
tensa grapbia tupi de Ypanema, tornasse muito imperfeita aquelU
aua expoãição. Via-se» por is^o, obrigado a ser muito siicciuba
para errar menos. E foi com efleitn muito lacónico, sem com-
tudo (íeiíEar de indicnr oa muitoít trabrilhos r«*alizadog nos ttei
annoâ decorridos de 1810 a 1813, accrescentando nSo existir
estabelecimento e^uaL no «inteiro, e infinito coutiuentt^ ameri-
cano», e concluindo por proclamar que tal fuudação provinha dft
sabia vontade do príncipe regente e era fructo do patriotismo e
luzes de um grande ministro
Foi em 1810 que, incumbido de tanto, apresentou Y&rnhagHii
seu plano de montagem da fabrica, cujos antecedentes já eram
seculareí. Achou-o estreito Linhares, sempre grandioso nos pro-
jectos, nio lhe dando também andamento por estar para chegar
a colónia profiãsional entremenie^ coutractada na Suécia.
Com íledberg, cujo vencimento estipulado era de um cento
e seiscentos mil réis aunuaes, vieraro> além dos operários, o capiifto
dô marinha Danckvart, de quem fala Beytír mais de uma v«>%
na sua relaçáo de viagem, Printzencbold, filho de um ávm cre-
dores do faUido, syndico de facto, iin nome secretario, e o barão
de Fleming, outro creior que, na pbra^e de VerírUBiro, veio v«r
o BrasiL Não sei se seria e»te o me^mo Fleming que por occa-
iiào da acclamaçào de dí»m Jciào Vf exercia aa funcçôe» de
ministro da Prússia no Rio de Janeiro. O velho Vernhagea
tambnm acompanhou para Ipanema a colónia escandinava oft
qualidade de procurador dos accionistas.
Apesar desta tiécalizaçiko, que a outra partieular contrariava,
a administraçíLo de Hedbcrg foi infeliz, assevera Vergueiro
que dolosa. Quando o despediram, apresentou o director cnntAi
de grào capitão e, antes, pretendera invariavelmente te^ar, urgido
pelos credores, os interof^ses que em má hora lhe tinham «ido
confiados. No volume II do »eu excellente trabalho — ^«ãs Uinai
"1
^ 675 —
do Brasil e eua Legialaçao— faz o sr. Pandiá Calo^jeraF, sí^giindo
Vergoeiío e tíiniWm EscLwege, a tritto e detalhada historia
desse monumental conto do vigário.
A ser verdade quanto se contíii os operatioB contractados
pof itreços altos para o goTciiio que es pej^-ava pelíi míSo de
Hedberg, o qual cn|^aíiaTa a uns e a outrof» erí^m officiaeô de
outro» misteres guindados a eua posição de mlneÍFOs, gcrradcres
e serrallieiroE, rótulo» cnm que foram eijiortados. llaveiá nisto
quiçá exa^gero, tanto de Varnliflgeui ijue desejava eucaminhat-
a fabrica a sen modo, que foi de ceito muitu superior, como de
Vergueiro, amigo do primeiro. Não teria tido difficil, nem mais
dispendioso trazer da Suécia, opeTarios destros para o trabalko
a que te destinavam. Cora quaçtíquer era posivel fazer trapínja
nas contas.
Com relação ©ípeeialmente a Beyer, sua via^^em ao Brasil
pareceu no moinen*o ihú eatrauba aos quft dcscoíiliecirim seu
objectivo real e a nilo suppuuliam desintcreseada, que Kapiou,
encarreg-ado em 181*2 de iaspeccionar ns obras, maniíestava que
a vinda do íueco dava que pensar não tómenle a ell© como a
muita» peesoas. Ima^^inava-se que, natural de utn paia fabri-
cante e exportador de ferro em larga escala^ ]>osto que n gente
coDsular do Portugal, Feu intuito secretu eia fajier mal por
qualquer modo á íabric» de Sorocaba.
JA vimfís que o tlto de Beyer era menos uacional e raais
pessoal. Hedberg devia-lbe beio coino a Fleuiinjí' e ao jiae
Priotzeucbnld, e os três credores no sen íntereâ&e particular
pretenderam melhorar a sorte do devedor commum insolvente.
Dub, mais &u*])ÍcaaeB ou mais soffi-í-g^os, acompanbaram-no para
maior sefçurança: o terceiro veiu mais tíirde, na bôa occasiílo,
liquidar o debito que para com elle exííitia.
«Suum cíiique. . , » E' mister ainda referir como se procedeu
ft eita identificação. Ao lÊr o artigo âo gr. dr. Vieira Fa^cnda^
o illuatrado sr. dr* Piza ft Almeida, presidente do Supremo Tri-
bunal Federal, escreveu-llie lembrando qile a cHittoria Geral»
menciona na primeira ediçào um sueco de nume «Bayer». Achando
discordância na orthographia do nome e já tendo feito appello
& terceiros ito seu folhetim, o dr. Fazenda não fe<:utu a pista
em Verfçueiro, aiiáa citado por Vamba^íen. Fel -o com seu faro
habitual e com o succeSbO indicado o sr. dr. Alfredo di^ Car-
valho, que me communicou o primeiro resultado da sua inves-
íigaçilo. Ao mesmo tem})0, o sr. Orville Derby procurava e
encontrava no «Pluto BraBilieusis», de Eschweg^e, a coofirniaçào
do que escreveram Vergueiro e Varnhagen. Dahi era natural
passar á obra do ar. Calogeras.
E' curioso que, na relaqâo agora traduzida, Beyer uâo fa^
á fabrica dtj ferro de Ipanema sonilo referencias liiíeiraa o im-
pefiâoaes, nào lhe coní;edendo mcBmo i^xteosrio maior nas euas
notas do que a outras cousas que descreve. O motivo da sua
— 676 —
TÍagem ao Novo Mundo, é natural que elle o occultasse sob as
observações de homem fino e culto interessado em quanto exa-
mina e em quanto admira. O optimismo característico dessas
observações nca agora plenamente explicado. Nada ha como
uma divida cobrada para fazer vêr tudo eôr de rosa.
Rio, dezembro de 1907.
M, de Oliveira Lima
(Do Estado db São Paulo, n. 10.594, de 10 de dezembro
de 1907 )
ACTAS DAS SESSÕES
Primeipa se^s^o ortlinfiri»!, em 5 de fevereiro
de 1!I07
PBBfllDHNCIA PO SB. &R. MaNOBL PRBaiRA GoiMàBÃBS
Àoa 5 de fevereiro ãe 1907 nesta capital, de &. Fanlo, Âs
7 1/2 horaa da noa te, no prédio em que funcciona o Inatituto
Histórico e Geograpbico, á roa General Carneiro n. 1-A, sob a
prftí-idencia do sr, dr, Msnfiel Pereira Guimarães, servindo de
tecretario^ m srs. Árthur Goulart e dr- Eug-enio Franco, cele-
brou o Instituto a su« primeira eeaa&o ordinária, em vista de ter
havido numero l^^gal de sócios. Lida a acta da sesBâo passada e
o expediente, que constou da offtrta de varia? obras e publi-
cações cofitumeiramente recebidas, o ar. presidente deu por em-
possada a directoria eleita a 25 de outubro de 1906 e que ficou
assim constituída : presidente, sr. conselheiro Manoel António
Duarte de Azevedo ; vice-presidente, ar. dr. Augusto Gesar de
Miranda Azevedo ; primeiro secretario, sr. dr. Âlanoel Pereira
Guimarães ; segundo secretario, sr. Dtonysio Caio da Fonseca ;
orador, sr. dr. Theodoro Sampaio, e tbefioureiro, sr. dr, Arthur
V&utier, Estando na ante-iala o sócio ultimamente reconhecido
ir« dr. Joaquim José de Carvalho, foram nomeados os ers. drí.
Cario» Reis e Alfredo de Toledo para o introduzirem no recin-
to. O illuatre consócio prestou então compromisso, tomando
assento. Foi lido em seguida um ofiScío do sr. Díonysio Caio da
Fonseca, renunciando o togar de segundo secretario, em vista de
ler mudado sua residência para Santos. O sr prés i d eu te, lamen-
tando a retirada do activo segundo secretario, convida os srs. ao-
cios para se munirem de cédulas, afim de eleger o se-
gundo secretario em subetituiçâo do sr. Dionysio Caio da
Fonseca, que se exonerou daquelle cargo. Pede a palavra o só-
cio sr. dr. AUredo de Toledo e propõe que seja acciamado se-»
gnndo secretario efiectivo o sr. Arthur Goulart, que occupava o
cargo de primeiro Bupplente dos secreta nos» Â casa approvou
UAanimemente a proposta do sr. dr. Alfredo de Toledo, sendo,
poiii acciamado segundo secretarig efectiva do Instituto o ir,
Arthur Goulart,
^
-- 678 —
Pnrii o log/ir d© l.** eupplonte dos Beci-etarins foi acclftmado.
o te^íUndo, dr, DinamftncD líaugcl, e parA o logar deste a
nomeou o $r, dr. Eufjenio Âlbotto Franco*
Em aegiiida foi lido pelo sr. 1." secretario o rolâtorlo apre-
aen tildo pelo ar, dr. Manoel Pereira G uíef a ràe a — primeiro secre-
tario eftectivo, relatório dos facto» priticipaep, occorridos iia so-
ciedade durante o anuo findo da 1906, Também foi lido o
balancete apreswrítado pelo tbe?oareiro sr. dr. Artbur Vautier, no
período de L° de abril a íil de dezembro de l^OG. Por e^s*a
documentos, i bmeradamente elaborados, verifica-se o aug^m^^nto
extraordinário que tiverAni no anão findo as coUecçÔes do Insti-
tuto» e o e&tado prospero das suas finanças. O relatório fa^s en-
eomiís justos, taintjeni, ao« trabalnos lidos peloB dig-ncts conao-
cíoB^ durante o anno que íe findou*
Fasaando-se à "2.^ parte da ordeni do dia foram lidas ad pro-
postas para sncioii dcis sra. Victorino Cõcllio dt» GaTvallio, r*?fií-
dente em Taubatê (correspondeutfi), drs. António do Albuquflr-
que Pinheiro e Arietidea de Albuquerque (eflectivo?), ambos
desta capital. Também foi prcpOBto para bocío effectivo o sr. dr.
José Carlos de Macedo Soares, residente na capital ]muli&ta. As
propostas foram á commiãsão de admissão de sócios, para foroiu-
lar parecer.
Edi aeguiáa, o tr. presidentCj na forma dos Kitatutos, no-
meou 03 sefíuintes asaociadcs para comporem as commiBBÒes per-
manentes do Instituto^ que têm de servir, com a directoria, no
tríenuio de 1907 a 1910.
líegulammitos e Estaiuíos', drs. Adolpbo Áug-oeto Pinto,
MaQoel de Aquino e Castro © Ernesto Goulart Penteado ; Admt»-
acto de sociosi drs. Luis do Toledo Piza e Almeida, José Torres
de Oliveiía e José Maria do Valle; Redacção da Revistai d ri.
Augusto Cetar de Miranda Azevedo, Alfredo de Toledo e Horá-
cio de Carvalho; Ilíntaria de São Paulo i dra. José Valo is de
Castro» Frantisco Natividade e Luta Gonzag^a da Silva Leme;
Ilhioria Gerai do Brasil: dra. Aug^nsto Gesar de Miranda Aze*-
vedo, João Baptista de Moraes e Washington Luis Pereira e
Sousa; Gcographia de Sào Paulo: ars. drs. Ednardo Losclii, Ashí
Moura e José da Silveira Cintra; Geographia Geral do Brasili
sra, drs. José Vicente de Azevedo, Edmundo K.iug 6 Tiburtina
Mondim Pestana; Literatura e Majutscritosi srs. tr, Pfdro
Augusto Gomes Cardim, Francisco Gaspar e dr, Dinamerico
Eaug'el; Sciencias^ Nuvtismaiica e Arckeoloffia: srs. Alberto
Lijfgren, Eufjeaio HoUetider e dr. Herraann von Ihering; ArUs
e Industrias: sr». drs. Francisco Ferreira Kamo^, Rpmos de Azd-^
vedo e Igoacio "V Vai lace da Gama Cockrane; Contas-, ara. dr».
Eugénio Alberto Franco, Carlos Eeia e Carlos Yillalva.
Em Êeg:u.ida pede a palavra o consócio ar. Assis Moara e
iagcrevo'i-e pura, rta próxima sessão, lèr um documento sobre a
fundarão da cidarfe de Mo^l das Cruzes e abertura da ptimeira
estrada Jis:ando S. Paulo ao Rio de Janeiro.
I
— 679 —
Antes de encerrar a sessão, o er. preaidente co»p:rattiIa*8e
eam a presença alli do sr dr. Joaquim Joaé de Carvallao,
íllustre homem de letrna e historiador, que, entrando para o
iDsiituto Da qualidade de sócio, poderá prestar á mefeina asso^
daçào as luzes de seu cultivado e brilhante espirito, O sr. d>.
Carvalho pede a pafayra #», agradecendo as palavraa justas do
ir- presidente, promette trabalhar para o Instituto com todo o
SFAzer. A propOBiío de varias coni-idorações sobre uma verdadeira
Ustoria do Brasil, o novo consócio faz ver que o compendio do
«- Hocba Pombo é o único que procura Fe aproiimar da ver-
dade. Ataca o orador a anomalia de se modificar tudo, rebati-
sar e chriamar vario» uomes históricos, tirar nome§ tradéctoaaes
de mas para dar-lhes outros de indivíduos qae nada represen-
tam na Historia, falseando asBÍm o espirito da Justiça, qae deve
traduzir uma liçào. pela qual os nosaus filhos píisanm aprender
o verdadeiro significado de uma época, áo terminar ns Mtas ju-
diciosas palavrat, o orador foi saudado peloa consócios p rei. entes,
A'» 10 horas da nouto foi encerrada a sesífto, marcando o ar,
preaidfnte o dia 20 de fevereiro para a 2 ' seteâo ordinária do
corrente anno* Eu, Arthur Goulart^ segundo secretario, escrevi.
Scfpundn nernsna ordín»rí:i, €»m iO de feveri^Sra
de iOOl
PfifiâlDEKClA. DD SR. CONSBLHEIítQ DuARTH DE A^BVEDO
Aos 20 dias do mes de fevereiro de 1007, nesta capital de
8* Paulo, no edificío da sede social, á rua General Carneiro
n. 1*A, 6ob a presidência do sr. conselheiro Manoel António
Duarte de Azevedo, eervinda do secretários os srs* dr. Manoel
Pereira GEimaràes e Arthur Goulart o, havendo niimi^io legar
ie consócio?, fui aberta a sesâ&o ás sete e meia boroa da noute.
Ante^ da ordem do dia, o sr. presidente pede desculpas á casa,
da sua ausência nas nltimAs sessões do Instituto, D\'a achar-se
adoentado desde ha muitos dias, raz5o da sua falta de compa-
recimento aos trabalhos. Faz votos para que o Instituto, asso-
ciação que honra sobremaneira o Ei^tndo de S. Paulo, progrida
durante este anno, tanto ou maiii^ que nos outros já ]>assados.
Agradece mais uma vea a hoora de ter sido reeleito para o
cargo de presidente, cargo que procurará elevar nas medidas de
■oaa forças. Espera que se façam novoô trabalhos, apfsar de a
Bcvista tor sido publicada até então em dez lonfroâ volumes de
um importante repositório da Historia e Geojçraphia do prospero
e grande Estado de S. Paulo.
Em seguida o bf. dr. 1.' secTetario lê a lista das offcrtas
ao Instituto, quo são as HPg^uiutes :— Ali^uns mappas ^eo*^raphi-
cos confeccionados em 1783. Sao intereseantisaimos essc^ mappas,
offerecidoâ ao Instituto pelo nobre consócio dr. Pamphilo de
— 680 —
Asminpí^ilo ; O Pautvtia OJicial, ti u mero de 19 de dezembro de
1836, 1 £F*}rtA do cnoiíítcio 8r, Ariliiir Gniilart; Priftiiciaji, vt^rsoa,
e Eoi^rt^ fie Liabôa^ offerecidon pelo &eu autor, o Kt* Joaqaím
Gil Pinheiro; A N* va Cruz, lU. 8-9, O Alhum Imperial. Me-
PÚiUl Militar, BrÁetim du ÂgticuUnra e La Bcitnct Súdal-, re-
vistas UterariaB e Bei«=«iititicjif^. Ah ofierta^ hati rec^bidus COm
íincero prus^t^r.
E' lido, tumbein, o pareef^r da crimmbaào de admissão de
Bociofi^ npinaado }y&T& qun $iej«ta couaidAradoB mt^mbroê effesctivoft
do Imtituto os HTs. átA, Aiitc>DÍo de Ãlbucjiit^Tque Pinheiro, Jo^é
CarloB de NUcedo Snart^ti h Aristides de Aíbnquerque, homens
de letrHi, e correãpondfDte o ^r Vicconao CoeJbu de Carvalho,
fifiçriptOF rBsideale em TriíibaTé. Bão pro[K>^to» jiAra soçioft o»
arB. [jiiis da Kocha MirHiida, barà<* do Bananal» engenheiro, e
Heitor Machado, invenU>r e distincto chimico. Ambas as pro-
postas ^ — para bocíob ei!ectiyoB~Yào á comcnisgàe les^pççtiva pata
formular p»recer* PasBaudo-ae á neg-tinda parte da ardem
do dia, o ar. dr. Heniinnn yon Iherin^, qu^^ com os sra^ drs.
Carina Reift e Alfredo d«? Toledo, fax part^ da conjmjísào enc&r*
f^^ada de angariar donati^ço» para a coiistrucçào do prédio E^ocial,
occupa a at tenção da casa por l?^pllçn de uma hnra, Itindo o bem
elaboTadn purecer Bobre Of, trabalhos feitos pe<la çommissâo e
fazendo { adiei osas conãiderações a respeito. Este part^cer, que
conBtitue urna peça que honra a crínimtBf>âiO, conclue propondo
as BogninteB medidas : a) que a directoria firme contracto com
o BT- dr. Edpardo Lo^cbi* cuja planta foi já apprr-vada» e come-
ce os trabalhos log-o que as circurnstancias o permittireoi ; —
b) que a directoria nomeie a coromiaBào especial para roTÍBào
dos BocioB, devendo muitos correspoudeoteB pasBnr a f)©*ctivoi e
que sejam coiiBideradoa lemidoa 50 associados, que coiimbuirem
durante este aono com du^eatos mil rêia cada um; — c) que o
Institutií se abp tenha de fazer despesas que niko Bejani ioadiaveii,
AtLeudendo-se á prorapta conatiucçào do edifício e á fonnaçâo
do capital nece^Bario para tal íim ; — d) na pricr>eira ses^ào de
cada 11143^ a directoria deverá apresentar in fornia çõeB sobre o An-
damento da cnnBtrucçâo do edifício e da questão financfira; —
e] a directoria deve adquirir um rico livro de ouro pelo qual
fícará constando a historia da construcção da casa e no qual ae
re^iíttrem oa donativos^ favores e aerviçoB que furem preâtados,
devendo o mesmo livro mais tarde servir para uma utiica af«i-
gnatura de cada S' cio do iBtituto. Â commitisão suggere tam-
bém no seu parecer a conveniência de se dirig;irem circulares
aos Bocjos, pedindo auxilioa e BoLicitar lambem o apoio dos au-
gustos CongreBBOB Federal e Estadual, municipalidades da capital
e do interior, dirigindo- se também ao governo do Estado, aoli-
ciundo a imprea^ào daa circulares no Diário Offidaí e t^a Pre-
feitura para que isente o Instituto do pagamento dos impostot
e emolumeuioi devidos á eoustrucçào do edifício, O sn di.
-^ 681 —
Ihering, qae prestou, em companhia dos 8ea8 confradei da com-
miB^fto os mais asBÍgrnalados serviços ao lostituto, mostrou á casa
a seguinte subscripç&o, fructo dos trabalhoR de uma semana
apenas : Conde Álvares Penteado, 1:00Q|000 ; The S. Paulo
Light à Power Comp., 1:000$000; Theodoro Wille, l:OnO$000;
Júlio Conceição, 1:000$000; Freitas, Lima Nogaeira & Comp.,
1:00011000; Salles. Toledo & Comp., 1:000$000; F. Mattarazzo
à Comp., 1K)009000: Conde de Prates, 1:000|001; Barào de
Tatuhi, 500$000; Rodolpho Miranda, õOO$000; Sou«a Queiroz,
Amaral & Comp., 500$000; Zerrenner & Búlow, 500$0''0; Bra-
siliatiische Bank, 500$000; hrado, Chaves & Comp., 500^(000;
Companhia Mechanica e Importadora de S Paulo, 200$000;
Jorge Fuchs, lOOílOOO; Érico & Comp., 100i$000; Kichmano,
100^000; Ha>denreich & Irmftos, lOOÍíOOO; British Bank of
South America. 100$000; Nathan & Comp., 200S0'0; Augusto
Rodrigues, 100$000; Conde Asdrúbal do Nascimento, 200$000;
London and Kiver Plate Bank, lOOi^OOO; Bar&o Raymundo Du-
prat, lOOgOOO; Londnn & Brasilian Bank, 100^000. Total: —
12:500$000 Ao acabar a sua exposição sobre os trabalhos da
eommiss&o, foi o benemérito sr. dr. Ihering saudado com uma
vibrante salva de palmas.
O sr. dr. Ihering, pedindo a palavra, ainda propõe para
que seja considerado sócio remido do Instituto o sr. Júlio Con-
ceiç&o, residente na cidade de Santos, e pede a nomeação de
mais os srs. drs. Eugénio Alberto Franco e Kodolpho von Ihe-
ring para augmentar a commissào de donativos, sócios esses,
2ue têm prestado áquella comminsão rea^-s serviços. Sujeitos á
iscuS'>fto o notável parecer e as propostas do sr. dr. Ihering,
falaram suggerindo varias medidas os srs. conselheiro Duarte de
Azevedo, dr. Manoel Pereira Guimarães, drs. Eduardo Loschi,
Edmundo Krug, Domingos Jaguaribe, Carlos Reis e Pamphilo
de Assumpção. O sr. presidente é de parecer que se deve es-
tabelect-r a concurrencia publica para a construcção do prédio.
O sr. dr. Carlos Reis diz que se deve tomar por base na con-
currencia o plano do sr. dr. Loschi, já approvado. O sr. dr.
Pamphilo de Assumpção propõe para que se organize ura orça-
mento sobre o qual possa ser calculada a concurrencia. Encer-
rada a discussão, são approvados unanimemente o parecer da
commissão e as emendas dos srs. drs. Pamphilo de Assumpção
e Carlos Reis. O sr. presidente nomeou então para a eommis-
s&o de revisão de sócios os srs. drs. Pereira Guimarães, Arthur
Yautier e Gomes Ribeiro, e para completar a commissão anga-
riadora de donativos os srs. ara. Eugénio Alberto Franco e Ro-
dolpho von Ihering. O Instituto votou para que o prédio se
fizesse por concurrencia. A's dez horas da noute o sr. presiden-
te encerrou a sessão, marcando o dia 5 de março próximo para
a 3.* sessão ordinária deste anuo. Eu, Arthur Goulart^ segun-
do secretario, escrevi.
— 682 -^
Tepccim scssÃo orf1i»j«rÍn, cm 5 ilc intir^>o
de 1!H)7
FIieStDENClA DO SU, CO.^&LttÍC[R'> M. ë Du AIIT£9 DE ÁJS6VBD0
Aos 5 di/»a do mê* de março de Í007, nesta Cnpital, á rna
Generfil Carceiro» n. 1-A, no edifício oníie funcdona o Instituto
Hiítorico e Genw-rflpliico de S. Fauto, fíhtftDdo presealea os ers.
C0I16CJCÍ09 conselheirn Mfjíioel Aiítouio Duarte de -i'>zev©do, dr.
Mnnof*l Pereira Guimaráes, Artbur Gnulart, cónego Ezechifis
Gaívào díi Fontoura, dr. Alfredo de Toledo, dr*, Carlos Reia^
Eduardo Loschí, Torrcá de Oliveira, Hermann voa Ihertnri Joa-
quim José de Carvalho, Pamphilo de Assumpção, J. Coelho
(xomei Ribeiro, Arthur Yautier, Couto de Magalhães, RodoLpho
von Iheriopr, Silveira Cintra © desembargador José Maria do
Valle, foi aberta a se^sllo ás &ete e meia horas da noute, ser-
vindo do preaidente o &r. conselheiro Maooel António Duarte
de Azevedo e de i^ecretarios os srs, dr. Manoel Pereira Gui-
marAea e Arthur Goulart, Lida e approvada a acta da ae^são
anterior, com uma emenda do &r. presidente, passou- Be Á leitura
do expediente. São lidos pelo sr» i."" Fecret'ario oa nomes das
offertas de jorna©* e revistan do costume, ofíertas íisr-a» recebidas
com especial agrado, E' lido um oflScio do 28. "" Congréií Natío^
nal des SociHés Frane^ainen de Geogrophie, em Bordeaux, con-
vidando o Instituto a fdzer-ae representar ne^^e con^^resso, que
iniciará os seus trabalhos em 2B de julho proxirao, O »r* pre-
gideutfí nomeua representante do luãtitiuo ue^^n conferencia o
illustre con&ocio &r. dr, Ilermnnn von Iheríng, que pretende por
e»&a fícca&iào athar-so em Bordeatis.
Em seg-íiidí» o sr. presidente participou á CÀta hayer uo-
meado o sócio sr. Barão Homftm de Mello, para representar o
In&tituto nas festas em honienoííem ao eminente estadista ar-
gentino general Julío Roca, no Rio de Janeiro.
Primeira parte da ordem do dia ; é ajiprovado o parecer da
comniÍBs?lo de contas ultimamente apresentadas pelo sr. theson-
leiro. Sàa approvndos os pareceres da cotnmiasào de admUsAo
de BoçioBi reconhecendo como membros eflectivo» do Instituto oa
srs, drs. Joaé Carlos de Macedo Soares, António Pinheiro de
Albuquerque © Aristides de Albuquerque e correspoudeuto o sr.
Victorino Coelho de Carvalho Ficam sobre a mesa os parece-
res reconhecendo sócio corre^^pondente o sr, Luia da Rocha Mi-
randa, barão do Ban^tnal, e eífectivo o sr. dr. Heitor Machado.
P7 lidíi a proposta para que seja ncceito sócio correspondente o
Er, dr. Jofto Teixeira Alvares^ residente em Uberabãi Minas.
Segunda parto da ordem do diat o ar, dr Hermann voa
Iherin<ir pede a pilavra e dá conta no Instituto dos trabalhei
da commissáo, de quo fnsí parte, para angariar donativos na*
cesçarios á coustrucçao do edifício do Instituto. O illustie coe-
— G83 —
sócio di^ que do dia 24 d^ fevereú» Mé 4 de março havia
aairariado maÍB sete contos cento & ciiTCOfinU mil réis (7:1 50$OOO)«
tendo & respectiva Bubscripçíií> atiitiçido o donativo importHnt©
de dezeseia codIos de ròi&. Cruntn Quica á casa que um consócio
prestou rf*levante forvtço ao Iti?.tÍluto^ dnndo á commibBÃo o vã-
iioso auxilio de um conto de rei». Ess^ consócio é o digno
thesoureiro sr. dr. Árthur Vautier. O &r. presidente mais uma
vez agradece pm Dome ào Instituto os trnbalbos altameute
significativo» da illnstre commissão jiara angariar donativos, cota-
pcsta dí»a srB, drs. Hermann vnn Ihenng^, Alfredo de Toledo,
Carlos fíeis Eugénio Alberto PVanco e Rodolpho von Ibering.
O Br. dr. Carlos Reis pede a pafavra e diz que, nílo com-
parecendo o aocio inseri j)to para ler um trabalho, ar, Afèís Moura,
poderi em loj^ar deste occupar » attençAo dos coaiocioa o sr.
dr, Eduardo Loscbi, que tem uru interessante estudo para ae
fazer ouvir. Obtendo h palavra, o ir. dr. IjOscLí lè um tra-
balho que orj^anizou couíO membro dã comraissAo de geograpbia
do Instituto, apreciando oa importantes serviços da eiploraçâo
do eertao do Estado, orf^ftnizado* pela Comniifisào Geç)graphica
e Geológica do Estado. Ao terminar a leitura do apieeiado
trabalho, que mcrt^ceu os applauaos dos consoctoa presentes, o sr*
dr* Loacbi leu o seguinte: «Ejtm. sr. presidente. II lustres
consócios, ^Se depois á** ter demonstrado o bora êxito que al-
cançou a expedição i^cientiíica doâ rio^ Faio e Ag'uapebí, me
calasse, peuFo que vós mesmos me julgarieis um ingrato : por-
tanto, convencido de interpretar vobbo penf-araento e do tributar
BÓmente uma pequena parte de merecimento que ti^m nesta im-
portante eiplcração 08 exrao». srs, dr. Jorije Tiblriçá, d, d, pre-
sidente do Esítado, dr. Carlos Botelbo, d. d. secretario da Agri-
cultura, e dr, João P. Cardoso, d. d. cLefe da Commis^ao Geo-
graphtca e Geológica do S. Paulo, venho vos propor de ofliciar
a ss. excí,, felicitando -os pelo grrand© fervi ço que tèm prestado
ao Estado de S, Paulo. Conclde, fazendo voto» para que num
futuro muito próximo, aproveitando os trilhos traçados e abertos
pelos peòea da civilização dos sertões paulista^, ^igam outras
expedições acientificaa para tornarem conhecidas em todos os
pormenores as bellezas, a ubt^rdade e a riqu^ssa daquellas regiuea
e consignar a geographia a po^içào exíicta do systoma bydro^
grAphicD dos rios Feio e Aguapehi, assim comn as aldeias aban-
donadas tomarem ae centros de novas povoaç?>es (uturaa, Sâo
Paulo, 15 de fevereiro de 1907.— Eí>UAar>c LtiscHi».
O consócio sr. dr. Joaquim Jobô de Carvalhoj que preten-
dia lêr um trabalho, pede eicusa de náo poder faaer a leitura
do mesmo, por motivo de força maior, promei tendo, entretanto,
fazel-D na aesFâo de 2U do corrente. Aproveitando a occapifto
o iilustre consócio propue que o Instituto orgauine uma 9e.^sào
extraordinária em bomeniigeni do Brxto Congresi^o do Medicina,
devendo por essa occasíâo quatro ou mais socira, que podem ser
r
— 684 —
nomeados pela meaa^ apresentar breves memorias. Compromette--
se a úfíerecer ao Instituto a publicaçào em iolhetoa de di^aa
deesaâ memorias. Fojtta em diBcueeão a proposta, falam os ers.
cnneg-r> Ez^ekias Galvão da Fnntnura, que entende não dispor o
Instituto de s^la n[»ro(>TÍada para a sessão ma>^Da proposta; o
Br« dr. IberiDg que o^ftírece para esse fim a sala nobre do Ma^
seu do Ipirnníía e o ar. dr. Torres de Oliveira que propõe o
adiauifiito da discu-^sào, em ¥Ísta de ser melindroso o assumpto
para a eeaiiào seguinte.
Em tempo : submettida á discussão e votação a proposta do
br* dr, Eduardo Loscbi para que o Instituto felicite os pt». Pre-
sidente do Estado, Secretario da Agricultura e chefe da Coni-
missão Geograpliica e Geológica do Ei*tado, é approvada utiani-
memente a indicação para que vá a prapcfta á respectiva com-
misfão
Nada mais havendo a tratar, o sr. presidente encerra a
sessão ás nove horas da noute, convidando os tre* sócios pro^
sentes para outra que se realizará uo dia 20 de março corrente»
Eu, Arthur Goulart^ segundo secretario, escrevi.
Quarta »-e!<($i^o ordinária^ etn I20 de tniirv*^ de 1007
Pbksxdsncia dq SR, BR. M. Pbrhira. OuiuarÍies
Ãos 20 dias do mêa de março de 1907, ás 8 horas da noite,
nesta capital de S^ Paulo, no satão nobre do la^tituto Histórico
e Geograpbico de S. Pauto^ presentes os srs. soctot dr. Manoel
Pereira Guimarãen, presidente, dr. Alfredo de Toledo e Arthor
Goulart, secretários, Francisco Gaspar, dr. Hermann von Iheríng,
dr, Rodolpho von Ihering, dr. Eduardo Loacbi, dr. Edmundo
Krug e Assis Moura, foi aberta a ges&ão.
Lida e unanimemente approvada a acta da sessão anterior,
pede a palavra o ar. dr. Pereira Guimarães e communica aot
flocios presentiJB a desuladora noticia do passamento do illustre
paulista sn dr. Augusto César de Miranda Azevedo, inolvidável
vice-presidente do Instituto e seu sócio fundador. O orador faz,
em eloquente e sentido discurso, o elogio do saudoso eJttínto
como politicoí jornalista, orador, medico e hÍBCoriador, estudaodo-0
nestas múltiplas pha&es da actividade humana. Faz vêr o quanto
perdeu o Instituto cora o sen desapparecimento, pois que o dr,
Miranda Azevedo íoi um benemérito que prestou á aasocia^ão
assígnalados serviço» quer nas se«BÔeg, quer oa Rmhta, de que
era digno redactor, A perda do illustre homem de letras, con-
tínua o orador, é para o lustitEto uma verdadeira catastrophd
social. Julgando interpretar os seutímentos doa consócios, o
orador propõe que se levante & presente sessão, como justa e
6 sincera homenagem á memoria daqaelle que sabia conquistar
_ 685 —
amizades e admiradores p«lo sen talento luperior alliado a um
hello caracter; O tr. dr. Alfredo de Toledo pede a palavra e^
apoiando a indicação do Br, presidente, propõe que a seasao seja
impensa, indepacdenteraente da votação da propoata apresentada,
^rto, como eitá, de que ella tmdnz perfeitamente os sentimeu-
to» de todof o# sócios, O dr, Alfredo de Toledo tece tamb#^m â
peasoa do distinto morto os mais justoB conceitos e, viBiTelmentô
comnnOYido, termina a »ua oraç&o dizendo que — Miranda Azevedo
foi, «ein duvida, um dos filhos maia illustres do grandioso Estado
de B. Paulo,
O Br« dr. presidente levanta a seta^o em tiomenagetu á me-
moria do fallecido vice-presidente do Inatituto e convida os arg,
iocioa presentes para comparecerem á próxima, marcada (tara o
dia 5 de abril próximo. Eu, Artkur Goulart, seg-und o seci etário,
«icrevL
QuEnt* seiii^^ila ordiíiari», em 5 de abril di^ 1 007
Prssideiícia do br. i>r, M, PsEEmA GuiMaRÂBa
Aofl 5 dias do mêi de abril de I9Q7, ás sete e meia hora»
da noite, no edifício da rua General Carneiro, n. I— A, onde
funceiona, ne»ta capital, o Institui» Histórico e Geograpbicn de
3. Paulr>, havendo numero lejs;-al de bocíos e estando aumente o
«r. c&n sei heír o Duarte de Aze^fdo, preãídpnie, e ví»gro o cargo de
vice- presidente, aasutoe a presidência o dr, Manoel Pereira Oui-
insr&es, n» qualidade de l.** secretario e na forma dos Estatutos.
O sr. presidente declara aberta a sest-ào e, estando ausente,
por motivo juatifícado, o 2.^ Beeretaiio ar. Arthur Goulart, convtda
para substituil-o nes^a cadeira o dr. Couto de Magalbôes e para
1/ secretario o dr. Eugénio Franco i os quaes tomam assento à
Lida a acta da ultima sees&o, é ella approvada onanímemeQ'
te, sem debate,
procede o ir. 1.^ secretario k leitura do expediente, que crin«ta
do oSerecJmento de diversas revii^tas e outras publicações^ que o
lustitufo recebe com especial a^ado.
O sr. presidente communica á casa que, tendo a Sociedade
de Geograpbia de Bordeaux convidado novamente o Instituto
para le ínzer representar uo próximo congresso promovido por
aquella asBociaçÃo scient fica, nomeou o dr. Hermaon vou Ih«ring,
que parfe brevemente com destino á Europa, para «e desempe»
ubar dessa incumbência em nr-me do lostitato.
Na primeira parte da ordem éo dia» sfto lidos e approvadoi
Oi pareceres da respectiva cf^mmisi-iki reconhecendo sócios os srs.
Luís da Rfcha Miranda (Barão do Bananal), na qualidtide de
eorrespon dente e dr. Heitor Machado, na de eãt^cti^o.
— 686 —
Silo proposto» para eocíob os dr?. Gentil d^ Meara e José
Feliciano de Oliveira, sendo aa propOÈias enviadas á comraiesâo
respectiva para dfr parecer.
Lida a proposto da transferencia do dr. Joaquim Jogé de
Carvniho da clas^o de sotíio erres [looden te para íi de e flecti vo, o
dr. Domingcs Jaguaribe j^ede a palavra e requer dispensa de
inferáticio^ o que a caaa concede sem debate, sendo votoda una-
nimemente a transfi^rencía.
O snr. Morioel Pio Corfea t^ons-ulta A mega, por officiOj se
está ainda no goeo da^ regalias í^ociaeSp pars, na affirmativá,
faíier jicompaiiliar een nome da qualidade de nipiabro do Insti-
tuto Histórico num livro que tem no prelo, O sr* presidente,
depoíí de fazer a respeito da cnnsiulta algumas con ai do rações,
refiolve enviar o nfficio ao tr. thaBoureiro, para informar.
Passando-so á segunda pano da ordem do dia, o dr. Do-
mingos Jairuaribe pede a palavra e diz que recebisu do Ceará
uma carra do ar. Barl^odc Sludart, em que egte erudito escriptor
e incBUFavel investigador de nns^a historia rectifica diversos to-
picí s da biogiaplíia do faudcgo consócio d. Joié Lourenço da
Coíta Aguiar, bispo do Amazonas, publicada na J^evinta do In-
stituto. Manda á mcFa a dita carta, que vai á commiasào de
iedac(;ào, para ser reproduzida (l) do próximo lomo da Revista,
O dr, Artbur Vnuiier, thesoureiru, aprefeuta o balancete _
social da receita e deg]>esap c< rreFpondente no trimestre decorrido ■
de 1 de janeiro a 31 de n^arço próximo fíiido, o qual, accusando '
um ealdo superior a trinta e dons contos de reis, bem demon-
stra o etado prospero das finanças do Instituto, o que é devido
em grande parte á beuetneriía commisiflo angArjadora do dona-
tivos, que tem sido de uma dedicação a toda prova no desem-
penho de sua difQcii missão. Propõe por ísbo que seja lançado na
acta um voto de knvor áquella commissao, o que é approvado
unauiuiemeutc O balancete fica acbrc a mesa, á disposição dos
er*. Bochf, ~
O dr, Hermann voa Iberíng agradece, em nome da eonimis-
Bio, o voto drt louvor e prevalece-se do ensejo para communicar
que tem ainda em seu pcdi^r, para entregar ao luatitutOf dou%
conto? e tantOj eípprando receber proximameote outras quantias,
que elevarão o saldo a trinta e cinco coutos, A commiinicâçào
do illustre cotisocio é recebida cora particular prazer.
Em seguida o gr. Aasís Moura participa a próxima chegada^
a esta capital, do ex,™* sr, d. Duartfl Leopoldo, nrjvo bispo dio-
cesano, e propõe qtie o lostituto se fa^ a representar na recepção
de sua excetli-ncia o por occasiao da posse do eminenttí prelado.
A p provada a proposta, o iir, presidente nomeia para etta com*
mitísfio o projionente e mais o *r. dr, Luia Gonioga de Silva
Leme,
ri) A ueodorsAA Cftna. vil palb Iluda A pig. ^'4,
"1
— 687 —
O ír. presidente cmimapica que, com o falleciniento do dr.
Miranda Azevedo, ficrq vaga a více-pregidencjn do ínf^tituto,
acbaodo-Be actualmente a Directoria reduzida, podes áhev-n^, &
dou* membroH apenas; n 1," tpcretario 6 f> tbcsoureiro, e i*to
porque, dfl uai lado, está niuentR lia rotiiio tempo do Ejáiado o
dr. Tbeodoro Bampairv* orador, e por outro lado, enfeiinfift e, em
consequência, ití5poíBÍbÍlitadoa de comparecer, oi^ ara. conselheiro
Dtaarte de Azevedo, presíd«ate, e Aitbur Goulart, 2." secretario»
Lembra por isso » sr* presidente a couví-nieocia de fer prehen-
ebido por elei^fto o cargo do vice-preaidente, para íãcilitar aa
»ubatituiçÕH* noB diversos canroa díi directoria,
O rv,""' arcipreste Eíccbiai Galvílo du Fontoura pede a
palavra e, depois de diversas coueid^raçíio-» n reipeito doa arts.
õ*3 © 55 dos Estatutos, propõo que seja ítcclamado vice-presidenta
o dr. Maooel Pereira Gnimaràfs, o qun a nisa vota inijoutineut»
e unanimement'^ e com prazer. O dr, ft[anoel Pereira GuitnarAea
agradecendo e*t^ prova de apreço o couridernçâo dos teus con-
sócios, proniette trabalhar caum ató bf>je, com a mesma dedlca-
^iLo, pefa proi^perídade do Instituto, e pede qae tia acta fique
conatanda expre^sument© qtie sua excollpucia eg absteve de votar.
Com PP ia acclatnnçAo fira v^igo o lop;ar de 1.** secreturio,
pelo au© o dr. Joaquim José de CaiTalho. prevalecendo-se do
precedente propõe que 8**ja acclamado para aqaeUe cttrp-o odr.
Coiilo de Ma^aíbíles. A cíisa apprqva, iraa egte, decíaraiido nho
jMider acceital-o por motivos diveráo», pede seja dispensado do
mesinn, ao que não accede o Inâtítuto.
Empossados o vicepreBidont© eo 1," secretario, o ar. pre-
sidente dá a palavra so orador inscríptu, sr, Ai&»is Moura,
que, porém, pede ndí amento, pelo que j>ede a palavra o orador
ímniediato inscripto, dr. Joaquim José de Car^nllio, que sobe á
Iribuna para ler o sen trabalho subre as tjrutas do Biaai!, O
illostre consócio prende a attônçn.o do audttnrío jielo espaço
approximado de quarenta minutos, ^^ ao terminar, i^ calorosa-
mente fipplaudido e eumprimeutado pc r tndaa m pcsi^oa^ presentes*
O rv"'°. arcipreste Ezequíaft GalvAo da Fontoura, a propósito
de um tópico dn estudo Ho orador, diz quo um particular tid quiri a
ft basílica e a gruta de Nogsa Senhora de Lourdes, que continuam
franqueadas a todo o muudo catholico ; o dr. Carvalho repHca
para aMrmar míiis uma vez os seus sentimentos de catbolíco.
O sr. presidente tece elogios ao iiluí-tr© orador, pe!o seu
trabalho, e pede-lhe qun continue a cooperar para a graodesa
do Instituto; termina envÍHndo ob ori^inaes do estudo sobre &i
gruta» do Brasil á comini^EAo do rcdaci;uo da lictnittam
Nessa occa^iâo, dá entrada no recinto o dr, Alfredo d© To-
ledo, que justifica sua ausência no começo da sessão, por moti-
vos de furça mninr, tendo anteriormente o dr, Lui» Gonza^-a da
Silva Leme justificado o seu uíio comparecimento ás ultimas
tesfiões por motivo de moléstia.
— 688 —
O dr. Alfredo de Toledo, continnatido com a palavra, faz
entieg^a ao Inatítuto de varioB e TalioBoa matiuscríloe, «ntrp oi
quaes í^b da liBta de adhesào e do manifesto do Club H^^iabU-
cann fundado em 1S70, maDuacritoB legados pelo taudoso eon-
BOcio dr. Mirauda de Azevedo; declara qu^ o mesmo pratiteado
conaock> deixou ainda ao Instituto diverBoa quadros, qae o orA-
dor entregará opportiiDBmeiíte Ofítrcee também, em DOme dci
autor, ura fxt^mplar án. gjrammatjca ultimament»^ publicada pelo
dr. Edrta^do Carloa Pereira. O dr. Alfiedo de Toledo aproveita
a occagiào para faser o elogio do distincto homem de letras e
pranteado consócio sr. Lnfayette de Toledo, ultimamente fa) te-
cido em Ca«a Brancfl, e requer seja por esse motivo lançado na
acta urn voto de pezar. — proposta que éunaoimemeateapprovada.
Pede dfv novo a palavra o mei^mo consócio, que couimunica
estar incumbido pelo dr. João de Moraes de in«crevef-o para na
proxitna ses&ào l&r um trahatLo sobre a revolução de 1642.
Tendo ne#sa occaaião o sr. Assis Moura declarado adiar ^'n^ ifiâ
a leitura do trabulfao para a qual se achava inscripto, o sr pre-
■idente declara, á vista dieao, que o dr. João de Moraei tíca
ingeri p to em primeiro lograr.
Km Fegaida o dr, Eduardo Loschi apresenta as bases para
a construcç&o do edifício do iDí-titnto, e o sr, presidente^ em
nome da directoria, nomeia para dar parecer sobre as mesmas
uma commisf&o de peritos, composta dos drs Eugénio Franco,
Eldmundo Krug e Luíb Gonzaga da Silva Leme.
Obtém depois a palavra o dr. Hermann voo Ihering, que
relatou es resultados daa experiências que fez, nesta capital,
com diversi s machados de pedra, dos usados pelos noa^oft in-
diob» para verifícar o modo por que empregavam es» es instru-
mentos e os resultadoB obtidos com os meamoa. Para isso, diz o
orador que se propor preparar uma rrça, derrubando todas aa
arvores unicamente com o« ditos machados de pedra. Mostra em
seguida trnDCOB de arvore que foram uor>adoa por etse meio.
Diz qtie para derrubar uma arvore de trinta centímetros de
diâmetro gattou o trabalhador cèrt^ de quatro horaa, ao passo
que o mesmo serviço é feito com o machado de aço uo espaço
de meia hora e com a serra apenas em nove minutos. Chega
assim o i Ilustre oradnr á concluf<&o de que é falsa a iupposiçij}
de náo puder o indio derrubar arvores grandes com os Béus pe^
quenoB machados de pedra. O dr. von Ihering faz em seguida
circular, entre os consócios, as peças demonstrativa a de«sa sua
interessante eipeiiencia, sendo muito cumprimentado ao termi-
nar sna cipoai^.
Nadíi inais havendo a tratar, o sr. presidente encerra a ses-
■io áa dez borae da noite, convidando os sn. sócios presentes
gira A próxima reunido, no dia 20 do corrente môs ae abril,
u. Couto de Magalhães^ segundo «ecrt^tarto intaiino, lavrei a
presente acta«
— 689 —
8ex«a sef^sÀo ordtiiarii«, em 20 de alirvl di' IflOT
PmB&lDENClA OO Sft. M. PBRHlBà GuiMAHÃlSí»
Ãoi 20 dí&e da mês de abril de 1^7, i* 1 '/i horas da
Doite, Da Béde sociaL, à rua Gf-neral Carneiro n. l-A. presentes
Ofi Brs. tocins drs. Manoel Pereira Gaimavàea. Jobú Torrea de
Oliveira, Eu^retiio Alberto Franco, Edmundo Krutr, állVedo de
Toledo, Heraiann von IberiDg, José Joaquim d» Carv^iltio, Do-
miugoa Ja^uaríbe, Joãí) Baptista de Moriieâ, Silveim Cintra,
í^orouel Ludg-erú de Castro e Aàúê Moura, na au<tí»cÍ8 do ar.
presidente e dos ir*. 1.* e 2** secretarioR, aAâuoif^ a pr^j^ideucia,
DO trarauter de vícm- presidente, o dr. Maunel Pereira Guimttraeai
que declara aberta a âesaâo e convina para Si-rvirem dti grcre-
cretarioB iuteriuf>B o* drs. Eug4:<Dio Alberto Franco e Jt^sé T<-rr«B
de Oliveira Estet aceitem a nomeação e lomam na meún aeua
reipectivoB locares*
Em BegTiida procede o sr. 2." secretario á leitura da acta
da seiiàn antecedente, a qual é unaLiimem^nte approTada.
Ãnunnciada a primeira parte da ord^^m do dm^ é, em pri-
meiro logar, lido um officio em que o sr. dr* Couto dti Míipilbae»,
com mn nica n d o p^r' eisar ansentar-se de 3. Paulo, dei^lara r^^nan-
ciar o cargo de l.* secretario. PoBta em discusFào a ioiiuncía,
discutem -na • o sr, presideutp, que entHude que o caro é de
licença e nâo de renuucis ; o dr. Ihí^rm^;, que opma par/i que
■e procer^a ao preeachimentu delioitu'o d<i lo^ar*, o dn Aifredo
de Tolt*dOi que p«D!>a qnç &e nflo deve acceiíar a riínuneiãT offi-
cíando o InKtitato ao renuDciante, para lam^^ntar a feua dt^hbiíraçáo;
e o dr* Domin^r^m Jaguaribe, que opina pelo adíanif^ut o du qual-
quer deliberação até que o autor do officio eficlarei;a o Instituto
Bobre oa motivos que o levarAm a fazer a meama renuncia,
Âfiual, por proposta do dr, Alfredo de Toledo é unanimemente
recusada a renuncia, mandan^io n sr, preii dente communiear por
officio esta deliberação do Instituto ao dr. Conto de MA^^alhàes.
O sr. 1," secretario precede á leitura do exp^^dimite que
coBBta da iffi-rta ao Instituto de varioe folhetoai, brochuias,
revistas etc, que ião recebidoã cútn e&pecia! agrado e vão des-
crttoB no fim da preàente.
Toma a palavra o consócio Br. âpbíb Moura e eonimunica
Íne a commi^Báo nomeíida para cumprimentar o ex"'' sr, d. Duarte
«eopoldo e Silva, que acabnv» de assumir o governo epií^oopal
da dioc^Be paulopolitana, bavta dcaempenbadn a ^ua tdÍi-sãOj
tendo o i!Iuatre príncipe da Igr»ja Catbolica se mostrado muito
Bensivel a âBta prova de alto apreço que acabava de Ibe render
o Instituto.
O dr, Edmundo Krug declara que para dar parecer sobre
fti baseB, que foram apresentadas para a coos tracção do edifício
do lu&titutOp preciB» a commis^ão, de que faz parte, que lhe
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sejam fomecldftg as planta», meniorincj descritivos e mais papeit
reipcictivos. O tr- presidente declara que Vfli providenciar no
gentidn <le ter BAti&feita a requii>tçAo do i ilustre consócio»
Em sepuida O dr. Domiug^os Jftguartbo prop&e um voto de
pexDr p^lo fallâçimeuto dcs illustrea brasileiros, eoQselbeiro Bouia
Ferreira, a dr* Teixeira de Meilo. O sr, preâideote. apoiando
essa proposta, pede que também íe pveat© essa justa hnmeuíi^eni
ao DOtavel brasileiro dr. Carloa Affitifio dn Ãs«ia Figueiredo^
Amb/is aâ propo&taa são unanimemente approvadas,
O dr, Hí^rraann von Jheriíig declara que, tendo de retirar-se
dentro de f moucos diai para a Europa, pede d^mis^ao de membro
da commiâBllo encarri^gada de aogariar donativos p»ra o «'diíicio
dt> Instituto, para que se lhe nomeie um fiab:>tituto, Lô um
recibo de 13:500^'X)0 — que Ibe foi passado peio ih^aoureiro, e
que representa a importfincia das quantias até ag^ora arreuadadaB,
e apre9<:mta uma lista das pes^soad que protnetteram contribuir
para o mesmo ílm, para qua em tempo se proceda ao respectivo
recebimento, aB quaes sào a* seguintes: P, MattHrazzi— liO0O$O00;
Conde d© Prates— 1:CX)0|Í>30; Barào de Tatubi õOOSOOO ; lio-
dolpbo Miranda— SOOêOOD; António de Camillis— 200$000 ^ Ni-
colau Fflicoíie— 50^000. Total— 3:05OS0OO.
O sr. presidente, lamentando não podar recusar ao dr«
Ihering' a dispensa pedida, em viBta do motivo allej^ado, mais
uma ve^ agradece a sua exc. a bôa somma de vnliosos tervíçoi
que nessa coramisaao prestou ho lustituto, e nomeia para sub-
%títuil-o o dr. Jaguarlbe, sendo essa nomeaçào unauimemeate
approvadft.
Em Beg^uida o dr, Alfredo de Toledo apreBenta nma indi-
cação ai^sígnada por dez soclob do luBtituto, para o úm de ?erem
creados três lugares de vice-preBidente. Tendo o t-r presidente
remettido esta proposta á com missão de EãtatutoB para dar pare-
cer, pede A palavra^ pela ordem, o dr. Toledo e impugna esia
deliberação do sr. presidente, por Ibe parecer que, em facu do
art^. 65 dos mesmos estatuto», esta proposta deveria ser imuie-
diatamente votada e, ii fosse approvada por Vs ^ós socío» pre^
sentes, eitaria a reforma regularmente feita, A proposilo trava-£e
uma dtBciiseão entre o sr. presidente e o apreteutaute da proposta,
dr. Domingos Jaguíiribe, Jofié Joaquim de Carvalho e Torre» de
Oliveira, terminando o dr, Toledo por fazer retirada de «na pro-
posta, o que é approvBdo per maioria de votos*
O dr* José Joaquim de Carvalho pede que seja aberta dis-
cussão sobre uma proposta que apra^ientou na seisâo de 5 de
março próximo passado, a qual tinha ficado adiada. Essa pro-
posta referia-ae ã celebração de uma sesailo solemue em bomeniigm
aos membroB do Sexto Congresso Medico a reunir- se nesta capital
proximamente» O dr. Torres de Oliveira, a cujo pedido tinha
sido ieito o adiamento da discussão, pede a palavra e fa^ algu-
mas considerações no intaito de demonstrar que a idéa do tllustre
I
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— 691 —
autor da proposta, embora fosse muito feliz e digna dos mais
calorosos applausop, nào era opportuna e, por isso, nAo devia ser
posta em pratica. principalmente nos termos em que foi apresen-
tada. Apresentou, entoo, e^te consócio um substitutivo, para
que o Instituto bo íizefse representar perante os membros do
Conarresso por uma commissào, da qual fizesse parte o nobre
proponente, a qual desempenharia » sua missão pelo modo que
á sua sabedoria parecesse mais conveniente. O dr. Carvalho
impuj;nou as considerações feitas pelo dr Torres de Oliveira e
pediu a retirada de sua proposia, o que foi concedido.
Em seguida o dr. Edmundu Krug o o dr. presidente pedem
para ficar inscriptos afim de lerem os trabalhos: o primeiro, sobre
a t otamog rapina da Ribeira de Iguape, e o segundo sobre a
Situação e imjjoriancia da villa de Santo André da Borda do
Campo.
Passando-se á ge^^unda rarte da ordem do dia, íóbe á tri-
buna o sócio inscripto dr. Joilo Baptista de Moraes e inicia a
leitura de um importante trabalho de sua lavra sobie a Recolu-'
f^ào de là(42. Para methodizar, declarou sua exc. que dividira
o seu trabalho em três partes : na 1.*, descreve e estado do paiz
no }>eriodo de 1831 a 1837, e historia a organização e discri-
minação dos partidos ; na 2.*, occupa-se da Maioridade ; e, na
3.% da revolução de 1842.
Ao terminar o illustre consócio a leitura da primeira parte
do seu interessante e vasto trabalho, foi ii.uito applaudido e
cumprimentado, continuando inscripto para proseguir na leitura
na }>roxima ses^ào
Toma em seguida a palavra o dr. Hermann vcn Ihering, e
prende durante algum tempo a attenção dos assistentes, fazendo
curiosas e profundas observações sobre a homogeneidade do con-
tinente e da fauna da America do Sul, e estabelecendo compara-
ções entre a fauna deste e de outros continentes, para concluir
pela hypothese que lhe parece mais aceitável — a de terem estado
antigamente ligados os continentes sul-americano e africano. Ao
terminar, sua exa. despede-se, em phrases repassadas de tocante
sinceridade, de seus companheiros de Instituto, por ter de seguir
para a Europa, e faz votos pela incessante prosperidade da no:sa
associação.
A casa applaudiu com enthusiasmo a eloquente cissertaç&o
do illustro consócio, c, por proposta do dr. José Joaquim de Car-
valho, approvou que mais nira vez ficasse consignado o eleva-
díssimo apreço em que tem o talento e o saber do notável
Bcientista, que acabava de falar e que que nào é somente um
ornamento do nosEo meio icientifíco mas uma gloria da sciencia
universal.
O dr. Alfredo de Toledo communica que já entregou ao
Instituto os quadros ofierecidos pelo saudoso consócio dr. Miranda
Azevedo.
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Nada mais havendo a tratarj eacerm-se a seseao ás 10 hora»
da noitCj convidando o bf. presidente oe consocioa para a pro*
lima seaa&o a realizar- se no dia 4 de maio projctmo faturo.
Do que para constar, eu Jo$é Torreã de Oliveira, segando
aecretario interino, lavrei a presente acta.
íntima sessno ordinária, era 4 de maio de Í0O7
FBSãlDBNClA DO &R. CONSELSf^mO DcARTB DE &ZETEDO
AoB 4 dia« do mH de niaío de 1907, às 7 V» horas da noitâ,
à rua General Carneiro n. 1 Áp ondt^ tem sua Béde o Instituto
Histórico e Geograpliico de 8. Paulo, presenteB os sócio» sn
coDBeíhfíiro Duarte de Azeredo, drs. Eugénio Alberto Franco,
Manoel Pereira Guimaràes, Artbur Vautíer, Alfredo de ToledO|
Francisco Natividade, Edmundo Krug. João Coelho Gomes Ri*
beiro, José Torres de Oliveira, coronel Henriqua Affon&o de
Araújo Macedo e Francisco Gaspar da Siveira Martins, sob a pre^
sidencia do primeiro nomeadoí é declarada aberta a «ea»ão,
Nâ.0 tendo comparecido os &rs. primeiro e segundo secretários,
aBsumem interinameate e^ses logareg^ a convite do sr. presidente,
OB ars. drs. Eugénio Alberto Franco, como primeiro secretario
aupplente e José Torres de Oliveira, como segundo secretario.
Lida 6 postH em ditcnsi^ão a acta da Sbssâo antecedente, é
a mesma unanimemente a p provada, sem debate.
O sr presidente commuuíea que estando restabelecido dot
encom modos que durante algum tempo o o br i gearam a conservar'
se aflTástndi^ doa seus trabalhos, vottava a assumir o seu posto
e promettia a costumada assiduidade. Esta deelat*aç&o foi ouvida
pela C' sa com especial ag-rado.
Em seguida o sr. presidente nomêa uma commissão com-
posta dos ars. Francisco Gaspar e Torres de Oliveira para in-
troduzir no recinto, afim de tomarem posse, oa sócios novamente
acclamadofi e que »e acbavam na ante-fiaja, srs. dr. António Pi-
nheiro de Albuquerque, Aristides de Albuquerque e Francisco de
Paula Teixeira. Assig-uado n respectivo livro, os novos consócios
tomam assento e são saudados pelo sr. presidente, que os con-
cita a coutribuirem com seus trabalhos para a prosperidade do
Instituto,
Pa^sa-se à leitura do expediente^, sendo dado conhecimento
á casa, em primeiro lufjar, de um officio em que o sr. dr. Couto
de Maj>-alhàes, primeiro secretario e^uetivo, solicita três mèsea
de licença para tratar de sua saúde* Snbmettido á discussjio e
votaçio, é, sem debate, concedida a licença
O sr. 1/ secretario accuaa o recebimento de vários folheto»,
revistas, opúsculos e livros, aalientando-se entre estes últimos, pela
sua importância e raridade, o Repertório da L^hlaçõo Militar
do Império ào Brasil, de Raymuudo José da Cuoha Matoa^
i
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obm em três volumes, publicada em 18^4, ofTerta do consócio
€oronel Ãrftujo Macedo. São também presentes al^ima iastru-
montoa e objectoâ índice nas, deixados ao luãutnto pelo «eu aem-
pre saudoao e taro vice pfeaideare dr. Miranda Azevedo.
O ar. preaidf^nte, em uome du Instituto, agradece todas as
Querias, que vão descri ptaa yor extenao no fínal da p regente.
Ãnnunciada a primeira parte da ordem do dia, fiede a pa-
lavra o dr, Alfredo de Toledo e justifica a ausência do dr. Do-
iningoa Jao^uaribe que, a aerviço profisstoaal, havia sflgnido para
SantoB. O tr« preaidente manda consignar na &ct& eAsaeommti*^
nicação.
Em aeguida é lida uma propot»ta apreaentando o nome do
w. José Pereira Re^ro Pilbo para bocío correapondente, a qual
▼ai á commisBâo respectiva para dar parecer*
E' lido o parecer favorável á adfnissào do en^nh^iro Gen-
til de Mouri como ^ocio eff6^'tiv<>* Âpprovado sem debate e poi*
unanimidade de vetos o mesmo parecer, é pelo sr. presidenta
proclamado uocio do Instituto o dr. Gentil de Moura.
Em seg-uida é lida ama proposta piíra admisiào de aocioi,
€omo effectiyo, o sr, profesior José Feliciano de Oliveira, o,
como correspondente, o dr. Joílo Teixeira Alvares. Concedida a
dispensa de interstício, por proposta do dr. Alfredo de To-
ledo, são 09 mesmos approvadoa e proclamados consócios do
Instituto.
Passa-se á 2.* parte da ordem diii. Nào tendo comparecido
c dr. Joio Moraes, que deveria proseguir na leitura de seu tra-
balho sobre a Revoluciono de 1842, por ordem da inscripção é
dada a palavra ao dr Edmundo Krui^í que lè a primeira parto
d.e uma obra «obre a Ribeira de Iguape^ occnpando-ae da aua
Fotamngraphia. Ao encetar a leitura, o iUuatre consócio declara
que o seu trabalho ó feito cora a coUaboraíjào do noaso operoso
consócio dr. Ernesto Guilherme Yomn^, e que, comquanto fosse
de audição algum tanto monótona, não podia deixar de deBj>er-
tar interfaae, ptT se occupar de uma das mais ricas o admira-
▼eifl regiões do território paulista.
No di^senvol cimento do aeu trabalho, o dr. Kru^, com da-
rdos minuciosos e completos, além de aasi^nalar as na^ícentes,
«xteoBào, percurso, volume de aguas e fozes doa numerosos
^iHuentes da famosa ribeira, descreve ainda todos os ficcidentea
naturais observador, como cachoeiras, grutas calcareaa, etc., conse-
^indo impressionar a atteação do-^ ouviatea cora o tom forte 6
ierío de 8UHS narrativas. Ao terminar, toi o distinto con-
flocio muito applaudido e felicitado pelo seu interessaute e pa-
ciente trabalho,
Ff^áé em seguida a palavra o dr. Mannel Pereira Guim&rãõa
« apresenta um pedido de in^^cripção, p<^r partd do consócio dr.
Eduardo Loschi, para, na próxima aesaão, íazer a leitura de uma
traducçào da conferencia realizada p«lo Duque de Abruzzos. um
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Real Academia de Sciencias de Londres, sobre a sua ascençJio
ao Monte Rowençory, na Ásia Central; tendo promettido compa-
recer a eREa ^csç-ão o sr. Ccnsul Italiano.
Pelo gr. presidente foi dito que devendo a inseri pçào obe-
decer á ordem chrcnologica dos pedidos e bavendo sócios ante-
riormente inscriptos, consultava a casa si concedia urgência para
na ])rimeirA sessão ser foita a leitura pedida pelo dr. Losclii.
Nào havendo quem pedisse a palavra, é posta em votaçào e
unanimemente approvada a urgência, sendo feita a inscrip^fto na
ord(?m solicitada.
Ao annunciar o Fr. | residente o encerramento da sessão,
pede a pnlavra, pela ordem, o dr. Pereira Guimarães e diz que
nâo queria deixar encerrar -se a sessão tem lembrar que, deven-
do no próximo anno, isto é, daqui ba uns 10 meses, secundo
rezam os jornaes, ser o Brasil, e provavelmente a cidade de São
Paulo, honrados com a visita do rei d. Carlos, de Portugal, que
além de ser o chefe illustre da velba e gloriosa nação amiga, é
um googra])ho e oceanograpbo dos mais notáveis do mundo,
convinha que o Instituto, desde já, começasse a pensar n<"» me-
lhor meio de prestar condigna homenagem ao egrégio viajante,
indicando para tal íim a nomeação de uma commissão. Appro-
vada unanimemente, e com visiveis signaes de prazer, a indica-
ção apresentada, declarou o sr. presidente que opportunamente
nomearia a respectiva Cí)mmis8ào.
Nada miis havendo a tratar, o sr. presidente encerra a
sessão ás 9 horas e 1/2 da noite, convidando os srs. sócios para
a primeira sessão, que deverá realizar se no dia 20 do corrente,
e conjurando a proseguir nos seus até agora tão bem succedi-
dos esforços a digna commissão encarregada de angariar dona-
tivos para a construcçào do edifício social.
Do que para constar, eu, Joné Torres de Oliveira^ segundo
secretario interino, lavrei a presente acta.
Oitava scssío ordinária, em 5 d© junho tio 1 007
PilRSIDENCIA DO SR. CONSELHEIRO DuARTB DE AzEVEDO
Aos 5 dias do mes de junho de 1907, ás 7 1/2 horas da
noite, á rua General Carneiro, 1 A, onde tem sua sede o Insti-
tuto Histórico e Geographico de S. Paulo, presentes os sócios
srs. conselheiro Duarte de Azevedo, dr. Manoel Pereira Gui-
marães, José Torres de Oliveira, Dionysio Caio da Fonseca, co-
ronel Henrique Aôonso Araújo de Macedo, dr. Eduardo Lo?chi,
Rodolpho von Iherine, Edmundo Krug, Alfredo de Toledo e
desembargador José Maria do Valle, sob a presidência do pri-
meiro nomeado, é declarada aberta a sessão.
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Não tendo comparecido ob sr?. primeiro e segundo secretá-
rios, assamem, interinamente, e£ ses lugares, a convite do sr. pre-
sidente, 08 srs. Rodolpho von Ihering e José Torres de Ôli-
yeira.
Achando-se na ante sala os srs. cav. Pietro Baroli, cônsul
da Itália e cav. Magnocavallo, o »r. presidente convida os srs.
Torres de Oliveira e Rodolpho von Ihering a introduzir os ditos
senhores no recinto, feito o que, o sr. presidente saúda-os, dan-
do-lhes as boas vindas. Dirigi ndo-se em especial ao sr. cônsul da
Itália, exprime-lbe a sati^facç&o que tem o Instituto em tel-o
presente á sua seps&o, visto como é o cav. Baroli o represen-
tante de uma naçfio amiga, cujos súbditos tanto têm contribuido,
especialmente em S. Paulo, pura o nosso progresso e enriqueci-
mento; a estas palavras responde, penhorado, o sr. cônsul Ba-
roli, que se diz reconhecido pelas amáveis referencias á sua nação.
Antes de passar aos trabalhos da sessão o sr. presidente de-
clara que, cm vista da falta que se faz notar na ausência dos
srs. secretários effectivos, resolve nomear outros consócios para
taes cargos, pnra o que os estatutos o autorizam; assim confia
ao er. dr José Torres de Oliveira o cargo de primeiro secreta-
rio e ao sr. capitão Eugénio Alberto Franco o de segundo se-
cretario, etfectivos, passando os bts. dr. Couto de Magalhães e
Arthur Goulart a occupar os cargos de primeiro e segando se-
cretários supplentes* Em vista dessa nomeaçfto o sr. dr Torres
de Oliveira é logo empossado de seu novo cargo, passando o sr.
Kodolpho von Ihering a occupar interinamente o de tegundo
secretario.
E lida a acta da sessão anterior, que, posta em discução, é
unanimemente approvada, ácm debate.
Passando-se á leitura do expediente, é lido o pedido que,
como *J.° secretario, faz o sr. Arthur Goulart, para que lhe sejam
concedidos 6 meses de licença, paia tratamento de sua saúde,
pedido este que o sr. presidente declara attendido pelos medi-
das já tomadas quanto a est^e cargo. Em vista do parecer da
commissão de admissão de sócios é acclamado sócio correspon-
dente do Instituto o sr. dr. José Pereira Rego Filho, do Rio de
Janeiro, depois de ser. por proposta do dr. Pereira Guimarães,
concedida dispensa de inierstico. Também a proposta para sócio
de igual categoria, que se acha sobre a mesa, relativa ao sr.
Ricardo Krone em Iguape recebe eíjual dispensa do interíiticio,
requerida pelo sr. dr. Alfredo de Toledo, em vista do sr. Krone
já ter mesmo contribuido com artigos para a Revista deste Ins-
tituto. Assim é o mesmo rr. R. Krone acclamado sócio corres-
pondente do Instituto, depois de votação unanime.
Em vista dos convites que o Instituto recebera para se fazer
representar, tanto na festa realizada a 25 de maio na Sociedade
Scientiíica de S. Paulo em homenagem a Carlos de Linoeu, com-
memorando o bicentenário do nascimento desse naturalista de
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gmide« m recímentot e ímmtL itniTenaL como tambeoi nm festa
da Ef^fTf^lA 4o Commereío Alvares Penteado, desta capital, qve
a SI áf mn\*f Unçaya a pedra fundamental de teu sovo edificio
o tr. dr. Torres de Oliveira declsra qne, como orador official
interino do ln«titato, a e#te r^pre-entaia nes%as festiyidaiiesi em
ambau es occa^iões o orador dirigira aos promotores das ditas
eelebraf^^ies palavras demonstrativas do interetse qoe o Instituto
nellas tomava. O sr. presidente agradece ao dr. Torres de Oli-
veira o cu mpr* mento dessas attenções e lonya-lke o selo com
que á<;»HT[í]**ii\hã o cargo que lhe fora confiado.
Ainda o sr. l.* secretario lembra á casa o passamento dot
sr. RfíZf nde Apryg^o e Raymando do Sacramento Blak, da Bahia,
e a con«f .u^^nte perda que soflfre o Instituto com o desappare-
cimerito dc-ren seus illustres sócios correspondeu tes Pede, pois,
que o Inf^titnto a esse pro(K>sito mande lançar, em suas actas,
nm vr'to de jH'zar O sr. presidente, relembrando a memoria
de^sen ditrnot consócios fallttcidos, põe em di^cus8ào a proposta
apresou taH;i, a qual, sem debate, é unanimemente approyada. SAo
finalmente recusados pelo »r. 1.* sesretario numerosos livros,
folhetos e revistas, dos quaes diz o sr. presidente que sào ti dos
aceitof- fielo instituto com grande satisfacçào.
Nada m/iis havendo a tratar nesta parte da crdem do dia o
sr. j>reftidpnie declara saber que o operoso consócio inecnpto
para ler a continuaç&o de seu trabalho sobre a Revolução de
1842, o dr. Jcíào Moraes, se wcha impedido de comparecer e qne,
com a Approvaç&o de um pedido de urgência, daria a palavra
ao Hr. (\r. Kduardo Loschi F^sse pedido de urgência é por todos
concedido e as^im o »r presidente dá a palavra ao illustre con-
sócio, qu(' pHHsa a ler a tradução que fez de conferencia ha
jiouco realÍK/ida pelo aÍHmado explorador geogi-aphico Duque dos
Abbruz/oH perante a Ueal Academia de Sciencias em Londres.
Reíore-He enaa conferencia á nPcençAopor elle realizada em mea-
dos do nnno passado ao legendário rn"nte-Knweiizori situado na
Africa (/(Mitral, próximo ao-í lago* Hodolpho e Victoria. Depin-
tando em vivas cores as impressões recebidas, bem como as diffi-
culdade8 da jornada, o viajante relata ao mesmo tempo os resul-
tados hcieiítificos obtidos. Depois de ter feito a leitura de cerca
da metade desHa sua tradução, o sr. dr Loschi interrompe-se
lembrando, em vista Ja hora adiantada, ser talvez conveniente
terminar essa leitura em outra ítes^fto. Annuindo a casa, o sr.
presidente convida aos srs. sócios presentes bem como ao^ srs.
Cav/' Gont^ul Baroli e Magnocavallo a ouvirem na próxima
sessão H c(Mitinuação da interessante leitura.
Ainda o sr. president"* toma a palavra, dirígindo-se em es-
peoial Ah C' mraiêsões nomeadas para tomarem providencias rela-
tivas A cofi»-trucç&o do edifício próprio, incitando- as a coneluirem
sua mÍHHão, quer no que diz respeito ao angariamento do capital,
quer quanto ao exame das propostas relativas á eonstracçfto.
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EDcerra o sr. presidente a sesíão, ás 9 horas e meia da
noite, e convida os ars. sócios para a próxima sessão qae se
realizará no dia 20 do corrente méi.
Em tempo: os srs. dr. J« Torres de Oliveira e capitfto
E. Alberto Franco foram nomeados l*e2.* secretários interinos.
O consócio fallecido, dr. Rezende Aprygio era sócio honorário
deste Instituto.
|iH*rr Do que, para constar, eu, R^tdolpho von Ihering^ segundo
secretario ad hoc^ lancei a presente acta.
Nona foesHsfto ordinnria, em 20 de junho do 1 007
Presidência do sr. dr. M. Pfrbika Guimarães
Aos 20 dias do môs de junho de 1907, ás 7 li2 horas da
noite, á rua General Carneiro, 1 A, onde tem sua sede o Insti-
tuto Histórico e Geographico de S. Paulo, presentes os sócios
srs. drs. M. Pereira Guimarães. J. Torres de Oliveira, Eduardo
Loschi, Rodolpho von Ihering, corcnel Henrique A. de Macedo,
coronel Ludgero de Castro, Ahsís Moura e Paulo Pinto A. Ran-
gel, sobre a presidência do primeiro nomeado, é declarada aberta
a seí^Bão Desempenham os cargos de 1.** secretario o dr. J.
Torres de Oliveira, 1.* secretario interino, e de 2.* secretario
o sr Rodolpho von Ihering a tal fim convidado pelo sr. presidente.
Achando se iia ante sala o novo consócio dr. Gentil d <» Assis
Moura, o sr. presidente convida os srs. consócios coronel Henrique
de Mscedo e Ludgero de Castro a introduzirem -no no recinto, sendo
logo o distinto consócio recebido com as formalidades de estylo.
Dep >Í8 de feita a leitura da acta da sessão anterior é a mesma
approvada com a emenda de dois tópicos referentes ás nomeações
dos srs. secretários interinos e ao sócio honorário fallecido, sr.
dr. Rezende Aprygio.
O expediente lido pelo sr. l.® secretario consta de uma pro-
posta, para sócio effectivo, do sr J. F Meira de Vasconsellos,
digno lente da E^^cola de Pharmacia desta Capital, a mesma
proposta é dispensada de intersticio, ficando sobre a mesa para
ser vo«ada na sessão seguinte; um telegramraa de Bello Horizonte,
communicando ao Instituto a fundação do Instituto Histórico e
Geographico de Minan Geraes, naquella cidade; são bccusadas
ainda numerosas publicações, revistas, folhetos, jornaes do cos-
tume e dois livros — Findamonhangaha^ Ih80^í906, pelo consócio
dr. Athayde Marcondes e Poema do Tédio, do sr. Quintino de
Macedo, digno filho do consócio coronel Henrique A. de Macedo,
que todas o sr. presidente agradece, requerendo accuso especial
para og dois últimos ctados.
Ordem do dia: Pede a palavra o sr. dr. Gentil de Moura
para offerecer ao Instituto um manuscrito. Apontamentos reUt^
— 698 —
tivos a Aleixo Garcia^ elaborado pelo Br. E. Guilherme Young;
pede o Br. presidente ao «gradpcer a oâerta ao dr. Gentil de
Moura que leia o mesrao trabalho em uma das próximas sessões.
O sr. Rodolpbo von Ihering pede a palavra pnra ler a tradução
do programma de estudo» anthropolo^icos elaborado em inglez
por Bcientistas norte-ainericanos a pedido do Camegie In&titutíon
e que salienta os pontos mais importantes a serem investigados
nas futuras pesquizas ethnographicas e anthropolog cas na Ame-
rica, a que será consagrado o novo Department of Anthropology
daquelle Instituto. E' o mesmo de grande interesse para o Brasil
por tratar do estudo 8cientific>de varias tribus indígenas do nosto
paiz. O sr. presidente agradece a communicaçâo, julgando-a
digna de ser incluida no próximo numero da Revista do In>tituto.
Em seguida lembra o sr. presidente que com o fallecimento
do pranteado vice-presidente do Instituto, dr. Miranda Azevedo,
o Instituto perdeu também um dos esforçados redactores de sua
Revista, convindo preencher esse cargo. Indicando o nomo do
dr. J. Gomes Ribeiro, o sr presidente salienta as qualidades
desse illustre consócio e suas aptidões para o posto em quest&o ;
todavia sujeita ecsa sua proposta á votação da casa Como esta
a approva por unanimidade de votos, sem discussão, é o sr. dr.
J. Coelho Gomes Ribeiro nomeado a fazer parte da commissào
da redacção da Revista do Instituto, juntamente com os srs. drs,
Alfredo de Toledo e Horácio de Carvalha.
Segunda p»rte da ordem do dia. Tem a palavra o dr.
Eduardo Loschi, que vai concluir a leitura, iniciada na sessão
anterior, de sua tradução do interessante trabalho do Duque
dos Abbruzzos, relativo á ascençfio por este realizada ao monte
Ruwenzori, na Africa Central. Era seguida á parte descriptiva
da viagem vem relatados os resultados scientifíco->, especialmente
geographicos e geológicos, cbtidts pelas constantes investigações
feitas durante a jornada.
Ao terminar, o dr. Loschi é calorosamente applaudido e o
sr. presidente dirige-lhe em especial os agradecimentos do Ins-
tituto pelo trabalho ouvido; snúda ainda o sr. presidente aos
srs. Coronel Baroli e cavalheiro Magnocavallo, agradecendo a
sua visita e convidando -es a futuro comparecimento. Dirigin-
do-se ao dr. Gentil de Moura o sr. presidente exprime-lhe a
satisfacção que tem o Instituto em podei- o contar entre os de
seu grémio, pois que s. s. é portador de um nome feito, pelos
muitos serviços que tem prestado na exploração scientifíca do paiz.
A isto o illustre consócio responde penhorado, testemunhando o
seu amor e dedicação pelo Instituto.
Nada mais havendo a tratar, o sr. presidente encerra apre-
sente se^são, convidando os srs. sócios para a próxima, aprazada
para o dia 5 de julho próximo futuro.
Do que, para constar, eu, Rodolpho von Ihering^ em funcção
de segundo secretario, lavrei a presente acta.
— 699 —
Dcirinia scss.^3 ordinária, cm 20 de julho de 1007
PjiESIDBMCIA do SR. CONSfiLHBIltO DuARTE DE AzEVEDO
Sob a presidência do sr. dr. M. A. Duarte de Azevedo,
servindo de secriitarios os srs drs. José Torres de Oliveira e
DiDamerico Kaiigel, realizou-se hoje mais uma sessão ordinária
desta associação.
Approvada a acta anterior, e nccusado no expediente o re-
cebimento de livros e dus publicações do costume, sendo tudo
recebido com especial agrado.
Silo lidas as propostas para sócios, dos srs. Guilherme Fer-
rero e dr. Estevam Leào Bourronl, honorários; António Carlos
Madeira, correspondente, e Joào L«llis Vieira e JoAo Augusto
César, effectivo». O consócio sr. dr. Alfredo de Toledo, funda-
mentando as suns propostas, requer, e a casa approva, dispensa
de parecer ás propostas e do interstício regimental para serem
os novos sócios immediatamente reconhecidos como o foram. E'
approvado o parecer reconhecendo sócio eft*ectivo o sr. João F.
Meira Vasconcellos.
O sr. dr. presidente dirige um appello á respectiva com-
missAo no sentido de continuar na tarefa de obtençào de auxilio
para a construcçào do edifício do Instituto.
O Bf. dr. Alfredo de Toledo, um dos membros da benemé-
rita commiseào, diz que tem havido demora nesse serviço, devido
á ausência do digno companheiro sr. dr. Jaguaribe, que se acha
no Rio de Janeiro, devendo regressar em breve, podendo logo
depois a commi^s&o reencetar o seu trabalho.
E' lido e fica sobre a mesa, para o devido estudo dos con-
sócios, o balancete do negundo trimestre, apresentado pelo digno
thesoureiro sr. dr. Arthur Vautier. Por esse documento ve-
rifica-se um saldo de 38:231 $000, depositado no Banco Com-
mercio e Industria.
O sr. dr. Alfredo de Toledo propõe votos de pezar pelo
fallecimento do dr. César Birrenbach e António Manoel Fer-
nandes, literatos paulistas, e idêntica proposta c feita pelo sr.
Torres de Oliveira com respeito aos saudosos drs. Joào Thomas
de Mello Alves e Alfredo Silveira da Mota, illustres juristas.
As propostas sAo unanimemente aprovadas pela casa.
E* iido um officio do sr. Athayde Marcondes pedindo a no-
meação de uma commissão para dar parecer sobre o seu livro
— Pindamonhangaba . O sr. dr. presidente nomêa para essa
commissão os consócios srs. drs. Luis G. da Silva Leme, João
Moraes e Leôncio do Amaral Gurgel.
O sr. dr. Torres de Oliveira propõe que o Instituto no-
meie uma commissão para dar as boas vindas a Guilherme Fer-
rero, o notável escriptor e sábio italiano, caso se confirme a sua
— 700 —
viudft a S. Paulo. Sâo nomeados pflra o d efiempenlio deisacom-
miBi^ão o proponente e o dr. Dinamerico Rangel.
O er. coronel Araújo Macedo faz um appello ao »r. dr.
pr«gidenttí para que interceda junto ao Congresso Nacional no
sentido de ser dado rápido andamButo ao tão debatido projecto
de auxilias aos i^oluntarioe da Pátria.
O &r. dr, presidente prometre fazer a euie respeito o qafi
estiver a seu alcance-
Fassando-se á segunda parte da ordem do dia, tem a pa^
lavra o bocÍo st. dn Joào B. de Morada, que coDlinúa a leitura
do BfU mtereBsante trabalho sobre a Revíução de 1842, Inter-
romp*íiTidn a leitura do util e hello trabalho ás nove e meia
hor^is d ri noit», Fri õ orador muito feli(^itado pelos consócios.
Estando a hora adiantada, o sr. dr. presidente encf^rrou a
sess&o, mareando outra para o dia 5 de agosto próximo.
Do quôj para constar, em, Alfredo de Toledo, mandei lavrar
esta acta, em £uncçào de segundo secretario.
Det!Íiiii« firtincirii ««ef^^ilo ordinária^ em 5 dê agosto
do imi7
Phbsidskcia do su, dk. M. à. Duartb db Asevbdo
Aos 5 de agosto de 1907, ás sete e meia horas da noite, a
ma Genernl Gameiro n. 1-A — aéde do Instituto Histórico e
Geopjraphico de S, Paulo, presente numero legnl de sócios^ é
declarada aberta a ges^a^o, presidida pelo sr. dr. M. A. Duarte
de Azevedo, servindo de secretários os ars. drs, José Torres d©
Oliveira e Alfredo de Toledo, Nào foi lida a acta da leaifto
anterior, por não ter sido a me^ma ainda lavrada.
Pelo sr, dr. presidente foi oomeado, para representar o
Instituto junto ao Se^to Congresso Medico a realizar^ se » nesta
Capital, no mês próximo, uma commiss&o compotita dos dignos
consócios drs. Silveira Cintra, Domingos Jaguanbe e Carlos de
Vasconcellos.
O expediente constou do recebimento de livros, offieioii
revistas e jm-niies que costumeiramente nos visitajj, O novo
sócio sr. Alfredo Ferreira Rodriírues mandou um ofiScio eoa que
agradece ao Instituto a sua admiisào neste grémio inielleetuaL
Na segunda parte da ordem do dia foi dada a palavra ao
digno consócio ir. dr Edmundo Krug, qne se achava inserípto.
Cedeu-a, porém, o dr, Krug ao sr. dr. Gentil de Mnura, que
durante uma hora prendeu a attençfto da casa lendo curJo*o e
interessante estudo sobre Aleixo Garcia, Ao terminar & leitarat
foi o dr. Gentil de Moura muito felicitado.
h
— 701
Nada maif havendo a tratar-se, o sr. dr. preddente «ncerrou
a pre&eote eesiâo, convocaiido outra para o próximo dia 20 desto
mèn de agosto.
Do que, par* constar, eu, Alfredo de Toitdo^ serirmdq de
•eg^uado aecret&riOj lavro a presente acta.
Decima segunda fse^R^o «rflinnria* em 20 de agoi^to
de 1ÍK*7
PRBBIBEirCtA DO SR. C0^9ELHBIH0 DUART» DH AZBVíSDO
Àos 20 dias do mèi da acoito de 1907, ás 7 1/2 horas da
noite, á rua General Gameiro, 1-A, onde tem sua sede o Insti-
tuto Historicn ê Geographiro de 3. Paulo, preseDies os ars.
conselheiro Duarte de Azevedo, drâ. Manoel Pereira Guimarães»
J. Silveira Cintra, Jofto Moraps, Eugénio A, Franco^ Ai aia
Moura^ Domingos Jaguaribe, de-embargador José Maria do
Vftlle, coronel Henrique Araújo da Rfíacedo, dr. Sérgio Meiraj
Francisco Campos Andrade, Edmundo Krug e Hodol[ího vou
Ibering, tob presidência do primeiro nomt?ado, é deelaradn aberta
a sesaSto, Desempenham os cargos de L* e 2.** secríitarios os
irs. Eugénio A. Franco e RodoLpho von Ihering.
Usando da palavra o 2.' secretario, passa a lêr a» actas das
sessões anteriore» que sem debate foram unanimemente appro-
vadas.
O expediente íido pelo ar. dr. 1.* secretario constou do
recebimento de variadas revi^^iaB, jornaes e mais publiiiiições.
O sr> presidente exprime em uouje do Instituto os a gradeei meu tos
por essas oferta s«
Na primeird parte da ordem do dia pede a palavra o itlustre
consócio dr. Assis Moura, o q^al, lembrando á casa que uo pró-
ximo dia 21 de agosto o Marquez ãf\ Paranaguá celbbrava o
seu 86," anniversario nataUcio, propunha qu© esse i Ilustre homem
de letras e grande patriota fosse eleito sócio honorário do lusti-
tuto Histórico e GeogTaphico de S. Paulo. O sr* presidente,
ao receber a propôs ta. a^signa^a por todos o» consócios presentes,
di^ que era com eumma satisfacçào que via o Instituto de S.
Paulo render assim uma significativa homenagem ao eucanecído
presidente da Sociedade de Geographia do liio de Janeiro, a
este vuUo admirável da nossa historia pátria pelo qual í^emprô
teve a m^tior admiração. Beta debate e por unaoimidade de
votos, a proposta apresentada ])assa pelas formalidades reííu la-
mentares, sendo logo acclamado ecclo honorário do Instituto o
BF. Marquez dp Paranaguá. Em vista di&so o sr. preaidente
resolve enviar-lhe um telegramma congratula tório, que foi redi^
fido nos seguintes t^^rmos: cO Instituto Histórico e Geographico
e S. Paulo, em sess&o de hontem, elegeu V. Ex.* membro
- 702 —
honorflriíi do InstíLufeo e incumbiu-me de saudar V» Eí.* uesta
datil* i>elo3 seus loujços © relevímies aerviçoB ao paiz- DiiRrtt)
de A?.tivedo, prt^sideute».
Fassundo-so a tntar dns quostòea da seguada parte da oriem
do dia, o fir. pvísideiato dá a palavra ao con^iiciy iíiscripto, ar. dr.
J. Moraes, o qual coqUíiÚíi íí prender a atten(;ào do aniii tório eom
a leitura da nova parte de seu estudo gobre a lieualnção th l^i/2y
Hm que te occupa da r«solugrio parlamentar da Maioridade de
d. Pedro, Interrompendo o orador ái 9 1/2 h^ra*! a sua diíser-
taçào, foi o mesmo vivamente appltiudido e felicitado pelo au-
ditório e a ar. preeidente decltiroií-o, conforme seu pedido,
iuaciipto para contínuair a leitura ca próxima aoatào.
EtD Epçuida, o sr. vÍiie-preFÍdeute do Instituto, dr, Manoel
Pereira Gtíiinaiâea p«de a palavra ©, lembríiiido a j^rande ne-
cesEiidadt; que ba em »e ititciar a confitru(;rLo do editicio própria
do lostituto, apresenta uma proposta pela qual a directoãa ficaria
autorizada não só a utilizar' se de qualquer príjecto o pUiita
para esm eonstrucç&o, como também a couiractar desde to^o as
obras. Posta em discusBâo a profo^ta, é a meãma approvadâ
]»or unanimidade.
Em seguida o ar, presidente encerra a fiessão 6 convida os
irâ> fiocioB para a próxima, que terá legar no dia 5 do mèi de
setembro.
Do que, para cnustar, eu, Roãolpho von Iherinfjt em funcf^ão
de Sfgundo «ecietario, layrei a presente acta.
Uct.-iiiiu terceira siessAo ortUiinría^-ent 5 de setemliv*o
(!e 1U07
PRESIDÊNCIA DO SR. DR« TorESjí t>K Oli^EIRA
Aõâ 5 dias do mèé de setembro de 1007, ás 7 1/2 borai d&
noite, à rua General Carneiro 1 A, onde tem sua sede o Ins-
tituto Histórico © Gaoersphico de B. Paulo, sob a presidência
do ar. dr Torres tíe Oliveira, secretariado pelos sri. drs. Al-
fredo de Toledo e Rodolpho von Ibering, foi aberta a sesião.
Lida e approvada a acta da sessão aoterioft passa-ae ao
expediente, K^ lido um teleg-ramma do Marques; de Paranaguá,
no qunl agradece Eua eleição para aoeto boaorario. São recebi-
dos como valiosas ofíertas vario» Hvtoa, dentre o» qtiaes he des-
tacam pela »ua raridade o que c ofFerecido pelo sr. dr. Torres
de Oliveira^ — Academia Singular e Univ^raat, encyclopedía ar-
tUtica, Bcientifica, literária e reiígioia— imprea&a em 1T37, oi
volume» de 1831 a 1S64 da Revista dos Doú Mundos, pejo sr.
Barào d© R< zende; o Catalogo dos livros sobre o Brasil escriptoi
desde 1492 e 1822, do «n dr José Carina Rodriguea.
— 703 —
Sáo propostos para pocios correspondentes os írs dr. Joeó
Carlos Rodrigues, director do Jonial do CommtrciOt e José
Francisco da Rocha Pombo, autor do Historia do Brasil. Dis-
pensados dos pareceres e intersticios regimen taes, são reconhe-
cidos e proclamados os sócios propostos.
Para corresponder ao convite da rrociedade Bcientiíica de
S. Paulo o sr. presidente desiizna rs srs. dr. Alfredo de Toledo
e Leôncio Gnrgel para representaram o Int^tituto na sessílo que
aquella sociedade realizará no dia 10 de setembro em home-
nagem ao Sexto Congresso Medico.
Pasando-se á segunda parte da ordf^m do dia, são apre-
sentadas as excusas dos srs. oradores inecriptos que deixaram
de comparecer á sessão.
Não havendo quem pediiis«) a palavra, o sr. presidente en-
cerra a sessão, pedindo o comparecimento dos srs. sócios para
a próxima sessão que se realizará no dia 20 do corrente.
Do que, para constar, eu, Rodolpho von Iherimjy em funcção
do 2.* secretario, lavrei a presente acta.
Decima quarta scssno orcliiinria, cm ^O de setembro
de 1007
PRESIDÊNCIA DO SR. CONSELHEIRO DuARTE DB AzEVHDO
Aos 20 dias do mês de setembro de 1907, ás 7 1/2 horas
do noite, á rua General Carneiro, 1 Â, onde tem sua sede o
Instituto Histórico e Geographico de S. Paulo, sob presidên-
cia do sr. conselheiro Duarte de Azevedo, secretariado pelos
srá. dr. Torres do Oliveira e Rrdolpho von Ihering, presentes,
além dos nomeados, os srs. sócios coronel Henrique Âraujo de
Macedo, dr?. Pereira Guimarães. Edmundo Krug, Assis Moura e
Carlos de Vasconcellns, foi aberta a sei^são.
Lida a acta da sessão anterior, foi a mesma approvada
unanimen-ente e passon-se ao expediente que constou do accuso
de numerosas publicações «fterecidas; o sr. dr. Carlos de Vas-
concelloB communica á casa que, em cumprimento do encargo
de representar o Instituto nos festejos e reuniões que nesta
Capital se realizariam por occasiâo do VI Congresso Medico, a
commissão deu desempenho a essa missão; o sr. presidente agra-
dece.
Sendo lida a proposta assiírnada por todos os sr;*. sócios
presentes propondo o sr. dr. Alfredo de Brito sócio honorário
do Instituto, o sr. dr. Carlos de Vasconcellos pede que seja
concedida dispensa de intersticio e que a proposta soja votada
incontinenti, pois o iliustre director da Academia de Medicina
da Bahia tinha um nome feito pelos seus lavores scientifícos.
O 81. presidente, corraborando a opinião do consócio, depois da
— 704 —
concessão da casa, põe a proposta a votos e é approvada una-
nimemente e, pois, o sr. dr. Alfredo de Brito aclamado sócio
honorário do Instituto. Foi lida ainda uma proposta para sócio
correspondente da pessoa do sr. dr. Hosannah de Oliveira, digno
deputado federal pelo Pará.
O sr. presidente communica que a mesa estudou detidamente
os planos para a construcç&o do edifício próprio do Instituto ;
ficou resolvido aproveitar no que tinham de melhor os planos
dos srs. drs. Eduardo Loschi e Ramos de Azevedo. Adian-
tando ainda mais seus trabalhos para que quanto antes possam
ser iniciadas as obras, a mesa pedira propostas de construcçòes
a pessoas competentes, quo deverão apreseutar os orçamentos.
Foi com grande satisfacç&o que os srs. consócios acolheram
estas informações acerca da próxima realização de idéa tão
querida.
Pede em seguidh a palavra o sr. coronel Henrique Araújo
Macedo que pedt) vénia ao sr. presidente para lhe agradecer
bem como a casa em geral o valioso auxilio que com seu
appello ao Congresso Federal dispensara o Instituto aos vete-
ranos da Campanha do Paraguai ; pois acabava de ver conce-
dido a estes beuemeritos defensores da Pátria o quantum a que
direito tinham pelos heróicos serviços prestados. E' também em
nome dos seus companheiros que agradece esse auxilio moral.
A pedido do orador, o sr. presidente manda que esse agradeci-
mento seja consignado na acta.
Dos srs. coiisocif 8 in^criptOB para apresentarem trabalhos na
sessão diversos não comparect^ram, excusando-se outros, pelo que
deixa de serem feitas leituras de trabalhos originaes.
O sr. presidente lembra que em breve honrará com sua vi-
sita a nosfa Capital o eminente compatriota sr. Barão do Bio
Branco, que, além do alto conceito em que é tido S. Ex. por
todos os brasileiros, é digno de uma especial consideração do
Instituto Histórico e Geographico de S. Paulo, pois que é seu
presidente honorário. Referindo-se com enthusiasmo ao valor
politico do eminente estadista, o sr. presidente cita em especial
a attitude saliente que o Brasil occupa na Conferencia de Haja
e isto devemos ás preclaras intelligencias de Kio Branco e Ruy
Barbosa. Para patentear ao illustre hospede a alta estima que
lhe consagra o Instituto o sr. conselheiro Duarte de Azevedo
convida os seus companheiros de directoria para receberem- no
e apiesentar-lhe as boos vindas.
Estando também annunciada a próxima visita do sr. Gu-
glielmo Ferrero, ficam os srs. dr. Torres de Oliveira e Rodolpho
von Ihering encarregados de o receberem á sua vinda.
Em tempo : Também a proposta referente ao dr. Hosannah
de Oliveira foi dispensada egualmente de interstício e parecer,
sendo por isso logo acclamado o novo sócio.
Do que, para constar, eu, Rodolpho von Ihering^ em íunc-
ção de 2.** secretario, lavrei a presente acta.
— 706 —
Decima quinta scssilo ordinária, cm IO de Outubro
de 1007
Pbbsidbncia do 8r« dr. M. Pbrbiba Guimahâbs
Aos 19 dias do mês de outubro de 1907, ás 7 1/2 boras da
noite, á rua G> neral Carneiro, 1-Â, onde tem sua sede o Insti-
tuto Histórico e Geographico de S. Paulo, sob presidência do
sr. dr. Manoel Pereira Guimar&es, secretariado pelos srs. dr. José
Torres d« Oliveira e Rodolpho von Ibering, presentes ainda,
além dos acima nomeados, os srs. sócios J. O. Gomes Ribeiro,
G: Yonng, Âsf»is Moura, Leôncio Gurgel, Ernesto Goulart, é
declarada aberta a sessão.
Tendo sido lida a acta da sessão anterior e posta em dis-
cassfto, é a mesma approvada sem debate, por unanimidade.
O expediente que em seguidi é relatado pelo sr. 1.** secre-
tario consta de variadas publicações, periódicos e jornaes, agra-
decendo o sr. presidente taes oflertas.
Passando-ue á ordem do dia o sr. dr. Pereira Guimarães
offerece ao Instituto, em nome do sr. Augusto Siqueira Cardoso,
um manascripto da lavra deste sr., versando sobre a genealogia
de sua familia — Nogueira Cardoso ; a oíFerta, cujo valor é bem
comprehendido, o Instituto a recebe com especial agrado.
O sr. presidente apresenta ainda três orçamentos de preços
para a construcç&o do edifício próprio qun acabavam de ser rece-
DÍdos e que são os dos srs. dr. M. Hebl, na importância de
87:372$213, Pugliesi, 68:138$000, e Kleinscbmidt, 73:500$000.
Como a directoria deverá resolver sobre o assumpto, o sr. pre-
sidente convocA a sua reunião para o próximo dia 22, ás 2 horas
da tarde, lembrando ao meumo tfmpo que a 25 de outubro de-
verá ter logar a sessão extraordinária de encerramento dos
trabalhos deste anno.
Pelo sr. dr. Arthur Vautier foi apresentado ao Instituto o
balancete de receita e despesa correspondente aos meses de julho
a setembro ; fíca o mesmo sobre a mesa para ser estudado pelos
sn. consócios.
E' lido ainda um officio do nosso illustre compatriota dr.
Manoel de Oliveira Lima, em que este agradece a sua eleição
para sócio do Instituto Histórico e Geographico de S. Paulo,
externando ao mesmo tempo seus pensamentos altamente lison-
jeiros sobre esta associação
Tem a palavra o sr. dr. Torres de Oliveira, que participa
âue, por occasião da recente visita do sr. Barão do Rio Branco,
^e apresentou, em nome do Instituto, as homenagens, como fora
encarregado ao se saber que viria a S. Paulo o nof:so Ministro
dos Estrangeiros, que o Instituto se vangloria de ter como presi-
dente honorário. O sr. Rodolpho von Ihering (az igual decla-
^ 706 —
ração com relação ao eminente historiador Guilherme Ferrero
que tarahem visitam eata capital. Á amboa o sr, presidente
agradece seus honá officÍo&.
Como tivesâe conbecimento do fallecimento dos i1 lustres
consocioA ar. Fernando de Albuquerque e dr, Julíus Meili, o
afaiziado autor doâ prei^toso^ livros sobre nuiaismatica brasileira,
o ar. prendente pede que a casa externe o seu pe^ar mandando
lançar um voto neste sentido em suaa acta*, proposta que é una-
nimemente approvada,
Lembia ainda o sr, presidente que o Infltituta n&o conta com
um orador oflficíal que pronuncie o discurso que na sessão nifiq^oa
de X.° de novt^mbro dev^erá ser [n'oferido, pelo qne fíede que se
proceda á eleição do mesmo. Como nào é apresentada nenhuma
indicação, o sr, presidente lembra o nome do diurno consócio si\
Jo&é Hy poli to da Silva Dutra e, posta a votos essa propoBtaj é
a mesma unanimemente approvada,
O Br* Leôncio GurtrcI RxcasoE-se por não poder continuar
na leitura de seu trabalho hii^torico, ctlerece, porém, o roanus-
cripto para ser impresso na Eevhta do IníiiUutOf do que o *r,
presidente pede a commissão de rodacçào ae encarregue,
O ST. dr. Pereira Guiraaràes declara que, querendo ainda
modificar parte do seu et- tudo sobr© a vi Ha de S. André da Borda
do Cam]io, n?iO pôde fai&í-r a leitura do mesmo*
Nada inais havendo a tratar, ó encerrada a sessão, pedindo
o 81*. presidente o comparecimento doa era, consócios á sessfto
próxima, extraordinária, de encerramento dos trabalhoâ deate
annOr a 25 de outubro.
Decima $«extn seS^So ordinária, 4^in í±5 de outubro
de It»07
FllBSlDEÍtCIA DO EXM, BR* CONSELHEIRO DtTAUTB I>B AZEVEDO
Aoa 25 dia» do mês de outubro de 1907, áe 7 '/* horas da
noitt^, no edifício da rua General Carneiro n, 1-A, onde funccioua
õ Instituto Histórico, achando-se preeenfes os sócios ars, con&e-
IhêiTO Manoel António Duarte de Az^^vedo, dra. Manoel Pereira
Guimarães, Edmundo Krufr, Arthur Vautier, Torres de Oliveira,
commii^o secretario interino, lavrando a presente, foi aberta &
sesE&o ,
O sr. presidente com mu nica que, se achando na sala ímme~
díata o novo sócio ar. Lellis Vieira, nomeia os ars. dra. Pereira
Guimarfies e Árthur Vautíer, para ÍatroduzÍl-o no recinto. E*
inÈroduzido o novo confrade.
Em seg:uida o sr. secretario faz a leitura da acta da geasfto
paaaadaf que é approvada*
^
— 707 —
O sr. president© faz vartai considerações f elucidaudo as pro-
posta!^ apresentadas por diversos engenheiros para a couf tracção
do edifício social, e diz que a directoria continna a estudal-os,
devendo durante as próximas férias do Instituto resolv^er sobre
as propostas, assi^nar a escriptura e começar as obras.
E' aceito o oferecimento do sócio sr, dr* Edmundo Krug
para fiscalizar as obras, tendo o sr. presidente agradecido essa
gentileza .
Fede a palavra o sr. dr. Kru^ e declara ficar penhorado pela
prova de confiança que o Instituto lhe deu, aceitando o leu
oferecimento, accrescentando que envidará todos os «eua esforços
para estar na altura de bem corresponder a es&a confiança.
O sr. presidente lembra que existem ainda diversas quantias,
destinadas á cotistrucç^o do edifício social^ para serem arreca-
dadas. O ST. dr. Vautier pede a palavra e communica que o sr.
dr. Alfredo de Toledo, membro da commissão encarregada de
angariar donativos para aquelle fím, lho sctentifícára que ainda
existe mais de três contos de rõia (1) para serem teeebidofl, O
sr. tliesonreiro foi encarregado de ultimar o recebimento dessas
quantias.
Silo recebidas diversas obras, folhetos © revistas, O ar.
presidente faz oíTerta ao Instituto do aeu recente trabalho Con-
trovérsias JuridicaSf e de um interessante documento que è a
acta autbentica da ses^ílo de 22 de dezembro de 1829, do Con-
selho Geral, aasignada por Diogo António Feijó e Manoel Joa-
quim Orne lias.
As offertas sao recebidas com especial agrado,
O 8T. secretario 1ê um parecer, asaigoado pelos srs. drs,
Luís Gonzaga da Silva Leme, João Moraes e Leôncio Gnrgel
íobre a obra — Pindamanhangaba (Apontamentos históricos, geo-
frraphicoft etc), da lavra do sócio correspondente sr. Athajde
Marcondes. O sr. presidente diz que o parecer será publicado na
Revistai visto ser este uma liomonagem aos mentos da obra
daquelle confrade.
Não havendo mais nada a tratar, o sr. presidente convida
os ara* socics presentea para a próxima seâsiio solemne, que se
realizará no dia 1 / de novembro próximo, e encerra a sese&Oi
II) Ns «em^d de ?0 4« ntiril, cdido canitft dâ THpectlTH icta, & comisiAo píir
tut^rmedío de Dm de sfiUA memhroi k^xlilhia um r«!^ibo do S^ívilK^SiKX) pii«aAdQ pelú %v^
dr. tliPioiirolto e que reprçsfTítA 4 Ipnport.iiidiv da* quaDtln» nté entfto nrrÈoiitBdta ©
Kpregt^ntoD nni^-v lliu doa subi^crlptorei^ doa quaes AludA alo ilnhmm «Ido r^cebldju aa
tootribalçCíje iutrgnndn,$ n% ImporUncli total de ^i^&QSTimr, pjirA %iie em temii^o no pro*
ctdesse ao respectivo rc^ccbrmcnto.
— 708 —
Aeta d« «íet$is5o magna » 1 ." d« novemhro de 1 90T
PREâlDHNCÍÀ DO SR. 00£9SBLHBlRO D U ARTE DO ã&7»D0
A 1.* de novembro de 1&07, á ma General Carneiro, 1-A,.
onde tem Bua eéde o Instituto Histórico e Geo^apbico de São
Paulo, com presença de nnmero&ofl gocíob, exmas sraa,, ajudan-
te de ordens do sr. secretario da Justiça^ cônsules, commisBÔes
de sociedades e maia convidados^ no salão nobre, engalanado^
lealiza-ee a sessão magna commemorativa do decimo terceiro
anniversario áo Instituto, ás 8- horas da noite.
O sr. presidente conselheiro Duarte de Azevedo^ tendo con-
vidado a secretaríal-o os srs, dr José Torres de Oliveira e Ro^
dolpho TOn Iberíngf dedara aberta a sessão e logo d^nig^na os
ars. sócios dr«. Alfredo de Toledo e Couto de Magalbàed a In-
troduzirem no recinto o illuatre iionsocio dr. Oliveira Lima, mi-
nistro plenipotenciário do Brasil em Caracas e distinto bomem<
de letras, presente na ante-sala. Ao entrar, com sua exma,
eonâorte, no salAo, a asiiâtencia prorompe em ralorosos applau-
sos e o sr. dr. Oliveira Lima toma asãento em logar distinto
na mesa da directoria.
Em eloquente cillocuçào o sr. presidente commemora os tra*
balhos e a toarcba do Instituto no anuo, cujos trabalhott acabam
de ser encerrados e congratula- se com os i Ilustres membros^
dessa elevada corporação scientica. Saudando o i Ilustre hospede
6 consócio dr. Oliveira Lima, o sr. presidente põe em relevo a
honra e a Batisfação que ao Instituto ad vinham com a presença
de tâo illustre homem de letras á seg&âo com memora ti va do-
13," anniversario do Insfiiinlo.
Em seguida pede e obtém a palavra o dr« Couto de Ma-
galhães qu(5 em breve discurso salienta os mentos do extn. sr,
dr. Oliveira Lima quer como diplomata quer como escriptor e
conferencista, que tem reivindicado perante a historia a juate
apreciação de d. Joáo VI e José Bonifácio.
A^radecendc^ as referencias á sua pessoa, o dr. Oliveira Li^
ma affirma o atto conceito em que tem o Instituto Historieo ô-
Geographico de S. Paulo e a con»ideraçÃo que tributa á soa
Mevinta^ gue elle considera a mais brilhante entre as sua cooge^
neres do pais.
Dada a palavra ao orador official, sr^ J. Hypolito da Silva,,
este desenvolve em beltissima oração o panegyrico dos coneocios
fallecidos durante o anno de 1907 ; em palavras repasaadas da
mais emcera saudade e de justa homenagem, o eloquente ora-
dor relembra od trabalhos e as individualidades dos iltustres so^^
cio» ora mortos; dr. Augusto César de Miranda. Azevedo, activo,
e dedicado vice-presidente do Ibstituto, Paulo Egydio de Oli-
veira Carvalho, Lafayette de Toledo, conselheiro Rosendfr Apri*
^io Araújo Guiznaràes, Haymundo^ Penna forte do Baoramanto*
— 709 ~
TBlack, Fernando Albuquerque, Julius Meili e César Bierren-
bach. Âo terminar, o orador recebe vivos applausos e as con-
rgratulações pelo bello trabalho de toda a assistência.
Em -seguida, o sr. presidente dirige ainda uma saudação
final aos companheiros de trabalhos no Instituto e em especial
agradece a exma. esposa do sr. dr. Oliveira Lima a honra de
-seu comparecimento á sess&o do Instituto.
Encerrando a presente sess&o, o sr. presidente previne que
a próxima reuni&o deverá ter logar aos 25 de janeiro de 1908,
«para inicio dos trabalhos do Instituto no anno vindouro de
.1908.
Do que para constar, eu, Rodolpho von Ihering, em funcção
•de 2.** secretario, lavrei a presente acta.
DISCURSO
Proferido pelo orador oílicial sr. Híppolyío da Silva, na £eSí!o magaa
realizada a 1." de Dovembro de 1907
Senhor Fre^identer minhas senhoras e meãs senlioreB :
Nao fôrft a obrigaçílo imperiosa de obedecer ás vossas deter-
tninaçuea e dar ao meu espirito atribulíido pelas contingeneias dn
Tiver quotidiano a tranqiiiilidade Èuav© e doce da coQsciencia
após a satisfaçào do dever cumprido, e eu certamente me nâo
abalançaria á temeridade de appareeer nefita tribuna para, como
interprete de vossos sentimentos, traduzir o jubilo de todoâ noa
na commemoraçáo d© raaia um auni versado do Instituto Histórico
e Geographico de S, Paulo, evocando ao mesmo tempo as çoin-
bras venerandaft de noasos consócios falleejdoí deade o en^:er-
ramonto de noesoa trahalhia do anno passado. Voasa extrema
benevolência, porém, perdoar-me-á bí a palairra descolorida ©
obscura, passando pelos meus labioa, vos parecer sem bntho e
Bem calor, habituados como estaes á magia da expiessílo de tanto»
oradores illuatres que, com proficiência, tem deaempenhado eata
dolorosa missão de íallar-voa daqiielles que se foram para o paiz
desconhecida de onde nenhum viajor t^olíou ainda^ (1) mns que,
entretanto, fecundaram a terra com o trabalho infellectual, fa-
zendo brotar nella o gérmen do amor pelo estudo das investi-
g'açÔes hístoricaa e scientíiicas com que os homens se vão da lei
da morie libertando. (2)
à morte !> , Simples transformação chimica operada no la-
boratório da natureza, nfto pude a morte attingir o espirito, a
almAj a accntelha divina com que o Creador illuminou por dentro
as euas creaturas, toruando-as transparentes através a opaci-
dade da matefia. Kssa ecentelha, emanada directamente do
creador dos mundos, nào pôde deixar de aer immortal como o
supremo foco de que dimana, porque o contrario seria admit-
tirmoa que a poeira dos cemitérios tenha o poder de auiquillar
a ficintillaç&o das almas, quando nem a poeira luminosa da Via
Láctea conseg-ue interceptar as fulgurações dos ostros.
Conta-nos o enyagelho de S. Lucas que um discípulo de
Jeius, antes de o seguir, pediu -lhe licença para voltar a uasA
I
M^ Bb&lcaspCftra, IJamht. act. Til, icea. L
(2J C» raiei, LuMíadaa, Cjujt. I, est. 11.
^
— TU —
aêtn de enterrar seu páe que faltecéra. Jesua, vendo neste
pedido, Dão & deter minaiijão d^i piedade illial, m&s uma hesitação
e um pretexto para recuar, reflpondeti-lhe : cDeixae os mortos
enterrar os mortos^ mas íde e annutictae o reino de Deus>> (1)
Estas pa]avrag de Jeeua costumam ser commumente appHcadas
paru signifícar que é preciso cuidar doa vivos, sem nos demorar-
mos com o que jâ nâo erisu% Seria tHo reatrictíi o pensamento
do Divino Mestre?,., ou qui/ elle indicar que BO deixasse á
matéria transitorm a pregervação de fi própria, mas que noi
preocciupassemos com o reino do espirito, o reino ã^& alma&j o
reino da immortalidade, o reino de Deus?
Por isso é que Victor Hug^o, nos arrebatamentos de seu i
génio, nos voos prodisriosos de sua imapnaç%o; pantlieista pela .
forma admirável porque cantava a Naturexa, fazendo derivar
delia a harmonia do Universo e toda a seiva fecunda da terra ;
ehríit&o pela alma, cheio de crença 6 de amor pelas virtudes de
Jetus, cuja doutrina seguia, pregando a Paz» a Ctomeneia, a i
BondaJe, o PerdAo, todas ae virtudes que elevam as atmas para r '
Deus í Victor lln^-o, dizia eu, conheiíedor daa velhas theogoniaa
das quaea se aprnvt^itou bastas vezes para enriquecer a Arte
nas iul^uraçoes diamantinas de seus versos, revoltava-se eoijtra
o materialismo que nos aprt^sentava a desconto! adora eaperau^a
do Nai>a apÓ3 a morte ; e elle, que combatia no cathoUcismo o
facto da peraonifiuaçí^o do Espirito do Mal na figura do Diabo,
exclamou assombrado em ura de seus popmaa de combate i « Toma
este Nada, Ahysmo, e dá-nos Satíma^s !» (0)
Era a affirmnçíío de seu espiritualismo, a crença na vida
futuni, a convicção da imraortalidade da alma!
Em Gueraesey, na pitloresca vivenda de llauteville-house,
liavia, na sala d© j^iutar do pofita, á cabeceira da mesa, uma
vasta poltrona onde ninguém se poderia sentar, porque era ve-
dada por uma cadeia do ferro.
Por cima da poltrona lia-se a seguinte inscripção: *Les
àbn^ntit Font hU, (3) Victor Hugo via alli a sombra dos ante-
passados presidindo as refeições d« familia,
Senhores, a mim se me afigura que também no pórtico
desta cam se poderia mandar inscrever o lemma; Les abáenii
mni ici, porque a siia memoria não uos abandona, e cada um de
nós recebe neste cenáculo o sopro vivificante que os animou, e I
sentimos sobre a cabeça, como apóstolos continuadores de ana
obra, as scentelhaa fulgurantes de suas almas. 1
Um coraç&o sereno i
Nunca tem medo á morte. » . * .
ftf B. Luea»» Etangtlho, Cap- LX. ver. 5&-B0,
{i£) Victor Bu^o, tietigionê it r*HqiQ*, paff
i^aj Cftfi Mctfir MuçOt par un pattftntf )íiM, ^^Q* i^^-
— 712 —
Quando uma lousa cáe sobre um cadáver mudo,
Dizem «tudo acabou...» B priucipia tudo.
De uada vale o brouze e a lapide marmórea;
Alguém a vae partir; o alguém chama-se a Historia. (1)
*
4e *
Mal tínhamos encerrado os nossos trabalhos de 1906, quando
nos chegou noticia do fallecímento do nosso sócio correspon-
dente, dr Autoiíio da Cunha Barbosa, occorrido no Rio ae Ja-
neiro, a 25 de Outubro daqueiln anno. Bacharel em letras pelo
coilegio Pedro II, e medico formado pela Faculdade de Medi-
cina do Rio de Janeiro, o dr. Cunha Barbosa, após haver exer-
cido a profissão com muito devotamente, teve necessidade), devido
a seu precário estado de s&ude, de abandonar o exercicio da
carreira medica. Dedicou- 8« exclusivamente a estudos litterarios
que sempre cultivara, legando ás lettras algumas narrativas de
viagens e memorias historiccS, trabalhos apreciáveis que revelam
muita observação e conhecimentos valiosos, notadamente as que
se referem aos tempos coloniaes e que publicou sob os titules
A arte brasileira colonial e A litteratura brasileira colonial.
O dr. Cunha Barbosa, amigo íeivoroso da instrucçào, pres-
tou ao Brasil assign alados serviços na creação de museus e bi-
bliothecas, fazendo jús a merecidos encómios de nacionaes e
estrangeiros pelo seu constante labor, honestidade, esforço, pro-
bidade e elevadas aspirações.
Descendiíi de abaetada familia, e apezar de haver merecido
distincções honoríficas pelos serviços que prestou a seu paiz, e
de tanto haver trabalhado pelas lettras, foi-lhe a sorte madrasta,
íallecendo aos 50 annos de edade, muito infeliz e muito pobre,
Quando occupava modestíssimo emprego subalterno na repartiç&o
do Archivo Nacional.
E&te nosso illustre consócio era egualmente membro do
Instituto Histórico e Geographico Brasileiro, da Sociedade de
Geographía do Rio de Janeiro, da Academia Cearense, do Ins-
tituto Geographico Argentino e de outras associações scientificas
da America.
Não se escoara ainda na ampulheta do tempo o anno de
1906, quando, poucos dias após o encerramento de nossos traba-
lhos daquelle anno, passamos pelo amargurado transe de ver
desapparecer para sempre o vulto de nos60 sócio effectivo dr.
Paulo Egydio de Oliveira Carvalho, que trocara o convívio
humano pela paz serena do tumulo, no dia 8 de dezembro.
(1) Querra Junqueiro, A morti dê D. João, pag. 44.
— 713 —
Ck>ntava 63 annos de edade, pois nascera a 2 de setembro
de 1843, na cidade do Bananal, tendo por progenitores Manoel
Francisco de Carvalho e d. Maria Senhorinha de Oliveira. Com
o auxilio de monsenhor Paiva Rios e de algumas famílias im-
portantes, conseguiu fazer os necessários preparatórios e matri-
cular- se na Faculdade de Direito, recebendo o grau de bacharel
em Bciencias sociaes e jurídicas em 1865.
Durante seu tirocinio académico, o moço Paulo Egydio fize-
ra jús á estima e consideração de seus coUegas pela sua intelli-
gencia e applicaçào aost estudos, sendo eleito orador do Institu-
to sdentifico dos Estudantes conservadores ^ e collaborador effecti-
vo da Imprensa académica^ fundada em 1864.
Depois de formado dcdicou-se loro ao desempf^nho dos
misteres de sua profissão: foi para a Limeira, onde exerceu a
advocacia.
Em 1870, mudou- se d ifini ti vãmente para esta capital onde
contrahiu núpcias com d. Elisa Ribas de Carvalho, sobrinha do
saudoso paulista dr. Peixoto Gomide.
Fazendo parte da redacção do Diário de 8. PaulOy folha
politica de grande ponderação e nomeada, de propriedade do
coronel Paulo Delfino da Fonseca, e que era brilhantemente
dirigida pelos drs. António Prado e Rodrigo Silva, revelou- se
logo conservador por tradição e por idéas, mas conservador
muito liberal. Tomou parte activa na politica paulista e foi
eleito deputado á Assembléa Provincial em consecutivas legisla-
turas de 1870 a 1879.
Na Assembléa Provincial, o dr. Paulo Egydio assignalou-se
brilhantemente, conquif>tando os louros de orador eloquente e
instruido, e enriquecendo os annaes da Assembléa com muitas e
apreciáveis orações.
« O merecimento de suas producções, diz um seu biogfapho,
caminhou sempre em grau ascendente ; porque jamais deixou
de cultivar o espirito por estudos scientificos e lite rarios.
Entregara- se ha muito com paixão a estudos sociológicos,
publicara excellentes trabalhos sobre Direito e Sociologia e,
abrindo cursos, fazendo conferencias, ia cultivando o seu talento,
a ponto de por mais de uma vez ter sido citado com elogio o
seu nome na Reuue Internacionale de Sociólogie^ de René
Worms, com quem elle seguidairente se correspondia ».
Devemos estar lembrados de que o anno de 1888 foi o de
maior perturbação politica e económica, já pela abolição do ele-
mento servil a 13 de maio, já pela propaganda republicana que
rompera todos os diques e avassallara todo o paiz. Paulo Egydio
calmo, reflectido, aguardava os acontecimentos, prevendo o des-
moronamento da monarcbia e escrevendo, mesmo no Correio
Paulistano^ diversos artigos mostrando que o advento republicano
se tornava uma necessidade em face dos graves acontecimentos
que então se desdobravam na gestão dos negócios públicos do paiz.
— 714 ^
O ãr, Paulo E^^ydio de Oliveira Carvalho era um esjjintQ
Cdttno ê desapaixonado, extrenianiente boadoao, e no desempenho
do mandato de Senador do Estado, para que fora eleito em 1894
© reeleito em 190D, pode- se dizer que morreu uo seu poato, pola
ainda na véspera de sua morte apresentava ao Senado uni pro-
jecto de lei, como membro da Commissào de llyg^iene daquella
casa do Cong^re^fio,
Cbego a um doa pontos toais dolorosos desta necrologia,
lembrando- vo 3 a data luctuosa de 13 de marejo de 1907, cm que
a cidade de S. Paulo foi abalada com o passamento do dr. Au-
gufeto Cesar de Miranda Azevedo, mm doa fundadores deste Ins-
tituto, de que era sócio beoemerito peloa in apreciaríeis serviços
que Ibe prestou, o que como seu vice-presidente assina ai ou a
SUB. paBsag"em por esta casa pelo amor, pela dedicação, pelo
trabalbo assiduo, infatig'avel, fecundo, de sua intelligencia eisclft-
recida, de seus profundos conlicciínentos s^ientitieos, da admirá-
vel Incidez c íigudessa de seu espirito.
Quem vos tala, senhores, teve a ventura de conhecer inti<-
mamento Miranda Azevedo nos últimos vinte annos, de ser seu
companheiro de luetíis na aboHçfto e na propagandarepablicana ;
de abraça l-o com lagrimas de jubilo noa dias do triumpho ; de
sentir e chorar com elle as dores da Pátria naquelles horriveia e
tenebrosos diaa em ípie a Dictaduni, em nome da salvpçfio do
Estado, premiava a dedica<;ao e o amor á Liberdade mandando
os republicanos aprender a amar a Republica em regiões inhos-
pitas, «cm parag^ens onde as senleuças de morte nào encontras*
sem testemunhas». (1) Pc<sso afiirmar-vos que a grande^ta de sua
alma e a bondade de seu coração, nAo acharam neiradores, mesmo
entre es que tinham a impiedade do somente exaltar-lLe os mé-
ritos para posarem a cannibalesca satisfacçHo de morde l-o nos
afTectos ,
De sua dedicação como ami^:»^ como medico e homem de
aciencia, fâllem aquellea que as divergências da politica âzeram
leus ínimig^os, e que, apezat dissi>, confiavam de seu saber
a salvação de entes queridos que se debatiam nas vascas da
morte.,, para recompen*ar-]he mais tarde oa cuidadas, com faseel-o
odientamente caminhar como um bandido, em horas tardas da
noite, entre alas de soldados de armaa embaladas, levando sua
maleta ao hombro, desde os cárceres da Detenção até a Estação
do Norte, caminho do Tribunal Militar.
Nâo tenho, senhores, o direito de reviver em vossa memo-
ria, desprezíveis lembranças de ura passado qne, por honra da
Pátria, devem ficar extinctas e apngadas em nossa historia poli^
(tj Kuy BArbúia<-o Eâíado de Stííat pAg» £08 'n jf^iti.
1
— 715 —
ticA. Darci, pof kso, tré;;^uas ao seniímento que me levarin, para
ÍAllar-iTóâ de Mlrnnda Azevedo, á eloquência óí\& le^rrimas. *.
O dr. Miranda Azevedo, que contava cincoenta e sein anoos,
era natural de Sorocabítj onde nasceu a 10 de Outubro de I8i)l,
sendo seus paea o iUustre ma^ktrado dr« António Au£;:u&tr> César
de Azevedo e d- Anna Eufr^uíiia de Miranda Azevedo. Oíícupa»
na historia dopartído republienno um lo<;ar eminente, poiâ foi um
doE principaeâ auxiliares na reuiuào doa mais impoi-Cantefi ele-
mentos radícaes para a fundação do partido, com Limpo de Abreu,
Kan^jel Peâtatia, Pamploua, João de Almeida e tantos outros,
vivendo contiiiuaniente ligado á propaganda. Delle se pode
dizer que ma ki^toria é a liUtoria da Kepublíca, antes da pro- i
clamaçÃo, '
Quando voltou da Europa o st. d. Pedro de Alcântara,
quando os amioos do HEaiMicN* fe^stejayah o ri<:que^ro do mo- j
NARCUA, Miranda Aisevedo tez tiotaval conferencia^ tio Theatro 1
Miaerva^ hoje SaiUAnna, Bobre tua raoleatiaj mostrando que o ;
estado mental do imperante impossibilitava- o de estar á testa ^
dos negócios públicos; e, no penúltimo Congresso Republicano,
1887, apresentou uma viação qua determinava a attitnde activa
que devia tomar o partido, ]>repftraiido'se para combater contra
a probabilidade do 3.° reinado.
Foi nm dos fundadoroa da Sociedade Promotora de Irami-
graçÃo e da Sociedade de Medicina de S, Paulo.
Eiíi 15 de Novembro de 1869^ fez parte da coroniis*&o que
foi a palácio convidar o governador Couto de Magiilliães a en-
tregar o governo ao coronel Mursa.
Organiison a Secretaria da Camará dos Deputados e lançou
os primeiros fundamentos da sua bibliotbeca.
Envolvido commigo e outros republicanos, em março de
1892, em uma conspiração tramada por ura bnndido, destes que
yiyem a explorar a inépcia dos <^overno& dominados pelas paixões
em épocas revolucionarias; (conspiraçfio sobre a qual estou reu-^
niudo elementos para apresentar ao Instituto memoria que ser-
virá de licçào a fu turoJí ^'-overuos,) emquanto eu e o dr^ Joté
Luiz Flaquer» meu collef^a da Constituinte republicana, intcrníiva-
xnonos pelas maltas de S. Bernardo em busca da serrado Cubatão,
abandonando iutereBfies, amigos e família, escorraçados e tiinidoB
como doía malfeitorefi, dormindo em barracas armadas á pre^ssa,
no seio da matta virg-em, em leito de folhas de palmeiras, sob
a inclemência da cbuva, do ventD e dos insectos, Miranda Aze-
vedo íoi preso quando tranquillamente, pela matibâ, visitava seus
doentes, e recolnido á detenção, com outroi presos, até que foi
removida para o Rio de Janeiro, para impetrar uma ordem de
haheíiif-rorpuaí, © de onde sò voltou livre pela amnistia de 20 de
Abril do me^mo anuo, que nos restituiu a liberdade i
De regresso aos lares, graças á magnanimidade da dictadura, '
que teve a lucidea precisa para conhecer onde terminava o di-
— 716 —
reito e onde começava a perseguição pelo ódio politico, asBU-
mimofl immediatamente posição aggressiva na FedercL^o^ jornal
opposicionista, que acabou pela intervenção patriótica do povo
indignado .
Não sei si 08 meus collegas desta casa, ou algum investi-
gador curioso, descobriu já as origens desse corpo amorpbo, reco-
nhecendo a efficacia de sua intervenção na vida politica dos
povos .
Pela minha parte, devo confessar que, em 50 annos de vida,
apenas curvei-me á evidencia de sua apparição no planeta, quando
reconheci que effecti vãmente, após a Republica, elle existia em
todas as cidades e villas do interior, pelos telegrammas e noti-
cias qne nos chegavam das tropelias, deposições, arruaças, em-
pastellamentos e outras barbaridades, sempre commettidas pelo
povo indignado. A policia deixou-o penetrar nesta Capital, não
sei si por malicia ou perversidade astuciosa : o facto é que a
única válvula por onde se podia expandir a opposição foi des-
truida^ e os seus frangalhos atirados á rua.
Foi então que fundei o Autonomista, apoiado no braço forte,
e na penna adamantina, de Martim Francisco, um implacável
revolucionário contra tudo que não fosse Honestidade, Liberdade
e Justiça.
Miranda Azevedo não podia sopitar os Ímpetos de suas
aspirações pelo bem da Republica: veio comnosco, e, assiduamente,
collaborou no Autonomista, e mais tarde na Opinião Nacional^
não tomando, como dizia, parte activa na vida desta folha, porque
não queria maguar seu chefe e amigo dr. Américo Braziliense
sobre a questão da opportunidade da bandeira do parlamentarismo.
Em julho de 1893 foi agradavelmente sorprehendido com o
officio do ministro do Interior que o nomeava para representar
o Brazil no 8.** Congresso Internacional de Hygiene e Demo-
graphia de fiudapesth.
Miranda Azevedo desempenhou essa commissfto de maneira
brilhantíssima, merecendo calorosos louvores não só da imprensa
brasileira, como dod principaes jomaes europeus.
Seguindo depois para Yienna, ahi fez parte do Congresso
de médicos e naturalistas allemães, e depois foi nomeado pelo
governo Federal para representar o Brasil no 3.** Congresso dos
Accidents du Travail que funccionou em outubro na cidade de
Milão, sendo ahi eleito vice-presidente de uma dai sessões, e
trabalhando efifectivamente.
Desejoso ainda de estudar, percorreu quasi toda a Itália e
França, visitando Universidades, laboratórios, hospitaes etc., re-
lacionando-se com as maiores summidades medicas e ouvindo soas
licções, sendo, em janeiro de 1895, encarregado pelo governo
do Estado de S. Paulo de estudar a questão do Serum anU»
diphterico e o methodo Roux para a cura da diphteria.
— 717 —
No sen regresso a S. Paulo foi eleito deputado estadual, e,
terminado o mandato, viu seu nome suffragado para representar
8. Paulo no Congresso Federal.
Deixou a actividade politica no fim do governo do sr. dr.
Campos Salles, regressando a esta Capital, onde se dedicou de
novo á clinica.
Miranda Azevedo era lente de uma das cadeiras da nossa
Faculdade de Direito; e, como um dos sócios fundadores desta
casa, seu nome está para sempre perpetuado nas paginas de
nossa Revista, por onde se pode aquilatar quanto carinho, quanta
dedicação lhe merecia o Instituto Histórico e Geographico de
8. Paulo.
Por occasiào da visita com que nos distinguiu recentemente
o illustre diplomata dr. Joaquim Nabuco, Miranda Azevedo,
que se achava gravemente enfermo, fez um esforço inaudito e,
abandonando o leito, foi saudar o eminente brazileiro no sal&o
da Faculdade.
Finalmente, Miranda Azevedo teve uma vida utilissima na
•ciência, na politica, no jornalismo e na tribuna, e a «ua morte
representa uma verdadeira perda, porque muito havia ainda a
esperar da actividade do seu espirito.
Seu maior elogio está nas palavras com que o Diário Po-
pular noticiou a sua morte: «foi uma existência bem trabalhada,
mais para beneficio dos outros do que para interesse próprio*»
Morreu pobre... mas legou-nos um thesouro: a sua me-
moria imperecivel, até que a Republica se lembre de pagar-lhe
no bronze de um monumento o muito que lhe deve, de origem
e de existência.
Desessete dias após a morte de Miranda Azevedo, novo lucto
vinha pezar sobre nós : outro sócio fundador acompanhava na
morte aquelle que lhe dedicava tanto afiecto, a quem todos nós
votávamos ddmiraçào e estima, e que fora também meu corre-
ligionário e companheiro na abolição e na republica.
Refiro-me a Lafayette de Toledo, fallecido a 29 de Marco,
em Casa Branca, onde era solicitador provecto e conceituada
influencia politica. Nascera na cidade de Araxá, em Minas Ge-
raes, aos 12 de Novembro de 1865, contando por conseguinte 42
annos de edade.
Aos 14 annos, quando já cursava as aulas de latim e írancez,
morreu-lhe o pae, capitão António Augusto de Toledo, ficando
sua familia em extrema pobreza. Laffayette de Toledo fez-se
auxiliar de guarda- livros, trabalhando em casas commerciaes,
mas estudando sempre. Só em 1890 abandonou a carreira com-
mercial : fez-se solicitador no foro, exerceu cargos públicos de
confiança politica, e viveu sempre vida de imprensa, na qual foi
um luctador valente, coUaborando em vários jornaes.
^ 718 —
A D08?a Revista (l) publicou utua interPissantissírtia J/^mom
Jilttorica da Imprensa Paulista desdô 1827 ató 18%, devida á
sua penca, fíizendo a ii o me n cintura de todos os jornííes. rovistaa e
periódicos publicados até então, traballio digno do encómios pelg
seu f^ratide valor híitonco © pelas muitas noms elucidativas que
o 11 lustram.
«
Outro acontecimeuto loctuoso que nos encheu de profanáo
pe?ar fci o passamonto de noaso socio Lonorano, conselbeiro Ro-
Hcudo Aprií^io Pereira Guimarães, occorrído a li 1 de Maio, na
cidade da Babía, de cuja Faculdade de Medicina era lente apo^
Èsntado ,
Filbo do coronel João Baptista Pereira GuimíirUee e de d,
Auna Jíar^^arida Correia de Araújo Gnimíiràof, nascera o con-
aelliciro Kostíudo a 2 de Jantjiro de 182G na entíio villa de
Maragofíipci, Matriculou-se eia 1844 tia Faculdade de Medicina
da Babiíi, e era 1849, concluia seus estudoii, entrando, três annos
mais tíirde, para o corpo de saúde do Exercito, sendo reformado
em 1SG5, no posto de primeiro cirurgião- capitão.
Como attt^^tiidos brilhantes de seu talento e conheclmentas
Bcientiíicos, deixou, entre outras obras qwe escreveu, um eicel-
lente Tratado de chhnica.
O comei heiro Rosendo Guimarãea nâo era simplesmeute um
medico iliustre e um mestre proficiente versado em lodos os
ramoB da littenitura scientifica : foi também um patriota exem-
plar quo bem mereceu do Brazil.
Esteve nomo medico, na guerra de Paraguay, de onde bó
regreasou em 1870, depois de baver cooperado para que os tro-
pheus da victnria engalanassem as arma» biasileiras. Era agra-
ciado com o titulo de cnnfelbeiro e cavalheiro de Aviz, tendo
falkcldo o velho e benemeiibo luctador aos 81 anãos de edade.
* *
Que vos direi, senbores, de Kay mundo Pennatorte do Sacra-
mento Blat^k, nOfBo socio eftectivo, íalleddo em Jundiahy a *i9
de Maio, que nllo vol-o hajam dito o» seus trabalhos, nomeada-
mente aqnelles com que hrnrou a nos^sa Hevͣta y [*!) Occupando
elevada posição duraute o Império, defsempeohou importantes com-
misiões, tendo feito parte da directoria da E, F. Central do
Brasil, como engenheiro distinctis^imo que era. Muito atlavel
(1) RtUêiu io Instituía Híêíorica t 0§ographkA de S. r\suio, 1fí98, Tfll, lU, paf.
t?y Jteitiia do Instituto fíiftoricQ i QtosTQpkicti d* S. Pattlo^ VoL II. PJIÇ, 3â fl
«1 . (L8&e-lbV7)
— 710 —
no tracto, caracter bondoso, o nosso illustre consócio era ultima-
mente fazendeiro em Jundiaby, causando seu passamento o mais
YÍvo pesar a todos os que conhecíamos seu talento, illustração
e virtudes.
*
Antes de chegar ao termo desta dolorosa jornada através
do Campo Santo, devo dizer-vos algumas palavras sobre as
individualidades de Fernando 41burquerque, nosso sócio efiectivo,
e Júlio Meille correspondente.
De Fernando Âlburquerque. fallecido a 24 do Setembro, sei
que alliava á bondade de coração um caracter de elevado quilate.
Nascido na cidade de Santos, e filho de uma distincta famí-
lia, o dr. Fernando de Âlburquerque foi um dos primeiros brasi-
leiros que foram estudar nos Estudos Unidos, onde se formou na
Universidade de Easton, na P^^nsylvania.
Conheci-o em 1887, em casa do dr. António Bento, no pe-
ríodo mais agudo do abolicionismo, de que era uni devotado
caiplíás.
De temperamento modesto, o dr. Fernando de Albuquerque
era, entretanto, um homem activo, tendo publicado desde os tempos
de estudante ])aniphlet08 de propaganda do Brasil no estrangeiro.
Amigo do povo e da instrucção, r^o foi indifferente ao mo-
vimento opeiado no ensino do nosso E>tado pelo governo repu-
blicano, concretisando a sua dedicaç&o á nobre causa que se
iniciava na doaç&o de um pre^lio para tunccionaniento da Es-
cola Maria José, desta capital. Foi mordomo da Santa Casa de
Misericórdia, onde deu provas do seu espirito caridoso e cheio
de iniciativa, estendendo a sua acção generosa ao Hospital Sa-
maritano, que muito deve aos seus esforços.
JuIío Meille, fallecido em Zurich a 27 do mesmo mez, foi
um dedicado cultor das artes e um numiemata abalizado.
Este nosso consócio nascera em llettingem, cantão de Zurich
na Suissa, em 1839, o viera para o Brasil em 1870, dedicando-
se ao commercio e exercendo as funcções de Cônsul da Suissa
durante alguns annoF, regressando á »ua pátria em 1893.
Em 1902 retirou-se da vida commercial, consagrando toda
a sua actividade á numismática, tendo publicado um interessante
livro acerca de moedas e notas do Brasil, o mais completo que
até hoje tem apparecido. Ultimamente tinha um proficiente es-
tudo sobre medalhas brasileiras, e estava tratando de ultimar
esse trabalho, quando foi colhido pela morte.
A Universidade de Zurich, pelos excellentes trabalhos por
elle apresentados sobre estudos numismáticos, conferiu-lhe o grau
de doutor, em maio doste anno,
O velho numismata desappareceu dentre os vivos aos 68
annos de idade.
— 720 —
Intencionalmente, senhores, alterei a clironologia desta re-
senha luctuosa, reservando para ultima figura desta galeria de
mortos illustres, o volto de Jo&o César Bueno Bierrembach, nosso
Bocio correspondente, fallecido no Rio de Janeiro '\ 2 de Jnlho.
A'quelle moço illnstre ligavam-me laços da mais profunda admi-
ração e sympatbia, e em verdade vos digo que sen nome, sea
talento, seu amor pela Pátria, pela Familia e pela LiberHade,
honram não fó a cidade de Campinas, seu berço, como a nacio-
nalidade brasileira.
Níisceu a 7 de abril de 1872 sendo seus progenitores o ca-
pitão João António Bierrembach, notável riograndense, e d. Ma-
ria Clementina Bueno Bierrembach, natural de Piracicaba, oriunda
de antiga estirpe que se prende a Amador Bueno da Ribeira.
Fez o curso de preparatórios no Culto a ScienciOf em Cam.
pinas, concluindo-OB depois no CoUegio de 5. Luiz, em Itú,
matriculando-se em seguida na Faculdade de Direito de S. Paulo.
Generoso e enthusiasta pelo estado e pelas glorias do Bra-
sil, algum tempo depois de formado, vinjou por quasi toda a
Europa, não lhe esquecendo ir vêr o seu genial conterrâneo
Carlos Gomes, na Itália: e durante nove annos a idèa dominante
de César Bierrembach era con-^agrar a homenagem de Campinas
áquelle que se illustron, que illustrou o seu paiz e até a America
toda, no mundo da Arte. Nove annos de luctas tenazes, intimas
e publicas, mas sem jamais se afínstar um ponto ddsse ideal.
E o amor de César Bierrembach pelas glorias de seu berço
natal ficou assignalado desde o dia em que elle promoveu a
collocação de uma placa na frente do prédio n. 51 da rua Re-
gente Feijó, em Campinas, local onde outr'óra existia a casa em
que nasceu Carlos Gomes.
Por occasião de sua morte, o dr. António Baptista Pereira, se-
gundo secretario da Legação do Brazil e que ultimamente serviu
na conferencia da Paz em Haya, escrevia a um amigo commum :
«Eu o conheci bem . Era um bom, um irreprehensivel, um
puro. Tinha todas as delicadezas femininas aquelle rapaz alto,
magro, canhestro e anguloso... Sua velha mãe, alquebrada e
cega, tinha nelle a mais carinhosa das filhas e Antigone nunca
teve com o velho pae, a quem faltava também a luz dos olhos,
mais carinho, e solicitude, e dedicação, do que o César com a
sua mãe.»
E explicando sua morte :
«A hyper-sensibilidade, tão fecunda naquelles que a domi-
nam, e que é mesmo sjmpathica no excesso de visão moral, na
macropsia dos poetas e dos sonhadores, essa hyper-sensibilidade
foi talvez que o matou. Seu systema nervoso deficiente não
lhe permitiu resistir. E um dia o seu cérebro estalou á vi-
bração continua e percuciente da idéa, abysmandose na sombra
caliginosa da insânia.
— 721 —
c Esses, porém f que qnizerem accusar o erystal do nfto ter
podido resistir a uma cbamma excessiva, nfto poderão levar a
melhor na formaç&o do juizo sobre a sna memoria. As amisades
de Carlos Gomes, Eduardo Prado e Rio Branco são o melhor
doB depoimentos em seu favor.»
Em 1900 foi nomeado lente da cadeira de historia universal
do Gymnasio de Campinas, e, quando morreu, havia precisamente
dois Hnnos que César Bierrembach vira realisado um dos maiores
ideaes de sua existência— a inauguração da estatua de Carlos
Gomes.
Senhores, o elogio histórico de César Bierrembach não será
feito pelo seu conterrâneo e amigo.
Peço>vo8 permissão para u^ar das palavras de um artista,
burilador da phrase, ousando esperar que < oelh > Netto, com a
sua opulenta e fecunda imaginação, consinta que cu engaste
neste discurso as jóias de fíuihsimo lavor e elevado quilate con-
tidas na pagina que escreveu por occasião da morte de Bier-
rembach. Ouvi :
€ Esse miiço que rolou na sombra onde, tacteando incerta-
mente, só achou uma porta para a claridade— a do sepulcro —
mettendo-se por ella com a anciã do que se evade, viveu sempre
pelo cérebro. Dia e noute o tinha illuminado imaginava.
Corria-lhe a vida num sonho— o mundo exterior era-lhe indiffe-
rente, tinha um universo no cérebro eàmaltado das mais lindas
flores.
Amava ; a familia era o seu afíVcto ; a sua religião era a
Pátria ; o seu ideial a grandeza da gente latina, dos descendentei
da loba do Aventiuo.
Quanta vez, encontrando-o no caminho do Gymnasio, levado
no andar ligeiro de quem tinha grande pressa, interrompi os
sonhos do seu espirito. Uma aivore em flor, o sol de um dia
azul, o canto de um pássaro na ramagem, o vôo de uma bor-
boleta, um caipira á frente dos bois carreiros, a languida can-
tiga de uma lavadeira á borda dagua, qualquer motivo da natu-
reza ou da vida impellia-o, de repellão. para o devaneio.
Accendiam- se-lhe os olhos azues, despedindo ascuas como
ferros de lança ao sol e a palavra viuha-lhe fácil, aos bor-
botões, cantando a terra — a gloria e a belleza da Pátria, a
sua força, a sua fecundidade, a sua meiguice, a sua bravura. E,
com mão firme, em gesto decidido, rasgava o veu do Futuro
para mostrai -a deslumbrante, agasalhando nos seus campos, far-
tamente semeados, gentes de todas as procedências, com as suas
varias culturas viçosas, com o seu gado mugindo e balando na
exuberância das pasturas, sob o clima benigno da primavera
perenne que nos ameiga
E mostrava as cidades eriçadas, de chaminés desenrolando o
fumo numa faina de industrialismo; e os portos, apinhados de
navios, e o sertão, varejado pelos comboios; e além, no fundo da
— 72-2 —
BcT^i'^. SLTir.^r, íU» niAc^n:iaír*, ainda o JeqTiçrlbi 'riiiL:-.>. a^icdA
a aroeira. AÍada o cedro «scrra-ío. ainda o \^z.\o parpoieo que
legoa ao iiriAil o nome narnme;ariíe.
A Pa'.-ia e a Faoiilia. '^rindrs, msçníficoi asi*-reO
Xao dormia. O somao tiircara-o ao 5*5nho. As hras qa:etas
da TiCit-í r*^«erva7A— »5 reíírioríinieale para a coatempLição doi
astro* do c*;a qaerido, oa r^^ra a leitura e a e^oripta.
í:*ír»tado á m.eãa de irab^Ibo, era cahr.s c* cnde elle tarara
falgiir?.';'V"i, ouvia o lento baíer das noras no silencio, e o sol
encontra vá -o a rever nota-, a escrever cartas, a redizir procla-
mações, a coaãultar mar-pa?. Pobre cei-ebro !
< iM^J.f^if-f noticia que lhe cbe^asse com relação á Pátria, logo
o ajrirav?.. L'm címmentario dr» im:-rensa ex:ran.íreira ?»>bre o
Brasil j;rinha-o frenético ♦? q:i.indo. por uma oaesião de l.mites,
CS ânimos, por vezes, eiaharam-se, Bierremfcacli tudo esqueceu
]>ela Pátria.
CUra minhan. beijando respeitosamente a mSo tremula da
velhinha c-íra, beijando as irmans, partiu, trazendo no coração a
cerfíza de que nunca mais tornaria áquelle lar amoroso, porque,
desde o jrim*íiro momento, votara ?e ao each^cio supremo de
morrer pelo Brasil.
K' oue vira a guerra accesa. Fará elle a neprociação. habil-
mente encaminhada nelo jrenio dn Kio Branco, nào bastava. A
guerra I A ;:uerral Bandeiras ao vento, lanças em riste, carabinas
apontadas, r^anliòes em baterias, p€Õ?s e cavalleiros, milhares de
liomení partindo por terra e mar. através das ondas, pelas neves
andinas e invadindo o território da nação affrontosa, para tomar
o de.HÍorro lieroico que exifria o melindre brasileiro. A guerra I
Concitaria os moços, alistaria toda a juventude e, á frente
delia, al^^^TC, desafiando a morte, lá iria disputar a gloria de ser
o primeiro a cair na refrega, si nào podesse ser o primeiro a
proclamar a victoria.
Ij viveu dentro desse delírio, mezes. Aqui andou pregando
a guerra. Falou eloquentemente, escreveu com ardor e, em toda
a j)arie o seu vulto esguio apj»arecia e a sua palavra troava.
E esse devotamento estendia-se aos homens da sua terra.
Quando Carlos Gomes expirou no Pará, Bierrerabach, que
adorava o grande musico, pensou logo em transportar- lhe o corpo
para o agasalhar na mesma terra de Campinas, que lhe fora
berço. Desde que formou tal projecto até o dia em que a ci-
dade, revestida do traias funéreas, recebeu, por entre ala» infantis,
o despojo do seu filho illustre, Bierrembach não descançou. Foi
ao presidente da Republica, moveu a imprensa, nppellou para a
mocidade, afervorou o povo; abriu subscripções ; e, depois de ver
o esquife no campo sagrado, pensou em trazel-o para a praça,
collocal-o no coraçAo da cidade, como um sanctuario, e a idéa
do monumento apoderou-se-lho do espirito. Pareceu, a princi-
pio, uma utopia; entretanto, lá está, erecta, a graude prova da
— 723 —
dedicação do amoroso propagandista; lá está, de pedra e de
brouze— o altar civico sobre o qual avulta a figura viril do genial
evocador das melodias selvagens.
E o Centro de Sciencias, Lettras e Artes, quo é boje uma
das airgremiações iiitelloctuaeB mais em evidencia no Brasil, quem
o ima«;inou V quem o fundou, apezar da satjTa e do apodo V o
sonbador.
Snntos Dumont mal tocou em terra brasileira, logo encontrou
o appello de Bierrembach cbamando-o a Campinas. Foi.
Quando o aeronauta saltou na estação, o moço ardente, co-
brindo-o de flores, mostrou-o ao povo, saudando-o como «o glo-
rioso almirante da esquadra aérea, o condor d'America, dominador
do espaço>. E, na intimidado do meu gabinete, possuido pela
idéa do engrandecimento do Brasil e da sua begemonia na Ame-
rica, falou -me dos dias futuros. Travou«-nie do braço, levou*me
á janella.
A noite era linda, estrellada, com o crescente era hemicyclo
como um barco cingalez de duas proas recurvas ; elle disse, so-
lemne, mostrando-rae os astros;
«Assim andarão lá em cima as nossas naves, ás centenas,
fortes e re>plandecentes, rondando o mundo. A capitanea na-
vegará á frente, com elle : as outras seguirão no rumo que ella
traçar... E a Via Láctea...? Quem sabe II»
Eu cncarei-o: Estava transfigurado, falava com a convicção
de ura vidente, o braço duramente estendido, o dedo hirto, va-
rando a noite, a mostrar-me os astros, este, aquclle, até deter-se
na constellaçfto tutelar do cruzeiro, nosso Brnzão sydereo. Via,
via dentro da noite o lindo sonho do seu patriotismo exaltado. Era
assim.
Pa^sou pela vida sem sentir a materialidade, porque só
viveu j)elo espirito. Tanto exgottou o cérebro para illuminaros
sonhos que, um dia, subitamente, acbou-se envolvido em trevas.
Tinha ainda lúcidos instantes — o rescaldo fagulhava por
vezes e foi uma centelha que lhe mostrou o roteiro trágico a
seguir para não ficar captivo na escuridão. — Não hesitou —
arrojou-se na morte. Houve quem tentasse arredai o dessa
eterna miragem, buscando encaminhai o ])ara a realidade — elle
reagiu, debateuse e lá se refugiou no extaíe. E o cérebro a
trabalhar, a crear o alimento para a sua alma, dia e noite, sem
descontinuar um segundo.
E' assim a alma dos génios ; essa, poiêm, pousa na obra
d'arte, descança compondo, integrando, e, emquanto trabalha, dá
tréguas ao devaneio. A alma de Bierrembach voava sempre e
tão alto subiu que, ao sentir a fadiga, procurando apoio, só en-
controu o espaço, o vácuo, «i despenhou-se.
AppoUo, porque has de confiar teu carro a Phaetonte? o
ideal abraza e a imaginação é coao a quadriga fogosa do
plaustro fulgurante — si a guiam mãos destras, corre, esplendida*
— 724 —
mente, em torno do zodíaco, alumiando o mundo; si a deixam
tomar o freio arroja-se e ai ! de quem vae pelas alturas. . . Mi-
sero sonhador, matou-o o sonho 1»
*
* *
Meus senhores e minhas senhoras, perdoae-me se vos fati-
guei a attençào, dando a esta apologia proporções demasiado
longas.
E' que ha homens de quem se pode dizer como Henrique
ni deante do cadáver do duque de Guize: mortos, parecem
ainda maiores que vivos; e eu, sempre que vejo naufragar no
oceano da vida a existência de um homem que foi útil á Pá-
tria, á sociedade e á Familia, oiço nos ares a harmonia suave
e doce da canç&o de Ariel, o génio da tempestade : ca cinco
hraças de fundo jaz seu corpo : seus ossos tomaram-se coráes,
pérolas seus olhos. Delle nada se perdeu em seu tumulo ; tudo
nelle experimentou a força creadora do mar, que o revôstiu de
uma substancia preciosa e nova... De hora em hora dobram
por elle as nayades ! » (1)
Que descancem na paz serena do tumulo os nossos queri-
dos mortos, mas que seu espirito nos illumine e guie na lenda
do Bem, afim de que sejamos sempre dignos de honrai -os ve-
nerando-lhes a memoria !
(1) Shakespeare, La Têmpête^ aoto l.«, Bcena 5.».
RELATÓRIO
•dos trabalhos e occurrencias do Instituto Histórico e Oeographico de
S. Paulo Qo anno de 1907, apresentado
pela Dinctoria na sessão de 25 de janeiro de 1908.
Sn. membros do Instituto Histórico e Geographico de S.
Taalo.
Cumprindo a obrigaç&o que lhe é imposta pelo art. 16 8 5.*
dos Estatutos, a Directoria do Instituto vem apresentar-yos hoje
•o relatório dos trabalhos e occurrencias do anno social de 1907,
Administração
A directoria que reelegestes na sess&o de 25 de outubro de
1906, funccionou durante o anno findo, com as seguintes modi-
^caçòes :
O lugar de 2.** secretario vago com a renuncia do sr. Dio->
njsio Caio da Fonseca, que havia mudado de domicilio, ficou
(preenchido com a eleiç&o do sr. Arthur Goulart, então 1.* sup-
plente dos secretários. Para o lu^ar deste foi eleito o sr.
Dinamerico Rangel, 2.^ supplente e para esta vaga foi eleito o
sr. Eugénio Alberto Franco. Estas eleições realizaram-se na
-sessão de 5 de fevereiro, que foi a primeira ordinária do anno.
Tendo- se dado a vaga da vice-presidencia com o fallecimento
<lo sr. dr. Miranda Azevedo, foi eleito para este lugar o sr. Ma-
noel Pereira Guimarães, então 1.^ secretario, e o lugar deste foi
preenchido com a eleição do sr. Couto de Magalhães. Estas
•eleições tiveram lugar na sessão ordinária de 5 de abril.
Tendo sido licenciados por longo tempo, a pedido, os srs. 1.*
e 2.° secretários, e não tenao podido comparecer em sessões con-
secutivas 08 respectivos supplentes, o sr. presidente, na sessão de
^ de junho, nomeou respectivamente 1.' e 2.** secretários interi-
nos os srs. Torres de Oliveira e Rodolpho von Ihering, que des-
empenharam esses cargos até o fim do anno social.
Também o lugar de orador official do Instituto foi exercido
interinamente durante o anno findo pelo sr. Torres de Oliveira,
por estar ausente na Bahia o respectivo funccionario sr. Theodoro
oampaio. Na sessão magna d« I de novembro funccionou, por
nomeação do sr. presidente, e fez o elogio histórico dos sócios
(fiilleoidos o sr. &^ppelite da Silva.
— 72G —
Com missões
Na seE9&o de 5 de fevereiro foram tiomeatlas as commis-
eòes permoneotea que tôni de lervir darante o corrente trienuío.
Contiivuoa a funccionar, com o fim especial para que foi
creada, a conimisHàf> encarregada de angariar donati^^^os para a
confitrucção do edifício Boclal.
Scsiiacs e tra bailios;
Durante o anuo realizaram- se regularmente IG Eêssues or-
dinarifis e a magna de 1 de novembro.
No correr deltas forom apresentadog ob sepniintes trabalhos;
Na d© 5 de tnarço: ApreciaçõÊtt HúhrR os trabalhos da Com^
7nis8ão Geoijraphica e Geúloffica do Estado para a exploração do
sertão, pelo &r, Eduardo Loacbí.
Na de 5 de abril : Urutus do Bra^ãt pelo Br. Joaquim
JoEc de Carvalho,
Na de 20 de abril: Homogeneidade do coniineíite e da fauna
da Âw trica do Sul e estudo cofãjxiraiívo da fiuna ifularnericana
com a dos outras continentes^ pelo ar. Hermaun von Iheriog".
Na mesma o dbs seasões de 20 de Julho e 20 do agosto: A
Revolução de 1842 pelo sr. João B. de Moraes.
Na de 4 de maio; Â Ribeira dn Iguap^fSuapotamographia^
]ielo gr. Edmundo Knig, eom a collaboraçao do ar. Erneato Gui-
íheime Yaung.
NflB de & e 20 de junho : Traducção da conferencia feita
peranie a Academia das Sciencias de Londres peio Duqu^ de
Ahhruzzos sobre sua ascençúo ao Monte Ravenzzorij pelo ar,
Eduardo Loachi.
Na de 5 deafrostoi Apontamentos relatiuos a Âlêixo Gartia^
pelo tr. Ernesto G. Young-.
Na de 11* de outubro; Indígenas da America^ pelo Br. Leon-
cio do Amaral Gurgel.
Picaram inseri ptos outroa sócios para lerem trabalhos, que
deverão ser apresentados este ano o.
DiTjUolltooa e aiH3liivD
Como nos annoa anteriores, continuaram a afllaír para o
Institttto generosas offVruia de livros, fojhetoa, jornaes, revistas,
medalhas, ©tc^, etc, ealientando-sei pelo bcu numero e valor, as
feitas pelo saudoso dr. Mirand*T Azevedo e peio Barào de Hezeude*
Com prazer a Directoria^ em nome do Instituto, dei^ia aqui
consignado sou reconhecimento a todos os que por est» forma
têm contribuido para o enriquecimento de suas colieci^ues.
— 727 —
Revista
Foi distribuído o XI volunoft da Revista^ achando-ge já
adiantada a impressão do XII, que deverá ser dístribuido no
corrente auno.
Sócios
Durante o anno foram acceitos 14 sócios effcctivos e 18
correspondentes. De acordo com a deliberação que tomastes,
foi transferido da cathegoria de sócio correspondente para a de
effectivo o dr. Joaquim José de Carvalho.
Além da perda irreparável de seu vice-presidente e sócio
fundador benemérito dr. Miranda Azevedo, soífreu mais o Insti-
tuto, no anno findo, a de seus illustres e prezados confrades :
César Bierrenbach, Rozendo Aprig;io Pereira Guimarães, Paulo
Egydio de Oliveira Carvalho, Raymundo Peunaforte Blacke,
Lafayette de Toledo, Fernando de Albuquerque e Júlio Meili.
Fiiianv»s
No orçamento da receita e despesa do Estado continua con-
signada a verba de 3;G0OÍ0OO, como auxilio ao Instituto, assim
como continua em vigor a lei municipal que concedeu-nos o
auxilio de 2;0O0$OOO aunuaes.
Aos dignos e illustrí^s meníbro« de ambas as casas do Con-
gresso E-itadual e da Camará Municipal, que por esta ftSrma
manifestam o interesse que lhos morece a nossa útil associação,
testemunha o Instituto, pela sua Directoria, o seu vivo reconhe-
cimento e a sua gratidão.
Uma deliberação do illustre sr. Síjcretario do Interior, ex-
tinguindo a secção do obras da Kepartição do Diário Official^
parece que vedará ao Instituto a publicação de sua Revista nas
officinas da líiesma Repartição, como acontecia até aqui. Si tal
facto se verificar, o Instituto opportunamente tomará a delibe-
ração, que lhe parecer mais acertada, para sup]>rir essa falta.
Do balan<;o apresc^ntado pelo tbesoureiro e dos documentos
que o acompanham, verificareis o extraordinário grau de pros-
peridade que attingiram as finanças do Instituto.
A leceita foi de 27:637S700 e a despesa de 8:244.'Í700, ha-
vendo, pois, um saldo de 10:39H$OOO, queunido ao de 23:186$90O,
de 1Í1G6, eleva-se ao total de 42:570$900, sendo em conta cor-
rente no Banco do Commercio e industria 42:3243900 *, em mão
do tbesoureiro do Instituto 255$000.
Ao vosso exame a Directoria sujeita o balanço e as contas
do anno findo, aguardando a vossa deliberação a respeito.
— 728 —
EdiAcio social
Uma Berie de medidas de previdência e economia, que de
ha tempoa têm sido postas em pratica pela Directoria do Insti-
tuto, coUocaram a nossa associação no estado de grande prospe-
ridade financeira, que lhe permittiu pôr em execuç&o, actual-
mente, o seu antigo, ardente e legitimo desejo de construir um
edifício próprio para realização de seus trabalhos e sessões.
E' assim que a actual Directoria tem o prazer de vos com*
municar que está em construcção, no terreno para esse fim
adquirido, á rua Benjamin Constant, o edificio social do Instituto.
De acordo com a auctorização que houvestes por bem
conceder-lhe, esta Directoria solicitou de vários architectos e
conatructores, plantas e orçamentos ; estudou-os com o maior
empenho e escrúpulo, em diversas reuniõt*s, pi estando attenção
não PÓ ao lado architec tónico de construcção, como ao seu lado
financeiro, e acabou por firmar, a 24 de dezembro próximo
findo, por escriptura publica, o contracto que ora submette a
vossa apreciação e julgamento. Como pnrte deste Relatório, a
Directoria apresenta- vos uma certidão aa escriptura do contra-
cto. O empreiteiro contructante é profisí^ional de reconhecida
competência e probidade, e e^tá devidamente affiançado. Os
motivos principaes da preferencia dada á sua proposta foram a
commodidade do preço da construcção e a sua conformidade com
o plano do edificio projectado. Como vereis do balanço apre-
sentado pelo sr thesoureiro, o Instituto não está actualmente
habilitado para satisfazer toda a importância da coustrucção.
Como, porém, esta levará aproximadamente um anno a ultimar-
se, tem o Instituto tempo sufficiente para liabilitar-se para
efiectuar as ultimas preí" tacões ao empreiteiro, lançando mão das
medidas que entender mais convenientes para esse fim. Assim,
parece que ainda não pode ser dispensada a cooperação, até aqui
tão dedicada e eficazmente prestada pela benemérita coramissão
angariadora de donativos. Do Congresso Estadual e mesmo do
Federal parece também ser licito esperar qualquer auxilio,
attenta a relevante operosidade do Instituto em suas investiga-
ções geographicas, hi>toricas e ethnographicas do Estado e do
Paiz.
ConcIus.So
Ta es são. srs. membros do Instituto Histórico e Geographico
de S Paulo, os factos e occurrencias do anno findo, os quaes
a Directoria entendeu levar ao vosso conhecimento, estando
prompta a prestar quaesquer outros esclarecimentos que forem
exigidos.
S. Paulo, 25 de janeiro de 1908.
M Â. DuARTB DB AzBVBDO. Presidente.
Josâ ToRRBS DB Olivbira, 1.* Secretarío.
— 729 —
QUADRO SOCIAL
DO
Instituto Histórico e Geographico de S. Paulo
em dezembro de 1907
I
DIRECTORIA
PresidenCo
Conselheiro dr. Manoel António Doarte de Azevedo.
Viço- pre*í i dento
Dr. Manoel Pereira Gaimarfles.
1 .• Secretario
Dr. José Vieira Couto de Magalhães.
2.^' ScKsrctarie
Professor Arthur Goulart.
Orador
Dr. Theodoro Sampaio.
Thesoureiro
Dr. Arthur Vautier.
II
PRESIDENTE HONORÁRIO
Barão do Rio Branco.
III
so::ios beneméritos
Dr. Carlos Reis.
» Domingos Josó Nogueira Jaguaribe.
^ Orville A. Derby.
» Pedro Augusto Gomes Cardim.
— 730 —
IV
S0310S HQNORAFIOS
1 Dr. Alberto dos Santos Dumonl
2 » Alfredo de Brito
3 > Alexandre J. de Mello Moraes Filho
4 August Heirrich AVieman
5 Conselheiro Augusto Carlos Teixeira de Aragão
6 Dr. Aufrusto Freire da Silva
7 Barão Homem de Mello
8 > de Paranapiacaba
9 » » Stndart
10 Bellarmino Carneiro
11 Dr. Benjamim Franklin Ramiz GalvAo
12 » Bernardo de Azevedo da Silva Ramos
13 » Clóvis Beviláqua
14 Conde de AíTonso Celso
15 Dr. Duarte Leopoldo
16 Duque dos Abbruzzos
17 Dr. Emilio A. Goeldi
18 » Ernesto Guilherme Young
19 > Estevam Leílo Bourroul
20 » Felishello Freire
21 General Francisco Maria da Cunha
22 D. Fiederic Kerner Marilaum
23 » Frederico Augusto Lisboa
24 Gabriel do Monte Pereira
25 Guilherme Ferrero
26 D. Hevia Riquielme
27 Dr. .1. Barbosa Rodrigues
28 » Jo&o Capistrano de Abreu
29 » » Ribfiro
30 João Vieira da Silva
31 Dr. Joaquim A. Nabuco do Araújo
32 » » F. de Assis Brasil
33 » John C. Branner
34 » José Alves de Cerqueira César
35 » » Calmou N. Valle da Gama
36 » Manoel Álvaro de Rou?a Sá Vianna
37 Mrs. Marie Robinson AVright
38 Marquez de Paranaguá
39 D. Mathias Alonso Creado
40 Dr. Olintho de Magalhães
41 General Quintino Bocayuva
42 Padre Raphael M. Galanti
43 Dr. Richard Westtstein
44 » Silvio Romero
k
46
37
48
49
50
51
— 731 —
» SáBviala Guarch
» Thomáa Garcez Paraulioa Montenegro
Conselboiro Tristão de Alencar Araripe
Dr. Trísíào de AJeucar Áraripe Júnior
D. Veridiana Prado
Dr. Vicente Liberal iiio de Albuquerque
1 Vicior Schiffiíer
V
Soci<^ ci>rreii»|ion dentei floinfc; ilidida» fura do ICs^tudo
«lo S. I*aulii (*)
S
4
5
6
7
8
9
lo
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
n
23
25
26
27
28
NOMES
D. Abelardo Yàrella.
Á. Ljifone Quevedo *
Alberto Ferreira Uodri^aei-
Dr. Albino Alvcs^ Fillio. . *
» Alfredo de Carvalho »
Alfredo Ferreira Rodrigues •
Dr. Alfiedo Varella , . , .
D. Atidrés Lupr-na , , • .
António AleiaiidrB Borges doB Reis
Dr, António Aaguato de Limai
António Carlos Madeimi • •
Dr.' António Olinto dos Santos Pirtis
A r th nr Ferreira Machado Guimarâea
Beliaario Pernambuco ...
Cândido Costa • . • . •
Dr* Carlos M. de Góes *
» » Porto Carreiro .
I Damasceno Vieira * . , .
I Dr. Daniel Garcia de Acevedo-
I Elpidío Leite
! Dr. Ernesto Qtiesada . •
Coronel Ernesto Senua , »
Dr, Eatevani de Mendonça •
FeU:£ Pacheco • • • • •
Dr- Fernando Caldeira de Andrada
FiHnto de Almeida * « # #
Dr. Florentino Ameghino * #
Francisco Gomes de Araújo Gdes
DATA DB AD.>ÍI^l0
25
20
20
5
20
20 I
V
20
19
20
5
20
5
4
20
I 25
i 20
5
25
5
5
20
25
20
20
5
5
ontnbro
agosto
outubro
julho -
junho
outubro
»
jalbo *
»
abril .
julho «
» •
setembro
»
abril •
outubro
»
fevereiro
agosto
outubro
setembro
maio •
setembro
otitubro
*
setembro
outubro
março •
1901
1902
I90(i
1904
1906
1906
1901
1905
1903
1902
1907
1901
1902
1901
1901
1906
1901
1904
1905
1904
1904
1903
1905
1901
1902
1902
1903
1902
I*) A relaçfto àot ■úcIdi elttíctiTDh « a Aús comtpondântu coq retidíoem ao
B«Udo tk%& tko ar* puttUcKdiit por depeaderem úa revisia reMiWldft oro ícm^íú de t!'J úb
rsTerelrD de i307.
— 732 —
NOMES
DATA DB ADMISSlO
29 Dr. Francisco Gomes de Araújo
Góes Filho
30 Coronel Gregório Thaumatnrgo de
Azevedo
31 Dr. Henrique R. Leang* • • •
32 Tenente Henrique Silva. • • •
33 Horácio Nunes
34 Dr. Hosannah de Oliveira» • •
35 » Jaime Darcy* • • • • •
36 » João Pandiá Calogeras. • •
37 » » Teixeira Alvares. • •
38 > José Américo dos Santos • •
39 » » Arthur Boiteux • • •
40 » > Carlos Rodrigues. • •
41 Major José C. Sotto
42 José Francisco da Rocha Pombo*
43 Dr. José Pereira do Rego Filho.
44 9 > Vieira Fazenda . . .
45 D. Juan Ambrotetti. • . • •
46 D. Júlia Lopes de Almeida. • .
47 D. Júlio Vicuiia Cifuentes. . .
48 Dr. Luís da Rocha Miranda (Ba-
r&o do Bananal)
49 » Manotl de Mello Cardoso Ba-
rata
50 » Manoel de Oliveira Lima . .
51 Max Fleiufts
52 Dr. Odwaldo Pacheco e Silva . •
53 Olympio faranhos
54 Dr. Pablo Bananchea ....
55 P.* » Hemandes . . • .
56 Dr. Rodrigo Octávio L. de Menezes
57 Romario Martins
58 Dr. Vicente Ferreira de Barros
W. de Araújo • • . • .
59 » Vicente Q. Quesada . . .
60 » Virgilio de Lemos ....
61 j Viscondessa de Cavalcanti . . •
5
5
5
5
20
5
20
4
20
25
5
20
5
5
20
5
20
25
20
5
5
5
19
20
5
20
20
5
5
25
5
março« •
setembro*
outubro •
fevereiro*
setembro*
agosto. .
abril . .
maio . *
março. •
janeiro. •
setembro,
março. •
setembro,
junho. •
m:*rço. •
outubro •
setembro,
outubro .
abril . 4
julho . .
abril . •
março. .
abril • .
outubro •
março . •
outubro •
»
abril . *
outubro .
setembro,
outubro .
Agosto. .
1902
1902
1904
1903
1904
1907
1904
1904
1907
]902
1903
1907
1905
1907
1907
1902
1903
1902
1901
1907
1901
1901
J902
1902
1901
19C5
1904
1903
1906
1904
1904
1904
1905
— 733 ~
VI
Quudro dos sócios acceitos em 1906
»5
N0ME8
CATEGORIAS
DATA DA
ADMISSÃO
1
Dr. Gustavo de Oliveira
Godoy
Effectivo . .
5
março
2
Dr. João de Cerqueira Men-
des .••.••
Correspondente.
5
»
3
General Quintino Boca-
yuva
Honorário • •
20
abril
4
Romario Martins • •
Correspondente •
20
»
5
Dr. Lamartine D. Nogueira
da Gama
» • •
20
»
6
Otto Weissflog. . . •
Effectivo • •
5
junho
7
Dr. Alfredo de Carvalho .
Correspondente •
20
»
8
Dr. Carlos M. de Góes .
» • •
20
outubro
9
Alfredo Ferreira Rodrigues
» • •
20
»
10
Alberto Ferreira Rodrigues
» • •
20
»
11
Dr. Galdino de Siqueira .
» • •
20
»
12
Dr. Rodolpho vou Ihering
Efiectivo . .
20
»
13
Dr. João 'Baptista Reimão
» . .
20
»
14
Coronel António Ludgero
Sousa Castro* . •
» • •
20
9
15
Dr. José de Freitas Gui-
marães • • • • •
» • •
20
»
16
Cónego Joãx) N. Manfredo
1 Leite
» • ■
20
»
17 iDr. Alberto Seabra . .
» . .
25
»
18 Pr. Augusto César de Mi-
i randa Azevedo (*) . .
Benemérito •
25
»
(*) O dr. Angnito Cecar de Miranda Asevedo foi, em 26 de Outubro de i905 transfe-
rido da clacfce de tooio fundador effectlTO para a de fundador honorário e, um anno
depoia, para a de fumdador benemérito.
— 734 —
VII
Quadro cios sócios neeoiios em 1 0O7
c
Cã
NOMES
CATEGORIAS
1
DATA DA
ADMISSÃO
■
1
1
!
Dr. José C. de M. Soares
Effectivo
5
março
l| Dr. António de Albu-
1
2 j querque Pinheiro.
3 || Aristides de Albuquerque
■i Victorino Coelho de Car-
1
i
í
5
5
4
valho
Luís da Rocha Miranda
■ Correspondente
1
5
»
õ
(Barào do Bananal) .
! Dr. Heitor Machado •
!
j Efifectivo
5
5
abril
»
Dr. Joaquim Jobc de
7 1 Carvalho (*)..•
1 .
5
»
8 i Dr. Gentil de aloura •
4
maio
■\ Prof. José Feliciano de
1
9 1 Oliveira ....
i *
4
>
Dr. Joào Teixeira Al-
1
10 vares
1 Dr. José Pereira Rego
Correspondente
1
4
»
11 Filho
»
õ
junho
12 j Major Ricardo Ivrone .
»
5
»
13 1 Dr. José Aufi^usto César
14 Ij Guilherme Ferrero .
Effectivo
Honorário
20
20
julho
Dr. Estevam Letlo Bour-
15 j roul
»
20
>
16 ' António Carlos Madeira
17 i| Joào Lellis Vieira .
Correspondente
Effectivo
20
20
»
;l Joào F. Meira de Vas-
18 j concellos ....
1
>
20
»
19 ■ Marquez de Paranaguá.
i Honorário
20
agosto
Dr. José Carlos Rodri-
20 i guos
i{ José Francisco da Rocha
Correspondente
5
setembro
21
Pombo
»
5
»
22
Dr. Alfredo de Brito •
Honorário
20
»
, Dr. Uosannah de Oli-
23 ; veira
1
Correspondente
20
>
{*) o dr. Joaquim José de Carvalho, admittido em 20 de
março de 1903, na qualidade de «socio correspondente, foi trant*
ferido desta classe para a de effectivo.
— 735 —
VIII
ItelncÀo fios soeíos fiillocitMloK até •(! do
dczemhrf» ilo lt>07
NOMES
3 Dr
o
G
7
8
9
10
II
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
Dr.
D.
Dr.
Dr. SevorÍDO de Freitas Preste* •
Desemb. Aureliaiio de Sousa e Oli-
veira Coutiulio
Martinlio de Freitas Vieira de
Mello • • •
Cesário Mo ti Júnior • •
J. J. dí5 Menezí^s Vieira •
Carios Daiii(*l Katb
José Ferraz do Almeida Jnnior .
Dr. Adolpho B. Ucbôa Cavalcanti •
António Auprusto da Fonstca
Dr. João Francisco Mata Júnior .
Dr. Eduardo da Silva Prado ,
i José André do Sacramento Macnco.
j Dr. Jofto Dioíro Esteves da Silva .
I Dr. Jaime Se va
Dr. Atifonío Ca los Kibeiro do An-
drada Mncbado e Silva
Dr. Joaquim Floriano de Godoy .
Dr. Prudente Jogé de Moraes Barros
Dr. Maneei de Moraes Barros • •
Dr. João KibíMro de Moura E^cobar.
Dr. Manoel Duarte Moreira de Aze-
vedo
Dr. Jorge Ritt
Dr. Joaquim Mariano de Almeida
Moraes
Dr. Luis de An baia Mello •
Dr. Branlio Gomes
José Couto de Map:albãeR •
Dr. Aristides Auíjusto Milton .
Jo8é Gomes dos Santos Guimarães
General Francisco li. de Mello
liepro
Dr. Alfredo Guedes • • • • .
Dr. Joào Pereira Monteiro •
Dr. Aupusto César de Barros Cruz
Dr. llyppolito de Camargo , •
CATIÍGORIA
Fundador •
Honorário •
Fundador •
Honorário •
Fundador •
EílVctivo .
Fundador •
Correspondente
E Afectivo .
Fundador •
Eir.*i*tivo •
Fundador •
Prés . -Honor.
Fund. -Honor
Fundador •
Ilonoiario •
Correspondente
Fundador •
» •
EíTectivo •
Honorário •
Ertectivo •
Correspondente
Eífectivo •
Fundador .
1896
1897
1807
1807
1897
1898
1899
1000
1000
1001
1001
1001
19ni
1902
1902
1902
1902
1902
1903
lOOl)
1903
1903
1903
1903
1003
1904
1004
1004
1904
1004
1005
1905
— 736 —
NOMES
OATBaORiA
o tf s
S3 Dr. António Joaquim de Macedo
Soares #••*•■•
34 D. Martim Garcia Merou • ■
35 D# Jofié Loureaço da Costa Aguiar
ã6 ÃnatoUo Lni» Garra ux . . . ,
37 Coronel Agostinho José Moreira
Rollo ..»■•*••
38 Dr, António de Toledo Piza « .
39 CouBelheiro Olegário Herculano de
Aquino e Castro . . , •
40 Henrique HafTard
41 Dr. Francisco da Atui Peixoto Go-
mide •«,*•.•-
42 Dn Msrliuba da Silva Prado Jii-
nior *•«,•«**
43 Martin JuIpb Victor André. * •
44 Dr, Nina Rodrij^n^s , , . • ,
45 Dr. lí^nacio Pereir» da Rocha .
46 Dr. Carloa Ribeiro de í Io ura Eb-
cobar ,*.«....
4t Dr. António da Cunha Parboea .
48 Dr. Pãub Epdio de Oliveira Car-
valho ..,..,.,
49 Dr. Aug^UBto César de Miranda Aze-
vedo ,,*..,
50 Lafayette d© Toledo. . , .
51 Conselheiro Rozendo A. Pereira Gui^
marâea ,,,«.«,
52 Dl. Jofto Ceaar Bueno Bierrenbach.
53 Julina MeilUi • . « ^ . , .
54 Dr. Fernando de Albuquerque,
Honorário ,
Correspondente
Fundador .
Honorário *
EflecÈtTO .
Fundador ,
Honorário .
Correspondente
Effoctivo ,
Oorreapondente
Efíectivo .
Fcndador-Ben
Fundador .
Honorário .
Corres pon d en te
Honorário .
Efectivo »
Í905
1905
1905
1905
1905
1905
1906
Í90t5
i9oe
1906
1906
1906
19D6
1906
1907
i9m
1907
1907
1907
IJMIVERÍSJTV Of MICH^GAM